percepção, comunicação e educação ambiental em unidades de
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PERCEPÇÃO, COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO: UM ESTUDO NO PARQUE ESTADUAL DE ESPIGÃO ALTO – BARRACÃO/RS - BRASIL
PERSPECTIVA, Erechim. v.34, n.128, p. 103-114, dezembro/2010
PERCEPÇÃO, COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO: UM ESTUDO NO PARQUE
ESTADUAL DE ESPIGÃO ALTO – BARRACÃO/RS - BRASIL
Perception, communication and environmental education in conservation units: a study in the State Park of Espigão Alto – Barracão/RS – Brazil
BRESOLIN, A. JZAKRZEVSKI, S. B. B.
MARINHO, J.R.
Recebimento: 16/11/2010 – Aceite: 17/12/2010
RESUMO: Este estudo tem por objetivo identificar/caracterizar as percepções ambientais de representantes da comunidade de Barracão/RS sobre o Parque Estadual de Espigão Alto (PEEA), antes e após a realização de um Programa de Comunicação e Educação Ambiental (EA), com vistas à revalorização da Unidade de Conservação (UC) localizada no município. Estiveram envolvi-dos no estudo 18 sujeitos de diferentes segmentos sociais de Barracão/RS (professoras, lideranças municipais e funcionários da UC). A pesquisa foi desenvolvida em três Etapas: 1ª) Identificação das percepções iniciais dos sujeitos sobre o Parque Estadual de Espigão Alto, por meio de questionários de evocações livres, entrevistas e construção de mapas mentais; 2ª) Envolvi-mento dos sujeitos da pesquisa na realização de um Programa de Comunicação e EA (processo de formação voltado à EA em UCs e ao Parque; elaboração e implementação de um Projeto de EA voltado à revalorização da UC); 3ª) Identificação e avaliação das mudanças nas percepções dos sujeitos pela rea-plicação dos instrumentos de pesquisa após seu envolvimento no Programa. Diagnosticou-se pelo estudo que os sujeitos agregaram, aos conceitos ecológi-cos, aspectos sociais, culturais e práxicos: o ambiente passou a ser percebido em uma visão mais sistêmica, pela qual se estabelecem diferentes níveis de complexidade/uso/conservação/identidade. Os resultados do estudo também apontaram desafios para o fortalecimento da relação entre a comunidade e a UC como: continuidade das atividades de comunicação e EA (formal e não
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formal); criação do Conselho Consultivo para a UC, que colabore para sua gestão participativa; e revisões no Plano de Manejo da UC. Palavras-chave: Ecologia Aplicada. Unidades de Conservação. Gestão Par-ticipativa. Proteção Integral.
ABSTRACT: This study aimed to identify/characterize the environmental perceptions of the Barracão/RS community concerning the State Park of Es-pigão Alto (SPEA). The evaluation was made before and after performing a Communication and Environmental Education (EE) Program, directed to the valorization of this Conservation Unit (CU). The study was made with citizens of distinct social segments (teachers, local leaders and park employees), totali-zing 18 subjects. The research was composed by three stages: 1st Stage: initial perceptions of the educators and county leaders� basic concepts connected to the Park, through the use of free evocation questionnaires, interviews and constructions of CU mind-maps; 2nd Stage: research subjects evolvement on a Communication and EE Program (formation process directed to EE in CU�s and in the Park; creation and accomplishment of an EE project heading for the CU upgrading). 3rd Stage: identify and evaluate the perception changes of the subjects by reapplying the research instruments after their participation in the Program. Our results indicated a positive change in the subject�s perceptions. We found that the subjects started to connect social and cultural aspects to the ecological concepts; the environment started to be perceived from a more systemic vision of inter- relations, where different levels of complexity/use/conservation and identity were established. The results of our study indicate some challenges in order to reinforce the relation between the community and the CU: the permanence of EE and communication activities (formal and informal); the creation of a CU Consultative Council, which could help in the process of participative management; and a revision on the CU Management Plan.Keywords: Applied Ecology. Conservation Unities. Participative Manage-ment. Integral Protection.
Introdução
Atualmente, o estabelecimento de Unida-des de Conservação (UCs) é reconhecido, em nível global, como uma estratégia importante para a conservação in situ da biodiversidade, proteção do meio físico e preservação do patrimônio histórico-cultural associadas aos ambientes naturais e às populações que com eles se relacionam. No Brasil, o estabele-
cimento de um sistema legal e abrangente, referente às UCs, deu-se pela instituição do Sistema Nacional de Unidades de Conserva-ção (SNUC), por meio da Lei 9.985/2000. Conforme o SNUC (BRASIL, 2000), as UCs são “espaços territoriais e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legal-mente instituídos pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção”.
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Porém, o histórico de criação dessas áreas demonstra que as mesmas não são efetiva-mente suficientes para assegurar a proteção dos recursos naturais, culturais e históricos. Desde a criação das primeiras UCs, uma das grandes dificuldades enfrentadas é a falta de envolvimento das comunidades tradicionais ou lindeiras a essas áreas protegidas para/com o seu manejo e conservação mais eficientes, ocorrendo divergências entre a população e os setores responsáveis por sua criação.
O envolvimento das comunidades vizi-nhas às UCs é fator preponderante na elabo-ração e desenvolvimento de programas de Educação ambiental (EA) que, para serem eficientes, não devem apenas considerar como objeto de estudo os aspectos relacio-nados à conservação da biodiversidade, nem serem unilaterais, partindo do órgão gover-namental para a comunidade, mas sim incor-porar uma relação harmônica de intercâmbio, participação e conhecimento (BERNARDES; MARTINS, 1998).
Uma das formas que se pode destacar para a aproximação e compromisso da população, em relação às áreas protegidas, é fazê-la pensar sobre a UC, os benefícios diretos e indiretos que ela apresenta para o local e o papel de cada cidadão na sua conservação, ou seja, buscar a percepção ambiental que as pessoas têm sobre a UC.
Todos nós temos determinadas sensações sobre o ambiente que nos cerca. Cada indi-víduo faz sua interpretação desse espaço, criando uma imagem própria e exclusiva para representá-lo. Ela constitui-se na representa-ção que um indivíduo, uma população ou uma parcela apresenta sobre o ambiente onde está inserida (PACHECO; SILVA, 2007).
Segundo Reigotta (2002), os estudos de percepção, além de subsidiarem a realização de projetos/programas e atividades de EA, formal e não formal, ajudam na formulação de políticas públicas e concedem suporte para
as diferentes estratégias a serem adotadas. Ou seja, entender como as pessoas veem uma UC (seus valores ecológicos, recreacionis-tas, estéticos e até mesmo espirituais), e que expectativas têm quanto à mesma, facilita o envolvimento em sua gestão e conservação.
Este estudo teve como objetivo investigar as percepções ambientais de um grupo de educadores/lideranças do município de Bar-racão/RS, antes e após o envolvimento dos sujeitos em um Programa de Comunicação e EA, voltado à revalorização do Parque Estadual de Espigão Alto.
O Parque Estadual de Espigão Alto situa-se ao norte do RS, no município de Barracão, junto ao rio Uruguai, fazendo divisa com o Estado de Santa Catarina e apresenta uma área de 1.325,4 hectares. A UC classifica-se, de acordo com o SNUC (BRASIL, 2000), como de Proteção Integral e, portanto, obje-tiva a manutenção dos ecossistemas livres de alterações causadas por interferência antrópi-ca, admitindo apenas o uso indireto dos seus atributos naturais. No contexto da Reserva da Biosfera, a UC está inserida na zona-núcleo da Mata Atlântica – área considerada como um hot-spot da biodiversidade global de máxima restrição e com mera importância. No contexto nacional, a UC preserva uma significativa amostra da Floresta Ombrófila Mista que se conecta à Floresta Estacional, às margens do rio Uruguai, compreendendo uma expressiva biodiversidade, sendo que várias espécies são consideradas ameaçadas de extinção (RS, 2004).
Metodologia
O estudo caracteriza-se como uma pesqui-sa qualiquantitativa que abrangeu um grupo de pesquisa, constituído por 18 sujeitos, re-presentantes de diferentes segmentos sociais do município de Barracão/RS, envolvidos em processos educativos, formais e não formais,
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nesse município que mantém diferentes modos de relação com a UC, em questão: a) Funcionários do Parque Estadual de Es-
pigão Alto: dois representantes do grupo de funcionários da UC – o Administrador da UC e um representante dos guarda-parques, que trabalham na manutenção, conservação e fiscalização da UC;
b) Professoras: seis educadoras, represen-tantes das escolas de Barracão: E.M.E.F. Paulo Freire; Constantino Machado Perei-ra; Dorval Porto Cardoso; Plínio Basso; Libório Moreira de Lima; E.M.E.I. Alípio dos Santos; C.E. Jesus Menino; E.E.E.F. João Tonial;
c) Lideranças municipais: dez sujeitos, representantes da Prefeitura Municipal de Barracão (Secretaria de Adminis-tração e SMECD); Câmara Municipal de Vereadores; EMATER/ASCAR-RS; Câmara de Dirigentes Lojistas; Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Barracão; Reassentamentos Rurais do Município; Rádio Cidade; ONG Selva.
O estudo foi desenvolvido em três etapas:‘1ª Etapa - Diagnóstico das percepções
ambientais iniciais dos educadores/lideranças municipais de Barracão sobre meio ambiente, UCs e sobre o Parque Estadual do Espigão Alto, por meio de:a) Questionários de evocações livres: essa
técnica de coleta de dados permite colocar em evidência o universo semântico do ob-jeto estudado, assim como a sua dimensão imagética, de forma rápida e dinâmica (OLIVEIRA et. al, 2005). Cada sujeito teve a possibilidade de evocar seis palavras acerca dos termos meio ambiente e UCs e numerá-las por ordem de importância. O material foi tratado pelo software EVOC 2000, que gerou o “quadro de quatro ca-sas” (VERGÈS, 1992) para o corpus de análise (Figura 1).
Idéias Centrais
ElementosIntermediários
ElementosIntermediários
Sistema Periférico
1º QUADRANTE
4º QUADRANTE3º QUADRANTE
2º QUADRANTE
Freq >= 6
3=<Freq < 5
Rang < 3 Rang >= 3
MÉ
DIA
DA
SM
ÉD
IAS
PO
ND
ER
AD
AS
PO
RO
RD
EM
DE
EV
OC
AÇ
ÃO
MÉDIA DA FREQUÊNCIA DAS PALAVRAS
Idéias Centrais
ElementosIntermediários
ElementosIntermediários
Sistema Periférico
1º QUADRANTE
4º QUADRANTE3º QUADRANTE
2º QUADRANTE
Freq >= 6
3=<Freq < 5
Rang < 3 Rang >= 3
MÉ
DIA
DA
SM
ÉD
IAS
PO
ND
ER
AD
AS
PO
RO
RD
EM
DE
EV
OC
AÇ
ÃO
MÉDIA DA FREQUÊNCIA DAS PALAVRAS
Figura 1 - Quadro de quatro casas. Para os pontos de corte foram considerados valores: da frequência mínima (3,0); da frequência média, ou seja, a quantidade média de evocação da palavra mediante o total (6,0); e das ordens médias de evocação, ou seja, do rang (3,0).
b) Entrevista semiestruturada: optou-se pela aplicação de entrevistas semiestruturadas, porque se considera que os textos são materiais que preservam a qualidade dos fenômenos estudados, pois são produzidos de forma “mais natural” que as respostas aos instrumentos padronizados, como o questionário de evocações. A entrevista buscou identificar os significados atribuí-dos ao Parque: que problemas o afetam e quais as medidas a serem adotadas, pela população do entorno, com o objetivo de proteger a UC. Os dados das entrevistas foram interpretados por meio de análise de conteúdo, segundo a metodologia pro-posta por Moraes (2005). Os resultados decorrentes da análise de conteúdo foram organizados em tabelas com categorias e semicategorias de análise.
c) Construção de mapas mentais do Parque e entorno: com o objetivo de verificar que elementos do Parque/entorno se destacam para os sujeitos da pesquisa, investigando os diferentes elementos de maior signifi-cação.
2ª Etapa: Realização do Programa de Comunicação e EA: constituído por um processo de formação de educadores/lide-ranças municipais em EA e UCs, com ênfase
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ao Parque Estadual de Espigão Alto (março a setembro/2009); a elaboração coletiva de um Projeto de EA voltado à revalorização desse Parque, a ser implementado junto à comunidade de Barracão (setembro/2009); e a implementação do Projeto de EA (outubro e novembro/2009).
3ª Etapa: Diagnóstico das percepções dos educadores/lideranças municipais de Barracão, após a realização do Programa de Comunicação e EA: esse diagnóstico foi realizado no período de janeiro/feve-reiro de 2010, quando foram reaplicados os instrumentos de pesquisa da Etapa inicial, buscando a identificação de mudanças nas percepções dos educadores/lideranças mu-nicipais.
Resultados e Discussão
As Percepções iniciais dos Educadores/Lideranças Municipais de Barracão sobre meio ambiente, UCS, e sobre o Parque Estadual do Espigão Alto
Segundo Reigota (2002), o conceito de ambiente evolui no tempo e depende do gru-po social que o utiliza, da formação profissio-nal das pessoas, de suas vivências, do lugar onde vivem. Assim, as relações dinâmicas e interativas que ocorrem no ambiente indicam a constante mutação, resultado da dialética das relações entre os grupos sociais e o meio natural e construído, implicando um processo de criação permanente que estabelece e ca-racteriza culturas em espaços específicos. No momento em que o ser humano transforma o espaço (meio natural e social), é também transformado por ele.
No Quadro I, identificam-se as principais ideias sobre meio ambiente evocadas pelos sujeitos da pesquisa e submetidas a um tratamento de dados, utilizou-se o software
EVOC em consonância com a técnica do “quadro de quatro casas” (VERGÈS, 1992). O quadro permite a organização das ideias da evocação em centrais (1º quadrante), inter-mediárias (2º e 3º quadrantes) e periféricas (4º quadrante).
MEIO AMBIENTE
Rang<3 Rang>=3
1º QUADRANTE
Freq. Rang 6 planeta 2,333
9 plantas_vegetais 2,556
6 vida 2,667
2º QUADRANTE
Freq. Rang 10 agua 3,400
6 ambiente_que_vivemos 3,167
10 fauna_animais 3,700
Freq>=6
3º QUADRANTE
Freq. Rang
3 natureza 2,000
4º QUADRANTE
Freq. Rang
4 ecossistemas 4,500
4 florestas 4,250
4 recursos 3,750
4 ser_humano 3,750
4 solo 4,250
3=<Freq<5
Número total de palavras citadas: 102 Número de palavras diferentes: 41
Rang médio: 3,0 Freqüência mínima: 3,0 Freqüência intermediária: 6,0
Quadro 1 - Quadro de quatro casas para as ideias de meio ambiente dos educadores/lideranças municipais de Barracão/RS (2009)
As percepções iniciais dos educadores/lideranças municipais revelaram que estes possuíam, em sua grande maioria, uma con-cepção de ambiente como natureza. Nessa concepção, segundo Sauvé (1996), muitos distinguem o natural (fora da intervenção humana) do que é produto da ação humana, e o ser humano é visto dissociado da pintura cênica (a natureza é tudo o que é externo ao ser humano). Mesmo assim, ele tem clareza que depende do ambiente para a sua própria sobrevivência, ou seja, o comportamento com o meio é determinado pelas necessidades e interesses humanos, numa perspectiva de ambiente como um “sistema provedor de recursos”.
Os sujeitos pesquisados compreendiam as UCs como áreas protegidas, que possuem o objetivo de preservação, como se fossem porções intocáveis do território, reservadas a manter a natureza (mais uma vez vista como desvinculada dos aspectos sociais, culturais e históricos), áreas fiscalizadas e onde podem ser desenvolvidos estudos/pesquisas (Quadro II). Não foi possível identificar nenhum as-pecto de envolvimento social, de manutenção
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e uso sustentável da biodiversidade, de gestão e administração de recursos naturais ou de abordagem ecossistêmica da paisagem.
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
Rang<3 Rang>=3
1º QUADRANTE
Freq. Rang 6 preservação 2,167
9 proteção 2,556
2º QUADRANTE
Freq. Rang
Freq>=6
3º QUADRANTE
Freq. Rang
3 fauna_animais 2,667
3 flora 2,333
3 reserva 2,667
4º QUADRANTE
Freq. Rang
5 área_protegida 3,400
3 conservação_natural 3,667
4 estudos_pesquisas 3,250
4 fiscalização 3,000
3=<Freq<5
Número total de palavras citadas: 89 Número de palavras diferentes: 56
Rang médio: 3,0 Freqüência mínima: 3,0 Freqüência intermediária: 6,0
Quadro 2 - Quadro de quatro casas para as ideias de Unida-des de Conservação dos educadores/lideranças municipais de Barracão/RS (2009).
Nas percepções sobre o Parque Estadual de Espigão, identificou-se que os educadores/lideranças municipais agregaram diversos significados à UC, principalmente como um local de conservação do meio natural (Tabela 1). Ainda como significados principais, foi citado que o Parque é um bem (patrimônio) para o Município; um local onde podem ser realizadas atividades de turismo; e uma área a ser conservada por ter importância também às futuras gerações.
Tabela 1 - Categorias de análise dos significados associa-dos ao Parque Estadual de Espigão Alto pelos educadores/lideranças municipais de Barracão/RS (2009).
Significados associados ao Parque Estadual de Espigão Alto Sujeitos que citaram
a categoria
%
categoria
SERVIÇOS
AMBIENTAIS
Conservação 18 sujeitos
77,8%
Local de estudos , um espaço para a construção de
conhecimento
8 sujeitos
Ar puro 7 sujeitos
Harmonia – equilíbrio ambiental 4 sujeitos
Local para a realização de pesquisas científicas 3 sujeitos
Turismo 3 sujeitos
Importante para as futuras gerações 3 sujeitos
Interação comunidade – UC 2 sujeitos
Sustentabilidade 2 sujeitos
Possibilita a construção de valores para a conservação 2 sujeitos
Local agradável e aconchegante 2 sujeitos
Cuidado 2 sujeitos
Beleza cênica 2 sujeitos
Regulação climática 2 sujeitos
BENS
AMBIENTAIS
Riqueza – biodiversidade 5 sujeitos
16,7% Araucárias 2 sujeitos
Variabilidade genética 2 sujeitos
IDENTIDADE
LOCAL
Bem (patrimônio) para o município 3 sujeitos 5,5%
Pela construção dos mapas mentais, os sujeitos demonstraram que possuem conhe-cimento de diversos elementos do Parque e
entorno; no entanto, numa representação na-turalista da paisagem, principalmente como elementos da biodiversidade da UC (Figura 2), com poucos elementos construídos ou humanos, em sua grande maioria, represen-tados de forma dispersa, sem relações de continuidade.
Figura 2 - Mapa mental do Parque Estadual de Espigão Alto.Fonte: Sujeito 2 (2009)
A maioria dos elementos, construídos e humanos, presentes nos mapas mentais, têm relação com aspectos cotidianos dos sujeitos, espaços da vida social e comunitária. Já os elementos naturais apresentam forte valor estético: as belas paisagens do Parque. Essa percepção do ambiente está relacionada com um sentimento de contemplação e admiração, pelo qual, muitas vezes, o indivíduo é apenas um observador do ambiente, não se sentindo integrado a ele.
Ao serem questionados sobre os proble-mas que afetam o Parque, os educadores/lideranças municipais disseram que estes estão principalmente relacionados a ações, realizadas no entorno da UC, e à falta de diálogo, comunicação e envolvimento da
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comunidade com o Parque, sendo necessárias tanto medidas de gestão ambiental quanto ações de EA que estimulem a construção de conhecimentos, sobre o Parque, junto à população.
Os sujeitos ainda identificaram um gran-de número de atividades que poderiam ser realizadas no Parque, como atividades de EA/estudo, de gestão, de pesquisa, de lazer/turismo, e atividades de comunicação am-biental (Tabela 2).
Tabela 2 - Categorias de análise das atividades que podem ser desenvolvidas junto ao Parque Estadual de Espigão Alto, segundo os educadores/lideranças municipais de Barracão/RS (2009).
Atividades que podem ser desenvolvidas junto ao Parque Estadual de Espigão Alto
Sujeitos que citaram a categoria
% categoria
ATIVIDADES DE EA / ESTUDO
Trilhas interpretativas de reconhecimento das características principais da UC
9 sujeitos
25%
Atividades de EA e estudo no ambiente voltadas a alunos 8 sujeitos
Atividades de EA para sensibilização da população acerca da conservação da UC
2 sujeitos
Atividades de interpretação em parceria com a ONG Selva 2 sujeitos
ATIVIDADES DE PESQUISA
Pesquisas científicas sobre a fauna, flora e clima do Parque 9 sujeitos
18,7%
Pesquisas científicas sobre espécies em extinção / endêmicas 3 sujeitos
Estudo de plantas medicinais e etnobiologia 1 sujeito
ATIVIDADES DE GESTÃO DA UC
Atividades de formação voltadas à comunidade para construção de conhecimentos sobre a UC
4 sujeitos
25% Composição de banco de sementes de espécies nativas 3 sujeitos
Plantio de araucária e árvores nativas na UC e entorno 2 sujeitos
Projetos que estimulem práticas sustentáveis no entorno 1 sujeito
ATIVIDADES DE LAZER /
TURISMO
Turismo 2 sujeitos
25% Abertura de novas trilhas 2 sujeitos
Atividades físicas e de lazer 2 sujeitos
Atividades de meditação e observação da beleza cênica 2 sujeitos
COMUNICAÇÃO AMBIENTAL
Identificação de pontos e elementos característicos do Parque com placas informativas
2 sujeitos 6,3%
NÃO TEM CONHECIMENTO ACERCA DO ASSUNTO 2 sujeitos
Convém ressaltar que, de acordo com o SNUC, para a categoria Parques, é permiti-da a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambientais, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecoló-gico, estando, essas, sujeitas às condições de restrição de acordo com o Plano de Manejo da UC e sua Administração (BRASIL, 2000).
Breve descrição do Programa de Comunicação e Educação ambiental desenvolvido em Barracão/RS
O Programa de Comunicação e EA, realizado junto à comunidade de Barracão,
durante o período de março a novembro de 2009, contou com os seguintes momentos:
a) Formação de educadores/lideranças municipais em EA e UCs, com ênfase ao Parque Estadual de Espigão Alto:
O processo de formação foi construído a partir do diagnóstico realizado na primeira Etapa deste estudo, bem como de recomen-dações apresentadas por Bieluczyk (2009). A formação, que aconteceu no período de março a setembro/2009, foi marcada por momentos de estudo e discussão teórica, atividades práticas de visita/interpretação ambiental, arte e oficinas de EA. Também fizeram parte, da programação, do proces-so, atividades de educação a distância, por meio das atividades propostas nos Cadernos Temáticos de EA, utilizados para subsidiar o processo de formação.
Foram realizados sete encontros, totali-zando 50 horas de formação presencial. Os temas de estudo propostos, em consonância com os de maior interesse do grupo para os encontros, foram: Fundamentos da EA, UCs, Conservação da Biodiversidade, Caracteri-zação geral e da biodiversidade do Parque Estadual de Espigão Alto, Oficinas de EA e Elaboração de Projetos de EA (estando inclu-ído o momento de planejamento do Projeto de EA a ser implementado junto à comunidade de Barracão).
Atendendo às recomendações de Tonso (2005), o processo de formação proporcionou atividades que trouxeram à memória a histó-ria dos sujeitos, desenvolvendo seus sentidos lúdicos, afetivos e estéticos. Assim, não ficou atrelado apenas a fins de questão técnica e objetiva, de somente oferecer informações e esquecer-se da construção de conhecimentos relacionados à realidade dos envolvidos.
Ao final do processo de formação, o grupo sugeriu a constituição de um “Co-letivo Educador Ambiental de Barracão”, composto pelos envolvidos, na organização
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da implementação do Projeto de EA, junto à comunidade municipal.
b) Elaboração coletiva de um Projeto de EA voltado à revalorização do Parque Estadual de Espigão, a ser implementado junto à comunidade de Barracão
Uma vez que, nas etapas de planejamento do processo de formação, diagnosticaram-se a importância e necessidade de um efetivo Programa de Comunicação e EA, a ser implementado no município, o grupo de educadores/lideranças municipais esteve envolvido na elaboração de um Projeto de EA, que contribuísse para a revalorização do Parque Estadual de Espigão Alto junto à comunidade de Barracão.
Além da definição das atividades e do cro-nograma da implementação do Projeto, foram definidos os públicos a serem envolvidos pela sua realização e os materiais didáticos a serem produzidos que contribuíssem no processo de sensibilização/construção de conhecimentos sobre o Parque.
De acordo com Zakrzevski (2007), os projetos de trabalho em EA possibilitam o acesso a novas informações e favorecem a problematização da realidade pela comuni-dade, contribuindo para que a mesma com-preenda tal realidade, analise-a e interprete-a com outros olhos, identificando dificuldades e conflitos socioambientais, favorecendo o desenvolvimento de uma sensibilidade polí-tica e de valores humanos que permitam aos sujeitos posicionarem-se frente à realidade.
c) Implementação do Projeto de EAA Implementação do Projeto de EA, vol-
tado à revalorização do Parque Estadual de Espigão Alto, ocorreu no período de outubro/novembro de 2009, conforme o cronograma definido coletivamente durante o Curso de Formação. Esse processo envolveu diferentes segmentos sociais do município de Barracão (alunos, professores, Clube de Mães, Clubes da Melhor Idade, agricultores, moradores de
reassentamentos rurais, lideranças munici-pais, comerciários, comunidade em geral) e contou com a realização de atividades de educação formal/não formal: encontros de formação de professores, atividades de comu-nicação ambiental na Rádio Cidade, mostras de cinema, palestras comunitárias, visitas guiadas ao Parque, atividades de estudo nas escolas, Conferência Infanto-Juvenil de Meio Ambiente de Barracão, dentre outras.
Convém ressaltar que, por meio da programação da Rádio Cidade, também a comunidade regional teve acesso a diversas informações sobre UC e sobre o Parque Estadual de Espigão Alto, por meio de notas informativas (vinhetas) e entrevistas.
A inserção da EA em diferentes níveis e esferas da sociedade, atendendo a uma recomendação da PNEA (BRASIL, 1999), contribuiu para que os diferentes espaços sociais do município de Barracão fossem dotados de características educadoras e emancipatórias que contêm o potencial de gerar conhecimentos e provocar reflexões individuais e coletivas.
As percepções ambientais dos educadores/lideranças municipais Barracão, após a participação no Programa de Comunicação e Educação Ambiental
Após a realização do Programa de Comu-nicação e EA, foram reaplicados os instru-mentos de pesquisa utilizados na etapa inicial do estudo, buscando caracterizar se houve mudanças nas percepções dos educadores/lideranças municipais do Município.
As ideias de meio ambiente dos sujeitos da pesquisa agregaram novos termos ao cor-pus de evocações e expandiram-se ao papel da sociedade, da cultura à condição da natu-reza: um ambiente ainda visto como natural, mas também como projeto comunitário (para ser envolvido), meio de vida (para conhecer
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e organizar, para ser cuidado), problema (a ser resolvido), recurso (a ser gerenciado), Biosfera (a ser dividida equitativamente) e como um sistema sinérgico de inúmeras inter-relações (Quadro III).
MEIO AMBIENTE
Rang<3 Rang>=3
1º QUADRANTE
Freq. Rang 6 natureza 2,667
7 ser_humano 2,857
2º QUADRANTE
Freq. Rang 7 agua 3,571
7 biodiversidade 4,143
Freq>=6
3º QUADRANTE
Freq. Rang
3 lugar 2,333
3 meio_onde_vivemos 1,333
3 planeta 1,333
5 preservacao 2,400
4 vida 1,500
4º QUADRANTE
Freq. Rang
3 conjunto 4,667
5 fauna_animais 3,800
5 plantas_vegetais 3,800
3=<Freq<5
Número total de palavras citadas: 101 Número de palavras diferentes: 50
Rang médio: 3,0 Freqüência mínima: 3,0 Freqüência intermediária: 6,0
Quadro 3- Quadro de quatro casas para as ideias de meio ambiente dos educadores/lideranças municipais, após o en-volvimento no Programa de Comunicação e EA implemen-tado no município (Barracão/RS, 2010).
Meio ambiente, na concepção dos edu-cadores/lideranças, agora apresenta como componentes do primeiro quadrante as pa-lavras natureza e ser humano (Quadro 3). Essas palavras, surgindo como os elementos mais relevantes do corpus de evocação, apontam que ainda há uma relação forte de ambiente como natureza; no entanto, não mais se configura apenas como um conjunto de elementos naturais, isolados, no qual os seres humanos estão dissociados, e sim, como uma miríade de relações em que um aspecto não é possível de ser compreendido em sua totalidade sem que exista o outro.
Com relação às UCs, ainda há uma forte concepção de que elas são áreas de preservação/proteção e que são meios de estudo/EA. Foi agregada às percep-ções: a condição das UCs como áreas mantenedoras da biodiversidade; que se relacionam com outros remanescentes da paisagem; que possuem fatores bióticos e abióticos numa relação ecossistêmica; áreas de conservação e prestadoras de serviços ambientais; local onde podem ser realizadas atividades de lazer/visitação e pesquisas científicas; áreas onde deve ha-
ver a interação comunitária, participação e envolvimento social (Quadro 4).
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
Rang<3 Rang>=3
1º QUADRANTE
Freq. Rang 7 biodiversidade 2,429
9 local_protegido 2,667
10 preservação 2,000
2º QUADRANTE
Freq. Rang 8 meio_de_estudo_ea 3,875
Freq>=6
3º QUADRANTE
Freq. Rang
4 legislações_específicas 2,750
3 remanescente_espécies 2,000
4º QUADRANTE
Freq. Rang
5 conservação 3,200
3 cuidado 4,667
3 fatores_bióticos_abióticos 4,333
3 fauna_animais 3,667
3 interação_comunidade 3,333
3 lazer_visitação 4,333
4 pesquisa_científica 3,500
5 respeito 3,200
3=<Freq<5
Número total de palavras citadas: 103 Número de palavras diferentes: 42
Rang médio: 3,0 Freqüência mínima: 3,0 Freqüência intermediária: 6,0
Quadro 4- Quadro de quatro casas para as ideias de unida-des de conservação dos educadores/lideranças municipais, após o envolvimento no Programa de Comunicação e EA implementado no município (Barracão/RS, 2010).
No que diz respeito aos significados atribuídos ao Parque Estadual de Espigão Alto, em comparação com os dados ini-ciais em que todos os sujeitos do grupo de pesquisa expressaram conservação como sendo o significado principal, nota-se que há uma diferenciação terminológica entre o preservar/conservar e uma maior clareza das características de uma UC de Proteção Integral (Tabela 3)
Tabela 3- Categorias de análise dos significados associa-dos ao Parque Estadual de Espigão Alto, após o envolvimento dos sujeitos da pesquisa no Programa de Comunicação e EA, implementado no município (Barracão/RS, 2010).
Significados associados ao Parque Estadual de Espigão Alto Sujeitos que citaram a categoria
% categoria
SERVIÇOS AMBIENTAIS
Estudos/pesquisas 8 sujeitos
41,7%
Ar puro 4 sujeitos
Local de visitação 4 sujeitos
Local com legislação específica para manter serviços ambientais prestados
4 sujeitos
Contato/aprendizado direto com a natureza 4 sujeitos
Beleza cênica 3 sujeitos
Local de conservação 2 sujeitos
Ponto turístico 2 sujeitos
Vida 1 sujeito
Regulação climática 1 sujeito
BENS AMBIENTAIS
BENS AMBIENTAIS (continuação)
Área de proteção integral – Preservação 9 sujeitos
29,1%
Local protegido 6 sujeitos
Remanescente – Floresta Ombrófila Mista 4 sujeitos
Preservação de espécies em extinção 3 sujeitos
Riqueza – Biodiversidade 3 sujeitos
Banco genético 1 sujeito
Local ameaçado a ser cuidado 1 sujeito
IDENTIDADE LOCAL
Orgulho para a população 9 sujeitos
20,8%
Referência para o município 5 sujeitos
História 1 sujeito
Lembrança da infância, vivência com a natureza 1 sujeito
Referência regional de conservação 1 sujeito
LOCAL DE TRABALHO 2 sujeitos 4,2%
LOCAL DE CONFLITOS 2 sujeitos 4,2%
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Alan José Bresolin - Sônia Beatris Balvedi Zakrzevski - Jorge Reppold Marinho
Quanto aos mapas mentais, os dados levantados após o envolvimento no pro-grama de Comunicação e EA permitiram a identificação de um maior número de sujei-tos que representou os elementos de forma relacionada, na perspectiva do ambiente ou da paisagem como um sistema, das inter-relações que se estabelecem entre os seres vivos, elementos construídos, humanos e móveis. Tais resultados revelam um melhor conhecimento dos elementos, da condição sistêmica do ambiente e melhor organização nas imagens mentais da paisagem do Parque e entorno (Figura 3).
Figura 3- Mapa mental com representação plana da paisa-gem (visão aérea). Fonte: Sujeito 7 (2010)
Entre os problemas decorrentes de ações realizadas no entorno, foram identificados: o avanço da agricultura sobre os limites da UC; a utilização de agroquímicos com técnicas de aviação; e a caça ilegal. Essas categorias de maior freqüência são as mesmas dos dados iniciais, no entanto, agora há maior número de sujeitos que as citaram. Foram citados, ainda: a descontinuidade da Administração
da UC/Administração distante da realidade local e da comunidade; falta de equipe qua-lificada para trabalhar com a população; falta de placas de identificação dos limites da UC, elementos principais; e falta de condições de trabalho aos funcionários do Parque (equipa-mentos de segurança, maquinario).
Com relação às atividades que podem ser desenvolvidas na UC, assim como nos dados iniciais, novamente foram citadas a realização de trilhas interpretativas, para reconhecimento das características principais da UC; atividades de visitação; a realização de pesquisas científicas; atividades de EA e estudo no ambiente voltado a alunos; ativi-dades de formação/divulgação voltadas à co-munidade, para construção de conhecimentos sobre a UC; e, ainda, pesquisas sobre o banco de sementes e estudos de etnobiologia.
Considerações finais
Inúmeros desafios devem ser vencidos na criação e gestão de UCs. Parte desses desafios tem relação com as estratégias utilizadas historicamente. Normalmente, não são levadas em conta as características sócio-histórico-culturais da região; também falta de envolvimento das populações locais nos processos de gestão, o que dificulta o manejo e a conservação de UC. Esse fato foi verificado em relação ao Parque Estadual de Espigão Alto.
Compreender como as populações per-cebem, veem, interagem e agregam valores às UCs, ou seja, quais suas percepções ambientais, facilita os processos de gestão/conservação dessas áreas. Essa compreensão também serve de subsídio à elaboração e im-plementação de programas de comunicação e EA, que beneficiem as relações entre as populações e as UCs.
Pela realização do estudo, percebe-se que houve mudanças nas percepções dos
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PERCEPÇÃO, COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO: UM ESTUDO NO PARQUE ESTADUAL DE ESPIGÃO ALTO – BARRACÃO/RS - BRASIL
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sujeitos envolvidos no Programa de Comu-nicação e EA. Merece destaque o fato de os mesmos começarem a agregar aos conceitos ecológicos (que já possuíam e/ou que foram reconstruídos durante o processo de forma-ção) aspectos sociais, culturais e práxicos. O ambiente é percebido a partir de uma visão mais sistêmica, de inter-relações, em que se estabelecem diferentes níveis de complexi-dade, de uso, de conservação e de identidade.
Nas percepções acerca do Parque Esta-dual de Espigão Alto, foram agregados e alterados conhecimentos/conceitos, valores, sentimentos e expectativas em relação ao seu uso ea seu entorno. Além da ampliação da visão sobre os bens e serviços ambientais, prestados pela UC, novos significados foram atribuídos ao Parque, relacionados à iden-tidade local, e de pertencimento: o Parque como um território que gera orgulho para a
população; como uma referência de conser-vação para o Município/região, que demanda o envolvimento comunitário por meio de um processo de gestão participativa, de educação e de comunicação ambiental.
Os resultados do estudo também apontam alguns desafios para o fortalecimento da relação entre a comunidade de Barracão e o Parque: a) continuidade das atividades de Comunicação e EA (formal e não formal), envolvendo os diferentes segmentos sociais, e não apenas a comunidade escolar; b) a criação de um Conselho Consultivo para a UC, que colabore em um processo de gestão participativa; c) revisão no Plano de Manejo da UC, que já se encontra desatualizado, em especial dos Programas de Administração, de Proteção, de Pesquisa e Monitoramento, de Uso Público e de Integração com a Co-munidade.
AUTORES
Alan José Bresolin - Mestre em Ecologia, pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI/Campus de Erechim. Professor da Escola de Educação Básica da URI. E-mail: [email protected]
Sônia Beatris Balvedi Zakrzevski – Doutora em Ciências, pela Universidade Federal de São Carlos. Professora do Departamento de Ciências Biológicas da URI.
Jorge Reppold Marinho – Doutor em Biologia Animal, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Professor do Departamento de Ciências Biológicas da URI.
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Alan José Bresolin - Sônia Beatris Balvedi Zakrzevski - Jorge Reppold Marinho
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