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  • Prova Final de Portugus

    3. Ciclo do Ensino Bsico

    Prova 91/2. Chamada 13 Pginas

    Durao da Prova: 90 minutos. Tolerncia: 30 minutos.

    2013

    Prova 91/2. Ch. Pgina 1/ 13

    No caso da folha de rosto levar texto, colocar numa caixa s a partir desta guia

    PROVA FINAL DO 3. CICLO DO ENsINO BsICO

    Decreto-Lei n. 139/2012, de 5 de julho

    Escreve, de forma legvel, a numerao dos grupos e dos itens, bem como as respetivas respostas. Todas as respostas devem ser registadas na folha de respostas.

    Utiliza apenas caneta ou esferogrfica de tinta indelvel, azul ou preta.

    No permitida a consulta de dicionrio.

    No permitido o uso de corretor. Sempre que precisares de alterar ou de anular uma resposta, risca, de forma clara, o que pretendes que fique sem efeito.

    As respostas ilegveis ou que no possam ser claramente identificadas so classificadas com zero pontos.

    Para cada item, apresenta apenas uma resposta. Se apresentares mais do que uma resposta a um mesmo item, s a primeira ser classificada.

    Para responderes aos itens de escolha mltipla, escreve, na folha de respostas: o nmero do item; a letra que identifica a opo escolhida.

    Para responderes aos itens de ordenao, escreve, na folha de respostas: o nmero do item; a sequncia de letras que identificam os elementos a ordenar.

    As cotaes dos itens encontram-se no final do enunciado da prova.

  • Prova 91/2. Ch. Pgina 2/ 13

    GRUPO I

    PARTE A

    L o texto. Em caso de necessidade, consulta as notas e o vocabulrio apresentados.

    Marte na literatura

    1 boleia da explorao do rob Curiosity1, fomos ver como o planeta vermelho tem sido tratado na fico. Eis alguns casos exemplares.

    POR SLVIA SOUTO CUNHA

    5

    10

    A Guerra dos MundosDe H. G. WELLS(Ulisseia)

    Clssico escrito na euforia da ps-industrializao, narra uma invaso marciana hostil: na sequncia de exploses em Marte, caem uns cilindros metlicos em Londres, de onde emergem, armados com raios mortferos, aliengenas2 que se deslocam em trpodes3. Por ironia, so dizimados por uma bactria terrestre, microscpica defesa face ao desconhecido.

    15

    John CarterDe EDGAR RICE BURROUGHS(Sada de Emergncia)

    O criador de Tarzan inventou um heri ao gosto do pblico rendido ao cinema, nas dcadas de 20 e 30: um John Ningum, que, ao fugir de ndios apaches, transportado inexplicavelmente para Marte, planeta de princesas, guerreiros brbaros e monstros surpreendentes. John Carter ganha poderes extraordinrios e salva o planeta maneira de Flash Gordon ou de Super-Homem, que, dizem, influenciou.

    20

    25

    Crnicas MarcianasDe RAY BRADBURY(Publicaes Europa-Amrica)

    Publicada originalmente em 1950, trata-se de uma obra que ecoa a realidade da Guerra Fria e os receios da era atmica. Bradbury efabula4 sobre as vrias colonizaes humanas de Marte, traando o retrato do planeta como runa abandonada, civilizao quase extinta, paisagem invadida um aviso, com paralelismos bvios com a Terra.

    30

    35

    Regresso a MarteDe BEN BOVA(Publicaes Europa-Amrica)

    Uma anterior expedio terrestre ao planeta desabitado revelara uma forma de vida e um mistrio. Seis anos depois, uma segunda misso encabeada por um cientista, interessado em descobrir o que aconteceu a Marte, colidindo com os interesses de um patrocinador bilionrio que quer explorar os recursos do planeta. Onde que j ouvimos isto?

    Slvia Souto Cunha, Viso, 16 de agosto de 2012 (texto adaptado)

  • Prova 91/2. Ch. Pgina 3/ 13

    VOCABULRIO E NOTAS1 Curiosity nome do veculo mvel no tripulado, utilizado para uma misso de investigao em Marte.2 aliengenas extraterrestres.3 trpodes estruturas mveis assentes em trs ps.4 efabula narra histrias fabulosas.

    Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientaes que te so dadas.

    1. Seleciona, para responderes a cada item (1.1. a 1.4.), a nica opo que permite obter uma afirmao adequada ao sentido do texto.

    Escreve o nmero do item e a letra que identifica a opo escolhida.

    1.1. A leitura do texto permite afirmar que as quatro obras apresentadas tm em comum o facto de fazerem referncia

    (A) invaso da Terra por marcianos.

    (B) colonizao de Marte por seres humanos.

    (C) a heris humanos com poderes extraordinrios.

    (D) a viagens entre dois planetas.

    1.2. Com a expresso Por ironia (linha 10), pretende salientar-se

    (A) o poder destruidor dos marcianos perante a fraca resistncia dos seres humanos.

    (B) a intensidade do medo sentido pelos humanos perante a fora das armas aliengenas.

    (C) a desproporo entre o poder dos aliengenas e a pequenez daquilo que os destri.

    (D) o contraste entre a fraca resistncia dos marcianos e a vitria que acabam por conseguir.

    1.3. Com a pergunta Onde que j ouvimos isto? (linha 35), a autora pretende

    (A) relacionar a histria narrada na obra com os conhecimentos dos leitores.

    (B) desaconselhar a leitura da obra pela falta de originalidade do tema.

    (C) estabelecer um paralelo com as outras obras apresentadas no texto.

    (D) conduzir reflexo sobre os elevados custos da explorao espacial.

    1.4. De acordo com o texto, Marte tratado como um planeta

    (A) destrudo pela ao dos seres humanos, em A Guerra dos Mundos.

    (B) que constitui uma ameaa para a vida na Terra, em John Carter.

    (C) habitado por seres que se assemelham a personagens de fbulas, em Crnicas Marcianas.

    (D) que desperta interesse do ponto de vista da investigao cientfica, em Regresso a Marte.

  • Prova 91/2. Ch. Pgina 4/ 13

    2. Seleciona a opo que corresponde nica afirmao falsa, de acordo com o sentido do texto.

    Escreve o nmero do item e a letra que identifica a opo escolhida.

    (A) que (linha 16) refere-se a um John Ningum.

    (B) que (linha 19) refere-se a o planeta.

    (C) que (linha 23) refere-se a uma obra.

    (D) que (linha 34) refere-se a um patrocinador bilionrio.

    Responde, de forma completa e bem estruturada, ao item que se segue.

    3. L o excerto seguinte.

    Havia uma cidade pequena, branca e silenciosa beira do mar morto de Marte. A cidade estava deserta. Ningum se movia. Luzes solitrias ardiam nas lojas todo o dia. As portas das lojas estavam escancaradas, como se as pessoas tivessem fugido sem se servirem das chaves. Revistas trazidas da Terra no foguete prateado, h um ms, flutuavam ao vento, intactas, castanhas, em cavaletes de arame colocados em frente das lojas silenciosas.

    Ray Bradbury, Crnicas Marcianas, trad. de M. Teresa C. P. Pereira, Mem Martins, Publicaes Europa-Amrica, 2002 (texto adaptado)

    Identifica dois aspetos que evidenciem que este excerto pertence obra Crnicas Marcianas, considerando a informao apresentada nas linhas 23 a 27 do texto da Parte A.

    Justifica a tua resposta com duas expresses retiradas do texto da Parte A (linhas 23 a 27).

  • Prova 91/2. Ch. Pgina 5/ 13

    Pgina em branco -

  • Prova 91/2. Ch. Pgina 6/ 13

    PARTE B

    L o texto. Em caso de necessidade, consulta o vocabulrio apresentado.

    1

    5

    10

    15

    20

    25

    30

    35

    Tomei o comboio na estao de Castanheira, depois que o Calhau deixou de me abraar. Foi ele que me trouxe no carro de bois de D. Estefnia []. Sozinhos no carro, Calhau abismava-se no grande silncio da manh. Apenas de vez em quando, emergindo da solido, mas fixo ainda na radiao de tudo, dizia coisas naturais da terra e das sementes, ou perguntava de novo a que horas era o comboio.

    s nove respondia eu. Chegamos a tempo.E outra vez se calava, de capote s orelhas, sentado na borda do carro, com as pernas

    suspensas.Mas logo depois murmurava de novo: Tens sorte. Olha eu que nunca pus os ps num comboio. J o vi trs vezes com esta. Mas

    nunca l pus os ps. Tens sorte.A nvoa da madrugada desprendia-se dos campos, ia envolvendo a montanha. Dobrado

    de frio, o queixo nos joelhos, a saca da roupa ao lado, eu sentia-me quase feliz, mas de uma estranha felicidade inquietante. Perturbavam-me de prazer a trepidao1 da partida, o halo2 da novidade e sobretudo o apelo intrnseco3 e doce de todas as pequenas coisas que ficavam mais perto de mim, como o fato novo, estreado esse dia, e o farnel da merenda para comer no comboio. Fechado nestas quimeras4, eu calava-me tambm, como se com o silncio me defendesse de tudo o que era ameaa minha roda. Porque tudo para mim era estranho e ameaador, desde a montanha imvel na enorme manh circular at ao espectro5 do Calhau e dos bois, to inslitos6 na sua placidez7 inicial, como se viessem carregando o carro, submissamente, atravs de longos sculos

    Afinal chegmos meia hora antes do comboio. De modo que, aproveitando esse bnus de espera, Calhau e eu pusemo-nos a estudar as linhas, os vages nos desvios, a engrenagem das agulhas. Como achava tudo aquilo maravilhoso, estranhei que o Calhau s trs vezes tivesse visto o comboio.

    H pior disse-me ele, sossegado. Conheces a Felcia? Pois mais velha do que eu e nunca o viu.

    E aqui to perto! admirei-me eu, condodo. Mas Calhau no se perturbou, convencido, decerto, de que isso de ver comboios no era

    assim muito importante para a vidaUm homem fardado veio plataforma dar avisos de corneta, uma inquietao nova centrou

    a ateno de todos. E, bruscamente, entre dois grandes penhascos, o comboio rompeu enfim como um rancor8 subterrneo, alucinado de ferros e fumarada. E tive medo. Pela primeira vez estremeci de medo at aos limites da vida, no tanto, porm, da fria do comboio, como dessa coisa insondvel9 e enorme, to grande para mim, que era partir.

    Verglio Ferreira, Manh Submersa, 7. ed., Amadora, Livraria Bertrand, 1979

  • Prova 91/2. Ch. Pgina 7/ 13

    VOCABULRIO1 trepidao agitao.2 halo b