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05/11/2016
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Deveríamos poder ordenar a cabeça
com a mesma facilidade com que
ordenamos nossos guarda-roupas...
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
Vil Becker
PENSAMENTOS
NÁUFRAGOS
INQUIETUDE
Às vezes amar não basta, às vezes é demais.
E outras vezes nos perdemos
Por procurar o equilíbrio perfeito.
VIL BECKER
JOINVILLE/SC
2017
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Empurre-me, quando estiver à beira da loucura, pois é quando mais precisarei da sua sanidade.
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
ÍNDICE
APRESENTAÇÃO.......................................................................07
MENTES INQUIETAS.............................................................. .09
A DIFERENÇA............................................................................15
INCERTEZAS..... ... ... ... ... .. ... ... . .. ... ... ... .. .. ... ... ... .. .. . . 18
MALDADES E MALDOSOS..................................................... 29
SOLIDÃO..................................................................................... 49
A SOLIDÃO E AS DOENÇAS...................................................53
SENTIMENTOS E SOLIDÃO................................................... 55
FALANDO SOBRE PESSOAS................................................. .61
FALANDO DE SONHOS ALHEIOS........................................64
SABIOS PERTURBADOS.........................................................66
EQUILÍBRIO...............................................................................69
MEUS MOTIVOS........................................................................73
UTILIDADES...............................................................................74
O MUNDO QUE PRECISAMOS...............................................81
O QUE EU PEÇO........................................................................87
PONTOS DE VISTA....................................................................89
ALMA DESPIDA.........................................................................96
ISSO TAMBÉM PASSA..............................................................98
DE QUALQUER MANEIRA....................................................102
CÓDIGOS MORAIS..................................................................105
O QUE FALTA NA HUMANIDADE?.....................................109
ME CONHECEU ASSIM..........................................................111
A SAUDADE...............................................................................114
FALAR É FÁCIL.......................................................................116
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IMAGINO DIFERENTE...........................................................118
MEA SENTENTIA.....................................................................123
SHEREK, FIONA E O DRAGÃO............................................125
OS OUTROS...............................................................................127
A VERDADE E A CONSCIÊNCIA.........................................132
MINHA MORTE........................................................................141
A ESPERA DO FIM...................................................................144
SINDROME DA DECADENCIA.............................................147
ENERGIA AMETAL.................................................................151
MEU CANSAÇO........................................................................153
ERA UMA VEZ..........................................................................155
POSFACIL..................................................................................157
AGRADECIMENTOS...............................................................159
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
APRESENTAÇÃO
De um momento para o outro a nossa vida muda. Estamos
em mudança constante. De um segundo para o outro per-
demos pessoas importantes na nossa vida, e por vezes basta
um instante para encontrar alguém por quem temos andado
a procura a vida toda, e ainda mais um segundo para voltar
a perder, para depois conquistar novamente. As mudanças
do ciclo de vida são das mais variadas que se pode imagi-
nar. Umas são para melhor. Outras são para pior. Mas todos
eles fazem parte da vida. Umas por vezes não custam nada,
mudar de estilo, mudar de pensamentos, mudar de empre-
go. Outras estão rodeadas de sofrimento. Mudar de pais,
mudar de amigos, mudar de amores. Que acontece quando
somos confrontados com estas mudanças e nada podemos
fazer para o impedir? Sofremos naturalmente. Mas esse so-
frimento fornece a energia necessária para viver.
De certo modo sofrer faz com que exista uma vontade de
procurar uma situação melhor. E isso implica mais uma
mudança. Isto é, na realidade um ciclo vicioso, onde a única
forma de travá-lo é a monotonia. E quem gosta disso? Por
isso temos mais é que aceitar estas mudanças. Porque, quer
se aceite, quer não, a vida é um instante muito breve onde
de um momento para o outro acontece mais uma mudança
que não podemos controlar. A morte. A mudança suprema,
aquela em que passamos de um mundo para o outro, e não
levamos nada conosco, apenas deixamos. Deixamos as re-
cordações com que os vivos ficam de nós, e até essas recor-
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dações tem data de validade associada mais uma vez a mor-
te. Por isso, não devemos tentar fugir as mudanças que cru-
zam o nosso caminho, mas sim enfrentar cada uma delas
com coragem e com a ideia que essa mudança pode ser para
melhor.
“A vida são dois dias, o de ontem já passou e o de hoje está
a acabar. O amanhã ainda é incerto. Aproveitem cada nova
oportunidade".
VIL BECKER
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
MENTES INQUIETAS
DESCULPE A INTENSIDADE, MAS SE FOR PARA AMAR POUCO, PREFIRO NÃO AMAR.
Têm dias que meu lado egoísta só me leva a crer que nasci
no lugar errado, ou melhor, no planeta errado. Venho real-
mente achando que sou um extraterrestre disfarçado de ho-
mem. Prefiro ver assim a achar a humanidade burra. Do que
achar metade das pessoas que conheço, pequenas demais
perante meus sonhos. Às vezes é difícil acreditar que as
pessoas são do jeito que aparentam por vontade própria,
falta de opção, sei lá, será que não abrem o olho logo pela
manhã, lavam o rosto e se encaram dizendo: Sou isso ai
mesmo? É só isso que eu posso ser? Será que não dá pra
melhorar?
Será que eu sou um único destoante aqui? Será que real-
mente me deixaram nessa Terra por engano? Quanta gente
imatura existe no mundo! Vejo criaturas com identidade
adulta, cometendo erros tão primários… Coisas de gente
que não sabe o que é a vida (como se alguém de fato sou-
besse). Ando cansado das pessoas. Ando cansado dos sorri-
sos falsos, das vidinhas perfeitas, das frases feitas, das mú-
sicas repetidas, dos humores sem graça, dessas conversas
pra boi dormir, dessas pessoas chorosas por leite derrama-
do. Ando cansado dessa gente acomodada, desse povo con-
formado, que não curte mudar, que não aceita mudanças,
que só segue pelos caminhos traçados por outro alguém.
Hoje em dia é tão mais fácil sorrir e morrer por dentro. Hoje
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em dia, até o ‘boa noite’ é citação da Clarice Lispector.
Ninguém mais tem coragem de dar a cara à tapa. Ninguém
mais tem coragem de ser quem de fato é. Ok, ainda têm a-
queles corajosos que no meio de tanta coragem, se perdem
no caminho. Metem os pés pelas mãos. Sorria, você está
sendo filmado.
Quanta hipocrisia. Reformulando: que atire a primeira críti-
ca quem não for hipócrita. Quem não tiver seu rei na barri-
ga. Que atire a primeira pedra os humildes, os santos e os
anjos de candura. Só existem criaturas perfeitas nessa Terra
aonde vim parar por engano, não é mesmo?
Cai num poço profundo de mim, onde as paredes são lisas e
dia chove, dia faz sol, numa alternância sem lógica. Estou
preso neste planeta onde me acho errado, para não me fingir
certo. Certos são os outros, sempre e para sempre. É melhor
assim. É mais prático. É mais rentável se fazer de vítima.
Acredito ainda, por fim, que deva pedir perdão por ser
cheio de mim. Por acreditar nas minhas versões dos fatos.
Por achar que sou errado em terra de certos. Por pensar di-
ferente. Por ser diferente. Por nem sempre fazer a diferença.
Acredito ainda que deva pedir perdão para fingir saciar a
humildade dos que me veem. Leem-me. Devo pedir perdão
para parecer humano, afinal, errar é de sua natureza. Per-
dão, não é nada disso que parece. P-E-R-D-Ã-O sou apenas
um ET, em Terra de gente. Perdão.
Mesmo assim espero que um dia eu aprenda, a amar por
cultura, aceitar as ignorâncias fazendo de conta que não me
atingem, a caminhar de mãos dadas com pessoas que te der-
rubam a cada inicio de batalha, a não se sentir envergonha-
do de ser derrubado por aqueles que você nunca esperaria
tais atitudes, quem sabe eu aprenda a ser uma pessoa má,
talvez seja isso mesmo, num mundo feito de pessoas rasas
de sentimentos, ter sentimentos é ser doente psicologica-
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
mente, às vezes ser sozinho é melhor do que estar rodeado
de pessoas vazias, quem sabe eu aprenda que mesmo lutan-
do pelo melhor sem querer pisar em ninguém, vou ser ta-
chado de ruim, que meus deslizes foram tentando acertar,
quem sabe eu aprenda que por mais que eu queira ser uma
pessoa boa, quem me enxerga por fora nunca vai saber o
que ocorre dentro de mim, das minhas guerras interiores,
das lágrimas contidas, do coração despedaçado.
Quem sabe eu aprenda a ser um bom filho um dia, um bom
irmão, uma boa pessoa, por enquanto estou nessa escola
chamada vida, e enquanto eu estiver nela, terei que aceitar
as matérias do dia, terei que responder as questões sem res-
postas, terei que viver esperando que as pessoas mudem
quando sei que não irão mudar, que essa escola me ensina
que mesmo com uma batalha perdida ainda não perdi a
guerra, que superar é preciso, que esquecer por mais que
seja difícil, é necessário para seguir em frente, que a vida
segue seu rumo, um dia eu aprendo a aprender com a vida...
E assim, entender que, mudanças são inevitáveis conse-
quências, existe um fluxo invisível que não nos permite se-
guir sempre o mesmo caminho. Nada permanece intacto.
Nem as convicções, as nossas ideias, por mais que queira-
mos que permaneçam, por mais que o passado pareça re-
confortar, a vida não se resume somente a isso. É por isso
que existe o sol, Você acorda de manhã, e ele estará lá, pra
te lembrar de que não há nada insuperável. Os dias prosse-
guem, e como já dizia Nietzsche, “Aquilo que não me des-
trói, me fortalece, tudo é aprendizado, basta querer enxer-
gar”.
E nessa guerra interior percebi que o que sinto se misturou
com a água do mar, me deixei levar pela maré. Derreti e
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nunca mais fui o mesmo. É isso que acontece quando um
iceberg tenta tocar um vulcão em erupção.
Com todo sentimento exposto como uma ferida aberta, ain-
da assim olhei as velhas cicatrizes que já não doem mais.
Percebi que é mais fácil cuidar de alguém do que cuidar de
você mesmo e que você não tem noção da força que tem.
E então acordei e percebi que apenas sonhar não ia mudar
as coisas, levantei-me da cama e ao pôr os pés no chão, sen-
ti o frio que nunca mais iria silenciar minhas noites. Lem-
brei que aquela pessoa no espelho, também tinha defeitos, e
por um momento, comecei a pensar nela como alguma coi-
sa ruim. Tinha acordado diferente, talvez tivesse tido uma
epifania durante o sono, porque via agora todas as respostas
para as perguntas que me faziam dormir pensando nas
mesmas coisas todas as noites. Não era algo mágico e lindo,
era só uma história. Uma história sobre amor, mas não uma
história de amor. Muitos dizem como é o amor, antes de
você amar alguém. Você tem aquela ideologia de que tudo
vai ser bom, que tudo vai dar certo e que a outra pessoa vai
ser perfeita. Mas não é assim. O amor talvez te dê uma dor
tão insuportável, que você vai preferir morrer. O amor tal-
vez seja tão ilusionista e fascinante, que vai te deixar sem
dormir por dias e ainda assim, você vai continuar sorrindo,
achando que é uma coisa boa. O amor não vai te fazer sorrir
sempre, mas pode ter certeza que você vai chorar, uma hora
ou outra. As pessoas dizem pra ter mais amor, mas elas não
lembram que pra ter amor, é preciso muitas outras coisas.
Amor é só a faísca que é necessária pra acender um cora-
ção, mas o que mantém o fogo aceso, não é só o amor. Po-
dia sentir naquela manhã que tudo estava claro, finalmente.
Sentia que desacreditara daquelas fantasias de ser feliz com
tal pessoa. Começava ali a me apegar a coisas mais palpá-
veis e mais reais. Aprendi naquele momento, que pra ser
feliz hoje, talvez tenha que deixar no passado o que é do
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
passado. Amar os momentos, mais do que as lembranças.
Acordei naquele dia com um sorriso no rosto, que mais nin-
guém podia tirar.
Aprendi a dar valor ao que realmente importa. Deixei de dar
valor às coisas fúteis da vida... Dessa vida não sabemos na-
da, não levamos nada... O que importa é a forma como vi-
vemos um sentimento. Não é preciso muito para ser feliz, a
felicidade está nas coisas simples da vida. Não preciso ser
famoso para ser "alguém", só preciso ser eu mesmo para ter
certeza que serei sempre lembrado por quem realmente me
ame. Quem vive de status e curtidas são as redes sociais. E
sabe quando eu descobri tudo isso? Quando me vi no chão,
sozinho, sem amigos ou qualquer outra pessoa do meu lado.
Então tive que me levantar, tive que ser forte, ser forte por
mim. Tive que admitir que tudo o que eu mais queria era
me sentir em paz, uma paz que eu imaginei que tinha, ape-
nas imaginei.
Mas foi bom cair na realidade, e poder repara no quanto as
pessoas estão maldosas e fazem questão de maltratar umas
ás outras em troca do seu prazer. Lidam entre si como se
fosse uma eterna competição entre o mais forte e o mais
fraco e nessa disputa de braço de ferro, quem perde vira
marionete. Entre ser o sujo e o mal lavado, eu escolhi ser eu
mesmo e Admitir minhas falhas, fraquezas, meus anjos e
demônios, minhas ambições e aflições. De tanto pensar
cheguei à conclusão de que cansei da maldade humana. Re-
paro também que a convivência com a minha criança inter-
na, faz de mim uma pessoa menos atenta ao adulto. Queria
que o mundo fosse doce como a ingenuidade infantil ou que
fosse repleto de crianças e animais. Crianças podiam não
crescer. Quando cheguei a esta conclusão fiquei triste, ma-
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goado, chateado e todas essas palavras soltas servem para
construir uma ideia que nem eu mesmo soube criar. Precisei
desabafar tantas tempestades internas, talvez ninguém me
entenda ou nada faça sentido fora de uma tempestade ou de
quem nunca viveu uma dessas tempestades da qual nunca
sabemos o que vai restar na calmaria, mas para mim faz
muito sentido. Precisei de um pouco de paz na alma para
começar a colocar as coisas no lugar, mesmo que elas nunca
fiquem em seu devido lugar, precisei de um pouco de tran-
quilidade para não ter que viver armado para o outro, ou
ressabiado, esperando o próximo golpe. Tive vontade de
viver outra vida, tive vontade de resetar tudo, na verdade,
apenas cansei, só isso... Cansei das maldades alheias, dos
excessos de quem não soma em nada, do raso que não dá
pra molhar nem o dedo do pé. Vivi dias estranhos. Hoje
acredito estar bem, creio eu que saudável, mas emocional-
mente um bagaço, e sei que especialistas dirão que isso é
falta de uma análise mais profunda do assunto. E sabe o que
mais se quer ao invés de estudos sobre o assunto? "Prote-
ção". Senti-me sozinho, e em tudo. Não foi uma sensação
boa e me incomodou cada vez mais e isso me tornou cada
vez mais introvertido.
Talvez fosse apenas vontade de ter tudo o que almejamos
na vida, cuidados, ser bem tratado. Mas no almejar acabei
aprendendo a não buscar nada que não fosse meu. A não me
encostar-se às pessoas para conseguir o que eu quero. É que
na verdade eu acabei cansando de ser só profissional, can-
sando de ter que dar conta das coisas e da minha pessoa não
ter quem cuide, mas era aquela em frente ao espelho pedin-
do uma chance.
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
Esses dias me peguei pensando em você, como em todos os dias que convivi com o inferno de uma ausência e da espera que nunca chegou, lembrando-se das conversas e foi uma nostalgia boa, uma sensação de paz, você mesma nunca se sentiu segura de si, e eu entendo, como sempre te entendi. Aí volto à estaca zero e penso que eu tive que manter o meu silêncio dolorido. Dar seguimento no trabalho, nos projetos, nas parcerias e esquecer-se de mim, e esperar que uma hora ou outra as coisas se ajeitem, que uma resposta possa surgir. Mas naquele instante, posso dizer que havia cansando e que só queria colo, refugio, aconchego e ficar em paz. Precisei muito falar algumas coisas que sentia, mas não desci do meu orgulho para incomodar você na sua zona de conforto. As coisas na vida são assim, idas e vindas, chega-das e partidas. Resolvi desabafar comigo mesmo, certamen-te em algum momento dessa vida alguém irá ler isso ou quem sabe eu terei a oportunidade de falar pessoalmente co-mo naquele dia em São Francisco do Sul, naquele restaurante, onde tive a oportunidade de mostrar o melhor de
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mim. Nada premeditado, o destino se encarregou. Lem-brei-me de cada momento, de como tudo começou, a maneira como as coisas fluíram e deram certo, ou pelo menos tentamos caminhar nessa direção, me peguei pensando nisso no mesmo dia que li as mensagens que trocamos quando você foi embo-ra. Refletindo sobre isso eu descobri o quanto você iria me fazer falta, muita mágoa aqui dentro. Porque mesmo tendo me apaixonado por você eu tinha uma consideração que fa-zia de mim um homem diferente e corajoso para enfrentar qualquer coisa e poder ver seu sorriso de satisfação no final do dia, e isso dentro de mim tinha muito mais valia. Você conseguiu ser a pessoa mais importante da minha vida e em questão de dias deixou minha cabeça e minha vida um em-brulho sem fim. Perdoe-me por pensar demais e por não aceitar certas coisas, uma delas é o julgamento precipitado, nunca fui o que você pensou que eu era, nunca aceitei ser como a maioria. Mas te respeito e te agradeço por ter me ensinado muitas coisas... Por pior que possa ser, uma hora quem sabe esse sentimento passe. Vai ver até foi melhor assim. Cada um tem da vida o que merece... Só precisava falar, que, não sei se eu merecia isso da vida, mas fui obri-gado a aceitar, e te deixar livre, com o coração gritando e sangrando, deixei você seguir, queria que essa história toda mudasse, mas não sou dono do mundo para mudar a histó-
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
ria de seja lá quem for, muito menos da pessoa que eu mais amei, só sei que um dia terei as respostas certas, por enquanto só tenho a mim mesmo e mais nada. Mas é assim mesmo, a vida de quem inventa voar é paradoxal, todo dia. É o peito eternamente divido. É chorar porque queria estar em outros lugares, sem deixar de estar onde está. É ver o céu e o inferno na partida, o pesadelo e o sonho na permanência. É se orgulhar da escolha que te ofereceu mil tesouros e se odiar pela mesma escolha que te subtraiu outras mil pedras preciosas, e o preço é alto. A gente se questiona, se culpa, se angustia. Mas o destino, a vida e o peito, às vezes exigem que embarquemos nesse trem. Alguns não continuarão co-nosco por terem descido cada em sua estação. Mas nós, que seguimos, não estamos livres do medo e de tantas fra-quezas. Mas estamos para sempre livres do medo de nunca termos tentado.
Foi então que decidi mudar tudo em minha vida, senti a necessidade de abrir espaço para que o novo entre e para isso foi preciso estar disposto às transformações. Percebi que ha-via muitas gavetas a serem esvaziadas, muitos armários a serem limpos em meu imenso armário emocional. Mas em meio a tanta bagunça descobri que há uma nova forma de
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viver, que é viver o hoje dando o máximo de mim e esperan-do o máximo da vida. E acabei aprendendo a viver o só por hoje. Por isso, só por hoje vou me dedicar a fazer algo que me agrada sem me importar com a opinião de mais nin-guém. Só por hoje, apenas hoje, vou fechar meus olhos e tapar meus ouvidos para toda e qualquer notícia ruim, só por hoje vou apenas apreciar o belo, o magnífico, vou aceitar as coisas como elas são e não farei esforço algum para mudá-las, irei vestir a melhor roupa, calçar o melhor sapato e ver no espelho a melhor versão de mim mesmo, me permitir sonhar e imaginar a vida da forma como eu quero que ela seja. De-cidi ser feliz, porque sei que quando o amanhã chegar, terei a oportunidade de decidir tudo isso novamente. Só por hoje, eu decidi mudar, e isso faz toda a diferença!
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INCERTEZAS
Você ainda vai sentir minha falta, e eu não vou es-tar mais a sua espera.
A vida é cheia de incertezas. Incertezas de vários tipos e
que se manifestam de muitas formas diferentes. Existe a
incerteza que tem a ver com a sua falta de definição a res-
peito de um determinado assunto. É a ausência de seguran-
ça quanto à decisão que precisa ser tomada. Existe também
aquela incerteza que é uma espécie de desconfiança. É a
dúvida sobre um fato estar ocorrendo, ou não. E existe a
incerteza própria do mundo e da vida, que é a que considero
a mais relevante, pois, na verdade, por mais que a gente ten-
te, não pode ter controle sobre os acontecimentos futuros,
nem mesmo sobre os presentes. Na realidade, a gente só
consegue ser razoavelmente feliz quando reduz significati-
vamente o nível de expectativas, pois a materialização des-
tas também se insere, obviamente, neste impalpável campo
das incertezas. Ou seja, aquilo que desejamos pode ou não
acontecer.
O ser humano abriga a ilusão de que "querer é poder". É
claro que a dedicação e o esforço contam muito, mas o ele-
mento imponderável está em todas as equações. A insistên-
cia e a perseverança podem aumentar as possibilidades de
modo a que estas se tornem probabilidades. Mas ainda as-
sim não são certezas. E nunca serão. Talvez eu desejasse,
neste momento, estar vivendo algo diferente, fazendo algo
diferente, usando um formato diferente... Mas a vida (sem-
pre a vida) desejou que fosse assim e cabe a minha pessoa
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obedecer a essas tais contingências e aceitar as exigências
destinadas à minha existência.
E, desta maneira, vou traçando meu próprio caminho, bus-
cando tirar o melhor de cada experiência e de cada situação
para tornar-me, igualmente, um ser humano também me-
lhor. Mas o bom de tudo é que, quando compreendemos
algumas regras da vida, sabemos que, na realidade, estamos
todos juntos na mesma embarcação, cada um à sua maneira,
mas sempre com o mesmo objetivo: o de sentir a paz e a
serenidade que, se pensarmos bem, podem ser encontradas
em qualquer lugar. Aqui ou em viagem, elas habitam, há
muito tempo, dentro de nós. E que elas possam desabrochar
mesmo no meio de tantas incertezas.
Quando a gente passa por uma vida, seja ela boa ou ruim,
sempre temos algo a aprender, e nunca poderemos dizer que
já aprendemos tudo, ideologias mudam, teorias podem ser
provadas que também mudam, se me perguntarem o que eu
sei de tudo isso, posso responder com outra pergunta, o que
você sabe sobre meu conhecimento, de onde eu vim, e o
que estou fazendo aqui, se não souber me responder tente
descobrir porque você está aqui, já vivi o suficiente para
experimentar das maldades que o ser humano é capaz, das
ideologias de controle absoluto as teorias de maldades ca-
mufladas, lutei com espadas e escudos, e nessas lutas, cada
uma delas, só o que vi foram pessoas sendo feridas com
palavras e atitudes, e a cada vez que a espada transpassava
um corpo, só o que eu percebia era o suspiro de alivio de
uma alma machucada, que pior do que ser transpassado por
uma lâmina afiada era viver entre seres que ferem com a
lâmina embainhada dentro da própria boca, lâmina essa que
não precisa afiar, pois a maldade também pode a tornar
mortal.
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
Larguei a espada após a guerra, onde vi crianças sem vida,
sem chance, não existem argumentos o suficiente que pos-
sam fazer um soldado continuar lutando ao ver que ideolo-
gias e teorias controlam uma civilização, ter medo da morte
para si, e não ter medo de matar, quando pegamos na espa-
da pela primeira vez, esse é o sentimento, e cada vez que
ela é transpassada no inimigo, nossos olhos ficam fixados
nos olhos do inimigo ferido, pelo prazer de ver a vida se
esvaindo como se fosse pó, que graça tem um soldado ma-
tar um inimigo que não pode olhar nos olhos, de todas as
gerações que vivi, essa é a mais cruel, a menos sensível, a
mais desprezível, onde as noites vazias se tornam lugares
cheios, os dias cheios de pessoas vazias e sem vida, todas
olhando para um objeto, já mortos por dentro.
Nas cruzadas, um soldado sem espada era um soldado mor-
to, hoje um soldado morto é um soldado sem tecnologia,
mesmo que já esteja morto antes de perder suas armas, triste
morte destes soldados, por isso acho que minha morte é um
desejo sábio, essa luta é muito desigual, muito desonesta,
quando guardei minha espada jurei nunca mais usá-la en-
quanto não existir um soldado que lute justo, já que justiça
virou uma ideologia, deixou de ser questão de honra.
Pergunte-me quantos anos eu tenho para falar destas coisas,
e te responderei que tenho o suficiente para saber que essa
civilização moderna não evoluiu em nada, a não ser na mal-
dade que pratica, escondendo e camuflando os crimes que
cometem, continuam com os mesmos erros, as mesmas bar-
báries de gerações e séculos passados, não sei o que ainda
faço por aqui, vagando pelos corredores e vielas vendo as
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sombras de maldades sorrateiras, procurando a próxima ví-
tima, mas agora minha espada é outra, minha espada é mi-
nha educação, meu escudo é minha reputação como ser
humano que um dia no passado jurou lealdade protegendo a
vida de inocentes, só não luto mais por ideologias e teorias
prontas, crenças rasas e pessoas vazias e interesseiras, mi-
nha luta é pela vida, única coisa de valor que existe nesse
mundo escuro e cheio de mortes, já vi tantas, aprendi a não
ter medo dela, estou sempre à espera, só os valores sobre
ela se inverteram na minha mente, hoje tenho medo de tor-
ná-la real na vida do outro, acho que estou pronto para mor-
rer, pois descobri que não estou mais pronto para matar,
seja lá para onde eu for, quando a morte estender as mãos
para me buscar, vou sorrindo, feliz, pois descobri que não
foi para matar que estive aqui, foi para proteger. Estou
pronto, posso encará-la de frente.
Sou um só, mas ainda assim sou um. Não posso fazer tudo,
mas posso fazer alguma coisa. Por não poder fazer tudo,
não me recusarei a fazer o pouco que posso. O que eu faço
é uma gota no meio de um oceano, mas sem ela o oceano
seria menor. Digo isso pensando em lembrar você de algo
importante, a beleza do amor está na reciprocidade, isso
vale para cada um de seus gestos e sorrisos, mas vale tam-
bém para o seu fim, todos somos livres para ir e vir, sempre,
mas se você deseja partir, por favor, notifique, mesmo que
você insista em continuar presente com as suas ausências,
mesmo quando seus egoísmos ainda queiram mantê-la ali,
se não fizer por respeito ao amor de outros tempos, faça
pelo menos para se sentir livre, para poder encarar o espe-
lho. Conte sobre as suas intenções, ou a inexistência delas,
revele o desejo de não estar mais ali, para você pode ser
apenas um passado ainda presente, mas para quem te amou,
pode ser o sonho de um inexistente futuro, me dê o direito
de seguir, avise sobre o fim do amor, "AMOR?" sim, para
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
você pode não significar mais nada, mas o meu coração a-
inda não sabe disso.
Quem ou o quê estamos procurando então?; Na verdade
não procuramos ninguém, procuramos o sentimento que há
no outro e possa nos transbordar, sentimento como segurar
nossa mão enquanto andamos na rua, e também quando
sentir medo, pra jogar vídeo game, reclamar quando perder,
e aí deixar ganhar só pra ver feliz. Pra reclamar quando co-
mer a comida do outro, e preocupar-se quando não se ali-
mentar direito. Pra contar sobre o dia, mesmo que a parte
mais interessante do dia seja você. Pra dizer que ama seu
sorriso, seus olhos, suas mãos, e o jeito como o coração ba-
te quando está perto. Pra dançar coladinhos uma música
lenta, mesmo que nenhum dos dois saiba o que estamos fa-
zendo. Pra pedir desculpas quando errar, e ficar feliz quan-
do perdoar. pra abraçar quando estiver triste, e fazer se sen-
tir melhor. Pra assistir filmes incríveis, e filmes horríveis
também, só pra depois rir um do outro. Pra sentir frio à noi-
te quando puxar o cobertor, e sentir calor quando não puxar.
Pra comentar sobre um livro que leu, reclamar da bagunça e
não rir das piadas. Pra acordar quando estiver atrasada, mas
desistir, só porque fica linda dormindo. Pra tentar dar o me-
lhor de mim, mesmo que saiba o que temos de pior, pois é
pelo pior que nos completamos, é pelo pior que nos aceita-
mos.
Não somos perfeitos, vamos errar várias vezes, vamos ten-
tar fazer certo, mas a qualquer hora vamos errar de novo e
de novo. Ninguém é perfeito, todo mundo já machucou al-
guém, todos nós já fizemos algum mal, de alguma forma
pra alguém. Mas tudo é questão de tempo pra você aceitar
que ninguém é perfeito, são fases da vida que a gente passa
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por coisas boas e ruins, são coisas que precisamos passar
pra entender que nada é de graça, nada é fácil, mas também
nada é em vão. Hoje você sofre, amanhã você sorri, depois
você chora e volta a sorrir novamente, assim é a vida, assim
somos nós, assim é a vida.
Qual o caminho certo a seguir então? Principalmente quan-
do se sabe que a escolha feita não se desvincula da respon-
sabilidade e suas consequências, que o amor por algo nos
obriga a consciência do dever de cuidado e respeito e de
que crime algum pode ficar impune, principalmente quando
as mãos estão sujas com sangue e lágrimas alheias, apesar
de pensar que as coisas poderão mudar, algumas informa-
ções que beiram ao grotesco merecem, no mínimo, uma boa
explicação, caso contrário, apenas uma rigorosa apuração
para dissipar o cheiro de podre que infesta o ar, não podem
ser dessas explicações que já estamos acostumados a ouvir,
que mais se assemelham à forma de escapatória.
O certo é que preciso agir, transformar o mundo a partir de
uma ação, que passe da esfera da revolta individual, pois
esta, na maioria das vezes, apenas se identifica, com o sen-
timento de vingança pessoal, não alterando o curso da histo-
ria. Cabe, assim, a minha pessoa com uma consciência justa
exigir a apuração da conduta errada e não arredar o pé até
que tudo se esclareça, com o criminoso devidamente puni-
do, em caso de comprovação do crime. Mas para a maioria
o que importa a crise e as incertezas, o legal é curtir o banal
e o fútil e compartilhar o duvidoso, bom mesmo, é apreciar
o que a vida tem de mais bizarro e mal cheiroso, aliás, há
algo de podre no reino, mas nós já nos acostumamos ao
cheiro. E como disse Shakespeare "Quando as coisas não
nos correm bem, vezes por culpa de nossos próprios exces-
sos, culpamos o sol, a lua e as estrelas, como se fossemos
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
celebrados por necessidade, tolos por compulsão celeste,
velhacos, ladrões e traidores pelo predomínio das esferas".
A vida é uma caixinha de surpresas, entre essas surpresas,
temos a dor , o amor, as oportunidades... Devemos saber
lidar com todos os itens desta caixinha, pois nada é sim-
plesmente por acaso, tudo é útil e na maioria das vezes não
é ruim, podemos dar vários rumos a nossa vida, isso vai
depender da escolha que fazemos em um determinado mo-
mento das nossa vidas. Como enxergar o que é realmente é
certo? Isso é complicado! Devemos ter cuidado ao tomar
decisões pois são elas que nos envia para a felicidade ou a
derrota. Pois é, viver não é fácil não! Pois a possibilidade de
nos dar mal é muito grande, porem existe riscos que vale a
pena correr! E o que fazer? Sei lá, só sei que nada sei en-
quanto eu não decidir. Decidir o que? O que é certo ou que
é errado? Acho q o melhor mesmo é viver o momento e es-
quecer o resto pois do futuro não sabemos nada.
Tentamos encontrar formas de viver com base no que acre-
ditamos em determinado momento, porém nem sempre é o
que realmente queremos, Todos nós nascemos com dons
para viver. Esses dons seriam a chave para felicidade, mas
esses dons podem não significar nada para o tipo de vida
que se vive. Será que temos como ser Feliz sem realizar o
que estamos predestinados geneticamente ou espiritualmen-
te a fazer? Ou será que somos aptos a qualquer coisa. A
humanidade está evoluída e cada vez mais ela perde a liber-
dade de viver, viver do que realmente queremos. O homem
possui suas necessidades básicas, mas será que é justo viver
somente para supri-las? E onde está o prazer de viver? O
prazer parece ser mesmo comum entre todos, os métodos de
diversão são muito comuns, está faltando alguma coisa, mas
VIL BECKER 26
é claro a liberdade de fazer coisas que estão geneticamente
sendo imploradas para serem feitas, o problema que será
quase impossível encontrarmos o que nós como seres hu-
manos queremos, pois vamos o tempo todo nos confundir
com o que já vemos e achamos que é o melhor.
Eu sei que nada é fácil, eu sei que as coisas poderiam ser
diferentes, mas tudo acontece por um propósito maior, e se
você ainda não entendeu, eu sei que falta pouco para enten-
der, ainda que eu prefira que continue sem entender, tudo
na vida é baseado em planos, nada é ao acaso, e daí que vo-
cê acha que não vai ser feliz por conta do que aconteceu no
seu passado. Eu sei que nada é fácil e nunca vai ser, mas
você está acima de qualquer traição, na verdade o que fize-
ram a você, não fizeram a você e sim a eles mesmos, infeli-
zes e incapazes de fazer alguém feliz, precisam destruir
quem os amam para sentir algo que nunca sentiram por nin-
guém, e só vão sentir quando experimentarem do próprio
veneno.
Nem todas as pessoas que passaram por sua vida e a ajuda-
ram ficaram com você o tempo todo, aquelas que apenas
passaram você não lembra porque só olhamos para onde
queremos olhar, os sinais são visíveis a nós, nós que não
percebemos quando estamos sem direção mas olhando para
onde achamos que devemos olhar, às vezes a vida nos mos-
tra o caminhos através de anjos que nunca vimos, nem se-
quer damos bola para as palavras de consolo e motivação,
porque só esperamos isso daqueles que convivem ao nosso
lado, e essa é a pior incerteza que podemos ter, esperar o
que talvez nunca teremos.
Pessoas são como músicas, cada uma no seu ritmo, cada
uma transmite aquilo que mais lhe agrada e chama a aten-
ção para si, algumas músicas nos fazem chorar pelo que nos
lembram, outras pelo que não gostaríamos de lembrar, al-
gumas alegres mas com sucesso passageiro, outras com su-
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
cesso eterno que nos fazem dançar, gravam em nosso cora-
ção e nunca esquecemos, algumas com letras inesquecíveis
outras com letras que gostaríamos de esquecer, assim são as
músicas, assim somos nós como melodia de esperança de
encontrar a sinfonia perfeita para nossa rima imperfeita, e
assim vamos compondo nossa vida, mesmo em meio a um
mar de incertezas. Olhe no espelho e veja quantos traços
tem o seu rosto, e cada um deles foi uma barreira ou uma
desculpa para não sair das quatro paredes, achando que sua
vida ficaria mais segura presa a elas, mas elas não contam
histórias, não ouvem o barulho das ondas, não correm na
chuva, não brincam com seus filhos, não amam você, por-
que quem tem que amar você além de você mesma, são as
pessoas que verdadeiramente estão ao seu lado, e te querem
ao lado delas, as paredes são apenas paredes, nada mais.
Onde reclinamos a cabeça quando o dia parece que não vai
terminar? Onde buscamos alento quando a tristeza se torna
insuportável? Onde procuramos remédio para as dores da
alma, para as crises de fé e as angústias da vida? Onde pro-
curamos respostas para as dúvidas que nos consomem por
dentro? Quando estamos cansados e sobrecarregados, para
onde vamos? O céu é o limite, só não podemos errar o ca-
minho. Quando você está triste, sem ânimo para a vida,
quando você acha que não tem nada e a angústia toma conta
dos seus dias, é só olhar bem para todos os lados, Deus está
lá te dando sinais de que angústias são passageiras, e que a
alegria que ele preparou para você andará de mãos dadas
contigo até o final da tua vida. Eu sei que a ingratidão sufo-
ca o amor, mas saiba perdoar. Quem recebeu o mundo de
você e não soube dar valor, é no mínimo digno de pena.
Quem pôde experimentar seu melhor sorriso, mas mesmo
assim preferiu a tristeza, só pode ser cego de espírito. Dar a
VIL BECKER 28
vida por alguém que se nega a respirar, é lutar uma guerra
perdida. Por isso perdoe, quem não soube te agradecer, cer-
tamente não percebeu que por alguns segundos, esteve no
céu.
E tudo se resume apenas a compreensão. De toda a compre-
ensão do mundo, porque seja por qualquer motivo, não es-
tamos sabendo de nós mesmos. Estamos quebrados por den-
tro, arrasados. Somos apenas sombra do que costumamos
ser, perdemos totalmente a força, tudo meio que se apaga e
deixa de ser real, ficamos pessimistas e o coração dói. Dói
como se toda a dor do mundo estivesse batendo à porta.
Tudo conflui para o seu estado de completa solidão. Até os
que te tentam ajudar você expele, mas sem um por que. Fi-
car inteiramente só e desaguar suas angústias parece o me-
lhor a ser feito, e é a única coisa a ser feita.
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
MALDADES E MALDOSOS
Você maltratou talvez sem saber que maltratava, vai ver eu fiz isso também. Isso já não diz muito sobre nós. Eu te agradeço! Agradeço por você ter quase ar-rancado meu coração fora, porque foi assim que aprendi que coração não se arranca, nem se despedaça, nem se fere. Ferimos nossas mentes, nossos pensamentos e cren-ças, ferimos e pipocamos ilusões, e nada mais que isso. O coração sente o peso, a imensa pressão, o arrocho forte que é causado, mas continua firme e, o mais importante, segue cantando! Ele ilumina cada segundo e cada paisa-gem, dá um cheiro único e inconfundível ao ar, um chei-ro que só quem alcança o coração conhece. O coração não se rompe, ele é um elo divino, e percebi isso graças a você.
Me pego pensando e vejo que muito de nós mesmo se perde
por não pensar onde achamos que somos bons quando na
verdade tudo nos rodeia para o bem ou para o mal, mas tem
o poder de atingir ou não quem nos rodeia, não nascemos
para a maldade mas a apoiamos e depois culpamos qualquer
coisa ou pessoa pelo simples fato de achar que somos bons,
quem sabe seja só nossa ideia de bondade, nunca somos
culpados, somos sempre vítimas da maldade, talvez seja
isso mesmo, se vitimar pra não tomar pra si o fato de dar
apoio às maldades alheias e mesmo percebendo que ela vai
prejudicar quem você ama, você apoia a maldade por con-
veniência, por achar que esse é o caminho pra você não se
machucar, pra não perder o que você quer bem, mas só não
perdemos o que amamos quando percebemos que o mal não
é o caminho, e apoiar a maldade não nos fará mais nem me-
VIL BECKER 30
lhor que ninguém, e quando não damos ouvidos ou até
mandamos a maldade calar a boca na hora certa perdemos o
momento de mostrar pra ela que não há espaço nem dentro
de nós muito menos ao nosso redor, pra não perder nosso
bem precioso, nossa dignidade, a moral que carregamos
desde que aprendemos a respeitar e ser respeitados.
Quando não queremos aprender, e não é a idade que nos
define sobre a vontade de aprender, é a preguiça mesmo,
começamos a dar brecha na nossa vida mesquinha sem hu-
mildade de se rebaixar ao nível de dizer que eu preciso a-
prender porque não nasci sabendo, a maldade começa a tra-
çar seus planos porque sabe que vai ter mais um candidato
para apoiar seus planos pra destruir o que tem de bom na-
queles que estão próximos a nós, e nós apoiamos cegamente
achando que estamos fazendo o certo, quando o certo se faz
antes da maldade se implantar no nosso meio, não é fácil
encontrar a maldade quando somos cegos pra ela, quando
só vemos a bondade nas pessoas, e a confiança onde ela não
existe, e quem acaba pagando o pato sobre a maldade é
quem não teve culpa dela ter semeado dentro de você o que
ela precisava pra desviar seu objetivo da felicidade, porque
muitos apoiam o aborto de uma criança que foi gerada por
um estupro, que culpa carrega uma criança pela maldade de
outra pessoa, que tamanha maldade uma criança pode car-
regar em si, talvez seja o tamanho da maldade de trazer a
felicidade em meio ao caos, e de fazer nos pensar que o es-
tupro é senão o pensar de uma sociedade antiga que quei-
mava pessoas inocentes chamando as de bruxas porque era
o bem comum, apoiar a maldade por conveniência, o estu-
prador se pego terá sua pena perante a justiça dos homens, e
o que tem a ver a criança nessa pena brutal, se o crime foi
cometido por uma pessoa e não por uma quadrilha de um
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
homem e uma criança que nem nasceu ainda, por apoiar a
maldade é que muitas vezes criminalizamos inocentes.
Como gostaríamos que fosse diferente e como lutamos pra
não nos vitimar achando que apoiar a maldade fariam as
coisas se acertarem?, que a vida seria mais colorida, e gra-
ças a não aceitar que a vida é um eterno aprendizado a ser
bom, quantos já sofreram ao nosso lado ou até se afastaram
pelas maldades que apoiamos, ou até mesmo que criamos
em benefício de nada, talvez isso tudo seja um exagero, tal-
vez não faça parte do seu conceito que certas coisas não
sejam maldade, mas que apoiamos para o nosso bem isso
não podemos negar, é como pensar igual à multidão que
queria apedrejar uma mulher que era adultera, porque dela
poderia sair um criminoso, mas não pensar como aquele
homem que escrevia na areia tudo o que eles poderiam be-
neficiar a sociedade com suas experiências de dor e alegria,
é como olhar para os pássaros é se perguntar por que eles
precisam voar?, porque eles não nasceram com asas, e nas
suas asas não tem mãos para segurar a comida que precisam
pra sobreviver?, porque quem os criou, criou para não apoi-
arem a maldade, foram criados para viver livres e nessa li-
berdade não lhes falta o bem comum que é o simples pão de
cada dia, o olhar sem maldade ao que é alheio, as vontades
sem maldades de voar e pousar em qualquer galho e cantar
sua melhor melodia, ou talvez precisamos aprender com o
girassol que nada tem a nos ensinar a não ser que ele fica
feliz quando o sol brilha, sua atitude nesse momento é le-
vantar a cabeça para reverenciar o brilho que não é dele,
mas que o faz ser mais bonito por isso, não olhar a maldade
e não apoia lá, é ver o sol brilhando e brilhar junto com ele,
é ver que no outro também a possibilidade de sermos felizes
juntos, e a música que o outro compor cantarmos juntos, é
VIL BECKER 32
olhar para um lírio ou uma flor qualquer silvestre sem valor
para um buquê e ver nela o valor da beleza, sem olhar com
a maldade de querer arranca lá ou faze lá desprezível por
achar que a maldade será melhor pra ela, a mentalidade
humana é soberba demais para apoiar o bem que pode fazer,
mas se diz inteligente o suficiente para promover e apoiar
as maldades necessárias para destruir uma vida ou uma al-
ma.
Dizia Aristóteles: “Quanto mais um ser humano praticar o
bem, melhor ele será. E quanto mais ele praticar o mal,
mais vicioso será”. Do ponto de vista pragmático e fenome-
nológico, esta afirmativa está correta, mas ela nos leva a um
beco sem saída, pois deixa em aberto a questão fundamen-
tal: De onde vem à bondade? E, de onde vem à maldade?
De onde vem o amor? E, de onde vem o ódio? Ao final do
capítulo volto lembrar que não existem respostas prontas
nem fórmulas milagrosas para entendermos nada disso,
quando chegamos ao ponto de nos perguntar de onde vem à
bondade, também me pergunto quantas maldades pratiquei
ou apoiei até chegar a ter essa dúvida sobre bondade, ai me
entristeço porque talvez tenha uma multidão de mutilados
que deixei ao longo do caminho até este instante, e quando
faço a pergunta de onde vem à maldade, tenho medo de ou-
vir que ela tenha partido de mim, ou em algum momento a
deixei passar livre por mim para atingir quem estava próxi-
mo a mim, e com certeza eu não vou gostar de ouvir que fui
conivente, sobre amor ou ódio, a resposta é mais simples
teoricamente, onde não existe amor, há ódio, onde não exis-
te ódio, há amor, que bom se na prática fosse tão fácil as-
sim, porque existem corações tão cheios de amor que per-
mitem a maldade por justamente tanto amar, ou corações
tão cheios de ódio por amar demais, cada um crie em si o
que mais lhe convém, o que mais se identifica, amor e ódio
são duas coisas paralelas uma em cada lugar de nossa cons-
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
ciência, estamos prontos para amar como também estamos
prontos a odiar, nosso livre arbítrio nos diz que podemos
escolher entre os dois, mas jamais poderemos amar sendo
maldosos ou coadjuvando com a maldade, agora ter ódio e
ser maldosos por ter esse sentimento, e coadjuvar a maldade
por carregar o ódio dentro de nós sim, a lógica está em sen-
tir mas não transmitir, o ódio destrói o que temos de melho-
res se soltarmos isso como um cão bravo e raivoso, mas se
interiorizarmos e utilizar o ódio que sentimos a ser trans-
formado em coisas boas dentro de nós, poderá nos tornar
pessoas boas, sem promover a maldade, nem coadjuvar com
ela, ai surge à dúvida, como interiorizar uma coisa tão ru-
im? Interiorizar não é para todos, quem pensa assim ainda
não descobriu o verdadeiro significado de interiorização,
não é guardar para si, mas utilizá-la para que eu possa a-
prender mais sobre mim mesmo.
De onde vem este sentimento maléfico que sentimos no o-
lhar ou no tom de voz de alguém comentando que “sua rou-
pa é muito bonita e você está super bem”? De onde vem o
ódio expresso pela boca daquela torcedora, chamando de
macaco, com gozo e ardor, o jogador negro? De onde vem o
prazer irresistível da fofoca? E, de forma ainda mais grave,
de onde vem o prazer sádico de se torturar e matar alguém?
A psicanálise aponta: Vem de dentro. Nós nascemos, cons-
titucionalmente, dotados da capacidade de amar e de odiar.
Alguns são mais dotados de capacidade de amar que outros.
Estes acabam por sucumbir aos prazeres mortíferos do ódio
e da destrutividade (sim, há prazer nisso!). Shakespeare, em
uma passagem belíssima de “Rei Lear”, buscando compre-
ender o mistério desta profunda questão – a de porque al-
guns seres humanos são predominantemente bons e outros
maus – diz:
VIL BECKER 34
“Deve ser por causa das estrelas a diferença de tempera-
mento dos seres humanos. Pois, mesmo entre dois irmãos,
gerados pelo mesmo pai e pela mesma mãe, quanta diferen-
ça há".
Este trecho nos lança diretamente no misterioso da questão:
de onde vem o temperamento humano? De onde vem à ca-
pacidade de perdoar? E porque algumas pessoas nunca con-
seguirão experimentar isso na vida? No caso da peça, por-
que a amorosa Cordélia, mesmo tendo sido renegada pelo
pai em sua necessidade de demonstração falsa de afeto, ain-
da assim o perdoa e cuida dele em sua loucura e velhice? E
porque suas duas outras irmãs, consumidas pelo ódio e pela
fúria narcísica, enredadas pelas seduções e pelas ilusões da
bajulação e da cobiça, não respeitam a sagrada velhice do
pai (que representa, em última instância, a sabedoria huma-
na atingida na aurora da vida) e, ao final, se matam envene-
nadas pelo próprio ódio? São questões para as quais, con-
forme aprendemos com Shakespeare, não há respostas lógi-
cas. Trata-se de algo misterioso, vindo das estrelas. Penso
que é disso que deriva nossa condição humana: deste quan-
tum de mistério e de enigmático que cada ser humano car-
rega dentro de si.
A bondade é mais poderosa, mais potente que a maldade
humana?
Quem pode nos dar uma resposta melhor do que as próprias
pessoas que as praticam, são nos resultados de cada uma
que podemos observar o quanto elas podem ser poderosas,
o quanto elas podem modificar uma pessoa, seja para me-
lhor ou pior, e assim foi de geração em geração assim foi
desde o início dos tempos da humanidade a milhões de anos
quando o homem descobriu que o fogo além de aquecer e
iluminar poderia também matar, acredito que as primeiras e
mais cruéis maldades surgiram através desta descoberta,
certa vez em uma aula de cidadania eu fazia o argumento do
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
arrependimento de Deus sobre o homo sapiens, alguns não
acreditam, mas uma das formas mais interessantes de acre-
ditar em um poder divino é saber que de um ser sem inteli-
gência pode ser milagrosamente agraciado com uma inteli-
gência, e ai vem o dito arrependimento de Deus, por tanta
maldade Deus deveria ter criado o homem primeiro e ter
visto que valeria mais a pena ele ser macaco mesmo, pois a
única maldade de um animal está em não ter maldade, ai
vem o argumento, e o leão, o tigre, as cobras, o tubarão, a
piranha, entre outros animais que matam ferozmente, acho
que essa dúvida é fácil de ser respondida, se alguém tenta
invadir sua “privacidade” ou o conforto de sua casa como
você reage? , no mínimo vai tentar de alguma forma se de-
fender e defender aqueles ao qual você se julga responsável,
não é diferente com os animais, eu só ataco se me sentir
coagido pela maldade que o outro pode cometer contra mi-
nha pessoa, a forma do ataque que diferencia para cada ser.
Outro questionamento muito interessante: Não é natural que
o filho seja herdeiro do pai? Então, de onde vem tanta mal-
dade? De onde vem essa nossa tendência para a maledicên-
cia, para rir da queda do outro, para desejar o sucesso alheio
e não hesitar em diminuir aquele que se destaca da medio-
cridade geral? Um filósofo disse que o ser humano é um
anjo montado num porco. O filósofo tinha certa razão. O
problema é que o porco de cada um de nós ainda prevalece
sobre o nosso anjo interior. Mas o objetivo da nossa exis-
tência é que o anjo se sobreponha ao porco. Ou seja, que o
nosso lado bom prevaleça sobre a nossa ainda incomensu-
rável perversidade. Que lado nosso é esse, que fica feliz
com a desgraça alheia? Quem é esse em nós, que ri quando
o outro cai na calçada? Quem é esse que aguarda a gafe a-
lheia para se divertir? O que é essa coisa em nós, que dá
VIL BECKER 36
mais ouvidos à maledicência do que ao elogio? Quem é es-
sa criatura em nós que desconhece a lealdade, que ri dos
honrados e debocha dos fiéis? E que ainda é capaz de men-
tir e inventar para manchar a honra de alguém que está tra-
balhando pelo bem?
A maldade pode estar nos olhos, sem que você a perceba,
Antoine de Saint-Exupéry, com sua bela mensagem sobre o
melhor que podemos ser já dizia que teríamos que suportar
o mal, porque não seriamos capazes de encontrar o bem
onde existe o mal para confundirmos: “Disse a flor para o
pequeno príncipe: é preciso que eu suporte duas ou três lar-
vas se quiser conhecer as borboletas”. A flor e o pequeno
príncipe é uma escola para quem precisa conhecer e se a-
profundar nas coisas que dividem o bem e o mal, o adulto
com seu tempo limitado e a criança com seu tempo aberto
para o bem, para as descobertas, até hoje não entendo por-
que uma criança consegue olhar muito mais longe do que
um adulto, talvez porque presos na maldade que carrega-
mos, temos em mente que o outro só pode ser aquilo que
enxergamos dele, e não através dele, se você é um enge-
nheiro, não vejo você como outra coisa a não ser engenhei-
ro, se você é advogado, não vejo você com outra profissão a
não ser advogado, se você é bom eu posso duvidar se você
realmente é, enquanto uma criança com seus olhos pode
descobrir se você é bom em qualquer coisa sendo quem vo-
cê é, seja engenheiro, advogado, médico, ou seja lá quem
for.
“Só se vê bem com o coração, o essencial é invisível aos olhos”.
Quando Antoine de Saint-Exupéry falava de essencial quem
consegue decifrar o invisível consegue ir além do que os
olhos podem enxergar, acho que na nossa criação talvez
houve uma grande inquietação de Deus sobre olhos e cora-
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
ção, como algo tão complexo pode ser tão simples, esquecer
que os olhos foram criados para definir uma pessoa e suas
qualidades ou defeitos, eu posso como todo mundo pode
definir uma pessoa pelo coração, olhando nos olhos e no
melhor que possa ser, nos dias em que vivemos, preferimos
o resumo de um curriculum de palavras vagas, quem você
é, de onde veio, o que você sabe, o que você fez, e pra onde
quer ir, parece até um roteiro para que as pessoas possam te
levar pra onde talvez você nem queria ir, e o convite fica
vago, porque o convite feito limita você a ser o mais que
você poderia ser, olhar com o coração é uma coisa difícil
pra quem não tem coragem de olhar no fundo nos olhos e
buscar o essencial de cada um, no sentimento mais profun-
do do ser existe uma resposta porque não olhamos para nin-
guém com os olhos do coração.
Já me peguei pensando sobre as maldades escondidas por
detrás de olhos brilhantes, olhos que nos apaixonam pelo
brilho, mas nos decepcionam quando percebemos que o
brilho está somente nos olhos mesmo, ou éramos nós que
brilhávamos e isso refletia naqueles olhos que com tempo
descobrimos não existir brilho algum, apenas o ofuscamen-
to da maldade tentando manchar o brilho que carregamos
dentro de nós, quando conseguem apagar esse brilho, preci-
samos cuidar para que nossa escuridão interior não ofusque
quem está ao nosso redor, e quando não percebemos o es-
sencial que carregamos dentro de nós, ofuscamos o melhor
de nós que os que nos rodeiam carregam dentro de si, acre-
dito que tudo isso foi mais complexo para aquele adulto que
se preocupava tanto com sua aeronave ou outros que tinham
suas preocupações do que para o pequeno príncipe que pre-
feriu procurar respostas, e no fim de sua busca, acabou des-
cobrindo que sua resposta estava na flor e no vulcão, no
VIL BECKER 38
bem e no mal, regar sua flor e cuidar para que as larvas não
a destruam, cuidar do seu vulcão, pois ele estará sempre em
erupção, eu quero ter a flor comigo, mas se eu não cuidar
do meu vulcão interior ele pode tomar conta da minha vida
e acabar com a beleza da flor que carrego dentro de mim,
ou que vejo no essencial do outro.
Quantas dúvidas acerca das maldades e dos olhos que nos
cercam, já encontrei filósofos, sociólogos psicólogos e vá-
rios especialistas que tentaram de suas maneiras e entendi-
mentos explicar porque existe o bem e o mal, e porque os
olhos escondem o obvio de cada um, mas respostas prontas
não fazem de nós especialistas em resolver o que o mundo
nunca se preocupou em definir como bom ou mal, eu só sei
que trinta moedas de prata não valem o bem que eu carrego
dentro de mim, que muitos se perdem por não saber do ver-
dadeiro valor que a bondade pode me dar, que qualquer
bondade por menor que seja será sempre uma bondade,
num mundo acostumado a enxergar com os olhos da razão e
julgar pelas maldades que carregamos dentro de nós, ao in-
vés de procurarmos um sentido no pouco e no muito, esta-
mos correndo um risco tão grande e ver maldade em tudo o
que enxergamos, mas não sabemos qual é o risco, nem nos
interessamos em saber, talvez porque nos achamos acima
do bem e do mal, acima da razão mas sem emoção, vejo
tantos vídeos de pessoas sendo boas, fazendo bondades que
chocam a sociedade e até fazem refletir se é possível ser tão
bom como se apresentam no vídeo como uma propaganda
publicitária de um produto qualquer, acho que é porque es-
tamos acostumados a ver a maldade e ser maldosos com
tudo e com todos, até que ponto podemos ser assim, até que
ponto podemos continuar achando que o mundo é mal por-
que eu o vejo mal ou eu o quero mal.
Por vários dias acordei do sono que perdi há anos, e cada
vez que me via no caminho da insônia com vários questio-
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
namentos, madrugada que se passa acordado, nunca será
uma boa madrugada, só me arrependo de nunca ter registra-
do nada do que pensava antes, e quando registrei fiz de um
momento de tempestade uma revolta imensa e joguei fora
as pérolas que poderiam me salvar de algumas insônias que
vivo aleatoriamente hoje, acerca de moedas, talvez pense
sobre o julgamento bom de fez uma maldade, ou o julga-
mento ruim de quem fez algo bom, jamais seria uma coisa,
muito menos outra, falo do bem e do mal, falo do que po-
demos ou não fazer, de onde nossas mãos alcançam e até
onde nos sujeitamos a estendê-las, sujeito pobre esse tal
homem mesmo, foram pouquíssimos que vi arriscar sua
riqueza interior por conta de um valor externo pensando que
os fariam menores, já perdi as contas de quantos pobres en-
contrei no caminho, pobres ricos maldosos, mas também
encontrei alguns ricos pobres bondosos, e não foi o dinheiro
que os tornou bons ou ruins, foi à maneira como olharam
para si que os transformou, uns culpando a sociedade, ou-
tros dizendo que alcançaram por esforço próprio, outros
pela família, todos por Deus e alguns poucos com o cora-
ção, eu não alcancei o pouco pelo coração e o resto foi a-
créscimo, mas prefiro esse pouco por ser o suficiente para
me tornar um ser na medida certa, nem de mais, nem de
menos.
Onde foram parar as trinta moedas que ganharam aqueles
que nunca pensaram na maldade e suas consequências, pode
ser que elas sejam passadas de pai para filho, pode ser que
elas sejam esmolas do interesseiro, do político, do patrão,
pode até ser de um amigo sem que percebemos, mas quem
somos nós para julgar que a maldade pode ser hereditária,
alguns comentários sobre os maldosos e algumas maldades
chegam a ferir minha alma, como podemos afirmar que al-
VIL BECKER 40
guém é como é porque tem sangue de maldoso, nunca vi
nenhum hematologista diagnosticar em um homem maldoso
ou um homem bondoso a sua hereditariedade como se fosse
uma doença, já vi a maldade se propagar de formas distin-
tas, cada uma na sua proporção, porém nunca deixaram de
ser maldades, já vi a bondade sendo desencadeada por mal-
dade, para o auto ajustamento frente a uma exclusão da mí-
dia por exemplo, não consigo entender as pessoas que afir-
mam que filmaram para que fique registrado que é bom,
nossos registros mais belos são lembrados com carinho pe-
los que caminharam conosco, ao nosso lado, não é uma câ-
mera de auto beneficiamento que me fará um anjo apostos a
ajudar sempre, depois daquele feliz momento mais ninguém
sabe o maldoso e infeliz que sou, pois a câmera não está
ligada sempre, também não vivemos num reality show onde
nossas qualidades e defeitos estão expostos para mostrar a
sociedade o que ela não deveria aprender, ou ensinando
como ela não deve ser, e as trinta moedas são distribuídas a
cada um conforme seu valor, ou quem sabe seu fedor, trinta
moedas hoje são muito mais do que apenas trinta moedas,
sociedade torpe, não conhecem seu próprio valor.
A compreensão dessas nossas limitações, ou talvez caracte-
rísticas humanas, deveria servir para levarmos uma vida
mais leve, sem tantas cobranças e culpas, sem julgar tanto
aos erros dos outros e aos nossos próprios. O que não signi-
fica negligenciar com os erros, mas sermos menos exigentes
com a vida, aprendendo o valor de nos perdoar e perdoar
aos demais. E mais. Reconhecer nossas limitações e apren-
der a perdoar não significa tolerar falsidades, traições, mal-
dades, devendo aprender a nos defender de situações que
nos causem danos e de pessoas que escolheram fazer o mal
em vez do bem! E quando nossas escolhas erradas infligi-
rem às leis, a saúde, a paz, arrepender-se e pedir perdão são
boas medidas, mas podem não bastar. É preciso também
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
reparar os danos que causamos e nos esforçar concretamen-
te e não só com promessas para remover o que atrapalha as
boas relações conosco e com os outros.
Os erros têm uma incrível capacidade de se destacarem dos
acertos, e por isso chamam tanto a nossa atenção, talvez
pelo potencial de danos que podem provocar. Ao contrário
dos acertos cujos benefícios e vantagens nem sempre são
tão visíveis. Podemos passar a vida toda orientando nossas
escolhas para agir de forma correta, entretanto, basta um
momento de descuido e seremos julgados e medidos por
este nosso ato mal e não por todos os outros em que fomos
bons. Por isso, pais e educadores em geral preocupam-se
em orientar as crianças e os jovens em formação para que
façam as escolhas certas, indicando caminhos para o bem, a
paz, a verdade, a bondade, mas não podem caminhar por
eles.
Então, ao mesmo tempo em que exigem que sejam bons,
consideram-se no dever de repreendê-los e puni-los quando
avançam os limites, para que tenham a noção entre o que é
e não é aceitável para a vida em sociedade. Pais que não
estabelecem e cobram limites dos filhos não os ajudam a se
prepararem para a vida, onde os limites são bem claros e
duramente defendidos e cobrados. Não se trata de uma tare-
fa fácil. Os pais e educadores sabem da urgência dessa for-
mação, pois a vida pode ser muito injusta com os que er-
ram. É melhor que os limites sejam colocados em casa e na
escola, onde as crianças e jovens estão num ambiente de
aprendizado e de maior compreensão, do que serem punidos
mais tarde por estranhos, pela Policia ou Justiça ou pelo
próprio bando, que geralmente não têm a mesma preocupa-
ção pedagógica. Se uma educação permissiva demais é ina-
VIL BECKER 42
dequada, uma educação autoritária e repressora demais
também é, pois só servirá para formar adultos hipócritas e
infelizes que almejam e cobram dos outros uma perfeição
inatingível e se tornam incapazes de se perdoarem e de per-
doarem aos outros pelos erros.
Às vezes as pessoas são tão rigorosas consigo próprias e
com os outros que colocam os erros humanos num nível de
pecado à própria divindade. A culpa pode assumir uma pro-
porção assombrosa, esmagando o indivíduo a ponto de se
considerar indigno do seu deus e acabar se afastando dele e
do seu perdão e indulgencias, fazendo com que se considere
uma causa perdida, condenando-se em sua mente ao inferno
eterno por antecipação. Pessoas desesperançadas que acham
que não tem mais nada a perder podem se tornar capazes de
crimes e maldades horríveis! Por outro lado, tem pessoas
que acabam negligenciando em seu esforço para escolher o
certo na certeza de que a divindade perdoará sempre. Mes-
mo pessoas consideradas boas produzem maldades, assim
como pessoas consideradas más podem fazer coisas boas. A
mídia mostra de vez em quando histórias de gente julgada
como bons vizinhos, bons colegas, pessoas acima de qual-
quer suspeita, simpáticos, inteligentes, sedutores, bonitos e
que se descobriu mais tarde serem pedófilos ou assassinos a
sangue frio, ou num dia qualquer sacam uma arma e matam
colegas de trabalho ou da escola. Por outro lado, pessoas
que julgávamos más, numa hora em que passamos por difi-
culdades, às vezes, são as primeiras a nos estender as mãos
para ajudar.
Durante períodos de exceção, em que a sobrevivência é a-
meaçada, pessoas que normalmente orientam suas escolhas
para o bem, podem escolher o contrário, como autodefesa.
O perigo é passarem do ponto de retorno e perderem sua
dignidade. Em tempos de guerra e nas prisões podem acon-
tecer situações assim, como pode acontecer de pessoas que,
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
nas mesmas circunstâncias, conseguem manter a integrida-
de. Ainda é importante ficar atento ao poder do bando, pois
também se aplicam aos grupos e à própria sociedade a im-
possibilidade da bondade e justiça perfeitas. Às vezes, indi-
vidualmente, cada membro do bando consegue orientar suas
escolhas para o bem, entretanto, ao se juntar num grupo,
pode produzir escolhas absolutamente perversas que sozi-
nhos jamais teriam coragem de cometer. Lembro aqui dos
jovens que queimaram o índio Galdino que dormia num
ponto de ônibus em Brasília. Um ato estúpido de diversão
ao saírem de uma balada.
As ideologias também têm papel semelhante ao do bando.
Muitos empresários bem-sucedidos são pessoas boas indi-
vidualmente, mas integram um sistema opressor e injusto de
concentração de renda e poder que produzem muitas das
iniquidades e distorções que afligem a humanidade e o pla-
neta. Existem políticos que individualmente são pessoas de
bom caráter, preocupados com o bem público, mas sob in-
fluência do seu partido ou do grupo a que pertence, come-
tem ou apoiam ou se omitem diante de atos que sabem que
irá causar danos ao povo. Achar que os que produziram ou
apoiaram a escravidão, a Inquisição ou o Nazismo, por e-
xemplo, foram todos monstros sem coração é não querer
encarar o fato de que foram seres humanos, como nos, que
produziram atrocidades terríveis em nome de uma ideologi-
a, de um líder carismático, de uma visão de mundo em que
se achavam superiores aos demais, seja por razões de raça
seja por razão de fé. Que atitudes tomamos ainda hoje que
podem se comparar com as que tomaram aqueles povos na-
quelas épocas? Ao tratar os animais com crueldade e indife-
rença, por exemplo, estaríamos repetindo o erro de nos a-
char uma raça superior à deles?
VIL BECKER 44
Nossa espécie e as demais estão todas no mesmo barco evo-
lucionário e enredados de forma interdependente onde todos
dependem de todos, onde ninguém é mais especial a ponto
de não depender do outro. Só para lembrar, sem as bactérias
que habitam nosso intestino teríamos dificuldades para reti-
rar os nutrientes dos alimentos e sem os ácaros que se ali-
mentam de nossa pele morta ela se acumularia em camadas
e seríamos bem feiosinhos e diferentes do que somos! Var-
rer a escravidão, a Inquisição, o Nazismo e outras mazelas
históricas de nossas vistas, e sermos rápidos no julgamento
alheio, pode ser uma forma de não querermos nos olhar no
espelho para não ver a fera feia que também está dentro de
nós pronta para despertar bastando que a alimentemos com
nossas escolhas ruins!
A história que aprendemos nas escolas nem sempre é toda a
verdade e pode nem mesmo retratar os fatos históricos, mas
a versão contada pelos que venceram que podem demoni-
zar, desumanizar e desespiritualizar o adversário, como se
fossem muito diferente de nós, para justificar moralmente
as violências e selvagerias. Lembro que no passado, para
justificar as maldades contra os escravos, argumentava-se
que não tinham alma, assim como fazemos hoje com os a-
nimais. Então estaremos condenados a repetir os erros?
Guardadas as devidas proporções, a concentração de rique-
zas e sua má distribuição, tornam as favelas de hoje equiva-
lente aos guetos nazistas, um lugar destinado ao confina-
mento de pessoas pobres e excluídas destinadas ao abando-
no, a falta de infraestrutura urbana, dominadas pelo poder
paralelo do tráfico, mas que se constitui na maioria carente
que troca o voto por vantagens e benefícios aqui e agora,
tornando-se um reduto eleitoral para a política assistencia-
lista.
Também temos o equivalente aos fornos crematórios do
nazismo na forma da fome, da falta de saneamento, da ex-
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
clusão social, que mata e comprometem as chances de futu-
ro de milhões de pessoas todos os dias. E o que a maioria da
sociedade costuma fazer diante das cinzas e do mau cheiro?
Prefere não tomar conhecimento, como se tais mazelas não
tivessem associadas ao tipo de sistema de produção e con-
sumo e má distribuição de renda ao qual dá seu apoio por
ação ou omissão. A maioria de nós prefere acreditar na
mentira de que somos uma sociedade de oportunidades i-
guais o que deixa subliminarmente implícita a ideia de que
os pobres e excluídos é que são os únicos responsáveis pela
situação em que se encontram, pois escolheram não se em-
penhar o bastante para estudar e trabalhar e contentam-se
com migalhas de políticas assistencialistas, que dão o peixe,
mas não ensinam a pescar.
Falar de sentimentos quando tudo o que você mais ama e
venera na sua vida são tiradas pelas pessoas que deveriam
proteger e amar você acho que é a coisa mais difícil de fa-
zer, mil coisas passam na cabeça, coisas ruins principal-
mente, mas o que é mais interessante nisso tudo é o filme da
sua vida passando na sua memória e as peças do quebra ca-
beça se juntando e você descobrindo que nada do que você
imaginava era de fato real, o amor que você imaginava re-
ceber era apenas interesse, a atenção que você recebia era
só argumento para um pedestal futuro, a ajuda que lhe era
oferecida nada mais era do que um empréstimo para uma
cobrança futura, cercado de pessoas que você deveria confi-
ar mas não pode, julgado como ovelha negra, porém sem
nunca ter pedido nada pra alcançar tudo que alcançou, e dai
você me pergunta o que alcançou, e minha resposta é só
uma, a dignidade e a honra de ter trabalhado e com seu suor
poder desfrutar das próprias conquistas, porém muitas delas
se perderam graças a pessoas que outras pessoas que nin-
VIL BECKER 46
guém jamais imaginaria que fossem capazes de cometer tais
atos, e o que digo aqui é sério, não há como provar, não há
como denunciar, crimes quase perfeitos, crimes de senti-
mentos, aqueles ao qual as leis dos homens não preveem
pena, mas deixam a alma de um ser humano se não morta,
mas destruída, aos cacos.
A insônia e a solidão se tornam as únicas companheiras
confiáveis, pois nem o direito de poder amar novamente
pode se dar ao luxo, pois quem suportaria viver ao lado de
um alvo certeiro dos mais improváveis círculos que vive a
humanidade, sei que muitos leitores podem achar estranho e
alguns irão até saber do que estou falando, mas sei que não
sou o único que conhece isso tudo, e se vencer essa batalha
árdua ao qual o sentimento despedaçasse aos cacos mais
miúdos a ponto de deixar com temor de esfriar de vez e se
chegar a esse ponto não se consegue mais ter a mesma em-
patia, com todo sentimento vazio e frio, talvez seja isso o
que se passa na cabeça de um suicida, entendo que coisas
muito ruins passam por nossa cabeça por conta de erros a-
lheios que denigrem nosso ego sentimental, e que muitos
dizem chamar de depressão, realmente, depressão é o nome
mais do que certo, ninguém se mata só porque estava sendo
tentado pelo diabo sem que o diabo seja apenas o círculo do
suicida, mas como são todos inteligentes e de boa índole,
quem vai desconfiar, só fica a dúvida, e um argumento con-
vincente para a maioria, ele se matou porque devia muito, a
mentira mais bem contada porcamente para esconder a res-
ponsabilidade daqueles que o cercam de suas culpas perante
a morte primeira do sentimento, depois do corpo, com todas
as provações em que se vive, observo cada movimento, ca-
da olhar, cada palavra alheia, e sinto que a maldade se dis-
farça para não ser culpada, e se utiliza das formas mais gro-
tescas de extirpar da pessoa o brilho e a vontade de viver,
sou ciente que acabar com a própria vida não vai resolver o
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
problema algum, mas do circulo no qual a pressão é feita,
vejo uma cerimônia linda, um pedestal maravilhoso, onde
todos dirão o que ele tinha na cabeça pra fazer isso?, que
Deus conforte essas pessoas, nossas condolências e etc, etc,
etc...
A se todos soubessem do fracasso desse circulo para achar
que um suicida é o único responsável pela sua derrota, tam-
bém não vou generalizar, falo aqui de uma situação muito
difícil de diagnosticar, a casos e casos, e cada um deve ser
tratado de maneira especial, não sou um suicida em poten-
cial, nem sentimentos eu consigo matar em mim, quem dera
tirar a própria vida, mas algumas experiências ruins já vivi,
em que nosso sentimento fica abalado, o silêncio nos mos-
tra muita coisa, nos faz perceber como as pessoas próximas
a gente são idiotas, não percebem os detalhes, e falo das
próximas mesmo, pai, mãe, irmãos as pessoas do nosso cír-
culo principal, são essas que, como participam e constroem
nosso sentimento sabem também como destruir, amizades
não, amizades podem destruir outras coisas, como confian-
ça por exemplo, problemas financeiros quem sabe, mas es-
pera ai, quem nós procuramos para pedir ajuda em caso de
falência, ou quem são os primeiros a saber disso, cheque
mate, não é questão de resolver o problema, muitas vezes só
o que precisamos é que se sentem com a vítima e digam não
desista eu estou com você, e se precisar eu te estendo a
mão, não, nós não ouvimos isso geralmente, ouvimos, --tem
que sofrer pra aprender--, --se não passar por isso nunca vai
aprender--, eu também sofri na vida--- e por ai vai, mas,
quem disse que ninguém sofreu mais do que nós, é até um
dilema, parece que a pessoa foi crucificada junto de Jesus, e
que por sinal é capaz de dizer que sofreu mais porque Jesus
ressuscitou e ela não, esses são os círculos perigosos, se
VIL BECKER 48
você estiver com seus sentimentos machucados seja lá pelo
que for, e ouvir isso de alguém, se afaste, não de ouvidos,
derrame suas lágrimas nos ombros de quem diga que está
com você para o que der e vier, independente de quem seja,
pois não posso dizer aqui que seus pais são os primeiros,
por experiência própria, algumas pessoas são órfãos de pais
vivos, e filho único de uma família de vários irmãos, sabe o
que isso quer dizer, é ser sozinho, e ter que sorrir e levantar
a cabeça mesmo assim, porque seu circulo não aguentou,
não foram fortes para que quando precisasse de um ombro
estivesse ao seu lado para o que der e vier.
Por fim ter que abraçar um travesseiro imaginando ser um
ombro firme, que em silêncio diz para não desistir, para se-
guir em frente, não tendo olhos que possa olhar e sentir a
força para enfrentar tudo o que precisa enfrentar e sei que
ainda terá de enfrentar, os únicos são os seus próprios olhos
quando estiver diante do espelho, triste, cabisbaixo e res-
sentido por saber que aqueles a quem deveria confiar são os
primeiros e mais interessados na sua derrota, queria que
isso tudo fosse apenas um texto ou um pesadelo de uma
noite ruim, mal dormida, que pela manhã ao acordar perce-
besse que tudo foi só um sonho, e se é um sonho, é preciso
que alguém o acorde, pois esse pesadelo pode demorar mui-
to a passar.
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
SOLIDÃO
Gosto de estar sozinho, não porque seja antisso-cial nem nada disso; eu gosto de estar com a minha pró-pria companhia e ter meu próprio espaço. Penso que cada um tem que aprender a ficar sozinho e amar a so-lidão também, porque no final do dia; a única pessoa que estará realmente com você, é você mesmo.
Solidão, para muitos o fim, para outros o come-
ço."Solidão" lugar solitário e sombrio, companhia de muitas
pessoas, contraste de memórias invisíveis, realidades que
desapareceram, ruído silencioso, reflexo de verdades e re-
sultado de erros, via para refletir, caminho escuro ou cheio
de luz. Essa poderia ser uma simples, muito simples defini-
ção, para muitos o fim, para outros o começo, há aqueles
que a odeiam, outros a amam, às vezes, para evitar dor, ou-
tras vezes para evitar as pessoas. Sinto que pode ser um
caminho de transformação, reflexão e comunhão com nós
mesmos, mas sobretudo de aprendizagem... Muitos prefe-
rem porque fogem da realidade e acreditam que ela evita a
dor e o sofrimento, mas acho que ficar sozinho, às vezes a
aumenta. Há aqueles que fogem dela procurando sempre
com quem estar, seja como for evitam ficar sozinhos, o me-
do é a solidão neste caso, outros estão sozinhos, simples-
mente porque o decidem e vem nesse estado uma forma de
refletir e aprender com seus erros, assim estudam o que fi-
zeram de errado e o tomam como experiência e ensaio... Há
pessoas que simplesmente estão sozinhas não porque que-
rem mas porque assim se quis seu futuro. Acho que não de-
ve ser vista como algo ruim, mas sim como um espaço ne-
VIL BECKER 50
cessário para nos encontrarmos com nós mesmos, para re-
fletir, para saber o que queremos e para onde vamos...
A solidão é aquela que te grita memórias na obscuridade, é
aquela que te abraça quando as pessoas que mais queres se
vão, e essa que se transforma na tua amizade inimiga, ami-
zade porque não te abandona, inimiga porque se encarrega
de mostrar os seus erros, a tristeza, a dor e aflição que sen-
tes quando aquele ente querido não está contigo..."Nesta
solidão te procuro, te ligo, vagamente te espero". Essa inca-
pacidade que se tem de ficar sozinho, muitas vezes é con-
fundida com amor. E é que permanecer sozinhos na vida,
ainda continua a ser um medo bastante comum. Tão comum
que beira a tomar más decisões como estar dispostos a na-
morar com a primeira pessoa que se lhes atravesse no cami-
nho ou com a pessoa errada, o que, na maioria das vezes,
não lhes dá a garantia de que seja algo bom ou Dê felicida-
de, ao contrário, pode acabar em frustração, decepção e
com a autoestima. Por isso, ama quando sentires vontade de
amar e não quando for um capricho. Adora quando vale a
pena amar, quando fores amado e não apenas sejas tu o úni-
co que quer amar. Ama quando estiver pronto, não quando
lhe tenhas medo da solidão. Esta zona fronteiriça entre soli-
dão e companhia, onde estive várias vezes, e até posso dizer
que estou a viver nela mais do que na própria solidão.
Observo tudo ao meu redor. Não estou totalmente de acordo
com o que vejo. Não consigo entender muitas coisas e ou-
tras fogem ao meu modo de pensar, mesmo com tantas tur-
bulências e tempestades. Talvez eu espere muito de uma
sociedade que nada tem a oferecer. Talvez eu precise de
algo que não seja fácil de dar. Talvez já não esteja na moda
à bondade e o respeito, ando com o único medo de não che-
gar a lugar algum graças aos que não se atrevem a descruzar
os braços por quem precisa. Minha solidão ainda é minha
única companheira fiel, pelo menos ao final de cada dia
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
quando percebo a indiferença humana. Que triste é acordar
pela manhã e não saber com o que vamos encontrar ou en-
frentar... Viver com medo, não é maneira de viver. Frequen-
tar os dias esperando que a vida nos sorria, e que não che-
guem notícias ruins, temendo que em algum momento nos
toque ser aqueles que se cruzam com a má sorte. Viver com
medo de ser e fazer. Deixar de fazer coisas que se ama ou
apenas costumava fazer, por medo do que possa acontecer.
Deixar de gostar... Não é maneira de viver.. Não quero isto
para mim, nem para ninguém. Não quero temer, nem viver
pensando que algo ruim possa acontecer além de todas as
coisas que já acontecem. Se existe algo que está a ganhar
em nossos dias, é a insegurança. Ouço tantas palavras vazi-
as e vejo tantas injustiças que às vezes eu me pergunto,
quando se fará justiça. Sei que tudo volta, que tudo nesta
vida se paga. Sei também que a vingança não serve de nada.
Por isso só me disponho a esperar e entretanto fazer as coi-
sas bem. Pois sou diferente. Não ando pela vida achando
que sou mais que os outros, nem afetando de maneira nega-
tiva a vida de ninguém. Só quero deixar marcas boas, da-
quelas que ninguém apagará, porque fiz querer-me bem,
porque minha existência faço cheia de luz para os outros.
Só espero que tudo mude, que as pessoas deixem de enlou-
quecer e aprendam a respeitar um ao outro e encontrar o seu
lugar no mundo.
Hoje não tenho medo da solidão, pois me acostumei com
ela. Eu diria mesmo que me apeguei a ela. Na companhia da
solidão posso ser eu sem nenhuma restrição, posso chorar,
escrever e cantar. Ela me ensinou que não preciso de muitos
para ser feliz, me ensinou que não preciso esperar a minha
outra metade pois já estou completo. A solidão me ajudou a
recuperar o que com falsos amores, falsas amizades e falsas
VIL BECKER 52
promessas tinha perdido... Graças a ela hoje sei o que sou,
para onde vou, e o mais importante, o que realmente vale o
meu coração. Então tenho uma relação estranha com a soli-
dão. Por dias e meses me faz companhia, até que chegue
alguém e me põe medo por um tempo, (costuma ser bastan-
te tímida e quando vê que alguém se aproxima desaparece)
mas não me deixa, vai e acompanha outra alma e depois
volta para mim ... Quando volta quase sempre me encontra
com o coração feito cinzas, destroçado e morto; mas não diz
nada, só me rodeia e fica até que eu recupere o fôlego para
continuar. E essa é a nossa relação; embora em ocasiões sou
infeliz com ela porque eu sinto que é muito ciumenta, já
que se há alguém por perto da minha vida ela não tolera e se
vai, mas: o que posso fazer? Ela é assim e nunca mudará!...
e é bom tê-la por perto por momentos, mas não para sem-
pre, mas sei que ela entende. E a verdade é a única que vol-
ta depois de um tempinho longe, porque as pessoas que já
prometeram, nenhuma voltou. Então, ela é fiel a mim e eu a
desejo com paciência quando não está... Hoje ela me acom-
panha, assistimos a chuva cair da minha janela. Hoje ela
está aqui, e não sei por quanto tempo vai ficar desta vez,
costuma falar pouco e nunca me diz quando se tem que ir;
mas hoje eu me agarro a ela com tanta força que por agora
não quero deixá-la escapar.
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
A solidão e as doenças
Investigações anteriores confirmam os perigos da solidão
para o indivíduo, sobretudo quando se trata de adultos mais
velhos. Agora, um novo estudo revela que não só nos afeta
psicologicamente mas também fisiologicamente; para efei-
tos práticos, nosso organismo também é afetado pela soli-
dão. O estudo, desenvolvido por John Cacioppo da Univer-
sidade de Chicago, Steven W. Cole da Universidade da Ca-
lifórnia em Los Angeles e John P. Capitanio do centro de
pesquisa nacional de primatas da Universidade da Califór-
nia (ee. U.) realizaram diversos experimentos com primatas
(seres humanos e macacos), sobre estas respostas fisiológi-
cas que, a longo prazo os investigadores analisaram a ex-
pressão de genes nos glóbulos brancos, células do sistema
imunitário envolvidas na proteção do corpo contra os vírus
e as bactérias. Como pressuponham, os leucócitos de ambos
os primatas mostraram um aumento da inflamação e uma
diminuição dos genes responsáveis pelas respostas antivi-
rais, que foi denominado "resposta transcricional à adversi-
dade conservada" ou ctra. Mas, além disso, eles descobri-
ram que a solidão predizia o futuro da expressão gênica ctra
a longo prazo e a expressão de genes ctra também previu a
solidão a longo prazo, por isso parecem estar em uma rela-
ção de mútua, ajudando à continuidade de ambas as situa-
ções . De acordo com as suas conclusões, a solidão afeta a
produção de glóbulos brancos do sangue, fazendo as pesso-
as solitárias ter uma resposta imune menos eficaz do que as
VIL BECKER 54
que mantêm contato regular com familiares e amigos, pre-
dispondo às doenças. Assim, no experimento com macacos
solitários, após ter exposto ao vírus da imunodeficiência
símia (vis), os cientistas observaram que o vírus cresceu
muito mais rápido que o normal.
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
SENTIMENTOS E SOLIDÃO
Às vezes nos sentimos tão sozinhos a ponto de pensar que
ninguém nos ama, que nada da certo, até entramos em de-
pressão sem mesmo perceber, mas quanto mais desanima-
mos e ficamos com essas coisas na cabeça, mais nos enfia-
mos no buraco. A vida é feita de escolhas ou talvez seja
algo que o destino reservou para nós, não sei também, mas
se a gente perder tempo chorando, triste, desanimado, nunca
vamos encontrar a felicidade e vamos piorar cada vez mais
a cada dia. O jeito é não desanimar, correr atrás, se cair le-
vantar-se, se chorar, limpar as lágrimas, respirar fundo e
sorrir depois, se estiver na pior não desanimar, porque isso
só vai nos colocar mais pra baixo e não vamos viver. Um
dia vamos encontrar o que nos faça feliz, mas talvez tam-
bém nos machuque, que nos faça sorrir, mas nos faça chorar
também, que nos levante, mas talvez também derrube. Não
tem como sabermos isso, mas se ficarmos parados dormin-
do nesse buraco, nunca saberemos se vamos encontrar a
felicidade ou não. Não desanimar, correr atrás dos nossos
sonhos e de nossas vontades e desejos, esquecer um pouco a
falta do amor, porque quando menos esperar vamos encon-
trá-lo e seremos feliz e isso vai mudar todos os nossos pen-
samentos. Não criar expectativas, mas dar uma chance de
ser amado e amar também, dar a chance para alguém cuidar
de nós e nós cuidarmos também. Nosso dia vai chegar e
essa solidão vai embora, mas o problema é que quanto mais
esperamos, mais esse dia demora pra chegar. O importante
VIL BECKER 56
disto tudo é não esperar nada de ninguém, é melhor se sur-
preender com as coisas que a vida nos reserva, e depois que
fizer isso passar a sorrir mais, se amar mais e viver de ver-
dade. Às vezes só pensamos que estamos vivendo, mas na
verdades só estamos sobrevivendo. É preciso pensar nisso,
esquecer o passado e viver cada momento que a vida pro-
porciona. Tem tanta gente pior do que nós e não perde a
vontade de viver e seguir em frente, não vale a pena só so-
breviver. Viver e se amar, sorrir e encantar, é só um passo
adiante, aconteça o que acontecer, seguir em frente e não
reclamar. Deixar o vento guiar nossos passos e nosso cora-
ção guiar a nossa vida.
Estive pensando que ninguém se encontra na verdade. Que
estão todos completamente sozinhos. Que ninguém, nin-
guém sente seu rosto dentro de si, nem sua alma correndo
pelo seu sangue. Ninguém age invocando-se necessário,
ninguém constrói sua vida incluindo a si. Tenho pensado
tanto nestas coisas. Penso que podia morrer a qualquer ins-
tante e ninguém poderá evitar minha morte, ninguém a inju-
riará por ter me arrastado, ninguém pode me assegurar à
eternidade aqui. Tenho pensado na minha solidão absoluta,
desterro de toda a consciência que não seja a minha. Tenho
pensado que estou sozinho e que me sustento só em mim
para lidar com a minha vida e minha morte. Pensar que ne-
nhum ser precisa de mim como o meu próprio ser, que ne-
nhum ser pode me exigir para completar a minha vida.
Ficar sozinho... prejudica a saúde?
É inútil se libertar da própria solidão. Da solidão de si
mesmo. Há que suportá-la toda a vida. Embora às vezes, só
às vezes, o vazio se enche. Mas há que esperar poucas ve-
zes. E ter que aceitar ela.
É a sensação vazia da eterna luta entre o que gostaria de ter
e o que sente que tem. Não é uma solidão criativa... como a
do artista, nem do sentimento que pode causar a esmagado-
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
ra natureza, nem a introversão que impõe a vida moderna.
Não. É o desespero e a dor que a falta de conexão com ou-
tras pessoas nos gera e de si próprio, como quando a gente
se comporta gentilmente mas recebe constantemente uma
cacetada. Porque não se trata de quão isolado esta realmen-
te, mas o quanto isolado se sente... Então deves aceitar, que
às vezes o vazio se enche e é quando chega um momento
que há de vir por si mesmo... sem forçar. Ficar sozinho...
prejudica a saúde? Estar mal acompanhado... também.
Desde pequeno, somos ensinados a pensar sobre o nosso
futuro, nos acarretando um monte de decisões para quando
nós crescermos, podendo confundir e até mesmo levar à
beira da loucura. Dizem-nos para amar, mas não o fazem.
Não deixam-nos desenvolver nossos próprios critérios para
escolher como devemos viver. Tentam implantar em nossas
mentes um modelo de sociedade que não é nada mais do
que a evolução de uma sociedade degenerada por um trem
de informações infundadas, e hoje continua a ser degenera-
da, mas com os avanços tecnológicos. Tentam nos dividir
em classes sociais, seja por raça, etnia ou quantidade de di-
nheiro na conta bancária. Alguns com fama, talento, outros
o entretenimento das massas, são melhores remunerados do
que aqueles que educam os outros, ou protegem a socieda-
de, ou simplesmente arriscam suas vidas todos os dias pelos
outros sem receber nada em troca. Aqueles que eleitos para
nos governar, engenhosamente, jogam em nossa cara ideias
absurdas e promessas vazias, a fim benefícios próprios, en-
quanto empobrece o povo, destrói a si mesmo.
Não se permitir deixar escolher e fazer acreditar, virou fator
preponderante de controle, sendo a escolha pessoal e a fé no
VIL BECKER 58
invisível uma doutrina religiosa e não política, algumas ve-
zes incapaz de entender ou compreender o nosso redor, vis-
lumbrar algo que pode não existir é caminhar num deserto
acreditando encontrar um oásis adiante. Continuamos com
velhos hábitos, como se lêssemos sempre os mesmos livros
antigos com as mesmas histórias, mesmo pelo fato de que
temos de acreditar em alguma coisa para parar de ter medo
de responder a pergunta “De onde viemos”?.
Sociedade essa que segue as tendências da moda que não
são nada, mas os uniformes que usam para se sentir como
os outros são iguais, solitários em si mesmos, afirmam que
a palavra NORMAL é filosofia de vida, para fazer alguma
coisa ou admitir mentindo pra si mesmos que ser diferente é
ruim.
Se olharmos para a vida com os olhos da solidão contempo-
rânea, podemos encontrar um momento de coisas absurdas,
até loucas, mas talvez sejam essas coisas que nos mantêm
vivos e que nos fez chegar até onde estamos hoje, mas
quem se importa com isso?
Pensando em possibilidades lembrei-me da tão famosa Lei
de Murphy, não sei até que ponto uma Lei moral pode in-
fluenciar nas decisões do nosso cotidiano, penso eu que as
coisas só pioram quando normalmente não medimos algu-
mas situações e coisas o nosso redor, ou então somos cui-
dadosos a ponto de estragar com os nossos próprios planos,
dizer que uma coisa não fica pior antes de estar ruim, como
pensar assim de algo pelo qual temos total controle, afinal
de contas somos seres pensantes ou utilizamos o famoso
tapa olho pra não ver ao redor as mazelas ou oportunidades
que me cercam, talvez por isso somos tão negativos, porque
não somos capazes de se ligar no positivo da nossa própria
vida, tornamos a vida do outro um inferno, fazer as coisas
boas reclamando, já me torna um ser negativo, o que de
bom eu vejo no universo se faço, do meu próprio, um casu-
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
lo mofado de limo por esquecer-se dos pontos positivos de
cada situação, somos humanos e vivemos como se fossemos
árvores, plantadas no mesmo lugar esperando que alguém
possa regar nossas raízes, vejo isso como uma ociosidade
espiritual, é mais fácil eu deixar o outro fazer por mim, se
der errado vai ser ele, e eu estarei entre os bons, mas bons
em que sentido? Entre os bons que reclamam? Entre os
bons de braços cruzados? Acredito que o bom é realmente
aquele que enfrenta as consequências, pois algo me diz que
se está enfrentando é porque tentou, enquanto os outros o-
ciosos só descruzaram os braços para apontar os dedos, de
que lado estamos afinal. Me peguei pensando sobre os lou-
cos e como eram tratados, quando diagnosticados como
louco eram amarrados com uma camisa de força, e pasmem,
para que o louco se comportasse era amarrado com camisa
de força, eu sei, você está pensando que eu sou um idiota de
dizer o que você já sabe, mas me responda uma coisa, você
já conseguiu se livrar da sua camisa de força e viver suas
loucuras sonhadas e nunca vividas, quantos sonhos você
tem amarrados ao seu medo do que os outros irão achar, do
que os outros irão pensar, não queria eu acreditar que os
presos sempre fomos nós, e que os loucos foram sempre
visionários e faróis de uma raça, que a inteligência deles
nos fez inventar os celulares para podermos dizer que nós
não somos loucos por estar grudados em um aparelho ele-
trônico, pois os loucos telefonavam com a palma da mão no
ouvido, os visionários que tinham mania de perseguição são
os mesmos que acham que câmeras de segurança nas ruas
são perseguições e invasão de privacidade, loucos pensa-
vam assim, acredito que descobriram que na verdade nunca
foram tão loucos como nossa geração é, loucos por coisas
banais, loucos por solidão, loucos por atenção, desmedidos
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na inteligência, já nem sei mais se a crase ainda é valida ou
é mera formalidade desnecessária na minha ortografia pobre
e sem sentido, quem sabe eu também esteja entre esses lou-
cos querendo parecer um pouco normal, triste de mim se for
isso mesmo.
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
Falando sobre pessoas
Uma das coisas mais difíceis do ser humano é falar sobre
pessoas, normalmente estamos falando delas, ou melhor,
qualificando-as, quando sabemos que qualidades geralmen-
te não discutimos mas as sujeitamos pelas desqualificações,
fato de extrema importância quando sabemos que nossa o-
pinião nem sempre pode ser verdadeira, dada a hipótese que
podemos ter uma visão teórica sobre o outro fundamentada
por outros, e, não por nossa própria convivência, olhar o
outro nas suas atitudes, ou procurar as verdades escondidas
não é o forte do ser humano, cabeça e coração não pensam
iguais e às vezes nem juntos, quando se fala sobre pessoas,
geralmente procuramos em filósofos e especialistas uma
resposta sobre dúvidas que carregamos até sobre nós mes-
mos, pois nossa solidão contemporânea nos faz duvidar de
nossas próprias qualidades, por isso talvez somos adeptos
das redes sociais mais do que das reuniões onde a percep-
ção é mais forte, onde não somos apenas o que postamos ou
o status que copiamos.
Ouvi certa vez um palestrante falando que acreditava na
hipótese de ataque zumbis, personagens de filmes de terror,
mortos vivos com fome de cérebro, quem sabe já vivemos
na época em que as pessoas sentem esse desejo por não ter
mais o vínculo do encontro, e quando ele existe, parece que
a fome de um cérebro pensante, torna as pessoas escravas
do tecnológico, afastando-as do princípio do ser humano
que ele não vive em uma ilha, porém se isola em si, rodeado
de outros isolados, e cada um com seus relacionamentos
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invisíveis, ou quem sabe nossa infância nos voltou e nosso
amigo imaginário que a muito não falava conosco, ou nunca
falou, agora nos tira da realidade, nos coloca no surreal i-
maginário, sem ofensas, nos tornamos zumbis alimentados
por cérebros artificiais.
Shakespeare, em a tragédia de Hamlet, utiliza-se da frase
celebre, SER OU NÃO SER, em relação às pessoas, ser é
algo que normalmente só utilizamos para demonstrar o
quanto somos importantes nas qualidades, pessoas não se
desqualificam, não possuem defeitos, são mais inteligentes
do que geralmente percebemos, mas, perceba que é o que
elas dizem que são, e sabemos que nem sempre, tudo o que
dizemos ser, somos realmente, nossos defeitos não discuti-
mos em público, não falamos, procuramos não ser imperfei-
to, será que nossa imperfeição não seria justamente a nega-
ção das imperfeições que juramos não ter.
Talvez o medo do poeta seria mostrar a sua perfeição, por
isso suas rimas falam da imperfeição do amor, da saudade,
da dor, da alegria, porém poetas filósofos são poucos e na
maioria das vezes são rotulados de pessoas apaixonadas, se
existir alguém que não seja apaixonado por alguém ou al-
guma coisa, acredito que ai sim não existe poesia, neste ser
encontraremos o vazio, o não pensar, o não sentir, pessoas
mesmo frias ainda carregam a essência de ser, de buscar
algo, porém a frieza pode ser um caminho no qual é difícil
de explicar, não há uma resposta, e por não existir resposta
um diagnóstico pode ser perigoso pois rodeia a ilegitimida-
de da verdade sobre o ser, a pessoa e seus sentimentos, SER
OU NÃO SER, pode parecer que não faça muito sentido,
mas a injustiça vomitada pelas palavras vãs sobre pessoas,
nos torna mais frios do que as pessoas pelo qual falamos de
sua frieza.
Não teremos uma explicação lógica do porque as pessoas
são como são, se não procurarmos a resposta do que eu sou
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
como sou, se eu sou como sou, poderia afirmar que não
posso mudar, e se eu com discursos sobre a posição do ou-
tro e como ele deveria ser, se eu sou como sou e não aceito
que a mudança faz parte da resiliência pela qual estou sujei-
to, se adequar as situações, as adversidades, sem perder as
raízes nem os princípios, uma pessoa que aceita que ela é o
que é, é uma pessoa que ainda não se descobriu que o ambi-
ente pode mudar, que as palavras podem inverter os senti-
mentos, que uma atitude pode mudar opiniões, deveríamos
pensar que podemos ser muito mais do somos, que ser ape-
nas o que é, é pouco pra quem tem ambição, ambição essa
que verdadeiramente nos faria ter algo recompensável, não
ambição material, se cairmos nessa armadilha corremos o
risco de nos tornarmos frios, individualistas, sem sentimen-
tos.
Ambição virou uma armadilha perigosa, antigamente cha-
mávamos a ambição de hoje de individualismo, de ignorân-
cia, a ambição verdadeira não procura derrubar ninguém,
não é mesquinha, aproveita as oportunidades, mas não as
faz acontecer através de atitudes que possam diminuir, ou
ainda fazer as pessoas se digladiarem para no final eu apro-
veitar a oportunidade que através de minhas atitudes vãs,
derrubando, desmoralizando e até desprofissionalizando
assumo apenas o titulo que eu almejo, muitas vezes sem
sequer saber quais são minhas responsabilidades, isso não é
só uma questão empresarial, SER OU NÃO SER AMBI-
CIOSO, está em todas os níveis sociais.
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Falando de sonhos alheios
Talvez seja uma boa hora de reavaliarmos nossa condição
de motorista, motociclista, ciclista, pedestre, enfim de parti-
cipante ativo no cotidiano do transito, quantos sonhos já se
perderam por brincadeiras de mau gosto, quantas vidas cei-
fadas sem sequer ter o direito de uma chance de sorrir ao
alcançar o que almeja, o que em minha cabeça se passa ao
sair de casa, pensando nos planos e em uma vida que ainda
nem vivi, e, que talvez não chegue a viver, talvez por culpa
minha mesmo, talvez pelos desqualificados que se acham
no direito de ter sonhos e de tirar os sonhos alheios, qual
nosso direito em interferir no futuro das pessoas fazendo-as
ter que abrir mãos do que mais almejam por conta de atitu-
des insanas, destruindo famílias inteiras só por pressa, por
vaidade, furar um semáforo, andar acima dos limites por
pressa, promover babaquices pra mostrar quanto falta de
masculinidade ou feminilidade, porque não é apenas uma
condição do másculo idiota, mas também da donzela revol-
tada, que pra esquecer a solidão e não aguentar a própria
companhia insuportável precisa beber até não conseguir
falar sem rir das desgraças que comete, é homem e mulher
mesmo (pelo menos acham que são homens e mulheres,
uma opinião tímida minha, isso só mostra que o que se car-
rega no meio das pernas não é o suficiente, precisa se mos-
trar capaz de ser mais imbecil, mais idiota, pior de tudo é
saber que além de arrancar sonhos irão tomar o lugar da-
queles que precisam de uma vaga no hospital, irão tomar a
vaga de alguém no centro cirúrgico, logicamente falo dos
insensatos, sabendo muito bem diferenciar de burrices e
tragédias, o que é anunciado e mesmo assim ainda acontece,
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
essas coisas que nos parecem até uma imbecilidade se repe-
tir erros, mas percebemos que eles se repetem todos os dias,
de alguma forma, e o mais triste, procuramos sempre uma
desculpa diferente de todas as outras existentes, mas ne-
nhuma diferente das demais, que sonhos carregamos que é
mais importante do que os sonhos dos outros, e que eu nem
sei se nos sonhos dos outros eu também não faria parte de
alguma forma, triste pensar assim, mais triste ainda saber
que um sonho não realizou-se por que alguém não pensou,
não agiu, não sentiu...
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SABIOS PERTURBADOS
Impossível o sábio não ser alguém perturbado, com um li-
miar de tolerância beirando a zero. Já passei da fase de a-
creditar na serenidade de um grande pensador ao repassar
seus conhecimentos. Imaginava uma pessoa de voz suave e
tranquila, onde a consciência de sua erudição expressava-se
na forma de uma brandura clarividente.
Atualmente minha imagem converteu-se no oposto. Tenho
hoje ciência do quanto inexequível é ensinar algo a indiví-
duos que não querem aprender, esses famosos bacharéis da
“escola da vida”, portanto, imagino aqueles mesmos educa-
dores na forma de mentores irritados, sarcásticos e intole-
rantes. É humanamente impossível alguém ter tamanha qui-
etude e paciência ao levar um tapa na cara de uma indaga-
ção ou contestação infundada de um sujeito tão parvo e bo-
çal.
Categorizei que os sábios são extremamente impacientes,
mentalmente perturbados e intransigente com palpites esté-
reis que deve receber. A blasfêmia irradiada da sua repulsa,
talvez seja o propósito de ter deixado um legado apenas im-
presso em papel. Desistir da sua infrutífera boa vontade não
o faz covarde, para mim o faz um herói. Como vencer a es-
tupidez se nessa arte o ignorante é exímio? Os perturbados
impacientam-se facilmente com a lentidão alheia e a decep-
ção ao ver ruir seu sonho de difundir em uníssono alguma
ideia, extingue a boa intenção. Viver nesse mundo parasita-
do por xucros orgulhosos fez-me simplesmente enxergar
que a divergência do esclarecimento e cultura não é atribuí-
da a sua heterogeneidade, mas sim ao seu antagonismo: a
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
homogeneidade, justificada pela capacidade da ignorância
em fundir-se e adaptar-se. A burrice é cômoda, basta não
pensar em nada. Na literatura há uma gama de textos citan-
do célebres mentes portadoras de transtornos, como Van
Gogh, Byron, Tolstoi, Tchaikovsky, e outros. Foram mentes
brilhantes que detrinham variações extremas de humor, ma-
nias e fixações.
Sinto pena ao fantasiar o pobre coitado do Aristóteles ensi-
nando seus fundamentos da “Lógica” para uma plateia nés-
cia desestimulante, fico imaginando quanto ódio passou e
quantas úlceras gástricas ganhou. Ou alguém ainda crê que
só existiram gregos iluminados? Ensinar não é sacerdócio e
burrice é praga.
Hoje discordo plenamente de qualquer citação que faz alu-
são à intersecção entre o silêncio e a atitude sábia. Pois é,
também me decepcionei, eu gostava daquelas frases, mas
apaguei todas elas, são puro ouro de tolo. Como alguém
pode ser tão sereno frente ao orgulho do ultraje? Na minha
concepção, o famoso “silêncio dos sábios” é a expressão da
perplexidade com a estupidez, que de tão desconcertante,
deixa-o sem resposta. Talvez também um teste de paciência
(contar até dez!) para parecer menos rabugento e assim en-
golir toda a verborragia que deseja bradar.
Desviando um pouco do tema (como de praxe), encontrei
um relato do filósofo William James defendendo a premissa
de que a união do intelecto a um temperamento psicótico,
gera melhores condições para o surgimento daquele tipo de
genialidade efetiva que entra para os livros de história. Os
gênios transtornados trabalham a mil, despejando insólitas
ideias e dentre elas, há de surgir algo novo e original. Con-
cordo com ele e vou além: tenho como princípio que certa
loucura é apenas mais um tipo de desvio de comportamento
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e de atitudes em uma determinada sociedade. Entretanto,
não posso garantir que uma ideia lograda como demente
não é a própria razão escondida pelo desdém da nossa “sa-
nidade” coletiva. A originalidade é algo que requer percep-
ções não usuais, excêntricas ao senso comum e para firmar-
se como tal, necessita abandonar caminhos já trilhados. Di-
go isso porque quanto mais loucura houver, mais divergente
é o pensamento, sendo assim, mais incólumes veredas sur-
girão, desbravadas pelos devaneios que jorram desse delí-
rio. Como pode ser anulada, sem preconceito, a hipótese de
que alguma loucura representa uma forma mais elevada de
inteligência? Se uma bela criação nasceu de uma fantasia,
qual o argumento?
sugiro uma reflexão sobre certos conceitos que adotamos e
usamos na forma de atitude pseudo correta. Sintetizo com
uma simples pergunta: Quão correto é deixarmos postula-
dos arcaicos doutrinar ou reger o curso do nosso pensamen-
to?
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
Equilíbrio
Encontrar o equilíbrio não é tarefa fácil... desenvolver apti-
dões, adquirir novos hábitos, sorrir para as nuvens carrega-
das, acariciar as ondas bravas que assustam...Voltar a ser
capaz de respirar, sem pôr a mão no peito. Porque às vezes
dói, dói muito. E ninguém pode sentir por nós. É uma dor
disfarçada de sanidade, de risos e lenços escondidos no bol-
so. Já passaram os tempos de reflexão, de férias no meu eu
mais profundo. Escrever às vezes irrita-me... Gostaria de
dizer que está tudo bem, que a vida é maravilhosa em tudo
o que ela pode ser. Estas palavras que um dia será o meu
mais precioso legado, têm o valor de todo o meu sentimento
à flor da pele. Meus dedos avançam no teclado ao ritmo dos
batimentos do meu coração... às vezes rápido, e por vezes
param. Poderia parar por um tempo o movimento dos meus
dedos, os batimentos do meu coração... A inspiração para
escrever, essa necessidade de narrar momentos bons, maus,
progressos, risos, lágrimas, palavras, beijos, tudo que ainda
carregamos conosco. Não escrevo para ninguém, mas sei
que minhas palavras podem ajudar outras pessoas a não fra-
quejar, por não ser perfeito, sei que a perfeição está no que
temos de bom a oferecer. Assim que descobri, lendo a cada
alma que escreve, que a nossa vida, nosso diário não se fe-
che como um livro acabado de ler. Que a vida não nos tire a
vida... Enquanto tivermos vida por viver. Pode ser que mi-
nha realidade seja muito diferente da que tenho tentado
construir. Se eu abrir os olhos e me doer vai ser por decisão
própria, porque fui eu quem fez as plantas e também quem
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decidiu viver uma mentira de um mundo que nunca existiu.
Ninguém me perguntou se, após a queda não queria acor-
dar. Porque não é obrigatório fazê-lo, é decisão própria.
Não culpo os que ficam deitados no chão, porque são os
mesmos que deram tudo de si e procuraram um descanso
sem que ninguém lhes diga que sejam fortes com a vida e
com outros. A vida é um quebra cabeça com peças incom-
pletas, pelo menos, desde pequenos nos foi dito para meter
na cabeça e procurar a outra parte que com certeza está em
alguém que talvez tenha o olhar triste perdida em alguma
estação, como o nosso.
Não fales de quebra-cabeça que se andas armado depois que
o fizeram em pedaços. Tem mais mérito fazer silêncio, des-
de essa dor, essa tristeza. Não fales de inferno para quem
sempre foi um incêndio e fez cinzas o que abraçou com a
urgência que alguém apagasse as chamas que lhe doem.
Que o consomem. Não fales de dançar sob a chuva a quem
o fez sob a tempestade. Compreendo que não queiras conti-
nuar, que não queira sorrir, que não queira falar nem dar
explicações; o ser humano por natureza se cansa e está bem
ficar, não seguir, pensar, dar voltas ao assunto de se você
realmente quer chegar a aonde você vai, ou Se realmente
queres abraçar quem vai. Porque não a todos os lugares nem
pessoas que vais te farão feliz. Eu sempre tive uma teoria:
há um ponto finito onde se encontram três olhares tristes: a
do perdido, a do partido e a do que perdeu tudo. E depois há
o ponto infinito onde vai parar o olhar triste do perdido,
quebrado e desolado. Dois olhares tristes olhavam em uma
direção, mas os dois olharam diferente.
Só nós sabemos o quanto dói ficar vendo como o outro vai
embora. Não sei o que seria de mim se não tivesse essas
raízes que me fazem permanecer de pé quando o mundo e
os meus medos me fazem tremer forte. E fazem-me parecer
um demente que não sabe se deitar no chão porque rendeu-
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
se a permanecer de pé quando todas as partes já se rende-
ram. Eu não tenho desistido, continuo à espera de tocar a
minha música preferida para que os cristais que tu partiste,
dancem como querendo ficar surdos e assim não ouvir nun-
ca mais o que tanto você prometia. é que, um dia, fizeste-
me todo o mal com o mesmo tamanho do sorriso que me
destes outrora. Isso é proporcional. Eu sei. descobri contigo.
Você abre desastres quando estou à deriva nas minhas inse-
guranças e me fez tocar um mundo que arderá enquanto eu
mastigo e tento engolir tudo o que me deixastes. Condena-
ção fatal e cada noite torna-se pior. Não sei o que quero,
mas sei o que eu quero contigo. E isso é o mais bonito de
quando conhecemos alguém com quem você quer fazer até
o que ainda não existe e fazer turismo em lugares que nin-
guém te viu sorrir. Não procuro outras alternativas desde
que chegaste à minha vida e desde que me fizeste rimar me-
lancolia com querer voltar só por um beijo. Não sabes que
longe estou desde aquele dia partiste e inexplicavelmente
continuo no mesmo lugar.
Hemingway um escritor americano dizia: ”Só seja um poeta
se for preciso”. Ele dizia que só escrevia enquanto sentisse
que a sua caneta estava escrevendo uma história que se es-
crevia sozinha e ele era apenas o canal para que isso fosse
manifestado. No momento que isso deixasse de acontecer,
ele largava a caneta e parava o processo ali. Ou seja, ele
tinha que escrever. Ele não teve escolha. Sua Verdadeira
Vocação é aquilo que você tem que ser… porque é o que
você é. É Ser o que se é, como dizia Nietzsche. A nossa
própria História de Vida é que é a nossa carreira, e não ao
contrário. A sua história é o grande sinal que você tem es-
perado. É o obvio, o simples, é o que a sua caneta vem es-
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crevendo… ou vem tentando escrever, e vai escrever se vo-
cê deixar.
Esta é a história de um sábado à noite, dos desperdícios a
meia luz procurando com os olhos fechados o que deixou
de sentir o último toque. A Lua faz tempo que deixou de ver
e apreciar a sua beleza, olhar atentamente esses detalhes
que se escondem atrás das olheiras. É uma substância tóxica
que, se Tomas uma overdose, morrerás com overdose
quando se recusa a ver a luz ao fundo. Destrói o coração
que leva entre as mãos os que encontram no caminho. É
sábia, porque a vida lhe ensinou a golpes e sorri porque no
fundo, alguma parte, chora em algum canto do mundo, que
lhe prometeram um para sempre que já estava quebrado
desde a promessa de erguer o olhar para o infinito. A deixa-
ram sofrendo às vezes, aos pedaços, a melancolia, a mo-
mentos, as pessoas. A quiseram de tal modo, que quando
quiseram odiá-la não puderam e acabaram se tornando mais
mal do que tinham feito por tentar esquecê-la. Tem certeza
que o dia de amanhã não esquecerão nem que esquecerá. E
não falo de pele, mas de uma infinidade de lugares onde se
pode marcar. Sábado, uma pessoa que olha além do desastre
que és, que te faz perder a sanidade e que é a cura dessas
noites onde a tristeza dança fatalmente. Olho, se prestarmos
atenção, se olhar atentamente, Saberás que não sorri, mas
que é uma garota triste, que tentei fazer feliz.
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
Você me deu mil motivos para fugir e nenhuma para ficar. Continuo procurando aquele entardecer que me roubaste e o qual nunca mais voltou a refletir-se na minha vida. Se tivesse a oportunidade de escolher, te escolheria no lugar de toda essa catástrofe, apesar de saber de forma antecipada que serás uma ferida que, com o tempo, tornar-se-á essa cros-ta que vou tirar para que nunca cure. Assim prejudicial sou comigo mesmo. Fico doente aos únicos e raros momentos que sofro de felicidade. Com a poesia me acontece como um viciado com a droga. Por isso procuro pessoas nocivas que, como eu, preferem uma história com cicatrizes, tão intacta que qualquer suspiro possa quebrar. Por isso me apaixono por tempestades. Por isso me apaixonei por ti. Pode haver mil milhas entre nós, mas em algum campo eletromagnético, nossas almas se atraem até que dois mundos desmoronam. A vida é assim, às vezes: basta um pouco de magnetismo para que dois, portanto, são completamente dife-rentes e opostos que se atraem, como dois ímãs potentes e e-normes. Sem distâncias que os impeça. Eras assim, dis-
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posta a enfrentar o mundo, a projetar um coração à prova de covardes, apesar de se tornar na própria covardia. A querer que todos os matizes falassem do teu olhar, Que todos os contrastes tivessem um lugar na sua alma tão desolada. De todos os meus erros, tu serias a minha sentença fatal, minha condenação que me levava para a sepultura e a histó-ria da que me aconteceria falando o resto da minha vida comigo mesmo. Eu antes de ti, sabia que queria encontrar um vício mortal que me impediria de sorrir. Depois de ti, sei que não há nada nem ninguém a quem procurar, porque com você des-cobri que jamais encontrarei em outro vício que me leve dire-to para a morte, desde o primeiro degrau desta escada de penitência que é a vida. "De vez em quando agradeço por seguir a corrente da razão", me aconselham. Depois mostro uma fotografia tua que queimam toda palavra dita.Siga em frente com sua vida, mas, por favor, não te apaixones por alguém como eu. Não faças esse mal..
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
Sou um sonhador inútil em um mundo cheio de utilidades,
onde destruir sonhos e sentimentos é o objetivo principal
dos que não sabem sonhar, inutilidades são as coisas certas
que ignoramos para aceitar o conveniente, porque todo
mundo faz, todo mundo quer, não quero ser conveniente
para ninguém, prefiro ser inútil, e ter do meu lado quem me
ame pelas minhas inutilidades e aceite ser inútil para que eu
também possa amar o que é inútil no outro, como um bebe
quando precisa do outro no pouco, como um idoso que pre-
cisa do outro no muito. Não devemos passar as nossas vi-
das, esperando que alguém resolva os nossos problemas...
No entanto, a uma sensação agradável quando encontramos
alguém que reme junto.
Se alguma coisa me ensinou a vida é que ela não tem inter-
valo, não espera por ninguém e por nada... às vezes acha-
mos que não estamos prontos para o que temos na frente,
mas realmente se algo mais ensinou-me a vida é que pode-
mos com tudo o que nos acontece... Não se pode simples-
mente reclamar a paz. Toda reclamação se torna inútil se as
pessoas que reclamam não são coerentes em reclamar. Não
se pode simplesmente pedir a paz. Tudo o que conseguimos
a mercê dos outros é completamente inútil, se não tem méri-
to próprio. A paz só se constrói, a cada dia, degrau a de-
grau, a começar por si mesmo e a expandindo todo o possí-
vel. Só se estiver em paz com você mesmo poderá transmi-
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tir paz para os outros. Então, por favor, vamos honrar nos-
sas reivindicações e ser coerentes com elas, e vamos pedir
paz só se estivermos nós também a fazer alguma coisa para
alcançá-la. A vida é como um grande jogo... Tudo o que
acontece nos leva ao próximo estágio... Cada estágio traz
algo consigo... E no final...Tudo o que tem que ficar, fica...
Cada momento traz consigo alguma coisa e ao mesmo tem-
po, em troca, leva alguma coisa. O ruim disso tudo, é o or-
gulho que, embora não nos deixa voltar a trás, nos torna
mais pesado o caminhar para o que aí vem... Trata-se de
tentar cada dia estar em paz com o mundo, mas, acima de
tudo, de tentar cada dia estar em paz consigo mesmo. Nada
nessa utilidade acontece por caprichos do acaso, tudo o que
nos acontece sempre tem algo para ensinar... Não importa
quantos obstáculos você tenha que enfrentar, importa sentir-
se realizado depois de enfrentá-los! E é esse o aprendizado
depois de cada tempestade náufraga, o problema é que nós
sempre queremos aquilo que não podemos ter, e se, por al-
gum motivo o temos é que não o queríamos tanto como
pensávamos. É o maior erro que cometemos sobre as pesso-
as, idealizamos tanto, que no final tudo nos decepcionamos
por expectativas não alcançadas. Os contos de fadas são
uma grande mentira contada para crianças que precisam
dormir para sonhar, e sonhar para viver, mas existe alguém
para nos fazer felizes. Os finais felizes não devem ser tão
felizes mas deveriam ser mais intensos. O homem perfeito,
a mulher perfeita, não existem. Somos todos imperfeitos, e
nessa imperfeição se esconde a única perfeição possível, a
de se moldar com o outro tão imperfeito quanto nós. Ser um
casal perfeitamente imperfeito... A vida não é cor de rosa, é
um conjunto de todas as cores, às vezes nos toca um tom de
cinza e às vezes somos um radiante laranja. Há que apreciar
todas as cores, porque a vida passa. Nunca enxergamos o
que temos à nossa frente, às vezes nem vemos o nosso na-
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
riz. Há tanto para apreciar a paisagem e estamos cegos pela
vida de utilidades banais pela qual adoramos compartilhar.
Desejamos a paz mundial, mas não conseguimos a paz pró-
pria. A vida é cheia, repleta das mais enormes contradições.
Mas aprendi por algumas vezes que o melhor da vida são
aqueles mistérios que nunca podem ser resolvidos... A feli-
cidade total não existe, é parcial, egoísta, mimada efêmera e
sobretudo momentânea. Às vezes, perdemos o nosso centro
e não sabemos como agir, às vezes o procuramos até com
lupa e continua sem aparecer. Às vezes, apenas andamos
por aí fora do eixo e nos sentimos perdidos, mas o impor-
tante é não desistir nunca, procurar constantemente nosso
centro tentar permanecer sóbrios e desfrutar de cada peque-
na coisa que nos faça feliz... Temos de aceitar que nem
sempre se pode viver Centrado, algumas vezes você tem
que sair desse eixo e se deixar ser, trata-se simplesmente de
dançar sem um ritmo necessário. Desejo-lhes uma dose in-
teira de felicidade espontânea, real e duradoura, um pou-
quinho duradoura. E quando essa dose passar, e que estejam
perdidos, desejo-lhes uma boa dança até que novamente de
seu centro de gravidade. O tempo todo, a cada dia, a cada
momento, temos que tomar decisões. Aqui estou, como
sempre, parado na encruzilhada da vida. Os caminhos se
abrem à minha volta e às vezes não sei qual tomar. Analiso
o que sei de cada caminho, penso nisso, pergunto, descubro,
combinações mas nenhum caminho parece mais certeiro do
que o outro. Tem que arriscar, temos que escolher algum.
Tomar um caminho e segui-lo, é importante ter presente
que se pode rever os nossos passos. O passado está sempre
lá, não se vai a lado nenhum, ele fica. Acho que é para que
não olhemos para trás, por mais tentador que seja o que
passou, o que fizemos, o que decidimos, os caminhos que
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tomamos, tudo ficou para trás, estamos no presente e só po-
demos olhar para o futuro. E quando enfrentamos o medo
de deixar para trás o passado, quando finalmente decidimos
levantar a vista e levá-la para frente, não vemos nada, os
caminhos que temos à frente não nos mostram nada. Aqui
estamos perdidos, desorientados, assustados, com um pas-
sado que ainda está aí, um passado que não devemos olhar,
o que temos de deixar para trás e um presente que nos es-
corre entre os dedos, segundo a segundo e torna-se passado
e para frente, o grande nada que nos silencia, nos intimida,
nos assusta, nos faz mal. Para frente apenas vemos o nada
que nos deixa confusos... Não sabemos que caminho seguir,
nem sequer temos a certeza de que existe um caminho para
seguir. Algumas vezes tentamos traçar um caminho, mas o
estamos traçando? Temos tanto pela frente que sabemos
para onde temos que dirigir-se à frente, mas assusta, assus-
ta, paralisa não vemos que há, não sabemos que não espe-
ramos, não sabemos quem está um passo à frente e os que
ficam um passo para trás e sentimos medo.
Tive medo, eu já tive antes, sinto cada vez que alguma mu-
dança me bate, cada vez que a vida tem uma curva que não
esperava, tive medo e com orgulho, me desculpei, incorpo-
rei e superei. Olho para o passado, exatamente porque é
passado, deixei-o ir, tinha que deixá-lo ir, olho para o pre-
sente, aqui estou com medo, olho para cima e olho para o
futuro, não vejo nada, mas não quero ver mais além, vendo-
me os olhos e Deixo-me ficar...
Às vezes não precisamos saber para onde vamos... mas pre-
cisamos saber de onde viemos, onde estamos e o que que-
remos. Sei de onde vim, sei onde estou, sei como chegar
hoje, e sei o que quero para o meu amanhã. Quero acima de
tudo me agarrar à vida e ser feliz. A vida não passa por nós
enquanto andamos desprevenidos. Nós passamos despreve-
nidos pela vida. O bom é que, como a vida não passa por
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
nós estamos a tempo de nos prevenir e viver cada momen-
to, com que nome chamamos a morte? E qual é a frase
mais perfeita para o amor? Não sei. Preciso de uma lingua-
gem elementar como a linguagem dos amantes, palavras
como as que usam as crianças. As únicas lutas aceitáveis
são as que ocorrem dentro de nós. O nosso único “pior ini-
migo” dorme conosco e não é mais do que nós mesmos.
Aquela interna e eterna batalha entre o que é certo e o que
queremos, esse constante sentimento entre o "o que dirão" e
o "o que me importa"... O pior é que o bem e o mal convive
em todos nós, ninguém é, tão bom nem tão ruim. Nada que
nos faça bem pode estar tão mal, e nada que nos faça mal
pode estar tão bem. São contradições terríveis que ocorrem
dentro de nós, que não têm respostas e não apontam para
qualquer possível resolução. Lutamos contra nós mesmos e
já sabemos quem será o ganhador, nós. Mas quanto fica im-
plícito em um "nós"... Em Geral, no quotidiano, diariamen-
te, brigamos com nós mesmos por essas perguntas que não
sabemos responder... Quem sou eu? O que eu faço? O que
eu fiz? E nós nunca paramos de saber quem somos, e nós
nunca paramos de entender que fazemos e nunca compre-
endemos porque fazemos.
A luta que mais me interessa, com a qual eu luto a cada ins-
tante da minha vida ocorre no ringue com forma de coração,
que não tem árbitro e ocorre os meus eus. Um é centrado,
correto e sensato. O outro é impulsivo, errado e sentimental.
E não conseguem chegar a nenhum acordo, e sempre aca-
bam as pinhas. Tenho a certeza de que existe um equilíbrio,
mas ao mesmo tempo estou tão certo de que nem sempre se
pode viver equilibrado... Finalmente um dos meus eu, age,
triunfa sobre o outro e mesmo assim o problema parece re-
solvido como bom humano, depois de agir começa outra
VIL BECKER 80
briga. Terá ganho o eu correto? Talvez não exista uma res-
posta, ou pelo menos eu não tenho, mas o que eu sei é que o
certo é um imaginário popular. Em razões que afetem quem
tem que decidir por si mesmo, não só com a cabeça ou com
a alma, mas só em si. No que diga respeito a todos acho que
temos que agir de acordo como gostaríamos que agissem
conosco, sabendo como utilizar nossas utilidades de forma a
valorizar nossa alma enquanto pessoa.
Não sei quem vai ganhar minhas lutas internas, sei que nem
sempre ganha o mesmo eu, e que tenhas mais eu do que eu
imagino, sei que vou arrepender-me de como agir em al-
guns momentos, mas vou tentar sempre ter a certeza de que
eu aja como escolhi agir. Como escolhi pelo eu correto,
com meus outros eu, depois de brigas intermináveis, mas
lutas comigo, mesmo que ferido esteja, sempre é possível
encontrar na contemporaneidade e em qualquer lugar do
tempo, esses compatriotas que travam a mesma guerra em
qualquer lugar do mundo. E cada vez que isso acontece, e
enquanto isso dura, a gente tem a sorte de sentir que é algo
na infinita solidão do universo: mais do que uma ridícula
partícula de pó, mais do que um breve momento...ser útil
pode ser algo difícil de entender, mas quem disse que temos
pressa para entender?
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
É estúpido e ingênuo esperar que o mundo nos ofereça um
lugar de tranquilidade. O coerente e necessário é procurar
um lugar no mundo onde estejamos à vontade para ser o
nosso. Às vezes, nos bloqueiam sentimentos e emoções de
todos os tipos e cores e não sabemos o que fazer com eles.
Eu digo que é preciso soltá-los, deixá-los ir, deixá-los ser.
Porque são essas emoções, esses sentimentos que vão dar
cor ao nosso lugar. É importante encontrar o nosso lugar no
mundo, assim poderemos encontrar-nos conosco mesmo e
perder-se uma e outra vez, sabendo que há sempre um lugar
cheio de cores para voltar, um mundo desenhado por nós, o
que é certo é que este título não é meu claramente, mas é
uma frase que não posso deixar de usar na minha vida, se-
guida de outra que diz "Não conheço o desconhecido se me
agarro ao conhecido"
As pessoas estão tão atingidas pela vida, tão usadas pelos
outros, tão consumidas como um produto que perderam a
confiança. Perderam a confiança até em si mesmos, não se
arriscam por ninguém, não nos arriscamos nem por nós
mesmos, ficamos com o que conhecemos, com o já obtido
e, quando o novo chega o rejeitamos por ser diferente,
complicado, por não saber como lidar com isso Mas acima
de tudo, rejeitamos porque não conseguimos nos livrar do
que é velho. A vida é um ciclo, tudo vai, tudo vem, nada se
mantém para sempre, quando uma relação não funciona há
que acabar com ela, quando uma pessoa nos faz mal temos
VIL BECKER 82
que afastar, quando uma situação nos magoa há que ultra-
passá-la. Talvez eu não tenha ideia da vida, mas sei que é
muito difícil largar sem antes pegar, e sei ainda mais que é
muito mais difícil pegar antes de soltar. Espero que sejam
suficientemente sábios para decidir que coisas devem soltar
em suas vidas. Espero que sejam suficientemente sábios
para ir com suas mãos livres pela vida e assim estar sempre
à caça das coisas novas que se colocam à frente. E nessa
caça será preciso perder-se, e para se encontrar com você
mesmo em primeiro lugar há que se perder por esse mundo
imaginário (isso é fácil). Uma vez conscientes de perdidos
que estamos há que começar a nos procurar (isso é mais
difícil). E se por alguma razão, finalmente nos encontramos
com nós mesmos (isso é muito mais difícil), nós nunca va-
mos estar seguros de que somos nós, é que estamos tão a-
costumados a nosso eu no espelho que nos esquecemos de
que a muito mais de nós a ser livre Por aí. Às vezes, para
ser feliz, a única coisa que é preciso é aceitar que a tempes-
tade também existe nesse mundo que precisamos, que pode
estar aqui, e pode nos perseguir e, às vezes, nos encharca
como um balde de água fria, mas é quando não devemos
esquecer que há muito mais que uma tempestade E que ne-
nhuma tempestade dura para sempre, que a calma sempre
volta para e nós vamos pela a vida surfando as ondas do
tempo. Uma vez, alguém a quem admiro muito me disse,
quando sentires bem contigo mesmo estará crescendo.
Quando você tem vontade de se sentar e tomar um café so-
zinho, é porque já cresceu. Eu compartilho porque não pos-
so deixar de acreditar que a única maneira de crescer na vi-
da é aprender a fazer as pazes com você mesmo, por fim,
somos a primeira pessoa em quem devemos confiar para
construir ou encontrar esse mundo do qual precisamos...
Hoje é dia de transitar pela vida no escuro, rodeado de me-
dos, com vontade de chorar, com vontade de chegar quem
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
sabe onde. Vou passar pela vida e, inevitavelmente, alguns
dias não sairá o sol, meus piores medos me confrontam,
param em frente a mim, vejo-os imensos, me ameaçam pro-
curam ser mais e mais, e eu cada vez sinto-me mais e mais
pequeno. Vou passar a vida, com chuva, neve, nuvens ou
sol. Não vou dizer que não me assusta, estou apavorado,
muitas vezes, estou apavorado e não quero transitar nada,
quero ficar preso em um sonho, no entanto vou passar pela
vida. Vou passar minha vida com os olhos fechados a mente
desperta o coração aberto e de cabeça erguida! Hoje é dia
de transitar a vida no escuro, rodeado de medos, medos que
não têm medo de vir atrás de mim, medos que me proponho
a enfrentar antes de me enfrentarem. Se deixarmos o medo
em nossa em frente, o medo cresce fica enorme, se torna tão
grande que nos paralisa. Se em contrapartida enfrentamos
os nossos medos, tornamo-nos grandes nós e os nossos me-
dos desaparecem, e talvez a neve pare, a chuva pare, as nu-
vens lhe façam um lugar ao sol e tudo se ilumina, e então aí,
há que seguir a vida Com os olhos o coração e a mente a-
berta, com a cabeça erguida e os medos, que finalmente es-
tão sempre por lá, deixar pra trás! Só o necessário para ser
feliz, é deixar-se ser... Não existe chave, nem senha. Não há
armadilhas, nem limites! A felicidade ronda por ai procu-
rando onde ficar... O único segredo é deixar a porta aberta!
Tudo na vida acontece por acaso, isso é verdade. O que não
é verdade é que tudo está escrito em algum livro nem que
sempre vamos saber por que acontece o que acontece...Não
sei se isso pode nos destruir. Mas temos a capacidade de
pensar. E o que pensamos não nos ajuda em nada às vezes.
Se bem que vivemos mais que outras espécies, mas as ou-
tras espécies não adoecem. Não têm câncer nem essas coi-
sas.. Nem bem as outras espécies nascem, crescem e mor-
VIL BECKER 84
rem. Normalmente. Se intervém o homem morrem antes..
Mas o homem morre antes sempre... a mente é algo destru-
tivo é usado para pensar. Destruidor. Isso depende de cada
homem, e de como ele pensa. Para a minha mente é um
grande tesouro, o que muito poucos têm acesso! Somos di-
ferentes dos animais, não sei se melhores ou piores, mas
diferentes, a mente humana acha coisas inigualáveis em
favor da paz, do que outras mentes as usem para a o mal
não quer dizer que o pensamento seja mau. Verterás lágri-
mas com amor ou sem ele... Inverte o mundo se você acha
que assim você obterá o melhor dele... Às vezes se trata a-
penas de perceber uma coisa muito simples, o que não apos-
ta na vida não ganha. Tudo pertence a um interminável cír-
culo sem começo nem fim, em que caímos e nos levanta-
mos, em que ganhamos e perdemos e voltamos a ganhar e
mil vezes voltamos a perder... nenhuma posição é eterna,
mais cedo ou mais tarde, tudo encontra o seu final, e esse
final e de qualquer outro fim, nasce um novo começo..
Minhas fraquezas tendem a ser mais fortes que eu. E, no
entanto, com o tempo aprendi a lidar com as minhas fraque-
zas. A minha maior fraqueza é o orgulho. E no entanto a-
prendi a engolir o meu orgulho por quem merece... Acredito
que seja uma maneira de construir esse mundo tijolo por
tijolo. Quando o caminho leva demasiado tempo sem cur-
vas, sem buracos nem lombadas... quando tudo se torna
muito igual, muito monótono... Quando olhamos para frente
e vemos o mesmo que se atentássemos para trás... é hora de
dar um tempo, aproveitar qualquer rajada de vento e virar...
mudar o nosso curso, procurar novos caminhos, abrir novas
portas, fechar janelas velhas e escolher um caminho sinuo-
so, arriscado e com pedras... Não se pode confiar em um
caminho que não exige Nada de ninguém. Só tente enfren-
tar todos e cada um de seus medos... só tente manter a cabe-
ça erguida e os olhos abertos... só tente que os nós que se
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
acumulam na garganta se animem e esvaziem as penas...
Porque no fim, só é possível avançar para frente... e te ga-
ranto que se onde estás parado sentes-te mal, a única solu-
ção é enfrentar tudo e não parar de caminhar. O que muita
gente chama de amor, consiste em escolher uma pessoa e
casar com ela. A eleger, eu prometo, eu a vi. Como se pu-
desse escolher o amor, como se não fosse um raio que te
parte os ossos e te deixa na prisão no meio do pátio. Dizes
que escolhem porque amam, eu acho que é ao ser...Como se
eu tivesse algum lugar possível para fugir. Como se existis-
se algum substituto possível... ouvi dizer por aí que o amor
é o mais belo de todos os mal-entendidos... é na verdade, na
minha realidade, a única coisa que nos excede... Não é isso,
é só esse todo que controla o mundo...
Não se trata de fugir, mas também não se trata de permane-
cer... Trata-se simplesmente de encontrar um ritmo e seguir
um rumo... às vezes os ritmos mudam e os caminhos se
perdem, mas nem estagnar ou desesperar ajuda... só Trata-
se de seguir, os cursos da vida são imprevisíveis mas total e
completamente transitáveis... Estamos onde temos que es-
tar... Quando eu digo que é tudo por algo (e digo) não quero
dizer com isso que está tudo dito... Só quero dizer que tudo
tem que nos ensinar algo... o que vou dizer é só o que eu
digo mas é muito verdade nada é à toa...Claro, porque, jus-
tamente, estamos onde temos que estar...Talvez pensamos
que não íamos gostar desse lugar... Há que fazer que quei-
ramos, não se trata de encontrar o lugar que nos agrade, tra-
ta-se de fazer com que nos agrade o lugar em que estamos,
ou ao que vem, ou melhor o caminho que seguimos... E se
na realidade não estamos indo a lugar nenhum? E se não
houver nenhuma meta a alcançar? E se é só isto, e não há
VIL BECKER 86
nada mais? E, se fosse assim, que pouco estaríamos curtin-
do o hoje...
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
O que eu peço é que você seja sempre de verdade também. Que me queira assim, imperfeito e cheio de confusões. Que saiba os momentos em que eu preciso de uma mão passando entre os fios de cabelo. Que perceba que às vezes tudo o que eu preciso é do silêncio e do barulho da nossa respiração. Que veja que eu me esforço de um jeito nem sempre certo. Que veja lá na frente uma estrada, inteiramente nossa, cheia de opções e curvas. E que aceite que buracos sempre terão. Aqueles dias em que todos os nossos pensamentos se voltam contra nós, todas as tristezas são relembradas, todas as idiotices que já fizemos e vem em nossas mentes, todas as ilusões, todas as decepções, todos os sonhos perdidos, todos os sonhos reconstruídos, cada lágrima, cada sorriso, cada gesto falso ou verdadeiro, cada dor… Tudo vem simplesmente a nós, não há como deter esses pensamentos nem como nos li-vrar deles, eles sempre estão ali esperando a hora do seu show, e são nesses momentos que eu vou precisar de nós, Sei que minhas atitudes não são as mais corretas, por isso
VIL BECKER 88
gosto do meu silêncio, ele me conforta e nesse vazio consigo completar o vazio que há dentro de mim, mas mesmo com esses sentimentos confusos peço que você fique, pois meu silên-cio com você ao lado é mais suportável. O que eu peço é que você fique para que eu possa cuidar de você, e te mostrar que aos meus olhos você é perfeita, não há nada que eu mu-daria, e mesmo se houver, que eu também mude. O que eu peço é que me deixe te fazer entender que eu ficaria, apesar das brigas, apesar dos problemas, apesar das dificuldades, da distância, nada disso me importa, pois são detalhes impossí-veis de se evitar , eu ficaria, e é a você que eu peço, que eu sempre irei pedir. Aguentar minhas loucuras, minhas confu-sões, meus defeitos, são apenas detalhes que eu lhe peço, deta-lhes da vida que segue.
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
Existem pontos do caminho em que ficamos cegos, não
vamos nem para trás nem para frente...Nos envolve uma
grande névoa, a alma pesa um pouco mais do que de cos-
tume e a mente procura explicações que não encontra... O
caminho que estamos andando é o que temos de transitar, é
necessário continuar, mesmo através da névoa, mesmo com
os olhos cegos, mesmo que não encontremos razões, mes-
mo quando a alma não obstante queira avançar, é necessário
fazê-lo...Mais um passo em frente pode ter de novo sol... E
amar de verdade significa fazer um refugio de almas... é
entregar a alma a cegas, sabendo que em troca você recebe-
rá outra... é saber que a sua alma nunca vai estar completa
sem aquela outra alma entrelaçada com a sua... alguns laços
são eternos, outros laços não, mas viajam de uma vida à
outra unindo almas destinados quando um ciclo acaba e elas
voltam a morar juntos quando um novo ciclo começa.
Tomamos cada coisa que nos acontece e as pesamos em
uma balança... De um lado, o bom, o que nos agrada, o que
nos deslumbra. Do outro lado, o mau, o que não gostamos,
o que nos cai como um balde de água fria...Cada pequeno
acontecimento de nossas vidas é pesado naquela balança...
Algumas vezes nós controlamos a balança, mantemos o e-
quilíbrio... algumas outras tudo sai ou muito bem ou muito
mal e a balança se inclina... O grande problema é que quan-
do a balança começa a inclinar nada a impede, é a nossa
própria balança, no entanto, não é tão fácil manter o equilí-
brio... Nunca ninguém vai poder determinar o que é bom e
o que é ruim, no entanto tudo é ou bom ou ruim. Tudo é ou
VIL BECKER 90
bom ou ruim de acordo com o olho que observa, de acordo
com a balança que pesa...Às vezes eu gostaria que a balança
fosse universal, que existisse um livro um dicionário onde
cada evento já estivesse catalogado; no entanto se eu parar
para pensar dois segundos, encontro-me a eu mesmo em
tentar controlar a minha balança, julgando eu mesmo o que
tenho à frente... Sei perfeitamente que não posso controlar
tudo o que me acontece... Sei perfeitamente que por mais
que certas coisas, às vezes, não me agradam são as que te-
nho à minha frente e sou obrigado a tirar o chapéu para
cumprimentá-las... e, com chapéu na mão, as peso, não pos-
so evitar, e não tenho a certeza se eu gosto de fazer isso,
mas, as peso... E a única coisa que posso fazer contra isso é
não deixar que um pequeno desnível me convença...Se a
balança te derruba para o lado mau, não deixes que a tua
vida te incline para o lado mau... É importante, é necessário
procurar um contrapeso...
Tudo nesta vida acontece por acaso, tudo nesta vida tem
algo para ensinar e tudo nesta vida tem seu contrape-
so...Minha balança não encontra o equilíbrio, mas vou espi-
á-la, vou colocar tudo de mim, para que encontre o ponto
médio, para que se harmonize... Porque no fim, todo o mal
deve poder tornar-se algo de bom... Assim segue.. A gente
pensa que não tem forças para seguir em frente... Mas você
percebe que no meio de tanta loucura, você encontra a força
que precisa. O bom desta vida.. É que muitas vezes onde
nos acontecem coisas injustas, inexplicáveis... Pode-se en-
contrar algo onde se agarrar.. E está em um saber encontrar
aquilo que nos guia e ajuda no nosso caminho. Talvez... Se
esconde nas coisas mais simples, talvez não. Não sabemos...
Acredito que esta é uma cicatriz que nada, nem ninguém
apaga. Mas tenho a certeza que tens muita força para conti-
nuar. Então pegue o que te deu a vida...Abraça aos que você
ama, deixe-os ser quem eles querem ser. Seja você mesmo a
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
pessoa que quer ser...Faça o que te faz feliz, e sempre fica
em pé... Não importa o quão forte o vento soprar, não im-
porta o quanto doer os golpes, não importa quantas vezes
tenhas caído, no fim tudo vai ficar para trás, como uma
lembrança... E quando a vida passar diante de seus olhos
como um filme antigo, conhecido, espero que vejas, te a-
grade, e te faça sorrir... No fim, não existe outra maneira de
ser feliz! Alguns problemas são tão grandes, ainda maiores
que nós mesmos, mas se podemos rir de frente para eles,
então, não importa quão grandes sejam, existe uma solução
que está ao nosso alcance... Tanto amor, inevitavelmente,
também pode arrastar consigo muita dor...A dor não se apa-
ga nunca. No entanto, cada vez que você se abraça, saberá
que a dor perderá o encanto.
Outro ponto de vista, tão urgente nos chega o amor, que
fingimos ser bons anfitriões... Escondemos as teias de ara-
nha que se veem, limpamos o mais importante, preparamos
um lugar na nossa alma... O problema é depois, quando o
amor se instala, o que se passa com todo o pó e as teias de
aranha que estão bem escondidos? ...Tudo aparece, mais
cedo ou mais tarde, tudo o que se escondeu emerge... Al-
gumas pessoas não têm capacidade de raciocínio. Algumas
pessoas não têm a capacidade de entrar em razão por mais
explicações que possas dar... frequentemente são inconse-
quentes e às vezes até egoístas... não podem ver a realidade,
vivem em ilusões... se cegam com as suas próprias emo-
ções...
Essas senhoras de todas as maneiras... Se ao abrir o coração
com sinceridade... para ser franco e transparente... ao entre-
gar a sua confiança a quem acha que são amigos... Acaba se
transformando em um ser vulnerável... Seja sincero (a),
VIL BECKER 92
Franco e sincero de qualquer maneira...Confia...! Se você
fizer o bem, te acusarão de ter motivos interesseiros egoís-
tas... Tais como querer obter um mérito imerecido... como
querer ser o centro das atenções de todos etc... De qualquer
maneira... Faça o bem... Alguém que precisa de ajuda de
verdade pode atacar... e pode interpretar mal a tua intenção
de ajudá-lo... Ajude mesmo assim, compartilhe suas asas...!
Se sua luta por manter seus ideais e seus valores... por ser
verdadeiro e expressar o que sente de forma clara e firme...
se nesta luta está no seu caminho inimigos verdadeiros, que
te magoam e que pelas mesmas feridas gostam de ti... Le-
vanta-te e continua a lutar... Se você tem sucesso na sua
vida e com isso você ganha amigos falsos, que te agrade-
cem sempre que podem, por oferecer sua amizade, que te
usam quando bem lhes convém, de acordo com os seus pró-
prios interesses... e que não são capazes Tirar dar a cara por
ti, quando você realmente precisa... ainda assim luta de to-
das as maneiras... O bem que fizer hoje talvez será esqueci-
do amanhã... que isso não te impeça de continuar fiel aos
seus valores, suas crenças e seus princípios... que não te
impeça de continuar a ser tu mesmo...De qualquer manei-
ra... Faça o bem...
O que demorou anos a construir com dedicação, paciência,
confiança, perseverança, mas acima de tudo com amor...
pode ser destruído em um mísero momento... De todas as
maneiras... Constrói... Dá ao mundo o melhor de ti... ofere-
ce o teu amor... oferece sua
amizade sincera, o seu tempo, seu amor e sua ternura... ou-
ve a quem precisa ser ouvido... Não importa se com o tem-
po, você é atacado, Espancado, criticado e julgado injusta-
mente... De todas as formas...dá ao mundo o melhor de ti...
mas cuida bem da confiança, ela é a porta de entrada para
outros males, A confiança é uma caixinha de cristal. Peque-
na, transparente, onde guardas lá dentro todos os teus pen-
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
samentos, ideias, carinho e amor. Um cristal fino onde te
refletes. Material em que são feitos os teus sonhos. São pe-
daços de seu coração que você cuida para não se quebrar
nunca. Confiança é mais que uma pessoa. Uma coisa que
não é física, algo que sempre tens. É isso que você vai bus-
car pelo caminho e traz na sua caixinha de cristal, cuidado-
samente acomodada no seu interior de veludo. Tudo aquilo
em que acredita, aquilo em que confias, aquilo que sente.
Devemos escolher as palavras, porque com uma palavra
podemos perder ou ganhar um amor ou um amigo. E foi
assim que alguém disse certa vez:--"as palavras são os de-
graus da escada de nossa comunicação".--Assim, temos de
cuidar que cada fração esteja bem construída, que não seja
escorregadia, que não seja consumida, que não provoque
mais quedas ou problemas nas nossas relação com os ou-
tros. Então escolha bem as palavras. Já que:
Uma palavra qualquer pode causar uma discórdia.
Uma palavra cruel pode destruir uma vida.
Uma palavra amarga pode provocar ódio.
Uma palavra brutal pode quebrar um afeto.
Uma palavra agradável pode suavizar o caminho.
Uma palavra a tempo pode poupar um esforço.
Uma palavra alegre pode iluminar o dia.
Uma palavra com amor e carinho, pode mudar uma
atitude.
Estamos atrasados para nos separar sem dor. Perdemos a
oportunidade de nos afastar sem rancor. Deixamos passar o
momento de nos despedirmos sem perder o amor. Que mal-
VIL BECKER 94
dito costume de continuar o impossível, de preservar o im-
preservável. Deixamos o tempo correr por nossas vidas,
aceitamos que as relações se ramificam e cresçam mais alto
do que devemos deixá-las ir. Estamos tentando exigir que
as coisas durem, e nos esforçamos para que durem. É tão
difícil tentarmos que conseguimos que os ciclos se tornem
longos, chatos, cansativos. E o amor? O amor próprio, o
amor pelo outro, o amor pela vida? Desistimos de tudo por
nada, por algo que prevaleça mesmo que não nos encha.
Venho percebendo há muito tempo que o amor não é tudo.
Mas se há algo que não posso deixar de acreditar é que, sem
amor não se pode ter mais nada. E isso me faz refletir, Acho
que me animo a qualificar como "Sarcástico" à maneira em
que a vida pode chegar até o mais profundo do abismo da
dor para começar a devolver um pouquinho de paz. Devo
ter passado a vida a perseguir ideais absurdos. Nunca fui tão
feliz enquanto a inveja também procurava ser feliz. O pro-
blema foi que fui feliz antes dela, e isso não foi bom para
ambos. Mas a primeira coisa que devemos aceitar é que es-
tamos inteiros, não importa quão fragmentados possamos
estar. A verdade, é que todas as peças que precisamos para
estar completos temos dentro de nós. E por fim, entender
que somos os únicos que podemos montar o nosso próprio
quebra-cabeça.
Não somos o que as pessoas gostariam que fossemos. So-
mos quem escolhemos ser. É fácil culpar os outros, podes
passar a vida culpando o mundo, mas seus sucessos ou suas
derrotas são de sua inteira responsabilidade. Você pode ten-
tar parar o tempo, mas você estará desperdiçando sua ener-
gia. E sobre os outros, Eu sempre pergunto a mim mesmo:
São estas as pessoas que eu quero na minha vida? Pessoas
que podem mentir, enganar-me e fazer-me mal? E desta
forma, lembro-me a mim mesmo que não perdi nada. Posso
até conviver com a dor que vem com quem mente ou enga-
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
na, mas não consigo conviver com essas mesmas feridas
reabrindo-se constantemente só porque decidi perdoá-los.
Então decido por eu mesmo seguir o caminho que escolhi,
não quer dizer que não os perdoei, só quero dizer que não
os quero perto de mim novamente.
VIL BECKER 96
Acho que todos os que escrevem sabem que é com-plexo despir-se, e ainda mais quando a única coisa que vestes é a alma, por isso é gratificante ser poeta e ver quando isso acontece. Aqui tem uma amostra disso, carreguei essa alma nua com minha poesia tanto tempo à espera que chegues, que agora, ela mesma sorri, mesmo despida e sofrida. És como aquela gota de café que precisamos a cada dia. Que quan-do te digo "Mata-me", a que morre nesse instante sou eu nos teus olhos. E não te troco por nenhum outro sentimento voando no meu estômago, porque o que sinto por você não são cócegas, mas, minha vida. Eu vou continuar assim, talvez um dia eu me torne o teu poema preferido e o frag-mento que mais recitar em suas tardes de domingo. Tu és o epicentro de todos os meus desejos. E se me abalo, sabes como tenho razão. Que percorrer o precipício de sua alma também é outra forma linda de morrer. Se olhares através de minha alma te dará conta que os arrepios de meu cora-ção apenas os sinto por tudo o que vivemos. Que eu ao
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
mundo peço mil motivos mais para estar contigo. E que a minha única razão continues sendo só você.
VIL BECKER 98
A vida nos prega muitas peças, que podem ser boas ou não
tão boas assim, mas, tudo significa aprendizado. Recebi esta
mensagem de um anjo protetor num desses momentos de
dor onde quase perdi a fé. Ela é para que todos os dias antes
de me levantar e de me deitar possa ler e refletir, para que
quando tiver problema, antes de me levantar eu possa me
lembrar que...isso também passa; e para quando estiver e-
xaltado de alegria, que tenha moderação e possa encontrar o
equilíbrio, pois...isso também passa. Tudo na vida é passa-
geiro assim como a própria vida, tanto as tristezas como
também as alegrias, praticar a paciência e perseverar no
bem e nas boas ações, ter simplicidade, fé e pensamentos
positivos mesmo perante as mais difíceis situações é saber
viver e fazer da nossa vida um constante aprendizado. É ter
a consciência de que todas as pessoas erram, de que o ser
humano ainda é um ser imperfeito em busca da perfeição e
por isso ainda sofre, é saber que se muitas vezes nos decep-
cionamos com pessoas é porque esperamos mais do que
elas estão preparadas para dar, dentro de seu contexto e
grau de compreensão. Deste modo meu amigo, toda vez que
olho para essa frase, meu coração se aquieta e a paz me in-
vade, pois sei que...isso também passa. E um dia as coisas
mudam... Você deixa de ser estranho como eras antes, como
vivia, não imagina ser diferente daquele que foste. Não con-
segues entrar em seus sapatos porque os calos já não são
mais os mesmos, e é tão difícil imaginar-se sem os que hoje
estão na nossa vida e nos completam. Por isso notamos que
isto que é o que sempre deveria ser...
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
Muitas vezes na vida nos deparamos com coisas que não
esperávamos, vindo de pessoas que nem sequer imaginamos
que poderiam agir de tal maneira. É espantoso como tal si-
tuação pode nos abalar, mas é importante antes de tudo
manter o equilíbrio e saber usar isso como um reforço para
manter a estrutura da alma. Machuca, dói, mas passa. E es-
sas pessoas que poderiam ter algum significado em nossa
vida, simplesmente tornam-se mais umas que passam sem
importância nenhuma por ela. E foi assim que percebi que
não vale a pena ser tão rígido, nem arrogante. Nenhum de
nós é detentor do privilégio de conhecer a verdade. Nada é
absoluto. Todo o resto é relativo, pode ser modificado,
questionado e contestado. Apenas o orgulhoso não enxerga
isso e se julga mais poderoso, esquecendo-se de que o seu
poder nada pode, que a sua vontade é individualista e gros-
seira ao outro. Seja humilde, flexível e aberto a ideias que
você desconhece. Você pode até nunca ter imaginado certas
coisas, mas isso não impede que elas existam e sejam con-
ceituadas do seu desconhecimento. Tudo é possível. O que
acontece é que alguns, de visão e mente mais estreitas, só
vêm àquilo que podem compreender. Se não compreender
alguma coisa, não a rejeite. Coloque-se disponível para co-
nhecer o desconhecido, e a vida, de acordo com o que a sua
inteligência é capaz de apreender, lhe desvendará os seus
mistérios. Então aprenda o seguinte, se você não tem algu-
ma coisa boa e interessante pra falar, que venha acrescentar
algo de bom na vida de alguém, então não abra a boca,
"NÃO FALE", porque ou você se promove pela tolice ou se
derruba pela insensatez, mas nunca será digno do respeito.
Não confies nem um pouco na tristeza, não a deixes passar
nem por uma fresta, não escute suas batidas, nem te confies
a ela os teus sentimentos quando estiver só; deixa na tua
VIL BECKER 100
vida a felicidade enquanto é presente. Ela esconde-se entre
velhas canções, nos álbuns de fotos e nos frascos de perfu-
me; jogue-a, livra-te disso. A tristeza não é boa amante, te
traz lembranças que são mentiras e sempre amará sozinha.
Primeiro habitará em suas roupas e seus cabelos, e acabará
doendo nos ossos. Quando a tristeza te apressar sob seu
véu, ergue, salta, corre, caminha, escapa. Não se deixe para-
lisar por essa serpente venenosa. Dê um presente, ajuda a
alguém, construa algo bonito. Pare de pensar só em ti e na
sua tristeza. Ela não tem poder fora do seu ego. E tu és mui-
to mais do que um ego, és tudo o que você ama, e todo o
amor que você recebe e que receberás. A tristeza não pode
nada contra o amor, ela só entende de desamores. Segura-o
amor e dê para sempre um fim à tua tristeza. Lembre-se:
"seu sorriso atravessa paredes e distâncias..."
Certo dia percebi que teria que abandonar velhos hábitos.
Era o momento de soltar as amarras e voltar ao desafio do
silêncio. E foi precisamente aqui, em que decidi montar na
certeza para olhar de frente, para a minha identidade, per-
guntei ao silêncio e resolvi no barulho que bagunçava mi-
nha alma. Resolvida à identidade, foi à vez da nostalgia.
Ouvi o quente conselho das noites vestida de lembrança.
Para completar a trilogia seleta escolhida, tentei compor
cavalgando nos ritmos e nas prosas em forma de metáfora
poética.
Pronunciou a paixão:
"Não te iludas". Identidade e nostalgia definiram o teu andar até aqui, em terras altas. Mas não te abandone, não duvide que meus reinos lutam em ti, que serei sempre o argumento de seu ofício e aflição...
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
A vida é feita de fases, ciclos, períodos, capítulos. A nossa
existência está comprometida com um conjunto de círculos
que são abertos e círculos estão fechando. Fazemos parte de
um movimento contínuo e não podemos permanecer estáti-
cos, mesmo que queiramos. Tudo evolui dentro de nós e em
nós. O universo muda e se transforma. É normal cair, cres-
cer e levantar-se quantas vezes for necessário . A flor nasce
e morre e novas flores nascem. Este é um processo sem fim,
uma lei natural e é inútil tentar fugir dela. Tudo passa, as
folhas e as fases do passado para deixar-nos mais experien-
tes. Entre nossas mãos, nós crescemos muito com isso, não
espere tanto pelas horas, hoje é outro dia, outra história.
Ciclos de ontem devem ficar no ontem, continue em frente
para novas auroras, para novas oportunidades.
Às vezes, os velhos cânticos ócios e as memórias antigas
que só espirram infelicidades e martírios cheios de pergun-
tas sem resposta. Esqueça o que não é dito se as promessas
não foram cumpridas ou pelos projetos que não foram reali-
zados. O passado se foi e se formos com ele como enlou-
queceremos ou acabaremos morrendo de decepção. Um rio
não deságua sempre as mesmas águas. Não há como retor-
nar ao que já vivemos é impossível, porque não somos os
mesmos, nem os cenários são os mesmos (não pertencem
mais a esse contexto, que o amor ou que a rotina) e tentar
voltar só vais encontrar divergências e solidão, mas resposta
nenhuma irá encontrar. Vamos cuidar da nossa paz de espí-
rito aceitar a realidade. Olhando para frente, deixando para
trás os velhos ciclos e de frente para cada novo valor, emo-
ção e alegria.
VIL BECKER 102
Fico com estes sentimentos. Com os que enriquecem a vi-da. Os que trazem à paz a alma, os que fazem me sentir feliz, sentir a mim mesmo. Fico com os momentos breves mas duas vezes bons. Fico sempre com vontade de mais. Fico com vontade de ter mais tempo. Fico com as coin-cidências, com as certezas e as incertezas. Fico com as marcas que deixam as pessoas ao passar pela minha vida, fico com você. Que pare o mundo, nem que seja só por uma manhã, que eu preciso estar com você. Que o sol não tenha pressa e as ressacas do mar não existam. Que as estrelas demorem a chegar, e o por do sol atrase hoje dezessete horas, e sonhem com nossas vidas juntos. Que existam magos para enfeitiçar os ponteiros de todos os relógios. Que os mares se abram e as pessoas distantes se unam. Que o teu corpo pos-sa sentir o calor do meu e que a minha boca possa morder seus lábios. Que não venha o mundo a girar rápido demais. Mesmo que seja só por uma manhã, que pare de dar vol-tas, que não tenha pressa, porque quero ficar contigo. Te
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
prometi que aconteça o que acontecer, sempre estarei disposto a te chamar de amor, te prometi que nem à distância, nem ciúme, nem as dúvidas que chegarão em algum momento, permitirão que me afaste de ti; porque no meu lugar, pensei que tu Faria o mesmo. Conheci a magia junto de ti, o extraordinário que a vida pode ser quando se tem a quem amar, a beleza que se sente de fazer amor sem necessidade de despir-se. Em uma noite qualquer, a nossa noite. A única coisa que importava é que você me fazia mais feliz do que eu pensava que poderia vir a ser. E se me permitisse, queria passar o resto da minha vida tentando te fazer sentir o mesmo.
Tudo era tão simples, tão concreto que deveríamos desejar a vontade de ser plenos e juntar duas partes, sermos completos, e esquecer que somos poucos e tão pequenos. Talvez o que faltou foi à ousadia, de ver que além da voz e da poesia e-xistem outras formas de se amar. É preciso entender que riscos devem ser corridos, porque o maior perigo é não arris-car nada. Há pessoas que não correm nenhum risco, não fazem nada, não têm nada e não são nada. Elas podem até evitar sofrimentos e desilusões, mas elas não conseguem nada, não sentem nada, não mudam, não crescem, não a-
VIL BECKER 104
mam, não vivem. Acorrentadas por suas atitudes, elas viram escravas, privam-se de sua liberdade. Somente as pessoas que correm riscos são livres. E quem duvida disso ainda não aprendeu nada sobre liberdade, quem duvida do infini-to, nunca conheceu um olhar que ama, Quem não acredita na linguagem do silêncio, um sussurro da alma, nunca teve o prazer de uma boa companhia, e quem procura a paz no mundo, a glória eterna do amor, felicidade mais perfeita do que tem existido, nunca conheceu a si mesmo como deveria.
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
Salvo algumas exceções, é complicado combinar o máximo
do sucesso com a obediência dos códigos morais. Acredi-
tamos em um conjunto de valores, enquanto agirmos na di-
reção oposta... um homem que vive com um jogo de valores
que respeita é tranquilo de consciência, e outro de valores
contrários como deveria agir, sofre de uma grande quanti-
dade de culpa que mina sentindo sua energia desgastar-se, o
tornando defensivo, muitas vezes fazendo projetar seus
próprios sentimentos de culpa em outros. Só triunfa no ca-
ráter em uma sociedade ou em um indivíduo, que depende,
em grande parte, da estrutura social, desempenhando uma
função seletiva através de suas formas de vida, seus ensi-
namentos, castigos e recompensas.
O desaparecimento da autoridade evidente é claramente
perceptível em todas as esferas da vida. Os pais já não dão
ordens: apenas sugerem ao filho que façam isto ou aquilo.
Como eles próprios não possuem princípios ou convicções,
tentam levar os filhos a fazer o que se espera deles, a lei da
conformidade, e muitas vezes, como são mais velhos, por-
tanto, estão menos em contato com os mais novos, acabam
aprendendo com os filhos quais as atitudes a tomar.
Um indivíduo representa a raça humana. É um exemplo es-
pecífico da espécie humana. Ele é Ele e é todos; É um indi-
víduo com suas peculiaridades e, nesse sentido, único e, ao
mesmo tempo, é representante de todas as características da
raça humana. Sua personalidade individual é determinada
pelas particularidades da existência humana comuns a todos
VIL BECKER 106
os homens. A partir daqui que a análise da situação humana
deve preceder a personalidade. Essa personalidade trans-
forma ativamente suas condições ambientais, transforman-
do-se ele mesmo neste processo, mas já não no anatômico e
fisiológico, mas o consciente, em primeiro lugar. A sua re-
lação com a natureza encontra-se em mudança permanente.
Em cada sociedade o espírito de toda cultura é determinado
pelo de seus grupos mais poderosos. Assim acontece, em
parte porque esses grupos têm o poder de dirigir o sistema
educacional, escolas, igreja, imprensa e teatro, penetrando
desta maneira com suas ideias na mentalidade de toda a po-
pulação; e em parte porque esses grupos poderosos exercem
tal prestígio, Que as classes mais baixas estão muito dispos-
tas a aceitar e imitar seus valores e a identificar-se psicolo-
gicamente com elas. No seu desenvolvimento histórico, ca-
da sociedade fica presa na sua própria necessidade de so-
breviver, na forma particular em que se desenvolveu, e ge-
ralmente realiza esta sobrevivência ignorando os fins hu-
manos mais amplos que são comuns a todos os homens.
Não só a nossa relação com nós mesmos, não só a nossa
relação com as coisas se tornaram abstratas, mas também as
nossas relações com a política. Estamos dentro de uma tra-
dição que começou como uma negação do poder absoluto,
se o direito do cidadão a decidir o que deve ser feito com os
seus impostos e, finalmente, o seu direito de participar de
forma responsável na decisão sobre o destino da socieda-
de... Na realidade, apesar de a nossa ideia de que o cidadão
participa nos assuntos da sociedade, falando de um modo
realista e concreto, o cidadão individual tem muito poucas
oportunidades de exercer influência sobre eles.
Até agora, acreditava-se que o mal era humano. Todos nós
somos criminosos, do mesmo modo que somos todos san-
tos. Cada um de nós é bom e cada um de nós é mau. E pre-
cisamente porque o mal é humano também, podemos com-
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
preendê-lo, desde que também vamos ver dentro de nós... O
que hoje acontece é uma coisa essencialmente diferente: já
não se trata do mal contra o bem, mas de que há uma nova
desumanidade: a indiferença. É a total alienação da vida, a
total indiferença frente a ela. Uma coisa é certa, a vida na
terra não tem manual de instruções, truques ou atalhos. Os
degraus do sucesso e do fracasso só se encontram na mente.
E nessa viagem só se leva uma bagagem, o sorriso.
Estamos sempre prestes a fechar uma fase em nossa vida,
com um ponto e seguido de um número, para iniciar um
capítulo sem esquecer de todas as páginas e abrir sempre
procurando a página de um novo capítulo que se lê, para se
sentir confiante, invencível, desafiando aqueles momentos
em que você sente que ninguém pode estar diante de você,
além de você mesmo, ninguém olha por cima do ombro,
ninguém pisa e de repente, em questão de segundos, o jogo
vira. Você se tranca em sua mente e viaja a cada um dos
passos que levaram você para onde está, você mergulha em
seu passado, cruzando uma e outra vez a maneira como foi
forçado a retroceder, escola, faculdade, a vida supera todas
essas conquistas, porque é a "lógica". Mas como podemos
ser tão errados ainda? O que é lógico então?
Passar a vida estudando para ser alguém e em um instante,
nem sequer sabem realmente quem você é, o que você quer,
para onde vai e como quer chegar, mesmo que um curricu-
lum vitae demonstre tudo. Minhas dúvidas sobre evoluir
continuamente, sobre o que tem que fazer para amadurecer,
crescer, sobreviver, mas acabam decidindo por você aquilo
que você sequer pensava sobre isso tudo. Então as pessoas
pensam que você é um covarde. Talvez não seja errado.
Somos covardes sim, todos nós somos, mesmo aqueles que
VIL BECKER 108
têm uma vida perfeita, ou que seja só no sonho, somos co-
vardes. Somos covardes porque um dia resolvemos fazer o
que os outros queriam que fizéssemos, nos rendemos, deci-
dimos pelos outros deixar os nossos sonhos de lado, naque-
le canto do cérebro em que é formado gradualmente e cha-
mamos de hemisfério lógico, uma espessa camada de poei-
ra, o lugar onde nossas falhas, nossa construção de sonhos,
são planejadas passo a passo.
Somos covardes porque acreditamos que atuando como ser-
vos de cânones de comportamento social podemos ser seres
racionais, somos parte de um "todo" que acabam tornando o
nada que somos. Mas ainda errando, reconhecendo que o
racional agiria atendendo nossos desejos , nossas necessi-
dades, para criar a nós mesmos, a partir do zero, cometendo
erros em uma tentativa de descobrir por que estamos neste
mundo, qual é o significado de nossa existência. Somos co-
vardes quando sabemos que estamos errados porque pen-
samos que o tudo também nos de todos os medos, por ve-
zes, talvez até mesmo o medo da morte. E isso não é verda-
de. Os medos são apenas para lembrar-nos que perdemos
dezenas de oportunidades por dia, centenas por semana,
milhares por mês, mas não temos conhecimento. Precisa-
mos para pré sentir o perigo iminente, chegando, real, para
começar a repensar o que estamos fazendo de errado e, no
entanto, esta questão só dura o tempo que leva para ir da
nossa consciência até a atitude correta a se tomar. Pobres
são os que têm medo da vida, porque não sabem viver e,
quando chega a hora, quando se der conta de que desperdi-
çou a vida com hipocrisias, quando o arrependimento che-
gar por não ter cumprido os seus sonhos, pode ser tarde
demais.
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
Que todos os poemas tenham reticências...e que as vidas
tenham menos vírgulas, que o ponto final deixe de ser
quando tudo termina, e comece a ser um ponto onde as al-
mas se encontrem, que as interrogações sejam apenas as
críticas pelas promessas não cumpridas, e a exclamações
uma maneira de aclamar os sorrisos soltos que nos promo-
vem. Que os acentos sejam todos confortáveis, que as aspas
sejam para grifar o que temos de melhor em nós e nos ou-
tros, que as letras completem as palavras e façam a frase ter
sentido, o sentido que buscamos para viver, e o parágrafo
nos de as resposta sobre tudo o que perguntamos, mesmo
que já saibamos as respostas ou elas sejam sem sentido, não
importa, o que importa na verdade é que todos os caminhos
nos levem a RomA, e não importa que seja de trás pra fren-
te, nunca vai deixar de ser o que é pela forma que se escre-
ve, mas sim pela forma que se vive. Que a paz seja a pre-
sença de estar ao lado, e não a falta de paz pela ausência do
zap zap, que as curtidas sejam nas reuniões alegres, onde se
comentam e compartilham as aventuras, os sonhos e as rea-
lizações. Que o perfil não seja apenas uma foto bonita ou
um personagem inventado para esconder quem realmente é,
que a capa não seja a máscara para esconder o monstro cru-
el que se esconde, e a linha do tempo transpareça a realida-
de de uma vida alegre ou triste, não importa, quem faz o dia
é a pessoa, e uma vida inteira não se resume a uma linha do
VIL BECKER 110
tempo, pois o tempo é uma estrada curta ou longa onde se
caminha, e essa definição de curta ou longa só é dada aque-
les que sabem fazer da vida do outro um motivo para se vi-
ver e viver feliz, não deve ser comparado a apenas uma li-
nha, senão a intensidade do tempo não teria sentido, que os
amigos sejam breves e duradouros, assim como a vida, que
por mais breve que seja tem seus momentos duradouros,
aqueles que eternizamos, e depois de nós, os momentos vi-
ram história e são eternizados pelas posteridades, e momen-
tos bons ou ruins, é a humanidade que deve definir em suas
atitudes, por fim, o que falta para a humanidade, é a própria
humanidade.
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
Me conheceu ferido de morte, com marcas de cortes nos pulsos e um caos nos pensamentos. Me conheceu com os olhos sujos sangue de tanto chorar, e uma careta em vez de um sorriso. Tornou-se meu amigo, me contou da sua vida sem fazer perguntas, e embora eu tinha pintado na cara a angústia e o cansaço, nunca invadiu minha privacidade nem mostrou pena ou nojo de mim. Me conheceu quando em minha mente, a ideia era só silêncio no barulho de minha mente, quando tinha abandonado a vontade de sonhar com o amor e em vez de desfrutar do prazer de viver. Me conheceu doente, triste, louco e cheio de problemas. Me conheceu defeituoso e mesmo assim não houve maneira de impedi-lo de me convencer que não era bom me amar. Teve paciência, me desenhou sorrisos quando estava sub-merso na lama do desespero e me devolveu a fé nas pessoas... me mostrou que não era o homem destruído e sem esperanças que pensava ser e aos poucos ganhou a minha confiança. Me conheceu arruinado e ajudou-me a levantar dos meus
VIL BECKER 112
escombros. A única coisa que importava é que você me fa-zia mais feliz do que eu pensava que poderia vir a ser. E se me permitisse, queria passar o resto da minha vida tentan-do te fazer sentir o mesmo. E foi assim que eu me apaixonei por ti como um ato de cura, como um sonho palpável a cada movimento dos lábios produzidos pelo teu beijo. Foste parte da minha vida, da minha história, das minhas lágrimas e sorrisos. Fostes mo-tivo, necessidade e complacência. Estavas em mim como eu estava em ti, embora à distância nos separava. Imaginei um belo encontro e finalmente depois de tanta espera e ansiedade. Olhei seu sorriso e vivi o que sonhei e já não queria mais saber do mundo, nada que pretendia deixar de olhar para essa perfeita silhueta dos teus lábios. E eu prometi meu amor, seus beijos tatuaram na minha alma. o teu sorriso ressuscitou para ser visto como a primeira vez que terminei perdidamente apaixonado por ti, ao ver-te brilhar. Se por acaso, não tiver mais motivos de sonhar ainda as-sim sonharei. Te perdoo pelas vezes que desintegrou meu coração. Pelas tantas vezes que me disse adeus. Eu perdoo por chegar em minha vida e me curado as feri-das, Te perdoo por ter feito de mim, o que nunca quis ser. Te perdoo por ter perdido o meu tempo e te perdoo porque
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
te amei. Mesmo que seja só uma recordação do que mais desejei. E Como não amá-la... Se só ela soube consertar a vida com um olhar... Com um sorriso... Para a minha alma sua voz foi uma canção de ninar... E os seus bra-ços... O único refúgio que me protegeu nas tempestades... E Como não amá-la... Se preencheu cada vazio... E foi o melhor pretexto para fazer da minha vida uma fes-ta...E como não amá-la...
VIL BECKER 114
E quando a saudade bate o coração aperta, se passa mil coi-
sas pela cabeça. Lembranças boas e ruins, momentos feliz e
tristes, emoções que te fazem sorrir e chorar. Saudade é
uma coisa linda, se sentimos saudades é porque gostamos,
amamos ou pelo simples fato de nos fazer bem. Tenho sau-
dade de tanta coisa, de tanta gente, de tantos momentos, que
às vezes acho que a minha vida é feita de saudades. É tão
bom sentir saudade de quem gostamos, de relembrar os
momentos e coisas que aconteceram na nossa vida. Saudade
de quem amamos, e quem queremos perto, porque fazem da
nossa vida uma vida melhor. É tão bom sentir saudades, é
um sentimento verdadeiro, algo que representa o amor e a
felicidade, não importa o dia nem a hora.
Tem gente que fica longe por uma hora e já da uma sauda-
des danada, mas também tem gente que só de ficar alguns
minutos já da vontade de correr atrás da pessoa porque tem
medo de perder ou de se afastar. Às vezes não sei se é sau-
dade ou é coisa da minha cabeça, só sei que é um sentimen-
to bom.
Saudade é uma certeza de que você está muito vivo e ainda
tem sentimentos verdadeiros. Quem sente saudade de qual-
quer coisa ou pessoa que seja, vive... Quem não sente sau-
dade já morreu por dentro. O bom é saber que sinto sauda-
des, e que ainda tenho algum sentimento vivo dentro de
mim.
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
"A saudade faz uma hora parecer um dia, um dia parecer
uma semana, uma semana parecer um mês, e um mês pare-
cer anos."
Tenho saudade de beijos. Tenho saudade dos abraços. Te-
nho saudade de sorrisos. Tenho saudade de vozes. Tenho
saudade de olhares. Acho que ainda tenho saudades de tudo,
estou vivo.
A saudade exige paciência, uma arte que ninguém ensina...
Ninguém nos ensina que, quando chegamos a este mundo,
as coisas não acontecem como nós queremos. Nada nos ga-
rante que, por mais que nos esforcemos em alguma coisa,
isso vai acontecer ou que se dê aquilo que pelo menos espe-
ramos. Dizem que a paciência é "Santa" mas na verdade é
uma arte que se adquire com o tempo, à base de muita de-
cepção, à base de aprendizagem que a vida ensina-nos a ser
forte e não existem manuais para isso. Ser paciente requer,
acima de tudo, não desistir de si. Se algo não acontece co-
mo queremos, não devemos abandonar o propósito maior,
porque a paciência é também calma e confiança, apesar dos
pesares.
VIL BECKER 116
Introduzo esse texto com certo remorso, uma mescla de dis-
simulação com desleixo. Curiosamente minhas aspirações
começaram a empacar e o brio que tinha daquilo considera-
do meu diferencial notei estar ruindo.
A questão de todo esse embate pessoal é muito simples:
será que estou colocando em prática todas as atitudes que
prego a vocês, sentado em minha poltrona? A comodidade
em apontar e indicar virtudes nesse anonimato tornou-se
uma farpa dolorosa. A despeito desse conflito, devo confes-
sar que escrever o que penso tem mudado meu modo de
agir. Apresentei-me a mim mesmo e impelido pelos elogios
que recebo de vocês, estimados leitores, paradoxalmente fez
assentar em mim a sombra de minha incoerência.
O famigerado termo “falar é fácil, difícil é fazer” nunca me
tocou tanto como agora o faz e mesmo sabendo que repetir
tal sentença beira a demagogia, confesso que foi esse o es-
topim para uma nova guinada na vida. A banalização desses
conselhos “adesivados” por todo canto menospreza o rico
conteúdo e a vaidade humana em buscar o excêntrico faz
perpetuar o fracasso pessoal em tentar ser aquilo que acredi-
ta ser e que não é.
A dica é bem simples: seja o exemplo do que pretende mu-
dar, do julgamento que propaga aos outros. Por mais trivial
que pareça ser esse conselho, com ares estampados de auto
ajuda, ele é a semente plantada para germinar uma nova
verdade. A sua verdade! Repense portanto se ao descer dos
palanques está colocando em prática o caloroso discurso
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
que pregou. Nunca se esqueça que aplausos à hipocrisia são
vaias disfarçadas de educação.
Palavras podem um dia ser esquecidas no tempo, lições são
lembradas, mas apenas os exemplos são eternizados. Lem-
bre-se que minorias não seguem maiorias e portanto consci-
entize-se da responsabilidade que deve adquirir se um dia
vier a tornar-se referência. Atitudes copiadas e repassadas
podem tanto salvar quanto destruir. Viva hoje a vida que
desejou ter, seja no escuro a pessoa que reluz sob os holofo-
tes e nunca se esqueça que a distância entre o que é hoje e o
que pretende ser amanhã é à distância de um gesto. E de tão
puro, torna-se um exemplo.
VIL BECKER 118
Gostaria de estar sentado em outro lugar e que os meus pen-
samentos fossem diferentes. Definitivamente seria diferente
e eu nunca teria ouvido nada daquilo que você disse e que
mudou a minha vida em três segundos. Não teria lembran-
ças de nada entre eu e você, estaria sorrindo em outro lugar
do planeta e o meu rosto agradeceria não estar coberto de
lágrimas.
Eu seria a versão de mim que eu gostava tanto pela segu-
rança que me passavas, lembro-me com tristeza porque me
mudaste da cabeça aos pés. Me fizeste tão feliz que não pa-
ro de tremer a pensar no que poderia ser. E já nada mais é
como a promessa do que seria. Imagino diferente, Me ima-
gino sendo outro se tu não tivesses marcado tanto. Que sen-
sação estranha de nem me arrepender de ter acontecido o
amor em mim depois que falei perante ti sobre a tua atitude
que era a pior coisa que já me aconteceu. Não se preocupe,
no meu interior não parava de te pedir para ficar, mas não
estava disposto a atentar contra a sua decisão de não fazer.
Vou parar de pensar e de rir, de sonhar e de construir. Vou
deixar de me tornar os personagens que não sou e vou sub-
trair o encanto que meus olhos apaixonados adicionam.
Vou deixar de amar um dia destes, embora me custe o cora-
ção. Vou arrancar os rins por todos os cafés que tomei e me
tirar do caminho onde transitei com outras pessoas.
Cada parte do meu corpo deixará de sentir falta do que não
preciso, prometo. Até meu fígado depois de todas as bebi-
das que bebi sentados na sala falando de coisas que achava
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
que nunca deixariam de Importar: o futuro que inventei com
os filhos que não vão nascer, os lugares aonde nunca irei,
pelo menos não nesta vida. Vou ter saudades sim, vais ver.
Por tudo que nunca foi e nunca voltarás e por cada pedaço
que eu nem conheço de mim. E eu vou chorar sim, pelos
possíveis futuros que ficaram na prateleira. Vendidos aos
amantes menos qualificados.
Porque não compramos bilhetes com destino à felicidade,
ou embarcamos de vez ou desistimos do comboio onde to-
dos querem estar, indo a lugares diferentes, atravessando
pontes que não terminam e percorrendo cantos de desco-
nhecidos que nunca serão nós mesmos. Não somos substitu-
tos de passados ruins.
Não podemos fazer nenhum tipo de troca com o passado de
ninguém, acreditando que vamos apagando o que ficou pelo
caminho, é bom que lembremos sim o que vivemos e o que
ficou para trás, para que saibamos que alguns caminhos não
deveríamos ter percorrido, mas jamais usar o sentimento
alheio como trampolim para concertar nosso presente. Nin-
guém pode deixar de viver para preencher vazios, nem co-
mo um prêmio de consolação por ter sofrido antes, não po-
demos de maneira alguma recompor o amor falido seja de
quem for, porque aprendi que nós decidimos quando des-
moronar e quando acordar para reconstruir o presente, não
podemos exigir do outro que se afaste de ninguém por estar
ligado a nós, nem que deixemos de falar com quem quiser-
mos, somos livres, porém isto não nos dá o direito de tor-
nar a vida do outro um inferno para recompor o inferno que
foi nosso passado, foi escolha nossa vivê-lo. Não podemos
fechar nossas asas nem guardar num cantinho à espera que
alguém dê permissão para ser livre. Porque ninguém pode
ser considerado (a) a cura nem o remédio, muito menos a
VIL BECKER 120
doença, a melhor definição de amor que agrada é aquela em
que podemos ser nós mesmos com ou sem o outro, devemos
ser sempre a melhor versão que somos de nós mesmos.
Certamente que vão perguntar por que estou escrevendo o
que escrevo? Pois bem...
Foi quando cheguei à conclusão de que o meu silêncio pe-
sava mais que todo o ouro do mundo, mais do que qualquer
remorso e o pior, mais que a mente em si. Foi no momento
em que percebi que já nada seria como foi, que todas as coi-
sas podem mudar e que nada é para sempre.
Bom, devo confessar que escrevo estas palavras com o pro-
pósito de narrar uma história de covardia, mas devo admitir
que essa "História" é a minha. E devo esclarecer que esta é
uma história de covardia, medos e decepções. Mas certa-
mente que se perguntar quais foram às causas para que esta
seja a minha história, e como cheguei até aqui. Bom aqui
devo lhes dizer que eu cometi o pior dos pecados. E o meu
pior pecado foi ter guardado em silêncio tudo o que eu sen-
tia, e ainda continuo sentindo. E como eu, covardemente agi
de acordo com os meus medos, nunca me atrevi a confessar
perante os seus olhos tudo o que produziram em mim, mas
assim foram as coisas, já que a vida de outro ângulo me ba-
teu tão forte, que senti-me cair sem conseguir apoiar-me por
estar com as mãos atadas, e com os meus medos presos ao
meu coração pensei não ser tão importante. O que me gerou
a consequência de não poder ter sido sábio quando deveria
ter sido, E aqui me encontro, com este coração preso a este
silêncio acorrentado aquelas coisas que se veem com os
olhos, até aquelas coisas que não se parecem com a minha
alma e meus inúmeros sentimentos, que são tão visíveis pe-
rante os olhos humanos, e invisíveis diante de seus olhos.
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
Andava a procura de alguém em que poderia me inspirar,
me motivar, me apoiar, me manter focado. Alguém que me
amasse, eu apreciaria, que me fizesse feliz, e com todo este
caminho percorrido hoje me dou conta que eu estava procu-
rando a mim mesmo. Porque o que se diz com a sua exis-
tência, não é o que se vê com os olhos. É algo que leva
tempo e paciência, ler a si próprio custa à vida. E somos
muito para tantos analfabetos que nem saberão ler quem
somos. se eu pudesse te dar uma coisa na vida, gostaria de
te dar a capacidade de ver-te a ti mesmo através dos meus
olhos.
Quando conseguir olhar para ti mesmo vai se apaixonar por
alguém que realmente sabe amar. Reconheço pelos meus
erros e pelos meus acertos, reconheço após muito ter acon-
tecido, reconheço que finjo um sorriso torto para evitar algo
ruim, às vezes sorrir não quer dizer sinônimo de felicidade,
claro que não, às vezes um sorriso pode simbolizar uma
ponte para amenizar a tragédia que dentro de nós parece
uma tempestade sem fim, ter um sorriso no rosto não quer
dizer estar bem, pode ser uma forma de dizer que se está
mal ou até mesmo uma singela desculpa a si mesmo pois o
único motivo que temos para sorrir não podem estar fora da
nossa vida ou dos próprios sentimentos de felicidade que
provem de outros, do além ou até mesmo de quem esta ao
seu redor às vezes as pessoas precisam ser egoístas consigo
mesmas para conseguir ter um pouco de paz ou algo que a
acalma a alma, às vezes precisamos muito mesmo de um
motivo de nos manter trancados nessa caixinha de brinque-
do onde crianças adormecem ou sentimentos puros ainda
residem mas simplesmente para nos deixarmos puros, não
sei se dá para entender, mas é assim. Ou até mesmo para
não nos machucarmos tanto… Mas viver sorrindo acho que
VIL BECKER 122
não seria totalmente certo às vezes o necessário e relembrar
que o sorriso provem da felicidade, do amor e da alegria de
sentir algo real que venha do sentimento sincero de apenas
ser, pois sorrir só é a mesma coisa que ter um céu sem es-
trelas, ou até mesmo quando dois amantes se perdem pela
morte interna, é algo tão triste quanto o sol descer em lá-
grimas e a lua perder o seu brilho, maldito seja o sorriso que
adquire a falsidade de um sorriso torto para outro, a malícia
da carne para a provocação e o vazio eterno do medo de ser
feliz, maldito seja esse simples ato de sorrir sem sorrir re-
almente. Minhas tempestades internas ecoam na dúvida, se
digo uma coisa a você e se não sorrir quem será você? Algo
vago? Algo sem luz? Já disse que o maior diamante é o sor-
riso que deveria simbolizar também a felicidade de ambas
as partes, simboliza a alegria que lá dentro ainda deixamos
escondida e ainda prova que nem tudo no mundo é tão po-
dre quanto parecem, que nem todas as pessoas vivem como
verdadeiras mentiras, que ainda se encontra algo sincero e
puro nas pessoas. Como posso dizer essas coisas a você,
quando em muitas vezes sua visão não é algo totalmente
realista, porque às vezes esquece que o sorriso é como a lua
que dependente do sol para se manter brilhando a noite, às
vezes esquecemos o quanto sorrir sozinho não é fácil. Mas
antes de ter qualquer resposta, eu lhe pergunto se a lua de-
pende do sol para sorrir, o que falta para você sorrir pelo
menos uma vez de maneira completa um sorriso claro como
o diamante? O que tu esconde? Você pode me responder?
Não necessariamente tem que ter sentido, um “Por quê?",
ou a existência de algum motivo para se viver. A maioria
das vezes vamos encontrar sim uma resposta para tudo o
que nos atormenta; mas ainda assim ficaremos com um
monte de dúvidas, porque a única coisa que uma vida sem
dúvidas nos oferece é isso: Dúvidas.
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
Quero ser a pessoa que você ama muito, que olhe nos meus olhos e pense que são os mais bonitos, quero beijar e morder seus lábios tão suave que te faça suspirar por um minuto de eternidade, quero ver suas olheiras pelas manhãs e apaixo-nar-me por elas como fiz pelos teus olhos , quero ver cada detalhe de ti, quero te ver sorrir e ouvir aquela risada tão bonita que só você tem, quero que me diga te odeio acompa-nhado com uma risada cada vez que te incomode, quero encostar minhas mãos no teu pescoço quando te beijar enquanto te preocupas comigo, beijar o teu pescoço e mordê-lo até que perca a razão, contar cada uma das tuas estrelas, amar o teu perfume de mulher, que me sinta seguro em teus braços, não quero detalhes, quero algo criado por ti, não quero que me diga o tempo todo palavras bonitas mas que quando chegares a dizer as diga de coração, não quero, nem desejo saber o que tens, só quero a ti, simples, humilde, porque é assim que preciso de você, sem ter que me gabar, quero namorar, descobrir cada ponto que te rouba à respira-
VIL BECKER 124
ção, me dar bem com seus amigos para que você não tenha que escolher entre eles ou eu quando quiseres se divertir, mas se queres estar um dia com eles entenderei, quero a tua pri-vacidade regada da liberdade que precisas, quero que te di-virtas e não Te sintas presa comigo, quero que saiamos a festas juntos, quero ver cada uma de suas facetas: triste, feliz, chorando, rindo, seja lá como for; não quero impedir-te nada, mas também quero o seu bem-estar, não quero ser o teu pai nem teu irmão, quero ser teu Namorado, aquele primeiro porto seguro, quero tudo de ti, quero sua inutilidade para minha vida, saber que um dia vais precisar de mim como eu sei que irei precisar de ti. Quero estar com você nos piores momentos, porque é neles que eu vou te amar mais, quero ser feliz ao teu lado, sabendo que estás feliz sem precisar me fa-zer feliz, porque serei feliz de qualquer forma, mas serei por ti.
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
Uma das coisas que mais interessantes da vida moderna é
entender nas entrelinhas o que alguns personagens nos
transmitem como mensagem sobre nossa própria vida, a
aceitação de si, o conforto ao descobrir-se necessário e con-
temporâneo, Fiona, da animação Shrek, personagem que
vivia entre a ideia imposta pela sociedade da princesa per-
feita e sem defeitos, e Shrek, ser desprezível e mal visto
pela sociedade como um rude Ogro igual a todos os outros,
como muitos enxergam a animação como o romance entre
um casal de diferentes, percebe-se que o romance vai além
da ótica, vai até a aceitação de si, a princesa só se tornou
uma princesa quando se viu uma Ogra e o Ogro maldoso só
amou de verdade quando viu que ser Ogro era a única con-
dição de ser realmente feliz, amar a si próprio, aceitar-se na
sua pior condição, não aceitar as imposições alheias como
forma de vida ou de ser, Fiona é a personagem de cada um
de nós que pensamos viver um conto de fadas, e a animação
nos transmite isso quando reúne todos os personagens dos
contos de fada em torno de uma situação real, a única que
era realmente triste era a princesa, e quando ela decidiu ma-
tar a princesa com todas as suas necessidades que lhe impu-
nham, e aceitando a condição de Ogro percebeu também
que nada nem ninguém poderia lhe fazer mais feliz, que
amar-se é a condição necessária para amar, que o próximo
mais próximo é o ser que carregamos dentro de nós mes-
VIL BECKER 126
mos. Agora cabe a cada um escolher entre ser Fiona, Shrek
ou continuar sendo Ogro (a).Outra personalidade interes-
sante de se analisar é o Burro, o que mais gosta de fazer é
cantar e conversar normalmente incomodando qualquer um
com sua tagarelice, pois não para de falar. Quem sabe sejam
nossas opiniões burras ou a falta de vontade dos demais em
não querer entender algumas necessidades, Sua paixão pe-
los doces se estende aos nomes de seus filhotes: os machos
se chamam Jabuticaba, Paçoca e Torrone Montervegine ; as
duas fêmeas são Coco e Debbie. numa ansiedade terrível de
encontrar o que lhe faz falta, procura na comida o que lha
falta ou negam nos sentimentos, sofre com muitos proble-
mas: acrofobia, daltonismo, hipocondria, covardia, propen-
são a ter um ataque de pânico numa situação de emergência,
extrema impaciência, ingenuidade. Por isso encontra em um
dragão o amor de sua vida, um amor ainda mais impossível
do que qualquer outro personagem da história, como pode
um burro amar um Dragão? quem sabe o dragão não passa
de todas as suas loucuras resumidas a um atitude insana, e
como diria Leandro Karnal; "Ser louco é a única possibili-
dade de ser sadio em um mundo de doentes".
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
Se a vida é quem determina a consciência humana e não a
consciência quem determina a vida, pode se dizer que o
mundo se constrói sobre a ótica de quem o vê? Ou seja, se-
ria correto então afirmar que o mundo é aquilo que vemos
dele? Se a resposta for afirmativa temos então que o mundo
é "cinza" por que nossos "óculos são cinzas", e se colocás-
semos "óculos azuis" o mundo ficaria azulado. Do contrario
se a resposta for negativa, temos então que o mundo é o que
é, independente do nosso modo de pensá-lo, e se quisermos
alguma mudança (na cor cinza ou azul) teremos que mudar
por meio de nossas ações, pois somente mudando a materia-
lidade do mundo conseguiremos mudar o modo de pensar
das pessoas. Resumindo: mude você e o seu jeito de pensar,
ao invés de tentar mudar os outros, o mundo só é ruim
quando colaboramos com a maldade por menor que seja.
Os problemas dos outros são tão simples quando são dos
outros, quando passa a ser nosso ou dos nossos próximos
achamos que mais ninguém sofre além de nós, subestimar
problemas psicológicos é o mesmo que abandonar uma pes-
soa no momento em que ela mais precisa de uma mão es-
tendida, julgar uma pessoa assim é o mesmo que julgar a si
próprio quando quer atenção por conta de problemas emo-
cionais, não subestime ninguém, não julgue ninguém, se
você não conhece os sentimentos alheios você perde a me-
lhor oportunidade da sua vida em ajudar quem precisa ou
até se calar, porque se não tem nada de bom a dizer pra
VIL BECKER 128
quem precisa ouvir, seu silencio já é de grande valor. Pense
como um ser humano, você vai ver que vale a pena.
O que se escreve no silêncio... Não julgue, não pense, não
ponha rótulos, não faça julgamentos sobre o valor das pes-
soas, porque cada um sabe o que guarda em seus silêncios,
o que foi, o que é, o que quer ser. Não finja que o outro tem
que ser perfeito, nem que tenha que fazer tudo da melhor
maneira, nem que as suas palavras sejam sempre justas,
porque só ele sabe o que ele guarda em sua cabeça e no seu
coração, que se culpa e não se desculpa, o que dói e o que
lhe dá alegrias e forças. Não apontes o teu dedo julgador,
porque só ele sabe nos seus momentos de silêncio o próprio
encontro o que sente, deseja e pensa.
Não olhes de cima a fazer o outro sentir pequeno e indefe-
so, porque só ele sabe como se sente quando luta com sua
própria alma, com a vida e com o seu corpo. Não vivas es-
tacionado na crítica, porque só ele sabe o que passou em
sua vida, suas dores, seu passado, seus afetos perdidos, as
ausências, os sucessos e seus sonhos realizados ou só a pura
fantasia. Não julgue, não pense, não ponha rótulos, não faça
julgamentos sobre as pessoas, porque cada um sabe o que
guarda em seus silêncios, o que foi, o que é, o que quer ser.
Abraçar, perdoar, esquecer, largar, ou visitar essas almas e
ler tudo o que escreveram em silêncio... Descobrir o outro
por dentro, não só com foco em seus defeitos... Nunca se
culpe e nem se sinta idiota por ter removido uma pessoa da
sua vida. Se a pessoa ignora seus sentimentos, a idiota é ela.
E pessoas idiotas precisam ir embora.
Seja sempre a pessoa que quer ser, jamais transfira a regên-
cia de sua vida a terceiros, muitos cruzam sua vida mas
poucos permanecem nela, basta lembrar quantos melhores
amigos teve, opte pelo caminho da minoria, pois se nin-
guém vai por ele, deve ser bom, pedregoso e espinhento,
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
dará a você um destino muito mais prazeroso e cheio de
aventuras, aprenda a diferenciar conselho de palpite e não
encare o primeiro como absoluto ou correto, use mais vír-
gulas do que pontos finais e se necessário for, apague e cor-
rija-os, borrachas e manhãs servem para isso, separe entre
seus colegas os quais dará peso a opinião baseado nas atitu-
des que eles tomam, ao conflitar com alguma pessoa vil e
má, exerça seu direito humano de desrespeitá-la, tal atitude
não o rebaixará, mas tornará você uma pessoa que merece
respeito.
Jamais transfira ao próximo seus desmazelos, pois eles exis-
tirão sim e precisa ser digno para pagar o preço sozinho,
cédulas de dinheiro são papéis e por isso rasgam-se facil-
mente, não corra atrás delas e busque a excelência. Como
sempre haverá espaço na vida para os excelentes, os cifrões
virão após o sucesso. Nunca esqueça essa ordem, seja o e-
xemplo daquilo que prega, de nada vale criticar a idoneida-
de alheia se não demonstrar a sua, e quando deparar-se com
escolhas profissionais, escolha ser feliz, somente será dife-
renciado fazendo o que ama e por amar seu trabalho, o ver-
bo do labor será “regalar”, “deleitar”, repense se a famosa
qualidade de vida tão buscada é trabalhar pouco ou se é tra-
balhar feliz, quedas servem para aprender e não para desis-
tir, afinal, não é na queda que a água gera energia?
Se quiser algo, arruma um meio, se não quer, diga, Assuma
a culpa do seu fracasso e entenda que não há nada que não
possa conseguir. Seja humilde e use mais a frase: “Eu não
sei” do que “Eu sei”. pare imediatamente de negar elogios e
comece a criar mais críticas sobre certos elogios, isso não é
intransigência, isso é razão. Não desconforte-se ao aceitar
um agrado sem negá-lo, pois sei que faz isso por temer a
imagem de presunçoso que seu benfeitor terá de você. En-
VIL BECKER 130
tenda que quem o agrada esperando a negação certamente
necessita rebaixar alguém para parecer maior, descubra que
ambição não é a mesma coisa que ganância e que a primeira
é necessária para evitar a perigosa zona de conforto, mas
tome cuidado com os excessos, ao tomar uma decisão im-
portante sobre sua vida profissional, tente lembrar se está
condizente com aquilo que pensava ao desejar essa profis-
são. não ache que toda regra é certa, pois um humano a cri-
ou e humanos erram, nunca arredonde nenhum valor a sua
vida, porque todos arredondam e param achando que com
isso são superiores, simplesmente por não ter ideia que a
vida da voltas, um dia você está por cima, no outro não se
sabe, lembre-se dessas coisas quando for feliz e se um ami-
go solicitar a receita da sua felicidade, Diga que não há, a-
calme-o e oriente procurar um caminho diferente do habitu-
al, Quanto a otimismo? Dê algumas frases para ele ler...
Chega de choro, Se não te chamam, é porque não querem,
se não te convidam para sair, é porque não querem, se te
tratam como se fosses um objeto, é porque gostam de ti
como um objeto. Se te traem, é porque não gostam, se te
deixam ir é porque não querem estar contigo. Talvez não
estejam preparados, que agora não é o momento, não é a
hora. Vivem justificando alguns joguinhos de confusão e
vitimização, entre outras tantas soberanas desculpas, vamos
deixar uma coisa bem clara, quando o outro quer, ele (a)
fica! Simples assim, Sem tantos enredos, sem tantas menti-
ras, sem tantas desculpas. Quando alguém se derrete por ti,
talvez lhe de medo, claro que sim, então arrisca!, deixa de
ser tão madre Teresa de Calcutá, justificando cada rejeição,
cada provação e cada desculpa, coloque-se em primeiro lu-
gar, você não precisa de alguém que não sabe o que quer,
que não vê o quanto vales, que não enxerga sua vida, não
procures inquietação, dúvidas e desprezo, explicações sem
sentido, tu mereces o melhor, que saiba o que tem à frente,
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
que te valorize e se esforce cada dia por ti, pare de roer as
unhas por algo que provavelmente não vai ser tão bom co-
mo tu pensas e aproveite a oportunidade de receber tudo o
que mereces com quem te merece.
Lembre-se: Não existe pessoa assustada ou confusa, mas
sim indecisa, Não existe pessoa tragicamente afetada pelo
passado, mas sim com marcas, nem pessoa necessitada de
ajuda para amar, apenas que não sabe amar, as pessoas di-
videm-se somente em duas categorias: os que amam e os
que não. Todo o resto é desculpa!
VIL BECKER 132
Alguém disse que se pode definir o homem como aquele
que procura a verdade. A verdade religiosa, a verdade cien-
tífica e também a verdade moral. Existe sempre a verdade.
Mas é preciso muito cuidado com uma coisa: a meia verda-
de é pior do que a mentira, pois a metade da verdade é qua-
se sempre uma grande mentira. Os tiranos e os imorais u-
sam muito este método para enganar as pessoas e as massas.
Se você viver fora da verdade, viverá sem saber o que é a
verdadeira liberdade; pois a liberdade enlouquece fora da
verdade, se torna libertinagem e loucura. Muitos mentem
loucamente, e são ainda mais loucos na defesa de sua men-
tira. Quem mente, precisa de outras mentiras para encobrir
as mentiras anteriores; por outro lado, as verdades podem
ser nuas, não precisam ser vestidas com roupas falsas. Se
você fala a verdade, não precisa mais lembrar o que falou;
já o mentiroso estará sempre preocupado. O mentiroso de
certa forma é um fraco que tem medo de confessar a verda-
de. É preciso notar, porém, que o silêncio muitas vezes está
mais perto da verdade do que as palavras. E quem escuta a
verdade tem o mesmo mérito que aquele que a anuncia. Não
podemos nos submeter a nada e a ninguém que não esteja
em sintonia com a verdade. Ghandi dizia que o único tirano
que ele aceitava nesse mundo era a “voz baixinha” que fa-
lava dentro dele, a voz da consciência. Se o homem despre-
zar ou violentar a sua consciência ele estará esmagando a si
mesmo porque estará pisando o que há de mais sagrado
dentro dele mesmo. Esta “voz baixinha” que fala dentro de
cada um de nós, é a própria voz de Deus, que colocou den-
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
tro de cada homem a lei natural. Todos os povos conhecem
esta lei escrita em nossos corações e que manda evitar o mal
e fazer o bem. Às vezes temos que cavar um pouco mais,
Abaixo da miséria e da desgraça, por trás da mentira e da
crueldade, e de repente descobrimos, que nem todos são tão
vítimas, que nem tudo é o crime que parece. Que tudo faz
parte de um jogo, o jogo do ganhar ou ganhar atropelando
quem estiver pela frente, acima de tudo e de todos o jogo
sujo do ser humano.
Não seja rígido, nem arrogante. Nenhum de nós é detentor
do privilégio de conhecer a verdade. Nada é absoluto. Todo
o resto é relativo, pode ser modificado, questionado e con-
testado. Apenas o orgulhoso não enxerga isso e se julga
mais poderoso, esquecendo-se de que o seu poder nada po-
de, que a sua vontade é individualista e grosseira ao outro.
Seja humilde, flexível e aberto a ideias que você desconhe-
ce. Você pode até nunca ter imaginado certas coisas, mas
isso não impede que elas existam e sejam conceituadas do
seu desconhecimento. Tudo é possível. O que acontece é
que alguns, de visão e mente mais estreitas, só vêm àquilo
que podem compreender. Se não compreender alguma coi-
sa, não a rejeite. Coloque-se disponível para conhecer o
desconhecido, e a vida, de acordo com o que a sua inteli-
gência é capaz de apreender, lhe desvendará os seus misté-
rios.
Pensar, e sem querer maltratar a mente reviver algumas ce-
nas do passado que a muito não lembrava, nas alegrias e
nos abismos, entre o esquecimento e as lembranças ainda
permanecem algumas imagens que eu gostaria de reviver só
mais uma vez, mas meus dias já não tem mais o seu aroma
e os teus passos já não acompanham mais os meus nessa
VIL BECKER 134
vida, já superei a tua falta que vagava entre lembranças em
meus versos. Hoje estou bem, apesar de não ter mais seu
abraço, continuei minha vida, até pensei que isso seria o
suficiente, mas não, ainda não consigo parar de pensar que
estás presente em cada sonho meu, pelo menos em sonho,
eu ainda posso te ver... Depois de anos de vida, volto a re-
viver fazes antigas de minha vida que a muito não lembra-
va. Cada texto escrito uma explosão de sentimentos onde
recria pensamentos e ideias de uma vida de sonhos, cora-
gem e reflexões sobre cada pedaço de uma vida, relembrar
nem sempre é bom, mas às vezes é tudo o que temos por
alguns momentos de paz interior. Erros e acertos, vitórias e
derrotas, alegrias e tristezas, a vida é assim, uma hora você
está bem, de repente tudo piora e você está na pior. Mas é
nessas horas que você sabe quem está com você. A gente
luta tanto por algo, sonha, insiste, persiste e não desiste até
conseguir, e quando conseguimos surge do nada vários para
atrapalhar, pra destruir, pra fazer você sofrer. Mas a vida
tem dessas pessoas que não suportam ver você feliz e por-
que não são felizes fazem de tudo para ver você pior. Se
cada um cuidasse da sua vida, como cuidam da vida dos
outros ninguém seria tão infeliz ou mal, a ponto de destruir
os outros para se sentir superior.
Odeio falsidades e mentiras, não vou dizer que sou santo,
que nunca errei, que nunca menti, que nunca fiz nada errado
ou até mesmo que nunca machuquei alguém, porque tenho
certeza que também já fiz mal pra alguém. Mas depois você
pensa e pensa e vê que não foi porque você quis, foi porque
estava mal ou passando por alguma dificuldade, coração
machucado, magoado, que acabou fazendo mal sem querer
pra alguém. Mas tem gente que não vive, que passa a vida
inteira fazendo mal e tentando destruir a vida dos outros,
que não tem vida própria e pra se sentir melhor vive a vida
dos outros. Temos que nos amar mais, parar de sofrer a toa,
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
viver nossa vida e não se preocupar em prejudicar ou se
vingar de alguém que te magoou. Temos que ser nós mes-
mo, aproveitar o amor das pessoa que nos amam e retribuir
da melhor forma possível.
Temos que dar conselhos para quem precisa, para que as
pessoas ruins não passem a vida inteira destruindo os outros
e se destruindo. Temos que ouvir algum desabafo de vez em
quando, porque algum dia nós mesmo precisaremos desaba-
far com alguém e não vamos ter ninguém para nos ouvir.
Precisamos praticar o bem, mesmo que o mal esteja tentan-
do impedir, temos que ter bom coração e também tentar
entender as pessoas más, porque vai ver ela esta sofrendo,
machucada, ou não tem ninguém pra conversar e se sentem
um lixo que não podem ver os outros mais feliz que ela.
Temos que fazer o melhor por quem amamos, temos que
fazer o que tem que ser feito, sem choro, sem dor, com o
coração e por amor. Vamos fazer o bem para que o mal não
se espalhe, vamos fazer o melhor para que o amor se espa-
lhe. Raramente as pessoas são más porque querem. E todos
já magoamos alguém, ou ainda vamos magoar, mais cedo
ou mais tarde, não porque queremos, mas porque estamos
sofrendo. Não seja igual aos outros, faça diferente. Se te
tacarem uma pedra, ofereça uma flor, se te oferecerem ódio,
jogue amor.
Essa incapacidade que se tem de ficar sozinho, muitas vezes
é confundida com amor. E é que permanecer sozinhos na
vida, ainda continua a ser um medo bastante comum. Tão
comum que beira a tomar más decisões como estar dispos-
tos a namorar com a primeira pessoa que se lhes atravesse
no caminho ou com a pessoa errada, o que, na maioria das
vezes, não lhes dá a garantia de que seja algo bom ou Dê
felicidade, ao contrário, pode acabar em frustração, decep-
VIL BECKER 136
ção e com a autoestima. Por isso, ama quando sentires von-
tade de amar e não quando for um capricho. Adora quando
vale a pena amar, quando fores amado e não apenas sejas tu
o único que quer amar. Ama quando estiver pronto, não
quando lhe tenhas medo da solidão.
Tentamos encontrar formas de viver com base no que acre-
ditamos naquele momento, porém nem sempre é o que re-
almente queremos, Todos nós nascemos com dons para vi-
ver. Esses dons seriam a chave para felicidade, mas esses
dons podem não significar nada para o tipo de vida que se
vive. Será que temos como ser Feliz sem realizar o que es-
tamos predestinados geneticamente ou espiritualmente a
fazer? Ou será que somos aptos a qualquer coisa. A huma-
nidade está evoluída e cada vez mais ela perde a liberdade
de viver, viver do que realmente queremos. O homem pos-
sui suas necessidades básicas, mas será que é justo viver
somente para supri-las? E onde está o prazer de viver? O
prazer parece ser mesmo comum entre todos, os métodos de
diversão são muito comuns, está faltando alguma coisa, mas
é claro a liberdade de fazer coisas que estão geneticamente
sendo imploradas para serem feitas, o problema que será
quase impossível encontrarmos o que nós como seres hu-
manos queremos, pois vamos o tempo todo nos confundir
com o que já vemos e achamos que é o melhor.
Como devemos enxergar a vida?A vida é uma caixinha de
surpresas, entre essas surpresas, temos a dor , o amor, as
oportunidades... devemos saber lidar com todos os itens
desta caixinha, pois nada é simplesmente por acaso, tudo é
útil e na maioria das vezes não é ruim, podemos dar vários
rumos a nossa vida, isso vai depender da escolha que faze-
mos em um determinado momento das nossa vidas. Como
enxergar o que é realmente é certo? Isso é complicado! De-
vemos ter cuidado ao tomar decisões pois são elas que nos
envia para a felicidade ou a derrota. Pois é, viver não é fácil
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
não! Pois a possibilidade de nos dar mal é muito grande,
porem existe riscos que vale a pena correr! E o que fazer?
Sei lá, só sei que nada sei enquanto eu não decidir. Decidir
o que? O que é certo ou que é errado? Acho q o melhor
mesmo é viver o momento e esquecer o resto pois do futuro
não sabemos nada.
Eu sei que não foi fácil, eu sei que as coisas poderiam ser
diferentes, mas tudo acontece por um propósito maior, e se
você ainda não entendeu, eu sei que falta pouco para enten-
der, ainda que eu prefira que continue sem entender, tudo
na vida é baseado em planos, nada é ao acaso, e daí que vo-
cê acha que não vai ser feliz por conta do que aconteceu no
seu passado, você acha que Jesus vai parar de escrever na
areia para julgar você pelo seu passado? ele apenas vai di-
zer para você seguir e ser feliz tentando não errar, que os
maus olhos não podem te apedrejar se não conseguem ser
melhores, Eu sei que não foi fácil e nunca vai ser, mas você
está acima de qualquer traição, na verdade o que fizeram a
você, não fizeram a você e sim a eles mesmos, infelizes e
incapazes de fazer alguém feliz, precisam destruir quem os
amam para sentir algo que nunca sentiram por ninguém, e
só vão sentir quando experimentarem do próprio veneno.
Nem todas as pessoas que passaram por sua vida e a ajuda-
ram ficaram com você o tempo todo, aquelas que apenas
passaram você não lembra porque só olhamos para onde
queremos olhar, os sinais são visíveis a nós, nós que não
percebemos quando estamos sem direção mas olhando para
onde achamos que devemos olhar, às vezes Deus nos mos-
tra caminhos através de anjos que nunca vimos, nem sequer
damos bola para as palavras de consolo e motivação, por-
VIL BECKER 138
que só esperamos isso daqueles que convivem ao nosso la-
do.
Por que não escolhemos quem iremos ser quando crescer e
sim o futuro nos mostra quem nos tornamos ao crescer? Por
que temos desilusões, mas mesmo assim continuamos insis-
tindo naquilo que não sabemos se dará certo.
Por que não escolhemos em que família pertencer, escolher
nossos próprios nomes, algo que é tão nosso, pessoal, mas
que foi dado por outra pessoa, até mesmo por alguém fora
da família? Por que choramos, se sabemos que o amanhecer
é belo, e que as estrelas ainda brilham? Por que temos von-
tade de gritar quando não se pode, ou quando não é o mo-
mento certo? Por que quando uma lágrima quer cair e nós
tentamos segurar não dá certo e ela escorre em nossa face?
Por que nada é como nós queríamos que fosse? Por que as
pessoas não nos compreendem? Por que temos que sempre
fazer as coisas certas e nunca pular um pouco as regras da
vida? Por que muitas vezes queremos algo que não pode-
mos ter, como o pai melhor do mundo, a mãe mais carinho-
sa, os irmãos mais legais, aquele amigo que podemos contar
tudo e confiar cegamente, aquela namorada perfeita, aquele
cachorro que te obedece só de você olhar, aquele amor à
primeira vista, mas que dura para sempre, aquela bermuda
de cem reais que você viu na loja, ou até mudar um pouco
nosso jeito de ver a vida? Por quê?
São tantas perguntas que não caberiam aqui, mas são per-
guntas que tem uma resposta: se a vida fosse tão fácil ela
não seria tão gostosa de viver, seria sem graça “sem sal”, se
tudo fosse permitido não faríamos nada escondido, pois
“escondido é mais gostoso”, a família seria perfeita, mas
quem disse que uma briguinha de vez em quando não é
bom? Pois não há ninguém perfeito nesse mundo, nem eu e
nem você. Somos todos iguais pessoas com coração, esse
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
que muitas vezes se machuca, se parte e para cicatrizar de-
mora um tempão, mas acaba cicatrizando, ficam feridas?
Sim, mas feridas que só servem de consolo para poder re-
lembrar daquilo que nos causou dor, mas que um dia demos
a volta por cima e se transformou numa cicatriz, cicatriz
essa que dá alívio ao nosso ser e alma. Devemos viver essa
vida intensamente, sem medo de errar, pois ela esta ai para
ser explorada da melhor forma que podemos e que quere-
mos, vamos bater a cabeça? Vamos, mas pensa...se não ba-
têssemos tanto nossa cabeça como aprenderíamos aquilo
que é nosso dever aprender? Como saberíamos em quem
confiar de verdade, qual é a pessoa certa, aquela que te fará
feliz para sempre e que estará contigo nos momentos mais
difíceis!
O amor é algo meio doido, mas é aquela loucura que nos
ensina a arte de amar, ele machuca, Muito, mas depois
quando nos da seu carinho, ele é a melhor coisa que pode-
mos ter nessa vida, você pode ter nada, mas com ele você
tem tudo. Esse é o nosso momento, devemos aproveita-lo
da melhor forma possível, viva cada minuto da sua vida
como se fosse o último, chore ou ria, seja alegre ou seja
triste, ame ou odeie, fique ou namore, beije ou abrace, mas
o importante é ser feliz. Tenha suas derrotas como uma li-
ção, pra lá na frente você fazer o certo e de cabeça erguida!
As lágrimas são feitas para consolar nosso coração, chorar é
bom demais, é como se estivesse tirando um peso de nós,
algo que esta a nos machucar! Por isso, chore o quanto for
preciso, pois só suas lágrimas sabem o motivo de tanta dor.
Pensar no futuro é até bom, mas não recomendável, deve-
mos pensar no agora, fazer tudo o que queremos, da forma
que queremos, aonde queremos e não ter o porquê que que-
VIL BECKER 140
remos. Quando for fazer algo não pense muitas vezes, pois
quem pensa muito acaba fazendo nada. Não combine e
marque nada, faça tudo na hora, quando der “na telha”, esse
é o segredo, pois se você combinar ou marcar, nunca acaba-
rá dando certo! Viva sem medo de viver!
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
Foi quando morri, que descobri o quanto não vivi;
Foi quando morri, que meu coração voltou a bater com mais
intensidade; Foi quando morri, que tudo o que todas as mi-
nhas verdades tornaram-se mentiras; Foi quando morri, que
descobri que tudo o que eu dizia ser mentira, era a verdade
que eu não queria acreditar; Foi quando morri, que comecei
a enxergar quem era real, quem era quem, e quem não era
nada; Foi quando morri, que me encontrei, e me encontran-
do decidi não me perder mais; Foi quando morri, que des-
cobri que ninguém é responsável pela minha vida tanto co-
mo eu mesmo; Foi quando morri, que morrendo minha pior
morte, percebi que morrer não é tão ruim assim; Foi quando
morri, que meus sentimentos ressuscitaram, e ressuscitaram
porque só morreu o que não era sentimento; Foi quando
morri, que precisei me rastejar nas lembranças dos erros
cometidos, e dos acertos não vividos; Foi quando morri, que
consegui enxergar o que valeu apena nos amores do passa-
do; Foi quando morri, que percebi que preciso amar mais,
mesmo sendo odiado pelos meus próprios; E é morrendo a
cada dia que aprendo com meus tombos, aprendo com os
amores que faz tempo que não vivo, que talvez não viverei,
mas que vive dentro de mim; É morrendo um pouco a cada
dia, que aprendo como não devo ser, para não ser igual a
qualquer um que ainda sendo diferente do que vivo são i-
guais para os olhos alheios; É morrendo para as maldades
VIL BECKER 142
viciosas, que vivo para as atitudes de valor, e com atitudes
de valor me descubro como homem de verdade, em um
mundo cheio de homens com meias verdades; É morrendo
todas as noites que tenho vivido desde que me mataram por
dentro, sem pena do que restaria, restou o melhor de mim.
E poucos encontram este lugar, onde o tempo não avança,
onde os girassóis de Cristal existem, Onde o amor se pega e
se cuida como chuva, e não se teme a noite. Esse lugar onde
a alma é importante e a vida é para sempre, onde nunca se
envelhece, onde as palavras ficam e o medo não importa.
Esse lugar onde se ama tudo, até a morte, e as crianças não
passam fome e não morrem de frio no inverno da arrogân-
cia das pessoas. Esse lugar onde a família é o coração, onde
o rio muda o seu curso para dar vida, onde a hora não im-
porta, e o lugar muito menos, onde um abraço seja recon-
fortante. onde o rancor não cabe, onde a vida te coloca no
caminho certo, mas nunca tira, onde se espera e chega, onde
se fala e se responde, onde beijo ainda é beijo. Esse lugar
onde os caminhos se juntam e não se separam, onde o silên-
cio reina, e a tempestade e a chuva ganham lutas com pre-
textos para terminar abraçados... Onde dizer EU TE AMO é
sagrado, mas uma carícia é ainda mais... Eu sei que esse
lugar existe e vou encontrá-lo algum dia...
Com meu demônio a raiva se transforma em uma fera en-
jaulada que respira e cresce debaixo do meu ser e que me
consome. A sua constante presença faz com que me sinta
mais e mais carente de valor. O meu desejo de lutar contra
esse sentimento, para mostrar que minha força ainda conse-
gue segurá-lo, jaz por trás de cada um dos meus atos, mes-
mo que esses não sejam apenas fruto de minha consciência,
uma ilusão de ótica onde procuro sempre uma solução,
mesmo que ela seja impossível, sei que o impossível não
cabe a mim, mas posso ir até onde minhas forças podem me
levar, sou tão humano que sinto a fera rugir a me arranhar
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
as paredes de minha alma, ferida de guerra, ainda tem for-
ças para lutar a luz da lua, quando ela sente que é o momen-
to mais propício para atingir suas vitimas e quando minha
alma está em guerra com minha consciência. Uma guerra
covarde, onde todos os demônios possíveis me cercam de
todos os lados, e minha única defesa é saber que melhor que
lutar é defender-se, que quando chegar ao final dessa bata-
lha ferido de morte, ela pode me trazer o valor que eu tanto
procurava.
Estive pensando que ninguém se encontra na verdade. Que
estão todos completamente sozinhos. Que ninguém, nin-
guém sente seu rosto dentro de si, nem sua alma correndo
pelo seu sangue. Ninguém age invocando-se necessário,
ninguém constrói sua vida incluindo a si. Tenho pensado
tanto nestas coisas. Penso que podia morrer a qualquer ins-
tante e ninguém poderá evitar minha morte, ninguém a inju-
riará por ter me arrastado, ninguém pode me assegurar à
eternidade aqui. Tenho pensado na minha solidão absoluta,
desterro de toda a consciência que não seja a minha. Tenho
pensado que estou sozinho e que me sustento só em mim
para lidar com a minha vida e minha morte. Pensar que ne-
nhum ser precisa de mim como o meu próprio ser, que ne-
nhum ser pode me exigir para completar a minha vida. E
acredito que essa deve ser a minha verdadeira morte...
VIL BECKER 144
Não me deixe sozinho, solidão, não me deixes imerso num
mar de trevas, não me largues a mão, solidão. Rodeado por
um mar de gente, e ao mesmo tempo sozinho, procurando
uma luz no túnel e cada vez mais preso a ele, sou como um
boneco de pano, jogado na rua sem um lar ou um coração,
vendo de um banco de praça como a vida passa, alheia ao
que acontece comigo, um simples fantoche que faz o que o
titereio ordena. Vendo como as pessoas andam sem com-
preender o cheiro de morte, de seu triste fim. Sou morto em
vida, sou a esperança vencida, sou o sorriso fingido,
sou...Esse sou eu na essência de quem somos... Quem so-
mos?, somos apenas o que os outros esperam, somos produ-
to de uma sociedade perversa e lúgubre, somos peões no
jogo de um supremo, peças sem valor e sem um fim, des-
cartáveis e substituíveis quando já não somos mais úteis.
Para que seguir, para que viver, para que fingir, para que
continuar a brincar, só mais mal fazemos e nos fazem, só
pegamos uma vida que mais cedo ou mais tarde teremos
que devolver. Cada quem criando um muro de aço, onde
ninguém pode entrar e ninguém pode sair, cada quem com
sua mísera felicidade. Estou deitado sobre o chão frio à es-
pera que o fim chegue, cansado de pensar e respirar, sou
porque existo, existo porque penso, penso porque sou, ocu-
pando um espaço em um imenso universo, sou apenas uma
partícula mais, para que ao nascer se no final morreremos,
para que ter falsas esperanças se no final tudo termina.
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
Para que continuar a responder um sim quando nos pergun-
tam: "você quer viver?"
Nem dois nem três. Somos um. E um a um vamos cami-
nhando em nossas experiências. Compartilhando o necessá-
rio para sabermos viver, sendo íntegros e indivisíveis. Sabo-
reando o que ainda não sabemos de nós mesmos. Um ban-
quete sagrado se aninha em cada criação. Passado o tempo
de amores perros, onde o aroma de rosas só se distinguia
pelo spray. Passado o tempo do silêncio submetido a um
sim ou não sem decisão. Passado o tempo da covardia sub-
metida à tentativa do poder por posse. Passado o tempo em-
bora lembremos em ressaca esse agir e criamos pertencer a
essa realidade. Nem devagar nem depressa, justo para cada
momento o impulso da criação certeira. Já somos o que fo-
mos, pais, mães, filhos, filhas, profissionais, amantes, espo-
sas e maridos.
Algemados todos a uma forma de nos mostrar. Nem bem,
nem mal, conhecemos o vulnerável dos nossos atos mais
nenhum é tão importante como o canto alado do homem e a
mulher caminhando a terra. Frágeis, mais não sensíveis.
Firmes, mas não duros. Amantes do amor, mais não de ho-
mens e mulheres. Inteligentes por natureza, mas não inte-
lectuais de biblioteca. Somos ar dando voz ao espírito. So-
mos água dando emoção para a vida. Somos fogo a trans-
formar a realidade. Somos terra dando forma à nossa visão.
Nem mais, nem menos, somos cada um dos elementos da
terra mais um, um mais que nadifica cada essência e prevê a
criação. Nada pode deter o canto da alma, nada pode deter a
evolução, nada pode parar a vida nem a morte no seu má-
ximo esplendor. Somos o incalculável da razão, mas nem a
ciência pode verificar a criação.
VIL BECKER 146
A vida existe em cada espaço da existência e a máxima ve-
rificação só existe vivendo o andar. Se algo nos serve a his-
tória é para dar rédea solta à consciência tendo conhecido
tudo o que podemos vir a ser, para lembrar quem somos.
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
Três fenômenos que, constituem a base da forma mais ma-
ligna e perigosa da orientação humana; são: o amor à mor-
te, o narcisismo maligno e a fixação simbiótico-Incestuosa.
As três orientações, quando combinados, formam o "Sín-
drome de decadência", O que move o homem a destruir pe-
lo prazer da destruição, e a odiar pelo prazer de odiar.
Assim, também há de lembrar da decadência sem elegância,
no qual a expressão está adaptada de outra que andou na
moda na segunda metade do século passado. Mas que per-
tence a outra época. E a outro país. A decadência vinha a-
companhada da elegância. Decadence avec elegance. Na
França do final do absolutismo, na véspera da guilhotina,
nas ruas se varria o feudalismo do mapa. Mas na corte se
promoviam festas em que essa realidade era alegremente
ignorada. A violência urbana talvez seja o mais evidente
deles. Com milhares de vítimas inocentes destes últimos
anos. O país está entre os mais violentos do mundo. Cami-
nhou para o topo desse ranking nas últimas quatro décadas.
Quem nasceu antes disso, ainda guarda na lembrança a i-
magem de um país pacífico. A vida nas metrópoles Brasi-
leiras está insuportável. Do trânsito as filas. Da sujeira a
poluição. Trabalhadores e estudantes vivem a mercê da in-
segurança e da intolerância de bandidos muitas vezes meno-
res de idade e protegidos por uma lei retrógrada. Que vida é
essa? E a educação, então? Nas avaliações internacionais de
VIL BECKER 148
aprendizagem, os alunos brasileiros ficam invariavelmente
colocados nas seis, sete últimas posições entre 50, 60 países
avaliados. A praga das nações atrasadas é o analfabetismo
funcional, de quem não lida com as tecnologias necessárias
às atividades profissionais. O Brasil não erradicou ainda
nem o analfabetismo tradicional, aquele de quem não sabe
ler nem escrever. As estradas ficam congestionadas a cada
final de semana. E matam, junto com o trânsito urbano, 40,
50 mil pessoas por ano. Mais que qualquer guerra contem-
porânea. A síndrome da decadência brasileira tem outros
sintomas além desse conjunto.
Então a quem queremos enganar com meias verdades ou
meias mentiras, uma meia verdade pode não se tornar uma
verdade inteira, e nem uma meia mentira se tornar uma ver-
dade, nunca colhi uma meia laranja ou um meio limão, so-
mos seres inteiros, e nada nessa vida é pela metade, se co-
meçar a duvidar de uma verdade pela metade, quer dizer
que não existe verdade, se quiser acreditar numa meia men-
tira, terá que ir até o final e sofrer as consequências, eu po-
rém prefiro as rosas com espinhos, que apesar da mentira
que os espinhos machucam, sim machucam, mas fui eu
quem decidi colhê-la, essa é a minha consequência, mas ela
não vai ser uma meia rosa se não tiver espinhos, vai ser uma
rosa inteira ainda assim, triste na verdade é quem ama pela
metade, quem esconde os sentimentos por conveniência e
prefere as meias verdades achando que elas é que dão senti-
do a tudo, não sentido na metade se o que buscamos é o to-
do, o completo, o universo no paralelo de nosso ser, aquilo
que nos aproxima é tão completo como qualquer verdade
que já tenhamos ouvido, pois ela é a verdade que sempre
buscamos nas meias verdades, verdade inteira é o amor re-
cíproco, olhar apaixonado e voz suave, verdade inteira é
saber que quem esta do seu lado, não está com você sempre
que você precisa, verdade inteira, é saber que mesmo com
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
tantos planos para amanhã, tudo pode se acabar hoje, e tudo
o que acreditava ser apagado, por escrevo, pois sei que
mesmo que tentem apagar, as marcas ficarão para sempre,
essas marcas são a verdade que não existem metades, a não
ser que eu mesmo as separe, mas assim, transformaria toda
a verdade em uma mentira apenas, e o suficiente para des-
truir os sonhos de seja lá quem for, prefiro a verdade, e as-
sim os sonhos continuarão nos guiando para onde for nosso
destino, pois nada é por acaso, e não existem meios acasos,
sou o que a vida e as pessoas me fizeram, sou uma vida in-
teira e nada mais...
Qual o caminho certo a seguir? Principalmente quando se
sabe que a escolha feita não se desvincula da responsabili-
dade e suas consequências, que o amor por algo nos obriga
a consciência do dever de cuidado e respeito e de que crime
algum pode ficar impune, principalmente quando as mãos
estão sujas com sangue e lágrimas alheias, apesar de pensar
que as coisas poderão mudar, algumas informações que bei-
ram ao grotesco merecem, no mínimo, uma boa explicação,
caso contrário, apenas uma rigorosa apuração para dissipar
o cheiro de podre que infesta o ar, não podem ser dessas
explicações que já estamos acostumados a ouvir, que mais
se assemelham à forma de escapatória.
O certo é que preciso agir, transformar o mundo a partir de
uma ação, que passe da esfera da revolta individual, pois
esta, na maioria das vezes, apenas se identifica, com o sen-
timento de vingança pessoal, não alterando o curso da histo-
ria. Cabe, assim, a minha pessoa com uma consciência justa
exigir a apuração da conduta errada e não arredar o pé até
que tudo se esclareça, com o criminoso devidamente puni-
do, em caso de comprovação do crime.
VIL BECKER 150
Mas para a maioria o que importa o crise, o legal é curtir o
banal e o fútil e compartilhar o duvidoso, bom mesmo, é
apreciar o que a vida tem de mais bizarro e mal cheiroso,
aliás, há algo de podre no reino, mas nós já nos acostuma-
mos ao cheiro. E como diz Shakespeare" quando as coisas
não nos correm bem, vezes por culpa de nossos próprios
excessos, culpamos o sol, a lua e as estrelas, como se fos-
semos celebrados por necessidade, tolos por compulsão ce-
leste, velhacos, ladrões e traidores pelo predomínio das es-
feras".
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
Sou um furacão, pronto para detonar o mundo ruim que faz mal para pessoas com o olhar e o sorriso como o seu. Incrível essa capacidade de estar bem e estragar tudo ao mesmo tempo que as pessoas têm, em se julgar certos mesmo sabendo que cometem os mesmos erros, tudo é incrível quan-do envolve a vontade de vencer, reconquistar o tempo perdi-do, eu diria que na tabela periódica da vida somos ametais, pois conseguimos viver sozinhos sim, porém, assim somos com-pletamente incompletos dentro de um ser completo. Precisa-mos dividir nossas energias, nossos elétrons e assim continu-armos nossos caminhos Ligados. Você pode mudar todas as concepções sobre o que pensa só com um olhar ou um sor-riso, mudar o jeito torto de quem acha seu jeito estranho e no pouco tempo de conversa mostrar o quanto é incrível, e ainda pode ser mais que as pessoas possam esperar. Gosto de pes-soas que olham os fatos de forma diferente, ser compreensivos, ter paciência, ouvir, sei que algumas horas não são suficientes
VIL BECKER 152
para afirmar tudo isso, mas um jeito, um olhar, uma expres-são falam muito mais do que podemos imaginar, basta pres-tar atenção sem chamar a atenção. Se eu não viver o res-to da minha vida, me contento com esse pouco tempo que tive sua companhia, afinal não é o tempo que faz das pessoas mais felizes, mas as lembranças, as coisas mais simples, e eu aceitaria viver minha simplicidade com você. Pena que você não quis. Ainda penso em como perdoá-la, mesmo que eu não acho que a odeio, tomou o labirinto que pensava ser o caminho certo mas entrou em um beco sem saída., sobre fa-lhas perdoadas por conta de promessas que nunca se cumpri-rão a mentira só mata quem as conta e quem acredita nelas, hoje prefiro ser o nada que você aceitou acreditar do que ser a mentira do tudo ao qual você acreditou. Agora o nosso passado ficou apenas onde não pode mais ser presente e quem vive de presente não aceita as esmolas do passado nem espera que o futuro tenha de volta o que nunca teve no passado E ainda prefiro os nossos cinco minutos intensos aos seus cinco anos tensos.
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
Estou cansado, cansado de gente estúpida, prepotente, que
pensa que o mundo gira no seu único e próprio umbigo.
Cansado de gente vazia que não sabe o que diz, o que faz,
de onde vem e pra onde vai se é que vai. Cansado de gente
falsa, hipócrita, cuidam dos amigos com redomas e são to-
dos inimigos dentro de uma mesma trincheira. Cansado de
gente que ri de tudo e de todos o dia todo e, durante a noite,
dorme, deixando toda merda que fez pra que seja limpa pe-
los que tem insônia e passam madrugadas de angústias e
depressões não entendendo do que essa gente tanto se diver-
te. Cansado dessa gente que se diverte ás custas dos outros,
que esquece dos outros, que rouba o sonho dos outros, que
não diz obrigado, que não dá licença, que não permite, que
invade, que atrapalha. Gente que ofende, que não sabe dis-
cordar sem acordar a fúria que dorme disfarçada de lobo
traiçoeiro, feito cobra venenosa que rasteja pronta para o
bote. Cansado de ver toda essa gente que caminha parada
no mesmo lugar e ocupa espaço, mas não preenche nada, e
não anda, mas acha que manda e faz e desfaz o que bem
quer, sem saber o que significa o bem querer. Cansado de
gente que só sabe e conhece um único verbo e só faz uso
dele em um único tempo, o presente, e passa o tempo todo
colhendo, e desconhece toda e qualquer arte de semear,
plantar, cuidar e preservar.
Estou cansado dessa espécie que infelizmente não entra em
extinção, ao contrário, prolifera a cada dia. Estou cansado
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de gente fraca que não tem opinião e que muda de opinião
sem ao menos ter opinião. Cansado de gente que não pensa,
de gente que sabe mais da vida dos outros do que do pró-
prio nariz, cansado de gente que não respeita, aqueles que a
cada noite, chegam em casa com as mãos, os pés e o cora-
ção estraçalhados de sentir na própria pele e na própria al-
ma a dor e sofrimento por não fazer parte dessa gente que
eu digo que estou cansado.
Amanhã quero acordar, ver o sol na janela, sentir calor, di-
zer bom dia para as pessoas de bem, e ao som de uma músi-
ca, embalar meu sonho de criança de jamais cansar de mim
mesmo.
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
No momento em que a solidão tomar conta e invadir o seu coração e de alguém você precisar para preenchê-la de amor e carinho, será de mim que lembrará, pois a todo o momento corri feito um louco para te fazer a mulher mais feliz e te provar o quanto eu te amava, mas você não me deu oportu-nidade para expressar todo meu sentimento. No meio da noite quando perder o sono, e rolar pela cama verá que estás sozinha, e que além daquela escuridão não há mais nin-guém, e nesse momento você pensara em mim, pois se estivés-semos juntos iria te acordar e com todo prazer te faria dor-mir novamente, fazendo-lhe carinhos e dizendo ao pé de seu ouvido o quanto eu te amava. Nos finais de semana que seus amigos não estiverem com você, e sozinha novamente estiver, sem ter o que fazer, sentira a minha falta, pois por mais que não me amasse o quanto eu te amei, eu servi para estar com você nos momentos em que estava sozinha. Quando todos a sua volta não sorrirem para você, do meu sorriso você lembrará. E quando a velhice chegar, a sua
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pele enrugada ficar, e nenhuma outra te querer, essa vai ser a pior hora para você, pois refletirá e verá o quanto eu te amava, o quanto eu fazia de tudo para estar ao seu lado. Noites que passei acordado por nem se quer uma mensa-gem você me mandar. Decepções que tive com você me fizeram hoje ser forte e pensar mais em mim, pois quando entreguei a minha vida para ti, dela você fez o que bem quis, e esqueceu que carrego um coração, e que tenho senti-mentos... Afinal quando o arrependimento chegar você vai ter que entender a triste realidade, eu te amei, agora já não amo mais!
E em outras palavras
VOCÊ ME PERDEU!
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
Bom, é isso, por toda a minha vida eu esperei o momento
certo para que soubesse expressar de maneira singela nos-
sos “PENSAMENTOS NÁUFRAGOS”, mas agora eu per-
cebo que não há “tempo perfeito” para confessar sentimen-
tos, eu me recuso a desperdiçar mais um segundo da minha
vida pensando em quando vai chegar esse momento, pois
quando esperei acabei me perdendo no caminho, juro que
todo resto poderia desaparecer e eu não ligaria mais para
quando poderia ser perfeito, mas como tentar ser perfeito,
com tanta imperfeição, saibas que todas essas palavras que
eu estou aqui a te dizer são verdadeiras, então não deixe que
elas sejam em vão, por muito tempo eu as guardei pois sa-
bia que talvez não fosse apenas uma INQUIETUDE da mi-
nha alma, mas preferi tentar e do que manter essa angustia
de nunca saber e viver perdido no tempo, pois por muito
tempo eu mantive esses sentimentos em segredo, eu só fazia
morrer por dentro, é hora de compartilhar o que sinto mes-
mo que você talvez não se importe.
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PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
Estive procurando o amor em todo o lado, na lua cheia, nos
sussurros do vento, no brilho das estrelas, no fluir da água,
nas partes rochosas da terra. Durante muito tempo eu estava
procurando o amor, em cavernas escuras, em prados cheios
de luz, Nas folhas das árvores ao cair, no brilho dos olhos,
nas gargalhadas, Nas melodias e não pude encontrá-lo,
Então decidi pesquisar um pouco mais perto, em minhas
mais belas memórias, nas ações mais puras, nos meus o-
lhos, meu sorriso, no meu cabelo, na minha forma de ser.
Então hoje o encontrei, o amor está no meu coração e em-
bora pareça algo lógico, para mim foi totalmente novo por-
que descobri que o amor que estava procurando. Não pode-
ria encontrá-lo, nem no mundo, nem nas pessoas, o amor
que estava procurando era o que estava em meu coração,
muitos costumam dizer amor próprio, mas eu decidi chamá-
lo de reconhecimento das cores de minha alma. E agradeço
a todos os que fizeram isso possível, mas meu afeto primei-
ro vai para aqueles que almejaram junto da minha pessoa
esse feito, aqui não estão apenas às cores da minha alma,
estão cada palavra pela qual a minha alma utilizou para de-
cifrar cada cor em todos os sentimentos possíveis.
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http://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=176280
https://vilmarbecker.blogspot.com.br/
https://pensador.uol.com.br/autor/vilmar_becker/
https://www.facebook.com/Vida.videbula
PENSAMENTOS NÁUFRAGOS
Nascido e criado em Joinville, Santa Catarina, 41 anos, di-
vorciado, adepto das boas palavras, cursou ensino superior
de Tecnologia em Segurança no Transito de 2011 a 2013
pela Universidade do Sul de Santa Catarina, escreveu al-
guns artigos para uma coluna de segurança no transito de
um jornal impresso comunitário de Joinville, outros textos
para o Recanto das Letras e para o Blog spot “PENSA-
MENTOS NÁUFRAGOS” e as Fan pages “PENSAMEN-
TOS NÁUFRAGOS” E “TRANSITO SEM ACIDENTE”,
iniciou a carreira profissional aos 14 anos de idade como
operador de máquinas, atuou na área logística por 12 a-
nos, e como instrutor de segurança no transito em Auto es-
colas de 2010 a 2015, em 2013 e 2014 trabalhou para o
Serviço Nacional de Aprendizagem para o Transporte (SE-
NAT), em 2015, ajudou pessoas que sofriam de fobia na
direção de veículo automotor (medo de dirigir), com contro-
le comportamental na direção.
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