pela educação nº25

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número 25 Out. Nov. 2008 www. O modelo de avaliação de desempenho dos docentes desenterrado pela ministra Lurdes Rodrigues tem tanto de burocrático, soterrando os professores e as escolas em toneladas de papel, como de inaplicável em muitos dos seus pressupostos, procurando medir o que não é mensurável ou comparar o que não é comparável. Não se trata aqui só de incompetência ou de obsessão pela avaliação dos professores, a todo o preço, e custe o que custar, por parte de um Ministério da Educação, que, curiosamente, no que respeita à avaliação dos alunos prima pelo facilitismo e pelo culto do sucesso estatístico. O que está verdadeiramente em causa, quer pela tónica posta nos resultados dos alunos como factor de avaliação dos professores, quer pela tentativa de fazer intervir, nessa mesma avaliação, os Encarregados de Educação, de uma forma perfeitamente empírica e aleatória, quer ainda pela pressão colocada em cima dos professores pela generalidade dos Conselhos Executivos, é a criação de condições que “obriguem” ao sucesso dos alunos independentemente de terem adquirido ou não as competências necessárias, de forma a ser glorificada, para “efeitos” eleitoralistas a política educativa (?) deste Governo. E tudo isto sem o mínimo pudor, sem ter em conta que se está a pôr em causa a qualidade do ensino e da escola pública, e a hipotecar por muitos anos o futuro destes jovens. E preciso dizer não a esta avaliação! É preciso combatê-la em cada escola, em cada agrupamento! A derrota deste modelo de avaliação, será assim a vitória da escola pública! A luta continua! AVALIAR O QUÊ E PARA QUÊ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ?

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Boletim da Organização dos Professores do Sector Intelectual de Lisboa do PCP

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Page 1: Pela Educação nº25

número 25Out. Nov. 2008

professorcomunista www..blogspot.com

O modelo de avaliação de desempenho dos docentes desenterrado pela ministra Lurdes Rodrigues tem tanto de burocrático, soterrando os professores e as escolas em toneladas de papel, como de inaplicável em muitos dos seus pressupostos, procurando medir o que não é mensurável ou comparar o que não é comparável.

Não se trata aqui só de incompetência ou de obsessão pela avaliação dos professores, a todo o preço, e custe o que custar, por parte de um Ministério da Educação, que, curiosamente, no que respeita à avaliação dos alunos prima pelo facilitismo e pelo culto do sucesso estatístico.

O que está verdadeiramente em causa, quer pela tónica posta nos resultados dos alunos como factor de avaliação dos professores, quer pela tentativa de fazer intervir, nessa mesma avaliação, os Encarregados de Educação, de uma forma perfeitamente empírica e aleatória, quer ainda pela pressão colocada em cima dos professores pela generalidade dos Conselhos Executivos, é a criação de condições que “obriguem” ao sucesso dos alunos independentemente de terem adquirido ou não as competências necessárias, de forma a ser glorificada, para “efeitos” eleitoralistas a política educativa (?) deste Governo.

E tudo isto sem o mínimo pudor, sem ter em conta que se está a pôr em causa a qualidade do ensino e da escola pública, e a hipotecar por muitos anos o futuro destes jovens.

E preciso dizer não a esta avaliação! É preciso combatê-la em cada escola, em cada agrupamento!

A derrota deste modelo de avaliação, será assim a vitória da escola pública!

A luta continua!

AVALIAR O QUÊ E PARA QUÊ? ??

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Page 2: Pela Educação nº25

www.

Apesar dos discursos oficiais, da propaganda do governo e de “bem-intencionados” preâmbulos legislativos, o trabalho precário é uma clara opção política deste PS que presentemente comanda os destinos da nação rumo ao colapso. O trabalho docente não foge à regra, pelo contrário, é um dos sectores profissionais onde a instabilidade laboral mais se faz sentir. No entanto, é de se tirar o chapéu à extraordinária capacidade criativa da equipa de Maria de Lurdes Rodrigues na invenção de métodos de manipulação e ludíbrio. Chega a ser comovente, se nos despirmos do repúdio pela mentira, analisar o requinte e o engenho empreendidos na construção do mito da eficácia governativa em matéria de educação, e, particularmente, no combate à precariedade e na defesa dos interesses laborais dos contratados. Quantos não terão acreditado na senhora ministra quando esta discursou sobre a simplificação dos concursos para professores? Quantos não se puseram de acordo com o governo quando este resolveu dizer que os rearranjos na carreira que impôs no ECD visavam repor justiça em relação aos escalões mais baixos e aos contratados? E os que se deixaram levar quando afiançaram a ideia de que o fim das reduções da componente lectiva por idade acabava com os privilégios dos professores instalados e encostados ao trabalho dos mais novos? E como é gigantesca a campanha de auto-promoção do ministério da Educação em matéria de concursos via internet? Mas o que é verdadeiramente fantástico é que apesar dos esforços, a realidade, de tão gritante que é, vai saindo pelas costuras do manto de veludo e lantejoulas e mostra já sinais de ruptura. Muito em breve, provavelmente, o manto rasga-se definitivamente e mostrar-se-á como se agravou a situação laboral dos docentes contratados. No próximo ano, quando terminar o ciclo de 3 anos em que não houve concurso para lugares de quadro e se verificar a escandalosa redução dos mesmos (apesar da enorme quantidade de reformas que se

está a verificar e do aumento das necessidades de pessoal docente) cairá por terra o que resta da ideia de um corpo docente estável para dar resposta à necessária continuidade pedagógica que todos dizem defender. No próximo ano, a redução geral de pessoal que o governo tenta conseguir aumentando os horários de trabalho, fechando escolas e criando mega-escolas, do agigantamento das turmas e da redução da carga horária das disciplinas (toda uma aritmética de diminuição dos custos e, consequentemente, da qualidade pedagógica) não será suficiente para suprir as necessidades de professores e educadores. É para isto que se estão a preparar. Ao longo dos anos a legislação sobre concursos e contratação tem vindo a desenhar cenários cada vez mais catastróficos: liquidou-se a transparência e a equidade, instituiu-se o servilismo. Os professores e educadores, tal como os outros trabalhadores desejam-se temerosos e dispostos a tudo fazerem para manutenção do seu posto de trabalho. Como o que se avista em matéria de educação é a degradação das aprendizagens em prol da redução de custos e do show-off já se vê que este exército de precários, para poder manter o pão para boca, em troca do emprego estável ou até mesmo apenas do emprego, da nota na carreira, de melhores horários e melhores turmas dispor-se-á ao lento e agonizante processo de aniquilamento da educação em Portugal. O mais recente passo com vista ao esmagamento do que resta de direitos de trabalho, para além do muito falada, mas talvez ainda pouco analisada revisão do código do trabalho, é a “proposta” de nova legislação de concursos que o ministério lançou e que apresenta pérolas como a passagem dos concursos para quadrienais, a exclusão do concurso dos professores portadores de habilitação própria e o fim das garantias de profissionalização, o fim das colocações cíclicas e a criação de uma bolsa de recrutamento, a manutenção da vergonha das ofertas de escola, a generalização do contrato a termo resolutivo.

AO CONTRÁRIO DOS DISCURSOS OFICIAISAUMENTA A PRECARIEDADE DOCENTE

A Lei de Bases do Sistema Educativo em vigor determina, no seu artigo 48.º que, em cada estabelecimento ou

grupo de estabelecimentos de educação e ensino, a direcção e gestão se orientam por princípios de

democraticidade e de participação de todos os implicados no processo educativo; que na direcção e gestão dos

estabelecimentos de educação e ensino devem prevalecer critérios de natureza pedagógica e científica sobre critérios

de natureza administrativa; e que, a direcção de cada estabelecimento ou grupo de estabelecimentos dos ensinos

básico e secundário é assegurada por órgãos próprios, para os quais são democraticamente eleitos os representantes

de professores, alunos e pessoal não docente.

Desrespeitando de forma infame a LBSE, a 22 de Abril, o ME avançou com o seu Modelo de Gestão onde impôs a todas

as escolas um órgão de gestão unipessoal, que será apenas o braço administrativo do Governo, e restringiu a

participação dos educadores e dos professores na direcção e gestão das escolas. Quanto aos critérios pedagógicos,

estes serão subjugados por critérios empresariais de gestão, burocráticos e autoritários.

O processo não decorreu num ambiente de tranquilidade, dando-se o primeiro recuo do Governo quando teve de adiar

o prazo da eleição dos membros do Conselho Geral Transitório para 30 de Setembro. Foram, então, várias as escolas,

que num acto de resistência, adiaram a eleição para o mês de Setembro, e encontram-se ainda exemplos de escolas

onde nenhuma lista foi apresentada. É importante que os professores continuem a resistir a este modelo, a denunciar

tudo o que de negativo este modelo traz para as escolas. Desengane-se o Governo PS quando afirma que o ambiente

nas escolas é sereno, pois a luta pela Gestão democrática das escolas continuará.

Caro colega Extra-Terrestrenem calculas como ando cansado, stressado,desmoralizado!Trabalho que nem uma mula....

... Tenho mais de 5 horasde aulas por dia, váriasreuniões por semana, com colegas,com o agrupamento, coma Câmara, com a DirecçãoRegional de Educação,preencho papeis para a minha avaliação, preencho papéis para a avaliação dos meus colegas, preencho papeis sobre os mais diversos assuntos, avalio os alunos, comunico com os pais, ajudo no refeitórioporque há falta de pessoal,actualizo os conhecimentos,dou apoios, faço substituições,etc., etc., etc.Ao todo ando a trabalhar mais de10 horas por dia!Não me resta tempo para mais nada...

Não te resta tempo para mais nada?10 horas por dia, só?Isso é pouquíssimo! não sei do que te queixas! Isso dizes tu que és de Plutão,

o teu dia tem 154 horas!

PELA GESTAO DEMOCRATICA DAS ESCOLAS, CONTINUEMOS A LUTA!

Professores na Terracom horários de Plutão

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Apesar dos discursos oficiais, da propaganda do governo e de “bem-intencionados” preâmbulos legislativos, o trabalho precário é uma clara opção política deste PS que presentemente comanda os destinos da nação rumo ao colapso. O trabalho docente não foge à regra, pelo contrário, é um dos sectores profissionais onde a instabilidade laboral mais se faz sentir. No entanto, é de se tirar o chapéu à extraordinária capacidade criativa da equipa de Maria de Lurdes Rodrigues na invenção de métodos de manipulação e ludíbrio. Chega a ser comovente, se nos despirmos do repúdio pela mentira, analisar o requinte e o engenho empreendidos na construção do mito da eficácia governativa em matéria de educação, e, particularmente, no combate à precariedade e na defesa dos interesses laborais dos contratados. Quantos não terão acreditado na senhora ministra quando esta discursou sobre a simplificação dos concursos para professores? Quantos não se puseram de acordo com o governo quando este resolveu dizer que os rearranjos na carreira que impôs no ECD visavam repor justiça em relação aos escalões mais baixos e aos contratados? E os que se deixaram levar quando afiançaram a ideia de que o fim das reduções da componente lectiva por idade acabava com os privilégios dos professores instalados e encostados ao trabalho dos mais novos? E como é gigantesca a campanha de auto-promoção do ministério da Educação em matéria de concursos via internet? Mas o que é verdadeiramente fantástico é que apesar dos esforços, a realidade, de tão gritante que é, vai saindo pelas costuras do manto de veludo e lantejoulas e mostra já sinais de ruptura. Muito em breve, provavelmente, o manto rasga-se definitivamente e mostrar-se-á como se agravou a situação laboral dos docentes contratados. No próximo ano, quando terminar o ciclo de 3 anos em que não houve concurso para lugares de quadro e se verificar a escandalosa redução dos mesmos (apesar da enorme quantidade de reformas que se

está a verificar e do aumento das necessidades de pessoal docente) cairá por terra o que resta da ideia de um corpo docente estável para dar resposta à necessária continuidade pedagógica que todos dizem defender. No próximo ano, a redução geral de pessoal que o governo tenta conseguir aumentando os horários de trabalho, fechando escolas e criando mega-escolas, do agigantamento das turmas e da redução da carga horária das disciplinas (toda uma aritmética de diminuição dos custos e, consequentemente, da qualidade pedagógica) não será suficiente para suprir as necessidades de professores e educadores. É para isto que se estão a preparar. Ao longo dos anos a legislação sobre concursos e contratação tem vindo a desenhar cenários cada vez mais catastróficos: liquidou-se a transparência e a equidade, instituiu-se o servilismo. Os professores e educadores, tal como os outros trabalhadores desejam-se temerosos e dispostos a tudo fazerem para manutenção do seu posto de trabalho. Como o que se avista em matéria de educação é a degradação das aprendizagens em prol da redução de custos e do show-off já se vê que este exército de precários, para poder manter o pão para boca, em troca do emprego estável ou até mesmo apenas do emprego, da nota na carreira, de melhores horários e melhores turmas dispor-se-á ao lento e agonizante processo de aniquilamento da educação em Portugal. O mais recente passo com vista ao esmagamento do que resta de direitos de trabalho, para além do muito falada, mas talvez ainda pouco analisada revisão do código do trabalho, é a “proposta” de nova legislação de concursos que o ministério lançou e que apresenta pérolas como a passagem dos concursos para quadrienais, a exclusão do concurso dos professores portadores de habilitação própria e o fim das garantias de profissionalização, o fim das colocações cíclicas e a criação de uma bolsa de recrutamento, a manutenção da vergonha das ofertas de escola, a generalização do contrato a termo resolutivo.

AO CONTRÁRIO DOS DISCURSOS OFICIAISAUMENTA A PRECARIEDADE DOCENTE

A Lei de Bases do Sistema Educativo em vigor determina, no seu artigo 48.º que, em cada estabelecimento ou

grupo de estabelecimentos de educação e ensino, a direcção e gestão se orientam por princípios de

democraticidade e de participação de todos os implicados no processo educativo; que na direcção e gestão dos

estabelecimentos de educação e ensino devem prevalecer critérios de natureza pedagógica e científica sobre critérios

de natureza administrativa; e que, a direcção de cada estabelecimento ou grupo de estabelecimentos dos ensinos

básico e secundário é assegurada por órgãos próprios, para os quais são democraticamente eleitos os representantes

de professores, alunos e pessoal não docente.

Desrespeitando de forma infame a LBSE, a 22 de Abril, o ME avançou com o seu Modelo de Gestão onde impôs a todas

as escolas um órgão de gestão unipessoal, que será apenas o braço administrativo do Governo, e restringiu a

participação dos educadores e dos professores na direcção e gestão das escolas. Quanto aos critérios pedagógicos,

estes serão subjugados por critérios empresariais de gestão, burocráticos e autoritários.

O processo não decorreu num ambiente de tranquilidade, dando-se o primeiro recuo do Governo quando teve de adiar

o prazo da eleição dos membros do Conselho Geral Transitório para 30 de Setembro. Foram, então, várias as escolas,

que num acto de resistência, adiaram a eleição para o mês de Setembro, e encontram-se ainda exemplos de escolas

onde nenhuma lista foi apresentada. É importante que os professores continuem a resistir a este modelo, a denunciar

tudo o que de negativo este modelo traz para as escolas. Desengane-se o Governo PS quando afirma que o ambiente

nas escolas é sereno, pois a luta pela Gestão democrática das escolas continuará.

Caro colega Extra-Terrestrenem calculas como ando cansado, stressado,desmoralizado!Trabalho que nem uma mula....

... Tenho mais de 5 horasde aulas por dia, váriasreuniões por semana, com colegas,com o agrupamento, coma Câmara, com a DirecçãoRegional de Educação,preencho papeis para a minha avaliação, preencho papéis para a avaliação dos meus colegas, preencho papeis sobre os mais diversos assuntos, avalio os alunos, comunico com os pais, ajudo no refeitórioporque há falta de pessoal,actualizo os conhecimentos,dou apoios, faço substituições,etc., etc., etc.Ao todo ando a trabalhar mais de10 horas por dia!Não me resta tempo para mais nada...

Não te resta tempo para mais nada?10 horas por dia, só?Isso é pouquíssimo! não sei do que te queixas! Isso dizes tu que és de Plutão,

o teu dia tem 154 horas!

PELA GESTAO DEMOCRATICA DAS ESCOLAS, CONTINUEMOS A LUTA!

Professores na Terracom horários de Plutão

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número 25Out. Nov. 2008

professorcomunista www..blogspot.com

O modelo de avaliação de desempenho dos docentes desenterrado pela ministra Lurdes Rodrigues tem tanto de burocrático, soterrando os professores e as escolas em toneladas de papel, como de inaplicável em muitos dos seus pressupostos, procurando medir o que não é mensurável ou comparar o que não é comparável.

Não se trata aqui só de incompetência ou de obsessão pela avaliação dos professores, a todo o preço, e custe o que custar, por parte de um Ministério da Educação, que, curiosamente, no que respeita à avaliação dos alunos prima pelo facilitismo e pelo culto do sucesso estatístico.

O que está verdadeiramente em causa, quer pela tónica posta nos resultados dos alunos como factor de avaliação dos professores, quer pela tentativa de fazer intervir, nessa mesma avaliação, os Encarregados de Educação, de uma forma perfeitamente empírica e aleatória, quer ainda pela pressão colocada em cima dos professores pela generalidade dos Conselhos Executivos, é a criação de condições que “obriguem” ao sucesso dos alunos independentemente de terem adquirido ou não as competências necessárias, de forma a ser glorificada, para “efeitos” eleitoralistas a política educativa (?) deste Governo.

E tudo isto sem o mínimo pudor, sem ter em conta que se está a pôr em causa a qualidade do ensino e da escola pública, e a hipotecar por muitos anos o futuro destes jovens.

E preciso dizer não a esta avaliação! É preciso combatê-la em cada escola, em cada agrupamento!

A derrota deste modelo de avaliação, será assim a vitória da escola pública!

A luta continua!

AVALIAR O QUÊ E PARA QUÊ? ??

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