politeia - diadokhé

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POLITEIA un estudio sobre la República de Platón Oscar Velásquez Ediciones Universidad Católica de Chile Santiago 1997

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Page 1: POLITEIA - Diadokhé

P O L I T E I A

u n e s t u d i o s o b r e l a R e p uacute b l i c a d e P l a t oacute n

O s c a r V e l aacute s q u e z

E d i c i o n e s U n i v e r s i d a d C a t oacute l i c a d e C h i l e

S a n t i a g o

1 9 9 7

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C L E M E N T I N A E M A T R I

τ ῆ ς ἄ ν ω ὁ δ ο ῦ ἀ ε ὶ ἑ ξ ό μ ε θ α ldquo n o s m a n t e n d r e m o s s i e m p r e

p o r e l c a m i n o h a c i a l o a l t o rdquo

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Iacute N D I C E P r o e m i o 5 A C O M E N T A R I O S P R E L I M I N A R E S I L a c r o n o l o g iacute a d e l d i aacute l o g o 7 I I E l t e m a p r i n c i p a l d e l a o b r a y s u s s e c c i o n e s 8 I I I L a j u s t i c i a 1 0 I V I d e n t i f i c a c i oacute n d e f i l o s o f iacute a y p o l iacute t i c a 1 4 V D e c oacute m o l a I d e a d e l B i e n s e h a c e p r e s e n t e e n e l a c o n t e c e r c iacute v i c o m e d i a n t e l a j u s t i c i a 2 1 V I S i g n i f i c a c i oacute n d e l g o b i e r n o d e l f i l oacute s o f o e n l a p o l i s p l a t oacute n i c a 2 5 V I I L a o p i n i oacute n y l a i m a g e n c o m o m e d i o s p a r a e l c o n o -c i m i e n t o d e l o s a s u n t o s d e l a c i u d a d 2 9 V I I I E n b u s c a d e u n s i s t e m a q u e s a l v e l o s f e n oacute m e n o s d e l u n i v e r s o s o c i a l 3 2 I X E l g o b i e r n o d e l o s s a b i o s 3 6 X L a I d e a d e l B i e n 3 8 X I iquest E s l a I d e a d e l B i e n i d e n t i f i c a b l e c o n l a d i v i n i d a d 4 6 X I I E l s iacute m i l d e l a L iacute n e a D i v i d i d a 4 9 X I I I L a a l e g o r iacute a d e l a C a v e r n a 5 5 X I V L a d i a l eacute c t i c a 6 1 X V C o n s i d e r a c i o n e s a c e r c a d e l a d e c a d e n c i a R 5 4 3 ordf - 5 7 6 b 6 4 X V I L a n a t u r a l e z a m aacute s v e r d a d e r a d e l a l m a h u m a n a 6 7 X V I I A s a l v a r e l m y t h o s 7 2 B P R E S E N T A C I Oacute N A N A L Iacute T I C A D E L A O B R A L i b r o I 8 1 L i b r o I I 8 8 L i b r o I I I 9 8 L i b r o I V 1 0 6 L i b r o V 1 1 6 L i b r o V I 1 2 6

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L i b r o V I I 1 3 3 L i b r o V I I I 1 4 0 L i b r o I X 1 4 8 L i b r o X 1 5 6 C T E M A S D E E S T U D I O I iquest H a y e s c l a v o s e n l a c i u d a d p l a t oacute n i c a 1 6 6 I I L a s o b e r a n iacute a e n l a c o n s t i t u c i oacute n p l a t oacute n i c a 1 7 5 B I B L I O G R A F Iacute A B Aacute S I C A 1 8 7

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Proemio Esta obra estaacute concebida como una iniciacioacuten a algunos grandes temas

de la filosofiacutea platoacutenica en la perspectiva de la Repuacuteblica Me he dejado llevar quizaacute demasiado libremente por mis propios intereses de modo que se halla-raacute que hay cosas que son aquiacute analizadas con detencioacuten mientras que otras mdashque tal vez podriacutean motivar maacutes intensamente a un lector de la Repuacuteblica mdash son apenas revisadas o en circunstancias ni siquiera mencionadas Es en ese sentido un estudio personal una meditacioacuten acerca de los contenidos de una obra de proporciones tan vastas y de tan profundo significado como la Poli-teia A pesar de ello este diaacutelogo es considerado tradicionalmente fuertemen-te representativo de aspectos fundamentales del pensamiento de Platoacuten de modo que me he esforzado por hacer de este trabajo tambieacuten una suerte de estudio introductorio a su pensamiento

El fondo temaacutetico del libro estaacute dividido en tres partes bien definidas a

saber los comentarios introductorios en los que se analiza de alguacuten modo la obra en estudio y se comenta el alcance de algunos temas fundamentales Luego estaacute la presentacioacuten analiacutetica del diaacutelogo en que el texto entero de la obra ha sido contraiacutedo analiacuteticamente en sus elementos esenciales Es una suerte de versioacuten resumida de lo que se supone constituye los componentes que estructuran el discurso de la obra en su totalidad Para tener una idea las 411 paacuteginas del texto griego de Burnet han sido reducidas en esta presenta-cioacuten a no maacutes de un sexto del total Ese trabajo de una dificultad no faacutecil de imaginar estaba ya hecho y en forma excepcionalmente bien lograda por James Adam en su libro claacutesico The Republic of Plato editado en 1902 Junto a los abundantes comentarios que trae esta obra se van intercalando a lo largo de toda ella en letra cursiva y a intervalos regulares una suerte de resuacuteme-nes del texto que en su conjunto son ya en siacute mismos todo un logro Lo que hago entonces en esta seccioacuten es baacutesicamente traducir esos trozos intervi-niendo aquiacute o allaacute con alguacuten antildeadido o cambio y adicionando la terminologiacutea griega que me ha parecido interesante resentildear A todo ello he agregado abundantes notas al pie de paacutegina como si se tratase de comentarios hechos

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frente a un texto completo de la Repuacuteblica Palabras griegas han sido impresas en diversas ocasiones con la benigna intensioacuten de ayudar un poco al que sa-be sin entorpecer al que ignora

Por uacuteltimo una tercera parte son los temas de estudio que surgieron de

investigaciones especiacuteficas sobre aspectos relacionados con nuestro diaacutelogo pero que normalmente no formariacutean parte de una introduccioacuten en liacuteneas tra-dicionales acerca de la obra Son esbozos sobre asuntos de valor complemen-tario que considero uacutetiles de ser destacados Alliacute se incluye un trabajo ya pu-blicado1

Fue importante para llevar a teacutermino esta obra un aporte del Fondo de

Desarrollo de la Docencia de la Pontificia Universidad Catoacutelica asiacute como la inestimable ayuda que significoacute para miacute la concesioacuten de un sabaacutetico por parte del Sentildeor Rector de la Universidad Dr Juan de Dios Vial Correa

1 ldquoMimesis y contemplacioacuten en el libro deacutecimo de la Repuacuteblica de Platoacutenrdquo en Escritos de Teoriacutea I Santiago de Chile (1976) 85-95

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τ ί ν α τ ρ ό π ο ν μ ε τ α χ ε ι ρ ι ζ ο μ έ ν η π ό λ ι ς φ ι λ ο σ ο φ ί α ν ο ὐ δ ι ο λ ε ί τ α ι

ldquode queacute manera un Estado que practica la filosofiacutea

puede evitar su destruccioacutenrdquo

(R VI 497d)

A COMENTARIOS PRELIMINARES I Cronologiacutea del diaacutelogo La criacutetica contemporaacutenea ubica claramente a la Repuacuteblica en un lugar

central entre los diaacutelogos del periacuteodo llamado medio y le confiere una impor-tancia crucial como obra representativa del pensamiento de Platoacuten Es proba-ble que haya sido escrita con posterioridad al Fedoacuten y al Banquete y que como es natural por su extensioacuten extraordinaria haya demorado un tiempo sufi-cientemente largo en escribirse La obra posee un aliento unitario y no parece necesario postular mdashcon estudiosos como Ritter von Arnim Friedlaumlnder o maacutes recientemente Vlastosmdash una redaccioacuten maacutes temprana del libro I2 Las conjeturas nos llevan a ubicar la obra terminada en una fecha media en torno al 3753 es decir hacia los cincuenta y cinco antildeos de la edad de su autor

2 ldquo continuacutea siendo difiacutecil sin embargo dice W K C Guthrie (Historia de la Filoso-fiacutea Griega vol IV pg 419) considerar que el libro primero se concibioacute alguna vez pa-ra otro lugar que no fuera el que ahora ocupardquo Charles H Khan considera que el libro I ldquocontains massive anticipations of the following booksrdquo en lo que el autor llama el uso platoacutenico de ldquocomposicioacuten proleacutepticardquo (que podriacuteamos considerar co-mo una cierta figura retoacuterica de anticipacioacuten) y concluye que no hay argumentos soacutelidos para separar el libro I del resto de la obra (ldquoProleptic Composition in the Republic or why Book 1 was never a separate Dialoguerdquo en The Classical Quarterly vol XLII Nordm 1 (1993) 131-142 En apoyo de la misma tesis J R S Wilson proporcio-na nuevos ejemplos de anticipacioacuten que sostiene son ldquotan sorprendentes y tan sig-nificativos como cualquiera de los que ltKahngt citardquo (ldquoThrasymachus and the Thu-mos A further Case of Prolepsis in Republic Irdquo en The Classical Quarterly vol XLV Nordm 1 (1995) pg 58 3 A Diegraves en su Introduccioacuten a La Reacutepublique pg CXXXVIII (Platon Oeuvres Com-plegravetes tome VI Paris 1965 (1932) sostiene que la fecha media del 375 es muy ad-misible para fijar al menos provisoriamente un terminus ante quem para la redac-cioacuten de la obra

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II El tema principal de la obra y sus secciones El tiacutetulo de la obra estaacute bien establecido por la tradicioacuten y es ΠΟΛΙΤΕΙΑ

(Politeia) es decir ldquoconstitucioacuten del estadordquo ldquoforma de gobiernordquo De un mo-do maacutes concreto politeiacutea puede significar el ldquogobiernordquo o la ldquoadministracioacuten del estadordquo de ahiacute que aveces se interprete simplemente como ldquoEstadordquo A pesar de la criacutetica que a menudo se hace acerca de su versioacuten latina como res publica es conveniente recordar que con este vocablo no solo se designaba en latiacuten los ldquoasuntos del Estadordquo o las actividades propias de este sino ademaacutes el ldquobien puacuteblicordquo la ldquoconstitucioacutenrdquo como una forma particular de gobierno y en forma maacutes especiacutefica ldquoun Estado en el que todos los ciudadanos partici-pan un Estado librerdquo como puede serlo un gobierno opuesto a la tiraniacutea4 Por otra parte el problema con ldquoRepuacuteblicardquo quizaacute estaacute maacutes bien en el uso comuacuten de la lengua que le da un significado casi uacutenico de ldquorepuacuteblicardquo como sistema de gobierno si bien puede tener entre nosotros el sentido mucho menos fre-cuente de cuerpo poliacutetico de la nacioacuten5 o incluso de ldquoestadordquo en cuanto ldquonacioacuten organizada poliacuteticamenterdquo6

En la Politeia de Platoacuten se plantea entonces como su tiacutetulo lo sugiere la

creacioacuten de una repuacuteblica ideal imaginada por el filoacutesofo Ahora bien este reacute-gimen poliacutetico es visto en estrecha relacioacuten y casi total identidad con la justi-cia la que es concebida tanto como una virtud esencial en el estado como en los individuos En esas circunstancias la justicia personal es en letras peque-ntildeas lo que la justicia colectiva es en letras maacutes visibles por su mayor tamantildeo Hay pues una justicia del hombre individual y una de la ciudad entera (Rep II 368 d-e) cuya diferencia estriba al parecer maacutes en su apariencia externa que en su realidad interior En todo caso Platoacuten hace hincapieacute en las cuestio-nes de meacutetodo en que como a quien no goza de buena vista le han de permi-

4 Oxford Latin Dictionary 1635 en el que se cita el siguiente texto de Ciceroacuten (Q fr I I 29) ldquoPlato tum denique fore beatas res publicas putauit si sapientes homines eas regere coepissentrdquo 5 Diccionario de la Real Academia 6 Mariacutea Moliner Diccionario de uso del espantildeol Madrid 1988 La palabra latina ciuitas comporta tambieacuten algunos de los significados de politeia

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tir leer primero las letras grandes que representan a la justicia en la ciudad Luego se le dejaraacute investigar si las maacutes pequentildeas mdashsignos de la justicia indi-vidualmdash ldquosucede que son la misma cosardquo (ibid)

Vemos asiacute inextricablemente unidos los temas de la politeia que gobier-

na nuestras almas con el tema de esa misma politeia que rige sustentada por una justicia corporativa el cuerpo poliacutetico de la ciudad Y del mismo modo que se busca establecer la condicioacuten del hombre verdaderamente justo se intenta describir la situacioacuten de un reacutegimen poliacutetico gobernado por la justicia De ahiacute que con justa razoacuten Proclo insiste en la importancia del ldquopasordquo de una constitucioacuten a otra7 ya que es mediante estas delicadas transposiciones de individuo y colectividad que Platoacuten deja en evidencia la temaacutetica fundamen-tal del largo itinerario de su libro Hay asiacute una politeia que existe en el inte-rior del hombre (ἐν αὑτῷ πολιτείᾳ IX 591 e) y otra que en uacuteltimo teacutermino tiene como ciudad ldquoen el cielordquo (ἐν οὐρανῷ IX 592 b) su propio modelo Este se ha de transformar a su vez en norma del reacutegimen interior Es claro entonces que depende de la comprensioacuten que se tenga del sentido maacutes pro-pio de justicia en la Repuacuteblica para entender finalmente cuaacutel es el plan y la temaacutetica maacutes verdaderos del diaacutelogo

Por otra parte parece conveniente el realizar algunas divisiones a lo lar-

go de la lectura de la Repuacuteblica obra que por su extensioacuten puede presentar dificultades a quien desea obtener una visioacuten general de caraacutecter unitario Hay muchos modos de organizar las partes del diaacutelogo bajo diversos puntos de referencia prefiero sin embargo por la simple claridad metodoloacutegica y la naturalidad de su divisioacuten las separaciones sugeridas por A Diegraves8 Se perci-ben cinco partes que corresponden a las ldquocinco masasrdquo siguientes

Libro I Libros II-IV Libros V-VII

7 Los comentarios de Proclo acerca del tema de la Repuacuteblica abarcan una parte de su primera disertacioacuten (In Rempublicam I 7-14 Kroll) 8 Platon Oeuvres Complegravetes La Reacutepublique Paris 1965 (1932) cuya introduccioacuten mdasha la que aquiacute se aludemdash corresponde a A Diegraves

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Libros VIII-IX Libro X Son divisiones loacutegicas que parecen acomodarse bien con un tema cen-

tral en el diaacutelogo que es el de la justicia cuya condicioacuten de virtud social se armoniza a lo largo de toda la obra con su caraacutecter personal de virtud inte-rior de los individuos De este modo ldquojusticia social y justicia individual or-den de la ciudad y orden del alma se entremezclaraacuten sin cesar a traveacutes de todo el diaacutelogordquo9 Desde ese punto de vista no hay razoacuten entonces para pre-guntarse acerca del tema principal y secundario de la obra puesto que ldquoel tema es uno solo es la Repuacuteblica (perfecta) o la Justiciardquo10 En otras palabras no hay verdadero reacutegimen poliacutetico u ordenacioacuten ciacutevica sin justicia verdadera entendida esta como una virtud ciacutevica y personal Es conveniente sin embar-go establecer con mayor precisioacuten queacute se entiende por justicia en su doble dimensioacuten individual y social ya que la totalidad del diaacutelogo se mueve entre esos extremos

III La justicia Las primeras discusiones acerca de la justicia se entablan en el libro

primero e inicios del segundo de la Repuacuteblica Estas tienen una funcioacuten clara-mente preliminar y pueden ser apreciadas mediante la lectura de la presen-tacioacuten analiacutetica del diaacutelogo En consecuencia la buacutesqueda de una compren-sioacuten maacutes definitiva de la justicia se inicia a partir del libro II 368c en que Soacute-crates invoca la necesidad de alguien de ldquovisioacuten penetranterdquo El maestro hace ver a su vez la conveniencia de una lectura basada en letras de mayor tama-ntildeo Podemos decir entonces que Platoacuten se propone explicar las letras chicas mdashque sentildealan la justicia individualmdash mediante las letras maacutes grandes repre-sentativas de la justicia social y poliacutetica De ahiacute surge su anaacutelisis de coacutemo nace una ciudad precisamente con el objetivo de observar el desarrollo de la justi-cia y la injusticia y hallamos que la razoacuten de su nacimiento estaacute en el hecho de que nadie se basta a siacute mismo (οὐκ αυτάρκης) Se antildeade que en su indi-gencia se le crean a los hombres necesidades concretas mdashcomo pan techo y

9 A Diegraves op cit pg XII 10 Ibid pg XII

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abrigomdash que en la praacutectica ldquohacenrdquo una ciudad11 Asiacute ldquocada cual ltrealizagt un solo lttrabajogtrdquo (εἳς ἓν II 370 c)12 en la ciudad puesto que se sirve mejor a las necesidades del conjunto mediante la distribucioacuten de actividades hechas en forma oportuna (ἐν καιρῷ) y en conformidad con la naturaleza (κατὰ φύσιν) individual

Luego la ciudad se acrecienta incluso aparece el lujo y se franquean los

liacutemites de lo necesario las ansias de poseer llevan finalmente a las guerras y la formacioacuten de los ejeacutercitos Pero se busca una ciudad unitaria y se insiste por tanto una vez maacutes en distribuir un solo ldquotrabajordquo (ἔργον IV 423d) par cada cual conforme a las dotes naturales (πέφυκεν) de los individuos No hay que olvidar que se estaacute en busca de la justicia social para clarificar a su vez la justicia individual El ergon de cada cual no es el mero oficio a pesar de que en sus inicios la ciudad se distribuye mediante teacutecnicas artesanales Un ergon termina siendo una actividad enraizada en la naturaleza misma de un individuo Es aquello que manifiesta con mayor perfeccioacuten la condicioacuten iacutenti-ma de cada sujeto13 Sucede por otra parte que esa actividad es la ldquoaccioacutenrdquo que proyecta por decir asiacute al ser individual en el aacutembito de la ciudad que aquiacute se construye Es decir siendo el ergon lo maacutes propio de la accioacuten perso-nal debe ser a su vez mdashen la ciudad platoacutenicamdash la maacutes perfecta manifesta-cioacuten de sus compromisos comunitarios

Del ergon entonces llegamos a la ldquovirtudrdquo (ἀρετή) puesto que se en-

tiende que la ciudad mdashque en un sentido amplio tomamos como sinoacutenimo de politeiamdash alcanza su areteacute cuando ha completado su ciclo de perfeccioacuten En otras palabras lo que llamamos ldquovirtudrdquo es en realidad la ldquoexcelenciardquo de algo y suponemos que la justicia es precisamente aquello por lo que la ciu-

11 ldquoiexclEa pues dije yo hagamos (ποιῶμεν) la ciudad desde sus inicios y como pa-rece seraacuten nuestras necesidades (χρεία) las que la haraacutenrdquo (II 369c) 12 Rep II 370c ldquocuando un individuo realice un oficiordquo una foacutermula de gran conci-sioacuten 13 Los significados baacutesicos de ergon son ldquotrabajo hecho ejecucioacuten funcioacutenrdquo (cf Rep 335d) Es ilustrativo ver el caso de ϝέργον gt weork gt work No solo el substantivo sino el verbo ingleacutes revelan ese aspecto de ldquofuncioacutenrdquo

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dad obtiene su areteacute 14 Decimos entonces finalmente que la justicia se instau-ra en la ciudad cuando cada cual en lo que respecta a los asuntos de la ciu-dad se ve en la situacioacuten de ocuparse en una sola actividad15 y que esa acti-vidad uacutenica a la que se atiende es resultado de la disposicioacuten innata maacutes apropiada para su naturaleza16 La ldquonaturalezardquo es por consiguente un prin-cipio de actividad inherente que surge del fundamento mismo de la cosa por lo que ella estaacute en disposicioacuten de hacer lo que le es apropiado En el caso de la naturaleza humana esta posee un aacutembito de amplia actividad que tiene evi-dentemente al interior de una gradacioacuten un punto de culminacioacuten que po-demos designar como lo ldquomaacutes apropiadordquo lo ldquomaacutes aventajadordquo17 Supone-mos que es lo maacutes propio que esa naturaleza puede hacer para siacute y lo maacutes ventajoso que ella puede realizar para la comunidad social de la polis En esas circunstancia justicia en el sentido que venimos hablando es ldquohacer lo pro-pio de siacute mismo y no entrometerseldquo multiplicando sus ocupaciones18 pero teniendo en cuenta por otra parte que lo maacutes propio es tambieacuten lo mejor pa-ra la ciudad

Asiacute entonces concluye Platoacuten esta revisioacuten de la justicia dejando sen-

tado su punto de vista con una expresioacuten que vuelve a puntualizar en IV 433b en la que se dice que en cierto sentido resulta que la justicia parece que es hacer lo propio de siacute mismo19

He sacado un poco toscamente la frase desde el griego con la intencioacuten de mostrar cuaacuten flexible es la presentacioacuten que hace Soacutecrates de su caso Y el

14 Cf Rep IV 432b 15 Asiacute me parece que es una interpretacioacuten correcta de ὅτι ἑνα ἕκαστν ἕν δέοι ἐπιδεδύειν τῶν περὶ τὴν πόλιν (433a) 16 Del mismo modo me parece tambieacuten que este es un sentido propio de la frase que viene a continuacioacuten de la inmediatamente anterior εἰς ὃ αὐτοῦ ἡ φύσις ἐπιδειοτάτη πεφυκυῖα εἴη 17 Dos de los sentidos a mi parecer maacutes relevantes de epiteacutedeios en el texto que co-mentamos 18 Rep IV 433a τὸ τὰ αὑτοῦ πράττειν καὶ μὴ πολυπραγμονεῖν 19 La frase estaacute dicha como se ve de un modo tentativo Por ldquolo propiordquo quiero entender algo asiacute como ldquolas actividades propiasrdquo pues parece apuntar de alguna manera al ergon de cada cual

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antildeadido anterior que indica que hay que abstenerse de multiplicar las ocupa-ciones (μὴ πολυπραγμονεῖν) nos advierte ya que se trata de una explicacioacuten de tipo social la que se da acerca de la justicia aunque sostenida en nuestros propios siacute mismos Ademeaacutes realizar lo propio de cada uno llama a evitar a nombre de la naturaleza propia sobre todo esa injerencia indiscreta (πολυπραγμοσύνη IV 434b7 y 9) entre los tres geacuteneros o clases (se habla de genos y eidos) de ciudadanos20 maacutes que promover injerencias menores al inte-rior de estos geacuteneros La razoacuten de esto a mi entender estaacute en la mayor tras-cendencia poliacutetica que tendriacutea una intromisioacuten entre los diversos oacuterdenes en especial en lo relativo al gobierno de la ciudad

Pero hay una segunda explicacioacuten de la justicia (ya que no me atrevo a

hablar de definiciones) que surge de un paralelo entre ciudad e individuo Aquiacute se supone que a la condicioacuten tripartita de la polis mdashseparada en tres geacuteneros de ciudadanosmdash corresponde una distincioacuten de tres aspectos o espe-cies (se usa por lo general indistintamente eidos y genos) al interior del alma de cada individuo No es faacutecil determinar piensa Platoacuten si aprendemos con un elemento nos apasionamos con otro y apetecemos con un tercero placeres como los de la crianza y la generacioacuten o si es con toda nuestra alma que ha-cemos cada una de estas actividades (IV 436a-b) Luego de un anaacutelisis ex-haustivo del asunto en que se pone en evidencia que aquello que se predica como propio de un objeto es solo propio de ese objeto y que por otra parte hallamos en las almas por ejemplo algo que impulsa a beber y algo que re-frena de hacerlo se concluye que en una misma alma se puede encontrar una especie racional mdashlogistikoacutenmdash con que se razona y una irracional y con-cupiscible mdashaloacutegiston y epithymetikoacutenmdash con que se apetece Una tercera espe-cie diferente es la pasioacuten o coacutelera mdashthymoacutesmdash con la que nos encolerizamos Las tres especies del alma (racional irascible concupiscible) estaacuten entonces en paralelo con las tres clases del estado Del mismo modo la ciudad es justa cuando cada geacutenero hace lo que le es propio y el alma es justa cuando cada especie o aspecto de ella realiza a su vez lo que le es propio (cf IV 441c-e)

20 Rep IV 434 b-c ldquoAsiacute pues la ingerencia entre los tres geacuteneros existentes y el cambio de unos a otros es la lesioacuten maacutes grande para la ciudad y la que podriacutea espe-cialmente calificarse de crimenrdquo

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Ahora bien es a lo racional en ella a lo que compete gobernar De este modo tanto en el individuo justo como en la ciudad justa ha de gobernar lo mejor Las letras mayores nos han permitido reconocer que la justicia corres-ponde a una interaccioacuten natural entre las clases del cuerpo social por la que se discierne claramente quien manda y quien obedece y a su vez la lectura de las letras maacutes pequentildeas ha puesto en evidencia coacutemo es que se considera justa un alma en que gobierna lo mejor21

IV La identificacioacuten de filosofiacutea y poliacutetica El trazado del tema desarrollado en la Repuacuteblica deja en evidencia una

preocupacioacuten fundamental de Platoacuten a saber su decisioacuten de demostrar que la filosofiacutea de la que habla es en esencia una misma cosa que la poliacutetica Esta verdadera identificacioacuten de una y otra lleva en siacute una importante consecuen-cia que consiste en un virtual acrecentamiento del aacuterea de comprensioacuten sig-nificativa tanto de la poliacutetica como de la filosofiacutea Para decirlo mediante una aproximacioacuten la poliacutetica se vuelve maacutes teoacuterica y la filosofiacutea maacutes praacutectica De ahiacute que se entienda que la filosofiacutea se identifica con la poliacutetica de un modo semejante a como la posesioacuten de una ciencia determinada implica el manejo y ejercicio efectivo de ella o como el conocimiento de una cierta disciplina se hace una misma cosa con un arte determinado22 Filosofiacutea y poliacutetica son en-tonces identificables en la medida en que ambas conforman una totalidad integrada que supera o tiende a superar la distincioacuten entre teoriacutea y praacutectica

21 Rep IV 441c ldquoCon estas declaraciones dije yo hemos hecho praacutecticamente la navegacioacuten y se ha producido entre nosotros un razonable acuerdo de que las mis-mas clases que existen en la ciudad y en el mismo nuacutemero se dan tambieacuten en el al-ma de cada individuordquo (Trad G Goacutemez Lasa Platoacuten La Repuacuteblica vol I Valdivia 1983) 22 Platoacuten considera en general como praacutecticamente sinoacutenimos los teacuterminos episteme y tekhne el conocimiento cientiacutefico qu es la episteme supone la aprehensioacuten de las Ideas y las acciones del artesano y artista importan un saber semejante de los para-digmas ideales De ahiacute el sentido maacutes especiacutefico de tekhne como conjunto de nor-mas sistema o meacutetodo de hacer (cf Fedro 245 LSJ)

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La base de sustentacioacuten filosoacutefica de toda la Repuacuteblica estaacute en la doctri-na que consagra como fundamento de la existencia e inteligibilidad de todas las cosas a la Idea del Bien y su derivado inmediato la teoriacutea de las Formas Es una teoriacutea porque a partir de ella se construye la totalidad del proyecto poliacutetico de Platoacuten Se concibe ademaacutes que estas Formas o Ideas mdashque son los objetos propios del entendimientomdash son precisamente los objetos propios del entendimiento que hace filosofiacutea Ahora bien cuando Platoacuten analiza la realidad de la polis y los asuntos relacionados con ella reflexiona acerca de coacutemo pensar y poner en realizacioacuten una ciudad sustentada sobre los maacutes soacute-lidos fundamentos filosoacuteficos Ahora bien su teoriacutea de las Ideas le proporcio-na el sustento metafiacutesico que necesita para otorgarle a su visioacuten de las reali-dades ciacutevicas las caracteriacutesticas de un discurso cientiacutefico

En esas circunstancias las Ideas que eacutel ha concebido como inteligibles

es decir capaces de ser comprendidas por un entendimiento se muestran como representaciones de ese Bien Porque se puede afirmar que ellas son cada cual el Bien en cuanto que tal Idea Eso significa que cada ser en cuanto que es algo determinado es bueno y cada Idea mdashcomo lo es la justicia en siacutemdash es manifestacioacuten inteligible de ese Bien La Idea del Bien es simple una en su unicidad y anterior a toda diversificacioacuten producida en cada Forma Con-forme al esquema trazado por Platoacuten las Ideas aparecen como el factor origi-nario de todo pensamiento cientiacutefico De ahiacute que ellas son el fundamento de nuestro saber acerca del hombre en cuanto realidad ciacutevica y social Ellas ademaacutes se erigen en el elemento unificador de todas las diversidades que necesariamente existen en los objetos de cada ciencia y transforman a la vez a esos objetos en materia unificada totalizada para los fines de su tratamiento epistemoloacutegico

Las Ideas son en cuanto las referimos al pensamiento diversidad en la

unidad y unidad en la diversidad del toda realidad inteligible Siendo ade-maacutes estas Ideas objetos estables de la inteligencia (la justicia en siacute por ejem-plo deberiacutea ser invariable) la ciencia que se halla sostenida en uacuteltimo teacuter-mino por ellas puede transformarse en conocimiento teoacuterico integrador de un aacuterea especiacutefica del saber Por otra parte toda ciencia contiene al mismo

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tiempo en siacute un conglomerado de cosas marcadas por la concrecioacuten de lo in-dividual Porque la ciencia no es solo teoriacutea puesto que ha surgido como res-puesta explicativa a un conjunto determinado de situaciones y de fenoacutemenos concretos

De ahiacute que por una parte proyectar la ciudad en torno a la justicia es

pensarla en una cierta relacioacuten de intimidad con el Bien en especial del Bien en cuanto que justo Aunque este Bien por otra parte que es entendido como una realidad simple y liberada de toda configuracioacuten inteligible no compor-ta por eso mismo diversidad de ninguacuten geacutenero Ahora bien lo justo en siacute es representacioacuten inteligible de ese Bien en cuanto se manifiesta diversificada-mente a modo de justicia y asiacute de todas las otras virtudes De este modo las grandes virtudes de la repuacuteblica (las cuatro virtudes cardinales que se propo-nen como modelos del actuar individual y social) son vistas en abstraccioacuten Ideas claves en iacutentima conexioacuten con el Bien absoluto

No hay otro modo de manifestacioacuten primera para la Idea del Bien que

mediante la trama racional de las Ideas las que devienen en instrumento for-zoso de manifestacioacuten inteligible de la Bondad para toda inteligencia La realidad profunda de esta doctrina es puesta esforzadamente en evidencia en las tres alegoriacuteas centrales de la obra a saber el Sol la Liacutenea y la Caverna Porque aunque el Bien no se manifiesta racionalmente al entendimiento por estar maacutes allaacute de lo real (ἐπέκεινα τῆς οὐσίας Rep 509 b) el ser la Idea en cambio se manifiestan al entendimiento por medio de un cierto aislamiento epistemoloacutegico que acontece a la par de su conformacioacuten entitativa Porque la realidad se hace efectivamente presente en ese entendimiento a modo de aprehensioacuten diversificada de la realidad ideal El pensamiento es ante todo comprensioacuten inteligible de la realidad

De ese modo la poliacutetica al interior de la concepcioacuten platoacutenica de la Re-

puacuteblica es en sus grados supremos un conocimiento una ciencia que en su manifestacioacuten maacutes profunda se la denomina el ldquoconocimiento superiorrdquo23

23 Rep VI 505a ldquo pues me has oiacutedo decir muchas veces que el maacutes sublime objeto de conocimiento es la idea del bien que es la que asociada a la justicia y a las demaacutes

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Parece casi paradoacutejico que sea precisamente este conocimiento maacutes teoacuterico el que haga ldquouacutetiles y beneficiosasrdquo a la justicia y demaacutes virtudes pero la misma discusioacuten presentada hasta aquiacute muestra la estrecha relacioacuten que integra lo concreto a lo abstracto mediante la asociacioacuten con el Bien Asiacute entonces pare-ce claro que para Platoacuten sin el conocimiento del Bien es imposible pensar o hacer poliacutetica mdashque en uacuteltimo teacutermino seriacutea lo mismo que pensar y hacer fi-losofiacuteamdash en cuyo saber se encuentra justamente la aprehensioacuten de lo justo en siacute Porque es precisamente la justicia la que como se ha visto toca los extre-mos de lo personal y lo social e integra la dimensioacuten psicoloacutegica y poliacutetica en una ecuacioacuten de no faacutecil comprensioacuten y cuyas incoacutegnitas son al parecer ex professo dejadas abiertas ldquohacer lo propio de siacute mismordquo

La poliacutetica en consecuencia comporta ese saber capital gracias al cual

se hace realidad su virtual identificacioacuten con la filosofiacutea Los teacuterminos de esa identificacioacuten son claramente expresados por Platoacuten en ese pasaje famoso que para efectos de su discusioacuten me permito citar aquiacute

ldquoa menos mdashproseguiacutemdash que los filoacutesofos reinen en las ciudades24 o que cuan-

tos ahora se llaman reyes y dinastas practiquen noble y adecuadamente la filosofiacutea que vengan a coincidir una cosa y otra la filosofiacutea y el poder poliacutetico y que sean detenidos por la fuerza los muchos caracteres que se encaminan separadamente a una de las dos no hay amigo Glaucoacuten tregua para los males de las ciudades ni tampoco seguacuten creo para los del geacutenero humano ni hay que pensar en que antes de ello se produzca en la medida de lo posible ni vea la luz del sol la ciudad que hemos trazado de palabrardquo (V 473 d-e)

En el contexto de esta discusioacuten es decisiva la afirmacioacuten ldquoque vengan a coincidir una cosa y otra la filosofiacutea y el poder poliacuteticordquo25 La clave de la ciu-

virtudes las hace uacutetiles y beneficiosasrdquo Platoacuten La Repuacuteblica edicioacuten de JM Paboacuten M Fernaacutendez -Galiano Madrid 1969 24 ldquoThis is perhaps the most famous sentence in Platordquo Paul Shorey Plato V Repu-blic II London 1969 p 508 n a 25 καὶ τοῦτο εἰς ταὐτὸν συμπέσῃ δύναμις τε πολιτικὴ καὶ φιλοσοφία Conviene tomar nota de la traduccioacuten de P Shorey op cit ldquo and there is a conjunction of these two things political power and philosophical intelligencerdquo

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dad platoacutenica se muestra aquiacute en esta coincidencia entre la filosofiacutea y el poder poliacutetico La argumentacioacuten de Platoacuten tiene alcances dignos de destacar Poco antes de estas afirmaciones en la Repuacuteblica Soacutecrates ha tenido que hacer fren-te a las presiones de Glaucoacuten que le recuerda la tarea que se ha impuesto mdashy que ha pospuesto dos vecesmdash de demostrar que un Estado como el que se ha descrito es posible26

Estas son las ldquodos primeras oleadasrdquo27 que ha recibido de su interlocu-tor y ante ldquola maacutes grande y difiacutecil de vencerrdquo decide enfrentar el asunto de una vez Lo que se habiacutea investigado antes acerca de la justicia en siacute dice Soacute-crates se habiacutea discutido en razoacuten del modelo28 ldquopero no con el propoacutesito de mostrar que era posible la existencia de tales hombresrdquo (472d) En tales cir-cunstancias es preciso piensa Soacutecrates tener presente que es maacutes natural que la palabra participe maacutes de la verdad que lo que la accioacuten praacutectica puede ha-cerlo Es decir el discurso hablado (λέξεως) se acerca maacutes a la verdad que la realizacioacuten de este discurso a la verdad En trataacutendose entonces de discursos como los presentes para decidir acerca del asunto de ldquollevar algo a la praacutecti-cardquo (πραχθῆναι 473a) es necesario plantearse cuaacutel puede ser la maacutes proacutexima cercaniacutea (ὡς ἂν ἐγγύτατα) al tema discutido discursivamente

El asunto entonces de la teoriacutea y la praacutectica pasa a traveacutes del hilo con-

ductor del habla como palabra discursiva La palabra es mediadora y se puede describir una ciudad mucho maacutes cercana a la verdad del paradigma pero maacutes alejada por eso mismo de la realidad concreta Ahora hacerlo con la palabra misma como mediadora maacutes flexible que la verdad pura y la con-crecioacuten indoacutecil Platoacuten emprende la tarea de describir una aproximacioacuten Hay que investigar queacute es lo que hoy impide a las ciudades el ser gobernadas con-forme al paradigma ideal puesto que mediante esto se podraacute descubrir cuaacutel

26 Rep 471e ldquola cuestioacuten de si es posibles que exista un tal reacutegimen y hasta donde lo esrdquo 27 Rep 472a Son incursiones repentinas de Glaucoacuten un poco cansado de la divaga-ciones mdashseguacuten su propia percepcioacutenmdash de la discusioacuten de Soacutecrates La maacutes proacutexima embestida no deja salida a Soacutecrates ldquoCuanto maacutes te excusas mdashdijomdash maacutes te estre-charemos a que expliques coacutemo puede llegar a existir el reacutegimen de que tratamos Habla pues y no pierdas el tiempordquo (472a-b) traduccioacuten J M Paboacuten M Fernaacuten-dez Galiano 28 Rep 472c παραδείγματος ἄρα ἕνεκα

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es propiamente el mal Y he aquiacute que el mal en las ciudades es lo que se hace mal (κακῶς πράττεται 473b) y lo que en forma prominente estaacute malamen-te hecho es separar la poliacutetica de la filosofiacutea En esa perspectiva lo menos que hay que hacer es decir la maacutes proacutexima cercaniacutea lo maacutes a la mano para poner en la praacutectica la ciudad ideal consiste precisamente en instaurar en la ciudad esta coincidencia ahora ausente

Acercaacutendose entonces a ese momento de identificacioacuten

ldquocreo mdashprosigue Soacutecratesmdash que cambiando una sola cosa podriacuteamos mos-trar que cambiariacutea todo no es ella pequentildea ni faacutecil pero siacute posible (473c)

Este cambio que sentildeala la buacutesqueda de un compromiso entre la teoriacutea y la accioacuten y que funda la identificacioacuten de la poliacutetica y la filosofiacutea en la ciudad se logra mediante un procedimiento que puede pasar inadvertido a primera vista Y es que esta identidad se hace realidad al hacerse efectiva en la perso-na concreta del filoacutesofo gobernante o alternativamente del gobernante trans-formado en filoacutesofo Al decir Soacutecrates que son la filosofiacutea y el poder poliacutetico los que vienen a coincidir en un solo ser la expresioacuten usada es la siguiente καὶ τοῦτο εἰς ταὐτὸν συμπέσῃ cuya interpretacioacuten (puesta en cursiva) seriacutea y que esto es decir el poder poliacutetico y la filosofiacutea coincida en la misma perso-na29 Por consiguiente lo que en primera instancia se identifica con la filosofiacutea no es la poliacutetica en general sino el poder poliacutetico (δύναμις πολιτική) mediante la instauracioacuten del filoacutesofo gobernante30 El saber filosoacutefico es ya la ciencia poliacutetica en la medida que la filosofiacutea es una episteme de las Ideas en especial en este caso la cuaternidad de virtudes que constituyen el centro de ese sa-ber y cuya fuente originaria es el Bien

29 Esta interpretacioacuten de esta frase clave la he encontrado solo en la traduccioacuten de Gastoacuten Goacutemez Lasa en Platoacuten La Repuacuteblica vol I Ed Universidad Austral de Chile Valdivia 1983 Dice ldquo y no coincida en una misma persona el poder poliacutetico y la filosofiacutea (el subrayado es miacuteo) A modo de ejemplo me parece aquiacute inadecuada la versioacuten de P Shorey ldquoand there is a conjunction of these two things political po-wer and philosophic intelligencerdquo 30 Una revisioacuten maacutes pormenorizada de este aspecto del problema es tratado en mi artiacuteculo ldquoPlatoacuten y la soberaniacutea del Estadordquo Revista de Filosofiacutea Universidad de Chile vol XXXI-XXXII (1988) 37-44

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Por tanto ya la poliacutetica aparece en cierto modo absorbida por la filoso-fiacutea pero la poliacutetica es tambieacuten un arte en cuanto que sistema de accioacuten De ahiacute que el primer miembro de esta identificacioacuten sea la δύναμις πολιτική y no la poliacutetica a secas Y si bien tanto esta dyacutenamis como la filosofiacutea son realidades que pueden considerarse en abstraccioacuten de los individuos el ar-gumento de Platoacuten pone eacutenfasis en la coexistencia de ambas realidades en seres concretos donde tiene las caracteriacutesticas de una realidad existencial Ciencia y poder en consecuencia estaacuten hermanados en un individuo concre-to llamado filoacutesofo Queda asiacute en evidencia que seguacuten el parecer de Platoacuten sin esta coincidencia individualizada de ambos factores no es posible la exis-tencia concreta de una ciudad como la presentada en laRepuacuteblica y que la in-teraccioacuten solidaria de discurso y accioacuten solo es aquiacute posible es decir en cuan-to que estos coexisten en sujetos que son filoacutesofos y reyes a la vez

Asiacute como la poliacutetica en cuanto arte dice relacioacuten con el poder poliacutetico

asiacute la filosofiacutea como ciencia dice relacioacuten con las virtudes cardinales y toda virtud conforme a un postulado esencial del socratismo es un saber que se vive un conocimiento transformador de la conducta en fin una ciencia que hace bueno a quien la posee De este modo la filosofiacutea se vuelve tambieacuten un sistema de accioacuten que desemboca con naturalidad en la dynamis politikeacute El Bien entonces se erige en la realidad que sustenta y promueve esta interac-cioacuten en el filoacutesofo y rey establecieacutendose como la causa mdashαἰτίαmdash de todo lo que existe y de todo lo que se comprende en el mundo sensible e inteligible En esas circunstancias la Idea del Bien sustento racional de todo el edificio constitucional de la polis se hace accesible al entendimiento del filoacutesofo a tra-veacutes de un conocimiento superior cuya cualidad conciliadora tiene un efecto decisivo en el proceso de realizacioacuten y concrecioacuten de la ciudad ideal De ahiacute que tambieacuten tenga consecuencias nocivas el que haya tantos caracteres que se encaminan ldquoseparadamenterdquo (χωρίς 473d) a la poliacutetica y a la filosofiacutea

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V De coacutemo la Idea del Bien se hace presente en el acontecer ciacutevico mediante la justicia

Ahora bien aquellas realidades sobre las que versa la poliacutetica mdashparte

integrante del conjunto de realidades que comprende la generacioacutenmdash son de una profunda y compleja variabilidad Ellas representan un devenir de acon-tecimientos marcados por el sello de la contingencia Podriacutea decirse que Pla-toacuten contempla los acontecimientos poliacuteticos como si fueran sucesos fluviales que bien pudieron merecer una mencioacuten heracliteana Y no creo aventurado pensar que es aquiacute como en ninguacuten otro fenoacutemeno del mundo sensible don-de la influencia de Heraacuteclito por intermedio seguacuten tradicioacuten de su maestro Cratilo se hace notar con mayor fuerza en Platoacuten Me refiero especiacuteficamente a sus meditados anaacutelisis del devenir poliacutetico que expresan con claridad su visioacuten de la poliacutetica como un mundo circundado del peligro de la desintegra-cioacuten Con razoacuten tal vez Heraacuteclito cual un rey filoacutesofo anticipado prefirioacute re-nunciar seguacuten tradicioacuten a su corona en Eacutefeso En efecto la razoacuten verdadera de ello pudo ser que su doctrina del Logos no era quizaacute suficiente para fundar una teoriacutea del poder poliacutetico y esto a diferencia del Bien que posiblemente permitiacutea penetrar con mayor fluidez desde el mundo de la naturaleza al mundo de la conducta individual y social Se haciacutea quizaacutes necesario que jun-to a la Idea del Bien se desarrollara mdashcomo era la intencioacuten de Platoacutenmdash una doctrina correlativa del alma en toda su compleja profundidad Solo asiacute podiacutea fundarse una doctrina de la justicia que pudiera comprender tanto a los in-dividuos como a la sociedad

De esa manera y en medio de ese fluir de voluntades muchas veces

contrapuestas existente en el acontecer ciacutevico se buscan ahora elementos de estabilidad bases de permanencia que al comportarse de manera cnstante proporcionen a los sucesos cambiantes de la poliacutetica principios de sustenta-cioacuten cientiacutefica Si el estudio de la ciencia ha de consistir en el anaacutelisis de las cosas que son siempre del mismo modo la buacutesqueda de los objetos supremos del espiacuteritu mdashque son las Ideasmdash coincide con la intencioacuten de hallar momen-tos de estabilidad y permanencia en el acontecer inestable de la vida de la ciudad Se busca entonces nuacutecleos de estabilidad en el pensamiento que se

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han de convertir en ejes de equilibrio beneacutefico para la polis Es precisamente en este contexto que la formulacioacuten platoacutenica acude a una imagen Se sugiere asiacute dejar de lado el estudio del Bien y se estaacute en disposicioacuten en cambio para hablar de algo que ldquoparece ser hijo del Bien y asemejarse sumamente a eacutelrdquo31 De esta explicacioacuten surgen cuatro factores del mundo visible a saber el sol y su luz el ojo y su visioacuten y de alliacute comienzan a aparecer las analogiacuteas entre el Bien y el sol la luz y la verdad Aquiacute Platoacuten construye sus maacutes famosas y perdurables paacuteginas

Estas imaacutegenes entonces que dan caraacutecter de eje central a los libros VI

y VII se presentan como mediaciones Hay un ldquovaacutestagordquo (ἔγκονος) del Bien que proporciona sentido al discurso poliacutetico referido ahora al trasfondo siempre presente del principio la Idea del Bien Las Formas ideales son como deciacuteamos representaciones inteligibles de la bondad suprema que por su absoluta simplicidad carece en siacute misma de representacioacuten La Idea del Bien no es faacutecilmente inteligible Por eso que estas Ideas son por su parte media-ciones de ese principio superior en otras palabras sus representaciones La ciencia poliacutetica a su vez se manifiesta como un conocimiento de aquellas representaciones mediadoras Eso dicho en cuanto que estas expresan una referencia al acontecer ciacutevico de los hombres y sus implicancias sociales y personales El fluir humano de una comunidad referido dialeacutecticamente a las Ideas se constituye en un saber Este saber para completar el ciacuterculo mdashla vuelta a la Cavernamdash culmina con el intento de estructurar ese fluir al inte-rior primero de un discurso y luego en el ejercicio efectivo del poder que es la dynamis politikeacute

Las mediaciones a las que me he referido en consecuencia se constitu-

yen en el modo elegido por Platoacuten de proponer en su discurso factores de convergencia de lo real inteligible con lo sensible concreto Estos factores son en primer lugar las grandes figuras poliacuteticas de la Repuacuteblica a saber el Sol la Liacutenea y la Caverna Εsta uacuteltima en especial es descrita como ldquouna imagen sorprendenterdquo32 El eikon la lsquoimagenrsquo se constituye asiacute en un procedimiento

31 Rep V 506e ὅς δε ἔγκονος τοῦ ἀγαθοῦ φαίνεται καὶ ὁμοιότατος ἐκείνῳ 32 ἄτοπον εἰκόνα VI 515a 4 Luego se reitera en dos ocasiones su condicioacuten de tal

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del discurso por el que se establecen con mayor claridad correspondencias entre el mundo sensible y la Idea inteligible La interaccioacuten de estos dos cam-pos se hace manifiesta aquiacute en forma de alegoriacuteas y en la Caverna se fuerza al filoacutesofo a volver al interior de ella hacieacutendose patente la necesidad de completar el radio de estas interacciones El que ha contemplado lo inteligible es forzado a volver a lo sensible para instaurar alliacute el orden de la Idea Los giros del Sol que gobiernan el universo ideal rigen a su vez el universo fluc-tuante del acontecer poliacutetico de la ciudad mediante el filoacutesofo como un sol que retorna de la luz a la oscuridad

De ese modo la filosofiacutea a traveacutes del conocimiento del Bien establece al

filoacutesofo como el bien en la ciudad que hace prevalecer en ella la justicia En los inicios del libro IV de la Repuacuteblica se analizaba la conveniencia de fundar una ciudad que vele por la felicidad del conjunto en forma solidaria33 ldquoPorque pensaacutebamos que en una ciudad talrdquo afirmaba Soacutecrates ldquoencontra-riacuteamos maacutes que en otra alguna la justicia asiacute como la injusticia en aquella en que se vive peor y que al reconocer esto podriacuteamos resolver sobre lo que hace tiempo venimos investigandordquo34

Es la sociedad entera como conjunto integrado la que conforma una ciudad unitaria y en ella cada parte recibe lo que es propio para constituir un hermoso conjunto35 Las otras ciudades que no son la ideal estaacuten consti-tuidas de hecho por varias ciudades Soacutecrates deciacutea ldquodos como en el mejor de los casos enemiga la una de la otra la de los pobres y la de los ricosrdquo36 Hay que vencer esas injusticias por consiguiente que surgen no solo de una mala distribucioacuten de la riqueza en siacute sino que en uacuteltimo teacutermino son pro-ducto de la ausencia de realizacioacuten de un principio fundamental ligado a la naturaleza misma del ser humano Este principio apunta a la idea de que en esta polis socraacutetica cada cual posee una sola ocupacioacuten aquella para la cual cada naturaleza estaacute mejor dotada37 Es tan certeramente verdadera para Pla-

33 Rep IV 420b ss 34 ibid Ed JM Paboacuten M Fernaacutendez Galiano 35 Rep IV 420d 36 Rep IV 422e 37 Rep IV 433a

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toacuten la realizacioacuten de esta regla que ldquoel hacer cada uno lo suyo y no multipli-car sus actividades (μὴ πολυπραγμονεῖν) dice era la justiciardquo38 Y delimi-tando esta actividad maacutes expresamente a la esfera del individuo se afirma que la justicia es ldquohacer cada uno lo suyordquo (IV 433b) cosa que se entiende como lo habiacuteamos visto al interior de la ciudad y en relacioacuten con ella

En esas circunstancias un resultado directo de la praacutectica de la justicia

consiste en la desaparicioacuten mdashen los haacutebitos de conducta de los ciudadanosmdash de esa injerencia indiscreta (πολυπραγμοσύνη) entre los tres estratos sociales que produce ldquoel mayor dantildeo de la ciudadrdquo cuando la injusticia estaacute presen-te39 Se intenta evitar ese entremetimiento precisamente a nombre de la physis pues las clases sociales se constituyen esencialmente en torno a tres tipos baacute-sicos de naturalezas Estos caracteres baacutesicos a su vez surgen en paralelo con la condicioacuten tripartita del alma en la que subsisten estas diversas especies Se reconoce asiacute ldquoque en cada uno de nosotros se dan las mismas especies y mo-dos de ser que en la ciudadrdquo40 Este parangoacuten entre ciudad e individuo es esencial en el anaacutelisis que hace Platoacuten acerca de la justicia y es el que le lleva a continuacioacuten a establecer que tanto en el individuo justo como en la ciudad justa gobierna quien es mejor

38 Rep IV 433a-b El uso del verbo πολυπραγμονεῖν es sugerente Platoacuten ve con preocupacioacuten la existencia de ciudades con ciudadanos ocupados en muchas cosas a la vez esa es especialmente la injerencia indiscreta en los asuntos de otros que el verbo polypragmonein sugiere 39 Polypragmosyne es un teacutermino clave en Tuciacutedides que expresa una cualidad que condujo a los atenienses a su grandeza es la base ciacutevica de su sentido imperial Pero sentildeala naturalmente una significacioacuten que debe ser matizada Se dice en Archaic and Classical Greece M Crawford D Whitehead Cambridge 1983 As V Ehren-bergs classic study made clear (Polypragmosyne a study in Greek Politics Journal of Helenic Studies 67 (1947) 46-67) polypragmosyne is a concept of psychology as re-flected in behaviour a polypragmon -whether an individual (as in Aristoph Ach 833) or a whole polis - must always be active interfering in the affairs of others neither keeping quiet themselves nor allowing others to be quiet (p 319) Como se ve se trata de un concepto de origen psicoloacutegico pero de especial significacioacuten en poliacutetica 40 Rep IV 435e

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VI Significacioacuten del gobierno del filoacutesofo en la polis platoacutenica Toda esta discusioacuten pudo quedar circunscrita a una propuesta en que

los guardianes han de ser los mejores porque ellos tienen que ser los mejor educados en conformidad con su propia naturaleza La educacioacuten se convier-te entonces en el medio adecuado para convertir a estos guardianes en los ciudadanos destinados a fundar esta repuacuteblica Esto se realiza ademaacutes junto a mujeres de capacidad anaacuteloga a la de estos hombres Pero falta dar un paso decisivo que permita introducir en la ciudad la justicia en una forma supe-rior Algo que resulta del hecho mismo de proclamar a los filoacutesofos reyes de esta ciudad No basta superar las divisiones mdashque conducen a disensiones subversivasmdash entre pobres y ricos Tampoco parece suficiente establecer esas clasificaciones baacutesicas entre los ciudadanos en conformidad a sus naturalezas de modo de asegurar el imperio de la norma relativa a la distribucioacuten apro-piada del trabajo Se hace ahora evidente a la luz de los anaacutelisis precedentes que la injusticia decisiva prevalente en todas las ciudades existentes hasta el presente estaacute en mantener alejado del gobierno de la ciudad al filoacutesofo El camino entonces que conduce a la salvacioacuten de la ciudad debe consistir en abrir paso a la intronizacioacuten del filoacutesofo en el gobierno de esta superando asiacute esta injusticia radical que vicia toda su estructura y esto parece ser solo posible mediante la identificacioacuten del poder poliacutetico con la filosofiacutea

La filosofiacutea poliacutetica entonces tiene en vista salvar a la ciudad mediante

la interaccioacuten de la episteme y el poder poliacutetico en una misma persona En esas circunstancias las cosas justas mdashque son las acciones que se realizan por el bien de la ciudadmdash se hacen partiacutecipes de lo justo en siacute al coexistir integradas en la persona del filoacutesofo La Ideas penetran en la ciudad por intermedio del filoacutesofo las que se hacen realidad en el devenir sensible de la polis mdasha modo de imaacutegenes que se insertan entre el complejo acontecer de la ciudad con sus permanente divisionesmdash y la transparencia formal del paradigma Las des-cripciones que hace Platoacuten de los diferentes tipos de sociedades que en liacutenea de degradacioacuten directamente descendente se van sucediendo unas a otras son esbozos brillantes que sentildealan esas mediaciones de distanciamiento pro-gresivo de la imagen del mundo poliacutetico frente al modelo inmutable de la

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ciudad ideal Es papel fundamental del filoacutesofo poliacutetico el poner en accioacuten el modelo ideal en el tejido constitucional de kaliacutepolis

La buacutesqueda de la unidad en la ciudad pasaba indudablemente por la

erradicacioacuten de la injusticia y las disensiones (στάσεις 444b) que la acompa-ntildean De este modo se nos hace patente la preocupacioacuten profunda de Platoacuten que se materializa en la descripcioacuten de la realidad del mundo poliacutetico tanto a nivel sensible como inteligible Eacutel experimenta sin duda la necesidad de desarrollar con la ayuda de la teoriacutea de la Ideas una doctrina coherente acer-ca del universo poliacutetico que le permita concebir mdashgracias a la especulacioacuten filosoacuteficamdash un programa vaacutelido y eficaz de accioacuten al interior del Estado Sal-var a la polis de una destruccioacuten inminente es la tarea en perspectiva y no hay duda que su esfuerzo discursivo acerca de la condicioacuten de la ciudad y sus sistemas institucionales va dejando en evidencia la forzosa obligacioacuten de ela-borar un disentildeo del mundo ciacutevico Es preciso concebir una imagen del acon-tecer poliacutetico que establezca la validez y los contenidos de verdad de las des-cripciones concernientes a la polis

Todo ello va a desembocar finalmente en una importante elaboracioacuten

discursiva mdashque podemos calificar a la vez de metafiacutesica y de epistemoloacutegi-camdash acerca del cosmos Se examina la condicioacuten ontoloacutegica del mundo mdashen su estado de realidad generadamdash y la consistencia gnoseoloacutegica de nuestras descripciones acerca de eacutel Esta elaboracioacuten que es la del Timeo tiene un pre-ludio importante en el mito de Er en las uacuteltimas paacuteginas de la Repuacuteblica y parece prolongarse en la rememoracioacuten que se hace de una parte importante de ella en el mismo diaacutelogo Timeo En consecuencia la ciencia poliacutetica no es solo un saber acerca del hombre y su entorno social sino que tambieacuten se aso-cia e integra con la ciencia que estudia la configuracioacuten estelar del universo en donde aquella encuentra su perfeccioacuten epistemoloacutegica

De este modo el despliegue filosoacutefico de Platoacuten se inicia en este aspec-

to con su poliacutetica En un intento de abarcar la realidad social mdashinserta en el mundo de lo sensiblemdash bajo la inteleccioacuten de la Idea En estas circunstancias Platoacuten se esfuerza en la Repuacuteblica por crear nuevas condiciones de gobernabi-

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lidad en la ciudad para que mediante la instauracioacuten de un orden justo se asegure la integridad y por tanto la pervivencia de esta Es importante que un sistema poliacutetico perdure por el imperio de su propia excelencia es decir de su virtud De ahiacute que el filoacutesofo sienta la necesidad de culminar su trabajo especulativo con una suerte de cosmo-poliacutetica como la presentada en el Ti-meo Todo esto corresponde al esfuerzo de Platoacuten de integrar tanto los fenoacute-menos poliacuteticos como la realidad toda de la generacioacuten a sus proyectos de reforma institucional Porque todo lo generado tiende a corromperse

Los inicios del Timeo prologan asiacute su discurso cosmoloacutegico con una vi-

sioacuten resumida de la Repuacuteblica junto a un relato sobre la Atlaacutentida y los oriacutege-nes de Atenas todos en clave poliacutetica En esas conversaciones introductorias acompantildeadas de los relatos a que hago referencia se deja ver que el problema fundamental de su teoriacutea poliacutetica estaacute en la interaccioacuten y en la integracioacuten de la teoriacutea con la accioacuten en el terreno concreto del gobierno de la ciudad El filoacute-sofo-rey encarna la coexistencia de la theoriacutea y la praxis en el Estado de mane-ra que todos los esfuerzos se encaminan ahora a lograr mediante la educa-cioacuten correspondiente seres humanos dotados con las caracteriacutesticas que se han asignado a tales gobernantes Una vez en posesioacuten de ese contingente de futuros soberanos la discusioacuten introductoria del Timeo vuelve a tomar la perspectiva de la Repuacuteblica al proponer enderezar el discurso hacia la des-cripcioacuten de una ciudad en accioacuten Se la situacutea entonces en el contexto liacutemite de una polis que ha de recurrir a la guerra en defensa de su libertad y sus va-lores patrios

Aquello que en el examen precedente he denominado teoriacutea mdashcomo el

fundamento gnoseloacutegico desde el cual algo puede ser llevado a la praacutecticamdash41 estaacute en iacutentima relacioacuten con el problema de la verdad En efecto se entiende aquiacute por teoriacutea la verdad misma en cuanto que ella es objeto de un trato epis-

41 Platoacuten ha hablado en la Repuacuteblica de ldquollevar algo a la praacutecticardquo (τι πραχθῆναι 473a) y se ha referido en el mismo texto al problema de la ldquorealizacioacutenrdquo de estos proyectos poliacuteticos utilizando el teacutermino πρᾶξις Seguacuten E des Places (Lexique) pra-xis tiene cuatro sentidos fundamentales en Platoacuten a) ldquoacte actionrdquo b) ldquoaccomplis-sement reacutealisationrdquo c) ldquopractiquerdquo d) ldquovierdquo El sentido maacutes generalmente utilizado en este trabajo es el de ldquoaccioacutenrdquo

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temoloacutegico Se configura asiacute por ese medio en torno de ella una esfera de co-nocimientos y en el caso de la filosofiacutea se crea un discurso un logos La ver-dad por otra parte es la que el filoacutesofo como amigo que es de ella (Rep 475e) busca conocer y es asimismo la que en la realidad y el conocimiento se con-funde con las Ideas mismas La teoriacutea entonces corresponde a un estado de sabiduriacutea en que la verdad se posee a modo de ciencia y en el que se tiende constantemente a la totalidad tanto de lo divino como de lo humano42 La teoriacutea es de alguna manera un estado de superacioacuten de la condicioacuten huma-na mediante la posesioacuten por el intelecto del ser real De alliacute que Soacutecrates ha-ya afirmado ldquoy a aquel pensamiento (διανοία) que en su alteza alcanza la contemplacioacuten (θεωρία) de todo tiempo y de toda esencia iquestcrees tuacute que la vida propia del hombre le puede parecer gran cosardquo (486a)

Ese estado de sabiduriacutea se encuentra sin embargo en la necesidad de

establecer las mediaciones de que hablaacutebamos anteriormente establecieacutendo-se entonces un encuentro con las difiacuteciles condiciones de la realidad concreta de la ciudad El filoacutesofo corre el riesgo de ser criticado de ldquohaber subido arri-bardquo para volver despueacutes a la oscuridad de la caverna ldquocon los ojos estropea-dosrdquo (VI 517a) De ahiacute la conveniencia de elaborar con referencia a la accioacuten un lenguaje anaacutelogo a la verdad que proporcione medios de acercamiento al mundo del devenir poliacutetico Se busca por consiguiente la creacioacuten de un re-lato verosiacutemil una suerte de manifiesto poliacutetico En este caso ademaacutes se trata de un mundo que hay que moldear a imagen del paradigma Se presenta asiacute como esencial para Platoacuten el determinar una doctrina por la que las cosas de la realidad sensible adquieran la calidad de representaciones de esos modelos ideales De este modo tanto los asuntos relativos a la poliacutetica como los relati-vos al cosmos se transforman en fenoacutemenos solidarios al ser comprendidos y conciliados bajo el poder superior del ser ideal

42 Rep 486a Al decir Soacutecrates que no hay nada maacutes propio de la sabiduriacutea que la verdad y destacar que el filoacutesofo verdadero desde su juventud tiende a poseerla pregunta (con la intencioacuten de hallar una respuesta positiva) si se encontraraacute cosa maacutes propia de la ciencia que la verdad (485c ἦ οῦν οἰκειότερον σοφίᾳ τι ἂν εὕροις)

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VII La opinioacuten y la imagen como medios de conocimiento de los asuntos de la ciudad

Pero el asunto que tratamos exige el anaacutelisis de algunos otros puntos

En analogiacutea con la discusioacuten de la Repuacuteblica en que se debate de un modo tan fundamental el tema de la poliacutetica el Timeo funda las bases de una filosofiacutea del cosmos Tanto la ciencia poliacutetica como las ciencias de la tierra y el cosmos tienen en comuacuten el formar parte de la generacioacuten y por tanto se integran en lo que llamamos mundo sensible La poliacutetica tambieacuten porque lo sujeto a ge-neracioacuten no se agota en las cosas en cuanto que circunscritas a dimensiones y espacios sino que tambieacuten incluye a todo aquello que surge de ellas como en el caso del hombre son las acciones y funciones propias de su inteligencia De ahiacute que la ciencia meacutedica mdashno especiacuteficamente en cuanto que arte que curamdash forma parte del discurso del Timeo del mismo modo que las descripciones de las enfermedades sociales se integran al gran discurso de la Repuacuteblica De ese modo parte importante de la ciencia de la polis se nutre de objetos sensibles que tratados a la luz de la teoriacutea de las Ideas adquieren en ese sentido cate-goriacutea cientiacutefica

Los objetos sin embargo siguen en movimiento y continuacutean sus proce-

sos de dispersioacuten aunque mantenidos con esfuerzo bajo una cierta unidad inteligible por el pensamiento Esa es la situacioacuten en que se encuentra Platoacuten decidido a realizar la tarea de fundar un tratamiento cientiacutefico acerca de las instituciones del cuerpo social como conglomerado ciacutevico Esto sin olvidar jamaacutes que se trata al mismo tiempo de un conjunto de seres individuales Ahora bien todos estos objetos de los que aquiacute hablamos son en la filosofiacutea de Platoacuten imagen (εἰκών) Adquieren esta condicioacuten en cuanto que en depen-dencia ontoloacutegica y epistemoloacutegica con el ser ideal Solo asiacute es posible dar al fenoacutemeno una consistencia que nos permita comprenderlo y en cierta mane-ra dominarlo tanto para los efectos de la ciencia como del poder Pero para ello habraacute que dar vuelta el rostro ponerse en pie y emprender el camino de salida de la Caverna

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Este eikōn en consecuencia permite a Platoacuten desarrollar una teoriacutea del discurso cientiacutefico ya sea mdashseguacuten los elementos aquiacute estudiadosmdash como ciencia poliacutetica o como ciencia del cosmos Este discurso se manifiesta al inte-rior de una doctrina de la imagen que se hace expliacutecita la presencia de la opi-nioacuten (δόξα) recta sobre las cosas sensibles como instrumento vaacutelido de com-prensioacuten del mundo Lo que hace recta a la opinioacuten es la existencia de esa relacioacuten iacutentima con el ser verdadero su ausencia la hace sujeta a error En esas circunstancias la episteme es un saber que se ordena al ser con el fin de conocer coacutemo es el ser43 Tal vez lo que se quiere decir con esto es con el fin de saber coacutemo es la realidad De ahiacute que se distinga entre lo cognoscible (γνωστόν) y lo opinable (δοξαστόν) ya que solo el ser es lo propiamente cog-noscible siendo la doxa intermedia entre el conocimiento (γνῶσις) y la igno-rancia (ἄγνοια)

La razoacuten de ello estaacute en que los objetos tanto de lo cognoscible como de

lo opinable son distintos En efecto las realidades sobre las que versa la opi-nioacuten son objetos que al mismo tiempo existen y no existen y que estaacuten ldquoen mitad de lo puramente existente y lo absolutamente inexistenterdquo (Rep V 478d) Parte importante de los asuntos concernientes a la poliacutetica estaacuten en esa situacioacuten Asiacute la doxa se erige por efecto de esa participacioacuten del ser y del no ser en un nuevo constituyente que es el objeto sensible es por esto que ella participa del uno y del otro44 Y esta es la razoacuten por la que es fundamental que la opinioacuten mdashen cuanto capacidad del espiacuteritu y producto la vez de esa capacidadmdash permanezca en relacioacuten con el ser La multitud que el filoacutesofo ve inmersa en la opinioacuten se conduce de una manera distinta y ldquoen cierto modo da vueltasrdquo girando en torbellino 45 lejos de la verdad

43 Rep V 478a ἐπιστήμη μέν γέ που ἐπὶ τῷ ὄντι τὸ ὄν γνῶναι ὡς ἔχει 44 Rep V 478d iquestY no dijimos en los pasajes anteriores que si se presentase algo tal que a la vez sea y no sea ese tal debe encontrarse en el medio entre lo que es pura-mente y lo que no es completamente y que sobre el cual no habriacutea ni conocimiento ni ignorancia sino lo que a su vez se hubiese presentado como estando entre la ignorancia y el saber - Correctamente (Trad G Goacutemez Lasa) 45 Rep V 479d ldquogiran en torbellino en medio de lo que no es y de lo que es pura-menterdquo (Trad G Goacutemez Lasa)

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Parece entonces decisivo para Platoacuten fundar las condiciones que le han de permitir hacer discursos vaacutelidos mdashal interior de los principios de su pro-pia filosofiacuteamdash acerca de lo sensible Ellos incluyen los discursos acerca del orden poliacutetico que en su maacutes alta dimensioacuten se combinan nada menos que con la filosofiacutea Asiacute al establecer el aacutembito de verdad que los fenoacutemenos del mundo pueden alcanzar se intenta hacer manifiestas las relaciones de estos con la realidad ideal Es el modo de conectarlos con la teoriacutea y darles el caraacutec-ter cientiacutefico que ellos requieren Se deja asiacute circunscrito tambieacuten el liacutemite de independencia que los sucesos del mundo poseen capacitaacutendolos de esa ma-nera como objetos vaacutelidos para un tratamiento propio de una ciencia poliacutetica Es verdad que en cuanto que objetos los podemos considerar como poseyen-do un grado limitado pero pueden alcanzar ciertamente un grado especiacutefico de autonomiacutea

En esa situacioacuten la poliacutetica de la Repuacuteblica y la cosmo-poliacutetica y las

ciencias en general del Timeo estaacuten en referencia a una doctrina de la ima-gen concebida en correlacioacuten y dependencia con la teoriacutea de las Ideas La filo-sofiacutea de Platoacuten no versa simplemente sobre las realidades inteligibles El filoacute-sofo mantendraacute siempre un intereacutes profundo sobre el devenir poliacutetico en toda su vasta dimensioacuten Ahora bien eacutel supone que toda doctrina acerca del mun-do (poliacutetico) debe estar en conexioacuten con la teoriacutea ideal si aquella quiere con-servar su relacioacuten con el ser y lo real

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VIII Un esfuerzo por salvar los fenoacutemenos del universo social

Asiacute como Platoacuten intenta salvar la ciudad mediante un modelo ideal del mismo modo emprende la tarea de salvar al interior de su filosofiacutea los fenoacute-menos del cosmos Porque los temas de la polis y el cosmos estaacuten para eacutel cla-ramente conectados Es evidente que la teoriacutea de las Ideas le abriacutea la perspec-tiva de un ambicioso proyecto de proporciones universales y la posibilidad de hacer efectivos un conjunto de relatos cientiacuteficos acerca del mundo En esa perspectiva se ha visto en Platoacuten al fundador de una de las dos principales tradiciones de la investigacioacuten astronoacutemica Se habla en efecto de una tradi-cioacuten realista representada normalmente en su origen por Aristoacuteteles y una de orden formal claramente personificada por Platoacuten

Conforme a esta liacutenea formalista se consideraba que los diversos mode-

los geomeacutetricos de los movimientos planetarios propios de la arquitectura del universo eran recursos matemaacuteticos de tipo teoacuterico que no apuntaban propiamente a la realidad misma del universo Ellos maacutes bien describiacutean los fenoacutemenos de tal modo que era posible salvar sus apariencias En otras pala-bras los discursos platoacutenicos acerca del mundo estaban concebidos como re-presentaciones de modelos mdashque en casos como los descritos en el Timeo eran modelos geomeacutetricosmdash que haciacutean posible calcular es decir salvar los diver-sos fenoacutemenos del cielo

Recurro aquiacute a una obra de importancia para lo que aquiacute se analiza a

saber ΣΩΖΕΙΝ ΤΑ ΦΑΙΝΟΜΕΝΑ Essaie sur la notion de theacuteorie physique de Platon agrave Galileacutee de Pierre Duhem46 Se hace en ella referencia en primer lugar al Comentario de Simplicio47 en el que se muestra a Platoacuten preguntando a los matemaacuteticos cuaacuteles seriacutean los movimientos circulares uniformes y perfecta-mente regulares que deberiacutean admitirse como hipoacutetesis de modo que pudie-

46 Fue publicado primeramente en forma de cinco artiacuteculos en los Annales de philo-sophie chreacutetienne en 1908 Ante la imposibilidad de acudir al texto original he utili-zado la versioacuten inglesa bajo el tiacutetulo To Save the Phenomena An Essay on th Idea of Physical Theory from Plato to Galileo con Introduccioacuten de Stanley L Jaki Chicago 1969 47 Simplicio In Aristotelis quatuor libros de Coelo commentaria 2 43 46

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se ser posible salvar las apariencias presentadas por los planetas En referen-cia a este problema planteado P Duhem comenta ldquoel objeto de la astronomiacutea es definido aquiacute con la mayor claridad la astronomiacutea es la ciencia que combi-na de tal modo los movimientos circulares y uniformes que produce un mo-vimiento resultante semejante al de las estrellas Cuando sus construcciones geomeacutetricas han asignado a cada planeta una trayectoria que se ajusta a su trayectoria visible la astronomiacutea ha alcanzado su objetivo porque entonces sus hipoacutetesis han salvado las apariencias48 Y poniendo eacutenfasis en este punto sentildeala que el astroacutenomo se declara totalmente satisfecho cuando las hipoacutetesis que eacutel ha forjado logran salvar las apariencias Este seriacutea el meacutetodo del astroacutenomo

Aristoacuteteles por su parte concibe lo que se ha convenido en llamar el meacute-

todo del fiacutesico Eacutel piensa que el objeto de estudio de geoacutemetras y fiacutesicos es fre-cuentemente el mismo ldquopero que consideran el objeto desde diferentes pun-tos de vistardquo49 En esas circunstancias el geoacutemetra puede ver una figura par-ticular en forma abstracta mientras que el fiacutesico estudia sus objetos seguacuten afirma el autor ldquocomo el liacutemite de tal o cual cuerpo el movimiento de tal o cual cosa moacutevilrdquo50 Aristoacuteteles conociacutea el meacutetodo del astroacutenomo perfectamen-te este habiacutea sido seguido entre otros por Eudoxo conforme a lo definido por Platoacuten Aristoacuteteles en cambio exigiacutea diversos requisitos en la materia a saber que el universo fuera una esfera que las esferas celestes fueran soacutelidas que cada una de ellas tuviera un movimiento circular y uniforme alrededor del centro del mundo que este centro fuera ocupado por la tierra que era inmoacutevil51

Estas condiciones limitantes fueron establecidas por Aristoacuteteles sin em-

bargo no con el fin de salvar las apariencias que registraban quienes obser-vaban estos fenoacutemenos sino seguacuten piensa Duhem debido a que conforme al Estagirita solo estas condiciones eran compatibles con la perfeccioacuten del mate-

48 P Duhem op cit p 6 49 ibid p 6 50 ibid p 6 51 ibid p 7

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rial propio de los cielos y con la naturaleza del movimiento circular52 Eran por consiguiente una suerte de a priori obtenidos de la especulacioacuten filosoacutefica pura los que a su vez se proyectaban hacia los fenoacutemenos como condiciones previas para el conocimiento e interpretacioacuten de estos

Ahora bien el anaacutelisis realizado aquiacute acerca de los planteamientos de

las posiciones lideradas por los dos filoacutesofos griegos nos ilustran con clari-dad sobre la posicioacuten maacutes especiacutefica de Platoacuten con respecto a nuestra capaci-dad de conocimiento de las realidades del mundo sensible Nos encontramos en efecto ante los fenoacutemenos mdashsean ellos celestes o humanosmdash como se en-cuentra el astroacutenomo ante la descripcioacuten de sus propios objetos es decir en posicioacuten de proponer hipoacutetesis que salven las apariencias de esos fenoacutemenos Los espectaacuteculos celestes o los variados acontecimientos del mundo por consi-guiente pueden alcanzar una explicacioacuten de caraacutecter epistemoloacutegico en cuan-to que aproximaciones a la verdad de los objetos sensibles

En esto Platoacuten pareciacutea estar maacutes cerca de un tratamiento cientiacutefico La

verdadera explicacioacuten de la apariencia del mundo mdashque en todo caso tiene para Platoacuten la categoriacutea de explicacioacuten verosiacutemilmdash se obtiene mediante la conexioacuten con la teoriacutea ideal que conduce a fundamentar la existencia del de-venir en la realidad del ser De ese modo la doctrina de la imagen que viene asociada al concepto de opinioacuten verdadera conduce a una descripcioacuten del universo basada en semejanzas y analogiacuteas mdashcomo las del Sol la Liacutenea o la Cavernamdash o en trazados de orden geomeacutetrico y matemaacutetico como las figuras lineales del Timeo Podemos decir entonces que estas analogiacuteas son el resul-

52 P Duhem concluye que ldquomientras Eudoxo y Calipo empleando el meacutetodo del astroacutenomo controlaron sus hipoacutetesis examinando si ellas salvaban o no las aparien-cias Aristoacuteteles quiere gobernar la eleccioacuten de esas hipoacutetesis mediante proposicio-nes que ciertas especulaciones acerca de la naturaleza de los cuerpos celestes han justificadordquo ibid p 7 S L Jaki en su introduccioacuten al libro que comento explica que los ciacuterculos homoceacutentricos los epiciclos etc ldquoson maacutes bien modelos geomeacutetricos que facilitan los caacutelculos necesarios para encontrar la posicioacuten de los planetas en un momento dado Por otra parte continuacutea la interpretacioacuten realista de la teoriacutea astro-noacutemica asignaba realidad fiacutesica a esos modelos geomeacutetricos (op cit p XX) El mismo Duhem habiacutea afirmado que ldquoellos (refirieacutendose a la posicioacuten llamada realis-ta) rechazaban toda teoriacutea que los confinaba a una descripcioacuten puramente geomeacutetri-ca de los orbes planetariosrdquo (p 14)

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tado de un modo de ver el mundo que busca explicar la configuracioacuten del universo celeste mediante hipoacutetesis con las que se intenta en lo posible ldquosal-varrdquo las apariencias del cosmos y de los fenoacutemenos humanos

Al unir en este anaacutelisis la cosmologiacutea con la poliacutetica intento mostrar que

es posible mdashal interior de la filosofiacutea platoacutenicamdash efectuar un mismo trata-miento cientiacutefico de los objetos de ambas disciplinas porque estos objetos constituyen en uacuteltimo teacutermino un campo de significacioacuten unitaria llamado generacioacuten o devenir Una ciencia poliacutetica es en este contexto un sistema ideado para ldquosalvarrdquo los fenoacutemenos del acontecer ciacutevico de una manera anaacuteloga a la del astroacutenomo que piensa y utiliza un meacutetodo de procedimiento de tipo formal no realista en su investigacioacuten epistemoloacutegica De ahiacute que por su parte la filosofiacutea de la ciencia es llamada en diversos lugares del Timeo un discurso verosiacutemil e incluso un mythos en posesioacuten de de caraacutecter verosiacute-mil

De aquiacute entonces que en la ciencia poliacutetica platoacutenica hay principios que

permanecen praacutecticamente invariables a traveacutes de los diversos tratamientos de sus diaacutelogos Son contenidos de una ciencia que no habriacutea fundamental-mente de variar aunque indudablemente las propuestas concretas siacute variaron de diaacutelogo en diaacutelogo de un modo que a veces hace difiacutecil concebir lo que acabo de afirmar acerca de su permanencia Pero hay ciertamente un tema constantemente sostenido que el poder poliacutetico deberiacutea estar en manos de los que saben los poseedores de una cierta ciencia El conocimiento de objetos superiores de saber por parte de estos les da acceso legiacutetimo al manejo de la soberaniacutea en el Estado Ese saber soberano es el que corresponde a la Idea del Bien y a las Ideas inteligibles en la Repuacuteblica En otras palabras es el arte real que dirige la urdimbre del Estado Este es el ldquoque logrardquo por su medio ldquoel maacutes espleacutendido y magniacutefico de todos los tejidosrdquo (311c) que se discute en el Poliacutetico Es la ciencia del orden del mundo de las Leyes personificada en el Alma coacutesmica y manifestada en la polis mediante el consejo nocturno de sa-bios En el Epiacutenomis maacutes especiacuteficamente es la ciencia del nuacutemero inmanen-te a la divina configuracioacuten de ese cosmos En ello habraacute de consistir la filoso-

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fiacutea y esos habraacuten de ser sus contenidos centrales por cuyo conocimiento el sabio se hace sabio y merece en justicia gobernar

De ese modo los sabios es decir los philoacutesophoi rigen ciudades cuyo en-

tramado visible puede cambiar en conformidad con las coyunturas variables de los procesos ciacutevicos destinados a ser salvados por ellos La ciencia de la polis se presenta asiacute abarcando un conjunto de realidades permanentes que se armoniza con situaciones sujetas a opinioacuten Estas realidades son Idea y de-venir unidos en la buacutesqueda de una propuesta de orden poliacutetico Inteligibili-dad e imagen forman por decirlo asiacute un conjunto astronoacutemico visible que actuacutea en forma coordinada como la tierra y la luna en torno al sol La funcioacuten del filoacutesofo gobernante consiste fundamentalmente en concebir estructuras que fortalezcan el Estado y salven los objetivos superiores del hombre sobre la tierra

Ese objetivo superior es en primer lugar la felicidad como eudaimoniacutea

un ldquobien-estarrdquo Una finalidad que es posible mediante la instauracioacuten en la sociedad y en el individuo de las virtudes cardinales en especial de la justi-cia Se orienta asiacute el camino del hombre desde la contingencia sensible de la imagen de este mundo hasta la comprensioacuten del ser inteligible que es el ca-mino de la Caverna Estas acciones de orden y estabilidad inteligibles para la ciudad proporcionan legitimidad al gobierno del filoacutesofo que se constituye en productor de espacios de flujos de plenitud espiritual para los habitantes de la ciudad Es su modo de preservar ese universo ciacutevico manifestado en constituciones poliacuteticas formas de gobierno conductas ciacutevicas repuacuteblicas estados (que son los sentidos maacutes cercanos aquiacute al concepto de πολιτεία) Asiacute es tam-bieacuten cοmo se da la oportunidad de constituir al sabio en su papel de sancio-nador de un orden institucional

IX El gobierno de los sabios En conformidad con los anaacutelisis presentados hasta aquiacute la filosofiacutea de

Platoacuten entonces busca la preservacioacuten de la repuacuteblica mediante la figura del sabio gobernante Alguien debe preservar en el Estado liacuteneas de comunica-

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cioacuten efectivas entre la regioacuten del devenir sensible y la regioacuten inteligible En lo que respecta al porvenir del hombre su principal tarea consiste en consolidar la obtencioacuten de la felicidad cuya presencia en este mundo supone una inter-accioacuten profunda entre el individuo y la sociedad La felicidad personal de los individuos pasa a traveacutes del tejido social en cuya trama las naturalezas de los hombres adquieren la dimensioacuten ciacutevica que precisan para alcanzar una verdadera plenitud personal El filoacutesofo gobernante con la introduccioacuten del paradigma ideal en una coyuntura social determinada se propone salvar el fenoacutemeno ciacutevico de la ruina que a cada momento lo acecha Mediante su pro-puesta poliacutetica mdashque hemos visto variar en los diversos diaacutelogosmdash el sabio de Platoacuten propone descripciones cientiacuteficas dotadas de racionalidad de la ciudad que le incumbe como entidad gobernable

Estas descripciones mdashque son a su vez ldquodiscursosrdquo poliacuteticos explicati-

vosmdash se constituyen en verdaderas propuestas formales destinadas a crear y preservar la existencia de la polis mediante una reforma profunda de sus insti-tuciones La Repuacuteblica el Poliacutetico las Leyes representan lo maacutes importante de esas propuestas En consecuencia cada nueva ciudad de Platoacuten se fundamen-ta en una ciencia la filosofiacutea un meacutetodo geneacutericamente comprensivo la dia-leacutectica y su objetivo praacutectico consiste en proyectar sobre el devenir ciacutevico la imagen de una trama sensible buena y justa destinada a preservar del caos y la disolucioacuten a las entidades poliacuteticas Ahora bien el fundamento de esa pro-puesta en la Repuacuteblica estaba en una suerte de identificacioacuten de la filosofiacutea y el poder poliacutetico del modo como se ha estado aquiacute discutiendo y la principal consecuencia de esto significaba el establecimiento de gobernantes filoacutesofos en la ciudad

He aquiacute en liacuteneas generales el designio de la voluntad especulativa de

Platoacuten en la Repuacuteblica quien con estas audaces propuestas veniacutea en conse-cuencia a culminar un proyecto mantenido con singular energiacutea y volunta-riosa persistencia a traveacutes de parte importante de su produccioacuten filosoacutefica media y tardiacutea Se trataba en uacuteltimo teacutermino de definir al sabio al amante de la sabiduriacutea de modo que su proposicioacuten deciacutea que la teoriacutea y la accioacuten de-beriacutean coincidiacuter en la praacutectica en un tipo singular de ser humano En eacutel se ex-

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presaba la identificacioacuten de la filosofiacutea con el poder poliacutetico como instrumen-to mediador privilegiado

Habiacutea que traer a la luz ese modelo de hombre hasta ese entonces histoacute-

ricamente inexistente por medio de una educacioacuten cuyos contenidos eran precisamente la ciencia que comportaba este conocimiento superior Urgiacutea en consecuencia el saber discernir los caracteres apropiados para tal empresa y el concertar los planes de estudios que les fueran propios Lo principal ya ha-biacutea sido encontrado eran los objetos maacutes verdaderos de la mente que con-templa la realidad Esta ciencia superior debiacutea producir en los joacutevenes asiacute educados el giro decisivo que habriacutea de mudar sus almas y junto con ellos transformar el alma entera de la ciudad

X La Idea del Bien Cuando luego del largo itinerario dialoacutegico que nos ha conducido a tra-

veacutes de los primeros seis libros de la Repuacuteblica arribamos a las explicaciones de Platoacuten acerca del Bien en especial a partir de VI 502c no queda duda que estamos alcanzando a un cliacutemax cuyo desenlace nos es auacuten desconocido Este recorrido y cierto sentimiento de expectacioacuten me recuerdan las sutiles evolu-ciones musicales que preceden por largos compases a la aparicioacuten triunfal de la voz humana en la novena sinfoniacutea de Beethoven Las frases de violonce-los y contrabajos parecen por siacute solos hablar en un recitativo musical sin voz articulada de hombre hasta que como inducida por la magia de una evolu-cioacuten que alcanza su plenitud espiritual irrumpe sin contrapeso desde la ma-dera la presencia magniacutefica de una y luego de muchas voces humanas Solo alliacute se entiende queacute significado ha tenido todo lo que le ha precedido y a su vez se tiene al menos un presentimiento de lo que ha de venir De un modo anaacutelogo creo podemos representar a la Idea del Bien como el sustento tonal de toda la obra que ha de alcanzar su cima en la alegoriacutea de la Caverna53

53 Paul Friedlaumlnder en Plato an Introduction New York 1958 pg 62 habla del ldquopo-der inolvidablerdquo de estas paacuteginas escritas ldquoen el corazoacuten mismo de la Repuacuteblicardquo

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Pero volvamos a los primeros compases Platoacuten se ha preguntado coacutemo es que la ciudad debe practicar la filosofiacutea si no quiere perecer (VI 497d) ya que la mayoriacutea de los que actualmente se consagran a ella mdashy pasan por ser consumados filoacutesofosmdash se apagan muy prontamente como soles de Heraacuteclito Los pocos filoacutesofos no son considerados malos pero siacute inuacutetiles ldquoPracticarrdquo (μεταχειρίζειν 497d) sentildeala por su parte directamente la prosecucioacuten de un estudio el seguimiento que proporciona finalmente la adquisicioacuten de una disciplina o un arte De ahiacute que esta ldquopraacutecticardquo estaacute orientada a establecer en la ciudad las ensentildeanzas y los ejercicios necesarios para una educacioacuten de los futuros filoacutesofos gobernantes Nos hallamos de nuevo ante un esfuerzo por equilibrar la teoriacutea (con sus matheacutemata ldquoensentildeanzas estudios conocimien-tosrdquo) y la accioacuten (con sus epitedeacuteumata ldquoejercicios praacutecticas reglas de conduc-tardquo) El objetivo es crear los fundamentos de una educacioacuten para los guardia-nes de la ciudad Es una suerte de gimnasia propia de la filosofiacutea

Es preciso en consecuencia ratificar la audaz pretencioacuten de que los

guardianes perfectos no podraacuten ser sino filoacutesofos (VI 503b) y que el guar-diaacuten gobernante debe dominar ciertos ldquoestudiosrdquo considerados los ldquomaacutes al-tosrdquo54 Por aquiacute nos hallamos en la viacutea que conduce directamente al Bien puesto que se dice la Idea del Bien es el objeto de la ensentildeanza maacutes alta y que ldquoes por ella que la justicia y las demaacutes virtudes alcanzan su utilidad y sus be-neficiosrdquo (VI 505a) Es decir la Idea del Bien en primer lugar es presentada como la culminacioacuten de un proceso de ensentildeanza porque ella es el objeto superior El Bien es el objeto uacuteltimo de la paideia en su plenitud y sentildeala la perfeccioacuten de la teoriacutea en vistas de la accioacuten En la Idea del Bien culmina la ciencia que proporciona eficacia al saber virtuoso el que se hace ldquoutil y bene-ficiosordquo mediante la ciencia superior de la Idea de Bien55

Un aspecto importante entonces del Bien se completa cuando guardia-

nes que conocen la disciplina de esta Idea superior se transforman en vigilan-

54 Rep VI 503e τὰ μέγιστα μαθήματα 55 Auguste Diegraves habiacutea dicho ldquoLe programme deacuteducation des gouvernants est un programme dascension continue vers le Bienrdquo (Platon Oeuvres complegravetes LaReacutepubli-que Introduction pg LXIV Les Belles Lettres Paris 1965 (1932)

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tes de la repuacuteblica56 Este saber acerca del Bien tiene por consiguiente ade-maacutes de la transformacioacuten personal claras consecuencias de orden poliacutetico La Idea del Bien es no hay que olvidarlo la piedra angular sobre la que se edifi-ca la constitucioacuten platoacutenica y la realidad ejemplar de la que penden todos los esfuerzos por hacerla realidad

Resta por ver ahora queacute es la Idea del Bien en siacute es decir del Bien

ldquomismordquo (VI 506d-e)57 Mas resulta no ser posible al parecer saber propia-mente queacute es el Bien no por una incapacidad total del pensamiento para pen-sarlo o de nuestra palabra para hablarlo sino por el impulso mismo del es-fuerzo discursivo en que Platoacuten se encuentra por el momento comprometi-do58 La prueba es que algo diraacute de lo que es el Bien en siacute aunque luego de haber preparado cuidadosamente nuestro aacutenimo y nuestras expectativas pa-ra lograr satisfacernos finalmente con una escasa informacioacuten Al presente es la alegoriacutea la que manda y se hablaraacute todaviacutea no del padre sino de ldquolo que parece ser tanto un hijo del bien como su semejanza maacuteximardquo (VI 506e) el Sol Los cuatro factores relevantes en el mundo visible son el Sol su luz el ojo y su visioacuten La regioacuten inteligible es el mundo del entendimiento y de los ob-jetos de verdad ideales ambos iluminados por el Bien59 Nuestro texto ade-maacutes da a entender que los objetos de la regioacuten inteligible son iluminados ldquopor la verdad y el serrdquo (ἀλήθεια τε καὶ τὸ ὄν 508d) a diferencia de una re-gioacuten de la opinioacuten de objetos sensibles

Indudablemente que las liacuteneas cruciales referentes a nuestro tema se ex-

tienden entre el 508e1-509b10 del libro VI La correspondencia de semejanza (analogia) que dominaba hasta aquiacute el discurso ha consistido en desplegar en toda su riqueza la metaacutefora del hijo el Sol y su regioacuten visible Ahora en cam-bio en las liacuteneas a que aludo se lleva a cabo una transposicioacuten en que el analogado principal a saber el Bien es descrito en los mismos teacuterminos que

56 Rep VI 506b se utiliza el verbo episkopein ldquovigilar observarrdquo 57 αὐτὸ μὲν τί ποτ᾽ἐστὶ τ᾽ἀγαθὸν ἐάσωμεν τὸ νῦν εἶναι 58 El teacutermino que aquiacute se utiliza es hormeacute (ὁρμή) ldquoimpulso esfuerzo punto inicialrdquo 59 Ilustrando esta analogiacutea J Raven en Platos Thought in the Making Cambridge 1965 pg 137 dice ldquoJust as therefore the sun is the source of light so the Idea of the Good is the source of truthrdquo

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su imagen con la salvedad de que cada elemento de significacioacuten de la metaacute-fora visible (el Sol la luz el ojo y la visioacuten) se traspone cada vez en un ele-mento de significacioacuten inteligible (la Idea del Bien la verdad el alma y la in-teligencia) Se ha partido de la imagen para luego remontarse al original pe-ro se ha hecho depender la explicacioacuten del prototipo de su semejanza infe-rior

De ahiacute quizaacutes la dificultad de ver en esta descripcioacuten del Bien una ver-

dadera explicacioacuten ya que el mismo Platoacuten prefiere enmarcar en una frase que pende en sus inicios de un ldquodirdquo (φάθι) luego de un ldquoconciberdquo (διανοοῦ) y finalmente de un ldquojuzgaraacutesrdquo (ἡγήσῃ) sus primeros asertos acer-ca del Bien Evidentemente que este es un modo de decir lsquono tengo pruebas propiamente que dar para demostrar mi aserto (y por favor no busquen maacutes falacias de las necesarias en mis explicaciones) por lo que aceacuteptalo como un postulado admisible que se necesitariacutea mucha labor y extensioacuten de ser nece-saria una demostracioacuten y tal vez no hay prueba alguna que darrsquo

Por mi parte he vertido la oracioacuten de la siguiente manera ldquomdashdi por tanto que aquello que comunica la verdad a los objetos conocibles y

que da la facultad al que conoce es la idea del bien y conciacutebela en cuanto que objeto del conocimiento puesto que es ella la causa de la ciencia y de la verdad y asiacute por muy hermosos que sean ambos el conocimiento y la verdad juzgaraacutes rectamente si consideras a aquello distinto e incluso maacutes bello que estos y como en este mundo es correcto suponer que la luz y la visioacuten son semejantes al sol pero que es errado con-siderar que son el sol del mismo modo en aquel mundo es correcto suponer que la ciencia y la verdad son uno y otro semejantes al bien pero es errado el considerar que una y otra son el bien sino que debe estimarse que la condicioacuten del bien es in-cluso mayorrdquo (R VI 508e1-509a5)

Podemos darle entonces a estas afirmaciones el caraacutecter de una presen-tacioacuten doctrinaria de la teoriacutea platoacutenica acerca del Bien no hay al parecer intento alguno de establecer una prueba mediante procedimientos loacutegicos si bien estaacuten latentes los principios metafiacutesicos que le han llevado ya a postular

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no solo la existencia de Ideas inteligibles sino tambieacuten la coordinacioacuten de estas en torno a un principio unificador

En el paacuterrafo de Platoacuten que se acaba de presentar se establece claramen-

te que la Idea del Bien proporciona esto es comunica (ἀποδιδὸν) la verdad a los objetos del conocimiento y el poder de conocer al espiacuteritu que conoce Se dice ademaacutes que ella es la causa de la ciencia y que es el saber superior Se afirma tambien que por ser ella es causa de ese saber es en cierta medida cognoscible pues se la conoce en los objetivos uacuteltimos de bondad que hay en la ciencia y en la verdad60 Pero ella es diferente ya que es otra cosa y maacutes bella que la ciencia y la verdad y por consiguiente que toda otra realidad inteligi-ble Junto a todas esas afirmaciones cargadas de importancia filosoacutefica se afirma que como en el caso del Sol es correcto suponer que ella es semejante a la ciencia la verdad y la inteligencia y que es diferente (como puede serlo comparativamente el Sol) de todas ellas porque la condicioacuten permanente de la Idea del Bien es mayor que las demaacutes realidades

No es poco lo que se nos dice de esta Idea del Bien siendo nosotros tal

vez los que en una primera lectura quedamos con una sensacioacuten de haber entendido poco de su relevancia Algo se nos dice entonces en resumidas cuentas en queacute consiste la Idea del Bien Porque ella cuanto es causa es ori-gen fuente de inteligibilidad de los objetos ideales es decir es causa de la Ideas las que son tambieacuten lo que llamamos la verdad El conocimiento quede ella podemos tener es el origen en nosotros de toda ciencia y saber inteligible El hecho de ser el Bien semejante a esos objetos inteligibles nos abre la posibi-lidad de acceder a esta Idea suprema pero por ser diferente y mayor que es-

60 Esta afirmacioacuten es vaacutelida aquiacute solo si he interpretado bien el difiacutecil pasaje ὡς γιγνωσκομένης μὲν διανοοῦ ldquoconciacutebela en cuanto que se la conocerdquo Se conoce a la Idea del Bien se diriacutea en esta caso en cuanto conocemos el aspecto de bien que la ciencia y la verdad poseen P Shorey mdashPlato The Republic vol II pg 105 traduce ldquoyou must say is the idea of good and you must conceive it as being the cause of knowledge and of truth in so far as knownrdquo La nota explicativa (op cit pg 104 n b me puso en la pista de una posible solucioacuten Dice ldquoWe really understand and know anything only when we apprehend its purpose the aspect of the good that its revealsrdquo

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tos objetos se nos sugiere que posee una su trascendencia que queda auacuten sin explicar61

En un segundo y decisivo par de breves paacuterrafos cargados de significa-

cioacuten (VI 509b 2-10) Platoacuten culmina su descripcioacuten del siacutemil del Sol y su ex-plicacioacuten de la idea del Bien Comienza diciendo por boca de Soacutecrates

ldquomdashSupongo que tuacute reconoceraacutes que el Sol proporciona a los objetos visibles no solo

la facultad de ser vistos sino tambieacuten la generacioacuten el crecimiento y la alimentacioacuten aunque no es eacutel mismo generacioacuten

mdashiquestCoacutemo podriacutea serlo mdashPues bien del mismo modo has de decir que los objetos de conocimiento no solo reciben de la cercaniacutea del bien el ser conocidos sino tambieacuten que de aquel se deriva hacia ellos el ser y la esencia aunque el bien no es una esencia sino que estaacute incluso maacutes allaacute de la esencia en dignidad y poderrdquo

Se utiliza de nuevo el meacutetodo comparativo que a partir de la imagen

del Sol infiere mediante una transposicioacuten como hacia arriba las caracteriacutesti-cas de la idea del Bien La comparacioacuten se sostiene baacutesicamente en la interre-lacioacuten entre la facultad de ser visto y la facultad de ser conocido por una par-te y en la generacioacuten y la esencia por otra Dos modos de comprender y dos calidades de existencia Ahora bien no es faacutecil distinguir entre ldquoel serrdquo (τὸ εἶναι) y ldquola esenciardquo (τὴν οὐσίαν) si bien dos hermeneutas dignos de creacutedito en el siglo XX A Diegraves y P Shorey interpretan to einai como ldquoexistenciardquo y ousiacutea como ldquoesenciardquo

En cuanto a esencia estoy de acuerdo suponiendo que por esencia se es-

taacute sentildealando modos de ser y por tanto se expresan asiacute las diversidades pre-sentes en el plano inteligible (nos encontramos por ejemplo con Ideas dife-rentes unas de otras) Pero en cuanto a ldquoexistirrdquo dudo en aceptar pues la ge-neracioacuten tambieacuten existe con la diferencia que uno es el existir de la genera-

61 A Diegraves (Autour de Platon Paris 1972 lt1926gt pg 486) en un momento de su anaacuteli-sis califica a la Idea del Bien como ldquoun centre dattraction et par cela mecircme un cen-tre doriginerdquo

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cioacuten y otro el existir de la esencia Nos hallamos ante dos calidades de exis-tencia Si queremos distinguir tendriacuteamos tal vez que decir que las cosas del mundo visible existen y las del mundo inteligible son Por ello prefiero pen-sar que Platoacuten habla del ser que es el modo propio de existir de las cosas in-teligibles

Llegamos finalmente a la muy debatida afirmacioacuten de que la Idea del

Bien que en una versioacuten alternativa dice que esta Idea ldquono es una esencia sino que se encuentra incluso superando la esencia en dignidad y poderrdquo No seacute si los estudiosos se han preguntado alguna vez porqueacute no se dijo lsquono es ni ser ni esenciarsquo y solo se dice que la Idea del Bien lsquono es esenciarsquo Yo supongo que esto sucede porque la Idea del Bien tiene efectivamente una calidad de existencia que es propia de su ldquocondicioacutenrdquo o ldquonaturalezardquo (hexis) Esta hexis de Bien es asimismo concebida como ldquoincluso mayorrdquo que el resto de los inteligibles Si por tanto es Idea posee tambieacuten alguacuten tipo de existencia cu-ya calidad se funda en su condicioacuten propia superior62 De este modo la Idea del Bien existencia suprema proporciona a la verdad su existencia inteligible sin dejar a su vez aquella de existir en una condicioacuten que es considerada ldquoin-cluso mayorrdquo Pero es claro que tal Idea superior no puede ser esencia (ousiacutea ) si entendemos por ello la calidad de existencia necesariamente diversificada de la verdad inteligible es decir de los objetos de verdad de la regioacuten inteli-gible que son las Ideas

Ellas en efecto conforman a la vez un todo diversificado y una diver-

sidad totalizada cualidad que reciben de aquello que es ldquoincluso mayorrdquo En otras palabras las Ideas son el Ser en cuanto es unidad y diversidad y en cuanto platoacutenicamente es concebido como inteligible En esta perspectiva las Ideas estaacuten en situacioacuten de coordinacioacuten por el hecho de depender del origen iquestEn queacute estaacute ese ldquogrado maacutes altordquo (μειζόνως adverbio que hemos traducido tambieacuten como ldquomayorrdquo) de la Idea del Bien En que ldquono es esen-

62 A Diegraves (Platon La Reacutepublique vol I Introduction pg LXIII) sentildeala un punto im-portante cuando dice Tambieacuten el Bien es llamado aquiacute mismo aquello que hay de maacutes esplendoroso en el ser (518 c 532 ) aquello que hay de maacutes dichoso en el ser (526 e) aquello que hay de maacutes excelente entre los seres (532 c)

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ciardquo digo es decir en su ausencia de diversificacioacuten en otras palabras en su unidad Ella es la fuente originaria de cuya simplicidad absoluta deriva toda otra existencia inteligible

Con la frase ldquogrado maacutes altordquo (509a 4) hace juego otra expresioacuten de or-

den espacial ldquomaacutes allaacute a mayor distanciardquo (epeacutekeina 509b 9) Ambos teacuterminos revelan de alguacuten modo la distincioacuten existente entre la Idea del Bien y las Ideas inteligibles en general La expresioacuten ldquoestaacute incluso maacutes allaacute de la esen-ciardquo define maacutes claramente la concepcioacuten que tiene Platoacuten de una realidad que existe en forma absoluta es decir liberada absuelta de toda otra condi-cioacuten Es algo que al mismo tiempo estaacute de alguacuten modo al interior de una tota-lidad de lo real de la que ella la Idea del Bien es la cima De ahiacute que tenga sentido decir que ldquola idea maacutes alta de Platoacuten no extingue al ser sino que estaacute por decirlo asi al interior de la cadena del serrdquo63

Se dice finalmente que la Idea del Bien trasciende la esencia ldquoen digni-

dad y poderrdquo (πρεσβείᾳ καὶ δυνάμει) Esa ldquodignidadrdquo es aquiacute en especial el rango que el Bien posee que es el maacutes alto y sugiere al mismo tiempo la idea de una continuidad entre este que es el primero y sus criaturas inteligibles que vienen despueacutes de eacutel El ldquopoderrdquo del que se habla por otra parte y en analogiacutea con el Sol es en primer lugar la capacidad ya establecida del Bien de dar inteligibilidad y existencia a las realidades ideales No hay poder mayor en esta repuacuteblica que el de la Idea del Bien Ese poder es evidentemente meta-fiacutesico pero este rango y poder superior del Bien es al mismo tiempo sentildeal de por queacute la Idea del Bien es el origen y la razoacuten de ser de la politeia platoacutenica64

63 Paul Friedlaumlnder Plato an Introduction New York 1958 pg 77 ldquoPlatos highest idea does not extinguish being but is as it were within the chain of being only it is so far above everything else that paradoxically it may be called beyond being though still beyond being It is reached not through lonely introspection violents leaps and submergence in darkness but through a path by which knowledge grasps the natu-re of being Without arithmetic geometry astronomy musical theory without the discipline of philosophical dialectics the goal cannot be approached mdashalthough once in view words and concepts are no longer adequaterdquo 64 A Diegraves Platon La Reacutepublique vol I Introduction pg LXIV recuerda la estrecha relacioacuten entre la educacioacuten de los gobernantes y el conocimiento del Bien en la Re-puacuteblica ldquoEl programa de educacioacuten de los gobernantes dice es un programa de ascensioacuten continua hacia el Bienrdquo

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Aquellos que adquieran este objeto supremo mediante la maacutes alta ensentildeanza es decir los filoacutesofos guardianes de la ciudad estaraacuten precisamente en pose-sioacuten de la dignidad y el poder supremo en la ciudad La fuente de la sobera-niacutea por la que el filoacutesofo gobernante ejerce la dynamis politikḗ estaacute en la Idea del Bien y los filoacutesofos legitiman su gobierno justamente en este Bien absolu-to y en la posesioacuten que tienen de eacutel mediante aquella ensentildeanza65

XI iquestEs la Idea del Bien identificable con la divinidad Platoacuten ha decidido como recordaacutebamos abandonar por ahora una

explicacioacuten de lo Bueno en siacute (τἀγαθὸν VI 506 e 1) para hablar de la imagen del Sol Ahora bien lo primero que se dice de eacutel es que entre los dioses del cielo podemos considerarlo el sentildeor (κύριον) de la luz De esa manera por la operacioacuten de esta como el tercer elemento el Sol es responsable de la reali-zacioacuten del acto de la visioacuten pues la luz hace posible mdashseguacuten Platoacuten a dife-rencia de otros actos sensoriales que no poseen tal mediomdash la unioacuten entre el sentido de la vista y los objetos de la visioacuten o mejor dicho entre la ldquovisioacutenrdquo (ὄψις) y lo ldquovisiblerdquo (τὸ ὁρατόν)66 El Sol no es el medio entre estos dos lo es la luz pero se le considera el responsable de la realizacioacuten uacuteltima de la ac-cioacuten por ser el ldquosentildeorrdquo de ella67 Tenemos pues una primera sentildeal el Sol es un dios de los que existen ldquoen el cielordquo el que dispensa el ldquopoderrdquo (δύναμιν 508b) que ejerce mediante la visioacuten el ldquoojordquo (ὄμμα) mdashel ldquomaacutes semejante al

65 ldquoLa dyvnamis politikeacute en las democracias estaacute en el pueblo en las oligarquiacuteas en los ldquopocosrdquo (holigoi) para Platoacuten estaacute en aquellos que poseen una ciencia particular que los hace philoacutesophoi Ese ldquosolo cambiordquo por tanto es absolutamente trascenden-tal y nos da la clave para entender los verdadero objetivos de su ciudad ideal Se trata en resumidas cuentas de un reordenamiento del Estado a traveacutes del estable-cimiento de una nueva soberaniacuteardquo (J O Velaacutesquez ldquoPlatoacuten y la soberaniacutea del Esta-dordquo Revista de Filosofiacutea Universidad de Chile vol XXXI-XXXII (1988) pg 39 66 Ver Rep 507c 10-508a 6 El pasaje maacutes especiacuteficamente aludido aquiacute es Rep 507d 8 τὴν δὲ τῆς ὄψεως καὶ τοῦ ὁρατοῦ οὐκ εννοεῖς ὅτι προσδεῖται 67 Se ha utilizado en 508a 4 la foacutermula αἰτιάσασθαι ldquoconsiderar como causa hacer responsable ser causanterdquo El teacutermino ldquosentildeorrdquo (κύριος) no tiene al parecer un senti-do religioso sino en el griego tardiacuteo (hay testimonios a partir del s I aC) pero in-dudablemente esta evolucioacuten semaacutentica muestra ya una significacioacuten afiacuten

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solrdquo de los oacuterganos sensoriales68 El ojo posee este poder ldquocomo algo infundi-dordquo en eacutel por una suerte de desborde que proviene del Sol69 El astro en con-secuencia es ldquocausardquo (αἴτιον) de la visioacuten del ojo

Por otra parte al posponerse el tema del Bien en siacute y haberse sentildeala-

do que el Sol ldquoparece ser el hijo del bien y el maacutes parecido a eacutelrdquo (506e) se in-dica vagamente que ldquoen otra oportunidadrdquo se ha de pagar la deuda con la descripcioacuten del padre Aquiacute solo es posible conjeturar si todo el siacutemil consiste en una transposicioacuten de la figura del Sol en relacioacuten con el Bien este uacuteltimo podriacutea ser considerado un dios entre los dioses de la regioacuten inteligible Pero nada se dice expliacutecitamente cuando llega el momento de describir queacute es el Bien Tampoco se diraacute nada a lo largo de la Repuacuteblica si exceptuamos otro enigmaacutetico pasaje de Repuacuteblica X 597 b ss que debe ser revisado en sus pro-pios meacuteritos70

Siguiendo entonces con las conjeturas se podriacutea solo sentildealar que si

Platoacuten cumple alguna vez con su promesa de hablar del padre esta se realiza-riacutea en el Timeo donde luego de la sugestiva recapitulacioacuten de la conversacioacuten sobre una repuacuteblica que ha tenido lugar el diacutea anterior se inicia un relato so-bre el mundo y el padre Aunque seriacutea necesario atar muchos cabos mdashentre ellos la relacioacuten que es posible establecer entre la Repuacuteblica y el Timeomdash hay sentildeales de evidente intereacutes En primer lugar se plantea nuevamente mdashy en forma elocuentemdash en el Timeo la dificultad de hacer una descripcioacuten del pa-dre ldquoahora bien dice hallar al creador y padre de este universo es ya un tra-bajo y luego de hallarlo es imposible hablar de eacutel a todosrdquo (28c) Imposible a todos sin embargo parece posible el poder hablar de eacutel a algunos al menos a los representados por el selecto grupo reunido para entablar el diaacutelogo

68 Esta expresioacuten (en sus dos formas en positivo y en superlativo) parece ser un neologismo de Platoacuten M Heidegger le llama ldquohelioiderdquo y ldquosolisiacutemilrdquo en su Doctrina de la Verdad seguacuten Platoacuten 69 Rep V 508b ὥσπερ ἐπίρρυτον 70 Ver supra el Tema de Estudio ldquoMiacutemesis y comtemplacioacuten en el libro deacutecimo de la Repuacuteblica de Platoacutenrdquo

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En seguida conviene antildeadir un segundo elemento de juicio Aparte de una doble referencia a Helios el dios Sol como padre de Faetoacuten (Tim 22c) el uso del teacutermino estaacute circunscrito en el Timeo exclusivamente a mostrar a este patḗr que es el demiurgo creador del universo como ldquoel que engendrardquo a los dioses inmortales (37c) que son los astros del cielo Estos ldquodioses proce-dentes de diosesrdquo poseen un ldquodemiurgo y padre de sus obrasrdquo (41a) Son dio-ses ldquonuevosrdquo que ldquocomprenden la ordenanza del padrerdquo (42e) y en fin re-cuerdan ldquola prescricioacuten del padrerdquo (71d) Esto significa que la comparacioacuten de la Repuacuteblica entre el Sol de lo sensible y el Bien de lo inteligible como hijo y padre se mantiene en el Timeo entre los dioses nuevos del mundo sensible que son los astros (entre los que destaca el Sol) y el padre que los engendra que es el demiurgo Inteligencia del universo Del mismo modo se podriacutea de-cir entonces que el Bien es como el autor de las Ideas las que mantienen con su principio una relacioacuten de filiacioacuten

Un tercer aspecto parece digno de mencionarse y es que son preci-

samente estos dioses celestes (que podemos comparar mutatis mutandis con el Sol ldquode entre los dioses del cielordquo de Repuacuteblica ) los que construyen ldquolos ojos portadores de luzrdquo y que gracias a su afinidad con ella estos realizan ldquoesa sensacioacuten que ahora llamamos verrdquo (Tim 45d) Es claro entonces que la luz que los ojos perciben es la que proviene de las luminarias del universo en especial del Sol y de la Luna Los ojos y los astros actuacutean en la regioacuten visible De los ojos pasamos a la ldquovisioacutenrdquo (ὄψις 47a) con cuyo concurso reconocemos el orden numeacuterico del mundo se nos proporciona una concepcioacuten del tiempo y en especial se nos concede la filosofiacutea el don mayor del cielo que es entre-gado al hombre por divina dispensacioacuten (Tim 46e ss)

Por uacuteltimo se dice del demiurgo que ldquoera buenordquo (29e) Es de supo-

ner que de aquiacute no es posible inferir directamente que el patḗr del Timeo pue-de ser identificado con el Bien de la Repuacuteblica pero una afirmacioacuten de esta naturaleza es un paso importante No es posible inferir directamente de la bondad del dios creador del mundo su identificacioacuten con el Bien en siacute se antildeade sin embargo pocas liacuteneas maacutes abajo que el creador es ldquoel mejorrdquo (τῷ

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ἀρίστῳ 30a) y que logra ejecutar una obra ldquola maacutes bella y maacutes buena (ἄριστον) en su naturalezardquo

XII El siacutemil de la Liacutenea dividida Entre las imaacutegenes del Sol y de la Liacutenea hay una estrecha continuidad71

No bien ha terminado Soacutecrates de referirse a la superioridad de la Idea del Bien y dicho casi en seguida con cierta ironiacutea que auacuten resta mucho que decir de la comparacioacuten acerca del Sol realiza una breve recapitulacioacuten de quieacutenes son los que reinan en el geacutenero y la regioacuten tanto inteligible como visible Conviene poner atencioacuten a la sencilla afirmacioacuten en dual que se intercala ldquoque ellos son dosrdquo (δύο αὐτὼ εἶναι VI 509d 1)72 y que tres liacuteneas maacutes abajo se reproduce en ldquoestas dos especies la visible y la inteligiblerdquo que son como una recapitulacioacuten de todo el siacutemil del Sol

Es un punto que me parece importante pues acto seguido Soacutecrates ini-

cia su descripcioacuten de una liacutenea cortada en dos segmentos desiguales que re-presentan respectivamente cada cual los geacuteneros visible e inteligible Hemos trazado la liacutenea en forma vertical con el segmento inteligible arriba73 ldquopor la simple razoacuten de que lo que ella representa es una escala vertical de la reali-dad74 Una lectura maacutes atenta del pasaje nos mostraraacute queacute faacutecil es tropezar con dificultades cuando se quiere dar una interpretacioacuten que satisfaga al me-nos ciertos requisitos de coherencia Si bien podemos pensar su presentacioacuten en forma de diagrama75 pudo anticipar erroacuteneamente una faacutecil lectura En el desarrollo de la explicacioacuten del siacutemil acudireacute primeramente en especial a

71 Como afirma J Raven op cit pg 142 el siacutemil de la Liacutenea Dividida es introdu-cido expliacutecitamente como una continuacioacuten del siacutemil del sol 72 El dual griego es un plural restringido a dos y se usa comunmente para indicar una estrecha relacioacuten entre dos cosas como podriacutea serlo por ejemplo ldquolos dos ojosrdquo Aquiacute un poco menos comunmente se ha usado para significar dos objetos (el Sol y el Bien) Suponemos que se quiere enfatizar de esa manera la especial corres-pondencia entre ambos 73 He seguido muy de cerca las uacutetiles referencias de John Raven op cit pg 145 74 ibid pg 145 75 La expresioacuten ldquodiagrammaticallyrdquo es de J S Morrison (ldquoTwo Unresolved Difficul-ties in the Line and Caverdquo en Phronesis 22 (1977) pg 227

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una interpretacioacuten la de John Raven76 que me parece de intereacutes fundamen-talmente por dos razones Una porque intenta dar una explicacioacuten integral del siacutemil poniendo eacutenfasis en su relacioacuten con las otras dos alegoriacuteas y discu-tiendo sus diferencias y luego porque creo que es bueno en este caso utilizar baacutesicamente para un enfoque introductorio una interpretacioacuten que se preste bien como un medio de iniciacioacuten en la lectura de un texto complejo como este Se evita asiacute tambieacuten iniciar la explicacioacuten partiendo de la controversia

sin haber auacuten alcanzado un grado miacutenimo de comprensioacuten del asunto En seguida seraacute posible sobre esta base analizar con mayor fruto las dudas a que puede dar lugar el parecer de Raven cuando confrontado con otras interpretaciones tambieacuten dignas de estudio77

La Liacutenea Dividida entonces como lo habiacutea

sido el Sol estariacutea concebida para clarificar los con-tenidos de la regioacuten inteligible mediante una com-paracioacuten con el mundo visible Procedemos a des-cribir en forma vertical su figura trazando una liacutenea AB que dividimos en forma desigual en el

punto C Tenemos asiacute dos segmentos el maacutes largo AC y el maacutes corto CB Se dividen de nuevo ambos segmentos digamos en D y E y asiacute tenemos que BD es a DC como CE es a EA y como el segmento BC es al segmento CA En esas circunstancias las cuatro partes son clasificadas seguacuten su grado de clari-dad y de oscuridad comparativas78 Tenemos completa asiacute la divisioacuten de la liacutenea con dos porciones para la seccioacuten inferior ldquovisiblerdquo (BC) y dos porcio-nes para la seccioacuten superior ldquointeligiblerdquo (CA)

76 J Raven Platos Thought in the Making cap 10 77 Para los fines de este capiacutetulo se ha tenido en cuenta tambieacuten la interpretacioacuten de J Adam The Republic of Plato vol II y el ensayo introductorio de D A Rees de la segunda edicioacuten de 1963 a la misma obra de J Adam op cit vol I pgs XXXI-XLIII 78 J Raven op cit (pg 145) ldquoIt is divided Plato tells us in proportions which symbolize lsquocomparative clearness or obscurityrsquo the shorter the segment in other words the more obscure its contentsrdquo

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Comenzando por los segmentos inferiores el primero BD consiste de imaacutegenes visuales (εἰκόνες) que son ldquoen primer lugar las sombras y luego los reflejos en las aguas y en las superficies de textura densa pulida y brillan-te y todas las otras representaciones del mismo tipo si me entiendesrdquo dice Platoacuten (R VI 510a)

Se trata al parecer de representaciones de caraacutecter exclusivamente vi-

sual digamos entonces que son modos de reflexiones visuales de originales que estaacuten en el proacuteximo segmento DC La presentacioacuten para esta seccioacuten es ldquotoma entonces el segundo segmento que sentildeala aquello de lo que el primero es una semejanza nosotros los seres vivientes y todo tipo de realidad natural o manufacturadardquo (R VI 510a)

La frase clave aquello de lo que el primer segmento es una semejanza parece tener el significado siguiente que en el segundo segmento DC estaacuten repre-sentadas las realidades originales cuyas semejanzas se revelan en el primer segmento a modo de imaacutegenes Se antildeade ademaacutes un dato sugerente a saber que la divisioacuten entre la verdad es decir la realidad y su opuesto se expresan por una relacioacuten proporcional Es decir como es lo opinable a lo cognoscible asiacute es lo asemejado ( la imagen) a aquello a lo que se asemeja ( el modelo)

En el caso de las dos secciones del segmento de lo visible (BD y DC) lsquolo

asemejadorsquo ocupa el trazado inferior y su lsquomodelorsquo el superior El segmento BC en seguida es claramente asimilado a los objetos de opinioacuten79 Se transita asiacute de la analogiacutea quiero decir relacioacuten de semejanza entre visible e inteligi-ble mdashque comanda la estructura baacutesica del siacutemilmdash a la analogiacutea entre objetos de opinioacuten y objetos de conocimiento No se les coloca entonces en contra-posicioacuten sino en comparacioacuten Siendo esa la situacioacuten ldquoel objeto de la Liacutenea Dividida como una continuacioacuten del siacutemil del Sol es usar la vista y las dos

79 Esta mencioacuten del lsquoobjeto de opinioacutenrsquo da base seguacuten el anaacutelisis de Raven a la in-terpretacioacuten lsquoortodoxarsquo de la Liacutenea liderada por J Adam Es decir que BC no solo contiene visibles sino tambieacuten opinables y se quiere con ello ldquopresentar una com-pleta clasificacioacuten de los contenidos del mundo sensiblerdquo (op cit pg 149) Raven en cambio insiste en la presencia uacutenica de objetos visibles en las dos secciones inferio-res del segmento BC

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clases de cosas visibles para ilustrar la inteligencia y las dos clases de cosas inteligiblesrdquo80 De este modo los objetos reales del mundo visible (represen-tados en DC) y sus sombras y reflejos (representados en BD) tienen en la Liacutenea la funcioacuten de clarificar la explicacioacuten del segmento superior de lo inte-ligible en CA De alliacute que se diga que la divisioacuten inferior BC en su totalidad es ldquopuramente ilustrativa y es incluida solo por causa de la superiorrdquo81 Hay una clara analogiacutea entre los reflejos visibles y los objetos que los proyectan por una parte y la relacioacuten existente entre las dos clases del mundo inteligi-ble por otra

Asiacute pues en la seccioacuten CE del segmento inteligible el alma usa lsquocomo

imaacutegenesrsquo (ὡς εἰκόσιν 510b 4) los objetos representados en DC esos mismos que a modo de original se proyectan en imagen en la seccioacuten BD En otras palabras los objetos en DC cambian de signo cuando comparados a los obje-tos inteligibles de CE De ese modo ldquoBD contiene imaacutegenes de DC los obje-tos en DC son imaacutegenes de los contenidos de CE y CE contiene imaacutegenes de EA Esta es una caracteriacutestica bien lograda de la comparacioacutenrdquo82 En EA en el tope de la liacutenea el alma no utiliza las imaacutegenes sino que se ocupa solo de las Ideas y desde una hipoacutetesis se eleva hacia un primer principio no hipoteacutetico

Volviendo a CE Platoacuten utiliza un meacutetodo matemaacutetico para clarificar su teoriacutea filosoacutefica Aquiacute entonces las lsquohipoacutetesisrsquo son supuestos que se dan por descontados El matemaacutetico concluye como hacia abajo lo que se ha propues-to establecer sin intentar dar explicacioacuten de esos presupuestos que funda-mentan sus pasos sin subir por decir asiacute maacutes allaacute de las hipoacutetesis a funda-mentos uacuteltimos En esas circunstancias el alma se ve forzada a utilizar en su investigacioacuten hipoacutetesis usando como imaacutegenes aquellos mismos objetos que

80 J Raven op cit pg 150 Y se dice a continuacioacuten que la Liacutenea Dividida es com-plementaria con la del Sol ldquoIn the Divided Line the two relevant classes of things in the visible world actual objects and their shadows or reflexions are used to illustra-te the relations subsisting between the two analogous classes in the intelligible worldrdquo (pg151) 81 ibid pg 151 Se dice entonces que ldquolas proporciones de la Liacutenea indican que las entidades en el segmento CE se hallan frente a aquellos en EA como los reflejos en BD se hallan frente a sus originales en DCrdquo 82 J Raven op cit pg 152

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producen sombras en la seccioacuten inferior y que ellos juzgan con estimacioacuten como distintos en comparacioacuten con sus reflejos (VI 511a)

En este segmento CE se sentildeala entonces por

una parte una correspondencia con los contenidos del segmento anterior que son usados como imaacute-genes y una correspondencia con los del segmento superior que auacuten resta por explicar en mayor deta-lle y por otra se considera coacutemo el geoacutemetra que es estimulado originalmente por diagramas visi-bles se esfuerza a su vez por ascender no soacutelo has-ta los objetos abstractos matemaacuteticos mdashque tienen una funcioacuten intelectual intermediariamdash sino hasta las Ideas mismas en cuanto que hipoacutetesis no ex-plicadas pero siacute supuestas83 En todo caso el or-

den principal de la seccioacuten CE estaacute en un movimiento de pensamiento hacia abajo es decir desde las hipoacutetesis hacia los particulares Se considera asiacute a los objetos matemaacuteticos como intermediarios entre la opinioacuten y el conoci-miento y son los geoacutemetras y otros sabios los que laboran con ellos mediante un ldquoconocimiento deductivordquo o ldquoabstraccioacutenrdquo (διάνοιαν VI 511d)

En 511b 3 se inicia la descripcioacuten del segmento superior EA Aquiacute la ra-

zoacuten (λόγος) capta las cosas u objetos inteligibles por el poder dialeacutectico (διαλέγεσθαι) y trata sus presupuestos literalmente como hipoacutetesis es decir como puntos de apoyo para elevarse hasta el principio de todo Este principio es el ldquoque no requiere presupuestordquo (τοῦ ἀνυποθέτου) Luego de alcanzarlo el alma vuelve a pasar por todo lo que depende de eacutel desciende a la conclu-sioacuten no haciendo uso de ninguacuten objeto del sentido sino solo de las puras Ideas Se mueve de Ideas en Ideas para terminar con Ideas Todo se deduce desde un principio primero

83 ldquoMathematics do of course provide the ideal illustration of this procedure becau-se as Plato says they do take for granted the material on which they work such as magnitude and its various properties and they employ an essencially deductive mathodrdquo (J Raven op cit pg 158-59)

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ldquowhen it has eventually climbed up as it were on a staircase to the first prin-ciple of everything then as we have at last been told the mind turns back again and begins to descend the selfsame stairsrdquo84

Suponemos que la Idea lsquono-hipoteacuteticarsquo es pre-

cisamente la Idea del Bien que habiacutea sido repre-sentada por el Sol en el siacutemil anterior El Bien tiene un poder unificador por lo que ejerce sobre el res-to de las Ideas su capacidad coordinadora Quien asciende hasta ella mediante el ejercicio dialeacutectico obtiene los medios que le permiten descender comprensivamente desde lo no-hipoteacutetico que es la Idea del Bien Deste esta Idea superior desciende traveacutes de Ideas mdashahora en correlacioacuten con su prin-cipiomdash hacia los intermedios matemaacuteticos luego a las cosas visibles de las que aquellos son abstrac-

ciones y sus reflejos umbraacutetiles finales Frente a estas cuatro secciones de la Liacutenea se nos invita a aplicar cuatro

operaciones del espiacuteritu A la seccioacuten maacutes elevada la ldquointeligenciardquo o ldquointe-leccioacutenrdquo (νόησιν) a la segunda ldquoconocimiento discursivordquo o ldquopensamientordquo (διάνοιαν) a la tercera se atribuye la ldquocreenciardquo (πίστιν) y a la uacuteltima ldquocon-jeturardquo o ldquoimaginacioacutenrdquo (εἰκασίαν) Ordenadas en proporcioacuten se considera que cuanto maacutes los objetos de cada operacioacuten participan de la verdad tanto maacutes estas afecciones del espiacuteritu participan de claridad

Siguiendo el orden de Platoacuten -y de acuerdo con nuestro esquema- co-

menzamos por abajo por el grado de mayor oscuridad hacia el de mayor claridad arriba

primera seccioacuten sus objetos son imaacutegenes visibles (εἰκόνες) su opera-cioacuten conjetura o imaginacioacuten (εἰκασία)

84 ibid pg 161

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segunda seccioacuten sus objetos son ejemplares o prototipos visibles de esas imaacutegenes ( ᾧ τοῦτο ἔοικεν)85 su operacioacuten es creencia (πίστις)

tercera seccioacuten sus objetos son inteligibles intermedios (νοητά ὡς μεταξύ) su operacioacuten es conocimiento discursivo o pensamiento (διάνοια)

cuarta seccioacuten sus objetos son inteligibles superiores e Ideas (νοητά εἴδη) su operacioacuten inteligencia o inteleccioacuten (νόησις)86

XIII La alegoriacutea de la Caverna Los dos siacutemiles anteriores han ido haciendo manifiesto en queacute consiste

ldquola maacutes alta ensentildeanzardquo que es la que ha de proporcionar al guardiaacuten-filoacutesofo la ciencia habilitadora para gobernar la ciudad El saber tiene un obje-to superior las Ideas y su fuente originaria la Idea del Bien Existe ademaacutes una facultad espiritual tambieacuten superior que opera como inteleccioacuten (noesis) y que es capaz de conocer estos objetos inteligibles Ha llegado ahora el mo-mento a partir de las alegoriacuteas precedentes de poner en funcionamiento por decir asiacute una nueva paraacutebola que describa la efectiva mutacioacuten del alma de los elegidos para gobernar

A fin crear un estado como el descrito hay que comenzar por desarro-

llar en el discurso el evento decisivo que marque la transformacioacuten mediante la educacioacuten del futuro rey-filoacutesofo El siacutemil debe sentildealar el comienzo de la accioacuten ciacutevica mediante una ldquoimagen insoacutelitardquo (515a 4) Queda atraacutes la teoriacutea superior que ha consistido en la explicacioacuten del megiston mathema y es hora

85 Literalmente la seccioacuten de la que la primera es una imagen es decir los prototi-pos que por decir asiacute producen en la primera seccioacuten imaacutegenes que son sombras o figuras proyectadas desde aquellos ejemplares 86 Figura en J Adam The Republic of Plato II p 156

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ya de sentildealar coacutemo es que la posesioacuten progresiva de este saber produce en el alma del guardiaacuten esa transformacioacuten decisiva Sin este giro del alma es im-posible edificar la ciudad y la Caverna pone de manifiesto cuaacuteles han de ser las fuerzas espirituales que impulsen la realizacioacuten de esta repuacuteblica Sin la Caverna al descubierto no habraacute jamaacutes reyes filoacutesofos ni ciudades en capaci-dad de ser fundadas bajo el signo de las Ideas y el Bien El descenso de la teo-riacutea a la accioacuten vuelve al centro del discurso y esta vez la accioacuten estaacute sentildealan-do el modo peculiar en que se realiza el giro progresivo del alma hacia la realidad En esas circunstancias la accioacuten de la que se habla es ahora ldquoeduca-cioacutenrdquo (paideia ) y se designa con ello el reencuentro del alma con la verdad mediante el saber

La Caverna entonces describe una situacioacuten un lsquosucesorsquo (πάθος)87 que

representa a la naturaleza humana en su condicioacuten de sujeto capaz de la po-sesioacuten del saber propio de las ensentildeanzas superiores o en caso contrario el que carece de ellas El estado original de los hombres que habitan esta ldquoca-vernosa vivienda subterraacuteneardquo es el de ldquoineducacioacutenrdquo (apaideusiacutea) La falta de educacioacuten en estos sujetos se caracteriza por su condicioacuten de ingeacutenita porque estaacuten en ella ldquodesde nintildeosrdquo y se mantienen en un estado de inmovilidad que los obliga a ldquomirar solo hacia adelanterdquo Si es como parece que las almas han nacido para la verdad la ausencia de ella somete el cuello y le impide a la cabeza realizar el gesto propio de la razoacuten que se efectuacutea ldquoen ciacuterculordquo (κύκλῳ 514b 1) Sus moradores estaacuten presos y sometidos a riacutegidas cadenas son exacta representacioacuten de nuestra condicioacuten que la vivienda subterraacutenea es ldquoprisioacutenrdquo (τὸ δεσμωτήριον) y la mirada de los prisioneros en recto hacia adelante es solo visioacuten de ldquosombras proyectadasrdquo (515a) por objetos transpor-tados atraacutes a sus espaldas son visiones umbraacutetiles arrojadas por un fuego al fondo de la Caverna De este modo las sombras son para los encadenados verdad (τὸ ἀληθὲς 515c 2)

87 La palabra pathos sentildeala una ldquoexperienciardquo un ldquoincidenterdquo que ocurre en una situacioacuten determinada ldquoCompara dice Platoacuten al inicio del libro VII ldquodespueacutes de estordquo (es decir de la Liacutenea) ldquoa tal tipo de situacioacuten nuestra naturaleza a propoacutesito de la educacioacuten y la ineducacioacutenrdquo

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Al hombre en ese estado puede acontecer el inicio de su vuelta median-te educacioacuten que es desligamiento de cadenas y cura de ignorancias ldquoAl-guienrdquo lo desata y lo obliga a ldquolevantarse de suacutebito y a girar el cuello y a an-dar y a dirigir la mirada hacia el fuegordquo que origina sombras (515c) Se le en-sentildea a distinguir las sombras interiores de aquellos objetos maacutes reales que las proyectan al fondo Las sombras son el resultado de la interaccioacuten del fuego y los objetos retenidos en figuras sombriacuteas en la cavidad interior de la Caver-na Ahora el prisionero ldquoun poco maacutes cerca de lo realrdquo ve maacutes correctamente puesto que ha enderezado sus pasos ldquovolvieacutendoserdquo (τετραμμένος) ldquohacia objetos maacutes realesrdquo (πρὸς μᾶλλον ὄντα 515d) La educacioacuten se ha iniciado como una conversioacuten al ser es decir a lo maacutes real ella ha inducido al desli-gamiento que conduce al giro y encamina hacia el lugar contrario de las sombras El prisionero no sabe auacuten que esta primera liberacioacuten (λύσιν 515c 4) le daraacute finalmente la capacidad real de realizar el bien cosa que seraacute para eacutel finalmente su verdadera libertad Porque la educacioacuten es la que conduce al prisionero hacia su paulatina liberacioacuten mediante el saber

Entretanto estaacute perplejo (ἀπορεῖν 515d 6) mientras la inercia de la

apaideusiacutea o ineducacioacuten arrastra sus ojos adoloridos hacia las figuras umbro-sas Pero ldquoalguienrdquo (τις 515e 6) no le permite volver y ldquole arrasta por la fuer-zardquo La paideia fuerza al prisionero a subir hasta la luz para eacutel desacostumbra-da del Sol Termina por habituarse a la luz y a la paulatina comprensioacuten de todos los objetos sujetos a su irradiacioacuten y la memoria (ἀναμιμνῃσκόμενον) de su antigua habitacioacuten y saber le hace ldquoconsiderarse dichoso de su trans-formacioacuten y apiadarserdquo (516c) de sus antiguos compantildeeros de prisioacuten Este recuerdo mantiene viva la relacioacuten entre la paideia y la apaideusiacutea del antiguo encadenado puesto que la educacioacuten no es solo el conocimiento y saber que ha adquirido al presente el liberado hacia la luz sino el proceso mismo de instruccioacuten y ensentildeanza que ha tenido que experimentar Si hubiera de volver a las sombras se revertiriacutea el proceso de acostumbramiento viendo con difi-cultad en las tinieblas ldquohasta que se le asentaran los ojosrdquo (517a1) que la pai-deia en un sentido figurado es arte de asentamiento de ojos

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La paideia guiacutea en consecuencia todo el recorrido de la Caverna y es presentada claramente como un ldquoarte del girordquo (τέχνη τῆς περιαγωγῆς 518d 3) del oacutergano de la visioacuten por el que se procura corregirle (μεταστρέφεται) con la mayor facilidad y eficacia posible volverlo (τετραμμένῳ) hacia donde debe y hacerlo mirar con rectitud El norte de todo el camino hacia la abertura de la Caverna es la verdad que en el nivel de la Idea es representacioacuten inteligible del Bien La periagogeacute es la ldquorotacioacuten el ldquogirordquo que se aplica baacutesicamente a los astros y que aquiacute al amparo del Sol dirige tambieacuten las circunvoluciones del alma que asciende a la cima del Bien Este es entonces el arte del giro del alma que apartaacutendose de lo generado se vuelve (στρέφειν 518c 7) desde la oscuridad hacia lo luminoso La educa-cioacuten se supone debe habilitar el alma a soportar la visioacuten del Ser que es lo real (τοῦ ὄντος) e incluso lo maacutes brillante del Ser el Bien (τἀγαθόν 518c) De ese modo el alma del guardiaacuten filoacutesofo gracias a la educacioacuten estaacute final-mente preparada para ldquogirar hacia las realidades verdaderasrdquo (περιεστρέφετο εἰς τὰ ἀληθῆ 519b 3)88

88 Figura de la Caverna en J Adam The Republic of Plato II pg 65

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Queda finalmente explicada por el mismo Platoacuten de la siguiente mane-

ra la significacioacuten de la paraacutebola de la vivienda-prisioacuten subterraacutenea

ldquoPues bien dije esta imagen estimado Glaucoacuten hay que aplicarla a todo lo que se ha dicho antes hay que comparar la regioacuten que se manifiesta por medio de la vista con la residencia en la prisioacuten y a la luz del fuego que hay en ella con el poder del Sol En cuanto a la subida a la regioacuten de arriba y a la contemplacioacuten de las realidades superiores no erraraacutes con respecto a mi conjetura si la comparas con la ascensioacuten del alma hasta la regioacuten inteligible puesto que era esto lo que deseabas conocer Dios sabe si resulta ser verdad En todo caso esto es lo que me parece que en los confines del mundo inteligible es la idea del bien lo uacuteltimo que con dificultad se percibe pero cuando se la ve hay que concluir que ella es la causa universal de todo lo recto y lo bello que hay en las cosas y que en el mundo visible es ella quien pare la luz y el sentildeor de aqueacutel y en el mundo inteligible es ella sentildeora dispensadora de

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verdad e inteligencia y que es preciso que la vea quien pretenda proceder con sabi-duriacutea ya sea en la vida privada como en la puacuteblicardquo (517a 8-c 5)

Si bien esta conversioacuten al ser es personal la paideia proporciona al siacutemil la proyeccioacuten social que constituye el significado profundo de la Caverna Porque la imagen de la prisioacuten subterraacutenea tiene un caraacutecter en primer lugar poliacutetico pues presenta el sistema educacional que ha de procurar gobernan-tes a la ciudad ideal Por algo la alegoriacutea de la Caverna ocupa el lugar central del libro maacutes poliacutetico de Platoacuten Del mismo modo que la alegoriacutea estaacute en es-trecha relacioacuten y en cierto modo culmina las comparaciones anteriores del Sol y de la Liacutenea asiacute tambieacuten preludia no solo la explicacioacuten del meacutetodo dia-leacutectico sino tambieacuten del curriacuteculum educacional de los guardianes elegidos Todo ha de culminar en la visioacuten superior de las Ideas y la Idea del Bien pero el proceso de ascenso estaacute sostenido por el estudio de la matemaacutetica la geo-metriacutea plana la estereomeacutetrica la astronomiacutea y la armoniacutea disciplinas prepa-ratorias mdashen especial esta uacuteltimamdash de la dialeacutectica89

No quedan finalmente dudas del contenido ciacutevico del siacutemil cuando una

vez establecidos los pasos de la ascencioacuten hacia el ser mdashque luego diraacute ldquoes la verdadera filosofiacuteardquo (521c)mdash hace manifiesta la propuesta poliacutetica decisiva que ha de completar el sentido auteacutentido de la rotacioacuten del alma filosoacutefica de la Repuacuteblica Asiacute los ldquofundadoresrdquo de la ciudad han de obligar a los caracteres mejores que han subido hacia la luz a retornar junto a los prisioneros en la Caverna (519c-d) Los contempladores de la verdad han de comprender luego que no hay propiamente un conflicto entre el bien personal y el de la ciudad y que ese es el modo apropiado para ellos de cumplir la funcioacuten que les co-rresponde a su naturaleza Ella ha sido ya educada arriba y debe ahora des-cender90 ldquoDeberaacuten descender dice por turnos a la morada de los demaacutes y acostumbrarse a mirar sombras oscurasrdquo (520c)

89 Hay una estrecha relacioacuten entre los pasos de la Caverna y el programa educacio-nal que luego va a ser analizado por Platoacuten en este mismo libro Ver CP Sze ldquoEika-sia and Pistis in Platos Cave Allegoryrdquo The Classical Quarterly 27 (1977) 127-138 J Malcolm ldquoThe Cave Revisitedrdquo The Classical Quarterly 31 (1981) 60-68 90 Cf D Hall ldquoThe Philosopher and the Caverdquo Greece and Rome vol XXV (1978) 169-173

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XIV La dialeacutectica el camino metoacutedico hacia la verdad

La dialeacutectica se compara en la Repuacuteblica con el avance de los prisioneros

que de mirar los animales reales que estaban a sus espaldas pasan a contem-plar los astros y finalmente el propio Sol Estaacute por tanto en estrecha relacioacuten con la Caverna o maacutes bien podemos decir es una representacioacuten del objetivo superior de ella La dialeacutectica es un lsquomeacutetodorsquo o un lsquoartersquo de comprensioacuten de las Ideas en cuanto ellas estaacuten coordinadas con la Idea del Bien El filoacutesofo se vale de la dialeacutectica para obtener la comprensioacuten de estas realidades y pro-ceder asiacute ldquopor etapas segurasrdquo hacia la verdad La dialeacutectica se constituye asiacute en el solo poder que alcanza la realidad uacuteltima la Idea del Bien91 En las eta-pas sucesivas primeramente no hay intervencioacuten del sentido pues la dialeacutecti-ca se ayuda solo de la razoacuten (dia tou logou) en sus intentos (ἐπιχειρῇ 532a 6) de alcanzar lsquolo en siacutersquo esencial de cada cosa

El prisionero no debe detenerse (καὶ μὴ ἀποστῇ b1) que el teacutermino fi-

nal consiste en la comprensioacuten por la sola inteligencia (noeacutesei) del Bien en siacute Esta es ldquola marcha dialeacutecticardquo (532b 4) que se ha iniciado con el avance de los prisioneros desde la ldquoliberacioacuten de las cadenasrdquo y la ldquovuelta del rostrordquo (μεταστροφὴ) desde las sombras hacia las figuras artificiales y que ha conti-nuado con la visioacuten de los objetos reales fuera de la Caverna si bien todo esto corresponde maacutes propiamente al estudio de las artes que constituyen el ciclo propedeacuteutico de los guardianes Pero estos inicios cobran sentido en vistas del objetivo superior que consiste en la comprensioacuten del Bien mediante el cual la inteligencia de la totalidad de las artes y saberes anteriores alcanza su sentido pleno

La dialeacutectica asi se presenta como una ldquofacultadrdquo un ldquopoderrdquo

(δύναμις) del espiacuteritu y se expresa en diversos pasajes mediante su forma verbal (to dialeacutegesthai) lo que insinuacutea su aspecto de actividad de ldquoviacuteardquo de ac-ceso a la verdad La dialeacutectica lleva a la determinacioacuten de la realidad de cada

91 Cf A Diegraves Introdution op cit pgs LXXXIII-LXXXVII

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cosa transformandose en el ldquomeacutetodordquo y el ldquoarterdquo de investigacioacuten (533b) De ahiacute que tambieacuten se le designe en la forma adjetiva mdashdialektikeacute ltteacutekhnēgt mdash co-sa que supone una substantivacioacuten con el significado propio de ldquodialeacutecticardquo92 Se puede ver aparentemente que Platoacuten hace una cierta distincioacuten entre los anteriores actos de conocimiento mdashque se refieren al avance de los prisione-ros hacia la luzmdash y el acto privilegiado de comprensioacuten del Bien

Hay otras artes dice Soacutecrates que aprehenden algo de lo real como la

geometriacutea cuyo conocimientos ldquose asemejan a un suentildeordquo (533c) Estas son precisamente las artes del curriculum studiorum Si bien entonces la dialeacutecti-ca estaacute de alguacuten modo en el inicio mdashcomo su objetivo el Bien lo estaacute tambieacuten en cierto modomdash es ella sola la que permanece en estado de vigilia Porque solo la dialeacutectica ve despierta la apariencia de lo real (ὕπαρ 533c 1) Dicho de otro modo la dialeacutectica hace posible la aprehensioacuten de la Idea del Bien en cuanto ldquoprincipiordquo (arkheacute ) e ldquohipoacutetesisrdquo o ldquosupuestordquo (hypoacutethesis) de todo co-nocimiento y ciencia Ya que estas artes y ciencias carecen del poder decisivo que entreteje (cf συμπέπλεκται 533c 4) el discurso mediante el principio y la conclusioacuten En efecto ellas son incapaces de dar la efectiva ldquoconformidadrdquo o el ldquoasentimientordquo (homologiacutea) que transforma un saber determinado en ver-dadera episteme

ldquoel meacutetodo dialeacutecto en consecuencia dije yo es el uacutenico que de este modo elimi-nando las hipoacutetesis se encamina hasta el principio mismo para asegurar ltsus conclu-sionesgt y que atrae con suavidad y eleva hacia lo alto el ojo del alma sumido real-mente en un fango barbaacuterico utilizando como auxiliares y cooperadores a las artes que hemos enumerado rdquo (Rep 533c 7-d4)

La ldquoeliminacioacutenrdquo de los presupuestos apunta a la cancelacioacuten que por etapas realiza el meacutetodo dialeacutectico de las hipoacutetesis subalternas hasta llegar al aseguramiento soacutelido de las conclusiones que no es otro que la Idea del Bien

92 En relacioacuten con este uso doble de ldquodialeacutecticardquo IM Crombie comenta ldquoand the dialectic art is the art of doing something for which the related verb dialegesthai is used To have dialectic art is to know how to dialegesthairdquo (An Examination of Platos Doctrines II pg 562)

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En esas circunstancias es preciso ademaacutes ser capaz de separar (διορίσασθαι 534b 9) la Idea del Bien del resto de las demaacutes mediante el razonamiento Una accioacuten decisiva sin duda al interior de esta viacutea del saber que sentildeala la su-peracioacuten definitiva en el accionar dialeacutectico de lo que es conforme a opinioacuten La superacioacuten de la apariencia se produce cuando es posible fundamentar las pruebas en una ldquoargumentacioacuten sin colapsosrdquo (ἀπτῶτι τῷ λόγῳ 534c 3)93 que es conforme a la esencia De este modo la dialeacutectica ldquoestaacute arriba estable-cida como un friso para las ensentildeanzasrdquo que la preceden pues es la maacutes alta de todas94 No debe perderse de vista sin embargo que esta comprensioacuten del principio tiene tambieacuten por resultado una clarificacioacuten descendente que in-cluye los objetos inteligibles y sensibles que forman parte de esta escala de la realidad Por eso creo yo se menciona hacia el final del discurso sobre la dialeacutectica una suerte de Liacutenea al reveacutes que comienza por episteme y continuacutea con dianoia pistis y finalmente eikasiacutea 95

El dialeacutectico entonces mdashque es praacutecticamente un sinoacutenimo de filoacutesofomdash

ahora colocado en la altura del principio posee una visioacuten sinoacuteptica de la realidad96 ldquoporque las entidades que el dialeacutectico trata de ver estaacuten efectiva-mente relacionadas unas a otrasrdquo97 Esta capacidad la obtiene sin duda de la

93 Estamos bajo la figura de quien sube hacia lo alto este se puede caer 94 Me atrevo a traducir ὥσπερ θριγκὸς ldquoa la manera de un frisordquo por algunos usos aislados como en Odisea VII 87 En la mansioacuten excelsa de Alciacutenoo habiacutea sendos mu-ros de bronce ldquoy por encima un friso de lapislaacutezulirdquo (περὶ δὲ θριγκὸς κυάνοιο) Puede entenderse tambieacuten como el remate o la cornisa del muro o del edificio 95 Es decir primero ldquocienciardquo o ldquoconocimientordquo o ldquosaber segundo ldquopensamiento ltdiscursivogtrdquo tercero ldquocreenciardquo y cuarto ldquoimaginacioacutenrdquo o ldquoconjeturardquo (Rep 533e-534a) El objetivo entonces de la dialeacutectica ae extiende a toda realidad I M Crombie refirieacutendo al objetivo de la dialeacutectica comenta que con ella ldquodebe-riacuteamos obtener una clara visioacuten de las realidades como ellas son en siacute mismas no confundiendo unas con otras Este sigue siendo el objetivo del dialeacutecticordquo (op cit pg 563) 96 Rep 537c 7 ldquoporque el dialeacutectico posee una mirada de conjuntordquo (συνοπτικὸς) En lo que respecta al meacutetodo dialeacutectico ldquoformalmente considerado este procede como la contra-interrogacioacuten (ldquocross-examinationrdquo) socraacutetica mediante preguntas y respuestas (534D) La dialeacutectica es por encima de todo sinoacuteptica esforzaacutendose a toda costa en ver la unidad en la multitud (531D 537BC) De ahiacute que la coordina-cioacuten de las ciencias es una buena preparacioacuten para el estudio superiorrdquo (J Adam The Republic of Plato II pg 173) 97 I M Crombie opcit pg 565

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aprehensioacuten de la Idea del Bien cuya condicioacuten de realidad absolutamente simple y unitaria proporciona al que la conoce la integracioacuten de los saberes mediante la integracioacuten coordinada del mundo ideal Es con ldquola actividad dialeacutecticardquo (daileacutegesthai 511b 4) que se recorren las hipoacutetesis en la seccioacuten maacutes alta de la Liacutenea cuando se considera a estas ldquocomo peldantildeos y puntos de par-tidardquo para poder asiacute avanzar yendo hacia el principio del todo ldquohasta lo no hipoteacuteticordquo (to anypoacutetheton 511b)

Platoacuten trata del objeto de la dialeacutectica que finalmente es la Idea del

Bien especialmente en Repuacuteblica VI 504e-509b asiacute como en VI 510b y 511b-c Del mismo modo la dialeacutectica como meacutetodo es analizada con preferencia en Repuacuteblica VII 531d-534e asiacute como en VII 537d-540b En un sentido vaacutelido qui-zaacutes para el concepto platoacutenico en general con la ldquodialeacutecticardquo se trata en uacutelti-mo teacutermino de ldquodescubrir la naturaleza verdadera de cada cosa como ella es aislada de sus expresiones concretas y en relacioacuten con todas las otrasrdquo98

XV Consideraciones acerca de la decadencia Repuacuteblica 543a-576b En cuanto la ciudad ideal de Platoacuten puede ser considerada una utopiacutea

ella se presenta como el modelo superior el paradigma que permite estable-cer desde alliacute los grados de distanciamiento existentes con aquella norma de perfeccioacuten ldquoMostraacutendonos deciacutea E Barker lo que deberiacutea ser el Estado si sus principios inmanentes se realizaran plenamente ellas nos muestran el significado real del Estado tal como eacutel es Es solo en una situacioacuten ideal seme-jante que el Estado puede ser comprendidordquo99 esto lo deciacutea reflexionando sobre el tema que ahora nos ocupa Luego de haber dado por terminado su anaacutelisis de la ciudad y el hombre perfectos Platoacuten continuacutea ahora en la mis-ma perspectiva paralela de sociedad e individuo con una descripcioacuten de la degeneracioacuten creciente de los estados y sus ciudadanos Son relatos podero-samente viacutevidos que intentan expresar en figuras una teoriacutea de la decadencia como fenoacutemeno inherente al acontecer de las instituciones poliacuteticas Pero no pretende conformar la historia a tal decadencia como una necesidad que de-

98 IM Crombie op cit pg 566 99 Ernest Barker Greek Political Theory London 1964 (1918) pg 282

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termina la suerte de toda institucioacuten poliacutetica sino de coacutemo de hecho sucede tal ruina Debemos creo liberar a Platoacuten de la culpa supuesta de haber pre-tendido establecer una norma histoacuterica de degeneraciones sucesivas del po-der100

Platoacuten no es un historicista por adelantado que pretende establecer le-

yes necesarias en la historia Reasumiendo propuestas anteriores101 el filoacutesofo plantea que si la ciudad descrita ldquoera la correcta la otras seriacutean defectuosasrdquo (ἡμαρτημένας 544a) Se deciacutea entonces que existiacutean cuatro formas de go-bierno deficientes y recuerda que conveniacutea analizarlas ldquoen sus fracasosrdquo (τὰ ἁμαρτήματα ldquoerroresrdquo 544a 4) Otro ejemplo de anticipacioacuten de un tema que ha de tratarse ahora en el lugar que se considera adecuado No habla co-mo historiador sino como filoacutesofo de la poliacutetica y establece para ello un sis-tema explicativo de cuatro variedades paradigmaacuteticas descendentes a saber la timocracia la oligarquiacutea la democracia y la tiraniacutea

La descripcioacuten de las deficiencias se presta para el anaacutelisis de las hendi-

duras de los regiacutemenes en correlacioacuten con el deterioro psicoloacutegico de las per-sonas Maacutes que sistemas ideoloacutegicos los que gobiernan las naciones son ante todo personas Los discursos sobre la decadencia son pues reflexiones acerca de la interaccioacuten de fuerzas sociales e individuales tal como se da en la reali-dad con toda la precariedad de lo sujeto a la generacioacuten En la constitucioacuten misma de un sistema poliacutetico yacen para Platoacuten las semillas del deterioro que

100 K R Popper (La Sociedad Abierta y sus Enemigos ed castellana Barcelona 1992) pensaba que Platoacuten sosteniacutea que todo cambio social significaba corrupcioacuten deca-dencia o degeneracioacuten que Platoacuten planteaba una suerte de tendencia intriacutenseca ha-cia la decadencia producto de una ley coacutesmica vaacutelida para toda creacioacuten mdashrealidad generacionalmdash en cuanto tal ldquoPlatoacuten dice considera a la historia mdashque es para eacutel la historia de la decadencia socialmdash como si se tratase de la historia de una enferme-dad siendo la sociedad el paciente y el poliacutetico mdashcomo veremos maacutes adelantemdash su meacutedico su salvadorrdquo (op cit pg 52) Si Platoacuten hubiera creiacutedo en esa situacioacuten como necesaria mdashdel modo que la concibe Poppermdash uno se pregunta para queacute se ocupa tanto Platoacuten en fundar una ciudad mejor en el futuro cuando eso seriacutea imposible conforme a esa ley O bien para queacute concebir una ciudad que ha de perecer pronto y necesariamente seguacuten las leyes histoacutericas Porque Popper para el caso de Platoacuten entiende que estaacute entre los autores ldquohistoricistasrdquo que creen que hay leyes rigurosas y necesarias en la historia 101 Cf Rep 541b 445c

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menoscaba en la ciudad y el individuo los modelos de conducta que sostie-nen un reacutegimen y configuran su pertenencia a una determinada variedad de estado Las contradicciones de un reacutegimen revelan su estado de enfermedad y la posibilidad psicoloacutegica de su propia destruccioacuten o regeneracioacuten Ya el surgimiento de la guerra en la generacioacuten de la ciudad originaria habiacutea esta-do marcada por la presencia de una libido dominandi entre los ciudadanos que la habitaban y lo que estaba en el origen continuacutea en el desarrollo y plenitud de las formas diversas de gobierno llevando consigo impliacutecita la posibilidad del colapso Podemos pensar como aquiacute en la caiacuteda de entidades poliacuteticas especiacuteficas o como ciertos pensadores prominentes del siglo XX en la trans-formacioacuten de civilizaciones como formas culturales102 En Platoacuten hay algo de caiacuteda y algo de transformacioacuten

Un ejemplo brillante de esto es la historia de la Atenas primitiva y su

enemiga Atlaacutentida Es como sabemos una perdurable invencioacuten del mismo Platoacuten Los reyes de la isla son descendientes de dioses que construyen una civilizacioacuten con el dominio del entorno y el establecimiento de un orden poliacute-tico Ese ordenamiento produce en toda la gran isla una transformacioacuten sim-plemente colosal La actividad marinera y comercial los recursos de la tierra colman de riquezas la ciudad en un reacutegimen sostenido por diez reyes de un poder casi absoluto y jeraacuterquicamante organizados Dominoacute por mucho tiempo en ellos la naturaleza divina de su dios fundador Poseidoacuten Siendo seres buenos haciacutean poco caso por su virtud de sus abundantes riquezas sin perder el dominio de siacute mismos Pero el elemento divino que predominaba comienza a disminuir con el paso del tiempo y el entrecruzamiento de ele-mentos mortales numerosos termina por hacer prevaler su condicioacuten huma-na Es esas circunstancias ldquoya no maacutes capaces de soportar la prosperidad presente terminaron por pervertirserdquo (Platoacuten Critias 121b)

A quien no sabe discernir queacute geacutenero de vida contribuye verdadera-

mente a la felicidad piensa Platoacuten le pudo parecer que se trataba de seres grandiosos y felices estando por el contrario ldquollenos de injusta arrogancia y

102 Ver Joseph A Tainter The Collapse of Complex Societies Cambridge 1992 (1988) especialmente capiacutetulo 3 The Study of Collapse pgs 39-90

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poderrdquo (ibid) El colapso final es tan completo que el sistema se hunde catas-troacuteficamente con su isla junto con sus habitantes La razoacuten de la decadencia estaacute impliacutecita en el caraacutecter mixto de la condicioacuten de sus gobernantes y la prevalencia en alguacuten momento del elemento humano es decir generado en sus vidas Se une a ello el asunto de la justicia y la injusticia que es al mismo tiempo un desarrollo del gran tema de la moralidad como fuerza profunda en el acontecer humano Pero si no hubiera habido esta suerte de intervencioacuten del destino (que no solo destruye a la Atlaacutentida sino tambieacuten enigmaacutetico re-sultado a la virtuosa Atenas primitiva) la historia de los futuros triunfadores queda en el misterio de un futuro contingente

De un modo anaacutelogo en la repuacuteblica tambieacuten gradualmente ldquoen forma

progresiva las cosas se volveraacuten peor y cada forma de constitucioacuten corrupta seraacute peor que aquella que la precedioacuterdquo103 Pero no sabemos doacutende termina el ciclo ni de si es posible levantarse desde la peor tiraniacutea hacia un gobierno mejor Hay modos diferentes de malos estados pero en su grado superior una sola es la justicia frente a una injusticia siempre diversa104 Y si la justicia y la injusticia sucede no solo en los estados sino tambieacuten en las almas el es-tudio de los caracteres nos muestra tambieacuten grados diversos de desintegra-cioacuten espiritual Pero asiacute como es posible encaminar los pasos desde la oscuri-dad hacia la luz asiacute tambieacuten Platoacuten intenta obstaculizar el camino hacia la ruina mediante una propuesta poliacutetica que restaure la justicia en el grado en que eacutel la ha concebido Parece entonces que la clave de esta historia es una vez maacutes la justicia o la ausencia de ella

XVI La lsquonaturaleza maacutes verdaderarsquo del alma humana El Estado de Caliacutepolis la ciudad hermosa estaacute constituido por ciuda-

danos que poseen un alma origen y principio de sus obligaciones morales y de sus derechos en la nueva ciudad Esta situacioacuten se ha mostrado de tal im-portancia que la configuracioacuten de la polis en tres estamentos ha surgido de la doctrina de la condicioacuten tripartita del alma humana Pero el alma es a su vez

103 T A Sinclair A History of Greek Political Thought London 1967 pg 160 104 Dice T A Sinclair op cit pg 160 ldquoJustice is One but Injustice is Manyrdquo

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una si se han de mantener en substancia los hallazgos del Fedoacuten sobre la simplicidad del alma y sostener sin grandes cambios la opinioacuten que relacio-na firmemente esta simplicidad con su inmortalidad Es el momento ahora para Soacutecrates en el libro deacutecimo de la Repuacuteblica de restablecer un cierto equi-librio entre los aspectos psicoloacutegicos mdashpuestos en evidencia en su examen del alma tripartitamdash y la condicioacuten esencial del espiacuteritu humano en su uni-dad indisoluble105

Se puede decir que la misma tensioacuten mantenida a lo largo del diaacutelogo

entre la necesaria diversidad de caracteres en la ciudad mdashque se expresan en tres fundamentales clases de ciudadanosmdash y la siempre obligatoria buacutesqueda de unidad en la ciudad se revela tambieacuten aquiacute al momento de evaluar la condicioacuten espiritual del individuo Ahora bien en el libro deacutecimo de la Repuacute-blica poco antes del gran mito final en que se relata la historia de Er el Arme-nio Platoacuten introduce muy a propoacutesito y con renovada energiacutea el tema del alma y su pervivencia en el tiempo Muy de paso en R VI 498d Soacutecrates ha-biacutea hecho referencia a un lsquovolver a nacerrsquo y al inicio del libro III habiacutea hecho ver la conveniencia de tachar aquellos versos de Homero que desacreditaban la vida futura Es conveniente mostrar ahora por queacute se trata aquiacute de una de las paacuteginas maacutes cruciales del diaacutelogo En primer lugar es bueno recordar que la existencia de un alma racional inmortal y divina y la presencia de ciertas realidades ideales las Formas que se constituyen en los objetos propios de conocimiento de aquella conforman los ldquodos pilares rdquo de lo que se puede considerar como las doctrinas ldquocaracteriacutesticamente platoacutenicasrdquo106

Ya se habiacutea tratado extensamente en nuestro diaacutelogo sobre esas For-

mas inteligibles y sobre la realidad de esa alma que llevada a la dimensioacuten social habiacutea servido de origen a la analogiacutea basal de la Repuacuteblica fundada en

105 En relacioacuten con este punto se puede evaluar el interesante planteamiento de T M Robinson en ldquoSoul and Immortality in Republic Xrdquo Phronesis vol 12 Nordm 2 1967 p 149 en que sentildeala una reconsideracioacuten por parte de Platoacuten del problema de la sim-plicidad del alma y su inmortalidad (ldquoa radical chage of viewrdquo) en que el filoacutesofo concluiriacutea ldquoque un ser compuesto puede ser inmortal con tal que sus elementos componentes son lsquoreunidos de la mejor manerarsquordquo 106 F M Cornford Platorsquos Theory of Knowledge p 2

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la afinidad entre individuo y sociedad El concepto de alma habiacutea permitido precisamente establecer los viacutenculos y facilitar el paso entre lo maacutes pequentildeo y lo maacutes grande Esa misma concepcioacuten es preciso recordarlo era el sustento nada menos que de la posibilidad de mejorar las ciudades pues esa probabi-lidad estaacute sostenida por la capacidad que nuestra alma manifiesta de mejo-rarse ella misma al emprender el camino que la conduce mediante la educa-cioacuten a la luminosidad exterior de la caverna y su retorno a la oscuridad En esa misma teoriacutea psicoloacutegica de la condicioacuten humana y su posibilidad de de-generar por el vicio y la maldad se sostiene la visioacuten platoacutenica mdashque toma la apariencia de un relato histoacuterico dramatizadomdash acerca de la decadencia y el colapso de los sistemas poliacuteticos Habiacutea entonces que decir algo maacutes sobre el cimiento de esta analogiacutea es decir explicar aunque fuera a grandes rasgos cuaacuteles seriacutean las recompensas mayores de la virtud y los premios que estaacuten preparados al ser humano (Rep 608c ss) y cuaacutel la maacutes verdadera naturaleza del alma que este posee (Rep X 611b) La lsquovirtudrsquo (ἀρετή) que se menciona es precisamente una actividad buena del alma y la justicia se habiacutea manifesta-do como la maacutes excelente entre las virtudes del individuo y del estado Los premios entonces de los que se habla inciden efectivamente en el hombre en cuanto ser espiritual llamado a la felicidad propia de su estado maacutes ver-dadero

La tesis central del punto que tratamos estaacute en afirmar la inmortalidad

del alma es decir su condicioacuten de imperecedera para todo tiempo si lo en-tendemos en la perspectiva del mito final una existencia despueacutes de la muer-te del individuo y la superviviencia en consecuencia de su personalidad en otra vida107 Es claro que para Soacutecrates no es indiferente que el gobierno de acaacute se ejerza o no sobre ciudadanos llamados en el futuro a vivir allaacute en otras palabras la polis no puede ser neutral en asuntos atinentes con el destino trascendente de quienes la habitan pues el asunto final estaacute relacionado co-mo lo dice el uacutetimo paacuterrafo del diaacutelogo con esa amistad si se quiere escatoloacute-gica que existe entre nosotros mismos y con los dioses (Rep X 621c) Y natu-

107 Esta temaacutetica especiacutefica es tratada particularmente en P Duncan ldquoImmortality of the Soul in the Platonic Dialogues and Aristotlerdquo Philosophy vol 17 Nordm 68 (1942) en diferentes secciones de pp 304-323

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ralmente la inmortalidad del alma estaacute relacionada con la divinidad y la vida de los dioses en la altura asiacute como en esta vida el estado se preocupa igual-mente de honrarlos

La argumentacioacuten sobre la inmortalidad del alma en Repuacuteblica X en-

tonces se puede resumir de la siguiente manera todo lo que sufre destruc-cioacuten es aniquilado por un mal o una enfermedad que le es propia y especiacutefica siendo indestructible aquello que no puede ser aniquilado de esa manera Ahora bien el vicio (πονηρία) es el mal peculiar del alma y en lo que respec-ta al cuerpo es la enfermedad la que lo destruye Los dos males entonces respectivos del cuerpo y del alma son la enfermedad y el vicio Platoacuten no ha-bla aquiacute de prueba pero consideremos que se trata de razonamientos desti-nados a persuadir acerca de una verdad que surge del desarrollo de estos108

Hay evidentemente una estructura en la presentacioacuten de las razones

Primero (a) la nocioacuten de ldquomal y enfermedad connatural (σύμφυτον)rdquo Seguacuten esto praacutecticamente todas las cosas (ademaacutes de tener su propio bien que las preserva y beneficia) poseen un mal congeacutenito que las conduce a su obligato-ria disolucioacuten es la enfermedad propia el ldquomal peculiarrdquo (X 609d 1) el uacutenico que en uacuteltimo teacutermino puede destruir esa cosa especiacutefica Luego (b) estaacute la idea de que el mal propio del alma que es el vicio la hace miserable pero no la destruye como es el caso de la injusticia que no la disuelve hasta llevarla a la muerte En este uacuteltimo razonamiento se supone que el alma posee un tipo de independencia esencial del cuerpo que hace factible en ella la existencia de un mal que le es propio diferente del corporal Esta condicioacuten del alma es resultado de su autonomiacutea Siendo este el estado del alma se hace factible la presentacioacuten de un tercer elemento en el raciocinio a saber (c) el concepto de ldquola naturaleza maacutes verdaderardquo del alma (X 611b 1) que conduce a la negacioacuten en ella de ldquocomposicioacutenrdquo y la suposicioacuten final (d) que ldquola verdadera natura-lezardquo del alma estaacute (esto se dice solo impliacutecitamente) en su condicioacuten de ser ldquode una sola claserdquo en otras palabras ldquosimplerdquo (μονοειδὴς 612a 4)109 Con

108 El teacutermino que Platoacuten utiliza es el de logos (610a) es decir lsquorazonamientorsquo 109 En el Fedoacuten monoeideacutes se dice no solo del alma (78d) sino tambieacuten de los objetos que ella contempla (80b 83e) es decir las Ideas

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el teacutermino monoeidḗs entonces Platoacuten intenta quizaacute balancear mejor su pro-puesta anterior del alma de tres clases o especies en la que se fundamentaba su sistema tripartito de ciudad Y si bien la condicioacuten unitaria del alma es una inferencia de su naturaleza esencial una propuesta intermediaria (e) es plan-teada por Platoacuten en relacioacuten con su ldquonaturaleza originariardquo (τὴν ἀρχαίαν φύσιν 611d 2) Para poder contemplar esa naturaleza originaria del alma desfigurada en el presente ldquopor males incontablesrdquo (611d 7) es preciso ldquomirar hacia alliacuterdquo (ἐκεῖσε 611d 2) es decir hacia esa regioacuten que es la propia del amor por la sabiduriacutea (φιλοσοφίαν) Es preciso ademaacutes mirar hacia aquellos objetos divinos e inmortales con los que este amor se relaciona y a los que este en plenitud desea y se aficiona (611e) La filosofiacutea impulsa al alma a salir fuera del mar y a sacudirse de las piedras que se le han adherido de un mo-do reminiscente a como lsquoalguienrsquo fuerza al habitante de la Caverna a levan-tarse y salir Es el impulso hacia la simplicidad oculta y olvidada que se haya en la purificacioacuten que el contacto con los objetos inteligibles produce En su-ma para contemplar el alma en su ldquonaturaleza maacutes verdaderardquo hay que mi-rar ldquohacia su amor por el saberrdquo (τὴν φιλοσοφίαν 6114 1) es decir hay que verla en su relacioacuten activa con ldquolo divino lo inmortal y lo siempre existenterdquo (X 611e)

La naturaleza del filoacutesofo se presenta asiacute como una suerte de demos-

tracioacuten ad hominem de la inmortalidad del alma humana en cuanto que el raciocinio acerca de la inmortalidad mdashque se habiacutea iniciado con la nocioacuten de mal congeacutenitomdash termina en una clara referencia al bien propio del alma Quie-ro decir Platoacuten se habiacutea referido al mal (τὸ κακὸν) como lo que en cada caso ldquodestruye y corromperdquo y el bien (τὸ ἀγαθόν) era ldquolo que preserva y benefi-ciardquo (X 608e) Paacuteginas maacutes adelante se refiere a la necesidad de mirar alliacute (ἐκεῖσε X 661d 7) y a lo que apunta es hacia la filosofiacuteamdashque sentildeala el tipo superior de hombre virtuosomdash y hacia los objetos inteligibles de esta las Ideas Aquiacute estamos ya aunque no se diga expliacutecitamente con ese bien que jamaacutes se destruye (cf X 609b 1) y que es la clave de la lsquosalvacioacutenrsquo (τὸ σῶζον 608e 4) propia del alma Me parece que ciertos comentaristas no han tomado nota suficiente de esta sutil aunque a mi juicio fundamental variacioacuten del centro argumentativo del discurso sobre la condicioacuten maacutes verdadera del al-

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ma Si bien entonces Platoacuten no pretende darle a sus razones un valor proba-torio a la manera que lo hace en algunos lugares decisivos del Fedoacuten eacutel inten-ta en todo caso presentar ana argumentacioacuten razonable que conduzca a la persuasioacuten

Pero incluso cuando Platoacuten intenta solo persuadir su discurso como

en este caso presenta puntos interesantes que bien pudieron merecer una mencioacuten maacutes condescendiente de Guthrie110 En todo caso lo que intento decir es que en primer lugar Platoacuten no pretende a la hora undeacutecima orga-nizar un argumento con pantildeos hilvanados en forma apresurada restos de sus anaacutelisis anteriores Es sobre todo en vista de lo que viene y el argumento apunta maacutes bien al epiacutelogo celeste del Repuacuteblica Eacutel quiere dar baacutesicamente razones para confiar en premios que se suponen imperecederos para un alma imperecedera y que seraacuten recibidos como recompensa de una vida llevada en este mundo con justicia Al presente es lo que viene es decir el bien futu-ro del hombre lo que importa y eso es lo que intenta mostrar con esta verda-dera lsquopropuestarsquo discursiva (X 612a 8 ἐν τῷ λόγῳ)

XVII A salvar el mythos Er muerto en una batalla ha revivido al momento de su funeral ldquoy

habiendo vuelto a la vida relatoacute lo que vio alliacuterdquo111 Se le dijo que debiacutea ser

110 ldquoEsto no representa progreso alguno en relacioacuten con los argumentos a favor de la inmortalidad del Fedoacuten y el Fedro y por el bien de Platoacuten cabriacutea esperar que no hubiera que tomarlo demasiado en seriordquo (W K C Guthrie Historia de la Filosofiacutea Griega vol IV p 532) En la versioacuten espantildeola de la obra por lo general muy cuida-da advierto una nota que espero sea solo una errata del espantildeol Dice citando a Adam II p 425 ldquoTenemos sin duda razones para acusar a Platoacutenhelliprdquo donde el ori-ginal dice ldquoThe argument may not be conclusive but we are surely not justified in charging Platohellip with confoundig either here or in 609 D the two notions of physical death and death of the soulrdquo el subrayado de lsquonotrsquo es miacuteo Para una presentacioacuten maacutes equilibrada de todo el asunto ver C D C Reeve Philosopher-Kings pp 159-62 111 Rep 614B Cf ER Dodds ldquoPlato and the Irrational Soulrdquo (1945) Plato II ed G Vlastos pgs 206-229 Dodds ve en la experiencia de Er la influencia directa del anti-guo modelo de cultura shamaniacutestica en la filosofiacutea de Platoacuten ldquoThe occult knowled-ge which the shaman acquires in trance has become a vision of metaphysical truth lsquorecollectionrsquo of past earthly lives has become a lsquorecollectionrsquo of past bodiless Forms which is made the basis of a new epistemology while in the mythical level his lsquolong sleeprsquo and lsquounderworld journeyrsquo provides a direct model for the experience of Er the son of Armeniusrsquo pg 209

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mensajero de aquellas cosas que habiacutea visto encargaacutendole de observar y es-cuchar cada cosa en aquellos lugares (Rep 614d) Hay en este relato ciertos elementos de intereacutes un lsquodifuntorsquo que es obligado a contemplar cosas que suceden en un cierto lugar de ultratumba Una regioacuten divina112 de belleza incomparable113 El viaje de Er estaacute lleno de aventuras contempla juicios y castigos purificaciones y espectaacuteculos luminosos en especial una luz direc-ta (focircs euthyv) que se extiende sobre toda la tierra y el cielo114 Una explica-cioacuten posterior muestra que Er ha visto en el medio de la luz un cierto esla-boacuten del cielo (syvndesmon tou ouranoucirc Rep 616c) y la totalidad de las revolu-ciones celestes Asiacute contemplacioacuten y purificacioacuten mdashbases de la justiciamdash avanzan juntamente en la medida en que las cosas contempladas son real-mente verdaderas

Nada se dice especiacuteficamente en el mito de Er acerca de un alma del mundo Sin embargo la totalidad de la armazoacuten coacutesmica y sus revoluciones son baacutesicamente una expresioacuten de ella115 Los movimientos ordenados del universo la luz y su eslaboacuten -que en cierto sentido hacen visible y reuacutenen al mismo tiempo la totalidad del universomdashson el objeto principal de contem-placioacuten El Timeo mostraraacute coacutemo la iacutentima conexioacuten entre la verdadera reali-dad ideal y el universo hacen de este uacuteltimo en su totalidad el medio maacutes poderoso en la adquisicioacuten de la filosofiacutea Mostraraacute tambieacuten que la razoacuten de la afinidad entre el alma humana y el mundo animado (es decir el universo todo) estaacute en la semejanza de los materiales con que ambos han sido cons-truidos y en la vecindad de estrellas y almas en las esferas rotantes del cielo

El relato de Er estrictamente hablando no es un mito cosmoloacutegico sino un relato baacutesicamente escatoloacutegico No se nos cuenta la generacioacuten del

112 Rep 614C ldquohacia un cierto lugar divinordquo 113 Rep 615A ldquomientras que los que veniacutean del cielo contaban sus experiencias y espectaacuteculos de incomparable bellezardquo 114 Cf J S Morrison divideldquoParmenides and Errdquo Journal of Hellenic Studies (1955) pg 66 ss 115 La fundamental semejanza del escenario astronoacutemico de Repuacuteblica X y del Timeo es analizada por G E L Owen cuando somete a discusioacuten la lsquopretendidarsquo influencia de Eudoxo en este uacuteltimo diaacutelogo Cf ldquoThe Place of the Timaeus in Platos Dialo-guesrdquo (1953) en Studies in Platos Metaphysics ed R E Allen London 1967 (1965) pgs 313-338

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cielo o de las almas116 Se nos informa sin embargo que el geacutenero humano ya ha tenido una vida anterior en la tierra y la intencioacuten central del mito es hacer ver la importancia de llevar una vida de acuerdo con la justicia y la vir-tud Somos nosotros quienes hemos de escoger nuestro propio destino (cf Rep 617d-e Tim 42d) Y bien esta eleccioacuten supone conocimiento y sin virtud y purificacioacuten no hay posibilidad de conocimiento para el alma humana El mito pues ha sido salvado afirma Soacutecrates para que tambieacuten nosotros po-damos salvarnos y ser persuadidos por este mensajero nuestra alma debe permanecer incontaminada (cf Rep 611c)

De acuerdo al relato de Er las almas despueacutes de habeacuterseles mostrado los movimientos celestes son puestas en fila por un profeta (profeteacutes) Ellas deben escoger su propia vida proacutexima despueacutes de un largo viaje a traveacutes del universo (Rep 617d ss) Y es en estas circunstancias en que seguacuten parece se hace presente un peligro real (Rep 618B) ya que el hombre puede elegir lo que es mejor para eacutel solo en la medida en que conoce lo que es mejor El pun-to estaacute en que mientras mejor sea nuestra conducta presente mejores son las perspectivas de una eleccioacuten justa de nuestra vida proacutexima ldquoNinguna divinidad os ha de tomar por su heredad sino que vosotros elegi-reacuteis vuestra divinidad (daimon ) La culpa la tiene el que elige Dios no es culpablerdquo dice el profeta ( Rep 617e)

Puesto que el alma es inmortal la vida presente es solo una pequentildea parte de un lapso sin fin La revelacioacuten de Er estaacute igualmente relacionada con el tipo de vida probable de la proacutexima vida terrestre Quien ha sido capaz de usar su mente y entendimiento en esta vida seraacute sin duda capaz de usarlos en la proacutexima La maacutes grande tarea de la vida presente estaacute en adquirir cono-cimiento en un grado suficiente en vistas de una buena eleccioacuten de la proacutexi-ma ( Rep 618e)

La condicioacuten del alma humana es una mezcla de fuerza y debilidad de

verdad e irrealidad La eleccioacuten de los modelos de alma nunca se presenta

116 Se supone que las almas son siempre las mismas en nuacutemero puesto que no pueden perecer (cf Rep 611A) En Rep 621B Er habla acerca de la lsquogeneracioacutenrsquo de las almas que aquiacute significa la renovacioacuten de las almas por medio de su lsquoencarna-cioacutenrsquo y no la generacioacuten o nacimiento de estas en cuanto tal

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como un asunto de ideales perfectos El arte de elegir descansa en la habili-dad de sortear lsquoel mediorsquo (to meson) evitando excesos en una u otra direccioacuten Y es obra del entendimiento nuestra mejor parte el lograr una vida de maacute-xima felicidad117 El relato nos describe importantes puntos No es posible escapar al ciclo incesante de la vidamdashque es inmortal para todosmdash pero es posible lograr el modo maacutes excelente de vida usando rectamente entendi-miento y justicia Asiacute practicando la virtud e imitando a Dios en la presen-te118 el alma estaraacute mejor preparada para elegir su propia vida futura Asiacute podraacute por consiguiente moverse maacutes cerca de la divinidad En esta perspec-tiva se plasma la actitud de Platoacuten en relacioacuten al arte de la reproduccioacuten imi-tativa La contemplacioacuten de la verdad en su fuente celeste originaria nutre al alma con un saber real que la hace virtuosa la contemplacioacuten de imaacutegenes que son figuras de la realidad le dan un alimento peligroso si no mortal (cf Rep 603b)

El ciclo de la vida entonces es inescapable y la humanidad no puede evadir el gran lugar (toacutepos) en el que estaacute inmersa es decir toda la mole del universo y la revolucioacuten del tiempo que se desenvuelve sin cesar hacia la complecioacuten de su ciclo Estamos ligados a un sitio mdashcorporal animal o celes-temdash y obligados a vivirlo a traveacutes de un tiempo siempre escurrente El lugar celeste se nos dice tiene grados altos y bajos de maacutes pura o maacutes escasa lumi-nosidad Alliacute o aquiacute hay un lugar que es nuestro elemento y que provee el alimento que nutre la vida produciendo felicidad o miseria Solo una vez purificados son capaces los hombres de contemplar los lugares maacutes divinos y vivir de acuerdo con ellos De ese modo imitar a Dios es luchar por la asimi-lacioacuten de lo maacutes divino en nosotros a lo maacutes divino en la regioacuten celeste Esta regioacuten no es aquiacute una idea sino un lugar fiacutesico que en cierta manera nos tras-ciende La naturaleza primera del alma119 se funda en su afinidad con los cie-los principio del caraacutecter astral de su substancia original El relato del Timeo (que como hemos podido comprobar mantiene en diversos aspectos una

117 Rep 619a ldquopues de este modo el hombre llega a ser el maacutes felizrdquo 118 Rep 613a ldquoen cuanto es posible al hombre asemejarse a Diosrdquo Cf Rep 621c 119 Ver en este contexto la imagen del marino Glauco cuya ldquonaturaleza originariardquo no podiacutea ser percibida por el deterioro de su estado y la acumulacioacuten de excrecen-cias nuevas (Rep 611CD)

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relacioacuten estrecha con la Repuacuteblica) se esforzaraacute por explicar en queacute sentido alma y boacuteveda celeste estaacuten relacionadas con la realidad divina e ideal su-pramundana y coacutemo es posible para el alma humana (de un modo semejante a Er en su viaje astral) adquirir filosofiacutea a traveacutes de los espectaacuteculos celestes (cf Tim 47a-d) y vivir conforme a la razoacuten

Una vez que conforme al relato de Er el Armenio las almas han reali-

zado su largo recorrido por los cielos y han contemplado a su vez la luz que como un pilar que se extiende en forma recta a traveacutes de la totalidad del cielo y de la tierra ven por fin tendido el huso de la Necesidad por el que giran todas las revoluciones celestes Llegados alliacute los viajeros se acercan por fin a Laquesis y a un profeta que habla por la divinidad e interpreta su voluntad (X 617d) mientras coge de las rodillas de la misma Laquesis hija de la Nece-sidad lotes y modelos de vida El profeta anuncia a las almas el inicio de la eleccioacuten del hado que ha de pertenecer a cada cual ldquoNo os corresponde en suerte a vosotros dice un espiacuteritu divino (δαίμονα X 617e 1) sino que voso-tros eligireacuteis ese espiacuteriturdquo La mejor eleccioacuten ha de corresponder a una vida virtuosa y el principal mensaje de la divinidad estaacute en que ldquola responsabili-dad es del que elige Dios no tiene culpardquo (X 617e)

Sobre todo no podemos reprochar al dios una infelicidad causada por

una erroacutenea eleccioacuten que combinada con las suertes que proveen los lotes de vida de cada cual deciden el destino miserable o feliz de los mortales El lote de las suertes (τοὺς κλήρους X 617e) y la eleccioacuten son decisivos ambos para la felicidad en esta vida y en el camino expedito de idas y regresos de las re-giones celestes Asiacute entonces en un momento crucial del relato se indica cla-ramente que los dos elementos prevalentes de nuestra ventura son la eleccioacuten de vida que estamos en condiciones de hacer y luego de las suertes que provienen del lanzamiento de los lotes (τὴν τοῦ κλήρου τύχην X 619d) Este sorteo de lotes al parecer permite asignar a cada alma su lugar en el orden de eleccioacuten (ἐν τάξει 620d) Podemos quizaacute contar estas suertes como la par-te que los dioses se reservan en relacioacuten con la eleccioacuten de vida Ello no incide demasiado grandemente en el conjunto del acto que tiene por centro la deci-sioacuten personal El lsquoprofetarsquo habiacutea dicho precisamente al concluir su breve dis-

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curso ldquoQue el primero escoja con atencioacuten y que el uacuteltimo no se desanimerdquo (619b) Conforme a este procedimiento las almas ldquoescogiacutean sus vidasrdquo (620a d) y procediendo a hacer elecciones que son causa de transformaciones en sus ya proacuteximos nacimientos Laquesis es una de las tres Parcas dispensado-ras de las suertes y ocupa un lugar importante en su distribucioacuten ya que es ella la que da a cada cual el lsquogeniorsquo o lsquoespiacuteritu divinorsquo (δαίμωνα 620d) de su eleccioacuten para que les sirve de guardiaacuten en su vida terrenal La eleccioacuten de vida es acompantildeada (συμπέμπειν 620e) por lo que se ve en form gratuita de este regalo incluido en la seleccioacuten el daimon justo antes que Cloto que mueve el huso sancione el destino elegido y Atropo lo vuelva irrevocable

La suerte es tradicionalmente para los griegos un acto propio de la di-

vinidad (cf Ti 25e) y nuestro texto mantiene ese sentido sacro si bien tykhe (τύχη) es un teacutermino de una rica y variada significacioacuten en especial por su relacioacuten con el verbo τυγχάνω lsquoalcanzar tocarrsquo lsquoencontrarse producirse por azarrsquo Ahora bien su sentido etimoloacutegico parece estar en conexioacuten con la idea de lsquohacer fabricarrsquo de ahiacute la significacioacuten maacutes primitiva de tykhe a saber el de acto en especial de una divinidad Por supuesto que es muy importante su significado derivado de lsquofortuna suerte destinorsquo y el significado del vo-cablo oscila en la historia de la lengua entre un acto cuyo agente escapa del control humano el de lsquoazarrsquo producido por una causa de tipo impersonal O bien considerando su resultado se estima que es una lsquobuenarsquo o lsquomalarsquo fortu-na

De alguacuten modo todos estos sentidos estaacuten relacionados aquiacute pero la

tensioacuten principal de Platoacuten estaacute puesta en la nocioacuten de responsabilidad aitiacutea en especial en el hecho de que es el hombre el que decide y la divinidad la que sanciona La suerte es tambieacuten uno de los procedimientos favoritos de la democracia griega como lo veiacuteamos anteriormente que se ejerce ahora sobre las almas que se suponen tambieacuten iguales en sus derechos aparentemente democraacuteticos de eleccioacuten Como se hace notar la eleccioacuten resulta a menudo un fiasco un espectaacuteculo digno de laacutestima en que la costumbre (κατὰ συνήθειν X 620a) de la vida anterior inclina decisivamente el aacutenimo del que elige su vida futura Inercia peligrosa que podemos suponer bien pudo evi-

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tarse alguna vez con el giro del alma desde las sombras hacia la luz La vuelta al nacimiento es precedida por el paso de la llanura del Olvido y la llanura de la Despreocupacioacuten de cuyas aguas beben las almas como si de una activi-dad sacramental se tratara y que marca el inicio del olvido de sus experien-cias anteriores y enfilando como estrellas al lugar del nacimiento inician las almas el regreso a nuestro lugar Er impedido de beber el agua guardoacute el recuerdo

ldquoY es asiacute oh Glaucoacuten dice Platoacuten que el relato (μῦθος) se salvoacute y no

perecioacute y nos puede salvar tambieacuten a nosotros si nos dejamos persuadir por eacutelrdquo (X 621c) El mythos la narracioacuten de Er es lo que queda libre del olvido y por eso mismo a nuestro alcance Se nos presenta como una exhortacioacuten una invitacioacuten a no olvidar eso que solo conocemos por relato y no por conoci-miento y que podriacutea con facilidad perderse para siempre y sin destino Pero el mito se salvoacute gracias a un privilegiado testigo Er el Armenio y permanece ahora para quienes lo conservan en su aacutenimo cual un saber revelado

Ahora Platoacuten nos deja a su vez con una exhortacioacuten a lsquosalvarrsquo el mythos

en nosotros La salvacioacuten del mito se produce mediante la aceptacioacuten la creencia de lo dicho por el filoacutesofo acerca de la inmortalidad del alma La re-puacuteblica entera que ha ido tomando forma mediante el discurso se sostiene toda en el reconocimiento la admisioacuten (νομίζαντες X 621c 3) por parte nues-tra de la inmortalidad del alma y su capacidad de extremos de bien y de mal La calidad de esa alma si traspuesta en clave social nos muestra la capacidad al menos teoacuterica de alcanzar las alturas de un Estado sostenido en el bien y la justicia o concebirlo en sus procesos de decadencia y maacutexima ruina en la in-justicia de la tiraniacutea

Asiacute entonces la teoriacutea del alma emerge nuevamente como el centro vi-

tal de toda la obra esa alma que se mostraba en los extremos de la justicia y la injusticia que se repartiacutea en tres aspectos que sosteniacutean a su vez las clases de la ciudad y que permitiacutean erigir al guardiaacuten filoacutesofo en el rey del estado esa alma que convertida hacia la luz llegaba a contemplar finalmente la cima

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de la idea del bien y luego descendiacutea hacia las sombras por imperativo de esa misma conversioacuten

La decadencia de las ciudades por otra parte se ha estado nutriendo

de la marcha continua de los espiacuteritus hacia el mal y la injusticia desplaza-miento que se realiza en forma gradual y tiene las caracteriacutesticas que presen-tan los movimientos sociales Ahora todas las argumentaciones parecen di-solverse en una suerte de exhortacioacuten final que invita a ir siempre por el ca-mino de arriba y a practicar toda justicia con sabiduriacutea (μετὰ φρονήσεως R 621c 5) Por otra parte hay una estrecha relacioacuten entre la amistad consigo mismo que prevalece en un hombre justo y virtuoso y su amistad para con los dioses que debe permanecer inalterada en el transcurso de esta vida y ldquoen el viaje de mil antildeosrdquo descrito en la historia de Er

La uacuteltima frase de esta extensa y extraordinaria obra ldquoseamos felicesrdquo

en otras palabras ldquoque nos vaya bienrdquo (εὖ πράττειν) deja en evidencia por consiguiente esos objetivos de conversioacuten espiritual que a lo largo de toda la obra mdashy de modo particular y brillante en la alegoriacutea de la Cavernamdash se hi-cieron manifiestos En ese giro del alma hacia la realidad inteligible estaba la causa en ese momento ignorada de su felicidad en todo tiempo y en cuanto se ha visto que la polis platoacutenica deberaacute estar regida por seres transformados por la visioacuten de la verdad y el bien habraacute que suponer ademaacutes que en esa conversioacuten estaacute el fundamento y la razoacuten de ser del proyecto poliacutetico de Pla-toacuten

La filosofiacutea habiacutea surgido en Grecia como una experiencia personal y

sigue sieacutendolo en las paacuteginas de la Repuacuteblica pero en el giro que transforma finalmente a los seres humanos en contempladores de la Idea del bien o me-jor dicho en la Idea del bien mismo se hace manifiesta la condicioacuten social y comunitaria de ese objeto supremo Son las caracteriacutesticas poliacuteticas que esta Idea tiene y que se manifiestan en el acto de ser participada por muchos en diversos grados de capacidad al interior de la ciudad La filosofiacutea experimen-ta asiacute un cambio de orientacioacuten seguacuten que el objeto superior el Bien supera a las Formas ldquoen dignidad y poderrdquo produciendo en todo el sistema ontoloacute-

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gico un reordenamiento ya de hecho en operacioacuten mediante la Idea de belle-za en el Banquete Este nuevo orden metafiacutesico conduce a la fisioacuten del caraacutecter individual de la experiencia filosoacutefica puesto de manifiesto primero en el eros mdashuna experiencia de dos y luego de muchosmdash y continuado en Repuacuteblica como vivencia comunitaria es decir poliacutetica

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B PRESENTACIOacuteN ANALIacuteTICA DE LA OBRA Libro primero 327a-328e Soacutecrates describe coacutemo mientras visitaba el Pireo en com-

pantildeiacutea de Glaucoacuten con el propoacutesito de orar a la diosa y contemplar la celebra-cioacuten de su fiesta120 fue inducido por Polemarco y otros a demorar su vuelta a Atenas Se narra la escena en casa de Polemarco en que Soacutecrates comienza a interrogar a Ceacutefalo ya avanzado en antildeos sobre el tema de la ancianidad Son los propios ancianos dice los que tienen la culpa de sus desgracias

329d-331b Soacutecrates hace nuevas preguntas a Ceacutefalo lsquoLa mayoriacutea de los

hombres diraacuten que son las propias riquezas las que hacen feliz en la anciani-dadrsquo Ceacutefalo lsquoel caraacutecter tiene maacutes que ver con la felicidad que la riquezarsquo Soacutecrates lsquoiquestcuaacutel es la ventaja principal del dinerorsquo Ceacutefalo lsquopermite a los hombres buenos pagar sus deudas a los dioses y a los hombres antes de pa-sar al otro mundorsquo121

331c d Se suscita por primera vez la pregunta de lsquoiquestqueacute es la justiciarsquo

iquestEs simplemente decir la verdad y pagar lo que se debe Polemarco sucede a Ceacutefalo en su lugar en la conversacioacuten122

331e-332b La segunda mitad de la definicioacuten de justicia que Soacutecrates

deduce de las observaciones de Ceacutefalo es ahora acogida y discutida en la forma en que fue expresada por el poeta Simoacutenides lsquoque es justo dar a cada

120 Se celebran presumiblemente las fiestas de la diosa Bendis aunque algunos piensan que se trata maacutes especiacuteficamente de la diosa Atenea 121 Se dice de Ceacutefalo que ldquotiene dinero pero posee tambieacuten moderacioacutenrdquo (CDC Reeve Philosopher Kings Princeton 1988 pg 5) Ceacutefalo ejerce su papel introductorio con la dignidad de quien se siente en posesioacuten de un saber tradicional y de un sen-tido comuacuten nacido de la experiencia ldquoCeacutefalo es un personaje atractivo retratado con delicadeza y respetordquo (ibid pg 6) Representa bien su papel de sostenedor sin complicaciones de las normas y valores morales de su tiempo 122 ldquoCephalus is unable to explain why the disposition to obey the rules of justice and piety is one which exemplifies something unqualifiedly goodrdquo (Kimon Lycos Plato on Justice and Power London 1993 lt1987gt pg 31) Se le encomienda ahora a Polemarco el cometido de explicar lo que Ceacutefalo no hizo

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cual lo debidorsquo (τὰ ὀφειλόμενα) En la seccioacuten presente Soacutecrates se limita a sonsacar el significado de lsquodebidorsquo En lo que concierne a los amigos es algo bueno en lo que concierne a los enemigos algo malo en teacuterminos generales es aquello que es conveniente o apropiado (τὸ προσῆκον) De hecho Simoacuteni-des quiso decir que la justicia consiste en hacer bien a los amigos y mal a los enemigos

332c-336a La definicioacuten es adicionalmente aclarada hasta el 333b y

despueacutes de eso Soacutecrates comienza a criticarla En primer lugar se hace maacutes precisa la definicioacuten representando a la

justicia como un arte cuya ocupacioacuten es beneficiar a los amigos y perjudicar a los enemigos (332 c d) Se suscita entonces la pregunta de iquestcoacutemo el arte de la justicia123 beneficia a los amigos y dantildea a los enemigos Por analogiacutea con otras artes Polemarco es inducido a decir que la justicia beneficia a los ami-gos y dantildea a los enemigos (1) luchando en favor de ellos o contra ellos en tiempo de guerra y (2) en conexioacuten con asociaciones que se ocupan del dine-ro en tiempo de paz (332d- 333b) La explicacioacuten del dicho de Simoacutenides estaacute ahora completa

Soacutecrates primero dirige su ataque contra (2) En los casos en que debe usarse dinero no es la justicia sino alguacuten otro arte que es uacutetil para el propoacute-sito requerido en otras palabras la justicia es (en tiempo de paz) uacutetil solo pa-ra tratar con dinero inuacutetil o sin utilizar u otros objetos sin utilizar cosa que es una visioacuten indigna del arte (333b- 334b) Polemarco perplejo reitera su defi-nicioacuten en su antigua forma y Soacutecrates en seguida comienza una nueva viacutea de argumentacioacuten Por lsquoamigosrsquo y lsquoenemigosrsquo Polemarco quiere sentildealar a aque-llos que a nosotros nos parecen (τοὺς δοκοῦντας) buenos y malos no aque-llos que lo son (τοὺς ὄντας) Pero como a menudo los hombres malos nos parecen buenos y los buenos malos la justicia a menudo consistiraacute en benefi-ciar a hombres malos y en dantildear a hombres buenos es decir en ser injustos con aquellos que no lo son o a la inversa si rehusamos aceptar esta conclu-sioacuten y sostener que es justo el beneficiar al justo y el perjudicar al injusto a

123 La consideracioacuten de la justicia como un arte (τέχνη) recuerda un punto de vista tiacutepicamente socraacutetico

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menudo seraacute justo perjudicar a amigos y beneficiar a enemigos a saber cuando nuestros amigos son malos y nuestros enemigos buenos (334c-334e)

Polemarco en seguida rectifica su explicacioacuten de lsquoamigorsquo y lsquoenemigorsquo en lsquoel que a la vez parece y es buenorsquo y lsquoel que a la vez parece y es malorsquo y ahora viene la definicioacuten lsquoes justo el beneficiar al amigo si eacutel es bueno y da-ntildear al enemigo si eacutel es malorsquo (335a)124

Hecha esta correccioacuten a la definicioacuten Soacutecrates le dirige a continuacioacuten la palabra Eacutel prueba primero por analogiacutea con las otras artes que el perjudicar a un ser humano es hacerlo peor respecto a la excelencia humana (εἰς τὴν ἀνθρωπείαν ἀρετὴν) es decir la justicia en otras palabras hacerlo maacutes in-justo y despueacutes por medio de un razonamiento similar de afinidad prueba que nadie puede ser hecho maacutes injusto por alguien que es justo125 El dicho de Simoacutenides si Polemarco lo ha explicado correctamente era maacutes digno de un tirano que de eacutel (335a-336a)126

336a-337b Presentacioacuten de Trasiacutemaco Su airada reaccioacuten al meacutetodo so-

craacutetico de preguntas Se ha levantado como una fiera llenando de temor a Polemarco y a Soacutecrates Piensa que Soacutecrates estaacute persuadido de que es maacutes faacutecil preguntar que contestar por lo que debe eacutel ahora contestar queacute entiende por justo

337a-339b Luego de alguacuten altercado Trasiacutemaco declara finalmente que

la justicia es lsquoel intereacutes (τὸ συμφέρον)127 del maacutes fuertersquo Los gobernantes son maacutes fuertes que aquellos a quienes ellos gobiernan y en cada estado hacen

124 Las ambiguumledades de esta definicioacuten seraacuten a continuacioacuten expuestas por Soacutecra-tes pero Polemarco ha representado bien su papel a saber el de dar a conocer ldquoel agudo diagnoacutestico de Platoacuten de los peligros a los que puede conducir en la praacutectica una comprensioacuten lsquopoliacuteticarsquo o lsquociacutevicarsquo de la justiciardquo (K Lycos op cit pg 37) 125 Soacutecrates afirma ldquoNo es por tanto iexcloh Polemarco obra propia del justo el hacer dantildeo ni a su amigo ni a otro alguno sino de su contrario el injustordquo (335 d) y agrega como conclusioacuten de este importante paacuterrafo ldquopues que ni lo justo ni la justicia se nos muestran asiacute iquestqueacute otra cosa diremos que es ellordquo (336a) A continuacioacuten viene la furiosa reaccioacuten de Trasiacutemaco contra el meacutetodo de investigacioacuten de Soacutecrates 126 Polemarco ha realizado una suerte de identificacioacuten entre la justicia y el poder social con ello se dificulta la comprensioacuten de la justicia como una virtud que hace mejor al ser humano 127 En el sentido de lsquoprovecho utilidad gananciarsquo

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aprobar leyes en su propio intereacutes y lo que se hace en su propio intereacutes a eso llaman justo128

339b-341a Ahora que se ha explicado el significado de la definicioacuten Soacute-

crates procede a atacarla Incluso si se asume que los gobernantes buscan su propio beneficio aun asiacute ellos a menudo yerran y promulgan leyes que son perjudiciales para ellos mismos por consiguiente asiacute como es justo para los suacutebditos el obedecer a sus gobernantes la justicia consistiraacute algunas veces en hacer lo inconveniente para el maacutes fuerte Soacutecrates reitera esta objecioacuten y es apoyado por Polemarco Clitofonte por su parte insiste en que lo que Trasiacute-maco quiso decir fue que lsquoel intereacutes del maacutes fuertersquo era lo que el maacutes fuerte pensaba que era para su propio intereacutes lo justo era hacer lo ordenado por los gobernantes y esto correcta o erroacuteneamente el maacutes fuerte suponiacutea que le conveniacutea Trasiacutemaco rehusa valerse de esta indicacioacuten y explica que estric-tamente hablando los gobernantes en cuanto que gobernantes no pueden errar Eacutel apoya esta declaracioacuten argumentando a partir de la analogiacutea con los meacutedicos y otros alegando que su concesioacuten anterior fue solo una manera po-pular de expresar el hecho de que los gobernantes parecen errar Por consi-guiente la definicioacuten original fue estrictamente correcta Justicia es el intereacutes del maacutes fuerte puesto que los gobernantes hacen leyes en su propio prove-cho y en cuanto que gobernantes son infalibles

341a-342e Soacutecrates ahora se enfrenta con Trasiacutemaco en su propio te-

rreno y ataca su definicioacuten conforme a lsquola forma maacutes estrictarsquo de argumento Eacutel muestra por analogiacutea129 que cada gobernante en cuanto gobernante busca el bien de aquellos que gobierna puesto que cada arte aspira al bien de su

128 Se presentan por primera vez los aspectos poliacuteticos de la justicia (ver Leyes 714c ss) ldquoTenemos motivos por consiguiente para suponer que la definicioacuten que Platoacuten pone en boca de Trasiacutemaco representa una teoriacutea corriente en la poliacutetica del mo-mentordquo (J Adam pg 25) En ese sentido es probable que Platoacuten quiera presentar aquiacute a Trasiacutemaco como ldquoel portavoz del realismo poliacutetico llevado hasta sus uacuteltimas consecuenciasrdquo (Jacqueline Bordes Politeia dans la penseacutee grecque jusquagrave Aristote Pariacutes 1982 pg 251) Realismo significa aquiacute en liacuteneas generales relativismo 129 Se dice aquiacute lsquoanalogiacutearsquo del razonamiento aquella en que las relaciones o las se-mejanzas son deducidas de otras que son conocidas u observadas

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ocupacioacuten u objeto propio y peculiar y no a su propia conveniencia pues en cuanto arte nada le falta

343a-344c Trasiacutemaco con gran insolencia de tono abandona ahora su

punto de vista idealista y toma un ejemplo de la experiencia El pastor en realidad no busca el bien de su rebantildeo sino que lo engorda para su ventaja propia o la de su amo De manera parecida el gobernante digno de su nom-bre aspira a su propia ventaja Justicia es lsquoel bien de otros hombresrsquo (ἀλλότριον ἀγαθόν) mientras que injusticia es el suyo propio al hombre justo le va peor que al injusto en todas partes en asuntos comerciales y en poliacutetica Que es de utilidad mucho mayor el ser injusto que justo se puede ver del caso de los tiranos que representan la injusticia en su forma maacutes per-fecta Todos los hombres los envidian Finalmente Trasiacutemaco reitera su teoriacutea original con la observacioacuten de que la injusticia en una escala suficientemente grande es al mismo tiempo maacutes fuerte maacutes digna de un hombre libre y maacutes perfecta y sentildeorial que la justicia

344d-347e La contestacioacuten de Soacutecrates se divide en tres partes En la

primera (344d-347e) luego de expresar enfaacuteticamente su desacuerdo con los puntos de vista de Trasiacutemaco y de protestar contra la retractacioacuten del sofista (en el ejemplo del pastor y sus ovejas) de la doctrina de que todo gobernante busca el bien de sus suacutebditos Soacutecrates vuelve a la forma maacutes estricta de razo-namiento a que Trasiacutemaco le habiacutea previamente desafiado sentildeala que no hay gobernante propiamente asiacute llamado que gobierne gustosamente ellos re-quieren sueldos Cuando alguacuten tipo de dominio por ejemplo un arte es ejer-cido en ventaja del que lo gobierna el beneficio viene de la operacioacuten concu-rrente del lsquoarte de obtener gananciasrsquo y no del gobierno mismo La medicina proporciona salud el arte de las ganancias el sueldo que le acompantildea el doc-tor obtiene sus honorarios no en cuanto doctor sino en cuanto receptor de su sueldo

Asiacute no es el gobernante en cuanto gobernante sino los suacutebditos como

ya se dijo los que cosechan el beneficio El sueldo que induce a un hombre a gobernar puede ser el dinero o el honor o la perspectiva de un castigo si

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rehusara La multa maacutes eficaz en el caso de las mejores naturalezas es la perspectiva de ser gobernados por hombres peores que ellos mismos En una ciudad de hombres buenos estar libre de cargos seriacutea buscado con tanto an-helo como lo es ahora el cargo mismo130 Con esto termina por ahora la refu-tacioacuten de la teoriacutea de que la justicia es el intereacutes del maacutes fuerte Soacutecrates pro-mete reanudar el tema en otra ocasioacuten

347e-348b Introduccioacuten a la segunda parte de la respuesta de Soacutecrates a

Trasiacutemaco Deciden el procedimiento a seguir en la discusioacuten que seraacute me-diante un examen con mutuas aceptaciones en que ellos mismos seraacuten a la vez jueces y oradores

348b-350c Trasiacutemaco identifica ahora a la justicia con la simplicidad

(εὐήθειαν)131 la injusticia con la discrecioacuten (εὐβουλίαν)132 La injusticia eacutel la atribuye a la virtud (ἀρετῆς) y a la sabiduriacutea (σοφίας) la justicia a sus opuestos Eacutel luego declara que la injusticia es fuerte y hermosa y estaacute prepa-rado para afirmar de ella todo lo que usualmente se predica de la justicia (348b-349b)

Soacutecrates entonces comienza una refutacioacuten muy sutil recurriendo a la afirmacioacuten de que la injusticia es virtud y sabiduriacutea (349b-350c)

(1) El hombre justo hace lo posible por sacar ventaja133 del injusto pero no del justo el hombre injusto saca ventaja del justo y del injusto Por consi-guiente generalmente el hombre justo se esfuerza por sacar ventaja del de-semejante el hombre injusto en sacar ventaja tanto del semejante como del desemejante Ademaacutes el injusto por ser sabio y bueno se asemeja al sabio y

130 Es una suerte de principio en la ciudad ideal el que los mejores se hallen poco dispuestos a ocuparse en tareas de gobierno y se resistan a abandonar una vida de contemplacioacuten 131 Cada uno de los interlocutores querraacute usar el vocablo con matices diferentes Su sentido maacutes baacutesico puede ser el de lsquocandidez inocenciarsquo o si se quiere lsquoingenuidadrsquo J Adam lo interpreta como lsquosimplicidadrsquo 132 ldquoεὐβουλία lteubouliacutea gt era preeminentemente una virtud poliacuteticardquo J Adam pg 49 133 El verbo πλεονεκτεῖν (pleonekteicircn) encierra el sentido baacutesico de lsquoser codiciosorsquo aquiacute he preferido el significado de lsquosacar ventajarsquo al de lsquoengantildearrsquo overreach de Adam Indudablemente que ambos sentidos estaacuten presentes en el verbo griego

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bueno mientras que el justo por ser ignorante y malo se parece al ignorante y malo en una palabra cada cual es como aquellos a quienes se parece

(2) Por otra parte a partir de la analogiacutea de las artes se ve que el que conoce trata de sacar ventaja del desemejante mientras que el ignorante trata de sacar ventaja tanto del semejante como del desemejante Pero el hombre que sabe es sabio y el sabio es bueno podemos por consiguiente substituir en la uacuteltima frase lsquohombre sabio y buenorsquo por lsquoel hombre que sabersquo e lsquoigno-rante y malorsquo por lsquoignorantersquo Comparando entonces las conclusiones (1) y (2) vemos que los justos son como los sabios y buenos esto es son sabios y buenos (puesto que ellos son tal como aquellos a quienes ellos se asemejan) mientras que los injustos de manera semejante son ignorantes y malos Asiacute se refuta la tesis de que la injusticia es virtud y sabiduriacutea

350c-352d Ahora Soacutecrates ataca la segunda afirmacioacuten hecha por Tra-

siacutemaco en 349a a saber que la injusticia es fuerte La justicia (argumenta eacutel) es maacutes fuerte que la injusticia tanto porque ella es (como hemos visto) virtud y sabiduriacutea como porque ella es en sus efectos la antiacutetesis de la injusticia que infunde odiosidad y sedicioacuten a la vez entre conjuntos de individuos co-mo en el individuo mismo134 La injusticia debilita al impedir la accioacuten comu-nitaria hace a los hombre colectiva e individualmente odiosos a siacute mismos y a los justos entre los que estaacuten los dioses Cuando la injusticia parece ser fuer-te lo es en virtud de una justicia latente que ella todaviacutea retiene

352d-354c Aquiacute el argumento vuelve a 347e y el resto del libro ofrece

una refutacioacuten directa de la opinioacuten de que la injusticia es maacutes ventajosa que la justicia en otras palabras que la vida del hombre injusto es mejor que la del justo Una refutacioacuten indirecta dice Soacutecrates es proporcionada por la dis-cusioacuten reciente (de 348b a 352d) la directa es como sigue Todo tiene tiene su operacioacuten peculiar o producto (ἔργον) mdasheso que especialmente eacutel solo pro-

134 Al contrario de la injusticia que produce disensioacuten ldquola justicia proporciona concordia y amistadrdquo (351 d) La lsquoconcordiarsquo (ὁμόνια) y la lsquoamistadrsquo (φιλία) se re-fuerzan mutuamente

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duce mejor que cualquier otra cosa135 Todo ademaacutes tiene su propia y pecu-liar excelencia (ἀρετή) sin la que no podraacute hacer bien su trabajo136

Ahora bien la operacioacuten del alma es preocuparse (ἐπιμελεῖσθαι) go-

bernar (ἄρχειν) deliberar (βουλεύεσθαι) vivir (ζῆν) su excelencia es la jus-ticia Por consiguiente el alma justa viviraacute bien y el que vive bien es feliz y dichoso Y como esto es maacutes ventajoso que ser miserable la injusticia (ἀδικία) jamaacutes puede ser maacutes ventajosa que la justicia (δικαισύνη) En conclusioacuten Soacute-crates resume con cierto pesar en tanto que no conozcamos lo que es la justi-cia es difiacutecil que se sepa si es una virtud o un vicio y si su posesor es feliz (εὐδαίμων) o infeliz137

Libro segundo 357a-358e Soacutecrates pensaba que la conversacioacuten habiacutea concluido pero

Glaucoacuten revive la teoriacutea de Trasiacutemaco Se ponen de acuerdo acerca de una clasificacioacuten triple de bienes Los bienes son deseables ya sea (1) por siacute mis-mos o (2) a la vez por siacute mismos y por sus consecuencias o (3) solo por sus consecuencias La justicia es colocada por Soacutecrates en la segunda y maacutes noble de esas tres clases Glaucoacuten por su parte afirma que la mayoriacutea lo coloca en el tercero y propone defender la creencia de la mayoriacutea no como sostenieacuten-

135 Este ha de ser uno de los principios fundamentales de la estructura poliacutetica de toda la Repuacuteblica (cf II 369e ss) 136 ldquoPlato explains virtue as excellence in a particular function or role (ergon) (R 353b2-d1) and his explanation matches the normal use of lsquoaretendashmdashrsquo Dogs horses athletes can all be good or bad possess or lack a virtue in so far as they are good or bad at what is expected of them in their particular role (R 335b6-c2) However So-crates is interested in one subset of virtues those of his short list Unlike other aretai these are particularly humanrdquo (T Irwin Platos Moral Theory Oxford 1982 lt1977gt pg 14) 137 T Irwin (op cit pg 180) se pregunta si Platoacuten acepta realmente los argumentos de Soacutecrates en el libro I responde que ciertamente eacutel acepta algunas de las conclu-siones (1) que la justicia beneficia al hombre justo (2) que el hombre justo beneficia a otros (3) que a los hombres justos no les gusta gobernar pero gobernaraacuten bien (347d 1-6) y que la justicia es la virtud del alma ldquoEstas conclusiones dice son de-fendidas posteriormente en la Repuacuteblica pero con argumentos diferentesrdquo

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dola eacutel por siacute mismo sino para forzar a Soacutecrates a defender la justicia y con-denar la injusticia consideradas por sus propios meacuteritos en siacute mismas Eacutel piensa que Trasiacutemaco se ha dado por vencido demasiado pronto

358e-359b Glaucoacuten describiraacute primero el origen y la naturaleza de la

justicia de acuerdo con la teoriacutea que eacutel se ha propuesto sostener De acuerdo con la naturaleza (πεφυκέναι) cometer injusticia (ἀδικεῖν) es un bien sufrir injusticia (ἀδικεῖσθαι) un mal138 Pero como hay maacutes mal en sufrir injusticia que bien en cometerla la experiencia hace a los hombres el decidirse a esta-blecer leyes (νόμους) y pactos (συνθήκας) mutuos de no cometer y de no sufrir injusticia A las prescripciones colectivas de este pacto se llama ley y justicia Justicia es de consiguiente un compromiso entre el mejor curso de accioacuten es decir causar perjuicio sin incurrir en ninguna pena139 y el peor es decir sufrir perjuicio sin poder imponer un castigo retributivo140 No aceptaraacute el compromiso quien sea suficientemente fuerte como para hacer perjuicio141 con buen eacutexito

359b-360d En segundo lugar mdashprecisa Glaucoacutenmdash nadie es voluntaria-

mente justo Demos al justo y al injusto el poder maacutes pleno para ejercer su voluntad aseguraacutendolos contra todo tipo de consecuencias perniciosas deacute-mosles la facultad de hacerse invisibles como la que Giges poseiacutea a traveacutes de su anillo y el justo mostraraacute que no es mejor que el injusto142 Si con este po-

138 Seraacute importante tener en cuenta la comparacioacuten constante que se hace entre el sentido activo de adikeicircn ldquocometer injusticiardquo y el pasivo adikeicircsthai ldquosufrir o pade-cer injusticiardquo 139 ἐὰν ἀδικῶν μὴ διδῷ δίκην ldquoque no sufra castigo quien cometa injusticiardquo (359a) 140 ἐὰν ἀδικούμενος τιμωρεῖσθαι ἀδύνατος ᾖ ldquoque quien padezca injusticia sea incapaz de vengarserdquo (ibid) 141 lsquocometer injusticiarsquo 142 ldquoPara mostrar porqueacute la teoriacutea del contrato no proporciona una buena razoacuten para ser justo Glaucoacuten introduce el anillo de Giges que elimina las consecuencias artificiales de la accioacuten injusta quien acepta la teoriacutea del contrato usaraacute el anillo de Giges si es sabio (359b6-c6 360c6-d2)rdquo (T Irwin op cit pg 186) Pero Giges antildeade Irwin elimina solo las consecuencias artificiales de esa accioacuten injusta lo que en uacutel-timo teacutermino proporciona una buena razoacuten para rehusar el anillo ldquoy persistir en la justicia por sus buenas consecuencias naturalesrdquo Esto es asiacute no obstante que Glau-coacuten mdashseguacuten afirma nuestro autormdash estaacute auacuten en la razoacuten al decir que un partidario

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der de ocultarse a siacute mismo el hombre justo todaviacutea rehusa actuar injusta-mente no hay duda que los hombres lo elogiariacutean abiertamente pero en se-creto lo juzgariacutean totalmente miserable y necio

360d-362c En tercer lugar la vida del injusto mdashseguacuten nuestra teoriacuteamdash

es mucho mejor que la del justo Supongamos a cada uno de estos la personi-ficacioacuten perfecta de su tipo el uno es un artista consumado en iniquidad ca-paz de apremiar cuando es necesario y listo al mismo tiempo en simular dis-frutando de la maacutes alta reputacioacuten de justo mientras es culpable de los actos peores de injusticia el otro en cambio deseoso no de ser estimado bueno sino de serlo afanaacutendose hasta la muerte bajo la imputacioacuten de la peor injus-ticia aunque eacutel permanece justo Solo por medio de esta suposicioacuten podemos asegurarnos de que el justo no ha sido atraiacutedo por las recompensas de la jus-ticia sino por la justicia misma iquestCuaacutel seraacute el resultado El justo seraacute todo un miserable y fracasado el injusto enteramente proacutespero y feliz haciendo el bien a sus amigos y el mal a sus enemigos incluso maacutes el injusto seraacute maacutes querido a los dioses que el justo porque tiene con queacute ganar sus favores

362c-363e En este punto Glaucoacuten cede el paso a Adimanto Glaucoacuten

habiacutea sostenido la superioridad de la injusticia Adimanto apoyaraacute la misma tesis explicando el argumento usualmente propuesto en favor de la justicia En primer lugar cuando los padres y amigos exhortan al joven a seguir la justicia ellos no alaban a la justicia misma sino las recompensas que la justi-cia se granjea de hombres y dioses Homero y Hesiacuteodo describen los benefi-cios que se derivan de la justicia en la vida presente mientras que Museo y su hijo aseguran a sus devotos una bienaventuranza sensual en la vida futura y otros prometen al hombre piadoso una larga liacutenea de descendientes pero re-legan al malvado al castigo despueacutes de la muerte y a la impopularidad du-rante la vida

de la teoriacutea del contrato usaraacute el anillo de Giges y ldquoaunque su uso seraacute maacutes restrin-gido de lo que Glaucoacuten declara lo seraacute suficientemente frecuente como para mos-trar que una teoriacutea Humeana que apela en favor del sistema de justicia a causa de las malas consecuencias de la accioacuten injusta no proporciona razones para ser justordquo A Ophir (Platos Invisible Cities London 1991 pgs 42-43) en su anaacutelisis del tema afirma ldquoEl mito de Giges es una historia de distinciones desdibujadas y de liacuteneas de demarcacioacuten violadasrdquo

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363e-365a En segundo lugar mdashcontinuacutea Adimantomdash tanto por los poe-

tas como en la vida privada la virtud es calificada de honorable pero difiacutecil el vicio de faacutecil y vergonzoso solo por convencioacuten (νόμῳ) La injusticia dicen los hombres es el mejor curso de accioacuten ellos admiran al rico vicioso y des-precian al pobre virtuoso Lo maacutes sorprendente de todo a los dioses mismos se les considera a veces benignos con el malvado y poco amables con el bueno y hay adivinos que pretenden tener el poder de parte de los dioses de purificar al injusto con sacrificios o conjuros realizados festivamente y se comprometen a dantildear a los enemigos por un gasto insignificante de dinero En apoyo de tal doctrina ellos citan a los poetas Hesiacuteodo por ejemplo y Homero Hay asimismo libros que contienen foacutermulas de sacrificios con cuya utilizacioacuten los hombres estaacuten convencidos de que sus faltas pueden ser per-donadas tanto en vida como despueacutes de la muerte

365a-367e Finalmente iquestcuaacutel es el efecto en las almas de los joacutevenes Joacute-

venes bien dotados son animados a practicar la injusticia mientras fingiendo exteriormente ser justos Para evitar ser descubiertos por sus compantildeeros ellos forman asociaciones poliacuteticas y emplean la persuasioacuten y la fuerza Se pueden permitir ignorar a los dioses porque o no hay dioses o estos no se ocupan del hombre o mdashseguacuten aquellos que son las solas autoridades en lo que respecta a su existenciamdash se los puede aplacar con los ingresos de la in-justicia Hay ritos especiales y dioses que nos pueden librar del castigo des-pueacutes de la muerte eso dicen los propios hijos de los dioses143 Los argumen-tos en favor de la injusticia son tan fuertes que incluso aquellos que pueden refutarlos son indulgentes y admiten que nadie es justo voluntariamente144 excepto por una innata disposicioacuten virtuosa o por conocimiento cientiacutefico

Depende de ti Soacutecrates mdashdice Adimantomdash ahora por la primera vez

elogiar a la justicia y censurar a la injusticia en siacute y por siacute misma (αὐτὴ δ᾽

143 Como seguacuten el razonamiento es el caso de Orfeo y Museo 144 En el relato de Giges Glaucoacuten habiacutea afirmado (II 360c) que ldquonadie es justo de propia voluntad a menos que esteacute obligado a serlordquo (ὅτι οὐδεὶς ἑκὼν δίκαιος ἀλλ᾽ ἀναγκαζόμενος) ahora se vuelve a repetir dando razones parecidas aunque maacutes especiacuteficas A ello Soacutecrates ha de oponer nadie es injusto voluntariamente

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αὐτὴν) aparte de sus elementos accesorios Incluso maacutes debes asignar a cada cual la reputacioacuten de que goza la otra y no mostrarnos meramente que la jus-ticia es mejor que la injusticia Cueacutentanos queacute efectos producen ellas separa-damente en sus posesores a consecuencia de lo cual el uno es bueno el otro malo145

367e-369b En un corto interludio Soacutecrates luego de felicitar a Glaucoacuten

y Adimanto hace algunas observaciones acerca de la magnitud de la tarea que tiene por delante nada menos que la defensa de la justicia contra sus di-famadores Como los de corta vista son maacutes capaces de reconocer las letras pequentildeas de lejos si han estudiado previamente las mismas letras reproduci-das en tamantildeo mayor y sobre un fondo maacutes amplio asiacute mdashdice Soacutecratesmdash estudiemos la justicia en un objeto mayor esto es en las ciudades146 y des-pueacutes buscar sus rasgos distintivos en un objeto menor en otras palabras en el individuo La contemplacioacuten (θεασαίεθα) de una ciudad en proceso de crea-cioacuten nos mostraraacute coacutemo surge con ella la justicia y la injusticia147

145 Si se hubiera interrogado a Platoacutenmdash-piensa J D Mabbott (ldquoIs Platos Republic Utilitarianrdquo en Plato II Ethics Politics and Philosophy of Art and Religion Ed by G Vlastos New York 197 (57-65) de si eacutel quiso sentildealar que un hombre que posee la justicia en su alma posee tambieacuten como consecuencia natural la felicidad por cuya sola razoacuten valiacutea la pena ser justo Platoacuten habriacutea rechazado tal interpretacioacuten Lo que la justicia hace es volver armoniosa al alma y su armoniacutea es la justicia y no una con-secuencia de ella De ahiacute que seguacuten dice Mabbott ldquoSoacutecrates tiene que mostrar que la justicia es buena tanto en siacute misma como en sus consecuenciasrdquo (ibid pg 60) 146 Que equivale a decir en los estados que ellas constituyen Se trata de un paso metodoloacutegico importante se estudiaraacute primero la justicia en la ciudad para luego examinar la justicia del individuo Este sistema de investigacioacuten se constituye de aquiacute en adelante en una de las caracteriacutesticas maacutes constantes de toda la obra Esto trae como consecuencia que haya una estrecha analogiacutea entre las sociedad y el indi-viduo 147 La investigacioacuten acerca de la poliacutetica se hace inseparable del estudio antropoloacute-gico que en Platoacuten es fundamentalmente un saber acerca del alma humana Bien dice J G Gunnell ldquostate and soul are inseparablerdquo (Political Philosophy and Time Plato and the Origins of Political Vision ChicagoLondon 1987 lt1968gt pg 153) Se establece asiacute claramente que el estado ldquoencuentra su origen en las necesidades del hombre y el auge y la caiacuteda del orden social es un problema del tiempo humano o de la historiardquo (ibid) Se asienta por lo demaacutes en este punto del texto el meacutetodo de acuerdo con el cual se va a proceder en el resto de la obra con excepcioacuten de los li-bros V-VII los que como afirma J Adam ldquoare professedly a lsquodigressionrsquordquo y el libro X ldquowhich is of the nature of an epiloguerdquo (pg 91)

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369b-372d El primer bosquejo de una ciudad-estado148 La ciudad surge a la vida a raiacutez de que el individuo no es auto-

suficiente149 Podemos considerarla como la unioacuten de muchos individuos que se ayudan mutuamente uno al otro en un lugar (εἰς μίαν οἴκησιν) El indivi-duo da y toma porque piensa que es mejor para eacutel hacerlo asiacute

Ahora bien la primera necesidad del hombre es el alimento la segunda la habitacioacuten la tercera el vestuario y cosas parecidas150 El estado maacutes pe-quentildeo posible consistiraacute por consiguiente en un labrador un albantildeil un te-jedor un zapatero y alguacuten otro que atienda necesidades materiales cuatro o cinco en total Cada uno de estos debe trabajar para todos porque la natura-leza ha adaptado a hombres diferentes para diferentes tipos de trabajo y por-que cada tipo de trabajo tiene su momento criacutetico cuando hay que realizarlo sin desatenderlo Nuestro principio es un hombre un trabajo151 En conse-cuencia requeriremos carpinteros y herreros para hacer instrumentos para el labriego tejedor y zapatero asiacute como varios tipos de pastores para suminis-trar ganado para arar y transportar junto con pieles y lanas para el vestuario Ya que es casi imposible hacer la ciudad auto-suficiente requeriremos inter-mediarios para introducir mercanciacuteas y como las importaciones suponen ne-

148 La lsquoprimera ciudadrsquo de Platoacuten cuya descripcioacuten por momentos es iroacutenica ad-quiere el caraacutecter de fundamento sobre el que se construye la ciudad y de hecho ldquoaunque algunos de sus rasgos son impliacutecitamente corregidos o como consecuencia sustituidos auacuten permanece en general un cuadro simpaacutetico de la vida del estrato maacutes bajo en la ciudad de Platoacuten y en ninguna parte es expresamente suprimido o abolidordquo (J Adam pg 100) 149 Luego de haber hecho notar J Adam (pg 93) que el episodio presente es su-puestamente un relato histoacuterico de la generacioacuten de la sociedad (cf Leyes III 676a ss) considera que la atmoacutesfera que predomina no es histoacuterica o legendaria sino idealis-ta y deberiacutea verse la ciudad primordial de Platoacuten como ldquouna descripcioacuten preliminar y provisoria del fundamento industrial sobre el que han de descansar las partes maacutes elevadas de su propia ciudad idealrdquo 150 Ciertos lemas poliacuteticos deciacutean ldquopan techo y abrigordquo ciertamente un le ma muy platoacutenico 151 Una afirmacioacuten preliminar es que por el hecho de haber diferencias naturales entre los hombres nadie es por naturaleza exactamente igual a otro en consecuen-cia la diversidad del trabajo surge de las distinciones naturales entre los individuos Al mismo tiempo se desprende de aquiacute que el mejor modo de realizar ese trabajo es dedicaacutendose enteramente a eacutel Esto es en la ciudad cada cual debe realizar un solo trabajo no varios es un principio fundamental de la distribucioacuten del trabajo en la ciudad platoacutenica

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cesariamente exportaciones el nuacutemero de labriegos y artesanos en nuestra ciudad creceraacute y tendremos necesidad de comerciantes viajeros para colocar la produccioacuten y expertos en transporte mariacutetimo en caso que el comercio se realice por mar

Ademaacutes para facilitar el intercambio en el interior de la ciudad debe haber un mercado (ἀγορὰ) y moneda acuntildeada y comerciantes al detalle que actuacuteen como intermediarios entre el productor y el consumidor Los comer-ciantes detallistas deberiacutean ser aquellos que son incapaces fiacutesicamente de ocuparse en cualquiera otra ocupacioacuten Habraacute tambieacuten trabajadores asalaria-dos en nuestra ciudad152

iquestDoacutende estaacuten pues la justicia y la injusticia en tal repuacuteblica iquestJunto con queacute partes integrantes del estado hacen ellas su aparicioacuten Adimanto sugiere que deberiacuteamos buscarlas en las mutuas relaciones de las diversas categoriacuteas en la ciudad Examinemos el asunto dice Soacutecrates Los ciudadanos viviraacuten la vida simple y descuidada de vegetarianos satisfaciendo solo las modestas demandas de sus apetitos naturales A una indicacioacuten de Glaucoacuten se les con-cede unos pocos lujos vegetarianos adicionales

372d-373c Glaucoacuten protesta contra el caraacutecter cerduno de tal tipo de vi-

da piensa que se deberiacutea permitir mayor bienestar Mientras expresa su opi-nioacuten de que un estado saludable es tal como lo ha descrito Soacutecrates estaacute dis-puesto a describir una ciudad en estado de inflamacioacuten (φλεγμαίνουσα)153 pues examinaacutendola puede ser que se comprenda de queacute modo surgen la justicia y la injusticia (372d-372e)

El segundo bosquejo de una ciudad comienza ahora (372e ss)154 Algunos no estaraacuten satisfechos con las disposiciones de nuestra primera

ciudad y exigiraacuten una variedad de comodidades fiacutesicas y refinamientos y deleites artiacutesticos Una multitud de cazadores y artistas imitadores de diferen-tes tipos brotaraacuten de consiguiente y la estirpe de intermediarios se veraacute in-

152 Es decir que venden el empleo de su fuerza por un precio llamado salario 153 Es decir atacada por una infeccioacuten que la tiene hinchada 154 Es la lsquociudad purificadarsquo (cf J Adam pg 100) que representa la lsquosegunda ciu-dadrsquo (II 372e-IV) de Platoacuten (la lsquoprimerarsquo se habiacutea mostrado insuficiente para la satis-faccioacuten de las necesidades humanas baacutesicas)

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crementada grandemente Como una dieta de carne se pondraacute de moda ha-braacute demanda de porquerizos y se multiplicaraacute el ganado El nuevo estilo de vida pondraacute los doctores en circulacioacuten

373d-376c A consecuencia del aumento de poblacioacuten se requeriraacute maacutes

territorio Tendremos de consiguiente que apropiarnos de algo de la tierra de nuestro vecino exactamente como bajo similares condiciones ellos echaraacuten mano sobre la nuestra He aquiacute el origen de la guerra155 Las obligaciones de la guerra mdashseguacuten nuestro principio de la subdivisioacuten del trabajomdash nos com-prometeraacute con un ejeacutercito permanente de soldados profesionales o lsquoguardia-nesrsquo (τῶν φυλάκων)156 Ahora bien como la guerra exige no solo concentra-cioacuten y aplicacioacuten sino tambieacuten una cierta aptitud natural nuestros guardia-nes deben ser calificados por naturaleza para sus obligaciones es decir como perros de raza ellos deben ser agudos para percibir veloces para perseguir y fuertes en el combate efectivo Ellos deberiacutean tambieacuten ser valientes (ἀνδρεῖος)157 y animosos (θυμοειδὴς)158 pero gentiles (πρΏους) con sus con-ciudadanos y entre siacute Escasa es la conjuncioacuten de gentileza y aacutenimo en una misma naturaleza pero no es desconocida entre los hombres como no lo es entre los perros Nuestros guardianes deben ser de hecho filosoacuteficos (φιλόσοφοι) como los perros159 que es un verdadero filoacutesofo cuando discri-mina entre el amigo y el enemigo respectivamente por conocimiento y por

155 ldquoLa guerra entonces surge de la adquisicioacuten de territorio y riqueza cf Fedoacuten 66 C ldquodebido a la adquisicioacuten de riquezas surgen todas nuestras guerrasrdquo donde se le sigue el rastro a la guerra hasta llegar al cuerpo y sus deseos por cuya satisfaccioacuten buscamos multiplicar nuestras posesionesrdquo (J Adam pg 103) 156 Como recuerda J Adam (pg 105) es la primera aparicioacuten de φύλακες en el sen-tido teacutecnico que tiene en la Repuacuteblica El nombre incluye no sοlo a los soldados sino tambieacuten luego a los gobernantes 157 La valentiacutea (ἀνδρία) se constituiraacute en una de las virtudes cardinales de la Repuacute-blica Por ser una cualidad de guardianes se sentildeala especialmente el sentido de viri-lidad y coraje 158 Una cualidad propia del caballo (lsquofogosorsquo cf 375a-b) y de otros animales En el guardiaacuten revela las caracteriacutesticas de un aacutenimo (θυμός) intreacutepido e indomable ante el peligro 159 Probable alusioacuten a los ciacutenicos Ver J Adam pg 108

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ignorancia odiando al desconocido y acogiendo al conocido160 En resumen se exigiraacute que un guardiaacuten sea filosoacutefico animoso veloz y fuerte

376c-378e Consideremos a continuacioacuten coacutemo educar a nuestros futu-

ros guardianes la buacutesqueda puede ayudarnos a descubrir el origen de la jus-ticia y de la injusticia

Podemos aceptar la opinioacuten tradicional de que la educacioacuten (παιδεία) consiste en muacutesica (μουσική) o cultura del alma en gimnasia (γυμναστικήv) o cultura del cuerpo Se debe comenzar con la muacutesica antes que con la gimnasia Ahora bien la muacutesica incluye literatura (λόγοι) la que es verdadera o falsa (μύθους ψευδεῖς) Educaremos a nuestros nintildeos con lite-ratura falsa antes de ensentildearles la verdadera pero evitaremos todas las le-yendas que inculcan puntos de vista inconsistentes con aquellos que desea-mos que nuestros guardianes sostengan cuando adultos Debemos someter a censura (μέμφεσθαι)161 a los forjadores de leyendas (μυθοποιοῖς) y faacutebulas (μύθους) y rechazar a la mayoriacutea de nuestras actuales leyendas Caricaturas de los dioses como las historias sobre Cronos y Urano Zeus y Cronos no sοlo son falsas en siacute mismas sino que no deberiacutean incluso si fueran verdade-ras ser contadas a los nintildeos no sea que ellas engendren inhumanidad e im-piedad filial ni deberiacutean los nintildeos ser inducidos por la poesiacutea u otras artes imitativas a creer que los dioses rintildeen y luchan entre ellos Ninguacuten pretexto de un lsquosentido maacutes profundorsquo (ὑπόοια) puede justificar que se narren tales cuentos a los nintildeos porque los nintildeos no pueden distinguir el espiacuteritu de la letra y es muy difiacutecil borrar impresiones formadas a tan temprana edad

378e-380c En tanto que fundadores de una ciudad iquestcuaacuteles seraacuten los di-

sentildeos (τύπους) con que deberemos reproducir nuestras leyendas

160 Seguacuten J Adam (ibid) lsquoverdaderamente filoacutesoforsquo indica que lsquofiloacutesoforsquo debe to-marse en su sentido etimoloacutegico es decir lsquoamor del conocimientorsquo cf op cit pg 38 161 Esta forma de censura muy criticada por algunos que se toman demasiado en serio todos los aspectos de este proyecto de ciudad es en primer lugar una norma-tiva de tipo pedagoacutegico Sin embargo como en la ciudad es el estado el que educa a sus guardianes termina por ser tambieacuten una regulacioacuten poliacutetica

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(μύθους)162 Se deberiacutea representar a Dios tal como realmente es Ahora bien Dios es bueno y siendo bueno no puede ser la causa del mal163 eacutel es causa de poco para la raza humana pues el mal es mucho maacutes comuacuten en el mundo que el bien Esta es una de las reglas que nuestros poetas deben observar164 pero es violada constantemente por Homero y otros Jamaacutes debe decirse que la divinidad es causante de males y si se hace debe representarse como ac-ciones divinas en que el castigo redundoacute en beneficio del culpable

380d-383c En segundo lugar Dios es inmutable e incapaz de enga-

ntildear165 No cambia ya que eacutel es el mejor Lo que es mejor no puede ser cam-biado por otros y no cambiaraacute eacutel mismo porque solo puede cambiar lo que es peor Homero y otros poetas yerran al atribuir mutabilidad a los dioses Ni puede Dios engantildear pues la verdadera y genuina mentira es decir la igno-rancia de la verdad en el alma es odiosa del mismo modo a los dioses y a los hombres la mentira expresada con palabras que no es sino una imagen de la otra es admisible solamente cuando usada contra los enemigos o en favor de los amigos o para conferir a lo antiguo o lo desconocido una semblanza de realidad Dios no necesita mentir para ninguno de esos objetivos eacutel es por consiguiente absolutamente simple (ἁπλοῦν) y veraz (ἀληθὲς)166 Tambieacuten Homero y Esquilo desfiguran en este respecto la naturaleza divina

162 ldquoEn opinioacuten de Platoacuten refiere J Adam (pg 118) todas las leyes son solo moldes o perfiles (outlines ) dentro de los que deberiacutean conformarse nuestra accionesrdquo 163 En 380b se dice ldquoDeclarar que Dios (θεόν) que es bueno haya llegado a ser la causa de los padecimientos de alguien hay que combatirlo con todos los recursos a fin de que nadie haga estas declaraciones en su ciudad si se pretende establecer una buena legislacioacutenrdquo (trad de G Goacutemez Lasa) 164 En este paraacutegrafo se inicia una discusioacuten acerca de la theologiacutea (θεολογίας) que es la lsquociencia de las cosas divinasrsquo (LSJ) Es la uacutenica aparicioacuten de la palabra en toda la obra de Platoacuten siendo escaso el uso del teacutermino y maacutes propiamente tardiacuteo LSJ atestigua un uso plural en Aristoacuteteles junto a autores como Filodemo Filoacutesofo (s I a C) Porfirio (s III dC) y Yaacutemblico (s IV d C) En su forma philosophiacutea theologikeacute de-signa en Aristoacuteteles la filosofiacutea primera o metafiacutesica (cf Metafiacutesica 1026a 19) En nuestro texto se estaacuten asentando los lineamientos (τύποι) con que los fundadores de la ciudad han de evaluar la creacioacuten literaria en torno a las cosas divinas 165 Dos aspectos esenciales de la divinidad del primero se puede decir que es un principio de orden filosoacutefico (de la teologiacutea natural) y del segundo que es un postu-lado de toda religioacuten revelada 166 La lsquosimplicidadrsquo (ἁπλοῦν) de Dios estaacute indudablemente en correlacioacuten con su caraacutecter de inmutable (se habla maacutes especiacuteficamente de la ausencia en eacutel de cambio

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Libro tercero 386a-389a Estas son las doctrinas por medio de las que debemos fomen-

tar los sentimientos de piedad hacia los dioses y padres y la amistad mutua entre los ciudadanos

Para estimular la valentiacutea (ἀνδρείοι)167 necesitaremos a nuestros poetas para celebrar (ἐπαινεῖν) y no para desacreditar (λοιδορεῖν) la vida que nos espera despueacutes de la muerte de otra manera su poesiacutea seraacute no solamente falsa sino tambieacuten perjudicial a nuestros futuros soldados Homero aquiacute de nuevo se hace acreedor de censura168 Se debe descartar nombres que inspiran temor como el Cocito o la Estigia169 asiacute como las lamentaciones puestas en los labios de hombres famosos pues el hombre bueno no tiene razoacuten para lamentar la muerte de un buen camarada ya sea en razoacuten de este su camara-da o por causa de siacute mismo Homero viola estos caacutenones cuando representa a Aquiles y a Priacuteamo entregaacutendose a lamentaciones por sus muertos y auacuten maacutes cuando hace a los dioses incluso los maacutes grandes de los dioses rendirse a la afliccioacuten Ademaacutes como un excesivo regocijo es a propoacutesito para rebotar en el extremo opuesto nuestros joacutevenes no deben ser aficionados a reiacuter Ho-mero yerra al pintar a hombres buenos y a dioses como dominados por la risa

389b-392a Deberiacutea asignarse tambieacuten un gran valor a la verdad Se les

puede permitir a nuestros gobernantes la mentira medicinal en intereacutes del

y alteracioacuten 381b) por otra parte a su incapacidad de engantildear se antildeade su lsquoveraci-dadrsquo (ἀληθὲς) 167 Se tiene en vista principalemente como sentildeala J Adam (pg 130) el coraje en la guerra de ahiacute la importancia de remover el temor de la muerte 168 Las palabras de Platoacuten al establecer su censura son cuidadosas Luego de pasar revista a una serie de textos de la Iliacuteada y la Odisea Soacutecrates anuncia que les va a pedir a los poetas que le hagan el favor (ese es el sentido de paraiteacuteomai) ldquode no enojar-se si los tachamosrdquo (387b) y eso no por falta de calidad poeacutetica Luego usa una ex-presioacuten maacutes taxativa ldquoiquestHay que suprimirlos entoncesrdquo (dice Soacutecrates) ldquoSiacuterdquo le responden Estas supresiones afectan a estos poetas aparentemente en cuanto ele-mentos de ensentildeanza para los futuros guardianes de la ciudad no es propiamente una lsquocensurarsquo mdashcomo podriacutea serlo en nuestros diacuteasmdash a los medios de comunicacioacuten o a los artistas en cuanto tal Una cosa es el diario y otra el texto de estudio 169 Cuyos significados respectivos son ldquoriacuteo de gemidosrdquo y ldquoel aborreciblerdquo

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estado (ἐπ᾽ὠφελίᾳ τῆς πόλεως )170 pero todo otro que mienta seraacute castiga-do Mentir a los gobernantes es peor que mentir a un meacutedico acerca de la enfermedad

De no menos necesidad es el dominio de siacute mismo que capacitaraacute a

nuestros ciudadanos a obedecer a los gobernantes y a gobernar sus propios apetitos Homero a menudo representa heacuteroes y dioses que carecen de esta virtud como insubordinados glotones lascivos avaros inclinados a la ven-ganza y viles Esto resulta en el desaliento del joven por la virtud deseada y todas tales representaciones deben en consecuencia ser prohibidas que son a la vez impiacuteas y falsas

392c-394d Hemos ahora finalizado el examen de la materia temaacutetica171

de la poesiacutea y ahora tenemos a continuacioacuten que hablar de la forma de desa-rrollarlos172 Toda composicioacuten es en cierto sentido narrativa en la que se re-latan cosas pasadas presentes o futuras173 La narracioacuten en ese sentido puede ser o (1) simple y sin combinacioacuten (2) imitativa (3) a la vez simple e imitati-va Homero proporciona un ejemplo del tercer tipo su poesiacutea es puramente narrativa cuando eacutel estaacute hablando in propria persona es imitativa cuando po-ne sus palabras en boca de algunos de sus personajes La tragedia y la come-dia son ejemplos del estilo imitativo El mejor ejemplo del estilo puramente

170 La mentira (pseudos) en cuanto que medicamento (phaacutermakon) debe quedar re-servada a los meacutedicos o a sus equivalentes en el manejo del estado los gobernan-tes Seguacuten el testimonio de Platoacuten la medicina hipocraacutetica busca comprender la na-turaleza del cuerpo mediante la comprensioacuten de la naturaleza en su totalidad (Fedro 270c-d) 171 Es lo referente a los discursos o el tipo de narraciones (λόγων) 172 O del modo de decir (λέξεως) estos discursos 173 En relacioacuten con el tema de la lsquonarracioacutenrsquo o lsquoexposicioacutenrsquo (διήγησις) ver Eutid 275d Gorg 465e Fdr 246a 266e Tim 38e 48d Teet 142c

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narrativo es el ditirambo174 del tercero mdasho clase mixtamdash la eacutepica iquestCuaacutel de estas formas admitiremos y en queacute circunstancias175

394e-397d Nuestros guardianes no deben ser propensos a la imitacioacuten

(μιμητοκοὺς) Hemos estado de acuerdo en que un hombre no puede sino hacer bien una sola cosa y tampoco es posible para un solo hombre imitar dos cosas con acierto como podemos ver de los ejemplos especiales de la composicioacuten y la actuacioacuten poeacuteticas El uacutenico deber de nuestros guardianes es hacer y conservar libre la ciudad176 y si han de practicar alguacuten geacutenero de imi-tacioacuten sus modelos deben ser los apropiados para hombres libres es decir hombres de caraacutecter valeroso y virtuoso pues imitacioacuten significa asimila-cioacuten177 La poesiacutea dramaacutetica viola continuamente esta regla En general el hombre bueno no haraacute uso de la imitacioacuten excepto cuando se pone a narrar los dichos o hechos de seres virtuosos o alguacuten paso del vicio a la virtud o a veces por mero pasatiempo Su estilo de discurso combinaraacute una narrativa sencilla con imitacioacuten pero usaraacute esta uacuteltima con parquedad mientras que el malo estaraacute maacutes a menudo por imitar que por narrar y ninguacuten tipo de imita-cioacuten le vendraacute mal Con respecto al modo y al tiempo el lenguaje de la virtud seraacute praacutecticamente invariable mientras que el del vicio variado

174 El ditirambo fue en sus inicios una cancioacuten coral en honor de Dioniso aunque sus temas fueron muy variados predominoacute en alguacuten momento un elemento narra-tivo que es a lo que alude aquiacute Platoacuten 175 Platoacuten no olvida el objetivo fundamental de la criacutetica a los poetas que consiste en saber queacute se ha de admitir y queacute se ha de rechazar en el sistema educacional de la ciudad 176 La expresioacuten ldquoartesanos muy rigurosos de la libertad de la ciudadrdquo (395b-c) mdashque a J Adam le parece artificial y un tanto forzadamdash puede que aluda aquiacute al do-ble sentido que la palabra artesano demiourgoacutes tiene en griego y en especial en el contexto poliacutetico del asunto En efecto demiuogoacutes no solo significa lsquoartesanorsquo sino tambieacuten en muchas ciudades griegas el tiacutetulo de un magistrado lo que unido al sen-tido muy platoacutenico de artesano divino creador productor (cf Tim) confiere al giro en el presente texto seguacuten mi opinioacuten una significacioacuten interesante aunque poco usual 177 En 395d se afirma ldquoO no te has dado cuenta de que cuando las imitaciones (μιμήσεις) se llevan a cabo por mucho tiempo desde la infancia a traveacutes del cuerpo de la voz y del pensamiento se trasladan a las costumbres y al caraacutecterrdquo (trad de G Goacutemez L)

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397d-398b Admitiremos en consecuencia solo aquel estilo que imite el modo de hablar del hombre bueno178 Las variedades mixta y mimeacutetica no armonizan con la ciudad pues el caraacutecter de nuestros ciudadanos es simple y consistente Aquellos poetas que rehusen conformarse con estas reglas los deberiacuteamos despedir (ἀποπέμποιμεν) con saludos y coronados a otra ciu-dad179

398c-399e Tenemos que tratar ahora acerca de la poesiacutea liacuterica180 Hay

tres factores incluidos en el canto las palabras un cierto modo musical y un cierto movimiento o tiempo181 Nuestras regulaciones acerca de la palabras cuando no acompantildeadas de muacutesica se aplican igualmente a las palabras cuando cantadas y el modo musical y el tiempo se deben acomodar a las pa-labras Ahora bien nosotros proscribimos todas las lamentaciones en nuestra ciudad de modo que debemos excluir los modos luacutegubres y aquellos que son relajantes en sus efectos deben rechazarse por motivos semejantes En suma retendremos dos modos y no maacutes uno para imitar las expresiones de un hombre valeroso en tiempos de esfuerzo y tensioacuten el otro para imitar sus expresiones en periacuteodos de paz y calma182 Trataremos igualmente acerca de instrumentos de muacutesica prohibiendo todos aquellos que se prestan para una variedad de modos Asiacute es como purificamos nuestra lsquolujosa ciudadrsquo (τρυφᾶν πόλιν)

399e-401a Continuemos ahora la purificacioacuten de nuestra ciudad asen-

tando las normas para el ritmo y el tiempo Nuestro ritmo no debe ser ni va-

178 τοῦ ἐπιεικοῦς podriacutea interpretarse tambieacuten (por la coincidencia del geacutenero masculino y el neutro) ldquode lo buenordquo mdashasiacute Paboacuten-Fernaacutendez Galianomdash pero parece claro que se trata de lsquopersonajesrsquo buenos de la literatura maacutes especiacuteficamente se trata del ldquohombre virtuosordquo (G Goacutemez Lasa) Este hombre bueno como refiere J Adam se dice de la forma de hablar del lsquohombre buenorsquo (pg 153) 179 Por tratarse de una ciudad en proyecto el asunto parece focalizarse en no consi-derar en los planes de la ciudad emergente la presencia de tales imitadores mdashcomo si dijeramdash lsquolo sentimos mucho los trataremos como a divinidades en traacutensito pero no los vamos a considerar como ciudadanos nuestrosrsquo 180 Se trata seguacuten el texto ldquodel caraacutecter del canto y de la melodiacuteardquo 181 El texto dice literalmente ldquopalabra armoniacutea y ritmordquo (389d) 182 Son claramente regulaciones para guardianes en especial en su aspecto militar

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riado ni muacuteltiple pues tanto el tiempo como la melodiacutea se deberiacutean acomo-dar a las palabras y no al reveacutes Se estaacute de acuerdo en que hay ciertos ritmos que expresan sobriedad y coraje Estos son los uacutenicos que seraacuten admitidos en nuestra ciudad En cuanto a situaciones especiacuteficas Damon nos ayudaraacute a decidir183 pero podemos enunciar nosotros mismos el principio general El ritmo y el modo reflejan el estilo y el estilo expresa el caraacutecter Es para pro-mover el desarrollo del caraacutecter que requeriremos joacutevenes para perseguir lo bello tanto a traveacutes de los reinos del arte como de la naturaleza

401a-403c No solo los poetas deben conformarse a estos caacutenones sino

tambieacuten otros artistas No seraacuten admitidos artistas salvo solo aquellos capa-ces de rastrear la naturaleza de lo bello e inducir a nuestros nintildeos incluso en sus antildeos maacutes tiernos a una armoniacutea inconsciente con la belleza de la razoacuten184 El valor de la preparacioacuten musical estaacute en su poder peculiar de comunicar gracia y belleza en el alma Habilita al principiante a discriminar entre lo agraciado y lo feo en otras esferas admitiendo solo lo que es hermoso y ho-norable al principio en forma instintiva pero despueacutes cuando adviene la razoacuten con la maacutes completa conciencia y alegre reconocimiento de la belleza con la que eacutel mismo estaacute emparentado Nadie estaacute realmente instruido con la cultura musical en tanto no pueda reconocer las formas (τὰ εἴδη) originales de la virtud donde sea que ellas se encuentren asiacute como sus imaacutegenes (εἰκόνας) en todas partes Una tal persona amaraacute en el maacutes alto grado la unioacuten de un alma bella con belleza fiacutesica pero dejaraacute que la belleza interior aplaque en parte el defecto externo y su pasioacuten se hallaraacute pura de la infeccioacuten

183 Damon es uno de los primeros y maacutes importante escritores griegos sobre muacutesi-ca un pupilo de Proacutedico y tutor de Pericles muy estimado por Soacutecrates y Platoacuten Se dice que fue eacutel quien inventoacute el lsquorelajado modo lidiorsquo (The Oxford Classical Dictio-nary pg 311) 184 En su comentario J Adam dice ldquoEsta famosa seccioacuten describe con encendido lenguaje como el del Banquete el ideal del arte de Platoacuten No desea desterrar el arte tal como a veces se sostuvo sino maacutes bien lo idealiza llevando a cabo mdashseguacuten eacutel creiacuteamdash su reconcialicioacuten con la belleza y la verdad Platoacuten fue sin duda injusto en la aplicacioacuten de su principio a algunos de los artistas y poetas griegos pero en siacute mismo su ideal mdashel amor de la belleza espiritualmdash es aquel al que el arte mejor y maacutes perdurable procura ajustarse siempre consciente o inconscientementerdquo (pg 165)

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sensual Nuestro razonamiento acerca de la muacutesica toca a su fin ya que el fin de la muacutesica es el amor de lo bello

403c-405a Tratemos ahora el tema del entrenamiento fiacutesico Podemos

con toda seguridad confiar la tarea de hacer reglas especiacuteficas a las inteligen-cias que nosotros instruimos y contentarnos nosotros mismos con trazar los lineamientos Todo tipo de exceso o satisfaccioacuten de los propios deseos en co-mer beber y los otros apetitos debe ser prohibido La gimnasia debe ser simple como su hermana muacutesica Complejidad en el primer caso ocasiona enfermedad en el otro vicio de suerte que los doctores y los jueces se elevan en la estimacioacuten puacuteblica y las artes de la habilidad judicial y de la medicina adquieren enorme importancia

405a-410a Es sentildeal de una mala educacioacuten cuando se necesitan meacutedicos

y jueces de primera maacutes vergonzoso auacuten el enorgullecerse en eludir el casti-go de la maldad con la ayuda de subterfugios legales Deberiacuteamos tambieacuten avergonzarnos de acrecentar la terminologiacutea de la medicina por causa de un geacutenero de vida muelle No fue asiacute con la ciencia meacutedica en tiempos de Home-ro aunque Heroacutedico185 ha inventado ahora un nuevo tipo de tratamiento cuyo uacutenico resultado es prolongar el proceso de morir Asclepio sabiacutea maacutes pues eacutel vio que la ocupacioacuten era maacutes que la vida186 Reconocemos este hecho en el caso de artesanos y mecaacutenicos pero Asclepio sabiacutea que el hombre rico tambieacuten tiene ocupaciones que atender y en beneficio tanto de sus pacientes como de su paiacutes rehusoacute tratar enfermedades incurables Las leyendas en sen-tido contrario son falsas No podemos sin embargo prescindir de los docto-res y jueces solo que ellos deben ser buenos doctores y buenos jueces Los facultativos maacutes cualificados son aquellos que ademaacutes de haber aprendido

185 De Heroacutedico de Selimbria nacido en Megara dice Aristoacuteteles lo siguiente ldquoLa excelencia del cuerpo reside en la salud y esta debe ser de tal naturaleza que sea posible servirse del cuerpo sin enfermedades Porque muchos estaacuten sanos al modo de Heroacutedico y a estos ciertamente nadie los considerariacutea felices por su salud a cau-sa de que deben abstenerse de todos o de la mayor parte de los placeres humanosrdquo (Retoacuterica 1361b 4-6 traduccioacuten de Quintiacuten Racionero Biblioteca Claacutesica Gredos Madrid 1990 pg 210) 186 Los Aforismos de Hipoacutecrates se inician con la famosa afirmacioacuten Ὁ βίος βραχὺς ἡ δὲ τέχνη μακρή ldquoLa vida es breve el arte largordquo

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su arte han tenido la experiencia maacutes grande de enfermedad en sus propias personas pero nadie cuya alma no ha sido inmaculada puede ser un buen juez Nuestros jueces deben ser ancianos y obtener su conocimiento del cri-men por ciencia y no por experiencia personal El juez vicioso no puede re-conocer al inocente cuando lo ve Jamaacutes el vicio conoceraacute la virtud pero la virtud puede ser ensentildeada a conocer tanto al vicio como a siacute misma Nuestros doctores permitiraacuten morir a aquellos fiacutesicamente incurables a los incurables moralmente nuestros jueces daraacuten muerte

410a-412b Pocas veces nuestros joacutevenes necesitaraacuten la ayuda de jueces

y doctores gracias a su educacioacuten en muacutesica y gimnasia187 Ellos se dedicaraacuten a ambas artes maacutes con el objetivo de cultivar el alma que el cuerpo La dedi-cacioacuten exclusiva a una de las dos hace a los hombres en un caso recios y fie-ros y en el otro delicados y suaves Los elementos psicoloacutegicos del espiacuteritu y el amor del conocimiento deben armonizarse entre siacute La muacutesica y la gimna-sia tienen por fin llevar a cabo esta armonizacioacuten y el exceso o deficiencia en cualquiera de estos dos agentes educativos se reflejan a siacute mismos en las fa-ses moacuterbidas y degenerativas del caraacutecter Aquel que puede de la mejor ma-nera combinar la muacutesica con la gimnasia es el verdadero muacutesico debemos proporcionar a nuestra ciudad un hombre de tales condiciones si ella ha de perdurar (σῴζεσθαι)188

412b-414b Tenemos aquiacute las normas generales de la educacioacuten

(παιδείας) y su sistema de vida (τροφῆς) Queda por inquirir lsquoiquestcuaacuteles de los guardianes han de ser nuestros gobernantesrsquo189 El mayor debe gobernar al maacutes joven y el mejor al peor Ahora bien los mejores guardianes son aque-llos que maacutes aman a su paiacutes y se ocupan de sus intereses Nosotros haremos

187 El objetivo y el principio baacutesico del sistema educacional de Platoacuten ya descrito se define entonces por su combinacioacuten de mansedumbre y fuerza es decir sensibili-dad y valentiacutea actividad intelectual y constancia moral Asiacute lo define J Adam quien antildeade ldquoSe trata de un ideal en el que las virtudes distintivas de Atenas y Esparta mdashde Grecia y Romamdash estaacuten unidas y transfiguradasrdquo (pg 184) 188 El objetivo no estaacute solo en evitar que fracase el proyecto de constitucioacuten sino que al mismo tiempo lsquose salversquo es decir perdure en el tiempo 189 ldquoSi se exceptuacutea la alusioacuten pasajera de 389c esta es la primera aparicioacuten de los gobernantes en el estado de Platoacutenrdquo (J Adam pg 189)

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nuestra seleccioacuten bajo este principio y debemos entrenar adicionalmente a quienes hemos seleccionado y ver si su patriotismo estaacute a prueba de todo tipo de influencias seductoras Toda opinioacuten (δόξης) o conviccioacuten (δόγματος) verdaderas mdashy la conviccioacuten en la que se apoya el patriotismo es verdade-ramdash como toda otra cosa que llamamos buena es descartada de mala gana pero puede ser expulsada a viva fuerza por la persuacioacuten o el olvido por el dolor el placer y cosas parecidas Aplicaremos estos exaacutemenes para probar a nuestros guardianes Los que salgan airosos llegaraacuten a ser nuestros gobernan-tes190 Ellos son los lsquoguardianes perfectosrsquo (φύλακας παντελεῖς) los otros deberiacutean ser llamados lsquoauxiliaresrsquo (ἐπικούρους)191

414b-415d Para establecer todas estas regulaciones en la ciudad debe-

mos recurrir a una falsedad heroica192 Le diremos a los ciudadanos que ellos estaban solamente sontildeando cuando creiacutean que ellos estaban siendo entrena-dos por nosotros En realidad ellos estaban siendo moldeados y nutridos en el seno de la Tierra ellos y todos sus pertrechos de modo que estaacuten en la obligacioacuten de defender a su paiacutes como a la madre y a considerar a sus con-ciudadanos como a hermanos nacidos de la Tierra193 Antildeadiremos que mien-tras creaba algunos para ser gobernantes Dios mezcloacute oro en su substancia puso plata en los auxiliares hierro y cobre en los labradores y artesanos Los ciudadanos engendraraacuten en su mayor parte hijos semejantes a ellos pero vaacutes-tagos de plata procederaacuten aveces del oro y de oro procedentes de los de plata u otra combinacioacuten semejante Es la obligacioacuten primera y principal de los go-

190 El texto original estaacute redactado en singular mdashcomo si se tratara tal vez de un solo gobernantemdash pero me parece claro que su sentido general alude a una plurali-dad de individuos 191 De aquiacute en adelante como recuerda J Adam se usa la expresioacuten lsquoauxiliaresrsquo cuando desea aludir especiacuteficamente a la segunda clase de los ciudadanos lsquoGuar-dianesrsquo sigue siendo el teacutermino general que incluye tanto a los lsquogobernantesrsquo como a los lsquoauxiliaresrsquo 192 Este seraacute un relato con caraacutecter de leyenda (mythos) acerca de los habitantes au-toacutectonos no hecho para engantildear mdashcomo pudiera parecer a primera vistamdash sino para nutrir las convicciones de los ciudadanos guardianes de la ciudad acerca de la constitucioacuten originaria superior de sus naturalezas 193 Es difiacutecil encontrar un pueblo que no tenga un cierto ldquomitordquo o relato legendario (μῦθος) originario acerca de su existencia como nacioacuten Por muy extravagante que esa historia pueda parecer piensa aquiacute Platoacuten puede que sea aceptada con el tiem-po (415c)

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bernantes el relegar y degradar a los hijos al interior de sus propias clases presentando como excusa un oraacuteculo conforme al que la ciudad pereceraacute cuando sea el guardiaacuten de hierro o el de cobre el que la guarde Puede ser imposible el convencer a la primera generacioacuten de nuestros ciudadanos acer-ca de la verdad de esta faacutebula (μῦθον) pero su posteridad podriacutea admitirla

415d-417b Nuestros gobernantes y auxiliares tendraacuten un lugar para

acampar (στρατοπεδεύεσθαι) dentro de la ciudad194 para controlar a los ciudadanos que se niegan a obedecer a las leyes y defenderse contra los enemigos externos Su educacioacuten les impediraacute atacar a otros con tal que dis-pongamos como corresponde sus necesidades de vivienda y enseres Les asignaremos una propiedad comuacuten y casas asiacute como comidas comunes co-mo si estuvieran en campantildea que han de proporcionar los otros ciudadanos en retribucioacuten de su proteccioacuten195 Debe prohibiacutersele el uso del oro y de la plata a nuestros guardianes196

Libro Cuarto 419a-423b Adimanto ahora interviene con la objecioacuten de que no se hace

nada felices a los guardianes197 Aunque en realidad ellos son los sentildeores de

194 Los gobernantes ldquoacampanrdquo ldquose estacionanrdquo en una suerte de cuartel Se hace hincapieacute en la sencillez espartana en que deben vivir los guardianes cuya funcioacuten es tanto de gobierno como de defensa 195 Se enfatiza el tipo de vida especial que distingue a los guardianes ldquoAl final del libro 3 y nuevamente en el libro 5 se deja en claro que los guardianes tienen un modo muy diferente de vida que la de los productores y que ellos son criados edu-cados y alojados en una parte diferente de la polis (415d 6-e 4 460c 1-d7) Parece que los que producen poseen un tipo de vida tradicional basado en la familiardquo (C D C Reeve Philosopher-Kings pg 184) 196 ldquoPlatoacuten mdashdice J Adam pg 197mdash puede haber estado pensando en ciertas insti-tuciones espartanas y pitagoacutericas cuando formuloacute algunas de las regulaciones de esta seccioacuten pero su comunismo para la clase dirigente es mucho maacutes completo que ninguno del tipo anterior a su eacutepocardquo Luego antildeade ldquoEl objetivo principal de Platoacuten es por supuesto el impedir la formacioacuten de intereses privados capaces de competir con las exigencias de una obligacioacuten puacuteblicardquo ( pg 199) 197 Un ldquoeco agonizanterdquo de la objecioacuten de Trasiacutemaco de que un gobernante deberiacutea gobernar en su propio provecho (J Adam pg 205)

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la ciudad no tienen nada que puedan llamar propio ninguno de los factores que contribuyen a una satisfaccioacuten de caraacutecter individual o personal En res-puesta no se acepta que los guardianes vayan a ser infelices pero incluso suponiendo que lo son nuestro propoacutesito fue no el hacer felices a los guar-dianes sino el hallar una ciudad feliz para descubrir la justicia al interior de sus fronteras198 Nuestros guardianes no deben hacerse felices a costa de la eficiencia en su obligacioacuten peculiar La riqueza es praacutecticamente tan desfavo-rable para el ejercicio de las artes y las profesiones como la pobreza Cuando nuestra ciudad estaacute en guerra con dos comunidades no le faltaraacuten recursos porque ella haraacute alianza con una de las dos prometieacutendole la riqueza de la otra Ni estaraacute nuestra ciudad en peligro por parte de su aliado despueacutes Los otros estados son por separado no uno solo sino muchos199 y nuestra ciudad si ella tiene no maacutes que un millar de defensores es el maacutes grande estado in-dividual entre los griegos o los baacuterbaros

423b-424c Nuestra ciudad no debe desarrollarse maacutes allaacute de los liacutemites

esenciales para su unidad200 Seraacute obligacioacuten de los guardianes el poner aten-cioacuten a su crecimiento asiacute como el asignar los nintildeos a sus clases propias en el estado201 Estas y otras obligaciones similares seraacuten faacuteciles si nuestro curricu-

198 La felicidad o infelicidad individual estaacute en iacutentima conexioacuten con la del conglo-merado ciacutevico Por eso se dice que ldquo debido a que la felicidad individual es solo asequible con seguridad en una polis establemente feliz debemos preocuparnos por maximizar la felicidad de la polis en su conjunto y no tratar de dar a los individuos el tipo de felicidad que es inconsistente con la vida poliacuteticardquo (C D C Reeve Philoso-pher-Kings pg 200) 199 Se busca un polis que sea unitaria en su estructura interna mediante las virtudes en especial por el dominio de la justicia Las otras ciudades mdashque no son la que aquiacute se estaacute conformandomdash sufren las divisiones internas y por eso incluso separada-mente no son un solo estado sino muchos y al menos dos ciudades coexisten en ellas la de los pobres y la de los ricos (422e) 200 ldquoComo todo organismo natural deberiacutea crecer hasta los liacutemites prescritos para eacutel por la naturaleza pero Platoacuten la concibioacute incluso en su madurez como relativa-mente pequentildeardquo (J Adam pg 213) se evita toda idea de artificialidad o crecimiento inorgaacutenico 201 Estas asignaciones tienen en vista el principio de la distribucioacuten del trabajo por el que cada cual realiza la actividad para la que estaacute naturalmente dotado En esas circunstancias se supone que al atender un solo oficio se entrega tambieacuten su aporte a la conservacioacuten de la unidad en la ciudad evitando su divisioacuten De ahiacute que por otra parte ldquolsquola reciprocidad de servicios y funcionesrsquo entre las tres clases es el ver-

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lum educacional es sostenido resueltamente y se haraacute evidente con rapidez que el principio de comunidad deberiacutea tambieacuten ser aplicado al matrimonio y la procreacioacuten Asiacute nuestros ciudadanos mejoraraacuten a medida que una gene-racioacuten sucede a la otra Debemos prohibir todo tipo de innovaciones en muacutesi-ca y gimnasia porque tienen la virtud de producir el cambio poliacutetico202

424d-427a Nuestros guardianes deben por sobre todas las cosas preca-

verse de los cambios en la educacioacuten musical Las innovaciones musicales incluso si son sancionadas solo como cosa de juego se dejan sentir pronto en cada aspecto de la vida privada y puacuteblica de la ciudad Debe infundirse el espiacuteritu de la ley y de la virtud en los nintildeos incluso en sus pasatiempos Por esta razoacuten no deberiacuteamos desatender a los detalles de vestimenta y modales aunque no se exijan para ello estatutos especiales pero se conformaraacuten faacutecil-mente con el espiacuteritu de nuestras reglas acerca de la educacioacuten203 Muchos otros puntos individuales pueden dejarse con toda seguridad a nuestros guardianes que Dios les conceda la preservacioacuten de nuestras leyes de otra manera en vano pasaraacuten leyes sobre leyes actuando de un modo parecido a aquellos que esperan curar de sus enfermedades mediante un cambio conti-nuo de medicinas Como nada beneficiaraacute a tal tipo de hombres a no ser un completo cambio en sus haacutebitos asiacute solo una revolucioacuten curaraacute un estado en situacioacuten similar Tales ciudades honran y envanecen a los hombres que atienden a sus deseos pero el verdadero estadista no se preocupa de cortar la Hidra204 En una ciudad mala una legislacioacuten insignificante es inuacutetil en una buena superflua

dadero fundamento de la ciudad de Platoacuten la que estaacute lejos de ser una unidad indi-ferenciadardquo (J Adam pg 213) 202 Estas innovaciones en muacutesica corresponden a modificaciones en los lsquomodos mu-sicalesrsquo (τρόποι) Se supone que la muacutesica tiene un poderoso influjo sobre la moral (cf 400d-401a) 203 ldquoFlowers of civilisation must bloom naturally or not at allrdquo (J Adam pg 218) 204 En estas materias un estadista no se preocupa de ldquocortar la cabeza de la Hidra ltde Lernagtrdquo es decir de trabajar en vano De cada cabeza cortada a la Hidra le sur-giacutean dos

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427b-c En todo lo que se relaciona con los templos y el culto religioso asiacute como los oficios consagrados a los muertos Apolo el guiacutea de nuestros padres y por cierto de toda la humanidad nos dirigiraacute205

427d-429a Se da por fundada la ciudad iquestDoacutende estaacute entonces la justi-

cia doacutende la injusticia iquestEn queacute difieren y cuaacutel es esencial a la felicidad Abordemos la cuestioacuten de la siguiente manera Nuestra ciudad es perfecta-mente virtuosa y por consiguiente debe ser sabia valerosa moderada y jus-ta206 Si descubrimos tres de esos elementos en la ciudad el resto seraacute el cuar-to

Tomemos primero la sabiduriacutea (σοφία)207 No es el conocimiento teacutecnico o destreza de las clases inferiores la que hace sabia a nuestra ciudad sino maacutes bien el conocimiento que delibera por los intereses de la totalidad de la ciu-dad Ahora bien ese conocimiento estaacute personificado en los gobernantes Ellos forman la seccioacuten maacutes pequentildea del estado pero es con todo en virtud de su presencia que llamamos sabia a toda la ciudad208

205 No queda maacutes que decir acerca de las regulaciones humanas pero en cuanto a las divinas el primero de los estatutos legales (νομοθετημάτων) se consagra a Apo-lo el dios guiacutea (ἐξηγετὴς) que por presidir desde su asiento sobre el ldquoombligo de la Tierrardquo (en el santuario de Delfos) simboliza el acto fundacional de la ciudad como entidad teluacuterica con habitantes autoacutectonos y en conexioacuten con su dios patrono Apo-lo ademaacutes mdashsin olvidar a Dionisomdash es la divinidad maacutes cercana al espiacuteritu socraacuteti-co 206 Se enuncia aquiacute la doctrina de las cuatro virtudes cardinales que se supone son aquellas que sostienen la perfeccioacuten moral de los individuos de la ciudad ideal y que confieren al mismo tiempo un soacutelido fundamento a la ciudad como entidad constitucional Ver Leyes 630d ss 207 Cuando se enuncian las virtudes cardinales se habla maacutes de lsquoprudenciarsquo que de lsquosabiduriacutearsquo de ahiacute la correcta inferencia de J Adam (pg 225) de que la sophiacutea descri-ta aquiacute significa phroacutenesis en su aplicacioacuten a la poliacutetica (cf 433b-c) No es el conoci-miento metafiacutesico de la Idea del Bien 208 De acuerdo con J Adam una ciudad es sabia anaacutelogamente a como es sabio un individuo al que con facilidad llamamos sabio aunque estriacutectamente hablando se es sabio solo en razoacuten del elemento logistikoacuten mdashracionalmdash que hay en eacutel ldquoCompa-rando 443c ss continuacutea observamos que la ciudad es sabia porque sus gobernantes son sabios y sus gobernantes son sabios porque su logistikoacuten es sabio En otras pala-bras la sabiduriacutea del logistikoacuten es la unidad a partir de la cual se construye la sabi-duriacutea de toda la ciudadrdquo (ibid pg 227 ) El logistikoacuten es el elemento razonable en el alma su facultad razonadora

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429a-430c La virtud de la valentiacutea (ἀνδρεία) residiraacute en la clase guerre-

ra209 Es debido a su valor que llamamos valiente a la ciudad pues el caraacutecter general de la ciudad como un todo no puede ser determinado por ninguacuten tipo de valentiacutea o cobardiacutea presente entre las otras Los soldados a pesar de todo tipo de tentacioacuten continuaraacuten leales a los principios asentados por la ley concernientes a queacute deberiacutea ser temido y queacute no y ellos lo haraacuten asiacute con mayor resolucioacuten porque su entrenamiento musical y gimnaacutestico ya los ha preparado para la legislacioacuten en cuestioacuten En la preservacioacuten de esos princi-pios es que consiste la valentiacutea de una ciudad un tipo de valentiacutea que es dis-tinto de la virtud correspondiente en los animales inferiores y en los esclavos porque su base estaacute en la educacioacuten210 En otra ocasioacuten podemos discutir la virtud de la valentiacutea maacutes extensamente pero esto es suficiente para nuestro propoacutesito actual

430d-432a En tercer lugar examinamos la templanza (σωφροσύνη) Es-

ta virtud se asemeja a un tipo de lsquoarmoniacutearsquo o acuerdo mutuo A menudo se la explica como lsquoautodominiorsquo (ἐγκράτεια) Este dominio de siacute mismo significa que lo mejor de siacute mismo gobierna lo peor y esto es con seguridad verdadero de nuestra ciudad ya que en ella lo superior controla lo inferior y los deseos

209 En el diaacutelogo de su nombre Laques se dice que la valentiacutea consiste en ldquouna cier-ta firmeza del almardquo (karteriacutea lsquoconstancia de aacutenimorsquo La 192b-c) y en el diaacutelogo no hay evidencia de aceptacioacuten por parte de Soacutecrates Pero en Repuacuteblica Platoacuten le hace lugar en su relato acerca del valor (T Irwin Platos Moral Theory Oxford 1982 (1977) pg 198) ldquoA brave man retains his belief that this is a brave action and acts on his belief despite pleasures pains fears and appetites (429c7-d2 429e7-430b5)rdquo 210 La virtud tiene una sustentacioacuten epistemoloacutegica de manera que ella no alcanza su real consistencia en un individuo cuando estaacute ausente un saber equivalente a la verdad La recta opinioacuten no sustenta virtud perfecta alguna de modo que no se le puede dar en este caso el nombre propio de valor a una disposicioacuten que carece de educacioacuten (ἄνευ παιδείας) Se trata aquiacute de una andreiacutea politikḗ (430c) puesto que es una valentiacutea de los soldados de la ciudad que estaacute basada en la recta opinioacuten (cf J Adam pgs 231-32 ldquoThe whole of this section is important because it emphatically reafirms the principle that courage as well as the other virtues enumerated here rests on ὀρθὴ δόξα and not on ἐπιστήμη)rdquo Esta formulacioacuten tendraacute su plena manifestacioacuten en la representacioacuten de la Caverna donde se compara nuestro estado actual con la situacioacuten en que se halla nuestra naturaleza con respecto a la educacioacuten y a la falta de ella (ἀπαιδευσίας) La con-templacioacuten de la verdad y del bien lleva a las virtudes a su perfeccioacuten

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irracionales de los muchos inferiores estaacuten sometidos a los deseos racionales de los pocos virtuosos Ademaacutes nuestros ciudadanos estaacuten en mutuo acuer-do acerca de quien gobernaraacute y quien seraacute gobernado de modo que la tem-planza estaacute presente tanto en los gobernados como en los gobernantes im-pregnando la ciudad toda para que cante al uniacutesono y volvieacutendola conforme a siacute misma211 Podemos definir la templanza como esta concordia (ὁμόνοια) entre lo que es naturalmente mejor y lo naturalmente peor un acuerdo (συμφωνία) sobre la cuestioacuten de quieacuten deberiacutea gobernar212

432b-434c iquestDoacutende estaacute entonces la justicia213 Debemos poner atencioacuten

para que no se nos escape Soacutecrates sin dilacioacuten exclama que eacutel ha encontado el rastro214 La justicia es el principio215 que establecimos en el comienzo a

211 Se afirma que esta concordia (ὁμόνοια homoacutenoia) de la ciudad en su conjunto es templanza A diferencia de la valentiacutea y la prudencia que pertenecen propiamente a los guardianes y son ellos los que hacen valiente y prudente a la ciudad entera la templanza se extiende (παρείχετο) es decir impregna la totalidad de la ciudad en cuanto que se supone que todos los ciudadanos participan propiamente de ella Este aspecto es esencial pues se trata mdashen relacioacuten con la virtud de la templanzamdash del acuerdo de toda la ciudad acerca de quienes gobiernan y quienes obedecen y es en razoacuten de la extensioacuten de la templanza a todos los niveles de la ciudad que puede haber acuerdo entre todos acerca de este crucial asunto Quizaacutes haya una reminis-cencia de ello en el texto de san Agustiacuten pax ciuitatis ordinata imperandi atque oboedi-endi concordia ciuium ldquola paz de la ciudad consiste en la concordia ordenada de los ciudadanos en mandar y obedecerrdquo (Ciudad de Dios XIX 13) 212 Platoacuten supone que la templanza sentildeala la concordancia de todas las partes de la ciudad al modo de un acorde musical (symphoniacutea) En el Banquete se habiacutea sentildealado que ldquola armoniacutea es una suerte de consonancia (συμφωνία) y una consonancia es una suerte de conformidadrdquo (187b) Cf Cratilo 405b Debe recordarse por otra parte que ldquoal hablar de sophrosyne Platoacuten usualmente distingue solo entre dos clases go-bernantes y gobernadosrdquo (J Adam pg 236) 213 El problema principal acerca de la justicia es claramente socraacutetico como afirma T Irwin ldquose espera que una explicacioacuten sobre la justicia muestre lo que Soacutecrates da por sentado es decir que la justicia es una virtud y por consiguiente contribuye a la felicidad Platoacuten defiende la propuesta del Critoacuten de que la justicia beneficia al alma y la injusticia la dantildea Los libros II y IV podriacutean ser tratados como una inves-tigacioacuten socraacutetica de tipo corriente que elabora argumentos similares en el Gorgiasrdquo (op cit pg 178) 214 Para otros ejemplos de esta comparacioacuten ver Leyes 654e Parmeacutenides 128c Lisis 218c 215 El teacutermino lsquoprincipiorsquo (que no estaacute en el texto original) es un modo de explicar lsquoaquello que -mdashal fundar la ciudad-mdash se debe hacer en toda circunstanciarsquo (433a) es decir es una suerte de condicioacuten necesaria para la existencia de la ciudad

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saber que cada individuo realiza solo aquella funcioacuten para la que eacutel estaacute na-turalmente mejor dotado En otras palabras la justicia es en un cierto senti-do lsquoel realizar cada cual lo propiorsquo216 Cuatro consideraciones apuntan a esta conclusioacuten En primer lugar para hacer que las otras tres cobren vigor es que necesitamos una cuarta virtud y es justamente la divisioacuten de tareas de acuer-do con la capacidad natural la que hace posible las otras tres virtudes En segundo lugar este es el uacutenico principio que puede ser comparado con las otras tres virtudes en relacioacuten con el beneficio que confiere al estado y la jus-ticia debe ser comparable a ellas en este respecto Tercero es por este princi-pio que los gobernantes dirigiraacuten sus decisiones judiciales y la justicia es el principio por el que nuestros gobernantes juzgan Por uacuteltimo la violacioacuten de este principio obra el dantildeo maacutes grande en la ciudad217 y eso es lo que hace la injusticia de modo que el principio mismo es ideacutentico con la justicia

434d-435a Adimanto estaacute de acuerdo pero Soacutecrates va a esperar hasta

que eacutel haya descubierto la justicia en el hombre aseguraacutendose por adelanta-do de que eacutel tiene la razoacuten Estaremos satisfechos si las caracteriacutesticas de la justicia son las mismas en el hombre y en el estado

435a-435d El punto que se ha de determinar es el siguiente iquestHay tres

formas (εἴδη) psicoloacutegicas o tipos en el alma del individuo (τὸν ἕνα) que co-rresponden a los tres oacuterdenes (τριττὰ γένη) en nuestra ciudad iquestY es el indi-viduo temperado valiente sabio y justo en virtud de las afecciones corres-pondientes de esos tipos Nuestros presentes meacutetodos de investigacioacuten estaacuten careciendo de exactitud pero ellos bastan para nuestro objetivo inmediato

216 Que en otras palabras significa que cada cual se ocupe en la realizacioacuten de su oficio propio en la ciudad el que corresponde a su naturaleza Todo esto en la misma medida redundaraacute en un beneficio mayor de la ciudad 217 Cuando por ejemplo ldquoun carpintero realice actividades de zapatero o un zapa-tero las del carpinterordquo (434a) no se produce un dantildeo grave a la ciudad pero siacute cuando un artesano intenta ingresar en la clase de los guerreros El problema estaacute en consecuencia cuando se lesiona el caraacutecter especiacutefico de cada una de las clases de la ciudad Mediante estas praacutecticas lesivas del orden del Estado piensa Platoacuten se termina por crear una lsquoinjerencia indiscretarsquo (polypragmosyne lsquoentrometimientorsquo) entre los tres geacuteneros de ciudadanos Esta es para Platoacuten la ldquolesioacuten maacutes granderdquo que se puede inferir al estado pues disuelve el fundamento mismo de la justicia como actividad de lo propio

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435e-439e La presencia de tres tipos (εἴδη) o caracteres (ἤθη) en la ciu-dad establece la existencia de los mismos caracteres en el individuo pero la pregunta es iquestexisten en eacutel como tres elementos separados o no iquestEmpleamos la totalidad del alma en cada acto psiacutequico o aprendemos con una parte sen-timos enojo con una segunda deseo con una tercera Al examinar este asun-to comenzamos por sostener que la misma cosa no puede hacer o padecer opuestos al mismo tiempo en la misma parte de siacute misma y con referencia a la misma cosa218 Esta norma es de aplicacioacuten universal podriacutea haber excep-ciones aparentes pero jamaacutes reales219 El deseo y la aversioacuten son opuestos y el hambre y la sed son dos variedades especiacuteficas del deseo relacionadas con la comida y la bebida consideradas en forma absoluta y categoacuterica Ahora bien aveces sucede que tenemos sed y no tenemos deseo de beber en otras palabras experimentamos a la vez deseo y aversioacuten Pero el deseo y la aver-sioacuten son opuestos Ellos deben en consecuencia proceder de diversos ele-mentos psiacutequicos La verdad es que en tales casos es un aspecto (τι)220 del alma lo racional (λογιστικὸν) el que nos refrena (κωλῦον) y otro el irracio-nal y apetitivo ( ἀλογιστικὸν τε καὶ ἐπιθυμητικόν) el que nos ordena beber

439e-441c Hay todaviacutea un tercer elemento o aspecto del alma que po-

demos llamar el elemento apasionado o impetuoso (θυμοειδές) Es distinto del elemento apetitivo con el que ciertamente frecuentemente lucha Su fun-cioacuten es sostener el aspecto racional del alma En un hombre de caraacutecter noble el elemento impetuoso estaacute quieto o al contrario de acuerdo con las oacuterdenes

218 Rep 436b 219 En 436b 12 estaacute ldquothe earliest explicit statement in Greek literature of the maxim of Contradiction cf Theaet 188A Phaed 102E 103B Sph 230 B and infra X 602 Erdquo (J Adam pg 247) 220 Literalmente ldquoalgordquo ldquouna cierta cosardquo (cf 439b) En lo que respecta a las ldquopar-tesrdquo del alma Platoacuten usa una terminologiacutea bastante libre Pero el uso de eidos (en su significado de lsquotiporsquo lsquoespeciersquo) en ciertos momentos de mayor precisioacuten (cf 435b-c 437c1 439e2 440e9) parece indicar su preocupacioacuten por evitar divisiones de un ca-raacutecter real en el alma Por lo general se considera al alma como un todo unitario acerca de la que sin embargo se predican en este caso tres aspectos o tipos de sub-sistencia psicoloacutegica diferentes acordes con los tipos o clases de individuos que conviven en la ciudad Incluso es uacutetil recordar que el significado de lsquoaspectorsquo con-viene bien con lsquoformarsquo en cuanto esta uacuteltima sentildeala algo que se presenta a la vista o consideracioacuten de alguien

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de la razoacuten No debe sin embargo ser identificado con la razoacuten221 ya que estaacute presente en los nintildeos y en los animales inferiores mientras que la razoacuten no lo estaacute Homero incluso reconoce que los dos elementos son diferentes

441c-443b Vemos asiacute que el alma contiene en siacute misma los mismos ti-pos o elementos que nuestra ciudad222 Se sigue que el individuo es sabio valiente etc del mismo modo y en virtud de los mismos elementos internos Somos por consiguiente justos cuando cada uno de nuestros factores psico-loacutegicos realiza su propio trabajo223 La razoacuten deberiacutea gobernar con el elemen-to impetuoso como su obediente aliado y ambos juntamente armonizados por la muacutesica y la gimnasia controlaraacuten el deseo (τοῦ ἐπιθυμητικοῦ) y vela-raacuten (φυλαττοίτην)224 contra los enemigos externos del alma y el cuerpo El individuo es valiente en virtud del elemento apasionado si a pesar del sufri-miento y el placer este continuacutea siendo exhortado (παραγγελθὲν) por los mandatos de la razoacuten en referencia a lo que deberiacutea o no deberiacutea ser temido sabio a causa de la funcioacuten (μέρει)225 del alma que gobierna y conoce mode-rado mediante la armoniacutea del gobernado y el gobernante sobre la cuestioacuten de quieacuten ha de gobernar y justo en virtud de nuestro muchas veces repetido principio Podemos examinar nuestro punto de vista sobre la justicia por va-

221 El teacutermino griego utilizado es logismoacutes con el sentido general de lsquocaacutelculorsquo lsquorazo-namientorsquo Por otra parte el elemento lsquoimpetuosorsquo ndashthymoeidḗsmdash se suele traducir por lsquoirasciblersquo Es como lo puntualiza J Adam (pg 255) ldquoel sentimiento de indigna-cioacuten moral ante todo malrdquo 222 ldquoCon estas declaraciones dije yo hemos hecho praacutecticamente la navegacioacuten y se ha producido entre nosotros un razonable acuerdo de que las mismas clases que existen en la ciudad y en el mismo nuacutemero se dan tambieacuten en el alma de cada indi-viduordquo (441c traduccioacuten de G Goacutemez Lasa) Esta es una doctrina fundamental de la Repuacuteblica por la que se sostiene la correspondencia entre la ciudad y el alma 223 Rep 441d 12- e 2 ldquoAsiacute pues hemos de tener presente que cada uno de nosotros seraacute solo justo y haraacute eacutel tambieacuten lo propio suyo en cuanto cada una de las cosas que en eacutel hay haga lo que le es propiordquo (trad Paboacuten Frenaacutendez Galiano) 224 Los dos elementos superiores realizan tambieacuten en el alma una funcioacuten equiva-lente a la de los guardianes en la ciudad 225 El teacutermino griego meros significa lsquopartersquo lsquoporcioacutenrsquo ahora bien cada parte del todo del alma realiza una lsquofuncioacutenrsquo que le es maacutes propia Hay modismos en griego que apoyan un sentido semejante para meros como es el caso de ὑμέτερον μέρος (Laques 180a) cuyo sentido aproximado podriacutea ser ldquoes funcioacuten vuestrardquo ldquoes cosa vuestrardquo

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rias pruebas derivadas de la connotacioacuten popular de la palabra y encontra-remos que estamos en lo correcto

443b-444a Teniacuteamos la razoacuten entonces cuando suponiacuteamos que la jus-

ticia226 en una cierta proporcioacuten estaba con nosotros desde un principio cuando nuestra ciudad fue fundada Pero el principio de que cada cual debe-riacutea hacer no maacutes que su trabajo profesional es en realidad solo una represen-tacioacuten (εἴδωλον) de la justicia La justicia verdadera atantildee al hombre interior y consiste en el desempentildeo (πρᾶξιν) de su oficio propio y peculiar por parte de cada uno de los tres elementos al interior del alma Esto es lo que produce la unidad espiritual y la unidad espiritual se muestra a siacute misma en actos efectivos (πράττειν) Podriacuteamos afirmar ahora que hemos descubierto la jus-ticia tanto en la ciudad como en el individuo

444a-444e La injusticia como cada variedad del vicio implica sedicioacuten

(στάσιν) y confusioacuten (πολυπραγμοσύνην) entre las partes del alma227 Es enfermedad (νόσον) espiritual deformidad y debilidad228 mientras que la

226 Esta seccioacuten como recuerda J Adam estudia la relacioacuten existente entre la virtud ciacutevica y la individual ldquoAunque hemos descubierto dice la segunda mediante la primera es la virtud del alma la uacutenica originaria la otra seguacuten su aparente expre-sioacuten no es sino una copia Toda verdadera virtud por consiguiente descansa en la psicologiacutea todaviacutea no como en VI y VII en el conocimiento metafiacutesico de la Idea del Bien Ahora es cuando el significado total de la ciudad de Platoacuten (lsquola ciudad es-tablecida conforme a la naturalezarsquo) se manifiesta Es una repuacuteblica cuyas institu-ciones y cuya vida poliacutetica son la expresioacuten externa o personificacioacuten de la verdade-ra e incorrupta naturaleza del alma considerada en exacta verdad como un lsquoretontildeo no terrestre sino celestersquo (Tim 90A) De aquiacute surgen los tres oacuterdenes de la ciudad de aquiacute tambieacuten cada orden realiza su accioacuten propia ya que es parte de la lsquonaturalezarsquo del alma el lsquohacer las cosas propias de siacute mismarsquo y la lsquoocupacioacuten indiscreta en asun-tos ajenosrsquo (πολυπραγμονεῖν) es la consecuencia de una degeneracioacuten desnaturali-zadardquo (pg 262) 227 Es el momento de hablar acerca de la injusticia aunque Platoacuten se limita aquiacute a hacer de ella una presentacioacuten general Luego en los libros VIII y IX trataraacute el tema en propiedad 228 Rep 444d rdquoY el producir salud es establecer los elementos que existen en el cuerpo de manera que dominen o sean dominados entre siacute seguacuten la naturaleza (κατὰ φύσιν) y el producir enfermedad el que manden o sean mandados entre siacute en contra de la naturaleza (παρὰ φύσιν)rdquo (trad G Goacutemez Lasa con mis pareacutentesis) La terminologiacutea seguacuten naturaleza y contra naturaleza juega aquiacute un papel importante en la clasificacioacuten del significado de lsquoenfermedadrsquo y como se ve tiene su parte tam-bieacuten en la produccioacuten de la justicia y la injusticia y las demaacutes virtudes

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virtud es lo contrario Los sistemas de vida (ἐπιτηδεύματα)229 virtuosos pro-mueven la virtud los viciosos el vicio

444e-445e Queda por investigar si la justicia es mejor que la injusticia

En cuanto a la injusticia como una enfermedad del alma Glaucoacuten estaacute pronto a declarar en favor de la justicia pero Soacutecrates quisiera examinar el asunto con maacutes cuidado Hay cuatro variedades de vicio que merecen investigacioacuten tanto en las ciudades como en los individuos Examineacutemoslas en orden230 La repuacuteblica (πολιτεία) perfecta que hemos descrito podriacutea llamarse reino (βασιλεία) o aristocracia (ἀριστοκρατία) seguacuten que haya uno o maacutes gober-nantes231 Glaucoacuten asiente

Libro Quinto 449a-451c Soacutecrates estaacute a punto de iniciar una descripcioacuten de los dife-

rentes tipos de gobiernos corruptos cuando Adimanto incitado por Polemar-co y apoyado por Glaucoacuten y Trasiacutemaco le exigen una explicacioacuten maacutes com-pleta acerca de la comunidad de esposas e hijos y de los ordenamientos para la generacioacuten y educacioacuten de la prole232 Soacutecrates se manifiesta renuente no solo porque se dudaraacute si su esquema es practicable o conveniente sino por-que eacutel mismo estaacute inseguro de su fundamento y poco dispuesto a implicar a sus amigos en un posible desconcierto Finalmente luego de aplacar a Adras-

229 Cf Fedro 233d Leyes 793d 230 Los modos diversos de gobierno se corresponden con los modos diversos de alma A las cuatro variedades de vicio corresponden cuatro variedades de gobierno lo que seraacute revisado extensamente en el libro VIII Luego Platoacuten menciona cinco formas de gobierno siendo la uacuteltima la correspondiente a la repuacuteblica perfecta 231 Se deja abierta la posibilidad de que el gobierno de la ciudad ideal esteacute en ma-nos de uno o de varios individuos pero el criterio del saber mdashcon independencia del nuacutemeromdash terminaraacute por imponerse claramente rdquoknowledge not number is the criterion of good governmentrdquo (J Adam pg 268) 232 En Leyes 794c el intervalo entre generacioacuten y educacioacuten de los nintildeos se estima en seis antildeos nada se dice en Repuacuteblica sobre este tema (ver J Adam pg 277)

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tea233 y de ser eximido de toda culpa se dispone a obedecer a sus deman-das234

451c-452e Hemos declarado al inicio que nuestros hombres iban a ser

por decir asiacute guardianes del rebantildeo Ahora bien el principio de comunidad requiere que nuestros perros guardianes hembras compartiraacuten las obligacio-nes activas de los machos siendo indulgentes con la inferioridad de su fuer-za235 Su educacioacuten debe por consiguiente ser la misma tendraacuten que apren-der muacutesica gimnasia y el arte de la guerra Sin duda que el espectaacuteculo de mujeres especialmente las ancianas ejercitaacutendose desnudas junto con los hombres pareceraacute ridiacuteculo al principio pero seraacute bueno recordar que no hace mucho tiempo incluso el dejarse ver los hombres desnudos para sus ejercicios atleacuteticos pareciacutea vergonzoso y ridiacuteculo Nada es verdaderamente ridiacuteculo a excepcioacuten de lo que es malicioso

452e-456c Establezcamos primero si nuestras propuestas son posibles

mdashen otras palabras si la mujer es naturalmente capaz de compartir las acti-vidades (τὰ ἔργα) del hombremdash todas ellas o ninguna o algunas y en caso que algunas si la guerra es una de esas Podriacutea arguumlirse que lsquola naturaleza del hombre es diferente de la de la mujer se deberiacutea por consiguiente asig-narles diferentes ocupacionesrsquo Un breve anaacutelisis mostraraacute el caraacutecter superfi-

233 Me parece plausible la sugestioacuten de J Adam (pg 278) como aplicada a este pa-saje de considerar a Adrastea mdashuna variedad de Neacutemesismdash en un especial sentido castigadora de las palabras orgullosas Veo por mi parte aquiacute un efecto del temor reverencial que sus propias audaces propuestas le producen a Soacutecrates y un recurso literario del autor Platoacuten para matizar el efecto de sus palabras 234 ldquoComo a menudo encontramos en Platoacuten (ver p e Fedoacuten 84c ss) dice J Adam (pg 274) el nuevo punto de partida es ocasionado por una objecioacuten o por mejor decir una solicitud de informacioacuten adicional hecha por alguno de los interlocuto-resrdquo 235 J Adam (pg 280) observa que la importancia que Platoacuten asigna a las obligacio-nes y entrenamientos comunes a los sexos es parte de una tentativa razonada y de-liberada de la escuela socraacutetica para mejorar la posicioacuten de las mujeres en Grecia Se citan Jenofonte Memorabilia II 2 5 Symposium 2 5 Oeconomicus 312- 15 7 11 ss Platoacuten Banquete 201 d ss y Leyes 780e ss Para la opinioacuten de Antiacutestenes consultar Dioacutegenes Laercio VI 12 ldquouna misma es la virtud (ἀρετή) del hombre y de la mujerrdquo Todo esto estaacute en armoniacutea con el principio fundamental de la ciudad de dar a cada cual el trabajo concordante con su naturaleza (Repuacuteblica II 370 b) es una consecuen-cia entonces del principio de especializacioacuten

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cial y eriacutestico de tal razonamiento La palabra lsquodiferentersquo es ambigua Las na-turalezas pueden diferir sin diferenciarse en absoluto con respecto a los pode-res por los que se desempentildean ciertas ocupaciones (ἐπιτηδεύματα)236 En consecuencia si el hombre y la mujer difieren solo en sexo ellos pueden cada cual desempentildear aquellas ocupaciones en las que el sexo no juega un papel Entre tales ocupaciones estaacuten aquellas que atantildeen a la administracioacuten de una ciudad Sin duda que el hombre es superior en su conjunto en capacidad y fuerza aunque muchas mujeres aventajan a muchos hombres pero las apti-tudes naturales de las mujeres son tan variadas como las de los hombres y no hay labor administrativa que estaacute por naturaleza asignada en forma exclusiva ya sea a los hombres o a las mujeres Asiacute la naturaleza produce mujeres que son aptas para guardar (φυλακὴν) nuestra ciudad A esas seleccionaremos como esposas y colegas de los guardianes hombres Nuestra propuesta es posible porque es natural (κατὰ φύσιν) y es maacutes bien el teacutermino lsquoanti natu-ralrsquo (παρὰ φύσιν) el que quizaacute deba aplicarse a la situacioacuten presente de la mujer237

456c-457b Queda por probar que nuestro programa poliacutetico es el mejor

para el estado Hemos acordado que el entrenamiento que capacita a un hombre a ser un guardiaacuten habilitaraacute tambieacuten a una mujer a serlo si las capa-cidades naturales de ambos son para comenzar las mismas Ahora bien nuestros guardianes varones debido a su educacioacuten son los mejores hombres en la ciudad Nuestras guardianas seraacuten de modo semejante las mejores mu-jeres Y no hay nada mejor para una ciudad que el ser habitada por las mejo-res mujeres y los mejores hombres Se asegura este objetivo a traveacutes de nues-tro sistema de educacioacuten Por consiguiente nuestras mujeres se deben des-nudar para los ejercicios atleacuteticos y compartir todas las labores de guardia a

236 En un sentido maacutes general se estaacute hablando aquiacute de los lsquomodos de vidarsquo que dicen referencia a las lsquocostumbresrsquo y lsquoocupacionesrsquo de las personas Este significado me parece mejor que ldquodutiesrdquo del texto de J Adam 237 Se dice que lo natural es aquello lsquoconforme a naturalezarsquo (κατὰ φύσιν 456c) y lo antinatural es aquello que lsquose opone a la naturalezarsquo (παρὰ φύσιν ibid)

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pesar de la risa ridiacutecula de aquellos que olvidan que la utilidad es la medida verdadera del buen gusto238

457b-458b Asiacute es coacutemo sorteamos en forma exitosa una de las oleadas

que nos amenazaban pero una ola maacutes formidable se nos estaacute acercando ahora239 Las mujeres y los hijos deben pertenecer a todos los guardianes en comuacuten Nadie conoceraacute a su mujer o a su hijo Que un tipo tal de sociedad es a la vez posible y beneficioso es algo que tendremos que probar pero por el momento supondremos su posibilidad y trataremos de mostrar que la co-munidad de esposas y de nintildeos es la mejor de todas las praacutecticas240 para la ciudad y sus guardianes

458b-461e La asociacioacuten mutua de hombres y mujeres guardianes los

conduciraacute naturalmente a formar lazos conyugales Pero no se permitiraacuten uniones irregulares Nosotros tendremos tambieacuten nuestros lsquomatrimonios sa-gradosrsquo (γάμους ἱεροὺς)241 pero por lsquosagradosrsquo nosotros estaremos signifi-cando los maacutes lsquoprovechososrsquo o lsquobeneficiososrsquo (ὀφελιμώτατοι) Ahora bien las uniones maacutes beneficiosas entre los animales inferiores son aquellas por las que la mejor descendencia se produce de padres que estaacuten en su pleno vigor Si lo mismo es cierto del linaje humano iexclcuaacuten diestros deben ser nuestros go-

238 Los aspectos utilitarios como este en la Repuacuteblica son numerosos Hay sin em-bargo una clara jerarquiacutea de valores rdquoBut even Socrates ennobles his utilitarianism by placing soul above body in dignity and worth In Plato utilitarianism becomes transfigured by Idealism and the doctrine of Immortalityrdquo (J Adam pg 291) 239 Esta es la segunda ola la primera teniacutea que ver con la educacioacuten comuacuten entre hombres y mujeres guardianes (ver 451c-457b) La oleada actual estaacute en relacioacuten con la comunidad de esposas e hijos (ver 457b-466d) La tercera se suscita frente al crucial problema de si la ciudad perfecta puede llegar a ver la luz Lo concerniente a la factibilidad de la repuacuteblica es tratado a partir del 471c 240 Una sentildeal de que las lsquonormasrsquo propuestas por Soacutecrates son un tipo de lsquopraacutecticasrsquo estaacute en el uso del verbo πράττω lsquohacer ejecutarrsquo No estamos auacuten en el terreno de los principios 241 rdquoLas bodas de Zeus y Hera comenta J Adam (pg 296) eran conocidas como theogamia o hieroacutes gamos y se celebraban en una festividad especial en Atenas y en otras partesrdquo se le consideraba el tipo ideal de los matrimonios humanos Lo que se busca no es la abolicioacuten del matrimonio sino un intento de elevarlo de una institu-cioacuten privada a una puacuteblica ldquosin sacrificar ninguna de las ceremonias y asociaciones religiosas por las que a los ojos de sus contemporaacuteneos se santificaba la unioacuten de los sexosrdquo (ibid pg 296)

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bernantes Ellos deben unir lo maacutes frecuentemente posible a las mejores pare-jas y lo menos posible a las peores y solo se educaraacute a los hijos de las mejores parejas Nadie a excepcioacuten de los gobernantes sabraacute coacutemo se ha de obtener este resultado Se uniraacute a novios y novias en ciertas fiestas matrimoniales junto a sacrificios e himnos y el nuacutemero de matrimonios seraacute fijado en cada ocasioacuten por los gobernantes de modo que la poblacioacuten se mantenga en lo posible la misma Los gobernantes llevaraacuten a cabo su objetivo usando suertes que ellos ya han manipulado

Ellos tambieacuten premiaraacuten la excelencia en la guerra o en otra cosa con-

cedieacutendoles mayor libertad para yacer con mujeres Los nintildeos que se han de educar seraacuten llevados a un establecimiento de nodrizas donde las madres y otras mujeres vendraacuten a amamantarlos pero se tomaraacute todo tipo de precau-ciones para impedir que las madres reconozcan a sus hijos La mujer estaacute en la flor de su edad entre los veinte y los cuarenta antildeos el hombre entre los veinticinco y los cincuenta y cinco antildeos y es soacutelo durante esos periacuteodos que se les permitiraacute parir o engendrar nintildeos para la ciudad242 Las violaciones de esta norma seraacuten condenadas severamente Despueacutes que se ha pasado de esta edad legal removeremos las restricciones sobre las relaciones sexuales ob-servando solo las reglamentaciones que sean necesarias para prevenir el in-cesto pero en lo posible esas uniones seraacuten esteacuteriles y en todo caso no debe educarse su descendencia Soacutecrates establece algunas regulaciones adiciona-les acerca de nuevos significados que han de adjuntarse a los nombres de las relaciones familiares y agrega que lsquohermanosrsquo y lsquohermanasrsquo pueden casarse si asiacute lo determina el sorteo y lo aprueba la pitonisa

461e464b Procuremos mostrar ahora que la comunidad de esposas e hi-

jos es la mejor y en consonancia con el plan general de nuestra constitucioacuten Que este es el curso mejor de accioacuten Platoacuten lo prueba de la siguiente manera Un legislador deberiacutea sobre todas las cosas aspirar al mantenimiento de la

242 Son expresiones del punto de vista platoacutenico acerca del matrimonio ldquoThey are equally applicable to the Spartan ideal and may have been borrowed from Spartardquo (J Adam pg 301)

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unidad al interior de la ciudad243 El instrumento maacutes efectivo para este pro-poacutesito es la comunidad del placer y del dolor Asiacute como en un hombre indi-vidual los sufrimientos de un miembro singular afectan a la totalidad asiacute tambieacuten en una ciudad bien gobernada las alegriacuteas y penas de cada ciuda-dano son compartidas por todos244 Es faacutecil mostrar que nuestra ciudad ideal cumple esta condicioacuten en un grado excepcional a la vez mediante sus otras instituciones y maacutes especiacuteficamente a traveacutes de la comunidad de esposas e hijos

464b-465d El comunismo domeacutestico estaacute tambieacuten en armoniacutea con el ca-

raacutecter comunitario general de la ciudad Eacutel estrecharaacute la unioacuten de los guar-dianes y consolidaraacute el estado Eacutel tambieacuten nos liberaraacute de pleitos que surjan de disputas acerca de la familia y la propiedad En casos de tentativas de vio-lencia contra una persona se espera que los compantildeeros le defiendan Los ciudadanos maacutes viejos ejercitaraacuten poderes disciplinarios sobre los maacutes joacuteve-nes reverencia y temor impediraacute desquites de parte de estos uacuteltimos Todas estas disposiciones tenderaacuten a mantener a los gobernantes en paz unos con otros y si estaacuten unidos no se esperaraacuten sediciones en el resto de la ciudad Otras ventajas menores son demasiado triviales para que se las especifique

465d-466d La vida de nuestros guardianes seraacute maacutes gloriosa que la de

los vencedores en los juegos Lejos de ser infelices ellos son los maacutes felices de los ciudadanos y cualquier intento de engrandecerse a siacute mismos a costa de su paiacutes solo los haraacute miserables Concluimos que el mejor curso de accioacuten para una ciudad es hacer que las mujeres compartan con los hombres en todo y tal comunidad estaacute en armoniacutea con las relaciones naturales entre los se-xos245

243 ldquoEl objetivo de Platoacuten a traveacutes de todo este episodio es el conservar lsquounarsquo a la totalidad de la ciudad impidiendo que uno de sus factores constituyentes a saber los guardianes lleguen a ser lsquomuchosrdquorsquo (J Adam pg 305) 244 Parece buscarse por medio de la superacioacuten del individualismo la desaparicioacuten de la subversioacuten y las divisiones internas (staseis) en la ciudad Esto se lograriacutea de la mejor manera manteniendo unida a la clase de los guardianes 245 Hay aquiacute indudablemente una referencia a la situacioacuten diametralmente dife-rente en que se encuentran las relaciones entre los sexos en su eacutepoca su idea es es-tablecer entre ellos en todo ldquohasta donde sea posiblerdquo una ldquocompleta comunidadrdquo

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466d-467e Tenemos todaviacutea que determinar si un tal tipo de sociedad

es posible entre los hombres como lo es entre los animales inferiores Pero proveamos primero lo concerniente al manejo de la guerra

Nuestros hombres y nuestras mujeres han de combatir en comuacuten en compantildeiacutea de sus descendientes no demasiado joacutevenes Los nintildeos estaraacuten atentos a las necesidades de sus progenitores y los alentaraacuten con su presencia en el campo de batalla Tendraacuten asiacute la ventaja de ser testigos del ejercicio con-creto de la profesioacuten que los espera en la vida futura El riesgo es considera-ble pero los problemas en juego exigen que eacutel se corra y se tomaraacuten todas las precauciones para asegurar el resguardo de los nintildeos

468a-469b En lo que concierne a la obligacioacuten de unos a otros en el

campo de batalla Soacutecrates enumera varios medios por los que se desalentaraacute la cobardiacutea y se premiaraacute la valentiacutea

469b-471c Tenemos tambieacuten un deber con nuestros enemigos246 Nin-

guna ciudad griega seraacute esclavizada y no podraacute haber un pillaje indecoroso de los muertos Armaduras capturadas en el campo de batalla no seraacuten dedi-cadas en los templos sobre todo no armaduras tales como las que tomamos de griegos a menos que el Dios determine lo contrario Prohibimos que el territorio griego sea asolado o que se incendie las casas griegas247 La totali-

(466c-d) Esto comprende a la dirigencia de la ciudad no a los productores de los que no se dice nada Platoacuten estaacute ampentildeado aquiacute en disentildear el modo como la ciudad seraacute gobernada 246 Hay ciertas leyes no escritas que rijen el comportamiento de los griegos en estas materias En este episodio como dice J Adam (pg 320) ldquoPlatoacuten hace un anaacutelisis de los principios que han de regular la poliacutetica internacional de su ciudad en sus rela-ciones tanto con los griegos como con los baacuterbarosrdquo 247 Habiacutea ciertas normas de guerra que constituiacutean un rudimentario derecho inter-nacional el que dependiacutea fundamentalmente de la costumbre La experiencia de la guerra del Peloponeso vivida por el joven Platoacuten y mantenida en el recuerdo por Tuciacutedides ha servido sin duda de ejemplo para estas regulaciones de la ciudad pla-toacutenica Soacutecrates manifiesta claramente su intencioacuten de establecer normas miacutenimas de humanidad en las guerras entre los helenos (ver especialemente 471 a-b) Hay que tener presente que se consideraba legiacutetimo en la guerra el pillaje y la destruc-cioacuten de las cosechas y de la propiedad en una situacioacuten de parecido desamparo estaban por lo general los prisioneros que podiacutean ser ejecutados o vendidos como

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dad de la raza heleacutenica son los hijos de una misma familia248 y los conflictos entre sus miembros no deberiacutean llamarse guerra sino contienda civil (στάσιν) El Baacuterbaro es nuestro enemigo natural y si saqueamos Grecia no-sotros no podemos asolar nuestra nodriza y madre Hay que recordar que nuestra ciudad es una ciudad griega Ella puede castigar pero no esclavizar otros estados griegos249 Glaucoacuten asiente eacutel piensa que nuestros ciudadanos deberiacutean tratar a los baacuterbaros como los griegos tratan ahora a sus compatrio-tas

471c-472b Glaucoacuten vuelve a recordar a Soacutecrates su tarea ya dos veces

pospuesta de demostrar que un tal Estado es posible250 472b-472e Soacutecrates le recuerda a Glaucoacuten que es la investigacioacuten de la

justicia y de la injusticia la que nos ha llevado a este punto Fue para alcanzar una norma o modelo (παραδείγματος ἄρα ἕνεκα) de justicia que examina-mos la naturaleza de la justicia perfecta y del hombre perfectamente justo251

esclavos Platoacuten mediante las propuestas de Soacutecrates reacciona en contra de ello al menos en lo que a los Griegos se refiere 248 ldquoA formal declaration of Platos political faith in Panhellenic idealrdquo (J Adam pg 323) 249 En lo que respecta a la esclavitud hay que recordar que los esclavos en Grecia eran de nacionalidad extranjera con excepcioacuten de aquellos griegos que habiacutean sido vendidos como esclavos con acasioacuten de la destruccioacuten de su propia ciudad por la guerra (ver J Adam pg 320) Por otra parte ldquoes claro por la seccioacuten presente que Platoacuten no impugna el principio de la esclavitud en tanto que los esclavos son de origen baacuterbaro pero en ninguna parte dice eacutel que su ciudad perfecta va efectiva-mente a contener esclavos ni es faacutecil ver queacute es lo que podriacutean hacer en ella Los esclavos estaacuten presentes por supuesto en la ciudad de las Leyes (776c ss)rdquo (ibid pg 321) Para una discusioacuten sobre este tema referido especialmente a la Repuacuteblica ver Temas de Estudios (I) ldquoiquestHay esclavos en la ciudad platoacutenicardquo 250 Se incia un giro fundamental en el curso del diaacutelogo en que se discute la factibi-lidad de la ciudad platoacutenica ideal Se disciernen dos aspectos (a) ldquode si es posible que llegue a existir este reacutegimen poliacuteticordquo (ἡ πολιτεία) (b) ldquoy de queacute manera es po-siblerdquo 251 La verdadera finalidad de los anaacutelisis de Platoacuten estaacute en la buacutesqueda de una teo-riacutea poliacutetica en relacioacuten con la gobernabilidad de la ciudad griega Para ello es nece-sario remontarse a principios abstractos y permanentes que proporcionen la base de sustentacioacuten cientiacutefica de la explicacioacuten de ese aspecto de la realidad estudiado En esta circunstancia se trata de los fenoacutemenos y realidades concernientes a la socie-dad en cuando que conglomerado poliacutetico es decir ciacutevicamente organizado

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Por la comparacioacuten con sus opuestos en relacioacuten con la felicidad y la infelici-dad intentamos obtener una medida para apreciar el efecto de la justicia y la injusticia sobre la felicidad en la vida humana Nuestro objeto no fue probar que la justicia perfecta es alcanzable y por consiguiente no estamos obliga-dos a mostrar que nuestra ciudad puede hacerse real

472e-474c Estoy dispuesto sin embargo dice Soacutecrates a mostrarte con

la mayor aproximacioacuten coacutemo nuestra constitucioacuten puede hacerse realidad252 No podemos esperar una realizacioacuten perfecta ya que la accioacuten es en todas partes menos verdadera que el lenguaje o la teoriacutea253 Un solo gran cambio posible sin embargo y solo uno es necesario y es este254 Los lsquofiloacutesofosrsquo (οἱ φιλόσοφοι) deben llegar a ser reyes (βασιλεύσωσιν) o los reyes lsquofiloacutesofosrsquo (φιλοσοφήσωσιν) En tanto que esto no suceda255 no habraacute tregua (παῦλα) para los males tanto de las ciudades como de la humanidad ni nuestra ciu-dad hipoteacutetica ver alguna vez la luz del sol y alcanzar realidad Una gran pa-radoja (πολὺ παρὰ δόξαν) diraacutes rentildeida con la opinioacuten corriente pero expli-quemos queacute es lo que entendemos por lsquofiloacutesofosrsquo

474c-480a El filoacutesofo es aquel que ama no una parte del conocimiento

sino la totalidad256 Su pasioacuten es por la verdad y Verdad quiere decir Ideas

252 Se trata de una aproximacioacuten en cuanto que la ciudad que se intenta crear se asemeje lo maacutes posible a su modelo Esta aproximacioacuten se expresa con la ideas de cercaniacutea ldquouna ciudad que se acerque lo maacutes posible a lo ya expuestordquo (473a) Se entra a un momento culminante del diaacutelogo 253 La palabra que es la base del discurso filosoacutefico se acerca maacutes a la verdad mdashes decir a la realidadmdash que la praacutectica sustentada por la accioacuten (πρᾶξιν) 254 Este gran cambio es en estricto sentido el maacutes pequentildeo (σμικροτάτου 473b) pues se trata de hacer posible la entrada en vigencia del estado ideal sin estorbar innecesariamente su realizacioacuten aunque evitando desfigurarlo 255 ldquoPolitical evil afirma J Adam (pg 330) is in Platos view the result of a divorce between political power and knowledge of the good it only can be cured by effec-ting their reconciliationrdquo 256 ldquoLa ciudad segunda (δευτέρα πόλις) de los libros II-IV comenta J Adam (pg 332) se apoyaba en una base psicoloacutegica y era maacutes la expresioacuten de un ideal moral que intelectual En armoniacutea con esta concepcioacuten Platoacuten usoacute anteriormente la pala-bra philoacutesophos primariamente y en su mayor parte en su sentido eacutetico Ahora que se dispone a abandonar la psicologiacutea por la metafiacutesica y a describir la realeza del co-nocimiento se hace necesario analizar de nuevo el sentido de φιλόσοφος De aquiacute

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Las Ideas son cada una de ellas una pero parecen muchas por unioacuten con las cosas particulares y de una a otra257 Los aficionados a las audiciones y a los espectaacuteculos y personas semejantes creen solo en las muchas cosas bellas ellos no pueden comprender lo uno Como sontildeadores ellos se equivocan y confunden la copia por el original Su condicioacuten de espiacuteritu podriacutea describirse como opinioacuten (δόξα) mientras que la del filoacutesofo como conocimiento (ἐπιστήμη)

Procedamos a probar esta afirmacioacuten El objeto del conocimiento lsquoesrsquo el de la ignorancia lsquono esrsquo Si por consiguiente algo a la vez lsquoesrsquo y lsquono esrsquo debe hallarse entre el ser y el no-ser y la facultad que lo reconoce seraacute algo entre conocimiento e ignorancia

Las lsquopotenciasrsquo (δυνάμεις) difieren unas de otras de acuerdo con los ob-jetos sobre los que ellas presiden y los efectos que ellas producen El lsquopoderrsquo llamado conocimiento preside sobre el ser y produce el acto de conocer (γνῶναι) Es diferente por consiguiente del lsquopoderrsquo llamado opinioacuten cuyo resultado es opinar (δοξάζειν) iquestCuaacutel es entonces el objeto sobre el que la opinioacuten preside Hemos visto que no es el ser ni el no-ser Por consiguiente la opinioacuten es diferente tanto del conocimiento (γνῶσις) como de la ignorancia (ἄγνοια) Es de hecho algo entre conocimiento e ignorancia menos lumino-so que uno maacutes luminoso que el otro Su objeto seraacute por consiguiente aque-llo que conjuntamente lsquoesrsquo y lsquono esrsquo

Ahora bien son la multitud de cosas bellas y de lo demaacutes que a la vez son y no son258 No hay ninguna de ellas que lsquoesrsquo maacutes que lsquono esrsquo que lo que decimos que es Estamos justificados por consiguiente en decir que la multi-tud de cosas bellas y de otros tipos se hallan entre el ser y el no-ser De este modo hemos descubierto el objeto de la opinioacuten

en adelante a traveacutes de los libros VI y VII el philoacutesophos es aquel cuya devoradora pasioacuten es el amor por la verdad es decir por la Ideasrdquo 257 En Repuacuteblica 476a 2 hace su primera aparicioacuten en el diaacutelogo la teoriacutea de las Ideas 258 De estas cosas se dice que participan tanto del ser (τοῦ εἶναι) como del no ser (μὴ εἶναι 478e) y son captados por la potencia intermedia Todas ellas representan el mundo de lo opinable (δοξαστόν) y constituyen el conjunto de realidades que deben ser colocadas ldquoen el mediordquo (μεταξὺ) entre el ser esencial (ουσἰας) y el no ser (τοῦ μὴ εἶναι 479c)

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Concluimos que aquellos que tienen ojos para las numerosas cosas be-llas y otras opinan (δοξάζειν 479e) mientras que aquellos que ven la belleza en siacute (αὐτὸ τὸ καλὸν 479e 1) conocen (γιγνόσκειν) De los primeros diremos que son amantes de la opinioacuten (φιλοδόξους) los otros son los amantes de saber los filoacutesofos (φιλοσόφους)

Libro sexto 484a-485a Ahora tenemos que mostrar que a los filoacutesofos tal como los

hemos definido se les deberiacutea confiar el gobierno Ellos son los uacutenicos que en virtud del Ideal en sus almas259 son capaces de guardar las leyes y las institu-ciones de la ciudad Los haremos por consiguiente nuestros guardianes si poseen los requisitos praacutecticos necesarios Un estudio de su naturaleza mos-traraacute que es posible que existan en ellos ambos tipos de calificacioacuten

485a-487a La naturaleza filosoacutefica ama el ser eterno e inmutable en su

totalidad260 Se sigue de aquiacute que el filoacutesofo ama naturalmente la Verdad desprecia los placeres del cuerpo es sobrio (σώφρων) no es avaro de rique-zas ni mezquino de pensamiento sino que posee grandeza de aacutenimo y coraje es justo y gentil Es tambieacuten raacutepido para aprender retiene lo aprendido no es dado a la conducta extravagante sino modesto y corteacutes261 A tales hombres cuando los antildeos y la educacioacuten hayan perfeccionado sus cualidades natura-les bien podemos confiarle nuestra ciudad

259 Ello ha sido posible mediante la comprensioacuten de ldquolo que se mantiene siempre ideacutentico a siacute mismordquo (484b) y por este motivo a diferencia de los ldquono-filoacutesofosrdquo no andan errando (πλανώμενοι) entre lo muacuteltiple J Adam (II pg 2) compendiosa-mente dice ldquoIt is the fluctuation of the Object which makes the Subject fluctuaterdquo 260 En su comentario J Adam (II pg 3) analiza las cualidades naturales acerca de las que se insistiacutea que eran primariamente morales mientras que aquiacute y en el libro VII se hace ver en primer lugar que son cualidades de tipo intelectual 261 El alma del filoacuteso con un sentimiento universal tiende constantemente a la tota-lidad de lo divino y de lo humano (486a) debe mantenerse por tanto alejado de toda aneleutheriacutea o lsquocarencia de liberalidad de mentersquo Su grandeza proviene entera-mente de la verdad que posee o estaacute en capacidad de poseer

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487a-487e Pero en realidad importuna Adimanto los filoacutesofos actuales son considerados inuacutetiles o peor que eso262 Soacutecrates admite la exactitud de este punto de vista y procede a resolver la dificultad con una paraacutebola263

487e-489c Imagiacutenate un barco en el que los marineros luchan unos con

otros para ganar la posesioacuten del timoacuten aunque ellos jamaacutes han aprendido el arte del timonel y niegan de hecho que su gobierno pueda alguna vez ser ensentildeado Ellos dominan al patroacuten de la nave con narcoacuteticos o con bebidas alcohoacutelicas y navegan alegremente directo al naufragio Nunca se les ocurrioacute que para gobernar un barco es necesario aprender coacutemo hacerlo El verdade-ro piloto es para ellos un observador de estrellas (μετεωροσκόπων) un char-lataacuten ocioso completamente inuacutetil Nuestro siacutemil (εἰκόνα 489a) se explica por siacute mismo iquestPorqueacute admirarse que el filoacutesofo es inuacutetil en una ciudad Pero la falta la cometen quienes no lo utilizan No es parte de su obligacioacuten el de-mandar empleo deberiacutean interesarse aquellos que necesitan sus servicios264

489c-491a Es suficiente acerca de la lsquoinutilidadrsquo del filoacutesofo Pero el pre-

juicio maacutes serio que sufre la Filosofiacutea se debe a aquellos que pretenden ser filoacutesofos cuando no lo son De ellos se trata cuando la gente afirma que la mayoriacutea de los filoacutesofos son unos perversos Esforceacutemonos por mostrar que la filosofiacutea no es responsable de la corrupcioacuten de la naturaleza filosoacutefica El ver-dadero filoacutesofo a pesar de los conceptos erroacuteneos es como hemos visto un amante natural de la verdad y posee en consecuencia todas las virtudes del caraacutecter ya sentildealadas265 Tenemos que investigar (1) coacutemo es que esta dispo-sicioacuten en muchos casos se corrompe y (2) cuaacutel es el caraacutecter de estos falsos filoacutesofos que son responsables de los prejuicios en contra de la Filosofiacutea

262 Por boca de Adimanto se expresa una opinioacuten muy extendida entre los griegos y los contemporaacuteneos de todas las eacutepocas posteriores 263 Soacutecrates invita a Adimanto a escuchar una ldquocomparacioacutenrdquo un ldquosiacutemilrdquo eikōn uno de los tantos que haraacuten este libro justamente famoso 264 No es propio de estos gobernantes suplicar a los gobernados que se dejen go-bernar Los poliacuteticos de ahora sin embargo son los marineros que asaltan al timo-nel 265 ldquoThe knowledge of the Idea is indeed in Platos view an intellectual and moral regenerationrdquo (J Adam II pg 15)

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491a-495b La naturaleza filosoacutefica es un producto escaso cuyas verda-deras virtudes lo vuelven peculiarmente expuesto a la corrupcioacuten266 cuando se le coloca en ambientes desfavorables Las voces clamorosas de la opinioacuten puacuteblica expresadas en asambleas y otras reuniones puacuteblicas corrompe inevi-tablemente al joven al inducirlo a la conformidad consigo mismo267 Cuando ellos lo estiman necesario emplean la fuerza bajo el nombre de castigo Con-tra esas influencias no hay profesor posible que pueda luchar aunque la providencia de Dios pueda salvar a algunos En cuanto a los sofistas ellos siacute que convierten en sistema y ensentildean las opiniones de la multitud las que ellos mismos son incapaces totalmente de justificar pero aceptan sin reserva como su profesioacuten les exige que lo hagan Recuerda tambieacuten que las Ideas son tonteriacuteas para el vulgo por lo que ellos jamaacutes amaraacuten la sabiduriacutea o a sus se-guidores268 Socrates concluye mediante una descripcioacuten viacutevida y y muy real de una naturaleza filosoacutefica en proceso de corrupcioacuten

495b-496a Abandonada de sus legiacutetimos amantes la Filosofiacutea sola y

desolada se ve forzada a una alianza con pretendientes indignos La prole de esta unioacuten non sancta es una progenie bastarda de sofismas

496a-497a Los pocos que por variadas razones permanecen fieles a la

filosofiacutea se alejan de la vida poliacutetica Al actuar de ese modo ellos se mantie-nen inmaculados frente al mundo cosa que si bien no es un logro pequentildeo tampoco es el maacutes grande269 Si se encuentran con una repuacuteblica apropiada para ellos obtendraacuten un crecimiento mayor para siacute mismos asiacute como resulta-raacuten ser los salvadores de su paiacutes

266 El adagio latino atribuido a san Jeroacutenimo dice ldquoCorruptio optimi pessimardquo la corrupcioacuten del mejor es la peor 267 La peor escuela de educacioacuten no es la de los sofistas sino la de las asambleas populares como la ekklesiacutea o asamblea popular 268 ldquoEs imposible entonces que la multitud sea filoacutesofo (amante de la sabiduriacutea)ldquo (494a) J Adam resume la cuestioacuten del siguiente modo ldquoThe theory of Ideas is not democratic philosophyrdquo aunque la discusioacuten presente no trata directamente ese asunto 269 La vida del individuo adquiere su verdadera dimensioacuten en el acontecer de una sociedad organizada para el hombre griego en general como para Platoacuten la ciudad es el marco indispensable para una vida individual verdaderamente plena y feliz Porque hay en el hombre necesariamente una dimensioacuten social

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497a-498c Nuestra justificacioacuten de la filosofiacutea estaacute ahora completa

Queda por preguntarse doacutende estaacute la constitucioacuten poliacutetica adaptada a la na-turaleza filosoacutefica iquestDoacutende estaacute en otras palabras el mejor gobierno (ἡ πολιτεία) En la ciudad que hemos fundado excepto que se requiere una explicacioacuten maacutes completa para la posicioacuten de los gobernantes Un estado que ha de manejar la filosofiacutea sin peligro debe asumir una actitud nueva frente a sus suacutebditos La filosofiacutea deberiacutea recibir maacutes en vez de menos atencioacuten a medida que un hombre entra en la madurez

498c-502c Adimanto casi no espera que el razonamiento de Soacutecrates

persuada a la mayoriacutea de sus auditores Pero Soacutecrates no estaacute dispuesto a perder la esperanza pues cree que sus palabras pueden producir frutos en una vida futura si no lo hacen en esta En cuanto a la multitud su discon-formidad se explica faacutecilmente Ellos han escuchado bastante de una retoacuterica tintineante pero ellos no han visto todaviacutea jamaacutes un filoacutesofo-rey ni estaacuten acostumbrados a discursos cuya uacutenica meta es la verdad Nuestra ciudad per-fecta se hace real siempre y en cualquier parte dondequiera y cuandoquiera que la Filosofiacutea llegue a obtener el poder La multitud asentiraacute si la aborda-mos correctamente270 porque su odio es contra los falsos filoacutesofos y no en contra de los verdaderos El amante de la verdad se haya absorto en la con-templacioacuten de las realidades inmutables a cuya imagen eacutel intenta formular las instituciones humanas en caso de que sea llamado a participar en la vida puacuteblica Sentildeaacutelale esto a la multitud y razona con ellos y ellos estaraacuten de acuerdo Nuestras propuestas aunque difiacuteciles no son imposibles271

502c-504a Nuestra tarea proacutexima consiste en describir a los gobernantes

y su posicioacuten en nuestra ciudad Ya hemos visto que ellos deben ser patriotas

270 A pesar de todo Platoacuten confiacutea en el poder de la razoacuten para persuadir a la mayo-riacutea a plegarse a su proyecto No es una tiraniacutea la que pretende imponer sino el go-bierno del mejor El proverbio griego atribuido a Soloacuten deciacutea χαλεπὰ τὰ καλά ldquolo bello es difiacutecilrdquo (ver Hipias Mayor 304e) 271 El plan propuesto por Platoacuten pretende ser el mejor siempre que sea realizable La ciudad ideal no es en esencia un imposible sino en cuanto que su condicioacuten de oacuteptima hace difiacutecil su realizacioacuten en sentido estricto no es una utopiacutea aunque ten-ga muchas de las caracteriacutesticas adscritas a esta

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agreguemos ahora que deben ser filoacutesofos272 Aquellos que combinan los ras-gos peculiares del temperamento filosoacutefico son necesariamente pocos y de-ben ser sometidos tanto a rigurosas pruebas intelectuales como morales para ver si seraacuten capaces de soportar los maacutes grandes estudios (μαθήματα)

504a-505b Glaucoacuten pregunta cuaacuteles son esos lsquomaacutes grandes estudiosrsquo Tuacute

recordaraacutes dice Soacutecrates que nosotros describimos nuestro anterior meacutetodo psicoloacutegico de llegar a las virtudes como inadecuado e incompleto Nuestros guardianes deben recorrer un largo camino si han de alcanzar su propia me-ta es decir el estudio maacutes alto de todos (μέγιστον μάθημα) que es algo que estaacute maacutes allaacute y es incluso superior a las virtudes Y todas esas mismas virtu-des no deben maacutes ser vistas solo meramente en bosquejo ellas deben ser es-tudiadas en toda su plenitud y perfeccioacuten El maacutes alto estudio es la Idea del Bien (ἡ τοῦ ἀγαθοῦ ἰδέα) como Glaucoacuten ha escuchado a menudo antes Es el conocimiento de esta Idea el uacutenico que hace uacutetil y beneficioso a todo otro conocimiento273

505b-506a iquestQueacute es por consiguiente el Bien La mayoriacutea contesta lsquoel

placerrsquo otros maacutes refinados lsquoel conocimientorsquo Ninguno de estos puntos de vista es defendible Los hombres estaacuten constantemente disputando acerca del Bien pero su existencia es praacutecticamente admitida por todos ya que es el ob-jetivo uacuteltimo de todo esfuerzo La Idea del Bien debe ser conocida por nues-tros guardianes pues a menos que ellos conozcan la conexioacuten entre el Bien y los ejemplos particulares de lo justo lo honorable y otros casos ellos no pue-den guardar estos uacuteltimos o incluso no se puede decir verdaderamente que los conozcan en una medida adecuada

506b-508b Despueacutes de cierta vacilacioacuten Soacutecrates se compromete a des-

cribir la Idea del Bien no como es ella en siacute misma sino a traveacutes de su ima-gen su semejanza es decir de su vaacutestago (ἔγκονος)

272 Se aspira a una armoniosa combinacioacuten de cualidades morales e intelectuales 273 Se entiende que maacutethema expresa a la vez la idea de lsquoestudio disciplinarsquo y la de lsquosaber conocimientorsquo

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Permiacutetanme recordarles continuacutea diciendo nuestra acostumbrada dis-tincioacuten entre particulares e Ideas las primeras son percibidas por la visioacuten (ὁρᾶσθαι) las uacuteltimas son concebidas por el entendimiento (νοεῖσθαι 507c) pero no vistas En el caso de la mayoriacutea de los sentidos nada se requiere a excepcioacuten de la facultad y su objeto para que una sensacioacuten pueda tener lu-gar Pero para que podamos ver un tercer requisito es necesario a saber la luz (φῶς) Ahora bien el autor de la luz es el Sol (τὸν ἥλιον) y en conse-cuencia podemos decir que el Sol es la causa de la visioacuten No debemos identi-ficar ni la visioacuten (ὄψις) ni el ojo (ὄμμα) con el Sol aunque el ojo se asemeja al Sol maacutes iacutentimamente que ninguacuten otro oacutergano del sentido274 y el Sol mismo es visto por el ojo

508b-509a Es suficiente acerca de nuestro siacutemil La interpretacioacuten es la

siguiente El hijo o vaacutestago del Bien es el Sol cuya relacioacuten con la vista y sus objetos es la misma que la del Bien con la inteligencia (νοῦς) y los objetos de pensamiento (τὰ νοούμενα) El elemento anaacutelogo de la luz es la verdad (ἀλήθεια)275 asiacute como no podemos ver sin la luz asiacute tambieacuten cuando la ver-dad estaacute ausente no podemos conocer La Idea del Bien es la fuente de la Verdad y el conocimiento y aunque se la conciba como aprehendida por el conocimiento es sin embargo causa (αἰτίαν) del conocimiento y la verdad276 Asiacute como la luz y la visioacuten se asemejan al Sol asiacute la verdad y el conocimiento

274 El teacutermino de Platoacuten es ἡλιοειδήστατον lsquoel maacutes parecido al Solrsquo (508b 3) que es usado uacutenicamente aquiacute en superlativo y en 509a 1 (ἡλιοειδῆ) En Heidegger mdashLa doctrina de la verdad seguacuten Platoacutenmdash se dice ldquohelioiderdquo ldquosolisiacutemilrdquo Sin duda que se quiere sentildealar con esto la profunda afinidad del oacutergano con la luz su cristalina transparencia 275 ldquoThe entire simile is plunged in confusion if Light is equated with anything ex-cept Truthrdquo (J Adam II pg 60) 276 J Adam II (pg 60) presenta el siguiente cuadro de comparaciones regioacuten visible (τόπος ὁρατός) asymp regioacuten inteligible (τόπος νοητός) (1) Sol asymp Idea del Bien (2) Luz asymp Verdad (3) Objetos de visioacuten (colores) asymp Objetos de conocimiento (Ideas) (4) Sujeto que ve asymp Sujeto que conoce (5) Oacutergano de la visioacuten (ojo) asymp Oacutergano del conocimiento (νοῦς) (6) Facultad de la visioacuten (ὄψις) asymp Facultad del entendimiento (νοῦς) (7) Ejercicio de la visioacuten (ὄψις ὁρᾶν) asymp Ejercicio del entendimiento (νοῦς ie νόησις γνῶσις ἐπιστήμη) (8) Habilidad para ver asymp Habilidad para conocer

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se asemejan al Bien277 pero el Bien no es ideacutentico con ninguno de ellos ya que los trasciende a ambos278

509a-c En segundo lugar el Sol tambieacuten proporciona a los objetos de

visioacuten la generacioacuten (γένεσιν) el crecimiento y la alimentacioacuten aunque la generacioacuten no es ideacutentica con el Sol279 De manera semejante los objetos de conocimiento (γιγνοσκομένοις) reciben del Bien no solo su capacidad de ser conocidos (τὸ γιγνώσκεσθαι) sino tambieacuten su ser (τὸ εἶναι) y su esencia (οὐσίαν) este sin embargo es en siacute mismo distinto de la esencia y superior a ella280

509c-511e Soacutecrates ante una peticioacuten de Glaucoacuten procede ahora a ex-

poner la comparacioacuten de manera maacutes completa Tomemos una liacutenea (γραμμὴν) y dividaacutemosla en dos partes desiguales para representar respec-tivamente los objetos de visioacuten (τοῦ ὁρωμένου) y los objetos de pensamiento (τοῦ νοουμένου)281 Si subdividimos adicionalmente cada parte en propor-cioacuten a las secciones originales tendremos cuatro segmentos representando

277 ldquoJust as therefore the sun is the source of light so the Idea of the Good is the source of truthrdquo (J Raven Platos Thought in the Making pg 137) 278 ldquoNo hay que identificar la Idea del Bien en siacute dice J Raven (op cit pg 137) ni con el conocimiento ni con el entendimiento La verdad y el conocimiento son sin embargo lo maacutes semejante de todas las cosas a la Idea del Bienrdquo 279 ldquoEn la filosofiacutea de Platoacuten comenta J Adam II (pg 61) el conocimiento es la con-trapartida epistemoloacutegica del Ser el Ser la contrapartida ontoloacutegica del conocimien-to La unidad final en la que tanto el conocimiento como el Ser se encuentran es la Idea del Bien que es por consiguiente la causa suprema y uacuteltima del Universordquo 280 ldquoEn cuanto que causa de la generacioacuten (γένεσις) podemos de hecho considerar el Sol como la sola y verdadera generacioacuten pues todas las cosas generadas (γιγνόμενα) se derivan de eacutel De modo semejante el Bien no es esencia (οὐσία) en el sentido en que las Ideas son esencias pero en un sentido superior es la uacutenica esencia verdadera pues todas las esencias son sοlo determinaciones especiacuteficas del Bienrdquo (J Adam II pg 62) 281 La Liacutenea dice J Raven (Platos Thought in the Making pg 144) ldquoaims to throw light on the contents of the intelligible world by means of the analogy with the visi-blerdquo Este siacutemil de Platoacuten que representa una verdadera ldquoescala vertical de la realidadrdquo (J Raven op cit pg 145) muestra el trazo de una liacutenea dividida en pro-porciones que simbolizan una claridad u obscuridad comparativas ldquothe shorter the segment the more obscure its contentsrdquo (ibid pg 145) Como un recuerdo de la figura del sol y su luz en el siacutemil anterior aquiacute a mayor verdad mayor es la clari-dad de los objetos

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en orden de claridad (σαφήνείᾳ) (1) imaacutegenes (εἰκόνες) y cosas parecidas (2) las asiacute llamadas cosas reales como por ejemplo los animales que nos rodean y las plantas (3) los objetos de ese meacutetodo intelectual que desciende desde su-puestos o hipoacutetesis (ὑποθέσεις) hasta la conclusioacuten usando objetos sensibles como imaacutegenes o ilustraciones (4) los objetos de ese meacutetodo intelectual que asciende desde supuestos hasta un primer principio no supuesto (ἀνυπόθετον) sin hacer uso de ninguacuten tipo de ilustracioacuten sensible y despueacutes de eso desciende a una conclusioacuten La tercera seccioacuten representa los temas investigados por las asiacute llamadas lsquoartesrsquo o las ciencias matemaacuteticas la cuarta es la esfera de la dialeacutectica el nivel de la Ideas inteligibles Los estados menta-les correspondientes son llamados por Soacutecrates lsquoimaginacioacutenrsquo (εἰκασία) lsquocreenciarsquo (πiacuteστις) lsquopensamientorsquo (διάνοια) lsquointeligenciarsquo (νόησις) Cada uno de estos es claro o cierto exactamente en la medida en que sus objetos son verdaderos282

Libro seacuteptimo 514a-517a El siacutemil siguiente representa nuestra naturaleza con respecto

a la educacioacuten (παιδείας) y a la ausencia de ella (ἀπαιδευσίας)283 Imagi-neacutemonos un nuacutemero de prisioneros confinados en una caverna subterraacutenea e

282 La sombras y los reflejos derivan su existencia y su inteligibilidad de los objetos de los que ellos son sombras o bosquejos por una parte estos derivan y dependen de aquellos y por otra estos bosquejos sentildealan hacia esos objetos y son comprendi-dos en referencia a ellos (Ver DA Rees Introduction ed 1962 The Republic of Plato de J Adam pg XXXVII) 283 Es conveniente notar que el siacutemil de la Caverna representa la situacioacuten del hom-bre sin educacioacuten y de lo que pasariacutea si convertido a la verdad (que es el objeto y contenido de la verdadera educacioacuten) transformara su alma mediante la contempla-cioacuten de la realidad pura La educacioacuten (παιδεία) se iguala a una conversioacuten al Ser es decir hacia lo maacutes verdadero y real La presencia en nosotros del Ser instaura en nuestra alma la verdad

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incapaces de ver otra cosa que no sea sombras de imaacutegenes y otros objetos semejantes proyectados por la luz de un fuego Tales hombres creeraacuten que las sombras de objetos manufacturados son la uacutenica verdad Si fueran libera-dos284 y conducidos paso a paso hacia la luz ellos querraacuten volverse y escapar hacia el interior de la caverna pero si los obligamos a salir terminaraacuten gra-dualmente por acostumbrarse al deslumbramiento y a ser capaces de con-templar al Sol y de comprender su soberaniacutea en el dominio de las cosas visi-bles La compasioacuten por sus anteriores amigos comenzaraacute entonces a mezclar-se con el gozo de su propia escapatoria Si volvieran a descender a su lugar anterior285 la obscuridad afectaraacute al principio su visioacuten y los expondraacute a la risa de los demaacutes quienes podriacutea ser echaraacuten manos sobre sus liberadores y los mataraacuten

517a-518b El siacutemil de la Caverna deberiacutea asociarse con el de la Liacutenea286

La Caverna es el mundo visible el fuego es el Sol y el viaje de los prisioneros hacia la luz se asemeja al ascenso del alma hacia la esfera inteligible en la que la Idea del Bien reina suprema No deberiacutea sorprendernos ver que el filoacutesofo estaacute poco dispuesto a dejar la luz del pensamiento por la oscuridad de los asuntos praacutecticos o que eacutel se encuentra aturdido y confundido al actuar alliacute

284 El camino hacia la liberacioacuten (λύσιν) y la curacioacuten (ἴασιν) del prisionero estaacute en estricta y progresiva relacioacuten con su ascenso hacia la luz y el Sol En ese sentido la filosofiacutea instaura en el alma del individuo una viacutea de liberacioacuten Si conforme al meacute-todo de Platoacuten establecemos la relacioacuten individuo sociedad resulta que la filosofiacutea estaacute llamada a proporcionar libertad a la ciudad aquella que proviene de la con-templacioacuten de la verdad inteligible 285 Esta vuelta forzosa a la Caverna de los contempladores del Sol-Bien es esencial para los objetivos poliacuteticos del siacutemil La visioacuten de la verdad va unida al compromiso de volver al lugar de los reflejos con la intencioacuten de establecer un nuevo orden de cosas en esa sociedad de sombras Con ocasioacuten de esa vuelta se ha dicho que el len-guaje de Platoacuten no deja dudas de que eacutel quiere sentildealar con ese regreso un retorno a la vida de la ciudad y la praacutectica de las virtudes ciacutevicas ldquoEn consonancia con ello los habitantes de la Caverna seraacuten aquellos hombres que de hecho han de hallarse ocupados en asuntos praacutecticos y sobre todo puacuteblicosrdquo (D A Rees Introduction en J Adam op cit pg XL) 286 Aunque ldquoa diferencia de la Liacutenea mdashdice DA Rees Introduction (op cit pg XXXIX)mdash la Caverna muestra un movimiento temporal y este hecho es en siacute mismo una indicacioacuten de los peligros inherentes en cualquier intento de una correlacioacuten estrecha entre los dos En cuanto la Caverna mira hacia atraacutes ella mira tanto hacia el Sol como hacia la Liacuteneardquo

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518b-521b Se sigue que la educacioacuten no es un modo de poner conoci-

miento en almas vaciacuteas sino una revolucioacuten del entendimiento u oacutergano del saber cuya mirada debe estar dirigida hacia el Ser (τὸ ὄν) y la parte maacutes bri-llante de eacutel que es el Bien (τἀγαθόν) El alma entera se vuelve con el enten-dimiento en esta revolucioacuten287 Este retorno al Ser no es otra cosa que una vuelta del alma hacia la realidad Las otras virtudes son secundarias y exte-riores pero el entendimiento no pierde jamaacutes su poder y actuacutea quieacuteralo o no seguacuten se ha convertido o no por medio de la educacioacuten Las mejores natu-ralezas en nuestra ciudad luego de haber ascendido (ἀναβῆναι 519d) hacia el Bien deben volver a juntarse con los prisioneros que habiacutean dejado El for-zarlos asiacute a descender (καταβαίνειν) de nuevo puede parecer injusto pero la ley busca hacer proacutespero al conjunto de la ciudad y no a una sola clase Y es ciertamente justo tambieacuten que ellos paguen asiacute a su paiacutes por haberlos criado y educado Ellos admitiraacuten la fuerza de nuestras demandas y aceptaraacuten su turno en la obra de gobierno no ansiosamente sino como una necesidad288 Hemos visto que una ciudad bien gobernada es imposible a menos que una perspectiva de vida mejor que la de gobernar se abra a sus gobernantes y la vida del verdadero filoacutesofo es mejor

521c-523a Debemos considerar a continuacioacuten coacutemo podemos conducir

a nuestros guardianes hacia la luz Los estudios (μάθημα 521d) que necesi-tamos son de una calidad tal como para arrastrar nuestra alma desde la gene-racioacuten al Ser289 y son al mismo tiempo de alguna utilidad praacutectica en la gue-rra Nuestra preparacioacuten anterior en la gimnasia y la muacutesica no nos serviraacute

287 En la teoriacutea platoacutenica de la educacioacuten comenta J Adam (II pg 98) estaacute com-prometida el alma en su integridad Esta lsquorevolucioacutenrsquo (περιαγωγή) espiritual se aplica ahora primaria e inmediatamente al intelecto aunque produce una revolu-cioacuten moral no menor que una intelectual ldquoLa disciplina moral de los libros II-IV contrariamente a ser dejada de lado es fortalecida y consolidada mediante su inte-lectualizacioacutenrdquo 288 Una antigua expresioacuten eclesiaacutestica dice nolentibus datur es decir ldquose otorga ltun obispadogt a los que no lo quierenrdquo 289 521d ἀπὸ τοῦ γιγνομένου ἐπὶ τὸ ὄν ldquoDesde lo generado hacia el Serrdquo Un iti-nerario desde lo generado y sensible hacia el ser y lo real Porque los verdaderos poliacuteticos de esta ciudad deben conocer la realidad no su apariencia

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para este propoacutesito ni tampoco lo seraacuten las artes mecaacutenicas iquestQueacute me dices del nuacutemero y el caacutelculo que forman parte de cada arte y ciencia Su impor-tancia en la estrategia es obvia y hallaremos que aquellos si son usados co-rrectamente conducen evidentemente a las almas hacia la inteligencia y el ser

523a-524c Yo distingo dice Soacutecrates entre dos clases de percepciones

(ἐμ ταῖς αἰσθήσεσιν) a saber las que estimulan a la inteligencia (νόησιν) y las que no lo hacen Corresponde a las primeras todas aquellas representacio-nes sensoriales que son auto-contadictorias Tenemos aquiacute por ejemplo tres dedos La vista nos dice que cada uno es un dedo Hasta aquiacute no hay contra-diccioacuten y la inteligencia no es excitada Pero en otros respectos lo es con el tamantildeo y la pequentildeez el grosor y la delgadez y cosas parecidas La percep-cioacuten que reporta que tal o cual cosa es dura frecuentemente nos cuenta que es tambieacuten blanda y lo mismo mutatis mutandis puede decirse de todas las percepciones que tratan con cualidades relativas de este tipo En tales casos el alma estaacute perpleja y acude a la inteligencia por ayuda La inteligencia res-pondiendo con prontitud comprende lsquograndersquo y lsquopequentildeorsquo por ejemplo co-mo distintos y separados uno del otro a diferencia de los sentidos por los que ellos eran vistos no separados sino confundidos Es asiacute que somos condu-cidos primero a preguntar lsquoiquestqueacute es lo grandersquo y lsquoiquestqueacute es lo pequentildeorsquo

524c-526c Considera ahora a cuaacutel de esas clases pertenece el nuacutemero y

la unidad Nuestra percepcioacuten de lsquounidadrsquo (τὸ ἕν) es auto-contradictoria pues cada unidad que vemos la vemos a la vez como una e infinita en nuacuteme-ro Esto es verdadero tambieacuten del nuacutemero en general ya que es verdadero del lsquounorsquo (τὸ ἕν) La ciencia del nuacutemero es por consiguiente un estudio con-veniente tanto por motivos educacionales como utilitarios con tal que sea ejercido de tal modo que conduzca al alma desde los nuacutemeros visibles hasta los invisibles de la verdadera matemaacutetica Podemos antildeadir que los estudios aritmeacuteticos son una prueba excelente de capacidad general una buena disci-plina intelectual y por lo demaacutes difiacutecil

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526c-527c En el orden siguiente estaacute la geometriacutea plana No necesitamos extendernos en su utilidad praacutectica la cuestioacuten importante es si ella propende a volver el alma hacia el ser y la Idea del Bien (τὴν τοῦ ἀγαθοῦ ἰδέαν 526e) Un mero novicio en geometriacutea sabe que ella no es un arte praacutectico a pesar de teacuterminos tales como lsquocuadrarrsquo etceacutetera que la pobreza del lenguaje obliga a emplear El objeto del conocimiento geomeacutetrico es el ser eterno290 Por esta razoacuten prescribiremos el estudio de la geometriacutea una materia que es ademaacutes ventajosamente uacutetil y excelente como disciplina preparatoria

527c-528e iquestPrescribiremos como nuestro tercer estudio la astronomiacutea

Glaucoacuten aprueba indicando su utilidad en los asuntos praacutecticos Luego de reprender a su amigo por defender el curriacuteculo platoacutenico principalmente por este motivo Soacutecrates observa que primero deberiacutea estudiarse lo soacutelido en siacute y despueacutes lo soacutelido en movimiento En otras palabras la estereometriacutea (στερεὸν 528b-c)291 deberiacutea preceder a la astronomiacutea Aunque los problemas de los soacutelidos no se resuelven todaviacutea podemos esperar eacutexito con una direc-cioacuten apropiada y con el apoyo del Estado

528e-530c La astronomiacutea (ἀστρονομἰα) seraacute en conformidad cuarta en

orden y la estereometriacutea tercera Siacute dijo Glaucoacuten pues de seguro que la as-tronomiacutea impulsa al alma a mirar lsquohacia arribarsquo (ἄνω βλέπειν 529b) Por el contrario responde Soacutecrates como se la estudia al presente la astronomiacutea vuelve los ojos del alma hacia abajo aunque el ojo corporal mira hacia arriba La verdadera astronomiacutea no es la observacioacuten de los cielos visibles que son como todas las cosas vistas imperfectas y sujetas a cambio es una ciencia matemaacutetica que estudia los verdaderos movimientos de las estrellas inteligi-bles y usa el firmamento visible como su planetario (529d-e) Nos dedicare-mos por consiguiente a la astronomiacutea valieacutendonos de problemas y nos des-pediremos de lo que hay en el cielo

290 527b τοῦ γὰρ ἀεὶ ὄντος ἡ γεωμετρικὴ γνῶσίς ἐστιν La verdadera geometriacutea es un saber de lo real e inteligible 291 El propio teacutermino ldquoestereometriacuteardquo (στερεομετρίαν Epin 990d) aparece solo en el Epiacutenomis (que algunos consideran no platoacutenico) como algo distinto de la geome-triacutea Es usado ya por Aristoacuteteles

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530c-531c Luego vendraacute la ciencia que es hermana de la astrononomiacutea a saber la armoniacutea (ἁρμονία) Por mayores detalles nos remitiremos a los pitagoacutericos teniendo cuidado sin embargo de mantener intactos nuestros principios directivos Podemos no hacer caso de gente que trata de determi-nar un intervalo miacutenimo y una unidad de medida por percepcioacuten auditiva pero los pitagoacutericos estaacuten tambieacuten equivocados ya que lo que ellos estudian son las proporciones numeacutericas de las armoniacuteas audibles Ellos deben ascen-der a los verdaderos problemas y examinar queacute nuacutemeros son consonantes cuaacuteles no y porqueacute La ciencia de la armoniacutea es inuacutetil para nuestros propoacutesi-tos si se ejerce de otra manera

531c-533d La prosecucioacuten de estos estudios si permiten descubrir sus

relaciones mutuas contribuiraacuten a los fines que perseguimos pero despueacutes de todo ellos son solo un preludio a la dialeacutectica (τὸ διαλέγεσθαι) Podemos comparar la dialeacutectica a la marcha de los prisioneros desde que ven los ani-males reales hasta que contemplan el Sol y comparar a su vez esos estudios preparatorios a su liberacioacuten y ascenso desde las sombras e imaacutegenes al inte-rior de la caverna hasta las sombras de los objetos reales en el mundo de arri-ba Soacutecrates no acepta hacer una estimacioacuten del meacutetodo y objeto de la dialeacutec-tica pero insiste en que el Bien debe ser visto y que solo la dialeacutectica puede revelarlo pues el meacutetodo dialeacutectico (ἡ διαλεκτικὴ μέθοδος) es el uacutenico estu-dio que se eleva sobre las ruinas de sus presupuestos (ὑπόθεσις) hasta la Idea del Bien conduciendo el alma hacia lo alto y usando las lsquoartesrsquo como auxilia-res de esta labor de atraccioacuten educativa292

533e-534e En conclusioacuten despueacutes de sentildealar las relaciones entre los di-

ferentes estados intelectuales Soacutecrates declara que la caracteriacutestica esencial de la dialeacutectica es su poder de comprender la razoacuten o principio de todo ser se-parando la Idea del Bien por ejemplo de todas las demaacutes definieacutendola en palabras y examinado la definicioacuten por medio de pruebas de todas y de cada

292 Acerca del meacutetodo dialeacutectico J Adam sentildeala ldquoFormalmente considerada la dialeacutectica procede como el severo interrogatorio socraacutetico por preguntas y respues-tas (534D) La dialeacutectica es por sobre todo sinoacuteptica esforzaacutendose por ver doacutende estaacute el uno y lo muacuteltiple (531D 537BC) De ahiacute que la coordinacioacuten de las ciencias es una buena preparacioacuten para el maacutes alto estudiordquo (II pg 173)

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una de las que debe resultar triunfante Glaucoacuten estaacute de acuerdo en que un tal estudio es indispensable para los gobernantes y de que el curriacuteculo de estudios estaacute ahora completo

535a-536b Solo queda por designar a quieacutenes daremos estas ensentildeanzas

y prescribir el modo de hacerlo Nuestros alumnos deben poseer no solo cua-lidades como la generosidad o la virilidad sino tambieacuten aquellas otras cuali-dades naturales que nuestro peculiar curso de entrenamiento exige Ellas son ahora enumeradas por Soacutecrates

536b-537c Despueacutes de pedir disculpas por su celo excesivo en defensa

de la Filosofiacutea Soacutecrates establece sus estatutos Debemos seleccionar nuestros alumnos en tanto que son joacutevenes y someterlos en su juventud a todos los estudios preparatorios preocupaacutendose de evitar la coaccioacuten que se eduquen jugando Al mismo tiempo habraacuten de ser llevados al campo de batalla como espectadores y recibir su iniciacioacuten en las armas De los dieciocho a los vein-te los ejercicios gimnaacutesticos demandan su atencioacuten completa A los veinte aquellos que han demostrado ser los mejores ingresaraacuten en un sistemaacutetico estudio comparativo de las matemaacuteticas y los otros estudios por un periacuteodo de diez antildeos

537d-540c En esta etapa se seleccionaraacute a los maacutes haacutebiles para ascender-

los a honores maacutes grandes y probarlos por medio de la dialeacutectica Se debe tener gran cuidado al introducirlos en este estudio porque cuando el caraacutecter es inmaduro y deacutebil el debate dialeacutectico frecuentemente engendra tambieacuten desobediencia (παρανομία)293 al derribarse creencias heredadas Prohibire-mos en consecuencia tales disputas dialeacutecticas a los joacutevenes Despueacutes de cin-co antildeos consagrados a la dialeacutectica los proacuteximos quince se ocuparaacuten en la adquisicioacuten de una experiencia de gobierno y asuntos praacutecticos A la edad de cincuenta aquellos que se hayan destacado y superado todas las pruebas se dedicaraacuten a partir de entonces a la contemplacioacuten del Bien (ἰδόντας τὸ ἀγαθὸν αὐτό 540a) debiendo descender cuando llegue su turno a la Ca-

293 El sentido literal de paranomiacutea es el de lsquotransgresioacuten de la leyrsquo de ahiacute su sentido de lsquohaacutebitos desordenadosrsquo

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verna para ordenar las instituciones humanas conforme a su semejanza To-das estas normativas se aplican por supuesto tanto a mujeres como a hom-bres

Libro octavo 543a-545c Soacutecrates ahora vuelve al punto en que comenzoacute la lsquodigresioacutenrsquo

que ha ocupado los libros V-VII Hay como observamos cuatro variedades principales de estados e individuos ademaacutes del gobierno perfecto y el hom-bre perfecto En orden de merecimiento ellos son (1) Timarquiacutea o el estado cretense y laconio (2) Oligarquiacutea (3) Democracia (4) Tiraniacutea Todos los otros tipos de repuacuteblica tales como dinastiacuteas etc se encuentran en alguna parte de esas variedades primeras y evidentes Ademaacutes ya que el caraacutecter especiacutefico de los estados es determinado por el de los individuos habraacute cinco tipos principales de caracteres individuales personificados respectivamente en (1) el hombre aristocraacutetico (2) el timocraacutetico (3) el oligaacuterquico (4) el democraacuteti-co (5) el tiraacutenico Hemos descrito ya al primero de esos pero debemos tam-bieacuten revisar los otros para que haciendo contrastar el mejor con el peor seamos capaces de comprender la relacioacuten entre la justicia sin mezcla (ἄκρατος)294 y la injusticia sin mezcla en relacioacuten con la felicidad y la desgra-cia de sus poseedores295 Como antes examinaremos primero los caracteres (τὰ ἤθη) en los regiacutemenes poliacuteticos y luego los individuos

294 Es decir pura en toda su fuerza 295 ldquoNos hemos familiarizado ya con el caraacutecter del hombre perfecto pero tenemos todaviacutea que descubrir y describir τὸν κάκιστον ltlsquoel peorrsquogt para que podamos esta-blecer nuestra comparacioacuten y pronunciar nuestro veredicto Esta es la tarea a la que Platoacuten se aplica en los libros VIII y IX hasta el 576b)rdquo seguacuten J Adam II pg 195 No se trata de la explicacioacuten de un desarrollo histoacuterico sino de una teoriacutea de la deca-dencia poliacutetica que se basa a su vez en una teoriacutea de la degeneracioacuten psicoloacutegica (cf Adam II pg 196) Complementando el punto relativo a la descripcioacuten de los regiacutemenes en que se po-ne especial eacutenfasis en mostrar la ciudad y el tipo de hombre peor J Adam antildeade (pg 199) ldquoThe form which he does in point of fact select is that of a historical narra-tive but the real order of the development which he describes is a lsquological orderrsquo and is primarily determined by psychological and not by historical considerationsrdquo

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545c-547c iquestCoacutemo surge la timarquiacutea de la aristocracia296 Podemos asentar como una regla universal que un cambio constitucional se origina por la disensioacuten (στάσις)297 al interior de la clase gobernante Soacutecrates invoca a las Musas para decir lsquocoacutemo entroacute la primera sedicioacutenrsquo Como todo lo demaacutes nuestra ciudad perfecta estaacute sujeta a una ley de naturaleza universal de que todo lo que es creado perece298 A partir de los elementos del nuacutemero que expresa el periacuteodo maacutes corto de gestacioacuten en el geacutenero humano Soacutecrates construye un lsquonuacutemero geomeacutetricorsquo299 que eacutel llama lsquosentildeor de los nacimientos mejores y peoresrsquo300 Cuando debido a la ignorancia de este se unen parejas en forma inoportuna surge como teniacutea que serlo una raza degenerada de

296 Creo que podremos utilizar libremente lsquotimarquiacutearsquo o lsquotimocraciarsquo como lo pro-pone el mismo Platoacuten ldquoya que no tengo otro nombre con queacute llamarlo habraacute que denominarla o timocracia o timarquiacuteardquo dice en 545 b (ἢ τιμοκρατίαν ἢ τιμαρχίαν Platoacuten mdash545bmdash afirma que es ldquoel reacutegimen poliacutetico que busca los honoresrdquo (philoti-mos tambieacuten lsquoambicioso emulador aacutevido de honrarsquo) LSJ ldquostate in which the love of honour is the ruling principlerdquo En cuanto a la concepcioacuten aristoteacutelica (Eacutetica Nico-maquea 1160a30 b17) se dice ldquostate in which honours are distributed according to a rating of property timocracyrdquo En cuanto a la aristokratiacutea sabemos que es el gobierno de los mejores en primer lugar en un sentido maacutes especiacutefico el de los nobles Puede tambieacuten considerarse una aristocracia el gobierno de los ricos si tiene caracteriacutesticas positivas u oligarquiacutea si predominan las negativas (cf Platoacuten Poliacutetico 301a) 297 stasis puede significar la posicioacuten el estado de una persona de ahiacute partido Y en un contexto poliacutetico como el nuestro una faccioacuten un partido formado con propoacutesitos sediciosos La stasis no es propiamente ni lsquorevolucioacutenrsquo ni lsquosedicioacutenrsquo ni siquiera lsquocambio de constitucioacutenrsquo (metaboleacute ) sino que en palabras de Marcus Wheeler ldquodes-cribe una situacioacuten cuyo rasgo esencial es el uso de la violencia o conducta (beha-viour ) lsquoilegalrsquo de dos o maacutes gruposrdquo (J O Velaacutesquez Platoacuten y la soberaniacutea del es-tado en Revista de Filosofiacutea vol XXXI-XXXII (1988) Santiago de Chile pg 38 298 Se enuncia como de paso este principio ldquola destruccioacuten es inherente a todo lo generadordquo (546a) y esto explica el porqueacute de la decadencia de las construcciones ciacutevicas de los hombres De ahiacute los ciclos de destruccioacuten que se suceden en la historia humana (cf Timeo 22d Leyes III 677e) Hay que hacer notar sin embargo que la cau-sa de la decadencia no estaacute propiamente en la ciudad ideal que aquiacute se proyecta sino en estas razones superiores de la naturaleza de las cosas 299 Luego de presentar esta especie de ley universal de la naturaleza toda por la que todas las cosas generadas poseen una tendencia intriacutenseca a la decadencia y destruccioacuten se inicia ldquola construccioacuten de un nuacutemero que es expresioacuten de esta ley de degeneracioacuten inevitable a la que estaacute sujeto el universo y todas sus partesrdquo de ese modo mediante complejos caacutelculos de sabor pitagoacuterico Platoacuten ldquointenta dar una expresioacuten aritmeacutetica a la ley del cambio con aquello que eacutel llama el nuacutemero geomeacute-trico ltγεωμετρικὸς ἀριθμόςgt (J Adam II pg 202) 300 ldquoY todo este nuacutemero geomeacutetrico dice Platoacuten es sentildeor ltde los nacimientos mejo-res y peoresgtrdquo (546c)

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hijos301 Los mejores de estos se convierten con el tiempo en gobernantes pero la mezcla de razas mdashde oro de plata de cobre de broncemdash se acrecienta y tiene por resultado la sedicioacuten Las facciones en lucha finalmente mediante un compromiso producen la transicioacuten a la timarquiacutea mdashuna forma de repuacute-blica que se situacutea a medio camino entre la aristocracia y la oligarquiacutea

547c-548d Es suficiente en cuanto al origen de la timarquiacutea En su re-

presentacioacuten se asemejaraacute por una parte a la aristocracia y a la oligarquiacutea por otra en parte tendraacute tambieacuten sus peculiaridades Los rasgos aristocraacuteticos son el respeto por la clase gobernante y asiacute sucesivamente su propia peculia-ridad distintiva es el amor por la guerra y asuntos guerreros en codicia y avariacia es como en la oligarquiacutea302 En general la timarquiacutea es una mezcla de bien y mal pero la caracteriacutestica mas visible de este reacutegimen es el amor por la victoria y el honor303

548d-550c El caraacutecter del hombre timocraacutetico es descrito ahora en estre-

cha analogiacutea con el del estado timocraacutetico (548d-549b) En origen mdashSoacutecrates continuacutea diciendomdash este fue el hijo de un buen padre que vive en una ciudad mal regulada y que se abstiene de la actividad ciacutevica Impulsado por los pre-ceptos y exemplo de su padre hacia una vida superior y por la influencia ma-

301 Por lo visto los gobernantes con todo su saber se equivocan (ldquoignoraacutendolordquo) y no logran siempre perfectas uniones entre novios y novias Todo el paacuterrafo nos muestra en resumen ldquoque los filoacutesofos-reyes estaacuten sujetos a dos limitaciones una bioloacutegica y un tanto misteriosa la otra cognitiva y faacutecilmente inteligible La limitacioacuten bioloacutegica es que la calidad de los reyes-filoacutesofos estaacute de-terminada por doacutende en un ciclo natural estaacuten sus padres cuando se les concibe La limitacioacuten cognitiva es que ellos deben emplear la percepcioacuten sensorial para hacer realidad sus teoriacuteas en la praacutecticardquo (CDC Reeve Philosopher -Kings Princeton 1988 pgs 114-15) 302 Es probable que la mayor parte de esta descripcioacuten esteacute basada y diga referen-cia con reacutegimen espartano 303 En la timocracia como dice Platoacuten ldquohay un dominio del elemento fogosordquo (548c) que apunta especialmente a los aspectos tanto valerosos como coleacutericos (lsquoirasciblesrsquo) del caraacutecter humano Con philonikiacutea se enfatiza aquiacute maacutes el aspecto de emulacioacuten que el de rivalidad lsquoamor por la victoriarsquo y philotimiacutea es aquiacute maacutes lsquoamor por los honoresrsquo y las distinciones que lsquorivalidad ambiciosarsquo En ambos casos la palabra puede tomar de hecho frecuentemente un mal sentido

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terna y de otros hacia una inferior se habraacute eacutel mismo rendido al dominio del principio intermedio en su alma y asiacute se hallaraacute convertido en lsquotimaacuterquicorsquo304

550c-551c A continuacioacuten viene la oligarquiacutea o plutocracia305 El cambio

se origina en el crecimiento de la avaricia y la codicia al interior del estado timocraacutetico este se completa tan pronto como se establece por ley el requisito de la posesioacuten de propiedad para ocupar cargos puacuteblicos306

551c-553a Hay numerosas fallas (ἁμαρτήματα) lamentables en la ciu-

dad oligaacuterquica Hace de la riqueza en vez del conocimiento la calificacioacuten para gobernar estaacute dividida contra siacute misma307 incapaz con toda probabili-dad de hacer la guerra308 y en discordancia con nuestro principio de lsquoun hombre un trabajorsquo309 Lo peor de todo la oligarquiacutea es la primera constitu-cioacuten que permite a un hombre disponer de toda su propiedad por medio de la venta Por causa de ello surge una numerosa clase empobrecida que se

304 Hay un crecimiento gradual de elementos institivos y pasionales en el hijo que aunque no tiene la naturaleza de un hombre malo se ve influido por otros para lle-gar a este lsquopunto mediorsquo y ha terminado por entregar el gobierno de siacute mismo a este elemento intermedio (lsquofogosorsquo) que lo convierte en un hombre altanero y aficionado al honor 305 La oligarquiacutea es el reacutegimen dice Platoacuten ldquobasado en la evaluacioacuten de la fortuna (ἀπὸ τιμημάτων) en el cual los ricos gobiernan mientras que no le estaacute permitido al pobre participar en el poderrdquo (550c-d) El teacutermino clave aquiacute es timema cuyo sig-nificado poliacutetico es ldquoel valor en el que se tasaba la propiedad de un ciudadanordquo (LSJ) De ahiacute se estableciacutea un censo que no solo teniacutea efectos en el pago de los im-puestos sino tambieacuten en especial en la capacidad excluyente de estos ciudadanos de ser los uacutenicos elegibles para ocupar las magistraturas del estado 306 Parece natural que Platoacuten haya definido la oligarquiacutea en relacioacuten con la valora-cioacuten de la propiedad puesto que la caracteriacutestica central del programa del partido oligaacuterquico en Atenas mdasha partir del 412 aC en adelantemdash fue precisamente esta calificacioacuten de la propiedad como requisito para la obtencioacuten de la ciudadaniacutea com-pleta (cf Adam II pg 219) 307 Una falla no menos grave que la prevalencia de la riqueza estaacute en el hecho de que en esta ciudad hay forzosamente dos ciudades a saber la de los pobres y la de los ricos habitando un mismo espacio y conspirando unos contra otros (551d) 308 A consecuencia de esta misma divisioacuten aunque el reacutegimen lo precise se teme armar al pueblo 309 Hay una criacutetica constante de Platoacuten en contra del lsquoocuparse de muchos asuntosrsquo (τὸ πολυπραγμονεῖν) que consiste en una injerencia en asuntos ajenos (ver 374 b 434 a 443 d-e)

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asemeja a los zaacutenganos algunos sin aguijoacuten y otros en posesioacuten de ellos Los primeros son solo pobres pero los uacuteltimos son delincuentes que deben ser reprimidos por la fuerza

553a-553e El hombre oligaacuterquico es el hijo de un padre timocraacutetico cu-

ya fortuna ha naufragado mediante condenaciones injustas Aprovechando el ejemplo de su padre el hijo destrona de su lugar preeminente el amor por el honor (φιλοτιμίαν) y sienta en su trono al deseo y la avaricia en el interior de su corazoacuten310 La acumulacioacuten de riquezas es de alliacute en adelante una pasioacuten que le devora311

554a-555b En caraacutecter el hombre oligaacuterquico se asemeja al estado oli-

gaacuterquico Eacutel satisface sus deseos necesarios y no otros Es avaro mezquino codicioso y el dios ciego de la riqueza es el liacuteder del coro de su alma Algunas veces cuando se da la oportunidad sus deseos tipo zaacutengano se hacen valer en eacutel312 pero eacutel los reprime eneacutergicamente por el temor de las consecuencias Asiacute aunque su alma es viacutectima de la sedicioacuten sus deseos mejores prevalecen generalmente sobre aquellos peores313 En las competencias puacuteblicas se le en-cuentra usualmente contento de ser vencido y conservar su dinero

555b-557a A la oligarquiacutea sucede la democracia A medida en que se

permite e incluso se estimula a una juventud disipada (ἀκόλαστοι) a malgas-tar sus bienes una clase numerosa y empobrecida de zaacutenganos con aguijoacuten

310 ldquoThe description of the progress of individual degeneration from the aristocrat down to the tyrant constantly reflects Platos own experience of Athenian society and domestic liferdquo (Adam II pg 225) Y la descripcioacuten del destronamiento y poste-rior esclavitud del joven ciudadano revela que ldquothe picture expresses with admira-ble clearness the psycological basis of Platos sequence of politiesrdquo (ibid) 311 Se enfatiza nuevamente el lugar central que la pasioacuten por la adquisicioacuten de ri-quezas ocupa en el estado oligaacuterquico 312 ldquoAsiacute como la oligarquiacutea tiene lsquozaacutenganosrsquo (552C) asiacute el hombre oligaacuterquico tiene lsquodeseos de zaacutenganorsquordquo (Adam II pg 228) 313 Por la condicioacuten de su alma el hombre oligaacuterquico mdashcomo la ciudad corres-pondientemdash no es un ser unitario sino doble y experimenta deseos en que las maacutes de las veces se logra que los mejores de ellos dominen a los peores (554d-e)

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hace su aparicioacuten en la ciudad314 Los gobernantes no toman medidas315 para remediar un mal que incrementa sus propias fortunas y se vuelven flojos y blandos316 En eacutepocas de tensioacuten y peligro comuacuten el pobre descubre su pro-pia fuerza y la debilidad del rico y despueacutes de esto necesita muy poco im-pulso para derribar el corrompido edificio La democracia se establece tan pronto como la introduccioacuten del sorteo en los cargos confirma el principio de igualdad317

557a-558c Las caracteriacutesticas peculiares de la democracia son la libertad

(ἐλευθερίας) y la licencia (ἐξουσία) De todos los tipos de gobierno es el maacutes variado y de toda suerte de colores asemejaacutendose a un bazar de constitucio-nes maacutes que a un gobierno uacutenico318 En una ciudad democraacutetica los indivi-duos son libres para adoptar su propia poliacutetica independientemente del es-tado Poca molestia se toman en ejecutar las sentencias judiciales El pueblo es condescendiente con los defectos en educacioacuten de sus liacutederes y no les exige otra cosa que una profesioacuten de lealtad para con las masas Una constitucioacuten verdaderamente placentera llena de anarquiacutea y color preparada para distri-buir una suerte de igualdad tanto a los que son iguales como a los que no lo son

314 La ambicioacuten del dinero fundamento del estado y hombre oligaacuterquicos termina por sembrar las simientes de la destruccioacuten del reacutegimen El dinero escasea porque se acumula en unos pocos hasta el punto de empobrecer al conjunto de la ciudad 315 Por no tomar medidas a tiempo mdashlos gobernantes no tienen la voluntad para hacerlomdash la cantidad de pobres se incrementa hasta tal punto que constituyendo la gran mayoriacutea crean en el estado un desequilibrio mortal para el sistema oligaacuterquico 316 ldquoun hombre rico criado en las sombras cargado de carnes superfluasrdquo (556d) 317 Una caracteriacutestica fundamental del sistema democraacutetico griego estaacute en el uso del sorteo para la eleccioacuten de la mayoriacutea de las magistraturas del estado Se buscaba con ello una total igualdad de oportunidades en la obtencioacuten de aquellos cargos Habiacutea tambieacuten puestos electivos como el cargo de strategoacutes en Atenas que en la praacutectica soliacutean adquirir un poder efectivo mayor Es el caso del estratega Pericles en el siglo V aC 318 ldquoEl principio psicoloacutegico principal de la democracia asiacute como el de la oligar-quiacutea es τὸ ἐπιθυμητικόνrdquo ltla facultad del deseogt ldquoPero mientras que en la oligar-quiacutea todo estaba sujeto al dominio de un particular deseo a saber el deseo de ri-queza la democracia por su parte es la personificacioacuten poliacutetica de la libertad e igualdad absolutas de todos los deseos tanto los innecesarios como los necesarios (ver J Adam II pg 234)

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558c-559d No podemos describir el origen del hombre democraacutetico has-

ta que no expliquemos queacute queremos sentildealar con deseos lsquonecesariosrsquo e lsquoinne-cesariosrsquo Los deseos de los que no somos capaces de abstenernos y los de-seos que una vez satisfechos nos benefician son llamados lsquonecesariosrsquo los del tipo opuesto son lsquoinnecesariosrsquo el hombre oligaacuterquico es gobernado por los primeros los segundos dominan sobre los que llamaacutebamos zaacutenganos

559d-562a Volvamos ahora al punto y expliquemos la generacioacuten del

hombre democraacutetico319 Un padre oligaacuterquico tiene un hijo a quien eacutel educa en principios estrechos y ahorrativos El joven gusta la lsquomiel de los zaacutenganosrsquo y se engendra en su alma la sedicioacuten Sobreviene luego una lucha y tal vez despueacutes de una resistencia temporal los deseos innecesarios prevalecen pero con la ayuda de la fortuna y el paso de los antildeos se establece finalmente una suerte de igualdad de todos los deseos y el hombre se transforma en un de-voto imparcial de los placeres en todas sus formas una criatura hermosa y de muchos colores en que todo es comienzos y nada perdura

562a-563e Resta por describir la tiraniacutea y al hombre tiraacutenico Asiacute como

la oligarquiacutea fue derribada por la prosecucioacuten insaciable de riquezas asiacute la democracia comienza a cambiar en tiraniacutea cuando malos escanciadores pro-veen el vino de la libertad en tragos excesivos320 La anarquiacutea bajo el nombre de libertad inficiona cada departamento de la vida sea poliacutetica domeacutestica educacional y social los mismos perros y bestias de carga terminan por con-taminarse con el vicio predominante321 En la fase final322 no se tiene conside-racioacuten alguna por las leyes sean escritas o no escritas

319 ldquoPlatos description of the genesis of the democratical man is one of the most royal and magnificent pieces of writing in the whole range of literature whether ancient and modernrdquo (J Adam II pg 240) 320 La libertad define a la democracia y una ciudad embriagada por ella termina por degenerar en anarquiacutea 321 ldquoLa humoriacutestica descripcioacuten de Platoacuten presenta ante nosotros viacutevidamente la condicioacuten anaacuterquica de las calles de Atenasrdquo (Adam II pg 248) Y con un dejo de ironiacutea que recuerda a algunas de nuestras calles y campos J Adam (ibid) sentildeala ldquoEl viajero en la Grecia moderna recordaraacute los lsquoperros democraacuteticosrsquo de los pueblos del Peloponesordquo

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563e-566d Tal es la simiente que se desarrolla en tiraniacutea (τυραννίς)

cuando de acuerdo con una ley comuacuten la libertad excesiva termina por ge-nerar una excesiva servidumbre323 Los zaacutenganos324 maacutes numerosos acre-cientan su violencia y arruinan la democracia con el paso del tiempo asiacute co-mo una vez ellos arruinaron la oligarquiacutea325 Un estado democraacutetico contiene tres clases de ciudadanos (1) los zaacutenganos los con aguijoacuten como los carentes de eacutel (2) los ricos que sirven como forraje de los zaacutenganos (3) el pueblo (δῆμος) en el que reside la soberaniacutea Los miembros maacutes activos de la frater-nidad de zaacutenganos se transforman en liacutederes del demos 326 contra los ricos A fuerza de extorsioacuten y calumnia las clases propietarias se ven finalmente for-zadas a formar en defensa propia un partido oligaacuterquico De aquiacute surgen de-nuncias y procesos entre unos y otros y el pueblo pone al frente de siacute un de-fensor uacutenico Asiacute como en la faacutebula aquel que proboacute carne humana se convir-tioacute en lobo asiacute este defensor del pueblo tan pronto como derrama la sangre de conciudadanos termina por convertirse inevitablemente en tirano327 Se inicia una guerra civil el defensor es o bien echado de la ciudad y retorna un

322 ldquoThere is a steady deterioration and the last stage of democracy is the worstrdquo (Adam II pg 249 ver Aristoacuteteles Poliacutetica IV 6 1293a 1) 323 563e ldquoLa misma enfermedad que incubaacutendose en la oligarquiacutea la destruyoacute esta misma hacieacutendose maacutes amplia y maacutes fuerte por su libertad sume en la esclavitud a la democraciardquo (trad de G Goacutemez L) 324 La zaacutenganos ahora consecuentes con los objetivos de la democracia maacutes que enriquecerse buscan libertad 325 Platoacuten continuacutea su anaacutelisis basaacutendolo en una perspectiva fundamentalmente psicoloacutegica Los lsquozaacutenganosrsquo mdashcon y sin aguijoacutenmdash representan dos tipos de naturale-za humana a saber un tipo de hombres holgazanes y dispendiosos que ldquoandan ociosos por la ciudadrdquo (555 d) o de lsquozaacutenganosrsquo ldquopordioserosrdquo Los con aguijoacuten re-presentan la parte maacutes varonil que es la que manda la que sigue la maacutes cobarde es la sin aguijoacuten (ver 564 b) 326 El demos es no solo el lsquopueblorsquo sino tambieacuten especiacuteficamente la lsquoasamblea popu-larrsquo que representa el poder del pueblo como ejercido en una ciudad de tipo demo-craacutetico Esta asamblea (demos) suele ser en Platoacuten sinoacutenimo de democracia 327 Los sucesos parecen precipitarse llevados por la fuerza misma de la transfor-macioacuten de los caracteres de los ciudadanos Por otra parte el paladiacuten del pueblo explota bien las circunstancias mientras destierra y mata da a entender ademaacutes que se efectuaraacuten rebajas de deudas y repartos de tierras (566a)

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tirano hecho y derecho o recibe una guardia de seguridad que lo defiende de asaltos clandestinos328 y asiacute logra su objetivo

566d-569c El tirano comienza su gobierno con medidas populares pero

tan pronto como asegura su posicioacuten empobrece y oprime a los ciudadanos mediante una sucesioacuten de continuas guerras A todo aquel que protesta eacutel lo lsquoremueversquo que es una triste necesidad de su situacioacuten el que debe depurar la ciudad de toda riqueza y virtud Para precaverse de su creciente impopulari-dad eacutel debe acrecentar su cuerpo armado permanente alistando mercenarios extranjeros y esclavos de ciudadanos privados A decir verdad iexclestos son sus lsquonuevos ciudadanosrsquo Euriacutepides y otros traacutegicos elogian a la tiraniacutea y a su seacute-quito es por eso que los excluimos de nuestra ciudad Mientras maacutes alto suben hacia la cima de los regiacutemenes poliacuteticos tanto maacutes se debilita su ho-nor329 En cuanto al tirano luego de agotar los tesoros de los templos y de los proscritos obligaraacute al demos que lo engendroacute a mantener a sus amigos y cor-tesanas Toda reclamacioacuten es en vano El demos entiende ahora queacute significa servidumbre mdashla esclavitud en su forma maacutes cruel donde los esclavos son los amos

Libro noveno 571a-572b Resta por ver el hombre tiraacutenico Antes de comenzar a des-

cribir su origen y caraacutecter debemos completar nuestro anaacutelisis del deseo En-tre los deseos no necesarios hay una clase especial que consideramos contra-rios a la ley (παρανόμοι)330 Son como aquellos que surgen en el suentildeo luego

328 566 b ldquoY este es el punto en que todos los que han llegado a esta situacioacuten recu-rren a aquella famosa suacuteplica de los tiranos en que piden al pueblo algunos guar-dias de corps para que aquel conserve a su defensor Una situacioacuten histoacutericamente comprobada en algunos casos de tiranos como Teaacutegenes de Megara Pisiacutestrato ti-rano de Atenas y Dionisio de Siracusa 329 ldquoThe honour paid to Poetry varies inversely with the merit of the constitution This is perhaps the severest thing which Plato has yet said against poetryrdquo (Adam II pg 261) 330 ldquoEl fundamento psicoloacutegico de la tiraniacutea como tambieacuten de la oligarquiacutea y la democracia es el deseo pero hay tres variedades de deseo y es la inferior de estos

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de haberse excedido en la comida y en la bebida331 Pero cuando nos retira-mos a descansar manteniendo reprimidos deseos e ira y el elemento racional en nosotros se mantiene en pleno ejercicio nuestros suentildeos son entonces ge-neralmente inocentes en otros hombres en cambio se hacen presentes de-seos con audaz insensatez revelaacutendose en visiones nocturnas

572b-573c El origen del hombre tiraacutenico es como sigue Un padre de-

mocraacutetico tiene un hijo que es atraiacutedo por malos compantildeeros hacia toda for-ma de actos contrarios a las normas Cuando su familia viene a rescatarlo esos procreadores de tiranos implantan en eacutel una dominante pasioacuten por ac-tuar como el defensor de sus propios deseos de zaacutengano La historia del esta-do correspondiente se repite a siacute misma en el alma del joven y cual guardiaacuten protector (προστάτης) de esos deseos se convierte en su momento en un ti-rano332 Vemos a la sensualidad la bebida la locura como tiranos y el hom-bre tiraacutenico surge cuando estos tres tiranos establecen su dominio sobre el alma

573c-576b Con respecto a su caraacutecter y modo de vida el hombre tiraacuteni-

co se sumerge en toda forma de disipacioacuten y es acosado constantemente por nuevos deseos Sus ingresos y hacienda desaparecen pronto y para satisfacer sus clamorosos y violentos deseos se aduentildea de los bienes de su padre y sin vacilar si es necesario atacaraacute con violencia al padre y a la madre Luego se siguen el sacrilegio y el robo y todo tipo de crimen porque eacutel ha llegado a ser ahora en la realidad concreta lo que rara vez fue antes en suentildeos Tales hom-bres si pocos en nuacutemero podriacutean ir al extranjero y servir de guardia armada de alguacuten tirano o permanecer y asiacute acrecentar las filas en casa de pequentildeos

a saber la de los deseos no necesarios y lsquocontrarios a la leyrsquo o las normas la clase que la tiraniacutea representardquo (Adam II p 319) Hay una cierta dificultad en traducir paranomos pero en general se prefiere lsquocontra(rio) a la leyrsquo Hay un elemento impliacuteci-to de violencia 331 ldquoLa teoriacutea dice J Adam (II pg 320) es que en suentildeos la parte del alma com-prometida no estaacute dormida sino despierta y va en busca del objeto de su deseordquo 332 Acorde con la analogiacutea sociedad-individuo que ha regido todos estos relatos acerca del estado es ahora el joven en cuanto que individuo el que es retratado como siendo el tirano de siacute mismo convertido en guardiaacuten protector mdashprostatesmdash del estado tiraacutenico instaurado en su propia alma

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criminales pero si son numerosos ellos mismos ayudados de la inconscien-cia del pueblo engendran al peor de entre ellos como tirano sobre la patria La tiraniacutea es el objetivo y consumacioacuten de los deseos de tal clase de hombre A traveacutes de toda su existencia tanto antes como despueacutes que logra la corona de su ambicioacuten el hombre tiraacutenico es insensible a la libertad y la amistad desleal y superlativamente injusto En una palabra eacutel es la personificacioacuten viva de los deseos horrendos que hallamos en los suentildeos y mientras por maacutes largo tiempo gobierna tanto peor se vuelve

576b-577b iquestQueacute diremos entonces acerca de la felicidad e infelicidad

del individuo que se manifiesta el maacutes perverso Tal como es la ciudad asiacute lo seraacute el individuo en cuanto a la felicidad como la virtud Y la ciudad en la que gobierna un tirano es la peor y maacutes desgraciada de todas las ciudades iquestQueacute es el hombre tiraacutenico Quien ha vivido con un tirano y es ademaacutes eacutel mismo capaz de juzgar seraacute el que mejor decidiraacute acerca del asunto333 Supongamos dice Soacutecrates que nosotros mismo poseemos esa capacidad

577b-580c Como la ciudad cuya contraparte eacutel es el hombre tiraacutenico es

en realidad un esclavo sin fuerzas para hacer funcionar su voluntad indigen-te e insaciable lleno de temores y lamentos334 Un abismo incluso maacutes grande

333 Es Platoacuten mismo probablemente el indicado aquiacute que alude a su experiencia de Siracusa con el tirano Dionisio I El texto de Repuacuteblica 577 a (trad G Goacutemez La-sa) dice ldquoiquestY si yo creyera que todos debiacuteamos oir a ese hombre capaz de juzgar y que ha convivido con eacutel en las gestiones de la vida domeacutestica en cuanto a las rela-ciones con sus propios parientes en las que ha podido ser visto desnudo de su re-curso de pieza traacutegica y tambieacuten en las actividades puacuteblicas peligrosas y si habien-do visto todas estas cosas le exhortaacuteramos a que comunicara cuaacutel es el estado de felicidad o desgracia del tirano con respecto al de los otrosrdquo Platoacuten entonces me-diante Soacutecrates y Glaucoacuten juzgaraacute acerca de la cuestioacuten central de la felicidad e infe-licidad del rey y del tirano 334 En una precisa nota J Adam (II pg 334) deja establecidas las razones funda-mentales en las que se basan los argumentos de Platoacuten acerca de la ciudad ideal Dice ldquoLos argumentos mediante los cuales Platoacuten establece su conclusioacuten pueden ser en resumen descritos como el argumento poliacutetico el argumento psicoloacutegico y el argumento metafiacutesico El primero (577b-580a) depende de la semejanza entre el alma y el estado el segundo (580c-583a) en la divisioacuten tripartita del alma en λογιστικόν ltrazonablegt θυμοειδές ltanimosogt y ἐπιθυμητικόν ltdesiderativogt el tercero (583b-587b) en la teoriacutea platoacutenica de la Realidad o el Ser Ahora bien son justamente estos tres meacutetodos de investigacioacuten y solo eacutestos los que han sido em-

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de miseria le aguarda si de particular se convierte realmente en tirano335 iexclImagina la condicioacuten lastimosa de quien es repentinamente transportado a un lugar solitario donde eacutel estaacute a merced de sus propios esclavos y rodeado por vecinos libres336 que hacen causa comuacuten con ellos Tal es la situacioacuten del tirano un prisionero en su propio palacio atormentado por anhelos que no puede jamaacutes satisfacer337 En suma eacutel es la personificacioacuten suprema del vicio y la miseria y cuanto maacutes prolongado su dominio peor llega a ser

Dictaminemos ahora como jueces Con respecto a la virtud y felicidad las diferencias individuales son las siguientes (1) el hombre real (2) el timo-craacutetico (3) el oligaacuterquico (4) el democraacutetico (5) el tiraacutenico El maacutes real es el mejor y maacutes feliz el que es maacutes tirano sobre siacute mismo y la ciudad es el peor y maacutes miserable mdashya sea que su verdadero caraacutecter estaacute oculto a los hombres y los dioses o no

pleados en las diferentes partes del diaacutelogo el poliacutetico y el psicoloacutegico en II-IV y VIII-IX el metafiacutesico en V-VII y es por consiguiente plenamente apropiado y correc-to que Platoacuten los reuacutena ahora y use sus fuerzas combinadas lsquoal realizar su informe uacuteltimorsquo La secuencia de los tres argumentos sigue el modo platoacutenico acostumbrado de avance desde lo exoteacuterico hacia lo esoteacuterico y asiacute como la ciudad ideal culminoacute en un idealismo metafiacutesico asiacute es un argumento metafiacutesico el que corona la fortifi-cada ciudadela de la pruebardquo 335 Un importante postulado de la Repuacuteblica es la analogiacutea entre individuo y ciudad El momento de transicioacuten hacia la tiraniacutea estaacute precedido de una multitud de lsquotira-nosrsquo individuales uno de los cuales para desgracia propia y del estado llega a serlo de la ciudad entera (ver 577d ldquoPor tanto dije si el individuo es semejante a la ciu-dadrdquo) Este tirano privado llevado a la vida puacuteblica ldquopor el hecho de ser excedido en nuacute-mero por los suacutebditos que eacutel esclaviza se veraacute forzado a adular y a recompensar a algunos de ellos para no ser derrocado Para comenzar un esclavo de sus propios apetitos ilegales e innecesarios eacutel ha puesto sobre siacute lsquola maacutes cruel y amarga esclavi-tud propia de esclavosrsquo (569c3-4) En su caso tanto la vida interna como la externa conspiran para producir el peor resultado posiblerdquo (C D C Reeve Philosopher-Kings Princeton (1988) pg 157 336 ldquorsquoThese freeborn neighbours in Platos simile represent surrounding indepen-dent States who detest tyranny and help the tyrants subjectsrdquo (Adam II pg 337) 337 Como alma que es lsquotiranizadarsquo (τυραννουμένη) se ve arrastrada por fuerzas que lo convierten en esclavo como alma lsquotiraacutenicarsquo (τυραννικήν) es indigente y ma-ligna para siacute y para la ciudad Su propia condicioacuten de espiacuteritu lo convierte en prisio-nero transformando su palacio en el siacutembolo de su propia caacutercel De este modo ldquoquien es realmente un tirano es realmente un esclavordquo (579 d)

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580c-583a Se puede fundar una segunda prueba en nuestra teoriacutea psico-loacutegica Queacute tal si acordamos llamar a las tres variedades de alma amante del saber (φιλόσοφον) amante del honor (φιλότιμον) amante del lucro (φιλοκερδές) respectivamente y distingimos tres variedades correspondien-tes de hombres y de placeres338 Si tuacute preguntas a alguno de los tres hombres que representan esas tres clases diferentes cuaacutel de los tres tipos de vida es el maacutes placentero cada cual se pronunciaraacute en favor de la suya propia iquestCuaacutel de ellos tiene la razoacuten Los requisitos necesarios para decidir esto como cual-quiera otra cuestioacuten son la experiencia339 la inteligencia o sabiduriacutea (φρόνησις) y la argumentacioacuten Ahora bien el amante del conocimiento es el uacutenico de los tres en el que alguna de estas calificaciones estaacuten presentes y es eacutel quien las posee todas340 Nosotros por tanto aceptamos su veredicto y convenimos en consecuencia en colocar primero el amor del conocimiento segundo el amor del honor y finalmente el amor del dinero

583b-585a Nuestra prueba tercera y cimera es la siguiente341 Todos los

placeres excepto los del sabio (φρόνιμοι) ni son completamente verdaderos ni puros Debemos reconocer la existencia de tres estados distintos a saber placer y dolor que son lo positivo y su opuesto y el estado neutral que es negativo e intermedio Los hombres identifican frecuentemente la condicioacuten intermedia con el placer pero se equivocan cuando lo hacen asiacute ya que hay algunos placeres por ejemplo los del olfato que tienen un caraacutecter positivo

338 Del mismo modo que la ciudad se divide en tres especies asiacute tambieacuten el alma de cada individuo Y en seguida cada una de las tres lsquoseccionesrsquo del alma tiene sus pla-ceres y deseos que le son propios y ello tiene tambieacuten su correspondencia en el tipo de hombre es decir el amante del saber y el amante del honor tiene tambieacuten sus propios lsquodeseosrsquo 339 ldquoIt is indeed quite true as Nettleship reminds us (Lect and Rem II p 322) that the higher kind of man learns more from the experience which shares with the lo-wer kind without having to go through nearly the same amount of itrdquo (J Adam II pg 346) 340 iquestQuieacuten puede decidir acerca de cuaacutel de los tres tipos de vida es el maacutes placente-ro Todos diraacuten tal vez que el suyo lo es En esas circunstancias ldquoSoacutelo la argumen-tacioacuten nos ayudaraacute a decidir y el philoacutesophos es el uacutenico de la triacuteada que posee esa armardquo (Adam II pg 347) 341 ldquoLas argumentaciones (λόγοι) de caraacutecter poliacutetico y psicoloacutegico han hecho ma-nifiestos sus votos y solo nos queda escuchar el veredicto de la argumentacioacuten me-tafiacutesica a la que Platoacuten tiacutepicamente asigna el valor superiorrdquo (Adam II pg 348)

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que les es propio Ahora bien los placeres corporales asiacute llamados342 junto con los placeres correspondientes a los presentimientos del porvenir son en su mayor parte puramente modos de escapar al dolor y pertenecen al estado neutro Ellos son juzgados falsamente placenteros mediante su yuxtaposicioacuten y contraste con el dolor positivo

585a-586c Consideremos el asunto tambieacuten de la siguiente manera

Hambre sed y estados semejantes son modos de vaciamiento fiacutesico (κενώσεις)343 y la ignorancia es una forma de vacuidad (κενότης)344 espiri-tual Quien participa del alimento y adquiere conocimiento o razoacuten son cada cual lsquollenosrsquo pero iquestcuaacutel de ellos es maacutes verdaderamente lsquollenorsquo El conoci-miento y sus afines poseen maacutes realidad y verdad que el alimento etceacutetera el alma que el cuerpo por eso la adquisicioacuten de conocimiento es una forma maacutes verdadera de replecioacuten que la otra El placer resultante seraacute por consiguiente maacutes verdadero Aquellos faltos de experiencia en la sabiduriacutea y la virtud no saben nada de los verdaderos deleites pero luchan unos con otros por regoci-jos ilusorios e insuficientes

586c-588a Los placeres del elemento irascible (τὸ θυμοειδὲς)345 a me-

nos que se intente alcanzarlos en conformidad con la razoacuten son de manera semejante irreales Podriacuteamos incluso aventurarnos a decir que solo cuando obedientes al conocimiento es que los deseos de las dos partes inferiores del alma pueden conseguir aquellos placeres que son en el sentido maacutes alto

342 Porque en sentido estricto todos los placeres corresponden al alma 343 keacutenōsis es el teacutermino griego que se suele traducir por vaciacuteo pero se hace necesa-rio aclarar su sentido propio En lenguaje meacutedico significa lsquoevacuacioacutenrsquo o tambieacuten lsquodepauperacioacutenrsquo (enflaquecimiento) De alliacute la idea de lsquovaciamientorsquo en este contex-to Son vaciacuteos que se sienten puesto que hay un cierto elemento positivo en su au-sencia 344 kenotēs es el teacutermino griego que significa propiamente lsquovaciacuteorsquo lsquovacuidadrsquo 345 Platoacuten en 586c-d se extiende en algunas consideraciones acerca de este aspecto del alma Dice ldquoiquestNo ha de suceder otro tanto con lo irascible (τὸ θυμοειδές) cuan-do alguien le da salida en la envidia movido por la ambicioacuten o en la violencia mo-vido de soberbia o en la ira movido de su mal humor buscando saciedad de honra de predominio o de venganza sin razonamiento ni discrecioacutenrdquo (trad J M Paboacuten M Fernaacutendez Galiano) Cada una de estas formas particulares de lo ldquoiraciblerdquo es una ldquovacuidadrdquo que mdashcomo recuerda Adammdash es llenada por lsquohonrarsquo lsquovictoriarsquo o el lsquodejarse llevar por la irarsquo

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propios y verdaderos346 en cuanto que es posible para ellos el tener en algo siquiera placeres verdaderos Ahora bien los deseos tiraacutenicos son los maacutes distantes de la razoacuten de modo que el tirano tiene el menor placer347 Median-te un elaborado caacutelculo se muestra que el rey vive setecientas veintinueve veces maacutes agradablemente que el tirano348 y si el hombre justo sobrepasa en cuanto al placer al injusto349 iexclcuaacutento maacutes grande seraacute su ventaja en la belleza y la virtud

588a-589b Estamos ahora en condiciones de refutar la tesis de que la in-

justicia combinada con una reputacioacuten de justicia es provechosa para aquel que es injusto El alma puede ser comparada350 con una criatura compuesta mdashen parte de bestia en parte de leoacuten y en parte de hombremdash exhibiendo la apariencia exterior de un ser humano Quien sostiene que la injusticia benefi-cia al hombre juzga que es beneficioso el dejar morir de hambre (λομοκτονεῖν) al elemento humano y hacer fuerte (ποιεῖν ἰσχυρὸν) al resto y estimular a su vez la disensioacuten y la sedicioacuten al interior del alma El defensor

346 El ser humano mediante su alma alcanza su integracioacuten mayor y una armoniacutea superior cuando teniendo a la verdad por su guiacutea disfruta adecuadamente de los placeres amparado en el poder superior de lo mejor que hay en eacutel es decir su en-tendimiento Este principio adquiere en Platoacuten una formulacioacuten claacutesica cuando afirma que lo mejor para cada cosa es tambieacuten lo maacutes apropiado para ella y lo mejor en el alma estaacute sentildealado por el elemento filoacutesoacutefico que hay en ella (τῷ φιλοσόφῳ) 347 ldquoIf the tyrant is third from the oligarch his pleasure will also be in respect of truth third from the oligarchs ie will be an image of an image (τρίτῳ εἰδόλῳ cf X 597 E and 599 A D) of the oligarchs pleasurerdquo (J Adam II pg 359) 348 Unos momentos de entretencioacuten aritmeacutetica ayudan a cerrar el largo anaacutelisis acerca de la degradacioacuten progresiva de estados e individuos El tirano se ha distan-ciado del placer verdadero ldquoen un nuacutemero triplemente triplerdquo (587 d) Este nuacutemero es el 9 (3 x 3) que es llamado aquiacute rsquoplanorsquo (ἐπίπεδον) ldquoLa frase en su conjunto es piensa Adam (II pg 360) solo un modo de decir que si el tirano es 3 x 3 grados distante del verdadero placer su eidolon ltsimulacrogt de placer puede ser represen-tado por 9rdquo Fuera de otras posibles explicaciones (ver Adam II pgs 360-61) se pue-de decir al menos que 9 x 9 = 81 y 81 x 9 = 729 y que este nuacutemero es el doble de 3645 los diacuteas del antildeo 349 Se recuerda que el problema de fondo dice relacioacuten con la justicia y la injusticia 350 Se trata de la formulacioacuten de una lsquoimagenrsquo (εἰκόνα) un recurso frecuente del estilo platoacutenico ldquoLa idea subyacente dice Adam (II pg 362) del siacutemil de Platoacuten es que el hombre es un compuesto de mortal e inmortal que se encuentra situado a medio camino entre lo corruptible y lo incorruptiblerdquo Cf Timeo 69 d-70 e Fedro 246 a 153 d ss

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de la justicia por otra parte afirma que el elemento humano deberiacutea tener la autoridad y conducir a los demaacutes hacia la armoniacutea de unos y otros y de siacute mismo

589b-591a El panegirista de la justicia es asiacute victorioso en todos los res-

pectos Su oponente se rendiraacute cuando entienda que la virtud somete lo bes-tial a lo humano mejor dicho a su parte divina351 mientras que del vicio es verdad lo opuesto iquestAprovecharaacute al hombre apoderarse injustamente del oro y hacer su alma esclava Podemos tambieacuten definir el vivir sin control (ἀκολαστάνειν)352 la insolencia (αὐθάδεια)353 el mal humor (δυσκολία)354 el lujo (τρυφὴ)355 la molicie (μαλθακία)356 la adulacioacuten (κολακεία)357 y la bajeza (ἀναλευθερία)358 que nosotros asociamos con ocupaciones de tipo teacutecnico en los teacuterminos de nuestra comparacioacuten359 Lo mejor debe gobernar lo peor tal es nuestro principio y estaacute en armoniacutea con los objetivos no sοlo de la ley sino tambieacuten del gobierno que se ejerce sobre los nintildeos

591a-592b Es tambieacuten mejor para quien es culpable de injusticia el ser

descubierto y castigado que escapar360 El hombre sabio reverenciaraacute aquellos

351 El hombre como partiacutecipe de la divinidad es una idea profundamente enraiza-da en la cultura griega Platoacuten hace de ella uno de los fundamentos de su repuacuteblica y en general de su filosofiacutea 352 Una de cuyas formas es la intemperancia 353 Una insolencia con visos de terquedad 354 Irascibilidad 355 Con signos de lascivia 356 Acompantildeada de debilidad de caraacutecter 357 Como expresioacuten de servilismo 358 Iliberalidad de mente servilismo 359 ldquoEs la justificacioacuten de Platoacuten dice Adam (II pg 366) para asignar a los campe-sinos y artesanos una posicioacuten subordinada en su ciudadrdquo Un argumento para no-sotros difiacutecilmente aceptable mdashmaacutes bien incomprensiblemdash que solo se puede expli-car al interior de los modos de pensar griegos El artesanado y la clase obrera de alguna manera descalificaban seguacuten se creiacutea para las actividades de la milicia fun-damental para la preservacioacuten de la ciudad estado Sin embargo en una ciudad de-mocraacutetica como Atenas los artesanos y marineros eran parte esencial de lo que po-driacuteamos llamar fuerza armada 360 Si se oculta se hace maacutes miserable si recibe castigo amansa lo bestial que hay en eacutel y libera su alma

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estudios (τὰ μαθήματα) que promueven el bienestar de su alma y el mismo gran objetivo seraacute su principio orientador en todo lo que atantildee al cuerpo y su estado asiacute como a la adquisicioacuten de riquezas y honores iquestHabraacute de participar en la vida poliacutetica361 Tal vez no en su tierra de origen sino en su propia y verdadera ciudad seguramente que siacute362 Pudiera ser que la ciudad perfecta es un modelo (παράδειγμα) guardado en el cielo para aquel que se propon-ga asentar una ciudad en su alma363

Libro deacutecimo 595a-597e En una mirada retrospectiva de nuestra ciudad dice Soacutecra-

tes podemos ahora ver incluso con maacutes claridad que antes que hicimos bien en excluir a la poesiacutea imitativa (μιμητική)364 iquestQueacute es imitacioacuten (μίμησιν)

361 Una de las grandes preocupaciones de la filosofiacutea moral y poliacutetica de la anti-gueumldad estaacute en si el sabio debe o no participar en la vida ciacutevica detraacutes de ello esta-ba quizaacute como asunto primordial el problema de la felicidad personal J Adam (II pg 369) comenta ldquoThe question wheter the wise man will take part in politics is raised by Aristotle in a somewhat different form (Politica III 3 1276b 16 ss al) and afterwards became one of the stock questions of post-Aristotelian philosophyrdquo 362 Repuacuteblica 592a ἔν γε τῇ ἑαυτοῦ πόλει ldquoen su ciudad interior al menosrdquo No debe olvidarse la correspondencia entre ciudad e individuo si no es posible instau-rar una ciudad ideal que ldquoal menosrdquo (γε) ese objetivo se alcance en nuestras almas 363 Es una ciudad lsquoidealrsquo porque solo existe a manera de lsquomodelorsquo paraacutedigma Todas las realidades paradigmaacuteticas solo existen como lsquoformas idealesrsquo las que pueden solamente ser comprendidas mdashcomo es el caso de esta ciudad perfectamdash por el en-tendimiento se trata de una polis que permanece por tanto en la esfera de los razo-namientos (ἐν λόγοις κειμένῃ 592a) Un modo de llevarla a la praacutectica mdashiquestel uacutenico tal vezmdash es instauraacutendola en nosotros ldquopues no creo mdashdicemdash que ella exista en parte alguna de la tierrardquo (592a-b) Se afirma aquiacute en forma clara que la ciudad per-fecta de la que habla no tiene un lsquolugarrsquo (οὐδαμοῦ lsquoen ninguna partersquo) en nuestro mundo concreto es decir es una suerte de lsquoutopiacutearsquo al menos como realidad social y poliacutetica La palabra utopiacutea es una feliz invencioacuten del humanista Sto Tomaacutes Moro (ou = lsquonorsquo topos = lsquolugarrsquo) quien en la dedicatoria de su obra se refiere a ldquoeste pequentildeo libro acerca de la repuacuteblica utopianardquo (libellum hunc de Vtopiana republica) 364 Esta primera parte del libro deacutecimo (595a-608b) trata de la poesiacutea en especial en su relacioacuten con la polis imaginada por Platoacuten (algo se habiacutea dicho sobre ella en el libro VIII 568a-d) Luego en la segunda parte del libro el tema principal es la in-mortalidad del alma y las recompensas de la justicia un tema que habiacutea sido elabo-rado extensamente en el Fedoacuten En lo que respecta al controvertido tema de la poesiacutea y la imitacioacuten al parecer Platoacuten no ha intentado una condena de ellas en siacute mismas Uno de los asuntos a considerar es la preocupacioacuten de Platoacuten por evitar que los

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Examineacutemoslo a la luz de las Ideas365 y hallaraacutes que es la produccioacuten de imaacute-genes o apariencias que son terceras en orden desde la realidad y la verdad Hay por ejemplo tres camas (1) la que existe en la naturaleza hecha pode-mos decir por Dios (2) la que fabrica el carpintero (3) la que es producto del arte del pintor366 La primera es y debe ser una porque no puede haber dos Ideas de cama Asiacute tenemos dos artiacutefices en conexioacuten con la nocioacuten de cama (1) un creador (φυτουργός)367 que es Dios (2) un fabricante (δημιουργός) a saber el carpintero Hay tambieacuten (3) un imitador (μιμητής) es decir el pin-tor La imitacioacuten por consiguiente se ocupa en producir una tercera secuen-

lsquoartistasrsquo ocupen un papel en su ciudad que eacutel estima debe corresponder a los filoacute-sofos y sabios Por otra parte nuestro filoacutesofo teme la capacidad que los poetas (en especial los traacutegicos) tienen seguacuten eacutel cree de arruinar las mentes de cuantos los oyen ldquosi no tienen el contraveneno (φάρμακον) de saberrdquo (595 b) cuaacutel es la situa-cioacuten en que se hallan las creaciones poeacuteticas que estos realizan Se trata quizaacutes de saber colocar todas estas producciones en su correpondiente estrato valorativo 365 Se hace uso seguacuten Platoacuten ldquodel meacutetodo acostumbradordquo que consiste en postular una sola Idea junto a muchas cosas a las que a su vez se da el mismo nombre de aquella Idea 366 Los tres niveles se presentan de la siguiente manera autor (de camas u otros artefactos) produccioacuten (los objetos producidos) 1 Dios (θεός) 1 La cama lsquoen siacutersquo (ὃ ἔστιν κλίνη) real (ὄντως) lsquoen la naturalezarsquo (ἐν τῇ φύσει) 2 Carpintero (τέκτων) 2 Camas de diversa iacutendole material 3 Pintor (ζωγραφός) 3 Pinturas de camas materiales La cama en la naturaleza (ideal) Dios La cama en el arte carpintero La cama en la imitacioacuten pintor Entre otras dudas se puede plantear la pregunta iquestPodriacutea haber un verdadero pintor que se inspirara en las camas en siacute Todo el tema acerca de la posicioacuten de Platoacuten frente al arte (en especial la poesiacutea) ha sido ampliamente sometido a discusioacuten No han faltado las criacuteticas de diversa iacutendole Para los fines de este estudio puede ser de utilidad el artiacuteculo de W J Verdenius ldquoPlatos Doctrine of Artistic Imitationrdquo en Plato II Ethics Politics and Philosophy of Art and Religion ed G Vlastos New York (1971) pgs 253-273 Hay traduccioacuten castellana de Ximena Ponce de Leoacuten Doctrina de Platoacuten sobre la Imitacioacuten Artiacutestica Departamento de Filosofiacutea Universidad de Chi-le Escritos Filosoacuteficos (1981) 367 Es la uacutenica vez que Platoacuten usa este teacutermino en toda su obra en sentido metafoacuteri-co es una palabra poeacutetica usada sobre todo por los traacutegicos con el sentido de lsquoen-gendradorrsquo lsquogeneradorrsquo

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cia a partir de la naturaleza y el poeta traacutegico entre otros imitadores es ter-cero desde el rey y la verdad

598a-598d Ademaacutes no es la Idea la que es copiada por el pintor368 sino solo los objetos de fabricacioacuten e incluso eacutel copia solo un aspecto particular o apariencia de aquellos Por eso que la imitacioacuten estaacute muy alejada de la ver-dad y solo una persona simple seraacute engantildeado por ella

598d-601b Hemos oiacutedo decir que los traacutegicos incluido Homero tienen

conocimiento de aquello que escriben pero eso no es asiacute369 Nadie se dedica-riacutea seriamente a la produccioacuten de copias si pudiese hacer los originales Si el poeta poseyera un conocimiento verdadero de lo que imita eacutel maacutes que can-tarlas realizariacutea grandes hazantildeas370 y Homero no proporcionoacute servicios en la esfera de la accioacuten a sus compatriotas ni en invenciones ni siquiera en edu-cacioacuten como lo prueba el abandono que eacutel mismo sufrioacute durante su vida El

368 Por lo que se ve Platoacuten mdashhablando especiacuteficamente del arte lsquoimitativorsquomdash insiste en su posicioacuten de negar al arte (suponemos que no todo arte) su capacidad de lsquoimi-tarrsquo lo ideal e inteligible y no solo los objetos que otros fabrican Quizaacutes haya que suponer con J Adam (II pg 393) que las objeciones que Platoacuten aquiacute propugna no tocan la esencia real de ninguna forma de arte a no ser uno que defienda un realis-mo total y que un ldquosympathetic estudent of Platordquo encontraraacute faacutecil el construir una teoriacutea del arte maacutes noble y generosa en la doctrina de las Ideas la reminiscencia (ἀνάμνησις) y la preexistencia de las almas es decir basado en las mismas teoriacuteas platoacutenicas 369 La opinioacuten de Platoacuten es que los poetas no poseen conocimiento cientiacutefico y que componen sus poemas bajo una suerte de entusiasmo e inspiracioacuten de caraacutecter intui-tivo y de origen divino (puede ser uacutetil tambieacuten ver Apologiacutea 22c Fedro 245a Ion 533d ss Leyes 719c y Menoacuten 99c) En ese sentido Platoacuten no niega al poeta ni genio ni ins-piracioacuten (ver J Adam II pgs 396-97) 370 ldquoHe would rather be Achilles than Homerrdquo (Adam II pg 398) En sintoniacutea con la temaacutetica general de la Repuacuteblica Platoacuten propone como el maacutes alto ideal aquel del intelectual es decir del sabio que es al mismo tiempo un activo participante de la vida ciacutevica de la sociedad en que vive Por algo el representante superior de la polis platoacutenica es el rey-filoacutesofo Esta interrelacioacuten de teoriacutea y praacutectica es parte de una corriente importante en la filosofiacutea griega Baste con recordar que Tales de Mileto (a quien se considera el primer filoacutesofo) se le acredita con importantes descubrimientos astronoacutemicos de maacutexima utilidad como el uso de la Osa Menor para la navegacioacuten debido a que suministra un punto maacutes fijo de referencia en el cielo Puede tambieacuten sentildealarse las ampliamente difundidas historias de Pitaacutegoras como liacuteder social es al primero que se considera lsquofiloacutesoforsquo y sus actividades poliacuteticas mdashen especial en Cro-tonamdash estaacuten iacutentimamente conectadas al parecer con su condicioacuten de lsquosabiorsquo Ver las referencias del mismo Platoacuten al sistema de vida pitagoacuterico en 600a-b

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hecho es que el poeta escribe sin conocimiento Sus producciones no son sino imaacutegenes de imaacutegenes y deben todo su encanto a su escenario poeacutetico

601b-602b La condicioacuten del arte imitativo con respecto al conocimiento

podriacutea ser comprendido de la manera siguiente En conexioacuten con cada objeto podemos distinguir tres artes distintas el arte de utilizarlo el de fabricarlo el de imitarlo Solo el que utiliza tiene experiencia (ἐμπειρότατον)371 conoci-miento (εἰδὼς ἐπιστήμην) del objeto372 el fabricante cuando el que lo utiliza lo instruye tiene una creencia fundada (πίστιν ὀρθήν)373 pero ni el conoci-miento ni la opinioacuten correcta pueden atribuirse al imitador (μιμητικὸς) Eacutel simplemente copia lo que parece hermoso a una multitud ignorante

602c-603b Considera ademaacutes cuaacutel es la parte de nuestra naturaleza a la

que la imitacioacuten atrae La pintura depende para producir sus efectos en las ilusiones oacutepticas a las que nos hallamos sometidos y frente a las que las artes de medir y contar etc son nuestra uacutenica salvaguarda El aspecto racional del alma (τοῦ λογιστικοῦ) aplica aquellas artes demostrando que es el mejor cuando acepta sus resultados Ese elemento del alma que se le opone es por consiguiente uno de los elementos inferiores en nosotros374 y la progenie que nace de su unioacuten con el arte imitativo seraacute igualmente vil tanto en la poesiacutea como en la pintura

603b-605c Si examinamos la poesiacutea en sus propios meacuteritos aparte de su

arte hermano la pintura observamos que la poesiacutea imita la accioacuten Ahora bien en la accioacuten nosotros fluctuamos a menudo entre dos impulsos Cuando

371 El conocimiento es considerado aquiacute como un equivalente de la empeiriacutea es de-cir una lsquoexperienciarsquo una lsquopraacutecticarsquo que no incluye necesariamente el conocimiento de los principios 372 Sabemos que lsquoartersquo (τέχνη) es utilizado generalmente por los griegos en un sen-tido amplio como oficio lsquoartesaniacutearsquo o lsquoindustriarsquo De ahiacute que se considere aquiacute que lsquoel que utilizarsquo algo mdashque puede ser como dice Platoacuten un mueblemdash sea el que da la pauta de la conveniencia del objeto 373 Asi Goacutemez Lasa tambieacuten ldquoopinioacuten correctardquo 374 Aquiacute se plantean dos elementos en el alma en vez de tres como se hace en el libro cuarto Son dos aspectos porque es posible distinguir entre lo que en nuestra alma opina conforme a medidas y lo que opina prescindiendo de ellas (603a) El elemento que se opone es el aloacutegiston (604d 605b)

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nos acontece una gran calamidad estamos tentados a dar paso a la afliccioacuten ante los ojos de otros pero la ley (νόμος) nos manda abstenernos y tratar de curar la herida en vez de mantenerla abierta Lo que es mejor en nosotros obedece faacutecilmente mientras que el elemento que nos tienta a permanecer en nuestras penas es irracional indolente amigo de la cobardiacutea Con todo es precisamente ese aspecto irritable quejumbroso de la naturaleza humana el que se presta maacutes a la imitacioacuten y cuya representacioacuten en el arte dramaacutetico el vulgo comprende maacutes faacutecilmente Asiacute la poesiacutea es el duplicado de la pintura sus productos son deficientes en cuanto a la verdad y ellos alimentan nuestra naturaleza inferior375 Nosotros excluimos al poeta de nuestra ciudad por am-bos motivos

605c-607a Pero el cargo maacutes serio en nuestra acusacioacuten (κατηγορήσαμεν) es que la poesiacutea es capaz de corromper con pocas excep-ciones incluso a hombres de caraacutecter y virtud La tragedia excita en nosotros justamente aquellas pasiones a las que nosotros mismos nos avergonzamos en consentir cuando sufrimos desgracias personales con la consecuencia de que nosotros podemos sucumbir maacutes faacutecilmente en la hora de la adversi-dad376 Lo mismo se podriacutea decir tambieacuten mutatis mutandis de la comedia No consentiremos por consiguiente conformar nuestras vidas con Homero y rehusaremos entregar nuestra ciudad al gobierno del placer

607b-608b La disputa entre la filosofiacutea y la poesiacutea no es nada nuevo377

pero por nuestra parte estamos dispuestos a dejar que la poesiacutea retorne tan

375 Sin la misma simetriacutea que en su descripcioacuten de los regiacutemenes poliacuteticos del libro VIII en que a cada presentacioacuten de un tipo de estado sigue la del tipo de hombre que le corresponde Platoacuten ha desarrollado tambieacuten aquiacute un anaacutelisis en que se alter-nan referencias tanto a la poesiacutea y la pintura como a los poetas y pintores Ahora luego de presentar el tema del poeta separadamente finaliza diciendo ldquoDe ese mo-do diremos que el poeta imitativo (τὸν μιμητικὴν ποιητἠν) implanta privadamente un reacutegimen perverso en el alma de cada uno condescendiendo con el elemento irra-cional que hay en ella elemento que no distingue lo grande de lo pequentildeo sino que considera las mismas cosas unas veces como grandes otras como pequentildeas creando apariencias ltfantasmalesgt (εἴδωλα) enteramente apartadas de la verdadrdquo (trad J M Paboacuten M Fernaacutendez Galiano) He antildeadido los pareacutentesis 376 El sentimiento de lsquolaacutestimarsquo (τὸ ἐλεινὸν) aparece como una emocioacuten clave en la tragedia 377 Ver Leyes 967c-d

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pronto como se pruebe que ella no es simplemente placentera sino tambieacuten provechosa378 Hasta entonces usaremos nuestros argumentos como un amu-leto para protegernos a nosotros mismos de sus encantos porque la cuestioacuten en juego es mayor de lo que parece

608c-d Las recompensas maacutes grandes de la virtud han de ser auacuten des-

critas379 Probaremos primero que el alma es inmortal380 608d-611a Todo lo que sufre destruccioacuten es destruido por su propio mal

peculiar o enfermedad y aquello que no puede ser destruido es asiacute indes-tructible Ahora bien el mal que es peculiar al alma es el vicio y el vicio es impotente para matar el alma Debemos tener cuidado de suponer que el al-ma es destruida por la enfermedad corporal a menos que pueda probarse que la enfermedad corporal engendra en el interior de alma su mal propio y especiacutefico y si alguien tiene la osadiacutea de afirmar que las almas de los que es-taacuten en trance de morir se hacen de hecho maacutes perversas y maacutes injustas ese debe estar preparado para mostrar que el vicio solo y por siacute mismo es mortal para quien lo posee cosa que estaacute lejos de ser verdad El vicio es decir la in-justicia no apareceriacutea como cosa tan terrible si la muerte fuera el final de to-das las cosas Concluimos nosotros que el alma es inmortal ya que ni su mal propio ni ninguno ajeno puede destruirla

611a-612a Se sigue que el nuacutemero de almas es siempre constante y ca-

da una de ellas retiene perpetuamente su individualidad381 Hasta ahora he-mos representado el alma como una substancia compuesta pero un compues-

378 Al parecer habriacutea otro tipo de poesiacutea mdashque no sea la del caraacutecter placentero e imitativomdash que podriacutea no ser excluida Cf ldquotal clase de poesiacutealdquo en R 608 a 379 ldquoLa tesis principal de la Repuacuteblica mdashque la justicia sola y por siacute misma es mejor que la injusticia sola y por siacute mismamdash fue demostrada finalmente en el libro IX Pero la justicia y la injusticia de hecho acarrean ciertamente consecuencias y es necesa-rio tenerlas en cuenta si vamos a hacer la comparacioacuten entre la virtud y el vicio en todo respecto perfecta y completardquo (J Adam II pg 420) 380 ldquoLa doctrina misma habiacutea por supuesto sido largo tiempo un artiacuteculo de las creencias oacuterficas y pitagoacutericasrdquo (Adam II pg 421) 381 Se supone entonces que el nuacutemero de almas es siempre constante y cada cual retiene una individualidad que le es propia

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to no puede ser faacutecilmente inmortal y si vieacuteramos el alma como realmente es382 deberiacuteamos contemplarla (θεάσασθαι) aparte del cuerpo383 y de aque-llas acumulaciones materiales (προσπεφυκέναι) con las que ella se encuentra atestada y abrumada384 Entonces y solo entonces estaremos en condiciones de ver su naturaleza verdadera (τὴν ἀληθῆ φύσιν)385

612a-613e Ahora que hemos probado que la justicia es en siacute misma

aparte de todas sus consecuencias lo mejor para el alma podemos con toda seguridad hacer hincapieacute en las recompensas (μισθοὺς) de la virtud tanto en esta vida como despueacutes de la muerte Revocamos la concesioacuten que en aten-cioacuten al argumento presentado nosotros hicimos previamente y le devolve-mos a la justicia la consideracioacuten que de hecho ella recibe de parte de los dio-ses y de los hombres Los justos son queridos por los dioses (υεοφιλὴς) y son objeto especial de su providencia386 pero es diferente con los injustos Entre los hombres tambieacuten la injusticia aunque por un tiempo puede marchar bien se quebranta antes que la carrera termine mientras que la justicia alcan-za la meta y gana la corona Los honores y premios que Glaucoacuten reclamaba para la injusticia exitosa corresponden ahora a la justicia y es el injusto el que sufre los ultrajes y tormentos que eacutel presagiaba al justo

613e-616b Pero lo que hemos descrito hasta aquiacute es nada comparado

con lo que aguarda a la virtud y el vicio despueacutes de la muerte Escuchemos la

382 ldquoIn its true and essential nature soul is akin to the simple and incomposite see Phaedo 78B-81Ardquo (Adam II pg 426) 383 Considerar el alma en su calidad de semejante (συγγενὴς) a lo divino e impere-cedero 384 Los objetos verdaderos del alma son los de caraacutecter espiritual es decir aquellos adaptados a su condicioacuten de ser inteligente e imperecible Si dirige la intencionali-dad de su espiacuteritu hacia otros objetos como los terrenales y sensibles hacieacutendose como ellos estropea su condicioacuten originaria y mejor 385 Es decir de si ella es simple o compuesta en su verdadero ser Ya se habiacutea men-cionado esta lsquomaacutes verdadera naturalezarsquo al inicio de esta seccioacuten (611 b) 386 ldquoPorque efectivamente nunca seraacute descuidado por los Dioses el que busque esforzarse por llegar a ser justo y con la praacutectica de la virtud asemejarse a la divini-dad cuanto es posible al ser humanordquo (613a-b) El lsquoasemejarse a la divinidadrsquo (ὁμοιουσθαι θεῷ literalmente lsquoasemejarse a Diosrsquo) es el objetivo eacutetico maacutes arraiga-do en la filosofiacutea de Platoacuten y representa claramente el ideal antropoloacutegico de su Repuacuteblica Ver II 383c VI 500c-d 501b-c cf Leyes 716b-d 904e

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visioacuten que tuvo Er el hijo de Armenio387 Por doce diacuteas yacioacute en un trance durante los que su alma viajoacute hasta una pradera (λειμόνα) donde eacutel escuchoacute la narracioacuten de las experiencias de otras almas que habiacutean completado el pe-riacuteodo de un milenio de premio o castigo En la mayoriacutea de los casos la re-compensa y juicio por las buenas y malas acciones era de diez veces por cada una pero ciertos criacutemenes eran castigados incluso maacutes severamente y para algunos pecadores incurables no habiacutea esperanza alguna

616b-617d Despueacutes de pasar siete diacuteas en la pradera las almas que ha-

biacutean vuelto del viaje de mil antildeos levantaron tienda y partieron acompantildeadas por Er388 Al cuarto diacutea ellos llegaron a un paraje desde el que podiacutean divisar una luz derecha como un pilar que se desplegaba a lo largo de todo el cielo y la tierra389 y despueacutes de un viaje de un diacutea vieron en el medio de esta luz las extremidades de las cadenas del cielo y extendieacutendose desde esos extremos estaba el huso de la Necesidad (Ἀνάγκης ἄτρακτον) con sus ocho ciacuterculos conceacutentricos y a medida que los ciacuterculos de sus bordes giran llevan con ellos separadamente las estrellas fijas y todos los planetas en su orden En lo alto de cada uno de los ocho espirales avanza una Sirena (Σειρένα) emitiendo una sola nota y las ocho notas asiacute producidas constituiacutean una sola armoniacutea

387 Er un personaje misterioso que algunos en la antiguumledad identificaron con Zo-roastro tal vez por el caraacutecter aparentemente oriental de la historia La narracioacuten es un tipo de apocalipsis es decir hecha a modo de revelacioacuten ldquoEn su historia mdashdice W K C Guthrie (Historia de la Filosofiacutea Griega IV pg 534)- se entrelazan dos cabos el puramente miacutetico o escatoloacutegico y el cosmoloacutegico El primero a pesar de enrique-cerse con los detalles frescos de la inagotable imaginacioacuten platoacutenica comparte sus rasgos principales con otros grandes mitos extraidos de un fondo comuacuten de sabidu-riacutea religiosa y particularmente oacuterficardquo 388 ldquoPareceriacutea que el alcance e intencioacuten general de la parte astronoacutemica del mito seriacutea el colocar ante las almas un cuadro de las lsquoarmoniacuteas y revoluciones del univer-sorsquo en conformidad con las cuales es su deber maacutes alto y un privilegio vivirrdquo (Adam II pg 441 cf Timeo 90c-d) Y parece haber maacutes de imagineriacutea poeacutetica que serias intenciones cientiacuteficas en esta narracioacuten en cuya realizacioacuten Platoacuten se tomoacute un gran trabajo incluso cientiacutefico exhibiendo al mismo tiempo una notable imagi-nacioacuten literaria 389 A propoacutesito de estas descripciones y sin intentar renunciar a una explicacioacuten de muchas de las particularidades astronoacutemicas de la narracioacuten conviene recordar lo que James Adam junto a sus explicaciones de numerosos aspectos de estas difiacuteciles paacuteginas de Platoacuten dice (II pg 447) ldquoNos ocupamos de una obra de literatura y no de ciencia y el mecanismo del mito no deberiacutea ser examinado rigurosamente desde un punto de vista cientiacuteficordquo

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(ἁρμονίαν) o modo El huso mismo giraba sobre las rodillas de la Necesidad Mientras tanto las tres Parcas (Μοίρας) a medida que ellas toman parte en la rotacioacuten cantan de acuerdo con la armoniacutea de las Sirenas Laacutequesis las cosas pasadas Cloto las presentes y Atropo las futuras

617d-619a Tan pronto como llegaron al escenario las almas eran llama-

das a escoger sus nuevas vidas El orden de eleccioacuten era determinado por sor-teo pero habiacutea muchos maacutes modelos de vidas que nuacutemero de suertes y se hizo responsable a cada alma de su propia eleccioacuten390 El momento de la elec-cioacuten representa la crisis suprema de nuestro destino y es preciso no economi-zar esfuerzos para ser capaz de elegir resistiendo las atracciones de la riqueza y el poder y escogiendo la vida mejor que es la de la virtud que asiacute es como el hombre llega a alcanzar la mayor felicidad

619b-620d Eran numerosos los casos de seleccioacuten apresurada y necia y

muchos los cambios que resultaban tanto de la eleccioacuten como del accionar de las suertes Aquel que es siempre fiel a una vida de verdadera filosofiacutea y cu-ya suerte no cae entre los uacuteltimos seraacute feliz por la totalidad del tiempo391 El espectaacuteculo fue uno realmente a propoacutesito para mover a piedad a risa a ad-miracioacuten En la mayoriacutea de los casos las almas escogiacutean de acuerdo con sus vidas anteriores Orfeo por ejemplo escogiendo la vida de un cisne Ayax la de un leoacuten y asiacute sucesivamente Sucedioacute que Odiseo que habiacutea sido el uacuteltimo en echar las suertes luego de una larga buacutesqueda encontroacute y cogioacute gozosa-mente la vida paciacutefica de un hombre particular ya que estaba cansado de to-das sus fatigas Hubo cambios de bestias en hombres y de hombres en bes-tias y todo tipo de mutaciones

390 La frase clave de la advertencia mdashdicha en nombre de la virgen Laacutequesis a las almas que eligen sus nuevas vidasmdash es la siguiente ldquoLa responsabilidad es del que elige Dios no tiene culpardquo (617e) 391 ldquoLa conexioacuten de ideas dice Adam (II pg 459) es la fortuna de las suertes y nuestra eleccioacuten individual son las dos influencias que afectan nuestro destino ya que si nuestra suerte se da razonablemente pronto y escogemos como conviene a filoacutesofos nos iraacute bienrdquo

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620d-621d Luego que todas las almas hubieron escogido Laacutequesis otorgoacute a cada una su lsquodemoniorsquo (δαίμονα) como genio guardiaacuten (φύλακα) Despueacutes de eso la eleccioacuten era ratificada por las restantes Parcas y finalmen-te por la Necesidad Por la tarde las almas acamparon junto al riacuteo del Olvido en la llanura del Leteo y todas salvo Er bebiacutean de sus aguas A la media no-che se produce un trueno y un temblor de tierra y son llevadas hacia arriba para su nacimiento y en la mantildeana Er revivioacute y se vio de improviso tendido sobre la pira

La visioacuten de Er no es un mero cuento ocioso que perece una vez conta-do Si le prestamos creacutedito salvaraacute nuestras almas de modo que aquiacute y en el maacutes allaacute nos vaya bien

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C TEMAS DE ESTUDIO

I iquest H a y e s c l a v o s e n l a c i u d a d p l a t oacute n i c a

π ρ ῶ τ ο ν μ έ ν ἦ ν δ ᾽ ἐ γ ώ ὡ ς π ό λ ι ν ε ἰ π ε ῖ ν ἐ λ ε υ θ έ ρ α ν ἢ δ ο ύ λ η ν τ ὴ ν τ υ ρ α ν ν ο υ μ έ ν η ν ἐ ρ ε ῖ ς

ldquo P r i m e r o q u e t o d o d i j e y o p a r a h a b l a r

d e l a c i u d a d iquest d i r aacute s q u e l a g o b e r n a d a p o r u n t i r a n o e s l i b r e o e s c l a v a rdquo

Si estaacute contemplada o no la esclavitud en la ciudad ideal disentildeada en la

Repuacuteblica es un asunto abierto a discusioacuten Ya el mero hecho de que se trata de una cuestioacuten debatida es sentildeal de que Platoacuten mismo no hizo ninguacuten pro-nunciamiento formalmente expliacutecito acerca del tema no solo aquiacute sino en ninguna otra parte de su obra Tenemos que contentarnos solamente con sus comentarios y referencias acerca de la esclavitud en general o de situaciones que de alguacuten modo conciernen a los esclavos pero que no indican necesaria-mente una toma de posicioacuten frente al tema concreto

Es muy diferente el caso de Aristoacuteteles quien sosteniacutea que la esclavitud

era natural lo que comportaba una suerte de diferencia congeacutenita entre amos y esclavos Asiacute al hablar de la administracioacuten domeacutestica (οἰκονομίας) nos encontramos con las partes de ldquouna casa perfectardquo (οἰκία δὲ τέλειος) la cual consta de sujetos libres y esclavos392 Es esclavo dice aquel que ldquopor natura-leza (φύσει) no se pertenece a siacute mismo sino a otrordquo y en un intento de defi-nir la situacioacuten servil antildeade que es ldquoun hombre de otrordquo393 Una afirmacioacuten por cierto que a nuestros ojos resulta casi aterrador Estos anaacutelisis sin em-bargo no parecen comprometer del todo el juicio propio de Aristoacuteteles en la medida que a esta altura del texto en que lo escribe no evidencian forzosa-mente una conviccioacuten personal Es claro tambieacuten que nuestro filoacutesofo se es-fuerza por mantenerse en una posicioacuten teoacuterica pero no es tan difiacutecil com-

392 Aristoacuteteles Poliacutetica 1253b 3 ss (Libro I 3) 393 Poliacutetica 1253b 16 (Libro I 4)

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prender cuaacutel es su verdadera posicioacuten cuando luego afirma ldquoregir y ser regi-dos no solo son necesarios sino convenientes y ya desde el nacimiento unos seres estaacuten destinados a ser regidos y otros a regirrdquo394 o cuando conclusiva-mente afirma ldquoes pues manifiesto que unos son libres y otros esclavos por naturaleza (φύσει) y que para estos uacuteltimos la esclavitud es a la vez conve-niente y justardquo395 Esta es evidentemente una presentacioacuten parcial del pensa-miento de Aristoacuteteles y aunque estas afirmaciones son demasiado expliacutecitas como para no advertir su sentido obvio creo que seriacutea injusto dar por zanja-do el asunto sin un estudio maacutes completo cosa que no hacemos aquiacute

La posicioacuten de Aristoacuteteles sin embargo mdashtal como la hemos esbozadomdash

y su manera desenvuelta de examinar el problema permite hacer una compa-racioacuten uacutetil y clarificadora para el caso de Platoacuten especialmente en su Repuacutebli-ca La esclavitud es una realidad en el mundo antiguo y en Grecia estaacute clara-mente establecida Los esclavos eran usualmente baacuterbaros mdashsi bien los habiacutea tambieacuten griegos y aunque algunos eran propiedad de la ciudad una mayoriacutea perteneciacutea a sujetos privados Trabajaban en los oficios maacutes diversos y bajo diferentes condiciones de trato habiacutea por ejemplo cierto tipo de empresas que eran atendidas por esclavos los que recibiacutean su sueldo En lo que respec-ta a Atenas se puede decir que ldquode hecho se podiacutea hallar esclavos en mayor o menor amplitud en virtualmente cada aacuterea de la vida econoacutemica atenien-serdquo396

Un testimonio que podriacuteamos considerar digno de creacutedito proveniente

de un oligarca dispuesto a no dejar en silencio ninguna situacioacuten o actuacioacuten que pudiera dantildear el prestigio de la democracia ateniense397 expone la ldquograndiacutesima licenciardquo que hay en Atenas frente a los esclavos y metecos mdash

394 Poliacutetica 1254a 21-24 (Libro I 5) traduccioacuten de J Mariacuteas y M Araujo Madrid 1989 (2a ed 1970) 395 Ibid 1254b 39-1255a 2 Y a pesar de que Aristoacuteteles analiza tambieacuten los argu-mentos contrarios a la esclavitud y de que tiene en claro que se puede arguumlir en contra de la esclavitud que ella ldquoes violentardquo (ibid 1253b 22 I 3) 396 M Crawford D Whitehead Archaic and Classical Greece Cambridge 1983 pg 295 donde se hace ver ademaacutes coacutemo el tema de la esclavitud ldquoha sido fuente de profunda discrepancia entre los estudiosos durante los uacuteltimos 25 a 30 antildeosrdquo 397 Pseudo-Jenofonte La Repuacuteblica de los Atenienses 10-12

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una suerte de extranjeros permanentesmdash y se refiere con escaacutendalo al hecho de que los esclavos se visten como los ciudadanos libres y que se les deja ldquovivir en la molicierdquo (τρυφᾶν) e incluso mantener un geacutenero de vida ldquogran-diosordquo398 En esas circunstancias lo grave es que entre otras cosas confiacutea nuestro autor iexclno es posible golpear a nadie ni un esclavo te cederaacute el paso pues ldquoSi fuese legal que el esclavo o el extranjero residente o el liberto fuera gol-peado por una persona libre muchas veces le pegariacutean a un ateniense supo-niendo que era un esclavo porque ademaacutes el pueblo no tiene mejor vestimen-ta que los esclavos y los extranjeros residentes ni son de mejor aspectordquo 399

Por otra parte muchos esclavos calificados en sus oficios ejerciacutean en la

Atenas democraacutetica sus trabajos como lo estimaban mejor con la condicioacuten de pagar al amo su parte correspondiente Se constituyoacute asiacute la categoriacutea de esclavos ldquodomiciliados aparterdquo400

En Atenas por consiguiente el esclavo recibe dinero y no teme a los

ciudadanos libres al extremo de lo que sucede en Esparta Es de notar enton-ces al menos un grado concreto de avance hacia una relativa desaparicioacuten praacutectica de las diferencias entre libres y esclavos entre los atenienses los ciu-dadanos culturalmente maacutes influyentes de toda la Heacutelade Testimonios como estos sin embargo no pueden hacernos olvidar la indudable injusticia baacutesica de la esclavitud y el grado de responsabilidad de quienes la sosteniacutean de pa-labra o de obra incluidos los atenienses

398 Ibid I 10 Oscar Velaacutesquez La Repuacuteblica de los Atenienses lsquoJenofontersquo Editorial Universitaria Santiago de Chile 2010 p 59 Hay una edicioacuten bilinguumle espantildeola Pseudo-Jenofonte La Repuacuteblica de los Atenienses M Cardenal de Iracheta M Fer-naacutendez Galiano Madrid 1971 y una de G Ramiacuterez Vidal Jenofonte La Repuacuteblica de los Atenienses BSGRM UNAM Meacutexico 2005 Por otra parte iquestqueacute habraacute pensado el joven estagirita Aristoacuteteles educado en la corte Macedoacutenica al ver a su llegada a la Academia estas si se quiere sorprendentes cos-tumbres atenienses Sin duda que Platoacuten estaba bien acostumbrado a estos modos de vida 399 Pseudo-Jenofonte La Repuacuteblica de los Atenienses edicioacuten citada pg 59 Un tipo de reproche que en palabras de G Glotz ldquoconstituye un meacuterito para el pueblo ate-nienserdquo (La Ciudad Griega -ed P Clocheacute- trad espantildeola Meacutexico (1957) pg 221 400 Ver G Glotz op cit pg 220

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En lo que respecta a nuestro tema especiacutefico fue G Vlastos quien afir-

moacute que ldquono es posible hallar en parte alguna de Platoacuten una discusioacuten formal de la esclavitudrdquo401 Luego de pasar revista a algunos pasajes de las Leyes 402 concluye que Platoacuten piensa que la condicioacuten de esclavo consiste en una ldquodefi-ciencia de razoacutenrdquo403 y mediante el examen de otros textos platoacutenicos infiere que ldquola ausencia de auto-determinacioacuten tan obvio en el caso del esclavo es normal en la sociedad platoacutenicardquo404 Esta uacuteltima inferencia solo ha sido posi-ble hacerla mdashconforme al razonamiento de Vlastosmdash como una consecuencia de un ldquoaxiomardquo de la teoriacutea poliacutetica de Platoacuten seguacuten que se dice ldquoel uacutenico apto para gobernar es aquel que posee logosrdquo405

Hasta queacute punto es vaacutelida esta conclusioacuten es un asunto no demostrado

En todo caso hay un punto que es tratado por Vlastos con sutil profundidad Plantea que en la sociedad platoacutenica existe solamente una pequentildea minoriacutea (como se puede ver por ejemplo en el Poliacutetico 292e) de aristoacutecratas ilustrados junto a una mayoriacutea que carece de logos y que no pudiendo conocer su bien propio y el de la sociedad ldquosu uacutenica posibilidad de hacer el bien es obedecer impliacutecitamente las oacuterdenes de sus superioresrdquo406 Esto se dice no solo de los gobernantes sino de toda autoridad humana o divina Sin embargo esta dou-leiacutea (lsquoesclavitudrsquo) de la que habla Platoacuten es una sumisioacuten ldquovirtuosa amistosa y alegrerdquo dice a la autoridad constituida y representa un uso del teacutermino casi sin precedentes en la literatura griega Se trata de una ldquoextensioacuten genial

401 Gregory Vlastos ldquoSlavery in Platos Thoughtrdquo (1941) en Platonic Studies (2a ed 1981) pg 145 402 Cf tanto Leyes 720a-e como 773e 966b G Vlastos habiacutea sentildealado que el texto maacutes importante acerca del tema es el de Leyes 720a-e en que se contrasta la actitud del meacutedico libre con sus pacientes tambieacuten libres y la del ldquosubordinado de los meacute-dicosrdquo (Leyes 720a) mdashuna suerte de auxiliar esclavomdash con sus pacientes que tambieacuten lo son 403 G Vlastos op cit pg 148 ldquoIt is clear from such passages that Plato thinks of the slaves condition as a deficiency of reason He has doxa but no logos He can have true belief but cannot know why his belief is truerdquo 404 Ibid pg 150 405 Ibid pg 149 n 9 406 Ibid pg 150

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de Platoacutenrdquo 407 para el sentido de lsquoesclavitudrsquo y apunta al claro objetivo de demostrar que siendo la mayoriacutea de los hombres incapaces de gobernarse a siacute mismo y a sus apetitos la solucioacuten maacutes feliz seraacute el someterse al mejor De esta manera gobernados todos asiacute por el mismo principio puedan todos en lo posible ser amigos408

Ahora bien en este modo tan libre de hablar acerca de todo tipo y con-

dicioacuten de subordinados poliacuteticos como lsquoesclavosrsquo subyace no un punto de vista praacutectico sino teoacuterico que consiste en que ldquoen principio no hay diferen-cia en la teoriacutea poliacutetica de Platoacuten entre la relacioacuten del sentildeor y su esclavo y la del soberano con sus suacutebditosrdquo409 Ello constituiriacutea seguacuten Vlastos ldquouna nega-cioacuten radical de la democraciardquo410 Por otra parte la democracia ateniense pu-do llegar a substituir ldquohombrerdquo por ldquociudadano de Atenasrdquo y sin saber queacute hacer con la esclavitud hubo quienes jugaron con la idea subversiva de que la esclavitud ldquono era naturalrdquo En esa situacioacuten la teoriacutea democraacutetica reflejaba esa contradiccioacuten real en la sociedad ateniense al dejar en evidencia la exis-tencia de ldquouna comunidad poliacutetica libre que se apoyaba en una economiacutea esclavistardquo411

Todas estas discusiones relativas a la cuestioacuten de si Platoacuten postuloacute o no

la esclavitud en su proyecto de Estado han hecho resaltar entre otros dos pasajes de la Repuacuteblica ldquoPero si fuese necesario dije decir cuaacutel de estas virtudes produciraacute especial-mente con su presencia el que la ciudad sea buena de difiacutecil decisioacuten seriacutea si

407 Ibid pg 150 408 Cf ibid pg 150 y Repuacuteblica 590 c-d 409 Ibid pg 151 Cf Poliacutetico 259c 2 En la misma liacutenea de argumentacioacuten G Vlastos afirma (op cit pg 152) ldquoIn other words Plato uses one and the same principle to interpret (and justify) political authority and the masters right to govern the slave political obligation and the slaves duty to obey his master His conception of all government (archendash archein) is of a piece with his conception of the government of slaves Is this saying too much One thinks of any number of important qualifica-tions Yet substantially the statement is truerdquo Esas restricciones (ldquoqualificationsrdquo) son precisamente las que deben ser discutidas en maacutes profundidad 410 G Vlastos op cit pg 152 411 Ibid pg 153

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acaso es la igualdad de opiniones de los gobernados o si lo que hace espe-cialmente que la ciudad sea buena es que esteacute presente en el nintildeo en la mujer en el esclavo (καὶ δούλῳ) en el hombre libre (καὶ ἐλευθέρῳ) en el artesano en el gobernante y en el gobernado en el sentido de que cada uno se ocupe de los asuntos que le son propios y no se aplique a muchos otrosrdquo (433 c-d)

El segundo pasaje dice

ldquoPor lo tanto iquestpara que hombre de semejante condicioacuten sea gobernado por algo similar a lo que gobierna al mejor hombre declaramos que debe ser es-clavo (δοῦλον) de este mismo hombre el mejor que posee en siacute el principio divino que gobierna aunque no creamos que el esclavo debe ser gobernado para su dantildeo como creiacutea Trasiacutemaco cuaacutel era la condicioacuten de los goberandos sino que porque es mejor para todos estar gobernados por el elemento divino e inteligente especialmente cuando este elemento es propio de eacutel o bien que esteacute dirigido desde afuera a fin de que todos sean en lo posible semejantes y amigos gobernados por el mismordquo (590 c-d)412

iquestPodremos dar por zanjado el asunto y al menos dejar en la duda la

posicioacuten de Platoacuten con respecto a la esclavitud La propuesta de G Vlastos acusa a Platoacuten con atenuantes importantes claro estaacute de introducirla en su estado Sobre todo el pasaje de R 433c-d citado maacutes arriba es punto difiacutecil de pasar por alto pues parece evidente que se habla aquiacute no de cualquier esta-do sino de la ciudad ideal en proyecto Es posible con todo plantear todo el asunto desde una perspectiva diferente cosa que paso a discutir a continua-cioacuten

Un artiacuteculo de B Calvert serviraacute de guiacutea en este nuevo examen413 Un

texto platoacutenico de importancia en este anaacutelisis mdashque tiene que ver con la pla-nificacioacuten del nuacutemero de artesanos en la ciudadmdash es el siguiente ldquoexisten todaviacutea algunos otros pienso cuyos servicios no estaacuten en contacto muy es-trecho con la inteligencia (διανοίας) pero que poseen fuerza suficiente para

412 Traduccioacuten de G Goacutemez Lasa he antildeadido los pareacutentesis 413 Brian Calvert ldquoSlavery in Platos Republicrdquo en The Classical Quarterly NS vol XXXVII No 2 (1987) 367-372

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trabajos duros Estos venden la utilidad de su fuerza y al llamar salario al valor de eacutesta se les llama como creo asalariadosrdquo414 Platoacuten ciertamente con-sideroacute en su Estado gente que vende su trabajo la clase de los asalariados (μισθωτοί) que conforman el tercer segmento de la ciudad415 Estos son evi-dentemente ciudadanos no esclavos y ellos junto con los auxiliares y los guardianes al hacer en la ciudad la tarea que les es propia realizan la justicia en la ciudad416

Los analistas del tema de la esclavitud no dejan de mencionar la rela-

cioacuten estrecha que existe entre esta y el orden econoacutemico de un determinado conglomerado sea este por ejemplo de tipo familiar o socialmente maacutes am-plio como el urbano Se muestra que sistemas poliacuteticos han dependido para su subsistencia del trabajo servil dejando al estamento libre un espacio para otras actividades Por otra parte es claro mdashy Platoacuten lo sabe perfectamentemdash que la esclavitud para ponerse en ejecucioacuten y sostenerse tiene que sustentar-se en la fuerza Es esta misma fuerza ademaacutes la que sostiene el sistema legal que la favorece Por otra parte no es menos importante el hecho de que entre los griegos solamente los libres son ciudadanos siendo el esclavo por lo gene-ral una propiedad de tipo familiar

Ahora bien mdashy se pone asiacute al descubierto una ldquoincoherencia demasiado

obviardquo de G Vlastos 417 ya que podemos suponer que en la ciudad platoacutenica los guardianes no pueden tener esclavos por el simple hecho de que la clase gobernante no tiene posesioacuten alguna418 Siendo ellos los uacutenicos con justo de-

414 Repuacuteblica 371 e traduccioacuten de G Goacutemez L 415 ldquoThey are not slaves but a part of the wage-earning segment of societyrdquo (B Cal-vert op cit pg 368) 416 Cf Repuacuteblica 434c 417 B Calvert op cit pg 369 ldquo Yet despite his clear recognition of the problem Vlastos appears to overlook its impact when in the same article he ascribes ow-nership of slaves to the third class and we are left with what certainly looks like a blatant incoherence in his account the third class are not qualified to be slave ow-ners or alternatively the guardians are the only ones entitled to own slaves but the guardians are prohibited from possessing any private property including slavesrdquo 418 La existencia misma de los traficantes de esclavos es sentildeal de que la esclavitud estaba considerada un artiacuteculo de consumo el que pasaba a ser propiedad de su adquirente Es una actividad floreciente en la antiguumledad ldquoun negocio puramente

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recho a ser servidos por esclavos la ley les prohibe tajantemente toda propie-dad La clase gobernante percibe todo del resto de la comunidad y eso que recibe debe compartirlo con los de su clase De ahiacute se concluye un punto cla-ve de la argumentacioacuten de Calvert y es que ldquola esclavitud es incompatible con las teoriacuteas de la justicia y del alma tripartitardquo419

Conforme a ello cada persona se beneficia a siacute misma y a la sociedad

realizando adecuadamente su propia individualidad Si hubiera de haber es-clavos deberiacutea haber ldquopersonalidades naturalmente esclavasrdquo para cumplir una funcioacuten social apropiada a su condicioacuten Pero no hay ninguna labor que desempentildear a ese nivel en el estado platoacutenico pues la tercera clase que es parte de los ciudadanos cumple totalmente con lo que la ciudad precisa para subsistir como unidad econoacutemica y social Todo esto dice relacioacuten con la doc-trina tripartita del alma y su estrecha vinculacioacuten con la teoriacutea de la justicia y sucede que ldquolas tres partes forman una unidad ellas no son una parte de una unidad Hasta aquiacute entonces la distincioacuten que seriacutea necesaria para la existencia de una personalidad naturalmente esclava no puede sostenerserdquo420

El argumento entonces que supone que Platoacuten sostuvo la existencia de

la esclavitud en su ciudad ideal seriacutea inconsistente con sus teoriacuteas de la justi-cia y del alma tripartita En esas circunstancias

privadordquo como dice M I Finley Aspectos de la Antiguumledad pg 224 trad castellana Barcelona 1975 (1960) Sin relacioacuten propiacuteamente con las actividades de tipo militar o con la pirateriacutea Esto no quita que aparte del negocio privado es en la guerra en que descansa ldquola clave de toda operacioacutenrdquo (ibid pg 218) referente a la esclavitud de la que el traacutefico recibe sus mayores provisionamientos En esas circunstancias ldquoslaves were traded in order to obtain necessitiesrdquo (DC Braund GR Tsetskhladze ldquoThe Export of Slaves from Colchisrdquo en The Classical Quarterly XXXIX 1989 pg 115 419 Ibid pg 370 420 B Calvert op cit pg 370 Vlastos arguye Calvert interpreta el pasaje de Repuacute-blica 433d basado en la nocioacuten de que hay esclavos que viven al interior de la ciu-dad pero no son ciudadanos de la ciudad ideal cosa que Calvert rechaza Pero se debe adicionalmente sentildealar que ldquoPlatoacuten es suficientemente especiacutefico en sentildealar que las tres partes del alma corresponden a las tres clases de la sociedad En la esti-macioacuten de Vlastos los esclavos forman un cuarto sector exterior a las tres clases de ciudadanosrdquo (pg 371) iquestPero existe en Platoacuten un cuarto elemento de la personalidad Eso es considerado imposible

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ldquola peor acusacioacuten que se le podriacutea hacer es que Platoacuten no siempre cumplioacute con los estaacutendares que eacutel se puso a siacute mismo y ocasionalmente dice cosas que no son consecuentes con los requerimientos de su propia teoriacuteardquo421

Resulta entonces que en el plano de lo que Platoacuten efectivamente dijo

no es faacutecil probar una posicioacuten favorable de su parte a la esclavitud ni desde el punto de vista de sus afirmaciones positivas ni menos auacuten desde una perspectiva teoacuterica G Vlastos por lo que parece se apoya en afirmaciones no concluyentes de la Repuacuteblica y otros textos de Platoacuten y sobre todo en la idea de que el esclavo mdashcomo la multitud en el Estadomdash carece de logos (su-ponemos que en el sentido de lsquodiscernimientorsquo lsquorazoacutenrsquo) De ese modo seguacuten Vlastos se haciacutea necesario que un ldquosuperior benevolenterdquo impusiera orden sobre ellos llaacutemese este sentildeor guardiaacuten mente demiurgo y que lo propio de la autoridad estaba en que ella poseiacutea precisamente logos422 Si el problema entonces de queacute pensoacute o dijo Platoacuten con respecto a la esclavitud solo puede ser verdaderamente aclarado en el terreno de los principios y no de las decla-raciones las argumentaciones de B Calvert aportan razones de un peso sufi-ciente como para al menos neutralizar las proposiciones hechas por G Vlas-tos en los escritos que aquiacute se han examinado El difiacutecil tema en consecuen-cia estaacute una vez maacutes en situacioacuten de ser analizado en toda su complejidad sobre estas nuevas bases

421 B Calvert op cit pgs 371-72 422 G Vlastos lsquoSlavery in Platos Thoughtrsquo en Platonic Studies pg 162

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II La soberaniacutea en la constitucioacuten platoacutenica

tu regere imperio populos romane memento ldquotuacute romano recuerda regir con suprema autoridad los pueblosrdquo

Virgilio Eneida V 851

En un artiacuteculo aparecido en la Revista de Filosofiacutea trateacute alguna vez acer-ca del tema de la soberaniacutea del Estado en Platoacuten423 Alliacute analizaba algunos puntos que dichos ahora quizaacute con mayor claridad proponen la siguiente hipoacutetesis al manifestar Platoacuten que los filoacutesofos deben reinar en las ciudades se estaba planteando una modificacioacuten del concepto de Estado esta vez una que surge de la nocioacuten misma de justicia Es decir que se debe otorgar el po-der soberano a los filoacutesofos en razoacuten de un acto de justicia distributiva entre las funciones del Estado Es esas circunstancias Platoacuten habriacutea hecho manifies-to que en virtud de que es justo que el filoacutesofo reine en la ciudad es asimis-mo de justicia que los geacuteneros del alma individual se reflejen en los del alma social Alliacute en efecto debe gobernar el elemento intelectivo por sobre todos los demaacutes De ese modo el poder soberano no ha de estar desde ahora ni en los maacutes de las democracias ni en los pocos de las oligarquiacuteas sino en aquellos que por la calidad de su saber se hacen acreedores de eacutel Se debe entonces conceder el gobierno de la ciudad a los filoacutesofos

Quiero con todo volver a plantear el asunto desde una perspectiva lige-

ramente diferente a la de aquel estudio maacutes acorde en cierto sentido con la Repuacuteblica misma y con los grandes problemas que su lectura presente ha ido poniendo en evidencia ante el lector de este libro

Los teacuterminos de soberaniacutea y soberano mdashtal como los vemos reflejados

en numerosas lenguas modernas occidentalesmdash no corresponden precisa-mente a vocablos latinos del periacuteodo claacutesico ya que superanus y sus modifica-ciones corresponden al bajo latiacuten El teacutermino en cuestioacuten sentildealaba a aquel que ejerce o posee una autoridad la que es a la vez suprema e independiente en

423 ldquoPlatoacuten y la soberaniacutea del Estadordquo Revista de Filosofiacutea Santiago de Chile (1988) 37-44

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un Estado Pero aparte de soberaniacutea vocablos como maiestas auctoritas potes-tas imperium sirvieron para expresar en contextos diversos ideas similares a la que aquiacute nos ocupa En un sentido maacutes especiacutefico el tema de la soberaniacutea es prevalentemente moderno y parece coincidir con el reforzamiento de la autoridad monaacuterquica en los Estados de la modernidad

Tratados como Los seis libros de la Repuacuteblica de Jean Bodin (1530-1596)

asiacute como numerosas referencias al tema en obras como Leviathan o De Cive de Thomas Hobbes (1588-1679) los Treatises de John Locke (1632-1704) o el Trac-tatus Theologico-Politicus y el Tractatus Politicus de Benedictus de Spinoza (1632-1677) mdashen especial acerca de la condicioacuten del soberanomdash dan testimo-nio del creciente intereacutes de aquella eacutepoca sobre este tema central de la filoso-fiacutea poliacutetica El concepto pienso tambieacuten existe entre los griegos desde que se ha pensado en la constitucioacuten del Estado y se ha puesto atencioacuten en el nuacutecleo originador del poder en que este se funda Mas las palabras que han servido para expresar estas ideas en la tradicioacuten greco-latina no siempre han coinci-dido con la realidad concreta de los vocablos y a menudo corremos el riesgo de perder la pista de su presencia y su evolucioacuten en la historia poliacutetica de nuestras naciones La prudencia por una parte y los objetivos de este libro por otra me indican la necesidad de centrar este breve estudio en los griegos mdashespeciacuteficamente en el Platoacuten de la Repuacuteblicamdash no sin antes referirme muy sumariamente a ciertos significados latinos

Concedamos que la soberaniacutea sentildeala esa autoridad suprema del poder

del Estado que encarnado en algo o en alguien designa al soberano En tal ca-so lo primero que hay que distinguir al interior del concepto es el significado de la autoridad o el poder Podemos distinguir entonces (a) el nuacutecleo unita-rio que representa la base originaria del poder y (b) el ejercicio o la praacutectica efectiva de este Se dice por ejemplo que en un estado democraacutetico la sobe-raniacutea estaacute en el pueblo mdashcorrespondiendo a (a)mdash y que por otra parte ese poder soberano es transferido y ejercido efectivamente por las magistraturas elegidas por el pueblo mdashque representa a (b) La soberaniacutea sentildeala sobre todo el primer sentido y quiere sentildealar al soberano es decir al sujeto o sujetos que son la autoridad suprema en un Estado Esa autoridad suprema de hecho no

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tiene el ejercicio ordinario y efectivo de esa autoridad que representa Sucede sin embargo que en la democracia ateniense siendo el pueblo el soberano este ejerciacutea de una manera directa y relativamente ordinaria su poder me-diante la ekklesiacutea la asamblea popular o dēmos Habiacutea magistraturas pero los grandes negocios del Estado se decidiacutean alliacute en especial cuando se convocaba a una ekklesiacutea kyriacutea es decir una lsquoasamblea soberanarsquo Es lo que Platoacuten cono-ciacutea desde que tuvo uso de razoacuten es decir el ejercicio de una democracia maacutes directa que representativa Hay que tener presente en todo caso que todos estos sentidos de poder estaacuten de alguacuten modo fundidos en la praacutectica o bien en iacutentima conexioacuten ya que a menudo no es tan faacutecil distinguirlos como seriacutea el caso de los soberanos en las monarquiacuteas constitucionales actuales en que su autoridad se sostiene maacutes en el sentido (a) que el (b)

En la tradicioacuten romana es claro que auctoritas es el teacutermino quizaacute maacutes

importante Los sentidos maacutes significativos de este teacutermino son para noso-tros pienso ldquoderecho o poder para autorizar o sancionarrdquo y el de autoridad tanto en lo que respecta a la leyes como en referencia a las magistraturas del Estado en general El teacutermino auctoritas se dice tambieacuten refirieacutendose a perso-nas (la lsquoautoridadrsquo) Podemos ademaacutes antildeadir a esta breve lista el vocablo con-ditor (lsquofundadorrsquo) La posicioacuten de poder y autoridad de las magistraturas en general la capacidad de control sobre personas o cosas se designa tambieacuten como potestas siendo maiestas a menudo una expresioacuten de la majestad sobe-rana ya sea del pueblo del Estado o incluso de una persona De ahiacute que auacuten hoy se utiliza el teacutermino su majestad entre los reyes Este es un concepto que entre los romanos suele ir unido a imperium (p e maiestas imperii) que sentildeala o bien ldquoel supremo poder administrativordquo o en un sentido maacutes propio ldquoel ejercicio de la autoridadrdquo En algunos contextos podriacuteamos interpretar impe-rium como lsquosupremaciacutearsquo424

No hay entonces aparentemente en el latiacuten claacutesico palabra especiacutefica

para soberano siendo supranus el teacutermino latino medieval que significa lsquosu-periorrsquo equivalente a lsquosupremus praefectusrsquo Carta fechada en 1261 dice

424 Para estos y otros sentidos ver el P G W Glare Latin Oxford Dictionary en las diferentes entradas

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ldquoquibus notionibus nostrates Souverain dixeruntrdquo425 Un documento parla-mentario franceacutes de 1320 denomina al ldquosoberano de la caacutemarardquo es decir al presidente de esta Tambieacuten tiene un sentido eclesiaacutestico siempre con la idea del superior jeraacuterquico de alguacuten organismo colegiado sea poliacutetico o religioso La supremitas es la lsquosuprema potestasrsquo que entre los galos (documento de 1450) seguacuten el mismo du Cange es souveraineteacute No queda maacutes que conjetu-rar que ciertos aspectos de la voz lsquosoberaniacutearsquo son exlusivamente medievales y quizaacute deja entrever la idea de un superior entre otros y que de alguna mane-ra tiene bajo su potestas a un conjunto que a su vez comparte con el supranus un tipo de poder

Ahora bien todos estos teacuterminos no significan simple y llanamente lsquoso-

beraniacutearsquo en un sentido elaborado maacutes poliacuteticamente porque su significado depende de los contextos en que ellos se encuentran Es importante sentildealar sin embargo que apelativos del tipo lsquosumorsquo o lsquosupremorsquo se hacen por lo ge-neral necesarios cuando se quiere sentildealar ese estado de supremaciacutea propio de la soberaniacutea Tenemos asiacute por ejemplo expresiones como summa potestas o summum imperium que vemos utilizados incluso por los tratadistas moder-nos como Spinoza para quien summum imperium parece sentildealar el ldquopoder soberanordquo y da a summa potestas el significado maacutes propio de ldquosoberanordquo Los romanos no eran tan dados a teorizar en estos aspectos aunque siacute como bien sabemos al ejercicio efectivo del gobierno De ahiacute que los conceptos que encierran estas palabras significan por lo general realidades concretas perso-nas y magistraturas Ello no impidioacute en todo caso que los teoacutericos de la poliacute-tica como los tratadistas medievales y modernos mdashque escribiacutean generalmen-te en latiacutenmdash pudieran utilizar con provecho la riqueza extraordinaria de estos vocablos y los ricos contextos en que ellos se encontraban

Con Platoacuten en cambio en los inicios de estas nociones nos hallamos con

un personalidad sui generis Es un teoacuterico de mente filosoacutefica que se encuentra a su vez fuertemente atraiacutedo por la accioacuten y la poliacutetica Seguacuten el testimonio de la Carta VII (que seguacuten algunos no es genuina) eacutel se veiacutea llamado en su ju-

425 En Charles du Cange Glossarium Mediae en Infimae Latinitatis T VII Los otros datos consignados aquiacute provienen de este mismo gran Glossarium

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ventud especialmente a participar en los asuntos del Estado Las circunstan-cias sin embargo y su caraacutecter reflexivo lo inclinaron finalmente a la filoso-fiacutea426 En la Repuacuteblica vemos en forma manifiesta una siacutentesis de su personali-dad tanto filosoacutefica como poliacutetica No abandonoacute por eso su instintiva disposi-cioacuten por lo concreto pues parece que su imaginacioacuten prodigiosamente creati-va se presentaba a menudo en figuraciones factibles de convertirse en reali-dad Con todas las necesarias restricciones la Repuacuteblica es a la Academia co-mo lo es el suentildeo al suceso materializado De ahiacute que en la Politeia que es una obra altamente especulativa se presenta sin embargo constantemente una tensioacuten entre teoriacutea y accioacuten y se finge a cada paso la fundacioacuten concreta de un Estado Porque aparece como un acto de realismo poliacutetico el preguntarse quieacutenes han de mandar concretamente en la ciudad en gestacioacuten coacutemo he-mos de elegir a los gobernantes y prepararlos para el mando y cuaacutel se consi-dera que es efectivamente la fuente de donde dimana la soberaniacutea del Estado

Las palabras que expresan estos conceptos aparecen en el curso del diaacute-

logo configuradas entre la levedad del proyecto imaginario y la seriedad de un espiacuteritu de verdad preocupado por la crisis generalizada de los sistemas poliacuteticos helenos en los antildeos mismos y los posteriores a la Guerra del Pelopo-neso En esas circunstancias cuesta encontrar los teacuterminos justos en que la nocioacuten de soberaniacutea adquiere la corporeidad precisa de la palabras Existe sin embargo la idea y los teacuterminos en nuestro filoacutesofo y en lo que respecta a nuestra encuesta especiacutefica estos son mdashsin dar un orden obligatorio de pre-cedenciamdash arkhḗ (ἀχή) dyacutenamis (δύναμις) especialmente como dyacutenamis poli-tikḗ (δύναμις πολιτική) y diversas formas del adjetivo kyacuterios (κύριος)

Podemos reducir a tres las ideaas principales expresadas en arkhḗ a sa-

ber (1) la de lsquoorigenrsquo y lsquocomienzorsquo (2) la de (primer) lsquoprincipiorsquo lsquofundamen-torsquo y (3) la de lsquopoderrsquo (lsquosoberaniacutearsquo) con la que tambieacuten se relacionan lsquomeacuteto-do de gobierno imperio magistraturarsquo427 En primer lugar si hay un origen

426 Platoacuten Carta VII 324b 427 El Liddle-Scott-Jones Greek-English Lexicon (LSJ) aporta estos datos en que Heroacutedoto proporciona importantes ejemplo LSJ propone tambieacuten junto con lsquopo-derrsquo el sentido de lsquosovereigntyrsquo

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sobre el que a modo de fundamento se alza la construccioacuten de la ciudad se consolida su poder y se establece su meacutetodo de gobierno este en la Repuacuteblica es sin duda las Idea de Bien Debemos suponer que esta Idea tiene un signifi-cado profundamente poliacutetico maacutexime si se trata de un libro que estaacute en su totalidad dedicado a la planificacioacuten de un Estado ideal Asiacute entonces las paacute-ginas acerca del Bien son cruciales no solo en la medida en que apuntan a los objetivos de perfeccioacuten de su proyecto sino en cuanto significan el funda-mento metafiacutesico de la totalidad de la ciudad Estas tres alegoriacuteas centrales (el Bien la Liacutenea y la Caverna) son ademaacutes el punto maacutes decisivo en que la filo-sofiacutea llevada a sus principios maacutes originarios se halla a siacute misma fundamen-tando la estructura misma de una nueva polis En otras palabras mediante estas tres alegoriacuteas Platoacuten intenta explicar y poner en movimiento su idea quizaacute maacutes genial de que en su proyecto de ciudad la poliacutetica y la filosofiacutea encuentran su centro de identificacioacuten maacutes verdadero

Una primera aproximacioacuten mediante el concepto de arkhḗ nos da los

indicios iniciales El texto de Repuacuteblica no relaciona directamente este teacutermino con la Idea del Bien sin embargo en tres ocasiones arkhḗ es mencionado en la alegoriacutea de la Liacutenea aludiendo a aquella Idea En R VI 510b 5-7 se reitera la afirmacioacuten de que hay un lsquoprincipiorsquo Es el principio hacia el que el alma se encamina cuando partiendo de las hipoacutetesis que proporciona la ciencia llega al ldquoprincipio no hipoteacuteticordquo (τὸ ἐπ᾽ἀρχὴν ἀνυπόθετον) Este ldquoprincipio no hipoteacuteticordquo suponemos que representa en la Liacutenea a la Idea del Bien de la que poco maacutes adelante se afirma que es ldquoel principio de todordquo (R VI 511b 6-7) Estamos en una alegoriacutea de corte maacutes especiacuteficamente epistemoloacutegico por lo que arkhḗ dice referencia al origen en cuanto inteligible Se hace asimismo mencioacuten expresa a su condicioacuten de principio ldquono hipoteacuteticordquo es decir incon-dicionado o si se quiere de caraacutecter absoluto

La verticalidad de Liacutenea se hace maacutes aparente auacuten cuando se deja ver la posi-

cioacuten de autoridad soberana que goza el principio Por otra parte en uno de los momentos culminantes del relato en R VI 509b se la asigna al Bien una situacioacuten de superioridad ldquoen dignidad y poderrdquo (πρεσβείᾳ καὶ δυνάμει) sobre toda otra realidad inteligible Los dos epiacutetetos combinados me parece

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revelan una significacioacuten semejante a maiestas428 perfectamente reminiscente de una dignidad soberana No debemos olvidar que en la tradicioacuten de occi-dente ademaacutes del concepto de la soberaniacutea popular ha permanecido tambieacuten la idea de que la soberaniacutea procede de Dios El desarrollo de mentalidades absolutistas en ambas direcciones se fortalece en la eacutepoca moderna con el ab-solutismo monaacuterquico Todaviacutea hay reyes hoy que al menos nominalmente lo son Dei gratia (en numismaacutetica aveces D G ) Por otra parte para Atenas el concepto se puede sintetizar del siguiente modo ldquoLa teoriacutea constitucional de la democracia ateniense es muy sencilla se resume en una palabra el pueblo es soberano (κύριος)rdquo429

Indudablemente que el teacutermino kyrios y sus casos oblicuos son una pieza

clave en el estudio presente y su sentido general es tener poder o autoridad En formas neutras substantivadas como to kyrion designa el lsquopoder sobe-ranorsquo En las alegoriacuteas centrales de la Repuacuteblica se califica al Sol imagen del Bien como teniendo autoridad (κύριον R VI 508a) sobre los factores de lumi-nosidad que permiten la visioacuten Del oacutergano de la vista se dice que tiene un ldquopoderrdquo (δύναμιν R VI 508b) que es ldquodispensado por el Solrdquo Me parece na-tural que un lector griego pueda interpretar el lenguaje del siacutemil en una clave poliacutetica sobre todo si en un importante lugar posterior (R VII 517b-c) Platoacuten termina por develar claramente la condicioacuten soberana de su Idea suprema Se dice alliacute que en la regioacuten de lo conocido la Idea del Bien (ἡ τοῦ ἀγαθοῦ ἰδἐα) es la uacuteltima en ser vista y apenas se la ve Mas cuando se la ve nuesto razo-namiento debe admitir que ella es la causa (αἰτία) de todo lo recto y bello

ldquodando nacimiento en la regioacuten visible a la luz y al soberano (ldquosentildeorrdquo τὸν κύριον) de esta y en la regioacuten inteligible otorgando ella misma co-mo soberana (κυρία) la verdad y la inteligencia y que es preciso que la vea quien se dispone a actuar sabiamente tanto en privado como en puacute-blicordquo En otras palabras la Idea del Bien posee la autoridad que le permite ser

la dispensadora de la verdad y de la inteligencia para conocerla de un modo

428 ldquoThe dignity of a god or exalted personage majestyrdquo ldquothe majesty of the people or state sovereigntyrdquo Oxford Latin Dictionary (OLD) 429 G Glotz La ciudad griega (trad castellana) Meacutexico UTEHA 1957 pg 112

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semejante a como el Sol tiene autoridad sobre aquello que suministra la lu-minosidad Aquiacute entonces ldquoser duentildeo derdquo o ldquotener la autoridad sobrerdquo im-plica ese poder superior e independiente que llamamos soberano En un estui-do contemporaacuteneo se afirma que

ldquola aspiracioacuten fundamental de la soberaniacutea estaacute en su eacutenfasis en una au-toridad gubernamental sin restricciones al interior de los liacutemites territo-riales Si tal autoridad existe entonces las obligaciones maacutes comprensi-vas del Estado se vuelven problemaacuteticas Si se niega tal autoridad en-tonces la soberaniacutea en siacute misma aparece disminuida o restringida A de-cir verdad si el Estado no posee por maacutes tiempo el derecho a ejercer tal autoridad o falta en la praacutectica a su obligacioacuten de hacerlo se vuelve en-tonces engantildeoso el retener la soberaniacutea como un teacutermino descriptivordquo430 Sin duda que la actual tendencia a la globalizacioacuten de los asuntos con-

cernientes al geacutenero humano ponen el concepto mismo de soberaniacutea en si-tuacioacuten difiacutecil Hay tensiones que subyacen por ejemplo en el camino hacia una mayor integracioacuten de la Comunidad Europea que se manifiestan en la persistencia de una idea no abandonada de soberaniacuteas nacionales e incluso regionales Del mismo modo cuestiones que se consideran de valor univer-sal como los derechos humanos restringen en la praacutectica la libertad plena y soberana que algunos estados pretenden conservar El quebrantamiento de esos derechos por un estado puede conducir a fricciones en torno a la sobera-niacutea con otros estados La ciudades griegas soliacutean respetar ciertos derechos comunes a su condicioacuten de helenos que ellos consideraban los distinguiacutean de los baacuterbaros Mas en liacuteneas generales mdashtal como lo vemos en la Repuacuteblicamdash la preocupacioacuten fundamental estaacute en la consolidacioacuten de un orden interno con plena independencia poliacutetica

Indudablemente que ciertos aspectos de estos asuntos estaban presentes

en la mente de Platoacuten cuando parece presentir el debilitamiento de la polis griega celosa hasta el fin de su autarquiacutea y enemiga de toda intervencioacuten foraacutenea en sus asuntos internos Ella sin embargo se veiacutea por lo general exte-nuada por las rivalidades sediciosas que surgiacutean en su seno La destruccioacuten

430 R Falk ldquoSovereignityrdquo en The Oxford Companion to Politics of the World Oxford 1993 pg 853

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de hecho de la soberaniacutea entre las ciudades entrantildeaba la desaparicioacuten del sis-tema poliacutetico inmemorial griego basado en la ciudad-estado El imperialismo democraacutetico ateniense de la era de Pericles y el de su contraparte oligaacuterquica espartana habiacutea resultado en mayor inestabilidad de los sistemas constitu-cionales de toda la Heacutelade Era preciso entonces imaginar un nuevo concep-to de soberaniacutea si habiacutea de perdurar por medio de aquellas reformas el espiacuteri-tu heleacutenico ancestral En consecuencia si la Idea del Bien es la fuente de la soberaniacutea en el nuevo proyecto queda ahora por determinar lo que en un principio habiacuteamos planteado es decir en queacute habriacutea de consistir el ejercicio o la praacutectica efectiva del poder en la nueva ciudad

Es interesante constatar ese rasgo de lejaniacutea (ldquomaacutes allaacute de la esenciardquo)

propio del soberano sobre todo cuando se encarna en una persona La maies-tas suprema no se halla obligatoriamente envuelta (ni parece conveniente que se halle) en los negocios maacutes cotidianos del acontecer puacuteblico Es caracteriacutesti-co entonces de la idea de soberaniacutea un cierto orden de participacioacuten de la potestad efectiva Este fenoacutemeno tiene evidentemente un peso decisivo en la transicioacuten desde la realidad suprema mdashy en cierta medida abstracta como seriacutea la majestad de la leymdash y su concrecioacuten ya personalizada en la circuns-tancia de la administracioacuten del Estado Ni el pueblo ni Dios gobiernan direc-tamente aunque podemos constatar en esta polis que el Bien engendra (τεκοῦσα) y suministra (παρασχομένη) la substancia de la que se nutre el quehacer de la cosa puacuteblica431

Si se pudo decir que en el caso de la democracia es la muchedumbre

(de los ciudadanos) la que tiene forzosamente que ser soberana (κύριον)432 es claro que la administracioacuten de tal tipo de reacutegimen estaacute a cargo de magistratu-ras representativas de ese modelo de gobierno Siempre hay niveles de me-diacioacuten que en el caso de la Repuacuteblica ocupan una parte central del diaacutelogo La realidad soberana es una idea es decir es la Idea del Bien y la summa po-

431 Quiero aludir con esto a R VII 517c que da como caracteriacutestica del Sol su capa-cidad de engendrar la luz y de la Idea del Bien su calidad dispensadora de la ver-dad (como un objeto inteligible) a la inteligencia que tambieacuten gracias al Bien es ca-paz de comprenderla 432 Cf Aristoacuteteles Poliacutetica VII (VI) 1317b5

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testas estaacute ahora en manos de los filoacutesofos Ellos deben conocer el Bien por un proceso de educacioacuten que los transforme en instrumentos legiacutetimos del po-der No se trata en Platoacuten directamente el tema pero indudablemente la legi-timidad forma parte del problema de la soberaniacutea Ahora bien gracias a la adquisicioacuten de ese saber superior (recordar el meacutegiston maacutethema del libro VI) se legitima el gobierno del filoacutesofo y lo transforma en instrumento de la justi-cia en la ciudad El conocimiento hace del sabio una presencia operativa del Bien en la polis Asiacute el sabio es manifestacioacuten del poder soberano del que estaacute investido gracias a su trato directo con el origen de toda autoridad

Para una explicacioacuten maacutes concreta del asunto debemos acudir ahora a la

famosa paacutegina de R V 473c-e en que se plantea la conveniencia de que los filoacutesofos reinen en las ciudades Una argumentacioacuten previa es decir referida a la identificacioacuten de la filosofiacutea y el poder poliacutetico estaacute desarrollada sobre todo en los capiacutetulos IV y VI de los comentarios preliminares Ahora es preciso a la luz de nuestros anaacutelisis anteriores sugerir que el punto decisivo se refiere a ldquoel poder poliacutetico y la filosofiacuteardquo (δύναμίς τε πολιτικὴ καὶ φιλοσοφία R V 473d3) en cuya identificacioacuten hecha en la persona del filoacutesofo estaacute la razoacuten baacutesica de la potestad suprema que este ejerce El filoacutesofo es el gobernante le-giacutetimo porque una vez identificada la filosofiacutea con el poder poliacutetico de la manera prevista por Platoacuten no existe en la ciudad otro tipo ni especie de per-sonas habilitadas para gobernar En esas circunstancias la dyacutenamis politikḗ sentildeala en el texto me parece la aparicioacuten de la summa potestas propia del filoacute-sofo Eacutel es el poder soberano en la ciudad existiendo en concordancia con la fuente soberana la idea del Bien De un modo anaacutelogo la dyacutenamis del sol de este mundo estaacute representada en la Caverna por el fuego interior y la luz que este difunde (R VII 517b)

Esta soberaniacutea de los filoacutesofos que podriacuteamos decir derivada no tiene el

caraacutecter de exclusividad pues conspirariacutea contra la condicioacuten tripartita del alma y la consiguiente especializacioacuten de actividades al interior del Estado Ni los filoacutesofos hacen el oficio de guardianes ni los guardianes sobrepasan su condicioacuten (a menos que sean elegidos para continuar su preparacioacuten como tales) ni los artesanos productores que son la gran mayoriacutea de los habitantes

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y mueven la economiacutea de la ciudad estaacuten en condiciones de exigir ademaacutes la administracioacuten de los asuntos del Estado No se trata de reyes en cuya volun-tad estaacute el poder Podemos maacutes bien considerar al rey filoacutesofo en la mejor tradicioacuten monaacuterquica ante todo como la cabeza de un poder judicial un rey-juez sometido a la ley antes del gran cambio que en la modernidad significoacute el absolutismo433 Asiacute en el caso del filoacutesofo-rey podemos decir ldquoque la vo-luntad soberana no es de ninguna manera la voluntad subjetiva del soberano es una voluntad objetiva rdquo434

Siendo asiacute las cosas creo que Platoacuten logra consolidar un punto teoacuterico

esencial a saber que su proyecto poliacutetico es fundamentalmente distinto de los otros sistemas en uso entre los helenos mdashdemocracia oligarquiacutea y en oca-siones tiraniacuteamdash en razoacuten de que el suyo propone un cambio radical Este cambio incide en lo siguiente que el origen y fuente de la potestad suprema es la Idea del Bien por cuyo conocimiento los sabios se hacen acreedores del poder supremo (tanto en un sentido general como en un sentido juriacutedico) y soberanos (reyes) del Estado por esa misma razoacuten De ahiacute la importancia ca-pital atribuida a la educacioacuten en especial la de guardianes y gobernantes cuyo curriacuteculo de estudios es cuidadosamente explicado en el libro seacuteptimo No es el caso entonces de idear nuevas magistraturas ni alguacuten ingenioso sis-tema electoral Se preparoacute el camino mediante la demostracioacuten del valor fun-damental de la justicia y las virtudes cardinales Luego con la comprobacioacuten de la estructura correlativa entre el alma individual y la sociedad organizada se consolidoacute la conformacion del edificio de la polis Finalmente la piedra an-gular que sosteniacutea el arco en su veacutertice es su teoriacutea de las Ideas en otras pala-bras la Idea del Bien Esta es la cima donde el filoacutesofo ha colocado con brillo el objeto superior del que pende el disentildeo en su totalidad

433 ldquoLe roi des temps feacuteodaux eacutetait un roi-juge par la loi il eacutetait sub lege rdquo Ber-trand de Jouvenel De la Souveraineteacute agrave la Recherche du Bien Politique Paris 1955 pg 245 434 B de Jouvenel op cit pg 267

186

187

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190

e r r a r e m e h e r c u l e m a l o c u m P l a t o n e ldquo iexcl P o r H eacute r c u l e s P r e f i e r o e q u i v o c a r m e c o n P l a t oacute n rdquo

(Marco Tulio Ciceroacuten Disputaciones Tusculanas I 39)

Page 2: POLITEIA - Diadokhé

2

C L E M E N T I N A E M A T R I

τ ῆ ς ἄ ν ω ὁ δ ο ῦ ἀ ε ὶ ἑ ξ ό μ ε θ α ldquo n o s m a n t e n d r e m o s s i e m p r e

p o r e l c a m i n o h a c i a l o a l t o rdquo

3

Iacute N D I C E P r o e m i o 5 A C O M E N T A R I O S P R E L I M I N A R E S I L a c r o n o l o g iacute a d e l d i aacute l o g o 7 I I E l t e m a p r i n c i p a l d e l a o b r a y s u s s e c c i o n e s 8 I I I L a j u s t i c i a 1 0 I V I d e n t i f i c a c i oacute n d e f i l o s o f iacute a y p o l iacute t i c a 1 4 V D e c oacute m o l a I d e a d e l B i e n s e h a c e p r e s e n t e e n e l a c o n t e c e r c iacute v i c o m e d i a n t e l a j u s t i c i a 2 1 V I S i g n i f i c a c i oacute n d e l g o b i e r n o d e l f i l oacute s o f o e n l a p o l i s p l a t oacute n i c a 2 5 V I I L a o p i n i oacute n y l a i m a g e n c o m o m e d i o s p a r a e l c o n o -c i m i e n t o d e l o s a s u n t o s d e l a c i u d a d 2 9 V I I I E n b u s c a d e u n s i s t e m a q u e s a l v e l o s f e n oacute m e n o s d e l u n i v e r s o s o c i a l 3 2 I X E l g o b i e r n o d e l o s s a b i o s 3 6 X L a I d e a d e l B i e n 3 8 X I iquest E s l a I d e a d e l B i e n i d e n t i f i c a b l e c o n l a d i v i n i d a d 4 6 X I I E l s iacute m i l d e l a L iacute n e a D i v i d i d a 4 9 X I I I L a a l e g o r iacute a d e l a C a v e r n a 5 5 X I V L a d i a l eacute c t i c a 6 1 X V C o n s i d e r a c i o n e s a c e r c a d e l a d e c a d e n c i a R 5 4 3 ordf - 5 7 6 b 6 4 X V I L a n a t u r a l e z a m aacute s v e r d a d e r a d e l a l m a h u m a n a 6 7 X V I I A s a l v a r e l m y t h o s 7 2 B P R E S E N T A C I Oacute N A N A L Iacute T I C A D E L A O B R A L i b r o I 8 1 L i b r o I I 8 8 L i b r o I I I 9 8 L i b r o I V 1 0 6 L i b r o V 1 1 6 L i b r o V I 1 2 6

4

L i b r o V I I 1 3 3 L i b r o V I I I 1 4 0 L i b r o I X 1 4 8 L i b r o X 1 5 6 C T E M A S D E E S T U D I O I iquest H a y e s c l a v o s e n l a c i u d a d p l a t oacute n i c a 1 6 6 I I L a s o b e r a n iacute a e n l a c o n s t i t u c i oacute n p l a t oacute n i c a 1 7 5 B I B L I O G R A F Iacute A B Aacute S I C A 1 8 7

5

Proemio Esta obra estaacute concebida como una iniciacioacuten a algunos grandes temas

de la filosofiacutea platoacutenica en la perspectiva de la Repuacuteblica Me he dejado llevar quizaacute demasiado libremente por mis propios intereses de modo que se halla-raacute que hay cosas que son aquiacute analizadas con detencioacuten mientras que otras mdashque tal vez podriacutean motivar maacutes intensamente a un lector de la Repuacuteblica mdash son apenas revisadas o en circunstancias ni siquiera mencionadas Es en ese sentido un estudio personal una meditacioacuten acerca de los contenidos de una obra de proporciones tan vastas y de tan profundo significado como la Poli-teia A pesar de ello este diaacutelogo es considerado tradicionalmente fuertemen-te representativo de aspectos fundamentales del pensamiento de Platoacuten de modo que me he esforzado por hacer de este trabajo tambieacuten una suerte de estudio introductorio a su pensamiento

El fondo temaacutetico del libro estaacute dividido en tres partes bien definidas a

saber los comentarios introductorios en los que se analiza de alguacuten modo la obra en estudio y se comenta el alcance de algunos temas fundamentales Luego estaacute la presentacioacuten analiacutetica del diaacutelogo en que el texto entero de la obra ha sido contraiacutedo analiacuteticamente en sus elementos esenciales Es una suerte de versioacuten resumida de lo que se supone constituye los componentes que estructuran el discurso de la obra en su totalidad Para tener una idea las 411 paacuteginas del texto griego de Burnet han sido reducidas en esta presenta-cioacuten a no maacutes de un sexto del total Ese trabajo de una dificultad no faacutecil de imaginar estaba ya hecho y en forma excepcionalmente bien lograda por James Adam en su libro claacutesico The Republic of Plato editado en 1902 Junto a los abundantes comentarios que trae esta obra se van intercalando a lo largo de toda ella en letra cursiva y a intervalos regulares una suerte de resuacuteme-nes del texto que en su conjunto son ya en siacute mismos todo un logro Lo que hago entonces en esta seccioacuten es baacutesicamente traducir esos trozos intervi-niendo aquiacute o allaacute con alguacuten antildeadido o cambio y adicionando la terminologiacutea griega que me ha parecido interesante resentildear A todo ello he agregado abundantes notas al pie de paacutegina como si se tratase de comentarios hechos

6

frente a un texto completo de la Repuacuteblica Palabras griegas han sido impresas en diversas ocasiones con la benigna intensioacuten de ayudar un poco al que sa-be sin entorpecer al que ignora

Por uacuteltimo una tercera parte son los temas de estudio que surgieron de

investigaciones especiacuteficas sobre aspectos relacionados con nuestro diaacutelogo pero que normalmente no formariacutean parte de una introduccioacuten en liacuteneas tra-dicionales acerca de la obra Son esbozos sobre asuntos de valor complemen-tario que considero uacutetiles de ser destacados Alliacute se incluye un trabajo ya pu-blicado1

Fue importante para llevar a teacutermino esta obra un aporte del Fondo de

Desarrollo de la Docencia de la Pontificia Universidad Catoacutelica asiacute como la inestimable ayuda que significoacute para miacute la concesioacuten de un sabaacutetico por parte del Sentildeor Rector de la Universidad Dr Juan de Dios Vial Correa

1 ldquoMimesis y contemplacioacuten en el libro deacutecimo de la Repuacuteblica de Platoacutenrdquo en Escritos de Teoriacutea I Santiago de Chile (1976) 85-95

7

τ ί ν α τ ρ ό π ο ν μ ε τ α χ ε ι ρ ι ζ ο μ έ ν η π ό λ ι ς φ ι λ ο σ ο φ ί α ν ο ὐ δ ι ο λ ε ί τ α ι

ldquode queacute manera un Estado que practica la filosofiacutea

puede evitar su destruccioacutenrdquo

(R VI 497d)

A COMENTARIOS PRELIMINARES I Cronologiacutea del diaacutelogo La criacutetica contemporaacutenea ubica claramente a la Repuacuteblica en un lugar

central entre los diaacutelogos del periacuteodo llamado medio y le confiere una impor-tancia crucial como obra representativa del pensamiento de Platoacuten Es proba-ble que haya sido escrita con posterioridad al Fedoacuten y al Banquete y que como es natural por su extensioacuten extraordinaria haya demorado un tiempo sufi-cientemente largo en escribirse La obra posee un aliento unitario y no parece necesario postular mdashcon estudiosos como Ritter von Arnim Friedlaumlnder o maacutes recientemente Vlastosmdash una redaccioacuten maacutes temprana del libro I2 Las conjeturas nos llevan a ubicar la obra terminada en una fecha media en torno al 3753 es decir hacia los cincuenta y cinco antildeos de la edad de su autor

2 ldquo continuacutea siendo difiacutecil sin embargo dice W K C Guthrie (Historia de la Filoso-fiacutea Griega vol IV pg 419) considerar que el libro primero se concibioacute alguna vez pa-ra otro lugar que no fuera el que ahora ocupardquo Charles H Khan considera que el libro I ldquocontains massive anticipations of the following booksrdquo en lo que el autor llama el uso platoacutenico de ldquocomposicioacuten proleacutepticardquo (que podriacuteamos considerar co-mo una cierta figura retoacuterica de anticipacioacuten) y concluye que no hay argumentos soacutelidos para separar el libro I del resto de la obra (ldquoProleptic Composition in the Republic or why Book 1 was never a separate Dialoguerdquo en The Classical Quarterly vol XLII Nordm 1 (1993) 131-142 En apoyo de la misma tesis J R S Wilson proporcio-na nuevos ejemplos de anticipacioacuten que sostiene son ldquotan sorprendentes y tan sig-nificativos como cualquiera de los que ltKahngt citardquo (ldquoThrasymachus and the Thu-mos A further Case of Prolepsis in Republic Irdquo en The Classical Quarterly vol XLV Nordm 1 (1995) pg 58 3 A Diegraves en su Introduccioacuten a La Reacutepublique pg CXXXVIII (Platon Oeuvres Com-plegravetes tome VI Paris 1965 (1932) sostiene que la fecha media del 375 es muy ad-misible para fijar al menos provisoriamente un terminus ante quem para la redac-cioacuten de la obra

8

II El tema principal de la obra y sus secciones El tiacutetulo de la obra estaacute bien establecido por la tradicioacuten y es ΠΟΛΙΤΕΙΑ

(Politeia) es decir ldquoconstitucioacuten del estadordquo ldquoforma de gobiernordquo De un mo-do maacutes concreto politeiacutea puede significar el ldquogobiernordquo o la ldquoadministracioacuten del estadordquo de ahiacute que aveces se interprete simplemente como ldquoEstadordquo A pesar de la criacutetica que a menudo se hace acerca de su versioacuten latina como res publica es conveniente recordar que con este vocablo no solo se designaba en latiacuten los ldquoasuntos del Estadordquo o las actividades propias de este sino ademaacutes el ldquobien puacuteblicordquo la ldquoconstitucioacutenrdquo como una forma particular de gobierno y en forma maacutes especiacutefica ldquoun Estado en el que todos los ciudadanos partici-pan un Estado librerdquo como puede serlo un gobierno opuesto a la tiraniacutea4 Por otra parte el problema con ldquoRepuacuteblicardquo quizaacute estaacute maacutes bien en el uso comuacuten de la lengua que le da un significado casi uacutenico de ldquorepuacuteblicardquo como sistema de gobierno si bien puede tener entre nosotros el sentido mucho menos fre-cuente de cuerpo poliacutetico de la nacioacuten5 o incluso de ldquoestadordquo en cuanto ldquonacioacuten organizada poliacuteticamenterdquo6

En la Politeia de Platoacuten se plantea entonces como su tiacutetulo lo sugiere la

creacioacuten de una repuacuteblica ideal imaginada por el filoacutesofo Ahora bien este reacute-gimen poliacutetico es visto en estrecha relacioacuten y casi total identidad con la justi-cia la que es concebida tanto como una virtud esencial en el estado como en los individuos En esas circunstancias la justicia personal es en letras peque-ntildeas lo que la justicia colectiva es en letras maacutes visibles por su mayor tamantildeo Hay pues una justicia del hombre individual y una de la ciudad entera (Rep II 368 d-e) cuya diferencia estriba al parecer maacutes en su apariencia externa que en su realidad interior En todo caso Platoacuten hace hincapieacute en las cuestio-nes de meacutetodo en que como a quien no goza de buena vista le han de permi-

4 Oxford Latin Dictionary 1635 en el que se cita el siguiente texto de Ciceroacuten (Q fr I I 29) ldquoPlato tum denique fore beatas res publicas putauit si sapientes homines eas regere coepissentrdquo 5 Diccionario de la Real Academia 6 Mariacutea Moliner Diccionario de uso del espantildeol Madrid 1988 La palabra latina ciuitas comporta tambieacuten algunos de los significados de politeia

9

tir leer primero las letras grandes que representan a la justicia en la ciudad Luego se le dejaraacute investigar si las maacutes pequentildeas mdashsignos de la justicia indi-vidualmdash ldquosucede que son la misma cosardquo (ibid)

Vemos asiacute inextricablemente unidos los temas de la politeia que gobier-

na nuestras almas con el tema de esa misma politeia que rige sustentada por una justicia corporativa el cuerpo poliacutetico de la ciudad Y del mismo modo que se busca establecer la condicioacuten del hombre verdaderamente justo se intenta describir la situacioacuten de un reacutegimen poliacutetico gobernado por la justicia De ahiacute que con justa razoacuten Proclo insiste en la importancia del ldquopasordquo de una constitucioacuten a otra7 ya que es mediante estas delicadas transposiciones de individuo y colectividad que Platoacuten deja en evidencia la temaacutetica fundamen-tal del largo itinerario de su libro Hay asiacute una politeia que existe en el inte-rior del hombre (ἐν αὑτῷ πολιτείᾳ IX 591 e) y otra que en uacuteltimo teacutermino tiene como ciudad ldquoen el cielordquo (ἐν οὐρανῷ IX 592 b) su propio modelo Este se ha de transformar a su vez en norma del reacutegimen interior Es claro entonces que depende de la comprensioacuten que se tenga del sentido maacutes pro-pio de justicia en la Repuacuteblica para entender finalmente cuaacutel es el plan y la temaacutetica maacutes verdaderos del diaacutelogo

Por otra parte parece conveniente el realizar algunas divisiones a lo lar-

go de la lectura de la Repuacuteblica obra que por su extensioacuten puede presentar dificultades a quien desea obtener una visioacuten general de caraacutecter unitario Hay muchos modos de organizar las partes del diaacutelogo bajo diversos puntos de referencia prefiero sin embargo por la simple claridad metodoloacutegica y la naturalidad de su divisioacuten las separaciones sugeridas por A Diegraves8 Se perci-ben cinco partes que corresponden a las ldquocinco masasrdquo siguientes

Libro I Libros II-IV Libros V-VII

7 Los comentarios de Proclo acerca del tema de la Repuacuteblica abarcan una parte de su primera disertacioacuten (In Rempublicam I 7-14 Kroll) 8 Platon Oeuvres Complegravetes La Reacutepublique Paris 1965 (1932) cuya introduccioacuten mdasha la que aquiacute se aludemdash corresponde a A Diegraves

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Libros VIII-IX Libro X Son divisiones loacutegicas que parecen acomodarse bien con un tema cen-

tral en el diaacutelogo que es el de la justicia cuya condicioacuten de virtud social se armoniza a lo largo de toda la obra con su caraacutecter personal de virtud inte-rior de los individuos De este modo ldquojusticia social y justicia individual or-den de la ciudad y orden del alma se entremezclaraacuten sin cesar a traveacutes de todo el diaacutelogordquo9 Desde ese punto de vista no hay razoacuten entonces para pre-guntarse acerca del tema principal y secundario de la obra puesto que ldquoel tema es uno solo es la Repuacuteblica (perfecta) o la Justiciardquo10 En otras palabras no hay verdadero reacutegimen poliacutetico u ordenacioacuten ciacutevica sin justicia verdadera entendida esta como una virtud ciacutevica y personal Es conveniente sin embar-go establecer con mayor precisioacuten queacute se entiende por justicia en su doble dimensioacuten individual y social ya que la totalidad del diaacutelogo se mueve entre esos extremos

III La justicia Las primeras discusiones acerca de la justicia se entablan en el libro

primero e inicios del segundo de la Repuacuteblica Estas tienen una funcioacuten clara-mente preliminar y pueden ser apreciadas mediante la lectura de la presen-tacioacuten analiacutetica del diaacutelogo En consecuencia la buacutesqueda de una compren-sioacuten maacutes definitiva de la justicia se inicia a partir del libro II 368c en que Soacute-crates invoca la necesidad de alguien de ldquovisioacuten penetranterdquo El maestro hace ver a su vez la conveniencia de una lectura basada en letras de mayor tama-ntildeo Podemos decir entonces que Platoacuten se propone explicar las letras chicas mdashque sentildealan la justicia individualmdash mediante las letras maacutes grandes repre-sentativas de la justicia social y poliacutetica De ahiacute surge su anaacutelisis de coacutemo nace una ciudad precisamente con el objetivo de observar el desarrollo de la justi-cia y la injusticia y hallamos que la razoacuten de su nacimiento estaacute en el hecho de que nadie se basta a siacute mismo (οὐκ αυτάρκης) Se antildeade que en su indi-gencia se le crean a los hombres necesidades concretas mdashcomo pan techo y

9 A Diegraves op cit pg XII 10 Ibid pg XII

11

abrigomdash que en la praacutectica ldquohacenrdquo una ciudad11 Asiacute ldquocada cual ltrealizagt un solo lttrabajogtrdquo (εἳς ἓν II 370 c)12 en la ciudad puesto que se sirve mejor a las necesidades del conjunto mediante la distribucioacuten de actividades hechas en forma oportuna (ἐν καιρῷ) y en conformidad con la naturaleza (κατὰ φύσιν) individual

Luego la ciudad se acrecienta incluso aparece el lujo y se franquean los

liacutemites de lo necesario las ansias de poseer llevan finalmente a las guerras y la formacioacuten de los ejeacutercitos Pero se busca una ciudad unitaria y se insiste por tanto una vez maacutes en distribuir un solo ldquotrabajordquo (ἔργον IV 423d) par cada cual conforme a las dotes naturales (πέφυκεν) de los individuos No hay que olvidar que se estaacute en busca de la justicia social para clarificar a su vez la justicia individual El ergon de cada cual no es el mero oficio a pesar de que en sus inicios la ciudad se distribuye mediante teacutecnicas artesanales Un ergon termina siendo una actividad enraizada en la naturaleza misma de un individuo Es aquello que manifiesta con mayor perfeccioacuten la condicioacuten iacutenti-ma de cada sujeto13 Sucede por otra parte que esa actividad es la ldquoaccioacutenrdquo que proyecta por decir asiacute al ser individual en el aacutembito de la ciudad que aquiacute se construye Es decir siendo el ergon lo maacutes propio de la accioacuten perso-nal debe ser a su vez mdashen la ciudad platoacutenicamdash la maacutes perfecta manifesta-cioacuten de sus compromisos comunitarios

Del ergon entonces llegamos a la ldquovirtudrdquo (ἀρετή) puesto que se en-

tiende que la ciudad mdashque en un sentido amplio tomamos como sinoacutenimo de politeiamdash alcanza su areteacute cuando ha completado su ciclo de perfeccioacuten En otras palabras lo que llamamos ldquovirtudrdquo es en realidad la ldquoexcelenciardquo de algo y suponemos que la justicia es precisamente aquello por lo que la ciu-

11 ldquoiexclEa pues dije yo hagamos (ποιῶμεν) la ciudad desde sus inicios y como pa-rece seraacuten nuestras necesidades (χρεία) las que la haraacutenrdquo (II 369c) 12 Rep II 370c ldquocuando un individuo realice un oficiordquo una foacutermula de gran conci-sioacuten 13 Los significados baacutesicos de ergon son ldquotrabajo hecho ejecucioacuten funcioacutenrdquo (cf Rep 335d) Es ilustrativo ver el caso de ϝέργον gt weork gt work No solo el substantivo sino el verbo ingleacutes revelan ese aspecto de ldquofuncioacutenrdquo

12

dad obtiene su areteacute 14 Decimos entonces finalmente que la justicia se instau-ra en la ciudad cuando cada cual en lo que respecta a los asuntos de la ciu-dad se ve en la situacioacuten de ocuparse en una sola actividad15 y que esa acti-vidad uacutenica a la que se atiende es resultado de la disposicioacuten innata maacutes apropiada para su naturaleza16 La ldquonaturalezardquo es por consiguente un prin-cipio de actividad inherente que surge del fundamento mismo de la cosa por lo que ella estaacute en disposicioacuten de hacer lo que le es apropiado En el caso de la naturaleza humana esta posee un aacutembito de amplia actividad que tiene evi-dentemente al interior de una gradacioacuten un punto de culminacioacuten que po-demos designar como lo ldquomaacutes apropiadordquo lo ldquomaacutes aventajadordquo17 Supone-mos que es lo maacutes propio que esa naturaleza puede hacer para siacute y lo maacutes ventajoso que ella puede realizar para la comunidad social de la polis En esas circunstancia justicia en el sentido que venimos hablando es ldquohacer lo pro-pio de siacute mismo y no entrometerseldquo multiplicando sus ocupaciones18 pero teniendo en cuenta por otra parte que lo maacutes propio es tambieacuten lo mejor pa-ra la ciudad

Asiacute entonces concluye Platoacuten esta revisioacuten de la justicia dejando sen-

tado su punto de vista con una expresioacuten que vuelve a puntualizar en IV 433b en la que se dice que en cierto sentido resulta que la justicia parece que es hacer lo propio de siacute mismo19

He sacado un poco toscamente la frase desde el griego con la intencioacuten de mostrar cuaacuten flexible es la presentacioacuten que hace Soacutecrates de su caso Y el

14 Cf Rep IV 432b 15 Asiacute me parece que es una interpretacioacuten correcta de ὅτι ἑνα ἕκαστν ἕν δέοι ἐπιδεδύειν τῶν περὶ τὴν πόλιν (433a) 16 Del mismo modo me parece tambieacuten que este es un sentido propio de la frase que viene a continuacioacuten de la inmediatamente anterior εἰς ὃ αὐτοῦ ἡ φύσις ἐπιδειοτάτη πεφυκυῖα εἴη 17 Dos de los sentidos a mi parecer maacutes relevantes de epiteacutedeios en el texto que co-mentamos 18 Rep IV 433a τὸ τὰ αὑτοῦ πράττειν καὶ μὴ πολυπραγμονεῖν 19 La frase estaacute dicha como se ve de un modo tentativo Por ldquolo propiordquo quiero entender algo asiacute como ldquolas actividades propiasrdquo pues parece apuntar de alguna manera al ergon de cada cual

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antildeadido anterior que indica que hay que abstenerse de multiplicar las ocupa-ciones (μὴ πολυπραγμονεῖν) nos advierte ya que se trata de una explicacioacuten de tipo social la que se da acerca de la justicia aunque sostenida en nuestros propios siacute mismos Ademeaacutes realizar lo propio de cada uno llama a evitar a nombre de la naturaleza propia sobre todo esa injerencia indiscreta (πολυπραγμοσύνη IV 434b7 y 9) entre los tres geacuteneros o clases (se habla de genos y eidos) de ciudadanos20 maacutes que promover injerencias menores al inte-rior de estos geacuteneros La razoacuten de esto a mi entender estaacute en la mayor tras-cendencia poliacutetica que tendriacutea una intromisioacuten entre los diversos oacuterdenes en especial en lo relativo al gobierno de la ciudad

Pero hay una segunda explicacioacuten de la justicia (ya que no me atrevo a

hablar de definiciones) que surge de un paralelo entre ciudad e individuo Aquiacute se supone que a la condicioacuten tripartita de la polis mdashseparada en tres geacuteneros de ciudadanosmdash corresponde una distincioacuten de tres aspectos o espe-cies (se usa por lo general indistintamente eidos y genos) al interior del alma de cada individuo No es faacutecil determinar piensa Platoacuten si aprendemos con un elemento nos apasionamos con otro y apetecemos con un tercero placeres como los de la crianza y la generacioacuten o si es con toda nuestra alma que ha-cemos cada una de estas actividades (IV 436a-b) Luego de un anaacutelisis ex-haustivo del asunto en que se pone en evidencia que aquello que se predica como propio de un objeto es solo propio de ese objeto y que por otra parte hallamos en las almas por ejemplo algo que impulsa a beber y algo que re-frena de hacerlo se concluye que en una misma alma se puede encontrar una especie racional mdashlogistikoacutenmdash con que se razona y una irracional y con-cupiscible mdashaloacutegiston y epithymetikoacutenmdash con que se apetece Una tercera espe-cie diferente es la pasioacuten o coacutelera mdashthymoacutesmdash con la que nos encolerizamos Las tres especies del alma (racional irascible concupiscible) estaacuten entonces en paralelo con las tres clases del estado Del mismo modo la ciudad es justa cuando cada geacutenero hace lo que le es propio y el alma es justa cuando cada especie o aspecto de ella realiza a su vez lo que le es propio (cf IV 441c-e)

20 Rep IV 434 b-c ldquoAsiacute pues la ingerencia entre los tres geacuteneros existentes y el cambio de unos a otros es la lesioacuten maacutes grande para la ciudad y la que podriacutea espe-cialmente calificarse de crimenrdquo

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Ahora bien es a lo racional en ella a lo que compete gobernar De este modo tanto en el individuo justo como en la ciudad justa ha de gobernar lo mejor Las letras mayores nos han permitido reconocer que la justicia corres-ponde a una interaccioacuten natural entre las clases del cuerpo social por la que se discierne claramente quien manda y quien obedece y a su vez la lectura de las letras maacutes pequentildeas ha puesto en evidencia coacutemo es que se considera justa un alma en que gobierna lo mejor21

IV La identificacioacuten de filosofiacutea y poliacutetica El trazado del tema desarrollado en la Repuacuteblica deja en evidencia una

preocupacioacuten fundamental de Platoacuten a saber su decisioacuten de demostrar que la filosofiacutea de la que habla es en esencia una misma cosa que la poliacutetica Esta verdadera identificacioacuten de una y otra lleva en siacute una importante consecuen-cia que consiste en un virtual acrecentamiento del aacuterea de comprensioacuten sig-nificativa tanto de la poliacutetica como de la filosofiacutea Para decirlo mediante una aproximacioacuten la poliacutetica se vuelve maacutes teoacuterica y la filosofiacutea maacutes praacutectica De ahiacute que se entienda que la filosofiacutea se identifica con la poliacutetica de un modo semejante a como la posesioacuten de una ciencia determinada implica el manejo y ejercicio efectivo de ella o como el conocimiento de una cierta disciplina se hace una misma cosa con un arte determinado22 Filosofiacutea y poliacutetica son en-tonces identificables en la medida en que ambas conforman una totalidad integrada que supera o tiende a superar la distincioacuten entre teoriacutea y praacutectica

21 Rep IV 441c ldquoCon estas declaraciones dije yo hemos hecho praacutecticamente la navegacioacuten y se ha producido entre nosotros un razonable acuerdo de que las mis-mas clases que existen en la ciudad y en el mismo nuacutemero se dan tambieacuten en el al-ma de cada individuordquo (Trad G Goacutemez Lasa Platoacuten La Repuacuteblica vol I Valdivia 1983) 22 Platoacuten considera en general como praacutecticamente sinoacutenimos los teacuterminos episteme y tekhne el conocimiento cientiacutefico qu es la episteme supone la aprehensioacuten de las Ideas y las acciones del artesano y artista importan un saber semejante de los para-digmas ideales De ahiacute el sentido maacutes especiacutefico de tekhne como conjunto de nor-mas sistema o meacutetodo de hacer (cf Fedro 245 LSJ)

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La base de sustentacioacuten filosoacutefica de toda la Repuacuteblica estaacute en la doctri-na que consagra como fundamento de la existencia e inteligibilidad de todas las cosas a la Idea del Bien y su derivado inmediato la teoriacutea de las Formas Es una teoriacutea porque a partir de ella se construye la totalidad del proyecto poliacutetico de Platoacuten Se concibe ademaacutes que estas Formas o Ideas mdashque son los objetos propios del entendimientomdash son precisamente los objetos propios del entendimiento que hace filosofiacutea Ahora bien cuando Platoacuten analiza la realidad de la polis y los asuntos relacionados con ella reflexiona acerca de coacutemo pensar y poner en realizacioacuten una ciudad sustentada sobre los maacutes soacute-lidos fundamentos filosoacuteficos Ahora bien su teoriacutea de las Ideas le proporcio-na el sustento metafiacutesico que necesita para otorgarle a su visioacuten de las reali-dades ciacutevicas las caracteriacutesticas de un discurso cientiacutefico

En esas circunstancias las Ideas que eacutel ha concebido como inteligibles

es decir capaces de ser comprendidas por un entendimiento se muestran como representaciones de ese Bien Porque se puede afirmar que ellas son cada cual el Bien en cuanto que tal Idea Eso significa que cada ser en cuanto que es algo determinado es bueno y cada Idea mdashcomo lo es la justicia en siacutemdash es manifestacioacuten inteligible de ese Bien La Idea del Bien es simple una en su unicidad y anterior a toda diversificacioacuten producida en cada Forma Con-forme al esquema trazado por Platoacuten las Ideas aparecen como el factor origi-nario de todo pensamiento cientiacutefico De ahiacute que ellas son el fundamento de nuestro saber acerca del hombre en cuanto realidad ciacutevica y social Ellas ademaacutes se erigen en el elemento unificador de todas las diversidades que necesariamente existen en los objetos de cada ciencia y transforman a la vez a esos objetos en materia unificada totalizada para los fines de su tratamiento epistemoloacutegico

Las Ideas son en cuanto las referimos al pensamiento diversidad en la

unidad y unidad en la diversidad del toda realidad inteligible Siendo ade-maacutes estas Ideas objetos estables de la inteligencia (la justicia en siacute por ejem-plo deberiacutea ser invariable) la ciencia que se halla sostenida en uacuteltimo teacuter-mino por ellas puede transformarse en conocimiento teoacuterico integrador de un aacuterea especiacutefica del saber Por otra parte toda ciencia contiene al mismo

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tiempo en siacute un conglomerado de cosas marcadas por la concrecioacuten de lo in-dividual Porque la ciencia no es solo teoriacutea puesto que ha surgido como res-puesta explicativa a un conjunto determinado de situaciones y de fenoacutemenos concretos

De ahiacute que por una parte proyectar la ciudad en torno a la justicia es

pensarla en una cierta relacioacuten de intimidad con el Bien en especial del Bien en cuanto que justo Aunque este Bien por otra parte que es entendido como una realidad simple y liberada de toda configuracioacuten inteligible no compor-ta por eso mismo diversidad de ninguacuten geacutenero Ahora bien lo justo en siacute es representacioacuten inteligible de ese Bien en cuanto se manifiesta diversificada-mente a modo de justicia y asiacute de todas las otras virtudes De este modo las grandes virtudes de la repuacuteblica (las cuatro virtudes cardinales que se propo-nen como modelos del actuar individual y social) son vistas en abstraccioacuten Ideas claves en iacutentima conexioacuten con el Bien absoluto

No hay otro modo de manifestacioacuten primera para la Idea del Bien que

mediante la trama racional de las Ideas las que devienen en instrumento for-zoso de manifestacioacuten inteligible de la Bondad para toda inteligencia La realidad profunda de esta doctrina es puesta esforzadamente en evidencia en las tres alegoriacuteas centrales de la obra a saber el Sol la Liacutenea y la Caverna Porque aunque el Bien no se manifiesta racionalmente al entendimiento por estar maacutes allaacute de lo real (ἐπέκεινα τῆς οὐσίας Rep 509 b) el ser la Idea en cambio se manifiestan al entendimiento por medio de un cierto aislamiento epistemoloacutegico que acontece a la par de su conformacioacuten entitativa Porque la realidad se hace efectivamente presente en ese entendimiento a modo de aprehensioacuten diversificada de la realidad ideal El pensamiento es ante todo comprensioacuten inteligible de la realidad

De ese modo la poliacutetica al interior de la concepcioacuten platoacutenica de la Re-

puacuteblica es en sus grados supremos un conocimiento una ciencia que en su manifestacioacuten maacutes profunda se la denomina el ldquoconocimiento superiorrdquo23

23 Rep VI 505a ldquo pues me has oiacutedo decir muchas veces que el maacutes sublime objeto de conocimiento es la idea del bien que es la que asociada a la justicia y a las demaacutes

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Parece casi paradoacutejico que sea precisamente este conocimiento maacutes teoacuterico el que haga ldquouacutetiles y beneficiosasrdquo a la justicia y demaacutes virtudes pero la misma discusioacuten presentada hasta aquiacute muestra la estrecha relacioacuten que integra lo concreto a lo abstracto mediante la asociacioacuten con el Bien Asiacute entonces pare-ce claro que para Platoacuten sin el conocimiento del Bien es imposible pensar o hacer poliacutetica mdashque en uacuteltimo teacutermino seriacutea lo mismo que pensar y hacer fi-losofiacuteamdash en cuyo saber se encuentra justamente la aprehensioacuten de lo justo en siacute Porque es precisamente la justicia la que como se ha visto toca los extre-mos de lo personal y lo social e integra la dimensioacuten psicoloacutegica y poliacutetica en una ecuacioacuten de no faacutecil comprensioacuten y cuyas incoacutegnitas son al parecer ex professo dejadas abiertas ldquohacer lo propio de siacute mismordquo

La poliacutetica en consecuencia comporta ese saber capital gracias al cual

se hace realidad su virtual identificacioacuten con la filosofiacutea Los teacuterminos de esa identificacioacuten son claramente expresados por Platoacuten en ese pasaje famoso que para efectos de su discusioacuten me permito citar aquiacute

ldquoa menos mdashproseguiacutemdash que los filoacutesofos reinen en las ciudades24 o que cuan-

tos ahora se llaman reyes y dinastas practiquen noble y adecuadamente la filosofiacutea que vengan a coincidir una cosa y otra la filosofiacutea y el poder poliacutetico y que sean detenidos por la fuerza los muchos caracteres que se encaminan separadamente a una de las dos no hay amigo Glaucoacuten tregua para los males de las ciudades ni tampoco seguacuten creo para los del geacutenero humano ni hay que pensar en que antes de ello se produzca en la medida de lo posible ni vea la luz del sol la ciudad que hemos trazado de palabrardquo (V 473 d-e)

En el contexto de esta discusioacuten es decisiva la afirmacioacuten ldquoque vengan a coincidir una cosa y otra la filosofiacutea y el poder poliacuteticordquo25 La clave de la ciu-

virtudes las hace uacutetiles y beneficiosasrdquo Platoacuten La Repuacuteblica edicioacuten de JM Paboacuten M Fernaacutendez -Galiano Madrid 1969 24 ldquoThis is perhaps the most famous sentence in Platordquo Paul Shorey Plato V Repu-blic II London 1969 p 508 n a 25 καὶ τοῦτο εἰς ταὐτὸν συμπέσῃ δύναμις τε πολιτικὴ καὶ φιλοσοφία Conviene tomar nota de la traduccioacuten de P Shorey op cit ldquo and there is a conjunction of these two things political power and philosophical intelligencerdquo

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dad platoacutenica se muestra aquiacute en esta coincidencia entre la filosofiacutea y el poder poliacutetico La argumentacioacuten de Platoacuten tiene alcances dignos de destacar Poco antes de estas afirmaciones en la Repuacuteblica Soacutecrates ha tenido que hacer fren-te a las presiones de Glaucoacuten que le recuerda la tarea que se ha impuesto mdashy que ha pospuesto dos vecesmdash de demostrar que un Estado como el que se ha descrito es posible26

Estas son las ldquodos primeras oleadasrdquo27 que ha recibido de su interlocu-tor y ante ldquola maacutes grande y difiacutecil de vencerrdquo decide enfrentar el asunto de una vez Lo que se habiacutea investigado antes acerca de la justicia en siacute dice Soacute-crates se habiacutea discutido en razoacuten del modelo28 ldquopero no con el propoacutesito de mostrar que era posible la existencia de tales hombresrdquo (472d) En tales cir-cunstancias es preciso piensa Soacutecrates tener presente que es maacutes natural que la palabra participe maacutes de la verdad que lo que la accioacuten praacutectica puede ha-cerlo Es decir el discurso hablado (λέξεως) se acerca maacutes a la verdad que la realizacioacuten de este discurso a la verdad En trataacutendose entonces de discursos como los presentes para decidir acerca del asunto de ldquollevar algo a la praacutecti-cardquo (πραχθῆναι 473a) es necesario plantearse cuaacutel puede ser la maacutes proacutexima cercaniacutea (ὡς ἂν ἐγγύτατα) al tema discutido discursivamente

El asunto entonces de la teoriacutea y la praacutectica pasa a traveacutes del hilo con-

ductor del habla como palabra discursiva La palabra es mediadora y se puede describir una ciudad mucho maacutes cercana a la verdad del paradigma pero maacutes alejada por eso mismo de la realidad concreta Ahora hacerlo con la palabra misma como mediadora maacutes flexible que la verdad pura y la con-crecioacuten indoacutecil Platoacuten emprende la tarea de describir una aproximacioacuten Hay que investigar queacute es lo que hoy impide a las ciudades el ser gobernadas con-forme al paradigma ideal puesto que mediante esto se podraacute descubrir cuaacutel

26 Rep 471e ldquola cuestioacuten de si es posibles que exista un tal reacutegimen y hasta donde lo esrdquo 27 Rep 472a Son incursiones repentinas de Glaucoacuten un poco cansado de la divaga-ciones mdashseguacuten su propia percepcioacutenmdash de la discusioacuten de Soacutecrates La maacutes proacutexima embestida no deja salida a Soacutecrates ldquoCuanto maacutes te excusas mdashdijomdash maacutes te estre-charemos a que expliques coacutemo puede llegar a existir el reacutegimen de que tratamos Habla pues y no pierdas el tiempordquo (472a-b) traduccioacuten J M Paboacuten M Fernaacuten-dez Galiano 28 Rep 472c παραδείγματος ἄρα ἕνεκα

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es propiamente el mal Y he aquiacute que el mal en las ciudades es lo que se hace mal (κακῶς πράττεται 473b) y lo que en forma prominente estaacute malamen-te hecho es separar la poliacutetica de la filosofiacutea En esa perspectiva lo menos que hay que hacer es decir la maacutes proacutexima cercaniacutea lo maacutes a la mano para poner en la praacutectica la ciudad ideal consiste precisamente en instaurar en la ciudad esta coincidencia ahora ausente

Acercaacutendose entonces a ese momento de identificacioacuten

ldquocreo mdashprosigue Soacutecratesmdash que cambiando una sola cosa podriacuteamos mos-trar que cambiariacutea todo no es ella pequentildea ni faacutecil pero siacute posible (473c)

Este cambio que sentildeala la buacutesqueda de un compromiso entre la teoriacutea y la accioacuten y que funda la identificacioacuten de la poliacutetica y la filosofiacutea en la ciudad se logra mediante un procedimiento que puede pasar inadvertido a primera vista Y es que esta identidad se hace realidad al hacerse efectiva en la perso-na concreta del filoacutesofo gobernante o alternativamente del gobernante trans-formado en filoacutesofo Al decir Soacutecrates que son la filosofiacutea y el poder poliacutetico los que vienen a coincidir en un solo ser la expresioacuten usada es la siguiente καὶ τοῦτο εἰς ταὐτὸν συμπέσῃ cuya interpretacioacuten (puesta en cursiva) seriacutea y que esto es decir el poder poliacutetico y la filosofiacutea coincida en la misma perso-na29 Por consiguiente lo que en primera instancia se identifica con la filosofiacutea no es la poliacutetica en general sino el poder poliacutetico (δύναμις πολιτική) mediante la instauracioacuten del filoacutesofo gobernante30 El saber filosoacutefico es ya la ciencia poliacutetica en la medida que la filosofiacutea es una episteme de las Ideas en especial en este caso la cuaternidad de virtudes que constituyen el centro de ese sa-ber y cuya fuente originaria es el Bien

29 Esta interpretacioacuten de esta frase clave la he encontrado solo en la traduccioacuten de Gastoacuten Goacutemez Lasa en Platoacuten La Repuacuteblica vol I Ed Universidad Austral de Chile Valdivia 1983 Dice ldquo y no coincida en una misma persona el poder poliacutetico y la filosofiacutea (el subrayado es miacuteo) A modo de ejemplo me parece aquiacute inadecuada la versioacuten de P Shorey ldquoand there is a conjunction of these two things political po-wer and philosophic intelligencerdquo 30 Una revisioacuten maacutes pormenorizada de este aspecto del problema es tratado en mi artiacuteculo ldquoPlatoacuten y la soberaniacutea del Estadordquo Revista de Filosofiacutea Universidad de Chile vol XXXI-XXXII (1988) 37-44

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Por tanto ya la poliacutetica aparece en cierto modo absorbida por la filoso-fiacutea pero la poliacutetica es tambieacuten un arte en cuanto que sistema de accioacuten De ahiacute que el primer miembro de esta identificacioacuten sea la δύναμις πολιτική y no la poliacutetica a secas Y si bien tanto esta dyacutenamis como la filosofiacutea son realidades que pueden considerarse en abstraccioacuten de los individuos el ar-gumento de Platoacuten pone eacutenfasis en la coexistencia de ambas realidades en seres concretos donde tiene las caracteriacutesticas de una realidad existencial Ciencia y poder en consecuencia estaacuten hermanados en un individuo concre-to llamado filoacutesofo Queda asiacute en evidencia que seguacuten el parecer de Platoacuten sin esta coincidencia individualizada de ambos factores no es posible la exis-tencia concreta de una ciudad como la presentada en laRepuacuteblica y que la in-teraccioacuten solidaria de discurso y accioacuten solo es aquiacute posible es decir en cuan-to que estos coexisten en sujetos que son filoacutesofos y reyes a la vez

Asiacute como la poliacutetica en cuanto arte dice relacioacuten con el poder poliacutetico

asiacute la filosofiacutea como ciencia dice relacioacuten con las virtudes cardinales y toda virtud conforme a un postulado esencial del socratismo es un saber que se vive un conocimiento transformador de la conducta en fin una ciencia que hace bueno a quien la posee De este modo la filosofiacutea se vuelve tambieacuten un sistema de accioacuten que desemboca con naturalidad en la dynamis politikeacute El Bien entonces se erige en la realidad que sustenta y promueve esta interac-cioacuten en el filoacutesofo y rey establecieacutendose como la causa mdashαἰτίαmdash de todo lo que existe y de todo lo que se comprende en el mundo sensible e inteligible En esas circunstancias la Idea del Bien sustento racional de todo el edificio constitucional de la polis se hace accesible al entendimiento del filoacutesofo a tra-veacutes de un conocimiento superior cuya cualidad conciliadora tiene un efecto decisivo en el proceso de realizacioacuten y concrecioacuten de la ciudad ideal De ahiacute que tambieacuten tenga consecuencias nocivas el que haya tantos caracteres que se encaminan ldquoseparadamenterdquo (χωρίς 473d) a la poliacutetica y a la filosofiacutea

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V De coacutemo la Idea del Bien se hace presente en el acontecer ciacutevico mediante la justicia

Ahora bien aquellas realidades sobre las que versa la poliacutetica mdashparte

integrante del conjunto de realidades que comprende la generacioacutenmdash son de una profunda y compleja variabilidad Ellas representan un devenir de acon-tecimientos marcados por el sello de la contingencia Podriacutea decirse que Pla-toacuten contempla los acontecimientos poliacuteticos como si fueran sucesos fluviales que bien pudieron merecer una mencioacuten heracliteana Y no creo aventurado pensar que es aquiacute como en ninguacuten otro fenoacutemeno del mundo sensible don-de la influencia de Heraacuteclito por intermedio seguacuten tradicioacuten de su maestro Cratilo se hace notar con mayor fuerza en Platoacuten Me refiero especiacuteficamente a sus meditados anaacutelisis del devenir poliacutetico que expresan con claridad su visioacuten de la poliacutetica como un mundo circundado del peligro de la desintegra-cioacuten Con razoacuten tal vez Heraacuteclito cual un rey filoacutesofo anticipado prefirioacute re-nunciar seguacuten tradicioacuten a su corona en Eacutefeso En efecto la razoacuten verdadera de ello pudo ser que su doctrina del Logos no era quizaacute suficiente para fundar una teoriacutea del poder poliacutetico y esto a diferencia del Bien que posiblemente permitiacutea penetrar con mayor fluidez desde el mundo de la naturaleza al mundo de la conducta individual y social Se haciacutea quizaacutes necesario que jun-to a la Idea del Bien se desarrollara mdashcomo era la intencioacuten de Platoacutenmdash una doctrina correlativa del alma en toda su compleja profundidad Solo asiacute podiacutea fundarse una doctrina de la justicia que pudiera comprender tanto a los in-dividuos como a la sociedad

De esa manera y en medio de ese fluir de voluntades muchas veces

contrapuestas existente en el acontecer ciacutevico se buscan ahora elementos de estabilidad bases de permanencia que al comportarse de manera cnstante proporcionen a los sucesos cambiantes de la poliacutetica principios de sustenta-cioacuten cientiacutefica Si el estudio de la ciencia ha de consistir en el anaacutelisis de las cosas que son siempre del mismo modo la buacutesqueda de los objetos supremos del espiacuteritu mdashque son las Ideasmdash coincide con la intencioacuten de hallar momen-tos de estabilidad y permanencia en el acontecer inestable de la vida de la ciudad Se busca entonces nuacutecleos de estabilidad en el pensamiento que se

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han de convertir en ejes de equilibrio beneacutefico para la polis Es precisamente en este contexto que la formulacioacuten platoacutenica acude a una imagen Se sugiere asiacute dejar de lado el estudio del Bien y se estaacute en disposicioacuten en cambio para hablar de algo que ldquoparece ser hijo del Bien y asemejarse sumamente a eacutelrdquo31 De esta explicacioacuten surgen cuatro factores del mundo visible a saber el sol y su luz el ojo y su visioacuten y de alliacute comienzan a aparecer las analogiacuteas entre el Bien y el sol la luz y la verdad Aquiacute Platoacuten construye sus maacutes famosas y perdurables paacuteginas

Estas imaacutegenes entonces que dan caraacutecter de eje central a los libros VI

y VII se presentan como mediaciones Hay un ldquovaacutestagordquo (ἔγκονος) del Bien que proporciona sentido al discurso poliacutetico referido ahora al trasfondo siempre presente del principio la Idea del Bien Las Formas ideales son como deciacuteamos representaciones inteligibles de la bondad suprema que por su absoluta simplicidad carece en siacute misma de representacioacuten La Idea del Bien no es faacutecilmente inteligible Por eso que estas Ideas son por su parte media-ciones de ese principio superior en otras palabras sus representaciones La ciencia poliacutetica a su vez se manifiesta como un conocimiento de aquellas representaciones mediadoras Eso dicho en cuanto que estas expresan una referencia al acontecer ciacutevico de los hombres y sus implicancias sociales y personales El fluir humano de una comunidad referido dialeacutecticamente a las Ideas se constituye en un saber Este saber para completar el ciacuterculo mdashla vuelta a la Cavernamdash culmina con el intento de estructurar ese fluir al inte-rior primero de un discurso y luego en el ejercicio efectivo del poder que es la dynamis politikeacute

Las mediaciones a las que me he referido en consecuencia se constitu-

yen en el modo elegido por Platoacuten de proponer en su discurso factores de convergencia de lo real inteligible con lo sensible concreto Estos factores son en primer lugar las grandes figuras poliacuteticas de la Repuacuteblica a saber el Sol la Liacutenea y la Caverna Εsta uacuteltima en especial es descrita como ldquouna imagen sorprendenterdquo32 El eikon la lsquoimagenrsquo se constituye asiacute en un procedimiento

31 Rep V 506e ὅς δε ἔγκονος τοῦ ἀγαθοῦ φαίνεται καὶ ὁμοιότατος ἐκείνῳ 32 ἄτοπον εἰκόνα VI 515a 4 Luego se reitera en dos ocasiones su condicioacuten de tal

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del discurso por el que se establecen con mayor claridad correspondencias entre el mundo sensible y la Idea inteligible La interaccioacuten de estos dos cam-pos se hace manifiesta aquiacute en forma de alegoriacuteas y en la Caverna se fuerza al filoacutesofo a volver al interior de ella hacieacutendose patente la necesidad de completar el radio de estas interacciones El que ha contemplado lo inteligible es forzado a volver a lo sensible para instaurar alliacute el orden de la Idea Los giros del Sol que gobiernan el universo ideal rigen a su vez el universo fluc-tuante del acontecer poliacutetico de la ciudad mediante el filoacutesofo como un sol que retorna de la luz a la oscuridad

De ese modo la filosofiacutea a traveacutes del conocimiento del Bien establece al

filoacutesofo como el bien en la ciudad que hace prevalecer en ella la justicia En los inicios del libro IV de la Repuacuteblica se analizaba la conveniencia de fundar una ciudad que vele por la felicidad del conjunto en forma solidaria33 ldquoPorque pensaacutebamos que en una ciudad talrdquo afirmaba Soacutecrates ldquoencontra-riacuteamos maacutes que en otra alguna la justicia asiacute como la injusticia en aquella en que se vive peor y que al reconocer esto podriacuteamos resolver sobre lo que hace tiempo venimos investigandordquo34

Es la sociedad entera como conjunto integrado la que conforma una ciudad unitaria y en ella cada parte recibe lo que es propio para constituir un hermoso conjunto35 Las otras ciudades que no son la ideal estaacuten consti-tuidas de hecho por varias ciudades Soacutecrates deciacutea ldquodos como en el mejor de los casos enemiga la una de la otra la de los pobres y la de los ricosrdquo36 Hay que vencer esas injusticias por consiguiente que surgen no solo de una mala distribucioacuten de la riqueza en siacute sino que en uacuteltimo teacutermino son pro-ducto de la ausencia de realizacioacuten de un principio fundamental ligado a la naturaleza misma del ser humano Este principio apunta a la idea de que en esta polis socraacutetica cada cual posee una sola ocupacioacuten aquella para la cual cada naturaleza estaacute mejor dotada37 Es tan certeramente verdadera para Pla-

33 Rep IV 420b ss 34 ibid Ed JM Paboacuten M Fernaacutendez Galiano 35 Rep IV 420d 36 Rep IV 422e 37 Rep IV 433a

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toacuten la realizacioacuten de esta regla que ldquoel hacer cada uno lo suyo y no multipli-car sus actividades (μὴ πολυπραγμονεῖν) dice era la justiciardquo38 Y delimi-tando esta actividad maacutes expresamente a la esfera del individuo se afirma que la justicia es ldquohacer cada uno lo suyordquo (IV 433b) cosa que se entiende como lo habiacuteamos visto al interior de la ciudad y en relacioacuten con ella

En esas circunstancias un resultado directo de la praacutectica de la justicia

consiste en la desaparicioacuten mdashen los haacutebitos de conducta de los ciudadanosmdash de esa injerencia indiscreta (πολυπραγμοσύνη) entre los tres estratos sociales que produce ldquoel mayor dantildeo de la ciudadrdquo cuando la injusticia estaacute presen-te39 Se intenta evitar ese entremetimiento precisamente a nombre de la physis pues las clases sociales se constituyen esencialmente en torno a tres tipos baacute-sicos de naturalezas Estos caracteres baacutesicos a su vez surgen en paralelo con la condicioacuten tripartita del alma en la que subsisten estas diversas especies Se reconoce asiacute ldquoque en cada uno de nosotros se dan las mismas especies y mo-dos de ser que en la ciudadrdquo40 Este parangoacuten entre ciudad e individuo es esencial en el anaacutelisis que hace Platoacuten acerca de la justicia y es el que le lleva a continuacioacuten a establecer que tanto en el individuo justo como en la ciudad justa gobierna quien es mejor

38 Rep IV 433a-b El uso del verbo πολυπραγμονεῖν es sugerente Platoacuten ve con preocupacioacuten la existencia de ciudades con ciudadanos ocupados en muchas cosas a la vez esa es especialmente la injerencia indiscreta en los asuntos de otros que el verbo polypragmonein sugiere 39 Polypragmosyne es un teacutermino clave en Tuciacutedides que expresa una cualidad que condujo a los atenienses a su grandeza es la base ciacutevica de su sentido imperial Pero sentildeala naturalmente una significacioacuten que debe ser matizada Se dice en Archaic and Classical Greece M Crawford D Whitehead Cambridge 1983 As V Ehren-bergs classic study made clear (Polypragmosyne a study in Greek Politics Journal of Helenic Studies 67 (1947) 46-67) polypragmosyne is a concept of psychology as re-flected in behaviour a polypragmon -whether an individual (as in Aristoph Ach 833) or a whole polis - must always be active interfering in the affairs of others neither keeping quiet themselves nor allowing others to be quiet (p 319) Como se ve se trata de un concepto de origen psicoloacutegico pero de especial significacioacuten en poliacutetica 40 Rep IV 435e

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VI Significacioacuten del gobierno del filoacutesofo en la polis platoacutenica Toda esta discusioacuten pudo quedar circunscrita a una propuesta en que

los guardianes han de ser los mejores porque ellos tienen que ser los mejor educados en conformidad con su propia naturaleza La educacioacuten se convier-te entonces en el medio adecuado para convertir a estos guardianes en los ciudadanos destinados a fundar esta repuacuteblica Esto se realiza ademaacutes junto a mujeres de capacidad anaacuteloga a la de estos hombres Pero falta dar un paso decisivo que permita introducir en la ciudad la justicia en una forma supe-rior Algo que resulta del hecho mismo de proclamar a los filoacutesofos reyes de esta ciudad No basta superar las divisiones mdashque conducen a disensiones subversivasmdash entre pobres y ricos Tampoco parece suficiente establecer esas clasificaciones baacutesicas entre los ciudadanos en conformidad a sus naturalezas de modo de asegurar el imperio de la norma relativa a la distribucioacuten apro-piada del trabajo Se hace ahora evidente a la luz de los anaacutelisis precedentes que la injusticia decisiva prevalente en todas las ciudades existentes hasta el presente estaacute en mantener alejado del gobierno de la ciudad al filoacutesofo El camino entonces que conduce a la salvacioacuten de la ciudad debe consistir en abrir paso a la intronizacioacuten del filoacutesofo en el gobierno de esta superando asiacute esta injusticia radical que vicia toda su estructura y esto parece ser solo posible mediante la identificacioacuten del poder poliacutetico con la filosofiacutea

La filosofiacutea poliacutetica entonces tiene en vista salvar a la ciudad mediante

la interaccioacuten de la episteme y el poder poliacutetico en una misma persona En esas circunstancias las cosas justas mdashque son las acciones que se realizan por el bien de la ciudadmdash se hacen partiacutecipes de lo justo en siacute al coexistir integradas en la persona del filoacutesofo La Ideas penetran en la ciudad por intermedio del filoacutesofo las que se hacen realidad en el devenir sensible de la polis mdasha modo de imaacutegenes que se insertan entre el complejo acontecer de la ciudad con sus permanente divisionesmdash y la transparencia formal del paradigma Las des-cripciones que hace Platoacuten de los diferentes tipos de sociedades que en liacutenea de degradacioacuten directamente descendente se van sucediendo unas a otras son esbozos brillantes que sentildealan esas mediaciones de distanciamiento pro-gresivo de la imagen del mundo poliacutetico frente al modelo inmutable de la

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ciudad ideal Es papel fundamental del filoacutesofo poliacutetico el poner en accioacuten el modelo ideal en el tejido constitucional de kaliacutepolis

La buacutesqueda de la unidad en la ciudad pasaba indudablemente por la

erradicacioacuten de la injusticia y las disensiones (στάσεις 444b) que la acompa-ntildean De este modo se nos hace patente la preocupacioacuten profunda de Platoacuten que se materializa en la descripcioacuten de la realidad del mundo poliacutetico tanto a nivel sensible como inteligible Eacutel experimenta sin duda la necesidad de desarrollar con la ayuda de la teoriacutea de la Ideas una doctrina coherente acer-ca del universo poliacutetico que le permita concebir mdashgracias a la especulacioacuten filosoacuteficamdash un programa vaacutelido y eficaz de accioacuten al interior del Estado Sal-var a la polis de una destruccioacuten inminente es la tarea en perspectiva y no hay duda que su esfuerzo discursivo acerca de la condicioacuten de la ciudad y sus sistemas institucionales va dejando en evidencia la forzosa obligacioacuten de ela-borar un disentildeo del mundo ciacutevico Es preciso concebir una imagen del acon-tecer poliacutetico que establezca la validez y los contenidos de verdad de las des-cripciones concernientes a la polis

Todo ello va a desembocar finalmente en una importante elaboracioacuten

discursiva mdashque podemos calificar a la vez de metafiacutesica y de epistemoloacutegi-camdash acerca del cosmos Se examina la condicioacuten ontoloacutegica del mundo mdashen su estado de realidad generadamdash y la consistencia gnoseoloacutegica de nuestras descripciones acerca de eacutel Esta elaboracioacuten que es la del Timeo tiene un pre-ludio importante en el mito de Er en las uacuteltimas paacuteginas de la Repuacuteblica y parece prolongarse en la rememoracioacuten que se hace de una parte importante de ella en el mismo diaacutelogo Timeo En consecuencia la ciencia poliacutetica no es solo un saber acerca del hombre y su entorno social sino que tambieacuten se aso-cia e integra con la ciencia que estudia la configuracioacuten estelar del universo en donde aquella encuentra su perfeccioacuten epistemoloacutegica

De este modo el despliegue filosoacutefico de Platoacuten se inicia en este aspec-

to con su poliacutetica En un intento de abarcar la realidad social mdashinserta en el mundo de lo sensiblemdash bajo la inteleccioacuten de la Idea En estas circunstancias Platoacuten se esfuerza en la Repuacuteblica por crear nuevas condiciones de gobernabi-

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lidad en la ciudad para que mediante la instauracioacuten de un orden justo se asegure la integridad y por tanto la pervivencia de esta Es importante que un sistema poliacutetico perdure por el imperio de su propia excelencia es decir de su virtud De ahiacute que el filoacutesofo sienta la necesidad de culminar su trabajo especulativo con una suerte de cosmo-poliacutetica como la presentada en el Ti-meo Todo esto corresponde al esfuerzo de Platoacuten de integrar tanto los fenoacute-menos poliacuteticos como la realidad toda de la generacioacuten a sus proyectos de reforma institucional Porque todo lo generado tiende a corromperse

Los inicios del Timeo prologan asiacute su discurso cosmoloacutegico con una vi-

sioacuten resumida de la Repuacuteblica junto a un relato sobre la Atlaacutentida y los oriacutege-nes de Atenas todos en clave poliacutetica En esas conversaciones introductorias acompantildeadas de los relatos a que hago referencia se deja ver que el problema fundamental de su teoriacutea poliacutetica estaacute en la interaccioacuten y en la integracioacuten de la teoriacutea con la accioacuten en el terreno concreto del gobierno de la ciudad El filoacute-sofo-rey encarna la coexistencia de la theoriacutea y la praxis en el Estado de mane-ra que todos los esfuerzos se encaminan ahora a lograr mediante la educa-cioacuten correspondiente seres humanos dotados con las caracteriacutesticas que se han asignado a tales gobernantes Una vez en posesioacuten de ese contingente de futuros soberanos la discusioacuten introductoria del Timeo vuelve a tomar la perspectiva de la Repuacuteblica al proponer enderezar el discurso hacia la des-cripcioacuten de una ciudad en accioacuten Se la situacutea entonces en el contexto liacutemite de una polis que ha de recurrir a la guerra en defensa de su libertad y sus va-lores patrios

Aquello que en el examen precedente he denominado teoriacutea mdashcomo el

fundamento gnoseloacutegico desde el cual algo puede ser llevado a la praacutecticamdash41 estaacute en iacutentima relacioacuten con el problema de la verdad En efecto se entiende aquiacute por teoriacutea la verdad misma en cuanto que ella es objeto de un trato epis-

41 Platoacuten ha hablado en la Repuacuteblica de ldquollevar algo a la praacutecticardquo (τι πραχθῆναι 473a) y se ha referido en el mismo texto al problema de la ldquorealizacioacutenrdquo de estos proyectos poliacuteticos utilizando el teacutermino πρᾶξις Seguacuten E des Places (Lexique) pra-xis tiene cuatro sentidos fundamentales en Platoacuten a) ldquoacte actionrdquo b) ldquoaccomplis-sement reacutealisationrdquo c) ldquopractiquerdquo d) ldquovierdquo El sentido maacutes generalmente utilizado en este trabajo es el de ldquoaccioacutenrdquo

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temoloacutegico Se configura asiacute por ese medio en torno de ella una esfera de co-nocimientos y en el caso de la filosofiacutea se crea un discurso un logos La ver-dad por otra parte es la que el filoacutesofo como amigo que es de ella (Rep 475e) busca conocer y es asimismo la que en la realidad y el conocimiento se con-funde con las Ideas mismas La teoriacutea entonces corresponde a un estado de sabiduriacutea en que la verdad se posee a modo de ciencia y en el que se tiende constantemente a la totalidad tanto de lo divino como de lo humano42 La teoriacutea es de alguna manera un estado de superacioacuten de la condicioacuten huma-na mediante la posesioacuten por el intelecto del ser real De alliacute que Soacutecrates ha-ya afirmado ldquoy a aquel pensamiento (διανοία) que en su alteza alcanza la contemplacioacuten (θεωρία) de todo tiempo y de toda esencia iquestcrees tuacute que la vida propia del hombre le puede parecer gran cosardquo (486a)

Ese estado de sabiduriacutea se encuentra sin embargo en la necesidad de

establecer las mediaciones de que hablaacutebamos anteriormente establecieacutendo-se entonces un encuentro con las difiacuteciles condiciones de la realidad concreta de la ciudad El filoacutesofo corre el riesgo de ser criticado de ldquohaber subido arri-bardquo para volver despueacutes a la oscuridad de la caverna ldquocon los ojos estropea-dosrdquo (VI 517a) De ahiacute la conveniencia de elaborar con referencia a la accioacuten un lenguaje anaacutelogo a la verdad que proporcione medios de acercamiento al mundo del devenir poliacutetico Se busca por consiguiente la creacioacuten de un re-lato verosiacutemil una suerte de manifiesto poliacutetico En este caso ademaacutes se trata de un mundo que hay que moldear a imagen del paradigma Se presenta asiacute como esencial para Platoacuten el determinar una doctrina por la que las cosas de la realidad sensible adquieran la calidad de representaciones de esos modelos ideales De este modo tanto los asuntos relativos a la poliacutetica como los relati-vos al cosmos se transforman en fenoacutemenos solidarios al ser comprendidos y conciliados bajo el poder superior del ser ideal

42 Rep 486a Al decir Soacutecrates que no hay nada maacutes propio de la sabiduriacutea que la verdad y destacar que el filoacutesofo verdadero desde su juventud tiende a poseerla pregunta (con la intencioacuten de hallar una respuesta positiva) si se encontraraacute cosa maacutes propia de la ciencia que la verdad (485c ἦ οῦν οἰκειότερον σοφίᾳ τι ἂν εὕροις)

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VII La opinioacuten y la imagen como medios de conocimiento de los asuntos de la ciudad

Pero el asunto que tratamos exige el anaacutelisis de algunos otros puntos

En analogiacutea con la discusioacuten de la Repuacuteblica en que se debate de un modo tan fundamental el tema de la poliacutetica el Timeo funda las bases de una filosofiacutea del cosmos Tanto la ciencia poliacutetica como las ciencias de la tierra y el cosmos tienen en comuacuten el formar parte de la generacioacuten y por tanto se integran en lo que llamamos mundo sensible La poliacutetica tambieacuten porque lo sujeto a ge-neracioacuten no se agota en las cosas en cuanto que circunscritas a dimensiones y espacios sino que tambieacuten incluye a todo aquello que surge de ellas como en el caso del hombre son las acciones y funciones propias de su inteligencia De ahiacute que la ciencia meacutedica mdashno especiacuteficamente en cuanto que arte que curamdash forma parte del discurso del Timeo del mismo modo que las descripciones de las enfermedades sociales se integran al gran discurso de la Repuacuteblica De ese modo parte importante de la ciencia de la polis se nutre de objetos sensibles que tratados a la luz de la teoriacutea de las Ideas adquieren en ese sentido cate-goriacutea cientiacutefica

Los objetos sin embargo siguen en movimiento y continuacutean sus proce-

sos de dispersioacuten aunque mantenidos con esfuerzo bajo una cierta unidad inteligible por el pensamiento Esa es la situacioacuten en que se encuentra Platoacuten decidido a realizar la tarea de fundar un tratamiento cientiacutefico acerca de las instituciones del cuerpo social como conglomerado ciacutevico Esto sin olvidar jamaacutes que se trata al mismo tiempo de un conjunto de seres individuales Ahora bien todos estos objetos de los que aquiacute hablamos son en la filosofiacutea de Platoacuten imagen (εἰκών) Adquieren esta condicioacuten en cuanto que en depen-dencia ontoloacutegica y epistemoloacutegica con el ser ideal Solo asiacute es posible dar al fenoacutemeno una consistencia que nos permita comprenderlo y en cierta mane-ra dominarlo tanto para los efectos de la ciencia como del poder Pero para ello habraacute que dar vuelta el rostro ponerse en pie y emprender el camino de salida de la Caverna

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Este eikōn en consecuencia permite a Platoacuten desarrollar una teoriacutea del discurso cientiacutefico ya sea mdashseguacuten los elementos aquiacute estudiadosmdash como ciencia poliacutetica o como ciencia del cosmos Este discurso se manifiesta al inte-rior de una doctrina de la imagen que se hace expliacutecita la presencia de la opi-nioacuten (δόξα) recta sobre las cosas sensibles como instrumento vaacutelido de com-prensioacuten del mundo Lo que hace recta a la opinioacuten es la existencia de esa relacioacuten iacutentima con el ser verdadero su ausencia la hace sujeta a error En esas circunstancias la episteme es un saber que se ordena al ser con el fin de conocer coacutemo es el ser43 Tal vez lo que se quiere decir con esto es con el fin de saber coacutemo es la realidad De ahiacute que se distinga entre lo cognoscible (γνωστόν) y lo opinable (δοξαστόν) ya que solo el ser es lo propiamente cog-noscible siendo la doxa intermedia entre el conocimiento (γνῶσις) y la igno-rancia (ἄγνοια)

La razoacuten de ello estaacute en que los objetos tanto de lo cognoscible como de

lo opinable son distintos En efecto las realidades sobre las que versa la opi-nioacuten son objetos que al mismo tiempo existen y no existen y que estaacuten ldquoen mitad de lo puramente existente y lo absolutamente inexistenterdquo (Rep V 478d) Parte importante de los asuntos concernientes a la poliacutetica estaacuten en esa situacioacuten Asiacute la doxa se erige por efecto de esa participacioacuten del ser y del no ser en un nuevo constituyente que es el objeto sensible es por esto que ella participa del uno y del otro44 Y esta es la razoacuten por la que es fundamental que la opinioacuten mdashen cuanto capacidad del espiacuteritu y producto la vez de esa capacidadmdash permanezca en relacioacuten con el ser La multitud que el filoacutesofo ve inmersa en la opinioacuten se conduce de una manera distinta y ldquoen cierto modo da vueltasrdquo girando en torbellino 45 lejos de la verdad

43 Rep V 478a ἐπιστήμη μέν γέ που ἐπὶ τῷ ὄντι τὸ ὄν γνῶναι ὡς ἔχει 44 Rep V 478d iquestY no dijimos en los pasajes anteriores que si se presentase algo tal que a la vez sea y no sea ese tal debe encontrarse en el medio entre lo que es pura-mente y lo que no es completamente y que sobre el cual no habriacutea ni conocimiento ni ignorancia sino lo que a su vez se hubiese presentado como estando entre la ignorancia y el saber - Correctamente (Trad G Goacutemez Lasa) 45 Rep V 479d ldquogiran en torbellino en medio de lo que no es y de lo que es pura-menterdquo (Trad G Goacutemez Lasa)

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Parece entonces decisivo para Platoacuten fundar las condiciones que le han de permitir hacer discursos vaacutelidos mdashal interior de los principios de su pro-pia filosofiacuteamdash acerca de lo sensible Ellos incluyen los discursos acerca del orden poliacutetico que en su maacutes alta dimensioacuten se combinan nada menos que con la filosofiacutea Asiacute al establecer el aacutembito de verdad que los fenoacutemenos del mundo pueden alcanzar se intenta hacer manifiestas las relaciones de estos con la realidad ideal Es el modo de conectarlos con la teoriacutea y darles el caraacutec-ter cientiacutefico que ellos requieren Se deja asiacute circunscrito tambieacuten el liacutemite de independencia que los sucesos del mundo poseen capacitaacutendolos de esa ma-nera como objetos vaacutelidos para un tratamiento propio de una ciencia poliacutetica Es verdad que en cuanto que objetos los podemos considerar como poseyen-do un grado limitado pero pueden alcanzar ciertamente un grado especiacutefico de autonomiacutea

En esa situacioacuten la poliacutetica de la Repuacuteblica y la cosmo-poliacutetica y las

ciencias en general del Timeo estaacuten en referencia a una doctrina de la ima-gen concebida en correlacioacuten y dependencia con la teoriacutea de las Ideas La filo-sofiacutea de Platoacuten no versa simplemente sobre las realidades inteligibles El filoacute-sofo mantendraacute siempre un intereacutes profundo sobre el devenir poliacutetico en toda su vasta dimensioacuten Ahora bien eacutel supone que toda doctrina acerca del mun-do (poliacutetico) debe estar en conexioacuten con la teoriacutea ideal si aquella quiere con-servar su relacioacuten con el ser y lo real

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VIII Un esfuerzo por salvar los fenoacutemenos del universo social

Asiacute como Platoacuten intenta salvar la ciudad mediante un modelo ideal del mismo modo emprende la tarea de salvar al interior de su filosofiacutea los fenoacute-menos del cosmos Porque los temas de la polis y el cosmos estaacuten para eacutel cla-ramente conectados Es evidente que la teoriacutea de las Ideas le abriacutea la perspec-tiva de un ambicioso proyecto de proporciones universales y la posibilidad de hacer efectivos un conjunto de relatos cientiacuteficos acerca del mundo En esa perspectiva se ha visto en Platoacuten al fundador de una de las dos principales tradiciones de la investigacioacuten astronoacutemica Se habla en efecto de una tradi-cioacuten realista representada normalmente en su origen por Aristoacuteteles y una de orden formal claramente personificada por Platoacuten

Conforme a esta liacutenea formalista se consideraba que los diversos mode-

los geomeacutetricos de los movimientos planetarios propios de la arquitectura del universo eran recursos matemaacuteticos de tipo teoacuterico que no apuntaban propiamente a la realidad misma del universo Ellos maacutes bien describiacutean los fenoacutemenos de tal modo que era posible salvar sus apariencias En otras pala-bras los discursos platoacutenicos acerca del mundo estaban concebidos como re-presentaciones de modelos mdashque en casos como los descritos en el Timeo eran modelos geomeacutetricosmdash que haciacutean posible calcular es decir salvar los diver-sos fenoacutemenos del cielo

Recurro aquiacute a una obra de importancia para lo que aquiacute se analiza a

saber ΣΩΖΕΙΝ ΤΑ ΦΑΙΝΟΜΕΝΑ Essaie sur la notion de theacuteorie physique de Platon agrave Galileacutee de Pierre Duhem46 Se hace en ella referencia en primer lugar al Comentario de Simplicio47 en el que se muestra a Platoacuten preguntando a los matemaacuteticos cuaacuteles seriacutean los movimientos circulares uniformes y perfecta-mente regulares que deberiacutean admitirse como hipoacutetesis de modo que pudie-

46 Fue publicado primeramente en forma de cinco artiacuteculos en los Annales de philo-sophie chreacutetienne en 1908 Ante la imposibilidad de acudir al texto original he utili-zado la versioacuten inglesa bajo el tiacutetulo To Save the Phenomena An Essay on th Idea of Physical Theory from Plato to Galileo con Introduccioacuten de Stanley L Jaki Chicago 1969 47 Simplicio In Aristotelis quatuor libros de Coelo commentaria 2 43 46

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se ser posible salvar las apariencias presentadas por los planetas En referen-cia a este problema planteado P Duhem comenta ldquoel objeto de la astronomiacutea es definido aquiacute con la mayor claridad la astronomiacutea es la ciencia que combi-na de tal modo los movimientos circulares y uniformes que produce un mo-vimiento resultante semejante al de las estrellas Cuando sus construcciones geomeacutetricas han asignado a cada planeta una trayectoria que se ajusta a su trayectoria visible la astronomiacutea ha alcanzado su objetivo porque entonces sus hipoacutetesis han salvado las apariencias48 Y poniendo eacutenfasis en este punto sentildeala que el astroacutenomo se declara totalmente satisfecho cuando las hipoacutetesis que eacutel ha forjado logran salvar las apariencias Este seriacutea el meacutetodo del astroacutenomo

Aristoacuteteles por su parte concibe lo que se ha convenido en llamar el meacute-

todo del fiacutesico Eacutel piensa que el objeto de estudio de geoacutemetras y fiacutesicos es fre-cuentemente el mismo ldquopero que consideran el objeto desde diferentes pun-tos de vistardquo49 En esas circunstancias el geoacutemetra puede ver una figura par-ticular en forma abstracta mientras que el fiacutesico estudia sus objetos seguacuten afirma el autor ldquocomo el liacutemite de tal o cual cuerpo el movimiento de tal o cual cosa moacutevilrdquo50 Aristoacuteteles conociacutea el meacutetodo del astroacutenomo perfectamen-te este habiacutea sido seguido entre otros por Eudoxo conforme a lo definido por Platoacuten Aristoacuteteles en cambio exigiacutea diversos requisitos en la materia a saber que el universo fuera una esfera que las esferas celestes fueran soacutelidas que cada una de ellas tuviera un movimiento circular y uniforme alrededor del centro del mundo que este centro fuera ocupado por la tierra que era inmoacutevil51

Estas condiciones limitantes fueron establecidas por Aristoacuteteles sin em-

bargo no con el fin de salvar las apariencias que registraban quienes obser-vaban estos fenoacutemenos sino seguacuten piensa Duhem debido a que conforme al Estagirita solo estas condiciones eran compatibles con la perfeccioacuten del mate-

48 P Duhem op cit p 6 49 ibid p 6 50 ibid p 6 51 ibid p 7

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rial propio de los cielos y con la naturaleza del movimiento circular52 Eran por consiguiente una suerte de a priori obtenidos de la especulacioacuten filosoacutefica pura los que a su vez se proyectaban hacia los fenoacutemenos como condiciones previas para el conocimiento e interpretacioacuten de estos

Ahora bien el anaacutelisis realizado aquiacute acerca de los planteamientos de

las posiciones lideradas por los dos filoacutesofos griegos nos ilustran con clari-dad sobre la posicioacuten maacutes especiacutefica de Platoacuten con respecto a nuestra capaci-dad de conocimiento de las realidades del mundo sensible Nos encontramos en efecto ante los fenoacutemenos mdashsean ellos celestes o humanosmdash como se en-cuentra el astroacutenomo ante la descripcioacuten de sus propios objetos es decir en posicioacuten de proponer hipoacutetesis que salven las apariencias de esos fenoacutemenos Los espectaacuteculos celestes o los variados acontecimientos del mundo por consi-guiente pueden alcanzar una explicacioacuten de caraacutecter epistemoloacutegico en cuan-to que aproximaciones a la verdad de los objetos sensibles

En esto Platoacuten pareciacutea estar maacutes cerca de un tratamiento cientiacutefico La

verdadera explicacioacuten de la apariencia del mundo mdashque en todo caso tiene para Platoacuten la categoriacutea de explicacioacuten verosiacutemilmdash se obtiene mediante la conexioacuten con la teoriacutea ideal que conduce a fundamentar la existencia del de-venir en la realidad del ser De ese modo la doctrina de la imagen que viene asociada al concepto de opinioacuten verdadera conduce a una descripcioacuten del universo basada en semejanzas y analogiacuteas mdashcomo las del Sol la Liacutenea o la Cavernamdash o en trazados de orden geomeacutetrico y matemaacutetico como las figuras lineales del Timeo Podemos decir entonces que estas analogiacuteas son el resul-

52 P Duhem concluye que ldquomientras Eudoxo y Calipo empleando el meacutetodo del astroacutenomo controlaron sus hipoacutetesis examinando si ellas salvaban o no las aparien-cias Aristoacuteteles quiere gobernar la eleccioacuten de esas hipoacutetesis mediante proposicio-nes que ciertas especulaciones acerca de la naturaleza de los cuerpos celestes han justificadordquo ibid p 7 S L Jaki en su introduccioacuten al libro que comento explica que los ciacuterculos homoceacutentricos los epiciclos etc ldquoson maacutes bien modelos geomeacutetricos que facilitan los caacutelculos necesarios para encontrar la posicioacuten de los planetas en un momento dado Por otra parte continuacutea la interpretacioacuten realista de la teoriacutea astro-noacutemica asignaba realidad fiacutesica a esos modelos geomeacutetricos (op cit p XX) El mismo Duhem habiacutea afirmado que ldquoellos (refirieacutendose a la posicioacuten llamada realis-ta) rechazaban toda teoriacutea que los confinaba a una descripcioacuten puramente geomeacutetri-ca de los orbes planetariosrdquo (p 14)

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tado de un modo de ver el mundo que busca explicar la configuracioacuten del universo celeste mediante hipoacutetesis con las que se intenta en lo posible ldquosal-varrdquo las apariencias del cosmos y de los fenoacutemenos humanos

Al unir en este anaacutelisis la cosmologiacutea con la poliacutetica intento mostrar que

es posible mdashal interior de la filosofiacutea platoacutenicamdash efectuar un mismo trata-miento cientiacutefico de los objetos de ambas disciplinas porque estos objetos constituyen en uacuteltimo teacutermino un campo de significacioacuten unitaria llamado generacioacuten o devenir Una ciencia poliacutetica es en este contexto un sistema ideado para ldquosalvarrdquo los fenoacutemenos del acontecer ciacutevico de una manera anaacuteloga a la del astroacutenomo que piensa y utiliza un meacutetodo de procedimiento de tipo formal no realista en su investigacioacuten epistemoloacutegica De ahiacute que por su parte la filosofiacutea de la ciencia es llamada en diversos lugares del Timeo un discurso verosiacutemil e incluso un mythos en posesioacuten de de caraacutecter verosiacute-mil

De aquiacute entonces que en la ciencia poliacutetica platoacutenica hay principios que

permanecen praacutecticamente invariables a traveacutes de los diversos tratamientos de sus diaacutelogos Son contenidos de una ciencia que no habriacutea fundamental-mente de variar aunque indudablemente las propuestas concretas siacute variaron de diaacutelogo en diaacutelogo de un modo que a veces hace difiacutecil concebir lo que acabo de afirmar acerca de su permanencia Pero hay ciertamente un tema constantemente sostenido que el poder poliacutetico deberiacutea estar en manos de los que saben los poseedores de una cierta ciencia El conocimiento de objetos superiores de saber por parte de estos les da acceso legiacutetimo al manejo de la soberaniacutea en el Estado Ese saber soberano es el que corresponde a la Idea del Bien y a las Ideas inteligibles en la Repuacuteblica En otras palabras es el arte real que dirige la urdimbre del Estado Este es el ldquoque logrardquo por su medio ldquoel maacutes espleacutendido y magniacutefico de todos los tejidosrdquo (311c) que se discute en el Poliacutetico Es la ciencia del orden del mundo de las Leyes personificada en el Alma coacutesmica y manifestada en la polis mediante el consejo nocturno de sa-bios En el Epiacutenomis maacutes especiacuteficamente es la ciencia del nuacutemero inmanen-te a la divina configuracioacuten de ese cosmos En ello habraacute de consistir la filoso-

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fiacutea y esos habraacuten de ser sus contenidos centrales por cuyo conocimiento el sabio se hace sabio y merece en justicia gobernar

De ese modo los sabios es decir los philoacutesophoi rigen ciudades cuyo en-

tramado visible puede cambiar en conformidad con las coyunturas variables de los procesos ciacutevicos destinados a ser salvados por ellos La ciencia de la polis se presenta asiacute abarcando un conjunto de realidades permanentes que se armoniza con situaciones sujetas a opinioacuten Estas realidades son Idea y de-venir unidos en la buacutesqueda de una propuesta de orden poliacutetico Inteligibili-dad e imagen forman por decirlo asiacute un conjunto astronoacutemico visible que actuacutea en forma coordinada como la tierra y la luna en torno al sol La funcioacuten del filoacutesofo gobernante consiste fundamentalmente en concebir estructuras que fortalezcan el Estado y salven los objetivos superiores del hombre sobre la tierra

Ese objetivo superior es en primer lugar la felicidad como eudaimoniacutea

un ldquobien-estarrdquo Una finalidad que es posible mediante la instauracioacuten en la sociedad y en el individuo de las virtudes cardinales en especial de la justi-cia Se orienta asiacute el camino del hombre desde la contingencia sensible de la imagen de este mundo hasta la comprensioacuten del ser inteligible que es el ca-mino de la Caverna Estas acciones de orden y estabilidad inteligibles para la ciudad proporcionan legitimidad al gobierno del filoacutesofo que se constituye en productor de espacios de flujos de plenitud espiritual para los habitantes de la ciudad Es su modo de preservar ese universo ciacutevico manifestado en constituciones poliacuteticas formas de gobierno conductas ciacutevicas repuacuteblicas estados (que son los sentidos maacutes cercanos aquiacute al concepto de πολιτεία) Asiacute es tam-bieacuten cοmo se da la oportunidad de constituir al sabio en su papel de sancio-nador de un orden institucional

IX El gobierno de los sabios En conformidad con los anaacutelisis presentados hasta aquiacute la filosofiacutea de

Platoacuten entonces busca la preservacioacuten de la repuacuteblica mediante la figura del sabio gobernante Alguien debe preservar en el Estado liacuteneas de comunica-

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cioacuten efectivas entre la regioacuten del devenir sensible y la regioacuten inteligible En lo que respecta al porvenir del hombre su principal tarea consiste en consolidar la obtencioacuten de la felicidad cuya presencia en este mundo supone una inter-accioacuten profunda entre el individuo y la sociedad La felicidad personal de los individuos pasa a traveacutes del tejido social en cuya trama las naturalezas de los hombres adquieren la dimensioacuten ciacutevica que precisan para alcanzar una verdadera plenitud personal El filoacutesofo gobernante con la introduccioacuten del paradigma ideal en una coyuntura social determinada se propone salvar el fenoacutemeno ciacutevico de la ruina que a cada momento lo acecha Mediante su pro-puesta poliacutetica mdashque hemos visto variar en los diversos diaacutelogosmdash el sabio de Platoacuten propone descripciones cientiacuteficas dotadas de racionalidad de la ciudad que le incumbe como entidad gobernable

Estas descripciones mdashque son a su vez ldquodiscursosrdquo poliacuteticos explicati-

vosmdash se constituyen en verdaderas propuestas formales destinadas a crear y preservar la existencia de la polis mediante una reforma profunda de sus insti-tuciones La Repuacuteblica el Poliacutetico las Leyes representan lo maacutes importante de esas propuestas En consecuencia cada nueva ciudad de Platoacuten se fundamen-ta en una ciencia la filosofiacutea un meacutetodo geneacutericamente comprensivo la dia-leacutectica y su objetivo praacutectico consiste en proyectar sobre el devenir ciacutevico la imagen de una trama sensible buena y justa destinada a preservar del caos y la disolucioacuten a las entidades poliacuteticas Ahora bien el fundamento de esa pro-puesta en la Repuacuteblica estaba en una suerte de identificacioacuten de la filosofiacutea y el poder poliacutetico del modo como se ha estado aquiacute discutiendo y la principal consecuencia de esto significaba el establecimiento de gobernantes filoacutesofos en la ciudad

He aquiacute en liacuteneas generales el designio de la voluntad especulativa de

Platoacuten en la Repuacuteblica quien con estas audaces propuestas veniacutea en conse-cuencia a culminar un proyecto mantenido con singular energiacutea y volunta-riosa persistencia a traveacutes de parte importante de su produccioacuten filosoacutefica media y tardiacutea Se trataba en uacuteltimo teacutermino de definir al sabio al amante de la sabiduriacutea de modo que su proposicioacuten deciacutea que la teoriacutea y la accioacuten de-beriacutean coincidiacuter en la praacutectica en un tipo singular de ser humano En eacutel se ex-

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presaba la identificacioacuten de la filosofiacutea con el poder poliacutetico como instrumen-to mediador privilegiado

Habiacutea que traer a la luz ese modelo de hombre hasta ese entonces histoacute-

ricamente inexistente por medio de una educacioacuten cuyos contenidos eran precisamente la ciencia que comportaba este conocimiento superior Urgiacutea en consecuencia el saber discernir los caracteres apropiados para tal empresa y el concertar los planes de estudios que les fueran propios Lo principal ya ha-biacutea sido encontrado eran los objetos maacutes verdaderos de la mente que con-templa la realidad Esta ciencia superior debiacutea producir en los joacutevenes asiacute educados el giro decisivo que habriacutea de mudar sus almas y junto con ellos transformar el alma entera de la ciudad

X La Idea del Bien Cuando luego del largo itinerario dialoacutegico que nos ha conducido a tra-

veacutes de los primeros seis libros de la Repuacuteblica arribamos a las explicaciones de Platoacuten acerca del Bien en especial a partir de VI 502c no queda duda que estamos alcanzando a un cliacutemax cuyo desenlace nos es auacuten desconocido Este recorrido y cierto sentimiento de expectacioacuten me recuerdan las sutiles evolu-ciones musicales que preceden por largos compases a la aparicioacuten triunfal de la voz humana en la novena sinfoniacutea de Beethoven Las frases de violonce-los y contrabajos parecen por siacute solos hablar en un recitativo musical sin voz articulada de hombre hasta que como inducida por la magia de una evolu-cioacuten que alcanza su plenitud espiritual irrumpe sin contrapeso desde la ma-dera la presencia magniacutefica de una y luego de muchas voces humanas Solo alliacute se entiende queacute significado ha tenido todo lo que le ha precedido y a su vez se tiene al menos un presentimiento de lo que ha de venir De un modo anaacutelogo creo podemos representar a la Idea del Bien como el sustento tonal de toda la obra que ha de alcanzar su cima en la alegoriacutea de la Caverna53

53 Paul Friedlaumlnder en Plato an Introduction New York 1958 pg 62 habla del ldquopo-der inolvidablerdquo de estas paacuteginas escritas ldquoen el corazoacuten mismo de la Repuacuteblicardquo

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Pero volvamos a los primeros compases Platoacuten se ha preguntado coacutemo es que la ciudad debe practicar la filosofiacutea si no quiere perecer (VI 497d) ya que la mayoriacutea de los que actualmente se consagran a ella mdashy pasan por ser consumados filoacutesofosmdash se apagan muy prontamente como soles de Heraacuteclito Los pocos filoacutesofos no son considerados malos pero siacute inuacutetiles ldquoPracticarrdquo (μεταχειρίζειν 497d) sentildeala por su parte directamente la prosecucioacuten de un estudio el seguimiento que proporciona finalmente la adquisicioacuten de una disciplina o un arte De ahiacute que esta ldquopraacutecticardquo estaacute orientada a establecer en la ciudad las ensentildeanzas y los ejercicios necesarios para una educacioacuten de los futuros filoacutesofos gobernantes Nos hallamos de nuevo ante un esfuerzo por equilibrar la teoriacutea (con sus matheacutemata ldquoensentildeanzas estudios conocimien-tosrdquo) y la accioacuten (con sus epitedeacuteumata ldquoejercicios praacutecticas reglas de conduc-tardquo) El objetivo es crear los fundamentos de una educacioacuten para los guardia-nes de la ciudad Es una suerte de gimnasia propia de la filosofiacutea

Es preciso en consecuencia ratificar la audaz pretencioacuten de que los

guardianes perfectos no podraacuten ser sino filoacutesofos (VI 503b) y que el guar-diaacuten gobernante debe dominar ciertos ldquoestudiosrdquo considerados los ldquomaacutes al-tosrdquo54 Por aquiacute nos hallamos en la viacutea que conduce directamente al Bien puesto que se dice la Idea del Bien es el objeto de la ensentildeanza maacutes alta y que ldquoes por ella que la justicia y las demaacutes virtudes alcanzan su utilidad y sus be-neficiosrdquo (VI 505a) Es decir la Idea del Bien en primer lugar es presentada como la culminacioacuten de un proceso de ensentildeanza porque ella es el objeto superior El Bien es el objeto uacuteltimo de la paideia en su plenitud y sentildeala la perfeccioacuten de la teoriacutea en vistas de la accioacuten En la Idea del Bien culmina la ciencia que proporciona eficacia al saber virtuoso el que se hace ldquoutil y bene-ficiosordquo mediante la ciencia superior de la Idea de Bien55

Un aspecto importante entonces del Bien se completa cuando guardia-

nes que conocen la disciplina de esta Idea superior se transforman en vigilan-

54 Rep VI 503e τὰ μέγιστα μαθήματα 55 Auguste Diegraves habiacutea dicho ldquoLe programme deacuteducation des gouvernants est un programme dascension continue vers le Bienrdquo (Platon Oeuvres complegravetes LaReacutepubli-que Introduction pg LXIV Les Belles Lettres Paris 1965 (1932)

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tes de la repuacuteblica56 Este saber acerca del Bien tiene por consiguiente ade-maacutes de la transformacioacuten personal claras consecuencias de orden poliacutetico La Idea del Bien es no hay que olvidarlo la piedra angular sobre la que se edifi-ca la constitucioacuten platoacutenica y la realidad ejemplar de la que penden todos los esfuerzos por hacerla realidad

Resta por ver ahora queacute es la Idea del Bien en siacute es decir del Bien

ldquomismordquo (VI 506d-e)57 Mas resulta no ser posible al parecer saber propia-mente queacute es el Bien no por una incapacidad total del pensamiento para pen-sarlo o de nuestra palabra para hablarlo sino por el impulso mismo del es-fuerzo discursivo en que Platoacuten se encuentra por el momento comprometi-do58 La prueba es que algo diraacute de lo que es el Bien en siacute aunque luego de haber preparado cuidadosamente nuestro aacutenimo y nuestras expectativas pa-ra lograr satisfacernos finalmente con una escasa informacioacuten Al presente es la alegoriacutea la que manda y se hablaraacute todaviacutea no del padre sino de ldquolo que parece ser tanto un hijo del bien como su semejanza maacuteximardquo (VI 506e) el Sol Los cuatro factores relevantes en el mundo visible son el Sol su luz el ojo y su visioacuten La regioacuten inteligible es el mundo del entendimiento y de los ob-jetos de verdad ideales ambos iluminados por el Bien59 Nuestro texto ade-maacutes da a entender que los objetos de la regioacuten inteligible son iluminados ldquopor la verdad y el serrdquo (ἀλήθεια τε καὶ τὸ ὄν 508d) a diferencia de una re-gioacuten de la opinioacuten de objetos sensibles

Indudablemente que las liacuteneas cruciales referentes a nuestro tema se ex-

tienden entre el 508e1-509b10 del libro VI La correspondencia de semejanza (analogia) que dominaba hasta aquiacute el discurso ha consistido en desplegar en toda su riqueza la metaacutefora del hijo el Sol y su regioacuten visible Ahora en cam-bio en las liacuteneas a que aludo se lleva a cabo una transposicioacuten en que el analogado principal a saber el Bien es descrito en los mismos teacuterminos que

56 Rep VI 506b se utiliza el verbo episkopein ldquovigilar observarrdquo 57 αὐτὸ μὲν τί ποτ᾽ἐστὶ τ᾽ἀγαθὸν ἐάσωμεν τὸ νῦν εἶναι 58 El teacutermino que aquiacute se utiliza es hormeacute (ὁρμή) ldquoimpulso esfuerzo punto inicialrdquo 59 Ilustrando esta analogiacutea J Raven en Platos Thought in the Making Cambridge 1965 pg 137 dice ldquoJust as therefore the sun is the source of light so the Idea of the Good is the source of truthrdquo

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su imagen con la salvedad de que cada elemento de significacioacuten de la metaacute-fora visible (el Sol la luz el ojo y la visioacuten) se traspone cada vez en un ele-mento de significacioacuten inteligible (la Idea del Bien la verdad el alma y la in-teligencia) Se ha partido de la imagen para luego remontarse al original pe-ro se ha hecho depender la explicacioacuten del prototipo de su semejanza infe-rior

De ahiacute quizaacutes la dificultad de ver en esta descripcioacuten del Bien una ver-

dadera explicacioacuten ya que el mismo Platoacuten prefiere enmarcar en una frase que pende en sus inicios de un ldquodirdquo (φάθι) luego de un ldquoconciberdquo (διανοοῦ) y finalmente de un ldquojuzgaraacutesrdquo (ἡγήσῃ) sus primeros asertos acer-ca del Bien Evidentemente que este es un modo de decir lsquono tengo pruebas propiamente que dar para demostrar mi aserto (y por favor no busquen maacutes falacias de las necesarias en mis explicaciones) por lo que aceacuteptalo como un postulado admisible que se necesitariacutea mucha labor y extensioacuten de ser nece-saria una demostracioacuten y tal vez no hay prueba alguna que darrsquo

Por mi parte he vertido la oracioacuten de la siguiente manera ldquomdashdi por tanto que aquello que comunica la verdad a los objetos conocibles y

que da la facultad al que conoce es la idea del bien y conciacutebela en cuanto que objeto del conocimiento puesto que es ella la causa de la ciencia y de la verdad y asiacute por muy hermosos que sean ambos el conocimiento y la verdad juzgaraacutes rectamente si consideras a aquello distinto e incluso maacutes bello que estos y como en este mundo es correcto suponer que la luz y la visioacuten son semejantes al sol pero que es errado con-siderar que son el sol del mismo modo en aquel mundo es correcto suponer que la ciencia y la verdad son uno y otro semejantes al bien pero es errado el considerar que una y otra son el bien sino que debe estimarse que la condicioacuten del bien es in-cluso mayorrdquo (R VI 508e1-509a5)

Podemos darle entonces a estas afirmaciones el caraacutecter de una presen-tacioacuten doctrinaria de la teoriacutea platoacutenica acerca del Bien no hay al parecer intento alguno de establecer una prueba mediante procedimientos loacutegicos si bien estaacuten latentes los principios metafiacutesicos que le han llevado ya a postular

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no solo la existencia de Ideas inteligibles sino tambieacuten la coordinacioacuten de estas en torno a un principio unificador

En el paacuterrafo de Platoacuten que se acaba de presentar se establece claramen-

te que la Idea del Bien proporciona esto es comunica (ἀποδιδὸν) la verdad a los objetos del conocimiento y el poder de conocer al espiacuteritu que conoce Se dice ademaacutes que ella es la causa de la ciencia y que es el saber superior Se afirma tambien que por ser ella es causa de ese saber es en cierta medida cognoscible pues se la conoce en los objetivos uacuteltimos de bondad que hay en la ciencia y en la verdad60 Pero ella es diferente ya que es otra cosa y maacutes bella que la ciencia y la verdad y por consiguiente que toda otra realidad inteligi-ble Junto a todas esas afirmaciones cargadas de importancia filosoacutefica se afirma que como en el caso del Sol es correcto suponer que ella es semejante a la ciencia la verdad y la inteligencia y que es diferente (como puede serlo comparativamente el Sol) de todas ellas porque la condicioacuten permanente de la Idea del Bien es mayor que las demaacutes realidades

No es poco lo que se nos dice de esta Idea del Bien siendo nosotros tal

vez los que en una primera lectura quedamos con una sensacioacuten de haber entendido poco de su relevancia Algo se nos dice entonces en resumidas cuentas en queacute consiste la Idea del Bien Porque ella cuanto es causa es ori-gen fuente de inteligibilidad de los objetos ideales es decir es causa de la Ideas las que son tambieacuten lo que llamamos la verdad El conocimiento quede ella podemos tener es el origen en nosotros de toda ciencia y saber inteligible El hecho de ser el Bien semejante a esos objetos inteligibles nos abre la posibi-lidad de acceder a esta Idea suprema pero por ser diferente y mayor que es-

60 Esta afirmacioacuten es vaacutelida aquiacute solo si he interpretado bien el difiacutecil pasaje ὡς γιγνωσκομένης μὲν διανοοῦ ldquoconciacutebela en cuanto que se la conocerdquo Se conoce a la Idea del Bien se diriacutea en esta caso en cuanto conocemos el aspecto de bien que la ciencia y la verdad poseen P Shorey mdashPlato The Republic vol II pg 105 traduce ldquoyou must say is the idea of good and you must conceive it as being the cause of knowledge and of truth in so far as knownrdquo La nota explicativa (op cit pg 104 n b me puso en la pista de una posible solucioacuten Dice ldquoWe really understand and know anything only when we apprehend its purpose the aspect of the good that its revealsrdquo

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tos objetos se nos sugiere que posee una su trascendencia que queda auacuten sin explicar61

En un segundo y decisivo par de breves paacuterrafos cargados de significa-

cioacuten (VI 509b 2-10) Platoacuten culmina su descripcioacuten del siacutemil del Sol y su ex-plicacioacuten de la idea del Bien Comienza diciendo por boca de Soacutecrates

ldquomdashSupongo que tuacute reconoceraacutes que el Sol proporciona a los objetos visibles no solo

la facultad de ser vistos sino tambieacuten la generacioacuten el crecimiento y la alimentacioacuten aunque no es eacutel mismo generacioacuten

mdashiquestCoacutemo podriacutea serlo mdashPues bien del mismo modo has de decir que los objetos de conocimiento no solo reciben de la cercaniacutea del bien el ser conocidos sino tambieacuten que de aquel se deriva hacia ellos el ser y la esencia aunque el bien no es una esencia sino que estaacute incluso maacutes allaacute de la esencia en dignidad y poderrdquo

Se utiliza de nuevo el meacutetodo comparativo que a partir de la imagen

del Sol infiere mediante una transposicioacuten como hacia arriba las caracteriacutesti-cas de la idea del Bien La comparacioacuten se sostiene baacutesicamente en la interre-lacioacuten entre la facultad de ser visto y la facultad de ser conocido por una par-te y en la generacioacuten y la esencia por otra Dos modos de comprender y dos calidades de existencia Ahora bien no es faacutecil distinguir entre ldquoel serrdquo (τὸ εἶναι) y ldquola esenciardquo (τὴν οὐσίαν) si bien dos hermeneutas dignos de creacutedito en el siglo XX A Diegraves y P Shorey interpretan to einai como ldquoexistenciardquo y ousiacutea como ldquoesenciardquo

En cuanto a esencia estoy de acuerdo suponiendo que por esencia se es-

taacute sentildealando modos de ser y por tanto se expresan asiacute las diversidades pre-sentes en el plano inteligible (nos encontramos por ejemplo con Ideas dife-rentes unas de otras) Pero en cuanto a ldquoexistirrdquo dudo en aceptar pues la ge-neracioacuten tambieacuten existe con la diferencia que uno es el existir de la genera-

61 A Diegraves (Autour de Platon Paris 1972 lt1926gt pg 486) en un momento de su anaacuteli-sis califica a la Idea del Bien como ldquoun centre dattraction et par cela mecircme un cen-tre doriginerdquo

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cioacuten y otro el existir de la esencia Nos hallamos ante dos calidades de exis-tencia Si queremos distinguir tendriacuteamos tal vez que decir que las cosas del mundo visible existen y las del mundo inteligible son Por ello prefiero pen-sar que Platoacuten habla del ser que es el modo propio de existir de las cosas in-teligibles

Llegamos finalmente a la muy debatida afirmacioacuten de que la Idea del

Bien que en una versioacuten alternativa dice que esta Idea ldquono es una esencia sino que se encuentra incluso superando la esencia en dignidad y poderrdquo No seacute si los estudiosos se han preguntado alguna vez porqueacute no se dijo lsquono es ni ser ni esenciarsquo y solo se dice que la Idea del Bien lsquono es esenciarsquo Yo supongo que esto sucede porque la Idea del Bien tiene efectivamente una calidad de existencia que es propia de su ldquocondicioacutenrdquo o ldquonaturalezardquo (hexis) Esta hexis de Bien es asimismo concebida como ldquoincluso mayorrdquo que el resto de los inteligibles Si por tanto es Idea posee tambieacuten alguacuten tipo de existencia cu-ya calidad se funda en su condicioacuten propia superior62 De este modo la Idea del Bien existencia suprema proporciona a la verdad su existencia inteligible sin dejar a su vez aquella de existir en una condicioacuten que es considerada ldquoin-cluso mayorrdquo Pero es claro que tal Idea superior no puede ser esencia (ousiacutea ) si entendemos por ello la calidad de existencia necesariamente diversificada de la verdad inteligible es decir de los objetos de verdad de la regioacuten inteli-gible que son las Ideas

Ellas en efecto conforman a la vez un todo diversificado y una diver-

sidad totalizada cualidad que reciben de aquello que es ldquoincluso mayorrdquo En otras palabras las Ideas son el Ser en cuanto es unidad y diversidad y en cuanto platoacutenicamente es concebido como inteligible En esta perspectiva las Ideas estaacuten en situacioacuten de coordinacioacuten por el hecho de depender del origen iquestEn queacute estaacute ese ldquogrado maacutes altordquo (μειζόνως adverbio que hemos traducido tambieacuten como ldquomayorrdquo) de la Idea del Bien En que ldquono es esen-

62 A Diegraves (Platon La Reacutepublique vol I Introduction pg LXIII) sentildeala un punto im-portante cuando dice Tambieacuten el Bien es llamado aquiacute mismo aquello que hay de maacutes esplendoroso en el ser (518 c 532 ) aquello que hay de maacutes dichoso en el ser (526 e) aquello que hay de maacutes excelente entre los seres (532 c)

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ciardquo digo es decir en su ausencia de diversificacioacuten en otras palabras en su unidad Ella es la fuente originaria de cuya simplicidad absoluta deriva toda otra existencia inteligible

Con la frase ldquogrado maacutes altordquo (509a 4) hace juego otra expresioacuten de or-

den espacial ldquomaacutes allaacute a mayor distanciardquo (epeacutekeina 509b 9) Ambos teacuterminos revelan de alguacuten modo la distincioacuten existente entre la Idea del Bien y las Ideas inteligibles en general La expresioacuten ldquoestaacute incluso maacutes allaacute de la esen-ciardquo define maacutes claramente la concepcioacuten que tiene Platoacuten de una realidad que existe en forma absoluta es decir liberada absuelta de toda otra condi-cioacuten Es algo que al mismo tiempo estaacute de alguacuten modo al interior de una tota-lidad de lo real de la que ella la Idea del Bien es la cima De ahiacute que tenga sentido decir que ldquola idea maacutes alta de Platoacuten no extingue al ser sino que estaacute por decirlo asi al interior de la cadena del serrdquo63

Se dice finalmente que la Idea del Bien trasciende la esencia ldquoen digni-

dad y poderrdquo (πρεσβείᾳ καὶ δυνάμει) Esa ldquodignidadrdquo es aquiacute en especial el rango que el Bien posee que es el maacutes alto y sugiere al mismo tiempo la idea de una continuidad entre este que es el primero y sus criaturas inteligibles que vienen despueacutes de eacutel El ldquopoderrdquo del que se habla por otra parte y en analogiacutea con el Sol es en primer lugar la capacidad ya establecida del Bien de dar inteligibilidad y existencia a las realidades ideales No hay poder mayor en esta repuacuteblica que el de la Idea del Bien Ese poder es evidentemente meta-fiacutesico pero este rango y poder superior del Bien es al mismo tiempo sentildeal de por queacute la Idea del Bien es el origen y la razoacuten de ser de la politeia platoacutenica64

63 Paul Friedlaumlnder Plato an Introduction New York 1958 pg 77 ldquoPlatos highest idea does not extinguish being but is as it were within the chain of being only it is so far above everything else that paradoxically it may be called beyond being though still beyond being It is reached not through lonely introspection violents leaps and submergence in darkness but through a path by which knowledge grasps the natu-re of being Without arithmetic geometry astronomy musical theory without the discipline of philosophical dialectics the goal cannot be approached mdashalthough once in view words and concepts are no longer adequaterdquo 64 A Diegraves Platon La Reacutepublique vol I Introduction pg LXIV recuerda la estrecha relacioacuten entre la educacioacuten de los gobernantes y el conocimiento del Bien en la Re-puacuteblica ldquoEl programa de educacioacuten de los gobernantes dice es un programa de ascensioacuten continua hacia el Bienrdquo

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Aquellos que adquieran este objeto supremo mediante la maacutes alta ensentildeanza es decir los filoacutesofos guardianes de la ciudad estaraacuten precisamente en pose-sioacuten de la dignidad y el poder supremo en la ciudad La fuente de la sobera-niacutea por la que el filoacutesofo gobernante ejerce la dynamis politikḗ estaacute en la Idea del Bien y los filoacutesofos legitiman su gobierno justamente en este Bien absolu-to y en la posesioacuten que tienen de eacutel mediante aquella ensentildeanza65

XI iquestEs la Idea del Bien identificable con la divinidad Platoacuten ha decidido como recordaacutebamos abandonar por ahora una

explicacioacuten de lo Bueno en siacute (τἀγαθὸν VI 506 e 1) para hablar de la imagen del Sol Ahora bien lo primero que se dice de eacutel es que entre los dioses del cielo podemos considerarlo el sentildeor (κύριον) de la luz De esa manera por la operacioacuten de esta como el tercer elemento el Sol es responsable de la reali-zacioacuten del acto de la visioacuten pues la luz hace posible mdashseguacuten Platoacuten a dife-rencia de otros actos sensoriales que no poseen tal mediomdash la unioacuten entre el sentido de la vista y los objetos de la visioacuten o mejor dicho entre la ldquovisioacutenrdquo (ὄψις) y lo ldquovisiblerdquo (τὸ ὁρατόν)66 El Sol no es el medio entre estos dos lo es la luz pero se le considera el responsable de la realizacioacuten uacuteltima de la ac-cioacuten por ser el ldquosentildeorrdquo de ella67 Tenemos pues una primera sentildeal el Sol es un dios de los que existen ldquoen el cielordquo el que dispensa el ldquopoderrdquo (δύναμιν 508b) que ejerce mediante la visioacuten el ldquoojordquo (ὄμμα) mdashel ldquomaacutes semejante al

65 ldquoLa dyvnamis politikeacute en las democracias estaacute en el pueblo en las oligarquiacuteas en los ldquopocosrdquo (holigoi) para Platoacuten estaacute en aquellos que poseen una ciencia particular que los hace philoacutesophoi Ese ldquosolo cambiordquo por tanto es absolutamente trascenden-tal y nos da la clave para entender los verdadero objetivos de su ciudad ideal Se trata en resumidas cuentas de un reordenamiento del Estado a traveacutes del estable-cimiento de una nueva soberaniacuteardquo (J O Velaacutesquez ldquoPlatoacuten y la soberaniacutea del Esta-dordquo Revista de Filosofiacutea Universidad de Chile vol XXXI-XXXII (1988) pg 39 66 Ver Rep 507c 10-508a 6 El pasaje maacutes especiacuteficamente aludido aquiacute es Rep 507d 8 τὴν δὲ τῆς ὄψεως καὶ τοῦ ὁρατοῦ οὐκ εννοεῖς ὅτι προσδεῖται 67 Se ha utilizado en 508a 4 la foacutermula αἰτιάσασθαι ldquoconsiderar como causa hacer responsable ser causanterdquo El teacutermino ldquosentildeorrdquo (κύριος) no tiene al parecer un senti-do religioso sino en el griego tardiacuteo (hay testimonios a partir del s I aC) pero in-dudablemente esta evolucioacuten semaacutentica muestra ya una significacioacuten afiacuten

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solrdquo de los oacuterganos sensoriales68 El ojo posee este poder ldquocomo algo infundi-dordquo en eacutel por una suerte de desborde que proviene del Sol69 El astro en con-secuencia es ldquocausardquo (αἴτιον) de la visioacuten del ojo

Por otra parte al posponerse el tema del Bien en siacute y haberse sentildeala-

do que el Sol ldquoparece ser el hijo del bien y el maacutes parecido a eacutelrdquo (506e) se in-dica vagamente que ldquoen otra oportunidadrdquo se ha de pagar la deuda con la descripcioacuten del padre Aquiacute solo es posible conjeturar si todo el siacutemil consiste en una transposicioacuten de la figura del Sol en relacioacuten con el Bien este uacuteltimo podriacutea ser considerado un dios entre los dioses de la regioacuten inteligible Pero nada se dice expliacutecitamente cuando llega el momento de describir queacute es el Bien Tampoco se diraacute nada a lo largo de la Repuacuteblica si exceptuamos otro enigmaacutetico pasaje de Repuacuteblica X 597 b ss que debe ser revisado en sus pro-pios meacuteritos70

Siguiendo entonces con las conjeturas se podriacutea solo sentildealar que si

Platoacuten cumple alguna vez con su promesa de hablar del padre esta se realiza-riacutea en el Timeo donde luego de la sugestiva recapitulacioacuten de la conversacioacuten sobre una repuacuteblica que ha tenido lugar el diacutea anterior se inicia un relato so-bre el mundo y el padre Aunque seriacutea necesario atar muchos cabos mdashentre ellos la relacioacuten que es posible establecer entre la Repuacuteblica y el Timeomdash hay sentildeales de evidente intereacutes En primer lugar se plantea nuevamente mdashy en forma elocuentemdash en el Timeo la dificultad de hacer una descripcioacuten del pa-dre ldquoahora bien dice hallar al creador y padre de este universo es ya un tra-bajo y luego de hallarlo es imposible hablar de eacutel a todosrdquo (28c) Imposible a todos sin embargo parece posible el poder hablar de eacutel a algunos al menos a los representados por el selecto grupo reunido para entablar el diaacutelogo

68 Esta expresioacuten (en sus dos formas en positivo y en superlativo) parece ser un neologismo de Platoacuten M Heidegger le llama ldquohelioiderdquo y ldquosolisiacutemilrdquo en su Doctrina de la Verdad seguacuten Platoacuten 69 Rep V 508b ὥσπερ ἐπίρρυτον 70 Ver supra el Tema de Estudio ldquoMiacutemesis y comtemplacioacuten en el libro deacutecimo de la Repuacuteblica de Platoacutenrdquo

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En seguida conviene antildeadir un segundo elemento de juicio Aparte de una doble referencia a Helios el dios Sol como padre de Faetoacuten (Tim 22c) el uso del teacutermino estaacute circunscrito en el Timeo exclusivamente a mostrar a este patḗr que es el demiurgo creador del universo como ldquoel que engendrardquo a los dioses inmortales (37c) que son los astros del cielo Estos ldquodioses proce-dentes de diosesrdquo poseen un ldquodemiurgo y padre de sus obrasrdquo (41a) Son dio-ses ldquonuevosrdquo que ldquocomprenden la ordenanza del padrerdquo (42e) y en fin re-cuerdan ldquola prescricioacuten del padrerdquo (71d) Esto significa que la comparacioacuten de la Repuacuteblica entre el Sol de lo sensible y el Bien de lo inteligible como hijo y padre se mantiene en el Timeo entre los dioses nuevos del mundo sensible que son los astros (entre los que destaca el Sol) y el padre que los engendra que es el demiurgo Inteligencia del universo Del mismo modo se podriacutea de-cir entonces que el Bien es como el autor de las Ideas las que mantienen con su principio una relacioacuten de filiacioacuten

Un tercer aspecto parece digno de mencionarse y es que son preci-

samente estos dioses celestes (que podemos comparar mutatis mutandis con el Sol ldquode entre los dioses del cielordquo de Repuacuteblica ) los que construyen ldquolos ojos portadores de luzrdquo y que gracias a su afinidad con ella estos realizan ldquoesa sensacioacuten que ahora llamamos verrdquo (Tim 45d) Es claro entonces que la luz que los ojos perciben es la que proviene de las luminarias del universo en especial del Sol y de la Luna Los ojos y los astros actuacutean en la regioacuten visible De los ojos pasamos a la ldquovisioacutenrdquo (ὄψις 47a) con cuyo concurso reconocemos el orden numeacuterico del mundo se nos proporciona una concepcioacuten del tiempo y en especial se nos concede la filosofiacutea el don mayor del cielo que es entre-gado al hombre por divina dispensacioacuten (Tim 46e ss)

Por uacuteltimo se dice del demiurgo que ldquoera buenordquo (29e) Es de supo-

ner que de aquiacute no es posible inferir directamente que el patḗr del Timeo pue-de ser identificado con el Bien de la Repuacuteblica pero una afirmacioacuten de esta naturaleza es un paso importante No es posible inferir directamente de la bondad del dios creador del mundo su identificacioacuten con el Bien en siacute se antildeade sin embargo pocas liacuteneas maacutes abajo que el creador es ldquoel mejorrdquo (τῷ

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ἀρίστῳ 30a) y que logra ejecutar una obra ldquola maacutes bella y maacutes buena (ἄριστον) en su naturalezardquo

XII El siacutemil de la Liacutenea dividida Entre las imaacutegenes del Sol y de la Liacutenea hay una estrecha continuidad71

No bien ha terminado Soacutecrates de referirse a la superioridad de la Idea del Bien y dicho casi en seguida con cierta ironiacutea que auacuten resta mucho que decir de la comparacioacuten acerca del Sol realiza una breve recapitulacioacuten de quieacutenes son los que reinan en el geacutenero y la regioacuten tanto inteligible como visible Conviene poner atencioacuten a la sencilla afirmacioacuten en dual que se intercala ldquoque ellos son dosrdquo (δύο αὐτὼ εἶναι VI 509d 1)72 y que tres liacuteneas maacutes abajo se reproduce en ldquoestas dos especies la visible y la inteligiblerdquo que son como una recapitulacioacuten de todo el siacutemil del Sol

Es un punto que me parece importante pues acto seguido Soacutecrates ini-

cia su descripcioacuten de una liacutenea cortada en dos segmentos desiguales que re-presentan respectivamente cada cual los geacuteneros visible e inteligible Hemos trazado la liacutenea en forma vertical con el segmento inteligible arriba73 ldquopor la simple razoacuten de que lo que ella representa es una escala vertical de la reali-dad74 Una lectura maacutes atenta del pasaje nos mostraraacute queacute faacutecil es tropezar con dificultades cuando se quiere dar una interpretacioacuten que satisfaga al me-nos ciertos requisitos de coherencia Si bien podemos pensar su presentacioacuten en forma de diagrama75 pudo anticipar erroacuteneamente una faacutecil lectura En el desarrollo de la explicacioacuten del siacutemil acudireacute primeramente en especial a

71 Como afirma J Raven op cit pg 142 el siacutemil de la Liacutenea Dividida es introdu-cido expliacutecitamente como una continuacioacuten del siacutemil del sol 72 El dual griego es un plural restringido a dos y se usa comunmente para indicar una estrecha relacioacuten entre dos cosas como podriacutea serlo por ejemplo ldquolos dos ojosrdquo Aquiacute un poco menos comunmente se ha usado para significar dos objetos (el Sol y el Bien) Suponemos que se quiere enfatizar de esa manera la especial corres-pondencia entre ambos 73 He seguido muy de cerca las uacutetiles referencias de John Raven op cit pg 145 74 ibid pg 145 75 La expresioacuten ldquodiagrammaticallyrdquo es de J S Morrison (ldquoTwo Unresolved Difficul-ties in the Line and Caverdquo en Phronesis 22 (1977) pg 227

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una interpretacioacuten la de John Raven76 que me parece de intereacutes fundamen-talmente por dos razones Una porque intenta dar una explicacioacuten integral del siacutemil poniendo eacutenfasis en su relacioacuten con las otras dos alegoriacuteas y discu-tiendo sus diferencias y luego porque creo que es bueno en este caso utilizar baacutesicamente para un enfoque introductorio una interpretacioacuten que se preste bien como un medio de iniciacioacuten en la lectura de un texto complejo como este Se evita asiacute tambieacuten iniciar la explicacioacuten partiendo de la controversia

sin haber auacuten alcanzado un grado miacutenimo de comprensioacuten del asunto En seguida seraacute posible sobre esta base analizar con mayor fruto las dudas a que puede dar lugar el parecer de Raven cuando confrontado con otras interpretaciones tambieacuten dignas de estudio77

La Liacutenea Dividida entonces como lo habiacutea

sido el Sol estariacutea concebida para clarificar los con-tenidos de la regioacuten inteligible mediante una com-paracioacuten con el mundo visible Procedemos a des-cribir en forma vertical su figura trazando una liacutenea AB que dividimos en forma desigual en el

punto C Tenemos asiacute dos segmentos el maacutes largo AC y el maacutes corto CB Se dividen de nuevo ambos segmentos digamos en D y E y asiacute tenemos que BD es a DC como CE es a EA y como el segmento BC es al segmento CA En esas circunstancias las cuatro partes son clasificadas seguacuten su grado de clari-dad y de oscuridad comparativas78 Tenemos completa asiacute la divisioacuten de la liacutenea con dos porciones para la seccioacuten inferior ldquovisiblerdquo (BC) y dos porcio-nes para la seccioacuten superior ldquointeligiblerdquo (CA)

76 J Raven Platos Thought in the Making cap 10 77 Para los fines de este capiacutetulo se ha tenido en cuenta tambieacuten la interpretacioacuten de J Adam The Republic of Plato vol II y el ensayo introductorio de D A Rees de la segunda edicioacuten de 1963 a la misma obra de J Adam op cit vol I pgs XXXI-XLIII 78 J Raven op cit (pg 145) ldquoIt is divided Plato tells us in proportions which symbolize lsquocomparative clearness or obscurityrsquo the shorter the segment in other words the more obscure its contentsrdquo

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Comenzando por los segmentos inferiores el primero BD consiste de imaacutegenes visuales (εἰκόνες) que son ldquoen primer lugar las sombras y luego los reflejos en las aguas y en las superficies de textura densa pulida y brillan-te y todas las otras representaciones del mismo tipo si me entiendesrdquo dice Platoacuten (R VI 510a)

Se trata al parecer de representaciones de caraacutecter exclusivamente vi-

sual digamos entonces que son modos de reflexiones visuales de originales que estaacuten en el proacuteximo segmento DC La presentacioacuten para esta seccioacuten es ldquotoma entonces el segundo segmento que sentildeala aquello de lo que el primero es una semejanza nosotros los seres vivientes y todo tipo de realidad natural o manufacturadardquo (R VI 510a)

La frase clave aquello de lo que el primer segmento es una semejanza parece tener el significado siguiente que en el segundo segmento DC estaacuten repre-sentadas las realidades originales cuyas semejanzas se revelan en el primer segmento a modo de imaacutegenes Se antildeade ademaacutes un dato sugerente a saber que la divisioacuten entre la verdad es decir la realidad y su opuesto se expresan por una relacioacuten proporcional Es decir como es lo opinable a lo cognoscible asiacute es lo asemejado ( la imagen) a aquello a lo que se asemeja ( el modelo)

En el caso de las dos secciones del segmento de lo visible (BD y DC) lsquolo

asemejadorsquo ocupa el trazado inferior y su lsquomodelorsquo el superior El segmento BC en seguida es claramente asimilado a los objetos de opinioacuten79 Se transita asiacute de la analogiacutea quiero decir relacioacuten de semejanza entre visible e inteligi-ble mdashque comanda la estructura baacutesica del siacutemilmdash a la analogiacutea entre objetos de opinioacuten y objetos de conocimiento No se les coloca entonces en contra-posicioacuten sino en comparacioacuten Siendo esa la situacioacuten ldquoel objeto de la Liacutenea Dividida como una continuacioacuten del siacutemil del Sol es usar la vista y las dos

79 Esta mencioacuten del lsquoobjeto de opinioacutenrsquo da base seguacuten el anaacutelisis de Raven a la in-terpretacioacuten lsquoortodoxarsquo de la Liacutenea liderada por J Adam Es decir que BC no solo contiene visibles sino tambieacuten opinables y se quiere con ello ldquopresentar una com-pleta clasificacioacuten de los contenidos del mundo sensiblerdquo (op cit pg 149) Raven en cambio insiste en la presencia uacutenica de objetos visibles en las dos secciones inferio-res del segmento BC

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clases de cosas visibles para ilustrar la inteligencia y las dos clases de cosas inteligiblesrdquo80 De este modo los objetos reales del mundo visible (represen-tados en DC) y sus sombras y reflejos (representados en BD) tienen en la Liacutenea la funcioacuten de clarificar la explicacioacuten del segmento superior de lo inte-ligible en CA De alliacute que se diga que la divisioacuten inferior BC en su totalidad es ldquopuramente ilustrativa y es incluida solo por causa de la superiorrdquo81 Hay una clara analogiacutea entre los reflejos visibles y los objetos que los proyectan por una parte y la relacioacuten existente entre las dos clases del mundo inteligi-ble por otra

Asiacute pues en la seccioacuten CE del segmento inteligible el alma usa lsquocomo

imaacutegenesrsquo (ὡς εἰκόσιν 510b 4) los objetos representados en DC esos mismos que a modo de original se proyectan en imagen en la seccioacuten BD En otras palabras los objetos en DC cambian de signo cuando comparados a los obje-tos inteligibles de CE De ese modo ldquoBD contiene imaacutegenes de DC los obje-tos en DC son imaacutegenes de los contenidos de CE y CE contiene imaacutegenes de EA Esta es una caracteriacutestica bien lograda de la comparacioacutenrdquo82 En EA en el tope de la liacutenea el alma no utiliza las imaacutegenes sino que se ocupa solo de las Ideas y desde una hipoacutetesis se eleva hacia un primer principio no hipoteacutetico

Volviendo a CE Platoacuten utiliza un meacutetodo matemaacutetico para clarificar su teoriacutea filosoacutefica Aquiacute entonces las lsquohipoacutetesisrsquo son supuestos que se dan por descontados El matemaacutetico concluye como hacia abajo lo que se ha propues-to establecer sin intentar dar explicacioacuten de esos presupuestos que funda-mentan sus pasos sin subir por decir asiacute maacutes allaacute de las hipoacutetesis a funda-mentos uacuteltimos En esas circunstancias el alma se ve forzada a utilizar en su investigacioacuten hipoacutetesis usando como imaacutegenes aquellos mismos objetos que

80 J Raven op cit pg 150 Y se dice a continuacioacuten que la Liacutenea Dividida es com-plementaria con la del Sol ldquoIn the Divided Line the two relevant classes of things in the visible world actual objects and their shadows or reflexions are used to illustra-te the relations subsisting between the two analogous classes in the intelligible worldrdquo (pg151) 81 ibid pg 151 Se dice entonces que ldquolas proporciones de la Liacutenea indican que las entidades en el segmento CE se hallan frente a aquellos en EA como los reflejos en BD se hallan frente a sus originales en DCrdquo 82 J Raven op cit pg 152

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producen sombras en la seccioacuten inferior y que ellos juzgan con estimacioacuten como distintos en comparacioacuten con sus reflejos (VI 511a)

En este segmento CE se sentildeala entonces por

una parte una correspondencia con los contenidos del segmento anterior que son usados como imaacute-genes y una correspondencia con los del segmento superior que auacuten resta por explicar en mayor deta-lle y por otra se considera coacutemo el geoacutemetra que es estimulado originalmente por diagramas visi-bles se esfuerza a su vez por ascender no soacutelo has-ta los objetos abstractos matemaacuteticos mdashque tienen una funcioacuten intelectual intermediariamdash sino hasta las Ideas mismas en cuanto que hipoacutetesis no ex-plicadas pero siacute supuestas83 En todo caso el or-

den principal de la seccioacuten CE estaacute en un movimiento de pensamiento hacia abajo es decir desde las hipoacutetesis hacia los particulares Se considera asiacute a los objetos matemaacuteticos como intermediarios entre la opinioacuten y el conoci-miento y son los geoacutemetras y otros sabios los que laboran con ellos mediante un ldquoconocimiento deductivordquo o ldquoabstraccioacutenrdquo (διάνοιαν VI 511d)

En 511b 3 se inicia la descripcioacuten del segmento superior EA Aquiacute la ra-

zoacuten (λόγος) capta las cosas u objetos inteligibles por el poder dialeacutectico (διαλέγεσθαι) y trata sus presupuestos literalmente como hipoacutetesis es decir como puntos de apoyo para elevarse hasta el principio de todo Este principio es el ldquoque no requiere presupuestordquo (τοῦ ἀνυποθέτου) Luego de alcanzarlo el alma vuelve a pasar por todo lo que depende de eacutel desciende a la conclu-sioacuten no haciendo uso de ninguacuten objeto del sentido sino solo de las puras Ideas Se mueve de Ideas en Ideas para terminar con Ideas Todo se deduce desde un principio primero

83 ldquoMathematics do of course provide the ideal illustration of this procedure becau-se as Plato says they do take for granted the material on which they work such as magnitude and its various properties and they employ an essencially deductive mathodrdquo (J Raven op cit pg 158-59)

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ldquowhen it has eventually climbed up as it were on a staircase to the first prin-ciple of everything then as we have at last been told the mind turns back again and begins to descend the selfsame stairsrdquo84

Suponemos que la Idea lsquono-hipoteacuteticarsquo es pre-

cisamente la Idea del Bien que habiacutea sido repre-sentada por el Sol en el siacutemil anterior El Bien tiene un poder unificador por lo que ejerce sobre el res-to de las Ideas su capacidad coordinadora Quien asciende hasta ella mediante el ejercicio dialeacutectico obtiene los medios que le permiten descender comprensivamente desde lo no-hipoteacutetico que es la Idea del Bien Deste esta Idea superior desciende traveacutes de Ideas mdashahora en correlacioacuten con su prin-cipiomdash hacia los intermedios matemaacuteticos luego a las cosas visibles de las que aquellos son abstrac-

ciones y sus reflejos umbraacutetiles finales Frente a estas cuatro secciones de la Liacutenea se nos invita a aplicar cuatro

operaciones del espiacuteritu A la seccioacuten maacutes elevada la ldquointeligenciardquo o ldquointe-leccioacutenrdquo (νόησιν) a la segunda ldquoconocimiento discursivordquo o ldquopensamientordquo (διάνοιαν) a la tercera se atribuye la ldquocreenciardquo (πίστιν) y a la uacuteltima ldquocon-jeturardquo o ldquoimaginacioacutenrdquo (εἰκασίαν) Ordenadas en proporcioacuten se considera que cuanto maacutes los objetos de cada operacioacuten participan de la verdad tanto maacutes estas afecciones del espiacuteritu participan de claridad

Siguiendo el orden de Platoacuten -y de acuerdo con nuestro esquema- co-

menzamos por abajo por el grado de mayor oscuridad hacia el de mayor claridad arriba

primera seccioacuten sus objetos son imaacutegenes visibles (εἰκόνες) su opera-cioacuten conjetura o imaginacioacuten (εἰκασία)

84 ibid pg 161

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segunda seccioacuten sus objetos son ejemplares o prototipos visibles de esas imaacutegenes ( ᾧ τοῦτο ἔοικεν)85 su operacioacuten es creencia (πίστις)

tercera seccioacuten sus objetos son inteligibles intermedios (νοητά ὡς μεταξύ) su operacioacuten es conocimiento discursivo o pensamiento (διάνοια)

cuarta seccioacuten sus objetos son inteligibles superiores e Ideas (νοητά εἴδη) su operacioacuten inteligencia o inteleccioacuten (νόησις)86

XIII La alegoriacutea de la Caverna Los dos siacutemiles anteriores han ido haciendo manifiesto en queacute consiste

ldquola maacutes alta ensentildeanzardquo que es la que ha de proporcionar al guardiaacuten-filoacutesofo la ciencia habilitadora para gobernar la ciudad El saber tiene un obje-to superior las Ideas y su fuente originaria la Idea del Bien Existe ademaacutes una facultad espiritual tambieacuten superior que opera como inteleccioacuten (noesis) y que es capaz de conocer estos objetos inteligibles Ha llegado ahora el mo-mento a partir de las alegoriacuteas precedentes de poner en funcionamiento por decir asiacute una nueva paraacutebola que describa la efectiva mutacioacuten del alma de los elegidos para gobernar

A fin crear un estado como el descrito hay que comenzar por desarro-

llar en el discurso el evento decisivo que marque la transformacioacuten mediante la educacioacuten del futuro rey-filoacutesofo El siacutemil debe sentildealar el comienzo de la accioacuten ciacutevica mediante una ldquoimagen insoacutelitardquo (515a 4) Queda atraacutes la teoriacutea superior que ha consistido en la explicacioacuten del megiston mathema y es hora

85 Literalmente la seccioacuten de la que la primera es una imagen es decir los prototi-pos que por decir asiacute producen en la primera seccioacuten imaacutegenes que son sombras o figuras proyectadas desde aquellos ejemplares 86 Figura en J Adam The Republic of Plato II p 156

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ya de sentildealar coacutemo es que la posesioacuten progresiva de este saber produce en el alma del guardiaacuten esa transformacioacuten decisiva Sin este giro del alma es im-posible edificar la ciudad y la Caverna pone de manifiesto cuaacuteles han de ser las fuerzas espirituales que impulsen la realizacioacuten de esta repuacuteblica Sin la Caverna al descubierto no habraacute jamaacutes reyes filoacutesofos ni ciudades en capaci-dad de ser fundadas bajo el signo de las Ideas y el Bien El descenso de la teo-riacutea a la accioacuten vuelve al centro del discurso y esta vez la accioacuten estaacute sentildealan-do el modo peculiar en que se realiza el giro progresivo del alma hacia la realidad En esas circunstancias la accioacuten de la que se habla es ahora ldquoeduca-cioacutenrdquo (paideia ) y se designa con ello el reencuentro del alma con la verdad mediante el saber

La Caverna entonces describe una situacioacuten un lsquosucesorsquo (πάθος)87 que

representa a la naturaleza humana en su condicioacuten de sujeto capaz de la po-sesioacuten del saber propio de las ensentildeanzas superiores o en caso contrario el que carece de ellas El estado original de los hombres que habitan esta ldquoca-vernosa vivienda subterraacuteneardquo es el de ldquoineducacioacutenrdquo (apaideusiacutea) La falta de educacioacuten en estos sujetos se caracteriza por su condicioacuten de ingeacutenita porque estaacuten en ella ldquodesde nintildeosrdquo y se mantienen en un estado de inmovilidad que los obliga a ldquomirar solo hacia adelanterdquo Si es como parece que las almas han nacido para la verdad la ausencia de ella somete el cuello y le impide a la cabeza realizar el gesto propio de la razoacuten que se efectuacutea ldquoen ciacuterculordquo (κύκλῳ 514b 1) Sus moradores estaacuten presos y sometidos a riacutegidas cadenas son exacta representacioacuten de nuestra condicioacuten que la vivienda subterraacutenea es ldquoprisioacutenrdquo (τὸ δεσμωτήριον) y la mirada de los prisioneros en recto hacia adelante es solo visioacuten de ldquosombras proyectadasrdquo (515a) por objetos transpor-tados atraacutes a sus espaldas son visiones umbraacutetiles arrojadas por un fuego al fondo de la Caverna De este modo las sombras son para los encadenados verdad (τὸ ἀληθὲς 515c 2)

87 La palabra pathos sentildeala una ldquoexperienciardquo un ldquoincidenterdquo que ocurre en una situacioacuten determinada ldquoCompara dice Platoacuten al inicio del libro VII ldquodespueacutes de estordquo (es decir de la Liacutenea) ldquoa tal tipo de situacioacuten nuestra naturaleza a propoacutesito de la educacioacuten y la ineducacioacutenrdquo

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Al hombre en ese estado puede acontecer el inicio de su vuelta median-te educacioacuten que es desligamiento de cadenas y cura de ignorancias ldquoAl-guienrdquo lo desata y lo obliga a ldquolevantarse de suacutebito y a girar el cuello y a an-dar y a dirigir la mirada hacia el fuegordquo que origina sombras (515c) Se le en-sentildea a distinguir las sombras interiores de aquellos objetos maacutes reales que las proyectan al fondo Las sombras son el resultado de la interaccioacuten del fuego y los objetos retenidos en figuras sombriacuteas en la cavidad interior de la Caver-na Ahora el prisionero ldquoun poco maacutes cerca de lo realrdquo ve maacutes correctamente puesto que ha enderezado sus pasos ldquovolvieacutendoserdquo (τετραμμένος) ldquohacia objetos maacutes realesrdquo (πρὸς μᾶλλον ὄντα 515d) La educacioacuten se ha iniciado como una conversioacuten al ser es decir a lo maacutes real ella ha inducido al desli-gamiento que conduce al giro y encamina hacia el lugar contrario de las sombras El prisionero no sabe auacuten que esta primera liberacioacuten (λύσιν 515c 4) le daraacute finalmente la capacidad real de realizar el bien cosa que seraacute para eacutel finalmente su verdadera libertad Porque la educacioacuten es la que conduce al prisionero hacia su paulatina liberacioacuten mediante el saber

Entretanto estaacute perplejo (ἀπορεῖν 515d 6) mientras la inercia de la

apaideusiacutea o ineducacioacuten arrastra sus ojos adoloridos hacia las figuras umbro-sas Pero ldquoalguienrdquo (τις 515e 6) no le permite volver y ldquole arrasta por la fuer-zardquo La paideia fuerza al prisionero a subir hasta la luz para eacutel desacostumbra-da del Sol Termina por habituarse a la luz y a la paulatina comprensioacuten de todos los objetos sujetos a su irradiacioacuten y la memoria (ἀναμιμνῃσκόμενον) de su antigua habitacioacuten y saber le hace ldquoconsiderarse dichoso de su trans-formacioacuten y apiadarserdquo (516c) de sus antiguos compantildeeros de prisioacuten Este recuerdo mantiene viva la relacioacuten entre la paideia y la apaideusiacutea del antiguo encadenado puesto que la educacioacuten no es solo el conocimiento y saber que ha adquirido al presente el liberado hacia la luz sino el proceso mismo de instruccioacuten y ensentildeanza que ha tenido que experimentar Si hubiera de volver a las sombras se revertiriacutea el proceso de acostumbramiento viendo con difi-cultad en las tinieblas ldquohasta que se le asentaran los ojosrdquo (517a1) que la pai-deia en un sentido figurado es arte de asentamiento de ojos

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La paideia guiacutea en consecuencia todo el recorrido de la Caverna y es presentada claramente como un ldquoarte del girordquo (τέχνη τῆς περιαγωγῆς 518d 3) del oacutergano de la visioacuten por el que se procura corregirle (μεταστρέφεται) con la mayor facilidad y eficacia posible volverlo (τετραμμένῳ) hacia donde debe y hacerlo mirar con rectitud El norte de todo el camino hacia la abertura de la Caverna es la verdad que en el nivel de la Idea es representacioacuten inteligible del Bien La periagogeacute es la ldquorotacioacuten el ldquogirordquo que se aplica baacutesicamente a los astros y que aquiacute al amparo del Sol dirige tambieacuten las circunvoluciones del alma que asciende a la cima del Bien Este es entonces el arte del giro del alma que apartaacutendose de lo generado se vuelve (στρέφειν 518c 7) desde la oscuridad hacia lo luminoso La educa-cioacuten se supone debe habilitar el alma a soportar la visioacuten del Ser que es lo real (τοῦ ὄντος) e incluso lo maacutes brillante del Ser el Bien (τἀγαθόν 518c) De ese modo el alma del guardiaacuten filoacutesofo gracias a la educacioacuten estaacute final-mente preparada para ldquogirar hacia las realidades verdaderasrdquo (περιεστρέφετο εἰς τὰ ἀληθῆ 519b 3)88

88 Figura de la Caverna en J Adam The Republic of Plato II pg 65

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Queda finalmente explicada por el mismo Platoacuten de la siguiente mane-

ra la significacioacuten de la paraacutebola de la vivienda-prisioacuten subterraacutenea

ldquoPues bien dije esta imagen estimado Glaucoacuten hay que aplicarla a todo lo que se ha dicho antes hay que comparar la regioacuten que se manifiesta por medio de la vista con la residencia en la prisioacuten y a la luz del fuego que hay en ella con el poder del Sol En cuanto a la subida a la regioacuten de arriba y a la contemplacioacuten de las realidades superiores no erraraacutes con respecto a mi conjetura si la comparas con la ascensioacuten del alma hasta la regioacuten inteligible puesto que era esto lo que deseabas conocer Dios sabe si resulta ser verdad En todo caso esto es lo que me parece que en los confines del mundo inteligible es la idea del bien lo uacuteltimo que con dificultad se percibe pero cuando se la ve hay que concluir que ella es la causa universal de todo lo recto y lo bello que hay en las cosas y que en el mundo visible es ella quien pare la luz y el sentildeor de aqueacutel y en el mundo inteligible es ella sentildeora dispensadora de

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verdad e inteligencia y que es preciso que la vea quien pretenda proceder con sabi-duriacutea ya sea en la vida privada como en la puacuteblicardquo (517a 8-c 5)

Si bien esta conversioacuten al ser es personal la paideia proporciona al siacutemil la proyeccioacuten social que constituye el significado profundo de la Caverna Porque la imagen de la prisioacuten subterraacutenea tiene un caraacutecter en primer lugar poliacutetico pues presenta el sistema educacional que ha de procurar gobernan-tes a la ciudad ideal Por algo la alegoriacutea de la Caverna ocupa el lugar central del libro maacutes poliacutetico de Platoacuten Del mismo modo que la alegoriacutea estaacute en es-trecha relacioacuten y en cierto modo culmina las comparaciones anteriores del Sol y de la Liacutenea asiacute tambieacuten preludia no solo la explicacioacuten del meacutetodo dia-leacutectico sino tambieacuten del curriacuteculum educacional de los guardianes elegidos Todo ha de culminar en la visioacuten superior de las Ideas y la Idea del Bien pero el proceso de ascenso estaacute sostenido por el estudio de la matemaacutetica la geo-metriacutea plana la estereomeacutetrica la astronomiacutea y la armoniacutea disciplinas prepa-ratorias mdashen especial esta uacuteltimamdash de la dialeacutectica89

No quedan finalmente dudas del contenido ciacutevico del siacutemil cuando una

vez establecidos los pasos de la ascencioacuten hacia el ser mdashque luego diraacute ldquoes la verdadera filosofiacuteardquo (521c)mdash hace manifiesta la propuesta poliacutetica decisiva que ha de completar el sentido auteacutentido de la rotacioacuten del alma filosoacutefica de la Repuacuteblica Asiacute los ldquofundadoresrdquo de la ciudad han de obligar a los caracteres mejores que han subido hacia la luz a retornar junto a los prisioneros en la Caverna (519c-d) Los contempladores de la verdad han de comprender luego que no hay propiamente un conflicto entre el bien personal y el de la ciudad y que ese es el modo apropiado para ellos de cumplir la funcioacuten que les co-rresponde a su naturaleza Ella ha sido ya educada arriba y debe ahora des-cender90 ldquoDeberaacuten descender dice por turnos a la morada de los demaacutes y acostumbrarse a mirar sombras oscurasrdquo (520c)

89 Hay una estrecha relacioacuten entre los pasos de la Caverna y el programa educacio-nal que luego va a ser analizado por Platoacuten en este mismo libro Ver CP Sze ldquoEika-sia and Pistis in Platos Cave Allegoryrdquo The Classical Quarterly 27 (1977) 127-138 J Malcolm ldquoThe Cave Revisitedrdquo The Classical Quarterly 31 (1981) 60-68 90 Cf D Hall ldquoThe Philosopher and the Caverdquo Greece and Rome vol XXV (1978) 169-173

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XIV La dialeacutectica el camino metoacutedico hacia la verdad

La dialeacutectica se compara en la Repuacuteblica con el avance de los prisioneros

que de mirar los animales reales que estaban a sus espaldas pasan a contem-plar los astros y finalmente el propio Sol Estaacute por tanto en estrecha relacioacuten con la Caverna o maacutes bien podemos decir es una representacioacuten del objetivo superior de ella La dialeacutectica es un lsquomeacutetodorsquo o un lsquoartersquo de comprensioacuten de las Ideas en cuanto ellas estaacuten coordinadas con la Idea del Bien El filoacutesofo se vale de la dialeacutectica para obtener la comprensioacuten de estas realidades y pro-ceder asiacute ldquopor etapas segurasrdquo hacia la verdad La dialeacutectica se constituye asiacute en el solo poder que alcanza la realidad uacuteltima la Idea del Bien91 En las eta-pas sucesivas primeramente no hay intervencioacuten del sentido pues la dialeacutecti-ca se ayuda solo de la razoacuten (dia tou logou) en sus intentos (ἐπιχειρῇ 532a 6) de alcanzar lsquolo en siacutersquo esencial de cada cosa

El prisionero no debe detenerse (καὶ μὴ ἀποστῇ b1) que el teacutermino fi-

nal consiste en la comprensioacuten por la sola inteligencia (noeacutesei) del Bien en siacute Esta es ldquola marcha dialeacutecticardquo (532b 4) que se ha iniciado con el avance de los prisioneros desde la ldquoliberacioacuten de las cadenasrdquo y la ldquovuelta del rostrordquo (μεταστροφὴ) desde las sombras hacia las figuras artificiales y que ha conti-nuado con la visioacuten de los objetos reales fuera de la Caverna si bien todo esto corresponde maacutes propiamente al estudio de las artes que constituyen el ciclo propedeacuteutico de los guardianes Pero estos inicios cobran sentido en vistas del objetivo superior que consiste en la comprensioacuten del Bien mediante el cual la inteligencia de la totalidad de las artes y saberes anteriores alcanza su sentido pleno

La dialeacutectica asi se presenta como una ldquofacultadrdquo un ldquopoderrdquo

(δύναμις) del espiacuteritu y se expresa en diversos pasajes mediante su forma verbal (to dialeacutegesthai) lo que insinuacutea su aspecto de actividad de ldquoviacuteardquo de ac-ceso a la verdad La dialeacutectica lleva a la determinacioacuten de la realidad de cada

91 Cf A Diegraves Introdution op cit pgs LXXXIII-LXXXVII

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cosa transformandose en el ldquomeacutetodordquo y el ldquoarterdquo de investigacioacuten (533b) De ahiacute que tambieacuten se le designe en la forma adjetiva mdashdialektikeacute ltteacutekhnēgt mdash co-sa que supone una substantivacioacuten con el significado propio de ldquodialeacutecticardquo92 Se puede ver aparentemente que Platoacuten hace una cierta distincioacuten entre los anteriores actos de conocimiento mdashque se refieren al avance de los prisione-ros hacia la luzmdash y el acto privilegiado de comprensioacuten del Bien

Hay otras artes dice Soacutecrates que aprehenden algo de lo real como la

geometriacutea cuyo conocimientos ldquose asemejan a un suentildeordquo (533c) Estas son precisamente las artes del curriculum studiorum Si bien entonces la dialeacutecti-ca estaacute de alguacuten modo en el inicio mdashcomo su objetivo el Bien lo estaacute tambieacuten en cierto modomdash es ella sola la que permanece en estado de vigilia Porque solo la dialeacutectica ve despierta la apariencia de lo real (ὕπαρ 533c 1) Dicho de otro modo la dialeacutectica hace posible la aprehensioacuten de la Idea del Bien en cuanto ldquoprincipiordquo (arkheacute ) e ldquohipoacutetesisrdquo o ldquosupuestordquo (hypoacutethesis) de todo co-nocimiento y ciencia Ya que estas artes y ciencias carecen del poder decisivo que entreteje (cf συμπέπλεκται 533c 4) el discurso mediante el principio y la conclusioacuten En efecto ellas son incapaces de dar la efectiva ldquoconformidadrdquo o el ldquoasentimientordquo (homologiacutea) que transforma un saber determinado en ver-dadera episteme

ldquoel meacutetodo dialeacutecto en consecuencia dije yo es el uacutenico que de este modo elimi-nando las hipoacutetesis se encamina hasta el principio mismo para asegurar ltsus conclu-sionesgt y que atrae con suavidad y eleva hacia lo alto el ojo del alma sumido real-mente en un fango barbaacuterico utilizando como auxiliares y cooperadores a las artes que hemos enumerado rdquo (Rep 533c 7-d4)

La ldquoeliminacioacutenrdquo de los presupuestos apunta a la cancelacioacuten que por etapas realiza el meacutetodo dialeacutectico de las hipoacutetesis subalternas hasta llegar al aseguramiento soacutelido de las conclusiones que no es otro que la Idea del Bien

92 En relacioacuten con este uso doble de ldquodialeacutecticardquo IM Crombie comenta ldquoand the dialectic art is the art of doing something for which the related verb dialegesthai is used To have dialectic art is to know how to dialegesthairdquo (An Examination of Platos Doctrines II pg 562)

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En esas circunstancias es preciso ademaacutes ser capaz de separar (διορίσασθαι 534b 9) la Idea del Bien del resto de las demaacutes mediante el razonamiento Una accioacuten decisiva sin duda al interior de esta viacutea del saber que sentildeala la su-peracioacuten definitiva en el accionar dialeacutectico de lo que es conforme a opinioacuten La superacioacuten de la apariencia se produce cuando es posible fundamentar las pruebas en una ldquoargumentacioacuten sin colapsosrdquo (ἀπτῶτι τῷ λόγῳ 534c 3)93 que es conforme a la esencia De este modo la dialeacutectica ldquoestaacute arriba estable-cida como un friso para las ensentildeanzasrdquo que la preceden pues es la maacutes alta de todas94 No debe perderse de vista sin embargo que esta comprensioacuten del principio tiene tambieacuten por resultado una clarificacioacuten descendente que in-cluye los objetos inteligibles y sensibles que forman parte de esta escala de la realidad Por eso creo yo se menciona hacia el final del discurso sobre la dialeacutectica una suerte de Liacutenea al reveacutes que comienza por episteme y continuacutea con dianoia pistis y finalmente eikasiacutea 95

El dialeacutectico entonces mdashque es praacutecticamente un sinoacutenimo de filoacutesofomdash

ahora colocado en la altura del principio posee una visioacuten sinoacuteptica de la realidad96 ldquoporque las entidades que el dialeacutectico trata de ver estaacuten efectiva-mente relacionadas unas a otrasrdquo97 Esta capacidad la obtiene sin duda de la

93 Estamos bajo la figura de quien sube hacia lo alto este se puede caer 94 Me atrevo a traducir ὥσπερ θριγκὸς ldquoa la manera de un frisordquo por algunos usos aislados como en Odisea VII 87 En la mansioacuten excelsa de Alciacutenoo habiacutea sendos mu-ros de bronce ldquoy por encima un friso de lapislaacutezulirdquo (περὶ δὲ θριγκὸς κυάνοιο) Puede entenderse tambieacuten como el remate o la cornisa del muro o del edificio 95 Es decir primero ldquocienciardquo o ldquoconocimientordquo o ldquosaber segundo ldquopensamiento ltdiscursivogtrdquo tercero ldquocreenciardquo y cuarto ldquoimaginacioacutenrdquo o ldquoconjeturardquo (Rep 533e-534a) El objetivo entonces de la dialeacutectica ae extiende a toda realidad I M Crombie refirieacutendo al objetivo de la dialeacutectica comenta que con ella ldquodebe-riacuteamos obtener una clara visioacuten de las realidades como ellas son en siacute mismas no confundiendo unas con otras Este sigue siendo el objetivo del dialeacutecticordquo (op cit pg 563) 96 Rep 537c 7 ldquoporque el dialeacutectico posee una mirada de conjuntordquo (συνοπτικὸς) En lo que respecta al meacutetodo dialeacutectico ldquoformalmente considerado este procede como la contra-interrogacioacuten (ldquocross-examinationrdquo) socraacutetica mediante preguntas y respuestas (534D) La dialeacutectica es por encima de todo sinoacuteptica esforzaacutendose a toda costa en ver la unidad en la multitud (531D 537BC) De ahiacute que la coordina-cioacuten de las ciencias es una buena preparacioacuten para el estudio superiorrdquo (J Adam The Republic of Plato II pg 173) 97 I M Crombie opcit pg 565

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aprehensioacuten de la Idea del Bien cuya condicioacuten de realidad absolutamente simple y unitaria proporciona al que la conoce la integracioacuten de los saberes mediante la integracioacuten coordinada del mundo ideal Es con ldquola actividad dialeacutecticardquo (daileacutegesthai 511b 4) que se recorren las hipoacutetesis en la seccioacuten maacutes alta de la Liacutenea cuando se considera a estas ldquocomo peldantildeos y puntos de par-tidardquo para poder asiacute avanzar yendo hacia el principio del todo ldquohasta lo no hipoteacuteticordquo (to anypoacutetheton 511b)

Platoacuten trata del objeto de la dialeacutectica que finalmente es la Idea del

Bien especialmente en Repuacuteblica VI 504e-509b asiacute como en VI 510b y 511b-c Del mismo modo la dialeacutectica como meacutetodo es analizada con preferencia en Repuacuteblica VII 531d-534e asiacute como en VII 537d-540b En un sentido vaacutelido qui-zaacutes para el concepto platoacutenico en general con la ldquodialeacutecticardquo se trata en uacutelti-mo teacutermino de ldquodescubrir la naturaleza verdadera de cada cosa como ella es aislada de sus expresiones concretas y en relacioacuten con todas las otrasrdquo98

XV Consideraciones acerca de la decadencia Repuacuteblica 543a-576b En cuanto la ciudad ideal de Platoacuten puede ser considerada una utopiacutea

ella se presenta como el modelo superior el paradigma que permite estable-cer desde alliacute los grados de distanciamiento existentes con aquella norma de perfeccioacuten ldquoMostraacutendonos deciacutea E Barker lo que deberiacutea ser el Estado si sus principios inmanentes se realizaran plenamente ellas nos muestran el significado real del Estado tal como eacutel es Es solo en una situacioacuten ideal seme-jante que el Estado puede ser comprendidordquo99 esto lo deciacutea reflexionando sobre el tema que ahora nos ocupa Luego de haber dado por terminado su anaacutelisis de la ciudad y el hombre perfectos Platoacuten continuacutea ahora en la mis-ma perspectiva paralela de sociedad e individuo con una descripcioacuten de la degeneracioacuten creciente de los estados y sus ciudadanos Son relatos podero-samente viacutevidos que intentan expresar en figuras una teoriacutea de la decadencia como fenoacutemeno inherente al acontecer de las instituciones poliacuteticas Pero no pretende conformar la historia a tal decadencia como una necesidad que de-

98 IM Crombie op cit pg 566 99 Ernest Barker Greek Political Theory London 1964 (1918) pg 282

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termina la suerte de toda institucioacuten poliacutetica sino de coacutemo de hecho sucede tal ruina Debemos creo liberar a Platoacuten de la culpa supuesta de haber pre-tendido establecer una norma histoacuterica de degeneraciones sucesivas del po-der100

Platoacuten no es un historicista por adelantado que pretende establecer le-

yes necesarias en la historia Reasumiendo propuestas anteriores101 el filoacutesofo plantea que si la ciudad descrita ldquoera la correcta la otras seriacutean defectuosasrdquo (ἡμαρτημένας 544a) Se deciacutea entonces que existiacutean cuatro formas de go-bierno deficientes y recuerda que conveniacutea analizarlas ldquoen sus fracasosrdquo (τὰ ἁμαρτήματα ldquoerroresrdquo 544a 4) Otro ejemplo de anticipacioacuten de un tema que ha de tratarse ahora en el lugar que se considera adecuado No habla co-mo historiador sino como filoacutesofo de la poliacutetica y establece para ello un sis-tema explicativo de cuatro variedades paradigmaacuteticas descendentes a saber la timocracia la oligarquiacutea la democracia y la tiraniacutea

La descripcioacuten de las deficiencias se presta para el anaacutelisis de las hendi-

duras de los regiacutemenes en correlacioacuten con el deterioro psicoloacutegico de las per-sonas Maacutes que sistemas ideoloacutegicos los que gobiernan las naciones son ante todo personas Los discursos sobre la decadencia son pues reflexiones acerca de la interaccioacuten de fuerzas sociales e individuales tal como se da en la reali-dad con toda la precariedad de lo sujeto a la generacioacuten En la constitucioacuten misma de un sistema poliacutetico yacen para Platoacuten las semillas del deterioro que

100 K R Popper (La Sociedad Abierta y sus Enemigos ed castellana Barcelona 1992) pensaba que Platoacuten sosteniacutea que todo cambio social significaba corrupcioacuten deca-dencia o degeneracioacuten que Platoacuten planteaba una suerte de tendencia intriacutenseca ha-cia la decadencia producto de una ley coacutesmica vaacutelida para toda creacioacuten mdashrealidad generacionalmdash en cuanto tal ldquoPlatoacuten dice considera a la historia mdashque es para eacutel la historia de la decadencia socialmdash como si se tratase de la historia de una enferme-dad siendo la sociedad el paciente y el poliacutetico mdashcomo veremos maacutes adelantemdash su meacutedico su salvadorrdquo (op cit pg 52) Si Platoacuten hubiera creiacutedo en esa situacioacuten como necesaria mdashdel modo que la concibe Poppermdash uno se pregunta para queacute se ocupa tanto Platoacuten en fundar una ciudad mejor en el futuro cuando eso seriacutea imposible conforme a esa ley O bien para queacute concebir una ciudad que ha de perecer pronto y necesariamente seguacuten las leyes histoacutericas Porque Popper para el caso de Platoacuten entiende que estaacute entre los autores ldquohistoricistasrdquo que creen que hay leyes rigurosas y necesarias en la historia 101 Cf Rep 541b 445c

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menoscaba en la ciudad y el individuo los modelos de conducta que sostie-nen un reacutegimen y configuran su pertenencia a una determinada variedad de estado Las contradicciones de un reacutegimen revelan su estado de enfermedad y la posibilidad psicoloacutegica de su propia destruccioacuten o regeneracioacuten Ya el surgimiento de la guerra en la generacioacuten de la ciudad originaria habiacutea esta-do marcada por la presencia de una libido dominandi entre los ciudadanos que la habitaban y lo que estaba en el origen continuacutea en el desarrollo y plenitud de las formas diversas de gobierno llevando consigo impliacutecita la posibilidad del colapso Podemos pensar como aquiacute en la caiacuteda de entidades poliacuteticas especiacuteficas o como ciertos pensadores prominentes del siglo XX en la trans-formacioacuten de civilizaciones como formas culturales102 En Platoacuten hay algo de caiacuteda y algo de transformacioacuten

Un ejemplo brillante de esto es la historia de la Atenas primitiva y su

enemiga Atlaacutentida Es como sabemos una perdurable invencioacuten del mismo Platoacuten Los reyes de la isla son descendientes de dioses que construyen una civilizacioacuten con el dominio del entorno y el establecimiento de un orden poliacute-tico Ese ordenamiento produce en toda la gran isla una transformacioacuten sim-plemente colosal La actividad marinera y comercial los recursos de la tierra colman de riquezas la ciudad en un reacutegimen sostenido por diez reyes de un poder casi absoluto y jeraacuterquicamante organizados Dominoacute por mucho tiempo en ellos la naturaleza divina de su dios fundador Poseidoacuten Siendo seres buenos haciacutean poco caso por su virtud de sus abundantes riquezas sin perder el dominio de siacute mismos Pero el elemento divino que predominaba comienza a disminuir con el paso del tiempo y el entrecruzamiento de ele-mentos mortales numerosos termina por hacer prevaler su condicioacuten huma-na Es esas circunstancias ldquoya no maacutes capaces de soportar la prosperidad presente terminaron por pervertirserdquo (Platoacuten Critias 121b)

A quien no sabe discernir queacute geacutenero de vida contribuye verdadera-

mente a la felicidad piensa Platoacuten le pudo parecer que se trataba de seres grandiosos y felices estando por el contrario ldquollenos de injusta arrogancia y

102 Ver Joseph A Tainter The Collapse of Complex Societies Cambridge 1992 (1988) especialmente capiacutetulo 3 The Study of Collapse pgs 39-90

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poderrdquo (ibid) El colapso final es tan completo que el sistema se hunde catas-troacuteficamente con su isla junto con sus habitantes La razoacuten de la decadencia estaacute impliacutecita en el caraacutecter mixto de la condicioacuten de sus gobernantes y la prevalencia en alguacuten momento del elemento humano es decir generado en sus vidas Se une a ello el asunto de la justicia y la injusticia que es al mismo tiempo un desarrollo del gran tema de la moralidad como fuerza profunda en el acontecer humano Pero si no hubiera habido esta suerte de intervencioacuten del destino (que no solo destruye a la Atlaacutentida sino tambieacuten enigmaacutetico re-sultado a la virtuosa Atenas primitiva) la historia de los futuros triunfadores queda en el misterio de un futuro contingente

De un modo anaacutelogo en la repuacuteblica tambieacuten gradualmente ldquoen forma

progresiva las cosas se volveraacuten peor y cada forma de constitucioacuten corrupta seraacute peor que aquella que la precedioacuterdquo103 Pero no sabemos doacutende termina el ciclo ni de si es posible levantarse desde la peor tiraniacutea hacia un gobierno mejor Hay modos diferentes de malos estados pero en su grado superior una sola es la justicia frente a una injusticia siempre diversa104 Y si la justicia y la injusticia sucede no solo en los estados sino tambieacuten en las almas el es-tudio de los caracteres nos muestra tambieacuten grados diversos de desintegra-cioacuten espiritual Pero asiacute como es posible encaminar los pasos desde la oscuri-dad hacia la luz asiacute tambieacuten Platoacuten intenta obstaculizar el camino hacia la ruina mediante una propuesta poliacutetica que restaure la justicia en el grado en que eacutel la ha concebido Parece entonces que la clave de esta historia es una vez maacutes la justicia o la ausencia de ella

XVI La lsquonaturaleza maacutes verdaderarsquo del alma humana El Estado de Caliacutepolis la ciudad hermosa estaacute constituido por ciuda-

danos que poseen un alma origen y principio de sus obligaciones morales y de sus derechos en la nueva ciudad Esta situacioacuten se ha mostrado de tal im-portancia que la configuracioacuten de la polis en tres estamentos ha surgido de la doctrina de la condicioacuten tripartita del alma humana Pero el alma es a su vez

103 T A Sinclair A History of Greek Political Thought London 1967 pg 160 104 Dice T A Sinclair op cit pg 160 ldquoJustice is One but Injustice is Manyrdquo

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una si se han de mantener en substancia los hallazgos del Fedoacuten sobre la simplicidad del alma y sostener sin grandes cambios la opinioacuten que relacio-na firmemente esta simplicidad con su inmortalidad Es el momento ahora para Soacutecrates en el libro deacutecimo de la Repuacuteblica de restablecer un cierto equi-librio entre los aspectos psicoloacutegicos mdashpuestos en evidencia en su examen del alma tripartitamdash y la condicioacuten esencial del espiacuteritu humano en su uni-dad indisoluble105

Se puede decir que la misma tensioacuten mantenida a lo largo del diaacutelogo

entre la necesaria diversidad de caracteres en la ciudad mdashque se expresan en tres fundamentales clases de ciudadanosmdash y la siempre obligatoria buacutesqueda de unidad en la ciudad se revela tambieacuten aquiacute al momento de evaluar la condicioacuten espiritual del individuo Ahora bien en el libro deacutecimo de la Repuacute-blica poco antes del gran mito final en que se relata la historia de Er el Arme-nio Platoacuten introduce muy a propoacutesito y con renovada energiacutea el tema del alma y su pervivencia en el tiempo Muy de paso en R VI 498d Soacutecrates ha-biacutea hecho referencia a un lsquovolver a nacerrsquo y al inicio del libro III habiacutea hecho ver la conveniencia de tachar aquellos versos de Homero que desacreditaban la vida futura Es conveniente mostrar ahora por queacute se trata aquiacute de una de las paacuteginas maacutes cruciales del diaacutelogo En primer lugar es bueno recordar que la existencia de un alma racional inmortal y divina y la presencia de ciertas realidades ideales las Formas que se constituyen en los objetos propios de conocimiento de aquella conforman los ldquodos pilares rdquo de lo que se puede considerar como las doctrinas ldquocaracteriacutesticamente platoacutenicasrdquo106

Ya se habiacutea tratado extensamente en nuestro diaacutelogo sobre esas For-

mas inteligibles y sobre la realidad de esa alma que llevada a la dimensioacuten social habiacutea servido de origen a la analogiacutea basal de la Repuacuteblica fundada en

105 En relacioacuten con este punto se puede evaluar el interesante planteamiento de T M Robinson en ldquoSoul and Immortality in Republic Xrdquo Phronesis vol 12 Nordm 2 1967 p 149 en que sentildeala una reconsideracioacuten por parte de Platoacuten del problema de la sim-plicidad del alma y su inmortalidad (ldquoa radical chage of viewrdquo) en que el filoacutesofo concluiriacutea ldquoque un ser compuesto puede ser inmortal con tal que sus elementos componentes son lsquoreunidos de la mejor manerarsquordquo 106 F M Cornford Platorsquos Theory of Knowledge p 2

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la afinidad entre individuo y sociedad El concepto de alma habiacutea permitido precisamente establecer los viacutenculos y facilitar el paso entre lo maacutes pequentildeo y lo maacutes grande Esa misma concepcioacuten es preciso recordarlo era el sustento nada menos que de la posibilidad de mejorar las ciudades pues esa probabi-lidad estaacute sostenida por la capacidad que nuestra alma manifiesta de mejo-rarse ella misma al emprender el camino que la conduce mediante la educa-cioacuten a la luminosidad exterior de la caverna y su retorno a la oscuridad En esa misma teoriacutea psicoloacutegica de la condicioacuten humana y su posibilidad de de-generar por el vicio y la maldad se sostiene la visioacuten platoacutenica mdashque toma la apariencia de un relato histoacuterico dramatizadomdash acerca de la decadencia y el colapso de los sistemas poliacuteticos Habiacutea entonces que decir algo maacutes sobre el cimiento de esta analogiacutea es decir explicar aunque fuera a grandes rasgos cuaacuteles seriacutean las recompensas mayores de la virtud y los premios que estaacuten preparados al ser humano (Rep 608c ss) y cuaacutel la maacutes verdadera naturaleza del alma que este posee (Rep X 611b) La lsquovirtudrsquo (ἀρετή) que se menciona es precisamente una actividad buena del alma y la justicia se habiacutea manifesta-do como la maacutes excelente entre las virtudes del individuo y del estado Los premios entonces de los que se habla inciden efectivamente en el hombre en cuanto ser espiritual llamado a la felicidad propia de su estado maacutes ver-dadero

La tesis central del punto que tratamos estaacute en afirmar la inmortalidad

del alma es decir su condicioacuten de imperecedera para todo tiempo si lo en-tendemos en la perspectiva del mito final una existencia despueacutes de la muer-te del individuo y la superviviencia en consecuencia de su personalidad en otra vida107 Es claro que para Soacutecrates no es indiferente que el gobierno de acaacute se ejerza o no sobre ciudadanos llamados en el futuro a vivir allaacute en otras palabras la polis no puede ser neutral en asuntos atinentes con el destino trascendente de quienes la habitan pues el asunto final estaacute relacionado co-mo lo dice el uacutetimo paacuterrafo del diaacutelogo con esa amistad si se quiere escatoloacute-gica que existe entre nosotros mismos y con los dioses (Rep X 621c) Y natu-

107 Esta temaacutetica especiacutefica es tratada particularmente en P Duncan ldquoImmortality of the Soul in the Platonic Dialogues and Aristotlerdquo Philosophy vol 17 Nordm 68 (1942) en diferentes secciones de pp 304-323

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ralmente la inmortalidad del alma estaacute relacionada con la divinidad y la vida de los dioses en la altura asiacute como en esta vida el estado se preocupa igual-mente de honrarlos

La argumentacioacuten sobre la inmortalidad del alma en Repuacuteblica X en-

tonces se puede resumir de la siguiente manera todo lo que sufre destruc-cioacuten es aniquilado por un mal o una enfermedad que le es propia y especiacutefica siendo indestructible aquello que no puede ser aniquilado de esa manera Ahora bien el vicio (πονηρία) es el mal peculiar del alma y en lo que respec-ta al cuerpo es la enfermedad la que lo destruye Los dos males entonces respectivos del cuerpo y del alma son la enfermedad y el vicio Platoacuten no ha-bla aquiacute de prueba pero consideremos que se trata de razonamientos desti-nados a persuadir acerca de una verdad que surge del desarrollo de estos108

Hay evidentemente una estructura en la presentacioacuten de las razones

Primero (a) la nocioacuten de ldquomal y enfermedad connatural (σύμφυτον)rdquo Seguacuten esto praacutecticamente todas las cosas (ademaacutes de tener su propio bien que las preserva y beneficia) poseen un mal congeacutenito que las conduce a su obligato-ria disolucioacuten es la enfermedad propia el ldquomal peculiarrdquo (X 609d 1) el uacutenico que en uacuteltimo teacutermino puede destruir esa cosa especiacutefica Luego (b) estaacute la idea de que el mal propio del alma que es el vicio la hace miserable pero no la destruye como es el caso de la injusticia que no la disuelve hasta llevarla a la muerte En este uacuteltimo razonamiento se supone que el alma posee un tipo de independencia esencial del cuerpo que hace factible en ella la existencia de un mal que le es propio diferente del corporal Esta condicioacuten del alma es resultado de su autonomiacutea Siendo este el estado del alma se hace factible la presentacioacuten de un tercer elemento en el raciocinio a saber (c) el concepto de ldquola naturaleza maacutes verdaderardquo del alma (X 611b 1) que conduce a la negacioacuten en ella de ldquocomposicioacutenrdquo y la suposicioacuten final (d) que ldquola verdadera natura-lezardquo del alma estaacute (esto se dice solo impliacutecitamente) en su condicioacuten de ser ldquode una sola claserdquo en otras palabras ldquosimplerdquo (μονοειδὴς 612a 4)109 Con

108 El teacutermino que Platoacuten utiliza es el de logos (610a) es decir lsquorazonamientorsquo 109 En el Fedoacuten monoeideacutes se dice no solo del alma (78d) sino tambieacuten de los objetos que ella contempla (80b 83e) es decir las Ideas

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el teacutermino monoeidḗs entonces Platoacuten intenta quizaacute balancear mejor su pro-puesta anterior del alma de tres clases o especies en la que se fundamentaba su sistema tripartito de ciudad Y si bien la condicioacuten unitaria del alma es una inferencia de su naturaleza esencial una propuesta intermediaria (e) es plan-teada por Platoacuten en relacioacuten con su ldquonaturaleza originariardquo (τὴν ἀρχαίαν φύσιν 611d 2) Para poder contemplar esa naturaleza originaria del alma desfigurada en el presente ldquopor males incontablesrdquo (611d 7) es preciso ldquomirar hacia alliacuterdquo (ἐκεῖσε 611d 2) es decir hacia esa regioacuten que es la propia del amor por la sabiduriacutea (φιλοσοφίαν) Es preciso ademaacutes mirar hacia aquellos objetos divinos e inmortales con los que este amor se relaciona y a los que este en plenitud desea y se aficiona (611e) La filosofiacutea impulsa al alma a salir fuera del mar y a sacudirse de las piedras que se le han adherido de un mo-do reminiscente a como lsquoalguienrsquo fuerza al habitante de la Caverna a levan-tarse y salir Es el impulso hacia la simplicidad oculta y olvidada que se haya en la purificacioacuten que el contacto con los objetos inteligibles produce En su-ma para contemplar el alma en su ldquonaturaleza maacutes verdaderardquo hay que mi-rar ldquohacia su amor por el saberrdquo (τὴν φιλοσοφίαν 6114 1) es decir hay que verla en su relacioacuten activa con ldquolo divino lo inmortal y lo siempre existenterdquo (X 611e)

La naturaleza del filoacutesofo se presenta asiacute como una suerte de demos-

tracioacuten ad hominem de la inmortalidad del alma humana en cuanto que el raciocinio acerca de la inmortalidad mdashque se habiacutea iniciado con la nocioacuten de mal congeacutenitomdash termina en una clara referencia al bien propio del alma Quie-ro decir Platoacuten se habiacutea referido al mal (τὸ κακὸν) como lo que en cada caso ldquodestruye y corromperdquo y el bien (τὸ ἀγαθόν) era ldquolo que preserva y benefi-ciardquo (X 608e) Paacuteginas maacutes adelante se refiere a la necesidad de mirar alliacute (ἐκεῖσε X 661d 7) y a lo que apunta es hacia la filosofiacuteamdashque sentildeala el tipo superior de hombre virtuosomdash y hacia los objetos inteligibles de esta las Ideas Aquiacute estamos ya aunque no se diga expliacutecitamente con ese bien que jamaacutes se destruye (cf X 609b 1) y que es la clave de la lsquosalvacioacutenrsquo (τὸ σῶζον 608e 4) propia del alma Me parece que ciertos comentaristas no han tomado nota suficiente de esta sutil aunque a mi juicio fundamental variacioacuten del centro argumentativo del discurso sobre la condicioacuten maacutes verdadera del al-

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ma Si bien entonces Platoacuten no pretende darle a sus razones un valor proba-torio a la manera que lo hace en algunos lugares decisivos del Fedoacuten eacutel inten-ta en todo caso presentar ana argumentacioacuten razonable que conduzca a la persuasioacuten

Pero incluso cuando Platoacuten intenta solo persuadir su discurso como

en este caso presenta puntos interesantes que bien pudieron merecer una mencioacuten maacutes condescendiente de Guthrie110 En todo caso lo que intento decir es que en primer lugar Platoacuten no pretende a la hora undeacutecima orga-nizar un argumento con pantildeos hilvanados en forma apresurada restos de sus anaacutelisis anteriores Es sobre todo en vista de lo que viene y el argumento apunta maacutes bien al epiacutelogo celeste del Repuacuteblica Eacutel quiere dar baacutesicamente razones para confiar en premios que se suponen imperecederos para un alma imperecedera y que seraacuten recibidos como recompensa de una vida llevada en este mundo con justicia Al presente es lo que viene es decir el bien futu-ro del hombre lo que importa y eso es lo que intenta mostrar con esta verda-dera lsquopropuestarsquo discursiva (X 612a 8 ἐν τῷ λόγῳ)

XVII A salvar el mythos Er muerto en una batalla ha revivido al momento de su funeral ldquoy

habiendo vuelto a la vida relatoacute lo que vio alliacuterdquo111 Se le dijo que debiacutea ser

110 ldquoEsto no representa progreso alguno en relacioacuten con los argumentos a favor de la inmortalidad del Fedoacuten y el Fedro y por el bien de Platoacuten cabriacutea esperar que no hubiera que tomarlo demasiado en seriordquo (W K C Guthrie Historia de la Filosofiacutea Griega vol IV p 532) En la versioacuten espantildeola de la obra por lo general muy cuida-da advierto una nota que espero sea solo una errata del espantildeol Dice citando a Adam II p 425 ldquoTenemos sin duda razones para acusar a Platoacutenhelliprdquo donde el ori-ginal dice ldquoThe argument may not be conclusive but we are surely not justified in charging Platohellip with confoundig either here or in 609 D the two notions of physical death and death of the soulrdquo el subrayado de lsquonotrsquo es miacuteo Para una presentacioacuten maacutes equilibrada de todo el asunto ver C D C Reeve Philosopher-Kings pp 159-62 111 Rep 614B Cf ER Dodds ldquoPlato and the Irrational Soulrdquo (1945) Plato II ed G Vlastos pgs 206-229 Dodds ve en la experiencia de Er la influencia directa del anti-guo modelo de cultura shamaniacutestica en la filosofiacutea de Platoacuten ldquoThe occult knowled-ge which the shaman acquires in trance has become a vision of metaphysical truth lsquorecollectionrsquo of past earthly lives has become a lsquorecollectionrsquo of past bodiless Forms which is made the basis of a new epistemology while in the mythical level his lsquolong sleeprsquo and lsquounderworld journeyrsquo provides a direct model for the experience of Er the son of Armeniusrsquo pg 209

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mensajero de aquellas cosas que habiacutea visto encargaacutendole de observar y es-cuchar cada cosa en aquellos lugares (Rep 614d) Hay en este relato ciertos elementos de intereacutes un lsquodifuntorsquo que es obligado a contemplar cosas que suceden en un cierto lugar de ultratumba Una regioacuten divina112 de belleza incomparable113 El viaje de Er estaacute lleno de aventuras contempla juicios y castigos purificaciones y espectaacuteculos luminosos en especial una luz direc-ta (focircs euthyv) que se extiende sobre toda la tierra y el cielo114 Una explica-cioacuten posterior muestra que Er ha visto en el medio de la luz un cierto esla-boacuten del cielo (syvndesmon tou ouranoucirc Rep 616c) y la totalidad de las revolu-ciones celestes Asiacute contemplacioacuten y purificacioacuten mdashbases de la justiciamdash avanzan juntamente en la medida en que las cosas contempladas son real-mente verdaderas

Nada se dice especiacuteficamente en el mito de Er acerca de un alma del mundo Sin embargo la totalidad de la armazoacuten coacutesmica y sus revoluciones son baacutesicamente una expresioacuten de ella115 Los movimientos ordenados del universo la luz y su eslaboacuten -que en cierto sentido hacen visible y reuacutenen al mismo tiempo la totalidad del universomdashson el objeto principal de contem-placioacuten El Timeo mostraraacute coacutemo la iacutentima conexioacuten entre la verdadera reali-dad ideal y el universo hacen de este uacuteltimo en su totalidad el medio maacutes poderoso en la adquisicioacuten de la filosofiacutea Mostraraacute tambieacuten que la razoacuten de la afinidad entre el alma humana y el mundo animado (es decir el universo todo) estaacute en la semejanza de los materiales con que ambos han sido cons-truidos y en la vecindad de estrellas y almas en las esferas rotantes del cielo

El relato de Er estrictamente hablando no es un mito cosmoloacutegico sino un relato baacutesicamente escatoloacutegico No se nos cuenta la generacioacuten del

112 Rep 614C ldquohacia un cierto lugar divinordquo 113 Rep 615A ldquomientras que los que veniacutean del cielo contaban sus experiencias y espectaacuteculos de incomparable bellezardquo 114 Cf J S Morrison divideldquoParmenides and Errdquo Journal of Hellenic Studies (1955) pg 66 ss 115 La fundamental semejanza del escenario astronoacutemico de Repuacuteblica X y del Timeo es analizada por G E L Owen cuando somete a discusioacuten la lsquopretendidarsquo influencia de Eudoxo en este uacuteltimo diaacutelogo Cf ldquoThe Place of the Timaeus in Platos Dialo-guesrdquo (1953) en Studies in Platos Metaphysics ed R E Allen London 1967 (1965) pgs 313-338

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cielo o de las almas116 Se nos informa sin embargo que el geacutenero humano ya ha tenido una vida anterior en la tierra y la intencioacuten central del mito es hacer ver la importancia de llevar una vida de acuerdo con la justicia y la vir-tud Somos nosotros quienes hemos de escoger nuestro propio destino (cf Rep 617d-e Tim 42d) Y bien esta eleccioacuten supone conocimiento y sin virtud y purificacioacuten no hay posibilidad de conocimiento para el alma humana El mito pues ha sido salvado afirma Soacutecrates para que tambieacuten nosotros po-damos salvarnos y ser persuadidos por este mensajero nuestra alma debe permanecer incontaminada (cf Rep 611c)

De acuerdo al relato de Er las almas despueacutes de habeacuterseles mostrado los movimientos celestes son puestas en fila por un profeta (profeteacutes) Ellas deben escoger su propia vida proacutexima despueacutes de un largo viaje a traveacutes del universo (Rep 617d ss) Y es en estas circunstancias en que seguacuten parece se hace presente un peligro real (Rep 618B) ya que el hombre puede elegir lo que es mejor para eacutel solo en la medida en que conoce lo que es mejor El pun-to estaacute en que mientras mejor sea nuestra conducta presente mejores son las perspectivas de una eleccioacuten justa de nuestra vida proacutexima ldquoNinguna divinidad os ha de tomar por su heredad sino que vosotros elegi-reacuteis vuestra divinidad (daimon ) La culpa la tiene el que elige Dios no es culpablerdquo dice el profeta ( Rep 617e)

Puesto que el alma es inmortal la vida presente es solo una pequentildea parte de un lapso sin fin La revelacioacuten de Er estaacute igualmente relacionada con el tipo de vida probable de la proacutexima vida terrestre Quien ha sido capaz de usar su mente y entendimiento en esta vida seraacute sin duda capaz de usarlos en la proacutexima La maacutes grande tarea de la vida presente estaacute en adquirir cono-cimiento en un grado suficiente en vistas de una buena eleccioacuten de la proacutexi-ma ( Rep 618e)

La condicioacuten del alma humana es una mezcla de fuerza y debilidad de

verdad e irrealidad La eleccioacuten de los modelos de alma nunca se presenta

116 Se supone que las almas son siempre las mismas en nuacutemero puesto que no pueden perecer (cf Rep 611A) En Rep 621B Er habla acerca de la lsquogeneracioacutenrsquo de las almas que aquiacute significa la renovacioacuten de las almas por medio de su lsquoencarna-cioacutenrsquo y no la generacioacuten o nacimiento de estas en cuanto tal

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como un asunto de ideales perfectos El arte de elegir descansa en la habili-dad de sortear lsquoel mediorsquo (to meson) evitando excesos en una u otra direccioacuten Y es obra del entendimiento nuestra mejor parte el lograr una vida de maacute-xima felicidad117 El relato nos describe importantes puntos No es posible escapar al ciclo incesante de la vidamdashque es inmortal para todosmdash pero es posible lograr el modo maacutes excelente de vida usando rectamente entendi-miento y justicia Asiacute practicando la virtud e imitando a Dios en la presen-te118 el alma estaraacute mejor preparada para elegir su propia vida futura Asiacute podraacute por consiguiente moverse maacutes cerca de la divinidad En esta perspec-tiva se plasma la actitud de Platoacuten en relacioacuten al arte de la reproduccioacuten imi-tativa La contemplacioacuten de la verdad en su fuente celeste originaria nutre al alma con un saber real que la hace virtuosa la contemplacioacuten de imaacutegenes que son figuras de la realidad le dan un alimento peligroso si no mortal (cf Rep 603b)

El ciclo de la vida entonces es inescapable y la humanidad no puede evadir el gran lugar (toacutepos) en el que estaacute inmersa es decir toda la mole del universo y la revolucioacuten del tiempo que se desenvuelve sin cesar hacia la complecioacuten de su ciclo Estamos ligados a un sitio mdashcorporal animal o celes-temdash y obligados a vivirlo a traveacutes de un tiempo siempre escurrente El lugar celeste se nos dice tiene grados altos y bajos de maacutes pura o maacutes escasa lumi-nosidad Alliacute o aquiacute hay un lugar que es nuestro elemento y que provee el alimento que nutre la vida produciendo felicidad o miseria Solo una vez purificados son capaces los hombres de contemplar los lugares maacutes divinos y vivir de acuerdo con ellos De ese modo imitar a Dios es luchar por la asimi-lacioacuten de lo maacutes divino en nosotros a lo maacutes divino en la regioacuten celeste Esta regioacuten no es aquiacute una idea sino un lugar fiacutesico que en cierta manera nos tras-ciende La naturaleza primera del alma119 se funda en su afinidad con los cie-los principio del caraacutecter astral de su substancia original El relato del Timeo (que como hemos podido comprobar mantiene en diversos aspectos una

117 Rep 619a ldquopues de este modo el hombre llega a ser el maacutes felizrdquo 118 Rep 613a ldquoen cuanto es posible al hombre asemejarse a Diosrdquo Cf Rep 621c 119 Ver en este contexto la imagen del marino Glauco cuya ldquonaturaleza originariardquo no podiacutea ser percibida por el deterioro de su estado y la acumulacioacuten de excrecen-cias nuevas (Rep 611CD)

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relacioacuten estrecha con la Repuacuteblica) se esforzaraacute por explicar en queacute sentido alma y boacuteveda celeste estaacuten relacionadas con la realidad divina e ideal su-pramundana y coacutemo es posible para el alma humana (de un modo semejante a Er en su viaje astral) adquirir filosofiacutea a traveacutes de los espectaacuteculos celestes (cf Tim 47a-d) y vivir conforme a la razoacuten

Una vez que conforme al relato de Er el Armenio las almas han reali-

zado su largo recorrido por los cielos y han contemplado a su vez la luz que como un pilar que se extiende en forma recta a traveacutes de la totalidad del cielo y de la tierra ven por fin tendido el huso de la Necesidad por el que giran todas las revoluciones celestes Llegados alliacute los viajeros se acercan por fin a Laquesis y a un profeta que habla por la divinidad e interpreta su voluntad (X 617d) mientras coge de las rodillas de la misma Laquesis hija de la Nece-sidad lotes y modelos de vida El profeta anuncia a las almas el inicio de la eleccioacuten del hado que ha de pertenecer a cada cual ldquoNo os corresponde en suerte a vosotros dice un espiacuteritu divino (δαίμονα X 617e 1) sino que voso-tros eligireacuteis ese espiacuteriturdquo La mejor eleccioacuten ha de corresponder a una vida virtuosa y el principal mensaje de la divinidad estaacute en que ldquola responsabili-dad es del que elige Dios no tiene culpardquo (X 617e)

Sobre todo no podemos reprochar al dios una infelicidad causada por

una erroacutenea eleccioacuten que combinada con las suertes que proveen los lotes de vida de cada cual deciden el destino miserable o feliz de los mortales El lote de las suertes (τοὺς κλήρους X 617e) y la eleccioacuten son decisivos ambos para la felicidad en esta vida y en el camino expedito de idas y regresos de las re-giones celestes Asiacute entonces en un momento crucial del relato se indica cla-ramente que los dos elementos prevalentes de nuestra ventura son la eleccioacuten de vida que estamos en condiciones de hacer y luego de las suertes que provienen del lanzamiento de los lotes (τὴν τοῦ κλήρου τύχην X 619d) Este sorteo de lotes al parecer permite asignar a cada alma su lugar en el orden de eleccioacuten (ἐν τάξει 620d) Podemos quizaacute contar estas suertes como la par-te que los dioses se reservan en relacioacuten con la eleccioacuten de vida Ello no incide demasiado grandemente en el conjunto del acto que tiene por centro la deci-sioacuten personal El lsquoprofetarsquo habiacutea dicho precisamente al concluir su breve dis-

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curso ldquoQue el primero escoja con atencioacuten y que el uacuteltimo no se desanimerdquo (619b) Conforme a este procedimiento las almas ldquoescogiacutean sus vidasrdquo (620a d) y procediendo a hacer elecciones que son causa de transformaciones en sus ya proacuteximos nacimientos Laquesis es una de las tres Parcas dispensado-ras de las suertes y ocupa un lugar importante en su distribucioacuten ya que es ella la que da a cada cual el lsquogeniorsquo o lsquoespiacuteritu divinorsquo (δαίμωνα 620d) de su eleccioacuten para que les sirve de guardiaacuten en su vida terrenal La eleccioacuten de vida es acompantildeada (συμπέμπειν 620e) por lo que se ve en form gratuita de este regalo incluido en la seleccioacuten el daimon justo antes que Cloto que mueve el huso sancione el destino elegido y Atropo lo vuelva irrevocable

La suerte es tradicionalmente para los griegos un acto propio de la di-

vinidad (cf Ti 25e) y nuestro texto mantiene ese sentido sacro si bien tykhe (τύχη) es un teacutermino de una rica y variada significacioacuten en especial por su relacioacuten con el verbo τυγχάνω lsquoalcanzar tocarrsquo lsquoencontrarse producirse por azarrsquo Ahora bien su sentido etimoloacutegico parece estar en conexioacuten con la idea de lsquohacer fabricarrsquo de ahiacute la significacioacuten maacutes primitiva de tykhe a saber el de acto en especial de una divinidad Por supuesto que es muy importante su significado derivado de lsquofortuna suerte destinorsquo y el significado del vo-cablo oscila en la historia de la lengua entre un acto cuyo agente escapa del control humano el de lsquoazarrsquo producido por una causa de tipo impersonal O bien considerando su resultado se estima que es una lsquobuenarsquo o lsquomalarsquo fortu-na

De alguacuten modo todos estos sentidos estaacuten relacionados aquiacute pero la

tensioacuten principal de Platoacuten estaacute puesta en la nocioacuten de responsabilidad aitiacutea en especial en el hecho de que es el hombre el que decide y la divinidad la que sanciona La suerte es tambieacuten uno de los procedimientos favoritos de la democracia griega como lo veiacuteamos anteriormente que se ejerce ahora sobre las almas que se suponen tambieacuten iguales en sus derechos aparentemente democraacuteticos de eleccioacuten Como se hace notar la eleccioacuten resulta a menudo un fiasco un espectaacuteculo digno de laacutestima en que la costumbre (κατὰ συνήθειν X 620a) de la vida anterior inclina decisivamente el aacutenimo del que elige su vida futura Inercia peligrosa que podemos suponer bien pudo evi-

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tarse alguna vez con el giro del alma desde las sombras hacia la luz La vuelta al nacimiento es precedida por el paso de la llanura del Olvido y la llanura de la Despreocupacioacuten de cuyas aguas beben las almas como si de una activi-dad sacramental se tratara y que marca el inicio del olvido de sus experien-cias anteriores y enfilando como estrellas al lugar del nacimiento inician las almas el regreso a nuestro lugar Er impedido de beber el agua guardoacute el recuerdo

ldquoY es asiacute oh Glaucoacuten dice Platoacuten que el relato (μῦθος) se salvoacute y no

perecioacute y nos puede salvar tambieacuten a nosotros si nos dejamos persuadir por eacutelrdquo (X 621c) El mythos la narracioacuten de Er es lo que queda libre del olvido y por eso mismo a nuestro alcance Se nos presenta como una exhortacioacuten una invitacioacuten a no olvidar eso que solo conocemos por relato y no por conoci-miento y que podriacutea con facilidad perderse para siempre y sin destino Pero el mito se salvoacute gracias a un privilegiado testigo Er el Armenio y permanece ahora para quienes lo conservan en su aacutenimo cual un saber revelado

Ahora Platoacuten nos deja a su vez con una exhortacioacuten a lsquosalvarrsquo el mythos

en nosotros La salvacioacuten del mito se produce mediante la aceptacioacuten la creencia de lo dicho por el filoacutesofo acerca de la inmortalidad del alma La re-puacuteblica entera que ha ido tomando forma mediante el discurso se sostiene toda en el reconocimiento la admisioacuten (νομίζαντες X 621c 3) por parte nues-tra de la inmortalidad del alma y su capacidad de extremos de bien y de mal La calidad de esa alma si traspuesta en clave social nos muestra la capacidad al menos teoacuterica de alcanzar las alturas de un Estado sostenido en el bien y la justicia o concebirlo en sus procesos de decadencia y maacutexima ruina en la in-justicia de la tiraniacutea

Asiacute entonces la teoriacutea del alma emerge nuevamente como el centro vi-

tal de toda la obra esa alma que se mostraba en los extremos de la justicia y la injusticia que se repartiacutea en tres aspectos que sosteniacutean a su vez las clases de la ciudad y que permitiacutean erigir al guardiaacuten filoacutesofo en el rey del estado esa alma que convertida hacia la luz llegaba a contemplar finalmente la cima

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de la idea del bien y luego descendiacutea hacia las sombras por imperativo de esa misma conversioacuten

La decadencia de las ciudades por otra parte se ha estado nutriendo

de la marcha continua de los espiacuteritus hacia el mal y la injusticia desplaza-miento que se realiza en forma gradual y tiene las caracteriacutesticas que presen-tan los movimientos sociales Ahora todas las argumentaciones parecen di-solverse en una suerte de exhortacioacuten final que invita a ir siempre por el ca-mino de arriba y a practicar toda justicia con sabiduriacutea (μετὰ φρονήσεως R 621c 5) Por otra parte hay una estrecha relacioacuten entre la amistad consigo mismo que prevalece en un hombre justo y virtuoso y su amistad para con los dioses que debe permanecer inalterada en el transcurso de esta vida y ldquoen el viaje de mil antildeosrdquo descrito en la historia de Er

La uacuteltima frase de esta extensa y extraordinaria obra ldquoseamos felicesrdquo

en otras palabras ldquoque nos vaya bienrdquo (εὖ πράττειν) deja en evidencia por consiguiente esos objetivos de conversioacuten espiritual que a lo largo de toda la obra mdashy de modo particular y brillante en la alegoriacutea de la Cavernamdash se hi-cieron manifiestos En ese giro del alma hacia la realidad inteligible estaba la causa en ese momento ignorada de su felicidad en todo tiempo y en cuanto se ha visto que la polis platoacutenica deberaacute estar regida por seres transformados por la visioacuten de la verdad y el bien habraacute que suponer ademaacutes que en esa conversioacuten estaacute el fundamento y la razoacuten de ser del proyecto poliacutetico de Pla-toacuten

La filosofiacutea habiacutea surgido en Grecia como una experiencia personal y

sigue sieacutendolo en las paacuteginas de la Repuacuteblica pero en el giro que transforma finalmente a los seres humanos en contempladores de la Idea del bien o me-jor dicho en la Idea del bien mismo se hace manifiesta la condicioacuten social y comunitaria de ese objeto supremo Son las caracteriacutesticas poliacuteticas que esta Idea tiene y que se manifiestan en el acto de ser participada por muchos en diversos grados de capacidad al interior de la ciudad La filosofiacutea experimen-ta asiacute un cambio de orientacioacuten seguacuten que el objeto superior el Bien supera a las Formas ldquoen dignidad y poderrdquo produciendo en todo el sistema ontoloacute-

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gico un reordenamiento ya de hecho en operacioacuten mediante la Idea de belle-za en el Banquete Este nuevo orden metafiacutesico conduce a la fisioacuten del caraacutecter individual de la experiencia filosoacutefica puesto de manifiesto primero en el eros mdashuna experiencia de dos y luego de muchosmdash y continuado en Repuacuteblica como vivencia comunitaria es decir poliacutetica

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B PRESENTACIOacuteN ANALIacuteTICA DE LA OBRA Libro primero 327a-328e Soacutecrates describe coacutemo mientras visitaba el Pireo en com-

pantildeiacutea de Glaucoacuten con el propoacutesito de orar a la diosa y contemplar la celebra-cioacuten de su fiesta120 fue inducido por Polemarco y otros a demorar su vuelta a Atenas Se narra la escena en casa de Polemarco en que Soacutecrates comienza a interrogar a Ceacutefalo ya avanzado en antildeos sobre el tema de la ancianidad Son los propios ancianos dice los que tienen la culpa de sus desgracias

329d-331b Soacutecrates hace nuevas preguntas a Ceacutefalo lsquoLa mayoriacutea de los

hombres diraacuten que son las propias riquezas las que hacen feliz en la anciani-dadrsquo Ceacutefalo lsquoel caraacutecter tiene maacutes que ver con la felicidad que la riquezarsquo Soacutecrates lsquoiquestcuaacutel es la ventaja principal del dinerorsquo Ceacutefalo lsquopermite a los hombres buenos pagar sus deudas a los dioses y a los hombres antes de pa-sar al otro mundorsquo121

331c d Se suscita por primera vez la pregunta de lsquoiquestqueacute es la justiciarsquo

iquestEs simplemente decir la verdad y pagar lo que se debe Polemarco sucede a Ceacutefalo en su lugar en la conversacioacuten122

331e-332b La segunda mitad de la definicioacuten de justicia que Soacutecrates

deduce de las observaciones de Ceacutefalo es ahora acogida y discutida en la forma en que fue expresada por el poeta Simoacutenides lsquoque es justo dar a cada

120 Se celebran presumiblemente las fiestas de la diosa Bendis aunque algunos piensan que se trata maacutes especiacuteficamente de la diosa Atenea 121 Se dice de Ceacutefalo que ldquotiene dinero pero posee tambieacuten moderacioacutenrdquo (CDC Reeve Philosopher Kings Princeton 1988 pg 5) Ceacutefalo ejerce su papel introductorio con la dignidad de quien se siente en posesioacuten de un saber tradicional y de un sen-tido comuacuten nacido de la experiencia ldquoCeacutefalo es un personaje atractivo retratado con delicadeza y respetordquo (ibid pg 6) Representa bien su papel de sostenedor sin complicaciones de las normas y valores morales de su tiempo 122 ldquoCephalus is unable to explain why the disposition to obey the rules of justice and piety is one which exemplifies something unqualifiedly goodrdquo (Kimon Lycos Plato on Justice and Power London 1993 lt1987gt pg 31) Se le encomienda ahora a Polemarco el cometido de explicar lo que Ceacutefalo no hizo

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cual lo debidorsquo (τὰ ὀφειλόμενα) En la seccioacuten presente Soacutecrates se limita a sonsacar el significado de lsquodebidorsquo En lo que concierne a los amigos es algo bueno en lo que concierne a los enemigos algo malo en teacuterminos generales es aquello que es conveniente o apropiado (τὸ προσῆκον) De hecho Simoacuteni-des quiso decir que la justicia consiste en hacer bien a los amigos y mal a los enemigos

332c-336a La definicioacuten es adicionalmente aclarada hasta el 333b y

despueacutes de eso Soacutecrates comienza a criticarla En primer lugar se hace maacutes precisa la definicioacuten representando a la

justicia como un arte cuya ocupacioacuten es beneficiar a los amigos y perjudicar a los enemigos (332 c d) Se suscita entonces la pregunta de iquestcoacutemo el arte de la justicia123 beneficia a los amigos y dantildea a los enemigos Por analogiacutea con otras artes Polemarco es inducido a decir que la justicia beneficia a los ami-gos y dantildea a los enemigos (1) luchando en favor de ellos o contra ellos en tiempo de guerra y (2) en conexioacuten con asociaciones que se ocupan del dine-ro en tiempo de paz (332d- 333b) La explicacioacuten del dicho de Simoacutenides estaacute ahora completa

Soacutecrates primero dirige su ataque contra (2) En los casos en que debe usarse dinero no es la justicia sino alguacuten otro arte que es uacutetil para el propoacute-sito requerido en otras palabras la justicia es (en tiempo de paz) uacutetil solo pa-ra tratar con dinero inuacutetil o sin utilizar u otros objetos sin utilizar cosa que es una visioacuten indigna del arte (333b- 334b) Polemarco perplejo reitera su defi-nicioacuten en su antigua forma y Soacutecrates en seguida comienza una nueva viacutea de argumentacioacuten Por lsquoamigosrsquo y lsquoenemigosrsquo Polemarco quiere sentildealar a aque-llos que a nosotros nos parecen (τοὺς δοκοῦντας) buenos y malos no aque-llos que lo son (τοὺς ὄντας) Pero como a menudo los hombres malos nos parecen buenos y los buenos malos la justicia a menudo consistiraacute en benefi-ciar a hombres malos y en dantildear a hombres buenos es decir en ser injustos con aquellos que no lo son o a la inversa si rehusamos aceptar esta conclu-sioacuten y sostener que es justo el beneficiar al justo y el perjudicar al injusto a

123 La consideracioacuten de la justicia como un arte (τέχνη) recuerda un punto de vista tiacutepicamente socraacutetico

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menudo seraacute justo perjudicar a amigos y beneficiar a enemigos a saber cuando nuestros amigos son malos y nuestros enemigos buenos (334c-334e)

Polemarco en seguida rectifica su explicacioacuten de lsquoamigorsquo y lsquoenemigorsquo en lsquoel que a la vez parece y es buenorsquo y lsquoel que a la vez parece y es malorsquo y ahora viene la definicioacuten lsquoes justo el beneficiar al amigo si eacutel es bueno y da-ntildear al enemigo si eacutel es malorsquo (335a)124

Hecha esta correccioacuten a la definicioacuten Soacutecrates le dirige a continuacioacuten la palabra Eacutel prueba primero por analogiacutea con las otras artes que el perjudicar a un ser humano es hacerlo peor respecto a la excelencia humana (εἰς τὴν ἀνθρωπείαν ἀρετὴν) es decir la justicia en otras palabras hacerlo maacutes in-justo y despueacutes por medio de un razonamiento similar de afinidad prueba que nadie puede ser hecho maacutes injusto por alguien que es justo125 El dicho de Simoacutenides si Polemarco lo ha explicado correctamente era maacutes digno de un tirano que de eacutel (335a-336a)126

336a-337b Presentacioacuten de Trasiacutemaco Su airada reaccioacuten al meacutetodo so-

craacutetico de preguntas Se ha levantado como una fiera llenando de temor a Polemarco y a Soacutecrates Piensa que Soacutecrates estaacute persuadido de que es maacutes faacutecil preguntar que contestar por lo que debe eacutel ahora contestar queacute entiende por justo

337a-339b Luego de alguacuten altercado Trasiacutemaco declara finalmente que

la justicia es lsquoel intereacutes (τὸ συμφέρον)127 del maacutes fuertersquo Los gobernantes son maacutes fuertes que aquellos a quienes ellos gobiernan y en cada estado hacen

124 Las ambiguumledades de esta definicioacuten seraacuten a continuacioacuten expuestas por Soacutecra-tes pero Polemarco ha representado bien su papel a saber el de dar a conocer ldquoel agudo diagnoacutestico de Platoacuten de los peligros a los que puede conducir en la praacutectica una comprensioacuten lsquopoliacuteticarsquo o lsquociacutevicarsquo de la justiciardquo (K Lycos op cit pg 37) 125 Soacutecrates afirma ldquoNo es por tanto iexcloh Polemarco obra propia del justo el hacer dantildeo ni a su amigo ni a otro alguno sino de su contrario el injustordquo (335 d) y agrega como conclusioacuten de este importante paacuterrafo ldquopues que ni lo justo ni la justicia se nos muestran asiacute iquestqueacute otra cosa diremos que es ellordquo (336a) A continuacioacuten viene la furiosa reaccioacuten de Trasiacutemaco contra el meacutetodo de investigacioacuten de Soacutecrates 126 Polemarco ha realizado una suerte de identificacioacuten entre la justicia y el poder social con ello se dificulta la comprensioacuten de la justicia como una virtud que hace mejor al ser humano 127 En el sentido de lsquoprovecho utilidad gananciarsquo

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aprobar leyes en su propio intereacutes y lo que se hace en su propio intereacutes a eso llaman justo128

339b-341a Ahora que se ha explicado el significado de la definicioacuten Soacute-

crates procede a atacarla Incluso si se asume que los gobernantes buscan su propio beneficio aun asiacute ellos a menudo yerran y promulgan leyes que son perjudiciales para ellos mismos por consiguiente asiacute como es justo para los suacutebditos el obedecer a sus gobernantes la justicia consistiraacute algunas veces en hacer lo inconveniente para el maacutes fuerte Soacutecrates reitera esta objecioacuten y es apoyado por Polemarco Clitofonte por su parte insiste en que lo que Trasiacute-maco quiso decir fue que lsquoel intereacutes del maacutes fuertersquo era lo que el maacutes fuerte pensaba que era para su propio intereacutes lo justo era hacer lo ordenado por los gobernantes y esto correcta o erroacuteneamente el maacutes fuerte suponiacutea que le conveniacutea Trasiacutemaco rehusa valerse de esta indicacioacuten y explica que estric-tamente hablando los gobernantes en cuanto que gobernantes no pueden errar Eacutel apoya esta declaracioacuten argumentando a partir de la analogiacutea con los meacutedicos y otros alegando que su concesioacuten anterior fue solo una manera po-pular de expresar el hecho de que los gobernantes parecen errar Por consi-guiente la definicioacuten original fue estrictamente correcta Justicia es el intereacutes del maacutes fuerte puesto que los gobernantes hacen leyes en su propio prove-cho y en cuanto que gobernantes son infalibles

341a-342e Soacutecrates ahora se enfrenta con Trasiacutemaco en su propio te-

rreno y ataca su definicioacuten conforme a lsquola forma maacutes estrictarsquo de argumento Eacutel muestra por analogiacutea129 que cada gobernante en cuanto gobernante busca el bien de aquellos que gobierna puesto que cada arte aspira al bien de su

128 Se presentan por primera vez los aspectos poliacuteticos de la justicia (ver Leyes 714c ss) ldquoTenemos motivos por consiguiente para suponer que la definicioacuten que Platoacuten pone en boca de Trasiacutemaco representa una teoriacutea corriente en la poliacutetica del mo-mentordquo (J Adam pg 25) En ese sentido es probable que Platoacuten quiera presentar aquiacute a Trasiacutemaco como ldquoel portavoz del realismo poliacutetico llevado hasta sus uacuteltimas consecuenciasrdquo (Jacqueline Bordes Politeia dans la penseacutee grecque jusquagrave Aristote Pariacutes 1982 pg 251) Realismo significa aquiacute en liacuteneas generales relativismo 129 Se dice aquiacute lsquoanalogiacutearsquo del razonamiento aquella en que las relaciones o las se-mejanzas son deducidas de otras que son conocidas u observadas

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ocupacioacuten u objeto propio y peculiar y no a su propia conveniencia pues en cuanto arte nada le falta

343a-344c Trasiacutemaco con gran insolencia de tono abandona ahora su

punto de vista idealista y toma un ejemplo de la experiencia El pastor en realidad no busca el bien de su rebantildeo sino que lo engorda para su ventaja propia o la de su amo De manera parecida el gobernante digno de su nom-bre aspira a su propia ventaja Justicia es lsquoel bien de otros hombresrsquo (ἀλλότριον ἀγαθόν) mientras que injusticia es el suyo propio al hombre justo le va peor que al injusto en todas partes en asuntos comerciales y en poliacutetica Que es de utilidad mucho mayor el ser injusto que justo se puede ver del caso de los tiranos que representan la injusticia en su forma maacutes per-fecta Todos los hombres los envidian Finalmente Trasiacutemaco reitera su teoriacutea original con la observacioacuten de que la injusticia en una escala suficientemente grande es al mismo tiempo maacutes fuerte maacutes digna de un hombre libre y maacutes perfecta y sentildeorial que la justicia

344d-347e La contestacioacuten de Soacutecrates se divide en tres partes En la

primera (344d-347e) luego de expresar enfaacuteticamente su desacuerdo con los puntos de vista de Trasiacutemaco y de protestar contra la retractacioacuten del sofista (en el ejemplo del pastor y sus ovejas) de la doctrina de que todo gobernante busca el bien de sus suacutebditos Soacutecrates vuelve a la forma maacutes estricta de razo-namiento a que Trasiacutemaco le habiacutea previamente desafiado sentildeala que no hay gobernante propiamente asiacute llamado que gobierne gustosamente ellos re-quieren sueldos Cuando alguacuten tipo de dominio por ejemplo un arte es ejer-cido en ventaja del que lo gobierna el beneficio viene de la operacioacuten concu-rrente del lsquoarte de obtener gananciasrsquo y no del gobierno mismo La medicina proporciona salud el arte de las ganancias el sueldo que le acompantildea el doc-tor obtiene sus honorarios no en cuanto doctor sino en cuanto receptor de su sueldo

Asiacute no es el gobernante en cuanto gobernante sino los suacutebditos como

ya se dijo los que cosechan el beneficio El sueldo que induce a un hombre a gobernar puede ser el dinero o el honor o la perspectiva de un castigo si

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rehusara La multa maacutes eficaz en el caso de las mejores naturalezas es la perspectiva de ser gobernados por hombres peores que ellos mismos En una ciudad de hombres buenos estar libre de cargos seriacutea buscado con tanto an-helo como lo es ahora el cargo mismo130 Con esto termina por ahora la refu-tacioacuten de la teoriacutea de que la justicia es el intereacutes del maacutes fuerte Soacutecrates pro-mete reanudar el tema en otra ocasioacuten

347e-348b Introduccioacuten a la segunda parte de la respuesta de Soacutecrates a

Trasiacutemaco Deciden el procedimiento a seguir en la discusioacuten que seraacute me-diante un examen con mutuas aceptaciones en que ellos mismos seraacuten a la vez jueces y oradores

348b-350c Trasiacutemaco identifica ahora a la justicia con la simplicidad

(εὐήθειαν)131 la injusticia con la discrecioacuten (εὐβουλίαν)132 La injusticia eacutel la atribuye a la virtud (ἀρετῆς) y a la sabiduriacutea (σοφίας) la justicia a sus opuestos Eacutel luego declara que la injusticia es fuerte y hermosa y estaacute prepa-rado para afirmar de ella todo lo que usualmente se predica de la justicia (348b-349b)

Soacutecrates entonces comienza una refutacioacuten muy sutil recurriendo a la afirmacioacuten de que la injusticia es virtud y sabiduriacutea (349b-350c)

(1) El hombre justo hace lo posible por sacar ventaja133 del injusto pero no del justo el hombre injusto saca ventaja del justo y del injusto Por consi-guiente generalmente el hombre justo se esfuerza por sacar ventaja del de-semejante el hombre injusto en sacar ventaja tanto del semejante como del desemejante Ademaacutes el injusto por ser sabio y bueno se asemeja al sabio y

130 Es una suerte de principio en la ciudad ideal el que los mejores se hallen poco dispuestos a ocuparse en tareas de gobierno y se resistan a abandonar una vida de contemplacioacuten 131 Cada uno de los interlocutores querraacute usar el vocablo con matices diferentes Su sentido maacutes baacutesico puede ser el de lsquocandidez inocenciarsquo o si se quiere lsquoingenuidadrsquo J Adam lo interpreta como lsquosimplicidadrsquo 132 ldquoεὐβουλία lteubouliacutea gt era preeminentemente una virtud poliacuteticardquo J Adam pg 49 133 El verbo πλεονεκτεῖν (pleonekteicircn) encierra el sentido baacutesico de lsquoser codiciosorsquo aquiacute he preferido el significado de lsquosacar ventajarsquo al de lsquoengantildearrsquo overreach de Adam Indudablemente que ambos sentidos estaacuten presentes en el verbo griego

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bueno mientras que el justo por ser ignorante y malo se parece al ignorante y malo en una palabra cada cual es como aquellos a quienes se parece

(2) Por otra parte a partir de la analogiacutea de las artes se ve que el que conoce trata de sacar ventaja del desemejante mientras que el ignorante trata de sacar ventaja tanto del semejante como del desemejante Pero el hombre que sabe es sabio y el sabio es bueno podemos por consiguiente substituir en la uacuteltima frase lsquohombre sabio y buenorsquo por lsquoel hombre que sabersquo e lsquoigno-rante y malorsquo por lsquoignorantersquo Comparando entonces las conclusiones (1) y (2) vemos que los justos son como los sabios y buenos esto es son sabios y buenos (puesto que ellos son tal como aquellos a quienes ellos se asemejan) mientras que los injustos de manera semejante son ignorantes y malos Asiacute se refuta la tesis de que la injusticia es virtud y sabiduriacutea

350c-352d Ahora Soacutecrates ataca la segunda afirmacioacuten hecha por Tra-

siacutemaco en 349a a saber que la injusticia es fuerte La justicia (argumenta eacutel) es maacutes fuerte que la injusticia tanto porque ella es (como hemos visto) virtud y sabiduriacutea como porque ella es en sus efectos la antiacutetesis de la injusticia que infunde odiosidad y sedicioacuten a la vez entre conjuntos de individuos co-mo en el individuo mismo134 La injusticia debilita al impedir la accioacuten comu-nitaria hace a los hombre colectiva e individualmente odiosos a siacute mismos y a los justos entre los que estaacuten los dioses Cuando la injusticia parece ser fuer-te lo es en virtud de una justicia latente que ella todaviacutea retiene

352d-354c Aquiacute el argumento vuelve a 347e y el resto del libro ofrece

una refutacioacuten directa de la opinioacuten de que la injusticia es maacutes ventajosa que la justicia en otras palabras que la vida del hombre injusto es mejor que la del justo Una refutacioacuten indirecta dice Soacutecrates es proporcionada por la dis-cusioacuten reciente (de 348b a 352d) la directa es como sigue Todo tiene tiene su operacioacuten peculiar o producto (ἔργον) mdasheso que especialmente eacutel solo pro-

134 Al contrario de la injusticia que produce disensioacuten ldquola justicia proporciona concordia y amistadrdquo (351 d) La lsquoconcordiarsquo (ὁμόνια) y la lsquoamistadrsquo (φιλία) se re-fuerzan mutuamente

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duce mejor que cualquier otra cosa135 Todo ademaacutes tiene su propia y pecu-liar excelencia (ἀρετή) sin la que no podraacute hacer bien su trabajo136

Ahora bien la operacioacuten del alma es preocuparse (ἐπιμελεῖσθαι) go-

bernar (ἄρχειν) deliberar (βουλεύεσθαι) vivir (ζῆν) su excelencia es la jus-ticia Por consiguiente el alma justa viviraacute bien y el que vive bien es feliz y dichoso Y como esto es maacutes ventajoso que ser miserable la injusticia (ἀδικία) jamaacutes puede ser maacutes ventajosa que la justicia (δικαισύνη) En conclusioacuten Soacute-crates resume con cierto pesar en tanto que no conozcamos lo que es la justi-cia es difiacutecil que se sepa si es una virtud o un vicio y si su posesor es feliz (εὐδαίμων) o infeliz137

Libro segundo 357a-358e Soacutecrates pensaba que la conversacioacuten habiacutea concluido pero

Glaucoacuten revive la teoriacutea de Trasiacutemaco Se ponen de acuerdo acerca de una clasificacioacuten triple de bienes Los bienes son deseables ya sea (1) por siacute mis-mos o (2) a la vez por siacute mismos y por sus consecuencias o (3) solo por sus consecuencias La justicia es colocada por Soacutecrates en la segunda y maacutes noble de esas tres clases Glaucoacuten por su parte afirma que la mayoriacutea lo coloca en el tercero y propone defender la creencia de la mayoriacutea no como sostenieacuten-

135 Este ha de ser uno de los principios fundamentales de la estructura poliacutetica de toda la Repuacuteblica (cf II 369e ss) 136 ldquoPlato explains virtue as excellence in a particular function or role (ergon) (R 353b2-d1) and his explanation matches the normal use of lsquoaretendashmdashrsquo Dogs horses athletes can all be good or bad possess or lack a virtue in so far as they are good or bad at what is expected of them in their particular role (R 335b6-c2) However So-crates is interested in one subset of virtues those of his short list Unlike other aretai these are particularly humanrdquo (T Irwin Platos Moral Theory Oxford 1982 lt1977gt pg 14) 137 T Irwin (op cit pg 180) se pregunta si Platoacuten acepta realmente los argumentos de Soacutecrates en el libro I responde que ciertamente eacutel acepta algunas de las conclu-siones (1) que la justicia beneficia al hombre justo (2) que el hombre justo beneficia a otros (3) que a los hombres justos no les gusta gobernar pero gobernaraacuten bien (347d 1-6) y que la justicia es la virtud del alma ldquoEstas conclusiones dice son de-fendidas posteriormente en la Repuacuteblica pero con argumentos diferentesrdquo

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dola eacutel por siacute mismo sino para forzar a Soacutecrates a defender la justicia y con-denar la injusticia consideradas por sus propios meacuteritos en siacute mismas Eacutel piensa que Trasiacutemaco se ha dado por vencido demasiado pronto

358e-359b Glaucoacuten describiraacute primero el origen y la naturaleza de la

justicia de acuerdo con la teoriacutea que eacutel se ha propuesto sostener De acuerdo con la naturaleza (πεφυκέναι) cometer injusticia (ἀδικεῖν) es un bien sufrir injusticia (ἀδικεῖσθαι) un mal138 Pero como hay maacutes mal en sufrir injusticia que bien en cometerla la experiencia hace a los hombres el decidirse a esta-blecer leyes (νόμους) y pactos (συνθήκας) mutuos de no cometer y de no sufrir injusticia A las prescripciones colectivas de este pacto se llama ley y justicia Justicia es de consiguiente un compromiso entre el mejor curso de accioacuten es decir causar perjuicio sin incurrir en ninguna pena139 y el peor es decir sufrir perjuicio sin poder imponer un castigo retributivo140 No aceptaraacute el compromiso quien sea suficientemente fuerte como para hacer perjuicio141 con buen eacutexito

359b-360d En segundo lugar mdashprecisa Glaucoacutenmdash nadie es voluntaria-

mente justo Demos al justo y al injusto el poder maacutes pleno para ejercer su voluntad aseguraacutendolos contra todo tipo de consecuencias perniciosas deacute-mosles la facultad de hacerse invisibles como la que Giges poseiacutea a traveacutes de su anillo y el justo mostraraacute que no es mejor que el injusto142 Si con este po-

138 Seraacute importante tener en cuenta la comparacioacuten constante que se hace entre el sentido activo de adikeicircn ldquocometer injusticiardquo y el pasivo adikeicircsthai ldquosufrir o pade-cer injusticiardquo 139 ἐὰν ἀδικῶν μὴ διδῷ δίκην ldquoque no sufra castigo quien cometa injusticiardquo (359a) 140 ἐὰν ἀδικούμενος τιμωρεῖσθαι ἀδύνατος ᾖ ldquoque quien padezca injusticia sea incapaz de vengarserdquo (ibid) 141 lsquocometer injusticiarsquo 142 ldquoPara mostrar porqueacute la teoriacutea del contrato no proporciona una buena razoacuten para ser justo Glaucoacuten introduce el anillo de Giges que elimina las consecuencias artificiales de la accioacuten injusta quien acepta la teoriacutea del contrato usaraacute el anillo de Giges si es sabio (359b6-c6 360c6-d2)rdquo (T Irwin op cit pg 186) Pero Giges antildeade Irwin elimina solo las consecuencias artificiales de esa accioacuten injusta lo que en uacutel-timo teacutermino proporciona una buena razoacuten para rehusar el anillo ldquoy persistir en la justicia por sus buenas consecuencias naturalesrdquo Esto es asiacute no obstante que Glau-coacuten mdashseguacuten afirma nuestro autormdash estaacute auacuten en la razoacuten al decir que un partidario

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der de ocultarse a siacute mismo el hombre justo todaviacutea rehusa actuar injusta-mente no hay duda que los hombres lo elogiariacutean abiertamente pero en se-creto lo juzgariacutean totalmente miserable y necio

360d-362c En tercer lugar la vida del injusto mdashseguacuten nuestra teoriacuteamdash

es mucho mejor que la del justo Supongamos a cada uno de estos la personi-ficacioacuten perfecta de su tipo el uno es un artista consumado en iniquidad ca-paz de apremiar cuando es necesario y listo al mismo tiempo en simular dis-frutando de la maacutes alta reputacioacuten de justo mientras es culpable de los actos peores de injusticia el otro en cambio deseoso no de ser estimado bueno sino de serlo afanaacutendose hasta la muerte bajo la imputacioacuten de la peor injus-ticia aunque eacutel permanece justo Solo por medio de esta suposicioacuten podemos asegurarnos de que el justo no ha sido atraiacutedo por las recompensas de la jus-ticia sino por la justicia misma iquestCuaacutel seraacute el resultado El justo seraacute todo un miserable y fracasado el injusto enteramente proacutespero y feliz haciendo el bien a sus amigos y el mal a sus enemigos incluso maacutes el injusto seraacute maacutes querido a los dioses que el justo porque tiene con queacute ganar sus favores

362c-363e En este punto Glaucoacuten cede el paso a Adimanto Glaucoacuten

habiacutea sostenido la superioridad de la injusticia Adimanto apoyaraacute la misma tesis explicando el argumento usualmente propuesto en favor de la justicia En primer lugar cuando los padres y amigos exhortan al joven a seguir la justicia ellos no alaban a la justicia misma sino las recompensas que la justi-cia se granjea de hombres y dioses Homero y Hesiacuteodo describen los benefi-cios que se derivan de la justicia en la vida presente mientras que Museo y su hijo aseguran a sus devotos una bienaventuranza sensual en la vida futura y otros prometen al hombre piadoso una larga liacutenea de descendientes pero re-legan al malvado al castigo despueacutes de la muerte y a la impopularidad du-rante la vida

de la teoriacutea del contrato usaraacute el anillo de Giges y ldquoaunque su uso seraacute maacutes restrin-gido de lo que Glaucoacuten declara lo seraacute suficientemente frecuente como para mos-trar que una teoriacutea Humeana que apela en favor del sistema de justicia a causa de las malas consecuencias de la accioacuten injusta no proporciona razones para ser justordquo A Ophir (Platos Invisible Cities London 1991 pgs 42-43) en su anaacutelisis del tema afirma ldquoEl mito de Giges es una historia de distinciones desdibujadas y de liacuteneas de demarcacioacuten violadasrdquo

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363e-365a En segundo lugar mdashcontinuacutea Adimantomdash tanto por los poe-

tas como en la vida privada la virtud es calificada de honorable pero difiacutecil el vicio de faacutecil y vergonzoso solo por convencioacuten (νόμῳ) La injusticia dicen los hombres es el mejor curso de accioacuten ellos admiran al rico vicioso y des-precian al pobre virtuoso Lo maacutes sorprendente de todo a los dioses mismos se les considera a veces benignos con el malvado y poco amables con el bueno y hay adivinos que pretenden tener el poder de parte de los dioses de purificar al injusto con sacrificios o conjuros realizados festivamente y se comprometen a dantildear a los enemigos por un gasto insignificante de dinero En apoyo de tal doctrina ellos citan a los poetas Hesiacuteodo por ejemplo y Homero Hay asimismo libros que contienen foacutermulas de sacrificios con cuya utilizacioacuten los hombres estaacuten convencidos de que sus faltas pueden ser per-donadas tanto en vida como despueacutes de la muerte

365a-367e Finalmente iquestcuaacutel es el efecto en las almas de los joacutevenes Joacute-

venes bien dotados son animados a practicar la injusticia mientras fingiendo exteriormente ser justos Para evitar ser descubiertos por sus compantildeeros ellos forman asociaciones poliacuteticas y emplean la persuasioacuten y la fuerza Se pueden permitir ignorar a los dioses porque o no hay dioses o estos no se ocupan del hombre o mdashseguacuten aquellos que son las solas autoridades en lo que respecta a su existenciamdash se los puede aplacar con los ingresos de la in-justicia Hay ritos especiales y dioses que nos pueden librar del castigo des-pueacutes de la muerte eso dicen los propios hijos de los dioses143 Los argumen-tos en favor de la injusticia son tan fuertes que incluso aquellos que pueden refutarlos son indulgentes y admiten que nadie es justo voluntariamente144 excepto por una innata disposicioacuten virtuosa o por conocimiento cientiacutefico

Depende de ti Soacutecrates mdashdice Adimantomdash ahora por la primera vez

elogiar a la justicia y censurar a la injusticia en siacute y por siacute misma (αὐτὴ δ᾽

143 Como seguacuten el razonamiento es el caso de Orfeo y Museo 144 En el relato de Giges Glaucoacuten habiacutea afirmado (II 360c) que ldquonadie es justo de propia voluntad a menos que esteacute obligado a serlordquo (ὅτι οὐδεὶς ἑκὼν δίκαιος ἀλλ᾽ ἀναγκαζόμενος) ahora se vuelve a repetir dando razones parecidas aunque maacutes especiacuteficas A ello Soacutecrates ha de oponer nadie es injusto voluntariamente

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αὐτὴν) aparte de sus elementos accesorios Incluso maacutes debes asignar a cada cual la reputacioacuten de que goza la otra y no mostrarnos meramente que la jus-ticia es mejor que la injusticia Cueacutentanos queacute efectos producen ellas separa-damente en sus posesores a consecuencia de lo cual el uno es bueno el otro malo145

367e-369b En un corto interludio Soacutecrates luego de felicitar a Glaucoacuten

y Adimanto hace algunas observaciones acerca de la magnitud de la tarea que tiene por delante nada menos que la defensa de la justicia contra sus di-famadores Como los de corta vista son maacutes capaces de reconocer las letras pequentildeas de lejos si han estudiado previamente las mismas letras reproduci-das en tamantildeo mayor y sobre un fondo maacutes amplio asiacute mdashdice Soacutecratesmdash estudiemos la justicia en un objeto mayor esto es en las ciudades146 y des-pueacutes buscar sus rasgos distintivos en un objeto menor en otras palabras en el individuo La contemplacioacuten (θεασαίεθα) de una ciudad en proceso de crea-cioacuten nos mostraraacute coacutemo surge con ella la justicia y la injusticia147

145 Si se hubiera interrogado a Platoacutenmdash-piensa J D Mabbott (ldquoIs Platos Republic Utilitarianrdquo en Plato II Ethics Politics and Philosophy of Art and Religion Ed by G Vlastos New York 197 (57-65) de si eacutel quiso sentildealar que un hombre que posee la justicia en su alma posee tambieacuten como consecuencia natural la felicidad por cuya sola razoacuten valiacutea la pena ser justo Platoacuten habriacutea rechazado tal interpretacioacuten Lo que la justicia hace es volver armoniosa al alma y su armoniacutea es la justicia y no una con-secuencia de ella De ahiacute que seguacuten dice Mabbott ldquoSoacutecrates tiene que mostrar que la justicia es buena tanto en siacute misma como en sus consecuenciasrdquo (ibid pg 60) 146 Que equivale a decir en los estados que ellas constituyen Se trata de un paso metodoloacutegico importante se estudiaraacute primero la justicia en la ciudad para luego examinar la justicia del individuo Este sistema de investigacioacuten se constituye de aquiacute en adelante en una de las caracteriacutesticas maacutes constantes de toda la obra Esto trae como consecuencia que haya una estrecha analogiacutea entre las sociedad y el indi-viduo 147 La investigacioacuten acerca de la poliacutetica se hace inseparable del estudio antropoloacute-gico que en Platoacuten es fundamentalmente un saber acerca del alma humana Bien dice J G Gunnell ldquostate and soul are inseparablerdquo (Political Philosophy and Time Plato and the Origins of Political Vision ChicagoLondon 1987 lt1968gt pg 153) Se establece asiacute claramente que el estado ldquoencuentra su origen en las necesidades del hombre y el auge y la caiacuteda del orden social es un problema del tiempo humano o de la historiardquo (ibid) Se asienta por lo demaacutes en este punto del texto el meacutetodo de acuerdo con el cual se va a proceder en el resto de la obra con excepcioacuten de los li-bros V-VII los que como afirma J Adam ldquoare professedly a lsquodigressionrsquordquo y el libro X ldquowhich is of the nature of an epiloguerdquo (pg 91)

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369b-372d El primer bosquejo de una ciudad-estado148 La ciudad surge a la vida a raiacutez de que el individuo no es auto-

suficiente149 Podemos considerarla como la unioacuten de muchos individuos que se ayudan mutuamente uno al otro en un lugar (εἰς μίαν οἴκησιν) El indivi-duo da y toma porque piensa que es mejor para eacutel hacerlo asiacute

Ahora bien la primera necesidad del hombre es el alimento la segunda la habitacioacuten la tercera el vestuario y cosas parecidas150 El estado maacutes pe-quentildeo posible consistiraacute por consiguiente en un labrador un albantildeil un te-jedor un zapatero y alguacuten otro que atienda necesidades materiales cuatro o cinco en total Cada uno de estos debe trabajar para todos porque la natura-leza ha adaptado a hombres diferentes para diferentes tipos de trabajo y por-que cada tipo de trabajo tiene su momento criacutetico cuando hay que realizarlo sin desatenderlo Nuestro principio es un hombre un trabajo151 En conse-cuencia requeriremos carpinteros y herreros para hacer instrumentos para el labriego tejedor y zapatero asiacute como varios tipos de pastores para suminis-trar ganado para arar y transportar junto con pieles y lanas para el vestuario Ya que es casi imposible hacer la ciudad auto-suficiente requeriremos inter-mediarios para introducir mercanciacuteas y como las importaciones suponen ne-

148 La lsquoprimera ciudadrsquo de Platoacuten cuya descripcioacuten por momentos es iroacutenica ad-quiere el caraacutecter de fundamento sobre el que se construye la ciudad y de hecho ldquoaunque algunos de sus rasgos son impliacutecitamente corregidos o como consecuencia sustituidos auacuten permanece en general un cuadro simpaacutetico de la vida del estrato maacutes bajo en la ciudad de Platoacuten y en ninguna parte es expresamente suprimido o abolidordquo (J Adam pg 100) 149 Luego de haber hecho notar J Adam (pg 93) que el episodio presente es su-puestamente un relato histoacuterico de la generacioacuten de la sociedad (cf Leyes III 676a ss) considera que la atmoacutesfera que predomina no es histoacuterica o legendaria sino idealis-ta y deberiacutea verse la ciudad primordial de Platoacuten como ldquouna descripcioacuten preliminar y provisoria del fundamento industrial sobre el que han de descansar las partes maacutes elevadas de su propia ciudad idealrdquo 150 Ciertos lemas poliacuteticos deciacutean ldquopan techo y abrigordquo ciertamente un le ma muy platoacutenico 151 Una afirmacioacuten preliminar es que por el hecho de haber diferencias naturales entre los hombres nadie es por naturaleza exactamente igual a otro en consecuen-cia la diversidad del trabajo surge de las distinciones naturales entre los individuos Al mismo tiempo se desprende de aquiacute que el mejor modo de realizar ese trabajo es dedicaacutendose enteramente a eacutel Esto es en la ciudad cada cual debe realizar un solo trabajo no varios es un principio fundamental de la distribucioacuten del trabajo en la ciudad platoacutenica

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cesariamente exportaciones el nuacutemero de labriegos y artesanos en nuestra ciudad creceraacute y tendremos necesidad de comerciantes viajeros para colocar la produccioacuten y expertos en transporte mariacutetimo en caso que el comercio se realice por mar

Ademaacutes para facilitar el intercambio en el interior de la ciudad debe haber un mercado (ἀγορὰ) y moneda acuntildeada y comerciantes al detalle que actuacuteen como intermediarios entre el productor y el consumidor Los comer-ciantes detallistas deberiacutean ser aquellos que son incapaces fiacutesicamente de ocuparse en cualquiera otra ocupacioacuten Habraacute tambieacuten trabajadores asalaria-dos en nuestra ciudad152

iquestDoacutende estaacuten pues la justicia y la injusticia en tal repuacuteblica iquestJunto con queacute partes integrantes del estado hacen ellas su aparicioacuten Adimanto sugiere que deberiacuteamos buscarlas en las mutuas relaciones de las diversas categoriacuteas en la ciudad Examinemos el asunto dice Soacutecrates Los ciudadanos viviraacuten la vida simple y descuidada de vegetarianos satisfaciendo solo las modestas demandas de sus apetitos naturales A una indicacioacuten de Glaucoacuten se les con-cede unos pocos lujos vegetarianos adicionales

372d-373c Glaucoacuten protesta contra el caraacutecter cerduno de tal tipo de vi-

da piensa que se deberiacutea permitir mayor bienestar Mientras expresa su opi-nioacuten de que un estado saludable es tal como lo ha descrito Soacutecrates estaacute dis-puesto a describir una ciudad en estado de inflamacioacuten (φλεγμαίνουσα)153 pues examinaacutendola puede ser que se comprenda de queacute modo surgen la justicia y la injusticia (372d-372e)

El segundo bosquejo de una ciudad comienza ahora (372e ss)154 Algunos no estaraacuten satisfechos con las disposiciones de nuestra primera

ciudad y exigiraacuten una variedad de comodidades fiacutesicas y refinamientos y deleites artiacutesticos Una multitud de cazadores y artistas imitadores de diferen-tes tipos brotaraacuten de consiguiente y la estirpe de intermediarios se veraacute in-

152 Es decir que venden el empleo de su fuerza por un precio llamado salario 153 Es decir atacada por una infeccioacuten que la tiene hinchada 154 Es la lsquociudad purificadarsquo (cf J Adam pg 100) que representa la lsquosegunda ciu-dadrsquo (II 372e-IV) de Platoacuten (la lsquoprimerarsquo se habiacutea mostrado insuficiente para la satis-faccioacuten de las necesidades humanas baacutesicas)

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crementada grandemente Como una dieta de carne se pondraacute de moda ha-braacute demanda de porquerizos y se multiplicaraacute el ganado El nuevo estilo de vida pondraacute los doctores en circulacioacuten

373d-376c A consecuencia del aumento de poblacioacuten se requeriraacute maacutes

territorio Tendremos de consiguiente que apropiarnos de algo de la tierra de nuestro vecino exactamente como bajo similares condiciones ellos echaraacuten mano sobre la nuestra He aquiacute el origen de la guerra155 Las obligaciones de la guerra mdashseguacuten nuestro principio de la subdivisioacuten del trabajomdash nos com-prometeraacute con un ejeacutercito permanente de soldados profesionales o lsquoguardia-nesrsquo (τῶν φυλάκων)156 Ahora bien como la guerra exige no solo concentra-cioacuten y aplicacioacuten sino tambieacuten una cierta aptitud natural nuestros guardia-nes deben ser calificados por naturaleza para sus obligaciones es decir como perros de raza ellos deben ser agudos para percibir veloces para perseguir y fuertes en el combate efectivo Ellos deberiacutean tambieacuten ser valientes (ἀνδρεῖος)157 y animosos (θυμοειδὴς)158 pero gentiles (πρΏους) con sus con-ciudadanos y entre siacute Escasa es la conjuncioacuten de gentileza y aacutenimo en una misma naturaleza pero no es desconocida entre los hombres como no lo es entre los perros Nuestros guardianes deben ser de hecho filosoacuteficos (φιλόσοφοι) como los perros159 que es un verdadero filoacutesofo cuando discri-mina entre el amigo y el enemigo respectivamente por conocimiento y por

155 ldquoLa guerra entonces surge de la adquisicioacuten de territorio y riqueza cf Fedoacuten 66 C ldquodebido a la adquisicioacuten de riquezas surgen todas nuestras guerrasrdquo donde se le sigue el rastro a la guerra hasta llegar al cuerpo y sus deseos por cuya satisfaccioacuten buscamos multiplicar nuestras posesionesrdquo (J Adam pg 103) 156 Como recuerda J Adam (pg 105) es la primera aparicioacuten de φύλακες en el sen-tido teacutecnico que tiene en la Repuacuteblica El nombre incluye no sοlo a los soldados sino tambieacuten luego a los gobernantes 157 La valentiacutea (ἀνδρία) se constituiraacute en una de las virtudes cardinales de la Repuacute-blica Por ser una cualidad de guardianes se sentildeala especialmente el sentido de viri-lidad y coraje 158 Una cualidad propia del caballo (lsquofogosorsquo cf 375a-b) y de otros animales En el guardiaacuten revela las caracteriacutesticas de un aacutenimo (θυμός) intreacutepido e indomable ante el peligro 159 Probable alusioacuten a los ciacutenicos Ver J Adam pg 108

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ignorancia odiando al desconocido y acogiendo al conocido160 En resumen se exigiraacute que un guardiaacuten sea filosoacutefico animoso veloz y fuerte

376c-378e Consideremos a continuacioacuten coacutemo educar a nuestros futu-

ros guardianes la buacutesqueda puede ayudarnos a descubrir el origen de la jus-ticia y de la injusticia

Podemos aceptar la opinioacuten tradicional de que la educacioacuten (παιδεία) consiste en muacutesica (μουσική) o cultura del alma en gimnasia (γυμναστικήv) o cultura del cuerpo Se debe comenzar con la muacutesica antes que con la gimnasia Ahora bien la muacutesica incluye literatura (λόγοι) la que es verdadera o falsa (μύθους ψευδεῖς) Educaremos a nuestros nintildeos con lite-ratura falsa antes de ensentildearles la verdadera pero evitaremos todas las le-yendas que inculcan puntos de vista inconsistentes con aquellos que desea-mos que nuestros guardianes sostengan cuando adultos Debemos someter a censura (μέμφεσθαι)161 a los forjadores de leyendas (μυθοποιοῖς) y faacutebulas (μύθους) y rechazar a la mayoriacutea de nuestras actuales leyendas Caricaturas de los dioses como las historias sobre Cronos y Urano Zeus y Cronos no sοlo son falsas en siacute mismas sino que no deberiacutean incluso si fueran verdade-ras ser contadas a los nintildeos no sea que ellas engendren inhumanidad e im-piedad filial ni deberiacutean los nintildeos ser inducidos por la poesiacutea u otras artes imitativas a creer que los dioses rintildeen y luchan entre ellos Ninguacuten pretexto de un lsquosentido maacutes profundorsquo (ὑπόοια) puede justificar que se narren tales cuentos a los nintildeos porque los nintildeos no pueden distinguir el espiacuteritu de la letra y es muy difiacutecil borrar impresiones formadas a tan temprana edad

378e-380c En tanto que fundadores de una ciudad iquestcuaacuteles seraacuten los di-

sentildeos (τύπους) con que deberemos reproducir nuestras leyendas

160 Seguacuten J Adam (ibid) lsquoverdaderamente filoacutesoforsquo indica que lsquofiloacutesoforsquo debe to-marse en su sentido etimoloacutegico es decir lsquoamor del conocimientorsquo cf op cit pg 38 161 Esta forma de censura muy criticada por algunos que se toman demasiado en serio todos los aspectos de este proyecto de ciudad es en primer lugar una norma-tiva de tipo pedagoacutegico Sin embargo como en la ciudad es el estado el que educa a sus guardianes termina por ser tambieacuten una regulacioacuten poliacutetica

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(μύθους)162 Se deberiacutea representar a Dios tal como realmente es Ahora bien Dios es bueno y siendo bueno no puede ser la causa del mal163 eacutel es causa de poco para la raza humana pues el mal es mucho maacutes comuacuten en el mundo que el bien Esta es una de las reglas que nuestros poetas deben observar164 pero es violada constantemente por Homero y otros Jamaacutes debe decirse que la divinidad es causante de males y si se hace debe representarse como ac-ciones divinas en que el castigo redundoacute en beneficio del culpable

380d-383c En segundo lugar Dios es inmutable e incapaz de enga-

ntildear165 No cambia ya que eacutel es el mejor Lo que es mejor no puede ser cam-biado por otros y no cambiaraacute eacutel mismo porque solo puede cambiar lo que es peor Homero y otros poetas yerran al atribuir mutabilidad a los dioses Ni puede Dios engantildear pues la verdadera y genuina mentira es decir la igno-rancia de la verdad en el alma es odiosa del mismo modo a los dioses y a los hombres la mentira expresada con palabras que no es sino una imagen de la otra es admisible solamente cuando usada contra los enemigos o en favor de los amigos o para conferir a lo antiguo o lo desconocido una semblanza de realidad Dios no necesita mentir para ninguno de esos objetivos eacutel es por consiguiente absolutamente simple (ἁπλοῦν) y veraz (ἀληθὲς)166 Tambieacuten Homero y Esquilo desfiguran en este respecto la naturaleza divina

162 ldquoEn opinioacuten de Platoacuten refiere J Adam (pg 118) todas las leyes son solo moldes o perfiles (outlines ) dentro de los que deberiacutean conformarse nuestra accionesrdquo 163 En 380b se dice ldquoDeclarar que Dios (θεόν) que es bueno haya llegado a ser la causa de los padecimientos de alguien hay que combatirlo con todos los recursos a fin de que nadie haga estas declaraciones en su ciudad si se pretende establecer una buena legislacioacutenrdquo (trad de G Goacutemez Lasa) 164 En este paraacutegrafo se inicia una discusioacuten acerca de la theologiacutea (θεολογίας) que es la lsquociencia de las cosas divinasrsquo (LSJ) Es la uacutenica aparicioacuten de la palabra en toda la obra de Platoacuten siendo escaso el uso del teacutermino y maacutes propiamente tardiacuteo LSJ atestigua un uso plural en Aristoacuteteles junto a autores como Filodemo Filoacutesofo (s I a C) Porfirio (s III dC) y Yaacutemblico (s IV d C) En su forma philosophiacutea theologikeacute de-signa en Aristoacuteteles la filosofiacutea primera o metafiacutesica (cf Metafiacutesica 1026a 19) En nuestro texto se estaacuten asentando los lineamientos (τύποι) con que los fundadores de la ciudad han de evaluar la creacioacuten literaria en torno a las cosas divinas 165 Dos aspectos esenciales de la divinidad del primero se puede decir que es un principio de orden filosoacutefico (de la teologiacutea natural) y del segundo que es un postu-lado de toda religioacuten revelada 166 La lsquosimplicidadrsquo (ἁπλοῦν) de Dios estaacute indudablemente en correlacioacuten con su caraacutecter de inmutable (se habla maacutes especiacuteficamente de la ausencia en eacutel de cambio

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Libro tercero 386a-389a Estas son las doctrinas por medio de las que debemos fomen-

tar los sentimientos de piedad hacia los dioses y padres y la amistad mutua entre los ciudadanos

Para estimular la valentiacutea (ἀνδρείοι)167 necesitaremos a nuestros poetas para celebrar (ἐπαινεῖν) y no para desacreditar (λοιδορεῖν) la vida que nos espera despueacutes de la muerte de otra manera su poesiacutea seraacute no solamente falsa sino tambieacuten perjudicial a nuestros futuros soldados Homero aquiacute de nuevo se hace acreedor de censura168 Se debe descartar nombres que inspiran temor como el Cocito o la Estigia169 asiacute como las lamentaciones puestas en los labios de hombres famosos pues el hombre bueno no tiene razoacuten para lamentar la muerte de un buen camarada ya sea en razoacuten de este su camara-da o por causa de siacute mismo Homero viola estos caacutenones cuando representa a Aquiles y a Priacuteamo entregaacutendose a lamentaciones por sus muertos y auacuten maacutes cuando hace a los dioses incluso los maacutes grandes de los dioses rendirse a la afliccioacuten Ademaacutes como un excesivo regocijo es a propoacutesito para rebotar en el extremo opuesto nuestros joacutevenes no deben ser aficionados a reiacuter Ho-mero yerra al pintar a hombres buenos y a dioses como dominados por la risa

389b-392a Deberiacutea asignarse tambieacuten un gran valor a la verdad Se les

puede permitir a nuestros gobernantes la mentira medicinal en intereacutes del

y alteracioacuten 381b) por otra parte a su incapacidad de engantildear se antildeade su lsquoveraci-dadrsquo (ἀληθὲς) 167 Se tiene en vista principalemente como sentildeala J Adam (pg 130) el coraje en la guerra de ahiacute la importancia de remover el temor de la muerte 168 Las palabras de Platoacuten al establecer su censura son cuidadosas Luego de pasar revista a una serie de textos de la Iliacuteada y la Odisea Soacutecrates anuncia que les va a pedir a los poetas que le hagan el favor (ese es el sentido de paraiteacuteomai) ldquode no enojar-se si los tachamosrdquo (387b) y eso no por falta de calidad poeacutetica Luego usa una ex-presioacuten maacutes taxativa ldquoiquestHay que suprimirlos entoncesrdquo (dice Soacutecrates) ldquoSiacuterdquo le responden Estas supresiones afectan a estos poetas aparentemente en cuanto ele-mentos de ensentildeanza para los futuros guardianes de la ciudad no es propiamente una lsquocensurarsquo mdashcomo podriacutea serlo en nuestros diacuteasmdash a los medios de comunicacioacuten o a los artistas en cuanto tal Una cosa es el diario y otra el texto de estudio 169 Cuyos significados respectivos son ldquoriacuteo de gemidosrdquo y ldquoel aborreciblerdquo

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estado (ἐπ᾽ὠφελίᾳ τῆς πόλεως )170 pero todo otro que mienta seraacute castiga-do Mentir a los gobernantes es peor que mentir a un meacutedico acerca de la enfermedad

De no menos necesidad es el dominio de siacute mismo que capacitaraacute a

nuestros ciudadanos a obedecer a los gobernantes y a gobernar sus propios apetitos Homero a menudo representa heacuteroes y dioses que carecen de esta virtud como insubordinados glotones lascivos avaros inclinados a la ven-ganza y viles Esto resulta en el desaliento del joven por la virtud deseada y todas tales representaciones deben en consecuencia ser prohibidas que son a la vez impiacuteas y falsas

392c-394d Hemos ahora finalizado el examen de la materia temaacutetica171

de la poesiacutea y ahora tenemos a continuacioacuten que hablar de la forma de desa-rrollarlos172 Toda composicioacuten es en cierto sentido narrativa en la que se re-latan cosas pasadas presentes o futuras173 La narracioacuten en ese sentido puede ser o (1) simple y sin combinacioacuten (2) imitativa (3) a la vez simple e imitati-va Homero proporciona un ejemplo del tercer tipo su poesiacutea es puramente narrativa cuando eacutel estaacute hablando in propria persona es imitativa cuando po-ne sus palabras en boca de algunos de sus personajes La tragedia y la come-dia son ejemplos del estilo imitativo El mejor ejemplo del estilo puramente

170 La mentira (pseudos) en cuanto que medicamento (phaacutermakon) debe quedar re-servada a los meacutedicos o a sus equivalentes en el manejo del estado los gobernan-tes Seguacuten el testimonio de Platoacuten la medicina hipocraacutetica busca comprender la na-turaleza del cuerpo mediante la comprensioacuten de la naturaleza en su totalidad (Fedro 270c-d) 171 Es lo referente a los discursos o el tipo de narraciones (λόγων) 172 O del modo de decir (λέξεως) estos discursos 173 En relacioacuten con el tema de la lsquonarracioacutenrsquo o lsquoexposicioacutenrsquo (διήγησις) ver Eutid 275d Gorg 465e Fdr 246a 266e Tim 38e 48d Teet 142c

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narrativo es el ditirambo174 del tercero mdasho clase mixtamdash la eacutepica iquestCuaacutel de estas formas admitiremos y en queacute circunstancias175

394e-397d Nuestros guardianes no deben ser propensos a la imitacioacuten

(μιμητοκοὺς) Hemos estado de acuerdo en que un hombre no puede sino hacer bien una sola cosa y tampoco es posible para un solo hombre imitar dos cosas con acierto como podemos ver de los ejemplos especiales de la composicioacuten y la actuacioacuten poeacuteticas El uacutenico deber de nuestros guardianes es hacer y conservar libre la ciudad176 y si han de practicar alguacuten geacutenero de imi-tacioacuten sus modelos deben ser los apropiados para hombres libres es decir hombres de caraacutecter valeroso y virtuoso pues imitacioacuten significa asimila-cioacuten177 La poesiacutea dramaacutetica viola continuamente esta regla En general el hombre bueno no haraacute uso de la imitacioacuten excepto cuando se pone a narrar los dichos o hechos de seres virtuosos o alguacuten paso del vicio a la virtud o a veces por mero pasatiempo Su estilo de discurso combinaraacute una narrativa sencilla con imitacioacuten pero usaraacute esta uacuteltima con parquedad mientras que el malo estaraacute maacutes a menudo por imitar que por narrar y ninguacuten tipo de imita-cioacuten le vendraacute mal Con respecto al modo y al tiempo el lenguaje de la virtud seraacute praacutecticamente invariable mientras que el del vicio variado

174 El ditirambo fue en sus inicios una cancioacuten coral en honor de Dioniso aunque sus temas fueron muy variados predominoacute en alguacuten momento un elemento narra-tivo que es a lo que alude aquiacute Platoacuten 175 Platoacuten no olvida el objetivo fundamental de la criacutetica a los poetas que consiste en saber queacute se ha de admitir y queacute se ha de rechazar en el sistema educacional de la ciudad 176 La expresioacuten ldquoartesanos muy rigurosos de la libertad de la ciudadrdquo (395b-c) mdashque a J Adam le parece artificial y un tanto forzadamdash puede que aluda aquiacute al do-ble sentido que la palabra artesano demiourgoacutes tiene en griego y en especial en el contexto poliacutetico del asunto En efecto demiuogoacutes no solo significa lsquoartesanorsquo sino tambieacuten en muchas ciudades griegas el tiacutetulo de un magistrado lo que unido al sen-tido muy platoacutenico de artesano divino creador productor (cf Tim) confiere al giro en el presente texto seguacuten mi opinioacuten una significacioacuten interesante aunque poco usual 177 En 395d se afirma ldquoO no te has dado cuenta de que cuando las imitaciones (μιμήσεις) se llevan a cabo por mucho tiempo desde la infancia a traveacutes del cuerpo de la voz y del pensamiento se trasladan a las costumbres y al caraacutecterrdquo (trad de G Goacutemez L)

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397d-398b Admitiremos en consecuencia solo aquel estilo que imite el modo de hablar del hombre bueno178 Las variedades mixta y mimeacutetica no armonizan con la ciudad pues el caraacutecter de nuestros ciudadanos es simple y consistente Aquellos poetas que rehusen conformarse con estas reglas los deberiacuteamos despedir (ἀποπέμποιμεν) con saludos y coronados a otra ciu-dad179

398c-399e Tenemos que tratar ahora acerca de la poesiacutea liacuterica180 Hay

tres factores incluidos en el canto las palabras un cierto modo musical y un cierto movimiento o tiempo181 Nuestras regulaciones acerca de la palabras cuando no acompantildeadas de muacutesica se aplican igualmente a las palabras cuando cantadas y el modo musical y el tiempo se deben acomodar a las pa-labras Ahora bien nosotros proscribimos todas las lamentaciones en nuestra ciudad de modo que debemos excluir los modos luacutegubres y aquellos que son relajantes en sus efectos deben rechazarse por motivos semejantes En suma retendremos dos modos y no maacutes uno para imitar las expresiones de un hombre valeroso en tiempos de esfuerzo y tensioacuten el otro para imitar sus expresiones en periacuteodos de paz y calma182 Trataremos igualmente acerca de instrumentos de muacutesica prohibiendo todos aquellos que se prestan para una variedad de modos Asiacute es como purificamos nuestra lsquolujosa ciudadrsquo (τρυφᾶν πόλιν)

399e-401a Continuemos ahora la purificacioacuten de nuestra ciudad asen-

tando las normas para el ritmo y el tiempo Nuestro ritmo no debe ser ni va-

178 τοῦ ἐπιεικοῦς podriacutea interpretarse tambieacuten (por la coincidencia del geacutenero masculino y el neutro) ldquode lo buenordquo mdashasiacute Paboacuten-Fernaacutendez Galianomdash pero parece claro que se trata de lsquopersonajesrsquo buenos de la literatura maacutes especiacuteficamente se trata del ldquohombre virtuosordquo (G Goacutemez Lasa) Este hombre bueno como refiere J Adam se dice de la forma de hablar del lsquohombre buenorsquo (pg 153) 179 Por tratarse de una ciudad en proyecto el asunto parece focalizarse en no consi-derar en los planes de la ciudad emergente la presencia de tales imitadores mdashcomo si dijeramdash lsquolo sentimos mucho los trataremos como a divinidades en traacutensito pero no los vamos a considerar como ciudadanos nuestrosrsquo 180 Se trata seguacuten el texto ldquodel caraacutecter del canto y de la melodiacuteardquo 181 El texto dice literalmente ldquopalabra armoniacutea y ritmordquo (389d) 182 Son claramente regulaciones para guardianes en especial en su aspecto militar

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riado ni muacuteltiple pues tanto el tiempo como la melodiacutea se deberiacutean acomo-dar a las palabras y no al reveacutes Se estaacute de acuerdo en que hay ciertos ritmos que expresan sobriedad y coraje Estos son los uacutenicos que seraacuten admitidos en nuestra ciudad En cuanto a situaciones especiacuteficas Damon nos ayudaraacute a decidir183 pero podemos enunciar nosotros mismos el principio general El ritmo y el modo reflejan el estilo y el estilo expresa el caraacutecter Es para pro-mover el desarrollo del caraacutecter que requeriremos joacutevenes para perseguir lo bello tanto a traveacutes de los reinos del arte como de la naturaleza

401a-403c No solo los poetas deben conformarse a estos caacutenones sino

tambieacuten otros artistas No seraacuten admitidos artistas salvo solo aquellos capa-ces de rastrear la naturaleza de lo bello e inducir a nuestros nintildeos incluso en sus antildeos maacutes tiernos a una armoniacutea inconsciente con la belleza de la razoacuten184 El valor de la preparacioacuten musical estaacute en su poder peculiar de comunicar gracia y belleza en el alma Habilita al principiante a discriminar entre lo agraciado y lo feo en otras esferas admitiendo solo lo que es hermoso y ho-norable al principio en forma instintiva pero despueacutes cuando adviene la razoacuten con la maacutes completa conciencia y alegre reconocimiento de la belleza con la que eacutel mismo estaacute emparentado Nadie estaacute realmente instruido con la cultura musical en tanto no pueda reconocer las formas (τὰ εἴδη) originales de la virtud donde sea que ellas se encuentren asiacute como sus imaacutegenes (εἰκόνας) en todas partes Una tal persona amaraacute en el maacutes alto grado la unioacuten de un alma bella con belleza fiacutesica pero dejaraacute que la belleza interior aplaque en parte el defecto externo y su pasioacuten se hallaraacute pura de la infeccioacuten

183 Damon es uno de los primeros y maacutes importante escritores griegos sobre muacutesi-ca un pupilo de Proacutedico y tutor de Pericles muy estimado por Soacutecrates y Platoacuten Se dice que fue eacutel quien inventoacute el lsquorelajado modo lidiorsquo (The Oxford Classical Dictio-nary pg 311) 184 En su comentario J Adam dice ldquoEsta famosa seccioacuten describe con encendido lenguaje como el del Banquete el ideal del arte de Platoacuten No desea desterrar el arte tal como a veces se sostuvo sino maacutes bien lo idealiza llevando a cabo mdashseguacuten eacutel creiacuteamdash su reconcialicioacuten con la belleza y la verdad Platoacuten fue sin duda injusto en la aplicacioacuten de su principio a algunos de los artistas y poetas griegos pero en siacute mismo su ideal mdashel amor de la belleza espiritualmdash es aquel al que el arte mejor y maacutes perdurable procura ajustarse siempre consciente o inconscientementerdquo (pg 165)

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sensual Nuestro razonamiento acerca de la muacutesica toca a su fin ya que el fin de la muacutesica es el amor de lo bello

403c-405a Tratemos ahora el tema del entrenamiento fiacutesico Podemos

con toda seguridad confiar la tarea de hacer reglas especiacuteficas a las inteligen-cias que nosotros instruimos y contentarnos nosotros mismos con trazar los lineamientos Todo tipo de exceso o satisfaccioacuten de los propios deseos en co-mer beber y los otros apetitos debe ser prohibido La gimnasia debe ser simple como su hermana muacutesica Complejidad en el primer caso ocasiona enfermedad en el otro vicio de suerte que los doctores y los jueces se elevan en la estimacioacuten puacuteblica y las artes de la habilidad judicial y de la medicina adquieren enorme importancia

405a-410a Es sentildeal de una mala educacioacuten cuando se necesitan meacutedicos

y jueces de primera maacutes vergonzoso auacuten el enorgullecerse en eludir el casti-go de la maldad con la ayuda de subterfugios legales Deberiacuteamos tambieacuten avergonzarnos de acrecentar la terminologiacutea de la medicina por causa de un geacutenero de vida muelle No fue asiacute con la ciencia meacutedica en tiempos de Home-ro aunque Heroacutedico185 ha inventado ahora un nuevo tipo de tratamiento cuyo uacutenico resultado es prolongar el proceso de morir Asclepio sabiacutea maacutes pues eacutel vio que la ocupacioacuten era maacutes que la vida186 Reconocemos este hecho en el caso de artesanos y mecaacutenicos pero Asclepio sabiacutea que el hombre rico tambieacuten tiene ocupaciones que atender y en beneficio tanto de sus pacientes como de su paiacutes rehusoacute tratar enfermedades incurables Las leyendas en sen-tido contrario son falsas No podemos sin embargo prescindir de los docto-res y jueces solo que ellos deben ser buenos doctores y buenos jueces Los facultativos maacutes cualificados son aquellos que ademaacutes de haber aprendido

185 De Heroacutedico de Selimbria nacido en Megara dice Aristoacuteteles lo siguiente ldquoLa excelencia del cuerpo reside en la salud y esta debe ser de tal naturaleza que sea posible servirse del cuerpo sin enfermedades Porque muchos estaacuten sanos al modo de Heroacutedico y a estos ciertamente nadie los considerariacutea felices por su salud a cau-sa de que deben abstenerse de todos o de la mayor parte de los placeres humanosrdquo (Retoacuterica 1361b 4-6 traduccioacuten de Quintiacuten Racionero Biblioteca Claacutesica Gredos Madrid 1990 pg 210) 186 Los Aforismos de Hipoacutecrates se inician con la famosa afirmacioacuten Ὁ βίος βραχὺς ἡ δὲ τέχνη μακρή ldquoLa vida es breve el arte largordquo

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su arte han tenido la experiencia maacutes grande de enfermedad en sus propias personas pero nadie cuya alma no ha sido inmaculada puede ser un buen juez Nuestros jueces deben ser ancianos y obtener su conocimiento del cri-men por ciencia y no por experiencia personal El juez vicioso no puede re-conocer al inocente cuando lo ve Jamaacutes el vicio conoceraacute la virtud pero la virtud puede ser ensentildeada a conocer tanto al vicio como a siacute misma Nuestros doctores permitiraacuten morir a aquellos fiacutesicamente incurables a los incurables moralmente nuestros jueces daraacuten muerte

410a-412b Pocas veces nuestros joacutevenes necesitaraacuten la ayuda de jueces

y doctores gracias a su educacioacuten en muacutesica y gimnasia187 Ellos se dedicaraacuten a ambas artes maacutes con el objetivo de cultivar el alma que el cuerpo La dedi-cacioacuten exclusiva a una de las dos hace a los hombres en un caso recios y fie-ros y en el otro delicados y suaves Los elementos psicoloacutegicos del espiacuteritu y el amor del conocimiento deben armonizarse entre siacute La muacutesica y la gimna-sia tienen por fin llevar a cabo esta armonizacioacuten y el exceso o deficiencia en cualquiera de estos dos agentes educativos se reflejan a siacute mismos en las fa-ses moacuterbidas y degenerativas del caraacutecter Aquel que puede de la mejor ma-nera combinar la muacutesica con la gimnasia es el verdadero muacutesico debemos proporcionar a nuestra ciudad un hombre de tales condiciones si ella ha de perdurar (σῴζεσθαι)188

412b-414b Tenemos aquiacute las normas generales de la educacioacuten

(παιδείας) y su sistema de vida (τροφῆς) Queda por inquirir lsquoiquestcuaacuteles de los guardianes han de ser nuestros gobernantesrsquo189 El mayor debe gobernar al maacutes joven y el mejor al peor Ahora bien los mejores guardianes son aque-llos que maacutes aman a su paiacutes y se ocupan de sus intereses Nosotros haremos

187 El objetivo y el principio baacutesico del sistema educacional de Platoacuten ya descrito se define entonces por su combinacioacuten de mansedumbre y fuerza es decir sensibili-dad y valentiacutea actividad intelectual y constancia moral Asiacute lo define J Adam quien antildeade ldquoSe trata de un ideal en el que las virtudes distintivas de Atenas y Esparta mdashde Grecia y Romamdash estaacuten unidas y transfiguradasrdquo (pg 184) 188 El objetivo no estaacute solo en evitar que fracase el proyecto de constitucioacuten sino que al mismo tiempo lsquose salversquo es decir perdure en el tiempo 189 ldquoSi se exceptuacutea la alusioacuten pasajera de 389c esta es la primera aparicioacuten de los gobernantes en el estado de Platoacutenrdquo (J Adam pg 189)

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nuestra seleccioacuten bajo este principio y debemos entrenar adicionalmente a quienes hemos seleccionado y ver si su patriotismo estaacute a prueba de todo tipo de influencias seductoras Toda opinioacuten (δόξης) o conviccioacuten (δόγματος) verdaderas mdashy la conviccioacuten en la que se apoya el patriotismo es verdade-ramdash como toda otra cosa que llamamos buena es descartada de mala gana pero puede ser expulsada a viva fuerza por la persuacioacuten o el olvido por el dolor el placer y cosas parecidas Aplicaremos estos exaacutemenes para probar a nuestros guardianes Los que salgan airosos llegaraacuten a ser nuestros gobernan-tes190 Ellos son los lsquoguardianes perfectosrsquo (φύλακας παντελεῖς) los otros deberiacutean ser llamados lsquoauxiliaresrsquo (ἐπικούρους)191

414b-415d Para establecer todas estas regulaciones en la ciudad debe-

mos recurrir a una falsedad heroica192 Le diremos a los ciudadanos que ellos estaban solamente sontildeando cuando creiacutean que ellos estaban siendo entrena-dos por nosotros En realidad ellos estaban siendo moldeados y nutridos en el seno de la Tierra ellos y todos sus pertrechos de modo que estaacuten en la obligacioacuten de defender a su paiacutes como a la madre y a considerar a sus con-ciudadanos como a hermanos nacidos de la Tierra193 Antildeadiremos que mien-tras creaba algunos para ser gobernantes Dios mezcloacute oro en su substancia puso plata en los auxiliares hierro y cobre en los labradores y artesanos Los ciudadanos engendraraacuten en su mayor parte hijos semejantes a ellos pero vaacutes-tagos de plata procederaacuten aveces del oro y de oro procedentes de los de plata u otra combinacioacuten semejante Es la obligacioacuten primera y principal de los go-

190 El texto original estaacute redactado en singular mdashcomo si se tratara tal vez de un solo gobernantemdash pero me parece claro que su sentido general alude a una plurali-dad de individuos 191 De aquiacute en adelante como recuerda J Adam se usa la expresioacuten lsquoauxiliaresrsquo cuando desea aludir especiacuteficamente a la segunda clase de los ciudadanos lsquoGuar-dianesrsquo sigue siendo el teacutermino general que incluye tanto a los lsquogobernantesrsquo como a los lsquoauxiliaresrsquo 192 Este seraacute un relato con caraacutecter de leyenda (mythos) acerca de los habitantes au-toacutectonos no hecho para engantildear mdashcomo pudiera parecer a primera vistamdash sino para nutrir las convicciones de los ciudadanos guardianes de la ciudad acerca de la constitucioacuten originaria superior de sus naturalezas 193 Es difiacutecil encontrar un pueblo que no tenga un cierto ldquomitordquo o relato legendario (μῦθος) originario acerca de su existencia como nacioacuten Por muy extravagante que esa historia pueda parecer piensa aquiacute Platoacuten puede que sea aceptada con el tiem-po (415c)

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bernantes el relegar y degradar a los hijos al interior de sus propias clases presentando como excusa un oraacuteculo conforme al que la ciudad pereceraacute cuando sea el guardiaacuten de hierro o el de cobre el que la guarde Puede ser imposible el convencer a la primera generacioacuten de nuestros ciudadanos acer-ca de la verdad de esta faacutebula (μῦθον) pero su posteridad podriacutea admitirla

415d-417b Nuestros gobernantes y auxiliares tendraacuten un lugar para

acampar (στρατοπεδεύεσθαι) dentro de la ciudad194 para controlar a los ciudadanos que se niegan a obedecer a las leyes y defenderse contra los enemigos externos Su educacioacuten les impediraacute atacar a otros con tal que dis-pongamos como corresponde sus necesidades de vivienda y enseres Les asignaremos una propiedad comuacuten y casas asiacute como comidas comunes co-mo si estuvieran en campantildea que han de proporcionar los otros ciudadanos en retribucioacuten de su proteccioacuten195 Debe prohibiacutersele el uso del oro y de la plata a nuestros guardianes196

Libro Cuarto 419a-423b Adimanto ahora interviene con la objecioacuten de que no se hace

nada felices a los guardianes197 Aunque en realidad ellos son los sentildeores de

194 Los gobernantes ldquoacampanrdquo ldquose estacionanrdquo en una suerte de cuartel Se hace hincapieacute en la sencillez espartana en que deben vivir los guardianes cuya funcioacuten es tanto de gobierno como de defensa 195 Se enfatiza el tipo de vida especial que distingue a los guardianes ldquoAl final del libro 3 y nuevamente en el libro 5 se deja en claro que los guardianes tienen un modo muy diferente de vida que la de los productores y que ellos son criados edu-cados y alojados en una parte diferente de la polis (415d 6-e 4 460c 1-d7) Parece que los que producen poseen un tipo de vida tradicional basado en la familiardquo (C D C Reeve Philosopher-Kings pg 184) 196 ldquoPlatoacuten mdashdice J Adam pg 197mdash puede haber estado pensando en ciertas insti-tuciones espartanas y pitagoacutericas cuando formuloacute algunas de las regulaciones de esta seccioacuten pero su comunismo para la clase dirigente es mucho maacutes completo que ninguno del tipo anterior a su eacutepocardquo Luego antildeade ldquoEl objetivo principal de Platoacuten es por supuesto el impedir la formacioacuten de intereses privados capaces de competir con las exigencias de una obligacioacuten puacuteblicardquo ( pg 199) 197 Un ldquoeco agonizanterdquo de la objecioacuten de Trasiacutemaco de que un gobernante deberiacutea gobernar en su propio provecho (J Adam pg 205)

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la ciudad no tienen nada que puedan llamar propio ninguno de los factores que contribuyen a una satisfaccioacuten de caraacutecter individual o personal En res-puesta no se acepta que los guardianes vayan a ser infelices pero incluso suponiendo que lo son nuestro propoacutesito fue no el hacer felices a los guar-dianes sino el hallar una ciudad feliz para descubrir la justicia al interior de sus fronteras198 Nuestros guardianes no deben hacerse felices a costa de la eficiencia en su obligacioacuten peculiar La riqueza es praacutecticamente tan desfavo-rable para el ejercicio de las artes y las profesiones como la pobreza Cuando nuestra ciudad estaacute en guerra con dos comunidades no le faltaraacuten recursos porque ella haraacute alianza con una de las dos prometieacutendole la riqueza de la otra Ni estaraacute nuestra ciudad en peligro por parte de su aliado despueacutes Los otros estados son por separado no uno solo sino muchos199 y nuestra ciudad si ella tiene no maacutes que un millar de defensores es el maacutes grande estado in-dividual entre los griegos o los baacuterbaros

423b-424c Nuestra ciudad no debe desarrollarse maacutes allaacute de los liacutemites

esenciales para su unidad200 Seraacute obligacioacuten de los guardianes el poner aten-cioacuten a su crecimiento asiacute como el asignar los nintildeos a sus clases propias en el estado201 Estas y otras obligaciones similares seraacuten faacuteciles si nuestro curricu-

198 La felicidad o infelicidad individual estaacute en iacutentima conexioacuten con la del conglo-merado ciacutevico Por eso se dice que ldquo debido a que la felicidad individual es solo asequible con seguridad en una polis establemente feliz debemos preocuparnos por maximizar la felicidad de la polis en su conjunto y no tratar de dar a los individuos el tipo de felicidad que es inconsistente con la vida poliacuteticardquo (C D C Reeve Philoso-pher-Kings pg 200) 199 Se busca un polis que sea unitaria en su estructura interna mediante las virtudes en especial por el dominio de la justicia Las otras ciudades mdashque no son la que aquiacute se estaacute conformandomdash sufren las divisiones internas y por eso incluso separada-mente no son un solo estado sino muchos y al menos dos ciudades coexisten en ellas la de los pobres y la de los ricos (422e) 200 ldquoComo todo organismo natural deberiacutea crecer hasta los liacutemites prescritos para eacutel por la naturaleza pero Platoacuten la concibioacute incluso en su madurez como relativa-mente pequentildeardquo (J Adam pg 213) se evita toda idea de artificialidad o crecimiento inorgaacutenico 201 Estas asignaciones tienen en vista el principio de la distribucioacuten del trabajo por el que cada cual realiza la actividad para la que estaacute naturalmente dotado En esas circunstancias se supone que al atender un solo oficio se entrega tambieacuten su aporte a la conservacioacuten de la unidad en la ciudad evitando su divisioacuten De ahiacute que por otra parte ldquolsquola reciprocidad de servicios y funcionesrsquo entre las tres clases es el ver-

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lum educacional es sostenido resueltamente y se haraacute evidente con rapidez que el principio de comunidad deberiacutea tambieacuten ser aplicado al matrimonio y la procreacioacuten Asiacute nuestros ciudadanos mejoraraacuten a medida que una gene-racioacuten sucede a la otra Debemos prohibir todo tipo de innovaciones en muacutesi-ca y gimnasia porque tienen la virtud de producir el cambio poliacutetico202

424d-427a Nuestros guardianes deben por sobre todas las cosas preca-

verse de los cambios en la educacioacuten musical Las innovaciones musicales incluso si son sancionadas solo como cosa de juego se dejan sentir pronto en cada aspecto de la vida privada y puacuteblica de la ciudad Debe infundirse el espiacuteritu de la ley y de la virtud en los nintildeos incluso en sus pasatiempos Por esta razoacuten no deberiacuteamos desatender a los detalles de vestimenta y modales aunque no se exijan para ello estatutos especiales pero se conformaraacuten faacutecil-mente con el espiacuteritu de nuestras reglas acerca de la educacioacuten203 Muchos otros puntos individuales pueden dejarse con toda seguridad a nuestros guardianes que Dios les conceda la preservacioacuten de nuestras leyes de otra manera en vano pasaraacuten leyes sobre leyes actuando de un modo parecido a aquellos que esperan curar de sus enfermedades mediante un cambio conti-nuo de medicinas Como nada beneficiaraacute a tal tipo de hombres a no ser un completo cambio en sus haacutebitos asiacute solo una revolucioacuten curaraacute un estado en situacioacuten similar Tales ciudades honran y envanecen a los hombres que atienden a sus deseos pero el verdadero estadista no se preocupa de cortar la Hidra204 En una ciudad mala una legislacioacuten insignificante es inuacutetil en una buena superflua

dadero fundamento de la ciudad de Platoacuten la que estaacute lejos de ser una unidad indi-ferenciadardquo (J Adam pg 213) 202 Estas innovaciones en muacutesica corresponden a modificaciones en los lsquomodos mu-sicalesrsquo (τρόποι) Se supone que la muacutesica tiene un poderoso influjo sobre la moral (cf 400d-401a) 203 ldquoFlowers of civilisation must bloom naturally or not at allrdquo (J Adam pg 218) 204 En estas materias un estadista no se preocupa de ldquocortar la cabeza de la Hidra ltde Lernagtrdquo es decir de trabajar en vano De cada cabeza cortada a la Hidra le sur-giacutean dos

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427b-c En todo lo que se relaciona con los templos y el culto religioso asiacute como los oficios consagrados a los muertos Apolo el guiacutea de nuestros padres y por cierto de toda la humanidad nos dirigiraacute205

427d-429a Se da por fundada la ciudad iquestDoacutende estaacute entonces la justi-

cia doacutende la injusticia iquestEn queacute difieren y cuaacutel es esencial a la felicidad Abordemos la cuestioacuten de la siguiente manera Nuestra ciudad es perfecta-mente virtuosa y por consiguiente debe ser sabia valerosa moderada y jus-ta206 Si descubrimos tres de esos elementos en la ciudad el resto seraacute el cuar-to

Tomemos primero la sabiduriacutea (σοφία)207 No es el conocimiento teacutecnico o destreza de las clases inferiores la que hace sabia a nuestra ciudad sino maacutes bien el conocimiento que delibera por los intereses de la totalidad de la ciu-dad Ahora bien ese conocimiento estaacute personificado en los gobernantes Ellos forman la seccioacuten maacutes pequentildea del estado pero es con todo en virtud de su presencia que llamamos sabia a toda la ciudad208

205 No queda maacutes que decir acerca de las regulaciones humanas pero en cuanto a las divinas el primero de los estatutos legales (νομοθετημάτων) se consagra a Apo-lo el dios guiacutea (ἐξηγετὴς) que por presidir desde su asiento sobre el ldquoombligo de la Tierrardquo (en el santuario de Delfos) simboliza el acto fundacional de la ciudad como entidad teluacuterica con habitantes autoacutectonos y en conexioacuten con su dios patrono Apo-lo ademaacutes mdashsin olvidar a Dionisomdash es la divinidad maacutes cercana al espiacuteritu socraacuteti-co 206 Se enuncia aquiacute la doctrina de las cuatro virtudes cardinales que se supone son aquellas que sostienen la perfeccioacuten moral de los individuos de la ciudad ideal y que confieren al mismo tiempo un soacutelido fundamento a la ciudad como entidad constitucional Ver Leyes 630d ss 207 Cuando se enuncian las virtudes cardinales se habla maacutes de lsquoprudenciarsquo que de lsquosabiduriacutearsquo de ahiacute la correcta inferencia de J Adam (pg 225) de que la sophiacutea descri-ta aquiacute significa phroacutenesis en su aplicacioacuten a la poliacutetica (cf 433b-c) No es el conoci-miento metafiacutesico de la Idea del Bien 208 De acuerdo con J Adam una ciudad es sabia anaacutelogamente a como es sabio un individuo al que con facilidad llamamos sabio aunque estriacutectamente hablando se es sabio solo en razoacuten del elemento logistikoacuten mdashracionalmdash que hay en eacutel ldquoCompa-rando 443c ss continuacutea observamos que la ciudad es sabia porque sus gobernantes son sabios y sus gobernantes son sabios porque su logistikoacuten es sabio En otras pala-bras la sabiduriacutea del logistikoacuten es la unidad a partir de la cual se construye la sabi-duriacutea de toda la ciudadrdquo (ibid pg 227 ) El logistikoacuten es el elemento razonable en el alma su facultad razonadora

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429a-430c La virtud de la valentiacutea (ἀνδρεία) residiraacute en la clase guerre-

ra209 Es debido a su valor que llamamos valiente a la ciudad pues el caraacutecter general de la ciudad como un todo no puede ser determinado por ninguacuten tipo de valentiacutea o cobardiacutea presente entre las otras Los soldados a pesar de todo tipo de tentacioacuten continuaraacuten leales a los principios asentados por la ley concernientes a queacute deberiacutea ser temido y queacute no y ellos lo haraacuten asiacute con mayor resolucioacuten porque su entrenamiento musical y gimnaacutestico ya los ha preparado para la legislacioacuten en cuestioacuten En la preservacioacuten de esos princi-pios es que consiste la valentiacutea de una ciudad un tipo de valentiacutea que es dis-tinto de la virtud correspondiente en los animales inferiores y en los esclavos porque su base estaacute en la educacioacuten210 En otra ocasioacuten podemos discutir la virtud de la valentiacutea maacutes extensamente pero esto es suficiente para nuestro propoacutesito actual

430d-432a En tercer lugar examinamos la templanza (σωφροσύνη) Es-

ta virtud se asemeja a un tipo de lsquoarmoniacutearsquo o acuerdo mutuo A menudo se la explica como lsquoautodominiorsquo (ἐγκράτεια) Este dominio de siacute mismo significa que lo mejor de siacute mismo gobierna lo peor y esto es con seguridad verdadero de nuestra ciudad ya que en ella lo superior controla lo inferior y los deseos

209 En el diaacutelogo de su nombre Laques se dice que la valentiacutea consiste en ldquouna cier-ta firmeza del almardquo (karteriacutea lsquoconstancia de aacutenimorsquo La 192b-c) y en el diaacutelogo no hay evidencia de aceptacioacuten por parte de Soacutecrates Pero en Repuacuteblica Platoacuten le hace lugar en su relato acerca del valor (T Irwin Platos Moral Theory Oxford 1982 (1977) pg 198) ldquoA brave man retains his belief that this is a brave action and acts on his belief despite pleasures pains fears and appetites (429c7-d2 429e7-430b5)rdquo 210 La virtud tiene una sustentacioacuten epistemoloacutegica de manera que ella no alcanza su real consistencia en un individuo cuando estaacute ausente un saber equivalente a la verdad La recta opinioacuten no sustenta virtud perfecta alguna de modo que no se le puede dar en este caso el nombre propio de valor a una disposicioacuten que carece de educacioacuten (ἄνευ παιδείας) Se trata aquiacute de una andreiacutea politikḗ (430c) puesto que es una valentiacutea de los soldados de la ciudad que estaacute basada en la recta opinioacuten (cf J Adam pgs 231-32 ldquoThe whole of this section is important because it emphatically reafirms the principle that courage as well as the other virtues enumerated here rests on ὀρθὴ δόξα and not on ἐπιστήμη)rdquo Esta formulacioacuten tendraacute su plena manifestacioacuten en la representacioacuten de la Caverna donde se compara nuestro estado actual con la situacioacuten en que se halla nuestra naturaleza con respecto a la educacioacuten y a la falta de ella (ἀπαιδευσίας) La con-templacioacuten de la verdad y del bien lleva a las virtudes a su perfeccioacuten

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irracionales de los muchos inferiores estaacuten sometidos a los deseos racionales de los pocos virtuosos Ademaacutes nuestros ciudadanos estaacuten en mutuo acuer-do acerca de quien gobernaraacute y quien seraacute gobernado de modo que la tem-planza estaacute presente tanto en los gobernados como en los gobernantes im-pregnando la ciudad toda para que cante al uniacutesono y volvieacutendola conforme a siacute misma211 Podemos definir la templanza como esta concordia (ὁμόνοια) entre lo que es naturalmente mejor y lo naturalmente peor un acuerdo (συμφωνία) sobre la cuestioacuten de quieacuten deberiacutea gobernar212

432b-434c iquestDoacutende estaacute entonces la justicia213 Debemos poner atencioacuten

para que no se nos escape Soacutecrates sin dilacioacuten exclama que eacutel ha encontado el rastro214 La justicia es el principio215 que establecimos en el comienzo a

211 Se afirma que esta concordia (ὁμόνοια homoacutenoia) de la ciudad en su conjunto es templanza A diferencia de la valentiacutea y la prudencia que pertenecen propiamente a los guardianes y son ellos los que hacen valiente y prudente a la ciudad entera la templanza se extiende (παρείχετο) es decir impregna la totalidad de la ciudad en cuanto que se supone que todos los ciudadanos participan propiamente de ella Este aspecto es esencial pues se trata mdashen relacioacuten con la virtud de la templanzamdash del acuerdo de toda la ciudad acerca de quienes gobiernan y quienes obedecen y es en razoacuten de la extensioacuten de la templanza a todos los niveles de la ciudad que puede haber acuerdo entre todos acerca de este crucial asunto Quizaacutes haya una reminis-cencia de ello en el texto de san Agustiacuten pax ciuitatis ordinata imperandi atque oboedi-endi concordia ciuium ldquola paz de la ciudad consiste en la concordia ordenada de los ciudadanos en mandar y obedecerrdquo (Ciudad de Dios XIX 13) 212 Platoacuten supone que la templanza sentildeala la concordancia de todas las partes de la ciudad al modo de un acorde musical (symphoniacutea) En el Banquete se habiacutea sentildealado que ldquola armoniacutea es una suerte de consonancia (συμφωνία) y una consonancia es una suerte de conformidadrdquo (187b) Cf Cratilo 405b Debe recordarse por otra parte que ldquoal hablar de sophrosyne Platoacuten usualmente distingue solo entre dos clases go-bernantes y gobernadosrdquo (J Adam pg 236) 213 El problema principal acerca de la justicia es claramente socraacutetico como afirma T Irwin ldquose espera que una explicacioacuten sobre la justicia muestre lo que Soacutecrates da por sentado es decir que la justicia es una virtud y por consiguiente contribuye a la felicidad Platoacuten defiende la propuesta del Critoacuten de que la justicia beneficia al alma y la injusticia la dantildea Los libros II y IV podriacutean ser tratados como una inves-tigacioacuten socraacutetica de tipo corriente que elabora argumentos similares en el Gorgiasrdquo (op cit pg 178) 214 Para otros ejemplos de esta comparacioacuten ver Leyes 654e Parmeacutenides 128c Lisis 218c 215 El teacutermino lsquoprincipiorsquo (que no estaacute en el texto original) es un modo de explicar lsquoaquello que -mdashal fundar la ciudad-mdash se debe hacer en toda circunstanciarsquo (433a) es decir es una suerte de condicioacuten necesaria para la existencia de la ciudad

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saber que cada individuo realiza solo aquella funcioacuten para la que eacutel estaacute na-turalmente mejor dotado En otras palabras la justicia es en un cierto senti-do lsquoel realizar cada cual lo propiorsquo216 Cuatro consideraciones apuntan a esta conclusioacuten En primer lugar para hacer que las otras tres cobren vigor es que necesitamos una cuarta virtud y es justamente la divisioacuten de tareas de acuer-do con la capacidad natural la que hace posible las otras tres virtudes En segundo lugar este es el uacutenico principio que puede ser comparado con las otras tres virtudes en relacioacuten con el beneficio que confiere al estado y la jus-ticia debe ser comparable a ellas en este respecto Tercero es por este princi-pio que los gobernantes dirigiraacuten sus decisiones judiciales y la justicia es el principio por el que nuestros gobernantes juzgan Por uacuteltimo la violacioacuten de este principio obra el dantildeo maacutes grande en la ciudad217 y eso es lo que hace la injusticia de modo que el principio mismo es ideacutentico con la justicia

434d-435a Adimanto estaacute de acuerdo pero Soacutecrates va a esperar hasta

que eacutel haya descubierto la justicia en el hombre aseguraacutendose por adelanta-do de que eacutel tiene la razoacuten Estaremos satisfechos si las caracteriacutesticas de la justicia son las mismas en el hombre y en el estado

435a-435d El punto que se ha de determinar es el siguiente iquestHay tres

formas (εἴδη) psicoloacutegicas o tipos en el alma del individuo (τὸν ἕνα) que co-rresponden a los tres oacuterdenes (τριττὰ γένη) en nuestra ciudad iquestY es el indi-viduo temperado valiente sabio y justo en virtud de las afecciones corres-pondientes de esos tipos Nuestros presentes meacutetodos de investigacioacuten estaacuten careciendo de exactitud pero ellos bastan para nuestro objetivo inmediato

216 Que en otras palabras significa que cada cual se ocupe en la realizacioacuten de su oficio propio en la ciudad el que corresponde a su naturaleza Todo esto en la misma medida redundaraacute en un beneficio mayor de la ciudad 217 Cuando por ejemplo ldquoun carpintero realice actividades de zapatero o un zapa-tero las del carpinterordquo (434a) no se produce un dantildeo grave a la ciudad pero siacute cuando un artesano intenta ingresar en la clase de los guerreros El problema estaacute en consecuencia cuando se lesiona el caraacutecter especiacutefico de cada una de las clases de la ciudad Mediante estas praacutecticas lesivas del orden del Estado piensa Platoacuten se termina por crear una lsquoinjerencia indiscretarsquo (polypragmosyne lsquoentrometimientorsquo) entre los tres geacuteneros de ciudadanos Esta es para Platoacuten la ldquolesioacuten maacutes granderdquo que se puede inferir al estado pues disuelve el fundamento mismo de la justicia como actividad de lo propio

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435e-439e La presencia de tres tipos (εἴδη) o caracteres (ἤθη) en la ciu-dad establece la existencia de los mismos caracteres en el individuo pero la pregunta es iquestexisten en eacutel como tres elementos separados o no iquestEmpleamos la totalidad del alma en cada acto psiacutequico o aprendemos con una parte sen-timos enojo con una segunda deseo con una tercera Al examinar este asun-to comenzamos por sostener que la misma cosa no puede hacer o padecer opuestos al mismo tiempo en la misma parte de siacute misma y con referencia a la misma cosa218 Esta norma es de aplicacioacuten universal podriacutea haber excep-ciones aparentes pero jamaacutes reales219 El deseo y la aversioacuten son opuestos y el hambre y la sed son dos variedades especiacuteficas del deseo relacionadas con la comida y la bebida consideradas en forma absoluta y categoacuterica Ahora bien aveces sucede que tenemos sed y no tenemos deseo de beber en otras palabras experimentamos a la vez deseo y aversioacuten Pero el deseo y la aver-sioacuten son opuestos Ellos deben en consecuencia proceder de diversos ele-mentos psiacutequicos La verdad es que en tales casos es un aspecto (τι)220 del alma lo racional (λογιστικὸν) el que nos refrena (κωλῦον) y otro el irracio-nal y apetitivo ( ἀλογιστικὸν τε καὶ ἐπιθυμητικόν) el que nos ordena beber

439e-441c Hay todaviacutea un tercer elemento o aspecto del alma que po-

demos llamar el elemento apasionado o impetuoso (θυμοειδές) Es distinto del elemento apetitivo con el que ciertamente frecuentemente lucha Su fun-cioacuten es sostener el aspecto racional del alma En un hombre de caraacutecter noble el elemento impetuoso estaacute quieto o al contrario de acuerdo con las oacuterdenes

218 Rep 436b 219 En 436b 12 estaacute ldquothe earliest explicit statement in Greek literature of the maxim of Contradiction cf Theaet 188A Phaed 102E 103B Sph 230 B and infra X 602 Erdquo (J Adam pg 247) 220 Literalmente ldquoalgordquo ldquouna cierta cosardquo (cf 439b) En lo que respecta a las ldquopar-tesrdquo del alma Platoacuten usa una terminologiacutea bastante libre Pero el uso de eidos (en su significado de lsquotiporsquo lsquoespeciersquo) en ciertos momentos de mayor precisioacuten (cf 435b-c 437c1 439e2 440e9) parece indicar su preocupacioacuten por evitar divisiones de un ca-raacutecter real en el alma Por lo general se considera al alma como un todo unitario acerca de la que sin embargo se predican en este caso tres aspectos o tipos de sub-sistencia psicoloacutegica diferentes acordes con los tipos o clases de individuos que conviven en la ciudad Incluso es uacutetil recordar que el significado de lsquoaspectorsquo con-viene bien con lsquoformarsquo en cuanto esta uacuteltima sentildeala algo que se presenta a la vista o consideracioacuten de alguien

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de la razoacuten No debe sin embargo ser identificado con la razoacuten221 ya que estaacute presente en los nintildeos y en los animales inferiores mientras que la razoacuten no lo estaacute Homero incluso reconoce que los dos elementos son diferentes

441c-443b Vemos asiacute que el alma contiene en siacute misma los mismos ti-pos o elementos que nuestra ciudad222 Se sigue que el individuo es sabio valiente etc del mismo modo y en virtud de los mismos elementos internos Somos por consiguiente justos cuando cada uno de nuestros factores psico-loacutegicos realiza su propio trabajo223 La razoacuten deberiacutea gobernar con el elemen-to impetuoso como su obediente aliado y ambos juntamente armonizados por la muacutesica y la gimnasia controlaraacuten el deseo (τοῦ ἐπιθυμητικοῦ) y vela-raacuten (φυλαττοίτην)224 contra los enemigos externos del alma y el cuerpo El individuo es valiente en virtud del elemento apasionado si a pesar del sufri-miento y el placer este continuacutea siendo exhortado (παραγγελθὲν) por los mandatos de la razoacuten en referencia a lo que deberiacutea o no deberiacutea ser temido sabio a causa de la funcioacuten (μέρει)225 del alma que gobierna y conoce mode-rado mediante la armoniacutea del gobernado y el gobernante sobre la cuestioacuten de quieacuten ha de gobernar y justo en virtud de nuestro muchas veces repetido principio Podemos examinar nuestro punto de vista sobre la justicia por va-

221 El teacutermino griego utilizado es logismoacutes con el sentido general de lsquocaacutelculorsquo lsquorazo-namientorsquo Por otra parte el elemento lsquoimpetuosorsquo ndashthymoeidḗsmdash se suele traducir por lsquoirasciblersquo Es como lo puntualiza J Adam (pg 255) ldquoel sentimiento de indigna-cioacuten moral ante todo malrdquo 222 ldquoCon estas declaraciones dije yo hemos hecho praacutecticamente la navegacioacuten y se ha producido entre nosotros un razonable acuerdo de que las mismas clases que existen en la ciudad y en el mismo nuacutemero se dan tambieacuten en el alma de cada indi-viduordquo (441c traduccioacuten de G Goacutemez Lasa) Esta es una doctrina fundamental de la Repuacuteblica por la que se sostiene la correspondencia entre la ciudad y el alma 223 Rep 441d 12- e 2 ldquoAsiacute pues hemos de tener presente que cada uno de nosotros seraacute solo justo y haraacute eacutel tambieacuten lo propio suyo en cuanto cada una de las cosas que en eacutel hay haga lo que le es propiordquo (trad Paboacuten Frenaacutendez Galiano) 224 Los dos elementos superiores realizan tambieacuten en el alma una funcioacuten equiva-lente a la de los guardianes en la ciudad 225 El teacutermino griego meros significa lsquopartersquo lsquoporcioacutenrsquo ahora bien cada parte del todo del alma realiza una lsquofuncioacutenrsquo que le es maacutes propia Hay modismos en griego que apoyan un sentido semejante para meros como es el caso de ὑμέτερον μέρος (Laques 180a) cuyo sentido aproximado podriacutea ser ldquoes funcioacuten vuestrardquo ldquoes cosa vuestrardquo

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rias pruebas derivadas de la connotacioacuten popular de la palabra y encontra-remos que estamos en lo correcto

443b-444a Teniacuteamos la razoacuten entonces cuando suponiacuteamos que la jus-

ticia226 en una cierta proporcioacuten estaba con nosotros desde un principio cuando nuestra ciudad fue fundada Pero el principio de que cada cual debe-riacutea hacer no maacutes que su trabajo profesional es en realidad solo una represen-tacioacuten (εἴδωλον) de la justicia La justicia verdadera atantildee al hombre interior y consiste en el desempentildeo (πρᾶξιν) de su oficio propio y peculiar por parte de cada uno de los tres elementos al interior del alma Esto es lo que produce la unidad espiritual y la unidad espiritual se muestra a siacute misma en actos efectivos (πράττειν) Podriacuteamos afirmar ahora que hemos descubierto la jus-ticia tanto en la ciudad como en el individuo

444a-444e La injusticia como cada variedad del vicio implica sedicioacuten

(στάσιν) y confusioacuten (πολυπραγμοσύνην) entre las partes del alma227 Es enfermedad (νόσον) espiritual deformidad y debilidad228 mientras que la

226 Esta seccioacuten como recuerda J Adam estudia la relacioacuten existente entre la virtud ciacutevica y la individual ldquoAunque hemos descubierto dice la segunda mediante la primera es la virtud del alma la uacutenica originaria la otra seguacuten su aparente expre-sioacuten no es sino una copia Toda verdadera virtud por consiguiente descansa en la psicologiacutea todaviacutea no como en VI y VII en el conocimiento metafiacutesico de la Idea del Bien Ahora es cuando el significado total de la ciudad de Platoacuten (lsquola ciudad es-tablecida conforme a la naturalezarsquo) se manifiesta Es una repuacuteblica cuyas institu-ciones y cuya vida poliacutetica son la expresioacuten externa o personificacioacuten de la verdade-ra e incorrupta naturaleza del alma considerada en exacta verdad como un lsquoretontildeo no terrestre sino celestersquo (Tim 90A) De aquiacute surgen los tres oacuterdenes de la ciudad de aquiacute tambieacuten cada orden realiza su accioacuten propia ya que es parte de la lsquonaturalezarsquo del alma el lsquohacer las cosas propias de siacute mismarsquo y la lsquoocupacioacuten indiscreta en asun-tos ajenosrsquo (πολυπραγμονεῖν) es la consecuencia de una degeneracioacuten desnaturali-zadardquo (pg 262) 227 Es el momento de hablar acerca de la injusticia aunque Platoacuten se limita aquiacute a hacer de ella una presentacioacuten general Luego en los libros VIII y IX trataraacute el tema en propiedad 228 Rep 444d rdquoY el producir salud es establecer los elementos que existen en el cuerpo de manera que dominen o sean dominados entre siacute seguacuten la naturaleza (κατὰ φύσιν) y el producir enfermedad el que manden o sean mandados entre siacute en contra de la naturaleza (παρὰ φύσιν)rdquo (trad G Goacutemez Lasa con mis pareacutentesis) La terminologiacutea seguacuten naturaleza y contra naturaleza juega aquiacute un papel importante en la clasificacioacuten del significado de lsquoenfermedadrsquo y como se ve tiene su parte tam-bieacuten en la produccioacuten de la justicia y la injusticia y las demaacutes virtudes

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virtud es lo contrario Los sistemas de vida (ἐπιτηδεύματα)229 virtuosos pro-mueven la virtud los viciosos el vicio

444e-445e Queda por investigar si la justicia es mejor que la injusticia

En cuanto a la injusticia como una enfermedad del alma Glaucoacuten estaacute pronto a declarar en favor de la justicia pero Soacutecrates quisiera examinar el asunto con maacutes cuidado Hay cuatro variedades de vicio que merecen investigacioacuten tanto en las ciudades como en los individuos Examineacutemoslas en orden230 La repuacuteblica (πολιτεία) perfecta que hemos descrito podriacutea llamarse reino (βασιλεία) o aristocracia (ἀριστοκρατία) seguacuten que haya uno o maacutes gober-nantes231 Glaucoacuten asiente

Libro Quinto 449a-451c Soacutecrates estaacute a punto de iniciar una descripcioacuten de los dife-

rentes tipos de gobiernos corruptos cuando Adimanto incitado por Polemar-co y apoyado por Glaucoacuten y Trasiacutemaco le exigen una explicacioacuten maacutes com-pleta acerca de la comunidad de esposas e hijos y de los ordenamientos para la generacioacuten y educacioacuten de la prole232 Soacutecrates se manifiesta renuente no solo porque se dudaraacute si su esquema es practicable o conveniente sino por-que eacutel mismo estaacute inseguro de su fundamento y poco dispuesto a implicar a sus amigos en un posible desconcierto Finalmente luego de aplacar a Adras-

229 Cf Fedro 233d Leyes 793d 230 Los modos diversos de gobierno se corresponden con los modos diversos de alma A las cuatro variedades de vicio corresponden cuatro variedades de gobierno lo que seraacute revisado extensamente en el libro VIII Luego Platoacuten menciona cinco formas de gobierno siendo la uacuteltima la correspondiente a la repuacuteblica perfecta 231 Se deja abierta la posibilidad de que el gobierno de la ciudad ideal esteacute en ma-nos de uno o de varios individuos pero el criterio del saber mdashcon independencia del nuacutemeromdash terminaraacute por imponerse claramente rdquoknowledge not number is the criterion of good governmentrdquo (J Adam pg 268) 232 En Leyes 794c el intervalo entre generacioacuten y educacioacuten de los nintildeos se estima en seis antildeos nada se dice en Repuacuteblica sobre este tema (ver J Adam pg 277)

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tea233 y de ser eximido de toda culpa se dispone a obedecer a sus deman-das234

451c-452e Hemos declarado al inicio que nuestros hombres iban a ser

por decir asiacute guardianes del rebantildeo Ahora bien el principio de comunidad requiere que nuestros perros guardianes hembras compartiraacuten las obligacio-nes activas de los machos siendo indulgentes con la inferioridad de su fuer-za235 Su educacioacuten debe por consiguiente ser la misma tendraacuten que apren-der muacutesica gimnasia y el arte de la guerra Sin duda que el espectaacuteculo de mujeres especialmente las ancianas ejercitaacutendose desnudas junto con los hombres pareceraacute ridiacuteculo al principio pero seraacute bueno recordar que no hace mucho tiempo incluso el dejarse ver los hombres desnudos para sus ejercicios atleacuteticos pareciacutea vergonzoso y ridiacuteculo Nada es verdaderamente ridiacuteculo a excepcioacuten de lo que es malicioso

452e-456c Establezcamos primero si nuestras propuestas son posibles

mdashen otras palabras si la mujer es naturalmente capaz de compartir las acti-vidades (τὰ ἔργα) del hombremdash todas ellas o ninguna o algunas y en caso que algunas si la guerra es una de esas Podriacutea arguumlirse que lsquola naturaleza del hombre es diferente de la de la mujer se deberiacutea por consiguiente asig-narles diferentes ocupacionesrsquo Un breve anaacutelisis mostraraacute el caraacutecter superfi-

233 Me parece plausible la sugestioacuten de J Adam (pg 278) como aplicada a este pa-saje de considerar a Adrastea mdashuna variedad de Neacutemesismdash en un especial sentido castigadora de las palabras orgullosas Veo por mi parte aquiacute un efecto del temor reverencial que sus propias audaces propuestas le producen a Soacutecrates y un recurso literario del autor Platoacuten para matizar el efecto de sus palabras 234 ldquoComo a menudo encontramos en Platoacuten (ver p e Fedoacuten 84c ss) dice J Adam (pg 274) el nuevo punto de partida es ocasionado por una objecioacuten o por mejor decir una solicitud de informacioacuten adicional hecha por alguno de los interlocuto-resrdquo 235 J Adam (pg 280) observa que la importancia que Platoacuten asigna a las obligacio-nes y entrenamientos comunes a los sexos es parte de una tentativa razonada y de-liberada de la escuela socraacutetica para mejorar la posicioacuten de las mujeres en Grecia Se citan Jenofonte Memorabilia II 2 5 Symposium 2 5 Oeconomicus 312- 15 7 11 ss Platoacuten Banquete 201 d ss y Leyes 780e ss Para la opinioacuten de Antiacutestenes consultar Dioacutegenes Laercio VI 12 ldquouna misma es la virtud (ἀρετή) del hombre y de la mujerrdquo Todo esto estaacute en armoniacutea con el principio fundamental de la ciudad de dar a cada cual el trabajo concordante con su naturaleza (Repuacuteblica II 370 b) es una consecuen-cia entonces del principio de especializacioacuten

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cial y eriacutestico de tal razonamiento La palabra lsquodiferentersquo es ambigua Las na-turalezas pueden diferir sin diferenciarse en absoluto con respecto a los pode-res por los que se desempentildean ciertas ocupaciones (ἐπιτηδεύματα)236 En consecuencia si el hombre y la mujer difieren solo en sexo ellos pueden cada cual desempentildear aquellas ocupaciones en las que el sexo no juega un papel Entre tales ocupaciones estaacuten aquellas que atantildeen a la administracioacuten de una ciudad Sin duda que el hombre es superior en su conjunto en capacidad y fuerza aunque muchas mujeres aventajan a muchos hombres pero las apti-tudes naturales de las mujeres son tan variadas como las de los hombres y no hay labor administrativa que estaacute por naturaleza asignada en forma exclusiva ya sea a los hombres o a las mujeres Asiacute la naturaleza produce mujeres que son aptas para guardar (φυλακὴν) nuestra ciudad A esas seleccionaremos como esposas y colegas de los guardianes hombres Nuestra propuesta es posible porque es natural (κατὰ φύσιν) y es maacutes bien el teacutermino lsquoanti natu-ralrsquo (παρὰ φύσιν) el que quizaacute deba aplicarse a la situacioacuten presente de la mujer237

456c-457b Queda por probar que nuestro programa poliacutetico es el mejor

para el estado Hemos acordado que el entrenamiento que capacita a un hombre a ser un guardiaacuten habilitaraacute tambieacuten a una mujer a serlo si las capa-cidades naturales de ambos son para comenzar las mismas Ahora bien nuestros guardianes varones debido a su educacioacuten son los mejores hombres en la ciudad Nuestras guardianas seraacuten de modo semejante las mejores mu-jeres Y no hay nada mejor para una ciudad que el ser habitada por las mejo-res mujeres y los mejores hombres Se asegura este objetivo a traveacutes de nues-tro sistema de educacioacuten Por consiguiente nuestras mujeres se deben des-nudar para los ejercicios atleacuteticos y compartir todas las labores de guardia a

236 En un sentido maacutes general se estaacute hablando aquiacute de los lsquomodos de vidarsquo que dicen referencia a las lsquocostumbresrsquo y lsquoocupacionesrsquo de las personas Este significado me parece mejor que ldquodutiesrdquo del texto de J Adam 237 Se dice que lo natural es aquello lsquoconforme a naturalezarsquo (κατὰ φύσιν 456c) y lo antinatural es aquello que lsquose opone a la naturalezarsquo (παρὰ φύσιν ibid)

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pesar de la risa ridiacutecula de aquellos que olvidan que la utilidad es la medida verdadera del buen gusto238

457b-458b Asiacute es coacutemo sorteamos en forma exitosa una de las oleadas

que nos amenazaban pero una ola maacutes formidable se nos estaacute acercando ahora239 Las mujeres y los hijos deben pertenecer a todos los guardianes en comuacuten Nadie conoceraacute a su mujer o a su hijo Que un tipo tal de sociedad es a la vez posible y beneficioso es algo que tendremos que probar pero por el momento supondremos su posibilidad y trataremos de mostrar que la co-munidad de esposas y de nintildeos es la mejor de todas las praacutecticas240 para la ciudad y sus guardianes

458b-461e La asociacioacuten mutua de hombres y mujeres guardianes los

conduciraacute naturalmente a formar lazos conyugales Pero no se permitiraacuten uniones irregulares Nosotros tendremos tambieacuten nuestros lsquomatrimonios sa-gradosrsquo (γάμους ἱεροὺς)241 pero por lsquosagradosrsquo nosotros estaremos signifi-cando los maacutes lsquoprovechososrsquo o lsquobeneficiososrsquo (ὀφελιμώτατοι) Ahora bien las uniones maacutes beneficiosas entre los animales inferiores son aquellas por las que la mejor descendencia se produce de padres que estaacuten en su pleno vigor Si lo mismo es cierto del linaje humano iexclcuaacuten diestros deben ser nuestros go-

238 Los aspectos utilitarios como este en la Repuacuteblica son numerosos Hay sin em-bargo una clara jerarquiacutea de valores rdquoBut even Socrates ennobles his utilitarianism by placing soul above body in dignity and worth In Plato utilitarianism becomes transfigured by Idealism and the doctrine of Immortalityrdquo (J Adam pg 291) 239 Esta es la segunda ola la primera teniacutea que ver con la educacioacuten comuacuten entre hombres y mujeres guardianes (ver 451c-457b) La oleada actual estaacute en relacioacuten con la comunidad de esposas e hijos (ver 457b-466d) La tercera se suscita frente al crucial problema de si la ciudad perfecta puede llegar a ver la luz Lo concerniente a la factibilidad de la repuacuteblica es tratado a partir del 471c 240 Una sentildeal de que las lsquonormasrsquo propuestas por Soacutecrates son un tipo de lsquopraacutecticasrsquo estaacute en el uso del verbo πράττω lsquohacer ejecutarrsquo No estamos auacuten en el terreno de los principios 241 rdquoLas bodas de Zeus y Hera comenta J Adam (pg 296) eran conocidas como theogamia o hieroacutes gamos y se celebraban en una festividad especial en Atenas y en otras partesrdquo se le consideraba el tipo ideal de los matrimonios humanos Lo que se busca no es la abolicioacuten del matrimonio sino un intento de elevarlo de una institu-cioacuten privada a una puacuteblica ldquosin sacrificar ninguna de las ceremonias y asociaciones religiosas por las que a los ojos de sus contemporaacuteneos se santificaba la unioacuten de los sexosrdquo (ibid pg 296)

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bernantes Ellos deben unir lo maacutes frecuentemente posible a las mejores pare-jas y lo menos posible a las peores y solo se educaraacute a los hijos de las mejores parejas Nadie a excepcioacuten de los gobernantes sabraacute coacutemo se ha de obtener este resultado Se uniraacute a novios y novias en ciertas fiestas matrimoniales junto a sacrificios e himnos y el nuacutemero de matrimonios seraacute fijado en cada ocasioacuten por los gobernantes de modo que la poblacioacuten se mantenga en lo posible la misma Los gobernantes llevaraacuten a cabo su objetivo usando suertes que ellos ya han manipulado

Ellos tambieacuten premiaraacuten la excelencia en la guerra o en otra cosa con-

cedieacutendoles mayor libertad para yacer con mujeres Los nintildeos que se han de educar seraacuten llevados a un establecimiento de nodrizas donde las madres y otras mujeres vendraacuten a amamantarlos pero se tomaraacute todo tipo de precau-ciones para impedir que las madres reconozcan a sus hijos La mujer estaacute en la flor de su edad entre los veinte y los cuarenta antildeos el hombre entre los veinticinco y los cincuenta y cinco antildeos y es soacutelo durante esos periacuteodos que se les permitiraacute parir o engendrar nintildeos para la ciudad242 Las violaciones de esta norma seraacuten condenadas severamente Despueacutes que se ha pasado de esta edad legal removeremos las restricciones sobre las relaciones sexuales ob-servando solo las reglamentaciones que sean necesarias para prevenir el in-cesto pero en lo posible esas uniones seraacuten esteacuteriles y en todo caso no debe educarse su descendencia Soacutecrates establece algunas regulaciones adiciona-les acerca de nuevos significados que han de adjuntarse a los nombres de las relaciones familiares y agrega que lsquohermanosrsquo y lsquohermanasrsquo pueden casarse si asiacute lo determina el sorteo y lo aprueba la pitonisa

461e464b Procuremos mostrar ahora que la comunidad de esposas e hi-

jos es la mejor y en consonancia con el plan general de nuestra constitucioacuten Que este es el curso mejor de accioacuten Platoacuten lo prueba de la siguiente manera Un legislador deberiacutea sobre todas las cosas aspirar al mantenimiento de la

242 Son expresiones del punto de vista platoacutenico acerca del matrimonio ldquoThey are equally applicable to the Spartan ideal and may have been borrowed from Spartardquo (J Adam pg 301)

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unidad al interior de la ciudad243 El instrumento maacutes efectivo para este pro-poacutesito es la comunidad del placer y del dolor Asiacute como en un hombre indi-vidual los sufrimientos de un miembro singular afectan a la totalidad asiacute tambieacuten en una ciudad bien gobernada las alegriacuteas y penas de cada ciuda-dano son compartidas por todos244 Es faacutecil mostrar que nuestra ciudad ideal cumple esta condicioacuten en un grado excepcional a la vez mediante sus otras instituciones y maacutes especiacuteficamente a traveacutes de la comunidad de esposas e hijos

464b-465d El comunismo domeacutestico estaacute tambieacuten en armoniacutea con el ca-

raacutecter comunitario general de la ciudad Eacutel estrecharaacute la unioacuten de los guar-dianes y consolidaraacute el estado Eacutel tambieacuten nos liberaraacute de pleitos que surjan de disputas acerca de la familia y la propiedad En casos de tentativas de vio-lencia contra una persona se espera que los compantildeeros le defiendan Los ciudadanos maacutes viejos ejercitaraacuten poderes disciplinarios sobre los maacutes joacuteve-nes reverencia y temor impediraacute desquites de parte de estos uacuteltimos Todas estas disposiciones tenderaacuten a mantener a los gobernantes en paz unos con otros y si estaacuten unidos no se esperaraacuten sediciones en el resto de la ciudad Otras ventajas menores son demasiado triviales para que se las especifique

465d-466d La vida de nuestros guardianes seraacute maacutes gloriosa que la de

los vencedores en los juegos Lejos de ser infelices ellos son los maacutes felices de los ciudadanos y cualquier intento de engrandecerse a siacute mismos a costa de su paiacutes solo los haraacute miserables Concluimos que el mejor curso de accioacuten para una ciudad es hacer que las mujeres compartan con los hombres en todo y tal comunidad estaacute en armoniacutea con las relaciones naturales entre los se-xos245

243 ldquoEl objetivo de Platoacuten a traveacutes de todo este episodio es el conservar lsquounarsquo a la totalidad de la ciudad impidiendo que uno de sus factores constituyentes a saber los guardianes lleguen a ser lsquomuchosrdquorsquo (J Adam pg 305) 244 Parece buscarse por medio de la superacioacuten del individualismo la desaparicioacuten de la subversioacuten y las divisiones internas (staseis) en la ciudad Esto se lograriacutea de la mejor manera manteniendo unida a la clase de los guardianes 245 Hay aquiacute indudablemente una referencia a la situacioacuten diametralmente dife-rente en que se encuentran las relaciones entre los sexos en su eacutepoca su idea es es-tablecer entre ellos en todo ldquohasta donde sea posiblerdquo una ldquocompleta comunidadrdquo

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466d-467e Tenemos todaviacutea que determinar si un tal tipo de sociedad

es posible entre los hombres como lo es entre los animales inferiores Pero proveamos primero lo concerniente al manejo de la guerra

Nuestros hombres y nuestras mujeres han de combatir en comuacuten en compantildeiacutea de sus descendientes no demasiado joacutevenes Los nintildeos estaraacuten atentos a las necesidades de sus progenitores y los alentaraacuten con su presencia en el campo de batalla Tendraacuten asiacute la ventaja de ser testigos del ejercicio con-creto de la profesioacuten que los espera en la vida futura El riesgo es considera-ble pero los problemas en juego exigen que eacutel se corra y se tomaraacuten todas las precauciones para asegurar el resguardo de los nintildeos

468a-469b En lo que concierne a la obligacioacuten de unos a otros en el

campo de batalla Soacutecrates enumera varios medios por los que se desalentaraacute la cobardiacutea y se premiaraacute la valentiacutea

469b-471c Tenemos tambieacuten un deber con nuestros enemigos246 Nin-

guna ciudad griega seraacute esclavizada y no podraacute haber un pillaje indecoroso de los muertos Armaduras capturadas en el campo de batalla no seraacuten dedi-cadas en los templos sobre todo no armaduras tales como las que tomamos de griegos a menos que el Dios determine lo contrario Prohibimos que el territorio griego sea asolado o que se incendie las casas griegas247 La totali-

(466c-d) Esto comprende a la dirigencia de la ciudad no a los productores de los que no se dice nada Platoacuten estaacute ampentildeado aquiacute en disentildear el modo como la ciudad seraacute gobernada 246 Hay ciertas leyes no escritas que rijen el comportamiento de los griegos en estas materias En este episodio como dice J Adam (pg 320) ldquoPlatoacuten hace un anaacutelisis de los principios que han de regular la poliacutetica internacional de su ciudad en sus rela-ciones tanto con los griegos como con los baacuterbarosrdquo 247 Habiacutea ciertas normas de guerra que constituiacutean un rudimentario derecho inter-nacional el que dependiacutea fundamentalmente de la costumbre La experiencia de la guerra del Peloponeso vivida por el joven Platoacuten y mantenida en el recuerdo por Tuciacutedides ha servido sin duda de ejemplo para estas regulaciones de la ciudad pla-toacutenica Soacutecrates manifiesta claramente su intencioacuten de establecer normas miacutenimas de humanidad en las guerras entre los helenos (ver especialemente 471 a-b) Hay que tener presente que se consideraba legiacutetimo en la guerra el pillaje y la destruc-cioacuten de las cosechas y de la propiedad en una situacioacuten de parecido desamparo estaban por lo general los prisioneros que podiacutean ser ejecutados o vendidos como

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dad de la raza heleacutenica son los hijos de una misma familia248 y los conflictos entre sus miembros no deberiacutean llamarse guerra sino contienda civil (στάσιν) El Baacuterbaro es nuestro enemigo natural y si saqueamos Grecia no-sotros no podemos asolar nuestra nodriza y madre Hay que recordar que nuestra ciudad es una ciudad griega Ella puede castigar pero no esclavizar otros estados griegos249 Glaucoacuten asiente eacutel piensa que nuestros ciudadanos deberiacutean tratar a los baacuterbaros como los griegos tratan ahora a sus compatrio-tas

471c-472b Glaucoacuten vuelve a recordar a Soacutecrates su tarea ya dos veces

pospuesta de demostrar que un tal Estado es posible250 472b-472e Soacutecrates le recuerda a Glaucoacuten que es la investigacioacuten de la

justicia y de la injusticia la que nos ha llevado a este punto Fue para alcanzar una norma o modelo (παραδείγματος ἄρα ἕνεκα) de justicia que examina-mos la naturaleza de la justicia perfecta y del hombre perfectamente justo251

esclavos Platoacuten mediante las propuestas de Soacutecrates reacciona en contra de ello al menos en lo que a los Griegos se refiere 248 ldquoA formal declaration of Platos political faith in Panhellenic idealrdquo (J Adam pg 323) 249 En lo que respecta a la esclavitud hay que recordar que los esclavos en Grecia eran de nacionalidad extranjera con excepcioacuten de aquellos griegos que habiacutean sido vendidos como esclavos con acasioacuten de la destruccioacuten de su propia ciudad por la guerra (ver J Adam pg 320) Por otra parte ldquoes claro por la seccioacuten presente que Platoacuten no impugna el principio de la esclavitud en tanto que los esclavos son de origen baacuterbaro pero en ninguna parte dice eacutel que su ciudad perfecta va efectiva-mente a contener esclavos ni es faacutecil ver queacute es lo que podriacutean hacer en ella Los esclavos estaacuten presentes por supuesto en la ciudad de las Leyes (776c ss)rdquo (ibid pg 321) Para una discusioacuten sobre este tema referido especialmente a la Repuacuteblica ver Temas de Estudios (I) ldquoiquestHay esclavos en la ciudad platoacutenicardquo 250 Se incia un giro fundamental en el curso del diaacutelogo en que se discute la factibi-lidad de la ciudad platoacutenica ideal Se disciernen dos aspectos (a) ldquode si es posible que llegue a existir este reacutegimen poliacuteticordquo (ἡ πολιτεία) (b) ldquoy de queacute manera es po-siblerdquo 251 La verdadera finalidad de los anaacutelisis de Platoacuten estaacute en la buacutesqueda de una teo-riacutea poliacutetica en relacioacuten con la gobernabilidad de la ciudad griega Para ello es nece-sario remontarse a principios abstractos y permanentes que proporcionen la base de sustentacioacuten cientiacutefica de la explicacioacuten de ese aspecto de la realidad estudiado En esta circunstancia se trata de los fenoacutemenos y realidades concernientes a la socie-dad en cuando que conglomerado poliacutetico es decir ciacutevicamente organizado

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Por la comparacioacuten con sus opuestos en relacioacuten con la felicidad y la infelici-dad intentamos obtener una medida para apreciar el efecto de la justicia y la injusticia sobre la felicidad en la vida humana Nuestro objeto no fue probar que la justicia perfecta es alcanzable y por consiguiente no estamos obliga-dos a mostrar que nuestra ciudad puede hacerse real

472e-474c Estoy dispuesto sin embargo dice Soacutecrates a mostrarte con

la mayor aproximacioacuten coacutemo nuestra constitucioacuten puede hacerse realidad252 No podemos esperar una realizacioacuten perfecta ya que la accioacuten es en todas partes menos verdadera que el lenguaje o la teoriacutea253 Un solo gran cambio posible sin embargo y solo uno es necesario y es este254 Los lsquofiloacutesofosrsquo (οἱ φιλόσοφοι) deben llegar a ser reyes (βασιλεύσωσιν) o los reyes lsquofiloacutesofosrsquo (φιλοσοφήσωσιν) En tanto que esto no suceda255 no habraacute tregua (παῦλα) para los males tanto de las ciudades como de la humanidad ni nuestra ciu-dad hipoteacutetica ver alguna vez la luz del sol y alcanzar realidad Una gran pa-radoja (πολὺ παρὰ δόξαν) diraacutes rentildeida con la opinioacuten corriente pero expli-quemos queacute es lo que entendemos por lsquofiloacutesofosrsquo

474c-480a El filoacutesofo es aquel que ama no una parte del conocimiento

sino la totalidad256 Su pasioacuten es por la verdad y Verdad quiere decir Ideas

252 Se trata de una aproximacioacuten en cuanto que la ciudad que se intenta crear se asemeje lo maacutes posible a su modelo Esta aproximacioacuten se expresa con la ideas de cercaniacutea ldquouna ciudad que se acerque lo maacutes posible a lo ya expuestordquo (473a) Se entra a un momento culminante del diaacutelogo 253 La palabra que es la base del discurso filosoacutefico se acerca maacutes a la verdad mdashes decir a la realidadmdash que la praacutectica sustentada por la accioacuten (πρᾶξιν) 254 Este gran cambio es en estricto sentido el maacutes pequentildeo (σμικροτάτου 473b) pues se trata de hacer posible la entrada en vigencia del estado ideal sin estorbar innecesariamente su realizacioacuten aunque evitando desfigurarlo 255 ldquoPolitical evil afirma J Adam (pg 330) is in Platos view the result of a divorce between political power and knowledge of the good it only can be cured by effec-ting their reconciliationrdquo 256 ldquoLa ciudad segunda (δευτέρα πόλις) de los libros II-IV comenta J Adam (pg 332) se apoyaba en una base psicoloacutegica y era maacutes la expresioacuten de un ideal moral que intelectual En armoniacutea con esta concepcioacuten Platoacuten usoacute anteriormente la pala-bra philoacutesophos primariamente y en su mayor parte en su sentido eacutetico Ahora que se dispone a abandonar la psicologiacutea por la metafiacutesica y a describir la realeza del co-nocimiento se hace necesario analizar de nuevo el sentido de φιλόσοφος De aquiacute

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Las Ideas son cada una de ellas una pero parecen muchas por unioacuten con las cosas particulares y de una a otra257 Los aficionados a las audiciones y a los espectaacuteculos y personas semejantes creen solo en las muchas cosas bellas ellos no pueden comprender lo uno Como sontildeadores ellos se equivocan y confunden la copia por el original Su condicioacuten de espiacuteritu podriacutea describirse como opinioacuten (δόξα) mientras que la del filoacutesofo como conocimiento (ἐπιστήμη)

Procedamos a probar esta afirmacioacuten El objeto del conocimiento lsquoesrsquo el de la ignorancia lsquono esrsquo Si por consiguiente algo a la vez lsquoesrsquo y lsquono esrsquo debe hallarse entre el ser y el no-ser y la facultad que lo reconoce seraacute algo entre conocimiento e ignorancia

Las lsquopotenciasrsquo (δυνάμεις) difieren unas de otras de acuerdo con los ob-jetos sobre los que ellas presiden y los efectos que ellas producen El lsquopoderrsquo llamado conocimiento preside sobre el ser y produce el acto de conocer (γνῶναι) Es diferente por consiguiente del lsquopoderrsquo llamado opinioacuten cuyo resultado es opinar (δοξάζειν) iquestCuaacutel es entonces el objeto sobre el que la opinioacuten preside Hemos visto que no es el ser ni el no-ser Por consiguiente la opinioacuten es diferente tanto del conocimiento (γνῶσις) como de la ignorancia (ἄγνοια) Es de hecho algo entre conocimiento e ignorancia menos lumino-so que uno maacutes luminoso que el otro Su objeto seraacute por consiguiente aque-llo que conjuntamente lsquoesrsquo y lsquono esrsquo

Ahora bien son la multitud de cosas bellas y de lo demaacutes que a la vez son y no son258 No hay ninguna de ellas que lsquoesrsquo maacutes que lsquono esrsquo que lo que decimos que es Estamos justificados por consiguiente en decir que la multi-tud de cosas bellas y de otros tipos se hallan entre el ser y el no-ser De este modo hemos descubierto el objeto de la opinioacuten

en adelante a traveacutes de los libros VI y VII el philoacutesophos es aquel cuya devoradora pasioacuten es el amor por la verdad es decir por la Ideasrdquo 257 En Repuacuteblica 476a 2 hace su primera aparicioacuten en el diaacutelogo la teoriacutea de las Ideas 258 De estas cosas se dice que participan tanto del ser (τοῦ εἶναι) como del no ser (μὴ εἶναι 478e) y son captados por la potencia intermedia Todas ellas representan el mundo de lo opinable (δοξαστόν) y constituyen el conjunto de realidades que deben ser colocadas ldquoen el mediordquo (μεταξὺ) entre el ser esencial (ουσἰας) y el no ser (τοῦ μὴ εἶναι 479c)

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Concluimos que aquellos que tienen ojos para las numerosas cosas be-llas y otras opinan (δοξάζειν 479e) mientras que aquellos que ven la belleza en siacute (αὐτὸ τὸ καλὸν 479e 1) conocen (γιγνόσκειν) De los primeros diremos que son amantes de la opinioacuten (φιλοδόξους) los otros son los amantes de saber los filoacutesofos (φιλοσόφους)

Libro sexto 484a-485a Ahora tenemos que mostrar que a los filoacutesofos tal como los

hemos definido se les deberiacutea confiar el gobierno Ellos son los uacutenicos que en virtud del Ideal en sus almas259 son capaces de guardar las leyes y las institu-ciones de la ciudad Los haremos por consiguiente nuestros guardianes si poseen los requisitos praacutecticos necesarios Un estudio de su naturaleza mos-traraacute que es posible que existan en ellos ambos tipos de calificacioacuten

485a-487a La naturaleza filosoacutefica ama el ser eterno e inmutable en su

totalidad260 Se sigue de aquiacute que el filoacutesofo ama naturalmente la Verdad desprecia los placeres del cuerpo es sobrio (σώφρων) no es avaro de rique-zas ni mezquino de pensamiento sino que posee grandeza de aacutenimo y coraje es justo y gentil Es tambieacuten raacutepido para aprender retiene lo aprendido no es dado a la conducta extravagante sino modesto y corteacutes261 A tales hombres cuando los antildeos y la educacioacuten hayan perfeccionado sus cualidades natura-les bien podemos confiarle nuestra ciudad

259 Ello ha sido posible mediante la comprensioacuten de ldquolo que se mantiene siempre ideacutentico a siacute mismordquo (484b) y por este motivo a diferencia de los ldquono-filoacutesofosrdquo no andan errando (πλανώμενοι) entre lo muacuteltiple J Adam (II pg 2) compendiosa-mente dice ldquoIt is the fluctuation of the Object which makes the Subject fluctuaterdquo 260 En su comentario J Adam (II pg 3) analiza las cualidades naturales acerca de las que se insistiacutea que eran primariamente morales mientras que aquiacute y en el libro VII se hace ver en primer lugar que son cualidades de tipo intelectual 261 El alma del filoacuteso con un sentimiento universal tiende constantemente a la tota-lidad de lo divino y de lo humano (486a) debe mantenerse por tanto alejado de toda aneleutheriacutea o lsquocarencia de liberalidad de mentersquo Su grandeza proviene entera-mente de la verdad que posee o estaacute en capacidad de poseer

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487a-487e Pero en realidad importuna Adimanto los filoacutesofos actuales son considerados inuacutetiles o peor que eso262 Soacutecrates admite la exactitud de este punto de vista y procede a resolver la dificultad con una paraacutebola263

487e-489c Imagiacutenate un barco en el que los marineros luchan unos con

otros para ganar la posesioacuten del timoacuten aunque ellos jamaacutes han aprendido el arte del timonel y niegan de hecho que su gobierno pueda alguna vez ser ensentildeado Ellos dominan al patroacuten de la nave con narcoacuteticos o con bebidas alcohoacutelicas y navegan alegremente directo al naufragio Nunca se les ocurrioacute que para gobernar un barco es necesario aprender coacutemo hacerlo El verdade-ro piloto es para ellos un observador de estrellas (μετεωροσκόπων) un char-lataacuten ocioso completamente inuacutetil Nuestro siacutemil (εἰκόνα 489a) se explica por siacute mismo iquestPorqueacute admirarse que el filoacutesofo es inuacutetil en una ciudad Pero la falta la cometen quienes no lo utilizan No es parte de su obligacioacuten el de-mandar empleo deberiacutean interesarse aquellos que necesitan sus servicios264

489c-491a Es suficiente acerca de la lsquoinutilidadrsquo del filoacutesofo Pero el pre-

juicio maacutes serio que sufre la Filosofiacutea se debe a aquellos que pretenden ser filoacutesofos cuando no lo son De ellos se trata cuando la gente afirma que la mayoriacutea de los filoacutesofos son unos perversos Esforceacutemonos por mostrar que la filosofiacutea no es responsable de la corrupcioacuten de la naturaleza filosoacutefica El ver-dadero filoacutesofo a pesar de los conceptos erroacuteneos es como hemos visto un amante natural de la verdad y posee en consecuencia todas las virtudes del caraacutecter ya sentildealadas265 Tenemos que investigar (1) coacutemo es que esta dispo-sicioacuten en muchos casos se corrompe y (2) cuaacutel es el caraacutecter de estos falsos filoacutesofos que son responsables de los prejuicios en contra de la Filosofiacutea

262 Por boca de Adimanto se expresa una opinioacuten muy extendida entre los griegos y los contemporaacuteneos de todas las eacutepocas posteriores 263 Soacutecrates invita a Adimanto a escuchar una ldquocomparacioacutenrdquo un ldquosiacutemilrdquo eikōn uno de los tantos que haraacuten este libro justamente famoso 264 No es propio de estos gobernantes suplicar a los gobernados que se dejen go-bernar Los poliacuteticos de ahora sin embargo son los marineros que asaltan al timo-nel 265 ldquoThe knowledge of the Idea is indeed in Platos view an intellectual and moral regenerationrdquo (J Adam II pg 15)

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491a-495b La naturaleza filosoacutefica es un producto escaso cuyas verda-deras virtudes lo vuelven peculiarmente expuesto a la corrupcioacuten266 cuando se le coloca en ambientes desfavorables Las voces clamorosas de la opinioacuten puacuteblica expresadas en asambleas y otras reuniones puacuteblicas corrompe inevi-tablemente al joven al inducirlo a la conformidad consigo mismo267 Cuando ellos lo estiman necesario emplean la fuerza bajo el nombre de castigo Con-tra esas influencias no hay profesor posible que pueda luchar aunque la providencia de Dios pueda salvar a algunos En cuanto a los sofistas ellos siacute que convierten en sistema y ensentildean las opiniones de la multitud las que ellos mismos son incapaces totalmente de justificar pero aceptan sin reserva como su profesioacuten les exige que lo hagan Recuerda tambieacuten que las Ideas son tonteriacuteas para el vulgo por lo que ellos jamaacutes amaraacuten la sabiduriacutea o a sus se-guidores268 Socrates concluye mediante una descripcioacuten viacutevida y y muy real de una naturaleza filosoacutefica en proceso de corrupcioacuten

495b-496a Abandonada de sus legiacutetimos amantes la Filosofiacutea sola y

desolada se ve forzada a una alianza con pretendientes indignos La prole de esta unioacuten non sancta es una progenie bastarda de sofismas

496a-497a Los pocos que por variadas razones permanecen fieles a la

filosofiacutea se alejan de la vida poliacutetica Al actuar de ese modo ellos se mantie-nen inmaculados frente al mundo cosa que si bien no es un logro pequentildeo tampoco es el maacutes grande269 Si se encuentran con una repuacuteblica apropiada para ellos obtendraacuten un crecimiento mayor para siacute mismos asiacute como resulta-raacuten ser los salvadores de su paiacutes

266 El adagio latino atribuido a san Jeroacutenimo dice ldquoCorruptio optimi pessimardquo la corrupcioacuten del mejor es la peor 267 La peor escuela de educacioacuten no es la de los sofistas sino la de las asambleas populares como la ekklesiacutea o asamblea popular 268 ldquoEs imposible entonces que la multitud sea filoacutesofo (amante de la sabiduriacutea)ldquo (494a) J Adam resume la cuestioacuten del siguiente modo ldquoThe theory of Ideas is not democratic philosophyrdquo aunque la discusioacuten presente no trata directamente ese asunto 269 La vida del individuo adquiere su verdadera dimensioacuten en el acontecer de una sociedad organizada para el hombre griego en general como para Platoacuten la ciudad es el marco indispensable para una vida individual verdaderamente plena y feliz Porque hay en el hombre necesariamente una dimensioacuten social

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497a-498c Nuestra justificacioacuten de la filosofiacutea estaacute ahora completa

Queda por preguntarse doacutende estaacute la constitucioacuten poliacutetica adaptada a la na-turaleza filosoacutefica iquestDoacutende estaacute en otras palabras el mejor gobierno (ἡ πολιτεία) En la ciudad que hemos fundado excepto que se requiere una explicacioacuten maacutes completa para la posicioacuten de los gobernantes Un estado que ha de manejar la filosofiacutea sin peligro debe asumir una actitud nueva frente a sus suacutebditos La filosofiacutea deberiacutea recibir maacutes en vez de menos atencioacuten a medida que un hombre entra en la madurez

498c-502c Adimanto casi no espera que el razonamiento de Soacutecrates

persuada a la mayoriacutea de sus auditores Pero Soacutecrates no estaacute dispuesto a perder la esperanza pues cree que sus palabras pueden producir frutos en una vida futura si no lo hacen en esta En cuanto a la multitud su discon-formidad se explica faacutecilmente Ellos han escuchado bastante de una retoacuterica tintineante pero ellos no han visto todaviacutea jamaacutes un filoacutesofo-rey ni estaacuten acostumbrados a discursos cuya uacutenica meta es la verdad Nuestra ciudad per-fecta se hace real siempre y en cualquier parte dondequiera y cuandoquiera que la Filosofiacutea llegue a obtener el poder La multitud asentiraacute si la aborda-mos correctamente270 porque su odio es contra los falsos filoacutesofos y no en contra de los verdaderos El amante de la verdad se haya absorto en la con-templacioacuten de las realidades inmutables a cuya imagen eacutel intenta formular las instituciones humanas en caso de que sea llamado a participar en la vida puacuteblica Sentildeaacutelale esto a la multitud y razona con ellos y ellos estaraacuten de acuerdo Nuestras propuestas aunque difiacuteciles no son imposibles271

502c-504a Nuestra tarea proacutexima consiste en describir a los gobernantes

y su posicioacuten en nuestra ciudad Ya hemos visto que ellos deben ser patriotas

270 A pesar de todo Platoacuten confiacutea en el poder de la razoacuten para persuadir a la mayo-riacutea a plegarse a su proyecto No es una tiraniacutea la que pretende imponer sino el go-bierno del mejor El proverbio griego atribuido a Soloacuten deciacutea χαλεπὰ τὰ καλά ldquolo bello es difiacutecilrdquo (ver Hipias Mayor 304e) 271 El plan propuesto por Platoacuten pretende ser el mejor siempre que sea realizable La ciudad ideal no es en esencia un imposible sino en cuanto que su condicioacuten de oacuteptima hace difiacutecil su realizacioacuten en sentido estricto no es una utopiacutea aunque ten-ga muchas de las caracteriacutesticas adscritas a esta

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agreguemos ahora que deben ser filoacutesofos272 Aquellos que combinan los ras-gos peculiares del temperamento filosoacutefico son necesariamente pocos y de-ben ser sometidos tanto a rigurosas pruebas intelectuales como morales para ver si seraacuten capaces de soportar los maacutes grandes estudios (μαθήματα)

504a-505b Glaucoacuten pregunta cuaacuteles son esos lsquomaacutes grandes estudiosrsquo Tuacute

recordaraacutes dice Soacutecrates que nosotros describimos nuestro anterior meacutetodo psicoloacutegico de llegar a las virtudes como inadecuado e incompleto Nuestros guardianes deben recorrer un largo camino si han de alcanzar su propia me-ta es decir el estudio maacutes alto de todos (μέγιστον μάθημα) que es algo que estaacute maacutes allaacute y es incluso superior a las virtudes Y todas esas mismas virtu-des no deben maacutes ser vistas solo meramente en bosquejo ellas deben ser es-tudiadas en toda su plenitud y perfeccioacuten El maacutes alto estudio es la Idea del Bien (ἡ τοῦ ἀγαθοῦ ἰδέα) como Glaucoacuten ha escuchado a menudo antes Es el conocimiento de esta Idea el uacutenico que hace uacutetil y beneficioso a todo otro conocimiento273

505b-506a iquestQueacute es por consiguiente el Bien La mayoriacutea contesta lsquoel

placerrsquo otros maacutes refinados lsquoel conocimientorsquo Ninguno de estos puntos de vista es defendible Los hombres estaacuten constantemente disputando acerca del Bien pero su existencia es praacutecticamente admitida por todos ya que es el ob-jetivo uacuteltimo de todo esfuerzo La Idea del Bien debe ser conocida por nues-tros guardianes pues a menos que ellos conozcan la conexioacuten entre el Bien y los ejemplos particulares de lo justo lo honorable y otros casos ellos no pue-den guardar estos uacuteltimos o incluso no se puede decir verdaderamente que los conozcan en una medida adecuada

506b-508b Despueacutes de cierta vacilacioacuten Soacutecrates se compromete a des-

cribir la Idea del Bien no como es ella en siacute misma sino a traveacutes de su ima-gen su semejanza es decir de su vaacutestago (ἔγκονος)

272 Se aspira a una armoniosa combinacioacuten de cualidades morales e intelectuales 273 Se entiende que maacutethema expresa a la vez la idea de lsquoestudio disciplinarsquo y la de lsquosaber conocimientorsquo

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Permiacutetanme recordarles continuacutea diciendo nuestra acostumbrada dis-tincioacuten entre particulares e Ideas las primeras son percibidas por la visioacuten (ὁρᾶσθαι) las uacuteltimas son concebidas por el entendimiento (νοεῖσθαι 507c) pero no vistas En el caso de la mayoriacutea de los sentidos nada se requiere a excepcioacuten de la facultad y su objeto para que una sensacioacuten pueda tener lu-gar Pero para que podamos ver un tercer requisito es necesario a saber la luz (φῶς) Ahora bien el autor de la luz es el Sol (τὸν ἥλιον) y en conse-cuencia podemos decir que el Sol es la causa de la visioacuten No debemos identi-ficar ni la visioacuten (ὄψις) ni el ojo (ὄμμα) con el Sol aunque el ojo se asemeja al Sol maacutes iacutentimamente que ninguacuten otro oacutergano del sentido274 y el Sol mismo es visto por el ojo

508b-509a Es suficiente acerca de nuestro siacutemil La interpretacioacuten es la

siguiente El hijo o vaacutestago del Bien es el Sol cuya relacioacuten con la vista y sus objetos es la misma que la del Bien con la inteligencia (νοῦς) y los objetos de pensamiento (τὰ νοούμενα) El elemento anaacutelogo de la luz es la verdad (ἀλήθεια)275 asiacute como no podemos ver sin la luz asiacute tambieacuten cuando la ver-dad estaacute ausente no podemos conocer La Idea del Bien es la fuente de la Verdad y el conocimiento y aunque se la conciba como aprehendida por el conocimiento es sin embargo causa (αἰτίαν) del conocimiento y la verdad276 Asiacute como la luz y la visioacuten se asemejan al Sol asiacute la verdad y el conocimiento

274 El teacutermino de Platoacuten es ἡλιοειδήστατον lsquoel maacutes parecido al Solrsquo (508b 3) que es usado uacutenicamente aquiacute en superlativo y en 509a 1 (ἡλιοειδῆ) En Heidegger mdashLa doctrina de la verdad seguacuten Platoacutenmdash se dice ldquohelioiderdquo ldquosolisiacutemilrdquo Sin duda que se quiere sentildealar con esto la profunda afinidad del oacutergano con la luz su cristalina transparencia 275 ldquoThe entire simile is plunged in confusion if Light is equated with anything ex-cept Truthrdquo (J Adam II pg 60) 276 J Adam II (pg 60) presenta el siguiente cuadro de comparaciones regioacuten visible (τόπος ὁρατός) asymp regioacuten inteligible (τόπος νοητός) (1) Sol asymp Idea del Bien (2) Luz asymp Verdad (3) Objetos de visioacuten (colores) asymp Objetos de conocimiento (Ideas) (4) Sujeto que ve asymp Sujeto que conoce (5) Oacutergano de la visioacuten (ojo) asymp Oacutergano del conocimiento (νοῦς) (6) Facultad de la visioacuten (ὄψις) asymp Facultad del entendimiento (νοῦς) (7) Ejercicio de la visioacuten (ὄψις ὁρᾶν) asymp Ejercicio del entendimiento (νοῦς ie νόησις γνῶσις ἐπιστήμη) (8) Habilidad para ver asymp Habilidad para conocer

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se asemejan al Bien277 pero el Bien no es ideacutentico con ninguno de ellos ya que los trasciende a ambos278

509a-c En segundo lugar el Sol tambieacuten proporciona a los objetos de

visioacuten la generacioacuten (γένεσιν) el crecimiento y la alimentacioacuten aunque la generacioacuten no es ideacutentica con el Sol279 De manera semejante los objetos de conocimiento (γιγνοσκομένοις) reciben del Bien no solo su capacidad de ser conocidos (τὸ γιγνώσκεσθαι) sino tambieacuten su ser (τὸ εἶναι) y su esencia (οὐσίαν) este sin embargo es en siacute mismo distinto de la esencia y superior a ella280

509c-511e Soacutecrates ante una peticioacuten de Glaucoacuten procede ahora a ex-

poner la comparacioacuten de manera maacutes completa Tomemos una liacutenea (γραμμὴν) y dividaacutemosla en dos partes desiguales para representar respec-tivamente los objetos de visioacuten (τοῦ ὁρωμένου) y los objetos de pensamiento (τοῦ νοουμένου)281 Si subdividimos adicionalmente cada parte en propor-cioacuten a las secciones originales tendremos cuatro segmentos representando

277 ldquoJust as therefore the sun is the source of light so the Idea of the Good is the source of truthrdquo (J Raven Platos Thought in the Making pg 137) 278 ldquoNo hay que identificar la Idea del Bien en siacute dice J Raven (op cit pg 137) ni con el conocimiento ni con el entendimiento La verdad y el conocimiento son sin embargo lo maacutes semejante de todas las cosas a la Idea del Bienrdquo 279 ldquoEn la filosofiacutea de Platoacuten comenta J Adam II (pg 61) el conocimiento es la con-trapartida epistemoloacutegica del Ser el Ser la contrapartida ontoloacutegica del conocimien-to La unidad final en la que tanto el conocimiento como el Ser se encuentran es la Idea del Bien que es por consiguiente la causa suprema y uacuteltima del Universordquo 280 ldquoEn cuanto que causa de la generacioacuten (γένεσις) podemos de hecho considerar el Sol como la sola y verdadera generacioacuten pues todas las cosas generadas (γιγνόμενα) se derivan de eacutel De modo semejante el Bien no es esencia (οὐσία) en el sentido en que las Ideas son esencias pero en un sentido superior es la uacutenica esencia verdadera pues todas las esencias son sοlo determinaciones especiacuteficas del Bienrdquo (J Adam II pg 62) 281 La Liacutenea dice J Raven (Platos Thought in the Making pg 144) ldquoaims to throw light on the contents of the intelligible world by means of the analogy with the visi-blerdquo Este siacutemil de Platoacuten que representa una verdadera ldquoescala vertical de la realidadrdquo (J Raven op cit pg 145) muestra el trazo de una liacutenea dividida en pro-porciones que simbolizan una claridad u obscuridad comparativas ldquothe shorter the segment the more obscure its contentsrdquo (ibid pg 145) Como un recuerdo de la figura del sol y su luz en el siacutemil anterior aquiacute a mayor verdad mayor es la clari-dad de los objetos

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en orden de claridad (σαφήνείᾳ) (1) imaacutegenes (εἰκόνες) y cosas parecidas (2) las asiacute llamadas cosas reales como por ejemplo los animales que nos rodean y las plantas (3) los objetos de ese meacutetodo intelectual que desciende desde su-puestos o hipoacutetesis (ὑποθέσεις) hasta la conclusioacuten usando objetos sensibles como imaacutegenes o ilustraciones (4) los objetos de ese meacutetodo intelectual que asciende desde supuestos hasta un primer principio no supuesto (ἀνυπόθετον) sin hacer uso de ninguacuten tipo de ilustracioacuten sensible y despueacutes de eso desciende a una conclusioacuten La tercera seccioacuten representa los temas investigados por las asiacute llamadas lsquoartesrsquo o las ciencias matemaacuteticas la cuarta es la esfera de la dialeacutectica el nivel de la Ideas inteligibles Los estados menta-les correspondientes son llamados por Soacutecrates lsquoimaginacioacutenrsquo (εἰκασία) lsquocreenciarsquo (πiacuteστις) lsquopensamientorsquo (διάνοια) lsquointeligenciarsquo (νόησις) Cada uno de estos es claro o cierto exactamente en la medida en que sus objetos son verdaderos282

Libro seacuteptimo 514a-517a El siacutemil siguiente representa nuestra naturaleza con respecto

a la educacioacuten (παιδείας) y a la ausencia de ella (ἀπαιδευσίας)283 Imagi-neacutemonos un nuacutemero de prisioneros confinados en una caverna subterraacutenea e

282 La sombras y los reflejos derivan su existencia y su inteligibilidad de los objetos de los que ellos son sombras o bosquejos por una parte estos derivan y dependen de aquellos y por otra estos bosquejos sentildealan hacia esos objetos y son comprendi-dos en referencia a ellos (Ver DA Rees Introduction ed 1962 The Republic of Plato de J Adam pg XXXVII) 283 Es conveniente notar que el siacutemil de la Caverna representa la situacioacuten del hom-bre sin educacioacuten y de lo que pasariacutea si convertido a la verdad (que es el objeto y contenido de la verdadera educacioacuten) transformara su alma mediante la contempla-cioacuten de la realidad pura La educacioacuten (παιδεία) se iguala a una conversioacuten al Ser es decir hacia lo maacutes verdadero y real La presencia en nosotros del Ser instaura en nuestra alma la verdad

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incapaces de ver otra cosa que no sea sombras de imaacutegenes y otros objetos semejantes proyectados por la luz de un fuego Tales hombres creeraacuten que las sombras de objetos manufacturados son la uacutenica verdad Si fueran libera-dos284 y conducidos paso a paso hacia la luz ellos querraacuten volverse y escapar hacia el interior de la caverna pero si los obligamos a salir terminaraacuten gra-dualmente por acostumbrarse al deslumbramiento y a ser capaces de con-templar al Sol y de comprender su soberaniacutea en el dominio de las cosas visi-bles La compasioacuten por sus anteriores amigos comenzaraacute entonces a mezclar-se con el gozo de su propia escapatoria Si volvieran a descender a su lugar anterior285 la obscuridad afectaraacute al principio su visioacuten y los expondraacute a la risa de los demaacutes quienes podriacutea ser echaraacuten manos sobre sus liberadores y los mataraacuten

517a-518b El siacutemil de la Caverna deberiacutea asociarse con el de la Liacutenea286

La Caverna es el mundo visible el fuego es el Sol y el viaje de los prisioneros hacia la luz se asemeja al ascenso del alma hacia la esfera inteligible en la que la Idea del Bien reina suprema No deberiacutea sorprendernos ver que el filoacutesofo estaacute poco dispuesto a dejar la luz del pensamiento por la oscuridad de los asuntos praacutecticos o que eacutel se encuentra aturdido y confundido al actuar alliacute

284 El camino hacia la liberacioacuten (λύσιν) y la curacioacuten (ἴασιν) del prisionero estaacute en estricta y progresiva relacioacuten con su ascenso hacia la luz y el Sol En ese sentido la filosofiacutea instaura en el alma del individuo una viacutea de liberacioacuten Si conforme al meacute-todo de Platoacuten establecemos la relacioacuten individuo sociedad resulta que la filosofiacutea estaacute llamada a proporcionar libertad a la ciudad aquella que proviene de la con-templacioacuten de la verdad inteligible 285 Esta vuelta forzosa a la Caverna de los contempladores del Sol-Bien es esencial para los objetivos poliacuteticos del siacutemil La visioacuten de la verdad va unida al compromiso de volver al lugar de los reflejos con la intencioacuten de establecer un nuevo orden de cosas en esa sociedad de sombras Con ocasioacuten de esa vuelta se ha dicho que el len-guaje de Platoacuten no deja dudas de que eacutel quiere sentildealar con ese regreso un retorno a la vida de la ciudad y la praacutectica de las virtudes ciacutevicas ldquoEn consonancia con ello los habitantes de la Caverna seraacuten aquellos hombres que de hecho han de hallarse ocupados en asuntos praacutecticos y sobre todo puacuteblicosrdquo (D A Rees Introduction en J Adam op cit pg XL) 286 Aunque ldquoa diferencia de la Liacutenea mdashdice DA Rees Introduction (op cit pg XXXIX)mdash la Caverna muestra un movimiento temporal y este hecho es en siacute mismo una indicacioacuten de los peligros inherentes en cualquier intento de una correlacioacuten estrecha entre los dos En cuanto la Caverna mira hacia atraacutes ella mira tanto hacia el Sol como hacia la Liacuteneardquo

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518b-521b Se sigue que la educacioacuten no es un modo de poner conoci-

miento en almas vaciacuteas sino una revolucioacuten del entendimiento u oacutergano del saber cuya mirada debe estar dirigida hacia el Ser (τὸ ὄν) y la parte maacutes bri-llante de eacutel que es el Bien (τἀγαθόν) El alma entera se vuelve con el enten-dimiento en esta revolucioacuten287 Este retorno al Ser no es otra cosa que una vuelta del alma hacia la realidad Las otras virtudes son secundarias y exte-riores pero el entendimiento no pierde jamaacutes su poder y actuacutea quieacuteralo o no seguacuten se ha convertido o no por medio de la educacioacuten Las mejores natu-ralezas en nuestra ciudad luego de haber ascendido (ἀναβῆναι 519d) hacia el Bien deben volver a juntarse con los prisioneros que habiacutean dejado El for-zarlos asiacute a descender (καταβαίνειν) de nuevo puede parecer injusto pero la ley busca hacer proacutespero al conjunto de la ciudad y no a una sola clase Y es ciertamente justo tambieacuten que ellos paguen asiacute a su paiacutes por haberlos criado y educado Ellos admitiraacuten la fuerza de nuestras demandas y aceptaraacuten su turno en la obra de gobierno no ansiosamente sino como una necesidad288 Hemos visto que una ciudad bien gobernada es imposible a menos que una perspectiva de vida mejor que la de gobernar se abra a sus gobernantes y la vida del verdadero filoacutesofo es mejor

521c-523a Debemos considerar a continuacioacuten coacutemo podemos conducir

a nuestros guardianes hacia la luz Los estudios (μάθημα 521d) que necesi-tamos son de una calidad tal como para arrastrar nuestra alma desde la gene-racioacuten al Ser289 y son al mismo tiempo de alguna utilidad praacutectica en la gue-rra Nuestra preparacioacuten anterior en la gimnasia y la muacutesica no nos serviraacute

287 En la teoriacutea platoacutenica de la educacioacuten comenta J Adam (II pg 98) estaacute com-prometida el alma en su integridad Esta lsquorevolucioacutenrsquo (περιαγωγή) espiritual se aplica ahora primaria e inmediatamente al intelecto aunque produce una revolu-cioacuten moral no menor que una intelectual ldquoLa disciplina moral de los libros II-IV contrariamente a ser dejada de lado es fortalecida y consolidada mediante su inte-lectualizacioacutenrdquo 288 Una antigua expresioacuten eclesiaacutestica dice nolentibus datur es decir ldquose otorga ltun obispadogt a los que no lo quierenrdquo 289 521d ἀπὸ τοῦ γιγνομένου ἐπὶ τὸ ὄν ldquoDesde lo generado hacia el Serrdquo Un iti-nerario desde lo generado y sensible hacia el ser y lo real Porque los verdaderos poliacuteticos de esta ciudad deben conocer la realidad no su apariencia

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para este propoacutesito ni tampoco lo seraacuten las artes mecaacutenicas iquestQueacute me dices del nuacutemero y el caacutelculo que forman parte de cada arte y ciencia Su impor-tancia en la estrategia es obvia y hallaremos que aquellos si son usados co-rrectamente conducen evidentemente a las almas hacia la inteligencia y el ser

523a-524c Yo distingo dice Soacutecrates entre dos clases de percepciones

(ἐμ ταῖς αἰσθήσεσιν) a saber las que estimulan a la inteligencia (νόησιν) y las que no lo hacen Corresponde a las primeras todas aquellas representacio-nes sensoriales que son auto-contadictorias Tenemos aquiacute por ejemplo tres dedos La vista nos dice que cada uno es un dedo Hasta aquiacute no hay contra-diccioacuten y la inteligencia no es excitada Pero en otros respectos lo es con el tamantildeo y la pequentildeez el grosor y la delgadez y cosas parecidas La percep-cioacuten que reporta que tal o cual cosa es dura frecuentemente nos cuenta que es tambieacuten blanda y lo mismo mutatis mutandis puede decirse de todas las percepciones que tratan con cualidades relativas de este tipo En tales casos el alma estaacute perpleja y acude a la inteligencia por ayuda La inteligencia res-pondiendo con prontitud comprende lsquograndersquo y lsquopequentildeorsquo por ejemplo co-mo distintos y separados uno del otro a diferencia de los sentidos por los que ellos eran vistos no separados sino confundidos Es asiacute que somos condu-cidos primero a preguntar lsquoiquestqueacute es lo grandersquo y lsquoiquestqueacute es lo pequentildeorsquo

524c-526c Considera ahora a cuaacutel de esas clases pertenece el nuacutemero y

la unidad Nuestra percepcioacuten de lsquounidadrsquo (τὸ ἕν) es auto-contradictoria pues cada unidad que vemos la vemos a la vez como una e infinita en nuacuteme-ro Esto es verdadero tambieacuten del nuacutemero en general ya que es verdadero del lsquounorsquo (τὸ ἕν) La ciencia del nuacutemero es por consiguiente un estudio con-veniente tanto por motivos educacionales como utilitarios con tal que sea ejercido de tal modo que conduzca al alma desde los nuacutemeros visibles hasta los invisibles de la verdadera matemaacutetica Podemos antildeadir que los estudios aritmeacuteticos son una prueba excelente de capacidad general una buena disci-plina intelectual y por lo demaacutes difiacutecil

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526c-527c En el orden siguiente estaacute la geometriacutea plana No necesitamos extendernos en su utilidad praacutectica la cuestioacuten importante es si ella propende a volver el alma hacia el ser y la Idea del Bien (τὴν τοῦ ἀγαθοῦ ἰδέαν 526e) Un mero novicio en geometriacutea sabe que ella no es un arte praacutectico a pesar de teacuterminos tales como lsquocuadrarrsquo etceacutetera que la pobreza del lenguaje obliga a emplear El objeto del conocimiento geomeacutetrico es el ser eterno290 Por esta razoacuten prescribiremos el estudio de la geometriacutea una materia que es ademaacutes ventajosamente uacutetil y excelente como disciplina preparatoria

527c-528e iquestPrescribiremos como nuestro tercer estudio la astronomiacutea

Glaucoacuten aprueba indicando su utilidad en los asuntos praacutecticos Luego de reprender a su amigo por defender el curriacuteculo platoacutenico principalmente por este motivo Soacutecrates observa que primero deberiacutea estudiarse lo soacutelido en siacute y despueacutes lo soacutelido en movimiento En otras palabras la estereometriacutea (στερεὸν 528b-c)291 deberiacutea preceder a la astronomiacutea Aunque los problemas de los soacutelidos no se resuelven todaviacutea podemos esperar eacutexito con una direc-cioacuten apropiada y con el apoyo del Estado

528e-530c La astronomiacutea (ἀστρονομἰα) seraacute en conformidad cuarta en

orden y la estereometriacutea tercera Siacute dijo Glaucoacuten pues de seguro que la as-tronomiacutea impulsa al alma a mirar lsquohacia arribarsquo (ἄνω βλέπειν 529b) Por el contrario responde Soacutecrates como se la estudia al presente la astronomiacutea vuelve los ojos del alma hacia abajo aunque el ojo corporal mira hacia arriba La verdadera astronomiacutea no es la observacioacuten de los cielos visibles que son como todas las cosas vistas imperfectas y sujetas a cambio es una ciencia matemaacutetica que estudia los verdaderos movimientos de las estrellas inteligi-bles y usa el firmamento visible como su planetario (529d-e) Nos dedicare-mos por consiguiente a la astronomiacutea valieacutendonos de problemas y nos des-pediremos de lo que hay en el cielo

290 527b τοῦ γὰρ ἀεὶ ὄντος ἡ γεωμετρικὴ γνῶσίς ἐστιν La verdadera geometriacutea es un saber de lo real e inteligible 291 El propio teacutermino ldquoestereometriacuteardquo (στερεομετρίαν Epin 990d) aparece solo en el Epiacutenomis (que algunos consideran no platoacutenico) como algo distinto de la geome-triacutea Es usado ya por Aristoacuteteles

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530c-531c Luego vendraacute la ciencia que es hermana de la astrononomiacutea a saber la armoniacutea (ἁρμονία) Por mayores detalles nos remitiremos a los pitagoacutericos teniendo cuidado sin embargo de mantener intactos nuestros principios directivos Podemos no hacer caso de gente que trata de determi-nar un intervalo miacutenimo y una unidad de medida por percepcioacuten auditiva pero los pitagoacutericos estaacuten tambieacuten equivocados ya que lo que ellos estudian son las proporciones numeacutericas de las armoniacuteas audibles Ellos deben ascen-der a los verdaderos problemas y examinar queacute nuacutemeros son consonantes cuaacuteles no y porqueacute La ciencia de la armoniacutea es inuacutetil para nuestros propoacutesi-tos si se ejerce de otra manera

531c-533d La prosecucioacuten de estos estudios si permiten descubrir sus

relaciones mutuas contribuiraacuten a los fines que perseguimos pero despueacutes de todo ellos son solo un preludio a la dialeacutectica (τὸ διαλέγεσθαι) Podemos comparar la dialeacutectica a la marcha de los prisioneros desde que ven los ani-males reales hasta que contemplan el Sol y comparar a su vez esos estudios preparatorios a su liberacioacuten y ascenso desde las sombras e imaacutegenes al inte-rior de la caverna hasta las sombras de los objetos reales en el mundo de arri-ba Soacutecrates no acepta hacer una estimacioacuten del meacutetodo y objeto de la dialeacutec-tica pero insiste en que el Bien debe ser visto y que solo la dialeacutectica puede revelarlo pues el meacutetodo dialeacutectico (ἡ διαλεκτικὴ μέθοδος) es el uacutenico estu-dio que se eleva sobre las ruinas de sus presupuestos (ὑπόθεσις) hasta la Idea del Bien conduciendo el alma hacia lo alto y usando las lsquoartesrsquo como auxilia-res de esta labor de atraccioacuten educativa292

533e-534e En conclusioacuten despueacutes de sentildealar las relaciones entre los di-

ferentes estados intelectuales Soacutecrates declara que la caracteriacutestica esencial de la dialeacutectica es su poder de comprender la razoacuten o principio de todo ser se-parando la Idea del Bien por ejemplo de todas las demaacutes definieacutendola en palabras y examinado la definicioacuten por medio de pruebas de todas y de cada

292 Acerca del meacutetodo dialeacutectico J Adam sentildeala ldquoFormalmente considerada la dialeacutectica procede como el severo interrogatorio socraacutetico por preguntas y respues-tas (534D) La dialeacutectica es por sobre todo sinoacuteptica esforzaacutendose por ver doacutende estaacute el uno y lo muacuteltiple (531D 537BC) De ahiacute que la coordinacioacuten de las ciencias es una buena preparacioacuten para el maacutes alto estudiordquo (II pg 173)

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una de las que debe resultar triunfante Glaucoacuten estaacute de acuerdo en que un tal estudio es indispensable para los gobernantes y de que el curriacuteculo de estudios estaacute ahora completo

535a-536b Solo queda por designar a quieacutenes daremos estas ensentildeanzas

y prescribir el modo de hacerlo Nuestros alumnos deben poseer no solo cua-lidades como la generosidad o la virilidad sino tambieacuten aquellas otras cuali-dades naturales que nuestro peculiar curso de entrenamiento exige Ellas son ahora enumeradas por Soacutecrates

536b-537c Despueacutes de pedir disculpas por su celo excesivo en defensa

de la Filosofiacutea Soacutecrates establece sus estatutos Debemos seleccionar nuestros alumnos en tanto que son joacutevenes y someterlos en su juventud a todos los estudios preparatorios preocupaacutendose de evitar la coaccioacuten que se eduquen jugando Al mismo tiempo habraacuten de ser llevados al campo de batalla como espectadores y recibir su iniciacioacuten en las armas De los dieciocho a los vein-te los ejercicios gimnaacutesticos demandan su atencioacuten completa A los veinte aquellos que han demostrado ser los mejores ingresaraacuten en un sistemaacutetico estudio comparativo de las matemaacuteticas y los otros estudios por un periacuteodo de diez antildeos

537d-540c En esta etapa se seleccionaraacute a los maacutes haacutebiles para ascender-

los a honores maacutes grandes y probarlos por medio de la dialeacutectica Se debe tener gran cuidado al introducirlos en este estudio porque cuando el caraacutecter es inmaduro y deacutebil el debate dialeacutectico frecuentemente engendra tambieacuten desobediencia (παρανομία)293 al derribarse creencias heredadas Prohibire-mos en consecuencia tales disputas dialeacutecticas a los joacutevenes Despueacutes de cin-co antildeos consagrados a la dialeacutectica los proacuteximos quince se ocuparaacuten en la adquisicioacuten de una experiencia de gobierno y asuntos praacutecticos A la edad de cincuenta aquellos que se hayan destacado y superado todas las pruebas se dedicaraacuten a partir de entonces a la contemplacioacuten del Bien (ἰδόντας τὸ ἀγαθὸν αὐτό 540a) debiendo descender cuando llegue su turno a la Ca-

293 El sentido literal de paranomiacutea es el de lsquotransgresioacuten de la leyrsquo de ahiacute su sentido de lsquohaacutebitos desordenadosrsquo

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verna para ordenar las instituciones humanas conforme a su semejanza To-das estas normativas se aplican por supuesto tanto a mujeres como a hom-bres

Libro octavo 543a-545c Soacutecrates ahora vuelve al punto en que comenzoacute la lsquodigresioacutenrsquo

que ha ocupado los libros V-VII Hay como observamos cuatro variedades principales de estados e individuos ademaacutes del gobierno perfecto y el hom-bre perfecto En orden de merecimiento ellos son (1) Timarquiacutea o el estado cretense y laconio (2) Oligarquiacutea (3) Democracia (4) Tiraniacutea Todos los otros tipos de repuacuteblica tales como dinastiacuteas etc se encuentran en alguna parte de esas variedades primeras y evidentes Ademaacutes ya que el caraacutecter especiacutefico de los estados es determinado por el de los individuos habraacute cinco tipos principales de caracteres individuales personificados respectivamente en (1) el hombre aristocraacutetico (2) el timocraacutetico (3) el oligaacuterquico (4) el democraacuteti-co (5) el tiraacutenico Hemos descrito ya al primero de esos pero debemos tam-bieacuten revisar los otros para que haciendo contrastar el mejor con el peor seamos capaces de comprender la relacioacuten entre la justicia sin mezcla (ἄκρατος)294 y la injusticia sin mezcla en relacioacuten con la felicidad y la desgra-cia de sus poseedores295 Como antes examinaremos primero los caracteres (τὰ ἤθη) en los regiacutemenes poliacuteticos y luego los individuos

294 Es decir pura en toda su fuerza 295 ldquoNos hemos familiarizado ya con el caraacutecter del hombre perfecto pero tenemos todaviacutea que descubrir y describir τὸν κάκιστον ltlsquoel peorrsquogt para que podamos esta-blecer nuestra comparacioacuten y pronunciar nuestro veredicto Esta es la tarea a la que Platoacuten se aplica en los libros VIII y IX hasta el 576b)rdquo seguacuten J Adam II pg 195 No se trata de la explicacioacuten de un desarrollo histoacuterico sino de una teoriacutea de la deca-dencia poliacutetica que se basa a su vez en una teoriacutea de la degeneracioacuten psicoloacutegica (cf Adam II pg 196) Complementando el punto relativo a la descripcioacuten de los regiacutemenes en que se po-ne especial eacutenfasis en mostrar la ciudad y el tipo de hombre peor J Adam antildeade (pg 199) ldquoThe form which he does in point of fact select is that of a historical narra-tive but the real order of the development which he describes is a lsquological orderrsquo and is primarily determined by psychological and not by historical considerationsrdquo

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545c-547c iquestCoacutemo surge la timarquiacutea de la aristocracia296 Podemos asentar como una regla universal que un cambio constitucional se origina por la disensioacuten (στάσις)297 al interior de la clase gobernante Soacutecrates invoca a las Musas para decir lsquocoacutemo entroacute la primera sedicioacutenrsquo Como todo lo demaacutes nuestra ciudad perfecta estaacute sujeta a una ley de naturaleza universal de que todo lo que es creado perece298 A partir de los elementos del nuacutemero que expresa el periacuteodo maacutes corto de gestacioacuten en el geacutenero humano Soacutecrates construye un lsquonuacutemero geomeacutetricorsquo299 que eacutel llama lsquosentildeor de los nacimientos mejores y peoresrsquo300 Cuando debido a la ignorancia de este se unen parejas en forma inoportuna surge como teniacutea que serlo una raza degenerada de

296 Creo que podremos utilizar libremente lsquotimarquiacutearsquo o lsquotimocraciarsquo como lo pro-pone el mismo Platoacuten ldquoya que no tengo otro nombre con queacute llamarlo habraacute que denominarla o timocracia o timarquiacuteardquo dice en 545 b (ἢ τιμοκρατίαν ἢ τιμαρχίαν Platoacuten mdash545bmdash afirma que es ldquoel reacutegimen poliacutetico que busca los honoresrdquo (philoti-mos tambieacuten lsquoambicioso emulador aacutevido de honrarsquo) LSJ ldquostate in which the love of honour is the ruling principlerdquo En cuanto a la concepcioacuten aristoteacutelica (Eacutetica Nico-maquea 1160a30 b17) se dice ldquostate in which honours are distributed according to a rating of property timocracyrdquo En cuanto a la aristokratiacutea sabemos que es el gobierno de los mejores en primer lugar en un sentido maacutes especiacutefico el de los nobles Puede tambieacuten considerarse una aristocracia el gobierno de los ricos si tiene caracteriacutesticas positivas u oligarquiacutea si predominan las negativas (cf Platoacuten Poliacutetico 301a) 297 stasis puede significar la posicioacuten el estado de una persona de ahiacute partido Y en un contexto poliacutetico como el nuestro una faccioacuten un partido formado con propoacutesitos sediciosos La stasis no es propiamente ni lsquorevolucioacutenrsquo ni lsquosedicioacutenrsquo ni siquiera lsquocambio de constitucioacutenrsquo (metaboleacute ) sino que en palabras de Marcus Wheeler ldquodes-cribe una situacioacuten cuyo rasgo esencial es el uso de la violencia o conducta (beha-viour ) lsquoilegalrsquo de dos o maacutes gruposrdquo (J O Velaacutesquez Platoacuten y la soberaniacutea del es-tado en Revista de Filosofiacutea vol XXXI-XXXII (1988) Santiago de Chile pg 38 298 Se enuncia como de paso este principio ldquola destruccioacuten es inherente a todo lo generadordquo (546a) y esto explica el porqueacute de la decadencia de las construcciones ciacutevicas de los hombres De ahiacute los ciclos de destruccioacuten que se suceden en la historia humana (cf Timeo 22d Leyes III 677e) Hay que hacer notar sin embargo que la cau-sa de la decadencia no estaacute propiamente en la ciudad ideal que aquiacute se proyecta sino en estas razones superiores de la naturaleza de las cosas 299 Luego de presentar esta especie de ley universal de la naturaleza toda por la que todas las cosas generadas poseen una tendencia intriacutenseca a la decadencia y destruccioacuten se inicia ldquola construccioacuten de un nuacutemero que es expresioacuten de esta ley de degeneracioacuten inevitable a la que estaacute sujeto el universo y todas sus partesrdquo de ese modo mediante complejos caacutelculos de sabor pitagoacuterico Platoacuten ldquointenta dar una expresioacuten aritmeacutetica a la ley del cambio con aquello que eacutel llama el nuacutemero geomeacute-trico ltγεωμετρικὸς ἀριθμόςgt (J Adam II pg 202) 300 ldquoY todo este nuacutemero geomeacutetrico dice Platoacuten es sentildeor ltde los nacimientos mejo-res y peoresgtrdquo (546c)

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hijos301 Los mejores de estos se convierten con el tiempo en gobernantes pero la mezcla de razas mdashde oro de plata de cobre de broncemdash se acrecienta y tiene por resultado la sedicioacuten Las facciones en lucha finalmente mediante un compromiso producen la transicioacuten a la timarquiacutea mdashuna forma de repuacute-blica que se situacutea a medio camino entre la aristocracia y la oligarquiacutea

547c-548d Es suficiente en cuanto al origen de la timarquiacutea En su re-

presentacioacuten se asemejaraacute por una parte a la aristocracia y a la oligarquiacutea por otra en parte tendraacute tambieacuten sus peculiaridades Los rasgos aristocraacuteticos son el respeto por la clase gobernante y asiacute sucesivamente su propia peculia-ridad distintiva es el amor por la guerra y asuntos guerreros en codicia y avariacia es como en la oligarquiacutea302 En general la timarquiacutea es una mezcla de bien y mal pero la caracteriacutestica mas visible de este reacutegimen es el amor por la victoria y el honor303

548d-550c El caraacutecter del hombre timocraacutetico es descrito ahora en estre-

cha analogiacutea con el del estado timocraacutetico (548d-549b) En origen mdashSoacutecrates continuacutea diciendomdash este fue el hijo de un buen padre que vive en una ciudad mal regulada y que se abstiene de la actividad ciacutevica Impulsado por los pre-ceptos y exemplo de su padre hacia una vida superior y por la influencia ma-

301 Por lo visto los gobernantes con todo su saber se equivocan (ldquoignoraacutendolordquo) y no logran siempre perfectas uniones entre novios y novias Todo el paacuterrafo nos muestra en resumen ldquoque los filoacutesofos-reyes estaacuten sujetos a dos limitaciones una bioloacutegica y un tanto misteriosa la otra cognitiva y faacutecilmente inteligible La limitacioacuten bioloacutegica es que la calidad de los reyes-filoacutesofos estaacute de-terminada por doacutende en un ciclo natural estaacuten sus padres cuando se les concibe La limitacioacuten cognitiva es que ellos deben emplear la percepcioacuten sensorial para hacer realidad sus teoriacuteas en la praacutecticardquo (CDC Reeve Philosopher -Kings Princeton 1988 pgs 114-15) 302 Es probable que la mayor parte de esta descripcioacuten esteacute basada y diga referen-cia con reacutegimen espartano 303 En la timocracia como dice Platoacuten ldquohay un dominio del elemento fogosordquo (548c) que apunta especialmente a los aspectos tanto valerosos como coleacutericos (lsquoirasciblesrsquo) del caraacutecter humano Con philonikiacutea se enfatiza aquiacute maacutes el aspecto de emulacioacuten que el de rivalidad lsquoamor por la victoriarsquo y philotimiacutea es aquiacute maacutes lsquoamor por los honoresrsquo y las distinciones que lsquorivalidad ambiciosarsquo En ambos casos la palabra puede tomar de hecho frecuentemente un mal sentido

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terna y de otros hacia una inferior se habraacute eacutel mismo rendido al dominio del principio intermedio en su alma y asiacute se hallaraacute convertido en lsquotimaacuterquicorsquo304

550c-551c A continuacioacuten viene la oligarquiacutea o plutocracia305 El cambio

se origina en el crecimiento de la avaricia y la codicia al interior del estado timocraacutetico este se completa tan pronto como se establece por ley el requisito de la posesioacuten de propiedad para ocupar cargos puacuteblicos306

551c-553a Hay numerosas fallas (ἁμαρτήματα) lamentables en la ciu-

dad oligaacuterquica Hace de la riqueza en vez del conocimiento la calificacioacuten para gobernar estaacute dividida contra siacute misma307 incapaz con toda probabili-dad de hacer la guerra308 y en discordancia con nuestro principio de lsquoun hombre un trabajorsquo309 Lo peor de todo la oligarquiacutea es la primera constitu-cioacuten que permite a un hombre disponer de toda su propiedad por medio de la venta Por causa de ello surge una numerosa clase empobrecida que se

304 Hay un crecimiento gradual de elementos institivos y pasionales en el hijo que aunque no tiene la naturaleza de un hombre malo se ve influido por otros para lle-gar a este lsquopunto mediorsquo y ha terminado por entregar el gobierno de siacute mismo a este elemento intermedio (lsquofogosorsquo) que lo convierte en un hombre altanero y aficionado al honor 305 La oligarquiacutea es el reacutegimen dice Platoacuten ldquobasado en la evaluacioacuten de la fortuna (ἀπὸ τιμημάτων) en el cual los ricos gobiernan mientras que no le estaacute permitido al pobre participar en el poderrdquo (550c-d) El teacutermino clave aquiacute es timema cuyo sig-nificado poliacutetico es ldquoel valor en el que se tasaba la propiedad de un ciudadanordquo (LSJ) De ahiacute se estableciacutea un censo que no solo teniacutea efectos en el pago de los im-puestos sino tambieacuten en especial en la capacidad excluyente de estos ciudadanos de ser los uacutenicos elegibles para ocupar las magistraturas del estado 306 Parece natural que Platoacuten haya definido la oligarquiacutea en relacioacuten con la valora-cioacuten de la propiedad puesto que la caracteriacutestica central del programa del partido oligaacuterquico en Atenas mdasha partir del 412 aC en adelantemdash fue precisamente esta calificacioacuten de la propiedad como requisito para la obtencioacuten de la ciudadaniacutea com-pleta (cf Adam II pg 219) 307 Una falla no menos grave que la prevalencia de la riqueza estaacute en el hecho de que en esta ciudad hay forzosamente dos ciudades a saber la de los pobres y la de los ricos habitando un mismo espacio y conspirando unos contra otros (551d) 308 A consecuencia de esta misma divisioacuten aunque el reacutegimen lo precise se teme armar al pueblo 309 Hay una criacutetica constante de Platoacuten en contra del lsquoocuparse de muchos asuntosrsquo (τὸ πολυπραγμονεῖν) que consiste en una injerencia en asuntos ajenos (ver 374 b 434 a 443 d-e)

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asemeja a los zaacutenganos algunos sin aguijoacuten y otros en posesioacuten de ellos Los primeros son solo pobres pero los uacuteltimos son delincuentes que deben ser reprimidos por la fuerza

553a-553e El hombre oligaacuterquico es el hijo de un padre timocraacutetico cu-

ya fortuna ha naufragado mediante condenaciones injustas Aprovechando el ejemplo de su padre el hijo destrona de su lugar preeminente el amor por el honor (φιλοτιμίαν) y sienta en su trono al deseo y la avaricia en el interior de su corazoacuten310 La acumulacioacuten de riquezas es de alliacute en adelante una pasioacuten que le devora311

554a-555b En caraacutecter el hombre oligaacuterquico se asemeja al estado oli-

gaacuterquico Eacutel satisface sus deseos necesarios y no otros Es avaro mezquino codicioso y el dios ciego de la riqueza es el liacuteder del coro de su alma Algunas veces cuando se da la oportunidad sus deseos tipo zaacutengano se hacen valer en eacutel312 pero eacutel los reprime eneacutergicamente por el temor de las consecuencias Asiacute aunque su alma es viacutectima de la sedicioacuten sus deseos mejores prevalecen generalmente sobre aquellos peores313 En las competencias puacuteblicas se le en-cuentra usualmente contento de ser vencido y conservar su dinero

555b-557a A la oligarquiacutea sucede la democracia A medida en que se

permite e incluso se estimula a una juventud disipada (ἀκόλαστοι) a malgas-tar sus bienes una clase numerosa y empobrecida de zaacutenganos con aguijoacuten

310 ldquoThe description of the progress of individual degeneration from the aristocrat down to the tyrant constantly reflects Platos own experience of Athenian society and domestic liferdquo (Adam II pg 225) Y la descripcioacuten del destronamiento y poste-rior esclavitud del joven ciudadano revela que ldquothe picture expresses with admira-ble clearness the psycological basis of Platos sequence of politiesrdquo (ibid) 311 Se enfatiza nuevamente el lugar central que la pasioacuten por la adquisicioacuten de ri-quezas ocupa en el estado oligaacuterquico 312 ldquoAsiacute como la oligarquiacutea tiene lsquozaacutenganosrsquo (552C) asiacute el hombre oligaacuterquico tiene lsquodeseos de zaacutenganorsquordquo (Adam II pg 228) 313 Por la condicioacuten de su alma el hombre oligaacuterquico mdashcomo la ciudad corres-pondientemdash no es un ser unitario sino doble y experimenta deseos en que las maacutes de las veces se logra que los mejores de ellos dominen a los peores (554d-e)

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hace su aparicioacuten en la ciudad314 Los gobernantes no toman medidas315 para remediar un mal que incrementa sus propias fortunas y se vuelven flojos y blandos316 En eacutepocas de tensioacuten y peligro comuacuten el pobre descubre su pro-pia fuerza y la debilidad del rico y despueacutes de esto necesita muy poco im-pulso para derribar el corrompido edificio La democracia se establece tan pronto como la introduccioacuten del sorteo en los cargos confirma el principio de igualdad317

557a-558c Las caracteriacutesticas peculiares de la democracia son la libertad

(ἐλευθερίας) y la licencia (ἐξουσία) De todos los tipos de gobierno es el maacutes variado y de toda suerte de colores asemejaacutendose a un bazar de constitucio-nes maacutes que a un gobierno uacutenico318 En una ciudad democraacutetica los indivi-duos son libres para adoptar su propia poliacutetica independientemente del es-tado Poca molestia se toman en ejecutar las sentencias judiciales El pueblo es condescendiente con los defectos en educacioacuten de sus liacutederes y no les exige otra cosa que una profesioacuten de lealtad para con las masas Una constitucioacuten verdaderamente placentera llena de anarquiacutea y color preparada para distri-buir una suerte de igualdad tanto a los que son iguales como a los que no lo son

314 La ambicioacuten del dinero fundamento del estado y hombre oligaacuterquicos termina por sembrar las simientes de la destruccioacuten del reacutegimen El dinero escasea porque se acumula en unos pocos hasta el punto de empobrecer al conjunto de la ciudad 315 Por no tomar medidas a tiempo mdashlos gobernantes no tienen la voluntad para hacerlomdash la cantidad de pobres se incrementa hasta tal punto que constituyendo la gran mayoriacutea crean en el estado un desequilibrio mortal para el sistema oligaacuterquico 316 ldquoun hombre rico criado en las sombras cargado de carnes superfluasrdquo (556d) 317 Una caracteriacutestica fundamental del sistema democraacutetico griego estaacute en el uso del sorteo para la eleccioacuten de la mayoriacutea de las magistraturas del estado Se buscaba con ello una total igualdad de oportunidades en la obtencioacuten de aquellos cargos Habiacutea tambieacuten puestos electivos como el cargo de strategoacutes en Atenas que en la praacutectica soliacutean adquirir un poder efectivo mayor Es el caso del estratega Pericles en el siglo V aC 318 ldquoEl principio psicoloacutegico principal de la democracia asiacute como el de la oligar-quiacutea es τὸ ἐπιθυμητικόνrdquo ltla facultad del deseogt ldquoPero mientras que en la oligar-quiacutea todo estaba sujeto al dominio de un particular deseo a saber el deseo de ri-queza la democracia por su parte es la personificacioacuten poliacutetica de la libertad e igualdad absolutas de todos los deseos tanto los innecesarios como los necesarios (ver J Adam II pg 234)

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558c-559d No podemos describir el origen del hombre democraacutetico has-

ta que no expliquemos queacute queremos sentildealar con deseos lsquonecesariosrsquo e lsquoinne-cesariosrsquo Los deseos de los que no somos capaces de abstenernos y los de-seos que una vez satisfechos nos benefician son llamados lsquonecesariosrsquo los del tipo opuesto son lsquoinnecesariosrsquo el hombre oligaacuterquico es gobernado por los primeros los segundos dominan sobre los que llamaacutebamos zaacutenganos

559d-562a Volvamos ahora al punto y expliquemos la generacioacuten del

hombre democraacutetico319 Un padre oligaacuterquico tiene un hijo a quien eacutel educa en principios estrechos y ahorrativos El joven gusta la lsquomiel de los zaacutenganosrsquo y se engendra en su alma la sedicioacuten Sobreviene luego una lucha y tal vez despueacutes de una resistencia temporal los deseos innecesarios prevalecen pero con la ayuda de la fortuna y el paso de los antildeos se establece finalmente una suerte de igualdad de todos los deseos y el hombre se transforma en un de-voto imparcial de los placeres en todas sus formas una criatura hermosa y de muchos colores en que todo es comienzos y nada perdura

562a-563e Resta por describir la tiraniacutea y al hombre tiraacutenico Asiacute como

la oligarquiacutea fue derribada por la prosecucioacuten insaciable de riquezas asiacute la democracia comienza a cambiar en tiraniacutea cuando malos escanciadores pro-veen el vino de la libertad en tragos excesivos320 La anarquiacutea bajo el nombre de libertad inficiona cada departamento de la vida sea poliacutetica domeacutestica educacional y social los mismos perros y bestias de carga terminan por con-taminarse con el vicio predominante321 En la fase final322 no se tiene conside-racioacuten alguna por las leyes sean escritas o no escritas

319 ldquoPlatos description of the genesis of the democratical man is one of the most royal and magnificent pieces of writing in the whole range of literature whether ancient and modernrdquo (J Adam II pg 240) 320 La libertad define a la democracia y una ciudad embriagada por ella termina por degenerar en anarquiacutea 321 ldquoLa humoriacutestica descripcioacuten de Platoacuten presenta ante nosotros viacutevidamente la condicioacuten anaacuterquica de las calles de Atenasrdquo (Adam II pg 248) Y con un dejo de ironiacutea que recuerda a algunas de nuestras calles y campos J Adam (ibid) sentildeala ldquoEl viajero en la Grecia moderna recordaraacute los lsquoperros democraacuteticosrsquo de los pueblos del Peloponesordquo

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563e-566d Tal es la simiente que se desarrolla en tiraniacutea (τυραννίς)

cuando de acuerdo con una ley comuacuten la libertad excesiva termina por ge-nerar una excesiva servidumbre323 Los zaacutenganos324 maacutes numerosos acre-cientan su violencia y arruinan la democracia con el paso del tiempo asiacute co-mo una vez ellos arruinaron la oligarquiacutea325 Un estado democraacutetico contiene tres clases de ciudadanos (1) los zaacutenganos los con aguijoacuten como los carentes de eacutel (2) los ricos que sirven como forraje de los zaacutenganos (3) el pueblo (δῆμος) en el que reside la soberaniacutea Los miembros maacutes activos de la frater-nidad de zaacutenganos se transforman en liacutederes del demos 326 contra los ricos A fuerza de extorsioacuten y calumnia las clases propietarias se ven finalmente for-zadas a formar en defensa propia un partido oligaacuterquico De aquiacute surgen de-nuncias y procesos entre unos y otros y el pueblo pone al frente de siacute un de-fensor uacutenico Asiacute como en la faacutebula aquel que proboacute carne humana se convir-tioacute en lobo asiacute este defensor del pueblo tan pronto como derrama la sangre de conciudadanos termina por convertirse inevitablemente en tirano327 Se inicia una guerra civil el defensor es o bien echado de la ciudad y retorna un

322 ldquoThere is a steady deterioration and the last stage of democracy is the worstrdquo (Adam II pg 249 ver Aristoacuteteles Poliacutetica IV 6 1293a 1) 323 563e ldquoLa misma enfermedad que incubaacutendose en la oligarquiacutea la destruyoacute esta misma hacieacutendose maacutes amplia y maacutes fuerte por su libertad sume en la esclavitud a la democraciardquo (trad de G Goacutemez L) 324 La zaacutenganos ahora consecuentes con los objetivos de la democracia maacutes que enriquecerse buscan libertad 325 Platoacuten continuacutea su anaacutelisis basaacutendolo en una perspectiva fundamentalmente psicoloacutegica Los lsquozaacutenganosrsquo mdashcon y sin aguijoacutenmdash representan dos tipos de naturale-za humana a saber un tipo de hombres holgazanes y dispendiosos que ldquoandan ociosos por la ciudadrdquo (555 d) o de lsquozaacutenganosrsquo ldquopordioserosrdquo Los con aguijoacuten re-presentan la parte maacutes varonil que es la que manda la que sigue la maacutes cobarde es la sin aguijoacuten (ver 564 b) 326 El demos es no solo el lsquopueblorsquo sino tambieacuten especiacuteficamente la lsquoasamblea popu-larrsquo que representa el poder del pueblo como ejercido en una ciudad de tipo demo-craacutetico Esta asamblea (demos) suele ser en Platoacuten sinoacutenimo de democracia 327 Los sucesos parecen precipitarse llevados por la fuerza misma de la transfor-macioacuten de los caracteres de los ciudadanos Por otra parte el paladiacuten del pueblo explota bien las circunstancias mientras destierra y mata da a entender ademaacutes que se efectuaraacuten rebajas de deudas y repartos de tierras (566a)

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tirano hecho y derecho o recibe una guardia de seguridad que lo defiende de asaltos clandestinos328 y asiacute logra su objetivo

566d-569c El tirano comienza su gobierno con medidas populares pero

tan pronto como asegura su posicioacuten empobrece y oprime a los ciudadanos mediante una sucesioacuten de continuas guerras A todo aquel que protesta eacutel lo lsquoremueversquo que es una triste necesidad de su situacioacuten el que debe depurar la ciudad de toda riqueza y virtud Para precaverse de su creciente impopulari-dad eacutel debe acrecentar su cuerpo armado permanente alistando mercenarios extranjeros y esclavos de ciudadanos privados A decir verdad iexclestos son sus lsquonuevos ciudadanosrsquo Euriacutepides y otros traacutegicos elogian a la tiraniacutea y a su seacute-quito es por eso que los excluimos de nuestra ciudad Mientras maacutes alto suben hacia la cima de los regiacutemenes poliacuteticos tanto maacutes se debilita su ho-nor329 En cuanto al tirano luego de agotar los tesoros de los templos y de los proscritos obligaraacute al demos que lo engendroacute a mantener a sus amigos y cor-tesanas Toda reclamacioacuten es en vano El demos entiende ahora queacute significa servidumbre mdashla esclavitud en su forma maacutes cruel donde los esclavos son los amos

Libro noveno 571a-572b Resta por ver el hombre tiraacutenico Antes de comenzar a des-

cribir su origen y caraacutecter debemos completar nuestro anaacutelisis del deseo En-tre los deseos no necesarios hay una clase especial que consideramos contra-rios a la ley (παρανόμοι)330 Son como aquellos que surgen en el suentildeo luego

328 566 b ldquoY este es el punto en que todos los que han llegado a esta situacioacuten recu-rren a aquella famosa suacuteplica de los tiranos en que piden al pueblo algunos guar-dias de corps para que aquel conserve a su defensor Una situacioacuten histoacutericamente comprobada en algunos casos de tiranos como Teaacutegenes de Megara Pisiacutestrato ti-rano de Atenas y Dionisio de Siracusa 329 ldquoThe honour paid to Poetry varies inversely with the merit of the constitution This is perhaps the severest thing which Plato has yet said against poetryrdquo (Adam II pg 261) 330 ldquoEl fundamento psicoloacutegico de la tiraniacutea como tambieacuten de la oligarquiacutea y la democracia es el deseo pero hay tres variedades de deseo y es la inferior de estos

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de haberse excedido en la comida y en la bebida331 Pero cuando nos retira-mos a descansar manteniendo reprimidos deseos e ira y el elemento racional en nosotros se mantiene en pleno ejercicio nuestros suentildeos son entonces ge-neralmente inocentes en otros hombres en cambio se hacen presentes de-seos con audaz insensatez revelaacutendose en visiones nocturnas

572b-573c El origen del hombre tiraacutenico es como sigue Un padre de-

mocraacutetico tiene un hijo que es atraiacutedo por malos compantildeeros hacia toda for-ma de actos contrarios a las normas Cuando su familia viene a rescatarlo esos procreadores de tiranos implantan en eacutel una dominante pasioacuten por ac-tuar como el defensor de sus propios deseos de zaacutengano La historia del esta-do correspondiente se repite a siacute misma en el alma del joven y cual guardiaacuten protector (προστάτης) de esos deseos se convierte en su momento en un ti-rano332 Vemos a la sensualidad la bebida la locura como tiranos y el hom-bre tiraacutenico surge cuando estos tres tiranos establecen su dominio sobre el alma

573c-576b Con respecto a su caraacutecter y modo de vida el hombre tiraacuteni-

co se sumerge en toda forma de disipacioacuten y es acosado constantemente por nuevos deseos Sus ingresos y hacienda desaparecen pronto y para satisfacer sus clamorosos y violentos deseos se aduentildea de los bienes de su padre y sin vacilar si es necesario atacaraacute con violencia al padre y a la madre Luego se siguen el sacrilegio y el robo y todo tipo de crimen porque eacutel ha llegado a ser ahora en la realidad concreta lo que rara vez fue antes en suentildeos Tales hom-bres si pocos en nuacutemero podriacutean ir al extranjero y servir de guardia armada de alguacuten tirano o permanecer y asiacute acrecentar las filas en casa de pequentildeos

a saber la de los deseos no necesarios y lsquocontrarios a la leyrsquo o las normas la clase que la tiraniacutea representardquo (Adam II p 319) Hay una cierta dificultad en traducir paranomos pero en general se prefiere lsquocontra(rio) a la leyrsquo Hay un elemento impliacuteci-to de violencia 331 ldquoLa teoriacutea dice J Adam (II pg 320) es que en suentildeos la parte del alma com-prometida no estaacute dormida sino despierta y va en busca del objeto de su deseordquo 332 Acorde con la analogiacutea sociedad-individuo que ha regido todos estos relatos acerca del estado es ahora el joven en cuanto que individuo el que es retratado como siendo el tirano de siacute mismo convertido en guardiaacuten protector mdashprostatesmdash del estado tiraacutenico instaurado en su propia alma

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criminales pero si son numerosos ellos mismos ayudados de la inconscien-cia del pueblo engendran al peor de entre ellos como tirano sobre la patria La tiraniacutea es el objetivo y consumacioacuten de los deseos de tal clase de hombre A traveacutes de toda su existencia tanto antes como despueacutes que logra la corona de su ambicioacuten el hombre tiraacutenico es insensible a la libertad y la amistad desleal y superlativamente injusto En una palabra eacutel es la personificacioacuten viva de los deseos horrendos que hallamos en los suentildeos y mientras por maacutes largo tiempo gobierna tanto peor se vuelve

576b-577b iquestQueacute diremos entonces acerca de la felicidad e infelicidad

del individuo que se manifiesta el maacutes perverso Tal como es la ciudad asiacute lo seraacute el individuo en cuanto a la felicidad como la virtud Y la ciudad en la que gobierna un tirano es la peor y maacutes desgraciada de todas las ciudades iquestQueacute es el hombre tiraacutenico Quien ha vivido con un tirano y es ademaacutes eacutel mismo capaz de juzgar seraacute el que mejor decidiraacute acerca del asunto333 Supongamos dice Soacutecrates que nosotros mismo poseemos esa capacidad

577b-580c Como la ciudad cuya contraparte eacutel es el hombre tiraacutenico es

en realidad un esclavo sin fuerzas para hacer funcionar su voluntad indigen-te e insaciable lleno de temores y lamentos334 Un abismo incluso maacutes grande

333 Es Platoacuten mismo probablemente el indicado aquiacute que alude a su experiencia de Siracusa con el tirano Dionisio I El texto de Repuacuteblica 577 a (trad G Goacutemez La-sa) dice ldquoiquestY si yo creyera que todos debiacuteamos oir a ese hombre capaz de juzgar y que ha convivido con eacutel en las gestiones de la vida domeacutestica en cuanto a las rela-ciones con sus propios parientes en las que ha podido ser visto desnudo de su re-curso de pieza traacutegica y tambieacuten en las actividades puacuteblicas peligrosas y si habien-do visto todas estas cosas le exhortaacuteramos a que comunicara cuaacutel es el estado de felicidad o desgracia del tirano con respecto al de los otrosrdquo Platoacuten entonces me-diante Soacutecrates y Glaucoacuten juzgaraacute acerca de la cuestioacuten central de la felicidad e infe-licidad del rey y del tirano 334 En una precisa nota J Adam (II pg 334) deja establecidas las razones funda-mentales en las que se basan los argumentos de Platoacuten acerca de la ciudad ideal Dice ldquoLos argumentos mediante los cuales Platoacuten establece su conclusioacuten pueden ser en resumen descritos como el argumento poliacutetico el argumento psicoloacutegico y el argumento metafiacutesico El primero (577b-580a) depende de la semejanza entre el alma y el estado el segundo (580c-583a) en la divisioacuten tripartita del alma en λογιστικόν ltrazonablegt θυμοειδές ltanimosogt y ἐπιθυμητικόν ltdesiderativogt el tercero (583b-587b) en la teoriacutea platoacutenica de la Realidad o el Ser Ahora bien son justamente estos tres meacutetodos de investigacioacuten y solo eacutestos los que han sido em-

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de miseria le aguarda si de particular se convierte realmente en tirano335 iexclImagina la condicioacuten lastimosa de quien es repentinamente transportado a un lugar solitario donde eacutel estaacute a merced de sus propios esclavos y rodeado por vecinos libres336 que hacen causa comuacuten con ellos Tal es la situacioacuten del tirano un prisionero en su propio palacio atormentado por anhelos que no puede jamaacutes satisfacer337 En suma eacutel es la personificacioacuten suprema del vicio y la miseria y cuanto maacutes prolongado su dominio peor llega a ser

Dictaminemos ahora como jueces Con respecto a la virtud y felicidad las diferencias individuales son las siguientes (1) el hombre real (2) el timo-craacutetico (3) el oligaacuterquico (4) el democraacutetico (5) el tiraacutenico El maacutes real es el mejor y maacutes feliz el que es maacutes tirano sobre siacute mismo y la ciudad es el peor y maacutes miserable mdashya sea que su verdadero caraacutecter estaacute oculto a los hombres y los dioses o no

pleados en las diferentes partes del diaacutelogo el poliacutetico y el psicoloacutegico en II-IV y VIII-IX el metafiacutesico en V-VII y es por consiguiente plenamente apropiado y correc-to que Platoacuten los reuacutena ahora y use sus fuerzas combinadas lsquoal realizar su informe uacuteltimorsquo La secuencia de los tres argumentos sigue el modo platoacutenico acostumbrado de avance desde lo exoteacuterico hacia lo esoteacuterico y asiacute como la ciudad ideal culminoacute en un idealismo metafiacutesico asiacute es un argumento metafiacutesico el que corona la fortifi-cada ciudadela de la pruebardquo 335 Un importante postulado de la Repuacuteblica es la analogiacutea entre individuo y ciudad El momento de transicioacuten hacia la tiraniacutea estaacute precedido de una multitud de lsquotira-nosrsquo individuales uno de los cuales para desgracia propia y del estado llega a serlo de la ciudad entera (ver 577d ldquoPor tanto dije si el individuo es semejante a la ciu-dadrdquo) Este tirano privado llevado a la vida puacuteblica ldquopor el hecho de ser excedido en nuacute-mero por los suacutebditos que eacutel esclaviza se veraacute forzado a adular y a recompensar a algunos de ellos para no ser derrocado Para comenzar un esclavo de sus propios apetitos ilegales e innecesarios eacutel ha puesto sobre siacute lsquola maacutes cruel y amarga esclavi-tud propia de esclavosrsquo (569c3-4) En su caso tanto la vida interna como la externa conspiran para producir el peor resultado posiblerdquo (C D C Reeve Philosopher-Kings Princeton (1988) pg 157 336 ldquorsquoThese freeborn neighbours in Platos simile represent surrounding indepen-dent States who detest tyranny and help the tyrants subjectsrdquo (Adam II pg 337) 337 Como alma que es lsquotiranizadarsquo (τυραννουμένη) se ve arrastrada por fuerzas que lo convierten en esclavo como alma lsquotiraacutenicarsquo (τυραννικήν) es indigente y ma-ligna para siacute y para la ciudad Su propia condicioacuten de espiacuteritu lo convierte en prisio-nero transformando su palacio en el siacutembolo de su propia caacutercel De este modo ldquoquien es realmente un tirano es realmente un esclavordquo (579 d)

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580c-583a Se puede fundar una segunda prueba en nuestra teoriacutea psico-loacutegica Queacute tal si acordamos llamar a las tres variedades de alma amante del saber (φιλόσοφον) amante del honor (φιλότιμον) amante del lucro (φιλοκερδές) respectivamente y distingimos tres variedades correspondien-tes de hombres y de placeres338 Si tuacute preguntas a alguno de los tres hombres que representan esas tres clases diferentes cuaacutel de los tres tipos de vida es el maacutes placentero cada cual se pronunciaraacute en favor de la suya propia iquestCuaacutel de ellos tiene la razoacuten Los requisitos necesarios para decidir esto como cual-quiera otra cuestioacuten son la experiencia339 la inteligencia o sabiduriacutea (φρόνησις) y la argumentacioacuten Ahora bien el amante del conocimiento es el uacutenico de los tres en el que alguna de estas calificaciones estaacuten presentes y es eacutel quien las posee todas340 Nosotros por tanto aceptamos su veredicto y convenimos en consecuencia en colocar primero el amor del conocimiento segundo el amor del honor y finalmente el amor del dinero

583b-585a Nuestra prueba tercera y cimera es la siguiente341 Todos los

placeres excepto los del sabio (φρόνιμοι) ni son completamente verdaderos ni puros Debemos reconocer la existencia de tres estados distintos a saber placer y dolor que son lo positivo y su opuesto y el estado neutral que es negativo e intermedio Los hombres identifican frecuentemente la condicioacuten intermedia con el placer pero se equivocan cuando lo hacen asiacute ya que hay algunos placeres por ejemplo los del olfato que tienen un caraacutecter positivo

338 Del mismo modo que la ciudad se divide en tres especies asiacute tambieacuten el alma de cada individuo Y en seguida cada una de las tres lsquoseccionesrsquo del alma tiene sus pla-ceres y deseos que le son propios y ello tiene tambieacuten su correspondencia en el tipo de hombre es decir el amante del saber y el amante del honor tiene tambieacuten sus propios lsquodeseosrsquo 339 ldquoIt is indeed quite true as Nettleship reminds us (Lect and Rem II p 322) that the higher kind of man learns more from the experience which shares with the lo-wer kind without having to go through nearly the same amount of itrdquo (J Adam II pg 346) 340 iquestQuieacuten puede decidir acerca de cuaacutel de los tres tipos de vida es el maacutes placente-ro Todos diraacuten tal vez que el suyo lo es En esas circunstancias ldquoSoacutelo la argumen-tacioacuten nos ayudaraacute a decidir y el philoacutesophos es el uacutenico de la triacuteada que posee esa armardquo (Adam II pg 347) 341 ldquoLas argumentaciones (λόγοι) de caraacutecter poliacutetico y psicoloacutegico han hecho ma-nifiestos sus votos y solo nos queda escuchar el veredicto de la argumentacioacuten me-tafiacutesica a la que Platoacuten tiacutepicamente asigna el valor superiorrdquo (Adam II pg 348)

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que les es propio Ahora bien los placeres corporales asiacute llamados342 junto con los placeres correspondientes a los presentimientos del porvenir son en su mayor parte puramente modos de escapar al dolor y pertenecen al estado neutro Ellos son juzgados falsamente placenteros mediante su yuxtaposicioacuten y contraste con el dolor positivo

585a-586c Consideremos el asunto tambieacuten de la siguiente manera

Hambre sed y estados semejantes son modos de vaciamiento fiacutesico (κενώσεις)343 y la ignorancia es una forma de vacuidad (κενότης)344 espiri-tual Quien participa del alimento y adquiere conocimiento o razoacuten son cada cual lsquollenosrsquo pero iquestcuaacutel de ellos es maacutes verdaderamente lsquollenorsquo El conoci-miento y sus afines poseen maacutes realidad y verdad que el alimento etceacutetera el alma que el cuerpo por eso la adquisicioacuten de conocimiento es una forma maacutes verdadera de replecioacuten que la otra El placer resultante seraacute por consiguiente maacutes verdadero Aquellos faltos de experiencia en la sabiduriacutea y la virtud no saben nada de los verdaderos deleites pero luchan unos con otros por regoci-jos ilusorios e insuficientes

586c-588a Los placeres del elemento irascible (τὸ θυμοειδὲς)345 a me-

nos que se intente alcanzarlos en conformidad con la razoacuten son de manera semejante irreales Podriacuteamos incluso aventurarnos a decir que solo cuando obedientes al conocimiento es que los deseos de las dos partes inferiores del alma pueden conseguir aquellos placeres que son en el sentido maacutes alto

342 Porque en sentido estricto todos los placeres corresponden al alma 343 keacutenōsis es el teacutermino griego que se suele traducir por vaciacuteo pero se hace necesa-rio aclarar su sentido propio En lenguaje meacutedico significa lsquoevacuacioacutenrsquo o tambieacuten lsquodepauperacioacutenrsquo (enflaquecimiento) De alliacute la idea de lsquovaciamientorsquo en este contex-to Son vaciacuteos que se sienten puesto que hay un cierto elemento positivo en su au-sencia 344 kenotēs es el teacutermino griego que significa propiamente lsquovaciacuteorsquo lsquovacuidadrsquo 345 Platoacuten en 586c-d se extiende en algunas consideraciones acerca de este aspecto del alma Dice ldquoiquestNo ha de suceder otro tanto con lo irascible (τὸ θυμοειδές) cuan-do alguien le da salida en la envidia movido por la ambicioacuten o en la violencia mo-vido de soberbia o en la ira movido de su mal humor buscando saciedad de honra de predominio o de venganza sin razonamiento ni discrecioacutenrdquo (trad J M Paboacuten M Fernaacutendez Galiano) Cada una de estas formas particulares de lo ldquoiraciblerdquo es una ldquovacuidadrdquo que mdashcomo recuerda Adammdash es llenada por lsquohonrarsquo lsquovictoriarsquo o el lsquodejarse llevar por la irarsquo

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propios y verdaderos346 en cuanto que es posible para ellos el tener en algo siquiera placeres verdaderos Ahora bien los deseos tiraacutenicos son los maacutes distantes de la razoacuten de modo que el tirano tiene el menor placer347 Median-te un elaborado caacutelculo se muestra que el rey vive setecientas veintinueve veces maacutes agradablemente que el tirano348 y si el hombre justo sobrepasa en cuanto al placer al injusto349 iexclcuaacutento maacutes grande seraacute su ventaja en la belleza y la virtud

588a-589b Estamos ahora en condiciones de refutar la tesis de que la in-

justicia combinada con una reputacioacuten de justicia es provechosa para aquel que es injusto El alma puede ser comparada350 con una criatura compuesta mdashen parte de bestia en parte de leoacuten y en parte de hombremdash exhibiendo la apariencia exterior de un ser humano Quien sostiene que la injusticia benefi-cia al hombre juzga que es beneficioso el dejar morir de hambre (λομοκτονεῖν) al elemento humano y hacer fuerte (ποιεῖν ἰσχυρὸν) al resto y estimular a su vez la disensioacuten y la sedicioacuten al interior del alma El defensor

346 El ser humano mediante su alma alcanza su integracioacuten mayor y una armoniacutea superior cuando teniendo a la verdad por su guiacutea disfruta adecuadamente de los placeres amparado en el poder superior de lo mejor que hay en eacutel es decir su en-tendimiento Este principio adquiere en Platoacuten una formulacioacuten claacutesica cuando afirma que lo mejor para cada cosa es tambieacuten lo maacutes apropiado para ella y lo mejor en el alma estaacute sentildealado por el elemento filoacutesoacutefico que hay en ella (τῷ φιλοσόφῳ) 347 ldquoIf the tyrant is third from the oligarch his pleasure will also be in respect of truth third from the oligarchs ie will be an image of an image (τρίτῳ εἰδόλῳ cf X 597 E and 599 A D) of the oligarchs pleasurerdquo (J Adam II pg 359) 348 Unos momentos de entretencioacuten aritmeacutetica ayudan a cerrar el largo anaacutelisis acerca de la degradacioacuten progresiva de estados e individuos El tirano se ha distan-ciado del placer verdadero ldquoen un nuacutemero triplemente triplerdquo (587 d) Este nuacutemero es el 9 (3 x 3) que es llamado aquiacute rsquoplanorsquo (ἐπίπεδον) ldquoLa frase en su conjunto es piensa Adam (II pg 360) solo un modo de decir que si el tirano es 3 x 3 grados distante del verdadero placer su eidolon ltsimulacrogt de placer puede ser represen-tado por 9rdquo Fuera de otras posibles explicaciones (ver Adam II pgs 360-61) se pue-de decir al menos que 9 x 9 = 81 y 81 x 9 = 729 y que este nuacutemero es el doble de 3645 los diacuteas del antildeo 349 Se recuerda que el problema de fondo dice relacioacuten con la justicia y la injusticia 350 Se trata de la formulacioacuten de una lsquoimagenrsquo (εἰκόνα) un recurso frecuente del estilo platoacutenico ldquoLa idea subyacente dice Adam (II pg 362) del siacutemil de Platoacuten es que el hombre es un compuesto de mortal e inmortal que se encuentra situado a medio camino entre lo corruptible y lo incorruptiblerdquo Cf Timeo 69 d-70 e Fedro 246 a 153 d ss

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de la justicia por otra parte afirma que el elemento humano deberiacutea tener la autoridad y conducir a los demaacutes hacia la armoniacutea de unos y otros y de siacute mismo

589b-591a El panegirista de la justicia es asiacute victorioso en todos los res-

pectos Su oponente se rendiraacute cuando entienda que la virtud somete lo bes-tial a lo humano mejor dicho a su parte divina351 mientras que del vicio es verdad lo opuesto iquestAprovecharaacute al hombre apoderarse injustamente del oro y hacer su alma esclava Podemos tambieacuten definir el vivir sin control (ἀκολαστάνειν)352 la insolencia (αὐθάδεια)353 el mal humor (δυσκολία)354 el lujo (τρυφὴ)355 la molicie (μαλθακία)356 la adulacioacuten (κολακεία)357 y la bajeza (ἀναλευθερία)358 que nosotros asociamos con ocupaciones de tipo teacutecnico en los teacuterminos de nuestra comparacioacuten359 Lo mejor debe gobernar lo peor tal es nuestro principio y estaacute en armoniacutea con los objetivos no sοlo de la ley sino tambieacuten del gobierno que se ejerce sobre los nintildeos

591a-592b Es tambieacuten mejor para quien es culpable de injusticia el ser

descubierto y castigado que escapar360 El hombre sabio reverenciaraacute aquellos

351 El hombre como partiacutecipe de la divinidad es una idea profundamente enraiza-da en la cultura griega Platoacuten hace de ella uno de los fundamentos de su repuacuteblica y en general de su filosofiacutea 352 Una de cuyas formas es la intemperancia 353 Una insolencia con visos de terquedad 354 Irascibilidad 355 Con signos de lascivia 356 Acompantildeada de debilidad de caraacutecter 357 Como expresioacuten de servilismo 358 Iliberalidad de mente servilismo 359 ldquoEs la justificacioacuten de Platoacuten dice Adam (II pg 366) para asignar a los campe-sinos y artesanos una posicioacuten subordinada en su ciudadrdquo Un argumento para no-sotros difiacutecilmente aceptable mdashmaacutes bien incomprensiblemdash que solo se puede expli-car al interior de los modos de pensar griegos El artesanado y la clase obrera de alguna manera descalificaban seguacuten se creiacutea para las actividades de la milicia fun-damental para la preservacioacuten de la ciudad estado Sin embargo en una ciudad de-mocraacutetica como Atenas los artesanos y marineros eran parte esencial de lo que po-driacuteamos llamar fuerza armada 360 Si se oculta se hace maacutes miserable si recibe castigo amansa lo bestial que hay en eacutel y libera su alma

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estudios (τὰ μαθήματα) que promueven el bienestar de su alma y el mismo gran objetivo seraacute su principio orientador en todo lo que atantildee al cuerpo y su estado asiacute como a la adquisicioacuten de riquezas y honores iquestHabraacute de participar en la vida poliacutetica361 Tal vez no en su tierra de origen sino en su propia y verdadera ciudad seguramente que siacute362 Pudiera ser que la ciudad perfecta es un modelo (παράδειγμα) guardado en el cielo para aquel que se propon-ga asentar una ciudad en su alma363

Libro deacutecimo 595a-597e En una mirada retrospectiva de nuestra ciudad dice Soacutecra-

tes podemos ahora ver incluso con maacutes claridad que antes que hicimos bien en excluir a la poesiacutea imitativa (μιμητική)364 iquestQueacute es imitacioacuten (μίμησιν)

361 Una de las grandes preocupaciones de la filosofiacutea moral y poliacutetica de la anti-gueumldad estaacute en si el sabio debe o no participar en la vida ciacutevica detraacutes de ello esta-ba quizaacute como asunto primordial el problema de la felicidad personal J Adam (II pg 369) comenta ldquoThe question wheter the wise man will take part in politics is raised by Aristotle in a somewhat different form (Politica III 3 1276b 16 ss al) and afterwards became one of the stock questions of post-Aristotelian philosophyrdquo 362 Repuacuteblica 592a ἔν γε τῇ ἑαυτοῦ πόλει ldquoen su ciudad interior al menosrdquo No debe olvidarse la correspondencia entre ciudad e individuo si no es posible instau-rar una ciudad ideal que ldquoal menosrdquo (γε) ese objetivo se alcance en nuestras almas 363 Es una ciudad lsquoidealrsquo porque solo existe a manera de lsquomodelorsquo paraacutedigma Todas las realidades paradigmaacuteticas solo existen como lsquoformas idealesrsquo las que pueden solamente ser comprendidas mdashcomo es el caso de esta ciudad perfectamdash por el en-tendimiento se trata de una polis que permanece por tanto en la esfera de los razo-namientos (ἐν λόγοις κειμένῃ 592a) Un modo de llevarla a la praacutectica mdashiquestel uacutenico tal vezmdash es instauraacutendola en nosotros ldquopues no creo mdashdicemdash que ella exista en parte alguna de la tierrardquo (592a-b) Se afirma aquiacute en forma clara que la ciudad per-fecta de la que habla no tiene un lsquolugarrsquo (οὐδαμοῦ lsquoen ninguna partersquo) en nuestro mundo concreto es decir es una suerte de lsquoutopiacutearsquo al menos como realidad social y poliacutetica La palabra utopiacutea es una feliz invencioacuten del humanista Sto Tomaacutes Moro (ou = lsquonorsquo topos = lsquolugarrsquo) quien en la dedicatoria de su obra se refiere a ldquoeste pequentildeo libro acerca de la repuacuteblica utopianardquo (libellum hunc de Vtopiana republica) 364 Esta primera parte del libro deacutecimo (595a-608b) trata de la poesiacutea en especial en su relacioacuten con la polis imaginada por Platoacuten (algo se habiacutea dicho sobre ella en el libro VIII 568a-d) Luego en la segunda parte del libro el tema principal es la in-mortalidad del alma y las recompensas de la justicia un tema que habiacutea sido elabo-rado extensamente en el Fedoacuten En lo que respecta al controvertido tema de la poesiacutea y la imitacioacuten al parecer Platoacuten no ha intentado una condena de ellas en siacute mismas Uno de los asuntos a considerar es la preocupacioacuten de Platoacuten por evitar que los

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Examineacutemoslo a la luz de las Ideas365 y hallaraacutes que es la produccioacuten de imaacute-genes o apariencias que son terceras en orden desde la realidad y la verdad Hay por ejemplo tres camas (1) la que existe en la naturaleza hecha pode-mos decir por Dios (2) la que fabrica el carpintero (3) la que es producto del arte del pintor366 La primera es y debe ser una porque no puede haber dos Ideas de cama Asiacute tenemos dos artiacutefices en conexioacuten con la nocioacuten de cama (1) un creador (φυτουργός)367 que es Dios (2) un fabricante (δημιουργός) a saber el carpintero Hay tambieacuten (3) un imitador (μιμητής) es decir el pin-tor La imitacioacuten por consiguiente se ocupa en producir una tercera secuen-

lsquoartistasrsquo ocupen un papel en su ciudad que eacutel estima debe corresponder a los filoacute-sofos y sabios Por otra parte nuestro filoacutesofo teme la capacidad que los poetas (en especial los traacutegicos) tienen seguacuten eacutel cree de arruinar las mentes de cuantos los oyen ldquosi no tienen el contraveneno (φάρμακον) de saberrdquo (595 b) cuaacutel es la situa-cioacuten en que se hallan las creaciones poeacuteticas que estos realizan Se trata quizaacutes de saber colocar todas estas producciones en su correpondiente estrato valorativo 365 Se hace uso seguacuten Platoacuten ldquodel meacutetodo acostumbradordquo que consiste en postular una sola Idea junto a muchas cosas a las que a su vez se da el mismo nombre de aquella Idea 366 Los tres niveles se presentan de la siguiente manera autor (de camas u otros artefactos) produccioacuten (los objetos producidos) 1 Dios (θεός) 1 La cama lsquoen siacutersquo (ὃ ἔστιν κλίνη) real (ὄντως) lsquoen la naturalezarsquo (ἐν τῇ φύσει) 2 Carpintero (τέκτων) 2 Camas de diversa iacutendole material 3 Pintor (ζωγραφός) 3 Pinturas de camas materiales La cama en la naturaleza (ideal) Dios La cama en el arte carpintero La cama en la imitacioacuten pintor Entre otras dudas se puede plantear la pregunta iquestPodriacutea haber un verdadero pintor que se inspirara en las camas en siacute Todo el tema acerca de la posicioacuten de Platoacuten frente al arte (en especial la poesiacutea) ha sido ampliamente sometido a discusioacuten No han faltado las criacuteticas de diversa iacutendole Para los fines de este estudio puede ser de utilidad el artiacuteculo de W J Verdenius ldquoPlatos Doctrine of Artistic Imitationrdquo en Plato II Ethics Politics and Philosophy of Art and Religion ed G Vlastos New York (1971) pgs 253-273 Hay traduccioacuten castellana de Ximena Ponce de Leoacuten Doctrina de Platoacuten sobre la Imitacioacuten Artiacutestica Departamento de Filosofiacutea Universidad de Chi-le Escritos Filosoacuteficos (1981) 367 Es la uacutenica vez que Platoacuten usa este teacutermino en toda su obra en sentido metafoacuteri-co es una palabra poeacutetica usada sobre todo por los traacutegicos con el sentido de lsquoen-gendradorrsquo lsquogeneradorrsquo

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cia a partir de la naturaleza y el poeta traacutegico entre otros imitadores es ter-cero desde el rey y la verdad

598a-598d Ademaacutes no es la Idea la que es copiada por el pintor368 sino solo los objetos de fabricacioacuten e incluso eacutel copia solo un aspecto particular o apariencia de aquellos Por eso que la imitacioacuten estaacute muy alejada de la ver-dad y solo una persona simple seraacute engantildeado por ella

598d-601b Hemos oiacutedo decir que los traacutegicos incluido Homero tienen

conocimiento de aquello que escriben pero eso no es asiacute369 Nadie se dedica-riacutea seriamente a la produccioacuten de copias si pudiese hacer los originales Si el poeta poseyera un conocimiento verdadero de lo que imita eacutel maacutes que can-tarlas realizariacutea grandes hazantildeas370 y Homero no proporcionoacute servicios en la esfera de la accioacuten a sus compatriotas ni en invenciones ni siquiera en edu-cacioacuten como lo prueba el abandono que eacutel mismo sufrioacute durante su vida El

368 Por lo que se ve Platoacuten mdashhablando especiacuteficamente del arte lsquoimitativorsquomdash insiste en su posicioacuten de negar al arte (suponemos que no todo arte) su capacidad de lsquoimi-tarrsquo lo ideal e inteligible y no solo los objetos que otros fabrican Quizaacutes haya que suponer con J Adam (II pg 393) que las objeciones que Platoacuten aquiacute propugna no tocan la esencia real de ninguna forma de arte a no ser uno que defienda un realis-mo total y que un ldquosympathetic estudent of Platordquo encontraraacute faacutecil el construir una teoriacutea del arte maacutes noble y generosa en la doctrina de las Ideas la reminiscencia (ἀνάμνησις) y la preexistencia de las almas es decir basado en las mismas teoriacuteas platoacutenicas 369 La opinioacuten de Platoacuten es que los poetas no poseen conocimiento cientiacutefico y que componen sus poemas bajo una suerte de entusiasmo e inspiracioacuten de caraacutecter intui-tivo y de origen divino (puede ser uacutetil tambieacuten ver Apologiacutea 22c Fedro 245a Ion 533d ss Leyes 719c y Menoacuten 99c) En ese sentido Platoacuten no niega al poeta ni genio ni ins-piracioacuten (ver J Adam II pgs 396-97) 370 ldquoHe would rather be Achilles than Homerrdquo (Adam II pg 398) En sintoniacutea con la temaacutetica general de la Repuacuteblica Platoacuten propone como el maacutes alto ideal aquel del intelectual es decir del sabio que es al mismo tiempo un activo participante de la vida ciacutevica de la sociedad en que vive Por algo el representante superior de la polis platoacutenica es el rey-filoacutesofo Esta interrelacioacuten de teoriacutea y praacutectica es parte de una corriente importante en la filosofiacutea griega Baste con recordar que Tales de Mileto (a quien se considera el primer filoacutesofo) se le acredita con importantes descubrimientos astronoacutemicos de maacutexima utilidad como el uso de la Osa Menor para la navegacioacuten debido a que suministra un punto maacutes fijo de referencia en el cielo Puede tambieacuten sentildealarse las ampliamente difundidas historias de Pitaacutegoras como liacuteder social es al primero que se considera lsquofiloacutesoforsquo y sus actividades poliacuteticas mdashen especial en Cro-tonamdash estaacuten iacutentimamente conectadas al parecer con su condicioacuten de lsquosabiorsquo Ver las referencias del mismo Platoacuten al sistema de vida pitagoacuterico en 600a-b

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hecho es que el poeta escribe sin conocimiento Sus producciones no son sino imaacutegenes de imaacutegenes y deben todo su encanto a su escenario poeacutetico

601b-602b La condicioacuten del arte imitativo con respecto al conocimiento

podriacutea ser comprendido de la manera siguiente En conexioacuten con cada objeto podemos distinguir tres artes distintas el arte de utilizarlo el de fabricarlo el de imitarlo Solo el que utiliza tiene experiencia (ἐμπειρότατον)371 conoci-miento (εἰδὼς ἐπιστήμην) del objeto372 el fabricante cuando el que lo utiliza lo instruye tiene una creencia fundada (πίστιν ὀρθήν)373 pero ni el conoci-miento ni la opinioacuten correcta pueden atribuirse al imitador (μιμητικὸς) Eacutel simplemente copia lo que parece hermoso a una multitud ignorante

602c-603b Considera ademaacutes cuaacutel es la parte de nuestra naturaleza a la

que la imitacioacuten atrae La pintura depende para producir sus efectos en las ilusiones oacutepticas a las que nos hallamos sometidos y frente a las que las artes de medir y contar etc son nuestra uacutenica salvaguarda El aspecto racional del alma (τοῦ λογιστικοῦ) aplica aquellas artes demostrando que es el mejor cuando acepta sus resultados Ese elemento del alma que se le opone es por consiguiente uno de los elementos inferiores en nosotros374 y la progenie que nace de su unioacuten con el arte imitativo seraacute igualmente vil tanto en la poesiacutea como en la pintura

603b-605c Si examinamos la poesiacutea en sus propios meacuteritos aparte de su

arte hermano la pintura observamos que la poesiacutea imita la accioacuten Ahora bien en la accioacuten nosotros fluctuamos a menudo entre dos impulsos Cuando

371 El conocimiento es considerado aquiacute como un equivalente de la empeiriacutea es de-cir una lsquoexperienciarsquo una lsquopraacutecticarsquo que no incluye necesariamente el conocimiento de los principios 372 Sabemos que lsquoartersquo (τέχνη) es utilizado generalmente por los griegos en un sen-tido amplio como oficio lsquoartesaniacutearsquo o lsquoindustriarsquo De ahiacute que se considere aquiacute que lsquoel que utilizarsquo algo mdashque puede ser como dice Platoacuten un mueblemdash sea el que da la pauta de la conveniencia del objeto 373 Asi Goacutemez Lasa tambieacuten ldquoopinioacuten correctardquo 374 Aquiacute se plantean dos elementos en el alma en vez de tres como se hace en el libro cuarto Son dos aspectos porque es posible distinguir entre lo que en nuestra alma opina conforme a medidas y lo que opina prescindiendo de ellas (603a) El elemento que se opone es el aloacutegiston (604d 605b)

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nos acontece una gran calamidad estamos tentados a dar paso a la afliccioacuten ante los ojos de otros pero la ley (νόμος) nos manda abstenernos y tratar de curar la herida en vez de mantenerla abierta Lo que es mejor en nosotros obedece faacutecilmente mientras que el elemento que nos tienta a permanecer en nuestras penas es irracional indolente amigo de la cobardiacutea Con todo es precisamente ese aspecto irritable quejumbroso de la naturaleza humana el que se presta maacutes a la imitacioacuten y cuya representacioacuten en el arte dramaacutetico el vulgo comprende maacutes faacutecilmente Asiacute la poesiacutea es el duplicado de la pintura sus productos son deficientes en cuanto a la verdad y ellos alimentan nuestra naturaleza inferior375 Nosotros excluimos al poeta de nuestra ciudad por am-bos motivos

605c-607a Pero el cargo maacutes serio en nuestra acusacioacuten (κατηγορήσαμεν) es que la poesiacutea es capaz de corromper con pocas excep-ciones incluso a hombres de caraacutecter y virtud La tragedia excita en nosotros justamente aquellas pasiones a las que nosotros mismos nos avergonzamos en consentir cuando sufrimos desgracias personales con la consecuencia de que nosotros podemos sucumbir maacutes faacutecilmente en la hora de la adversi-dad376 Lo mismo se podriacutea decir tambieacuten mutatis mutandis de la comedia No consentiremos por consiguiente conformar nuestras vidas con Homero y rehusaremos entregar nuestra ciudad al gobierno del placer

607b-608b La disputa entre la filosofiacutea y la poesiacutea no es nada nuevo377

pero por nuestra parte estamos dispuestos a dejar que la poesiacutea retorne tan

375 Sin la misma simetriacutea que en su descripcioacuten de los regiacutemenes poliacuteticos del libro VIII en que a cada presentacioacuten de un tipo de estado sigue la del tipo de hombre que le corresponde Platoacuten ha desarrollado tambieacuten aquiacute un anaacutelisis en que se alter-nan referencias tanto a la poesiacutea y la pintura como a los poetas y pintores Ahora luego de presentar el tema del poeta separadamente finaliza diciendo ldquoDe ese mo-do diremos que el poeta imitativo (τὸν μιμητικὴν ποιητἠν) implanta privadamente un reacutegimen perverso en el alma de cada uno condescendiendo con el elemento irra-cional que hay en ella elemento que no distingue lo grande de lo pequentildeo sino que considera las mismas cosas unas veces como grandes otras como pequentildeas creando apariencias ltfantasmalesgt (εἴδωλα) enteramente apartadas de la verdadrdquo (trad J M Paboacuten M Fernaacutendez Galiano) He antildeadido los pareacutentesis 376 El sentimiento de lsquolaacutestimarsquo (τὸ ἐλεινὸν) aparece como una emocioacuten clave en la tragedia 377 Ver Leyes 967c-d

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pronto como se pruebe que ella no es simplemente placentera sino tambieacuten provechosa378 Hasta entonces usaremos nuestros argumentos como un amu-leto para protegernos a nosotros mismos de sus encantos porque la cuestioacuten en juego es mayor de lo que parece

608c-d Las recompensas maacutes grandes de la virtud han de ser auacuten des-

critas379 Probaremos primero que el alma es inmortal380 608d-611a Todo lo que sufre destruccioacuten es destruido por su propio mal

peculiar o enfermedad y aquello que no puede ser destruido es asiacute indes-tructible Ahora bien el mal que es peculiar al alma es el vicio y el vicio es impotente para matar el alma Debemos tener cuidado de suponer que el al-ma es destruida por la enfermedad corporal a menos que pueda probarse que la enfermedad corporal engendra en el interior de alma su mal propio y especiacutefico y si alguien tiene la osadiacutea de afirmar que las almas de los que es-taacuten en trance de morir se hacen de hecho maacutes perversas y maacutes injustas ese debe estar preparado para mostrar que el vicio solo y por siacute mismo es mortal para quien lo posee cosa que estaacute lejos de ser verdad El vicio es decir la in-justicia no apareceriacutea como cosa tan terrible si la muerte fuera el final de to-das las cosas Concluimos nosotros que el alma es inmortal ya que ni su mal propio ni ninguno ajeno puede destruirla

611a-612a Se sigue que el nuacutemero de almas es siempre constante y ca-

da una de ellas retiene perpetuamente su individualidad381 Hasta ahora he-mos representado el alma como una substancia compuesta pero un compues-

378 Al parecer habriacutea otro tipo de poesiacutea mdashque no sea la del caraacutecter placentero e imitativomdash que podriacutea no ser excluida Cf ldquotal clase de poesiacutealdquo en R 608 a 379 ldquoLa tesis principal de la Repuacuteblica mdashque la justicia sola y por siacute misma es mejor que la injusticia sola y por siacute mismamdash fue demostrada finalmente en el libro IX Pero la justicia y la injusticia de hecho acarrean ciertamente consecuencias y es necesa-rio tenerlas en cuenta si vamos a hacer la comparacioacuten entre la virtud y el vicio en todo respecto perfecta y completardquo (J Adam II pg 420) 380 ldquoLa doctrina misma habiacutea por supuesto sido largo tiempo un artiacuteculo de las creencias oacuterficas y pitagoacutericasrdquo (Adam II pg 421) 381 Se supone entonces que el nuacutemero de almas es siempre constante y cada cual retiene una individualidad que le es propia

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to no puede ser faacutecilmente inmortal y si vieacuteramos el alma como realmente es382 deberiacuteamos contemplarla (θεάσασθαι) aparte del cuerpo383 y de aque-llas acumulaciones materiales (προσπεφυκέναι) con las que ella se encuentra atestada y abrumada384 Entonces y solo entonces estaremos en condiciones de ver su naturaleza verdadera (τὴν ἀληθῆ φύσιν)385

612a-613e Ahora que hemos probado que la justicia es en siacute misma

aparte de todas sus consecuencias lo mejor para el alma podemos con toda seguridad hacer hincapieacute en las recompensas (μισθοὺς) de la virtud tanto en esta vida como despueacutes de la muerte Revocamos la concesioacuten que en aten-cioacuten al argumento presentado nosotros hicimos previamente y le devolve-mos a la justicia la consideracioacuten que de hecho ella recibe de parte de los dio-ses y de los hombres Los justos son queridos por los dioses (υεοφιλὴς) y son objeto especial de su providencia386 pero es diferente con los injustos Entre los hombres tambieacuten la injusticia aunque por un tiempo puede marchar bien se quebranta antes que la carrera termine mientras que la justicia alcan-za la meta y gana la corona Los honores y premios que Glaucoacuten reclamaba para la injusticia exitosa corresponden ahora a la justicia y es el injusto el que sufre los ultrajes y tormentos que eacutel presagiaba al justo

613e-616b Pero lo que hemos descrito hasta aquiacute es nada comparado

con lo que aguarda a la virtud y el vicio despueacutes de la muerte Escuchemos la

382 ldquoIn its true and essential nature soul is akin to the simple and incomposite see Phaedo 78B-81Ardquo (Adam II pg 426) 383 Considerar el alma en su calidad de semejante (συγγενὴς) a lo divino e impere-cedero 384 Los objetos verdaderos del alma son los de caraacutecter espiritual es decir aquellos adaptados a su condicioacuten de ser inteligente e imperecible Si dirige la intencionali-dad de su espiacuteritu hacia otros objetos como los terrenales y sensibles hacieacutendose como ellos estropea su condicioacuten originaria y mejor 385 Es decir de si ella es simple o compuesta en su verdadero ser Ya se habiacutea men-cionado esta lsquomaacutes verdadera naturalezarsquo al inicio de esta seccioacuten (611 b) 386 ldquoPorque efectivamente nunca seraacute descuidado por los Dioses el que busque esforzarse por llegar a ser justo y con la praacutectica de la virtud asemejarse a la divini-dad cuanto es posible al ser humanordquo (613a-b) El lsquoasemejarse a la divinidadrsquo (ὁμοιουσθαι θεῷ literalmente lsquoasemejarse a Diosrsquo) es el objetivo eacutetico maacutes arraiga-do en la filosofiacutea de Platoacuten y representa claramente el ideal antropoloacutegico de su Repuacuteblica Ver II 383c VI 500c-d 501b-c cf Leyes 716b-d 904e

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visioacuten que tuvo Er el hijo de Armenio387 Por doce diacuteas yacioacute en un trance durante los que su alma viajoacute hasta una pradera (λειμόνα) donde eacutel escuchoacute la narracioacuten de las experiencias de otras almas que habiacutean completado el pe-riacuteodo de un milenio de premio o castigo En la mayoriacutea de los casos la re-compensa y juicio por las buenas y malas acciones era de diez veces por cada una pero ciertos criacutemenes eran castigados incluso maacutes severamente y para algunos pecadores incurables no habiacutea esperanza alguna

616b-617d Despueacutes de pasar siete diacuteas en la pradera las almas que ha-

biacutean vuelto del viaje de mil antildeos levantaron tienda y partieron acompantildeadas por Er388 Al cuarto diacutea ellos llegaron a un paraje desde el que podiacutean divisar una luz derecha como un pilar que se desplegaba a lo largo de todo el cielo y la tierra389 y despueacutes de un viaje de un diacutea vieron en el medio de esta luz las extremidades de las cadenas del cielo y extendieacutendose desde esos extremos estaba el huso de la Necesidad (Ἀνάγκης ἄτρακτον) con sus ocho ciacuterculos conceacutentricos y a medida que los ciacuterculos de sus bordes giran llevan con ellos separadamente las estrellas fijas y todos los planetas en su orden En lo alto de cada uno de los ocho espirales avanza una Sirena (Σειρένα) emitiendo una sola nota y las ocho notas asiacute producidas constituiacutean una sola armoniacutea

387 Er un personaje misterioso que algunos en la antiguumledad identificaron con Zo-roastro tal vez por el caraacutecter aparentemente oriental de la historia La narracioacuten es un tipo de apocalipsis es decir hecha a modo de revelacioacuten ldquoEn su historia mdashdice W K C Guthrie (Historia de la Filosofiacutea Griega IV pg 534)- se entrelazan dos cabos el puramente miacutetico o escatoloacutegico y el cosmoloacutegico El primero a pesar de enrique-cerse con los detalles frescos de la inagotable imaginacioacuten platoacutenica comparte sus rasgos principales con otros grandes mitos extraidos de un fondo comuacuten de sabidu-riacutea religiosa y particularmente oacuterficardquo 388 ldquoPareceriacutea que el alcance e intencioacuten general de la parte astronoacutemica del mito seriacutea el colocar ante las almas un cuadro de las lsquoarmoniacuteas y revoluciones del univer-sorsquo en conformidad con las cuales es su deber maacutes alto y un privilegio vivirrdquo (Adam II pg 441 cf Timeo 90c-d) Y parece haber maacutes de imagineriacutea poeacutetica que serias intenciones cientiacuteficas en esta narracioacuten en cuya realizacioacuten Platoacuten se tomoacute un gran trabajo incluso cientiacutefico exhibiendo al mismo tiempo una notable imagi-nacioacuten literaria 389 A propoacutesito de estas descripciones y sin intentar renunciar a una explicacioacuten de muchas de las particularidades astronoacutemicas de la narracioacuten conviene recordar lo que James Adam junto a sus explicaciones de numerosos aspectos de estas difiacuteciles paacuteginas de Platoacuten dice (II pg 447) ldquoNos ocupamos de una obra de literatura y no de ciencia y el mecanismo del mito no deberiacutea ser examinado rigurosamente desde un punto de vista cientiacuteficordquo

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(ἁρμονίαν) o modo El huso mismo giraba sobre las rodillas de la Necesidad Mientras tanto las tres Parcas (Μοίρας) a medida que ellas toman parte en la rotacioacuten cantan de acuerdo con la armoniacutea de las Sirenas Laacutequesis las cosas pasadas Cloto las presentes y Atropo las futuras

617d-619a Tan pronto como llegaron al escenario las almas eran llama-

das a escoger sus nuevas vidas El orden de eleccioacuten era determinado por sor-teo pero habiacutea muchos maacutes modelos de vidas que nuacutemero de suertes y se hizo responsable a cada alma de su propia eleccioacuten390 El momento de la elec-cioacuten representa la crisis suprema de nuestro destino y es preciso no economi-zar esfuerzos para ser capaz de elegir resistiendo las atracciones de la riqueza y el poder y escogiendo la vida mejor que es la de la virtud que asiacute es como el hombre llega a alcanzar la mayor felicidad

619b-620d Eran numerosos los casos de seleccioacuten apresurada y necia y

muchos los cambios que resultaban tanto de la eleccioacuten como del accionar de las suertes Aquel que es siempre fiel a una vida de verdadera filosofiacutea y cu-ya suerte no cae entre los uacuteltimos seraacute feliz por la totalidad del tiempo391 El espectaacuteculo fue uno realmente a propoacutesito para mover a piedad a risa a ad-miracioacuten En la mayoriacutea de los casos las almas escogiacutean de acuerdo con sus vidas anteriores Orfeo por ejemplo escogiendo la vida de un cisne Ayax la de un leoacuten y asiacute sucesivamente Sucedioacute que Odiseo que habiacutea sido el uacuteltimo en echar las suertes luego de una larga buacutesqueda encontroacute y cogioacute gozosa-mente la vida paciacutefica de un hombre particular ya que estaba cansado de to-das sus fatigas Hubo cambios de bestias en hombres y de hombres en bes-tias y todo tipo de mutaciones

390 La frase clave de la advertencia mdashdicha en nombre de la virgen Laacutequesis a las almas que eligen sus nuevas vidasmdash es la siguiente ldquoLa responsabilidad es del que elige Dios no tiene culpardquo (617e) 391 ldquoLa conexioacuten de ideas dice Adam (II pg 459) es la fortuna de las suertes y nuestra eleccioacuten individual son las dos influencias que afectan nuestro destino ya que si nuestra suerte se da razonablemente pronto y escogemos como conviene a filoacutesofos nos iraacute bienrdquo

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620d-621d Luego que todas las almas hubieron escogido Laacutequesis otorgoacute a cada una su lsquodemoniorsquo (δαίμονα) como genio guardiaacuten (φύλακα) Despueacutes de eso la eleccioacuten era ratificada por las restantes Parcas y finalmen-te por la Necesidad Por la tarde las almas acamparon junto al riacuteo del Olvido en la llanura del Leteo y todas salvo Er bebiacutean de sus aguas A la media no-che se produce un trueno y un temblor de tierra y son llevadas hacia arriba para su nacimiento y en la mantildeana Er revivioacute y se vio de improviso tendido sobre la pira

La visioacuten de Er no es un mero cuento ocioso que perece una vez conta-do Si le prestamos creacutedito salvaraacute nuestras almas de modo que aquiacute y en el maacutes allaacute nos vaya bien

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C TEMAS DE ESTUDIO

I iquest H a y e s c l a v o s e n l a c i u d a d p l a t oacute n i c a

π ρ ῶ τ ο ν μ έ ν ἦ ν δ ᾽ ἐ γ ώ ὡ ς π ό λ ι ν ε ἰ π ε ῖ ν ἐ λ ε υ θ έ ρ α ν ἢ δ ο ύ λ η ν τ ὴ ν τ υ ρ α ν ν ο υ μ έ ν η ν ἐ ρ ε ῖ ς

ldquo P r i m e r o q u e t o d o d i j e y o p a r a h a b l a r

d e l a c i u d a d iquest d i r aacute s q u e l a g o b e r n a d a p o r u n t i r a n o e s l i b r e o e s c l a v a rdquo

Si estaacute contemplada o no la esclavitud en la ciudad ideal disentildeada en la

Repuacuteblica es un asunto abierto a discusioacuten Ya el mero hecho de que se trata de una cuestioacuten debatida es sentildeal de que Platoacuten mismo no hizo ninguacuten pro-nunciamiento formalmente expliacutecito acerca del tema no solo aquiacute sino en ninguna otra parte de su obra Tenemos que contentarnos solamente con sus comentarios y referencias acerca de la esclavitud en general o de situaciones que de alguacuten modo conciernen a los esclavos pero que no indican necesaria-mente una toma de posicioacuten frente al tema concreto

Es muy diferente el caso de Aristoacuteteles quien sosteniacutea que la esclavitud

era natural lo que comportaba una suerte de diferencia congeacutenita entre amos y esclavos Asiacute al hablar de la administracioacuten domeacutestica (οἰκονομίας) nos encontramos con las partes de ldquouna casa perfectardquo (οἰκία δὲ τέλειος) la cual consta de sujetos libres y esclavos392 Es esclavo dice aquel que ldquopor natura-leza (φύσει) no se pertenece a siacute mismo sino a otrordquo y en un intento de defi-nir la situacioacuten servil antildeade que es ldquoun hombre de otrordquo393 Una afirmacioacuten por cierto que a nuestros ojos resulta casi aterrador Estos anaacutelisis sin em-bargo no parecen comprometer del todo el juicio propio de Aristoacuteteles en la medida que a esta altura del texto en que lo escribe no evidencian forzosa-mente una conviccioacuten personal Es claro tambieacuten que nuestro filoacutesofo se es-fuerza por mantenerse en una posicioacuten teoacuterica pero no es tan difiacutecil com-

392 Aristoacuteteles Poliacutetica 1253b 3 ss (Libro I 3) 393 Poliacutetica 1253b 16 (Libro I 4)

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prender cuaacutel es su verdadera posicioacuten cuando luego afirma ldquoregir y ser regi-dos no solo son necesarios sino convenientes y ya desde el nacimiento unos seres estaacuten destinados a ser regidos y otros a regirrdquo394 o cuando conclusiva-mente afirma ldquoes pues manifiesto que unos son libres y otros esclavos por naturaleza (φύσει) y que para estos uacuteltimos la esclavitud es a la vez conve-niente y justardquo395 Esta es evidentemente una presentacioacuten parcial del pensa-miento de Aristoacuteteles y aunque estas afirmaciones son demasiado expliacutecitas como para no advertir su sentido obvio creo que seriacutea injusto dar por zanja-do el asunto sin un estudio maacutes completo cosa que no hacemos aquiacute

La posicioacuten de Aristoacuteteles sin embargo mdashtal como la hemos esbozadomdash

y su manera desenvuelta de examinar el problema permite hacer una compa-racioacuten uacutetil y clarificadora para el caso de Platoacuten especialmente en su Repuacutebli-ca La esclavitud es una realidad en el mundo antiguo y en Grecia estaacute clara-mente establecida Los esclavos eran usualmente baacuterbaros mdashsi bien los habiacutea tambieacuten griegos y aunque algunos eran propiedad de la ciudad una mayoriacutea perteneciacutea a sujetos privados Trabajaban en los oficios maacutes diversos y bajo diferentes condiciones de trato habiacutea por ejemplo cierto tipo de empresas que eran atendidas por esclavos los que recibiacutean su sueldo En lo que respec-ta a Atenas se puede decir que ldquode hecho se podiacutea hallar esclavos en mayor o menor amplitud en virtualmente cada aacuterea de la vida econoacutemica atenien-serdquo396

Un testimonio que podriacuteamos considerar digno de creacutedito proveniente

de un oligarca dispuesto a no dejar en silencio ninguna situacioacuten o actuacioacuten que pudiera dantildear el prestigio de la democracia ateniense397 expone la ldquograndiacutesima licenciardquo que hay en Atenas frente a los esclavos y metecos mdash

394 Poliacutetica 1254a 21-24 (Libro I 5) traduccioacuten de J Mariacuteas y M Araujo Madrid 1989 (2a ed 1970) 395 Ibid 1254b 39-1255a 2 Y a pesar de que Aristoacuteteles analiza tambieacuten los argu-mentos contrarios a la esclavitud y de que tiene en claro que se puede arguumlir en contra de la esclavitud que ella ldquoes violentardquo (ibid 1253b 22 I 3) 396 M Crawford D Whitehead Archaic and Classical Greece Cambridge 1983 pg 295 donde se hace ver ademaacutes coacutemo el tema de la esclavitud ldquoha sido fuente de profunda discrepancia entre los estudiosos durante los uacuteltimos 25 a 30 antildeosrdquo 397 Pseudo-Jenofonte La Repuacuteblica de los Atenienses 10-12

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una suerte de extranjeros permanentesmdash y se refiere con escaacutendalo al hecho de que los esclavos se visten como los ciudadanos libres y que se les deja ldquovivir en la molicierdquo (τρυφᾶν) e incluso mantener un geacutenero de vida ldquogran-diosordquo398 En esas circunstancias lo grave es que entre otras cosas confiacutea nuestro autor iexclno es posible golpear a nadie ni un esclavo te cederaacute el paso pues ldquoSi fuese legal que el esclavo o el extranjero residente o el liberto fuera gol-peado por una persona libre muchas veces le pegariacutean a un ateniense supo-niendo que era un esclavo porque ademaacutes el pueblo no tiene mejor vestimen-ta que los esclavos y los extranjeros residentes ni son de mejor aspectordquo 399

Por otra parte muchos esclavos calificados en sus oficios ejerciacutean en la

Atenas democraacutetica sus trabajos como lo estimaban mejor con la condicioacuten de pagar al amo su parte correspondiente Se constituyoacute asiacute la categoriacutea de esclavos ldquodomiciliados aparterdquo400

En Atenas por consiguiente el esclavo recibe dinero y no teme a los

ciudadanos libres al extremo de lo que sucede en Esparta Es de notar enton-ces al menos un grado concreto de avance hacia una relativa desaparicioacuten praacutectica de las diferencias entre libres y esclavos entre los atenienses los ciu-dadanos culturalmente maacutes influyentes de toda la Heacutelade Testimonios como estos sin embargo no pueden hacernos olvidar la indudable injusticia baacutesica de la esclavitud y el grado de responsabilidad de quienes la sosteniacutean de pa-labra o de obra incluidos los atenienses

398 Ibid I 10 Oscar Velaacutesquez La Repuacuteblica de los Atenienses lsquoJenofontersquo Editorial Universitaria Santiago de Chile 2010 p 59 Hay una edicioacuten bilinguumle espantildeola Pseudo-Jenofonte La Repuacuteblica de los Atenienses M Cardenal de Iracheta M Fer-naacutendez Galiano Madrid 1971 y una de G Ramiacuterez Vidal Jenofonte La Repuacuteblica de los Atenienses BSGRM UNAM Meacutexico 2005 Por otra parte iquestqueacute habraacute pensado el joven estagirita Aristoacuteteles educado en la corte Macedoacutenica al ver a su llegada a la Academia estas si se quiere sorprendentes cos-tumbres atenienses Sin duda que Platoacuten estaba bien acostumbrado a estos modos de vida 399 Pseudo-Jenofonte La Repuacuteblica de los Atenienses edicioacuten citada pg 59 Un tipo de reproche que en palabras de G Glotz ldquoconstituye un meacuterito para el pueblo ate-nienserdquo (La Ciudad Griega -ed P Clocheacute- trad espantildeola Meacutexico (1957) pg 221 400 Ver G Glotz op cit pg 220

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En lo que respecta a nuestro tema especiacutefico fue G Vlastos quien afir-

moacute que ldquono es posible hallar en parte alguna de Platoacuten una discusioacuten formal de la esclavitudrdquo401 Luego de pasar revista a algunos pasajes de las Leyes 402 concluye que Platoacuten piensa que la condicioacuten de esclavo consiste en una ldquodefi-ciencia de razoacutenrdquo403 y mediante el examen de otros textos platoacutenicos infiere que ldquola ausencia de auto-determinacioacuten tan obvio en el caso del esclavo es normal en la sociedad platoacutenicardquo404 Esta uacuteltima inferencia solo ha sido posi-ble hacerla mdashconforme al razonamiento de Vlastosmdash como una consecuencia de un ldquoaxiomardquo de la teoriacutea poliacutetica de Platoacuten seguacuten que se dice ldquoel uacutenico apto para gobernar es aquel que posee logosrdquo405

Hasta queacute punto es vaacutelida esta conclusioacuten es un asunto no demostrado

En todo caso hay un punto que es tratado por Vlastos con sutil profundidad Plantea que en la sociedad platoacutenica existe solamente una pequentildea minoriacutea (como se puede ver por ejemplo en el Poliacutetico 292e) de aristoacutecratas ilustrados junto a una mayoriacutea que carece de logos y que no pudiendo conocer su bien propio y el de la sociedad ldquosu uacutenica posibilidad de hacer el bien es obedecer impliacutecitamente las oacuterdenes de sus superioresrdquo406 Esto se dice no solo de los gobernantes sino de toda autoridad humana o divina Sin embargo esta dou-leiacutea (lsquoesclavitudrsquo) de la que habla Platoacuten es una sumisioacuten ldquovirtuosa amistosa y alegrerdquo dice a la autoridad constituida y representa un uso del teacutermino casi sin precedentes en la literatura griega Se trata de una ldquoextensioacuten genial

401 Gregory Vlastos ldquoSlavery in Platos Thoughtrdquo (1941) en Platonic Studies (2a ed 1981) pg 145 402 Cf tanto Leyes 720a-e como 773e 966b G Vlastos habiacutea sentildealado que el texto maacutes importante acerca del tema es el de Leyes 720a-e en que se contrasta la actitud del meacutedico libre con sus pacientes tambieacuten libres y la del ldquosubordinado de los meacute-dicosrdquo (Leyes 720a) mdashuna suerte de auxiliar esclavomdash con sus pacientes que tambieacuten lo son 403 G Vlastos op cit pg 148 ldquoIt is clear from such passages that Plato thinks of the slaves condition as a deficiency of reason He has doxa but no logos He can have true belief but cannot know why his belief is truerdquo 404 Ibid pg 150 405 Ibid pg 149 n 9 406 Ibid pg 150

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de Platoacutenrdquo 407 para el sentido de lsquoesclavitudrsquo y apunta al claro objetivo de demostrar que siendo la mayoriacutea de los hombres incapaces de gobernarse a siacute mismo y a sus apetitos la solucioacuten maacutes feliz seraacute el someterse al mejor De esta manera gobernados todos asiacute por el mismo principio puedan todos en lo posible ser amigos408

Ahora bien en este modo tan libre de hablar acerca de todo tipo y con-

dicioacuten de subordinados poliacuteticos como lsquoesclavosrsquo subyace no un punto de vista praacutectico sino teoacuterico que consiste en que ldquoen principio no hay diferen-cia en la teoriacutea poliacutetica de Platoacuten entre la relacioacuten del sentildeor y su esclavo y la del soberano con sus suacutebditosrdquo409 Ello constituiriacutea seguacuten Vlastos ldquouna nega-cioacuten radical de la democraciardquo410 Por otra parte la democracia ateniense pu-do llegar a substituir ldquohombrerdquo por ldquociudadano de Atenasrdquo y sin saber queacute hacer con la esclavitud hubo quienes jugaron con la idea subversiva de que la esclavitud ldquono era naturalrdquo En esa situacioacuten la teoriacutea democraacutetica reflejaba esa contradiccioacuten real en la sociedad ateniense al dejar en evidencia la exis-tencia de ldquouna comunidad poliacutetica libre que se apoyaba en una economiacutea esclavistardquo411

Todas estas discusiones relativas a la cuestioacuten de si Platoacuten postuloacute o no

la esclavitud en su proyecto de Estado han hecho resaltar entre otros dos pasajes de la Repuacuteblica ldquoPero si fuese necesario dije decir cuaacutel de estas virtudes produciraacute especial-mente con su presencia el que la ciudad sea buena de difiacutecil decisioacuten seriacutea si

407 Ibid pg 150 408 Cf ibid pg 150 y Repuacuteblica 590 c-d 409 Ibid pg 151 Cf Poliacutetico 259c 2 En la misma liacutenea de argumentacioacuten G Vlastos afirma (op cit pg 152) ldquoIn other words Plato uses one and the same principle to interpret (and justify) political authority and the masters right to govern the slave political obligation and the slaves duty to obey his master His conception of all government (archendash archein) is of a piece with his conception of the government of slaves Is this saying too much One thinks of any number of important qualifica-tions Yet substantially the statement is truerdquo Esas restricciones (ldquoqualificationsrdquo) son precisamente las que deben ser discutidas en maacutes profundidad 410 G Vlastos op cit pg 152 411 Ibid pg 153

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acaso es la igualdad de opiniones de los gobernados o si lo que hace espe-cialmente que la ciudad sea buena es que esteacute presente en el nintildeo en la mujer en el esclavo (καὶ δούλῳ) en el hombre libre (καὶ ἐλευθέρῳ) en el artesano en el gobernante y en el gobernado en el sentido de que cada uno se ocupe de los asuntos que le son propios y no se aplique a muchos otrosrdquo (433 c-d)

El segundo pasaje dice

ldquoPor lo tanto iquestpara que hombre de semejante condicioacuten sea gobernado por algo similar a lo que gobierna al mejor hombre declaramos que debe ser es-clavo (δοῦλον) de este mismo hombre el mejor que posee en siacute el principio divino que gobierna aunque no creamos que el esclavo debe ser gobernado para su dantildeo como creiacutea Trasiacutemaco cuaacutel era la condicioacuten de los goberandos sino que porque es mejor para todos estar gobernados por el elemento divino e inteligente especialmente cuando este elemento es propio de eacutel o bien que esteacute dirigido desde afuera a fin de que todos sean en lo posible semejantes y amigos gobernados por el mismordquo (590 c-d)412

iquestPodremos dar por zanjado el asunto y al menos dejar en la duda la

posicioacuten de Platoacuten con respecto a la esclavitud La propuesta de G Vlastos acusa a Platoacuten con atenuantes importantes claro estaacute de introducirla en su estado Sobre todo el pasaje de R 433c-d citado maacutes arriba es punto difiacutecil de pasar por alto pues parece evidente que se habla aquiacute no de cualquier esta-do sino de la ciudad ideal en proyecto Es posible con todo plantear todo el asunto desde una perspectiva diferente cosa que paso a discutir a continua-cioacuten

Un artiacuteculo de B Calvert serviraacute de guiacutea en este nuevo examen413 Un

texto platoacutenico de importancia en este anaacutelisis mdashque tiene que ver con la pla-nificacioacuten del nuacutemero de artesanos en la ciudadmdash es el siguiente ldquoexisten todaviacutea algunos otros pienso cuyos servicios no estaacuten en contacto muy es-trecho con la inteligencia (διανοίας) pero que poseen fuerza suficiente para

412 Traduccioacuten de G Goacutemez Lasa he antildeadido los pareacutentesis 413 Brian Calvert ldquoSlavery in Platos Republicrdquo en The Classical Quarterly NS vol XXXVII No 2 (1987) 367-372

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trabajos duros Estos venden la utilidad de su fuerza y al llamar salario al valor de eacutesta se les llama como creo asalariadosrdquo414 Platoacuten ciertamente con-sideroacute en su Estado gente que vende su trabajo la clase de los asalariados (μισθωτοί) que conforman el tercer segmento de la ciudad415 Estos son evi-dentemente ciudadanos no esclavos y ellos junto con los auxiliares y los guardianes al hacer en la ciudad la tarea que les es propia realizan la justicia en la ciudad416

Los analistas del tema de la esclavitud no dejan de mencionar la rela-

cioacuten estrecha que existe entre esta y el orden econoacutemico de un determinado conglomerado sea este por ejemplo de tipo familiar o socialmente maacutes am-plio como el urbano Se muestra que sistemas poliacuteticos han dependido para su subsistencia del trabajo servil dejando al estamento libre un espacio para otras actividades Por otra parte es claro mdashy Platoacuten lo sabe perfectamentemdash que la esclavitud para ponerse en ejecucioacuten y sostenerse tiene que sustentar-se en la fuerza Es esta misma fuerza ademaacutes la que sostiene el sistema legal que la favorece Por otra parte no es menos importante el hecho de que entre los griegos solamente los libres son ciudadanos siendo el esclavo por lo gene-ral una propiedad de tipo familiar

Ahora bien mdashy se pone asiacute al descubierto una ldquoincoherencia demasiado

obviardquo de G Vlastos 417 ya que podemos suponer que en la ciudad platoacutenica los guardianes no pueden tener esclavos por el simple hecho de que la clase gobernante no tiene posesioacuten alguna418 Siendo ellos los uacutenicos con justo de-

414 Repuacuteblica 371 e traduccioacuten de G Goacutemez L 415 ldquoThey are not slaves but a part of the wage-earning segment of societyrdquo (B Cal-vert op cit pg 368) 416 Cf Repuacuteblica 434c 417 B Calvert op cit pg 369 ldquo Yet despite his clear recognition of the problem Vlastos appears to overlook its impact when in the same article he ascribes ow-nership of slaves to the third class and we are left with what certainly looks like a blatant incoherence in his account the third class are not qualified to be slave ow-ners or alternatively the guardians are the only ones entitled to own slaves but the guardians are prohibited from possessing any private property including slavesrdquo 418 La existencia misma de los traficantes de esclavos es sentildeal de que la esclavitud estaba considerada un artiacuteculo de consumo el que pasaba a ser propiedad de su adquirente Es una actividad floreciente en la antiguumledad ldquoun negocio puramente

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recho a ser servidos por esclavos la ley les prohibe tajantemente toda propie-dad La clase gobernante percibe todo del resto de la comunidad y eso que recibe debe compartirlo con los de su clase De ahiacute se concluye un punto cla-ve de la argumentacioacuten de Calvert y es que ldquola esclavitud es incompatible con las teoriacuteas de la justicia y del alma tripartitardquo419

Conforme a ello cada persona se beneficia a siacute misma y a la sociedad

realizando adecuadamente su propia individualidad Si hubiera de haber es-clavos deberiacutea haber ldquopersonalidades naturalmente esclavasrdquo para cumplir una funcioacuten social apropiada a su condicioacuten Pero no hay ninguna labor que desempentildear a ese nivel en el estado platoacutenico pues la tercera clase que es parte de los ciudadanos cumple totalmente con lo que la ciudad precisa para subsistir como unidad econoacutemica y social Todo esto dice relacioacuten con la doc-trina tripartita del alma y su estrecha vinculacioacuten con la teoriacutea de la justicia y sucede que ldquolas tres partes forman una unidad ellas no son una parte de una unidad Hasta aquiacute entonces la distincioacuten que seriacutea necesaria para la existencia de una personalidad naturalmente esclava no puede sostenerserdquo420

El argumento entonces que supone que Platoacuten sostuvo la existencia de

la esclavitud en su ciudad ideal seriacutea inconsistente con sus teoriacuteas de la justi-cia y del alma tripartita En esas circunstancias

privadordquo como dice M I Finley Aspectos de la Antiguumledad pg 224 trad castellana Barcelona 1975 (1960) Sin relacioacuten propiacuteamente con las actividades de tipo militar o con la pirateriacutea Esto no quita que aparte del negocio privado es en la guerra en que descansa ldquola clave de toda operacioacutenrdquo (ibid pg 218) referente a la esclavitud de la que el traacutefico recibe sus mayores provisionamientos En esas circunstancias ldquoslaves were traded in order to obtain necessitiesrdquo (DC Braund GR Tsetskhladze ldquoThe Export of Slaves from Colchisrdquo en The Classical Quarterly XXXIX 1989 pg 115 419 Ibid pg 370 420 B Calvert op cit pg 370 Vlastos arguye Calvert interpreta el pasaje de Repuacute-blica 433d basado en la nocioacuten de que hay esclavos que viven al interior de la ciu-dad pero no son ciudadanos de la ciudad ideal cosa que Calvert rechaza Pero se debe adicionalmente sentildealar que ldquoPlatoacuten es suficientemente especiacutefico en sentildealar que las tres partes del alma corresponden a las tres clases de la sociedad En la esti-macioacuten de Vlastos los esclavos forman un cuarto sector exterior a las tres clases de ciudadanosrdquo (pg 371) iquestPero existe en Platoacuten un cuarto elemento de la personalidad Eso es considerado imposible

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ldquola peor acusacioacuten que se le podriacutea hacer es que Platoacuten no siempre cumplioacute con los estaacutendares que eacutel se puso a siacute mismo y ocasionalmente dice cosas que no son consecuentes con los requerimientos de su propia teoriacuteardquo421

Resulta entonces que en el plano de lo que Platoacuten efectivamente dijo

no es faacutecil probar una posicioacuten favorable de su parte a la esclavitud ni desde el punto de vista de sus afirmaciones positivas ni menos auacuten desde una perspectiva teoacuterica G Vlastos por lo que parece se apoya en afirmaciones no concluyentes de la Repuacuteblica y otros textos de Platoacuten y sobre todo en la idea de que el esclavo mdashcomo la multitud en el Estadomdash carece de logos (su-ponemos que en el sentido de lsquodiscernimientorsquo lsquorazoacutenrsquo) De ese modo seguacuten Vlastos se haciacutea necesario que un ldquosuperior benevolenterdquo impusiera orden sobre ellos llaacutemese este sentildeor guardiaacuten mente demiurgo y que lo propio de la autoridad estaba en que ella poseiacutea precisamente logos422 Si el problema entonces de queacute pensoacute o dijo Platoacuten con respecto a la esclavitud solo puede ser verdaderamente aclarado en el terreno de los principios y no de las decla-raciones las argumentaciones de B Calvert aportan razones de un peso sufi-ciente como para al menos neutralizar las proposiciones hechas por G Vlas-tos en los escritos que aquiacute se han examinado El difiacutecil tema en consecuen-cia estaacute una vez maacutes en situacioacuten de ser analizado en toda su complejidad sobre estas nuevas bases

421 B Calvert op cit pgs 371-72 422 G Vlastos lsquoSlavery in Platos Thoughtrsquo en Platonic Studies pg 162

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II La soberaniacutea en la constitucioacuten platoacutenica

tu regere imperio populos romane memento ldquotuacute romano recuerda regir con suprema autoridad los pueblosrdquo

Virgilio Eneida V 851

En un artiacuteculo aparecido en la Revista de Filosofiacutea trateacute alguna vez acer-ca del tema de la soberaniacutea del Estado en Platoacuten423 Alliacute analizaba algunos puntos que dichos ahora quizaacute con mayor claridad proponen la siguiente hipoacutetesis al manifestar Platoacuten que los filoacutesofos deben reinar en las ciudades se estaba planteando una modificacioacuten del concepto de Estado esta vez una que surge de la nocioacuten misma de justicia Es decir que se debe otorgar el po-der soberano a los filoacutesofos en razoacuten de un acto de justicia distributiva entre las funciones del Estado Es esas circunstancias Platoacuten habriacutea hecho manifies-to que en virtud de que es justo que el filoacutesofo reine en la ciudad es asimis-mo de justicia que los geacuteneros del alma individual se reflejen en los del alma social Alliacute en efecto debe gobernar el elemento intelectivo por sobre todos los demaacutes De ese modo el poder soberano no ha de estar desde ahora ni en los maacutes de las democracias ni en los pocos de las oligarquiacuteas sino en aquellos que por la calidad de su saber se hacen acreedores de eacutel Se debe entonces conceder el gobierno de la ciudad a los filoacutesofos

Quiero con todo volver a plantear el asunto desde una perspectiva lige-

ramente diferente a la de aquel estudio maacutes acorde en cierto sentido con la Repuacuteblica misma y con los grandes problemas que su lectura presente ha ido poniendo en evidencia ante el lector de este libro

Los teacuterminos de soberaniacutea y soberano mdashtal como los vemos reflejados

en numerosas lenguas modernas occidentalesmdash no corresponden precisa-mente a vocablos latinos del periacuteodo claacutesico ya que superanus y sus modifica-ciones corresponden al bajo latiacuten El teacutermino en cuestioacuten sentildealaba a aquel que ejerce o posee una autoridad la que es a la vez suprema e independiente en

423 ldquoPlatoacuten y la soberaniacutea del Estadordquo Revista de Filosofiacutea Santiago de Chile (1988) 37-44

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un Estado Pero aparte de soberaniacutea vocablos como maiestas auctoritas potes-tas imperium sirvieron para expresar en contextos diversos ideas similares a la que aquiacute nos ocupa En un sentido maacutes especiacutefico el tema de la soberaniacutea es prevalentemente moderno y parece coincidir con el reforzamiento de la autoridad monaacuterquica en los Estados de la modernidad

Tratados como Los seis libros de la Repuacuteblica de Jean Bodin (1530-1596)

asiacute como numerosas referencias al tema en obras como Leviathan o De Cive de Thomas Hobbes (1588-1679) los Treatises de John Locke (1632-1704) o el Trac-tatus Theologico-Politicus y el Tractatus Politicus de Benedictus de Spinoza (1632-1677) mdashen especial acerca de la condicioacuten del soberanomdash dan testimo-nio del creciente intereacutes de aquella eacutepoca sobre este tema central de la filoso-fiacutea poliacutetica El concepto pienso tambieacuten existe entre los griegos desde que se ha pensado en la constitucioacuten del Estado y se ha puesto atencioacuten en el nuacutecleo originador del poder en que este se funda Mas las palabras que han servido para expresar estas ideas en la tradicioacuten greco-latina no siempre han coinci-dido con la realidad concreta de los vocablos y a menudo corremos el riesgo de perder la pista de su presencia y su evolucioacuten en la historia poliacutetica de nuestras naciones La prudencia por una parte y los objetivos de este libro por otra me indican la necesidad de centrar este breve estudio en los griegos mdashespeciacuteficamente en el Platoacuten de la Repuacuteblicamdash no sin antes referirme muy sumariamente a ciertos significados latinos

Concedamos que la soberaniacutea sentildeala esa autoridad suprema del poder

del Estado que encarnado en algo o en alguien designa al soberano En tal ca-so lo primero que hay que distinguir al interior del concepto es el significado de la autoridad o el poder Podemos distinguir entonces (a) el nuacutecleo unita-rio que representa la base originaria del poder y (b) el ejercicio o la praacutectica efectiva de este Se dice por ejemplo que en un estado democraacutetico la sobe-raniacutea estaacute en el pueblo mdashcorrespondiendo a (a)mdash y que por otra parte ese poder soberano es transferido y ejercido efectivamente por las magistraturas elegidas por el pueblo mdashque representa a (b) La soberaniacutea sentildeala sobre todo el primer sentido y quiere sentildealar al soberano es decir al sujeto o sujetos que son la autoridad suprema en un Estado Esa autoridad suprema de hecho no

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tiene el ejercicio ordinario y efectivo de esa autoridad que representa Sucede sin embargo que en la democracia ateniense siendo el pueblo el soberano este ejerciacutea de una manera directa y relativamente ordinaria su poder me-diante la ekklesiacutea la asamblea popular o dēmos Habiacutea magistraturas pero los grandes negocios del Estado se decidiacutean alliacute en especial cuando se convocaba a una ekklesiacutea kyriacutea es decir una lsquoasamblea soberanarsquo Es lo que Platoacuten cono-ciacutea desde que tuvo uso de razoacuten es decir el ejercicio de una democracia maacutes directa que representativa Hay que tener presente en todo caso que todos estos sentidos de poder estaacuten de alguacuten modo fundidos en la praacutectica o bien en iacutentima conexioacuten ya que a menudo no es tan faacutecil distinguirlos como seriacutea el caso de los soberanos en las monarquiacuteas constitucionales actuales en que su autoridad se sostiene maacutes en el sentido (a) que el (b)

En la tradicioacuten romana es claro que auctoritas es el teacutermino quizaacute maacutes

importante Los sentidos maacutes significativos de este teacutermino son para noso-tros pienso ldquoderecho o poder para autorizar o sancionarrdquo y el de autoridad tanto en lo que respecta a la leyes como en referencia a las magistraturas del Estado en general El teacutermino auctoritas se dice tambieacuten refirieacutendose a perso-nas (la lsquoautoridadrsquo) Podemos ademaacutes antildeadir a esta breve lista el vocablo con-ditor (lsquofundadorrsquo) La posicioacuten de poder y autoridad de las magistraturas en general la capacidad de control sobre personas o cosas se designa tambieacuten como potestas siendo maiestas a menudo una expresioacuten de la majestad sobe-rana ya sea del pueblo del Estado o incluso de una persona De ahiacute que auacuten hoy se utiliza el teacutermino su majestad entre los reyes Este es un concepto que entre los romanos suele ir unido a imperium (p e maiestas imperii) que sentildeala o bien ldquoel supremo poder administrativordquo o en un sentido maacutes propio ldquoel ejercicio de la autoridadrdquo En algunos contextos podriacuteamos interpretar impe-rium como lsquosupremaciacutearsquo424

No hay entonces aparentemente en el latiacuten claacutesico palabra especiacutefica

para soberano siendo supranus el teacutermino latino medieval que significa lsquosu-periorrsquo equivalente a lsquosupremus praefectusrsquo Carta fechada en 1261 dice

424 Para estos y otros sentidos ver el P G W Glare Latin Oxford Dictionary en las diferentes entradas

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ldquoquibus notionibus nostrates Souverain dixeruntrdquo425 Un documento parla-mentario franceacutes de 1320 denomina al ldquosoberano de la caacutemarardquo es decir al presidente de esta Tambieacuten tiene un sentido eclesiaacutestico siempre con la idea del superior jeraacuterquico de alguacuten organismo colegiado sea poliacutetico o religioso La supremitas es la lsquosuprema potestasrsquo que entre los galos (documento de 1450) seguacuten el mismo du Cange es souveraineteacute No queda maacutes que conjetu-rar que ciertos aspectos de la voz lsquosoberaniacutearsquo son exlusivamente medievales y quizaacute deja entrever la idea de un superior entre otros y que de alguna mane-ra tiene bajo su potestas a un conjunto que a su vez comparte con el supranus un tipo de poder

Ahora bien todos estos teacuterminos no significan simple y llanamente lsquoso-

beraniacutearsquo en un sentido elaborado maacutes poliacuteticamente porque su significado depende de los contextos en que ellos se encuentran Es importante sentildealar sin embargo que apelativos del tipo lsquosumorsquo o lsquosupremorsquo se hacen por lo ge-neral necesarios cuando se quiere sentildealar ese estado de supremaciacutea propio de la soberaniacutea Tenemos asiacute por ejemplo expresiones como summa potestas o summum imperium que vemos utilizados incluso por los tratadistas moder-nos como Spinoza para quien summum imperium parece sentildealar el ldquopoder soberanordquo y da a summa potestas el significado maacutes propio de ldquosoberanordquo Los romanos no eran tan dados a teorizar en estos aspectos aunque siacute como bien sabemos al ejercicio efectivo del gobierno De ahiacute que los conceptos que encierran estas palabras significan por lo general realidades concretas perso-nas y magistraturas Ello no impidioacute en todo caso que los teoacutericos de la poliacute-tica como los tratadistas medievales y modernos mdashque escribiacutean generalmen-te en latiacutenmdash pudieran utilizar con provecho la riqueza extraordinaria de estos vocablos y los ricos contextos en que ellos se encontraban

Con Platoacuten en cambio en los inicios de estas nociones nos hallamos con

un personalidad sui generis Es un teoacuterico de mente filosoacutefica que se encuentra a su vez fuertemente atraiacutedo por la accioacuten y la poliacutetica Seguacuten el testimonio de la Carta VII (que seguacuten algunos no es genuina) eacutel se veiacutea llamado en su ju-

425 En Charles du Cange Glossarium Mediae en Infimae Latinitatis T VII Los otros datos consignados aquiacute provienen de este mismo gran Glossarium

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ventud especialmente a participar en los asuntos del Estado Las circunstan-cias sin embargo y su caraacutecter reflexivo lo inclinaron finalmente a la filoso-fiacutea426 En la Repuacuteblica vemos en forma manifiesta una siacutentesis de su personali-dad tanto filosoacutefica como poliacutetica No abandonoacute por eso su instintiva disposi-cioacuten por lo concreto pues parece que su imaginacioacuten prodigiosamente creati-va se presentaba a menudo en figuraciones factibles de convertirse en reali-dad Con todas las necesarias restricciones la Repuacuteblica es a la Academia co-mo lo es el suentildeo al suceso materializado De ahiacute que en la Politeia que es una obra altamente especulativa se presenta sin embargo constantemente una tensioacuten entre teoriacutea y accioacuten y se finge a cada paso la fundacioacuten concreta de un Estado Porque aparece como un acto de realismo poliacutetico el preguntarse quieacutenes han de mandar concretamente en la ciudad en gestacioacuten coacutemo he-mos de elegir a los gobernantes y prepararlos para el mando y cuaacutel se consi-dera que es efectivamente la fuente de donde dimana la soberaniacutea del Estado

Las palabras que expresan estos conceptos aparecen en el curso del diaacute-

logo configuradas entre la levedad del proyecto imaginario y la seriedad de un espiacuteritu de verdad preocupado por la crisis generalizada de los sistemas poliacuteticos helenos en los antildeos mismos y los posteriores a la Guerra del Pelopo-neso En esas circunstancias cuesta encontrar los teacuterminos justos en que la nocioacuten de soberaniacutea adquiere la corporeidad precisa de la palabras Existe sin embargo la idea y los teacuterminos en nuestro filoacutesofo y en lo que respecta a nuestra encuesta especiacutefica estos son mdashsin dar un orden obligatorio de pre-cedenciamdash arkhḗ (ἀχή) dyacutenamis (δύναμις) especialmente como dyacutenamis poli-tikḗ (δύναμις πολιτική) y diversas formas del adjetivo kyacuterios (κύριος)

Podemos reducir a tres las ideaas principales expresadas en arkhḗ a sa-

ber (1) la de lsquoorigenrsquo y lsquocomienzorsquo (2) la de (primer) lsquoprincipiorsquo lsquofundamen-torsquo y (3) la de lsquopoderrsquo (lsquosoberaniacutearsquo) con la que tambieacuten se relacionan lsquomeacuteto-do de gobierno imperio magistraturarsquo427 En primer lugar si hay un origen

426 Platoacuten Carta VII 324b 427 El Liddle-Scott-Jones Greek-English Lexicon (LSJ) aporta estos datos en que Heroacutedoto proporciona importantes ejemplo LSJ propone tambieacuten junto con lsquopo-derrsquo el sentido de lsquosovereigntyrsquo

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sobre el que a modo de fundamento se alza la construccioacuten de la ciudad se consolida su poder y se establece su meacutetodo de gobierno este en la Repuacuteblica es sin duda las Idea de Bien Debemos suponer que esta Idea tiene un signifi-cado profundamente poliacutetico maacutexime si se trata de un libro que estaacute en su totalidad dedicado a la planificacioacuten de un Estado ideal Asiacute entonces las paacute-ginas acerca del Bien son cruciales no solo en la medida en que apuntan a los objetivos de perfeccioacuten de su proyecto sino en cuanto significan el funda-mento metafiacutesico de la totalidad de la ciudad Estas tres alegoriacuteas centrales (el Bien la Liacutenea y la Caverna) son ademaacutes el punto maacutes decisivo en que la filo-sofiacutea llevada a sus principios maacutes originarios se halla a siacute misma fundamen-tando la estructura misma de una nueva polis En otras palabras mediante estas tres alegoriacuteas Platoacuten intenta explicar y poner en movimiento su idea quizaacute maacutes genial de que en su proyecto de ciudad la poliacutetica y la filosofiacutea encuentran su centro de identificacioacuten maacutes verdadero

Una primera aproximacioacuten mediante el concepto de arkhḗ nos da los

indicios iniciales El texto de Repuacuteblica no relaciona directamente este teacutermino con la Idea del Bien sin embargo en tres ocasiones arkhḗ es mencionado en la alegoriacutea de la Liacutenea aludiendo a aquella Idea En R VI 510b 5-7 se reitera la afirmacioacuten de que hay un lsquoprincipiorsquo Es el principio hacia el que el alma se encamina cuando partiendo de las hipoacutetesis que proporciona la ciencia llega al ldquoprincipio no hipoteacuteticordquo (τὸ ἐπ᾽ἀρχὴν ἀνυπόθετον) Este ldquoprincipio no hipoteacuteticordquo suponemos que representa en la Liacutenea a la Idea del Bien de la que poco maacutes adelante se afirma que es ldquoel principio de todordquo (R VI 511b 6-7) Estamos en una alegoriacutea de corte maacutes especiacuteficamente epistemoloacutegico por lo que arkhḗ dice referencia al origen en cuanto inteligible Se hace asimismo mencioacuten expresa a su condicioacuten de principio ldquono hipoteacuteticordquo es decir incon-dicionado o si se quiere de caraacutecter absoluto

La verticalidad de Liacutenea se hace maacutes aparente auacuten cuando se deja ver la posi-

cioacuten de autoridad soberana que goza el principio Por otra parte en uno de los momentos culminantes del relato en R VI 509b se la asigna al Bien una situacioacuten de superioridad ldquoen dignidad y poderrdquo (πρεσβείᾳ καὶ δυνάμει) sobre toda otra realidad inteligible Los dos epiacutetetos combinados me parece

181

revelan una significacioacuten semejante a maiestas428 perfectamente reminiscente de una dignidad soberana No debemos olvidar que en la tradicioacuten de occi-dente ademaacutes del concepto de la soberaniacutea popular ha permanecido tambieacuten la idea de que la soberaniacutea procede de Dios El desarrollo de mentalidades absolutistas en ambas direcciones se fortalece en la eacutepoca moderna con el ab-solutismo monaacuterquico Todaviacutea hay reyes hoy que al menos nominalmente lo son Dei gratia (en numismaacutetica aveces D G ) Por otra parte para Atenas el concepto se puede sintetizar del siguiente modo ldquoLa teoriacutea constitucional de la democracia ateniense es muy sencilla se resume en una palabra el pueblo es soberano (κύριος)rdquo429

Indudablemente que el teacutermino kyrios y sus casos oblicuos son una pieza

clave en el estudio presente y su sentido general es tener poder o autoridad En formas neutras substantivadas como to kyrion designa el lsquopoder sobe-ranorsquo En las alegoriacuteas centrales de la Repuacuteblica se califica al Sol imagen del Bien como teniendo autoridad (κύριον R VI 508a) sobre los factores de lumi-nosidad que permiten la visioacuten Del oacutergano de la vista se dice que tiene un ldquopoderrdquo (δύναμιν R VI 508b) que es ldquodispensado por el Solrdquo Me parece na-tural que un lector griego pueda interpretar el lenguaje del siacutemil en una clave poliacutetica sobre todo si en un importante lugar posterior (R VII 517b-c) Platoacuten termina por develar claramente la condicioacuten soberana de su Idea suprema Se dice alliacute que en la regioacuten de lo conocido la Idea del Bien (ἡ τοῦ ἀγαθοῦ ἰδἐα) es la uacuteltima en ser vista y apenas se la ve Mas cuando se la ve nuesto razo-namiento debe admitir que ella es la causa (αἰτία) de todo lo recto y bello

ldquodando nacimiento en la regioacuten visible a la luz y al soberano (ldquosentildeorrdquo τὸν κύριον) de esta y en la regioacuten inteligible otorgando ella misma co-mo soberana (κυρία) la verdad y la inteligencia y que es preciso que la vea quien se dispone a actuar sabiamente tanto en privado como en puacute-blicordquo En otras palabras la Idea del Bien posee la autoridad que le permite ser

la dispensadora de la verdad y de la inteligencia para conocerla de un modo

428 ldquoThe dignity of a god or exalted personage majestyrdquo ldquothe majesty of the people or state sovereigntyrdquo Oxford Latin Dictionary (OLD) 429 G Glotz La ciudad griega (trad castellana) Meacutexico UTEHA 1957 pg 112

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semejante a como el Sol tiene autoridad sobre aquello que suministra la lu-minosidad Aquiacute entonces ldquoser duentildeo derdquo o ldquotener la autoridad sobrerdquo im-plica ese poder superior e independiente que llamamos soberano En un estui-do contemporaacuteneo se afirma que

ldquola aspiracioacuten fundamental de la soberaniacutea estaacute en su eacutenfasis en una au-toridad gubernamental sin restricciones al interior de los liacutemites territo-riales Si tal autoridad existe entonces las obligaciones maacutes comprensi-vas del Estado se vuelven problemaacuteticas Si se niega tal autoridad en-tonces la soberaniacutea en siacute misma aparece disminuida o restringida A de-cir verdad si el Estado no posee por maacutes tiempo el derecho a ejercer tal autoridad o falta en la praacutectica a su obligacioacuten de hacerlo se vuelve en-tonces engantildeoso el retener la soberaniacutea como un teacutermino descriptivordquo430 Sin duda que la actual tendencia a la globalizacioacuten de los asuntos con-

cernientes al geacutenero humano ponen el concepto mismo de soberaniacutea en si-tuacioacuten difiacutecil Hay tensiones que subyacen por ejemplo en el camino hacia una mayor integracioacuten de la Comunidad Europea que se manifiestan en la persistencia de una idea no abandonada de soberaniacuteas nacionales e incluso regionales Del mismo modo cuestiones que se consideran de valor univer-sal como los derechos humanos restringen en la praacutectica la libertad plena y soberana que algunos estados pretenden conservar El quebrantamiento de esos derechos por un estado puede conducir a fricciones en torno a la sobera-niacutea con otros estados La ciudades griegas soliacutean respetar ciertos derechos comunes a su condicioacuten de helenos que ellos consideraban los distinguiacutean de los baacuterbaros Mas en liacuteneas generales mdashtal como lo vemos en la Repuacuteblicamdash la preocupacioacuten fundamental estaacute en la consolidacioacuten de un orden interno con plena independencia poliacutetica

Indudablemente que ciertos aspectos de estos asuntos estaban presentes

en la mente de Platoacuten cuando parece presentir el debilitamiento de la polis griega celosa hasta el fin de su autarquiacutea y enemiga de toda intervencioacuten foraacutenea en sus asuntos internos Ella sin embargo se veiacutea por lo general exte-nuada por las rivalidades sediciosas que surgiacutean en su seno La destruccioacuten

430 R Falk ldquoSovereignityrdquo en The Oxford Companion to Politics of the World Oxford 1993 pg 853

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de hecho de la soberaniacutea entre las ciudades entrantildeaba la desaparicioacuten del sis-tema poliacutetico inmemorial griego basado en la ciudad-estado El imperialismo democraacutetico ateniense de la era de Pericles y el de su contraparte oligaacuterquica espartana habiacutea resultado en mayor inestabilidad de los sistemas constitu-cionales de toda la Heacutelade Era preciso entonces imaginar un nuevo concep-to de soberaniacutea si habiacutea de perdurar por medio de aquellas reformas el espiacuteri-tu heleacutenico ancestral En consecuencia si la Idea del Bien es la fuente de la soberaniacutea en el nuevo proyecto queda ahora por determinar lo que en un principio habiacuteamos planteado es decir en queacute habriacutea de consistir el ejercicio o la praacutectica efectiva del poder en la nueva ciudad

Es interesante constatar ese rasgo de lejaniacutea (ldquomaacutes allaacute de la esenciardquo)

propio del soberano sobre todo cuando se encarna en una persona La maies-tas suprema no se halla obligatoriamente envuelta (ni parece conveniente que se halle) en los negocios maacutes cotidianos del acontecer puacuteblico Es caracteriacutesti-co entonces de la idea de soberaniacutea un cierto orden de participacioacuten de la potestad efectiva Este fenoacutemeno tiene evidentemente un peso decisivo en la transicioacuten desde la realidad suprema mdashy en cierta medida abstracta como seriacutea la majestad de la leymdash y su concrecioacuten ya personalizada en la circuns-tancia de la administracioacuten del Estado Ni el pueblo ni Dios gobiernan direc-tamente aunque podemos constatar en esta polis que el Bien engendra (τεκοῦσα) y suministra (παρασχομένη) la substancia de la que se nutre el quehacer de la cosa puacuteblica431

Si se pudo decir que en el caso de la democracia es la muchedumbre

(de los ciudadanos) la que tiene forzosamente que ser soberana (κύριον)432 es claro que la administracioacuten de tal tipo de reacutegimen estaacute a cargo de magistratu-ras representativas de ese modelo de gobierno Siempre hay niveles de me-diacioacuten que en el caso de la Repuacuteblica ocupan una parte central del diaacutelogo La realidad soberana es una idea es decir es la Idea del Bien y la summa po-

431 Quiero aludir con esto a R VII 517c que da como caracteriacutestica del Sol su capa-cidad de engendrar la luz y de la Idea del Bien su calidad dispensadora de la ver-dad (como un objeto inteligible) a la inteligencia que tambieacuten gracias al Bien es ca-paz de comprenderla 432 Cf Aristoacuteteles Poliacutetica VII (VI) 1317b5

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testas estaacute ahora en manos de los filoacutesofos Ellos deben conocer el Bien por un proceso de educacioacuten que los transforme en instrumentos legiacutetimos del po-der No se trata en Platoacuten directamente el tema pero indudablemente la legi-timidad forma parte del problema de la soberaniacutea Ahora bien gracias a la adquisicioacuten de ese saber superior (recordar el meacutegiston maacutethema del libro VI) se legitima el gobierno del filoacutesofo y lo transforma en instrumento de la justi-cia en la ciudad El conocimiento hace del sabio una presencia operativa del Bien en la polis Asiacute el sabio es manifestacioacuten del poder soberano del que estaacute investido gracias a su trato directo con el origen de toda autoridad

Para una explicacioacuten maacutes concreta del asunto debemos acudir ahora a la

famosa paacutegina de R V 473c-e en que se plantea la conveniencia de que los filoacutesofos reinen en las ciudades Una argumentacioacuten previa es decir referida a la identificacioacuten de la filosofiacutea y el poder poliacutetico estaacute desarrollada sobre todo en los capiacutetulos IV y VI de los comentarios preliminares Ahora es preciso a la luz de nuestros anaacutelisis anteriores sugerir que el punto decisivo se refiere a ldquoel poder poliacutetico y la filosofiacuteardquo (δύναμίς τε πολιτικὴ καὶ φιλοσοφία R V 473d3) en cuya identificacioacuten hecha en la persona del filoacutesofo estaacute la razoacuten baacutesica de la potestad suprema que este ejerce El filoacutesofo es el gobernante le-giacutetimo porque una vez identificada la filosofiacutea con el poder poliacutetico de la manera prevista por Platoacuten no existe en la ciudad otro tipo ni especie de per-sonas habilitadas para gobernar En esas circunstancias la dyacutenamis politikḗ sentildeala en el texto me parece la aparicioacuten de la summa potestas propia del filoacute-sofo Eacutel es el poder soberano en la ciudad existiendo en concordancia con la fuente soberana la idea del Bien De un modo anaacutelogo la dyacutenamis del sol de este mundo estaacute representada en la Caverna por el fuego interior y la luz que este difunde (R VII 517b)

Esta soberaniacutea de los filoacutesofos que podriacuteamos decir derivada no tiene el

caraacutecter de exclusividad pues conspirariacutea contra la condicioacuten tripartita del alma y la consiguiente especializacioacuten de actividades al interior del Estado Ni los filoacutesofos hacen el oficio de guardianes ni los guardianes sobrepasan su condicioacuten (a menos que sean elegidos para continuar su preparacioacuten como tales) ni los artesanos productores que son la gran mayoriacutea de los habitantes

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y mueven la economiacutea de la ciudad estaacuten en condiciones de exigir ademaacutes la administracioacuten de los asuntos del Estado No se trata de reyes en cuya volun-tad estaacute el poder Podemos maacutes bien considerar al rey filoacutesofo en la mejor tradicioacuten monaacuterquica ante todo como la cabeza de un poder judicial un rey-juez sometido a la ley antes del gran cambio que en la modernidad significoacute el absolutismo433 Asiacute en el caso del filoacutesofo-rey podemos decir ldquoque la vo-luntad soberana no es de ninguna manera la voluntad subjetiva del soberano es una voluntad objetiva rdquo434

Siendo asiacute las cosas creo que Platoacuten logra consolidar un punto teoacuterico

esencial a saber que su proyecto poliacutetico es fundamentalmente distinto de los otros sistemas en uso entre los helenos mdashdemocracia oligarquiacutea y en oca-siones tiraniacuteamdash en razoacuten de que el suyo propone un cambio radical Este cambio incide en lo siguiente que el origen y fuente de la potestad suprema es la Idea del Bien por cuyo conocimiento los sabios se hacen acreedores del poder supremo (tanto en un sentido general como en un sentido juriacutedico) y soberanos (reyes) del Estado por esa misma razoacuten De ahiacute la importancia ca-pital atribuida a la educacioacuten en especial la de guardianes y gobernantes cuyo curriacuteculo de estudios es cuidadosamente explicado en el libro seacuteptimo No es el caso entonces de idear nuevas magistraturas ni alguacuten ingenioso sis-tema electoral Se preparoacute el camino mediante la demostracioacuten del valor fun-damental de la justicia y las virtudes cardinales Luego con la comprobacioacuten de la estructura correlativa entre el alma individual y la sociedad organizada se consolidoacute la conformacion del edificio de la polis Finalmente la piedra an-gular que sosteniacutea el arco en su veacutertice es su teoriacutea de las Ideas en otras pala-bras la Idea del Bien Esta es la cima donde el filoacutesofo ha colocado con brillo el objeto superior del que pende el disentildeo en su totalidad

433 ldquoLe roi des temps feacuteodaux eacutetait un roi-juge par la loi il eacutetait sub lege rdquo Ber-trand de Jouvenel De la Souveraineteacute agrave la Recherche du Bien Politique Paris 1955 pg 245 434 B de Jouvenel op cit pg 267

186

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190

e r r a r e m e h e r c u l e m a l o c u m P l a t o n e ldquo iexcl P o r H eacute r c u l e s P r e f i e r o e q u i v o c a r m e c o n P l a t oacute n rdquo

(Marco Tulio Ciceroacuten Disputaciones Tusculanas I 39)

Page 3: POLITEIA - Diadokhé

3

Iacute N D I C E P r o e m i o 5 A C O M E N T A R I O S P R E L I M I N A R E S I L a c r o n o l o g iacute a d e l d i aacute l o g o 7 I I E l t e m a p r i n c i p a l d e l a o b r a y s u s s e c c i o n e s 8 I I I L a j u s t i c i a 1 0 I V I d e n t i f i c a c i oacute n d e f i l o s o f iacute a y p o l iacute t i c a 1 4 V D e c oacute m o l a I d e a d e l B i e n s e h a c e p r e s e n t e e n e l a c o n t e c e r c iacute v i c o m e d i a n t e l a j u s t i c i a 2 1 V I S i g n i f i c a c i oacute n d e l g o b i e r n o d e l f i l oacute s o f o e n l a p o l i s p l a t oacute n i c a 2 5 V I I L a o p i n i oacute n y l a i m a g e n c o m o m e d i o s p a r a e l c o n o -c i m i e n t o d e l o s a s u n t o s d e l a c i u d a d 2 9 V I I I E n b u s c a d e u n s i s t e m a q u e s a l v e l o s f e n oacute m e n o s d e l u n i v e r s o s o c i a l 3 2 I X E l g o b i e r n o d e l o s s a b i o s 3 6 X L a I d e a d e l B i e n 3 8 X I iquest E s l a I d e a d e l B i e n i d e n t i f i c a b l e c o n l a d i v i n i d a d 4 6 X I I E l s iacute m i l d e l a L iacute n e a D i v i d i d a 4 9 X I I I L a a l e g o r iacute a d e l a C a v e r n a 5 5 X I V L a d i a l eacute c t i c a 6 1 X V C o n s i d e r a c i o n e s a c e r c a d e l a d e c a d e n c i a R 5 4 3 ordf - 5 7 6 b 6 4 X V I L a n a t u r a l e z a m aacute s v e r d a d e r a d e l a l m a h u m a n a 6 7 X V I I A s a l v a r e l m y t h o s 7 2 B P R E S E N T A C I Oacute N A N A L Iacute T I C A D E L A O B R A L i b r o I 8 1 L i b r o I I 8 8 L i b r o I I I 9 8 L i b r o I V 1 0 6 L i b r o V 1 1 6 L i b r o V I 1 2 6

4

L i b r o V I I 1 3 3 L i b r o V I I I 1 4 0 L i b r o I X 1 4 8 L i b r o X 1 5 6 C T E M A S D E E S T U D I O I iquest H a y e s c l a v o s e n l a c i u d a d p l a t oacute n i c a 1 6 6 I I L a s o b e r a n iacute a e n l a c o n s t i t u c i oacute n p l a t oacute n i c a 1 7 5 B I B L I O G R A F Iacute A B Aacute S I C A 1 8 7

5

Proemio Esta obra estaacute concebida como una iniciacioacuten a algunos grandes temas

de la filosofiacutea platoacutenica en la perspectiva de la Repuacuteblica Me he dejado llevar quizaacute demasiado libremente por mis propios intereses de modo que se halla-raacute que hay cosas que son aquiacute analizadas con detencioacuten mientras que otras mdashque tal vez podriacutean motivar maacutes intensamente a un lector de la Repuacuteblica mdash son apenas revisadas o en circunstancias ni siquiera mencionadas Es en ese sentido un estudio personal una meditacioacuten acerca de los contenidos de una obra de proporciones tan vastas y de tan profundo significado como la Poli-teia A pesar de ello este diaacutelogo es considerado tradicionalmente fuertemen-te representativo de aspectos fundamentales del pensamiento de Platoacuten de modo que me he esforzado por hacer de este trabajo tambieacuten una suerte de estudio introductorio a su pensamiento

El fondo temaacutetico del libro estaacute dividido en tres partes bien definidas a

saber los comentarios introductorios en los que se analiza de alguacuten modo la obra en estudio y se comenta el alcance de algunos temas fundamentales Luego estaacute la presentacioacuten analiacutetica del diaacutelogo en que el texto entero de la obra ha sido contraiacutedo analiacuteticamente en sus elementos esenciales Es una suerte de versioacuten resumida de lo que se supone constituye los componentes que estructuran el discurso de la obra en su totalidad Para tener una idea las 411 paacuteginas del texto griego de Burnet han sido reducidas en esta presenta-cioacuten a no maacutes de un sexto del total Ese trabajo de una dificultad no faacutecil de imaginar estaba ya hecho y en forma excepcionalmente bien lograda por James Adam en su libro claacutesico The Republic of Plato editado en 1902 Junto a los abundantes comentarios que trae esta obra se van intercalando a lo largo de toda ella en letra cursiva y a intervalos regulares una suerte de resuacuteme-nes del texto que en su conjunto son ya en siacute mismos todo un logro Lo que hago entonces en esta seccioacuten es baacutesicamente traducir esos trozos intervi-niendo aquiacute o allaacute con alguacuten antildeadido o cambio y adicionando la terminologiacutea griega que me ha parecido interesante resentildear A todo ello he agregado abundantes notas al pie de paacutegina como si se tratase de comentarios hechos

6

frente a un texto completo de la Repuacuteblica Palabras griegas han sido impresas en diversas ocasiones con la benigna intensioacuten de ayudar un poco al que sa-be sin entorpecer al que ignora

Por uacuteltimo una tercera parte son los temas de estudio que surgieron de

investigaciones especiacuteficas sobre aspectos relacionados con nuestro diaacutelogo pero que normalmente no formariacutean parte de una introduccioacuten en liacuteneas tra-dicionales acerca de la obra Son esbozos sobre asuntos de valor complemen-tario que considero uacutetiles de ser destacados Alliacute se incluye un trabajo ya pu-blicado1

Fue importante para llevar a teacutermino esta obra un aporte del Fondo de

Desarrollo de la Docencia de la Pontificia Universidad Catoacutelica asiacute como la inestimable ayuda que significoacute para miacute la concesioacuten de un sabaacutetico por parte del Sentildeor Rector de la Universidad Dr Juan de Dios Vial Correa

1 ldquoMimesis y contemplacioacuten en el libro deacutecimo de la Repuacuteblica de Platoacutenrdquo en Escritos de Teoriacutea I Santiago de Chile (1976) 85-95

7

τ ί ν α τ ρ ό π ο ν μ ε τ α χ ε ι ρ ι ζ ο μ έ ν η π ό λ ι ς φ ι λ ο σ ο φ ί α ν ο ὐ δ ι ο λ ε ί τ α ι

ldquode queacute manera un Estado que practica la filosofiacutea

puede evitar su destruccioacutenrdquo

(R VI 497d)

A COMENTARIOS PRELIMINARES I Cronologiacutea del diaacutelogo La criacutetica contemporaacutenea ubica claramente a la Repuacuteblica en un lugar

central entre los diaacutelogos del periacuteodo llamado medio y le confiere una impor-tancia crucial como obra representativa del pensamiento de Platoacuten Es proba-ble que haya sido escrita con posterioridad al Fedoacuten y al Banquete y que como es natural por su extensioacuten extraordinaria haya demorado un tiempo sufi-cientemente largo en escribirse La obra posee un aliento unitario y no parece necesario postular mdashcon estudiosos como Ritter von Arnim Friedlaumlnder o maacutes recientemente Vlastosmdash una redaccioacuten maacutes temprana del libro I2 Las conjeturas nos llevan a ubicar la obra terminada en una fecha media en torno al 3753 es decir hacia los cincuenta y cinco antildeos de la edad de su autor

2 ldquo continuacutea siendo difiacutecil sin embargo dice W K C Guthrie (Historia de la Filoso-fiacutea Griega vol IV pg 419) considerar que el libro primero se concibioacute alguna vez pa-ra otro lugar que no fuera el que ahora ocupardquo Charles H Khan considera que el libro I ldquocontains massive anticipations of the following booksrdquo en lo que el autor llama el uso platoacutenico de ldquocomposicioacuten proleacutepticardquo (que podriacuteamos considerar co-mo una cierta figura retoacuterica de anticipacioacuten) y concluye que no hay argumentos soacutelidos para separar el libro I del resto de la obra (ldquoProleptic Composition in the Republic or why Book 1 was never a separate Dialoguerdquo en The Classical Quarterly vol XLII Nordm 1 (1993) 131-142 En apoyo de la misma tesis J R S Wilson proporcio-na nuevos ejemplos de anticipacioacuten que sostiene son ldquotan sorprendentes y tan sig-nificativos como cualquiera de los que ltKahngt citardquo (ldquoThrasymachus and the Thu-mos A further Case of Prolepsis in Republic Irdquo en The Classical Quarterly vol XLV Nordm 1 (1995) pg 58 3 A Diegraves en su Introduccioacuten a La Reacutepublique pg CXXXVIII (Platon Oeuvres Com-plegravetes tome VI Paris 1965 (1932) sostiene que la fecha media del 375 es muy ad-misible para fijar al menos provisoriamente un terminus ante quem para la redac-cioacuten de la obra

8

II El tema principal de la obra y sus secciones El tiacutetulo de la obra estaacute bien establecido por la tradicioacuten y es ΠΟΛΙΤΕΙΑ

(Politeia) es decir ldquoconstitucioacuten del estadordquo ldquoforma de gobiernordquo De un mo-do maacutes concreto politeiacutea puede significar el ldquogobiernordquo o la ldquoadministracioacuten del estadordquo de ahiacute que aveces se interprete simplemente como ldquoEstadordquo A pesar de la criacutetica que a menudo se hace acerca de su versioacuten latina como res publica es conveniente recordar que con este vocablo no solo se designaba en latiacuten los ldquoasuntos del Estadordquo o las actividades propias de este sino ademaacutes el ldquobien puacuteblicordquo la ldquoconstitucioacutenrdquo como una forma particular de gobierno y en forma maacutes especiacutefica ldquoun Estado en el que todos los ciudadanos partici-pan un Estado librerdquo como puede serlo un gobierno opuesto a la tiraniacutea4 Por otra parte el problema con ldquoRepuacuteblicardquo quizaacute estaacute maacutes bien en el uso comuacuten de la lengua que le da un significado casi uacutenico de ldquorepuacuteblicardquo como sistema de gobierno si bien puede tener entre nosotros el sentido mucho menos fre-cuente de cuerpo poliacutetico de la nacioacuten5 o incluso de ldquoestadordquo en cuanto ldquonacioacuten organizada poliacuteticamenterdquo6

En la Politeia de Platoacuten se plantea entonces como su tiacutetulo lo sugiere la

creacioacuten de una repuacuteblica ideal imaginada por el filoacutesofo Ahora bien este reacute-gimen poliacutetico es visto en estrecha relacioacuten y casi total identidad con la justi-cia la que es concebida tanto como una virtud esencial en el estado como en los individuos En esas circunstancias la justicia personal es en letras peque-ntildeas lo que la justicia colectiva es en letras maacutes visibles por su mayor tamantildeo Hay pues una justicia del hombre individual y una de la ciudad entera (Rep II 368 d-e) cuya diferencia estriba al parecer maacutes en su apariencia externa que en su realidad interior En todo caso Platoacuten hace hincapieacute en las cuestio-nes de meacutetodo en que como a quien no goza de buena vista le han de permi-

4 Oxford Latin Dictionary 1635 en el que se cita el siguiente texto de Ciceroacuten (Q fr I I 29) ldquoPlato tum denique fore beatas res publicas putauit si sapientes homines eas regere coepissentrdquo 5 Diccionario de la Real Academia 6 Mariacutea Moliner Diccionario de uso del espantildeol Madrid 1988 La palabra latina ciuitas comporta tambieacuten algunos de los significados de politeia

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tir leer primero las letras grandes que representan a la justicia en la ciudad Luego se le dejaraacute investigar si las maacutes pequentildeas mdashsignos de la justicia indi-vidualmdash ldquosucede que son la misma cosardquo (ibid)

Vemos asiacute inextricablemente unidos los temas de la politeia que gobier-

na nuestras almas con el tema de esa misma politeia que rige sustentada por una justicia corporativa el cuerpo poliacutetico de la ciudad Y del mismo modo que se busca establecer la condicioacuten del hombre verdaderamente justo se intenta describir la situacioacuten de un reacutegimen poliacutetico gobernado por la justicia De ahiacute que con justa razoacuten Proclo insiste en la importancia del ldquopasordquo de una constitucioacuten a otra7 ya que es mediante estas delicadas transposiciones de individuo y colectividad que Platoacuten deja en evidencia la temaacutetica fundamen-tal del largo itinerario de su libro Hay asiacute una politeia que existe en el inte-rior del hombre (ἐν αὑτῷ πολιτείᾳ IX 591 e) y otra que en uacuteltimo teacutermino tiene como ciudad ldquoen el cielordquo (ἐν οὐρανῷ IX 592 b) su propio modelo Este se ha de transformar a su vez en norma del reacutegimen interior Es claro entonces que depende de la comprensioacuten que se tenga del sentido maacutes pro-pio de justicia en la Repuacuteblica para entender finalmente cuaacutel es el plan y la temaacutetica maacutes verdaderos del diaacutelogo

Por otra parte parece conveniente el realizar algunas divisiones a lo lar-

go de la lectura de la Repuacuteblica obra que por su extensioacuten puede presentar dificultades a quien desea obtener una visioacuten general de caraacutecter unitario Hay muchos modos de organizar las partes del diaacutelogo bajo diversos puntos de referencia prefiero sin embargo por la simple claridad metodoloacutegica y la naturalidad de su divisioacuten las separaciones sugeridas por A Diegraves8 Se perci-ben cinco partes que corresponden a las ldquocinco masasrdquo siguientes

Libro I Libros II-IV Libros V-VII

7 Los comentarios de Proclo acerca del tema de la Repuacuteblica abarcan una parte de su primera disertacioacuten (In Rempublicam I 7-14 Kroll) 8 Platon Oeuvres Complegravetes La Reacutepublique Paris 1965 (1932) cuya introduccioacuten mdasha la que aquiacute se aludemdash corresponde a A Diegraves

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Libros VIII-IX Libro X Son divisiones loacutegicas que parecen acomodarse bien con un tema cen-

tral en el diaacutelogo que es el de la justicia cuya condicioacuten de virtud social se armoniza a lo largo de toda la obra con su caraacutecter personal de virtud inte-rior de los individuos De este modo ldquojusticia social y justicia individual or-den de la ciudad y orden del alma se entremezclaraacuten sin cesar a traveacutes de todo el diaacutelogordquo9 Desde ese punto de vista no hay razoacuten entonces para pre-guntarse acerca del tema principal y secundario de la obra puesto que ldquoel tema es uno solo es la Repuacuteblica (perfecta) o la Justiciardquo10 En otras palabras no hay verdadero reacutegimen poliacutetico u ordenacioacuten ciacutevica sin justicia verdadera entendida esta como una virtud ciacutevica y personal Es conveniente sin embar-go establecer con mayor precisioacuten queacute se entiende por justicia en su doble dimensioacuten individual y social ya que la totalidad del diaacutelogo se mueve entre esos extremos

III La justicia Las primeras discusiones acerca de la justicia se entablan en el libro

primero e inicios del segundo de la Repuacuteblica Estas tienen una funcioacuten clara-mente preliminar y pueden ser apreciadas mediante la lectura de la presen-tacioacuten analiacutetica del diaacutelogo En consecuencia la buacutesqueda de una compren-sioacuten maacutes definitiva de la justicia se inicia a partir del libro II 368c en que Soacute-crates invoca la necesidad de alguien de ldquovisioacuten penetranterdquo El maestro hace ver a su vez la conveniencia de una lectura basada en letras de mayor tama-ntildeo Podemos decir entonces que Platoacuten se propone explicar las letras chicas mdashque sentildealan la justicia individualmdash mediante las letras maacutes grandes repre-sentativas de la justicia social y poliacutetica De ahiacute surge su anaacutelisis de coacutemo nace una ciudad precisamente con el objetivo de observar el desarrollo de la justi-cia y la injusticia y hallamos que la razoacuten de su nacimiento estaacute en el hecho de que nadie se basta a siacute mismo (οὐκ αυτάρκης) Se antildeade que en su indi-gencia se le crean a los hombres necesidades concretas mdashcomo pan techo y

9 A Diegraves op cit pg XII 10 Ibid pg XII

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abrigomdash que en la praacutectica ldquohacenrdquo una ciudad11 Asiacute ldquocada cual ltrealizagt un solo lttrabajogtrdquo (εἳς ἓν II 370 c)12 en la ciudad puesto que se sirve mejor a las necesidades del conjunto mediante la distribucioacuten de actividades hechas en forma oportuna (ἐν καιρῷ) y en conformidad con la naturaleza (κατὰ φύσιν) individual

Luego la ciudad se acrecienta incluso aparece el lujo y se franquean los

liacutemites de lo necesario las ansias de poseer llevan finalmente a las guerras y la formacioacuten de los ejeacutercitos Pero se busca una ciudad unitaria y se insiste por tanto una vez maacutes en distribuir un solo ldquotrabajordquo (ἔργον IV 423d) par cada cual conforme a las dotes naturales (πέφυκεν) de los individuos No hay que olvidar que se estaacute en busca de la justicia social para clarificar a su vez la justicia individual El ergon de cada cual no es el mero oficio a pesar de que en sus inicios la ciudad se distribuye mediante teacutecnicas artesanales Un ergon termina siendo una actividad enraizada en la naturaleza misma de un individuo Es aquello que manifiesta con mayor perfeccioacuten la condicioacuten iacutenti-ma de cada sujeto13 Sucede por otra parte que esa actividad es la ldquoaccioacutenrdquo que proyecta por decir asiacute al ser individual en el aacutembito de la ciudad que aquiacute se construye Es decir siendo el ergon lo maacutes propio de la accioacuten perso-nal debe ser a su vez mdashen la ciudad platoacutenicamdash la maacutes perfecta manifesta-cioacuten de sus compromisos comunitarios

Del ergon entonces llegamos a la ldquovirtudrdquo (ἀρετή) puesto que se en-

tiende que la ciudad mdashque en un sentido amplio tomamos como sinoacutenimo de politeiamdash alcanza su areteacute cuando ha completado su ciclo de perfeccioacuten En otras palabras lo que llamamos ldquovirtudrdquo es en realidad la ldquoexcelenciardquo de algo y suponemos que la justicia es precisamente aquello por lo que la ciu-

11 ldquoiexclEa pues dije yo hagamos (ποιῶμεν) la ciudad desde sus inicios y como pa-rece seraacuten nuestras necesidades (χρεία) las que la haraacutenrdquo (II 369c) 12 Rep II 370c ldquocuando un individuo realice un oficiordquo una foacutermula de gran conci-sioacuten 13 Los significados baacutesicos de ergon son ldquotrabajo hecho ejecucioacuten funcioacutenrdquo (cf Rep 335d) Es ilustrativo ver el caso de ϝέργον gt weork gt work No solo el substantivo sino el verbo ingleacutes revelan ese aspecto de ldquofuncioacutenrdquo

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dad obtiene su areteacute 14 Decimos entonces finalmente que la justicia se instau-ra en la ciudad cuando cada cual en lo que respecta a los asuntos de la ciu-dad se ve en la situacioacuten de ocuparse en una sola actividad15 y que esa acti-vidad uacutenica a la que se atiende es resultado de la disposicioacuten innata maacutes apropiada para su naturaleza16 La ldquonaturalezardquo es por consiguente un prin-cipio de actividad inherente que surge del fundamento mismo de la cosa por lo que ella estaacute en disposicioacuten de hacer lo que le es apropiado En el caso de la naturaleza humana esta posee un aacutembito de amplia actividad que tiene evi-dentemente al interior de una gradacioacuten un punto de culminacioacuten que po-demos designar como lo ldquomaacutes apropiadordquo lo ldquomaacutes aventajadordquo17 Supone-mos que es lo maacutes propio que esa naturaleza puede hacer para siacute y lo maacutes ventajoso que ella puede realizar para la comunidad social de la polis En esas circunstancia justicia en el sentido que venimos hablando es ldquohacer lo pro-pio de siacute mismo y no entrometerseldquo multiplicando sus ocupaciones18 pero teniendo en cuenta por otra parte que lo maacutes propio es tambieacuten lo mejor pa-ra la ciudad

Asiacute entonces concluye Platoacuten esta revisioacuten de la justicia dejando sen-

tado su punto de vista con una expresioacuten que vuelve a puntualizar en IV 433b en la que se dice que en cierto sentido resulta que la justicia parece que es hacer lo propio de siacute mismo19

He sacado un poco toscamente la frase desde el griego con la intencioacuten de mostrar cuaacuten flexible es la presentacioacuten que hace Soacutecrates de su caso Y el

14 Cf Rep IV 432b 15 Asiacute me parece que es una interpretacioacuten correcta de ὅτι ἑνα ἕκαστν ἕν δέοι ἐπιδεδύειν τῶν περὶ τὴν πόλιν (433a) 16 Del mismo modo me parece tambieacuten que este es un sentido propio de la frase que viene a continuacioacuten de la inmediatamente anterior εἰς ὃ αὐτοῦ ἡ φύσις ἐπιδειοτάτη πεφυκυῖα εἴη 17 Dos de los sentidos a mi parecer maacutes relevantes de epiteacutedeios en el texto que co-mentamos 18 Rep IV 433a τὸ τὰ αὑτοῦ πράττειν καὶ μὴ πολυπραγμονεῖν 19 La frase estaacute dicha como se ve de un modo tentativo Por ldquolo propiordquo quiero entender algo asiacute como ldquolas actividades propiasrdquo pues parece apuntar de alguna manera al ergon de cada cual

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antildeadido anterior que indica que hay que abstenerse de multiplicar las ocupa-ciones (μὴ πολυπραγμονεῖν) nos advierte ya que se trata de una explicacioacuten de tipo social la que se da acerca de la justicia aunque sostenida en nuestros propios siacute mismos Ademeaacutes realizar lo propio de cada uno llama a evitar a nombre de la naturaleza propia sobre todo esa injerencia indiscreta (πολυπραγμοσύνη IV 434b7 y 9) entre los tres geacuteneros o clases (se habla de genos y eidos) de ciudadanos20 maacutes que promover injerencias menores al inte-rior de estos geacuteneros La razoacuten de esto a mi entender estaacute en la mayor tras-cendencia poliacutetica que tendriacutea una intromisioacuten entre los diversos oacuterdenes en especial en lo relativo al gobierno de la ciudad

Pero hay una segunda explicacioacuten de la justicia (ya que no me atrevo a

hablar de definiciones) que surge de un paralelo entre ciudad e individuo Aquiacute se supone que a la condicioacuten tripartita de la polis mdashseparada en tres geacuteneros de ciudadanosmdash corresponde una distincioacuten de tres aspectos o espe-cies (se usa por lo general indistintamente eidos y genos) al interior del alma de cada individuo No es faacutecil determinar piensa Platoacuten si aprendemos con un elemento nos apasionamos con otro y apetecemos con un tercero placeres como los de la crianza y la generacioacuten o si es con toda nuestra alma que ha-cemos cada una de estas actividades (IV 436a-b) Luego de un anaacutelisis ex-haustivo del asunto en que se pone en evidencia que aquello que se predica como propio de un objeto es solo propio de ese objeto y que por otra parte hallamos en las almas por ejemplo algo que impulsa a beber y algo que re-frena de hacerlo se concluye que en una misma alma se puede encontrar una especie racional mdashlogistikoacutenmdash con que se razona y una irracional y con-cupiscible mdashaloacutegiston y epithymetikoacutenmdash con que se apetece Una tercera espe-cie diferente es la pasioacuten o coacutelera mdashthymoacutesmdash con la que nos encolerizamos Las tres especies del alma (racional irascible concupiscible) estaacuten entonces en paralelo con las tres clases del estado Del mismo modo la ciudad es justa cuando cada geacutenero hace lo que le es propio y el alma es justa cuando cada especie o aspecto de ella realiza a su vez lo que le es propio (cf IV 441c-e)

20 Rep IV 434 b-c ldquoAsiacute pues la ingerencia entre los tres geacuteneros existentes y el cambio de unos a otros es la lesioacuten maacutes grande para la ciudad y la que podriacutea espe-cialmente calificarse de crimenrdquo

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Ahora bien es a lo racional en ella a lo que compete gobernar De este modo tanto en el individuo justo como en la ciudad justa ha de gobernar lo mejor Las letras mayores nos han permitido reconocer que la justicia corres-ponde a una interaccioacuten natural entre las clases del cuerpo social por la que se discierne claramente quien manda y quien obedece y a su vez la lectura de las letras maacutes pequentildeas ha puesto en evidencia coacutemo es que se considera justa un alma en que gobierna lo mejor21

IV La identificacioacuten de filosofiacutea y poliacutetica El trazado del tema desarrollado en la Repuacuteblica deja en evidencia una

preocupacioacuten fundamental de Platoacuten a saber su decisioacuten de demostrar que la filosofiacutea de la que habla es en esencia una misma cosa que la poliacutetica Esta verdadera identificacioacuten de una y otra lleva en siacute una importante consecuen-cia que consiste en un virtual acrecentamiento del aacuterea de comprensioacuten sig-nificativa tanto de la poliacutetica como de la filosofiacutea Para decirlo mediante una aproximacioacuten la poliacutetica se vuelve maacutes teoacuterica y la filosofiacutea maacutes praacutectica De ahiacute que se entienda que la filosofiacutea se identifica con la poliacutetica de un modo semejante a como la posesioacuten de una ciencia determinada implica el manejo y ejercicio efectivo de ella o como el conocimiento de una cierta disciplina se hace una misma cosa con un arte determinado22 Filosofiacutea y poliacutetica son en-tonces identificables en la medida en que ambas conforman una totalidad integrada que supera o tiende a superar la distincioacuten entre teoriacutea y praacutectica

21 Rep IV 441c ldquoCon estas declaraciones dije yo hemos hecho praacutecticamente la navegacioacuten y se ha producido entre nosotros un razonable acuerdo de que las mis-mas clases que existen en la ciudad y en el mismo nuacutemero se dan tambieacuten en el al-ma de cada individuordquo (Trad G Goacutemez Lasa Platoacuten La Repuacuteblica vol I Valdivia 1983) 22 Platoacuten considera en general como praacutecticamente sinoacutenimos los teacuterminos episteme y tekhne el conocimiento cientiacutefico qu es la episteme supone la aprehensioacuten de las Ideas y las acciones del artesano y artista importan un saber semejante de los para-digmas ideales De ahiacute el sentido maacutes especiacutefico de tekhne como conjunto de nor-mas sistema o meacutetodo de hacer (cf Fedro 245 LSJ)

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La base de sustentacioacuten filosoacutefica de toda la Repuacuteblica estaacute en la doctri-na que consagra como fundamento de la existencia e inteligibilidad de todas las cosas a la Idea del Bien y su derivado inmediato la teoriacutea de las Formas Es una teoriacutea porque a partir de ella se construye la totalidad del proyecto poliacutetico de Platoacuten Se concibe ademaacutes que estas Formas o Ideas mdashque son los objetos propios del entendimientomdash son precisamente los objetos propios del entendimiento que hace filosofiacutea Ahora bien cuando Platoacuten analiza la realidad de la polis y los asuntos relacionados con ella reflexiona acerca de coacutemo pensar y poner en realizacioacuten una ciudad sustentada sobre los maacutes soacute-lidos fundamentos filosoacuteficos Ahora bien su teoriacutea de las Ideas le proporcio-na el sustento metafiacutesico que necesita para otorgarle a su visioacuten de las reali-dades ciacutevicas las caracteriacutesticas de un discurso cientiacutefico

En esas circunstancias las Ideas que eacutel ha concebido como inteligibles

es decir capaces de ser comprendidas por un entendimiento se muestran como representaciones de ese Bien Porque se puede afirmar que ellas son cada cual el Bien en cuanto que tal Idea Eso significa que cada ser en cuanto que es algo determinado es bueno y cada Idea mdashcomo lo es la justicia en siacutemdash es manifestacioacuten inteligible de ese Bien La Idea del Bien es simple una en su unicidad y anterior a toda diversificacioacuten producida en cada Forma Con-forme al esquema trazado por Platoacuten las Ideas aparecen como el factor origi-nario de todo pensamiento cientiacutefico De ahiacute que ellas son el fundamento de nuestro saber acerca del hombre en cuanto realidad ciacutevica y social Ellas ademaacutes se erigen en el elemento unificador de todas las diversidades que necesariamente existen en los objetos de cada ciencia y transforman a la vez a esos objetos en materia unificada totalizada para los fines de su tratamiento epistemoloacutegico

Las Ideas son en cuanto las referimos al pensamiento diversidad en la

unidad y unidad en la diversidad del toda realidad inteligible Siendo ade-maacutes estas Ideas objetos estables de la inteligencia (la justicia en siacute por ejem-plo deberiacutea ser invariable) la ciencia que se halla sostenida en uacuteltimo teacuter-mino por ellas puede transformarse en conocimiento teoacuterico integrador de un aacuterea especiacutefica del saber Por otra parte toda ciencia contiene al mismo

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tiempo en siacute un conglomerado de cosas marcadas por la concrecioacuten de lo in-dividual Porque la ciencia no es solo teoriacutea puesto que ha surgido como res-puesta explicativa a un conjunto determinado de situaciones y de fenoacutemenos concretos

De ahiacute que por una parte proyectar la ciudad en torno a la justicia es

pensarla en una cierta relacioacuten de intimidad con el Bien en especial del Bien en cuanto que justo Aunque este Bien por otra parte que es entendido como una realidad simple y liberada de toda configuracioacuten inteligible no compor-ta por eso mismo diversidad de ninguacuten geacutenero Ahora bien lo justo en siacute es representacioacuten inteligible de ese Bien en cuanto se manifiesta diversificada-mente a modo de justicia y asiacute de todas las otras virtudes De este modo las grandes virtudes de la repuacuteblica (las cuatro virtudes cardinales que se propo-nen como modelos del actuar individual y social) son vistas en abstraccioacuten Ideas claves en iacutentima conexioacuten con el Bien absoluto

No hay otro modo de manifestacioacuten primera para la Idea del Bien que

mediante la trama racional de las Ideas las que devienen en instrumento for-zoso de manifestacioacuten inteligible de la Bondad para toda inteligencia La realidad profunda de esta doctrina es puesta esforzadamente en evidencia en las tres alegoriacuteas centrales de la obra a saber el Sol la Liacutenea y la Caverna Porque aunque el Bien no se manifiesta racionalmente al entendimiento por estar maacutes allaacute de lo real (ἐπέκεινα τῆς οὐσίας Rep 509 b) el ser la Idea en cambio se manifiestan al entendimiento por medio de un cierto aislamiento epistemoloacutegico que acontece a la par de su conformacioacuten entitativa Porque la realidad se hace efectivamente presente en ese entendimiento a modo de aprehensioacuten diversificada de la realidad ideal El pensamiento es ante todo comprensioacuten inteligible de la realidad

De ese modo la poliacutetica al interior de la concepcioacuten platoacutenica de la Re-

puacuteblica es en sus grados supremos un conocimiento una ciencia que en su manifestacioacuten maacutes profunda se la denomina el ldquoconocimiento superiorrdquo23

23 Rep VI 505a ldquo pues me has oiacutedo decir muchas veces que el maacutes sublime objeto de conocimiento es la idea del bien que es la que asociada a la justicia y a las demaacutes

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Parece casi paradoacutejico que sea precisamente este conocimiento maacutes teoacuterico el que haga ldquouacutetiles y beneficiosasrdquo a la justicia y demaacutes virtudes pero la misma discusioacuten presentada hasta aquiacute muestra la estrecha relacioacuten que integra lo concreto a lo abstracto mediante la asociacioacuten con el Bien Asiacute entonces pare-ce claro que para Platoacuten sin el conocimiento del Bien es imposible pensar o hacer poliacutetica mdashque en uacuteltimo teacutermino seriacutea lo mismo que pensar y hacer fi-losofiacuteamdash en cuyo saber se encuentra justamente la aprehensioacuten de lo justo en siacute Porque es precisamente la justicia la que como se ha visto toca los extre-mos de lo personal y lo social e integra la dimensioacuten psicoloacutegica y poliacutetica en una ecuacioacuten de no faacutecil comprensioacuten y cuyas incoacutegnitas son al parecer ex professo dejadas abiertas ldquohacer lo propio de siacute mismordquo

La poliacutetica en consecuencia comporta ese saber capital gracias al cual

se hace realidad su virtual identificacioacuten con la filosofiacutea Los teacuterminos de esa identificacioacuten son claramente expresados por Platoacuten en ese pasaje famoso que para efectos de su discusioacuten me permito citar aquiacute

ldquoa menos mdashproseguiacutemdash que los filoacutesofos reinen en las ciudades24 o que cuan-

tos ahora se llaman reyes y dinastas practiquen noble y adecuadamente la filosofiacutea que vengan a coincidir una cosa y otra la filosofiacutea y el poder poliacutetico y que sean detenidos por la fuerza los muchos caracteres que se encaminan separadamente a una de las dos no hay amigo Glaucoacuten tregua para los males de las ciudades ni tampoco seguacuten creo para los del geacutenero humano ni hay que pensar en que antes de ello se produzca en la medida de lo posible ni vea la luz del sol la ciudad que hemos trazado de palabrardquo (V 473 d-e)

En el contexto de esta discusioacuten es decisiva la afirmacioacuten ldquoque vengan a coincidir una cosa y otra la filosofiacutea y el poder poliacuteticordquo25 La clave de la ciu-

virtudes las hace uacutetiles y beneficiosasrdquo Platoacuten La Repuacuteblica edicioacuten de JM Paboacuten M Fernaacutendez -Galiano Madrid 1969 24 ldquoThis is perhaps the most famous sentence in Platordquo Paul Shorey Plato V Repu-blic II London 1969 p 508 n a 25 καὶ τοῦτο εἰς ταὐτὸν συμπέσῃ δύναμις τε πολιτικὴ καὶ φιλοσοφία Conviene tomar nota de la traduccioacuten de P Shorey op cit ldquo and there is a conjunction of these two things political power and philosophical intelligencerdquo

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dad platoacutenica se muestra aquiacute en esta coincidencia entre la filosofiacutea y el poder poliacutetico La argumentacioacuten de Platoacuten tiene alcances dignos de destacar Poco antes de estas afirmaciones en la Repuacuteblica Soacutecrates ha tenido que hacer fren-te a las presiones de Glaucoacuten que le recuerda la tarea que se ha impuesto mdashy que ha pospuesto dos vecesmdash de demostrar que un Estado como el que se ha descrito es posible26

Estas son las ldquodos primeras oleadasrdquo27 que ha recibido de su interlocu-tor y ante ldquola maacutes grande y difiacutecil de vencerrdquo decide enfrentar el asunto de una vez Lo que se habiacutea investigado antes acerca de la justicia en siacute dice Soacute-crates se habiacutea discutido en razoacuten del modelo28 ldquopero no con el propoacutesito de mostrar que era posible la existencia de tales hombresrdquo (472d) En tales cir-cunstancias es preciso piensa Soacutecrates tener presente que es maacutes natural que la palabra participe maacutes de la verdad que lo que la accioacuten praacutectica puede ha-cerlo Es decir el discurso hablado (λέξεως) se acerca maacutes a la verdad que la realizacioacuten de este discurso a la verdad En trataacutendose entonces de discursos como los presentes para decidir acerca del asunto de ldquollevar algo a la praacutecti-cardquo (πραχθῆναι 473a) es necesario plantearse cuaacutel puede ser la maacutes proacutexima cercaniacutea (ὡς ἂν ἐγγύτατα) al tema discutido discursivamente

El asunto entonces de la teoriacutea y la praacutectica pasa a traveacutes del hilo con-

ductor del habla como palabra discursiva La palabra es mediadora y se puede describir una ciudad mucho maacutes cercana a la verdad del paradigma pero maacutes alejada por eso mismo de la realidad concreta Ahora hacerlo con la palabra misma como mediadora maacutes flexible que la verdad pura y la con-crecioacuten indoacutecil Platoacuten emprende la tarea de describir una aproximacioacuten Hay que investigar queacute es lo que hoy impide a las ciudades el ser gobernadas con-forme al paradigma ideal puesto que mediante esto se podraacute descubrir cuaacutel

26 Rep 471e ldquola cuestioacuten de si es posibles que exista un tal reacutegimen y hasta donde lo esrdquo 27 Rep 472a Son incursiones repentinas de Glaucoacuten un poco cansado de la divaga-ciones mdashseguacuten su propia percepcioacutenmdash de la discusioacuten de Soacutecrates La maacutes proacutexima embestida no deja salida a Soacutecrates ldquoCuanto maacutes te excusas mdashdijomdash maacutes te estre-charemos a que expliques coacutemo puede llegar a existir el reacutegimen de que tratamos Habla pues y no pierdas el tiempordquo (472a-b) traduccioacuten J M Paboacuten M Fernaacuten-dez Galiano 28 Rep 472c παραδείγματος ἄρα ἕνεκα

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es propiamente el mal Y he aquiacute que el mal en las ciudades es lo que se hace mal (κακῶς πράττεται 473b) y lo que en forma prominente estaacute malamen-te hecho es separar la poliacutetica de la filosofiacutea En esa perspectiva lo menos que hay que hacer es decir la maacutes proacutexima cercaniacutea lo maacutes a la mano para poner en la praacutectica la ciudad ideal consiste precisamente en instaurar en la ciudad esta coincidencia ahora ausente

Acercaacutendose entonces a ese momento de identificacioacuten

ldquocreo mdashprosigue Soacutecratesmdash que cambiando una sola cosa podriacuteamos mos-trar que cambiariacutea todo no es ella pequentildea ni faacutecil pero siacute posible (473c)

Este cambio que sentildeala la buacutesqueda de un compromiso entre la teoriacutea y la accioacuten y que funda la identificacioacuten de la poliacutetica y la filosofiacutea en la ciudad se logra mediante un procedimiento que puede pasar inadvertido a primera vista Y es que esta identidad se hace realidad al hacerse efectiva en la perso-na concreta del filoacutesofo gobernante o alternativamente del gobernante trans-formado en filoacutesofo Al decir Soacutecrates que son la filosofiacutea y el poder poliacutetico los que vienen a coincidir en un solo ser la expresioacuten usada es la siguiente καὶ τοῦτο εἰς ταὐτὸν συμπέσῃ cuya interpretacioacuten (puesta en cursiva) seriacutea y que esto es decir el poder poliacutetico y la filosofiacutea coincida en la misma perso-na29 Por consiguiente lo que en primera instancia se identifica con la filosofiacutea no es la poliacutetica en general sino el poder poliacutetico (δύναμις πολιτική) mediante la instauracioacuten del filoacutesofo gobernante30 El saber filosoacutefico es ya la ciencia poliacutetica en la medida que la filosofiacutea es una episteme de las Ideas en especial en este caso la cuaternidad de virtudes que constituyen el centro de ese sa-ber y cuya fuente originaria es el Bien

29 Esta interpretacioacuten de esta frase clave la he encontrado solo en la traduccioacuten de Gastoacuten Goacutemez Lasa en Platoacuten La Repuacuteblica vol I Ed Universidad Austral de Chile Valdivia 1983 Dice ldquo y no coincida en una misma persona el poder poliacutetico y la filosofiacutea (el subrayado es miacuteo) A modo de ejemplo me parece aquiacute inadecuada la versioacuten de P Shorey ldquoand there is a conjunction of these two things political po-wer and philosophic intelligencerdquo 30 Una revisioacuten maacutes pormenorizada de este aspecto del problema es tratado en mi artiacuteculo ldquoPlatoacuten y la soberaniacutea del Estadordquo Revista de Filosofiacutea Universidad de Chile vol XXXI-XXXII (1988) 37-44

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Por tanto ya la poliacutetica aparece en cierto modo absorbida por la filoso-fiacutea pero la poliacutetica es tambieacuten un arte en cuanto que sistema de accioacuten De ahiacute que el primer miembro de esta identificacioacuten sea la δύναμις πολιτική y no la poliacutetica a secas Y si bien tanto esta dyacutenamis como la filosofiacutea son realidades que pueden considerarse en abstraccioacuten de los individuos el ar-gumento de Platoacuten pone eacutenfasis en la coexistencia de ambas realidades en seres concretos donde tiene las caracteriacutesticas de una realidad existencial Ciencia y poder en consecuencia estaacuten hermanados en un individuo concre-to llamado filoacutesofo Queda asiacute en evidencia que seguacuten el parecer de Platoacuten sin esta coincidencia individualizada de ambos factores no es posible la exis-tencia concreta de una ciudad como la presentada en laRepuacuteblica y que la in-teraccioacuten solidaria de discurso y accioacuten solo es aquiacute posible es decir en cuan-to que estos coexisten en sujetos que son filoacutesofos y reyes a la vez

Asiacute como la poliacutetica en cuanto arte dice relacioacuten con el poder poliacutetico

asiacute la filosofiacutea como ciencia dice relacioacuten con las virtudes cardinales y toda virtud conforme a un postulado esencial del socratismo es un saber que se vive un conocimiento transformador de la conducta en fin una ciencia que hace bueno a quien la posee De este modo la filosofiacutea se vuelve tambieacuten un sistema de accioacuten que desemboca con naturalidad en la dynamis politikeacute El Bien entonces se erige en la realidad que sustenta y promueve esta interac-cioacuten en el filoacutesofo y rey establecieacutendose como la causa mdashαἰτίαmdash de todo lo que existe y de todo lo que se comprende en el mundo sensible e inteligible En esas circunstancias la Idea del Bien sustento racional de todo el edificio constitucional de la polis se hace accesible al entendimiento del filoacutesofo a tra-veacutes de un conocimiento superior cuya cualidad conciliadora tiene un efecto decisivo en el proceso de realizacioacuten y concrecioacuten de la ciudad ideal De ahiacute que tambieacuten tenga consecuencias nocivas el que haya tantos caracteres que se encaminan ldquoseparadamenterdquo (χωρίς 473d) a la poliacutetica y a la filosofiacutea

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V De coacutemo la Idea del Bien se hace presente en el acontecer ciacutevico mediante la justicia

Ahora bien aquellas realidades sobre las que versa la poliacutetica mdashparte

integrante del conjunto de realidades que comprende la generacioacutenmdash son de una profunda y compleja variabilidad Ellas representan un devenir de acon-tecimientos marcados por el sello de la contingencia Podriacutea decirse que Pla-toacuten contempla los acontecimientos poliacuteticos como si fueran sucesos fluviales que bien pudieron merecer una mencioacuten heracliteana Y no creo aventurado pensar que es aquiacute como en ninguacuten otro fenoacutemeno del mundo sensible don-de la influencia de Heraacuteclito por intermedio seguacuten tradicioacuten de su maestro Cratilo se hace notar con mayor fuerza en Platoacuten Me refiero especiacuteficamente a sus meditados anaacutelisis del devenir poliacutetico que expresan con claridad su visioacuten de la poliacutetica como un mundo circundado del peligro de la desintegra-cioacuten Con razoacuten tal vez Heraacuteclito cual un rey filoacutesofo anticipado prefirioacute re-nunciar seguacuten tradicioacuten a su corona en Eacutefeso En efecto la razoacuten verdadera de ello pudo ser que su doctrina del Logos no era quizaacute suficiente para fundar una teoriacutea del poder poliacutetico y esto a diferencia del Bien que posiblemente permitiacutea penetrar con mayor fluidez desde el mundo de la naturaleza al mundo de la conducta individual y social Se haciacutea quizaacutes necesario que jun-to a la Idea del Bien se desarrollara mdashcomo era la intencioacuten de Platoacutenmdash una doctrina correlativa del alma en toda su compleja profundidad Solo asiacute podiacutea fundarse una doctrina de la justicia que pudiera comprender tanto a los in-dividuos como a la sociedad

De esa manera y en medio de ese fluir de voluntades muchas veces

contrapuestas existente en el acontecer ciacutevico se buscan ahora elementos de estabilidad bases de permanencia que al comportarse de manera cnstante proporcionen a los sucesos cambiantes de la poliacutetica principios de sustenta-cioacuten cientiacutefica Si el estudio de la ciencia ha de consistir en el anaacutelisis de las cosas que son siempre del mismo modo la buacutesqueda de los objetos supremos del espiacuteritu mdashque son las Ideasmdash coincide con la intencioacuten de hallar momen-tos de estabilidad y permanencia en el acontecer inestable de la vida de la ciudad Se busca entonces nuacutecleos de estabilidad en el pensamiento que se

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han de convertir en ejes de equilibrio beneacutefico para la polis Es precisamente en este contexto que la formulacioacuten platoacutenica acude a una imagen Se sugiere asiacute dejar de lado el estudio del Bien y se estaacute en disposicioacuten en cambio para hablar de algo que ldquoparece ser hijo del Bien y asemejarse sumamente a eacutelrdquo31 De esta explicacioacuten surgen cuatro factores del mundo visible a saber el sol y su luz el ojo y su visioacuten y de alliacute comienzan a aparecer las analogiacuteas entre el Bien y el sol la luz y la verdad Aquiacute Platoacuten construye sus maacutes famosas y perdurables paacuteginas

Estas imaacutegenes entonces que dan caraacutecter de eje central a los libros VI

y VII se presentan como mediaciones Hay un ldquovaacutestagordquo (ἔγκονος) del Bien que proporciona sentido al discurso poliacutetico referido ahora al trasfondo siempre presente del principio la Idea del Bien Las Formas ideales son como deciacuteamos representaciones inteligibles de la bondad suprema que por su absoluta simplicidad carece en siacute misma de representacioacuten La Idea del Bien no es faacutecilmente inteligible Por eso que estas Ideas son por su parte media-ciones de ese principio superior en otras palabras sus representaciones La ciencia poliacutetica a su vez se manifiesta como un conocimiento de aquellas representaciones mediadoras Eso dicho en cuanto que estas expresan una referencia al acontecer ciacutevico de los hombres y sus implicancias sociales y personales El fluir humano de una comunidad referido dialeacutecticamente a las Ideas se constituye en un saber Este saber para completar el ciacuterculo mdashla vuelta a la Cavernamdash culmina con el intento de estructurar ese fluir al inte-rior primero de un discurso y luego en el ejercicio efectivo del poder que es la dynamis politikeacute

Las mediaciones a las que me he referido en consecuencia se constitu-

yen en el modo elegido por Platoacuten de proponer en su discurso factores de convergencia de lo real inteligible con lo sensible concreto Estos factores son en primer lugar las grandes figuras poliacuteticas de la Repuacuteblica a saber el Sol la Liacutenea y la Caverna Εsta uacuteltima en especial es descrita como ldquouna imagen sorprendenterdquo32 El eikon la lsquoimagenrsquo se constituye asiacute en un procedimiento

31 Rep V 506e ὅς δε ἔγκονος τοῦ ἀγαθοῦ φαίνεται καὶ ὁμοιότατος ἐκείνῳ 32 ἄτοπον εἰκόνα VI 515a 4 Luego se reitera en dos ocasiones su condicioacuten de tal

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del discurso por el que se establecen con mayor claridad correspondencias entre el mundo sensible y la Idea inteligible La interaccioacuten de estos dos cam-pos se hace manifiesta aquiacute en forma de alegoriacuteas y en la Caverna se fuerza al filoacutesofo a volver al interior de ella hacieacutendose patente la necesidad de completar el radio de estas interacciones El que ha contemplado lo inteligible es forzado a volver a lo sensible para instaurar alliacute el orden de la Idea Los giros del Sol que gobiernan el universo ideal rigen a su vez el universo fluc-tuante del acontecer poliacutetico de la ciudad mediante el filoacutesofo como un sol que retorna de la luz a la oscuridad

De ese modo la filosofiacutea a traveacutes del conocimiento del Bien establece al

filoacutesofo como el bien en la ciudad que hace prevalecer en ella la justicia En los inicios del libro IV de la Repuacuteblica se analizaba la conveniencia de fundar una ciudad que vele por la felicidad del conjunto en forma solidaria33 ldquoPorque pensaacutebamos que en una ciudad talrdquo afirmaba Soacutecrates ldquoencontra-riacuteamos maacutes que en otra alguna la justicia asiacute como la injusticia en aquella en que se vive peor y que al reconocer esto podriacuteamos resolver sobre lo que hace tiempo venimos investigandordquo34

Es la sociedad entera como conjunto integrado la que conforma una ciudad unitaria y en ella cada parte recibe lo que es propio para constituir un hermoso conjunto35 Las otras ciudades que no son la ideal estaacuten consti-tuidas de hecho por varias ciudades Soacutecrates deciacutea ldquodos como en el mejor de los casos enemiga la una de la otra la de los pobres y la de los ricosrdquo36 Hay que vencer esas injusticias por consiguiente que surgen no solo de una mala distribucioacuten de la riqueza en siacute sino que en uacuteltimo teacutermino son pro-ducto de la ausencia de realizacioacuten de un principio fundamental ligado a la naturaleza misma del ser humano Este principio apunta a la idea de que en esta polis socraacutetica cada cual posee una sola ocupacioacuten aquella para la cual cada naturaleza estaacute mejor dotada37 Es tan certeramente verdadera para Pla-

33 Rep IV 420b ss 34 ibid Ed JM Paboacuten M Fernaacutendez Galiano 35 Rep IV 420d 36 Rep IV 422e 37 Rep IV 433a

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toacuten la realizacioacuten de esta regla que ldquoel hacer cada uno lo suyo y no multipli-car sus actividades (μὴ πολυπραγμονεῖν) dice era la justiciardquo38 Y delimi-tando esta actividad maacutes expresamente a la esfera del individuo se afirma que la justicia es ldquohacer cada uno lo suyordquo (IV 433b) cosa que se entiende como lo habiacuteamos visto al interior de la ciudad y en relacioacuten con ella

En esas circunstancias un resultado directo de la praacutectica de la justicia

consiste en la desaparicioacuten mdashen los haacutebitos de conducta de los ciudadanosmdash de esa injerencia indiscreta (πολυπραγμοσύνη) entre los tres estratos sociales que produce ldquoel mayor dantildeo de la ciudadrdquo cuando la injusticia estaacute presen-te39 Se intenta evitar ese entremetimiento precisamente a nombre de la physis pues las clases sociales se constituyen esencialmente en torno a tres tipos baacute-sicos de naturalezas Estos caracteres baacutesicos a su vez surgen en paralelo con la condicioacuten tripartita del alma en la que subsisten estas diversas especies Se reconoce asiacute ldquoque en cada uno de nosotros se dan las mismas especies y mo-dos de ser que en la ciudadrdquo40 Este parangoacuten entre ciudad e individuo es esencial en el anaacutelisis que hace Platoacuten acerca de la justicia y es el que le lleva a continuacioacuten a establecer que tanto en el individuo justo como en la ciudad justa gobierna quien es mejor

38 Rep IV 433a-b El uso del verbo πολυπραγμονεῖν es sugerente Platoacuten ve con preocupacioacuten la existencia de ciudades con ciudadanos ocupados en muchas cosas a la vez esa es especialmente la injerencia indiscreta en los asuntos de otros que el verbo polypragmonein sugiere 39 Polypragmosyne es un teacutermino clave en Tuciacutedides que expresa una cualidad que condujo a los atenienses a su grandeza es la base ciacutevica de su sentido imperial Pero sentildeala naturalmente una significacioacuten que debe ser matizada Se dice en Archaic and Classical Greece M Crawford D Whitehead Cambridge 1983 As V Ehren-bergs classic study made clear (Polypragmosyne a study in Greek Politics Journal of Helenic Studies 67 (1947) 46-67) polypragmosyne is a concept of psychology as re-flected in behaviour a polypragmon -whether an individual (as in Aristoph Ach 833) or a whole polis - must always be active interfering in the affairs of others neither keeping quiet themselves nor allowing others to be quiet (p 319) Como se ve se trata de un concepto de origen psicoloacutegico pero de especial significacioacuten en poliacutetica 40 Rep IV 435e

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VI Significacioacuten del gobierno del filoacutesofo en la polis platoacutenica Toda esta discusioacuten pudo quedar circunscrita a una propuesta en que

los guardianes han de ser los mejores porque ellos tienen que ser los mejor educados en conformidad con su propia naturaleza La educacioacuten se convier-te entonces en el medio adecuado para convertir a estos guardianes en los ciudadanos destinados a fundar esta repuacuteblica Esto se realiza ademaacutes junto a mujeres de capacidad anaacuteloga a la de estos hombres Pero falta dar un paso decisivo que permita introducir en la ciudad la justicia en una forma supe-rior Algo que resulta del hecho mismo de proclamar a los filoacutesofos reyes de esta ciudad No basta superar las divisiones mdashque conducen a disensiones subversivasmdash entre pobres y ricos Tampoco parece suficiente establecer esas clasificaciones baacutesicas entre los ciudadanos en conformidad a sus naturalezas de modo de asegurar el imperio de la norma relativa a la distribucioacuten apro-piada del trabajo Se hace ahora evidente a la luz de los anaacutelisis precedentes que la injusticia decisiva prevalente en todas las ciudades existentes hasta el presente estaacute en mantener alejado del gobierno de la ciudad al filoacutesofo El camino entonces que conduce a la salvacioacuten de la ciudad debe consistir en abrir paso a la intronizacioacuten del filoacutesofo en el gobierno de esta superando asiacute esta injusticia radical que vicia toda su estructura y esto parece ser solo posible mediante la identificacioacuten del poder poliacutetico con la filosofiacutea

La filosofiacutea poliacutetica entonces tiene en vista salvar a la ciudad mediante

la interaccioacuten de la episteme y el poder poliacutetico en una misma persona En esas circunstancias las cosas justas mdashque son las acciones que se realizan por el bien de la ciudadmdash se hacen partiacutecipes de lo justo en siacute al coexistir integradas en la persona del filoacutesofo La Ideas penetran en la ciudad por intermedio del filoacutesofo las que se hacen realidad en el devenir sensible de la polis mdasha modo de imaacutegenes que se insertan entre el complejo acontecer de la ciudad con sus permanente divisionesmdash y la transparencia formal del paradigma Las des-cripciones que hace Platoacuten de los diferentes tipos de sociedades que en liacutenea de degradacioacuten directamente descendente se van sucediendo unas a otras son esbozos brillantes que sentildealan esas mediaciones de distanciamiento pro-gresivo de la imagen del mundo poliacutetico frente al modelo inmutable de la

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ciudad ideal Es papel fundamental del filoacutesofo poliacutetico el poner en accioacuten el modelo ideal en el tejido constitucional de kaliacutepolis

La buacutesqueda de la unidad en la ciudad pasaba indudablemente por la

erradicacioacuten de la injusticia y las disensiones (στάσεις 444b) que la acompa-ntildean De este modo se nos hace patente la preocupacioacuten profunda de Platoacuten que se materializa en la descripcioacuten de la realidad del mundo poliacutetico tanto a nivel sensible como inteligible Eacutel experimenta sin duda la necesidad de desarrollar con la ayuda de la teoriacutea de la Ideas una doctrina coherente acer-ca del universo poliacutetico que le permita concebir mdashgracias a la especulacioacuten filosoacuteficamdash un programa vaacutelido y eficaz de accioacuten al interior del Estado Sal-var a la polis de una destruccioacuten inminente es la tarea en perspectiva y no hay duda que su esfuerzo discursivo acerca de la condicioacuten de la ciudad y sus sistemas institucionales va dejando en evidencia la forzosa obligacioacuten de ela-borar un disentildeo del mundo ciacutevico Es preciso concebir una imagen del acon-tecer poliacutetico que establezca la validez y los contenidos de verdad de las des-cripciones concernientes a la polis

Todo ello va a desembocar finalmente en una importante elaboracioacuten

discursiva mdashque podemos calificar a la vez de metafiacutesica y de epistemoloacutegi-camdash acerca del cosmos Se examina la condicioacuten ontoloacutegica del mundo mdashen su estado de realidad generadamdash y la consistencia gnoseoloacutegica de nuestras descripciones acerca de eacutel Esta elaboracioacuten que es la del Timeo tiene un pre-ludio importante en el mito de Er en las uacuteltimas paacuteginas de la Repuacuteblica y parece prolongarse en la rememoracioacuten que se hace de una parte importante de ella en el mismo diaacutelogo Timeo En consecuencia la ciencia poliacutetica no es solo un saber acerca del hombre y su entorno social sino que tambieacuten se aso-cia e integra con la ciencia que estudia la configuracioacuten estelar del universo en donde aquella encuentra su perfeccioacuten epistemoloacutegica

De este modo el despliegue filosoacutefico de Platoacuten se inicia en este aspec-

to con su poliacutetica En un intento de abarcar la realidad social mdashinserta en el mundo de lo sensiblemdash bajo la inteleccioacuten de la Idea En estas circunstancias Platoacuten se esfuerza en la Repuacuteblica por crear nuevas condiciones de gobernabi-

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lidad en la ciudad para que mediante la instauracioacuten de un orden justo se asegure la integridad y por tanto la pervivencia de esta Es importante que un sistema poliacutetico perdure por el imperio de su propia excelencia es decir de su virtud De ahiacute que el filoacutesofo sienta la necesidad de culminar su trabajo especulativo con una suerte de cosmo-poliacutetica como la presentada en el Ti-meo Todo esto corresponde al esfuerzo de Platoacuten de integrar tanto los fenoacute-menos poliacuteticos como la realidad toda de la generacioacuten a sus proyectos de reforma institucional Porque todo lo generado tiende a corromperse

Los inicios del Timeo prologan asiacute su discurso cosmoloacutegico con una vi-

sioacuten resumida de la Repuacuteblica junto a un relato sobre la Atlaacutentida y los oriacutege-nes de Atenas todos en clave poliacutetica En esas conversaciones introductorias acompantildeadas de los relatos a que hago referencia se deja ver que el problema fundamental de su teoriacutea poliacutetica estaacute en la interaccioacuten y en la integracioacuten de la teoriacutea con la accioacuten en el terreno concreto del gobierno de la ciudad El filoacute-sofo-rey encarna la coexistencia de la theoriacutea y la praxis en el Estado de mane-ra que todos los esfuerzos se encaminan ahora a lograr mediante la educa-cioacuten correspondiente seres humanos dotados con las caracteriacutesticas que se han asignado a tales gobernantes Una vez en posesioacuten de ese contingente de futuros soberanos la discusioacuten introductoria del Timeo vuelve a tomar la perspectiva de la Repuacuteblica al proponer enderezar el discurso hacia la des-cripcioacuten de una ciudad en accioacuten Se la situacutea entonces en el contexto liacutemite de una polis que ha de recurrir a la guerra en defensa de su libertad y sus va-lores patrios

Aquello que en el examen precedente he denominado teoriacutea mdashcomo el

fundamento gnoseloacutegico desde el cual algo puede ser llevado a la praacutecticamdash41 estaacute en iacutentima relacioacuten con el problema de la verdad En efecto se entiende aquiacute por teoriacutea la verdad misma en cuanto que ella es objeto de un trato epis-

41 Platoacuten ha hablado en la Repuacuteblica de ldquollevar algo a la praacutecticardquo (τι πραχθῆναι 473a) y se ha referido en el mismo texto al problema de la ldquorealizacioacutenrdquo de estos proyectos poliacuteticos utilizando el teacutermino πρᾶξις Seguacuten E des Places (Lexique) pra-xis tiene cuatro sentidos fundamentales en Platoacuten a) ldquoacte actionrdquo b) ldquoaccomplis-sement reacutealisationrdquo c) ldquopractiquerdquo d) ldquovierdquo El sentido maacutes generalmente utilizado en este trabajo es el de ldquoaccioacutenrdquo

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temoloacutegico Se configura asiacute por ese medio en torno de ella una esfera de co-nocimientos y en el caso de la filosofiacutea se crea un discurso un logos La ver-dad por otra parte es la que el filoacutesofo como amigo que es de ella (Rep 475e) busca conocer y es asimismo la que en la realidad y el conocimiento se con-funde con las Ideas mismas La teoriacutea entonces corresponde a un estado de sabiduriacutea en que la verdad se posee a modo de ciencia y en el que se tiende constantemente a la totalidad tanto de lo divino como de lo humano42 La teoriacutea es de alguna manera un estado de superacioacuten de la condicioacuten huma-na mediante la posesioacuten por el intelecto del ser real De alliacute que Soacutecrates ha-ya afirmado ldquoy a aquel pensamiento (διανοία) que en su alteza alcanza la contemplacioacuten (θεωρία) de todo tiempo y de toda esencia iquestcrees tuacute que la vida propia del hombre le puede parecer gran cosardquo (486a)

Ese estado de sabiduriacutea se encuentra sin embargo en la necesidad de

establecer las mediaciones de que hablaacutebamos anteriormente establecieacutendo-se entonces un encuentro con las difiacuteciles condiciones de la realidad concreta de la ciudad El filoacutesofo corre el riesgo de ser criticado de ldquohaber subido arri-bardquo para volver despueacutes a la oscuridad de la caverna ldquocon los ojos estropea-dosrdquo (VI 517a) De ahiacute la conveniencia de elaborar con referencia a la accioacuten un lenguaje anaacutelogo a la verdad que proporcione medios de acercamiento al mundo del devenir poliacutetico Se busca por consiguiente la creacioacuten de un re-lato verosiacutemil una suerte de manifiesto poliacutetico En este caso ademaacutes se trata de un mundo que hay que moldear a imagen del paradigma Se presenta asiacute como esencial para Platoacuten el determinar una doctrina por la que las cosas de la realidad sensible adquieran la calidad de representaciones de esos modelos ideales De este modo tanto los asuntos relativos a la poliacutetica como los relati-vos al cosmos se transforman en fenoacutemenos solidarios al ser comprendidos y conciliados bajo el poder superior del ser ideal

42 Rep 486a Al decir Soacutecrates que no hay nada maacutes propio de la sabiduriacutea que la verdad y destacar que el filoacutesofo verdadero desde su juventud tiende a poseerla pregunta (con la intencioacuten de hallar una respuesta positiva) si se encontraraacute cosa maacutes propia de la ciencia que la verdad (485c ἦ οῦν οἰκειότερον σοφίᾳ τι ἂν εὕροις)

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VII La opinioacuten y la imagen como medios de conocimiento de los asuntos de la ciudad

Pero el asunto que tratamos exige el anaacutelisis de algunos otros puntos

En analogiacutea con la discusioacuten de la Repuacuteblica en que se debate de un modo tan fundamental el tema de la poliacutetica el Timeo funda las bases de una filosofiacutea del cosmos Tanto la ciencia poliacutetica como las ciencias de la tierra y el cosmos tienen en comuacuten el formar parte de la generacioacuten y por tanto se integran en lo que llamamos mundo sensible La poliacutetica tambieacuten porque lo sujeto a ge-neracioacuten no se agota en las cosas en cuanto que circunscritas a dimensiones y espacios sino que tambieacuten incluye a todo aquello que surge de ellas como en el caso del hombre son las acciones y funciones propias de su inteligencia De ahiacute que la ciencia meacutedica mdashno especiacuteficamente en cuanto que arte que curamdash forma parte del discurso del Timeo del mismo modo que las descripciones de las enfermedades sociales se integran al gran discurso de la Repuacuteblica De ese modo parte importante de la ciencia de la polis se nutre de objetos sensibles que tratados a la luz de la teoriacutea de las Ideas adquieren en ese sentido cate-goriacutea cientiacutefica

Los objetos sin embargo siguen en movimiento y continuacutean sus proce-

sos de dispersioacuten aunque mantenidos con esfuerzo bajo una cierta unidad inteligible por el pensamiento Esa es la situacioacuten en que se encuentra Platoacuten decidido a realizar la tarea de fundar un tratamiento cientiacutefico acerca de las instituciones del cuerpo social como conglomerado ciacutevico Esto sin olvidar jamaacutes que se trata al mismo tiempo de un conjunto de seres individuales Ahora bien todos estos objetos de los que aquiacute hablamos son en la filosofiacutea de Platoacuten imagen (εἰκών) Adquieren esta condicioacuten en cuanto que en depen-dencia ontoloacutegica y epistemoloacutegica con el ser ideal Solo asiacute es posible dar al fenoacutemeno una consistencia que nos permita comprenderlo y en cierta mane-ra dominarlo tanto para los efectos de la ciencia como del poder Pero para ello habraacute que dar vuelta el rostro ponerse en pie y emprender el camino de salida de la Caverna

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Este eikōn en consecuencia permite a Platoacuten desarrollar una teoriacutea del discurso cientiacutefico ya sea mdashseguacuten los elementos aquiacute estudiadosmdash como ciencia poliacutetica o como ciencia del cosmos Este discurso se manifiesta al inte-rior de una doctrina de la imagen que se hace expliacutecita la presencia de la opi-nioacuten (δόξα) recta sobre las cosas sensibles como instrumento vaacutelido de com-prensioacuten del mundo Lo que hace recta a la opinioacuten es la existencia de esa relacioacuten iacutentima con el ser verdadero su ausencia la hace sujeta a error En esas circunstancias la episteme es un saber que se ordena al ser con el fin de conocer coacutemo es el ser43 Tal vez lo que se quiere decir con esto es con el fin de saber coacutemo es la realidad De ahiacute que se distinga entre lo cognoscible (γνωστόν) y lo opinable (δοξαστόν) ya que solo el ser es lo propiamente cog-noscible siendo la doxa intermedia entre el conocimiento (γνῶσις) y la igno-rancia (ἄγνοια)

La razoacuten de ello estaacute en que los objetos tanto de lo cognoscible como de

lo opinable son distintos En efecto las realidades sobre las que versa la opi-nioacuten son objetos que al mismo tiempo existen y no existen y que estaacuten ldquoen mitad de lo puramente existente y lo absolutamente inexistenterdquo (Rep V 478d) Parte importante de los asuntos concernientes a la poliacutetica estaacuten en esa situacioacuten Asiacute la doxa se erige por efecto de esa participacioacuten del ser y del no ser en un nuevo constituyente que es el objeto sensible es por esto que ella participa del uno y del otro44 Y esta es la razoacuten por la que es fundamental que la opinioacuten mdashen cuanto capacidad del espiacuteritu y producto la vez de esa capacidadmdash permanezca en relacioacuten con el ser La multitud que el filoacutesofo ve inmersa en la opinioacuten se conduce de una manera distinta y ldquoen cierto modo da vueltasrdquo girando en torbellino 45 lejos de la verdad

43 Rep V 478a ἐπιστήμη μέν γέ που ἐπὶ τῷ ὄντι τὸ ὄν γνῶναι ὡς ἔχει 44 Rep V 478d iquestY no dijimos en los pasajes anteriores que si se presentase algo tal que a la vez sea y no sea ese tal debe encontrarse en el medio entre lo que es pura-mente y lo que no es completamente y que sobre el cual no habriacutea ni conocimiento ni ignorancia sino lo que a su vez se hubiese presentado como estando entre la ignorancia y el saber - Correctamente (Trad G Goacutemez Lasa) 45 Rep V 479d ldquogiran en torbellino en medio de lo que no es y de lo que es pura-menterdquo (Trad G Goacutemez Lasa)

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Parece entonces decisivo para Platoacuten fundar las condiciones que le han de permitir hacer discursos vaacutelidos mdashal interior de los principios de su pro-pia filosofiacuteamdash acerca de lo sensible Ellos incluyen los discursos acerca del orden poliacutetico que en su maacutes alta dimensioacuten se combinan nada menos que con la filosofiacutea Asiacute al establecer el aacutembito de verdad que los fenoacutemenos del mundo pueden alcanzar se intenta hacer manifiestas las relaciones de estos con la realidad ideal Es el modo de conectarlos con la teoriacutea y darles el caraacutec-ter cientiacutefico que ellos requieren Se deja asiacute circunscrito tambieacuten el liacutemite de independencia que los sucesos del mundo poseen capacitaacutendolos de esa ma-nera como objetos vaacutelidos para un tratamiento propio de una ciencia poliacutetica Es verdad que en cuanto que objetos los podemos considerar como poseyen-do un grado limitado pero pueden alcanzar ciertamente un grado especiacutefico de autonomiacutea

En esa situacioacuten la poliacutetica de la Repuacuteblica y la cosmo-poliacutetica y las

ciencias en general del Timeo estaacuten en referencia a una doctrina de la ima-gen concebida en correlacioacuten y dependencia con la teoriacutea de las Ideas La filo-sofiacutea de Platoacuten no versa simplemente sobre las realidades inteligibles El filoacute-sofo mantendraacute siempre un intereacutes profundo sobre el devenir poliacutetico en toda su vasta dimensioacuten Ahora bien eacutel supone que toda doctrina acerca del mun-do (poliacutetico) debe estar en conexioacuten con la teoriacutea ideal si aquella quiere con-servar su relacioacuten con el ser y lo real

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VIII Un esfuerzo por salvar los fenoacutemenos del universo social

Asiacute como Platoacuten intenta salvar la ciudad mediante un modelo ideal del mismo modo emprende la tarea de salvar al interior de su filosofiacutea los fenoacute-menos del cosmos Porque los temas de la polis y el cosmos estaacuten para eacutel cla-ramente conectados Es evidente que la teoriacutea de las Ideas le abriacutea la perspec-tiva de un ambicioso proyecto de proporciones universales y la posibilidad de hacer efectivos un conjunto de relatos cientiacuteficos acerca del mundo En esa perspectiva se ha visto en Platoacuten al fundador de una de las dos principales tradiciones de la investigacioacuten astronoacutemica Se habla en efecto de una tradi-cioacuten realista representada normalmente en su origen por Aristoacuteteles y una de orden formal claramente personificada por Platoacuten

Conforme a esta liacutenea formalista se consideraba que los diversos mode-

los geomeacutetricos de los movimientos planetarios propios de la arquitectura del universo eran recursos matemaacuteticos de tipo teoacuterico que no apuntaban propiamente a la realidad misma del universo Ellos maacutes bien describiacutean los fenoacutemenos de tal modo que era posible salvar sus apariencias En otras pala-bras los discursos platoacutenicos acerca del mundo estaban concebidos como re-presentaciones de modelos mdashque en casos como los descritos en el Timeo eran modelos geomeacutetricosmdash que haciacutean posible calcular es decir salvar los diver-sos fenoacutemenos del cielo

Recurro aquiacute a una obra de importancia para lo que aquiacute se analiza a

saber ΣΩΖΕΙΝ ΤΑ ΦΑΙΝΟΜΕΝΑ Essaie sur la notion de theacuteorie physique de Platon agrave Galileacutee de Pierre Duhem46 Se hace en ella referencia en primer lugar al Comentario de Simplicio47 en el que se muestra a Platoacuten preguntando a los matemaacuteticos cuaacuteles seriacutean los movimientos circulares uniformes y perfecta-mente regulares que deberiacutean admitirse como hipoacutetesis de modo que pudie-

46 Fue publicado primeramente en forma de cinco artiacuteculos en los Annales de philo-sophie chreacutetienne en 1908 Ante la imposibilidad de acudir al texto original he utili-zado la versioacuten inglesa bajo el tiacutetulo To Save the Phenomena An Essay on th Idea of Physical Theory from Plato to Galileo con Introduccioacuten de Stanley L Jaki Chicago 1969 47 Simplicio In Aristotelis quatuor libros de Coelo commentaria 2 43 46

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se ser posible salvar las apariencias presentadas por los planetas En referen-cia a este problema planteado P Duhem comenta ldquoel objeto de la astronomiacutea es definido aquiacute con la mayor claridad la astronomiacutea es la ciencia que combi-na de tal modo los movimientos circulares y uniformes que produce un mo-vimiento resultante semejante al de las estrellas Cuando sus construcciones geomeacutetricas han asignado a cada planeta una trayectoria que se ajusta a su trayectoria visible la astronomiacutea ha alcanzado su objetivo porque entonces sus hipoacutetesis han salvado las apariencias48 Y poniendo eacutenfasis en este punto sentildeala que el astroacutenomo se declara totalmente satisfecho cuando las hipoacutetesis que eacutel ha forjado logran salvar las apariencias Este seriacutea el meacutetodo del astroacutenomo

Aristoacuteteles por su parte concibe lo que se ha convenido en llamar el meacute-

todo del fiacutesico Eacutel piensa que el objeto de estudio de geoacutemetras y fiacutesicos es fre-cuentemente el mismo ldquopero que consideran el objeto desde diferentes pun-tos de vistardquo49 En esas circunstancias el geoacutemetra puede ver una figura par-ticular en forma abstracta mientras que el fiacutesico estudia sus objetos seguacuten afirma el autor ldquocomo el liacutemite de tal o cual cuerpo el movimiento de tal o cual cosa moacutevilrdquo50 Aristoacuteteles conociacutea el meacutetodo del astroacutenomo perfectamen-te este habiacutea sido seguido entre otros por Eudoxo conforme a lo definido por Platoacuten Aristoacuteteles en cambio exigiacutea diversos requisitos en la materia a saber que el universo fuera una esfera que las esferas celestes fueran soacutelidas que cada una de ellas tuviera un movimiento circular y uniforme alrededor del centro del mundo que este centro fuera ocupado por la tierra que era inmoacutevil51

Estas condiciones limitantes fueron establecidas por Aristoacuteteles sin em-

bargo no con el fin de salvar las apariencias que registraban quienes obser-vaban estos fenoacutemenos sino seguacuten piensa Duhem debido a que conforme al Estagirita solo estas condiciones eran compatibles con la perfeccioacuten del mate-

48 P Duhem op cit p 6 49 ibid p 6 50 ibid p 6 51 ibid p 7

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rial propio de los cielos y con la naturaleza del movimiento circular52 Eran por consiguiente una suerte de a priori obtenidos de la especulacioacuten filosoacutefica pura los que a su vez se proyectaban hacia los fenoacutemenos como condiciones previas para el conocimiento e interpretacioacuten de estos

Ahora bien el anaacutelisis realizado aquiacute acerca de los planteamientos de

las posiciones lideradas por los dos filoacutesofos griegos nos ilustran con clari-dad sobre la posicioacuten maacutes especiacutefica de Platoacuten con respecto a nuestra capaci-dad de conocimiento de las realidades del mundo sensible Nos encontramos en efecto ante los fenoacutemenos mdashsean ellos celestes o humanosmdash como se en-cuentra el astroacutenomo ante la descripcioacuten de sus propios objetos es decir en posicioacuten de proponer hipoacutetesis que salven las apariencias de esos fenoacutemenos Los espectaacuteculos celestes o los variados acontecimientos del mundo por consi-guiente pueden alcanzar una explicacioacuten de caraacutecter epistemoloacutegico en cuan-to que aproximaciones a la verdad de los objetos sensibles

En esto Platoacuten pareciacutea estar maacutes cerca de un tratamiento cientiacutefico La

verdadera explicacioacuten de la apariencia del mundo mdashque en todo caso tiene para Platoacuten la categoriacutea de explicacioacuten verosiacutemilmdash se obtiene mediante la conexioacuten con la teoriacutea ideal que conduce a fundamentar la existencia del de-venir en la realidad del ser De ese modo la doctrina de la imagen que viene asociada al concepto de opinioacuten verdadera conduce a una descripcioacuten del universo basada en semejanzas y analogiacuteas mdashcomo las del Sol la Liacutenea o la Cavernamdash o en trazados de orden geomeacutetrico y matemaacutetico como las figuras lineales del Timeo Podemos decir entonces que estas analogiacuteas son el resul-

52 P Duhem concluye que ldquomientras Eudoxo y Calipo empleando el meacutetodo del astroacutenomo controlaron sus hipoacutetesis examinando si ellas salvaban o no las aparien-cias Aristoacuteteles quiere gobernar la eleccioacuten de esas hipoacutetesis mediante proposicio-nes que ciertas especulaciones acerca de la naturaleza de los cuerpos celestes han justificadordquo ibid p 7 S L Jaki en su introduccioacuten al libro que comento explica que los ciacuterculos homoceacutentricos los epiciclos etc ldquoson maacutes bien modelos geomeacutetricos que facilitan los caacutelculos necesarios para encontrar la posicioacuten de los planetas en un momento dado Por otra parte continuacutea la interpretacioacuten realista de la teoriacutea astro-noacutemica asignaba realidad fiacutesica a esos modelos geomeacutetricos (op cit p XX) El mismo Duhem habiacutea afirmado que ldquoellos (refirieacutendose a la posicioacuten llamada realis-ta) rechazaban toda teoriacutea que los confinaba a una descripcioacuten puramente geomeacutetri-ca de los orbes planetariosrdquo (p 14)

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tado de un modo de ver el mundo que busca explicar la configuracioacuten del universo celeste mediante hipoacutetesis con las que se intenta en lo posible ldquosal-varrdquo las apariencias del cosmos y de los fenoacutemenos humanos

Al unir en este anaacutelisis la cosmologiacutea con la poliacutetica intento mostrar que

es posible mdashal interior de la filosofiacutea platoacutenicamdash efectuar un mismo trata-miento cientiacutefico de los objetos de ambas disciplinas porque estos objetos constituyen en uacuteltimo teacutermino un campo de significacioacuten unitaria llamado generacioacuten o devenir Una ciencia poliacutetica es en este contexto un sistema ideado para ldquosalvarrdquo los fenoacutemenos del acontecer ciacutevico de una manera anaacuteloga a la del astroacutenomo que piensa y utiliza un meacutetodo de procedimiento de tipo formal no realista en su investigacioacuten epistemoloacutegica De ahiacute que por su parte la filosofiacutea de la ciencia es llamada en diversos lugares del Timeo un discurso verosiacutemil e incluso un mythos en posesioacuten de de caraacutecter verosiacute-mil

De aquiacute entonces que en la ciencia poliacutetica platoacutenica hay principios que

permanecen praacutecticamente invariables a traveacutes de los diversos tratamientos de sus diaacutelogos Son contenidos de una ciencia que no habriacutea fundamental-mente de variar aunque indudablemente las propuestas concretas siacute variaron de diaacutelogo en diaacutelogo de un modo que a veces hace difiacutecil concebir lo que acabo de afirmar acerca de su permanencia Pero hay ciertamente un tema constantemente sostenido que el poder poliacutetico deberiacutea estar en manos de los que saben los poseedores de una cierta ciencia El conocimiento de objetos superiores de saber por parte de estos les da acceso legiacutetimo al manejo de la soberaniacutea en el Estado Ese saber soberano es el que corresponde a la Idea del Bien y a las Ideas inteligibles en la Repuacuteblica En otras palabras es el arte real que dirige la urdimbre del Estado Este es el ldquoque logrardquo por su medio ldquoel maacutes espleacutendido y magniacutefico de todos los tejidosrdquo (311c) que se discute en el Poliacutetico Es la ciencia del orden del mundo de las Leyes personificada en el Alma coacutesmica y manifestada en la polis mediante el consejo nocturno de sa-bios En el Epiacutenomis maacutes especiacuteficamente es la ciencia del nuacutemero inmanen-te a la divina configuracioacuten de ese cosmos En ello habraacute de consistir la filoso-

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fiacutea y esos habraacuten de ser sus contenidos centrales por cuyo conocimiento el sabio se hace sabio y merece en justicia gobernar

De ese modo los sabios es decir los philoacutesophoi rigen ciudades cuyo en-

tramado visible puede cambiar en conformidad con las coyunturas variables de los procesos ciacutevicos destinados a ser salvados por ellos La ciencia de la polis se presenta asiacute abarcando un conjunto de realidades permanentes que se armoniza con situaciones sujetas a opinioacuten Estas realidades son Idea y de-venir unidos en la buacutesqueda de una propuesta de orden poliacutetico Inteligibili-dad e imagen forman por decirlo asiacute un conjunto astronoacutemico visible que actuacutea en forma coordinada como la tierra y la luna en torno al sol La funcioacuten del filoacutesofo gobernante consiste fundamentalmente en concebir estructuras que fortalezcan el Estado y salven los objetivos superiores del hombre sobre la tierra

Ese objetivo superior es en primer lugar la felicidad como eudaimoniacutea

un ldquobien-estarrdquo Una finalidad que es posible mediante la instauracioacuten en la sociedad y en el individuo de las virtudes cardinales en especial de la justi-cia Se orienta asiacute el camino del hombre desde la contingencia sensible de la imagen de este mundo hasta la comprensioacuten del ser inteligible que es el ca-mino de la Caverna Estas acciones de orden y estabilidad inteligibles para la ciudad proporcionan legitimidad al gobierno del filoacutesofo que se constituye en productor de espacios de flujos de plenitud espiritual para los habitantes de la ciudad Es su modo de preservar ese universo ciacutevico manifestado en constituciones poliacuteticas formas de gobierno conductas ciacutevicas repuacuteblicas estados (que son los sentidos maacutes cercanos aquiacute al concepto de πολιτεία) Asiacute es tam-bieacuten cοmo se da la oportunidad de constituir al sabio en su papel de sancio-nador de un orden institucional

IX El gobierno de los sabios En conformidad con los anaacutelisis presentados hasta aquiacute la filosofiacutea de

Platoacuten entonces busca la preservacioacuten de la repuacuteblica mediante la figura del sabio gobernante Alguien debe preservar en el Estado liacuteneas de comunica-

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cioacuten efectivas entre la regioacuten del devenir sensible y la regioacuten inteligible En lo que respecta al porvenir del hombre su principal tarea consiste en consolidar la obtencioacuten de la felicidad cuya presencia en este mundo supone una inter-accioacuten profunda entre el individuo y la sociedad La felicidad personal de los individuos pasa a traveacutes del tejido social en cuya trama las naturalezas de los hombres adquieren la dimensioacuten ciacutevica que precisan para alcanzar una verdadera plenitud personal El filoacutesofo gobernante con la introduccioacuten del paradigma ideal en una coyuntura social determinada se propone salvar el fenoacutemeno ciacutevico de la ruina que a cada momento lo acecha Mediante su pro-puesta poliacutetica mdashque hemos visto variar en los diversos diaacutelogosmdash el sabio de Platoacuten propone descripciones cientiacuteficas dotadas de racionalidad de la ciudad que le incumbe como entidad gobernable

Estas descripciones mdashque son a su vez ldquodiscursosrdquo poliacuteticos explicati-

vosmdash se constituyen en verdaderas propuestas formales destinadas a crear y preservar la existencia de la polis mediante una reforma profunda de sus insti-tuciones La Repuacuteblica el Poliacutetico las Leyes representan lo maacutes importante de esas propuestas En consecuencia cada nueva ciudad de Platoacuten se fundamen-ta en una ciencia la filosofiacutea un meacutetodo geneacutericamente comprensivo la dia-leacutectica y su objetivo praacutectico consiste en proyectar sobre el devenir ciacutevico la imagen de una trama sensible buena y justa destinada a preservar del caos y la disolucioacuten a las entidades poliacuteticas Ahora bien el fundamento de esa pro-puesta en la Repuacuteblica estaba en una suerte de identificacioacuten de la filosofiacutea y el poder poliacutetico del modo como se ha estado aquiacute discutiendo y la principal consecuencia de esto significaba el establecimiento de gobernantes filoacutesofos en la ciudad

He aquiacute en liacuteneas generales el designio de la voluntad especulativa de

Platoacuten en la Repuacuteblica quien con estas audaces propuestas veniacutea en conse-cuencia a culminar un proyecto mantenido con singular energiacutea y volunta-riosa persistencia a traveacutes de parte importante de su produccioacuten filosoacutefica media y tardiacutea Se trataba en uacuteltimo teacutermino de definir al sabio al amante de la sabiduriacutea de modo que su proposicioacuten deciacutea que la teoriacutea y la accioacuten de-beriacutean coincidiacuter en la praacutectica en un tipo singular de ser humano En eacutel se ex-

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presaba la identificacioacuten de la filosofiacutea con el poder poliacutetico como instrumen-to mediador privilegiado

Habiacutea que traer a la luz ese modelo de hombre hasta ese entonces histoacute-

ricamente inexistente por medio de una educacioacuten cuyos contenidos eran precisamente la ciencia que comportaba este conocimiento superior Urgiacutea en consecuencia el saber discernir los caracteres apropiados para tal empresa y el concertar los planes de estudios que les fueran propios Lo principal ya ha-biacutea sido encontrado eran los objetos maacutes verdaderos de la mente que con-templa la realidad Esta ciencia superior debiacutea producir en los joacutevenes asiacute educados el giro decisivo que habriacutea de mudar sus almas y junto con ellos transformar el alma entera de la ciudad

X La Idea del Bien Cuando luego del largo itinerario dialoacutegico que nos ha conducido a tra-

veacutes de los primeros seis libros de la Repuacuteblica arribamos a las explicaciones de Platoacuten acerca del Bien en especial a partir de VI 502c no queda duda que estamos alcanzando a un cliacutemax cuyo desenlace nos es auacuten desconocido Este recorrido y cierto sentimiento de expectacioacuten me recuerdan las sutiles evolu-ciones musicales que preceden por largos compases a la aparicioacuten triunfal de la voz humana en la novena sinfoniacutea de Beethoven Las frases de violonce-los y contrabajos parecen por siacute solos hablar en un recitativo musical sin voz articulada de hombre hasta que como inducida por la magia de una evolu-cioacuten que alcanza su plenitud espiritual irrumpe sin contrapeso desde la ma-dera la presencia magniacutefica de una y luego de muchas voces humanas Solo alliacute se entiende queacute significado ha tenido todo lo que le ha precedido y a su vez se tiene al menos un presentimiento de lo que ha de venir De un modo anaacutelogo creo podemos representar a la Idea del Bien como el sustento tonal de toda la obra que ha de alcanzar su cima en la alegoriacutea de la Caverna53

53 Paul Friedlaumlnder en Plato an Introduction New York 1958 pg 62 habla del ldquopo-der inolvidablerdquo de estas paacuteginas escritas ldquoen el corazoacuten mismo de la Repuacuteblicardquo

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Pero volvamos a los primeros compases Platoacuten se ha preguntado coacutemo es que la ciudad debe practicar la filosofiacutea si no quiere perecer (VI 497d) ya que la mayoriacutea de los que actualmente se consagran a ella mdashy pasan por ser consumados filoacutesofosmdash se apagan muy prontamente como soles de Heraacuteclito Los pocos filoacutesofos no son considerados malos pero siacute inuacutetiles ldquoPracticarrdquo (μεταχειρίζειν 497d) sentildeala por su parte directamente la prosecucioacuten de un estudio el seguimiento que proporciona finalmente la adquisicioacuten de una disciplina o un arte De ahiacute que esta ldquopraacutecticardquo estaacute orientada a establecer en la ciudad las ensentildeanzas y los ejercicios necesarios para una educacioacuten de los futuros filoacutesofos gobernantes Nos hallamos de nuevo ante un esfuerzo por equilibrar la teoriacutea (con sus matheacutemata ldquoensentildeanzas estudios conocimien-tosrdquo) y la accioacuten (con sus epitedeacuteumata ldquoejercicios praacutecticas reglas de conduc-tardquo) El objetivo es crear los fundamentos de una educacioacuten para los guardia-nes de la ciudad Es una suerte de gimnasia propia de la filosofiacutea

Es preciso en consecuencia ratificar la audaz pretencioacuten de que los

guardianes perfectos no podraacuten ser sino filoacutesofos (VI 503b) y que el guar-diaacuten gobernante debe dominar ciertos ldquoestudiosrdquo considerados los ldquomaacutes al-tosrdquo54 Por aquiacute nos hallamos en la viacutea que conduce directamente al Bien puesto que se dice la Idea del Bien es el objeto de la ensentildeanza maacutes alta y que ldquoes por ella que la justicia y las demaacutes virtudes alcanzan su utilidad y sus be-neficiosrdquo (VI 505a) Es decir la Idea del Bien en primer lugar es presentada como la culminacioacuten de un proceso de ensentildeanza porque ella es el objeto superior El Bien es el objeto uacuteltimo de la paideia en su plenitud y sentildeala la perfeccioacuten de la teoriacutea en vistas de la accioacuten En la Idea del Bien culmina la ciencia que proporciona eficacia al saber virtuoso el que se hace ldquoutil y bene-ficiosordquo mediante la ciencia superior de la Idea de Bien55

Un aspecto importante entonces del Bien se completa cuando guardia-

nes que conocen la disciplina de esta Idea superior se transforman en vigilan-

54 Rep VI 503e τὰ μέγιστα μαθήματα 55 Auguste Diegraves habiacutea dicho ldquoLe programme deacuteducation des gouvernants est un programme dascension continue vers le Bienrdquo (Platon Oeuvres complegravetes LaReacutepubli-que Introduction pg LXIV Les Belles Lettres Paris 1965 (1932)

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tes de la repuacuteblica56 Este saber acerca del Bien tiene por consiguiente ade-maacutes de la transformacioacuten personal claras consecuencias de orden poliacutetico La Idea del Bien es no hay que olvidarlo la piedra angular sobre la que se edifi-ca la constitucioacuten platoacutenica y la realidad ejemplar de la que penden todos los esfuerzos por hacerla realidad

Resta por ver ahora queacute es la Idea del Bien en siacute es decir del Bien

ldquomismordquo (VI 506d-e)57 Mas resulta no ser posible al parecer saber propia-mente queacute es el Bien no por una incapacidad total del pensamiento para pen-sarlo o de nuestra palabra para hablarlo sino por el impulso mismo del es-fuerzo discursivo en que Platoacuten se encuentra por el momento comprometi-do58 La prueba es que algo diraacute de lo que es el Bien en siacute aunque luego de haber preparado cuidadosamente nuestro aacutenimo y nuestras expectativas pa-ra lograr satisfacernos finalmente con una escasa informacioacuten Al presente es la alegoriacutea la que manda y se hablaraacute todaviacutea no del padre sino de ldquolo que parece ser tanto un hijo del bien como su semejanza maacuteximardquo (VI 506e) el Sol Los cuatro factores relevantes en el mundo visible son el Sol su luz el ojo y su visioacuten La regioacuten inteligible es el mundo del entendimiento y de los ob-jetos de verdad ideales ambos iluminados por el Bien59 Nuestro texto ade-maacutes da a entender que los objetos de la regioacuten inteligible son iluminados ldquopor la verdad y el serrdquo (ἀλήθεια τε καὶ τὸ ὄν 508d) a diferencia de una re-gioacuten de la opinioacuten de objetos sensibles

Indudablemente que las liacuteneas cruciales referentes a nuestro tema se ex-

tienden entre el 508e1-509b10 del libro VI La correspondencia de semejanza (analogia) que dominaba hasta aquiacute el discurso ha consistido en desplegar en toda su riqueza la metaacutefora del hijo el Sol y su regioacuten visible Ahora en cam-bio en las liacuteneas a que aludo se lleva a cabo una transposicioacuten en que el analogado principal a saber el Bien es descrito en los mismos teacuterminos que

56 Rep VI 506b se utiliza el verbo episkopein ldquovigilar observarrdquo 57 αὐτὸ μὲν τί ποτ᾽ἐστὶ τ᾽ἀγαθὸν ἐάσωμεν τὸ νῦν εἶναι 58 El teacutermino que aquiacute se utiliza es hormeacute (ὁρμή) ldquoimpulso esfuerzo punto inicialrdquo 59 Ilustrando esta analogiacutea J Raven en Platos Thought in the Making Cambridge 1965 pg 137 dice ldquoJust as therefore the sun is the source of light so the Idea of the Good is the source of truthrdquo

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su imagen con la salvedad de que cada elemento de significacioacuten de la metaacute-fora visible (el Sol la luz el ojo y la visioacuten) se traspone cada vez en un ele-mento de significacioacuten inteligible (la Idea del Bien la verdad el alma y la in-teligencia) Se ha partido de la imagen para luego remontarse al original pe-ro se ha hecho depender la explicacioacuten del prototipo de su semejanza infe-rior

De ahiacute quizaacutes la dificultad de ver en esta descripcioacuten del Bien una ver-

dadera explicacioacuten ya que el mismo Platoacuten prefiere enmarcar en una frase que pende en sus inicios de un ldquodirdquo (φάθι) luego de un ldquoconciberdquo (διανοοῦ) y finalmente de un ldquojuzgaraacutesrdquo (ἡγήσῃ) sus primeros asertos acer-ca del Bien Evidentemente que este es un modo de decir lsquono tengo pruebas propiamente que dar para demostrar mi aserto (y por favor no busquen maacutes falacias de las necesarias en mis explicaciones) por lo que aceacuteptalo como un postulado admisible que se necesitariacutea mucha labor y extensioacuten de ser nece-saria una demostracioacuten y tal vez no hay prueba alguna que darrsquo

Por mi parte he vertido la oracioacuten de la siguiente manera ldquomdashdi por tanto que aquello que comunica la verdad a los objetos conocibles y

que da la facultad al que conoce es la idea del bien y conciacutebela en cuanto que objeto del conocimiento puesto que es ella la causa de la ciencia y de la verdad y asiacute por muy hermosos que sean ambos el conocimiento y la verdad juzgaraacutes rectamente si consideras a aquello distinto e incluso maacutes bello que estos y como en este mundo es correcto suponer que la luz y la visioacuten son semejantes al sol pero que es errado con-siderar que son el sol del mismo modo en aquel mundo es correcto suponer que la ciencia y la verdad son uno y otro semejantes al bien pero es errado el considerar que una y otra son el bien sino que debe estimarse que la condicioacuten del bien es in-cluso mayorrdquo (R VI 508e1-509a5)

Podemos darle entonces a estas afirmaciones el caraacutecter de una presen-tacioacuten doctrinaria de la teoriacutea platoacutenica acerca del Bien no hay al parecer intento alguno de establecer una prueba mediante procedimientos loacutegicos si bien estaacuten latentes los principios metafiacutesicos que le han llevado ya a postular

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no solo la existencia de Ideas inteligibles sino tambieacuten la coordinacioacuten de estas en torno a un principio unificador

En el paacuterrafo de Platoacuten que se acaba de presentar se establece claramen-

te que la Idea del Bien proporciona esto es comunica (ἀποδιδὸν) la verdad a los objetos del conocimiento y el poder de conocer al espiacuteritu que conoce Se dice ademaacutes que ella es la causa de la ciencia y que es el saber superior Se afirma tambien que por ser ella es causa de ese saber es en cierta medida cognoscible pues se la conoce en los objetivos uacuteltimos de bondad que hay en la ciencia y en la verdad60 Pero ella es diferente ya que es otra cosa y maacutes bella que la ciencia y la verdad y por consiguiente que toda otra realidad inteligi-ble Junto a todas esas afirmaciones cargadas de importancia filosoacutefica se afirma que como en el caso del Sol es correcto suponer que ella es semejante a la ciencia la verdad y la inteligencia y que es diferente (como puede serlo comparativamente el Sol) de todas ellas porque la condicioacuten permanente de la Idea del Bien es mayor que las demaacutes realidades

No es poco lo que se nos dice de esta Idea del Bien siendo nosotros tal

vez los que en una primera lectura quedamos con una sensacioacuten de haber entendido poco de su relevancia Algo se nos dice entonces en resumidas cuentas en queacute consiste la Idea del Bien Porque ella cuanto es causa es ori-gen fuente de inteligibilidad de los objetos ideales es decir es causa de la Ideas las que son tambieacuten lo que llamamos la verdad El conocimiento quede ella podemos tener es el origen en nosotros de toda ciencia y saber inteligible El hecho de ser el Bien semejante a esos objetos inteligibles nos abre la posibi-lidad de acceder a esta Idea suprema pero por ser diferente y mayor que es-

60 Esta afirmacioacuten es vaacutelida aquiacute solo si he interpretado bien el difiacutecil pasaje ὡς γιγνωσκομένης μὲν διανοοῦ ldquoconciacutebela en cuanto que se la conocerdquo Se conoce a la Idea del Bien se diriacutea en esta caso en cuanto conocemos el aspecto de bien que la ciencia y la verdad poseen P Shorey mdashPlato The Republic vol II pg 105 traduce ldquoyou must say is the idea of good and you must conceive it as being the cause of knowledge and of truth in so far as knownrdquo La nota explicativa (op cit pg 104 n b me puso en la pista de una posible solucioacuten Dice ldquoWe really understand and know anything only when we apprehend its purpose the aspect of the good that its revealsrdquo

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tos objetos se nos sugiere que posee una su trascendencia que queda auacuten sin explicar61

En un segundo y decisivo par de breves paacuterrafos cargados de significa-

cioacuten (VI 509b 2-10) Platoacuten culmina su descripcioacuten del siacutemil del Sol y su ex-plicacioacuten de la idea del Bien Comienza diciendo por boca de Soacutecrates

ldquomdashSupongo que tuacute reconoceraacutes que el Sol proporciona a los objetos visibles no solo

la facultad de ser vistos sino tambieacuten la generacioacuten el crecimiento y la alimentacioacuten aunque no es eacutel mismo generacioacuten

mdashiquestCoacutemo podriacutea serlo mdashPues bien del mismo modo has de decir que los objetos de conocimiento no solo reciben de la cercaniacutea del bien el ser conocidos sino tambieacuten que de aquel se deriva hacia ellos el ser y la esencia aunque el bien no es una esencia sino que estaacute incluso maacutes allaacute de la esencia en dignidad y poderrdquo

Se utiliza de nuevo el meacutetodo comparativo que a partir de la imagen

del Sol infiere mediante una transposicioacuten como hacia arriba las caracteriacutesti-cas de la idea del Bien La comparacioacuten se sostiene baacutesicamente en la interre-lacioacuten entre la facultad de ser visto y la facultad de ser conocido por una par-te y en la generacioacuten y la esencia por otra Dos modos de comprender y dos calidades de existencia Ahora bien no es faacutecil distinguir entre ldquoel serrdquo (τὸ εἶναι) y ldquola esenciardquo (τὴν οὐσίαν) si bien dos hermeneutas dignos de creacutedito en el siglo XX A Diegraves y P Shorey interpretan to einai como ldquoexistenciardquo y ousiacutea como ldquoesenciardquo

En cuanto a esencia estoy de acuerdo suponiendo que por esencia se es-

taacute sentildealando modos de ser y por tanto se expresan asiacute las diversidades pre-sentes en el plano inteligible (nos encontramos por ejemplo con Ideas dife-rentes unas de otras) Pero en cuanto a ldquoexistirrdquo dudo en aceptar pues la ge-neracioacuten tambieacuten existe con la diferencia que uno es el existir de la genera-

61 A Diegraves (Autour de Platon Paris 1972 lt1926gt pg 486) en un momento de su anaacuteli-sis califica a la Idea del Bien como ldquoun centre dattraction et par cela mecircme un cen-tre doriginerdquo

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cioacuten y otro el existir de la esencia Nos hallamos ante dos calidades de exis-tencia Si queremos distinguir tendriacuteamos tal vez que decir que las cosas del mundo visible existen y las del mundo inteligible son Por ello prefiero pen-sar que Platoacuten habla del ser que es el modo propio de existir de las cosas in-teligibles

Llegamos finalmente a la muy debatida afirmacioacuten de que la Idea del

Bien que en una versioacuten alternativa dice que esta Idea ldquono es una esencia sino que se encuentra incluso superando la esencia en dignidad y poderrdquo No seacute si los estudiosos se han preguntado alguna vez porqueacute no se dijo lsquono es ni ser ni esenciarsquo y solo se dice que la Idea del Bien lsquono es esenciarsquo Yo supongo que esto sucede porque la Idea del Bien tiene efectivamente una calidad de existencia que es propia de su ldquocondicioacutenrdquo o ldquonaturalezardquo (hexis) Esta hexis de Bien es asimismo concebida como ldquoincluso mayorrdquo que el resto de los inteligibles Si por tanto es Idea posee tambieacuten alguacuten tipo de existencia cu-ya calidad se funda en su condicioacuten propia superior62 De este modo la Idea del Bien existencia suprema proporciona a la verdad su existencia inteligible sin dejar a su vez aquella de existir en una condicioacuten que es considerada ldquoin-cluso mayorrdquo Pero es claro que tal Idea superior no puede ser esencia (ousiacutea ) si entendemos por ello la calidad de existencia necesariamente diversificada de la verdad inteligible es decir de los objetos de verdad de la regioacuten inteli-gible que son las Ideas

Ellas en efecto conforman a la vez un todo diversificado y una diver-

sidad totalizada cualidad que reciben de aquello que es ldquoincluso mayorrdquo En otras palabras las Ideas son el Ser en cuanto es unidad y diversidad y en cuanto platoacutenicamente es concebido como inteligible En esta perspectiva las Ideas estaacuten en situacioacuten de coordinacioacuten por el hecho de depender del origen iquestEn queacute estaacute ese ldquogrado maacutes altordquo (μειζόνως adverbio que hemos traducido tambieacuten como ldquomayorrdquo) de la Idea del Bien En que ldquono es esen-

62 A Diegraves (Platon La Reacutepublique vol I Introduction pg LXIII) sentildeala un punto im-portante cuando dice Tambieacuten el Bien es llamado aquiacute mismo aquello que hay de maacutes esplendoroso en el ser (518 c 532 ) aquello que hay de maacutes dichoso en el ser (526 e) aquello que hay de maacutes excelente entre los seres (532 c)

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ciardquo digo es decir en su ausencia de diversificacioacuten en otras palabras en su unidad Ella es la fuente originaria de cuya simplicidad absoluta deriva toda otra existencia inteligible

Con la frase ldquogrado maacutes altordquo (509a 4) hace juego otra expresioacuten de or-

den espacial ldquomaacutes allaacute a mayor distanciardquo (epeacutekeina 509b 9) Ambos teacuterminos revelan de alguacuten modo la distincioacuten existente entre la Idea del Bien y las Ideas inteligibles en general La expresioacuten ldquoestaacute incluso maacutes allaacute de la esen-ciardquo define maacutes claramente la concepcioacuten que tiene Platoacuten de una realidad que existe en forma absoluta es decir liberada absuelta de toda otra condi-cioacuten Es algo que al mismo tiempo estaacute de alguacuten modo al interior de una tota-lidad de lo real de la que ella la Idea del Bien es la cima De ahiacute que tenga sentido decir que ldquola idea maacutes alta de Platoacuten no extingue al ser sino que estaacute por decirlo asi al interior de la cadena del serrdquo63

Se dice finalmente que la Idea del Bien trasciende la esencia ldquoen digni-

dad y poderrdquo (πρεσβείᾳ καὶ δυνάμει) Esa ldquodignidadrdquo es aquiacute en especial el rango que el Bien posee que es el maacutes alto y sugiere al mismo tiempo la idea de una continuidad entre este que es el primero y sus criaturas inteligibles que vienen despueacutes de eacutel El ldquopoderrdquo del que se habla por otra parte y en analogiacutea con el Sol es en primer lugar la capacidad ya establecida del Bien de dar inteligibilidad y existencia a las realidades ideales No hay poder mayor en esta repuacuteblica que el de la Idea del Bien Ese poder es evidentemente meta-fiacutesico pero este rango y poder superior del Bien es al mismo tiempo sentildeal de por queacute la Idea del Bien es el origen y la razoacuten de ser de la politeia platoacutenica64

63 Paul Friedlaumlnder Plato an Introduction New York 1958 pg 77 ldquoPlatos highest idea does not extinguish being but is as it were within the chain of being only it is so far above everything else that paradoxically it may be called beyond being though still beyond being It is reached not through lonely introspection violents leaps and submergence in darkness but through a path by which knowledge grasps the natu-re of being Without arithmetic geometry astronomy musical theory without the discipline of philosophical dialectics the goal cannot be approached mdashalthough once in view words and concepts are no longer adequaterdquo 64 A Diegraves Platon La Reacutepublique vol I Introduction pg LXIV recuerda la estrecha relacioacuten entre la educacioacuten de los gobernantes y el conocimiento del Bien en la Re-puacuteblica ldquoEl programa de educacioacuten de los gobernantes dice es un programa de ascensioacuten continua hacia el Bienrdquo

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Aquellos que adquieran este objeto supremo mediante la maacutes alta ensentildeanza es decir los filoacutesofos guardianes de la ciudad estaraacuten precisamente en pose-sioacuten de la dignidad y el poder supremo en la ciudad La fuente de la sobera-niacutea por la que el filoacutesofo gobernante ejerce la dynamis politikḗ estaacute en la Idea del Bien y los filoacutesofos legitiman su gobierno justamente en este Bien absolu-to y en la posesioacuten que tienen de eacutel mediante aquella ensentildeanza65

XI iquestEs la Idea del Bien identificable con la divinidad Platoacuten ha decidido como recordaacutebamos abandonar por ahora una

explicacioacuten de lo Bueno en siacute (τἀγαθὸν VI 506 e 1) para hablar de la imagen del Sol Ahora bien lo primero que se dice de eacutel es que entre los dioses del cielo podemos considerarlo el sentildeor (κύριον) de la luz De esa manera por la operacioacuten de esta como el tercer elemento el Sol es responsable de la reali-zacioacuten del acto de la visioacuten pues la luz hace posible mdashseguacuten Platoacuten a dife-rencia de otros actos sensoriales que no poseen tal mediomdash la unioacuten entre el sentido de la vista y los objetos de la visioacuten o mejor dicho entre la ldquovisioacutenrdquo (ὄψις) y lo ldquovisiblerdquo (τὸ ὁρατόν)66 El Sol no es el medio entre estos dos lo es la luz pero se le considera el responsable de la realizacioacuten uacuteltima de la ac-cioacuten por ser el ldquosentildeorrdquo de ella67 Tenemos pues una primera sentildeal el Sol es un dios de los que existen ldquoen el cielordquo el que dispensa el ldquopoderrdquo (δύναμιν 508b) que ejerce mediante la visioacuten el ldquoojordquo (ὄμμα) mdashel ldquomaacutes semejante al

65 ldquoLa dyvnamis politikeacute en las democracias estaacute en el pueblo en las oligarquiacuteas en los ldquopocosrdquo (holigoi) para Platoacuten estaacute en aquellos que poseen una ciencia particular que los hace philoacutesophoi Ese ldquosolo cambiordquo por tanto es absolutamente trascenden-tal y nos da la clave para entender los verdadero objetivos de su ciudad ideal Se trata en resumidas cuentas de un reordenamiento del Estado a traveacutes del estable-cimiento de una nueva soberaniacuteardquo (J O Velaacutesquez ldquoPlatoacuten y la soberaniacutea del Esta-dordquo Revista de Filosofiacutea Universidad de Chile vol XXXI-XXXII (1988) pg 39 66 Ver Rep 507c 10-508a 6 El pasaje maacutes especiacuteficamente aludido aquiacute es Rep 507d 8 τὴν δὲ τῆς ὄψεως καὶ τοῦ ὁρατοῦ οὐκ εννοεῖς ὅτι προσδεῖται 67 Se ha utilizado en 508a 4 la foacutermula αἰτιάσασθαι ldquoconsiderar como causa hacer responsable ser causanterdquo El teacutermino ldquosentildeorrdquo (κύριος) no tiene al parecer un senti-do religioso sino en el griego tardiacuteo (hay testimonios a partir del s I aC) pero in-dudablemente esta evolucioacuten semaacutentica muestra ya una significacioacuten afiacuten

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solrdquo de los oacuterganos sensoriales68 El ojo posee este poder ldquocomo algo infundi-dordquo en eacutel por una suerte de desborde que proviene del Sol69 El astro en con-secuencia es ldquocausardquo (αἴτιον) de la visioacuten del ojo

Por otra parte al posponerse el tema del Bien en siacute y haberse sentildeala-

do que el Sol ldquoparece ser el hijo del bien y el maacutes parecido a eacutelrdquo (506e) se in-dica vagamente que ldquoen otra oportunidadrdquo se ha de pagar la deuda con la descripcioacuten del padre Aquiacute solo es posible conjeturar si todo el siacutemil consiste en una transposicioacuten de la figura del Sol en relacioacuten con el Bien este uacuteltimo podriacutea ser considerado un dios entre los dioses de la regioacuten inteligible Pero nada se dice expliacutecitamente cuando llega el momento de describir queacute es el Bien Tampoco se diraacute nada a lo largo de la Repuacuteblica si exceptuamos otro enigmaacutetico pasaje de Repuacuteblica X 597 b ss que debe ser revisado en sus pro-pios meacuteritos70

Siguiendo entonces con las conjeturas se podriacutea solo sentildealar que si

Platoacuten cumple alguna vez con su promesa de hablar del padre esta se realiza-riacutea en el Timeo donde luego de la sugestiva recapitulacioacuten de la conversacioacuten sobre una repuacuteblica que ha tenido lugar el diacutea anterior se inicia un relato so-bre el mundo y el padre Aunque seriacutea necesario atar muchos cabos mdashentre ellos la relacioacuten que es posible establecer entre la Repuacuteblica y el Timeomdash hay sentildeales de evidente intereacutes En primer lugar se plantea nuevamente mdashy en forma elocuentemdash en el Timeo la dificultad de hacer una descripcioacuten del pa-dre ldquoahora bien dice hallar al creador y padre de este universo es ya un tra-bajo y luego de hallarlo es imposible hablar de eacutel a todosrdquo (28c) Imposible a todos sin embargo parece posible el poder hablar de eacutel a algunos al menos a los representados por el selecto grupo reunido para entablar el diaacutelogo

68 Esta expresioacuten (en sus dos formas en positivo y en superlativo) parece ser un neologismo de Platoacuten M Heidegger le llama ldquohelioiderdquo y ldquosolisiacutemilrdquo en su Doctrina de la Verdad seguacuten Platoacuten 69 Rep V 508b ὥσπερ ἐπίρρυτον 70 Ver supra el Tema de Estudio ldquoMiacutemesis y comtemplacioacuten en el libro deacutecimo de la Repuacuteblica de Platoacutenrdquo

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En seguida conviene antildeadir un segundo elemento de juicio Aparte de una doble referencia a Helios el dios Sol como padre de Faetoacuten (Tim 22c) el uso del teacutermino estaacute circunscrito en el Timeo exclusivamente a mostrar a este patḗr que es el demiurgo creador del universo como ldquoel que engendrardquo a los dioses inmortales (37c) que son los astros del cielo Estos ldquodioses proce-dentes de diosesrdquo poseen un ldquodemiurgo y padre de sus obrasrdquo (41a) Son dio-ses ldquonuevosrdquo que ldquocomprenden la ordenanza del padrerdquo (42e) y en fin re-cuerdan ldquola prescricioacuten del padrerdquo (71d) Esto significa que la comparacioacuten de la Repuacuteblica entre el Sol de lo sensible y el Bien de lo inteligible como hijo y padre se mantiene en el Timeo entre los dioses nuevos del mundo sensible que son los astros (entre los que destaca el Sol) y el padre que los engendra que es el demiurgo Inteligencia del universo Del mismo modo se podriacutea de-cir entonces que el Bien es como el autor de las Ideas las que mantienen con su principio una relacioacuten de filiacioacuten

Un tercer aspecto parece digno de mencionarse y es que son preci-

samente estos dioses celestes (que podemos comparar mutatis mutandis con el Sol ldquode entre los dioses del cielordquo de Repuacuteblica ) los que construyen ldquolos ojos portadores de luzrdquo y que gracias a su afinidad con ella estos realizan ldquoesa sensacioacuten que ahora llamamos verrdquo (Tim 45d) Es claro entonces que la luz que los ojos perciben es la que proviene de las luminarias del universo en especial del Sol y de la Luna Los ojos y los astros actuacutean en la regioacuten visible De los ojos pasamos a la ldquovisioacutenrdquo (ὄψις 47a) con cuyo concurso reconocemos el orden numeacuterico del mundo se nos proporciona una concepcioacuten del tiempo y en especial se nos concede la filosofiacutea el don mayor del cielo que es entre-gado al hombre por divina dispensacioacuten (Tim 46e ss)

Por uacuteltimo se dice del demiurgo que ldquoera buenordquo (29e) Es de supo-

ner que de aquiacute no es posible inferir directamente que el patḗr del Timeo pue-de ser identificado con el Bien de la Repuacuteblica pero una afirmacioacuten de esta naturaleza es un paso importante No es posible inferir directamente de la bondad del dios creador del mundo su identificacioacuten con el Bien en siacute se antildeade sin embargo pocas liacuteneas maacutes abajo que el creador es ldquoel mejorrdquo (τῷ

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ἀρίστῳ 30a) y que logra ejecutar una obra ldquola maacutes bella y maacutes buena (ἄριστον) en su naturalezardquo

XII El siacutemil de la Liacutenea dividida Entre las imaacutegenes del Sol y de la Liacutenea hay una estrecha continuidad71

No bien ha terminado Soacutecrates de referirse a la superioridad de la Idea del Bien y dicho casi en seguida con cierta ironiacutea que auacuten resta mucho que decir de la comparacioacuten acerca del Sol realiza una breve recapitulacioacuten de quieacutenes son los que reinan en el geacutenero y la regioacuten tanto inteligible como visible Conviene poner atencioacuten a la sencilla afirmacioacuten en dual que se intercala ldquoque ellos son dosrdquo (δύο αὐτὼ εἶναι VI 509d 1)72 y que tres liacuteneas maacutes abajo se reproduce en ldquoestas dos especies la visible y la inteligiblerdquo que son como una recapitulacioacuten de todo el siacutemil del Sol

Es un punto que me parece importante pues acto seguido Soacutecrates ini-

cia su descripcioacuten de una liacutenea cortada en dos segmentos desiguales que re-presentan respectivamente cada cual los geacuteneros visible e inteligible Hemos trazado la liacutenea en forma vertical con el segmento inteligible arriba73 ldquopor la simple razoacuten de que lo que ella representa es una escala vertical de la reali-dad74 Una lectura maacutes atenta del pasaje nos mostraraacute queacute faacutecil es tropezar con dificultades cuando se quiere dar una interpretacioacuten que satisfaga al me-nos ciertos requisitos de coherencia Si bien podemos pensar su presentacioacuten en forma de diagrama75 pudo anticipar erroacuteneamente una faacutecil lectura En el desarrollo de la explicacioacuten del siacutemil acudireacute primeramente en especial a

71 Como afirma J Raven op cit pg 142 el siacutemil de la Liacutenea Dividida es introdu-cido expliacutecitamente como una continuacioacuten del siacutemil del sol 72 El dual griego es un plural restringido a dos y se usa comunmente para indicar una estrecha relacioacuten entre dos cosas como podriacutea serlo por ejemplo ldquolos dos ojosrdquo Aquiacute un poco menos comunmente se ha usado para significar dos objetos (el Sol y el Bien) Suponemos que se quiere enfatizar de esa manera la especial corres-pondencia entre ambos 73 He seguido muy de cerca las uacutetiles referencias de John Raven op cit pg 145 74 ibid pg 145 75 La expresioacuten ldquodiagrammaticallyrdquo es de J S Morrison (ldquoTwo Unresolved Difficul-ties in the Line and Caverdquo en Phronesis 22 (1977) pg 227

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una interpretacioacuten la de John Raven76 que me parece de intereacutes fundamen-talmente por dos razones Una porque intenta dar una explicacioacuten integral del siacutemil poniendo eacutenfasis en su relacioacuten con las otras dos alegoriacuteas y discu-tiendo sus diferencias y luego porque creo que es bueno en este caso utilizar baacutesicamente para un enfoque introductorio una interpretacioacuten que se preste bien como un medio de iniciacioacuten en la lectura de un texto complejo como este Se evita asiacute tambieacuten iniciar la explicacioacuten partiendo de la controversia

sin haber auacuten alcanzado un grado miacutenimo de comprensioacuten del asunto En seguida seraacute posible sobre esta base analizar con mayor fruto las dudas a que puede dar lugar el parecer de Raven cuando confrontado con otras interpretaciones tambieacuten dignas de estudio77

La Liacutenea Dividida entonces como lo habiacutea

sido el Sol estariacutea concebida para clarificar los con-tenidos de la regioacuten inteligible mediante una com-paracioacuten con el mundo visible Procedemos a des-cribir en forma vertical su figura trazando una liacutenea AB que dividimos en forma desigual en el

punto C Tenemos asiacute dos segmentos el maacutes largo AC y el maacutes corto CB Se dividen de nuevo ambos segmentos digamos en D y E y asiacute tenemos que BD es a DC como CE es a EA y como el segmento BC es al segmento CA En esas circunstancias las cuatro partes son clasificadas seguacuten su grado de clari-dad y de oscuridad comparativas78 Tenemos completa asiacute la divisioacuten de la liacutenea con dos porciones para la seccioacuten inferior ldquovisiblerdquo (BC) y dos porcio-nes para la seccioacuten superior ldquointeligiblerdquo (CA)

76 J Raven Platos Thought in the Making cap 10 77 Para los fines de este capiacutetulo se ha tenido en cuenta tambieacuten la interpretacioacuten de J Adam The Republic of Plato vol II y el ensayo introductorio de D A Rees de la segunda edicioacuten de 1963 a la misma obra de J Adam op cit vol I pgs XXXI-XLIII 78 J Raven op cit (pg 145) ldquoIt is divided Plato tells us in proportions which symbolize lsquocomparative clearness or obscurityrsquo the shorter the segment in other words the more obscure its contentsrdquo

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Comenzando por los segmentos inferiores el primero BD consiste de imaacutegenes visuales (εἰκόνες) que son ldquoen primer lugar las sombras y luego los reflejos en las aguas y en las superficies de textura densa pulida y brillan-te y todas las otras representaciones del mismo tipo si me entiendesrdquo dice Platoacuten (R VI 510a)

Se trata al parecer de representaciones de caraacutecter exclusivamente vi-

sual digamos entonces que son modos de reflexiones visuales de originales que estaacuten en el proacuteximo segmento DC La presentacioacuten para esta seccioacuten es ldquotoma entonces el segundo segmento que sentildeala aquello de lo que el primero es una semejanza nosotros los seres vivientes y todo tipo de realidad natural o manufacturadardquo (R VI 510a)

La frase clave aquello de lo que el primer segmento es una semejanza parece tener el significado siguiente que en el segundo segmento DC estaacuten repre-sentadas las realidades originales cuyas semejanzas se revelan en el primer segmento a modo de imaacutegenes Se antildeade ademaacutes un dato sugerente a saber que la divisioacuten entre la verdad es decir la realidad y su opuesto se expresan por una relacioacuten proporcional Es decir como es lo opinable a lo cognoscible asiacute es lo asemejado ( la imagen) a aquello a lo que se asemeja ( el modelo)

En el caso de las dos secciones del segmento de lo visible (BD y DC) lsquolo

asemejadorsquo ocupa el trazado inferior y su lsquomodelorsquo el superior El segmento BC en seguida es claramente asimilado a los objetos de opinioacuten79 Se transita asiacute de la analogiacutea quiero decir relacioacuten de semejanza entre visible e inteligi-ble mdashque comanda la estructura baacutesica del siacutemilmdash a la analogiacutea entre objetos de opinioacuten y objetos de conocimiento No se les coloca entonces en contra-posicioacuten sino en comparacioacuten Siendo esa la situacioacuten ldquoel objeto de la Liacutenea Dividida como una continuacioacuten del siacutemil del Sol es usar la vista y las dos

79 Esta mencioacuten del lsquoobjeto de opinioacutenrsquo da base seguacuten el anaacutelisis de Raven a la in-terpretacioacuten lsquoortodoxarsquo de la Liacutenea liderada por J Adam Es decir que BC no solo contiene visibles sino tambieacuten opinables y se quiere con ello ldquopresentar una com-pleta clasificacioacuten de los contenidos del mundo sensiblerdquo (op cit pg 149) Raven en cambio insiste en la presencia uacutenica de objetos visibles en las dos secciones inferio-res del segmento BC

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clases de cosas visibles para ilustrar la inteligencia y las dos clases de cosas inteligiblesrdquo80 De este modo los objetos reales del mundo visible (represen-tados en DC) y sus sombras y reflejos (representados en BD) tienen en la Liacutenea la funcioacuten de clarificar la explicacioacuten del segmento superior de lo inte-ligible en CA De alliacute que se diga que la divisioacuten inferior BC en su totalidad es ldquopuramente ilustrativa y es incluida solo por causa de la superiorrdquo81 Hay una clara analogiacutea entre los reflejos visibles y los objetos que los proyectan por una parte y la relacioacuten existente entre las dos clases del mundo inteligi-ble por otra

Asiacute pues en la seccioacuten CE del segmento inteligible el alma usa lsquocomo

imaacutegenesrsquo (ὡς εἰκόσιν 510b 4) los objetos representados en DC esos mismos que a modo de original se proyectan en imagen en la seccioacuten BD En otras palabras los objetos en DC cambian de signo cuando comparados a los obje-tos inteligibles de CE De ese modo ldquoBD contiene imaacutegenes de DC los obje-tos en DC son imaacutegenes de los contenidos de CE y CE contiene imaacutegenes de EA Esta es una caracteriacutestica bien lograda de la comparacioacutenrdquo82 En EA en el tope de la liacutenea el alma no utiliza las imaacutegenes sino que se ocupa solo de las Ideas y desde una hipoacutetesis se eleva hacia un primer principio no hipoteacutetico

Volviendo a CE Platoacuten utiliza un meacutetodo matemaacutetico para clarificar su teoriacutea filosoacutefica Aquiacute entonces las lsquohipoacutetesisrsquo son supuestos que se dan por descontados El matemaacutetico concluye como hacia abajo lo que se ha propues-to establecer sin intentar dar explicacioacuten de esos presupuestos que funda-mentan sus pasos sin subir por decir asiacute maacutes allaacute de las hipoacutetesis a funda-mentos uacuteltimos En esas circunstancias el alma se ve forzada a utilizar en su investigacioacuten hipoacutetesis usando como imaacutegenes aquellos mismos objetos que

80 J Raven op cit pg 150 Y se dice a continuacioacuten que la Liacutenea Dividida es com-plementaria con la del Sol ldquoIn the Divided Line the two relevant classes of things in the visible world actual objects and their shadows or reflexions are used to illustra-te the relations subsisting between the two analogous classes in the intelligible worldrdquo (pg151) 81 ibid pg 151 Se dice entonces que ldquolas proporciones de la Liacutenea indican que las entidades en el segmento CE se hallan frente a aquellos en EA como los reflejos en BD se hallan frente a sus originales en DCrdquo 82 J Raven op cit pg 152

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producen sombras en la seccioacuten inferior y que ellos juzgan con estimacioacuten como distintos en comparacioacuten con sus reflejos (VI 511a)

En este segmento CE se sentildeala entonces por

una parte una correspondencia con los contenidos del segmento anterior que son usados como imaacute-genes y una correspondencia con los del segmento superior que auacuten resta por explicar en mayor deta-lle y por otra se considera coacutemo el geoacutemetra que es estimulado originalmente por diagramas visi-bles se esfuerza a su vez por ascender no soacutelo has-ta los objetos abstractos matemaacuteticos mdashque tienen una funcioacuten intelectual intermediariamdash sino hasta las Ideas mismas en cuanto que hipoacutetesis no ex-plicadas pero siacute supuestas83 En todo caso el or-

den principal de la seccioacuten CE estaacute en un movimiento de pensamiento hacia abajo es decir desde las hipoacutetesis hacia los particulares Se considera asiacute a los objetos matemaacuteticos como intermediarios entre la opinioacuten y el conoci-miento y son los geoacutemetras y otros sabios los que laboran con ellos mediante un ldquoconocimiento deductivordquo o ldquoabstraccioacutenrdquo (διάνοιαν VI 511d)

En 511b 3 se inicia la descripcioacuten del segmento superior EA Aquiacute la ra-

zoacuten (λόγος) capta las cosas u objetos inteligibles por el poder dialeacutectico (διαλέγεσθαι) y trata sus presupuestos literalmente como hipoacutetesis es decir como puntos de apoyo para elevarse hasta el principio de todo Este principio es el ldquoque no requiere presupuestordquo (τοῦ ἀνυποθέτου) Luego de alcanzarlo el alma vuelve a pasar por todo lo que depende de eacutel desciende a la conclu-sioacuten no haciendo uso de ninguacuten objeto del sentido sino solo de las puras Ideas Se mueve de Ideas en Ideas para terminar con Ideas Todo se deduce desde un principio primero

83 ldquoMathematics do of course provide the ideal illustration of this procedure becau-se as Plato says they do take for granted the material on which they work such as magnitude and its various properties and they employ an essencially deductive mathodrdquo (J Raven op cit pg 158-59)

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ldquowhen it has eventually climbed up as it were on a staircase to the first prin-ciple of everything then as we have at last been told the mind turns back again and begins to descend the selfsame stairsrdquo84

Suponemos que la Idea lsquono-hipoteacuteticarsquo es pre-

cisamente la Idea del Bien que habiacutea sido repre-sentada por el Sol en el siacutemil anterior El Bien tiene un poder unificador por lo que ejerce sobre el res-to de las Ideas su capacidad coordinadora Quien asciende hasta ella mediante el ejercicio dialeacutectico obtiene los medios que le permiten descender comprensivamente desde lo no-hipoteacutetico que es la Idea del Bien Deste esta Idea superior desciende traveacutes de Ideas mdashahora en correlacioacuten con su prin-cipiomdash hacia los intermedios matemaacuteticos luego a las cosas visibles de las que aquellos son abstrac-

ciones y sus reflejos umbraacutetiles finales Frente a estas cuatro secciones de la Liacutenea se nos invita a aplicar cuatro

operaciones del espiacuteritu A la seccioacuten maacutes elevada la ldquointeligenciardquo o ldquointe-leccioacutenrdquo (νόησιν) a la segunda ldquoconocimiento discursivordquo o ldquopensamientordquo (διάνοιαν) a la tercera se atribuye la ldquocreenciardquo (πίστιν) y a la uacuteltima ldquocon-jeturardquo o ldquoimaginacioacutenrdquo (εἰκασίαν) Ordenadas en proporcioacuten se considera que cuanto maacutes los objetos de cada operacioacuten participan de la verdad tanto maacutes estas afecciones del espiacuteritu participan de claridad

Siguiendo el orden de Platoacuten -y de acuerdo con nuestro esquema- co-

menzamos por abajo por el grado de mayor oscuridad hacia el de mayor claridad arriba

primera seccioacuten sus objetos son imaacutegenes visibles (εἰκόνες) su opera-cioacuten conjetura o imaginacioacuten (εἰκασία)

84 ibid pg 161

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segunda seccioacuten sus objetos son ejemplares o prototipos visibles de esas imaacutegenes ( ᾧ τοῦτο ἔοικεν)85 su operacioacuten es creencia (πίστις)

tercera seccioacuten sus objetos son inteligibles intermedios (νοητά ὡς μεταξύ) su operacioacuten es conocimiento discursivo o pensamiento (διάνοια)

cuarta seccioacuten sus objetos son inteligibles superiores e Ideas (νοητά εἴδη) su operacioacuten inteligencia o inteleccioacuten (νόησις)86

XIII La alegoriacutea de la Caverna Los dos siacutemiles anteriores han ido haciendo manifiesto en queacute consiste

ldquola maacutes alta ensentildeanzardquo que es la que ha de proporcionar al guardiaacuten-filoacutesofo la ciencia habilitadora para gobernar la ciudad El saber tiene un obje-to superior las Ideas y su fuente originaria la Idea del Bien Existe ademaacutes una facultad espiritual tambieacuten superior que opera como inteleccioacuten (noesis) y que es capaz de conocer estos objetos inteligibles Ha llegado ahora el mo-mento a partir de las alegoriacuteas precedentes de poner en funcionamiento por decir asiacute una nueva paraacutebola que describa la efectiva mutacioacuten del alma de los elegidos para gobernar

A fin crear un estado como el descrito hay que comenzar por desarro-

llar en el discurso el evento decisivo que marque la transformacioacuten mediante la educacioacuten del futuro rey-filoacutesofo El siacutemil debe sentildealar el comienzo de la accioacuten ciacutevica mediante una ldquoimagen insoacutelitardquo (515a 4) Queda atraacutes la teoriacutea superior que ha consistido en la explicacioacuten del megiston mathema y es hora

85 Literalmente la seccioacuten de la que la primera es una imagen es decir los prototi-pos que por decir asiacute producen en la primera seccioacuten imaacutegenes que son sombras o figuras proyectadas desde aquellos ejemplares 86 Figura en J Adam The Republic of Plato II p 156

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ya de sentildealar coacutemo es que la posesioacuten progresiva de este saber produce en el alma del guardiaacuten esa transformacioacuten decisiva Sin este giro del alma es im-posible edificar la ciudad y la Caverna pone de manifiesto cuaacuteles han de ser las fuerzas espirituales que impulsen la realizacioacuten de esta repuacuteblica Sin la Caverna al descubierto no habraacute jamaacutes reyes filoacutesofos ni ciudades en capaci-dad de ser fundadas bajo el signo de las Ideas y el Bien El descenso de la teo-riacutea a la accioacuten vuelve al centro del discurso y esta vez la accioacuten estaacute sentildealan-do el modo peculiar en que se realiza el giro progresivo del alma hacia la realidad En esas circunstancias la accioacuten de la que se habla es ahora ldquoeduca-cioacutenrdquo (paideia ) y se designa con ello el reencuentro del alma con la verdad mediante el saber

La Caverna entonces describe una situacioacuten un lsquosucesorsquo (πάθος)87 que

representa a la naturaleza humana en su condicioacuten de sujeto capaz de la po-sesioacuten del saber propio de las ensentildeanzas superiores o en caso contrario el que carece de ellas El estado original de los hombres que habitan esta ldquoca-vernosa vivienda subterraacuteneardquo es el de ldquoineducacioacutenrdquo (apaideusiacutea) La falta de educacioacuten en estos sujetos se caracteriza por su condicioacuten de ingeacutenita porque estaacuten en ella ldquodesde nintildeosrdquo y se mantienen en un estado de inmovilidad que los obliga a ldquomirar solo hacia adelanterdquo Si es como parece que las almas han nacido para la verdad la ausencia de ella somete el cuello y le impide a la cabeza realizar el gesto propio de la razoacuten que se efectuacutea ldquoen ciacuterculordquo (κύκλῳ 514b 1) Sus moradores estaacuten presos y sometidos a riacutegidas cadenas son exacta representacioacuten de nuestra condicioacuten que la vivienda subterraacutenea es ldquoprisioacutenrdquo (τὸ δεσμωτήριον) y la mirada de los prisioneros en recto hacia adelante es solo visioacuten de ldquosombras proyectadasrdquo (515a) por objetos transpor-tados atraacutes a sus espaldas son visiones umbraacutetiles arrojadas por un fuego al fondo de la Caverna De este modo las sombras son para los encadenados verdad (τὸ ἀληθὲς 515c 2)

87 La palabra pathos sentildeala una ldquoexperienciardquo un ldquoincidenterdquo que ocurre en una situacioacuten determinada ldquoCompara dice Platoacuten al inicio del libro VII ldquodespueacutes de estordquo (es decir de la Liacutenea) ldquoa tal tipo de situacioacuten nuestra naturaleza a propoacutesito de la educacioacuten y la ineducacioacutenrdquo

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Al hombre en ese estado puede acontecer el inicio de su vuelta median-te educacioacuten que es desligamiento de cadenas y cura de ignorancias ldquoAl-guienrdquo lo desata y lo obliga a ldquolevantarse de suacutebito y a girar el cuello y a an-dar y a dirigir la mirada hacia el fuegordquo que origina sombras (515c) Se le en-sentildea a distinguir las sombras interiores de aquellos objetos maacutes reales que las proyectan al fondo Las sombras son el resultado de la interaccioacuten del fuego y los objetos retenidos en figuras sombriacuteas en la cavidad interior de la Caver-na Ahora el prisionero ldquoun poco maacutes cerca de lo realrdquo ve maacutes correctamente puesto que ha enderezado sus pasos ldquovolvieacutendoserdquo (τετραμμένος) ldquohacia objetos maacutes realesrdquo (πρὸς μᾶλλον ὄντα 515d) La educacioacuten se ha iniciado como una conversioacuten al ser es decir a lo maacutes real ella ha inducido al desli-gamiento que conduce al giro y encamina hacia el lugar contrario de las sombras El prisionero no sabe auacuten que esta primera liberacioacuten (λύσιν 515c 4) le daraacute finalmente la capacidad real de realizar el bien cosa que seraacute para eacutel finalmente su verdadera libertad Porque la educacioacuten es la que conduce al prisionero hacia su paulatina liberacioacuten mediante el saber

Entretanto estaacute perplejo (ἀπορεῖν 515d 6) mientras la inercia de la

apaideusiacutea o ineducacioacuten arrastra sus ojos adoloridos hacia las figuras umbro-sas Pero ldquoalguienrdquo (τις 515e 6) no le permite volver y ldquole arrasta por la fuer-zardquo La paideia fuerza al prisionero a subir hasta la luz para eacutel desacostumbra-da del Sol Termina por habituarse a la luz y a la paulatina comprensioacuten de todos los objetos sujetos a su irradiacioacuten y la memoria (ἀναμιμνῃσκόμενον) de su antigua habitacioacuten y saber le hace ldquoconsiderarse dichoso de su trans-formacioacuten y apiadarserdquo (516c) de sus antiguos compantildeeros de prisioacuten Este recuerdo mantiene viva la relacioacuten entre la paideia y la apaideusiacutea del antiguo encadenado puesto que la educacioacuten no es solo el conocimiento y saber que ha adquirido al presente el liberado hacia la luz sino el proceso mismo de instruccioacuten y ensentildeanza que ha tenido que experimentar Si hubiera de volver a las sombras se revertiriacutea el proceso de acostumbramiento viendo con difi-cultad en las tinieblas ldquohasta que se le asentaran los ojosrdquo (517a1) que la pai-deia en un sentido figurado es arte de asentamiento de ojos

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La paideia guiacutea en consecuencia todo el recorrido de la Caverna y es presentada claramente como un ldquoarte del girordquo (τέχνη τῆς περιαγωγῆς 518d 3) del oacutergano de la visioacuten por el que se procura corregirle (μεταστρέφεται) con la mayor facilidad y eficacia posible volverlo (τετραμμένῳ) hacia donde debe y hacerlo mirar con rectitud El norte de todo el camino hacia la abertura de la Caverna es la verdad que en el nivel de la Idea es representacioacuten inteligible del Bien La periagogeacute es la ldquorotacioacuten el ldquogirordquo que se aplica baacutesicamente a los astros y que aquiacute al amparo del Sol dirige tambieacuten las circunvoluciones del alma que asciende a la cima del Bien Este es entonces el arte del giro del alma que apartaacutendose de lo generado se vuelve (στρέφειν 518c 7) desde la oscuridad hacia lo luminoso La educa-cioacuten se supone debe habilitar el alma a soportar la visioacuten del Ser que es lo real (τοῦ ὄντος) e incluso lo maacutes brillante del Ser el Bien (τἀγαθόν 518c) De ese modo el alma del guardiaacuten filoacutesofo gracias a la educacioacuten estaacute final-mente preparada para ldquogirar hacia las realidades verdaderasrdquo (περιεστρέφετο εἰς τὰ ἀληθῆ 519b 3)88

88 Figura de la Caverna en J Adam The Republic of Plato II pg 65

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Queda finalmente explicada por el mismo Platoacuten de la siguiente mane-

ra la significacioacuten de la paraacutebola de la vivienda-prisioacuten subterraacutenea

ldquoPues bien dije esta imagen estimado Glaucoacuten hay que aplicarla a todo lo que se ha dicho antes hay que comparar la regioacuten que se manifiesta por medio de la vista con la residencia en la prisioacuten y a la luz del fuego que hay en ella con el poder del Sol En cuanto a la subida a la regioacuten de arriba y a la contemplacioacuten de las realidades superiores no erraraacutes con respecto a mi conjetura si la comparas con la ascensioacuten del alma hasta la regioacuten inteligible puesto que era esto lo que deseabas conocer Dios sabe si resulta ser verdad En todo caso esto es lo que me parece que en los confines del mundo inteligible es la idea del bien lo uacuteltimo que con dificultad se percibe pero cuando se la ve hay que concluir que ella es la causa universal de todo lo recto y lo bello que hay en las cosas y que en el mundo visible es ella quien pare la luz y el sentildeor de aqueacutel y en el mundo inteligible es ella sentildeora dispensadora de

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verdad e inteligencia y que es preciso que la vea quien pretenda proceder con sabi-duriacutea ya sea en la vida privada como en la puacuteblicardquo (517a 8-c 5)

Si bien esta conversioacuten al ser es personal la paideia proporciona al siacutemil la proyeccioacuten social que constituye el significado profundo de la Caverna Porque la imagen de la prisioacuten subterraacutenea tiene un caraacutecter en primer lugar poliacutetico pues presenta el sistema educacional que ha de procurar gobernan-tes a la ciudad ideal Por algo la alegoriacutea de la Caverna ocupa el lugar central del libro maacutes poliacutetico de Platoacuten Del mismo modo que la alegoriacutea estaacute en es-trecha relacioacuten y en cierto modo culmina las comparaciones anteriores del Sol y de la Liacutenea asiacute tambieacuten preludia no solo la explicacioacuten del meacutetodo dia-leacutectico sino tambieacuten del curriacuteculum educacional de los guardianes elegidos Todo ha de culminar en la visioacuten superior de las Ideas y la Idea del Bien pero el proceso de ascenso estaacute sostenido por el estudio de la matemaacutetica la geo-metriacutea plana la estereomeacutetrica la astronomiacutea y la armoniacutea disciplinas prepa-ratorias mdashen especial esta uacuteltimamdash de la dialeacutectica89

No quedan finalmente dudas del contenido ciacutevico del siacutemil cuando una

vez establecidos los pasos de la ascencioacuten hacia el ser mdashque luego diraacute ldquoes la verdadera filosofiacuteardquo (521c)mdash hace manifiesta la propuesta poliacutetica decisiva que ha de completar el sentido auteacutentido de la rotacioacuten del alma filosoacutefica de la Repuacuteblica Asiacute los ldquofundadoresrdquo de la ciudad han de obligar a los caracteres mejores que han subido hacia la luz a retornar junto a los prisioneros en la Caverna (519c-d) Los contempladores de la verdad han de comprender luego que no hay propiamente un conflicto entre el bien personal y el de la ciudad y que ese es el modo apropiado para ellos de cumplir la funcioacuten que les co-rresponde a su naturaleza Ella ha sido ya educada arriba y debe ahora des-cender90 ldquoDeberaacuten descender dice por turnos a la morada de los demaacutes y acostumbrarse a mirar sombras oscurasrdquo (520c)

89 Hay una estrecha relacioacuten entre los pasos de la Caverna y el programa educacio-nal que luego va a ser analizado por Platoacuten en este mismo libro Ver CP Sze ldquoEika-sia and Pistis in Platos Cave Allegoryrdquo The Classical Quarterly 27 (1977) 127-138 J Malcolm ldquoThe Cave Revisitedrdquo The Classical Quarterly 31 (1981) 60-68 90 Cf D Hall ldquoThe Philosopher and the Caverdquo Greece and Rome vol XXV (1978) 169-173

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XIV La dialeacutectica el camino metoacutedico hacia la verdad

La dialeacutectica se compara en la Repuacuteblica con el avance de los prisioneros

que de mirar los animales reales que estaban a sus espaldas pasan a contem-plar los astros y finalmente el propio Sol Estaacute por tanto en estrecha relacioacuten con la Caverna o maacutes bien podemos decir es una representacioacuten del objetivo superior de ella La dialeacutectica es un lsquomeacutetodorsquo o un lsquoartersquo de comprensioacuten de las Ideas en cuanto ellas estaacuten coordinadas con la Idea del Bien El filoacutesofo se vale de la dialeacutectica para obtener la comprensioacuten de estas realidades y pro-ceder asiacute ldquopor etapas segurasrdquo hacia la verdad La dialeacutectica se constituye asiacute en el solo poder que alcanza la realidad uacuteltima la Idea del Bien91 En las eta-pas sucesivas primeramente no hay intervencioacuten del sentido pues la dialeacutecti-ca se ayuda solo de la razoacuten (dia tou logou) en sus intentos (ἐπιχειρῇ 532a 6) de alcanzar lsquolo en siacutersquo esencial de cada cosa

El prisionero no debe detenerse (καὶ μὴ ἀποστῇ b1) que el teacutermino fi-

nal consiste en la comprensioacuten por la sola inteligencia (noeacutesei) del Bien en siacute Esta es ldquola marcha dialeacutecticardquo (532b 4) que se ha iniciado con el avance de los prisioneros desde la ldquoliberacioacuten de las cadenasrdquo y la ldquovuelta del rostrordquo (μεταστροφὴ) desde las sombras hacia las figuras artificiales y que ha conti-nuado con la visioacuten de los objetos reales fuera de la Caverna si bien todo esto corresponde maacutes propiamente al estudio de las artes que constituyen el ciclo propedeacuteutico de los guardianes Pero estos inicios cobran sentido en vistas del objetivo superior que consiste en la comprensioacuten del Bien mediante el cual la inteligencia de la totalidad de las artes y saberes anteriores alcanza su sentido pleno

La dialeacutectica asi se presenta como una ldquofacultadrdquo un ldquopoderrdquo

(δύναμις) del espiacuteritu y se expresa en diversos pasajes mediante su forma verbal (to dialeacutegesthai) lo que insinuacutea su aspecto de actividad de ldquoviacuteardquo de ac-ceso a la verdad La dialeacutectica lleva a la determinacioacuten de la realidad de cada

91 Cf A Diegraves Introdution op cit pgs LXXXIII-LXXXVII

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cosa transformandose en el ldquomeacutetodordquo y el ldquoarterdquo de investigacioacuten (533b) De ahiacute que tambieacuten se le designe en la forma adjetiva mdashdialektikeacute ltteacutekhnēgt mdash co-sa que supone una substantivacioacuten con el significado propio de ldquodialeacutecticardquo92 Se puede ver aparentemente que Platoacuten hace una cierta distincioacuten entre los anteriores actos de conocimiento mdashque se refieren al avance de los prisione-ros hacia la luzmdash y el acto privilegiado de comprensioacuten del Bien

Hay otras artes dice Soacutecrates que aprehenden algo de lo real como la

geometriacutea cuyo conocimientos ldquose asemejan a un suentildeordquo (533c) Estas son precisamente las artes del curriculum studiorum Si bien entonces la dialeacutecti-ca estaacute de alguacuten modo en el inicio mdashcomo su objetivo el Bien lo estaacute tambieacuten en cierto modomdash es ella sola la que permanece en estado de vigilia Porque solo la dialeacutectica ve despierta la apariencia de lo real (ὕπαρ 533c 1) Dicho de otro modo la dialeacutectica hace posible la aprehensioacuten de la Idea del Bien en cuanto ldquoprincipiordquo (arkheacute ) e ldquohipoacutetesisrdquo o ldquosupuestordquo (hypoacutethesis) de todo co-nocimiento y ciencia Ya que estas artes y ciencias carecen del poder decisivo que entreteje (cf συμπέπλεκται 533c 4) el discurso mediante el principio y la conclusioacuten En efecto ellas son incapaces de dar la efectiva ldquoconformidadrdquo o el ldquoasentimientordquo (homologiacutea) que transforma un saber determinado en ver-dadera episteme

ldquoel meacutetodo dialeacutecto en consecuencia dije yo es el uacutenico que de este modo elimi-nando las hipoacutetesis se encamina hasta el principio mismo para asegurar ltsus conclu-sionesgt y que atrae con suavidad y eleva hacia lo alto el ojo del alma sumido real-mente en un fango barbaacuterico utilizando como auxiliares y cooperadores a las artes que hemos enumerado rdquo (Rep 533c 7-d4)

La ldquoeliminacioacutenrdquo de los presupuestos apunta a la cancelacioacuten que por etapas realiza el meacutetodo dialeacutectico de las hipoacutetesis subalternas hasta llegar al aseguramiento soacutelido de las conclusiones que no es otro que la Idea del Bien

92 En relacioacuten con este uso doble de ldquodialeacutecticardquo IM Crombie comenta ldquoand the dialectic art is the art of doing something for which the related verb dialegesthai is used To have dialectic art is to know how to dialegesthairdquo (An Examination of Platos Doctrines II pg 562)

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En esas circunstancias es preciso ademaacutes ser capaz de separar (διορίσασθαι 534b 9) la Idea del Bien del resto de las demaacutes mediante el razonamiento Una accioacuten decisiva sin duda al interior de esta viacutea del saber que sentildeala la su-peracioacuten definitiva en el accionar dialeacutectico de lo que es conforme a opinioacuten La superacioacuten de la apariencia se produce cuando es posible fundamentar las pruebas en una ldquoargumentacioacuten sin colapsosrdquo (ἀπτῶτι τῷ λόγῳ 534c 3)93 que es conforme a la esencia De este modo la dialeacutectica ldquoestaacute arriba estable-cida como un friso para las ensentildeanzasrdquo que la preceden pues es la maacutes alta de todas94 No debe perderse de vista sin embargo que esta comprensioacuten del principio tiene tambieacuten por resultado una clarificacioacuten descendente que in-cluye los objetos inteligibles y sensibles que forman parte de esta escala de la realidad Por eso creo yo se menciona hacia el final del discurso sobre la dialeacutectica una suerte de Liacutenea al reveacutes que comienza por episteme y continuacutea con dianoia pistis y finalmente eikasiacutea 95

El dialeacutectico entonces mdashque es praacutecticamente un sinoacutenimo de filoacutesofomdash

ahora colocado en la altura del principio posee una visioacuten sinoacuteptica de la realidad96 ldquoporque las entidades que el dialeacutectico trata de ver estaacuten efectiva-mente relacionadas unas a otrasrdquo97 Esta capacidad la obtiene sin duda de la

93 Estamos bajo la figura de quien sube hacia lo alto este se puede caer 94 Me atrevo a traducir ὥσπερ θριγκὸς ldquoa la manera de un frisordquo por algunos usos aislados como en Odisea VII 87 En la mansioacuten excelsa de Alciacutenoo habiacutea sendos mu-ros de bronce ldquoy por encima un friso de lapislaacutezulirdquo (περὶ δὲ θριγκὸς κυάνοιο) Puede entenderse tambieacuten como el remate o la cornisa del muro o del edificio 95 Es decir primero ldquocienciardquo o ldquoconocimientordquo o ldquosaber segundo ldquopensamiento ltdiscursivogtrdquo tercero ldquocreenciardquo y cuarto ldquoimaginacioacutenrdquo o ldquoconjeturardquo (Rep 533e-534a) El objetivo entonces de la dialeacutectica ae extiende a toda realidad I M Crombie refirieacutendo al objetivo de la dialeacutectica comenta que con ella ldquodebe-riacuteamos obtener una clara visioacuten de las realidades como ellas son en siacute mismas no confundiendo unas con otras Este sigue siendo el objetivo del dialeacutecticordquo (op cit pg 563) 96 Rep 537c 7 ldquoporque el dialeacutectico posee una mirada de conjuntordquo (συνοπτικὸς) En lo que respecta al meacutetodo dialeacutectico ldquoformalmente considerado este procede como la contra-interrogacioacuten (ldquocross-examinationrdquo) socraacutetica mediante preguntas y respuestas (534D) La dialeacutectica es por encima de todo sinoacuteptica esforzaacutendose a toda costa en ver la unidad en la multitud (531D 537BC) De ahiacute que la coordina-cioacuten de las ciencias es una buena preparacioacuten para el estudio superiorrdquo (J Adam The Republic of Plato II pg 173) 97 I M Crombie opcit pg 565

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aprehensioacuten de la Idea del Bien cuya condicioacuten de realidad absolutamente simple y unitaria proporciona al que la conoce la integracioacuten de los saberes mediante la integracioacuten coordinada del mundo ideal Es con ldquola actividad dialeacutecticardquo (daileacutegesthai 511b 4) que se recorren las hipoacutetesis en la seccioacuten maacutes alta de la Liacutenea cuando se considera a estas ldquocomo peldantildeos y puntos de par-tidardquo para poder asiacute avanzar yendo hacia el principio del todo ldquohasta lo no hipoteacuteticordquo (to anypoacutetheton 511b)

Platoacuten trata del objeto de la dialeacutectica que finalmente es la Idea del

Bien especialmente en Repuacuteblica VI 504e-509b asiacute como en VI 510b y 511b-c Del mismo modo la dialeacutectica como meacutetodo es analizada con preferencia en Repuacuteblica VII 531d-534e asiacute como en VII 537d-540b En un sentido vaacutelido qui-zaacutes para el concepto platoacutenico en general con la ldquodialeacutecticardquo se trata en uacutelti-mo teacutermino de ldquodescubrir la naturaleza verdadera de cada cosa como ella es aislada de sus expresiones concretas y en relacioacuten con todas las otrasrdquo98

XV Consideraciones acerca de la decadencia Repuacuteblica 543a-576b En cuanto la ciudad ideal de Platoacuten puede ser considerada una utopiacutea

ella se presenta como el modelo superior el paradigma que permite estable-cer desde alliacute los grados de distanciamiento existentes con aquella norma de perfeccioacuten ldquoMostraacutendonos deciacutea E Barker lo que deberiacutea ser el Estado si sus principios inmanentes se realizaran plenamente ellas nos muestran el significado real del Estado tal como eacutel es Es solo en una situacioacuten ideal seme-jante que el Estado puede ser comprendidordquo99 esto lo deciacutea reflexionando sobre el tema que ahora nos ocupa Luego de haber dado por terminado su anaacutelisis de la ciudad y el hombre perfectos Platoacuten continuacutea ahora en la mis-ma perspectiva paralela de sociedad e individuo con una descripcioacuten de la degeneracioacuten creciente de los estados y sus ciudadanos Son relatos podero-samente viacutevidos que intentan expresar en figuras una teoriacutea de la decadencia como fenoacutemeno inherente al acontecer de las instituciones poliacuteticas Pero no pretende conformar la historia a tal decadencia como una necesidad que de-

98 IM Crombie op cit pg 566 99 Ernest Barker Greek Political Theory London 1964 (1918) pg 282

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termina la suerte de toda institucioacuten poliacutetica sino de coacutemo de hecho sucede tal ruina Debemos creo liberar a Platoacuten de la culpa supuesta de haber pre-tendido establecer una norma histoacuterica de degeneraciones sucesivas del po-der100

Platoacuten no es un historicista por adelantado que pretende establecer le-

yes necesarias en la historia Reasumiendo propuestas anteriores101 el filoacutesofo plantea que si la ciudad descrita ldquoera la correcta la otras seriacutean defectuosasrdquo (ἡμαρτημένας 544a) Se deciacutea entonces que existiacutean cuatro formas de go-bierno deficientes y recuerda que conveniacutea analizarlas ldquoen sus fracasosrdquo (τὰ ἁμαρτήματα ldquoerroresrdquo 544a 4) Otro ejemplo de anticipacioacuten de un tema que ha de tratarse ahora en el lugar que se considera adecuado No habla co-mo historiador sino como filoacutesofo de la poliacutetica y establece para ello un sis-tema explicativo de cuatro variedades paradigmaacuteticas descendentes a saber la timocracia la oligarquiacutea la democracia y la tiraniacutea

La descripcioacuten de las deficiencias se presta para el anaacutelisis de las hendi-

duras de los regiacutemenes en correlacioacuten con el deterioro psicoloacutegico de las per-sonas Maacutes que sistemas ideoloacutegicos los que gobiernan las naciones son ante todo personas Los discursos sobre la decadencia son pues reflexiones acerca de la interaccioacuten de fuerzas sociales e individuales tal como se da en la reali-dad con toda la precariedad de lo sujeto a la generacioacuten En la constitucioacuten misma de un sistema poliacutetico yacen para Platoacuten las semillas del deterioro que

100 K R Popper (La Sociedad Abierta y sus Enemigos ed castellana Barcelona 1992) pensaba que Platoacuten sosteniacutea que todo cambio social significaba corrupcioacuten deca-dencia o degeneracioacuten que Platoacuten planteaba una suerte de tendencia intriacutenseca ha-cia la decadencia producto de una ley coacutesmica vaacutelida para toda creacioacuten mdashrealidad generacionalmdash en cuanto tal ldquoPlatoacuten dice considera a la historia mdashque es para eacutel la historia de la decadencia socialmdash como si se tratase de la historia de una enferme-dad siendo la sociedad el paciente y el poliacutetico mdashcomo veremos maacutes adelantemdash su meacutedico su salvadorrdquo (op cit pg 52) Si Platoacuten hubiera creiacutedo en esa situacioacuten como necesaria mdashdel modo que la concibe Poppermdash uno se pregunta para queacute se ocupa tanto Platoacuten en fundar una ciudad mejor en el futuro cuando eso seriacutea imposible conforme a esa ley O bien para queacute concebir una ciudad que ha de perecer pronto y necesariamente seguacuten las leyes histoacutericas Porque Popper para el caso de Platoacuten entiende que estaacute entre los autores ldquohistoricistasrdquo que creen que hay leyes rigurosas y necesarias en la historia 101 Cf Rep 541b 445c

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menoscaba en la ciudad y el individuo los modelos de conducta que sostie-nen un reacutegimen y configuran su pertenencia a una determinada variedad de estado Las contradicciones de un reacutegimen revelan su estado de enfermedad y la posibilidad psicoloacutegica de su propia destruccioacuten o regeneracioacuten Ya el surgimiento de la guerra en la generacioacuten de la ciudad originaria habiacutea esta-do marcada por la presencia de una libido dominandi entre los ciudadanos que la habitaban y lo que estaba en el origen continuacutea en el desarrollo y plenitud de las formas diversas de gobierno llevando consigo impliacutecita la posibilidad del colapso Podemos pensar como aquiacute en la caiacuteda de entidades poliacuteticas especiacuteficas o como ciertos pensadores prominentes del siglo XX en la trans-formacioacuten de civilizaciones como formas culturales102 En Platoacuten hay algo de caiacuteda y algo de transformacioacuten

Un ejemplo brillante de esto es la historia de la Atenas primitiva y su

enemiga Atlaacutentida Es como sabemos una perdurable invencioacuten del mismo Platoacuten Los reyes de la isla son descendientes de dioses que construyen una civilizacioacuten con el dominio del entorno y el establecimiento de un orden poliacute-tico Ese ordenamiento produce en toda la gran isla una transformacioacuten sim-plemente colosal La actividad marinera y comercial los recursos de la tierra colman de riquezas la ciudad en un reacutegimen sostenido por diez reyes de un poder casi absoluto y jeraacuterquicamante organizados Dominoacute por mucho tiempo en ellos la naturaleza divina de su dios fundador Poseidoacuten Siendo seres buenos haciacutean poco caso por su virtud de sus abundantes riquezas sin perder el dominio de siacute mismos Pero el elemento divino que predominaba comienza a disminuir con el paso del tiempo y el entrecruzamiento de ele-mentos mortales numerosos termina por hacer prevaler su condicioacuten huma-na Es esas circunstancias ldquoya no maacutes capaces de soportar la prosperidad presente terminaron por pervertirserdquo (Platoacuten Critias 121b)

A quien no sabe discernir queacute geacutenero de vida contribuye verdadera-

mente a la felicidad piensa Platoacuten le pudo parecer que se trataba de seres grandiosos y felices estando por el contrario ldquollenos de injusta arrogancia y

102 Ver Joseph A Tainter The Collapse of Complex Societies Cambridge 1992 (1988) especialmente capiacutetulo 3 The Study of Collapse pgs 39-90

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poderrdquo (ibid) El colapso final es tan completo que el sistema se hunde catas-troacuteficamente con su isla junto con sus habitantes La razoacuten de la decadencia estaacute impliacutecita en el caraacutecter mixto de la condicioacuten de sus gobernantes y la prevalencia en alguacuten momento del elemento humano es decir generado en sus vidas Se une a ello el asunto de la justicia y la injusticia que es al mismo tiempo un desarrollo del gran tema de la moralidad como fuerza profunda en el acontecer humano Pero si no hubiera habido esta suerte de intervencioacuten del destino (que no solo destruye a la Atlaacutentida sino tambieacuten enigmaacutetico re-sultado a la virtuosa Atenas primitiva) la historia de los futuros triunfadores queda en el misterio de un futuro contingente

De un modo anaacutelogo en la repuacuteblica tambieacuten gradualmente ldquoen forma

progresiva las cosas se volveraacuten peor y cada forma de constitucioacuten corrupta seraacute peor que aquella que la precedioacuterdquo103 Pero no sabemos doacutende termina el ciclo ni de si es posible levantarse desde la peor tiraniacutea hacia un gobierno mejor Hay modos diferentes de malos estados pero en su grado superior una sola es la justicia frente a una injusticia siempre diversa104 Y si la justicia y la injusticia sucede no solo en los estados sino tambieacuten en las almas el es-tudio de los caracteres nos muestra tambieacuten grados diversos de desintegra-cioacuten espiritual Pero asiacute como es posible encaminar los pasos desde la oscuri-dad hacia la luz asiacute tambieacuten Platoacuten intenta obstaculizar el camino hacia la ruina mediante una propuesta poliacutetica que restaure la justicia en el grado en que eacutel la ha concebido Parece entonces que la clave de esta historia es una vez maacutes la justicia o la ausencia de ella

XVI La lsquonaturaleza maacutes verdaderarsquo del alma humana El Estado de Caliacutepolis la ciudad hermosa estaacute constituido por ciuda-

danos que poseen un alma origen y principio de sus obligaciones morales y de sus derechos en la nueva ciudad Esta situacioacuten se ha mostrado de tal im-portancia que la configuracioacuten de la polis en tres estamentos ha surgido de la doctrina de la condicioacuten tripartita del alma humana Pero el alma es a su vez

103 T A Sinclair A History of Greek Political Thought London 1967 pg 160 104 Dice T A Sinclair op cit pg 160 ldquoJustice is One but Injustice is Manyrdquo

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una si se han de mantener en substancia los hallazgos del Fedoacuten sobre la simplicidad del alma y sostener sin grandes cambios la opinioacuten que relacio-na firmemente esta simplicidad con su inmortalidad Es el momento ahora para Soacutecrates en el libro deacutecimo de la Repuacuteblica de restablecer un cierto equi-librio entre los aspectos psicoloacutegicos mdashpuestos en evidencia en su examen del alma tripartitamdash y la condicioacuten esencial del espiacuteritu humano en su uni-dad indisoluble105

Se puede decir que la misma tensioacuten mantenida a lo largo del diaacutelogo

entre la necesaria diversidad de caracteres en la ciudad mdashque se expresan en tres fundamentales clases de ciudadanosmdash y la siempre obligatoria buacutesqueda de unidad en la ciudad se revela tambieacuten aquiacute al momento de evaluar la condicioacuten espiritual del individuo Ahora bien en el libro deacutecimo de la Repuacute-blica poco antes del gran mito final en que se relata la historia de Er el Arme-nio Platoacuten introduce muy a propoacutesito y con renovada energiacutea el tema del alma y su pervivencia en el tiempo Muy de paso en R VI 498d Soacutecrates ha-biacutea hecho referencia a un lsquovolver a nacerrsquo y al inicio del libro III habiacutea hecho ver la conveniencia de tachar aquellos versos de Homero que desacreditaban la vida futura Es conveniente mostrar ahora por queacute se trata aquiacute de una de las paacuteginas maacutes cruciales del diaacutelogo En primer lugar es bueno recordar que la existencia de un alma racional inmortal y divina y la presencia de ciertas realidades ideales las Formas que se constituyen en los objetos propios de conocimiento de aquella conforman los ldquodos pilares rdquo de lo que se puede considerar como las doctrinas ldquocaracteriacutesticamente platoacutenicasrdquo106

Ya se habiacutea tratado extensamente en nuestro diaacutelogo sobre esas For-

mas inteligibles y sobre la realidad de esa alma que llevada a la dimensioacuten social habiacutea servido de origen a la analogiacutea basal de la Repuacuteblica fundada en

105 En relacioacuten con este punto se puede evaluar el interesante planteamiento de T M Robinson en ldquoSoul and Immortality in Republic Xrdquo Phronesis vol 12 Nordm 2 1967 p 149 en que sentildeala una reconsideracioacuten por parte de Platoacuten del problema de la sim-plicidad del alma y su inmortalidad (ldquoa radical chage of viewrdquo) en que el filoacutesofo concluiriacutea ldquoque un ser compuesto puede ser inmortal con tal que sus elementos componentes son lsquoreunidos de la mejor manerarsquordquo 106 F M Cornford Platorsquos Theory of Knowledge p 2

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la afinidad entre individuo y sociedad El concepto de alma habiacutea permitido precisamente establecer los viacutenculos y facilitar el paso entre lo maacutes pequentildeo y lo maacutes grande Esa misma concepcioacuten es preciso recordarlo era el sustento nada menos que de la posibilidad de mejorar las ciudades pues esa probabi-lidad estaacute sostenida por la capacidad que nuestra alma manifiesta de mejo-rarse ella misma al emprender el camino que la conduce mediante la educa-cioacuten a la luminosidad exterior de la caverna y su retorno a la oscuridad En esa misma teoriacutea psicoloacutegica de la condicioacuten humana y su posibilidad de de-generar por el vicio y la maldad se sostiene la visioacuten platoacutenica mdashque toma la apariencia de un relato histoacuterico dramatizadomdash acerca de la decadencia y el colapso de los sistemas poliacuteticos Habiacutea entonces que decir algo maacutes sobre el cimiento de esta analogiacutea es decir explicar aunque fuera a grandes rasgos cuaacuteles seriacutean las recompensas mayores de la virtud y los premios que estaacuten preparados al ser humano (Rep 608c ss) y cuaacutel la maacutes verdadera naturaleza del alma que este posee (Rep X 611b) La lsquovirtudrsquo (ἀρετή) que se menciona es precisamente una actividad buena del alma y la justicia se habiacutea manifesta-do como la maacutes excelente entre las virtudes del individuo y del estado Los premios entonces de los que se habla inciden efectivamente en el hombre en cuanto ser espiritual llamado a la felicidad propia de su estado maacutes ver-dadero

La tesis central del punto que tratamos estaacute en afirmar la inmortalidad

del alma es decir su condicioacuten de imperecedera para todo tiempo si lo en-tendemos en la perspectiva del mito final una existencia despueacutes de la muer-te del individuo y la superviviencia en consecuencia de su personalidad en otra vida107 Es claro que para Soacutecrates no es indiferente que el gobierno de acaacute se ejerza o no sobre ciudadanos llamados en el futuro a vivir allaacute en otras palabras la polis no puede ser neutral en asuntos atinentes con el destino trascendente de quienes la habitan pues el asunto final estaacute relacionado co-mo lo dice el uacutetimo paacuterrafo del diaacutelogo con esa amistad si se quiere escatoloacute-gica que existe entre nosotros mismos y con los dioses (Rep X 621c) Y natu-

107 Esta temaacutetica especiacutefica es tratada particularmente en P Duncan ldquoImmortality of the Soul in the Platonic Dialogues and Aristotlerdquo Philosophy vol 17 Nordm 68 (1942) en diferentes secciones de pp 304-323

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ralmente la inmortalidad del alma estaacute relacionada con la divinidad y la vida de los dioses en la altura asiacute como en esta vida el estado se preocupa igual-mente de honrarlos

La argumentacioacuten sobre la inmortalidad del alma en Repuacuteblica X en-

tonces se puede resumir de la siguiente manera todo lo que sufre destruc-cioacuten es aniquilado por un mal o una enfermedad que le es propia y especiacutefica siendo indestructible aquello que no puede ser aniquilado de esa manera Ahora bien el vicio (πονηρία) es el mal peculiar del alma y en lo que respec-ta al cuerpo es la enfermedad la que lo destruye Los dos males entonces respectivos del cuerpo y del alma son la enfermedad y el vicio Platoacuten no ha-bla aquiacute de prueba pero consideremos que se trata de razonamientos desti-nados a persuadir acerca de una verdad que surge del desarrollo de estos108

Hay evidentemente una estructura en la presentacioacuten de las razones

Primero (a) la nocioacuten de ldquomal y enfermedad connatural (σύμφυτον)rdquo Seguacuten esto praacutecticamente todas las cosas (ademaacutes de tener su propio bien que las preserva y beneficia) poseen un mal congeacutenito que las conduce a su obligato-ria disolucioacuten es la enfermedad propia el ldquomal peculiarrdquo (X 609d 1) el uacutenico que en uacuteltimo teacutermino puede destruir esa cosa especiacutefica Luego (b) estaacute la idea de que el mal propio del alma que es el vicio la hace miserable pero no la destruye como es el caso de la injusticia que no la disuelve hasta llevarla a la muerte En este uacuteltimo razonamiento se supone que el alma posee un tipo de independencia esencial del cuerpo que hace factible en ella la existencia de un mal que le es propio diferente del corporal Esta condicioacuten del alma es resultado de su autonomiacutea Siendo este el estado del alma se hace factible la presentacioacuten de un tercer elemento en el raciocinio a saber (c) el concepto de ldquola naturaleza maacutes verdaderardquo del alma (X 611b 1) que conduce a la negacioacuten en ella de ldquocomposicioacutenrdquo y la suposicioacuten final (d) que ldquola verdadera natura-lezardquo del alma estaacute (esto se dice solo impliacutecitamente) en su condicioacuten de ser ldquode una sola claserdquo en otras palabras ldquosimplerdquo (μονοειδὴς 612a 4)109 Con

108 El teacutermino que Platoacuten utiliza es el de logos (610a) es decir lsquorazonamientorsquo 109 En el Fedoacuten monoeideacutes se dice no solo del alma (78d) sino tambieacuten de los objetos que ella contempla (80b 83e) es decir las Ideas

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el teacutermino monoeidḗs entonces Platoacuten intenta quizaacute balancear mejor su pro-puesta anterior del alma de tres clases o especies en la que se fundamentaba su sistema tripartito de ciudad Y si bien la condicioacuten unitaria del alma es una inferencia de su naturaleza esencial una propuesta intermediaria (e) es plan-teada por Platoacuten en relacioacuten con su ldquonaturaleza originariardquo (τὴν ἀρχαίαν φύσιν 611d 2) Para poder contemplar esa naturaleza originaria del alma desfigurada en el presente ldquopor males incontablesrdquo (611d 7) es preciso ldquomirar hacia alliacuterdquo (ἐκεῖσε 611d 2) es decir hacia esa regioacuten que es la propia del amor por la sabiduriacutea (φιλοσοφίαν) Es preciso ademaacutes mirar hacia aquellos objetos divinos e inmortales con los que este amor se relaciona y a los que este en plenitud desea y se aficiona (611e) La filosofiacutea impulsa al alma a salir fuera del mar y a sacudirse de las piedras que se le han adherido de un mo-do reminiscente a como lsquoalguienrsquo fuerza al habitante de la Caverna a levan-tarse y salir Es el impulso hacia la simplicidad oculta y olvidada que se haya en la purificacioacuten que el contacto con los objetos inteligibles produce En su-ma para contemplar el alma en su ldquonaturaleza maacutes verdaderardquo hay que mi-rar ldquohacia su amor por el saberrdquo (τὴν φιλοσοφίαν 6114 1) es decir hay que verla en su relacioacuten activa con ldquolo divino lo inmortal y lo siempre existenterdquo (X 611e)

La naturaleza del filoacutesofo se presenta asiacute como una suerte de demos-

tracioacuten ad hominem de la inmortalidad del alma humana en cuanto que el raciocinio acerca de la inmortalidad mdashque se habiacutea iniciado con la nocioacuten de mal congeacutenitomdash termina en una clara referencia al bien propio del alma Quie-ro decir Platoacuten se habiacutea referido al mal (τὸ κακὸν) como lo que en cada caso ldquodestruye y corromperdquo y el bien (τὸ ἀγαθόν) era ldquolo que preserva y benefi-ciardquo (X 608e) Paacuteginas maacutes adelante se refiere a la necesidad de mirar alliacute (ἐκεῖσε X 661d 7) y a lo que apunta es hacia la filosofiacuteamdashque sentildeala el tipo superior de hombre virtuosomdash y hacia los objetos inteligibles de esta las Ideas Aquiacute estamos ya aunque no se diga expliacutecitamente con ese bien que jamaacutes se destruye (cf X 609b 1) y que es la clave de la lsquosalvacioacutenrsquo (τὸ σῶζον 608e 4) propia del alma Me parece que ciertos comentaristas no han tomado nota suficiente de esta sutil aunque a mi juicio fundamental variacioacuten del centro argumentativo del discurso sobre la condicioacuten maacutes verdadera del al-

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ma Si bien entonces Platoacuten no pretende darle a sus razones un valor proba-torio a la manera que lo hace en algunos lugares decisivos del Fedoacuten eacutel inten-ta en todo caso presentar ana argumentacioacuten razonable que conduzca a la persuasioacuten

Pero incluso cuando Platoacuten intenta solo persuadir su discurso como

en este caso presenta puntos interesantes que bien pudieron merecer una mencioacuten maacutes condescendiente de Guthrie110 En todo caso lo que intento decir es que en primer lugar Platoacuten no pretende a la hora undeacutecima orga-nizar un argumento con pantildeos hilvanados en forma apresurada restos de sus anaacutelisis anteriores Es sobre todo en vista de lo que viene y el argumento apunta maacutes bien al epiacutelogo celeste del Repuacuteblica Eacutel quiere dar baacutesicamente razones para confiar en premios que se suponen imperecederos para un alma imperecedera y que seraacuten recibidos como recompensa de una vida llevada en este mundo con justicia Al presente es lo que viene es decir el bien futu-ro del hombre lo que importa y eso es lo que intenta mostrar con esta verda-dera lsquopropuestarsquo discursiva (X 612a 8 ἐν τῷ λόγῳ)

XVII A salvar el mythos Er muerto en una batalla ha revivido al momento de su funeral ldquoy

habiendo vuelto a la vida relatoacute lo que vio alliacuterdquo111 Se le dijo que debiacutea ser

110 ldquoEsto no representa progreso alguno en relacioacuten con los argumentos a favor de la inmortalidad del Fedoacuten y el Fedro y por el bien de Platoacuten cabriacutea esperar que no hubiera que tomarlo demasiado en seriordquo (W K C Guthrie Historia de la Filosofiacutea Griega vol IV p 532) En la versioacuten espantildeola de la obra por lo general muy cuida-da advierto una nota que espero sea solo una errata del espantildeol Dice citando a Adam II p 425 ldquoTenemos sin duda razones para acusar a Platoacutenhelliprdquo donde el ori-ginal dice ldquoThe argument may not be conclusive but we are surely not justified in charging Platohellip with confoundig either here or in 609 D the two notions of physical death and death of the soulrdquo el subrayado de lsquonotrsquo es miacuteo Para una presentacioacuten maacutes equilibrada de todo el asunto ver C D C Reeve Philosopher-Kings pp 159-62 111 Rep 614B Cf ER Dodds ldquoPlato and the Irrational Soulrdquo (1945) Plato II ed G Vlastos pgs 206-229 Dodds ve en la experiencia de Er la influencia directa del anti-guo modelo de cultura shamaniacutestica en la filosofiacutea de Platoacuten ldquoThe occult knowled-ge which the shaman acquires in trance has become a vision of metaphysical truth lsquorecollectionrsquo of past earthly lives has become a lsquorecollectionrsquo of past bodiless Forms which is made the basis of a new epistemology while in the mythical level his lsquolong sleeprsquo and lsquounderworld journeyrsquo provides a direct model for the experience of Er the son of Armeniusrsquo pg 209

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mensajero de aquellas cosas que habiacutea visto encargaacutendole de observar y es-cuchar cada cosa en aquellos lugares (Rep 614d) Hay en este relato ciertos elementos de intereacutes un lsquodifuntorsquo que es obligado a contemplar cosas que suceden en un cierto lugar de ultratumba Una regioacuten divina112 de belleza incomparable113 El viaje de Er estaacute lleno de aventuras contempla juicios y castigos purificaciones y espectaacuteculos luminosos en especial una luz direc-ta (focircs euthyv) que se extiende sobre toda la tierra y el cielo114 Una explica-cioacuten posterior muestra que Er ha visto en el medio de la luz un cierto esla-boacuten del cielo (syvndesmon tou ouranoucirc Rep 616c) y la totalidad de las revolu-ciones celestes Asiacute contemplacioacuten y purificacioacuten mdashbases de la justiciamdash avanzan juntamente en la medida en que las cosas contempladas son real-mente verdaderas

Nada se dice especiacuteficamente en el mito de Er acerca de un alma del mundo Sin embargo la totalidad de la armazoacuten coacutesmica y sus revoluciones son baacutesicamente una expresioacuten de ella115 Los movimientos ordenados del universo la luz y su eslaboacuten -que en cierto sentido hacen visible y reuacutenen al mismo tiempo la totalidad del universomdashson el objeto principal de contem-placioacuten El Timeo mostraraacute coacutemo la iacutentima conexioacuten entre la verdadera reali-dad ideal y el universo hacen de este uacuteltimo en su totalidad el medio maacutes poderoso en la adquisicioacuten de la filosofiacutea Mostraraacute tambieacuten que la razoacuten de la afinidad entre el alma humana y el mundo animado (es decir el universo todo) estaacute en la semejanza de los materiales con que ambos han sido cons-truidos y en la vecindad de estrellas y almas en las esferas rotantes del cielo

El relato de Er estrictamente hablando no es un mito cosmoloacutegico sino un relato baacutesicamente escatoloacutegico No se nos cuenta la generacioacuten del

112 Rep 614C ldquohacia un cierto lugar divinordquo 113 Rep 615A ldquomientras que los que veniacutean del cielo contaban sus experiencias y espectaacuteculos de incomparable bellezardquo 114 Cf J S Morrison divideldquoParmenides and Errdquo Journal of Hellenic Studies (1955) pg 66 ss 115 La fundamental semejanza del escenario astronoacutemico de Repuacuteblica X y del Timeo es analizada por G E L Owen cuando somete a discusioacuten la lsquopretendidarsquo influencia de Eudoxo en este uacuteltimo diaacutelogo Cf ldquoThe Place of the Timaeus in Platos Dialo-guesrdquo (1953) en Studies in Platos Metaphysics ed R E Allen London 1967 (1965) pgs 313-338

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cielo o de las almas116 Se nos informa sin embargo que el geacutenero humano ya ha tenido una vida anterior en la tierra y la intencioacuten central del mito es hacer ver la importancia de llevar una vida de acuerdo con la justicia y la vir-tud Somos nosotros quienes hemos de escoger nuestro propio destino (cf Rep 617d-e Tim 42d) Y bien esta eleccioacuten supone conocimiento y sin virtud y purificacioacuten no hay posibilidad de conocimiento para el alma humana El mito pues ha sido salvado afirma Soacutecrates para que tambieacuten nosotros po-damos salvarnos y ser persuadidos por este mensajero nuestra alma debe permanecer incontaminada (cf Rep 611c)

De acuerdo al relato de Er las almas despueacutes de habeacuterseles mostrado los movimientos celestes son puestas en fila por un profeta (profeteacutes) Ellas deben escoger su propia vida proacutexima despueacutes de un largo viaje a traveacutes del universo (Rep 617d ss) Y es en estas circunstancias en que seguacuten parece se hace presente un peligro real (Rep 618B) ya que el hombre puede elegir lo que es mejor para eacutel solo en la medida en que conoce lo que es mejor El pun-to estaacute en que mientras mejor sea nuestra conducta presente mejores son las perspectivas de una eleccioacuten justa de nuestra vida proacutexima ldquoNinguna divinidad os ha de tomar por su heredad sino que vosotros elegi-reacuteis vuestra divinidad (daimon ) La culpa la tiene el que elige Dios no es culpablerdquo dice el profeta ( Rep 617e)

Puesto que el alma es inmortal la vida presente es solo una pequentildea parte de un lapso sin fin La revelacioacuten de Er estaacute igualmente relacionada con el tipo de vida probable de la proacutexima vida terrestre Quien ha sido capaz de usar su mente y entendimiento en esta vida seraacute sin duda capaz de usarlos en la proacutexima La maacutes grande tarea de la vida presente estaacute en adquirir cono-cimiento en un grado suficiente en vistas de una buena eleccioacuten de la proacutexi-ma ( Rep 618e)

La condicioacuten del alma humana es una mezcla de fuerza y debilidad de

verdad e irrealidad La eleccioacuten de los modelos de alma nunca se presenta

116 Se supone que las almas son siempre las mismas en nuacutemero puesto que no pueden perecer (cf Rep 611A) En Rep 621B Er habla acerca de la lsquogeneracioacutenrsquo de las almas que aquiacute significa la renovacioacuten de las almas por medio de su lsquoencarna-cioacutenrsquo y no la generacioacuten o nacimiento de estas en cuanto tal

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como un asunto de ideales perfectos El arte de elegir descansa en la habili-dad de sortear lsquoel mediorsquo (to meson) evitando excesos en una u otra direccioacuten Y es obra del entendimiento nuestra mejor parte el lograr una vida de maacute-xima felicidad117 El relato nos describe importantes puntos No es posible escapar al ciclo incesante de la vidamdashque es inmortal para todosmdash pero es posible lograr el modo maacutes excelente de vida usando rectamente entendi-miento y justicia Asiacute practicando la virtud e imitando a Dios en la presen-te118 el alma estaraacute mejor preparada para elegir su propia vida futura Asiacute podraacute por consiguiente moverse maacutes cerca de la divinidad En esta perspec-tiva se plasma la actitud de Platoacuten en relacioacuten al arte de la reproduccioacuten imi-tativa La contemplacioacuten de la verdad en su fuente celeste originaria nutre al alma con un saber real que la hace virtuosa la contemplacioacuten de imaacutegenes que son figuras de la realidad le dan un alimento peligroso si no mortal (cf Rep 603b)

El ciclo de la vida entonces es inescapable y la humanidad no puede evadir el gran lugar (toacutepos) en el que estaacute inmersa es decir toda la mole del universo y la revolucioacuten del tiempo que se desenvuelve sin cesar hacia la complecioacuten de su ciclo Estamos ligados a un sitio mdashcorporal animal o celes-temdash y obligados a vivirlo a traveacutes de un tiempo siempre escurrente El lugar celeste se nos dice tiene grados altos y bajos de maacutes pura o maacutes escasa lumi-nosidad Alliacute o aquiacute hay un lugar que es nuestro elemento y que provee el alimento que nutre la vida produciendo felicidad o miseria Solo una vez purificados son capaces los hombres de contemplar los lugares maacutes divinos y vivir de acuerdo con ellos De ese modo imitar a Dios es luchar por la asimi-lacioacuten de lo maacutes divino en nosotros a lo maacutes divino en la regioacuten celeste Esta regioacuten no es aquiacute una idea sino un lugar fiacutesico que en cierta manera nos tras-ciende La naturaleza primera del alma119 se funda en su afinidad con los cie-los principio del caraacutecter astral de su substancia original El relato del Timeo (que como hemos podido comprobar mantiene en diversos aspectos una

117 Rep 619a ldquopues de este modo el hombre llega a ser el maacutes felizrdquo 118 Rep 613a ldquoen cuanto es posible al hombre asemejarse a Diosrdquo Cf Rep 621c 119 Ver en este contexto la imagen del marino Glauco cuya ldquonaturaleza originariardquo no podiacutea ser percibida por el deterioro de su estado y la acumulacioacuten de excrecen-cias nuevas (Rep 611CD)

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relacioacuten estrecha con la Repuacuteblica) se esforzaraacute por explicar en queacute sentido alma y boacuteveda celeste estaacuten relacionadas con la realidad divina e ideal su-pramundana y coacutemo es posible para el alma humana (de un modo semejante a Er en su viaje astral) adquirir filosofiacutea a traveacutes de los espectaacuteculos celestes (cf Tim 47a-d) y vivir conforme a la razoacuten

Una vez que conforme al relato de Er el Armenio las almas han reali-

zado su largo recorrido por los cielos y han contemplado a su vez la luz que como un pilar que se extiende en forma recta a traveacutes de la totalidad del cielo y de la tierra ven por fin tendido el huso de la Necesidad por el que giran todas las revoluciones celestes Llegados alliacute los viajeros se acercan por fin a Laquesis y a un profeta que habla por la divinidad e interpreta su voluntad (X 617d) mientras coge de las rodillas de la misma Laquesis hija de la Nece-sidad lotes y modelos de vida El profeta anuncia a las almas el inicio de la eleccioacuten del hado que ha de pertenecer a cada cual ldquoNo os corresponde en suerte a vosotros dice un espiacuteritu divino (δαίμονα X 617e 1) sino que voso-tros eligireacuteis ese espiacuteriturdquo La mejor eleccioacuten ha de corresponder a una vida virtuosa y el principal mensaje de la divinidad estaacute en que ldquola responsabili-dad es del que elige Dios no tiene culpardquo (X 617e)

Sobre todo no podemos reprochar al dios una infelicidad causada por

una erroacutenea eleccioacuten que combinada con las suertes que proveen los lotes de vida de cada cual deciden el destino miserable o feliz de los mortales El lote de las suertes (τοὺς κλήρους X 617e) y la eleccioacuten son decisivos ambos para la felicidad en esta vida y en el camino expedito de idas y regresos de las re-giones celestes Asiacute entonces en un momento crucial del relato se indica cla-ramente que los dos elementos prevalentes de nuestra ventura son la eleccioacuten de vida que estamos en condiciones de hacer y luego de las suertes que provienen del lanzamiento de los lotes (τὴν τοῦ κλήρου τύχην X 619d) Este sorteo de lotes al parecer permite asignar a cada alma su lugar en el orden de eleccioacuten (ἐν τάξει 620d) Podemos quizaacute contar estas suertes como la par-te que los dioses se reservan en relacioacuten con la eleccioacuten de vida Ello no incide demasiado grandemente en el conjunto del acto que tiene por centro la deci-sioacuten personal El lsquoprofetarsquo habiacutea dicho precisamente al concluir su breve dis-

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curso ldquoQue el primero escoja con atencioacuten y que el uacuteltimo no se desanimerdquo (619b) Conforme a este procedimiento las almas ldquoescogiacutean sus vidasrdquo (620a d) y procediendo a hacer elecciones que son causa de transformaciones en sus ya proacuteximos nacimientos Laquesis es una de las tres Parcas dispensado-ras de las suertes y ocupa un lugar importante en su distribucioacuten ya que es ella la que da a cada cual el lsquogeniorsquo o lsquoespiacuteritu divinorsquo (δαίμωνα 620d) de su eleccioacuten para que les sirve de guardiaacuten en su vida terrenal La eleccioacuten de vida es acompantildeada (συμπέμπειν 620e) por lo que se ve en form gratuita de este regalo incluido en la seleccioacuten el daimon justo antes que Cloto que mueve el huso sancione el destino elegido y Atropo lo vuelva irrevocable

La suerte es tradicionalmente para los griegos un acto propio de la di-

vinidad (cf Ti 25e) y nuestro texto mantiene ese sentido sacro si bien tykhe (τύχη) es un teacutermino de una rica y variada significacioacuten en especial por su relacioacuten con el verbo τυγχάνω lsquoalcanzar tocarrsquo lsquoencontrarse producirse por azarrsquo Ahora bien su sentido etimoloacutegico parece estar en conexioacuten con la idea de lsquohacer fabricarrsquo de ahiacute la significacioacuten maacutes primitiva de tykhe a saber el de acto en especial de una divinidad Por supuesto que es muy importante su significado derivado de lsquofortuna suerte destinorsquo y el significado del vo-cablo oscila en la historia de la lengua entre un acto cuyo agente escapa del control humano el de lsquoazarrsquo producido por una causa de tipo impersonal O bien considerando su resultado se estima que es una lsquobuenarsquo o lsquomalarsquo fortu-na

De alguacuten modo todos estos sentidos estaacuten relacionados aquiacute pero la

tensioacuten principal de Platoacuten estaacute puesta en la nocioacuten de responsabilidad aitiacutea en especial en el hecho de que es el hombre el que decide y la divinidad la que sanciona La suerte es tambieacuten uno de los procedimientos favoritos de la democracia griega como lo veiacuteamos anteriormente que se ejerce ahora sobre las almas que se suponen tambieacuten iguales en sus derechos aparentemente democraacuteticos de eleccioacuten Como se hace notar la eleccioacuten resulta a menudo un fiasco un espectaacuteculo digno de laacutestima en que la costumbre (κατὰ συνήθειν X 620a) de la vida anterior inclina decisivamente el aacutenimo del que elige su vida futura Inercia peligrosa que podemos suponer bien pudo evi-

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tarse alguna vez con el giro del alma desde las sombras hacia la luz La vuelta al nacimiento es precedida por el paso de la llanura del Olvido y la llanura de la Despreocupacioacuten de cuyas aguas beben las almas como si de una activi-dad sacramental se tratara y que marca el inicio del olvido de sus experien-cias anteriores y enfilando como estrellas al lugar del nacimiento inician las almas el regreso a nuestro lugar Er impedido de beber el agua guardoacute el recuerdo

ldquoY es asiacute oh Glaucoacuten dice Platoacuten que el relato (μῦθος) se salvoacute y no

perecioacute y nos puede salvar tambieacuten a nosotros si nos dejamos persuadir por eacutelrdquo (X 621c) El mythos la narracioacuten de Er es lo que queda libre del olvido y por eso mismo a nuestro alcance Se nos presenta como una exhortacioacuten una invitacioacuten a no olvidar eso que solo conocemos por relato y no por conoci-miento y que podriacutea con facilidad perderse para siempre y sin destino Pero el mito se salvoacute gracias a un privilegiado testigo Er el Armenio y permanece ahora para quienes lo conservan en su aacutenimo cual un saber revelado

Ahora Platoacuten nos deja a su vez con una exhortacioacuten a lsquosalvarrsquo el mythos

en nosotros La salvacioacuten del mito se produce mediante la aceptacioacuten la creencia de lo dicho por el filoacutesofo acerca de la inmortalidad del alma La re-puacuteblica entera que ha ido tomando forma mediante el discurso se sostiene toda en el reconocimiento la admisioacuten (νομίζαντες X 621c 3) por parte nues-tra de la inmortalidad del alma y su capacidad de extremos de bien y de mal La calidad de esa alma si traspuesta en clave social nos muestra la capacidad al menos teoacuterica de alcanzar las alturas de un Estado sostenido en el bien y la justicia o concebirlo en sus procesos de decadencia y maacutexima ruina en la in-justicia de la tiraniacutea

Asiacute entonces la teoriacutea del alma emerge nuevamente como el centro vi-

tal de toda la obra esa alma que se mostraba en los extremos de la justicia y la injusticia que se repartiacutea en tres aspectos que sosteniacutean a su vez las clases de la ciudad y que permitiacutean erigir al guardiaacuten filoacutesofo en el rey del estado esa alma que convertida hacia la luz llegaba a contemplar finalmente la cima

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de la idea del bien y luego descendiacutea hacia las sombras por imperativo de esa misma conversioacuten

La decadencia de las ciudades por otra parte se ha estado nutriendo

de la marcha continua de los espiacuteritus hacia el mal y la injusticia desplaza-miento que se realiza en forma gradual y tiene las caracteriacutesticas que presen-tan los movimientos sociales Ahora todas las argumentaciones parecen di-solverse en una suerte de exhortacioacuten final que invita a ir siempre por el ca-mino de arriba y a practicar toda justicia con sabiduriacutea (μετὰ φρονήσεως R 621c 5) Por otra parte hay una estrecha relacioacuten entre la amistad consigo mismo que prevalece en un hombre justo y virtuoso y su amistad para con los dioses que debe permanecer inalterada en el transcurso de esta vida y ldquoen el viaje de mil antildeosrdquo descrito en la historia de Er

La uacuteltima frase de esta extensa y extraordinaria obra ldquoseamos felicesrdquo

en otras palabras ldquoque nos vaya bienrdquo (εὖ πράττειν) deja en evidencia por consiguiente esos objetivos de conversioacuten espiritual que a lo largo de toda la obra mdashy de modo particular y brillante en la alegoriacutea de la Cavernamdash se hi-cieron manifiestos En ese giro del alma hacia la realidad inteligible estaba la causa en ese momento ignorada de su felicidad en todo tiempo y en cuanto se ha visto que la polis platoacutenica deberaacute estar regida por seres transformados por la visioacuten de la verdad y el bien habraacute que suponer ademaacutes que en esa conversioacuten estaacute el fundamento y la razoacuten de ser del proyecto poliacutetico de Pla-toacuten

La filosofiacutea habiacutea surgido en Grecia como una experiencia personal y

sigue sieacutendolo en las paacuteginas de la Repuacuteblica pero en el giro que transforma finalmente a los seres humanos en contempladores de la Idea del bien o me-jor dicho en la Idea del bien mismo se hace manifiesta la condicioacuten social y comunitaria de ese objeto supremo Son las caracteriacutesticas poliacuteticas que esta Idea tiene y que se manifiestan en el acto de ser participada por muchos en diversos grados de capacidad al interior de la ciudad La filosofiacutea experimen-ta asiacute un cambio de orientacioacuten seguacuten que el objeto superior el Bien supera a las Formas ldquoen dignidad y poderrdquo produciendo en todo el sistema ontoloacute-

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gico un reordenamiento ya de hecho en operacioacuten mediante la Idea de belle-za en el Banquete Este nuevo orden metafiacutesico conduce a la fisioacuten del caraacutecter individual de la experiencia filosoacutefica puesto de manifiesto primero en el eros mdashuna experiencia de dos y luego de muchosmdash y continuado en Repuacuteblica como vivencia comunitaria es decir poliacutetica

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B PRESENTACIOacuteN ANALIacuteTICA DE LA OBRA Libro primero 327a-328e Soacutecrates describe coacutemo mientras visitaba el Pireo en com-

pantildeiacutea de Glaucoacuten con el propoacutesito de orar a la diosa y contemplar la celebra-cioacuten de su fiesta120 fue inducido por Polemarco y otros a demorar su vuelta a Atenas Se narra la escena en casa de Polemarco en que Soacutecrates comienza a interrogar a Ceacutefalo ya avanzado en antildeos sobre el tema de la ancianidad Son los propios ancianos dice los que tienen la culpa de sus desgracias

329d-331b Soacutecrates hace nuevas preguntas a Ceacutefalo lsquoLa mayoriacutea de los

hombres diraacuten que son las propias riquezas las que hacen feliz en la anciani-dadrsquo Ceacutefalo lsquoel caraacutecter tiene maacutes que ver con la felicidad que la riquezarsquo Soacutecrates lsquoiquestcuaacutel es la ventaja principal del dinerorsquo Ceacutefalo lsquopermite a los hombres buenos pagar sus deudas a los dioses y a los hombres antes de pa-sar al otro mundorsquo121

331c d Se suscita por primera vez la pregunta de lsquoiquestqueacute es la justiciarsquo

iquestEs simplemente decir la verdad y pagar lo que se debe Polemarco sucede a Ceacutefalo en su lugar en la conversacioacuten122

331e-332b La segunda mitad de la definicioacuten de justicia que Soacutecrates

deduce de las observaciones de Ceacutefalo es ahora acogida y discutida en la forma en que fue expresada por el poeta Simoacutenides lsquoque es justo dar a cada

120 Se celebran presumiblemente las fiestas de la diosa Bendis aunque algunos piensan que se trata maacutes especiacuteficamente de la diosa Atenea 121 Se dice de Ceacutefalo que ldquotiene dinero pero posee tambieacuten moderacioacutenrdquo (CDC Reeve Philosopher Kings Princeton 1988 pg 5) Ceacutefalo ejerce su papel introductorio con la dignidad de quien se siente en posesioacuten de un saber tradicional y de un sen-tido comuacuten nacido de la experiencia ldquoCeacutefalo es un personaje atractivo retratado con delicadeza y respetordquo (ibid pg 6) Representa bien su papel de sostenedor sin complicaciones de las normas y valores morales de su tiempo 122 ldquoCephalus is unable to explain why the disposition to obey the rules of justice and piety is one which exemplifies something unqualifiedly goodrdquo (Kimon Lycos Plato on Justice and Power London 1993 lt1987gt pg 31) Se le encomienda ahora a Polemarco el cometido de explicar lo que Ceacutefalo no hizo

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cual lo debidorsquo (τὰ ὀφειλόμενα) En la seccioacuten presente Soacutecrates se limita a sonsacar el significado de lsquodebidorsquo En lo que concierne a los amigos es algo bueno en lo que concierne a los enemigos algo malo en teacuterminos generales es aquello que es conveniente o apropiado (τὸ προσῆκον) De hecho Simoacuteni-des quiso decir que la justicia consiste en hacer bien a los amigos y mal a los enemigos

332c-336a La definicioacuten es adicionalmente aclarada hasta el 333b y

despueacutes de eso Soacutecrates comienza a criticarla En primer lugar se hace maacutes precisa la definicioacuten representando a la

justicia como un arte cuya ocupacioacuten es beneficiar a los amigos y perjudicar a los enemigos (332 c d) Se suscita entonces la pregunta de iquestcoacutemo el arte de la justicia123 beneficia a los amigos y dantildea a los enemigos Por analogiacutea con otras artes Polemarco es inducido a decir que la justicia beneficia a los ami-gos y dantildea a los enemigos (1) luchando en favor de ellos o contra ellos en tiempo de guerra y (2) en conexioacuten con asociaciones que se ocupan del dine-ro en tiempo de paz (332d- 333b) La explicacioacuten del dicho de Simoacutenides estaacute ahora completa

Soacutecrates primero dirige su ataque contra (2) En los casos en que debe usarse dinero no es la justicia sino alguacuten otro arte que es uacutetil para el propoacute-sito requerido en otras palabras la justicia es (en tiempo de paz) uacutetil solo pa-ra tratar con dinero inuacutetil o sin utilizar u otros objetos sin utilizar cosa que es una visioacuten indigna del arte (333b- 334b) Polemarco perplejo reitera su defi-nicioacuten en su antigua forma y Soacutecrates en seguida comienza una nueva viacutea de argumentacioacuten Por lsquoamigosrsquo y lsquoenemigosrsquo Polemarco quiere sentildealar a aque-llos que a nosotros nos parecen (τοὺς δοκοῦντας) buenos y malos no aque-llos que lo son (τοὺς ὄντας) Pero como a menudo los hombres malos nos parecen buenos y los buenos malos la justicia a menudo consistiraacute en benefi-ciar a hombres malos y en dantildear a hombres buenos es decir en ser injustos con aquellos que no lo son o a la inversa si rehusamos aceptar esta conclu-sioacuten y sostener que es justo el beneficiar al justo y el perjudicar al injusto a

123 La consideracioacuten de la justicia como un arte (τέχνη) recuerda un punto de vista tiacutepicamente socraacutetico

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menudo seraacute justo perjudicar a amigos y beneficiar a enemigos a saber cuando nuestros amigos son malos y nuestros enemigos buenos (334c-334e)

Polemarco en seguida rectifica su explicacioacuten de lsquoamigorsquo y lsquoenemigorsquo en lsquoel que a la vez parece y es buenorsquo y lsquoel que a la vez parece y es malorsquo y ahora viene la definicioacuten lsquoes justo el beneficiar al amigo si eacutel es bueno y da-ntildear al enemigo si eacutel es malorsquo (335a)124

Hecha esta correccioacuten a la definicioacuten Soacutecrates le dirige a continuacioacuten la palabra Eacutel prueba primero por analogiacutea con las otras artes que el perjudicar a un ser humano es hacerlo peor respecto a la excelencia humana (εἰς τὴν ἀνθρωπείαν ἀρετὴν) es decir la justicia en otras palabras hacerlo maacutes in-justo y despueacutes por medio de un razonamiento similar de afinidad prueba que nadie puede ser hecho maacutes injusto por alguien que es justo125 El dicho de Simoacutenides si Polemarco lo ha explicado correctamente era maacutes digno de un tirano que de eacutel (335a-336a)126

336a-337b Presentacioacuten de Trasiacutemaco Su airada reaccioacuten al meacutetodo so-

craacutetico de preguntas Se ha levantado como una fiera llenando de temor a Polemarco y a Soacutecrates Piensa que Soacutecrates estaacute persuadido de que es maacutes faacutecil preguntar que contestar por lo que debe eacutel ahora contestar queacute entiende por justo

337a-339b Luego de alguacuten altercado Trasiacutemaco declara finalmente que

la justicia es lsquoel intereacutes (τὸ συμφέρον)127 del maacutes fuertersquo Los gobernantes son maacutes fuertes que aquellos a quienes ellos gobiernan y en cada estado hacen

124 Las ambiguumledades de esta definicioacuten seraacuten a continuacioacuten expuestas por Soacutecra-tes pero Polemarco ha representado bien su papel a saber el de dar a conocer ldquoel agudo diagnoacutestico de Platoacuten de los peligros a los que puede conducir en la praacutectica una comprensioacuten lsquopoliacuteticarsquo o lsquociacutevicarsquo de la justiciardquo (K Lycos op cit pg 37) 125 Soacutecrates afirma ldquoNo es por tanto iexcloh Polemarco obra propia del justo el hacer dantildeo ni a su amigo ni a otro alguno sino de su contrario el injustordquo (335 d) y agrega como conclusioacuten de este importante paacuterrafo ldquopues que ni lo justo ni la justicia se nos muestran asiacute iquestqueacute otra cosa diremos que es ellordquo (336a) A continuacioacuten viene la furiosa reaccioacuten de Trasiacutemaco contra el meacutetodo de investigacioacuten de Soacutecrates 126 Polemarco ha realizado una suerte de identificacioacuten entre la justicia y el poder social con ello se dificulta la comprensioacuten de la justicia como una virtud que hace mejor al ser humano 127 En el sentido de lsquoprovecho utilidad gananciarsquo

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aprobar leyes en su propio intereacutes y lo que se hace en su propio intereacutes a eso llaman justo128

339b-341a Ahora que se ha explicado el significado de la definicioacuten Soacute-

crates procede a atacarla Incluso si se asume que los gobernantes buscan su propio beneficio aun asiacute ellos a menudo yerran y promulgan leyes que son perjudiciales para ellos mismos por consiguiente asiacute como es justo para los suacutebditos el obedecer a sus gobernantes la justicia consistiraacute algunas veces en hacer lo inconveniente para el maacutes fuerte Soacutecrates reitera esta objecioacuten y es apoyado por Polemarco Clitofonte por su parte insiste en que lo que Trasiacute-maco quiso decir fue que lsquoel intereacutes del maacutes fuertersquo era lo que el maacutes fuerte pensaba que era para su propio intereacutes lo justo era hacer lo ordenado por los gobernantes y esto correcta o erroacuteneamente el maacutes fuerte suponiacutea que le conveniacutea Trasiacutemaco rehusa valerse de esta indicacioacuten y explica que estric-tamente hablando los gobernantes en cuanto que gobernantes no pueden errar Eacutel apoya esta declaracioacuten argumentando a partir de la analogiacutea con los meacutedicos y otros alegando que su concesioacuten anterior fue solo una manera po-pular de expresar el hecho de que los gobernantes parecen errar Por consi-guiente la definicioacuten original fue estrictamente correcta Justicia es el intereacutes del maacutes fuerte puesto que los gobernantes hacen leyes en su propio prove-cho y en cuanto que gobernantes son infalibles

341a-342e Soacutecrates ahora se enfrenta con Trasiacutemaco en su propio te-

rreno y ataca su definicioacuten conforme a lsquola forma maacutes estrictarsquo de argumento Eacutel muestra por analogiacutea129 que cada gobernante en cuanto gobernante busca el bien de aquellos que gobierna puesto que cada arte aspira al bien de su

128 Se presentan por primera vez los aspectos poliacuteticos de la justicia (ver Leyes 714c ss) ldquoTenemos motivos por consiguiente para suponer que la definicioacuten que Platoacuten pone en boca de Trasiacutemaco representa una teoriacutea corriente en la poliacutetica del mo-mentordquo (J Adam pg 25) En ese sentido es probable que Platoacuten quiera presentar aquiacute a Trasiacutemaco como ldquoel portavoz del realismo poliacutetico llevado hasta sus uacuteltimas consecuenciasrdquo (Jacqueline Bordes Politeia dans la penseacutee grecque jusquagrave Aristote Pariacutes 1982 pg 251) Realismo significa aquiacute en liacuteneas generales relativismo 129 Se dice aquiacute lsquoanalogiacutearsquo del razonamiento aquella en que las relaciones o las se-mejanzas son deducidas de otras que son conocidas u observadas

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ocupacioacuten u objeto propio y peculiar y no a su propia conveniencia pues en cuanto arte nada le falta

343a-344c Trasiacutemaco con gran insolencia de tono abandona ahora su

punto de vista idealista y toma un ejemplo de la experiencia El pastor en realidad no busca el bien de su rebantildeo sino que lo engorda para su ventaja propia o la de su amo De manera parecida el gobernante digno de su nom-bre aspira a su propia ventaja Justicia es lsquoel bien de otros hombresrsquo (ἀλλότριον ἀγαθόν) mientras que injusticia es el suyo propio al hombre justo le va peor que al injusto en todas partes en asuntos comerciales y en poliacutetica Que es de utilidad mucho mayor el ser injusto que justo se puede ver del caso de los tiranos que representan la injusticia en su forma maacutes per-fecta Todos los hombres los envidian Finalmente Trasiacutemaco reitera su teoriacutea original con la observacioacuten de que la injusticia en una escala suficientemente grande es al mismo tiempo maacutes fuerte maacutes digna de un hombre libre y maacutes perfecta y sentildeorial que la justicia

344d-347e La contestacioacuten de Soacutecrates se divide en tres partes En la

primera (344d-347e) luego de expresar enfaacuteticamente su desacuerdo con los puntos de vista de Trasiacutemaco y de protestar contra la retractacioacuten del sofista (en el ejemplo del pastor y sus ovejas) de la doctrina de que todo gobernante busca el bien de sus suacutebditos Soacutecrates vuelve a la forma maacutes estricta de razo-namiento a que Trasiacutemaco le habiacutea previamente desafiado sentildeala que no hay gobernante propiamente asiacute llamado que gobierne gustosamente ellos re-quieren sueldos Cuando alguacuten tipo de dominio por ejemplo un arte es ejer-cido en ventaja del que lo gobierna el beneficio viene de la operacioacuten concu-rrente del lsquoarte de obtener gananciasrsquo y no del gobierno mismo La medicina proporciona salud el arte de las ganancias el sueldo que le acompantildea el doc-tor obtiene sus honorarios no en cuanto doctor sino en cuanto receptor de su sueldo

Asiacute no es el gobernante en cuanto gobernante sino los suacutebditos como

ya se dijo los que cosechan el beneficio El sueldo que induce a un hombre a gobernar puede ser el dinero o el honor o la perspectiva de un castigo si

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rehusara La multa maacutes eficaz en el caso de las mejores naturalezas es la perspectiva de ser gobernados por hombres peores que ellos mismos En una ciudad de hombres buenos estar libre de cargos seriacutea buscado con tanto an-helo como lo es ahora el cargo mismo130 Con esto termina por ahora la refu-tacioacuten de la teoriacutea de que la justicia es el intereacutes del maacutes fuerte Soacutecrates pro-mete reanudar el tema en otra ocasioacuten

347e-348b Introduccioacuten a la segunda parte de la respuesta de Soacutecrates a

Trasiacutemaco Deciden el procedimiento a seguir en la discusioacuten que seraacute me-diante un examen con mutuas aceptaciones en que ellos mismos seraacuten a la vez jueces y oradores

348b-350c Trasiacutemaco identifica ahora a la justicia con la simplicidad

(εὐήθειαν)131 la injusticia con la discrecioacuten (εὐβουλίαν)132 La injusticia eacutel la atribuye a la virtud (ἀρετῆς) y a la sabiduriacutea (σοφίας) la justicia a sus opuestos Eacutel luego declara que la injusticia es fuerte y hermosa y estaacute prepa-rado para afirmar de ella todo lo que usualmente se predica de la justicia (348b-349b)

Soacutecrates entonces comienza una refutacioacuten muy sutil recurriendo a la afirmacioacuten de que la injusticia es virtud y sabiduriacutea (349b-350c)

(1) El hombre justo hace lo posible por sacar ventaja133 del injusto pero no del justo el hombre injusto saca ventaja del justo y del injusto Por consi-guiente generalmente el hombre justo se esfuerza por sacar ventaja del de-semejante el hombre injusto en sacar ventaja tanto del semejante como del desemejante Ademaacutes el injusto por ser sabio y bueno se asemeja al sabio y

130 Es una suerte de principio en la ciudad ideal el que los mejores se hallen poco dispuestos a ocuparse en tareas de gobierno y se resistan a abandonar una vida de contemplacioacuten 131 Cada uno de los interlocutores querraacute usar el vocablo con matices diferentes Su sentido maacutes baacutesico puede ser el de lsquocandidez inocenciarsquo o si se quiere lsquoingenuidadrsquo J Adam lo interpreta como lsquosimplicidadrsquo 132 ldquoεὐβουλία lteubouliacutea gt era preeminentemente una virtud poliacuteticardquo J Adam pg 49 133 El verbo πλεονεκτεῖν (pleonekteicircn) encierra el sentido baacutesico de lsquoser codiciosorsquo aquiacute he preferido el significado de lsquosacar ventajarsquo al de lsquoengantildearrsquo overreach de Adam Indudablemente que ambos sentidos estaacuten presentes en el verbo griego

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bueno mientras que el justo por ser ignorante y malo se parece al ignorante y malo en una palabra cada cual es como aquellos a quienes se parece

(2) Por otra parte a partir de la analogiacutea de las artes se ve que el que conoce trata de sacar ventaja del desemejante mientras que el ignorante trata de sacar ventaja tanto del semejante como del desemejante Pero el hombre que sabe es sabio y el sabio es bueno podemos por consiguiente substituir en la uacuteltima frase lsquohombre sabio y buenorsquo por lsquoel hombre que sabersquo e lsquoigno-rante y malorsquo por lsquoignorantersquo Comparando entonces las conclusiones (1) y (2) vemos que los justos son como los sabios y buenos esto es son sabios y buenos (puesto que ellos son tal como aquellos a quienes ellos se asemejan) mientras que los injustos de manera semejante son ignorantes y malos Asiacute se refuta la tesis de que la injusticia es virtud y sabiduriacutea

350c-352d Ahora Soacutecrates ataca la segunda afirmacioacuten hecha por Tra-

siacutemaco en 349a a saber que la injusticia es fuerte La justicia (argumenta eacutel) es maacutes fuerte que la injusticia tanto porque ella es (como hemos visto) virtud y sabiduriacutea como porque ella es en sus efectos la antiacutetesis de la injusticia que infunde odiosidad y sedicioacuten a la vez entre conjuntos de individuos co-mo en el individuo mismo134 La injusticia debilita al impedir la accioacuten comu-nitaria hace a los hombre colectiva e individualmente odiosos a siacute mismos y a los justos entre los que estaacuten los dioses Cuando la injusticia parece ser fuer-te lo es en virtud de una justicia latente que ella todaviacutea retiene

352d-354c Aquiacute el argumento vuelve a 347e y el resto del libro ofrece

una refutacioacuten directa de la opinioacuten de que la injusticia es maacutes ventajosa que la justicia en otras palabras que la vida del hombre injusto es mejor que la del justo Una refutacioacuten indirecta dice Soacutecrates es proporcionada por la dis-cusioacuten reciente (de 348b a 352d) la directa es como sigue Todo tiene tiene su operacioacuten peculiar o producto (ἔργον) mdasheso que especialmente eacutel solo pro-

134 Al contrario de la injusticia que produce disensioacuten ldquola justicia proporciona concordia y amistadrdquo (351 d) La lsquoconcordiarsquo (ὁμόνια) y la lsquoamistadrsquo (φιλία) se re-fuerzan mutuamente

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duce mejor que cualquier otra cosa135 Todo ademaacutes tiene su propia y pecu-liar excelencia (ἀρετή) sin la que no podraacute hacer bien su trabajo136

Ahora bien la operacioacuten del alma es preocuparse (ἐπιμελεῖσθαι) go-

bernar (ἄρχειν) deliberar (βουλεύεσθαι) vivir (ζῆν) su excelencia es la jus-ticia Por consiguiente el alma justa viviraacute bien y el que vive bien es feliz y dichoso Y como esto es maacutes ventajoso que ser miserable la injusticia (ἀδικία) jamaacutes puede ser maacutes ventajosa que la justicia (δικαισύνη) En conclusioacuten Soacute-crates resume con cierto pesar en tanto que no conozcamos lo que es la justi-cia es difiacutecil que se sepa si es una virtud o un vicio y si su posesor es feliz (εὐδαίμων) o infeliz137

Libro segundo 357a-358e Soacutecrates pensaba que la conversacioacuten habiacutea concluido pero

Glaucoacuten revive la teoriacutea de Trasiacutemaco Se ponen de acuerdo acerca de una clasificacioacuten triple de bienes Los bienes son deseables ya sea (1) por siacute mis-mos o (2) a la vez por siacute mismos y por sus consecuencias o (3) solo por sus consecuencias La justicia es colocada por Soacutecrates en la segunda y maacutes noble de esas tres clases Glaucoacuten por su parte afirma que la mayoriacutea lo coloca en el tercero y propone defender la creencia de la mayoriacutea no como sostenieacuten-

135 Este ha de ser uno de los principios fundamentales de la estructura poliacutetica de toda la Repuacuteblica (cf II 369e ss) 136 ldquoPlato explains virtue as excellence in a particular function or role (ergon) (R 353b2-d1) and his explanation matches the normal use of lsquoaretendashmdashrsquo Dogs horses athletes can all be good or bad possess or lack a virtue in so far as they are good or bad at what is expected of them in their particular role (R 335b6-c2) However So-crates is interested in one subset of virtues those of his short list Unlike other aretai these are particularly humanrdquo (T Irwin Platos Moral Theory Oxford 1982 lt1977gt pg 14) 137 T Irwin (op cit pg 180) se pregunta si Platoacuten acepta realmente los argumentos de Soacutecrates en el libro I responde que ciertamente eacutel acepta algunas de las conclu-siones (1) que la justicia beneficia al hombre justo (2) que el hombre justo beneficia a otros (3) que a los hombres justos no les gusta gobernar pero gobernaraacuten bien (347d 1-6) y que la justicia es la virtud del alma ldquoEstas conclusiones dice son de-fendidas posteriormente en la Repuacuteblica pero con argumentos diferentesrdquo

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dola eacutel por siacute mismo sino para forzar a Soacutecrates a defender la justicia y con-denar la injusticia consideradas por sus propios meacuteritos en siacute mismas Eacutel piensa que Trasiacutemaco se ha dado por vencido demasiado pronto

358e-359b Glaucoacuten describiraacute primero el origen y la naturaleza de la

justicia de acuerdo con la teoriacutea que eacutel se ha propuesto sostener De acuerdo con la naturaleza (πεφυκέναι) cometer injusticia (ἀδικεῖν) es un bien sufrir injusticia (ἀδικεῖσθαι) un mal138 Pero como hay maacutes mal en sufrir injusticia que bien en cometerla la experiencia hace a los hombres el decidirse a esta-blecer leyes (νόμους) y pactos (συνθήκας) mutuos de no cometer y de no sufrir injusticia A las prescripciones colectivas de este pacto se llama ley y justicia Justicia es de consiguiente un compromiso entre el mejor curso de accioacuten es decir causar perjuicio sin incurrir en ninguna pena139 y el peor es decir sufrir perjuicio sin poder imponer un castigo retributivo140 No aceptaraacute el compromiso quien sea suficientemente fuerte como para hacer perjuicio141 con buen eacutexito

359b-360d En segundo lugar mdashprecisa Glaucoacutenmdash nadie es voluntaria-

mente justo Demos al justo y al injusto el poder maacutes pleno para ejercer su voluntad aseguraacutendolos contra todo tipo de consecuencias perniciosas deacute-mosles la facultad de hacerse invisibles como la que Giges poseiacutea a traveacutes de su anillo y el justo mostraraacute que no es mejor que el injusto142 Si con este po-

138 Seraacute importante tener en cuenta la comparacioacuten constante que se hace entre el sentido activo de adikeicircn ldquocometer injusticiardquo y el pasivo adikeicircsthai ldquosufrir o pade-cer injusticiardquo 139 ἐὰν ἀδικῶν μὴ διδῷ δίκην ldquoque no sufra castigo quien cometa injusticiardquo (359a) 140 ἐὰν ἀδικούμενος τιμωρεῖσθαι ἀδύνατος ᾖ ldquoque quien padezca injusticia sea incapaz de vengarserdquo (ibid) 141 lsquocometer injusticiarsquo 142 ldquoPara mostrar porqueacute la teoriacutea del contrato no proporciona una buena razoacuten para ser justo Glaucoacuten introduce el anillo de Giges que elimina las consecuencias artificiales de la accioacuten injusta quien acepta la teoriacutea del contrato usaraacute el anillo de Giges si es sabio (359b6-c6 360c6-d2)rdquo (T Irwin op cit pg 186) Pero Giges antildeade Irwin elimina solo las consecuencias artificiales de esa accioacuten injusta lo que en uacutel-timo teacutermino proporciona una buena razoacuten para rehusar el anillo ldquoy persistir en la justicia por sus buenas consecuencias naturalesrdquo Esto es asiacute no obstante que Glau-coacuten mdashseguacuten afirma nuestro autormdash estaacute auacuten en la razoacuten al decir que un partidario

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der de ocultarse a siacute mismo el hombre justo todaviacutea rehusa actuar injusta-mente no hay duda que los hombres lo elogiariacutean abiertamente pero en se-creto lo juzgariacutean totalmente miserable y necio

360d-362c En tercer lugar la vida del injusto mdashseguacuten nuestra teoriacuteamdash

es mucho mejor que la del justo Supongamos a cada uno de estos la personi-ficacioacuten perfecta de su tipo el uno es un artista consumado en iniquidad ca-paz de apremiar cuando es necesario y listo al mismo tiempo en simular dis-frutando de la maacutes alta reputacioacuten de justo mientras es culpable de los actos peores de injusticia el otro en cambio deseoso no de ser estimado bueno sino de serlo afanaacutendose hasta la muerte bajo la imputacioacuten de la peor injus-ticia aunque eacutel permanece justo Solo por medio de esta suposicioacuten podemos asegurarnos de que el justo no ha sido atraiacutedo por las recompensas de la jus-ticia sino por la justicia misma iquestCuaacutel seraacute el resultado El justo seraacute todo un miserable y fracasado el injusto enteramente proacutespero y feliz haciendo el bien a sus amigos y el mal a sus enemigos incluso maacutes el injusto seraacute maacutes querido a los dioses que el justo porque tiene con queacute ganar sus favores

362c-363e En este punto Glaucoacuten cede el paso a Adimanto Glaucoacuten

habiacutea sostenido la superioridad de la injusticia Adimanto apoyaraacute la misma tesis explicando el argumento usualmente propuesto en favor de la justicia En primer lugar cuando los padres y amigos exhortan al joven a seguir la justicia ellos no alaban a la justicia misma sino las recompensas que la justi-cia se granjea de hombres y dioses Homero y Hesiacuteodo describen los benefi-cios que se derivan de la justicia en la vida presente mientras que Museo y su hijo aseguran a sus devotos una bienaventuranza sensual en la vida futura y otros prometen al hombre piadoso una larga liacutenea de descendientes pero re-legan al malvado al castigo despueacutes de la muerte y a la impopularidad du-rante la vida

de la teoriacutea del contrato usaraacute el anillo de Giges y ldquoaunque su uso seraacute maacutes restrin-gido de lo que Glaucoacuten declara lo seraacute suficientemente frecuente como para mos-trar que una teoriacutea Humeana que apela en favor del sistema de justicia a causa de las malas consecuencias de la accioacuten injusta no proporciona razones para ser justordquo A Ophir (Platos Invisible Cities London 1991 pgs 42-43) en su anaacutelisis del tema afirma ldquoEl mito de Giges es una historia de distinciones desdibujadas y de liacuteneas de demarcacioacuten violadasrdquo

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363e-365a En segundo lugar mdashcontinuacutea Adimantomdash tanto por los poe-

tas como en la vida privada la virtud es calificada de honorable pero difiacutecil el vicio de faacutecil y vergonzoso solo por convencioacuten (νόμῳ) La injusticia dicen los hombres es el mejor curso de accioacuten ellos admiran al rico vicioso y des-precian al pobre virtuoso Lo maacutes sorprendente de todo a los dioses mismos se les considera a veces benignos con el malvado y poco amables con el bueno y hay adivinos que pretenden tener el poder de parte de los dioses de purificar al injusto con sacrificios o conjuros realizados festivamente y se comprometen a dantildear a los enemigos por un gasto insignificante de dinero En apoyo de tal doctrina ellos citan a los poetas Hesiacuteodo por ejemplo y Homero Hay asimismo libros que contienen foacutermulas de sacrificios con cuya utilizacioacuten los hombres estaacuten convencidos de que sus faltas pueden ser per-donadas tanto en vida como despueacutes de la muerte

365a-367e Finalmente iquestcuaacutel es el efecto en las almas de los joacutevenes Joacute-

venes bien dotados son animados a practicar la injusticia mientras fingiendo exteriormente ser justos Para evitar ser descubiertos por sus compantildeeros ellos forman asociaciones poliacuteticas y emplean la persuasioacuten y la fuerza Se pueden permitir ignorar a los dioses porque o no hay dioses o estos no se ocupan del hombre o mdashseguacuten aquellos que son las solas autoridades en lo que respecta a su existenciamdash se los puede aplacar con los ingresos de la in-justicia Hay ritos especiales y dioses que nos pueden librar del castigo des-pueacutes de la muerte eso dicen los propios hijos de los dioses143 Los argumen-tos en favor de la injusticia son tan fuertes que incluso aquellos que pueden refutarlos son indulgentes y admiten que nadie es justo voluntariamente144 excepto por una innata disposicioacuten virtuosa o por conocimiento cientiacutefico

Depende de ti Soacutecrates mdashdice Adimantomdash ahora por la primera vez

elogiar a la justicia y censurar a la injusticia en siacute y por siacute misma (αὐτὴ δ᾽

143 Como seguacuten el razonamiento es el caso de Orfeo y Museo 144 En el relato de Giges Glaucoacuten habiacutea afirmado (II 360c) que ldquonadie es justo de propia voluntad a menos que esteacute obligado a serlordquo (ὅτι οὐδεὶς ἑκὼν δίκαιος ἀλλ᾽ ἀναγκαζόμενος) ahora se vuelve a repetir dando razones parecidas aunque maacutes especiacuteficas A ello Soacutecrates ha de oponer nadie es injusto voluntariamente

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αὐτὴν) aparte de sus elementos accesorios Incluso maacutes debes asignar a cada cual la reputacioacuten de que goza la otra y no mostrarnos meramente que la jus-ticia es mejor que la injusticia Cueacutentanos queacute efectos producen ellas separa-damente en sus posesores a consecuencia de lo cual el uno es bueno el otro malo145

367e-369b En un corto interludio Soacutecrates luego de felicitar a Glaucoacuten

y Adimanto hace algunas observaciones acerca de la magnitud de la tarea que tiene por delante nada menos que la defensa de la justicia contra sus di-famadores Como los de corta vista son maacutes capaces de reconocer las letras pequentildeas de lejos si han estudiado previamente las mismas letras reproduci-das en tamantildeo mayor y sobre un fondo maacutes amplio asiacute mdashdice Soacutecratesmdash estudiemos la justicia en un objeto mayor esto es en las ciudades146 y des-pueacutes buscar sus rasgos distintivos en un objeto menor en otras palabras en el individuo La contemplacioacuten (θεασαίεθα) de una ciudad en proceso de crea-cioacuten nos mostraraacute coacutemo surge con ella la justicia y la injusticia147

145 Si se hubiera interrogado a Platoacutenmdash-piensa J D Mabbott (ldquoIs Platos Republic Utilitarianrdquo en Plato II Ethics Politics and Philosophy of Art and Religion Ed by G Vlastos New York 197 (57-65) de si eacutel quiso sentildealar que un hombre que posee la justicia en su alma posee tambieacuten como consecuencia natural la felicidad por cuya sola razoacuten valiacutea la pena ser justo Platoacuten habriacutea rechazado tal interpretacioacuten Lo que la justicia hace es volver armoniosa al alma y su armoniacutea es la justicia y no una con-secuencia de ella De ahiacute que seguacuten dice Mabbott ldquoSoacutecrates tiene que mostrar que la justicia es buena tanto en siacute misma como en sus consecuenciasrdquo (ibid pg 60) 146 Que equivale a decir en los estados que ellas constituyen Se trata de un paso metodoloacutegico importante se estudiaraacute primero la justicia en la ciudad para luego examinar la justicia del individuo Este sistema de investigacioacuten se constituye de aquiacute en adelante en una de las caracteriacutesticas maacutes constantes de toda la obra Esto trae como consecuencia que haya una estrecha analogiacutea entre las sociedad y el indi-viduo 147 La investigacioacuten acerca de la poliacutetica se hace inseparable del estudio antropoloacute-gico que en Platoacuten es fundamentalmente un saber acerca del alma humana Bien dice J G Gunnell ldquostate and soul are inseparablerdquo (Political Philosophy and Time Plato and the Origins of Political Vision ChicagoLondon 1987 lt1968gt pg 153) Se establece asiacute claramente que el estado ldquoencuentra su origen en las necesidades del hombre y el auge y la caiacuteda del orden social es un problema del tiempo humano o de la historiardquo (ibid) Se asienta por lo demaacutes en este punto del texto el meacutetodo de acuerdo con el cual se va a proceder en el resto de la obra con excepcioacuten de los li-bros V-VII los que como afirma J Adam ldquoare professedly a lsquodigressionrsquordquo y el libro X ldquowhich is of the nature of an epiloguerdquo (pg 91)

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369b-372d El primer bosquejo de una ciudad-estado148 La ciudad surge a la vida a raiacutez de que el individuo no es auto-

suficiente149 Podemos considerarla como la unioacuten de muchos individuos que se ayudan mutuamente uno al otro en un lugar (εἰς μίαν οἴκησιν) El indivi-duo da y toma porque piensa que es mejor para eacutel hacerlo asiacute

Ahora bien la primera necesidad del hombre es el alimento la segunda la habitacioacuten la tercera el vestuario y cosas parecidas150 El estado maacutes pe-quentildeo posible consistiraacute por consiguiente en un labrador un albantildeil un te-jedor un zapatero y alguacuten otro que atienda necesidades materiales cuatro o cinco en total Cada uno de estos debe trabajar para todos porque la natura-leza ha adaptado a hombres diferentes para diferentes tipos de trabajo y por-que cada tipo de trabajo tiene su momento criacutetico cuando hay que realizarlo sin desatenderlo Nuestro principio es un hombre un trabajo151 En conse-cuencia requeriremos carpinteros y herreros para hacer instrumentos para el labriego tejedor y zapatero asiacute como varios tipos de pastores para suminis-trar ganado para arar y transportar junto con pieles y lanas para el vestuario Ya que es casi imposible hacer la ciudad auto-suficiente requeriremos inter-mediarios para introducir mercanciacuteas y como las importaciones suponen ne-

148 La lsquoprimera ciudadrsquo de Platoacuten cuya descripcioacuten por momentos es iroacutenica ad-quiere el caraacutecter de fundamento sobre el que se construye la ciudad y de hecho ldquoaunque algunos de sus rasgos son impliacutecitamente corregidos o como consecuencia sustituidos auacuten permanece en general un cuadro simpaacutetico de la vida del estrato maacutes bajo en la ciudad de Platoacuten y en ninguna parte es expresamente suprimido o abolidordquo (J Adam pg 100) 149 Luego de haber hecho notar J Adam (pg 93) que el episodio presente es su-puestamente un relato histoacuterico de la generacioacuten de la sociedad (cf Leyes III 676a ss) considera que la atmoacutesfera que predomina no es histoacuterica o legendaria sino idealis-ta y deberiacutea verse la ciudad primordial de Platoacuten como ldquouna descripcioacuten preliminar y provisoria del fundamento industrial sobre el que han de descansar las partes maacutes elevadas de su propia ciudad idealrdquo 150 Ciertos lemas poliacuteticos deciacutean ldquopan techo y abrigordquo ciertamente un le ma muy platoacutenico 151 Una afirmacioacuten preliminar es que por el hecho de haber diferencias naturales entre los hombres nadie es por naturaleza exactamente igual a otro en consecuen-cia la diversidad del trabajo surge de las distinciones naturales entre los individuos Al mismo tiempo se desprende de aquiacute que el mejor modo de realizar ese trabajo es dedicaacutendose enteramente a eacutel Esto es en la ciudad cada cual debe realizar un solo trabajo no varios es un principio fundamental de la distribucioacuten del trabajo en la ciudad platoacutenica

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cesariamente exportaciones el nuacutemero de labriegos y artesanos en nuestra ciudad creceraacute y tendremos necesidad de comerciantes viajeros para colocar la produccioacuten y expertos en transporte mariacutetimo en caso que el comercio se realice por mar

Ademaacutes para facilitar el intercambio en el interior de la ciudad debe haber un mercado (ἀγορὰ) y moneda acuntildeada y comerciantes al detalle que actuacuteen como intermediarios entre el productor y el consumidor Los comer-ciantes detallistas deberiacutean ser aquellos que son incapaces fiacutesicamente de ocuparse en cualquiera otra ocupacioacuten Habraacute tambieacuten trabajadores asalaria-dos en nuestra ciudad152

iquestDoacutende estaacuten pues la justicia y la injusticia en tal repuacuteblica iquestJunto con queacute partes integrantes del estado hacen ellas su aparicioacuten Adimanto sugiere que deberiacuteamos buscarlas en las mutuas relaciones de las diversas categoriacuteas en la ciudad Examinemos el asunto dice Soacutecrates Los ciudadanos viviraacuten la vida simple y descuidada de vegetarianos satisfaciendo solo las modestas demandas de sus apetitos naturales A una indicacioacuten de Glaucoacuten se les con-cede unos pocos lujos vegetarianos adicionales

372d-373c Glaucoacuten protesta contra el caraacutecter cerduno de tal tipo de vi-

da piensa que se deberiacutea permitir mayor bienestar Mientras expresa su opi-nioacuten de que un estado saludable es tal como lo ha descrito Soacutecrates estaacute dis-puesto a describir una ciudad en estado de inflamacioacuten (φλεγμαίνουσα)153 pues examinaacutendola puede ser que se comprenda de queacute modo surgen la justicia y la injusticia (372d-372e)

El segundo bosquejo de una ciudad comienza ahora (372e ss)154 Algunos no estaraacuten satisfechos con las disposiciones de nuestra primera

ciudad y exigiraacuten una variedad de comodidades fiacutesicas y refinamientos y deleites artiacutesticos Una multitud de cazadores y artistas imitadores de diferen-tes tipos brotaraacuten de consiguiente y la estirpe de intermediarios se veraacute in-

152 Es decir que venden el empleo de su fuerza por un precio llamado salario 153 Es decir atacada por una infeccioacuten que la tiene hinchada 154 Es la lsquociudad purificadarsquo (cf J Adam pg 100) que representa la lsquosegunda ciu-dadrsquo (II 372e-IV) de Platoacuten (la lsquoprimerarsquo se habiacutea mostrado insuficiente para la satis-faccioacuten de las necesidades humanas baacutesicas)

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crementada grandemente Como una dieta de carne se pondraacute de moda ha-braacute demanda de porquerizos y se multiplicaraacute el ganado El nuevo estilo de vida pondraacute los doctores en circulacioacuten

373d-376c A consecuencia del aumento de poblacioacuten se requeriraacute maacutes

territorio Tendremos de consiguiente que apropiarnos de algo de la tierra de nuestro vecino exactamente como bajo similares condiciones ellos echaraacuten mano sobre la nuestra He aquiacute el origen de la guerra155 Las obligaciones de la guerra mdashseguacuten nuestro principio de la subdivisioacuten del trabajomdash nos com-prometeraacute con un ejeacutercito permanente de soldados profesionales o lsquoguardia-nesrsquo (τῶν φυλάκων)156 Ahora bien como la guerra exige no solo concentra-cioacuten y aplicacioacuten sino tambieacuten una cierta aptitud natural nuestros guardia-nes deben ser calificados por naturaleza para sus obligaciones es decir como perros de raza ellos deben ser agudos para percibir veloces para perseguir y fuertes en el combate efectivo Ellos deberiacutean tambieacuten ser valientes (ἀνδρεῖος)157 y animosos (θυμοειδὴς)158 pero gentiles (πρΏους) con sus con-ciudadanos y entre siacute Escasa es la conjuncioacuten de gentileza y aacutenimo en una misma naturaleza pero no es desconocida entre los hombres como no lo es entre los perros Nuestros guardianes deben ser de hecho filosoacuteficos (φιλόσοφοι) como los perros159 que es un verdadero filoacutesofo cuando discri-mina entre el amigo y el enemigo respectivamente por conocimiento y por

155 ldquoLa guerra entonces surge de la adquisicioacuten de territorio y riqueza cf Fedoacuten 66 C ldquodebido a la adquisicioacuten de riquezas surgen todas nuestras guerrasrdquo donde se le sigue el rastro a la guerra hasta llegar al cuerpo y sus deseos por cuya satisfaccioacuten buscamos multiplicar nuestras posesionesrdquo (J Adam pg 103) 156 Como recuerda J Adam (pg 105) es la primera aparicioacuten de φύλακες en el sen-tido teacutecnico que tiene en la Repuacuteblica El nombre incluye no sοlo a los soldados sino tambieacuten luego a los gobernantes 157 La valentiacutea (ἀνδρία) se constituiraacute en una de las virtudes cardinales de la Repuacute-blica Por ser una cualidad de guardianes se sentildeala especialmente el sentido de viri-lidad y coraje 158 Una cualidad propia del caballo (lsquofogosorsquo cf 375a-b) y de otros animales En el guardiaacuten revela las caracteriacutesticas de un aacutenimo (θυμός) intreacutepido e indomable ante el peligro 159 Probable alusioacuten a los ciacutenicos Ver J Adam pg 108

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ignorancia odiando al desconocido y acogiendo al conocido160 En resumen se exigiraacute que un guardiaacuten sea filosoacutefico animoso veloz y fuerte

376c-378e Consideremos a continuacioacuten coacutemo educar a nuestros futu-

ros guardianes la buacutesqueda puede ayudarnos a descubrir el origen de la jus-ticia y de la injusticia

Podemos aceptar la opinioacuten tradicional de que la educacioacuten (παιδεία) consiste en muacutesica (μουσική) o cultura del alma en gimnasia (γυμναστικήv) o cultura del cuerpo Se debe comenzar con la muacutesica antes que con la gimnasia Ahora bien la muacutesica incluye literatura (λόγοι) la que es verdadera o falsa (μύθους ψευδεῖς) Educaremos a nuestros nintildeos con lite-ratura falsa antes de ensentildearles la verdadera pero evitaremos todas las le-yendas que inculcan puntos de vista inconsistentes con aquellos que desea-mos que nuestros guardianes sostengan cuando adultos Debemos someter a censura (μέμφεσθαι)161 a los forjadores de leyendas (μυθοποιοῖς) y faacutebulas (μύθους) y rechazar a la mayoriacutea de nuestras actuales leyendas Caricaturas de los dioses como las historias sobre Cronos y Urano Zeus y Cronos no sοlo son falsas en siacute mismas sino que no deberiacutean incluso si fueran verdade-ras ser contadas a los nintildeos no sea que ellas engendren inhumanidad e im-piedad filial ni deberiacutean los nintildeos ser inducidos por la poesiacutea u otras artes imitativas a creer que los dioses rintildeen y luchan entre ellos Ninguacuten pretexto de un lsquosentido maacutes profundorsquo (ὑπόοια) puede justificar que se narren tales cuentos a los nintildeos porque los nintildeos no pueden distinguir el espiacuteritu de la letra y es muy difiacutecil borrar impresiones formadas a tan temprana edad

378e-380c En tanto que fundadores de una ciudad iquestcuaacuteles seraacuten los di-

sentildeos (τύπους) con que deberemos reproducir nuestras leyendas

160 Seguacuten J Adam (ibid) lsquoverdaderamente filoacutesoforsquo indica que lsquofiloacutesoforsquo debe to-marse en su sentido etimoloacutegico es decir lsquoamor del conocimientorsquo cf op cit pg 38 161 Esta forma de censura muy criticada por algunos que se toman demasiado en serio todos los aspectos de este proyecto de ciudad es en primer lugar una norma-tiva de tipo pedagoacutegico Sin embargo como en la ciudad es el estado el que educa a sus guardianes termina por ser tambieacuten una regulacioacuten poliacutetica

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(μύθους)162 Se deberiacutea representar a Dios tal como realmente es Ahora bien Dios es bueno y siendo bueno no puede ser la causa del mal163 eacutel es causa de poco para la raza humana pues el mal es mucho maacutes comuacuten en el mundo que el bien Esta es una de las reglas que nuestros poetas deben observar164 pero es violada constantemente por Homero y otros Jamaacutes debe decirse que la divinidad es causante de males y si se hace debe representarse como ac-ciones divinas en que el castigo redundoacute en beneficio del culpable

380d-383c En segundo lugar Dios es inmutable e incapaz de enga-

ntildear165 No cambia ya que eacutel es el mejor Lo que es mejor no puede ser cam-biado por otros y no cambiaraacute eacutel mismo porque solo puede cambiar lo que es peor Homero y otros poetas yerran al atribuir mutabilidad a los dioses Ni puede Dios engantildear pues la verdadera y genuina mentira es decir la igno-rancia de la verdad en el alma es odiosa del mismo modo a los dioses y a los hombres la mentira expresada con palabras que no es sino una imagen de la otra es admisible solamente cuando usada contra los enemigos o en favor de los amigos o para conferir a lo antiguo o lo desconocido una semblanza de realidad Dios no necesita mentir para ninguno de esos objetivos eacutel es por consiguiente absolutamente simple (ἁπλοῦν) y veraz (ἀληθὲς)166 Tambieacuten Homero y Esquilo desfiguran en este respecto la naturaleza divina

162 ldquoEn opinioacuten de Platoacuten refiere J Adam (pg 118) todas las leyes son solo moldes o perfiles (outlines ) dentro de los que deberiacutean conformarse nuestra accionesrdquo 163 En 380b se dice ldquoDeclarar que Dios (θεόν) que es bueno haya llegado a ser la causa de los padecimientos de alguien hay que combatirlo con todos los recursos a fin de que nadie haga estas declaraciones en su ciudad si se pretende establecer una buena legislacioacutenrdquo (trad de G Goacutemez Lasa) 164 En este paraacutegrafo se inicia una discusioacuten acerca de la theologiacutea (θεολογίας) que es la lsquociencia de las cosas divinasrsquo (LSJ) Es la uacutenica aparicioacuten de la palabra en toda la obra de Platoacuten siendo escaso el uso del teacutermino y maacutes propiamente tardiacuteo LSJ atestigua un uso plural en Aristoacuteteles junto a autores como Filodemo Filoacutesofo (s I a C) Porfirio (s III dC) y Yaacutemblico (s IV d C) En su forma philosophiacutea theologikeacute de-signa en Aristoacuteteles la filosofiacutea primera o metafiacutesica (cf Metafiacutesica 1026a 19) En nuestro texto se estaacuten asentando los lineamientos (τύποι) con que los fundadores de la ciudad han de evaluar la creacioacuten literaria en torno a las cosas divinas 165 Dos aspectos esenciales de la divinidad del primero se puede decir que es un principio de orden filosoacutefico (de la teologiacutea natural) y del segundo que es un postu-lado de toda religioacuten revelada 166 La lsquosimplicidadrsquo (ἁπλοῦν) de Dios estaacute indudablemente en correlacioacuten con su caraacutecter de inmutable (se habla maacutes especiacuteficamente de la ausencia en eacutel de cambio

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Libro tercero 386a-389a Estas son las doctrinas por medio de las que debemos fomen-

tar los sentimientos de piedad hacia los dioses y padres y la amistad mutua entre los ciudadanos

Para estimular la valentiacutea (ἀνδρείοι)167 necesitaremos a nuestros poetas para celebrar (ἐπαινεῖν) y no para desacreditar (λοιδορεῖν) la vida que nos espera despueacutes de la muerte de otra manera su poesiacutea seraacute no solamente falsa sino tambieacuten perjudicial a nuestros futuros soldados Homero aquiacute de nuevo se hace acreedor de censura168 Se debe descartar nombres que inspiran temor como el Cocito o la Estigia169 asiacute como las lamentaciones puestas en los labios de hombres famosos pues el hombre bueno no tiene razoacuten para lamentar la muerte de un buen camarada ya sea en razoacuten de este su camara-da o por causa de siacute mismo Homero viola estos caacutenones cuando representa a Aquiles y a Priacuteamo entregaacutendose a lamentaciones por sus muertos y auacuten maacutes cuando hace a los dioses incluso los maacutes grandes de los dioses rendirse a la afliccioacuten Ademaacutes como un excesivo regocijo es a propoacutesito para rebotar en el extremo opuesto nuestros joacutevenes no deben ser aficionados a reiacuter Ho-mero yerra al pintar a hombres buenos y a dioses como dominados por la risa

389b-392a Deberiacutea asignarse tambieacuten un gran valor a la verdad Se les

puede permitir a nuestros gobernantes la mentira medicinal en intereacutes del

y alteracioacuten 381b) por otra parte a su incapacidad de engantildear se antildeade su lsquoveraci-dadrsquo (ἀληθὲς) 167 Se tiene en vista principalemente como sentildeala J Adam (pg 130) el coraje en la guerra de ahiacute la importancia de remover el temor de la muerte 168 Las palabras de Platoacuten al establecer su censura son cuidadosas Luego de pasar revista a una serie de textos de la Iliacuteada y la Odisea Soacutecrates anuncia que les va a pedir a los poetas que le hagan el favor (ese es el sentido de paraiteacuteomai) ldquode no enojar-se si los tachamosrdquo (387b) y eso no por falta de calidad poeacutetica Luego usa una ex-presioacuten maacutes taxativa ldquoiquestHay que suprimirlos entoncesrdquo (dice Soacutecrates) ldquoSiacuterdquo le responden Estas supresiones afectan a estos poetas aparentemente en cuanto ele-mentos de ensentildeanza para los futuros guardianes de la ciudad no es propiamente una lsquocensurarsquo mdashcomo podriacutea serlo en nuestros diacuteasmdash a los medios de comunicacioacuten o a los artistas en cuanto tal Una cosa es el diario y otra el texto de estudio 169 Cuyos significados respectivos son ldquoriacuteo de gemidosrdquo y ldquoel aborreciblerdquo

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estado (ἐπ᾽ὠφελίᾳ τῆς πόλεως )170 pero todo otro que mienta seraacute castiga-do Mentir a los gobernantes es peor que mentir a un meacutedico acerca de la enfermedad

De no menos necesidad es el dominio de siacute mismo que capacitaraacute a

nuestros ciudadanos a obedecer a los gobernantes y a gobernar sus propios apetitos Homero a menudo representa heacuteroes y dioses que carecen de esta virtud como insubordinados glotones lascivos avaros inclinados a la ven-ganza y viles Esto resulta en el desaliento del joven por la virtud deseada y todas tales representaciones deben en consecuencia ser prohibidas que son a la vez impiacuteas y falsas

392c-394d Hemos ahora finalizado el examen de la materia temaacutetica171

de la poesiacutea y ahora tenemos a continuacioacuten que hablar de la forma de desa-rrollarlos172 Toda composicioacuten es en cierto sentido narrativa en la que se re-latan cosas pasadas presentes o futuras173 La narracioacuten en ese sentido puede ser o (1) simple y sin combinacioacuten (2) imitativa (3) a la vez simple e imitati-va Homero proporciona un ejemplo del tercer tipo su poesiacutea es puramente narrativa cuando eacutel estaacute hablando in propria persona es imitativa cuando po-ne sus palabras en boca de algunos de sus personajes La tragedia y la come-dia son ejemplos del estilo imitativo El mejor ejemplo del estilo puramente

170 La mentira (pseudos) en cuanto que medicamento (phaacutermakon) debe quedar re-servada a los meacutedicos o a sus equivalentes en el manejo del estado los gobernan-tes Seguacuten el testimonio de Platoacuten la medicina hipocraacutetica busca comprender la na-turaleza del cuerpo mediante la comprensioacuten de la naturaleza en su totalidad (Fedro 270c-d) 171 Es lo referente a los discursos o el tipo de narraciones (λόγων) 172 O del modo de decir (λέξεως) estos discursos 173 En relacioacuten con el tema de la lsquonarracioacutenrsquo o lsquoexposicioacutenrsquo (διήγησις) ver Eutid 275d Gorg 465e Fdr 246a 266e Tim 38e 48d Teet 142c

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narrativo es el ditirambo174 del tercero mdasho clase mixtamdash la eacutepica iquestCuaacutel de estas formas admitiremos y en queacute circunstancias175

394e-397d Nuestros guardianes no deben ser propensos a la imitacioacuten

(μιμητοκοὺς) Hemos estado de acuerdo en que un hombre no puede sino hacer bien una sola cosa y tampoco es posible para un solo hombre imitar dos cosas con acierto como podemos ver de los ejemplos especiales de la composicioacuten y la actuacioacuten poeacuteticas El uacutenico deber de nuestros guardianes es hacer y conservar libre la ciudad176 y si han de practicar alguacuten geacutenero de imi-tacioacuten sus modelos deben ser los apropiados para hombres libres es decir hombres de caraacutecter valeroso y virtuoso pues imitacioacuten significa asimila-cioacuten177 La poesiacutea dramaacutetica viola continuamente esta regla En general el hombre bueno no haraacute uso de la imitacioacuten excepto cuando se pone a narrar los dichos o hechos de seres virtuosos o alguacuten paso del vicio a la virtud o a veces por mero pasatiempo Su estilo de discurso combinaraacute una narrativa sencilla con imitacioacuten pero usaraacute esta uacuteltima con parquedad mientras que el malo estaraacute maacutes a menudo por imitar que por narrar y ninguacuten tipo de imita-cioacuten le vendraacute mal Con respecto al modo y al tiempo el lenguaje de la virtud seraacute praacutecticamente invariable mientras que el del vicio variado

174 El ditirambo fue en sus inicios una cancioacuten coral en honor de Dioniso aunque sus temas fueron muy variados predominoacute en alguacuten momento un elemento narra-tivo que es a lo que alude aquiacute Platoacuten 175 Platoacuten no olvida el objetivo fundamental de la criacutetica a los poetas que consiste en saber queacute se ha de admitir y queacute se ha de rechazar en el sistema educacional de la ciudad 176 La expresioacuten ldquoartesanos muy rigurosos de la libertad de la ciudadrdquo (395b-c) mdashque a J Adam le parece artificial y un tanto forzadamdash puede que aluda aquiacute al do-ble sentido que la palabra artesano demiourgoacutes tiene en griego y en especial en el contexto poliacutetico del asunto En efecto demiuogoacutes no solo significa lsquoartesanorsquo sino tambieacuten en muchas ciudades griegas el tiacutetulo de un magistrado lo que unido al sen-tido muy platoacutenico de artesano divino creador productor (cf Tim) confiere al giro en el presente texto seguacuten mi opinioacuten una significacioacuten interesante aunque poco usual 177 En 395d se afirma ldquoO no te has dado cuenta de que cuando las imitaciones (μιμήσεις) se llevan a cabo por mucho tiempo desde la infancia a traveacutes del cuerpo de la voz y del pensamiento se trasladan a las costumbres y al caraacutecterrdquo (trad de G Goacutemez L)

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397d-398b Admitiremos en consecuencia solo aquel estilo que imite el modo de hablar del hombre bueno178 Las variedades mixta y mimeacutetica no armonizan con la ciudad pues el caraacutecter de nuestros ciudadanos es simple y consistente Aquellos poetas que rehusen conformarse con estas reglas los deberiacuteamos despedir (ἀποπέμποιμεν) con saludos y coronados a otra ciu-dad179

398c-399e Tenemos que tratar ahora acerca de la poesiacutea liacuterica180 Hay

tres factores incluidos en el canto las palabras un cierto modo musical y un cierto movimiento o tiempo181 Nuestras regulaciones acerca de la palabras cuando no acompantildeadas de muacutesica se aplican igualmente a las palabras cuando cantadas y el modo musical y el tiempo se deben acomodar a las pa-labras Ahora bien nosotros proscribimos todas las lamentaciones en nuestra ciudad de modo que debemos excluir los modos luacutegubres y aquellos que son relajantes en sus efectos deben rechazarse por motivos semejantes En suma retendremos dos modos y no maacutes uno para imitar las expresiones de un hombre valeroso en tiempos de esfuerzo y tensioacuten el otro para imitar sus expresiones en periacuteodos de paz y calma182 Trataremos igualmente acerca de instrumentos de muacutesica prohibiendo todos aquellos que se prestan para una variedad de modos Asiacute es como purificamos nuestra lsquolujosa ciudadrsquo (τρυφᾶν πόλιν)

399e-401a Continuemos ahora la purificacioacuten de nuestra ciudad asen-

tando las normas para el ritmo y el tiempo Nuestro ritmo no debe ser ni va-

178 τοῦ ἐπιεικοῦς podriacutea interpretarse tambieacuten (por la coincidencia del geacutenero masculino y el neutro) ldquode lo buenordquo mdashasiacute Paboacuten-Fernaacutendez Galianomdash pero parece claro que se trata de lsquopersonajesrsquo buenos de la literatura maacutes especiacuteficamente se trata del ldquohombre virtuosordquo (G Goacutemez Lasa) Este hombre bueno como refiere J Adam se dice de la forma de hablar del lsquohombre buenorsquo (pg 153) 179 Por tratarse de una ciudad en proyecto el asunto parece focalizarse en no consi-derar en los planes de la ciudad emergente la presencia de tales imitadores mdashcomo si dijeramdash lsquolo sentimos mucho los trataremos como a divinidades en traacutensito pero no los vamos a considerar como ciudadanos nuestrosrsquo 180 Se trata seguacuten el texto ldquodel caraacutecter del canto y de la melodiacuteardquo 181 El texto dice literalmente ldquopalabra armoniacutea y ritmordquo (389d) 182 Son claramente regulaciones para guardianes en especial en su aspecto militar

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riado ni muacuteltiple pues tanto el tiempo como la melodiacutea se deberiacutean acomo-dar a las palabras y no al reveacutes Se estaacute de acuerdo en que hay ciertos ritmos que expresan sobriedad y coraje Estos son los uacutenicos que seraacuten admitidos en nuestra ciudad En cuanto a situaciones especiacuteficas Damon nos ayudaraacute a decidir183 pero podemos enunciar nosotros mismos el principio general El ritmo y el modo reflejan el estilo y el estilo expresa el caraacutecter Es para pro-mover el desarrollo del caraacutecter que requeriremos joacutevenes para perseguir lo bello tanto a traveacutes de los reinos del arte como de la naturaleza

401a-403c No solo los poetas deben conformarse a estos caacutenones sino

tambieacuten otros artistas No seraacuten admitidos artistas salvo solo aquellos capa-ces de rastrear la naturaleza de lo bello e inducir a nuestros nintildeos incluso en sus antildeos maacutes tiernos a una armoniacutea inconsciente con la belleza de la razoacuten184 El valor de la preparacioacuten musical estaacute en su poder peculiar de comunicar gracia y belleza en el alma Habilita al principiante a discriminar entre lo agraciado y lo feo en otras esferas admitiendo solo lo que es hermoso y ho-norable al principio en forma instintiva pero despueacutes cuando adviene la razoacuten con la maacutes completa conciencia y alegre reconocimiento de la belleza con la que eacutel mismo estaacute emparentado Nadie estaacute realmente instruido con la cultura musical en tanto no pueda reconocer las formas (τὰ εἴδη) originales de la virtud donde sea que ellas se encuentren asiacute como sus imaacutegenes (εἰκόνας) en todas partes Una tal persona amaraacute en el maacutes alto grado la unioacuten de un alma bella con belleza fiacutesica pero dejaraacute que la belleza interior aplaque en parte el defecto externo y su pasioacuten se hallaraacute pura de la infeccioacuten

183 Damon es uno de los primeros y maacutes importante escritores griegos sobre muacutesi-ca un pupilo de Proacutedico y tutor de Pericles muy estimado por Soacutecrates y Platoacuten Se dice que fue eacutel quien inventoacute el lsquorelajado modo lidiorsquo (The Oxford Classical Dictio-nary pg 311) 184 En su comentario J Adam dice ldquoEsta famosa seccioacuten describe con encendido lenguaje como el del Banquete el ideal del arte de Platoacuten No desea desterrar el arte tal como a veces se sostuvo sino maacutes bien lo idealiza llevando a cabo mdashseguacuten eacutel creiacuteamdash su reconcialicioacuten con la belleza y la verdad Platoacuten fue sin duda injusto en la aplicacioacuten de su principio a algunos de los artistas y poetas griegos pero en siacute mismo su ideal mdashel amor de la belleza espiritualmdash es aquel al que el arte mejor y maacutes perdurable procura ajustarse siempre consciente o inconscientementerdquo (pg 165)

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sensual Nuestro razonamiento acerca de la muacutesica toca a su fin ya que el fin de la muacutesica es el amor de lo bello

403c-405a Tratemos ahora el tema del entrenamiento fiacutesico Podemos

con toda seguridad confiar la tarea de hacer reglas especiacuteficas a las inteligen-cias que nosotros instruimos y contentarnos nosotros mismos con trazar los lineamientos Todo tipo de exceso o satisfaccioacuten de los propios deseos en co-mer beber y los otros apetitos debe ser prohibido La gimnasia debe ser simple como su hermana muacutesica Complejidad en el primer caso ocasiona enfermedad en el otro vicio de suerte que los doctores y los jueces se elevan en la estimacioacuten puacuteblica y las artes de la habilidad judicial y de la medicina adquieren enorme importancia

405a-410a Es sentildeal de una mala educacioacuten cuando se necesitan meacutedicos

y jueces de primera maacutes vergonzoso auacuten el enorgullecerse en eludir el casti-go de la maldad con la ayuda de subterfugios legales Deberiacuteamos tambieacuten avergonzarnos de acrecentar la terminologiacutea de la medicina por causa de un geacutenero de vida muelle No fue asiacute con la ciencia meacutedica en tiempos de Home-ro aunque Heroacutedico185 ha inventado ahora un nuevo tipo de tratamiento cuyo uacutenico resultado es prolongar el proceso de morir Asclepio sabiacutea maacutes pues eacutel vio que la ocupacioacuten era maacutes que la vida186 Reconocemos este hecho en el caso de artesanos y mecaacutenicos pero Asclepio sabiacutea que el hombre rico tambieacuten tiene ocupaciones que atender y en beneficio tanto de sus pacientes como de su paiacutes rehusoacute tratar enfermedades incurables Las leyendas en sen-tido contrario son falsas No podemos sin embargo prescindir de los docto-res y jueces solo que ellos deben ser buenos doctores y buenos jueces Los facultativos maacutes cualificados son aquellos que ademaacutes de haber aprendido

185 De Heroacutedico de Selimbria nacido en Megara dice Aristoacuteteles lo siguiente ldquoLa excelencia del cuerpo reside en la salud y esta debe ser de tal naturaleza que sea posible servirse del cuerpo sin enfermedades Porque muchos estaacuten sanos al modo de Heroacutedico y a estos ciertamente nadie los considerariacutea felices por su salud a cau-sa de que deben abstenerse de todos o de la mayor parte de los placeres humanosrdquo (Retoacuterica 1361b 4-6 traduccioacuten de Quintiacuten Racionero Biblioteca Claacutesica Gredos Madrid 1990 pg 210) 186 Los Aforismos de Hipoacutecrates se inician con la famosa afirmacioacuten Ὁ βίος βραχὺς ἡ δὲ τέχνη μακρή ldquoLa vida es breve el arte largordquo

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su arte han tenido la experiencia maacutes grande de enfermedad en sus propias personas pero nadie cuya alma no ha sido inmaculada puede ser un buen juez Nuestros jueces deben ser ancianos y obtener su conocimiento del cri-men por ciencia y no por experiencia personal El juez vicioso no puede re-conocer al inocente cuando lo ve Jamaacutes el vicio conoceraacute la virtud pero la virtud puede ser ensentildeada a conocer tanto al vicio como a siacute misma Nuestros doctores permitiraacuten morir a aquellos fiacutesicamente incurables a los incurables moralmente nuestros jueces daraacuten muerte

410a-412b Pocas veces nuestros joacutevenes necesitaraacuten la ayuda de jueces

y doctores gracias a su educacioacuten en muacutesica y gimnasia187 Ellos se dedicaraacuten a ambas artes maacutes con el objetivo de cultivar el alma que el cuerpo La dedi-cacioacuten exclusiva a una de las dos hace a los hombres en un caso recios y fie-ros y en el otro delicados y suaves Los elementos psicoloacutegicos del espiacuteritu y el amor del conocimiento deben armonizarse entre siacute La muacutesica y la gimna-sia tienen por fin llevar a cabo esta armonizacioacuten y el exceso o deficiencia en cualquiera de estos dos agentes educativos se reflejan a siacute mismos en las fa-ses moacuterbidas y degenerativas del caraacutecter Aquel que puede de la mejor ma-nera combinar la muacutesica con la gimnasia es el verdadero muacutesico debemos proporcionar a nuestra ciudad un hombre de tales condiciones si ella ha de perdurar (σῴζεσθαι)188

412b-414b Tenemos aquiacute las normas generales de la educacioacuten

(παιδείας) y su sistema de vida (τροφῆς) Queda por inquirir lsquoiquestcuaacuteles de los guardianes han de ser nuestros gobernantesrsquo189 El mayor debe gobernar al maacutes joven y el mejor al peor Ahora bien los mejores guardianes son aque-llos que maacutes aman a su paiacutes y se ocupan de sus intereses Nosotros haremos

187 El objetivo y el principio baacutesico del sistema educacional de Platoacuten ya descrito se define entonces por su combinacioacuten de mansedumbre y fuerza es decir sensibili-dad y valentiacutea actividad intelectual y constancia moral Asiacute lo define J Adam quien antildeade ldquoSe trata de un ideal en el que las virtudes distintivas de Atenas y Esparta mdashde Grecia y Romamdash estaacuten unidas y transfiguradasrdquo (pg 184) 188 El objetivo no estaacute solo en evitar que fracase el proyecto de constitucioacuten sino que al mismo tiempo lsquose salversquo es decir perdure en el tiempo 189 ldquoSi se exceptuacutea la alusioacuten pasajera de 389c esta es la primera aparicioacuten de los gobernantes en el estado de Platoacutenrdquo (J Adam pg 189)

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nuestra seleccioacuten bajo este principio y debemos entrenar adicionalmente a quienes hemos seleccionado y ver si su patriotismo estaacute a prueba de todo tipo de influencias seductoras Toda opinioacuten (δόξης) o conviccioacuten (δόγματος) verdaderas mdashy la conviccioacuten en la que se apoya el patriotismo es verdade-ramdash como toda otra cosa que llamamos buena es descartada de mala gana pero puede ser expulsada a viva fuerza por la persuacioacuten o el olvido por el dolor el placer y cosas parecidas Aplicaremos estos exaacutemenes para probar a nuestros guardianes Los que salgan airosos llegaraacuten a ser nuestros gobernan-tes190 Ellos son los lsquoguardianes perfectosrsquo (φύλακας παντελεῖς) los otros deberiacutean ser llamados lsquoauxiliaresrsquo (ἐπικούρους)191

414b-415d Para establecer todas estas regulaciones en la ciudad debe-

mos recurrir a una falsedad heroica192 Le diremos a los ciudadanos que ellos estaban solamente sontildeando cuando creiacutean que ellos estaban siendo entrena-dos por nosotros En realidad ellos estaban siendo moldeados y nutridos en el seno de la Tierra ellos y todos sus pertrechos de modo que estaacuten en la obligacioacuten de defender a su paiacutes como a la madre y a considerar a sus con-ciudadanos como a hermanos nacidos de la Tierra193 Antildeadiremos que mien-tras creaba algunos para ser gobernantes Dios mezcloacute oro en su substancia puso plata en los auxiliares hierro y cobre en los labradores y artesanos Los ciudadanos engendraraacuten en su mayor parte hijos semejantes a ellos pero vaacutes-tagos de plata procederaacuten aveces del oro y de oro procedentes de los de plata u otra combinacioacuten semejante Es la obligacioacuten primera y principal de los go-

190 El texto original estaacute redactado en singular mdashcomo si se tratara tal vez de un solo gobernantemdash pero me parece claro que su sentido general alude a una plurali-dad de individuos 191 De aquiacute en adelante como recuerda J Adam se usa la expresioacuten lsquoauxiliaresrsquo cuando desea aludir especiacuteficamente a la segunda clase de los ciudadanos lsquoGuar-dianesrsquo sigue siendo el teacutermino general que incluye tanto a los lsquogobernantesrsquo como a los lsquoauxiliaresrsquo 192 Este seraacute un relato con caraacutecter de leyenda (mythos) acerca de los habitantes au-toacutectonos no hecho para engantildear mdashcomo pudiera parecer a primera vistamdash sino para nutrir las convicciones de los ciudadanos guardianes de la ciudad acerca de la constitucioacuten originaria superior de sus naturalezas 193 Es difiacutecil encontrar un pueblo que no tenga un cierto ldquomitordquo o relato legendario (μῦθος) originario acerca de su existencia como nacioacuten Por muy extravagante que esa historia pueda parecer piensa aquiacute Platoacuten puede que sea aceptada con el tiem-po (415c)

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bernantes el relegar y degradar a los hijos al interior de sus propias clases presentando como excusa un oraacuteculo conforme al que la ciudad pereceraacute cuando sea el guardiaacuten de hierro o el de cobre el que la guarde Puede ser imposible el convencer a la primera generacioacuten de nuestros ciudadanos acer-ca de la verdad de esta faacutebula (μῦθον) pero su posteridad podriacutea admitirla

415d-417b Nuestros gobernantes y auxiliares tendraacuten un lugar para

acampar (στρατοπεδεύεσθαι) dentro de la ciudad194 para controlar a los ciudadanos que se niegan a obedecer a las leyes y defenderse contra los enemigos externos Su educacioacuten les impediraacute atacar a otros con tal que dis-pongamos como corresponde sus necesidades de vivienda y enseres Les asignaremos una propiedad comuacuten y casas asiacute como comidas comunes co-mo si estuvieran en campantildea que han de proporcionar los otros ciudadanos en retribucioacuten de su proteccioacuten195 Debe prohibiacutersele el uso del oro y de la plata a nuestros guardianes196

Libro Cuarto 419a-423b Adimanto ahora interviene con la objecioacuten de que no se hace

nada felices a los guardianes197 Aunque en realidad ellos son los sentildeores de

194 Los gobernantes ldquoacampanrdquo ldquose estacionanrdquo en una suerte de cuartel Se hace hincapieacute en la sencillez espartana en que deben vivir los guardianes cuya funcioacuten es tanto de gobierno como de defensa 195 Se enfatiza el tipo de vida especial que distingue a los guardianes ldquoAl final del libro 3 y nuevamente en el libro 5 se deja en claro que los guardianes tienen un modo muy diferente de vida que la de los productores y que ellos son criados edu-cados y alojados en una parte diferente de la polis (415d 6-e 4 460c 1-d7) Parece que los que producen poseen un tipo de vida tradicional basado en la familiardquo (C D C Reeve Philosopher-Kings pg 184) 196 ldquoPlatoacuten mdashdice J Adam pg 197mdash puede haber estado pensando en ciertas insti-tuciones espartanas y pitagoacutericas cuando formuloacute algunas de las regulaciones de esta seccioacuten pero su comunismo para la clase dirigente es mucho maacutes completo que ninguno del tipo anterior a su eacutepocardquo Luego antildeade ldquoEl objetivo principal de Platoacuten es por supuesto el impedir la formacioacuten de intereses privados capaces de competir con las exigencias de una obligacioacuten puacuteblicardquo ( pg 199) 197 Un ldquoeco agonizanterdquo de la objecioacuten de Trasiacutemaco de que un gobernante deberiacutea gobernar en su propio provecho (J Adam pg 205)

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la ciudad no tienen nada que puedan llamar propio ninguno de los factores que contribuyen a una satisfaccioacuten de caraacutecter individual o personal En res-puesta no se acepta que los guardianes vayan a ser infelices pero incluso suponiendo que lo son nuestro propoacutesito fue no el hacer felices a los guar-dianes sino el hallar una ciudad feliz para descubrir la justicia al interior de sus fronteras198 Nuestros guardianes no deben hacerse felices a costa de la eficiencia en su obligacioacuten peculiar La riqueza es praacutecticamente tan desfavo-rable para el ejercicio de las artes y las profesiones como la pobreza Cuando nuestra ciudad estaacute en guerra con dos comunidades no le faltaraacuten recursos porque ella haraacute alianza con una de las dos prometieacutendole la riqueza de la otra Ni estaraacute nuestra ciudad en peligro por parte de su aliado despueacutes Los otros estados son por separado no uno solo sino muchos199 y nuestra ciudad si ella tiene no maacutes que un millar de defensores es el maacutes grande estado in-dividual entre los griegos o los baacuterbaros

423b-424c Nuestra ciudad no debe desarrollarse maacutes allaacute de los liacutemites

esenciales para su unidad200 Seraacute obligacioacuten de los guardianes el poner aten-cioacuten a su crecimiento asiacute como el asignar los nintildeos a sus clases propias en el estado201 Estas y otras obligaciones similares seraacuten faacuteciles si nuestro curricu-

198 La felicidad o infelicidad individual estaacute en iacutentima conexioacuten con la del conglo-merado ciacutevico Por eso se dice que ldquo debido a que la felicidad individual es solo asequible con seguridad en una polis establemente feliz debemos preocuparnos por maximizar la felicidad de la polis en su conjunto y no tratar de dar a los individuos el tipo de felicidad que es inconsistente con la vida poliacuteticardquo (C D C Reeve Philoso-pher-Kings pg 200) 199 Se busca un polis que sea unitaria en su estructura interna mediante las virtudes en especial por el dominio de la justicia Las otras ciudades mdashque no son la que aquiacute se estaacute conformandomdash sufren las divisiones internas y por eso incluso separada-mente no son un solo estado sino muchos y al menos dos ciudades coexisten en ellas la de los pobres y la de los ricos (422e) 200 ldquoComo todo organismo natural deberiacutea crecer hasta los liacutemites prescritos para eacutel por la naturaleza pero Platoacuten la concibioacute incluso en su madurez como relativa-mente pequentildeardquo (J Adam pg 213) se evita toda idea de artificialidad o crecimiento inorgaacutenico 201 Estas asignaciones tienen en vista el principio de la distribucioacuten del trabajo por el que cada cual realiza la actividad para la que estaacute naturalmente dotado En esas circunstancias se supone que al atender un solo oficio se entrega tambieacuten su aporte a la conservacioacuten de la unidad en la ciudad evitando su divisioacuten De ahiacute que por otra parte ldquolsquola reciprocidad de servicios y funcionesrsquo entre las tres clases es el ver-

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lum educacional es sostenido resueltamente y se haraacute evidente con rapidez que el principio de comunidad deberiacutea tambieacuten ser aplicado al matrimonio y la procreacioacuten Asiacute nuestros ciudadanos mejoraraacuten a medida que una gene-racioacuten sucede a la otra Debemos prohibir todo tipo de innovaciones en muacutesi-ca y gimnasia porque tienen la virtud de producir el cambio poliacutetico202

424d-427a Nuestros guardianes deben por sobre todas las cosas preca-

verse de los cambios en la educacioacuten musical Las innovaciones musicales incluso si son sancionadas solo como cosa de juego se dejan sentir pronto en cada aspecto de la vida privada y puacuteblica de la ciudad Debe infundirse el espiacuteritu de la ley y de la virtud en los nintildeos incluso en sus pasatiempos Por esta razoacuten no deberiacuteamos desatender a los detalles de vestimenta y modales aunque no se exijan para ello estatutos especiales pero se conformaraacuten faacutecil-mente con el espiacuteritu de nuestras reglas acerca de la educacioacuten203 Muchos otros puntos individuales pueden dejarse con toda seguridad a nuestros guardianes que Dios les conceda la preservacioacuten de nuestras leyes de otra manera en vano pasaraacuten leyes sobre leyes actuando de un modo parecido a aquellos que esperan curar de sus enfermedades mediante un cambio conti-nuo de medicinas Como nada beneficiaraacute a tal tipo de hombres a no ser un completo cambio en sus haacutebitos asiacute solo una revolucioacuten curaraacute un estado en situacioacuten similar Tales ciudades honran y envanecen a los hombres que atienden a sus deseos pero el verdadero estadista no se preocupa de cortar la Hidra204 En una ciudad mala una legislacioacuten insignificante es inuacutetil en una buena superflua

dadero fundamento de la ciudad de Platoacuten la que estaacute lejos de ser una unidad indi-ferenciadardquo (J Adam pg 213) 202 Estas innovaciones en muacutesica corresponden a modificaciones en los lsquomodos mu-sicalesrsquo (τρόποι) Se supone que la muacutesica tiene un poderoso influjo sobre la moral (cf 400d-401a) 203 ldquoFlowers of civilisation must bloom naturally or not at allrdquo (J Adam pg 218) 204 En estas materias un estadista no se preocupa de ldquocortar la cabeza de la Hidra ltde Lernagtrdquo es decir de trabajar en vano De cada cabeza cortada a la Hidra le sur-giacutean dos

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427b-c En todo lo que se relaciona con los templos y el culto religioso asiacute como los oficios consagrados a los muertos Apolo el guiacutea de nuestros padres y por cierto de toda la humanidad nos dirigiraacute205

427d-429a Se da por fundada la ciudad iquestDoacutende estaacute entonces la justi-

cia doacutende la injusticia iquestEn queacute difieren y cuaacutel es esencial a la felicidad Abordemos la cuestioacuten de la siguiente manera Nuestra ciudad es perfecta-mente virtuosa y por consiguiente debe ser sabia valerosa moderada y jus-ta206 Si descubrimos tres de esos elementos en la ciudad el resto seraacute el cuar-to

Tomemos primero la sabiduriacutea (σοφία)207 No es el conocimiento teacutecnico o destreza de las clases inferiores la que hace sabia a nuestra ciudad sino maacutes bien el conocimiento que delibera por los intereses de la totalidad de la ciu-dad Ahora bien ese conocimiento estaacute personificado en los gobernantes Ellos forman la seccioacuten maacutes pequentildea del estado pero es con todo en virtud de su presencia que llamamos sabia a toda la ciudad208

205 No queda maacutes que decir acerca de las regulaciones humanas pero en cuanto a las divinas el primero de los estatutos legales (νομοθετημάτων) se consagra a Apo-lo el dios guiacutea (ἐξηγετὴς) que por presidir desde su asiento sobre el ldquoombligo de la Tierrardquo (en el santuario de Delfos) simboliza el acto fundacional de la ciudad como entidad teluacuterica con habitantes autoacutectonos y en conexioacuten con su dios patrono Apo-lo ademaacutes mdashsin olvidar a Dionisomdash es la divinidad maacutes cercana al espiacuteritu socraacuteti-co 206 Se enuncia aquiacute la doctrina de las cuatro virtudes cardinales que se supone son aquellas que sostienen la perfeccioacuten moral de los individuos de la ciudad ideal y que confieren al mismo tiempo un soacutelido fundamento a la ciudad como entidad constitucional Ver Leyes 630d ss 207 Cuando se enuncian las virtudes cardinales se habla maacutes de lsquoprudenciarsquo que de lsquosabiduriacutearsquo de ahiacute la correcta inferencia de J Adam (pg 225) de que la sophiacutea descri-ta aquiacute significa phroacutenesis en su aplicacioacuten a la poliacutetica (cf 433b-c) No es el conoci-miento metafiacutesico de la Idea del Bien 208 De acuerdo con J Adam una ciudad es sabia anaacutelogamente a como es sabio un individuo al que con facilidad llamamos sabio aunque estriacutectamente hablando se es sabio solo en razoacuten del elemento logistikoacuten mdashracionalmdash que hay en eacutel ldquoCompa-rando 443c ss continuacutea observamos que la ciudad es sabia porque sus gobernantes son sabios y sus gobernantes son sabios porque su logistikoacuten es sabio En otras pala-bras la sabiduriacutea del logistikoacuten es la unidad a partir de la cual se construye la sabi-duriacutea de toda la ciudadrdquo (ibid pg 227 ) El logistikoacuten es el elemento razonable en el alma su facultad razonadora

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429a-430c La virtud de la valentiacutea (ἀνδρεία) residiraacute en la clase guerre-

ra209 Es debido a su valor que llamamos valiente a la ciudad pues el caraacutecter general de la ciudad como un todo no puede ser determinado por ninguacuten tipo de valentiacutea o cobardiacutea presente entre las otras Los soldados a pesar de todo tipo de tentacioacuten continuaraacuten leales a los principios asentados por la ley concernientes a queacute deberiacutea ser temido y queacute no y ellos lo haraacuten asiacute con mayor resolucioacuten porque su entrenamiento musical y gimnaacutestico ya los ha preparado para la legislacioacuten en cuestioacuten En la preservacioacuten de esos princi-pios es que consiste la valentiacutea de una ciudad un tipo de valentiacutea que es dis-tinto de la virtud correspondiente en los animales inferiores y en los esclavos porque su base estaacute en la educacioacuten210 En otra ocasioacuten podemos discutir la virtud de la valentiacutea maacutes extensamente pero esto es suficiente para nuestro propoacutesito actual

430d-432a En tercer lugar examinamos la templanza (σωφροσύνη) Es-

ta virtud se asemeja a un tipo de lsquoarmoniacutearsquo o acuerdo mutuo A menudo se la explica como lsquoautodominiorsquo (ἐγκράτεια) Este dominio de siacute mismo significa que lo mejor de siacute mismo gobierna lo peor y esto es con seguridad verdadero de nuestra ciudad ya que en ella lo superior controla lo inferior y los deseos

209 En el diaacutelogo de su nombre Laques se dice que la valentiacutea consiste en ldquouna cier-ta firmeza del almardquo (karteriacutea lsquoconstancia de aacutenimorsquo La 192b-c) y en el diaacutelogo no hay evidencia de aceptacioacuten por parte de Soacutecrates Pero en Repuacuteblica Platoacuten le hace lugar en su relato acerca del valor (T Irwin Platos Moral Theory Oxford 1982 (1977) pg 198) ldquoA brave man retains his belief that this is a brave action and acts on his belief despite pleasures pains fears and appetites (429c7-d2 429e7-430b5)rdquo 210 La virtud tiene una sustentacioacuten epistemoloacutegica de manera que ella no alcanza su real consistencia en un individuo cuando estaacute ausente un saber equivalente a la verdad La recta opinioacuten no sustenta virtud perfecta alguna de modo que no se le puede dar en este caso el nombre propio de valor a una disposicioacuten que carece de educacioacuten (ἄνευ παιδείας) Se trata aquiacute de una andreiacutea politikḗ (430c) puesto que es una valentiacutea de los soldados de la ciudad que estaacute basada en la recta opinioacuten (cf J Adam pgs 231-32 ldquoThe whole of this section is important because it emphatically reafirms the principle that courage as well as the other virtues enumerated here rests on ὀρθὴ δόξα and not on ἐπιστήμη)rdquo Esta formulacioacuten tendraacute su plena manifestacioacuten en la representacioacuten de la Caverna donde se compara nuestro estado actual con la situacioacuten en que se halla nuestra naturaleza con respecto a la educacioacuten y a la falta de ella (ἀπαιδευσίας) La con-templacioacuten de la verdad y del bien lleva a las virtudes a su perfeccioacuten

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irracionales de los muchos inferiores estaacuten sometidos a los deseos racionales de los pocos virtuosos Ademaacutes nuestros ciudadanos estaacuten en mutuo acuer-do acerca de quien gobernaraacute y quien seraacute gobernado de modo que la tem-planza estaacute presente tanto en los gobernados como en los gobernantes im-pregnando la ciudad toda para que cante al uniacutesono y volvieacutendola conforme a siacute misma211 Podemos definir la templanza como esta concordia (ὁμόνοια) entre lo que es naturalmente mejor y lo naturalmente peor un acuerdo (συμφωνία) sobre la cuestioacuten de quieacuten deberiacutea gobernar212

432b-434c iquestDoacutende estaacute entonces la justicia213 Debemos poner atencioacuten

para que no se nos escape Soacutecrates sin dilacioacuten exclama que eacutel ha encontado el rastro214 La justicia es el principio215 que establecimos en el comienzo a

211 Se afirma que esta concordia (ὁμόνοια homoacutenoia) de la ciudad en su conjunto es templanza A diferencia de la valentiacutea y la prudencia que pertenecen propiamente a los guardianes y son ellos los que hacen valiente y prudente a la ciudad entera la templanza se extiende (παρείχετο) es decir impregna la totalidad de la ciudad en cuanto que se supone que todos los ciudadanos participan propiamente de ella Este aspecto es esencial pues se trata mdashen relacioacuten con la virtud de la templanzamdash del acuerdo de toda la ciudad acerca de quienes gobiernan y quienes obedecen y es en razoacuten de la extensioacuten de la templanza a todos los niveles de la ciudad que puede haber acuerdo entre todos acerca de este crucial asunto Quizaacutes haya una reminis-cencia de ello en el texto de san Agustiacuten pax ciuitatis ordinata imperandi atque oboedi-endi concordia ciuium ldquola paz de la ciudad consiste en la concordia ordenada de los ciudadanos en mandar y obedecerrdquo (Ciudad de Dios XIX 13) 212 Platoacuten supone que la templanza sentildeala la concordancia de todas las partes de la ciudad al modo de un acorde musical (symphoniacutea) En el Banquete se habiacutea sentildealado que ldquola armoniacutea es una suerte de consonancia (συμφωνία) y una consonancia es una suerte de conformidadrdquo (187b) Cf Cratilo 405b Debe recordarse por otra parte que ldquoal hablar de sophrosyne Platoacuten usualmente distingue solo entre dos clases go-bernantes y gobernadosrdquo (J Adam pg 236) 213 El problema principal acerca de la justicia es claramente socraacutetico como afirma T Irwin ldquose espera que una explicacioacuten sobre la justicia muestre lo que Soacutecrates da por sentado es decir que la justicia es una virtud y por consiguiente contribuye a la felicidad Platoacuten defiende la propuesta del Critoacuten de que la justicia beneficia al alma y la injusticia la dantildea Los libros II y IV podriacutean ser tratados como una inves-tigacioacuten socraacutetica de tipo corriente que elabora argumentos similares en el Gorgiasrdquo (op cit pg 178) 214 Para otros ejemplos de esta comparacioacuten ver Leyes 654e Parmeacutenides 128c Lisis 218c 215 El teacutermino lsquoprincipiorsquo (que no estaacute en el texto original) es un modo de explicar lsquoaquello que -mdashal fundar la ciudad-mdash se debe hacer en toda circunstanciarsquo (433a) es decir es una suerte de condicioacuten necesaria para la existencia de la ciudad

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saber que cada individuo realiza solo aquella funcioacuten para la que eacutel estaacute na-turalmente mejor dotado En otras palabras la justicia es en un cierto senti-do lsquoel realizar cada cual lo propiorsquo216 Cuatro consideraciones apuntan a esta conclusioacuten En primer lugar para hacer que las otras tres cobren vigor es que necesitamos una cuarta virtud y es justamente la divisioacuten de tareas de acuer-do con la capacidad natural la que hace posible las otras tres virtudes En segundo lugar este es el uacutenico principio que puede ser comparado con las otras tres virtudes en relacioacuten con el beneficio que confiere al estado y la jus-ticia debe ser comparable a ellas en este respecto Tercero es por este princi-pio que los gobernantes dirigiraacuten sus decisiones judiciales y la justicia es el principio por el que nuestros gobernantes juzgan Por uacuteltimo la violacioacuten de este principio obra el dantildeo maacutes grande en la ciudad217 y eso es lo que hace la injusticia de modo que el principio mismo es ideacutentico con la justicia

434d-435a Adimanto estaacute de acuerdo pero Soacutecrates va a esperar hasta

que eacutel haya descubierto la justicia en el hombre aseguraacutendose por adelanta-do de que eacutel tiene la razoacuten Estaremos satisfechos si las caracteriacutesticas de la justicia son las mismas en el hombre y en el estado

435a-435d El punto que se ha de determinar es el siguiente iquestHay tres

formas (εἴδη) psicoloacutegicas o tipos en el alma del individuo (τὸν ἕνα) que co-rresponden a los tres oacuterdenes (τριττὰ γένη) en nuestra ciudad iquestY es el indi-viduo temperado valiente sabio y justo en virtud de las afecciones corres-pondientes de esos tipos Nuestros presentes meacutetodos de investigacioacuten estaacuten careciendo de exactitud pero ellos bastan para nuestro objetivo inmediato

216 Que en otras palabras significa que cada cual se ocupe en la realizacioacuten de su oficio propio en la ciudad el que corresponde a su naturaleza Todo esto en la misma medida redundaraacute en un beneficio mayor de la ciudad 217 Cuando por ejemplo ldquoun carpintero realice actividades de zapatero o un zapa-tero las del carpinterordquo (434a) no se produce un dantildeo grave a la ciudad pero siacute cuando un artesano intenta ingresar en la clase de los guerreros El problema estaacute en consecuencia cuando se lesiona el caraacutecter especiacutefico de cada una de las clases de la ciudad Mediante estas praacutecticas lesivas del orden del Estado piensa Platoacuten se termina por crear una lsquoinjerencia indiscretarsquo (polypragmosyne lsquoentrometimientorsquo) entre los tres geacuteneros de ciudadanos Esta es para Platoacuten la ldquolesioacuten maacutes granderdquo que se puede inferir al estado pues disuelve el fundamento mismo de la justicia como actividad de lo propio

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435e-439e La presencia de tres tipos (εἴδη) o caracteres (ἤθη) en la ciu-dad establece la existencia de los mismos caracteres en el individuo pero la pregunta es iquestexisten en eacutel como tres elementos separados o no iquestEmpleamos la totalidad del alma en cada acto psiacutequico o aprendemos con una parte sen-timos enojo con una segunda deseo con una tercera Al examinar este asun-to comenzamos por sostener que la misma cosa no puede hacer o padecer opuestos al mismo tiempo en la misma parte de siacute misma y con referencia a la misma cosa218 Esta norma es de aplicacioacuten universal podriacutea haber excep-ciones aparentes pero jamaacutes reales219 El deseo y la aversioacuten son opuestos y el hambre y la sed son dos variedades especiacuteficas del deseo relacionadas con la comida y la bebida consideradas en forma absoluta y categoacuterica Ahora bien aveces sucede que tenemos sed y no tenemos deseo de beber en otras palabras experimentamos a la vez deseo y aversioacuten Pero el deseo y la aver-sioacuten son opuestos Ellos deben en consecuencia proceder de diversos ele-mentos psiacutequicos La verdad es que en tales casos es un aspecto (τι)220 del alma lo racional (λογιστικὸν) el que nos refrena (κωλῦον) y otro el irracio-nal y apetitivo ( ἀλογιστικὸν τε καὶ ἐπιθυμητικόν) el que nos ordena beber

439e-441c Hay todaviacutea un tercer elemento o aspecto del alma que po-

demos llamar el elemento apasionado o impetuoso (θυμοειδές) Es distinto del elemento apetitivo con el que ciertamente frecuentemente lucha Su fun-cioacuten es sostener el aspecto racional del alma En un hombre de caraacutecter noble el elemento impetuoso estaacute quieto o al contrario de acuerdo con las oacuterdenes

218 Rep 436b 219 En 436b 12 estaacute ldquothe earliest explicit statement in Greek literature of the maxim of Contradiction cf Theaet 188A Phaed 102E 103B Sph 230 B and infra X 602 Erdquo (J Adam pg 247) 220 Literalmente ldquoalgordquo ldquouna cierta cosardquo (cf 439b) En lo que respecta a las ldquopar-tesrdquo del alma Platoacuten usa una terminologiacutea bastante libre Pero el uso de eidos (en su significado de lsquotiporsquo lsquoespeciersquo) en ciertos momentos de mayor precisioacuten (cf 435b-c 437c1 439e2 440e9) parece indicar su preocupacioacuten por evitar divisiones de un ca-raacutecter real en el alma Por lo general se considera al alma como un todo unitario acerca de la que sin embargo se predican en este caso tres aspectos o tipos de sub-sistencia psicoloacutegica diferentes acordes con los tipos o clases de individuos que conviven en la ciudad Incluso es uacutetil recordar que el significado de lsquoaspectorsquo con-viene bien con lsquoformarsquo en cuanto esta uacuteltima sentildeala algo que se presenta a la vista o consideracioacuten de alguien

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de la razoacuten No debe sin embargo ser identificado con la razoacuten221 ya que estaacute presente en los nintildeos y en los animales inferiores mientras que la razoacuten no lo estaacute Homero incluso reconoce que los dos elementos son diferentes

441c-443b Vemos asiacute que el alma contiene en siacute misma los mismos ti-pos o elementos que nuestra ciudad222 Se sigue que el individuo es sabio valiente etc del mismo modo y en virtud de los mismos elementos internos Somos por consiguiente justos cuando cada uno de nuestros factores psico-loacutegicos realiza su propio trabajo223 La razoacuten deberiacutea gobernar con el elemen-to impetuoso como su obediente aliado y ambos juntamente armonizados por la muacutesica y la gimnasia controlaraacuten el deseo (τοῦ ἐπιθυμητικοῦ) y vela-raacuten (φυλαττοίτην)224 contra los enemigos externos del alma y el cuerpo El individuo es valiente en virtud del elemento apasionado si a pesar del sufri-miento y el placer este continuacutea siendo exhortado (παραγγελθὲν) por los mandatos de la razoacuten en referencia a lo que deberiacutea o no deberiacutea ser temido sabio a causa de la funcioacuten (μέρει)225 del alma que gobierna y conoce mode-rado mediante la armoniacutea del gobernado y el gobernante sobre la cuestioacuten de quieacuten ha de gobernar y justo en virtud de nuestro muchas veces repetido principio Podemos examinar nuestro punto de vista sobre la justicia por va-

221 El teacutermino griego utilizado es logismoacutes con el sentido general de lsquocaacutelculorsquo lsquorazo-namientorsquo Por otra parte el elemento lsquoimpetuosorsquo ndashthymoeidḗsmdash se suele traducir por lsquoirasciblersquo Es como lo puntualiza J Adam (pg 255) ldquoel sentimiento de indigna-cioacuten moral ante todo malrdquo 222 ldquoCon estas declaraciones dije yo hemos hecho praacutecticamente la navegacioacuten y se ha producido entre nosotros un razonable acuerdo de que las mismas clases que existen en la ciudad y en el mismo nuacutemero se dan tambieacuten en el alma de cada indi-viduordquo (441c traduccioacuten de G Goacutemez Lasa) Esta es una doctrina fundamental de la Repuacuteblica por la que se sostiene la correspondencia entre la ciudad y el alma 223 Rep 441d 12- e 2 ldquoAsiacute pues hemos de tener presente que cada uno de nosotros seraacute solo justo y haraacute eacutel tambieacuten lo propio suyo en cuanto cada una de las cosas que en eacutel hay haga lo que le es propiordquo (trad Paboacuten Frenaacutendez Galiano) 224 Los dos elementos superiores realizan tambieacuten en el alma una funcioacuten equiva-lente a la de los guardianes en la ciudad 225 El teacutermino griego meros significa lsquopartersquo lsquoporcioacutenrsquo ahora bien cada parte del todo del alma realiza una lsquofuncioacutenrsquo que le es maacutes propia Hay modismos en griego que apoyan un sentido semejante para meros como es el caso de ὑμέτερον μέρος (Laques 180a) cuyo sentido aproximado podriacutea ser ldquoes funcioacuten vuestrardquo ldquoes cosa vuestrardquo

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rias pruebas derivadas de la connotacioacuten popular de la palabra y encontra-remos que estamos en lo correcto

443b-444a Teniacuteamos la razoacuten entonces cuando suponiacuteamos que la jus-

ticia226 en una cierta proporcioacuten estaba con nosotros desde un principio cuando nuestra ciudad fue fundada Pero el principio de que cada cual debe-riacutea hacer no maacutes que su trabajo profesional es en realidad solo una represen-tacioacuten (εἴδωλον) de la justicia La justicia verdadera atantildee al hombre interior y consiste en el desempentildeo (πρᾶξιν) de su oficio propio y peculiar por parte de cada uno de los tres elementos al interior del alma Esto es lo que produce la unidad espiritual y la unidad espiritual se muestra a siacute misma en actos efectivos (πράττειν) Podriacuteamos afirmar ahora que hemos descubierto la jus-ticia tanto en la ciudad como en el individuo

444a-444e La injusticia como cada variedad del vicio implica sedicioacuten

(στάσιν) y confusioacuten (πολυπραγμοσύνην) entre las partes del alma227 Es enfermedad (νόσον) espiritual deformidad y debilidad228 mientras que la

226 Esta seccioacuten como recuerda J Adam estudia la relacioacuten existente entre la virtud ciacutevica y la individual ldquoAunque hemos descubierto dice la segunda mediante la primera es la virtud del alma la uacutenica originaria la otra seguacuten su aparente expre-sioacuten no es sino una copia Toda verdadera virtud por consiguiente descansa en la psicologiacutea todaviacutea no como en VI y VII en el conocimiento metafiacutesico de la Idea del Bien Ahora es cuando el significado total de la ciudad de Platoacuten (lsquola ciudad es-tablecida conforme a la naturalezarsquo) se manifiesta Es una repuacuteblica cuyas institu-ciones y cuya vida poliacutetica son la expresioacuten externa o personificacioacuten de la verdade-ra e incorrupta naturaleza del alma considerada en exacta verdad como un lsquoretontildeo no terrestre sino celestersquo (Tim 90A) De aquiacute surgen los tres oacuterdenes de la ciudad de aquiacute tambieacuten cada orden realiza su accioacuten propia ya que es parte de la lsquonaturalezarsquo del alma el lsquohacer las cosas propias de siacute mismarsquo y la lsquoocupacioacuten indiscreta en asun-tos ajenosrsquo (πολυπραγμονεῖν) es la consecuencia de una degeneracioacuten desnaturali-zadardquo (pg 262) 227 Es el momento de hablar acerca de la injusticia aunque Platoacuten se limita aquiacute a hacer de ella una presentacioacuten general Luego en los libros VIII y IX trataraacute el tema en propiedad 228 Rep 444d rdquoY el producir salud es establecer los elementos que existen en el cuerpo de manera que dominen o sean dominados entre siacute seguacuten la naturaleza (κατὰ φύσιν) y el producir enfermedad el que manden o sean mandados entre siacute en contra de la naturaleza (παρὰ φύσιν)rdquo (trad G Goacutemez Lasa con mis pareacutentesis) La terminologiacutea seguacuten naturaleza y contra naturaleza juega aquiacute un papel importante en la clasificacioacuten del significado de lsquoenfermedadrsquo y como se ve tiene su parte tam-bieacuten en la produccioacuten de la justicia y la injusticia y las demaacutes virtudes

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virtud es lo contrario Los sistemas de vida (ἐπιτηδεύματα)229 virtuosos pro-mueven la virtud los viciosos el vicio

444e-445e Queda por investigar si la justicia es mejor que la injusticia

En cuanto a la injusticia como una enfermedad del alma Glaucoacuten estaacute pronto a declarar en favor de la justicia pero Soacutecrates quisiera examinar el asunto con maacutes cuidado Hay cuatro variedades de vicio que merecen investigacioacuten tanto en las ciudades como en los individuos Examineacutemoslas en orden230 La repuacuteblica (πολιτεία) perfecta que hemos descrito podriacutea llamarse reino (βασιλεία) o aristocracia (ἀριστοκρατία) seguacuten que haya uno o maacutes gober-nantes231 Glaucoacuten asiente

Libro Quinto 449a-451c Soacutecrates estaacute a punto de iniciar una descripcioacuten de los dife-

rentes tipos de gobiernos corruptos cuando Adimanto incitado por Polemar-co y apoyado por Glaucoacuten y Trasiacutemaco le exigen una explicacioacuten maacutes com-pleta acerca de la comunidad de esposas e hijos y de los ordenamientos para la generacioacuten y educacioacuten de la prole232 Soacutecrates se manifiesta renuente no solo porque se dudaraacute si su esquema es practicable o conveniente sino por-que eacutel mismo estaacute inseguro de su fundamento y poco dispuesto a implicar a sus amigos en un posible desconcierto Finalmente luego de aplacar a Adras-

229 Cf Fedro 233d Leyes 793d 230 Los modos diversos de gobierno se corresponden con los modos diversos de alma A las cuatro variedades de vicio corresponden cuatro variedades de gobierno lo que seraacute revisado extensamente en el libro VIII Luego Platoacuten menciona cinco formas de gobierno siendo la uacuteltima la correspondiente a la repuacuteblica perfecta 231 Se deja abierta la posibilidad de que el gobierno de la ciudad ideal esteacute en ma-nos de uno o de varios individuos pero el criterio del saber mdashcon independencia del nuacutemeromdash terminaraacute por imponerse claramente rdquoknowledge not number is the criterion of good governmentrdquo (J Adam pg 268) 232 En Leyes 794c el intervalo entre generacioacuten y educacioacuten de los nintildeos se estima en seis antildeos nada se dice en Repuacuteblica sobre este tema (ver J Adam pg 277)

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tea233 y de ser eximido de toda culpa se dispone a obedecer a sus deman-das234

451c-452e Hemos declarado al inicio que nuestros hombres iban a ser

por decir asiacute guardianes del rebantildeo Ahora bien el principio de comunidad requiere que nuestros perros guardianes hembras compartiraacuten las obligacio-nes activas de los machos siendo indulgentes con la inferioridad de su fuer-za235 Su educacioacuten debe por consiguiente ser la misma tendraacuten que apren-der muacutesica gimnasia y el arte de la guerra Sin duda que el espectaacuteculo de mujeres especialmente las ancianas ejercitaacutendose desnudas junto con los hombres pareceraacute ridiacuteculo al principio pero seraacute bueno recordar que no hace mucho tiempo incluso el dejarse ver los hombres desnudos para sus ejercicios atleacuteticos pareciacutea vergonzoso y ridiacuteculo Nada es verdaderamente ridiacuteculo a excepcioacuten de lo que es malicioso

452e-456c Establezcamos primero si nuestras propuestas son posibles

mdashen otras palabras si la mujer es naturalmente capaz de compartir las acti-vidades (τὰ ἔργα) del hombremdash todas ellas o ninguna o algunas y en caso que algunas si la guerra es una de esas Podriacutea arguumlirse que lsquola naturaleza del hombre es diferente de la de la mujer se deberiacutea por consiguiente asig-narles diferentes ocupacionesrsquo Un breve anaacutelisis mostraraacute el caraacutecter superfi-

233 Me parece plausible la sugestioacuten de J Adam (pg 278) como aplicada a este pa-saje de considerar a Adrastea mdashuna variedad de Neacutemesismdash en un especial sentido castigadora de las palabras orgullosas Veo por mi parte aquiacute un efecto del temor reverencial que sus propias audaces propuestas le producen a Soacutecrates y un recurso literario del autor Platoacuten para matizar el efecto de sus palabras 234 ldquoComo a menudo encontramos en Platoacuten (ver p e Fedoacuten 84c ss) dice J Adam (pg 274) el nuevo punto de partida es ocasionado por una objecioacuten o por mejor decir una solicitud de informacioacuten adicional hecha por alguno de los interlocuto-resrdquo 235 J Adam (pg 280) observa que la importancia que Platoacuten asigna a las obligacio-nes y entrenamientos comunes a los sexos es parte de una tentativa razonada y de-liberada de la escuela socraacutetica para mejorar la posicioacuten de las mujeres en Grecia Se citan Jenofonte Memorabilia II 2 5 Symposium 2 5 Oeconomicus 312- 15 7 11 ss Platoacuten Banquete 201 d ss y Leyes 780e ss Para la opinioacuten de Antiacutestenes consultar Dioacutegenes Laercio VI 12 ldquouna misma es la virtud (ἀρετή) del hombre y de la mujerrdquo Todo esto estaacute en armoniacutea con el principio fundamental de la ciudad de dar a cada cual el trabajo concordante con su naturaleza (Repuacuteblica II 370 b) es una consecuen-cia entonces del principio de especializacioacuten

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cial y eriacutestico de tal razonamiento La palabra lsquodiferentersquo es ambigua Las na-turalezas pueden diferir sin diferenciarse en absoluto con respecto a los pode-res por los que se desempentildean ciertas ocupaciones (ἐπιτηδεύματα)236 En consecuencia si el hombre y la mujer difieren solo en sexo ellos pueden cada cual desempentildear aquellas ocupaciones en las que el sexo no juega un papel Entre tales ocupaciones estaacuten aquellas que atantildeen a la administracioacuten de una ciudad Sin duda que el hombre es superior en su conjunto en capacidad y fuerza aunque muchas mujeres aventajan a muchos hombres pero las apti-tudes naturales de las mujeres son tan variadas como las de los hombres y no hay labor administrativa que estaacute por naturaleza asignada en forma exclusiva ya sea a los hombres o a las mujeres Asiacute la naturaleza produce mujeres que son aptas para guardar (φυλακὴν) nuestra ciudad A esas seleccionaremos como esposas y colegas de los guardianes hombres Nuestra propuesta es posible porque es natural (κατὰ φύσιν) y es maacutes bien el teacutermino lsquoanti natu-ralrsquo (παρὰ φύσιν) el que quizaacute deba aplicarse a la situacioacuten presente de la mujer237

456c-457b Queda por probar que nuestro programa poliacutetico es el mejor

para el estado Hemos acordado que el entrenamiento que capacita a un hombre a ser un guardiaacuten habilitaraacute tambieacuten a una mujer a serlo si las capa-cidades naturales de ambos son para comenzar las mismas Ahora bien nuestros guardianes varones debido a su educacioacuten son los mejores hombres en la ciudad Nuestras guardianas seraacuten de modo semejante las mejores mu-jeres Y no hay nada mejor para una ciudad que el ser habitada por las mejo-res mujeres y los mejores hombres Se asegura este objetivo a traveacutes de nues-tro sistema de educacioacuten Por consiguiente nuestras mujeres se deben des-nudar para los ejercicios atleacuteticos y compartir todas las labores de guardia a

236 En un sentido maacutes general se estaacute hablando aquiacute de los lsquomodos de vidarsquo que dicen referencia a las lsquocostumbresrsquo y lsquoocupacionesrsquo de las personas Este significado me parece mejor que ldquodutiesrdquo del texto de J Adam 237 Se dice que lo natural es aquello lsquoconforme a naturalezarsquo (κατὰ φύσιν 456c) y lo antinatural es aquello que lsquose opone a la naturalezarsquo (παρὰ φύσιν ibid)

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pesar de la risa ridiacutecula de aquellos que olvidan que la utilidad es la medida verdadera del buen gusto238

457b-458b Asiacute es coacutemo sorteamos en forma exitosa una de las oleadas

que nos amenazaban pero una ola maacutes formidable se nos estaacute acercando ahora239 Las mujeres y los hijos deben pertenecer a todos los guardianes en comuacuten Nadie conoceraacute a su mujer o a su hijo Que un tipo tal de sociedad es a la vez posible y beneficioso es algo que tendremos que probar pero por el momento supondremos su posibilidad y trataremos de mostrar que la co-munidad de esposas y de nintildeos es la mejor de todas las praacutecticas240 para la ciudad y sus guardianes

458b-461e La asociacioacuten mutua de hombres y mujeres guardianes los

conduciraacute naturalmente a formar lazos conyugales Pero no se permitiraacuten uniones irregulares Nosotros tendremos tambieacuten nuestros lsquomatrimonios sa-gradosrsquo (γάμους ἱεροὺς)241 pero por lsquosagradosrsquo nosotros estaremos signifi-cando los maacutes lsquoprovechososrsquo o lsquobeneficiososrsquo (ὀφελιμώτατοι) Ahora bien las uniones maacutes beneficiosas entre los animales inferiores son aquellas por las que la mejor descendencia se produce de padres que estaacuten en su pleno vigor Si lo mismo es cierto del linaje humano iexclcuaacuten diestros deben ser nuestros go-

238 Los aspectos utilitarios como este en la Repuacuteblica son numerosos Hay sin em-bargo una clara jerarquiacutea de valores rdquoBut even Socrates ennobles his utilitarianism by placing soul above body in dignity and worth In Plato utilitarianism becomes transfigured by Idealism and the doctrine of Immortalityrdquo (J Adam pg 291) 239 Esta es la segunda ola la primera teniacutea que ver con la educacioacuten comuacuten entre hombres y mujeres guardianes (ver 451c-457b) La oleada actual estaacute en relacioacuten con la comunidad de esposas e hijos (ver 457b-466d) La tercera se suscita frente al crucial problema de si la ciudad perfecta puede llegar a ver la luz Lo concerniente a la factibilidad de la repuacuteblica es tratado a partir del 471c 240 Una sentildeal de que las lsquonormasrsquo propuestas por Soacutecrates son un tipo de lsquopraacutecticasrsquo estaacute en el uso del verbo πράττω lsquohacer ejecutarrsquo No estamos auacuten en el terreno de los principios 241 rdquoLas bodas de Zeus y Hera comenta J Adam (pg 296) eran conocidas como theogamia o hieroacutes gamos y se celebraban en una festividad especial en Atenas y en otras partesrdquo se le consideraba el tipo ideal de los matrimonios humanos Lo que se busca no es la abolicioacuten del matrimonio sino un intento de elevarlo de una institu-cioacuten privada a una puacuteblica ldquosin sacrificar ninguna de las ceremonias y asociaciones religiosas por las que a los ojos de sus contemporaacuteneos se santificaba la unioacuten de los sexosrdquo (ibid pg 296)

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bernantes Ellos deben unir lo maacutes frecuentemente posible a las mejores pare-jas y lo menos posible a las peores y solo se educaraacute a los hijos de las mejores parejas Nadie a excepcioacuten de los gobernantes sabraacute coacutemo se ha de obtener este resultado Se uniraacute a novios y novias en ciertas fiestas matrimoniales junto a sacrificios e himnos y el nuacutemero de matrimonios seraacute fijado en cada ocasioacuten por los gobernantes de modo que la poblacioacuten se mantenga en lo posible la misma Los gobernantes llevaraacuten a cabo su objetivo usando suertes que ellos ya han manipulado

Ellos tambieacuten premiaraacuten la excelencia en la guerra o en otra cosa con-

cedieacutendoles mayor libertad para yacer con mujeres Los nintildeos que se han de educar seraacuten llevados a un establecimiento de nodrizas donde las madres y otras mujeres vendraacuten a amamantarlos pero se tomaraacute todo tipo de precau-ciones para impedir que las madres reconozcan a sus hijos La mujer estaacute en la flor de su edad entre los veinte y los cuarenta antildeos el hombre entre los veinticinco y los cincuenta y cinco antildeos y es soacutelo durante esos periacuteodos que se les permitiraacute parir o engendrar nintildeos para la ciudad242 Las violaciones de esta norma seraacuten condenadas severamente Despueacutes que se ha pasado de esta edad legal removeremos las restricciones sobre las relaciones sexuales ob-servando solo las reglamentaciones que sean necesarias para prevenir el in-cesto pero en lo posible esas uniones seraacuten esteacuteriles y en todo caso no debe educarse su descendencia Soacutecrates establece algunas regulaciones adiciona-les acerca de nuevos significados que han de adjuntarse a los nombres de las relaciones familiares y agrega que lsquohermanosrsquo y lsquohermanasrsquo pueden casarse si asiacute lo determina el sorteo y lo aprueba la pitonisa

461e464b Procuremos mostrar ahora que la comunidad de esposas e hi-

jos es la mejor y en consonancia con el plan general de nuestra constitucioacuten Que este es el curso mejor de accioacuten Platoacuten lo prueba de la siguiente manera Un legislador deberiacutea sobre todas las cosas aspirar al mantenimiento de la

242 Son expresiones del punto de vista platoacutenico acerca del matrimonio ldquoThey are equally applicable to the Spartan ideal and may have been borrowed from Spartardquo (J Adam pg 301)

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unidad al interior de la ciudad243 El instrumento maacutes efectivo para este pro-poacutesito es la comunidad del placer y del dolor Asiacute como en un hombre indi-vidual los sufrimientos de un miembro singular afectan a la totalidad asiacute tambieacuten en una ciudad bien gobernada las alegriacuteas y penas de cada ciuda-dano son compartidas por todos244 Es faacutecil mostrar que nuestra ciudad ideal cumple esta condicioacuten en un grado excepcional a la vez mediante sus otras instituciones y maacutes especiacuteficamente a traveacutes de la comunidad de esposas e hijos

464b-465d El comunismo domeacutestico estaacute tambieacuten en armoniacutea con el ca-

raacutecter comunitario general de la ciudad Eacutel estrecharaacute la unioacuten de los guar-dianes y consolidaraacute el estado Eacutel tambieacuten nos liberaraacute de pleitos que surjan de disputas acerca de la familia y la propiedad En casos de tentativas de vio-lencia contra una persona se espera que los compantildeeros le defiendan Los ciudadanos maacutes viejos ejercitaraacuten poderes disciplinarios sobre los maacutes joacuteve-nes reverencia y temor impediraacute desquites de parte de estos uacuteltimos Todas estas disposiciones tenderaacuten a mantener a los gobernantes en paz unos con otros y si estaacuten unidos no se esperaraacuten sediciones en el resto de la ciudad Otras ventajas menores son demasiado triviales para que se las especifique

465d-466d La vida de nuestros guardianes seraacute maacutes gloriosa que la de

los vencedores en los juegos Lejos de ser infelices ellos son los maacutes felices de los ciudadanos y cualquier intento de engrandecerse a siacute mismos a costa de su paiacutes solo los haraacute miserables Concluimos que el mejor curso de accioacuten para una ciudad es hacer que las mujeres compartan con los hombres en todo y tal comunidad estaacute en armoniacutea con las relaciones naturales entre los se-xos245

243 ldquoEl objetivo de Platoacuten a traveacutes de todo este episodio es el conservar lsquounarsquo a la totalidad de la ciudad impidiendo que uno de sus factores constituyentes a saber los guardianes lleguen a ser lsquomuchosrdquorsquo (J Adam pg 305) 244 Parece buscarse por medio de la superacioacuten del individualismo la desaparicioacuten de la subversioacuten y las divisiones internas (staseis) en la ciudad Esto se lograriacutea de la mejor manera manteniendo unida a la clase de los guardianes 245 Hay aquiacute indudablemente una referencia a la situacioacuten diametralmente dife-rente en que se encuentran las relaciones entre los sexos en su eacutepoca su idea es es-tablecer entre ellos en todo ldquohasta donde sea posiblerdquo una ldquocompleta comunidadrdquo

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466d-467e Tenemos todaviacutea que determinar si un tal tipo de sociedad

es posible entre los hombres como lo es entre los animales inferiores Pero proveamos primero lo concerniente al manejo de la guerra

Nuestros hombres y nuestras mujeres han de combatir en comuacuten en compantildeiacutea de sus descendientes no demasiado joacutevenes Los nintildeos estaraacuten atentos a las necesidades de sus progenitores y los alentaraacuten con su presencia en el campo de batalla Tendraacuten asiacute la ventaja de ser testigos del ejercicio con-creto de la profesioacuten que los espera en la vida futura El riesgo es considera-ble pero los problemas en juego exigen que eacutel se corra y se tomaraacuten todas las precauciones para asegurar el resguardo de los nintildeos

468a-469b En lo que concierne a la obligacioacuten de unos a otros en el

campo de batalla Soacutecrates enumera varios medios por los que se desalentaraacute la cobardiacutea y se premiaraacute la valentiacutea

469b-471c Tenemos tambieacuten un deber con nuestros enemigos246 Nin-

guna ciudad griega seraacute esclavizada y no podraacute haber un pillaje indecoroso de los muertos Armaduras capturadas en el campo de batalla no seraacuten dedi-cadas en los templos sobre todo no armaduras tales como las que tomamos de griegos a menos que el Dios determine lo contrario Prohibimos que el territorio griego sea asolado o que se incendie las casas griegas247 La totali-

(466c-d) Esto comprende a la dirigencia de la ciudad no a los productores de los que no se dice nada Platoacuten estaacute ampentildeado aquiacute en disentildear el modo como la ciudad seraacute gobernada 246 Hay ciertas leyes no escritas que rijen el comportamiento de los griegos en estas materias En este episodio como dice J Adam (pg 320) ldquoPlatoacuten hace un anaacutelisis de los principios que han de regular la poliacutetica internacional de su ciudad en sus rela-ciones tanto con los griegos como con los baacuterbarosrdquo 247 Habiacutea ciertas normas de guerra que constituiacutean un rudimentario derecho inter-nacional el que dependiacutea fundamentalmente de la costumbre La experiencia de la guerra del Peloponeso vivida por el joven Platoacuten y mantenida en el recuerdo por Tuciacutedides ha servido sin duda de ejemplo para estas regulaciones de la ciudad pla-toacutenica Soacutecrates manifiesta claramente su intencioacuten de establecer normas miacutenimas de humanidad en las guerras entre los helenos (ver especialemente 471 a-b) Hay que tener presente que se consideraba legiacutetimo en la guerra el pillaje y la destruc-cioacuten de las cosechas y de la propiedad en una situacioacuten de parecido desamparo estaban por lo general los prisioneros que podiacutean ser ejecutados o vendidos como

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dad de la raza heleacutenica son los hijos de una misma familia248 y los conflictos entre sus miembros no deberiacutean llamarse guerra sino contienda civil (στάσιν) El Baacuterbaro es nuestro enemigo natural y si saqueamos Grecia no-sotros no podemos asolar nuestra nodriza y madre Hay que recordar que nuestra ciudad es una ciudad griega Ella puede castigar pero no esclavizar otros estados griegos249 Glaucoacuten asiente eacutel piensa que nuestros ciudadanos deberiacutean tratar a los baacuterbaros como los griegos tratan ahora a sus compatrio-tas

471c-472b Glaucoacuten vuelve a recordar a Soacutecrates su tarea ya dos veces

pospuesta de demostrar que un tal Estado es posible250 472b-472e Soacutecrates le recuerda a Glaucoacuten que es la investigacioacuten de la

justicia y de la injusticia la que nos ha llevado a este punto Fue para alcanzar una norma o modelo (παραδείγματος ἄρα ἕνεκα) de justicia que examina-mos la naturaleza de la justicia perfecta y del hombre perfectamente justo251

esclavos Platoacuten mediante las propuestas de Soacutecrates reacciona en contra de ello al menos en lo que a los Griegos se refiere 248 ldquoA formal declaration of Platos political faith in Panhellenic idealrdquo (J Adam pg 323) 249 En lo que respecta a la esclavitud hay que recordar que los esclavos en Grecia eran de nacionalidad extranjera con excepcioacuten de aquellos griegos que habiacutean sido vendidos como esclavos con acasioacuten de la destruccioacuten de su propia ciudad por la guerra (ver J Adam pg 320) Por otra parte ldquoes claro por la seccioacuten presente que Platoacuten no impugna el principio de la esclavitud en tanto que los esclavos son de origen baacuterbaro pero en ninguna parte dice eacutel que su ciudad perfecta va efectiva-mente a contener esclavos ni es faacutecil ver queacute es lo que podriacutean hacer en ella Los esclavos estaacuten presentes por supuesto en la ciudad de las Leyes (776c ss)rdquo (ibid pg 321) Para una discusioacuten sobre este tema referido especialmente a la Repuacuteblica ver Temas de Estudios (I) ldquoiquestHay esclavos en la ciudad platoacutenicardquo 250 Se incia un giro fundamental en el curso del diaacutelogo en que se discute la factibi-lidad de la ciudad platoacutenica ideal Se disciernen dos aspectos (a) ldquode si es posible que llegue a existir este reacutegimen poliacuteticordquo (ἡ πολιτεία) (b) ldquoy de queacute manera es po-siblerdquo 251 La verdadera finalidad de los anaacutelisis de Platoacuten estaacute en la buacutesqueda de una teo-riacutea poliacutetica en relacioacuten con la gobernabilidad de la ciudad griega Para ello es nece-sario remontarse a principios abstractos y permanentes que proporcionen la base de sustentacioacuten cientiacutefica de la explicacioacuten de ese aspecto de la realidad estudiado En esta circunstancia se trata de los fenoacutemenos y realidades concernientes a la socie-dad en cuando que conglomerado poliacutetico es decir ciacutevicamente organizado

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Por la comparacioacuten con sus opuestos en relacioacuten con la felicidad y la infelici-dad intentamos obtener una medida para apreciar el efecto de la justicia y la injusticia sobre la felicidad en la vida humana Nuestro objeto no fue probar que la justicia perfecta es alcanzable y por consiguiente no estamos obliga-dos a mostrar que nuestra ciudad puede hacerse real

472e-474c Estoy dispuesto sin embargo dice Soacutecrates a mostrarte con

la mayor aproximacioacuten coacutemo nuestra constitucioacuten puede hacerse realidad252 No podemos esperar una realizacioacuten perfecta ya que la accioacuten es en todas partes menos verdadera que el lenguaje o la teoriacutea253 Un solo gran cambio posible sin embargo y solo uno es necesario y es este254 Los lsquofiloacutesofosrsquo (οἱ φιλόσοφοι) deben llegar a ser reyes (βασιλεύσωσιν) o los reyes lsquofiloacutesofosrsquo (φιλοσοφήσωσιν) En tanto que esto no suceda255 no habraacute tregua (παῦλα) para los males tanto de las ciudades como de la humanidad ni nuestra ciu-dad hipoteacutetica ver alguna vez la luz del sol y alcanzar realidad Una gran pa-radoja (πολὺ παρὰ δόξαν) diraacutes rentildeida con la opinioacuten corriente pero expli-quemos queacute es lo que entendemos por lsquofiloacutesofosrsquo

474c-480a El filoacutesofo es aquel que ama no una parte del conocimiento

sino la totalidad256 Su pasioacuten es por la verdad y Verdad quiere decir Ideas

252 Se trata de una aproximacioacuten en cuanto que la ciudad que se intenta crear se asemeje lo maacutes posible a su modelo Esta aproximacioacuten se expresa con la ideas de cercaniacutea ldquouna ciudad que se acerque lo maacutes posible a lo ya expuestordquo (473a) Se entra a un momento culminante del diaacutelogo 253 La palabra que es la base del discurso filosoacutefico se acerca maacutes a la verdad mdashes decir a la realidadmdash que la praacutectica sustentada por la accioacuten (πρᾶξιν) 254 Este gran cambio es en estricto sentido el maacutes pequentildeo (σμικροτάτου 473b) pues se trata de hacer posible la entrada en vigencia del estado ideal sin estorbar innecesariamente su realizacioacuten aunque evitando desfigurarlo 255 ldquoPolitical evil afirma J Adam (pg 330) is in Platos view the result of a divorce between political power and knowledge of the good it only can be cured by effec-ting their reconciliationrdquo 256 ldquoLa ciudad segunda (δευτέρα πόλις) de los libros II-IV comenta J Adam (pg 332) se apoyaba en una base psicoloacutegica y era maacutes la expresioacuten de un ideal moral que intelectual En armoniacutea con esta concepcioacuten Platoacuten usoacute anteriormente la pala-bra philoacutesophos primariamente y en su mayor parte en su sentido eacutetico Ahora que se dispone a abandonar la psicologiacutea por la metafiacutesica y a describir la realeza del co-nocimiento se hace necesario analizar de nuevo el sentido de φιλόσοφος De aquiacute

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Las Ideas son cada una de ellas una pero parecen muchas por unioacuten con las cosas particulares y de una a otra257 Los aficionados a las audiciones y a los espectaacuteculos y personas semejantes creen solo en las muchas cosas bellas ellos no pueden comprender lo uno Como sontildeadores ellos se equivocan y confunden la copia por el original Su condicioacuten de espiacuteritu podriacutea describirse como opinioacuten (δόξα) mientras que la del filoacutesofo como conocimiento (ἐπιστήμη)

Procedamos a probar esta afirmacioacuten El objeto del conocimiento lsquoesrsquo el de la ignorancia lsquono esrsquo Si por consiguiente algo a la vez lsquoesrsquo y lsquono esrsquo debe hallarse entre el ser y el no-ser y la facultad que lo reconoce seraacute algo entre conocimiento e ignorancia

Las lsquopotenciasrsquo (δυνάμεις) difieren unas de otras de acuerdo con los ob-jetos sobre los que ellas presiden y los efectos que ellas producen El lsquopoderrsquo llamado conocimiento preside sobre el ser y produce el acto de conocer (γνῶναι) Es diferente por consiguiente del lsquopoderrsquo llamado opinioacuten cuyo resultado es opinar (δοξάζειν) iquestCuaacutel es entonces el objeto sobre el que la opinioacuten preside Hemos visto que no es el ser ni el no-ser Por consiguiente la opinioacuten es diferente tanto del conocimiento (γνῶσις) como de la ignorancia (ἄγνοια) Es de hecho algo entre conocimiento e ignorancia menos lumino-so que uno maacutes luminoso que el otro Su objeto seraacute por consiguiente aque-llo que conjuntamente lsquoesrsquo y lsquono esrsquo

Ahora bien son la multitud de cosas bellas y de lo demaacutes que a la vez son y no son258 No hay ninguna de ellas que lsquoesrsquo maacutes que lsquono esrsquo que lo que decimos que es Estamos justificados por consiguiente en decir que la multi-tud de cosas bellas y de otros tipos se hallan entre el ser y el no-ser De este modo hemos descubierto el objeto de la opinioacuten

en adelante a traveacutes de los libros VI y VII el philoacutesophos es aquel cuya devoradora pasioacuten es el amor por la verdad es decir por la Ideasrdquo 257 En Repuacuteblica 476a 2 hace su primera aparicioacuten en el diaacutelogo la teoriacutea de las Ideas 258 De estas cosas se dice que participan tanto del ser (τοῦ εἶναι) como del no ser (μὴ εἶναι 478e) y son captados por la potencia intermedia Todas ellas representan el mundo de lo opinable (δοξαστόν) y constituyen el conjunto de realidades que deben ser colocadas ldquoen el mediordquo (μεταξὺ) entre el ser esencial (ουσἰας) y el no ser (τοῦ μὴ εἶναι 479c)

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Concluimos que aquellos que tienen ojos para las numerosas cosas be-llas y otras opinan (δοξάζειν 479e) mientras que aquellos que ven la belleza en siacute (αὐτὸ τὸ καλὸν 479e 1) conocen (γιγνόσκειν) De los primeros diremos que son amantes de la opinioacuten (φιλοδόξους) los otros son los amantes de saber los filoacutesofos (φιλοσόφους)

Libro sexto 484a-485a Ahora tenemos que mostrar que a los filoacutesofos tal como los

hemos definido se les deberiacutea confiar el gobierno Ellos son los uacutenicos que en virtud del Ideal en sus almas259 son capaces de guardar las leyes y las institu-ciones de la ciudad Los haremos por consiguiente nuestros guardianes si poseen los requisitos praacutecticos necesarios Un estudio de su naturaleza mos-traraacute que es posible que existan en ellos ambos tipos de calificacioacuten

485a-487a La naturaleza filosoacutefica ama el ser eterno e inmutable en su

totalidad260 Se sigue de aquiacute que el filoacutesofo ama naturalmente la Verdad desprecia los placeres del cuerpo es sobrio (σώφρων) no es avaro de rique-zas ni mezquino de pensamiento sino que posee grandeza de aacutenimo y coraje es justo y gentil Es tambieacuten raacutepido para aprender retiene lo aprendido no es dado a la conducta extravagante sino modesto y corteacutes261 A tales hombres cuando los antildeos y la educacioacuten hayan perfeccionado sus cualidades natura-les bien podemos confiarle nuestra ciudad

259 Ello ha sido posible mediante la comprensioacuten de ldquolo que se mantiene siempre ideacutentico a siacute mismordquo (484b) y por este motivo a diferencia de los ldquono-filoacutesofosrdquo no andan errando (πλανώμενοι) entre lo muacuteltiple J Adam (II pg 2) compendiosa-mente dice ldquoIt is the fluctuation of the Object which makes the Subject fluctuaterdquo 260 En su comentario J Adam (II pg 3) analiza las cualidades naturales acerca de las que se insistiacutea que eran primariamente morales mientras que aquiacute y en el libro VII se hace ver en primer lugar que son cualidades de tipo intelectual 261 El alma del filoacuteso con un sentimiento universal tiende constantemente a la tota-lidad de lo divino y de lo humano (486a) debe mantenerse por tanto alejado de toda aneleutheriacutea o lsquocarencia de liberalidad de mentersquo Su grandeza proviene entera-mente de la verdad que posee o estaacute en capacidad de poseer

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487a-487e Pero en realidad importuna Adimanto los filoacutesofos actuales son considerados inuacutetiles o peor que eso262 Soacutecrates admite la exactitud de este punto de vista y procede a resolver la dificultad con una paraacutebola263

487e-489c Imagiacutenate un barco en el que los marineros luchan unos con

otros para ganar la posesioacuten del timoacuten aunque ellos jamaacutes han aprendido el arte del timonel y niegan de hecho que su gobierno pueda alguna vez ser ensentildeado Ellos dominan al patroacuten de la nave con narcoacuteticos o con bebidas alcohoacutelicas y navegan alegremente directo al naufragio Nunca se les ocurrioacute que para gobernar un barco es necesario aprender coacutemo hacerlo El verdade-ro piloto es para ellos un observador de estrellas (μετεωροσκόπων) un char-lataacuten ocioso completamente inuacutetil Nuestro siacutemil (εἰκόνα 489a) se explica por siacute mismo iquestPorqueacute admirarse que el filoacutesofo es inuacutetil en una ciudad Pero la falta la cometen quienes no lo utilizan No es parte de su obligacioacuten el de-mandar empleo deberiacutean interesarse aquellos que necesitan sus servicios264

489c-491a Es suficiente acerca de la lsquoinutilidadrsquo del filoacutesofo Pero el pre-

juicio maacutes serio que sufre la Filosofiacutea se debe a aquellos que pretenden ser filoacutesofos cuando no lo son De ellos se trata cuando la gente afirma que la mayoriacutea de los filoacutesofos son unos perversos Esforceacutemonos por mostrar que la filosofiacutea no es responsable de la corrupcioacuten de la naturaleza filosoacutefica El ver-dadero filoacutesofo a pesar de los conceptos erroacuteneos es como hemos visto un amante natural de la verdad y posee en consecuencia todas las virtudes del caraacutecter ya sentildealadas265 Tenemos que investigar (1) coacutemo es que esta dispo-sicioacuten en muchos casos se corrompe y (2) cuaacutel es el caraacutecter de estos falsos filoacutesofos que son responsables de los prejuicios en contra de la Filosofiacutea

262 Por boca de Adimanto se expresa una opinioacuten muy extendida entre los griegos y los contemporaacuteneos de todas las eacutepocas posteriores 263 Soacutecrates invita a Adimanto a escuchar una ldquocomparacioacutenrdquo un ldquosiacutemilrdquo eikōn uno de los tantos que haraacuten este libro justamente famoso 264 No es propio de estos gobernantes suplicar a los gobernados que se dejen go-bernar Los poliacuteticos de ahora sin embargo son los marineros que asaltan al timo-nel 265 ldquoThe knowledge of the Idea is indeed in Platos view an intellectual and moral regenerationrdquo (J Adam II pg 15)

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491a-495b La naturaleza filosoacutefica es un producto escaso cuyas verda-deras virtudes lo vuelven peculiarmente expuesto a la corrupcioacuten266 cuando se le coloca en ambientes desfavorables Las voces clamorosas de la opinioacuten puacuteblica expresadas en asambleas y otras reuniones puacuteblicas corrompe inevi-tablemente al joven al inducirlo a la conformidad consigo mismo267 Cuando ellos lo estiman necesario emplean la fuerza bajo el nombre de castigo Con-tra esas influencias no hay profesor posible que pueda luchar aunque la providencia de Dios pueda salvar a algunos En cuanto a los sofistas ellos siacute que convierten en sistema y ensentildean las opiniones de la multitud las que ellos mismos son incapaces totalmente de justificar pero aceptan sin reserva como su profesioacuten les exige que lo hagan Recuerda tambieacuten que las Ideas son tonteriacuteas para el vulgo por lo que ellos jamaacutes amaraacuten la sabiduriacutea o a sus se-guidores268 Socrates concluye mediante una descripcioacuten viacutevida y y muy real de una naturaleza filosoacutefica en proceso de corrupcioacuten

495b-496a Abandonada de sus legiacutetimos amantes la Filosofiacutea sola y

desolada se ve forzada a una alianza con pretendientes indignos La prole de esta unioacuten non sancta es una progenie bastarda de sofismas

496a-497a Los pocos que por variadas razones permanecen fieles a la

filosofiacutea se alejan de la vida poliacutetica Al actuar de ese modo ellos se mantie-nen inmaculados frente al mundo cosa que si bien no es un logro pequentildeo tampoco es el maacutes grande269 Si se encuentran con una repuacuteblica apropiada para ellos obtendraacuten un crecimiento mayor para siacute mismos asiacute como resulta-raacuten ser los salvadores de su paiacutes

266 El adagio latino atribuido a san Jeroacutenimo dice ldquoCorruptio optimi pessimardquo la corrupcioacuten del mejor es la peor 267 La peor escuela de educacioacuten no es la de los sofistas sino la de las asambleas populares como la ekklesiacutea o asamblea popular 268 ldquoEs imposible entonces que la multitud sea filoacutesofo (amante de la sabiduriacutea)ldquo (494a) J Adam resume la cuestioacuten del siguiente modo ldquoThe theory of Ideas is not democratic philosophyrdquo aunque la discusioacuten presente no trata directamente ese asunto 269 La vida del individuo adquiere su verdadera dimensioacuten en el acontecer de una sociedad organizada para el hombre griego en general como para Platoacuten la ciudad es el marco indispensable para una vida individual verdaderamente plena y feliz Porque hay en el hombre necesariamente una dimensioacuten social

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497a-498c Nuestra justificacioacuten de la filosofiacutea estaacute ahora completa

Queda por preguntarse doacutende estaacute la constitucioacuten poliacutetica adaptada a la na-turaleza filosoacutefica iquestDoacutende estaacute en otras palabras el mejor gobierno (ἡ πολιτεία) En la ciudad que hemos fundado excepto que se requiere una explicacioacuten maacutes completa para la posicioacuten de los gobernantes Un estado que ha de manejar la filosofiacutea sin peligro debe asumir una actitud nueva frente a sus suacutebditos La filosofiacutea deberiacutea recibir maacutes en vez de menos atencioacuten a medida que un hombre entra en la madurez

498c-502c Adimanto casi no espera que el razonamiento de Soacutecrates

persuada a la mayoriacutea de sus auditores Pero Soacutecrates no estaacute dispuesto a perder la esperanza pues cree que sus palabras pueden producir frutos en una vida futura si no lo hacen en esta En cuanto a la multitud su discon-formidad se explica faacutecilmente Ellos han escuchado bastante de una retoacuterica tintineante pero ellos no han visto todaviacutea jamaacutes un filoacutesofo-rey ni estaacuten acostumbrados a discursos cuya uacutenica meta es la verdad Nuestra ciudad per-fecta se hace real siempre y en cualquier parte dondequiera y cuandoquiera que la Filosofiacutea llegue a obtener el poder La multitud asentiraacute si la aborda-mos correctamente270 porque su odio es contra los falsos filoacutesofos y no en contra de los verdaderos El amante de la verdad se haya absorto en la con-templacioacuten de las realidades inmutables a cuya imagen eacutel intenta formular las instituciones humanas en caso de que sea llamado a participar en la vida puacuteblica Sentildeaacutelale esto a la multitud y razona con ellos y ellos estaraacuten de acuerdo Nuestras propuestas aunque difiacuteciles no son imposibles271

502c-504a Nuestra tarea proacutexima consiste en describir a los gobernantes

y su posicioacuten en nuestra ciudad Ya hemos visto que ellos deben ser patriotas

270 A pesar de todo Platoacuten confiacutea en el poder de la razoacuten para persuadir a la mayo-riacutea a plegarse a su proyecto No es una tiraniacutea la que pretende imponer sino el go-bierno del mejor El proverbio griego atribuido a Soloacuten deciacutea χαλεπὰ τὰ καλά ldquolo bello es difiacutecilrdquo (ver Hipias Mayor 304e) 271 El plan propuesto por Platoacuten pretende ser el mejor siempre que sea realizable La ciudad ideal no es en esencia un imposible sino en cuanto que su condicioacuten de oacuteptima hace difiacutecil su realizacioacuten en sentido estricto no es una utopiacutea aunque ten-ga muchas de las caracteriacutesticas adscritas a esta

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agreguemos ahora que deben ser filoacutesofos272 Aquellos que combinan los ras-gos peculiares del temperamento filosoacutefico son necesariamente pocos y de-ben ser sometidos tanto a rigurosas pruebas intelectuales como morales para ver si seraacuten capaces de soportar los maacutes grandes estudios (μαθήματα)

504a-505b Glaucoacuten pregunta cuaacuteles son esos lsquomaacutes grandes estudiosrsquo Tuacute

recordaraacutes dice Soacutecrates que nosotros describimos nuestro anterior meacutetodo psicoloacutegico de llegar a las virtudes como inadecuado e incompleto Nuestros guardianes deben recorrer un largo camino si han de alcanzar su propia me-ta es decir el estudio maacutes alto de todos (μέγιστον μάθημα) que es algo que estaacute maacutes allaacute y es incluso superior a las virtudes Y todas esas mismas virtu-des no deben maacutes ser vistas solo meramente en bosquejo ellas deben ser es-tudiadas en toda su plenitud y perfeccioacuten El maacutes alto estudio es la Idea del Bien (ἡ τοῦ ἀγαθοῦ ἰδέα) como Glaucoacuten ha escuchado a menudo antes Es el conocimiento de esta Idea el uacutenico que hace uacutetil y beneficioso a todo otro conocimiento273

505b-506a iquestQueacute es por consiguiente el Bien La mayoriacutea contesta lsquoel

placerrsquo otros maacutes refinados lsquoel conocimientorsquo Ninguno de estos puntos de vista es defendible Los hombres estaacuten constantemente disputando acerca del Bien pero su existencia es praacutecticamente admitida por todos ya que es el ob-jetivo uacuteltimo de todo esfuerzo La Idea del Bien debe ser conocida por nues-tros guardianes pues a menos que ellos conozcan la conexioacuten entre el Bien y los ejemplos particulares de lo justo lo honorable y otros casos ellos no pue-den guardar estos uacuteltimos o incluso no se puede decir verdaderamente que los conozcan en una medida adecuada

506b-508b Despueacutes de cierta vacilacioacuten Soacutecrates se compromete a des-

cribir la Idea del Bien no como es ella en siacute misma sino a traveacutes de su ima-gen su semejanza es decir de su vaacutestago (ἔγκονος)

272 Se aspira a una armoniosa combinacioacuten de cualidades morales e intelectuales 273 Se entiende que maacutethema expresa a la vez la idea de lsquoestudio disciplinarsquo y la de lsquosaber conocimientorsquo

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Permiacutetanme recordarles continuacutea diciendo nuestra acostumbrada dis-tincioacuten entre particulares e Ideas las primeras son percibidas por la visioacuten (ὁρᾶσθαι) las uacuteltimas son concebidas por el entendimiento (νοεῖσθαι 507c) pero no vistas En el caso de la mayoriacutea de los sentidos nada se requiere a excepcioacuten de la facultad y su objeto para que una sensacioacuten pueda tener lu-gar Pero para que podamos ver un tercer requisito es necesario a saber la luz (φῶς) Ahora bien el autor de la luz es el Sol (τὸν ἥλιον) y en conse-cuencia podemos decir que el Sol es la causa de la visioacuten No debemos identi-ficar ni la visioacuten (ὄψις) ni el ojo (ὄμμα) con el Sol aunque el ojo se asemeja al Sol maacutes iacutentimamente que ninguacuten otro oacutergano del sentido274 y el Sol mismo es visto por el ojo

508b-509a Es suficiente acerca de nuestro siacutemil La interpretacioacuten es la

siguiente El hijo o vaacutestago del Bien es el Sol cuya relacioacuten con la vista y sus objetos es la misma que la del Bien con la inteligencia (νοῦς) y los objetos de pensamiento (τὰ νοούμενα) El elemento anaacutelogo de la luz es la verdad (ἀλήθεια)275 asiacute como no podemos ver sin la luz asiacute tambieacuten cuando la ver-dad estaacute ausente no podemos conocer La Idea del Bien es la fuente de la Verdad y el conocimiento y aunque se la conciba como aprehendida por el conocimiento es sin embargo causa (αἰτίαν) del conocimiento y la verdad276 Asiacute como la luz y la visioacuten se asemejan al Sol asiacute la verdad y el conocimiento

274 El teacutermino de Platoacuten es ἡλιοειδήστατον lsquoel maacutes parecido al Solrsquo (508b 3) que es usado uacutenicamente aquiacute en superlativo y en 509a 1 (ἡλιοειδῆ) En Heidegger mdashLa doctrina de la verdad seguacuten Platoacutenmdash se dice ldquohelioiderdquo ldquosolisiacutemilrdquo Sin duda que se quiere sentildealar con esto la profunda afinidad del oacutergano con la luz su cristalina transparencia 275 ldquoThe entire simile is plunged in confusion if Light is equated with anything ex-cept Truthrdquo (J Adam II pg 60) 276 J Adam II (pg 60) presenta el siguiente cuadro de comparaciones regioacuten visible (τόπος ὁρατός) asymp regioacuten inteligible (τόπος νοητός) (1) Sol asymp Idea del Bien (2) Luz asymp Verdad (3) Objetos de visioacuten (colores) asymp Objetos de conocimiento (Ideas) (4) Sujeto que ve asymp Sujeto que conoce (5) Oacutergano de la visioacuten (ojo) asymp Oacutergano del conocimiento (νοῦς) (6) Facultad de la visioacuten (ὄψις) asymp Facultad del entendimiento (νοῦς) (7) Ejercicio de la visioacuten (ὄψις ὁρᾶν) asymp Ejercicio del entendimiento (νοῦς ie νόησις γνῶσις ἐπιστήμη) (8) Habilidad para ver asymp Habilidad para conocer

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se asemejan al Bien277 pero el Bien no es ideacutentico con ninguno de ellos ya que los trasciende a ambos278

509a-c En segundo lugar el Sol tambieacuten proporciona a los objetos de

visioacuten la generacioacuten (γένεσιν) el crecimiento y la alimentacioacuten aunque la generacioacuten no es ideacutentica con el Sol279 De manera semejante los objetos de conocimiento (γιγνοσκομένοις) reciben del Bien no solo su capacidad de ser conocidos (τὸ γιγνώσκεσθαι) sino tambieacuten su ser (τὸ εἶναι) y su esencia (οὐσίαν) este sin embargo es en siacute mismo distinto de la esencia y superior a ella280

509c-511e Soacutecrates ante una peticioacuten de Glaucoacuten procede ahora a ex-

poner la comparacioacuten de manera maacutes completa Tomemos una liacutenea (γραμμὴν) y dividaacutemosla en dos partes desiguales para representar respec-tivamente los objetos de visioacuten (τοῦ ὁρωμένου) y los objetos de pensamiento (τοῦ νοουμένου)281 Si subdividimos adicionalmente cada parte en propor-cioacuten a las secciones originales tendremos cuatro segmentos representando

277 ldquoJust as therefore the sun is the source of light so the Idea of the Good is the source of truthrdquo (J Raven Platos Thought in the Making pg 137) 278 ldquoNo hay que identificar la Idea del Bien en siacute dice J Raven (op cit pg 137) ni con el conocimiento ni con el entendimiento La verdad y el conocimiento son sin embargo lo maacutes semejante de todas las cosas a la Idea del Bienrdquo 279 ldquoEn la filosofiacutea de Platoacuten comenta J Adam II (pg 61) el conocimiento es la con-trapartida epistemoloacutegica del Ser el Ser la contrapartida ontoloacutegica del conocimien-to La unidad final en la que tanto el conocimiento como el Ser se encuentran es la Idea del Bien que es por consiguiente la causa suprema y uacuteltima del Universordquo 280 ldquoEn cuanto que causa de la generacioacuten (γένεσις) podemos de hecho considerar el Sol como la sola y verdadera generacioacuten pues todas las cosas generadas (γιγνόμενα) se derivan de eacutel De modo semejante el Bien no es esencia (οὐσία) en el sentido en que las Ideas son esencias pero en un sentido superior es la uacutenica esencia verdadera pues todas las esencias son sοlo determinaciones especiacuteficas del Bienrdquo (J Adam II pg 62) 281 La Liacutenea dice J Raven (Platos Thought in the Making pg 144) ldquoaims to throw light on the contents of the intelligible world by means of the analogy with the visi-blerdquo Este siacutemil de Platoacuten que representa una verdadera ldquoescala vertical de la realidadrdquo (J Raven op cit pg 145) muestra el trazo de una liacutenea dividida en pro-porciones que simbolizan una claridad u obscuridad comparativas ldquothe shorter the segment the more obscure its contentsrdquo (ibid pg 145) Como un recuerdo de la figura del sol y su luz en el siacutemil anterior aquiacute a mayor verdad mayor es la clari-dad de los objetos

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en orden de claridad (σαφήνείᾳ) (1) imaacutegenes (εἰκόνες) y cosas parecidas (2) las asiacute llamadas cosas reales como por ejemplo los animales que nos rodean y las plantas (3) los objetos de ese meacutetodo intelectual que desciende desde su-puestos o hipoacutetesis (ὑποθέσεις) hasta la conclusioacuten usando objetos sensibles como imaacutegenes o ilustraciones (4) los objetos de ese meacutetodo intelectual que asciende desde supuestos hasta un primer principio no supuesto (ἀνυπόθετον) sin hacer uso de ninguacuten tipo de ilustracioacuten sensible y despueacutes de eso desciende a una conclusioacuten La tercera seccioacuten representa los temas investigados por las asiacute llamadas lsquoartesrsquo o las ciencias matemaacuteticas la cuarta es la esfera de la dialeacutectica el nivel de la Ideas inteligibles Los estados menta-les correspondientes son llamados por Soacutecrates lsquoimaginacioacutenrsquo (εἰκασία) lsquocreenciarsquo (πiacuteστις) lsquopensamientorsquo (διάνοια) lsquointeligenciarsquo (νόησις) Cada uno de estos es claro o cierto exactamente en la medida en que sus objetos son verdaderos282

Libro seacuteptimo 514a-517a El siacutemil siguiente representa nuestra naturaleza con respecto

a la educacioacuten (παιδείας) y a la ausencia de ella (ἀπαιδευσίας)283 Imagi-neacutemonos un nuacutemero de prisioneros confinados en una caverna subterraacutenea e

282 La sombras y los reflejos derivan su existencia y su inteligibilidad de los objetos de los que ellos son sombras o bosquejos por una parte estos derivan y dependen de aquellos y por otra estos bosquejos sentildealan hacia esos objetos y son comprendi-dos en referencia a ellos (Ver DA Rees Introduction ed 1962 The Republic of Plato de J Adam pg XXXVII) 283 Es conveniente notar que el siacutemil de la Caverna representa la situacioacuten del hom-bre sin educacioacuten y de lo que pasariacutea si convertido a la verdad (que es el objeto y contenido de la verdadera educacioacuten) transformara su alma mediante la contempla-cioacuten de la realidad pura La educacioacuten (παιδεία) se iguala a una conversioacuten al Ser es decir hacia lo maacutes verdadero y real La presencia en nosotros del Ser instaura en nuestra alma la verdad

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incapaces de ver otra cosa que no sea sombras de imaacutegenes y otros objetos semejantes proyectados por la luz de un fuego Tales hombres creeraacuten que las sombras de objetos manufacturados son la uacutenica verdad Si fueran libera-dos284 y conducidos paso a paso hacia la luz ellos querraacuten volverse y escapar hacia el interior de la caverna pero si los obligamos a salir terminaraacuten gra-dualmente por acostumbrarse al deslumbramiento y a ser capaces de con-templar al Sol y de comprender su soberaniacutea en el dominio de las cosas visi-bles La compasioacuten por sus anteriores amigos comenzaraacute entonces a mezclar-se con el gozo de su propia escapatoria Si volvieran a descender a su lugar anterior285 la obscuridad afectaraacute al principio su visioacuten y los expondraacute a la risa de los demaacutes quienes podriacutea ser echaraacuten manos sobre sus liberadores y los mataraacuten

517a-518b El siacutemil de la Caverna deberiacutea asociarse con el de la Liacutenea286

La Caverna es el mundo visible el fuego es el Sol y el viaje de los prisioneros hacia la luz se asemeja al ascenso del alma hacia la esfera inteligible en la que la Idea del Bien reina suprema No deberiacutea sorprendernos ver que el filoacutesofo estaacute poco dispuesto a dejar la luz del pensamiento por la oscuridad de los asuntos praacutecticos o que eacutel se encuentra aturdido y confundido al actuar alliacute

284 El camino hacia la liberacioacuten (λύσιν) y la curacioacuten (ἴασιν) del prisionero estaacute en estricta y progresiva relacioacuten con su ascenso hacia la luz y el Sol En ese sentido la filosofiacutea instaura en el alma del individuo una viacutea de liberacioacuten Si conforme al meacute-todo de Platoacuten establecemos la relacioacuten individuo sociedad resulta que la filosofiacutea estaacute llamada a proporcionar libertad a la ciudad aquella que proviene de la con-templacioacuten de la verdad inteligible 285 Esta vuelta forzosa a la Caverna de los contempladores del Sol-Bien es esencial para los objetivos poliacuteticos del siacutemil La visioacuten de la verdad va unida al compromiso de volver al lugar de los reflejos con la intencioacuten de establecer un nuevo orden de cosas en esa sociedad de sombras Con ocasioacuten de esa vuelta se ha dicho que el len-guaje de Platoacuten no deja dudas de que eacutel quiere sentildealar con ese regreso un retorno a la vida de la ciudad y la praacutectica de las virtudes ciacutevicas ldquoEn consonancia con ello los habitantes de la Caverna seraacuten aquellos hombres que de hecho han de hallarse ocupados en asuntos praacutecticos y sobre todo puacuteblicosrdquo (D A Rees Introduction en J Adam op cit pg XL) 286 Aunque ldquoa diferencia de la Liacutenea mdashdice DA Rees Introduction (op cit pg XXXIX)mdash la Caverna muestra un movimiento temporal y este hecho es en siacute mismo una indicacioacuten de los peligros inherentes en cualquier intento de una correlacioacuten estrecha entre los dos En cuanto la Caverna mira hacia atraacutes ella mira tanto hacia el Sol como hacia la Liacuteneardquo

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518b-521b Se sigue que la educacioacuten no es un modo de poner conoci-

miento en almas vaciacuteas sino una revolucioacuten del entendimiento u oacutergano del saber cuya mirada debe estar dirigida hacia el Ser (τὸ ὄν) y la parte maacutes bri-llante de eacutel que es el Bien (τἀγαθόν) El alma entera se vuelve con el enten-dimiento en esta revolucioacuten287 Este retorno al Ser no es otra cosa que una vuelta del alma hacia la realidad Las otras virtudes son secundarias y exte-riores pero el entendimiento no pierde jamaacutes su poder y actuacutea quieacuteralo o no seguacuten se ha convertido o no por medio de la educacioacuten Las mejores natu-ralezas en nuestra ciudad luego de haber ascendido (ἀναβῆναι 519d) hacia el Bien deben volver a juntarse con los prisioneros que habiacutean dejado El for-zarlos asiacute a descender (καταβαίνειν) de nuevo puede parecer injusto pero la ley busca hacer proacutespero al conjunto de la ciudad y no a una sola clase Y es ciertamente justo tambieacuten que ellos paguen asiacute a su paiacutes por haberlos criado y educado Ellos admitiraacuten la fuerza de nuestras demandas y aceptaraacuten su turno en la obra de gobierno no ansiosamente sino como una necesidad288 Hemos visto que una ciudad bien gobernada es imposible a menos que una perspectiva de vida mejor que la de gobernar se abra a sus gobernantes y la vida del verdadero filoacutesofo es mejor

521c-523a Debemos considerar a continuacioacuten coacutemo podemos conducir

a nuestros guardianes hacia la luz Los estudios (μάθημα 521d) que necesi-tamos son de una calidad tal como para arrastrar nuestra alma desde la gene-racioacuten al Ser289 y son al mismo tiempo de alguna utilidad praacutectica en la gue-rra Nuestra preparacioacuten anterior en la gimnasia y la muacutesica no nos serviraacute

287 En la teoriacutea platoacutenica de la educacioacuten comenta J Adam (II pg 98) estaacute com-prometida el alma en su integridad Esta lsquorevolucioacutenrsquo (περιαγωγή) espiritual se aplica ahora primaria e inmediatamente al intelecto aunque produce una revolu-cioacuten moral no menor que una intelectual ldquoLa disciplina moral de los libros II-IV contrariamente a ser dejada de lado es fortalecida y consolidada mediante su inte-lectualizacioacutenrdquo 288 Una antigua expresioacuten eclesiaacutestica dice nolentibus datur es decir ldquose otorga ltun obispadogt a los que no lo quierenrdquo 289 521d ἀπὸ τοῦ γιγνομένου ἐπὶ τὸ ὄν ldquoDesde lo generado hacia el Serrdquo Un iti-nerario desde lo generado y sensible hacia el ser y lo real Porque los verdaderos poliacuteticos de esta ciudad deben conocer la realidad no su apariencia

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para este propoacutesito ni tampoco lo seraacuten las artes mecaacutenicas iquestQueacute me dices del nuacutemero y el caacutelculo que forman parte de cada arte y ciencia Su impor-tancia en la estrategia es obvia y hallaremos que aquellos si son usados co-rrectamente conducen evidentemente a las almas hacia la inteligencia y el ser

523a-524c Yo distingo dice Soacutecrates entre dos clases de percepciones

(ἐμ ταῖς αἰσθήσεσιν) a saber las que estimulan a la inteligencia (νόησιν) y las que no lo hacen Corresponde a las primeras todas aquellas representacio-nes sensoriales que son auto-contadictorias Tenemos aquiacute por ejemplo tres dedos La vista nos dice que cada uno es un dedo Hasta aquiacute no hay contra-diccioacuten y la inteligencia no es excitada Pero en otros respectos lo es con el tamantildeo y la pequentildeez el grosor y la delgadez y cosas parecidas La percep-cioacuten que reporta que tal o cual cosa es dura frecuentemente nos cuenta que es tambieacuten blanda y lo mismo mutatis mutandis puede decirse de todas las percepciones que tratan con cualidades relativas de este tipo En tales casos el alma estaacute perpleja y acude a la inteligencia por ayuda La inteligencia res-pondiendo con prontitud comprende lsquograndersquo y lsquopequentildeorsquo por ejemplo co-mo distintos y separados uno del otro a diferencia de los sentidos por los que ellos eran vistos no separados sino confundidos Es asiacute que somos condu-cidos primero a preguntar lsquoiquestqueacute es lo grandersquo y lsquoiquestqueacute es lo pequentildeorsquo

524c-526c Considera ahora a cuaacutel de esas clases pertenece el nuacutemero y

la unidad Nuestra percepcioacuten de lsquounidadrsquo (τὸ ἕν) es auto-contradictoria pues cada unidad que vemos la vemos a la vez como una e infinita en nuacuteme-ro Esto es verdadero tambieacuten del nuacutemero en general ya que es verdadero del lsquounorsquo (τὸ ἕν) La ciencia del nuacutemero es por consiguiente un estudio con-veniente tanto por motivos educacionales como utilitarios con tal que sea ejercido de tal modo que conduzca al alma desde los nuacutemeros visibles hasta los invisibles de la verdadera matemaacutetica Podemos antildeadir que los estudios aritmeacuteticos son una prueba excelente de capacidad general una buena disci-plina intelectual y por lo demaacutes difiacutecil

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526c-527c En el orden siguiente estaacute la geometriacutea plana No necesitamos extendernos en su utilidad praacutectica la cuestioacuten importante es si ella propende a volver el alma hacia el ser y la Idea del Bien (τὴν τοῦ ἀγαθοῦ ἰδέαν 526e) Un mero novicio en geometriacutea sabe que ella no es un arte praacutectico a pesar de teacuterminos tales como lsquocuadrarrsquo etceacutetera que la pobreza del lenguaje obliga a emplear El objeto del conocimiento geomeacutetrico es el ser eterno290 Por esta razoacuten prescribiremos el estudio de la geometriacutea una materia que es ademaacutes ventajosamente uacutetil y excelente como disciplina preparatoria

527c-528e iquestPrescribiremos como nuestro tercer estudio la astronomiacutea

Glaucoacuten aprueba indicando su utilidad en los asuntos praacutecticos Luego de reprender a su amigo por defender el curriacuteculo platoacutenico principalmente por este motivo Soacutecrates observa que primero deberiacutea estudiarse lo soacutelido en siacute y despueacutes lo soacutelido en movimiento En otras palabras la estereometriacutea (στερεὸν 528b-c)291 deberiacutea preceder a la astronomiacutea Aunque los problemas de los soacutelidos no se resuelven todaviacutea podemos esperar eacutexito con una direc-cioacuten apropiada y con el apoyo del Estado

528e-530c La astronomiacutea (ἀστρονομἰα) seraacute en conformidad cuarta en

orden y la estereometriacutea tercera Siacute dijo Glaucoacuten pues de seguro que la as-tronomiacutea impulsa al alma a mirar lsquohacia arribarsquo (ἄνω βλέπειν 529b) Por el contrario responde Soacutecrates como se la estudia al presente la astronomiacutea vuelve los ojos del alma hacia abajo aunque el ojo corporal mira hacia arriba La verdadera astronomiacutea no es la observacioacuten de los cielos visibles que son como todas las cosas vistas imperfectas y sujetas a cambio es una ciencia matemaacutetica que estudia los verdaderos movimientos de las estrellas inteligi-bles y usa el firmamento visible como su planetario (529d-e) Nos dedicare-mos por consiguiente a la astronomiacutea valieacutendonos de problemas y nos des-pediremos de lo que hay en el cielo

290 527b τοῦ γὰρ ἀεὶ ὄντος ἡ γεωμετρικὴ γνῶσίς ἐστιν La verdadera geometriacutea es un saber de lo real e inteligible 291 El propio teacutermino ldquoestereometriacuteardquo (στερεομετρίαν Epin 990d) aparece solo en el Epiacutenomis (que algunos consideran no platoacutenico) como algo distinto de la geome-triacutea Es usado ya por Aristoacuteteles

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530c-531c Luego vendraacute la ciencia que es hermana de la astrononomiacutea a saber la armoniacutea (ἁρμονία) Por mayores detalles nos remitiremos a los pitagoacutericos teniendo cuidado sin embargo de mantener intactos nuestros principios directivos Podemos no hacer caso de gente que trata de determi-nar un intervalo miacutenimo y una unidad de medida por percepcioacuten auditiva pero los pitagoacutericos estaacuten tambieacuten equivocados ya que lo que ellos estudian son las proporciones numeacutericas de las armoniacuteas audibles Ellos deben ascen-der a los verdaderos problemas y examinar queacute nuacutemeros son consonantes cuaacuteles no y porqueacute La ciencia de la armoniacutea es inuacutetil para nuestros propoacutesi-tos si se ejerce de otra manera

531c-533d La prosecucioacuten de estos estudios si permiten descubrir sus

relaciones mutuas contribuiraacuten a los fines que perseguimos pero despueacutes de todo ellos son solo un preludio a la dialeacutectica (τὸ διαλέγεσθαι) Podemos comparar la dialeacutectica a la marcha de los prisioneros desde que ven los ani-males reales hasta que contemplan el Sol y comparar a su vez esos estudios preparatorios a su liberacioacuten y ascenso desde las sombras e imaacutegenes al inte-rior de la caverna hasta las sombras de los objetos reales en el mundo de arri-ba Soacutecrates no acepta hacer una estimacioacuten del meacutetodo y objeto de la dialeacutec-tica pero insiste en que el Bien debe ser visto y que solo la dialeacutectica puede revelarlo pues el meacutetodo dialeacutectico (ἡ διαλεκτικὴ μέθοδος) es el uacutenico estu-dio que se eleva sobre las ruinas de sus presupuestos (ὑπόθεσις) hasta la Idea del Bien conduciendo el alma hacia lo alto y usando las lsquoartesrsquo como auxilia-res de esta labor de atraccioacuten educativa292

533e-534e En conclusioacuten despueacutes de sentildealar las relaciones entre los di-

ferentes estados intelectuales Soacutecrates declara que la caracteriacutestica esencial de la dialeacutectica es su poder de comprender la razoacuten o principio de todo ser se-parando la Idea del Bien por ejemplo de todas las demaacutes definieacutendola en palabras y examinado la definicioacuten por medio de pruebas de todas y de cada

292 Acerca del meacutetodo dialeacutectico J Adam sentildeala ldquoFormalmente considerada la dialeacutectica procede como el severo interrogatorio socraacutetico por preguntas y respues-tas (534D) La dialeacutectica es por sobre todo sinoacuteptica esforzaacutendose por ver doacutende estaacute el uno y lo muacuteltiple (531D 537BC) De ahiacute que la coordinacioacuten de las ciencias es una buena preparacioacuten para el maacutes alto estudiordquo (II pg 173)

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una de las que debe resultar triunfante Glaucoacuten estaacute de acuerdo en que un tal estudio es indispensable para los gobernantes y de que el curriacuteculo de estudios estaacute ahora completo

535a-536b Solo queda por designar a quieacutenes daremos estas ensentildeanzas

y prescribir el modo de hacerlo Nuestros alumnos deben poseer no solo cua-lidades como la generosidad o la virilidad sino tambieacuten aquellas otras cuali-dades naturales que nuestro peculiar curso de entrenamiento exige Ellas son ahora enumeradas por Soacutecrates

536b-537c Despueacutes de pedir disculpas por su celo excesivo en defensa

de la Filosofiacutea Soacutecrates establece sus estatutos Debemos seleccionar nuestros alumnos en tanto que son joacutevenes y someterlos en su juventud a todos los estudios preparatorios preocupaacutendose de evitar la coaccioacuten que se eduquen jugando Al mismo tiempo habraacuten de ser llevados al campo de batalla como espectadores y recibir su iniciacioacuten en las armas De los dieciocho a los vein-te los ejercicios gimnaacutesticos demandan su atencioacuten completa A los veinte aquellos que han demostrado ser los mejores ingresaraacuten en un sistemaacutetico estudio comparativo de las matemaacuteticas y los otros estudios por un periacuteodo de diez antildeos

537d-540c En esta etapa se seleccionaraacute a los maacutes haacutebiles para ascender-

los a honores maacutes grandes y probarlos por medio de la dialeacutectica Se debe tener gran cuidado al introducirlos en este estudio porque cuando el caraacutecter es inmaduro y deacutebil el debate dialeacutectico frecuentemente engendra tambieacuten desobediencia (παρανομία)293 al derribarse creencias heredadas Prohibire-mos en consecuencia tales disputas dialeacutecticas a los joacutevenes Despueacutes de cin-co antildeos consagrados a la dialeacutectica los proacuteximos quince se ocuparaacuten en la adquisicioacuten de una experiencia de gobierno y asuntos praacutecticos A la edad de cincuenta aquellos que se hayan destacado y superado todas las pruebas se dedicaraacuten a partir de entonces a la contemplacioacuten del Bien (ἰδόντας τὸ ἀγαθὸν αὐτό 540a) debiendo descender cuando llegue su turno a la Ca-

293 El sentido literal de paranomiacutea es el de lsquotransgresioacuten de la leyrsquo de ahiacute su sentido de lsquohaacutebitos desordenadosrsquo

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verna para ordenar las instituciones humanas conforme a su semejanza To-das estas normativas se aplican por supuesto tanto a mujeres como a hom-bres

Libro octavo 543a-545c Soacutecrates ahora vuelve al punto en que comenzoacute la lsquodigresioacutenrsquo

que ha ocupado los libros V-VII Hay como observamos cuatro variedades principales de estados e individuos ademaacutes del gobierno perfecto y el hom-bre perfecto En orden de merecimiento ellos son (1) Timarquiacutea o el estado cretense y laconio (2) Oligarquiacutea (3) Democracia (4) Tiraniacutea Todos los otros tipos de repuacuteblica tales como dinastiacuteas etc se encuentran en alguna parte de esas variedades primeras y evidentes Ademaacutes ya que el caraacutecter especiacutefico de los estados es determinado por el de los individuos habraacute cinco tipos principales de caracteres individuales personificados respectivamente en (1) el hombre aristocraacutetico (2) el timocraacutetico (3) el oligaacuterquico (4) el democraacuteti-co (5) el tiraacutenico Hemos descrito ya al primero de esos pero debemos tam-bieacuten revisar los otros para que haciendo contrastar el mejor con el peor seamos capaces de comprender la relacioacuten entre la justicia sin mezcla (ἄκρατος)294 y la injusticia sin mezcla en relacioacuten con la felicidad y la desgra-cia de sus poseedores295 Como antes examinaremos primero los caracteres (τὰ ἤθη) en los regiacutemenes poliacuteticos y luego los individuos

294 Es decir pura en toda su fuerza 295 ldquoNos hemos familiarizado ya con el caraacutecter del hombre perfecto pero tenemos todaviacutea que descubrir y describir τὸν κάκιστον ltlsquoel peorrsquogt para que podamos esta-blecer nuestra comparacioacuten y pronunciar nuestro veredicto Esta es la tarea a la que Platoacuten se aplica en los libros VIII y IX hasta el 576b)rdquo seguacuten J Adam II pg 195 No se trata de la explicacioacuten de un desarrollo histoacuterico sino de una teoriacutea de la deca-dencia poliacutetica que se basa a su vez en una teoriacutea de la degeneracioacuten psicoloacutegica (cf Adam II pg 196) Complementando el punto relativo a la descripcioacuten de los regiacutemenes en que se po-ne especial eacutenfasis en mostrar la ciudad y el tipo de hombre peor J Adam antildeade (pg 199) ldquoThe form which he does in point of fact select is that of a historical narra-tive but the real order of the development which he describes is a lsquological orderrsquo and is primarily determined by psychological and not by historical considerationsrdquo

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545c-547c iquestCoacutemo surge la timarquiacutea de la aristocracia296 Podemos asentar como una regla universal que un cambio constitucional se origina por la disensioacuten (στάσις)297 al interior de la clase gobernante Soacutecrates invoca a las Musas para decir lsquocoacutemo entroacute la primera sedicioacutenrsquo Como todo lo demaacutes nuestra ciudad perfecta estaacute sujeta a una ley de naturaleza universal de que todo lo que es creado perece298 A partir de los elementos del nuacutemero que expresa el periacuteodo maacutes corto de gestacioacuten en el geacutenero humano Soacutecrates construye un lsquonuacutemero geomeacutetricorsquo299 que eacutel llama lsquosentildeor de los nacimientos mejores y peoresrsquo300 Cuando debido a la ignorancia de este se unen parejas en forma inoportuna surge como teniacutea que serlo una raza degenerada de

296 Creo que podremos utilizar libremente lsquotimarquiacutearsquo o lsquotimocraciarsquo como lo pro-pone el mismo Platoacuten ldquoya que no tengo otro nombre con queacute llamarlo habraacute que denominarla o timocracia o timarquiacuteardquo dice en 545 b (ἢ τιμοκρατίαν ἢ τιμαρχίαν Platoacuten mdash545bmdash afirma que es ldquoel reacutegimen poliacutetico que busca los honoresrdquo (philoti-mos tambieacuten lsquoambicioso emulador aacutevido de honrarsquo) LSJ ldquostate in which the love of honour is the ruling principlerdquo En cuanto a la concepcioacuten aristoteacutelica (Eacutetica Nico-maquea 1160a30 b17) se dice ldquostate in which honours are distributed according to a rating of property timocracyrdquo En cuanto a la aristokratiacutea sabemos que es el gobierno de los mejores en primer lugar en un sentido maacutes especiacutefico el de los nobles Puede tambieacuten considerarse una aristocracia el gobierno de los ricos si tiene caracteriacutesticas positivas u oligarquiacutea si predominan las negativas (cf Platoacuten Poliacutetico 301a) 297 stasis puede significar la posicioacuten el estado de una persona de ahiacute partido Y en un contexto poliacutetico como el nuestro una faccioacuten un partido formado con propoacutesitos sediciosos La stasis no es propiamente ni lsquorevolucioacutenrsquo ni lsquosedicioacutenrsquo ni siquiera lsquocambio de constitucioacutenrsquo (metaboleacute ) sino que en palabras de Marcus Wheeler ldquodes-cribe una situacioacuten cuyo rasgo esencial es el uso de la violencia o conducta (beha-viour ) lsquoilegalrsquo de dos o maacutes gruposrdquo (J O Velaacutesquez Platoacuten y la soberaniacutea del es-tado en Revista de Filosofiacutea vol XXXI-XXXII (1988) Santiago de Chile pg 38 298 Se enuncia como de paso este principio ldquola destruccioacuten es inherente a todo lo generadordquo (546a) y esto explica el porqueacute de la decadencia de las construcciones ciacutevicas de los hombres De ahiacute los ciclos de destruccioacuten que se suceden en la historia humana (cf Timeo 22d Leyes III 677e) Hay que hacer notar sin embargo que la cau-sa de la decadencia no estaacute propiamente en la ciudad ideal que aquiacute se proyecta sino en estas razones superiores de la naturaleza de las cosas 299 Luego de presentar esta especie de ley universal de la naturaleza toda por la que todas las cosas generadas poseen una tendencia intriacutenseca a la decadencia y destruccioacuten se inicia ldquola construccioacuten de un nuacutemero que es expresioacuten de esta ley de degeneracioacuten inevitable a la que estaacute sujeto el universo y todas sus partesrdquo de ese modo mediante complejos caacutelculos de sabor pitagoacuterico Platoacuten ldquointenta dar una expresioacuten aritmeacutetica a la ley del cambio con aquello que eacutel llama el nuacutemero geomeacute-trico ltγεωμετρικὸς ἀριθμόςgt (J Adam II pg 202) 300 ldquoY todo este nuacutemero geomeacutetrico dice Platoacuten es sentildeor ltde los nacimientos mejo-res y peoresgtrdquo (546c)

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hijos301 Los mejores de estos se convierten con el tiempo en gobernantes pero la mezcla de razas mdashde oro de plata de cobre de broncemdash se acrecienta y tiene por resultado la sedicioacuten Las facciones en lucha finalmente mediante un compromiso producen la transicioacuten a la timarquiacutea mdashuna forma de repuacute-blica que se situacutea a medio camino entre la aristocracia y la oligarquiacutea

547c-548d Es suficiente en cuanto al origen de la timarquiacutea En su re-

presentacioacuten se asemejaraacute por una parte a la aristocracia y a la oligarquiacutea por otra en parte tendraacute tambieacuten sus peculiaridades Los rasgos aristocraacuteticos son el respeto por la clase gobernante y asiacute sucesivamente su propia peculia-ridad distintiva es el amor por la guerra y asuntos guerreros en codicia y avariacia es como en la oligarquiacutea302 En general la timarquiacutea es una mezcla de bien y mal pero la caracteriacutestica mas visible de este reacutegimen es el amor por la victoria y el honor303

548d-550c El caraacutecter del hombre timocraacutetico es descrito ahora en estre-

cha analogiacutea con el del estado timocraacutetico (548d-549b) En origen mdashSoacutecrates continuacutea diciendomdash este fue el hijo de un buen padre que vive en una ciudad mal regulada y que se abstiene de la actividad ciacutevica Impulsado por los pre-ceptos y exemplo de su padre hacia una vida superior y por la influencia ma-

301 Por lo visto los gobernantes con todo su saber se equivocan (ldquoignoraacutendolordquo) y no logran siempre perfectas uniones entre novios y novias Todo el paacuterrafo nos muestra en resumen ldquoque los filoacutesofos-reyes estaacuten sujetos a dos limitaciones una bioloacutegica y un tanto misteriosa la otra cognitiva y faacutecilmente inteligible La limitacioacuten bioloacutegica es que la calidad de los reyes-filoacutesofos estaacute de-terminada por doacutende en un ciclo natural estaacuten sus padres cuando se les concibe La limitacioacuten cognitiva es que ellos deben emplear la percepcioacuten sensorial para hacer realidad sus teoriacuteas en la praacutecticardquo (CDC Reeve Philosopher -Kings Princeton 1988 pgs 114-15) 302 Es probable que la mayor parte de esta descripcioacuten esteacute basada y diga referen-cia con reacutegimen espartano 303 En la timocracia como dice Platoacuten ldquohay un dominio del elemento fogosordquo (548c) que apunta especialmente a los aspectos tanto valerosos como coleacutericos (lsquoirasciblesrsquo) del caraacutecter humano Con philonikiacutea se enfatiza aquiacute maacutes el aspecto de emulacioacuten que el de rivalidad lsquoamor por la victoriarsquo y philotimiacutea es aquiacute maacutes lsquoamor por los honoresrsquo y las distinciones que lsquorivalidad ambiciosarsquo En ambos casos la palabra puede tomar de hecho frecuentemente un mal sentido

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terna y de otros hacia una inferior se habraacute eacutel mismo rendido al dominio del principio intermedio en su alma y asiacute se hallaraacute convertido en lsquotimaacuterquicorsquo304

550c-551c A continuacioacuten viene la oligarquiacutea o plutocracia305 El cambio

se origina en el crecimiento de la avaricia y la codicia al interior del estado timocraacutetico este se completa tan pronto como se establece por ley el requisito de la posesioacuten de propiedad para ocupar cargos puacuteblicos306

551c-553a Hay numerosas fallas (ἁμαρτήματα) lamentables en la ciu-

dad oligaacuterquica Hace de la riqueza en vez del conocimiento la calificacioacuten para gobernar estaacute dividida contra siacute misma307 incapaz con toda probabili-dad de hacer la guerra308 y en discordancia con nuestro principio de lsquoun hombre un trabajorsquo309 Lo peor de todo la oligarquiacutea es la primera constitu-cioacuten que permite a un hombre disponer de toda su propiedad por medio de la venta Por causa de ello surge una numerosa clase empobrecida que se

304 Hay un crecimiento gradual de elementos institivos y pasionales en el hijo que aunque no tiene la naturaleza de un hombre malo se ve influido por otros para lle-gar a este lsquopunto mediorsquo y ha terminado por entregar el gobierno de siacute mismo a este elemento intermedio (lsquofogosorsquo) que lo convierte en un hombre altanero y aficionado al honor 305 La oligarquiacutea es el reacutegimen dice Platoacuten ldquobasado en la evaluacioacuten de la fortuna (ἀπὸ τιμημάτων) en el cual los ricos gobiernan mientras que no le estaacute permitido al pobre participar en el poderrdquo (550c-d) El teacutermino clave aquiacute es timema cuyo sig-nificado poliacutetico es ldquoel valor en el que se tasaba la propiedad de un ciudadanordquo (LSJ) De ahiacute se estableciacutea un censo que no solo teniacutea efectos en el pago de los im-puestos sino tambieacuten en especial en la capacidad excluyente de estos ciudadanos de ser los uacutenicos elegibles para ocupar las magistraturas del estado 306 Parece natural que Platoacuten haya definido la oligarquiacutea en relacioacuten con la valora-cioacuten de la propiedad puesto que la caracteriacutestica central del programa del partido oligaacuterquico en Atenas mdasha partir del 412 aC en adelantemdash fue precisamente esta calificacioacuten de la propiedad como requisito para la obtencioacuten de la ciudadaniacutea com-pleta (cf Adam II pg 219) 307 Una falla no menos grave que la prevalencia de la riqueza estaacute en el hecho de que en esta ciudad hay forzosamente dos ciudades a saber la de los pobres y la de los ricos habitando un mismo espacio y conspirando unos contra otros (551d) 308 A consecuencia de esta misma divisioacuten aunque el reacutegimen lo precise se teme armar al pueblo 309 Hay una criacutetica constante de Platoacuten en contra del lsquoocuparse de muchos asuntosrsquo (τὸ πολυπραγμονεῖν) que consiste en una injerencia en asuntos ajenos (ver 374 b 434 a 443 d-e)

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asemeja a los zaacutenganos algunos sin aguijoacuten y otros en posesioacuten de ellos Los primeros son solo pobres pero los uacuteltimos son delincuentes que deben ser reprimidos por la fuerza

553a-553e El hombre oligaacuterquico es el hijo de un padre timocraacutetico cu-

ya fortuna ha naufragado mediante condenaciones injustas Aprovechando el ejemplo de su padre el hijo destrona de su lugar preeminente el amor por el honor (φιλοτιμίαν) y sienta en su trono al deseo y la avaricia en el interior de su corazoacuten310 La acumulacioacuten de riquezas es de alliacute en adelante una pasioacuten que le devora311

554a-555b En caraacutecter el hombre oligaacuterquico se asemeja al estado oli-

gaacuterquico Eacutel satisface sus deseos necesarios y no otros Es avaro mezquino codicioso y el dios ciego de la riqueza es el liacuteder del coro de su alma Algunas veces cuando se da la oportunidad sus deseos tipo zaacutengano se hacen valer en eacutel312 pero eacutel los reprime eneacutergicamente por el temor de las consecuencias Asiacute aunque su alma es viacutectima de la sedicioacuten sus deseos mejores prevalecen generalmente sobre aquellos peores313 En las competencias puacuteblicas se le en-cuentra usualmente contento de ser vencido y conservar su dinero

555b-557a A la oligarquiacutea sucede la democracia A medida en que se

permite e incluso se estimula a una juventud disipada (ἀκόλαστοι) a malgas-tar sus bienes una clase numerosa y empobrecida de zaacutenganos con aguijoacuten

310 ldquoThe description of the progress of individual degeneration from the aristocrat down to the tyrant constantly reflects Platos own experience of Athenian society and domestic liferdquo (Adam II pg 225) Y la descripcioacuten del destronamiento y poste-rior esclavitud del joven ciudadano revela que ldquothe picture expresses with admira-ble clearness the psycological basis of Platos sequence of politiesrdquo (ibid) 311 Se enfatiza nuevamente el lugar central que la pasioacuten por la adquisicioacuten de ri-quezas ocupa en el estado oligaacuterquico 312 ldquoAsiacute como la oligarquiacutea tiene lsquozaacutenganosrsquo (552C) asiacute el hombre oligaacuterquico tiene lsquodeseos de zaacutenganorsquordquo (Adam II pg 228) 313 Por la condicioacuten de su alma el hombre oligaacuterquico mdashcomo la ciudad corres-pondientemdash no es un ser unitario sino doble y experimenta deseos en que las maacutes de las veces se logra que los mejores de ellos dominen a los peores (554d-e)

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hace su aparicioacuten en la ciudad314 Los gobernantes no toman medidas315 para remediar un mal que incrementa sus propias fortunas y se vuelven flojos y blandos316 En eacutepocas de tensioacuten y peligro comuacuten el pobre descubre su pro-pia fuerza y la debilidad del rico y despueacutes de esto necesita muy poco im-pulso para derribar el corrompido edificio La democracia se establece tan pronto como la introduccioacuten del sorteo en los cargos confirma el principio de igualdad317

557a-558c Las caracteriacutesticas peculiares de la democracia son la libertad

(ἐλευθερίας) y la licencia (ἐξουσία) De todos los tipos de gobierno es el maacutes variado y de toda suerte de colores asemejaacutendose a un bazar de constitucio-nes maacutes que a un gobierno uacutenico318 En una ciudad democraacutetica los indivi-duos son libres para adoptar su propia poliacutetica independientemente del es-tado Poca molestia se toman en ejecutar las sentencias judiciales El pueblo es condescendiente con los defectos en educacioacuten de sus liacutederes y no les exige otra cosa que una profesioacuten de lealtad para con las masas Una constitucioacuten verdaderamente placentera llena de anarquiacutea y color preparada para distri-buir una suerte de igualdad tanto a los que son iguales como a los que no lo son

314 La ambicioacuten del dinero fundamento del estado y hombre oligaacuterquicos termina por sembrar las simientes de la destruccioacuten del reacutegimen El dinero escasea porque se acumula en unos pocos hasta el punto de empobrecer al conjunto de la ciudad 315 Por no tomar medidas a tiempo mdashlos gobernantes no tienen la voluntad para hacerlomdash la cantidad de pobres se incrementa hasta tal punto que constituyendo la gran mayoriacutea crean en el estado un desequilibrio mortal para el sistema oligaacuterquico 316 ldquoun hombre rico criado en las sombras cargado de carnes superfluasrdquo (556d) 317 Una caracteriacutestica fundamental del sistema democraacutetico griego estaacute en el uso del sorteo para la eleccioacuten de la mayoriacutea de las magistraturas del estado Se buscaba con ello una total igualdad de oportunidades en la obtencioacuten de aquellos cargos Habiacutea tambieacuten puestos electivos como el cargo de strategoacutes en Atenas que en la praacutectica soliacutean adquirir un poder efectivo mayor Es el caso del estratega Pericles en el siglo V aC 318 ldquoEl principio psicoloacutegico principal de la democracia asiacute como el de la oligar-quiacutea es τὸ ἐπιθυμητικόνrdquo ltla facultad del deseogt ldquoPero mientras que en la oligar-quiacutea todo estaba sujeto al dominio de un particular deseo a saber el deseo de ri-queza la democracia por su parte es la personificacioacuten poliacutetica de la libertad e igualdad absolutas de todos los deseos tanto los innecesarios como los necesarios (ver J Adam II pg 234)

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558c-559d No podemos describir el origen del hombre democraacutetico has-

ta que no expliquemos queacute queremos sentildealar con deseos lsquonecesariosrsquo e lsquoinne-cesariosrsquo Los deseos de los que no somos capaces de abstenernos y los de-seos que una vez satisfechos nos benefician son llamados lsquonecesariosrsquo los del tipo opuesto son lsquoinnecesariosrsquo el hombre oligaacuterquico es gobernado por los primeros los segundos dominan sobre los que llamaacutebamos zaacutenganos

559d-562a Volvamos ahora al punto y expliquemos la generacioacuten del

hombre democraacutetico319 Un padre oligaacuterquico tiene un hijo a quien eacutel educa en principios estrechos y ahorrativos El joven gusta la lsquomiel de los zaacutenganosrsquo y se engendra en su alma la sedicioacuten Sobreviene luego una lucha y tal vez despueacutes de una resistencia temporal los deseos innecesarios prevalecen pero con la ayuda de la fortuna y el paso de los antildeos se establece finalmente una suerte de igualdad de todos los deseos y el hombre se transforma en un de-voto imparcial de los placeres en todas sus formas una criatura hermosa y de muchos colores en que todo es comienzos y nada perdura

562a-563e Resta por describir la tiraniacutea y al hombre tiraacutenico Asiacute como

la oligarquiacutea fue derribada por la prosecucioacuten insaciable de riquezas asiacute la democracia comienza a cambiar en tiraniacutea cuando malos escanciadores pro-veen el vino de la libertad en tragos excesivos320 La anarquiacutea bajo el nombre de libertad inficiona cada departamento de la vida sea poliacutetica domeacutestica educacional y social los mismos perros y bestias de carga terminan por con-taminarse con el vicio predominante321 En la fase final322 no se tiene conside-racioacuten alguna por las leyes sean escritas o no escritas

319 ldquoPlatos description of the genesis of the democratical man is one of the most royal and magnificent pieces of writing in the whole range of literature whether ancient and modernrdquo (J Adam II pg 240) 320 La libertad define a la democracia y una ciudad embriagada por ella termina por degenerar en anarquiacutea 321 ldquoLa humoriacutestica descripcioacuten de Platoacuten presenta ante nosotros viacutevidamente la condicioacuten anaacuterquica de las calles de Atenasrdquo (Adam II pg 248) Y con un dejo de ironiacutea que recuerda a algunas de nuestras calles y campos J Adam (ibid) sentildeala ldquoEl viajero en la Grecia moderna recordaraacute los lsquoperros democraacuteticosrsquo de los pueblos del Peloponesordquo

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563e-566d Tal es la simiente que se desarrolla en tiraniacutea (τυραννίς)

cuando de acuerdo con una ley comuacuten la libertad excesiva termina por ge-nerar una excesiva servidumbre323 Los zaacutenganos324 maacutes numerosos acre-cientan su violencia y arruinan la democracia con el paso del tiempo asiacute co-mo una vez ellos arruinaron la oligarquiacutea325 Un estado democraacutetico contiene tres clases de ciudadanos (1) los zaacutenganos los con aguijoacuten como los carentes de eacutel (2) los ricos que sirven como forraje de los zaacutenganos (3) el pueblo (δῆμος) en el que reside la soberaniacutea Los miembros maacutes activos de la frater-nidad de zaacutenganos se transforman en liacutederes del demos 326 contra los ricos A fuerza de extorsioacuten y calumnia las clases propietarias se ven finalmente for-zadas a formar en defensa propia un partido oligaacuterquico De aquiacute surgen de-nuncias y procesos entre unos y otros y el pueblo pone al frente de siacute un de-fensor uacutenico Asiacute como en la faacutebula aquel que proboacute carne humana se convir-tioacute en lobo asiacute este defensor del pueblo tan pronto como derrama la sangre de conciudadanos termina por convertirse inevitablemente en tirano327 Se inicia una guerra civil el defensor es o bien echado de la ciudad y retorna un

322 ldquoThere is a steady deterioration and the last stage of democracy is the worstrdquo (Adam II pg 249 ver Aristoacuteteles Poliacutetica IV 6 1293a 1) 323 563e ldquoLa misma enfermedad que incubaacutendose en la oligarquiacutea la destruyoacute esta misma hacieacutendose maacutes amplia y maacutes fuerte por su libertad sume en la esclavitud a la democraciardquo (trad de G Goacutemez L) 324 La zaacutenganos ahora consecuentes con los objetivos de la democracia maacutes que enriquecerse buscan libertad 325 Platoacuten continuacutea su anaacutelisis basaacutendolo en una perspectiva fundamentalmente psicoloacutegica Los lsquozaacutenganosrsquo mdashcon y sin aguijoacutenmdash representan dos tipos de naturale-za humana a saber un tipo de hombres holgazanes y dispendiosos que ldquoandan ociosos por la ciudadrdquo (555 d) o de lsquozaacutenganosrsquo ldquopordioserosrdquo Los con aguijoacuten re-presentan la parte maacutes varonil que es la que manda la que sigue la maacutes cobarde es la sin aguijoacuten (ver 564 b) 326 El demos es no solo el lsquopueblorsquo sino tambieacuten especiacuteficamente la lsquoasamblea popu-larrsquo que representa el poder del pueblo como ejercido en una ciudad de tipo demo-craacutetico Esta asamblea (demos) suele ser en Platoacuten sinoacutenimo de democracia 327 Los sucesos parecen precipitarse llevados por la fuerza misma de la transfor-macioacuten de los caracteres de los ciudadanos Por otra parte el paladiacuten del pueblo explota bien las circunstancias mientras destierra y mata da a entender ademaacutes que se efectuaraacuten rebajas de deudas y repartos de tierras (566a)

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tirano hecho y derecho o recibe una guardia de seguridad que lo defiende de asaltos clandestinos328 y asiacute logra su objetivo

566d-569c El tirano comienza su gobierno con medidas populares pero

tan pronto como asegura su posicioacuten empobrece y oprime a los ciudadanos mediante una sucesioacuten de continuas guerras A todo aquel que protesta eacutel lo lsquoremueversquo que es una triste necesidad de su situacioacuten el que debe depurar la ciudad de toda riqueza y virtud Para precaverse de su creciente impopulari-dad eacutel debe acrecentar su cuerpo armado permanente alistando mercenarios extranjeros y esclavos de ciudadanos privados A decir verdad iexclestos son sus lsquonuevos ciudadanosrsquo Euriacutepides y otros traacutegicos elogian a la tiraniacutea y a su seacute-quito es por eso que los excluimos de nuestra ciudad Mientras maacutes alto suben hacia la cima de los regiacutemenes poliacuteticos tanto maacutes se debilita su ho-nor329 En cuanto al tirano luego de agotar los tesoros de los templos y de los proscritos obligaraacute al demos que lo engendroacute a mantener a sus amigos y cor-tesanas Toda reclamacioacuten es en vano El demos entiende ahora queacute significa servidumbre mdashla esclavitud en su forma maacutes cruel donde los esclavos son los amos

Libro noveno 571a-572b Resta por ver el hombre tiraacutenico Antes de comenzar a des-

cribir su origen y caraacutecter debemos completar nuestro anaacutelisis del deseo En-tre los deseos no necesarios hay una clase especial que consideramos contra-rios a la ley (παρανόμοι)330 Son como aquellos que surgen en el suentildeo luego

328 566 b ldquoY este es el punto en que todos los que han llegado a esta situacioacuten recu-rren a aquella famosa suacuteplica de los tiranos en que piden al pueblo algunos guar-dias de corps para que aquel conserve a su defensor Una situacioacuten histoacutericamente comprobada en algunos casos de tiranos como Teaacutegenes de Megara Pisiacutestrato ti-rano de Atenas y Dionisio de Siracusa 329 ldquoThe honour paid to Poetry varies inversely with the merit of the constitution This is perhaps the severest thing which Plato has yet said against poetryrdquo (Adam II pg 261) 330 ldquoEl fundamento psicoloacutegico de la tiraniacutea como tambieacuten de la oligarquiacutea y la democracia es el deseo pero hay tres variedades de deseo y es la inferior de estos

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de haberse excedido en la comida y en la bebida331 Pero cuando nos retira-mos a descansar manteniendo reprimidos deseos e ira y el elemento racional en nosotros se mantiene en pleno ejercicio nuestros suentildeos son entonces ge-neralmente inocentes en otros hombres en cambio se hacen presentes de-seos con audaz insensatez revelaacutendose en visiones nocturnas

572b-573c El origen del hombre tiraacutenico es como sigue Un padre de-

mocraacutetico tiene un hijo que es atraiacutedo por malos compantildeeros hacia toda for-ma de actos contrarios a las normas Cuando su familia viene a rescatarlo esos procreadores de tiranos implantan en eacutel una dominante pasioacuten por ac-tuar como el defensor de sus propios deseos de zaacutengano La historia del esta-do correspondiente se repite a siacute misma en el alma del joven y cual guardiaacuten protector (προστάτης) de esos deseos se convierte en su momento en un ti-rano332 Vemos a la sensualidad la bebida la locura como tiranos y el hom-bre tiraacutenico surge cuando estos tres tiranos establecen su dominio sobre el alma

573c-576b Con respecto a su caraacutecter y modo de vida el hombre tiraacuteni-

co se sumerge en toda forma de disipacioacuten y es acosado constantemente por nuevos deseos Sus ingresos y hacienda desaparecen pronto y para satisfacer sus clamorosos y violentos deseos se aduentildea de los bienes de su padre y sin vacilar si es necesario atacaraacute con violencia al padre y a la madre Luego se siguen el sacrilegio y el robo y todo tipo de crimen porque eacutel ha llegado a ser ahora en la realidad concreta lo que rara vez fue antes en suentildeos Tales hom-bres si pocos en nuacutemero podriacutean ir al extranjero y servir de guardia armada de alguacuten tirano o permanecer y asiacute acrecentar las filas en casa de pequentildeos

a saber la de los deseos no necesarios y lsquocontrarios a la leyrsquo o las normas la clase que la tiraniacutea representardquo (Adam II p 319) Hay una cierta dificultad en traducir paranomos pero en general se prefiere lsquocontra(rio) a la leyrsquo Hay un elemento impliacuteci-to de violencia 331 ldquoLa teoriacutea dice J Adam (II pg 320) es que en suentildeos la parte del alma com-prometida no estaacute dormida sino despierta y va en busca del objeto de su deseordquo 332 Acorde con la analogiacutea sociedad-individuo que ha regido todos estos relatos acerca del estado es ahora el joven en cuanto que individuo el que es retratado como siendo el tirano de siacute mismo convertido en guardiaacuten protector mdashprostatesmdash del estado tiraacutenico instaurado en su propia alma

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criminales pero si son numerosos ellos mismos ayudados de la inconscien-cia del pueblo engendran al peor de entre ellos como tirano sobre la patria La tiraniacutea es el objetivo y consumacioacuten de los deseos de tal clase de hombre A traveacutes de toda su existencia tanto antes como despueacutes que logra la corona de su ambicioacuten el hombre tiraacutenico es insensible a la libertad y la amistad desleal y superlativamente injusto En una palabra eacutel es la personificacioacuten viva de los deseos horrendos que hallamos en los suentildeos y mientras por maacutes largo tiempo gobierna tanto peor se vuelve

576b-577b iquestQueacute diremos entonces acerca de la felicidad e infelicidad

del individuo que se manifiesta el maacutes perverso Tal como es la ciudad asiacute lo seraacute el individuo en cuanto a la felicidad como la virtud Y la ciudad en la que gobierna un tirano es la peor y maacutes desgraciada de todas las ciudades iquestQueacute es el hombre tiraacutenico Quien ha vivido con un tirano y es ademaacutes eacutel mismo capaz de juzgar seraacute el que mejor decidiraacute acerca del asunto333 Supongamos dice Soacutecrates que nosotros mismo poseemos esa capacidad

577b-580c Como la ciudad cuya contraparte eacutel es el hombre tiraacutenico es

en realidad un esclavo sin fuerzas para hacer funcionar su voluntad indigen-te e insaciable lleno de temores y lamentos334 Un abismo incluso maacutes grande

333 Es Platoacuten mismo probablemente el indicado aquiacute que alude a su experiencia de Siracusa con el tirano Dionisio I El texto de Repuacuteblica 577 a (trad G Goacutemez La-sa) dice ldquoiquestY si yo creyera que todos debiacuteamos oir a ese hombre capaz de juzgar y que ha convivido con eacutel en las gestiones de la vida domeacutestica en cuanto a las rela-ciones con sus propios parientes en las que ha podido ser visto desnudo de su re-curso de pieza traacutegica y tambieacuten en las actividades puacuteblicas peligrosas y si habien-do visto todas estas cosas le exhortaacuteramos a que comunicara cuaacutel es el estado de felicidad o desgracia del tirano con respecto al de los otrosrdquo Platoacuten entonces me-diante Soacutecrates y Glaucoacuten juzgaraacute acerca de la cuestioacuten central de la felicidad e infe-licidad del rey y del tirano 334 En una precisa nota J Adam (II pg 334) deja establecidas las razones funda-mentales en las que se basan los argumentos de Platoacuten acerca de la ciudad ideal Dice ldquoLos argumentos mediante los cuales Platoacuten establece su conclusioacuten pueden ser en resumen descritos como el argumento poliacutetico el argumento psicoloacutegico y el argumento metafiacutesico El primero (577b-580a) depende de la semejanza entre el alma y el estado el segundo (580c-583a) en la divisioacuten tripartita del alma en λογιστικόν ltrazonablegt θυμοειδές ltanimosogt y ἐπιθυμητικόν ltdesiderativogt el tercero (583b-587b) en la teoriacutea platoacutenica de la Realidad o el Ser Ahora bien son justamente estos tres meacutetodos de investigacioacuten y solo eacutestos los que han sido em-

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de miseria le aguarda si de particular se convierte realmente en tirano335 iexclImagina la condicioacuten lastimosa de quien es repentinamente transportado a un lugar solitario donde eacutel estaacute a merced de sus propios esclavos y rodeado por vecinos libres336 que hacen causa comuacuten con ellos Tal es la situacioacuten del tirano un prisionero en su propio palacio atormentado por anhelos que no puede jamaacutes satisfacer337 En suma eacutel es la personificacioacuten suprema del vicio y la miseria y cuanto maacutes prolongado su dominio peor llega a ser

Dictaminemos ahora como jueces Con respecto a la virtud y felicidad las diferencias individuales son las siguientes (1) el hombre real (2) el timo-craacutetico (3) el oligaacuterquico (4) el democraacutetico (5) el tiraacutenico El maacutes real es el mejor y maacutes feliz el que es maacutes tirano sobre siacute mismo y la ciudad es el peor y maacutes miserable mdashya sea que su verdadero caraacutecter estaacute oculto a los hombres y los dioses o no

pleados en las diferentes partes del diaacutelogo el poliacutetico y el psicoloacutegico en II-IV y VIII-IX el metafiacutesico en V-VII y es por consiguiente plenamente apropiado y correc-to que Platoacuten los reuacutena ahora y use sus fuerzas combinadas lsquoal realizar su informe uacuteltimorsquo La secuencia de los tres argumentos sigue el modo platoacutenico acostumbrado de avance desde lo exoteacuterico hacia lo esoteacuterico y asiacute como la ciudad ideal culminoacute en un idealismo metafiacutesico asiacute es un argumento metafiacutesico el que corona la fortifi-cada ciudadela de la pruebardquo 335 Un importante postulado de la Repuacuteblica es la analogiacutea entre individuo y ciudad El momento de transicioacuten hacia la tiraniacutea estaacute precedido de una multitud de lsquotira-nosrsquo individuales uno de los cuales para desgracia propia y del estado llega a serlo de la ciudad entera (ver 577d ldquoPor tanto dije si el individuo es semejante a la ciu-dadrdquo) Este tirano privado llevado a la vida puacuteblica ldquopor el hecho de ser excedido en nuacute-mero por los suacutebditos que eacutel esclaviza se veraacute forzado a adular y a recompensar a algunos de ellos para no ser derrocado Para comenzar un esclavo de sus propios apetitos ilegales e innecesarios eacutel ha puesto sobre siacute lsquola maacutes cruel y amarga esclavi-tud propia de esclavosrsquo (569c3-4) En su caso tanto la vida interna como la externa conspiran para producir el peor resultado posiblerdquo (C D C Reeve Philosopher-Kings Princeton (1988) pg 157 336 ldquorsquoThese freeborn neighbours in Platos simile represent surrounding indepen-dent States who detest tyranny and help the tyrants subjectsrdquo (Adam II pg 337) 337 Como alma que es lsquotiranizadarsquo (τυραννουμένη) se ve arrastrada por fuerzas que lo convierten en esclavo como alma lsquotiraacutenicarsquo (τυραννικήν) es indigente y ma-ligna para siacute y para la ciudad Su propia condicioacuten de espiacuteritu lo convierte en prisio-nero transformando su palacio en el siacutembolo de su propia caacutercel De este modo ldquoquien es realmente un tirano es realmente un esclavordquo (579 d)

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580c-583a Se puede fundar una segunda prueba en nuestra teoriacutea psico-loacutegica Queacute tal si acordamos llamar a las tres variedades de alma amante del saber (φιλόσοφον) amante del honor (φιλότιμον) amante del lucro (φιλοκερδές) respectivamente y distingimos tres variedades correspondien-tes de hombres y de placeres338 Si tuacute preguntas a alguno de los tres hombres que representan esas tres clases diferentes cuaacutel de los tres tipos de vida es el maacutes placentero cada cual se pronunciaraacute en favor de la suya propia iquestCuaacutel de ellos tiene la razoacuten Los requisitos necesarios para decidir esto como cual-quiera otra cuestioacuten son la experiencia339 la inteligencia o sabiduriacutea (φρόνησις) y la argumentacioacuten Ahora bien el amante del conocimiento es el uacutenico de los tres en el que alguna de estas calificaciones estaacuten presentes y es eacutel quien las posee todas340 Nosotros por tanto aceptamos su veredicto y convenimos en consecuencia en colocar primero el amor del conocimiento segundo el amor del honor y finalmente el amor del dinero

583b-585a Nuestra prueba tercera y cimera es la siguiente341 Todos los

placeres excepto los del sabio (φρόνιμοι) ni son completamente verdaderos ni puros Debemos reconocer la existencia de tres estados distintos a saber placer y dolor que son lo positivo y su opuesto y el estado neutral que es negativo e intermedio Los hombres identifican frecuentemente la condicioacuten intermedia con el placer pero se equivocan cuando lo hacen asiacute ya que hay algunos placeres por ejemplo los del olfato que tienen un caraacutecter positivo

338 Del mismo modo que la ciudad se divide en tres especies asiacute tambieacuten el alma de cada individuo Y en seguida cada una de las tres lsquoseccionesrsquo del alma tiene sus pla-ceres y deseos que le son propios y ello tiene tambieacuten su correspondencia en el tipo de hombre es decir el amante del saber y el amante del honor tiene tambieacuten sus propios lsquodeseosrsquo 339 ldquoIt is indeed quite true as Nettleship reminds us (Lect and Rem II p 322) that the higher kind of man learns more from the experience which shares with the lo-wer kind without having to go through nearly the same amount of itrdquo (J Adam II pg 346) 340 iquestQuieacuten puede decidir acerca de cuaacutel de los tres tipos de vida es el maacutes placente-ro Todos diraacuten tal vez que el suyo lo es En esas circunstancias ldquoSoacutelo la argumen-tacioacuten nos ayudaraacute a decidir y el philoacutesophos es el uacutenico de la triacuteada que posee esa armardquo (Adam II pg 347) 341 ldquoLas argumentaciones (λόγοι) de caraacutecter poliacutetico y psicoloacutegico han hecho ma-nifiestos sus votos y solo nos queda escuchar el veredicto de la argumentacioacuten me-tafiacutesica a la que Platoacuten tiacutepicamente asigna el valor superiorrdquo (Adam II pg 348)

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que les es propio Ahora bien los placeres corporales asiacute llamados342 junto con los placeres correspondientes a los presentimientos del porvenir son en su mayor parte puramente modos de escapar al dolor y pertenecen al estado neutro Ellos son juzgados falsamente placenteros mediante su yuxtaposicioacuten y contraste con el dolor positivo

585a-586c Consideremos el asunto tambieacuten de la siguiente manera

Hambre sed y estados semejantes son modos de vaciamiento fiacutesico (κενώσεις)343 y la ignorancia es una forma de vacuidad (κενότης)344 espiri-tual Quien participa del alimento y adquiere conocimiento o razoacuten son cada cual lsquollenosrsquo pero iquestcuaacutel de ellos es maacutes verdaderamente lsquollenorsquo El conoci-miento y sus afines poseen maacutes realidad y verdad que el alimento etceacutetera el alma que el cuerpo por eso la adquisicioacuten de conocimiento es una forma maacutes verdadera de replecioacuten que la otra El placer resultante seraacute por consiguiente maacutes verdadero Aquellos faltos de experiencia en la sabiduriacutea y la virtud no saben nada de los verdaderos deleites pero luchan unos con otros por regoci-jos ilusorios e insuficientes

586c-588a Los placeres del elemento irascible (τὸ θυμοειδὲς)345 a me-

nos que se intente alcanzarlos en conformidad con la razoacuten son de manera semejante irreales Podriacuteamos incluso aventurarnos a decir que solo cuando obedientes al conocimiento es que los deseos de las dos partes inferiores del alma pueden conseguir aquellos placeres que son en el sentido maacutes alto

342 Porque en sentido estricto todos los placeres corresponden al alma 343 keacutenōsis es el teacutermino griego que se suele traducir por vaciacuteo pero se hace necesa-rio aclarar su sentido propio En lenguaje meacutedico significa lsquoevacuacioacutenrsquo o tambieacuten lsquodepauperacioacutenrsquo (enflaquecimiento) De alliacute la idea de lsquovaciamientorsquo en este contex-to Son vaciacuteos que se sienten puesto que hay un cierto elemento positivo en su au-sencia 344 kenotēs es el teacutermino griego que significa propiamente lsquovaciacuteorsquo lsquovacuidadrsquo 345 Platoacuten en 586c-d se extiende en algunas consideraciones acerca de este aspecto del alma Dice ldquoiquestNo ha de suceder otro tanto con lo irascible (τὸ θυμοειδές) cuan-do alguien le da salida en la envidia movido por la ambicioacuten o en la violencia mo-vido de soberbia o en la ira movido de su mal humor buscando saciedad de honra de predominio o de venganza sin razonamiento ni discrecioacutenrdquo (trad J M Paboacuten M Fernaacutendez Galiano) Cada una de estas formas particulares de lo ldquoiraciblerdquo es una ldquovacuidadrdquo que mdashcomo recuerda Adammdash es llenada por lsquohonrarsquo lsquovictoriarsquo o el lsquodejarse llevar por la irarsquo

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propios y verdaderos346 en cuanto que es posible para ellos el tener en algo siquiera placeres verdaderos Ahora bien los deseos tiraacutenicos son los maacutes distantes de la razoacuten de modo que el tirano tiene el menor placer347 Median-te un elaborado caacutelculo se muestra que el rey vive setecientas veintinueve veces maacutes agradablemente que el tirano348 y si el hombre justo sobrepasa en cuanto al placer al injusto349 iexclcuaacutento maacutes grande seraacute su ventaja en la belleza y la virtud

588a-589b Estamos ahora en condiciones de refutar la tesis de que la in-

justicia combinada con una reputacioacuten de justicia es provechosa para aquel que es injusto El alma puede ser comparada350 con una criatura compuesta mdashen parte de bestia en parte de leoacuten y en parte de hombremdash exhibiendo la apariencia exterior de un ser humano Quien sostiene que la injusticia benefi-cia al hombre juzga que es beneficioso el dejar morir de hambre (λομοκτονεῖν) al elemento humano y hacer fuerte (ποιεῖν ἰσχυρὸν) al resto y estimular a su vez la disensioacuten y la sedicioacuten al interior del alma El defensor

346 El ser humano mediante su alma alcanza su integracioacuten mayor y una armoniacutea superior cuando teniendo a la verdad por su guiacutea disfruta adecuadamente de los placeres amparado en el poder superior de lo mejor que hay en eacutel es decir su en-tendimiento Este principio adquiere en Platoacuten una formulacioacuten claacutesica cuando afirma que lo mejor para cada cosa es tambieacuten lo maacutes apropiado para ella y lo mejor en el alma estaacute sentildealado por el elemento filoacutesoacutefico que hay en ella (τῷ φιλοσόφῳ) 347 ldquoIf the tyrant is third from the oligarch his pleasure will also be in respect of truth third from the oligarchs ie will be an image of an image (τρίτῳ εἰδόλῳ cf X 597 E and 599 A D) of the oligarchs pleasurerdquo (J Adam II pg 359) 348 Unos momentos de entretencioacuten aritmeacutetica ayudan a cerrar el largo anaacutelisis acerca de la degradacioacuten progresiva de estados e individuos El tirano se ha distan-ciado del placer verdadero ldquoen un nuacutemero triplemente triplerdquo (587 d) Este nuacutemero es el 9 (3 x 3) que es llamado aquiacute rsquoplanorsquo (ἐπίπεδον) ldquoLa frase en su conjunto es piensa Adam (II pg 360) solo un modo de decir que si el tirano es 3 x 3 grados distante del verdadero placer su eidolon ltsimulacrogt de placer puede ser represen-tado por 9rdquo Fuera de otras posibles explicaciones (ver Adam II pgs 360-61) se pue-de decir al menos que 9 x 9 = 81 y 81 x 9 = 729 y que este nuacutemero es el doble de 3645 los diacuteas del antildeo 349 Se recuerda que el problema de fondo dice relacioacuten con la justicia y la injusticia 350 Se trata de la formulacioacuten de una lsquoimagenrsquo (εἰκόνα) un recurso frecuente del estilo platoacutenico ldquoLa idea subyacente dice Adam (II pg 362) del siacutemil de Platoacuten es que el hombre es un compuesto de mortal e inmortal que se encuentra situado a medio camino entre lo corruptible y lo incorruptiblerdquo Cf Timeo 69 d-70 e Fedro 246 a 153 d ss

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de la justicia por otra parte afirma que el elemento humano deberiacutea tener la autoridad y conducir a los demaacutes hacia la armoniacutea de unos y otros y de siacute mismo

589b-591a El panegirista de la justicia es asiacute victorioso en todos los res-

pectos Su oponente se rendiraacute cuando entienda que la virtud somete lo bes-tial a lo humano mejor dicho a su parte divina351 mientras que del vicio es verdad lo opuesto iquestAprovecharaacute al hombre apoderarse injustamente del oro y hacer su alma esclava Podemos tambieacuten definir el vivir sin control (ἀκολαστάνειν)352 la insolencia (αὐθάδεια)353 el mal humor (δυσκολία)354 el lujo (τρυφὴ)355 la molicie (μαλθακία)356 la adulacioacuten (κολακεία)357 y la bajeza (ἀναλευθερία)358 que nosotros asociamos con ocupaciones de tipo teacutecnico en los teacuterminos de nuestra comparacioacuten359 Lo mejor debe gobernar lo peor tal es nuestro principio y estaacute en armoniacutea con los objetivos no sοlo de la ley sino tambieacuten del gobierno que se ejerce sobre los nintildeos

591a-592b Es tambieacuten mejor para quien es culpable de injusticia el ser

descubierto y castigado que escapar360 El hombre sabio reverenciaraacute aquellos

351 El hombre como partiacutecipe de la divinidad es una idea profundamente enraiza-da en la cultura griega Platoacuten hace de ella uno de los fundamentos de su repuacuteblica y en general de su filosofiacutea 352 Una de cuyas formas es la intemperancia 353 Una insolencia con visos de terquedad 354 Irascibilidad 355 Con signos de lascivia 356 Acompantildeada de debilidad de caraacutecter 357 Como expresioacuten de servilismo 358 Iliberalidad de mente servilismo 359 ldquoEs la justificacioacuten de Platoacuten dice Adam (II pg 366) para asignar a los campe-sinos y artesanos una posicioacuten subordinada en su ciudadrdquo Un argumento para no-sotros difiacutecilmente aceptable mdashmaacutes bien incomprensiblemdash que solo se puede expli-car al interior de los modos de pensar griegos El artesanado y la clase obrera de alguna manera descalificaban seguacuten se creiacutea para las actividades de la milicia fun-damental para la preservacioacuten de la ciudad estado Sin embargo en una ciudad de-mocraacutetica como Atenas los artesanos y marineros eran parte esencial de lo que po-driacuteamos llamar fuerza armada 360 Si se oculta se hace maacutes miserable si recibe castigo amansa lo bestial que hay en eacutel y libera su alma

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estudios (τὰ μαθήματα) que promueven el bienestar de su alma y el mismo gran objetivo seraacute su principio orientador en todo lo que atantildee al cuerpo y su estado asiacute como a la adquisicioacuten de riquezas y honores iquestHabraacute de participar en la vida poliacutetica361 Tal vez no en su tierra de origen sino en su propia y verdadera ciudad seguramente que siacute362 Pudiera ser que la ciudad perfecta es un modelo (παράδειγμα) guardado en el cielo para aquel que se propon-ga asentar una ciudad en su alma363

Libro deacutecimo 595a-597e En una mirada retrospectiva de nuestra ciudad dice Soacutecra-

tes podemos ahora ver incluso con maacutes claridad que antes que hicimos bien en excluir a la poesiacutea imitativa (μιμητική)364 iquestQueacute es imitacioacuten (μίμησιν)

361 Una de las grandes preocupaciones de la filosofiacutea moral y poliacutetica de la anti-gueumldad estaacute en si el sabio debe o no participar en la vida ciacutevica detraacutes de ello esta-ba quizaacute como asunto primordial el problema de la felicidad personal J Adam (II pg 369) comenta ldquoThe question wheter the wise man will take part in politics is raised by Aristotle in a somewhat different form (Politica III 3 1276b 16 ss al) and afterwards became one of the stock questions of post-Aristotelian philosophyrdquo 362 Repuacuteblica 592a ἔν γε τῇ ἑαυτοῦ πόλει ldquoen su ciudad interior al menosrdquo No debe olvidarse la correspondencia entre ciudad e individuo si no es posible instau-rar una ciudad ideal que ldquoal menosrdquo (γε) ese objetivo se alcance en nuestras almas 363 Es una ciudad lsquoidealrsquo porque solo existe a manera de lsquomodelorsquo paraacutedigma Todas las realidades paradigmaacuteticas solo existen como lsquoformas idealesrsquo las que pueden solamente ser comprendidas mdashcomo es el caso de esta ciudad perfectamdash por el en-tendimiento se trata de una polis que permanece por tanto en la esfera de los razo-namientos (ἐν λόγοις κειμένῃ 592a) Un modo de llevarla a la praacutectica mdashiquestel uacutenico tal vezmdash es instauraacutendola en nosotros ldquopues no creo mdashdicemdash que ella exista en parte alguna de la tierrardquo (592a-b) Se afirma aquiacute en forma clara que la ciudad per-fecta de la que habla no tiene un lsquolugarrsquo (οὐδαμοῦ lsquoen ninguna partersquo) en nuestro mundo concreto es decir es una suerte de lsquoutopiacutearsquo al menos como realidad social y poliacutetica La palabra utopiacutea es una feliz invencioacuten del humanista Sto Tomaacutes Moro (ou = lsquonorsquo topos = lsquolugarrsquo) quien en la dedicatoria de su obra se refiere a ldquoeste pequentildeo libro acerca de la repuacuteblica utopianardquo (libellum hunc de Vtopiana republica) 364 Esta primera parte del libro deacutecimo (595a-608b) trata de la poesiacutea en especial en su relacioacuten con la polis imaginada por Platoacuten (algo se habiacutea dicho sobre ella en el libro VIII 568a-d) Luego en la segunda parte del libro el tema principal es la in-mortalidad del alma y las recompensas de la justicia un tema que habiacutea sido elabo-rado extensamente en el Fedoacuten En lo que respecta al controvertido tema de la poesiacutea y la imitacioacuten al parecer Platoacuten no ha intentado una condena de ellas en siacute mismas Uno de los asuntos a considerar es la preocupacioacuten de Platoacuten por evitar que los

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Examineacutemoslo a la luz de las Ideas365 y hallaraacutes que es la produccioacuten de imaacute-genes o apariencias que son terceras en orden desde la realidad y la verdad Hay por ejemplo tres camas (1) la que existe en la naturaleza hecha pode-mos decir por Dios (2) la que fabrica el carpintero (3) la que es producto del arte del pintor366 La primera es y debe ser una porque no puede haber dos Ideas de cama Asiacute tenemos dos artiacutefices en conexioacuten con la nocioacuten de cama (1) un creador (φυτουργός)367 que es Dios (2) un fabricante (δημιουργός) a saber el carpintero Hay tambieacuten (3) un imitador (μιμητής) es decir el pin-tor La imitacioacuten por consiguiente se ocupa en producir una tercera secuen-

lsquoartistasrsquo ocupen un papel en su ciudad que eacutel estima debe corresponder a los filoacute-sofos y sabios Por otra parte nuestro filoacutesofo teme la capacidad que los poetas (en especial los traacutegicos) tienen seguacuten eacutel cree de arruinar las mentes de cuantos los oyen ldquosi no tienen el contraveneno (φάρμακον) de saberrdquo (595 b) cuaacutel es la situa-cioacuten en que se hallan las creaciones poeacuteticas que estos realizan Se trata quizaacutes de saber colocar todas estas producciones en su correpondiente estrato valorativo 365 Se hace uso seguacuten Platoacuten ldquodel meacutetodo acostumbradordquo que consiste en postular una sola Idea junto a muchas cosas a las que a su vez se da el mismo nombre de aquella Idea 366 Los tres niveles se presentan de la siguiente manera autor (de camas u otros artefactos) produccioacuten (los objetos producidos) 1 Dios (θεός) 1 La cama lsquoen siacutersquo (ὃ ἔστιν κλίνη) real (ὄντως) lsquoen la naturalezarsquo (ἐν τῇ φύσει) 2 Carpintero (τέκτων) 2 Camas de diversa iacutendole material 3 Pintor (ζωγραφός) 3 Pinturas de camas materiales La cama en la naturaleza (ideal) Dios La cama en el arte carpintero La cama en la imitacioacuten pintor Entre otras dudas se puede plantear la pregunta iquestPodriacutea haber un verdadero pintor que se inspirara en las camas en siacute Todo el tema acerca de la posicioacuten de Platoacuten frente al arte (en especial la poesiacutea) ha sido ampliamente sometido a discusioacuten No han faltado las criacuteticas de diversa iacutendole Para los fines de este estudio puede ser de utilidad el artiacuteculo de W J Verdenius ldquoPlatos Doctrine of Artistic Imitationrdquo en Plato II Ethics Politics and Philosophy of Art and Religion ed G Vlastos New York (1971) pgs 253-273 Hay traduccioacuten castellana de Ximena Ponce de Leoacuten Doctrina de Platoacuten sobre la Imitacioacuten Artiacutestica Departamento de Filosofiacutea Universidad de Chi-le Escritos Filosoacuteficos (1981) 367 Es la uacutenica vez que Platoacuten usa este teacutermino en toda su obra en sentido metafoacuteri-co es una palabra poeacutetica usada sobre todo por los traacutegicos con el sentido de lsquoen-gendradorrsquo lsquogeneradorrsquo

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cia a partir de la naturaleza y el poeta traacutegico entre otros imitadores es ter-cero desde el rey y la verdad

598a-598d Ademaacutes no es la Idea la que es copiada por el pintor368 sino solo los objetos de fabricacioacuten e incluso eacutel copia solo un aspecto particular o apariencia de aquellos Por eso que la imitacioacuten estaacute muy alejada de la ver-dad y solo una persona simple seraacute engantildeado por ella

598d-601b Hemos oiacutedo decir que los traacutegicos incluido Homero tienen

conocimiento de aquello que escriben pero eso no es asiacute369 Nadie se dedica-riacutea seriamente a la produccioacuten de copias si pudiese hacer los originales Si el poeta poseyera un conocimiento verdadero de lo que imita eacutel maacutes que can-tarlas realizariacutea grandes hazantildeas370 y Homero no proporcionoacute servicios en la esfera de la accioacuten a sus compatriotas ni en invenciones ni siquiera en edu-cacioacuten como lo prueba el abandono que eacutel mismo sufrioacute durante su vida El

368 Por lo que se ve Platoacuten mdashhablando especiacuteficamente del arte lsquoimitativorsquomdash insiste en su posicioacuten de negar al arte (suponemos que no todo arte) su capacidad de lsquoimi-tarrsquo lo ideal e inteligible y no solo los objetos que otros fabrican Quizaacutes haya que suponer con J Adam (II pg 393) que las objeciones que Platoacuten aquiacute propugna no tocan la esencia real de ninguna forma de arte a no ser uno que defienda un realis-mo total y que un ldquosympathetic estudent of Platordquo encontraraacute faacutecil el construir una teoriacutea del arte maacutes noble y generosa en la doctrina de las Ideas la reminiscencia (ἀνάμνησις) y la preexistencia de las almas es decir basado en las mismas teoriacuteas platoacutenicas 369 La opinioacuten de Platoacuten es que los poetas no poseen conocimiento cientiacutefico y que componen sus poemas bajo una suerte de entusiasmo e inspiracioacuten de caraacutecter intui-tivo y de origen divino (puede ser uacutetil tambieacuten ver Apologiacutea 22c Fedro 245a Ion 533d ss Leyes 719c y Menoacuten 99c) En ese sentido Platoacuten no niega al poeta ni genio ni ins-piracioacuten (ver J Adam II pgs 396-97) 370 ldquoHe would rather be Achilles than Homerrdquo (Adam II pg 398) En sintoniacutea con la temaacutetica general de la Repuacuteblica Platoacuten propone como el maacutes alto ideal aquel del intelectual es decir del sabio que es al mismo tiempo un activo participante de la vida ciacutevica de la sociedad en que vive Por algo el representante superior de la polis platoacutenica es el rey-filoacutesofo Esta interrelacioacuten de teoriacutea y praacutectica es parte de una corriente importante en la filosofiacutea griega Baste con recordar que Tales de Mileto (a quien se considera el primer filoacutesofo) se le acredita con importantes descubrimientos astronoacutemicos de maacutexima utilidad como el uso de la Osa Menor para la navegacioacuten debido a que suministra un punto maacutes fijo de referencia en el cielo Puede tambieacuten sentildealarse las ampliamente difundidas historias de Pitaacutegoras como liacuteder social es al primero que se considera lsquofiloacutesoforsquo y sus actividades poliacuteticas mdashen especial en Cro-tonamdash estaacuten iacutentimamente conectadas al parecer con su condicioacuten de lsquosabiorsquo Ver las referencias del mismo Platoacuten al sistema de vida pitagoacuterico en 600a-b

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hecho es que el poeta escribe sin conocimiento Sus producciones no son sino imaacutegenes de imaacutegenes y deben todo su encanto a su escenario poeacutetico

601b-602b La condicioacuten del arte imitativo con respecto al conocimiento

podriacutea ser comprendido de la manera siguiente En conexioacuten con cada objeto podemos distinguir tres artes distintas el arte de utilizarlo el de fabricarlo el de imitarlo Solo el que utiliza tiene experiencia (ἐμπειρότατον)371 conoci-miento (εἰδὼς ἐπιστήμην) del objeto372 el fabricante cuando el que lo utiliza lo instruye tiene una creencia fundada (πίστιν ὀρθήν)373 pero ni el conoci-miento ni la opinioacuten correcta pueden atribuirse al imitador (μιμητικὸς) Eacutel simplemente copia lo que parece hermoso a una multitud ignorante

602c-603b Considera ademaacutes cuaacutel es la parte de nuestra naturaleza a la

que la imitacioacuten atrae La pintura depende para producir sus efectos en las ilusiones oacutepticas a las que nos hallamos sometidos y frente a las que las artes de medir y contar etc son nuestra uacutenica salvaguarda El aspecto racional del alma (τοῦ λογιστικοῦ) aplica aquellas artes demostrando que es el mejor cuando acepta sus resultados Ese elemento del alma que se le opone es por consiguiente uno de los elementos inferiores en nosotros374 y la progenie que nace de su unioacuten con el arte imitativo seraacute igualmente vil tanto en la poesiacutea como en la pintura

603b-605c Si examinamos la poesiacutea en sus propios meacuteritos aparte de su

arte hermano la pintura observamos que la poesiacutea imita la accioacuten Ahora bien en la accioacuten nosotros fluctuamos a menudo entre dos impulsos Cuando

371 El conocimiento es considerado aquiacute como un equivalente de la empeiriacutea es de-cir una lsquoexperienciarsquo una lsquopraacutecticarsquo que no incluye necesariamente el conocimiento de los principios 372 Sabemos que lsquoartersquo (τέχνη) es utilizado generalmente por los griegos en un sen-tido amplio como oficio lsquoartesaniacutearsquo o lsquoindustriarsquo De ahiacute que se considere aquiacute que lsquoel que utilizarsquo algo mdashque puede ser como dice Platoacuten un mueblemdash sea el que da la pauta de la conveniencia del objeto 373 Asi Goacutemez Lasa tambieacuten ldquoopinioacuten correctardquo 374 Aquiacute se plantean dos elementos en el alma en vez de tres como se hace en el libro cuarto Son dos aspectos porque es posible distinguir entre lo que en nuestra alma opina conforme a medidas y lo que opina prescindiendo de ellas (603a) El elemento que se opone es el aloacutegiston (604d 605b)

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nos acontece una gran calamidad estamos tentados a dar paso a la afliccioacuten ante los ojos de otros pero la ley (νόμος) nos manda abstenernos y tratar de curar la herida en vez de mantenerla abierta Lo que es mejor en nosotros obedece faacutecilmente mientras que el elemento que nos tienta a permanecer en nuestras penas es irracional indolente amigo de la cobardiacutea Con todo es precisamente ese aspecto irritable quejumbroso de la naturaleza humana el que se presta maacutes a la imitacioacuten y cuya representacioacuten en el arte dramaacutetico el vulgo comprende maacutes faacutecilmente Asiacute la poesiacutea es el duplicado de la pintura sus productos son deficientes en cuanto a la verdad y ellos alimentan nuestra naturaleza inferior375 Nosotros excluimos al poeta de nuestra ciudad por am-bos motivos

605c-607a Pero el cargo maacutes serio en nuestra acusacioacuten (κατηγορήσαμεν) es que la poesiacutea es capaz de corromper con pocas excep-ciones incluso a hombres de caraacutecter y virtud La tragedia excita en nosotros justamente aquellas pasiones a las que nosotros mismos nos avergonzamos en consentir cuando sufrimos desgracias personales con la consecuencia de que nosotros podemos sucumbir maacutes faacutecilmente en la hora de la adversi-dad376 Lo mismo se podriacutea decir tambieacuten mutatis mutandis de la comedia No consentiremos por consiguiente conformar nuestras vidas con Homero y rehusaremos entregar nuestra ciudad al gobierno del placer

607b-608b La disputa entre la filosofiacutea y la poesiacutea no es nada nuevo377

pero por nuestra parte estamos dispuestos a dejar que la poesiacutea retorne tan

375 Sin la misma simetriacutea que en su descripcioacuten de los regiacutemenes poliacuteticos del libro VIII en que a cada presentacioacuten de un tipo de estado sigue la del tipo de hombre que le corresponde Platoacuten ha desarrollado tambieacuten aquiacute un anaacutelisis en que se alter-nan referencias tanto a la poesiacutea y la pintura como a los poetas y pintores Ahora luego de presentar el tema del poeta separadamente finaliza diciendo ldquoDe ese mo-do diremos que el poeta imitativo (τὸν μιμητικὴν ποιητἠν) implanta privadamente un reacutegimen perverso en el alma de cada uno condescendiendo con el elemento irra-cional que hay en ella elemento que no distingue lo grande de lo pequentildeo sino que considera las mismas cosas unas veces como grandes otras como pequentildeas creando apariencias ltfantasmalesgt (εἴδωλα) enteramente apartadas de la verdadrdquo (trad J M Paboacuten M Fernaacutendez Galiano) He antildeadido los pareacutentesis 376 El sentimiento de lsquolaacutestimarsquo (τὸ ἐλεινὸν) aparece como una emocioacuten clave en la tragedia 377 Ver Leyes 967c-d

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pronto como se pruebe que ella no es simplemente placentera sino tambieacuten provechosa378 Hasta entonces usaremos nuestros argumentos como un amu-leto para protegernos a nosotros mismos de sus encantos porque la cuestioacuten en juego es mayor de lo que parece

608c-d Las recompensas maacutes grandes de la virtud han de ser auacuten des-

critas379 Probaremos primero que el alma es inmortal380 608d-611a Todo lo que sufre destruccioacuten es destruido por su propio mal

peculiar o enfermedad y aquello que no puede ser destruido es asiacute indes-tructible Ahora bien el mal que es peculiar al alma es el vicio y el vicio es impotente para matar el alma Debemos tener cuidado de suponer que el al-ma es destruida por la enfermedad corporal a menos que pueda probarse que la enfermedad corporal engendra en el interior de alma su mal propio y especiacutefico y si alguien tiene la osadiacutea de afirmar que las almas de los que es-taacuten en trance de morir se hacen de hecho maacutes perversas y maacutes injustas ese debe estar preparado para mostrar que el vicio solo y por siacute mismo es mortal para quien lo posee cosa que estaacute lejos de ser verdad El vicio es decir la in-justicia no apareceriacutea como cosa tan terrible si la muerte fuera el final de to-das las cosas Concluimos nosotros que el alma es inmortal ya que ni su mal propio ni ninguno ajeno puede destruirla

611a-612a Se sigue que el nuacutemero de almas es siempre constante y ca-

da una de ellas retiene perpetuamente su individualidad381 Hasta ahora he-mos representado el alma como una substancia compuesta pero un compues-

378 Al parecer habriacutea otro tipo de poesiacutea mdashque no sea la del caraacutecter placentero e imitativomdash que podriacutea no ser excluida Cf ldquotal clase de poesiacutealdquo en R 608 a 379 ldquoLa tesis principal de la Repuacuteblica mdashque la justicia sola y por siacute misma es mejor que la injusticia sola y por siacute mismamdash fue demostrada finalmente en el libro IX Pero la justicia y la injusticia de hecho acarrean ciertamente consecuencias y es necesa-rio tenerlas en cuenta si vamos a hacer la comparacioacuten entre la virtud y el vicio en todo respecto perfecta y completardquo (J Adam II pg 420) 380 ldquoLa doctrina misma habiacutea por supuesto sido largo tiempo un artiacuteculo de las creencias oacuterficas y pitagoacutericasrdquo (Adam II pg 421) 381 Se supone entonces que el nuacutemero de almas es siempre constante y cada cual retiene una individualidad que le es propia

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to no puede ser faacutecilmente inmortal y si vieacuteramos el alma como realmente es382 deberiacuteamos contemplarla (θεάσασθαι) aparte del cuerpo383 y de aque-llas acumulaciones materiales (προσπεφυκέναι) con las que ella se encuentra atestada y abrumada384 Entonces y solo entonces estaremos en condiciones de ver su naturaleza verdadera (τὴν ἀληθῆ φύσιν)385

612a-613e Ahora que hemos probado que la justicia es en siacute misma

aparte de todas sus consecuencias lo mejor para el alma podemos con toda seguridad hacer hincapieacute en las recompensas (μισθοὺς) de la virtud tanto en esta vida como despueacutes de la muerte Revocamos la concesioacuten que en aten-cioacuten al argumento presentado nosotros hicimos previamente y le devolve-mos a la justicia la consideracioacuten que de hecho ella recibe de parte de los dio-ses y de los hombres Los justos son queridos por los dioses (υεοφιλὴς) y son objeto especial de su providencia386 pero es diferente con los injustos Entre los hombres tambieacuten la injusticia aunque por un tiempo puede marchar bien se quebranta antes que la carrera termine mientras que la justicia alcan-za la meta y gana la corona Los honores y premios que Glaucoacuten reclamaba para la injusticia exitosa corresponden ahora a la justicia y es el injusto el que sufre los ultrajes y tormentos que eacutel presagiaba al justo

613e-616b Pero lo que hemos descrito hasta aquiacute es nada comparado

con lo que aguarda a la virtud y el vicio despueacutes de la muerte Escuchemos la

382 ldquoIn its true and essential nature soul is akin to the simple and incomposite see Phaedo 78B-81Ardquo (Adam II pg 426) 383 Considerar el alma en su calidad de semejante (συγγενὴς) a lo divino e impere-cedero 384 Los objetos verdaderos del alma son los de caraacutecter espiritual es decir aquellos adaptados a su condicioacuten de ser inteligente e imperecible Si dirige la intencionali-dad de su espiacuteritu hacia otros objetos como los terrenales y sensibles hacieacutendose como ellos estropea su condicioacuten originaria y mejor 385 Es decir de si ella es simple o compuesta en su verdadero ser Ya se habiacutea men-cionado esta lsquomaacutes verdadera naturalezarsquo al inicio de esta seccioacuten (611 b) 386 ldquoPorque efectivamente nunca seraacute descuidado por los Dioses el que busque esforzarse por llegar a ser justo y con la praacutectica de la virtud asemejarse a la divini-dad cuanto es posible al ser humanordquo (613a-b) El lsquoasemejarse a la divinidadrsquo (ὁμοιουσθαι θεῷ literalmente lsquoasemejarse a Diosrsquo) es el objetivo eacutetico maacutes arraiga-do en la filosofiacutea de Platoacuten y representa claramente el ideal antropoloacutegico de su Repuacuteblica Ver II 383c VI 500c-d 501b-c cf Leyes 716b-d 904e

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visioacuten que tuvo Er el hijo de Armenio387 Por doce diacuteas yacioacute en un trance durante los que su alma viajoacute hasta una pradera (λειμόνα) donde eacutel escuchoacute la narracioacuten de las experiencias de otras almas que habiacutean completado el pe-riacuteodo de un milenio de premio o castigo En la mayoriacutea de los casos la re-compensa y juicio por las buenas y malas acciones era de diez veces por cada una pero ciertos criacutemenes eran castigados incluso maacutes severamente y para algunos pecadores incurables no habiacutea esperanza alguna

616b-617d Despueacutes de pasar siete diacuteas en la pradera las almas que ha-

biacutean vuelto del viaje de mil antildeos levantaron tienda y partieron acompantildeadas por Er388 Al cuarto diacutea ellos llegaron a un paraje desde el que podiacutean divisar una luz derecha como un pilar que se desplegaba a lo largo de todo el cielo y la tierra389 y despueacutes de un viaje de un diacutea vieron en el medio de esta luz las extremidades de las cadenas del cielo y extendieacutendose desde esos extremos estaba el huso de la Necesidad (Ἀνάγκης ἄτρακτον) con sus ocho ciacuterculos conceacutentricos y a medida que los ciacuterculos de sus bordes giran llevan con ellos separadamente las estrellas fijas y todos los planetas en su orden En lo alto de cada uno de los ocho espirales avanza una Sirena (Σειρένα) emitiendo una sola nota y las ocho notas asiacute producidas constituiacutean una sola armoniacutea

387 Er un personaje misterioso que algunos en la antiguumledad identificaron con Zo-roastro tal vez por el caraacutecter aparentemente oriental de la historia La narracioacuten es un tipo de apocalipsis es decir hecha a modo de revelacioacuten ldquoEn su historia mdashdice W K C Guthrie (Historia de la Filosofiacutea Griega IV pg 534)- se entrelazan dos cabos el puramente miacutetico o escatoloacutegico y el cosmoloacutegico El primero a pesar de enrique-cerse con los detalles frescos de la inagotable imaginacioacuten platoacutenica comparte sus rasgos principales con otros grandes mitos extraidos de un fondo comuacuten de sabidu-riacutea religiosa y particularmente oacuterficardquo 388 ldquoPareceriacutea que el alcance e intencioacuten general de la parte astronoacutemica del mito seriacutea el colocar ante las almas un cuadro de las lsquoarmoniacuteas y revoluciones del univer-sorsquo en conformidad con las cuales es su deber maacutes alto y un privilegio vivirrdquo (Adam II pg 441 cf Timeo 90c-d) Y parece haber maacutes de imagineriacutea poeacutetica que serias intenciones cientiacuteficas en esta narracioacuten en cuya realizacioacuten Platoacuten se tomoacute un gran trabajo incluso cientiacutefico exhibiendo al mismo tiempo una notable imagi-nacioacuten literaria 389 A propoacutesito de estas descripciones y sin intentar renunciar a una explicacioacuten de muchas de las particularidades astronoacutemicas de la narracioacuten conviene recordar lo que James Adam junto a sus explicaciones de numerosos aspectos de estas difiacuteciles paacuteginas de Platoacuten dice (II pg 447) ldquoNos ocupamos de una obra de literatura y no de ciencia y el mecanismo del mito no deberiacutea ser examinado rigurosamente desde un punto de vista cientiacuteficordquo

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(ἁρμονίαν) o modo El huso mismo giraba sobre las rodillas de la Necesidad Mientras tanto las tres Parcas (Μοίρας) a medida que ellas toman parte en la rotacioacuten cantan de acuerdo con la armoniacutea de las Sirenas Laacutequesis las cosas pasadas Cloto las presentes y Atropo las futuras

617d-619a Tan pronto como llegaron al escenario las almas eran llama-

das a escoger sus nuevas vidas El orden de eleccioacuten era determinado por sor-teo pero habiacutea muchos maacutes modelos de vidas que nuacutemero de suertes y se hizo responsable a cada alma de su propia eleccioacuten390 El momento de la elec-cioacuten representa la crisis suprema de nuestro destino y es preciso no economi-zar esfuerzos para ser capaz de elegir resistiendo las atracciones de la riqueza y el poder y escogiendo la vida mejor que es la de la virtud que asiacute es como el hombre llega a alcanzar la mayor felicidad

619b-620d Eran numerosos los casos de seleccioacuten apresurada y necia y

muchos los cambios que resultaban tanto de la eleccioacuten como del accionar de las suertes Aquel que es siempre fiel a una vida de verdadera filosofiacutea y cu-ya suerte no cae entre los uacuteltimos seraacute feliz por la totalidad del tiempo391 El espectaacuteculo fue uno realmente a propoacutesito para mover a piedad a risa a ad-miracioacuten En la mayoriacutea de los casos las almas escogiacutean de acuerdo con sus vidas anteriores Orfeo por ejemplo escogiendo la vida de un cisne Ayax la de un leoacuten y asiacute sucesivamente Sucedioacute que Odiseo que habiacutea sido el uacuteltimo en echar las suertes luego de una larga buacutesqueda encontroacute y cogioacute gozosa-mente la vida paciacutefica de un hombre particular ya que estaba cansado de to-das sus fatigas Hubo cambios de bestias en hombres y de hombres en bes-tias y todo tipo de mutaciones

390 La frase clave de la advertencia mdashdicha en nombre de la virgen Laacutequesis a las almas que eligen sus nuevas vidasmdash es la siguiente ldquoLa responsabilidad es del que elige Dios no tiene culpardquo (617e) 391 ldquoLa conexioacuten de ideas dice Adam (II pg 459) es la fortuna de las suertes y nuestra eleccioacuten individual son las dos influencias que afectan nuestro destino ya que si nuestra suerte se da razonablemente pronto y escogemos como conviene a filoacutesofos nos iraacute bienrdquo

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620d-621d Luego que todas las almas hubieron escogido Laacutequesis otorgoacute a cada una su lsquodemoniorsquo (δαίμονα) como genio guardiaacuten (φύλακα) Despueacutes de eso la eleccioacuten era ratificada por las restantes Parcas y finalmen-te por la Necesidad Por la tarde las almas acamparon junto al riacuteo del Olvido en la llanura del Leteo y todas salvo Er bebiacutean de sus aguas A la media no-che se produce un trueno y un temblor de tierra y son llevadas hacia arriba para su nacimiento y en la mantildeana Er revivioacute y se vio de improviso tendido sobre la pira

La visioacuten de Er no es un mero cuento ocioso que perece una vez conta-do Si le prestamos creacutedito salvaraacute nuestras almas de modo que aquiacute y en el maacutes allaacute nos vaya bien

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C TEMAS DE ESTUDIO

I iquest H a y e s c l a v o s e n l a c i u d a d p l a t oacute n i c a

π ρ ῶ τ ο ν μ έ ν ἦ ν δ ᾽ ἐ γ ώ ὡ ς π ό λ ι ν ε ἰ π ε ῖ ν ἐ λ ε υ θ έ ρ α ν ἢ δ ο ύ λ η ν τ ὴ ν τ υ ρ α ν ν ο υ μ έ ν η ν ἐ ρ ε ῖ ς

ldquo P r i m e r o q u e t o d o d i j e y o p a r a h a b l a r

d e l a c i u d a d iquest d i r aacute s q u e l a g o b e r n a d a p o r u n t i r a n o e s l i b r e o e s c l a v a rdquo

Si estaacute contemplada o no la esclavitud en la ciudad ideal disentildeada en la

Repuacuteblica es un asunto abierto a discusioacuten Ya el mero hecho de que se trata de una cuestioacuten debatida es sentildeal de que Platoacuten mismo no hizo ninguacuten pro-nunciamiento formalmente expliacutecito acerca del tema no solo aquiacute sino en ninguna otra parte de su obra Tenemos que contentarnos solamente con sus comentarios y referencias acerca de la esclavitud en general o de situaciones que de alguacuten modo conciernen a los esclavos pero que no indican necesaria-mente una toma de posicioacuten frente al tema concreto

Es muy diferente el caso de Aristoacuteteles quien sosteniacutea que la esclavitud

era natural lo que comportaba una suerte de diferencia congeacutenita entre amos y esclavos Asiacute al hablar de la administracioacuten domeacutestica (οἰκονομίας) nos encontramos con las partes de ldquouna casa perfectardquo (οἰκία δὲ τέλειος) la cual consta de sujetos libres y esclavos392 Es esclavo dice aquel que ldquopor natura-leza (φύσει) no se pertenece a siacute mismo sino a otrordquo y en un intento de defi-nir la situacioacuten servil antildeade que es ldquoun hombre de otrordquo393 Una afirmacioacuten por cierto que a nuestros ojos resulta casi aterrador Estos anaacutelisis sin em-bargo no parecen comprometer del todo el juicio propio de Aristoacuteteles en la medida que a esta altura del texto en que lo escribe no evidencian forzosa-mente una conviccioacuten personal Es claro tambieacuten que nuestro filoacutesofo se es-fuerza por mantenerse en una posicioacuten teoacuterica pero no es tan difiacutecil com-

392 Aristoacuteteles Poliacutetica 1253b 3 ss (Libro I 3) 393 Poliacutetica 1253b 16 (Libro I 4)

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prender cuaacutel es su verdadera posicioacuten cuando luego afirma ldquoregir y ser regi-dos no solo son necesarios sino convenientes y ya desde el nacimiento unos seres estaacuten destinados a ser regidos y otros a regirrdquo394 o cuando conclusiva-mente afirma ldquoes pues manifiesto que unos son libres y otros esclavos por naturaleza (φύσει) y que para estos uacuteltimos la esclavitud es a la vez conve-niente y justardquo395 Esta es evidentemente una presentacioacuten parcial del pensa-miento de Aristoacuteteles y aunque estas afirmaciones son demasiado expliacutecitas como para no advertir su sentido obvio creo que seriacutea injusto dar por zanja-do el asunto sin un estudio maacutes completo cosa que no hacemos aquiacute

La posicioacuten de Aristoacuteteles sin embargo mdashtal como la hemos esbozadomdash

y su manera desenvuelta de examinar el problema permite hacer una compa-racioacuten uacutetil y clarificadora para el caso de Platoacuten especialmente en su Repuacutebli-ca La esclavitud es una realidad en el mundo antiguo y en Grecia estaacute clara-mente establecida Los esclavos eran usualmente baacuterbaros mdashsi bien los habiacutea tambieacuten griegos y aunque algunos eran propiedad de la ciudad una mayoriacutea perteneciacutea a sujetos privados Trabajaban en los oficios maacutes diversos y bajo diferentes condiciones de trato habiacutea por ejemplo cierto tipo de empresas que eran atendidas por esclavos los que recibiacutean su sueldo En lo que respec-ta a Atenas se puede decir que ldquode hecho se podiacutea hallar esclavos en mayor o menor amplitud en virtualmente cada aacuterea de la vida econoacutemica atenien-serdquo396

Un testimonio que podriacuteamos considerar digno de creacutedito proveniente

de un oligarca dispuesto a no dejar en silencio ninguna situacioacuten o actuacioacuten que pudiera dantildear el prestigio de la democracia ateniense397 expone la ldquograndiacutesima licenciardquo que hay en Atenas frente a los esclavos y metecos mdash

394 Poliacutetica 1254a 21-24 (Libro I 5) traduccioacuten de J Mariacuteas y M Araujo Madrid 1989 (2a ed 1970) 395 Ibid 1254b 39-1255a 2 Y a pesar de que Aristoacuteteles analiza tambieacuten los argu-mentos contrarios a la esclavitud y de que tiene en claro que se puede arguumlir en contra de la esclavitud que ella ldquoes violentardquo (ibid 1253b 22 I 3) 396 M Crawford D Whitehead Archaic and Classical Greece Cambridge 1983 pg 295 donde se hace ver ademaacutes coacutemo el tema de la esclavitud ldquoha sido fuente de profunda discrepancia entre los estudiosos durante los uacuteltimos 25 a 30 antildeosrdquo 397 Pseudo-Jenofonte La Repuacuteblica de los Atenienses 10-12

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una suerte de extranjeros permanentesmdash y se refiere con escaacutendalo al hecho de que los esclavos se visten como los ciudadanos libres y que se les deja ldquovivir en la molicierdquo (τρυφᾶν) e incluso mantener un geacutenero de vida ldquogran-diosordquo398 En esas circunstancias lo grave es que entre otras cosas confiacutea nuestro autor iexclno es posible golpear a nadie ni un esclavo te cederaacute el paso pues ldquoSi fuese legal que el esclavo o el extranjero residente o el liberto fuera gol-peado por una persona libre muchas veces le pegariacutean a un ateniense supo-niendo que era un esclavo porque ademaacutes el pueblo no tiene mejor vestimen-ta que los esclavos y los extranjeros residentes ni son de mejor aspectordquo 399

Por otra parte muchos esclavos calificados en sus oficios ejerciacutean en la

Atenas democraacutetica sus trabajos como lo estimaban mejor con la condicioacuten de pagar al amo su parte correspondiente Se constituyoacute asiacute la categoriacutea de esclavos ldquodomiciliados aparterdquo400

En Atenas por consiguiente el esclavo recibe dinero y no teme a los

ciudadanos libres al extremo de lo que sucede en Esparta Es de notar enton-ces al menos un grado concreto de avance hacia una relativa desaparicioacuten praacutectica de las diferencias entre libres y esclavos entre los atenienses los ciu-dadanos culturalmente maacutes influyentes de toda la Heacutelade Testimonios como estos sin embargo no pueden hacernos olvidar la indudable injusticia baacutesica de la esclavitud y el grado de responsabilidad de quienes la sosteniacutean de pa-labra o de obra incluidos los atenienses

398 Ibid I 10 Oscar Velaacutesquez La Repuacuteblica de los Atenienses lsquoJenofontersquo Editorial Universitaria Santiago de Chile 2010 p 59 Hay una edicioacuten bilinguumle espantildeola Pseudo-Jenofonte La Repuacuteblica de los Atenienses M Cardenal de Iracheta M Fer-naacutendez Galiano Madrid 1971 y una de G Ramiacuterez Vidal Jenofonte La Repuacuteblica de los Atenienses BSGRM UNAM Meacutexico 2005 Por otra parte iquestqueacute habraacute pensado el joven estagirita Aristoacuteteles educado en la corte Macedoacutenica al ver a su llegada a la Academia estas si se quiere sorprendentes cos-tumbres atenienses Sin duda que Platoacuten estaba bien acostumbrado a estos modos de vida 399 Pseudo-Jenofonte La Repuacuteblica de los Atenienses edicioacuten citada pg 59 Un tipo de reproche que en palabras de G Glotz ldquoconstituye un meacuterito para el pueblo ate-nienserdquo (La Ciudad Griega -ed P Clocheacute- trad espantildeola Meacutexico (1957) pg 221 400 Ver G Glotz op cit pg 220

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En lo que respecta a nuestro tema especiacutefico fue G Vlastos quien afir-

moacute que ldquono es posible hallar en parte alguna de Platoacuten una discusioacuten formal de la esclavitudrdquo401 Luego de pasar revista a algunos pasajes de las Leyes 402 concluye que Platoacuten piensa que la condicioacuten de esclavo consiste en una ldquodefi-ciencia de razoacutenrdquo403 y mediante el examen de otros textos platoacutenicos infiere que ldquola ausencia de auto-determinacioacuten tan obvio en el caso del esclavo es normal en la sociedad platoacutenicardquo404 Esta uacuteltima inferencia solo ha sido posi-ble hacerla mdashconforme al razonamiento de Vlastosmdash como una consecuencia de un ldquoaxiomardquo de la teoriacutea poliacutetica de Platoacuten seguacuten que se dice ldquoel uacutenico apto para gobernar es aquel que posee logosrdquo405

Hasta queacute punto es vaacutelida esta conclusioacuten es un asunto no demostrado

En todo caso hay un punto que es tratado por Vlastos con sutil profundidad Plantea que en la sociedad platoacutenica existe solamente una pequentildea minoriacutea (como se puede ver por ejemplo en el Poliacutetico 292e) de aristoacutecratas ilustrados junto a una mayoriacutea que carece de logos y que no pudiendo conocer su bien propio y el de la sociedad ldquosu uacutenica posibilidad de hacer el bien es obedecer impliacutecitamente las oacuterdenes de sus superioresrdquo406 Esto se dice no solo de los gobernantes sino de toda autoridad humana o divina Sin embargo esta dou-leiacutea (lsquoesclavitudrsquo) de la que habla Platoacuten es una sumisioacuten ldquovirtuosa amistosa y alegrerdquo dice a la autoridad constituida y representa un uso del teacutermino casi sin precedentes en la literatura griega Se trata de una ldquoextensioacuten genial

401 Gregory Vlastos ldquoSlavery in Platos Thoughtrdquo (1941) en Platonic Studies (2a ed 1981) pg 145 402 Cf tanto Leyes 720a-e como 773e 966b G Vlastos habiacutea sentildealado que el texto maacutes importante acerca del tema es el de Leyes 720a-e en que se contrasta la actitud del meacutedico libre con sus pacientes tambieacuten libres y la del ldquosubordinado de los meacute-dicosrdquo (Leyes 720a) mdashuna suerte de auxiliar esclavomdash con sus pacientes que tambieacuten lo son 403 G Vlastos op cit pg 148 ldquoIt is clear from such passages that Plato thinks of the slaves condition as a deficiency of reason He has doxa but no logos He can have true belief but cannot know why his belief is truerdquo 404 Ibid pg 150 405 Ibid pg 149 n 9 406 Ibid pg 150

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de Platoacutenrdquo 407 para el sentido de lsquoesclavitudrsquo y apunta al claro objetivo de demostrar que siendo la mayoriacutea de los hombres incapaces de gobernarse a siacute mismo y a sus apetitos la solucioacuten maacutes feliz seraacute el someterse al mejor De esta manera gobernados todos asiacute por el mismo principio puedan todos en lo posible ser amigos408

Ahora bien en este modo tan libre de hablar acerca de todo tipo y con-

dicioacuten de subordinados poliacuteticos como lsquoesclavosrsquo subyace no un punto de vista praacutectico sino teoacuterico que consiste en que ldquoen principio no hay diferen-cia en la teoriacutea poliacutetica de Platoacuten entre la relacioacuten del sentildeor y su esclavo y la del soberano con sus suacutebditosrdquo409 Ello constituiriacutea seguacuten Vlastos ldquouna nega-cioacuten radical de la democraciardquo410 Por otra parte la democracia ateniense pu-do llegar a substituir ldquohombrerdquo por ldquociudadano de Atenasrdquo y sin saber queacute hacer con la esclavitud hubo quienes jugaron con la idea subversiva de que la esclavitud ldquono era naturalrdquo En esa situacioacuten la teoriacutea democraacutetica reflejaba esa contradiccioacuten real en la sociedad ateniense al dejar en evidencia la exis-tencia de ldquouna comunidad poliacutetica libre que se apoyaba en una economiacutea esclavistardquo411

Todas estas discusiones relativas a la cuestioacuten de si Platoacuten postuloacute o no

la esclavitud en su proyecto de Estado han hecho resaltar entre otros dos pasajes de la Repuacuteblica ldquoPero si fuese necesario dije decir cuaacutel de estas virtudes produciraacute especial-mente con su presencia el que la ciudad sea buena de difiacutecil decisioacuten seriacutea si

407 Ibid pg 150 408 Cf ibid pg 150 y Repuacuteblica 590 c-d 409 Ibid pg 151 Cf Poliacutetico 259c 2 En la misma liacutenea de argumentacioacuten G Vlastos afirma (op cit pg 152) ldquoIn other words Plato uses one and the same principle to interpret (and justify) political authority and the masters right to govern the slave political obligation and the slaves duty to obey his master His conception of all government (archendash archein) is of a piece with his conception of the government of slaves Is this saying too much One thinks of any number of important qualifica-tions Yet substantially the statement is truerdquo Esas restricciones (ldquoqualificationsrdquo) son precisamente las que deben ser discutidas en maacutes profundidad 410 G Vlastos op cit pg 152 411 Ibid pg 153

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acaso es la igualdad de opiniones de los gobernados o si lo que hace espe-cialmente que la ciudad sea buena es que esteacute presente en el nintildeo en la mujer en el esclavo (καὶ δούλῳ) en el hombre libre (καὶ ἐλευθέρῳ) en el artesano en el gobernante y en el gobernado en el sentido de que cada uno se ocupe de los asuntos que le son propios y no se aplique a muchos otrosrdquo (433 c-d)

El segundo pasaje dice

ldquoPor lo tanto iquestpara que hombre de semejante condicioacuten sea gobernado por algo similar a lo que gobierna al mejor hombre declaramos que debe ser es-clavo (δοῦλον) de este mismo hombre el mejor que posee en siacute el principio divino que gobierna aunque no creamos que el esclavo debe ser gobernado para su dantildeo como creiacutea Trasiacutemaco cuaacutel era la condicioacuten de los goberandos sino que porque es mejor para todos estar gobernados por el elemento divino e inteligente especialmente cuando este elemento es propio de eacutel o bien que esteacute dirigido desde afuera a fin de que todos sean en lo posible semejantes y amigos gobernados por el mismordquo (590 c-d)412

iquestPodremos dar por zanjado el asunto y al menos dejar en la duda la

posicioacuten de Platoacuten con respecto a la esclavitud La propuesta de G Vlastos acusa a Platoacuten con atenuantes importantes claro estaacute de introducirla en su estado Sobre todo el pasaje de R 433c-d citado maacutes arriba es punto difiacutecil de pasar por alto pues parece evidente que se habla aquiacute no de cualquier esta-do sino de la ciudad ideal en proyecto Es posible con todo plantear todo el asunto desde una perspectiva diferente cosa que paso a discutir a continua-cioacuten

Un artiacuteculo de B Calvert serviraacute de guiacutea en este nuevo examen413 Un

texto platoacutenico de importancia en este anaacutelisis mdashque tiene que ver con la pla-nificacioacuten del nuacutemero de artesanos en la ciudadmdash es el siguiente ldquoexisten todaviacutea algunos otros pienso cuyos servicios no estaacuten en contacto muy es-trecho con la inteligencia (διανοίας) pero que poseen fuerza suficiente para

412 Traduccioacuten de G Goacutemez Lasa he antildeadido los pareacutentesis 413 Brian Calvert ldquoSlavery in Platos Republicrdquo en The Classical Quarterly NS vol XXXVII No 2 (1987) 367-372

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trabajos duros Estos venden la utilidad de su fuerza y al llamar salario al valor de eacutesta se les llama como creo asalariadosrdquo414 Platoacuten ciertamente con-sideroacute en su Estado gente que vende su trabajo la clase de los asalariados (μισθωτοί) que conforman el tercer segmento de la ciudad415 Estos son evi-dentemente ciudadanos no esclavos y ellos junto con los auxiliares y los guardianes al hacer en la ciudad la tarea que les es propia realizan la justicia en la ciudad416

Los analistas del tema de la esclavitud no dejan de mencionar la rela-

cioacuten estrecha que existe entre esta y el orden econoacutemico de un determinado conglomerado sea este por ejemplo de tipo familiar o socialmente maacutes am-plio como el urbano Se muestra que sistemas poliacuteticos han dependido para su subsistencia del trabajo servil dejando al estamento libre un espacio para otras actividades Por otra parte es claro mdashy Platoacuten lo sabe perfectamentemdash que la esclavitud para ponerse en ejecucioacuten y sostenerse tiene que sustentar-se en la fuerza Es esta misma fuerza ademaacutes la que sostiene el sistema legal que la favorece Por otra parte no es menos importante el hecho de que entre los griegos solamente los libres son ciudadanos siendo el esclavo por lo gene-ral una propiedad de tipo familiar

Ahora bien mdashy se pone asiacute al descubierto una ldquoincoherencia demasiado

obviardquo de G Vlastos 417 ya que podemos suponer que en la ciudad platoacutenica los guardianes no pueden tener esclavos por el simple hecho de que la clase gobernante no tiene posesioacuten alguna418 Siendo ellos los uacutenicos con justo de-

414 Repuacuteblica 371 e traduccioacuten de G Goacutemez L 415 ldquoThey are not slaves but a part of the wage-earning segment of societyrdquo (B Cal-vert op cit pg 368) 416 Cf Repuacuteblica 434c 417 B Calvert op cit pg 369 ldquo Yet despite his clear recognition of the problem Vlastos appears to overlook its impact when in the same article he ascribes ow-nership of slaves to the third class and we are left with what certainly looks like a blatant incoherence in his account the third class are not qualified to be slave ow-ners or alternatively the guardians are the only ones entitled to own slaves but the guardians are prohibited from possessing any private property including slavesrdquo 418 La existencia misma de los traficantes de esclavos es sentildeal de que la esclavitud estaba considerada un artiacuteculo de consumo el que pasaba a ser propiedad de su adquirente Es una actividad floreciente en la antiguumledad ldquoun negocio puramente

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recho a ser servidos por esclavos la ley les prohibe tajantemente toda propie-dad La clase gobernante percibe todo del resto de la comunidad y eso que recibe debe compartirlo con los de su clase De ahiacute se concluye un punto cla-ve de la argumentacioacuten de Calvert y es que ldquola esclavitud es incompatible con las teoriacuteas de la justicia y del alma tripartitardquo419

Conforme a ello cada persona se beneficia a siacute misma y a la sociedad

realizando adecuadamente su propia individualidad Si hubiera de haber es-clavos deberiacutea haber ldquopersonalidades naturalmente esclavasrdquo para cumplir una funcioacuten social apropiada a su condicioacuten Pero no hay ninguna labor que desempentildear a ese nivel en el estado platoacutenico pues la tercera clase que es parte de los ciudadanos cumple totalmente con lo que la ciudad precisa para subsistir como unidad econoacutemica y social Todo esto dice relacioacuten con la doc-trina tripartita del alma y su estrecha vinculacioacuten con la teoriacutea de la justicia y sucede que ldquolas tres partes forman una unidad ellas no son una parte de una unidad Hasta aquiacute entonces la distincioacuten que seriacutea necesaria para la existencia de una personalidad naturalmente esclava no puede sostenerserdquo420

El argumento entonces que supone que Platoacuten sostuvo la existencia de

la esclavitud en su ciudad ideal seriacutea inconsistente con sus teoriacuteas de la justi-cia y del alma tripartita En esas circunstancias

privadordquo como dice M I Finley Aspectos de la Antiguumledad pg 224 trad castellana Barcelona 1975 (1960) Sin relacioacuten propiacuteamente con las actividades de tipo militar o con la pirateriacutea Esto no quita que aparte del negocio privado es en la guerra en que descansa ldquola clave de toda operacioacutenrdquo (ibid pg 218) referente a la esclavitud de la que el traacutefico recibe sus mayores provisionamientos En esas circunstancias ldquoslaves were traded in order to obtain necessitiesrdquo (DC Braund GR Tsetskhladze ldquoThe Export of Slaves from Colchisrdquo en The Classical Quarterly XXXIX 1989 pg 115 419 Ibid pg 370 420 B Calvert op cit pg 370 Vlastos arguye Calvert interpreta el pasaje de Repuacute-blica 433d basado en la nocioacuten de que hay esclavos que viven al interior de la ciu-dad pero no son ciudadanos de la ciudad ideal cosa que Calvert rechaza Pero se debe adicionalmente sentildealar que ldquoPlatoacuten es suficientemente especiacutefico en sentildealar que las tres partes del alma corresponden a las tres clases de la sociedad En la esti-macioacuten de Vlastos los esclavos forman un cuarto sector exterior a las tres clases de ciudadanosrdquo (pg 371) iquestPero existe en Platoacuten un cuarto elemento de la personalidad Eso es considerado imposible

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ldquola peor acusacioacuten que se le podriacutea hacer es que Platoacuten no siempre cumplioacute con los estaacutendares que eacutel se puso a siacute mismo y ocasionalmente dice cosas que no son consecuentes con los requerimientos de su propia teoriacuteardquo421

Resulta entonces que en el plano de lo que Platoacuten efectivamente dijo

no es faacutecil probar una posicioacuten favorable de su parte a la esclavitud ni desde el punto de vista de sus afirmaciones positivas ni menos auacuten desde una perspectiva teoacuterica G Vlastos por lo que parece se apoya en afirmaciones no concluyentes de la Repuacuteblica y otros textos de Platoacuten y sobre todo en la idea de que el esclavo mdashcomo la multitud en el Estadomdash carece de logos (su-ponemos que en el sentido de lsquodiscernimientorsquo lsquorazoacutenrsquo) De ese modo seguacuten Vlastos se haciacutea necesario que un ldquosuperior benevolenterdquo impusiera orden sobre ellos llaacutemese este sentildeor guardiaacuten mente demiurgo y que lo propio de la autoridad estaba en que ella poseiacutea precisamente logos422 Si el problema entonces de queacute pensoacute o dijo Platoacuten con respecto a la esclavitud solo puede ser verdaderamente aclarado en el terreno de los principios y no de las decla-raciones las argumentaciones de B Calvert aportan razones de un peso sufi-ciente como para al menos neutralizar las proposiciones hechas por G Vlas-tos en los escritos que aquiacute se han examinado El difiacutecil tema en consecuen-cia estaacute una vez maacutes en situacioacuten de ser analizado en toda su complejidad sobre estas nuevas bases

421 B Calvert op cit pgs 371-72 422 G Vlastos lsquoSlavery in Platos Thoughtrsquo en Platonic Studies pg 162

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II La soberaniacutea en la constitucioacuten platoacutenica

tu regere imperio populos romane memento ldquotuacute romano recuerda regir con suprema autoridad los pueblosrdquo

Virgilio Eneida V 851

En un artiacuteculo aparecido en la Revista de Filosofiacutea trateacute alguna vez acer-ca del tema de la soberaniacutea del Estado en Platoacuten423 Alliacute analizaba algunos puntos que dichos ahora quizaacute con mayor claridad proponen la siguiente hipoacutetesis al manifestar Platoacuten que los filoacutesofos deben reinar en las ciudades se estaba planteando una modificacioacuten del concepto de Estado esta vez una que surge de la nocioacuten misma de justicia Es decir que se debe otorgar el po-der soberano a los filoacutesofos en razoacuten de un acto de justicia distributiva entre las funciones del Estado Es esas circunstancias Platoacuten habriacutea hecho manifies-to que en virtud de que es justo que el filoacutesofo reine en la ciudad es asimis-mo de justicia que los geacuteneros del alma individual se reflejen en los del alma social Alliacute en efecto debe gobernar el elemento intelectivo por sobre todos los demaacutes De ese modo el poder soberano no ha de estar desde ahora ni en los maacutes de las democracias ni en los pocos de las oligarquiacuteas sino en aquellos que por la calidad de su saber se hacen acreedores de eacutel Se debe entonces conceder el gobierno de la ciudad a los filoacutesofos

Quiero con todo volver a plantear el asunto desde una perspectiva lige-

ramente diferente a la de aquel estudio maacutes acorde en cierto sentido con la Repuacuteblica misma y con los grandes problemas que su lectura presente ha ido poniendo en evidencia ante el lector de este libro

Los teacuterminos de soberaniacutea y soberano mdashtal como los vemos reflejados

en numerosas lenguas modernas occidentalesmdash no corresponden precisa-mente a vocablos latinos del periacuteodo claacutesico ya que superanus y sus modifica-ciones corresponden al bajo latiacuten El teacutermino en cuestioacuten sentildealaba a aquel que ejerce o posee una autoridad la que es a la vez suprema e independiente en

423 ldquoPlatoacuten y la soberaniacutea del Estadordquo Revista de Filosofiacutea Santiago de Chile (1988) 37-44

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un Estado Pero aparte de soberaniacutea vocablos como maiestas auctoritas potes-tas imperium sirvieron para expresar en contextos diversos ideas similares a la que aquiacute nos ocupa En un sentido maacutes especiacutefico el tema de la soberaniacutea es prevalentemente moderno y parece coincidir con el reforzamiento de la autoridad monaacuterquica en los Estados de la modernidad

Tratados como Los seis libros de la Repuacuteblica de Jean Bodin (1530-1596)

asiacute como numerosas referencias al tema en obras como Leviathan o De Cive de Thomas Hobbes (1588-1679) los Treatises de John Locke (1632-1704) o el Trac-tatus Theologico-Politicus y el Tractatus Politicus de Benedictus de Spinoza (1632-1677) mdashen especial acerca de la condicioacuten del soberanomdash dan testimo-nio del creciente intereacutes de aquella eacutepoca sobre este tema central de la filoso-fiacutea poliacutetica El concepto pienso tambieacuten existe entre los griegos desde que se ha pensado en la constitucioacuten del Estado y se ha puesto atencioacuten en el nuacutecleo originador del poder en que este se funda Mas las palabras que han servido para expresar estas ideas en la tradicioacuten greco-latina no siempre han coinci-dido con la realidad concreta de los vocablos y a menudo corremos el riesgo de perder la pista de su presencia y su evolucioacuten en la historia poliacutetica de nuestras naciones La prudencia por una parte y los objetivos de este libro por otra me indican la necesidad de centrar este breve estudio en los griegos mdashespeciacuteficamente en el Platoacuten de la Repuacuteblicamdash no sin antes referirme muy sumariamente a ciertos significados latinos

Concedamos que la soberaniacutea sentildeala esa autoridad suprema del poder

del Estado que encarnado en algo o en alguien designa al soberano En tal ca-so lo primero que hay que distinguir al interior del concepto es el significado de la autoridad o el poder Podemos distinguir entonces (a) el nuacutecleo unita-rio que representa la base originaria del poder y (b) el ejercicio o la praacutectica efectiva de este Se dice por ejemplo que en un estado democraacutetico la sobe-raniacutea estaacute en el pueblo mdashcorrespondiendo a (a)mdash y que por otra parte ese poder soberano es transferido y ejercido efectivamente por las magistraturas elegidas por el pueblo mdashque representa a (b) La soberaniacutea sentildeala sobre todo el primer sentido y quiere sentildealar al soberano es decir al sujeto o sujetos que son la autoridad suprema en un Estado Esa autoridad suprema de hecho no

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tiene el ejercicio ordinario y efectivo de esa autoridad que representa Sucede sin embargo que en la democracia ateniense siendo el pueblo el soberano este ejerciacutea de una manera directa y relativamente ordinaria su poder me-diante la ekklesiacutea la asamblea popular o dēmos Habiacutea magistraturas pero los grandes negocios del Estado se decidiacutean alliacute en especial cuando se convocaba a una ekklesiacutea kyriacutea es decir una lsquoasamblea soberanarsquo Es lo que Platoacuten cono-ciacutea desde que tuvo uso de razoacuten es decir el ejercicio de una democracia maacutes directa que representativa Hay que tener presente en todo caso que todos estos sentidos de poder estaacuten de alguacuten modo fundidos en la praacutectica o bien en iacutentima conexioacuten ya que a menudo no es tan faacutecil distinguirlos como seriacutea el caso de los soberanos en las monarquiacuteas constitucionales actuales en que su autoridad se sostiene maacutes en el sentido (a) que el (b)

En la tradicioacuten romana es claro que auctoritas es el teacutermino quizaacute maacutes

importante Los sentidos maacutes significativos de este teacutermino son para noso-tros pienso ldquoderecho o poder para autorizar o sancionarrdquo y el de autoridad tanto en lo que respecta a la leyes como en referencia a las magistraturas del Estado en general El teacutermino auctoritas se dice tambieacuten refirieacutendose a perso-nas (la lsquoautoridadrsquo) Podemos ademaacutes antildeadir a esta breve lista el vocablo con-ditor (lsquofundadorrsquo) La posicioacuten de poder y autoridad de las magistraturas en general la capacidad de control sobre personas o cosas se designa tambieacuten como potestas siendo maiestas a menudo una expresioacuten de la majestad sobe-rana ya sea del pueblo del Estado o incluso de una persona De ahiacute que auacuten hoy se utiliza el teacutermino su majestad entre los reyes Este es un concepto que entre los romanos suele ir unido a imperium (p e maiestas imperii) que sentildeala o bien ldquoel supremo poder administrativordquo o en un sentido maacutes propio ldquoel ejercicio de la autoridadrdquo En algunos contextos podriacuteamos interpretar impe-rium como lsquosupremaciacutearsquo424

No hay entonces aparentemente en el latiacuten claacutesico palabra especiacutefica

para soberano siendo supranus el teacutermino latino medieval que significa lsquosu-periorrsquo equivalente a lsquosupremus praefectusrsquo Carta fechada en 1261 dice

424 Para estos y otros sentidos ver el P G W Glare Latin Oxford Dictionary en las diferentes entradas

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ldquoquibus notionibus nostrates Souverain dixeruntrdquo425 Un documento parla-mentario franceacutes de 1320 denomina al ldquosoberano de la caacutemarardquo es decir al presidente de esta Tambieacuten tiene un sentido eclesiaacutestico siempre con la idea del superior jeraacuterquico de alguacuten organismo colegiado sea poliacutetico o religioso La supremitas es la lsquosuprema potestasrsquo que entre los galos (documento de 1450) seguacuten el mismo du Cange es souveraineteacute No queda maacutes que conjetu-rar que ciertos aspectos de la voz lsquosoberaniacutearsquo son exlusivamente medievales y quizaacute deja entrever la idea de un superior entre otros y que de alguna mane-ra tiene bajo su potestas a un conjunto que a su vez comparte con el supranus un tipo de poder

Ahora bien todos estos teacuterminos no significan simple y llanamente lsquoso-

beraniacutearsquo en un sentido elaborado maacutes poliacuteticamente porque su significado depende de los contextos en que ellos se encuentran Es importante sentildealar sin embargo que apelativos del tipo lsquosumorsquo o lsquosupremorsquo se hacen por lo ge-neral necesarios cuando se quiere sentildealar ese estado de supremaciacutea propio de la soberaniacutea Tenemos asiacute por ejemplo expresiones como summa potestas o summum imperium que vemos utilizados incluso por los tratadistas moder-nos como Spinoza para quien summum imperium parece sentildealar el ldquopoder soberanordquo y da a summa potestas el significado maacutes propio de ldquosoberanordquo Los romanos no eran tan dados a teorizar en estos aspectos aunque siacute como bien sabemos al ejercicio efectivo del gobierno De ahiacute que los conceptos que encierran estas palabras significan por lo general realidades concretas perso-nas y magistraturas Ello no impidioacute en todo caso que los teoacutericos de la poliacute-tica como los tratadistas medievales y modernos mdashque escribiacutean generalmen-te en latiacutenmdash pudieran utilizar con provecho la riqueza extraordinaria de estos vocablos y los ricos contextos en que ellos se encontraban

Con Platoacuten en cambio en los inicios de estas nociones nos hallamos con

un personalidad sui generis Es un teoacuterico de mente filosoacutefica que se encuentra a su vez fuertemente atraiacutedo por la accioacuten y la poliacutetica Seguacuten el testimonio de la Carta VII (que seguacuten algunos no es genuina) eacutel se veiacutea llamado en su ju-

425 En Charles du Cange Glossarium Mediae en Infimae Latinitatis T VII Los otros datos consignados aquiacute provienen de este mismo gran Glossarium

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ventud especialmente a participar en los asuntos del Estado Las circunstan-cias sin embargo y su caraacutecter reflexivo lo inclinaron finalmente a la filoso-fiacutea426 En la Repuacuteblica vemos en forma manifiesta una siacutentesis de su personali-dad tanto filosoacutefica como poliacutetica No abandonoacute por eso su instintiva disposi-cioacuten por lo concreto pues parece que su imaginacioacuten prodigiosamente creati-va se presentaba a menudo en figuraciones factibles de convertirse en reali-dad Con todas las necesarias restricciones la Repuacuteblica es a la Academia co-mo lo es el suentildeo al suceso materializado De ahiacute que en la Politeia que es una obra altamente especulativa se presenta sin embargo constantemente una tensioacuten entre teoriacutea y accioacuten y se finge a cada paso la fundacioacuten concreta de un Estado Porque aparece como un acto de realismo poliacutetico el preguntarse quieacutenes han de mandar concretamente en la ciudad en gestacioacuten coacutemo he-mos de elegir a los gobernantes y prepararlos para el mando y cuaacutel se consi-dera que es efectivamente la fuente de donde dimana la soberaniacutea del Estado

Las palabras que expresan estos conceptos aparecen en el curso del diaacute-

logo configuradas entre la levedad del proyecto imaginario y la seriedad de un espiacuteritu de verdad preocupado por la crisis generalizada de los sistemas poliacuteticos helenos en los antildeos mismos y los posteriores a la Guerra del Pelopo-neso En esas circunstancias cuesta encontrar los teacuterminos justos en que la nocioacuten de soberaniacutea adquiere la corporeidad precisa de la palabras Existe sin embargo la idea y los teacuterminos en nuestro filoacutesofo y en lo que respecta a nuestra encuesta especiacutefica estos son mdashsin dar un orden obligatorio de pre-cedenciamdash arkhḗ (ἀχή) dyacutenamis (δύναμις) especialmente como dyacutenamis poli-tikḗ (δύναμις πολιτική) y diversas formas del adjetivo kyacuterios (κύριος)

Podemos reducir a tres las ideaas principales expresadas en arkhḗ a sa-

ber (1) la de lsquoorigenrsquo y lsquocomienzorsquo (2) la de (primer) lsquoprincipiorsquo lsquofundamen-torsquo y (3) la de lsquopoderrsquo (lsquosoberaniacutearsquo) con la que tambieacuten se relacionan lsquomeacuteto-do de gobierno imperio magistraturarsquo427 En primer lugar si hay un origen

426 Platoacuten Carta VII 324b 427 El Liddle-Scott-Jones Greek-English Lexicon (LSJ) aporta estos datos en que Heroacutedoto proporciona importantes ejemplo LSJ propone tambieacuten junto con lsquopo-derrsquo el sentido de lsquosovereigntyrsquo

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sobre el que a modo de fundamento se alza la construccioacuten de la ciudad se consolida su poder y se establece su meacutetodo de gobierno este en la Repuacuteblica es sin duda las Idea de Bien Debemos suponer que esta Idea tiene un signifi-cado profundamente poliacutetico maacutexime si se trata de un libro que estaacute en su totalidad dedicado a la planificacioacuten de un Estado ideal Asiacute entonces las paacute-ginas acerca del Bien son cruciales no solo en la medida en que apuntan a los objetivos de perfeccioacuten de su proyecto sino en cuanto significan el funda-mento metafiacutesico de la totalidad de la ciudad Estas tres alegoriacuteas centrales (el Bien la Liacutenea y la Caverna) son ademaacutes el punto maacutes decisivo en que la filo-sofiacutea llevada a sus principios maacutes originarios se halla a siacute misma fundamen-tando la estructura misma de una nueva polis En otras palabras mediante estas tres alegoriacuteas Platoacuten intenta explicar y poner en movimiento su idea quizaacute maacutes genial de que en su proyecto de ciudad la poliacutetica y la filosofiacutea encuentran su centro de identificacioacuten maacutes verdadero

Una primera aproximacioacuten mediante el concepto de arkhḗ nos da los

indicios iniciales El texto de Repuacuteblica no relaciona directamente este teacutermino con la Idea del Bien sin embargo en tres ocasiones arkhḗ es mencionado en la alegoriacutea de la Liacutenea aludiendo a aquella Idea En R VI 510b 5-7 se reitera la afirmacioacuten de que hay un lsquoprincipiorsquo Es el principio hacia el que el alma se encamina cuando partiendo de las hipoacutetesis que proporciona la ciencia llega al ldquoprincipio no hipoteacuteticordquo (τὸ ἐπ᾽ἀρχὴν ἀνυπόθετον) Este ldquoprincipio no hipoteacuteticordquo suponemos que representa en la Liacutenea a la Idea del Bien de la que poco maacutes adelante se afirma que es ldquoel principio de todordquo (R VI 511b 6-7) Estamos en una alegoriacutea de corte maacutes especiacuteficamente epistemoloacutegico por lo que arkhḗ dice referencia al origen en cuanto inteligible Se hace asimismo mencioacuten expresa a su condicioacuten de principio ldquono hipoteacuteticordquo es decir incon-dicionado o si se quiere de caraacutecter absoluto

La verticalidad de Liacutenea se hace maacutes aparente auacuten cuando se deja ver la posi-

cioacuten de autoridad soberana que goza el principio Por otra parte en uno de los momentos culminantes del relato en R VI 509b se la asigna al Bien una situacioacuten de superioridad ldquoen dignidad y poderrdquo (πρεσβείᾳ καὶ δυνάμει) sobre toda otra realidad inteligible Los dos epiacutetetos combinados me parece

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revelan una significacioacuten semejante a maiestas428 perfectamente reminiscente de una dignidad soberana No debemos olvidar que en la tradicioacuten de occi-dente ademaacutes del concepto de la soberaniacutea popular ha permanecido tambieacuten la idea de que la soberaniacutea procede de Dios El desarrollo de mentalidades absolutistas en ambas direcciones se fortalece en la eacutepoca moderna con el ab-solutismo monaacuterquico Todaviacutea hay reyes hoy que al menos nominalmente lo son Dei gratia (en numismaacutetica aveces D G ) Por otra parte para Atenas el concepto se puede sintetizar del siguiente modo ldquoLa teoriacutea constitucional de la democracia ateniense es muy sencilla se resume en una palabra el pueblo es soberano (κύριος)rdquo429

Indudablemente que el teacutermino kyrios y sus casos oblicuos son una pieza

clave en el estudio presente y su sentido general es tener poder o autoridad En formas neutras substantivadas como to kyrion designa el lsquopoder sobe-ranorsquo En las alegoriacuteas centrales de la Repuacuteblica se califica al Sol imagen del Bien como teniendo autoridad (κύριον R VI 508a) sobre los factores de lumi-nosidad que permiten la visioacuten Del oacutergano de la vista se dice que tiene un ldquopoderrdquo (δύναμιν R VI 508b) que es ldquodispensado por el Solrdquo Me parece na-tural que un lector griego pueda interpretar el lenguaje del siacutemil en una clave poliacutetica sobre todo si en un importante lugar posterior (R VII 517b-c) Platoacuten termina por develar claramente la condicioacuten soberana de su Idea suprema Se dice alliacute que en la regioacuten de lo conocido la Idea del Bien (ἡ τοῦ ἀγαθοῦ ἰδἐα) es la uacuteltima en ser vista y apenas se la ve Mas cuando se la ve nuesto razo-namiento debe admitir que ella es la causa (αἰτία) de todo lo recto y bello

ldquodando nacimiento en la regioacuten visible a la luz y al soberano (ldquosentildeorrdquo τὸν κύριον) de esta y en la regioacuten inteligible otorgando ella misma co-mo soberana (κυρία) la verdad y la inteligencia y que es preciso que la vea quien se dispone a actuar sabiamente tanto en privado como en puacute-blicordquo En otras palabras la Idea del Bien posee la autoridad que le permite ser

la dispensadora de la verdad y de la inteligencia para conocerla de un modo

428 ldquoThe dignity of a god or exalted personage majestyrdquo ldquothe majesty of the people or state sovereigntyrdquo Oxford Latin Dictionary (OLD) 429 G Glotz La ciudad griega (trad castellana) Meacutexico UTEHA 1957 pg 112

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semejante a como el Sol tiene autoridad sobre aquello que suministra la lu-minosidad Aquiacute entonces ldquoser duentildeo derdquo o ldquotener la autoridad sobrerdquo im-plica ese poder superior e independiente que llamamos soberano En un estui-do contemporaacuteneo se afirma que

ldquola aspiracioacuten fundamental de la soberaniacutea estaacute en su eacutenfasis en una au-toridad gubernamental sin restricciones al interior de los liacutemites territo-riales Si tal autoridad existe entonces las obligaciones maacutes comprensi-vas del Estado se vuelven problemaacuteticas Si se niega tal autoridad en-tonces la soberaniacutea en siacute misma aparece disminuida o restringida A de-cir verdad si el Estado no posee por maacutes tiempo el derecho a ejercer tal autoridad o falta en la praacutectica a su obligacioacuten de hacerlo se vuelve en-tonces engantildeoso el retener la soberaniacutea como un teacutermino descriptivordquo430 Sin duda que la actual tendencia a la globalizacioacuten de los asuntos con-

cernientes al geacutenero humano ponen el concepto mismo de soberaniacutea en si-tuacioacuten difiacutecil Hay tensiones que subyacen por ejemplo en el camino hacia una mayor integracioacuten de la Comunidad Europea que se manifiestan en la persistencia de una idea no abandonada de soberaniacuteas nacionales e incluso regionales Del mismo modo cuestiones que se consideran de valor univer-sal como los derechos humanos restringen en la praacutectica la libertad plena y soberana que algunos estados pretenden conservar El quebrantamiento de esos derechos por un estado puede conducir a fricciones en torno a la sobera-niacutea con otros estados La ciudades griegas soliacutean respetar ciertos derechos comunes a su condicioacuten de helenos que ellos consideraban los distinguiacutean de los baacuterbaros Mas en liacuteneas generales mdashtal como lo vemos en la Repuacuteblicamdash la preocupacioacuten fundamental estaacute en la consolidacioacuten de un orden interno con plena independencia poliacutetica

Indudablemente que ciertos aspectos de estos asuntos estaban presentes

en la mente de Platoacuten cuando parece presentir el debilitamiento de la polis griega celosa hasta el fin de su autarquiacutea y enemiga de toda intervencioacuten foraacutenea en sus asuntos internos Ella sin embargo se veiacutea por lo general exte-nuada por las rivalidades sediciosas que surgiacutean en su seno La destruccioacuten

430 R Falk ldquoSovereignityrdquo en The Oxford Companion to Politics of the World Oxford 1993 pg 853

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de hecho de la soberaniacutea entre las ciudades entrantildeaba la desaparicioacuten del sis-tema poliacutetico inmemorial griego basado en la ciudad-estado El imperialismo democraacutetico ateniense de la era de Pericles y el de su contraparte oligaacuterquica espartana habiacutea resultado en mayor inestabilidad de los sistemas constitu-cionales de toda la Heacutelade Era preciso entonces imaginar un nuevo concep-to de soberaniacutea si habiacutea de perdurar por medio de aquellas reformas el espiacuteri-tu heleacutenico ancestral En consecuencia si la Idea del Bien es la fuente de la soberaniacutea en el nuevo proyecto queda ahora por determinar lo que en un principio habiacuteamos planteado es decir en queacute habriacutea de consistir el ejercicio o la praacutectica efectiva del poder en la nueva ciudad

Es interesante constatar ese rasgo de lejaniacutea (ldquomaacutes allaacute de la esenciardquo)

propio del soberano sobre todo cuando se encarna en una persona La maies-tas suprema no se halla obligatoriamente envuelta (ni parece conveniente que se halle) en los negocios maacutes cotidianos del acontecer puacuteblico Es caracteriacutesti-co entonces de la idea de soberaniacutea un cierto orden de participacioacuten de la potestad efectiva Este fenoacutemeno tiene evidentemente un peso decisivo en la transicioacuten desde la realidad suprema mdashy en cierta medida abstracta como seriacutea la majestad de la leymdash y su concrecioacuten ya personalizada en la circuns-tancia de la administracioacuten del Estado Ni el pueblo ni Dios gobiernan direc-tamente aunque podemos constatar en esta polis que el Bien engendra (τεκοῦσα) y suministra (παρασχομένη) la substancia de la que se nutre el quehacer de la cosa puacuteblica431

Si se pudo decir que en el caso de la democracia es la muchedumbre

(de los ciudadanos) la que tiene forzosamente que ser soberana (κύριον)432 es claro que la administracioacuten de tal tipo de reacutegimen estaacute a cargo de magistratu-ras representativas de ese modelo de gobierno Siempre hay niveles de me-diacioacuten que en el caso de la Repuacuteblica ocupan una parte central del diaacutelogo La realidad soberana es una idea es decir es la Idea del Bien y la summa po-

431 Quiero aludir con esto a R VII 517c que da como caracteriacutestica del Sol su capa-cidad de engendrar la luz y de la Idea del Bien su calidad dispensadora de la ver-dad (como un objeto inteligible) a la inteligencia que tambieacuten gracias al Bien es ca-paz de comprenderla 432 Cf Aristoacuteteles Poliacutetica VII (VI) 1317b5

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testas estaacute ahora en manos de los filoacutesofos Ellos deben conocer el Bien por un proceso de educacioacuten que los transforme en instrumentos legiacutetimos del po-der No se trata en Platoacuten directamente el tema pero indudablemente la legi-timidad forma parte del problema de la soberaniacutea Ahora bien gracias a la adquisicioacuten de ese saber superior (recordar el meacutegiston maacutethema del libro VI) se legitima el gobierno del filoacutesofo y lo transforma en instrumento de la justi-cia en la ciudad El conocimiento hace del sabio una presencia operativa del Bien en la polis Asiacute el sabio es manifestacioacuten del poder soberano del que estaacute investido gracias a su trato directo con el origen de toda autoridad

Para una explicacioacuten maacutes concreta del asunto debemos acudir ahora a la

famosa paacutegina de R V 473c-e en que se plantea la conveniencia de que los filoacutesofos reinen en las ciudades Una argumentacioacuten previa es decir referida a la identificacioacuten de la filosofiacutea y el poder poliacutetico estaacute desarrollada sobre todo en los capiacutetulos IV y VI de los comentarios preliminares Ahora es preciso a la luz de nuestros anaacutelisis anteriores sugerir que el punto decisivo se refiere a ldquoel poder poliacutetico y la filosofiacuteardquo (δύναμίς τε πολιτικὴ καὶ φιλοσοφία R V 473d3) en cuya identificacioacuten hecha en la persona del filoacutesofo estaacute la razoacuten baacutesica de la potestad suprema que este ejerce El filoacutesofo es el gobernante le-giacutetimo porque una vez identificada la filosofiacutea con el poder poliacutetico de la manera prevista por Platoacuten no existe en la ciudad otro tipo ni especie de per-sonas habilitadas para gobernar En esas circunstancias la dyacutenamis politikḗ sentildeala en el texto me parece la aparicioacuten de la summa potestas propia del filoacute-sofo Eacutel es el poder soberano en la ciudad existiendo en concordancia con la fuente soberana la idea del Bien De un modo anaacutelogo la dyacutenamis del sol de este mundo estaacute representada en la Caverna por el fuego interior y la luz que este difunde (R VII 517b)

Esta soberaniacutea de los filoacutesofos que podriacuteamos decir derivada no tiene el

caraacutecter de exclusividad pues conspirariacutea contra la condicioacuten tripartita del alma y la consiguiente especializacioacuten de actividades al interior del Estado Ni los filoacutesofos hacen el oficio de guardianes ni los guardianes sobrepasan su condicioacuten (a menos que sean elegidos para continuar su preparacioacuten como tales) ni los artesanos productores que son la gran mayoriacutea de los habitantes

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y mueven la economiacutea de la ciudad estaacuten en condiciones de exigir ademaacutes la administracioacuten de los asuntos del Estado No se trata de reyes en cuya volun-tad estaacute el poder Podemos maacutes bien considerar al rey filoacutesofo en la mejor tradicioacuten monaacuterquica ante todo como la cabeza de un poder judicial un rey-juez sometido a la ley antes del gran cambio que en la modernidad significoacute el absolutismo433 Asiacute en el caso del filoacutesofo-rey podemos decir ldquoque la vo-luntad soberana no es de ninguna manera la voluntad subjetiva del soberano es una voluntad objetiva rdquo434

Siendo asiacute las cosas creo que Platoacuten logra consolidar un punto teoacuterico

esencial a saber que su proyecto poliacutetico es fundamentalmente distinto de los otros sistemas en uso entre los helenos mdashdemocracia oligarquiacutea y en oca-siones tiraniacuteamdash en razoacuten de que el suyo propone un cambio radical Este cambio incide en lo siguiente que el origen y fuente de la potestad suprema es la Idea del Bien por cuyo conocimiento los sabios se hacen acreedores del poder supremo (tanto en un sentido general como en un sentido juriacutedico) y soberanos (reyes) del Estado por esa misma razoacuten De ahiacute la importancia ca-pital atribuida a la educacioacuten en especial la de guardianes y gobernantes cuyo curriacuteculo de estudios es cuidadosamente explicado en el libro seacuteptimo No es el caso entonces de idear nuevas magistraturas ni alguacuten ingenioso sis-tema electoral Se preparoacute el camino mediante la demostracioacuten del valor fun-damental de la justicia y las virtudes cardinales Luego con la comprobacioacuten de la estructura correlativa entre el alma individual y la sociedad organizada se consolidoacute la conformacion del edificio de la polis Finalmente la piedra an-gular que sosteniacutea el arco en su veacutertice es su teoriacutea de las Ideas en otras pala-bras la Idea del Bien Esta es la cima donde el filoacutesofo ha colocado con brillo el objeto superior del que pende el disentildeo en su totalidad

433 ldquoLe roi des temps feacuteodaux eacutetait un roi-juge par la loi il eacutetait sub lege rdquo Ber-trand de Jouvenel De la Souveraineteacute agrave la Recherche du Bien Politique Paris 1955 pg 245 434 B de Jouvenel op cit pg 267

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e r r a r e m e h e r c u l e m a l o c u m P l a t o n e ldquo iexcl P o r H eacute r c u l e s P r e f i e r o e q u i v o c a r m e c o n P l a t oacute n rdquo

(Marco Tulio Ciceroacuten Disputaciones Tusculanas I 39)

Page 4: POLITEIA - Diadokhé

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L i b r o V I I 1 3 3 L i b r o V I I I 1 4 0 L i b r o I X 1 4 8 L i b r o X 1 5 6 C T E M A S D E E S T U D I O I iquest H a y e s c l a v o s e n l a c i u d a d p l a t oacute n i c a 1 6 6 I I L a s o b e r a n iacute a e n l a c o n s t i t u c i oacute n p l a t oacute n i c a 1 7 5 B I B L I O G R A F Iacute A B Aacute S I C A 1 8 7

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Proemio Esta obra estaacute concebida como una iniciacioacuten a algunos grandes temas

de la filosofiacutea platoacutenica en la perspectiva de la Repuacuteblica Me he dejado llevar quizaacute demasiado libremente por mis propios intereses de modo que se halla-raacute que hay cosas que son aquiacute analizadas con detencioacuten mientras que otras mdashque tal vez podriacutean motivar maacutes intensamente a un lector de la Repuacuteblica mdash son apenas revisadas o en circunstancias ni siquiera mencionadas Es en ese sentido un estudio personal una meditacioacuten acerca de los contenidos de una obra de proporciones tan vastas y de tan profundo significado como la Poli-teia A pesar de ello este diaacutelogo es considerado tradicionalmente fuertemen-te representativo de aspectos fundamentales del pensamiento de Platoacuten de modo que me he esforzado por hacer de este trabajo tambieacuten una suerte de estudio introductorio a su pensamiento

El fondo temaacutetico del libro estaacute dividido en tres partes bien definidas a

saber los comentarios introductorios en los que se analiza de alguacuten modo la obra en estudio y se comenta el alcance de algunos temas fundamentales Luego estaacute la presentacioacuten analiacutetica del diaacutelogo en que el texto entero de la obra ha sido contraiacutedo analiacuteticamente en sus elementos esenciales Es una suerte de versioacuten resumida de lo que se supone constituye los componentes que estructuran el discurso de la obra en su totalidad Para tener una idea las 411 paacuteginas del texto griego de Burnet han sido reducidas en esta presenta-cioacuten a no maacutes de un sexto del total Ese trabajo de una dificultad no faacutecil de imaginar estaba ya hecho y en forma excepcionalmente bien lograda por James Adam en su libro claacutesico The Republic of Plato editado en 1902 Junto a los abundantes comentarios que trae esta obra se van intercalando a lo largo de toda ella en letra cursiva y a intervalos regulares una suerte de resuacuteme-nes del texto que en su conjunto son ya en siacute mismos todo un logro Lo que hago entonces en esta seccioacuten es baacutesicamente traducir esos trozos intervi-niendo aquiacute o allaacute con alguacuten antildeadido o cambio y adicionando la terminologiacutea griega que me ha parecido interesante resentildear A todo ello he agregado abundantes notas al pie de paacutegina como si se tratase de comentarios hechos

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frente a un texto completo de la Repuacuteblica Palabras griegas han sido impresas en diversas ocasiones con la benigna intensioacuten de ayudar un poco al que sa-be sin entorpecer al que ignora

Por uacuteltimo una tercera parte son los temas de estudio que surgieron de

investigaciones especiacuteficas sobre aspectos relacionados con nuestro diaacutelogo pero que normalmente no formariacutean parte de una introduccioacuten en liacuteneas tra-dicionales acerca de la obra Son esbozos sobre asuntos de valor complemen-tario que considero uacutetiles de ser destacados Alliacute se incluye un trabajo ya pu-blicado1

Fue importante para llevar a teacutermino esta obra un aporte del Fondo de

Desarrollo de la Docencia de la Pontificia Universidad Catoacutelica asiacute como la inestimable ayuda que significoacute para miacute la concesioacuten de un sabaacutetico por parte del Sentildeor Rector de la Universidad Dr Juan de Dios Vial Correa

1 ldquoMimesis y contemplacioacuten en el libro deacutecimo de la Repuacuteblica de Platoacutenrdquo en Escritos de Teoriacutea I Santiago de Chile (1976) 85-95

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τ ί ν α τ ρ ό π ο ν μ ε τ α χ ε ι ρ ι ζ ο μ έ ν η π ό λ ι ς φ ι λ ο σ ο φ ί α ν ο ὐ δ ι ο λ ε ί τ α ι

ldquode queacute manera un Estado que practica la filosofiacutea

puede evitar su destruccioacutenrdquo

(R VI 497d)

A COMENTARIOS PRELIMINARES I Cronologiacutea del diaacutelogo La criacutetica contemporaacutenea ubica claramente a la Repuacuteblica en un lugar

central entre los diaacutelogos del periacuteodo llamado medio y le confiere una impor-tancia crucial como obra representativa del pensamiento de Platoacuten Es proba-ble que haya sido escrita con posterioridad al Fedoacuten y al Banquete y que como es natural por su extensioacuten extraordinaria haya demorado un tiempo sufi-cientemente largo en escribirse La obra posee un aliento unitario y no parece necesario postular mdashcon estudiosos como Ritter von Arnim Friedlaumlnder o maacutes recientemente Vlastosmdash una redaccioacuten maacutes temprana del libro I2 Las conjeturas nos llevan a ubicar la obra terminada en una fecha media en torno al 3753 es decir hacia los cincuenta y cinco antildeos de la edad de su autor

2 ldquo continuacutea siendo difiacutecil sin embargo dice W K C Guthrie (Historia de la Filoso-fiacutea Griega vol IV pg 419) considerar que el libro primero se concibioacute alguna vez pa-ra otro lugar que no fuera el que ahora ocupardquo Charles H Khan considera que el libro I ldquocontains massive anticipations of the following booksrdquo en lo que el autor llama el uso platoacutenico de ldquocomposicioacuten proleacutepticardquo (que podriacuteamos considerar co-mo una cierta figura retoacuterica de anticipacioacuten) y concluye que no hay argumentos soacutelidos para separar el libro I del resto de la obra (ldquoProleptic Composition in the Republic or why Book 1 was never a separate Dialoguerdquo en The Classical Quarterly vol XLII Nordm 1 (1993) 131-142 En apoyo de la misma tesis J R S Wilson proporcio-na nuevos ejemplos de anticipacioacuten que sostiene son ldquotan sorprendentes y tan sig-nificativos como cualquiera de los que ltKahngt citardquo (ldquoThrasymachus and the Thu-mos A further Case of Prolepsis in Republic Irdquo en The Classical Quarterly vol XLV Nordm 1 (1995) pg 58 3 A Diegraves en su Introduccioacuten a La Reacutepublique pg CXXXVIII (Platon Oeuvres Com-plegravetes tome VI Paris 1965 (1932) sostiene que la fecha media del 375 es muy ad-misible para fijar al menos provisoriamente un terminus ante quem para la redac-cioacuten de la obra

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II El tema principal de la obra y sus secciones El tiacutetulo de la obra estaacute bien establecido por la tradicioacuten y es ΠΟΛΙΤΕΙΑ

(Politeia) es decir ldquoconstitucioacuten del estadordquo ldquoforma de gobiernordquo De un mo-do maacutes concreto politeiacutea puede significar el ldquogobiernordquo o la ldquoadministracioacuten del estadordquo de ahiacute que aveces se interprete simplemente como ldquoEstadordquo A pesar de la criacutetica que a menudo se hace acerca de su versioacuten latina como res publica es conveniente recordar que con este vocablo no solo se designaba en latiacuten los ldquoasuntos del Estadordquo o las actividades propias de este sino ademaacutes el ldquobien puacuteblicordquo la ldquoconstitucioacutenrdquo como una forma particular de gobierno y en forma maacutes especiacutefica ldquoun Estado en el que todos los ciudadanos partici-pan un Estado librerdquo como puede serlo un gobierno opuesto a la tiraniacutea4 Por otra parte el problema con ldquoRepuacuteblicardquo quizaacute estaacute maacutes bien en el uso comuacuten de la lengua que le da un significado casi uacutenico de ldquorepuacuteblicardquo como sistema de gobierno si bien puede tener entre nosotros el sentido mucho menos fre-cuente de cuerpo poliacutetico de la nacioacuten5 o incluso de ldquoestadordquo en cuanto ldquonacioacuten organizada poliacuteticamenterdquo6

En la Politeia de Platoacuten se plantea entonces como su tiacutetulo lo sugiere la

creacioacuten de una repuacuteblica ideal imaginada por el filoacutesofo Ahora bien este reacute-gimen poliacutetico es visto en estrecha relacioacuten y casi total identidad con la justi-cia la que es concebida tanto como una virtud esencial en el estado como en los individuos En esas circunstancias la justicia personal es en letras peque-ntildeas lo que la justicia colectiva es en letras maacutes visibles por su mayor tamantildeo Hay pues una justicia del hombre individual y una de la ciudad entera (Rep II 368 d-e) cuya diferencia estriba al parecer maacutes en su apariencia externa que en su realidad interior En todo caso Platoacuten hace hincapieacute en las cuestio-nes de meacutetodo en que como a quien no goza de buena vista le han de permi-

4 Oxford Latin Dictionary 1635 en el que se cita el siguiente texto de Ciceroacuten (Q fr I I 29) ldquoPlato tum denique fore beatas res publicas putauit si sapientes homines eas regere coepissentrdquo 5 Diccionario de la Real Academia 6 Mariacutea Moliner Diccionario de uso del espantildeol Madrid 1988 La palabra latina ciuitas comporta tambieacuten algunos de los significados de politeia

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tir leer primero las letras grandes que representan a la justicia en la ciudad Luego se le dejaraacute investigar si las maacutes pequentildeas mdashsignos de la justicia indi-vidualmdash ldquosucede que son la misma cosardquo (ibid)

Vemos asiacute inextricablemente unidos los temas de la politeia que gobier-

na nuestras almas con el tema de esa misma politeia que rige sustentada por una justicia corporativa el cuerpo poliacutetico de la ciudad Y del mismo modo que se busca establecer la condicioacuten del hombre verdaderamente justo se intenta describir la situacioacuten de un reacutegimen poliacutetico gobernado por la justicia De ahiacute que con justa razoacuten Proclo insiste en la importancia del ldquopasordquo de una constitucioacuten a otra7 ya que es mediante estas delicadas transposiciones de individuo y colectividad que Platoacuten deja en evidencia la temaacutetica fundamen-tal del largo itinerario de su libro Hay asiacute una politeia que existe en el inte-rior del hombre (ἐν αὑτῷ πολιτείᾳ IX 591 e) y otra que en uacuteltimo teacutermino tiene como ciudad ldquoen el cielordquo (ἐν οὐρανῷ IX 592 b) su propio modelo Este se ha de transformar a su vez en norma del reacutegimen interior Es claro entonces que depende de la comprensioacuten que se tenga del sentido maacutes pro-pio de justicia en la Repuacuteblica para entender finalmente cuaacutel es el plan y la temaacutetica maacutes verdaderos del diaacutelogo

Por otra parte parece conveniente el realizar algunas divisiones a lo lar-

go de la lectura de la Repuacuteblica obra que por su extensioacuten puede presentar dificultades a quien desea obtener una visioacuten general de caraacutecter unitario Hay muchos modos de organizar las partes del diaacutelogo bajo diversos puntos de referencia prefiero sin embargo por la simple claridad metodoloacutegica y la naturalidad de su divisioacuten las separaciones sugeridas por A Diegraves8 Se perci-ben cinco partes que corresponden a las ldquocinco masasrdquo siguientes

Libro I Libros II-IV Libros V-VII

7 Los comentarios de Proclo acerca del tema de la Repuacuteblica abarcan una parte de su primera disertacioacuten (In Rempublicam I 7-14 Kroll) 8 Platon Oeuvres Complegravetes La Reacutepublique Paris 1965 (1932) cuya introduccioacuten mdasha la que aquiacute se aludemdash corresponde a A Diegraves

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Libros VIII-IX Libro X Son divisiones loacutegicas que parecen acomodarse bien con un tema cen-

tral en el diaacutelogo que es el de la justicia cuya condicioacuten de virtud social se armoniza a lo largo de toda la obra con su caraacutecter personal de virtud inte-rior de los individuos De este modo ldquojusticia social y justicia individual or-den de la ciudad y orden del alma se entremezclaraacuten sin cesar a traveacutes de todo el diaacutelogordquo9 Desde ese punto de vista no hay razoacuten entonces para pre-guntarse acerca del tema principal y secundario de la obra puesto que ldquoel tema es uno solo es la Repuacuteblica (perfecta) o la Justiciardquo10 En otras palabras no hay verdadero reacutegimen poliacutetico u ordenacioacuten ciacutevica sin justicia verdadera entendida esta como una virtud ciacutevica y personal Es conveniente sin embar-go establecer con mayor precisioacuten queacute se entiende por justicia en su doble dimensioacuten individual y social ya que la totalidad del diaacutelogo se mueve entre esos extremos

III La justicia Las primeras discusiones acerca de la justicia se entablan en el libro

primero e inicios del segundo de la Repuacuteblica Estas tienen una funcioacuten clara-mente preliminar y pueden ser apreciadas mediante la lectura de la presen-tacioacuten analiacutetica del diaacutelogo En consecuencia la buacutesqueda de una compren-sioacuten maacutes definitiva de la justicia se inicia a partir del libro II 368c en que Soacute-crates invoca la necesidad de alguien de ldquovisioacuten penetranterdquo El maestro hace ver a su vez la conveniencia de una lectura basada en letras de mayor tama-ntildeo Podemos decir entonces que Platoacuten se propone explicar las letras chicas mdashque sentildealan la justicia individualmdash mediante las letras maacutes grandes repre-sentativas de la justicia social y poliacutetica De ahiacute surge su anaacutelisis de coacutemo nace una ciudad precisamente con el objetivo de observar el desarrollo de la justi-cia y la injusticia y hallamos que la razoacuten de su nacimiento estaacute en el hecho de que nadie se basta a siacute mismo (οὐκ αυτάρκης) Se antildeade que en su indi-gencia se le crean a los hombres necesidades concretas mdashcomo pan techo y

9 A Diegraves op cit pg XII 10 Ibid pg XII

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abrigomdash que en la praacutectica ldquohacenrdquo una ciudad11 Asiacute ldquocada cual ltrealizagt un solo lttrabajogtrdquo (εἳς ἓν II 370 c)12 en la ciudad puesto que se sirve mejor a las necesidades del conjunto mediante la distribucioacuten de actividades hechas en forma oportuna (ἐν καιρῷ) y en conformidad con la naturaleza (κατὰ φύσιν) individual

Luego la ciudad se acrecienta incluso aparece el lujo y se franquean los

liacutemites de lo necesario las ansias de poseer llevan finalmente a las guerras y la formacioacuten de los ejeacutercitos Pero se busca una ciudad unitaria y se insiste por tanto una vez maacutes en distribuir un solo ldquotrabajordquo (ἔργον IV 423d) par cada cual conforme a las dotes naturales (πέφυκεν) de los individuos No hay que olvidar que se estaacute en busca de la justicia social para clarificar a su vez la justicia individual El ergon de cada cual no es el mero oficio a pesar de que en sus inicios la ciudad se distribuye mediante teacutecnicas artesanales Un ergon termina siendo una actividad enraizada en la naturaleza misma de un individuo Es aquello que manifiesta con mayor perfeccioacuten la condicioacuten iacutenti-ma de cada sujeto13 Sucede por otra parte que esa actividad es la ldquoaccioacutenrdquo que proyecta por decir asiacute al ser individual en el aacutembito de la ciudad que aquiacute se construye Es decir siendo el ergon lo maacutes propio de la accioacuten perso-nal debe ser a su vez mdashen la ciudad platoacutenicamdash la maacutes perfecta manifesta-cioacuten de sus compromisos comunitarios

Del ergon entonces llegamos a la ldquovirtudrdquo (ἀρετή) puesto que se en-

tiende que la ciudad mdashque en un sentido amplio tomamos como sinoacutenimo de politeiamdash alcanza su areteacute cuando ha completado su ciclo de perfeccioacuten En otras palabras lo que llamamos ldquovirtudrdquo es en realidad la ldquoexcelenciardquo de algo y suponemos que la justicia es precisamente aquello por lo que la ciu-

11 ldquoiexclEa pues dije yo hagamos (ποιῶμεν) la ciudad desde sus inicios y como pa-rece seraacuten nuestras necesidades (χρεία) las que la haraacutenrdquo (II 369c) 12 Rep II 370c ldquocuando un individuo realice un oficiordquo una foacutermula de gran conci-sioacuten 13 Los significados baacutesicos de ergon son ldquotrabajo hecho ejecucioacuten funcioacutenrdquo (cf Rep 335d) Es ilustrativo ver el caso de ϝέργον gt weork gt work No solo el substantivo sino el verbo ingleacutes revelan ese aspecto de ldquofuncioacutenrdquo

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dad obtiene su areteacute 14 Decimos entonces finalmente que la justicia se instau-ra en la ciudad cuando cada cual en lo que respecta a los asuntos de la ciu-dad se ve en la situacioacuten de ocuparse en una sola actividad15 y que esa acti-vidad uacutenica a la que se atiende es resultado de la disposicioacuten innata maacutes apropiada para su naturaleza16 La ldquonaturalezardquo es por consiguente un prin-cipio de actividad inherente que surge del fundamento mismo de la cosa por lo que ella estaacute en disposicioacuten de hacer lo que le es apropiado En el caso de la naturaleza humana esta posee un aacutembito de amplia actividad que tiene evi-dentemente al interior de una gradacioacuten un punto de culminacioacuten que po-demos designar como lo ldquomaacutes apropiadordquo lo ldquomaacutes aventajadordquo17 Supone-mos que es lo maacutes propio que esa naturaleza puede hacer para siacute y lo maacutes ventajoso que ella puede realizar para la comunidad social de la polis En esas circunstancia justicia en el sentido que venimos hablando es ldquohacer lo pro-pio de siacute mismo y no entrometerseldquo multiplicando sus ocupaciones18 pero teniendo en cuenta por otra parte que lo maacutes propio es tambieacuten lo mejor pa-ra la ciudad

Asiacute entonces concluye Platoacuten esta revisioacuten de la justicia dejando sen-

tado su punto de vista con una expresioacuten que vuelve a puntualizar en IV 433b en la que se dice que en cierto sentido resulta que la justicia parece que es hacer lo propio de siacute mismo19

He sacado un poco toscamente la frase desde el griego con la intencioacuten de mostrar cuaacuten flexible es la presentacioacuten que hace Soacutecrates de su caso Y el

14 Cf Rep IV 432b 15 Asiacute me parece que es una interpretacioacuten correcta de ὅτι ἑνα ἕκαστν ἕν δέοι ἐπιδεδύειν τῶν περὶ τὴν πόλιν (433a) 16 Del mismo modo me parece tambieacuten que este es un sentido propio de la frase que viene a continuacioacuten de la inmediatamente anterior εἰς ὃ αὐτοῦ ἡ φύσις ἐπιδειοτάτη πεφυκυῖα εἴη 17 Dos de los sentidos a mi parecer maacutes relevantes de epiteacutedeios en el texto que co-mentamos 18 Rep IV 433a τὸ τὰ αὑτοῦ πράττειν καὶ μὴ πολυπραγμονεῖν 19 La frase estaacute dicha como se ve de un modo tentativo Por ldquolo propiordquo quiero entender algo asiacute como ldquolas actividades propiasrdquo pues parece apuntar de alguna manera al ergon de cada cual

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antildeadido anterior que indica que hay que abstenerse de multiplicar las ocupa-ciones (μὴ πολυπραγμονεῖν) nos advierte ya que se trata de una explicacioacuten de tipo social la que se da acerca de la justicia aunque sostenida en nuestros propios siacute mismos Ademeaacutes realizar lo propio de cada uno llama a evitar a nombre de la naturaleza propia sobre todo esa injerencia indiscreta (πολυπραγμοσύνη IV 434b7 y 9) entre los tres geacuteneros o clases (se habla de genos y eidos) de ciudadanos20 maacutes que promover injerencias menores al inte-rior de estos geacuteneros La razoacuten de esto a mi entender estaacute en la mayor tras-cendencia poliacutetica que tendriacutea una intromisioacuten entre los diversos oacuterdenes en especial en lo relativo al gobierno de la ciudad

Pero hay una segunda explicacioacuten de la justicia (ya que no me atrevo a

hablar de definiciones) que surge de un paralelo entre ciudad e individuo Aquiacute se supone que a la condicioacuten tripartita de la polis mdashseparada en tres geacuteneros de ciudadanosmdash corresponde una distincioacuten de tres aspectos o espe-cies (se usa por lo general indistintamente eidos y genos) al interior del alma de cada individuo No es faacutecil determinar piensa Platoacuten si aprendemos con un elemento nos apasionamos con otro y apetecemos con un tercero placeres como los de la crianza y la generacioacuten o si es con toda nuestra alma que ha-cemos cada una de estas actividades (IV 436a-b) Luego de un anaacutelisis ex-haustivo del asunto en que se pone en evidencia que aquello que se predica como propio de un objeto es solo propio de ese objeto y que por otra parte hallamos en las almas por ejemplo algo que impulsa a beber y algo que re-frena de hacerlo se concluye que en una misma alma se puede encontrar una especie racional mdashlogistikoacutenmdash con que se razona y una irracional y con-cupiscible mdashaloacutegiston y epithymetikoacutenmdash con que se apetece Una tercera espe-cie diferente es la pasioacuten o coacutelera mdashthymoacutesmdash con la que nos encolerizamos Las tres especies del alma (racional irascible concupiscible) estaacuten entonces en paralelo con las tres clases del estado Del mismo modo la ciudad es justa cuando cada geacutenero hace lo que le es propio y el alma es justa cuando cada especie o aspecto de ella realiza a su vez lo que le es propio (cf IV 441c-e)

20 Rep IV 434 b-c ldquoAsiacute pues la ingerencia entre los tres geacuteneros existentes y el cambio de unos a otros es la lesioacuten maacutes grande para la ciudad y la que podriacutea espe-cialmente calificarse de crimenrdquo

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Ahora bien es a lo racional en ella a lo que compete gobernar De este modo tanto en el individuo justo como en la ciudad justa ha de gobernar lo mejor Las letras mayores nos han permitido reconocer que la justicia corres-ponde a una interaccioacuten natural entre las clases del cuerpo social por la que se discierne claramente quien manda y quien obedece y a su vez la lectura de las letras maacutes pequentildeas ha puesto en evidencia coacutemo es que se considera justa un alma en que gobierna lo mejor21

IV La identificacioacuten de filosofiacutea y poliacutetica El trazado del tema desarrollado en la Repuacuteblica deja en evidencia una

preocupacioacuten fundamental de Platoacuten a saber su decisioacuten de demostrar que la filosofiacutea de la que habla es en esencia una misma cosa que la poliacutetica Esta verdadera identificacioacuten de una y otra lleva en siacute una importante consecuen-cia que consiste en un virtual acrecentamiento del aacuterea de comprensioacuten sig-nificativa tanto de la poliacutetica como de la filosofiacutea Para decirlo mediante una aproximacioacuten la poliacutetica se vuelve maacutes teoacuterica y la filosofiacutea maacutes praacutectica De ahiacute que se entienda que la filosofiacutea se identifica con la poliacutetica de un modo semejante a como la posesioacuten de una ciencia determinada implica el manejo y ejercicio efectivo de ella o como el conocimiento de una cierta disciplina se hace una misma cosa con un arte determinado22 Filosofiacutea y poliacutetica son en-tonces identificables en la medida en que ambas conforman una totalidad integrada que supera o tiende a superar la distincioacuten entre teoriacutea y praacutectica

21 Rep IV 441c ldquoCon estas declaraciones dije yo hemos hecho praacutecticamente la navegacioacuten y se ha producido entre nosotros un razonable acuerdo de que las mis-mas clases que existen en la ciudad y en el mismo nuacutemero se dan tambieacuten en el al-ma de cada individuordquo (Trad G Goacutemez Lasa Platoacuten La Repuacuteblica vol I Valdivia 1983) 22 Platoacuten considera en general como praacutecticamente sinoacutenimos los teacuterminos episteme y tekhne el conocimiento cientiacutefico qu es la episteme supone la aprehensioacuten de las Ideas y las acciones del artesano y artista importan un saber semejante de los para-digmas ideales De ahiacute el sentido maacutes especiacutefico de tekhne como conjunto de nor-mas sistema o meacutetodo de hacer (cf Fedro 245 LSJ)

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La base de sustentacioacuten filosoacutefica de toda la Repuacuteblica estaacute en la doctri-na que consagra como fundamento de la existencia e inteligibilidad de todas las cosas a la Idea del Bien y su derivado inmediato la teoriacutea de las Formas Es una teoriacutea porque a partir de ella se construye la totalidad del proyecto poliacutetico de Platoacuten Se concibe ademaacutes que estas Formas o Ideas mdashque son los objetos propios del entendimientomdash son precisamente los objetos propios del entendimiento que hace filosofiacutea Ahora bien cuando Platoacuten analiza la realidad de la polis y los asuntos relacionados con ella reflexiona acerca de coacutemo pensar y poner en realizacioacuten una ciudad sustentada sobre los maacutes soacute-lidos fundamentos filosoacuteficos Ahora bien su teoriacutea de las Ideas le proporcio-na el sustento metafiacutesico que necesita para otorgarle a su visioacuten de las reali-dades ciacutevicas las caracteriacutesticas de un discurso cientiacutefico

En esas circunstancias las Ideas que eacutel ha concebido como inteligibles

es decir capaces de ser comprendidas por un entendimiento se muestran como representaciones de ese Bien Porque se puede afirmar que ellas son cada cual el Bien en cuanto que tal Idea Eso significa que cada ser en cuanto que es algo determinado es bueno y cada Idea mdashcomo lo es la justicia en siacutemdash es manifestacioacuten inteligible de ese Bien La Idea del Bien es simple una en su unicidad y anterior a toda diversificacioacuten producida en cada Forma Con-forme al esquema trazado por Platoacuten las Ideas aparecen como el factor origi-nario de todo pensamiento cientiacutefico De ahiacute que ellas son el fundamento de nuestro saber acerca del hombre en cuanto realidad ciacutevica y social Ellas ademaacutes se erigen en el elemento unificador de todas las diversidades que necesariamente existen en los objetos de cada ciencia y transforman a la vez a esos objetos en materia unificada totalizada para los fines de su tratamiento epistemoloacutegico

Las Ideas son en cuanto las referimos al pensamiento diversidad en la

unidad y unidad en la diversidad del toda realidad inteligible Siendo ade-maacutes estas Ideas objetos estables de la inteligencia (la justicia en siacute por ejem-plo deberiacutea ser invariable) la ciencia que se halla sostenida en uacuteltimo teacuter-mino por ellas puede transformarse en conocimiento teoacuterico integrador de un aacuterea especiacutefica del saber Por otra parte toda ciencia contiene al mismo

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tiempo en siacute un conglomerado de cosas marcadas por la concrecioacuten de lo in-dividual Porque la ciencia no es solo teoriacutea puesto que ha surgido como res-puesta explicativa a un conjunto determinado de situaciones y de fenoacutemenos concretos

De ahiacute que por una parte proyectar la ciudad en torno a la justicia es

pensarla en una cierta relacioacuten de intimidad con el Bien en especial del Bien en cuanto que justo Aunque este Bien por otra parte que es entendido como una realidad simple y liberada de toda configuracioacuten inteligible no compor-ta por eso mismo diversidad de ninguacuten geacutenero Ahora bien lo justo en siacute es representacioacuten inteligible de ese Bien en cuanto se manifiesta diversificada-mente a modo de justicia y asiacute de todas las otras virtudes De este modo las grandes virtudes de la repuacuteblica (las cuatro virtudes cardinales que se propo-nen como modelos del actuar individual y social) son vistas en abstraccioacuten Ideas claves en iacutentima conexioacuten con el Bien absoluto

No hay otro modo de manifestacioacuten primera para la Idea del Bien que

mediante la trama racional de las Ideas las que devienen en instrumento for-zoso de manifestacioacuten inteligible de la Bondad para toda inteligencia La realidad profunda de esta doctrina es puesta esforzadamente en evidencia en las tres alegoriacuteas centrales de la obra a saber el Sol la Liacutenea y la Caverna Porque aunque el Bien no se manifiesta racionalmente al entendimiento por estar maacutes allaacute de lo real (ἐπέκεινα τῆς οὐσίας Rep 509 b) el ser la Idea en cambio se manifiestan al entendimiento por medio de un cierto aislamiento epistemoloacutegico que acontece a la par de su conformacioacuten entitativa Porque la realidad se hace efectivamente presente en ese entendimiento a modo de aprehensioacuten diversificada de la realidad ideal El pensamiento es ante todo comprensioacuten inteligible de la realidad

De ese modo la poliacutetica al interior de la concepcioacuten platoacutenica de la Re-

puacuteblica es en sus grados supremos un conocimiento una ciencia que en su manifestacioacuten maacutes profunda se la denomina el ldquoconocimiento superiorrdquo23

23 Rep VI 505a ldquo pues me has oiacutedo decir muchas veces que el maacutes sublime objeto de conocimiento es la idea del bien que es la que asociada a la justicia y a las demaacutes

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Parece casi paradoacutejico que sea precisamente este conocimiento maacutes teoacuterico el que haga ldquouacutetiles y beneficiosasrdquo a la justicia y demaacutes virtudes pero la misma discusioacuten presentada hasta aquiacute muestra la estrecha relacioacuten que integra lo concreto a lo abstracto mediante la asociacioacuten con el Bien Asiacute entonces pare-ce claro que para Platoacuten sin el conocimiento del Bien es imposible pensar o hacer poliacutetica mdashque en uacuteltimo teacutermino seriacutea lo mismo que pensar y hacer fi-losofiacuteamdash en cuyo saber se encuentra justamente la aprehensioacuten de lo justo en siacute Porque es precisamente la justicia la que como se ha visto toca los extre-mos de lo personal y lo social e integra la dimensioacuten psicoloacutegica y poliacutetica en una ecuacioacuten de no faacutecil comprensioacuten y cuyas incoacutegnitas son al parecer ex professo dejadas abiertas ldquohacer lo propio de siacute mismordquo

La poliacutetica en consecuencia comporta ese saber capital gracias al cual

se hace realidad su virtual identificacioacuten con la filosofiacutea Los teacuterminos de esa identificacioacuten son claramente expresados por Platoacuten en ese pasaje famoso que para efectos de su discusioacuten me permito citar aquiacute

ldquoa menos mdashproseguiacutemdash que los filoacutesofos reinen en las ciudades24 o que cuan-

tos ahora se llaman reyes y dinastas practiquen noble y adecuadamente la filosofiacutea que vengan a coincidir una cosa y otra la filosofiacutea y el poder poliacutetico y que sean detenidos por la fuerza los muchos caracteres que se encaminan separadamente a una de las dos no hay amigo Glaucoacuten tregua para los males de las ciudades ni tampoco seguacuten creo para los del geacutenero humano ni hay que pensar en que antes de ello se produzca en la medida de lo posible ni vea la luz del sol la ciudad que hemos trazado de palabrardquo (V 473 d-e)

En el contexto de esta discusioacuten es decisiva la afirmacioacuten ldquoque vengan a coincidir una cosa y otra la filosofiacutea y el poder poliacuteticordquo25 La clave de la ciu-

virtudes las hace uacutetiles y beneficiosasrdquo Platoacuten La Repuacuteblica edicioacuten de JM Paboacuten M Fernaacutendez -Galiano Madrid 1969 24 ldquoThis is perhaps the most famous sentence in Platordquo Paul Shorey Plato V Repu-blic II London 1969 p 508 n a 25 καὶ τοῦτο εἰς ταὐτὸν συμπέσῃ δύναμις τε πολιτικὴ καὶ φιλοσοφία Conviene tomar nota de la traduccioacuten de P Shorey op cit ldquo and there is a conjunction of these two things political power and philosophical intelligencerdquo

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dad platoacutenica se muestra aquiacute en esta coincidencia entre la filosofiacutea y el poder poliacutetico La argumentacioacuten de Platoacuten tiene alcances dignos de destacar Poco antes de estas afirmaciones en la Repuacuteblica Soacutecrates ha tenido que hacer fren-te a las presiones de Glaucoacuten que le recuerda la tarea que se ha impuesto mdashy que ha pospuesto dos vecesmdash de demostrar que un Estado como el que se ha descrito es posible26

Estas son las ldquodos primeras oleadasrdquo27 que ha recibido de su interlocu-tor y ante ldquola maacutes grande y difiacutecil de vencerrdquo decide enfrentar el asunto de una vez Lo que se habiacutea investigado antes acerca de la justicia en siacute dice Soacute-crates se habiacutea discutido en razoacuten del modelo28 ldquopero no con el propoacutesito de mostrar que era posible la existencia de tales hombresrdquo (472d) En tales cir-cunstancias es preciso piensa Soacutecrates tener presente que es maacutes natural que la palabra participe maacutes de la verdad que lo que la accioacuten praacutectica puede ha-cerlo Es decir el discurso hablado (λέξεως) se acerca maacutes a la verdad que la realizacioacuten de este discurso a la verdad En trataacutendose entonces de discursos como los presentes para decidir acerca del asunto de ldquollevar algo a la praacutecti-cardquo (πραχθῆναι 473a) es necesario plantearse cuaacutel puede ser la maacutes proacutexima cercaniacutea (ὡς ἂν ἐγγύτατα) al tema discutido discursivamente

El asunto entonces de la teoriacutea y la praacutectica pasa a traveacutes del hilo con-

ductor del habla como palabra discursiva La palabra es mediadora y se puede describir una ciudad mucho maacutes cercana a la verdad del paradigma pero maacutes alejada por eso mismo de la realidad concreta Ahora hacerlo con la palabra misma como mediadora maacutes flexible que la verdad pura y la con-crecioacuten indoacutecil Platoacuten emprende la tarea de describir una aproximacioacuten Hay que investigar queacute es lo que hoy impide a las ciudades el ser gobernadas con-forme al paradigma ideal puesto que mediante esto se podraacute descubrir cuaacutel

26 Rep 471e ldquola cuestioacuten de si es posibles que exista un tal reacutegimen y hasta donde lo esrdquo 27 Rep 472a Son incursiones repentinas de Glaucoacuten un poco cansado de la divaga-ciones mdashseguacuten su propia percepcioacutenmdash de la discusioacuten de Soacutecrates La maacutes proacutexima embestida no deja salida a Soacutecrates ldquoCuanto maacutes te excusas mdashdijomdash maacutes te estre-charemos a que expliques coacutemo puede llegar a existir el reacutegimen de que tratamos Habla pues y no pierdas el tiempordquo (472a-b) traduccioacuten J M Paboacuten M Fernaacuten-dez Galiano 28 Rep 472c παραδείγματος ἄρα ἕνεκα

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es propiamente el mal Y he aquiacute que el mal en las ciudades es lo que se hace mal (κακῶς πράττεται 473b) y lo que en forma prominente estaacute malamen-te hecho es separar la poliacutetica de la filosofiacutea En esa perspectiva lo menos que hay que hacer es decir la maacutes proacutexima cercaniacutea lo maacutes a la mano para poner en la praacutectica la ciudad ideal consiste precisamente en instaurar en la ciudad esta coincidencia ahora ausente

Acercaacutendose entonces a ese momento de identificacioacuten

ldquocreo mdashprosigue Soacutecratesmdash que cambiando una sola cosa podriacuteamos mos-trar que cambiariacutea todo no es ella pequentildea ni faacutecil pero siacute posible (473c)

Este cambio que sentildeala la buacutesqueda de un compromiso entre la teoriacutea y la accioacuten y que funda la identificacioacuten de la poliacutetica y la filosofiacutea en la ciudad se logra mediante un procedimiento que puede pasar inadvertido a primera vista Y es que esta identidad se hace realidad al hacerse efectiva en la perso-na concreta del filoacutesofo gobernante o alternativamente del gobernante trans-formado en filoacutesofo Al decir Soacutecrates que son la filosofiacutea y el poder poliacutetico los que vienen a coincidir en un solo ser la expresioacuten usada es la siguiente καὶ τοῦτο εἰς ταὐτὸν συμπέσῃ cuya interpretacioacuten (puesta en cursiva) seriacutea y que esto es decir el poder poliacutetico y la filosofiacutea coincida en la misma perso-na29 Por consiguiente lo que en primera instancia se identifica con la filosofiacutea no es la poliacutetica en general sino el poder poliacutetico (δύναμις πολιτική) mediante la instauracioacuten del filoacutesofo gobernante30 El saber filosoacutefico es ya la ciencia poliacutetica en la medida que la filosofiacutea es una episteme de las Ideas en especial en este caso la cuaternidad de virtudes que constituyen el centro de ese sa-ber y cuya fuente originaria es el Bien

29 Esta interpretacioacuten de esta frase clave la he encontrado solo en la traduccioacuten de Gastoacuten Goacutemez Lasa en Platoacuten La Repuacuteblica vol I Ed Universidad Austral de Chile Valdivia 1983 Dice ldquo y no coincida en una misma persona el poder poliacutetico y la filosofiacutea (el subrayado es miacuteo) A modo de ejemplo me parece aquiacute inadecuada la versioacuten de P Shorey ldquoand there is a conjunction of these two things political po-wer and philosophic intelligencerdquo 30 Una revisioacuten maacutes pormenorizada de este aspecto del problema es tratado en mi artiacuteculo ldquoPlatoacuten y la soberaniacutea del Estadordquo Revista de Filosofiacutea Universidad de Chile vol XXXI-XXXII (1988) 37-44

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Por tanto ya la poliacutetica aparece en cierto modo absorbida por la filoso-fiacutea pero la poliacutetica es tambieacuten un arte en cuanto que sistema de accioacuten De ahiacute que el primer miembro de esta identificacioacuten sea la δύναμις πολιτική y no la poliacutetica a secas Y si bien tanto esta dyacutenamis como la filosofiacutea son realidades que pueden considerarse en abstraccioacuten de los individuos el ar-gumento de Platoacuten pone eacutenfasis en la coexistencia de ambas realidades en seres concretos donde tiene las caracteriacutesticas de una realidad existencial Ciencia y poder en consecuencia estaacuten hermanados en un individuo concre-to llamado filoacutesofo Queda asiacute en evidencia que seguacuten el parecer de Platoacuten sin esta coincidencia individualizada de ambos factores no es posible la exis-tencia concreta de una ciudad como la presentada en laRepuacuteblica y que la in-teraccioacuten solidaria de discurso y accioacuten solo es aquiacute posible es decir en cuan-to que estos coexisten en sujetos que son filoacutesofos y reyes a la vez

Asiacute como la poliacutetica en cuanto arte dice relacioacuten con el poder poliacutetico

asiacute la filosofiacutea como ciencia dice relacioacuten con las virtudes cardinales y toda virtud conforme a un postulado esencial del socratismo es un saber que se vive un conocimiento transformador de la conducta en fin una ciencia que hace bueno a quien la posee De este modo la filosofiacutea se vuelve tambieacuten un sistema de accioacuten que desemboca con naturalidad en la dynamis politikeacute El Bien entonces se erige en la realidad que sustenta y promueve esta interac-cioacuten en el filoacutesofo y rey establecieacutendose como la causa mdashαἰτίαmdash de todo lo que existe y de todo lo que se comprende en el mundo sensible e inteligible En esas circunstancias la Idea del Bien sustento racional de todo el edificio constitucional de la polis se hace accesible al entendimiento del filoacutesofo a tra-veacutes de un conocimiento superior cuya cualidad conciliadora tiene un efecto decisivo en el proceso de realizacioacuten y concrecioacuten de la ciudad ideal De ahiacute que tambieacuten tenga consecuencias nocivas el que haya tantos caracteres que se encaminan ldquoseparadamenterdquo (χωρίς 473d) a la poliacutetica y a la filosofiacutea

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V De coacutemo la Idea del Bien se hace presente en el acontecer ciacutevico mediante la justicia

Ahora bien aquellas realidades sobre las que versa la poliacutetica mdashparte

integrante del conjunto de realidades que comprende la generacioacutenmdash son de una profunda y compleja variabilidad Ellas representan un devenir de acon-tecimientos marcados por el sello de la contingencia Podriacutea decirse que Pla-toacuten contempla los acontecimientos poliacuteticos como si fueran sucesos fluviales que bien pudieron merecer una mencioacuten heracliteana Y no creo aventurado pensar que es aquiacute como en ninguacuten otro fenoacutemeno del mundo sensible don-de la influencia de Heraacuteclito por intermedio seguacuten tradicioacuten de su maestro Cratilo se hace notar con mayor fuerza en Platoacuten Me refiero especiacuteficamente a sus meditados anaacutelisis del devenir poliacutetico que expresan con claridad su visioacuten de la poliacutetica como un mundo circundado del peligro de la desintegra-cioacuten Con razoacuten tal vez Heraacuteclito cual un rey filoacutesofo anticipado prefirioacute re-nunciar seguacuten tradicioacuten a su corona en Eacutefeso En efecto la razoacuten verdadera de ello pudo ser que su doctrina del Logos no era quizaacute suficiente para fundar una teoriacutea del poder poliacutetico y esto a diferencia del Bien que posiblemente permitiacutea penetrar con mayor fluidez desde el mundo de la naturaleza al mundo de la conducta individual y social Se haciacutea quizaacutes necesario que jun-to a la Idea del Bien se desarrollara mdashcomo era la intencioacuten de Platoacutenmdash una doctrina correlativa del alma en toda su compleja profundidad Solo asiacute podiacutea fundarse una doctrina de la justicia que pudiera comprender tanto a los in-dividuos como a la sociedad

De esa manera y en medio de ese fluir de voluntades muchas veces

contrapuestas existente en el acontecer ciacutevico se buscan ahora elementos de estabilidad bases de permanencia que al comportarse de manera cnstante proporcionen a los sucesos cambiantes de la poliacutetica principios de sustenta-cioacuten cientiacutefica Si el estudio de la ciencia ha de consistir en el anaacutelisis de las cosas que son siempre del mismo modo la buacutesqueda de los objetos supremos del espiacuteritu mdashque son las Ideasmdash coincide con la intencioacuten de hallar momen-tos de estabilidad y permanencia en el acontecer inestable de la vida de la ciudad Se busca entonces nuacutecleos de estabilidad en el pensamiento que se

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han de convertir en ejes de equilibrio beneacutefico para la polis Es precisamente en este contexto que la formulacioacuten platoacutenica acude a una imagen Se sugiere asiacute dejar de lado el estudio del Bien y se estaacute en disposicioacuten en cambio para hablar de algo que ldquoparece ser hijo del Bien y asemejarse sumamente a eacutelrdquo31 De esta explicacioacuten surgen cuatro factores del mundo visible a saber el sol y su luz el ojo y su visioacuten y de alliacute comienzan a aparecer las analogiacuteas entre el Bien y el sol la luz y la verdad Aquiacute Platoacuten construye sus maacutes famosas y perdurables paacuteginas

Estas imaacutegenes entonces que dan caraacutecter de eje central a los libros VI

y VII se presentan como mediaciones Hay un ldquovaacutestagordquo (ἔγκονος) del Bien que proporciona sentido al discurso poliacutetico referido ahora al trasfondo siempre presente del principio la Idea del Bien Las Formas ideales son como deciacuteamos representaciones inteligibles de la bondad suprema que por su absoluta simplicidad carece en siacute misma de representacioacuten La Idea del Bien no es faacutecilmente inteligible Por eso que estas Ideas son por su parte media-ciones de ese principio superior en otras palabras sus representaciones La ciencia poliacutetica a su vez se manifiesta como un conocimiento de aquellas representaciones mediadoras Eso dicho en cuanto que estas expresan una referencia al acontecer ciacutevico de los hombres y sus implicancias sociales y personales El fluir humano de una comunidad referido dialeacutecticamente a las Ideas se constituye en un saber Este saber para completar el ciacuterculo mdashla vuelta a la Cavernamdash culmina con el intento de estructurar ese fluir al inte-rior primero de un discurso y luego en el ejercicio efectivo del poder que es la dynamis politikeacute

Las mediaciones a las que me he referido en consecuencia se constitu-

yen en el modo elegido por Platoacuten de proponer en su discurso factores de convergencia de lo real inteligible con lo sensible concreto Estos factores son en primer lugar las grandes figuras poliacuteticas de la Repuacuteblica a saber el Sol la Liacutenea y la Caverna Εsta uacuteltima en especial es descrita como ldquouna imagen sorprendenterdquo32 El eikon la lsquoimagenrsquo se constituye asiacute en un procedimiento

31 Rep V 506e ὅς δε ἔγκονος τοῦ ἀγαθοῦ φαίνεται καὶ ὁμοιότατος ἐκείνῳ 32 ἄτοπον εἰκόνα VI 515a 4 Luego se reitera en dos ocasiones su condicioacuten de tal

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del discurso por el que se establecen con mayor claridad correspondencias entre el mundo sensible y la Idea inteligible La interaccioacuten de estos dos cam-pos se hace manifiesta aquiacute en forma de alegoriacuteas y en la Caverna se fuerza al filoacutesofo a volver al interior de ella hacieacutendose patente la necesidad de completar el radio de estas interacciones El que ha contemplado lo inteligible es forzado a volver a lo sensible para instaurar alliacute el orden de la Idea Los giros del Sol que gobiernan el universo ideal rigen a su vez el universo fluc-tuante del acontecer poliacutetico de la ciudad mediante el filoacutesofo como un sol que retorna de la luz a la oscuridad

De ese modo la filosofiacutea a traveacutes del conocimiento del Bien establece al

filoacutesofo como el bien en la ciudad que hace prevalecer en ella la justicia En los inicios del libro IV de la Repuacuteblica se analizaba la conveniencia de fundar una ciudad que vele por la felicidad del conjunto en forma solidaria33 ldquoPorque pensaacutebamos que en una ciudad talrdquo afirmaba Soacutecrates ldquoencontra-riacuteamos maacutes que en otra alguna la justicia asiacute como la injusticia en aquella en que se vive peor y que al reconocer esto podriacuteamos resolver sobre lo que hace tiempo venimos investigandordquo34

Es la sociedad entera como conjunto integrado la que conforma una ciudad unitaria y en ella cada parte recibe lo que es propio para constituir un hermoso conjunto35 Las otras ciudades que no son la ideal estaacuten consti-tuidas de hecho por varias ciudades Soacutecrates deciacutea ldquodos como en el mejor de los casos enemiga la una de la otra la de los pobres y la de los ricosrdquo36 Hay que vencer esas injusticias por consiguiente que surgen no solo de una mala distribucioacuten de la riqueza en siacute sino que en uacuteltimo teacutermino son pro-ducto de la ausencia de realizacioacuten de un principio fundamental ligado a la naturaleza misma del ser humano Este principio apunta a la idea de que en esta polis socraacutetica cada cual posee una sola ocupacioacuten aquella para la cual cada naturaleza estaacute mejor dotada37 Es tan certeramente verdadera para Pla-

33 Rep IV 420b ss 34 ibid Ed JM Paboacuten M Fernaacutendez Galiano 35 Rep IV 420d 36 Rep IV 422e 37 Rep IV 433a

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toacuten la realizacioacuten de esta regla que ldquoel hacer cada uno lo suyo y no multipli-car sus actividades (μὴ πολυπραγμονεῖν) dice era la justiciardquo38 Y delimi-tando esta actividad maacutes expresamente a la esfera del individuo se afirma que la justicia es ldquohacer cada uno lo suyordquo (IV 433b) cosa que se entiende como lo habiacuteamos visto al interior de la ciudad y en relacioacuten con ella

En esas circunstancias un resultado directo de la praacutectica de la justicia

consiste en la desaparicioacuten mdashen los haacutebitos de conducta de los ciudadanosmdash de esa injerencia indiscreta (πολυπραγμοσύνη) entre los tres estratos sociales que produce ldquoel mayor dantildeo de la ciudadrdquo cuando la injusticia estaacute presen-te39 Se intenta evitar ese entremetimiento precisamente a nombre de la physis pues las clases sociales se constituyen esencialmente en torno a tres tipos baacute-sicos de naturalezas Estos caracteres baacutesicos a su vez surgen en paralelo con la condicioacuten tripartita del alma en la que subsisten estas diversas especies Se reconoce asiacute ldquoque en cada uno de nosotros se dan las mismas especies y mo-dos de ser que en la ciudadrdquo40 Este parangoacuten entre ciudad e individuo es esencial en el anaacutelisis que hace Platoacuten acerca de la justicia y es el que le lleva a continuacioacuten a establecer que tanto en el individuo justo como en la ciudad justa gobierna quien es mejor

38 Rep IV 433a-b El uso del verbo πολυπραγμονεῖν es sugerente Platoacuten ve con preocupacioacuten la existencia de ciudades con ciudadanos ocupados en muchas cosas a la vez esa es especialmente la injerencia indiscreta en los asuntos de otros que el verbo polypragmonein sugiere 39 Polypragmosyne es un teacutermino clave en Tuciacutedides que expresa una cualidad que condujo a los atenienses a su grandeza es la base ciacutevica de su sentido imperial Pero sentildeala naturalmente una significacioacuten que debe ser matizada Se dice en Archaic and Classical Greece M Crawford D Whitehead Cambridge 1983 As V Ehren-bergs classic study made clear (Polypragmosyne a study in Greek Politics Journal of Helenic Studies 67 (1947) 46-67) polypragmosyne is a concept of psychology as re-flected in behaviour a polypragmon -whether an individual (as in Aristoph Ach 833) or a whole polis - must always be active interfering in the affairs of others neither keeping quiet themselves nor allowing others to be quiet (p 319) Como se ve se trata de un concepto de origen psicoloacutegico pero de especial significacioacuten en poliacutetica 40 Rep IV 435e

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VI Significacioacuten del gobierno del filoacutesofo en la polis platoacutenica Toda esta discusioacuten pudo quedar circunscrita a una propuesta en que

los guardianes han de ser los mejores porque ellos tienen que ser los mejor educados en conformidad con su propia naturaleza La educacioacuten se convier-te entonces en el medio adecuado para convertir a estos guardianes en los ciudadanos destinados a fundar esta repuacuteblica Esto se realiza ademaacutes junto a mujeres de capacidad anaacuteloga a la de estos hombres Pero falta dar un paso decisivo que permita introducir en la ciudad la justicia en una forma supe-rior Algo que resulta del hecho mismo de proclamar a los filoacutesofos reyes de esta ciudad No basta superar las divisiones mdashque conducen a disensiones subversivasmdash entre pobres y ricos Tampoco parece suficiente establecer esas clasificaciones baacutesicas entre los ciudadanos en conformidad a sus naturalezas de modo de asegurar el imperio de la norma relativa a la distribucioacuten apro-piada del trabajo Se hace ahora evidente a la luz de los anaacutelisis precedentes que la injusticia decisiva prevalente en todas las ciudades existentes hasta el presente estaacute en mantener alejado del gobierno de la ciudad al filoacutesofo El camino entonces que conduce a la salvacioacuten de la ciudad debe consistir en abrir paso a la intronizacioacuten del filoacutesofo en el gobierno de esta superando asiacute esta injusticia radical que vicia toda su estructura y esto parece ser solo posible mediante la identificacioacuten del poder poliacutetico con la filosofiacutea

La filosofiacutea poliacutetica entonces tiene en vista salvar a la ciudad mediante

la interaccioacuten de la episteme y el poder poliacutetico en una misma persona En esas circunstancias las cosas justas mdashque son las acciones que se realizan por el bien de la ciudadmdash se hacen partiacutecipes de lo justo en siacute al coexistir integradas en la persona del filoacutesofo La Ideas penetran en la ciudad por intermedio del filoacutesofo las que se hacen realidad en el devenir sensible de la polis mdasha modo de imaacutegenes que se insertan entre el complejo acontecer de la ciudad con sus permanente divisionesmdash y la transparencia formal del paradigma Las des-cripciones que hace Platoacuten de los diferentes tipos de sociedades que en liacutenea de degradacioacuten directamente descendente se van sucediendo unas a otras son esbozos brillantes que sentildealan esas mediaciones de distanciamiento pro-gresivo de la imagen del mundo poliacutetico frente al modelo inmutable de la

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ciudad ideal Es papel fundamental del filoacutesofo poliacutetico el poner en accioacuten el modelo ideal en el tejido constitucional de kaliacutepolis

La buacutesqueda de la unidad en la ciudad pasaba indudablemente por la

erradicacioacuten de la injusticia y las disensiones (στάσεις 444b) que la acompa-ntildean De este modo se nos hace patente la preocupacioacuten profunda de Platoacuten que se materializa en la descripcioacuten de la realidad del mundo poliacutetico tanto a nivel sensible como inteligible Eacutel experimenta sin duda la necesidad de desarrollar con la ayuda de la teoriacutea de la Ideas una doctrina coherente acer-ca del universo poliacutetico que le permita concebir mdashgracias a la especulacioacuten filosoacuteficamdash un programa vaacutelido y eficaz de accioacuten al interior del Estado Sal-var a la polis de una destruccioacuten inminente es la tarea en perspectiva y no hay duda que su esfuerzo discursivo acerca de la condicioacuten de la ciudad y sus sistemas institucionales va dejando en evidencia la forzosa obligacioacuten de ela-borar un disentildeo del mundo ciacutevico Es preciso concebir una imagen del acon-tecer poliacutetico que establezca la validez y los contenidos de verdad de las des-cripciones concernientes a la polis

Todo ello va a desembocar finalmente en una importante elaboracioacuten

discursiva mdashque podemos calificar a la vez de metafiacutesica y de epistemoloacutegi-camdash acerca del cosmos Se examina la condicioacuten ontoloacutegica del mundo mdashen su estado de realidad generadamdash y la consistencia gnoseoloacutegica de nuestras descripciones acerca de eacutel Esta elaboracioacuten que es la del Timeo tiene un pre-ludio importante en el mito de Er en las uacuteltimas paacuteginas de la Repuacuteblica y parece prolongarse en la rememoracioacuten que se hace de una parte importante de ella en el mismo diaacutelogo Timeo En consecuencia la ciencia poliacutetica no es solo un saber acerca del hombre y su entorno social sino que tambieacuten se aso-cia e integra con la ciencia que estudia la configuracioacuten estelar del universo en donde aquella encuentra su perfeccioacuten epistemoloacutegica

De este modo el despliegue filosoacutefico de Platoacuten se inicia en este aspec-

to con su poliacutetica En un intento de abarcar la realidad social mdashinserta en el mundo de lo sensiblemdash bajo la inteleccioacuten de la Idea En estas circunstancias Platoacuten se esfuerza en la Repuacuteblica por crear nuevas condiciones de gobernabi-

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lidad en la ciudad para que mediante la instauracioacuten de un orden justo se asegure la integridad y por tanto la pervivencia de esta Es importante que un sistema poliacutetico perdure por el imperio de su propia excelencia es decir de su virtud De ahiacute que el filoacutesofo sienta la necesidad de culminar su trabajo especulativo con una suerte de cosmo-poliacutetica como la presentada en el Ti-meo Todo esto corresponde al esfuerzo de Platoacuten de integrar tanto los fenoacute-menos poliacuteticos como la realidad toda de la generacioacuten a sus proyectos de reforma institucional Porque todo lo generado tiende a corromperse

Los inicios del Timeo prologan asiacute su discurso cosmoloacutegico con una vi-

sioacuten resumida de la Repuacuteblica junto a un relato sobre la Atlaacutentida y los oriacutege-nes de Atenas todos en clave poliacutetica En esas conversaciones introductorias acompantildeadas de los relatos a que hago referencia se deja ver que el problema fundamental de su teoriacutea poliacutetica estaacute en la interaccioacuten y en la integracioacuten de la teoriacutea con la accioacuten en el terreno concreto del gobierno de la ciudad El filoacute-sofo-rey encarna la coexistencia de la theoriacutea y la praxis en el Estado de mane-ra que todos los esfuerzos se encaminan ahora a lograr mediante la educa-cioacuten correspondiente seres humanos dotados con las caracteriacutesticas que se han asignado a tales gobernantes Una vez en posesioacuten de ese contingente de futuros soberanos la discusioacuten introductoria del Timeo vuelve a tomar la perspectiva de la Repuacuteblica al proponer enderezar el discurso hacia la des-cripcioacuten de una ciudad en accioacuten Se la situacutea entonces en el contexto liacutemite de una polis que ha de recurrir a la guerra en defensa de su libertad y sus va-lores patrios

Aquello que en el examen precedente he denominado teoriacutea mdashcomo el

fundamento gnoseloacutegico desde el cual algo puede ser llevado a la praacutecticamdash41 estaacute en iacutentima relacioacuten con el problema de la verdad En efecto se entiende aquiacute por teoriacutea la verdad misma en cuanto que ella es objeto de un trato epis-

41 Platoacuten ha hablado en la Repuacuteblica de ldquollevar algo a la praacutecticardquo (τι πραχθῆναι 473a) y se ha referido en el mismo texto al problema de la ldquorealizacioacutenrdquo de estos proyectos poliacuteticos utilizando el teacutermino πρᾶξις Seguacuten E des Places (Lexique) pra-xis tiene cuatro sentidos fundamentales en Platoacuten a) ldquoacte actionrdquo b) ldquoaccomplis-sement reacutealisationrdquo c) ldquopractiquerdquo d) ldquovierdquo El sentido maacutes generalmente utilizado en este trabajo es el de ldquoaccioacutenrdquo

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temoloacutegico Se configura asiacute por ese medio en torno de ella una esfera de co-nocimientos y en el caso de la filosofiacutea se crea un discurso un logos La ver-dad por otra parte es la que el filoacutesofo como amigo que es de ella (Rep 475e) busca conocer y es asimismo la que en la realidad y el conocimiento se con-funde con las Ideas mismas La teoriacutea entonces corresponde a un estado de sabiduriacutea en que la verdad se posee a modo de ciencia y en el que se tiende constantemente a la totalidad tanto de lo divino como de lo humano42 La teoriacutea es de alguna manera un estado de superacioacuten de la condicioacuten huma-na mediante la posesioacuten por el intelecto del ser real De alliacute que Soacutecrates ha-ya afirmado ldquoy a aquel pensamiento (διανοία) que en su alteza alcanza la contemplacioacuten (θεωρία) de todo tiempo y de toda esencia iquestcrees tuacute que la vida propia del hombre le puede parecer gran cosardquo (486a)

Ese estado de sabiduriacutea se encuentra sin embargo en la necesidad de

establecer las mediaciones de que hablaacutebamos anteriormente establecieacutendo-se entonces un encuentro con las difiacuteciles condiciones de la realidad concreta de la ciudad El filoacutesofo corre el riesgo de ser criticado de ldquohaber subido arri-bardquo para volver despueacutes a la oscuridad de la caverna ldquocon los ojos estropea-dosrdquo (VI 517a) De ahiacute la conveniencia de elaborar con referencia a la accioacuten un lenguaje anaacutelogo a la verdad que proporcione medios de acercamiento al mundo del devenir poliacutetico Se busca por consiguiente la creacioacuten de un re-lato verosiacutemil una suerte de manifiesto poliacutetico En este caso ademaacutes se trata de un mundo que hay que moldear a imagen del paradigma Se presenta asiacute como esencial para Platoacuten el determinar una doctrina por la que las cosas de la realidad sensible adquieran la calidad de representaciones de esos modelos ideales De este modo tanto los asuntos relativos a la poliacutetica como los relati-vos al cosmos se transforman en fenoacutemenos solidarios al ser comprendidos y conciliados bajo el poder superior del ser ideal

42 Rep 486a Al decir Soacutecrates que no hay nada maacutes propio de la sabiduriacutea que la verdad y destacar que el filoacutesofo verdadero desde su juventud tiende a poseerla pregunta (con la intencioacuten de hallar una respuesta positiva) si se encontraraacute cosa maacutes propia de la ciencia que la verdad (485c ἦ οῦν οἰκειότερον σοφίᾳ τι ἂν εὕροις)

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VII La opinioacuten y la imagen como medios de conocimiento de los asuntos de la ciudad

Pero el asunto que tratamos exige el anaacutelisis de algunos otros puntos

En analogiacutea con la discusioacuten de la Repuacuteblica en que se debate de un modo tan fundamental el tema de la poliacutetica el Timeo funda las bases de una filosofiacutea del cosmos Tanto la ciencia poliacutetica como las ciencias de la tierra y el cosmos tienen en comuacuten el formar parte de la generacioacuten y por tanto se integran en lo que llamamos mundo sensible La poliacutetica tambieacuten porque lo sujeto a ge-neracioacuten no se agota en las cosas en cuanto que circunscritas a dimensiones y espacios sino que tambieacuten incluye a todo aquello que surge de ellas como en el caso del hombre son las acciones y funciones propias de su inteligencia De ahiacute que la ciencia meacutedica mdashno especiacuteficamente en cuanto que arte que curamdash forma parte del discurso del Timeo del mismo modo que las descripciones de las enfermedades sociales se integran al gran discurso de la Repuacuteblica De ese modo parte importante de la ciencia de la polis se nutre de objetos sensibles que tratados a la luz de la teoriacutea de las Ideas adquieren en ese sentido cate-goriacutea cientiacutefica

Los objetos sin embargo siguen en movimiento y continuacutean sus proce-

sos de dispersioacuten aunque mantenidos con esfuerzo bajo una cierta unidad inteligible por el pensamiento Esa es la situacioacuten en que se encuentra Platoacuten decidido a realizar la tarea de fundar un tratamiento cientiacutefico acerca de las instituciones del cuerpo social como conglomerado ciacutevico Esto sin olvidar jamaacutes que se trata al mismo tiempo de un conjunto de seres individuales Ahora bien todos estos objetos de los que aquiacute hablamos son en la filosofiacutea de Platoacuten imagen (εἰκών) Adquieren esta condicioacuten en cuanto que en depen-dencia ontoloacutegica y epistemoloacutegica con el ser ideal Solo asiacute es posible dar al fenoacutemeno una consistencia que nos permita comprenderlo y en cierta mane-ra dominarlo tanto para los efectos de la ciencia como del poder Pero para ello habraacute que dar vuelta el rostro ponerse en pie y emprender el camino de salida de la Caverna

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Este eikōn en consecuencia permite a Platoacuten desarrollar una teoriacutea del discurso cientiacutefico ya sea mdashseguacuten los elementos aquiacute estudiadosmdash como ciencia poliacutetica o como ciencia del cosmos Este discurso se manifiesta al inte-rior de una doctrina de la imagen que se hace expliacutecita la presencia de la opi-nioacuten (δόξα) recta sobre las cosas sensibles como instrumento vaacutelido de com-prensioacuten del mundo Lo que hace recta a la opinioacuten es la existencia de esa relacioacuten iacutentima con el ser verdadero su ausencia la hace sujeta a error En esas circunstancias la episteme es un saber que se ordena al ser con el fin de conocer coacutemo es el ser43 Tal vez lo que se quiere decir con esto es con el fin de saber coacutemo es la realidad De ahiacute que se distinga entre lo cognoscible (γνωστόν) y lo opinable (δοξαστόν) ya que solo el ser es lo propiamente cog-noscible siendo la doxa intermedia entre el conocimiento (γνῶσις) y la igno-rancia (ἄγνοια)

La razoacuten de ello estaacute en que los objetos tanto de lo cognoscible como de

lo opinable son distintos En efecto las realidades sobre las que versa la opi-nioacuten son objetos que al mismo tiempo existen y no existen y que estaacuten ldquoen mitad de lo puramente existente y lo absolutamente inexistenterdquo (Rep V 478d) Parte importante de los asuntos concernientes a la poliacutetica estaacuten en esa situacioacuten Asiacute la doxa se erige por efecto de esa participacioacuten del ser y del no ser en un nuevo constituyente que es el objeto sensible es por esto que ella participa del uno y del otro44 Y esta es la razoacuten por la que es fundamental que la opinioacuten mdashen cuanto capacidad del espiacuteritu y producto la vez de esa capacidadmdash permanezca en relacioacuten con el ser La multitud que el filoacutesofo ve inmersa en la opinioacuten se conduce de una manera distinta y ldquoen cierto modo da vueltasrdquo girando en torbellino 45 lejos de la verdad

43 Rep V 478a ἐπιστήμη μέν γέ που ἐπὶ τῷ ὄντι τὸ ὄν γνῶναι ὡς ἔχει 44 Rep V 478d iquestY no dijimos en los pasajes anteriores que si se presentase algo tal que a la vez sea y no sea ese tal debe encontrarse en el medio entre lo que es pura-mente y lo que no es completamente y que sobre el cual no habriacutea ni conocimiento ni ignorancia sino lo que a su vez se hubiese presentado como estando entre la ignorancia y el saber - Correctamente (Trad G Goacutemez Lasa) 45 Rep V 479d ldquogiran en torbellino en medio de lo que no es y de lo que es pura-menterdquo (Trad G Goacutemez Lasa)

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Parece entonces decisivo para Platoacuten fundar las condiciones que le han de permitir hacer discursos vaacutelidos mdashal interior de los principios de su pro-pia filosofiacuteamdash acerca de lo sensible Ellos incluyen los discursos acerca del orden poliacutetico que en su maacutes alta dimensioacuten se combinan nada menos que con la filosofiacutea Asiacute al establecer el aacutembito de verdad que los fenoacutemenos del mundo pueden alcanzar se intenta hacer manifiestas las relaciones de estos con la realidad ideal Es el modo de conectarlos con la teoriacutea y darles el caraacutec-ter cientiacutefico que ellos requieren Se deja asiacute circunscrito tambieacuten el liacutemite de independencia que los sucesos del mundo poseen capacitaacutendolos de esa ma-nera como objetos vaacutelidos para un tratamiento propio de una ciencia poliacutetica Es verdad que en cuanto que objetos los podemos considerar como poseyen-do un grado limitado pero pueden alcanzar ciertamente un grado especiacutefico de autonomiacutea

En esa situacioacuten la poliacutetica de la Repuacuteblica y la cosmo-poliacutetica y las

ciencias en general del Timeo estaacuten en referencia a una doctrina de la ima-gen concebida en correlacioacuten y dependencia con la teoriacutea de las Ideas La filo-sofiacutea de Platoacuten no versa simplemente sobre las realidades inteligibles El filoacute-sofo mantendraacute siempre un intereacutes profundo sobre el devenir poliacutetico en toda su vasta dimensioacuten Ahora bien eacutel supone que toda doctrina acerca del mun-do (poliacutetico) debe estar en conexioacuten con la teoriacutea ideal si aquella quiere con-servar su relacioacuten con el ser y lo real

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VIII Un esfuerzo por salvar los fenoacutemenos del universo social

Asiacute como Platoacuten intenta salvar la ciudad mediante un modelo ideal del mismo modo emprende la tarea de salvar al interior de su filosofiacutea los fenoacute-menos del cosmos Porque los temas de la polis y el cosmos estaacuten para eacutel cla-ramente conectados Es evidente que la teoriacutea de las Ideas le abriacutea la perspec-tiva de un ambicioso proyecto de proporciones universales y la posibilidad de hacer efectivos un conjunto de relatos cientiacuteficos acerca del mundo En esa perspectiva se ha visto en Platoacuten al fundador de una de las dos principales tradiciones de la investigacioacuten astronoacutemica Se habla en efecto de una tradi-cioacuten realista representada normalmente en su origen por Aristoacuteteles y una de orden formal claramente personificada por Platoacuten

Conforme a esta liacutenea formalista se consideraba que los diversos mode-

los geomeacutetricos de los movimientos planetarios propios de la arquitectura del universo eran recursos matemaacuteticos de tipo teoacuterico que no apuntaban propiamente a la realidad misma del universo Ellos maacutes bien describiacutean los fenoacutemenos de tal modo que era posible salvar sus apariencias En otras pala-bras los discursos platoacutenicos acerca del mundo estaban concebidos como re-presentaciones de modelos mdashque en casos como los descritos en el Timeo eran modelos geomeacutetricosmdash que haciacutean posible calcular es decir salvar los diver-sos fenoacutemenos del cielo

Recurro aquiacute a una obra de importancia para lo que aquiacute se analiza a

saber ΣΩΖΕΙΝ ΤΑ ΦΑΙΝΟΜΕΝΑ Essaie sur la notion de theacuteorie physique de Platon agrave Galileacutee de Pierre Duhem46 Se hace en ella referencia en primer lugar al Comentario de Simplicio47 en el que se muestra a Platoacuten preguntando a los matemaacuteticos cuaacuteles seriacutean los movimientos circulares uniformes y perfecta-mente regulares que deberiacutean admitirse como hipoacutetesis de modo que pudie-

46 Fue publicado primeramente en forma de cinco artiacuteculos en los Annales de philo-sophie chreacutetienne en 1908 Ante la imposibilidad de acudir al texto original he utili-zado la versioacuten inglesa bajo el tiacutetulo To Save the Phenomena An Essay on th Idea of Physical Theory from Plato to Galileo con Introduccioacuten de Stanley L Jaki Chicago 1969 47 Simplicio In Aristotelis quatuor libros de Coelo commentaria 2 43 46

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se ser posible salvar las apariencias presentadas por los planetas En referen-cia a este problema planteado P Duhem comenta ldquoel objeto de la astronomiacutea es definido aquiacute con la mayor claridad la astronomiacutea es la ciencia que combi-na de tal modo los movimientos circulares y uniformes que produce un mo-vimiento resultante semejante al de las estrellas Cuando sus construcciones geomeacutetricas han asignado a cada planeta una trayectoria que se ajusta a su trayectoria visible la astronomiacutea ha alcanzado su objetivo porque entonces sus hipoacutetesis han salvado las apariencias48 Y poniendo eacutenfasis en este punto sentildeala que el astroacutenomo se declara totalmente satisfecho cuando las hipoacutetesis que eacutel ha forjado logran salvar las apariencias Este seriacutea el meacutetodo del astroacutenomo

Aristoacuteteles por su parte concibe lo que se ha convenido en llamar el meacute-

todo del fiacutesico Eacutel piensa que el objeto de estudio de geoacutemetras y fiacutesicos es fre-cuentemente el mismo ldquopero que consideran el objeto desde diferentes pun-tos de vistardquo49 En esas circunstancias el geoacutemetra puede ver una figura par-ticular en forma abstracta mientras que el fiacutesico estudia sus objetos seguacuten afirma el autor ldquocomo el liacutemite de tal o cual cuerpo el movimiento de tal o cual cosa moacutevilrdquo50 Aristoacuteteles conociacutea el meacutetodo del astroacutenomo perfectamen-te este habiacutea sido seguido entre otros por Eudoxo conforme a lo definido por Platoacuten Aristoacuteteles en cambio exigiacutea diversos requisitos en la materia a saber que el universo fuera una esfera que las esferas celestes fueran soacutelidas que cada una de ellas tuviera un movimiento circular y uniforme alrededor del centro del mundo que este centro fuera ocupado por la tierra que era inmoacutevil51

Estas condiciones limitantes fueron establecidas por Aristoacuteteles sin em-

bargo no con el fin de salvar las apariencias que registraban quienes obser-vaban estos fenoacutemenos sino seguacuten piensa Duhem debido a que conforme al Estagirita solo estas condiciones eran compatibles con la perfeccioacuten del mate-

48 P Duhem op cit p 6 49 ibid p 6 50 ibid p 6 51 ibid p 7

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rial propio de los cielos y con la naturaleza del movimiento circular52 Eran por consiguiente una suerte de a priori obtenidos de la especulacioacuten filosoacutefica pura los que a su vez se proyectaban hacia los fenoacutemenos como condiciones previas para el conocimiento e interpretacioacuten de estos

Ahora bien el anaacutelisis realizado aquiacute acerca de los planteamientos de

las posiciones lideradas por los dos filoacutesofos griegos nos ilustran con clari-dad sobre la posicioacuten maacutes especiacutefica de Platoacuten con respecto a nuestra capaci-dad de conocimiento de las realidades del mundo sensible Nos encontramos en efecto ante los fenoacutemenos mdashsean ellos celestes o humanosmdash como se en-cuentra el astroacutenomo ante la descripcioacuten de sus propios objetos es decir en posicioacuten de proponer hipoacutetesis que salven las apariencias de esos fenoacutemenos Los espectaacuteculos celestes o los variados acontecimientos del mundo por consi-guiente pueden alcanzar una explicacioacuten de caraacutecter epistemoloacutegico en cuan-to que aproximaciones a la verdad de los objetos sensibles

En esto Platoacuten pareciacutea estar maacutes cerca de un tratamiento cientiacutefico La

verdadera explicacioacuten de la apariencia del mundo mdashque en todo caso tiene para Platoacuten la categoriacutea de explicacioacuten verosiacutemilmdash se obtiene mediante la conexioacuten con la teoriacutea ideal que conduce a fundamentar la existencia del de-venir en la realidad del ser De ese modo la doctrina de la imagen que viene asociada al concepto de opinioacuten verdadera conduce a una descripcioacuten del universo basada en semejanzas y analogiacuteas mdashcomo las del Sol la Liacutenea o la Cavernamdash o en trazados de orden geomeacutetrico y matemaacutetico como las figuras lineales del Timeo Podemos decir entonces que estas analogiacuteas son el resul-

52 P Duhem concluye que ldquomientras Eudoxo y Calipo empleando el meacutetodo del astroacutenomo controlaron sus hipoacutetesis examinando si ellas salvaban o no las aparien-cias Aristoacuteteles quiere gobernar la eleccioacuten de esas hipoacutetesis mediante proposicio-nes que ciertas especulaciones acerca de la naturaleza de los cuerpos celestes han justificadordquo ibid p 7 S L Jaki en su introduccioacuten al libro que comento explica que los ciacuterculos homoceacutentricos los epiciclos etc ldquoson maacutes bien modelos geomeacutetricos que facilitan los caacutelculos necesarios para encontrar la posicioacuten de los planetas en un momento dado Por otra parte continuacutea la interpretacioacuten realista de la teoriacutea astro-noacutemica asignaba realidad fiacutesica a esos modelos geomeacutetricos (op cit p XX) El mismo Duhem habiacutea afirmado que ldquoellos (refirieacutendose a la posicioacuten llamada realis-ta) rechazaban toda teoriacutea que los confinaba a una descripcioacuten puramente geomeacutetri-ca de los orbes planetariosrdquo (p 14)

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tado de un modo de ver el mundo que busca explicar la configuracioacuten del universo celeste mediante hipoacutetesis con las que se intenta en lo posible ldquosal-varrdquo las apariencias del cosmos y de los fenoacutemenos humanos

Al unir en este anaacutelisis la cosmologiacutea con la poliacutetica intento mostrar que

es posible mdashal interior de la filosofiacutea platoacutenicamdash efectuar un mismo trata-miento cientiacutefico de los objetos de ambas disciplinas porque estos objetos constituyen en uacuteltimo teacutermino un campo de significacioacuten unitaria llamado generacioacuten o devenir Una ciencia poliacutetica es en este contexto un sistema ideado para ldquosalvarrdquo los fenoacutemenos del acontecer ciacutevico de una manera anaacuteloga a la del astroacutenomo que piensa y utiliza un meacutetodo de procedimiento de tipo formal no realista en su investigacioacuten epistemoloacutegica De ahiacute que por su parte la filosofiacutea de la ciencia es llamada en diversos lugares del Timeo un discurso verosiacutemil e incluso un mythos en posesioacuten de de caraacutecter verosiacute-mil

De aquiacute entonces que en la ciencia poliacutetica platoacutenica hay principios que

permanecen praacutecticamente invariables a traveacutes de los diversos tratamientos de sus diaacutelogos Son contenidos de una ciencia que no habriacutea fundamental-mente de variar aunque indudablemente las propuestas concretas siacute variaron de diaacutelogo en diaacutelogo de un modo que a veces hace difiacutecil concebir lo que acabo de afirmar acerca de su permanencia Pero hay ciertamente un tema constantemente sostenido que el poder poliacutetico deberiacutea estar en manos de los que saben los poseedores de una cierta ciencia El conocimiento de objetos superiores de saber por parte de estos les da acceso legiacutetimo al manejo de la soberaniacutea en el Estado Ese saber soberano es el que corresponde a la Idea del Bien y a las Ideas inteligibles en la Repuacuteblica En otras palabras es el arte real que dirige la urdimbre del Estado Este es el ldquoque logrardquo por su medio ldquoel maacutes espleacutendido y magniacutefico de todos los tejidosrdquo (311c) que se discute en el Poliacutetico Es la ciencia del orden del mundo de las Leyes personificada en el Alma coacutesmica y manifestada en la polis mediante el consejo nocturno de sa-bios En el Epiacutenomis maacutes especiacuteficamente es la ciencia del nuacutemero inmanen-te a la divina configuracioacuten de ese cosmos En ello habraacute de consistir la filoso-

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fiacutea y esos habraacuten de ser sus contenidos centrales por cuyo conocimiento el sabio se hace sabio y merece en justicia gobernar

De ese modo los sabios es decir los philoacutesophoi rigen ciudades cuyo en-

tramado visible puede cambiar en conformidad con las coyunturas variables de los procesos ciacutevicos destinados a ser salvados por ellos La ciencia de la polis se presenta asiacute abarcando un conjunto de realidades permanentes que se armoniza con situaciones sujetas a opinioacuten Estas realidades son Idea y de-venir unidos en la buacutesqueda de una propuesta de orden poliacutetico Inteligibili-dad e imagen forman por decirlo asiacute un conjunto astronoacutemico visible que actuacutea en forma coordinada como la tierra y la luna en torno al sol La funcioacuten del filoacutesofo gobernante consiste fundamentalmente en concebir estructuras que fortalezcan el Estado y salven los objetivos superiores del hombre sobre la tierra

Ese objetivo superior es en primer lugar la felicidad como eudaimoniacutea

un ldquobien-estarrdquo Una finalidad que es posible mediante la instauracioacuten en la sociedad y en el individuo de las virtudes cardinales en especial de la justi-cia Se orienta asiacute el camino del hombre desde la contingencia sensible de la imagen de este mundo hasta la comprensioacuten del ser inteligible que es el ca-mino de la Caverna Estas acciones de orden y estabilidad inteligibles para la ciudad proporcionan legitimidad al gobierno del filoacutesofo que se constituye en productor de espacios de flujos de plenitud espiritual para los habitantes de la ciudad Es su modo de preservar ese universo ciacutevico manifestado en constituciones poliacuteticas formas de gobierno conductas ciacutevicas repuacuteblicas estados (que son los sentidos maacutes cercanos aquiacute al concepto de πολιτεία) Asiacute es tam-bieacuten cοmo se da la oportunidad de constituir al sabio en su papel de sancio-nador de un orden institucional

IX El gobierno de los sabios En conformidad con los anaacutelisis presentados hasta aquiacute la filosofiacutea de

Platoacuten entonces busca la preservacioacuten de la repuacuteblica mediante la figura del sabio gobernante Alguien debe preservar en el Estado liacuteneas de comunica-

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cioacuten efectivas entre la regioacuten del devenir sensible y la regioacuten inteligible En lo que respecta al porvenir del hombre su principal tarea consiste en consolidar la obtencioacuten de la felicidad cuya presencia en este mundo supone una inter-accioacuten profunda entre el individuo y la sociedad La felicidad personal de los individuos pasa a traveacutes del tejido social en cuya trama las naturalezas de los hombres adquieren la dimensioacuten ciacutevica que precisan para alcanzar una verdadera plenitud personal El filoacutesofo gobernante con la introduccioacuten del paradigma ideal en una coyuntura social determinada se propone salvar el fenoacutemeno ciacutevico de la ruina que a cada momento lo acecha Mediante su pro-puesta poliacutetica mdashque hemos visto variar en los diversos diaacutelogosmdash el sabio de Platoacuten propone descripciones cientiacuteficas dotadas de racionalidad de la ciudad que le incumbe como entidad gobernable

Estas descripciones mdashque son a su vez ldquodiscursosrdquo poliacuteticos explicati-

vosmdash se constituyen en verdaderas propuestas formales destinadas a crear y preservar la existencia de la polis mediante una reforma profunda de sus insti-tuciones La Repuacuteblica el Poliacutetico las Leyes representan lo maacutes importante de esas propuestas En consecuencia cada nueva ciudad de Platoacuten se fundamen-ta en una ciencia la filosofiacutea un meacutetodo geneacutericamente comprensivo la dia-leacutectica y su objetivo praacutectico consiste en proyectar sobre el devenir ciacutevico la imagen de una trama sensible buena y justa destinada a preservar del caos y la disolucioacuten a las entidades poliacuteticas Ahora bien el fundamento de esa pro-puesta en la Repuacuteblica estaba en una suerte de identificacioacuten de la filosofiacutea y el poder poliacutetico del modo como se ha estado aquiacute discutiendo y la principal consecuencia de esto significaba el establecimiento de gobernantes filoacutesofos en la ciudad

He aquiacute en liacuteneas generales el designio de la voluntad especulativa de

Platoacuten en la Repuacuteblica quien con estas audaces propuestas veniacutea en conse-cuencia a culminar un proyecto mantenido con singular energiacutea y volunta-riosa persistencia a traveacutes de parte importante de su produccioacuten filosoacutefica media y tardiacutea Se trataba en uacuteltimo teacutermino de definir al sabio al amante de la sabiduriacutea de modo que su proposicioacuten deciacutea que la teoriacutea y la accioacuten de-beriacutean coincidiacuter en la praacutectica en un tipo singular de ser humano En eacutel se ex-

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presaba la identificacioacuten de la filosofiacutea con el poder poliacutetico como instrumen-to mediador privilegiado

Habiacutea que traer a la luz ese modelo de hombre hasta ese entonces histoacute-

ricamente inexistente por medio de una educacioacuten cuyos contenidos eran precisamente la ciencia que comportaba este conocimiento superior Urgiacutea en consecuencia el saber discernir los caracteres apropiados para tal empresa y el concertar los planes de estudios que les fueran propios Lo principal ya ha-biacutea sido encontrado eran los objetos maacutes verdaderos de la mente que con-templa la realidad Esta ciencia superior debiacutea producir en los joacutevenes asiacute educados el giro decisivo que habriacutea de mudar sus almas y junto con ellos transformar el alma entera de la ciudad

X La Idea del Bien Cuando luego del largo itinerario dialoacutegico que nos ha conducido a tra-

veacutes de los primeros seis libros de la Repuacuteblica arribamos a las explicaciones de Platoacuten acerca del Bien en especial a partir de VI 502c no queda duda que estamos alcanzando a un cliacutemax cuyo desenlace nos es auacuten desconocido Este recorrido y cierto sentimiento de expectacioacuten me recuerdan las sutiles evolu-ciones musicales que preceden por largos compases a la aparicioacuten triunfal de la voz humana en la novena sinfoniacutea de Beethoven Las frases de violonce-los y contrabajos parecen por siacute solos hablar en un recitativo musical sin voz articulada de hombre hasta que como inducida por la magia de una evolu-cioacuten que alcanza su plenitud espiritual irrumpe sin contrapeso desde la ma-dera la presencia magniacutefica de una y luego de muchas voces humanas Solo alliacute se entiende queacute significado ha tenido todo lo que le ha precedido y a su vez se tiene al menos un presentimiento de lo que ha de venir De un modo anaacutelogo creo podemos representar a la Idea del Bien como el sustento tonal de toda la obra que ha de alcanzar su cima en la alegoriacutea de la Caverna53

53 Paul Friedlaumlnder en Plato an Introduction New York 1958 pg 62 habla del ldquopo-der inolvidablerdquo de estas paacuteginas escritas ldquoen el corazoacuten mismo de la Repuacuteblicardquo

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Pero volvamos a los primeros compases Platoacuten se ha preguntado coacutemo es que la ciudad debe practicar la filosofiacutea si no quiere perecer (VI 497d) ya que la mayoriacutea de los que actualmente se consagran a ella mdashy pasan por ser consumados filoacutesofosmdash se apagan muy prontamente como soles de Heraacuteclito Los pocos filoacutesofos no son considerados malos pero siacute inuacutetiles ldquoPracticarrdquo (μεταχειρίζειν 497d) sentildeala por su parte directamente la prosecucioacuten de un estudio el seguimiento que proporciona finalmente la adquisicioacuten de una disciplina o un arte De ahiacute que esta ldquopraacutecticardquo estaacute orientada a establecer en la ciudad las ensentildeanzas y los ejercicios necesarios para una educacioacuten de los futuros filoacutesofos gobernantes Nos hallamos de nuevo ante un esfuerzo por equilibrar la teoriacutea (con sus matheacutemata ldquoensentildeanzas estudios conocimien-tosrdquo) y la accioacuten (con sus epitedeacuteumata ldquoejercicios praacutecticas reglas de conduc-tardquo) El objetivo es crear los fundamentos de una educacioacuten para los guardia-nes de la ciudad Es una suerte de gimnasia propia de la filosofiacutea

Es preciso en consecuencia ratificar la audaz pretencioacuten de que los

guardianes perfectos no podraacuten ser sino filoacutesofos (VI 503b) y que el guar-diaacuten gobernante debe dominar ciertos ldquoestudiosrdquo considerados los ldquomaacutes al-tosrdquo54 Por aquiacute nos hallamos en la viacutea que conduce directamente al Bien puesto que se dice la Idea del Bien es el objeto de la ensentildeanza maacutes alta y que ldquoes por ella que la justicia y las demaacutes virtudes alcanzan su utilidad y sus be-neficiosrdquo (VI 505a) Es decir la Idea del Bien en primer lugar es presentada como la culminacioacuten de un proceso de ensentildeanza porque ella es el objeto superior El Bien es el objeto uacuteltimo de la paideia en su plenitud y sentildeala la perfeccioacuten de la teoriacutea en vistas de la accioacuten En la Idea del Bien culmina la ciencia que proporciona eficacia al saber virtuoso el que se hace ldquoutil y bene-ficiosordquo mediante la ciencia superior de la Idea de Bien55

Un aspecto importante entonces del Bien se completa cuando guardia-

nes que conocen la disciplina de esta Idea superior se transforman en vigilan-

54 Rep VI 503e τὰ μέγιστα μαθήματα 55 Auguste Diegraves habiacutea dicho ldquoLe programme deacuteducation des gouvernants est un programme dascension continue vers le Bienrdquo (Platon Oeuvres complegravetes LaReacutepubli-que Introduction pg LXIV Les Belles Lettres Paris 1965 (1932)

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tes de la repuacuteblica56 Este saber acerca del Bien tiene por consiguiente ade-maacutes de la transformacioacuten personal claras consecuencias de orden poliacutetico La Idea del Bien es no hay que olvidarlo la piedra angular sobre la que se edifi-ca la constitucioacuten platoacutenica y la realidad ejemplar de la que penden todos los esfuerzos por hacerla realidad

Resta por ver ahora queacute es la Idea del Bien en siacute es decir del Bien

ldquomismordquo (VI 506d-e)57 Mas resulta no ser posible al parecer saber propia-mente queacute es el Bien no por una incapacidad total del pensamiento para pen-sarlo o de nuestra palabra para hablarlo sino por el impulso mismo del es-fuerzo discursivo en que Platoacuten se encuentra por el momento comprometi-do58 La prueba es que algo diraacute de lo que es el Bien en siacute aunque luego de haber preparado cuidadosamente nuestro aacutenimo y nuestras expectativas pa-ra lograr satisfacernos finalmente con una escasa informacioacuten Al presente es la alegoriacutea la que manda y se hablaraacute todaviacutea no del padre sino de ldquolo que parece ser tanto un hijo del bien como su semejanza maacuteximardquo (VI 506e) el Sol Los cuatro factores relevantes en el mundo visible son el Sol su luz el ojo y su visioacuten La regioacuten inteligible es el mundo del entendimiento y de los ob-jetos de verdad ideales ambos iluminados por el Bien59 Nuestro texto ade-maacutes da a entender que los objetos de la regioacuten inteligible son iluminados ldquopor la verdad y el serrdquo (ἀλήθεια τε καὶ τὸ ὄν 508d) a diferencia de una re-gioacuten de la opinioacuten de objetos sensibles

Indudablemente que las liacuteneas cruciales referentes a nuestro tema se ex-

tienden entre el 508e1-509b10 del libro VI La correspondencia de semejanza (analogia) que dominaba hasta aquiacute el discurso ha consistido en desplegar en toda su riqueza la metaacutefora del hijo el Sol y su regioacuten visible Ahora en cam-bio en las liacuteneas a que aludo se lleva a cabo una transposicioacuten en que el analogado principal a saber el Bien es descrito en los mismos teacuterminos que

56 Rep VI 506b se utiliza el verbo episkopein ldquovigilar observarrdquo 57 αὐτὸ μὲν τί ποτ᾽ἐστὶ τ᾽ἀγαθὸν ἐάσωμεν τὸ νῦν εἶναι 58 El teacutermino que aquiacute se utiliza es hormeacute (ὁρμή) ldquoimpulso esfuerzo punto inicialrdquo 59 Ilustrando esta analogiacutea J Raven en Platos Thought in the Making Cambridge 1965 pg 137 dice ldquoJust as therefore the sun is the source of light so the Idea of the Good is the source of truthrdquo

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su imagen con la salvedad de que cada elemento de significacioacuten de la metaacute-fora visible (el Sol la luz el ojo y la visioacuten) se traspone cada vez en un ele-mento de significacioacuten inteligible (la Idea del Bien la verdad el alma y la in-teligencia) Se ha partido de la imagen para luego remontarse al original pe-ro se ha hecho depender la explicacioacuten del prototipo de su semejanza infe-rior

De ahiacute quizaacutes la dificultad de ver en esta descripcioacuten del Bien una ver-

dadera explicacioacuten ya que el mismo Platoacuten prefiere enmarcar en una frase que pende en sus inicios de un ldquodirdquo (φάθι) luego de un ldquoconciberdquo (διανοοῦ) y finalmente de un ldquojuzgaraacutesrdquo (ἡγήσῃ) sus primeros asertos acer-ca del Bien Evidentemente que este es un modo de decir lsquono tengo pruebas propiamente que dar para demostrar mi aserto (y por favor no busquen maacutes falacias de las necesarias en mis explicaciones) por lo que aceacuteptalo como un postulado admisible que se necesitariacutea mucha labor y extensioacuten de ser nece-saria una demostracioacuten y tal vez no hay prueba alguna que darrsquo

Por mi parte he vertido la oracioacuten de la siguiente manera ldquomdashdi por tanto que aquello que comunica la verdad a los objetos conocibles y

que da la facultad al que conoce es la idea del bien y conciacutebela en cuanto que objeto del conocimiento puesto que es ella la causa de la ciencia y de la verdad y asiacute por muy hermosos que sean ambos el conocimiento y la verdad juzgaraacutes rectamente si consideras a aquello distinto e incluso maacutes bello que estos y como en este mundo es correcto suponer que la luz y la visioacuten son semejantes al sol pero que es errado con-siderar que son el sol del mismo modo en aquel mundo es correcto suponer que la ciencia y la verdad son uno y otro semejantes al bien pero es errado el considerar que una y otra son el bien sino que debe estimarse que la condicioacuten del bien es in-cluso mayorrdquo (R VI 508e1-509a5)

Podemos darle entonces a estas afirmaciones el caraacutecter de una presen-tacioacuten doctrinaria de la teoriacutea platoacutenica acerca del Bien no hay al parecer intento alguno de establecer una prueba mediante procedimientos loacutegicos si bien estaacuten latentes los principios metafiacutesicos que le han llevado ya a postular

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no solo la existencia de Ideas inteligibles sino tambieacuten la coordinacioacuten de estas en torno a un principio unificador

En el paacuterrafo de Platoacuten que se acaba de presentar se establece claramen-

te que la Idea del Bien proporciona esto es comunica (ἀποδιδὸν) la verdad a los objetos del conocimiento y el poder de conocer al espiacuteritu que conoce Se dice ademaacutes que ella es la causa de la ciencia y que es el saber superior Se afirma tambien que por ser ella es causa de ese saber es en cierta medida cognoscible pues se la conoce en los objetivos uacuteltimos de bondad que hay en la ciencia y en la verdad60 Pero ella es diferente ya que es otra cosa y maacutes bella que la ciencia y la verdad y por consiguiente que toda otra realidad inteligi-ble Junto a todas esas afirmaciones cargadas de importancia filosoacutefica se afirma que como en el caso del Sol es correcto suponer que ella es semejante a la ciencia la verdad y la inteligencia y que es diferente (como puede serlo comparativamente el Sol) de todas ellas porque la condicioacuten permanente de la Idea del Bien es mayor que las demaacutes realidades

No es poco lo que se nos dice de esta Idea del Bien siendo nosotros tal

vez los que en una primera lectura quedamos con una sensacioacuten de haber entendido poco de su relevancia Algo se nos dice entonces en resumidas cuentas en queacute consiste la Idea del Bien Porque ella cuanto es causa es ori-gen fuente de inteligibilidad de los objetos ideales es decir es causa de la Ideas las que son tambieacuten lo que llamamos la verdad El conocimiento quede ella podemos tener es el origen en nosotros de toda ciencia y saber inteligible El hecho de ser el Bien semejante a esos objetos inteligibles nos abre la posibi-lidad de acceder a esta Idea suprema pero por ser diferente y mayor que es-

60 Esta afirmacioacuten es vaacutelida aquiacute solo si he interpretado bien el difiacutecil pasaje ὡς γιγνωσκομένης μὲν διανοοῦ ldquoconciacutebela en cuanto que se la conocerdquo Se conoce a la Idea del Bien se diriacutea en esta caso en cuanto conocemos el aspecto de bien que la ciencia y la verdad poseen P Shorey mdashPlato The Republic vol II pg 105 traduce ldquoyou must say is the idea of good and you must conceive it as being the cause of knowledge and of truth in so far as knownrdquo La nota explicativa (op cit pg 104 n b me puso en la pista de una posible solucioacuten Dice ldquoWe really understand and know anything only when we apprehend its purpose the aspect of the good that its revealsrdquo

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tos objetos se nos sugiere que posee una su trascendencia que queda auacuten sin explicar61

En un segundo y decisivo par de breves paacuterrafos cargados de significa-

cioacuten (VI 509b 2-10) Platoacuten culmina su descripcioacuten del siacutemil del Sol y su ex-plicacioacuten de la idea del Bien Comienza diciendo por boca de Soacutecrates

ldquomdashSupongo que tuacute reconoceraacutes que el Sol proporciona a los objetos visibles no solo

la facultad de ser vistos sino tambieacuten la generacioacuten el crecimiento y la alimentacioacuten aunque no es eacutel mismo generacioacuten

mdashiquestCoacutemo podriacutea serlo mdashPues bien del mismo modo has de decir que los objetos de conocimiento no solo reciben de la cercaniacutea del bien el ser conocidos sino tambieacuten que de aquel se deriva hacia ellos el ser y la esencia aunque el bien no es una esencia sino que estaacute incluso maacutes allaacute de la esencia en dignidad y poderrdquo

Se utiliza de nuevo el meacutetodo comparativo que a partir de la imagen

del Sol infiere mediante una transposicioacuten como hacia arriba las caracteriacutesti-cas de la idea del Bien La comparacioacuten se sostiene baacutesicamente en la interre-lacioacuten entre la facultad de ser visto y la facultad de ser conocido por una par-te y en la generacioacuten y la esencia por otra Dos modos de comprender y dos calidades de existencia Ahora bien no es faacutecil distinguir entre ldquoel serrdquo (τὸ εἶναι) y ldquola esenciardquo (τὴν οὐσίαν) si bien dos hermeneutas dignos de creacutedito en el siglo XX A Diegraves y P Shorey interpretan to einai como ldquoexistenciardquo y ousiacutea como ldquoesenciardquo

En cuanto a esencia estoy de acuerdo suponiendo que por esencia se es-

taacute sentildealando modos de ser y por tanto se expresan asiacute las diversidades pre-sentes en el plano inteligible (nos encontramos por ejemplo con Ideas dife-rentes unas de otras) Pero en cuanto a ldquoexistirrdquo dudo en aceptar pues la ge-neracioacuten tambieacuten existe con la diferencia que uno es el existir de la genera-

61 A Diegraves (Autour de Platon Paris 1972 lt1926gt pg 486) en un momento de su anaacuteli-sis califica a la Idea del Bien como ldquoun centre dattraction et par cela mecircme un cen-tre doriginerdquo

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cioacuten y otro el existir de la esencia Nos hallamos ante dos calidades de exis-tencia Si queremos distinguir tendriacuteamos tal vez que decir que las cosas del mundo visible existen y las del mundo inteligible son Por ello prefiero pen-sar que Platoacuten habla del ser que es el modo propio de existir de las cosas in-teligibles

Llegamos finalmente a la muy debatida afirmacioacuten de que la Idea del

Bien que en una versioacuten alternativa dice que esta Idea ldquono es una esencia sino que se encuentra incluso superando la esencia en dignidad y poderrdquo No seacute si los estudiosos se han preguntado alguna vez porqueacute no se dijo lsquono es ni ser ni esenciarsquo y solo se dice que la Idea del Bien lsquono es esenciarsquo Yo supongo que esto sucede porque la Idea del Bien tiene efectivamente una calidad de existencia que es propia de su ldquocondicioacutenrdquo o ldquonaturalezardquo (hexis) Esta hexis de Bien es asimismo concebida como ldquoincluso mayorrdquo que el resto de los inteligibles Si por tanto es Idea posee tambieacuten alguacuten tipo de existencia cu-ya calidad se funda en su condicioacuten propia superior62 De este modo la Idea del Bien existencia suprema proporciona a la verdad su existencia inteligible sin dejar a su vez aquella de existir en una condicioacuten que es considerada ldquoin-cluso mayorrdquo Pero es claro que tal Idea superior no puede ser esencia (ousiacutea ) si entendemos por ello la calidad de existencia necesariamente diversificada de la verdad inteligible es decir de los objetos de verdad de la regioacuten inteli-gible que son las Ideas

Ellas en efecto conforman a la vez un todo diversificado y una diver-

sidad totalizada cualidad que reciben de aquello que es ldquoincluso mayorrdquo En otras palabras las Ideas son el Ser en cuanto es unidad y diversidad y en cuanto platoacutenicamente es concebido como inteligible En esta perspectiva las Ideas estaacuten en situacioacuten de coordinacioacuten por el hecho de depender del origen iquestEn queacute estaacute ese ldquogrado maacutes altordquo (μειζόνως adverbio que hemos traducido tambieacuten como ldquomayorrdquo) de la Idea del Bien En que ldquono es esen-

62 A Diegraves (Platon La Reacutepublique vol I Introduction pg LXIII) sentildeala un punto im-portante cuando dice Tambieacuten el Bien es llamado aquiacute mismo aquello que hay de maacutes esplendoroso en el ser (518 c 532 ) aquello que hay de maacutes dichoso en el ser (526 e) aquello que hay de maacutes excelente entre los seres (532 c)

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ciardquo digo es decir en su ausencia de diversificacioacuten en otras palabras en su unidad Ella es la fuente originaria de cuya simplicidad absoluta deriva toda otra existencia inteligible

Con la frase ldquogrado maacutes altordquo (509a 4) hace juego otra expresioacuten de or-

den espacial ldquomaacutes allaacute a mayor distanciardquo (epeacutekeina 509b 9) Ambos teacuterminos revelan de alguacuten modo la distincioacuten existente entre la Idea del Bien y las Ideas inteligibles en general La expresioacuten ldquoestaacute incluso maacutes allaacute de la esen-ciardquo define maacutes claramente la concepcioacuten que tiene Platoacuten de una realidad que existe en forma absoluta es decir liberada absuelta de toda otra condi-cioacuten Es algo que al mismo tiempo estaacute de alguacuten modo al interior de una tota-lidad de lo real de la que ella la Idea del Bien es la cima De ahiacute que tenga sentido decir que ldquola idea maacutes alta de Platoacuten no extingue al ser sino que estaacute por decirlo asi al interior de la cadena del serrdquo63

Se dice finalmente que la Idea del Bien trasciende la esencia ldquoen digni-

dad y poderrdquo (πρεσβείᾳ καὶ δυνάμει) Esa ldquodignidadrdquo es aquiacute en especial el rango que el Bien posee que es el maacutes alto y sugiere al mismo tiempo la idea de una continuidad entre este que es el primero y sus criaturas inteligibles que vienen despueacutes de eacutel El ldquopoderrdquo del que se habla por otra parte y en analogiacutea con el Sol es en primer lugar la capacidad ya establecida del Bien de dar inteligibilidad y existencia a las realidades ideales No hay poder mayor en esta repuacuteblica que el de la Idea del Bien Ese poder es evidentemente meta-fiacutesico pero este rango y poder superior del Bien es al mismo tiempo sentildeal de por queacute la Idea del Bien es el origen y la razoacuten de ser de la politeia platoacutenica64

63 Paul Friedlaumlnder Plato an Introduction New York 1958 pg 77 ldquoPlatos highest idea does not extinguish being but is as it were within the chain of being only it is so far above everything else that paradoxically it may be called beyond being though still beyond being It is reached not through lonely introspection violents leaps and submergence in darkness but through a path by which knowledge grasps the natu-re of being Without arithmetic geometry astronomy musical theory without the discipline of philosophical dialectics the goal cannot be approached mdashalthough once in view words and concepts are no longer adequaterdquo 64 A Diegraves Platon La Reacutepublique vol I Introduction pg LXIV recuerda la estrecha relacioacuten entre la educacioacuten de los gobernantes y el conocimiento del Bien en la Re-puacuteblica ldquoEl programa de educacioacuten de los gobernantes dice es un programa de ascensioacuten continua hacia el Bienrdquo

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Aquellos que adquieran este objeto supremo mediante la maacutes alta ensentildeanza es decir los filoacutesofos guardianes de la ciudad estaraacuten precisamente en pose-sioacuten de la dignidad y el poder supremo en la ciudad La fuente de la sobera-niacutea por la que el filoacutesofo gobernante ejerce la dynamis politikḗ estaacute en la Idea del Bien y los filoacutesofos legitiman su gobierno justamente en este Bien absolu-to y en la posesioacuten que tienen de eacutel mediante aquella ensentildeanza65

XI iquestEs la Idea del Bien identificable con la divinidad Platoacuten ha decidido como recordaacutebamos abandonar por ahora una

explicacioacuten de lo Bueno en siacute (τἀγαθὸν VI 506 e 1) para hablar de la imagen del Sol Ahora bien lo primero que se dice de eacutel es que entre los dioses del cielo podemos considerarlo el sentildeor (κύριον) de la luz De esa manera por la operacioacuten de esta como el tercer elemento el Sol es responsable de la reali-zacioacuten del acto de la visioacuten pues la luz hace posible mdashseguacuten Platoacuten a dife-rencia de otros actos sensoriales que no poseen tal mediomdash la unioacuten entre el sentido de la vista y los objetos de la visioacuten o mejor dicho entre la ldquovisioacutenrdquo (ὄψις) y lo ldquovisiblerdquo (τὸ ὁρατόν)66 El Sol no es el medio entre estos dos lo es la luz pero se le considera el responsable de la realizacioacuten uacuteltima de la ac-cioacuten por ser el ldquosentildeorrdquo de ella67 Tenemos pues una primera sentildeal el Sol es un dios de los que existen ldquoen el cielordquo el que dispensa el ldquopoderrdquo (δύναμιν 508b) que ejerce mediante la visioacuten el ldquoojordquo (ὄμμα) mdashel ldquomaacutes semejante al

65 ldquoLa dyvnamis politikeacute en las democracias estaacute en el pueblo en las oligarquiacuteas en los ldquopocosrdquo (holigoi) para Platoacuten estaacute en aquellos que poseen una ciencia particular que los hace philoacutesophoi Ese ldquosolo cambiordquo por tanto es absolutamente trascenden-tal y nos da la clave para entender los verdadero objetivos de su ciudad ideal Se trata en resumidas cuentas de un reordenamiento del Estado a traveacutes del estable-cimiento de una nueva soberaniacuteardquo (J O Velaacutesquez ldquoPlatoacuten y la soberaniacutea del Esta-dordquo Revista de Filosofiacutea Universidad de Chile vol XXXI-XXXII (1988) pg 39 66 Ver Rep 507c 10-508a 6 El pasaje maacutes especiacuteficamente aludido aquiacute es Rep 507d 8 τὴν δὲ τῆς ὄψεως καὶ τοῦ ὁρατοῦ οὐκ εννοεῖς ὅτι προσδεῖται 67 Se ha utilizado en 508a 4 la foacutermula αἰτιάσασθαι ldquoconsiderar como causa hacer responsable ser causanterdquo El teacutermino ldquosentildeorrdquo (κύριος) no tiene al parecer un senti-do religioso sino en el griego tardiacuteo (hay testimonios a partir del s I aC) pero in-dudablemente esta evolucioacuten semaacutentica muestra ya una significacioacuten afiacuten

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solrdquo de los oacuterganos sensoriales68 El ojo posee este poder ldquocomo algo infundi-dordquo en eacutel por una suerte de desborde que proviene del Sol69 El astro en con-secuencia es ldquocausardquo (αἴτιον) de la visioacuten del ojo

Por otra parte al posponerse el tema del Bien en siacute y haberse sentildeala-

do que el Sol ldquoparece ser el hijo del bien y el maacutes parecido a eacutelrdquo (506e) se in-dica vagamente que ldquoen otra oportunidadrdquo se ha de pagar la deuda con la descripcioacuten del padre Aquiacute solo es posible conjeturar si todo el siacutemil consiste en una transposicioacuten de la figura del Sol en relacioacuten con el Bien este uacuteltimo podriacutea ser considerado un dios entre los dioses de la regioacuten inteligible Pero nada se dice expliacutecitamente cuando llega el momento de describir queacute es el Bien Tampoco se diraacute nada a lo largo de la Repuacuteblica si exceptuamos otro enigmaacutetico pasaje de Repuacuteblica X 597 b ss que debe ser revisado en sus pro-pios meacuteritos70

Siguiendo entonces con las conjeturas se podriacutea solo sentildealar que si

Platoacuten cumple alguna vez con su promesa de hablar del padre esta se realiza-riacutea en el Timeo donde luego de la sugestiva recapitulacioacuten de la conversacioacuten sobre una repuacuteblica que ha tenido lugar el diacutea anterior se inicia un relato so-bre el mundo y el padre Aunque seriacutea necesario atar muchos cabos mdashentre ellos la relacioacuten que es posible establecer entre la Repuacuteblica y el Timeomdash hay sentildeales de evidente intereacutes En primer lugar se plantea nuevamente mdashy en forma elocuentemdash en el Timeo la dificultad de hacer una descripcioacuten del pa-dre ldquoahora bien dice hallar al creador y padre de este universo es ya un tra-bajo y luego de hallarlo es imposible hablar de eacutel a todosrdquo (28c) Imposible a todos sin embargo parece posible el poder hablar de eacutel a algunos al menos a los representados por el selecto grupo reunido para entablar el diaacutelogo

68 Esta expresioacuten (en sus dos formas en positivo y en superlativo) parece ser un neologismo de Platoacuten M Heidegger le llama ldquohelioiderdquo y ldquosolisiacutemilrdquo en su Doctrina de la Verdad seguacuten Platoacuten 69 Rep V 508b ὥσπερ ἐπίρρυτον 70 Ver supra el Tema de Estudio ldquoMiacutemesis y comtemplacioacuten en el libro deacutecimo de la Repuacuteblica de Platoacutenrdquo

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En seguida conviene antildeadir un segundo elemento de juicio Aparte de una doble referencia a Helios el dios Sol como padre de Faetoacuten (Tim 22c) el uso del teacutermino estaacute circunscrito en el Timeo exclusivamente a mostrar a este patḗr que es el demiurgo creador del universo como ldquoel que engendrardquo a los dioses inmortales (37c) que son los astros del cielo Estos ldquodioses proce-dentes de diosesrdquo poseen un ldquodemiurgo y padre de sus obrasrdquo (41a) Son dio-ses ldquonuevosrdquo que ldquocomprenden la ordenanza del padrerdquo (42e) y en fin re-cuerdan ldquola prescricioacuten del padrerdquo (71d) Esto significa que la comparacioacuten de la Repuacuteblica entre el Sol de lo sensible y el Bien de lo inteligible como hijo y padre se mantiene en el Timeo entre los dioses nuevos del mundo sensible que son los astros (entre los que destaca el Sol) y el padre que los engendra que es el demiurgo Inteligencia del universo Del mismo modo se podriacutea de-cir entonces que el Bien es como el autor de las Ideas las que mantienen con su principio una relacioacuten de filiacioacuten

Un tercer aspecto parece digno de mencionarse y es que son preci-

samente estos dioses celestes (que podemos comparar mutatis mutandis con el Sol ldquode entre los dioses del cielordquo de Repuacuteblica ) los que construyen ldquolos ojos portadores de luzrdquo y que gracias a su afinidad con ella estos realizan ldquoesa sensacioacuten que ahora llamamos verrdquo (Tim 45d) Es claro entonces que la luz que los ojos perciben es la que proviene de las luminarias del universo en especial del Sol y de la Luna Los ojos y los astros actuacutean en la regioacuten visible De los ojos pasamos a la ldquovisioacutenrdquo (ὄψις 47a) con cuyo concurso reconocemos el orden numeacuterico del mundo se nos proporciona una concepcioacuten del tiempo y en especial se nos concede la filosofiacutea el don mayor del cielo que es entre-gado al hombre por divina dispensacioacuten (Tim 46e ss)

Por uacuteltimo se dice del demiurgo que ldquoera buenordquo (29e) Es de supo-

ner que de aquiacute no es posible inferir directamente que el patḗr del Timeo pue-de ser identificado con el Bien de la Repuacuteblica pero una afirmacioacuten de esta naturaleza es un paso importante No es posible inferir directamente de la bondad del dios creador del mundo su identificacioacuten con el Bien en siacute se antildeade sin embargo pocas liacuteneas maacutes abajo que el creador es ldquoel mejorrdquo (τῷ

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ἀρίστῳ 30a) y que logra ejecutar una obra ldquola maacutes bella y maacutes buena (ἄριστον) en su naturalezardquo

XII El siacutemil de la Liacutenea dividida Entre las imaacutegenes del Sol y de la Liacutenea hay una estrecha continuidad71

No bien ha terminado Soacutecrates de referirse a la superioridad de la Idea del Bien y dicho casi en seguida con cierta ironiacutea que auacuten resta mucho que decir de la comparacioacuten acerca del Sol realiza una breve recapitulacioacuten de quieacutenes son los que reinan en el geacutenero y la regioacuten tanto inteligible como visible Conviene poner atencioacuten a la sencilla afirmacioacuten en dual que se intercala ldquoque ellos son dosrdquo (δύο αὐτὼ εἶναι VI 509d 1)72 y que tres liacuteneas maacutes abajo se reproduce en ldquoestas dos especies la visible y la inteligiblerdquo que son como una recapitulacioacuten de todo el siacutemil del Sol

Es un punto que me parece importante pues acto seguido Soacutecrates ini-

cia su descripcioacuten de una liacutenea cortada en dos segmentos desiguales que re-presentan respectivamente cada cual los geacuteneros visible e inteligible Hemos trazado la liacutenea en forma vertical con el segmento inteligible arriba73 ldquopor la simple razoacuten de que lo que ella representa es una escala vertical de la reali-dad74 Una lectura maacutes atenta del pasaje nos mostraraacute queacute faacutecil es tropezar con dificultades cuando se quiere dar una interpretacioacuten que satisfaga al me-nos ciertos requisitos de coherencia Si bien podemos pensar su presentacioacuten en forma de diagrama75 pudo anticipar erroacuteneamente una faacutecil lectura En el desarrollo de la explicacioacuten del siacutemil acudireacute primeramente en especial a

71 Como afirma J Raven op cit pg 142 el siacutemil de la Liacutenea Dividida es introdu-cido expliacutecitamente como una continuacioacuten del siacutemil del sol 72 El dual griego es un plural restringido a dos y se usa comunmente para indicar una estrecha relacioacuten entre dos cosas como podriacutea serlo por ejemplo ldquolos dos ojosrdquo Aquiacute un poco menos comunmente se ha usado para significar dos objetos (el Sol y el Bien) Suponemos que se quiere enfatizar de esa manera la especial corres-pondencia entre ambos 73 He seguido muy de cerca las uacutetiles referencias de John Raven op cit pg 145 74 ibid pg 145 75 La expresioacuten ldquodiagrammaticallyrdquo es de J S Morrison (ldquoTwo Unresolved Difficul-ties in the Line and Caverdquo en Phronesis 22 (1977) pg 227

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una interpretacioacuten la de John Raven76 que me parece de intereacutes fundamen-talmente por dos razones Una porque intenta dar una explicacioacuten integral del siacutemil poniendo eacutenfasis en su relacioacuten con las otras dos alegoriacuteas y discu-tiendo sus diferencias y luego porque creo que es bueno en este caso utilizar baacutesicamente para un enfoque introductorio una interpretacioacuten que se preste bien como un medio de iniciacioacuten en la lectura de un texto complejo como este Se evita asiacute tambieacuten iniciar la explicacioacuten partiendo de la controversia

sin haber auacuten alcanzado un grado miacutenimo de comprensioacuten del asunto En seguida seraacute posible sobre esta base analizar con mayor fruto las dudas a que puede dar lugar el parecer de Raven cuando confrontado con otras interpretaciones tambieacuten dignas de estudio77

La Liacutenea Dividida entonces como lo habiacutea

sido el Sol estariacutea concebida para clarificar los con-tenidos de la regioacuten inteligible mediante una com-paracioacuten con el mundo visible Procedemos a des-cribir en forma vertical su figura trazando una liacutenea AB que dividimos en forma desigual en el

punto C Tenemos asiacute dos segmentos el maacutes largo AC y el maacutes corto CB Se dividen de nuevo ambos segmentos digamos en D y E y asiacute tenemos que BD es a DC como CE es a EA y como el segmento BC es al segmento CA En esas circunstancias las cuatro partes son clasificadas seguacuten su grado de clari-dad y de oscuridad comparativas78 Tenemos completa asiacute la divisioacuten de la liacutenea con dos porciones para la seccioacuten inferior ldquovisiblerdquo (BC) y dos porcio-nes para la seccioacuten superior ldquointeligiblerdquo (CA)

76 J Raven Platos Thought in the Making cap 10 77 Para los fines de este capiacutetulo se ha tenido en cuenta tambieacuten la interpretacioacuten de J Adam The Republic of Plato vol II y el ensayo introductorio de D A Rees de la segunda edicioacuten de 1963 a la misma obra de J Adam op cit vol I pgs XXXI-XLIII 78 J Raven op cit (pg 145) ldquoIt is divided Plato tells us in proportions which symbolize lsquocomparative clearness or obscurityrsquo the shorter the segment in other words the more obscure its contentsrdquo

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Comenzando por los segmentos inferiores el primero BD consiste de imaacutegenes visuales (εἰκόνες) que son ldquoen primer lugar las sombras y luego los reflejos en las aguas y en las superficies de textura densa pulida y brillan-te y todas las otras representaciones del mismo tipo si me entiendesrdquo dice Platoacuten (R VI 510a)

Se trata al parecer de representaciones de caraacutecter exclusivamente vi-

sual digamos entonces que son modos de reflexiones visuales de originales que estaacuten en el proacuteximo segmento DC La presentacioacuten para esta seccioacuten es ldquotoma entonces el segundo segmento que sentildeala aquello de lo que el primero es una semejanza nosotros los seres vivientes y todo tipo de realidad natural o manufacturadardquo (R VI 510a)

La frase clave aquello de lo que el primer segmento es una semejanza parece tener el significado siguiente que en el segundo segmento DC estaacuten repre-sentadas las realidades originales cuyas semejanzas se revelan en el primer segmento a modo de imaacutegenes Se antildeade ademaacutes un dato sugerente a saber que la divisioacuten entre la verdad es decir la realidad y su opuesto se expresan por una relacioacuten proporcional Es decir como es lo opinable a lo cognoscible asiacute es lo asemejado ( la imagen) a aquello a lo que se asemeja ( el modelo)

En el caso de las dos secciones del segmento de lo visible (BD y DC) lsquolo

asemejadorsquo ocupa el trazado inferior y su lsquomodelorsquo el superior El segmento BC en seguida es claramente asimilado a los objetos de opinioacuten79 Se transita asiacute de la analogiacutea quiero decir relacioacuten de semejanza entre visible e inteligi-ble mdashque comanda la estructura baacutesica del siacutemilmdash a la analogiacutea entre objetos de opinioacuten y objetos de conocimiento No se les coloca entonces en contra-posicioacuten sino en comparacioacuten Siendo esa la situacioacuten ldquoel objeto de la Liacutenea Dividida como una continuacioacuten del siacutemil del Sol es usar la vista y las dos

79 Esta mencioacuten del lsquoobjeto de opinioacutenrsquo da base seguacuten el anaacutelisis de Raven a la in-terpretacioacuten lsquoortodoxarsquo de la Liacutenea liderada por J Adam Es decir que BC no solo contiene visibles sino tambieacuten opinables y se quiere con ello ldquopresentar una com-pleta clasificacioacuten de los contenidos del mundo sensiblerdquo (op cit pg 149) Raven en cambio insiste en la presencia uacutenica de objetos visibles en las dos secciones inferio-res del segmento BC

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clases de cosas visibles para ilustrar la inteligencia y las dos clases de cosas inteligiblesrdquo80 De este modo los objetos reales del mundo visible (represen-tados en DC) y sus sombras y reflejos (representados en BD) tienen en la Liacutenea la funcioacuten de clarificar la explicacioacuten del segmento superior de lo inte-ligible en CA De alliacute que se diga que la divisioacuten inferior BC en su totalidad es ldquopuramente ilustrativa y es incluida solo por causa de la superiorrdquo81 Hay una clara analogiacutea entre los reflejos visibles y los objetos que los proyectan por una parte y la relacioacuten existente entre las dos clases del mundo inteligi-ble por otra

Asiacute pues en la seccioacuten CE del segmento inteligible el alma usa lsquocomo

imaacutegenesrsquo (ὡς εἰκόσιν 510b 4) los objetos representados en DC esos mismos que a modo de original se proyectan en imagen en la seccioacuten BD En otras palabras los objetos en DC cambian de signo cuando comparados a los obje-tos inteligibles de CE De ese modo ldquoBD contiene imaacutegenes de DC los obje-tos en DC son imaacutegenes de los contenidos de CE y CE contiene imaacutegenes de EA Esta es una caracteriacutestica bien lograda de la comparacioacutenrdquo82 En EA en el tope de la liacutenea el alma no utiliza las imaacutegenes sino que se ocupa solo de las Ideas y desde una hipoacutetesis se eleva hacia un primer principio no hipoteacutetico

Volviendo a CE Platoacuten utiliza un meacutetodo matemaacutetico para clarificar su teoriacutea filosoacutefica Aquiacute entonces las lsquohipoacutetesisrsquo son supuestos que se dan por descontados El matemaacutetico concluye como hacia abajo lo que se ha propues-to establecer sin intentar dar explicacioacuten de esos presupuestos que funda-mentan sus pasos sin subir por decir asiacute maacutes allaacute de las hipoacutetesis a funda-mentos uacuteltimos En esas circunstancias el alma se ve forzada a utilizar en su investigacioacuten hipoacutetesis usando como imaacutegenes aquellos mismos objetos que

80 J Raven op cit pg 150 Y se dice a continuacioacuten que la Liacutenea Dividida es com-plementaria con la del Sol ldquoIn the Divided Line the two relevant classes of things in the visible world actual objects and their shadows or reflexions are used to illustra-te the relations subsisting between the two analogous classes in the intelligible worldrdquo (pg151) 81 ibid pg 151 Se dice entonces que ldquolas proporciones de la Liacutenea indican que las entidades en el segmento CE se hallan frente a aquellos en EA como los reflejos en BD se hallan frente a sus originales en DCrdquo 82 J Raven op cit pg 152

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producen sombras en la seccioacuten inferior y que ellos juzgan con estimacioacuten como distintos en comparacioacuten con sus reflejos (VI 511a)

En este segmento CE se sentildeala entonces por

una parte una correspondencia con los contenidos del segmento anterior que son usados como imaacute-genes y una correspondencia con los del segmento superior que auacuten resta por explicar en mayor deta-lle y por otra se considera coacutemo el geoacutemetra que es estimulado originalmente por diagramas visi-bles se esfuerza a su vez por ascender no soacutelo has-ta los objetos abstractos matemaacuteticos mdashque tienen una funcioacuten intelectual intermediariamdash sino hasta las Ideas mismas en cuanto que hipoacutetesis no ex-plicadas pero siacute supuestas83 En todo caso el or-

den principal de la seccioacuten CE estaacute en un movimiento de pensamiento hacia abajo es decir desde las hipoacutetesis hacia los particulares Se considera asiacute a los objetos matemaacuteticos como intermediarios entre la opinioacuten y el conoci-miento y son los geoacutemetras y otros sabios los que laboran con ellos mediante un ldquoconocimiento deductivordquo o ldquoabstraccioacutenrdquo (διάνοιαν VI 511d)

En 511b 3 se inicia la descripcioacuten del segmento superior EA Aquiacute la ra-

zoacuten (λόγος) capta las cosas u objetos inteligibles por el poder dialeacutectico (διαλέγεσθαι) y trata sus presupuestos literalmente como hipoacutetesis es decir como puntos de apoyo para elevarse hasta el principio de todo Este principio es el ldquoque no requiere presupuestordquo (τοῦ ἀνυποθέτου) Luego de alcanzarlo el alma vuelve a pasar por todo lo que depende de eacutel desciende a la conclu-sioacuten no haciendo uso de ninguacuten objeto del sentido sino solo de las puras Ideas Se mueve de Ideas en Ideas para terminar con Ideas Todo se deduce desde un principio primero

83 ldquoMathematics do of course provide the ideal illustration of this procedure becau-se as Plato says they do take for granted the material on which they work such as magnitude and its various properties and they employ an essencially deductive mathodrdquo (J Raven op cit pg 158-59)

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ldquowhen it has eventually climbed up as it were on a staircase to the first prin-ciple of everything then as we have at last been told the mind turns back again and begins to descend the selfsame stairsrdquo84

Suponemos que la Idea lsquono-hipoteacuteticarsquo es pre-

cisamente la Idea del Bien que habiacutea sido repre-sentada por el Sol en el siacutemil anterior El Bien tiene un poder unificador por lo que ejerce sobre el res-to de las Ideas su capacidad coordinadora Quien asciende hasta ella mediante el ejercicio dialeacutectico obtiene los medios que le permiten descender comprensivamente desde lo no-hipoteacutetico que es la Idea del Bien Deste esta Idea superior desciende traveacutes de Ideas mdashahora en correlacioacuten con su prin-cipiomdash hacia los intermedios matemaacuteticos luego a las cosas visibles de las que aquellos son abstrac-

ciones y sus reflejos umbraacutetiles finales Frente a estas cuatro secciones de la Liacutenea se nos invita a aplicar cuatro

operaciones del espiacuteritu A la seccioacuten maacutes elevada la ldquointeligenciardquo o ldquointe-leccioacutenrdquo (νόησιν) a la segunda ldquoconocimiento discursivordquo o ldquopensamientordquo (διάνοιαν) a la tercera se atribuye la ldquocreenciardquo (πίστιν) y a la uacuteltima ldquocon-jeturardquo o ldquoimaginacioacutenrdquo (εἰκασίαν) Ordenadas en proporcioacuten se considera que cuanto maacutes los objetos de cada operacioacuten participan de la verdad tanto maacutes estas afecciones del espiacuteritu participan de claridad

Siguiendo el orden de Platoacuten -y de acuerdo con nuestro esquema- co-

menzamos por abajo por el grado de mayor oscuridad hacia el de mayor claridad arriba

primera seccioacuten sus objetos son imaacutegenes visibles (εἰκόνες) su opera-cioacuten conjetura o imaginacioacuten (εἰκασία)

84 ibid pg 161

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segunda seccioacuten sus objetos son ejemplares o prototipos visibles de esas imaacutegenes ( ᾧ τοῦτο ἔοικεν)85 su operacioacuten es creencia (πίστις)

tercera seccioacuten sus objetos son inteligibles intermedios (νοητά ὡς μεταξύ) su operacioacuten es conocimiento discursivo o pensamiento (διάνοια)

cuarta seccioacuten sus objetos son inteligibles superiores e Ideas (νοητά εἴδη) su operacioacuten inteligencia o inteleccioacuten (νόησις)86

XIII La alegoriacutea de la Caverna Los dos siacutemiles anteriores han ido haciendo manifiesto en queacute consiste

ldquola maacutes alta ensentildeanzardquo que es la que ha de proporcionar al guardiaacuten-filoacutesofo la ciencia habilitadora para gobernar la ciudad El saber tiene un obje-to superior las Ideas y su fuente originaria la Idea del Bien Existe ademaacutes una facultad espiritual tambieacuten superior que opera como inteleccioacuten (noesis) y que es capaz de conocer estos objetos inteligibles Ha llegado ahora el mo-mento a partir de las alegoriacuteas precedentes de poner en funcionamiento por decir asiacute una nueva paraacutebola que describa la efectiva mutacioacuten del alma de los elegidos para gobernar

A fin crear un estado como el descrito hay que comenzar por desarro-

llar en el discurso el evento decisivo que marque la transformacioacuten mediante la educacioacuten del futuro rey-filoacutesofo El siacutemil debe sentildealar el comienzo de la accioacuten ciacutevica mediante una ldquoimagen insoacutelitardquo (515a 4) Queda atraacutes la teoriacutea superior que ha consistido en la explicacioacuten del megiston mathema y es hora

85 Literalmente la seccioacuten de la que la primera es una imagen es decir los prototi-pos que por decir asiacute producen en la primera seccioacuten imaacutegenes que son sombras o figuras proyectadas desde aquellos ejemplares 86 Figura en J Adam The Republic of Plato II p 156

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ya de sentildealar coacutemo es que la posesioacuten progresiva de este saber produce en el alma del guardiaacuten esa transformacioacuten decisiva Sin este giro del alma es im-posible edificar la ciudad y la Caverna pone de manifiesto cuaacuteles han de ser las fuerzas espirituales que impulsen la realizacioacuten de esta repuacuteblica Sin la Caverna al descubierto no habraacute jamaacutes reyes filoacutesofos ni ciudades en capaci-dad de ser fundadas bajo el signo de las Ideas y el Bien El descenso de la teo-riacutea a la accioacuten vuelve al centro del discurso y esta vez la accioacuten estaacute sentildealan-do el modo peculiar en que se realiza el giro progresivo del alma hacia la realidad En esas circunstancias la accioacuten de la que se habla es ahora ldquoeduca-cioacutenrdquo (paideia ) y se designa con ello el reencuentro del alma con la verdad mediante el saber

La Caverna entonces describe una situacioacuten un lsquosucesorsquo (πάθος)87 que

representa a la naturaleza humana en su condicioacuten de sujeto capaz de la po-sesioacuten del saber propio de las ensentildeanzas superiores o en caso contrario el que carece de ellas El estado original de los hombres que habitan esta ldquoca-vernosa vivienda subterraacuteneardquo es el de ldquoineducacioacutenrdquo (apaideusiacutea) La falta de educacioacuten en estos sujetos se caracteriza por su condicioacuten de ingeacutenita porque estaacuten en ella ldquodesde nintildeosrdquo y se mantienen en un estado de inmovilidad que los obliga a ldquomirar solo hacia adelanterdquo Si es como parece que las almas han nacido para la verdad la ausencia de ella somete el cuello y le impide a la cabeza realizar el gesto propio de la razoacuten que se efectuacutea ldquoen ciacuterculordquo (κύκλῳ 514b 1) Sus moradores estaacuten presos y sometidos a riacutegidas cadenas son exacta representacioacuten de nuestra condicioacuten que la vivienda subterraacutenea es ldquoprisioacutenrdquo (τὸ δεσμωτήριον) y la mirada de los prisioneros en recto hacia adelante es solo visioacuten de ldquosombras proyectadasrdquo (515a) por objetos transpor-tados atraacutes a sus espaldas son visiones umbraacutetiles arrojadas por un fuego al fondo de la Caverna De este modo las sombras son para los encadenados verdad (τὸ ἀληθὲς 515c 2)

87 La palabra pathos sentildeala una ldquoexperienciardquo un ldquoincidenterdquo que ocurre en una situacioacuten determinada ldquoCompara dice Platoacuten al inicio del libro VII ldquodespueacutes de estordquo (es decir de la Liacutenea) ldquoa tal tipo de situacioacuten nuestra naturaleza a propoacutesito de la educacioacuten y la ineducacioacutenrdquo

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Al hombre en ese estado puede acontecer el inicio de su vuelta median-te educacioacuten que es desligamiento de cadenas y cura de ignorancias ldquoAl-guienrdquo lo desata y lo obliga a ldquolevantarse de suacutebito y a girar el cuello y a an-dar y a dirigir la mirada hacia el fuegordquo que origina sombras (515c) Se le en-sentildea a distinguir las sombras interiores de aquellos objetos maacutes reales que las proyectan al fondo Las sombras son el resultado de la interaccioacuten del fuego y los objetos retenidos en figuras sombriacuteas en la cavidad interior de la Caver-na Ahora el prisionero ldquoun poco maacutes cerca de lo realrdquo ve maacutes correctamente puesto que ha enderezado sus pasos ldquovolvieacutendoserdquo (τετραμμένος) ldquohacia objetos maacutes realesrdquo (πρὸς μᾶλλον ὄντα 515d) La educacioacuten se ha iniciado como una conversioacuten al ser es decir a lo maacutes real ella ha inducido al desli-gamiento que conduce al giro y encamina hacia el lugar contrario de las sombras El prisionero no sabe auacuten que esta primera liberacioacuten (λύσιν 515c 4) le daraacute finalmente la capacidad real de realizar el bien cosa que seraacute para eacutel finalmente su verdadera libertad Porque la educacioacuten es la que conduce al prisionero hacia su paulatina liberacioacuten mediante el saber

Entretanto estaacute perplejo (ἀπορεῖν 515d 6) mientras la inercia de la

apaideusiacutea o ineducacioacuten arrastra sus ojos adoloridos hacia las figuras umbro-sas Pero ldquoalguienrdquo (τις 515e 6) no le permite volver y ldquole arrasta por la fuer-zardquo La paideia fuerza al prisionero a subir hasta la luz para eacutel desacostumbra-da del Sol Termina por habituarse a la luz y a la paulatina comprensioacuten de todos los objetos sujetos a su irradiacioacuten y la memoria (ἀναμιμνῃσκόμενον) de su antigua habitacioacuten y saber le hace ldquoconsiderarse dichoso de su trans-formacioacuten y apiadarserdquo (516c) de sus antiguos compantildeeros de prisioacuten Este recuerdo mantiene viva la relacioacuten entre la paideia y la apaideusiacutea del antiguo encadenado puesto que la educacioacuten no es solo el conocimiento y saber que ha adquirido al presente el liberado hacia la luz sino el proceso mismo de instruccioacuten y ensentildeanza que ha tenido que experimentar Si hubiera de volver a las sombras se revertiriacutea el proceso de acostumbramiento viendo con difi-cultad en las tinieblas ldquohasta que se le asentaran los ojosrdquo (517a1) que la pai-deia en un sentido figurado es arte de asentamiento de ojos

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La paideia guiacutea en consecuencia todo el recorrido de la Caverna y es presentada claramente como un ldquoarte del girordquo (τέχνη τῆς περιαγωγῆς 518d 3) del oacutergano de la visioacuten por el que se procura corregirle (μεταστρέφεται) con la mayor facilidad y eficacia posible volverlo (τετραμμένῳ) hacia donde debe y hacerlo mirar con rectitud El norte de todo el camino hacia la abertura de la Caverna es la verdad que en el nivel de la Idea es representacioacuten inteligible del Bien La periagogeacute es la ldquorotacioacuten el ldquogirordquo que se aplica baacutesicamente a los astros y que aquiacute al amparo del Sol dirige tambieacuten las circunvoluciones del alma que asciende a la cima del Bien Este es entonces el arte del giro del alma que apartaacutendose de lo generado se vuelve (στρέφειν 518c 7) desde la oscuridad hacia lo luminoso La educa-cioacuten se supone debe habilitar el alma a soportar la visioacuten del Ser que es lo real (τοῦ ὄντος) e incluso lo maacutes brillante del Ser el Bien (τἀγαθόν 518c) De ese modo el alma del guardiaacuten filoacutesofo gracias a la educacioacuten estaacute final-mente preparada para ldquogirar hacia las realidades verdaderasrdquo (περιεστρέφετο εἰς τὰ ἀληθῆ 519b 3)88

88 Figura de la Caverna en J Adam The Republic of Plato II pg 65

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Queda finalmente explicada por el mismo Platoacuten de la siguiente mane-

ra la significacioacuten de la paraacutebola de la vivienda-prisioacuten subterraacutenea

ldquoPues bien dije esta imagen estimado Glaucoacuten hay que aplicarla a todo lo que se ha dicho antes hay que comparar la regioacuten que se manifiesta por medio de la vista con la residencia en la prisioacuten y a la luz del fuego que hay en ella con el poder del Sol En cuanto a la subida a la regioacuten de arriba y a la contemplacioacuten de las realidades superiores no erraraacutes con respecto a mi conjetura si la comparas con la ascensioacuten del alma hasta la regioacuten inteligible puesto que era esto lo que deseabas conocer Dios sabe si resulta ser verdad En todo caso esto es lo que me parece que en los confines del mundo inteligible es la idea del bien lo uacuteltimo que con dificultad se percibe pero cuando se la ve hay que concluir que ella es la causa universal de todo lo recto y lo bello que hay en las cosas y que en el mundo visible es ella quien pare la luz y el sentildeor de aqueacutel y en el mundo inteligible es ella sentildeora dispensadora de

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verdad e inteligencia y que es preciso que la vea quien pretenda proceder con sabi-duriacutea ya sea en la vida privada como en la puacuteblicardquo (517a 8-c 5)

Si bien esta conversioacuten al ser es personal la paideia proporciona al siacutemil la proyeccioacuten social que constituye el significado profundo de la Caverna Porque la imagen de la prisioacuten subterraacutenea tiene un caraacutecter en primer lugar poliacutetico pues presenta el sistema educacional que ha de procurar gobernan-tes a la ciudad ideal Por algo la alegoriacutea de la Caverna ocupa el lugar central del libro maacutes poliacutetico de Platoacuten Del mismo modo que la alegoriacutea estaacute en es-trecha relacioacuten y en cierto modo culmina las comparaciones anteriores del Sol y de la Liacutenea asiacute tambieacuten preludia no solo la explicacioacuten del meacutetodo dia-leacutectico sino tambieacuten del curriacuteculum educacional de los guardianes elegidos Todo ha de culminar en la visioacuten superior de las Ideas y la Idea del Bien pero el proceso de ascenso estaacute sostenido por el estudio de la matemaacutetica la geo-metriacutea plana la estereomeacutetrica la astronomiacutea y la armoniacutea disciplinas prepa-ratorias mdashen especial esta uacuteltimamdash de la dialeacutectica89

No quedan finalmente dudas del contenido ciacutevico del siacutemil cuando una

vez establecidos los pasos de la ascencioacuten hacia el ser mdashque luego diraacute ldquoes la verdadera filosofiacuteardquo (521c)mdash hace manifiesta la propuesta poliacutetica decisiva que ha de completar el sentido auteacutentido de la rotacioacuten del alma filosoacutefica de la Repuacuteblica Asiacute los ldquofundadoresrdquo de la ciudad han de obligar a los caracteres mejores que han subido hacia la luz a retornar junto a los prisioneros en la Caverna (519c-d) Los contempladores de la verdad han de comprender luego que no hay propiamente un conflicto entre el bien personal y el de la ciudad y que ese es el modo apropiado para ellos de cumplir la funcioacuten que les co-rresponde a su naturaleza Ella ha sido ya educada arriba y debe ahora des-cender90 ldquoDeberaacuten descender dice por turnos a la morada de los demaacutes y acostumbrarse a mirar sombras oscurasrdquo (520c)

89 Hay una estrecha relacioacuten entre los pasos de la Caverna y el programa educacio-nal que luego va a ser analizado por Platoacuten en este mismo libro Ver CP Sze ldquoEika-sia and Pistis in Platos Cave Allegoryrdquo The Classical Quarterly 27 (1977) 127-138 J Malcolm ldquoThe Cave Revisitedrdquo The Classical Quarterly 31 (1981) 60-68 90 Cf D Hall ldquoThe Philosopher and the Caverdquo Greece and Rome vol XXV (1978) 169-173

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XIV La dialeacutectica el camino metoacutedico hacia la verdad

La dialeacutectica se compara en la Repuacuteblica con el avance de los prisioneros

que de mirar los animales reales que estaban a sus espaldas pasan a contem-plar los astros y finalmente el propio Sol Estaacute por tanto en estrecha relacioacuten con la Caverna o maacutes bien podemos decir es una representacioacuten del objetivo superior de ella La dialeacutectica es un lsquomeacutetodorsquo o un lsquoartersquo de comprensioacuten de las Ideas en cuanto ellas estaacuten coordinadas con la Idea del Bien El filoacutesofo se vale de la dialeacutectica para obtener la comprensioacuten de estas realidades y pro-ceder asiacute ldquopor etapas segurasrdquo hacia la verdad La dialeacutectica se constituye asiacute en el solo poder que alcanza la realidad uacuteltima la Idea del Bien91 En las eta-pas sucesivas primeramente no hay intervencioacuten del sentido pues la dialeacutecti-ca se ayuda solo de la razoacuten (dia tou logou) en sus intentos (ἐπιχειρῇ 532a 6) de alcanzar lsquolo en siacutersquo esencial de cada cosa

El prisionero no debe detenerse (καὶ μὴ ἀποστῇ b1) que el teacutermino fi-

nal consiste en la comprensioacuten por la sola inteligencia (noeacutesei) del Bien en siacute Esta es ldquola marcha dialeacutecticardquo (532b 4) que se ha iniciado con el avance de los prisioneros desde la ldquoliberacioacuten de las cadenasrdquo y la ldquovuelta del rostrordquo (μεταστροφὴ) desde las sombras hacia las figuras artificiales y que ha conti-nuado con la visioacuten de los objetos reales fuera de la Caverna si bien todo esto corresponde maacutes propiamente al estudio de las artes que constituyen el ciclo propedeacuteutico de los guardianes Pero estos inicios cobran sentido en vistas del objetivo superior que consiste en la comprensioacuten del Bien mediante el cual la inteligencia de la totalidad de las artes y saberes anteriores alcanza su sentido pleno

La dialeacutectica asi se presenta como una ldquofacultadrdquo un ldquopoderrdquo

(δύναμις) del espiacuteritu y se expresa en diversos pasajes mediante su forma verbal (to dialeacutegesthai) lo que insinuacutea su aspecto de actividad de ldquoviacuteardquo de ac-ceso a la verdad La dialeacutectica lleva a la determinacioacuten de la realidad de cada

91 Cf A Diegraves Introdution op cit pgs LXXXIII-LXXXVII

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cosa transformandose en el ldquomeacutetodordquo y el ldquoarterdquo de investigacioacuten (533b) De ahiacute que tambieacuten se le designe en la forma adjetiva mdashdialektikeacute ltteacutekhnēgt mdash co-sa que supone una substantivacioacuten con el significado propio de ldquodialeacutecticardquo92 Se puede ver aparentemente que Platoacuten hace una cierta distincioacuten entre los anteriores actos de conocimiento mdashque se refieren al avance de los prisione-ros hacia la luzmdash y el acto privilegiado de comprensioacuten del Bien

Hay otras artes dice Soacutecrates que aprehenden algo de lo real como la

geometriacutea cuyo conocimientos ldquose asemejan a un suentildeordquo (533c) Estas son precisamente las artes del curriculum studiorum Si bien entonces la dialeacutecti-ca estaacute de alguacuten modo en el inicio mdashcomo su objetivo el Bien lo estaacute tambieacuten en cierto modomdash es ella sola la que permanece en estado de vigilia Porque solo la dialeacutectica ve despierta la apariencia de lo real (ὕπαρ 533c 1) Dicho de otro modo la dialeacutectica hace posible la aprehensioacuten de la Idea del Bien en cuanto ldquoprincipiordquo (arkheacute ) e ldquohipoacutetesisrdquo o ldquosupuestordquo (hypoacutethesis) de todo co-nocimiento y ciencia Ya que estas artes y ciencias carecen del poder decisivo que entreteje (cf συμπέπλεκται 533c 4) el discurso mediante el principio y la conclusioacuten En efecto ellas son incapaces de dar la efectiva ldquoconformidadrdquo o el ldquoasentimientordquo (homologiacutea) que transforma un saber determinado en ver-dadera episteme

ldquoel meacutetodo dialeacutecto en consecuencia dije yo es el uacutenico que de este modo elimi-nando las hipoacutetesis se encamina hasta el principio mismo para asegurar ltsus conclu-sionesgt y que atrae con suavidad y eleva hacia lo alto el ojo del alma sumido real-mente en un fango barbaacuterico utilizando como auxiliares y cooperadores a las artes que hemos enumerado rdquo (Rep 533c 7-d4)

La ldquoeliminacioacutenrdquo de los presupuestos apunta a la cancelacioacuten que por etapas realiza el meacutetodo dialeacutectico de las hipoacutetesis subalternas hasta llegar al aseguramiento soacutelido de las conclusiones que no es otro que la Idea del Bien

92 En relacioacuten con este uso doble de ldquodialeacutecticardquo IM Crombie comenta ldquoand the dialectic art is the art of doing something for which the related verb dialegesthai is used To have dialectic art is to know how to dialegesthairdquo (An Examination of Platos Doctrines II pg 562)

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En esas circunstancias es preciso ademaacutes ser capaz de separar (διορίσασθαι 534b 9) la Idea del Bien del resto de las demaacutes mediante el razonamiento Una accioacuten decisiva sin duda al interior de esta viacutea del saber que sentildeala la su-peracioacuten definitiva en el accionar dialeacutectico de lo que es conforme a opinioacuten La superacioacuten de la apariencia se produce cuando es posible fundamentar las pruebas en una ldquoargumentacioacuten sin colapsosrdquo (ἀπτῶτι τῷ λόγῳ 534c 3)93 que es conforme a la esencia De este modo la dialeacutectica ldquoestaacute arriba estable-cida como un friso para las ensentildeanzasrdquo que la preceden pues es la maacutes alta de todas94 No debe perderse de vista sin embargo que esta comprensioacuten del principio tiene tambieacuten por resultado una clarificacioacuten descendente que in-cluye los objetos inteligibles y sensibles que forman parte de esta escala de la realidad Por eso creo yo se menciona hacia el final del discurso sobre la dialeacutectica una suerte de Liacutenea al reveacutes que comienza por episteme y continuacutea con dianoia pistis y finalmente eikasiacutea 95

El dialeacutectico entonces mdashque es praacutecticamente un sinoacutenimo de filoacutesofomdash

ahora colocado en la altura del principio posee una visioacuten sinoacuteptica de la realidad96 ldquoporque las entidades que el dialeacutectico trata de ver estaacuten efectiva-mente relacionadas unas a otrasrdquo97 Esta capacidad la obtiene sin duda de la

93 Estamos bajo la figura de quien sube hacia lo alto este se puede caer 94 Me atrevo a traducir ὥσπερ θριγκὸς ldquoa la manera de un frisordquo por algunos usos aislados como en Odisea VII 87 En la mansioacuten excelsa de Alciacutenoo habiacutea sendos mu-ros de bronce ldquoy por encima un friso de lapislaacutezulirdquo (περὶ δὲ θριγκὸς κυάνοιο) Puede entenderse tambieacuten como el remate o la cornisa del muro o del edificio 95 Es decir primero ldquocienciardquo o ldquoconocimientordquo o ldquosaber segundo ldquopensamiento ltdiscursivogtrdquo tercero ldquocreenciardquo y cuarto ldquoimaginacioacutenrdquo o ldquoconjeturardquo (Rep 533e-534a) El objetivo entonces de la dialeacutectica ae extiende a toda realidad I M Crombie refirieacutendo al objetivo de la dialeacutectica comenta que con ella ldquodebe-riacuteamos obtener una clara visioacuten de las realidades como ellas son en siacute mismas no confundiendo unas con otras Este sigue siendo el objetivo del dialeacutecticordquo (op cit pg 563) 96 Rep 537c 7 ldquoporque el dialeacutectico posee una mirada de conjuntordquo (συνοπτικὸς) En lo que respecta al meacutetodo dialeacutectico ldquoformalmente considerado este procede como la contra-interrogacioacuten (ldquocross-examinationrdquo) socraacutetica mediante preguntas y respuestas (534D) La dialeacutectica es por encima de todo sinoacuteptica esforzaacutendose a toda costa en ver la unidad en la multitud (531D 537BC) De ahiacute que la coordina-cioacuten de las ciencias es una buena preparacioacuten para el estudio superiorrdquo (J Adam The Republic of Plato II pg 173) 97 I M Crombie opcit pg 565

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aprehensioacuten de la Idea del Bien cuya condicioacuten de realidad absolutamente simple y unitaria proporciona al que la conoce la integracioacuten de los saberes mediante la integracioacuten coordinada del mundo ideal Es con ldquola actividad dialeacutecticardquo (daileacutegesthai 511b 4) que se recorren las hipoacutetesis en la seccioacuten maacutes alta de la Liacutenea cuando se considera a estas ldquocomo peldantildeos y puntos de par-tidardquo para poder asiacute avanzar yendo hacia el principio del todo ldquohasta lo no hipoteacuteticordquo (to anypoacutetheton 511b)

Platoacuten trata del objeto de la dialeacutectica que finalmente es la Idea del

Bien especialmente en Repuacuteblica VI 504e-509b asiacute como en VI 510b y 511b-c Del mismo modo la dialeacutectica como meacutetodo es analizada con preferencia en Repuacuteblica VII 531d-534e asiacute como en VII 537d-540b En un sentido vaacutelido qui-zaacutes para el concepto platoacutenico en general con la ldquodialeacutecticardquo se trata en uacutelti-mo teacutermino de ldquodescubrir la naturaleza verdadera de cada cosa como ella es aislada de sus expresiones concretas y en relacioacuten con todas las otrasrdquo98

XV Consideraciones acerca de la decadencia Repuacuteblica 543a-576b En cuanto la ciudad ideal de Platoacuten puede ser considerada una utopiacutea

ella se presenta como el modelo superior el paradigma que permite estable-cer desde alliacute los grados de distanciamiento existentes con aquella norma de perfeccioacuten ldquoMostraacutendonos deciacutea E Barker lo que deberiacutea ser el Estado si sus principios inmanentes se realizaran plenamente ellas nos muestran el significado real del Estado tal como eacutel es Es solo en una situacioacuten ideal seme-jante que el Estado puede ser comprendidordquo99 esto lo deciacutea reflexionando sobre el tema que ahora nos ocupa Luego de haber dado por terminado su anaacutelisis de la ciudad y el hombre perfectos Platoacuten continuacutea ahora en la mis-ma perspectiva paralela de sociedad e individuo con una descripcioacuten de la degeneracioacuten creciente de los estados y sus ciudadanos Son relatos podero-samente viacutevidos que intentan expresar en figuras una teoriacutea de la decadencia como fenoacutemeno inherente al acontecer de las instituciones poliacuteticas Pero no pretende conformar la historia a tal decadencia como una necesidad que de-

98 IM Crombie op cit pg 566 99 Ernest Barker Greek Political Theory London 1964 (1918) pg 282

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termina la suerte de toda institucioacuten poliacutetica sino de coacutemo de hecho sucede tal ruina Debemos creo liberar a Platoacuten de la culpa supuesta de haber pre-tendido establecer una norma histoacuterica de degeneraciones sucesivas del po-der100

Platoacuten no es un historicista por adelantado que pretende establecer le-

yes necesarias en la historia Reasumiendo propuestas anteriores101 el filoacutesofo plantea que si la ciudad descrita ldquoera la correcta la otras seriacutean defectuosasrdquo (ἡμαρτημένας 544a) Se deciacutea entonces que existiacutean cuatro formas de go-bierno deficientes y recuerda que conveniacutea analizarlas ldquoen sus fracasosrdquo (τὰ ἁμαρτήματα ldquoerroresrdquo 544a 4) Otro ejemplo de anticipacioacuten de un tema que ha de tratarse ahora en el lugar que se considera adecuado No habla co-mo historiador sino como filoacutesofo de la poliacutetica y establece para ello un sis-tema explicativo de cuatro variedades paradigmaacuteticas descendentes a saber la timocracia la oligarquiacutea la democracia y la tiraniacutea

La descripcioacuten de las deficiencias se presta para el anaacutelisis de las hendi-

duras de los regiacutemenes en correlacioacuten con el deterioro psicoloacutegico de las per-sonas Maacutes que sistemas ideoloacutegicos los que gobiernan las naciones son ante todo personas Los discursos sobre la decadencia son pues reflexiones acerca de la interaccioacuten de fuerzas sociales e individuales tal como se da en la reali-dad con toda la precariedad de lo sujeto a la generacioacuten En la constitucioacuten misma de un sistema poliacutetico yacen para Platoacuten las semillas del deterioro que

100 K R Popper (La Sociedad Abierta y sus Enemigos ed castellana Barcelona 1992) pensaba que Platoacuten sosteniacutea que todo cambio social significaba corrupcioacuten deca-dencia o degeneracioacuten que Platoacuten planteaba una suerte de tendencia intriacutenseca ha-cia la decadencia producto de una ley coacutesmica vaacutelida para toda creacioacuten mdashrealidad generacionalmdash en cuanto tal ldquoPlatoacuten dice considera a la historia mdashque es para eacutel la historia de la decadencia socialmdash como si se tratase de la historia de una enferme-dad siendo la sociedad el paciente y el poliacutetico mdashcomo veremos maacutes adelantemdash su meacutedico su salvadorrdquo (op cit pg 52) Si Platoacuten hubiera creiacutedo en esa situacioacuten como necesaria mdashdel modo que la concibe Poppermdash uno se pregunta para queacute se ocupa tanto Platoacuten en fundar una ciudad mejor en el futuro cuando eso seriacutea imposible conforme a esa ley O bien para queacute concebir una ciudad que ha de perecer pronto y necesariamente seguacuten las leyes histoacutericas Porque Popper para el caso de Platoacuten entiende que estaacute entre los autores ldquohistoricistasrdquo que creen que hay leyes rigurosas y necesarias en la historia 101 Cf Rep 541b 445c

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menoscaba en la ciudad y el individuo los modelos de conducta que sostie-nen un reacutegimen y configuran su pertenencia a una determinada variedad de estado Las contradicciones de un reacutegimen revelan su estado de enfermedad y la posibilidad psicoloacutegica de su propia destruccioacuten o regeneracioacuten Ya el surgimiento de la guerra en la generacioacuten de la ciudad originaria habiacutea esta-do marcada por la presencia de una libido dominandi entre los ciudadanos que la habitaban y lo que estaba en el origen continuacutea en el desarrollo y plenitud de las formas diversas de gobierno llevando consigo impliacutecita la posibilidad del colapso Podemos pensar como aquiacute en la caiacuteda de entidades poliacuteticas especiacuteficas o como ciertos pensadores prominentes del siglo XX en la trans-formacioacuten de civilizaciones como formas culturales102 En Platoacuten hay algo de caiacuteda y algo de transformacioacuten

Un ejemplo brillante de esto es la historia de la Atenas primitiva y su

enemiga Atlaacutentida Es como sabemos una perdurable invencioacuten del mismo Platoacuten Los reyes de la isla son descendientes de dioses que construyen una civilizacioacuten con el dominio del entorno y el establecimiento de un orden poliacute-tico Ese ordenamiento produce en toda la gran isla una transformacioacuten sim-plemente colosal La actividad marinera y comercial los recursos de la tierra colman de riquezas la ciudad en un reacutegimen sostenido por diez reyes de un poder casi absoluto y jeraacuterquicamante organizados Dominoacute por mucho tiempo en ellos la naturaleza divina de su dios fundador Poseidoacuten Siendo seres buenos haciacutean poco caso por su virtud de sus abundantes riquezas sin perder el dominio de siacute mismos Pero el elemento divino que predominaba comienza a disminuir con el paso del tiempo y el entrecruzamiento de ele-mentos mortales numerosos termina por hacer prevaler su condicioacuten huma-na Es esas circunstancias ldquoya no maacutes capaces de soportar la prosperidad presente terminaron por pervertirserdquo (Platoacuten Critias 121b)

A quien no sabe discernir queacute geacutenero de vida contribuye verdadera-

mente a la felicidad piensa Platoacuten le pudo parecer que se trataba de seres grandiosos y felices estando por el contrario ldquollenos de injusta arrogancia y

102 Ver Joseph A Tainter The Collapse of Complex Societies Cambridge 1992 (1988) especialmente capiacutetulo 3 The Study of Collapse pgs 39-90

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poderrdquo (ibid) El colapso final es tan completo que el sistema se hunde catas-troacuteficamente con su isla junto con sus habitantes La razoacuten de la decadencia estaacute impliacutecita en el caraacutecter mixto de la condicioacuten de sus gobernantes y la prevalencia en alguacuten momento del elemento humano es decir generado en sus vidas Se une a ello el asunto de la justicia y la injusticia que es al mismo tiempo un desarrollo del gran tema de la moralidad como fuerza profunda en el acontecer humano Pero si no hubiera habido esta suerte de intervencioacuten del destino (que no solo destruye a la Atlaacutentida sino tambieacuten enigmaacutetico re-sultado a la virtuosa Atenas primitiva) la historia de los futuros triunfadores queda en el misterio de un futuro contingente

De un modo anaacutelogo en la repuacuteblica tambieacuten gradualmente ldquoen forma

progresiva las cosas se volveraacuten peor y cada forma de constitucioacuten corrupta seraacute peor que aquella que la precedioacuterdquo103 Pero no sabemos doacutende termina el ciclo ni de si es posible levantarse desde la peor tiraniacutea hacia un gobierno mejor Hay modos diferentes de malos estados pero en su grado superior una sola es la justicia frente a una injusticia siempre diversa104 Y si la justicia y la injusticia sucede no solo en los estados sino tambieacuten en las almas el es-tudio de los caracteres nos muestra tambieacuten grados diversos de desintegra-cioacuten espiritual Pero asiacute como es posible encaminar los pasos desde la oscuri-dad hacia la luz asiacute tambieacuten Platoacuten intenta obstaculizar el camino hacia la ruina mediante una propuesta poliacutetica que restaure la justicia en el grado en que eacutel la ha concebido Parece entonces que la clave de esta historia es una vez maacutes la justicia o la ausencia de ella

XVI La lsquonaturaleza maacutes verdaderarsquo del alma humana El Estado de Caliacutepolis la ciudad hermosa estaacute constituido por ciuda-

danos que poseen un alma origen y principio de sus obligaciones morales y de sus derechos en la nueva ciudad Esta situacioacuten se ha mostrado de tal im-portancia que la configuracioacuten de la polis en tres estamentos ha surgido de la doctrina de la condicioacuten tripartita del alma humana Pero el alma es a su vez

103 T A Sinclair A History of Greek Political Thought London 1967 pg 160 104 Dice T A Sinclair op cit pg 160 ldquoJustice is One but Injustice is Manyrdquo

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una si se han de mantener en substancia los hallazgos del Fedoacuten sobre la simplicidad del alma y sostener sin grandes cambios la opinioacuten que relacio-na firmemente esta simplicidad con su inmortalidad Es el momento ahora para Soacutecrates en el libro deacutecimo de la Repuacuteblica de restablecer un cierto equi-librio entre los aspectos psicoloacutegicos mdashpuestos en evidencia en su examen del alma tripartitamdash y la condicioacuten esencial del espiacuteritu humano en su uni-dad indisoluble105

Se puede decir que la misma tensioacuten mantenida a lo largo del diaacutelogo

entre la necesaria diversidad de caracteres en la ciudad mdashque se expresan en tres fundamentales clases de ciudadanosmdash y la siempre obligatoria buacutesqueda de unidad en la ciudad se revela tambieacuten aquiacute al momento de evaluar la condicioacuten espiritual del individuo Ahora bien en el libro deacutecimo de la Repuacute-blica poco antes del gran mito final en que se relata la historia de Er el Arme-nio Platoacuten introduce muy a propoacutesito y con renovada energiacutea el tema del alma y su pervivencia en el tiempo Muy de paso en R VI 498d Soacutecrates ha-biacutea hecho referencia a un lsquovolver a nacerrsquo y al inicio del libro III habiacutea hecho ver la conveniencia de tachar aquellos versos de Homero que desacreditaban la vida futura Es conveniente mostrar ahora por queacute se trata aquiacute de una de las paacuteginas maacutes cruciales del diaacutelogo En primer lugar es bueno recordar que la existencia de un alma racional inmortal y divina y la presencia de ciertas realidades ideales las Formas que se constituyen en los objetos propios de conocimiento de aquella conforman los ldquodos pilares rdquo de lo que se puede considerar como las doctrinas ldquocaracteriacutesticamente platoacutenicasrdquo106

Ya se habiacutea tratado extensamente en nuestro diaacutelogo sobre esas For-

mas inteligibles y sobre la realidad de esa alma que llevada a la dimensioacuten social habiacutea servido de origen a la analogiacutea basal de la Repuacuteblica fundada en

105 En relacioacuten con este punto se puede evaluar el interesante planteamiento de T M Robinson en ldquoSoul and Immortality in Republic Xrdquo Phronesis vol 12 Nordm 2 1967 p 149 en que sentildeala una reconsideracioacuten por parte de Platoacuten del problema de la sim-plicidad del alma y su inmortalidad (ldquoa radical chage of viewrdquo) en que el filoacutesofo concluiriacutea ldquoque un ser compuesto puede ser inmortal con tal que sus elementos componentes son lsquoreunidos de la mejor manerarsquordquo 106 F M Cornford Platorsquos Theory of Knowledge p 2

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la afinidad entre individuo y sociedad El concepto de alma habiacutea permitido precisamente establecer los viacutenculos y facilitar el paso entre lo maacutes pequentildeo y lo maacutes grande Esa misma concepcioacuten es preciso recordarlo era el sustento nada menos que de la posibilidad de mejorar las ciudades pues esa probabi-lidad estaacute sostenida por la capacidad que nuestra alma manifiesta de mejo-rarse ella misma al emprender el camino que la conduce mediante la educa-cioacuten a la luminosidad exterior de la caverna y su retorno a la oscuridad En esa misma teoriacutea psicoloacutegica de la condicioacuten humana y su posibilidad de de-generar por el vicio y la maldad se sostiene la visioacuten platoacutenica mdashque toma la apariencia de un relato histoacuterico dramatizadomdash acerca de la decadencia y el colapso de los sistemas poliacuteticos Habiacutea entonces que decir algo maacutes sobre el cimiento de esta analogiacutea es decir explicar aunque fuera a grandes rasgos cuaacuteles seriacutean las recompensas mayores de la virtud y los premios que estaacuten preparados al ser humano (Rep 608c ss) y cuaacutel la maacutes verdadera naturaleza del alma que este posee (Rep X 611b) La lsquovirtudrsquo (ἀρετή) que se menciona es precisamente una actividad buena del alma y la justicia se habiacutea manifesta-do como la maacutes excelente entre las virtudes del individuo y del estado Los premios entonces de los que se habla inciden efectivamente en el hombre en cuanto ser espiritual llamado a la felicidad propia de su estado maacutes ver-dadero

La tesis central del punto que tratamos estaacute en afirmar la inmortalidad

del alma es decir su condicioacuten de imperecedera para todo tiempo si lo en-tendemos en la perspectiva del mito final una existencia despueacutes de la muer-te del individuo y la superviviencia en consecuencia de su personalidad en otra vida107 Es claro que para Soacutecrates no es indiferente que el gobierno de acaacute se ejerza o no sobre ciudadanos llamados en el futuro a vivir allaacute en otras palabras la polis no puede ser neutral en asuntos atinentes con el destino trascendente de quienes la habitan pues el asunto final estaacute relacionado co-mo lo dice el uacutetimo paacuterrafo del diaacutelogo con esa amistad si se quiere escatoloacute-gica que existe entre nosotros mismos y con los dioses (Rep X 621c) Y natu-

107 Esta temaacutetica especiacutefica es tratada particularmente en P Duncan ldquoImmortality of the Soul in the Platonic Dialogues and Aristotlerdquo Philosophy vol 17 Nordm 68 (1942) en diferentes secciones de pp 304-323

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ralmente la inmortalidad del alma estaacute relacionada con la divinidad y la vida de los dioses en la altura asiacute como en esta vida el estado se preocupa igual-mente de honrarlos

La argumentacioacuten sobre la inmortalidad del alma en Repuacuteblica X en-

tonces se puede resumir de la siguiente manera todo lo que sufre destruc-cioacuten es aniquilado por un mal o una enfermedad que le es propia y especiacutefica siendo indestructible aquello que no puede ser aniquilado de esa manera Ahora bien el vicio (πονηρία) es el mal peculiar del alma y en lo que respec-ta al cuerpo es la enfermedad la que lo destruye Los dos males entonces respectivos del cuerpo y del alma son la enfermedad y el vicio Platoacuten no ha-bla aquiacute de prueba pero consideremos que se trata de razonamientos desti-nados a persuadir acerca de una verdad que surge del desarrollo de estos108

Hay evidentemente una estructura en la presentacioacuten de las razones

Primero (a) la nocioacuten de ldquomal y enfermedad connatural (σύμφυτον)rdquo Seguacuten esto praacutecticamente todas las cosas (ademaacutes de tener su propio bien que las preserva y beneficia) poseen un mal congeacutenito que las conduce a su obligato-ria disolucioacuten es la enfermedad propia el ldquomal peculiarrdquo (X 609d 1) el uacutenico que en uacuteltimo teacutermino puede destruir esa cosa especiacutefica Luego (b) estaacute la idea de que el mal propio del alma que es el vicio la hace miserable pero no la destruye como es el caso de la injusticia que no la disuelve hasta llevarla a la muerte En este uacuteltimo razonamiento se supone que el alma posee un tipo de independencia esencial del cuerpo que hace factible en ella la existencia de un mal que le es propio diferente del corporal Esta condicioacuten del alma es resultado de su autonomiacutea Siendo este el estado del alma se hace factible la presentacioacuten de un tercer elemento en el raciocinio a saber (c) el concepto de ldquola naturaleza maacutes verdaderardquo del alma (X 611b 1) que conduce a la negacioacuten en ella de ldquocomposicioacutenrdquo y la suposicioacuten final (d) que ldquola verdadera natura-lezardquo del alma estaacute (esto se dice solo impliacutecitamente) en su condicioacuten de ser ldquode una sola claserdquo en otras palabras ldquosimplerdquo (μονοειδὴς 612a 4)109 Con

108 El teacutermino que Platoacuten utiliza es el de logos (610a) es decir lsquorazonamientorsquo 109 En el Fedoacuten monoeideacutes se dice no solo del alma (78d) sino tambieacuten de los objetos que ella contempla (80b 83e) es decir las Ideas

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el teacutermino monoeidḗs entonces Platoacuten intenta quizaacute balancear mejor su pro-puesta anterior del alma de tres clases o especies en la que se fundamentaba su sistema tripartito de ciudad Y si bien la condicioacuten unitaria del alma es una inferencia de su naturaleza esencial una propuesta intermediaria (e) es plan-teada por Platoacuten en relacioacuten con su ldquonaturaleza originariardquo (τὴν ἀρχαίαν φύσιν 611d 2) Para poder contemplar esa naturaleza originaria del alma desfigurada en el presente ldquopor males incontablesrdquo (611d 7) es preciso ldquomirar hacia alliacuterdquo (ἐκεῖσε 611d 2) es decir hacia esa regioacuten que es la propia del amor por la sabiduriacutea (φιλοσοφίαν) Es preciso ademaacutes mirar hacia aquellos objetos divinos e inmortales con los que este amor se relaciona y a los que este en plenitud desea y se aficiona (611e) La filosofiacutea impulsa al alma a salir fuera del mar y a sacudirse de las piedras que se le han adherido de un mo-do reminiscente a como lsquoalguienrsquo fuerza al habitante de la Caverna a levan-tarse y salir Es el impulso hacia la simplicidad oculta y olvidada que se haya en la purificacioacuten que el contacto con los objetos inteligibles produce En su-ma para contemplar el alma en su ldquonaturaleza maacutes verdaderardquo hay que mi-rar ldquohacia su amor por el saberrdquo (τὴν φιλοσοφίαν 6114 1) es decir hay que verla en su relacioacuten activa con ldquolo divino lo inmortal y lo siempre existenterdquo (X 611e)

La naturaleza del filoacutesofo se presenta asiacute como una suerte de demos-

tracioacuten ad hominem de la inmortalidad del alma humana en cuanto que el raciocinio acerca de la inmortalidad mdashque se habiacutea iniciado con la nocioacuten de mal congeacutenitomdash termina en una clara referencia al bien propio del alma Quie-ro decir Platoacuten se habiacutea referido al mal (τὸ κακὸν) como lo que en cada caso ldquodestruye y corromperdquo y el bien (τὸ ἀγαθόν) era ldquolo que preserva y benefi-ciardquo (X 608e) Paacuteginas maacutes adelante se refiere a la necesidad de mirar alliacute (ἐκεῖσε X 661d 7) y a lo que apunta es hacia la filosofiacuteamdashque sentildeala el tipo superior de hombre virtuosomdash y hacia los objetos inteligibles de esta las Ideas Aquiacute estamos ya aunque no se diga expliacutecitamente con ese bien que jamaacutes se destruye (cf X 609b 1) y que es la clave de la lsquosalvacioacutenrsquo (τὸ σῶζον 608e 4) propia del alma Me parece que ciertos comentaristas no han tomado nota suficiente de esta sutil aunque a mi juicio fundamental variacioacuten del centro argumentativo del discurso sobre la condicioacuten maacutes verdadera del al-

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ma Si bien entonces Platoacuten no pretende darle a sus razones un valor proba-torio a la manera que lo hace en algunos lugares decisivos del Fedoacuten eacutel inten-ta en todo caso presentar ana argumentacioacuten razonable que conduzca a la persuasioacuten

Pero incluso cuando Platoacuten intenta solo persuadir su discurso como

en este caso presenta puntos interesantes que bien pudieron merecer una mencioacuten maacutes condescendiente de Guthrie110 En todo caso lo que intento decir es que en primer lugar Platoacuten no pretende a la hora undeacutecima orga-nizar un argumento con pantildeos hilvanados en forma apresurada restos de sus anaacutelisis anteriores Es sobre todo en vista de lo que viene y el argumento apunta maacutes bien al epiacutelogo celeste del Repuacuteblica Eacutel quiere dar baacutesicamente razones para confiar en premios que se suponen imperecederos para un alma imperecedera y que seraacuten recibidos como recompensa de una vida llevada en este mundo con justicia Al presente es lo que viene es decir el bien futu-ro del hombre lo que importa y eso es lo que intenta mostrar con esta verda-dera lsquopropuestarsquo discursiva (X 612a 8 ἐν τῷ λόγῳ)

XVII A salvar el mythos Er muerto en una batalla ha revivido al momento de su funeral ldquoy

habiendo vuelto a la vida relatoacute lo que vio alliacuterdquo111 Se le dijo que debiacutea ser

110 ldquoEsto no representa progreso alguno en relacioacuten con los argumentos a favor de la inmortalidad del Fedoacuten y el Fedro y por el bien de Platoacuten cabriacutea esperar que no hubiera que tomarlo demasiado en seriordquo (W K C Guthrie Historia de la Filosofiacutea Griega vol IV p 532) En la versioacuten espantildeola de la obra por lo general muy cuida-da advierto una nota que espero sea solo una errata del espantildeol Dice citando a Adam II p 425 ldquoTenemos sin duda razones para acusar a Platoacutenhelliprdquo donde el ori-ginal dice ldquoThe argument may not be conclusive but we are surely not justified in charging Platohellip with confoundig either here or in 609 D the two notions of physical death and death of the soulrdquo el subrayado de lsquonotrsquo es miacuteo Para una presentacioacuten maacutes equilibrada de todo el asunto ver C D C Reeve Philosopher-Kings pp 159-62 111 Rep 614B Cf ER Dodds ldquoPlato and the Irrational Soulrdquo (1945) Plato II ed G Vlastos pgs 206-229 Dodds ve en la experiencia de Er la influencia directa del anti-guo modelo de cultura shamaniacutestica en la filosofiacutea de Platoacuten ldquoThe occult knowled-ge which the shaman acquires in trance has become a vision of metaphysical truth lsquorecollectionrsquo of past earthly lives has become a lsquorecollectionrsquo of past bodiless Forms which is made the basis of a new epistemology while in the mythical level his lsquolong sleeprsquo and lsquounderworld journeyrsquo provides a direct model for the experience of Er the son of Armeniusrsquo pg 209

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mensajero de aquellas cosas que habiacutea visto encargaacutendole de observar y es-cuchar cada cosa en aquellos lugares (Rep 614d) Hay en este relato ciertos elementos de intereacutes un lsquodifuntorsquo que es obligado a contemplar cosas que suceden en un cierto lugar de ultratumba Una regioacuten divina112 de belleza incomparable113 El viaje de Er estaacute lleno de aventuras contempla juicios y castigos purificaciones y espectaacuteculos luminosos en especial una luz direc-ta (focircs euthyv) que se extiende sobre toda la tierra y el cielo114 Una explica-cioacuten posterior muestra que Er ha visto en el medio de la luz un cierto esla-boacuten del cielo (syvndesmon tou ouranoucirc Rep 616c) y la totalidad de las revolu-ciones celestes Asiacute contemplacioacuten y purificacioacuten mdashbases de la justiciamdash avanzan juntamente en la medida en que las cosas contempladas son real-mente verdaderas

Nada se dice especiacuteficamente en el mito de Er acerca de un alma del mundo Sin embargo la totalidad de la armazoacuten coacutesmica y sus revoluciones son baacutesicamente una expresioacuten de ella115 Los movimientos ordenados del universo la luz y su eslaboacuten -que en cierto sentido hacen visible y reuacutenen al mismo tiempo la totalidad del universomdashson el objeto principal de contem-placioacuten El Timeo mostraraacute coacutemo la iacutentima conexioacuten entre la verdadera reali-dad ideal y el universo hacen de este uacuteltimo en su totalidad el medio maacutes poderoso en la adquisicioacuten de la filosofiacutea Mostraraacute tambieacuten que la razoacuten de la afinidad entre el alma humana y el mundo animado (es decir el universo todo) estaacute en la semejanza de los materiales con que ambos han sido cons-truidos y en la vecindad de estrellas y almas en las esferas rotantes del cielo

El relato de Er estrictamente hablando no es un mito cosmoloacutegico sino un relato baacutesicamente escatoloacutegico No se nos cuenta la generacioacuten del

112 Rep 614C ldquohacia un cierto lugar divinordquo 113 Rep 615A ldquomientras que los que veniacutean del cielo contaban sus experiencias y espectaacuteculos de incomparable bellezardquo 114 Cf J S Morrison divideldquoParmenides and Errdquo Journal of Hellenic Studies (1955) pg 66 ss 115 La fundamental semejanza del escenario astronoacutemico de Repuacuteblica X y del Timeo es analizada por G E L Owen cuando somete a discusioacuten la lsquopretendidarsquo influencia de Eudoxo en este uacuteltimo diaacutelogo Cf ldquoThe Place of the Timaeus in Platos Dialo-guesrdquo (1953) en Studies in Platos Metaphysics ed R E Allen London 1967 (1965) pgs 313-338

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cielo o de las almas116 Se nos informa sin embargo que el geacutenero humano ya ha tenido una vida anterior en la tierra y la intencioacuten central del mito es hacer ver la importancia de llevar una vida de acuerdo con la justicia y la vir-tud Somos nosotros quienes hemos de escoger nuestro propio destino (cf Rep 617d-e Tim 42d) Y bien esta eleccioacuten supone conocimiento y sin virtud y purificacioacuten no hay posibilidad de conocimiento para el alma humana El mito pues ha sido salvado afirma Soacutecrates para que tambieacuten nosotros po-damos salvarnos y ser persuadidos por este mensajero nuestra alma debe permanecer incontaminada (cf Rep 611c)

De acuerdo al relato de Er las almas despueacutes de habeacuterseles mostrado los movimientos celestes son puestas en fila por un profeta (profeteacutes) Ellas deben escoger su propia vida proacutexima despueacutes de un largo viaje a traveacutes del universo (Rep 617d ss) Y es en estas circunstancias en que seguacuten parece se hace presente un peligro real (Rep 618B) ya que el hombre puede elegir lo que es mejor para eacutel solo en la medida en que conoce lo que es mejor El pun-to estaacute en que mientras mejor sea nuestra conducta presente mejores son las perspectivas de una eleccioacuten justa de nuestra vida proacutexima ldquoNinguna divinidad os ha de tomar por su heredad sino que vosotros elegi-reacuteis vuestra divinidad (daimon ) La culpa la tiene el que elige Dios no es culpablerdquo dice el profeta ( Rep 617e)

Puesto que el alma es inmortal la vida presente es solo una pequentildea parte de un lapso sin fin La revelacioacuten de Er estaacute igualmente relacionada con el tipo de vida probable de la proacutexima vida terrestre Quien ha sido capaz de usar su mente y entendimiento en esta vida seraacute sin duda capaz de usarlos en la proacutexima La maacutes grande tarea de la vida presente estaacute en adquirir cono-cimiento en un grado suficiente en vistas de una buena eleccioacuten de la proacutexi-ma ( Rep 618e)

La condicioacuten del alma humana es una mezcla de fuerza y debilidad de

verdad e irrealidad La eleccioacuten de los modelos de alma nunca se presenta

116 Se supone que las almas son siempre las mismas en nuacutemero puesto que no pueden perecer (cf Rep 611A) En Rep 621B Er habla acerca de la lsquogeneracioacutenrsquo de las almas que aquiacute significa la renovacioacuten de las almas por medio de su lsquoencarna-cioacutenrsquo y no la generacioacuten o nacimiento de estas en cuanto tal

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como un asunto de ideales perfectos El arte de elegir descansa en la habili-dad de sortear lsquoel mediorsquo (to meson) evitando excesos en una u otra direccioacuten Y es obra del entendimiento nuestra mejor parte el lograr una vida de maacute-xima felicidad117 El relato nos describe importantes puntos No es posible escapar al ciclo incesante de la vidamdashque es inmortal para todosmdash pero es posible lograr el modo maacutes excelente de vida usando rectamente entendi-miento y justicia Asiacute practicando la virtud e imitando a Dios en la presen-te118 el alma estaraacute mejor preparada para elegir su propia vida futura Asiacute podraacute por consiguiente moverse maacutes cerca de la divinidad En esta perspec-tiva se plasma la actitud de Platoacuten en relacioacuten al arte de la reproduccioacuten imi-tativa La contemplacioacuten de la verdad en su fuente celeste originaria nutre al alma con un saber real que la hace virtuosa la contemplacioacuten de imaacutegenes que son figuras de la realidad le dan un alimento peligroso si no mortal (cf Rep 603b)

El ciclo de la vida entonces es inescapable y la humanidad no puede evadir el gran lugar (toacutepos) en el que estaacute inmersa es decir toda la mole del universo y la revolucioacuten del tiempo que se desenvuelve sin cesar hacia la complecioacuten de su ciclo Estamos ligados a un sitio mdashcorporal animal o celes-temdash y obligados a vivirlo a traveacutes de un tiempo siempre escurrente El lugar celeste se nos dice tiene grados altos y bajos de maacutes pura o maacutes escasa lumi-nosidad Alliacute o aquiacute hay un lugar que es nuestro elemento y que provee el alimento que nutre la vida produciendo felicidad o miseria Solo una vez purificados son capaces los hombres de contemplar los lugares maacutes divinos y vivir de acuerdo con ellos De ese modo imitar a Dios es luchar por la asimi-lacioacuten de lo maacutes divino en nosotros a lo maacutes divino en la regioacuten celeste Esta regioacuten no es aquiacute una idea sino un lugar fiacutesico que en cierta manera nos tras-ciende La naturaleza primera del alma119 se funda en su afinidad con los cie-los principio del caraacutecter astral de su substancia original El relato del Timeo (que como hemos podido comprobar mantiene en diversos aspectos una

117 Rep 619a ldquopues de este modo el hombre llega a ser el maacutes felizrdquo 118 Rep 613a ldquoen cuanto es posible al hombre asemejarse a Diosrdquo Cf Rep 621c 119 Ver en este contexto la imagen del marino Glauco cuya ldquonaturaleza originariardquo no podiacutea ser percibida por el deterioro de su estado y la acumulacioacuten de excrecen-cias nuevas (Rep 611CD)

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relacioacuten estrecha con la Repuacuteblica) se esforzaraacute por explicar en queacute sentido alma y boacuteveda celeste estaacuten relacionadas con la realidad divina e ideal su-pramundana y coacutemo es posible para el alma humana (de un modo semejante a Er en su viaje astral) adquirir filosofiacutea a traveacutes de los espectaacuteculos celestes (cf Tim 47a-d) y vivir conforme a la razoacuten

Una vez que conforme al relato de Er el Armenio las almas han reali-

zado su largo recorrido por los cielos y han contemplado a su vez la luz que como un pilar que se extiende en forma recta a traveacutes de la totalidad del cielo y de la tierra ven por fin tendido el huso de la Necesidad por el que giran todas las revoluciones celestes Llegados alliacute los viajeros se acercan por fin a Laquesis y a un profeta que habla por la divinidad e interpreta su voluntad (X 617d) mientras coge de las rodillas de la misma Laquesis hija de la Nece-sidad lotes y modelos de vida El profeta anuncia a las almas el inicio de la eleccioacuten del hado que ha de pertenecer a cada cual ldquoNo os corresponde en suerte a vosotros dice un espiacuteritu divino (δαίμονα X 617e 1) sino que voso-tros eligireacuteis ese espiacuteriturdquo La mejor eleccioacuten ha de corresponder a una vida virtuosa y el principal mensaje de la divinidad estaacute en que ldquola responsabili-dad es del que elige Dios no tiene culpardquo (X 617e)

Sobre todo no podemos reprochar al dios una infelicidad causada por

una erroacutenea eleccioacuten que combinada con las suertes que proveen los lotes de vida de cada cual deciden el destino miserable o feliz de los mortales El lote de las suertes (τοὺς κλήρους X 617e) y la eleccioacuten son decisivos ambos para la felicidad en esta vida y en el camino expedito de idas y regresos de las re-giones celestes Asiacute entonces en un momento crucial del relato se indica cla-ramente que los dos elementos prevalentes de nuestra ventura son la eleccioacuten de vida que estamos en condiciones de hacer y luego de las suertes que provienen del lanzamiento de los lotes (τὴν τοῦ κλήρου τύχην X 619d) Este sorteo de lotes al parecer permite asignar a cada alma su lugar en el orden de eleccioacuten (ἐν τάξει 620d) Podemos quizaacute contar estas suertes como la par-te que los dioses se reservan en relacioacuten con la eleccioacuten de vida Ello no incide demasiado grandemente en el conjunto del acto que tiene por centro la deci-sioacuten personal El lsquoprofetarsquo habiacutea dicho precisamente al concluir su breve dis-

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curso ldquoQue el primero escoja con atencioacuten y que el uacuteltimo no se desanimerdquo (619b) Conforme a este procedimiento las almas ldquoescogiacutean sus vidasrdquo (620a d) y procediendo a hacer elecciones que son causa de transformaciones en sus ya proacuteximos nacimientos Laquesis es una de las tres Parcas dispensado-ras de las suertes y ocupa un lugar importante en su distribucioacuten ya que es ella la que da a cada cual el lsquogeniorsquo o lsquoespiacuteritu divinorsquo (δαίμωνα 620d) de su eleccioacuten para que les sirve de guardiaacuten en su vida terrenal La eleccioacuten de vida es acompantildeada (συμπέμπειν 620e) por lo que se ve en form gratuita de este regalo incluido en la seleccioacuten el daimon justo antes que Cloto que mueve el huso sancione el destino elegido y Atropo lo vuelva irrevocable

La suerte es tradicionalmente para los griegos un acto propio de la di-

vinidad (cf Ti 25e) y nuestro texto mantiene ese sentido sacro si bien tykhe (τύχη) es un teacutermino de una rica y variada significacioacuten en especial por su relacioacuten con el verbo τυγχάνω lsquoalcanzar tocarrsquo lsquoencontrarse producirse por azarrsquo Ahora bien su sentido etimoloacutegico parece estar en conexioacuten con la idea de lsquohacer fabricarrsquo de ahiacute la significacioacuten maacutes primitiva de tykhe a saber el de acto en especial de una divinidad Por supuesto que es muy importante su significado derivado de lsquofortuna suerte destinorsquo y el significado del vo-cablo oscila en la historia de la lengua entre un acto cuyo agente escapa del control humano el de lsquoazarrsquo producido por una causa de tipo impersonal O bien considerando su resultado se estima que es una lsquobuenarsquo o lsquomalarsquo fortu-na

De alguacuten modo todos estos sentidos estaacuten relacionados aquiacute pero la

tensioacuten principal de Platoacuten estaacute puesta en la nocioacuten de responsabilidad aitiacutea en especial en el hecho de que es el hombre el que decide y la divinidad la que sanciona La suerte es tambieacuten uno de los procedimientos favoritos de la democracia griega como lo veiacuteamos anteriormente que se ejerce ahora sobre las almas que se suponen tambieacuten iguales en sus derechos aparentemente democraacuteticos de eleccioacuten Como se hace notar la eleccioacuten resulta a menudo un fiasco un espectaacuteculo digno de laacutestima en que la costumbre (κατὰ συνήθειν X 620a) de la vida anterior inclina decisivamente el aacutenimo del que elige su vida futura Inercia peligrosa que podemos suponer bien pudo evi-

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tarse alguna vez con el giro del alma desde las sombras hacia la luz La vuelta al nacimiento es precedida por el paso de la llanura del Olvido y la llanura de la Despreocupacioacuten de cuyas aguas beben las almas como si de una activi-dad sacramental se tratara y que marca el inicio del olvido de sus experien-cias anteriores y enfilando como estrellas al lugar del nacimiento inician las almas el regreso a nuestro lugar Er impedido de beber el agua guardoacute el recuerdo

ldquoY es asiacute oh Glaucoacuten dice Platoacuten que el relato (μῦθος) se salvoacute y no

perecioacute y nos puede salvar tambieacuten a nosotros si nos dejamos persuadir por eacutelrdquo (X 621c) El mythos la narracioacuten de Er es lo que queda libre del olvido y por eso mismo a nuestro alcance Se nos presenta como una exhortacioacuten una invitacioacuten a no olvidar eso que solo conocemos por relato y no por conoci-miento y que podriacutea con facilidad perderse para siempre y sin destino Pero el mito se salvoacute gracias a un privilegiado testigo Er el Armenio y permanece ahora para quienes lo conservan en su aacutenimo cual un saber revelado

Ahora Platoacuten nos deja a su vez con una exhortacioacuten a lsquosalvarrsquo el mythos

en nosotros La salvacioacuten del mito se produce mediante la aceptacioacuten la creencia de lo dicho por el filoacutesofo acerca de la inmortalidad del alma La re-puacuteblica entera que ha ido tomando forma mediante el discurso se sostiene toda en el reconocimiento la admisioacuten (νομίζαντες X 621c 3) por parte nues-tra de la inmortalidad del alma y su capacidad de extremos de bien y de mal La calidad de esa alma si traspuesta en clave social nos muestra la capacidad al menos teoacuterica de alcanzar las alturas de un Estado sostenido en el bien y la justicia o concebirlo en sus procesos de decadencia y maacutexima ruina en la in-justicia de la tiraniacutea

Asiacute entonces la teoriacutea del alma emerge nuevamente como el centro vi-

tal de toda la obra esa alma que se mostraba en los extremos de la justicia y la injusticia que se repartiacutea en tres aspectos que sosteniacutean a su vez las clases de la ciudad y que permitiacutean erigir al guardiaacuten filoacutesofo en el rey del estado esa alma que convertida hacia la luz llegaba a contemplar finalmente la cima

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de la idea del bien y luego descendiacutea hacia las sombras por imperativo de esa misma conversioacuten

La decadencia de las ciudades por otra parte se ha estado nutriendo

de la marcha continua de los espiacuteritus hacia el mal y la injusticia desplaza-miento que se realiza en forma gradual y tiene las caracteriacutesticas que presen-tan los movimientos sociales Ahora todas las argumentaciones parecen di-solverse en una suerte de exhortacioacuten final que invita a ir siempre por el ca-mino de arriba y a practicar toda justicia con sabiduriacutea (μετὰ φρονήσεως R 621c 5) Por otra parte hay una estrecha relacioacuten entre la amistad consigo mismo que prevalece en un hombre justo y virtuoso y su amistad para con los dioses que debe permanecer inalterada en el transcurso de esta vida y ldquoen el viaje de mil antildeosrdquo descrito en la historia de Er

La uacuteltima frase de esta extensa y extraordinaria obra ldquoseamos felicesrdquo

en otras palabras ldquoque nos vaya bienrdquo (εὖ πράττειν) deja en evidencia por consiguiente esos objetivos de conversioacuten espiritual que a lo largo de toda la obra mdashy de modo particular y brillante en la alegoriacutea de la Cavernamdash se hi-cieron manifiestos En ese giro del alma hacia la realidad inteligible estaba la causa en ese momento ignorada de su felicidad en todo tiempo y en cuanto se ha visto que la polis platoacutenica deberaacute estar regida por seres transformados por la visioacuten de la verdad y el bien habraacute que suponer ademaacutes que en esa conversioacuten estaacute el fundamento y la razoacuten de ser del proyecto poliacutetico de Pla-toacuten

La filosofiacutea habiacutea surgido en Grecia como una experiencia personal y

sigue sieacutendolo en las paacuteginas de la Repuacuteblica pero en el giro que transforma finalmente a los seres humanos en contempladores de la Idea del bien o me-jor dicho en la Idea del bien mismo se hace manifiesta la condicioacuten social y comunitaria de ese objeto supremo Son las caracteriacutesticas poliacuteticas que esta Idea tiene y que se manifiestan en el acto de ser participada por muchos en diversos grados de capacidad al interior de la ciudad La filosofiacutea experimen-ta asiacute un cambio de orientacioacuten seguacuten que el objeto superior el Bien supera a las Formas ldquoen dignidad y poderrdquo produciendo en todo el sistema ontoloacute-

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gico un reordenamiento ya de hecho en operacioacuten mediante la Idea de belle-za en el Banquete Este nuevo orden metafiacutesico conduce a la fisioacuten del caraacutecter individual de la experiencia filosoacutefica puesto de manifiesto primero en el eros mdashuna experiencia de dos y luego de muchosmdash y continuado en Repuacuteblica como vivencia comunitaria es decir poliacutetica

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B PRESENTACIOacuteN ANALIacuteTICA DE LA OBRA Libro primero 327a-328e Soacutecrates describe coacutemo mientras visitaba el Pireo en com-

pantildeiacutea de Glaucoacuten con el propoacutesito de orar a la diosa y contemplar la celebra-cioacuten de su fiesta120 fue inducido por Polemarco y otros a demorar su vuelta a Atenas Se narra la escena en casa de Polemarco en que Soacutecrates comienza a interrogar a Ceacutefalo ya avanzado en antildeos sobre el tema de la ancianidad Son los propios ancianos dice los que tienen la culpa de sus desgracias

329d-331b Soacutecrates hace nuevas preguntas a Ceacutefalo lsquoLa mayoriacutea de los

hombres diraacuten que son las propias riquezas las que hacen feliz en la anciani-dadrsquo Ceacutefalo lsquoel caraacutecter tiene maacutes que ver con la felicidad que la riquezarsquo Soacutecrates lsquoiquestcuaacutel es la ventaja principal del dinerorsquo Ceacutefalo lsquopermite a los hombres buenos pagar sus deudas a los dioses y a los hombres antes de pa-sar al otro mundorsquo121

331c d Se suscita por primera vez la pregunta de lsquoiquestqueacute es la justiciarsquo

iquestEs simplemente decir la verdad y pagar lo que se debe Polemarco sucede a Ceacutefalo en su lugar en la conversacioacuten122

331e-332b La segunda mitad de la definicioacuten de justicia que Soacutecrates

deduce de las observaciones de Ceacutefalo es ahora acogida y discutida en la forma en que fue expresada por el poeta Simoacutenides lsquoque es justo dar a cada

120 Se celebran presumiblemente las fiestas de la diosa Bendis aunque algunos piensan que se trata maacutes especiacuteficamente de la diosa Atenea 121 Se dice de Ceacutefalo que ldquotiene dinero pero posee tambieacuten moderacioacutenrdquo (CDC Reeve Philosopher Kings Princeton 1988 pg 5) Ceacutefalo ejerce su papel introductorio con la dignidad de quien se siente en posesioacuten de un saber tradicional y de un sen-tido comuacuten nacido de la experiencia ldquoCeacutefalo es un personaje atractivo retratado con delicadeza y respetordquo (ibid pg 6) Representa bien su papel de sostenedor sin complicaciones de las normas y valores morales de su tiempo 122 ldquoCephalus is unable to explain why the disposition to obey the rules of justice and piety is one which exemplifies something unqualifiedly goodrdquo (Kimon Lycos Plato on Justice and Power London 1993 lt1987gt pg 31) Se le encomienda ahora a Polemarco el cometido de explicar lo que Ceacutefalo no hizo

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cual lo debidorsquo (τὰ ὀφειλόμενα) En la seccioacuten presente Soacutecrates se limita a sonsacar el significado de lsquodebidorsquo En lo que concierne a los amigos es algo bueno en lo que concierne a los enemigos algo malo en teacuterminos generales es aquello que es conveniente o apropiado (τὸ προσῆκον) De hecho Simoacuteni-des quiso decir que la justicia consiste en hacer bien a los amigos y mal a los enemigos

332c-336a La definicioacuten es adicionalmente aclarada hasta el 333b y

despueacutes de eso Soacutecrates comienza a criticarla En primer lugar se hace maacutes precisa la definicioacuten representando a la

justicia como un arte cuya ocupacioacuten es beneficiar a los amigos y perjudicar a los enemigos (332 c d) Se suscita entonces la pregunta de iquestcoacutemo el arte de la justicia123 beneficia a los amigos y dantildea a los enemigos Por analogiacutea con otras artes Polemarco es inducido a decir que la justicia beneficia a los ami-gos y dantildea a los enemigos (1) luchando en favor de ellos o contra ellos en tiempo de guerra y (2) en conexioacuten con asociaciones que se ocupan del dine-ro en tiempo de paz (332d- 333b) La explicacioacuten del dicho de Simoacutenides estaacute ahora completa

Soacutecrates primero dirige su ataque contra (2) En los casos en que debe usarse dinero no es la justicia sino alguacuten otro arte que es uacutetil para el propoacute-sito requerido en otras palabras la justicia es (en tiempo de paz) uacutetil solo pa-ra tratar con dinero inuacutetil o sin utilizar u otros objetos sin utilizar cosa que es una visioacuten indigna del arte (333b- 334b) Polemarco perplejo reitera su defi-nicioacuten en su antigua forma y Soacutecrates en seguida comienza una nueva viacutea de argumentacioacuten Por lsquoamigosrsquo y lsquoenemigosrsquo Polemarco quiere sentildealar a aque-llos que a nosotros nos parecen (τοὺς δοκοῦντας) buenos y malos no aque-llos que lo son (τοὺς ὄντας) Pero como a menudo los hombres malos nos parecen buenos y los buenos malos la justicia a menudo consistiraacute en benefi-ciar a hombres malos y en dantildear a hombres buenos es decir en ser injustos con aquellos que no lo son o a la inversa si rehusamos aceptar esta conclu-sioacuten y sostener que es justo el beneficiar al justo y el perjudicar al injusto a

123 La consideracioacuten de la justicia como un arte (τέχνη) recuerda un punto de vista tiacutepicamente socraacutetico

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menudo seraacute justo perjudicar a amigos y beneficiar a enemigos a saber cuando nuestros amigos son malos y nuestros enemigos buenos (334c-334e)

Polemarco en seguida rectifica su explicacioacuten de lsquoamigorsquo y lsquoenemigorsquo en lsquoel que a la vez parece y es buenorsquo y lsquoel que a la vez parece y es malorsquo y ahora viene la definicioacuten lsquoes justo el beneficiar al amigo si eacutel es bueno y da-ntildear al enemigo si eacutel es malorsquo (335a)124

Hecha esta correccioacuten a la definicioacuten Soacutecrates le dirige a continuacioacuten la palabra Eacutel prueba primero por analogiacutea con las otras artes que el perjudicar a un ser humano es hacerlo peor respecto a la excelencia humana (εἰς τὴν ἀνθρωπείαν ἀρετὴν) es decir la justicia en otras palabras hacerlo maacutes in-justo y despueacutes por medio de un razonamiento similar de afinidad prueba que nadie puede ser hecho maacutes injusto por alguien que es justo125 El dicho de Simoacutenides si Polemarco lo ha explicado correctamente era maacutes digno de un tirano que de eacutel (335a-336a)126

336a-337b Presentacioacuten de Trasiacutemaco Su airada reaccioacuten al meacutetodo so-

craacutetico de preguntas Se ha levantado como una fiera llenando de temor a Polemarco y a Soacutecrates Piensa que Soacutecrates estaacute persuadido de que es maacutes faacutecil preguntar que contestar por lo que debe eacutel ahora contestar queacute entiende por justo

337a-339b Luego de alguacuten altercado Trasiacutemaco declara finalmente que

la justicia es lsquoel intereacutes (τὸ συμφέρον)127 del maacutes fuertersquo Los gobernantes son maacutes fuertes que aquellos a quienes ellos gobiernan y en cada estado hacen

124 Las ambiguumledades de esta definicioacuten seraacuten a continuacioacuten expuestas por Soacutecra-tes pero Polemarco ha representado bien su papel a saber el de dar a conocer ldquoel agudo diagnoacutestico de Platoacuten de los peligros a los que puede conducir en la praacutectica una comprensioacuten lsquopoliacuteticarsquo o lsquociacutevicarsquo de la justiciardquo (K Lycos op cit pg 37) 125 Soacutecrates afirma ldquoNo es por tanto iexcloh Polemarco obra propia del justo el hacer dantildeo ni a su amigo ni a otro alguno sino de su contrario el injustordquo (335 d) y agrega como conclusioacuten de este importante paacuterrafo ldquopues que ni lo justo ni la justicia se nos muestran asiacute iquestqueacute otra cosa diremos que es ellordquo (336a) A continuacioacuten viene la furiosa reaccioacuten de Trasiacutemaco contra el meacutetodo de investigacioacuten de Soacutecrates 126 Polemarco ha realizado una suerte de identificacioacuten entre la justicia y el poder social con ello se dificulta la comprensioacuten de la justicia como una virtud que hace mejor al ser humano 127 En el sentido de lsquoprovecho utilidad gananciarsquo

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aprobar leyes en su propio intereacutes y lo que se hace en su propio intereacutes a eso llaman justo128

339b-341a Ahora que se ha explicado el significado de la definicioacuten Soacute-

crates procede a atacarla Incluso si se asume que los gobernantes buscan su propio beneficio aun asiacute ellos a menudo yerran y promulgan leyes que son perjudiciales para ellos mismos por consiguiente asiacute como es justo para los suacutebditos el obedecer a sus gobernantes la justicia consistiraacute algunas veces en hacer lo inconveniente para el maacutes fuerte Soacutecrates reitera esta objecioacuten y es apoyado por Polemarco Clitofonte por su parte insiste en que lo que Trasiacute-maco quiso decir fue que lsquoel intereacutes del maacutes fuertersquo era lo que el maacutes fuerte pensaba que era para su propio intereacutes lo justo era hacer lo ordenado por los gobernantes y esto correcta o erroacuteneamente el maacutes fuerte suponiacutea que le conveniacutea Trasiacutemaco rehusa valerse de esta indicacioacuten y explica que estric-tamente hablando los gobernantes en cuanto que gobernantes no pueden errar Eacutel apoya esta declaracioacuten argumentando a partir de la analogiacutea con los meacutedicos y otros alegando que su concesioacuten anterior fue solo una manera po-pular de expresar el hecho de que los gobernantes parecen errar Por consi-guiente la definicioacuten original fue estrictamente correcta Justicia es el intereacutes del maacutes fuerte puesto que los gobernantes hacen leyes en su propio prove-cho y en cuanto que gobernantes son infalibles

341a-342e Soacutecrates ahora se enfrenta con Trasiacutemaco en su propio te-

rreno y ataca su definicioacuten conforme a lsquola forma maacutes estrictarsquo de argumento Eacutel muestra por analogiacutea129 que cada gobernante en cuanto gobernante busca el bien de aquellos que gobierna puesto que cada arte aspira al bien de su

128 Se presentan por primera vez los aspectos poliacuteticos de la justicia (ver Leyes 714c ss) ldquoTenemos motivos por consiguiente para suponer que la definicioacuten que Platoacuten pone en boca de Trasiacutemaco representa una teoriacutea corriente en la poliacutetica del mo-mentordquo (J Adam pg 25) En ese sentido es probable que Platoacuten quiera presentar aquiacute a Trasiacutemaco como ldquoel portavoz del realismo poliacutetico llevado hasta sus uacuteltimas consecuenciasrdquo (Jacqueline Bordes Politeia dans la penseacutee grecque jusquagrave Aristote Pariacutes 1982 pg 251) Realismo significa aquiacute en liacuteneas generales relativismo 129 Se dice aquiacute lsquoanalogiacutearsquo del razonamiento aquella en que las relaciones o las se-mejanzas son deducidas de otras que son conocidas u observadas

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ocupacioacuten u objeto propio y peculiar y no a su propia conveniencia pues en cuanto arte nada le falta

343a-344c Trasiacutemaco con gran insolencia de tono abandona ahora su

punto de vista idealista y toma un ejemplo de la experiencia El pastor en realidad no busca el bien de su rebantildeo sino que lo engorda para su ventaja propia o la de su amo De manera parecida el gobernante digno de su nom-bre aspira a su propia ventaja Justicia es lsquoel bien de otros hombresrsquo (ἀλλότριον ἀγαθόν) mientras que injusticia es el suyo propio al hombre justo le va peor que al injusto en todas partes en asuntos comerciales y en poliacutetica Que es de utilidad mucho mayor el ser injusto que justo se puede ver del caso de los tiranos que representan la injusticia en su forma maacutes per-fecta Todos los hombres los envidian Finalmente Trasiacutemaco reitera su teoriacutea original con la observacioacuten de que la injusticia en una escala suficientemente grande es al mismo tiempo maacutes fuerte maacutes digna de un hombre libre y maacutes perfecta y sentildeorial que la justicia

344d-347e La contestacioacuten de Soacutecrates se divide en tres partes En la

primera (344d-347e) luego de expresar enfaacuteticamente su desacuerdo con los puntos de vista de Trasiacutemaco y de protestar contra la retractacioacuten del sofista (en el ejemplo del pastor y sus ovejas) de la doctrina de que todo gobernante busca el bien de sus suacutebditos Soacutecrates vuelve a la forma maacutes estricta de razo-namiento a que Trasiacutemaco le habiacutea previamente desafiado sentildeala que no hay gobernante propiamente asiacute llamado que gobierne gustosamente ellos re-quieren sueldos Cuando alguacuten tipo de dominio por ejemplo un arte es ejer-cido en ventaja del que lo gobierna el beneficio viene de la operacioacuten concu-rrente del lsquoarte de obtener gananciasrsquo y no del gobierno mismo La medicina proporciona salud el arte de las ganancias el sueldo que le acompantildea el doc-tor obtiene sus honorarios no en cuanto doctor sino en cuanto receptor de su sueldo

Asiacute no es el gobernante en cuanto gobernante sino los suacutebditos como

ya se dijo los que cosechan el beneficio El sueldo que induce a un hombre a gobernar puede ser el dinero o el honor o la perspectiva de un castigo si

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rehusara La multa maacutes eficaz en el caso de las mejores naturalezas es la perspectiva de ser gobernados por hombres peores que ellos mismos En una ciudad de hombres buenos estar libre de cargos seriacutea buscado con tanto an-helo como lo es ahora el cargo mismo130 Con esto termina por ahora la refu-tacioacuten de la teoriacutea de que la justicia es el intereacutes del maacutes fuerte Soacutecrates pro-mete reanudar el tema en otra ocasioacuten

347e-348b Introduccioacuten a la segunda parte de la respuesta de Soacutecrates a

Trasiacutemaco Deciden el procedimiento a seguir en la discusioacuten que seraacute me-diante un examen con mutuas aceptaciones en que ellos mismos seraacuten a la vez jueces y oradores

348b-350c Trasiacutemaco identifica ahora a la justicia con la simplicidad

(εὐήθειαν)131 la injusticia con la discrecioacuten (εὐβουλίαν)132 La injusticia eacutel la atribuye a la virtud (ἀρετῆς) y a la sabiduriacutea (σοφίας) la justicia a sus opuestos Eacutel luego declara que la injusticia es fuerte y hermosa y estaacute prepa-rado para afirmar de ella todo lo que usualmente se predica de la justicia (348b-349b)

Soacutecrates entonces comienza una refutacioacuten muy sutil recurriendo a la afirmacioacuten de que la injusticia es virtud y sabiduriacutea (349b-350c)

(1) El hombre justo hace lo posible por sacar ventaja133 del injusto pero no del justo el hombre injusto saca ventaja del justo y del injusto Por consi-guiente generalmente el hombre justo se esfuerza por sacar ventaja del de-semejante el hombre injusto en sacar ventaja tanto del semejante como del desemejante Ademaacutes el injusto por ser sabio y bueno se asemeja al sabio y

130 Es una suerte de principio en la ciudad ideal el que los mejores se hallen poco dispuestos a ocuparse en tareas de gobierno y se resistan a abandonar una vida de contemplacioacuten 131 Cada uno de los interlocutores querraacute usar el vocablo con matices diferentes Su sentido maacutes baacutesico puede ser el de lsquocandidez inocenciarsquo o si se quiere lsquoingenuidadrsquo J Adam lo interpreta como lsquosimplicidadrsquo 132 ldquoεὐβουλία lteubouliacutea gt era preeminentemente una virtud poliacuteticardquo J Adam pg 49 133 El verbo πλεονεκτεῖν (pleonekteicircn) encierra el sentido baacutesico de lsquoser codiciosorsquo aquiacute he preferido el significado de lsquosacar ventajarsquo al de lsquoengantildearrsquo overreach de Adam Indudablemente que ambos sentidos estaacuten presentes en el verbo griego

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bueno mientras que el justo por ser ignorante y malo se parece al ignorante y malo en una palabra cada cual es como aquellos a quienes se parece

(2) Por otra parte a partir de la analogiacutea de las artes se ve que el que conoce trata de sacar ventaja del desemejante mientras que el ignorante trata de sacar ventaja tanto del semejante como del desemejante Pero el hombre que sabe es sabio y el sabio es bueno podemos por consiguiente substituir en la uacuteltima frase lsquohombre sabio y buenorsquo por lsquoel hombre que sabersquo e lsquoigno-rante y malorsquo por lsquoignorantersquo Comparando entonces las conclusiones (1) y (2) vemos que los justos son como los sabios y buenos esto es son sabios y buenos (puesto que ellos son tal como aquellos a quienes ellos se asemejan) mientras que los injustos de manera semejante son ignorantes y malos Asiacute se refuta la tesis de que la injusticia es virtud y sabiduriacutea

350c-352d Ahora Soacutecrates ataca la segunda afirmacioacuten hecha por Tra-

siacutemaco en 349a a saber que la injusticia es fuerte La justicia (argumenta eacutel) es maacutes fuerte que la injusticia tanto porque ella es (como hemos visto) virtud y sabiduriacutea como porque ella es en sus efectos la antiacutetesis de la injusticia que infunde odiosidad y sedicioacuten a la vez entre conjuntos de individuos co-mo en el individuo mismo134 La injusticia debilita al impedir la accioacuten comu-nitaria hace a los hombre colectiva e individualmente odiosos a siacute mismos y a los justos entre los que estaacuten los dioses Cuando la injusticia parece ser fuer-te lo es en virtud de una justicia latente que ella todaviacutea retiene

352d-354c Aquiacute el argumento vuelve a 347e y el resto del libro ofrece

una refutacioacuten directa de la opinioacuten de que la injusticia es maacutes ventajosa que la justicia en otras palabras que la vida del hombre injusto es mejor que la del justo Una refutacioacuten indirecta dice Soacutecrates es proporcionada por la dis-cusioacuten reciente (de 348b a 352d) la directa es como sigue Todo tiene tiene su operacioacuten peculiar o producto (ἔργον) mdasheso que especialmente eacutel solo pro-

134 Al contrario de la injusticia que produce disensioacuten ldquola justicia proporciona concordia y amistadrdquo (351 d) La lsquoconcordiarsquo (ὁμόνια) y la lsquoamistadrsquo (φιλία) se re-fuerzan mutuamente

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duce mejor que cualquier otra cosa135 Todo ademaacutes tiene su propia y pecu-liar excelencia (ἀρετή) sin la que no podraacute hacer bien su trabajo136

Ahora bien la operacioacuten del alma es preocuparse (ἐπιμελεῖσθαι) go-

bernar (ἄρχειν) deliberar (βουλεύεσθαι) vivir (ζῆν) su excelencia es la jus-ticia Por consiguiente el alma justa viviraacute bien y el que vive bien es feliz y dichoso Y como esto es maacutes ventajoso que ser miserable la injusticia (ἀδικία) jamaacutes puede ser maacutes ventajosa que la justicia (δικαισύνη) En conclusioacuten Soacute-crates resume con cierto pesar en tanto que no conozcamos lo que es la justi-cia es difiacutecil que se sepa si es una virtud o un vicio y si su posesor es feliz (εὐδαίμων) o infeliz137

Libro segundo 357a-358e Soacutecrates pensaba que la conversacioacuten habiacutea concluido pero

Glaucoacuten revive la teoriacutea de Trasiacutemaco Se ponen de acuerdo acerca de una clasificacioacuten triple de bienes Los bienes son deseables ya sea (1) por siacute mis-mos o (2) a la vez por siacute mismos y por sus consecuencias o (3) solo por sus consecuencias La justicia es colocada por Soacutecrates en la segunda y maacutes noble de esas tres clases Glaucoacuten por su parte afirma que la mayoriacutea lo coloca en el tercero y propone defender la creencia de la mayoriacutea no como sostenieacuten-

135 Este ha de ser uno de los principios fundamentales de la estructura poliacutetica de toda la Repuacuteblica (cf II 369e ss) 136 ldquoPlato explains virtue as excellence in a particular function or role (ergon) (R 353b2-d1) and his explanation matches the normal use of lsquoaretendashmdashrsquo Dogs horses athletes can all be good or bad possess or lack a virtue in so far as they are good or bad at what is expected of them in their particular role (R 335b6-c2) However So-crates is interested in one subset of virtues those of his short list Unlike other aretai these are particularly humanrdquo (T Irwin Platos Moral Theory Oxford 1982 lt1977gt pg 14) 137 T Irwin (op cit pg 180) se pregunta si Platoacuten acepta realmente los argumentos de Soacutecrates en el libro I responde que ciertamente eacutel acepta algunas de las conclu-siones (1) que la justicia beneficia al hombre justo (2) que el hombre justo beneficia a otros (3) que a los hombres justos no les gusta gobernar pero gobernaraacuten bien (347d 1-6) y que la justicia es la virtud del alma ldquoEstas conclusiones dice son de-fendidas posteriormente en la Repuacuteblica pero con argumentos diferentesrdquo

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dola eacutel por siacute mismo sino para forzar a Soacutecrates a defender la justicia y con-denar la injusticia consideradas por sus propios meacuteritos en siacute mismas Eacutel piensa que Trasiacutemaco se ha dado por vencido demasiado pronto

358e-359b Glaucoacuten describiraacute primero el origen y la naturaleza de la

justicia de acuerdo con la teoriacutea que eacutel se ha propuesto sostener De acuerdo con la naturaleza (πεφυκέναι) cometer injusticia (ἀδικεῖν) es un bien sufrir injusticia (ἀδικεῖσθαι) un mal138 Pero como hay maacutes mal en sufrir injusticia que bien en cometerla la experiencia hace a los hombres el decidirse a esta-blecer leyes (νόμους) y pactos (συνθήκας) mutuos de no cometer y de no sufrir injusticia A las prescripciones colectivas de este pacto se llama ley y justicia Justicia es de consiguiente un compromiso entre el mejor curso de accioacuten es decir causar perjuicio sin incurrir en ninguna pena139 y el peor es decir sufrir perjuicio sin poder imponer un castigo retributivo140 No aceptaraacute el compromiso quien sea suficientemente fuerte como para hacer perjuicio141 con buen eacutexito

359b-360d En segundo lugar mdashprecisa Glaucoacutenmdash nadie es voluntaria-

mente justo Demos al justo y al injusto el poder maacutes pleno para ejercer su voluntad aseguraacutendolos contra todo tipo de consecuencias perniciosas deacute-mosles la facultad de hacerse invisibles como la que Giges poseiacutea a traveacutes de su anillo y el justo mostraraacute que no es mejor que el injusto142 Si con este po-

138 Seraacute importante tener en cuenta la comparacioacuten constante que se hace entre el sentido activo de adikeicircn ldquocometer injusticiardquo y el pasivo adikeicircsthai ldquosufrir o pade-cer injusticiardquo 139 ἐὰν ἀδικῶν μὴ διδῷ δίκην ldquoque no sufra castigo quien cometa injusticiardquo (359a) 140 ἐὰν ἀδικούμενος τιμωρεῖσθαι ἀδύνατος ᾖ ldquoque quien padezca injusticia sea incapaz de vengarserdquo (ibid) 141 lsquocometer injusticiarsquo 142 ldquoPara mostrar porqueacute la teoriacutea del contrato no proporciona una buena razoacuten para ser justo Glaucoacuten introduce el anillo de Giges que elimina las consecuencias artificiales de la accioacuten injusta quien acepta la teoriacutea del contrato usaraacute el anillo de Giges si es sabio (359b6-c6 360c6-d2)rdquo (T Irwin op cit pg 186) Pero Giges antildeade Irwin elimina solo las consecuencias artificiales de esa accioacuten injusta lo que en uacutel-timo teacutermino proporciona una buena razoacuten para rehusar el anillo ldquoy persistir en la justicia por sus buenas consecuencias naturalesrdquo Esto es asiacute no obstante que Glau-coacuten mdashseguacuten afirma nuestro autormdash estaacute auacuten en la razoacuten al decir que un partidario

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der de ocultarse a siacute mismo el hombre justo todaviacutea rehusa actuar injusta-mente no hay duda que los hombres lo elogiariacutean abiertamente pero en se-creto lo juzgariacutean totalmente miserable y necio

360d-362c En tercer lugar la vida del injusto mdashseguacuten nuestra teoriacuteamdash

es mucho mejor que la del justo Supongamos a cada uno de estos la personi-ficacioacuten perfecta de su tipo el uno es un artista consumado en iniquidad ca-paz de apremiar cuando es necesario y listo al mismo tiempo en simular dis-frutando de la maacutes alta reputacioacuten de justo mientras es culpable de los actos peores de injusticia el otro en cambio deseoso no de ser estimado bueno sino de serlo afanaacutendose hasta la muerte bajo la imputacioacuten de la peor injus-ticia aunque eacutel permanece justo Solo por medio de esta suposicioacuten podemos asegurarnos de que el justo no ha sido atraiacutedo por las recompensas de la jus-ticia sino por la justicia misma iquestCuaacutel seraacute el resultado El justo seraacute todo un miserable y fracasado el injusto enteramente proacutespero y feliz haciendo el bien a sus amigos y el mal a sus enemigos incluso maacutes el injusto seraacute maacutes querido a los dioses que el justo porque tiene con queacute ganar sus favores

362c-363e En este punto Glaucoacuten cede el paso a Adimanto Glaucoacuten

habiacutea sostenido la superioridad de la injusticia Adimanto apoyaraacute la misma tesis explicando el argumento usualmente propuesto en favor de la justicia En primer lugar cuando los padres y amigos exhortan al joven a seguir la justicia ellos no alaban a la justicia misma sino las recompensas que la justi-cia se granjea de hombres y dioses Homero y Hesiacuteodo describen los benefi-cios que se derivan de la justicia en la vida presente mientras que Museo y su hijo aseguran a sus devotos una bienaventuranza sensual en la vida futura y otros prometen al hombre piadoso una larga liacutenea de descendientes pero re-legan al malvado al castigo despueacutes de la muerte y a la impopularidad du-rante la vida

de la teoriacutea del contrato usaraacute el anillo de Giges y ldquoaunque su uso seraacute maacutes restrin-gido de lo que Glaucoacuten declara lo seraacute suficientemente frecuente como para mos-trar que una teoriacutea Humeana que apela en favor del sistema de justicia a causa de las malas consecuencias de la accioacuten injusta no proporciona razones para ser justordquo A Ophir (Platos Invisible Cities London 1991 pgs 42-43) en su anaacutelisis del tema afirma ldquoEl mito de Giges es una historia de distinciones desdibujadas y de liacuteneas de demarcacioacuten violadasrdquo

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363e-365a En segundo lugar mdashcontinuacutea Adimantomdash tanto por los poe-

tas como en la vida privada la virtud es calificada de honorable pero difiacutecil el vicio de faacutecil y vergonzoso solo por convencioacuten (νόμῳ) La injusticia dicen los hombres es el mejor curso de accioacuten ellos admiran al rico vicioso y des-precian al pobre virtuoso Lo maacutes sorprendente de todo a los dioses mismos se les considera a veces benignos con el malvado y poco amables con el bueno y hay adivinos que pretenden tener el poder de parte de los dioses de purificar al injusto con sacrificios o conjuros realizados festivamente y se comprometen a dantildear a los enemigos por un gasto insignificante de dinero En apoyo de tal doctrina ellos citan a los poetas Hesiacuteodo por ejemplo y Homero Hay asimismo libros que contienen foacutermulas de sacrificios con cuya utilizacioacuten los hombres estaacuten convencidos de que sus faltas pueden ser per-donadas tanto en vida como despueacutes de la muerte

365a-367e Finalmente iquestcuaacutel es el efecto en las almas de los joacutevenes Joacute-

venes bien dotados son animados a practicar la injusticia mientras fingiendo exteriormente ser justos Para evitar ser descubiertos por sus compantildeeros ellos forman asociaciones poliacuteticas y emplean la persuasioacuten y la fuerza Se pueden permitir ignorar a los dioses porque o no hay dioses o estos no se ocupan del hombre o mdashseguacuten aquellos que son las solas autoridades en lo que respecta a su existenciamdash se los puede aplacar con los ingresos de la in-justicia Hay ritos especiales y dioses que nos pueden librar del castigo des-pueacutes de la muerte eso dicen los propios hijos de los dioses143 Los argumen-tos en favor de la injusticia son tan fuertes que incluso aquellos que pueden refutarlos son indulgentes y admiten que nadie es justo voluntariamente144 excepto por una innata disposicioacuten virtuosa o por conocimiento cientiacutefico

Depende de ti Soacutecrates mdashdice Adimantomdash ahora por la primera vez

elogiar a la justicia y censurar a la injusticia en siacute y por siacute misma (αὐτὴ δ᾽

143 Como seguacuten el razonamiento es el caso de Orfeo y Museo 144 En el relato de Giges Glaucoacuten habiacutea afirmado (II 360c) que ldquonadie es justo de propia voluntad a menos que esteacute obligado a serlordquo (ὅτι οὐδεὶς ἑκὼν δίκαιος ἀλλ᾽ ἀναγκαζόμενος) ahora se vuelve a repetir dando razones parecidas aunque maacutes especiacuteficas A ello Soacutecrates ha de oponer nadie es injusto voluntariamente

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αὐτὴν) aparte de sus elementos accesorios Incluso maacutes debes asignar a cada cual la reputacioacuten de que goza la otra y no mostrarnos meramente que la jus-ticia es mejor que la injusticia Cueacutentanos queacute efectos producen ellas separa-damente en sus posesores a consecuencia de lo cual el uno es bueno el otro malo145

367e-369b En un corto interludio Soacutecrates luego de felicitar a Glaucoacuten

y Adimanto hace algunas observaciones acerca de la magnitud de la tarea que tiene por delante nada menos que la defensa de la justicia contra sus di-famadores Como los de corta vista son maacutes capaces de reconocer las letras pequentildeas de lejos si han estudiado previamente las mismas letras reproduci-das en tamantildeo mayor y sobre un fondo maacutes amplio asiacute mdashdice Soacutecratesmdash estudiemos la justicia en un objeto mayor esto es en las ciudades146 y des-pueacutes buscar sus rasgos distintivos en un objeto menor en otras palabras en el individuo La contemplacioacuten (θεασαίεθα) de una ciudad en proceso de crea-cioacuten nos mostraraacute coacutemo surge con ella la justicia y la injusticia147

145 Si se hubiera interrogado a Platoacutenmdash-piensa J D Mabbott (ldquoIs Platos Republic Utilitarianrdquo en Plato II Ethics Politics and Philosophy of Art and Religion Ed by G Vlastos New York 197 (57-65) de si eacutel quiso sentildealar que un hombre que posee la justicia en su alma posee tambieacuten como consecuencia natural la felicidad por cuya sola razoacuten valiacutea la pena ser justo Platoacuten habriacutea rechazado tal interpretacioacuten Lo que la justicia hace es volver armoniosa al alma y su armoniacutea es la justicia y no una con-secuencia de ella De ahiacute que seguacuten dice Mabbott ldquoSoacutecrates tiene que mostrar que la justicia es buena tanto en siacute misma como en sus consecuenciasrdquo (ibid pg 60) 146 Que equivale a decir en los estados que ellas constituyen Se trata de un paso metodoloacutegico importante se estudiaraacute primero la justicia en la ciudad para luego examinar la justicia del individuo Este sistema de investigacioacuten se constituye de aquiacute en adelante en una de las caracteriacutesticas maacutes constantes de toda la obra Esto trae como consecuencia que haya una estrecha analogiacutea entre las sociedad y el indi-viduo 147 La investigacioacuten acerca de la poliacutetica se hace inseparable del estudio antropoloacute-gico que en Platoacuten es fundamentalmente un saber acerca del alma humana Bien dice J G Gunnell ldquostate and soul are inseparablerdquo (Political Philosophy and Time Plato and the Origins of Political Vision ChicagoLondon 1987 lt1968gt pg 153) Se establece asiacute claramente que el estado ldquoencuentra su origen en las necesidades del hombre y el auge y la caiacuteda del orden social es un problema del tiempo humano o de la historiardquo (ibid) Se asienta por lo demaacutes en este punto del texto el meacutetodo de acuerdo con el cual se va a proceder en el resto de la obra con excepcioacuten de los li-bros V-VII los que como afirma J Adam ldquoare professedly a lsquodigressionrsquordquo y el libro X ldquowhich is of the nature of an epiloguerdquo (pg 91)

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369b-372d El primer bosquejo de una ciudad-estado148 La ciudad surge a la vida a raiacutez de que el individuo no es auto-

suficiente149 Podemos considerarla como la unioacuten de muchos individuos que se ayudan mutuamente uno al otro en un lugar (εἰς μίαν οἴκησιν) El indivi-duo da y toma porque piensa que es mejor para eacutel hacerlo asiacute

Ahora bien la primera necesidad del hombre es el alimento la segunda la habitacioacuten la tercera el vestuario y cosas parecidas150 El estado maacutes pe-quentildeo posible consistiraacute por consiguiente en un labrador un albantildeil un te-jedor un zapatero y alguacuten otro que atienda necesidades materiales cuatro o cinco en total Cada uno de estos debe trabajar para todos porque la natura-leza ha adaptado a hombres diferentes para diferentes tipos de trabajo y por-que cada tipo de trabajo tiene su momento criacutetico cuando hay que realizarlo sin desatenderlo Nuestro principio es un hombre un trabajo151 En conse-cuencia requeriremos carpinteros y herreros para hacer instrumentos para el labriego tejedor y zapatero asiacute como varios tipos de pastores para suminis-trar ganado para arar y transportar junto con pieles y lanas para el vestuario Ya que es casi imposible hacer la ciudad auto-suficiente requeriremos inter-mediarios para introducir mercanciacuteas y como las importaciones suponen ne-

148 La lsquoprimera ciudadrsquo de Platoacuten cuya descripcioacuten por momentos es iroacutenica ad-quiere el caraacutecter de fundamento sobre el que se construye la ciudad y de hecho ldquoaunque algunos de sus rasgos son impliacutecitamente corregidos o como consecuencia sustituidos auacuten permanece en general un cuadro simpaacutetico de la vida del estrato maacutes bajo en la ciudad de Platoacuten y en ninguna parte es expresamente suprimido o abolidordquo (J Adam pg 100) 149 Luego de haber hecho notar J Adam (pg 93) que el episodio presente es su-puestamente un relato histoacuterico de la generacioacuten de la sociedad (cf Leyes III 676a ss) considera que la atmoacutesfera que predomina no es histoacuterica o legendaria sino idealis-ta y deberiacutea verse la ciudad primordial de Platoacuten como ldquouna descripcioacuten preliminar y provisoria del fundamento industrial sobre el que han de descansar las partes maacutes elevadas de su propia ciudad idealrdquo 150 Ciertos lemas poliacuteticos deciacutean ldquopan techo y abrigordquo ciertamente un le ma muy platoacutenico 151 Una afirmacioacuten preliminar es que por el hecho de haber diferencias naturales entre los hombres nadie es por naturaleza exactamente igual a otro en consecuen-cia la diversidad del trabajo surge de las distinciones naturales entre los individuos Al mismo tiempo se desprende de aquiacute que el mejor modo de realizar ese trabajo es dedicaacutendose enteramente a eacutel Esto es en la ciudad cada cual debe realizar un solo trabajo no varios es un principio fundamental de la distribucioacuten del trabajo en la ciudad platoacutenica

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cesariamente exportaciones el nuacutemero de labriegos y artesanos en nuestra ciudad creceraacute y tendremos necesidad de comerciantes viajeros para colocar la produccioacuten y expertos en transporte mariacutetimo en caso que el comercio se realice por mar

Ademaacutes para facilitar el intercambio en el interior de la ciudad debe haber un mercado (ἀγορὰ) y moneda acuntildeada y comerciantes al detalle que actuacuteen como intermediarios entre el productor y el consumidor Los comer-ciantes detallistas deberiacutean ser aquellos que son incapaces fiacutesicamente de ocuparse en cualquiera otra ocupacioacuten Habraacute tambieacuten trabajadores asalaria-dos en nuestra ciudad152

iquestDoacutende estaacuten pues la justicia y la injusticia en tal repuacuteblica iquestJunto con queacute partes integrantes del estado hacen ellas su aparicioacuten Adimanto sugiere que deberiacuteamos buscarlas en las mutuas relaciones de las diversas categoriacuteas en la ciudad Examinemos el asunto dice Soacutecrates Los ciudadanos viviraacuten la vida simple y descuidada de vegetarianos satisfaciendo solo las modestas demandas de sus apetitos naturales A una indicacioacuten de Glaucoacuten se les con-cede unos pocos lujos vegetarianos adicionales

372d-373c Glaucoacuten protesta contra el caraacutecter cerduno de tal tipo de vi-

da piensa que se deberiacutea permitir mayor bienestar Mientras expresa su opi-nioacuten de que un estado saludable es tal como lo ha descrito Soacutecrates estaacute dis-puesto a describir una ciudad en estado de inflamacioacuten (φλεγμαίνουσα)153 pues examinaacutendola puede ser que se comprenda de queacute modo surgen la justicia y la injusticia (372d-372e)

El segundo bosquejo de una ciudad comienza ahora (372e ss)154 Algunos no estaraacuten satisfechos con las disposiciones de nuestra primera

ciudad y exigiraacuten una variedad de comodidades fiacutesicas y refinamientos y deleites artiacutesticos Una multitud de cazadores y artistas imitadores de diferen-tes tipos brotaraacuten de consiguiente y la estirpe de intermediarios se veraacute in-

152 Es decir que venden el empleo de su fuerza por un precio llamado salario 153 Es decir atacada por una infeccioacuten que la tiene hinchada 154 Es la lsquociudad purificadarsquo (cf J Adam pg 100) que representa la lsquosegunda ciu-dadrsquo (II 372e-IV) de Platoacuten (la lsquoprimerarsquo se habiacutea mostrado insuficiente para la satis-faccioacuten de las necesidades humanas baacutesicas)

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crementada grandemente Como una dieta de carne se pondraacute de moda ha-braacute demanda de porquerizos y se multiplicaraacute el ganado El nuevo estilo de vida pondraacute los doctores en circulacioacuten

373d-376c A consecuencia del aumento de poblacioacuten se requeriraacute maacutes

territorio Tendremos de consiguiente que apropiarnos de algo de la tierra de nuestro vecino exactamente como bajo similares condiciones ellos echaraacuten mano sobre la nuestra He aquiacute el origen de la guerra155 Las obligaciones de la guerra mdashseguacuten nuestro principio de la subdivisioacuten del trabajomdash nos com-prometeraacute con un ejeacutercito permanente de soldados profesionales o lsquoguardia-nesrsquo (τῶν φυλάκων)156 Ahora bien como la guerra exige no solo concentra-cioacuten y aplicacioacuten sino tambieacuten una cierta aptitud natural nuestros guardia-nes deben ser calificados por naturaleza para sus obligaciones es decir como perros de raza ellos deben ser agudos para percibir veloces para perseguir y fuertes en el combate efectivo Ellos deberiacutean tambieacuten ser valientes (ἀνδρεῖος)157 y animosos (θυμοειδὴς)158 pero gentiles (πρΏους) con sus con-ciudadanos y entre siacute Escasa es la conjuncioacuten de gentileza y aacutenimo en una misma naturaleza pero no es desconocida entre los hombres como no lo es entre los perros Nuestros guardianes deben ser de hecho filosoacuteficos (φιλόσοφοι) como los perros159 que es un verdadero filoacutesofo cuando discri-mina entre el amigo y el enemigo respectivamente por conocimiento y por

155 ldquoLa guerra entonces surge de la adquisicioacuten de territorio y riqueza cf Fedoacuten 66 C ldquodebido a la adquisicioacuten de riquezas surgen todas nuestras guerrasrdquo donde se le sigue el rastro a la guerra hasta llegar al cuerpo y sus deseos por cuya satisfaccioacuten buscamos multiplicar nuestras posesionesrdquo (J Adam pg 103) 156 Como recuerda J Adam (pg 105) es la primera aparicioacuten de φύλακες en el sen-tido teacutecnico que tiene en la Repuacuteblica El nombre incluye no sοlo a los soldados sino tambieacuten luego a los gobernantes 157 La valentiacutea (ἀνδρία) se constituiraacute en una de las virtudes cardinales de la Repuacute-blica Por ser una cualidad de guardianes se sentildeala especialmente el sentido de viri-lidad y coraje 158 Una cualidad propia del caballo (lsquofogosorsquo cf 375a-b) y de otros animales En el guardiaacuten revela las caracteriacutesticas de un aacutenimo (θυμός) intreacutepido e indomable ante el peligro 159 Probable alusioacuten a los ciacutenicos Ver J Adam pg 108

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ignorancia odiando al desconocido y acogiendo al conocido160 En resumen se exigiraacute que un guardiaacuten sea filosoacutefico animoso veloz y fuerte

376c-378e Consideremos a continuacioacuten coacutemo educar a nuestros futu-

ros guardianes la buacutesqueda puede ayudarnos a descubrir el origen de la jus-ticia y de la injusticia

Podemos aceptar la opinioacuten tradicional de que la educacioacuten (παιδεία) consiste en muacutesica (μουσική) o cultura del alma en gimnasia (γυμναστικήv) o cultura del cuerpo Se debe comenzar con la muacutesica antes que con la gimnasia Ahora bien la muacutesica incluye literatura (λόγοι) la que es verdadera o falsa (μύθους ψευδεῖς) Educaremos a nuestros nintildeos con lite-ratura falsa antes de ensentildearles la verdadera pero evitaremos todas las le-yendas que inculcan puntos de vista inconsistentes con aquellos que desea-mos que nuestros guardianes sostengan cuando adultos Debemos someter a censura (μέμφεσθαι)161 a los forjadores de leyendas (μυθοποιοῖς) y faacutebulas (μύθους) y rechazar a la mayoriacutea de nuestras actuales leyendas Caricaturas de los dioses como las historias sobre Cronos y Urano Zeus y Cronos no sοlo son falsas en siacute mismas sino que no deberiacutean incluso si fueran verdade-ras ser contadas a los nintildeos no sea que ellas engendren inhumanidad e im-piedad filial ni deberiacutean los nintildeos ser inducidos por la poesiacutea u otras artes imitativas a creer que los dioses rintildeen y luchan entre ellos Ninguacuten pretexto de un lsquosentido maacutes profundorsquo (ὑπόοια) puede justificar que se narren tales cuentos a los nintildeos porque los nintildeos no pueden distinguir el espiacuteritu de la letra y es muy difiacutecil borrar impresiones formadas a tan temprana edad

378e-380c En tanto que fundadores de una ciudad iquestcuaacuteles seraacuten los di-

sentildeos (τύπους) con que deberemos reproducir nuestras leyendas

160 Seguacuten J Adam (ibid) lsquoverdaderamente filoacutesoforsquo indica que lsquofiloacutesoforsquo debe to-marse en su sentido etimoloacutegico es decir lsquoamor del conocimientorsquo cf op cit pg 38 161 Esta forma de censura muy criticada por algunos que se toman demasiado en serio todos los aspectos de este proyecto de ciudad es en primer lugar una norma-tiva de tipo pedagoacutegico Sin embargo como en la ciudad es el estado el que educa a sus guardianes termina por ser tambieacuten una regulacioacuten poliacutetica

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(μύθους)162 Se deberiacutea representar a Dios tal como realmente es Ahora bien Dios es bueno y siendo bueno no puede ser la causa del mal163 eacutel es causa de poco para la raza humana pues el mal es mucho maacutes comuacuten en el mundo que el bien Esta es una de las reglas que nuestros poetas deben observar164 pero es violada constantemente por Homero y otros Jamaacutes debe decirse que la divinidad es causante de males y si se hace debe representarse como ac-ciones divinas en que el castigo redundoacute en beneficio del culpable

380d-383c En segundo lugar Dios es inmutable e incapaz de enga-

ntildear165 No cambia ya que eacutel es el mejor Lo que es mejor no puede ser cam-biado por otros y no cambiaraacute eacutel mismo porque solo puede cambiar lo que es peor Homero y otros poetas yerran al atribuir mutabilidad a los dioses Ni puede Dios engantildear pues la verdadera y genuina mentira es decir la igno-rancia de la verdad en el alma es odiosa del mismo modo a los dioses y a los hombres la mentira expresada con palabras que no es sino una imagen de la otra es admisible solamente cuando usada contra los enemigos o en favor de los amigos o para conferir a lo antiguo o lo desconocido una semblanza de realidad Dios no necesita mentir para ninguno de esos objetivos eacutel es por consiguiente absolutamente simple (ἁπλοῦν) y veraz (ἀληθὲς)166 Tambieacuten Homero y Esquilo desfiguran en este respecto la naturaleza divina

162 ldquoEn opinioacuten de Platoacuten refiere J Adam (pg 118) todas las leyes son solo moldes o perfiles (outlines ) dentro de los que deberiacutean conformarse nuestra accionesrdquo 163 En 380b se dice ldquoDeclarar que Dios (θεόν) que es bueno haya llegado a ser la causa de los padecimientos de alguien hay que combatirlo con todos los recursos a fin de que nadie haga estas declaraciones en su ciudad si se pretende establecer una buena legislacioacutenrdquo (trad de G Goacutemez Lasa) 164 En este paraacutegrafo se inicia una discusioacuten acerca de la theologiacutea (θεολογίας) que es la lsquociencia de las cosas divinasrsquo (LSJ) Es la uacutenica aparicioacuten de la palabra en toda la obra de Platoacuten siendo escaso el uso del teacutermino y maacutes propiamente tardiacuteo LSJ atestigua un uso plural en Aristoacuteteles junto a autores como Filodemo Filoacutesofo (s I a C) Porfirio (s III dC) y Yaacutemblico (s IV d C) En su forma philosophiacutea theologikeacute de-signa en Aristoacuteteles la filosofiacutea primera o metafiacutesica (cf Metafiacutesica 1026a 19) En nuestro texto se estaacuten asentando los lineamientos (τύποι) con que los fundadores de la ciudad han de evaluar la creacioacuten literaria en torno a las cosas divinas 165 Dos aspectos esenciales de la divinidad del primero se puede decir que es un principio de orden filosoacutefico (de la teologiacutea natural) y del segundo que es un postu-lado de toda religioacuten revelada 166 La lsquosimplicidadrsquo (ἁπλοῦν) de Dios estaacute indudablemente en correlacioacuten con su caraacutecter de inmutable (se habla maacutes especiacuteficamente de la ausencia en eacutel de cambio

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Libro tercero 386a-389a Estas son las doctrinas por medio de las que debemos fomen-

tar los sentimientos de piedad hacia los dioses y padres y la amistad mutua entre los ciudadanos

Para estimular la valentiacutea (ἀνδρείοι)167 necesitaremos a nuestros poetas para celebrar (ἐπαινεῖν) y no para desacreditar (λοιδορεῖν) la vida que nos espera despueacutes de la muerte de otra manera su poesiacutea seraacute no solamente falsa sino tambieacuten perjudicial a nuestros futuros soldados Homero aquiacute de nuevo se hace acreedor de censura168 Se debe descartar nombres que inspiran temor como el Cocito o la Estigia169 asiacute como las lamentaciones puestas en los labios de hombres famosos pues el hombre bueno no tiene razoacuten para lamentar la muerte de un buen camarada ya sea en razoacuten de este su camara-da o por causa de siacute mismo Homero viola estos caacutenones cuando representa a Aquiles y a Priacuteamo entregaacutendose a lamentaciones por sus muertos y auacuten maacutes cuando hace a los dioses incluso los maacutes grandes de los dioses rendirse a la afliccioacuten Ademaacutes como un excesivo regocijo es a propoacutesito para rebotar en el extremo opuesto nuestros joacutevenes no deben ser aficionados a reiacuter Ho-mero yerra al pintar a hombres buenos y a dioses como dominados por la risa

389b-392a Deberiacutea asignarse tambieacuten un gran valor a la verdad Se les

puede permitir a nuestros gobernantes la mentira medicinal en intereacutes del

y alteracioacuten 381b) por otra parte a su incapacidad de engantildear se antildeade su lsquoveraci-dadrsquo (ἀληθὲς) 167 Se tiene en vista principalemente como sentildeala J Adam (pg 130) el coraje en la guerra de ahiacute la importancia de remover el temor de la muerte 168 Las palabras de Platoacuten al establecer su censura son cuidadosas Luego de pasar revista a una serie de textos de la Iliacuteada y la Odisea Soacutecrates anuncia que les va a pedir a los poetas que le hagan el favor (ese es el sentido de paraiteacuteomai) ldquode no enojar-se si los tachamosrdquo (387b) y eso no por falta de calidad poeacutetica Luego usa una ex-presioacuten maacutes taxativa ldquoiquestHay que suprimirlos entoncesrdquo (dice Soacutecrates) ldquoSiacuterdquo le responden Estas supresiones afectan a estos poetas aparentemente en cuanto ele-mentos de ensentildeanza para los futuros guardianes de la ciudad no es propiamente una lsquocensurarsquo mdashcomo podriacutea serlo en nuestros diacuteasmdash a los medios de comunicacioacuten o a los artistas en cuanto tal Una cosa es el diario y otra el texto de estudio 169 Cuyos significados respectivos son ldquoriacuteo de gemidosrdquo y ldquoel aborreciblerdquo

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estado (ἐπ᾽ὠφελίᾳ τῆς πόλεως )170 pero todo otro que mienta seraacute castiga-do Mentir a los gobernantes es peor que mentir a un meacutedico acerca de la enfermedad

De no menos necesidad es el dominio de siacute mismo que capacitaraacute a

nuestros ciudadanos a obedecer a los gobernantes y a gobernar sus propios apetitos Homero a menudo representa heacuteroes y dioses que carecen de esta virtud como insubordinados glotones lascivos avaros inclinados a la ven-ganza y viles Esto resulta en el desaliento del joven por la virtud deseada y todas tales representaciones deben en consecuencia ser prohibidas que son a la vez impiacuteas y falsas

392c-394d Hemos ahora finalizado el examen de la materia temaacutetica171

de la poesiacutea y ahora tenemos a continuacioacuten que hablar de la forma de desa-rrollarlos172 Toda composicioacuten es en cierto sentido narrativa en la que se re-latan cosas pasadas presentes o futuras173 La narracioacuten en ese sentido puede ser o (1) simple y sin combinacioacuten (2) imitativa (3) a la vez simple e imitati-va Homero proporciona un ejemplo del tercer tipo su poesiacutea es puramente narrativa cuando eacutel estaacute hablando in propria persona es imitativa cuando po-ne sus palabras en boca de algunos de sus personajes La tragedia y la come-dia son ejemplos del estilo imitativo El mejor ejemplo del estilo puramente

170 La mentira (pseudos) en cuanto que medicamento (phaacutermakon) debe quedar re-servada a los meacutedicos o a sus equivalentes en el manejo del estado los gobernan-tes Seguacuten el testimonio de Platoacuten la medicina hipocraacutetica busca comprender la na-turaleza del cuerpo mediante la comprensioacuten de la naturaleza en su totalidad (Fedro 270c-d) 171 Es lo referente a los discursos o el tipo de narraciones (λόγων) 172 O del modo de decir (λέξεως) estos discursos 173 En relacioacuten con el tema de la lsquonarracioacutenrsquo o lsquoexposicioacutenrsquo (διήγησις) ver Eutid 275d Gorg 465e Fdr 246a 266e Tim 38e 48d Teet 142c

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narrativo es el ditirambo174 del tercero mdasho clase mixtamdash la eacutepica iquestCuaacutel de estas formas admitiremos y en queacute circunstancias175

394e-397d Nuestros guardianes no deben ser propensos a la imitacioacuten

(μιμητοκοὺς) Hemos estado de acuerdo en que un hombre no puede sino hacer bien una sola cosa y tampoco es posible para un solo hombre imitar dos cosas con acierto como podemos ver de los ejemplos especiales de la composicioacuten y la actuacioacuten poeacuteticas El uacutenico deber de nuestros guardianes es hacer y conservar libre la ciudad176 y si han de practicar alguacuten geacutenero de imi-tacioacuten sus modelos deben ser los apropiados para hombres libres es decir hombres de caraacutecter valeroso y virtuoso pues imitacioacuten significa asimila-cioacuten177 La poesiacutea dramaacutetica viola continuamente esta regla En general el hombre bueno no haraacute uso de la imitacioacuten excepto cuando se pone a narrar los dichos o hechos de seres virtuosos o alguacuten paso del vicio a la virtud o a veces por mero pasatiempo Su estilo de discurso combinaraacute una narrativa sencilla con imitacioacuten pero usaraacute esta uacuteltima con parquedad mientras que el malo estaraacute maacutes a menudo por imitar que por narrar y ninguacuten tipo de imita-cioacuten le vendraacute mal Con respecto al modo y al tiempo el lenguaje de la virtud seraacute praacutecticamente invariable mientras que el del vicio variado

174 El ditirambo fue en sus inicios una cancioacuten coral en honor de Dioniso aunque sus temas fueron muy variados predominoacute en alguacuten momento un elemento narra-tivo que es a lo que alude aquiacute Platoacuten 175 Platoacuten no olvida el objetivo fundamental de la criacutetica a los poetas que consiste en saber queacute se ha de admitir y queacute se ha de rechazar en el sistema educacional de la ciudad 176 La expresioacuten ldquoartesanos muy rigurosos de la libertad de la ciudadrdquo (395b-c) mdashque a J Adam le parece artificial y un tanto forzadamdash puede que aluda aquiacute al do-ble sentido que la palabra artesano demiourgoacutes tiene en griego y en especial en el contexto poliacutetico del asunto En efecto demiuogoacutes no solo significa lsquoartesanorsquo sino tambieacuten en muchas ciudades griegas el tiacutetulo de un magistrado lo que unido al sen-tido muy platoacutenico de artesano divino creador productor (cf Tim) confiere al giro en el presente texto seguacuten mi opinioacuten una significacioacuten interesante aunque poco usual 177 En 395d se afirma ldquoO no te has dado cuenta de que cuando las imitaciones (μιμήσεις) se llevan a cabo por mucho tiempo desde la infancia a traveacutes del cuerpo de la voz y del pensamiento se trasladan a las costumbres y al caraacutecterrdquo (trad de G Goacutemez L)

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397d-398b Admitiremos en consecuencia solo aquel estilo que imite el modo de hablar del hombre bueno178 Las variedades mixta y mimeacutetica no armonizan con la ciudad pues el caraacutecter de nuestros ciudadanos es simple y consistente Aquellos poetas que rehusen conformarse con estas reglas los deberiacuteamos despedir (ἀποπέμποιμεν) con saludos y coronados a otra ciu-dad179

398c-399e Tenemos que tratar ahora acerca de la poesiacutea liacuterica180 Hay

tres factores incluidos en el canto las palabras un cierto modo musical y un cierto movimiento o tiempo181 Nuestras regulaciones acerca de la palabras cuando no acompantildeadas de muacutesica se aplican igualmente a las palabras cuando cantadas y el modo musical y el tiempo se deben acomodar a las pa-labras Ahora bien nosotros proscribimos todas las lamentaciones en nuestra ciudad de modo que debemos excluir los modos luacutegubres y aquellos que son relajantes en sus efectos deben rechazarse por motivos semejantes En suma retendremos dos modos y no maacutes uno para imitar las expresiones de un hombre valeroso en tiempos de esfuerzo y tensioacuten el otro para imitar sus expresiones en periacuteodos de paz y calma182 Trataremos igualmente acerca de instrumentos de muacutesica prohibiendo todos aquellos que se prestan para una variedad de modos Asiacute es como purificamos nuestra lsquolujosa ciudadrsquo (τρυφᾶν πόλιν)

399e-401a Continuemos ahora la purificacioacuten de nuestra ciudad asen-

tando las normas para el ritmo y el tiempo Nuestro ritmo no debe ser ni va-

178 τοῦ ἐπιεικοῦς podriacutea interpretarse tambieacuten (por la coincidencia del geacutenero masculino y el neutro) ldquode lo buenordquo mdashasiacute Paboacuten-Fernaacutendez Galianomdash pero parece claro que se trata de lsquopersonajesrsquo buenos de la literatura maacutes especiacuteficamente se trata del ldquohombre virtuosordquo (G Goacutemez Lasa) Este hombre bueno como refiere J Adam se dice de la forma de hablar del lsquohombre buenorsquo (pg 153) 179 Por tratarse de una ciudad en proyecto el asunto parece focalizarse en no consi-derar en los planes de la ciudad emergente la presencia de tales imitadores mdashcomo si dijeramdash lsquolo sentimos mucho los trataremos como a divinidades en traacutensito pero no los vamos a considerar como ciudadanos nuestrosrsquo 180 Se trata seguacuten el texto ldquodel caraacutecter del canto y de la melodiacuteardquo 181 El texto dice literalmente ldquopalabra armoniacutea y ritmordquo (389d) 182 Son claramente regulaciones para guardianes en especial en su aspecto militar

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riado ni muacuteltiple pues tanto el tiempo como la melodiacutea se deberiacutean acomo-dar a las palabras y no al reveacutes Se estaacute de acuerdo en que hay ciertos ritmos que expresan sobriedad y coraje Estos son los uacutenicos que seraacuten admitidos en nuestra ciudad En cuanto a situaciones especiacuteficas Damon nos ayudaraacute a decidir183 pero podemos enunciar nosotros mismos el principio general El ritmo y el modo reflejan el estilo y el estilo expresa el caraacutecter Es para pro-mover el desarrollo del caraacutecter que requeriremos joacutevenes para perseguir lo bello tanto a traveacutes de los reinos del arte como de la naturaleza

401a-403c No solo los poetas deben conformarse a estos caacutenones sino

tambieacuten otros artistas No seraacuten admitidos artistas salvo solo aquellos capa-ces de rastrear la naturaleza de lo bello e inducir a nuestros nintildeos incluso en sus antildeos maacutes tiernos a una armoniacutea inconsciente con la belleza de la razoacuten184 El valor de la preparacioacuten musical estaacute en su poder peculiar de comunicar gracia y belleza en el alma Habilita al principiante a discriminar entre lo agraciado y lo feo en otras esferas admitiendo solo lo que es hermoso y ho-norable al principio en forma instintiva pero despueacutes cuando adviene la razoacuten con la maacutes completa conciencia y alegre reconocimiento de la belleza con la que eacutel mismo estaacute emparentado Nadie estaacute realmente instruido con la cultura musical en tanto no pueda reconocer las formas (τὰ εἴδη) originales de la virtud donde sea que ellas se encuentren asiacute como sus imaacutegenes (εἰκόνας) en todas partes Una tal persona amaraacute en el maacutes alto grado la unioacuten de un alma bella con belleza fiacutesica pero dejaraacute que la belleza interior aplaque en parte el defecto externo y su pasioacuten se hallaraacute pura de la infeccioacuten

183 Damon es uno de los primeros y maacutes importante escritores griegos sobre muacutesi-ca un pupilo de Proacutedico y tutor de Pericles muy estimado por Soacutecrates y Platoacuten Se dice que fue eacutel quien inventoacute el lsquorelajado modo lidiorsquo (The Oxford Classical Dictio-nary pg 311) 184 En su comentario J Adam dice ldquoEsta famosa seccioacuten describe con encendido lenguaje como el del Banquete el ideal del arte de Platoacuten No desea desterrar el arte tal como a veces se sostuvo sino maacutes bien lo idealiza llevando a cabo mdashseguacuten eacutel creiacuteamdash su reconcialicioacuten con la belleza y la verdad Platoacuten fue sin duda injusto en la aplicacioacuten de su principio a algunos de los artistas y poetas griegos pero en siacute mismo su ideal mdashel amor de la belleza espiritualmdash es aquel al que el arte mejor y maacutes perdurable procura ajustarse siempre consciente o inconscientementerdquo (pg 165)

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sensual Nuestro razonamiento acerca de la muacutesica toca a su fin ya que el fin de la muacutesica es el amor de lo bello

403c-405a Tratemos ahora el tema del entrenamiento fiacutesico Podemos

con toda seguridad confiar la tarea de hacer reglas especiacuteficas a las inteligen-cias que nosotros instruimos y contentarnos nosotros mismos con trazar los lineamientos Todo tipo de exceso o satisfaccioacuten de los propios deseos en co-mer beber y los otros apetitos debe ser prohibido La gimnasia debe ser simple como su hermana muacutesica Complejidad en el primer caso ocasiona enfermedad en el otro vicio de suerte que los doctores y los jueces se elevan en la estimacioacuten puacuteblica y las artes de la habilidad judicial y de la medicina adquieren enorme importancia

405a-410a Es sentildeal de una mala educacioacuten cuando se necesitan meacutedicos

y jueces de primera maacutes vergonzoso auacuten el enorgullecerse en eludir el casti-go de la maldad con la ayuda de subterfugios legales Deberiacuteamos tambieacuten avergonzarnos de acrecentar la terminologiacutea de la medicina por causa de un geacutenero de vida muelle No fue asiacute con la ciencia meacutedica en tiempos de Home-ro aunque Heroacutedico185 ha inventado ahora un nuevo tipo de tratamiento cuyo uacutenico resultado es prolongar el proceso de morir Asclepio sabiacutea maacutes pues eacutel vio que la ocupacioacuten era maacutes que la vida186 Reconocemos este hecho en el caso de artesanos y mecaacutenicos pero Asclepio sabiacutea que el hombre rico tambieacuten tiene ocupaciones que atender y en beneficio tanto de sus pacientes como de su paiacutes rehusoacute tratar enfermedades incurables Las leyendas en sen-tido contrario son falsas No podemos sin embargo prescindir de los docto-res y jueces solo que ellos deben ser buenos doctores y buenos jueces Los facultativos maacutes cualificados son aquellos que ademaacutes de haber aprendido

185 De Heroacutedico de Selimbria nacido en Megara dice Aristoacuteteles lo siguiente ldquoLa excelencia del cuerpo reside en la salud y esta debe ser de tal naturaleza que sea posible servirse del cuerpo sin enfermedades Porque muchos estaacuten sanos al modo de Heroacutedico y a estos ciertamente nadie los considerariacutea felices por su salud a cau-sa de que deben abstenerse de todos o de la mayor parte de los placeres humanosrdquo (Retoacuterica 1361b 4-6 traduccioacuten de Quintiacuten Racionero Biblioteca Claacutesica Gredos Madrid 1990 pg 210) 186 Los Aforismos de Hipoacutecrates se inician con la famosa afirmacioacuten Ὁ βίος βραχὺς ἡ δὲ τέχνη μακρή ldquoLa vida es breve el arte largordquo

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su arte han tenido la experiencia maacutes grande de enfermedad en sus propias personas pero nadie cuya alma no ha sido inmaculada puede ser un buen juez Nuestros jueces deben ser ancianos y obtener su conocimiento del cri-men por ciencia y no por experiencia personal El juez vicioso no puede re-conocer al inocente cuando lo ve Jamaacutes el vicio conoceraacute la virtud pero la virtud puede ser ensentildeada a conocer tanto al vicio como a siacute misma Nuestros doctores permitiraacuten morir a aquellos fiacutesicamente incurables a los incurables moralmente nuestros jueces daraacuten muerte

410a-412b Pocas veces nuestros joacutevenes necesitaraacuten la ayuda de jueces

y doctores gracias a su educacioacuten en muacutesica y gimnasia187 Ellos se dedicaraacuten a ambas artes maacutes con el objetivo de cultivar el alma que el cuerpo La dedi-cacioacuten exclusiva a una de las dos hace a los hombres en un caso recios y fie-ros y en el otro delicados y suaves Los elementos psicoloacutegicos del espiacuteritu y el amor del conocimiento deben armonizarse entre siacute La muacutesica y la gimna-sia tienen por fin llevar a cabo esta armonizacioacuten y el exceso o deficiencia en cualquiera de estos dos agentes educativos se reflejan a siacute mismos en las fa-ses moacuterbidas y degenerativas del caraacutecter Aquel que puede de la mejor ma-nera combinar la muacutesica con la gimnasia es el verdadero muacutesico debemos proporcionar a nuestra ciudad un hombre de tales condiciones si ella ha de perdurar (σῴζεσθαι)188

412b-414b Tenemos aquiacute las normas generales de la educacioacuten

(παιδείας) y su sistema de vida (τροφῆς) Queda por inquirir lsquoiquestcuaacuteles de los guardianes han de ser nuestros gobernantesrsquo189 El mayor debe gobernar al maacutes joven y el mejor al peor Ahora bien los mejores guardianes son aque-llos que maacutes aman a su paiacutes y se ocupan de sus intereses Nosotros haremos

187 El objetivo y el principio baacutesico del sistema educacional de Platoacuten ya descrito se define entonces por su combinacioacuten de mansedumbre y fuerza es decir sensibili-dad y valentiacutea actividad intelectual y constancia moral Asiacute lo define J Adam quien antildeade ldquoSe trata de un ideal en el que las virtudes distintivas de Atenas y Esparta mdashde Grecia y Romamdash estaacuten unidas y transfiguradasrdquo (pg 184) 188 El objetivo no estaacute solo en evitar que fracase el proyecto de constitucioacuten sino que al mismo tiempo lsquose salversquo es decir perdure en el tiempo 189 ldquoSi se exceptuacutea la alusioacuten pasajera de 389c esta es la primera aparicioacuten de los gobernantes en el estado de Platoacutenrdquo (J Adam pg 189)

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nuestra seleccioacuten bajo este principio y debemos entrenar adicionalmente a quienes hemos seleccionado y ver si su patriotismo estaacute a prueba de todo tipo de influencias seductoras Toda opinioacuten (δόξης) o conviccioacuten (δόγματος) verdaderas mdashy la conviccioacuten en la que se apoya el patriotismo es verdade-ramdash como toda otra cosa que llamamos buena es descartada de mala gana pero puede ser expulsada a viva fuerza por la persuacioacuten o el olvido por el dolor el placer y cosas parecidas Aplicaremos estos exaacutemenes para probar a nuestros guardianes Los que salgan airosos llegaraacuten a ser nuestros gobernan-tes190 Ellos son los lsquoguardianes perfectosrsquo (φύλακας παντελεῖς) los otros deberiacutean ser llamados lsquoauxiliaresrsquo (ἐπικούρους)191

414b-415d Para establecer todas estas regulaciones en la ciudad debe-

mos recurrir a una falsedad heroica192 Le diremos a los ciudadanos que ellos estaban solamente sontildeando cuando creiacutean que ellos estaban siendo entrena-dos por nosotros En realidad ellos estaban siendo moldeados y nutridos en el seno de la Tierra ellos y todos sus pertrechos de modo que estaacuten en la obligacioacuten de defender a su paiacutes como a la madre y a considerar a sus con-ciudadanos como a hermanos nacidos de la Tierra193 Antildeadiremos que mien-tras creaba algunos para ser gobernantes Dios mezcloacute oro en su substancia puso plata en los auxiliares hierro y cobre en los labradores y artesanos Los ciudadanos engendraraacuten en su mayor parte hijos semejantes a ellos pero vaacutes-tagos de plata procederaacuten aveces del oro y de oro procedentes de los de plata u otra combinacioacuten semejante Es la obligacioacuten primera y principal de los go-

190 El texto original estaacute redactado en singular mdashcomo si se tratara tal vez de un solo gobernantemdash pero me parece claro que su sentido general alude a una plurali-dad de individuos 191 De aquiacute en adelante como recuerda J Adam se usa la expresioacuten lsquoauxiliaresrsquo cuando desea aludir especiacuteficamente a la segunda clase de los ciudadanos lsquoGuar-dianesrsquo sigue siendo el teacutermino general que incluye tanto a los lsquogobernantesrsquo como a los lsquoauxiliaresrsquo 192 Este seraacute un relato con caraacutecter de leyenda (mythos) acerca de los habitantes au-toacutectonos no hecho para engantildear mdashcomo pudiera parecer a primera vistamdash sino para nutrir las convicciones de los ciudadanos guardianes de la ciudad acerca de la constitucioacuten originaria superior de sus naturalezas 193 Es difiacutecil encontrar un pueblo que no tenga un cierto ldquomitordquo o relato legendario (μῦθος) originario acerca de su existencia como nacioacuten Por muy extravagante que esa historia pueda parecer piensa aquiacute Platoacuten puede que sea aceptada con el tiem-po (415c)

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bernantes el relegar y degradar a los hijos al interior de sus propias clases presentando como excusa un oraacuteculo conforme al que la ciudad pereceraacute cuando sea el guardiaacuten de hierro o el de cobre el que la guarde Puede ser imposible el convencer a la primera generacioacuten de nuestros ciudadanos acer-ca de la verdad de esta faacutebula (μῦθον) pero su posteridad podriacutea admitirla

415d-417b Nuestros gobernantes y auxiliares tendraacuten un lugar para

acampar (στρατοπεδεύεσθαι) dentro de la ciudad194 para controlar a los ciudadanos que se niegan a obedecer a las leyes y defenderse contra los enemigos externos Su educacioacuten les impediraacute atacar a otros con tal que dis-pongamos como corresponde sus necesidades de vivienda y enseres Les asignaremos una propiedad comuacuten y casas asiacute como comidas comunes co-mo si estuvieran en campantildea que han de proporcionar los otros ciudadanos en retribucioacuten de su proteccioacuten195 Debe prohibiacutersele el uso del oro y de la plata a nuestros guardianes196

Libro Cuarto 419a-423b Adimanto ahora interviene con la objecioacuten de que no se hace

nada felices a los guardianes197 Aunque en realidad ellos son los sentildeores de

194 Los gobernantes ldquoacampanrdquo ldquose estacionanrdquo en una suerte de cuartel Se hace hincapieacute en la sencillez espartana en que deben vivir los guardianes cuya funcioacuten es tanto de gobierno como de defensa 195 Se enfatiza el tipo de vida especial que distingue a los guardianes ldquoAl final del libro 3 y nuevamente en el libro 5 se deja en claro que los guardianes tienen un modo muy diferente de vida que la de los productores y que ellos son criados edu-cados y alojados en una parte diferente de la polis (415d 6-e 4 460c 1-d7) Parece que los que producen poseen un tipo de vida tradicional basado en la familiardquo (C D C Reeve Philosopher-Kings pg 184) 196 ldquoPlatoacuten mdashdice J Adam pg 197mdash puede haber estado pensando en ciertas insti-tuciones espartanas y pitagoacutericas cuando formuloacute algunas de las regulaciones de esta seccioacuten pero su comunismo para la clase dirigente es mucho maacutes completo que ninguno del tipo anterior a su eacutepocardquo Luego antildeade ldquoEl objetivo principal de Platoacuten es por supuesto el impedir la formacioacuten de intereses privados capaces de competir con las exigencias de una obligacioacuten puacuteblicardquo ( pg 199) 197 Un ldquoeco agonizanterdquo de la objecioacuten de Trasiacutemaco de que un gobernante deberiacutea gobernar en su propio provecho (J Adam pg 205)

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la ciudad no tienen nada que puedan llamar propio ninguno de los factores que contribuyen a una satisfaccioacuten de caraacutecter individual o personal En res-puesta no se acepta que los guardianes vayan a ser infelices pero incluso suponiendo que lo son nuestro propoacutesito fue no el hacer felices a los guar-dianes sino el hallar una ciudad feliz para descubrir la justicia al interior de sus fronteras198 Nuestros guardianes no deben hacerse felices a costa de la eficiencia en su obligacioacuten peculiar La riqueza es praacutecticamente tan desfavo-rable para el ejercicio de las artes y las profesiones como la pobreza Cuando nuestra ciudad estaacute en guerra con dos comunidades no le faltaraacuten recursos porque ella haraacute alianza con una de las dos prometieacutendole la riqueza de la otra Ni estaraacute nuestra ciudad en peligro por parte de su aliado despueacutes Los otros estados son por separado no uno solo sino muchos199 y nuestra ciudad si ella tiene no maacutes que un millar de defensores es el maacutes grande estado in-dividual entre los griegos o los baacuterbaros

423b-424c Nuestra ciudad no debe desarrollarse maacutes allaacute de los liacutemites

esenciales para su unidad200 Seraacute obligacioacuten de los guardianes el poner aten-cioacuten a su crecimiento asiacute como el asignar los nintildeos a sus clases propias en el estado201 Estas y otras obligaciones similares seraacuten faacuteciles si nuestro curricu-

198 La felicidad o infelicidad individual estaacute en iacutentima conexioacuten con la del conglo-merado ciacutevico Por eso se dice que ldquo debido a que la felicidad individual es solo asequible con seguridad en una polis establemente feliz debemos preocuparnos por maximizar la felicidad de la polis en su conjunto y no tratar de dar a los individuos el tipo de felicidad que es inconsistente con la vida poliacuteticardquo (C D C Reeve Philoso-pher-Kings pg 200) 199 Se busca un polis que sea unitaria en su estructura interna mediante las virtudes en especial por el dominio de la justicia Las otras ciudades mdashque no son la que aquiacute se estaacute conformandomdash sufren las divisiones internas y por eso incluso separada-mente no son un solo estado sino muchos y al menos dos ciudades coexisten en ellas la de los pobres y la de los ricos (422e) 200 ldquoComo todo organismo natural deberiacutea crecer hasta los liacutemites prescritos para eacutel por la naturaleza pero Platoacuten la concibioacute incluso en su madurez como relativa-mente pequentildeardquo (J Adam pg 213) se evita toda idea de artificialidad o crecimiento inorgaacutenico 201 Estas asignaciones tienen en vista el principio de la distribucioacuten del trabajo por el que cada cual realiza la actividad para la que estaacute naturalmente dotado En esas circunstancias se supone que al atender un solo oficio se entrega tambieacuten su aporte a la conservacioacuten de la unidad en la ciudad evitando su divisioacuten De ahiacute que por otra parte ldquolsquola reciprocidad de servicios y funcionesrsquo entre las tres clases es el ver-

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lum educacional es sostenido resueltamente y se haraacute evidente con rapidez que el principio de comunidad deberiacutea tambieacuten ser aplicado al matrimonio y la procreacioacuten Asiacute nuestros ciudadanos mejoraraacuten a medida que una gene-racioacuten sucede a la otra Debemos prohibir todo tipo de innovaciones en muacutesi-ca y gimnasia porque tienen la virtud de producir el cambio poliacutetico202

424d-427a Nuestros guardianes deben por sobre todas las cosas preca-

verse de los cambios en la educacioacuten musical Las innovaciones musicales incluso si son sancionadas solo como cosa de juego se dejan sentir pronto en cada aspecto de la vida privada y puacuteblica de la ciudad Debe infundirse el espiacuteritu de la ley y de la virtud en los nintildeos incluso en sus pasatiempos Por esta razoacuten no deberiacuteamos desatender a los detalles de vestimenta y modales aunque no se exijan para ello estatutos especiales pero se conformaraacuten faacutecil-mente con el espiacuteritu de nuestras reglas acerca de la educacioacuten203 Muchos otros puntos individuales pueden dejarse con toda seguridad a nuestros guardianes que Dios les conceda la preservacioacuten de nuestras leyes de otra manera en vano pasaraacuten leyes sobre leyes actuando de un modo parecido a aquellos que esperan curar de sus enfermedades mediante un cambio conti-nuo de medicinas Como nada beneficiaraacute a tal tipo de hombres a no ser un completo cambio en sus haacutebitos asiacute solo una revolucioacuten curaraacute un estado en situacioacuten similar Tales ciudades honran y envanecen a los hombres que atienden a sus deseos pero el verdadero estadista no se preocupa de cortar la Hidra204 En una ciudad mala una legislacioacuten insignificante es inuacutetil en una buena superflua

dadero fundamento de la ciudad de Platoacuten la que estaacute lejos de ser una unidad indi-ferenciadardquo (J Adam pg 213) 202 Estas innovaciones en muacutesica corresponden a modificaciones en los lsquomodos mu-sicalesrsquo (τρόποι) Se supone que la muacutesica tiene un poderoso influjo sobre la moral (cf 400d-401a) 203 ldquoFlowers of civilisation must bloom naturally or not at allrdquo (J Adam pg 218) 204 En estas materias un estadista no se preocupa de ldquocortar la cabeza de la Hidra ltde Lernagtrdquo es decir de trabajar en vano De cada cabeza cortada a la Hidra le sur-giacutean dos

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427b-c En todo lo que se relaciona con los templos y el culto religioso asiacute como los oficios consagrados a los muertos Apolo el guiacutea de nuestros padres y por cierto de toda la humanidad nos dirigiraacute205

427d-429a Se da por fundada la ciudad iquestDoacutende estaacute entonces la justi-

cia doacutende la injusticia iquestEn queacute difieren y cuaacutel es esencial a la felicidad Abordemos la cuestioacuten de la siguiente manera Nuestra ciudad es perfecta-mente virtuosa y por consiguiente debe ser sabia valerosa moderada y jus-ta206 Si descubrimos tres de esos elementos en la ciudad el resto seraacute el cuar-to

Tomemos primero la sabiduriacutea (σοφία)207 No es el conocimiento teacutecnico o destreza de las clases inferiores la que hace sabia a nuestra ciudad sino maacutes bien el conocimiento que delibera por los intereses de la totalidad de la ciu-dad Ahora bien ese conocimiento estaacute personificado en los gobernantes Ellos forman la seccioacuten maacutes pequentildea del estado pero es con todo en virtud de su presencia que llamamos sabia a toda la ciudad208

205 No queda maacutes que decir acerca de las regulaciones humanas pero en cuanto a las divinas el primero de los estatutos legales (νομοθετημάτων) se consagra a Apo-lo el dios guiacutea (ἐξηγετὴς) que por presidir desde su asiento sobre el ldquoombligo de la Tierrardquo (en el santuario de Delfos) simboliza el acto fundacional de la ciudad como entidad teluacuterica con habitantes autoacutectonos y en conexioacuten con su dios patrono Apo-lo ademaacutes mdashsin olvidar a Dionisomdash es la divinidad maacutes cercana al espiacuteritu socraacuteti-co 206 Se enuncia aquiacute la doctrina de las cuatro virtudes cardinales que se supone son aquellas que sostienen la perfeccioacuten moral de los individuos de la ciudad ideal y que confieren al mismo tiempo un soacutelido fundamento a la ciudad como entidad constitucional Ver Leyes 630d ss 207 Cuando se enuncian las virtudes cardinales se habla maacutes de lsquoprudenciarsquo que de lsquosabiduriacutearsquo de ahiacute la correcta inferencia de J Adam (pg 225) de que la sophiacutea descri-ta aquiacute significa phroacutenesis en su aplicacioacuten a la poliacutetica (cf 433b-c) No es el conoci-miento metafiacutesico de la Idea del Bien 208 De acuerdo con J Adam una ciudad es sabia anaacutelogamente a como es sabio un individuo al que con facilidad llamamos sabio aunque estriacutectamente hablando se es sabio solo en razoacuten del elemento logistikoacuten mdashracionalmdash que hay en eacutel ldquoCompa-rando 443c ss continuacutea observamos que la ciudad es sabia porque sus gobernantes son sabios y sus gobernantes son sabios porque su logistikoacuten es sabio En otras pala-bras la sabiduriacutea del logistikoacuten es la unidad a partir de la cual se construye la sabi-duriacutea de toda la ciudadrdquo (ibid pg 227 ) El logistikoacuten es el elemento razonable en el alma su facultad razonadora

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429a-430c La virtud de la valentiacutea (ἀνδρεία) residiraacute en la clase guerre-

ra209 Es debido a su valor que llamamos valiente a la ciudad pues el caraacutecter general de la ciudad como un todo no puede ser determinado por ninguacuten tipo de valentiacutea o cobardiacutea presente entre las otras Los soldados a pesar de todo tipo de tentacioacuten continuaraacuten leales a los principios asentados por la ley concernientes a queacute deberiacutea ser temido y queacute no y ellos lo haraacuten asiacute con mayor resolucioacuten porque su entrenamiento musical y gimnaacutestico ya los ha preparado para la legislacioacuten en cuestioacuten En la preservacioacuten de esos princi-pios es que consiste la valentiacutea de una ciudad un tipo de valentiacutea que es dis-tinto de la virtud correspondiente en los animales inferiores y en los esclavos porque su base estaacute en la educacioacuten210 En otra ocasioacuten podemos discutir la virtud de la valentiacutea maacutes extensamente pero esto es suficiente para nuestro propoacutesito actual

430d-432a En tercer lugar examinamos la templanza (σωφροσύνη) Es-

ta virtud se asemeja a un tipo de lsquoarmoniacutearsquo o acuerdo mutuo A menudo se la explica como lsquoautodominiorsquo (ἐγκράτεια) Este dominio de siacute mismo significa que lo mejor de siacute mismo gobierna lo peor y esto es con seguridad verdadero de nuestra ciudad ya que en ella lo superior controla lo inferior y los deseos

209 En el diaacutelogo de su nombre Laques se dice que la valentiacutea consiste en ldquouna cier-ta firmeza del almardquo (karteriacutea lsquoconstancia de aacutenimorsquo La 192b-c) y en el diaacutelogo no hay evidencia de aceptacioacuten por parte de Soacutecrates Pero en Repuacuteblica Platoacuten le hace lugar en su relato acerca del valor (T Irwin Platos Moral Theory Oxford 1982 (1977) pg 198) ldquoA brave man retains his belief that this is a brave action and acts on his belief despite pleasures pains fears and appetites (429c7-d2 429e7-430b5)rdquo 210 La virtud tiene una sustentacioacuten epistemoloacutegica de manera que ella no alcanza su real consistencia en un individuo cuando estaacute ausente un saber equivalente a la verdad La recta opinioacuten no sustenta virtud perfecta alguna de modo que no se le puede dar en este caso el nombre propio de valor a una disposicioacuten que carece de educacioacuten (ἄνευ παιδείας) Se trata aquiacute de una andreiacutea politikḗ (430c) puesto que es una valentiacutea de los soldados de la ciudad que estaacute basada en la recta opinioacuten (cf J Adam pgs 231-32 ldquoThe whole of this section is important because it emphatically reafirms the principle that courage as well as the other virtues enumerated here rests on ὀρθὴ δόξα and not on ἐπιστήμη)rdquo Esta formulacioacuten tendraacute su plena manifestacioacuten en la representacioacuten de la Caverna donde se compara nuestro estado actual con la situacioacuten en que se halla nuestra naturaleza con respecto a la educacioacuten y a la falta de ella (ἀπαιδευσίας) La con-templacioacuten de la verdad y del bien lleva a las virtudes a su perfeccioacuten

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irracionales de los muchos inferiores estaacuten sometidos a los deseos racionales de los pocos virtuosos Ademaacutes nuestros ciudadanos estaacuten en mutuo acuer-do acerca de quien gobernaraacute y quien seraacute gobernado de modo que la tem-planza estaacute presente tanto en los gobernados como en los gobernantes im-pregnando la ciudad toda para que cante al uniacutesono y volvieacutendola conforme a siacute misma211 Podemos definir la templanza como esta concordia (ὁμόνοια) entre lo que es naturalmente mejor y lo naturalmente peor un acuerdo (συμφωνία) sobre la cuestioacuten de quieacuten deberiacutea gobernar212

432b-434c iquestDoacutende estaacute entonces la justicia213 Debemos poner atencioacuten

para que no se nos escape Soacutecrates sin dilacioacuten exclama que eacutel ha encontado el rastro214 La justicia es el principio215 que establecimos en el comienzo a

211 Se afirma que esta concordia (ὁμόνοια homoacutenoia) de la ciudad en su conjunto es templanza A diferencia de la valentiacutea y la prudencia que pertenecen propiamente a los guardianes y son ellos los que hacen valiente y prudente a la ciudad entera la templanza se extiende (παρείχετο) es decir impregna la totalidad de la ciudad en cuanto que se supone que todos los ciudadanos participan propiamente de ella Este aspecto es esencial pues se trata mdashen relacioacuten con la virtud de la templanzamdash del acuerdo de toda la ciudad acerca de quienes gobiernan y quienes obedecen y es en razoacuten de la extensioacuten de la templanza a todos los niveles de la ciudad que puede haber acuerdo entre todos acerca de este crucial asunto Quizaacutes haya una reminis-cencia de ello en el texto de san Agustiacuten pax ciuitatis ordinata imperandi atque oboedi-endi concordia ciuium ldquola paz de la ciudad consiste en la concordia ordenada de los ciudadanos en mandar y obedecerrdquo (Ciudad de Dios XIX 13) 212 Platoacuten supone que la templanza sentildeala la concordancia de todas las partes de la ciudad al modo de un acorde musical (symphoniacutea) En el Banquete se habiacutea sentildealado que ldquola armoniacutea es una suerte de consonancia (συμφωνία) y una consonancia es una suerte de conformidadrdquo (187b) Cf Cratilo 405b Debe recordarse por otra parte que ldquoal hablar de sophrosyne Platoacuten usualmente distingue solo entre dos clases go-bernantes y gobernadosrdquo (J Adam pg 236) 213 El problema principal acerca de la justicia es claramente socraacutetico como afirma T Irwin ldquose espera que una explicacioacuten sobre la justicia muestre lo que Soacutecrates da por sentado es decir que la justicia es una virtud y por consiguiente contribuye a la felicidad Platoacuten defiende la propuesta del Critoacuten de que la justicia beneficia al alma y la injusticia la dantildea Los libros II y IV podriacutean ser tratados como una inves-tigacioacuten socraacutetica de tipo corriente que elabora argumentos similares en el Gorgiasrdquo (op cit pg 178) 214 Para otros ejemplos de esta comparacioacuten ver Leyes 654e Parmeacutenides 128c Lisis 218c 215 El teacutermino lsquoprincipiorsquo (que no estaacute en el texto original) es un modo de explicar lsquoaquello que -mdashal fundar la ciudad-mdash se debe hacer en toda circunstanciarsquo (433a) es decir es una suerte de condicioacuten necesaria para la existencia de la ciudad

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saber que cada individuo realiza solo aquella funcioacuten para la que eacutel estaacute na-turalmente mejor dotado En otras palabras la justicia es en un cierto senti-do lsquoel realizar cada cual lo propiorsquo216 Cuatro consideraciones apuntan a esta conclusioacuten En primer lugar para hacer que las otras tres cobren vigor es que necesitamos una cuarta virtud y es justamente la divisioacuten de tareas de acuer-do con la capacidad natural la que hace posible las otras tres virtudes En segundo lugar este es el uacutenico principio que puede ser comparado con las otras tres virtudes en relacioacuten con el beneficio que confiere al estado y la jus-ticia debe ser comparable a ellas en este respecto Tercero es por este princi-pio que los gobernantes dirigiraacuten sus decisiones judiciales y la justicia es el principio por el que nuestros gobernantes juzgan Por uacuteltimo la violacioacuten de este principio obra el dantildeo maacutes grande en la ciudad217 y eso es lo que hace la injusticia de modo que el principio mismo es ideacutentico con la justicia

434d-435a Adimanto estaacute de acuerdo pero Soacutecrates va a esperar hasta

que eacutel haya descubierto la justicia en el hombre aseguraacutendose por adelanta-do de que eacutel tiene la razoacuten Estaremos satisfechos si las caracteriacutesticas de la justicia son las mismas en el hombre y en el estado

435a-435d El punto que se ha de determinar es el siguiente iquestHay tres

formas (εἴδη) psicoloacutegicas o tipos en el alma del individuo (τὸν ἕνα) que co-rresponden a los tres oacuterdenes (τριττὰ γένη) en nuestra ciudad iquestY es el indi-viduo temperado valiente sabio y justo en virtud de las afecciones corres-pondientes de esos tipos Nuestros presentes meacutetodos de investigacioacuten estaacuten careciendo de exactitud pero ellos bastan para nuestro objetivo inmediato

216 Que en otras palabras significa que cada cual se ocupe en la realizacioacuten de su oficio propio en la ciudad el que corresponde a su naturaleza Todo esto en la misma medida redundaraacute en un beneficio mayor de la ciudad 217 Cuando por ejemplo ldquoun carpintero realice actividades de zapatero o un zapa-tero las del carpinterordquo (434a) no se produce un dantildeo grave a la ciudad pero siacute cuando un artesano intenta ingresar en la clase de los guerreros El problema estaacute en consecuencia cuando se lesiona el caraacutecter especiacutefico de cada una de las clases de la ciudad Mediante estas praacutecticas lesivas del orden del Estado piensa Platoacuten se termina por crear una lsquoinjerencia indiscretarsquo (polypragmosyne lsquoentrometimientorsquo) entre los tres geacuteneros de ciudadanos Esta es para Platoacuten la ldquolesioacuten maacutes granderdquo que se puede inferir al estado pues disuelve el fundamento mismo de la justicia como actividad de lo propio

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435e-439e La presencia de tres tipos (εἴδη) o caracteres (ἤθη) en la ciu-dad establece la existencia de los mismos caracteres en el individuo pero la pregunta es iquestexisten en eacutel como tres elementos separados o no iquestEmpleamos la totalidad del alma en cada acto psiacutequico o aprendemos con una parte sen-timos enojo con una segunda deseo con una tercera Al examinar este asun-to comenzamos por sostener que la misma cosa no puede hacer o padecer opuestos al mismo tiempo en la misma parte de siacute misma y con referencia a la misma cosa218 Esta norma es de aplicacioacuten universal podriacutea haber excep-ciones aparentes pero jamaacutes reales219 El deseo y la aversioacuten son opuestos y el hambre y la sed son dos variedades especiacuteficas del deseo relacionadas con la comida y la bebida consideradas en forma absoluta y categoacuterica Ahora bien aveces sucede que tenemos sed y no tenemos deseo de beber en otras palabras experimentamos a la vez deseo y aversioacuten Pero el deseo y la aver-sioacuten son opuestos Ellos deben en consecuencia proceder de diversos ele-mentos psiacutequicos La verdad es que en tales casos es un aspecto (τι)220 del alma lo racional (λογιστικὸν) el que nos refrena (κωλῦον) y otro el irracio-nal y apetitivo ( ἀλογιστικὸν τε καὶ ἐπιθυμητικόν) el que nos ordena beber

439e-441c Hay todaviacutea un tercer elemento o aspecto del alma que po-

demos llamar el elemento apasionado o impetuoso (θυμοειδές) Es distinto del elemento apetitivo con el que ciertamente frecuentemente lucha Su fun-cioacuten es sostener el aspecto racional del alma En un hombre de caraacutecter noble el elemento impetuoso estaacute quieto o al contrario de acuerdo con las oacuterdenes

218 Rep 436b 219 En 436b 12 estaacute ldquothe earliest explicit statement in Greek literature of the maxim of Contradiction cf Theaet 188A Phaed 102E 103B Sph 230 B and infra X 602 Erdquo (J Adam pg 247) 220 Literalmente ldquoalgordquo ldquouna cierta cosardquo (cf 439b) En lo que respecta a las ldquopar-tesrdquo del alma Platoacuten usa una terminologiacutea bastante libre Pero el uso de eidos (en su significado de lsquotiporsquo lsquoespeciersquo) en ciertos momentos de mayor precisioacuten (cf 435b-c 437c1 439e2 440e9) parece indicar su preocupacioacuten por evitar divisiones de un ca-raacutecter real en el alma Por lo general se considera al alma como un todo unitario acerca de la que sin embargo se predican en este caso tres aspectos o tipos de sub-sistencia psicoloacutegica diferentes acordes con los tipos o clases de individuos que conviven en la ciudad Incluso es uacutetil recordar que el significado de lsquoaspectorsquo con-viene bien con lsquoformarsquo en cuanto esta uacuteltima sentildeala algo que se presenta a la vista o consideracioacuten de alguien

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de la razoacuten No debe sin embargo ser identificado con la razoacuten221 ya que estaacute presente en los nintildeos y en los animales inferiores mientras que la razoacuten no lo estaacute Homero incluso reconoce que los dos elementos son diferentes

441c-443b Vemos asiacute que el alma contiene en siacute misma los mismos ti-pos o elementos que nuestra ciudad222 Se sigue que el individuo es sabio valiente etc del mismo modo y en virtud de los mismos elementos internos Somos por consiguiente justos cuando cada uno de nuestros factores psico-loacutegicos realiza su propio trabajo223 La razoacuten deberiacutea gobernar con el elemen-to impetuoso como su obediente aliado y ambos juntamente armonizados por la muacutesica y la gimnasia controlaraacuten el deseo (τοῦ ἐπιθυμητικοῦ) y vela-raacuten (φυλαττοίτην)224 contra los enemigos externos del alma y el cuerpo El individuo es valiente en virtud del elemento apasionado si a pesar del sufri-miento y el placer este continuacutea siendo exhortado (παραγγελθὲν) por los mandatos de la razoacuten en referencia a lo que deberiacutea o no deberiacutea ser temido sabio a causa de la funcioacuten (μέρει)225 del alma que gobierna y conoce mode-rado mediante la armoniacutea del gobernado y el gobernante sobre la cuestioacuten de quieacuten ha de gobernar y justo en virtud de nuestro muchas veces repetido principio Podemos examinar nuestro punto de vista sobre la justicia por va-

221 El teacutermino griego utilizado es logismoacutes con el sentido general de lsquocaacutelculorsquo lsquorazo-namientorsquo Por otra parte el elemento lsquoimpetuosorsquo ndashthymoeidḗsmdash se suele traducir por lsquoirasciblersquo Es como lo puntualiza J Adam (pg 255) ldquoel sentimiento de indigna-cioacuten moral ante todo malrdquo 222 ldquoCon estas declaraciones dije yo hemos hecho praacutecticamente la navegacioacuten y se ha producido entre nosotros un razonable acuerdo de que las mismas clases que existen en la ciudad y en el mismo nuacutemero se dan tambieacuten en el alma de cada indi-viduordquo (441c traduccioacuten de G Goacutemez Lasa) Esta es una doctrina fundamental de la Repuacuteblica por la que se sostiene la correspondencia entre la ciudad y el alma 223 Rep 441d 12- e 2 ldquoAsiacute pues hemos de tener presente que cada uno de nosotros seraacute solo justo y haraacute eacutel tambieacuten lo propio suyo en cuanto cada una de las cosas que en eacutel hay haga lo que le es propiordquo (trad Paboacuten Frenaacutendez Galiano) 224 Los dos elementos superiores realizan tambieacuten en el alma una funcioacuten equiva-lente a la de los guardianes en la ciudad 225 El teacutermino griego meros significa lsquopartersquo lsquoporcioacutenrsquo ahora bien cada parte del todo del alma realiza una lsquofuncioacutenrsquo que le es maacutes propia Hay modismos en griego que apoyan un sentido semejante para meros como es el caso de ὑμέτερον μέρος (Laques 180a) cuyo sentido aproximado podriacutea ser ldquoes funcioacuten vuestrardquo ldquoes cosa vuestrardquo

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rias pruebas derivadas de la connotacioacuten popular de la palabra y encontra-remos que estamos en lo correcto

443b-444a Teniacuteamos la razoacuten entonces cuando suponiacuteamos que la jus-

ticia226 en una cierta proporcioacuten estaba con nosotros desde un principio cuando nuestra ciudad fue fundada Pero el principio de que cada cual debe-riacutea hacer no maacutes que su trabajo profesional es en realidad solo una represen-tacioacuten (εἴδωλον) de la justicia La justicia verdadera atantildee al hombre interior y consiste en el desempentildeo (πρᾶξιν) de su oficio propio y peculiar por parte de cada uno de los tres elementos al interior del alma Esto es lo que produce la unidad espiritual y la unidad espiritual se muestra a siacute misma en actos efectivos (πράττειν) Podriacuteamos afirmar ahora que hemos descubierto la jus-ticia tanto en la ciudad como en el individuo

444a-444e La injusticia como cada variedad del vicio implica sedicioacuten

(στάσιν) y confusioacuten (πολυπραγμοσύνην) entre las partes del alma227 Es enfermedad (νόσον) espiritual deformidad y debilidad228 mientras que la

226 Esta seccioacuten como recuerda J Adam estudia la relacioacuten existente entre la virtud ciacutevica y la individual ldquoAunque hemos descubierto dice la segunda mediante la primera es la virtud del alma la uacutenica originaria la otra seguacuten su aparente expre-sioacuten no es sino una copia Toda verdadera virtud por consiguiente descansa en la psicologiacutea todaviacutea no como en VI y VII en el conocimiento metafiacutesico de la Idea del Bien Ahora es cuando el significado total de la ciudad de Platoacuten (lsquola ciudad es-tablecida conforme a la naturalezarsquo) se manifiesta Es una repuacuteblica cuyas institu-ciones y cuya vida poliacutetica son la expresioacuten externa o personificacioacuten de la verdade-ra e incorrupta naturaleza del alma considerada en exacta verdad como un lsquoretontildeo no terrestre sino celestersquo (Tim 90A) De aquiacute surgen los tres oacuterdenes de la ciudad de aquiacute tambieacuten cada orden realiza su accioacuten propia ya que es parte de la lsquonaturalezarsquo del alma el lsquohacer las cosas propias de siacute mismarsquo y la lsquoocupacioacuten indiscreta en asun-tos ajenosrsquo (πολυπραγμονεῖν) es la consecuencia de una degeneracioacuten desnaturali-zadardquo (pg 262) 227 Es el momento de hablar acerca de la injusticia aunque Platoacuten se limita aquiacute a hacer de ella una presentacioacuten general Luego en los libros VIII y IX trataraacute el tema en propiedad 228 Rep 444d rdquoY el producir salud es establecer los elementos que existen en el cuerpo de manera que dominen o sean dominados entre siacute seguacuten la naturaleza (κατὰ φύσιν) y el producir enfermedad el que manden o sean mandados entre siacute en contra de la naturaleza (παρὰ φύσιν)rdquo (trad G Goacutemez Lasa con mis pareacutentesis) La terminologiacutea seguacuten naturaleza y contra naturaleza juega aquiacute un papel importante en la clasificacioacuten del significado de lsquoenfermedadrsquo y como se ve tiene su parte tam-bieacuten en la produccioacuten de la justicia y la injusticia y las demaacutes virtudes

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virtud es lo contrario Los sistemas de vida (ἐπιτηδεύματα)229 virtuosos pro-mueven la virtud los viciosos el vicio

444e-445e Queda por investigar si la justicia es mejor que la injusticia

En cuanto a la injusticia como una enfermedad del alma Glaucoacuten estaacute pronto a declarar en favor de la justicia pero Soacutecrates quisiera examinar el asunto con maacutes cuidado Hay cuatro variedades de vicio que merecen investigacioacuten tanto en las ciudades como en los individuos Examineacutemoslas en orden230 La repuacuteblica (πολιτεία) perfecta que hemos descrito podriacutea llamarse reino (βασιλεία) o aristocracia (ἀριστοκρατία) seguacuten que haya uno o maacutes gober-nantes231 Glaucoacuten asiente

Libro Quinto 449a-451c Soacutecrates estaacute a punto de iniciar una descripcioacuten de los dife-

rentes tipos de gobiernos corruptos cuando Adimanto incitado por Polemar-co y apoyado por Glaucoacuten y Trasiacutemaco le exigen una explicacioacuten maacutes com-pleta acerca de la comunidad de esposas e hijos y de los ordenamientos para la generacioacuten y educacioacuten de la prole232 Soacutecrates se manifiesta renuente no solo porque se dudaraacute si su esquema es practicable o conveniente sino por-que eacutel mismo estaacute inseguro de su fundamento y poco dispuesto a implicar a sus amigos en un posible desconcierto Finalmente luego de aplacar a Adras-

229 Cf Fedro 233d Leyes 793d 230 Los modos diversos de gobierno se corresponden con los modos diversos de alma A las cuatro variedades de vicio corresponden cuatro variedades de gobierno lo que seraacute revisado extensamente en el libro VIII Luego Platoacuten menciona cinco formas de gobierno siendo la uacuteltima la correspondiente a la repuacuteblica perfecta 231 Se deja abierta la posibilidad de que el gobierno de la ciudad ideal esteacute en ma-nos de uno o de varios individuos pero el criterio del saber mdashcon independencia del nuacutemeromdash terminaraacute por imponerse claramente rdquoknowledge not number is the criterion of good governmentrdquo (J Adam pg 268) 232 En Leyes 794c el intervalo entre generacioacuten y educacioacuten de los nintildeos se estima en seis antildeos nada se dice en Repuacuteblica sobre este tema (ver J Adam pg 277)

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tea233 y de ser eximido de toda culpa se dispone a obedecer a sus deman-das234

451c-452e Hemos declarado al inicio que nuestros hombres iban a ser

por decir asiacute guardianes del rebantildeo Ahora bien el principio de comunidad requiere que nuestros perros guardianes hembras compartiraacuten las obligacio-nes activas de los machos siendo indulgentes con la inferioridad de su fuer-za235 Su educacioacuten debe por consiguiente ser la misma tendraacuten que apren-der muacutesica gimnasia y el arte de la guerra Sin duda que el espectaacuteculo de mujeres especialmente las ancianas ejercitaacutendose desnudas junto con los hombres pareceraacute ridiacuteculo al principio pero seraacute bueno recordar que no hace mucho tiempo incluso el dejarse ver los hombres desnudos para sus ejercicios atleacuteticos pareciacutea vergonzoso y ridiacuteculo Nada es verdaderamente ridiacuteculo a excepcioacuten de lo que es malicioso

452e-456c Establezcamos primero si nuestras propuestas son posibles

mdashen otras palabras si la mujer es naturalmente capaz de compartir las acti-vidades (τὰ ἔργα) del hombremdash todas ellas o ninguna o algunas y en caso que algunas si la guerra es una de esas Podriacutea arguumlirse que lsquola naturaleza del hombre es diferente de la de la mujer se deberiacutea por consiguiente asig-narles diferentes ocupacionesrsquo Un breve anaacutelisis mostraraacute el caraacutecter superfi-

233 Me parece plausible la sugestioacuten de J Adam (pg 278) como aplicada a este pa-saje de considerar a Adrastea mdashuna variedad de Neacutemesismdash en un especial sentido castigadora de las palabras orgullosas Veo por mi parte aquiacute un efecto del temor reverencial que sus propias audaces propuestas le producen a Soacutecrates y un recurso literario del autor Platoacuten para matizar el efecto de sus palabras 234 ldquoComo a menudo encontramos en Platoacuten (ver p e Fedoacuten 84c ss) dice J Adam (pg 274) el nuevo punto de partida es ocasionado por una objecioacuten o por mejor decir una solicitud de informacioacuten adicional hecha por alguno de los interlocuto-resrdquo 235 J Adam (pg 280) observa que la importancia que Platoacuten asigna a las obligacio-nes y entrenamientos comunes a los sexos es parte de una tentativa razonada y de-liberada de la escuela socraacutetica para mejorar la posicioacuten de las mujeres en Grecia Se citan Jenofonte Memorabilia II 2 5 Symposium 2 5 Oeconomicus 312- 15 7 11 ss Platoacuten Banquete 201 d ss y Leyes 780e ss Para la opinioacuten de Antiacutestenes consultar Dioacutegenes Laercio VI 12 ldquouna misma es la virtud (ἀρετή) del hombre y de la mujerrdquo Todo esto estaacute en armoniacutea con el principio fundamental de la ciudad de dar a cada cual el trabajo concordante con su naturaleza (Repuacuteblica II 370 b) es una consecuen-cia entonces del principio de especializacioacuten

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cial y eriacutestico de tal razonamiento La palabra lsquodiferentersquo es ambigua Las na-turalezas pueden diferir sin diferenciarse en absoluto con respecto a los pode-res por los que se desempentildean ciertas ocupaciones (ἐπιτηδεύματα)236 En consecuencia si el hombre y la mujer difieren solo en sexo ellos pueden cada cual desempentildear aquellas ocupaciones en las que el sexo no juega un papel Entre tales ocupaciones estaacuten aquellas que atantildeen a la administracioacuten de una ciudad Sin duda que el hombre es superior en su conjunto en capacidad y fuerza aunque muchas mujeres aventajan a muchos hombres pero las apti-tudes naturales de las mujeres son tan variadas como las de los hombres y no hay labor administrativa que estaacute por naturaleza asignada en forma exclusiva ya sea a los hombres o a las mujeres Asiacute la naturaleza produce mujeres que son aptas para guardar (φυλακὴν) nuestra ciudad A esas seleccionaremos como esposas y colegas de los guardianes hombres Nuestra propuesta es posible porque es natural (κατὰ φύσιν) y es maacutes bien el teacutermino lsquoanti natu-ralrsquo (παρὰ φύσιν) el que quizaacute deba aplicarse a la situacioacuten presente de la mujer237

456c-457b Queda por probar que nuestro programa poliacutetico es el mejor

para el estado Hemos acordado que el entrenamiento que capacita a un hombre a ser un guardiaacuten habilitaraacute tambieacuten a una mujer a serlo si las capa-cidades naturales de ambos son para comenzar las mismas Ahora bien nuestros guardianes varones debido a su educacioacuten son los mejores hombres en la ciudad Nuestras guardianas seraacuten de modo semejante las mejores mu-jeres Y no hay nada mejor para una ciudad que el ser habitada por las mejo-res mujeres y los mejores hombres Se asegura este objetivo a traveacutes de nues-tro sistema de educacioacuten Por consiguiente nuestras mujeres se deben des-nudar para los ejercicios atleacuteticos y compartir todas las labores de guardia a

236 En un sentido maacutes general se estaacute hablando aquiacute de los lsquomodos de vidarsquo que dicen referencia a las lsquocostumbresrsquo y lsquoocupacionesrsquo de las personas Este significado me parece mejor que ldquodutiesrdquo del texto de J Adam 237 Se dice que lo natural es aquello lsquoconforme a naturalezarsquo (κατὰ φύσιν 456c) y lo antinatural es aquello que lsquose opone a la naturalezarsquo (παρὰ φύσιν ibid)

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pesar de la risa ridiacutecula de aquellos que olvidan que la utilidad es la medida verdadera del buen gusto238

457b-458b Asiacute es coacutemo sorteamos en forma exitosa una de las oleadas

que nos amenazaban pero una ola maacutes formidable se nos estaacute acercando ahora239 Las mujeres y los hijos deben pertenecer a todos los guardianes en comuacuten Nadie conoceraacute a su mujer o a su hijo Que un tipo tal de sociedad es a la vez posible y beneficioso es algo que tendremos que probar pero por el momento supondremos su posibilidad y trataremos de mostrar que la co-munidad de esposas y de nintildeos es la mejor de todas las praacutecticas240 para la ciudad y sus guardianes

458b-461e La asociacioacuten mutua de hombres y mujeres guardianes los

conduciraacute naturalmente a formar lazos conyugales Pero no se permitiraacuten uniones irregulares Nosotros tendremos tambieacuten nuestros lsquomatrimonios sa-gradosrsquo (γάμους ἱεροὺς)241 pero por lsquosagradosrsquo nosotros estaremos signifi-cando los maacutes lsquoprovechososrsquo o lsquobeneficiososrsquo (ὀφελιμώτατοι) Ahora bien las uniones maacutes beneficiosas entre los animales inferiores son aquellas por las que la mejor descendencia se produce de padres que estaacuten en su pleno vigor Si lo mismo es cierto del linaje humano iexclcuaacuten diestros deben ser nuestros go-

238 Los aspectos utilitarios como este en la Repuacuteblica son numerosos Hay sin em-bargo una clara jerarquiacutea de valores rdquoBut even Socrates ennobles his utilitarianism by placing soul above body in dignity and worth In Plato utilitarianism becomes transfigured by Idealism and the doctrine of Immortalityrdquo (J Adam pg 291) 239 Esta es la segunda ola la primera teniacutea que ver con la educacioacuten comuacuten entre hombres y mujeres guardianes (ver 451c-457b) La oleada actual estaacute en relacioacuten con la comunidad de esposas e hijos (ver 457b-466d) La tercera se suscita frente al crucial problema de si la ciudad perfecta puede llegar a ver la luz Lo concerniente a la factibilidad de la repuacuteblica es tratado a partir del 471c 240 Una sentildeal de que las lsquonormasrsquo propuestas por Soacutecrates son un tipo de lsquopraacutecticasrsquo estaacute en el uso del verbo πράττω lsquohacer ejecutarrsquo No estamos auacuten en el terreno de los principios 241 rdquoLas bodas de Zeus y Hera comenta J Adam (pg 296) eran conocidas como theogamia o hieroacutes gamos y se celebraban en una festividad especial en Atenas y en otras partesrdquo se le consideraba el tipo ideal de los matrimonios humanos Lo que se busca no es la abolicioacuten del matrimonio sino un intento de elevarlo de una institu-cioacuten privada a una puacuteblica ldquosin sacrificar ninguna de las ceremonias y asociaciones religiosas por las que a los ojos de sus contemporaacuteneos se santificaba la unioacuten de los sexosrdquo (ibid pg 296)

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bernantes Ellos deben unir lo maacutes frecuentemente posible a las mejores pare-jas y lo menos posible a las peores y solo se educaraacute a los hijos de las mejores parejas Nadie a excepcioacuten de los gobernantes sabraacute coacutemo se ha de obtener este resultado Se uniraacute a novios y novias en ciertas fiestas matrimoniales junto a sacrificios e himnos y el nuacutemero de matrimonios seraacute fijado en cada ocasioacuten por los gobernantes de modo que la poblacioacuten se mantenga en lo posible la misma Los gobernantes llevaraacuten a cabo su objetivo usando suertes que ellos ya han manipulado

Ellos tambieacuten premiaraacuten la excelencia en la guerra o en otra cosa con-

cedieacutendoles mayor libertad para yacer con mujeres Los nintildeos que se han de educar seraacuten llevados a un establecimiento de nodrizas donde las madres y otras mujeres vendraacuten a amamantarlos pero se tomaraacute todo tipo de precau-ciones para impedir que las madres reconozcan a sus hijos La mujer estaacute en la flor de su edad entre los veinte y los cuarenta antildeos el hombre entre los veinticinco y los cincuenta y cinco antildeos y es soacutelo durante esos periacuteodos que se les permitiraacute parir o engendrar nintildeos para la ciudad242 Las violaciones de esta norma seraacuten condenadas severamente Despueacutes que se ha pasado de esta edad legal removeremos las restricciones sobre las relaciones sexuales ob-servando solo las reglamentaciones que sean necesarias para prevenir el in-cesto pero en lo posible esas uniones seraacuten esteacuteriles y en todo caso no debe educarse su descendencia Soacutecrates establece algunas regulaciones adiciona-les acerca de nuevos significados que han de adjuntarse a los nombres de las relaciones familiares y agrega que lsquohermanosrsquo y lsquohermanasrsquo pueden casarse si asiacute lo determina el sorteo y lo aprueba la pitonisa

461e464b Procuremos mostrar ahora que la comunidad de esposas e hi-

jos es la mejor y en consonancia con el plan general de nuestra constitucioacuten Que este es el curso mejor de accioacuten Platoacuten lo prueba de la siguiente manera Un legislador deberiacutea sobre todas las cosas aspirar al mantenimiento de la

242 Son expresiones del punto de vista platoacutenico acerca del matrimonio ldquoThey are equally applicable to the Spartan ideal and may have been borrowed from Spartardquo (J Adam pg 301)

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unidad al interior de la ciudad243 El instrumento maacutes efectivo para este pro-poacutesito es la comunidad del placer y del dolor Asiacute como en un hombre indi-vidual los sufrimientos de un miembro singular afectan a la totalidad asiacute tambieacuten en una ciudad bien gobernada las alegriacuteas y penas de cada ciuda-dano son compartidas por todos244 Es faacutecil mostrar que nuestra ciudad ideal cumple esta condicioacuten en un grado excepcional a la vez mediante sus otras instituciones y maacutes especiacuteficamente a traveacutes de la comunidad de esposas e hijos

464b-465d El comunismo domeacutestico estaacute tambieacuten en armoniacutea con el ca-

raacutecter comunitario general de la ciudad Eacutel estrecharaacute la unioacuten de los guar-dianes y consolidaraacute el estado Eacutel tambieacuten nos liberaraacute de pleitos que surjan de disputas acerca de la familia y la propiedad En casos de tentativas de vio-lencia contra una persona se espera que los compantildeeros le defiendan Los ciudadanos maacutes viejos ejercitaraacuten poderes disciplinarios sobre los maacutes joacuteve-nes reverencia y temor impediraacute desquites de parte de estos uacuteltimos Todas estas disposiciones tenderaacuten a mantener a los gobernantes en paz unos con otros y si estaacuten unidos no se esperaraacuten sediciones en el resto de la ciudad Otras ventajas menores son demasiado triviales para que se las especifique

465d-466d La vida de nuestros guardianes seraacute maacutes gloriosa que la de

los vencedores en los juegos Lejos de ser infelices ellos son los maacutes felices de los ciudadanos y cualquier intento de engrandecerse a siacute mismos a costa de su paiacutes solo los haraacute miserables Concluimos que el mejor curso de accioacuten para una ciudad es hacer que las mujeres compartan con los hombres en todo y tal comunidad estaacute en armoniacutea con las relaciones naturales entre los se-xos245

243 ldquoEl objetivo de Platoacuten a traveacutes de todo este episodio es el conservar lsquounarsquo a la totalidad de la ciudad impidiendo que uno de sus factores constituyentes a saber los guardianes lleguen a ser lsquomuchosrdquorsquo (J Adam pg 305) 244 Parece buscarse por medio de la superacioacuten del individualismo la desaparicioacuten de la subversioacuten y las divisiones internas (staseis) en la ciudad Esto se lograriacutea de la mejor manera manteniendo unida a la clase de los guardianes 245 Hay aquiacute indudablemente una referencia a la situacioacuten diametralmente dife-rente en que se encuentran las relaciones entre los sexos en su eacutepoca su idea es es-tablecer entre ellos en todo ldquohasta donde sea posiblerdquo una ldquocompleta comunidadrdquo

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466d-467e Tenemos todaviacutea que determinar si un tal tipo de sociedad

es posible entre los hombres como lo es entre los animales inferiores Pero proveamos primero lo concerniente al manejo de la guerra

Nuestros hombres y nuestras mujeres han de combatir en comuacuten en compantildeiacutea de sus descendientes no demasiado joacutevenes Los nintildeos estaraacuten atentos a las necesidades de sus progenitores y los alentaraacuten con su presencia en el campo de batalla Tendraacuten asiacute la ventaja de ser testigos del ejercicio con-creto de la profesioacuten que los espera en la vida futura El riesgo es considera-ble pero los problemas en juego exigen que eacutel se corra y se tomaraacuten todas las precauciones para asegurar el resguardo de los nintildeos

468a-469b En lo que concierne a la obligacioacuten de unos a otros en el

campo de batalla Soacutecrates enumera varios medios por los que se desalentaraacute la cobardiacutea y se premiaraacute la valentiacutea

469b-471c Tenemos tambieacuten un deber con nuestros enemigos246 Nin-

guna ciudad griega seraacute esclavizada y no podraacute haber un pillaje indecoroso de los muertos Armaduras capturadas en el campo de batalla no seraacuten dedi-cadas en los templos sobre todo no armaduras tales como las que tomamos de griegos a menos que el Dios determine lo contrario Prohibimos que el territorio griego sea asolado o que se incendie las casas griegas247 La totali-

(466c-d) Esto comprende a la dirigencia de la ciudad no a los productores de los que no se dice nada Platoacuten estaacute ampentildeado aquiacute en disentildear el modo como la ciudad seraacute gobernada 246 Hay ciertas leyes no escritas que rijen el comportamiento de los griegos en estas materias En este episodio como dice J Adam (pg 320) ldquoPlatoacuten hace un anaacutelisis de los principios que han de regular la poliacutetica internacional de su ciudad en sus rela-ciones tanto con los griegos como con los baacuterbarosrdquo 247 Habiacutea ciertas normas de guerra que constituiacutean un rudimentario derecho inter-nacional el que dependiacutea fundamentalmente de la costumbre La experiencia de la guerra del Peloponeso vivida por el joven Platoacuten y mantenida en el recuerdo por Tuciacutedides ha servido sin duda de ejemplo para estas regulaciones de la ciudad pla-toacutenica Soacutecrates manifiesta claramente su intencioacuten de establecer normas miacutenimas de humanidad en las guerras entre los helenos (ver especialemente 471 a-b) Hay que tener presente que se consideraba legiacutetimo en la guerra el pillaje y la destruc-cioacuten de las cosechas y de la propiedad en una situacioacuten de parecido desamparo estaban por lo general los prisioneros que podiacutean ser ejecutados o vendidos como

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dad de la raza heleacutenica son los hijos de una misma familia248 y los conflictos entre sus miembros no deberiacutean llamarse guerra sino contienda civil (στάσιν) El Baacuterbaro es nuestro enemigo natural y si saqueamos Grecia no-sotros no podemos asolar nuestra nodriza y madre Hay que recordar que nuestra ciudad es una ciudad griega Ella puede castigar pero no esclavizar otros estados griegos249 Glaucoacuten asiente eacutel piensa que nuestros ciudadanos deberiacutean tratar a los baacuterbaros como los griegos tratan ahora a sus compatrio-tas

471c-472b Glaucoacuten vuelve a recordar a Soacutecrates su tarea ya dos veces

pospuesta de demostrar que un tal Estado es posible250 472b-472e Soacutecrates le recuerda a Glaucoacuten que es la investigacioacuten de la

justicia y de la injusticia la que nos ha llevado a este punto Fue para alcanzar una norma o modelo (παραδείγματος ἄρα ἕνεκα) de justicia que examina-mos la naturaleza de la justicia perfecta y del hombre perfectamente justo251

esclavos Platoacuten mediante las propuestas de Soacutecrates reacciona en contra de ello al menos en lo que a los Griegos se refiere 248 ldquoA formal declaration of Platos political faith in Panhellenic idealrdquo (J Adam pg 323) 249 En lo que respecta a la esclavitud hay que recordar que los esclavos en Grecia eran de nacionalidad extranjera con excepcioacuten de aquellos griegos que habiacutean sido vendidos como esclavos con acasioacuten de la destruccioacuten de su propia ciudad por la guerra (ver J Adam pg 320) Por otra parte ldquoes claro por la seccioacuten presente que Platoacuten no impugna el principio de la esclavitud en tanto que los esclavos son de origen baacuterbaro pero en ninguna parte dice eacutel que su ciudad perfecta va efectiva-mente a contener esclavos ni es faacutecil ver queacute es lo que podriacutean hacer en ella Los esclavos estaacuten presentes por supuesto en la ciudad de las Leyes (776c ss)rdquo (ibid pg 321) Para una discusioacuten sobre este tema referido especialmente a la Repuacuteblica ver Temas de Estudios (I) ldquoiquestHay esclavos en la ciudad platoacutenicardquo 250 Se incia un giro fundamental en el curso del diaacutelogo en que se discute la factibi-lidad de la ciudad platoacutenica ideal Se disciernen dos aspectos (a) ldquode si es posible que llegue a existir este reacutegimen poliacuteticordquo (ἡ πολιτεία) (b) ldquoy de queacute manera es po-siblerdquo 251 La verdadera finalidad de los anaacutelisis de Platoacuten estaacute en la buacutesqueda de una teo-riacutea poliacutetica en relacioacuten con la gobernabilidad de la ciudad griega Para ello es nece-sario remontarse a principios abstractos y permanentes que proporcionen la base de sustentacioacuten cientiacutefica de la explicacioacuten de ese aspecto de la realidad estudiado En esta circunstancia se trata de los fenoacutemenos y realidades concernientes a la socie-dad en cuando que conglomerado poliacutetico es decir ciacutevicamente organizado

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Por la comparacioacuten con sus opuestos en relacioacuten con la felicidad y la infelici-dad intentamos obtener una medida para apreciar el efecto de la justicia y la injusticia sobre la felicidad en la vida humana Nuestro objeto no fue probar que la justicia perfecta es alcanzable y por consiguiente no estamos obliga-dos a mostrar que nuestra ciudad puede hacerse real

472e-474c Estoy dispuesto sin embargo dice Soacutecrates a mostrarte con

la mayor aproximacioacuten coacutemo nuestra constitucioacuten puede hacerse realidad252 No podemos esperar una realizacioacuten perfecta ya que la accioacuten es en todas partes menos verdadera que el lenguaje o la teoriacutea253 Un solo gran cambio posible sin embargo y solo uno es necesario y es este254 Los lsquofiloacutesofosrsquo (οἱ φιλόσοφοι) deben llegar a ser reyes (βασιλεύσωσιν) o los reyes lsquofiloacutesofosrsquo (φιλοσοφήσωσιν) En tanto que esto no suceda255 no habraacute tregua (παῦλα) para los males tanto de las ciudades como de la humanidad ni nuestra ciu-dad hipoteacutetica ver alguna vez la luz del sol y alcanzar realidad Una gran pa-radoja (πολὺ παρὰ δόξαν) diraacutes rentildeida con la opinioacuten corriente pero expli-quemos queacute es lo que entendemos por lsquofiloacutesofosrsquo

474c-480a El filoacutesofo es aquel que ama no una parte del conocimiento

sino la totalidad256 Su pasioacuten es por la verdad y Verdad quiere decir Ideas

252 Se trata de una aproximacioacuten en cuanto que la ciudad que se intenta crear se asemeje lo maacutes posible a su modelo Esta aproximacioacuten se expresa con la ideas de cercaniacutea ldquouna ciudad que se acerque lo maacutes posible a lo ya expuestordquo (473a) Se entra a un momento culminante del diaacutelogo 253 La palabra que es la base del discurso filosoacutefico se acerca maacutes a la verdad mdashes decir a la realidadmdash que la praacutectica sustentada por la accioacuten (πρᾶξιν) 254 Este gran cambio es en estricto sentido el maacutes pequentildeo (σμικροτάτου 473b) pues se trata de hacer posible la entrada en vigencia del estado ideal sin estorbar innecesariamente su realizacioacuten aunque evitando desfigurarlo 255 ldquoPolitical evil afirma J Adam (pg 330) is in Platos view the result of a divorce between political power and knowledge of the good it only can be cured by effec-ting their reconciliationrdquo 256 ldquoLa ciudad segunda (δευτέρα πόλις) de los libros II-IV comenta J Adam (pg 332) se apoyaba en una base psicoloacutegica y era maacutes la expresioacuten de un ideal moral que intelectual En armoniacutea con esta concepcioacuten Platoacuten usoacute anteriormente la pala-bra philoacutesophos primariamente y en su mayor parte en su sentido eacutetico Ahora que se dispone a abandonar la psicologiacutea por la metafiacutesica y a describir la realeza del co-nocimiento se hace necesario analizar de nuevo el sentido de φιλόσοφος De aquiacute

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Las Ideas son cada una de ellas una pero parecen muchas por unioacuten con las cosas particulares y de una a otra257 Los aficionados a las audiciones y a los espectaacuteculos y personas semejantes creen solo en las muchas cosas bellas ellos no pueden comprender lo uno Como sontildeadores ellos se equivocan y confunden la copia por el original Su condicioacuten de espiacuteritu podriacutea describirse como opinioacuten (δόξα) mientras que la del filoacutesofo como conocimiento (ἐπιστήμη)

Procedamos a probar esta afirmacioacuten El objeto del conocimiento lsquoesrsquo el de la ignorancia lsquono esrsquo Si por consiguiente algo a la vez lsquoesrsquo y lsquono esrsquo debe hallarse entre el ser y el no-ser y la facultad que lo reconoce seraacute algo entre conocimiento e ignorancia

Las lsquopotenciasrsquo (δυνάμεις) difieren unas de otras de acuerdo con los ob-jetos sobre los que ellas presiden y los efectos que ellas producen El lsquopoderrsquo llamado conocimiento preside sobre el ser y produce el acto de conocer (γνῶναι) Es diferente por consiguiente del lsquopoderrsquo llamado opinioacuten cuyo resultado es opinar (δοξάζειν) iquestCuaacutel es entonces el objeto sobre el que la opinioacuten preside Hemos visto que no es el ser ni el no-ser Por consiguiente la opinioacuten es diferente tanto del conocimiento (γνῶσις) como de la ignorancia (ἄγνοια) Es de hecho algo entre conocimiento e ignorancia menos lumino-so que uno maacutes luminoso que el otro Su objeto seraacute por consiguiente aque-llo que conjuntamente lsquoesrsquo y lsquono esrsquo

Ahora bien son la multitud de cosas bellas y de lo demaacutes que a la vez son y no son258 No hay ninguna de ellas que lsquoesrsquo maacutes que lsquono esrsquo que lo que decimos que es Estamos justificados por consiguiente en decir que la multi-tud de cosas bellas y de otros tipos se hallan entre el ser y el no-ser De este modo hemos descubierto el objeto de la opinioacuten

en adelante a traveacutes de los libros VI y VII el philoacutesophos es aquel cuya devoradora pasioacuten es el amor por la verdad es decir por la Ideasrdquo 257 En Repuacuteblica 476a 2 hace su primera aparicioacuten en el diaacutelogo la teoriacutea de las Ideas 258 De estas cosas se dice que participan tanto del ser (τοῦ εἶναι) como del no ser (μὴ εἶναι 478e) y son captados por la potencia intermedia Todas ellas representan el mundo de lo opinable (δοξαστόν) y constituyen el conjunto de realidades que deben ser colocadas ldquoen el mediordquo (μεταξὺ) entre el ser esencial (ουσἰας) y el no ser (τοῦ μὴ εἶναι 479c)

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Concluimos que aquellos que tienen ojos para las numerosas cosas be-llas y otras opinan (δοξάζειν 479e) mientras que aquellos que ven la belleza en siacute (αὐτὸ τὸ καλὸν 479e 1) conocen (γιγνόσκειν) De los primeros diremos que son amantes de la opinioacuten (φιλοδόξους) los otros son los amantes de saber los filoacutesofos (φιλοσόφους)

Libro sexto 484a-485a Ahora tenemos que mostrar que a los filoacutesofos tal como los

hemos definido se les deberiacutea confiar el gobierno Ellos son los uacutenicos que en virtud del Ideal en sus almas259 son capaces de guardar las leyes y las institu-ciones de la ciudad Los haremos por consiguiente nuestros guardianes si poseen los requisitos praacutecticos necesarios Un estudio de su naturaleza mos-traraacute que es posible que existan en ellos ambos tipos de calificacioacuten

485a-487a La naturaleza filosoacutefica ama el ser eterno e inmutable en su

totalidad260 Se sigue de aquiacute que el filoacutesofo ama naturalmente la Verdad desprecia los placeres del cuerpo es sobrio (σώφρων) no es avaro de rique-zas ni mezquino de pensamiento sino que posee grandeza de aacutenimo y coraje es justo y gentil Es tambieacuten raacutepido para aprender retiene lo aprendido no es dado a la conducta extravagante sino modesto y corteacutes261 A tales hombres cuando los antildeos y la educacioacuten hayan perfeccionado sus cualidades natura-les bien podemos confiarle nuestra ciudad

259 Ello ha sido posible mediante la comprensioacuten de ldquolo que se mantiene siempre ideacutentico a siacute mismordquo (484b) y por este motivo a diferencia de los ldquono-filoacutesofosrdquo no andan errando (πλανώμενοι) entre lo muacuteltiple J Adam (II pg 2) compendiosa-mente dice ldquoIt is the fluctuation of the Object which makes the Subject fluctuaterdquo 260 En su comentario J Adam (II pg 3) analiza las cualidades naturales acerca de las que se insistiacutea que eran primariamente morales mientras que aquiacute y en el libro VII se hace ver en primer lugar que son cualidades de tipo intelectual 261 El alma del filoacuteso con un sentimiento universal tiende constantemente a la tota-lidad de lo divino y de lo humano (486a) debe mantenerse por tanto alejado de toda aneleutheriacutea o lsquocarencia de liberalidad de mentersquo Su grandeza proviene entera-mente de la verdad que posee o estaacute en capacidad de poseer

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487a-487e Pero en realidad importuna Adimanto los filoacutesofos actuales son considerados inuacutetiles o peor que eso262 Soacutecrates admite la exactitud de este punto de vista y procede a resolver la dificultad con una paraacutebola263

487e-489c Imagiacutenate un barco en el que los marineros luchan unos con

otros para ganar la posesioacuten del timoacuten aunque ellos jamaacutes han aprendido el arte del timonel y niegan de hecho que su gobierno pueda alguna vez ser ensentildeado Ellos dominan al patroacuten de la nave con narcoacuteticos o con bebidas alcohoacutelicas y navegan alegremente directo al naufragio Nunca se les ocurrioacute que para gobernar un barco es necesario aprender coacutemo hacerlo El verdade-ro piloto es para ellos un observador de estrellas (μετεωροσκόπων) un char-lataacuten ocioso completamente inuacutetil Nuestro siacutemil (εἰκόνα 489a) se explica por siacute mismo iquestPorqueacute admirarse que el filoacutesofo es inuacutetil en una ciudad Pero la falta la cometen quienes no lo utilizan No es parte de su obligacioacuten el de-mandar empleo deberiacutean interesarse aquellos que necesitan sus servicios264

489c-491a Es suficiente acerca de la lsquoinutilidadrsquo del filoacutesofo Pero el pre-

juicio maacutes serio que sufre la Filosofiacutea se debe a aquellos que pretenden ser filoacutesofos cuando no lo son De ellos se trata cuando la gente afirma que la mayoriacutea de los filoacutesofos son unos perversos Esforceacutemonos por mostrar que la filosofiacutea no es responsable de la corrupcioacuten de la naturaleza filosoacutefica El ver-dadero filoacutesofo a pesar de los conceptos erroacuteneos es como hemos visto un amante natural de la verdad y posee en consecuencia todas las virtudes del caraacutecter ya sentildealadas265 Tenemos que investigar (1) coacutemo es que esta dispo-sicioacuten en muchos casos se corrompe y (2) cuaacutel es el caraacutecter de estos falsos filoacutesofos que son responsables de los prejuicios en contra de la Filosofiacutea

262 Por boca de Adimanto se expresa una opinioacuten muy extendida entre los griegos y los contemporaacuteneos de todas las eacutepocas posteriores 263 Soacutecrates invita a Adimanto a escuchar una ldquocomparacioacutenrdquo un ldquosiacutemilrdquo eikōn uno de los tantos que haraacuten este libro justamente famoso 264 No es propio de estos gobernantes suplicar a los gobernados que se dejen go-bernar Los poliacuteticos de ahora sin embargo son los marineros que asaltan al timo-nel 265 ldquoThe knowledge of the Idea is indeed in Platos view an intellectual and moral regenerationrdquo (J Adam II pg 15)

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491a-495b La naturaleza filosoacutefica es un producto escaso cuyas verda-deras virtudes lo vuelven peculiarmente expuesto a la corrupcioacuten266 cuando se le coloca en ambientes desfavorables Las voces clamorosas de la opinioacuten puacuteblica expresadas en asambleas y otras reuniones puacuteblicas corrompe inevi-tablemente al joven al inducirlo a la conformidad consigo mismo267 Cuando ellos lo estiman necesario emplean la fuerza bajo el nombre de castigo Con-tra esas influencias no hay profesor posible que pueda luchar aunque la providencia de Dios pueda salvar a algunos En cuanto a los sofistas ellos siacute que convierten en sistema y ensentildean las opiniones de la multitud las que ellos mismos son incapaces totalmente de justificar pero aceptan sin reserva como su profesioacuten les exige que lo hagan Recuerda tambieacuten que las Ideas son tonteriacuteas para el vulgo por lo que ellos jamaacutes amaraacuten la sabiduriacutea o a sus se-guidores268 Socrates concluye mediante una descripcioacuten viacutevida y y muy real de una naturaleza filosoacutefica en proceso de corrupcioacuten

495b-496a Abandonada de sus legiacutetimos amantes la Filosofiacutea sola y

desolada se ve forzada a una alianza con pretendientes indignos La prole de esta unioacuten non sancta es una progenie bastarda de sofismas

496a-497a Los pocos que por variadas razones permanecen fieles a la

filosofiacutea se alejan de la vida poliacutetica Al actuar de ese modo ellos se mantie-nen inmaculados frente al mundo cosa que si bien no es un logro pequentildeo tampoco es el maacutes grande269 Si se encuentran con una repuacuteblica apropiada para ellos obtendraacuten un crecimiento mayor para siacute mismos asiacute como resulta-raacuten ser los salvadores de su paiacutes

266 El adagio latino atribuido a san Jeroacutenimo dice ldquoCorruptio optimi pessimardquo la corrupcioacuten del mejor es la peor 267 La peor escuela de educacioacuten no es la de los sofistas sino la de las asambleas populares como la ekklesiacutea o asamblea popular 268 ldquoEs imposible entonces que la multitud sea filoacutesofo (amante de la sabiduriacutea)ldquo (494a) J Adam resume la cuestioacuten del siguiente modo ldquoThe theory of Ideas is not democratic philosophyrdquo aunque la discusioacuten presente no trata directamente ese asunto 269 La vida del individuo adquiere su verdadera dimensioacuten en el acontecer de una sociedad organizada para el hombre griego en general como para Platoacuten la ciudad es el marco indispensable para una vida individual verdaderamente plena y feliz Porque hay en el hombre necesariamente una dimensioacuten social

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497a-498c Nuestra justificacioacuten de la filosofiacutea estaacute ahora completa

Queda por preguntarse doacutende estaacute la constitucioacuten poliacutetica adaptada a la na-turaleza filosoacutefica iquestDoacutende estaacute en otras palabras el mejor gobierno (ἡ πολιτεία) En la ciudad que hemos fundado excepto que se requiere una explicacioacuten maacutes completa para la posicioacuten de los gobernantes Un estado que ha de manejar la filosofiacutea sin peligro debe asumir una actitud nueva frente a sus suacutebditos La filosofiacutea deberiacutea recibir maacutes en vez de menos atencioacuten a medida que un hombre entra en la madurez

498c-502c Adimanto casi no espera que el razonamiento de Soacutecrates

persuada a la mayoriacutea de sus auditores Pero Soacutecrates no estaacute dispuesto a perder la esperanza pues cree que sus palabras pueden producir frutos en una vida futura si no lo hacen en esta En cuanto a la multitud su discon-formidad se explica faacutecilmente Ellos han escuchado bastante de una retoacuterica tintineante pero ellos no han visto todaviacutea jamaacutes un filoacutesofo-rey ni estaacuten acostumbrados a discursos cuya uacutenica meta es la verdad Nuestra ciudad per-fecta se hace real siempre y en cualquier parte dondequiera y cuandoquiera que la Filosofiacutea llegue a obtener el poder La multitud asentiraacute si la aborda-mos correctamente270 porque su odio es contra los falsos filoacutesofos y no en contra de los verdaderos El amante de la verdad se haya absorto en la con-templacioacuten de las realidades inmutables a cuya imagen eacutel intenta formular las instituciones humanas en caso de que sea llamado a participar en la vida puacuteblica Sentildeaacutelale esto a la multitud y razona con ellos y ellos estaraacuten de acuerdo Nuestras propuestas aunque difiacuteciles no son imposibles271

502c-504a Nuestra tarea proacutexima consiste en describir a los gobernantes

y su posicioacuten en nuestra ciudad Ya hemos visto que ellos deben ser patriotas

270 A pesar de todo Platoacuten confiacutea en el poder de la razoacuten para persuadir a la mayo-riacutea a plegarse a su proyecto No es una tiraniacutea la que pretende imponer sino el go-bierno del mejor El proverbio griego atribuido a Soloacuten deciacutea χαλεπὰ τὰ καλά ldquolo bello es difiacutecilrdquo (ver Hipias Mayor 304e) 271 El plan propuesto por Platoacuten pretende ser el mejor siempre que sea realizable La ciudad ideal no es en esencia un imposible sino en cuanto que su condicioacuten de oacuteptima hace difiacutecil su realizacioacuten en sentido estricto no es una utopiacutea aunque ten-ga muchas de las caracteriacutesticas adscritas a esta

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agreguemos ahora que deben ser filoacutesofos272 Aquellos que combinan los ras-gos peculiares del temperamento filosoacutefico son necesariamente pocos y de-ben ser sometidos tanto a rigurosas pruebas intelectuales como morales para ver si seraacuten capaces de soportar los maacutes grandes estudios (μαθήματα)

504a-505b Glaucoacuten pregunta cuaacuteles son esos lsquomaacutes grandes estudiosrsquo Tuacute

recordaraacutes dice Soacutecrates que nosotros describimos nuestro anterior meacutetodo psicoloacutegico de llegar a las virtudes como inadecuado e incompleto Nuestros guardianes deben recorrer un largo camino si han de alcanzar su propia me-ta es decir el estudio maacutes alto de todos (μέγιστον μάθημα) que es algo que estaacute maacutes allaacute y es incluso superior a las virtudes Y todas esas mismas virtu-des no deben maacutes ser vistas solo meramente en bosquejo ellas deben ser es-tudiadas en toda su plenitud y perfeccioacuten El maacutes alto estudio es la Idea del Bien (ἡ τοῦ ἀγαθοῦ ἰδέα) como Glaucoacuten ha escuchado a menudo antes Es el conocimiento de esta Idea el uacutenico que hace uacutetil y beneficioso a todo otro conocimiento273

505b-506a iquestQueacute es por consiguiente el Bien La mayoriacutea contesta lsquoel

placerrsquo otros maacutes refinados lsquoel conocimientorsquo Ninguno de estos puntos de vista es defendible Los hombres estaacuten constantemente disputando acerca del Bien pero su existencia es praacutecticamente admitida por todos ya que es el ob-jetivo uacuteltimo de todo esfuerzo La Idea del Bien debe ser conocida por nues-tros guardianes pues a menos que ellos conozcan la conexioacuten entre el Bien y los ejemplos particulares de lo justo lo honorable y otros casos ellos no pue-den guardar estos uacuteltimos o incluso no se puede decir verdaderamente que los conozcan en una medida adecuada

506b-508b Despueacutes de cierta vacilacioacuten Soacutecrates se compromete a des-

cribir la Idea del Bien no como es ella en siacute misma sino a traveacutes de su ima-gen su semejanza es decir de su vaacutestago (ἔγκονος)

272 Se aspira a una armoniosa combinacioacuten de cualidades morales e intelectuales 273 Se entiende que maacutethema expresa a la vez la idea de lsquoestudio disciplinarsquo y la de lsquosaber conocimientorsquo

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Permiacutetanme recordarles continuacutea diciendo nuestra acostumbrada dis-tincioacuten entre particulares e Ideas las primeras son percibidas por la visioacuten (ὁρᾶσθαι) las uacuteltimas son concebidas por el entendimiento (νοεῖσθαι 507c) pero no vistas En el caso de la mayoriacutea de los sentidos nada se requiere a excepcioacuten de la facultad y su objeto para que una sensacioacuten pueda tener lu-gar Pero para que podamos ver un tercer requisito es necesario a saber la luz (φῶς) Ahora bien el autor de la luz es el Sol (τὸν ἥλιον) y en conse-cuencia podemos decir que el Sol es la causa de la visioacuten No debemos identi-ficar ni la visioacuten (ὄψις) ni el ojo (ὄμμα) con el Sol aunque el ojo se asemeja al Sol maacutes iacutentimamente que ninguacuten otro oacutergano del sentido274 y el Sol mismo es visto por el ojo

508b-509a Es suficiente acerca de nuestro siacutemil La interpretacioacuten es la

siguiente El hijo o vaacutestago del Bien es el Sol cuya relacioacuten con la vista y sus objetos es la misma que la del Bien con la inteligencia (νοῦς) y los objetos de pensamiento (τὰ νοούμενα) El elemento anaacutelogo de la luz es la verdad (ἀλήθεια)275 asiacute como no podemos ver sin la luz asiacute tambieacuten cuando la ver-dad estaacute ausente no podemos conocer La Idea del Bien es la fuente de la Verdad y el conocimiento y aunque se la conciba como aprehendida por el conocimiento es sin embargo causa (αἰτίαν) del conocimiento y la verdad276 Asiacute como la luz y la visioacuten se asemejan al Sol asiacute la verdad y el conocimiento

274 El teacutermino de Platoacuten es ἡλιοειδήστατον lsquoel maacutes parecido al Solrsquo (508b 3) que es usado uacutenicamente aquiacute en superlativo y en 509a 1 (ἡλιοειδῆ) En Heidegger mdashLa doctrina de la verdad seguacuten Platoacutenmdash se dice ldquohelioiderdquo ldquosolisiacutemilrdquo Sin duda que se quiere sentildealar con esto la profunda afinidad del oacutergano con la luz su cristalina transparencia 275 ldquoThe entire simile is plunged in confusion if Light is equated with anything ex-cept Truthrdquo (J Adam II pg 60) 276 J Adam II (pg 60) presenta el siguiente cuadro de comparaciones regioacuten visible (τόπος ὁρατός) asymp regioacuten inteligible (τόπος νοητός) (1) Sol asymp Idea del Bien (2) Luz asymp Verdad (3) Objetos de visioacuten (colores) asymp Objetos de conocimiento (Ideas) (4) Sujeto que ve asymp Sujeto que conoce (5) Oacutergano de la visioacuten (ojo) asymp Oacutergano del conocimiento (νοῦς) (6) Facultad de la visioacuten (ὄψις) asymp Facultad del entendimiento (νοῦς) (7) Ejercicio de la visioacuten (ὄψις ὁρᾶν) asymp Ejercicio del entendimiento (νοῦς ie νόησις γνῶσις ἐπιστήμη) (8) Habilidad para ver asymp Habilidad para conocer

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se asemejan al Bien277 pero el Bien no es ideacutentico con ninguno de ellos ya que los trasciende a ambos278

509a-c En segundo lugar el Sol tambieacuten proporciona a los objetos de

visioacuten la generacioacuten (γένεσιν) el crecimiento y la alimentacioacuten aunque la generacioacuten no es ideacutentica con el Sol279 De manera semejante los objetos de conocimiento (γιγνοσκομένοις) reciben del Bien no solo su capacidad de ser conocidos (τὸ γιγνώσκεσθαι) sino tambieacuten su ser (τὸ εἶναι) y su esencia (οὐσίαν) este sin embargo es en siacute mismo distinto de la esencia y superior a ella280

509c-511e Soacutecrates ante una peticioacuten de Glaucoacuten procede ahora a ex-

poner la comparacioacuten de manera maacutes completa Tomemos una liacutenea (γραμμὴν) y dividaacutemosla en dos partes desiguales para representar respec-tivamente los objetos de visioacuten (τοῦ ὁρωμένου) y los objetos de pensamiento (τοῦ νοουμένου)281 Si subdividimos adicionalmente cada parte en propor-cioacuten a las secciones originales tendremos cuatro segmentos representando

277 ldquoJust as therefore the sun is the source of light so the Idea of the Good is the source of truthrdquo (J Raven Platos Thought in the Making pg 137) 278 ldquoNo hay que identificar la Idea del Bien en siacute dice J Raven (op cit pg 137) ni con el conocimiento ni con el entendimiento La verdad y el conocimiento son sin embargo lo maacutes semejante de todas las cosas a la Idea del Bienrdquo 279 ldquoEn la filosofiacutea de Platoacuten comenta J Adam II (pg 61) el conocimiento es la con-trapartida epistemoloacutegica del Ser el Ser la contrapartida ontoloacutegica del conocimien-to La unidad final en la que tanto el conocimiento como el Ser se encuentran es la Idea del Bien que es por consiguiente la causa suprema y uacuteltima del Universordquo 280 ldquoEn cuanto que causa de la generacioacuten (γένεσις) podemos de hecho considerar el Sol como la sola y verdadera generacioacuten pues todas las cosas generadas (γιγνόμενα) se derivan de eacutel De modo semejante el Bien no es esencia (οὐσία) en el sentido en que las Ideas son esencias pero en un sentido superior es la uacutenica esencia verdadera pues todas las esencias son sοlo determinaciones especiacuteficas del Bienrdquo (J Adam II pg 62) 281 La Liacutenea dice J Raven (Platos Thought in the Making pg 144) ldquoaims to throw light on the contents of the intelligible world by means of the analogy with the visi-blerdquo Este siacutemil de Platoacuten que representa una verdadera ldquoescala vertical de la realidadrdquo (J Raven op cit pg 145) muestra el trazo de una liacutenea dividida en pro-porciones que simbolizan una claridad u obscuridad comparativas ldquothe shorter the segment the more obscure its contentsrdquo (ibid pg 145) Como un recuerdo de la figura del sol y su luz en el siacutemil anterior aquiacute a mayor verdad mayor es la clari-dad de los objetos

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en orden de claridad (σαφήνείᾳ) (1) imaacutegenes (εἰκόνες) y cosas parecidas (2) las asiacute llamadas cosas reales como por ejemplo los animales que nos rodean y las plantas (3) los objetos de ese meacutetodo intelectual que desciende desde su-puestos o hipoacutetesis (ὑποθέσεις) hasta la conclusioacuten usando objetos sensibles como imaacutegenes o ilustraciones (4) los objetos de ese meacutetodo intelectual que asciende desde supuestos hasta un primer principio no supuesto (ἀνυπόθετον) sin hacer uso de ninguacuten tipo de ilustracioacuten sensible y despueacutes de eso desciende a una conclusioacuten La tercera seccioacuten representa los temas investigados por las asiacute llamadas lsquoartesrsquo o las ciencias matemaacuteticas la cuarta es la esfera de la dialeacutectica el nivel de la Ideas inteligibles Los estados menta-les correspondientes son llamados por Soacutecrates lsquoimaginacioacutenrsquo (εἰκασία) lsquocreenciarsquo (πiacuteστις) lsquopensamientorsquo (διάνοια) lsquointeligenciarsquo (νόησις) Cada uno de estos es claro o cierto exactamente en la medida en que sus objetos son verdaderos282

Libro seacuteptimo 514a-517a El siacutemil siguiente representa nuestra naturaleza con respecto

a la educacioacuten (παιδείας) y a la ausencia de ella (ἀπαιδευσίας)283 Imagi-neacutemonos un nuacutemero de prisioneros confinados en una caverna subterraacutenea e

282 La sombras y los reflejos derivan su existencia y su inteligibilidad de los objetos de los que ellos son sombras o bosquejos por una parte estos derivan y dependen de aquellos y por otra estos bosquejos sentildealan hacia esos objetos y son comprendi-dos en referencia a ellos (Ver DA Rees Introduction ed 1962 The Republic of Plato de J Adam pg XXXVII) 283 Es conveniente notar que el siacutemil de la Caverna representa la situacioacuten del hom-bre sin educacioacuten y de lo que pasariacutea si convertido a la verdad (que es el objeto y contenido de la verdadera educacioacuten) transformara su alma mediante la contempla-cioacuten de la realidad pura La educacioacuten (παιδεία) se iguala a una conversioacuten al Ser es decir hacia lo maacutes verdadero y real La presencia en nosotros del Ser instaura en nuestra alma la verdad

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incapaces de ver otra cosa que no sea sombras de imaacutegenes y otros objetos semejantes proyectados por la luz de un fuego Tales hombres creeraacuten que las sombras de objetos manufacturados son la uacutenica verdad Si fueran libera-dos284 y conducidos paso a paso hacia la luz ellos querraacuten volverse y escapar hacia el interior de la caverna pero si los obligamos a salir terminaraacuten gra-dualmente por acostumbrarse al deslumbramiento y a ser capaces de con-templar al Sol y de comprender su soberaniacutea en el dominio de las cosas visi-bles La compasioacuten por sus anteriores amigos comenzaraacute entonces a mezclar-se con el gozo de su propia escapatoria Si volvieran a descender a su lugar anterior285 la obscuridad afectaraacute al principio su visioacuten y los expondraacute a la risa de los demaacutes quienes podriacutea ser echaraacuten manos sobre sus liberadores y los mataraacuten

517a-518b El siacutemil de la Caverna deberiacutea asociarse con el de la Liacutenea286

La Caverna es el mundo visible el fuego es el Sol y el viaje de los prisioneros hacia la luz se asemeja al ascenso del alma hacia la esfera inteligible en la que la Idea del Bien reina suprema No deberiacutea sorprendernos ver que el filoacutesofo estaacute poco dispuesto a dejar la luz del pensamiento por la oscuridad de los asuntos praacutecticos o que eacutel se encuentra aturdido y confundido al actuar alliacute

284 El camino hacia la liberacioacuten (λύσιν) y la curacioacuten (ἴασιν) del prisionero estaacute en estricta y progresiva relacioacuten con su ascenso hacia la luz y el Sol En ese sentido la filosofiacutea instaura en el alma del individuo una viacutea de liberacioacuten Si conforme al meacute-todo de Platoacuten establecemos la relacioacuten individuo sociedad resulta que la filosofiacutea estaacute llamada a proporcionar libertad a la ciudad aquella que proviene de la con-templacioacuten de la verdad inteligible 285 Esta vuelta forzosa a la Caverna de los contempladores del Sol-Bien es esencial para los objetivos poliacuteticos del siacutemil La visioacuten de la verdad va unida al compromiso de volver al lugar de los reflejos con la intencioacuten de establecer un nuevo orden de cosas en esa sociedad de sombras Con ocasioacuten de esa vuelta se ha dicho que el len-guaje de Platoacuten no deja dudas de que eacutel quiere sentildealar con ese regreso un retorno a la vida de la ciudad y la praacutectica de las virtudes ciacutevicas ldquoEn consonancia con ello los habitantes de la Caverna seraacuten aquellos hombres que de hecho han de hallarse ocupados en asuntos praacutecticos y sobre todo puacuteblicosrdquo (D A Rees Introduction en J Adam op cit pg XL) 286 Aunque ldquoa diferencia de la Liacutenea mdashdice DA Rees Introduction (op cit pg XXXIX)mdash la Caverna muestra un movimiento temporal y este hecho es en siacute mismo una indicacioacuten de los peligros inherentes en cualquier intento de una correlacioacuten estrecha entre los dos En cuanto la Caverna mira hacia atraacutes ella mira tanto hacia el Sol como hacia la Liacuteneardquo

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518b-521b Se sigue que la educacioacuten no es un modo de poner conoci-

miento en almas vaciacuteas sino una revolucioacuten del entendimiento u oacutergano del saber cuya mirada debe estar dirigida hacia el Ser (τὸ ὄν) y la parte maacutes bri-llante de eacutel que es el Bien (τἀγαθόν) El alma entera se vuelve con el enten-dimiento en esta revolucioacuten287 Este retorno al Ser no es otra cosa que una vuelta del alma hacia la realidad Las otras virtudes son secundarias y exte-riores pero el entendimiento no pierde jamaacutes su poder y actuacutea quieacuteralo o no seguacuten se ha convertido o no por medio de la educacioacuten Las mejores natu-ralezas en nuestra ciudad luego de haber ascendido (ἀναβῆναι 519d) hacia el Bien deben volver a juntarse con los prisioneros que habiacutean dejado El for-zarlos asiacute a descender (καταβαίνειν) de nuevo puede parecer injusto pero la ley busca hacer proacutespero al conjunto de la ciudad y no a una sola clase Y es ciertamente justo tambieacuten que ellos paguen asiacute a su paiacutes por haberlos criado y educado Ellos admitiraacuten la fuerza de nuestras demandas y aceptaraacuten su turno en la obra de gobierno no ansiosamente sino como una necesidad288 Hemos visto que una ciudad bien gobernada es imposible a menos que una perspectiva de vida mejor que la de gobernar se abra a sus gobernantes y la vida del verdadero filoacutesofo es mejor

521c-523a Debemos considerar a continuacioacuten coacutemo podemos conducir

a nuestros guardianes hacia la luz Los estudios (μάθημα 521d) que necesi-tamos son de una calidad tal como para arrastrar nuestra alma desde la gene-racioacuten al Ser289 y son al mismo tiempo de alguna utilidad praacutectica en la gue-rra Nuestra preparacioacuten anterior en la gimnasia y la muacutesica no nos serviraacute

287 En la teoriacutea platoacutenica de la educacioacuten comenta J Adam (II pg 98) estaacute com-prometida el alma en su integridad Esta lsquorevolucioacutenrsquo (περιαγωγή) espiritual se aplica ahora primaria e inmediatamente al intelecto aunque produce una revolu-cioacuten moral no menor que una intelectual ldquoLa disciplina moral de los libros II-IV contrariamente a ser dejada de lado es fortalecida y consolidada mediante su inte-lectualizacioacutenrdquo 288 Una antigua expresioacuten eclesiaacutestica dice nolentibus datur es decir ldquose otorga ltun obispadogt a los que no lo quierenrdquo 289 521d ἀπὸ τοῦ γιγνομένου ἐπὶ τὸ ὄν ldquoDesde lo generado hacia el Serrdquo Un iti-nerario desde lo generado y sensible hacia el ser y lo real Porque los verdaderos poliacuteticos de esta ciudad deben conocer la realidad no su apariencia

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para este propoacutesito ni tampoco lo seraacuten las artes mecaacutenicas iquestQueacute me dices del nuacutemero y el caacutelculo que forman parte de cada arte y ciencia Su impor-tancia en la estrategia es obvia y hallaremos que aquellos si son usados co-rrectamente conducen evidentemente a las almas hacia la inteligencia y el ser

523a-524c Yo distingo dice Soacutecrates entre dos clases de percepciones

(ἐμ ταῖς αἰσθήσεσιν) a saber las que estimulan a la inteligencia (νόησιν) y las que no lo hacen Corresponde a las primeras todas aquellas representacio-nes sensoriales que son auto-contadictorias Tenemos aquiacute por ejemplo tres dedos La vista nos dice que cada uno es un dedo Hasta aquiacute no hay contra-diccioacuten y la inteligencia no es excitada Pero en otros respectos lo es con el tamantildeo y la pequentildeez el grosor y la delgadez y cosas parecidas La percep-cioacuten que reporta que tal o cual cosa es dura frecuentemente nos cuenta que es tambieacuten blanda y lo mismo mutatis mutandis puede decirse de todas las percepciones que tratan con cualidades relativas de este tipo En tales casos el alma estaacute perpleja y acude a la inteligencia por ayuda La inteligencia res-pondiendo con prontitud comprende lsquograndersquo y lsquopequentildeorsquo por ejemplo co-mo distintos y separados uno del otro a diferencia de los sentidos por los que ellos eran vistos no separados sino confundidos Es asiacute que somos condu-cidos primero a preguntar lsquoiquestqueacute es lo grandersquo y lsquoiquestqueacute es lo pequentildeorsquo

524c-526c Considera ahora a cuaacutel de esas clases pertenece el nuacutemero y

la unidad Nuestra percepcioacuten de lsquounidadrsquo (τὸ ἕν) es auto-contradictoria pues cada unidad que vemos la vemos a la vez como una e infinita en nuacuteme-ro Esto es verdadero tambieacuten del nuacutemero en general ya que es verdadero del lsquounorsquo (τὸ ἕν) La ciencia del nuacutemero es por consiguiente un estudio con-veniente tanto por motivos educacionales como utilitarios con tal que sea ejercido de tal modo que conduzca al alma desde los nuacutemeros visibles hasta los invisibles de la verdadera matemaacutetica Podemos antildeadir que los estudios aritmeacuteticos son una prueba excelente de capacidad general una buena disci-plina intelectual y por lo demaacutes difiacutecil

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526c-527c En el orden siguiente estaacute la geometriacutea plana No necesitamos extendernos en su utilidad praacutectica la cuestioacuten importante es si ella propende a volver el alma hacia el ser y la Idea del Bien (τὴν τοῦ ἀγαθοῦ ἰδέαν 526e) Un mero novicio en geometriacutea sabe que ella no es un arte praacutectico a pesar de teacuterminos tales como lsquocuadrarrsquo etceacutetera que la pobreza del lenguaje obliga a emplear El objeto del conocimiento geomeacutetrico es el ser eterno290 Por esta razoacuten prescribiremos el estudio de la geometriacutea una materia que es ademaacutes ventajosamente uacutetil y excelente como disciplina preparatoria

527c-528e iquestPrescribiremos como nuestro tercer estudio la astronomiacutea

Glaucoacuten aprueba indicando su utilidad en los asuntos praacutecticos Luego de reprender a su amigo por defender el curriacuteculo platoacutenico principalmente por este motivo Soacutecrates observa que primero deberiacutea estudiarse lo soacutelido en siacute y despueacutes lo soacutelido en movimiento En otras palabras la estereometriacutea (στερεὸν 528b-c)291 deberiacutea preceder a la astronomiacutea Aunque los problemas de los soacutelidos no se resuelven todaviacutea podemos esperar eacutexito con una direc-cioacuten apropiada y con el apoyo del Estado

528e-530c La astronomiacutea (ἀστρονομἰα) seraacute en conformidad cuarta en

orden y la estereometriacutea tercera Siacute dijo Glaucoacuten pues de seguro que la as-tronomiacutea impulsa al alma a mirar lsquohacia arribarsquo (ἄνω βλέπειν 529b) Por el contrario responde Soacutecrates como se la estudia al presente la astronomiacutea vuelve los ojos del alma hacia abajo aunque el ojo corporal mira hacia arriba La verdadera astronomiacutea no es la observacioacuten de los cielos visibles que son como todas las cosas vistas imperfectas y sujetas a cambio es una ciencia matemaacutetica que estudia los verdaderos movimientos de las estrellas inteligi-bles y usa el firmamento visible como su planetario (529d-e) Nos dedicare-mos por consiguiente a la astronomiacutea valieacutendonos de problemas y nos des-pediremos de lo que hay en el cielo

290 527b τοῦ γὰρ ἀεὶ ὄντος ἡ γεωμετρικὴ γνῶσίς ἐστιν La verdadera geometriacutea es un saber de lo real e inteligible 291 El propio teacutermino ldquoestereometriacuteardquo (στερεομετρίαν Epin 990d) aparece solo en el Epiacutenomis (que algunos consideran no platoacutenico) como algo distinto de la geome-triacutea Es usado ya por Aristoacuteteles

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530c-531c Luego vendraacute la ciencia que es hermana de la astrononomiacutea a saber la armoniacutea (ἁρμονία) Por mayores detalles nos remitiremos a los pitagoacutericos teniendo cuidado sin embargo de mantener intactos nuestros principios directivos Podemos no hacer caso de gente que trata de determi-nar un intervalo miacutenimo y una unidad de medida por percepcioacuten auditiva pero los pitagoacutericos estaacuten tambieacuten equivocados ya que lo que ellos estudian son las proporciones numeacutericas de las armoniacuteas audibles Ellos deben ascen-der a los verdaderos problemas y examinar queacute nuacutemeros son consonantes cuaacuteles no y porqueacute La ciencia de la armoniacutea es inuacutetil para nuestros propoacutesi-tos si se ejerce de otra manera

531c-533d La prosecucioacuten de estos estudios si permiten descubrir sus

relaciones mutuas contribuiraacuten a los fines que perseguimos pero despueacutes de todo ellos son solo un preludio a la dialeacutectica (τὸ διαλέγεσθαι) Podemos comparar la dialeacutectica a la marcha de los prisioneros desde que ven los ani-males reales hasta que contemplan el Sol y comparar a su vez esos estudios preparatorios a su liberacioacuten y ascenso desde las sombras e imaacutegenes al inte-rior de la caverna hasta las sombras de los objetos reales en el mundo de arri-ba Soacutecrates no acepta hacer una estimacioacuten del meacutetodo y objeto de la dialeacutec-tica pero insiste en que el Bien debe ser visto y que solo la dialeacutectica puede revelarlo pues el meacutetodo dialeacutectico (ἡ διαλεκτικὴ μέθοδος) es el uacutenico estu-dio que se eleva sobre las ruinas de sus presupuestos (ὑπόθεσις) hasta la Idea del Bien conduciendo el alma hacia lo alto y usando las lsquoartesrsquo como auxilia-res de esta labor de atraccioacuten educativa292

533e-534e En conclusioacuten despueacutes de sentildealar las relaciones entre los di-

ferentes estados intelectuales Soacutecrates declara que la caracteriacutestica esencial de la dialeacutectica es su poder de comprender la razoacuten o principio de todo ser se-parando la Idea del Bien por ejemplo de todas las demaacutes definieacutendola en palabras y examinado la definicioacuten por medio de pruebas de todas y de cada

292 Acerca del meacutetodo dialeacutectico J Adam sentildeala ldquoFormalmente considerada la dialeacutectica procede como el severo interrogatorio socraacutetico por preguntas y respues-tas (534D) La dialeacutectica es por sobre todo sinoacuteptica esforzaacutendose por ver doacutende estaacute el uno y lo muacuteltiple (531D 537BC) De ahiacute que la coordinacioacuten de las ciencias es una buena preparacioacuten para el maacutes alto estudiordquo (II pg 173)

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una de las que debe resultar triunfante Glaucoacuten estaacute de acuerdo en que un tal estudio es indispensable para los gobernantes y de que el curriacuteculo de estudios estaacute ahora completo

535a-536b Solo queda por designar a quieacutenes daremos estas ensentildeanzas

y prescribir el modo de hacerlo Nuestros alumnos deben poseer no solo cua-lidades como la generosidad o la virilidad sino tambieacuten aquellas otras cuali-dades naturales que nuestro peculiar curso de entrenamiento exige Ellas son ahora enumeradas por Soacutecrates

536b-537c Despueacutes de pedir disculpas por su celo excesivo en defensa

de la Filosofiacutea Soacutecrates establece sus estatutos Debemos seleccionar nuestros alumnos en tanto que son joacutevenes y someterlos en su juventud a todos los estudios preparatorios preocupaacutendose de evitar la coaccioacuten que se eduquen jugando Al mismo tiempo habraacuten de ser llevados al campo de batalla como espectadores y recibir su iniciacioacuten en las armas De los dieciocho a los vein-te los ejercicios gimnaacutesticos demandan su atencioacuten completa A los veinte aquellos que han demostrado ser los mejores ingresaraacuten en un sistemaacutetico estudio comparativo de las matemaacuteticas y los otros estudios por un periacuteodo de diez antildeos

537d-540c En esta etapa se seleccionaraacute a los maacutes haacutebiles para ascender-

los a honores maacutes grandes y probarlos por medio de la dialeacutectica Se debe tener gran cuidado al introducirlos en este estudio porque cuando el caraacutecter es inmaduro y deacutebil el debate dialeacutectico frecuentemente engendra tambieacuten desobediencia (παρανομία)293 al derribarse creencias heredadas Prohibire-mos en consecuencia tales disputas dialeacutecticas a los joacutevenes Despueacutes de cin-co antildeos consagrados a la dialeacutectica los proacuteximos quince se ocuparaacuten en la adquisicioacuten de una experiencia de gobierno y asuntos praacutecticos A la edad de cincuenta aquellos que se hayan destacado y superado todas las pruebas se dedicaraacuten a partir de entonces a la contemplacioacuten del Bien (ἰδόντας τὸ ἀγαθὸν αὐτό 540a) debiendo descender cuando llegue su turno a la Ca-

293 El sentido literal de paranomiacutea es el de lsquotransgresioacuten de la leyrsquo de ahiacute su sentido de lsquohaacutebitos desordenadosrsquo

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verna para ordenar las instituciones humanas conforme a su semejanza To-das estas normativas se aplican por supuesto tanto a mujeres como a hom-bres

Libro octavo 543a-545c Soacutecrates ahora vuelve al punto en que comenzoacute la lsquodigresioacutenrsquo

que ha ocupado los libros V-VII Hay como observamos cuatro variedades principales de estados e individuos ademaacutes del gobierno perfecto y el hom-bre perfecto En orden de merecimiento ellos son (1) Timarquiacutea o el estado cretense y laconio (2) Oligarquiacutea (3) Democracia (4) Tiraniacutea Todos los otros tipos de repuacuteblica tales como dinastiacuteas etc se encuentran en alguna parte de esas variedades primeras y evidentes Ademaacutes ya que el caraacutecter especiacutefico de los estados es determinado por el de los individuos habraacute cinco tipos principales de caracteres individuales personificados respectivamente en (1) el hombre aristocraacutetico (2) el timocraacutetico (3) el oligaacuterquico (4) el democraacuteti-co (5) el tiraacutenico Hemos descrito ya al primero de esos pero debemos tam-bieacuten revisar los otros para que haciendo contrastar el mejor con el peor seamos capaces de comprender la relacioacuten entre la justicia sin mezcla (ἄκρατος)294 y la injusticia sin mezcla en relacioacuten con la felicidad y la desgra-cia de sus poseedores295 Como antes examinaremos primero los caracteres (τὰ ἤθη) en los regiacutemenes poliacuteticos y luego los individuos

294 Es decir pura en toda su fuerza 295 ldquoNos hemos familiarizado ya con el caraacutecter del hombre perfecto pero tenemos todaviacutea que descubrir y describir τὸν κάκιστον ltlsquoel peorrsquogt para que podamos esta-blecer nuestra comparacioacuten y pronunciar nuestro veredicto Esta es la tarea a la que Platoacuten se aplica en los libros VIII y IX hasta el 576b)rdquo seguacuten J Adam II pg 195 No se trata de la explicacioacuten de un desarrollo histoacuterico sino de una teoriacutea de la deca-dencia poliacutetica que se basa a su vez en una teoriacutea de la degeneracioacuten psicoloacutegica (cf Adam II pg 196) Complementando el punto relativo a la descripcioacuten de los regiacutemenes en que se po-ne especial eacutenfasis en mostrar la ciudad y el tipo de hombre peor J Adam antildeade (pg 199) ldquoThe form which he does in point of fact select is that of a historical narra-tive but the real order of the development which he describes is a lsquological orderrsquo and is primarily determined by psychological and not by historical considerationsrdquo

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545c-547c iquestCoacutemo surge la timarquiacutea de la aristocracia296 Podemos asentar como una regla universal que un cambio constitucional se origina por la disensioacuten (στάσις)297 al interior de la clase gobernante Soacutecrates invoca a las Musas para decir lsquocoacutemo entroacute la primera sedicioacutenrsquo Como todo lo demaacutes nuestra ciudad perfecta estaacute sujeta a una ley de naturaleza universal de que todo lo que es creado perece298 A partir de los elementos del nuacutemero que expresa el periacuteodo maacutes corto de gestacioacuten en el geacutenero humano Soacutecrates construye un lsquonuacutemero geomeacutetricorsquo299 que eacutel llama lsquosentildeor de los nacimientos mejores y peoresrsquo300 Cuando debido a la ignorancia de este se unen parejas en forma inoportuna surge como teniacutea que serlo una raza degenerada de

296 Creo que podremos utilizar libremente lsquotimarquiacutearsquo o lsquotimocraciarsquo como lo pro-pone el mismo Platoacuten ldquoya que no tengo otro nombre con queacute llamarlo habraacute que denominarla o timocracia o timarquiacuteardquo dice en 545 b (ἢ τιμοκρατίαν ἢ τιμαρχίαν Platoacuten mdash545bmdash afirma que es ldquoel reacutegimen poliacutetico que busca los honoresrdquo (philoti-mos tambieacuten lsquoambicioso emulador aacutevido de honrarsquo) LSJ ldquostate in which the love of honour is the ruling principlerdquo En cuanto a la concepcioacuten aristoteacutelica (Eacutetica Nico-maquea 1160a30 b17) se dice ldquostate in which honours are distributed according to a rating of property timocracyrdquo En cuanto a la aristokratiacutea sabemos que es el gobierno de los mejores en primer lugar en un sentido maacutes especiacutefico el de los nobles Puede tambieacuten considerarse una aristocracia el gobierno de los ricos si tiene caracteriacutesticas positivas u oligarquiacutea si predominan las negativas (cf Platoacuten Poliacutetico 301a) 297 stasis puede significar la posicioacuten el estado de una persona de ahiacute partido Y en un contexto poliacutetico como el nuestro una faccioacuten un partido formado con propoacutesitos sediciosos La stasis no es propiamente ni lsquorevolucioacutenrsquo ni lsquosedicioacutenrsquo ni siquiera lsquocambio de constitucioacutenrsquo (metaboleacute ) sino que en palabras de Marcus Wheeler ldquodes-cribe una situacioacuten cuyo rasgo esencial es el uso de la violencia o conducta (beha-viour ) lsquoilegalrsquo de dos o maacutes gruposrdquo (J O Velaacutesquez Platoacuten y la soberaniacutea del es-tado en Revista de Filosofiacutea vol XXXI-XXXII (1988) Santiago de Chile pg 38 298 Se enuncia como de paso este principio ldquola destruccioacuten es inherente a todo lo generadordquo (546a) y esto explica el porqueacute de la decadencia de las construcciones ciacutevicas de los hombres De ahiacute los ciclos de destruccioacuten que se suceden en la historia humana (cf Timeo 22d Leyes III 677e) Hay que hacer notar sin embargo que la cau-sa de la decadencia no estaacute propiamente en la ciudad ideal que aquiacute se proyecta sino en estas razones superiores de la naturaleza de las cosas 299 Luego de presentar esta especie de ley universal de la naturaleza toda por la que todas las cosas generadas poseen una tendencia intriacutenseca a la decadencia y destruccioacuten se inicia ldquola construccioacuten de un nuacutemero que es expresioacuten de esta ley de degeneracioacuten inevitable a la que estaacute sujeto el universo y todas sus partesrdquo de ese modo mediante complejos caacutelculos de sabor pitagoacuterico Platoacuten ldquointenta dar una expresioacuten aritmeacutetica a la ley del cambio con aquello que eacutel llama el nuacutemero geomeacute-trico ltγεωμετρικὸς ἀριθμόςgt (J Adam II pg 202) 300 ldquoY todo este nuacutemero geomeacutetrico dice Platoacuten es sentildeor ltde los nacimientos mejo-res y peoresgtrdquo (546c)

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hijos301 Los mejores de estos se convierten con el tiempo en gobernantes pero la mezcla de razas mdashde oro de plata de cobre de broncemdash se acrecienta y tiene por resultado la sedicioacuten Las facciones en lucha finalmente mediante un compromiso producen la transicioacuten a la timarquiacutea mdashuna forma de repuacute-blica que se situacutea a medio camino entre la aristocracia y la oligarquiacutea

547c-548d Es suficiente en cuanto al origen de la timarquiacutea En su re-

presentacioacuten se asemejaraacute por una parte a la aristocracia y a la oligarquiacutea por otra en parte tendraacute tambieacuten sus peculiaridades Los rasgos aristocraacuteticos son el respeto por la clase gobernante y asiacute sucesivamente su propia peculia-ridad distintiva es el amor por la guerra y asuntos guerreros en codicia y avariacia es como en la oligarquiacutea302 En general la timarquiacutea es una mezcla de bien y mal pero la caracteriacutestica mas visible de este reacutegimen es el amor por la victoria y el honor303

548d-550c El caraacutecter del hombre timocraacutetico es descrito ahora en estre-

cha analogiacutea con el del estado timocraacutetico (548d-549b) En origen mdashSoacutecrates continuacutea diciendomdash este fue el hijo de un buen padre que vive en una ciudad mal regulada y que se abstiene de la actividad ciacutevica Impulsado por los pre-ceptos y exemplo de su padre hacia una vida superior y por la influencia ma-

301 Por lo visto los gobernantes con todo su saber se equivocan (ldquoignoraacutendolordquo) y no logran siempre perfectas uniones entre novios y novias Todo el paacuterrafo nos muestra en resumen ldquoque los filoacutesofos-reyes estaacuten sujetos a dos limitaciones una bioloacutegica y un tanto misteriosa la otra cognitiva y faacutecilmente inteligible La limitacioacuten bioloacutegica es que la calidad de los reyes-filoacutesofos estaacute de-terminada por doacutende en un ciclo natural estaacuten sus padres cuando se les concibe La limitacioacuten cognitiva es que ellos deben emplear la percepcioacuten sensorial para hacer realidad sus teoriacuteas en la praacutecticardquo (CDC Reeve Philosopher -Kings Princeton 1988 pgs 114-15) 302 Es probable que la mayor parte de esta descripcioacuten esteacute basada y diga referen-cia con reacutegimen espartano 303 En la timocracia como dice Platoacuten ldquohay un dominio del elemento fogosordquo (548c) que apunta especialmente a los aspectos tanto valerosos como coleacutericos (lsquoirasciblesrsquo) del caraacutecter humano Con philonikiacutea se enfatiza aquiacute maacutes el aspecto de emulacioacuten que el de rivalidad lsquoamor por la victoriarsquo y philotimiacutea es aquiacute maacutes lsquoamor por los honoresrsquo y las distinciones que lsquorivalidad ambiciosarsquo En ambos casos la palabra puede tomar de hecho frecuentemente un mal sentido

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terna y de otros hacia una inferior se habraacute eacutel mismo rendido al dominio del principio intermedio en su alma y asiacute se hallaraacute convertido en lsquotimaacuterquicorsquo304

550c-551c A continuacioacuten viene la oligarquiacutea o plutocracia305 El cambio

se origina en el crecimiento de la avaricia y la codicia al interior del estado timocraacutetico este se completa tan pronto como se establece por ley el requisito de la posesioacuten de propiedad para ocupar cargos puacuteblicos306

551c-553a Hay numerosas fallas (ἁμαρτήματα) lamentables en la ciu-

dad oligaacuterquica Hace de la riqueza en vez del conocimiento la calificacioacuten para gobernar estaacute dividida contra siacute misma307 incapaz con toda probabili-dad de hacer la guerra308 y en discordancia con nuestro principio de lsquoun hombre un trabajorsquo309 Lo peor de todo la oligarquiacutea es la primera constitu-cioacuten que permite a un hombre disponer de toda su propiedad por medio de la venta Por causa de ello surge una numerosa clase empobrecida que se

304 Hay un crecimiento gradual de elementos institivos y pasionales en el hijo que aunque no tiene la naturaleza de un hombre malo se ve influido por otros para lle-gar a este lsquopunto mediorsquo y ha terminado por entregar el gobierno de siacute mismo a este elemento intermedio (lsquofogosorsquo) que lo convierte en un hombre altanero y aficionado al honor 305 La oligarquiacutea es el reacutegimen dice Platoacuten ldquobasado en la evaluacioacuten de la fortuna (ἀπὸ τιμημάτων) en el cual los ricos gobiernan mientras que no le estaacute permitido al pobre participar en el poderrdquo (550c-d) El teacutermino clave aquiacute es timema cuyo sig-nificado poliacutetico es ldquoel valor en el que se tasaba la propiedad de un ciudadanordquo (LSJ) De ahiacute se estableciacutea un censo que no solo teniacutea efectos en el pago de los im-puestos sino tambieacuten en especial en la capacidad excluyente de estos ciudadanos de ser los uacutenicos elegibles para ocupar las magistraturas del estado 306 Parece natural que Platoacuten haya definido la oligarquiacutea en relacioacuten con la valora-cioacuten de la propiedad puesto que la caracteriacutestica central del programa del partido oligaacuterquico en Atenas mdasha partir del 412 aC en adelantemdash fue precisamente esta calificacioacuten de la propiedad como requisito para la obtencioacuten de la ciudadaniacutea com-pleta (cf Adam II pg 219) 307 Una falla no menos grave que la prevalencia de la riqueza estaacute en el hecho de que en esta ciudad hay forzosamente dos ciudades a saber la de los pobres y la de los ricos habitando un mismo espacio y conspirando unos contra otros (551d) 308 A consecuencia de esta misma divisioacuten aunque el reacutegimen lo precise se teme armar al pueblo 309 Hay una criacutetica constante de Platoacuten en contra del lsquoocuparse de muchos asuntosrsquo (τὸ πολυπραγμονεῖν) que consiste en una injerencia en asuntos ajenos (ver 374 b 434 a 443 d-e)

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asemeja a los zaacutenganos algunos sin aguijoacuten y otros en posesioacuten de ellos Los primeros son solo pobres pero los uacuteltimos son delincuentes que deben ser reprimidos por la fuerza

553a-553e El hombre oligaacuterquico es el hijo de un padre timocraacutetico cu-

ya fortuna ha naufragado mediante condenaciones injustas Aprovechando el ejemplo de su padre el hijo destrona de su lugar preeminente el amor por el honor (φιλοτιμίαν) y sienta en su trono al deseo y la avaricia en el interior de su corazoacuten310 La acumulacioacuten de riquezas es de alliacute en adelante una pasioacuten que le devora311

554a-555b En caraacutecter el hombre oligaacuterquico se asemeja al estado oli-

gaacuterquico Eacutel satisface sus deseos necesarios y no otros Es avaro mezquino codicioso y el dios ciego de la riqueza es el liacuteder del coro de su alma Algunas veces cuando se da la oportunidad sus deseos tipo zaacutengano se hacen valer en eacutel312 pero eacutel los reprime eneacutergicamente por el temor de las consecuencias Asiacute aunque su alma es viacutectima de la sedicioacuten sus deseos mejores prevalecen generalmente sobre aquellos peores313 En las competencias puacuteblicas se le en-cuentra usualmente contento de ser vencido y conservar su dinero

555b-557a A la oligarquiacutea sucede la democracia A medida en que se

permite e incluso se estimula a una juventud disipada (ἀκόλαστοι) a malgas-tar sus bienes una clase numerosa y empobrecida de zaacutenganos con aguijoacuten

310 ldquoThe description of the progress of individual degeneration from the aristocrat down to the tyrant constantly reflects Platos own experience of Athenian society and domestic liferdquo (Adam II pg 225) Y la descripcioacuten del destronamiento y poste-rior esclavitud del joven ciudadano revela que ldquothe picture expresses with admira-ble clearness the psycological basis of Platos sequence of politiesrdquo (ibid) 311 Se enfatiza nuevamente el lugar central que la pasioacuten por la adquisicioacuten de ri-quezas ocupa en el estado oligaacuterquico 312 ldquoAsiacute como la oligarquiacutea tiene lsquozaacutenganosrsquo (552C) asiacute el hombre oligaacuterquico tiene lsquodeseos de zaacutenganorsquordquo (Adam II pg 228) 313 Por la condicioacuten de su alma el hombre oligaacuterquico mdashcomo la ciudad corres-pondientemdash no es un ser unitario sino doble y experimenta deseos en que las maacutes de las veces se logra que los mejores de ellos dominen a los peores (554d-e)

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hace su aparicioacuten en la ciudad314 Los gobernantes no toman medidas315 para remediar un mal que incrementa sus propias fortunas y se vuelven flojos y blandos316 En eacutepocas de tensioacuten y peligro comuacuten el pobre descubre su pro-pia fuerza y la debilidad del rico y despueacutes de esto necesita muy poco im-pulso para derribar el corrompido edificio La democracia se establece tan pronto como la introduccioacuten del sorteo en los cargos confirma el principio de igualdad317

557a-558c Las caracteriacutesticas peculiares de la democracia son la libertad

(ἐλευθερίας) y la licencia (ἐξουσία) De todos los tipos de gobierno es el maacutes variado y de toda suerte de colores asemejaacutendose a un bazar de constitucio-nes maacutes que a un gobierno uacutenico318 En una ciudad democraacutetica los indivi-duos son libres para adoptar su propia poliacutetica independientemente del es-tado Poca molestia se toman en ejecutar las sentencias judiciales El pueblo es condescendiente con los defectos en educacioacuten de sus liacutederes y no les exige otra cosa que una profesioacuten de lealtad para con las masas Una constitucioacuten verdaderamente placentera llena de anarquiacutea y color preparada para distri-buir una suerte de igualdad tanto a los que son iguales como a los que no lo son

314 La ambicioacuten del dinero fundamento del estado y hombre oligaacuterquicos termina por sembrar las simientes de la destruccioacuten del reacutegimen El dinero escasea porque se acumula en unos pocos hasta el punto de empobrecer al conjunto de la ciudad 315 Por no tomar medidas a tiempo mdashlos gobernantes no tienen la voluntad para hacerlomdash la cantidad de pobres se incrementa hasta tal punto que constituyendo la gran mayoriacutea crean en el estado un desequilibrio mortal para el sistema oligaacuterquico 316 ldquoun hombre rico criado en las sombras cargado de carnes superfluasrdquo (556d) 317 Una caracteriacutestica fundamental del sistema democraacutetico griego estaacute en el uso del sorteo para la eleccioacuten de la mayoriacutea de las magistraturas del estado Se buscaba con ello una total igualdad de oportunidades en la obtencioacuten de aquellos cargos Habiacutea tambieacuten puestos electivos como el cargo de strategoacutes en Atenas que en la praacutectica soliacutean adquirir un poder efectivo mayor Es el caso del estratega Pericles en el siglo V aC 318 ldquoEl principio psicoloacutegico principal de la democracia asiacute como el de la oligar-quiacutea es τὸ ἐπιθυμητικόνrdquo ltla facultad del deseogt ldquoPero mientras que en la oligar-quiacutea todo estaba sujeto al dominio de un particular deseo a saber el deseo de ri-queza la democracia por su parte es la personificacioacuten poliacutetica de la libertad e igualdad absolutas de todos los deseos tanto los innecesarios como los necesarios (ver J Adam II pg 234)

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558c-559d No podemos describir el origen del hombre democraacutetico has-

ta que no expliquemos queacute queremos sentildealar con deseos lsquonecesariosrsquo e lsquoinne-cesariosrsquo Los deseos de los que no somos capaces de abstenernos y los de-seos que una vez satisfechos nos benefician son llamados lsquonecesariosrsquo los del tipo opuesto son lsquoinnecesariosrsquo el hombre oligaacuterquico es gobernado por los primeros los segundos dominan sobre los que llamaacutebamos zaacutenganos

559d-562a Volvamos ahora al punto y expliquemos la generacioacuten del

hombre democraacutetico319 Un padre oligaacuterquico tiene un hijo a quien eacutel educa en principios estrechos y ahorrativos El joven gusta la lsquomiel de los zaacutenganosrsquo y se engendra en su alma la sedicioacuten Sobreviene luego una lucha y tal vez despueacutes de una resistencia temporal los deseos innecesarios prevalecen pero con la ayuda de la fortuna y el paso de los antildeos se establece finalmente una suerte de igualdad de todos los deseos y el hombre se transforma en un de-voto imparcial de los placeres en todas sus formas una criatura hermosa y de muchos colores en que todo es comienzos y nada perdura

562a-563e Resta por describir la tiraniacutea y al hombre tiraacutenico Asiacute como

la oligarquiacutea fue derribada por la prosecucioacuten insaciable de riquezas asiacute la democracia comienza a cambiar en tiraniacutea cuando malos escanciadores pro-veen el vino de la libertad en tragos excesivos320 La anarquiacutea bajo el nombre de libertad inficiona cada departamento de la vida sea poliacutetica domeacutestica educacional y social los mismos perros y bestias de carga terminan por con-taminarse con el vicio predominante321 En la fase final322 no se tiene conside-racioacuten alguna por las leyes sean escritas o no escritas

319 ldquoPlatos description of the genesis of the democratical man is one of the most royal and magnificent pieces of writing in the whole range of literature whether ancient and modernrdquo (J Adam II pg 240) 320 La libertad define a la democracia y una ciudad embriagada por ella termina por degenerar en anarquiacutea 321 ldquoLa humoriacutestica descripcioacuten de Platoacuten presenta ante nosotros viacutevidamente la condicioacuten anaacuterquica de las calles de Atenasrdquo (Adam II pg 248) Y con un dejo de ironiacutea que recuerda a algunas de nuestras calles y campos J Adam (ibid) sentildeala ldquoEl viajero en la Grecia moderna recordaraacute los lsquoperros democraacuteticosrsquo de los pueblos del Peloponesordquo

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563e-566d Tal es la simiente que se desarrolla en tiraniacutea (τυραννίς)

cuando de acuerdo con una ley comuacuten la libertad excesiva termina por ge-nerar una excesiva servidumbre323 Los zaacutenganos324 maacutes numerosos acre-cientan su violencia y arruinan la democracia con el paso del tiempo asiacute co-mo una vez ellos arruinaron la oligarquiacutea325 Un estado democraacutetico contiene tres clases de ciudadanos (1) los zaacutenganos los con aguijoacuten como los carentes de eacutel (2) los ricos que sirven como forraje de los zaacutenganos (3) el pueblo (δῆμος) en el que reside la soberaniacutea Los miembros maacutes activos de la frater-nidad de zaacutenganos se transforman en liacutederes del demos 326 contra los ricos A fuerza de extorsioacuten y calumnia las clases propietarias se ven finalmente for-zadas a formar en defensa propia un partido oligaacuterquico De aquiacute surgen de-nuncias y procesos entre unos y otros y el pueblo pone al frente de siacute un de-fensor uacutenico Asiacute como en la faacutebula aquel que proboacute carne humana se convir-tioacute en lobo asiacute este defensor del pueblo tan pronto como derrama la sangre de conciudadanos termina por convertirse inevitablemente en tirano327 Se inicia una guerra civil el defensor es o bien echado de la ciudad y retorna un

322 ldquoThere is a steady deterioration and the last stage of democracy is the worstrdquo (Adam II pg 249 ver Aristoacuteteles Poliacutetica IV 6 1293a 1) 323 563e ldquoLa misma enfermedad que incubaacutendose en la oligarquiacutea la destruyoacute esta misma hacieacutendose maacutes amplia y maacutes fuerte por su libertad sume en la esclavitud a la democraciardquo (trad de G Goacutemez L) 324 La zaacutenganos ahora consecuentes con los objetivos de la democracia maacutes que enriquecerse buscan libertad 325 Platoacuten continuacutea su anaacutelisis basaacutendolo en una perspectiva fundamentalmente psicoloacutegica Los lsquozaacutenganosrsquo mdashcon y sin aguijoacutenmdash representan dos tipos de naturale-za humana a saber un tipo de hombres holgazanes y dispendiosos que ldquoandan ociosos por la ciudadrdquo (555 d) o de lsquozaacutenganosrsquo ldquopordioserosrdquo Los con aguijoacuten re-presentan la parte maacutes varonil que es la que manda la que sigue la maacutes cobarde es la sin aguijoacuten (ver 564 b) 326 El demos es no solo el lsquopueblorsquo sino tambieacuten especiacuteficamente la lsquoasamblea popu-larrsquo que representa el poder del pueblo como ejercido en una ciudad de tipo demo-craacutetico Esta asamblea (demos) suele ser en Platoacuten sinoacutenimo de democracia 327 Los sucesos parecen precipitarse llevados por la fuerza misma de la transfor-macioacuten de los caracteres de los ciudadanos Por otra parte el paladiacuten del pueblo explota bien las circunstancias mientras destierra y mata da a entender ademaacutes que se efectuaraacuten rebajas de deudas y repartos de tierras (566a)

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tirano hecho y derecho o recibe una guardia de seguridad que lo defiende de asaltos clandestinos328 y asiacute logra su objetivo

566d-569c El tirano comienza su gobierno con medidas populares pero

tan pronto como asegura su posicioacuten empobrece y oprime a los ciudadanos mediante una sucesioacuten de continuas guerras A todo aquel que protesta eacutel lo lsquoremueversquo que es una triste necesidad de su situacioacuten el que debe depurar la ciudad de toda riqueza y virtud Para precaverse de su creciente impopulari-dad eacutel debe acrecentar su cuerpo armado permanente alistando mercenarios extranjeros y esclavos de ciudadanos privados A decir verdad iexclestos son sus lsquonuevos ciudadanosrsquo Euriacutepides y otros traacutegicos elogian a la tiraniacutea y a su seacute-quito es por eso que los excluimos de nuestra ciudad Mientras maacutes alto suben hacia la cima de los regiacutemenes poliacuteticos tanto maacutes se debilita su ho-nor329 En cuanto al tirano luego de agotar los tesoros de los templos y de los proscritos obligaraacute al demos que lo engendroacute a mantener a sus amigos y cor-tesanas Toda reclamacioacuten es en vano El demos entiende ahora queacute significa servidumbre mdashla esclavitud en su forma maacutes cruel donde los esclavos son los amos

Libro noveno 571a-572b Resta por ver el hombre tiraacutenico Antes de comenzar a des-

cribir su origen y caraacutecter debemos completar nuestro anaacutelisis del deseo En-tre los deseos no necesarios hay una clase especial que consideramos contra-rios a la ley (παρανόμοι)330 Son como aquellos que surgen en el suentildeo luego

328 566 b ldquoY este es el punto en que todos los que han llegado a esta situacioacuten recu-rren a aquella famosa suacuteplica de los tiranos en que piden al pueblo algunos guar-dias de corps para que aquel conserve a su defensor Una situacioacuten histoacutericamente comprobada en algunos casos de tiranos como Teaacutegenes de Megara Pisiacutestrato ti-rano de Atenas y Dionisio de Siracusa 329 ldquoThe honour paid to Poetry varies inversely with the merit of the constitution This is perhaps the severest thing which Plato has yet said against poetryrdquo (Adam II pg 261) 330 ldquoEl fundamento psicoloacutegico de la tiraniacutea como tambieacuten de la oligarquiacutea y la democracia es el deseo pero hay tres variedades de deseo y es la inferior de estos

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de haberse excedido en la comida y en la bebida331 Pero cuando nos retira-mos a descansar manteniendo reprimidos deseos e ira y el elemento racional en nosotros se mantiene en pleno ejercicio nuestros suentildeos son entonces ge-neralmente inocentes en otros hombres en cambio se hacen presentes de-seos con audaz insensatez revelaacutendose en visiones nocturnas

572b-573c El origen del hombre tiraacutenico es como sigue Un padre de-

mocraacutetico tiene un hijo que es atraiacutedo por malos compantildeeros hacia toda for-ma de actos contrarios a las normas Cuando su familia viene a rescatarlo esos procreadores de tiranos implantan en eacutel una dominante pasioacuten por ac-tuar como el defensor de sus propios deseos de zaacutengano La historia del esta-do correspondiente se repite a siacute misma en el alma del joven y cual guardiaacuten protector (προστάτης) de esos deseos se convierte en su momento en un ti-rano332 Vemos a la sensualidad la bebida la locura como tiranos y el hom-bre tiraacutenico surge cuando estos tres tiranos establecen su dominio sobre el alma

573c-576b Con respecto a su caraacutecter y modo de vida el hombre tiraacuteni-

co se sumerge en toda forma de disipacioacuten y es acosado constantemente por nuevos deseos Sus ingresos y hacienda desaparecen pronto y para satisfacer sus clamorosos y violentos deseos se aduentildea de los bienes de su padre y sin vacilar si es necesario atacaraacute con violencia al padre y a la madre Luego se siguen el sacrilegio y el robo y todo tipo de crimen porque eacutel ha llegado a ser ahora en la realidad concreta lo que rara vez fue antes en suentildeos Tales hom-bres si pocos en nuacutemero podriacutean ir al extranjero y servir de guardia armada de alguacuten tirano o permanecer y asiacute acrecentar las filas en casa de pequentildeos

a saber la de los deseos no necesarios y lsquocontrarios a la leyrsquo o las normas la clase que la tiraniacutea representardquo (Adam II p 319) Hay una cierta dificultad en traducir paranomos pero en general se prefiere lsquocontra(rio) a la leyrsquo Hay un elemento impliacuteci-to de violencia 331 ldquoLa teoriacutea dice J Adam (II pg 320) es que en suentildeos la parte del alma com-prometida no estaacute dormida sino despierta y va en busca del objeto de su deseordquo 332 Acorde con la analogiacutea sociedad-individuo que ha regido todos estos relatos acerca del estado es ahora el joven en cuanto que individuo el que es retratado como siendo el tirano de siacute mismo convertido en guardiaacuten protector mdashprostatesmdash del estado tiraacutenico instaurado en su propia alma

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criminales pero si son numerosos ellos mismos ayudados de la inconscien-cia del pueblo engendran al peor de entre ellos como tirano sobre la patria La tiraniacutea es el objetivo y consumacioacuten de los deseos de tal clase de hombre A traveacutes de toda su existencia tanto antes como despueacutes que logra la corona de su ambicioacuten el hombre tiraacutenico es insensible a la libertad y la amistad desleal y superlativamente injusto En una palabra eacutel es la personificacioacuten viva de los deseos horrendos que hallamos en los suentildeos y mientras por maacutes largo tiempo gobierna tanto peor se vuelve

576b-577b iquestQueacute diremos entonces acerca de la felicidad e infelicidad

del individuo que se manifiesta el maacutes perverso Tal como es la ciudad asiacute lo seraacute el individuo en cuanto a la felicidad como la virtud Y la ciudad en la que gobierna un tirano es la peor y maacutes desgraciada de todas las ciudades iquestQueacute es el hombre tiraacutenico Quien ha vivido con un tirano y es ademaacutes eacutel mismo capaz de juzgar seraacute el que mejor decidiraacute acerca del asunto333 Supongamos dice Soacutecrates que nosotros mismo poseemos esa capacidad

577b-580c Como la ciudad cuya contraparte eacutel es el hombre tiraacutenico es

en realidad un esclavo sin fuerzas para hacer funcionar su voluntad indigen-te e insaciable lleno de temores y lamentos334 Un abismo incluso maacutes grande

333 Es Platoacuten mismo probablemente el indicado aquiacute que alude a su experiencia de Siracusa con el tirano Dionisio I El texto de Repuacuteblica 577 a (trad G Goacutemez La-sa) dice ldquoiquestY si yo creyera que todos debiacuteamos oir a ese hombre capaz de juzgar y que ha convivido con eacutel en las gestiones de la vida domeacutestica en cuanto a las rela-ciones con sus propios parientes en las que ha podido ser visto desnudo de su re-curso de pieza traacutegica y tambieacuten en las actividades puacuteblicas peligrosas y si habien-do visto todas estas cosas le exhortaacuteramos a que comunicara cuaacutel es el estado de felicidad o desgracia del tirano con respecto al de los otrosrdquo Platoacuten entonces me-diante Soacutecrates y Glaucoacuten juzgaraacute acerca de la cuestioacuten central de la felicidad e infe-licidad del rey y del tirano 334 En una precisa nota J Adam (II pg 334) deja establecidas las razones funda-mentales en las que se basan los argumentos de Platoacuten acerca de la ciudad ideal Dice ldquoLos argumentos mediante los cuales Platoacuten establece su conclusioacuten pueden ser en resumen descritos como el argumento poliacutetico el argumento psicoloacutegico y el argumento metafiacutesico El primero (577b-580a) depende de la semejanza entre el alma y el estado el segundo (580c-583a) en la divisioacuten tripartita del alma en λογιστικόν ltrazonablegt θυμοειδές ltanimosogt y ἐπιθυμητικόν ltdesiderativogt el tercero (583b-587b) en la teoriacutea platoacutenica de la Realidad o el Ser Ahora bien son justamente estos tres meacutetodos de investigacioacuten y solo eacutestos los que han sido em-

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de miseria le aguarda si de particular se convierte realmente en tirano335 iexclImagina la condicioacuten lastimosa de quien es repentinamente transportado a un lugar solitario donde eacutel estaacute a merced de sus propios esclavos y rodeado por vecinos libres336 que hacen causa comuacuten con ellos Tal es la situacioacuten del tirano un prisionero en su propio palacio atormentado por anhelos que no puede jamaacutes satisfacer337 En suma eacutel es la personificacioacuten suprema del vicio y la miseria y cuanto maacutes prolongado su dominio peor llega a ser

Dictaminemos ahora como jueces Con respecto a la virtud y felicidad las diferencias individuales son las siguientes (1) el hombre real (2) el timo-craacutetico (3) el oligaacuterquico (4) el democraacutetico (5) el tiraacutenico El maacutes real es el mejor y maacutes feliz el que es maacutes tirano sobre siacute mismo y la ciudad es el peor y maacutes miserable mdashya sea que su verdadero caraacutecter estaacute oculto a los hombres y los dioses o no

pleados en las diferentes partes del diaacutelogo el poliacutetico y el psicoloacutegico en II-IV y VIII-IX el metafiacutesico en V-VII y es por consiguiente plenamente apropiado y correc-to que Platoacuten los reuacutena ahora y use sus fuerzas combinadas lsquoal realizar su informe uacuteltimorsquo La secuencia de los tres argumentos sigue el modo platoacutenico acostumbrado de avance desde lo exoteacuterico hacia lo esoteacuterico y asiacute como la ciudad ideal culminoacute en un idealismo metafiacutesico asiacute es un argumento metafiacutesico el que corona la fortifi-cada ciudadela de la pruebardquo 335 Un importante postulado de la Repuacuteblica es la analogiacutea entre individuo y ciudad El momento de transicioacuten hacia la tiraniacutea estaacute precedido de una multitud de lsquotira-nosrsquo individuales uno de los cuales para desgracia propia y del estado llega a serlo de la ciudad entera (ver 577d ldquoPor tanto dije si el individuo es semejante a la ciu-dadrdquo) Este tirano privado llevado a la vida puacuteblica ldquopor el hecho de ser excedido en nuacute-mero por los suacutebditos que eacutel esclaviza se veraacute forzado a adular y a recompensar a algunos de ellos para no ser derrocado Para comenzar un esclavo de sus propios apetitos ilegales e innecesarios eacutel ha puesto sobre siacute lsquola maacutes cruel y amarga esclavi-tud propia de esclavosrsquo (569c3-4) En su caso tanto la vida interna como la externa conspiran para producir el peor resultado posiblerdquo (C D C Reeve Philosopher-Kings Princeton (1988) pg 157 336 ldquorsquoThese freeborn neighbours in Platos simile represent surrounding indepen-dent States who detest tyranny and help the tyrants subjectsrdquo (Adam II pg 337) 337 Como alma que es lsquotiranizadarsquo (τυραννουμένη) se ve arrastrada por fuerzas que lo convierten en esclavo como alma lsquotiraacutenicarsquo (τυραννικήν) es indigente y ma-ligna para siacute y para la ciudad Su propia condicioacuten de espiacuteritu lo convierte en prisio-nero transformando su palacio en el siacutembolo de su propia caacutercel De este modo ldquoquien es realmente un tirano es realmente un esclavordquo (579 d)

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580c-583a Se puede fundar una segunda prueba en nuestra teoriacutea psico-loacutegica Queacute tal si acordamos llamar a las tres variedades de alma amante del saber (φιλόσοφον) amante del honor (φιλότιμον) amante del lucro (φιλοκερδές) respectivamente y distingimos tres variedades correspondien-tes de hombres y de placeres338 Si tuacute preguntas a alguno de los tres hombres que representan esas tres clases diferentes cuaacutel de los tres tipos de vida es el maacutes placentero cada cual se pronunciaraacute en favor de la suya propia iquestCuaacutel de ellos tiene la razoacuten Los requisitos necesarios para decidir esto como cual-quiera otra cuestioacuten son la experiencia339 la inteligencia o sabiduriacutea (φρόνησις) y la argumentacioacuten Ahora bien el amante del conocimiento es el uacutenico de los tres en el que alguna de estas calificaciones estaacuten presentes y es eacutel quien las posee todas340 Nosotros por tanto aceptamos su veredicto y convenimos en consecuencia en colocar primero el amor del conocimiento segundo el amor del honor y finalmente el amor del dinero

583b-585a Nuestra prueba tercera y cimera es la siguiente341 Todos los

placeres excepto los del sabio (φρόνιμοι) ni son completamente verdaderos ni puros Debemos reconocer la existencia de tres estados distintos a saber placer y dolor que son lo positivo y su opuesto y el estado neutral que es negativo e intermedio Los hombres identifican frecuentemente la condicioacuten intermedia con el placer pero se equivocan cuando lo hacen asiacute ya que hay algunos placeres por ejemplo los del olfato que tienen un caraacutecter positivo

338 Del mismo modo que la ciudad se divide en tres especies asiacute tambieacuten el alma de cada individuo Y en seguida cada una de las tres lsquoseccionesrsquo del alma tiene sus pla-ceres y deseos que le son propios y ello tiene tambieacuten su correspondencia en el tipo de hombre es decir el amante del saber y el amante del honor tiene tambieacuten sus propios lsquodeseosrsquo 339 ldquoIt is indeed quite true as Nettleship reminds us (Lect and Rem II p 322) that the higher kind of man learns more from the experience which shares with the lo-wer kind without having to go through nearly the same amount of itrdquo (J Adam II pg 346) 340 iquestQuieacuten puede decidir acerca de cuaacutel de los tres tipos de vida es el maacutes placente-ro Todos diraacuten tal vez que el suyo lo es En esas circunstancias ldquoSoacutelo la argumen-tacioacuten nos ayudaraacute a decidir y el philoacutesophos es el uacutenico de la triacuteada que posee esa armardquo (Adam II pg 347) 341 ldquoLas argumentaciones (λόγοι) de caraacutecter poliacutetico y psicoloacutegico han hecho ma-nifiestos sus votos y solo nos queda escuchar el veredicto de la argumentacioacuten me-tafiacutesica a la que Platoacuten tiacutepicamente asigna el valor superiorrdquo (Adam II pg 348)

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que les es propio Ahora bien los placeres corporales asiacute llamados342 junto con los placeres correspondientes a los presentimientos del porvenir son en su mayor parte puramente modos de escapar al dolor y pertenecen al estado neutro Ellos son juzgados falsamente placenteros mediante su yuxtaposicioacuten y contraste con el dolor positivo

585a-586c Consideremos el asunto tambieacuten de la siguiente manera

Hambre sed y estados semejantes son modos de vaciamiento fiacutesico (κενώσεις)343 y la ignorancia es una forma de vacuidad (κενότης)344 espiri-tual Quien participa del alimento y adquiere conocimiento o razoacuten son cada cual lsquollenosrsquo pero iquestcuaacutel de ellos es maacutes verdaderamente lsquollenorsquo El conoci-miento y sus afines poseen maacutes realidad y verdad que el alimento etceacutetera el alma que el cuerpo por eso la adquisicioacuten de conocimiento es una forma maacutes verdadera de replecioacuten que la otra El placer resultante seraacute por consiguiente maacutes verdadero Aquellos faltos de experiencia en la sabiduriacutea y la virtud no saben nada de los verdaderos deleites pero luchan unos con otros por regoci-jos ilusorios e insuficientes

586c-588a Los placeres del elemento irascible (τὸ θυμοειδὲς)345 a me-

nos que se intente alcanzarlos en conformidad con la razoacuten son de manera semejante irreales Podriacuteamos incluso aventurarnos a decir que solo cuando obedientes al conocimiento es que los deseos de las dos partes inferiores del alma pueden conseguir aquellos placeres que son en el sentido maacutes alto

342 Porque en sentido estricto todos los placeres corresponden al alma 343 keacutenōsis es el teacutermino griego que se suele traducir por vaciacuteo pero se hace necesa-rio aclarar su sentido propio En lenguaje meacutedico significa lsquoevacuacioacutenrsquo o tambieacuten lsquodepauperacioacutenrsquo (enflaquecimiento) De alliacute la idea de lsquovaciamientorsquo en este contex-to Son vaciacuteos que se sienten puesto que hay un cierto elemento positivo en su au-sencia 344 kenotēs es el teacutermino griego que significa propiamente lsquovaciacuteorsquo lsquovacuidadrsquo 345 Platoacuten en 586c-d se extiende en algunas consideraciones acerca de este aspecto del alma Dice ldquoiquestNo ha de suceder otro tanto con lo irascible (τὸ θυμοειδές) cuan-do alguien le da salida en la envidia movido por la ambicioacuten o en la violencia mo-vido de soberbia o en la ira movido de su mal humor buscando saciedad de honra de predominio o de venganza sin razonamiento ni discrecioacutenrdquo (trad J M Paboacuten M Fernaacutendez Galiano) Cada una de estas formas particulares de lo ldquoiraciblerdquo es una ldquovacuidadrdquo que mdashcomo recuerda Adammdash es llenada por lsquohonrarsquo lsquovictoriarsquo o el lsquodejarse llevar por la irarsquo

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propios y verdaderos346 en cuanto que es posible para ellos el tener en algo siquiera placeres verdaderos Ahora bien los deseos tiraacutenicos son los maacutes distantes de la razoacuten de modo que el tirano tiene el menor placer347 Median-te un elaborado caacutelculo se muestra que el rey vive setecientas veintinueve veces maacutes agradablemente que el tirano348 y si el hombre justo sobrepasa en cuanto al placer al injusto349 iexclcuaacutento maacutes grande seraacute su ventaja en la belleza y la virtud

588a-589b Estamos ahora en condiciones de refutar la tesis de que la in-

justicia combinada con una reputacioacuten de justicia es provechosa para aquel que es injusto El alma puede ser comparada350 con una criatura compuesta mdashen parte de bestia en parte de leoacuten y en parte de hombremdash exhibiendo la apariencia exterior de un ser humano Quien sostiene que la injusticia benefi-cia al hombre juzga que es beneficioso el dejar morir de hambre (λομοκτονεῖν) al elemento humano y hacer fuerte (ποιεῖν ἰσχυρὸν) al resto y estimular a su vez la disensioacuten y la sedicioacuten al interior del alma El defensor

346 El ser humano mediante su alma alcanza su integracioacuten mayor y una armoniacutea superior cuando teniendo a la verdad por su guiacutea disfruta adecuadamente de los placeres amparado en el poder superior de lo mejor que hay en eacutel es decir su en-tendimiento Este principio adquiere en Platoacuten una formulacioacuten claacutesica cuando afirma que lo mejor para cada cosa es tambieacuten lo maacutes apropiado para ella y lo mejor en el alma estaacute sentildealado por el elemento filoacutesoacutefico que hay en ella (τῷ φιλοσόφῳ) 347 ldquoIf the tyrant is third from the oligarch his pleasure will also be in respect of truth third from the oligarchs ie will be an image of an image (τρίτῳ εἰδόλῳ cf X 597 E and 599 A D) of the oligarchs pleasurerdquo (J Adam II pg 359) 348 Unos momentos de entretencioacuten aritmeacutetica ayudan a cerrar el largo anaacutelisis acerca de la degradacioacuten progresiva de estados e individuos El tirano se ha distan-ciado del placer verdadero ldquoen un nuacutemero triplemente triplerdquo (587 d) Este nuacutemero es el 9 (3 x 3) que es llamado aquiacute rsquoplanorsquo (ἐπίπεδον) ldquoLa frase en su conjunto es piensa Adam (II pg 360) solo un modo de decir que si el tirano es 3 x 3 grados distante del verdadero placer su eidolon ltsimulacrogt de placer puede ser represen-tado por 9rdquo Fuera de otras posibles explicaciones (ver Adam II pgs 360-61) se pue-de decir al menos que 9 x 9 = 81 y 81 x 9 = 729 y que este nuacutemero es el doble de 3645 los diacuteas del antildeo 349 Se recuerda que el problema de fondo dice relacioacuten con la justicia y la injusticia 350 Se trata de la formulacioacuten de una lsquoimagenrsquo (εἰκόνα) un recurso frecuente del estilo platoacutenico ldquoLa idea subyacente dice Adam (II pg 362) del siacutemil de Platoacuten es que el hombre es un compuesto de mortal e inmortal que se encuentra situado a medio camino entre lo corruptible y lo incorruptiblerdquo Cf Timeo 69 d-70 e Fedro 246 a 153 d ss

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de la justicia por otra parte afirma que el elemento humano deberiacutea tener la autoridad y conducir a los demaacutes hacia la armoniacutea de unos y otros y de siacute mismo

589b-591a El panegirista de la justicia es asiacute victorioso en todos los res-

pectos Su oponente se rendiraacute cuando entienda que la virtud somete lo bes-tial a lo humano mejor dicho a su parte divina351 mientras que del vicio es verdad lo opuesto iquestAprovecharaacute al hombre apoderarse injustamente del oro y hacer su alma esclava Podemos tambieacuten definir el vivir sin control (ἀκολαστάνειν)352 la insolencia (αὐθάδεια)353 el mal humor (δυσκολία)354 el lujo (τρυφὴ)355 la molicie (μαλθακία)356 la adulacioacuten (κολακεία)357 y la bajeza (ἀναλευθερία)358 que nosotros asociamos con ocupaciones de tipo teacutecnico en los teacuterminos de nuestra comparacioacuten359 Lo mejor debe gobernar lo peor tal es nuestro principio y estaacute en armoniacutea con los objetivos no sοlo de la ley sino tambieacuten del gobierno que se ejerce sobre los nintildeos

591a-592b Es tambieacuten mejor para quien es culpable de injusticia el ser

descubierto y castigado que escapar360 El hombre sabio reverenciaraacute aquellos

351 El hombre como partiacutecipe de la divinidad es una idea profundamente enraiza-da en la cultura griega Platoacuten hace de ella uno de los fundamentos de su repuacuteblica y en general de su filosofiacutea 352 Una de cuyas formas es la intemperancia 353 Una insolencia con visos de terquedad 354 Irascibilidad 355 Con signos de lascivia 356 Acompantildeada de debilidad de caraacutecter 357 Como expresioacuten de servilismo 358 Iliberalidad de mente servilismo 359 ldquoEs la justificacioacuten de Platoacuten dice Adam (II pg 366) para asignar a los campe-sinos y artesanos una posicioacuten subordinada en su ciudadrdquo Un argumento para no-sotros difiacutecilmente aceptable mdashmaacutes bien incomprensiblemdash que solo se puede expli-car al interior de los modos de pensar griegos El artesanado y la clase obrera de alguna manera descalificaban seguacuten se creiacutea para las actividades de la milicia fun-damental para la preservacioacuten de la ciudad estado Sin embargo en una ciudad de-mocraacutetica como Atenas los artesanos y marineros eran parte esencial de lo que po-driacuteamos llamar fuerza armada 360 Si se oculta se hace maacutes miserable si recibe castigo amansa lo bestial que hay en eacutel y libera su alma

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estudios (τὰ μαθήματα) que promueven el bienestar de su alma y el mismo gran objetivo seraacute su principio orientador en todo lo que atantildee al cuerpo y su estado asiacute como a la adquisicioacuten de riquezas y honores iquestHabraacute de participar en la vida poliacutetica361 Tal vez no en su tierra de origen sino en su propia y verdadera ciudad seguramente que siacute362 Pudiera ser que la ciudad perfecta es un modelo (παράδειγμα) guardado en el cielo para aquel que se propon-ga asentar una ciudad en su alma363

Libro deacutecimo 595a-597e En una mirada retrospectiva de nuestra ciudad dice Soacutecra-

tes podemos ahora ver incluso con maacutes claridad que antes que hicimos bien en excluir a la poesiacutea imitativa (μιμητική)364 iquestQueacute es imitacioacuten (μίμησιν)

361 Una de las grandes preocupaciones de la filosofiacutea moral y poliacutetica de la anti-gueumldad estaacute en si el sabio debe o no participar en la vida ciacutevica detraacutes de ello esta-ba quizaacute como asunto primordial el problema de la felicidad personal J Adam (II pg 369) comenta ldquoThe question wheter the wise man will take part in politics is raised by Aristotle in a somewhat different form (Politica III 3 1276b 16 ss al) and afterwards became one of the stock questions of post-Aristotelian philosophyrdquo 362 Repuacuteblica 592a ἔν γε τῇ ἑαυτοῦ πόλει ldquoen su ciudad interior al menosrdquo No debe olvidarse la correspondencia entre ciudad e individuo si no es posible instau-rar una ciudad ideal que ldquoal menosrdquo (γε) ese objetivo se alcance en nuestras almas 363 Es una ciudad lsquoidealrsquo porque solo existe a manera de lsquomodelorsquo paraacutedigma Todas las realidades paradigmaacuteticas solo existen como lsquoformas idealesrsquo las que pueden solamente ser comprendidas mdashcomo es el caso de esta ciudad perfectamdash por el en-tendimiento se trata de una polis que permanece por tanto en la esfera de los razo-namientos (ἐν λόγοις κειμένῃ 592a) Un modo de llevarla a la praacutectica mdashiquestel uacutenico tal vezmdash es instauraacutendola en nosotros ldquopues no creo mdashdicemdash que ella exista en parte alguna de la tierrardquo (592a-b) Se afirma aquiacute en forma clara que la ciudad per-fecta de la que habla no tiene un lsquolugarrsquo (οὐδαμοῦ lsquoen ninguna partersquo) en nuestro mundo concreto es decir es una suerte de lsquoutopiacutearsquo al menos como realidad social y poliacutetica La palabra utopiacutea es una feliz invencioacuten del humanista Sto Tomaacutes Moro (ou = lsquonorsquo topos = lsquolugarrsquo) quien en la dedicatoria de su obra se refiere a ldquoeste pequentildeo libro acerca de la repuacuteblica utopianardquo (libellum hunc de Vtopiana republica) 364 Esta primera parte del libro deacutecimo (595a-608b) trata de la poesiacutea en especial en su relacioacuten con la polis imaginada por Platoacuten (algo se habiacutea dicho sobre ella en el libro VIII 568a-d) Luego en la segunda parte del libro el tema principal es la in-mortalidad del alma y las recompensas de la justicia un tema que habiacutea sido elabo-rado extensamente en el Fedoacuten En lo que respecta al controvertido tema de la poesiacutea y la imitacioacuten al parecer Platoacuten no ha intentado una condena de ellas en siacute mismas Uno de los asuntos a considerar es la preocupacioacuten de Platoacuten por evitar que los

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Examineacutemoslo a la luz de las Ideas365 y hallaraacutes que es la produccioacuten de imaacute-genes o apariencias que son terceras en orden desde la realidad y la verdad Hay por ejemplo tres camas (1) la que existe en la naturaleza hecha pode-mos decir por Dios (2) la que fabrica el carpintero (3) la que es producto del arte del pintor366 La primera es y debe ser una porque no puede haber dos Ideas de cama Asiacute tenemos dos artiacutefices en conexioacuten con la nocioacuten de cama (1) un creador (φυτουργός)367 que es Dios (2) un fabricante (δημιουργός) a saber el carpintero Hay tambieacuten (3) un imitador (μιμητής) es decir el pin-tor La imitacioacuten por consiguiente se ocupa en producir una tercera secuen-

lsquoartistasrsquo ocupen un papel en su ciudad que eacutel estima debe corresponder a los filoacute-sofos y sabios Por otra parte nuestro filoacutesofo teme la capacidad que los poetas (en especial los traacutegicos) tienen seguacuten eacutel cree de arruinar las mentes de cuantos los oyen ldquosi no tienen el contraveneno (φάρμακον) de saberrdquo (595 b) cuaacutel es la situa-cioacuten en que se hallan las creaciones poeacuteticas que estos realizan Se trata quizaacutes de saber colocar todas estas producciones en su correpondiente estrato valorativo 365 Se hace uso seguacuten Platoacuten ldquodel meacutetodo acostumbradordquo que consiste en postular una sola Idea junto a muchas cosas a las que a su vez se da el mismo nombre de aquella Idea 366 Los tres niveles se presentan de la siguiente manera autor (de camas u otros artefactos) produccioacuten (los objetos producidos) 1 Dios (θεός) 1 La cama lsquoen siacutersquo (ὃ ἔστιν κλίνη) real (ὄντως) lsquoen la naturalezarsquo (ἐν τῇ φύσει) 2 Carpintero (τέκτων) 2 Camas de diversa iacutendole material 3 Pintor (ζωγραφός) 3 Pinturas de camas materiales La cama en la naturaleza (ideal) Dios La cama en el arte carpintero La cama en la imitacioacuten pintor Entre otras dudas se puede plantear la pregunta iquestPodriacutea haber un verdadero pintor que se inspirara en las camas en siacute Todo el tema acerca de la posicioacuten de Platoacuten frente al arte (en especial la poesiacutea) ha sido ampliamente sometido a discusioacuten No han faltado las criacuteticas de diversa iacutendole Para los fines de este estudio puede ser de utilidad el artiacuteculo de W J Verdenius ldquoPlatos Doctrine of Artistic Imitationrdquo en Plato II Ethics Politics and Philosophy of Art and Religion ed G Vlastos New York (1971) pgs 253-273 Hay traduccioacuten castellana de Ximena Ponce de Leoacuten Doctrina de Platoacuten sobre la Imitacioacuten Artiacutestica Departamento de Filosofiacutea Universidad de Chi-le Escritos Filosoacuteficos (1981) 367 Es la uacutenica vez que Platoacuten usa este teacutermino en toda su obra en sentido metafoacuteri-co es una palabra poeacutetica usada sobre todo por los traacutegicos con el sentido de lsquoen-gendradorrsquo lsquogeneradorrsquo

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cia a partir de la naturaleza y el poeta traacutegico entre otros imitadores es ter-cero desde el rey y la verdad

598a-598d Ademaacutes no es la Idea la que es copiada por el pintor368 sino solo los objetos de fabricacioacuten e incluso eacutel copia solo un aspecto particular o apariencia de aquellos Por eso que la imitacioacuten estaacute muy alejada de la ver-dad y solo una persona simple seraacute engantildeado por ella

598d-601b Hemos oiacutedo decir que los traacutegicos incluido Homero tienen

conocimiento de aquello que escriben pero eso no es asiacute369 Nadie se dedica-riacutea seriamente a la produccioacuten de copias si pudiese hacer los originales Si el poeta poseyera un conocimiento verdadero de lo que imita eacutel maacutes que can-tarlas realizariacutea grandes hazantildeas370 y Homero no proporcionoacute servicios en la esfera de la accioacuten a sus compatriotas ni en invenciones ni siquiera en edu-cacioacuten como lo prueba el abandono que eacutel mismo sufrioacute durante su vida El

368 Por lo que se ve Platoacuten mdashhablando especiacuteficamente del arte lsquoimitativorsquomdash insiste en su posicioacuten de negar al arte (suponemos que no todo arte) su capacidad de lsquoimi-tarrsquo lo ideal e inteligible y no solo los objetos que otros fabrican Quizaacutes haya que suponer con J Adam (II pg 393) que las objeciones que Platoacuten aquiacute propugna no tocan la esencia real de ninguna forma de arte a no ser uno que defienda un realis-mo total y que un ldquosympathetic estudent of Platordquo encontraraacute faacutecil el construir una teoriacutea del arte maacutes noble y generosa en la doctrina de las Ideas la reminiscencia (ἀνάμνησις) y la preexistencia de las almas es decir basado en las mismas teoriacuteas platoacutenicas 369 La opinioacuten de Platoacuten es que los poetas no poseen conocimiento cientiacutefico y que componen sus poemas bajo una suerte de entusiasmo e inspiracioacuten de caraacutecter intui-tivo y de origen divino (puede ser uacutetil tambieacuten ver Apologiacutea 22c Fedro 245a Ion 533d ss Leyes 719c y Menoacuten 99c) En ese sentido Platoacuten no niega al poeta ni genio ni ins-piracioacuten (ver J Adam II pgs 396-97) 370 ldquoHe would rather be Achilles than Homerrdquo (Adam II pg 398) En sintoniacutea con la temaacutetica general de la Repuacuteblica Platoacuten propone como el maacutes alto ideal aquel del intelectual es decir del sabio que es al mismo tiempo un activo participante de la vida ciacutevica de la sociedad en que vive Por algo el representante superior de la polis platoacutenica es el rey-filoacutesofo Esta interrelacioacuten de teoriacutea y praacutectica es parte de una corriente importante en la filosofiacutea griega Baste con recordar que Tales de Mileto (a quien se considera el primer filoacutesofo) se le acredita con importantes descubrimientos astronoacutemicos de maacutexima utilidad como el uso de la Osa Menor para la navegacioacuten debido a que suministra un punto maacutes fijo de referencia en el cielo Puede tambieacuten sentildealarse las ampliamente difundidas historias de Pitaacutegoras como liacuteder social es al primero que se considera lsquofiloacutesoforsquo y sus actividades poliacuteticas mdashen especial en Cro-tonamdash estaacuten iacutentimamente conectadas al parecer con su condicioacuten de lsquosabiorsquo Ver las referencias del mismo Platoacuten al sistema de vida pitagoacuterico en 600a-b

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hecho es que el poeta escribe sin conocimiento Sus producciones no son sino imaacutegenes de imaacutegenes y deben todo su encanto a su escenario poeacutetico

601b-602b La condicioacuten del arte imitativo con respecto al conocimiento

podriacutea ser comprendido de la manera siguiente En conexioacuten con cada objeto podemos distinguir tres artes distintas el arte de utilizarlo el de fabricarlo el de imitarlo Solo el que utiliza tiene experiencia (ἐμπειρότατον)371 conoci-miento (εἰδὼς ἐπιστήμην) del objeto372 el fabricante cuando el que lo utiliza lo instruye tiene una creencia fundada (πίστιν ὀρθήν)373 pero ni el conoci-miento ni la opinioacuten correcta pueden atribuirse al imitador (μιμητικὸς) Eacutel simplemente copia lo que parece hermoso a una multitud ignorante

602c-603b Considera ademaacutes cuaacutel es la parte de nuestra naturaleza a la

que la imitacioacuten atrae La pintura depende para producir sus efectos en las ilusiones oacutepticas a las que nos hallamos sometidos y frente a las que las artes de medir y contar etc son nuestra uacutenica salvaguarda El aspecto racional del alma (τοῦ λογιστικοῦ) aplica aquellas artes demostrando que es el mejor cuando acepta sus resultados Ese elemento del alma que se le opone es por consiguiente uno de los elementos inferiores en nosotros374 y la progenie que nace de su unioacuten con el arte imitativo seraacute igualmente vil tanto en la poesiacutea como en la pintura

603b-605c Si examinamos la poesiacutea en sus propios meacuteritos aparte de su

arte hermano la pintura observamos que la poesiacutea imita la accioacuten Ahora bien en la accioacuten nosotros fluctuamos a menudo entre dos impulsos Cuando

371 El conocimiento es considerado aquiacute como un equivalente de la empeiriacutea es de-cir una lsquoexperienciarsquo una lsquopraacutecticarsquo que no incluye necesariamente el conocimiento de los principios 372 Sabemos que lsquoartersquo (τέχνη) es utilizado generalmente por los griegos en un sen-tido amplio como oficio lsquoartesaniacutearsquo o lsquoindustriarsquo De ahiacute que se considere aquiacute que lsquoel que utilizarsquo algo mdashque puede ser como dice Platoacuten un mueblemdash sea el que da la pauta de la conveniencia del objeto 373 Asi Goacutemez Lasa tambieacuten ldquoopinioacuten correctardquo 374 Aquiacute se plantean dos elementos en el alma en vez de tres como se hace en el libro cuarto Son dos aspectos porque es posible distinguir entre lo que en nuestra alma opina conforme a medidas y lo que opina prescindiendo de ellas (603a) El elemento que se opone es el aloacutegiston (604d 605b)

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nos acontece una gran calamidad estamos tentados a dar paso a la afliccioacuten ante los ojos de otros pero la ley (νόμος) nos manda abstenernos y tratar de curar la herida en vez de mantenerla abierta Lo que es mejor en nosotros obedece faacutecilmente mientras que el elemento que nos tienta a permanecer en nuestras penas es irracional indolente amigo de la cobardiacutea Con todo es precisamente ese aspecto irritable quejumbroso de la naturaleza humana el que se presta maacutes a la imitacioacuten y cuya representacioacuten en el arte dramaacutetico el vulgo comprende maacutes faacutecilmente Asiacute la poesiacutea es el duplicado de la pintura sus productos son deficientes en cuanto a la verdad y ellos alimentan nuestra naturaleza inferior375 Nosotros excluimos al poeta de nuestra ciudad por am-bos motivos

605c-607a Pero el cargo maacutes serio en nuestra acusacioacuten (κατηγορήσαμεν) es que la poesiacutea es capaz de corromper con pocas excep-ciones incluso a hombres de caraacutecter y virtud La tragedia excita en nosotros justamente aquellas pasiones a las que nosotros mismos nos avergonzamos en consentir cuando sufrimos desgracias personales con la consecuencia de que nosotros podemos sucumbir maacutes faacutecilmente en la hora de la adversi-dad376 Lo mismo se podriacutea decir tambieacuten mutatis mutandis de la comedia No consentiremos por consiguiente conformar nuestras vidas con Homero y rehusaremos entregar nuestra ciudad al gobierno del placer

607b-608b La disputa entre la filosofiacutea y la poesiacutea no es nada nuevo377

pero por nuestra parte estamos dispuestos a dejar que la poesiacutea retorne tan

375 Sin la misma simetriacutea que en su descripcioacuten de los regiacutemenes poliacuteticos del libro VIII en que a cada presentacioacuten de un tipo de estado sigue la del tipo de hombre que le corresponde Platoacuten ha desarrollado tambieacuten aquiacute un anaacutelisis en que se alter-nan referencias tanto a la poesiacutea y la pintura como a los poetas y pintores Ahora luego de presentar el tema del poeta separadamente finaliza diciendo ldquoDe ese mo-do diremos que el poeta imitativo (τὸν μιμητικὴν ποιητἠν) implanta privadamente un reacutegimen perverso en el alma de cada uno condescendiendo con el elemento irra-cional que hay en ella elemento que no distingue lo grande de lo pequentildeo sino que considera las mismas cosas unas veces como grandes otras como pequentildeas creando apariencias ltfantasmalesgt (εἴδωλα) enteramente apartadas de la verdadrdquo (trad J M Paboacuten M Fernaacutendez Galiano) He antildeadido los pareacutentesis 376 El sentimiento de lsquolaacutestimarsquo (τὸ ἐλεινὸν) aparece como una emocioacuten clave en la tragedia 377 Ver Leyes 967c-d

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pronto como se pruebe que ella no es simplemente placentera sino tambieacuten provechosa378 Hasta entonces usaremos nuestros argumentos como un amu-leto para protegernos a nosotros mismos de sus encantos porque la cuestioacuten en juego es mayor de lo que parece

608c-d Las recompensas maacutes grandes de la virtud han de ser auacuten des-

critas379 Probaremos primero que el alma es inmortal380 608d-611a Todo lo que sufre destruccioacuten es destruido por su propio mal

peculiar o enfermedad y aquello que no puede ser destruido es asiacute indes-tructible Ahora bien el mal que es peculiar al alma es el vicio y el vicio es impotente para matar el alma Debemos tener cuidado de suponer que el al-ma es destruida por la enfermedad corporal a menos que pueda probarse que la enfermedad corporal engendra en el interior de alma su mal propio y especiacutefico y si alguien tiene la osadiacutea de afirmar que las almas de los que es-taacuten en trance de morir se hacen de hecho maacutes perversas y maacutes injustas ese debe estar preparado para mostrar que el vicio solo y por siacute mismo es mortal para quien lo posee cosa que estaacute lejos de ser verdad El vicio es decir la in-justicia no apareceriacutea como cosa tan terrible si la muerte fuera el final de to-das las cosas Concluimos nosotros que el alma es inmortal ya que ni su mal propio ni ninguno ajeno puede destruirla

611a-612a Se sigue que el nuacutemero de almas es siempre constante y ca-

da una de ellas retiene perpetuamente su individualidad381 Hasta ahora he-mos representado el alma como una substancia compuesta pero un compues-

378 Al parecer habriacutea otro tipo de poesiacutea mdashque no sea la del caraacutecter placentero e imitativomdash que podriacutea no ser excluida Cf ldquotal clase de poesiacutealdquo en R 608 a 379 ldquoLa tesis principal de la Repuacuteblica mdashque la justicia sola y por siacute misma es mejor que la injusticia sola y por siacute mismamdash fue demostrada finalmente en el libro IX Pero la justicia y la injusticia de hecho acarrean ciertamente consecuencias y es necesa-rio tenerlas en cuenta si vamos a hacer la comparacioacuten entre la virtud y el vicio en todo respecto perfecta y completardquo (J Adam II pg 420) 380 ldquoLa doctrina misma habiacutea por supuesto sido largo tiempo un artiacuteculo de las creencias oacuterficas y pitagoacutericasrdquo (Adam II pg 421) 381 Se supone entonces que el nuacutemero de almas es siempre constante y cada cual retiene una individualidad que le es propia

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to no puede ser faacutecilmente inmortal y si vieacuteramos el alma como realmente es382 deberiacuteamos contemplarla (θεάσασθαι) aparte del cuerpo383 y de aque-llas acumulaciones materiales (προσπεφυκέναι) con las que ella se encuentra atestada y abrumada384 Entonces y solo entonces estaremos en condiciones de ver su naturaleza verdadera (τὴν ἀληθῆ φύσιν)385

612a-613e Ahora que hemos probado que la justicia es en siacute misma

aparte de todas sus consecuencias lo mejor para el alma podemos con toda seguridad hacer hincapieacute en las recompensas (μισθοὺς) de la virtud tanto en esta vida como despueacutes de la muerte Revocamos la concesioacuten que en aten-cioacuten al argumento presentado nosotros hicimos previamente y le devolve-mos a la justicia la consideracioacuten que de hecho ella recibe de parte de los dio-ses y de los hombres Los justos son queridos por los dioses (υεοφιλὴς) y son objeto especial de su providencia386 pero es diferente con los injustos Entre los hombres tambieacuten la injusticia aunque por un tiempo puede marchar bien se quebranta antes que la carrera termine mientras que la justicia alcan-za la meta y gana la corona Los honores y premios que Glaucoacuten reclamaba para la injusticia exitosa corresponden ahora a la justicia y es el injusto el que sufre los ultrajes y tormentos que eacutel presagiaba al justo

613e-616b Pero lo que hemos descrito hasta aquiacute es nada comparado

con lo que aguarda a la virtud y el vicio despueacutes de la muerte Escuchemos la

382 ldquoIn its true and essential nature soul is akin to the simple and incomposite see Phaedo 78B-81Ardquo (Adam II pg 426) 383 Considerar el alma en su calidad de semejante (συγγενὴς) a lo divino e impere-cedero 384 Los objetos verdaderos del alma son los de caraacutecter espiritual es decir aquellos adaptados a su condicioacuten de ser inteligente e imperecible Si dirige la intencionali-dad de su espiacuteritu hacia otros objetos como los terrenales y sensibles hacieacutendose como ellos estropea su condicioacuten originaria y mejor 385 Es decir de si ella es simple o compuesta en su verdadero ser Ya se habiacutea men-cionado esta lsquomaacutes verdadera naturalezarsquo al inicio de esta seccioacuten (611 b) 386 ldquoPorque efectivamente nunca seraacute descuidado por los Dioses el que busque esforzarse por llegar a ser justo y con la praacutectica de la virtud asemejarse a la divini-dad cuanto es posible al ser humanordquo (613a-b) El lsquoasemejarse a la divinidadrsquo (ὁμοιουσθαι θεῷ literalmente lsquoasemejarse a Diosrsquo) es el objetivo eacutetico maacutes arraiga-do en la filosofiacutea de Platoacuten y representa claramente el ideal antropoloacutegico de su Repuacuteblica Ver II 383c VI 500c-d 501b-c cf Leyes 716b-d 904e

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visioacuten que tuvo Er el hijo de Armenio387 Por doce diacuteas yacioacute en un trance durante los que su alma viajoacute hasta una pradera (λειμόνα) donde eacutel escuchoacute la narracioacuten de las experiencias de otras almas que habiacutean completado el pe-riacuteodo de un milenio de premio o castigo En la mayoriacutea de los casos la re-compensa y juicio por las buenas y malas acciones era de diez veces por cada una pero ciertos criacutemenes eran castigados incluso maacutes severamente y para algunos pecadores incurables no habiacutea esperanza alguna

616b-617d Despueacutes de pasar siete diacuteas en la pradera las almas que ha-

biacutean vuelto del viaje de mil antildeos levantaron tienda y partieron acompantildeadas por Er388 Al cuarto diacutea ellos llegaron a un paraje desde el que podiacutean divisar una luz derecha como un pilar que se desplegaba a lo largo de todo el cielo y la tierra389 y despueacutes de un viaje de un diacutea vieron en el medio de esta luz las extremidades de las cadenas del cielo y extendieacutendose desde esos extremos estaba el huso de la Necesidad (Ἀνάγκης ἄτρακτον) con sus ocho ciacuterculos conceacutentricos y a medida que los ciacuterculos de sus bordes giran llevan con ellos separadamente las estrellas fijas y todos los planetas en su orden En lo alto de cada uno de los ocho espirales avanza una Sirena (Σειρένα) emitiendo una sola nota y las ocho notas asiacute producidas constituiacutean una sola armoniacutea

387 Er un personaje misterioso que algunos en la antiguumledad identificaron con Zo-roastro tal vez por el caraacutecter aparentemente oriental de la historia La narracioacuten es un tipo de apocalipsis es decir hecha a modo de revelacioacuten ldquoEn su historia mdashdice W K C Guthrie (Historia de la Filosofiacutea Griega IV pg 534)- se entrelazan dos cabos el puramente miacutetico o escatoloacutegico y el cosmoloacutegico El primero a pesar de enrique-cerse con los detalles frescos de la inagotable imaginacioacuten platoacutenica comparte sus rasgos principales con otros grandes mitos extraidos de un fondo comuacuten de sabidu-riacutea religiosa y particularmente oacuterficardquo 388 ldquoPareceriacutea que el alcance e intencioacuten general de la parte astronoacutemica del mito seriacutea el colocar ante las almas un cuadro de las lsquoarmoniacuteas y revoluciones del univer-sorsquo en conformidad con las cuales es su deber maacutes alto y un privilegio vivirrdquo (Adam II pg 441 cf Timeo 90c-d) Y parece haber maacutes de imagineriacutea poeacutetica que serias intenciones cientiacuteficas en esta narracioacuten en cuya realizacioacuten Platoacuten se tomoacute un gran trabajo incluso cientiacutefico exhibiendo al mismo tiempo una notable imagi-nacioacuten literaria 389 A propoacutesito de estas descripciones y sin intentar renunciar a una explicacioacuten de muchas de las particularidades astronoacutemicas de la narracioacuten conviene recordar lo que James Adam junto a sus explicaciones de numerosos aspectos de estas difiacuteciles paacuteginas de Platoacuten dice (II pg 447) ldquoNos ocupamos de una obra de literatura y no de ciencia y el mecanismo del mito no deberiacutea ser examinado rigurosamente desde un punto de vista cientiacuteficordquo

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(ἁρμονίαν) o modo El huso mismo giraba sobre las rodillas de la Necesidad Mientras tanto las tres Parcas (Μοίρας) a medida que ellas toman parte en la rotacioacuten cantan de acuerdo con la armoniacutea de las Sirenas Laacutequesis las cosas pasadas Cloto las presentes y Atropo las futuras

617d-619a Tan pronto como llegaron al escenario las almas eran llama-

das a escoger sus nuevas vidas El orden de eleccioacuten era determinado por sor-teo pero habiacutea muchos maacutes modelos de vidas que nuacutemero de suertes y se hizo responsable a cada alma de su propia eleccioacuten390 El momento de la elec-cioacuten representa la crisis suprema de nuestro destino y es preciso no economi-zar esfuerzos para ser capaz de elegir resistiendo las atracciones de la riqueza y el poder y escogiendo la vida mejor que es la de la virtud que asiacute es como el hombre llega a alcanzar la mayor felicidad

619b-620d Eran numerosos los casos de seleccioacuten apresurada y necia y

muchos los cambios que resultaban tanto de la eleccioacuten como del accionar de las suertes Aquel que es siempre fiel a una vida de verdadera filosofiacutea y cu-ya suerte no cae entre los uacuteltimos seraacute feliz por la totalidad del tiempo391 El espectaacuteculo fue uno realmente a propoacutesito para mover a piedad a risa a ad-miracioacuten En la mayoriacutea de los casos las almas escogiacutean de acuerdo con sus vidas anteriores Orfeo por ejemplo escogiendo la vida de un cisne Ayax la de un leoacuten y asiacute sucesivamente Sucedioacute que Odiseo que habiacutea sido el uacuteltimo en echar las suertes luego de una larga buacutesqueda encontroacute y cogioacute gozosa-mente la vida paciacutefica de un hombre particular ya que estaba cansado de to-das sus fatigas Hubo cambios de bestias en hombres y de hombres en bes-tias y todo tipo de mutaciones

390 La frase clave de la advertencia mdashdicha en nombre de la virgen Laacutequesis a las almas que eligen sus nuevas vidasmdash es la siguiente ldquoLa responsabilidad es del que elige Dios no tiene culpardquo (617e) 391 ldquoLa conexioacuten de ideas dice Adam (II pg 459) es la fortuna de las suertes y nuestra eleccioacuten individual son las dos influencias que afectan nuestro destino ya que si nuestra suerte se da razonablemente pronto y escogemos como conviene a filoacutesofos nos iraacute bienrdquo

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620d-621d Luego que todas las almas hubieron escogido Laacutequesis otorgoacute a cada una su lsquodemoniorsquo (δαίμονα) como genio guardiaacuten (φύλακα) Despueacutes de eso la eleccioacuten era ratificada por las restantes Parcas y finalmen-te por la Necesidad Por la tarde las almas acamparon junto al riacuteo del Olvido en la llanura del Leteo y todas salvo Er bebiacutean de sus aguas A la media no-che se produce un trueno y un temblor de tierra y son llevadas hacia arriba para su nacimiento y en la mantildeana Er revivioacute y se vio de improviso tendido sobre la pira

La visioacuten de Er no es un mero cuento ocioso que perece una vez conta-do Si le prestamos creacutedito salvaraacute nuestras almas de modo que aquiacute y en el maacutes allaacute nos vaya bien

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C TEMAS DE ESTUDIO

I iquest H a y e s c l a v o s e n l a c i u d a d p l a t oacute n i c a

π ρ ῶ τ ο ν μ έ ν ἦ ν δ ᾽ ἐ γ ώ ὡ ς π ό λ ι ν ε ἰ π ε ῖ ν ἐ λ ε υ θ έ ρ α ν ἢ δ ο ύ λ η ν τ ὴ ν τ υ ρ α ν ν ο υ μ έ ν η ν ἐ ρ ε ῖ ς

ldquo P r i m e r o q u e t o d o d i j e y o p a r a h a b l a r

d e l a c i u d a d iquest d i r aacute s q u e l a g o b e r n a d a p o r u n t i r a n o e s l i b r e o e s c l a v a rdquo

Si estaacute contemplada o no la esclavitud en la ciudad ideal disentildeada en la

Repuacuteblica es un asunto abierto a discusioacuten Ya el mero hecho de que se trata de una cuestioacuten debatida es sentildeal de que Platoacuten mismo no hizo ninguacuten pro-nunciamiento formalmente expliacutecito acerca del tema no solo aquiacute sino en ninguna otra parte de su obra Tenemos que contentarnos solamente con sus comentarios y referencias acerca de la esclavitud en general o de situaciones que de alguacuten modo conciernen a los esclavos pero que no indican necesaria-mente una toma de posicioacuten frente al tema concreto

Es muy diferente el caso de Aristoacuteteles quien sosteniacutea que la esclavitud

era natural lo que comportaba una suerte de diferencia congeacutenita entre amos y esclavos Asiacute al hablar de la administracioacuten domeacutestica (οἰκονομίας) nos encontramos con las partes de ldquouna casa perfectardquo (οἰκία δὲ τέλειος) la cual consta de sujetos libres y esclavos392 Es esclavo dice aquel que ldquopor natura-leza (φύσει) no se pertenece a siacute mismo sino a otrordquo y en un intento de defi-nir la situacioacuten servil antildeade que es ldquoun hombre de otrordquo393 Una afirmacioacuten por cierto que a nuestros ojos resulta casi aterrador Estos anaacutelisis sin em-bargo no parecen comprometer del todo el juicio propio de Aristoacuteteles en la medida que a esta altura del texto en que lo escribe no evidencian forzosa-mente una conviccioacuten personal Es claro tambieacuten que nuestro filoacutesofo se es-fuerza por mantenerse en una posicioacuten teoacuterica pero no es tan difiacutecil com-

392 Aristoacuteteles Poliacutetica 1253b 3 ss (Libro I 3) 393 Poliacutetica 1253b 16 (Libro I 4)

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prender cuaacutel es su verdadera posicioacuten cuando luego afirma ldquoregir y ser regi-dos no solo son necesarios sino convenientes y ya desde el nacimiento unos seres estaacuten destinados a ser regidos y otros a regirrdquo394 o cuando conclusiva-mente afirma ldquoes pues manifiesto que unos son libres y otros esclavos por naturaleza (φύσει) y que para estos uacuteltimos la esclavitud es a la vez conve-niente y justardquo395 Esta es evidentemente una presentacioacuten parcial del pensa-miento de Aristoacuteteles y aunque estas afirmaciones son demasiado expliacutecitas como para no advertir su sentido obvio creo que seriacutea injusto dar por zanja-do el asunto sin un estudio maacutes completo cosa que no hacemos aquiacute

La posicioacuten de Aristoacuteteles sin embargo mdashtal como la hemos esbozadomdash

y su manera desenvuelta de examinar el problema permite hacer una compa-racioacuten uacutetil y clarificadora para el caso de Platoacuten especialmente en su Repuacutebli-ca La esclavitud es una realidad en el mundo antiguo y en Grecia estaacute clara-mente establecida Los esclavos eran usualmente baacuterbaros mdashsi bien los habiacutea tambieacuten griegos y aunque algunos eran propiedad de la ciudad una mayoriacutea perteneciacutea a sujetos privados Trabajaban en los oficios maacutes diversos y bajo diferentes condiciones de trato habiacutea por ejemplo cierto tipo de empresas que eran atendidas por esclavos los que recibiacutean su sueldo En lo que respec-ta a Atenas se puede decir que ldquode hecho se podiacutea hallar esclavos en mayor o menor amplitud en virtualmente cada aacuterea de la vida econoacutemica atenien-serdquo396

Un testimonio que podriacuteamos considerar digno de creacutedito proveniente

de un oligarca dispuesto a no dejar en silencio ninguna situacioacuten o actuacioacuten que pudiera dantildear el prestigio de la democracia ateniense397 expone la ldquograndiacutesima licenciardquo que hay en Atenas frente a los esclavos y metecos mdash

394 Poliacutetica 1254a 21-24 (Libro I 5) traduccioacuten de J Mariacuteas y M Araujo Madrid 1989 (2a ed 1970) 395 Ibid 1254b 39-1255a 2 Y a pesar de que Aristoacuteteles analiza tambieacuten los argu-mentos contrarios a la esclavitud y de que tiene en claro que se puede arguumlir en contra de la esclavitud que ella ldquoes violentardquo (ibid 1253b 22 I 3) 396 M Crawford D Whitehead Archaic and Classical Greece Cambridge 1983 pg 295 donde se hace ver ademaacutes coacutemo el tema de la esclavitud ldquoha sido fuente de profunda discrepancia entre los estudiosos durante los uacuteltimos 25 a 30 antildeosrdquo 397 Pseudo-Jenofonte La Repuacuteblica de los Atenienses 10-12

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una suerte de extranjeros permanentesmdash y se refiere con escaacutendalo al hecho de que los esclavos se visten como los ciudadanos libres y que se les deja ldquovivir en la molicierdquo (τρυφᾶν) e incluso mantener un geacutenero de vida ldquogran-diosordquo398 En esas circunstancias lo grave es que entre otras cosas confiacutea nuestro autor iexclno es posible golpear a nadie ni un esclavo te cederaacute el paso pues ldquoSi fuese legal que el esclavo o el extranjero residente o el liberto fuera gol-peado por una persona libre muchas veces le pegariacutean a un ateniense supo-niendo que era un esclavo porque ademaacutes el pueblo no tiene mejor vestimen-ta que los esclavos y los extranjeros residentes ni son de mejor aspectordquo 399

Por otra parte muchos esclavos calificados en sus oficios ejerciacutean en la

Atenas democraacutetica sus trabajos como lo estimaban mejor con la condicioacuten de pagar al amo su parte correspondiente Se constituyoacute asiacute la categoriacutea de esclavos ldquodomiciliados aparterdquo400

En Atenas por consiguiente el esclavo recibe dinero y no teme a los

ciudadanos libres al extremo de lo que sucede en Esparta Es de notar enton-ces al menos un grado concreto de avance hacia una relativa desaparicioacuten praacutectica de las diferencias entre libres y esclavos entre los atenienses los ciu-dadanos culturalmente maacutes influyentes de toda la Heacutelade Testimonios como estos sin embargo no pueden hacernos olvidar la indudable injusticia baacutesica de la esclavitud y el grado de responsabilidad de quienes la sosteniacutean de pa-labra o de obra incluidos los atenienses

398 Ibid I 10 Oscar Velaacutesquez La Repuacuteblica de los Atenienses lsquoJenofontersquo Editorial Universitaria Santiago de Chile 2010 p 59 Hay una edicioacuten bilinguumle espantildeola Pseudo-Jenofonte La Repuacuteblica de los Atenienses M Cardenal de Iracheta M Fer-naacutendez Galiano Madrid 1971 y una de G Ramiacuterez Vidal Jenofonte La Repuacuteblica de los Atenienses BSGRM UNAM Meacutexico 2005 Por otra parte iquestqueacute habraacute pensado el joven estagirita Aristoacuteteles educado en la corte Macedoacutenica al ver a su llegada a la Academia estas si se quiere sorprendentes cos-tumbres atenienses Sin duda que Platoacuten estaba bien acostumbrado a estos modos de vida 399 Pseudo-Jenofonte La Repuacuteblica de los Atenienses edicioacuten citada pg 59 Un tipo de reproche que en palabras de G Glotz ldquoconstituye un meacuterito para el pueblo ate-nienserdquo (La Ciudad Griega -ed P Clocheacute- trad espantildeola Meacutexico (1957) pg 221 400 Ver G Glotz op cit pg 220

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En lo que respecta a nuestro tema especiacutefico fue G Vlastos quien afir-

moacute que ldquono es posible hallar en parte alguna de Platoacuten una discusioacuten formal de la esclavitudrdquo401 Luego de pasar revista a algunos pasajes de las Leyes 402 concluye que Platoacuten piensa que la condicioacuten de esclavo consiste en una ldquodefi-ciencia de razoacutenrdquo403 y mediante el examen de otros textos platoacutenicos infiere que ldquola ausencia de auto-determinacioacuten tan obvio en el caso del esclavo es normal en la sociedad platoacutenicardquo404 Esta uacuteltima inferencia solo ha sido posi-ble hacerla mdashconforme al razonamiento de Vlastosmdash como una consecuencia de un ldquoaxiomardquo de la teoriacutea poliacutetica de Platoacuten seguacuten que se dice ldquoel uacutenico apto para gobernar es aquel que posee logosrdquo405

Hasta queacute punto es vaacutelida esta conclusioacuten es un asunto no demostrado

En todo caso hay un punto que es tratado por Vlastos con sutil profundidad Plantea que en la sociedad platoacutenica existe solamente una pequentildea minoriacutea (como se puede ver por ejemplo en el Poliacutetico 292e) de aristoacutecratas ilustrados junto a una mayoriacutea que carece de logos y que no pudiendo conocer su bien propio y el de la sociedad ldquosu uacutenica posibilidad de hacer el bien es obedecer impliacutecitamente las oacuterdenes de sus superioresrdquo406 Esto se dice no solo de los gobernantes sino de toda autoridad humana o divina Sin embargo esta dou-leiacutea (lsquoesclavitudrsquo) de la que habla Platoacuten es una sumisioacuten ldquovirtuosa amistosa y alegrerdquo dice a la autoridad constituida y representa un uso del teacutermino casi sin precedentes en la literatura griega Se trata de una ldquoextensioacuten genial

401 Gregory Vlastos ldquoSlavery in Platos Thoughtrdquo (1941) en Platonic Studies (2a ed 1981) pg 145 402 Cf tanto Leyes 720a-e como 773e 966b G Vlastos habiacutea sentildealado que el texto maacutes importante acerca del tema es el de Leyes 720a-e en que se contrasta la actitud del meacutedico libre con sus pacientes tambieacuten libres y la del ldquosubordinado de los meacute-dicosrdquo (Leyes 720a) mdashuna suerte de auxiliar esclavomdash con sus pacientes que tambieacuten lo son 403 G Vlastos op cit pg 148 ldquoIt is clear from such passages that Plato thinks of the slaves condition as a deficiency of reason He has doxa but no logos He can have true belief but cannot know why his belief is truerdquo 404 Ibid pg 150 405 Ibid pg 149 n 9 406 Ibid pg 150

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de Platoacutenrdquo 407 para el sentido de lsquoesclavitudrsquo y apunta al claro objetivo de demostrar que siendo la mayoriacutea de los hombres incapaces de gobernarse a siacute mismo y a sus apetitos la solucioacuten maacutes feliz seraacute el someterse al mejor De esta manera gobernados todos asiacute por el mismo principio puedan todos en lo posible ser amigos408

Ahora bien en este modo tan libre de hablar acerca de todo tipo y con-

dicioacuten de subordinados poliacuteticos como lsquoesclavosrsquo subyace no un punto de vista praacutectico sino teoacuterico que consiste en que ldquoen principio no hay diferen-cia en la teoriacutea poliacutetica de Platoacuten entre la relacioacuten del sentildeor y su esclavo y la del soberano con sus suacutebditosrdquo409 Ello constituiriacutea seguacuten Vlastos ldquouna nega-cioacuten radical de la democraciardquo410 Por otra parte la democracia ateniense pu-do llegar a substituir ldquohombrerdquo por ldquociudadano de Atenasrdquo y sin saber queacute hacer con la esclavitud hubo quienes jugaron con la idea subversiva de que la esclavitud ldquono era naturalrdquo En esa situacioacuten la teoriacutea democraacutetica reflejaba esa contradiccioacuten real en la sociedad ateniense al dejar en evidencia la exis-tencia de ldquouna comunidad poliacutetica libre que se apoyaba en una economiacutea esclavistardquo411

Todas estas discusiones relativas a la cuestioacuten de si Platoacuten postuloacute o no

la esclavitud en su proyecto de Estado han hecho resaltar entre otros dos pasajes de la Repuacuteblica ldquoPero si fuese necesario dije decir cuaacutel de estas virtudes produciraacute especial-mente con su presencia el que la ciudad sea buena de difiacutecil decisioacuten seriacutea si

407 Ibid pg 150 408 Cf ibid pg 150 y Repuacuteblica 590 c-d 409 Ibid pg 151 Cf Poliacutetico 259c 2 En la misma liacutenea de argumentacioacuten G Vlastos afirma (op cit pg 152) ldquoIn other words Plato uses one and the same principle to interpret (and justify) political authority and the masters right to govern the slave political obligation and the slaves duty to obey his master His conception of all government (archendash archein) is of a piece with his conception of the government of slaves Is this saying too much One thinks of any number of important qualifica-tions Yet substantially the statement is truerdquo Esas restricciones (ldquoqualificationsrdquo) son precisamente las que deben ser discutidas en maacutes profundidad 410 G Vlastos op cit pg 152 411 Ibid pg 153

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acaso es la igualdad de opiniones de los gobernados o si lo que hace espe-cialmente que la ciudad sea buena es que esteacute presente en el nintildeo en la mujer en el esclavo (καὶ δούλῳ) en el hombre libre (καὶ ἐλευθέρῳ) en el artesano en el gobernante y en el gobernado en el sentido de que cada uno se ocupe de los asuntos que le son propios y no se aplique a muchos otrosrdquo (433 c-d)

El segundo pasaje dice

ldquoPor lo tanto iquestpara que hombre de semejante condicioacuten sea gobernado por algo similar a lo que gobierna al mejor hombre declaramos que debe ser es-clavo (δοῦλον) de este mismo hombre el mejor que posee en siacute el principio divino que gobierna aunque no creamos que el esclavo debe ser gobernado para su dantildeo como creiacutea Trasiacutemaco cuaacutel era la condicioacuten de los goberandos sino que porque es mejor para todos estar gobernados por el elemento divino e inteligente especialmente cuando este elemento es propio de eacutel o bien que esteacute dirigido desde afuera a fin de que todos sean en lo posible semejantes y amigos gobernados por el mismordquo (590 c-d)412

iquestPodremos dar por zanjado el asunto y al menos dejar en la duda la

posicioacuten de Platoacuten con respecto a la esclavitud La propuesta de G Vlastos acusa a Platoacuten con atenuantes importantes claro estaacute de introducirla en su estado Sobre todo el pasaje de R 433c-d citado maacutes arriba es punto difiacutecil de pasar por alto pues parece evidente que se habla aquiacute no de cualquier esta-do sino de la ciudad ideal en proyecto Es posible con todo plantear todo el asunto desde una perspectiva diferente cosa que paso a discutir a continua-cioacuten

Un artiacuteculo de B Calvert serviraacute de guiacutea en este nuevo examen413 Un

texto platoacutenico de importancia en este anaacutelisis mdashque tiene que ver con la pla-nificacioacuten del nuacutemero de artesanos en la ciudadmdash es el siguiente ldquoexisten todaviacutea algunos otros pienso cuyos servicios no estaacuten en contacto muy es-trecho con la inteligencia (διανοίας) pero que poseen fuerza suficiente para

412 Traduccioacuten de G Goacutemez Lasa he antildeadido los pareacutentesis 413 Brian Calvert ldquoSlavery in Platos Republicrdquo en The Classical Quarterly NS vol XXXVII No 2 (1987) 367-372

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trabajos duros Estos venden la utilidad de su fuerza y al llamar salario al valor de eacutesta se les llama como creo asalariadosrdquo414 Platoacuten ciertamente con-sideroacute en su Estado gente que vende su trabajo la clase de los asalariados (μισθωτοί) que conforman el tercer segmento de la ciudad415 Estos son evi-dentemente ciudadanos no esclavos y ellos junto con los auxiliares y los guardianes al hacer en la ciudad la tarea que les es propia realizan la justicia en la ciudad416

Los analistas del tema de la esclavitud no dejan de mencionar la rela-

cioacuten estrecha que existe entre esta y el orden econoacutemico de un determinado conglomerado sea este por ejemplo de tipo familiar o socialmente maacutes am-plio como el urbano Se muestra que sistemas poliacuteticos han dependido para su subsistencia del trabajo servil dejando al estamento libre un espacio para otras actividades Por otra parte es claro mdashy Platoacuten lo sabe perfectamentemdash que la esclavitud para ponerse en ejecucioacuten y sostenerse tiene que sustentar-se en la fuerza Es esta misma fuerza ademaacutes la que sostiene el sistema legal que la favorece Por otra parte no es menos importante el hecho de que entre los griegos solamente los libres son ciudadanos siendo el esclavo por lo gene-ral una propiedad de tipo familiar

Ahora bien mdashy se pone asiacute al descubierto una ldquoincoherencia demasiado

obviardquo de G Vlastos 417 ya que podemos suponer que en la ciudad platoacutenica los guardianes no pueden tener esclavos por el simple hecho de que la clase gobernante no tiene posesioacuten alguna418 Siendo ellos los uacutenicos con justo de-

414 Repuacuteblica 371 e traduccioacuten de G Goacutemez L 415 ldquoThey are not slaves but a part of the wage-earning segment of societyrdquo (B Cal-vert op cit pg 368) 416 Cf Repuacuteblica 434c 417 B Calvert op cit pg 369 ldquo Yet despite his clear recognition of the problem Vlastos appears to overlook its impact when in the same article he ascribes ow-nership of slaves to the third class and we are left with what certainly looks like a blatant incoherence in his account the third class are not qualified to be slave ow-ners or alternatively the guardians are the only ones entitled to own slaves but the guardians are prohibited from possessing any private property including slavesrdquo 418 La existencia misma de los traficantes de esclavos es sentildeal de que la esclavitud estaba considerada un artiacuteculo de consumo el que pasaba a ser propiedad de su adquirente Es una actividad floreciente en la antiguumledad ldquoun negocio puramente

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recho a ser servidos por esclavos la ley les prohibe tajantemente toda propie-dad La clase gobernante percibe todo del resto de la comunidad y eso que recibe debe compartirlo con los de su clase De ahiacute se concluye un punto cla-ve de la argumentacioacuten de Calvert y es que ldquola esclavitud es incompatible con las teoriacuteas de la justicia y del alma tripartitardquo419

Conforme a ello cada persona se beneficia a siacute misma y a la sociedad

realizando adecuadamente su propia individualidad Si hubiera de haber es-clavos deberiacutea haber ldquopersonalidades naturalmente esclavasrdquo para cumplir una funcioacuten social apropiada a su condicioacuten Pero no hay ninguna labor que desempentildear a ese nivel en el estado platoacutenico pues la tercera clase que es parte de los ciudadanos cumple totalmente con lo que la ciudad precisa para subsistir como unidad econoacutemica y social Todo esto dice relacioacuten con la doc-trina tripartita del alma y su estrecha vinculacioacuten con la teoriacutea de la justicia y sucede que ldquolas tres partes forman una unidad ellas no son una parte de una unidad Hasta aquiacute entonces la distincioacuten que seriacutea necesaria para la existencia de una personalidad naturalmente esclava no puede sostenerserdquo420

El argumento entonces que supone que Platoacuten sostuvo la existencia de

la esclavitud en su ciudad ideal seriacutea inconsistente con sus teoriacuteas de la justi-cia y del alma tripartita En esas circunstancias

privadordquo como dice M I Finley Aspectos de la Antiguumledad pg 224 trad castellana Barcelona 1975 (1960) Sin relacioacuten propiacuteamente con las actividades de tipo militar o con la pirateriacutea Esto no quita que aparte del negocio privado es en la guerra en que descansa ldquola clave de toda operacioacutenrdquo (ibid pg 218) referente a la esclavitud de la que el traacutefico recibe sus mayores provisionamientos En esas circunstancias ldquoslaves were traded in order to obtain necessitiesrdquo (DC Braund GR Tsetskhladze ldquoThe Export of Slaves from Colchisrdquo en The Classical Quarterly XXXIX 1989 pg 115 419 Ibid pg 370 420 B Calvert op cit pg 370 Vlastos arguye Calvert interpreta el pasaje de Repuacute-blica 433d basado en la nocioacuten de que hay esclavos que viven al interior de la ciu-dad pero no son ciudadanos de la ciudad ideal cosa que Calvert rechaza Pero se debe adicionalmente sentildealar que ldquoPlatoacuten es suficientemente especiacutefico en sentildealar que las tres partes del alma corresponden a las tres clases de la sociedad En la esti-macioacuten de Vlastos los esclavos forman un cuarto sector exterior a las tres clases de ciudadanosrdquo (pg 371) iquestPero existe en Platoacuten un cuarto elemento de la personalidad Eso es considerado imposible

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ldquola peor acusacioacuten que se le podriacutea hacer es que Platoacuten no siempre cumplioacute con los estaacutendares que eacutel se puso a siacute mismo y ocasionalmente dice cosas que no son consecuentes con los requerimientos de su propia teoriacuteardquo421

Resulta entonces que en el plano de lo que Platoacuten efectivamente dijo

no es faacutecil probar una posicioacuten favorable de su parte a la esclavitud ni desde el punto de vista de sus afirmaciones positivas ni menos auacuten desde una perspectiva teoacuterica G Vlastos por lo que parece se apoya en afirmaciones no concluyentes de la Repuacuteblica y otros textos de Platoacuten y sobre todo en la idea de que el esclavo mdashcomo la multitud en el Estadomdash carece de logos (su-ponemos que en el sentido de lsquodiscernimientorsquo lsquorazoacutenrsquo) De ese modo seguacuten Vlastos se haciacutea necesario que un ldquosuperior benevolenterdquo impusiera orden sobre ellos llaacutemese este sentildeor guardiaacuten mente demiurgo y que lo propio de la autoridad estaba en que ella poseiacutea precisamente logos422 Si el problema entonces de queacute pensoacute o dijo Platoacuten con respecto a la esclavitud solo puede ser verdaderamente aclarado en el terreno de los principios y no de las decla-raciones las argumentaciones de B Calvert aportan razones de un peso sufi-ciente como para al menos neutralizar las proposiciones hechas por G Vlas-tos en los escritos que aquiacute se han examinado El difiacutecil tema en consecuen-cia estaacute una vez maacutes en situacioacuten de ser analizado en toda su complejidad sobre estas nuevas bases

421 B Calvert op cit pgs 371-72 422 G Vlastos lsquoSlavery in Platos Thoughtrsquo en Platonic Studies pg 162

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II La soberaniacutea en la constitucioacuten platoacutenica

tu regere imperio populos romane memento ldquotuacute romano recuerda regir con suprema autoridad los pueblosrdquo

Virgilio Eneida V 851

En un artiacuteculo aparecido en la Revista de Filosofiacutea trateacute alguna vez acer-ca del tema de la soberaniacutea del Estado en Platoacuten423 Alliacute analizaba algunos puntos que dichos ahora quizaacute con mayor claridad proponen la siguiente hipoacutetesis al manifestar Platoacuten que los filoacutesofos deben reinar en las ciudades se estaba planteando una modificacioacuten del concepto de Estado esta vez una que surge de la nocioacuten misma de justicia Es decir que se debe otorgar el po-der soberano a los filoacutesofos en razoacuten de un acto de justicia distributiva entre las funciones del Estado Es esas circunstancias Platoacuten habriacutea hecho manifies-to que en virtud de que es justo que el filoacutesofo reine en la ciudad es asimis-mo de justicia que los geacuteneros del alma individual se reflejen en los del alma social Alliacute en efecto debe gobernar el elemento intelectivo por sobre todos los demaacutes De ese modo el poder soberano no ha de estar desde ahora ni en los maacutes de las democracias ni en los pocos de las oligarquiacuteas sino en aquellos que por la calidad de su saber se hacen acreedores de eacutel Se debe entonces conceder el gobierno de la ciudad a los filoacutesofos

Quiero con todo volver a plantear el asunto desde una perspectiva lige-

ramente diferente a la de aquel estudio maacutes acorde en cierto sentido con la Repuacuteblica misma y con los grandes problemas que su lectura presente ha ido poniendo en evidencia ante el lector de este libro

Los teacuterminos de soberaniacutea y soberano mdashtal como los vemos reflejados

en numerosas lenguas modernas occidentalesmdash no corresponden precisa-mente a vocablos latinos del periacuteodo claacutesico ya que superanus y sus modifica-ciones corresponden al bajo latiacuten El teacutermino en cuestioacuten sentildealaba a aquel que ejerce o posee una autoridad la que es a la vez suprema e independiente en

423 ldquoPlatoacuten y la soberaniacutea del Estadordquo Revista de Filosofiacutea Santiago de Chile (1988) 37-44

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un Estado Pero aparte de soberaniacutea vocablos como maiestas auctoritas potes-tas imperium sirvieron para expresar en contextos diversos ideas similares a la que aquiacute nos ocupa En un sentido maacutes especiacutefico el tema de la soberaniacutea es prevalentemente moderno y parece coincidir con el reforzamiento de la autoridad monaacuterquica en los Estados de la modernidad

Tratados como Los seis libros de la Repuacuteblica de Jean Bodin (1530-1596)

asiacute como numerosas referencias al tema en obras como Leviathan o De Cive de Thomas Hobbes (1588-1679) los Treatises de John Locke (1632-1704) o el Trac-tatus Theologico-Politicus y el Tractatus Politicus de Benedictus de Spinoza (1632-1677) mdashen especial acerca de la condicioacuten del soberanomdash dan testimo-nio del creciente intereacutes de aquella eacutepoca sobre este tema central de la filoso-fiacutea poliacutetica El concepto pienso tambieacuten existe entre los griegos desde que se ha pensado en la constitucioacuten del Estado y se ha puesto atencioacuten en el nuacutecleo originador del poder en que este se funda Mas las palabras que han servido para expresar estas ideas en la tradicioacuten greco-latina no siempre han coinci-dido con la realidad concreta de los vocablos y a menudo corremos el riesgo de perder la pista de su presencia y su evolucioacuten en la historia poliacutetica de nuestras naciones La prudencia por una parte y los objetivos de este libro por otra me indican la necesidad de centrar este breve estudio en los griegos mdashespeciacuteficamente en el Platoacuten de la Repuacuteblicamdash no sin antes referirme muy sumariamente a ciertos significados latinos

Concedamos que la soberaniacutea sentildeala esa autoridad suprema del poder

del Estado que encarnado en algo o en alguien designa al soberano En tal ca-so lo primero que hay que distinguir al interior del concepto es el significado de la autoridad o el poder Podemos distinguir entonces (a) el nuacutecleo unita-rio que representa la base originaria del poder y (b) el ejercicio o la praacutectica efectiva de este Se dice por ejemplo que en un estado democraacutetico la sobe-raniacutea estaacute en el pueblo mdashcorrespondiendo a (a)mdash y que por otra parte ese poder soberano es transferido y ejercido efectivamente por las magistraturas elegidas por el pueblo mdashque representa a (b) La soberaniacutea sentildeala sobre todo el primer sentido y quiere sentildealar al soberano es decir al sujeto o sujetos que son la autoridad suprema en un Estado Esa autoridad suprema de hecho no

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tiene el ejercicio ordinario y efectivo de esa autoridad que representa Sucede sin embargo que en la democracia ateniense siendo el pueblo el soberano este ejerciacutea de una manera directa y relativamente ordinaria su poder me-diante la ekklesiacutea la asamblea popular o dēmos Habiacutea magistraturas pero los grandes negocios del Estado se decidiacutean alliacute en especial cuando se convocaba a una ekklesiacutea kyriacutea es decir una lsquoasamblea soberanarsquo Es lo que Platoacuten cono-ciacutea desde que tuvo uso de razoacuten es decir el ejercicio de una democracia maacutes directa que representativa Hay que tener presente en todo caso que todos estos sentidos de poder estaacuten de alguacuten modo fundidos en la praacutectica o bien en iacutentima conexioacuten ya que a menudo no es tan faacutecil distinguirlos como seriacutea el caso de los soberanos en las monarquiacuteas constitucionales actuales en que su autoridad se sostiene maacutes en el sentido (a) que el (b)

En la tradicioacuten romana es claro que auctoritas es el teacutermino quizaacute maacutes

importante Los sentidos maacutes significativos de este teacutermino son para noso-tros pienso ldquoderecho o poder para autorizar o sancionarrdquo y el de autoridad tanto en lo que respecta a la leyes como en referencia a las magistraturas del Estado en general El teacutermino auctoritas se dice tambieacuten refirieacutendose a perso-nas (la lsquoautoridadrsquo) Podemos ademaacutes antildeadir a esta breve lista el vocablo con-ditor (lsquofundadorrsquo) La posicioacuten de poder y autoridad de las magistraturas en general la capacidad de control sobre personas o cosas se designa tambieacuten como potestas siendo maiestas a menudo una expresioacuten de la majestad sobe-rana ya sea del pueblo del Estado o incluso de una persona De ahiacute que auacuten hoy se utiliza el teacutermino su majestad entre los reyes Este es un concepto que entre los romanos suele ir unido a imperium (p e maiestas imperii) que sentildeala o bien ldquoel supremo poder administrativordquo o en un sentido maacutes propio ldquoel ejercicio de la autoridadrdquo En algunos contextos podriacuteamos interpretar impe-rium como lsquosupremaciacutearsquo424

No hay entonces aparentemente en el latiacuten claacutesico palabra especiacutefica

para soberano siendo supranus el teacutermino latino medieval que significa lsquosu-periorrsquo equivalente a lsquosupremus praefectusrsquo Carta fechada en 1261 dice

424 Para estos y otros sentidos ver el P G W Glare Latin Oxford Dictionary en las diferentes entradas

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ldquoquibus notionibus nostrates Souverain dixeruntrdquo425 Un documento parla-mentario franceacutes de 1320 denomina al ldquosoberano de la caacutemarardquo es decir al presidente de esta Tambieacuten tiene un sentido eclesiaacutestico siempre con la idea del superior jeraacuterquico de alguacuten organismo colegiado sea poliacutetico o religioso La supremitas es la lsquosuprema potestasrsquo que entre los galos (documento de 1450) seguacuten el mismo du Cange es souveraineteacute No queda maacutes que conjetu-rar que ciertos aspectos de la voz lsquosoberaniacutearsquo son exlusivamente medievales y quizaacute deja entrever la idea de un superior entre otros y que de alguna mane-ra tiene bajo su potestas a un conjunto que a su vez comparte con el supranus un tipo de poder

Ahora bien todos estos teacuterminos no significan simple y llanamente lsquoso-

beraniacutearsquo en un sentido elaborado maacutes poliacuteticamente porque su significado depende de los contextos en que ellos se encuentran Es importante sentildealar sin embargo que apelativos del tipo lsquosumorsquo o lsquosupremorsquo se hacen por lo ge-neral necesarios cuando se quiere sentildealar ese estado de supremaciacutea propio de la soberaniacutea Tenemos asiacute por ejemplo expresiones como summa potestas o summum imperium que vemos utilizados incluso por los tratadistas moder-nos como Spinoza para quien summum imperium parece sentildealar el ldquopoder soberanordquo y da a summa potestas el significado maacutes propio de ldquosoberanordquo Los romanos no eran tan dados a teorizar en estos aspectos aunque siacute como bien sabemos al ejercicio efectivo del gobierno De ahiacute que los conceptos que encierran estas palabras significan por lo general realidades concretas perso-nas y magistraturas Ello no impidioacute en todo caso que los teoacutericos de la poliacute-tica como los tratadistas medievales y modernos mdashque escribiacutean generalmen-te en latiacutenmdash pudieran utilizar con provecho la riqueza extraordinaria de estos vocablos y los ricos contextos en que ellos se encontraban

Con Platoacuten en cambio en los inicios de estas nociones nos hallamos con

un personalidad sui generis Es un teoacuterico de mente filosoacutefica que se encuentra a su vez fuertemente atraiacutedo por la accioacuten y la poliacutetica Seguacuten el testimonio de la Carta VII (que seguacuten algunos no es genuina) eacutel se veiacutea llamado en su ju-

425 En Charles du Cange Glossarium Mediae en Infimae Latinitatis T VII Los otros datos consignados aquiacute provienen de este mismo gran Glossarium

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ventud especialmente a participar en los asuntos del Estado Las circunstan-cias sin embargo y su caraacutecter reflexivo lo inclinaron finalmente a la filoso-fiacutea426 En la Repuacuteblica vemos en forma manifiesta una siacutentesis de su personali-dad tanto filosoacutefica como poliacutetica No abandonoacute por eso su instintiva disposi-cioacuten por lo concreto pues parece que su imaginacioacuten prodigiosamente creati-va se presentaba a menudo en figuraciones factibles de convertirse en reali-dad Con todas las necesarias restricciones la Repuacuteblica es a la Academia co-mo lo es el suentildeo al suceso materializado De ahiacute que en la Politeia que es una obra altamente especulativa se presenta sin embargo constantemente una tensioacuten entre teoriacutea y accioacuten y se finge a cada paso la fundacioacuten concreta de un Estado Porque aparece como un acto de realismo poliacutetico el preguntarse quieacutenes han de mandar concretamente en la ciudad en gestacioacuten coacutemo he-mos de elegir a los gobernantes y prepararlos para el mando y cuaacutel se consi-dera que es efectivamente la fuente de donde dimana la soberaniacutea del Estado

Las palabras que expresan estos conceptos aparecen en el curso del diaacute-

logo configuradas entre la levedad del proyecto imaginario y la seriedad de un espiacuteritu de verdad preocupado por la crisis generalizada de los sistemas poliacuteticos helenos en los antildeos mismos y los posteriores a la Guerra del Pelopo-neso En esas circunstancias cuesta encontrar los teacuterminos justos en que la nocioacuten de soberaniacutea adquiere la corporeidad precisa de la palabras Existe sin embargo la idea y los teacuterminos en nuestro filoacutesofo y en lo que respecta a nuestra encuesta especiacutefica estos son mdashsin dar un orden obligatorio de pre-cedenciamdash arkhḗ (ἀχή) dyacutenamis (δύναμις) especialmente como dyacutenamis poli-tikḗ (δύναμις πολιτική) y diversas formas del adjetivo kyacuterios (κύριος)

Podemos reducir a tres las ideaas principales expresadas en arkhḗ a sa-

ber (1) la de lsquoorigenrsquo y lsquocomienzorsquo (2) la de (primer) lsquoprincipiorsquo lsquofundamen-torsquo y (3) la de lsquopoderrsquo (lsquosoberaniacutearsquo) con la que tambieacuten se relacionan lsquomeacuteto-do de gobierno imperio magistraturarsquo427 En primer lugar si hay un origen

426 Platoacuten Carta VII 324b 427 El Liddle-Scott-Jones Greek-English Lexicon (LSJ) aporta estos datos en que Heroacutedoto proporciona importantes ejemplo LSJ propone tambieacuten junto con lsquopo-derrsquo el sentido de lsquosovereigntyrsquo

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sobre el que a modo de fundamento se alza la construccioacuten de la ciudad se consolida su poder y se establece su meacutetodo de gobierno este en la Repuacuteblica es sin duda las Idea de Bien Debemos suponer que esta Idea tiene un signifi-cado profundamente poliacutetico maacutexime si se trata de un libro que estaacute en su totalidad dedicado a la planificacioacuten de un Estado ideal Asiacute entonces las paacute-ginas acerca del Bien son cruciales no solo en la medida en que apuntan a los objetivos de perfeccioacuten de su proyecto sino en cuanto significan el funda-mento metafiacutesico de la totalidad de la ciudad Estas tres alegoriacuteas centrales (el Bien la Liacutenea y la Caverna) son ademaacutes el punto maacutes decisivo en que la filo-sofiacutea llevada a sus principios maacutes originarios se halla a siacute misma fundamen-tando la estructura misma de una nueva polis En otras palabras mediante estas tres alegoriacuteas Platoacuten intenta explicar y poner en movimiento su idea quizaacute maacutes genial de que en su proyecto de ciudad la poliacutetica y la filosofiacutea encuentran su centro de identificacioacuten maacutes verdadero

Una primera aproximacioacuten mediante el concepto de arkhḗ nos da los

indicios iniciales El texto de Repuacuteblica no relaciona directamente este teacutermino con la Idea del Bien sin embargo en tres ocasiones arkhḗ es mencionado en la alegoriacutea de la Liacutenea aludiendo a aquella Idea En R VI 510b 5-7 se reitera la afirmacioacuten de que hay un lsquoprincipiorsquo Es el principio hacia el que el alma se encamina cuando partiendo de las hipoacutetesis que proporciona la ciencia llega al ldquoprincipio no hipoteacuteticordquo (τὸ ἐπ᾽ἀρχὴν ἀνυπόθετον) Este ldquoprincipio no hipoteacuteticordquo suponemos que representa en la Liacutenea a la Idea del Bien de la que poco maacutes adelante se afirma que es ldquoel principio de todordquo (R VI 511b 6-7) Estamos en una alegoriacutea de corte maacutes especiacuteficamente epistemoloacutegico por lo que arkhḗ dice referencia al origen en cuanto inteligible Se hace asimismo mencioacuten expresa a su condicioacuten de principio ldquono hipoteacuteticordquo es decir incon-dicionado o si se quiere de caraacutecter absoluto

La verticalidad de Liacutenea se hace maacutes aparente auacuten cuando se deja ver la posi-

cioacuten de autoridad soberana que goza el principio Por otra parte en uno de los momentos culminantes del relato en R VI 509b se la asigna al Bien una situacioacuten de superioridad ldquoen dignidad y poderrdquo (πρεσβείᾳ καὶ δυνάμει) sobre toda otra realidad inteligible Los dos epiacutetetos combinados me parece

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revelan una significacioacuten semejante a maiestas428 perfectamente reminiscente de una dignidad soberana No debemos olvidar que en la tradicioacuten de occi-dente ademaacutes del concepto de la soberaniacutea popular ha permanecido tambieacuten la idea de que la soberaniacutea procede de Dios El desarrollo de mentalidades absolutistas en ambas direcciones se fortalece en la eacutepoca moderna con el ab-solutismo monaacuterquico Todaviacutea hay reyes hoy que al menos nominalmente lo son Dei gratia (en numismaacutetica aveces D G ) Por otra parte para Atenas el concepto se puede sintetizar del siguiente modo ldquoLa teoriacutea constitucional de la democracia ateniense es muy sencilla se resume en una palabra el pueblo es soberano (κύριος)rdquo429

Indudablemente que el teacutermino kyrios y sus casos oblicuos son una pieza

clave en el estudio presente y su sentido general es tener poder o autoridad En formas neutras substantivadas como to kyrion designa el lsquopoder sobe-ranorsquo En las alegoriacuteas centrales de la Repuacuteblica se califica al Sol imagen del Bien como teniendo autoridad (κύριον R VI 508a) sobre los factores de lumi-nosidad que permiten la visioacuten Del oacutergano de la vista se dice que tiene un ldquopoderrdquo (δύναμιν R VI 508b) que es ldquodispensado por el Solrdquo Me parece na-tural que un lector griego pueda interpretar el lenguaje del siacutemil en una clave poliacutetica sobre todo si en un importante lugar posterior (R VII 517b-c) Platoacuten termina por develar claramente la condicioacuten soberana de su Idea suprema Se dice alliacute que en la regioacuten de lo conocido la Idea del Bien (ἡ τοῦ ἀγαθοῦ ἰδἐα) es la uacuteltima en ser vista y apenas se la ve Mas cuando se la ve nuesto razo-namiento debe admitir que ella es la causa (αἰτία) de todo lo recto y bello

ldquodando nacimiento en la regioacuten visible a la luz y al soberano (ldquosentildeorrdquo τὸν κύριον) de esta y en la regioacuten inteligible otorgando ella misma co-mo soberana (κυρία) la verdad y la inteligencia y que es preciso que la vea quien se dispone a actuar sabiamente tanto en privado como en puacute-blicordquo En otras palabras la Idea del Bien posee la autoridad que le permite ser

la dispensadora de la verdad y de la inteligencia para conocerla de un modo

428 ldquoThe dignity of a god or exalted personage majestyrdquo ldquothe majesty of the people or state sovereigntyrdquo Oxford Latin Dictionary (OLD) 429 G Glotz La ciudad griega (trad castellana) Meacutexico UTEHA 1957 pg 112

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semejante a como el Sol tiene autoridad sobre aquello que suministra la lu-minosidad Aquiacute entonces ldquoser duentildeo derdquo o ldquotener la autoridad sobrerdquo im-plica ese poder superior e independiente que llamamos soberano En un estui-do contemporaacuteneo se afirma que

ldquola aspiracioacuten fundamental de la soberaniacutea estaacute en su eacutenfasis en una au-toridad gubernamental sin restricciones al interior de los liacutemites territo-riales Si tal autoridad existe entonces las obligaciones maacutes comprensi-vas del Estado se vuelven problemaacuteticas Si se niega tal autoridad en-tonces la soberaniacutea en siacute misma aparece disminuida o restringida A de-cir verdad si el Estado no posee por maacutes tiempo el derecho a ejercer tal autoridad o falta en la praacutectica a su obligacioacuten de hacerlo se vuelve en-tonces engantildeoso el retener la soberaniacutea como un teacutermino descriptivordquo430 Sin duda que la actual tendencia a la globalizacioacuten de los asuntos con-

cernientes al geacutenero humano ponen el concepto mismo de soberaniacutea en si-tuacioacuten difiacutecil Hay tensiones que subyacen por ejemplo en el camino hacia una mayor integracioacuten de la Comunidad Europea que se manifiestan en la persistencia de una idea no abandonada de soberaniacuteas nacionales e incluso regionales Del mismo modo cuestiones que se consideran de valor univer-sal como los derechos humanos restringen en la praacutectica la libertad plena y soberana que algunos estados pretenden conservar El quebrantamiento de esos derechos por un estado puede conducir a fricciones en torno a la sobera-niacutea con otros estados La ciudades griegas soliacutean respetar ciertos derechos comunes a su condicioacuten de helenos que ellos consideraban los distinguiacutean de los baacuterbaros Mas en liacuteneas generales mdashtal como lo vemos en la Repuacuteblicamdash la preocupacioacuten fundamental estaacute en la consolidacioacuten de un orden interno con plena independencia poliacutetica

Indudablemente que ciertos aspectos de estos asuntos estaban presentes

en la mente de Platoacuten cuando parece presentir el debilitamiento de la polis griega celosa hasta el fin de su autarquiacutea y enemiga de toda intervencioacuten foraacutenea en sus asuntos internos Ella sin embargo se veiacutea por lo general exte-nuada por las rivalidades sediciosas que surgiacutean en su seno La destruccioacuten

430 R Falk ldquoSovereignityrdquo en The Oxford Companion to Politics of the World Oxford 1993 pg 853

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de hecho de la soberaniacutea entre las ciudades entrantildeaba la desaparicioacuten del sis-tema poliacutetico inmemorial griego basado en la ciudad-estado El imperialismo democraacutetico ateniense de la era de Pericles y el de su contraparte oligaacuterquica espartana habiacutea resultado en mayor inestabilidad de los sistemas constitu-cionales de toda la Heacutelade Era preciso entonces imaginar un nuevo concep-to de soberaniacutea si habiacutea de perdurar por medio de aquellas reformas el espiacuteri-tu heleacutenico ancestral En consecuencia si la Idea del Bien es la fuente de la soberaniacutea en el nuevo proyecto queda ahora por determinar lo que en un principio habiacuteamos planteado es decir en queacute habriacutea de consistir el ejercicio o la praacutectica efectiva del poder en la nueva ciudad

Es interesante constatar ese rasgo de lejaniacutea (ldquomaacutes allaacute de la esenciardquo)

propio del soberano sobre todo cuando se encarna en una persona La maies-tas suprema no se halla obligatoriamente envuelta (ni parece conveniente que se halle) en los negocios maacutes cotidianos del acontecer puacuteblico Es caracteriacutesti-co entonces de la idea de soberaniacutea un cierto orden de participacioacuten de la potestad efectiva Este fenoacutemeno tiene evidentemente un peso decisivo en la transicioacuten desde la realidad suprema mdashy en cierta medida abstracta como seriacutea la majestad de la leymdash y su concrecioacuten ya personalizada en la circuns-tancia de la administracioacuten del Estado Ni el pueblo ni Dios gobiernan direc-tamente aunque podemos constatar en esta polis que el Bien engendra (τεκοῦσα) y suministra (παρασχομένη) la substancia de la que se nutre el quehacer de la cosa puacuteblica431

Si se pudo decir que en el caso de la democracia es la muchedumbre

(de los ciudadanos) la que tiene forzosamente que ser soberana (κύριον)432 es claro que la administracioacuten de tal tipo de reacutegimen estaacute a cargo de magistratu-ras representativas de ese modelo de gobierno Siempre hay niveles de me-diacioacuten que en el caso de la Repuacuteblica ocupan una parte central del diaacutelogo La realidad soberana es una idea es decir es la Idea del Bien y la summa po-

431 Quiero aludir con esto a R VII 517c que da como caracteriacutestica del Sol su capa-cidad de engendrar la luz y de la Idea del Bien su calidad dispensadora de la ver-dad (como un objeto inteligible) a la inteligencia que tambieacuten gracias al Bien es ca-paz de comprenderla 432 Cf Aristoacuteteles Poliacutetica VII (VI) 1317b5

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testas estaacute ahora en manos de los filoacutesofos Ellos deben conocer el Bien por un proceso de educacioacuten que los transforme en instrumentos legiacutetimos del po-der No se trata en Platoacuten directamente el tema pero indudablemente la legi-timidad forma parte del problema de la soberaniacutea Ahora bien gracias a la adquisicioacuten de ese saber superior (recordar el meacutegiston maacutethema del libro VI) se legitima el gobierno del filoacutesofo y lo transforma en instrumento de la justi-cia en la ciudad El conocimiento hace del sabio una presencia operativa del Bien en la polis Asiacute el sabio es manifestacioacuten del poder soberano del que estaacute investido gracias a su trato directo con el origen de toda autoridad

Para una explicacioacuten maacutes concreta del asunto debemos acudir ahora a la

famosa paacutegina de R V 473c-e en que se plantea la conveniencia de que los filoacutesofos reinen en las ciudades Una argumentacioacuten previa es decir referida a la identificacioacuten de la filosofiacutea y el poder poliacutetico estaacute desarrollada sobre todo en los capiacutetulos IV y VI de los comentarios preliminares Ahora es preciso a la luz de nuestros anaacutelisis anteriores sugerir que el punto decisivo se refiere a ldquoel poder poliacutetico y la filosofiacuteardquo (δύναμίς τε πολιτικὴ καὶ φιλοσοφία R V 473d3) en cuya identificacioacuten hecha en la persona del filoacutesofo estaacute la razoacuten baacutesica de la potestad suprema que este ejerce El filoacutesofo es el gobernante le-giacutetimo porque una vez identificada la filosofiacutea con el poder poliacutetico de la manera prevista por Platoacuten no existe en la ciudad otro tipo ni especie de per-sonas habilitadas para gobernar En esas circunstancias la dyacutenamis politikḗ sentildeala en el texto me parece la aparicioacuten de la summa potestas propia del filoacute-sofo Eacutel es el poder soberano en la ciudad existiendo en concordancia con la fuente soberana la idea del Bien De un modo anaacutelogo la dyacutenamis del sol de este mundo estaacute representada en la Caverna por el fuego interior y la luz que este difunde (R VII 517b)

Esta soberaniacutea de los filoacutesofos que podriacuteamos decir derivada no tiene el

caraacutecter de exclusividad pues conspirariacutea contra la condicioacuten tripartita del alma y la consiguiente especializacioacuten de actividades al interior del Estado Ni los filoacutesofos hacen el oficio de guardianes ni los guardianes sobrepasan su condicioacuten (a menos que sean elegidos para continuar su preparacioacuten como tales) ni los artesanos productores que son la gran mayoriacutea de los habitantes

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y mueven la economiacutea de la ciudad estaacuten en condiciones de exigir ademaacutes la administracioacuten de los asuntos del Estado No se trata de reyes en cuya volun-tad estaacute el poder Podemos maacutes bien considerar al rey filoacutesofo en la mejor tradicioacuten monaacuterquica ante todo como la cabeza de un poder judicial un rey-juez sometido a la ley antes del gran cambio que en la modernidad significoacute el absolutismo433 Asiacute en el caso del filoacutesofo-rey podemos decir ldquoque la vo-luntad soberana no es de ninguna manera la voluntad subjetiva del soberano es una voluntad objetiva rdquo434

Siendo asiacute las cosas creo que Platoacuten logra consolidar un punto teoacuterico

esencial a saber que su proyecto poliacutetico es fundamentalmente distinto de los otros sistemas en uso entre los helenos mdashdemocracia oligarquiacutea y en oca-siones tiraniacuteamdash en razoacuten de que el suyo propone un cambio radical Este cambio incide en lo siguiente que el origen y fuente de la potestad suprema es la Idea del Bien por cuyo conocimiento los sabios se hacen acreedores del poder supremo (tanto en un sentido general como en un sentido juriacutedico) y soberanos (reyes) del Estado por esa misma razoacuten De ahiacute la importancia ca-pital atribuida a la educacioacuten en especial la de guardianes y gobernantes cuyo curriacuteculo de estudios es cuidadosamente explicado en el libro seacuteptimo No es el caso entonces de idear nuevas magistraturas ni alguacuten ingenioso sis-tema electoral Se preparoacute el camino mediante la demostracioacuten del valor fun-damental de la justicia y las virtudes cardinales Luego con la comprobacioacuten de la estructura correlativa entre el alma individual y la sociedad organizada se consolidoacute la conformacion del edificio de la polis Finalmente la piedra an-gular que sosteniacutea el arco en su veacutertice es su teoriacutea de las Ideas en otras pala-bras la Idea del Bien Esta es la cima donde el filoacutesofo ha colocado con brillo el objeto superior del que pende el disentildeo en su totalidad

433 ldquoLe roi des temps feacuteodaux eacutetait un roi-juge par la loi il eacutetait sub lege rdquo Ber-trand de Jouvenel De la Souveraineteacute agrave la Recherche du Bien Politique Paris 1955 pg 245 434 B de Jouvenel op cit pg 267

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190

e r r a r e m e h e r c u l e m a l o c u m P l a t o n e ldquo iexcl P o r H eacute r c u l e s P r e f i e r o e q u i v o c a r m e c o n P l a t oacute n rdquo

(Marco Tulio Ciceroacuten Disputaciones Tusculanas I 39)

Page 5: POLITEIA - Diadokhé

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Proemio Esta obra estaacute concebida como una iniciacioacuten a algunos grandes temas

de la filosofiacutea platoacutenica en la perspectiva de la Repuacuteblica Me he dejado llevar quizaacute demasiado libremente por mis propios intereses de modo que se halla-raacute que hay cosas que son aquiacute analizadas con detencioacuten mientras que otras mdashque tal vez podriacutean motivar maacutes intensamente a un lector de la Repuacuteblica mdash son apenas revisadas o en circunstancias ni siquiera mencionadas Es en ese sentido un estudio personal una meditacioacuten acerca de los contenidos de una obra de proporciones tan vastas y de tan profundo significado como la Poli-teia A pesar de ello este diaacutelogo es considerado tradicionalmente fuertemen-te representativo de aspectos fundamentales del pensamiento de Platoacuten de modo que me he esforzado por hacer de este trabajo tambieacuten una suerte de estudio introductorio a su pensamiento

El fondo temaacutetico del libro estaacute dividido en tres partes bien definidas a

saber los comentarios introductorios en los que se analiza de alguacuten modo la obra en estudio y se comenta el alcance de algunos temas fundamentales Luego estaacute la presentacioacuten analiacutetica del diaacutelogo en que el texto entero de la obra ha sido contraiacutedo analiacuteticamente en sus elementos esenciales Es una suerte de versioacuten resumida de lo que se supone constituye los componentes que estructuran el discurso de la obra en su totalidad Para tener una idea las 411 paacuteginas del texto griego de Burnet han sido reducidas en esta presenta-cioacuten a no maacutes de un sexto del total Ese trabajo de una dificultad no faacutecil de imaginar estaba ya hecho y en forma excepcionalmente bien lograda por James Adam en su libro claacutesico The Republic of Plato editado en 1902 Junto a los abundantes comentarios que trae esta obra se van intercalando a lo largo de toda ella en letra cursiva y a intervalos regulares una suerte de resuacuteme-nes del texto que en su conjunto son ya en siacute mismos todo un logro Lo que hago entonces en esta seccioacuten es baacutesicamente traducir esos trozos intervi-niendo aquiacute o allaacute con alguacuten antildeadido o cambio y adicionando la terminologiacutea griega que me ha parecido interesante resentildear A todo ello he agregado abundantes notas al pie de paacutegina como si se tratase de comentarios hechos

6

frente a un texto completo de la Repuacuteblica Palabras griegas han sido impresas en diversas ocasiones con la benigna intensioacuten de ayudar un poco al que sa-be sin entorpecer al que ignora

Por uacuteltimo una tercera parte son los temas de estudio que surgieron de

investigaciones especiacuteficas sobre aspectos relacionados con nuestro diaacutelogo pero que normalmente no formariacutean parte de una introduccioacuten en liacuteneas tra-dicionales acerca de la obra Son esbozos sobre asuntos de valor complemen-tario que considero uacutetiles de ser destacados Alliacute se incluye un trabajo ya pu-blicado1

Fue importante para llevar a teacutermino esta obra un aporte del Fondo de

Desarrollo de la Docencia de la Pontificia Universidad Catoacutelica asiacute como la inestimable ayuda que significoacute para miacute la concesioacuten de un sabaacutetico por parte del Sentildeor Rector de la Universidad Dr Juan de Dios Vial Correa

1 ldquoMimesis y contemplacioacuten en el libro deacutecimo de la Repuacuteblica de Platoacutenrdquo en Escritos de Teoriacutea I Santiago de Chile (1976) 85-95

7

τ ί ν α τ ρ ό π ο ν μ ε τ α χ ε ι ρ ι ζ ο μ έ ν η π ό λ ι ς φ ι λ ο σ ο φ ί α ν ο ὐ δ ι ο λ ε ί τ α ι

ldquode queacute manera un Estado que practica la filosofiacutea

puede evitar su destruccioacutenrdquo

(R VI 497d)

A COMENTARIOS PRELIMINARES I Cronologiacutea del diaacutelogo La criacutetica contemporaacutenea ubica claramente a la Repuacuteblica en un lugar

central entre los diaacutelogos del periacuteodo llamado medio y le confiere una impor-tancia crucial como obra representativa del pensamiento de Platoacuten Es proba-ble que haya sido escrita con posterioridad al Fedoacuten y al Banquete y que como es natural por su extensioacuten extraordinaria haya demorado un tiempo sufi-cientemente largo en escribirse La obra posee un aliento unitario y no parece necesario postular mdashcon estudiosos como Ritter von Arnim Friedlaumlnder o maacutes recientemente Vlastosmdash una redaccioacuten maacutes temprana del libro I2 Las conjeturas nos llevan a ubicar la obra terminada en una fecha media en torno al 3753 es decir hacia los cincuenta y cinco antildeos de la edad de su autor

2 ldquo continuacutea siendo difiacutecil sin embargo dice W K C Guthrie (Historia de la Filoso-fiacutea Griega vol IV pg 419) considerar que el libro primero se concibioacute alguna vez pa-ra otro lugar que no fuera el que ahora ocupardquo Charles H Khan considera que el libro I ldquocontains massive anticipations of the following booksrdquo en lo que el autor llama el uso platoacutenico de ldquocomposicioacuten proleacutepticardquo (que podriacuteamos considerar co-mo una cierta figura retoacuterica de anticipacioacuten) y concluye que no hay argumentos soacutelidos para separar el libro I del resto de la obra (ldquoProleptic Composition in the Republic or why Book 1 was never a separate Dialoguerdquo en The Classical Quarterly vol XLII Nordm 1 (1993) 131-142 En apoyo de la misma tesis J R S Wilson proporcio-na nuevos ejemplos de anticipacioacuten que sostiene son ldquotan sorprendentes y tan sig-nificativos como cualquiera de los que ltKahngt citardquo (ldquoThrasymachus and the Thu-mos A further Case of Prolepsis in Republic Irdquo en The Classical Quarterly vol XLV Nordm 1 (1995) pg 58 3 A Diegraves en su Introduccioacuten a La Reacutepublique pg CXXXVIII (Platon Oeuvres Com-plegravetes tome VI Paris 1965 (1932) sostiene que la fecha media del 375 es muy ad-misible para fijar al menos provisoriamente un terminus ante quem para la redac-cioacuten de la obra

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II El tema principal de la obra y sus secciones El tiacutetulo de la obra estaacute bien establecido por la tradicioacuten y es ΠΟΛΙΤΕΙΑ

(Politeia) es decir ldquoconstitucioacuten del estadordquo ldquoforma de gobiernordquo De un mo-do maacutes concreto politeiacutea puede significar el ldquogobiernordquo o la ldquoadministracioacuten del estadordquo de ahiacute que aveces se interprete simplemente como ldquoEstadordquo A pesar de la criacutetica que a menudo se hace acerca de su versioacuten latina como res publica es conveniente recordar que con este vocablo no solo se designaba en latiacuten los ldquoasuntos del Estadordquo o las actividades propias de este sino ademaacutes el ldquobien puacuteblicordquo la ldquoconstitucioacutenrdquo como una forma particular de gobierno y en forma maacutes especiacutefica ldquoun Estado en el que todos los ciudadanos partici-pan un Estado librerdquo como puede serlo un gobierno opuesto a la tiraniacutea4 Por otra parte el problema con ldquoRepuacuteblicardquo quizaacute estaacute maacutes bien en el uso comuacuten de la lengua que le da un significado casi uacutenico de ldquorepuacuteblicardquo como sistema de gobierno si bien puede tener entre nosotros el sentido mucho menos fre-cuente de cuerpo poliacutetico de la nacioacuten5 o incluso de ldquoestadordquo en cuanto ldquonacioacuten organizada poliacuteticamenterdquo6

En la Politeia de Platoacuten se plantea entonces como su tiacutetulo lo sugiere la

creacioacuten de una repuacuteblica ideal imaginada por el filoacutesofo Ahora bien este reacute-gimen poliacutetico es visto en estrecha relacioacuten y casi total identidad con la justi-cia la que es concebida tanto como una virtud esencial en el estado como en los individuos En esas circunstancias la justicia personal es en letras peque-ntildeas lo que la justicia colectiva es en letras maacutes visibles por su mayor tamantildeo Hay pues una justicia del hombre individual y una de la ciudad entera (Rep II 368 d-e) cuya diferencia estriba al parecer maacutes en su apariencia externa que en su realidad interior En todo caso Platoacuten hace hincapieacute en las cuestio-nes de meacutetodo en que como a quien no goza de buena vista le han de permi-

4 Oxford Latin Dictionary 1635 en el que se cita el siguiente texto de Ciceroacuten (Q fr I I 29) ldquoPlato tum denique fore beatas res publicas putauit si sapientes homines eas regere coepissentrdquo 5 Diccionario de la Real Academia 6 Mariacutea Moliner Diccionario de uso del espantildeol Madrid 1988 La palabra latina ciuitas comporta tambieacuten algunos de los significados de politeia

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tir leer primero las letras grandes que representan a la justicia en la ciudad Luego se le dejaraacute investigar si las maacutes pequentildeas mdashsignos de la justicia indi-vidualmdash ldquosucede que son la misma cosardquo (ibid)

Vemos asiacute inextricablemente unidos los temas de la politeia que gobier-

na nuestras almas con el tema de esa misma politeia que rige sustentada por una justicia corporativa el cuerpo poliacutetico de la ciudad Y del mismo modo que se busca establecer la condicioacuten del hombre verdaderamente justo se intenta describir la situacioacuten de un reacutegimen poliacutetico gobernado por la justicia De ahiacute que con justa razoacuten Proclo insiste en la importancia del ldquopasordquo de una constitucioacuten a otra7 ya que es mediante estas delicadas transposiciones de individuo y colectividad que Platoacuten deja en evidencia la temaacutetica fundamen-tal del largo itinerario de su libro Hay asiacute una politeia que existe en el inte-rior del hombre (ἐν αὑτῷ πολιτείᾳ IX 591 e) y otra que en uacuteltimo teacutermino tiene como ciudad ldquoen el cielordquo (ἐν οὐρανῷ IX 592 b) su propio modelo Este se ha de transformar a su vez en norma del reacutegimen interior Es claro entonces que depende de la comprensioacuten que se tenga del sentido maacutes pro-pio de justicia en la Repuacuteblica para entender finalmente cuaacutel es el plan y la temaacutetica maacutes verdaderos del diaacutelogo

Por otra parte parece conveniente el realizar algunas divisiones a lo lar-

go de la lectura de la Repuacuteblica obra que por su extensioacuten puede presentar dificultades a quien desea obtener una visioacuten general de caraacutecter unitario Hay muchos modos de organizar las partes del diaacutelogo bajo diversos puntos de referencia prefiero sin embargo por la simple claridad metodoloacutegica y la naturalidad de su divisioacuten las separaciones sugeridas por A Diegraves8 Se perci-ben cinco partes que corresponden a las ldquocinco masasrdquo siguientes

Libro I Libros II-IV Libros V-VII

7 Los comentarios de Proclo acerca del tema de la Repuacuteblica abarcan una parte de su primera disertacioacuten (In Rempublicam I 7-14 Kroll) 8 Platon Oeuvres Complegravetes La Reacutepublique Paris 1965 (1932) cuya introduccioacuten mdasha la que aquiacute se aludemdash corresponde a A Diegraves

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Libros VIII-IX Libro X Son divisiones loacutegicas que parecen acomodarse bien con un tema cen-

tral en el diaacutelogo que es el de la justicia cuya condicioacuten de virtud social se armoniza a lo largo de toda la obra con su caraacutecter personal de virtud inte-rior de los individuos De este modo ldquojusticia social y justicia individual or-den de la ciudad y orden del alma se entremezclaraacuten sin cesar a traveacutes de todo el diaacutelogordquo9 Desde ese punto de vista no hay razoacuten entonces para pre-guntarse acerca del tema principal y secundario de la obra puesto que ldquoel tema es uno solo es la Repuacuteblica (perfecta) o la Justiciardquo10 En otras palabras no hay verdadero reacutegimen poliacutetico u ordenacioacuten ciacutevica sin justicia verdadera entendida esta como una virtud ciacutevica y personal Es conveniente sin embar-go establecer con mayor precisioacuten queacute se entiende por justicia en su doble dimensioacuten individual y social ya que la totalidad del diaacutelogo se mueve entre esos extremos

III La justicia Las primeras discusiones acerca de la justicia se entablan en el libro

primero e inicios del segundo de la Repuacuteblica Estas tienen una funcioacuten clara-mente preliminar y pueden ser apreciadas mediante la lectura de la presen-tacioacuten analiacutetica del diaacutelogo En consecuencia la buacutesqueda de una compren-sioacuten maacutes definitiva de la justicia se inicia a partir del libro II 368c en que Soacute-crates invoca la necesidad de alguien de ldquovisioacuten penetranterdquo El maestro hace ver a su vez la conveniencia de una lectura basada en letras de mayor tama-ntildeo Podemos decir entonces que Platoacuten se propone explicar las letras chicas mdashque sentildealan la justicia individualmdash mediante las letras maacutes grandes repre-sentativas de la justicia social y poliacutetica De ahiacute surge su anaacutelisis de coacutemo nace una ciudad precisamente con el objetivo de observar el desarrollo de la justi-cia y la injusticia y hallamos que la razoacuten de su nacimiento estaacute en el hecho de que nadie se basta a siacute mismo (οὐκ αυτάρκης) Se antildeade que en su indi-gencia se le crean a los hombres necesidades concretas mdashcomo pan techo y

9 A Diegraves op cit pg XII 10 Ibid pg XII

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abrigomdash que en la praacutectica ldquohacenrdquo una ciudad11 Asiacute ldquocada cual ltrealizagt un solo lttrabajogtrdquo (εἳς ἓν II 370 c)12 en la ciudad puesto que se sirve mejor a las necesidades del conjunto mediante la distribucioacuten de actividades hechas en forma oportuna (ἐν καιρῷ) y en conformidad con la naturaleza (κατὰ φύσιν) individual

Luego la ciudad se acrecienta incluso aparece el lujo y se franquean los

liacutemites de lo necesario las ansias de poseer llevan finalmente a las guerras y la formacioacuten de los ejeacutercitos Pero se busca una ciudad unitaria y se insiste por tanto una vez maacutes en distribuir un solo ldquotrabajordquo (ἔργον IV 423d) par cada cual conforme a las dotes naturales (πέφυκεν) de los individuos No hay que olvidar que se estaacute en busca de la justicia social para clarificar a su vez la justicia individual El ergon de cada cual no es el mero oficio a pesar de que en sus inicios la ciudad se distribuye mediante teacutecnicas artesanales Un ergon termina siendo una actividad enraizada en la naturaleza misma de un individuo Es aquello que manifiesta con mayor perfeccioacuten la condicioacuten iacutenti-ma de cada sujeto13 Sucede por otra parte que esa actividad es la ldquoaccioacutenrdquo que proyecta por decir asiacute al ser individual en el aacutembito de la ciudad que aquiacute se construye Es decir siendo el ergon lo maacutes propio de la accioacuten perso-nal debe ser a su vez mdashen la ciudad platoacutenicamdash la maacutes perfecta manifesta-cioacuten de sus compromisos comunitarios

Del ergon entonces llegamos a la ldquovirtudrdquo (ἀρετή) puesto que se en-

tiende que la ciudad mdashque en un sentido amplio tomamos como sinoacutenimo de politeiamdash alcanza su areteacute cuando ha completado su ciclo de perfeccioacuten En otras palabras lo que llamamos ldquovirtudrdquo es en realidad la ldquoexcelenciardquo de algo y suponemos que la justicia es precisamente aquello por lo que la ciu-

11 ldquoiexclEa pues dije yo hagamos (ποιῶμεν) la ciudad desde sus inicios y como pa-rece seraacuten nuestras necesidades (χρεία) las que la haraacutenrdquo (II 369c) 12 Rep II 370c ldquocuando un individuo realice un oficiordquo una foacutermula de gran conci-sioacuten 13 Los significados baacutesicos de ergon son ldquotrabajo hecho ejecucioacuten funcioacutenrdquo (cf Rep 335d) Es ilustrativo ver el caso de ϝέργον gt weork gt work No solo el substantivo sino el verbo ingleacutes revelan ese aspecto de ldquofuncioacutenrdquo

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dad obtiene su areteacute 14 Decimos entonces finalmente que la justicia se instau-ra en la ciudad cuando cada cual en lo que respecta a los asuntos de la ciu-dad se ve en la situacioacuten de ocuparse en una sola actividad15 y que esa acti-vidad uacutenica a la que se atiende es resultado de la disposicioacuten innata maacutes apropiada para su naturaleza16 La ldquonaturalezardquo es por consiguente un prin-cipio de actividad inherente que surge del fundamento mismo de la cosa por lo que ella estaacute en disposicioacuten de hacer lo que le es apropiado En el caso de la naturaleza humana esta posee un aacutembito de amplia actividad que tiene evi-dentemente al interior de una gradacioacuten un punto de culminacioacuten que po-demos designar como lo ldquomaacutes apropiadordquo lo ldquomaacutes aventajadordquo17 Supone-mos que es lo maacutes propio que esa naturaleza puede hacer para siacute y lo maacutes ventajoso que ella puede realizar para la comunidad social de la polis En esas circunstancia justicia en el sentido que venimos hablando es ldquohacer lo pro-pio de siacute mismo y no entrometerseldquo multiplicando sus ocupaciones18 pero teniendo en cuenta por otra parte que lo maacutes propio es tambieacuten lo mejor pa-ra la ciudad

Asiacute entonces concluye Platoacuten esta revisioacuten de la justicia dejando sen-

tado su punto de vista con una expresioacuten que vuelve a puntualizar en IV 433b en la que se dice que en cierto sentido resulta que la justicia parece que es hacer lo propio de siacute mismo19

He sacado un poco toscamente la frase desde el griego con la intencioacuten de mostrar cuaacuten flexible es la presentacioacuten que hace Soacutecrates de su caso Y el

14 Cf Rep IV 432b 15 Asiacute me parece que es una interpretacioacuten correcta de ὅτι ἑνα ἕκαστν ἕν δέοι ἐπιδεδύειν τῶν περὶ τὴν πόλιν (433a) 16 Del mismo modo me parece tambieacuten que este es un sentido propio de la frase que viene a continuacioacuten de la inmediatamente anterior εἰς ὃ αὐτοῦ ἡ φύσις ἐπιδειοτάτη πεφυκυῖα εἴη 17 Dos de los sentidos a mi parecer maacutes relevantes de epiteacutedeios en el texto que co-mentamos 18 Rep IV 433a τὸ τὰ αὑτοῦ πράττειν καὶ μὴ πολυπραγμονεῖν 19 La frase estaacute dicha como se ve de un modo tentativo Por ldquolo propiordquo quiero entender algo asiacute como ldquolas actividades propiasrdquo pues parece apuntar de alguna manera al ergon de cada cual

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antildeadido anterior que indica que hay que abstenerse de multiplicar las ocupa-ciones (μὴ πολυπραγμονεῖν) nos advierte ya que se trata de una explicacioacuten de tipo social la que se da acerca de la justicia aunque sostenida en nuestros propios siacute mismos Ademeaacutes realizar lo propio de cada uno llama a evitar a nombre de la naturaleza propia sobre todo esa injerencia indiscreta (πολυπραγμοσύνη IV 434b7 y 9) entre los tres geacuteneros o clases (se habla de genos y eidos) de ciudadanos20 maacutes que promover injerencias menores al inte-rior de estos geacuteneros La razoacuten de esto a mi entender estaacute en la mayor tras-cendencia poliacutetica que tendriacutea una intromisioacuten entre los diversos oacuterdenes en especial en lo relativo al gobierno de la ciudad

Pero hay una segunda explicacioacuten de la justicia (ya que no me atrevo a

hablar de definiciones) que surge de un paralelo entre ciudad e individuo Aquiacute se supone que a la condicioacuten tripartita de la polis mdashseparada en tres geacuteneros de ciudadanosmdash corresponde una distincioacuten de tres aspectos o espe-cies (se usa por lo general indistintamente eidos y genos) al interior del alma de cada individuo No es faacutecil determinar piensa Platoacuten si aprendemos con un elemento nos apasionamos con otro y apetecemos con un tercero placeres como los de la crianza y la generacioacuten o si es con toda nuestra alma que ha-cemos cada una de estas actividades (IV 436a-b) Luego de un anaacutelisis ex-haustivo del asunto en que se pone en evidencia que aquello que se predica como propio de un objeto es solo propio de ese objeto y que por otra parte hallamos en las almas por ejemplo algo que impulsa a beber y algo que re-frena de hacerlo se concluye que en una misma alma se puede encontrar una especie racional mdashlogistikoacutenmdash con que se razona y una irracional y con-cupiscible mdashaloacutegiston y epithymetikoacutenmdash con que se apetece Una tercera espe-cie diferente es la pasioacuten o coacutelera mdashthymoacutesmdash con la que nos encolerizamos Las tres especies del alma (racional irascible concupiscible) estaacuten entonces en paralelo con las tres clases del estado Del mismo modo la ciudad es justa cuando cada geacutenero hace lo que le es propio y el alma es justa cuando cada especie o aspecto de ella realiza a su vez lo que le es propio (cf IV 441c-e)

20 Rep IV 434 b-c ldquoAsiacute pues la ingerencia entre los tres geacuteneros existentes y el cambio de unos a otros es la lesioacuten maacutes grande para la ciudad y la que podriacutea espe-cialmente calificarse de crimenrdquo

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Ahora bien es a lo racional en ella a lo que compete gobernar De este modo tanto en el individuo justo como en la ciudad justa ha de gobernar lo mejor Las letras mayores nos han permitido reconocer que la justicia corres-ponde a una interaccioacuten natural entre las clases del cuerpo social por la que se discierne claramente quien manda y quien obedece y a su vez la lectura de las letras maacutes pequentildeas ha puesto en evidencia coacutemo es que se considera justa un alma en que gobierna lo mejor21

IV La identificacioacuten de filosofiacutea y poliacutetica El trazado del tema desarrollado en la Repuacuteblica deja en evidencia una

preocupacioacuten fundamental de Platoacuten a saber su decisioacuten de demostrar que la filosofiacutea de la que habla es en esencia una misma cosa que la poliacutetica Esta verdadera identificacioacuten de una y otra lleva en siacute una importante consecuen-cia que consiste en un virtual acrecentamiento del aacuterea de comprensioacuten sig-nificativa tanto de la poliacutetica como de la filosofiacutea Para decirlo mediante una aproximacioacuten la poliacutetica se vuelve maacutes teoacuterica y la filosofiacutea maacutes praacutectica De ahiacute que se entienda que la filosofiacutea se identifica con la poliacutetica de un modo semejante a como la posesioacuten de una ciencia determinada implica el manejo y ejercicio efectivo de ella o como el conocimiento de una cierta disciplina se hace una misma cosa con un arte determinado22 Filosofiacutea y poliacutetica son en-tonces identificables en la medida en que ambas conforman una totalidad integrada que supera o tiende a superar la distincioacuten entre teoriacutea y praacutectica

21 Rep IV 441c ldquoCon estas declaraciones dije yo hemos hecho praacutecticamente la navegacioacuten y se ha producido entre nosotros un razonable acuerdo de que las mis-mas clases que existen en la ciudad y en el mismo nuacutemero se dan tambieacuten en el al-ma de cada individuordquo (Trad G Goacutemez Lasa Platoacuten La Repuacuteblica vol I Valdivia 1983) 22 Platoacuten considera en general como praacutecticamente sinoacutenimos los teacuterminos episteme y tekhne el conocimiento cientiacutefico qu es la episteme supone la aprehensioacuten de las Ideas y las acciones del artesano y artista importan un saber semejante de los para-digmas ideales De ahiacute el sentido maacutes especiacutefico de tekhne como conjunto de nor-mas sistema o meacutetodo de hacer (cf Fedro 245 LSJ)

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La base de sustentacioacuten filosoacutefica de toda la Repuacuteblica estaacute en la doctri-na que consagra como fundamento de la existencia e inteligibilidad de todas las cosas a la Idea del Bien y su derivado inmediato la teoriacutea de las Formas Es una teoriacutea porque a partir de ella se construye la totalidad del proyecto poliacutetico de Platoacuten Se concibe ademaacutes que estas Formas o Ideas mdashque son los objetos propios del entendimientomdash son precisamente los objetos propios del entendimiento que hace filosofiacutea Ahora bien cuando Platoacuten analiza la realidad de la polis y los asuntos relacionados con ella reflexiona acerca de coacutemo pensar y poner en realizacioacuten una ciudad sustentada sobre los maacutes soacute-lidos fundamentos filosoacuteficos Ahora bien su teoriacutea de las Ideas le proporcio-na el sustento metafiacutesico que necesita para otorgarle a su visioacuten de las reali-dades ciacutevicas las caracteriacutesticas de un discurso cientiacutefico

En esas circunstancias las Ideas que eacutel ha concebido como inteligibles

es decir capaces de ser comprendidas por un entendimiento se muestran como representaciones de ese Bien Porque se puede afirmar que ellas son cada cual el Bien en cuanto que tal Idea Eso significa que cada ser en cuanto que es algo determinado es bueno y cada Idea mdashcomo lo es la justicia en siacutemdash es manifestacioacuten inteligible de ese Bien La Idea del Bien es simple una en su unicidad y anterior a toda diversificacioacuten producida en cada Forma Con-forme al esquema trazado por Platoacuten las Ideas aparecen como el factor origi-nario de todo pensamiento cientiacutefico De ahiacute que ellas son el fundamento de nuestro saber acerca del hombre en cuanto realidad ciacutevica y social Ellas ademaacutes se erigen en el elemento unificador de todas las diversidades que necesariamente existen en los objetos de cada ciencia y transforman a la vez a esos objetos en materia unificada totalizada para los fines de su tratamiento epistemoloacutegico

Las Ideas son en cuanto las referimos al pensamiento diversidad en la

unidad y unidad en la diversidad del toda realidad inteligible Siendo ade-maacutes estas Ideas objetos estables de la inteligencia (la justicia en siacute por ejem-plo deberiacutea ser invariable) la ciencia que se halla sostenida en uacuteltimo teacuter-mino por ellas puede transformarse en conocimiento teoacuterico integrador de un aacuterea especiacutefica del saber Por otra parte toda ciencia contiene al mismo

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tiempo en siacute un conglomerado de cosas marcadas por la concrecioacuten de lo in-dividual Porque la ciencia no es solo teoriacutea puesto que ha surgido como res-puesta explicativa a un conjunto determinado de situaciones y de fenoacutemenos concretos

De ahiacute que por una parte proyectar la ciudad en torno a la justicia es

pensarla en una cierta relacioacuten de intimidad con el Bien en especial del Bien en cuanto que justo Aunque este Bien por otra parte que es entendido como una realidad simple y liberada de toda configuracioacuten inteligible no compor-ta por eso mismo diversidad de ninguacuten geacutenero Ahora bien lo justo en siacute es representacioacuten inteligible de ese Bien en cuanto se manifiesta diversificada-mente a modo de justicia y asiacute de todas las otras virtudes De este modo las grandes virtudes de la repuacuteblica (las cuatro virtudes cardinales que se propo-nen como modelos del actuar individual y social) son vistas en abstraccioacuten Ideas claves en iacutentima conexioacuten con el Bien absoluto

No hay otro modo de manifestacioacuten primera para la Idea del Bien que

mediante la trama racional de las Ideas las que devienen en instrumento for-zoso de manifestacioacuten inteligible de la Bondad para toda inteligencia La realidad profunda de esta doctrina es puesta esforzadamente en evidencia en las tres alegoriacuteas centrales de la obra a saber el Sol la Liacutenea y la Caverna Porque aunque el Bien no se manifiesta racionalmente al entendimiento por estar maacutes allaacute de lo real (ἐπέκεινα τῆς οὐσίας Rep 509 b) el ser la Idea en cambio se manifiestan al entendimiento por medio de un cierto aislamiento epistemoloacutegico que acontece a la par de su conformacioacuten entitativa Porque la realidad se hace efectivamente presente en ese entendimiento a modo de aprehensioacuten diversificada de la realidad ideal El pensamiento es ante todo comprensioacuten inteligible de la realidad

De ese modo la poliacutetica al interior de la concepcioacuten platoacutenica de la Re-

puacuteblica es en sus grados supremos un conocimiento una ciencia que en su manifestacioacuten maacutes profunda se la denomina el ldquoconocimiento superiorrdquo23

23 Rep VI 505a ldquo pues me has oiacutedo decir muchas veces que el maacutes sublime objeto de conocimiento es la idea del bien que es la que asociada a la justicia y a las demaacutes

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Parece casi paradoacutejico que sea precisamente este conocimiento maacutes teoacuterico el que haga ldquouacutetiles y beneficiosasrdquo a la justicia y demaacutes virtudes pero la misma discusioacuten presentada hasta aquiacute muestra la estrecha relacioacuten que integra lo concreto a lo abstracto mediante la asociacioacuten con el Bien Asiacute entonces pare-ce claro que para Platoacuten sin el conocimiento del Bien es imposible pensar o hacer poliacutetica mdashque en uacuteltimo teacutermino seriacutea lo mismo que pensar y hacer fi-losofiacuteamdash en cuyo saber se encuentra justamente la aprehensioacuten de lo justo en siacute Porque es precisamente la justicia la que como se ha visto toca los extre-mos de lo personal y lo social e integra la dimensioacuten psicoloacutegica y poliacutetica en una ecuacioacuten de no faacutecil comprensioacuten y cuyas incoacutegnitas son al parecer ex professo dejadas abiertas ldquohacer lo propio de siacute mismordquo

La poliacutetica en consecuencia comporta ese saber capital gracias al cual

se hace realidad su virtual identificacioacuten con la filosofiacutea Los teacuterminos de esa identificacioacuten son claramente expresados por Platoacuten en ese pasaje famoso que para efectos de su discusioacuten me permito citar aquiacute

ldquoa menos mdashproseguiacutemdash que los filoacutesofos reinen en las ciudades24 o que cuan-

tos ahora se llaman reyes y dinastas practiquen noble y adecuadamente la filosofiacutea que vengan a coincidir una cosa y otra la filosofiacutea y el poder poliacutetico y que sean detenidos por la fuerza los muchos caracteres que se encaminan separadamente a una de las dos no hay amigo Glaucoacuten tregua para los males de las ciudades ni tampoco seguacuten creo para los del geacutenero humano ni hay que pensar en que antes de ello se produzca en la medida de lo posible ni vea la luz del sol la ciudad que hemos trazado de palabrardquo (V 473 d-e)

En el contexto de esta discusioacuten es decisiva la afirmacioacuten ldquoque vengan a coincidir una cosa y otra la filosofiacutea y el poder poliacuteticordquo25 La clave de la ciu-

virtudes las hace uacutetiles y beneficiosasrdquo Platoacuten La Repuacuteblica edicioacuten de JM Paboacuten M Fernaacutendez -Galiano Madrid 1969 24 ldquoThis is perhaps the most famous sentence in Platordquo Paul Shorey Plato V Repu-blic II London 1969 p 508 n a 25 καὶ τοῦτο εἰς ταὐτὸν συμπέσῃ δύναμις τε πολιτικὴ καὶ φιλοσοφία Conviene tomar nota de la traduccioacuten de P Shorey op cit ldquo and there is a conjunction of these two things political power and philosophical intelligencerdquo

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dad platoacutenica se muestra aquiacute en esta coincidencia entre la filosofiacutea y el poder poliacutetico La argumentacioacuten de Platoacuten tiene alcances dignos de destacar Poco antes de estas afirmaciones en la Repuacuteblica Soacutecrates ha tenido que hacer fren-te a las presiones de Glaucoacuten que le recuerda la tarea que se ha impuesto mdashy que ha pospuesto dos vecesmdash de demostrar que un Estado como el que se ha descrito es posible26

Estas son las ldquodos primeras oleadasrdquo27 que ha recibido de su interlocu-tor y ante ldquola maacutes grande y difiacutecil de vencerrdquo decide enfrentar el asunto de una vez Lo que se habiacutea investigado antes acerca de la justicia en siacute dice Soacute-crates se habiacutea discutido en razoacuten del modelo28 ldquopero no con el propoacutesito de mostrar que era posible la existencia de tales hombresrdquo (472d) En tales cir-cunstancias es preciso piensa Soacutecrates tener presente que es maacutes natural que la palabra participe maacutes de la verdad que lo que la accioacuten praacutectica puede ha-cerlo Es decir el discurso hablado (λέξεως) se acerca maacutes a la verdad que la realizacioacuten de este discurso a la verdad En trataacutendose entonces de discursos como los presentes para decidir acerca del asunto de ldquollevar algo a la praacutecti-cardquo (πραχθῆναι 473a) es necesario plantearse cuaacutel puede ser la maacutes proacutexima cercaniacutea (ὡς ἂν ἐγγύτατα) al tema discutido discursivamente

El asunto entonces de la teoriacutea y la praacutectica pasa a traveacutes del hilo con-

ductor del habla como palabra discursiva La palabra es mediadora y se puede describir una ciudad mucho maacutes cercana a la verdad del paradigma pero maacutes alejada por eso mismo de la realidad concreta Ahora hacerlo con la palabra misma como mediadora maacutes flexible que la verdad pura y la con-crecioacuten indoacutecil Platoacuten emprende la tarea de describir una aproximacioacuten Hay que investigar queacute es lo que hoy impide a las ciudades el ser gobernadas con-forme al paradigma ideal puesto que mediante esto se podraacute descubrir cuaacutel

26 Rep 471e ldquola cuestioacuten de si es posibles que exista un tal reacutegimen y hasta donde lo esrdquo 27 Rep 472a Son incursiones repentinas de Glaucoacuten un poco cansado de la divaga-ciones mdashseguacuten su propia percepcioacutenmdash de la discusioacuten de Soacutecrates La maacutes proacutexima embestida no deja salida a Soacutecrates ldquoCuanto maacutes te excusas mdashdijomdash maacutes te estre-charemos a que expliques coacutemo puede llegar a existir el reacutegimen de que tratamos Habla pues y no pierdas el tiempordquo (472a-b) traduccioacuten J M Paboacuten M Fernaacuten-dez Galiano 28 Rep 472c παραδείγματος ἄρα ἕνεκα

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es propiamente el mal Y he aquiacute que el mal en las ciudades es lo que se hace mal (κακῶς πράττεται 473b) y lo que en forma prominente estaacute malamen-te hecho es separar la poliacutetica de la filosofiacutea En esa perspectiva lo menos que hay que hacer es decir la maacutes proacutexima cercaniacutea lo maacutes a la mano para poner en la praacutectica la ciudad ideal consiste precisamente en instaurar en la ciudad esta coincidencia ahora ausente

Acercaacutendose entonces a ese momento de identificacioacuten

ldquocreo mdashprosigue Soacutecratesmdash que cambiando una sola cosa podriacuteamos mos-trar que cambiariacutea todo no es ella pequentildea ni faacutecil pero siacute posible (473c)

Este cambio que sentildeala la buacutesqueda de un compromiso entre la teoriacutea y la accioacuten y que funda la identificacioacuten de la poliacutetica y la filosofiacutea en la ciudad se logra mediante un procedimiento que puede pasar inadvertido a primera vista Y es que esta identidad se hace realidad al hacerse efectiva en la perso-na concreta del filoacutesofo gobernante o alternativamente del gobernante trans-formado en filoacutesofo Al decir Soacutecrates que son la filosofiacutea y el poder poliacutetico los que vienen a coincidir en un solo ser la expresioacuten usada es la siguiente καὶ τοῦτο εἰς ταὐτὸν συμπέσῃ cuya interpretacioacuten (puesta en cursiva) seriacutea y que esto es decir el poder poliacutetico y la filosofiacutea coincida en la misma perso-na29 Por consiguiente lo que en primera instancia se identifica con la filosofiacutea no es la poliacutetica en general sino el poder poliacutetico (δύναμις πολιτική) mediante la instauracioacuten del filoacutesofo gobernante30 El saber filosoacutefico es ya la ciencia poliacutetica en la medida que la filosofiacutea es una episteme de las Ideas en especial en este caso la cuaternidad de virtudes que constituyen el centro de ese sa-ber y cuya fuente originaria es el Bien

29 Esta interpretacioacuten de esta frase clave la he encontrado solo en la traduccioacuten de Gastoacuten Goacutemez Lasa en Platoacuten La Repuacuteblica vol I Ed Universidad Austral de Chile Valdivia 1983 Dice ldquo y no coincida en una misma persona el poder poliacutetico y la filosofiacutea (el subrayado es miacuteo) A modo de ejemplo me parece aquiacute inadecuada la versioacuten de P Shorey ldquoand there is a conjunction of these two things political po-wer and philosophic intelligencerdquo 30 Una revisioacuten maacutes pormenorizada de este aspecto del problema es tratado en mi artiacuteculo ldquoPlatoacuten y la soberaniacutea del Estadordquo Revista de Filosofiacutea Universidad de Chile vol XXXI-XXXII (1988) 37-44

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Por tanto ya la poliacutetica aparece en cierto modo absorbida por la filoso-fiacutea pero la poliacutetica es tambieacuten un arte en cuanto que sistema de accioacuten De ahiacute que el primer miembro de esta identificacioacuten sea la δύναμις πολιτική y no la poliacutetica a secas Y si bien tanto esta dyacutenamis como la filosofiacutea son realidades que pueden considerarse en abstraccioacuten de los individuos el ar-gumento de Platoacuten pone eacutenfasis en la coexistencia de ambas realidades en seres concretos donde tiene las caracteriacutesticas de una realidad existencial Ciencia y poder en consecuencia estaacuten hermanados en un individuo concre-to llamado filoacutesofo Queda asiacute en evidencia que seguacuten el parecer de Platoacuten sin esta coincidencia individualizada de ambos factores no es posible la exis-tencia concreta de una ciudad como la presentada en laRepuacuteblica y que la in-teraccioacuten solidaria de discurso y accioacuten solo es aquiacute posible es decir en cuan-to que estos coexisten en sujetos que son filoacutesofos y reyes a la vez

Asiacute como la poliacutetica en cuanto arte dice relacioacuten con el poder poliacutetico

asiacute la filosofiacutea como ciencia dice relacioacuten con las virtudes cardinales y toda virtud conforme a un postulado esencial del socratismo es un saber que se vive un conocimiento transformador de la conducta en fin una ciencia que hace bueno a quien la posee De este modo la filosofiacutea se vuelve tambieacuten un sistema de accioacuten que desemboca con naturalidad en la dynamis politikeacute El Bien entonces se erige en la realidad que sustenta y promueve esta interac-cioacuten en el filoacutesofo y rey establecieacutendose como la causa mdashαἰτίαmdash de todo lo que existe y de todo lo que se comprende en el mundo sensible e inteligible En esas circunstancias la Idea del Bien sustento racional de todo el edificio constitucional de la polis se hace accesible al entendimiento del filoacutesofo a tra-veacutes de un conocimiento superior cuya cualidad conciliadora tiene un efecto decisivo en el proceso de realizacioacuten y concrecioacuten de la ciudad ideal De ahiacute que tambieacuten tenga consecuencias nocivas el que haya tantos caracteres que se encaminan ldquoseparadamenterdquo (χωρίς 473d) a la poliacutetica y a la filosofiacutea

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V De coacutemo la Idea del Bien se hace presente en el acontecer ciacutevico mediante la justicia

Ahora bien aquellas realidades sobre las que versa la poliacutetica mdashparte

integrante del conjunto de realidades que comprende la generacioacutenmdash son de una profunda y compleja variabilidad Ellas representan un devenir de acon-tecimientos marcados por el sello de la contingencia Podriacutea decirse que Pla-toacuten contempla los acontecimientos poliacuteticos como si fueran sucesos fluviales que bien pudieron merecer una mencioacuten heracliteana Y no creo aventurado pensar que es aquiacute como en ninguacuten otro fenoacutemeno del mundo sensible don-de la influencia de Heraacuteclito por intermedio seguacuten tradicioacuten de su maestro Cratilo se hace notar con mayor fuerza en Platoacuten Me refiero especiacuteficamente a sus meditados anaacutelisis del devenir poliacutetico que expresan con claridad su visioacuten de la poliacutetica como un mundo circundado del peligro de la desintegra-cioacuten Con razoacuten tal vez Heraacuteclito cual un rey filoacutesofo anticipado prefirioacute re-nunciar seguacuten tradicioacuten a su corona en Eacutefeso En efecto la razoacuten verdadera de ello pudo ser que su doctrina del Logos no era quizaacute suficiente para fundar una teoriacutea del poder poliacutetico y esto a diferencia del Bien que posiblemente permitiacutea penetrar con mayor fluidez desde el mundo de la naturaleza al mundo de la conducta individual y social Se haciacutea quizaacutes necesario que jun-to a la Idea del Bien se desarrollara mdashcomo era la intencioacuten de Platoacutenmdash una doctrina correlativa del alma en toda su compleja profundidad Solo asiacute podiacutea fundarse una doctrina de la justicia que pudiera comprender tanto a los in-dividuos como a la sociedad

De esa manera y en medio de ese fluir de voluntades muchas veces

contrapuestas existente en el acontecer ciacutevico se buscan ahora elementos de estabilidad bases de permanencia que al comportarse de manera cnstante proporcionen a los sucesos cambiantes de la poliacutetica principios de sustenta-cioacuten cientiacutefica Si el estudio de la ciencia ha de consistir en el anaacutelisis de las cosas que son siempre del mismo modo la buacutesqueda de los objetos supremos del espiacuteritu mdashque son las Ideasmdash coincide con la intencioacuten de hallar momen-tos de estabilidad y permanencia en el acontecer inestable de la vida de la ciudad Se busca entonces nuacutecleos de estabilidad en el pensamiento que se

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han de convertir en ejes de equilibrio beneacutefico para la polis Es precisamente en este contexto que la formulacioacuten platoacutenica acude a una imagen Se sugiere asiacute dejar de lado el estudio del Bien y se estaacute en disposicioacuten en cambio para hablar de algo que ldquoparece ser hijo del Bien y asemejarse sumamente a eacutelrdquo31 De esta explicacioacuten surgen cuatro factores del mundo visible a saber el sol y su luz el ojo y su visioacuten y de alliacute comienzan a aparecer las analogiacuteas entre el Bien y el sol la luz y la verdad Aquiacute Platoacuten construye sus maacutes famosas y perdurables paacuteginas

Estas imaacutegenes entonces que dan caraacutecter de eje central a los libros VI

y VII se presentan como mediaciones Hay un ldquovaacutestagordquo (ἔγκονος) del Bien que proporciona sentido al discurso poliacutetico referido ahora al trasfondo siempre presente del principio la Idea del Bien Las Formas ideales son como deciacuteamos representaciones inteligibles de la bondad suprema que por su absoluta simplicidad carece en siacute misma de representacioacuten La Idea del Bien no es faacutecilmente inteligible Por eso que estas Ideas son por su parte media-ciones de ese principio superior en otras palabras sus representaciones La ciencia poliacutetica a su vez se manifiesta como un conocimiento de aquellas representaciones mediadoras Eso dicho en cuanto que estas expresan una referencia al acontecer ciacutevico de los hombres y sus implicancias sociales y personales El fluir humano de una comunidad referido dialeacutecticamente a las Ideas se constituye en un saber Este saber para completar el ciacuterculo mdashla vuelta a la Cavernamdash culmina con el intento de estructurar ese fluir al inte-rior primero de un discurso y luego en el ejercicio efectivo del poder que es la dynamis politikeacute

Las mediaciones a las que me he referido en consecuencia se constitu-

yen en el modo elegido por Platoacuten de proponer en su discurso factores de convergencia de lo real inteligible con lo sensible concreto Estos factores son en primer lugar las grandes figuras poliacuteticas de la Repuacuteblica a saber el Sol la Liacutenea y la Caverna Εsta uacuteltima en especial es descrita como ldquouna imagen sorprendenterdquo32 El eikon la lsquoimagenrsquo se constituye asiacute en un procedimiento

31 Rep V 506e ὅς δε ἔγκονος τοῦ ἀγαθοῦ φαίνεται καὶ ὁμοιότατος ἐκείνῳ 32 ἄτοπον εἰκόνα VI 515a 4 Luego se reitera en dos ocasiones su condicioacuten de tal

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del discurso por el que se establecen con mayor claridad correspondencias entre el mundo sensible y la Idea inteligible La interaccioacuten de estos dos cam-pos se hace manifiesta aquiacute en forma de alegoriacuteas y en la Caverna se fuerza al filoacutesofo a volver al interior de ella hacieacutendose patente la necesidad de completar el radio de estas interacciones El que ha contemplado lo inteligible es forzado a volver a lo sensible para instaurar alliacute el orden de la Idea Los giros del Sol que gobiernan el universo ideal rigen a su vez el universo fluc-tuante del acontecer poliacutetico de la ciudad mediante el filoacutesofo como un sol que retorna de la luz a la oscuridad

De ese modo la filosofiacutea a traveacutes del conocimiento del Bien establece al

filoacutesofo como el bien en la ciudad que hace prevalecer en ella la justicia En los inicios del libro IV de la Repuacuteblica se analizaba la conveniencia de fundar una ciudad que vele por la felicidad del conjunto en forma solidaria33 ldquoPorque pensaacutebamos que en una ciudad talrdquo afirmaba Soacutecrates ldquoencontra-riacuteamos maacutes que en otra alguna la justicia asiacute como la injusticia en aquella en que se vive peor y que al reconocer esto podriacuteamos resolver sobre lo que hace tiempo venimos investigandordquo34

Es la sociedad entera como conjunto integrado la que conforma una ciudad unitaria y en ella cada parte recibe lo que es propio para constituir un hermoso conjunto35 Las otras ciudades que no son la ideal estaacuten consti-tuidas de hecho por varias ciudades Soacutecrates deciacutea ldquodos como en el mejor de los casos enemiga la una de la otra la de los pobres y la de los ricosrdquo36 Hay que vencer esas injusticias por consiguiente que surgen no solo de una mala distribucioacuten de la riqueza en siacute sino que en uacuteltimo teacutermino son pro-ducto de la ausencia de realizacioacuten de un principio fundamental ligado a la naturaleza misma del ser humano Este principio apunta a la idea de que en esta polis socraacutetica cada cual posee una sola ocupacioacuten aquella para la cual cada naturaleza estaacute mejor dotada37 Es tan certeramente verdadera para Pla-

33 Rep IV 420b ss 34 ibid Ed JM Paboacuten M Fernaacutendez Galiano 35 Rep IV 420d 36 Rep IV 422e 37 Rep IV 433a

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toacuten la realizacioacuten de esta regla que ldquoel hacer cada uno lo suyo y no multipli-car sus actividades (μὴ πολυπραγμονεῖν) dice era la justiciardquo38 Y delimi-tando esta actividad maacutes expresamente a la esfera del individuo se afirma que la justicia es ldquohacer cada uno lo suyordquo (IV 433b) cosa que se entiende como lo habiacuteamos visto al interior de la ciudad y en relacioacuten con ella

En esas circunstancias un resultado directo de la praacutectica de la justicia

consiste en la desaparicioacuten mdashen los haacutebitos de conducta de los ciudadanosmdash de esa injerencia indiscreta (πολυπραγμοσύνη) entre los tres estratos sociales que produce ldquoel mayor dantildeo de la ciudadrdquo cuando la injusticia estaacute presen-te39 Se intenta evitar ese entremetimiento precisamente a nombre de la physis pues las clases sociales se constituyen esencialmente en torno a tres tipos baacute-sicos de naturalezas Estos caracteres baacutesicos a su vez surgen en paralelo con la condicioacuten tripartita del alma en la que subsisten estas diversas especies Se reconoce asiacute ldquoque en cada uno de nosotros se dan las mismas especies y mo-dos de ser que en la ciudadrdquo40 Este parangoacuten entre ciudad e individuo es esencial en el anaacutelisis que hace Platoacuten acerca de la justicia y es el que le lleva a continuacioacuten a establecer que tanto en el individuo justo como en la ciudad justa gobierna quien es mejor

38 Rep IV 433a-b El uso del verbo πολυπραγμονεῖν es sugerente Platoacuten ve con preocupacioacuten la existencia de ciudades con ciudadanos ocupados en muchas cosas a la vez esa es especialmente la injerencia indiscreta en los asuntos de otros que el verbo polypragmonein sugiere 39 Polypragmosyne es un teacutermino clave en Tuciacutedides que expresa una cualidad que condujo a los atenienses a su grandeza es la base ciacutevica de su sentido imperial Pero sentildeala naturalmente una significacioacuten que debe ser matizada Se dice en Archaic and Classical Greece M Crawford D Whitehead Cambridge 1983 As V Ehren-bergs classic study made clear (Polypragmosyne a study in Greek Politics Journal of Helenic Studies 67 (1947) 46-67) polypragmosyne is a concept of psychology as re-flected in behaviour a polypragmon -whether an individual (as in Aristoph Ach 833) or a whole polis - must always be active interfering in the affairs of others neither keeping quiet themselves nor allowing others to be quiet (p 319) Como se ve se trata de un concepto de origen psicoloacutegico pero de especial significacioacuten en poliacutetica 40 Rep IV 435e

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VI Significacioacuten del gobierno del filoacutesofo en la polis platoacutenica Toda esta discusioacuten pudo quedar circunscrita a una propuesta en que

los guardianes han de ser los mejores porque ellos tienen que ser los mejor educados en conformidad con su propia naturaleza La educacioacuten se convier-te entonces en el medio adecuado para convertir a estos guardianes en los ciudadanos destinados a fundar esta repuacuteblica Esto se realiza ademaacutes junto a mujeres de capacidad anaacuteloga a la de estos hombres Pero falta dar un paso decisivo que permita introducir en la ciudad la justicia en una forma supe-rior Algo que resulta del hecho mismo de proclamar a los filoacutesofos reyes de esta ciudad No basta superar las divisiones mdashque conducen a disensiones subversivasmdash entre pobres y ricos Tampoco parece suficiente establecer esas clasificaciones baacutesicas entre los ciudadanos en conformidad a sus naturalezas de modo de asegurar el imperio de la norma relativa a la distribucioacuten apro-piada del trabajo Se hace ahora evidente a la luz de los anaacutelisis precedentes que la injusticia decisiva prevalente en todas las ciudades existentes hasta el presente estaacute en mantener alejado del gobierno de la ciudad al filoacutesofo El camino entonces que conduce a la salvacioacuten de la ciudad debe consistir en abrir paso a la intronizacioacuten del filoacutesofo en el gobierno de esta superando asiacute esta injusticia radical que vicia toda su estructura y esto parece ser solo posible mediante la identificacioacuten del poder poliacutetico con la filosofiacutea

La filosofiacutea poliacutetica entonces tiene en vista salvar a la ciudad mediante

la interaccioacuten de la episteme y el poder poliacutetico en una misma persona En esas circunstancias las cosas justas mdashque son las acciones que se realizan por el bien de la ciudadmdash se hacen partiacutecipes de lo justo en siacute al coexistir integradas en la persona del filoacutesofo La Ideas penetran en la ciudad por intermedio del filoacutesofo las que se hacen realidad en el devenir sensible de la polis mdasha modo de imaacutegenes que se insertan entre el complejo acontecer de la ciudad con sus permanente divisionesmdash y la transparencia formal del paradigma Las des-cripciones que hace Platoacuten de los diferentes tipos de sociedades que en liacutenea de degradacioacuten directamente descendente se van sucediendo unas a otras son esbozos brillantes que sentildealan esas mediaciones de distanciamiento pro-gresivo de la imagen del mundo poliacutetico frente al modelo inmutable de la

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ciudad ideal Es papel fundamental del filoacutesofo poliacutetico el poner en accioacuten el modelo ideal en el tejido constitucional de kaliacutepolis

La buacutesqueda de la unidad en la ciudad pasaba indudablemente por la

erradicacioacuten de la injusticia y las disensiones (στάσεις 444b) que la acompa-ntildean De este modo se nos hace patente la preocupacioacuten profunda de Platoacuten que se materializa en la descripcioacuten de la realidad del mundo poliacutetico tanto a nivel sensible como inteligible Eacutel experimenta sin duda la necesidad de desarrollar con la ayuda de la teoriacutea de la Ideas una doctrina coherente acer-ca del universo poliacutetico que le permita concebir mdashgracias a la especulacioacuten filosoacuteficamdash un programa vaacutelido y eficaz de accioacuten al interior del Estado Sal-var a la polis de una destruccioacuten inminente es la tarea en perspectiva y no hay duda que su esfuerzo discursivo acerca de la condicioacuten de la ciudad y sus sistemas institucionales va dejando en evidencia la forzosa obligacioacuten de ela-borar un disentildeo del mundo ciacutevico Es preciso concebir una imagen del acon-tecer poliacutetico que establezca la validez y los contenidos de verdad de las des-cripciones concernientes a la polis

Todo ello va a desembocar finalmente en una importante elaboracioacuten

discursiva mdashque podemos calificar a la vez de metafiacutesica y de epistemoloacutegi-camdash acerca del cosmos Se examina la condicioacuten ontoloacutegica del mundo mdashen su estado de realidad generadamdash y la consistencia gnoseoloacutegica de nuestras descripciones acerca de eacutel Esta elaboracioacuten que es la del Timeo tiene un pre-ludio importante en el mito de Er en las uacuteltimas paacuteginas de la Repuacuteblica y parece prolongarse en la rememoracioacuten que se hace de una parte importante de ella en el mismo diaacutelogo Timeo En consecuencia la ciencia poliacutetica no es solo un saber acerca del hombre y su entorno social sino que tambieacuten se aso-cia e integra con la ciencia que estudia la configuracioacuten estelar del universo en donde aquella encuentra su perfeccioacuten epistemoloacutegica

De este modo el despliegue filosoacutefico de Platoacuten se inicia en este aspec-

to con su poliacutetica En un intento de abarcar la realidad social mdashinserta en el mundo de lo sensiblemdash bajo la inteleccioacuten de la Idea En estas circunstancias Platoacuten se esfuerza en la Repuacuteblica por crear nuevas condiciones de gobernabi-

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lidad en la ciudad para que mediante la instauracioacuten de un orden justo se asegure la integridad y por tanto la pervivencia de esta Es importante que un sistema poliacutetico perdure por el imperio de su propia excelencia es decir de su virtud De ahiacute que el filoacutesofo sienta la necesidad de culminar su trabajo especulativo con una suerte de cosmo-poliacutetica como la presentada en el Ti-meo Todo esto corresponde al esfuerzo de Platoacuten de integrar tanto los fenoacute-menos poliacuteticos como la realidad toda de la generacioacuten a sus proyectos de reforma institucional Porque todo lo generado tiende a corromperse

Los inicios del Timeo prologan asiacute su discurso cosmoloacutegico con una vi-

sioacuten resumida de la Repuacuteblica junto a un relato sobre la Atlaacutentida y los oriacutege-nes de Atenas todos en clave poliacutetica En esas conversaciones introductorias acompantildeadas de los relatos a que hago referencia se deja ver que el problema fundamental de su teoriacutea poliacutetica estaacute en la interaccioacuten y en la integracioacuten de la teoriacutea con la accioacuten en el terreno concreto del gobierno de la ciudad El filoacute-sofo-rey encarna la coexistencia de la theoriacutea y la praxis en el Estado de mane-ra que todos los esfuerzos se encaminan ahora a lograr mediante la educa-cioacuten correspondiente seres humanos dotados con las caracteriacutesticas que se han asignado a tales gobernantes Una vez en posesioacuten de ese contingente de futuros soberanos la discusioacuten introductoria del Timeo vuelve a tomar la perspectiva de la Repuacuteblica al proponer enderezar el discurso hacia la des-cripcioacuten de una ciudad en accioacuten Se la situacutea entonces en el contexto liacutemite de una polis que ha de recurrir a la guerra en defensa de su libertad y sus va-lores patrios

Aquello que en el examen precedente he denominado teoriacutea mdashcomo el

fundamento gnoseloacutegico desde el cual algo puede ser llevado a la praacutecticamdash41 estaacute en iacutentima relacioacuten con el problema de la verdad En efecto se entiende aquiacute por teoriacutea la verdad misma en cuanto que ella es objeto de un trato epis-

41 Platoacuten ha hablado en la Repuacuteblica de ldquollevar algo a la praacutecticardquo (τι πραχθῆναι 473a) y se ha referido en el mismo texto al problema de la ldquorealizacioacutenrdquo de estos proyectos poliacuteticos utilizando el teacutermino πρᾶξις Seguacuten E des Places (Lexique) pra-xis tiene cuatro sentidos fundamentales en Platoacuten a) ldquoacte actionrdquo b) ldquoaccomplis-sement reacutealisationrdquo c) ldquopractiquerdquo d) ldquovierdquo El sentido maacutes generalmente utilizado en este trabajo es el de ldquoaccioacutenrdquo

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temoloacutegico Se configura asiacute por ese medio en torno de ella una esfera de co-nocimientos y en el caso de la filosofiacutea se crea un discurso un logos La ver-dad por otra parte es la que el filoacutesofo como amigo que es de ella (Rep 475e) busca conocer y es asimismo la que en la realidad y el conocimiento se con-funde con las Ideas mismas La teoriacutea entonces corresponde a un estado de sabiduriacutea en que la verdad se posee a modo de ciencia y en el que se tiende constantemente a la totalidad tanto de lo divino como de lo humano42 La teoriacutea es de alguna manera un estado de superacioacuten de la condicioacuten huma-na mediante la posesioacuten por el intelecto del ser real De alliacute que Soacutecrates ha-ya afirmado ldquoy a aquel pensamiento (διανοία) que en su alteza alcanza la contemplacioacuten (θεωρία) de todo tiempo y de toda esencia iquestcrees tuacute que la vida propia del hombre le puede parecer gran cosardquo (486a)

Ese estado de sabiduriacutea se encuentra sin embargo en la necesidad de

establecer las mediaciones de que hablaacutebamos anteriormente establecieacutendo-se entonces un encuentro con las difiacuteciles condiciones de la realidad concreta de la ciudad El filoacutesofo corre el riesgo de ser criticado de ldquohaber subido arri-bardquo para volver despueacutes a la oscuridad de la caverna ldquocon los ojos estropea-dosrdquo (VI 517a) De ahiacute la conveniencia de elaborar con referencia a la accioacuten un lenguaje anaacutelogo a la verdad que proporcione medios de acercamiento al mundo del devenir poliacutetico Se busca por consiguiente la creacioacuten de un re-lato verosiacutemil una suerte de manifiesto poliacutetico En este caso ademaacutes se trata de un mundo que hay que moldear a imagen del paradigma Se presenta asiacute como esencial para Platoacuten el determinar una doctrina por la que las cosas de la realidad sensible adquieran la calidad de representaciones de esos modelos ideales De este modo tanto los asuntos relativos a la poliacutetica como los relati-vos al cosmos se transforman en fenoacutemenos solidarios al ser comprendidos y conciliados bajo el poder superior del ser ideal

42 Rep 486a Al decir Soacutecrates que no hay nada maacutes propio de la sabiduriacutea que la verdad y destacar que el filoacutesofo verdadero desde su juventud tiende a poseerla pregunta (con la intencioacuten de hallar una respuesta positiva) si se encontraraacute cosa maacutes propia de la ciencia que la verdad (485c ἦ οῦν οἰκειότερον σοφίᾳ τι ἂν εὕροις)

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VII La opinioacuten y la imagen como medios de conocimiento de los asuntos de la ciudad

Pero el asunto que tratamos exige el anaacutelisis de algunos otros puntos

En analogiacutea con la discusioacuten de la Repuacuteblica en que se debate de un modo tan fundamental el tema de la poliacutetica el Timeo funda las bases de una filosofiacutea del cosmos Tanto la ciencia poliacutetica como las ciencias de la tierra y el cosmos tienen en comuacuten el formar parte de la generacioacuten y por tanto se integran en lo que llamamos mundo sensible La poliacutetica tambieacuten porque lo sujeto a ge-neracioacuten no se agota en las cosas en cuanto que circunscritas a dimensiones y espacios sino que tambieacuten incluye a todo aquello que surge de ellas como en el caso del hombre son las acciones y funciones propias de su inteligencia De ahiacute que la ciencia meacutedica mdashno especiacuteficamente en cuanto que arte que curamdash forma parte del discurso del Timeo del mismo modo que las descripciones de las enfermedades sociales se integran al gran discurso de la Repuacuteblica De ese modo parte importante de la ciencia de la polis se nutre de objetos sensibles que tratados a la luz de la teoriacutea de las Ideas adquieren en ese sentido cate-goriacutea cientiacutefica

Los objetos sin embargo siguen en movimiento y continuacutean sus proce-

sos de dispersioacuten aunque mantenidos con esfuerzo bajo una cierta unidad inteligible por el pensamiento Esa es la situacioacuten en que se encuentra Platoacuten decidido a realizar la tarea de fundar un tratamiento cientiacutefico acerca de las instituciones del cuerpo social como conglomerado ciacutevico Esto sin olvidar jamaacutes que se trata al mismo tiempo de un conjunto de seres individuales Ahora bien todos estos objetos de los que aquiacute hablamos son en la filosofiacutea de Platoacuten imagen (εἰκών) Adquieren esta condicioacuten en cuanto que en depen-dencia ontoloacutegica y epistemoloacutegica con el ser ideal Solo asiacute es posible dar al fenoacutemeno una consistencia que nos permita comprenderlo y en cierta mane-ra dominarlo tanto para los efectos de la ciencia como del poder Pero para ello habraacute que dar vuelta el rostro ponerse en pie y emprender el camino de salida de la Caverna

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Este eikōn en consecuencia permite a Platoacuten desarrollar una teoriacutea del discurso cientiacutefico ya sea mdashseguacuten los elementos aquiacute estudiadosmdash como ciencia poliacutetica o como ciencia del cosmos Este discurso se manifiesta al inte-rior de una doctrina de la imagen que se hace expliacutecita la presencia de la opi-nioacuten (δόξα) recta sobre las cosas sensibles como instrumento vaacutelido de com-prensioacuten del mundo Lo que hace recta a la opinioacuten es la existencia de esa relacioacuten iacutentima con el ser verdadero su ausencia la hace sujeta a error En esas circunstancias la episteme es un saber que se ordena al ser con el fin de conocer coacutemo es el ser43 Tal vez lo que se quiere decir con esto es con el fin de saber coacutemo es la realidad De ahiacute que se distinga entre lo cognoscible (γνωστόν) y lo opinable (δοξαστόν) ya que solo el ser es lo propiamente cog-noscible siendo la doxa intermedia entre el conocimiento (γνῶσις) y la igno-rancia (ἄγνοια)

La razoacuten de ello estaacute en que los objetos tanto de lo cognoscible como de

lo opinable son distintos En efecto las realidades sobre las que versa la opi-nioacuten son objetos que al mismo tiempo existen y no existen y que estaacuten ldquoen mitad de lo puramente existente y lo absolutamente inexistenterdquo (Rep V 478d) Parte importante de los asuntos concernientes a la poliacutetica estaacuten en esa situacioacuten Asiacute la doxa se erige por efecto de esa participacioacuten del ser y del no ser en un nuevo constituyente que es el objeto sensible es por esto que ella participa del uno y del otro44 Y esta es la razoacuten por la que es fundamental que la opinioacuten mdashen cuanto capacidad del espiacuteritu y producto la vez de esa capacidadmdash permanezca en relacioacuten con el ser La multitud que el filoacutesofo ve inmersa en la opinioacuten se conduce de una manera distinta y ldquoen cierto modo da vueltasrdquo girando en torbellino 45 lejos de la verdad

43 Rep V 478a ἐπιστήμη μέν γέ που ἐπὶ τῷ ὄντι τὸ ὄν γνῶναι ὡς ἔχει 44 Rep V 478d iquestY no dijimos en los pasajes anteriores que si se presentase algo tal que a la vez sea y no sea ese tal debe encontrarse en el medio entre lo que es pura-mente y lo que no es completamente y que sobre el cual no habriacutea ni conocimiento ni ignorancia sino lo que a su vez se hubiese presentado como estando entre la ignorancia y el saber - Correctamente (Trad G Goacutemez Lasa) 45 Rep V 479d ldquogiran en torbellino en medio de lo que no es y de lo que es pura-menterdquo (Trad G Goacutemez Lasa)

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Parece entonces decisivo para Platoacuten fundar las condiciones que le han de permitir hacer discursos vaacutelidos mdashal interior de los principios de su pro-pia filosofiacuteamdash acerca de lo sensible Ellos incluyen los discursos acerca del orden poliacutetico que en su maacutes alta dimensioacuten se combinan nada menos que con la filosofiacutea Asiacute al establecer el aacutembito de verdad que los fenoacutemenos del mundo pueden alcanzar se intenta hacer manifiestas las relaciones de estos con la realidad ideal Es el modo de conectarlos con la teoriacutea y darles el caraacutec-ter cientiacutefico que ellos requieren Se deja asiacute circunscrito tambieacuten el liacutemite de independencia que los sucesos del mundo poseen capacitaacutendolos de esa ma-nera como objetos vaacutelidos para un tratamiento propio de una ciencia poliacutetica Es verdad que en cuanto que objetos los podemos considerar como poseyen-do un grado limitado pero pueden alcanzar ciertamente un grado especiacutefico de autonomiacutea

En esa situacioacuten la poliacutetica de la Repuacuteblica y la cosmo-poliacutetica y las

ciencias en general del Timeo estaacuten en referencia a una doctrina de la ima-gen concebida en correlacioacuten y dependencia con la teoriacutea de las Ideas La filo-sofiacutea de Platoacuten no versa simplemente sobre las realidades inteligibles El filoacute-sofo mantendraacute siempre un intereacutes profundo sobre el devenir poliacutetico en toda su vasta dimensioacuten Ahora bien eacutel supone que toda doctrina acerca del mun-do (poliacutetico) debe estar en conexioacuten con la teoriacutea ideal si aquella quiere con-servar su relacioacuten con el ser y lo real

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VIII Un esfuerzo por salvar los fenoacutemenos del universo social

Asiacute como Platoacuten intenta salvar la ciudad mediante un modelo ideal del mismo modo emprende la tarea de salvar al interior de su filosofiacutea los fenoacute-menos del cosmos Porque los temas de la polis y el cosmos estaacuten para eacutel cla-ramente conectados Es evidente que la teoriacutea de las Ideas le abriacutea la perspec-tiva de un ambicioso proyecto de proporciones universales y la posibilidad de hacer efectivos un conjunto de relatos cientiacuteficos acerca del mundo En esa perspectiva se ha visto en Platoacuten al fundador de una de las dos principales tradiciones de la investigacioacuten astronoacutemica Se habla en efecto de una tradi-cioacuten realista representada normalmente en su origen por Aristoacuteteles y una de orden formal claramente personificada por Platoacuten

Conforme a esta liacutenea formalista se consideraba que los diversos mode-

los geomeacutetricos de los movimientos planetarios propios de la arquitectura del universo eran recursos matemaacuteticos de tipo teoacuterico que no apuntaban propiamente a la realidad misma del universo Ellos maacutes bien describiacutean los fenoacutemenos de tal modo que era posible salvar sus apariencias En otras pala-bras los discursos platoacutenicos acerca del mundo estaban concebidos como re-presentaciones de modelos mdashque en casos como los descritos en el Timeo eran modelos geomeacutetricosmdash que haciacutean posible calcular es decir salvar los diver-sos fenoacutemenos del cielo

Recurro aquiacute a una obra de importancia para lo que aquiacute se analiza a

saber ΣΩΖΕΙΝ ΤΑ ΦΑΙΝΟΜΕΝΑ Essaie sur la notion de theacuteorie physique de Platon agrave Galileacutee de Pierre Duhem46 Se hace en ella referencia en primer lugar al Comentario de Simplicio47 en el que se muestra a Platoacuten preguntando a los matemaacuteticos cuaacuteles seriacutean los movimientos circulares uniformes y perfecta-mente regulares que deberiacutean admitirse como hipoacutetesis de modo que pudie-

46 Fue publicado primeramente en forma de cinco artiacuteculos en los Annales de philo-sophie chreacutetienne en 1908 Ante la imposibilidad de acudir al texto original he utili-zado la versioacuten inglesa bajo el tiacutetulo To Save the Phenomena An Essay on th Idea of Physical Theory from Plato to Galileo con Introduccioacuten de Stanley L Jaki Chicago 1969 47 Simplicio In Aristotelis quatuor libros de Coelo commentaria 2 43 46

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se ser posible salvar las apariencias presentadas por los planetas En referen-cia a este problema planteado P Duhem comenta ldquoel objeto de la astronomiacutea es definido aquiacute con la mayor claridad la astronomiacutea es la ciencia que combi-na de tal modo los movimientos circulares y uniformes que produce un mo-vimiento resultante semejante al de las estrellas Cuando sus construcciones geomeacutetricas han asignado a cada planeta una trayectoria que se ajusta a su trayectoria visible la astronomiacutea ha alcanzado su objetivo porque entonces sus hipoacutetesis han salvado las apariencias48 Y poniendo eacutenfasis en este punto sentildeala que el astroacutenomo se declara totalmente satisfecho cuando las hipoacutetesis que eacutel ha forjado logran salvar las apariencias Este seriacutea el meacutetodo del astroacutenomo

Aristoacuteteles por su parte concibe lo que se ha convenido en llamar el meacute-

todo del fiacutesico Eacutel piensa que el objeto de estudio de geoacutemetras y fiacutesicos es fre-cuentemente el mismo ldquopero que consideran el objeto desde diferentes pun-tos de vistardquo49 En esas circunstancias el geoacutemetra puede ver una figura par-ticular en forma abstracta mientras que el fiacutesico estudia sus objetos seguacuten afirma el autor ldquocomo el liacutemite de tal o cual cuerpo el movimiento de tal o cual cosa moacutevilrdquo50 Aristoacuteteles conociacutea el meacutetodo del astroacutenomo perfectamen-te este habiacutea sido seguido entre otros por Eudoxo conforme a lo definido por Platoacuten Aristoacuteteles en cambio exigiacutea diversos requisitos en la materia a saber que el universo fuera una esfera que las esferas celestes fueran soacutelidas que cada una de ellas tuviera un movimiento circular y uniforme alrededor del centro del mundo que este centro fuera ocupado por la tierra que era inmoacutevil51

Estas condiciones limitantes fueron establecidas por Aristoacuteteles sin em-

bargo no con el fin de salvar las apariencias que registraban quienes obser-vaban estos fenoacutemenos sino seguacuten piensa Duhem debido a que conforme al Estagirita solo estas condiciones eran compatibles con la perfeccioacuten del mate-

48 P Duhem op cit p 6 49 ibid p 6 50 ibid p 6 51 ibid p 7

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rial propio de los cielos y con la naturaleza del movimiento circular52 Eran por consiguiente una suerte de a priori obtenidos de la especulacioacuten filosoacutefica pura los que a su vez se proyectaban hacia los fenoacutemenos como condiciones previas para el conocimiento e interpretacioacuten de estos

Ahora bien el anaacutelisis realizado aquiacute acerca de los planteamientos de

las posiciones lideradas por los dos filoacutesofos griegos nos ilustran con clari-dad sobre la posicioacuten maacutes especiacutefica de Platoacuten con respecto a nuestra capaci-dad de conocimiento de las realidades del mundo sensible Nos encontramos en efecto ante los fenoacutemenos mdashsean ellos celestes o humanosmdash como se en-cuentra el astroacutenomo ante la descripcioacuten de sus propios objetos es decir en posicioacuten de proponer hipoacutetesis que salven las apariencias de esos fenoacutemenos Los espectaacuteculos celestes o los variados acontecimientos del mundo por consi-guiente pueden alcanzar una explicacioacuten de caraacutecter epistemoloacutegico en cuan-to que aproximaciones a la verdad de los objetos sensibles

En esto Platoacuten pareciacutea estar maacutes cerca de un tratamiento cientiacutefico La

verdadera explicacioacuten de la apariencia del mundo mdashque en todo caso tiene para Platoacuten la categoriacutea de explicacioacuten verosiacutemilmdash se obtiene mediante la conexioacuten con la teoriacutea ideal que conduce a fundamentar la existencia del de-venir en la realidad del ser De ese modo la doctrina de la imagen que viene asociada al concepto de opinioacuten verdadera conduce a una descripcioacuten del universo basada en semejanzas y analogiacuteas mdashcomo las del Sol la Liacutenea o la Cavernamdash o en trazados de orden geomeacutetrico y matemaacutetico como las figuras lineales del Timeo Podemos decir entonces que estas analogiacuteas son el resul-

52 P Duhem concluye que ldquomientras Eudoxo y Calipo empleando el meacutetodo del astroacutenomo controlaron sus hipoacutetesis examinando si ellas salvaban o no las aparien-cias Aristoacuteteles quiere gobernar la eleccioacuten de esas hipoacutetesis mediante proposicio-nes que ciertas especulaciones acerca de la naturaleza de los cuerpos celestes han justificadordquo ibid p 7 S L Jaki en su introduccioacuten al libro que comento explica que los ciacuterculos homoceacutentricos los epiciclos etc ldquoson maacutes bien modelos geomeacutetricos que facilitan los caacutelculos necesarios para encontrar la posicioacuten de los planetas en un momento dado Por otra parte continuacutea la interpretacioacuten realista de la teoriacutea astro-noacutemica asignaba realidad fiacutesica a esos modelos geomeacutetricos (op cit p XX) El mismo Duhem habiacutea afirmado que ldquoellos (refirieacutendose a la posicioacuten llamada realis-ta) rechazaban toda teoriacutea que los confinaba a una descripcioacuten puramente geomeacutetri-ca de los orbes planetariosrdquo (p 14)

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tado de un modo de ver el mundo que busca explicar la configuracioacuten del universo celeste mediante hipoacutetesis con las que se intenta en lo posible ldquosal-varrdquo las apariencias del cosmos y de los fenoacutemenos humanos

Al unir en este anaacutelisis la cosmologiacutea con la poliacutetica intento mostrar que

es posible mdashal interior de la filosofiacutea platoacutenicamdash efectuar un mismo trata-miento cientiacutefico de los objetos de ambas disciplinas porque estos objetos constituyen en uacuteltimo teacutermino un campo de significacioacuten unitaria llamado generacioacuten o devenir Una ciencia poliacutetica es en este contexto un sistema ideado para ldquosalvarrdquo los fenoacutemenos del acontecer ciacutevico de una manera anaacuteloga a la del astroacutenomo que piensa y utiliza un meacutetodo de procedimiento de tipo formal no realista en su investigacioacuten epistemoloacutegica De ahiacute que por su parte la filosofiacutea de la ciencia es llamada en diversos lugares del Timeo un discurso verosiacutemil e incluso un mythos en posesioacuten de de caraacutecter verosiacute-mil

De aquiacute entonces que en la ciencia poliacutetica platoacutenica hay principios que

permanecen praacutecticamente invariables a traveacutes de los diversos tratamientos de sus diaacutelogos Son contenidos de una ciencia que no habriacutea fundamental-mente de variar aunque indudablemente las propuestas concretas siacute variaron de diaacutelogo en diaacutelogo de un modo que a veces hace difiacutecil concebir lo que acabo de afirmar acerca de su permanencia Pero hay ciertamente un tema constantemente sostenido que el poder poliacutetico deberiacutea estar en manos de los que saben los poseedores de una cierta ciencia El conocimiento de objetos superiores de saber por parte de estos les da acceso legiacutetimo al manejo de la soberaniacutea en el Estado Ese saber soberano es el que corresponde a la Idea del Bien y a las Ideas inteligibles en la Repuacuteblica En otras palabras es el arte real que dirige la urdimbre del Estado Este es el ldquoque logrardquo por su medio ldquoel maacutes espleacutendido y magniacutefico de todos los tejidosrdquo (311c) que se discute en el Poliacutetico Es la ciencia del orden del mundo de las Leyes personificada en el Alma coacutesmica y manifestada en la polis mediante el consejo nocturno de sa-bios En el Epiacutenomis maacutes especiacuteficamente es la ciencia del nuacutemero inmanen-te a la divina configuracioacuten de ese cosmos En ello habraacute de consistir la filoso-

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fiacutea y esos habraacuten de ser sus contenidos centrales por cuyo conocimiento el sabio se hace sabio y merece en justicia gobernar

De ese modo los sabios es decir los philoacutesophoi rigen ciudades cuyo en-

tramado visible puede cambiar en conformidad con las coyunturas variables de los procesos ciacutevicos destinados a ser salvados por ellos La ciencia de la polis se presenta asiacute abarcando un conjunto de realidades permanentes que se armoniza con situaciones sujetas a opinioacuten Estas realidades son Idea y de-venir unidos en la buacutesqueda de una propuesta de orden poliacutetico Inteligibili-dad e imagen forman por decirlo asiacute un conjunto astronoacutemico visible que actuacutea en forma coordinada como la tierra y la luna en torno al sol La funcioacuten del filoacutesofo gobernante consiste fundamentalmente en concebir estructuras que fortalezcan el Estado y salven los objetivos superiores del hombre sobre la tierra

Ese objetivo superior es en primer lugar la felicidad como eudaimoniacutea

un ldquobien-estarrdquo Una finalidad que es posible mediante la instauracioacuten en la sociedad y en el individuo de las virtudes cardinales en especial de la justi-cia Se orienta asiacute el camino del hombre desde la contingencia sensible de la imagen de este mundo hasta la comprensioacuten del ser inteligible que es el ca-mino de la Caverna Estas acciones de orden y estabilidad inteligibles para la ciudad proporcionan legitimidad al gobierno del filoacutesofo que se constituye en productor de espacios de flujos de plenitud espiritual para los habitantes de la ciudad Es su modo de preservar ese universo ciacutevico manifestado en constituciones poliacuteticas formas de gobierno conductas ciacutevicas repuacuteblicas estados (que son los sentidos maacutes cercanos aquiacute al concepto de πολιτεία) Asiacute es tam-bieacuten cοmo se da la oportunidad de constituir al sabio en su papel de sancio-nador de un orden institucional

IX El gobierno de los sabios En conformidad con los anaacutelisis presentados hasta aquiacute la filosofiacutea de

Platoacuten entonces busca la preservacioacuten de la repuacuteblica mediante la figura del sabio gobernante Alguien debe preservar en el Estado liacuteneas de comunica-

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cioacuten efectivas entre la regioacuten del devenir sensible y la regioacuten inteligible En lo que respecta al porvenir del hombre su principal tarea consiste en consolidar la obtencioacuten de la felicidad cuya presencia en este mundo supone una inter-accioacuten profunda entre el individuo y la sociedad La felicidad personal de los individuos pasa a traveacutes del tejido social en cuya trama las naturalezas de los hombres adquieren la dimensioacuten ciacutevica que precisan para alcanzar una verdadera plenitud personal El filoacutesofo gobernante con la introduccioacuten del paradigma ideal en una coyuntura social determinada se propone salvar el fenoacutemeno ciacutevico de la ruina que a cada momento lo acecha Mediante su pro-puesta poliacutetica mdashque hemos visto variar en los diversos diaacutelogosmdash el sabio de Platoacuten propone descripciones cientiacuteficas dotadas de racionalidad de la ciudad que le incumbe como entidad gobernable

Estas descripciones mdashque son a su vez ldquodiscursosrdquo poliacuteticos explicati-

vosmdash se constituyen en verdaderas propuestas formales destinadas a crear y preservar la existencia de la polis mediante una reforma profunda de sus insti-tuciones La Repuacuteblica el Poliacutetico las Leyes representan lo maacutes importante de esas propuestas En consecuencia cada nueva ciudad de Platoacuten se fundamen-ta en una ciencia la filosofiacutea un meacutetodo geneacutericamente comprensivo la dia-leacutectica y su objetivo praacutectico consiste en proyectar sobre el devenir ciacutevico la imagen de una trama sensible buena y justa destinada a preservar del caos y la disolucioacuten a las entidades poliacuteticas Ahora bien el fundamento de esa pro-puesta en la Repuacuteblica estaba en una suerte de identificacioacuten de la filosofiacutea y el poder poliacutetico del modo como se ha estado aquiacute discutiendo y la principal consecuencia de esto significaba el establecimiento de gobernantes filoacutesofos en la ciudad

He aquiacute en liacuteneas generales el designio de la voluntad especulativa de

Platoacuten en la Repuacuteblica quien con estas audaces propuestas veniacutea en conse-cuencia a culminar un proyecto mantenido con singular energiacutea y volunta-riosa persistencia a traveacutes de parte importante de su produccioacuten filosoacutefica media y tardiacutea Se trataba en uacuteltimo teacutermino de definir al sabio al amante de la sabiduriacutea de modo que su proposicioacuten deciacutea que la teoriacutea y la accioacuten de-beriacutean coincidiacuter en la praacutectica en un tipo singular de ser humano En eacutel se ex-

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presaba la identificacioacuten de la filosofiacutea con el poder poliacutetico como instrumen-to mediador privilegiado

Habiacutea que traer a la luz ese modelo de hombre hasta ese entonces histoacute-

ricamente inexistente por medio de una educacioacuten cuyos contenidos eran precisamente la ciencia que comportaba este conocimiento superior Urgiacutea en consecuencia el saber discernir los caracteres apropiados para tal empresa y el concertar los planes de estudios que les fueran propios Lo principal ya ha-biacutea sido encontrado eran los objetos maacutes verdaderos de la mente que con-templa la realidad Esta ciencia superior debiacutea producir en los joacutevenes asiacute educados el giro decisivo que habriacutea de mudar sus almas y junto con ellos transformar el alma entera de la ciudad

X La Idea del Bien Cuando luego del largo itinerario dialoacutegico que nos ha conducido a tra-

veacutes de los primeros seis libros de la Repuacuteblica arribamos a las explicaciones de Platoacuten acerca del Bien en especial a partir de VI 502c no queda duda que estamos alcanzando a un cliacutemax cuyo desenlace nos es auacuten desconocido Este recorrido y cierto sentimiento de expectacioacuten me recuerdan las sutiles evolu-ciones musicales que preceden por largos compases a la aparicioacuten triunfal de la voz humana en la novena sinfoniacutea de Beethoven Las frases de violonce-los y contrabajos parecen por siacute solos hablar en un recitativo musical sin voz articulada de hombre hasta que como inducida por la magia de una evolu-cioacuten que alcanza su plenitud espiritual irrumpe sin contrapeso desde la ma-dera la presencia magniacutefica de una y luego de muchas voces humanas Solo alliacute se entiende queacute significado ha tenido todo lo que le ha precedido y a su vez se tiene al menos un presentimiento de lo que ha de venir De un modo anaacutelogo creo podemos representar a la Idea del Bien como el sustento tonal de toda la obra que ha de alcanzar su cima en la alegoriacutea de la Caverna53

53 Paul Friedlaumlnder en Plato an Introduction New York 1958 pg 62 habla del ldquopo-der inolvidablerdquo de estas paacuteginas escritas ldquoen el corazoacuten mismo de la Repuacuteblicardquo

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Pero volvamos a los primeros compases Platoacuten se ha preguntado coacutemo es que la ciudad debe practicar la filosofiacutea si no quiere perecer (VI 497d) ya que la mayoriacutea de los que actualmente se consagran a ella mdashy pasan por ser consumados filoacutesofosmdash se apagan muy prontamente como soles de Heraacuteclito Los pocos filoacutesofos no son considerados malos pero siacute inuacutetiles ldquoPracticarrdquo (μεταχειρίζειν 497d) sentildeala por su parte directamente la prosecucioacuten de un estudio el seguimiento que proporciona finalmente la adquisicioacuten de una disciplina o un arte De ahiacute que esta ldquopraacutecticardquo estaacute orientada a establecer en la ciudad las ensentildeanzas y los ejercicios necesarios para una educacioacuten de los futuros filoacutesofos gobernantes Nos hallamos de nuevo ante un esfuerzo por equilibrar la teoriacutea (con sus matheacutemata ldquoensentildeanzas estudios conocimien-tosrdquo) y la accioacuten (con sus epitedeacuteumata ldquoejercicios praacutecticas reglas de conduc-tardquo) El objetivo es crear los fundamentos de una educacioacuten para los guardia-nes de la ciudad Es una suerte de gimnasia propia de la filosofiacutea

Es preciso en consecuencia ratificar la audaz pretencioacuten de que los

guardianes perfectos no podraacuten ser sino filoacutesofos (VI 503b) y que el guar-diaacuten gobernante debe dominar ciertos ldquoestudiosrdquo considerados los ldquomaacutes al-tosrdquo54 Por aquiacute nos hallamos en la viacutea que conduce directamente al Bien puesto que se dice la Idea del Bien es el objeto de la ensentildeanza maacutes alta y que ldquoes por ella que la justicia y las demaacutes virtudes alcanzan su utilidad y sus be-neficiosrdquo (VI 505a) Es decir la Idea del Bien en primer lugar es presentada como la culminacioacuten de un proceso de ensentildeanza porque ella es el objeto superior El Bien es el objeto uacuteltimo de la paideia en su plenitud y sentildeala la perfeccioacuten de la teoriacutea en vistas de la accioacuten En la Idea del Bien culmina la ciencia que proporciona eficacia al saber virtuoso el que se hace ldquoutil y bene-ficiosordquo mediante la ciencia superior de la Idea de Bien55

Un aspecto importante entonces del Bien se completa cuando guardia-

nes que conocen la disciplina de esta Idea superior se transforman en vigilan-

54 Rep VI 503e τὰ μέγιστα μαθήματα 55 Auguste Diegraves habiacutea dicho ldquoLe programme deacuteducation des gouvernants est un programme dascension continue vers le Bienrdquo (Platon Oeuvres complegravetes LaReacutepubli-que Introduction pg LXIV Les Belles Lettres Paris 1965 (1932)

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tes de la repuacuteblica56 Este saber acerca del Bien tiene por consiguiente ade-maacutes de la transformacioacuten personal claras consecuencias de orden poliacutetico La Idea del Bien es no hay que olvidarlo la piedra angular sobre la que se edifi-ca la constitucioacuten platoacutenica y la realidad ejemplar de la que penden todos los esfuerzos por hacerla realidad

Resta por ver ahora queacute es la Idea del Bien en siacute es decir del Bien

ldquomismordquo (VI 506d-e)57 Mas resulta no ser posible al parecer saber propia-mente queacute es el Bien no por una incapacidad total del pensamiento para pen-sarlo o de nuestra palabra para hablarlo sino por el impulso mismo del es-fuerzo discursivo en que Platoacuten se encuentra por el momento comprometi-do58 La prueba es que algo diraacute de lo que es el Bien en siacute aunque luego de haber preparado cuidadosamente nuestro aacutenimo y nuestras expectativas pa-ra lograr satisfacernos finalmente con una escasa informacioacuten Al presente es la alegoriacutea la que manda y se hablaraacute todaviacutea no del padre sino de ldquolo que parece ser tanto un hijo del bien como su semejanza maacuteximardquo (VI 506e) el Sol Los cuatro factores relevantes en el mundo visible son el Sol su luz el ojo y su visioacuten La regioacuten inteligible es el mundo del entendimiento y de los ob-jetos de verdad ideales ambos iluminados por el Bien59 Nuestro texto ade-maacutes da a entender que los objetos de la regioacuten inteligible son iluminados ldquopor la verdad y el serrdquo (ἀλήθεια τε καὶ τὸ ὄν 508d) a diferencia de una re-gioacuten de la opinioacuten de objetos sensibles

Indudablemente que las liacuteneas cruciales referentes a nuestro tema se ex-

tienden entre el 508e1-509b10 del libro VI La correspondencia de semejanza (analogia) que dominaba hasta aquiacute el discurso ha consistido en desplegar en toda su riqueza la metaacutefora del hijo el Sol y su regioacuten visible Ahora en cam-bio en las liacuteneas a que aludo se lleva a cabo una transposicioacuten en que el analogado principal a saber el Bien es descrito en los mismos teacuterminos que

56 Rep VI 506b se utiliza el verbo episkopein ldquovigilar observarrdquo 57 αὐτὸ μὲν τί ποτ᾽ἐστὶ τ᾽ἀγαθὸν ἐάσωμεν τὸ νῦν εἶναι 58 El teacutermino que aquiacute se utiliza es hormeacute (ὁρμή) ldquoimpulso esfuerzo punto inicialrdquo 59 Ilustrando esta analogiacutea J Raven en Platos Thought in the Making Cambridge 1965 pg 137 dice ldquoJust as therefore the sun is the source of light so the Idea of the Good is the source of truthrdquo

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su imagen con la salvedad de que cada elemento de significacioacuten de la metaacute-fora visible (el Sol la luz el ojo y la visioacuten) se traspone cada vez en un ele-mento de significacioacuten inteligible (la Idea del Bien la verdad el alma y la in-teligencia) Se ha partido de la imagen para luego remontarse al original pe-ro se ha hecho depender la explicacioacuten del prototipo de su semejanza infe-rior

De ahiacute quizaacutes la dificultad de ver en esta descripcioacuten del Bien una ver-

dadera explicacioacuten ya que el mismo Platoacuten prefiere enmarcar en una frase que pende en sus inicios de un ldquodirdquo (φάθι) luego de un ldquoconciberdquo (διανοοῦ) y finalmente de un ldquojuzgaraacutesrdquo (ἡγήσῃ) sus primeros asertos acer-ca del Bien Evidentemente que este es un modo de decir lsquono tengo pruebas propiamente que dar para demostrar mi aserto (y por favor no busquen maacutes falacias de las necesarias en mis explicaciones) por lo que aceacuteptalo como un postulado admisible que se necesitariacutea mucha labor y extensioacuten de ser nece-saria una demostracioacuten y tal vez no hay prueba alguna que darrsquo

Por mi parte he vertido la oracioacuten de la siguiente manera ldquomdashdi por tanto que aquello que comunica la verdad a los objetos conocibles y

que da la facultad al que conoce es la idea del bien y conciacutebela en cuanto que objeto del conocimiento puesto que es ella la causa de la ciencia y de la verdad y asiacute por muy hermosos que sean ambos el conocimiento y la verdad juzgaraacutes rectamente si consideras a aquello distinto e incluso maacutes bello que estos y como en este mundo es correcto suponer que la luz y la visioacuten son semejantes al sol pero que es errado con-siderar que son el sol del mismo modo en aquel mundo es correcto suponer que la ciencia y la verdad son uno y otro semejantes al bien pero es errado el considerar que una y otra son el bien sino que debe estimarse que la condicioacuten del bien es in-cluso mayorrdquo (R VI 508e1-509a5)

Podemos darle entonces a estas afirmaciones el caraacutecter de una presen-tacioacuten doctrinaria de la teoriacutea platoacutenica acerca del Bien no hay al parecer intento alguno de establecer una prueba mediante procedimientos loacutegicos si bien estaacuten latentes los principios metafiacutesicos que le han llevado ya a postular

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no solo la existencia de Ideas inteligibles sino tambieacuten la coordinacioacuten de estas en torno a un principio unificador

En el paacuterrafo de Platoacuten que se acaba de presentar se establece claramen-

te que la Idea del Bien proporciona esto es comunica (ἀποδιδὸν) la verdad a los objetos del conocimiento y el poder de conocer al espiacuteritu que conoce Se dice ademaacutes que ella es la causa de la ciencia y que es el saber superior Se afirma tambien que por ser ella es causa de ese saber es en cierta medida cognoscible pues se la conoce en los objetivos uacuteltimos de bondad que hay en la ciencia y en la verdad60 Pero ella es diferente ya que es otra cosa y maacutes bella que la ciencia y la verdad y por consiguiente que toda otra realidad inteligi-ble Junto a todas esas afirmaciones cargadas de importancia filosoacutefica se afirma que como en el caso del Sol es correcto suponer que ella es semejante a la ciencia la verdad y la inteligencia y que es diferente (como puede serlo comparativamente el Sol) de todas ellas porque la condicioacuten permanente de la Idea del Bien es mayor que las demaacutes realidades

No es poco lo que se nos dice de esta Idea del Bien siendo nosotros tal

vez los que en una primera lectura quedamos con una sensacioacuten de haber entendido poco de su relevancia Algo se nos dice entonces en resumidas cuentas en queacute consiste la Idea del Bien Porque ella cuanto es causa es ori-gen fuente de inteligibilidad de los objetos ideales es decir es causa de la Ideas las que son tambieacuten lo que llamamos la verdad El conocimiento quede ella podemos tener es el origen en nosotros de toda ciencia y saber inteligible El hecho de ser el Bien semejante a esos objetos inteligibles nos abre la posibi-lidad de acceder a esta Idea suprema pero por ser diferente y mayor que es-

60 Esta afirmacioacuten es vaacutelida aquiacute solo si he interpretado bien el difiacutecil pasaje ὡς γιγνωσκομένης μὲν διανοοῦ ldquoconciacutebela en cuanto que se la conocerdquo Se conoce a la Idea del Bien se diriacutea en esta caso en cuanto conocemos el aspecto de bien que la ciencia y la verdad poseen P Shorey mdashPlato The Republic vol II pg 105 traduce ldquoyou must say is the idea of good and you must conceive it as being the cause of knowledge and of truth in so far as knownrdquo La nota explicativa (op cit pg 104 n b me puso en la pista de una posible solucioacuten Dice ldquoWe really understand and know anything only when we apprehend its purpose the aspect of the good that its revealsrdquo

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tos objetos se nos sugiere que posee una su trascendencia que queda auacuten sin explicar61

En un segundo y decisivo par de breves paacuterrafos cargados de significa-

cioacuten (VI 509b 2-10) Platoacuten culmina su descripcioacuten del siacutemil del Sol y su ex-plicacioacuten de la idea del Bien Comienza diciendo por boca de Soacutecrates

ldquomdashSupongo que tuacute reconoceraacutes que el Sol proporciona a los objetos visibles no solo

la facultad de ser vistos sino tambieacuten la generacioacuten el crecimiento y la alimentacioacuten aunque no es eacutel mismo generacioacuten

mdashiquestCoacutemo podriacutea serlo mdashPues bien del mismo modo has de decir que los objetos de conocimiento no solo reciben de la cercaniacutea del bien el ser conocidos sino tambieacuten que de aquel se deriva hacia ellos el ser y la esencia aunque el bien no es una esencia sino que estaacute incluso maacutes allaacute de la esencia en dignidad y poderrdquo

Se utiliza de nuevo el meacutetodo comparativo que a partir de la imagen

del Sol infiere mediante una transposicioacuten como hacia arriba las caracteriacutesti-cas de la idea del Bien La comparacioacuten se sostiene baacutesicamente en la interre-lacioacuten entre la facultad de ser visto y la facultad de ser conocido por una par-te y en la generacioacuten y la esencia por otra Dos modos de comprender y dos calidades de existencia Ahora bien no es faacutecil distinguir entre ldquoel serrdquo (τὸ εἶναι) y ldquola esenciardquo (τὴν οὐσίαν) si bien dos hermeneutas dignos de creacutedito en el siglo XX A Diegraves y P Shorey interpretan to einai como ldquoexistenciardquo y ousiacutea como ldquoesenciardquo

En cuanto a esencia estoy de acuerdo suponiendo que por esencia se es-

taacute sentildealando modos de ser y por tanto se expresan asiacute las diversidades pre-sentes en el plano inteligible (nos encontramos por ejemplo con Ideas dife-rentes unas de otras) Pero en cuanto a ldquoexistirrdquo dudo en aceptar pues la ge-neracioacuten tambieacuten existe con la diferencia que uno es el existir de la genera-

61 A Diegraves (Autour de Platon Paris 1972 lt1926gt pg 486) en un momento de su anaacuteli-sis califica a la Idea del Bien como ldquoun centre dattraction et par cela mecircme un cen-tre doriginerdquo

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cioacuten y otro el existir de la esencia Nos hallamos ante dos calidades de exis-tencia Si queremos distinguir tendriacuteamos tal vez que decir que las cosas del mundo visible existen y las del mundo inteligible son Por ello prefiero pen-sar que Platoacuten habla del ser que es el modo propio de existir de las cosas in-teligibles

Llegamos finalmente a la muy debatida afirmacioacuten de que la Idea del

Bien que en una versioacuten alternativa dice que esta Idea ldquono es una esencia sino que se encuentra incluso superando la esencia en dignidad y poderrdquo No seacute si los estudiosos se han preguntado alguna vez porqueacute no se dijo lsquono es ni ser ni esenciarsquo y solo se dice que la Idea del Bien lsquono es esenciarsquo Yo supongo que esto sucede porque la Idea del Bien tiene efectivamente una calidad de existencia que es propia de su ldquocondicioacutenrdquo o ldquonaturalezardquo (hexis) Esta hexis de Bien es asimismo concebida como ldquoincluso mayorrdquo que el resto de los inteligibles Si por tanto es Idea posee tambieacuten alguacuten tipo de existencia cu-ya calidad se funda en su condicioacuten propia superior62 De este modo la Idea del Bien existencia suprema proporciona a la verdad su existencia inteligible sin dejar a su vez aquella de existir en una condicioacuten que es considerada ldquoin-cluso mayorrdquo Pero es claro que tal Idea superior no puede ser esencia (ousiacutea ) si entendemos por ello la calidad de existencia necesariamente diversificada de la verdad inteligible es decir de los objetos de verdad de la regioacuten inteli-gible que son las Ideas

Ellas en efecto conforman a la vez un todo diversificado y una diver-

sidad totalizada cualidad que reciben de aquello que es ldquoincluso mayorrdquo En otras palabras las Ideas son el Ser en cuanto es unidad y diversidad y en cuanto platoacutenicamente es concebido como inteligible En esta perspectiva las Ideas estaacuten en situacioacuten de coordinacioacuten por el hecho de depender del origen iquestEn queacute estaacute ese ldquogrado maacutes altordquo (μειζόνως adverbio que hemos traducido tambieacuten como ldquomayorrdquo) de la Idea del Bien En que ldquono es esen-

62 A Diegraves (Platon La Reacutepublique vol I Introduction pg LXIII) sentildeala un punto im-portante cuando dice Tambieacuten el Bien es llamado aquiacute mismo aquello que hay de maacutes esplendoroso en el ser (518 c 532 ) aquello que hay de maacutes dichoso en el ser (526 e) aquello que hay de maacutes excelente entre los seres (532 c)

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ciardquo digo es decir en su ausencia de diversificacioacuten en otras palabras en su unidad Ella es la fuente originaria de cuya simplicidad absoluta deriva toda otra existencia inteligible

Con la frase ldquogrado maacutes altordquo (509a 4) hace juego otra expresioacuten de or-

den espacial ldquomaacutes allaacute a mayor distanciardquo (epeacutekeina 509b 9) Ambos teacuterminos revelan de alguacuten modo la distincioacuten existente entre la Idea del Bien y las Ideas inteligibles en general La expresioacuten ldquoestaacute incluso maacutes allaacute de la esen-ciardquo define maacutes claramente la concepcioacuten que tiene Platoacuten de una realidad que existe en forma absoluta es decir liberada absuelta de toda otra condi-cioacuten Es algo que al mismo tiempo estaacute de alguacuten modo al interior de una tota-lidad de lo real de la que ella la Idea del Bien es la cima De ahiacute que tenga sentido decir que ldquola idea maacutes alta de Platoacuten no extingue al ser sino que estaacute por decirlo asi al interior de la cadena del serrdquo63

Se dice finalmente que la Idea del Bien trasciende la esencia ldquoen digni-

dad y poderrdquo (πρεσβείᾳ καὶ δυνάμει) Esa ldquodignidadrdquo es aquiacute en especial el rango que el Bien posee que es el maacutes alto y sugiere al mismo tiempo la idea de una continuidad entre este que es el primero y sus criaturas inteligibles que vienen despueacutes de eacutel El ldquopoderrdquo del que se habla por otra parte y en analogiacutea con el Sol es en primer lugar la capacidad ya establecida del Bien de dar inteligibilidad y existencia a las realidades ideales No hay poder mayor en esta repuacuteblica que el de la Idea del Bien Ese poder es evidentemente meta-fiacutesico pero este rango y poder superior del Bien es al mismo tiempo sentildeal de por queacute la Idea del Bien es el origen y la razoacuten de ser de la politeia platoacutenica64

63 Paul Friedlaumlnder Plato an Introduction New York 1958 pg 77 ldquoPlatos highest idea does not extinguish being but is as it were within the chain of being only it is so far above everything else that paradoxically it may be called beyond being though still beyond being It is reached not through lonely introspection violents leaps and submergence in darkness but through a path by which knowledge grasps the natu-re of being Without arithmetic geometry astronomy musical theory without the discipline of philosophical dialectics the goal cannot be approached mdashalthough once in view words and concepts are no longer adequaterdquo 64 A Diegraves Platon La Reacutepublique vol I Introduction pg LXIV recuerda la estrecha relacioacuten entre la educacioacuten de los gobernantes y el conocimiento del Bien en la Re-puacuteblica ldquoEl programa de educacioacuten de los gobernantes dice es un programa de ascensioacuten continua hacia el Bienrdquo

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Aquellos que adquieran este objeto supremo mediante la maacutes alta ensentildeanza es decir los filoacutesofos guardianes de la ciudad estaraacuten precisamente en pose-sioacuten de la dignidad y el poder supremo en la ciudad La fuente de la sobera-niacutea por la que el filoacutesofo gobernante ejerce la dynamis politikḗ estaacute en la Idea del Bien y los filoacutesofos legitiman su gobierno justamente en este Bien absolu-to y en la posesioacuten que tienen de eacutel mediante aquella ensentildeanza65

XI iquestEs la Idea del Bien identificable con la divinidad Platoacuten ha decidido como recordaacutebamos abandonar por ahora una

explicacioacuten de lo Bueno en siacute (τἀγαθὸν VI 506 e 1) para hablar de la imagen del Sol Ahora bien lo primero que se dice de eacutel es que entre los dioses del cielo podemos considerarlo el sentildeor (κύριον) de la luz De esa manera por la operacioacuten de esta como el tercer elemento el Sol es responsable de la reali-zacioacuten del acto de la visioacuten pues la luz hace posible mdashseguacuten Platoacuten a dife-rencia de otros actos sensoriales que no poseen tal mediomdash la unioacuten entre el sentido de la vista y los objetos de la visioacuten o mejor dicho entre la ldquovisioacutenrdquo (ὄψις) y lo ldquovisiblerdquo (τὸ ὁρατόν)66 El Sol no es el medio entre estos dos lo es la luz pero se le considera el responsable de la realizacioacuten uacuteltima de la ac-cioacuten por ser el ldquosentildeorrdquo de ella67 Tenemos pues una primera sentildeal el Sol es un dios de los que existen ldquoen el cielordquo el que dispensa el ldquopoderrdquo (δύναμιν 508b) que ejerce mediante la visioacuten el ldquoojordquo (ὄμμα) mdashel ldquomaacutes semejante al

65 ldquoLa dyvnamis politikeacute en las democracias estaacute en el pueblo en las oligarquiacuteas en los ldquopocosrdquo (holigoi) para Platoacuten estaacute en aquellos que poseen una ciencia particular que los hace philoacutesophoi Ese ldquosolo cambiordquo por tanto es absolutamente trascenden-tal y nos da la clave para entender los verdadero objetivos de su ciudad ideal Se trata en resumidas cuentas de un reordenamiento del Estado a traveacutes del estable-cimiento de una nueva soberaniacuteardquo (J O Velaacutesquez ldquoPlatoacuten y la soberaniacutea del Esta-dordquo Revista de Filosofiacutea Universidad de Chile vol XXXI-XXXII (1988) pg 39 66 Ver Rep 507c 10-508a 6 El pasaje maacutes especiacuteficamente aludido aquiacute es Rep 507d 8 τὴν δὲ τῆς ὄψεως καὶ τοῦ ὁρατοῦ οὐκ εννοεῖς ὅτι προσδεῖται 67 Se ha utilizado en 508a 4 la foacutermula αἰτιάσασθαι ldquoconsiderar como causa hacer responsable ser causanterdquo El teacutermino ldquosentildeorrdquo (κύριος) no tiene al parecer un senti-do religioso sino en el griego tardiacuteo (hay testimonios a partir del s I aC) pero in-dudablemente esta evolucioacuten semaacutentica muestra ya una significacioacuten afiacuten

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solrdquo de los oacuterganos sensoriales68 El ojo posee este poder ldquocomo algo infundi-dordquo en eacutel por una suerte de desborde que proviene del Sol69 El astro en con-secuencia es ldquocausardquo (αἴτιον) de la visioacuten del ojo

Por otra parte al posponerse el tema del Bien en siacute y haberse sentildeala-

do que el Sol ldquoparece ser el hijo del bien y el maacutes parecido a eacutelrdquo (506e) se in-dica vagamente que ldquoen otra oportunidadrdquo se ha de pagar la deuda con la descripcioacuten del padre Aquiacute solo es posible conjeturar si todo el siacutemil consiste en una transposicioacuten de la figura del Sol en relacioacuten con el Bien este uacuteltimo podriacutea ser considerado un dios entre los dioses de la regioacuten inteligible Pero nada se dice expliacutecitamente cuando llega el momento de describir queacute es el Bien Tampoco se diraacute nada a lo largo de la Repuacuteblica si exceptuamos otro enigmaacutetico pasaje de Repuacuteblica X 597 b ss que debe ser revisado en sus pro-pios meacuteritos70

Siguiendo entonces con las conjeturas se podriacutea solo sentildealar que si

Platoacuten cumple alguna vez con su promesa de hablar del padre esta se realiza-riacutea en el Timeo donde luego de la sugestiva recapitulacioacuten de la conversacioacuten sobre una repuacuteblica que ha tenido lugar el diacutea anterior se inicia un relato so-bre el mundo y el padre Aunque seriacutea necesario atar muchos cabos mdashentre ellos la relacioacuten que es posible establecer entre la Repuacuteblica y el Timeomdash hay sentildeales de evidente intereacutes En primer lugar se plantea nuevamente mdashy en forma elocuentemdash en el Timeo la dificultad de hacer una descripcioacuten del pa-dre ldquoahora bien dice hallar al creador y padre de este universo es ya un tra-bajo y luego de hallarlo es imposible hablar de eacutel a todosrdquo (28c) Imposible a todos sin embargo parece posible el poder hablar de eacutel a algunos al menos a los representados por el selecto grupo reunido para entablar el diaacutelogo

68 Esta expresioacuten (en sus dos formas en positivo y en superlativo) parece ser un neologismo de Platoacuten M Heidegger le llama ldquohelioiderdquo y ldquosolisiacutemilrdquo en su Doctrina de la Verdad seguacuten Platoacuten 69 Rep V 508b ὥσπερ ἐπίρρυτον 70 Ver supra el Tema de Estudio ldquoMiacutemesis y comtemplacioacuten en el libro deacutecimo de la Repuacuteblica de Platoacutenrdquo

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En seguida conviene antildeadir un segundo elemento de juicio Aparte de una doble referencia a Helios el dios Sol como padre de Faetoacuten (Tim 22c) el uso del teacutermino estaacute circunscrito en el Timeo exclusivamente a mostrar a este patḗr que es el demiurgo creador del universo como ldquoel que engendrardquo a los dioses inmortales (37c) que son los astros del cielo Estos ldquodioses proce-dentes de diosesrdquo poseen un ldquodemiurgo y padre de sus obrasrdquo (41a) Son dio-ses ldquonuevosrdquo que ldquocomprenden la ordenanza del padrerdquo (42e) y en fin re-cuerdan ldquola prescricioacuten del padrerdquo (71d) Esto significa que la comparacioacuten de la Repuacuteblica entre el Sol de lo sensible y el Bien de lo inteligible como hijo y padre se mantiene en el Timeo entre los dioses nuevos del mundo sensible que son los astros (entre los que destaca el Sol) y el padre que los engendra que es el demiurgo Inteligencia del universo Del mismo modo se podriacutea de-cir entonces que el Bien es como el autor de las Ideas las que mantienen con su principio una relacioacuten de filiacioacuten

Un tercer aspecto parece digno de mencionarse y es que son preci-

samente estos dioses celestes (que podemos comparar mutatis mutandis con el Sol ldquode entre los dioses del cielordquo de Repuacuteblica ) los que construyen ldquolos ojos portadores de luzrdquo y que gracias a su afinidad con ella estos realizan ldquoesa sensacioacuten que ahora llamamos verrdquo (Tim 45d) Es claro entonces que la luz que los ojos perciben es la que proviene de las luminarias del universo en especial del Sol y de la Luna Los ojos y los astros actuacutean en la regioacuten visible De los ojos pasamos a la ldquovisioacutenrdquo (ὄψις 47a) con cuyo concurso reconocemos el orden numeacuterico del mundo se nos proporciona una concepcioacuten del tiempo y en especial se nos concede la filosofiacutea el don mayor del cielo que es entre-gado al hombre por divina dispensacioacuten (Tim 46e ss)

Por uacuteltimo se dice del demiurgo que ldquoera buenordquo (29e) Es de supo-

ner que de aquiacute no es posible inferir directamente que el patḗr del Timeo pue-de ser identificado con el Bien de la Repuacuteblica pero una afirmacioacuten de esta naturaleza es un paso importante No es posible inferir directamente de la bondad del dios creador del mundo su identificacioacuten con el Bien en siacute se antildeade sin embargo pocas liacuteneas maacutes abajo que el creador es ldquoel mejorrdquo (τῷ

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ἀρίστῳ 30a) y que logra ejecutar una obra ldquola maacutes bella y maacutes buena (ἄριστον) en su naturalezardquo

XII El siacutemil de la Liacutenea dividida Entre las imaacutegenes del Sol y de la Liacutenea hay una estrecha continuidad71

No bien ha terminado Soacutecrates de referirse a la superioridad de la Idea del Bien y dicho casi en seguida con cierta ironiacutea que auacuten resta mucho que decir de la comparacioacuten acerca del Sol realiza una breve recapitulacioacuten de quieacutenes son los que reinan en el geacutenero y la regioacuten tanto inteligible como visible Conviene poner atencioacuten a la sencilla afirmacioacuten en dual que se intercala ldquoque ellos son dosrdquo (δύο αὐτὼ εἶναι VI 509d 1)72 y que tres liacuteneas maacutes abajo se reproduce en ldquoestas dos especies la visible y la inteligiblerdquo que son como una recapitulacioacuten de todo el siacutemil del Sol

Es un punto que me parece importante pues acto seguido Soacutecrates ini-

cia su descripcioacuten de una liacutenea cortada en dos segmentos desiguales que re-presentan respectivamente cada cual los geacuteneros visible e inteligible Hemos trazado la liacutenea en forma vertical con el segmento inteligible arriba73 ldquopor la simple razoacuten de que lo que ella representa es una escala vertical de la reali-dad74 Una lectura maacutes atenta del pasaje nos mostraraacute queacute faacutecil es tropezar con dificultades cuando se quiere dar una interpretacioacuten que satisfaga al me-nos ciertos requisitos de coherencia Si bien podemos pensar su presentacioacuten en forma de diagrama75 pudo anticipar erroacuteneamente una faacutecil lectura En el desarrollo de la explicacioacuten del siacutemil acudireacute primeramente en especial a

71 Como afirma J Raven op cit pg 142 el siacutemil de la Liacutenea Dividida es introdu-cido expliacutecitamente como una continuacioacuten del siacutemil del sol 72 El dual griego es un plural restringido a dos y se usa comunmente para indicar una estrecha relacioacuten entre dos cosas como podriacutea serlo por ejemplo ldquolos dos ojosrdquo Aquiacute un poco menos comunmente se ha usado para significar dos objetos (el Sol y el Bien) Suponemos que se quiere enfatizar de esa manera la especial corres-pondencia entre ambos 73 He seguido muy de cerca las uacutetiles referencias de John Raven op cit pg 145 74 ibid pg 145 75 La expresioacuten ldquodiagrammaticallyrdquo es de J S Morrison (ldquoTwo Unresolved Difficul-ties in the Line and Caverdquo en Phronesis 22 (1977) pg 227

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una interpretacioacuten la de John Raven76 que me parece de intereacutes fundamen-talmente por dos razones Una porque intenta dar una explicacioacuten integral del siacutemil poniendo eacutenfasis en su relacioacuten con las otras dos alegoriacuteas y discu-tiendo sus diferencias y luego porque creo que es bueno en este caso utilizar baacutesicamente para un enfoque introductorio una interpretacioacuten que se preste bien como un medio de iniciacioacuten en la lectura de un texto complejo como este Se evita asiacute tambieacuten iniciar la explicacioacuten partiendo de la controversia

sin haber auacuten alcanzado un grado miacutenimo de comprensioacuten del asunto En seguida seraacute posible sobre esta base analizar con mayor fruto las dudas a que puede dar lugar el parecer de Raven cuando confrontado con otras interpretaciones tambieacuten dignas de estudio77

La Liacutenea Dividida entonces como lo habiacutea

sido el Sol estariacutea concebida para clarificar los con-tenidos de la regioacuten inteligible mediante una com-paracioacuten con el mundo visible Procedemos a des-cribir en forma vertical su figura trazando una liacutenea AB que dividimos en forma desigual en el

punto C Tenemos asiacute dos segmentos el maacutes largo AC y el maacutes corto CB Se dividen de nuevo ambos segmentos digamos en D y E y asiacute tenemos que BD es a DC como CE es a EA y como el segmento BC es al segmento CA En esas circunstancias las cuatro partes son clasificadas seguacuten su grado de clari-dad y de oscuridad comparativas78 Tenemos completa asiacute la divisioacuten de la liacutenea con dos porciones para la seccioacuten inferior ldquovisiblerdquo (BC) y dos porcio-nes para la seccioacuten superior ldquointeligiblerdquo (CA)

76 J Raven Platos Thought in the Making cap 10 77 Para los fines de este capiacutetulo se ha tenido en cuenta tambieacuten la interpretacioacuten de J Adam The Republic of Plato vol II y el ensayo introductorio de D A Rees de la segunda edicioacuten de 1963 a la misma obra de J Adam op cit vol I pgs XXXI-XLIII 78 J Raven op cit (pg 145) ldquoIt is divided Plato tells us in proportions which symbolize lsquocomparative clearness or obscurityrsquo the shorter the segment in other words the more obscure its contentsrdquo

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Comenzando por los segmentos inferiores el primero BD consiste de imaacutegenes visuales (εἰκόνες) que son ldquoen primer lugar las sombras y luego los reflejos en las aguas y en las superficies de textura densa pulida y brillan-te y todas las otras representaciones del mismo tipo si me entiendesrdquo dice Platoacuten (R VI 510a)

Se trata al parecer de representaciones de caraacutecter exclusivamente vi-

sual digamos entonces que son modos de reflexiones visuales de originales que estaacuten en el proacuteximo segmento DC La presentacioacuten para esta seccioacuten es ldquotoma entonces el segundo segmento que sentildeala aquello de lo que el primero es una semejanza nosotros los seres vivientes y todo tipo de realidad natural o manufacturadardquo (R VI 510a)

La frase clave aquello de lo que el primer segmento es una semejanza parece tener el significado siguiente que en el segundo segmento DC estaacuten repre-sentadas las realidades originales cuyas semejanzas se revelan en el primer segmento a modo de imaacutegenes Se antildeade ademaacutes un dato sugerente a saber que la divisioacuten entre la verdad es decir la realidad y su opuesto se expresan por una relacioacuten proporcional Es decir como es lo opinable a lo cognoscible asiacute es lo asemejado ( la imagen) a aquello a lo que se asemeja ( el modelo)

En el caso de las dos secciones del segmento de lo visible (BD y DC) lsquolo

asemejadorsquo ocupa el trazado inferior y su lsquomodelorsquo el superior El segmento BC en seguida es claramente asimilado a los objetos de opinioacuten79 Se transita asiacute de la analogiacutea quiero decir relacioacuten de semejanza entre visible e inteligi-ble mdashque comanda la estructura baacutesica del siacutemilmdash a la analogiacutea entre objetos de opinioacuten y objetos de conocimiento No se les coloca entonces en contra-posicioacuten sino en comparacioacuten Siendo esa la situacioacuten ldquoel objeto de la Liacutenea Dividida como una continuacioacuten del siacutemil del Sol es usar la vista y las dos

79 Esta mencioacuten del lsquoobjeto de opinioacutenrsquo da base seguacuten el anaacutelisis de Raven a la in-terpretacioacuten lsquoortodoxarsquo de la Liacutenea liderada por J Adam Es decir que BC no solo contiene visibles sino tambieacuten opinables y se quiere con ello ldquopresentar una com-pleta clasificacioacuten de los contenidos del mundo sensiblerdquo (op cit pg 149) Raven en cambio insiste en la presencia uacutenica de objetos visibles en las dos secciones inferio-res del segmento BC

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clases de cosas visibles para ilustrar la inteligencia y las dos clases de cosas inteligiblesrdquo80 De este modo los objetos reales del mundo visible (represen-tados en DC) y sus sombras y reflejos (representados en BD) tienen en la Liacutenea la funcioacuten de clarificar la explicacioacuten del segmento superior de lo inte-ligible en CA De alliacute que se diga que la divisioacuten inferior BC en su totalidad es ldquopuramente ilustrativa y es incluida solo por causa de la superiorrdquo81 Hay una clara analogiacutea entre los reflejos visibles y los objetos que los proyectan por una parte y la relacioacuten existente entre las dos clases del mundo inteligi-ble por otra

Asiacute pues en la seccioacuten CE del segmento inteligible el alma usa lsquocomo

imaacutegenesrsquo (ὡς εἰκόσιν 510b 4) los objetos representados en DC esos mismos que a modo de original se proyectan en imagen en la seccioacuten BD En otras palabras los objetos en DC cambian de signo cuando comparados a los obje-tos inteligibles de CE De ese modo ldquoBD contiene imaacutegenes de DC los obje-tos en DC son imaacutegenes de los contenidos de CE y CE contiene imaacutegenes de EA Esta es una caracteriacutestica bien lograda de la comparacioacutenrdquo82 En EA en el tope de la liacutenea el alma no utiliza las imaacutegenes sino que se ocupa solo de las Ideas y desde una hipoacutetesis se eleva hacia un primer principio no hipoteacutetico

Volviendo a CE Platoacuten utiliza un meacutetodo matemaacutetico para clarificar su teoriacutea filosoacutefica Aquiacute entonces las lsquohipoacutetesisrsquo son supuestos que se dan por descontados El matemaacutetico concluye como hacia abajo lo que se ha propues-to establecer sin intentar dar explicacioacuten de esos presupuestos que funda-mentan sus pasos sin subir por decir asiacute maacutes allaacute de las hipoacutetesis a funda-mentos uacuteltimos En esas circunstancias el alma se ve forzada a utilizar en su investigacioacuten hipoacutetesis usando como imaacutegenes aquellos mismos objetos que

80 J Raven op cit pg 150 Y se dice a continuacioacuten que la Liacutenea Dividida es com-plementaria con la del Sol ldquoIn the Divided Line the two relevant classes of things in the visible world actual objects and their shadows or reflexions are used to illustra-te the relations subsisting between the two analogous classes in the intelligible worldrdquo (pg151) 81 ibid pg 151 Se dice entonces que ldquolas proporciones de la Liacutenea indican que las entidades en el segmento CE se hallan frente a aquellos en EA como los reflejos en BD se hallan frente a sus originales en DCrdquo 82 J Raven op cit pg 152

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producen sombras en la seccioacuten inferior y que ellos juzgan con estimacioacuten como distintos en comparacioacuten con sus reflejos (VI 511a)

En este segmento CE se sentildeala entonces por

una parte una correspondencia con los contenidos del segmento anterior que son usados como imaacute-genes y una correspondencia con los del segmento superior que auacuten resta por explicar en mayor deta-lle y por otra se considera coacutemo el geoacutemetra que es estimulado originalmente por diagramas visi-bles se esfuerza a su vez por ascender no soacutelo has-ta los objetos abstractos matemaacuteticos mdashque tienen una funcioacuten intelectual intermediariamdash sino hasta las Ideas mismas en cuanto que hipoacutetesis no ex-plicadas pero siacute supuestas83 En todo caso el or-

den principal de la seccioacuten CE estaacute en un movimiento de pensamiento hacia abajo es decir desde las hipoacutetesis hacia los particulares Se considera asiacute a los objetos matemaacuteticos como intermediarios entre la opinioacuten y el conoci-miento y son los geoacutemetras y otros sabios los que laboran con ellos mediante un ldquoconocimiento deductivordquo o ldquoabstraccioacutenrdquo (διάνοιαν VI 511d)

En 511b 3 se inicia la descripcioacuten del segmento superior EA Aquiacute la ra-

zoacuten (λόγος) capta las cosas u objetos inteligibles por el poder dialeacutectico (διαλέγεσθαι) y trata sus presupuestos literalmente como hipoacutetesis es decir como puntos de apoyo para elevarse hasta el principio de todo Este principio es el ldquoque no requiere presupuestordquo (τοῦ ἀνυποθέτου) Luego de alcanzarlo el alma vuelve a pasar por todo lo que depende de eacutel desciende a la conclu-sioacuten no haciendo uso de ninguacuten objeto del sentido sino solo de las puras Ideas Se mueve de Ideas en Ideas para terminar con Ideas Todo se deduce desde un principio primero

83 ldquoMathematics do of course provide the ideal illustration of this procedure becau-se as Plato says they do take for granted the material on which they work such as magnitude and its various properties and they employ an essencially deductive mathodrdquo (J Raven op cit pg 158-59)

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ldquowhen it has eventually climbed up as it were on a staircase to the first prin-ciple of everything then as we have at last been told the mind turns back again and begins to descend the selfsame stairsrdquo84

Suponemos que la Idea lsquono-hipoteacuteticarsquo es pre-

cisamente la Idea del Bien que habiacutea sido repre-sentada por el Sol en el siacutemil anterior El Bien tiene un poder unificador por lo que ejerce sobre el res-to de las Ideas su capacidad coordinadora Quien asciende hasta ella mediante el ejercicio dialeacutectico obtiene los medios que le permiten descender comprensivamente desde lo no-hipoteacutetico que es la Idea del Bien Deste esta Idea superior desciende traveacutes de Ideas mdashahora en correlacioacuten con su prin-cipiomdash hacia los intermedios matemaacuteticos luego a las cosas visibles de las que aquellos son abstrac-

ciones y sus reflejos umbraacutetiles finales Frente a estas cuatro secciones de la Liacutenea se nos invita a aplicar cuatro

operaciones del espiacuteritu A la seccioacuten maacutes elevada la ldquointeligenciardquo o ldquointe-leccioacutenrdquo (νόησιν) a la segunda ldquoconocimiento discursivordquo o ldquopensamientordquo (διάνοιαν) a la tercera se atribuye la ldquocreenciardquo (πίστιν) y a la uacuteltima ldquocon-jeturardquo o ldquoimaginacioacutenrdquo (εἰκασίαν) Ordenadas en proporcioacuten se considera que cuanto maacutes los objetos de cada operacioacuten participan de la verdad tanto maacutes estas afecciones del espiacuteritu participan de claridad

Siguiendo el orden de Platoacuten -y de acuerdo con nuestro esquema- co-

menzamos por abajo por el grado de mayor oscuridad hacia el de mayor claridad arriba

primera seccioacuten sus objetos son imaacutegenes visibles (εἰκόνες) su opera-cioacuten conjetura o imaginacioacuten (εἰκασία)

84 ibid pg 161

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segunda seccioacuten sus objetos son ejemplares o prototipos visibles de esas imaacutegenes ( ᾧ τοῦτο ἔοικεν)85 su operacioacuten es creencia (πίστις)

tercera seccioacuten sus objetos son inteligibles intermedios (νοητά ὡς μεταξύ) su operacioacuten es conocimiento discursivo o pensamiento (διάνοια)

cuarta seccioacuten sus objetos son inteligibles superiores e Ideas (νοητά εἴδη) su operacioacuten inteligencia o inteleccioacuten (νόησις)86

XIII La alegoriacutea de la Caverna Los dos siacutemiles anteriores han ido haciendo manifiesto en queacute consiste

ldquola maacutes alta ensentildeanzardquo que es la que ha de proporcionar al guardiaacuten-filoacutesofo la ciencia habilitadora para gobernar la ciudad El saber tiene un obje-to superior las Ideas y su fuente originaria la Idea del Bien Existe ademaacutes una facultad espiritual tambieacuten superior que opera como inteleccioacuten (noesis) y que es capaz de conocer estos objetos inteligibles Ha llegado ahora el mo-mento a partir de las alegoriacuteas precedentes de poner en funcionamiento por decir asiacute una nueva paraacutebola que describa la efectiva mutacioacuten del alma de los elegidos para gobernar

A fin crear un estado como el descrito hay que comenzar por desarro-

llar en el discurso el evento decisivo que marque la transformacioacuten mediante la educacioacuten del futuro rey-filoacutesofo El siacutemil debe sentildealar el comienzo de la accioacuten ciacutevica mediante una ldquoimagen insoacutelitardquo (515a 4) Queda atraacutes la teoriacutea superior que ha consistido en la explicacioacuten del megiston mathema y es hora

85 Literalmente la seccioacuten de la que la primera es una imagen es decir los prototi-pos que por decir asiacute producen en la primera seccioacuten imaacutegenes que son sombras o figuras proyectadas desde aquellos ejemplares 86 Figura en J Adam The Republic of Plato II p 156

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ya de sentildealar coacutemo es que la posesioacuten progresiva de este saber produce en el alma del guardiaacuten esa transformacioacuten decisiva Sin este giro del alma es im-posible edificar la ciudad y la Caverna pone de manifiesto cuaacuteles han de ser las fuerzas espirituales que impulsen la realizacioacuten de esta repuacuteblica Sin la Caverna al descubierto no habraacute jamaacutes reyes filoacutesofos ni ciudades en capaci-dad de ser fundadas bajo el signo de las Ideas y el Bien El descenso de la teo-riacutea a la accioacuten vuelve al centro del discurso y esta vez la accioacuten estaacute sentildealan-do el modo peculiar en que se realiza el giro progresivo del alma hacia la realidad En esas circunstancias la accioacuten de la que se habla es ahora ldquoeduca-cioacutenrdquo (paideia ) y se designa con ello el reencuentro del alma con la verdad mediante el saber

La Caverna entonces describe una situacioacuten un lsquosucesorsquo (πάθος)87 que

representa a la naturaleza humana en su condicioacuten de sujeto capaz de la po-sesioacuten del saber propio de las ensentildeanzas superiores o en caso contrario el que carece de ellas El estado original de los hombres que habitan esta ldquoca-vernosa vivienda subterraacuteneardquo es el de ldquoineducacioacutenrdquo (apaideusiacutea) La falta de educacioacuten en estos sujetos se caracteriza por su condicioacuten de ingeacutenita porque estaacuten en ella ldquodesde nintildeosrdquo y se mantienen en un estado de inmovilidad que los obliga a ldquomirar solo hacia adelanterdquo Si es como parece que las almas han nacido para la verdad la ausencia de ella somete el cuello y le impide a la cabeza realizar el gesto propio de la razoacuten que se efectuacutea ldquoen ciacuterculordquo (κύκλῳ 514b 1) Sus moradores estaacuten presos y sometidos a riacutegidas cadenas son exacta representacioacuten de nuestra condicioacuten que la vivienda subterraacutenea es ldquoprisioacutenrdquo (τὸ δεσμωτήριον) y la mirada de los prisioneros en recto hacia adelante es solo visioacuten de ldquosombras proyectadasrdquo (515a) por objetos transpor-tados atraacutes a sus espaldas son visiones umbraacutetiles arrojadas por un fuego al fondo de la Caverna De este modo las sombras son para los encadenados verdad (τὸ ἀληθὲς 515c 2)

87 La palabra pathos sentildeala una ldquoexperienciardquo un ldquoincidenterdquo que ocurre en una situacioacuten determinada ldquoCompara dice Platoacuten al inicio del libro VII ldquodespueacutes de estordquo (es decir de la Liacutenea) ldquoa tal tipo de situacioacuten nuestra naturaleza a propoacutesito de la educacioacuten y la ineducacioacutenrdquo

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Al hombre en ese estado puede acontecer el inicio de su vuelta median-te educacioacuten que es desligamiento de cadenas y cura de ignorancias ldquoAl-guienrdquo lo desata y lo obliga a ldquolevantarse de suacutebito y a girar el cuello y a an-dar y a dirigir la mirada hacia el fuegordquo que origina sombras (515c) Se le en-sentildea a distinguir las sombras interiores de aquellos objetos maacutes reales que las proyectan al fondo Las sombras son el resultado de la interaccioacuten del fuego y los objetos retenidos en figuras sombriacuteas en la cavidad interior de la Caver-na Ahora el prisionero ldquoun poco maacutes cerca de lo realrdquo ve maacutes correctamente puesto que ha enderezado sus pasos ldquovolvieacutendoserdquo (τετραμμένος) ldquohacia objetos maacutes realesrdquo (πρὸς μᾶλλον ὄντα 515d) La educacioacuten se ha iniciado como una conversioacuten al ser es decir a lo maacutes real ella ha inducido al desli-gamiento que conduce al giro y encamina hacia el lugar contrario de las sombras El prisionero no sabe auacuten que esta primera liberacioacuten (λύσιν 515c 4) le daraacute finalmente la capacidad real de realizar el bien cosa que seraacute para eacutel finalmente su verdadera libertad Porque la educacioacuten es la que conduce al prisionero hacia su paulatina liberacioacuten mediante el saber

Entretanto estaacute perplejo (ἀπορεῖν 515d 6) mientras la inercia de la

apaideusiacutea o ineducacioacuten arrastra sus ojos adoloridos hacia las figuras umbro-sas Pero ldquoalguienrdquo (τις 515e 6) no le permite volver y ldquole arrasta por la fuer-zardquo La paideia fuerza al prisionero a subir hasta la luz para eacutel desacostumbra-da del Sol Termina por habituarse a la luz y a la paulatina comprensioacuten de todos los objetos sujetos a su irradiacioacuten y la memoria (ἀναμιμνῃσκόμενον) de su antigua habitacioacuten y saber le hace ldquoconsiderarse dichoso de su trans-formacioacuten y apiadarserdquo (516c) de sus antiguos compantildeeros de prisioacuten Este recuerdo mantiene viva la relacioacuten entre la paideia y la apaideusiacutea del antiguo encadenado puesto que la educacioacuten no es solo el conocimiento y saber que ha adquirido al presente el liberado hacia la luz sino el proceso mismo de instruccioacuten y ensentildeanza que ha tenido que experimentar Si hubiera de volver a las sombras se revertiriacutea el proceso de acostumbramiento viendo con difi-cultad en las tinieblas ldquohasta que se le asentaran los ojosrdquo (517a1) que la pai-deia en un sentido figurado es arte de asentamiento de ojos

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La paideia guiacutea en consecuencia todo el recorrido de la Caverna y es presentada claramente como un ldquoarte del girordquo (τέχνη τῆς περιαγωγῆς 518d 3) del oacutergano de la visioacuten por el que se procura corregirle (μεταστρέφεται) con la mayor facilidad y eficacia posible volverlo (τετραμμένῳ) hacia donde debe y hacerlo mirar con rectitud El norte de todo el camino hacia la abertura de la Caverna es la verdad que en el nivel de la Idea es representacioacuten inteligible del Bien La periagogeacute es la ldquorotacioacuten el ldquogirordquo que se aplica baacutesicamente a los astros y que aquiacute al amparo del Sol dirige tambieacuten las circunvoluciones del alma que asciende a la cima del Bien Este es entonces el arte del giro del alma que apartaacutendose de lo generado se vuelve (στρέφειν 518c 7) desde la oscuridad hacia lo luminoso La educa-cioacuten se supone debe habilitar el alma a soportar la visioacuten del Ser que es lo real (τοῦ ὄντος) e incluso lo maacutes brillante del Ser el Bien (τἀγαθόν 518c) De ese modo el alma del guardiaacuten filoacutesofo gracias a la educacioacuten estaacute final-mente preparada para ldquogirar hacia las realidades verdaderasrdquo (περιεστρέφετο εἰς τὰ ἀληθῆ 519b 3)88

88 Figura de la Caverna en J Adam The Republic of Plato II pg 65

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Queda finalmente explicada por el mismo Platoacuten de la siguiente mane-

ra la significacioacuten de la paraacutebola de la vivienda-prisioacuten subterraacutenea

ldquoPues bien dije esta imagen estimado Glaucoacuten hay que aplicarla a todo lo que se ha dicho antes hay que comparar la regioacuten que se manifiesta por medio de la vista con la residencia en la prisioacuten y a la luz del fuego que hay en ella con el poder del Sol En cuanto a la subida a la regioacuten de arriba y a la contemplacioacuten de las realidades superiores no erraraacutes con respecto a mi conjetura si la comparas con la ascensioacuten del alma hasta la regioacuten inteligible puesto que era esto lo que deseabas conocer Dios sabe si resulta ser verdad En todo caso esto es lo que me parece que en los confines del mundo inteligible es la idea del bien lo uacuteltimo que con dificultad se percibe pero cuando se la ve hay que concluir que ella es la causa universal de todo lo recto y lo bello que hay en las cosas y que en el mundo visible es ella quien pare la luz y el sentildeor de aqueacutel y en el mundo inteligible es ella sentildeora dispensadora de

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verdad e inteligencia y que es preciso que la vea quien pretenda proceder con sabi-duriacutea ya sea en la vida privada como en la puacuteblicardquo (517a 8-c 5)

Si bien esta conversioacuten al ser es personal la paideia proporciona al siacutemil la proyeccioacuten social que constituye el significado profundo de la Caverna Porque la imagen de la prisioacuten subterraacutenea tiene un caraacutecter en primer lugar poliacutetico pues presenta el sistema educacional que ha de procurar gobernan-tes a la ciudad ideal Por algo la alegoriacutea de la Caverna ocupa el lugar central del libro maacutes poliacutetico de Platoacuten Del mismo modo que la alegoriacutea estaacute en es-trecha relacioacuten y en cierto modo culmina las comparaciones anteriores del Sol y de la Liacutenea asiacute tambieacuten preludia no solo la explicacioacuten del meacutetodo dia-leacutectico sino tambieacuten del curriacuteculum educacional de los guardianes elegidos Todo ha de culminar en la visioacuten superior de las Ideas y la Idea del Bien pero el proceso de ascenso estaacute sostenido por el estudio de la matemaacutetica la geo-metriacutea plana la estereomeacutetrica la astronomiacutea y la armoniacutea disciplinas prepa-ratorias mdashen especial esta uacuteltimamdash de la dialeacutectica89

No quedan finalmente dudas del contenido ciacutevico del siacutemil cuando una

vez establecidos los pasos de la ascencioacuten hacia el ser mdashque luego diraacute ldquoes la verdadera filosofiacuteardquo (521c)mdash hace manifiesta la propuesta poliacutetica decisiva que ha de completar el sentido auteacutentido de la rotacioacuten del alma filosoacutefica de la Repuacuteblica Asiacute los ldquofundadoresrdquo de la ciudad han de obligar a los caracteres mejores que han subido hacia la luz a retornar junto a los prisioneros en la Caverna (519c-d) Los contempladores de la verdad han de comprender luego que no hay propiamente un conflicto entre el bien personal y el de la ciudad y que ese es el modo apropiado para ellos de cumplir la funcioacuten que les co-rresponde a su naturaleza Ella ha sido ya educada arriba y debe ahora des-cender90 ldquoDeberaacuten descender dice por turnos a la morada de los demaacutes y acostumbrarse a mirar sombras oscurasrdquo (520c)

89 Hay una estrecha relacioacuten entre los pasos de la Caverna y el programa educacio-nal que luego va a ser analizado por Platoacuten en este mismo libro Ver CP Sze ldquoEika-sia and Pistis in Platos Cave Allegoryrdquo The Classical Quarterly 27 (1977) 127-138 J Malcolm ldquoThe Cave Revisitedrdquo The Classical Quarterly 31 (1981) 60-68 90 Cf D Hall ldquoThe Philosopher and the Caverdquo Greece and Rome vol XXV (1978) 169-173

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XIV La dialeacutectica el camino metoacutedico hacia la verdad

La dialeacutectica se compara en la Repuacuteblica con el avance de los prisioneros

que de mirar los animales reales que estaban a sus espaldas pasan a contem-plar los astros y finalmente el propio Sol Estaacute por tanto en estrecha relacioacuten con la Caverna o maacutes bien podemos decir es una representacioacuten del objetivo superior de ella La dialeacutectica es un lsquomeacutetodorsquo o un lsquoartersquo de comprensioacuten de las Ideas en cuanto ellas estaacuten coordinadas con la Idea del Bien El filoacutesofo se vale de la dialeacutectica para obtener la comprensioacuten de estas realidades y pro-ceder asiacute ldquopor etapas segurasrdquo hacia la verdad La dialeacutectica se constituye asiacute en el solo poder que alcanza la realidad uacuteltima la Idea del Bien91 En las eta-pas sucesivas primeramente no hay intervencioacuten del sentido pues la dialeacutecti-ca se ayuda solo de la razoacuten (dia tou logou) en sus intentos (ἐπιχειρῇ 532a 6) de alcanzar lsquolo en siacutersquo esencial de cada cosa

El prisionero no debe detenerse (καὶ μὴ ἀποστῇ b1) que el teacutermino fi-

nal consiste en la comprensioacuten por la sola inteligencia (noeacutesei) del Bien en siacute Esta es ldquola marcha dialeacutecticardquo (532b 4) que se ha iniciado con el avance de los prisioneros desde la ldquoliberacioacuten de las cadenasrdquo y la ldquovuelta del rostrordquo (μεταστροφὴ) desde las sombras hacia las figuras artificiales y que ha conti-nuado con la visioacuten de los objetos reales fuera de la Caverna si bien todo esto corresponde maacutes propiamente al estudio de las artes que constituyen el ciclo propedeacuteutico de los guardianes Pero estos inicios cobran sentido en vistas del objetivo superior que consiste en la comprensioacuten del Bien mediante el cual la inteligencia de la totalidad de las artes y saberes anteriores alcanza su sentido pleno

La dialeacutectica asi se presenta como una ldquofacultadrdquo un ldquopoderrdquo

(δύναμις) del espiacuteritu y se expresa en diversos pasajes mediante su forma verbal (to dialeacutegesthai) lo que insinuacutea su aspecto de actividad de ldquoviacuteardquo de ac-ceso a la verdad La dialeacutectica lleva a la determinacioacuten de la realidad de cada

91 Cf A Diegraves Introdution op cit pgs LXXXIII-LXXXVII

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cosa transformandose en el ldquomeacutetodordquo y el ldquoarterdquo de investigacioacuten (533b) De ahiacute que tambieacuten se le designe en la forma adjetiva mdashdialektikeacute ltteacutekhnēgt mdash co-sa que supone una substantivacioacuten con el significado propio de ldquodialeacutecticardquo92 Se puede ver aparentemente que Platoacuten hace una cierta distincioacuten entre los anteriores actos de conocimiento mdashque se refieren al avance de los prisione-ros hacia la luzmdash y el acto privilegiado de comprensioacuten del Bien

Hay otras artes dice Soacutecrates que aprehenden algo de lo real como la

geometriacutea cuyo conocimientos ldquose asemejan a un suentildeordquo (533c) Estas son precisamente las artes del curriculum studiorum Si bien entonces la dialeacutecti-ca estaacute de alguacuten modo en el inicio mdashcomo su objetivo el Bien lo estaacute tambieacuten en cierto modomdash es ella sola la que permanece en estado de vigilia Porque solo la dialeacutectica ve despierta la apariencia de lo real (ὕπαρ 533c 1) Dicho de otro modo la dialeacutectica hace posible la aprehensioacuten de la Idea del Bien en cuanto ldquoprincipiordquo (arkheacute ) e ldquohipoacutetesisrdquo o ldquosupuestordquo (hypoacutethesis) de todo co-nocimiento y ciencia Ya que estas artes y ciencias carecen del poder decisivo que entreteje (cf συμπέπλεκται 533c 4) el discurso mediante el principio y la conclusioacuten En efecto ellas son incapaces de dar la efectiva ldquoconformidadrdquo o el ldquoasentimientordquo (homologiacutea) que transforma un saber determinado en ver-dadera episteme

ldquoel meacutetodo dialeacutecto en consecuencia dije yo es el uacutenico que de este modo elimi-nando las hipoacutetesis se encamina hasta el principio mismo para asegurar ltsus conclu-sionesgt y que atrae con suavidad y eleva hacia lo alto el ojo del alma sumido real-mente en un fango barbaacuterico utilizando como auxiliares y cooperadores a las artes que hemos enumerado rdquo (Rep 533c 7-d4)

La ldquoeliminacioacutenrdquo de los presupuestos apunta a la cancelacioacuten que por etapas realiza el meacutetodo dialeacutectico de las hipoacutetesis subalternas hasta llegar al aseguramiento soacutelido de las conclusiones que no es otro que la Idea del Bien

92 En relacioacuten con este uso doble de ldquodialeacutecticardquo IM Crombie comenta ldquoand the dialectic art is the art of doing something for which the related verb dialegesthai is used To have dialectic art is to know how to dialegesthairdquo (An Examination of Platos Doctrines II pg 562)

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En esas circunstancias es preciso ademaacutes ser capaz de separar (διορίσασθαι 534b 9) la Idea del Bien del resto de las demaacutes mediante el razonamiento Una accioacuten decisiva sin duda al interior de esta viacutea del saber que sentildeala la su-peracioacuten definitiva en el accionar dialeacutectico de lo que es conforme a opinioacuten La superacioacuten de la apariencia se produce cuando es posible fundamentar las pruebas en una ldquoargumentacioacuten sin colapsosrdquo (ἀπτῶτι τῷ λόγῳ 534c 3)93 que es conforme a la esencia De este modo la dialeacutectica ldquoestaacute arriba estable-cida como un friso para las ensentildeanzasrdquo que la preceden pues es la maacutes alta de todas94 No debe perderse de vista sin embargo que esta comprensioacuten del principio tiene tambieacuten por resultado una clarificacioacuten descendente que in-cluye los objetos inteligibles y sensibles que forman parte de esta escala de la realidad Por eso creo yo se menciona hacia el final del discurso sobre la dialeacutectica una suerte de Liacutenea al reveacutes que comienza por episteme y continuacutea con dianoia pistis y finalmente eikasiacutea 95

El dialeacutectico entonces mdashque es praacutecticamente un sinoacutenimo de filoacutesofomdash

ahora colocado en la altura del principio posee una visioacuten sinoacuteptica de la realidad96 ldquoporque las entidades que el dialeacutectico trata de ver estaacuten efectiva-mente relacionadas unas a otrasrdquo97 Esta capacidad la obtiene sin duda de la

93 Estamos bajo la figura de quien sube hacia lo alto este se puede caer 94 Me atrevo a traducir ὥσπερ θριγκὸς ldquoa la manera de un frisordquo por algunos usos aislados como en Odisea VII 87 En la mansioacuten excelsa de Alciacutenoo habiacutea sendos mu-ros de bronce ldquoy por encima un friso de lapislaacutezulirdquo (περὶ δὲ θριγκὸς κυάνοιο) Puede entenderse tambieacuten como el remate o la cornisa del muro o del edificio 95 Es decir primero ldquocienciardquo o ldquoconocimientordquo o ldquosaber segundo ldquopensamiento ltdiscursivogtrdquo tercero ldquocreenciardquo y cuarto ldquoimaginacioacutenrdquo o ldquoconjeturardquo (Rep 533e-534a) El objetivo entonces de la dialeacutectica ae extiende a toda realidad I M Crombie refirieacutendo al objetivo de la dialeacutectica comenta que con ella ldquodebe-riacuteamos obtener una clara visioacuten de las realidades como ellas son en siacute mismas no confundiendo unas con otras Este sigue siendo el objetivo del dialeacutecticordquo (op cit pg 563) 96 Rep 537c 7 ldquoporque el dialeacutectico posee una mirada de conjuntordquo (συνοπτικὸς) En lo que respecta al meacutetodo dialeacutectico ldquoformalmente considerado este procede como la contra-interrogacioacuten (ldquocross-examinationrdquo) socraacutetica mediante preguntas y respuestas (534D) La dialeacutectica es por encima de todo sinoacuteptica esforzaacutendose a toda costa en ver la unidad en la multitud (531D 537BC) De ahiacute que la coordina-cioacuten de las ciencias es una buena preparacioacuten para el estudio superiorrdquo (J Adam The Republic of Plato II pg 173) 97 I M Crombie opcit pg 565

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aprehensioacuten de la Idea del Bien cuya condicioacuten de realidad absolutamente simple y unitaria proporciona al que la conoce la integracioacuten de los saberes mediante la integracioacuten coordinada del mundo ideal Es con ldquola actividad dialeacutecticardquo (daileacutegesthai 511b 4) que se recorren las hipoacutetesis en la seccioacuten maacutes alta de la Liacutenea cuando se considera a estas ldquocomo peldantildeos y puntos de par-tidardquo para poder asiacute avanzar yendo hacia el principio del todo ldquohasta lo no hipoteacuteticordquo (to anypoacutetheton 511b)

Platoacuten trata del objeto de la dialeacutectica que finalmente es la Idea del

Bien especialmente en Repuacuteblica VI 504e-509b asiacute como en VI 510b y 511b-c Del mismo modo la dialeacutectica como meacutetodo es analizada con preferencia en Repuacuteblica VII 531d-534e asiacute como en VII 537d-540b En un sentido vaacutelido qui-zaacutes para el concepto platoacutenico en general con la ldquodialeacutecticardquo se trata en uacutelti-mo teacutermino de ldquodescubrir la naturaleza verdadera de cada cosa como ella es aislada de sus expresiones concretas y en relacioacuten con todas las otrasrdquo98

XV Consideraciones acerca de la decadencia Repuacuteblica 543a-576b En cuanto la ciudad ideal de Platoacuten puede ser considerada una utopiacutea

ella se presenta como el modelo superior el paradigma que permite estable-cer desde alliacute los grados de distanciamiento existentes con aquella norma de perfeccioacuten ldquoMostraacutendonos deciacutea E Barker lo que deberiacutea ser el Estado si sus principios inmanentes se realizaran plenamente ellas nos muestran el significado real del Estado tal como eacutel es Es solo en una situacioacuten ideal seme-jante que el Estado puede ser comprendidordquo99 esto lo deciacutea reflexionando sobre el tema que ahora nos ocupa Luego de haber dado por terminado su anaacutelisis de la ciudad y el hombre perfectos Platoacuten continuacutea ahora en la mis-ma perspectiva paralela de sociedad e individuo con una descripcioacuten de la degeneracioacuten creciente de los estados y sus ciudadanos Son relatos podero-samente viacutevidos que intentan expresar en figuras una teoriacutea de la decadencia como fenoacutemeno inherente al acontecer de las instituciones poliacuteticas Pero no pretende conformar la historia a tal decadencia como una necesidad que de-

98 IM Crombie op cit pg 566 99 Ernest Barker Greek Political Theory London 1964 (1918) pg 282

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termina la suerte de toda institucioacuten poliacutetica sino de coacutemo de hecho sucede tal ruina Debemos creo liberar a Platoacuten de la culpa supuesta de haber pre-tendido establecer una norma histoacuterica de degeneraciones sucesivas del po-der100

Platoacuten no es un historicista por adelantado que pretende establecer le-

yes necesarias en la historia Reasumiendo propuestas anteriores101 el filoacutesofo plantea que si la ciudad descrita ldquoera la correcta la otras seriacutean defectuosasrdquo (ἡμαρτημένας 544a) Se deciacutea entonces que existiacutean cuatro formas de go-bierno deficientes y recuerda que conveniacutea analizarlas ldquoen sus fracasosrdquo (τὰ ἁμαρτήματα ldquoerroresrdquo 544a 4) Otro ejemplo de anticipacioacuten de un tema que ha de tratarse ahora en el lugar que se considera adecuado No habla co-mo historiador sino como filoacutesofo de la poliacutetica y establece para ello un sis-tema explicativo de cuatro variedades paradigmaacuteticas descendentes a saber la timocracia la oligarquiacutea la democracia y la tiraniacutea

La descripcioacuten de las deficiencias se presta para el anaacutelisis de las hendi-

duras de los regiacutemenes en correlacioacuten con el deterioro psicoloacutegico de las per-sonas Maacutes que sistemas ideoloacutegicos los que gobiernan las naciones son ante todo personas Los discursos sobre la decadencia son pues reflexiones acerca de la interaccioacuten de fuerzas sociales e individuales tal como se da en la reali-dad con toda la precariedad de lo sujeto a la generacioacuten En la constitucioacuten misma de un sistema poliacutetico yacen para Platoacuten las semillas del deterioro que

100 K R Popper (La Sociedad Abierta y sus Enemigos ed castellana Barcelona 1992) pensaba que Platoacuten sosteniacutea que todo cambio social significaba corrupcioacuten deca-dencia o degeneracioacuten que Platoacuten planteaba una suerte de tendencia intriacutenseca ha-cia la decadencia producto de una ley coacutesmica vaacutelida para toda creacioacuten mdashrealidad generacionalmdash en cuanto tal ldquoPlatoacuten dice considera a la historia mdashque es para eacutel la historia de la decadencia socialmdash como si se tratase de la historia de una enferme-dad siendo la sociedad el paciente y el poliacutetico mdashcomo veremos maacutes adelantemdash su meacutedico su salvadorrdquo (op cit pg 52) Si Platoacuten hubiera creiacutedo en esa situacioacuten como necesaria mdashdel modo que la concibe Poppermdash uno se pregunta para queacute se ocupa tanto Platoacuten en fundar una ciudad mejor en el futuro cuando eso seriacutea imposible conforme a esa ley O bien para queacute concebir una ciudad que ha de perecer pronto y necesariamente seguacuten las leyes histoacutericas Porque Popper para el caso de Platoacuten entiende que estaacute entre los autores ldquohistoricistasrdquo que creen que hay leyes rigurosas y necesarias en la historia 101 Cf Rep 541b 445c

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menoscaba en la ciudad y el individuo los modelos de conducta que sostie-nen un reacutegimen y configuran su pertenencia a una determinada variedad de estado Las contradicciones de un reacutegimen revelan su estado de enfermedad y la posibilidad psicoloacutegica de su propia destruccioacuten o regeneracioacuten Ya el surgimiento de la guerra en la generacioacuten de la ciudad originaria habiacutea esta-do marcada por la presencia de una libido dominandi entre los ciudadanos que la habitaban y lo que estaba en el origen continuacutea en el desarrollo y plenitud de las formas diversas de gobierno llevando consigo impliacutecita la posibilidad del colapso Podemos pensar como aquiacute en la caiacuteda de entidades poliacuteticas especiacuteficas o como ciertos pensadores prominentes del siglo XX en la trans-formacioacuten de civilizaciones como formas culturales102 En Platoacuten hay algo de caiacuteda y algo de transformacioacuten

Un ejemplo brillante de esto es la historia de la Atenas primitiva y su

enemiga Atlaacutentida Es como sabemos una perdurable invencioacuten del mismo Platoacuten Los reyes de la isla son descendientes de dioses que construyen una civilizacioacuten con el dominio del entorno y el establecimiento de un orden poliacute-tico Ese ordenamiento produce en toda la gran isla una transformacioacuten sim-plemente colosal La actividad marinera y comercial los recursos de la tierra colman de riquezas la ciudad en un reacutegimen sostenido por diez reyes de un poder casi absoluto y jeraacuterquicamante organizados Dominoacute por mucho tiempo en ellos la naturaleza divina de su dios fundador Poseidoacuten Siendo seres buenos haciacutean poco caso por su virtud de sus abundantes riquezas sin perder el dominio de siacute mismos Pero el elemento divino que predominaba comienza a disminuir con el paso del tiempo y el entrecruzamiento de ele-mentos mortales numerosos termina por hacer prevaler su condicioacuten huma-na Es esas circunstancias ldquoya no maacutes capaces de soportar la prosperidad presente terminaron por pervertirserdquo (Platoacuten Critias 121b)

A quien no sabe discernir queacute geacutenero de vida contribuye verdadera-

mente a la felicidad piensa Platoacuten le pudo parecer que se trataba de seres grandiosos y felices estando por el contrario ldquollenos de injusta arrogancia y

102 Ver Joseph A Tainter The Collapse of Complex Societies Cambridge 1992 (1988) especialmente capiacutetulo 3 The Study of Collapse pgs 39-90

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poderrdquo (ibid) El colapso final es tan completo que el sistema se hunde catas-troacuteficamente con su isla junto con sus habitantes La razoacuten de la decadencia estaacute impliacutecita en el caraacutecter mixto de la condicioacuten de sus gobernantes y la prevalencia en alguacuten momento del elemento humano es decir generado en sus vidas Se une a ello el asunto de la justicia y la injusticia que es al mismo tiempo un desarrollo del gran tema de la moralidad como fuerza profunda en el acontecer humano Pero si no hubiera habido esta suerte de intervencioacuten del destino (que no solo destruye a la Atlaacutentida sino tambieacuten enigmaacutetico re-sultado a la virtuosa Atenas primitiva) la historia de los futuros triunfadores queda en el misterio de un futuro contingente

De un modo anaacutelogo en la repuacuteblica tambieacuten gradualmente ldquoen forma

progresiva las cosas se volveraacuten peor y cada forma de constitucioacuten corrupta seraacute peor que aquella que la precedioacuterdquo103 Pero no sabemos doacutende termina el ciclo ni de si es posible levantarse desde la peor tiraniacutea hacia un gobierno mejor Hay modos diferentes de malos estados pero en su grado superior una sola es la justicia frente a una injusticia siempre diversa104 Y si la justicia y la injusticia sucede no solo en los estados sino tambieacuten en las almas el es-tudio de los caracteres nos muestra tambieacuten grados diversos de desintegra-cioacuten espiritual Pero asiacute como es posible encaminar los pasos desde la oscuri-dad hacia la luz asiacute tambieacuten Platoacuten intenta obstaculizar el camino hacia la ruina mediante una propuesta poliacutetica que restaure la justicia en el grado en que eacutel la ha concebido Parece entonces que la clave de esta historia es una vez maacutes la justicia o la ausencia de ella

XVI La lsquonaturaleza maacutes verdaderarsquo del alma humana El Estado de Caliacutepolis la ciudad hermosa estaacute constituido por ciuda-

danos que poseen un alma origen y principio de sus obligaciones morales y de sus derechos en la nueva ciudad Esta situacioacuten se ha mostrado de tal im-portancia que la configuracioacuten de la polis en tres estamentos ha surgido de la doctrina de la condicioacuten tripartita del alma humana Pero el alma es a su vez

103 T A Sinclair A History of Greek Political Thought London 1967 pg 160 104 Dice T A Sinclair op cit pg 160 ldquoJustice is One but Injustice is Manyrdquo

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una si se han de mantener en substancia los hallazgos del Fedoacuten sobre la simplicidad del alma y sostener sin grandes cambios la opinioacuten que relacio-na firmemente esta simplicidad con su inmortalidad Es el momento ahora para Soacutecrates en el libro deacutecimo de la Repuacuteblica de restablecer un cierto equi-librio entre los aspectos psicoloacutegicos mdashpuestos en evidencia en su examen del alma tripartitamdash y la condicioacuten esencial del espiacuteritu humano en su uni-dad indisoluble105

Se puede decir que la misma tensioacuten mantenida a lo largo del diaacutelogo

entre la necesaria diversidad de caracteres en la ciudad mdashque se expresan en tres fundamentales clases de ciudadanosmdash y la siempre obligatoria buacutesqueda de unidad en la ciudad se revela tambieacuten aquiacute al momento de evaluar la condicioacuten espiritual del individuo Ahora bien en el libro deacutecimo de la Repuacute-blica poco antes del gran mito final en que se relata la historia de Er el Arme-nio Platoacuten introduce muy a propoacutesito y con renovada energiacutea el tema del alma y su pervivencia en el tiempo Muy de paso en R VI 498d Soacutecrates ha-biacutea hecho referencia a un lsquovolver a nacerrsquo y al inicio del libro III habiacutea hecho ver la conveniencia de tachar aquellos versos de Homero que desacreditaban la vida futura Es conveniente mostrar ahora por queacute se trata aquiacute de una de las paacuteginas maacutes cruciales del diaacutelogo En primer lugar es bueno recordar que la existencia de un alma racional inmortal y divina y la presencia de ciertas realidades ideales las Formas que se constituyen en los objetos propios de conocimiento de aquella conforman los ldquodos pilares rdquo de lo que se puede considerar como las doctrinas ldquocaracteriacutesticamente platoacutenicasrdquo106

Ya se habiacutea tratado extensamente en nuestro diaacutelogo sobre esas For-

mas inteligibles y sobre la realidad de esa alma que llevada a la dimensioacuten social habiacutea servido de origen a la analogiacutea basal de la Repuacuteblica fundada en

105 En relacioacuten con este punto se puede evaluar el interesante planteamiento de T M Robinson en ldquoSoul and Immortality in Republic Xrdquo Phronesis vol 12 Nordm 2 1967 p 149 en que sentildeala una reconsideracioacuten por parte de Platoacuten del problema de la sim-plicidad del alma y su inmortalidad (ldquoa radical chage of viewrdquo) en que el filoacutesofo concluiriacutea ldquoque un ser compuesto puede ser inmortal con tal que sus elementos componentes son lsquoreunidos de la mejor manerarsquordquo 106 F M Cornford Platorsquos Theory of Knowledge p 2

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la afinidad entre individuo y sociedad El concepto de alma habiacutea permitido precisamente establecer los viacutenculos y facilitar el paso entre lo maacutes pequentildeo y lo maacutes grande Esa misma concepcioacuten es preciso recordarlo era el sustento nada menos que de la posibilidad de mejorar las ciudades pues esa probabi-lidad estaacute sostenida por la capacidad que nuestra alma manifiesta de mejo-rarse ella misma al emprender el camino que la conduce mediante la educa-cioacuten a la luminosidad exterior de la caverna y su retorno a la oscuridad En esa misma teoriacutea psicoloacutegica de la condicioacuten humana y su posibilidad de de-generar por el vicio y la maldad se sostiene la visioacuten platoacutenica mdashque toma la apariencia de un relato histoacuterico dramatizadomdash acerca de la decadencia y el colapso de los sistemas poliacuteticos Habiacutea entonces que decir algo maacutes sobre el cimiento de esta analogiacutea es decir explicar aunque fuera a grandes rasgos cuaacuteles seriacutean las recompensas mayores de la virtud y los premios que estaacuten preparados al ser humano (Rep 608c ss) y cuaacutel la maacutes verdadera naturaleza del alma que este posee (Rep X 611b) La lsquovirtudrsquo (ἀρετή) que se menciona es precisamente una actividad buena del alma y la justicia se habiacutea manifesta-do como la maacutes excelente entre las virtudes del individuo y del estado Los premios entonces de los que se habla inciden efectivamente en el hombre en cuanto ser espiritual llamado a la felicidad propia de su estado maacutes ver-dadero

La tesis central del punto que tratamos estaacute en afirmar la inmortalidad

del alma es decir su condicioacuten de imperecedera para todo tiempo si lo en-tendemos en la perspectiva del mito final una existencia despueacutes de la muer-te del individuo y la superviviencia en consecuencia de su personalidad en otra vida107 Es claro que para Soacutecrates no es indiferente que el gobierno de acaacute se ejerza o no sobre ciudadanos llamados en el futuro a vivir allaacute en otras palabras la polis no puede ser neutral en asuntos atinentes con el destino trascendente de quienes la habitan pues el asunto final estaacute relacionado co-mo lo dice el uacutetimo paacuterrafo del diaacutelogo con esa amistad si se quiere escatoloacute-gica que existe entre nosotros mismos y con los dioses (Rep X 621c) Y natu-

107 Esta temaacutetica especiacutefica es tratada particularmente en P Duncan ldquoImmortality of the Soul in the Platonic Dialogues and Aristotlerdquo Philosophy vol 17 Nordm 68 (1942) en diferentes secciones de pp 304-323

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ralmente la inmortalidad del alma estaacute relacionada con la divinidad y la vida de los dioses en la altura asiacute como en esta vida el estado se preocupa igual-mente de honrarlos

La argumentacioacuten sobre la inmortalidad del alma en Repuacuteblica X en-

tonces se puede resumir de la siguiente manera todo lo que sufre destruc-cioacuten es aniquilado por un mal o una enfermedad que le es propia y especiacutefica siendo indestructible aquello que no puede ser aniquilado de esa manera Ahora bien el vicio (πονηρία) es el mal peculiar del alma y en lo que respec-ta al cuerpo es la enfermedad la que lo destruye Los dos males entonces respectivos del cuerpo y del alma son la enfermedad y el vicio Platoacuten no ha-bla aquiacute de prueba pero consideremos que se trata de razonamientos desti-nados a persuadir acerca de una verdad que surge del desarrollo de estos108

Hay evidentemente una estructura en la presentacioacuten de las razones

Primero (a) la nocioacuten de ldquomal y enfermedad connatural (σύμφυτον)rdquo Seguacuten esto praacutecticamente todas las cosas (ademaacutes de tener su propio bien que las preserva y beneficia) poseen un mal congeacutenito que las conduce a su obligato-ria disolucioacuten es la enfermedad propia el ldquomal peculiarrdquo (X 609d 1) el uacutenico que en uacuteltimo teacutermino puede destruir esa cosa especiacutefica Luego (b) estaacute la idea de que el mal propio del alma que es el vicio la hace miserable pero no la destruye como es el caso de la injusticia que no la disuelve hasta llevarla a la muerte En este uacuteltimo razonamiento se supone que el alma posee un tipo de independencia esencial del cuerpo que hace factible en ella la existencia de un mal que le es propio diferente del corporal Esta condicioacuten del alma es resultado de su autonomiacutea Siendo este el estado del alma se hace factible la presentacioacuten de un tercer elemento en el raciocinio a saber (c) el concepto de ldquola naturaleza maacutes verdaderardquo del alma (X 611b 1) que conduce a la negacioacuten en ella de ldquocomposicioacutenrdquo y la suposicioacuten final (d) que ldquola verdadera natura-lezardquo del alma estaacute (esto se dice solo impliacutecitamente) en su condicioacuten de ser ldquode una sola claserdquo en otras palabras ldquosimplerdquo (μονοειδὴς 612a 4)109 Con

108 El teacutermino que Platoacuten utiliza es el de logos (610a) es decir lsquorazonamientorsquo 109 En el Fedoacuten monoeideacutes se dice no solo del alma (78d) sino tambieacuten de los objetos que ella contempla (80b 83e) es decir las Ideas

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el teacutermino monoeidḗs entonces Platoacuten intenta quizaacute balancear mejor su pro-puesta anterior del alma de tres clases o especies en la que se fundamentaba su sistema tripartito de ciudad Y si bien la condicioacuten unitaria del alma es una inferencia de su naturaleza esencial una propuesta intermediaria (e) es plan-teada por Platoacuten en relacioacuten con su ldquonaturaleza originariardquo (τὴν ἀρχαίαν φύσιν 611d 2) Para poder contemplar esa naturaleza originaria del alma desfigurada en el presente ldquopor males incontablesrdquo (611d 7) es preciso ldquomirar hacia alliacuterdquo (ἐκεῖσε 611d 2) es decir hacia esa regioacuten que es la propia del amor por la sabiduriacutea (φιλοσοφίαν) Es preciso ademaacutes mirar hacia aquellos objetos divinos e inmortales con los que este amor se relaciona y a los que este en plenitud desea y se aficiona (611e) La filosofiacutea impulsa al alma a salir fuera del mar y a sacudirse de las piedras que se le han adherido de un mo-do reminiscente a como lsquoalguienrsquo fuerza al habitante de la Caverna a levan-tarse y salir Es el impulso hacia la simplicidad oculta y olvidada que se haya en la purificacioacuten que el contacto con los objetos inteligibles produce En su-ma para contemplar el alma en su ldquonaturaleza maacutes verdaderardquo hay que mi-rar ldquohacia su amor por el saberrdquo (τὴν φιλοσοφίαν 6114 1) es decir hay que verla en su relacioacuten activa con ldquolo divino lo inmortal y lo siempre existenterdquo (X 611e)

La naturaleza del filoacutesofo se presenta asiacute como una suerte de demos-

tracioacuten ad hominem de la inmortalidad del alma humana en cuanto que el raciocinio acerca de la inmortalidad mdashque se habiacutea iniciado con la nocioacuten de mal congeacutenitomdash termina en una clara referencia al bien propio del alma Quie-ro decir Platoacuten se habiacutea referido al mal (τὸ κακὸν) como lo que en cada caso ldquodestruye y corromperdquo y el bien (τὸ ἀγαθόν) era ldquolo que preserva y benefi-ciardquo (X 608e) Paacuteginas maacutes adelante se refiere a la necesidad de mirar alliacute (ἐκεῖσε X 661d 7) y a lo que apunta es hacia la filosofiacuteamdashque sentildeala el tipo superior de hombre virtuosomdash y hacia los objetos inteligibles de esta las Ideas Aquiacute estamos ya aunque no se diga expliacutecitamente con ese bien que jamaacutes se destruye (cf X 609b 1) y que es la clave de la lsquosalvacioacutenrsquo (τὸ σῶζον 608e 4) propia del alma Me parece que ciertos comentaristas no han tomado nota suficiente de esta sutil aunque a mi juicio fundamental variacioacuten del centro argumentativo del discurso sobre la condicioacuten maacutes verdadera del al-

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ma Si bien entonces Platoacuten no pretende darle a sus razones un valor proba-torio a la manera que lo hace en algunos lugares decisivos del Fedoacuten eacutel inten-ta en todo caso presentar ana argumentacioacuten razonable que conduzca a la persuasioacuten

Pero incluso cuando Platoacuten intenta solo persuadir su discurso como

en este caso presenta puntos interesantes que bien pudieron merecer una mencioacuten maacutes condescendiente de Guthrie110 En todo caso lo que intento decir es que en primer lugar Platoacuten no pretende a la hora undeacutecima orga-nizar un argumento con pantildeos hilvanados en forma apresurada restos de sus anaacutelisis anteriores Es sobre todo en vista de lo que viene y el argumento apunta maacutes bien al epiacutelogo celeste del Repuacuteblica Eacutel quiere dar baacutesicamente razones para confiar en premios que se suponen imperecederos para un alma imperecedera y que seraacuten recibidos como recompensa de una vida llevada en este mundo con justicia Al presente es lo que viene es decir el bien futu-ro del hombre lo que importa y eso es lo que intenta mostrar con esta verda-dera lsquopropuestarsquo discursiva (X 612a 8 ἐν τῷ λόγῳ)

XVII A salvar el mythos Er muerto en una batalla ha revivido al momento de su funeral ldquoy

habiendo vuelto a la vida relatoacute lo que vio alliacuterdquo111 Se le dijo que debiacutea ser

110 ldquoEsto no representa progreso alguno en relacioacuten con los argumentos a favor de la inmortalidad del Fedoacuten y el Fedro y por el bien de Platoacuten cabriacutea esperar que no hubiera que tomarlo demasiado en seriordquo (W K C Guthrie Historia de la Filosofiacutea Griega vol IV p 532) En la versioacuten espantildeola de la obra por lo general muy cuida-da advierto una nota que espero sea solo una errata del espantildeol Dice citando a Adam II p 425 ldquoTenemos sin duda razones para acusar a Platoacutenhelliprdquo donde el ori-ginal dice ldquoThe argument may not be conclusive but we are surely not justified in charging Platohellip with confoundig either here or in 609 D the two notions of physical death and death of the soulrdquo el subrayado de lsquonotrsquo es miacuteo Para una presentacioacuten maacutes equilibrada de todo el asunto ver C D C Reeve Philosopher-Kings pp 159-62 111 Rep 614B Cf ER Dodds ldquoPlato and the Irrational Soulrdquo (1945) Plato II ed G Vlastos pgs 206-229 Dodds ve en la experiencia de Er la influencia directa del anti-guo modelo de cultura shamaniacutestica en la filosofiacutea de Platoacuten ldquoThe occult knowled-ge which the shaman acquires in trance has become a vision of metaphysical truth lsquorecollectionrsquo of past earthly lives has become a lsquorecollectionrsquo of past bodiless Forms which is made the basis of a new epistemology while in the mythical level his lsquolong sleeprsquo and lsquounderworld journeyrsquo provides a direct model for the experience of Er the son of Armeniusrsquo pg 209

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mensajero de aquellas cosas que habiacutea visto encargaacutendole de observar y es-cuchar cada cosa en aquellos lugares (Rep 614d) Hay en este relato ciertos elementos de intereacutes un lsquodifuntorsquo que es obligado a contemplar cosas que suceden en un cierto lugar de ultratumba Una regioacuten divina112 de belleza incomparable113 El viaje de Er estaacute lleno de aventuras contempla juicios y castigos purificaciones y espectaacuteculos luminosos en especial una luz direc-ta (focircs euthyv) que se extiende sobre toda la tierra y el cielo114 Una explica-cioacuten posterior muestra que Er ha visto en el medio de la luz un cierto esla-boacuten del cielo (syvndesmon tou ouranoucirc Rep 616c) y la totalidad de las revolu-ciones celestes Asiacute contemplacioacuten y purificacioacuten mdashbases de la justiciamdash avanzan juntamente en la medida en que las cosas contempladas son real-mente verdaderas

Nada se dice especiacuteficamente en el mito de Er acerca de un alma del mundo Sin embargo la totalidad de la armazoacuten coacutesmica y sus revoluciones son baacutesicamente una expresioacuten de ella115 Los movimientos ordenados del universo la luz y su eslaboacuten -que en cierto sentido hacen visible y reuacutenen al mismo tiempo la totalidad del universomdashson el objeto principal de contem-placioacuten El Timeo mostraraacute coacutemo la iacutentima conexioacuten entre la verdadera reali-dad ideal y el universo hacen de este uacuteltimo en su totalidad el medio maacutes poderoso en la adquisicioacuten de la filosofiacutea Mostraraacute tambieacuten que la razoacuten de la afinidad entre el alma humana y el mundo animado (es decir el universo todo) estaacute en la semejanza de los materiales con que ambos han sido cons-truidos y en la vecindad de estrellas y almas en las esferas rotantes del cielo

El relato de Er estrictamente hablando no es un mito cosmoloacutegico sino un relato baacutesicamente escatoloacutegico No se nos cuenta la generacioacuten del

112 Rep 614C ldquohacia un cierto lugar divinordquo 113 Rep 615A ldquomientras que los que veniacutean del cielo contaban sus experiencias y espectaacuteculos de incomparable bellezardquo 114 Cf J S Morrison divideldquoParmenides and Errdquo Journal of Hellenic Studies (1955) pg 66 ss 115 La fundamental semejanza del escenario astronoacutemico de Repuacuteblica X y del Timeo es analizada por G E L Owen cuando somete a discusioacuten la lsquopretendidarsquo influencia de Eudoxo en este uacuteltimo diaacutelogo Cf ldquoThe Place of the Timaeus in Platos Dialo-guesrdquo (1953) en Studies in Platos Metaphysics ed R E Allen London 1967 (1965) pgs 313-338

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cielo o de las almas116 Se nos informa sin embargo que el geacutenero humano ya ha tenido una vida anterior en la tierra y la intencioacuten central del mito es hacer ver la importancia de llevar una vida de acuerdo con la justicia y la vir-tud Somos nosotros quienes hemos de escoger nuestro propio destino (cf Rep 617d-e Tim 42d) Y bien esta eleccioacuten supone conocimiento y sin virtud y purificacioacuten no hay posibilidad de conocimiento para el alma humana El mito pues ha sido salvado afirma Soacutecrates para que tambieacuten nosotros po-damos salvarnos y ser persuadidos por este mensajero nuestra alma debe permanecer incontaminada (cf Rep 611c)

De acuerdo al relato de Er las almas despueacutes de habeacuterseles mostrado los movimientos celestes son puestas en fila por un profeta (profeteacutes) Ellas deben escoger su propia vida proacutexima despueacutes de un largo viaje a traveacutes del universo (Rep 617d ss) Y es en estas circunstancias en que seguacuten parece se hace presente un peligro real (Rep 618B) ya que el hombre puede elegir lo que es mejor para eacutel solo en la medida en que conoce lo que es mejor El pun-to estaacute en que mientras mejor sea nuestra conducta presente mejores son las perspectivas de una eleccioacuten justa de nuestra vida proacutexima ldquoNinguna divinidad os ha de tomar por su heredad sino que vosotros elegi-reacuteis vuestra divinidad (daimon ) La culpa la tiene el que elige Dios no es culpablerdquo dice el profeta ( Rep 617e)

Puesto que el alma es inmortal la vida presente es solo una pequentildea parte de un lapso sin fin La revelacioacuten de Er estaacute igualmente relacionada con el tipo de vida probable de la proacutexima vida terrestre Quien ha sido capaz de usar su mente y entendimiento en esta vida seraacute sin duda capaz de usarlos en la proacutexima La maacutes grande tarea de la vida presente estaacute en adquirir cono-cimiento en un grado suficiente en vistas de una buena eleccioacuten de la proacutexi-ma ( Rep 618e)

La condicioacuten del alma humana es una mezcla de fuerza y debilidad de

verdad e irrealidad La eleccioacuten de los modelos de alma nunca se presenta

116 Se supone que las almas son siempre las mismas en nuacutemero puesto que no pueden perecer (cf Rep 611A) En Rep 621B Er habla acerca de la lsquogeneracioacutenrsquo de las almas que aquiacute significa la renovacioacuten de las almas por medio de su lsquoencarna-cioacutenrsquo y no la generacioacuten o nacimiento de estas en cuanto tal

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como un asunto de ideales perfectos El arte de elegir descansa en la habili-dad de sortear lsquoel mediorsquo (to meson) evitando excesos en una u otra direccioacuten Y es obra del entendimiento nuestra mejor parte el lograr una vida de maacute-xima felicidad117 El relato nos describe importantes puntos No es posible escapar al ciclo incesante de la vidamdashque es inmortal para todosmdash pero es posible lograr el modo maacutes excelente de vida usando rectamente entendi-miento y justicia Asiacute practicando la virtud e imitando a Dios en la presen-te118 el alma estaraacute mejor preparada para elegir su propia vida futura Asiacute podraacute por consiguiente moverse maacutes cerca de la divinidad En esta perspec-tiva se plasma la actitud de Platoacuten en relacioacuten al arte de la reproduccioacuten imi-tativa La contemplacioacuten de la verdad en su fuente celeste originaria nutre al alma con un saber real que la hace virtuosa la contemplacioacuten de imaacutegenes que son figuras de la realidad le dan un alimento peligroso si no mortal (cf Rep 603b)

El ciclo de la vida entonces es inescapable y la humanidad no puede evadir el gran lugar (toacutepos) en el que estaacute inmersa es decir toda la mole del universo y la revolucioacuten del tiempo que se desenvuelve sin cesar hacia la complecioacuten de su ciclo Estamos ligados a un sitio mdashcorporal animal o celes-temdash y obligados a vivirlo a traveacutes de un tiempo siempre escurrente El lugar celeste se nos dice tiene grados altos y bajos de maacutes pura o maacutes escasa lumi-nosidad Alliacute o aquiacute hay un lugar que es nuestro elemento y que provee el alimento que nutre la vida produciendo felicidad o miseria Solo una vez purificados son capaces los hombres de contemplar los lugares maacutes divinos y vivir de acuerdo con ellos De ese modo imitar a Dios es luchar por la asimi-lacioacuten de lo maacutes divino en nosotros a lo maacutes divino en la regioacuten celeste Esta regioacuten no es aquiacute una idea sino un lugar fiacutesico que en cierta manera nos tras-ciende La naturaleza primera del alma119 se funda en su afinidad con los cie-los principio del caraacutecter astral de su substancia original El relato del Timeo (que como hemos podido comprobar mantiene en diversos aspectos una

117 Rep 619a ldquopues de este modo el hombre llega a ser el maacutes felizrdquo 118 Rep 613a ldquoen cuanto es posible al hombre asemejarse a Diosrdquo Cf Rep 621c 119 Ver en este contexto la imagen del marino Glauco cuya ldquonaturaleza originariardquo no podiacutea ser percibida por el deterioro de su estado y la acumulacioacuten de excrecen-cias nuevas (Rep 611CD)

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relacioacuten estrecha con la Repuacuteblica) se esforzaraacute por explicar en queacute sentido alma y boacuteveda celeste estaacuten relacionadas con la realidad divina e ideal su-pramundana y coacutemo es posible para el alma humana (de un modo semejante a Er en su viaje astral) adquirir filosofiacutea a traveacutes de los espectaacuteculos celestes (cf Tim 47a-d) y vivir conforme a la razoacuten

Una vez que conforme al relato de Er el Armenio las almas han reali-

zado su largo recorrido por los cielos y han contemplado a su vez la luz que como un pilar que se extiende en forma recta a traveacutes de la totalidad del cielo y de la tierra ven por fin tendido el huso de la Necesidad por el que giran todas las revoluciones celestes Llegados alliacute los viajeros se acercan por fin a Laquesis y a un profeta que habla por la divinidad e interpreta su voluntad (X 617d) mientras coge de las rodillas de la misma Laquesis hija de la Nece-sidad lotes y modelos de vida El profeta anuncia a las almas el inicio de la eleccioacuten del hado que ha de pertenecer a cada cual ldquoNo os corresponde en suerte a vosotros dice un espiacuteritu divino (δαίμονα X 617e 1) sino que voso-tros eligireacuteis ese espiacuteriturdquo La mejor eleccioacuten ha de corresponder a una vida virtuosa y el principal mensaje de la divinidad estaacute en que ldquola responsabili-dad es del que elige Dios no tiene culpardquo (X 617e)

Sobre todo no podemos reprochar al dios una infelicidad causada por

una erroacutenea eleccioacuten que combinada con las suertes que proveen los lotes de vida de cada cual deciden el destino miserable o feliz de los mortales El lote de las suertes (τοὺς κλήρους X 617e) y la eleccioacuten son decisivos ambos para la felicidad en esta vida y en el camino expedito de idas y regresos de las re-giones celestes Asiacute entonces en un momento crucial del relato se indica cla-ramente que los dos elementos prevalentes de nuestra ventura son la eleccioacuten de vida que estamos en condiciones de hacer y luego de las suertes que provienen del lanzamiento de los lotes (τὴν τοῦ κλήρου τύχην X 619d) Este sorteo de lotes al parecer permite asignar a cada alma su lugar en el orden de eleccioacuten (ἐν τάξει 620d) Podemos quizaacute contar estas suertes como la par-te que los dioses se reservan en relacioacuten con la eleccioacuten de vida Ello no incide demasiado grandemente en el conjunto del acto que tiene por centro la deci-sioacuten personal El lsquoprofetarsquo habiacutea dicho precisamente al concluir su breve dis-

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curso ldquoQue el primero escoja con atencioacuten y que el uacuteltimo no se desanimerdquo (619b) Conforme a este procedimiento las almas ldquoescogiacutean sus vidasrdquo (620a d) y procediendo a hacer elecciones que son causa de transformaciones en sus ya proacuteximos nacimientos Laquesis es una de las tres Parcas dispensado-ras de las suertes y ocupa un lugar importante en su distribucioacuten ya que es ella la que da a cada cual el lsquogeniorsquo o lsquoespiacuteritu divinorsquo (δαίμωνα 620d) de su eleccioacuten para que les sirve de guardiaacuten en su vida terrenal La eleccioacuten de vida es acompantildeada (συμπέμπειν 620e) por lo que se ve en form gratuita de este regalo incluido en la seleccioacuten el daimon justo antes que Cloto que mueve el huso sancione el destino elegido y Atropo lo vuelva irrevocable

La suerte es tradicionalmente para los griegos un acto propio de la di-

vinidad (cf Ti 25e) y nuestro texto mantiene ese sentido sacro si bien tykhe (τύχη) es un teacutermino de una rica y variada significacioacuten en especial por su relacioacuten con el verbo τυγχάνω lsquoalcanzar tocarrsquo lsquoencontrarse producirse por azarrsquo Ahora bien su sentido etimoloacutegico parece estar en conexioacuten con la idea de lsquohacer fabricarrsquo de ahiacute la significacioacuten maacutes primitiva de tykhe a saber el de acto en especial de una divinidad Por supuesto que es muy importante su significado derivado de lsquofortuna suerte destinorsquo y el significado del vo-cablo oscila en la historia de la lengua entre un acto cuyo agente escapa del control humano el de lsquoazarrsquo producido por una causa de tipo impersonal O bien considerando su resultado se estima que es una lsquobuenarsquo o lsquomalarsquo fortu-na

De alguacuten modo todos estos sentidos estaacuten relacionados aquiacute pero la

tensioacuten principal de Platoacuten estaacute puesta en la nocioacuten de responsabilidad aitiacutea en especial en el hecho de que es el hombre el que decide y la divinidad la que sanciona La suerte es tambieacuten uno de los procedimientos favoritos de la democracia griega como lo veiacuteamos anteriormente que se ejerce ahora sobre las almas que se suponen tambieacuten iguales en sus derechos aparentemente democraacuteticos de eleccioacuten Como se hace notar la eleccioacuten resulta a menudo un fiasco un espectaacuteculo digno de laacutestima en que la costumbre (κατὰ συνήθειν X 620a) de la vida anterior inclina decisivamente el aacutenimo del que elige su vida futura Inercia peligrosa que podemos suponer bien pudo evi-

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tarse alguna vez con el giro del alma desde las sombras hacia la luz La vuelta al nacimiento es precedida por el paso de la llanura del Olvido y la llanura de la Despreocupacioacuten de cuyas aguas beben las almas como si de una activi-dad sacramental se tratara y que marca el inicio del olvido de sus experien-cias anteriores y enfilando como estrellas al lugar del nacimiento inician las almas el regreso a nuestro lugar Er impedido de beber el agua guardoacute el recuerdo

ldquoY es asiacute oh Glaucoacuten dice Platoacuten que el relato (μῦθος) se salvoacute y no

perecioacute y nos puede salvar tambieacuten a nosotros si nos dejamos persuadir por eacutelrdquo (X 621c) El mythos la narracioacuten de Er es lo que queda libre del olvido y por eso mismo a nuestro alcance Se nos presenta como una exhortacioacuten una invitacioacuten a no olvidar eso que solo conocemos por relato y no por conoci-miento y que podriacutea con facilidad perderse para siempre y sin destino Pero el mito se salvoacute gracias a un privilegiado testigo Er el Armenio y permanece ahora para quienes lo conservan en su aacutenimo cual un saber revelado

Ahora Platoacuten nos deja a su vez con una exhortacioacuten a lsquosalvarrsquo el mythos

en nosotros La salvacioacuten del mito se produce mediante la aceptacioacuten la creencia de lo dicho por el filoacutesofo acerca de la inmortalidad del alma La re-puacuteblica entera que ha ido tomando forma mediante el discurso se sostiene toda en el reconocimiento la admisioacuten (νομίζαντες X 621c 3) por parte nues-tra de la inmortalidad del alma y su capacidad de extremos de bien y de mal La calidad de esa alma si traspuesta en clave social nos muestra la capacidad al menos teoacuterica de alcanzar las alturas de un Estado sostenido en el bien y la justicia o concebirlo en sus procesos de decadencia y maacutexima ruina en la in-justicia de la tiraniacutea

Asiacute entonces la teoriacutea del alma emerge nuevamente como el centro vi-

tal de toda la obra esa alma que se mostraba en los extremos de la justicia y la injusticia que se repartiacutea en tres aspectos que sosteniacutean a su vez las clases de la ciudad y que permitiacutean erigir al guardiaacuten filoacutesofo en el rey del estado esa alma que convertida hacia la luz llegaba a contemplar finalmente la cima

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de la idea del bien y luego descendiacutea hacia las sombras por imperativo de esa misma conversioacuten

La decadencia de las ciudades por otra parte se ha estado nutriendo

de la marcha continua de los espiacuteritus hacia el mal y la injusticia desplaza-miento que se realiza en forma gradual y tiene las caracteriacutesticas que presen-tan los movimientos sociales Ahora todas las argumentaciones parecen di-solverse en una suerte de exhortacioacuten final que invita a ir siempre por el ca-mino de arriba y a practicar toda justicia con sabiduriacutea (μετὰ φρονήσεως R 621c 5) Por otra parte hay una estrecha relacioacuten entre la amistad consigo mismo que prevalece en un hombre justo y virtuoso y su amistad para con los dioses que debe permanecer inalterada en el transcurso de esta vida y ldquoen el viaje de mil antildeosrdquo descrito en la historia de Er

La uacuteltima frase de esta extensa y extraordinaria obra ldquoseamos felicesrdquo

en otras palabras ldquoque nos vaya bienrdquo (εὖ πράττειν) deja en evidencia por consiguiente esos objetivos de conversioacuten espiritual que a lo largo de toda la obra mdashy de modo particular y brillante en la alegoriacutea de la Cavernamdash se hi-cieron manifiestos En ese giro del alma hacia la realidad inteligible estaba la causa en ese momento ignorada de su felicidad en todo tiempo y en cuanto se ha visto que la polis platoacutenica deberaacute estar regida por seres transformados por la visioacuten de la verdad y el bien habraacute que suponer ademaacutes que en esa conversioacuten estaacute el fundamento y la razoacuten de ser del proyecto poliacutetico de Pla-toacuten

La filosofiacutea habiacutea surgido en Grecia como una experiencia personal y

sigue sieacutendolo en las paacuteginas de la Repuacuteblica pero en el giro que transforma finalmente a los seres humanos en contempladores de la Idea del bien o me-jor dicho en la Idea del bien mismo se hace manifiesta la condicioacuten social y comunitaria de ese objeto supremo Son las caracteriacutesticas poliacuteticas que esta Idea tiene y que se manifiestan en el acto de ser participada por muchos en diversos grados de capacidad al interior de la ciudad La filosofiacutea experimen-ta asiacute un cambio de orientacioacuten seguacuten que el objeto superior el Bien supera a las Formas ldquoen dignidad y poderrdquo produciendo en todo el sistema ontoloacute-

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gico un reordenamiento ya de hecho en operacioacuten mediante la Idea de belle-za en el Banquete Este nuevo orden metafiacutesico conduce a la fisioacuten del caraacutecter individual de la experiencia filosoacutefica puesto de manifiesto primero en el eros mdashuna experiencia de dos y luego de muchosmdash y continuado en Repuacuteblica como vivencia comunitaria es decir poliacutetica

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B PRESENTACIOacuteN ANALIacuteTICA DE LA OBRA Libro primero 327a-328e Soacutecrates describe coacutemo mientras visitaba el Pireo en com-

pantildeiacutea de Glaucoacuten con el propoacutesito de orar a la diosa y contemplar la celebra-cioacuten de su fiesta120 fue inducido por Polemarco y otros a demorar su vuelta a Atenas Se narra la escena en casa de Polemarco en que Soacutecrates comienza a interrogar a Ceacutefalo ya avanzado en antildeos sobre el tema de la ancianidad Son los propios ancianos dice los que tienen la culpa de sus desgracias

329d-331b Soacutecrates hace nuevas preguntas a Ceacutefalo lsquoLa mayoriacutea de los

hombres diraacuten que son las propias riquezas las que hacen feliz en la anciani-dadrsquo Ceacutefalo lsquoel caraacutecter tiene maacutes que ver con la felicidad que la riquezarsquo Soacutecrates lsquoiquestcuaacutel es la ventaja principal del dinerorsquo Ceacutefalo lsquopermite a los hombres buenos pagar sus deudas a los dioses y a los hombres antes de pa-sar al otro mundorsquo121

331c d Se suscita por primera vez la pregunta de lsquoiquestqueacute es la justiciarsquo

iquestEs simplemente decir la verdad y pagar lo que se debe Polemarco sucede a Ceacutefalo en su lugar en la conversacioacuten122

331e-332b La segunda mitad de la definicioacuten de justicia que Soacutecrates

deduce de las observaciones de Ceacutefalo es ahora acogida y discutida en la forma en que fue expresada por el poeta Simoacutenides lsquoque es justo dar a cada

120 Se celebran presumiblemente las fiestas de la diosa Bendis aunque algunos piensan que se trata maacutes especiacuteficamente de la diosa Atenea 121 Se dice de Ceacutefalo que ldquotiene dinero pero posee tambieacuten moderacioacutenrdquo (CDC Reeve Philosopher Kings Princeton 1988 pg 5) Ceacutefalo ejerce su papel introductorio con la dignidad de quien se siente en posesioacuten de un saber tradicional y de un sen-tido comuacuten nacido de la experiencia ldquoCeacutefalo es un personaje atractivo retratado con delicadeza y respetordquo (ibid pg 6) Representa bien su papel de sostenedor sin complicaciones de las normas y valores morales de su tiempo 122 ldquoCephalus is unable to explain why the disposition to obey the rules of justice and piety is one which exemplifies something unqualifiedly goodrdquo (Kimon Lycos Plato on Justice and Power London 1993 lt1987gt pg 31) Se le encomienda ahora a Polemarco el cometido de explicar lo que Ceacutefalo no hizo

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cual lo debidorsquo (τὰ ὀφειλόμενα) En la seccioacuten presente Soacutecrates se limita a sonsacar el significado de lsquodebidorsquo En lo que concierne a los amigos es algo bueno en lo que concierne a los enemigos algo malo en teacuterminos generales es aquello que es conveniente o apropiado (τὸ προσῆκον) De hecho Simoacuteni-des quiso decir que la justicia consiste en hacer bien a los amigos y mal a los enemigos

332c-336a La definicioacuten es adicionalmente aclarada hasta el 333b y

despueacutes de eso Soacutecrates comienza a criticarla En primer lugar se hace maacutes precisa la definicioacuten representando a la

justicia como un arte cuya ocupacioacuten es beneficiar a los amigos y perjudicar a los enemigos (332 c d) Se suscita entonces la pregunta de iquestcoacutemo el arte de la justicia123 beneficia a los amigos y dantildea a los enemigos Por analogiacutea con otras artes Polemarco es inducido a decir que la justicia beneficia a los ami-gos y dantildea a los enemigos (1) luchando en favor de ellos o contra ellos en tiempo de guerra y (2) en conexioacuten con asociaciones que se ocupan del dine-ro en tiempo de paz (332d- 333b) La explicacioacuten del dicho de Simoacutenides estaacute ahora completa

Soacutecrates primero dirige su ataque contra (2) En los casos en que debe usarse dinero no es la justicia sino alguacuten otro arte que es uacutetil para el propoacute-sito requerido en otras palabras la justicia es (en tiempo de paz) uacutetil solo pa-ra tratar con dinero inuacutetil o sin utilizar u otros objetos sin utilizar cosa que es una visioacuten indigna del arte (333b- 334b) Polemarco perplejo reitera su defi-nicioacuten en su antigua forma y Soacutecrates en seguida comienza una nueva viacutea de argumentacioacuten Por lsquoamigosrsquo y lsquoenemigosrsquo Polemarco quiere sentildealar a aque-llos que a nosotros nos parecen (τοὺς δοκοῦντας) buenos y malos no aque-llos que lo son (τοὺς ὄντας) Pero como a menudo los hombres malos nos parecen buenos y los buenos malos la justicia a menudo consistiraacute en benefi-ciar a hombres malos y en dantildear a hombres buenos es decir en ser injustos con aquellos que no lo son o a la inversa si rehusamos aceptar esta conclu-sioacuten y sostener que es justo el beneficiar al justo y el perjudicar al injusto a

123 La consideracioacuten de la justicia como un arte (τέχνη) recuerda un punto de vista tiacutepicamente socraacutetico

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menudo seraacute justo perjudicar a amigos y beneficiar a enemigos a saber cuando nuestros amigos son malos y nuestros enemigos buenos (334c-334e)

Polemarco en seguida rectifica su explicacioacuten de lsquoamigorsquo y lsquoenemigorsquo en lsquoel que a la vez parece y es buenorsquo y lsquoel que a la vez parece y es malorsquo y ahora viene la definicioacuten lsquoes justo el beneficiar al amigo si eacutel es bueno y da-ntildear al enemigo si eacutel es malorsquo (335a)124

Hecha esta correccioacuten a la definicioacuten Soacutecrates le dirige a continuacioacuten la palabra Eacutel prueba primero por analogiacutea con las otras artes que el perjudicar a un ser humano es hacerlo peor respecto a la excelencia humana (εἰς τὴν ἀνθρωπείαν ἀρετὴν) es decir la justicia en otras palabras hacerlo maacutes in-justo y despueacutes por medio de un razonamiento similar de afinidad prueba que nadie puede ser hecho maacutes injusto por alguien que es justo125 El dicho de Simoacutenides si Polemarco lo ha explicado correctamente era maacutes digno de un tirano que de eacutel (335a-336a)126

336a-337b Presentacioacuten de Trasiacutemaco Su airada reaccioacuten al meacutetodo so-

craacutetico de preguntas Se ha levantado como una fiera llenando de temor a Polemarco y a Soacutecrates Piensa que Soacutecrates estaacute persuadido de que es maacutes faacutecil preguntar que contestar por lo que debe eacutel ahora contestar queacute entiende por justo

337a-339b Luego de alguacuten altercado Trasiacutemaco declara finalmente que

la justicia es lsquoel intereacutes (τὸ συμφέρον)127 del maacutes fuertersquo Los gobernantes son maacutes fuertes que aquellos a quienes ellos gobiernan y en cada estado hacen

124 Las ambiguumledades de esta definicioacuten seraacuten a continuacioacuten expuestas por Soacutecra-tes pero Polemarco ha representado bien su papel a saber el de dar a conocer ldquoel agudo diagnoacutestico de Platoacuten de los peligros a los que puede conducir en la praacutectica una comprensioacuten lsquopoliacuteticarsquo o lsquociacutevicarsquo de la justiciardquo (K Lycos op cit pg 37) 125 Soacutecrates afirma ldquoNo es por tanto iexcloh Polemarco obra propia del justo el hacer dantildeo ni a su amigo ni a otro alguno sino de su contrario el injustordquo (335 d) y agrega como conclusioacuten de este importante paacuterrafo ldquopues que ni lo justo ni la justicia se nos muestran asiacute iquestqueacute otra cosa diremos que es ellordquo (336a) A continuacioacuten viene la furiosa reaccioacuten de Trasiacutemaco contra el meacutetodo de investigacioacuten de Soacutecrates 126 Polemarco ha realizado una suerte de identificacioacuten entre la justicia y el poder social con ello se dificulta la comprensioacuten de la justicia como una virtud que hace mejor al ser humano 127 En el sentido de lsquoprovecho utilidad gananciarsquo

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aprobar leyes en su propio intereacutes y lo que se hace en su propio intereacutes a eso llaman justo128

339b-341a Ahora que se ha explicado el significado de la definicioacuten Soacute-

crates procede a atacarla Incluso si se asume que los gobernantes buscan su propio beneficio aun asiacute ellos a menudo yerran y promulgan leyes que son perjudiciales para ellos mismos por consiguiente asiacute como es justo para los suacutebditos el obedecer a sus gobernantes la justicia consistiraacute algunas veces en hacer lo inconveniente para el maacutes fuerte Soacutecrates reitera esta objecioacuten y es apoyado por Polemarco Clitofonte por su parte insiste en que lo que Trasiacute-maco quiso decir fue que lsquoel intereacutes del maacutes fuertersquo era lo que el maacutes fuerte pensaba que era para su propio intereacutes lo justo era hacer lo ordenado por los gobernantes y esto correcta o erroacuteneamente el maacutes fuerte suponiacutea que le conveniacutea Trasiacutemaco rehusa valerse de esta indicacioacuten y explica que estric-tamente hablando los gobernantes en cuanto que gobernantes no pueden errar Eacutel apoya esta declaracioacuten argumentando a partir de la analogiacutea con los meacutedicos y otros alegando que su concesioacuten anterior fue solo una manera po-pular de expresar el hecho de que los gobernantes parecen errar Por consi-guiente la definicioacuten original fue estrictamente correcta Justicia es el intereacutes del maacutes fuerte puesto que los gobernantes hacen leyes en su propio prove-cho y en cuanto que gobernantes son infalibles

341a-342e Soacutecrates ahora se enfrenta con Trasiacutemaco en su propio te-

rreno y ataca su definicioacuten conforme a lsquola forma maacutes estrictarsquo de argumento Eacutel muestra por analogiacutea129 que cada gobernante en cuanto gobernante busca el bien de aquellos que gobierna puesto que cada arte aspira al bien de su

128 Se presentan por primera vez los aspectos poliacuteticos de la justicia (ver Leyes 714c ss) ldquoTenemos motivos por consiguiente para suponer que la definicioacuten que Platoacuten pone en boca de Trasiacutemaco representa una teoriacutea corriente en la poliacutetica del mo-mentordquo (J Adam pg 25) En ese sentido es probable que Platoacuten quiera presentar aquiacute a Trasiacutemaco como ldquoel portavoz del realismo poliacutetico llevado hasta sus uacuteltimas consecuenciasrdquo (Jacqueline Bordes Politeia dans la penseacutee grecque jusquagrave Aristote Pariacutes 1982 pg 251) Realismo significa aquiacute en liacuteneas generales relativismo 129 Se dice aquiacute lsquoanalogiacutearsquo del razonamiento aquella en que las relaciones o las se-mejanzas son deducidas de otras que son conocidas u observadas

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ocupacioacuten u objeto propio y peculiar y no a su propia conveniencia pues en cuanto arte nada le falta

343a-344c Trasiacutemaco con gran insolencia de tono abandona ahora su

punto de vista idealista y toma un ejemplo de la experiencia El pastor en realidad no busca el bien de su rebantildeo sino que lo engorda para su ventaja propia o la de su amo De manera parecida el gobernante digno de su nom-bre aspira a su propia ventaja Justicia es lsquoel bien de otros hombresrsquo (ἀλλότριον ἀγαθόν) mientras que injusticia es el suyo propio al hombre justo le va peor que al injusto en todas partes en asuntos comerciales y en poliacutetica Que es de utilidad mucho mayor el ser injusto que justo se puede ver del caso de los tiranos que representan la injusticia en su forma maacutes per-fecta Todos los hombres los envidian Finalmente Trasiacutemaco reitera su teoriacutea original con la observacioacuten de que la injusticia en una escala suficientemente grande es al mismo tiempo maacutes fuerte maacutes digna de un hombre libre y maacutes perfecta y sentildeorial que la justicia

344d-347e La contestacioacuten de Soacutecrates se divide en tres partes En la

primera (344d-347e) luego de expresar enfaacuteticamente su desacuerdo con los puntos de vista de Trasiacutemaco y de protestar contra la retractacioacuten del sofista (en el ejemplo del pastor y sus ovejas) de la doctrina de que todo gobernante busca el bien de sus suacutebditos Soacutecrates vuelve a la forma maacutes estricta de razo-namiento a que Trasiacutemaco le habiacutea previamente desafiado sentildeala que no hay gobernante propiamente asiacute llamado que gobierne gustosamente ellos re-quieren sueldos Cuando alguacuten tipo de dominio por ejemplo un arte es ejer-cido en ventaja del que lo gobierna el beneficio viene de la operacioacuten concu-rrente del lsquoarte de obtener gananciasrsquo y no del gobierno mismo La medicina proporciona salud el arte de las ganancias el sueldo que le acompantildea el doc-tor obtiene sus honorarios no en cuanto doctor sino en cuanto receptor de su sueldo

Asiacute no es el gobernante en cuanto gobernante sino los suacutebditos como

ya se dijo los que cosechan el beneficio El sueldo que induce a un hombre a gobernar puede ser el dinero o el honor o la perspectiva de un castigo si

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rehusara La multa maacutes eficaz en el caso de las mejores naturalezas es la perspectiva de ser gobernados por hombres peores que ellos mismos En una ciudad de hombres buenos estar libre de cargos seriacutea buscado con tanto an-helo como lo es ahora el cargo mismo130 Con esto termina por ahora la refu-tacioacuten de la teoriacutea de que la justicia es el intereacutes del maacutes fuerte Soacutecrates pro-mete reanudar el tema en otra ocasioacuten

347e-348b Introduccioacuten a la segunda parte de la respuesta de Soacutecrates a

Trasiacutemaco Deciden el procedimiento a seguir en la discusioacuten que seraacute me-diante un examen con mutuas aceptaciones en que ellos mismos seraacuten a la vez jueces y oradores

348b-350c Trasiacutemaco identifica ahora a la justicia con la simplicidad

(εὐήθειαν)131 la injusticia con la discrecioacuten (εὐβουλίαν)132 La injusticia eacutel la atribuye a la virtud (ἀρετῆς) y a la sabiduriacutea (σοφίας) la justicia a sus opuestos Eacutel luego declara que la injusticia es fuerte y hermosa y estaacute prepa-rado para afirmar de ella todo lo que usualmente se predica de la justicia (348b-349b)

Soacutecrates entonces comienza una refutacioacuten muy sutil recurriendo a la afirmacioacuten de que la injusticia es virtud y sabiduriacutea (349b-350c)

(1) El hombre justo hace lo posible por sacar ventaja133 del injusto pero no del justo el hombre injusto saca ventaja del justo y del injusto Por consi-guiente generalmente el hombre justo se esfuerza por sacar ventaja del de-semejante el hombre injusto en sacar ventaja tanto del semejante como del desemejante Ademaacutes el injusto por ser sabio y bueno se asemeja al sabio y

130 Es una suerte de principio en la ciudad ideal el que los mejores se hallen poco dispuestos a ocuparse en tareas de gobierno y se resistan a abandonar una vida de contemplacioacuten 131 Cada uno de los interlocutores querraacute usar el vocablo con matices diferentes Su sentido maacutes baacutesico puede ser el de lsquocandidez inocenciarsquo o si se quiere lsquoingenuidadrsquo J Adam lo interpreta como lsquosimplicidadrsquo 132 ldquoεὐβουλία lteubouliacutea gt era preeminentemente una virtud poliacuteticardquo J Adam pg 49 133 El verbo πλεονεκτεῖν (pleonekteicircn) encierra el sentido baacutesico de lsquoser codiciosorsquo aquiacute he preferido el significado de lsquosacar ventajarsquo al de lsquoengantildearrsquo overreach de Adam Indudablemente que ambos sentidos estaacuten presentes en el verbo griego

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bueno mientras que el justo por ser ignorante y malo se parece al ignorante y malo en una palabra cada cual es como aquellos a quienes se parece

(2) Por otra parte a partir de la analogiacutea de las artes se ve que el que conoce trata de sacar ventaja del desemejante mientras que el ignorante trata de sacar ventaja tanto del semejante como del desemejante Pero el hombre que sabe es sabio y el sabio es bueno podemos por consiguiente substituir en la uacuteltima frase lsquohombre sabio y buenorsquo por lsquoel hombre que sabersquo e lsquoigno-rante y malorsquo por lsquoignorantersquo Comparando entonces las conclusiones (1) y (2) vemos que los justos son como los sabios y buenos esto es son sabios y buenos (puesto que ellos son tal como aquellos a quienes ellos se asemejan) mientras que los injustos de manera semejante son ignorantes y malos Asiacute se refuta la tesis de que la injusticia es virtud y sabiduriacutea

350c-352d Ahora Soacutecrates ataca la segunda afirmacioacuten hecha por Tra-

siacutemaco en 349a a saber que la injusticia es fuerte La justicia (argumenta eacutel) es maacutes fuerte que la injusticia tanto porque ella es (como hemos visto) virtud y sabiduriacutea como porque ella es en sus efectos la antiacutetesis de la injusticia que infunde odiosidad y sedicioacuten a la vez entre conjuntos de individuos co-mo en el individuo mismo134 La injusticia debilita al impedir la accioacuten comu-nitaria hace a los hombre colectiva e individualmente odiosos a siacute mismos y a los justos entre los que estaacuten los dioses Cuando la injusticia parece ser fuer-te lo es en virtud de una justicia latente que ella todaviacutea retiene

352d-354c Aquiacute el argumento vuelve a 347e y el resto del libro ofrece

una refutacioacuten directa de la opinioacuten de que la injusticia es maacutes ventajosa que la justicia en otras palabras que la vida del hombre injusto es mejor que la del justo Una refutacioacuten indirecta dice Soacutecrates es proporcionada por la dis-cusioacuten reciente (de 348b a 352d) la directa es como sigue Todo tiene tiene su operacioacuten peculiar o producto (ἔργον) mdasheso que especialmente eacutel solo pro-

134 Al contrario de la injusticia que produce disensioacuten ldquola justicia proporciona concordia y amistadrdquo (351 d) La lsquoconcordiarsquo (ὁμόνια) y la lsquoamistadrsquo (φιλία) se re-fuerzan mutuamente

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duce mejor que cualquier otra cosa135 Todo ademaacutes tiene su propia y pecu-liar excelencia (ἀρετή) sin la que no podraacute hacer bien su trabajo136

Ahora bien la operacioacuten del alma es preocuparse (ἐπιμελεῖσθαι) go-

bernar (ἄρχειν) deliberar (βουλεύεσθαι) vivir (ζῆν) su excelencia es la jus-ticia Por consiguiente el alma justa viviraacute bien y el que vive bien es feliz y dichoso Y como esto es maacutes ventajoso que ser miserable la injusticia (ἀδικία) jamaacutes puede ser maacutes ventajosa que la justicia (δικαισύνη) En conclusioacuten Soacute-crates resume con cierto pesar en tanto que no conozcamos lo que es la justi-cia es difiacutecil que se sepa si es una virtud o un vicio y si su posesor es feliz (εὐδαίμων) o infeliz137

Libro segundo 357a-358e Soacutecrates pensaba que la conversacioacuten habiacutea concluido pero

Glaucoacuten revive la teoriacutea de Trasiacutemaco Se ponen de acuerdo acerca de una clasificacioacuten triple de bienes Los bienes son deseables ya sea (1) por siacute mis-mos o (2) a la vez por siacute mismos y por sus consecuencias o (3) solo por sus consecuencias La justicia es colocada por Soacutecrates en la segunda y maacutes noble de esas tres clases Glaucoacuten por su parte afirma que la mayoriacutea lo coloca en el tercero y propone defender la creencia de la mayoriacutea no como sostenieacuten-

135 Este ha de ser uno de los principios fundamentales de la estructura poliacutetica de toda la Repuacuteblica (cf II 369e ss) 136 ldquoPlato explains virtue as excellence in a particular function or role (ergon) (R 353b2-d1) and his explanation matches the normal use of lsquoaretendashmdashrsquo Dogs horses athletes can all be good or bad possess or lack a virtue in so far as they are good or bad at what is expected of them in their particular role (R 335b6-c2) However So-crates is interested in one subset of virtues those of his short list Unlike other aretai these are particularly humanrdquo (T Irwin Platos Moral Theory Oxford 1982 lt1977gt pg 14) 137 T Irwin (op cit pg 180) se pregunta si Platoacuten acepta realmente los argumentos de Soacutecrates en el libro I responde que ciertamente eacutel acepta algunas de las conclu-siones (1) que la justicia beneficia al hombre justo (2) que el hombre justo beneficia a otros (3) que a los hombres justos no les gusta gobernar pero gobernaraacuten bien (347d 1-6) y que la justicia es la virtud del alma ldquoEstas conclusiones dice son de-fendidas posteriormente en la Repuacuteblica pero con argumentos diferentesrdquo

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dola eacutel por siacute mismo sino para forzar a Soacutecrates a defender la justicia y con-denar la injusticia consideradas por sus propios meacuteritos en siacute mismas Eacutel piensa que Trasiacutemaco se ha dado por vencido demasiado pronto

358e-359b Glaucoacuten describiraacute primero el origen y la naturaleza de la

justicia de acuerdo con la teoriacutea que eacutel se ha propuesto sostener De acuerdo con la naturaleza (πεφυκέναι) cometer injusticia (ἀδικεῖν) es un bien sufrir injusticia (ἀδικεῖσθαι) un mal138 Pero como hay maacutes mal en sufrir injusticia que bien en cometerla la experiencia hace a los hombres el decidirse a esta-blecer leyes (νόμους) y pactos (συνθήκας) mutuos de no cometer y de no sufrir injusticia A las prescripciones colectivas de este pacto se llama ley y justicia Justicia es de consiguiente un compromiso entre el mejor curso de accioacuten es decir causar perjuicio sin incurrir en ninguna pena139 y el peor es decir sufrir perjuicio sin poder imponer un castigo retributivo140 No aceptaraacute el compromiso quien sea suficientemente fuerte como para hacer perjuicio141 con buen eacutexito

359b-360d En segundo lugar mdashprecisa Glaucoacutenmdash nadie es voluntaria-

mente justo Demos al justo y al injusto el poder maacutes pleno para ejercer su voluntad aseguraacutendolos contra todo tipo de consecuencias perniciosas deacute-mosles la facultad de hacerse invisibles como la que Giges poseiacutea a traveacutes de su anillo y el justo mostraraacute que no es mejor que el injusto142 Si con este po-

138 Seraacute importante tener en cuenta la comparacioacuten constante que se hace entre el sentido activo de adikeicircn ldquocometer injusticiardquo y el pasivo adikeicircsthai ldquosufrir o pade-cer injusticiardquo 139 ἐὰν ἀδικῶν μὴ διδῷ δίκην ldquoque no sufra castigo quien cometa injusticiardquo (359a) 140 ἐὰν ἀδικούμενος τιμωρεῖσθαι ἀδύνατος ᾖ ldquoque quien padezca injusticia sea incapaz de vengarserdquo (ibid) 141 lsquocometer injusticiarsquo 142 ldquoPara mostrar porqueacute la teoriacutea del contrato no proporciona una buena razoacuten para ser justo Glaucoacuten introduce el anillo de Giges que elimina las consecuencias artificiales de la accioacuten injusta quien acepta la teoriacutea del contrato usaraacute el anillo de Giges si es sabio (359b6-c6 360c6-d2)rdquo (T Irwin op cit pg 186) Pero Giges antildeade Irwin elimina solo las consecuencias artificiales de esa accioacuten injusta lo que en uacutel-timo teacutermino proporciona una buena razoacuten para rehusar el anillo ldquoy persistir en la justicia por sus buenas consecuencias naturalesrdquo Esto es asiacute no obstante que Glau-coacuten mdashseguacuten afirma nuestro autormdash estaacute auacuten en la razoacuten al decir que un partidario

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der de ocultarse a siacute mismo el hombre justo todaviacutea rehusa actuar injusta-mente no hay duda que los hombres lo elogiariacutean abiertamente pero en se-creto lo juzgariacutean totalmente miserable y necio

360d-362c En tercer lugar la vida del injusto mdashseguacuten nuestra teoriacuteamdash

es mucho mejor que la del justo Supongamos a cada uno de estos la personi-ficacioacuten perfecta de su tipo el uno es un artista consumado en iniquidad ca-paz de apremiar cuando es necesario y listo al mismo tiempo en simular dis-frutando de la maacutes alta reputacioacuten de justo mientras es culpable de los actos peores de injusticia el otro en cambio deseoso no de ser estimado bueno sino de serlo afanaacutendose hasta la muerte bajo la imputacioacuten de la peor injus-ticia aunque eacutel permanece justo Solo por medio de esta suposicioacuten podemos asegurarnos de que el justo no ha sido atraiacutedo por las recompensas de la jus-ticia sino por la justicia misma iquestCuaacutel seraacute el resultado El justo seraacute todo un miserable y fracasado el injusto enteramente proacutespero y feliz haciendo el bien a sus amigos y el mal a sus enemigos incluso maacutes el injusto seraacute maacutes querido a los dioses que el justo porque tiene con queacute ganar sus favores

362c-363e En este punto Glaucoacuten cede el paso a Adimanto Glaucoacuten

habiacutea sostenido la superioridad de la injusticia Adimanto apoyaraacute la misma tesis explicando el argumento usualmente propuesto en favor de la justicia En primer lugar cuando los padres y amigos exhortan al joven a seguir la justicia ellos no alaban a la justicia misma sino las recompensas que la justi-cia se granjea de hombres y dioses Homero y Hesiacuteodo describen los benefi-cios que se derivan de la justicia en la vida presente mientras que Museo y su hijo aseguran a sus devotos una bienaventuranza sensual en la vida futura y otros prometen al hombre piadoso una larga liacutenea de descendientes pero re-legan al malvado al castigo despueacutes de la muerte y a la impopularidad du-rante la vida

de la teoriacutea del contrato usaraacute el anillo de Giges y ldquoaunque su uso seraacute maacutes restrin-gido de lo que Glaucoacuten declara lo seraacute suficientemente frecuente como para mos-trar que una teoriacutea Humeana que apela en favor del sistema de justicia a causa de las malas consecuencias de la accioacuten injusta no proporciona razones para ser justordquo A Ophir (Platos Invisible Cities London 1991 pgs 42-43) en su anaacutelisis del tema afirma ldquoEl mito de Giges es una historia de distinciones desdibujadas y de liacuteneas de demarcacioacuten violadasrdquo

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363e-365a En segundo lugar mdashcontinuacutea Adimantomdash tanto por los poe-

tas como en la vida privada la virtud es calificada de honorable pero difiacutecil el vicio de faacutecil y vergonzoso solo por convencioacuten (νόμῳ) La injusticia dicen los hombres es el mejor curso de accioacuten ellos admiran al rico vicioso y des-precian al pobre virtuoso Lo maacutes sorprendente de todo a los dioses mismos se les considera a veces benignos con el malvado y poco amables con el bueno y hay adivinos que pretenden tener el poder de parte de los dioses de purificar al injusto con sacrificios o conjuros realizados festivamente y se comprometen a dantildear a los enemigos por un gasto insignificante de dinero En apoyo de tal doctrina ellos citan a los poetas Hesiacuteodo por ejemplo y Homero Hay asimismo libros que contienen foacutermulas de sacrificios con cuya utilizacioacuten los hombres estaacuten convencidos de que sus faltas pueden ser per-donadas tanto en vida como despueacutes de la muerte

365a-367e Finalmente iquestcuaacutel es el efecto en las almas de los joacutevenes Joacute-

venes bien dotados son animados a practicar la injusticia mientras fingiendo exteriormente ser justos Para evitar ser descubiertos por sus compantildeeros ellos forman asociaciones poliacuteticas y emplean la persuasioacuten y la fuerza Se pueden permitir ignorar a los dioses porque o no hay dioses o estos no se ocupan del hombre o mdashseguacuten aquellos que son las solas autoridades en lo que respecta a su existenciamdash se los puede aplacar con los ingresos de la in-justicia Hay ritos especiales y dioses que nos pueden librar del castigo des-pueacutes de la muerte eso dicen los propios hijos de los dioses143 Los argumen-tos en favor de la injusticia son tan fuertes que incluso aquellos que pueden refutarlos son indulgentes y admiten que nadie es justo voluntariamente144 excepto por una innata disposicioacuten virtuosa o por conocimiento cientiacutefico

Depende de ti Soacutecrates mdashdice Adimantomdash ahora por la primera vez

elogiar a la justicia y censurar a la injusticia en siacute y por siacute misma (αὐτὴ δ᾽

143 Como seguacuten el razonamiento es el caso de Orfeo y Museo 144 En el relato de Giges Glaucoacuten habiacutea afirmado (II 360c) que ldquonadie es justo de propia voluntad a menos que esteacute obligado a serlordquo (ὅτι οὐδεὶς ἑκὼν δίκαιος ἀλλ᾽ ἀναγκαζόμενος) ahora se vuelve a repetir dando razones parecidas aunque maacutes especiacuteficas A ello Soacutecrates ha de oponer nadie es injusto voluntariamente

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αὐτὴν) aparte de sus elementos accesorios Incluso maacutes debes asignar a cada cual la reputacioacuten de que goza la otra y no mostrarnos meramente que la jus-ticia es mejor que la injusticia Cueacutentanos queacute efectos producen ellas separa-damente en sus posesores a consecuencia de lo cual el uno es bueno el otro malo145

367e-369b En un corto interludio Soacutecrates luego de felicitar a Glaucoacuten

y Adimanto hace algunas observaciones acerca de la magnitud de la tarea que tiene por delante nada menos que la defensa de la justicia contra sus di-famadores Como los de corta vista son maacutes capaces de reconocer las letras pequentildeas de lejos si han estudiado previamente las mismas letras reproduci-das en tamantildeo mayor y sobre un fondo maacutes amplio asiacute mdashdice Soacutecratesmdash estudiemos la justicia en un objeto mayor esto es en las ciudades146 y des-pueacutes buscar sus rasgos distintivos en un objeto menor en otras palabras en el individuo La contemplacioacuten (θεασαίεθα) de una ciudad en proceso de crea-cioacuten nos mostraraacute coacutemo surge con ella la justicia y la injusticia147

145 Si se hubiera interrogado a Platoacutenmdash-piensa J D Mabbott (ldquoIs Platos Republic Utilitarianrdquo en Plato II Ethics Politics and Philosophy of Art and Religion Ed by G Vlastos New York 197 (57-65) de si eacutel quiso sentildealar que un hombre que posee la justicia en su alma posee tambieacuten como consecuencia natural la felicidad por cuya sola razoacuten valiacutea la pena ser justo Platoacuten habriacutea rechazado tal interpretacioacuten Lo que la justicia hace es volver armoniosa al alma y su armoniacutea es la justicia y no una con-secuencia de ella De ahiacute que seguacuten dice Mabbott ldquoSoacutecrates tiene que mostrar que la justicia es buena tanto en siacute misma como en sus consecuenciasrdquo (ibid pg 60) 146 Que equivale a decir en los estados que ellas constituyen Se trata de un paso metodoloacutegico importante se estudiaraacute primero la justicia en la ciudad para luego examinar la justicia del individuo Este sistema de investigacioacuten se constituye de aquiacute en adelante en una de las caracteriacutesticas maacutes constantes de toda la obra Esto trae como consecuencia que haya una estrecha analogiacutea entre las sociedad y el indi-viduo 147 La investigacioacuten acerca de la poliacutetica se hace inseparable del estudio antropoloacute-gico que en Platoacuten es fundamentalmente un saber acerca del alma humana Bien dice J G Gunnell ldquostate and soul are inseparablerdquo (Political Philosophy and Time Plato and the Origins of Political Vision ChicagoLondon 1987 lt1968gt pg 153) Se establece asiacute claramente que el estado ldquoencuentra su origen en las necesidades del hombre y el auge y la caiacuteda del orden social es un problema del tiempo humano o de la historiardquo (ibid) Se asienta por lo demaacutes en este punto del texto el meacutetodo de acuerdo con el cual se va a proceder en el resto de la obra con excepcioacuten de los li-bros V-VII los que como afirma J Adam ldquoare professedly a lsquodigressionrsquordquo y el libro X ldquowhich is of the nature of an epiloguerdquo (pg 91)

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369b-372d El primer bosquejo de una ciudad-estado148 La ciudad surge a la vida a raiacutez de que el individuo no es auto-

suficiente149 Podemos considerarla como la unioacuten de muchos individuos que se ayudan mutuamente uno al otro en un lugar (εἰς μίαν οἴκησιν) El indivi-duo da y toma porque piensa que es mejor para eacutel hacerlo asiacute

Ahora bien la primera necesidad del hombre es el alimento la segunda la habitacioacuten la tercera el vestuario y cosas parecidas150 El estado maacutes pe-quentildeo posible consistiraacute por consiguiente en un labrador un albantildeil un te-jedor un zapatero y alguacuten otro que atienda necesidades materiales cuatro o cinco en total Cada uno de estos debe trabajar para todos porque la natura-leza ha adaptado a hombres diferentes para diferentes tipos de trabajo y por-que cada tipo de trabajo tiene su momento criacutetico cuando hay que realizarlo sin desatenderlo Nuestro principio es un hombre un trabajo151 En conse-cuencia requeriremos carpinteros y herreros para hacer instrumentos para el labriego tejedor y zapatero asiacute como varios tipos de pastores para suminis-trar ganado para arar y transportar junto con pieles y lanas para el vestuario Ya que es casi imposible hacer la ciudad auto-suficiente requeriremos inter-mediarios para introducir mercanciacuteas y como las importaciones suponen ne-

148 La lsquoprimera ciudadrsquo de Platoacuten cuya descripcioacuten por momentos es iroacutenica ad-quiere el caraacutecter de fundamento sobre el que se construye la ciudad y de hecho ldquoaunque algunos de sus rasgos son impliacutecitamente corregidos o como consecuencia sustituidos auacuten permanece en general un cuadro simpaacutetico de la vida del estrato maacutes bajo en la ciudad de Platoacuten y en ninguna parte es expresamente suprimido o abolidordquo (J Adam pg 100) 149 Luego de haber hecho notar J Adam (pg 93) que el episodio presente es su-puestamente un relato histoacuterico de la generacioacuten de la sociedad (cf Leyes III 676a ss) considera que la atmoacutesfera que predomina no es histoacuterica o legendaria sino idealis-ta y deberiacutea verse la ciudad primordial de Platoacuten como ldquouna descripcioacuten preliminar y provisoria del fundamento industrial sobre el que han de descansar las partes maacutes elevadas de su propia ciudad idealrdquo 150 Ciertos lemas poliacuteticos deciacutean ldquopan techo y abrigordquo ciertamente un le ma muy platoacutenico 151 Una afirmacioacuten preliminar es que por el hecho de haber diferencias naturales entre los hombres nadie es por naturaleza exactamente igual a otro en consecuen-cia la diversidad del trabajo surge de las distinciones naturales entre los individuos Al mismo tiempo se desprende de aquiacute que el mejor modo de realizar ese trabajo es dedicaacutendose enteramente a eacutel Esto es en la ciudad cada cual debe realizar un solo trabajo no varios es un principio fundamental de la distribucioacuten del trabajo en la ciudad platoacutenica

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cesariamente exportaciones el nuacutemero de labriegos y artesanos en nuestra ciudad creceraacute y tendremos necesidad de comerciantes viajeros para colocar la produccioacuten y expertos en transporte mariacutetimo en caso que el comercio se realice por mar

Ademaacutes para facilitar el intercambio en el interior de la ciudad debe haber un mercado (ἀγορὰ) y moneda acuntildeada y comerciantes al detalle que actuacuteen como intermediarios entre el productor y el consumidor Los comer-ciantes detallistas deberiacutean ser aquellos que son incapaces fiacutesicamente de ocuparse en cualquiera otra ocupacioacuten Habraacute tambieacuten trabajadores asalaria-dos en nuestra ciudad152

iquestDoacutende estaacuten pues la justicia y la injusticia en tal repuacuteblica iquestJunto con queacute partes integrantes del estado hacen ellas su aparicioacuten Adimanto sugiere que deberiacuteamos buscarlas en las mutuas relaciones de las diversas categoriacuteas en la ciudad Examinemos el asunto dice Soacutecrates Los ciudadanos viviraacuten la vida simple y descuidada de vegetarianos satisfaciendo solo las modestas demandas de sus apetitos naturales A una indicacioacuten de Glaucoacuten se les con-cede unos pocos lujos vegetarianos adicionales

372d-373c Glaucoacuten protesta contra el caraacutecter cerduno de tal tipo de vi-

da piensa que se deberiacutea permitir mayor bienestar Mientras expresa su opi-nioacuten de que un estado saludable es tal como lo ha descrito Soacutecrates estaacute dis-puesto a describir una ciudad en estado de inflamacioacuten (φλεγμαίνουσα)153 pues examinaacutendola puede ser que se comprenda de queacute modo surgen la justicia y la injusticia (372d-372e)

El segundo bosquejo de una ciudad comienza ahora (372e ss)154 Algunos no estaraacuten satisfechos con las disposiciones de nuestra primera

ciudad y exigiraacuten una variedad de comodidades fiacutesicas y refinamientos y deleites artiacutesticos Una multitud de cazadores y artistas imitadores de diferen-tes tipos brotaraacuten de consiguiente y la estirpe de intermediarios se veraacute in-

152 Es decir que venden el empleo de su fuerza por un precio llamado salario 153 Es decir atacada por una infeccioacuten que la tiene hinchada 154 Es la lsquociudad purificadarsquo (cf J Adam pg 100) que representa la lsquosegunda ciu-dadrsquo (II 372e-IV) de Platoacuten (la lsquoprimerarsquo se habiacutea mostrado insuficiente para la satis-faccioacuten de las necesidades humanas baacutesicas)

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crementada grandemente Como una dieta de carne se pondraacute de moda ha-braacute demanda de porquerizos y se multiplicaraacute el ganado El nuevo estilo de vida pondraacute los doctores en circulacioacuten

373d-376c A consecuencia del aumento de poblacioacuten se requeriraacute maacutes

territorio Tendremos de consiguiente que apropiarnos de algo de la tierra de nuestro vecino exactamente como bajo similares condiciones ellos echaraacuten mano sobre la nuestra He aquiacute el origen de la guerra155 Las obligaciones de la guerra mdashseguacuten nuestro principio de la subdivisioacuten del trabajomdash nos com-prometeraacute con un ejeacutercito permanente de soldados profesionales o lsquoguardia-nesrsquo (τῶν φυλάκων)156 Ahora bien como la guerra exige no solo concentra-cioacuten y aplicacioacuten sino tambieacuten una cierta aptitud natural nuestros guardia-nes deben ser calificados por naturaleza para sus obligaciones es decir como perros de raza ellos deben ser agudos para percibir veloces para perseguir y fuertes en el combate efectivo Ellos deberiacutean tambieacuten ser valientes (ἀνδρεῖος)157 y animosos (θυμοειδὴς)158 pero gentiles (πρΏους) con sus con-ciudadanos y entre siacute Escasa es la conjuncioacuten de gentileza y aacutenimo en una misma naturaleza pero no es desconocida entre los hombres como no lo es entre los perros Nuestros guardianes deben ser de hecho filosoacuteficos (φιλόσοφοι) como los perros159 que es un verdadero filoacutesofo cuando discri-mina entre el amigo y el enemigo respectivamente por conocimiento y por

155 ldquoLa guerra entonces surge de la adquisicioacuten de territorio y riqueza cf Fedoacuten 66 C ldquodebido a la adquisicioacuten de riquezas surgen todas nuestras guerrasrdquo donde se le sigue el rastro a la guerra hasta llegar al cuerpo y sus deseos por cuya satisfaccioacuten buscamos multiplicar nuestras posesionesrdquo (J Adam pg 103) 156 Como recuerda J Adam (pg 105) es la primera aparicioacuten de φύλακες en el sen-tido teacutecnico que tiene en la Repuacuteblica El nombre incluye no sοlo a los soldados sino tambieacuten luego a los gobernantes 157 La valentiacutea (ἀνδρία) se constituiraacute en una de las virtudes cardinales de la Repuacute-blica Por ser una cualidad de guardianes se sentildeala especialmente el sentido de viri-lidad y coraje 158 Una cualidad propia del caballo (lsquofogosorsquo cf 375a-b) y de otros animales En el guardiaacuten revela las caracteriacutesticas de un aacutenimo (θυμός) intreacutepido e indomable ante el peligro 159 Probable alusioacuten a los ciacutenicos Ver J Adam pg 108

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ignorancia odiando al desconocido y acogiendo al conocido160 En resumen se exigiraacute que un guardiaacuten sea filosoacutefico animoso veloz y fuerte

376c-378e Consideremos a continuacioacuten coacutemo educar a nuestros futu-

ros guardianes la buacutesqueda puede ayudarnos a descubrir el origen de la jus-ticia y de la injusticia

Podemos aceptar la opinioacuten tradicional de que la educacioacuten (παιδεία) consiste en muacutesica (μουσική) o cultura del alma en gimnasia (γυμναστικήv) o cultura del cuerpo Se debe comenzar con la muacutesica antes que con la gimnasia Ahora bien la muacutesica incluye literatura (λόγοι) la que es verdadera o falsa (μύθους ψευδεῖς) Educaremos a nuestros nintildeos con lite-ratura falsa antes de ensentildearles la verdadera pero evitaremos todas las le-yendas que inculcan puntos de vista inconsistentes con aquellos que desea-mos que nuestros guardianes sostengan cuando adultos Debemos someter a censura (μέμφεσθαι)161 a los forjadores de leyendas (μυθοποιοῖς) y faacutebulas (μύθους) y rechazar a la mayoriacutea de nuestras actuales leyendas Caricaturas de los dioses como las historias sobre Cronos y Urano Zeus y Cronos no sοlo son falsas en siacute mismas sino que no deberiacutean incluso si fueran verdade-ras ser contadas a los nintildeos no sea que ellas engendren inhumanidad e im-piedad filial ni deberiacutean los nintildeos ser inducidos por la poesiacutea u otras artes imitativas a creer que los dioses rintildeen y luchan entre ellos Ninguacuten pretexto de un lsquosentido maacutes profundorsquo (ὑπόοια) puede justificar que se narren tales cuentos a los nintildeos porque los nintildeos no pueden distinguir el espiacuteritu de la letra y es muy difiacutecil borrar impresiones formadas a tan temprana edad

378e-380c En tanto que fundadores de una ciudad iquestcuaacuteles seraacuten los di-

sentildeos (τύπους) con que deberemos reproducir nuestras leyendas

160 Seguacuten J Adam (ibid) lsquoverdaderamente filoacutesoforsquo indica que lsquofiloacutesoforsquo debe to-marse en su sentido etimoloacutegico es decir lsquoamor del conocimientorsquo cf op cit pg 38 161 Esta forma de censura muy criticada por algunos que se toman demasiado en serio todos los aspectos de este proyecto de ciudad es en primer lugar una norma-tiva de tipo pedagoacutegico Sin embargo como en la ciudad es el estado el que educa a sus guardianes termina por ser tambieacuten una regulacioacuten poliacutetica

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(μύθους)162 Se deberiacutea representar a Dios tal como realmente es Ahora bien Dios es bueno y siendo bueno no puede ser la causa del mal163 eacutel es causa de poco para la raza humana pues el mal es mucho maacutes comuacuten en el mundo que el bien Esta es una de las reglas que nuestros poetas deben observar164 pero es violada constantemente por Homero y otros Jamaacutes debe decirse que la divinidad es causante de males y si se hace debe representarse como ac-ciones divinas en que el castigo redundoacute en beneficio del culpable

380d-383c En segundo lugar Dios es inmutable e incapaz de enga-

ntildear165 No cambia ya que eacutel es el mejor Lo que es mejor no puede ser cam-biado por otros y no cambiaraacute eacutel mismo porque solo puede cambiar lo que es peor Homero y otros poetas yerran al atribuir mutabilidad a los dioses Ni puede Dios engantildear pues la verdadera y genuina mentira es decir la igno-rancia de la verdad en el alma es odiosa del mismo modo a los dioses y a los hombres la mentira expresada con palabras que no es sino una imagen de la otra es admisible solamente cuando usada contra los enemigos o en favor de los amigos o para conferir a lo antiguo o lo desconocido una semblanza de realidad Dios no necesita mentir para ninguno de esos objetivos eacutel es por consiguiente absolutamente simple (ἁπλοῦν) y veraz (ἀληθὲς)166 Tambieacuten Homero y Esquilo desfiguran en este respecto la naturaleza divina

162 ldquoEn opinioacuten de Platoacuten refiere J Adam (pg 118) todas las leyes son solo moldes o perfiles (outlines ) dentro de los que deberiacutean conformarse nuestra accionesrdquo 163 En 380b se dice ldquoDeclarar que Dios (θεόν) que es bueno haya llegado a ser la causa de los padecimientos de alguien hay que combatirlo con todos los recursos a fin de que nadie haga estas declaraciones en su ciudad si se pretende establecer una buena legislacioacutenrdquo (trad de G Goacutemez Lasa) 164 En este paraacutegrafo se inicia una discusioacuten acerca de la theologiacutea (θεολογίας) que es la lsquociencia de las cosas divinasrsquo (LSJ) Es la uacutenica aparicioacuten de la palabra en toda la obra de Platoacuten siendo escaso el uso del teacutermino y maacutes propiamente tardiacuteo LSJ atestigua un uso plural en Aristoacuteteles junto a autores como Filodemo Filoacutesofo (s I a C) Porfirio (s III dC) y Yaacutemblico (s IV d C) En su forma philosophiacutea theologikeacute de-signa en Aristoacuteteles la filosofiacutea primera o metafiacutesica (cf Metafiacutesica 1026a 19) En nuestro texto se estaacuten asentando los lineamientos (τύποι) con que los fundadores de la ciudad han de evaluar la creacioacuten literaria en torno a las cosas divinas 165 Dos aspectos esenciales de la divinidad del primero se puede decir que es un principio de orden filosoacutefico (de la teologiacutea natural) y del segundo que es un postu-lado de toda religioacuten revelada 166 La lsquosimplicidadrsquo (ἁπλοῦν) de Dios estaacute indudablemente en correlacioacuten con su caraacutecter de inmutable (se habla maacutes especiacuteficamente de la ausencia en eacutel de cambio

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Libro tercero 386a-389a Estas son las doctrinas por medio de las que debemos fomen-

tar los sentimientos de piedad hacia los dioses y padres y la amistad mutua entre los ciudadanos

Para estimular la valentiacutea (ἀνδρείοι)167 necesitaremos a nuestros poetas para celebrar (ἐπαινεῖν) y no para desacreditar (λοιδορεῖν) la vida que nos espera despueacutes de la muerte de otra manera su poesiacutea seraacute no solamente falsa sino tambieacuten perjudicial a nuestros futuros soldados Homero aquiacute de nuevo se hace acreedor de censura168 Se debe descartar nombres que inspiran temor como el Cocito o la Estigia169 asiacute como las lamentaciones puestas en los labios de hombres famosos pues el hombre bueno no tiene razoacuten para lamentar la muerte de un buen camarada ya sea en razoacuten de este su camara-da o por causa de siacute mismo Homero viola estos caacutenones cuando representa a Aquiles y a Priacuteamo entregaacutendose a lamentaciones por sus muertos y auacuten maacutes cuando hace a los dioses incluso los maacutes grandes de los dioses rendirse a la afliccioacuten Ademaacutes como un excesivo regocijo es a propoacutesito para rebotar en el extremo opuesto nuestros joacutevenes no deben ser aficionados a reiacuter Ho-mero yerra al pintar a hombres buenos y a dioses como dominados por la risa

389b-392a Deberiacutea asignarse tambieacuten un gran valor a la verdad Se les

puede permitir a nuestros gobernantes la mentira medicinal en intereacutes del

y alteracioacuten 381b) por otra parte a su incapacidad de engantildear se antildeade su lsquoveraci-dadrsquo (ἀληθὲς) 167 Se tiene en vista principalemente como sentildeala J Adam (pg 130) el coraje en la guerra de ahiacute la importancia de remover el temor de la muerte 168 Las palabras de Platoacuten al establecer su censura son cuidadosas Luego de pasar revista a una serie de textos de la Iliacuteada y la Odisea Soacutecrates anuncia que les va a pedir a los poetas que le hagan el favor (ese es el sentido de paraiteacuteomai) ldquode no enojar-se si los tachamosrdquo (387b) y eso no por falta de calidad poeacutetica Luego usa una ex-presioacuten maacutes taxativa ldquoiquestHay que suprimirlos entoncesrdquo (dice Soacutecrates) ldquoSiacuterdquo le responden Estas supresiones afectan a estos poetas aparentemente en cuanto ele-mentos de ensentildeanza para los futuros guardianes de la ciudad no es propiamente una lsquocensurarsquo mdashcomo podriacutea serlo en nuestros diacuteasmdash a los medios de comunicacioacuten o a los artistas en cuanto tal Una cosa es el diario y otra el texto de estudio 169 Cuyos significados respectivos son ldquoriacuteo de gemidosrdquo y ldquoel aborreciblerdquo

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estado (ἐπ᾽ὠφελίᾳ τῆς πόλεως )170 pero todo otro que mienta seraacute castiga-do Mentir a los gobernantes es peor que mentir a un meacutedico acerca de la enfermedad

De no menos necesidad es el dominio de siacute mismo que capacitaraacute a

nuestros ciudadanos a obedecer a los gobernantes y a gobernar sus propios apetitos Homero a menudo representa heacuteroes y dioses que carecen de esta virtud como insubordinados glotones lascivos avaros inclinados a la ven-ganza y viles Esto resulta en el desaliento del joven por la virtud deseada y todas tales representaciones deben en consecuencia ser prohibidas que son a la vez impiacuteas y falsas

392c-394d Hemos ahora finalizado el examen de la materia temaacutetica171

de la poesiacutea y ahora tenemos a continuacioacuten que hablar de la forma de desa-rrollarlos172 Toda composicioacuten es en cierto sentido narrativa en la que se re-latan cosas pasadas presentes o futuras173 La narracioacuten en ese sentido puede ser o (1) simple y sin combinacioacuten (2) imitativa (3) a la vez simple e imitati-va Homero proporciona un ejemplo del tercer tipo su poesiacutea es puramente narrativa cuando eacutel estaacute hablando in propria persona es imitativa cuando po-ne sus palabras en boca de algunos de sus personajes La tragedia y la come-dia son ejemplos del estilo imitativo El mejor ejemplo del estilo puramente

170 La mentira (pseudos) en cuanto que medicamento (phaacutermakon) debe quedar re-servada a los meacutedicos o a sus equivalentes en el manejo del estado los gobernan-tes Seguacuten el testimonio de Platoacuten la medicina hipocraacutetica busca comprender la na-turaleza del cuerpo mediante la comprensioacuten de la naturaleza en su totalidad (Fedro 270c-d) 171 Es lo referente a los discursos o el tipo de narraciones (λόγων) 172 O del modo de decir (λέξεως) estos discursos 173 En relacioacuten con el tema de la lsquonarracioacutenrsquo o lsquoexposicioacutenrsquo (διήγησις) ver Eutid 275d Gorg 465e Fdr 246a 266e Tim 38e 48d Teet 142c

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narrativo es el ditirambo174 del tercero mdasho clase mixtamdash la eacutepica iquestCuaacutel de estas formas admitiremos y en queacute circunstancias175

394e-397d Nuestros guardianes no deben ser propensos a la imitacioacuten

(μιμητοκοὺς) Hemos estado de acuerdo en que un hombre no puede sino hacer bien una sola cosa y tampoco es posible para un solo hombre imitar dos cosas con acierto como podemos ver de los ejemplos especiales de la composicioacuten y la actuacioacuten poeacuteticas El uacutenico deber de nuestros guardianes es hacer y conservar libre la ciudad176 y si han de practicar alguacuten geacutenero de imi-tacioacuten sus modelos deben ser los apropiados para hombres libres es decir hombres de caraacutecter valeroso y virtuoso pues imitacioacuten significa asimila-cioacuten177 La poesiacutea dramaacutetica viola continuamente esta regla En general el hombre bueno no haraacute uso de la imitacioacuten excepto cuando se pone a narrar los dichos o hechos de seres virtuosos o alguacuten paso del vicio a la virtud o a veces por mero pasatiempo Su estilo de discurso combinaraacute una narrativa sencilla con imitacioacuten pero usaraacute esta uacuteltima con parquedad mientras que el malo estaraacute maacutes a menudo por imitar que por narrar y ninguacuten tipo de imita-cioacuten le vendraacute mal Con respecto al modo y al tiempo el lenguaje de la virtud seraacute praacutecticamente invariable mientras que el del vicio variado

174 El ditirambo fue en sus inicios una cancioacuten coral en honor de Dioniso aunque sus temas fueron muy variados predominoacute en alguacuten momento un elemento narra-tivo que es a lo que alude aquiacute Platoacuten 175 Platoacuten no olvida el objetivo fundamental de la criacutetica a los poetas que consiste en saber queacute se ha de admitir y queacute se ha de rechazar en el sistema educacional de la ciudad 176 La expresioacuten ldquoartesanos muy rigurosos de la libertad de la ciudadrdquo (395b-c) mdashque a J Adam le parece artificial y un tanto forzadamdash puede que aluda aquiacute al do-ble sentido que la palabra artesano demiourgoacutes tiene en griego y en especial en el contexto poliacutetico del asunto En efecto demiuogoacutes no solo significa lsquoartesanorsquo sino tambieacuten en muchas ciudades griegas el tiacutetulo de un magistrado lo que unido al sen-tido muy platoacutenico de artesano divino creador productor (cf Tim) confiere al giro en el presente texto seguacuten mi opinioacuten una significacioacuten interesante aunque poco usual 177 En 395d se afirma ldquoO no te has dado cuenta de que cuando las imitaciones (μιμήσεις) se llevan a cabo por mucho tiempo desde la infancia a traveacutes del cuerpo de la voz y del pensamiento se trasladan a las costumbres y al caraacutecterrdquo (trad de G Goacutemez L)

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397d-398b Admitiremos en consecuencia solo aquel estilo que imite el modo de hablar del hombre bueno178 Las variedades mixta y mimeacutetica no armonizan con la ciudad pues el caraacutecter de nuestros ciudadanos es simple y consistente Aquellos poetas que rehusen conformarse con estas reglas los deberiacuteamos despedir (ἀποπέμποιμεν) con saludos y coronados a otra ciu-dad179

398c-399e Tenemos que tratar ahora acerca de la poesiacutea liacuterica180 Hay

tres factores incluidos en el canto las palabras un cierto modo musical y un cierto movimiento o tiempo181 Nuestras regulaciones acerca de la palabras cuando no acompantildeadas de muacutesica se aplican igualmente a las palabras cuando cantadas y el modo musical y el tiempo se deben acomodar a las pa-labras Ahora bien nosotros proscribimos todas las lamentaciones en nuestra ciudad de modo que debemos excluir los modos luacutegubres y aquellos que son relajantes en sus efectos deben rechazarse por motivos semejantes En suma retendremos dos modos y no maacutes uno para imitar las expresiones de un hombre valeroso en tiempos de esfuerzo y tensioacuten el otro para imitar sus expresiones en periacuteodos de paz y calma182 Trataremos igualmente acerca de instrumentos de muacutesica prohibiendo todos aquellos que se prestan para una variedad de modos Asiacute es como purificamos nuestra lsquolujosa ciudadrsquo (τρυφᾶν πόλιν)

399e-401a Continuemos ahora la purificacioacuten de nuestra ciudad asen-

tando las normas para el ritmo y el tiempo Nuestro ritmo no debe ser ni va-

178 τοῦ ἐπιεικοῦς podriacutea interpretarse tambieacuten (por la coincidencia del geacutenero masculino y el neutro) ldquode lo buenordquo mdashasiacute Paboacuten-Fernaacutendez Galianomdash pero parece claro que se trata de lsquopersonajesrsquo buenos de la literatura maacutes especiacuteficamente se trata del ldquohombre virtuosordquo (G Goacutemez Lasa) Este hombre bueno como refiere J Adam se dice de la forma de hablar del lsquohombre buenorsquo (pg 153) 179 Por tratarse de una ciudad en proyecto el asunto parece focalizarse en no consi-derar en los planes de la ciudad emergente la presencia de tales imitadores mdashcomo si dijeramdash lsquolo sentimos mucho los trataremos como a divinidades en traacutensito pero no los vamos a considerar como ciudadanos nuestrosrsquo 180 Se trata seguacuten el texto ldquodel caraacutecter del canto y de la melodiacuteardquo 181 El texto dice literalmente ldquopalabra armoniacutea y ritmordquo (389d) 182 Son claramente regulaciones para guardianes en especial en su aspecto militar

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riado ni muacuteltiple pues tanto el tiempo como la melodiacutea se deberiacutean acomo-dar a las palabras y no al reveacutes Se estaacute de acuerdo en que hay ciertos ritmos que expresan sobriedad y coraje Estos son los uacutenicos que seraacuten admitidos en nuestra ciudad En cuanto a situaciones especiacuteficas Damon nos ayudaraacute a decidir183 pero podemos enunciar nosotros mismos el principio general El ritmo y el modo reflejan el estilo y el estilo expresa el caraacutecter Es para pro-mover el desarrollo del caraacutecter que requeriremos joacutevenes para perseguir lo bello tanto a traveacutes de los reinos del arte como de la naturaleza

401a-403c No solo los poetas deben conformarse a estos caacutenones sino

tambieacuten otros artistas No seraacuten admitidos artistas salvo solo aquellos capa-ces de rastrear la naturaleza de lo bello e inducir a nuestros nintildeos incluso en sus antildeos maacutes tiernos a una armoniacutea inconsciente con la belleza de la razoacuten184 El valor de la preparacioacuten musical estaacute en su poder peculiar de comunicar gracia y belleza en el alma Habilita al principiante a discriminar entre lo agraciado y lo feo en otras esferas admitiendo solo lo que es hermoso y ho-norable al principio en forma instintiva pero despueacutes cuando adviene la razoacuten con la maacutes completa conciencia y alegre reconocimiento de la belleza con la que eacutel mismo estaacute emparentado Nadie estaacute realmente instruido con la cultura musical en tanto no pueda reconocer las formas (τὰ εἴδη) originales de la virtud donde sea que ellas se encuentren asiacute como sus imaacutegenes (εἰκόνας) en todas partes Una tal persona amaraacute en el maacutes alto grado la unioacuten de un alma bella con belleza fiacutesica pero dejaraacute que la belleza interior aplaque en parte el defecto externo y su pasioacuten se hallaraacute pura de la infeccioacuten

183 Damon es uno de los primeros y maacutes importante escritores griegos sobre muacutesi-ca un pupilo de Proacutedico y tutor de Pericles muy estimado por Soacutecrates y Platoacuten Se dice que fue eacutel quien inventoacute el lsquorelajado modo lidiorsquo (The Oxford Classical Dictio-nary pg 311) 184 En su comentario J Adam dice ldquoEsta famosa seccioacuten describe con encendido lenguaje como el del Banquete el ideal del arte de Platoacuten No desea desterrar el arte tal como a veces se sostuvo sino maacutes bien lo idealiza llevando a cabo mdashseguacuten eacutel creiacuteamdash su reconcialicioacuten con la belleza y la verdad Platoacuten fue sin duda injusto en la aplicacioacuten de su principio a algunos de los artistas y poetas griegos pero en siacute mismo su ideal mdashel amor de la belleza espiritualmdash es aquel al que el arte mejor y maacutes perdurable procura ajustarse siempre consciente o inconscientementerdquo (pg 165)

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sensual Nuestro razonamiento acerca de la muacutesica toca a su fin ya que el fin de la muacutesica es el amor de lo bello

403c-405a Tratemos ahora el tema del entrenamiento fiacutesico Podemos

con toda seguridad confiar la tarea de hacer reglas especiacuteficas a las inteligen-cias que nosotros instruimos y contentarnos nosotros mismos con trazar los lineamientos Todo tipo de exceso o satisfaccioacuten de los propios deseos en co-mer beber y los otros apetitos debe ser prohibido La gimnasia debe ser simple como su hermana muacutesica Complejidad en el primer caso ocasiona enfermedad en el otro vicio de suerte que los doctores y los jueces se elevan en la estimacioacuten puacuteblica y las artes de la habilidad judicial y de la medicina adquieren enorme importancia

405a-410a Es sentildeal de una mala educacioacuten cuando se necesitan meacutedicos

y jueces de primera maacutes vergonzoso auacuten el enorgullecerse en eludir el casti-go de la maldad con la ayuda de subterfugios legales Deberiacuteamos tambieacuten avergonzarnos de acrecentar la terminologiacutea de la medicina por causa de un geacutenero de vida muelle No fue asiacute con la ciencia meacutedica en tiempos de Home-ro aunque Heroacutedico185 ha inventado ahora un nuevo tipo de tratamiento cuyo uacutenico resultado es prolongar el proceso de morir Asclepio sabiacutea maacutes pues eacutel vio que la ocupacioacuten era maacutes que la vida186 Reconocemos este hecho en el caso de artesanos y mecaacutenicos pero Asclepio sabiacutea que el hombre rico tambieacuten tiene ocupaciones que atender y en beneficio tanto de sus pacientes como de su paiacutes rehusoacute tratar enfermedades incurables Las leyendas en sen-tido contrario son falsas No podemos sin embargo prescindir de los docto-res y jueces solo que ellos deben ser buenos doctores y buenos jueces Los facultativos maacutes cualificados son aquellos que ademaacutes de haber aprendido

185 De Heroacutedico de Selimbria nacido en Megara dice Aristoacuteteles lo siguiente ldquoLa excelencia del cuerpo reside en la salud y esta debe ser de tal naturaleza que sea posible servirse del cuerpo sin enfermedades Porque muchos estaacuten sanos al modo de Heroacutedico y a estos ciertamente nadie los considerariacutea felices por su salud a cau-sa de que deben abstenerse de todos o de la mayor parte de los placeres humanosrdquo (Retoacuterica 1361b 4-6 traduccioacuten de Quintiacuten Racionero Biblioteca Claacutesica Gredos Madrid 1990 pg 210) 186 Los Aforismos de Hipoacutecrates se inician con la famosa afirmacioacuten Ὁ βίος βραχὺς ἡ δὲ τέχνη μακρή ldquoLa vida es breve el arte largordquo

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su arte han tenido la experiencia maacutes grande de enfermedad en sus propias personas pero nadie cuya alma no ha sido inmaculada puede ser un buen juez Nuestros jueces deben ser ancianos y obtener su conocimiento del cri-men por ciencia y no por experiencia personal El juez vicioso no puede re-conocer al inocente cuando lo ve Jamaacutes el vicio conoceraacute la virtud pero la virtud puede ser ensentildeada a conocer tanto al vicio como a siacute misma Nuestros doctores permitiraacuten morir a aquellos fiacutesicamente incurables a los incurables moralmente nuestros jueces daraacuten muerte

410a-412b Pocas veces nuestros joacutevenes necesitaraacuten la ayuda de jueces

y doctores gracias a su educacioacuten en muacutesica y gimnasia187 Ellos se dedicaraacuten a ambas artes maacutes con el objetivo de cultivar el alma que el cuerpo La dedi-cacioacuten exclusiva a una de las dos hace a los hombres en un caso recios y fie-ros y en el otro delicados y suaves Los elementos psicoloacutegicos del espiacuteritu y el amor del conocimiento deben armonizarse entre siacute La muacutesica y la gimna-sia tienen por fin llevar a cabo esta armonizacioacuten y el exceso o deficiencia en cualquiera de estos dos agentes educativos se reflejan a siacute mismos en las fa-ses moacuterbidas y degenerativas del caraacutecter Aquel que puede de la mejor ma-nera combinar la muacutesica con la gimnasia es el verdadero muacutesico debemos proporcionar a nuestra ciudad un hombre de tales condiciones si ella ha de perdurar (σῴζεσθαι)188

412b-414b Tenemos aquiacute las normas generales de la educacioacuten

(παιδείας) y su sistema de vida (τροφῆς) Queda por inquirir lsquoiquestcuaacuteles de los guardianes han de ser nuestros gobernantesrsquo189 El mayor debe gobernar al maacutes joven y el mejor al peor Ahora bien los mejores guardianes son aque-llos que maacutes aman a su paiacutes y se ocupan de sus intereses Nosotros haremos

187 El objetivo y el principio baacutesico del sistema educacional de Platoacuten ya descrito se define entonces por su combinacioacuten de mansedumbre y fuerza es decir sensibili-dad y valentiacutea actividad intelectual y constancia moral Asiacute lo define J Adam quien antildeade ldquoSe trata de un ideal en el que las virtudes distintivas de Atenas y Esparta mdashde Grecia y Romamdash estaacuten unidas y transfiguradasrdquo (pg 184) 188 El objetivo no estaacute solo en evitar que fracase el proyecto de constitucioacuten sino que al mismo tiempo lsquose salversquo es decir perdure en el tiempo 189 ldquoSi se exceptuacutea la alusioacuten pasajera de 389c esta es la primera aparicioacuten de los gobernantes en el estado de Platoacutenrdquo (J Adam pg 189)

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nuestra seleccioacuten bajo este principio y debemos entrenar adicionalmente a quienes hemos seleccionado y ver si su patriotismo estaacute a prueba de todo tipo de influencias seductoras Toda opinioacuten (δόξης) o conviccioacuten (δόγματος) verdaderas mdashy la conviccioacuten en la que se apoya el patriotismo es verdade-ramdash como toda otra cosa que llamamos buena es descartada de mala gana pero puede ser expulsada a viva fuerza por la persuacioacuten o el olvido por el dolor el placer y cosas parecidas Aplicaremos estos exaacutemenes para probar a nuestros guardianes Los que salgan airosos llegaraacuten a ser nuestros gobernan-tes190 Ellos son los lsquoguardianes perfectosrsquo (φύλακας παντελεῖς) los otros deberiacutean ser llamados lsquoauxiliaresrsquo (ἐπικούρους)191

414b-415d Para establecer todas estas regulaciones en la ciudad debe-

mos recurrir a una falsedad heroica192 Le diremos a los ciudadanos que ellos estaban solamente sontildeando cuando creiacutean que ellos estaban siendo entrena-dos por nosotros En realidad ellos estaban siendo moldeados y nutridos en el seno de la Tierra ellos y todos sus pertrechos de modo que estaacuten en la obligacioacuten de defender a su paiacutes como a la madre y a considerar a sus con-ciudadanos como a hermanos nacidos de la Tierra193 Antildeadiremos que mien-tras creaba algunos para ser gobernantes Dios mezcloacute oro en su substancia puso plata en los auxiliares hierro y cobre en los labradores y artesanos Los ciudadanos engendraraacuten en su mayor parte hijos semejantes a ellos pero vaacutes-tagos de plata procederaacuten aveces del oro y de oro procedentes de los de plata u otra combinacioacuten semejante Es la obligacioacuten primera y principal de los go-

190 El texto original estaacute redactado en singular mdashcomo si se tratara tal vez de un solo gobernantemdash pero me parece claro que su sentido general alude a una plurali-dad de individuos 191 De aquiacute en adelante como recuerda J Adam se usa la expresioacuten lsquoauxiliaresrsquo cuando desea aludir especiacuteficamente a la segunda clase de los ciudadanos lsquoGuar-dianesrsquo sigue siendo el teacutermino general que incluye tanto a los lsquogobernantesrsquo como a los lsquoauxiliaresrsquo 192 Este seraacute un relato con caraacutecter de leyenda (mythos) acerca de los habitantes au-toacutectonos no hecho para engantildear mdashcomo pudiera parecer a primera vistamdash sino para nutrir las convicciones de los ciudadanos guardianes de la ciudad acerca de la constitucioacuten originaria superior de sus naturalezas 193 Es difiacutecil encontrar un pueblo que no tenga un cierto ldquomitordquo o relato legendario (μῦθος) originario acerca de su existencia como nacioacuten Por muy extravagante que esa historia pueda parecer piensa aquiacute Platoacuten puede que sea aceptada con el tiem-po (415c)

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bernantes el relegar y degradar a los hijos al interior de sus propias clases presentando como excusa un oraacuteculo conforme al que la ciudad pereceraacute cuando sea el guardiaacuten de hierro o el de cobre el que la guarde Puede ser imposible el convencer a la primera generacioacuten de nuestros ciudadanos acer-ca de la verdad de esta faacutebula (μῦθον) pero su posteridad podriacutea admitirla

415d-417b Nuestros gobernantes y auxiliares tendraacuten un lugar para

acampar (στρατοπεδεύεσθαι) dentro de la ciudad194 para controlar a los ciudadanos que se niegan a obedecer a las leyes y defenderse contra los enemigos externos Su educacioacuten les impediraacute atacar a otros con tal que dis-pongamos como corresponde sus necesidades de vivienda y enseres Les asignaremos una propiedad comuacuten y casas asiacute como comidas comunes co-mo si estuvieran en campantildea que han de proporcionar los otros ciudadanos en retribucioacuten de su proteccioacuten195 Debe prohibiacutersele el uso del oro y de la plata a nuestros guardianes196

Libro Cuarto 419a-423b Adimanto ahora interviene con la objecioacuten de que no se hace

nada felices a los guardianes197 Aunque en realidad ellos son los sentildeores de

194 Los gobernantes ldquoacampanrdquo ldquose estacionanrdquo en una suerte de cuartel Se hace hincapieacute en la sencillez espartana en que deben vivir los guardianes cuya funcioacuten es tanto de gobierno como de defensa 195 Se enfatiza el tipo de vida especial que distingue a los guardianes ldquoAl final del libro 3 y nuevamente en el libro 5 se deja en claro que los guardianes tienen un modo muy diferente de vida que la de los productores y que ellos son criados edu-cados y alojados en una parte diferente de la polis (415d 6-e 4 460c 1-d7) Parece que los que producen poseen un tipo de vida tradicional basado en la familiardquo (C D C Reeve Philosopher-Kings pg 184) 196 ldquoPlatoacuten mdashdice J Adam pg 197mdash puede haber estado pensando en ciertas insti-tuciones espartanas y pitagoacutericas cuando formuloacute algunas de las regulaciones de esta seccioacuten pero su comunismo para la clase dirigente es mucho maacutes completo que ninguno del tipo anterior a su eacutepocardquo Luego antildeade ldquoEl objetivo principal de Platoacuten es por supuesto el impedir la formacioacuten de intereses privados capaces de competir con las exigencias de una obligacioacuten puacuteblicardquo ( pg 199) 197 Un ldquoeco agonizanterdquo de la objecioacuten de Trasiacutemaco de que un gobernante deberiacutea gobernar en su propio provecho (J Adam pg 205)

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la ciudad no tienen nada que puedan llamar propio ninguno de los factores que contribuyen a una satisfaccioacuten de caraacutecter individual o personal En res-puesta no se acepta que los guardianes vayan a ser infelices pero incluso suponiendo que lo son nuestro propoacutesito fue no el hacer felices a los guar-dianes sino el hallar una ciudad feliz para descubrir la justicia al interior de sus fronteras198 Nuestros guardianes no deben hacerse felices a costa de la eficiencia en su obligacioacuten peculiar La riqueza es praacutecticamente tan desfavo-rable para el ejercicio de las artes y las profesiones como la pobreza Cuando nuestra ciudad estaacute en guerra con dos comunidades no le faltaraacuten recursos porque ella haraacute alianza con una de las dos prometieacutendole la riqueza de la otra Ni estaraacute nuestra ciudad en peligro por parte de su aliado despueacutes Los otros estados son por separado no uno solo sino muchos199 y nuestra ciudad si ella tiene no maacutes que un millar de defensores es el maacutes grande estado in-dividual entre los griegos o los baacuterbaros

423b-424c Nuestra ciudad no debe desarrollarse maacutes allaacute de los liacutemites

esenciales para su unidad200 Seraacute obligacioacuten de los guardianes el poner aten-cioacuten a su crecimiento asiacute como el asignar los nintildeos a sus clases propias en el estado201 Estas y otras obligaciones similares seraacuten faacuteciles si nuestro curricu-

198 La felicidad o infelicidad individual estaacute en iacutentima conexioacuten con la del conglo-merado ciacutevico Por eso se dice que ldquo debido a que la felicidad individual es solo asequible con seguridad en una polis establemente feliz debemos preocuparnos por maximizar la felicidad de la polis en su conjunto y no tratar de dar a los individuos el tipo de felicidad que es inconsistente con la vida poliacuteticardquo (C D C Reeve Philoso-pher-Kings pg 200) 199 Se busca un polis que sea unitaria en su estructura interna mediante las virtudes en especial por el dominio de la justicia Las otras ciudades mdashque no son la que aquiacute se estaacute conformandomdash sufren las divisiones internas y por eso incluso separada-mente no son un solo estado sino muchos y al menos dos ciudades coexisten en ellas la de los pobres y la de los ricos (422e) 200 ldquoComo todo organismo natural deberiacutea crecer hasta los liacutemites prescritos para eacutel por la naturaleza pero Platoacuten la concibioacute incluso en su madurez como relativa-mente pequentildeardquo (J Adam pg 213) se evita toda idea de artificialidad o crecimiento inorgaacutenico 201 Estas asignaciones tienen en vista el principio de la distribucioacuten del trabajo por el que cada cual realiza la actividad para la que estaacute naturalmente dotado En esas circunstancias se supone que al atender un solo oficio se entrega tambieacuten su aporte a la conservacioacuten de la unidad en la ciudad evitando su divisioacuten De ahiacute que por otra parte ldquolsquola reciprocidad de servicios y funcionesrsquo entre las tres clases es el ver-

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lum educacional es sostenido resueltamente y se haraacute evidente con rapidez que el principio de comunidad deberiacutea tambieacuten ser aplicado al matrimonio y la procreacioacuten Asiacute nuestros ciudadanos mejoraraacuten a medida que una gene-racioacuten sucede a la otra Debemos prohibir todo tipo de innovaciones en muacutesi-ca y gimnasia porque tienen la virtud de producir el cambio poliacutetico202

424d-427a Nuestros guardianes deben por sobre todas las cosas preca-

verse de los cambios en la educacioacuten musical Las innovaciones musicales incluso si son sancionadas solo como cosa de juego se dejan sentir pronto en cada aspecto de la vida privada y puacuteblica de la ciudad Debe infundirse el espiacuteritu de la ley y de la virtud en los nintildeos incluso en sus pasatiempos Por esta razoacuten no deberiacuteamos desatender a los detalles de vestimenta y modales aunque no se exijan para ello estatutos especiales pero se conformaraacuten faacutecil-mente con el espiacuteritu de nuestras reglas acerca de la educacioacuten203 Muchos otros puntos individuales pueden dejarse con toda seguridad a nuestros guardianes que Dios les conceda la preservacioacuten de nuestras leyes de otra manera en vano pasaraacuten leyes sobre leyes actuando de un modo parecido a aquellos que esperan curar de sus enfermedades mediante un cambio conti-nuo de medicinas Como nada beneficiaraacute a tal tipo de hombres a no ser un completo cambio en sus haacutebitos asiacute solo una revolucioacuten curaraacute un estado en situacioacuten similar Tales ciudades honran y envanecen a los hombres que atienden a sus deseos pero el verdadero estadista no se preocupa de cortar la Hidra204 En una ciudad mala una legislacioacuten insignificante es inuacutetil en una buena superflua

dadero fundamento de la ciudad de Platoacuten la que estaacute lejos de ser una unidad indi-ferenciadardquo (J Adam pg 213) 202 Estas innovaciones en muacutesica corresponden a modificaciones en los lsquomodos mu-sicalesrsquo (τρόποι) Se supone que la muacutesica tiene un poderoso influjo sobre la moral (cf 400d-401a) 203 ldquoFlowers of civilisation must bloom naturally or not at allrdquo (J Adam pg 218) 204 En estas materias un estadista no se preocupa de ldquocortar la cabeza de la Hidra ltde Lernagtrdquo es decir de trabajar en vano De cada cabeza cortada a la Hidra le sur-giacutean dos

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427b-c En todo lo que se relaciona con los templos y el culto religioso asiacute como los oficios consagrados a los muertos Apolo el guiacutea de nuestros padres y por cierto de toda la humanidad nos dirigiraacute205

427d-429a Se da por fundada la ciudad iquestDoacutende estaacute entonces la justi-

cia doacutende la injusticia iquestEn queacute difieren y cuaacutel es esencial a la felicidad Abordemos la cuestioacuten de la siguiente manera Nuestra ciudad es perfecta-mente virtuosa y por consiguiente debe ser sabia valerosa moderada y jus-ta206 Si descubrimos tres de esos elementos en la ciudad el resto seraacute el cuar-to

Tomemos primero la sabiduriacutea (σοφία)207 No es el conocimiento teacutecnico o destreza de las clases inferiores la que hace sabia a nuestra ciudad sino maacutes bien el conocimiento que delibera por los intereses de la totalidad de la ciu-dad Ahora bien ese conocimiento estaacute personificado en los gobernantes Ellos forman la seccioacuten maacutes pequentildea del estado pero es con todo en virtud de su presencia que llamamos sabia a toda la ciudad208

205 No queda maacutes que decir acerca de las regulaciones humanas pero en cuanto a las divinas el primero de los estatutos legales (νομοθετημάτων) se consagra a Apo-lo el dios guiacutea (ἐξηγετὴς) que por presidir desde su asiento sobre el ldquoombligo de la Tierrardquo (en el santuario de Delfos) simboliza el acto fundacional de la ciudad como entidad teluacuterica con habitantes autoacutectonos y en conexioacuten con su dios patrono Apo-lo ademaacutes mdashsin olvidar a Dionisomdash es la divinidad maacutes cercana al espiacuteritu socraacuteti-co 206 Se enuncia aquiacute la doctrina de las cuatro virtudes cardinales que se supone son aquellas que sostienen la perfeccioacuten moral de los individuos de la ciudad ideal y que confieren al mismo tiempo un soacutelido fundamento a la ciudad como entidad constitucional Ver Leyes 630d ss 207 Cuando se enuncian las virtudes cardinales se habla maacutes de lsquoprudenciarsquo que de lsquosabiduriacutearsquo de ahiacute la correcta inferencia de J Adam (pg 225) de que la sophiacutea descri-ta aquiacute significa phroacutenesis en su aplicacioacuten a la poliacutetica (cf 433b-c) No es el conoci-miento metafiacutesico de la Idea del Bien 208 De acuerdo con J Adam una ciudad es sabia anaacutelogamente a como es sabio un individuo al que con facilidad llamamos sabio aunque estriacutectamente hablando se es sabio solo en razoacuten del elemento logistikoacuten mdashracionalmdash que hay en eacutel ldquoCompa-rando 443c ss continuacutea observamos que la ciudad es sabia porque sus gobernantes son sabios y sus gobernantes son sabios porque su logistikoacuten es sabio En otras pala-bras la sabiduriacutea del logistikoacuten es la unidad a partir de la cual se construye la sabi-duriacutea de toda la ciudadrdquo (ibid pg 227 ) El logistikoacuten es el elemento razonable en el alma su facultad razonadora

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429a-430c La virtud de la valentiacutea (ἀνδρεία) residiraacute en la clase guerre-

ra209 Es debido a su valor que llamamos valiente a la ciudad pues el caraacutecter general de la ciudad como un todo no puede ser determinado por ninguacuten tipo de valentiacutea o cobardiacutea presente entre las otras Los soldados a pesar de todo tipo de tentacioacuten continuaraacuten leales a los principios asentados por la ley concernientes a queacute deberiacutea ser temido y queacute no y ellos lo haraacuten asiacute con mayor resolucioacuten porque su entrenamiento musical y gimnaacutestico ya los ha preparado para la legislacioacuten en cuestioacuten En la preservacioacuten de esos princi-pios es que consiste la valentiacutea de una ciudad un tipo de valentiacutea que es dis-tinto de la virtud correspondiente en los animales inferiores y en los esclavos porque su base estaacute en la educacioacuten210 En otra ocasioacuten podemos discutir la virtud de la valentiacutea maacutes extensamente pero esto es suficiente para nuestro propoacutesito actual

430d-432a En tercer lugar examinamos la templanza (σωφροσύνη) Es-

ta virtud se asemeja a un tipo de lsquoarmoniacutearsquo o acuerdo mutuo A menudo se la explica como lsquoautodominiorsquo (ἐγκράτεια) Este dominio de siacute mismo significa que lo mejor de siacute mismo gobierna lo peor y esto es con seguridad verdadero de nuestra ciudad ya que en ella lo superior controla lo inferior y los deseos

209 En el diaacutelogo de su nombre Laques se dice que la valentiacutea consiste en ldquouna cier-ta firmeza del almardquo (karteriacutea lsquoconstancia de aacutenimorsquo La 192b-c) y en el diaacutelogo no hay evidencia de aceptacioacuten por parte de Soacutecrates Pero en Repuacuteblica Platoacuten le hace lugar en su relato acerca del valor (T Irwin Platos Moral Theory Oxford 1982 (1977) pg 198) ldquoA brave man retains his belief that this is a brave action and acts on his belief despite pleasures pains fears and appetites (429c7-d2 429e7-430b5)rdquo 210 La virtud tiene una sustentacioacuten epistemoloacutegica de manera que ella no alcanza su real consistencia en un individuo cuando estaacute ausente un saber equivalente a la verdad La recta opinioacuten no sustenta virtud perfecta alguna de modo que no se le puede dar en este caso el nombre propio de valor a una disposicioacuten que carece de educacioacuten (ἄνευ παιδείας) Se trata aquiacute de una andreiacutea politikḗ (430c) puesto que es una valentiacutea de los soldados de la ciudad que estaacute basada en la recta opinioacuten (cf J Adam pgs 231-32 ldquoThe whole of this section is important because it emphatically reafirms the principle that courage as well as the other virtues enumerated here rests on ὀρθὴ δόξα and not on ἐπιστήμη)rdquo Esta formulacioacuten tendraacute su plena manifestacioacuten en la representacioacuten de la Caverna donde se compara nuestro estado actual con la situacioacuten en que se halla nuestra naturaleza con respecto a la educacioacuten y a la falta de ella (ἀπαιδευσίας) La con-templacioacuten de la verdad y del bien lleva a las virtudes a su perfeccioacuten

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irracionales de los muchos inferiores estaacuten sometidos a los deseos racionales de los pocos virtuosos Ademaacutes nuestros ciudadanos estaacuten en mutuo acuer-do acerca de quien gobernaraacute y quien seraacute gobernado de modo que la tem-planza estaacute presente tanto en los gobernados como en los gobernantes im-pregnando la ciudad toda para que cante al uniacutesono y volvieacutendola conforme a siacute misma211 Podemos definir la templanza como esta concordia (ὁμόνοια) entre lo que es naturalmente mejor y lo naturalmente peor un acuerdo (συμφωνία) sobre la cuestioacuten de quieacuten deberiacutea gobernar212

432b-434c iquestDoacutende estaacute entonces la justicia213 Debemos poner atencioacuten

para que no se nos escape Soacutecrates sin dilacioacuten exclama que eacutel ha encontado el rastro214 La justicia es el principio215 que establecimos en el comienzo a

211 Se afirma que esta concordia (ὁμόνοια homoacutenoia) de la ciudad en su conjunto es templanza A diferencia de la valentiacutea y la prudencia que pertenecen propiamente a los guardianes y son ellos los que hacen valiente y prudente a la ciudad entera la templanza se extiende (παρείχετο) es decir impregna la totalidad de la ciudad en cuanto que se supone que todos los ciudadanos participan propiamente de ella Este aspecto es esencial pues se trata mdashen relacioacuten con la virtud de la templanzamdash del acuerdo de toda la ciudad acerca de quienes gobiernan y quienes obedecen y es en razoacuten de la extensioacuten de la templanza a todos los niveles de la ciudad que puede haber acuerdo entre todos acerca de este crucial asunto Quizaacutes haya una reminis-cencia de ello en el texto de san Agustiacuten pax ciuitatis ordinata imperandi atque oboedi-endi concordia ciuium ldquola paz de la ciudad consiste en la concordia ordenada de los ciudadanos en mandar y obedecerrdquo (Ciudad de Dios XIX 13) 212 Platoacuten supone que la templanza sentildeala la concordancia de todas las partes de la ciudad al modo de un acorde musical (symphoniacutea) En el Banquete se habiacutea sentildealado que ldquola armoniacutea es una suerte de consonancia (συμφωνία) y una consonancia es una suerte de conformidadrdquo (187b) Cf Cratilo 405b Debe recordarse por otra parte que ldquoal hablar de sophrosyne Platoacuten usualmente distingue solo entre dos clases go-bernantes y gobernadosrdquo (J Adam pg 236) 213 El problema principal acerca de la justicia es claramente socraacutetico como afirma T Irwin ldquose espera que una explicacioacuten sobre la justicia muestre lo que Soacutecrates da por sentado es decir que la justicia es una virtud y por consiguiente contribuye a la felicidad Platoacuten defiende la propuesta del Critoacuten de que la justicia beneficia al alma y la injusticia la dantildea Los libros II y IV podriacutean ser tratados como una inves-tigacioacuten socraacutetica de tipo corriente que elabora argumentos similares en el Gorgiasrdquo (op cit pg 178) 214 Para otros ejemplos de esta comparacioacuten ver Leyes 654e Parmeacutenides 128c Lisis 218c 215 El teacutermino lsquoprincipiorsquo (que no estaacute en el texto original) es un modo de explicar lsquoaquello que -mdashal fundar la ciudad-mdash se debe hacer en toda circunstanciarsquo (433a) es decir es una suerte de condicioacuten necesaria para la existencia de la ciudad

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saber que cada individuo realiza solo aquella funcioacuten para la que eacutel estaacute na-turalmente mejor dotado En otras palabras la justicia es en un cierto senti-do lsquoel realizar cada cual lo propiorsquo216 Cuatro consideraciones apuntan a esta conclusioacuten En primer lugar para hacer que las otras tres cobren vigor es que necesitamos una cuarta virtud y es justamente la divisioacuten de tareas de acuer-do con la capacidad natural la que hace posible las otras tres virtudes En segundo lugar este es el uacutenico principio que puede ser comparado con las otras tres virtudes en relacioacuten con el beneficio que confiere al estado y la jus-ticia debe ser comparable a ellas en este respecto Tercero es por este princi-pio que los gobernantes dirigiraacuten sus decisiones judiciales y la justicia es el principio por el que nuestros gobernantes juzgan Por uacuteltimo la violacioacuten de este principio obra el dantildeo maacutes grande en la ciudad217 y eso es lo que hace la injusticia de modo que el principio mismo es ideacutentico con la justicia

434d-435a Adimanto estaacute de acuerdo pero Soacutecrates va a esperar hasta

que eacutel haya descubierto la justicia en el hombre aseguraacutendose por adelanta-do de que eacutel tiene la razoacuten Estaremos satisfechos si las caracteriacutesticas de la justicia son las mismas en el hombre y en el estado

435a-435d El punto que se ha de determinar es el siguiente iquestHay tres

formas (εἴδη) psicoloacutegicas o tipos en el alma del individuo (τὸν ἕνα) que co-rresponden a los tres oacuterdenes (τριττὰ γένη) en nuestra ciudad iquestY es el indi-viduo temperado valiente sabio y justo en virtud de las afecciones corres-pondientes de esos tipos Nuestros presentes meacutetodos de investigacioacuten estaacuten careciendo de exactitud pero ellos bastan para nuestro objetivo inmediato

216 Que en otras palabras significa que cada cual se ocupe en la realizacioacuten de su oficio propio en la ciudad el que corresponde a su naturaleza Todo esto en la misma medida redundaraacute en un beneficio mayor de la ciudad 217 Cuando por ejemplo ldquoun carpintero realice actividades de zapatero o un zapa-tero las del carpinterordquo (434a) no se produce un dantildeo grave a la ciudad pero siacute cuando un artesano intenta ingresar en la clase de los guerreros El problema estaacute en consecuencia cuando se lesiona el caraacutecter especiacutefico de cada una de las clases de la ciudad Mediante estas praacutecticas lesivas del orden del Estado piensa Platoacuten se termina por crear una lsquoinjerencia indiscretarsquo (polypragmosyne lsquoentrometimientorsquo) entre los tres geacuteneros de ciudadanos Esta es para Platoacuten la ldquolesioacuten maacutes granderdquo que se puede inferir al estado pues disuelve el fundamento mismo de la justicia como actividad de lo propio

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435e-439e La presencia de tres tipos (εἴδη) o caracteres (ἤθη) en la ciu-dad establece la existencia de los mismos caracteres en el individuo pero la pregunta es iquestexisten en eacutel como tres elementos separados o no iquestEmpleamos la totalidad del alma en cada acto psiacutequico o aprendemos con una parte sen-timos enojo con una segunda deseo con una tercera Al examinar este asun-to comenzamos por sostener que la misma cosa no puede hacer o padecer opuestos al mismo tiempo en la misma parte de siacute misma y con referencia a la misma cosa218 Esta norma es de aplicacioacuten universal podriacutea haber excep-ciones aparentes pero jamaacutes reales219 El deseo y la aversioacuten son opuestos y el hambre y la sed son dos variedades especiacuteficas del deseo relacionadas con la comida y la bebida consideradas en forma absoluta y categoacuterica Ahora bien aveces sucede que tenemos sed y no tenemos deseo de beber en otras palabras experimentamos a la vez deseo y aversioacuten Pero el deseo y la aver-sioacuten son opuestos Ellos deben en consecuencia proceder de diversos ele-mentos psiacutequicos La verdad es que en tales casos es un aspecto (τι)220 del alma lo racional (λογιστικὸν) el que nos refrena (κωλῦον) y otro el irracio-nal y apetitivo ( ἀλογιστικὸν τε καὶ ἐπιθυμητικόν) el que nos ordena beber

439e-441c Hay todaviacutea un tercer elemento o aspecto del alma que po-

demos llamar el elemento apasionado o impetuoso (θυμοειδές) Es distinto del elemento apetitivo con el que ciertamente frecuentemente lucha Su fun-cioacuten es sostener el aspecto racional del alma En un hombre de caraacutecter noble el elemento impetuoso estaacute quieto o al contrario de acuerdo con las oacuterdenes

218 Rep 436b 219 En 436b 12 estaacute ldquothe earliest explicit statement in Greek literature of the maxim of Contradiction cf Theaet 188A Phaed 102E 103B Sph 230 B and infra X 602 Erdquo (J Adam pg 247) 220 Literalmente ldquoalgordquo ldquouna cierta cosardquo (cf 439b) En lo que respecta a las ldquopar-tesrdquo del alma Platoacuten usa una terminologiacutea bastante libre Pero el uso de eidos (en su significado de lsquotiporsquo lsquoespeciersquo) en ciertos momentos de mayor precisioacuten (cf 435b-c 437c1 439e2 440e9) parece indicar su preocupacioacuten por evitar divisiones de un ca-raacutecter real en el alma Por lo general se considera al alma como un todo unitario acerca de la que sin embargo se predican en este caso tres aspectos o tipos de sub-sistencia psicoloacutegica diferentes acordes con los tipos o clases de individuos que conviven en la ciudad Incluso es uacutetil recordar que el significado de lsquoaspectorsquo con-viene bien con lsquoformarsquo en cuanto esta uacuteltima sentildeala algo que se presenta a la vista o consideracioacuten de alguien

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de la razoacuten No debe sin embargo ser identificado con la razoacuten221 ya que estaacute presente en los nintildeos y en los animales inferiores mientras que la razoacuten no lo estaacute Homero incluso reconoce que los dos elementos son diferentes

441c-443b Vemos asiacute que el alma contiene en siacute misma los mismos ti-pos o elementos que nuestra ciudad222 Se sigue que el individuo es sabio valiente etc del mismo modo y en virtud de los mismos elementos internos Somos por consiguiente justos cuando cada uno de nuestros factores psico-loacutegicos realiza su propio trabajo223 La razoacuten deberiacutea gobernar con el elemen-to impetuoso como su obediente aliado y ambos juntamente armonizados por la muacutesica y la gimnasia controlaraacuten el deseo (τοῦ ἐπιθυμητικοῦ) y vela-raacuten (φυλαττοίτην)224 contra los enemigos externos del alma y el cuerpo El individuo es valiente en virtud del elemento apasionado si a pesar del sufri-miento y el placer este continuacutea siendo exhortado (παραγγελθὲν) por los mandatos de la razoacuten en referencia a lo que deberiacutea o no deberiacutea ser temido sabio a causa de la funcioacuten (μέρει)225 del alma que gobierna y conoce mode-rado mediante la armoniacutea del gobernado y el gobernante sobre la cuestioacuten de quieacuten ha de gobernar y justo en virtud de nuestro muchas veces repetido principio Podemos examinar nuestro punto de vista sobre la justicia por va-

221 El teacutermino griego utilizado es logismoacutes con el sentido general de lsquocaacutelculorsquo lsquorazo-namientorsquo Por otra parte el elemento lsquoimpetuosorsquo ndashthymoeidḗsmdash se suele traducir por lsquoirasciblersquo Es como lo puntualiza J Adam (pg 255) ldquoel sentimiento de indigna-cioacuten moral ante todo malrdquo 222 ldquoCon estas declaraciones dije yo hemos hecho praacutecticamente la navegacioacuten y se ha producido entre nosotros un razonable acuerdo de que las mismas clases que existen en la ciudad y en el mismo nuacutemero se dan tambieacuten en el alma de cada indi-viduordquo (441c traduccioacuten de G Goacutemez Lasa) Esta es una doctrina fundamental de la Repuacuteblica por la que se sostiene la correspondencia entre la ciudad y el alma 223 Rep 441d 12- e 2 ldquoAsiacute pues hemos de tener presente que cada uno de nosotros seraacute solo justo y haraacute eacutel tambieacuten lo propio suyo en cuanto cada una de las cosas que en eacutel hay haga lo que le es propiordquo (trad Paboacuten Frenaacutendez Galiano) 224 Los dos elementos superiores realizan tambieacuten en el alma una funcioacuten equiva-lente a la de los guardianes en la ciudad 225 El teacutermino griego meros significa lsquopartersquo lsquoporcioacutenrsquo ahora bien cada parte del todo del alma realiza una lsquofuncioacutenrsquo que le es maacutes propia Hay modismos en griego que apoyan un sentido semejante para meros como es el caso de ὑμέτερον μέρος (Laques 180a) cuyo sentido aproximado podriacutea ser ldquoes funcioacuten vuestrardquo ldquoes cosa vuestrardquo

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rias pruebas derivadas de la connotacioacuten popular de la palabra y encontra-remos que estamos en lo correcto

443b-444a Teniacuteamos la razoacuten entonces cuando suponiacuteamos que la jus-

ticia226 en una cierta proporcioacuten estaba con nosotros desde un principio cuando nuestra ciudad fue fundada Pero el principio de que cada cual debe-riacutea hacer no maacutes que su trabajo profesional es en realidad solo una represen-tacioacuten (εἴδωλον) de la justicia La justicia verdadera atantildee al hombre interior y consiste en el desempentildeo (πρᾶξιν) de su oficio propio y peculiar por parte de cada uno de los tres elementos al interior del alma Esto es lo que produce la unidad espiritual y la unidad espiritual se muestra a siacute misma en actos efectivos (πράττειν) Podriacuteamos afirmar ahora que hemos descubierto la jus-ticia tanto en la ciudad como en el individuo

444a-444e La injusticia como cada variedad del vicio implica sedicioacuten

(στάσιν) y confusioacuten (πολυπραγμοσύνην) entre las partes del alma227 Es enfermedad (νόσον) espiritual deformidad y debilidad228 mientras que la

226 Esta seccioacuten como recuerda J Adam estudia la relacioacuten existente entre la virtud ciacutevica y la individual ldquoAunque hemos descubierto dice la segunda mediante la primera es la virtud del alma la uacutenica originaria la otra seguacuten su aparente expre-sioacuten no es sino una copia Toda verdadera virtud por consiguiente descansa en la psicologiacutea todaviacutea no como en VI y VII en el conocimiento metafiacutesico de la Idea del Bien Ahora es cuando el significado total de la ciudad de Platoacuten (lsquola ciudad es-tablecida conforme a la naturalezarsquo) se manifiesta Es una repuacuteblica cuyas institu-ciones y cuya vida poliacutetica son la expresioacuten externa o personificacioacuten de la verdade-ra e incorrupta naturaleza del alma considerada en exacta verdad como un lsquoretontildeo no terrestre sino celestersquo (Tim 90A) De aquiacute surgen los tres oacuterdenes de la ciudad de aquiacute tambieacuten cada orden realiza su accioacuten propia ya que es parte de la lsquonaturalezarsquo del alma el lsquohacer las cosas propias de siacute mismarsquo y la lsquoocupacioacuten indiscreta en asun-tos ajenosrsquo (πολυπραγμονεῖν) es la consecuencia de una degeneracioacuten desnaturali-zadardquo (pg 262) 227 Es el momento de hablar acerca de la injusticia aunque Platoacuten se limita aquiacute a hacer de ella una presentacioacuten general Luego en los libros VIII y IX trataraacute el tema en propiedad 228 Rep 444d rdquoY el producir salud es establecer los elementos que existen en el cuerpo de manera que dominen o sean dominados entre siacute seguacuten la naturaleza (κατὰ φύσιν) y el producir enfermedad el que manden o sean mandados entre siacute en contra de la naturaleza (παρὰ φύσιν)rdquo (trad G Goacutemez Lasa con mis pareacutentesis) La terminologiacutea seguacuten naturaleza y contra naturaleza juega aquiacute un papel importante en la clasificacioacuten del significado de lsquoenfermedadrsquo y como se ve tiene su parte tam-bieacuten en la produccioacuten de la justicia y la injusticia y las demaacutes virtudes

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virtud es lo contrario Los sistemas de vida (ἐπιτηδεύματα)229 virtuosos pro-mueven la virtud los viciosos el vicio

444e-445e Queda por investigar si la justicia es mejor que la injusticia

En cuanto a la injusticia como una enfermedad del alma Glaucoacuten estaacute pronto a declarar en favor de la justicia pero Soacutecrates quisiera examinar el asunto con maacutes cuidado Hay cuatro variedades de vicio que merecen investigacioacuten tanto en las ciudades como en los individuos Examineacutemoslas en orden230 La repuacuteblica (πολιτεία) perfecta que hemos descrito podriacutea llamarse reino (βασιλεία) o aristocracia (ἀριστοκρατία) seguacuten que haya uno o maacutes gober-nantes231 Glaucoacuten asiente

Libro Quinto 449a-451c Soacutecrates estaacute a punto de iniciar una descripcioacuten de los dife-

rentes tipos de gobiernos corruptos cuando Adimanto incitado por Polemar-co y apoyado por Glaucoacuten y Trasiacutemaco le exigen una explicacioacuten maacutes com-pleta acerca de la comunidad de esposas e hijos y de los ordenamientos para la generacioacuten y educacioacuten de la prole232 Soacutecrates se manifiesta renuente no solo porque se dudaraacute si su esquema es practicable o conveniente sino por-que eacutel mismo estaacute inseguro de su fundamento y poco dispuesto a implicar a sus amigos en un posible desconcierto Finalmente luego de aplacar a Adras-

229 Cf Fedro 233d Leyes 793d 230 Los modos diversos de gobierno se corresponden con los modos diversos de alma A las cuatro variedades de vicio corresponden cuatro variedades de gobierno lo que seraacute revisado extensamente en el libro VIII Luego Platoacuten menciona cinco formas de gobierno siendo la uacuteltima la correspondiente a la repuacuteblica perfecta 231 Se deja abierta la posibilidad de que el gobierno de la ciudad ideal esteacute en ma-nos de uno o de varios individuos pero el criterio del saber mdashcon independencia del nuacutemeromdash terminaraacute por imponerse claramente rdquoknowledge not number is the criterion of good governmentrdquo (J Adam pg 268) 232 En Leyes 794c el intervalo entre generacioacuten y educacioacuten de los nintildeos se estima en seis antildeos nada se dice en Repuacuteblica sobre este tema (ver J Adam pg 277)

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tea233 y de ser eximido de toda culpa se dispone a obedecer a sus deman-das234

451c-452e Hemos declarado al inicio que nuestros hombres iban a ser

por decir asiacute guardianes del rebantildeo Ahora bien el principio de comunidad requiere que nuestros perros guardianes hembras compartiraacuten las obligacio-nes activas de los machos siendo indulgentes con la inferioridad de su fuer-za235 Su educacioacuten debe por consiguiente ser la misma tendraacuten que apren-der muacutesica gimnasia y el arte de la guerra Sin duda que el espectaacuteculo de mujeres especialmente las ancianas ejercitaacutendose desnudas junto con los hombres pareceraacute ridiacuteculo al principio pero seraacute bueno recordar que no hace mucho tiempo incluso el dejarse ver los hombres desnudos para sus ejercicios atleacuteticos pareciacutea vergonzoso y ridiacuteculo Nada es verdaderamente ridiacuteculo a excepcioacuten de lo que es malicioso

452e-456c Establezcamos primero si nuestras propuestas son posibles

mdashen otras palabras si la mujer es naturalmente capaz de compartir las acti-vidades (τὰ ἔργα) del hombremdash todas ellas o ninguna o algunas y en caso que algunas si la guerra es una de esas Podriacutea arguumlirse que lsquola naturaleza del hombre es diferente de la de la mujer se deberiacutea por consiguiente asig-narles diferentes ocupacionesrsquo Un breve anaacutelisis mostraraacute el caraacutecter superfi-

233 Me parece plausible la sugestioacuten de J Adam (pg 278) como aplicada a este pa-saje de considerar a Adrastea mdashuna variedad de Neacutemesismdash en un especial sentido castigadora de las palabras orgullosas Veo por mi parte aquiacute un efecto del temor reverencial que sus propias audaces propuestas le producen a Soacutecrates y un recurso literario del autor Platoacuten para matizar el efecto de sus palabras 234 ldquoComo a menudo encontramos en Platoacuten (ver p e Fedoacuten 84c ss) dice J Adam (pg 274) el nuevo punto de partida es ocasionado por una objecioacuten o por mejor decir una solicitud de informacioacuten adicional hecha por alguno de los interlocuto-resrdquo 235 J Adam (pg 280) observa que la importancia que Platoacuten asigna a las obligacio-nes y entrenamientos comunes a los sexos es parte de una tentativa razonada y de-liberada de la escuela socraacutetica para mejorar la posicioacuten de las mujeres en Grecia Se citan Jenofonte Memorabilia II 2 5 Symposium 2 5 Oeconomicus 312- 15 7 11 ss Platoacuten Banquete 201 d ss y Leyes 780e ss Para la opinioacuten de Antiacutestenes consultar Dioacutegenes Laercio VI 12 ldquouna misma es la virtud (ἀρετή) del hombre y de la mujerrdquo Todo esto estaacute en armoniacutea con el principio fundamental de la ciudad de dar a cada cual el trabajo concordante con su naturaleza (Repuacuteblica II 370 b) es una consecuen-cia entonces del principio de especializacioacuten

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cial y eriacutestico de tal razonamiento La palabra lsquodiferentersquo es ambigua Las na-turalezas pueden diferir sin diferenciarse en absoluto con respecto a los pode-res por los que se desempentildean ciertas ocupaciones (ἐπιτηδεύματα)236 En consecuencia si el hombre y la mujer difieren solo en sexo ellos pueden cada cual desempentildear aquellas ocupaciones en las que el sexo no juega un papel Entre tales ocupaciones estaacuten aquellas que atantildeen a la administracioacuten de una ciudad Sin duda que el hombre es superior en su conjunto en capacidad y fuerza aunque muchas mujeres aventajan a muchos hombres pero las apti-tudes naturales de las mujeres son tan variadas como las de los hombres y no hay labor administrativa que estaacute por naturaleza asignada en forma exclusiva ya sea a los hombres o a las mujeres Asiacute la naturaleza produce mujeres que son aptas para guardar (φυλακὴν) nuestra ciudad A esas seleccionaremos como esposas y colegas de los guardianes hombres Nuestra propuesta es posible porque es natural (κατὰ φύσιν) y es maacutes bien el teacutermino lsquoanti natu-ralrsquo (παρὰ φύσιν) el que quizaacute deba aplicarse a la situacioacuten presente de la mujer237

456c-457b Queda por probar que nuestro programa poliacutetico es el mejor

para el estado Hemos acordado que el entrenamiento que capacita a un hombre a ser un guardiaacuten habilitaraacute tambieacuten a una mujer a serlo si las capa-cidades naturales de ambos son para comenzar las mismas Ahora bien nuestros guardianes varones debido a su educacioacuten son los mejores hombres en la ciudad Nuestras guardianas seraacuten de modo semejante las mejores mu-jeres Y no hay nada mejor para una ciudad que el ser habitada por las mejo-res mujeres y los mejores hombres Se asegura este objetivo a traveacutes de nues-tro sistema de educacioacuten Por consiguiente nuestras mujeres se deben des-nudar para los ejercicios atleacuteticos y compartir todas las labores de guardia a

236 En un sentido maacutes general se estaacute hablando aquiacute de los lsquomodos de vidarsquo que dicen referencia a las lsquocostumbresrsquo y lsquoocupacionesrsquo de las personas Este significado me parece mejor que ldquodutiesrdquo del texto de J Adam 237 Se dice que lo natural es aquello lsquoconforme a naturalezarsquo (κατὰ φύσιν 456c) y lo antinatural es aquello que lsquose opone a la naturalezarsquo (παρὰ φύσιν ibid)

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pesar de la risa ridiacutecula de aquellos que olvidan que la utilidad es la medida verdadera del buen gusto238

457b-458b Asiacute es coacutemo sorteamos en forma exitosa una de las oleadas

que nos amenazaban pero una ola maacutes formidable se nos estaacute acercando ahora239 Las mujeres y los hijos deben pertenecer a todos los guardianes en comuacuten Nadie conoceraacute a su mujer o a su hijo Que un tipo tal de sociedad es a la vez posible y beneficioso es algo que tendremos que probar pero por el momento supondremos su posibilidad y trataremos de mostrar que la co-munidad de esposas y de nintildeos es la mejor de todas las praacutecticas240 para la ciudad y sus guardianes

458b-461e La asociacioacuten mutua de hombres y mujeres guardianes los

conduciraacute naturalmente a formar lazos conyugales Pero no se permitiraacuten uniones irregulares Nosotros tendremos tambieacuten nuestros lsquomatrimonios sa-gradosrsquo (γάμους ἱεροὺς)241 pero por lsquosagradosrsquo nosotros estaremos signifi-cando los maacutes lsquoprovechososrsquo o lsquobeneficiososrsquo (ὀφελιμώτατοι) Ahora bien las uniones maacutes beneficiosas entre los animales inferiores son aquellas por las que la mejor descendencia se produce de padres que estaacuten en su pleno vigor Si lo mismo es cierto del linaje humano iexclcuaacuten diestros deben ser nuestros go-

238 Los aspectos utilitarios como este en la Repuacuteblica son numerosos Hay sin em-bargo una clara jerarquiacutea de valores rdquoBut even Socrates ennobles his utilitarianism by placing soul above body in dignity and worth In Plato utilitarianism becomes transfigured by Idealism and the doctrine of Immortalityrdquo (J Adam pg 291) 239 Esta es la segunda ola la primera teniacutea que ver con la educacioacuten comuacuten entre hombres y mujeres guardianes (ver 451c-457b) La oleada actual estaacute en relacioacuten con la comunidad de esposas e hijos (ver 457b-466d) La tercera se suscita frente al crucial problema de si la ciudad perfecta puede llegar a ver la luz Lo concerniente a la factibilidad de la repuacuteblica es tratado a partir del 471c 240 Una sentildeal de que las lsquonormasrsquo propuestas por Soacutecrates son un tipo de lsquopraacutecticasrsquo estaacute en el uso del verbo πράττω lsquohacer ejecutarrsquo No estamos auacuten en el terreno de los principios 241 rdquoLas bodas de Zeus y Hera comenta J Adam (pg 296) eran conocidas como theogamia o hieroacutes gamos y se celebraban en una festividad especial en Atenas y en otras partesrdquo se le consideraba el tipo ideal de los matrimonios humanos Lo que se busca no es la abolicioacuten del matrimonio sino un intento de elevarlo de una institu-cioacuten privada a una puacuteblica ldquosin sacrificar ninguna de las ceremonias y asociaciones religiosas por las que a los ojos de sus contemporaacuteneos se santificaba la unioacuten de los sexosrdquo (ibid pg 296)

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bernantes Ellos deben unir lo maacutes frecuentemente posible a las mejores pare-jas y lo menos posible a las peores y solo se educaraacute a los hijos de las mejores parejas Nadie a excepcioacuten de los gobernantes sabraacute coacutemo se ha de obtener este resultado Se uniraacute a novios y novias en ciertas fiestas matrimoniales junto a sacrificios e himnos y el nuacutemero de matrimonios seraacute fijado en cada ocasioacuten por los gobernantes de modo que la poblacioacuten se mantenga en lo posible la misma Los gobernantes llevaraacuten a cabo su objetivo usando suertes que ellos ya han manipulado

Ellos tambieacuten premiaraacuten la excelencia en la guerra o en otra cosa con-

cedieacutendoles mayor libertad para yacer con mujeres Los nintildeos que se han de educar seraacuten llevados a un establecimiento de nodrizas donde las madres y otras mujeres vendraacuten a amamantarlos pero se tomaraacute todo tipo de precau-ciones para impedir que las madres reconozcan a sus hijos La mujer estaacute en la flor de su edad entre los veinte y los cuarenta antildeos el hombre entre los veinticinco y los cincuenta y cinco antildeos y es soacutelo durante esos periacuteodos que se les permitiraacute parir o engendrar nintildeos para la ciudad242 Las violaciones de esta norma seraacuten condenadas severamente Despueacutes que se ha pasado de esta edad legal removeremos las restricciones sobre las relaciones sexuales ob-servando solo las reglamentaciones que sean necesarias para prevenir el in-cesto pero en lo posible esas uniones seraacuten esteacuteriles y en todo caso no debe educarse su descendencia Soacutecrates establece algunas regulaciones adiciona-les acerca de nuevos significados que han de adjuntarse a los nombres de las relaciones familiares y agrega que lsquohermanosrsquo y lsquohermanasrsquo pueden casarse si asiacute lo determina el sorteo y lo aprueba la pitonisa

461e464b Procuremos mostrar ahora que la comunidad de esposas e hi-

jos es la mejor y en consonancia con el plan general de nuestra constitucioacuten Que este es el curso mejor de accioacuten Platoacuten lo prueba de la siguiente manera Un legislador deberiacutea sobre todas las cosas aspirar al mantenimiento de la

242 Son expresiones del punto de vista platoacutenico acerca del matrimonio ldquoThey are equally applicable to the Spartan ideal and may have been borrowed from Spartardquo (J Adam pg 301)

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unidad al interior de la ciudad243 El instrumento maacutes efectivo para este pro-poacutesito es la comunidad del placer y del dolor Asiacute como en un hombre indi-vidual los sufrimientos de un miembro singular afectan a la totalidad asiacute tambieacuten en una ciudad bien gobernada las alegriacuteas y penas de cada ciuda-dano son compartidas por todos244 Es faacutecil mostrar que nuestra ciudad ideal cumple esta condicioacuten en un grado excepcional a la vez mediante sus otras instituciones y maacutes especiacuteficamente a traveacutes de la comunidad de esposas e hijos

464b-465d El comunismo domeacutestico estaacute tambieacuten en armoniacutea con el ca-

raacutecter comunitario general de la ciudad Eacutel estrecharaacute la unioacuten de los guar-dianes y consolidaraacute el estado Eacutel tambieacuten nos liberaraacute de pleitos que surjan de disputas acerca de la familia y la propiedad En casos de tentativas de vio-lencia contra una persona se espera que los compantildeeros le defiendan Los ciudadanos maacutes viejos ejercitaraacuten poderes disciplinarios sobre los maacutes joacuteve-nes reverencia y temor impediraacute desquites de parte de estos uacuteltimos Todas estas disposiciones tenderaacuten a mantener a los gobernantes en paz unos con otros y si estaacuten unidos no se esperaraacuten sediciones en el resto de la ciudad Otras ventajas menores son demasiado triviales para que se las especifique

465d-466d La vida de nuestros guardianes seraacute maacutes gloriosa que la de

los vencedores en los juegos Lejos de ser infelices ellos son los maacutes felices de los ciudadanos y cualquier intento de engrandecerse a siacute mismos a costa de su paiacutes solo los haraacute miserables Concluimos que el mejor curso de accioacuten para una ciudad es hacer que las mujeres compartan con los hombres en todo y tal comunidad estaacute en armoniacutea con las relaciones naturales entre los se-xos245

243 ldquoEl objetivo de Platoacuten a traveacutes de todo este episodio es el conservar lsquounarsquo a la totalidad de la ciudad impidiendo que uno de sus factores constituyentes a saber los guardianes lleguen a ser lsquomuchosrdquorsquo (J Adam pg 305) 244 Parece buscarse por medio de la superacioacuten del individualismo la desaparicioacuten de la subversioacuten y las divisiones internas (staseis) en la ciudad Esto se lograriacutea de la mejor manera manteniendo unida a la clase de los guardianes 245 Hay aquiacute indudablemente una referencia a la situacioacuten diametralmente dife-rente en que se encuentran las relaciones entre los sexos en su eacutepoca su idea es es-tablecer entre ellos en todo ldquohasta donde sea posiblerdquo una ldquocompleta comunidadrdquo

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466d-467e Tenemos todaviacutea que determinar si un tal tipo de sociedad

es posible entre los hombres como lo es entre los animales inferiores Pero proveamos primero lo concerniente al manejo de la guerra

Nuestros hombres y nuestras mujeres han de combatir en comuacuten en compantildeiacutea de sus descendientes no demasiado joacutevenes Los nintildeos estaraacuten atentos a las necesidades de sus progenitores y los alentaraacuten con su presencia en el campo de batalla Tendraacuten asiacute la ventaja de ser testigos del ejercicio con-creto de la profesioacuten que los espera en la vida futura El riesgo es considera-ble pero los problemas en juego exigen que eacutel se corra y se tomaraacuten todas las precauciones para asegurar el resguardo de los nintildeos

468a-469b En lo que concierne a la obligacioacuten de unos a otros en el

campo de batalla Soacutecrates enumera varios medios por los que se desalentaraacute la cobardiacutea y se premiaraacute la valentiacutea

469b-471c Tenemos tambieacuten un deber con nuestros enemigos246 Nin-

guna ciudad griega seraacute esclavizada y no podraacute haber un pillaje indecoroso de los muertos Armaduras capturadas en el campo de batalla no seraacuten dedi-cadas en los templos sobre todo no armaduras tales como las que tomamos de griegos a menos que el Dios determine lo contrario Prohibimos que el territorio griego sea asolado o que se incendie las casas griegas247 La totali-

(466c-d) Esto comprende a la dirigencia de la ciudad no a los productores de los que no se dice nada Platoacuten estaacute ampentildeado aquiacute en disentildear el modo como la ciudad seraacute gobernada 246 Hay ciertas leyes no escritas que rijen el comportamiento de los griegos en estas materias En este episodio como dice J Adam (pg 320) ldquoPlatoacuten hace un anaacutelisis de los principios que han de regular la poliacutetica internacional de su ciudad en sus rela-ciones tanto con los griegos como con los baacuterbarosrdquo 247 Habiacutea ciertas normas de guerra que constituiacutean un rudimentario derecho inter-nacional el que dependiacutea fundamentalmente de la costumbre La experiencia de la guerra del Peloponeso vivida por el joven Platoacuten y mantenida en el recuerdo por Tuciacutedides ha servido sin duda de ejemplo para estas regulaciones de la ciudad pla-toacutenica Soacutecrates manifiesta claramente su intencioacuten de establecer normas miacutenimas de humanidad en las guerras entre los helenos (ver especialemente 471 a-b) Hay que tener presente que se consideraba legiacutetimo en la guerra el pillaje y la destruc-cioacuten de las cosechas y de la propiedad en una situacioacuten de parecido desamparo estaban por lo general los prisioneros que podiacutean ser ejecutados o vendidos como

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dad de la raza heleacutenica son los hijos de una misma familia248 y los conflictos entre sus miembros no deberiacutean llamarse guerra sino contienda civil (στάσιν) El Baacuterbaro es nuestro enemigo natural y si saqueamos Grecia no-sotros no podemos asolar nuestra nodriza y madre Hay que recordar que nuestra ciudad es una ciudad griega Ella puede castigar pero no esclavizar otros estados griegos249 Glaucoacuten asiente eacutel piensa que nuestros ciudadanos deberiacutean tratar a los baacuterbaros como los griegos tratan ahora a sus compatrio-tas

471c-472b Glaucoacuten vuelve a recordar a Soacutecrates su tarea ya dos veces

pospuesta de demostrar que un tal Estado es posible250 472b-472e Soacutecrates le recuerda a Glaucoacuten que es la investigacioacuten de la

justicia y de la injusticia la que nos ha llevado a este punto Fue para alcanzar una norma o modelo (παραδείγματος ἄρα ἕνεκα) de justicia que examina-mos la naturaleza de la justicia perfecta y del hombre perfectamente justo251

esclavos Platoacuten mediante las propuestas de Soacutecrates reacciona en contra de ello al menos en lo que a los Griegos se refiere 248 ldquoA formal declaration of Platos political faith in Panhellenic idealrdquo (J Adam pg 323) 249 En lo que respecta a la esclavitud hay que recordar que los esclavos en Grecia eran de nacionalidad extranjera con excepcioacuten de aquellos griegos que habiacutean sido vendidos como esclavos con acasioacuten de la destruccioacuten de su propia ciudad por la guerra (ver J Adam pg 320) Por otra parte ldquoes claro por la seccioacuten presente que Platoacuten no impugna el principio de la esclavitud en tanto que los esclavos son de origen baacuterbaro pero en ninguna parte dice eacutel que su ciudad perfecta va efectiva-mente a contener esclavos ni es faacutecil ver queacute es lo que podriacutean hacer en ella Los esclavos estaacuten presentes por supuesto en la ciudad de las Leyes (776c ss)rdquo (ibid pg 321) Para una discusioacuten sobre este tema referido especialmente a la Repuacuteblica ver Temas de Estudios (I) ldquoiquestHay esclavos en la ciudad platoacutenicardquo 250 Se incia un giro fundamental en el curso del diaacutelogo en que se discute la factibi-lidad de la ciudad platoacutenica ideal Se disciernen dos aspectos (a) ldquode si es posible que llegue a existir este reacutegimen poliacuteticordquo (ἡ πολιτεία) (b) ldquoy de queacute manera es po-siblerdquo 251 La verdadera finalidad de los anaacutelisis de Platoacuten estaacute en la buacutesqueda de una teo-riacutea poliacutetica en relacioacuten con la gobernabilidad de la ciudad griega Para ello es nece-sario remontarse a principios abstractos y permanentes que proporcionen la base de sustentacioacuten cientiacutefica de la explicacioacuten de ese aspecto de la realidad estudiado En esta circunstancia se trata de los fenoacutemenos y realidades concernientes a la socie-dad en cuando que conglomerado poliacutetico es decir ciacutevicamente organizado

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Por la comparacioacuten con sus opuestos en relacioacuten con la felicidad y la infelici-dad intentamos obtener una medida para apreciar el efecto de la justicia y la injusticia sobre la felicidad en la vida humana Nuestro objeto no fue probar que la justicia perfecta es alcanzable y por consiguiente no estamos obliga-dos a mostrar que nuestra ciudad puede hacerse real

472e-474c Estoy dispuesto sin embargo dice Soacutecrates a mostrarte con

la mayor aproximacioacuten coacutemo nuestra constitucioacuten puede hacerse realidad252 No podemos esperar una realizacioacuten perfecta ya que la accioacuten es en todas partes menos verdadera que el lenguaje o la teoriacutea253 Un solo gran cambio posible sin embargo y solo uno es necesario y es este254 Los lsquofiloacutesofosrsquo (οἱ φιλόσοφοι) deben llegar a ser reyes (βασιλεύσωσιν) o los reyes lsquofiloacutesofosrsquo (φιλοσοφήσωσιν) En tanto que esto no suceda255 no habraacute tregua (παῦλα) para los males tanto de las ciudades como de la humanidad ni nuestra ciu-dad hipoteacutetica ver alguna vez la luz del sol y alcanzar realidad Una gran pa-radoja (πολὺ παρὰ δόξαν) diraacutes rentildeida con la opinioacuten corriente pero expli-quemos queacute es lo que entendemos por lsquofiloacutesofosrsquo

474c-480a El filoacutesofo es aquel que ama no una parte del conocimiento

sino la totalidad256 Su pasioacuten es por la verdad y Verdad quiere decir Ideas

252 Se trata de una aproximacioacuten en cuanto que la ciudad que se intenta crear se asemeje lo maacutes posible a su modelo Esta aproximacioacuten se expresa con la ideas de cercaniacutea ldquouna ciudad que se acerque lo maacutes posible a lo ya expuestordquo (473a) Se entra a un momento culminante del diaacutelogo 253 La palabra que es la base del discurso filosoacutefico se acerca maacutes a la verdad mdashes decir a la realidadmdash que la praacutectica sustentada por la accioacuten (πρᾶξιν) 254 Este gran cambio es en estricto sentido el maacutes pequentildeo (σμικροτάτου 473b) pues se trata de hacer posible la entrada en vigencia del estado ideal sin estorbar innecesariamente su realizacioacuten aunque evitando desfigurarlo 255 ldquoPolitical evil afirma J Adam (pg 330) is in Platos view the result of a divorce between political power and knowledge of the good it only can be cured by effec-ting their reconciliationrdquo 256 ldquoLa ciudad segunda (δευτέρα πόλις) de los libros II-IV comenta J Adam (pg 332) se apoyaba en una base psicoloacutegica y era maacutes la expresioacuten de un ideal moral que intelectual En armoniacutea con esta concepcioacuten Platoacuten usoacute anteriormente la pala-bra philoacutesophos primariamente y en su mayor parte en su sentido eacutetico Ahora que se dispone a abandonar la psicologiacutea por la metafiacutesica y a describir la realeza del co-nocimiento se hace necesario analizar de nuevo el sentido de φιλόσοφος De aquiacute

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Las Ideas son cada una de ellas una pero parecen muchas por unioacuten con las cosas particulares y de una a otra257 Los aficionados a las audiciones y a los espectaacuteculos y personas semejantes creen solo en las muchas cosas bellas ellos no pueden comprender lo uno Como sontildeadores ellos se equivocan y confunden la copia por el original Su condicioacuten de espiacuteritu podriacutea describirse como opinioacuten (δόξα) mientras que la del filoacutesofo como conocimiento (ἐπιστήμη)

Procedamos a probar esta afirmacioacuten El objeto del conocimiento lsquoesrsquo el de la ignorancia lsquono esrsquo Si por consiguiente algo a la vez lsquoesrsquo y lsquono esrsquo debe hallarse entre el ser y el no-ser y la facultad que lo reconoce seraacute algo entre conocimiento e ignorancia

Las lsquopotenciasrsquo (δυνάμεις) difieren unas de otras de acuerdo con los ob-jetos sobre los que ellas presiden y los efectos que ellas producen El lsquopoderrsquo llamado conocimiento preside sobre el ser y produce el acto de conocer (γνῶναι) Es diferente por consiguiente del lsquopoderrsquo llamado opinioacuten cuyo resultado es opinar (δοξάζειν) iquestCuaacutel es entonces el objeto sobre el que la opinioacuten preside Hemos visto que no es el ser ni el no-ser Por consiguiente la opinioacuten es diferente tanto del conocimiento (γνῶσις) como de la ignorancia (ἄγνοια) Es de hecho algo entre conocimiento e ignorancia menos lumino-so que uno maacutes luminoso que el otro Su objeto seraacute por consiguiente aque-llo que conjuntamente lsquoesrsquo y lsquono esrsquo

Ahora bien son la multitud de cosas bellas y de lo demaacutes que a la vez son y no son258 No hay ninguna de ellas que lsquoesrsquo maacutes que lsquono esrsquo que lo que decimos que es Estamos justificados por consiguiente en decir que la multi-tud de cosas bellas y de otros tipos se hallan entre el ser y el no-ser De este modo hemos descubierto el objeto de la opinioacuten

en adelante a traveacutes de los libros VI y VII el philoacutesophos es aquel cuya devoradora pasioacuten es el amor por la verdad es decir por la Ideasrdquo 257 En Repuacuteblica 476a 2 hace su primera aparicioacuten en el diaacutelogo la teoriacutea de las Ideas 258 De estas cosas se dice que participan tanto del ser (τοῦ εἶναι) como del no ser (μὴ εἶναι 478e) y son captados por la potencia intermedia Todas ellas representan el mundo de lo opinable (δοξαστόν) y constituyen el conjunto de realidades que deben ser colocadas ldquoen el mediordquo (μεταξὺ) entre el ser esencial (ουσἰας) y el no ser (τοῦ μὴ εἶναι 479c)

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Concluimos que aquellos que tienen ojos para las numerosas cosas be-llas y otras opinan (δοξάζειν 479e) mientras que aquellos que ven la belleza en siacute (αὐτὸ τὸ καλὸν 479e 1) conocen (γιγνόσκειν) De los primeros diremos que son amantes de la opinioacuten (φιλοδόξους) los otros son los amantes de saber los filoacutesofos (φιλοσόφους)

Libro sexto 484a-485a Ahora tenemos que mostrar que a los filoacutesofos tal como los

hemos definido se les deberiacutea confiar el gobierno Ellos son los uacutenicos que en virtud del Ideal en sus almas259 son capaces de guardar las leyes y las institu-ciones de la ciudad Los haremos por consiguiente nuestros guardianes si poseen los requisitos praacutecticos necesarios Un estudio de su naturaleza mos-traraacute que es posible que existan en ellos ambos tipos de calificacioacuten

485a-487a La naturaleza filosoacutefica ama el ser eterno e inmutable en su

totalidad260 Se sigue de aquiacute que el filoacutesofo ama naturalmente la Verdad desprecia los placeres del cuerpo es sobrio (σώφρων) no es avaro de rique-zas ni mezquino de pensamiento sino que posee grandeza de aacutenimo y coraje es justo y gentil Es tambieacuten raacutepido para aprender retiene lo aprendido no es dado a la conducta extravagante sino modesto y corteacutes261 A tales hombres cuando los antildeos y la educacioacuten hayan perfeccionado sus cualidades natura-les bien podemos confiarle nuestra ciudad

259 Ello ha sido posible mediante la comprensioacuten de ldquolo que se mantiene siempre ideacutentico a siacute mismordquo (484b) y por este motivo a diferencia de los ldquono-filoacutesofosrdquo no andan errando (πλανώμενοι) entre lo muacuteltiple J Adam (II pg 2) compendiosa-mente dice ldquoIt is the fluctuation of the Object which makes the Subject fluctuaterdquo 260 En su comentario J Adam (II pg 3) analiza las cualidades naturales acerca de las que se insistiacutea que eran primariamente morales mientras que aquiacute y en el libro VII se hace ver en primer lugar que son cualidades de tipo intelectual 261 El alma del filoacuteso con un sentimiento universal tiende constantemente a la tota-lidad de lo divino y de lo humano (486a) debe mantenerse por tanto alejado de toda aneleutheriacutea o lsquocarencia de liberalidad de mentersquo Su grandeza proviene entera-mente de la verdad que posee o estaacute en capacidad de poseer

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487a-487e Pero en realidad importuna Adimanto los filoacutesofos actuales son considerados inuacutetiles o peor que eso262 Soacutecrates admite la exactitud de este punto de vista y procede a resolver la dificultad con una paraacutebola263

487e-489c Imagiacutenate un barco en el que los marineros luchan unos con

otros para ganar la posesioacuten del timoacuten aunque ellos jamaacutes han aprendido el arte del timonel y niegan de hecho que su gobierno pueda alguna vez ser ensentildeado Ellos dominan al patroacuten de la nave con narcoacuteticos o con bebidas alcohoacutelicas y navegan alegremente directo al naufragio Nunca se les ocurrioacute que para gobernar un barco es necesario aprender coacutemo hacerlo El verdade-ro piloto es para ellos un observador de estrellas (μετεωροσκόπων) un char-lataacuten ocioso completamente inuacutetil Nuestro siacutemil (εἰκόνα 489a) se explica por siacute mismo iquestPorqueacute admirarse que el filoacutesofo es inuacutetil en una ciudad Pero la falta la cometen quienes no lo utilizan No es parte de su obligacioacuten el de-mandar empleo deberiacutean interesarse aquellos que necesitan sus servicios264

489c-491a Es suficiente acerca de la lsquoinutilidadrsquo del filoacutesofo Pero el pre-

juicio maacutes serio que sufre la Filosofiacutea se debe a aquellos que pretenden ser filoacutesofos cuando no lo son De ellos se trata cuando la gente afirma que la mayoriacutea de los filoacutesofos son unos perversos Esforceacutemonos por mostrar que la filosofiacutea no es responsable de la corrupcioacuten de la naturaleza filosoacutefica El ver-dadero filoacutesofo a pesar de los conceptos erroacuteneos es como hemos visto un amante natural de la verdad y posee en consecuencia todas las virtudes del caraacutecter ya sentildealadas265 Tenemos que investigar (1) coacutemo es que esta dispo-sicioacuten en muchos casos se corrompe y (2) cuaacutel es el caraacutecter de estos falsos filoacutesofos que son responsables de los prejuicios en contra de la Filosofiacutea

262 Por boca de Adimanto se expresa una opinioacuten muy extendida entre los griegos y los contemporaacuteneos de todas las eacutepocas posteriores 263 Soacutecrates invita a Adimanto a escuchar una ldquocomparacioacutenrdquo un ldquosiacutemilrdquo eikōn uno de los tantos que haraacuten este libro justamente famoso 264 No es propio de estos gobernantes suplicar a los gobernados que se dejen go-bernar Los poliacuteticos de ahora sin embargo son los marineros que asaltan al timo-nel 265 ldquoThe knowledge of the Idea is indeed in Platos view an intellectual and moral regenerationrdquo (J Adam II pg 15)

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491a-495b La naturaleza filosoacutefica es un producto escaso cuyas verda-deras virtudes lo vuelven peculiarmente expuesto a la corrupcioacuten266 cuando se le coloca en ambientes desfavorables Las voces clamorosas de la opinioacuten puacuteblica expresadas en asambleas y otras reuniones puacuteblicas corrompe inevi-tablemente al joven al inducirlo a la conformidad consigo mismo267 Cuando ellos lo estiman necesario emplean la fuerza bajo el nombre de castigo Con-tra esas influencias no hay profesor posible que pueda luchar aunque la providencia de Dios pueda salvar a algunos En cuanto a los sofistas ellos siacute que convierten en sistema y ensentildean las opiniones de la multitud las que ellos mismos son incapaces totalmente de justificar pero aceptan sin reserva como su profesioacuten les exige que lo hagan Recuerda tambieacuten que las Ideas son tonteriacuteas para el vulgo por lo que ellos jamaacutes amaraacuten la sabiduriacutea o a sus se-guidores268 Socrates concluye mediante una descripcioacuten viacutevida y y muy real de una naturaleza filosoacutefica en proceso de corrupcioacuten

495b-496a Abandonada de sus legiacutetimos amantes la Filosofiacutea sola y

desolada se ve forzada a una alianza con pretendientes indignos La prole de esta unioacuten non sancta es una progenie bastarda de sofismas

496a-497a Los pocos que por variadas razones permanecen fieles a la

filosofiacutea se alejan de la vida poliacutetica Al actuar de ese modo ellos se mantie-nen inmaculados frente al mundo cosa que si bien no es un logro pequentildeo tampoco es el maacutes grande269 Si se encuentran con una repuacuteblica apropiada para ellos obtendraacuten un crecimiento mayor para siacute mismos asiacute como resulta-raacuten ser los salvadores de su paiacutes

266 El adagio latino atribuido a san Jeroacutenimo dice ldquoCorruptio optimi pessimardquo la corrupcioacuten del mejor es la peor 267 La peor escuela de educacioacuten no es la de los sofistas sino la de las asambleas populares como la ekklesiacutea o asamblea popular 268 ldquoEs imposible entonces que la multitud sea filoacutesofo (amante de la sabiduriacutea)ldquo (494a) J Adam resume la cuestioacuten del siguiente modo ldquoThe theory of Ideas is not democratic philosophyrdquo aunque la discusioacuten presente no trata directamente ese asunto 269 La vida del individuo adquiere su verdadera dimensioacuten en el acontecer de una sociedad organizada para el hombre griego en general como para Platoacuten la ciudad es el marco indispensable para una vida individual verdaderamente plena y feliz Porque hay en el hombre necesariamente una dimensioacuten social

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497a-498c Nuestra justificacioacuten de la filosofiacutea estaacute ahora completa

Queda por preguntarse doacutende estaacute la constitucioacuten poliacutetica adaptada a la na-turaleza filosoacutefica iquestDoacutende estaacute en otras palabras el mejor gobierno (ἡ πολιτεία) En la ciudad que hemos fundado excepto que se requiere una explicacioacuten maacutes completa para la posicioacuten de los gobernantes Un estado que ha de manejar la filosofiacutea sin peligro debe asumir una actitud nueva frente a sus suacutebditos La filosofiacutea deberiacutea recibir maacutes en vez de menos atencioacuten a medida que un hombre entra en la madurez

498c-502c Adimanto casi no espera que el razonamiento de Soacutecrates

persuada a la mayoriacutea de sus auditores Pero Soacutecrates no estaacute dispuesto a perder la esperanza pues cree que sus palabras pueden producir frutos en una vida futura si no lo hacen en esta En cuanto a la multitud su discon-formidad se explica faacutecilmente Ellos han escuchado bastante de una retoacuterica tintineante pero ellos no han visto todaviacutea jamaacutes un filoacutesofo-rey ni estaacuten acostumbrados a discursos cuya uacutenica meta es la verdad Nuestra ciudad per-fecta se hace real siempre y en cualquier parte dondequiera y cuandoquiera que la Filosofiacutea llegue a obtener el poder La multitud asentiraacute si la aborda-mos correctamente270 porque su odio es contra los falsos filoacutesofos y no en contra de los verdaderos El amante de la verdad se haya absorto en la con-templacioacuten de las realidades inmutables a cuya imagen eacutel intenta formular las instituciones humanas en caso de que sea llamado a participar en la vida puacuteblica Sentildeaacutelale esto a la multitud y razona con ellos y ellos estaraacuten de acuerdo Nuestras propuestas aunque difiacuteciles no son imposibles271

502c-504a Nuestra tarea proacutexima consiste en describir a los gobernantes

y su posicioacuten en nuestra ciudad Ya hemos visto que ellos deben ser patriotas

270 A pesar de todo Platoacuten confiacutea en el poder de la razoacuten para persuadir a la mayo-riacutea a plegarse a su proyecto No es una tiraniacutea la que pretende imponer sino el go-bierno del mejor El proverbio griego atribuido a Soloacuten deciacutea χαλεπὰ τὰ καλά ldquolo bello es difiacutecilrdquo (ver Hipias Mayor 304e) 271 El plan propuesto por Platoacuten pretende ser el mejor siempre que sea realizable La ciudad ideal no es en esencia un imposible sino en cuanto que su condicioacuten de oacuteptima hace difiacutecil su realizacioacuten en sentido estricto no es una utopiacutea aunque ten-ga muchas de las caracteriacutesticas adscritas a esta

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agreguemos ahora que deben ser filoacutesofos272 Aquellos que combinan los ras-gos peculiares del temperamento filosoacutefico son necesariamente pocos y de-ben ser sometidos tanto a rigurosas pruebas intelectuales como morales para ver si seraacuten capaces de soportar los maacutes grandes estudios (μαθήματα)

504a-505b Glaucoacuten pregunta cuaacuteles son esos lsquomaacutes grandes estudiosrsquo Tuacute

recordaraacutes dice Soacutecrates que nosotros describimos nuestro anterior meacutetodo psicoloacutegico de llegar a las virtudes como inadecuado e incompleto Nuestros guardianes deben recorrer un largo camino si han de alcanzar su propia me-ta es decir el estudio maacutes alto de todos (μέγιστον μάθημα) que es algo que estaacute maacutes allaacute y es incluso superior a las virtudes Y todas esas mismas virtu-des no deben maacutes ser vistas solo meramente en bosquejo ellas deben ser es-tudiadas en toda su plenitud y perfeccioacuten El maacutes alto estudio es la Idea del Bien (ἡ τοῦ ἀγαθοῦ ἰδέα) como Glaucoacuten ha escuchado a menudo antes Es el conocimiento de esta Idea el uacutenico que hace uacutetil y beneficioso a todo otro conocimiento273

505b-506a iquestQueacute es por consiguiente el Bien La mayoriacutea contesta lsquoel

placerrsquo otros maacutes refinados lsquoel conocimientorsquo Ninguno de estos puntos de vista es defendible Los hombres estaacuten constantemente disputando acerca del Bien pero su existencia es praacutecticamente admitida por todos ya que es el ob-jetivo uacuteltimo de todo esfuerzo La Idea del Bien debe ser conocida por nues-tros guardianes pues a menos que ellos conozcan la conexioacuten entre el Bien y los ejemplos particulares de lo justo lo honorable y otros casos ellos no pue-den guardar estos uacuteltimos o incluso no se puede decir verdaderamente que los conozcan en una medida adecuada

506b-508b Despueacutes de cierta vacilacioacuten Soacutecrates se compromete a des-

cribir la Idea del Bien no como es ella en siacute misma sino a traveacutes de su ima-gen su semejanza es decir de su vaacutestago (ἔγκονος)

272 Se aspira a una armoniosa combinacioacuten de cualidades morales e intelectuales 273 Se entiende que maacutethema expresa a la vez la idea de lsquoestudio disciplinarsquo y la de lsquosaber conocimientorsquo

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Permiacutetanme recordarles continuacutea diciendo nuestra acostumbrada dis-tincioacuten entre particulares e Ideas las primeras son percibidas por la visioacuten (ὁρᾶσθαι) las uacuteltimas son concebidas por el entendimiento (νοεῖσθαι 507c) pero no vistas En el caso de la mayoriacutea de los sentidos nada se requiere a excepcioacuten de la facultad y su objeto para que una sensacioacuten pueda tener lu-gar Pero para que podamos ver un tercer requisito es necesario a saber la luz (φῶς) Ahora bien el autor de la luz es el Sol (τὸν ἥλιον) y en conse-cuencia podemos decir que el Sol es la causa de la visioacuten No debemos identi-ficar ni la visioacuten (ὄψις) ni el ojo (ὄμμα) con el Sol aunque el ojo se asemeja al Sol maacutes iacutentimamente que ninguacuten otro oacutergano del sentido274 y el Sol mismo es visto por el ojo

508b-509a Es suficiente acerca de nuestro siacutemil La interpretacioacuten es la

siguiente El hijo o vaacutestago del Bien es el Sol cuya relacioacuten con la vista y sus objetos es la misma que la del Bien con la inteligencia (νοῦς) y los objetos de pensamiento (τὰ νοούμενα) El elemento anaacutelogo de la luz es la verdad (ἀλήθεια)275 asiacute como no podemos ver sin la luz asiacute tambieacuten cuando la ver-dad estaacute ausente no podemos conocer La Idea del Bien es la fuente de la Verdad y el conocimiento y aunque se la conciba como aprehendida por el conocimiento es sin embargo causa (αἰτίαν) del conocimiento y la verdad276 Asiacute como la luz y la visioacuten se asemejan al Sol asiacute la verdad y el conocimiento

274 El teacutermino de Platoacuten es ἡλιοειδήστατον lsquoel maacutes parecido al Solrsquo (508b 3) que es usado uacutenicamente aquiacute en superlativo y en 509a 1 (ἡλιοειδῆ) En Heidegger mdashLa doctrina de la verdad seguacuten Platoacutenmdash se dice ldquohelioiderdquo ldquosolisiacutemilrdquo Sin duda que se quiere sentildealar con esto la profunda afinidad del oacutergano con la luz su cristalina transparencia 275 ldquoThe entire simile is plunged in confusion if Light is equated with anything ex-cept Truthrdquo (J Adam II pg 60) 276 J Adam II (pg 60) presenta el siguiente cuadro de comparaciones regioacuten visible (τόπος ὁρατός) asymp regioacuten inteligible (τόπος νοητός) (1) Sol asymp Idea del Bien (2) Luz asymp Verdad (3) Objetos de visioacuten (colores) asymp Objetos de conocimiento (Ideas) (4) Sujeto que ve asymp Sujeto que conoce (5) Oacutergano de la visioacuten (ojo) asymp Oacutergano del conocimiento (νοῦς) (6) Facultad de la visioacuten (ὄψις) asymp Facultad del entendimiento (νοῦς) (7) Ejercicio de la visioacuten (ὄψις ὁρᾶν) asymp Ejercicio del entendimiento (νοῦς ie νόησις γνῶσις ἐπιστήμη) (8) Habilidad para ver asymp Habilidad para conocer

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se asemejan al Bien277 pero el Bien no es ideacutentico con ninguno de ellos ya que los trasciende a ambos278

509a-c En segundo lugar el Sol tambieacuten proporciona a los objetos de

visioacuten la generacioacuten (γένεσιν) el crecimiento y la alimentacioacuten aunque la generacioacuten no es ideacutentica con el Sol279 De manera semejante los objetos de conocimiento (γιγνοσκομένοις) reciben del Bien no solo su capacidad de ser conocidos (τὸ γιγνώσκεσθαι) sino tambieacuten su ser (τὸ εἶναι) y su esencia (οὐσίαν) este sin embargo es en siacute mismo distinto de la esencia y superior a ella280

509c-511e Soacutecrates ante una peticioacuten de Glaucoacuten procede ahora a ex-

poner la comparacioacuten de manera maacutes completa Tomemos una liacutenea (γραμμὴν) y dividaacutemosla en dos partes desiguales para representar respec-tivamente los objetos de visioacuten (τοῦ ὁρωμένου) y los objetos de pensamiento (τοῦ νοουμένου)281 Si subdividimos adicionalmente cada parte en propor-cioacuten a las secciones originales tendremos cuatro segmentos representando

277 ldquoJust as therefore the sun is the source of light so the Idea of the Good is the source of truthrdquo (J Raven Platos Thought in the Making pg 137) 278 ldquoNo hay que identificar la Idea del Bien en siacute dice J Raven (op cit pg 137) ni con el conocimiento ni con el entendimiento La verdad y el conocimiento son sin embargo lo maacutes semejante de todas las cosas a la Idea del Bienrdquo 279 ldquoEn la filosofiacutea de Platoacuten comenta J Adam II (pg 61) el conocimiento es la con-trapartida epistemoloacutegica del Ser el Ser la contrapartida ontoloacutegica del conocimien-to La unidad final en la que tanto el conocimiento como el Ser se encuentran es la Idea del Bien que es por consiguiente la causa suprema y uacuteltima del Universordquo 280 ldquoEn cuanto que causa de la generacioacuten (γένεσις) podemos de hecho considerar el Sol como la sola y verdadera generacioacuten pues todas las cosas generadas (γιγνόμενα) se derivan de eacutel De modo semejante el Bien no es esencia (οὐσία) en el sentido en que las Ideas son esencias pero en un sentido superior es la uacutenica esencia verdadera pues todas las esencias son sοlo determinaciones especiacuteficas del Bienrdquo (J Adam II pg 62) 281 La Liacutenea dice J Raven (Platos Thought in the Making pg 144) ldquoaims to throw light on the contents of the intelligible world by means of the analogy with the visi-blerdquo Este siacutemil de Platoacuten que representa una verdadera ldquoescala vertical de la realidadrdquo (J Raven op cit pg 145) muestra el trazo de una liacutenea dividida en pro-porciones que simbolizan una claridad u obscuridad comparativas ldquothe shorter the segment the more obscure its contentsrdquo (ibid pg 145) Como un recuerdo de la figura del sol y su luz en el siacutemil anterior aquiacute a mayor verdad mayor es la clari-dad de los objetos

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en orden de claridad (σαφήνείᾳ) (1) imaacutegenes (εἰκόνες) y cosas parecidas (2) las asiacute llamadas cosas reales como por ejemplo los animales que nos rodean y las plantas (3) los objetos de ese meacutetodo intelectual que desciende desde su-puestos o hipoacutetesis (ὑποθέσεις) hasta la conclusioacuten usando objetos sensibles como imaacutegenes o ilustraciones (4) los objetos de ese meacutetodo intelectual que asciende desde supuestos hasta un primer principio no supuesto (ἀνυπόθετον) sin hacer uso de ninguacuten tipo de ilustracioacuten sensible y despueacutes de eso desciende a una conclusioacuten La tercera seccioacuten representa los temas investigados por las asiacute llamadas lsquoartesrsquo o las ciencias matemaacuteticas la cuarta es la esfera de la dialeacutectica el nivel de la Ideas inteligibles Los estados menta-les correspondientes son llamados por Soacutecrates lsquoimaginacioacutenrsquo (εἰκασία) lsquocreenciarsquo (πiacuteστις) lsquopensamientorsquo (διάνοια) lsquointeligenciarsquo (νόησις) Cada uno de estos es claro o cierto exactamente en la medida en que sus objetos son verdaderos282

Libro seacuteptimo 514a-517a El siacutemil siguiente representa nuestra naturaleza con respecto

a la educacioacuten (παιδείας) y a la ausencia de ella (ἀπαιδευσίας)283 Imagi-neacutemonos un nuacutemero de prisioneros confinados en una caverna subterraacutenea e

282 La sombras y los reflejos derivan su existencia y su inteligibilidad de los objetos de los que ellos son sombras o bosquejos por una parte estos derivan y dependen de aquellos y por otra estos bosquejos sentildealan hacia esos objetos y son comprendi-dos en referencia a ellos (Ver DA Rees Introduction ed 1962 The Republic of Plato de J Adam pg XXXVII) 283 Es conveniente notar que el siacutemil de la Caverna representa la situacioacuten del hom-bre sin educacioacuten y de lo que pasariacutea si convertido a la verdad (que es el objeto y contenido de la verdadera educacioacuten) transformara su alma mediante la contempla-cioacuten de la realidad pura La educacioacuten (παιδεία) se iguala a una conversioacuten al Ser es decir hacia lo maacutes verdadero y real La presencia en nosotros del Ser instaura en nuestra alma la verdad

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incapaces de ver otra cosa que no sea sombras de imaacutegenes y otros objetos semejantes proyectados por la luz de un fuego Tales hombres creeraacuten que las sombras de objetos manufacturados son la uacutenica verdad Si fueran libera-dos284 y conducidos paso a paso hacia la luz ellos querraacuten volverse y escapar hacia el interior de la caverna pero si los obligamos a salir terminaraacuten gra-dualmente por acostumbrarse al deslumbramiento y a ser capaces de con-templar al Sol y de comprender su soberaniacutea en el dominio de las cosas visi-bles La compasioacuten por sus anteriores amigos comenzaraacute entonces a mezclar-se con el gozo de su propia escapatoria Si volvieran a descender a su lugar anterior285 la obscuridad afectaraacute al principio su visioacuten y los expondraacute a la risa de los demaacutes quienes podriacutea ser echaraacuten manos sobre sus liberadores y los mataraacuten

517a-518b El siacutemil de la Caverna deberiacutea asociarse con el de la Liacutenea286

La Caverna es el mundo visible el fuego es el Sol y el viaje de los prisioneros hacia la luz se asemeja al ascenso del alma hacia la esfera inteligible en la que la Idea del Bien reina suprema No deberiacutea sorprendernos ver que el filoacutesofo estaacute poco dispuesto a dejar la luz del pensamiento por la oscuridad de los asuntos praacutecticos o que eacutel se encuentra aturdido y confundido al actuar alliacute

284 El camino hacia la liberacioacuten (λύσιν) y la curacioacuten (ἴασιν) del prisionero estaacute en estricta y progresiva relacioacuten con su ascenso hacia la luz y el Sol En ese sentido la filosofiacutea instaura en el alma del individuo una viacutea de liberacioacuten Si conforme al meacute-todo de Platoacuten establecemos la relacioacuten individuo sociedad resulta que la filosofiacutea estaacute llamada a proporcionar libertad a la ciudad aquella que proviene de la con-templacioacuten de la verdad inteligible 285 Esta vuelta forzosa a la Caverna de los contempladores del Sol-Bien es esencial para los objetivos poliacuteticos del siacutemil La visioacuten de la verdad va unida al compromiso de volver al lugar de los reflejos con la intencioacuten de establecer un nuevo orden de cosas en esa sociedad de sombras Con ocasioacuten de esa vuelta se ha dicho que el len-guaje de Platoacuten no deja dudas de que eacutel quiere sentildealar con ese regreso un retorno a la vida de la ciudad y la praacutectica de las virtudes ciacutevicas ldquoEn consonancia con ello los habitantes de la Caverna seraacuten aquellos hombres que de hecho han de hallarse ocupados en asuntos praacutecticos y sobre todo puacuteblicosrdquo (D A Rees Introduction en J Adam op cit pg XL) 286 Aunque ldquoa diferencia de la Liacutenea mdashdice DA Rees Introduction (op cit pg XXXIX)mdash la Caverna muestra un movimiento temporal y este hecho es en siacute mismo una indicacioacuten de los peligros inherentes en cualquier intento de una correlacioacuten estrecha entre los dos En cuanto la Caverna mira hacia atraacutes ella mira tanto hacia el Sol como hacia la Liacuteneardquo

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518b-521b Se sigue que la educacioacuten no es un modo de poner conoci-

miento en almas vaciacuteas sino una revolucioacuten del entendimiento u oacutergano del saber cuya mirada debe estar dirigida hacia el Ser (τὸ ὄν) y la parte maacutes bri-llante de eacutel que es el Bien (τἀγαθόν) El alma entera se vuelve con el enten-dimiento en esta revolucioacuten287 Este retorno al Ser no es otra cosa que una vuelta del alma hacia la realidad Las otras virtudes son secundarias y exte-riores pero el entendimiento no pierde jamaacutes su poder y actuacutea quieacuteralo o no seguacuten se ha convertido o no por medio de la educacioacuten Las mejores natu-ralezas en nuestra ciudad luego de haber ascendido (ἀναβῆναι 519d) hacia el Bien deben volver a juntarse con los prisioneros que habiacutean dejado El for-zarlos asiacute a descender (καταβαίνειν) de nuevo puede parecer injusto pero la ley busca hacer proacutespero al conjunto de la ciudad y no a una sola clase Y es ciertamente justo tambieacuten que ellos paguen asiacute a su paiacutes por haberlos criado y educado Ellos admitiraacuten la fuerza de nuestras demandas y aceptaraacuten su turno en la obra de gobierno no ansiosamente sino como una necesidad288 Hemos visto que una ciudad bien gobernada es imposible a menos que una perspectiva de vida mejor que la de gobernar se abra a sus gobernantes y la vida del verdadero filoacutesofo es mejor

521c-523a Debemos considerar a continuacioacuten coacutemo podemos conducir

a nuestros guardianes hacia la luz Los estudios (μάθημα 521d) que necesi-tamos son de una calidad tal como para arrastrar nuestra alma desde la gene-racioacuten al Ser289 y son al mismo tiempo de alguna utilidad praacutectica en la gue-rra Nuestra preparacioacuten anterior en la gimnasia y la muacutesica no nos serviraacute

287 En la teoriacutea platoacutenica de la educacioacuten comenta J Adam (II pg 98) estaacute com-prometida el alma en su integridad Esta lsquorevolucioacutenrsquo (περιαγωγή) espiritual se aplica ahora primaria e inmediatamente al intelecto aunque produce una revolu-cioacuten moral no menor que una intelectual ldquoLa disciplina moral de los libros II-IV contrariamente a ser dejada de lado es fortalecida y consolidada mediante su inte-lectualizacioacutenrdquo 288 Una antigua expresioacuten eclesiaacutestica dice nolentibus datur es decir ldquose otorga ltun obispadogt a los que no lo quierenrdquo 289 521d ἀπὸ τοῦ γιγνομένου ἐπὶ τὸ ὄν ldquoDesde lo generado hacia el Serrdquo Un iti-nerario desde lo generado y sensible hacia el ser y lo real Porque los verdaderos poliacuteticos de esta ciudad deben conocer la realidad no su apariencia

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para este propoacutesito ni tampoco lo seraacuten las artes mecaacutenicas iquestQueacute me dices del nuacutemero y el caacutelculo que forman parte de cada arte y ciencia Su impor-tancia en la estrategia es obvia y hallaremos que aquellos si son usados co-rrectamente conducen evidentemente a las almas hacia la inteligencia y el ser

523a-524c Yo distingo dice Soacutecrates entre dos clases de percepciones

(ἐμ ταῖς αἰσθήσεσιν) a saber las que estimulan a la inteligencia (νόησιν) y las que no lo hacen Corresponde a las primeras todas aquellas representacio-nes sensoriales que son auto-contadictorias Tenemos aquiacute por ejemplo tres dedos La vista nos dice que cada uno es un dedo Hasta aquiacute no hay contra-diccioacuten y la inteligencia no es excitada Pero en otros respectos lo es con el tamantildeo y la pequentildeez el grosor y la delgadez y cosas parecidas La percep-cioacuten que reporta que tal o cual cosa es dura frecuentemente nos cuenta que es tambieacuten blanda y lo mismo mutatis mutandis puede decirse de todas las percepciones que tratan con cualidades relativas de este tipo En tales casos el alma estaacute perpleja y acude a la inteligencia por ayuda La inteligencia res-pondiendo con prontitud comprende lsquograndersquo y lsquopequentildeorsquo por ejemplo co-mo distintos y separados uno del otro a diferencia de los sentidos por los que ellos eran vistos no separados sino confundidos Es asiacute que somos condu-cidos primero a preguntar lsquoiquestqueacute es lo grandersquo y lsquoiquestqueacute es lo pequentildeorsquo

524c-526c Considera ahora a cuaacutel de esas clases pertenece el nuacutemero y

la unidad Nuestra percepcioacuten de lsquounidadrsquo (τὸ ἕν) es auto-contradictoria pues cada unidad que vemos la vemos a la vez como una e infinita en nuacuteme-ro Esto es verdadero tambieacuten del nuacutemero en general ya que es verdadero del lsquounorsquo (τὸ ἕν) La ciencia del nuacutemero es por consiguiente un estudio con-veniente tanto por motivos educacionales como utilitarios con tal que sea ejercido de tal modo que conduzca al alma desde los nuacutemeros visibles hasta los invisibles de la verdadera matemaacutetica Podemos antildeadir que los estudios aritmeacuteticos son una prueba excelente de capacidad general una buena disci-plina intelectual y por lo demaacutes difiacutecil

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526c-527c En el orden siguiente estaacute la geometriacutea plana No necesitamos extendernos en su utilidad praacutectica la cuestioacuten importante es si ella propende a volver el alma hacia el ser y la Idea del Bien (τὴν τοῦ ἀγαθοῦ ἰδέαν 526e) Un mero novicio en geometriacutea sabe que ella no es un arte praacutectico a pesar de teacuterminos tales como lsquocuadrarrsquo etceacutetera que la pobreza del lenguaje obliga a emplear El objeto del conocimiento geomeacutetrico es el ser eterno290 Por esta razoacuten prescribiremos el estudio de la geometriacutea una materia que es ademaacutes ventajosamente uacutetil y excelente como disciplina preparatoria

527c-528e iquestPrescribiremos como nuestro tercer estudio la astronomiacutea

Glaucoacuten aprueba indicando su utilidad en los asuntos praacutecticos Luego de reprender a su amigo por defender el curriacuteculo platoacutenico principalmente por este motivo Soacutecrates observa que primero deberiacutea estudiarse lo soacutelido en siacute y despueacutes lo soacutelido en movimiento En otras palabras la estereometriacutea (στερεὸν 528b-c)291 deberiacutea preceder a la astronomiacutea Aunque los problemas de los soacutelidos no se resuelven todaviacutea podemos esperar eacutexito con una direc-cioacuten apropiada y con el apoyo del Estado

528e-530c La astronomiacutea (ἀστρονομἰα) seraacute en conformidad cuarta en

orden y la estereometriacutea tercera Siacute dijo Glaucoacuten pues de seguro que la as-tronomiacutea impulsa al alma a mirar lsquohacia arribarsquo (ἄνω βλέπειν 529b) Por el contrario responde Soacutecrates como se la estudia al presente la astronomiacutea vuelve los ojos del alma hacia abajo aunque el ojo corporal mira hacia arriba La verdadera astronomiacutea no es la observacioacuten de los cielos visibles que son como todas las cosas vistas imperfectas y sujetas a cambio es una ciencia matemaacutetica que estudia los verdaderos movimientos de las estrellas inteligi-bles y usa el firmamento visible como su planetario (529d-e) Nos dedicare-mos por consiguiente a la astronomiacutea valieacutendonos de problemas y nos des-pediremos de lo que hay en el cielo

290 527b τοῦ γὰρ ἀεὶ ὄντος ἡ γεωμετρικὴ γνῶσίς ἐστιν La verdadera geometriacutea es un saber de lo real e inteligible 291 El propio teacutermino ldquoestereometriacuteardquo (στερεομετρίαν Epin 990d) aparece solo en el Epiacutenomis (que algunos consideran no platoacutenico) como algo distinto de la geome-triacutea Es usado ya por Aristoacuteteles

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530c-531c Luego vendraacute la ciencia que es hermana de la astrononomiacutea a saber la armoniacutea (ἁρμονία) Por mayores detalles nos remitiremos a los pitagoacutericos teniendo cuidado sin embargo de mantener intactos nuestros principios directivos Podemos no hacer caso de gente que trata de determi-nar un intervalo miacutenimo y una unidad de medida por percepcioacuten auditiva pero los pitagoacutericos estaacuten tambieacuten equivocados ya que lo que ellos estudian son las proporciones numeacutericas de las armoniacuteas audibles Ellos deben ascen-der a los verdaderos problemas y examinar queacute nuacutemeros son consonantes cuaacuteles no y porqueacute La ciencia de la armoniacutea es inuacutetil para nuestros propoacutesi-tos si se ejerce de otra manera

531c-533d La prosecucioacuten de estos estudios si permiten descubrir sus

relaciones mutuas contribuiraacuten a los fines que perseguimos pero despueacutes de todo ellos son solo un preludio a la dialeacutectica (τὸ διαλέγεσθαι) Podemos comparar la dialeacutectica a la marcha de los prisioneros desde que ven los ani-males reales hasta que contemplan el Sol y comparar a su vez esos estudios preparatorios a su liberacioacuten y ascenso desde las sombras e imaacutegenes al inte-rior de la caverna hasta las sombras de los objetos reales en el mundo de arri-ba Soacutecrates no acepta hacer una estimacioacuten del meacutetodo y objeto de la dialeacutec-tica pero insiste en que el Bien debe ser visto y que solo la dialeacutectica puede revelarlo pues el meacutetodo dialeacutectico (ἡ διαλεκτικὴ μέθοδος) es el uacutenico estu-dio que se eleva sobre las ruinas de sus presupuestos (ὑπόθεσις) hasta la Idea del Bien conduciendo el alma hacia lo alto y usando las lsquoartesrsquo como auxilia-res de esta labor de atraccioacuten educativa292

533e-534e En conclusioacuten despueacutes de sentildealar las relaciones entre los di-

ferentes estados intelectuales Soacutecrates declara que la caracteriacutestica esencial de la dialeacutectica es su poder de comprender la razoacuten o principio de todo ser se-parando la Idea del Bien por ejemplo de todas las demaacutes definieacutendola en palabras y examinado la definicioacuten por medio de pruebas de todas y de cada

292 Acerca del meacutetodo dialeacutectico J Adam sentildeala ldquoFormalmente considerada la dialeacutectica procede como el severo interrogatorio socraacutetico por preguntas y respues-tas (534D) La dialeacutectica es por sobre todo sinoacuteptica esforzaacutendose por ver doacutende estaacute el uno y lo muacuteltiple (531D 537BC) De ahiacute que la coordinacioacuten de las ciencias es una buena preparacioacuten para el maacutes alto estudiordquo (II pg 173)

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una de las que debe resultar triunfante Glaucoacuten estaacute de acuerdo en que un tal estudio es indispensable para los gobernantes y de que el curriacuteculo de estudios estaacute ahora completo

535a-536b Solo queda por designar a quieacutenes daremos estas ensentildeanzas

y prescribir el modo de hacerlo Nuestros alumnos deben poseer no solo cua-lidades como la generosidad o la virilidad sino tambieacuten aquellas otras cuali-dades naturales que nuestro peculiar curso de entrenamiento exige Ellas son ahora enumeradas por Soacutecrates

536b-537c Despueacutes de pedir disculpas por su celo excesivo en defensa

de la Filosofiacutea Soacutecrates establece sus estatutos Debemos seleccionar nuestros alumnos en tanto que son joacutevenes y someterlos en su juventud a todos los estudios preparatorios preocupaacutendose de evitar la coaccioacuten que se eduquen jugando Al mismo tiempo habraacuten de ser llevados al campo de batalla como espectadores y recibir su iniciacioacuten en las armas De los dieciocho a los vein-te los ejercicios gimnaacutesticos demandan su atencioacuten completa A los veinte aquellos que han demostrado ser los mejores ingresaraacuten en un sistemaacutetico estudio comparativo de las matemaacuteticas y los otros estudios por un periacuteodo de diez antildeos

537d-540c En esta etapa se seleccionaraacute a los maacutes haacutebiles para ascender-

los a honores maacutes grandes y probarlos por medio de la dialeacutectica Se debe tener gran cuidado al introducirlos en este estudio porque cuando el caraacutecter es inmaduro y deacutebil el debate dialeacutectico frecuentemente engendra tambieacuten desobediencia (παρανομία)293 al derribarse creencias heredadas Prohibire-mos en consecuencia tales disputas dialeacutecticas a los joacutevenes Despueacutes de cin-co antildeos consagrados a la dialeacutectica los proacuteximos quince se ocuparaacuten en la adquisicioacuten de una experiencia de gobierno y asuntos praacutecticos A la edad de cincuenta aquellos que se hayan destacado y superado todas las pruebas se dedicaraacuten a partir de entonces a la contemplacioacuten del Bien (ἰδόντας τὸ ἀγαθὸν αὐτό 540a) debiendo descender cuando llegue su turno a la Ca-

293 El sentido literal de paranomiacutea es el de lsquotransgresioacuten de la leyrsquo de ahiacute su sentido de lsquohaacutebitos desordenadosrsquo

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verna para ordenar las instituciones humanas conforme a su semejanza To-das estas normativas se aplican por supuesto tanto a mujeres como a hom-bres

Libro octavo 543a-545c Soacutecrates ahora vuelve al punto en que comenzoacute la lsquodigresioacutenrsquo

que ha ocupado los libros V-VII Hay como observamos cuatro variedades principales de estados e individuos ademaacutes del gobierno perfecto y el hom-bre perfecto En orden de merecimiento ellos son (1) Timarquiacutea o el estado cretense y laconio (2) Oligarquiacutea (3) Democracia (4) Tiraniacutea Todos los otros tipos de repuacuteblica tales como dinastiacuteas etc se encuentran en alguna parte de esas variedades primeras y evidentes Ademaacutes ya que el caraacutecter especiacutefico de los estados es determinado por el de los individuos habraacute cinco tipos principales de caracteres individuales personificados respectivamente en (1) el hombre aristocraacutetico (2) el timocraacutetico (3) el oligaacuterquico (4) el democraacuteti-co (5) el tiraacutenico Hemos descrito ya al primero de esos pero debemos tam-bieacuten revisar los otros para que haciendo contrastar el mejor con el peor seamos capaces de comprender la relacioacuten entre la justicia sin mezcla (ἄκρατος)294 y la injusticia sin mezcla en relacioacuten con la felicidad y la desgra-cia de sus poseedores295 Como antes examinaremos primero los caracteres (τὰ ἤθη) en los regiacutemenes poliacuteticos y luego los individuos

294 Es decir pura en toda su fuerza 295 ldquoNos hemos familiarizado ya con el caraacutecter del hombre perfecto pero tenemos todaviacutea que descubrir y describir τὸν κάκιστον ltlsquoel peorrsquogt para que podamos esta-blecer nuestra comparacioacuten y pronunciar nuestro veredicto Esta es la tarea a la que Platoacuten se aplica en los libros VIII y IX hasta el 576b)rdquo seguacuten J Adam II pg 195 No se trata de la explicacioacuten de un desarrollo histoacuterico sino de una teoriacutea de la deca-dencia poliacutetica que se basa a su vez en una teoriacutea de la degeneracioacuten psicoloacutegica (cf Adam II pg 196) Complementando el punto relativo a la descripcioacuten de los regiacutemenes en que se po-ne especial eacutenfasis en mostrar la ciudad y el tipo de hombre peor J Adam antildeade (pg 199) ldquoThe form which he does in point of fact select is that of a historical narra-tive but the real order of the development which he describes is a lsquological orderrsquo and is primarily determined by psychological and not by historical considerationsrdquo

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545c-547c iquestCoacutemo surge la timarquiacutea de la aristocracia296 Podemos asentar como una regla universal que un cambio constitucional se origina por la disensioacuten (στάσις)297 al interior de la clase gobernante Soacutecrates invoca a las Musas para decir lsquocoacutemo entroacute la primera sedicioacutenrsquo Como todo lo demaacutes nuestra ciudad perfecta estaacute sujeta a una ley de naturaleza universal de que todo lo que es creado perece298 A partir de los elementos del nuacutemero que expresa el periacuteodo maacutes corto de gestacioacuten en el geacutenero humano Soacutecrates construye un lsquonuacutemero geomeacutetricorsquo299 que eacutel llama lsquosentildeor de los nacimientos mejores y peoresrsquo300 Cuando debido a la ignorancia de este se unen parejas en forma inoportuna surge como teniacutea que serlo una raza degenerada de

296 Creo que podremos utilizar libremente lsquotimarquiacutearsquo o lsquotimocraciarsquo como lo pro-pone el mismo Platoacuten ldquoya que no tengo otro nombre con queacute llamarlo habraacute que denominarla o timocracia o timarquiacuteardquo dice en 545 b (ἢ τιμοκρατίαν ἢ τιμαρχίαν Platoacuten mdash545bmdash afirma que es ldquoel reacutegimen poliacutetico que busca los honoresrdquo (philoti-mos tambieacuten lsquoambicioso emulador aacutevido de honrarsquo) LSJ ldquostate in which the love of honour is the ruling principlerdquo En cuanto a la concepcioacuten aristoteacutelica (Eacutetica Nico-maquea 1160a30 b17) se dice ldquostate in which honours are distributed according to a rating of property timocracyrdquo En cuanto a la aristokratiacutea sabemos que es el gobierno de los mejores en primer lugar en un sentido maacutes especiacutefico el de los nobles Puede tambieacuten considerarse una aristocracia el gobierno de los ricos si tiene caracteriacutesticas positivas u oligarquiacutea si predominan las negativas (cf Platoacuten Poliacutetico 301a) 297 stasis puede significar la posicioacuten el estado de una persona de ahiacute partido Y en un contexto poliacutetico como el nuestro una faccioacuten un partido formado con propoacutesitos sediciosos La stasis no es propiamente ni lsquorevolucioacutenrsquo ni lsquosedicioacutenrsquo ni siquiera lsquocambio de constitucioacutenrsquo (metaboleacute ) sino que en palabras de Marcus Wheeler ldquodes-cribe una situacioacuten cuyo rasgo esencial es el uso de la violencia o conducta (beha-viour ) lsquoilegalrsquo de dos o maacutes gruposrdquo (J O Velaacutesquez Platoacuten y la soberaniacutea del es-tado en Revista de Filosofiacutea vol XXXI-XXXII (1988) Santiago de Chile pg 38 298 Se enuncia como de paso este principio ldquola destruccioacuten es inherente a todo lo generadordquo (546a) y esto explica el porqueacute de la decadencia de las construcciones ciacutevicas de los hombres De ahiacute los ciclos de destruccioacuten que se suceden en la historia humana (cf Timeo 22d Leyes III 677e) Hay que hacer notar sin embargo que la cau-sa de la decadencia no estaacute propiamente en la ciudad ideal que aquiacute se proyecta sino en estas razones superiores de la naturaleza de las cosas 299 Luego de presentar esta especie de ley universal de la naturaleza toda por la que todas las cosas generadas poseen una tendencia intriacutenseca a la decadencia y destruccioacuten se inicia ldquola construccioacuten de un nuacutemero que es expresioacuten de esta ley de degeneracioacuten inevitable a la que estaacute sujeto el universo y todas sus partesrdquo de ese modo mediante complejos caacutelculos de sabor pitagoacuterico Platoacuten ldquointenta dar una expresioacuten aritmeacutetica a la ley del cambio con aquello que eacutel llama el nuacutemero geomeacute-trico ltγεωμετρικὸς ἀριθμόςgt (J Adam II pg 202) 300 ldquoY todo este nuacutemero geomeacutetrico dice Platoacuten es sentildeor ltde los nacimientos mejo-res y peoresgtrdquo (546c)

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hijos301 Los mejores de estos se convierten con el tiempo en gobernantes pero la mezcla de razas mdashde oro de plata de cobre de broncemdash se acrecienta y tiene por resultado la sedicioacuten Las facciones en lucha finalmente mediante un compromiso producen la transicioacuten a la timarquiacutea mdashuna forma de repuacute-blica que se situacutea a medio camino entre la aristocracia y la oligarquiacutea

547c-548d Es suficiente en cuanto al origen de la timarquiacutea En su re-

presentacioacuten se asemejaraacute por una parte a la aristocracia y a la oligarquiacutea por otra en parte tendraacute tambieacuten sus peculiaridades Los rasgos aristocraacuteticos son el respeto por la clase gobernante y asiacute sucesivamente su propia peculia-ridad distintiva es el amor por la guerra y asuntos guerreros en codicia y avariacia es como en la oligarquiacutea302 En general la timarquiacutea es una mezcla de bien y mal pero la caracteriacutestica mas visible de este reacutegimen es el amor por la victoria y el honor303

548d-550c El caraacutecter del hombre timocraacutetico es descrito ahora en estre-

cha analogiacutea con el del estado timocraacutetico (548d-549b) En origen mdashSoacutecrates continuacutea diciendomdash este fue el hijo de un buen padre que vive en una ciudad mal regulada y que se abstiene de la actividad ciacutevica Impulsado por los pre-ceptos y exemplo de su padre hacia una vida superior y por la influencia ma-

301 Por lo visto los gobernantes con todo su saber se equivocan (ldquoignoraacutendolordquo) y no logran siempre perfectas uniones entre novios y novias Todo el paacuterrafo nos muestra en resumen ldquoque los filoacutesofos-reyes estaacuten sujetos a dos limitaciones una bioloacutegica y un tanto misteriosa la otra cognitiva y faacutecilmente inteligible La limitacioacuten bioloacutegica es que la calidad de los reyes-filoacutesofos estaacute de-terminada por doacutende en un ciclo natural estaacuten sus padres cuando se les concibe La limitacioacuten cognitiva es que ellos deben emplear la percepcioacuten sensorial para hacer realidad sus teoriacuteas en la praacutecticardquo (CDC Reeve Philosopher -Kings Princeton 1988 pgs 114-15) 302 Es probable que la mayor parte de esta descripcioacuten esteacute basada y diga referen-cia con reacutegimen espartano 303 En la timocracia como dice Platoacuten ldquohay un dominio del elemento fogosordquo (548c) que apunta especialmente a los aspectos tanto valerosos como coleacutericos (lsquoirasciblesrsquo) del caraacutecter humano Con philonikiacutea se enfatiza aquiacute maacutes el aspecto de emulacioacuten que el de rivalidad lsquoamor por la victoriarsquo y philotimiacutea es aquiacute maacutes lsquoamor por los honoresrsquo y las distinciones que lsquorivalidad ambiciosarsquo En ambos casos la palabra puede tomar de hecho frecuentemente un mal sentido

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terna y de otros hacia una inferior se habraacute eacutel mismo rendido al dominio del principio intermedio en su alma y asiacute se hallaraacute convertido en lsquotimaacuterquicorsquo304

550c-551c A continuacioacuten viene la oligarquiacutea o plutocracia305 El cambio

se origina en el crecimiento de la avaricia y la codicia al interior del estado timocraacutetico este se completa tan pronto como se establece por ley el requisito de la posesioacuten de propiedad para ocupar cargos puacuteblicos306

551c-553a Hay numerosas fallas (ἁμαρτήματα) lamentables en la ciu-

dad oligaacuterquica Hace de la riqueza en vez del conocimiento la calificacioacuten para gobernar estaacute dividida contra siacute misma307 incapaz con toda probabili-dad de hacer la guerra308 y en discordancia con nuestro principio de lsquoun hombre un trabajorsquo309 Lo peor de todo la oligarquiacutea es la primera constitu-cioacuten que permite a un hombre disponer de toda su propiedad por medio de la venta Por causa de ello surge una numerosa clase empobrecida que se

304 Hay un crecimiento gradual de elementos institivos y pasionales en el hijo que aunque no tiene la naturaleza de un hombre malo se ve influido por otros para lle-gar a este lsquopunto mediorsquo y ha terminado por entregar el gobierno de siacute mismo a este elemento intermedio (lsquofogosorsquo) que lo convierte en un hombre altanero y aficionado al honor 305 La oligarquiacutea es el reacutegimen dice Platoacuten ldquobasado en la evaluacioacuten de la fortuna (ἀπὸ τιμημάτων) en el cual los ricos gobiernan mientras que no le estaacute permitido al pobre participar en el poderrdquo (550c-d) El teacutermino clave aquiacute es timema cuyo sig-nificado poliacutetico es ldquoel valor en el que se tasaba la propiedad de un ciudadanordquo (LSJ) De ahiacute se estableciacutea un censo que no solo teniacutea efectos en el pago de los im-puestos sino tambieacuten en especial en la capacidad excluyente de estos ciudadanos de ser los uacutenicos elegibles para ocupar las magistraturas del estado 306 Parece natural que Platoacuten haya definido la oligarquiacutea en relacioacuten con la valora-cioacuten de la propiedad puesto que la caracteriacutestica central del programa del partido oligaacuterquico en Atenas mdasha partir del 412 aC en adelantemdash fue precisamente esta calificacioacuten de la propiedad como requisito para la obtencioacuten de la ciudadaniacutea com-pleta (cf Adam II pg 219) 307 Una falla no menos grave que la prevalencia de la riqueza estaacute en el hecho de que en esta ciudad hay forzosamente dos ciudades a saber la de los pobres y la de los ricos habitando un mismo espacio y conspirando unos contra otros (551d) 308 A consecuencia de esta misma divisioacuten aunque el reacutegimen lo precise se teme armar al pueblo 309 Hay una criacutetica constante de Platoacuten en contra del lsquoocuparse de muchos asuntosrsquo (τὸ πολυπραγμονεῖν) que consiste en una injerencia en asuntos ajenos (ver 374 b 434 a 443 d-e)

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asemeja a los zaacutenganos algunos sin aguijoacuten y otros en posesioacuten de ellos Los primeros son solo pobres pero los uacuteltimos son delincuentes que deben ser reprimidos por la fuerza

553a-553e El hombre oligaacuterquico es el hijo de un padre timocraacutetico cu-

ya fortuna ha naufragado mediante condenaciones injustas Aprovechando el ejemplo de su padre el hijo destrona de su lugar preeminente el amor por el honor (φιλοτιμίαν) y sienta en su trono al deseo y la avaricia en el interior de su corazoacuten310 La acumulacioacuten de riquezas es de alliacute en adelante una pasioacuten que le devora311

554a-555b En caraacutecter el hombre oligaacuterquico se asemeja al estado oli-

gaacuterquico Eacutel satisface sus deseos necesarios y no otros Es avaro mezquino codicioso y el dios ciego de la riqueza es el liacuteder del coro de su alma Algunas veces cuando se da la oportunidad sus deseos tipo zaacutengano se hacen valer en eacutel312 pero eacutel los reprime eneacutergicamente por el temor de las consecuencias Asiacute aunque su alma es viacutectima de la sedicioacuten sus deseos mejores prevalecen generalmente sobre aquellos peores313 En las competencias puacuteblicas se le en-cuentra usualmente contento de ser vencido y conservar su dinero

555b-557a A la oligarquiacutea sucede la democracia A medida en que se

permite e incluso se estimula a una juventud disipada (ἀκόλαστοι) a malgas-tar sus bienes una clase numerosa y empobrecida de zaacutenganos con aguijoacuten

310 ldquoThe description of the progress of individual degeneration from the aristocrat down to the tyrant constantly reflects Platos own experience of Athenian society and domestic liferdquo (Adam II pg 225) Y la descripcioacuten del destronamiento y poste-rior esclavitud del joven ciudadano revela que ldquothe picture expresses with admira-ble clearness the psycological basis of Platos sequence of politiesrdquo (ibid) 311 Se enfatiza nuevamente el lugar central que la pasioacuten por la adquisicioacuten de ri-quezas ocupa en el estado oligaacuterquico 312 ldquoAsiacute como la oligarquiacutea tiene lsquozaacutenganosrsquo (552C) asiacute el hombre oligaacuterquico tiene lsquodeseos de zaacutenganorsquordquo (Adam II pg 228) 313 Por la condicioacuten de su alma el hombre oligaacuterquico mdashcomo la ciudad corres-pondientemdash no es un ser unitario sino doble y experimenta deseos en que las maacutes de las veces se logra que los mejores de ellos dominen a los peores (554d-e)

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hace su aparicioacuten en la ciudad314 Los gobernantes no toman medidas315 para remediar un mal que incrementa sus propias fortunas y se vuelven flojos y blandos316 En eacutepocas de tensioacuten y peligro comuacuten el pobre descubre su pro-pia fuerza y la debilidad del rico y despueacutes de esto necesita muy poco im-pulso para derribar el corrompido edificio La democracia se establece tan pronto como la introduccioacuten del sorteo en los cargos confirma el principio de igualdad317

557a-558c Las caracteriacutesticas peculiares de la democracia son la libertad

(ἐλευθερίας) y la licencia (ἐξουσία) De todos los tipos de gobierno es el maacutes variado y de toda suerte de colores asemejaacutendose a un bazar de constitucio-nes maacutes que a un gobierno uacutenico318 En una ciudad democraacutetica los indivi-duos son libres para adoptar su propia poliacutetica independientemente del es-tado Poca molestia se toman en ejecutar las sentencias judiciales El pueblo es condescendiente con los defectos en educacioacuten de sus liacutederes y no les exige otra cosa que una profesioacuten de lealtad para con las masas Una constitucioacuten verdaderamente placentera llena de anarquiacutea y color preparada para distri-buir una suerte de igualdad tanto a los que son iguales como a los que no lo son

314 La ambicioacuten del dinero fundamento del estado y hombre oligaacuterquicos termina por sembrar las simientes de la destruccioacuten del reacutegimen El dinero escasea porque se acumula en unos pocos hasta el punto de empobrecer al conjunto de la ciudad 315 Por no tomar medidas a tiempo mdashlos gobernantes no tienen la voluntad para hacerlomdash la cantidad de pobres se incrementa hasta tal punto que constituyendo la gran mayoriacutea crean en el estado un desequilibrio mortal para el sistema oligaacuterquico 316 ldquoun hombre rico criado en las sombras cargado de carnes superfluasrdquo (556d) 317 Una caracteriacutestica fundamental del sistema democraacutetico griego estaacute en el uso del sorteo para la eleccioacuten de la mayoriacutea de las magistraturas del estado Se buscaba con ello una total igualdad de oportunidades en la obtencioacuten de aquellos cargos Habiacutea tambieacuten puestos electivos como el cargo de strategoacutes en Atenas que en la praacutectica soliacutean adquirir un poder efectivo mayor Es el caso del estratega Pericles en el siglo V aC 318 ldquoEl principio psicoloacutegico principal de la democracia asiacute como el de la oligar-quiacutea es τὸ ἐπιθυμητικόνrdquo ltla facultad del deseogt ldquoPero mientras que en la oligar-quiacutea todo estaba sujeto al dominio de un particular deseo a saber el deseo de ri-queza la democracia por su parte es la personificacioacuten poliacutetica de la libertad e igualdad absolutas de todos los deseos tanto los innecesarios como los necesarios (ver J Adam II pg 234)

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558c-559d No podemos describir el origen del hombre democraacutetico has-

ta que no expliquemos queacute queremos sentildealar con deseos lsquonecesariosrsquo e lsquoinne-cesariosrsquo Los deseos de los que no somos capaces de abstenernos y los de-seos que una vez satisfechos nos benefician son llamados lsquonecesariosrsquo los del tipo opuesto son lsquoinnecesariosrsquo el hombre oligaacuterquico es gobernado por los primeros los segundos dominan sobre los que llamaacutebamos zaacutenganos

559d-562a Volvamos ahora al punto y expliquemos la generacioacuten del

hombre democraacutetico319 Un padre oligaacuterquico tiene un hijo a quien eacutel educa en principios estrechos y ahorrativos El joven gusta la lsquomiel de los zaacutenganosrsquo y se engendra en su alma la sedicioacuten Sobreviene luego una lucha y tal vez despueacutes de una resistencia temporal los deseos innecesarios prevalecen pero con la ayuda de la fortuna y el paso de los antildeos se establece finalmente una suerte de igualdad de todos los deseos y el hombre se transforma en un de-voto imparcial de los placeres en todas sus formas una criatura hermosa y de muchos colores en que todo es comienzos y nada perdura

562a-563e Resta por describir la tiraniacutea y al hombre tiraacutenico Asiacute como

la oligarquiacutea fue derribada por la prosecucioacuten insaciable de riquezas asiacute la democracia comienza a cambiar en tiraniacutea cuando malos escanciadores pro-veen el vino de la libertad en tragos excesivos320 La anarquiacutea bajo el nombre de libertad inficiona cada departamento de la vida sea poliacutetica domeacutestica educacional y social los mismos perros y bestias de carga terminan por con-taminarse con el vicio predominante321 En la fase final322 no se tiene conside-racioacuten alguna por las leyes sean escritas o no escritas

319 ldquoPlatos description of the genesis of the democratical man is one of the most royal and magnificent pieces of writing in the whole range of literature whether ancient and modernrdquo (J Adam II pg 240) 320 La libertad define a la democracia y una ciudad embriagada por ella termina por degenerar en anarquiacutea 321 ldquoLa humoriacutestica descripcioacuten de Platoacuten presenta ante nosotros viacutevidamente la condicioacuten anaacuterquica de las calles de Atenasrdquo (Adam II pg 248) Y con un dejo de ironiacutea que recuerda a algunas de nuestras calles y campos J Adam (ibid) sentildeala ldquoEl viajero en la Grecia moderna recordaraacute los lsquoperros democraacuteticosrsquo de los pueblos del Peloponesordquo

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563e-566d Tal es la simiente que se desarrolla en tiraniacutea (τυραννίς)

cuando de acuerdo con una ley comuacuten la libertad excesiva termina por ge-nerar una excesiva servidumbre323 Los zaacutenganos324 maacutes numerosos acre-cientan su violencia y arruinan la democracia con el paso del tiempo asiacute co-mo una vez ellos arruinaron la oligarquiacutea325 Un estado democraacutetico contiene tres clases de ciudadanos (1) los zaacutenganos los con aguijoacuten como los carentes de eacutel (2) los ricos que sirven como forraje de los zaacutenganos (3) el pueblo (δῆμος) en el que reside la soberaniacutea Los miembros maacutes activos de la frater-nidad de zaacutenganos se transforman en liacutederes del demos 326 contra los ricos A fuerza de extorsioacuten y calumnia las clases propietarias se ven finalmente for-zadas a formar en defensa propia un partido oligaacuterquico De aquiacute surgen de-nuncias y procesos entre unos y otros y el pueblo pone al frente de siacute un de-fensor uacutenico Asiacute como en la faacutebula aquel que proboacute carne humana se convir-tioacute en lobo asiacute este defensor del pueblo tan pronto como derrama la sangre de conciudadanos termina por convertirse inevitablemente en tirano327 Se inicia una guerra civil el defensor es o bien echado de la ciudad y retorna un

322 ldquoThere is a steady deterioration and the last stage of democracy is the worstrdquo (Adam II pg 249 ver Aristoacuteteles Poliacutetica IV 6 1293a 1) 323 563e ldquoLa misma enfermedad que incubaacutendose en la oligarquiacutea la destruyoacute esta misma hacieacutendose maacutes amplia y maacutes fuerte por su libertad sume en la esclavitud a la democraciardquo (trad de G Goacutemez L) 324 La zaacutenganos ahora consecuentes con los objetivos de la democracia maacutes que enriquecerse buscan libertad 325 Platoacuten continuacutea su anaacutelisis basaacutendolo en una perspectiva fundamentalmente psicoloacutegica Los lsquozaacutenganosrsquo mdashcon y sin aguijoacutenmdash representan dos tipos de naturale-za humana a saber un tipo de hombres holgazanes y dispendiosos que ldquoandan ociosos por la ciudadrdquo (555 d) o de lsquozaacutenganosrsquo ldquopordioserosrdquo Los con aguijoacuten re-presentan la parte maacutes varonil que es la que manda la que sigue la maacutes cobarde es la sin aguijoacuten (ver 564 b) 326 El demos es no solo el lsquopueblorsquo sino tambieacuten especiacuteficamente la lsquoasamblea popu-larrsquo que representa el poder del pueblo como ejercido en una ciudad de tipo demo-craacutetico Esta asamblea (demos) suele ser en Platoacuten sinoacutenimo de democracia 327 Los sucesos parecen precipitarse llevados por la fuerza misma de la transfor-macioacuten de los caracteres de los ciudadanos Por otra parte el paladiacuten del pueblo explota bien las circunstancias mientras destierra y mata da a entender ademaacutes que se efectuaraacuten rebajas de deudas y repartos de tierras (566a)

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tirano hecho y derecho o recibe una guardia de seguridad que lo defiende de asaltos clandestinos328 y asiacute logra su objetivo

566d-569c El tirano comienza su gobierno con medidas populares pero

tan pronto como asegura su posicioacuten empobrece y oprime a los ciudadanos mediante una sucesioacuten de continuas guerras A todo aquel que protesta eacutel lo lsquoremueversquo que es una triste necesidad de su situacioacuten el que debe depurar la ciudad de toda riqueza y virtud Para precaverse de su creciente impopulari-dad eacutel debe acrecentar su cuerpo armado permanente alistando mercenarios extranjeros y esclavos de ciudadanos privados A decir verdad iexclestos son sus lsquonuevos ciudadanosrsquo Euriacutepides y otros traacutegicos elogian a la tiraniacutea y a su seacute-quito es por eso que los excluimos de nuestra ciudad Mientras maacutes alto suben hacia la cima de los regiacutemenes poliacuteticos tanto maacutes se debilita su ho-nor329 En cuanto al tirano luego de agotar los tesoros de los templos y de los proscritos obligaraacute al demos que lo engendroacute a mantener a sus amigos y cor-tesanas Toda reclamacioacuten es en vano El demos entiende ahora queacute significa servidumbre mdashla esclavitud en su forma maacutes cruel donde los esclavos son los amos

Libro noveno 571a-572b Resta por ver el hombre tiraacutenico Antes de comenzar a des-

cribir su origen y caraacutecter debemos completar nuestro anaacutelisis del deseo En-tre los deseos no necesarios hay una clase especial que consideramos contra-rios a la ley (παρανόμοι)330 Son como aquellos que surgen en el suentildeo luego

328 566 b ldquoY este es el punto en que todos los que han llegado a esta situacioacuten recu-rren a aquella famosa suacuteplica de los tiranos en que piden al pueblo algunos guar-dias de corps para que aquel conserve a su defensor Una situacioacuten histoacutericamente comprobada en algunos casos de tiranos como Teaacutegenes de Megara Pisiacutestrato ti-rano de Atenas y Dionisio de Siracusa 329 ldquoThe honour paid to Poetry varies inversely with the merit of the constitution This is perhaps the severest thing which Plato has yet said against poetryrdquo (Adam II pg 261) 330 ldquoEl fundamento psicoloacutegico de la tiraniacutea como tambieacuten de la oligarquiacutea y la democracia es el deseo pero hay tres variedades de deseo y es la inferior de estos

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de haberse excedido en la comida y en la bebida331 Pero cuando nos retira-mos a descansar manteniendo reprimidos deseos e ira y el elemento racional en nosotros se mantiene en pleno ejercicio nuestros suentildeos son entonces ge-neralmente inocentes en otros hombres en cambio se hacen presentes de-seos con audaz insensatez revelaacutendose en visiones nocturnas

572b-573c El origen del hombre tiraacutenico es como sigue Un padre de-

mocraacutetico tiene un hijo que es atraiacutedo por malos compantildeeros hacia toda for-ma de actos contrarios a las normas Cuando su familia viene a rescatarlo esos procreadores de tiranos implantan en eacutel una dominante pasioacuten por ac-tuar como el defensor de sus propios deseos de zaacutengano La historia del esta-do correspondiente se repite a siacute misma en el alma del joven y cual guardiaacuten protector (προστάτης) de esos deseos se convierte en su momento en un ti-rano332 Vemos a la sensualidad la bebida la locura como tiranos y el hom-bre tiraacutenico surge cuando estos tres tiranos establecen su dominio sobre el alma

573c-576b Con respecto a su caraacutecter y modo de vida el hombre tiraacuteni-

co se sumerge en toda forma de disipacioacuten y es acosado constantemente por nuevos deseos Sus ingresos y hacienda desaparecen pronto y para satisfacer sus clamorosos y violentos deseos se aduentildea de los bienes de su padre y sin vacilar si es necesario atacaraacute con violencia al padre y a la madre Luego se siguen el sacrilegio y el robo y todo tipo de crimen porque eacutel ha llegado a ser ahora en la realidad concreta lo que rara vez fue antes en suentildeos Tales hom-bres si pocos en nuacutemero podriacutean ir al extranjero y servir de guardia armada de alguacuten tirano o permanecer y asiacute acrecentar las filas en casa de pequentildeos

a saber la de los deseos no necesarios y lsquocontrarios a la leyrsquo o las normas la clase que la tiraniacutea representardquo (Adam II p 319) Hay una cierta dificultad en traducir paranomos pero en general se prefiere lsquocontra(rio) a la leyrsquo Hay un elemento impliacuteci-to de violencia 331 ldquoLa teoriacutea dice J Adam (II pg 320) es que en suentildeos la parte del alma com-prometida no estaacute dormida sino despierta y va en busca del objeto de su deseordquo 332 Acorde con la analogiacutea sociedad-individuo que ha regido todos estos relatos acerca del estado es ahora el joven en cuanto que individuo el que es retratado como siendo el tirano de siacute mismo convertido en guardiaacuten protector mdashprostatesmdash del estado tiraacutenico instaurado en su propia alma

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criminales pero si son numerosos ellos mismos ayudados de la inconscien-cia del pueblo engendran al peor de entre ellos como tirano sobre la patria La tiraniacutea es el objetivo y consumacioacuten de los deseos de tal clase de hombre A traveacutes de toda su existencia tanto antes como despueacutes que logra la corona de su ambicioacuten el hombre tiraacutenico es insensible a la libertad y la amistad desleal y superlativamente injusto En una palabra eacutel es la personificacioacuten viva de los deseos horrendos que hallamos en los suentildeos y mientras por maacutes largo tiempo gobierna tanto peor se vuelve

576b-577b iquestQueacute diremos entonces acerca de la felicidad e infelicidad

del individuo que se manifiesta el maacutes perverso Tal como es la ciudad asiacute lo seraacute el individuo en cuanto a la felicidad como la virtud Y la ciudad en la que gobierna un tirano es la peor y maacutes desgraciada de todas las ciudades iquestQueacute es el hombre tiraacutenico Quien ha vivido con un tirano y es ademaacutes eacutel mismo capaz de juzgar seraacute el que mejor decidiraacute acerca del asunto333 Supongamos dice Soacutecrates que nosotros mismo poseemos esa capacidad

577b-580c Como la ciudad cuya contraparte eacutel es el hombre tiraacutenico es

en realidad un esclavo sin fuerzas para hacer funcionar su voluntad indigen-te e insaciable lleno de temores y lamentos334 Un abismo incluso maacutes grande

333 Es Platoacuten mismo probablemente el indicado aquiacute que alude a su experiencia de Siracusa con el tirano Dionisio I El texto de Repuacuteblica 577 a (trad G Goacutemez La-sa) dice ldquoiquestY si yo creyera que todos debiacuteamos oir a ese hombre capaz de juzgar y que ha convivido con eacutel en las gestiones de la vida domeacutestica en cuanto a las rela-ciones con sus propios parientes en las que ha podido ser visto desnudo de su re-curso de pieza traacutegica y tambieacuten en las actividades puacuteblicas peligrosas y si habien-do visto todas estas cosas le exhortaacuteramos a que comunicara cuaacutel es el estado de felicidad o desgracia del tirano con respecto al de los otrosrdquo Platoacuten entonces me-diante Soacutecrates y Glaucoacuten juzgaraacute acerca de la cuestioacuten central de la felicidad e infe-licidad del rey y del tirano 334 En una precisa nota J Adam (II pg 334) deja establecidas las razones funda-mentales en las que se basan los argumentos de Platoacuten acerca de la ciudad ideal Dice ldquoLos argumentos mediante los cuales Platoacuten establece su conclusioacuten pueden ser en resumen descritos como el argumento poliacutetico el argumento psicoloacutegico y el argumento metafiacutesico El primero (577b-580a) depende de la semejanza entre el alma y el estado el segundo (580c-583a) en la divisioacuten tripartita del alma en λογιστικόν ltrazonablegt θυμοειδές ltanimosogt y ἐπιθυμητικόν ltdesiderativogt el tercero (583b-587b) en la teoriacutea platoacutenica de la Realidad o el Ser Ahora bien son justamente estos tres meacutetodos de investigacioacuten y solo eacutestos los que han sido em-

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de miseria le aguarda si de particular se convierte realmente en tirano335 iexclImagina la condicioacuten lastimosa de quien es repentinamente transportado a un lugar solitario donde eacutel estaacute a merced de sus propios esclavos y rodeado por vecinos libres336 que hacen causa comuacuten con ellos Tal es la situacioacuten del tirano un prisionero en su propio palacio atormentado por anhelos que no puede jamaacutes satisfacer337 En suma eacutel es la personificacioacuten suprema del vicio y la miseria y cuanto maacutes prolongado su dominio peor llega a ser

Dictaminemos ahora como jueces Con respecto a la virtud y felicidad las diferencias individuales son las siguientes (1) el hombre real (2) el timo-craacutetico (3) el oligaacuterquico (4) el democraacutetico (5) el tiraacutenico El maacutes real es el mejor y maacutes feliz el que es maacutes tirano sobre siacute mismo y la ciudad es el peor y maacutes miserable mdashya sea que su verdadero caraacutecter estaacute oculto a los hombres y los dioses o no

pleados en las diferentes partes del diaacutelogo el poliacutetico y el psicoloacutegico en II-IV y VIII-IX el metafiacutesico en V-VII y es por consiguiente plenamente apropiado y correc-to que Platoacuten los reuacutena ahora y use sus fuerzas combinadas lsquoal realizar su informe uacuteltimorsquo La secuencia de los tres argumentos sigue el modo platoacutenico acostumbrado de avance desde lo exoteacuterico hacia lo esoteacuterico y asiacute como la ciudad ideal culminoacute en un idealismo metafiacutesico asiacute es un argumento metafiacutesico el que corona la fortifi-cada ciudadela de la pruebardquo 335 Un importante postulado de la Repuacuteblica es la analogiacutea entre individuo y ciudad El momento de transicioacuten hacia la tiraniacutea estaacute precedido de una multitud de lsquotira-nosrsquo individuales uno de los cuales para desgracia propia y del estado llega a serlo de la ciudad entera (ver 577d ldquoPor tanto dije si el individuo es semejante a la ciu-dadrdquo) Este tirano privado llevado a la vida puacuteblica ldquopor el hecho de ser excedido en nuacute-mero por los suacutebditos que eacutel esclaviza se veraacute forzado a adular y a recompensar a algunos de ellos para no ser derrocado Para comenzar un esclavo de sus propios apetitos ilegales e innecesarios eacutel ha puesto sobre siacute lsquola maacutes cruel y amarga esclavi-tud propia de esclavosrsquo (569c3-4) En su caso tanto la vida interna como la externa conspiran para producir el peor resultado posiblerdquo (C D C Reeve Philosopher-Kings Princeton (1988) pg 157 336 ldquorsquoThese freeborn neighbours in Platos simile represent surrounding indepen-dent States who detest tyranny and help the tyrants subjectsrdquo (Adam II pg 337) 337 Como alma que es lsquotiranizadarsquo (τυραννουμένη) se ve arrastrada por fuerzas que lo convierten en esclavo como alma lsquotiraacutenicarsquo (τυραννικήν) es indigente y ma-ligna para siacute y para la ciudad Su propia condicioacuten de espiacuteritu lo convierte en prisio-nero transformando su palacio en el siacutembolo de su propia caacutercel De este modo ldquoquien es realmente un tirano es realmente un esclavordquo (579 d)

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580c-583a Se puede fundar una segunda prueba en nuestra teoriacutea psico-loacutegica Queacute tal si acordamos llamar a las tres variedades de alma amante del saber (φιλόσοφον) amante del honor (φιλότιμον) amante del lucro (φιλοκερδές) respectivamente y distingimos tres variedades correspondien-tes de hombres y de placeres338 Si tuacute preguntas a alguno de los tres hombres que representan esas tres clases diferentes cuaacutel de los tres tipos de vida es el maacutes placentero cada cual se pronunciaraacute en favor de la suya propia iquestCuaacutel de ellos tiene la razoacuten Los requisitos necesarios para decidir esto como cual-quiera otra cuestioacuten son la experiencia339 la inteligencia o sabiduriacutea (φρόνησις) y la argumentacioacuten Ahora bien el amante del conocimiento es el uacutenico de los tres en el que alguna de estas calificaciones estaacuten presentes y es eacutel quien las posee todas340 Nosotros por tanto aceptamos su veredicto y convenimos en consecuencia en colocar primero el amor del conocimiento segundo el amor del honor y finalmente el amor del dinero

583b-585a Nuestra prueba tercera y cimera es la siguiente341 Todos los

placeres excepto los del sabio (φρόνιμοι) ni son completamente verdaderos ni puros Debemos reconocer la existencia de tres estados distintos a saber placer y dolor que son lo positivo y su opuesto y el estado neutral que es negativo e intermedio Los hombres identifican frecuentemente la condicioacuten intermedia con el placer pero se equivocan cuando lo hacen asiacute ya que hay algunos placeres por ejemplo los del olfato que tienen un caraacutecter positivo

338 Del mismo modo que la ciudad se divide en tres especies asiacute tambieacuten el alma de cada individuo Y en seguida cada una de las tres lsquoseccionesrsquo del alma tiene sus pla-ceres y deseos que le son propios y ello tiene tambieacuten su correspondencia en el tipo de hombre es decir el amante del saber y el amante del honor tiene tambieacuten sus propios lsquodeseosrsquo 339 ldquoIt is indeed quite true as Nettleship reminds us (Lect and Rem II p 322) that the higher kind of man learns more from the experience which shares with the lo-wer kind without having to go through nearly the same amount of itrdquo (J Adam II pg 346) 340 iquestQuieacuten puede decidir acerca de cuaacutel de los tres tipos de vida es el maacutes placente-ro Todos diraacuten tal vez que el suyo lo es En esas circunstancias ldquoSoacutelo la argumen-tacioacuten nos ayudaraacute a decidir y el philoacutesophos es el uacutenico de la triacuteada que posee esa armardquo (Adam II pg 347) 341 ldquoLas argumentaciones (λόγοι) de caraacutecter poliacutetico y psicoloacutegico han hecho ma-nifiestos sus votos y solo nos queda escuchar el veredicto de la argumentacioacuten me-tafiacutesica a la que Platoacuten tiacutepicamente asigna el valor superiorrdquo (Adam II pg 348)

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que les es propio Ahora bien los placeres corporales asiacute llamados342 junto con los placeres correspondientes a los presentimientos del porvenir son en su mayor parte puramente modos de escapar al dolor y pertenecen al estado neutro Ellos son juzgados falsamente placenteros mediante su yuxtaposicioacuten y contraste con el dolor positivo

585a-586c Consideremos el asunto tambieacuten de la siguiente manera

Hambre sed y estados semejantes son modos de vaciamiento fiacutesico (κενώσεις)343 y la ignorancia es una forma de vacuidad (κενότης)344 espiri-tual Quien participa del alimento y adquiere conocimiento o razoacuten son cada cual lsquollenosrsquo pero iquestcuaacutel de ellos es maacutes verdaderamente lsquollenorsquo El conoci-miento y sus afines poseen maacutes realidad y verdad que el alimento etceacutetera el alma que el cuerpo por eso la adquisicioacuten de conocimiento es una forma maacutes verdadera de replecioacuten que la otra El placer resultante seraacute por consiguiente maacutes verdadero Aquellos faltos de experiencia en la sabiduriacutea y la virtud no saben nada de los verdaderos deleites pero luchan unos con otros por regoci-jos ilusorios e insuficientes

586c-588a Los placeres del elemento irascible (τὸ θυμοειδὲς)345 a me-

nos que se intente alcanzarlos en conformidad con la razoacuten son de manera semejante irreales Podriacuteamos incluso aventurarnos a decir que solo cuando obedientes al conocimiento es que los deseos de las dos partes inferiores del alma pueden conseguir aquellos placeres que son en el sentido maacutes alto

342 Porque en sentido estricto todos los placeres corresponden al alma 343 keacutenōsis es el teacutermino griego que se suele traducir por vaciacuteo pero se hace necesa-rio aclarar su sentido propio En lenguaje meacutedico significa lsquoevacuacioacutenrsquo o tambieacuten lsquodepauperacioacutenrsquo (enflaquecimiento) De alliacute la idea de lsquovaciamientorsquo en este contex-to Son vaciacuteos que se sienten puesto que hay un cierto elemento positivo en su au-sencia 344 kenotēs es el teacutermino griego que significa propiamente lsquovaciacuteorsquo lsquovacuidadrsquo 345 Platoacuten en 586c-d se extiende en algunas consideraciones acerca de este aspecto del alma Dice ldquoiquestNo ha de suceder otro tanto con lo irascible (τὸ θυμοειδές) cuan-do alguien le da salida en la envidia movido por la ambicioacuten o en la violencia mo-vido de soberbia o en la ira movido de su mal humor buscando saciedad de honra de predominio o de venganza sin razonamiento ni discrecioacutenrdquo (trad J M Paboacuten M Fernaacutendez Galiano) Cada una de estas formas particulares de lo ldquoiraciblerdquo es una ldquovacuidadrdquo que mdashcomo recuerda Adammdash es llenada por lsquohonrarsquo lsquovictoriarsquo o el lsquodejarse llevar por la irarsquo

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propios y verdaderos346 en cuanto que es posible para ellos el tener en algo siquiera placeres verdaderos Ahora bien los deseos tiraacutenicos son los maacutes distantes de la razoacuten de modo que el tirano tiene el menor placer347 Median-te un elaborado caacutelculo se muestra que el rey vive setecientas veintinueve veces maacutes agradablemente que el tirano348 y si el hombre justo sobrepasa en cuanto al placer al injusto349 iexclcuaacutento maacutes grande seraacute su ventaja en la belleza y la virtud

588a-589b Estamos ahora en condiciones de refutar la tesis de que la in-

justicia combinada con una reputacioacuten de justicia es provechosa para aquel que es injusto El alma puede ser comparada350 con una criatura compuesta mdashen parte de bestia en parte de leoacuten y en parte de hombremdash exhibiendo la apariencia exterior de un ser humano Quien sostiene que la injusticia benefi-cia al hombre juzga que es beneficioso el dejar morir de hambre (λομοκτονεῖν) al elemento humano y hacer fuerte (ποιεῖν ἰσχυρὸν) al resto y estimular a su vez la disensioacuten y la sedicioacuten al interior del alma El defensor

346 El ser humano mediante su alma alcanza su integracioacuten mayor y una armoniacutea superior cuando teniendo a la verdad por su guiacutea disfruta adecuadamente de los placeres amparado en el poder superior de lo mejor que hay en eacutel es decir su en-tendimiento Este principio adquiere en Platoacuten una formulacioacuten claacutesica cuando afirma que lo mejor para cada cosa es tambieacuten lo maacutes apropiado para ella y lo mejor en el alma estaacute sentildealado por el elemento filoacutesoacutefico que hay en ella (τῷ φιλοσόφῳ) 347 ldquoIf the tyrant is third from the oligarch his pleasure will also be in respect of truth third from the oligarchs ie will be an image of an image (τρίτῳ εἰδόλῳ cf X 597 E and 599 A D) of the oligarchs pleasurerdquo (J Adam II pg 359) 348 Unos momentos de entretencioacuten aritmeacutetica ayudan a cerrar el largo anaacutelisis acerca de la degradacioacuten progresiva de estados e individuos El tirano se ha distan-ciado del placer verdadero ldquoen un nuacutemero triplemente triplerdquo (587 d) Este nuacutemero es el 9 (3 x 3) que es llamado aquiacute rsquoplanorsquo (ἐπίπεδον) ldquoLa frase en su conjunto es piensa Adam (II pg 360) solo un modo de decir que si el tirano es 3 x 3 grados distante del verdadero placer su eidolon ltsimulacrogt de placer puede ser represen-tado por 9rdquo Fuera de otras posibles explicaciones (ver Adam II pgs 360-61) se pue-de decir al menos que 9 x 9 = 81 y 81 x 9 = 729 y que este nuacutemero es el doble de 3645 los diacuteas del antildeo 349 Se recuerda que el problema de fondo dice relacioacuten con la justicia y la injusticia 350 Se trata de la formulacioacuten de una lsquoimagenrsquo (εἰκόνα) un recurso frecuente del estilo platoacutenico ldquoLa idea subyacente dice Adam (II pg 362) del siacutemil de Platoacuten es que el hombre es un compuesto de mortal e inmortal que se encuentra situado a medio camino entre lo corruptible y lo incorruptiblerdquo Cf Timeo 69 d-70 e Fedro 246 a 153 d ss

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de la justicia por otra parte afirma que el elemento humano deberiacutea tener la autoridad y conducir a los demaacutes hacia la armoniacutea de unos y otros y de siacute mismo

589b-591a El panegirista de la justicia es asiacute victorioso en todos los res-

pectos Su oponente se rendiraacute cuando entienda que la virtud somete lo bes-tial a lo humano mejor dicho a su parte divina351 mientras que del vicio es verdad lo opuesto iquestAprovecharaacute al hombre apoderarse injustamente del oro y hacer su alma esclava Podemos tambieacuten definir el vivir sin control (ἀκολαστάνειν)352 la insolencia (αὐθάδεια)353 el mal humor (δυσκολία)354 el lujo (τρυφὴ)355 la molicie (μαλθακία)356 la adulacioacuten (κολακεία)357 y la bajeza (ἀναλευθερία)358 que nosotros asociamos con ocupaciones de tipo teacutecnico en los teacuterminos de nuestra comparacioacuten359 Lo mejor debe gobernar lo peor tal es nuestro principio y estaacute en armoniacutea con los objetivos no sοlo de la ley sino tambieacuten del gobierno que se ejerce sobre los nintildeos

591a-592b Es tambieacuten mejor para quien es culpable de injusticia el ser

descubierto y castigado que escapar360 El hombre sabio reverenciaraacute aquellos

351 El hombre como partiacutecipe de la divinidad es una idea profundamente enraiza-da en la cultura griega Platoacuten hace de ella uno de los fundamentos de su repuacuteblica y en general de su filosofiacutea 352 Una de cuyas formas es la intemperancia 353 Una insolencia con visos de terquedad 354 Irascibilidad 355 Con signos de lascivia 356 Acompantildeada de debilidad de caraacutecter 357 Como expresioacuten de servilismo 358 Iliberalidad de mente servilismo 359 ldquoEs la justificacioacuten de Platoacuten dice Adam (II pg 366) para asignar a los campe-sinos y artesanos una posicioacuten subordinada en su ciudadrdquo Un argumento para no-sotros difiacutecilmente aceptable mdashmaacutes bien incomprensiblemdash que solo se puede expli-car al interior de los modos de pensar griegos El artesanado y la clase obrera de alguna manera descalificaban seguacuten se creiacutea para las actividades de la milicia fun-damental para la preservacioacuten de la ciudad estado Sin embargo en una ciudad de-mocraacutetica como Atenas los artesanos y marineros eran parte esencial de lo que po-driacuteamos llamar fuerza armada 360 Si se oculta se hace maacutes miserable si recibe castigo amansa lo bestial que hay en eacutel y libera su alma

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estudios (τὰ μαθήματα) que promueven el bienestar de su alma y el mismo gran objetivo seraacute su principio orientador en todo lo que atantildee al cuerpo y su estado asiacute como a la adquisicioacuten de riquezas y honores iquestHabraacute de participar en la vida poliacutetica361 Tal vez no en su tierra de origen sino en su propia y verdadera ciudad seguramente que siacute362 Pudiera ser que la ciudad perfecta es un modelo (παράδειγμα) guardado en el cielo para aquel que se propon-ga asentar una ciudad en su alma363

Libro deacutecimo 595a-597e En una mirada retrospectiva de nuestra ciudad dice Soacutecra-

tes podemos ahora ver incluso con maacutes claridad que antes que hicimos bien en excluir a la poesiacutea imitativa (μιμητική)364 iquestQueacute es imitacioacuten (μίμησιν)

361 Una de las grandes preocupaciones de la filosofiacutea moral y poliacutetica de la anti-gueumldad estaacute en si el sabio debe o no participar en la vida ciacutevica detraacutes de ello esta-ba quizaacute como asunto primordial el problema de la felicidad personal J Adam (II pg 369) comenta ldquoThe question wheter the wise man will take part in politics is raised by Aristotle in a somewhat different form (Politica III 3 1276b 16 ss al) and afterwards became one of the stock questions of post-Aristotelian philosophyrdquo 362 Repuacuteblica 592a ἔν γε τῇ ἑαυτοῦ πόλει ldquoen su ciudad interior al menosrdquo No debe olvidarse la correspondencia entre ciudad e individuo si no es posible instau-rar una ciudad ideal que ldquoal menosrdquo (γε) ese objetivo se alcance en nuestras almas 363 Es una ciudad lsquoidealrsquo porque solo existe a manera de lsquomodelorsquo paraacutedigma Todas las realidades paradigmaacuteticas solo existen como lsquoformas idealesrsquo las que pueden solamente ser comprendidas mdashcomo es el caso de esta ciudad perfectamdash por el en-tendimiento se trata de una polis que permanece por tanto en la esfera de los razo-namientos (ἐν λόγοις κειμένῃ 592a) Un modo de llevarla a la praacutectica mdashiquestel uacutenico tal vezmdash es instauraacutendola en nosotros ldquopues no creo mdashdicemdash que ella exista en parte alguna de la tierrardquo (592a-b) Se afirma aquiacute en forma clara que la ciudad per-fecta de la que habla no tiene un lsquolugarrsquo (οὐδαμοῦ lsquoen ninguna partersquo) en nuestro mundo concreto es decir es una suerte de lsquoutopiacutearsquo al menos como realidad social y poliacutetica La palabra utopiacutea es una feliz invencioacuten del humanista Sto Tomaacutes Moro (ou = lsquonorsquo topos = lsquolugarrsquo) quien en la dedicatoria de su obra se refiere a ldquoeste pequentildeo libro acerca de la repuacuteblica utopianardquo (libellum hunc de Vtopiana republica) 364 Esta primera parte del libro deacutecimo (595a-608b) trata de la poesiacutea en especial en su relacioacuten con la polis imaginada por Platoacuten (algo se habiacutea dicho sobre ella en el libro VIII 568a-d) Luego en la segunda parte del libro el tema principal es la in-mortalidad del alma y las recompensas de la justicia un tema que habiacutea sido elabo-rado extensamente en el Fedoacuten En lo que respecta al controvertido tema de la poesiacutea y la imitacioacuten al parecer Platoacuten no ha intentado una condena de ellas en siacute mismas Uno de los asuntos a considerar es la preocupacioacuten de Platoacuten por evitar que los

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Examineacutemoslo a la luz de las Ideas365 y hallaraacutes que es la produccioacuten de imaacute-genes o apariencias que son terceras en orden desde la realidad y la verdad Hay por ejemplo tres camas (1) la que existe en la naturaleza hecha pode-mos decir por Dios (2) la que fabrica el carpintero (3) la que es producto del arte del pintor366 La primera es y debe ser una porque no puede haber dos Ideas de cama Asiacute tenemos dos artiacutefices en conexioacuten con la nocioacuten de cama (1) un creador (φυτουργός)367 que es Dios (2) un fabricante (δημιουργός) a saber el carpintero Hay tambieacuten (3) un imitador (μιμητής) es decir el pin-tor La imitacioacuten por consiguiente se ocupa en producir una tercera secuen-

lsquoartistasrsquo ocupen un papel en su ciudad que eacutel estima debe corresponder a los filoacute-sofos y sabios Por otra parte nuestro filoacutesofo teme la capacidad que los poetas (en especial los traacutegicos) tienen seguacuten eacutel cree de arruinar las mentes de cuantos los oyen ldquosi no tienen el contraveneno (φάρμακον) de saberrdquo (595 b) cuaacutel es la situa-cioacuten en que se hallan las creaciones poeacuteticas que estos realizan Se trata quizaacutes de saber colocar todas estas producciones en su correpondiente estrato valorativo 365 Se hace uso seguacuten Platoacuten ldquodel meacutetodo acostumbradordquo que consiste en postular una sola Idea junto a muchas cosas a las que a su vez se da el mismo nombre de aquella Idea 366 Los tres niveles se presentan de la siguiente manera autor (de camas u otros artefactos) produccioacuten (los objetos producidos) 1 Dios (θεός) 1 La cama lsquoen siacutersquo (ὃ ἔστιν κλίνη) real (ὄντως) lsquoen la naturalezarsquo (ἐν τῇ φύσει) 2 Carpintero (τέκτων) 2 Camas de diversa iacutendole material 3 Pintor (ζωγραφός) 3 Pinturas de camas materiales La cama en la naturaleza (ideal) Dios La cama en el arte carpintero La cama en la imitacioacuten pintor Entre otras dudas se puede plantear la pregunta iquestPodriacutea haber un verdadero pintor que se inspirara en las camas en siacute Todo el tema acerca de la posicioacuten de Platoacuten frente al arte (en especial la poesiacutea) ha sido ampliamente sometido a discusioacuten No han faltado las criacuteticas de diversa iacutendole Para los fines de este estudio puede ser de utilidad el artiacuteculo de W J Verdenius ldquoPlatos Doctrine of Artistic Imitationrdquo en Plato II Ethics Politics and Philosophy of Art and Religion ed G Vlastos New York (1971) pgs 253-273 Hay traduccioacuten castellana de Ximena Ponce de Leoacuten Doctrina de Platoacuten sobre la Imitacioacuten Artiacutestica Departamento de Filosofiacutea Universidad de Chi-le Escritos Filosoacuteficos (1981) 367 Es la uacutenica vez que Platoacuten usa este teacutermino en toda su obra en sentido metafoacuteri-co es una palabra poeacutetica usada sobre todo por los traacutegicos con el sentido de lsquoen-gendradorrsquo lsquogeneradorrsquo

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cia a partir de la naturaleza y el poeta traacutegico entre otros imitadores es ter-cero desde el rey y la verdad

598a-598d Ademaacutes no es la Idea la que es copiada por el pintor368 sino solo los objetos de fabricacioacuten e incluso eacutel copia solo un aspecto particular o apariencia de aquellos Por eso que la imitacioacuten estaacute muy alejada de la ver-dad y solo una persona simple seraacute engantildeado por ella

598d-601b Hemos oiacutedo decir que los traacutegicos incluido Homero tienen

conocimiento de aquello que escriben pero eso no es asiacute369 Nadie se dedica-riacutea seriamente a la produccioacuten de copias si pudiese hacer los originales Si el poeta poseyera un conocimiento verdadero de lo que imita eacutel maacutes que can-tarlas realizariacutea grandes hazantildeas370 y Homero no proporcionoacute servicios en la esfera de la accioacuten a sus compatriotas ni en invenciones ni siquiera en edu-cacioacuten como lo prueba el abandono que eacutel mismo sufrioacute durante su vida El

368 Por lo que se ve Platoacuten mdashhablando especiacuteficamente del arte lsquoimitativorsquomdash insiste en su posicioacuten de negar al arte (suponemos que no todo arte) su capacidad de lsquoimi-tarrsquo lo ideal e inteligible y no solo los objetos que otros fabrican Quizaacutes haya que suponer con J Adam (II pg 393) que las objeciones que Platoacuten aquiacute propugna no tocan la esencia real de ninguna forma de arte a no ser uno que defienda un realis-mo total y que un ldquosympathetic estudent of Platordquo encontraraacute faacutecil el construir una teoriacutea del arte maacutes noble y generosa en la doctrina de las Ideas la reminiscencia (ἀνάμνησις) y la preexistencia de las almas es decir basado en las mismas teoriacuteas platoacutenicas 369 La opinioacuten de Platoacuten es que los poetas no poseen conocimiento cientiacutefico y que componen sus poemas bajo una suerte de entusiasmo e inspiracioacuten de caraacutecter intui-tivo y de origen divino (puede ser uacutetil tambieacuten ver Apologiacutea 22c Fedro 245a Ion 533d ss Leyes 719c y Menoacuten 99c) En ese sentido Platoacuten no niega al poeta ni genio ni ins-piracioacuten (ver J Adam II pgs 396-97) 370 ldquoHe would rather be Achilles than Homerrdquo (Adam II pg 398) En sintoniacutea con la temaacutetica general de la Repuacuteblica Platoacuten propone como el maacutes alto ideal aquel del intelectual es decir del sabio que es al mismo tiempo un activo participante de la vida ciacutevica de la sociedad en que vive Por algo el representante superior de la polis platoacutenica es el rey-filoacutesofo Esta interrelacioacuten de teoriacutea y praacutectica es parte de una corriente importante en la filosofiacutea griega Baste con recordar que Tales de Mileto (a quien se considera el primer filoacutesofo) se le acredita con importantes descubrimientos astronoacutemicos de maacutexima utilidad como el uso de la Osa Menor para la navegacioacuten debido a que suministra un punto maacutes fijo de referencia en el cielo Puede tambieacuten sentildealarse las ampliamente difundidas historias de Pitaacutegoras como liacuteder social es al primero que se considera lsquofiloacutesoforsquo y sus actividades poliacuteticas mdashen especial en Cro-tonamdash estaacuten iacutentimamente conectadas al parecer con su condicioacuten de lsquosabiorsquo Ver las referencias del mismo Platoacuten al sistema de vida pitagoacuterico en 600a-b

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hecho es que el poeta escribe sin conocimiento Sus producciones no son sino imaacutegenes de imaacutegenes y deben todo su encanto a su escenario poeacutetico

601b-602b La condicioacuten del arte imitativo con respecto al conocimiento

podriacutea ser comprendido de la manera siguiente En conexioacuten con cada objeto podemos distinguir tres artes distintas el arte de utilizarlo el de fabricarlo el de imitarlo Solo el que utiliza tiene experiencia (ἐμπειρότατον)371 conoci-miento (εἰδὼς ἐπιστήμην) del objeto372 el fabricante cuando el que lo utiliza lo instruye tiene una creencia fundada (πίστιν ὀρθήν)373 pero ni el conoci-miento ni la opinioacuten correcta pueden atribuirse al imitador (μιμητικὸς) Eacutel simplemente copia lo que parece hermoso a una multitud ignorante

602c-603b Considera ademaacutes cuaacutel es la parte de nuestra naturaleza a la

que la imitacioacuten atrae La pintura depende para producir sus efectos en las ilusiones oacutepticas a las que nos hallamos sometidos y frente a las que las artes de medir y contar etc son nuestra uacutenica salvaguarda El aspecto racional del alma (τοῦ λογιστικοῦ) aplica aquellas artes demostrando que es el mejor cuando acepta sus resultados Ese elemento del alma que se le opone es por consiguiente uno de los elementos inferiores en nosotros374 y la progenie que nace de su unioacuten con el arte imitativo seraacute igualmente vil tanto en la poesiacutea como en la pintura

603b-605c Si examinamos la poesiacutea en sus propios meacuteritos aparte de su

arte hermano la pintura observamos que la poesiacutea imita la accioacuten Ahora bien en la accioacuten nosotros fluctuamos a menudo entre dos impulsos Cuando

371 El conocimiento es considerado aquiacute como un equivalente de la empeiriacutea es de-cir una lsquoexperienciarsquo una lsquopraacutecticarsquo que no incluye necesariamente el conocimiento de los principios 372 Sabemos que lsquoartersquo (τέχνη) es utilizado generalmente por los griegos en un sen-tido amplio como oficio lsquoartesaniacutearsquo o lsquoindustriarsquo De ahiacute que se considere aquiacute que lsquoel que utilizarsquo algo mdashque puede ser como dice Platoacuten un mueblemdash sea el que da la pauta de la conveniencia del objeto 373 Asi Goacutemez Lasa tambieacuten ldquoopinioacuten correctardquo 374 Aquiacute se plantean dos elementos en el alma en vez de tres como se hace en el libro cuarto Son dos aspectos porque es posible distinguir entre lo que en nuestra alma opina conforme a medidas y lo que opina prescindiendo de ellas (603a) El elemento que se opone es el aloacutegiston (604d 605b)

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nos acontece una gran calamidad estamos tentados a dar paso a la afliccioacuten ante los ojos de otros pero la ley (νόμος) nos manda abstenernos y tratar de curar la herida en vez de mantenerla abierta Lo que es mejor en nosotros obedece faacutecilmente mientras que el elemento que nos tienta a permanecer en nuestras penas es irracional indolente amigo de la cobardiacutea Con todo es precisamente ese aspecto irritable quejumbroso de la naturaleza humana el que se presta maacutes a la imitacioacuten y cuya representacioacuten en el arte dramaacutetico el vulgo comprende maacutes faacutecilmente Asiacute la poesiacutea es el duplicado de la pintura sus productos son deficientes en cuanto a la verdad y ellos alimentan nuestra naturaleza inferior375 Nosotros excluimos al poeta de nuestra ciudad por am-bos motivos

605c-607a Pero el cargo maacutes serio en nuestra acusacioacuten (κατηγορήσαμεν) es que la poesiacutea es capaz de corromper con pocas excep-ciones incluso a hombres de caraacutecter y virtud La tragedia excita en nosotros justamente aquellas pasiones a las que nosotros mismos nos avergonzamos en consentir cuando sufrimos desgracias personales con la consecuencia de que nosotros podemos sucumbir maacutes faacutecilmente en la hora de la adversi-dad376 Lo mismo se podriacutea decir tambieacuten mutatis mutandis de la comedia No consentiremos por consiguiente conformar nuestras vidas con Homero y rehusaremos entregar nuestra ciudad al gobierno del placer

607b-608b La disputa entre la filosofiacutea y la poesiacutea no es nada nuevo377

pero por nuestra parte estamos dispuestos a dejar que la poesiacutea retorne tan

375 Sin la misma simetriacutea que en su descripcioacuten de los regiacutemenes poliacuteticos del libro VIII en que a cada presentacioacuten de un tipo de estado sigue la del tipo de hombre que le corresponde Platoacuten ha desarrollado tambieacuten aquiacute un anaacutelisis en que se alter-nan referencias tanto a la poesiacutea y la pintura como a los poetas y pintores Ahora luego de presentar el tema del poeta separadamente finaliza diciendo ldquoDe ese mo-do diremos que el poeta imitativo (τὸν μιμητικὴν ποιητἠν) implanta privadamente un reacutegimen perverso en el alma de cada uno condescendiendo con el elemento irra-cional que hay en ella elemento que no distingue lo grande de lo pequentildeo sino que considera las mismas cosas unas veces como grandes otras como pequentildeas creando apariencias ltfantasmalesgt (εἴδωλα) enteramente apartadas de la verdadrdquo (trad J M Paboacuten M Fernaacutendez Galiano) He antildeadido los pareacutentesis 376 El sentimiento de lsquolaacutestimarsquo (τὸ ἐλεινὸν) aparece como una emocioacuten clave en la tragedia 377 Ver Leyes 967c-d

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pronto como se pruebe que ella no es simplemente placentera sino tambieacuten provechosa378 Hasta entonces usaremos nuestros argumentos como un amu-leto para protegernos a nosotros mismos de sus encantos porque la cuestioacuten en juego es mayor de lo que parece

608c-d Las recompensas maacutes grandes de la virtud han de ser auacuten des-

critas379 Probaremos primero que el alma es inmortal380 608d-611a Todo lo que sufre destruccioacuten es destruido por su propio mal

peculiar o enfermedad y aquello que no puede ser destruido es asiacute indes-tructible Ahora bien el mal que es peculiar al alma es el vicio y el vicio es impotente para matar el alma Debemos tener cuidado de suponer que el al-ma es destruida por la enfermedad corporal a menos que pueda probarse que la enfermedad corporal engendra en el interior de alma su mal propio y especiacutefico y si alguien tiene la osadiacutea de afirmar que las almas de los que es-taacuten en trance de morir se hacen de hecho maacutes perversas y maacutes injustas ese debe estar preparado para mostrar que el vicio solo y por siacute mismo es mortal para quien lo posee cosa que estaacute lejos de ser verdad El vicio es decir la in-justicia no apareceriacutea como cosa tan terrible si la muerte fuera el final de to-das las cosas Concluimos nosotros que el alma es inmortal ya que ni su mal propio ni ninguno ajeno puede destruirla

611a-612a Se sigue que el nuacutemero de almas es siempre constante y ca-

da una de ellas retiene perpetuamente su individualidad381 Hasta ahora he-mos representado el alma como una substancia compuesta pero un compues-

378 Al parecer habriacutea otro tipo de poesiacutea mdashque no sea la del caraacutecter placentero e imitativomdash que podriacutea no ser excluida Cf ldquotal clase de poesiacutealdquo en R 608 a 379 ldquoLa tesis principal de la Repuacuteblica mdashque la justicia sola y por siacute misma es mejor que la injusticia sola y por siacute mismamdash fue demostrada finalmente en el libro IX Pero la justicia y la injusticia de hecho acarrean ciertamente consecuencias y es necesa-rio tenerlas en cuenta si vamos a hacer la comparacioacuten entre la virtud y el vicio en todo respecto perfecta y completardquo (J Adam II pg 420) 380 ldquoLa doctrina misma habiacutea por supuesto sido largo tiempo un artiacuteculo de las creencias oacuterficas y pitagoacutericasrdquo (Adam II pg 421) 381 Se supone entonces que el nuacutemero de almas es siempre constante y cada cual retiene una individualidad que le es propia

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to no puede ser faacutecilmente inmortal y si vieacuteramos el alma como realmente es382 deberiacuteamos contemplarla (θεάσασθαι) aparte del cuerpo383 y de aque-llas acumulaciones materiales (προσπεφυκέναι) con las que ella se encuentra atestada y abrumada384 Entonces y solo entonces estaremos en condiciones de ver su naturaleza verdadera (τὴν ἀληθῆ φύσιν)385

612a-613e Ahora que hemos probado que la justicia es en siacute misma

aparte de todas sus consecuencias lo mejor para el alma podemos con toda seguridad hacer hincapieacute en las recompensas (μισθοὺς) de la virtud tanto en esta vida como despueacutes de la muerte Revocamos la concesioacuten que en aten-cioacuten al argumento presentado nosotros hicimos previamente y le devolve-mos a la justicia la consideracioacuten que de hecho ella recibe de parte de los dio-ses y de los hombres Los justos son queridos por los dioses (υεοφιλὴς) y son objeto especial de su providencia386 pero es diferente con los injustos Entre los hombres tambieacuten la injusticia aunque por un tiempo puede marchar bien se quebranta antes que la carrera termine mientras que la justicia alcan-za la meta y gana la corona Los honores y premios que Glaucoacuten reclamaba para la injusticia exitosa corresponden ahora a la justicia y es el injusto el que sufre los ultrajes y tormentos que eacutel presagiaba al justo

613e-616b Pero lo que hemos descrito hasta aquiacute es nada comparado

con lo que aguarda a la virtud y el vicio despueacutes de la muerte Escuchemos la

382 ldquoIn its true and essential nature soul is akin to the simple and incomposite see Phaedo 78B-81Ardquo (Adam II pg 426) 383 Considerar el alma en su calidad de semejante (συγγενὴς) a lo divino e impere-cedero 384 Los objetos verdaderos del alma son los de caraacutecter espiritual es decir aquellos adaptados a su condicioacuten de ser inteligente e imperecible Si dirige la intencionali-dad de su espiacuteritu hacia otros objetos como los terrenales y sensibles hacieacutendose como ellos estropea su condicioacuten originaria y mejor 385 Es decir de si ella es simple o compuesta en su verdadero ser Ya se habiacutea men-cionado esta lsquomaacutes verdadera naturalezarsquo al inicio de esta seccioacuten (611 b) 386 ldquoPorque efectivamente nunca seraacute descuidado por los Dioses el que busque esforzarse por llegar a ser justo y con la praacutectica de la virtud asemejarse a la divini-dad cuanto es posible al ser humanordquo (613a-b) El lsquoasemejarse a la divinidadrsquo (ὁμοιουσθαι θεῷ literalmente lsquoasemejarse a Diosrsquo) es el objetivo eacutetico maacutes arraiga-do en la filosofiacutea de Platoacuten y representa claramente el ideal antropoloacutegico de su Repuacuteblica Ver II 383c VI 500c-d 501b-c cf Leyes 716b-d 904e

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visioacuten que tuvo Er el hijo de Armenio387 Por doce diacuteas yacioacute en un trance durante los que su alma viajoacute hasta una pradera (λειμόνα) donde eacutel escuchoacute la narracioacuten de las experiencias de otras almas que habiacutean completado el pe-riacuteodo de un milenio de premio o castigo En la mayoriacutea de los casos la re-compensa y juicio por las buenas y malas acciones era de diez veces por cada una pero ciertos criacutemenes eran castigados incluso maacutes severamente y para algunos pecadores incurables no habiacutea esperanza alguna

616b-617d Despueacutes de pasar siete diacuteas en la pradera las almas que ha-

biacutean vuelto del viaje de mil antildeos levantaron tienda y partieron acompantildeadas por Er388 Al cuarto diacutea ellos llegaron a un paraje desde el que podiacutean divisar una luz derecha como un pilar que se desplegaba a lo largo de todo el cielo y la tierra389 y despueacutes de un viaje de un diacutea vieron en el medio de esta luz las extremidades de las cadenas del cielo y extendieacutendose desde esos extremos estaba el huso de la Necesidad (Ἀνάγκης ἄτρακτον) con sus ocho ciacuterculos conceacutentricos y a medida que los ciacuterculos de sus bordes giran llevan con ellos separadamente las estrellas fijas y todos los planetas en su orden En lo alto de cada uno de los ocho espirales avanza una Sirena (Σειρένα) emitiendo una sola nota y las ocho notas asiacute producidas constituiacutean una sola armoniacutea

387 Er un personaje misterioso que algunos en la antiguumledad identificaron con Zo-roastro tal vez por el caraacutecter aparentemente oriental de la historia La narracioacuten es un tipo de apocalipsis es decir hecha a modo de revelacioacuten ldquoEn su historia mdashdice W K C Guthrie (Historia de la Filosofiacutea Griega IV pg 534)- se entrelazan dos cabos el puramente miacutetico o escatoloacutegico y el cosmoloacutegico El primero a pesar de enrique-cerse con los detalles frescos de la inagotable imaginacioacuten platoacutenica comparte sus rasgos principales con otros grandes mitos extraidos de un fondo comuacuten de sabidu-riacutea religiosa y particularmente oacuterficardquo 388 ldquoPareceriacutea que el alcance e intencioacuten general de la parte astronoacutemica del mito seriacutea el colocar ante las almas un cuadro de las lsquoarmoniacuteas y revoluciones del univer-sorsquo en conformidad con las cuales es su deber maacutes alto y un privilegio vivirrdquo (Adam II pg 441 cf Timeo 90c-d) Y parece haber maacutes de imagineriacutea poeacutetica que serias intenciones cientiacuteficas en esta narracioacuten en cuya realizacioacuten Platoacuten se tomoacute un gran trabajo incluso cientiacutefico exhibiendo al mismo tiempo una notable imagi-nacioacuten literaria 389 A propoacutesito de estas descripciones y sin intentar renunciar a una explicacioacuten de muchas de las particularidades astronoacutemicas de la narracioacuten conviene recordar lo que James Adam junto a sus explicaciones de numerosos aspectos de estas difiacuteciles paacuteginas de Platoacuten dice (II pg 447) ldquoNos ocupamos de una obra de literatura y no de ciencia y el mecanismo del mito no deberiacutea ser examinado rigurosamente desde un punto de vista cientiacuteficordquo

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(ἁρμονίαν) o modo El huso mismo giraba sobre las rodillas de la Necesidad Mientras tanto las tres Parcas (Μοίρας) a medida que ellas toman parte en la rotacioacuten cantan de acuerdo con la armoniacutea de las Sirenas Laacutequesis las cosas pasadas Cloto las presentes y Atropo las futuras

617d-619a Tan pronto como llegaron al escenario las almas eran llama-

das a escoger sus nuevas vidas El orden de eleccioacuten era determinado por sor-teo pero habiacutea muchos maacutes modelos de vidas que nuacutemero de suertes y se hizo responsable a cada alma de su propia eleccioacuten390 El momento de la elec-cioacuten representa la crisis suprema de nuestro destino y es preciso no economi-zar esfuerzos para ser capaz de elegir resistiendo las atracciones de la riqueza y el poder y escogiendo la vida mejor que es la de la virtud que asiacute es como el hombre llega a alcanzar la mayor felicidad

619b-620d Eran numerosos los casos de seleccioacuten apresurada y necia y

muchos los cambios que resultaban tanto de la eleccioacuten como del accionar de las suertes Aquel que es siempre fiel a una vida de verdadera filosofiacutea y cu-ya suerte no cae entre los uacuteltimos seraacute feliz por la totalidad del tiempo391 El espectaacuteculo fue uno realmente a propoacutesito para mover a piedad a risa a ad-miracioacuten En la mayoriacutea de los casos las almas escogiacutean de acuerdo con sus vidas anteriores Orfeo por ejemplo escogiendo la vida de un cisne Ayax la de un leoacuten y asiacute sucesivamente Sucedioacute que Odiseo que habiacutea sido el uacuteltimo en echar las suertes luego de una larga buacutesqueda encontroacute y cogioacute gozosa-mente la vida paciacutefica de un hombre particular ya que estaba cansado de to-das sus fatigas Hubo cambios de bestias en hombres y de hombres en bes-tias y todo tipo de mutaciones

390 La frase clave de la advertencia mdashdicha en nombre de la virgen Laacutequesis a las almas que eligen sus nuevas vidasmdash es la siguiente ldquoLa responsabilidad es del que elige Dios no tiene culpardquo (617e) 391 ldquoLa conexioacuten de ideas dice Adam (II pg 459) es la fortuna de las suertes y nuestra eleccioacuten individual son las dos influencias que afectan nuestro destino ya que si nuestra suerte se da razonablemente pronto y escogemos como conviene a filoacutesofos nos iraacute bienrdquo

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620d-621d Luego que todas las almas hubieron escogido Laacutequesis otorgoacute a cada una su lsquodemoniorsquo (δαίμονα) como genio guardiaacuten (φύλακα) Despueacutes de eso la eleccioacuten era ratificada por las restantes Parcas y finalmen-te por la Necesidad Por la tarde las almas acamparon junto al riacuteo del Olvido en la llanura del Leteo y todas salvo Er bebiacutean de sus aguas A la media no-che se produce un trueno y un temblor de tierra y son llevadas hacia arriba para su nacimiento y en la mantildeana Er revivioacute y se vio de improviso tendido sobre la pira

La visioacuten de Er no es un mero cuento ocioso que perece una vez conta-do Si le prestamos creacutedito salvaraacute nuestras almas de modo que aquiacute y en el maacutes allaacute nos vaya bien

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C TEMAS DE ESTUDIO

I iquest H a y e s c l a v o s e n l a c i u d a d p l a t oacute n i c a

π ρ ῶ τ ο ν μ έ ν ἦ ν δ ᾽ ἐ γ ώ ὡ ς π ό λ ι ν ε ἰ π ε ῖ ν ἐ λ ε υ θ έ ρ α ν ἢ δ ο ύ λ η ν τ ὴ ν τ υ ρ α ν ν ο υ μ έ ν η ν ἐ ρ ε ῖ ς

ldquo P r i m e r o q u e t o d o d i j e y o p a r a h a b l a r

d e l a c i u d a d iquest d i r aacute s q u e l a g o b e r n a d a p o r u n t i r a n o e s l i b r e o e s c l a v a rdquo

Si estaacute contemplada o no la esclavitud en la ciudad ideal disentildeada en la

Repuacuteblica es un asunto abierto a discusioacuten Ya el mero hecho de que se trata de una cuestioacuten debatida es sentildeal de que Platoacuten mismo no hizo ninguacuten pro-nunciamiento formalmente expliacutecito acerca del tema no solo aquiacute sino en ninguna otra parte de su obra Tenemos que contentarnos solamente con sus comentarios y referencias acerca de la esclavitud en general o de situaciones que de alguacuten modo conciernen a los esclavos pero que no indican necesaria-mente una toma de posicioacuten frente al tema concreto

Es muy diferente el caso de Aristoacuteteles quien sosteniacutea que la esclavitud

era natural lo que comportaba una suerte de diferencia congeacutenita entre amos y esclavos Asiacute al hablar de la administracioacuten domeacutestica (οἰκονομίας) nos encontramos con las partes de ldquouna casa perfectardquo (οἰκία δὲ τέλειος) la cual consta de sujetos libres y esclavos392 Es esclavo dice aquel que ldquopor natura-leza (φύσει) no se pertenece a siacute mismo sino a otrordquo y en un intento de defi-nir la situacioacuten servil antildeade que es ldquoun hombre de otrordquo393 Una afirmacioacuten por cierto que a nuestros ojos resulta casi aterrador Estos anaacutelisis sin em-bargo no parecen comprometer del todo el juicio propio de Aristoacuteteles en la medida que a esta altura del texto en que lo escribe no evidencian forzosa-mente una conviccioacuten personal Es claro tambieacuten que nuestro filoacutesofo se es-fuerza por mantenerse en una posicioacuten teoacuterica pero no es tan difiacutecil com-

392 Aristoacuteteles Poliacutetica 1253b 3 ss (Libro I 3) 393 Poliacutetica 1253b 16 (Libro I 4)

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prender cuaacutel es su verdadera posicioacuten cuando luego afirma ldquoregir y ser regi-dos no solo son necesarios sino convenientes y ya desde el nacimiento unos seres estaacuten destinados a ser regidos y otros a regirrdquo394 o cuando conclusiva-mente afirma ldquoes pues manifiesto que unos son libres y otros esclavos por naturaleza (φύσει) y que para estos uacuteltimos la esclavitud es a la vez conve-niente y justardquo395 Esta es evidentemente una presentacioacuten parcial del pensa-miento de Aristoacuteteles y aunque estas afirmaciones son demasiado expliacutecitas como para no advertir su sentido obvio creo que seriacutea injusto dar por zanja-do el asunto sin un estudio maacutes completo cosa que no hacemos aquiacute

La posicioacuten de Aristoacuteteles sin embargo mdashtal como la hemos esbozadomdash

y su manera desenvuelta de examinar el problema permite hacer una compa-racioacuten uacutetil y clarificadora para el caso de Platoacuten especialmente en su Repuacutebli-ca La esclavitud es una realidad en el mundo antiguo y en Grecia estaacute clara-mente establecida Los esclavos eran usualmente baacuterbaros mdashsi bien los habiacutea tambieacuten griegos y aunque algunos eran propiedad de la ciudad una mayoriacutea perteneciacutea a sujetos privados Trabajaban en los oficios maacutes diversos y bajo diferentes condiciones de trato habiacutea por ejemplo cierto tipo de empresas que eran atendidas por esclavos los que recibiacutean su sueldo En lo que respec-ta a Atenas se puede decir que ldquode hecho se podiacutea hallar esclavos en mayor o menor amplitud en virtualmente cada aacuterea de la vida econoacutemica atenien-serdquo396

Un testimonio que podriacuteamos considerar digno de creacutedito proveniente

de un oligarca dispuesto a no dejar en silencio ninguna situacioacuten o actuacioacuten que pudiera dantildear el prestigio de la democracia ateniense397 expone la ldquograndiacutesima licenciardquo que hay en Atenas frente a los esclavos y metecos mdash

394 Poliacutetica 1254a 21-24 (Libro I 5) traduccioacuten de J Mariacuteas y M Araujo Madrid 1989 (2a ed 1970) 395 Ibid 1254b 39-1255a 2 Y a pesar de que Aristoacuteteles analiza tambieacuten los argu-mentos contrarios a la esclavitud y de que tiene en claro que se puede arguumlir en contra de la esclavitud que ella ldquoes violentardquo (ibid 1253b 22 I 3) 396 M Crawford D Whitehead Archaic and Classical Greece Cambridge 1983 pg 295 donde se hace ver ademaacutes coacutemo el tema de la esclavitud ldquoha sido fuente de profunda discrepancia entre los estudiosos durante los uacuteltimos 25 a 30 antildeosrdquo 397 Pseudo-Jenofonte La Repuacuteblica de los Atenienses 10-12

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una suerte de extranjeros permanentesmdash y se refiere con escaacutendalo al hecho de que los esclavos se visten como los ciudadanos libres y que se les deja ldquovivir en la molicierdquo (τρυφᾶν) e incluso mantener un geacutenero de vida ldquogran-diosordquo398 En esas circunstancias lo grave es que entre otras cosas confiacutea nuestro autor iexclno es posible golpear a nadie ni un esclavo te cederaacute el paso pues ldquoSi fuese legal que el esclavo o el extranjero residente o el liberto fuera gol-peado por una persona libre muchas veces le pegariacutean a un ateniense supo-niendo que era un esclavo porque ademaacutes el pueblo no tiene mejor vestimen-ta que los esclavos y los extranjeros residentes ni son de mejor aspectordquo 399

Por otra parte muchos esclavos calificados en sus oficios ejerciacutean en la

Atenas democraacutetica sus trabajos como lo estimaban mejor con la condicioacuten de pagar al amo su parte correspondiente Se constituyoacute asiacute la categoriacutea de esclavos ldquodomiciliados aparterdquo400

En Atenas por consiguiente el esclavo recibe dinero y no teme a los

ciudadanos libres al extremo de lo que sucede en Esparta Es de notar enton-ces al menos un grado concreto de avance hacia una relativa desaparicioacuten praacutectica de las diferencias entre libres y esclavos entre los atenienses los ciu-dadanos culturalmente maacutes influyentes de toda la Heacutelade Testimonios como estos sin embargo no pueden hacernos olvidar la indudable injusticia baacutesica de la esclavitud y el grado de responsabilidad de quienes la sosteniacutean de pa-labra o de obra incluidos los atenienses

398 Ibid I 10 Oscar Velaacutesquez La Repuacuteblica de los Atenienses lsquoJenofontersquo Editorial Universitaria Santiago de Chile 2010 p 59 Hay una edicioacuten bilinguumle espantildeola Pseudo-Jenofonte La Repuacuteblica de los Atenienses M Cardenal de Iracheta M Fer-naacutendez Galiano Madrid 1971 y una de G Ramiacuterez Vidal Jenofonte La Repuacuteblica de los Atenienses BSGRM UNAM Meacutexico 2005 Por otra parte iquestqueacute habraacute pensado el joven estagirita Aristoacuteteles educado en la corte Macedoacutenica al ver a su llegada a la Academia estas si se quiere sorprendentes cos-tumbres atenienses Sin duda que Platoacuten estaba bien acostumbrado a estos modos de vida 399 Pseudo-Jenofonte La Repuacuteblica de los Atenienses edicioacuten citada pg 59 Un tipo de reproche que en palabras de G Glotz ldquoconstituye un meacuterito para el pueblo ate-nienserdquo (La Ciudad Griega -ed P Clocheacute- trad espantildeola Meacutexico (1957) pg 221 400 Ver G Glotz op cit pg 220

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En lo que respecta a nuestro tema especiacutefico fue G Vlastos quien afir-

moacute que ldquono es posible hallar en parte alguna de Platoacuten una discusioacuten formal de la esclavitudrdquo401 Luego de pasar revista a algunos pasajes de las Leyes 402 concluye que Platoacuten piensa que la condicioacuten de esclavo consiste en una ldquodefi-ciencia de razoacutenrdquo403 y mediante el examen de otros textos platoacutenicos infiere que ldquola ausencia de auto-determinacioacuten tan obvio en el caso del esclavo es normal en la sociedad platoacutenicardquo404 Esta uacuteltima inferencia solo ha sido posi-ble hacerla mdashconforme al razonamiento de Vlastosmdash como una consecuencia de un ldquoaxiomardquo de la teoriacutea poliacutetica de Platoacuten seguacuten que se dice ldquoel uacutenico apto para gobernar es aquel que posee logosrdquo405

Hasta queacute punto es vaacutelida esta conclusioacuten es un asunto no demostrado

En todo caso hay un punto que es tratado por Vlastos con sutil profundidad Plantea que en la sociedad platoacutenica existe solamente una pequentildea minoriacutea (como se puede ver por ejemplo en el Poliacutetico 292e) de aristoacutecratas ilustrados junto a una mayoriacutea que carece de logos y que no pudiendo conocer su bien propio y el de la sociedad ldquosu uacutenica posibilidad de hacer el bien es obedecer impliacutecitamente las oacuterdenes de sus superioresrdquo406 Esto se dice no solo de los gobernantes sino de toda autoridad humana o divina Sin embargo esta dou-leiacutea (lsquoesclavitudrsquo) de la que habla Platoacuten es una sumisioacuten ldquovirtuosa amistosa y alegrerdquo dice a la autoridad constituida y representa un uso del teacutermino casi sin precedentes en la literatura griega Se trata de una ldquoextensioacuten genial

401 Gregory Vlastos ldquoSlavery in Platos Thoughtrdquo (1941) en Platonic Studies (2a ed 1981) pg 145 402 Cf tanto Leyes 720a-e como 773e 966b G Vlastos habiacutea sentildealado que el texto maacutes importante acerca del tema es el de Leyes 720a-e en que se contrasta la actitud del meacutedico libre con sus pacientes tambieacuten libres y la del ldquosubordinado de los meacute-dicosrdquo (Leyes 720a) mdashuna suerte de auxiliar esclavomdash con sus pacientes que tambieacuten lo son 403 G Vlastos op cit pg 148 ldquoIt is clear from such passages that Plato thinks of the slaves condition as a deficiency of reason He has doxa but no logos He can have true belief but cannot know why his belief is truerdquo 404 Ibid pg 150 405 Ibid pg 149 n 9 406 Ibid pg 150

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de Platoacutenrdquo 407 para el sentido de lsquoesclavitudrsquo y apunta al claro objetivo de demostrar que siendo la mayoriacutea de los hombres incapaces de gobernarse a siacute mismo y a sus apetitos la solucioacuten maacutes feliz seraacute el someterse al mejor De esta manera gobernados todos asiacute por el mismo principio puedan todos en lo posible ser amigos408

Ahora bien en este modo tan libre de hablar acerca de todo tipo y con-

dicioacuten de subordinados poliacuteticos como lsquoesclavosrsquo subyace no un punto de vista praacutectico sino teoacuterico que consiste en que ldquoen principio no hay diferen-cia en la teoriacutea poliacutetica de Platoacuten entre la relacioacuten del sentildeor y su esclavo y la del soberano con sus suacutebditosrdquo409 Ello constituiriacutea seguacuten Vlastos ldquouna nega-cioacuten radical de la democraciardquo410 Por otra parte la democracia ateniense pu-do llegar a substituir ldquohombrerdquo por ldquociudadano de Atenasrdquo y sin saber queacute hacer con la esclavitud hubo quienes jugaron con la idea subversiva de que la esclavitud ldquono era naturalrdquo En esa situacioacuten la teoriacutea democraacutetica reflejaba esa contradiccioacuten real en la sociedad ateniense al dejar en evidencia la exis-tencia de ldquouna comunidad poliacutetica libre que se apoyaba en una economiacutea esclavistardquo411

Todas estas discusiones relativas a la cuestioacuten de si Platoacuten postuloacute o no

la esclavitud en su proyecto de Estado han hecho resaltar entre otros dos pasajes de la Repuacuteblica ldquoPero si fuese necesario dije decir cuaacutel de estas virtudes produciraacute especial-mente con su presencia el que la ciudad sea buena de difiacutecil decisioacuten seriacutea si

407 Ibid pg 150 408 Cf ibid pg 150 y Repuacuteblica 590 c-d 409 Ibid pg 151 Cf Poliacutetico 259c 2 En la misma liacutenea de argumentacioacuten G Vlastos afirma (op cit pg 152) ldquoIn other words Plato uses one and the same principle to interpret (and justify) political authority and the masters right to govern the slave political obligation and the slaves duty to obey his master His conception of all government (archendash archein) is of a piece with his conception of the government of slaves Is this saying too much One thinks of any number of important qualifica-tions Yet substantially the statement is truerdquo Esas restricciones (ldquoqualificationsrdquo) son precisamente las que deben ser discutidas en maacutes profundidad 410 G Vlastos op cit pg 152 411 Ibid pg 153

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acaso es la igualdad de opiniones de los gobernados o si lo que hace espe-cialmente que la ciudad sea buena es que esteacute presente en el nintildeo en la mujer en el esclavo (καὶ δούλῳ) en el hombre libre (καὶ ἐλευθέρῳ) en el artesano en el gobernante y en el gobernado en el sentido de que cada uno se ocupe de los asuntos que le son propios y no se aplique a muchos otrosrdquo (433 c-d)

El segundo pasaje dice

ldquoPor lo tanto iquestpara que hombre de semejante condicioacuten sea gobernado por algo similar a lo que gobierna al mejor hombre declaramos que debe ser es-clavo (δοῦλον) de este mismo hombre el mejor que posee en siacute el principio divino que gobierna aunque no creamos que el esclavo debe ser gobernado para su dantildeo como creiacutea Trasiacutemaco cuaacutel era la condicioacuten de los goberandos sino que porque es mejor para todos estar gobernados por el elemento divino e inteligente especialmente cuando este elemento es propio de eacutel o bien que esteacute dirigido desde afuera a fin de que todos sean en lo posible semejantes y amigos gobernados por el mismordquo (590 c-d)412

iquestPodremos dar por zanjado el asunto y al menos dejar en la duda la

posicioacuten de Platoacuten con respecto a la esclavitud La propuesta de G Vlastos acusa a Platoacuten con atenuantes importantes claro estaacute de introducirla en su estado Sobre todo el pasaje de R 433c-d citado maacutes arriba es punto difiacutecil de pasar por alto pues parece evidente que se habla aquiacute no de cualquier esta-do sino de la ciudad ideal en proyecto Es posible con todo plantear todo el asunto desde una perspectiva diferente cosa que paso a discutir a continua-cioacuten

Un artiacuteculo de B Calvert serviraacute de guiacutea en este nuevo examen413 Un

texto platoacutenico de importancia en este anaacutelisis mdashque tiene que ver con la pla-nificacioacuten del nuacutemero de artesanos en la ciudadmdash es el siguiente ldquoexisten todaviacutea algunos otros pienso cuyos servicios no estaacuten en contacto muy es-trecho con la inteligencia (διανοίας) pero que poseen fuerza suficiente para

412 Traduccioacuten de G Goacutemez Lasa he antildeadido los pareacutentesis 413 Brian Calvert ldquoSlavery in Platos Republicrdquo en The Classical Quarterly NS vol XXXVII No 2 (1987) 367-372

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trabajos duros Estos venden la utilidad de su fuerza y al llamar salario al valor de eacutesta se les llama como creo asalariadosrdquo414 Platoacuten ciertamente con-sideroacute en su Estado gente que vende su trabajo la clase de los asalariados (μισθωτοί) que conforman el tercer segmento de la ciudad415 Estos son evi-dentemente ciudadanos no esclavos y ellos junto con los auxiliares y los guardianes al hacer en la ciudad la tarea que les es propia realizan la justicia en la ciudad416

Los analistas del tema de la esclavitud no dejan de mencionar la rela-

cioacuten estrecha que existe entre esta y el orden econoacutemico de un determinado conglomerado sea este por ejemplo de tipo familiar o socialmente maacutes am-plio como el urbano Se muestra que sistemas poliacuteticos han dependido para su subsistencia del trabajo servil dejando al estamento libre un espacio para otras actividades Por otra parte es claro mdashy Platoacuten lo sabe perfectamentemdash que la esclavitud para ponerse en ejecucioacuten y sostenerse tiene que sustentar-se en la fuerza Es esta misma fuerza ademaacutes la que sostiene el sistema legal que la favorece Por otra parte no es menos importante el hecho de que entre los griegos solamente los libres son ciudadanos siendo el esclavo por lo gene-ral una propiedad de tipo familiar

Ahora bien mdashy se pone asiacute al descubierto una ldquoincoherencia demasiado

obviardquo de G Vlastos 417 ya que podemos suponer que en la ciudad platoacutenica los guardianes no pueden tener esclavos por el simple hecho de que la clase gobernante no tiene posesioacuten alguna418 Siendo ellos los uacutenicos con justo de-

414 Repuacuteblica 371 e traduccioacuten de G Goacutemez L 415 ldquoThey are not slaves but a part of the wage-earning segment of societyrdquo (B Cal-vert op cit pg 368) 416 Cf Repuacuteblica 434c 417 B Calvert op cit pg 369 ldquo Yet despite his clear recognition of the problem Vlastos appears to overlook its impact when in the same article he ascribes ow-nership of slaves to the third class and we are left with what certainly looks like a blatant incoherence in his account the third class are not qualified to be slave ow-ners or alternatively the guardians are the only ones entitled to own slaves but the guardians are prohibited from possessing any private property including slavesrdquo 418 La existencia misma de los traficantes de esclavos es sentildeal de que la esclavitud estaba considerada un artiacuteculo de consumo el que pasaba a ser propiedad de su adquirente Es una actividad floreciente en la antiguumledad ldquoun negocio puramente

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recho a ser servidos por esclavos la ley les prohibe tajantemente toda propie-dad La clase gobernante percibe todo del resto de la comunidad y eso que recibe debe compartirlo con los de su clase De ahiacute se concluye un punto cla-ve de la argumentacioacuten de Calvert y es que ldquola esclavitud es incompatible con las teoriacuteas de la justicia y del alma tripartitardquo419

Conforme a ello cada persona se beneficia a siacute misma y a la sociedad

realizando adecuadamente su propia individualidad Si hubiera de haber es-clavos deberiacutea haber ldquopersonalidades naturalmente esclavasrdquo para cumplir una funcioacuten social apropiada a su condicioacuten Pero no hay ninguna labor que desempentildear a ese nivel en el estado platoacutenico pues la tercera clase que es parte de los ciudadanos cumple totalmente con lo que la ciudad precisa para subsistir como unidad econoacutemica y social Todo esto dice relacioacuten con la doc-trina tripartita del alma y su estrecha vinculacioacuten con la teoriacutea de la justicia y sucede que ldquolas tres partes forman una unidad ellas no son una parte de una unidad Hasta aquiacute entonces la distincioacuten que seriacutea necesaria para la existencia de una personalidad naturalmente esclava no puede sostenerserdquo420

El argumento entonces que supone que Platoacuten sostuvo la existencia de

la esclavitud en su ciudad ideal seriacutea inconsistente con sus teoriacuteas de la justi-cia y del alma tripartita En esas circunstancias

privadordquo como dice M I Finley Aspectos de la Antiguumledad pg 224 trad castellana Barcelona 1975 (1960) Sin relacioacuten propiacuteamente con las actividades de tipo militar o con la pirateriacutea Esto no quita que aparte del negocio privado es en la guerra en que descansa ldquola clave de toda operacioacutenrdquo (ibid pg 218) referente a la esclavitud de la que el traacutefico recibe sus mayores provisionamientos En esas circunstancias ldquoslaves were traded in order to obtain necessitiesrdquo (DC Braund GR Tsetskhladze ldquoThe Export of Slaves from Colchisrdquo en The Classical Quarterly XXXIX 1989 pg 115 419 Ibid pg 370 420 B Calvert op cit pg 370 Vlastos arguye Calvert interpreta el pasaje de Repuacute-blica 433d basado en la nocioacuten de que hay esclavos que viven al interior de la ciu-dad pero no son ciudadanos de la ciudad ideal cosa que Calvert rechaza Pero se debe adicionalmente sentildealar que ldquoPlatoacuten es suficientemente especiacutefico en sentildealar que las tres partes del alma corresponden a las tres clases de la sociedad En la esti-macioacuten de Vlastos los esclavos forman un cuarto sector exterior a las tres clases de ciudadanosrdquo (pg 371) iquestPero existe en Platoacuten un cuarto elemento de la personalidad Eso es considerado imposible

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ldquola peor acusacioacuten que se le podriacutea hacer es que Platoacuten no siempre cumplioacute con los estaacutendares que eacutel se puso a siacute mismo y ocasionalmente dice cosas que no son consecuentes con los requerimientos de su propia teoriacuteardquo421

Resulta entonces que en el plano de lo que Platoacuten efectivamente dijo

no es faacutecil probar una posicioacuten favorable de su parte a la esclavitud ni desde el punto de vista de sus afirmaciones positivas ni menos auacuten desde una perspectiva teoacuterica G Vlastos por lo que parece se apoya en afirmaciones no concluyentes de la Repuacuteblica y otros textos de Platoacuten y sobre todo en la idea de que el esclavo mdashcomo la multitud en el Estadomdash carece de logos (su-ponemos que en el sentido de lsquodiscernimientorsquo lsquorazoacutenrsquo) De ese modo seguacuten Vlastos se haciacutea necesario que un ldquosuperior benevolenterdquo impusiera orden sobre ellos llaacutemese este sentildeor guardiaacuten mente demiurgo y que lo propio de la autoridad estaba en que ella poseiacutea precisamente logos422 Si el problema entonces de queacute pensoacute o dijo Platoacuten con respecto a la esclavitud solo puede ser verdaderamente aclarado en el terreno de los principios y no de las decla-raciones las argumentaciones de B Calvert aportan razones de un peso sufi-ciente como para al menos neutralizar las proposiciones hechas por G Vlas-tos en los escritos que aquiacute se han examinado El difiacutecil tema en consecuen-cia estaacute una vez maacutes en situacioacuten de ser analizado en toda su complejidad sobre estas nuevas bases

421 B Calvert op cit pgs 371-72 422 G Vlastos lsquoSlavery in Platos Thoughtrsquo en Platonic Studies pg 162

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II La soberaniacutea en la constitucioacuten platoacutenica

tu regere imperio populos romane memento ldquotuacute romano recuerda regir con suprema autoridad los pueblosrdquo

Virgilio Eneida V 851

En un artiacuteculo aparecido en la Revista de Filosofiacutea trateacute alguna vez acer-ca del tema de la soberaniacutea del Estado en Platoacuten423 Alliacute analizaba algunos puntos que dichos ahora quizaacute con mayor claridad proponen la siguiente hipoacutetesis al manifestar Platoacuten que los filoacutesofos deben reinar en las ciudades se estaba planteando una modificacioacuten del concepto de Estado esta vez una que surge de la nocioacuten misma de justicia Es decir que se debe otorgar el po-der soberano a los filoacutesofos en razoacuten de un acto de justicia distributiva entre las funciones del Estado Es esas circunstancias Platoacuten habriacutea hecho manifies-to que en virtud de que es justo que el filoacutesofo reine en la ciudad es asimis-mo de justicia que los geacuteneros del alma individual se reflejen en los del alma social Alliacute en efecto debe gobernar el elemento intelectivo por sobre todos los demaacutes De ese modo el poder soberano no ha de estar desde ahora ni en los maacutes de las democracias ni en los pocos de las oligarquiacuteas sino en aquellos que por la calidad de su saber se hacen acreedores de eacutel Se debe entonces conceder el gobierno de la ciudad a los filoacutesofos

Quiero con todo volver a plantear el asunto desde una perspectiva lige-

ramente diferente a la de aquel estudio maacutes acorde en cierto sentido con la Repuacuteblica misma y con los grandes problemas que su lectura presente ha ido poniendo en evidencia ante el lector de este libro

Los teacuterminos de soberaniacutea y soberano mdashtal como los vemos reflejados

en numerosas lenguas modernas occidentalesmdash no corresponden precisa-mente a vocablos latinos del periacuteodo claacutesico ya que superanus y sus modifica-ciones corresponden al bajo latiacuten El teacutermino en cuestioacuten sentildealaba a aquel que ejerce o posee una autoridad la que es a la vez suprema e independiente en

423 ldquoPlatoacuten y la soberaniacutea del Estadordquo Revista de Filosofiacutea Santiago de Chile (1988) 37-44

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un Estado Pero aparte de soberaniacutea vocablos como maiestas auctoritas potes-tas imperium sirvieron para expresar en contextos diversos ideas similares a la que aquiacute nos ocupa En un sentido maacutes especiacutefico el tema de la soberaniacutea es prevalentemente moderno y parece coincidir con el reforzamiento de la autoridad monaacuterquica en los Estados de la modernidad

Tratados como Los seis libros de la Repuacuteblica de Jean Bodin (1530-1596)

asiacute como numerosas referencias al tema en obras como Leviathan o De Cive de Thomas Hobbes (1588-1679) los Treatises de John Locke (1632-1704) o el Trac-tatus Theologico-Politicus y el Tractatus Politicus de Benedictus de Spinoza (1632-1677) mdashen especial acerca de la condicioacuten del soberanomdash dan testimo-nio del creciente intereacutes de aquella eacutepoca sobre este tema central de la filoso-fiacutea poliacutetica El concepto pienso tambieacuten existe entre los griegos desde que se ha pensado en la constitucioacuten del Estado y se ha puesto atencioacuten en el nuacutecleo originador del poder en que este se funda Mas las palabras que han servido para expresar estas ideas en la tradicioacuten greco-latina no siempre han coinci-dido con la realidad concreta de los vocablos y a menudo corremos el riesgo de perder la pista de su presencia y su evolucioacuten en la historia poliacutetica de nuestras naciones La prudencia por una parte y los objetivos de este libro por otra me indican la necesidad de centrar este breve estudio en los griegos mdashespeciacuteficamente en el Platoacuten de la Repuacuteblicamdash no sin antes referirme muy sumariamente a ciertos significados latinos

Concedamos que la soberaniacutea sentildeala esa autoridad suprema del poder

del Estado que encarnado en algo o en alguien designa al soberano En tal ca-so lo primero que hay que distinguir al interior del concepto es el significado de la autoridad o el poder Podemos distinguir entonces (a) el nuacutecleo unita-rio que representa la base originaria del poder y (b) el ejercicio o la praacutectica efectiva de este Se dice por ejemplo que en un estado democraacutetico la sobe-raniacutea estaacute en el pueblo mdashcorrespondiendo a (a)mdash y que por otra parte ese poder soberano es transferido y ejercido efectivamente por las magistraturas elegidas por el pueblo mdashque representa a (b) La soberaniacutea sentildeala sobre todo el primer sentido y quiere sentildealar al soberano es decir al sujeto o sujetos que son la autoridad suprema en un Estado Esa autoridad suprema de hecho no

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tiene el ejercicio ordinario y efectivo de esa autoridad que representa Sucede sin embargo que en la democracia ateniense siendo el pueblo el soberano este ejerciacutea de una manera directa y relativamente ordinaria su poder me-diante la ekklesiacutea la asamblea popular o dēmos Habiacutea magistraturas pero los grandes negocios del Estado se decidiacutean alliacute en especial cuando se convocaba a una ekklesiacutea kyriacutea es decir una lsquoasamblea soberanarsquo Es lo que Platoacuten cono-ciacutea desde que tuvo uso de razoacuten es decir el ejercicio de una democracia maacutes directa que representativa Hay que tener presente en todo caso que todos estos sentidos de poder estaacuten de alguacuten modo fundidos en la praacutectica o bien en iacutentima conexioacuten ya que a menudo no es tan faacutecil distinguirlos como seriacutea el caso de los soberanos en las monarquiacuteas constitucionales actuales en que su autoridad se sostiene maacutes en el sentido (a) que el (b)

En la tradicioacuten romana es claro que auctoritas es el teacutermino quizaacute maacutes

importante Los sentidos maacutes significativos de este teacutermino son para noso-tros pienso ldquoderecho o poder para autorizar o sancionarrdquo y el de autoridad tanto en lo que respecta a la leyes como en referencia a las magistraturas del Estado en general El teacutermino auctoritas se dice tambieacuten refirieacutendose a perso-nas (la lsquoautoridadrsquo) Podemos ademaacutes antildeadir a esta breve lista el vocablo con-ditor (lsquofundadorrsquo) La posicioacuten de poder y autoridad de las magistraturas en general la capacidad de control sobre personas o cosas se designa tambieacuten como potestas siendo maiestas a menudo una expresioacuten de la majestad sobe-rana ya sea del pueblo del Estado o incluso de una persona De ahiacute que auacuten hoy se utiliza el teacutermino su majestad entre los reyes Este es un concepto que entre los romanos suele ir unido a imperium (p e maiestas imperii) que sentildeala o bien ldquoel supremo poder administrativordquo o en un sentido maacutes propio ldquoel ejercicio de la autoridadrdquo En algunos contextos podriacuteamos interpretar impe-rium como lsquosupremaciacutearsquo424

No hay entonces aparentemente en el latiacuten claacutesico palabra especiacutefica

para soberano siendo supranus el teacutermino latino medieval que significa lsquosu-periorrsquo equivalente a lsquosupremus praefectusrsquo Carta fechada en 1261 dice

424 Para estos y otros sentidos ver el P G W Glare Latin Oxford Dictionary en las diferentes entradas

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ldquoquibus notionibus nostrates Souverain dixeruntrdquo425 Un documento parla-mentario franceacutes de 1320 denomina al ldquosoberano de la caacutemarardquo es decir al presidente de esta Tambieacuten tiene un sentido eclesiaacutestico siempre con la idea del superior jeraacuterquico de alguacuten organismo colegiado sea poliacutetico o religioso La supremitas es la lsquosuprema potestasrsquo que entre los galos (documento de 1450) seguacuten el mismo du Cange es souveraineteacute No queda maacutes que conjetu-rar que ciertos aspectos de la voz lsquosoberaniacutearsquo son exlusivamente medievales y quizaacute deja entrever la idea de un superior entre otros y que de alguna mane-ra tiene bajo su potestas a un conjunto que a su vez comparte con el supranus un tipo de poder

Ahora bien todos estos teacuterminos no significan simple y llanamente lsquoso-

beraniacutearsquo en un sentido elaborado maacutes poliacuteticamente porque su significado depende de los contextos en que ellos se encuentran Es importante sentildealar sin embargo que apelativos del tipo lsquosumorsquo o lsquosupremorsquo se hacen por lo ge-neral necesarios cuando se quiere sentildealar ese estado de supremaciacutea propio de la soberaniacutea Tenemos asiacute por ejemplo expresiones como summa potestas o summum imperium que vemos utilizados incluso por los tratadistas moder-nos como Spinoza para quien summum imperium parece sentildealar el ldquopoder soberanordquo y da a summa potestas el significado maacutes propio de ldquosoberanordquo Los romanos no eran tan dados a teorizar en estos aspectos aunque siacute como bien sabemos al ejercicio efectivo del gobierno De ahiacute que los conceptos que encierran estas palabras significan por lo general realidades concretas perso-nas y magistraturas Ello no impidioacute en todo caso que los teoacutericos de la poliacute-tica como los tratadistas medievales y modernos mdashque escribiacutean generalmen-te en latiacutenmdash pudieran utilizar con provecho la riqueza extraordinaria de estos vocablos y los ricos contextos en que ellos se encontraban

Con Platoacuten en cambio en los inicios de estas nociones nos hallamos con

un personalidad sui generis Es un teoacuterico de mente filosoacutefica que se encuentra a su vez fuertemente atraiacutedo por la accioacuten y la poliacutetica Seguacuten el testimonio de la Carta VII (que seguacuten algunos no es genuina) eacutel se veiacutea llamado en su ju-

425 En Charles du Cange Glossarium Mediae en Infimae Latinitatis T VII Los otros datos consignados aquiacute provienen de este mismo gran Glossarium

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ventud especialmente a participar en los asuntos del Estado Las circunstan-cias sin embargo y su caraacutecter reflexivo lo inclinaron finalmente a la filoso-fiacutea426 En la Repuacuteblica vemos en forma manifiesta una siacutentesis de su personali-dad tanto filosoacutefica como poliacutetica No abandonoacute por eso su instintiva disposi-cioacuten por lo concreto pues parece que su imaginacioacuten prodigiosamente creati-va se presentaba a menudo en figuraciones factibles de convertirse en reali-dad Con todas las necesarias restricciones la Repuacuteblica es a la Academia co-mo lo es el suentildeo al suceso materializado De ahiacute que en la Politeia que es una obra altamente especulativa se presenta sin embargo constantemente una tensioacuten entre teoriacutea y accioacuten y se finge a cada paso la fundacioacuten concreta de un Estado Porque aparece como un acto de realismo poliacutetico el preguntarse quieacutenes han de mandar concretamente en la ciudad en gestacioacuten coacutemo he-mos de elegir a los gobernantes y prepararlos para el mando y cuaacutel se consi-dera que es efectivamente la fuente de donde dimana la soberaniacutea del Estado

Las palabras que expresan estos conceptos aparecen en el curso del diaacute-

logo configuradas entre la levedad del proyecto imaginario y la seriedad de un espiacuteritu de verdad preocupado por la crisis generalizada de los sistemas poliacuteticos helenos en los antildeos mismos y los posteriores a la Guerra del Pelopo-neso En esas circunstancias cuesta encontrar los teacuterminos justos en que la nocioacuten de soberaniacutea adquiere la corporeidad precisa de la palabras Existe sin embargo la idea y los teacuterminos en nuestro filoacutesofo y en lo que respecta a nuestra encuesta especiacutefica estos son mdashsin dar un orden obligatorio de pre-cedenciamdash arkhḗ (ἀχή) dyacutenamis (δύναμις) especialmente como dyacutenamis poli-tikḗ (δύναμις πολιτική) y diversas formas del adjetivo kyacuterios (κύριος)

Podemos reducir a tres las ideaas principales expresadas en arkhḗ a sa-

ber (1) la de lsquoorigenrsquo y lsquocomienzorsquo (2) la de (primer) lsquoprincipiorsquo lsquofundamen-torsquo y (3) la de lsquopoderrsquo (lsquosoberaniacutearsquo) con la que tambieacuten se relacionan lsquomeacuteto-do de gobierno imperio magistraturarsquo427 En primer lugar si hay un origen

426 Platoacuten Carta VII 324b 427 El Liddle-Scott-Jones Greek-English Lexicon (LSJ) aporta estos datos en que Heroacutedoto proporciona importantes ejemplo LSJ propone tambieacuten junto con lsquopo-derrsquo el sentido de lsquosovereigntyrsquo

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sobre el que a modo de fundamento se alza la construccioacuten de la ciudad se consolida su poder y se establece su meacutetodo de gobierno este en la Repuacuteblica es sin duda las Idea de Bien Debemos suponer que esta Idea tiene un signifi-cado profundamente poliacutetico maacutexime si se trata de un libro que estaacute en su totalidad dedicado a la planificacioacuten de un Estado ideal Asiacute entonces las paacute-ginas acerca del Bien son cruciales no solo en la medida en que apuntan a los objetivos de perfeccioacuten de su proyecto sino en cuanto significan el funda-mento metafiacutesico de la totalidad de la ciudad Estas tres alegoriacuteas centrales (el Bien la Liacutenea y la Caverna) son ademaacutes el punto maacutes decisivo en que la filo-sofiacutea llevada a sus principios maacutes originarios se halla a siacute misma fundamen-tando la estructura misma de una nueva polis En otras palabras mediante estas tres alegoriacuteas Platoacuten intenta explicar y poner en movimiento su idea quizaacute maacutes genial de que en su proyecto de ciudad la poliacutetica y la filosofiacutea encuentran su centro de identificacioacuten maacutes verdadero

Una primera aproximacioacuten mediante el concepto de arkhḗ nos da los

indicios iniciales El texto de Repuacuteblica no relaciona directamente este teacutermino con la Idea del Bien sin embargo en tres ocasiones arkhḗ es mencionado en la alegoriacutea de la Liacutenea aludiendo a aquella Idea En R VI 510b 5-7 se reitera la afirmacioacuten de que hay un lsquoprincipiorsquo Es el principio hacia el que el alma se encamina cuando partiendo de las hipoacutetesis que proporciona la ciencia llega al ldquoprincipio no hipoteacuteticordquo (τὸ ἐπ᾽ἀρχὴν ἀνυπόθετον) Este ldquoprincipio no hipoteacuteticordquo suponemos que representa en la Liacutenea a la Idea del Bien de la que poco maacutes adelante se afirma que es ldquoel principio de todordquo (R VI 511b 6-7) Estamos en una alegoriacutea de corte maacutes especiacuteficamente epistemoloacutegico por lo que arkhḗ dice referencia al origen en cuanto inteligible Se hace asimismo mencioacuten expresa a su condicioacuten de principio ldquono hipoteacuteticordquo es decir incon-dicionado o si se quiere de caraacutecter absoluto

La verticalidad de Liacutenea se hace maacutes aparente auacuten cuando se deja ver la posi-

cioacuten de autoridad soberana que goza el principio Por otra parte en uno de los momentos culminantes del relato en R VI 509b se la asigna al Bien una situacioacuten de superioridad ldquoen dignidad y poderrdquo (πρεσβείᾳ καὶ δυνάμει) sobre toda otra realidad inteligible Los dos epiacutetetos combinados me parece

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revelan una significacioacuten semejante a maiestas428 perfectamente reminiscente de una dignidad soberana No debemos olvidar que en la tradicioacuten de occi-dente ademaacutes del concepto de la soberaniacutea popular ha permanecido tambieacuten la idea de que la soberaniacutea procede de Dios El desarrollo de mentalidades absolutistas en ambas direcciones se fortalece en la eacutepoca moderna con el ab-solutismo monaacuterquico Todaviacutea hay reyes hoy que al menos nominalmente lo son Dei gratia (en numismaacutetica aveces D G ) Por otra parte para Atenas el concepto se puede sintetizar del siguiente modo ldquoLa teoriacutea constitucional de la democracia ateniense es muy sencilla se resume en una palabra el pueblo es soberano (κύριος)rdquo429

Indudablemente que el teacutermino kyrios y sus casos oblicuos son una pieza

clave en el estudio presente y su sentido general es tener poder o autoridad En formas neutras substantivadas como to kyrion designa el lsquopoder sobe-ranorsquo En las alegoriacuteas centrales de la Repuacuteblica se califica al Sol imagen del Bien como teniendo autoridad (κύριον R VI 508a) sobre los factores de lumi-nosidad que permiten la visioacuten Del oacutergano de la vista se dice que tiene un ldquopoderrdquo (δύναμιν R VI 508b) que es ldquodispensado por el Solrdquo Me parece na-tural que un lector griego pueda interpretar el lenguaje del siacutemil en una clave poliacutetica sobre todo si en un importante lugar posterior (R VII 517b-c) Platoacuten termina por develar claramente la condicioacuten soberana de su Idea suprema Se dice alliacute que en la regioacuten de lo conocido la Idea del Bien (ἡ τοῦ ἀγαθοῦ ἰδἐα) es la uacuteltima en ser vista y apenas se la ve Mas cuando se la ve nuesto razo-namiento debe admitir que ella es la causa (αἰτία) de todo lo recto y bello

ldquodando nacimiento en la regioacuten visible a la luz y al soberano (ldquosentildeorrdquo τὸν κύριον) de esta y en la regioacuten inteligible otorgando ella misma co-mo soberana (κυρία) la verdad y la inteligencia y que es preciso que la vea quien se dispone a actuar sabiamente tanto en privado como en puacute-blicordquo En otras palabras la Idea del Bien posee la autoridad que le permite ser

la dispensadora de la verdad y de la inteligencia para conocerla de un modo

428 ldquoThe dignity of a god or exalted personage majestyrdquo ldquothe majesty of the people or state sovereigntyrdquo Oxford Latin Dictionary (OLD) 429 G Glotz La ciudad griega (trad castellana) Meacutexico UTEHA 1957 pg 112

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semejante a como el Sol tiene autoridad sobre aquello que suministra la lu-minosidad Aquiacute entonces ldquoser duentildeo derdquo o ldquotener la autoridad sobrerdquo im-plica ese poder superior e independiente que llamamos soberano En un estui-do contemporaacuteneo se afirma que

ldquola aspiracioacuten fundamental de la soberaniacutea estaacute en su eacutenfasis en una au-toridad gubernamental sin restricciones al interior de los liacutemites territo-riales Si tal autoridad existe entonces las obligaciones maacutes comprensi-vas del Estado se vuelven problemaacuteticas Si se niega tal autoridad en-tonces la soberaniacutea en siacute misma aparece disminuida o restringida A de-cir verdad si el Estado no posee por maacutes tiempo el derecho a ejercer tal autoridad o falta en la praacutectica a su obligacioacuten de hacerlo se vuelve en-tonces engantildeoso el retener la soberaniacutea como un teacutermino descriptivordquo430 Sin duda que la actual tendencia a la globalizacioacuten de los asuntos con-

cernientes al geacutenero humano ponen el concepto mismo de soberaniacutea en si-tuacioacuten difiacutecil Hay tensiones que subyacen por ejemplo en el camino hacia una mayor integracioacuten de la Comunidad Europea que se manifiestan en la persistencia de una idea no abandonada de soberaniacuteas nacionales e incluso regionales Del mismo modo cuestiones que se consideran de valor univer-sal como los derechos humanos restringen en la praacutectica la libertad plena y soberana que algunos estados pretenden conservar El quebrantamiento de esos derechos por un estado puede conducir a fricciones en torno a la sobera-niacutea con otros estados La ciudades griegas soliacutean respetar ciertos derechos comunes a su condicioacuten de helenos que ellos consideraban los distinguiacutean de los baacuterbaros Mas en liacuteneas generales mdashtal como lo vemos en la Repuacuteblicamdash la preocupacioacuten fundamental estaacute en la consolidacioacuten de un orden interno con plena independencia poliacutetica

Indudablemente que ciertos aspectos de estos asuntos estaban presentes

en la mente de Platoacuten cuando parece presentir el debilitamiento de la polis griega celosa hasta el fin de su autarquiacutea y enemiga de toda intervencioacuten foraacutenea en sus asuntos internos Ella sin embargo se veiacutea por lo general exte-nuada por las rivalidades sediciosas que surgiacutean en su seno La destruccioacuten

430 R Falk ldquoSovereignityrdquo en The Oxford Companion to Politics of the World Oxford 1993 pg 853

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de hecho de la soberaniacutea entre las ciudades entrantildeaba la desaparicioacuten del sis-tema poliacutetico inmemorial griego basado en la ciudad-estado El imperialismo democraacutetico ateniense de la era de Pericles y el de su contraparte oligaacuterquica espartana habiacutea resultado en mayor inestabilidad de los sistemas constitu-cionales de toda la Heacutelade Era preciso entonces imaginar un nuevo concep-to de soberaniacutea si habiacutea de perdurar por medio de aquellas reformas el espiacuteri-tu heleacutenico ancestral En consecuencia si la Idea del Bien es la fuente de la soberaniacutea en el nuevo proyecto queda ahora por determinar lo que en un principio habiacuteamos planteado es decir en queacute habriacutea de consistir el ejercicio o la praacutectica efectiva del poder en la nueva ciudad

Es interesante constatar ese rasgo de lejaniacutea (ldquomaacutes allaacute de la esenciardquo)

propio del soberano sobre todo cuando se encarna en una persona La maies-tas suprema no se halla obligatoriamente envuelta (ni parece conveniente que se halle) en los negocios maacutes cotidianos del acontecer puacuteblico Es caracteriacutesti-co entonces de la idea de soberaniacutea un cierto orden de participacioacuten de la potestad efectiva Este fenoacutemeno tiene evidentemente un peso decisivo en la transicioacuten desde la realidad suprema mdashy en cierta medida abstracta como seriacutea la majestad de la leymdash y su concrecioacuten ya personalizada en la circuns-tancia de la administracioacuten del Estado Ni el pueblo ni Dios gobiernan direc-tamente aunque podemos constatar en esta polis que el Bien engendra (τεκοῦσα) y suministra (παρασχομένη) la substancia de la que se nutre el quehacer de la cosa puacuteblica431

Si se pudo decir que en el caso de la democracia es la muchedumbre

(de los ciudadanos) la que tiene forzosamente que ser soberana (κύριον)432 es claro que la administracioacuten de tal tipo de reacutegimen estaacute a cargo de magistratu-ras representativas de ese modelo de gobierno Siempre hay niveles de me-diacioacuten que en el caso de la Repuacuteblica ocupan una parte central del diaacutelogo La realidad soberana es una idea es decir es la Idea del Bien y la summa po-

431 Quiero aludir con esto a R VII 517c que da como caracteriacutestica del Sol su capa-cidad de engendrar la luz y de la Idea del Bien su calidad dispensadora de la ver-dad (como un objeto inteligible) a la inteligencia que tambieacuten gracias al Bien es ca-paz de comprenderla 432 Cf Aristoacuteteles Poliacutetica VII (VI) 1317b5

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testas estaacute ahora en manos de los filoacutesofos Ellos deben conocer el Bien por un proceso de educacioacuten que los transforme en instrumentos legiacutetimos del po-der No se trata en Platoacuten directamente el tema pero indudablemente la legi-timidad forma parte del problema de la soberaniacutea Ahora bien gracias a la adquisicioacuten de ese saber superior (recordar el meacutegiston maacutethema del libro VI) se legitima el gobierno del filoacutesofo y lo transforma en instrumento de la justi-cia en la ciudad El conocimiento hace del sabio una presencia operativa del Bien en la polis Asiacute el sabio es manifestacioacuten del poder soberano del que estaacute investido gracias a su trato directo con el origen de toda autoridad

Para una explicacioacuten maacutes concreta del asunto debemos acudir ahora a la

famosa paacutegina de R V 473c-e en que se plantea la conveniencia de que los filoacutesofos reinen en las ciudades Una argumentacioacuten previa es decir referida a la identificacioacuten de la filosofiacutea y el poder poliacutetico estaacute desarrollada sobre todo en los capiacutetulos IV y VI de los comentarios preliminares Ahora es preciso a la luz de nuestros anaacutelisis anteriores sugerir que el punto decisivo se refiere a ldquoel poder poliacutetico y la filosofiacuteardquo (δύναμίς τε πολιτικὴ καὶ φιλοσοφία R V 473d3) en cuya identificacioacuten hecha en la persona del filoacutesofo estaacute la razoacuten baacutesica de la potestad suprema que este ejerce El filoacutesofo es el gobernante le-giacutetimo porque una vez identificada la filosofiacutea con el poder poliacutetico de la manera prevista por Platoacuten no existe en la ciudad otro tipo ni especie de per-sonas habilitadas para gobernar En esas circunstancias la dyacutenamis politikḗ sentildeala en el texto me parece la aparicioacuten de la summa potestas propia del filoacute-sofo Eacutel es el poder soberano en la ciudad existiendo en concordancia con la fuente soberana la idea del Bien De un modo anaacutelogo la dyacutenamis del sol de este mundo estaacute representada en la Caverna por el fuego interior y la luz que este difunde (R VII 517b)

Esta soberaniacutea de los filoacutesofos que podriacuteamos decir derivada no tiene el

caraacutecter de exclusividad pues conspirariacutea contra la condicioacuten tripartita del alma y la consiguiente especializacioacuten de actividades al interior del Estado Ni los filoacutesofos hacen el oficio de guardianes ni los guardianes sobrepasan su condicioacuten (a menos que sean elegidos para continuar su preparacioacuten como tales) ni los artesanos productores que son la gran mayoriacutea de los habitantes

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y mueven la economiacutea de la ciudad estaacuten en condiciones de exigir ademaacutes la administracioacuten de los asuntos del Estado No se trata de reyes en cuya volun-tad estaacute el poder Podemos maacutes bien considerar al rey filoacutesofo en la mejor tradicioacuten monaacuterquica ante todo como la cabeza de un poder judicial un rey-juez sometido a la ley antes del gran cambio que en la modernidad significoacute el absolutismo433 Asiacute en el caso del filoacutesofo-rey podemos decir ldquoque la vo-luntad soberana no es de ninguna manera la voluntad subjetiva del soberano es una voluntad objetiva rdquo434

Siendo asiacute las cosas creo que Platoacuten logra consolidar un punto teoacuterico

esencial a saber que su proyecto poliacutetico es fundamentalmente distinto de los otros sistemas en uso entre los helenos mdashdemocracia oligarquiacutea y en oca-siones tiraniacuteamdash en razoacuten de que el suyo propone un cambio radical Este cambio incide en lo siguiente que el origen y fuente de la potestad suprema es la Idea del Bien por cuyo conocimiento los sabios se hacen acreedores del poder supremo (tanto en un sentido general como en un sentido juriacutedico) y soberanos (reyes) del Estado por esa misma razoacuten De ahiacute la importancia ca-pital atribuida a la educacioacuten en especial la de guardianes y gobernantes cuyo curriacuteculo de estudios es cuidadosamente explicado en el libro seacuteptimo No es el caso entonces de idear nuevas magistraturas ni alguacuten ingenioso sis-tema electoral Se preparoacute el camino mediante la demostracioacuten del valor fun-damental de la justicia y las virtudes cardinales Luego con la comprobacioacuten de la estructura correlativa entre el alma individual y la sociedad organizada se consolidoacute la conformacion del edificio de la polis Finalmente la piedra an-gular que sosteniacutea el arco en su veacutertice es su teoriacutea de las Ideas en otras pala-bras la Idea del Bien Esta es la cima donde el filoacutesofo ha colocado con brillo el objeto superior del que pende el disentildeo en su totalidad

433 ldquoLe roi des temps feacuteodaux eacutetait un roi-juge par la loi il eacutetait sub lege rdquo Ber-trand de Jouvenel De la Souveraineteacute agrave la Recherche du Bien Politique Paris 1955 pg 245 434 B de Jouvenel op cit pg 267

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e r r a r e m e h e r c u l e m a l o c u m P l a t o n e ldquo iexcl P o r H eacute r c u l e s P r e f i e r o e q u i v o c a r m e c o n P l a t oacute n rdquo

(Marco Tulio Ciceroacuten Disputaciones Tusculanas I 39)

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