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SUPERINTENDÊNCIA DE POLÍTICAS DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE GERÊNCIA DE PROGRAMAS ESPECIAIS COORDENAÇÃO ESTADUAL DE DST/AIDS
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DO HIV/AIDS E COINFECÇÕES NO
ESTADO DE GOIÁS
Goiânia, 2012
Descrição do perfil epidemiológico do HIV/AIDS e coinfecções no Estado de Goiás
Secretaria do Estado da Saúde – Superintendência de Políticas de Atenção Integral à Saúde –
Gerência de Programas Especiais – Coordenação de DST/Aids
Sede da Superintendência de Políticas de Atenção Integral à Saúde – SPAIS – Avenida Anhanguera nº 5195 Setor
Coimbra
Secretário do Estado da Saúde
Antônio Faleiros Filho
Superintendente de Políticas de Atenção Integral à Saúde
Mabel del Socorro Cala de Rodriguez
Gerente de Programas Especiais
Patrícia Carneiro de Resende
Coordenadora de DST/Aids
Adriana de Oliveira Sousa
Subcoordenação de Prevenção e Ações Educativas
Edvan Miranda dos Santos
Equipe Técnica
Adriana de Oliveira Sousa
Amélia Mahmud Jacob
Cenília Alves de Jesus Ramos
Divânia Dias da Silva França
Edvan Miranda dos Santos
Larissa Kristina Vidal Montes
Letícia Dogakiuchi Silva
Madalena Tanso Ishac
Maria das Graças Rocha Veloso
Paulo Roberto de Melo-Reis
Roberta Arciprett Oliveira
Perfil epidemiológico do HIV/AIDS e coinfecções no Estado de Goiás 3
1. INTRODUÇÃO
A síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) é a terminologia empregada para definir uma
doença infecto-contagiosa, emergente, grave, causada pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV).
Atualmente, a infecção pelo HIV é considerada um dos maiores problemas de saúde pública no mundo.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2008 estimou em 33,4 milhões o número de pessoas
vivendo com HIV em todo mundo, sendo que destas, 47% eram mulheres e 6,3% crianças com menos
de 15 anos. Ainda, cerca de 2,7 milhões de pessoas foram infectadas e 2,0 milhões morreram de aids,
incluindo 280 000 crianças no mesmo ano (WHO, 2010).
A epidemia de aids no Brasil teve início nos primórdios da década de 80 e nesses mais de vinte
anos apresenta-se como uma epidemia concentrada, ou seja, a taxa de prevalência da infecção pelo HIV
é menor que 1% entre parturientes, residentes em áreas urbanas, e maior que 5% em subgrupos
populacionais sob maior risco para infecção pelo HIV (WHO, 2010).
Atualmente estima-se que cerca de 630 mil indivíduos de 15 a 49 vivam com aids no Brasil. A
taxa de prevalência da infecção pelo HIV, no país, na população de 15 a 49 anos, mantém-se estável em
aproximadamente 0,6% desde 2004, sendo que nos últimos anos, tem observa-se um quadro da
epidemia da aids marcado pelos processos de heterossexualização, feminização, pauperização e
interiorização (Ministério da Saúde, 2010).
A epidemia da aids apresenta tendência de estabilização. Entre 2002 e 2008, o número de casos
novos de aids caiu a uma taxa anual média de 1,3%, declinando de 37.452 casos para 34.480,
respectivamente (Ministério da Saúde, 2010). Evidências epidemiológicas apontam para uma situação
semelhante no Estado de Goiás.
Para constatação deste fenômeno foram analisados os seguintes parâmetros provenientes do
Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN):
a. Números de casos novos e taxa de incidência (100.000 hab.) de aids em adultos (> 13 anos)
residentes no Estado de Goiás, 1984-2011*;
b. Número de casos de aids e razão de sexos em indivíduos adultos (> 13 anos de idade) residentes
no Estado de Goiás, segundo ano de diagnóstico, 1984 a 2011*;
c. Distribuição dos casos de aids em indivíduos adultos residentes no Estado de Goiás, por faixa
etária e ano de diagnóstico, 2001 a 2010*;
d. Número de casos e taxa de incidência de aids em indivíduos adultos (> 15 anos de idade)
residentes no Estado de Goiás, por faixa etária e ano de diagnóstico, 2001 a 2011*;
Perfil epidemiológico do HIV/AIDS e coinfecções no Estado de Goiás 4
e. Proporção de casos de aids em indivíduos adultos (> 13 anos de idade) residentes no Estado de
Goiás segundo categoria de exposição por ano de diagnóstico, 2001 a 2010* ;
f. Número de óbitos por aids e coeficiente de mortalidade de residentes no Estado de Goiás,
segundo ano de óbito, 2001 a 2010*;
g. Taxa de incidência de aids (100.000 habitantes) em jovens de 15 a 24 anos residentes no Estado
de Goiás e razão de sexo (M:F), segundo ano diagnóstico, 1996 a 2010*;
h. Proporção de casos de aids em jovens de 15 a 24 anos de idade residentes no Estado de Goiás,
segundo categoria de exposição hierarquizada e ano diagnóstico, 2000 a 2010*;
i. Número de casos e taxa de detecção de HIV em gestantes residentes no Estado de Goiás
segundo ano do parto, 2000 a 2011*;
j. Casos notificados de gestantes infectadas pelo HIV residentes no Estado de Goiás, segundo faixa
etária, escolaridade e raça/cor por ano de parto, 2000 a 2011*;
k. Taxa de incidência e coeficiente de mortalidade em menores de 5 anos residentes no Estado de
Goiás, 1998 a 2011*.
2. PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA AIDS NO ESTADO DE GOIÁS
2. 1. AIDS em Adultos (> 13 anos de idade)
O Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) registrou no Estado de Goiás
desde o início da epidemia em 1984 até junho de 2011*, um total de 10.034 casos de aids em adultos (>
13 anos de idade) sendo 6.763 (67,4%) casos em indivíduos do sexo masculino e 3.267 (32,6%) no sexo
feminino. No período compreendido entre 2001 e 2010 foram notificados 5.785 casos de aids em
indivíduos adultos (> de 13 anos de idade), o que representa 98,6% do total de casos de aids no Estado.
O gráfico 1 apresenta o número de casos e taxa de incidência (100.000 hab.) de aids em adultos
no Estado de Goiás. Desde a detecção do primeiro caso, observou-se taxas de incidência crescentes até
1997 com posterior declínio. A partir de 2000 é possível observar flutuações nas taxas de incidência,
evidenciando o processo de estabilização da epidemia, uma vez que, as notificações de casos novos de
aids nos últimos 10 anos vêm mantendo-se dentro dos limites da variabilidade estatística, com registro
de uma média anual de 579 casos novos. Para o mesmo período as taxas de incidência variaram entre
11,4/100.000 habitantes em 2009 e 16,4/100.000 habitantes em 2002 quando se observou o maior
registro de casos diagnosticados. Em 2010 a incidência foi de 13,0/100000 habitantes.
Perfil epidemiológico do HIV/AIDS e coinfecções no Estado de Goiás 5
Gráfico 1. Números de casos novos e taxa de incidência (100.000 hab.) de aids em adultos (> 13 anos)
residentes no Estado de Goiás, 1984-2011*
* Dados preliminares (até 30/06/2011)
Fonte: SINAN/GPE/SPAIS
População: MS/SE/DATASUS em <www.datasus.gov.br >
2.1.2. Sexo
A distribuição dos casos de aids segundo sexo evidencia o processo de feminização a partir de
1988, onde a razão de sexo que era de 13 casos masculinos para 1 caso feminino alcança a razão de 1,3
em 2001, ou seja, 13 casos em indivíduos do sexo masculino para 10 casos no sexo feminino (Gráfico
2).
Nos últimos 10 anos a aids mostrou predominância nos indivíduos do sexo masculino, com taxa
de incidência média anual de 17,5 casos por 100.000 habitantes. Entre as mulheres, a taxa de incidência
média foi de 9,9 casos por 100.000 habitantes. Tanto em homens quanto em mulheres as maiores taxas
de incidência encontram-se na faixa etária de 20 a 49 anos. A razão de sexo (M:F) apresentou média de
1,8, isto é, 9 homens para 5 mulheres doentes. Dados preliminares de 2011 apontam para uma razão de
sexo de 2,2, ou seja, 11 homens para 5 mulheres (Gráfico 2).
0
100
200
300
400
500
600
700
1984
1985
1986
1987
1988
1989
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010*
2011*
Ano de diagnóstico
Nº d
e casos
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
14,0
16,0
18,0
Incidê
ncia (100.000 ha
b.)
Nº acumulado Incidência (100000 hab)
Perfil epidemiológico do HIV/AIDS e coinfecções no Estado de Goiás 6
Gráfico 2. Número de casos de aids e razão de sexos em indivíduos adultos (> 13 anos de idade) residentes no Estado de Goiás, segundo ano de
diagnóstico, 1984 a 2011*
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
1984 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010* 2011*
Ano de diagnóstico
Nº d
e casos
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
14,0
Razão
de sexo
Masculino Feminino Razão de sexos (M:F)
* Dados preliminares (até 30/06/2011)
Fonte: SINAN/GPE/SPAIS
População: MS/SE/DATASUS em <www.datasus.gov.br >
Perfil epidemiológico do HIV/AIDS e coinfecções no Estado de Goiás 7
2.1.2. Faixa etária
A distribuição dos casos de aids em indivíduos adultos (Idade > 15 anos) por faixa etária e ano de
diagnóstico revela maior número de casos da infecção em indivíduos de 20 a 49 anos, representando
84% de todos os casos (Gráfico 3; Tabela 1).
Os casos de aids em idosos (60 – 80 anos ou mais) nos últimos 10 anos alcançou um índice de 4,8
casos para cada 100.000 habitantes em 2009, sendo que é possível observar o acréscimo contínuo desde
2004, com maior taxa de incidência nos anos 2009 (4,8 /100000 habitantes) e (4,6/100000 habitantes)
2010, respectivamente (Tabela 1).
Gráfico 3. Distribuição dos casos de aids em indivíduos adultos residentes no Estado de Goiás, por faixa
etária e ano de diagnóstico, 2001 a 2010*
0
50
100
150
200
250
300
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010*
Ano de diagnóstico
Nº d
e casos
15 a 19 anos 20 a 29 anos 30 a 39 anos 40 a 49 anos50 a 59 anos 60 a 69 anos 70 a 79 anos 80 anos e mais
Fonte: SINAN/GPE/SPAIS
Perfil epidemiológico do HIV/AIDS e coinfecções no Estado de Goiás 8
Tabela 1. Número de casos e taxa de incidência de aids em indivíduos adultos (> 15 anos de idade) residentes no Estado de Goiás, por faixa etária e ano de
diagnóstico, 2001 a 2011*
Fonte: SINAN/GPE/SPAIS
População: MS/SE/DATASUS em <www.datasus.gov.br >
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010* 2011*
Faixa etária Nº Coef. Nº Coef. Nº Coef. Nº Coef. Nº Coef. Nº Coef. Nº Coef. Nº Coef. Nº Coef. Nº Coef. Nº Coef.
15 a 19 anos 19 3,6 9 1,7 11 2,0 7 1,2 7 1,2 5 0,8 8 1,5 6 1,2 11 2,1 7 1,3 2 0,4
20 a 29 anos 200 20,5 161 16,2 168 16,6 136 13,2 121 11,2 171 15,5 147 13,2 123 11,1 117 10,6 128 11,5 64 5,8
30 a 39 anos 227 27,9 264 31,8 244 28,9 212 24,6 205 22,9 204 22,3 227 23,8 216 22,4 171 17,3 224 22,3 108 10,7
40 a 49 anos 128 22,5 143 24,7 123 20,9 121 20,2 114 18,3 135 21,3 138 18,8 139 18,5 134 17,4 162 20,2 94 11,7
50 a 59 anos 39 11,0 47 13,0 41 11,2 44 11,8 52 13,5 44 11,2 52 10,9 58 11,8 70 13,6 72 13,1 33 6,0
60 a 69 anos 7 3,2 10 4,5 8 3,5 13 5,6 14 5,9 14 5,8 16 5,8 17 5,9 19 6,3 21 6,5 12 3,7
70 a 79 anos 4 3,8 2 1,9 0 0,0 3 2,7 2 1,8 2 1,7 5 3,4 1 0,7 5 3,1 4 2,3 2 1,2
80 anos e mais 0 0,0 0 0,0 1 2,5 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 1 1,6 1 1,5 1 1,5 0 0,0
Perfil epidemiológico do HIV/AIDS e coinfecções no Estado de Goiás 9
2.1.3. Categoria de exposição
A epidemia que já perdura três décadas, inicialmente registrava casos predominantemente entre
gays adultos, usuários de drogas injetáveis e hemofílicos (Ministério da Saúde, 2011). Entre 2001 e 2010,
a categoria de exposição com maior ocorrência dos casos de aids em adultos foi por transmissão sexual,
perfazendo 80% dos casos.
A transmissão sexual ocorre predominantemente entre os heterossexuais (61,1%), homossexuais
(12,8%) e bissexuais (6,1%), respectivamente (Gráfico 4). A heterossexualização da aids tem contribuído
para o aumento de casos em mulheres, provocando a "feminização da epidemia" (SAMPAIO et al.,
2011). Considerando o grupo homossexual e bissexual o percentual de transmissão foi de 18,9%. A
razão entre a transmissão deste grupo com o grupo heterossexual é de 3,2, confirmando a maior
frequência do grupo heterossexual (Gráfico 4).
A investigação referente a transmissão por via sanguínea revelou que a maior frequência ocorreu
entre usuários de drogas injetáveis (UDI) perfazendo um total de 1,5% dos casos. Entretanto, observa-se
nesse grupo, a partir de 2006 uma significante diminuição e nos anos 2009 e 2010 não houve casos
notificados (Gráfico 4).
As transfusões sanguíneas e os casos de transmissão da aids em hemofílicos apresentaram baixa
frequência, não representando percentual significativo no total de casos (Gráfico 4). Esses dados
corroboram com o sucesso das políticas de prevenção da transmissão do HIV por via transfusional
adotadas pelos Banco de Sangue, em atenção a Portaria 2.042 de 11 de outubro de 1996.
Perfil epidemiológico do HIV/AIDS e coinfecções no Estado de Goiás 10
Gráfico 4. Proporção de casos de aids em indivíduos adultos (> 13 anos de idade) residentes no Estado
de Goiás segundo categoria de exposição por ano de diagnóstico, 2001 a 2010*
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010*
Ano de Diagnóstico
Proporçã
o
Homessexuais Bissexuais Heterossexual UDI Hemofílico Transfusão Ignorado
* Dados preliminares (até 31/12/2010)
Fonte: SINAN/GPE/SPAIS
População: MS/SE/DATASUS em <www.datasus.gov.br >
2.1.4. Mortalidade
Desde o início da epidemia o sistema de informação em mortalidade (SIM) registrou 4.068 óbitos
por aids, com coeficiente de mortalidade médio de 3,8 óbitos por 100.000 habitantes. As maiores taxas
de mortalidade foram registradas nos últimos quatro anos com índices de 4,3 casos por 100.000
habitantes em 2008 e 2009. Os dados de mortalidade nacionais revelam coeficiente de 6,2 casos por
100.000 habitantes nos respectivos anos (Ministério da Saúde, 2010). Em 2010 o Estado registrou um
coeficiente de 4,8/100.000 habitantes.
Perfil epidemiológico do HIV/AIDS e coinfecções no Estado de Goiás 11
Gráfico 5. Número de óbitos por aids e coeficiente de mortalidade de residentes no Estado de Goiás,
segundo ano de óbito, 2001 a 2010*
0
50
100
150
200
250
300
350
Ano do óbito
Nº d
e ób
itos
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
Taxa de mortalidade (100000 hab)
Nº de óbitos 206 178 218 206 190 219 254 253 256 291
Coeficiente de mortalidade 4,0 3,4 4,1 3,8 3,4 3,8 4,3 4,3 4,3 4,8
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Fonte: SIM/GVE/SUVISA
População: MS/SE/DATASUS em <www.datasus.gov.br >
2.2. AIDS em jovens de 15 a 24 anos
Na população jovem, de 15 a 24 anos, residentes no estado de Goiás o primeiro caso foi
notificado em 1988, sendo que até junho de 2011, foram diagnosticados 759 casos, dos quais 414 no
sexo masculino (54,5%) e 345 no sexo feminino (45,5%). Assim, 7,5% do total de casos notificados no
Estado desde o início da epidemia ocorreram em jovens, predominantemente do sexo masculino.
2.2.1. Sexo
A razão de sexos em jovens de 15 a 24 anos, atualmente é de 2,2, ou seja, a cada 22 homens com
aids existem 10 mulheres em igual situação. Em relação a incidência nessa população, podemos observar
as mudanças nestes índices ao longo do tempo. Quanto a incidência em jovens do sexo feminino a
maior taxa foi registrada em 2001 (10,8/100000 habitantes) com decréscimo de 77,8% em 2010
(2,4/100000 habitantes). Já no sexo masculino observa-se manutenção das taxas de incidência, com o
maior índice em 2009 (7,1/100000 habitantes) (Gráfico 6).
Perfil epidemiológico do HIV/AIDS e coinfecções no Estado de Goiás 12
Gráfico 6. Taxa de incidência de aids (100.000 habitantes) em jovens de 15 a 24 anos residentes no
Estado de Goiás e razão de sexo (M:F), segundo ano diagnóstico, 1996 a 2010*
4,1
0,8
1,61,0 0,8 0,6
1,10,6
1,11,7 1,3 1,4 1,5
2,72,2
0
2
4
6
8
10
12
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010*
Ano de diagnóstico
Taxa de incidência (100000 hab.)
Masculino Feminino M:F
* Dados preliminares
Fonte: SINAN/GPE/SPAIS
2.2.2. Categoria de exposição
Em jovens de 15 a 24 anos é possível observar a predominância da categoria de exposição
heterossexual nos últimos 12 anos, entretanto é nítido o aumento do número de casos entre jovens
homossexuais desde 2003, representando um aumento de 380% quando comparado com o ano de 2009
(com maior proporção de casos em homossexuais). Quando analisamos a proporção de casos por ano
de diagnóstico, evidenciamos que em 2003 os casos em homossexuais representavam 6,5% do total, já
em 2009 esse percentual é de 36,5% (Gráfico 7).
Perfil epidemiológico do HIV/AIDS e coinfecções no Estado de Goiás 13
Gráfico 7. Proporção de casos de aids em jovens de 15 a 24 anos de idade residentes no Estado de
Goiás, segundo categoria de exposição hierarquizada e ano diagnóstico, 2000 a 2010*
0%
20%
40%
60%
80%
100%
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Ano de diagnóstico
Proporção
Homossexual Bissexual Heterossexual Usuario de Drogas Hemofílico Transfusão
* Dados preliminares
Fonte: SINAN/GPE/SPAIS
2.3. Gestantes infectadas pelo HIV
A notificação compulsória de HIV em gestante/parturiente/puérpera e de criança exposta ao
HIV foi instituída por meio da Portaria Nº 933/GM/MS de 04 de setembro de 2000. No Estado de
Goiás foram registrados no SINAN 1.295 casos de gestantes HIV positivas no período de 2000 a 2011.
O gráfico 7 mostra a distribuição dos casos de gestantes infectadas pelo HIV residentes em Goiás e o
coeficiente de detecção, segundo ano de parto. A detecção crescente dos casos foi registrada até 2006,
com declínio substancial nos anos posteriores (104 casos em 2006 para 92 casos em 2010).
As variáveis sóciodemográficas passíveis de análise foram idade, escolaridade e raça/cor. Do total
de casos registrados entre 2000 e 2010, 1.211 (93,8%) são gestantes de 15 e 34 anos de idade. Em relação
a escolaridade os dados evidenciaram que a maioria das gestantes HIV positivas registradas no SINAN
tinham entre 1 a 7 anos de estudo (47,6%), cerca de 21% referiram 8 anos ou mais de estudos e 29,7%
tinham informação ignorada. Embora, nos últimos anos tenha se observado redução no percentual de
Perfil epidemiológico do HIV/AIDS e coinfecções no Estado de Goiás 14
casos ignorados na variável escolaridade, é importante ressaltar que nos 12 anos de registros sistemático
das gestantes HIV positivas não foi obtido índices inferiores a 10% nessa variável. Essa situação
certamente é um fator limitador da análise de tendências temporais e evidencia a necessidade de
aprimorar a investigação e a notificação pelos profissionais que atendem esse grupo nos serviços de
saúde. Quanto a variável raça/cor 27,1% e 48,5% se auto declararam brancos e pretos/pardos,
respectivamente. Essa variável tem apresentando maior consistência desde 2006, representado pela
diminuição dos casos com informação ignorada.
Gráfico 8. Número de casos e taxa de detecção de HIV em gestantes residentes no Estado de Goiás
segundo ano do parto, 2000 a 2011*
Fonte: SINAN/GPE/SPAIS
0
20
40
60
80
100
120
Ano de parto
Nº de casos
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
Taxa de detecção (1000 nascidos vivos)
Nº de casos 61 80 100 98 90 98 104 95 59 76 92 49
Coeficiente de detecção 0,6 0,9 1,1 1,1 1,0 1,1 1,2 1,1 0,7 0,9 1,1 0,6
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010* 2011*
Perfil epidemiológico do HIV/AIDS e coinfecções no Estado de Goiás 15
Tabela 2. Casos notificados de gestantes infectadas pelo HIV residentes no Estado de Goiás, segundo faixa etária, escolaridade e raça/cor por ano de
parto, 2000 a 2011*
Fonte: SINAN/GPE/SPAIS
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Ignorado Total Característica da Gestante
Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº %
Faixa etária
10-14 0 0,0 2 2,5 0 0,0 1 1,0 0 0,0 1 1,0 0 0,0 2 2,1 1 1,7 2 2,6 2 2,2 0 0,0 2 0,7 13 1,0
15-19 5 8,3 13 16,3 20 20,2 20 20,6 11 12,1 14 14,3 19 18,3 18 18,9 10 17,2 15 19,7 15 16,5 8 16,3 48 16,4 218 16,8
20-34 53 88,3 59 73,8 78 78,8 71 73,2 77 84,6 76 77,6 79 76,0 70 73,7 43 74,1 55 72,4 68 74,7 37 75,5 229 78,2 996 76,9
35-49 2 3,3 6 7,5 1 1,0 4 4,1 3 3,3 7 7,1 6 5,8 5 5,3 4 6,9 4 5,3 6 6,6 4 8,2 13 4,4 66 5,1
50 ou mais 0 0,0 0 0,0 0 0,0 1 1,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 1 0,3 2 0,2
Total 60 100,0 80 100,0 99 100,0 97 100,0 91 100,0 98 100,0 104 100,0 95 100,0 58 100,0 76 100,0 91 100,0 49 100,0 293 100,0 1295 100,0
Escolaridade
Ignorado 33 51,6 25 31,3 38 37,6 22 21,8 17 18,3 14 14,3 14 13,3 17 17,5 9 15,5 27 35,5 35 37,6 23 46,9 110 39,3 384 29,7
Analfabeto 4 6,3 2 2,5 1 1,0 4 4,0 1 1,1 1 1,0 3 2,9 0 0,0 2 3,4 1 1,3 0 0,0 0 0,0 2 0,7 21 1,6
De 1 a 3 4 6,3 6 7,5 4 4,0 5 5,0 16 17,2 9 9,2 4 3,8 18 18,6 0 0,0 12 15,8 4 4,3 0 0,0 37 13,2 119 9,2
De 4 a 7 11 17,2 30 37,5 42 41,6 49 48,5 34 36,6 44 44,9 62 59,0 53 54,6 35 60,3 22 28,9 28 30,1 7 14,3 80 28,6 497 38,4
De 8 a 11 10 15,6 13 16,3 15 14,9 18 17,8 23 24,7 26 26,5 17 16,2 7 7,2 11 19,0 14 18,4 25 26,9 16 32,7 44 15,7 239 18,5
De 12 e mais 2 3,1 4 5,0 1 1,0 3 3,0 2 2,2 4 4,1 5 4,8 2 2,1 1 1,7 0 0,0 1 1,1 3 6,1 7 2,5 35 2,7
Total 64 100,0 80 100,0 101 100,0 101 100,0 93 100,0 98 100,0 105 100,0 97 100,0 58 100,0 76 100,0 93 100,0 49 100,0 280 100,0 1295 100,0
Raça/cor
Ign/Branco 35 56,5 27 33,8 51 50,5 36 36,0 23 24,7 22 22,4 10 9,5 3 3,1 2 3,4 8 10,5 17 18,1 13 26,5 56 19,8 304 23,5
Branca 18 29,0 23 28,8 24 23,8 21 21,0 31 33,3 11 11,2 31 29,5 27 27,8 14 23,7 21 27,6 25 26,6 14 28,6 93 32,9 351 27,1
Preta 1 1,6 5 6,3 10 9,9 11 11,0 11 11,8 20 20,4 5 4,8 16 16,5 8 13,6 12 15,8 12 12,8 0 0,0 27 9,5 138 10,7
Amarela 1 1,6 0 0,0 1 1,0 1 1,0 1 1,1 1 1,0 2 1,9 0 0,0 0 0,0 0 0,0 2 2,1 0 0,0 1 0,4 10 0,8
Parda 7 11,3 25 31,3 15 14,9 31 31,0 27 29,0 43 43,9 57 54,3 50 51,5 35 59,3 35 46,1 38 40,4 22 44,9 104 36,7 490 37,8
Indígena 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 1 1,0 0 0,0 1 1,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 2 0,2
Total 62 100,0 80 100,0 101 100,0 100 100,0 93 100,0 98 100,0 105 100,0 97 100,0 59 100,0 76 100,0 94 100,0 49 100,0 283 100,0 1295 100,0
Perfil epidemiológico do HIV/AIDS e coinfecções no Estado de Goiás 16
2.3. Crianças memores de 5 anos
De 1986 a junho de 2011 foram identificados 149 casos de aids em menores de cinco anos
residentes no Estado de Goiás. O decréscimo na incidência dos casos pode ser evidenciado a partir de
2004, com redução de 100% na taxa de incidência de casos de aids em menores de cinco anos de idade
de 1998 a 2010 , passando de 2,7 para 0,0 casos por 100.000 habitantes, nos respectivos anos.
Nos últimos 10 anos foram declarados no sistema de informação em mortalidade um total de 12
óbitos em menores de 5 anos de idade por aids, representando 0,5% do total de óbitos registrados para
o mesmo período. O coeficiente de mortalidade também teve um decréscimo significativo, com o último
registro em 2009 (em 1998, o coeficiente de mortalidade era de 1,9 por 100000 habitantes, caindo para
0,0 em 2010) (Gráfico 9).
Gráfico 9. Taxa de incidência e coeficiente de mortalidade em menores de 5 anos residentes no Estado
de Goiás, 1998 a 2011*
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010* 2011*
Ano
Taxa de incidência (100000 hab)
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
2,0
Coeficiente de mortalidade (100000
hah)
Taxa de incidência Coeficiente de mortalidade
* Dados preliminares (até 30/06/2011)
Fonte: SINAN/GPE/SPAIS
SIM/GVE/SUVISA
Perfil epidemiológico do HIV/AIDS e coinfecções no Estado de Goiás 17
População: MS/SE/DATASUS em <www.datasus.gov.br >
2.4 Coinfecção Hepatites Virais/HIV
A caracterização epidemiológica da coinfecção de Hepatites Virais (B ou C ou B+C)/HIV
considerou os casos notificados no SINAN de 2007 a 2011. Para análise dos dados foram considerados
os casos confirmados laboratorialmente de hepatites B, C ou coinfecção B+C tendo o HIV/aids como
agravos associados.
No período analisado foram registrados 5.031 casos de hepatites virais, sendo que destes 3.381
casos tiveram confirmação laboratorial para hepatite B ou C ou coinfecção B+C. Quando analisamos os
indivíduos com conhecimento do status sorológico para HIV dentre os indivíduos com hepatite,
obtivemos 195 (5,8 %) dos casos. No gráfico 14 observa-se o aumento gradativo da proporção
HV/HIV, sendo o menor registro observado em 2008 (24 casos) e o maior registro em 2010 (58 casos),
o que representa um aumento de aproximadamente 241% de notificação de coinfectados. Observa-se
ainda, na série histórica apresentada que há um aumento significativo da proporção de casos do ano de
2009 para 2010, que passou de 3,8% para 7,4%, respectivamente. Este achado enfatiza a necessidade da
testagem sorológica para o HIV concomitante ao diagnóstico de hepatite viral, sendo este o momento
oportuno para resgate de indivíduos vulneráveis (Gráfico 10).
Gráfico 10. Casos notificados de Hepatites Virais e coinfecção pelo HIV em residentes no Estado de Goiás, segundo ano de diagnóstico de Hepatite, 2007 a 2011*
0
200
400
600
800
1.000
1.200
2007 2008 2009 2010 2011
Ano de diagnóstico
Nº de casos
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
Percentual
Coinfecção HIV/Hepatites Virais Casos de Hepatites virais %
Perfil epidemiológico do HIV/AIDS e coinfecções no Estado de Goiás 18
*Dados preliminares, atualizados em 30/06/2011, sujeitos a alterações.
Fonte: SINAN/GVE/SUVISA/SES
2.5 Coinfecção Tuberculose (Tb) - HIV
A análise da coinfecção tuberculose/HIV no estado de Goiás considerou os dados de
tuberculose notificados no Sistema de Nacional de Agravos de Notificação (SINAN) entre 2001 e 2011.
Para a caracterização dos casos de tuberculose considerou-se os casos novos, recidivas e reingresso após
abandono.
No período analisado foram registrados 10.780 casos de tuberculose, dos quais aproximadamente
7% (717 casos) apresentavam infecção simultânea com HIV. A proporção de coinfecção Tb/HIV teve
um acréscimo gradativo desde 2003, quando registrou-se 45 casos passando para 95 casos em 2010
(Gráfico 11). Embora os casos de tuberculose não tenham apresentado variações significativas na serie
histórica analisada o percentual de coinfecção Tb/HIV evidencia um aumento gradativo, passando de
4,0% em 2003 para 9,6% em 2010. A ampliação da testagem para HIV em pacientes suspeitos de
Tuberculose, conforme Gráfico 12, pode justificar esse achado.
Gráfico 11. Casos confirmados de Tuberculose (Tb) e coinfecção pelo HIV em residentes no Estado de
Goiás, segundo ano de diagnóstico de Tb, 2001 a 2011*
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
Ano de diagnóstico
Nº de casos
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
Percentual
Casos de Tuberculose 1066 1057 1119 995 1002 923 926 903 971 985 833
Coinfecção Tb/HIV 49 63 45 43 46 65 72 79 81 95 79
% 4,6 6,0 4,0 4,3 4,6 7,0 7,8 8,7 8,3 9,6 9,5
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010* 2011*
*Dados preliminares, atualizados em 30/06/2011, sujeitos a alterações.
Fonte: SINAN/GVE/SUVISA/SES
Perfil epidemiológico do HIV/AIDS e coinfecções no Estado de Goiás 19
A realização de testagem sorológica para HIV em pacientes com tuberculose tem aumentado ao
longo dos anos. Em 2001 o percentual de indivíduos com sorologia reagente ou não reagente
(indivíduos testados) nesse grupo era de 14,7% e em 2010 essa proporção aumentou para 61,0%,
representando uma ampliação de 414,9% na testagem dos casos (Gráfico 12). Cabe ressaltar, que ainda é
um desafio para os serviços de saúde alcançar o índice de 100% de indivíduos com Tb testados para
HIV.
Gráfico 12. Casos confirmados de Tuberculose (Tb) e testados para HIV em indivíduos residentes no
Estado de Goiás, segundo ano de diagnóstico de Tb, 2001 a 2011*
0
200
400
600
800
1000
1200
Ano de diagnóstico
Nº de casos
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
Percentual
Casos de Tuberculose 1066 1057 1119 995 1002 923 926 903 971 985 833
Casos Testados para HIV 157 238 283 266 368 424 444 482 578 601 420
% 14,7 22,5 25,3 26,7 36,7 45,9 47,9 53,4 59,5 61,0 50,4
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010* 2011*
*Dados preliminares, atualizados em 30/06/2011, sujeitos a alterações.
Fonte: SINAN/GVE/SUVISA/SES
Perfil epidemiológico do HIV/AIDS e coinfecções no Estado de Goiás 20
3. REFERÊNCIAS
MINISTÉRIO DA SAÚDE. 2010. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de DST e
Aids. Boletim Epidemiológico Aids e DST. Brasília, DF.
SPINDOLA, T.; ALVES, C. F. 1999. Perfil de mulheres portadoras do HIV de uma maternidade no
Rio de Janeiro. Rev. esc. enferm. USP, São Paulo, v. 33, n. 1, mar. . Disponível em
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-
62341999000100008&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 01 ago. 2011. doi: 10.1590/S0080-
62341999000100008.
SAMPAIO, J.; SANTOS, R. C.; CALLOU, J. L.L. SOUZA, B. B. C. Ele quer com camisinha e eu
quero me prevenir: exposição de adolescentes do sexo feminino às DST/aids no semi-árido nordestino.
Saude soc. [online]. 2011, vol.20, n.1
VIEIRA, A. C. B. C.; MIRANDA, A. E.; VARGAS, P. R. M.; MACIEL, E. L. N. 2011. Prevalência de
HIV em gestantes e transmissão vertical segundo perfil socioeconômico, Vitória, ES. Rev Saúde
Pública;45(4):644-5 1