plano de atendimento de musicoterapia para paciente pc
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Plano de atendimento de paciente de Paralisia Cerebral.TRANSCRIPT
FMU – Faculdades metropolitanas Unidas
Musicoterapia em um Paciente com Paralisia Cerebral
Planejamento de três sessões musicoterapêuticas
Aluno: Greco Lacerda Cruz
09/06/2015
RESUMO: Este trabalho é um planejamento de três sessões para um paciente de paralisia cerebral com diagnóstico clínico de quadriplegia distônica com espasticidade. Explica como se desenvolverão as sessões que têm a finalidade de buscar o melhor diagnóstico e procedimentos musicoterapêuticos.
Disciplina: Musicoterapia Na Educacão e Reeducação
Prof. Ana Maria Caramujo Pires de Campos
Plano de atendimento para três sessões de um paciente
de paralisia cerebral
Perfil do paciente
Tem 18 anos. Os primeiros meses de vida se desenvolvem normalmente, no 5º mês
observa-se um leve atraso. Pelo menos dois meses por ano desenvolve um quadro de
diarreia que desencadeia convulsões, inicialmente uma por dia, que foram aumentando
em frequência e duração até permanecer cerca de 18 horas com convulsões. Este quadro
produziu um grave comprometimento motor.
Seu diagnóstico médico atual é uma quadriplegia distônica com espasticidade, sequela
de aciduria glutárica tipo 1. Apresenta também miopia e astigmatismo.
Seu quadro motor é muito complicado. Seu tônus muscular é flutuante com espasmos
tônicos. O controle da cabeça é muito instável em geral pende para a direita. Devido ao
seu quadro motor sempre precisa da ajuda de uma ou duas pessoas para ser transferido
de uma posição a outra.
O jovem não maneja nenhum sistema que permite a comunicação direta, que lhe
permita formular seus desejos, expressar ideias ou sentimentos. A comunicação depende
de perguntas diretas feitas por seu interlocutor, que podem ser respondidas de duas
maneiras: pondo a língua para fora indicando "sim" ou fechando a boca em um sentido
descendente para indicar "não".
A família o define como muito inteligente, sensível e espiritual. Para os familiares sua
enfermidade tem cunho religioso, já que o corpo estando destruído só lhe resta cultivar a
vida no espírito.
É muito expressivo com o olhar e prefere se comunicar com adultos.
Processo musicoterapêutico inicial
Serão realizadas três sessões para diagnóstico musicoterapêutico: Averiguar até onde é
possível chegar nesse início, abrir um canal de comunicação, iniciar os primeiros
estímulos.
Antecederão as sessões, uma série de ações orientadas a reunir informações sobre o
paciente. Entrevistas com os responsáveis, ficha musicoterapêutica, ficha clínica, dentre
outras informações.
Objetivos musicoterapêuticos
Os objetivos gerais foram identificados; que se destinam a cobrir todos processos e
objetivos dessa fase; relacionado com o que será realizado nas sessões de musicoterapia.
Muitos destes objetivos serão concebidos dos resultados de uma sessão para outra,
vinculado também com as expectativas para cada etapa.
Objetivos Gerais
- Proporcionar ao paciente um espaço musicoterapêutico que permita fortalecer sua
autoestima potencializando suas capacidades; sonoras, de movimento e relaxamento,
mediante diversas experiências de trabalho corporal, sonorização vocal, audição e
contato sonoro corporal com instrumentos musicais e com o musicoterapeuta, visando à
reeducação mental e corporal.
- Desenvolver vínculo terapêutico entre o paciente e o musicoterapeuta.
- Potencializar as formas de expressão sonoras e faciais que apresenta o paciente, para
incorporá-las em seu ambiente de comunicação e melhorar o seu envolvimento social.
- Nessa primeira etapa o objetivo principal é de diagnóstico musicoterapêutico.
1ª sessão – 40 minutos
Atividades:
Tirar o paciente da cadeira de roda e colocar num colchonete.
Experimentação e contato sonoro a partir da expressão corporal e sonora do
paciente.
Tocar os instrumentos do setting e observar as reações do paciente.
Apresentar uma “Hello Song” para o paciente, baseada na sua identidade sonora.
Cantar várias vezes.
Setting:
Sala nº 1 da Clínica de musicoterapia
Colchonete
Violão
Côco
Pau de chuva
Djembê
2ª sessão – 1 hora
Atividades:
Cantar a Hello Song do paciente.
Tirar o paciente da cadeira de roda e colocar num colchonete.
Tocar o Djembê fazendo ritmos diferentes e observar as reações do paciente.
Tentar encontrar um ritmo estabilizador. Para isso pode-se sentir a pulsação do
paciente e procurar reproduzir algo na mesma pulsação.
O musicoterapeuta canta e executa duas músicas, ao violão, da identidade sonora
do paciente.
O musicoterapeuta começa os estímulos sonoros corporais com os demais
instrumentos do setting e observa as reações do paciente em relação a cada
instrumento.
Apresentar uma “Goodbye Song” para o paciente, baseada na sua identidade
sonora.
Setting:
Sala nº 1 da Clínica de musicoterapia
Colchonete
Violão
Côco
Pau de chuva
Djembê
3ª sessão – 1 hora
Atividades:
Cantar a Hello Song do paciente.
Tirar o paciente da cadeira de roda e colocar num colchonete.
Colocar o fone de ouvido no paciente e executar duas músicas do histórico
sonoro do paciente, enquanto ouve o musicoterapeuta procura movimentar
lentamente e com cuidado algumas partes do seu corpo.
O musicoterapeuta canta e executa mais duas músicas, ao violão, do histórico
sonoro do paciente, mas dessa vez encosta o violão ao corpo do paciente para
que ele sinta a vibração do instrumento.
O musicoterapeuta pega um por um dos instrumentos restantes e afasta-se para
cantos diversos da sala tentando fazer o paciente procurar os sons com a cabeça,
para observar a espacialidade e estimular novos movimentos.
O musicoterapeuta despede-se cantando a Goodbye Song do paciente.
Setting:
Sala nº 1 da Clínica de musicoterapia
Colchonete
Equipamento de som
Fone de ouvido
Violão
Côco
Pau de chuva
Djembê
Conclusão
Do ponto de vista do terapeuta/professor esse processo visa conhecer as idiossincrasias
do paciente, seus gostos e, aproveitando conhecimento, estimular o paciente a se
esforçar por aprender novas formas de comunicação, além de tentar melhorar as
incursões verbais e gestuais.
As atividades propostas para estas sessões foram elaboradas depois de observadas a
experiência clínica de profissionais que já atuam na área e os últimos estudos
desenvolvidos pelas neurociências.
Alguns ritmos internos podem chegar a combinar com ritmos externos. Na realidade,
um ritmo no mundo externo é ouvido e internalizado, evocando um ritmo
correspondente dentro de nós. Quando entendermos como e quando os ritmos auditivos
externos, ou dicas, influenciam vários mecanismos internos de sincronia, o ritmo pode
se tornar uma ferramenta terapêutica poderosa (Tomaino, 2014).
Não existe um centro para a música, como existe para a linguagem. A música ativa
diversas áreas cerebrais, mesmo aquelas que estão envolvidas com outros tipos de
cognição, tornando-se um estudo complexo, mas que permite o conhecimento do
funcionamento cerebral, desde o aprendizado de uma habilidade motora, da linguagem,
até a origem das emoções (Zatorre & McGill, 2005).
As técnicas são utilizadas de várias formas elementares e combinadas entre si para
promover a receptividade à música, sensibilizar, mobilizar e evocar respostas corporais
específicas, como o relaxar, e assim proporcionar a auto percepção.
A música é utilizada como uma forma de intervenção somática e simbólica, onde a
pessoa recebe o som/música através do corpo, apreende o som/música através da psique,
se ouve/percebe e o outro através do som/música, revive suas experiências e lembranças
e pensa através do som/música. “O relaxamento musical possibilita trazer à tona a
reação de relaxamento, como intervenção com o objetivo terapêutico de levar [a pessoa]
ao encontro de seu próprio processo natural de cura, acionando os recursos internos [da
pessoa...]”, segundo Bruscia (2000)
Segundo o neurocientista e músico Dr. Michael Thaut, a música produz emoções e por
sua vez ativa determinadas zonas cerebrais que regem o sistema motor originando
determinadas ações que são de grande ajuda para superar disfunções neuromotoras,
como as provocadas por infartos cerebrais e paralisia cerebral. Determinados padrões
rítmico-melódicos atuam sobre as áreas cerebrais motoras que estimulam e ajudam a
sincronização de movimentos, recuperando assim, as pessoas afetadas.
Constantemente encontramos profissionais da saúde que são taxativos e, de certa forma,
desacreditam as possibilidades terapêuticas que a musicoterapia proporciona aos
pacientes de paralisia cerebral. É bem verdade que há casos onde as alternativas se
apresentam reduzidas diante do quadro clínico em que se apresentam pacientes como o
nosso exemplo acima, porém na literatura de pesquisa existem inúmeros casos de
melhoras significativas nos pacientes de paralisia cerebral, que só por esse motivo –
fatos – já merece uma maior inclusão em equipes multidisciplinares e investigação da
comunidade científica, não colocamos aqui porque não é o objetivo desse trabalho. O
nosso objetivo aqui se baseia na comprovação cientifica da eficácia da musicoterapia,
independente de qual grau de eficácia ela atingirá. O certo é que um cérebro estimulado
ativa sistemas neurais e novas sinapses são formadas.
Bibliografia
Bruscia, K. E. Definindo Musicoterapia. Tradução de Mariza Velloso Fernandez Conde. 2. ed. Rio Janeiro: Enelivros, 2000.
Thaut, M., Rhythm, music, and the brain: scientific foundationsand clinical applications. New York, Routledge. (2008).
Clínica na musicoterapia: [recurso eletrônico] avanços e perspectivas / Sofia Cristina Dreher, Graziela Carla Trindade Mayer, orgs. – São Leopoldo : EST, 2014. 296 p.;
Correia, Profa. Cléo M. França, Musicoterapia e NeurociênciaXII Simpósio Brasileiro de Musicoterapia Palestra, VI Encontro Nacional de Pesquisa em Musicoterapia, II Encontro Nacional de Docência em Musicoterapia, 06 a 09/set/2006 - Goiânia-GO
Tomaino, Concetta M. , Musicoterapia neurológica: evocando as vozes do silêncio / Concetta M. Tomaino ; Compilação e organização: Sofia Cristina Dreher, Graziela Carla Trindade Mayer ; Tradução: Marie Ann Wangen Krahn ; Editoração: Iuri Andréas Reblin – São Leopoldo: EST, 2014. 116 p. : il.
Jara, ALUNA Patricia López, El Sonido De La Espasticidad - Profesora Orientadora Patricia Lallana - Santiago, Chile 2004 - UNIVERSIDAD DE CHILE, Facultad de Artes, Escuela de Post Grado.