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Pontifícia Universidade Católica de São Paulo PUC – SP Ulysses Camargo Corrêa Diegues Entrevistas de emprego em inglês: uma análise multidimensional Mestrado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem São Paulo 2018

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Pontifícia Universidade Católica de São Paulo PUC – SP

Ulysses Camargo Corrêa Diegues

Entrevistas de emprego em inglês: uma análise multidimensional

Mestrado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem

São Paulo 2018

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Pontifícia Universidade Católica de São Paulo PUC – SP

Ulysses Camargo Corrêa Diegues

Entrevistas de emprego em inglês: uma análise multidimensional

Mestrado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem

Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de MESTRE em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem, sob a orientação do Prof. Dr. Antonio Paulo Berber Sardinha.

São Paulo 2018

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FICHA CATALOGRÁFICA

DIEGUES, U. C. C. (2018). Entrevistas de emprego em inglês: uma análise

multidimensional. São Paulo. Dissertação (Mestrado em Linguística Aplicada e

Estudos da Linguagem). 71 f. LAEL, PUC/SP.

Orientador: Prof. Dr. Antonio Paulo Berber Sardinha.

Palavras-chave: Entrevistas de emprego em inglês; Linguística de Corpus; Análise

Multidimensional; Job Interview Corpus.

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Banca Examinadora:

__________________________________________

Prof. Dr. Antonio Paulo Berber Sardinha (Orientador – PUC/SP)

__________________________________________

Profa. Dra. Sandra Madureira (PUC/SP)

__________________________________________

Profa. Dra. Juliana Pereira Souto Barreto (UFRN/RN)

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AUTORIZAÇÃO

Na qualidade de autor, autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a

reprodução parcial ou total desta dissertação por processor fotocopiadores ou

eletrônicos.

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AGRADECIMENTO (CAPES)

Agradeço à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)

pela bolsa concedida, do primeiro semestre até o último do curso, e que me

proporcionou a realização desta pesquisa.

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DEDICATÓRIA

À Idnéa (in memorian), Arinea, Ariane e Juan por todo apoio, pelo carinho e por me

transformarem dia-a-dia em um ser humano capaz de reconhecer as minhas

potencialidades e capacidades até mesmo quando eu não tinha forças.

À Cátia Veneziano Pitombeira, Fernanda Peixoto Coelho, Maria Claudia Nunes

Delfino e Nilson Carlos Duarte da Silva por acreditarem e me incentivarem

incansavelmente a seguir na pesquisa acadêmica.

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AGRADECIMENTOS

Quando finalizei a graduação em Letras nunca imaginei em seguir a carreira

acadêmica, mas a vida é uma caixinha de surpresas e jamais chegaria onde cheguei

se pessoas especiais não tivessem cruzado o meu caminho, por isso, GRATIDÃO é

o que eu tenho por elas e expresso nesses agradecimentos. De antemão, MUITO

OBRIGADO a todos que contribuíram nessa etapa. Vocês serão para sempre

inesquecíveis.

Agradeço ao prof. Dr. Tony Berber Sardinha por me aceitar, por e-mail, como

seu orientando, quando eu ainda não o conhecia e era apenas uma indicação da

minha querida amiga Maria Claudia. Tony, obrigado por me apresentar a Linguística

de Corpus, a Análise Multidimensional e fazer eu acreditar que mesmo sendo de

Humanas, a LC e a AMD não são um bicho de sete cabeças. OBRIGADO por me

mostrar o quão gratificante é ser pesquisador e que, às vezes, é preciso tirar o chapéu

de professor – como você diz. OBRIGADO por nunca me deixar desistir de produzir.

OBRIGADO por pegar no meu pé e por se preocupar. Você fez a diferença para mim,

para que essa pesquisa fosse realizada e que essa dissertação fosse escrita. Thanks

a million sir!

Agradeço a banca examinadora, profa. Dra. Sandra Madureira, profa. Dra.

Juliana Pereira Souto Barreto por terem aceitado prontamente o convite para

participarem de minha banca de qualificação e defesa e profa. Dra. Maria Aparecida

Caltabiano Magalhães Borges da Silva e profa. Dra. Marilisa Shumazumi por terem

aceitado prontamente o convite para participarem como banca suplente.

Agradeço a minha família por todo apoio. OBRIGADO por acreditarem em

mim, me apoiarem, nunca deixarem desistir e sentirem orgulho. Sem vocês esse

desafio não seria simples. Vocês transformaram todos os meus dias em vitórias.

OBRIGADO.

Agradeço aos membros do Grupo de Estudos em Linguística de Corpus (GELC), em especial a Juliana Barreto, Maria Claudia Delfino, Marianne Rampaso,

Rafael Maverick e Simone Resende. Vocês não têm noção de como foram

fundamentais durante esses três anos, OBRIGADO.

Agradeço aos meus amigos em especial Caio Cezar Silva Santos, Diego

Ferreira Azevedo e Gilberto Targino da Costa Junior. Vocês que se fizeram tão

presentes talvez não tenham a dimensão de como foram importantes. OBRIGADO.

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Agradeço ao Colégio Novo Tempo, em especial a Regina Lucia Marcondes,

Rita Laura Marcondes Paz, Manuella Tavares Marcondes, Leonor Lacerda Soares

Piedade, Elaine Cristina Aranha Petito Vieira, Juliana dos Santos Fernandes e Felipe

Augusto de Mesquista Comelli.

Agradeço a Faculdade de Tecnologia de Praia Grande, em especial ao

Nilson Carlos Duarte da Silva que em 2011 me deu a oportunidade de ingressar como

docente em uma Faculdade pública quando eu ainda não possuía nenhum título

acadêmico. OBRIGADO as minhas melhores amigas “acadêmicas” Fernanda Peixoto

Coelho e Maria Claudia Nunes Delfino que sem dúvida levarei para a vida toda.

OBRIGADO a minha madrinha acadêmica Cátia Veneziano Pitombeira. OBRIGADO

as minhas amigas Tatiana Schmitz de Almeida Lopes e Fernanda Schmitz de Almeida

Larguesa que se preocuparam comigo durante o tempo de estudo.

Agradeço a Escola “Verde que te quero Verde” onde iniciei minha carreira

docente em especial a Sylvia Anne Timm Freire e aos amigos que lá fiz.

Agradeço a todos os meus alunos que ao longo desses 13 anos me

transformaram aula a aula e todos os dias me fizeram acreditar na escolha mais certa

que fiz na minha vida, ser professor, OBRIGADO.

Agradeço a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo em especial as

professoras que tive o prazer de aprender com seus ensinamentos, Profa. Dra. Maria

Antonieta Alba Celani, Profa. Dra. Elisabeth Brait, Profa. Dra. Maximina Maria Freire

e a secretária do programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada e Estudos da

Linguagem, a querida Maria Lucia, carinhosamente conhecida como Malu.

Agradeço a Cultura Inglesa em especial a Rose Marie Carreira Queija que

me deu a oportunidade de estudar na melhor escola de inglês do Brasil. OBRIGADO.

Por fim, meu muito OBRIGADO a todos que colaboraram direta ou indiretamente.

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RESUMO DIEGUES, U. C. C. Entrevistas de emprego em inglês: uma análise multidimensional. São Paulo. Dissertação (Mestrado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem). LAEL, PUC/SP.

Em um cenário em que cada vez mais o processo de seleção de candidatos a uma vaga de emprego se torna mais exigente (JOSEPH, 2013), o estudo das entrevistas de emprego em inglês é de grande importância. No entanto, o tema tem recebido pouca atenção nos estudos linguísticos. O objetivo desta pesquisa é comparar o registro entrevista de emprego em inglês com os outros registros da Língua Inglesa ao longo das cinco dimensões de variação identificadas por Biber (1988 et seq.) por meio da Análise Multidimensional (AMD). Para tanto, esta pesquisa se fundamenta na Linguística de Corpus (LC) que se ocupa da coleta e exploração de corpora com a finalidade de servir para uma pesquisa de uma língua (BERBER SARDINHA, 2000; 2004). O corpus de estudo utilizado nesta pesquisa foi o Job Interview Corpus (JIC), composto por 40 entrevistas de emprego reais realizadas na Alemanha com falantes nativos oriundos da Austrália, Estados Unidos, Irlanda e Reino Unido, totalizando aproximadamente 50 mil palavras. A fim de viabilizar a AMD, o corpus de estudo, JIC, foi etiquetado gramaticalmente com a ferramenta computacional Biber Tagger e posteriormente processado pelo Biber Tag Count que calculou a frequência das 67 variáveis linguísticas consideradas neste estudo. Os resultados da AMD demonstraram como as entrevistas de emprego em inglês presentes no corpus de estudo, JIC, se assemelham ou se diferencia dos demais registros da Língua Inglesa ao longo das cinco dimensões de variação (BIBER, 1988 et seq.). Uma vez que não há precedentes de estudos dentro da LC dedicados à investigação das entrevistas de emprego em inglês em uma análise multidimensional, a presente pesquisa pretende preencher esta lacuna na área acadêmica. Palavras-chave: Entrevistas de emprego em inglês; Linguística de Corpus; Análise Multidimensional; Job Interview Corpus.

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ABSTRACT DIEGUES, U. C. C. Job interviews in English: a multidimensional analysis. São Paulo. Dissertação (Mestrado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem). LAEL, PUC/SP. In a scenario which more and more the process of selecting candidates for job becomes more demanding (JOSEPH, 2013), the study of job interviews in English is of great importance. However, it has been receiving little attention in language studies. The purpose of this research is to compare the English job interview register with the other English language registers along the five dimensions of variation identified by Biber (1988 et seq.) through Multidimensional Analysis (MDA). To do so, this research is based on Corpus Linguistics (CL) that deals with the collection and exploitation of corpora with the purpose of helping to research a language or part of it. (BERBER SARDINHA, 2000; 2004). The corpus of this study was the Job Interview Corpus (JIC), composed of 40 real job interviews conducted in Germany with native speakers from Australia, Ireland, the United Kingdom and the United States, totaling approximately 50,000 words. In order to enable MDA, the study corpus, JIC, was grammatically tagged with the Biber Tagger and later processed by the Biber Tag Count, which calculated the frequency of 67 linguistic variables considered in this study. The MDA results showed how the English job interviews of the study corpus, JIC, resemble or differentiate from the other English language registers along the five dimensions of variation (BIBER, 1988 et seq.). Since there are no precedents of studies within the CL devoted to the investigation of English job interviews in a multidimensional analysis, this research intends to fill this gap in the academic field. Keywords: Job interviews in English; Corpus Linguistics; Multidimensional Analysis; Job Interview Corpus.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AMD Análise Multidimensional

BNC British National Corpus

COCA Corpus of Contemporary American English

CoEL Corpus of English Lyrics

GELC Grupo de Estudos de Linguística de Corpus

ICE International Corpus of English

ICLE International Corpus of Learner English

JIC Job Interview Corpus

LC Linguística de Corpus

LCLE Longman Corpus of Learner’s English

LLC London Lund Corpus

LOB Lancaster-Oslo-Bergen Corpus

OCR Optical Character Recognition

POW Polytechnic of Wales Corpus

SEC Lancaster / IBM Spoken English Corpus

SEU Corpus Survey of English Language

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Arquivo em extensão .pdf ......................................................................... 40

Figura 2 – Único arquivo do corpus em extensão .txt ................................................ 41

Figura 3 – Arquivos enumerados, limpos, etiquetados e prontos para o processamento

.................................................................................................................................... 42

Figura 4 – Biber Tagger ............................................................................................ 43

Figura 5 – Amostra de texto etiquetado pelo Biber Tagger ....................................... 44

Figura 6 – Exemplo de arquivo de dados produzidos pelo Biber Tag Count ............ 44

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Dimensão 1: Produção Interacional versus Produção Informacional ...... 30

Gráfico 2 – Dimensão 2: Preocupações Narrativas versus Preocupações Não-

narrativas ................................................................................................................... 31

Gráfico 3 – Dimensão 3: Referências Explícitas versus Referências Dependentes do

Contexto ..................................................................................................................... 32

Gráfico 4 – Dimensão 4: Expressão Explícita de Persuasão versus Expressão Não-

explícita de Persuasão .............................................................................................. 33

Gráfico 5 – Dimensão 5: Informação Abstrata versus Informação Não-abstrata ...... 34

Gráfico 6 – Dimensão 1: Produção Interacional versus Produção Informacional ...... 55

Gráfico 7 – Dimensão 2: Preocupações Narrativas versus Não-narrativas .............. 57

Gráfico 8 – Dimensão 3: Referências Explícitas versus Referências Dependentes do

Contexto ..................................................................................................................... 58

Gráfico 9 – Dimensão 4: Expressão Explícita de Persuasão versus Expressão não-

explícita de Persuasão .............................................................................................. 59

Gráfico 10 – Dimensão 5: Informação Abstrata versus Informação Não-abstrata .... 61

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Corpora de destaque .............................................................................. 23

Quadro 2 – Tipos de corpus ...................................................................................... 26

Quadro 3 – Conceitos-chave da AMD ....................................................................... 28

Quadro 4 – Dimensões de variação de registro da Língua Inglesa .......................... 29

Quadro 5 – Requisitos práticos para a vaga de tutor fonético .................................. 39

Quadro 6 – Requisitos sociais para a vaga de tutor fonético .................................... 39

Quadro 7 – Perguntas da entrevista ......................................................................... 39

Quadro 8 – Variáveis linguísticas: adjetivos .............................................................. 46

Quadro 9 – Variáveis linguísticas: advérbios ............................................................ 46

Quadro 10 – Variáveis linguísticas: substantivos ...................................................... 47

Quadro 11 – Variáveis linguísticas: verbos ............................................................... 48

Quadro 12 – Variáveis linguísticas: conjunções ........................................................ 49

Quadro 13 – Variáveis linguísticas: preposições ....................................................... 49

Quadro 14 – Variáveis linguísticas: pronomes .......................................................... 50

Quadro 15 – Variáveis linguísticas: orações complementares e subordinadas com that

e to ............................................................................................................................ 51

Quadro 16 – Variáveis linguísticas: orações relativas com pronomes wh- ............... 52

Quadro 17 – Trechos da entrevista n.o 23 ................................................................. 55

Quadro 18 – Trechos da entrevista n.o 01 ................................................................. 57

Quadro 19 – Trechos da entrevista n.o 14 ................................................................. 58

Quadro 20 – Trechos da entrevista n.o 15 ................................................................. 60

Quadro 21 – Trechos da entrevista n.o 21 ................................................................. 61

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Corpus utilizado por Biber (1988 et seq) ................................................. 35

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SUMÁRIO INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 17

1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................................................... 21 1.1 LINGUÍSTICA DE CORPUS .......................................................................... 21

1.1.1 Linguística de Corpus: Histórico .................................................................. 22 1.1.2 Corpus: Conceitos, Características e Tipologia ......................................... 25 1.2 ANÁLISE MULTIDIMENSIONAL .................................................................... 27

1.2.1 Análise Multidimensional: Conceitos-chaves ........................................... 28 1.3 DIMENSÕES DE VARIAÇÃO DE REGISTRO DA LÍNGUA INGLESA ......... 29

1.3.1 Dimensão 1: Produção Interacional versus Produção Informacional .... 29 1.3.2 Dimensão 2: Preocupações Narrativas versus Preocupações Não-narrativas .................................................................................................................. 31 1.3.3 Dimensão 3: Referências Explícitas versus Referências Dependentes do Contexto .................................................................................................................... 32 1.3.4 Dimensão 4: Expressão Explícita de Persuasão versus Expressão Não-explícita de Persuasão ............................................................................................. 33 1.3.5 Dimensão 5: Informação Abstrata versus Informação Não-abstrata ...... 34 1.4 REGISTRO ENTREVISTA ............................................................................. 35

1.4.1 Registro Entrevista de Emprego ................................................................. 36

2 METODOLOGIA ............................................................................................ 38 2.1 CORPUS DE ESTUDO .................................................................................. 38

2.1.1 Corpus: Compilação, Organização e Limpeza .......................................... 40 2.2 ANÁLISE MULTIDIMENSIONAL .................................................................... 42

2.2.1 A Etiquetagem do Corpus ........................................................................... 43 2.2.2 Caracterização das Variáveis Linguísticas ................................................ 45

2.2.2.1 Adjetivos ......................................................................................................... 45

2.2.2.2 Advérbios ....................................................................................................... 46

2.2.2.3 Substantivos ................................................................................................... 47

2.2.2.4 Verbos ............................................................................................................ 47

2.2.2.5 Conjunções .................................................................................................... 49

2.2.2.6 Preposições .................................................................................................... 49

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2.2.2.7 Pronomes ....................................................................................................... 50

2.2.2.8 Orações complementares e subordinadas ..................................................... 50

2.2.2.9 Orações relativas com pronomes wh- ............................................................ 52

2.2.3 Análise Multidimensional Aditiva do Corpus de Estudo .......................... 52

3 RESULTADOS ............................................................................................... 54

3.1 AMD ADITIVA ................................................................................................ 54

3.1.1 Dimensão 1: Produção Interacional versus Produção Informacional .... 54

3.1.2 Dimensão 2: Preocupações Narrativas versus Preocupações Não-narrativas .................................................................................................................. 56 3.1.3 Dimensão 3: Referências Explícitas versus Referências Dependentes do Contexto .................................................................................................................... 57

3.1.4 Dimensão 4: Expressão Explícita de Persuasão versus Expressão Não-explícita de Persuasão ............................................................................................. 59

3.1.5 Dimensão 5: Informação Abstrata versus Informação Não-abstrata ...... 60

CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 62

REFERÊNCIAS .......................................................................................................... 64

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17

INTRODUÇÃO

Segundo o dicionário Aulete (2017), o vocábulo entrevista é um: “Encontro

formal para avaliar uma pessoa profissionalmente ou obter informações,

esclarecimentos.”. Em nível internacional existem muitas pesquisas que tratam sobre

entrevista de emprego; todavia, muitas destas pesquisas estão relacionadas à área

da Administração e da Psicologia. No Brasil são poucas as pesquisas que discorrem

sobre a temática entrevista de emprego e na área da Linguística, até o presente

momento, nenhuma pesquisa foi encontrada nos bancos de dados digitais: “O registro

entrevistas de emprego tem pouco atenção nos estudos linguísticos e o processo de

seleção de candidatos a emprego se torna mais exigente.” (JOSEPH, 2013).

O mercado de trabalho está mais exigente na contratação de novos

funcionários e os requisitos estão mais rigorosos quando se diz respeito à experiência

e formação profissional do candidato (VARELA; COSTA; AGRA, 2007). Segundo a

revista Exame.com (2013): “Em alguns setores e posições, falar inglês deixou, há

muito tempo, de ser um diferencial no currículo para se tornar um requisito mínimo

para desempenhar funções profissionais.”. Isto posto, o estímulo em realizar esta

pesquisa se deu pelo fato de o pesquisador ser professor de inglês para negócios em

uma Faculdade de Tecnologia do Estado de São Paulo no curso de Comércio Exterior;

vivenciando e ouvindo de seus alunos suas dificuldades frente a uma entrevista de

emprego em inglês. Desse modo, o intuito desta pesquisa é tentar preencher uma

lacuna nos estudos sobre entrevistas de emprego, bem como tentar obter subsídios

na pesquisa cujos desdobramentos possam servir para a sala-de-aula.

A partir disto, manifestamos a ideia de posicionar a entrevista de emprego em

inglês como elemento significativo a qualquer candidato a uma vaga de emprego em

uma empresa multinacional ou qualquer empresa que faz negócio com o exterior visto

que o idioma predominante é o inglês.

O arcabouço téorico-metodológico desta pesquisa é representado pela

Linguística de Corpus, doravante LC, que segundo Berber Sardinha (2004a, p. 325):

[...] ocupa-se da coleta e exploração de corpora, ou conjunto de dados linguísticos textuais que foram coletados criteriosamente com o propósito de servirem para a pesquisa de uma língua ou variedade linguística. Como tal, dedica-se à exploração da linguagem através de evidências empíricas, extraídas por meio de computador.

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De acordo com Berber Sardinha (2004a) corpus é definido como um conjunto

de dados linguísticos que segue alguns critérios e que são bastante extensos para

poderem ser processados por computador para sua descrição e análise.

Nossa pesquisa incorpora a produção acadêmica do grupo de pesquisa “Grupo

de Estudos de Linguística de Corpus” (GELC)1 que tem como objetivos:

a) consolidar e divulgar a Linguística de Corpus no país;

b) disseminar a pesquisa em Linguística de Corpus brasileira no exterior;

c) promover intercâmbio com grupos de pesquisa nacionais e internacionais;

d) integrar a Linguística de Corpus com outras áreas do saber;

e) criar e disponibilizar corpora à comunidade nacional e internacional;

f) desenvolver e oferecer ferramentas de análise de corpora gratuitas;

g) tornar a Linguística de Corpus mais acessível a todos os interessados;

h) criar interfaces simples de acesso a recursos informatizados da área;

i) formar quadro de pesquisadores em Linguística de Corpus;

j) publicar livro, artigos, working papers, coletâneas e demais trabalhos de

qualidade de pesquisas resultantes no grupo;

k) fomentar a participação de linguistas de corpus brasileiros em publicações

estrangeiras de qualidade;

l) defender a necessidade de engajamento do linguista de corpus em questões

sociais.

Biber (2012, p. 12) atesta que apesar das enormes contribuições que a

Linguística de Corpus tem realizado para “o entendimento do léxico e da gramática da

língua inglesa”, ainda há uma certa limitação na capacidade de “considerar as

diferenças entre registros”, “[...] variedade de texto definida pelas variedades

situacionais, isto é, não linguísticas, cujos rótulos são empregados por falantes da

língua no dia-a-dia.” (BERBER SARDINHA, 2004a, p. 30), e ainda, “a partir de seu

contexto de uso na sociedade.” (BERBER SARDINHA, 2004a, p. 30) da língua, porque

a grande maioria dos estudos tendem a “descrever os padrões léxico gramaticais2

como se eles se aplicassem a língua inglesa como um todo.”.

1 http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/9525439695348598 2 padrões léxico gramaticais são estruturas linguísticas fixas que ocorrem com frequência em determinados textos

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19

Dentro da LC, esta pesquisa utiliza-se da teoria da Análise Multidimensional

(AMD) proposta por Biber (1988 et seq.), baseando-se no conceito de registro. A AMD

estuda as características linguísticas em grandes quantidades de texto e registros,

que engloba análises tanto qualitativa – realizada por meio de procedimentos

estatísticos – quanto quantitativa – ao interpretar os conjuntos de variáveis resultantes

da aplicação de soluções estatísticas (ZUPPARDO, 2013, p. 9). A AMD permite a

comparação das entrevistas de emprego em inglês com os diversos registros por meio

de diversos parâmetros funcionais.

O objetivo principal desta pesquisa é comparar o registro entrevista de emprego

em inglês com os registros usados por Biber (1988 et seq.), quando esse propôs as

dimensões de variação de registro da língua inglesa.

As perguntas desta pesquisa são:

1) Como as entrevistas de emprego em inglês se encaixam nas dimensões de

variação de registro em inglês propostas por Biber (1988 et seq.)?;

2) O registro entrevista de emprego em inglês difere do registro entrevistas no

estudo seminal de Biber (1988 et seq.)?

Explicamos a seguir a organização desta dissertação.

O capítulo 1 apresenta o arcabouço teórico desta pesquisa. A primeira seção

está dividida em quatro partes e versa sobre a Linguística de Corpus (LC). Abordamos

a definição e o histórico da LC, exploramos os conceitos, as características, os tipos

e as ferramentas de análise de corpora. A segunda seção está dividida em quatro

partes e trata sobre a Análise Multidimensional (AMD). Abordamos a definição, os

conceitos-chave, os procedimentos estatísticos e a classificação aditiva da AMD. A

terceira seção está dividida em seis partes e discorre sobre as Dimensões de variação

de registro da língua inglesa. A quarta seção está dividida em duas partes e trata sobre

o registro entrevista e o registro entrevista de emprego.

O capítulo 2 apresenta a metodologia da pesquisa. A primeira seção está

dividida em duas partes e trata do corpus de estudo, sua compilação, organização e

limpeza. A segunda seção está dividida em quarto partes e versa sobre a metodologia

da análise multidimensional, a etiquetagem do corpus de pesquisa, da caracterização

das variáveis linguísticas e da análise multidimensional aditiva do corpus de estudo.

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20

O capítulo 3 apresenta os resultados da AMD aditiva do corpus de estudo JIC

a fim de responder às questões da pesquisa e alcançar os objetivos que norteiam este

estudo.

Por fim, apresentam-se as Considerações Finais deste estudo e as Referências

encerram a dissertação.

Uma vez que não há precedentes de estudos dentro da LC dedicados à

investigação das entrevistas de emprego em inglês em uma análise multidimensional,

a presente pesquisa pretende preencher esta lacuna na área acadêmica.

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21

1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Nesse capítulo, que está subdividido em quatro seções, apresentamos o

arcabouço teórico desta pesquisa. A primeira seção está dividida em quatro partes e

versa sobre a Linguística de Corpus (LC). Abordamos a definição e o histórico da LC,

exploramos os conceitos, as características, os tipos e as ferramentas de análise de

corpora. A segunda seção está dividida em quatro partes e trata sobre a Análise

Multidimensional (AMD). Abordamos a definição, os conceitos-chave, os

procedimentos estatísticos e a classificação aditiva da AMD. A terceira seção está

dividida em seis partes e discorre sobre as Dimensões de variação de registro da

língua inglesa. A quarta seção está dividida em duas partes e trata sobre o registro

entrevista e o registro entrevista de emprego.

1.1 LINGUÍSTICA DE CORPUS

De acordo com Berber Sardinha (2004a, p. 325) a LC:

[...] ocupa-se da coleta e da exploração de corpora, ou conjuntos de dados linguísticos textuais coletados criteriosamente, com o propósito de servirem para a pesquisa de uma língua ou variedade linguística. Como tal, dedica-se à exploração da linguagem por meio de evidências empíricas, extraídas por computador.

Para Tognini-Bonelli (2010, p. 1) a LC tem um status teórico porque define “seus

próprios conjuntos de regras e conhecimentos antes que eles sejam aplicados.”. A

essência da LC é a noção de linguagem enquanto sistema probabilístico. Para Berber

Sardinha (2004b, p. 30), “[...] a visão da linguagem como sistema probabilístico

pressupõe que, embora muitos traços linguísticos sejam possíveis teoricamente, não

ocorrem todas com a mesma frequência em uma dada linguagem” e “o mais

importante da diferença de frequências entre os traços é não serem aleatórias.”

(BERBER SARDINHA, 2004a, p. 31).

Para McEnery; Wilson (2001, p. 1) a LC: “é talvez melhor descrita como o

estudo da linguagem baseado em exemplos da linguagem em uso da vida real.”. Já

Delfino (2016, p. 9) afirma que a LC: “[...] surgiu com a necessidade que os linguistas

sentiram de se apoiar na língua utilizada no dia-a-dia das pessoas para fazerem

generalizações ou esboçarem teorias a respeito do funcionamento linguístico.”.

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Para Stubbs (2007), tanto a metodologia da LC quanto os dados resultantes

dos estudos com corpora oferecem novas formas de se analisar as relações entre o

sistema da língua e a linguagem em uso. “A frequência no corpus é uma evidência

observável da probabilidade do sistema.” (HALLIDAY, 1991, 1992, 1993 apud

STUBBS, 2007, p. 130). Sendo assim, para a LC, a descrição do que é comum e típico

é um dos principais objetivos.

Muito já se discorreu sobre a LC ser um método ou área de conhecimento

(BERBER SARDINHA, 2004a), McEnery; Wilson (2001) descreveram a LC como

apenas uma metodologia e Leech (1992) descreveu a LC como uma base

metodológica para o estudo da linguagem como uma nova abordagem filosófica.

McEnery; Hardie (2011) destacaram que por mais que alguns linguistas não

concordem com a ideia de que a LC é uma metodologia, ela é uma área do

conhecimento que partilha do conjunto de procedimentos ou métodos para o estudo

da linguagem. Já Berber Sardinha (2004a, p. 38-39) assume a definição postulada por

Douglas Biber como abordagem baseada em corpus:

Por isso a preferência de alguns influentes linguistas de corpus, como Douglas Biber, pelo termo abordagem baseada em corpus. Tanto assim que o título do seu livro mais recente é o Corpus Linguistics, mas essa expressão mais conhecida só aparece na capa, sendo substituída por corpus-based approach no decorrer da obra.

Na seção seguinte discorremos sobre o histórico da LC.

1.1.1 Linguística de Corpus: Histórico

Hoje em dia existem inúmeros trabalhos que contam a história da LC

demonstrando seus avanços e afirmando que sua história se confunde com a do

desenvolvimento tecnológico, principalmente após a popularização do computador

(BERBER SARDINHA, 2000c). Os primeiros trabalhos com corpora são anteriores ao

surgimento do computador. Eles datam da Antiguidade, século XIII, e eram compostos

por usos de concordâncias extraídas da Bíblia realizada manualmente por monges

copistas durante a Idade Média (McCARTHY; O’KEEFE, 2010). Na Grécia Antiga foi

criado o Corpus Helenístico, definido por Alexandre, o Grande, cuja compilação e

estudos foram realizados em 320 a.c. McCarthy; O’Keefe (2010) relatam que os

primeiros dicionários da língua inglesa: A Dictionary of the English Language e Oxford

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English Dictionary foram elaborados a partir de fichas de papel com anotações

manuais e publicados em 1755 e 1884, respectivamente.

Firth, um destacado linguista da década de 50 (DELFINO, 2016, p. 16),

defendia a descrição da linguagem por meio de dados reais. O corpus Survey of

English Usage (SEU) foi compilado e etiquetado manualmente em 1959, por Randolph

Quirk, e então decorreu-se a criação de corpora eletrônicos que serviram como

impulso e modelo para o desenvolvimento dos etiquetadores computadorizados

contemporâneos (KADER; RICHTER, 2013).

Com o advento do computador, nos anos 1960, o cenário da LC começou a se

transformar. Em 1964, houve um grande marco na LC que foi o lançamento do

primeiro corpus geral legível por computador, intitulado Brown corpus, contendo 1

milhão de palavras distribuídas em 500 textos de diversos registros em inglês

americano e que de fato alavancou o desenvolvimento da LC por conta de ser o

primeiro corpus eletrônico (ZUPPARDO, 2014, p. 28; DELFINO, 2016, p. 16).

Segundo Delfino (2016, p. 16-17):

A popularização dos estudos com corpora ocorreu nos anos de 1980, com o aparecimento dos computadores pessoais, cujo desenvolvimento – especificamente o aumento da capacidade de armazenar e processar dados – levou à disponibilização de números maiores de corpora e ferramentas para pesquisas, contribuindo para a consolidação da LC. Nessa mesma direção, vale destacar que foi nesta década que Douglas Biber lançou seu trabalho Variation across speech and writing, introduzindo a Análise Multidimensional.

Berber Sardinha (2004a, p. 7-8) relaciona uma lista de corpora que são marcos

na história da LC conforme quadro 1, abaixo.

Quadro 1 – Corpora de destaque

Corpus Data Total de palavras Conteúdo

Brown Corpus 1964 1 milhão Inglês americano escrito

Lancaster-Oslo-Bergen Corpus (LOB) 1978 1 milhão Inglês britânico escrito

London-Lund Corpus (LLC) 1980 500 mil Inglês britânico falado

Birmingham Corpus 1987 20 milhões Inglês britânico TOSCA Corpus 1988 1,5 milhões Inglês britânico escrito

SEU Corpus 1989 1 milhão Inglês britânico falado e escrito

Longman Corpus of Learner’s English

(LCLE) 1992 10 milhões Inglês escrito por

estrangeiros

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Lancaster/IBM Spoken English Corpus (SEC) 1992 53 mil Inglês britânico falado

Wellington Corpus of Written New Zealand

English) 1993 1 milhão Inglês neozelandês

escrito

Polytechnic of Wales Corpus (POW) 1993 65 mil Inglês infantil falado

British National Corpus (BNC) 1995 100 milhões Inglês britânico escrito

e falado Wellington Corpus of Spoken New Zealand

English 1995 1 milhão Inglês neozelandês

falado

International Corpus of Learner English (ICLE) 1997 2,5 milhões Inglês escrito por

estrangeiros Bank of English 1997 450 milhões Inglês britânico Fonte: Diegues (2017), para esta pesquisa, adaptado de Berber Sardinha (2004a), p. 7-8

Além dos corpora citados no quadro acima, precisamos incluir o Corpus of

Contemporary American English (COCA), com 520 milhões de palavras, dispostas em

220.225 textos compilados entre 1990 e 2015, distribuídos igualmente em cinco

modos: falado, ficção, revista, jornal e acadêmico (DAVIES, 2015).

McCarthy; O’Keefe (2010) reiteram que os avanços ocorridos na tecnologia e a

acessibilidade ao computador possibilitaram que a LC tornasse mais visível,

possibilitando o desenvolvimento, tamanho e multimodalidade de corpora. Com o

surgimento da internet, foi possível uma maior divulgação de programas para

processamento de corpora (RAMOS FILHO, 2014, p. 39).

Biber (2012) argumenta que uma das maiores contribuições da pesquisa com

corpus nos últimos 40 anos é o reconhecimento de que o léxico e a gramática estão

intimamente ligados. Segundo Berber Sardinha (2004a, p. 258) as gramáticas que

contribuíram nos estudos da LC em relação ao ensino de línguas são: Comprehensive

Grammar of the English Language3 (1985), escrita por Randolph Quirk, Sidney

Greenbaum, Geoffrey Leech e Jan Svartvik; Collins COBUILD English Grammar4

(1990), escrita por John Sinclair; Longman Grammar of Spoken and Written English5

(1999), escrita por Douglas Biber; Cambridge Grammar of English6 (2006), escrita por

3 naquela presente data era a melhor e mais completa descrição da morfologia e sintaxe do inglês. 4 “gramática pedagógica, baseada totalmente na descrição do corpus por Sinclair et al.” (BERBER SARDINHA, 2004a, p. 258). 5 “baseada inteiramente em análise de corpus. Pretende-se substituir como fonte de consulta por professores e alunos, a Comprehensive Grammar of the English Language (BERBER SARDINHA, 2004a, p. 259). 6 “uma importante gramática de referência que oferece uma abrangente cobertura do inglês falado e escrito com base no uso diário e real.” (CAMBRIDGE, 2018a) – tradução nossa.

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Ronald Carter e Michael McCarthy; e Grammar and Beyond7 (2012) escrita por Randi

Reppen.

Na seção seguinte discorremos os conceitos, características e tipologia de

corpus.

1.1.2 Corpus: Conceitos, Características e Tipologia

O uso de corpus é a base para o desenvolvimento de qualquer pesquisa

baseada na LC. Portanto, é importante definir corpus. Segundo Sinclair (2004), “Um

corpus é algo insigne, não pelo fato de ele ser uma coleção de textos de língua, mas

devido às propriedades que ele adquire se for bem desenhado e construído

cuidadosamente.”. Sanchez (1996, p. 8-9 apud BERBER SARDINHA, 2004a, p. 23)

define corpus como:

Um conjunto de dados linguísticos (pertencentes ao uso oral ou escrito da língua, ou a ambos), sistematizados segundo determinados critérios, suficientemente extensos em amplitude e profundidade, de maneira que sejam representativos da totalidade do uso linguístico ou de algum de seus âmbitos, dispostos de tal modo que possam ser processados por computador, com a finalidade de proporcionar resultados vários e úteis para a descrição e análise.

Conforme Hunston (2002, p. 7), os linguistas sempre definiram corpus para

descrever uma coleção de exemplos da língua que ocorrem de forma natural, mais

recentemente a palavra corpus “[...] foi reservada para coleções de textos (ou partes

de texto) que são armazenadas e acessadas eletronicamente.”.

Kennedy (1998, p. 9 apud BERBER SARDINHA, 2004a, p. 37) acrescenta:

Embora o escopo da LC possa ser definido em termos do que as pessoas fazem com corpora, seria um engano assumir que a LC é somente um meio mais rápido de descrever como a linguagem funciona [...]. A análise de um corpus pode revelar, e frequentemente revela, fatos a respeito de uma língua que nunca se pensou em procurar.

Segundo Sarmento (2010, p. 91): “Os corpora são geralmente coletados com

base em um projeto de pesquisa linguística específico em mente, tal como fornecer

7 “garante o sucesso na sala de aula com sua combinação única de gráficos baseados em corpus, aplicação direta da gramática em todas as quatro habilidades e amplas oportunidades de escrita.” (CAMBRIDGE, 2018b) – tradução nossa.

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informações sobre frequência para verbetes de dicionários, ou produzir material

didático para o ensino de língua estrangeira.”. Todo corpus é caracterizado conforme

sua descrição e fim. Abaixo apresentamos os tipos de corpus, sua descrição e

exemplos.

Quadro 2 – Tipos de corpus

Corpus Descrição Nome do corpus

1. Geral

Contém diversos tipos de textos provenientes da linguagem falada, escrita ou ambas. É necessário ter maior variedade de tipos de textos possível.

British National Corpus (BNC)

2. Monitor

Averigua as mudanças atuais em uma língua. É alimentado com frequência diária, mensal ou anual e sempre com a mesma proporção de tipos de textos a fim de que se possam comparar cada período com o anterior

Corpus of Contemporary American English (COCA)

3. Comparável

É composto por dois ou mais corpora em línguas diferentes ou diferentes variedade de uma mesma língua. São utilizados em sua maioria por tradutores e/ou aprendizes de uma língua para identificar suas diferenças e equivalências

International Corpus of English (ICE)

4. Paralelo

É composto por dois ou mais corpora em línguas diferentes contendo texto originais e suas respectivas traduções ou textos produzidos ao mesmo tempo em duas ou mais línguas.

Normas da União Europeia

5. de Aprendiz

É composto por textos ou redações escritos por aprendizes de uma língua e tem como propósito identificar em que aspectos os aprendizes diferem entre si em relação a falantes nativos.

International Corpus of Learner English (ICLE)

6. Pedagógico

É composto de livros didáticos e gravações e consiste na linguagem a qual o aprendiz é exposto. Esse tipo de corpus pode ser comparado a um corpus de linguagem autêntica para investigar se o aprendiz está exposto à linguagem natural.

Corpus of English Lyrics (CoEL)

7. Histórico ou Diacrônico

É composto de textos de diferentes períodos de tempo e é aplicado para analisar o desenvolvimento de uma língua através do tempo.

Revista TIME

8. Especializado É composto de um tipo específico de texto ou registro e é normalmente compilado pelo próprio pesquisador.

Job Interview Corpus (JIC)

Fonte: Diegues (2017), para esta pesquisa, adaptado de Sarmento (2010), p. 89-92

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O corpus desta pesquisa, que será apresentado no capítulo da metodologia, é

um corpus especializado, pois é composto de um tipo específico de registro,

entrevistas de emprego.

Na seção seguinte abordamos a análise multidimensional.

1.2 ANÁLISE MULTIDIMENSIONAL

A Análise Multidimensional (AMD) é uma das metodologias utilizadas na LC, foi

desenvolvida por Douglas Biber (1988 et seq.) e segundo Berber Sardinha (2004a, p.

300) é:

Uma abordagem para análise de corpus que usa procedimentos estatísticos (principalmente análise fatorial), visando ao mapeamento das associações entre um conjunto variado de características linguísticas dentro do corpus de estudo. Também usa procedimentos automáticos e semiautomáticos para análise do corpus, tais como etiquetagem morfossintática (part of speech tagging).

A AMD (BIBER, 2001) tem por princípios básicos o fato de preocupar-se em

estudar textos, registros e tipos de textos, ao invés de características linguísticas

individuais, na hipótese de que os tipos de textos difiram entre si linguística e

funcionalmente. Ela é multidimensional porque parte-se da premissa de que

parâmetros múltiplos de variação operem em qualquer domínio do discurso.

A AMD engloba tanto a análise quantitativa, realizada por meio de

procedimentos estatísticos que permite comparar muitos registros diferentes, quanto

a análise qualitativa, realizada ao interpretar os conjuntos de variáveis resultantes da

aplicação de soluções estatísticas.

A utilização da AMD nessa pesquisa é essencial, uma vez que a AMD permite

a análise de características linguísticas a partir de corpus etiquetado e se destina a:

“(i) identificar os padrões de coocorrência salientes da linguagem (...) e (ii) comparar

registros no espaço linguístico definido por tais padrões” (BIBER; DAVIS; JONES et

al., 2006, p. 5 apud BERBER SARDINHA, 2010, p. 108).

O que a AMD se propõe é de fornecer o instrumental para a identificação de

padrões de coocorrências de vários tipos de características, visando uma

caracterização de uma língua, ou de um conjunto de tipos de textos, de modo

abrangente (BERBER SARDINHA, 2000a). Ela também possui características que se

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distinguem de outros sistemas analíticos de descrição, pois se baseia em corpora e é

essencialmente computacional, fazendo uso de ferramentas automáticas e

semiautomáticas para rotulação das características mais salientes nos textos. Além

do mais, a AMD se presta à descrição de conjuntos de textos ou registros, ao invés

de textos individuais: “Ela também tem um caráter essencialmente comparativo, pois

promove o contraste entre os textos ou registros.” (BERBER SARDINHA, 2000a, p.

103).

Na seção seguinte apresentamos os conceitos-chave da AMD.

1.2.1 Análise Multidimensional: Conceitos-chave

A AMD tem como base conceitos-chave, os quais apresentamos no quadro 3,

abaixo, de acordo com Araujo (2017); Barreto (2016); Berber Sardinha (2000a;

2000b); Biber 1988 (et seq.); Delfino (2016).

Quadro 3 – Conceitos-chave da AMD

Conceito Definição

Traços Elementos linguísticos propícios à análise que se quantificam, tais como: gerúndios, infinitivos e substantivos

Características Linguísticas e não linguísticas. As características linguísticas são lexicais, morfológicas e sintáticas. As características não linguísticas são funcionais conforme seu propósito

Registro Define-se por aspectos situacionais a partir de uma variedade linguística. Sua perspectiva combina uma análise das características linguísticas que são comuns em uma variedade de textos

Gênero Semelhante a perspectiva de registro, porém sua análise linguística incide sobre as estruturas convencionais utilizadas para construir um texto completo dentro de sua variedade

Tipos de texto Conjuntos de textos definidos em termos linguísticos e possuem relação no espaço textual de uma língua

Fator

“Um fator é um grupo de variáveis que coocorrem significativamente do ponto de vista estatístico. Os fatores são extraídos mediante a aplicação do procedimento estatístico conhecido como ‘Análise Fatorial’. Este procedimento baseia-se na extração de conjuntos de variáveis que se correlacionam. O procedimento estatístico retorna várias ‘soluções’, isto é, conjuntos com vários números de fatores (por exemplo, uma solução com dois fatores, três fatores, etc)” (BERBER SARDINHA, 2004a, p. 106-107)

Dimensões “Dimensão é o estatuto que um fator assume assim que ele é interpretado do ponto de vista de sua função comunicativa. Uma dimensão permite visualizar características em comum partilhadas por uma porção significativa dos dados” (BERBER SARDINHA, 2004a, p. 106)

Fonte: Diegues (2017), para esta pesquisa Na seção seguinte tratamos das dimensões de variação de registro da língua

inglesa.

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1.3 DIMENSÕES DE VARIAÇÃO DE REGISTRO DA LÍNGUA INGLESA

Em seu estudo seminal, Biber (1988 et seq.) identificou cinco dimensões de

variação de registro da Língua Inglesa, conforme quadro 4 abaixo, por meio da análise

de 67 variáveis linguísticas presentes em 481 textos representados por 23 diferentes

registros da Língua Inglesa.

Quadro 4 – Dimensões de variação de registro da Língua Inglesa

Dimensão Nomenclatura

Dimensão 1 Produção Interacional versus Produção Informacional (Informational versus Involved Production)

Dimensão 2 Preocupações Narrativas versus Preocupações Não-narrativas (Narrative versus Non-Narrative Concerns)

Dimensão 3 Referências Explícitas versus Referências Dependentes do Contexto (Explicit versus Situation-Dependent Reference)

Dimensão 4 Expressão Explícita de Persuasão versus Expressão Não-explícita de Persuasão (Overt Expression of Persuasion)

Dimensão 5 Informação Abstrata versus Informação Não-abstrata (Abstract versus Non-Abstract Information)

Fonte: Diegues (2017), para esta pesquisa, adaptado de Biber (1988 et seq.)

Segundo Biber (1988 et seq., p. 13), uma “dimensão linguística é determinada

a partir de uma correlação consistente de padrões entre as características. Ou seja,

quando um grupo de características ocorre com frequência em textos, essas

características definem uma dimensão linguística.”. A seguir apresentamos o

posicionamento de diversos registros correspondentes em cada dimensão entre os

polos positivo que traz as variáveis que possuem correlação positivas, e negativo que

traz as variáveis que possuem correlação negativa. Os registros grafados em letras

maiúsculas são referentes aos registros orais e os grafados em letras minúsculas são

referentes aos registros escritos.

Na seção seguinte apresentamos a dimensão 1.

1.3.1 Dimensão 1: Produção Interacional versus Produção Informacional

A primeira dimensão, “Produção Interacional versus Produção Informacional”

engloba o discurso com fins interacionais, afetivos e envolvidos, associados a

restrições rigorosas de produção em tempo real versus discurso com fins altamente

informativos, cuidadosamente elaborado e altamente editado. Essa dimensão é muito

forte e representa um parâmetro fundamental de variação entre os textos em inglês

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(BIBER, 1988 et seq., p. 115). No polo positivo os principais registros são conversas

telefônicas e conversas face a face. As principais características lexicogramaticais

são: verbos (de cognição, do, to be, modal, no presente), formas contraídas,

pronomes (pessoal de 1a e 2a pessoa e demonstrativo). No polo negativo os principais

registros são documentos oficiais, reportagem jornalísticas e prosa acadêmica. As

principais características lexicogramaticais são: substantivos, preposições, adjetivos

atributivos e palavras longas.

Gráfico 1 – Dimensão 1: Produção Interacional versus Produção Informacional

Polo Positivo – Produção Interacional |CONVERSAS TELEFÔNICAS | +35|CONVERSAS FACE A FACE | +30| | +25| | +20| cartas pessoais | PALESTRAS ESPONTÂNEAS | ENTREVISTAS +15| | +10| | +05| | ficção romântica | PALESTRAS PREPARADAS | 00| ficção de mistério e aventura | ficção geral | cartas profissionais | RÁDIO E TV -05| | ficção científica | religião | humor | -10| cultura popular, editorias, passatempo | biografias | resenhas jornalísticas | | -15| prosa acadêmica, reportagem jornalística | documentos oficiais

Polo Negativo – Produção Informacional

Fonte: Biber (1988 et seq.)

Na seção seguinte apresentamos a dimensão 2.

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1.3.2 Dimensão 2: Preocupações Narrativas versus Preocupações Não-narrativas

A segunda dimensão, “Preocupações Narrativas versus Preocupações Não-

narrativas” aponta a presença e a ausência de características que marcam textos

narrativos que estão relacionadas ao ato de se contar histórias (BIBER; CONRAD;

REPPEN, 1998). No polo positivo os principais registros são ficção romântica, de

mistério, geral e científica. As principais características lexicogramaticais são: verbos

no tempo passado e no aspecto perfeito, verbos dicendi (public verbs) e orações com

particípio. No polo negativo os principais registros são: rádio e TV, passatempo e

documentos oficiais. Vale ressaltar que essa dimensão não possui características

lexicogramaticais com correlação negativa significantes.

Gráfico 2 – Dimensão 2: Preocupações Narrativas versus Preocupações Não-narrativas

Polo Positivo – Preocupações narrativas +7| | ficção romântica | | +6| ficção de mistério, geral e científica | ficção de aventura +5| | +4| | +3| | +2| biografias | PALESTRAS ESPONTÂNEAS +1| humor | PALESTRAS PREPARADAS | reportagem jornalística | cartas pessoais 0| cultura popular | CONVERSAS FACE A FACE | religião; editoriais -1| CONVERSAS PÚBLICAS | resenhas jornalísticas -2| CONVERSAS TELEFÔNICAS | cartas profissionais | prosa acadêmica | documentos oficiais -3| passatempo (hobbies) | RADIO E TV

Polo Negativo – Preocupações Não-narrativas Fonte: Biber (1988 et seq.)

Na seção seguinte apresentamos a dimensão 3.

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1.3.3 Dimensão 3: Referências Explícitas versus Referências Dependentes do Contexto

A terceira dimensão, “Referências Explícitas versus Referências Dependentes

do Contexto”, destaca a necessidade de compartilhamento de informações com o

leitor e para evitar ambiguidade e/ou má interpretação (CONDI DE SOUZA, 2012, p.

110). No polo positivo os principais registros são documentos pessoais e cartas

pessoais. As principais características lexicogramaticais são: pronomes iniciados por

wh- em orações relativas na posição de sujeito e de objeto com a presença ou não da

preposição em posição frontal, conjunção coordenada com conector frasal e

nominalização com substantivo no singular. No polo negativo os principais registros

são rádio e TV e conversas telefônicas. As principais características lexicogramaticais

são: advérbios de tempo e lugar e outros advérbios.

Gráfico 3 – Dimensão 3: Referências Explícitas versus Referências Dependentes do Contexto

Polo Positivo – Referências Explícitas | documentos oficiais +7| | cartas pessoais +6| | +5| | resenhas jornalísticas / prosa acadêmica +4| | religião +3| | cultura popular +2| | editoriais / biografias | PALESTRAS ESPONTÂNEAS +1| | PALESTRAS PREPARADAS / passatempo 0| | reportagem jornalística / entrevistas / humor -1| | ficção científica -2| | -3| | ficção geral | cartas pessoais / ficção de mistério e aventura -4| CONVERSAS FACE A FACE / ficção romântica | -5| | CONVERSAS TELEFÔNICAS / RÁDIO E TV Polo Negativo – Referências Dependentes do Contexto

Fonte: Biber (1988 et seq.)

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Na seção seguinte apresentamos a dimensão 4. 1.3.4 Dimensão 4: Expressão Explícita de Persuasão versus Expressão Não-explícita de Persuasão

A quarta dimensão “Expressão Explícita de Persuasão versus Expressão Não-

explícita de Persuasão” destaca a presença ou não de persuasão no texto,

normalmente associando-se à expressão de opinião e tentativas de convencer alguém

a fazer algo (BIBER, 1988 et seq.). No polo positivo os principais registros são cartas

profissionais e editoriais. As principais características lexicogramaticais são verbos no

infinitivo, de persuasão e modais, advérbio e de conjunções subordinadas

condicionais. Em contrapartida, no polo negativo os principais registros são rádio e TV

e resenha jornalística, contudo, os registros desse polo apresentam poucos dos traços

linguísticos característicos dessa dimensão.

Gráfico 4 – Dimensão 4: Expressão Explícita de Persuasão versus Expressão Não-explícita de

Persuasão Polo Positivo – Expressão Explícita de Persuasão | |cartas profissionais | +3|editoriais | +2|ficção romântica | passatempo | cartas pessoais +1| CONVERSAS PÚBLICAS / ficção geral | PALESTRAS PREPARADAS / CONVERSAS TELEFÔNICAS | PALESTRAS ESPONTÂNEAS / religião 0| documentos oficiais | CONVERSAS FACE A FACE / cultura popular / humor | prosa acadêmica | biografias / ficção de mistério e científica / reportagem jornalística -1| | ficção de aventura -2| | resenhas jornalísticas -3| | -4| | RÁDIO E TV Polo Negativo – Expressão Não-explícita de Persuasão

Fonte: Biber (1988 et seq.)

Na seção seguinte apresentamos a dimensão 5.

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1.3.5 Dimensão 5: Informação Abstrata versus Informação Não-abstrata

A quinta dimensão “Informação Abstrata versus Informação Não-abstrata”

compreende textos técnicos e concisos. No polo positivo os principais registros são

prosa acadêmica e documentos oficiais. As principais características

lexicogramaticais são uso da voz passiva e as orações reduzidas de particípio. Em

contrapartida, no polo negativo os principais registros são conversas telefônicas,

ficção romântica e conversas face a face, contudo, os registros desse polo

apresentam poucos traços linguísticos característicos dessa dimensão: “A correlação

entre os dois polos é, pois, excludente; isto é, quando um determinado grupo de

variáveis linguísticas ocorre, outro grupo tende a não ocorrer.” (DELFINO, 2016, p.

27).

Gráfico 5 – Dimensão 5: Informação Abstrata versus Informação Não-abstrata

Polo Positivo – Informação Abstrata +6| | prosa acadêmica +5| | documentos oficiais +4| | +3| | +2| | religião | passatempos +1| | resenhas jornalísticas | reportagem jornalística | cartas profissionais / editoriais / cultura popular | humor / biografias -1| | RÁDIO E TV -2| PALESTRAS PREPARADAS; ENTREVISTAS | ficção geral, científica e de aventura / PALESTRAS ESPONTÂNEAS | ficção de mistério / cartas pessoais -3| | ficção romântica / CONVERSAS FACE A FACE | CONVERSAS TELEFÔNICAS -4| Polo Negativo – Informação Não-abstrata

Fonte: Biber (1988 et seq.)

Abaixo segue a composição final do corpus de estudo de Biber (1988 et seq.)

que compreendeu em 23 registros distintos.

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Tabela 1 – Corpus utilizado por Biber (1988 et seq.)

Registros Tradução Palavras (aprox.) (Tokens)

Textos Original

1. Biographies Biografias 30.000 14 2. Personal letters Cartas pessoais 6.000 06 3. Professional letters Cartas profissionais 10.000 10 4. Face-to-face conversations Conversas face-a-face 115.000 44 5. Telephone conversations Conversas ao telefone 32.000 27 6. Popular lore Cultura popular 30.000 14 7. Official documents Documentos oficiais 28.000 14 8. Editorials Editoriais 54.000 27 9. Interviews (Public conversations,

debates and interviews) Entrevistas 48.000 22

10. Science-fiction Ficção científica 12.000 06 11. Adventure fiction Ficção de aventura 26.000 13 12. Mystery fiction Ficção de mistério 26.000 13 13. General fiction Ficção geral 58.000 29 14. Romantic fiction Ficção romântica 26.000 13 15. Humor Humor 18.000 09 16. Spontaneous speeches Palestras espontâneas 26.000 16 17. Planned speeches Palestras preparadas 31.000 14 18. Hobbies (skills and hobbies) Passatempos 30.000 14 19. Academic prose Prosa acadêmica 160.000 80 20. Broadcast Rádio e TV 38.000 18 21. Religion Religião 34.000 17 22. Press reportage Reportagem jornalística 88.000 44 23. Press reviews Resenhas jornalísticas 34.000 17 Total 960.000 481

Fonte: Veirano Pinto, 2013, p. 177, adaptado de Berber Sardinha, 2012

Na seção seguinte expomos sobre o registro entrevista.

1.4 REGISTRO ENTREVISTA

O registro entrevista é visto como “uma constelação de eventos possíveis que

se realizam como gêneros (ou subgêneros) diversos, por exemplo, entrevista

jornalística, entrevista médica, entrevista científica, entrevista de emprego, etc.”

(HOFFNAGEL, 2010, p. 180). Para Morin (1973, p. 115), “uma entrevista é uma

comunicação pessoal tendo em vista um objetivo de informação.”. De acordo com

Hoffnagel (2010, p. 195):

A entrevista já se tornou uma força poderosa na sociedade moderna. Desde muito cedo enfrentamos perguntas colocadas por educadores, psicólogos, pesquisadores da opinião pública, médicos e empregadores. Escutamos, assistimos e lemos entrevistas na mídia.

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Marcuschi (2000), pontua as diferenças existentes entre os diversos tipos de

entrevistas:

[...] há eventos que parecem entrevistas por sua estrutura geral de pergunta e resposta, mas distinguem-se muito disso. É o caso da ‘tomada de depoimento’ na Justiça ou do inquérito policial. Ou então um ‘exame oral’ em que o professor pergunta e o aluno responde. Todos esses eventos distinguem-se em alguns pontos (em especial quanto aos objetivos e a natureza dos atos praticados) e assemelham-se em outros.

Do ponto de vista organizacional, os linguistas precisam o termo como: um jogo

de questionamentos cujo cerne é o de captar a atenção dos ouvintes para a “mise en

scène” de uma revelação (OLIVEIRA, 2007, p. 73). Para Charaudeau; Maingueneau

(2004, p. 112): o entrevistador é, então, o condutor desse jogo, “o questionador em

busca da revelação, aquele que é instituído como o dono absoluto do desenrolar dos

questionamentos.”.

O termo entrevista para cada situação de linguagem apresenta peculiaridades.

Porém, o que não se pode ser contestado é que em uma entrevista existe um diálogo

democrático (MEDINA, 1995, p, 9).

Em suma, o registro entrevista permite a interação em diferentes situações de

comunicação, pois, em algum momento da vida o ser humano será submetido a

diversas situações de entrevista, por exemplo, quando se procura um emprego.

Na seção seguinte tratamos sobre o registro entrevista de emprego.

1.4.1 Registro Entrevista de Emprego

Segundo Lodi (1991), Ellis; McClintock (1993), Gil (2001), Monti (2005),

Chiavenato (2004), a entrevista de emprego é um instrumento eficaz para obtenção

de informações de candidatos. Para Mucchielli (1994, p. 81) a entrevista de emprego

delimita-se a: “apreciar a adequação de um candidato a um cargo disponível”.

Segundo Marzari (2005, p. 23), a entrevista de emprego é uma estratégia de avaliação

eficiente, muito utilizada em processos seletivos nos mais diversos contextos. Garret

(1997, p. 15-18), Medina (1995, p. 8), Silveira (1988, p. 7) definem entrevista de

emprego como uma técnica de interação social porque envolve comunicação entre

duas pessoas. Vale ressaltar que segundo Madeira (2009), entrevistas de emprego,

como qualquer gênero discursivo, têm características próprias que podem

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naturalmente, variar em diferentes (micro) contextos. Néri et al (2005, p. 111) afirmam

que um dos aspectos mais importantes a ser considerado na entrevista de emprego é

a comunicação verbal:

Ao tratarmos então do procedimento entrevista faz-se importante chamar a atenção, principalmente, para a questão do processo de comunicação inserido em uma situação de entrevista. De um lado, estaria o entrevistador e, de outro, o entrevistado, ambos sujeitos à influência de variáveis externas.

De acordo com Ellis; McClintock (1993, p. 187) para eles seja qual for a

empresa, as entrevistas são decisivas para a contratação do candidato: “Em qualquer

organização, as entrevistas entre indivíduos são um importante aspecto da

comunicação. Utilizam-se para decidir quem será ou não escolhido.”.

Diante do exposto acima, entendemos a importância das entrevistas de

emprego em toda a sua complexidade e elementos que a envolvem, por isso o intuito

de se pesquisar as entrevistas de emprego, no caso em inglês.

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2 METODOLOGIA Neste capítulo, que está subdividido em duas seções, apresentamos a

metodologia da pesquisa. A primeira seção está dividida em duas partes e trata do

corpus de estudo, sua compilação, organização e limpeza. A segunda seção está

dividida em quarto partes e versa sobre a metodologia da análise multidimensional, a

etiquetagem do corpus de pesquisa, da caracterização das variáveis linguísticas e da

análise multidimensional aditiva do corpus de estudo.

2.1 CORPUS DE ESTUDO

Segundo Delfino (2016, p. 38): “O corpus constitui a alma dos estudos em LC

e da Análise Multidimensional. É a partir do corpus que os dados linguísticos que

estudamos são obtidos.”. Para Berber Sardinha (2004a, p. 29): “[...] além de

representativo, o corpus deve ser adequado aos interesses do pesquisador, que deve

ter uma questão a investigar para a qual necessite um corpus específico.”.

Somente podemos estudar variação pela AMD com a presença de um corpus

bem compilado que segue os critérios determinados pelo autor do estudo. Segundo

Berber Sardinha (2004a), um corpus bem definido deve preencher as seguintes

características:

1) Modo: falado, pois as entrevistas foram de falas transcritas;

2) Tempo: sincrônico, pois representa um período de tempo; contemporâneo, pois

representa o período de tempo corrente;

3) Seleção: de amostragem, pois é composto de porções de textos, planejado

para ser uma amostragem finita da linguagem como um todo;

4) Conteúdo: especializado, pois as entrevistas de emprego são um tipo de

registro específico;

5) Autoria: de língua nativa, pois todos os entrevistados são falantes nativos de

língua inglesa;

6) Finalidade: de estudo, pois o corpus é utilizado para esse fim nessa pesquisa.

O corpus de estudo desta pesquisa, intitulado Job Interview Corpus (JIC), é

formado por um corpus de entrevistas de emprego, foi coletado pela profa. Dra.

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Daniela Wawra e perfaz aproximadamente 50.000 palavras. As entrevistas foram

conduzidas de abril a outubro de 2001, em outubro de 2003, abril de 2004 e outubro

de 2004 na Universidade de Passau, Alemanha, com 17 homens e 23 mulheres,

estudantes intercambistas oriundos da Austrália, Estados Unidos, Irlanda e Reino

Unido. As entrevistas foram gravadas por áudio e compreendem aproximadamente

425 minutos de tempo de gravação. A vaga de trabalho era direcionada a estudantes

com inglês como língua nativa para o trabalho de tutor fonético de inglês. Abaixo

seguem os requisitos práticos (quadro 5) e sociais (quadro 6) para a vaga de trabalho

e as perguntas da entrevista (quadro 7) conduzida pela profa. Dra. Daniela Wawra.

Quadro 5 – Requisitos práticos para a vaga de tutor fonético

1) articulação clara e correta em língua inglesa; 2) boas habilidades retóricas; 3) experiência de ensino; 4) experiência em ensinar pronúncia; 5) conhecimento teórico sobre fonética e fonologia da língua inglesa; 6) boa percepção para erros de pronúncia; 7) minucioso; 8) diligente.

Fonte: Diegues (2017), para esta pesquisa, adaptado de Wawra, 2014, p. 27, tradução nossa

Quadro 6 – Requisitos sociais para a vaga de tutor fonético 1) facilidade em lidar com as pessoas; 2) paciente; 3) amigável; 4) cooperativo/adequado ao trabalho em grupo; 5) comunicativo; 6) confiável; 7) responsável; 8) útil.

Fonte: Diegues (2017), para esta pesquisa, adaptado de Wawra, 2014, p. 28, tradução nossa

Quadro 7 – Perguntas da entrevista 1) Conte um pouco sobre você: De onde você é e que estudos já realizou? 2) Por que você escolheu estudar na Alemanha? 3) Quais qualificações irão ajudá-lo com o trabalho como tutor? 4) Quais qualificações pessoais irão ajudá-lo com o trabalho? 5) Quais são seus pontos fortes e pontos fracos? 6) Quais aspectos do trabalho lhe interessam mais / menos? 7) Você prefere trabalhar individualmente ou com outras pessoas? 8) Quando você reconhece que seus alunos estão de mal humor e não cooperando com os

demais – como você lida com isso? 9) Como você lida com críticas? 10) Como você se sente ao falar em público? Você tem alguma experiência relevante que o

ajuda a falar em público? 11) Considerando tudo isso, você se sente confiante para esse trabalho? 12) Você tem alguma pergunta?

Fonte: Diegues (2017), para esta pesquisa, adaptado de Wawra, 2014, p. 28, tradução nossa

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Na seção seguinte apresentamos a compilação, organização e limpeza do

corpus de estudo. 2.1.1 Corpus: Compilação, Organização e Limpeza O corpus de estudo, JIC, está disponível em livro impresso (WAWRA, 2014)

que acompanha um CD com os arquivos em áudio totalizado 425 minutos de gravação

e as entrevistas transcritas. Para os propósitos desta pesquisa, esse formato não foi

adequado, pois precisávamos dos arquivos das entrevistas em formato de texto e não

de áudio. Dessa forma, foi preciso escanear a transcrição impressa para transformá-

la em um corpus eletrônico. Os passos para compilação, organização e limpeza antes

do processamento dos dados para etiquetagem do corpus de estudo, JIC, foram:

1) Escaneamento de todas as entrevistas e salvamento de cada arquivo em

extensão .pdf, conforme figura 1 abaixo:

Figura 1 – Arquivo em extensão .pdf

Fonte: Diegues (2017), para esta pesquisa

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2) Conversão dos arquivos em formato de imagem para formato texto (OCR8) com

o Adobe Acrobat Pro, transformando todos os arquivos com extensão em .pdf

para arquivos texto em formato .txt, conforme figura 2 abaixo:

Figura 2 – Único arquivo do corpus em extensão .txt

Fonte: Diegues (2017), para esta pesquisa

3) Separação de todo o corpus em arquivos únicos de acordo com cada entrevista

em extensão .txt;

4) Limpeza manual de cada arquivo para a correção de erros, tais como:

a) palavras incompletas: (ab<>ut – about);

b) correção de grafia: (finaJ – final);

c) ajustes na pontuação: (I was ... aged – I was aged);

d) retirada de palavras repetidas: (and and – and);

e) retirada de marcas de oralidade: (so mm, I’ve – so, I’ve);

f) retirada de marcadores: (So, um [2 sec.] I suppose – So, I suppose);

g) inserção das etiquetas para cada resposta do candidato: (<q01>, <q02>);

8 OCR é um acrónimo para o inglês Optical Character Recognition que é uma tecnologia para reconhecer caracteres a partir de um arquivo de imagem ou mapa de bits sejam eles escaneados, escritos a mão, datilografados ou impressos. Dessa forma, através do OCR é possível obter um arquivo de texto editável por um computador.

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h) inserção das etiquetas para identificação das respostas dos candidatos,

intervenções do entrevistador e trechos não compreensíveis: (<candidate>,

<interviewer>, <unclear>).

Figura 3 – Arquivos enumerados, limpos, etiquetados e prontos para o processamento

Fonte: Diegues (2017), para esta pesquisa

2.2 ANÁLISE MULTIDIMENSIONAL

Nesta seção apresentamos o procedimento estatístico da AMD utilizada no

corpus JIC. Primeiro tratamos da etiquetagem do corpus com o uso do programa

computacional Biber Tagger9 e depois a contagem dessas etiquetas por meio da

ferramenta Biber Tag Count. Em seguida apresentamos a caracterização das

variáveis linguísticas identificadas no estudo seminal de Biber (1988) e por fim a

descrição dos passos seguidos na AMD aditiva, que é um dos principais tipos de AMD,

no qual os textos do corpus são mensurados segundo dimensões já existentes.

Na seção seguinte tratamos da etiquetagem do corpus.

9 Este programa é de propriedade de Douglas Biber e não está disponível à venda para o público.

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2.2.1 A Etiquetagem do Corpus Após o processo da organização do corpus de estudo, seguimos para a sua

etiquetagem. O primeiro passo foi a inserção dos textos do corpus de estudo JIC,

gravados em extensão .txt, no programa computacional Biber Tagger, devendo-se

apenas selecionar o tipo de texto (exposition, fiction ou spoken – neste caso, “spoken’)

e se o pesquisador deseja ter acesso aos metadados ou inserir comentários nos

resultados, conforme figura 4 abaixo.

Figura 4 – Biber Tagger

Fonte: Diegues (2017), para esta pesquisa

Após este processo, os textos do corpus são etiquetados conforme figura 5

abaixo.

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Figura 5 – Amostra de texto etiquetado pelo Biber Tagger

Fonte: Diegues (2017), para esta pesquisa

E a figura 6 abaixo traz os valores das frequências das etiquetas por arquivo

(no caso, por cada entrevista).

Figura 6 – Exemplo de arquivo de dados produzidos pelo Biber Tag Count

Fonte: Diegues (2017), para esta pesquisa

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Na seção seguinte discorremos sobre a caracterização das variáveis

linguísticas. 2.2.2 Caracterização das Variáveis Linguísticas As variáveis linguísticas dessa pesquisa foram selecionadas de acordo com o

estudo seminal de Biber (1988). Esse estudo reuniu 67 variáveis linguísticas (que

também usamos aqui) classificadas em três categorias: gramaticais, semânticas e as

relativas aos marcadores de pensamento (stance), que sinalizam a opinião e a atitude

dos falantes e autores dos textos. Há, ainda, algumas que combinam duas ou mais

categorias semânticas e gramaticais, como, por exemplo, os verbos que descrevem

atividades, pois estes podem ser transitivos e intransitivos, bem como os substantivos

abstratos, que se subdividem em outras categorias abstratas, como substantivos de

cognição, processo (VEIRANO, PINTO, 2013, p. 211).

Dentro das três grandes classes supracitadas (gramaticais, semânticas e as

relativas aos marcadores de pensamento) Biber (1988 et seq.) propôs nove grandes

categorias: adjetivos, advérbios, substantivos, verbos, conjunções, preposições,

pronomes, orações complementares e subordinadas com that e to e orações relativas

com pronomes wh-.

A seguir, apresentamos as características linguísticas empregadas no estudo.

2.2.2.1 Adjetivos

De acordo com Biber et al. (1999, p. 504-506), os adjetivos são comuns em

todos os registros e são definidos em três categorias: 1) morfológica; 2) sintática e 3)

semântica. Na categoria morfológica, os adjetivos podem ser flexionados em grau de

comparação: big, bigger, biggest. Na categoria sintática os adjetivos podem funcionar

como atributivo ou predicativo. Os adjetivos atributivos modificam expressões

nominais: scientific (examinations), underlying (reports), chemical (analyses). Os

adjetivos predicativos caracterizam um sintagma nominal: blue and white flag,

unhappy childhood. No quadro 8, abaixo, apresentamos exemplos de adjetivos

extraídos do corpus JIC etiquetado.

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Quadro 8 – Variáveis linguísticas: adjetivos

Adjetivos Etiqueta Classe Exemplos extraídos

do corpus JIC etiquetado

Adjetivos atributivos <jj+atrb> gramatical I want to be a German teacher.

Adjetivos predicativos <jj+pred> gramatical […] so it was

compulsory to come abroad.

Adjetivos comparativos <jjr> gramatical […] just with younger

children.

Adjetivos avaliativos <jj> marcardor de posicionamento

[…] which age group would be good.

Adjetivos: tamanho <jj> semântica […] in Kent umm it’s not very big […]

Fonte: Diegues (2017), para esta pesquisa, adaptado de Veirano Pinto (2013)

2.2.2.2 Advérbios

De acordo com Biber et al. (1999, p. 538), os advérbios podem ser integrados

em um elemento da frase ou funcionarem como um elemento da frase. Se integrados,

os advérbios servem como modificadores; se elementos, eles são adverbiais. Os

advérbios integrados modificam um adjetivo ou outro advérbio: I am almost positive

she borrowed that off Barbie! Os advérbios podem ser caracterizados, às vezes, com

terminação –ly. Existem quatro principais categorias de advérbio e cada categoria

contém variações substanciais dentro dela: 1) advérbio simples; 2) advérbio

composto; 3) advérbio derivado por sufixação; 4) frases fixas. No quadro 9, abaixo,

apresentamos exemplos de advérbios extraídos do corpus JIC etiquetado.

Quadro 9 – Variáveis linguísticas: advérbios

Advérbios Etiqueta Classe Exemplos extraídos

do corpus JIC etiquetado

Advérbios de grau: enfatizador <rb+emph> gramatical Therefore I don’t really

know a lot about […] Advérbios de grau:

suavizador <rb+down> gramatical I also normally teach English […]

Advérbio de grau: amplificador <rb+amp> gramatical […] my family would

still live in […] Advérbio encaixados

no auxiliar <rb++splt> gramatical I’ve never actually taught students […]

Partículas do discurso <rb+dspt> gramatical […] well, a but so […]

Advérbios factivos <rb+++> semântica/marcardor de posicionamento

[…] my English is certainly professional.

Fonte: Diegues (2017), para esta pesquisa, adaptado de Veirano Pinto (2013)

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2.2.2.3 Substantivos

De acordo com Biber et al. (1999, p. 241), os substantivos podem ser

amplamente agrupados em um pequeno número de classes que diferem em

significado e comportamento gramatical. Os substantivos podem ser classificados em

a) morfológicos, b) sintáticos e c) semânticos. Para Biber (1988 et seq.) os

substantivos fornecem o foco informacional de um texto (ARAUJO, 2017, p. 127). No

quadro 10, abaixo, apresentamos exemplos de substantivos extraídos do corpus JIC

etiquetado.

Quadro 10 – Variáveis linguísticas: substantivos

Substantivos Etiqueta Classe Exemplos extraídos

do corpus JIC etiquetado

Abstratos <nns> semântica […] thoughts and

rearrange what you’ve written […]

Concretos <nn> semântica […] you can’t always know from the book […]

Grupos ou instituições <nn> semântica

Umm I’ve taught catechism in a church

[…]

Lugares <nn> semântica […] I was walking

through the street of Passau […]

Substantivos singulares /

nominalização <nn+nom> gramatical

So it’s artificial umm friendship chatting

situation.

Substantivos <nn> gramatical Thank you for offering me the job really.

Fonte: Diegues (2017), para esta pesquisa, adaptado de Veirano Pinto (2013) 2.2.2.4 Verbos

Segundo Biber et al. (1999, p. 358), os verbos podem ter dois principais papéis

em uma oração: verbo principal ou verbo auxiliar. Os verbos principais podem ser

únicos em toda uma oração: I went into the empty house. Em contraste, os verbos

auxiliares, can e be, ocorrem juntos com um verbo principal: Instances can be cited

where this appears not to be the case. Os verbos são classificados em três categorias:

a) verbos lexicais, b) verbos primários e c) verbos modais. Os verbos lexicais

funcionam apenas como verbos principais; os verbos primários como principais ou

auxiliares e os verbos modais como verbos auxiliares. No quadro 11, abaixo,

apresentamos exemplos de verbos extraídos do corpus JIC etiquetado.

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Quadro 11 – Variáveis linguísticas: verbos

Verbos Etiqueta Classe Exemplos extraídos do corpus JIC etiquetado

Verbos relacionados à atividade: transitivo e

intransitivo <vb> semântica I come from Tacoma [...]

Phrasal verbs relacionados à

atividade: transitivos <vbz> semântica [...] to earn just a load of

extra money to go out.

Phrasal verbs relacionados à

atividade: intransitivos <vbd> semântica I just keep quiet and prefer

to shut up.

Verbos relacionados à comunicação <vbd+vpub++xvbnx> semântica […] I said before it’s […]

Contrações <vb+bem+vrb> gramatical […] You know you’re not. Verbos relacionados à

atividade mental <vb+vprv+tht0> semântica […] you know you go to university […]

Verbo determinativo <vbi> semântica […] I was very lucky to get […]

Verbo to be indicativo de estado <vb+ber+vrb> gramatical Um depends who they are

[…]

Verbo relacionado à existência ou

relacionamento <vbd+++xvbn> semântica

[…] I come from Birmingham umm and

lived there for 18 years […]

Verbo have <vb+hv+vrb> gramatical […] I have large hands […]

Infinitivo <vbi+vprv+tht0> gramatical […] I’m quite easy to understand […]

Verbo modal de necessidade <md+nec> gramatical No that should sound this

way […] Verbo modal de

possibilidade <md+pos> gramatical They could help.

Verbo modal preditivo <md+prd> gramatical I won’t be too mean to them.

Verbo de cognição <vb+vprv> semântica […] I think yeah people […]

Verbo no passado <vbd> gramatical […] so we met with them […]

Aspecto perfeito <vb+hv+aux> gramatical […] I’ve done umm […]

Verbo no presente <vbz> gramatical […] the company belongs to a family friend of mine.

Verbo no presente contínuo <vwbg> gramatical

[…] a couple of hours a week and just hanging

out and talking […] Verbo na voz passiva

sem agente <vpsv++agls+xvbnx> gramatical […] and be understood as a person?

Todos os usos de voz passiva <vpsv++agls+xvbnx> gramatical […] you’re required to go

[…] Verbo do como

substituto de outro verbo ou sintagma

verbal

<vb+do+vrb> gramatical […] the hours that you do.

Todas as categorias de verbo <vprf+++xvbn> gramatical I really got about […]

Fonte: Diegues (2017), para essa pesquisa, adaptado de Veirano Pinto (2013)

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2.2.2.5 Conjunções

De acordo com Biber (1988 et seq.), as conjunções têm a função de sinalizar

as relações lógicas em uma oração e podem ser classificadas como coordenadas ou

subordinadas. As conjunções coordenadas indicam relação entre duas orações; já as

conjunções subordinadas introduzem uma oração dependente de uma oração

principal. No quadrov12, abaixo, apresentamos exemplos de conjunções extraídos do

corpus JIC etiquetado.

Quadro 12 – Variáveis linguísticas: conjunções

Conjunções Etiqueta Classe Exemplos extraídos do corpus JIC etiquetado

Todas as categorias de conjunções <cc> gramatical Therefore I don’t really

know a lot about […] Conjunções

coordenadas: conectivas frasais

<cc> gramatical I like to get to know many people and I don’t really

[...] Conjunções

coordenadas: conectivos causais

<cc> gramatical Than the way they are

already taught but it’s still the correct way [...]

Conjunções subordinativas:

condicionais <cs+cnd> gramatical I like to think that if

students are here [...]

Subordinações causativas <cs+cos> gramatical I have spoken because

they’ve not heard [...] Outras conjunções usadas em orações

subordinadas <cs+sub> gramatical [...] yeah that you deal [...]

Fonte: Diegues (2017), para esta pesquisa, adaptado de Veirano Pinto (2013)

2.2.2.6 Preposições

Segundo Biber et al. (1999, p. 74), as preposições são links que apresentam

frases preposicionais, ou seja, as preposições conectam frases nominais com outras

estruturas. No quadro 13, abaixo, apresentamos um exemplo de preposição extraído

do corpus JIC etiquetado.

Quadro 13 – Variáveis linguísticas: preposições

Preposições Etiqueta Classe Exemplos extraídos

do corpus JIC etiquetado

Preposições <in> gramatical […] in Germany to do something about my

German […] Fonte: Diegues (2017), para essa pesquisa, adaptado de Veirano Pinto (2013)

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2.2.2.7 Pronomes

Para Biber et al. (1999, p. 327), a maioria dos pronomes substitui frases

nominais totalmente especificadas. Os pronomes servem como ponteiros para o texto

circundante ou a situação de fala. Além disso, os pronomes são usados onde a

referência é desconhecida ou muito geral e para funções específicas. No quadro 14,

abaixo, apresentamos exemplos de pronomes extraídos do corpus JIC etiquetado.

Quadro 14 – Variáveis linguísticas: pronomes

Pronomes Etiqueta Classe Exemplos extraídos

do corpus JIC etiquetado

Todas as categorias de pronome <pp> gramatical

[…] I can’t stand it with my girlfriend she likes

to […]

Todas as palavras iniciadas por wh- <whp+rel+subj> gramatical

[...] a passionate person which means that sometimes [...]

Pronome it <pp3> gramatical [...] well it gets on my nerves [...]

Pronomes indefinidos <pn> gramatical In England, you have everything starts on

the hour [...] Pronomes

demonstrativos <dt+dem> gramatical […] work with this one person or find […]

Pronomes em primeira pessoa <pp1a+pp1> gramatical [...] I get talking and

talking [...] Pronomes em

segunda pessoa <pp2+pp2> gramatical [...] what have you.

Pronomes em terceira pessoa <pp3a+pp3> gramatical [...] or they were right.

Pronome em wh- utilizados em

perguntas <wrb+who+whq> gramatical When are you gonna

find out?

Fonte: Diegues (2017), para esta pesquisa, adaptado de Veirano Pinto (2013)

2.2.2.8 Orações complementares e subordinadas

Para Biber et al. (1999, p. 660-661), o uso de that e to em orações

complementares e subordinadas são comumente usadas para relatar o discurso,

pensamentos, atitudes ou emoções, como vemos a seguir: I think Stuart’s gone a bit

mad. No quadro 15, abaixo, apresentamos exemplos de orações complementares e

subordinadas com that e to extraídos do corpus JIC etiquetado.

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Quadro 15 – Variáveis linguísticas: orações complementares e subordinadas com that e to

Orações complementares e subordinadas com

that e to Etiqueta Classe

Exemplos extraídos do corpus JIC

etiquetado

Todas as categorias de orações

complementares com that controladas por

adjetivos

<tht+jcmp> marcardor de posicionamento

[…] so I’m confident that whatever comes

up […]

Todas as categorias de orações

complementares com that controladas por

substantivos

<tht+rel+obj> marcardor de posicionamento

[...] a little bit of literature that I have

to [...]

Todas as categorias de orações

complementares com that controladas por

verbos

<tht+vcmp> gramatical [...] my weakness

would be that I don’t ever [...]

That usado em oração complementar

controlada por adjetivo atitudinal

<tht+jcmp> marcardor de posicionamento

[...] I’m glad that I got to meet you [...]

Omissão de that usado em oração

subordinada <that_del> marcardor de

posicionamento […] so you think

you’re doing fine […]

That em orações subordinadas com pronome relativo

<tht+vcmp> marcardor de posicionamento

[…] and the hours that I'll have to

prepare […] That usado em oração

complementar com pronome relativo

<tht+vcmp> marcardor de posicionamento I think that's all.

Todas as orações complementares com

to <all+to> marcador de

posicionamento

It's just important to be talking and be understood as a

person? […] Todas as orações

complementares com to controladas por

verbos

<to+vcmp> marcardor de posicionamento

[…] I just don't want to do that […]

To usado em oração complementar controlada por

adjetivos de certeza

<to+jcmp> marcardor de posicionamento

[...] I try my best to help students [...]

To usado em oração complementar controlada por

adjetivos de habilidade / facilidade / dificuldade

<to+jcmp> marcardor de posicionamento

[...] I’m quite easy to get on with [...]

Fonte: Diegues (2017), para esta pesquisa, adaptado de Veirano Pinto (2013)

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2.2.2.9 Orações relativas com pronomes wh-

De acordo com Biber et al. (1999, p. 683-684), as orações relativas com

pronome wh- introduzem a oração relativa e promovem a relação entre ela e a oração

principal. Os pronomes relativos só podem ser usados em orações relativas em que

há uma lacuna não adverbial, como vemos a seguir: She is the woman who wrote that

book children love. No quadro 16, abaixo, apresentamos exemplos de orações

relativas com pronomes wh- extraídos do corpus JIC etiquetado.

Quadro 16 – Variáveis linguísticas: orações relativas com pronomes wh-

Orações relativas com pronomes wh- Etiqueta Classe

Exemplos extraídos do corpus JIC

etiquetado Todas as orações

relativas com pronome wh-

<wrb+who> gramatical […] it’s like when you’re […]

Oração wh- em posição de objeto <wrb+who> gramatical

I used to teach my German class when I

was younger […] Oração wh- em

posição de sujeito <wrb+who> gramatical [...] of a similar age who'd wanted to do

Fonte: Diegues (2017), para esta pesquisa, adaptado de Veirano Pinto (2013) 2.2.3 Análise Multidimensional Aditiva do Corpus de Estudo Na AMD aditiva realizada nessa pesquisa, partimos das cinco dimensões de

variação de registro identificadas por Biber (1988) em seu estudo seminal,

apresentado na seção 1.3. Na AMD aditiva não é necessário realizar a análise fatorial,

procedimento essencial na AMD completa. Contudo, o corpus de estudo deve ser

etiquetado com as mesmas etiquetas do estudo base, o que foi feito aqui, e terá as

frequências das variáveis do corpus de estudo padronizada segundo a média e desvio

padrão do estudo base.

A adição de cada texto do corpus de estudo, JIC nas cinco dimensões de Biber

(1988) ocorreu da seguinte maneira. Primeiramente, o programa Biber Tag Count

normalizou as frequências de ocorrência de cada texto do JIC por mil palavras, deste

modo:

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(valor normalizado da frequência da variável no corpus de estudo – valor normalizado

da frequência da variável em Biber (1988)) ÷ desvio padrão da variável em Biber

(1988)

Em segundo lugar, o programa Biber Tag Count calculou as frequências

padronizadas das características linguísticas que participam das cinco dimensões

principais de Biber (1988). Por fim, o programa calculou o escore das dimensões 1 a

5 de Biber (1988) para cada texto do corpus de estudo, JIC usando a fórmula

constante apresentada acima. Com os resultados obtidos nessa análise, a

comparação do corpus de estudo, JIC com a variação linguística da língua inglesa foi

realizada e então, foi possível alocar o corpus com todas as entrevistas nas cinco

dimensões propostas por Biber em 1988.

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3 RESULTADOS

Neste capítulo, apresentamos, interpretamos e discutimos os resultados da

AMD aditiva do corpus de estudo JIC, obtidos de acordo com a metodologia detalhada

no capítulo anterior a fim de responder às questões dessa pesquisa e alcançar os

objetivos que norteiam este estudo.

3.1 AMD ADITIVA

A partir dos resultados encontrados na AMD aditiva realizada nesta pesquisa

foi possível situar os textos do corpus de estudo nas dimensões de variação de

registro da língua inglesa propostas por Biber (1988 et seq.) apresentados abaixo.

3.1.1 Dimensão 1: Produção Interacional versus Produção Informacional

As entrevistas de emprego possuem alta frequência no polo interacional, com

um escore médio de 29,00, próximo a conversas face a face, conforme gráfico 6, com

grande quantidade de verbos privados, contração, pronomes de segunda pessoa,

pronomes demonstrativos e verbos to be, conforme quadro 17. A entrevista de n.o 23

obteve maior escore, 45,00, nessa dimensão com a coocorrência das características

léxico gramaticais apresentadas abaixo. Nenhuma entrevista obteve escore no polo

negativo. Portanto, a partir desta análise, conclui-se, como era de se esperar, que as

entrevistas de emprego em inglês são um exemplo de discurso oral e retratam maior

envolvimento entre os interlocutores, ou seja, proporcionam interatividade entre

entrevistador e entrevistado. No entanto, ao olharmos mais de perto a situação das

entrevistas de emprego perante os demais registros, notamos que elas estão acima

das entrevistas de modo geral (constantes em Biber 1988) e mais próximas da

conversação informal. Isso sugere que as entrevistas do corpus JIC são uma variação

da conversação informal. Isso é surpreendente para um registro que se chama

“entrevista de emprego”, pois não era de se esperar que em um ambiente formal, em

uma atmosfera “tensa”, em que ocorre a avaliação de um dos interlocutores,

desenvolve-se linguisticamente um tipo de “conversa informal”.

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Gráfico 6 – Dimensão 1: Produção Interacional versus Produção Informacional

Polo Positivo – Produção Interacional |CONVERSAS TELEFÔNICAS | +35|CONVERSAS FACE A FACE | +30| | ENTREVISTAS DE EMPREGO +25| | +20| cartas pessoais | PALESTRAS ESPONTÂNEAS | ENTREVISTAS +15| | +10| | +05| | ficção romântica | PALESTRAS PREPARADAS | 00| ficção de mistério e aventura | ficção geral | cartas profissionais | RÁDIO E TV -05| | ficção científica | religião | humor | -10| cultura popular, editorias, passatempo | biografias | resenhas jornalísticas | | -15| prosa acadêmica, reportagem jornalística | documentos oficiais

Polo Negativo – Produção Informacional

Quadro 17 – Trechos da entrevista n.º 23

[…] I have to think (verbo privado) about what they're […] […] I don't know (verbo privado) I've always wanted to travel […] […] I say I'll show (verbo privado) up […] […] I'm (contração) from Champaign […] […] I'm (contração) not really shy […] […] I'm (contração) very patient […] You (pronome de segunda pessoa) know back in my room […] You (pronome de segunda pessoa) said chat you (pronome de segunda pessoa) had materials. Mhm okay and are (verbo to be) these (pronome demonstrativo) students mostly language students […] […] yeah microphones are (verbo to be) something different […]

Fonte: Diegues (2017), para esta pesquisa

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3.1.2 Dimensão 2: Preocupações Narrativas versus Preocupações Não-narrativas

As entrevistas de emprego possuem alta frequência no polo não-narrativo, com

um escore médio de -1,51, próximo a conversas face a face, conforme gráfico 7, com

grande quantidade de adjetivo atributivo e verbo no presente, conforme quadro 18. A

entrevista de n.o 01 obteve maior escore, -4,64, nessa dimensão com a coocorrência

das características léxico gramaticais apresentadas abaixo. Nenhuma entrevista

obteve escore no polo positivo. Portanto, a partir dessa análise, pode-se afirmar que

as entrevista de emprego não possuem marcas de narratividade. Novamente, temos

as entrevistas próximas da conversação informal, desta vez do ponto de vista

narrativo. Podemos destacar duas conclusões a respeito. A primeira é que a noção

de que na entrevista de emprego haja uma ênfase na contagem do passado não se

confirma – poderia ter-se imaginado que por ser um evento que um dos interlocutores

está sendo examinado formalmente sobre seu passado, haveria muita ocorrência de

relatos do passado, mas não foi o caso. Em segundo lugar, a entrevista de emprego

do corpus JIC novamente alinha-se com a conversação informal, o que novamente

nos causou surpresa, uma vez que, conforme mencionamos, o ambiente de avaliação

para emprego não é normalmente entendido como propício para o desenrolar de uma

atividade linguística “informal”.

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Gráfico 7 – Dimensão 2: Preocupações Narrativas versus Preocupações Não-Narrativas Polo Positivo – Preocupações Narrativas +7| | ficção romântica | | +6| ficção de mistério, geral e científica | ficção de aventura +5| | +4| | +3| | +2| biografias | PALESTRAS ESPONTÂNEAS +1| humor | PALESTRAS PREPARADAS | reportagem jornalística | cartas pessoais 0| cultura popular | CONVERSAS FACE A FACE ENTREVISTAS DE EMPREGO | religião; editoriais -1| CONVERSAS PÚBLICAS | resenhas jornalísticas -2| CONVERSAS TELEFÔNICAS | cartas profissionais | prosa acadêmica | documentos oficiais -3| passatempo (hobbies) | RADIO E TV

Polo Negativo – Preocupações Não-narrativas Fonte: Diegues (2018), adaptado de Biber (1988 et seq.)

Quadro 18 – Trechos da entrevista n.º 01

[…] I want to be a German (adjetivo atributivo) teacher […] It’s just an English (adjetivo atributivo) conversation class. […] I correct (adjetivo atributivo) people […] […] it makes (verbo no presente) me know that […] Everybody does (verbo no presente) and I […] […] sometimes it runs (verbo no presente) 4 hours […]

Fonte: Diegues (2017), para esta pesquisa

3.1.3 Dimensão 3: Referências Explícitas versus Referências Dependentes do Contexto

As entrevistas de emprego em inglês possuem alta frequência no polo

dependente do contexto, com um escore médio de -2,5, próximo a ficção, conforme

gráfico 8, com grande quantidade de advérbio de ligação, advérbio de grau

enfatizador, advérbio de lugar e advérbio de tempo, conforme quadro 19. A entrevista

de n.o 14 obteve maior escore, -7,95, nessa dimensão com a coocorrência das

características léxico gramaticais apresentadas abaixo. Apenas 01 entrevista obteve

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escore no polo positivo. Portanto, a partir dessa análise, pode-se afirmar que as

entrevistas de emprego em inglês são dependentes do contexto. Esse registro possui

baixa frequência de nominalização e orações relativas tanto na presença de objeto

como de sujeito, ou seja, as entrevistas de emprego do corpus JIC são dependentes

do contexto assemelhando-se a registros ficcionais, como era de se esperar.

Gráfico 8 – Dimensão 3- Referências Explícitas versus Referências Dependentes do Contexto

Polo Positivo – Referências Explícitas | documentos oficiais +7| | cartas pessoais +6| | +5| | resenhas jornalísticas / prosa acadêmica +4| | religião +3| | cultura popular +2| | editoriais / biografias | PALESTRAS ESPONTÂNEAS +1| | PALESTRAS PREPARADAS / passatempo 0| | reportagem jornalística / entrevistas / humor -1| | ficção científica -2| | ENTREVISTAS DE EMPREGO -3| | ficção geral | cartas pessoais / ficção de mistério e aventura -4| CONVERSAS FACE A FACE / ficção romântica | -5| | CONVERSAS TELEFÔNICAS / RÁDIO E TV Polo Negativo – Referências Dependentes do Contexto

Fonte: Diegues (2018), adaptado de Biber (1988 et seq.)

Quadro 19 – Trechos da entrevista n.º 14 I just (advérbio de grau enfatizador) study history and (advérbio de ligação) German there (advérbio de lugar) and (advérbio de ligação) umm now (advérbio de tempo) I'm in my third year here (advérbio de lugar) and (advérbio de ligação) I laugh I’m here (advérbio de lugar) to improve my German anyway. But umm yeah I study history and I've taken a number of history classes at umm UPS University of Puget Sound […]

Fonte: Diegues (2017), para esta pesquisa

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3.1.4 Dimensão 4: Expressão Explícita de Persuasão versus Expressão Não-explícita de Persuasão

As entrevistas de emprego em inglês possuem alta frequência no polo

persuasivo, com um escore médio de 5,84, conforme gráfico 9, acima de cartas

profissionais (registro mais persuasivo do estudo de Biber) com grande quantidade de

verbos modais indicando necessidade, possibilidade e predição, conforme quadro 20

abaixo. A entrevista de n.o 15 obteve maior escore, 10,95, nessa dimensão com a

coocorrência das características léxico gramaticais apresentadas acima. Apenas duas

entrevistas obtiveram escore no polo negativo. Portanto, a partir dessa análise, pode-

se afirmar que as entrevistas de emprego em inglês são persuasivas, ou seja, tem

como objetivo principal de convencer os participantes. Ela induz o receptor a adotar

certas ideias ou posições. Assim, a partir de um propósito bem definido, eles utilizam

de recursos persuasivos e do discurso argumentativo sugerindo um padrão típico de

posicionamento tanto do entrevistador quanto do entrevistado, a partir do uso dos

recursos persuasivos salientes nas características linguísticas destacadas nesta

dimensão por Biber (1988 et seq.) e presentes em alta densidade no corpus de estudo,

JIC.

Gráfico 9 – Dimensão 4 – Expressão Explícita de Persuasão versus Expressão Não-explícita de Persuasão

Polo Positivo – Expressão Explícita de Persuasão | ENTREVISTAS DE EMPREGO |cartas profissionais | +3|editoriais | +2|ficção romântica | passatempo | cartas pessoais +1| CONVERSAS PÚBLICAS / ficção geral | PALESTRAS PREPARADAS / CONVERSAS TELEFÔNICAS | PALESTRAS ESPONTÂNEAS / religião 0| documentos oficiais | CONVERSAS FACE A FACE / cultura popular / humor | prosa acadêmica | biografias / ficção de mistério e científica / reportagem jornalística -1| | ficção de aventura -2| | resenhas jornalísticas -3| | -4| | RÁDIO E TV Polo Negativo – Expressão Não-explícita de Persuasão

Fonte: Diegues (2018), adaptado de Biber (1988 et seq.)

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Quadro 20 – Trechos da entrevista n.º 15 […] I thought a year out would (modal de predição) be good […] […] I’ll (modal de previsão) teach them […] […] I guess that would (modal de predição) give me […] […] okay shall (modal de previsão) I start with […] […] I guess it shouldn't (modal de necessidade) affect it […] […] I can (modal de possibilidade) speak quite a few fluently […]

Fonte: Diegues (2017), para esta pesquisa

3.1.5 Dimensão 5: Informação Abstrata versus Informação Não-abstrata

As entrevistas de emprego em inglês possuem frequência moderada no polo

abstrato com um escore médio de 0,39, conforme gráfico 10, próximo a cultura

popular, com grande quantidade de conjunção, conforme quadro 21 abaixo. A

entrevista de n.o 21 obteve maior escore, 4,73, nessa dimensão com a coocorrência

da característica léxico gramatical apresentada acima. Apesar do escore médio ser

positivo, aproximadamente metade das entrevistas possuem escore negativo.

Portanto, a partir dessa análise, não podemos afirmar que as entrevistas de emprego

sejam um registro abstrato, pois apresentam uma linguagem verbal não marcada por

características linguísticas que detonam um estilo abstrato, ou seja, as entrevistas de

emprego permeiam um discurso com um foco nas experiências e observações

pessoais. As características linguísticas salientadas em Biber (1988 et seq.) de um

registro não abstrato estão presentes no corpus JIC em alta concentração, conforme

podemos verificar em trechos como do quadro 21.

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Gráfico 10 – Dimensão 5: Informação Abstrata versus Informação Não-abstrata Polo Positivo – Informação Abstrata +6| | prosa acadêmica +5| | documentos oficiais +4| | +3| | +2| | religião | passatempos +1| | resenhas jornalísticas | reportagem jornalística | cartas profissionais / editoriais / cultura popular ENTREVISTAS DE EMPREGO | humor / biografias -1| | RÁDIO E TV -2| PALESTRAS PREPARADAS; ENTREVISTAS | ficção geral, científica e de aventura / PALESTRAS ESPONTÂNEAS | ficção de mistério / cartas pessoais -3| | ficção romântica / CONVERSAS FACE A FACE | CONVERSAS TELEFÔNICAS

-4| Polo Negativo – Informação Não-abstrata

Fonte: Diegues (2018), adaptado de Biber (1988 et seq.)

Quadro 21 – Trechos da entrevista n.º 21 […] and (conjunção) now I am doing one year of […] […] I could continue seeing her and (conjunção) then […] […] I wanted to do something with that but (conjunção) equally […] […] I didn’t choose the city but (conjunção) I […]

Fonte: Diegues (2017), para essa pesquisa

A partir da AMD aditiva, podemos dizer que as entrevistas de emprego em

inglês possuem o seguinte perfil multidimensional: interacional (Dimensão 1), não-

narrativo (Dimensão 2), dependente do contexto (Dimensão 3), persuasão explícita

(Dimensão 4) e informação não-abstrata (Dimensão 5).

Na seção seguinte trataremos das considerações finais retomando o objetivo e

as perguntas de pesquisa que norteiam este estudo.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste capítulo discorremos sobre as considerações finais desta pesquisa.

O inglês é o 2o idioma mais falado no mundo; no mundo dos negócios é a língua

universal e no ambiente de trabalho permeia diversas esferas, sendo as entrevistas

de emprego apenas uma delas. Apesar disso, as entrevistas de emprego em inglês

se fazem muito presentes no mundo atual, seja para o ingresso em uma empresa ou

promoção de carreira. Como mencionado na introdução, no mundo empresarial de

hoje, onde a concorrência é cada vez mais forte, torna-se obrigatório fazer mais e

melhor.

Esta pesquisa buscou comparar o registro entrevista de emprego em inglês

com os registros usados por Biber (1988 et seq.), por meio dos princípios teóricos-

metodológicos da LC e, mais especificamente, da Análise Multidimensional.

Uma das limitações da pesquisa com a AMD para muitos pesquisadores é a

exigência de conhecimentos relativamente essenciais de estatística e informática.

Para a realização das análises quantitativas, é necessário o uso de programas

computacionais especializado para a limpeza, anotação e etiquetagem, os quais não

estão disponíveis em larga escala ou são muito caros. O suporte para essa pesquisa

veio do GELC, o qual possui os programas computacionais, infraestrutura e

conhecimento técnico para dar o auxílio e apoio as pesquisas nessa área.

Os resultados apresentados no capítulo anterior procuraram responder as duas

perguntas de pesquisa:

1) Como as entrevistas de emprego se encaixam nas dimensões de variação

de registro em inglês propostas por Biber (1988 et seq)?;

2) O registro entrevista de emprego difere do registro entrevistas no estudo

seminal de Biber (1988)?

Em relação à pergunta 1, as entrevistas de emprego do corpus de estudo, JIC,

possuem um perfil multidimensional distinto: interacional (dimensão 1), não-narrativas

(dimensão 2), dependentes do contexto (dimensão 3), persuasão explícita (dimensão

4) e informação abstrata (dimensão 5).

Em relação à pergunta 2, Biber (1988 et seq) utilizou um corpus da década de

60 e podemos dizer que as entrevista de emprego não são espontâneas e sempre

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parecidas com palestras, já o corpus de estudo desta pesquisa, JIC, da década de

2000 apresenta as entrevistas de emprego sendo interativas (dimensão 1),

dependentes do contexto (dimensão 3) e abstrata (dimensão 5). Portanto, uma nova

AMD da Língua Inglesa se faz necessário visto que é possível verificar alterações na

língua ao longo desses 30 anos.

Por fim, espera-se que esta pesquisa contribua para a área acadêmica, bem

como aplicação em sala de aula, visto que não há precedentes de estudo dentro da

LC dedicados à investigação das entrevistas de emprego em inglês em uma análise

multidimensional.

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