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PESQUISA DO MEIO AVALIATIVO PREFERIDO PELOS ALUNOS
Autora: Célia Hiroko Iwanaga de Melo1
Orientador: Mário Sérgio Benedeti Guilhem²
Resumo
Este artigo visa proporcionar subsídios para as decisões a serem tomadas a respeito do processo avaliativo que envolve o professor e aluno no acesso ao conhecimento, pois dependendo da forma que o aluno é avaliado não significa necessariamente que não houve aprendizagem, podendo prejudicar, desmotivar e levar o aluno a evasão ou à repetência escola. Há variadas formas para verificar o processo de construção de conhecimento, o educador deve realizar uma avaliação que atinja de forma integral ou combinar vários instrumentos avaliativos que devem ser condizentes com os objetivos propostos tendo em vista o processo ensino e aprendizagem. Dessa forma, se estabelecerá o verdadeiro sentido da avaliação: acompanhar o desempenho presente, orientar as possibilidades de desempenho futuro mudando as práticas insuficientes, apontando novos caminhos para superar os problemas e fazer emergir novas práticas educativas.
Palavras-chave: Avaliação; Estatística; Gráfico; Instrumento avaliativo
1 Autora Pós- Graduada. Possui graduação em Ciências – Habilitação Matemática (1993) pela Universidade do
Oeste Paulista de Presidente Prudente – São Paulo. Especialização em Gestão e Organização da Escola (2005) pela Universidade do Norte do Paraná da Unidade de Cornélio Procópio – Pr. Professora QPM de Matemática e de Ciências desde 1996 no Colégio Estadual Papa Paulo VI - EFM de Nova América da Colina – Pr. ² Orientador: Mestre. Possui graduação em Engenharia Química pela Universidade Estadual de Maringá (1985). Especialização em Metodologia e Didática do Ensino pela FAFICOP (1992). Mestrado em Educação pela FAFICOP - Universidade Estadual do Paraná - Campus Cornélio Procópio (2003). Mestrado em Administração pela Universidade Federal do Paraná (2009). Atualmente é Professor Efetivo da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP/FAFICOP) atuando principalmente na área de Estatística. Integrante de Grupo de Pesquisa da Educação - GEPEDUC - Linha de pesquisa 2 – Metodologia da pesquisa científica.
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1- Introdução
Há variadas formas para verificar o processo de construção de conhecimento.
Podemos observar que o aproveitamento na aprendizagem depende da forma que o
aluno é avaliado, não há receitas prontas. O educador deve realizar a avaliação que
atinja de forma integral e, às vezes, o professor desconhece essa realidade em que
o potencial do aluno pode ser melhor explorado. Além disso, também pode-se
combinar vários instrumentos avaliativos que devem ser condizentes com os
objetivos propostos, tendo em vista o processo ensino e aprendizagem.
A avaliação serve de auxílio para a melhoria do processo ensino e
aprendizagem e de instrumento de verificação da mudança de comportamento, é um
julgamento de valor da realidade discente, tendo em vista uma tomada de decisão.
Através dos resultados da avaliação, o professor deve questionar se o ensino
da forma como está sendo encaminhado, está sendo eficiente para a aprendizagem
do aluno, o grande desafio é ensinar bem, aprofundar o domínio dos conteúdos
relativos a cada área do conhecimento e das suas formas no encaminhamento
metodológico do ensino.
2- Fundamentação Teórica
No processo educativo, a avaliação é um meio de diagnóstico do processo
ensino e aprendizagem, sendo um instrumento de investigação da prática
pedagógica, deve possibilitar uma dimensão criadora e criativa que envolve o ensino
e a aprendizagem. Desta forma, se estabelecerá o verdadeiro sentido da avaliação:
acompanhar o desempenho no presente, orientar as possibilidades de desempenho
futuro mudando as práticas insuficientes, apontando novos caminhos para superar
problemas e fazer emergir novas práticas educativas.
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No cotidiano escolar, a avaliação é parte do trabalho docente que tem como
objetivo proporcionar subsídios para as decisões a serem tomadas a respeito do
processo educativo que envolvem professor e aluno no acesso ao conhecimento. É
importante ressaltar que a avaliação se concretiza de acordo com o que se
estabelece nos documentos escolares, como o Projeto Político Pedagógico e, mais
especificamente, o Projeto Pedagógico Curricular e o Plano de Trabalho Docente,
documentos necessariamente fundamentados nas Diretrizes Curriculares.
A avaliação contribui para a compreensão das dificuldades de aprendizagem
dos alunos com vistas às mudanças necessárias para que essa aprendizagem se
concretize e a escola se faça mais próxima da comunidade, da sociedade como um
todo e deve constituir um projeto de futuro social, pela intervenção da experiência do
passado e compreensão do presente, num esforço coletivo a serviço da ação
pedagógica, em movimentos na direção da aprendizagem do aluno, da qualificação
do professor e da escola. Deve auxiliar o professor como reflexão contínua de sua
prática sobre a criação de novos instrumentos de trabalho e a retomada da
consciência de suas conquistas, possibilitando a reorganização de seu instrumento
na tarefa de aprender.
Em suma, a avaliação deve ocorrer durante todo o processo de ensino e
aprendizagem para que a tarefa educativa tenha sucesso, deve ser de caráter
dinâmico, contínuo e cooperativo, acompanhando toda a prática pedagógica.
De acordo com o Goldberg (1979), a eficácia e a eficiência são duas
dimensões absolutamente indispensáveis ao modelo de um programa educacional
válido. O conceito de avaliação educacional é um processo de coletar, analisar e
interpretar evidências relativas à eficiência e a eficácia de programas educacionais.
A eficácia implica na adequação entre os objetivos deste e as exigências ou
necessidades do sistema social inclusivo. Nesse sentido, um mesmo programa de
ensino e aprendizagem deverá comportar não um, mas vários “testes” de eficiência,
não uma, porém várias avaliações.
Segundo Piletti (1986), a avaliação é uma sucessão de pesquisas para
determinar os conhecimentos, habilidades e atitudes dos alunos, visando mudanças
esperadas no comportamento, propostas nos objetivos, a fim de que haja condições
de decidir sobre alternativas do planejamento do trabalho do professor e da escola
como um todo. A avaliação acontece em diferentes momentos do processo ensino e
aprendizagem, com objetivos distintos: no início do processo, temos a avaliação
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diagnóstica que é usada para verificar os conhecimentos que os alunos têm, os pré-
requisitos que os mesmos apresentam e as suas particularidades; ao longo do
processo de ensino e aprendizagem, temos a avaliação formativa que tem uma
função controladora. São os seguintes os propósitos de avaliação formativa:
informar o professor e o aluno sobre o rendimento da aprendizagem e localizar as
deficiências na organização do ensino; no fim do processo de ensino e
aprendizagem, temos a avaliação somativa que tem a função classificatória, isto é,
classifica os alunos no fim do semestre, ano, curso ou unidade, segundo os níveis
de aproveitamento.
Princípios básicos de avaliação de Piletti
Para que a avaliação assuma a importância que realmente tem no processo
ensino e aprendizagem é necessário seguir alguns princípios básicos.
Um dos erros didáticos mais frequentes é o da não integração dos critérios e
processos de avaliação na dinâmica geral do ensino.
Para evitar que isso aconteça, deve-se seguir os seguintes itens:
a) Saber com clareza o que vai ser avaliado.
b) Escolher técnicas certas para avaliar o que se pretende avaliar. Nem todas as
técnicas e instrumentos atingem a mesma finalidade.
c) De preferência, utilizar uma variedade de técnicas para se obter um quadro mais
completo do desenvolvimento do aluno.
d) Ter consciência das possibilidades e limitações das técnicas de avaliação. De
acordo com Turra (1982 apud PILLETI, 1986, p.195):
Muitas são as margens de erro que encontramos não só nos próprios instrumentos de avaliação (provas, testes, etc.), como também no próprio processo (modos como os instrumentos são usados). No entanto, a principal fonte de erro, sem dúvida, é a interpretação inadequada dos resultados. Em geral, os professores atribuem aos instrumentos uma precisão que estes não possuem. Na melhor das hipóteses, nossos instrumentos e técnicas de avaliação proporcionam somente resultados aproximados, que devem, portanto, ser assim considerados.
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e) A avaliação é um meio para alcançar fins e não um fim em si mesma, conforme
Turra(1982 apud PILETTI, 1986, p.195):
O uso da avaliação implica propósito útil, significativo. É necessário que a escola, os professores e os alunos retomem com mais clareza e atenção esse princípio. Isso implica atribuir à avaliação seu verdadeiro papel, ou seja, de que deve esse processo contribuir para melhorar as decisões de natureza educacional – melhorar o ensino e a aprendizagem, bem como o planejamento e o desenvolvimento curricular. O entendimento errôneo e a desobediência a esse princípio tem sido, em grande parte, causa da frustração de alunos e professores, da insuficiência da aprendizagem escolar e, sobretudo, da falta de motivação para aprender por parte de alunos. Tal entendimento tem ocasionado a perda do verdadeiro significado
do próprio ensinoaprendizagem, como facilmente é constatável.
A tarefa de avaliação deve começar no primeiro dia de aula. Logo que os
alunos chegam à escola, o professor deve começar a avaliá-los. Só assim poderá
adquirir informações diretas, imprescindíveis e valiosas para planejar o seu trabalho.
O trabalho do professor será tanto mais eficiente quanto mais estiver calcado em
dados reais, em informações acumuladas sobre os alunos.
Técnicas e instrumentos de avaliação
Existem várias técnicas e vários instrumentos de avaliação para Piletti. Para
avaliação diagnóstica pode ser usado o pré-teste, o teste diagnóstico, a ficha de
observação ou qualquer outro instrumento elaborado pelo professor. Para avaliação
formativa temos as observações, os exercícios, os questionários, as pesquisas, etc.
E, finalmente, para a avaliação somativa, os dois tipos de instrumentos mais
utilizados são as provas objetivas e as provas subjetivas. As provas objetivas tem a
vantagem da precisão e da clareza. Elas são mais limitantes do que as provas
subjetivas. As provas subjetivas oferecem mais chances ao aluno para colocar sua
opinião, formar conceitos e generalizações. Ao escolher uma técnica ou instrumento
de avaliação, deve-se ter presente, portanto, o tipo de habilidade que se deve
verificar no aluno.
A avaliação serve de auxílio para a melhoria do processo ensino e
aprendizagem e de instrumento de verificação da mudança de comportamento,
enfatizando a realidade discente para posterior tomada de decisões, promovendo
uma apreciação qualitativa do processo. A definição mais comum, que encontramos
nos manuais e que é adequada segundo Luckesi (1986, p.25): “A avaliação é um
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julgamento de valor sobre manifestações relevantes da realidade, tendo em vista
uma tomada de decisão”.
Observa-se nesse conceito que avaliação é empregada como julgamento de
valor sobre posturas reais considerando as tomadas de decisões, conforme Luckesi
(1986, p.92): “É uma apreciação qualitativa sobre dados relevantes do processo de
ensino e aprendizagem que auxilia o professor a tomar decisões sobre o seu
trabalho”.
Em conformidade com o Currículo Básico para a Escola Pública do Paraná,
da Secretaria de Estado da Educação (1990), a avaliação contínua da aprendizagem
dos alunos e da organização do saber escolar são dimensões indissociáveis no
processo de avaliação escolar. Assim, avaliar o grau de domínio das ações
ensinadas em cada área do conhecimento por parte dos alunos, só terá sentido se
servir de parâmetros para a revisão do próprio saber escolar e da prática
pedagógica do professor. Frente aos resultados, o professor deverá questionar se o
ensino da forma como está sendo conduzido, será eficiente para a aprendizagem
discente. O grande desafio é ensinar bem, ordenar, reordenar o ensino, o dia-a-dia
da escola e do professor, aprofundando o domínio dos conteúdos relativos a cada
área do conhecimento e das suas formas no encaminhamento metodológico do
ensino.
Luckesi (2005) propõe que a avaliação do aproveitamento escolar seja para
verificar os resultados das aprendizagens dos educandos, tendo como finalidade o
desenvolvimento do aluno. Com isso o professor deverá: coletar, analisar e sintetizar
as manifestações das condutas dos educandos, o que foi aprendido, atribuindo uma
qualidade a essa conduta de aprendizagem e a partir dessa qualificação chegar a
uma tomada de decisão. Assim sendo, o aproveitamento escolar não será a
aprovação ou a reprovação do aluno, mas o direcionamento da aprendizagem e seu
consequente desenvolvimento.
Há variados métodos e técnicas de avaliação, uma delas é a observação que
é conceituada pela Soeiro e Aveline (1982) como uma observação atenta dos
objetos e fenômenos da natureza nas condições que acontecem. Com isso há a
necessidade de conhecer as causas, as leis e as propriedades para que através da
observação possam ser percebidos a dimensão dos fenômenos, por isso é
considerada uma das técnicas científicas de grande importância pelo fato de ser um
processo mental que exige muita atenção e percepção.
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Além da observação, existem muitas técnicas e instrumentos que podem
auxiliar o docente em seu trabalho de avaliador, como: exercícios, provas escritas,
provas orais, apresentação de trabalhos, confecção de cartazes, participação e
cooperação nas atividades desenvolvidas em sala de aula e outros. Para Bloom et al
(1971 apud ENRICONE et al 1981, p. 194):
Durante a aula, em cada classe, professores avaliam seus alunos. Fazem isto de modo espontâneo, sem o auxílio do que habitualmente se chama de teste. Muitas vezes a atenção do professor se volta para uma expressão facial momentânea, um tom de voz, uma forma de postura; outras vezes, naturalmente, considera as respostas que aluno traz às perguntas feitas. Contudo este tipo de avaliação é não planejada; é diferente dos tipos de avaliação sistemáticos e quantitativos: diagnóstica, formativa, somativa e outras. Isto não sugere que a avaliação informal, espontânea, seja de pequeno valor ou de que haja qualquer contradição básica entre a avaliação formal e a informal. Nosso ponto de vista simplesmente é que a avaliação informal deva ser suplementada com formas mais sistemáticas de coleta dados ou evidências.
Conforme Villatorre (2009) a escolha dos instrumentos e a criação de
atividades e/ou questões para realizar a avaliação devem ser feitos de acordo com o
enfoque teórico adotado para o ensino e para a aprendizagem. Eles devem propiciar
condições ao professor para que ele perceba se os objetivos foram alcançados, se
sua metodologia e suas estratégias didáticas foram adequadas para o conteúdo e se
ocorreu a aprendizagem.
Para demonstrar os meios avaliativos preferidos pelos alunos da escola
selecionamos a estatística que segundo as Diretrizes Curriculares de Matemática
(2008) é englobado pelo Conteúdo Estruturante Tratamento de Informação. A
estatística se iniciou no século XVII, em estudos sobre as taxas de mortalidade, os
quais serviram aos governos para coletar informações relativas a números de
nascimentos, casamentos e dados sobre migração, entre outras. A estatística, então
se tornou um conteúdo matemático importante ao ter seus conceitos aplicados em
vários campos do conhecimento. Entre eles destacam-se: as Ciências Sociais, a
Genética e a Psicologia. Pela necessidade de quantificar os dados coletados nas
pesquisas, a aplicabilidade de métodos estatísticos se tornou essencial e ainda o
Tratamento da Informação é um Conteúdo Estruturante que contribui para o
desenvolvimento de condições de leitura crítica dos fatos ocorridos na sociedade e
para a interpretação de tabelas e gráficos que, de modo geral, são usados para
apresentar ou descrever informações. Os conceitos estatísticos devem servir de
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aporte aos conceitos de outros conteúdos, com os quais sejam estabelecidos
vínculos para quantificar, qualificar, selecionar, analisar e contextualizar
informações, de maneira que sejam incorporadas às experiências do cotidiano.
Segundo Bigode (2000) problemas de localização preocupam os matemáticos
e os astrônomos desde a época das grandes navegações. Descartes, filósofo e
matemático francês escreveu um livro de geometria onde descreveu um método
para localizar pontos e figuras numa rede de linhas por meio de letras e números,
mais tarde recebeu o nome de plano cartesiano em homenagem ao seu criador.
Conforme Cunha (1968) a estatística já era conhecida e aplicada desde a
antiguidade. Na Bíblia, há referências de censo dos hebreus, no Egito, devido as
inundações do Nilo, se faziam anualmente cadastros para a repartição das terras
férteis, os gregos faziam censos demográficos muitos séculos antes de Cristo. Em
Roma, os censos eram feito com o objetivo de se aplicar o regime do imposto. Nos
tempos modernos, o censo é indispensável para auxiliar as tarefas governamentais.
Para a estatística, Legendre (1805) contribui com um método que definiu o
curso da teoria estatística no século XIX, e se tornou o instrumento padrão para os
estatísticos desde então. Em um apêndice a um pequeno livro sobre a determinação
das órbitas dos cometas publicado em 1805, Legendre apresentou o que ele
chamou de “la méthode des moindres quarrés” (o método dos mínimos quadrados.)
para extrair informação confiável de dados de medidas conforme Legendre (1805
apud GOUVÊA, BERLINGHOFF, 2010, p.222): ‘’Por esse método é estabelecido um
certo equilíbrio entre erros, o qual, como impede que os extremos dominem, é
apropriado para revelar o estado do sistema que se aproxima da verdade”.
O estatístico mais importante do começo do século XX foi R. A. Fisher. Com
visão ao mesmo tempo teórica e prática, Fisher transformou a estatística em um
instrumento científico poderoso baseado em sólidos princípios matemáticos. Em
1925 publicou Statístical Methods for Research Workers (Métodos Estatísticos para
Pesquisadores), um livro marcante para muitas gerações de cientistas. Dez anos
mais tarde, escreveu The Design of Experiments (O Planejamento de Experiências)
um livro que enfatizava que para obter bons dados era preciso partir de uma
experiência planejada para fornecê-los. Fisher tinha um talento para escolher
exatamente o exemplo certo para explicar suas idéias. Seu livro sobre experiências
ilustra a necessidade de refletir sobre como as experiências são planejadas com um
evento real.
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O século XX viu a aplicação de técnicas estatísticas a uma gama cada vez
mais ampla de atividades humanas como: levantamento de opinião pública na
política, métodos de controle de qualidade nas manufaturas, testes padronizados no
ensino e análogos se tornaram aspectos comuns na vida de todo dia. Os
computadores agora permitem que os estatísticos trabalhem com quantidades de
dados verdadeiramente enormes, e isso começa a influir na teoria e na prática da
estatística. Algumas das ideias mais importantes vieram de John Tukey, um homem
brilhante que fez contribuições significativas à matemática pura, a matemática
aplicada, a ciência da computação e a estatística. Tukey inventou o que ele chamou
de “Análise Exploratória de Dados”, uma coleção de métodos para lidar com dados
que está se tornando cada vez mais importante, conforme os estatísticos têm que
lidar com os grandes conjuntos de dados de hoje.
Atualmente, a estatística já não é considerada um ramo da matemática,
embora seus fundamentos sejam ainda fortemente matemáticos.
Assim, em apenas poucos séculos, as sementes plantadas por questões
matemáticas sobre dados floriram em uma disciplina independente com seus
próprios objetivos e padrões, e sua importância tanto para a ciência quanto para a
sociedade continua a crescer.
Segundo o autor Giovanni (1990) o levantamento de informações e sua
exposição em tabelas e gráficos são feitos, em geral, de forma científica, utilizando
um dos ramos da matemática chamado estatística e através dessa análise de
informações são feitas projeções sobre os mais diversos assuntos. A estatística
trata do conjunto de métodos utilizados para a obtenção de dados, sua organização
em tabelas e gráficos, a análise desses dados e pode ser usada no nosso dia-a-dia,
em situações como: avaliar o rendimento em matemática de um determinado
semestre, analisar o desempenho de um time em um campeonato ou entender como
a inflação desvaloriza sua mesada.
Conforme esse mesmo autor, a estatística está presente em quase todas as
atividades do homem, ainda mais com o desenvolvimento das máquinas de calcular
e dos computadores, que facilitaram e agilizaram os cálculos matemáticos e através
das análises feitas a partir de dados organizados podemos, em muitos casos, fazer
previsões, determinar tendências, auxiliar na tomada de decisões, elaborar um
planejamento com mais precisão. Os gráficos é um dos meios mais utilizados para
representar e analisar dados e podem ser expressos por meio de figuras. Entre
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vários tipos de gráficos utilizados em estatística, temos gráficos de: segmentos,
barras e circulares.
A concepção de avaliação que permeia o currículo não pode ser somente do
professor, deve haver o envolvimento coletivo da escola para que se concretize o
trabalho pedagógico formando alunos cidadãos para a vida.
3- Desenvolvimento das atividades
O projeto de intervenção pedagógica foi aplicado no 8º Ano do Ensino
Fundamental do Colégio Estadual Papa Paulo VI – EFM de Nova América da Colina,
Estado do Paraná. De início, aplicou-se uma aula expositiva sobre o conteúdo
estatística, seus conceitos e técnicas básicas, objetivando capacitar a utilização da
estatística descritiva e o desenvolvimento da habilidade na organização de dados,
construir e diferenciar os variados tipos de gráficos e sua interpretação .
Demonstrar que é possível organizar uma sequência de ensino que
encaminhe uma apreensão de modo significativo e abrangente as noções de
estatística. Houve a revisão dos conteúdos de: Porcentagem com várias atividades,
Regra de Três para cálculos dos ângulos - os alunos acharam muito interessante
pelo fato dos dados serem coletados dentro da sala de aula de acordo com a
realidade do aluno como: sua cor preferida, o número da camiseta , o tamanho do
calçado e outros.
Após a coleta, foram quantificados e calculados a Porcentagem e os
ângulos por meio da Regra de Três e colocados na tabela; depois, a construção de
gráficos de setores com os dados da porcentagem; utilizando os dados dos ângulos
foram construídos o gráfico de setores com o uso do transferidor. No início,
observou-se a dificuldade dos alunos em manusear os instrumentos de medidas
como: régua, transferidor e o compasso. Nesse momento, o trabalho em grupo
funcionou para ajudar aqueles que tinham dificuldade, com a prática houve muita
motivação e participação por parte dos alunos.
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Depois da fixação dos conteúdos, muitos alunos comentaram que
conseguiam fazer a leitura dos jornais, revistas e interpretar as tabelas e os gráficos
mais facilmente. Em seguida, os alunos foram divididos em 4 equipes, dois grupos
ficaram responsáveis pelo Ensino Fundamental e dois grupos pelo Ensino Médio. As
equipes se reuniram, houve troca de ideias, discussão em torno do tema, fez-se
questionamentos, pesquisa sobre o tema proposto e a elaboração de um
questionário com os instrumentos avaliativos mais usados pela escola, que foi usado
para a entrevista dos alunos do ensino fundamental e do ensino médio, que
responderam qual era o meio avaliativo preferido por eles para que ocorra da
melhor maneira o processo ensino e aprendizagem.
Os alunos de posse do total de alunos de cada sala calcularam os 20% de
cada turma, sortearam os números da chamada dos alunos e fizeram a pesquisa em
todas as salas de aula. No início das entrevistas observou-se uma certa timidez por
alguns alunos tanto do entrevistado como do entrevistador e que com a prática foi
sanada. Em cada aluno participante como entrevistador desenvolveu-se a
capacidade de trabalhar em equipe, tomar decisões, comunicar-se com
desenvoltura, formular e resolver problemas relacionados com situações
contextuais.
Cada equipe fez a tabulação dos dados coletados e trocaram as informações
para que todos tivessem os resultados da pesquisa. Esses dados foram
computados, colocados em tabela e gráfico de setores com seus respectivos
comentários. Para digitar o trabalho e confeccionar as tabelas e os gráficos os
alunos fizeram uso do computador da escola, que foi feito com muita facilidade
causando a admiração dos docentes da escola. Os alunos entregaram o trabalho na
data marcada demonstrando o quanto são responsáveis.
As tabelas e os gráficos também foram feitos na cartolina e foram expostos
na escola para que todos soubessem de que forma os alunos gostariam de ser
avaliados. Os educadores de posse da informação e se acharem conveniente
poderão utilizar estes instrumentos avaliativos preferidos pelos alunos para suas
avaliações para que alcance resultados mais fidedignos de acordo com a
aprendizagem do aluno.
Os alunos que participaram da apresentação dos cartazes foram elogiados
pela comunidade escolar que destacaram a importância da realização do trabalho.
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Os resultados de intervenção do Projeto Político Pedagógico no CEPPVI – EFM de
Nova América da Colina foram:
1) Ensino Fundamental:
O Instrumento avaliativo preferido pelos alunos foi a avaliação escrita com 32%.
2) Ensino Médio:
O Instrumento avaliativo preferido pelos alunos foi a exposição de trabalhos com
45%.
Para demonstrar os meios avaliativos preferidos pelos alunos da escola
selecionamos a Estatística, pois é um conteúdo matemático importante ao ter seus
conceitos aplicados em vários campos do conhecimento.
E, como há a necessidade de quantificar os dados coletados nas pesquisas, é
essencial a aplicabilidade de métodos estatísticos para a interpretação de tabelas e
gráficos que, de modo geral, são usados para apresentar ou descrever informações.
Resultado da Pesquisa de Campo
Tabela 1 – Pesquisa do Instrumento Avaliativo preferido pelos alunos do Ensino
Fundamental
Instrumento Avaliativo Frequência Porcentagem Ângulo
Avaliação Escrita 17 32% 115°
Exposição de Trabalho 8 15% 54°
Atividade em sala de
aula
7 13% 48°
Avaliação Oral 9 17% 61°
Variar as avaliações
acima
5 10% 34°
Nenhuma das
respostas
7 13% 48°
TOTAL 53 100% 360°
Fonte: Autora (2011)
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Observação: Alguns alunos citaram outros meios avaliativos preferidos:
1. Nota nas atividades
2. Nota de participação
3. Avaliação com consulta
Como pode ser observado na tabela 1, a avaliação escrita é a avaliação de
preferência dos alunos do Ensino Fundamental pelo fato de estarem habituados com
esse tipo de avaliação. Alguns preferem não variar os tipos de avaliações, pois
temem não se acostumar.
Quanto ao cálculo dos ângulos usou-se a Regra de Três, colocados na tabela e
com esses dados é feito a construção de Gráfico de setores utilizando o transferidor
e do compasso.
Tabela 2 – Pesquisa do Instrumento Avaliativo preferido pelos alunos do Ensino
Médio
Instrumento avaliativo Frequência Porcentagem Ângulo
Avaliação escrita 9 24% 85,2º
Exposição de trabalho 17 45% 161,0º
Atividade em sala de aula com
observação do professor
0 0% 0º
Avaliação oral 2 5% 18,9º
Variar as avaliações escritas
acima
8 21% 76º
Nenhuma resposta anterior 2 5% 18,9º
TOTAL 38 100% 360º
Fonte: Autora (2011)
Observação: Os alunos que assinalaram a alternativa NENHUMA DAS
RESPOSTAS ANTERIORES, preferem como instrumento avaliativo atividades de
múltipla escolha.
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De acordo com a Tabela 2, pode-se notar que os alunos preferem ser
avaliados através da Exposição de trabalhos e a maioria não gostam da Avaliação
oral, pois acham que não teriam um bom desempenho, o que não significa
necessariamente que não saibam o conteúdo.
E, da mesma forma que a Tabela 1, os cálculos dos ângulos foram feitos
através da Regra de Três, os dados colocados na tabela e utilizados na construção
de gráficos de setores com o uso do transferidor e do compasso.
Figura 1 – Pesquisa do Instrumento Avaliativo preferido pelos alunos do Ensino Fundamental
Fonte: Autora (2011)
Conforme visualizado no gráfico da figura 1, pode-se notar que os alunos
preferem a avaliação escrita. Segundo os comentários, é pelo fato de estarem
habituados a esse tipo de avaliação e passa-se menos estresse psicológico.
Avaliação Escrita 32%
Exposição de Trabalho
15%
Atividade em sala de aula 13%
Avaliação Oral 17%
Variar as avaliações acima 10%
Nenhuma das
respostas 13%
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Figura 2 – Pesquisa do Instrumento Avaliativo preferido pelos alunos do Ensino Médio
Fonte: Autora (2011)
Através deste gráfico da figura 2 podemos observar que os alunos do Ensino
Médio preferem como avaliação a exposição de trabalhos, segundo os alunos, exige
mais tanto na parte da leitura como do estudo, pois há a necessidade de preparar-se
para a apresentação do trabalho e consequentemente há a aprendizagem.
Avaliação escrita 24%
Avaliação Oral 5%
Exposição de trabalhos
45%
Nenhuma resposta 5%
Variar as avaliações
21%
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GTR (Grupo de Trabalho em Rede)
Após a implementação do projeto, acontece o GTR (Grupo de Trabalho em
Rede) que é um curso à distância oferecido aos professores Estaduais. De início, é
apresentado o projeto em que todos os professores participantes concordam que a
avaliação interfere no resultado da aprendizagem, que através da avaliação, devem
buscar subsídios para que haja uma reflexão na prática pedagógica e as decisões a
serem tomadas a respeito do processo avaliativo que envolve o professor e o aluno
no acesso ao conhecimento.
O principal objetivo da avaliação é a verificação da aprendizagem, se esse
objetivo não for atingido é preciso retomar o conteúdo de maneira diferenciada e
avaliar os alunos continuamente considerando todos os aspectos como: atenção,
participação, cooperação, oralidade, escrita, organização de ideias.
Quanto ao material didático, os Cursistas acharam de fácil compreensão e
pertinente a realidade da escola pública. O conteúdo foi bem explorado envolvendo
outros conhecimentos matemáticos, sendo um assunto muito interessante que
geralmente é explorado pela mídia. E também pelo fato de desenvolver as
habilidades pessoais do aluno, a comunicação, formulação e resolução de
problemas relacionados com situações contextuais, favorecendo a formação de
aluno crítico e atuante na sociedade, pois possibilita a investigação, discussão,
análise e tomada de decisões facilitando a interdisciplinaridade.
A maioria dos professores participantes do GTR acham que avaliar é muito
difícil, complexo, transformar em números a aprendizagem. Mas como os alunos
assimilam os conteúdos de forma diferenciada é necessário oferecer oportunidades
através de diversos instrumentos avaliativos para que os alunos expressem mais
facilmente suas ideias. Esse curso permitiu ao professor Cursista aprofundar,
discutir, compreender sobre o assunto e que o projeto trouxe subsídios para auxiliar
na prática pedagógica. Quanto as atividades em sala de aula, os professores
participantes contribuiram com diversas atividades interessantes que foram
aplicados em suas próprias aulas auxiliando o trabalho e o processo ensino e
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aprendizagem. Dessa forma, demonstrou-se o quanto são comprometidos com a
educação.
4- Considerações Finais:
Com esses resultados, nota-se que a avaliação pode interferir no resultado da
aprendizagem e que por meio da avaliação devemos buscar subsídios para que haja
uma reflexão na prática pedagógica e nas decisões a serem tomadas a respeito do
processo avaliativo. O principal objetivo da avaliação é a verificação da
aprendizagem, se esse objetivo não for atingido é preciso retomar o conteúdo de
maneira diferenciada e avaliar os alunos de uma forma contínua considerando todos
os aspectos como: atenção, participação, cooperação, oralidade, escrita,
organização de ideias.
A avaliação deve ocorrer durante todo o processo de ensino e aprendizagem
para que a tarefa educativa tenha sucesso. Deve ser de caráter dinâmico, contínuo e
cooperativo, acompanhando toda a prática pedagógica. O aproveitamento escolar
não é a aprovação ou a reprovação do aluno, mas o direcionamento da
aprendizagem e seu consequente desenvolvimento.
Esse trabalho proporciona aos docentes conhecer que cada aluno tem a sua
forma preferida de ser avaliado, e que dependendo da fase em que se encontra o
tipo de avaliação que preferem também são diferentes. Os professores de posse dos
resultados podem utilizar na sua prática o meio como os alunos assimilam melhor os
conteúdos. É necessário oferecer oportunidades diversificando os instrumentos
avaliativos para que os alunos expressem mais facilmente suas ideias, tenham
maior motivação nos estudos, evitando assim prejuízos para o aluno como: a evasão
e a repetência escolar.
Nesse trabalho também foram proporcionados aos alunos a formação de
conceitos que auxiliam no exercício de sua cidadania. Oportunidades aos alunos
para que desenvolvam a capacidade de: coletar, organizar, ler, interpretar e
comparar os dados obtendo conclusões que colaborem em sua formação como
18
cidadão atuante na sociedade, com habilidades de interpretação de diversas leituras
do mundo para entender e transformar sua realidade.
5- Referências Bibliográficas:
BIGODE, Antonio José Lopes. Matemática hoje é feita assim. São Paulo: FTD,
2000.
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