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Pontifícia Universidade Católica de São Paulo PUC-SP Eveline Ignácio da Silva Marques A Construção do trabalho docente na articulação teoria e prática: a experiência do PIBID Doutorado em Educação: Currículo São Paulo 2016

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Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

PUC-SP

Eveline Ignácio da Silva Marques

A Construção do trabalho docente na articulação teoria e prática:

a experiência do PIBID

Doutorado em Educação: Currículo

São Paulo

2016

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Eveline Ignácio da Silva Marques

A Construção do trabalho docente na articulação teoria e prática:

a experiência do PIBID

Doutorado em Educação: Currículo

Tese apresentada à Banca Examinadora da

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo,

como exigência parcial para obtenção do título de

Doutor em Educação: Currículo, sob a orientação

da Prof.ª Dr.ª Marina Graziela Feldmann.

São Paulo

2016

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ERRATA

MARQUES. Eveline Ignácio da Silva. A Construção do trabalho docente na articulação teoria e prática: a experiência do PIBID. 2016. 161f. Tese. (Doutorado em Educação: Currículo) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2016.  

Folha Linha Onde se lê Leia-se 31 1 Quadro 2 – Comparativo das

resoluções CNE/CP nº 1/2002, 1/2006 e 2/2015

90 1 Quadro 2 - Comparativo das alterações dos objetivos do PIBID desde 2007

Quadro 3 - Comparativo das alterações dos objetivos do PIBID desde 2007

93 1 Quadro 3 - Síntese histórica dos editais do PIBID

Quadro 4 - Síntese histórica dos editais do PIBID

97 1 Quadro 4 - Projetos no âmbito do PIBID e PIBID Diversidade, edital 2013

Quadro 5 - Projetos no âmbito do PIBID e PIBID Diversidade, edital 2013

100 1 Quadro 5 - Concessão de bolsas por edital.

Quadro 6 - Concessão de bolsas por edital.

132 1 Quadro 6 - Eixos de análise sobre o conceito de trabalho docente

Quadro 7 - Eixos de análise sobre o conceito de trabalho docente.

156 1 GARCIA, C. M. Formação de professores para uma mudança educativa. Portugal: Porto, 1999.

 

 

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Banca Examinadora

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Ao pequeno Paulo,

que me ensina diariamente

o quanto ainda tenho a aprender.

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AGRADECIMENTOS

A Deus pelo dom da vida, força que me move e guia meus passos na busca em

aprender e partilhar.

A minha família, sempre presente e disponível em me auxiliar para que meu caminho

seja mais humano, afetuoso e tranquilo, em especial meu esposo Alexandre e minha mãe

Marluce.

Ao Programa de Pós-Graduação em Educação: Currículo, da PUC-SP, pela

organização e trajetória de formação a mim proporcionada nestes anos, agradecimento que

contempla a coordenação, professores e funcionários.

À Prof.ª Dr.ª Marina Graziela Feldmann, orientadora que conduz de maneira

competente e generosa, compartilhando seu conhecimento com dedicação.

Aos membros da banca examinadora de Qualificação e Defesa pela disponibilidade

em contribuir para minha formação e permitir um diálogo de partilha dos resultados.

Aos colegas desta trajetória educacional, em especial a Marise, que não só me acolheu

como se tornou uma amiga.

À CAPES cujo fomento tornou possível a realização dessa pesquisa.

À Universidade do Sagrado Coração, por me possibilitar a flexibilização dos meus

horários de trabalho para que fosse possível o desenvolvimento do curso e da pesquisa, em

especial à Irmã Susana e Irmã Ilda, e aos coordenadores de curso do Centro de Ciências

Humanas pelo apoio e amizade.

Aos professores e estudantes participantes da pesquisa que tão gentilmente se

propuseram a contribuir.

A todos, os meus sinceros agradecimentos.

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Não nasci, porém, marcado para ser um professor assim. Vim me tornando

desta forma no corpo das tramas, na reflexão sobre a ação, na observação

atenta a outras práticas ou à prática de outros sujeitos, na leitura

persistente, crítica, de textos teóricos, não importa se com eles estava de

acordo ou não. (FREIRE, 1997, p. 87-88)

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RESUMO

MARQUES. Eveline Ignácio da Silva. A Construção do trabalho docente na articulação

teoria e prática: a experiência do PIBID. 2016. 161f. Tese. (Doutorado em Educação:

Currículo) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2016.

A tese apresentada nasceu das reflexões acerca do problema da falta de articulação teoria-

prática nos cursos de formação inicial de professores em nível superior no Brasil, que resulta

na incompreensão do conceito de trabalho docente. O objetivo geral desta pesquisa foi de

identificar as contribuições do PIBID na formação inicial de professores em uma IES privada,

filantrópica, confessional, localizada no município de Bauru, interior do estado de São Paulo,

tendo como categorias de análise a articulação teoria-prática e a compreensão do conceito de

trabalho docente. Os objetivos específicos foram os de: descrever/discutir políticas de

formação inicial de professores no Brasil pós Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

nº 9.394 de 20 de Dezembro de 1996 (LDB 9.394/96); explicitar conceitos, objetivos e

organização do PIBID; conceituar trabalho docente; explicitar a relação teoria-prática na

formação inicial do professor e as implicações do currículo neste processo; analisar as

contribuições do PIBID para o desenvolvimento da relação teoria-prática e para a construção

de um conceito de trabalho docente. O desenvolvimento desta pesquisa se justificou

inicialmente devido ao fato de o PIBID ser uma política de formação inicial de professores no

Brasil e, como tal, deve ser avaliada e analisada para que seja possível verificar suas

contribuições para a formação docente. Justificou-se também por termos como categorias de

análise a compreensão do conceito de trabalho docente e a articulação teoria-prática na

formação inicial, e ao analisarmos os objetivos do PIBID, percebemos a intenção de busca

dessa compreensão e articulação. Os procedimentos metodológicos utilizados na pesquisa

privilegiam uma abordagem qualitativa de caráter reflexivo, com finalidade descritiva,

analítica e interpretativa. Os meios de investigação utilizados foram pesquisa bibliográfica,

documental e pesquisa de campo, com utilização de questionários como instrumentos de

coleta de informações. O referencial teórico metodológico foi baseado principalmente nos

estudos de Alves-Mazzotti e Gewandsznajder (1999), Bodgan e Biklen (1999), Burbules e

Torres (2004), Chizzotti (2010), Chizzotti e Ponce (2012), Dezin e Lincoln (2007), Feldmann

(2003, 2008, 2009 e 2013), Feldmann e D’Água (2009), García (1999), Gil (2010), Gimeno

Sácristan (1998, 1999, 2000 e 2007), Hamilton (1992), Imbernón (2013), Malta (2010),

Mizukami (2013), Nadal (2009), Noffs (2013), Noffs e Feldmann (2013), Pérez Gómez

(1998), Sánchez Vázquez (2011), Santos e Matos (1999), Severino (2002), Tardif (2010),

Tardif e Lessard (2012), além de referências legais e documentais que fundamentam o PIBID.

As considerações finais caminham no sentido de mostrar que o PIBID contribui para a

compreensão do conceito de trabalho docente, de forma articulada com a relação teoria-

prática, não apenas para os estudantes de licenciatura, mas também com os paradigmas dos

educadores envolvidos no processo (professores das IES, das escolas, equipe gestora, dentre

outros), fazendo com que suas próprias práticas sejam questionadas, ressignificadas e

compreendidas, o que resulta numa melhora qualitativa na formação inicial e na formação

continuada dos docentes da educação básica e das IES.

Palavras-chave: Trabalho Docente. Relação Teoria-Prática. Formação Inicial de Professores.

PIBID.

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ABSTRACT

MARQUES. Eveline Ignácio da Silva. The construction of teaching work in the

articulation of theory and practice: the experience with PIBID. 2016. 161f. Thesis.

(Doctorate in Education: Curriculum) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São

Paulo, 2016.

The thesis presented arises from reflections on the lack of articulation of theory and practice

in initial teacher training courses in higher education in Brazil, resulting in the

misunderstanding of the concept of teaching. The objective of this research was to identify the

PIBID contributions in initial teacher training at a private, philanthropic and confessional

institution located in the city of Bauru, state of São Paulo, having as categories of analysis the

theory-practice articulation and the understanding of the concept of teaching. The specific

objectives were to: describe / discuss initial training policies for teachers in Brazil after the

Law of Guidelines and Bases of National Education No. 9394 of December 20, 1996 (LDB

9.394 / 96); explain concepts, objectives and organization of PIBID; conceptualize teaching

work; explain the theory-practice relationship in initial teacher training and the implications

of curriculum in this process; analyze PIBID contributions to the development of the theory-

practice relationship and to the construction of a concept of teaching. The development of this

research was justified initially due to the fact that PIBID is an initial training policy of

teachers in Brazil and, as such, it should be evaluated and analyzed so that one can verify its

contributions to teacher training. It is also justified for we have as analytical categories the

understanding of the teaching concept and the theory-practice articulation in initial formation,

and when we analyze the objectives of PIBID, we realize the intention of seeking this

understanding and articulation. The methodological procedures used in the research favor a

qualitative approach of reflective nature, with descriptive, analytical and interpretive purpose.

The research methods used were literature in te area, documentary and field research, using

questionnaires as tools for gathering information. The methodological theoretical framework

was based mainly on studies by Alves-Mazzotti and Gewandsznajder (1999), Bodgan and

Biklen (1999), Burbules and Torres (2004), Chizzotti (2010), Chizzotti and Ponce (2012),

Dezin and Lincoln (2007 ), Feldmann (2003, 2008, 2009 and 2013), Feldmann and D'Água

(2009), Garcia (1999), Gil (2010), Gimeno Sácristan (1998, 1999, 2000 and 2007), Hamilton

(1992), Imbernón (2013), Malta (2010), Mizukami (2013), Nadal (2009), Noffs (2013), Noffs

and Feldmann (2013), Pérez Gómez (1998), Sánchez Vázquez (2011), Santos and Matos

(1999) Severino (2002), Tardif (2010), Tardif and Lessard (2012), as well as legal and

documentary references underlying the PIBID. The final considerations go on to show that the

PIBID contributes to the understanding of the concept of teaching work, in coordination with

the relationship theory-practice, not only for undergraduate students, but also with the

paradigms of educators involved in the process ( teachers of IES, schools, management team,

among others), making their own practices to be put into question, to be resignified and

understood, resulting in a qualitative improvement in initial training and continuing education

of teachers of basic education and of private higher education institutions.

Key words: Teaching Work. Theory and Practice Relationship. Initial Teacher Training.

PIBID.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - PIBID: Desenho estratégico/interacionista do Programa ........................................ 94

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Crescimento do PIBID entre 2009 e 2013 ............................................................. 96

Gráfico 2 - Quantitativo de bolsas aprovadas para a vigência 2014 ........................................ 97

Gráfico 3 - Percentual de concessões de bolsas por região para a vigência 2014 .................... 98

Gráfico 4 - Áreas com mais de 1000 bolsas de iniciação à docência, vigência 2014 .............. 98

Gráfico 5 - Áreas com menos de 1000 bolsas de Iniciação à Docência, vigência 2014 .......... 99

Gráfico 6 - Estudantes bolsistas participantes da pesquisa por curso e sexo ......................... 112

Gráfico 8 - Anos em que os estudantes bolsistas iniciaram no PIBID ................................... 113

Gráfico 7 - Distribuição de idade dos estudantes bolsistas .................................................... 112

Gráfico 9 - Semestre em que os estudantes bolsistas estão matriculados .............................. 114

Gráfico 10 - Séries em que os estudantes bolsistas atuam ..................................................... 114

Gráfico 11 - Atividades que os estudantes bolsistas realizam concomitantemente ao PIBID 115

Gráfico 12 - Oferecimento de atividades complementares pela IES ...................................... 120

Gráfico 13 - Contribuições dos conteúdos estudados para as atividades desenvolvidas no

PIBID ...................................................................................................................................... 121

Gráfico 14 - PIBID e a Relação Teoria-Prática ...................................................................... 121

Gráfico 15 - PIBID e Formação Docente Diferenciada ......................................................... 122

Gráfico 16 - Importância da Teoria na Formação Docente na perspectiva dos estudantes

bolsistas .................................................................................................................................. 123

Gráfico 17 - Importância da Prática na Formação Docente na perspectiva dos estudantes

bolsistas .................................................................................................................................. 123

Gráfico 18 - Importância do PIBID na formação do estudante na perspectiva dos bolsistas. 124

Gráfico 19 - Atuação docente após a conclusão do curso ...................................................... 125

Gráfico 20 - Professores participantes da pesquisa por sexo ................................................. 126

Gráfico 21 - PIBID e Formação Docente Diferenciada na perspectiva dos professores ........ 126

Gráfico 22 - Importância da Teoria na Formação Docente na perspectiva dos professores .. 127

Gráfico 23 - Importância da Prática na Formação Docente na perspectiva dos professores .. 127

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Evolução histórica de legislação referente à Formação Inicial de Professores no

Brasil pós LDB 9.393/96 .......................................................................................................... 26

Quadro 2 - Comparativo das resoluções CNE/CP nº 1/2002 e CNE/CP nº 2/2015 ................. 30

Quadro 3 - Comparativo das alterações dos objetivos do PIBID desde 2007 .......................... 90

Quadro 4 - Síntese histórica dos editais do PIBID ................................................................... 93

Quadro 5 - Projetos no âmbito do PIBID e PIBID Diversidade, edital 2013 ........................... 97

Quadro 6 - Concessão de bolsas por edital ............................................................................. 100

Quadro 7 – Eixos de análise sobre o conceito de trabalho docente ........................................ 132

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LISTA DE SIGLAS

BNCC – Base Nacional Comum Curricular

CAP – Comissão para Acompanhamento do PIBID

CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CEB – Câmara da Educação Básica

CNE – Conselho Nacional de Educação

CNPQ – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

CP – Conselho Pleno

DEB – Diretoria de Educação Básica

DED – Diretoria de Educação a Distância

DOU – Diário Oficial da União

ENADE – Exame Nacional do Desempenho dos Estudantes

ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio

FNDE – Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação

FUNDEB – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização

dos Profissionais da Educação

FUNDEF – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de

Valorização do Magistério

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica

IES – Instituição de Ensino Superior

IFES – Instituições Federais de Ensino Superior

INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

IPES – Instituições Públicas de Ensino Superior

LDB 9.394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394 de

LIFE – Programa de Apoio a Laboratórios Interdisciplinares de Formação de Educadores

MEC – Ministério da Educação

PARFOR – Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica

PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais

PIBIC – Programa Institucional de Bolsa de Iniciação Científica

PIBID – Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência

PISA – Programa Internacional de Avaliação da Aprendizagem

PROCAMPO – Programa de apoio à formação superior em Licenciatura em Educação do

Campo

Prodocência – Programa de Consolidação das Licenciaturas

PROFORMAÇÃO – Programa de Formação de Professores em exercício

PROINFANTIL – Programa de Formação Inicial para Professores em Exercício na Educação

Infantil

Pró-licenciatura – Programa de Formação Inicial para Professores em Exercício no Ensino

Fundamental e no Ensino Médio

PROLIND – Programa de apoio à formação superior de professores que atuam em escolas

indígenas de educação básica

RCNEI – Referenciais Curriculares Nacionais para Educação Infantil

REUNI – Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades

Federais

SAC – Sistemas de Auxílios e Concessões

SAEB – Sistema de Avaliação da Educação Básica

SEADE – Sistema Estadual de Análise de Dados Estatísticos

SECADI – Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão

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SESI – Serviço Social da Indústria

SISNEP – Sistema Nacional de Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos

UAB – Universidade Aberta do Brasil

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 16

CAPÍTULO 1 – Formação inicial de professores no Brasil pós LDB 9.394/96 ...................... 23

1.1 Programas de Formação de professores: a CAPES como instituição formadora ............... 34

1.1.1 Plano Nacional de Formação de professores da Educação Básica (PARFOR) ............... 35

1.1.2 Universidade Aberta do Brasil (UAB) ............................................................................ 35

1.1.3 Licenciaturas Internacionais ............................................................................................ 36

1.1.4 Programa de Apoio a Laboratórios Interdisciplinares de Formação de Educadores

(LIFE) ....................................................................................................................................... 37

1.1.5 Programa de Consolidação das Licenciaturas (Prodocência) .......................................... 37

1.2 Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) .................................. 38

1.2.1 Referências legais do PIBID: .......................................................................................... 40

1.2.2 Princípios pedagógicos do PIBID: .................................................................................. 41

1.2.3 Participantes .................................................................................................................... 41

1.2.4 Financiamento ................................................................................................................. 42

CAPÍTULO 2 – O Trabalho Docente: caminhos para a definição de uma concepção ............ 44

2.1 A concepção de Trabalho Docente ..................................................................................... 50

2.2 A escola e o Trabalho Docente ........................................................................................... 54

CAPÍTULO 3 – A relação teoria-prática na formação inicial do professor: Currículo e

implicações na formação dos professores ................................................................................ 59

3.1 Formação e formação docente ............................................................................................ 59

3.2 Relação Teoria-Prática ....................................................................................................... 63

3.3 Currículo ............................................................................................................................. 68

3.3.1 Currículo na Perspectiva de Reflexão na Prática para a Reconstrução Social ................ 77

CAPÍTULO 4 – Procedimentos metodológicos ....................................................................... 81

4.1 Pesquisa de abordagem qualitativa ..................................................................................... 81

4.2 Meios de investigação ........................................................................................................ 83

4.2.1 Pesquisa bibliográfica ...................................................................................................... 83

4.2.2 Pesquisa documental........................................................................................................ 84

4.2.3 Pesquisa de campo ........................................................................................................... 85

CAPÍTULO 5 – O PIBID: o percurso da relação teoria-prática............................................... 87

5.1 O PIBID no Brasil – Análise da pesquisa documental ....................................................... 87

5.1.1 Da evolução dos objetivos do PIBID .............................................................................. 89

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5.1.2 Síntese dos Editais PIBID ............................................................................................... 93

5.1.3 Dos Princípios Pedagógicos do PIBID ............................................................................ 94

5.2 O PIBID na IES – Análise da pesquisa documental ......................................................... 100

5.2.1 O campo de pesquisa ..................................................................................................... 100

5.2.2 Análise dos relatórios: ................................................................................................... 102

5.2.2.1 Agosto/2012 à Dezembro/2013 .................................................................................. 102

5.2.2.2 Março/2014 à Dezembro/2015 ................................................................................... 106

5.2.3 Análise dos questionários .............................................................................................. 111

5.2.3.1 Pesquisa com os estudantes bolsistas: perfil .............................................................. 111

5.2.3.2 Pesquisa com os estudantes: O PIBID e suas influências na formação...................... 119

5.2.3.3 Pesquisa com coordenadores de curso, coordenadores de área, supervisores, equipe

gestora e professores: perfil .................................................................................................... 125

5.2.3.4 Pesquisa com os professores: contribuições do PIBID .............................................. 128

5.2.4 Pesquisa: o conceito de trabalho docente ...................................................................... 131

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 147

REFERENCIAS ..................................................................................................................... 151

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16

INTRODUÇÃO

A presente pesquisa nasce das reflexões acerca do problema da falta de articulação

teoria-prática nos cursos de formação inicial de professores oferecidos pelas Instituições de

Ensino Superior (IES) no Brasil, que resulta na incompreensão do conceito de trabalho

docente por parte dos estudantes em formação.

Tais reflexões fazem parte de minha trajetória pessoal e profissional relacionada à

formação de professores. Nascida no ano de 1977, no município de Bauru, interior do estado

de São Paulo, vivíamos ainda um período de ditadura no Brasil, no governo de Ernesto

Geisel, penúltimo presidente do Regime Militar.

Tive meu primeiro contato com a escola no ano de 1983, com 5 anos, onde fui cursar a

chamada Pré-escola. Eu e minhas duas irmãs mais velhas, uma de 9 e outra de 12 anos, íamos

de ônibus circular para a escola, era uma aventura. A escola em que estudávamos era da rede

do Serviço Social da Indústria (SESI). Recordo claramente sobre o amor que tive pela escola

desde o início. Posso descrever minha turma de Pré-escola, os colegas, o “cheiro” da sala de

aula, os corredores, o recreio, a lancheira, as piscinas, o relógio que ficava acima da lousa, e

ela, a minha professora, com seus longos cabelos pretos, olhar brilhante e amoroso, que nos

ensinava a escrever naquele caderno de linha verde, com muita dedicação e empenho. Tia

Léia, assim a professora era chamada, lembro-me da forma como ela grafava o “certo” e

recordo perfeitamente da sua letra linda, que tentei a vida toda imitar. Talvez tenha nascido aí

o amor pela profissão docente.

Cursei do 1º ao 4º ano no período de 1984 a 1987 em escola pública estadual. No final

da década de 1980, início da década de 1990 cursava o que chamamos hoje de anos finais do

ensino fundamental, momento em que deveria decidir o que cursar nas séries seguintes. Deste

período me recordo claramente das greves que aconteciam nas escolas públicas. Ficávamos

meses sem aula, e isso também foi marcante para mim. Sonhava com a possibilidade de

estudar em uma escola particular, pois já nesta época me sentia prejudicada, pois estava

perdendo a oportunidade de aprender.

Como este período ainda era fortemente marcado pelo ensino profissionalizante no

Brasil devido à Lei 5.692 de 1971, mesmo com o advento da Lei 7.044 de 1982, a maioria das

famílias brasileiras formadas por trabalhadores, incluindo a minha, julgavam fundamental a

formação profissional.

Os cursos profissionalizantes, em sua maioria, eram muito técnicos, voltados para um

“fazer” que, honestamente, não me agradava. Não poderia optar, por exemplo, por cursar

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17

eletrônica, prótese dentária, contabilidade, e tantos outros que eram ofertados na época, o que

me levou a interessar-me pelo então denominado curso de Habilitação Específica de 2º Grau

para o Magistério, com duração de 4 anos. Não era de todo ruim uma jovem, cujos pais não

tinham formação escolar completa, optar pela carreira de professor, além do que, lembrava-

me dos olhos brilhantes da professora da Pré-escola, Tia Léia, e essa me parecia uma

profissão encantadora.

Outro destaque que me levava à escolha pelo Magistério foi que eu participava de uma

Comunidade Católica e havia me tornado catequista de crianças no ano de 1988, quando ainda

estava na 5ª série. Ensinar, partilhar com os demais o que eu sabia, já era uma prática.

Decisão tomada, iniciei no ano de 1992 o curso de Magistério. Na época, o curso era

composto de uma matriz curricular denominada comum, com disciplinas obrigatórias para

todos que cursavam o 2º Grau, e uma matriz específica para os estudantes que optassem por

uma formação profissional. A escola em que estudei os três primeiros anos era uma escola

pública estadual e as aulas integrais, nos períodos da manhã e da tarde. No último ano, 1995,

devido à necessidade de iniciar no mercado de trabalho, transferi para uma escola particular,

em que o curso era somente no período noturno.

Mesmo ainda não tendo ideia de que um dia optaria por estudar sobre a formação dos

professores, foi clara a diferença que existia entre a formação oferecida pelos cursos. O curso

da escola pública era excelente, com uma grande carga horária e uma dedicação diferenciada

aos estágios que eram efetivamente realizados e supervisionados. As aulas aconteciam das 7h

às 18h e os estágios e supervisões eram distribuídos em determinados dias no período da

tarde. Essa escola foi e ainda é uma referência de escolas públicas estaduais no município de

Bauru.

Já o curso da escola particular era um curso claramente direcionado ao estudante

trabalhador, com uma carga horária bem reduzida, com aulas das 19h às 22h30, e estágios

apenas para cumprir protocolos legais, sem supervisão local. Comecei a discernir neste

período sobre a importância da formação docente.

Nos quatro anos de formação para o Magistério, me encantei um pouco mais pela

profissão docente, e chegara então o momento de decidir o que cursar na Universidade.

Movida pelas expectativas dos pais, o meu objetivo era ingressar numa universidade pública.

Quando ainda cursava o 3º ano do Magistério em período integral na escola pública, em 1994,

cursei concomitantemente um Cursinho pré-vestibular no período noturno. Em 1995, prestei

vestibular para Jornalismo em uma universidade pública. Este era o curso disponível que mais

se aproximava da docência, pois previa a comunicação, a informação; também prestei

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Pedagogia em uma universidade privada. Ambas as instituições eram em Bauru. Na época

fiquei na lista de espera para o curso de Jornalismo e passei no vestibular de Pedagogia. Como

a presença da docência já era forte em minha vida, optei por cursar Pedagogia, mesmo ciente

de que teria que trabalhar para poder manter os estudos. E foi isso que aconteceu.

Em 1996, iniciei o curso de Pedagogia. Trabalhava durante o dia como professora em

uma escola privada de educação infantil e no período da noite cursava o Ensino Superior. Os

anos de 1996 a 1999 foram de extrema importância na minha vida: me descobri professora.

Isso provavelmente aconteceu por alguns fatores. Um deles, por eu ter uma experiência prévia

na docência pela formação do Magistério, devido à teoria já estudada, aos estágios já

vivenciados. Outro fato relevante foi que por eu ter o título de ensino médio profissional, já

trabalhava como professora, e isso fazia com que eu relacionasse as teorias que eu estudava

com a prática que eu vivenciava, fato este que eu não conseguia observar em colegas que

estudavam comigo e não tinham a prática diária na docência. Já neste período começou meu

interesse pela investigação sobre a relação teoria-prática na formação docente.

Também compreendi a Universidade como um espaço de desenvolvimento e

crescimento intelectual, aprendi demais, estudei demais, me dediquei, aproveitei cada aula,

cada texto, cada reflexão. Comecei a perceber que havia vários tipos de professores, os mais

dedicados, com brilho nos olhos como a Tia Léia da pré-escola, até os mais relapsos que

faziam da profissão apenas o seu “ganha pão”.

Nesta relação teoria e prática proporcionada pela minha vivência como professora e

estudante universitária, entendi que a docência é mais do que profissão, é vida. Eu não era

mais a Eveline e sim a professora Eveline, e isso fazia muita diferença.

No ano de 1997, em que eu cursava o 2º ano do curso de Pedagogia, graças a grande

divulgação dos diferentes métodos de alfabetização no município de Bauru, optei por fazer o

curso Montessori1 em uma escola na capital. O curso Montessori acontecia no mês de julho,

na Escola Experimental Irmã Catarina, no bairro da Aclimação em São Paulo. Fazer este

curso era ter um diferencial na formação, o que hoje chamamos de educação continuada, ou

educação em serviço. A experiência foi muito interessante e me fez ter interesse também pela

área de formação do professor alfabetizador. Nesta formação, compreendi por que a Tia Léia

da pré-escola nos fazia escrever no caderno de linhas-verdes; entretanto, na Universidade já se

iniciava um processo de crítica a tais métodos, que nos encaminhava para metodologias mais

construtivas.

1 Método Montessori é o nome que se dá ao conjunto de teorias, práticas e materiais didáticos criados pela médica e

educadora Italiana Maria Montessori (1870-1952).

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Nos anos da graduação, atuei como professora da Educação infantil e séries iniciais do

Ensino Fundamental. Conclui o curso de Pedagogia em 1999 e em 2001 iniciei um curso de

Pós-graduação Lato Sensu denominado Especialização em Formação de Formadores de

Professores, oferecido pela mesma universidade em que me formei. O objetivo deste curso era

a formação dos professores que atuariam no ensino superior nos cursos de Licenciatura, e

deste momento em diante, minha atuação profissional tomara um novo rumo, o caminho para

a docência na Universidade.

No ano de 2002, iniciei meus estudos em nível de Pós-graduação Stricto Sensu na

Universidade Metodista de Piracicaba, na área de Política e Gestão da Educação. Minha

pesquisa foi relacionada às Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação de professores

da Educação Básica (Resolução CNE/CP nº 1 de 18 de fevereiro de 2002) que trata da

concepção de competência como nuclear na formação de professores. A conclusão do curso

foi em Junho de 2004.

Minha trajetória profissional na Universidade se inicia no ano de 2002, ainda cursando

a especialização, lecionando na área de Didática, para cursos de licenciatura, na mesma

Universidade em que me formei, e tal trajetória se estende até hoje. Iniciei na docência em

2002, de 2007 a 2013 fui coordenadora do curso de Pedagogia, de 2010 a 2013 fui

coordenadora geral dos cursos de Licenciatura, de 2003 a 2013 atuei como coordenadora do

Programa Escola da Família2 e de 2009 a 2013 como coordenadora do Programa Bolsa

Alfabetização3. De 2012 a 2013 tive a experiência de ser coordenadora de área de gestão do

Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência (PIBID) e de 2014 em diante atuo

como Diretora Acadêmica do Centro de Ciências Humanas.

No período de 2006 a 2011, concomitantemente ao trabalho na Universidade, atuei

como professora efetiva na Rede Estadual de Ensino de São Paulo, nas séries iniciais do

Ensino Fundamental. Nesta Rede vivenciei diferenciadas propostas de alfabetização, e tive a

oportunidade de participar de inúmeras formações continuadas. Optei pela exoneração, pois

minha intenção era continuar os estudos no doutorado, e meu pedido de afastamento foi

negado pelo governo, pois a solicitação estava fora do prazo determinado no ano para tal.

2 O Programa Escola da Família é um programa social do Governo do Estado de São Paulo, que tem por objetivo

proporcionar atividades dentro de 4 eixos: esporte, cultura, qualificação para o trabalho e saúde para a comunidade de dentro

e de fora dos entornos escolares, aos finais de semana. Para tanto, participam como “Educadores Universitários” estudantes

bolsistas das IES conveniadas. 3 O Programa Bolsa Alfabetização é um programa do Governo do Estado de São Paulo que insere no dia a dia escolar, em

salas de alfabetização, estudantes dos cursos de Pedagogia e Letras de IES conveniadas. Denominados “Alunos

Pesquisadores”, atuam junto aos professores regentes na complexa tarefa de buscar garantir a obtenção das competências de

leitura e de escrita por todos os alunos.

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No ano de 2012 participei do processo seletivo para o doutorado no Programa de Pós-

graduação em Educação: Currículo da PUC-SP e fui aprovada, iniciando em 2013.

Como tive a experiência de Coordenadora de área de gestão do PIBID, e este ser um

programa de formação inicial de professores, optei por tê-lo como objeto de pesquisa.

Desta forma, o objetivo geral desta pesquisa foi de identificar as contribuições do

PIBID na formação inicial de professores em uma IES privada, filantrópica, confessional

localizada no município de Bauru, interior do estado de São Paulo, tendo como categorias de

análise a articulação teoria-prática e a compreensão do conceito de trabalho docente.

Os objetivos específicos foram os de: descrever/discutir políticas de formação inicial

de professores no Brasil pós Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394 de 20

de dezembro de 1996 (LDB 9.394/96); explicitar conceitos, objetivos e organização do

PIBID; conceituar trabalho docente; explicitar a relação teoria-prática na formação inicial do

professor e as implicações do currículo neste processo; analisar as contribuições do PIBID

para o desenvolvimento da relação teoria-prática e para a construção de um conceito de

trabalho docente.

O desenvolvimento desta pesquisa se justificou inicialmente devido ao fato de o

PIBID ser uma política de formação inicial de professores no Brasil, e como tal, deve ser

avaliada e analisada para que seja possível verificar suas contribuições para a formação

docente, uma vez que os investimentos públicos para sua execução são grandes e, por isso,

devem surtir resultados que efetivamente contribuam para a qualidade da educação pública do

país.

Justificou-se, também, por termos como categorias de análise a compreensão do

conceito de trabalho docente e a articulação teoria-prática na formação inicial. Ao analisarmos

os objetivos do PIBID, percebemos a intenção de busca dessa compreensão e articulação.

Atualmente são várias as ações e políticas em âmbito nacional que buscam a melhoria

da qualidade do ensino, pois as análises e estudos sobre o tema demonstram a necessidade de

se transformar tal situação. Com isso o debate sobre a formação inicial de professores é muito

pertinente e podemos considerar a importância de analisarmos programas de indução e

fomento da formação inicial e continuada de professores para a educação básica, como é o

caso do PIBID.

No primeiro capítulo discutimos a formação inicial de professores pós LDB 9.394/96,

destacando as legislações pertinentes que são explicitadas em um quadro histórico evolutivo,

e análises teóricas referenciadas em Mizukami (2013), Saviani (1997), García (1999). Para

aprofundamento elaboramos um quadro comparativo entre as Resoluções CNE/CP nº 1 de 18

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de fevereiro de 2002 e 02 de 19 de fevereiro de 2002, com a Resolução CNE/CP nº 2 de 1º de

julho de 2015, que são as Diretrizes Curriculares para formação de professores da Educação

Básica no Brasil. Finalizamos com uma breve apresentação de Programas de Formação Inicial

de Professores que foram idealizados e realizados pós LDB 9.394/96, dentre os quais está o

PIBID, do qual trataremos mais especificamente nos capítulos posteriores.

No capítulo 2 tratamos da conceituação do trabalho docente, iniciando com a

conceituação de trabalho, globalização e cultura e suas relações com o trabalho, a escola e sua

relação com o trabalho docente, e o processo de trabalho docente. Para construção deste

capítulo tivemos como aporte teórico os estudos de Feldmann (2003 e 2009), Nadal (2009),

Noffs e Feldmann (2013), Santos e Matos (1999), Tardif (2010), Tardif e Lessard (2012),

Gimeno Sácristan (2007), Burbules e Torres (2004), e Pérez Gómez (1998).

A relação teoria-prática na formação inicial do professor e a influência do Currículo

neste processo são apresentadas no capítulo 3, que inicia com os conceitos de formação e

formação docente, caminha para a relação teoria-prática e suas implicações, descrevendo

aspectos dessa relação. Adentramos na questão do currículo, suas conceituações e tradições, a

delimitação do currículo no Brasil pós LDB 9.394/96, a influência do currículo no trabalho e

na formação do professor. Descrevemos três modelos de currículo na formação dos

professores, e quatro perspectivas básicas que orientam tais currículos. Optamos por

aprofundar a perspectiva de reflexão na prática para reconstrução social, uma vez que se

aproxima das características do PIBID. Os referenciais teóricos deste capítulo foram

Feldmann (2008), Feldmann e D’Água (2009), García (1999), Imbernón (2013), Mizukami

(2013), Gimeno Sácristan (1998, 1999 e 2000), Sánchez Vázquez (2011), Santos e Matos

(1999), Gamboa (1996), Moreira (2007), Hamilton (1992), Chizzotti e Ponce (2012), Malta

(2010), Arroyo (2007), e Pérez Gómez (1998).

Os procedimentos metodológicos utilizados na pesquisa são explicitados no capítulo 4,

cuja pesquisa privilegia uma abordagem qualitativa de caráter reflexivo, com finalidade

descritiva, analítica e interpretativa. Os meios de investigação utilizados foram pesquisa

bibliográfica, documental e pesquisa de campo com utilização de questionários como

instrumentos de coleta de informações. O referencial metodológico foi baseado em Chizzotti

(2010), Dezin e Lincoln (2007), Bodgan e Biklen (1999), Schwandt (2007), Gil (2010),

Trivinos (1987), Severino (2002), Lakatos e Marconi (1991), e Alves-Mazzotti e

Gewandsznajder (1999).

O capítulo 5, inicialmente por meio da análise documental, descreve o PIBID como

política de formação inicial de professores no Brasil. Seus objetivos são explicitados em um

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quadro comparativo, sintetiza os editais desde 2007 quando lançado o programa, trata dos

princípios pedagógicos e apresenta os números principais da evolução do PIBID no Brasil.

Posteriormente, com base na pesquisa de campo, delimita o PIBID na IES pesquisada,

apresenta uma análise dos relatórios institucionais de 2012/2013 e 2014/2015, descreve o

perfil dos participantes da pesquisa, e faz a análise da pesquisa especificamente.

Nas considerações finais referenciamos o PIBID como sendo uma política de

formação inicial de professores que pretende minimizar problemas relacionados à falta de

articulação teoria-prática e que culmina com a compreensão do conceito de trabalho docente

por quem dele participa, uma vez que incentiva a formação de docentes e busca elevar a

qualidade desta formação, contribuir para a valorização do magistério, por meio da inserção

de estudantes de licenciatura no cotidiano da escola, proporcionando a participação destes em

experiências metodológicas concretas, pois é pautado em pressupostos teórico-metodológicos

que buscam a articulação teoria-prática, através de diferentes faces da docência: a formação

inicial, os conhecimentos teóricos e práticos dos professores regentes, o contexto social da

escola e da sala de aula, assim como a pesquisa da prática em educação. Esse processo busca

enriquecer o processo de formação inicial para a docência.

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CAPÍTULO 1 – Formação inicial de professores no Brasil pós LDB 9.394/96

Historicamente, no Brasil, a formação de professores em cursos específicos é marcada

do final do século 19 com a criação das Escolas Normais, o que na época correspondia ao

ensino secundário e atualmente ao Ensino Médio. Tais escolas continuaram a oferecer a

formação de professores para as séries iniciais do ensino fundamental e educação infantil, até

aproximadamente 1996, quando se inicia através da nova lei o desejo/orientação de que essa

formação se fizesse em cursos de nível superior.

Vale destacar que

É no início do século XX que se dá o aparecimento manifesto da

preocupação com a formação de professores para o “secundário”

(correspondendo aos atuais anos finais do ensino fundamental e ao ensino

médio), em cursos regulares e específicos. Até então, esse trabalho era

exercido por profissionais liberais ou autodidatas, mas há que considerar que

o número de escolas secundárias era bem pequeno, bem como o número de

alunos. No final dos anos de 1930, a partir da formação de bacharéis nas

poucas universidades então existentes, acrescenta-se um ano com disciplinas

da área de educação para a obtenção da licenciatura, esta dirigida à formação

de docentes para o “ensino secundário” (formação que veio a denominar-se

popularmente “3 + 1”). (GATTI, 2010, p.1356)

A LDB 9.394/96 é um marco sobre as discussões de formação de professores no

Brasil, pois proporcionou a institucionalização de políticas de formação de professores pelo

Ministério da Educação (MEC).

A LDB 9.394/96 inicia o debate sobre a formação dos profissionais da educação,

principalmente com o artigo 62:

Art. 62º. A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em

nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em

universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação

mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro

primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na

modalidade Normal. (BRASIL, 1996).

Os cursos de licenciatura no Brasil são destinados a formar professores para

lecionarem na Educação Básica: Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio,

sejam regulares ou profissionalizantes, Educação de Jovens e Adultos, e Educação Especial.

A docência como profissão é considerada uma profissão complexa, e assim como as

demais, para se tornar profissional, é preciso passar por um processo de formação. Aprender a

ensinar, aprender a ser professor, é um processo que se inicia no curso de licenciatura, no

Ensino Superior, mas se estende para a vida. A formação inicial, porém, é o início deste

processo de forma sistemática, fundamentada e contextualizada. (MIZUKAMI, 2013).

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No que se refere ao Ensino Superior, Saviani (1997) argumenta que nas Universidades

existe uma massa crítica acumulada muito dispersa, tanto no que se refere às teorias quanto às

experiências. O autor afirma que os grupos de pesquisa são fundamentais na produção do

conhecimento acadêmico, e os tendo como referência, sugere se

[...] não estaria na hora de pensar também em “grupos de ensino” como um

mecanismo de se alterar a estrutura e a forma de condução dos processos

formativos. Tais grupos de ensino, à semelhança daqueles de pesquisa,

reuniriam os professores com experiência e interesse em determinada

modalidade de ensino [...] propondo e desenvolvendo projetos de ensino que

viessem responder aos problemas formativos próprios [...] (SAVIANI, 1997,

p. 221).

Desde a LDB 9.394/96, foram instituídas medidas para a formação de professores, em

nível federal, através de Pareceres e Resoluções, processo este que inicia uma reorganização

na formação de professores no Brasil. Para Mizukami (2013, p. 24), “O grande desafio

colocado atualmente refere-se à necessidade de se formar bons professores para cada sala de

aula de cada escola por meio de processos formativos pertinentes a um mundo em mudança”.

Analisar o processo de reorganização da formação de professores no Brasil é

fundamental para compreendermos a situação atual da educação em nosso país, embora não

pretendamos colocar na formação do professor a responsabilidade sobre tal situação, pois

entendemos as variáveis desse processo, como, por exemplo, o financiamento da educação, as

formas de gestão e a formação dos gestores, as questões culturais tanto nacionais quanto

regionais e locais, os problemas sociais, a estrutura das escolas, a valorização do professor,

dentre outras. Mas queremos destacar a formação inicial do professor, especificamente no que

se refere a essa formação no ensino superior.

A LDB 9.394/96 determinou em suas disposições transitórias, um prazo de dez anos

para que os sistemas de ensino se adequassem. A decisão pela determinação deste prazo se

deu principalmente por que os professores do ensino fundamental (anos iniciais) possuíam

formação no magistério, em nível médio, além de leigos.

A título de aprofundamento, vale destacar o conceito de formação de professores de

García (1999)

[...] é a área de conhecimentos, investigação e de propostas teóricas e

práticas que, no âmbito da Didactica e da Organização Escolar, estuda os

processos através dos quais os professores – em formação ou em exercício –

se implicam individualmente ou em equipa, em experiências de

aprendizagem através das quais adquirem ou melhoram os seus

conhecimentos, competências e disposições, e que lhes permite intervir

profissionalmente no desenvolvimento do seu ensino, do currículo e da

escola, com o objetivo de melhorar a qualidade da educação que os alunos

recebem. (GARCÍA, 1999, p. 26)

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Com isso, fica claro que a formação inicial do professor é fundamental para a

qualidade da educação que as escolas oferecem, das quais destacamos as públicas.

Para compreendermos o processo de evolução da formação inicial de professores no

Brasil, precisamos analisar o percurso das propostas legais para a sistematização desta

formação.

A seguir apresentamos um quadro histórico que contempla de forma crescente os

pareceres, resoluções e leis que culminaram com a sistematização de programas de formação

inicial de professores pós LDB 9.394/96, dentre eles o PIBID que é o objeto de nossa

investigação.

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Quadro 1 – Evolução histórica de legislação referente à Formação Inicial de Professores no Brasil pós LDB 9.393/96.

Parecer CNE/CP 04/1997 Proposta de resolução referente ao programa especial de formação de Professores para o 1º

e 2º graus de ensino

Resolução CNE/CEB 02/97 Dispõe sobre os programas especiais de formação pedagógica de docentes para as

disciplinas do currículo do ensino fundamental, do ensino médio e da educação profissional

em nível médio.

Parecer CNE/CP 115/1999 Diretrizes Gerais para os Institutos Superiores de Educação.

Decreto 3.276/1999 Dispõe sobre a formação em nível superior de professores para atuar na educação básica.

Resolução CNE/CEB nº 02 de 19 de abril de

1999

Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Docentes da Educação

Infantil e dos anos iniciais do Ensino Fundamental, em nível médio, na modalidade

Normal.

Lei 10.172 de 09 de janeiro de 2001 Plano Nacional da Educação e em especial no item “Formação dos Professores e

Valorização do Magistério”, estabelece as metas. Esse plano vigorou de 2001 a 2010.

Parecer CNE/CP nº 9 de 8 de maio de 2001 Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, em

nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena.

Parecer CNE/CP nº 21 de 6 de agosto de 2001 Duração e carga horária dos cursos de Formação de Professores da Educação Básica, em

nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena.

Parecer CNE/CP nº 27 de 2 de outubro de 2001 Dá nova redação ao item 3.6, alínea c, do Parecer CNE/CP 9/2001, que dispõe sobre as

Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, em

nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena.

Parecer CNE/CP nº 28 de 2 de outubro de 2001 Dá nova redação ao Parecer CNE/CP 21/2001, que estabelece a duração e a carga horária

dos cursos de Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de

licenciatura, de graduação plena.

Parecer CNE/CP 009/2001 e a Resolução

CNE/CP nº 01 de 18 de fevereiro de 2002

Instituem as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da

Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena.

Resolução CNE/CP nº 02 de 19 de fevereiro de

2002

Institui a carga horária e duração dos cursos de licenciatura.

Resolução CNE/CEB n.º 1, de 20 de agosto de

2003

Dispõe sobre os direitos dos profissionais da educação com formação de nível médio, na

modalidade Normal, em relação à prerrogativa do exercício da docência, em vista do

disposto na Lei 9.394/96.

Parecer CNE/CP n.º 4,de 6 de julho 2004 Adiamento do prazo previsto no art. 15 da Resolução CNE/CP 1/2002, que institui

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Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, em

nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena.

Parecer CNE/CES nº 197, de 7 de julho de 2004 Consulta, tendo em vista o art. 11 da Resolução CNE/CP 1/2002, referente às Diretrizes

Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica em nível

superior, curso de licenciatura, de graduação plena.

Parecer CNE/CES nº 228, de 4 de agosto de

2004

Consulta sobre reformulação curricular dos Cursos de Graduação.

Resolução CNE/CP n.º 2, de 27 de agosto de

2004

Adia o prazo previsto no art. 15 da Resolução CNE/CP 1/2002, que institui Diretrizes

Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, em nível

superior, curso de licenciatura, de graduação plena.

Parecer CNE/CES nº 15, de 2 de fevereiro de

2005

Solicitação de esclarecimento sobre as Resoluções CNE/CP nº 1/2002, que institui

Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, em

nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena, e nº 2/2002, que institui a duração

e a carga horária dos cursos de licenciatura, de graduação plena, de Formação de

Professores da Educação Básica, em nível superior.

Parecer CNE/CP n.º 4, de 13 de setembro de

2005

Aprecia a Indicação CNE/CP nº 3/2005, referente às Diretrizes Curriculares Nacionais para

a formação de professores fixadas pela Resolução CNE/CP nº 1/2002.

Resolução CNE/CP n.º 1, de 17 de novembro de

2005

Altera a Resolução CNE/CP nº 1/2002, que institui Diretrizes Curriculares Nacionais para

a Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de Licenciatura

de graduação plena.

Parecer CNE/CP n.º 5, de 13 de dezembro de

2005

Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Pedagogia.

Parecer CNE/CP n° 3, de 21 de fevereiro de

2006

Reexame do Parecer CNE/CP nº 5/2005, que trata das Diretrizes Curriculares Nacionais

para o Curso de Pedagogia.

Resolução CNE/CP n.º 1, de 15 de maio de 2006 Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Pedagogia,

licenciatura.

Parecer CNE/CP n.º 5, de 4 de abril de 2006 Aprecia Indicação CNE/CP nº 2/2002 sobre Diretrizes Curriculares Nacionais para Cursos

de Formação de Professores para a Educação Básica.

Decreto nº 6.094 de 24 de abril de 2007 Dispõe sobre a implementação do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação,

pela União Federal, em regime de colaboração com Municípios, Distrito Federal e Estados,

e a participação das famílias e da comunidade, mediante programas e ações de assistência

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técnica e financeira, visando a mobilização social pela melhoria da qualidade da educação

básica. Prevê em seu Art. 8º a formação de professores e profissionais de serviços e apoio

escolar.

Lei nº 11.502, de 11 de julho de 2007 Modifica as competências e a estrutura organizacional da fundação Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), de que trata a Lei no 8.405, de 9

de janeiro de 1992; e altera as Leis nº 8.405 de 9 de janeiro de 1992, e nº 11.273 de 6 de

fevereiro de 2006, que autoriza a concessão de bolsas de estudo e de pesquisa a

participantes de programas de formação inicial e continuada de professores para a

educação básica.

Parecer CNE/CP nº 9, de 5 de dezembro de 2007 Reorganização da carga horária mínima dos cursos de Formação de Professores, em nível

superior, para a Educação Básica e Educação Profissional no nível da Educação Básica.

Parecer CNE/CP nº 8/2008, aprovado em 2 de

dezembro de 2008

Diretrizes Operacionais para a implantação do Programa Emergencial de Segunda

Licenciatura para Professores em exercício na Educação Básica Pública a ser coordenado

pelo MEC em regime de colaboração com os sistemas de ensino e realizado por

instituições públicas de Educação Superior.

Decreto nº 6.755 de 29 de janeiro de 2009 Institui a Política Nacional de Formação de Profissionais do Magistério da Educação

Básica, disciplina a atuação da CAPES no fomento a programas de formação inicial e

continuada.

Resolução CNE/CP nº 1, de 11 de fevereiro de

2009

Estabelece Diretrizes Operacionais para a implantação do Programa Emergencial de

Segunda Licenciatura para Professores em exercício na Educação Básica Pública a ser

coordenado pelo MEC em regime de colaboração com os sistemas de ensino e realizado

por instituições públicas de Educação Superior.

Parecer CNE/CP nº 8/2009, aprovado em 2 de

junho de 2009

Consulta sobre o conceito da figura de “formados por treinamento em serviço” constante

do parágrafo 4º do artigo 87 da LDB.

Lei n° 11.947, de 16 de junho de 2009 Em seu art. 31 autoriza o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE e a

CAPES a conceder bolsas de estudo e bolsas de pesquisa no âmbito dos programas de

formação de professores para a educação básica desenvolvidos pelo Ministério da

Educação.

Parecer CNE/CP nº 15/2009, aprovado em 4 de

agosto de 2009

Consulta sobre a categoria profissional do professor de curso livre e de Educação

Profissional Técnica de Nível Médio, com base no Plano Nacional de Educação.

Lei 12.014 de 06 de agosto de 2009 Altera o art. 61 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, com a finalidade de

discriminar as categorias de trabalhadores que se devem considerar profissionais da

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educação.

Lei 12.056 de 13 de outubro de 2009 Acrescenta parágrafos ao art. 62 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que

estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Os parágrafos tratam da formação

inicial, continuada e a capacitação dos profissionais de magistério, com a possibilidade de

utilizar recursos e tecnologias de educação a distância, e que a formação inicial de

profissionais de magistério dará preferência ao ensino presencial.

Parecer CNE/CEB nº 5/2010, aprovado em 10 de

março de 2010

Consulta sobre a aplicabilidade do artigo 62 da Lei nº 9.394/96 (LDB).

Resolução CNE/CP nº 1 de 18 de março de 2011 Estabelece diretrizes para a obtenção de uma nova habilitação pelos portadores de Diploma

de Licenciatura em Letras.

Parecer CNE/CP nº 8/2011, aprovado em 9 de

novembro de 2011

Aprecia a proposta de alteração do art. 1º da Resolução CNE/CP nº 1, de 11 de fevereiro de

2009, que estabeleceu as Diretrizes Operacionais para a implantação do Programa

Emergencial de Segunda Licenciatura para Professores em exercício na Educação Básica

Pública a ser coordenado pelo MEC.

Resolução CNE/CP nº 3 de 7 de dezembro de

2012

Altera a redação do art. 1º da Resolução CNE/CP nº 1, de 11 de fevereiro de 2009, que

estabelece Diretrizes Operacionais para a implantação do Programa Emergencial de

Segunda Licenciatura para Professores em exercício na Educação Básica Pública a ser

coordenado pelo MEC.

Lei 12.796 de 04 de abril de 2013 Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da

educação nacional, para dispor sobre a formação dos profissionais da educação.

Parecer CNE/CP nº 6/2014, aprovado em 2 de

abril de 2014

Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores Indígenas.

Lei 13.005 de 25 de junho de 2014 Aprova o novo Plano Nacional de Educação, que vigorará de 2014 a 2024, em especial a

meta 15 que trata da Formação dos profissionais da educação/professores da Educação

Básica em cursos de Licenciatura em nível superior.

Resolução CNE/CP nº 02 de 1º de julho de 2015 Define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação inicial em nível superior

(cursos de licenciatura, cursos de formação pedagógica para graduados e cursos de segunda

licenciatura) e para a formação continuada.

Resolução CNE/CP nº 1, de 7 de janeiro de 2015 Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores Indígenas em

cursos de Educação Superior e de Ensino Médio e dá outras providências. Fonte: Elaborado pela autora

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Destacamos em especial o ano de 2009, com sete legislações referentes à formação de

professores, dentre as quais o Plano Nacional de Formação de professores da Educação Básica

(PARFOR), que se caracterizou como um salto qualitativo na formação.

Considerando que as diretrizes curriculares para a formação de professores são a base

para as avaliações externas, as Universidades reconstroem seus currículos adequando-os as

novas exigências, e desta forma são elas que encaminham a formação docente do país. Neste

ponto, levanta-se a dicotomia existente entre a formação teórica e prática que discutiremos em

capítulos seguintes.

Para compreender o processo de alteração das concepções de formação de professores

no Brasil, faremos um breve comparativo das resoluções, e especificamente analisaremos o

que se refere à formação inicial de professores, uma vez que a resolução mais recente de 2015

trata também da formação continuada e formação pedagógica para graduados e segunda

licenciatura.

Esse quadro comparativo tem como objetivo fundamentar o percurso de formação

inicial em nível superior, e a partir dele, conseguir identificar aspectos que justifiquem a

existência de programas de formação inicial como o PIBID.

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Resolução CNE/CP nº 1

de 18 de fevereiro de 2002 e

nº 02 de 19 de fevereiro de 2002

Resolução CNE/CP nº 1

de 15 de maio de 2006

Resolução CNE/CP nº 2

de 1º de julho de 2015

Trata da formação inicial de professores da

Educação Básica em nível superior

(Licenciatura).

Institui as diretrizes curriculares nacionais

para o curso de graduação em Pedagogia,

licenciatura.

Trata da formação inicial de professores da

Educação Básica em nível superior

(licenciatura, formação pedagógica para

graduados e segunda licenciatura) e da

formação continuada.

Carga horária mínima de 2.800 horas. Carga horária mínima de 3.200 horas. Carga horária mínima de 3.200 horas.

Integralização em no mínimo 3 anos. Não prevê o tempo de integralização. Integralização em no mínimo 4 anos.

400 horas de prática como componente

curricular distribuídas ao longo do curso.

Não prevê o desenvolvimento das horas de

prática como componente curricular.

400 horas de prática como componente

curricular distribuídas ao longo do curso

400 horas de estágio curricular a partir da

segunda metade do curso.

300 horas de estágio supervisionado

prioritariamente em Educação Infantil e anos

iniciais do ensino fundamental.

400 horas de estágio curricular na área de

formação ou outras áreas, conforme o projeto

de curso.

1.800 horas de aulas para os conteúdos de

natureza científico-cultural.

2.800 horas de atividades formativas, como

aulas, seminários, pesquisas, visitas,

atividades práticas de diferentes naturezas.

2.200 horas de atividades formativas

estruturadas pelos núcleos.

200 horas para outras formas de atividades

acadêmico-científico-culturais.

100 horas de atividades teórico-práticas de

aprofundamento em áreas específicas de

200 horas de atividades teórico-práticas de

aprofundamento em áreas específicas de

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interesse dos alunos, por meio da iniciação

científica, da extensão e da monitoria.

interesse dos estudantes como iniciação

científica, iniciação à docência, extensão,

monitoria.

Redução de até 200 horas do estágio curricular

para quem comprove que exerce atividade

docente.

Não prevê a redução de horas de estágio para

quem exerce atividade docente.

Redução de até 100 horas do estágio

curricular para os portadores de diploma de

licenciatura que comprovem o exercício da

atividade docente.

Tem como princípio a concepção de

“competência” como nuclear na orientação do

curso.

Tem como princípio a articulação entre

conhecimentos científicos e culturais, valores

éticos e estéticos inerentes a processos de

aprendizagem, de socialização e de

construção do conhecimento, no âmbito do

diálogo entre diferentes visões de mundo.

Tem como princípio a articulação entre a

teoria e a prática, no domínio dos

conhecimentos científicos e didáticos.

Matriz organizada em 6 Eixos articuladores:

I – Conhecimento profissional.

II – Interação e comunicação; autonomia

intelectual e profissional.

III – Disciplinaridade e Interdisciplinaridade.

IV – Formação comum e formação específica.

V – Conhecimentos a serem ensinados e

conhecimentos filosóficos, educacionais e

Matriz organizada em 3 Núcleos:

I – Estudos básicos por meio da literatura

pertinente e realidades educacionais, reflexão

e ações críticas.

II – Aprofundamento e diversificação de

estudos voltados às áreas de atuação

profissional, atendendo diferentes demandas

sociais.

Matriz organizada em 3 Núcleos:

I – Estudos de formação geral, das áreas

específicas e interdisciplinares, e do campo

educacional, seus fundamentos e

metodologias, e das diversas realidades

educacionais.

II – Aprofundamento e diversificação de

estudos das áreas de atuação profissional,

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pedagógicos.

VI – Dimensões teóricas e práticas.

III – Estudos Integradores de enriquecimento

curricular.

incluindo os conteúdos específicos e

pedagógicos, em sintonia com os sistemas de

ensino, atendendo as demandas sociais.

III – Estudos integradores para

enriquecimento curricular.

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O que podemos notar é que a existência de 400 horas de prática como componente

curricular presente nas diretrizes é uma tentativa de articulação da relação teoria-prática na

construção dos currículos de formação de professores.

Em relação a obrigatoriedade de 400 horas de estágio curricular, é uma estratégia que

busca possibilitar a compreensão da complexidade da profissão.

A análise das legislações nos encaminha a refletir sobre a importância da existência de

Programas de formação inicial de professores, fomentados por órgãos públicos, pois além de

ser uma justificativa de ação política, se relaciona principalmente à necessidade de melhoria

da qualidade da formação inicial de professores oferecida pelas IES.

1.1 Programas de Formação de professores: a CAPES como instituição formadora

Pós LDB 9.394/96 surgem programas destinados à formação de professores da

educação básica com vista a atender a legislação.

Vale ressaltar que no Governo Lula4 aconteceu a ampliação do Fundo de

Financiamento e Manutenção do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério

(FUNDEF), que era o principal mecanismo de financiamento da educação básica, mas que

priorizava o ensino fundamental. Com o advento da Lei nº 11.494, de 20 de junho de 2007,

foi implementado o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de

Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB). Esse novo mecanismo de

financiamento passou a abranger toda a educação básica, com fundos também destinados à

formação de professores.

Diante disso, a CAPES, criada em 11 de julho de 1951, pelo Decreto nº 29.741,

fundação do MEC que atua na coordenação e avaliação dos programas de pós-graduação

stricto sensu (mestrado e doutorado) em todos os estados do Brasil, com mecanismos de

controle de qualidade, a partir de 2007, passou a atuar junto à formação de professores da

educação básica e dentre suas atividades desenvolve programas de indução e fomento da

formação inicial e continuada de professores para a educação básica nos formatos presencial e

a distância. Tal atribuição é consolidada no Decreto nº 6.755, de 29 de janeiro de 2009, que

instituiu a Política Nacional de Formação de Profissionais do Magistério da Educação Básica.

4 O Governo Lula (2003–2010) corresponde ao período da história política brasileira que se inicia com a posse de Luiz Inácio

Lula da Silva à presidência, em 1 de janeiro de 2003. Governou o país em dois mandatos (2003 até 2006, e de 2007 até

2010).

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A partir deste decreto, criam-se duas diretorias, uma de Educação Básica Presencial

(DEB) e outra de Educação a Distância (DED). As ações de ambas culminaram com o

lançamento do Plano Nacional de Formação dos Professores da Educação Básica, em 28 de

maio de 2009. Com este plano foram implementados programas para contribuir com o

aprimoramento da qualidade da educação básica e estimular experiências inovadoras e o uso

de recursos e tecnologias de comunicação e informação nas modalidades de educação

presencial e a distância.

A descrição a seguir tem como objetivo não apenas apresentar os principais aspectos

de cada programa ofertado pela CAPES, mas também contribuir para a análise que faremos

posteriormente sobre o PIBID, uma vez que é também um desses programas.

1.1.1 Plano Nacional de Formação de professores da Educação Básica (PARFOR)

O PARFOR é um programa emergencial instituído para atender o disposto no artigo

11, inciso III do Decreto nº 6.755, de 29 de janeiro de 2009 e implantado em regime de

colaboração entre a CAPES, os estados, municípios, o Distrito Federal e as Instituições de

Educação Superior. O Programa oferta turmas especiais em cursos de Licenciatura, Segunda

licenciatura e Formação pedagógica.

O objetivo do PARFOR é induzir e fomentar a oferta de educação superior, gratuita e

de qualidade, para professores em exercício na rede pública de educação básica, para que

estes profissionais possam obter a formação exigida pela LDB 9.394/96 e contribuam para a

melhoria da qualidade da educação básica no País.

De acordo com dados disponíveis no site da CAPES, até 2014, foram implantadas

2.428 turmas, em 451 municípios, localizados em 24 unidades da federação. Nesse período o

PARFOR atendeu professores oriundos de 3.294 municípios brasileiros. Em 2015, 51.008

professores da educação básica frequentaram os cursos do PARFOR e 12.103 professores já

concluíram sua formação.

1.1.2 Universidade Aberta do Brasil (UAB)

A UAB é um sistema integrado por IES públicas que oferece cursos de nível superior

para camadas da população que têm dificuldade de acesso à formação universitária, por meio

do uso da metodologia da educação a distância. O público em geral é atendido, mas os

professores que atuam na educação básica têm prioridade de formação, seguidos dos

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dirigentes, gestores e trabalhadores em educação básica dos estados, municípios e do Distrito

Federal.

O Sistema UAB foi instituído pelo Decreto 5.800, de 8 de junho de 2006, para o

desenvolvimento da modalidade de educação a distância, com a finalidade de expandir e

interiorizar a oferta de cursos e programas de educação superior no País. Promove a

modalidade de educação a distância nas instituições públicas de ensino superior, bem como

apoia pesquisas em metodologias inovadoras de ensino superior respaldadas em tecnologias

de informação e comunicação. Além disso, incentiva a colaboração entre a União e os entes

federativos e estimula a criação de centros de formação permanentes por meio dos polos de

apoio presencial em localidades estratégicas.

A UAB propicia, de acordo com informações disponíveis em seu próprio site, a

articulação, a interação e a efetivação de iniciativas que estimulam a parceria dos três níveis

governamentais (federal, estadual e municipal) com as universidades públicas e demais

organizações interessadas, enquanto viabiliza mecanismos alternativos para o fomento, a

implantação e a execução de cursos de graduação e pós-graduação de forma consorciada.

Dados divulgados na mídia no mês de julho de 2016 relacionam 84 IES públicas que

tiveram suas propostas aprovadas no edital de 2014 para oferta de vagas. Também pelo

sistema UAB são ofertados mestrados profissionais em rede nacional no formato

semipresencial voltados a professores da educação básica nas áreas de: Matemática; Letras;

Ensino de Física; Artes; e História.

1.1.3 Licenciaturas Internacionais

A CAPES, por meio de sua Diretoria de Relações Internacionais, com base no Tratado

de Amizade assinado entre Brasil e Portugal em 22 de abril de 2000, lançou o Programa

Licenciaturas Internacionais em 2010, que selecionou projetos de melhoria do ensino e da

qualidade na formação inicial de professores, nas áreas de Química, Física, Matemática,

Biologia, Português, Artes e Educação Física, estimulando o intercâmbio de estudantes de

graduação em licenciaturas, em nível de graduação sanduíche. O Programa busca elevar a

qualidade dos cursos, tendo como prioridade a melhoria do ensino dos cursos de licenciatura e

a formação de professores.

De acordo com dados da CAPES, os objetivos do Programa Licenciaturas

Internacionais são de ampliar a formação de docentes para o ensino básico no contexto

nacional; ampliar e dinamizar as ações voltadas à formação de professores, priorizando a

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formação inicial desenvolvida nos cursos de licenciatura; e, apoiar a formulação e

implementação de novas diretrizes curriculares para a formação de professores, com ênfase no

Ensino Fundamental e Ensino Médio.

O último edital do Programa Licenciaturas Internacionais foi em 2014, para Portugal,

nas áreas de Biologia, Física, Química e Português. Foram selecionados 17 projetos de

parceria universitária entre cursos de licenciatura de universidades brasileiras e universidades

portuguesas visando à realização de graduação sanduíche de estudantes brasileiros. Foram

contemplados projetos voltados a estudantes de cursos de licenciaturas, com vistas a valorizar

e estimular a formação de professores de educação básica no Brasil. O benefício contempla

auxílio deslocamento, auxílio instalação e seguro saúde.

1.1.4 Programa de Apoio a Laboratórios Interdisciplinares de Formação de Educadores

(LIFE)

O programa LIFE visa selecionar propostas que tenham por objetivo a criação de

laboratórios interdisciplinares de formação de educadores. De responsabilidade da CAPES, os

laboratórios constituem espaços de uso comum das licenciaturas nas dependências de

Instituições Públicas de Ensino Superior (IPES), destinados a promover a interação entre

diferentes cursos de formação de professores, de modo a incentivar o desenvolvimento de

metodologias voltadas para a inovação das práticas pedagógicas; formação de caráter

interdisciplinar a estudantes de licenciatura; elaboração de materiais didáticos de caráter

interdisciplinar; uso de tecnologias da informação e comunicação; articulação entre os

programas da CAPES relacionados à educação básica.

Os projetos selecionados recebem recursos de custeio e de capital para a aquisição de

bens e materiais permanentes, destinados à criação de laboratórios interdisciplinares de

formação de educadores, visando transformá-los em espaços interdisciplinares que

proporcionem o atendimento das necessidades de formação de diferentes cursos de

licenciaturas implantados nas IPES.

De acordo com dados da CAPES, o último edital do LIFE foi em 2013 em que foram

implantados 254 laboratórios em instituições públicas de formação de professores.

1.1.5 Programa de Consolidação das Licenciaturas (Prodocência)

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Lançado em 2006 pela Secretaria de Educação Superior, em 2008, o Prodocência

passou a ser de responsabilidade da CAPES. Tem como objetivos estimular projetos de

cooperação entre IES com vistas a ações interdisciplinares e intersetoriais que contribuam

para elevar a qualidade da formação dos futuros docentes; fomentar a integração entre a

educação superior e a educação básica e contribuir para a superação de problemas

identificados nas avaliações feitas nos cursos de licenciatura.

Sua finalidade é o fomento à inovação e à elevação da qualidade dos cursos de

formação para o magistério da Educação Básica, na perspectiva de valorização da carreira

docente. O programa apoia projetos de caráter institucional, de instituições públicas de ensino

superior, no âmbito Federal, Estadual e Municipal, que possuam cursos de licenciaturas

autorizados, na forma da lei, e em funcionamento.

De acordo com os dados da CAPES, como resultados alcançados pelos projetos no

âmbito do Prodocência, destacam-se entre outros: maior integração entre as licenciaturas e

entre as disciplinas (ações envolvendo desde a articulação e o diálogo entre as licenciaturas

até a apresentação de propostas de trabalho intersetoriais e interdisciplinares); inserção,

inovação nos conteúdos curriculares por meio do desenvolvimento de projetos em disciplinas,

principalmente nos estágios e práticas; formação dos licenciandos com maior articulação entre

teoria e prática e entre educação superior e escolas de educação básica (desenvolvimento de

redes e de mecanismos de articulação com as escolas públicas); desenvolvimento de

metodologias inovadoras para a educação superior, elaboração de práticas formativas

diferenciadas com foco no enfrentamento de problemas da educação básica, produção de

atividades de ensino e de materiais didáticos, tendo a pesquisa como princípio formativo dos

licenciandos.

O relatório de Gestão da Diretoria de Educação Básica 2009-2014 da CAPES,

apresenta que 2013 foi o último edital do Prodocência; os projetos têm vigência de 2 anos.

Foram aprovados 66 novos projetos em 2013, envolvendo 319 licenciaturas, alocadas em 88

IES públicas, cujos principais impactos foram relacionados à gestão das licenciaturas nas IES,

inovações curriculares, inovações metodológicas.

1.2 Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID)

Um destes programas é o PIBID, institucionalizado pelo Decreto nº 7.219, de 24 de

junho de 2010. O PIBID é um programa de formação inicial de professores para a educação

básica, que concede bolsas a alunos de licenciatura participantes de projetos de iniciação à

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docência, desenvolvidos por IES em parceria com escolas de educação básica da rede pública

de ensino. Os projetos de iniciação à docência das IES buscam inserir os estudantes no

contexto das escolas públicas desde o início da sua formação acadêmica para que

desenvolvam atividades didático-pedagógicas sob orientação de um docente da licenciatura e

de um professor da escola.

Os objetivos do PIBID são:

I - Incentivar a formação de docentes em nível superior para a educação

básica; contribuir para a valorização do magistério;

II - Elevar a qualidade da formação inicial de professores nos cursos de

licenciatura, promovendo a integração entre educação superior e educação

básica;

III - Inserir os licenciandos no cotidiano de escolas da rede pública de

educação, proporcionando-lhes oportunidades de criação e participação em

experiências metodológicas, tecnológicas e práticas docentes de caráter

inovador e interdisciplinar que busquem a superação de problemas

identificados no processo de ensino-aprendizagem;

IV - Incentivar escolas públicas de educação básica, mobilizando seus

professores como coformadores dos futuros docentes e tornando-as

protagonistas nos processos de formação inicial para o magistério;

V - Contribuir para a articulação entre teoria e prática necessárias à

formação dos docentes, elevando a qualidade das ações acadêmicas nos

cursos de licenciatura e,

VI - Contribuir para que os estudantes de licenciatura se insiram na cultura

escolar do magistério, por meio da apropriação e da reflexão de

instrumentos, saberes e peculiaridades do trabalho docente. (CAPES/DEB,

2009-2014)

O desenvolvimento do projeto de iniciação à docência nasce a partir do lançamento do

Edital da CAPES, em que as IES interessadas em participar apresentam seus projetos para

seleção, podendo se candidatar IES públicas e privadas com e sem fins lucrativos que

ofereçam cursos de licenciatura. Se aprovadas, recebem cotas de bolsas e recursos de custeio

e capital para o desenvolvimento das atividades do projeto. Já os bolsistas são selecionados

por processos internos de cada IES.

Existem cinco modalidades de bolsas sendo elas de Iniciação à Docência (estudantes

de licenciatura); Supervisão (professores de escolas públicas de educação básica que

supervisionam, no mínimo, cinco e, no máximo, dez bolsistas da licenciatura); Coordenação

de área (professores da licenciatura que coordenam subprojetos); Coordenação de área de

gestão de processos educacionais (professor da licenciatura que auxilia na gestão do projeto

na IES) e Coordenação institucional (professor da licenciatura que coordena o projeto PIBID

na IES). As bolsas são pagas pela CAPES diretamente aos bolsistas, por meio de crédito

bancário; entretanto, as IES públicas e privadas sem fins lucrativos podem receber recursos

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financeiros para custear despesas essenciais à execução dos projetos, por exemplo, a aquisição

de material de consumo para as atividades desenvolvidas nas escolas.

Vale destacar que o PIBID tem uma proposta diferenciada do estágio curricular

supervisionado obrigatório por ser extracurricular, com carga horária maior que a estabelecida

pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) e por acolher bolsistas desde o primeiro semestre

letivo, de acordo com a opção da IES em seu projeto. A participação do bolsista no cotidiano

das escolas deve ser integral e não de caráter de observação, como muitas vezes propõem os

estágios, pois o importante é a vivência dos variados aspectos pedagógicos do dia a dia

escolar.

1.2.1 Referências legais do PIBID:

• Portaria Normativa nº 38, de 12/12/2007: institui o PIBID.

• Edital MEC/CAPES/FNDE nº 01/2007 de 13/12/2007: primeiro edital do PIBID para

instituições federais de ensino superior (IFES).

• Portaria nº 122, de 16/09/2009, publicada no DOU de 18/09/2009: dispõe sobre o

PIBID no âmbito da CAPES.

• Edital CAPES/DEB nº 02/2009 de 25/09/2009: amplia o PIBID às instituições

públicas estaduais.

• Portaria nº 1.243, de 30/12/2009: reajusta os valores das bolsas de participantes de

programas de formação inicial e continuada de professores.

• Portaria nº 72, de 09/04/2010: estende o PIBID às públicas municipais e às instituições

comunitárias, confessionais e filantrópicas sem fins lucrativos.

• Edital CAPES/DEB nº 18/2010 publicado no DOU nº 69, Seção 3. página 18 de

13/04/2010: Chamada de projetos para instituições públicas municipais e comunitárias,

confessionais e filantrópicas sem fins lucrativos.

• Portaria nº 136, de 1º/07/2010: altera modalidade de aplicação de dotação

orçamentária referente ao PIBID.

• Decreto nº 7.219, de 24 de julho de 2010: dispõe sobre Programa Institucional de

Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID.

• Edital Conjunto CAPES/SECADI - PIBID Diversidade, de 22 de outubro de 2010:

lança o PIBID para alunos dos cursos de licenciatura dos programas da SECADI, PROLIND

e PROCAMPO.

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• Portaria nº 260, de 30 de dezembro de 2010: Aprova as normas do Programa

Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID.

• Edital nº 1/2011 CAPES, de 03 de janeiro de 2011: convida instituições públicas de

Ensino Superior a participarem do PIBID.

• Portaria nº 21 de 12 de Março de 2012 que dispõe sobre a prorrogação da vigência dos

projetos PIBID, selecionados conforme editais 2009 e 2010.

. Edital nº 11/2012 CAPES, de 20 de março de 2012: para instituições de Ensino Superior que

já possuem o PIBID e desejam sua ampliação e para IES novas que queiram implementar o

PIBID em sua instituição.

• Portaria nº 096, de 18 de julho de 2013, aperfeiçoa e atualiza as normas do PIBID:

Regulamento .

• Edital 61/2013 de 02/08/2013: Seleção de projetos.

• Edital CAPES 66/2013: Seleção de projetos PIBID Diversidade.

1.2.2 Princípios pedagógicos do PIBID:

Os princípios sobre os quais se constrói o PIBID estão de acordo com estudos de

Nóvoa (2009 apud CAPES/DEB 2009-2014) sobre formação e desenvolvimento profissional

de professores e são:

1. formação de professores referenciada no trabalho na escola e na

vivência de casos concretos;

2. formação de professores realizada com a combinação do

conhecimento teórico e metodológico dos professores das instituições de

ensino superior e o conhecimento prático e vivencial dos professores das

escolas públicas;

3. formação de professores atenta às múltiplas facetas do cotidiano da

escola e à investigação e à pesquisa que levam à resolução de situações e à

inovação na educação;

4. formação de professores realizada com diálogo e trabalho coletivo,

realçando a responsabilidade social da profissão (NEVES, 2012). (2009 apud

CAPES/DEB 2009-2014, p.65)

1.2.3 Participantes

Podem participar do PIBID instituições públicas de ensino superior – federais,

estaduais e municipais - e instituições comunitárias, confessionais e filantrópicas, privadas

com e sem fins lucrativos, participantes de programas estratégicos do MEC, como o Programa

de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI), o

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42

Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (ENADE), o PARFOR e UAB. Os editais

definem as instituições que podem participar em cada edição.

Os bolsistas de iniciação à docência são alunos matriculados em cursos de licenciatura

das instituições participantes.

Os orientadores são educadores que orientam os licenciandos no seu processo de

formação, seja na IES ou na escola pública onde exercem a prática. Os educadores podem

atuar como:

• Coordenador institucional: docente responsável pela coordenação do projeto no

âmbito da IES e interlocutor da CAPES;

• Coordenadores de área: docentes das IES responsáveis pela coordenação e

desenvolvimento dos subprojetos, nas áreas de conhecimento que participam do programa.

Em IES com elevado número de bolsistas, podem ser definidos coordenadores de área de

gestão de processos educacionais, que atuam como coordenador adjunto, apoiando o

coordenador institucional para garantir a qualidade do projeto e o bom atendimento aos

bolsistas;

• Supervisores: professores das escolas públicas onde acontece a prática docente

designados para acompanharem os bolsistas de iniciação à docência.

1.2.4 Financiamento

De acordo com o Decreto que o regulamenta, o PIBID repassa um recurso de custeio

para as instituições e efetua o pagamento diretamente aos bolsistas, por meio do Sistema de

Auxílios e Concessões (SAC), da CAPES, as seguintes modalidades de bolsas:

I – iniciação à docência (estudantes de licenciatura regularmente matriculados, com dedicação

mínima de trinta horas mensais ao PIBID) – R$ 400,00;

II - coordenação institucional (professor da IES responsável perante a CAPES pelo projeto

institucional, zelando por sua unidade e qualidade) – R$ 1.500,00;

III - coordenação de área (professor da IES responsável pelo planejamento, organização,

acompanhamento, orientação e avaliação dos bolsistas em sua área de atuação acadêmica e

pela articulação e diálogo com as escolas públicas nas quais os bolsistas exercem suas

atividades) – R$ 1.400,00;

IV - supervisão (docente da escola pública de educação básica que integra o projeto

institucional, responsável por acompanhar e supervisionar as atividades dos bolsistas de

iniciação à docência) – R$ 765,00.

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O recurso de custeio baseia-se no número de bolsistas de iniciação à docência

participantes do projeto institucional. A base de cálculo para o valor do recurso de custeio é

de R$ 750,00/ano por bolsista de iniciação à docência participante do projeto institucional, até

o limite de R$30.000,00 por subprojeto/ano.

Exceto as instituições privadas com fins lucrativos, todas as públicas e privadas sem

fins lucrativos recebem recurso de custeio para realizar as atividades previstas no plano de

trabalho encaminhado a CAPES. Já as instituições privadas com fins lucrativos entram com o

valor de custeio como contrapartida.

No capítulo 5 apresentamos um melhor detalhamento do PIBID, mas antes iremos

discutir sobre o conceito de trabalho docente e a importância da relação teoria-prática na

formação inicial do professor e as implicações do currículo neste processo.

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CAPÍTULO 2 – O Trabalho Docente: caminhos para a definição de uma concepção

A temática que envolve a formação inicial de professores é sempre relevante, pois nela

se encontra a esperança do avanço da qualidade da educação brasileira, especialmente da rede

pública de ensino. Atualmente são várias as ações e políticas no âmbito nacional e estadual

que buscam a melhoria da qualidade do ensino, pois as análises e estudos sobre o tema

demonstram a necessidade premente de se transformar tal situação.

Para Feldmann (2003) a questão nuclear em um processo de desenvolvimento de

políticas educacionais está em considerar a complexidade, ambiguidade e diversidade,

presentes na relação entre educação e contemporaneidade.

Nos estudos sobre a função social da escola, Nadal (2009) afirma que não se tem

conseguido reverter o quadro da educação, principalmente a pública, inclusive esta em alguns

sentidos se agrava com o matiz neoliberal, universalização e verticalização do sistema

capitalista de produção que intensifica a diferença entre ricos e pobres, e com isso cria a

dificuldade de se estabelecer um projeto educativo coerente e transformador da sociedade

atual.

Corrobora com isso a necessidade de ampliarmos o debate sobre a formação inicial de

professores e neste sentindo podemos considerar que tais programas de indução e fomento da

formação inicial e continuada de professores para a educação básica, como é o caso do PIBID,

são políticas em desenvolvimento que culminam com a construção de uma concepção de

trabalho docente no Brasil.

Nesta linha de compreensão, evidenciamos a relação educação e mundo do trabalho

como um recorte da contemporaneidade e considerando que a construção da existência

humana passa pelo mundo do trabalho, passamos a explicitar as concepções de trabalho.

Para tratarmos da concepção de trabalho docente, precisamos inicialmente definir o

que é trabalho. Feldmann (2003) apresenta a concepção de trabalho em diferentes momentos

históricos. Inicialmente no mundo greco-romano, o trabalho era considerado atividade menor,

própria dos escravos, sendo que a cultura grega nega a relação entre atividade teórica e

atividade prática, de forma que o homem era compreendido como um ser teórico por

excelência, e essa cultura tinha atitude depreciativa com relação à práxis material produtiva.

Já no renascimento, o homem passa a ser entendido como um ser além de teórico, criador e

criativo, capaz de interferir na natureza e no mundo, resultando na redução da distância entre

atividade física e intelectual. Do século 5 ao 15, a autora destaca a ausência da ideia de lucro,

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sendo a vida econômica e social considerada a mesma coisa, e o trabalho um fim em si

mesmo.

No advento da idade média o trabalho e o capital não existiam como agentes básicos

da produção, a terra não possuía o sentido moderno de propriedade vendável, fonte de renda,

compra e venda. No sistema feudal, segundo Feldmann (2003), a terra passou a ser usada

como medida das riquezas do homem e com o comércio desenvolveu-se um novo tipo de

riqueza: o dinheiro. No mundo pré-capitalista, capital e trabalho tiveram uma concepção

bastante diferente, não havia a noção de mercado de trabalho, e o desenvolvimento do

comércio foi a principal causa da desintegração da sociedade medieval.

A autora destaca que, no século 18 ocorre um processo de valorização do trabalho

como atividade humana, e no início do século 19, o liberalismo clássico proporcionou as

bases filosóficas do sistema capitalista industrial.

Desta forma, compreendemos que o trabalho ultrapassa o seu valor de troca e se

constitui numa forma privilegiada de construção do sentido da vida, da experiência pessoal e

social do trabalhador, e com isso Santos e Matos (1999) consideram que uma relação de

trabalho não pode ser vinculada à lógica da produção, e sempre será uma relação bio-sócio-

técnica, subjetivamente mediada.

Esse breve relato histórico nos leva a refletir sobre

Qual o lugar da docência entre essas transformações? Lembremo-nos que a

docência é uma das mais antigas ocupações modernas, tão antiga quanto a

medicina e o direito. Ora, quando a situamos dentro da organização

socioeconômica do trabalho, ela representa atualmente um setor nevrálgico

sob todos os pontos de vista. (TARDIF, LESSARD, 2012, p. 21)

Considerando os aspectos da concepção de trabalho, para pensarmos na formação

inicial de professores, e na ação docente como trabalho, precisamos compreender o conceito

de globalização e a função da educação na sociedade e cultura globalizadas. Para tanto,

partimos das reflexões de Gimeno Sacristán (2007).

O termo globalização para o autor é um “guarda-chuva semântico” (p. 21), mas

pressupõe “as partes do mesmo” em uma grande rede que condiciona cada peça do todo, e

superando o reducionismo economicista, quando concentrada na dimensão cultural, a

globalização traz novos desafios para a educação.

[...] é o termo da atualidade para expressar as inter-relações econômicas,

políticas, de segurança, culturais e pessoais entre os indivíduos, os países e

os povos, dos mais próximos aos mais distantes lugares do planeta.

(GIMENO SACRISTÁN, 2007, p. 17).

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Para a compreensão deste movimento devemos considerar o papel da cultura e suas

determinações históricas, geopolíticas e econômicas. Para o mesmo autor acima referenciado

(2007), a cultura é uma forma de desfazer mal-estares, infligir danos, mas pode servir para

desvalorizar os demais, sentir-se superior, para justificar nossas ações. Para o autor, o conflito

entre culturas revela muitas vezes uma oposição entre marginalizados e marginalizadores. “A

globalização não pode ficar limitada a uma ligação entre ‘os de cima’, deixando de fora ‘os de

baixo’”. (p. 19)

O comércio aproximou povos e culturas, mas em uma perspectiva neoliberal, ao não

distribuir riqueza, não aproxima ou integra, mas provoca desigualdades, exclusão de países

inteiros. Independentemente de como os indivíduos participam da sociedade e da cultura, o

mercado liga produtores e consumidores, ao mesmo tempo em que desfaz laços sociais de

cooperação e o sentimento de pertença.

[...] a racionalidade científico-tecnológica, a tentativa de dominar e governar

o mundo físico, a aplicação da lógica econômica não podem por si só

governar o mundo, dar sentido a nossas vidas, sustentar relações

harmoniosas e preencher nossas aspirações de conhecer e de ser. Uma

simples arma branca manejada por uma ideia e alguns valores pode derrotar

toda a parafernália tecnocientífica em que se apoia nossa forma de ser e

viver ocidentais. (GIMENO SACRISTÁN, 2007, p. 20)

Para o autor o contexto da educação está repleto de representações sobre o outro, de

entendimento das situações humanas de conflito, em que a política nos aproxima física e

simbolicamente, nos une, mas também nos separa. Desta forma, a questão que o autor nos

coloca é: “podemos viver juntos em um mundo que, ao promover a aproximação e o encontro

das culturas, dá lugar às desigualdades?” (p. 20). Com isso, o autor reforça que está na

educação a possibilidade de resolver os conflitos e consolidar a convivência.

Ainda em referência ao termo globalização, Gimeno Sacristán (2007) apresenta que,

dependendo da sua manifestação – na cultura, comunicação, economia, comércio, relações

internacionais, política, no mundo do trabalho, na vida cotidiana – adquire uma peculiaridade,

principalmente neste tempo que denomina como “segunda modernidade” (p. 21) presente nas

duas últimas décadas do século 20.

[...] um termo que se entrelaça com outros conceitos e expressões

profusamente utilizados: neoliberalismo, novas tecnologias da comunicação

e mundo da informação. Todos eles tratam de explicar diferentes fenômenos,

mesmo que intimamente ligados, não se podendo referir a qualquer um deles

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sem relacioná-lo aos demais, mas nenhum esgota os outros. Na medida em

que cada um apresente temas, problemas e consequências peculiares,

podemos estruturar o discurso centrando-o sobre algum deles. (GIMENO

SACRISTÁN, 2007, p. 21).

Há, contudo, a valorização do conhecimento, de forma que o sistema produtivo, o

trabalho, as culturas locais, as relações sociais, mudaram consideravelmente. Tais mudanças

de ordem política, e por isso de ação transformadora, influenciam diretamente a educação, no

que se refere ao entendimento da democracia, da organização do sistema educacional, da

concepção de pessoa, e conforme destaca o autor, de uma nova visão de aprendizagem, sua

finalidade, contexto, conteúdo e motivações.

Para Santos e Matos (1999), o trabalho cada vez mais tecnologizado se torna

dependente do capital intelectual e relacional, na medida em que pressupõe a intensificação

das redes de comunicação, informação e interação, ao que Gimeno Sacristán (2007) atribui o

entendimento que temos do mundo globalizado como um mundo em rede, às imposições dos

poderosos sobre os que estão em condições de inferioridade, com isto apresenta algumas

dificuldades para o correto entendimento do termo.

A primeira delas é que tem consequências desiguais, pois apesar de aparentemente

interdependentes, somos também dependentes, e muitas vezes dependemos e sofremos ou

aproveitamos e nos beneficiamos.

Outra dificuldade apontada é o fato de a globalização ser algo mais complexo do que

os mercados, de um lado com a ideia de transnacionalização dos recursos financeiros,

economia desestatizada, mundialização dos mercados, de outro lado a ideia mais global de

políticas econômicas.

A última dificuldade apresentada pelo autor é de que a globalização implica uma

reconversão da linguagem, e tal crítica sugere que existe certa anulação das singularidades

dos povos e que devemos refletir sobre que fronteiras ultrapassar e quais preservar. Com isso

o autor afirma que

A educação pode ser um instrumento para dar consciência desta realidade e

ajudar a esmiuçá-la. Este seria o novo horizonte para o moderno princípio de

“educar para a vida” que requer agora uma alfabetização cultural mais

exigente com um olhar muito mais amplo. (GIMENO SACRISTÁN, 2007,

p. 25)

Neste sentido, a formação dos professores se torna fundamental, tendo como foco o

“um olhar global sobre um mundo em rede” (p. 26) de forma a surgir um novo currículo. O

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fato é que a educação neste contexto ainda é complexa, uma vez que é fruto e trabalha em prol

de uma ideologia e dinâmica globalizante, como também para uma resistência a ela.

O autor destaca ainda que o primeiro efeito da globalização sobre os processos

educativos se refere ao direito e dever de oferta de condições mínimas de igualdade de

educação. Entretanto, isso foi apoiado por políticas neoliberais que aumentaram as

desigualdades, e a política de Estado passou para decisões privadas, deixando de lado

políticas integradoras.

Outro aspecto fundamental se refere às relações entre condições sociais, educação e

trabalho. Inicialmente a precariedade familiar, pais que não conseguem dedicar um tempo de

qualidade aos seus filhos, assim como no que se refere ao emprego, que devido a tantas

mudanças rápidas, falta identidade e realização das pessoas no que fazem. Sugere que o

desafio da educação é “preparar não se sabe muito bem para que” (p. 30) e com isso a

educação tem que se adequar às necessidades sociais, às exigências da produtividade, da

competitividade, do mercado, mas que não existem referências para tal, devido a mudanças

muito rápidas.

Um significativo efeito da globalização na educação incide sobre as pessoas, os

conteúdos do currículo e as formas de aprender, e isto afeta diretamente as fórmulas básicas

de transmissão dos saberes, o que pode até deslocar a função do docente, mas não

simplesmente substituí-lo por tecnologias, como parecer prever a globalização.

Considerando a cultura como um processo dinâmico, a globalização permite acelerar

os processos, principalmente de comunicação entre as culturas, mas para esta análise se faz

necessário compreender o que entendemos como cultura.

No sentido clássico, cultura é a “tradição codificada por meio da escrita” (GIMENO

SACRISTÁN, 2007, p. 32) acumulada, estruturada e ordenada em campos de saber, de saber

fazer e de formas de expressão. Denominada pelo autor como “cultura culta” constitui um

legado anônimo global, positivo e conservado, não tem a característica de território

geográfico ou social. Nesta encontramos, de acordo com o autor, o conceito de

multiculturalidade, que não se refere ao conceito de cultura culta, pois não existe uma regra,

mas múltiplas, onde através do conhecimento do outro, nos apropriamos de suas

contribuições, misturamos com o outro sem perder as singularidades locais.

Outro sentido de cultura, de origem alemã, se refere ao

[...] conjunto da experiência, tradições, modos de vida, de expressão, de

saber fazer e formas de ser de um povo ou comunidade com as quais se

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identifica de fora e com as que os indivíduos se identificam como seres que

lhes unam a outros e são da mesma cultura. Esta acepção é a que levou a

falar de culturas nacionais e depois em seu significado étnico ou

antropológico, por trás de expressões como “cultura alemã”, “cultura basca”,

“cultura guarani”, “cultura rural”, “cultura cristã”, etc. (GIMENO

SACRISTÁN, 2007, p. 34).

Nesta referência o essencial é compreender a dimensão territorial de cultura, assim

como a sua demarcação social, de pertença, de vínculo, o que acentua o caráter de

subjetividade das pessoas e seus modos de vida e neste sentido de cultura, a globalização tem

efeitos contraditórios, pois por mais que se comuniquem e conheçam diferentes culturas, os

grupos precisam manter suas especificidades.

Pensar em políticas de formação inicial de professores é pensar em conceitos e

impactos da globalização nestas políticas, e por isso os educadores devem reconhecer a força

de concepções como trabalho, mundialização, neoliberalismo, multiculturalismo e enxergar

suas implicações para moldar e limitar as escolhas disponíveis de políticas e práticas

educacionais.

Autores como Burbules e Torres (2004) nos atentam sobre a necessidade de ficarmos

atentos ao discurso da "inevitabilidade" que motiva a prescrição de certas políticas e, assim,

devemos situar o debate contemporâneo numa perspectiva histórica.

Tal perspectiva caminha no sentido de esclarecer alguns questionamentos

fundamentais na análise de políticas de formação inicial de professores. Um deles é a

necessidade de compreensão das formas como o esforço educacional pode ser afetado pela

globalização, e sua ameaça à autonomia de sistemas educacionais nacionais. Outro

questionamento é sobre de que maneira a globalização está afetando as condições

fundamentais de um sistema educacional que tem por premissa integrar-se em uma

comunidade caracterizada pela proximidade e a familiaridade.

Tais questões nos levam a refletir sobre a compreensão da versão neoliberal da

globalização e seus reflexos educacionais que privilegiam, e de certa forma impõem políticas

de avaliação, financiamento, padrões, formação de professores, currículo, instrução e testes.

É neste contexto que precisamos estudar as concepções de trabalho docente, e Nadal

(2009) destaca que tal trabalho foi configurado semelhante ao processo de produção fabril,

pautado em manuais e métodos de ensino coletivos e não mais individualizados, o que

barateou o custo do processo de escolarização. Na medida em que a escola passou a ser fator

de interesse público e submetida à intervenção estatal, a organização do sistema foi criada,

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regulando marcos legais do trabalho docente (formação, acesso, condições de trabalho), do

funcionamento, da administração e do currículo.

2.1 A concepção de Trabalho Docente

Iniciamos a análise sobre o trabalho do professor com uma breve síntese da histórica

visão normativa e moralizante da docência, que tem na religião sua raiz, como um trabalho

orientado pela ética do dever, fundamentado na obediência. Posteriormente, este lado

religioso passa a ser criticado, mas retomado pelo discurso filosófico da modernidade

(HABERMAS, 1988 apud TARDIF e LESSARD, 2012) que apresenta a educação como

instrumento de emancipação e o professor com uma missão um tanto quanto evangelizadora,

mas de matizes profanas e laicas de instruir o povo, formar cidadãos esclarecidos graças à

instrução, ao conhecimento. Já nos séculos 19 e 20, o poder público com a massificação do

ensino trata os professores como corpo do Estado, que prestam serviço à nação. Para Tardif e

Lessard (2012)

Mais uma vez a obediência revela-se uma chave-mestra do trabalho docente,

embora ele mude de sentido: já não basta obedecer a regras cegas,

mecânicas, mas trata-se de compreendê-las e interiorizá-las como cidadãos

responsáveis. Desde então, os professores são considerados agentes sociais

investidos de uma multidão de missões, variáveis segundo as ideologias e os

contextos políticos e econômicos vigentes. (p. 36)

Historicamente, para os autores referendados, o ensino é considerado uma ocupação

secundária ou periférica em relação ao trabalho material e produtivo, de forma que a docência

se torna subordinada à produção, uma vez que prepara os filhos dos trabalhadores para o

mercado de trabalho, o que muitas vezes é denominado “preparação para a vida”, ou seja, a

escola deve preparar para o mercado de trabalho. Entretanto, o mais importante é considerar

que, o trabalho docente constitui uma das chaves para a compreensão das transformações

atuais das sociedades do trabalho.

Tais autores apresentam que, entre as transformações sociais atuais, existe um

crescente status, nas sociedades modernas, dos ofícios que têm seres humanos como foco do

seu trabalho; os autores denominam essas ocupações de “trabalho interativo” cuja

característica principal é a relação entre o trabalhador e um ser humano que utiliza de seu

serviço.

Desta forma, Feldmann (2009) corrobora com os autores, pois considera que

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O trabalho docente mostra-se um espaço privilegiado para a compreensão

das transformações atuais do mundo do trabalho, por se constituir em uma

profissão de interações humanas que objetiva mudar ou melhorar a situação

humana das pessoas, qual seja, um trabalho interativo e reflexivo com as

pessoas, sobre as pessoas e para as pessoas. (FELDMANN, 2009 p. 76)

Já Pérez Gómez (1998) descreve três perspectivas ideológicas dominantes no discurso

teórico e prático da função docente: tradicional, técnica e radical. A perspectiva tradicional

concebe o ensino como uma atividade artesanal e o professor como um artesão; a perspectiva

técnica concebe o ensino como uma ciência aplicada e o professor como um técnico; e, a

perspectiva radical concebe o ensino como uma atividade crítica e o docente como um

profissional autônomo que investiga sobre sua prática.

Entretanto, a docência também se diferencia de alguns trabalhos que preveem as

interações humanas, como, por exemplo, trabalho com vendas, pois são atividades mediadas

por produtos. No trabalho docente, a relação é o processo de trabalho, que consiste em

melhorar a situação humana das pessoas, que não são meios nem finalidades do trabalho, e

sim a própria matéria prima do trabalho interativo. (TARDIF e LESSARD, 2012).

O trabalho docente, considerado como um trabalho interativo, exige necessariamente

uma qualificação elevada, competências reflexivas de alto nível, pois trabalham com

interações humanas complexas, principalmente neste contexto de globalização em que

vivemos. Com isso temos a necessidade de nos questionar sobre qual é a função da docência

neste contexto global.

No Brasil, por exemplo, dados preliminares do Censo Escolar de 2015 divulgado pelo

MEC, referentes às matrículas iniciais na educação básica das redes públicas municipal e

estadual de ensino em creche, pré-escola, ensinos fundamental e médio, educação de jovens e

adultos e educação especial, tanto das áreas urbanas como rurais e a educação em tempo

parcial e integral, apontam que estão matriculadas em creches 1.933.445 crianças; 3.636.703

em pré-escolas; 22.720.900 no ensino fundamental; 6.770.271 no ensino médio e 2.765.246

na educação presencial de jovens e adultos. Um total de 37.826.565 alunos matriculados no

Brasil. Já na educação especial são 718.164 matrículas.

Com base nestes dados, podemos afirmar que

O ofício docente tem sido compreendido, muitas vezes, apenas por sua

dimensão técnica, esquecendo-se que o professor não pode ser entendido à

margem de sua condição humana. Não se pode discutir a ação do professor

na escola apenas pelo seu caráter instrumental, desconsiderando-se a

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importância de sua identidade pessoal e profissional no processo educativo.

Discutir sobre a ação dos professores na contemporaneidade é refletir sobre

as suas intenções, crenças e valores e, também, sobre as condições concretas

de realização do seu trabalho, que influenciam fortemente as suas práticas

cotidianas na escola. (FELDMAN, 2009, p. 78)

Ou seja, os dados indicam a importância do trabalho docente e suas práticas no

cotidiano da escola, que contribuem diretamente para uma mudança social, inclusive como

fundamentais para a economia da sociedade, para a política e para a cultura, não limitando-se

à instituição escolar. As relações que acontecem dentro desta instituição, relações entre

professores e alunos, consideramos relações de trabalho.

A docência entendida como trabalho, ao ser pesquisada, estudada, deve considerar

fenômenos como o tempo de trabalho dos professores, números de alunos, dificuldades,

diferenças, recursos, relações com os colegas de trabalho, administração, burocracias, dentre

outras (TARDIF e LESSARD, 2012). Esses fenômenos são bem específicos principalmente

na sociedade em constante transformação que é a sociedade globalizada, mas podemos

considerá-los positivos, pois o trabalho docente se destaca enquanto trabalho sobre e com os

seres humanos, o que antes de tudo prevê a relação entre as pessoas, relações humanas.

O trabalho sobre o humano traz consigo atividades complexas que, dentre outras

coisas, contemplam a linguagem, a afetividade, a personalidade, a empatia, a compreensão, as

emoções, os juízos de valores, inclusive questões de poder. O trabalho docente como uma

profissão de interações humanas, busca melhorar e transformar a situação das pessoas, uma

vez que, em se tratando de relações humanas, podem acontecer manipulações, o que exige

uma necessidade ética no trabalho.

A docência para alguns autores inspirados nas ciências cognitivas, de acordo com

Tardif e Lessard (2012), é definida como um trabalho cognitivo, baseado no tratamento de

diferentes informações, com objetivo propriamente simbólico de favorecer aquisição de

cultura e construção de conhecimentos. Tais autores defendem que, apesar de ser inegável o

componente cognitivo e simbólico da docência, o elemento central do trabalho docente são as

interações humanas.

Vale destacar que determinadas profissões que envolvem interações humanas são

exercidas junto a pessoas que necessitam do serviço ofertado pelo trabalhador, como, por

exemplo, dentistas, médicos, advogados, assim como atendentes de bancos, vendedores,

recepcionistas. Outros trabalhadores – como é o caso dos professores – “se dirigem a pessoas

cuja presença na organização com o fim de receber um tratamento ou um serviço é

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obrigatória. Os alunos são obrigados a ir para a escola até a idade prevista na lei” (TARDIF e

LESSARD, 2012, p. 34).

Desta forma, o que podemos compreender é que os estudantes podem neutralizar a

ação dos professores, que necessitam da participação deles para desenvolver o seu trabalho.

Com isso, o trabalho docente consiste ainda em sensibilizar os estudantes do benefício da

educação, da escola, do ensino, da aprendizagem. A centralidade da disciplina, a ordem, a

necessidade da motivação, de convencimento, são parte fundamental do trabalho docente.

O desafio é discutir o que os professores fazem em seu trabalho, e não o que deveriam

ou não fazer. Essa compreensão do que fazem não vai contra as perspectivas teóricas, mas sim

em busca das práticas cotidianas pelas quais se desenvolve o trabalho docente. A análise do

trabalho docente deve evitar aplicar na docência categorias que se imaginam capazes de se

explicar as práticas, com a clareza de que não existem descrições totalmente objetivas,

interpretações neutras, sem categorias de análise, mas exige colocá-las à prova no contato

com a pesquisa.

Como um trabalho formal, codificado e rotineiro, a docência é socialmente

reconhecida, realizada por profissionais com formação específica, que atuam em uma

organização relativamente estável, apoiam-se em rotinas e tradições e perseguem objetivos

comuns e gerais. O trabalho docente é estritamente vinculado a obrigações e exigências

coletivas como leis, normas, regulamentos, além de ser temporizado, calculado, planejado,

mensurado, submetido a um conjunto de regras burocráticas. Vista por esta vertente, a

docência pode parecer uma atividade controlada, com objetivos pouco problemáticos, o

ensino bem definido e claro por suas regras e controles, o que aproxima a docência de um

trabalho burocratizado, previsível, padronizado.

Como um trabalho flexível, a docência é composta por ambiguidades, com elementos

informais, imprevisíveis, indeterminados. O que mais parece fazer parte do trabalho docente

cotidiano é fazer algo diferente daquilo que estava previsto, uma vez que a ação se passa num

ambiente complexo, impossível de ser controlado de forma integral, uma vez que lida com

seres humanos e não se limita às atividades realizadas em classe, principalmente por que

A organização escolar na qual o trabalho é desenvolvido tampouco é um

mundo fechado; ela não é autônoma, mas participa de um contexto social

mais global no qual está inscrita. Esse contexto social não é uma abstração

sociológica, nem um horizonte longínquo ou situado “fora” da escola. Pelo

contrário, tal contexto social está tanto “dentro” quanto “fora” da escola, é

ao mesmo tempo individual e coletivo. (TARDIF e LESSARD, 2012, p. 44)

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Desta forma, como trabalho flexível, o trabalho docente mais se assemelha a uma ação

social, menos definida, menos formal, menos burocrática. E a questão colocada é essa: a

docência é um trabalho formal ou flexível? Compreendemos que a natureza particular da

atividade docente se encontra justamente nesta contradição, nesta dupla função, nesta

combinação variável de elementos, que trazem tensões e dilemas a profissão.

A docência precisa ser compreendida como um trabalho fortemente contextualizado,

concreto, posicionado, que apesar dos imprevistos, precisa da regulação, fundamentada num

conjunto de conhecimentos necessários ao seu cumprimento diário, mas ao mesmo tempo

assumindo a experiência, vivenciando a existência, a afetividade.

Numa perspectiva sociológica, o trabalho docente pode ser analisado em três

dimensões, segundo Tardif e Lessard (2012): a atividade, o status e a experiência.

Como atividade, o trabalho docente é a ação em um determinado contexto, em função

de objetivos, da aprendizagem, da educação, apoiado em programas, métodos, livros,

exercícios, normas, o que pode privilegiar ora aspectos organizacionais, ora aspectos

dinâmicos da atividade docente, aspectos estes indissociáveis.

Já como status, o trabalho docente representa o aspecto normativo da função, remete à

questão da identidade do trabalhador tanto dentro da organização, quanto na organização

social. Tal identidade não é “dada”, mas é “construída” por suas ações.

Como experiência, a docência é compreendida como o modo como é vivenciada e

recebe significado por ela e para ela. Pode ser vista como um processo de aprendizagem

espontânea, fundado na repetição de situações ou como a intensidade e significação de uma

situação vivida. Também como experiência, podemos considerar a experiência social do

docente, que determina condutas individuais e coletivas, dominada pela heterogeneidade dos

princípios culturais e sociais.

2.2 A escola e o Trabalho Docente

O lócus do trabalho docente é a escola, não só como espaço físico, mas também como

espaço social, produto de convenções sociais e históricas, espaço sócio-organizacional em que

atuam diferentes indivíduos que se relacionam entre si. A escola e sua organização

influenciam diretamente nas condições de trabalho do professor.

Produto de uma evolução histórica, a escola se consolida como uma grande

organização social, fortemente burocratizada, parte do Sistema Escolar, com relativa

uniformidade nas condições de trabalho. Nessa estrutura organizada, encontra-se a classe,

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como uma unidade do ensino, e nela se constituem as principais características do trabalho

docente:

(1)Uma pessoa (adulta) que se presume saber (2) tem contratos regulares (3)

com um grupo (4) de pessoas (crianças) que devem aprender, (5) cuja

presença é obrigatória, (6) para ensinar-lhes (7) um conteúdo socialmente

definido (8) através de uma série de decisões tomadas em situações de

urgência. (VAN DER MAREN, 1990 apud TARDIF e LESSARD, 2012, p.

63)

O professor é fundamental nas atividades da classe, as ações dos alunos são

direcionadas por ele, a ordem das interações que se estabelecem parte das iniciativas do

professor, inclusive no que se refere às regras, e mesmo com as diversificadas correntes

pedagógicas que se apresentam como inovadoras, o professor é o responsável por encaminhar

a ação educativa e se reconhece como o principal responsável pelo andamento da classe.

As equipes gestoras das escolas, na medida em que exigem dos professores o controle

da classe, fazem com que o lócus do trabalho docente se torne um dos ambientes sociais mais

controlados e a manutenção disso durante os anos, é um elemento marcante no trabalho

docente. Tal controle estende-se também aos outros ambientes escolares, não somente à

classe, mas também ao pátio, corredores, entrada, espaços de lazer e recreação.

Entretanto, vale destacar que neste contexto social que é a classe, existe certa

“autonomia” no trabalho do professor, pois longe do controle de seus superiores, o professor

decide sobre o que e como desenvolver seu trabalho.

Outro aspecto em que devemos nos ater é que a escola enquanto organização possui

um número significativo de pessoas que intervêm nela, como governantes, autoridades, pais,

funcionários, a comunidade em que está inserida, dentre outros. Essas possibilidades de

intervenção neste ambiente social organizado tem como consequência a presença de

diferentes poderes dentro da escola, poderes estes que interferem diretamente no trabalho do

professor.

Por um lado, temos os poderes instituídos de fato, como autoridades, funcionários,

direção e grupos como pais e associações escolares. Por outro lado, temos os especialistas,

que atuam dentro da escola fundamentando sua ação, planejando, avaliando, como

professores, coordenadores, diretores pedagógicos. E diante desses diferentes poderes, nascem

conflitos, contradições, divergências de pontos de vista, e neste processo de lutas se faz o

trabalho docente.

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É significativo destacar que o trabalho docente também é diretamente vinculado às

influências que os estudantes têm fora da classe, como a família, o bairro onde moram, os

ambientes sociais que frequentam como clubes, igrejas, lazer, dentre outros.

É este fenômeno de exterioridade do objeto do trabalho que explica o fato de

a ação dos professores não constituir o único e exclusivo, tampouco o mais

importante determinante do sucesso ou fracasso escolar do aluno. Longe de

ser uma instituição fechada, uma organização onipotente, a escola aparece,

então, como um feixe de palha sacudido pelas forças sociais do ambiente.

(TARDIF e LESSARD, 2012, p. 67)

Um aspecto fundamental desta reflexão é que o trabalho do professor não se limita ao

controle da classe, pelo contrário, ele precisa da participação dos alunos, uma vez que

podemos manter os alunos dentro da classe, mas não podemos obrigá-los a aprender; a

aprendizagem necessita da sua colaboração e participação. Entretanto, diferente de outras

coletividades de trabalho, como na indústria, no comércio, os alunos são ao mesmo tempo, o

espaço do trabalho docente e o seu material, uma vez que o professor trabalha com e sobre

seres humanos e essa é uma grande complexidade.

O trabalho do professor envolve várias faces, que devido à sua complexidade, depende

do contexto, dos objetivos da organização escolar e dos meios de que dispõe para atingi-los.

Doyle (1986 apud TARDIF e LESSARD, 2012) propõe uma descrição sobre o

trabalho docente,

[...] a classe comporta as seguintes características: nela são produzidas

tarefas e acontecimentos múltiplos e simultâneos, que se desenvolvem de

acordo com certa imediatez e certa rapidez; tem um pouco de

imprevisibilidade; são visíveis, ou seja, públicos; enfim, se desenvolvem de

acordo com uma certa trama temporal, histórica, que remete às suas

consequências sobre os acontecimentos e as tarefas futuras na classe. (p. 72)

Já Tardif e Lessard (2012) acrescentam a essa descrição outras duas características. A

primeira é de que os acontecimentos e tarefas que acontecem na classe são interativos, fruto

das relações, e a segunda é de que trazem consigo uma dimensão simbólica e interpretativa,

que são interações significativas.

Outro aspecto significativo é referente à carga de trabalho do professor. Essa é uma

noção complexa que remete a diferentes fenômenos dos quais muitos não são quantificáveis.

Inicialmente devemos compreender a carga de trabalho do professor sob duas perspectivas

complementares.

A primeira delas é administrativa, referente diretamente aos conteúdos, normas

oficiais, definida pelos padrões, regras explícitas, como uma tarefa prescrita. O ensino como

trabalho é um trabalho burocratizado, sua execução é regulamentada. Sobre as condições de

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trabalho docente, analisando as dimensões quantitativas do ensino, devemos considerar o

tempo de trabalho diário, anual, semanal, o número de horas de presença obrigatória na

classe, número de alunos por classe, salário, benefícios, dentre outros aspectos. Essas são as

condições oficiais, mas não determinam a atividade docente. Na realidade, deve-se analisar

como os professores lidam com tais condições, como as assumem e as transformam em

função de suas necessidades e de seu contexto de interações sociais, que é justamente a

segunda perspectiva, que são as exigências reais, ou seja, as exigências advindas do cotidiano,

do processo concreto do trabalho, atividade responsável e autônoma que por se basear em

relações humanas é um trabalho de limites imprecisos e variáveis.

Com isso devemos considerar alguns fatores na determinação da carga de trabalho

docente, dentre os quais destacamos: os fatores materiais e ambientais; os fatores sociais

como a localização da escola, a situação socioeconômica dos alunos; os fatores ligados ao

“objeto de trabalho” como o tamanho das turmas, a clientela, idade, sexo, maturidade; os

fatores ligados à organização do trabalho como o tempo, número de disciplinas a lecionar, o

vínculo empregatício, as atividades extras, o tempo dedicado à preparação das aulas fora da

escola; as exigências formais ou burocráticas como cumprimento do horário, preenchimento

de diário, atendimento aos pais, reuniões; a idade, tempo de profissão, experiência na

docência, dentre outros. Todos esses fatores criam uma carga de trabalho complexa ao

docente; por isso é fundamental discutirmos o processo de trabalho docente.

Como todo trabalho humano, o processo de trabalho docente é composto por diversos

componentes, como o objetivo do trabalho, o objeto de trabalho, as técnicas e os saberes dos

trabalhadores, assim como o produto do trabalho.

Compreendemos que ensinar é usar determinados meios para atingir fins, que são os

objetivos estabelecidos, mas tais objetivos exigem uma ação coletiva dos professores, durante

vários anos escolares, o que faz com que o objetivo do trabalho docente não seja mensurável

por não se tratar de um objetivo individual e sim coletivo, são objetivos gerais e não

operatórios – como em outras profissões – são numerosos, variados e heterogêneos.

Para Tardif (2010), os objetivos do ensino têm efeitos imprecisos e remotos, que

exigem muita iniciativa por parte do professor, que precisa interpretá-los e adaptá-los aos

diferenciados contextos, incluindo limitações temporais, sociais e materiais, o que requer uma

grande autonomia dos professores, autonomia esta composta por reflexão e ação constantes.

Desta forma, os objetivos do trabalho docente podem ser vistos, por um lado, como elementos

favoráveis à autonomia docente e, por outro, como limitações, pois devido ao grande

empenho do professor em tentar alcançá-los, pode ter a impressão de que nunca conseguirá.

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Em relação ao objeto de trabalho docente, podemos considerar que são os seres

humanos individualizados e socializados ao mesmo tempo. Esse objeto é heterogêneo, pois

não possui as mesmas capacidades pessoais, nem possibilidades sociais; é complexo, pois

possui natureza física, biológica, individual, social e simbólica. Vale destacar que a relação

com o objeto de trabalho docente manifesta atitudes e julgamento de valor por parte dos

professores, além de ser elevada a sua dimensão afetiva, emocional.

As técnicas e os saberes que fundamentam o trabalho docente para Tardif (2010) têm

seu repertório de conhecimento baseado nas ciências humanas, da educação e também no

senso comum, e a natureza deste conhecimento é instável, problemática e plural. Já a natureza

das tecnologias utilizadas é simbólica, linguística, que gera crenças e práticas.

Para o autor

[...] os saberes oriundos das ciências da educação e das instituições de

formação de professores não podem fornecer aos docentes respostas precisas

sobre o “como fazer”. Noutras palavras, a maioria das vezes, os professores

precisam tomar decisões e desenvolver estratégias de ação em plena

atividade, sem poderem se apoiar num “saber-fazer” técnico científico que

lhes permita controlar a situação com toda certeza. (TARDIF, 2010, p. 137)

Já em relação ao produto do trabalho docente, diferentemente de outras profissões,

mesmo daquelas que envolvem interações humanas, o trabalho docente é difícil, senão

impossível de verificar se foi ou não realizado. Inicialmente por que aprender acontece ao

mesmo tempo da ação de ensinar, e posteriormente por que o resultado de tais ações se refere

a atributos humanos e sociais dificilmente mensuráveis. Para Tardif (2010) o resultado do

trabalho dos professores nunca é perfeitamente claro: ele está sempre imbricado num conflito

de interpretações que revela um número incoerente de expectativas sociais diante das

produções da escola.

Considerando assim que o trabalho docente é dificilmente mensurável, resta-nos

afirmar que a formação do professor é fundamental para que se possibilite uma aproximação

do que denominamos de relação teoria-prática, por isso a necessidade de compreender quais

as implicações do currículo na formação dos professores que discutiremos no capítulo

seguinte.

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CAPÍTULO 3 – A relação teoria-prática na formação inicial do professor: Currículo e

implicações na formação dos professores

[...] uma das marcas mais visíveis de minha trajetória profissional é o

empenho a que me entrego de procurar sempre a unidade entre a prática e a

teoria. É neste sentido que meus livros, bem ou mal, são relatórios teóricos

de fazeres com que me envolvi. (FREIRE, 1997, p. 87)

3.1 Formação e formação docente

Inicialmente é necessário discutir o conceito de formação, que assim como a maioria

dos conceitos em educação, possui múltiplas perspectivas. Busquemos encontrar a que mais

se aproxima do nosso objetivo posterior de conceituação de formação de professores.

A maioria das definições associa o termo formação ao desenvolvimento pessoal,

referente a intenções, metas e valores e não simplesmente algo técnico e instrumental, mas

este viés não deve significar que a formação acontece de forma autônoma. Debesse (1982,

apud GARCÍA 1999) apresenta três tipos de formação que detalhamos a seguir.

A primeira é a autoformação, que o autor define como a participação na formação de

maneira independente, cujo controle, processo, objetivos, instrumentos e resultados são

iniciativas do próprio indivíduo. O segundo tipo de formação é a heteroformação e a

característica principal é que ela se desenvolve por especialistas, vem de fora, e não

compromete a personalidade do sujeito que participa. E por último a interformação, que

ocorre entre quem está em formação e quem já é formado que está se atualizando.

Vale destacar que, para García (1999), o conceito de formação geralmente se refere à

educação, preparação, ensino, treino, mas a escolha pelo termo formação de professores, ao

invés de ensino ou treino, deve-se ao fato de estes outros conceitos serem diretamente

relacionados à doutrinação. Ao utilizarmos o conceito formação o compreendemos como

múltiplo e até mesmo contraditório, pois não se limita a um campo especificamente

profissional, mas a várias dimensões, geralmente associado a alguma atividade, sempre que se

trata de “formação para algo”.

Com isso concordamos com o autor no sentido de que formação pode ser entendida

[...] como uma função social de transmissão de saberes, de saber-fazer, ou do

saber-ser que se exerce em benefício do sistema socioeconômico, ou da

cultura dominante [...] como um processo de desenvolvimento e de

estruturação da pessoa que se realiza com um duplo efeito de uma maturação

interna e de possibilidades de aprendizagem, de experiências dos sujeitos

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[...] como instituição, quando nos referimos à estrutura organizacional que

planifica e desenvolve as atividades de formação. (GARCÍA, 1999, p. 19).

A docência considerada profissão necessita que as pessoas que a exerçam tenham

domínio da ciência e da técnica que a envolvem, processo este que denominamos de formação

de professores. As pesquisas nos levam a compreender o conceito de formação de professores

como a área de conhecimentos e pesquisas sobre teorias e práticas, nos aspectos didáticos e da

organização escolar, através dos quais professores – em formação ou em exercício – de forma

individual ou em grupo adquirem ou aprimoram conhecimentos relativos ao currículo, ao

ensino, à escola, buscando melhorar a qualidade da educação que os alunos recebem.

(GARCÍA, 1999).

Vale ressaltar e concordar com Noffs e Feldmann (2013) de que

Falar de formação de professores é incessantemente falar do humano, e

nessa perspectiva nos projetamos sempre em processo permanente da

produção do outro em situações educativas de aproximação, mediação e

transformação do conhecimento. Nessa tríade acima referenciada, se situam

os sentidos da relação interativa da docência – o aprender e o ensinar

gerando possibilidades da educabilidade humana. (NOFFS e FELDMANN,

2013, p. 29)

Explicitada a conceituação, é necessário delimitarmos os sete princípios referentes à

formação de professores (tanto inicial quanto continuada) que García (1999) defende e nós

compartilhamos de seu posicionamento, destacando que tais princípios não esgotam as

múltiplas abordagens da formação de professores, apenas contribuem para a construção de

uma definição.

O primeiro princípio defendido pelo autor se refere à compreensão do processo de

formação de professores como um contínuo, ou seja, é um processo, com fases diferenciadas,

que se desenvolve ao longo da carreira, desde a formação inicial, de forma contínua,

interativa, acumulativa. Deve interligar diretamente a formação inicial com a formação

continuada, sendo impossível na formação inicial contemplar todos os aspectos inerentes à

formação.

A integração da formação de professores em processos de mudança, inovação e

desenvolvimento curricular é o segundo princípio defendido por García (1999). Neste, deve

ser contemplada a relação entre formação de professores e desenvolvimento curricular com

objetivo de melhorar a qualidade do ensino:

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[...] a formação, se bem entendida, deve estar preferencialmente orientada

para a mudança, activando reaprendizagens nos sujeitos, e na sua prática

docente que deve ser, por sua vez, facilitadora de processos de ensino e de

aprendizagens dos alunos. (ESCUDERO, 1992 apud GARCÍA, 1999, p. 28)

Já o terceiro princípio refere-se à necessidade de ligar os processos de formação de

professores com o desenvolvimento organizacional da escola. Tal princípio aponta a

necessidade do desenvolvimento organizacional dos processos de formação dos professores,

pois levará a maiores possibilidades de transformação da escola.

Um quarto princípio apresentado pelo autor é relativo à necessidade de articulação e

integração entre a formação de professores, os conteúdos acadêmicos e a formação

pedagógica. Neste princípio destacamos o chamado “conhecimento didático do conteúdo”, ou

seja, a necessidade de o professor em formação conhecer a forma didática de como abordar

este conhecimento na prática.

Já a necessidade de integração teoria-prática é o quinto princípio defendido pelo autor,

que considera que o professor enquanto profissional do ensino deve desenvolver um

conhecimento próprio, vindo de suas experiências e vivências, o que o autor descreve como

“reflexão epistemológica da prática” (p. 29), onde aprender a ensinar é um processo em que o

conhecimento prático e teórico integra-se num currículo orientado para a ação. A prática deve

ser considerada fonte de conhecimento e para que se constitua em epistemologia deve partir

da análise e reflexão na e sobre a ação.

Como sexto princípio de formação de professores apresentado por García (1999), está

a necessidade de procurar o isomorfismo entre a formação recebida e o tipo de educação que

será solicitada que o professor desenvolva. Compreendemos que cada nível educativo tem

possibilidades e necessidades diferentes, mas na formação dos professores é fundamental a

congruência entre o conhecimento didático do conteúdo, o conhecimento pedagógico, e o

método como esse conhecimento se transmite.

O sétimo e último princípio é o da individualização como elemento integrante de

qualquer programa de formação de professores, o que nos leva a compreender que, como

aprender a ensinar não é um processo homogêneo, é necessário conhecer as características

pessoais, cognitivas, contextuais, relacionais de cada professor ou grupo de professores, de

modo a contribuir com o desenvolvimento de suas capacidades e potencialidades.

Observados os princípios apresentados, podemos afirmar que é claro o fato de a

formação de professores não ser uma atividade isolada e individual, nem tampouco uma

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parcela autônoma e independente do conhecimento e da pesquisa educacional, mas a

concepção de formação de professores

está vinculada aos marcos teóricos e aos pressupostos que predominam no

conhecimento social, educacional e cultural. Na formação, como em toda

prática educacional e curricular, a base é uma determinada concepção da

educação. Essa cosmogonia (paradigma, enfoque conceitual, cosmovisão,

etc.) determina um conceito de formação de professores que orientará a ação

formativa posterior. (IMBERNÓN, 2013, p. 498)

Os estudos sobre a formação de professores desenvolvidos por García (1999) apontam

quatro fases do “aprender a ensinar” que valem ser destacadas em nossa pesquisa. A primeira

delas, é a fase de pré-treino, caracterizada como as experiências prévias de ensino que os

futuros professores vivem e inconscientemente influenciam na decisão pela profissão docente.

A segunda fase é a formação inicial, etapa esta de preparação formal, onde adquire

conhecimentos científicos, pedagógicos, assim como práticas de ensino. A terceira fase

correspondente aos primeiros anos do exercício profissional do professor é denominada de

fase de iniciação, em que aprendem estratégias diretamente na prática. A última fase chamada

de formação permanente são as atividades de aperfeiçoamento organizadas por instituições,

ou mesmo pelos próprios docentes.

Como o recorte teórico de nossa pesquisa é a formação inicial de professores,

destacaremos aspectos relativos a ela. No Brasil, atualmente, é considerada formação inicial

de professores aquela que se dá em IES, em cursos de Licenciatura, e como ao longo da

história, tal formação é realizada por instituições específicas, por pessoas especializadas,

mediante um currículo que estabelece a sequência e o conteúdo desta formação.

Nesse sentido, de acordo com os estudos de García (1999), a formação inicial dos

professores cumpre três funções. A primeira é a de formação que assegure a preparação para

as funções profissionais que irá desempenhar. A segunda é a certificação que é a forma legal

de permissão para o exercício da profissão e a terceira considera uma função dupla: por um

lado prepara o agente da mudança do sistema educativo, por outro contribui para a

socialização e reprodução da cultura dominante (p. 77).

Considerando o exposto, concordamos com Mizukami quando afirma que

[...] deve oferecer-lhes uma formação teórico-prática que acione e alimente

processos de aprendizagem e desenvolvimento profissional ao longo de suas

trajetórias docentes. Aprender ao longo da vida implica mudanças de teorias

pessoais, de valores, de práticas, de maneira que é função da formação

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inicial ajudar esses futuros professores a compreenderem esse processo e a

conceberem a profissão não reduzida ao domínio de uma área específica.

(MIZUKAMI, 2013 p. 27-28)

Com isso, não temos como pensar na formação inicial do professor sem a

compreensão de que ele colocará em prática as políticas de currículo, políticas estas que se

sistematizam de acordo com a compreensão do papel social da escola que este docente

construirá em sua formação inicial. Como afirma Feldmann (2008, p. 170), “É inerente à

formação e atuação docente viver projetos educativos, institucionais, que, por sua vez, são

também políticos e sociais”.

Tais projetos que são políticos e sociais pressupõem que o trabalho docente é um

trabalho interativo, que depende do outro e antes de iniciarmos a discussão sobre o conceito

da relação teoria-prática, vale destacar que

A formação começará a dar importância à maneira de estudar os problemas e

efeitos da ação de ensinar, ao desenvolvimento de cada um (autoestima,

autoconhecimento), o que conduz ao desenvolvimento pessoal dos

professores mediante a reflexão individual e grupal, à troca de experiências e

de práticas entre iguais, aos processos de pesquisa-ação e de pesquisa

cooperativa [...] tudo isso pressupõe um encontro com o outro [...].

(IMBERNÓN, 2013, p. 498-499)

3.2 Relação Teoria-Prática

Nossas reflexões caminham no sentido de refletir sobre a questão complexa da relação

teoria-prática, mas jamais pretende esclarecer, desvendar tais relações, uma vez que, essa

tarefa é impossível, até por que é uma relação que não para de renovar-se, por que se renovam

as teorias e a partir delas ou não são instauradas novas práticas. Nos cursos de formação

inicial de professores, em geral, os estudantes relatam a importância da teoria em sua

formação, mas enfatizam a necessidade da prática para um bom desenvolvimento profissional.

Saber e fazer, compreender e guiar, pensar e trabalhar, conhecer e agir, ideias e

práticas, são alguns dos conceitos que abrangem a discussão sobre a articulação teoria-prática.

A intenção é articular o que sabemos sobre algo e as formas de fazer as coisas, buscando

resultados que consideramos desejáveis. Iniciamos essa discussão com a seguinte proposição

de Gimeno Sacristán (1999)

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Assim como o conhecimento relacionado com qualquer atividade foi

acrescentado e refletiu sobre si mesmo e sobre suas potencialidades, surgiu a

discussão – não apenas como intuição, mas como problema específico –

sobre a relação entre o pensar e o fazer ou o trabalhar. (GIMENO

SACRISTÁN, 1999, p. 18)

A relação teoria-prática, num primeiro plano, de acordo com Sánchez Vázquez (2011),

refere-se à teoria dependendo da prática na medida em que a prática é o fundamento da teoria

uma vez que determina o desenvolvimento e o progresso do desenvolvimento.

Com isso, afirmamos que o saber especializado em educação deve ser considerado a

partir da indissociabilidade entre a teoria e a prática, uma vez que a educação é movida pela

crença de que a teoria pode melhorar a prática, e como nos afirma Gimeno Sacristán (1999)

tal crença pode ser ora uma turbulência obscura, ora luminosa e promissora.

A separação do par conceptual teoria/prática e conceitos correlativos

inscrevem-se na história da formação do homem como um processo de

diferenciação gradual dos meios de trabalho representados na mente e no

corpo, que eram constitutivamente unos na produção da acção científica e

técnica numa fase primordial da sua construção. (SANTOS E MATOS,

1999, p. 37)

Por isso, o mundo das ideias e das práticas na educação é constituído de relações com

outros contextos, como o cultural, social, econômico, contextos estes que a própria educação

contribui para que eles possam ser constituídos. Desvendar o problema da relação teoria-

prática “constitui um esforço para obter uma teoria explicativa do como, do por que e do para

que da prática educativa” (GIMENO SACRISTÁN, 1999, p.19).

O porquê resolver os problemas, essa é a intencionalidade teórica que também é

prática da ação docente, pois

[...] todo conhecimento científico tem uma intencionalidade teórica que é,

sócio-historicamente, uma intencionalidade prática que o funda,

correspondendo aquela intencionalidade a uma visão transcendentalizada das

condições necessárias à resolução dos problemas sociais concretos.

(SANTOS E MATOS, 1999, p. 47)

Em suas pesquisas, Gimeno Sacristán (1999) descreve um panorama de análise da

relação teoria-prática, que vamos sintetizar a seguir.

O primeiro aspecto que devemos considerar segundo o autor é de que estamos diante

de um tema transdisciplinar, que permeia diferentes territórios e meios profissionais, e, por

isso, é comum os encontros e desencontros entre teóricos e práticos: “teoria é o que os

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teóricos tratam e produzem [...] prática é o conteúdo do ofício dos práticos” (GIMENO

SACRISTÁN, 1999, p.19). Neste sentido, vale destacar que, nestes diferentes territórios,

existem confrontos e inter-relações entre instituições e seus profissionais, por uma divisão

social do trabalho.

Outro aspecto descrito por Gimeno Sacristán (1999) refere-se ao cuidado que se deve

ter em tentar reduzir a discussão sobre a relação teoria-prática às relações e desencontros entre

dois tipos de agentes: os teóricos e os práticos, uma vez que a relação entre teoria e prática

afeta diretamente outros agendes sociais, outras práticas institucionais, inclusive aqueles

relacionados à tomada de decisões: “Todo aquele indivíduo ou grupo, que decide sobre

educação (que consequentemente é portador de teorias) e sobre razões que leva consigo

quando o faz é agente da prática” (GIMENO SACRISTÁN, 1999, p. 20).

Ainda sobre este aspecto da redução da discussão a dois agentes, devemos considerar

que o aluno também é agente na relação teoria-prática, que participa, que colabora na tomada

de decisões, e a concepção que ele tem sobre educação, seus modelos culturais, suas

concepções éticas, estéticas, políticas, sociais, são fundamentalmente importantes na relação

teoria-prática. Inclui-se ainda neste processo os responsáveis pela política educacional, os

parlamentares, os sindicatos, os pais, as associações de pais, cada família, os técnicos da

escola, dentre outros. Desta forma é bem claro que a relação entre teoria e prática não se

processa entre teóricos e práticos e sim entre todos os envolvidos no processo educativo.

O terceiro aspecto apresentado por Gimeno Sacristán (1999) é o de dar por certa e

desejável a conveniência entre a teoria e a prática. Pode ser conveniente aproximar práticos e

teóricos, mas nem por isso é resolvida a separação entre teoria e prática, e se realmente elas se

unirem, passaremos a ter uma só categoria.

Estamos dizendo que instituições e agentes desempenhem ambos os tipos de

funções (desenvolver teoria e executar prática)? Ou queremos dizer que

teoria e prática sejam aproveitadas e estimuladas mutuamente, partindo do

terreno de cada uma? É possível a realização desta última pergunta sem que

se dê a aproximação entre as instituições? Há matizes importantes que

precisamos esclarecer em tudo isso. Nossos pontos de partida estão tão

inevitavelmente ligados à divisão do trabalho, que é imprescindível situar o

tema em outras coordenadas. Se a relação e o desencontro entre teoria e

prática não pode ser entendida nem ser propiciada sem a aproximação entre

teóricos e práticos, juntamente com seus respectivos âmbitos ou contextos de

trabalho, essa relação não é esgotada nessas aproximações. (GIMENO

SACRISTÁN, 1999, p. 21).

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Nesse sentido é possível perceber que o encontro ou desencontro da relação teoria-

prática tem relação direta com a divisão entre profissões, instituições e especialização dos

agentes envolvidos e isso fará com que a questão seja vista de forma diferente por uns e por

outros. Soma-se a isso o pensamento vulgar que diferencia estudo e trabalho, o que remete a

diferenciação de classes sociais, que classifica os intelectuais como aqueles que não trabalham

e os práticos como aqueles que trabalham. Já os práticos referem-se à distância entre o ideal

(teoria) e o real (prática).

A teoria e seu valor aplicado são contemplados em diferentes tradições filosóficas.

Para Aristóteles a theoria equivale ao conhecimento desinteressado e contemplativo, alta

expressão do saber, sem fim prático, o pensamento pelo pensamento, contemplação como

modo de vida por excelência, vida esta própria para as classes dominantes.

Gamboa (1996) nos apresenta a relação teoria-prática surgido com Platão, em que a

teoria tem primazia, já que o conjunto de conceitos e representações é formado de maneira

independente das práticas, sendo estas a projeção ou extensão das ideias.

Por outro lado, Gimeno Sacristán (1999) afirma que, na filosofia marxista, o

conhecimento está diretamente relacionado com a prática ou a praxis. Na segunda das teses

sobre Feuerbach, Marx propõe que o problema sobre o pensamento humano poder atribuir ou

não a verdade objetiva não é um problema teórico, mas prático, pois na prática o homem

demonstra a verdade, a realidade, o poder. Na oitava tese diz que os mistérios que desviam a

teoria para o misticismo têm solução racional na prática humana e na compreensão. Gamboa

(1996) considera que o termo praxis identifica a tensão, o confronto, a contradição entre

teoria e prática.

Gimeno Sacristán (1999) descreve que Althusser traz o conceito de prática teórica

como geração e transformação do conhecimento como ocorrem outros processos produtivos,

logo não existe distinção entre teoria e prática, pois é um único processo. Na filosofia

gramsciana o conhecimento é uma base para a hegemonia de determinadas classes sociais

sobre outras, intervém nas relações sociais, o que define que o domínio da teoria não pode ser

separado das práticas sociais, algo que também aparece na crítica foucaultiana, que aprecia o

conhecimento como vindo das práticas sociais, das relações de poder das instituições e das

relações humanas.

Na perspectiva da teoria crítica – uma derivação neomarxista – a prática esconde

interesses ocultos que dificultam a participação em condições de igualdade dos seres humanos

e, de acordo com Gimeno Sacristán (1999), cabe à teoria descobrir tais interesses, sendo o

conhecimento teórico iluminador das condições da realidade, desmascarador das injustiças,

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das relações de domínio e desigualdades, da alienação das pessoas, sendo que a teoria tem

uma função política sobre a prática. Essa atitude crítica chega ao ponto de não apreciar a não

validade do conhecimento teórico disponível, inclusive pretendendo refazê-lo, vinculando de

forma mais estreita teóricos e práticos, uma vez que a atitude crítica traz consigo a reflexão.

Finalmente, para o autor, a teoria rompe com a experiência cotidiana caracterizada

pela prática, pois enquanto esta se refere ao singular, a teoria se refere ao plural.

A ciência que quiser explicar a realidade com modelos generalizáveis deve

superar e, às vezes, negar a vida cotidiana. A partir da caracterização lógica

e formal da ciência, a teoria transforma-se no conjunto de leis, de enunciados

e de hipóteses organizadas em conjuntos que explicam um fenômeno ou uma

parcela da realidade, formando tipos de conhecimentos agrupados em

ciências ou disciplinas que constituem a base de tarefas profissionais. Por

extensão, denominamos “teoria” a sistematização organizada de

conhecimentos – corpus teórico – que compõem um campo disciplinar

determinado, seja considerado ou não como ciência. (GIMENO

SACRISTÁN, 1999, p. 25).

Graças à proposição da racionalidade científico-técnica à educação, o processo passou

a ser de legitimidade segura que a ciência tem nos desenvolvimentos tecnológicos. A

fundamentação teórica na intervenção na realidade social é a nova forma de tornar aceitáveis

determinadas formas de ver os problemas e enfrentá-los. Para Gimeno Sacristán (1999) a

sociedade não compreende como um pensamento possa ter valor se não estiver relacionado à

sua aplicabilidade.

Neste sentido, Sánchez Vázquez (2011) contribui no sentido de que

As exigências da prática contemporânea – direção de processos complexos,

assimilação do cosmos, industria automatizada, etc. – constituem uma

poderosa fonte de desenvolvimento da teoria. A prática em seu mais amplo

sentido e, particularmente, a produção, manifesta seu caráter de fundamento

da teoria na medida em que essa se encontra vinculada às necessidades

práticas do homem social. (SÁNCHEZ VÁZQUEZ, 2011, p. 251).

Os enfoques apresentados nos incentivam a encontrar na teoria o progresso da prática

em benefício dos professores e consequentemente dos estudantes e dos demais agentes

envolvidos na escola, uma vez que a teoria não só explica, mas também guia a prática.

Ampliando mais o significado do termo “teoria” aplica-se a concepções ou explicações “que

os sujeitos têm dos fenômenos e das realidades, conectando com os conceitos de crença, de

pensamento, de conhecimento e de saber dos sujeitos”. (GIMENO SACRISTÁN, 1999, p. 26)

Esse saber implica diretamente com a prática, o que leva a compreender que esta relação é

potencialmente possível e conveniente para o desenvolvimento social.

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Entretanto, pensar a formação de professores envolve a compreensão de que a busca

da relação teoria-prática nasce na formação e por isso discutir as implicações do currículo

neste processo é fundamental.

3.3 Currículo

Estudar as teorias curriculares pressupõe estudar fatores que fazem do currículo algo

vivo, do dia a dia escolar, das construções e processos de aprendizagem que envolvem

diferentes sujeitos, sejam professores, alunos, comunidade, família, dentre outros. É difícil

conceituar currículo e suas implicações sem ponderar sobre algo dinâmico, que se constrói, se

processa e principalmente como um instrumento político, social e de direito.

Gimeno Sacristán (1998) afirma que compreender o currículo depende de marcos

muito variáveis, e devemos considerar que

Primeiro: o estudo do currículo deve servir para oferecer uma visão da

cultura que se dá nas escolas, em sua dimensão oculta e manifesta, levando

em conta as condições em que se desenvolve.

Segundo: trata-se de um projeto que só pode ser entendido como um

processo historicamente condicionado, pertencente a uma sociedade,

selecionado de acordo com as forças dominantes nela, mas não apenas com

capacidade de reproduzir, mas também de incidir nesta mesma sociedade.

Terceiro: o currículo é um campo no qual interagem ideias e praticas

reciprocamente.

Quarto: como projeto cultural elaborado, condiciona a profissionalização do

docente e é preciso vê-lo como uma pauta com diferente grau de

flexibilidade para que os professores/as intervenham nele. (GIMENO

SACRISTAN, 1998, p. 148).

Neste sentido, Gimeno Sacristán (1998) nos convida a refletir sobre o direito à

educação, garantido pela escolarização universal, dotada de conteúdos, como uma criação

cultural do século 20. Apresenta que os objetivos desse direito foram, dentre outros, a

manutenção do sistema de produção industrializado, que provocou transformações na família,

na escola (resposta a necessidades da sociedade, modelos de vida e valores, currículo

concentrado nas urgências, ultrapassando o conceito de seleção de matérias e disciplinas); a

socialização e controle dos indivíduos: sociedade capitalista; e a preservação de alguns

valores da cultura ocidental.

Desta forma, é fundamental compreender o conhecimento escolar como elemento

central do currículo, sendo este condição indispensável para que os conhecimentos

socialmente produzidos possam ser apreendidos, criticados e reconstruídos. Por isso, os

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conteúdos precisam ser relevantes e significativos: ir além do cotidiano, ampliar, transformar,

conceber o sujeito autônomo, crítico e criativo.

Ainda sobre o conhecimento escolar, este deve ter características próprias que o

distinguem de outras formas de conhecimento – conhecimento produzido pelo sistema escolar

e pelo contexto social e econômico mais amplo – de forma que os conhecimentos ensinados

nas escolas não sejam cópias dos conhecimentos socialmente construídos.

Para Moreira (2007),

O currículo, nessa perspectiva, constitui um dispositivo em que se

concentram as relações entre a sociedade e a escola, entre os saberes e as

práticas socialmente construídos e os conhecimentos escolares. Podemos

dizer que os primeiros constituem as origens dos segundos. Em outras

palavras, os conhecimentos escolares provêm de saberes e conhecimentos

socialmente construídos [...] (p. 22)

Assim, o currículo se torna um espaço para desenvolver a capacidade de perceber o

que tem sido denominado de ancoragem social dos conteúdos (MOREIRA, 2007) propiciando

uma compreensão de como e em que contexto social um dado conhecimento surge e se

difunde.

Com isso, o currículo passa a ter lugar de destaque no desenvolvimento de pesquisas,

reflexões e investigações cuidadosas e rigorosas de professores, que precisam compreender

que essas são formas de posicionar-se politicamente, de propiciar ao aluno uma compreensão

maior do mundo em que vive, assim como de atuar autonomamente.

De forma geral a concepção de currículo remete aos conteúdos a serem ensinados e

aprendidos, experiências de aprendizagem escolares a serem vividas, planos pedagógicos

elaborados por professores, escolas e sistemas educacionais, objetivos a serem alcançados por

meio do ensino, processos de avaliação que terminam por influir nos conteúdos e

procedimentos selecionados nos diferentes graus da escolarização. (MOREIRA, 2007 p.18)

Gimeno Sacristán (2013) afirma que

[...] o currículo é algo evidente que está ai, não importa como o

denominamos. É aquilo que um aluno estuda. Por outro lado, quando

começamos a desvelar suas origens, suas implicações e os agentes

envolvidos, os aspectos que o currículo condiciona e aqueles por ele

condicionados, damo-nos conta de que nesse conceito se cruzam muitas

dimensões que envolvem dilemas e situações perante os quais somos

obrigados a nos posicionar. (GIMENO SACRISTÁN, 2013, p. 16).

Desta maneira, este conceito multifacetado reflete vários posicionamentos,

compromissos e pontos de vista teóricos. Entretanto, vale ressaltar que a construção e o

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desenvolvimento do currículo trazem consigo questões ideológicas que o fundamentam,

contribuindo para a manutenção ou não de paradigmas, por isso, sendo algo vivo, depende

especificamente de quem o constrói, de quem o coloca em prática.

Para Moreira (2007), currículo está diretamente relacionado às atividades organizadas

por instituições escolares, concebido como experiências escolares em torno do conhecimento,

relações sociais, que contribuem para a construção das identidades dos estudantes. É ainda,

para o autor, um conjunto de esforços pedagógicos desenvolvidos com intenções educativas.

A palavra currículo também tem sido utilizada como efeitos alcançados na escola, que

não estão explicitados nos planos e nas propostas, não sendo sempre, por isso, claramente

percebidos pela comunidade escolar: chamado “currículo oculto”. Envolve, dominantemente,

atitudes e valores transmitidos, subliminarmente, pelas relações sociais e pelas rotinas do

cotidiano escolar.

É interessante analisarmos a trajetória de pesquisa sobre a origem dos termos “classe e

curriculum” apresentada por Hamilton (1992), em que destacamos que

Primeiro, veio a introdução de divisões em classes e a vigilância mais

estreita dos alunos; e, segundo, veio o refinamento do conteúdo e dos

métodos pedagógicos. O resultado líquido, entretanto, foi cumulativo: o

ensino e a aprendizagem tornaram-se, para o mal ou para o bem, mais

abertos ao escrutínio e ao controle externos. (p. 12)

Parafraseando Moreira (2007), currículo é “o coração da escola”, o espaço central em

que todos atuam, o que os torna – nos diferentes níveis do processo educacional –

responsáveis por sua elaboração. O papel do educador no processo curricular é, assim,

fundamental.

Para reflexões sobre currículo devemos recorrer à LDB, às propostas curriculares

estaduais e municipais, às diretrizes curriculares dos cursos de graduação e, por isso, quando

tratamos de currículo, inicialmente retomamos questões de organização do sistema de ensino

de um país e, consequentemente, questões relacionadas à qualidade da educação.

Chizzotti e Ponce (2012) em suas pesquisas analisam a relação existente entre a

organização dos sistemas brasileiros de ensino, a formação e reforma do Estado e a

constituição do currículo escolar.

Os autores apontam que a organização dos Estados Nacionais determinaram as opções

socioeducativas escolares, as finalidades educacionais, a organização pedagógica e a

delimitação dos conteúdos e métodos. Apresentam ainda a origem dos sistemas e dos

conteúdos, através de duas tradições históricas. (CHIZZOTTI e PONCE, 2012).

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A primeira tradição apresentada pelos autores é a republicana, onde o sistema de

ensino é centralizado, financiado e regulado pelo Estado. Surgid na Alemanha, França,

Holanda e Suíça na primeira metade do século 19, influenciou os sistemas de educação

contemporâneos europeu, latino-americano e o brasileiro. Dentre as características desta

tradição destacamos o monopólio estatal, com a oferta de ensino gratuito para atender a

universalidade e garantia da democracia e cidadania. Neste sentido,

[...] cidadania compreendida como: a comunhão coletiva na igualdade

universal ao direito à cultura comum, sem distinções econômicas, diferenças

sociais ou particularismos culturais, que busca garantir, a toda população,

igualdade de oportunidades. O objetivo primordial de garantir o acesso à

cultura comum é o estreitamento dos laços de solidariedade coletiva e a

solidificação da coesão social. (CHIZZOTTI e PONCE, 2012 p. 28)

Os autores apresentam a segunda tradição histórica que é a Liberal, cujo sistema é

descentralizado e tem como características básicas o impacto da globalização e das teorias

neoliberais, a organização e promoção dependente da iniciativa privada, em que o Estado

apenas supervisiona para garantir padrões curriculares de qualidade, estabelecendo critérios

de avaliação. Isso resulta num Estado prestador de serviço público para comprador de serviço

privado, atendendo a lógica do capital. Chizzotti e Ponce (2012) destacam que, nesta tradição,

os procedimentos escolares passam a ser empresariais, a reformulação de conteúdos e

métodos buscam a avaliação de resultados e competências previamente definidas, assim como

normas comuns de gestão, comparação entre instituições, intensificando a competição e

competitividade mundial através dos sistemas de avaliações internacionais.

O resultado destas duas tradições é que, na segunda metade do século 20 e no século

21, elas se encontram e trazem impactos diferentes no currículo. Em países como o Brasil, por

exemplo, trazem como resultado propostas currículares híbridas e contraditórias. Para

Chizzotti e Ponce (2012), é neste sentido que se torna urgente o avanço nas reflexões sobre a

teoria e a prática curriculares, pois “a sociedade do século XXI revela e oculta pressupostos e

intencionalidades da educação” (p. 27).

Para Malta (2010), a escola com o formato herdado da modernidade encontra-se em

crise e afirma que

As reformas educacionais que vêm sendo introduzidas em diversos países,

entre os quais o Brasil, procuram ajustar a escola a essas mudanças mais

amplas, de acordo com as concepções dominantes sobre as novas demandas

da economia, da sociedade e da cultura. Com uma pauta assim ambiciosa e

abrangente, as reformas atingem praticamente todos os aspectos dos sistemas

educacionais, desde o financiamento, gestão e organização das redes, até o

funcionamento das unidades escolares, o conteúdo e o formato da atividade

pedagógica propriamente dita. (MALTA, 2010 p. 2)

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Desta forma, podemos afirmar que o currículo escolar pode e deve oferecer ao aluno,

seja criança, jovem ou adulto, condições para a autonomia, ou seja, o currículo deve dar

oportunidade ao estudante para que ele se posicione politicamente, e através dos

conhecimentos adquiridos e construídos em um processo democrático, contribua para a

melhoria da sociedade em que vive.

O currículo deve oportunizar, ainda, mudanças sociais. O aluno como um ser social

necessita adquirir em sua formação condições para se tornar um sujeito ativo na sociedade, e a

partir dai continuar seu processo de forma consciente e corajosa.

Com isso o currículo precisa ser real, e não cheio de intenções que estão distantes das

necessidades da comunidade escolar. Quando falamos em comunidade escolar, é justamente

para tirar a responsabilidade única e exclusiva do desenvolvimento curricular do professor,

pois ele é mais um sujeito ativo desta construção, mas não é o único. Desta forma,

compreendemos o currículo não como algo pronto, e sim como um processo em permanente

construção. Ele deve garantir questões de qualidade de ensino, mas não pode se afastar da

prática, da necessidade, da realidade.

No Brasil, com a LDB 9.394/96 surgem referenciais curriculares que buscam

concretizar a concepção da educação básica como um processo contínuo, sendo os

Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (RCNEI) e os Parâmetros

Curriculares Nacionais (PCN) para o ensino fundamental e médio entre 1997 e 1998,

estruturados em áreas de conhecimento, não apenas das disciplinas, mas saberes de natureza

diversa, assim como os Temas Transversais, temas estes entendidos como questões

significativas do ponto de vista social que deveriam transpassar o currículo, abrindo

possibilidades para que questões como gênero, sexualidade, meio ambiente, cidadania possam

ser estudadas. No ano de 2015 se inicia no Brasil um processo de reorganização curricular

através de um movimento de elaboração de uma Base Nacional Comum Curricular (BNCC)

que pretende deixar claros os conhecimentos essenciais aos quais todos os estudantes

brasileiros têm o direito de ter acesso e se apropriar durante sua trajetória na Educação Básica,

ano a ano, desde o ingresso na Creche até o final do Ensino Médio, este processo ainda está

em desenvolvimento, com previsão de finalização em junho de 2016.

Os processos de reorganização curricular no Brasil surgem como uma possibilidade de

melhora na qualidade do ensino oferecido, uma vez que

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Nos momentos em que se toma consciência da falta de qualidade no sistema

educativo, a atenção se dirige para a renovação curricular como um dos

instrumentos para sua melhora. Isso leva a se fixar imediatamente em dois

aspectos básicos: os conteúdos do currículo e a metodologia nas aulas.

(GIMENO SACRISTAN, 2000 p. 29).

Devido as desigualdades econômica, social e cultural dos estudantes, é necessário

pensar um currículo que possibilite a igualdade de oportunidades, o acesso à educação e aos

bens sociais e culturais, e com isto surgem programas para atender demandas específicas

como jovens e adultos que não foram alfabetizados na idade própria, população de campo,

indígenas, encarcerados, etc. Como afirmam Feldmann e D’Água (2009, p. 195), “A

diversidade está presente e pode ser vislumbrada por meio de respostas, posturas e ações dos

sujeitos na instituição social”.

Uma mudança bastante difundida nas questões curriculares dos anos 90, no Brasil, foi

a introdução da concepção de competência como nuclear nos currículos, que embora

multifacetada, traduz a necessidade de o ensino buscar a reprodução de um saber

sistematizado e passe a buscar a mobilização de conhecimentos, atitudes, habilidades, como

forma de resolver os problemas do contexto em que o estudante está inserido.

Vale ressaltar ainda que os parâmetros curriculares ou os referenciais curriculares não

são obrigatórios, de forma que os sistemas estaduais, municipais e até mesmo as próprias

escolas e professores, possuem autonomia para utilizá-los de acordo com suas demandas.

Desta forma,

A atuação profissional dos professores está condicionada pelo papel que lhes

é atribuído no desenvolvimento do currículo. A evolução dos currículos, a

diferente ponderação de seus componentes e de seus objetivos, são também

propostas de reprofissionalização dos professores. Num nível mais sutil, o

papel dos professores está de alguma forma prefigurado pela margem de

atuação que a política lhe deixa e o campo no qual se regula

administrativamente o currículo [...] (GIMENO SACRISTAN, 2000 p. 31-

32).

Ao tratar do currículo na formação inicial de professores, é preciso refletir sobre qual

modelo de escola, ensino e professor estamos idealizando, uma vez que este vem determinado

e influenciado pelas necessidades sociais, políticas, econômicas da sociedade em cada

momento histórico.

Vale destacar como orienta Arroyo (2007) que

As indagações sobre o Currículo vindas da nova consciência e identidade

profissional nos levam a repensar as lógicas e valores que estruturam a

organização curricular. Este é o cerne das indagações: repensar e superar

lógicas estruturantes dos currículos que afetam a estrutura de trabalho, de

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tempos e até as hierarquias profissionais –, indagações nucleares pouco

privilegiadas nas políticas de currículo. (ARROYO, 2007 p.19)

Com essas indagações, devemos pensar especificamente como vem sendo o currículo

definido para a formação inicial de professores, a que escola e sociedade ele está delimitado.

Outro aspecto relevante quando tratamos de currículo se refere às avaliações de

sistema, como o Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) que determina uma

matriz de referência curricular por competência, o Exame Nacional do Ensino Médio

(ENEM), o ENADE, a Prova Brasil. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas

Educacionais Anísio Teixeira (Inep) é o órgão do MEC que organiza essas avaliações, e de

certa forma, acompanha as políticas de currículo da educação básica e superior, da formação

docente.

Em 2007, é criado o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB),

indicador que mede a qualidade de ensino de cada escola, com base no rendimento do aluno

por testes de larga escala como é o caso da Prova Brasil, mas também dados de assiduidade e

retenção. O IDEB também estabelece metas e prazos para cada escola, metas estas

estabelecidas de acordo com resultados de programas como o Programa Internacional de

Avaliação da Aprendizagem (PISA).

O resultado é que alcançar a qualidade passa a ser entendido como alcançar um bom

desempenho no IDEB, PISA, dentre outros e, com isso, o currículo passa a ser determinado

não mais como um processo de ensino e aprendizagem, e sim como o caminho para chegar a

determinados resultados. Com isso o professor perde a autonomia, e passa a responder pelo

cumprimento de metas e busca de resultados, sendo que ele deveria ser um mediador

pedagógico no processo de construção do currículo.

Gimeno Sacristan (2000) destaca que

A mediação do professor ressalta a sua influência e a importância de sua

formação cultural e profissional. A qualidade do ensino, refletida na

qualidade dos processos que se desenvolvem na prática pedagógica, tem, por

isso, seu primeiro condicionante na qualidade do professorado. Os sistemas

de formação de professores, as suas práticas de aperfeiçoamento, o

desenvolvimento de áreas de pesquisa relativas ao significado educativo e

social do saber e da cultura em suas mais variadas parcelas, etc. se refletem

na prática do ensino através dos docentes. (p. 193-194).

Esses aspectos do currículo marcam fundamentalmente o trabalho do professor. Como

nos afirma Gimeno Sacristan (2000), o docente não é um adaptador de currículo, mas sim

pode ser considerado mediador entre a cultura exterior e a cultura pedagógica que se processa

dentro da escola, pois existe a necessidade de se estruturar ambientes complexos, situações

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ambíguas, conflitos e processos dificilmente previsíveis. Por isso a formação precisa caminhar

no sentido de capacitar para o diagnóstico e tomada de decisões de forma autônoma e em

grupo. O autor afirma ainda que “mais do que armá-lo de respostas, é necessário lhe facilitar

esquemas gerais de ação e instrumentos de análise para tomar decisões responsáveis” (p. 96).

Neste sentido, a formação inicial do docente é primordial para o estabelecimento de

um currículo, pois em sua formação terá um referencial político e administrativo para tomar

decisões sobre o currículo.

Vamos discutir a seguir ideias sobre a relação existente entre a formação de

professores e o desenvolvimento do currículo. Formar o professor se traduz em aprimorar a

ação de ensinar e aprender, o que resulta nos aspectos que contemplam o currículo. Conforme

for definida a formação dos professores, a relação desta com o currículo é imprescindível.

Para Imbernón (2013), se o currículo se relaciona com o ensinar e o aprender, ele está

diretamente relacionado com a formação do professor e isto está diretamente ligado à

melhoria da aprendizagem dos estudantes.

O currículo compreendido como um conjunto temático abordável

interdisciplinarmente, expressão da função socializadora da escola (GIMENO SACRISTAN,

2000) necessita da formação e aperfeiçoamento dos professores, onde a política educativa

deve ser questionada para poder oferecer uma melhora na qualidade da educação em situações

e contextos concretos.

García (1999) afirma que identificar metas e finalidades para o currículo de formação

de professores é preocupação de muitos estudiosos, principalmente no sentido de que este

deve contribuir para que os professores em formação se formem como pessoas, compreendam

sua responsabilidade com a escola, e adquiram atitude reflexiva acerca do seu ensino.

Para Edmunson (1990 apud GARCÍA, 1999 p. 80)

O currículo da formação de professores deveria ajudar os professores em

formação a desenvolver um compromisso com a ideia de que a escola numa

democracia é responsável por promover valores democráticos e por preparar

os alunos para que sejam bons cidadãos. (EDMUNSON, 1990 apud

GARCIA, 1999, p.80)

García (1999) contribui em seus estudos com a definição de três modelos de currículo

possíveis na formação de professores: integrado, colaborativo e segmentado. O currículo

integrado refere-se à integração total de disciplinas, sendo composto por uma estrutura

interdisciplinar, o que exige um elevado nível de comprometimento entre professores para

trabalharem a inter-relação do conhecimento. Já o currículo colaborativo busca relacionar a

especificidade com a integração, segmentado em disciplinas com partes inter-relacionadas, de

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forma que a especificidade da disciplina se integra com outra por temas concretos. O currículo

segmentado é o modelo mais comum, formado por disciplinas pouco ou nada interligadas.

Pérez Gómez (1998), considerando as propostas de Zeichner e Feiman-Nemser,

delimita quatro perspectivas básicas, que embora não se encerrem em si mesmas, orientam os

currículos de formação de professores, sendo elas: acadêmica, técnica, prática e de

reconstrução social.

A perspectiva acadêmica, de acordo com Pérez Gómez (1998), ressalta que o ensino é

um processo de transmissão de conhecimento e aquisição de cultura que a humanidade

acumulou. O docente é um especialista nas diferentes disciplinas cujos conteúdos deve

transmitir. Essa perspectiva possui dois enfoques: o enciclopédico e o compreensivo. O

enfoque enciclopédico propõe a formação de professores como especialistas em um ou vários

ramos do conhecimento, com ênfase no saber e pouca ou quase nenhuma na didática ou

formação pedagógica, enfoque este marcado pela homogeneidade. Já o enfoque compreensivo

propõe a formação do professor como um intelectual que põe o aluno em contato com

aquisições científicas e culturais da humanidade, integrando conteúdos, investigação e

descoberta. Em ambos os enfoques a aprendizagem é apoiada na teoria, resultado da

investigação científica.

Outra perspectiva apresentada por Pérez Gómez (1998) que orienta o currículo de

formação de professores é a técnica. Nesta perspectiva o ensino ganha o status e o rigor de

uma prática tradicional, como uma ciência aplicada, evidenciando-se a qualidade do ensino, o

professor visto como um técnico que domina aplicações da ciência. Para Schön (1983, apud

PÉREZ GÓMEZ, 1998, p. 356) “a racionalidade técnica [...] herdada do positivismo, [...] e na

qual fomos educados e socializados, e na qual continua sendo a maioria dos profissionais, em

geral, e dos docentes, em particular”, desta forma, a atividade profissional é instrumental,

ligada à solução de problemas, mediante a aplicação rigorosa de teorias e técnicas científicas.

Nesta perspectiva, é fácil reconhecer a hierarquia nos níveis de conhecimento, bem como um

processo lógico entre eles.

Um currículo de formação de professores na perspectiva prática fundamenta-se, de

acordo com Pérez Gómez (1998), no ensino como uma atividade complexa, com resultados

imprevisíveis, carregados de conflitos de valor que requerem opções éticas e políticas. O

professor nesta perspectiva é visto como um artesão, um artista, um profissional clínico, que

desenvolve sua sabedoria experiencial, sua criatividade para enfrentar situações conflitantes.

O conhecimento profissional é tácito, verbalizado e menos teoricamente organizado, a cultura

é estruturada numa forma prática não-reflexiva, intuitiva, impregnada de vícios e saber de

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opinião, assim como mitos e preconceitos. Tal perspectiva caminha sem apoio conceitual e

teórico, sem reflexão sistemática sobre a prática, ao que devemos nos atentar pois

O problema central que se aborda neste enfoque, [...] é como gerar um

conhecimento que, longe de impor restrições mecanicistas ao

desenvolvimento da prática educativa, emerja dela útil e compreensivo para

facilitar sua transformação. Ao mesmo tempo, e ao pretender o

desenvolvimento de um conhecimento reflexivo, se propõe evitar o caráter

reprodutor, acrítico e conservador do enfoque tradicional sobre a prática. (PÉREZ GÓMEZ, 1998, p. 365).

A última perspectiva apresentada por Pérez Gómez que orienta os currículos de

formação de professores é a perspectiva de reflexão na prática para a reconstrução social.

Optamos por nos aprofundar nesta perspectiva, uma vez que, com a análise do PIBID, ela se

enquadra nas propostas apresentadas por este programa.

3.3.1 Currículo na Perspectiva de Reflexão na Prática para a Reconstrução Social

Apresentamos brevemente as quatro perspectivas básicas dos currículos de formação

de professores que Pérez Gómez (1998) delimita em suas pesquisas.

Enquanto reconstrução social, nesta perspectiva, o ensino é concebido como uma

atividade crítica, uma prática social de caráter ético, concepção esta que permeia todo o

processo de ensino e aprendizagem. O professor é considerado um profissional autônomo que

reflete sobre a prática para entender os processos, e contribuir de forma autônoma e

emancipatória com quem dele participa, buscando a construção de uma sociedade mais justa e

igualitária.

Dentro desta perspectiva, o autor apresenta dois enfoques: enfoque de crítica e

reconstrução social e o enfoque de investigação-ação e formação do professor/a para

compreensão.

O enfoque de crítica e reconstrução social considera que os currículos trabalham

valores singulares e concretos, para desenvolver a consciência social, buscando a

emancipação individual e coletiva. Neste enfoque, a escola e o professor são elementos

fundamentais para a construção de uma sociedade mais justa, de forma a incentivarem os

estudantes e professores a desenvolverem suas capacidades de pensar criticamente uma nova

ordem social.

Pérez Gómez (1998) afirma que neste enfoque

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O professor/a é considerado como um intelectual transformador, com o claro

compromisso político de provocar a formação da consciência dos cidadãos

na análise crítica da ordem social da comunidade em que vivem. O

professor/a é ao mesmo tempo um educador e um ativista político, no

sentido de intervir abertamente na análise e no debate dos assuntos públicos,

assim como por sua pretensão de provocar nos alunos /as o interesse e

compromisso crítico com os problemas coletivos [...] (PÉREZ GÓMEZ,

1998, p. 374)

O autor apresenta que temos três aspectos fundamentais. O primeiro é a necessidade

de o professor ser formado com uma bagagem cultural de clara orientação política e social;

desta forma disciplinas como Línguas, História, Política, são consideradas centrais no

currículo. O segundo aspecto é a importância do desenvolvimento da capacidade de reflexão

crítica sobre a prática, para compreender as influências da ideologia dominante presentes na

escola, no currículo, nos sistemas, etc. O terceiro e último aspecto se refere ao

desenvolvimento das atitudes que requerem o compromisso político do professor como

intelectual transformador. Diferente de ser neutro, neste enfoque, tanto na intervenção quanto

nos currículos de formação de professores, devem existir posturas políticas definidas, que

serão refletidas, explicitadas, criticadas, reformuladas, em prol dos valores de igualdade e

justiça social.

Na perspectiva de reflexão sobre a prática e reconstrução social, o outro enfoque

apresentado por Pérez Gómez (1998) é o da investigação-ação e formação do professor para

compreensão, cujos principais representantes são Stenhouse, MacDonald e Elliott. Neste, o

ensino é uma arte em que as ideias adquirem uma expressão concreta, não uma rotina, mas

sim experiências na prática de forma reflexiva e criativa, recusando o currículo por objetivos

previamente estabelecidos que são mensurados mediante avaliações observáveis. A proposta é

um modelo curricular de caráter ético, processual, no qual a intencionalidade é orientada

considerando o processo de ensino, uma vez que

[...] se nos propomos, por exemplo, que os alunos aprendam e desenvolvam

como cidadãos ideias e comportamentos democráticos, temos de ensinar

democraticamente, criando um clima de autêntica participação na aula e na

escola. Neste modelo, o desenvolvimento do currículo é construído pelo

professor/a e, por isso, requer a atividade intelectual e criadora do mesmo,

para aprofundar seus conhecimentos acerca dos valores educativos e para

transferir tais valores para a prática da aula. (PÉREZ GÓMEZ, 1998, p. 376-

377).

Diante disto, Stenhouse (apud PÉREZ GÓMEZ, 1998) afirma que não pode haver

desenvolvimento curricular sem o desenvolvimento profissional do professor, uma vez que

este não deve ser entendido como uma prévia preparação acadêmica, mas sim um processo

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em que sistematicamente refletem sobre sua prática e utilizam dessa reflexão para melhorar a

qualidade de sua própria intervenção. Neste modelo processual do desenvolvimento do

currículo o professor não é um técnico que aplica estratégias e rotinas aprendidas durante sua

formação acadêmica, mas é um investigador na aula, no contexto da prática, onde os

problemas se definem e para eles são experimentadas estratégias diferenciadas de acordo com

tal contexto, e daí surgem novas estratégias, novas ideias.

Para Elliott (1989 apud PÉREZ GÓMEZ, 1998) a investigação-ação surge nos

currículos inovadores nos anos 1960 na Inglaterra para melhorar a prática, em que destacamos

alguns pressupostos. O primeiro deles é que melhorar a prática é uma atividade ética e não

técnica, e isso só pode acontecer mediante a reflexão na e sobre a ação. O segundo

pressuposto é que investigar na e sobre a ação deve abranger todos os aspectos que possam

interferir no processo de ensino e aprendizagem. Já o terceiro aspecto se refere à

transformação da prática ao se modificar os participantes e a situação, ou seja, pela

investigação os professores transformam o cenário de aprendizagem, como afirma Elliott

(1989 apud PÉREZ GÓMEZ, 1998):

Se a investigação consiste no desenvolvimento de uma forma de

compreensão prática, constitui um modo de busca que reconhece plenamente

as ‘realidades’ que os participantes enfrentam em toda a sua singularidade e

desordenada complexidade. Dessa forma, resiste à tentação de simplificar as

coisas, as situações concretas, mediante a abstração teórica, mas deve

utilizar, e inclusive gerar, teorias para esclarecer na prática os aspectos mais

significativos de cada caso. Na investigação/ação, a compreensão teórico-

analítica tem uma relação de subordinação ao desenvolvimento de uma

apreciação holística ou sintética da situação como um todo. (ELLIOTT,

1989, p.11 apud PÉREZ GÓMEZ, 1998, p. 377).

O quarto aspecto apresentado no leva a refletir sobre o fato de a investigação-ação não

dever ser considerada um fenômeno solitário de um professor em sala de aula, e sim um

intercâmbio de situações práticas frutos do diálogo, debates, pareceres, expectativas,

contribuições externas, experiências e teorias alheias, condições estas fundamentais para um

processo de investigação-ação, o que afeta inevitavelmente outros professores, outros alunos,

outras classes, enfim, a vida da escola e, em alguma medida, a própria vida e os processos de

desenvolvimento.

O quinto pressuposto afirma que a investigação-ação conduz a uma concepção que

recusa à divisão do trabalho imposta pela racionalidade técnica, pelo conhecimento

especializado e sim integra a investigação, o desenvolvimento curricular, o desenvolvimento

profissional e a prática.

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Neste enfoque a prática profissional deve ser contemplada de forma intelectual e

autônoma, em um processo de ação e reflexão cooperativa, indagação e experimentação,

intervenção para facilitar a reconstrução do conhecimento, fazendo desta forma com que a

escola seja um espaço de desenvolvimento profissional.

A concepção que nos parece muito clara é de que os docentes adquirem

conhecimentos através de sua participação no desenvolvimento do currículo, por isso

formação de professores, aperfeiçoamento dos processos nas escolas e currículo, são

processos que devem andar juntos.

No próximo capítulo discutimos o caminho metodológico percorrido nesta pesquisa, a

abordagem, finalidade e os meios de investigação.

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CAPÍTULO 4 – Procedimentos metodológicos

Partindo da análise do problema e da justificativa de pesquisa, para o desenvolvimento

desta investigação, a delimitação da metodologia é fundamental, pois colabora para a busca

dos objetivos explicitados, especialmente no que se refere à análise das contribuições do

PIBID para o desenvolvimento da relação teoria-prática, e para a construção de um conceito

de trabalho docente, através de uma formação inicial de professores diferenciada no olhar dos

bolsistas, coordenadores de curso, professores e gestores das escolas.

4.1 Pesquisa de abordagem qualitativa

Considerando a pesquisa como um processo de operações sucessivas, distintas, porém

interdependentes, que de forma não linear coleta informações válidas de maneira sistemática,

conforme explicita Chizzotti (2010), a pesquisa apresentada privilegia uma abordagem

qualitativa de caráter reflexivo, com finalidade descritiva, analítica e interpretativa.

A abordagem qualitativa, de acordo com Dezin e Lincoln (2007), envolve o estudo do

uso e a coleta de uma variedade de materiais empíricos, que descrevem momentos e

significados rotineiros e problemáticos na vida dos indivíduos, por isso, utilizam ampla

variedade de práticas interpretativas interligadas para compreender melhor a temática

definida.

A palavra qualitativa enfatiza as qualidades das entidades, processos e significados

que não são examinados ou medidos experimentalmente em termos de quantidade,

ressaltando a natureza socialmente construída, a relação entre o pesquisador e o que é

estudado, assim como as limitações situacionais que influenciam na investigação. (DEZIN E

LINCOLN, 2007). Para os autores a prática interpretativa é fundamental numa abordagem

qualitativa, e pode ser considerada como artística e política.

Considerado um termo genérico, que agrupa diversas estratégias de investigação que

partilham determinadas características, para Bodgan e Biklen (1999), designar os dados como

qualitativos significa considerá-los ricos em pormenores descritivos, e as questões a investigar

se estabelecem com o objetivo de investigar os fenômenos em toda a sua complexidade,

privilegiando a compreensão da totalidade.

Bogdan e Biklen (1999) descrevem algumas características da abordagem qualitativa,

sendo a primeira delas de que a fonte direta de dados é o ambiente natural e o investigador o

instrumento principal e mesmo com materiais registrados (como o questionário), eles são

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instrumentos chave de análise. A segundo característica é que a abordagem qualitativa é

descritiva, de forma a imprimir toda a riqueza dos dados registrados em descrições, uma vez

que a palavra escrita assume particular importância nesta abordagem.

Os pesquisadores que utilizam da abordagem qualitativa interessam-se mais pelo

processo do que pelo resultado, terceira característica apresentada por Bogdan e Biklen

(1999), que na área educacional é de grande importância, pois a educação é um processo e

não pode ser analisada de forma fragmentada. A quarta característica é que os pesquisadores

qualitativos tendem a analisar os seus dados de forma indutiva, o que impossibilita a definição

de hipóteses construídas previamente, até por que a pesquisa é processual e vai ganhando

forma à medida que é desenvolvida.

A quinta e última característica descrita por Bogdan e Biklen (1999) é de que o

significado é de importância vital na abordagem qualitativa, sendo que os pesquisadores estão

interessados no modo como diferentes pessoas dão sentido às suas vidas, pois ao compreender

as perspectivas dos participantes esclarece a dinâmica das situações pesquisadas.

A pesquisa qualitativa é infinitamente criativa e interpretativa. A tarefa do pesquisador

não se resume a deixar o campo levando pilhas de materiais empíricos e então redigir

facilmente suas descobertas. As interpretações qualitativas são construídas. (DEZIN E

LINCOLN, 2007, p. 37).

A abordagem qualitativa baseia-se na preocupação com a compreensão do que os

outros seres humanos estão fazendo ou dizendo. Para Schwandt (2007), numa abordagem

como esta, devemos nos preocupar com três questões: como definir o verdadeiro significado

de “compreensão”; como interpretar; como prever e ocupar espaço ético considerando a

responsabilidade e as obrigações do pesquisador na sociedade que ele pesquisa. O autor

afirma ainda que compreender o que os outros estão fazendo ou dizendo e dar forma pública a

esse conhecimento envolve compromissos morais e políticos.

Enquanto opção por uma abordagem qualitativa, esta se deu considerando a

conceituação de Lincoln e Dezin (2007)

O pesquisador qualitativo não é um observador objetivo, oficial,

politicamente neutro, que está fora ou acima do texto. O pesquisador

qualitativo tem uma posição histórica [...] Uma maneira correta de

conceituar a investigação qualitativa é como um projeto cívico, participativo,

colaborativo, que faz com que o pesquisador e os pesquisados envolvam-se

em um diálogo moral contínuo. (LINCOLN e DEZIN, 2007, p. 391).

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Por ser considerada descritiva, concordamos com Gil (2010, p. 27) no sentido de que

“têm como objetivo a descrição das características de determinada população” que nesta

pesquisa são os bolsistas do PIBID. As pesquisas descritivas estudam as características de um

grupo, assim como levantam opiniões, atitudes e crenças deste.

Os marxistas afirmam que existe uma relação necessária entre a mudança

quantitativa e a mudança qualitativa. E esta, como sabemos, resulta das

mudanças quantitativas que sofrem os fenômenos. Mas a qualidade do objeto

não é passiva. As coisas podem realizar a passagem do quantitativo ao

qualitativo, e vice-versa. (TRIVINOS, 1987 p.118)

A pesquisa desenvolvida, também de finalidade analítica, pautou-se na pesquisa

bibliográfica para tal análise, com objetivo de ordenar e sumariar as informações contidas nas

fontes bibliográficas, buscando através dela atingir os objetivos propostos. Para Gil (2010, p.

60) a leitura analítica passa por alguns momentos determinados, quais sejam

a) Leitura integral da obra ou do texto selecionado, para ter uma visão do

todo [...] apelar para trabalhos correlatos para se obter melhor compreensão

da obra ou do texto [...] b) Identificação das ideias-chaves. [...] c)

Hierarquização das ideias. [...] organização das ideias seguindo a ordem de

importância. [...] d) Sistematização das ideias. [...] recompor o todo

decomposto pela análise [...] (GIL, 2010, p. 60)

A finalidade interpretativa procura conferir significado amplo aos resultados obtidos

com a leitura analítica.

4.2 Meios de investigação

4.2.1 Pesquisa bibliográfica

A pesquisa bibliográfica, além da revisão de literatura sobre a temática, buscou

descrever o objeto da pesquisa – o PIBID – em relação a um referencial teórico sobre a

formação inicial de professores. Segundo SEVERINO (2002, p. 113) a pesquisa bibliográfica

tem como finalidade

[...] informar o leitor a respeito das fontes que serviram de referência para a

realização da pesquisa que resultou no trabalho escrito. Essa bibliografia

deve conter a indicação de todos os documentos que foram citados ou

consultados para a realização do estudo, fornecendo ao leitor não só as

coordenadas do caminhar do autor, mas também um guia para uma eventual

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retomada e aprofundamento do tema ou revisão do trabalho, por parte do

leitor.

A revisão de literatura proporcionada pela pesquisa bibliográfica possibilitou

aprofundarmos conceitos sobre formação inicial de professores no Brasil pós LDB 9.394/96,

com aporte teórico de Gatti (2010), Mizukami (2013), Saviani (1997), Garcìa (1999). Sobre o

conceito de trabalho docente contamos com estudos de Feldmann (2003, 2009), Nadal (2009),

Santos e Matos (1999), Tardif (2010), Tardif e Lessard (2012), Gimeno Sacristan (2007),

Burbules e Torres (2004). No que se refere à relação teoria-prática na formação inicial do

professor destacamos García (1999), Imbernón (2013), Mizukami (2013), Gimeno Sacristán

(1999), Sánchez Vázquez (2011), Santos e Matos (1999), Gamboa (1996). Sobre a

conceituação de Currículo contamos com as pesquisas de Gimeno Sacristán (1998 e 2013),

Moreira (2007), Hamilton (1992), Chizzotti e Ponce (2012), Malta (2010), Gimeno Sacristán

(2000), Feldmann e D’Água (2009) e Arroyo (2007). No que se refere à relação de Currículo

com a Formação de professores nos aprofundamos nas contribuições de Imbernón (2013),

Gimeno Sacristán (2000), Garcia (1999) e Pérez Gómez (1998).

Também foram consultadas teses e dissertações no banco de dados da CAPES e

biblioteca da PUC/SP.

4.2.2 Pesquisa documental

A pesquisa documental foi composta de documentos oficiais (Relatórios, Resoluções,

Decretos, Pareceres, Portarias e Leis) que fundamentam a formação inicial de professores no

Brasil e o PIBID.

Outros documentos fonte de pesquisa foram os relatórios de gestão do PIBID/CAPES

e os relatórios finais dos períodos de 2012-2013, 2014-2015 que a IES disponibilizou para

análise dos dados.

Esse processo de análise documental precedeu e acompanhou a pesquisa de campo, de

forma a mostrar a trajetória e evolução do PIBID, mas também mostrar a situação atual em

que ele se encontra.

Conforme destaca CHIZZOTTI (2010 p.19) “[...] é, pois uma etapa importante para se

reunir os conhecimentos produzidos e eleger os instrumentos necessários ao estudo de um

problema relevante e atual [...]”.

A documentação pesquisada, por ser de domínio público, está toda disponível na

internet, nos sites oficiais do MEC e da CAPES.

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4.2.3 Pesquisa de campo

Os instrumentos utilizados para a coleta de dados foram questionários disponíveis no

Apêndice. Utilizamos dois questionários, respondidos de forma escrita, compostos por

questões abertas e fechadas, elaboradas de acordo com os objetivos da pesquisa.

Optou-se pelo questionário devido às suas vantagens, dentre elas destaca-se:

[...] economia de tempo; [...] maior liberdade nas respostas em razão do

anonimato; mais segurança pelo fato de as respostas não serem identificadas;

menos risco de distorção pela não influência do pesquisador; há mais tempo

para responder e em hora mais favorável; há mais uniformidade na

avaliação, em virtude da natureza impessoal do instrumento e obtém

respostas que materialmente seriam inacessíveis. (LAKATOS; MARCONI,

1991, p. 202-203)

O questionário, com questões sistematicamente articuladas, se destina a levantar

informações escritas por parte dos sujeitos pesquisados, com vistas a conhecer a opinião dos

mesmos sobre os assuntos em estudo. (SEVERINO, 2002).

Alves-Mazzotti e Gewandsznajder (1999), quando tratam da elaboração de projetos na

abordagem qualitativa, destacam também que

Tendo-se definido os contornos da pesquisa, passa-se a fase de investigação

focalizada, na qual se inicia a coleta sistemática de dados. Enquanto no

período exploratório o pesquisador, tipicamente, conta apenas com seus

olhos e ouvidos, nesta fase ele pode recorrer a instrumentos auxiliares, como

questionários, roteiros de entrevista, formulários de observação ou outros

que surjam da criatividade do pesquisador. (ALVES-MAZZOTTI e

GEWANDSZNAJDER, 1999, p. 161).

Um dos questionários foi direcionado aos estudantes dos cursos de Licenciatura, que

são bolsistas do PIBID. Os objetivos deste questionário foram, inicialmente, de traçar um

perfil dos bolsistas da IES através de dados como idade, sexo, curso, semestre, primeira

graduação ou não; conhecer em quais ciclos os projetos são desenvolvidos; discriminar

atividades que os bolsistas desenvolvem além do PIBID; destacar os motivos que os levaram

a se inscrever no edital para participar do PIBID e verificar se a IES oferece ou não atividades

complementares a sua formação.

Com este contexto traçado, os objetivos posteriores do questionário foram de verificar

se os conteúdos estudados contribuem para as atividades desenvolvidas, nos levando a

constatar se o PIBID proporciona a relação teoria-prática, e se contribui para a construção de

um conceito de trabalho docente, através de uma formação inicial de professores diferenciada.

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O outro questionário foi direcionado aos supervisores (da escola) e coordenadores de

área (professores da Universidade) que também são bolsistas do PIBID, equipe gestora e

professores regentes das escolas e coordenadores de cursos de licenciatura da IES. O objetivo

inicial deste questionário foi de traçar um perfil dos respondentes através de dados como

idade, sexo, função; verificar qual o conceito de trabalho docente para estes profissionais da

educação. Com este contexto inicial, os objetivos posteriores do questionário foram de

constatar se o PIBID proporciona a relação teoria-prática, através de uma formação inicial de

professores diferenciada.

O Projeto da Pesquisa foi cadastrado no Sistema Nacional de Ética em Pesquisa

envolvendo Seres Humanos (SISNEP) através do preenchimento da Plataforma Brasil e

aprovado em 09/04/2015. A coleta dos dados aconteceu no período de setembro a novembro

de 2015 e o pré-teste do questionário foi realizado com 10 estudantes bolsistas, 1 coordenador

de área, 1 coordenador de curso e 1 gestor, na primeira quinzena do mês de junho de 2015.

Os dados dos questionários foram tabulados e analisados através de métodos

estatísticos que foram usados para facilitar a interpretação e análise, considerando se tratar de

uma pesquisa qualitativa. Neste sentido vale justificar que, embora utilizando-se de dados

estatísticos para mensurar a coleta de dados,

O conhecimento não se reduz a um rol de dados isolados, conectados por

uma teoria explicativa; o sujeito-observador é parte integrante do processo

de conhecimento e interpreta os fenômenos, atribuindo-lhes um significado.

O objeto não é um dado inerte e neutro; está possuído de significados e

relações que sujeitos concretos criam em suas ações. (CHIZZOTTI, 2010 p.

79).

Considerando a articulação teoria-prática e a compreensão do trabalho docente como

categorias de análise dos dados coletados, de acordo com a similitude que apresentaram,

organizamos em eixos de análise que apresentamos no próximo capítulo.

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CAPÍTULO 5 – O PIBID: o percurso da relação teoria-prática

5.1 O PIBID no Brasil – Análise da pesquisa documental

Os dados apresentados a seguir partem da análise dos três relatórios de Gestão do

PIBID disponibilizados pela DEB, referentes aos períodos de 2009-2011, 2009-2012 e 2009-

2014. Estes relatórios são de acesso público, disponíveis no site da CAPES. Sobre o ano de

2015, marcado por algumas mudanças na DEB, não foi publicado nenhum relatório.

Inicialmente destacam que a ideia do PIBID partiu do presidente da CAPES prof. Dr.

Jorge Almeida Guimarães, que na década de 1990, quando estava no Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), lançou o PIBIC (Programa Institucional de

Iniciação à Ciência). O Ministro da Educação, Prof. Dr. Fernando Haddad, acolheu a ideia, e a

inspiração para o primeiro edital do PIBID foi o PIBIC, mas com foco na docência.

Quando lançado em 2007, através da Portaria Normativa nº 38 de 12/12/2007, a

prioridade do PIBID eram as áreas de Física, Química, Biologia e Matemática para o Ensino

Médio, Ciências e Matemática para os anos finais do Ensino Fundamental, uma vez que era

clara a carência de professores nestas áreas. Outro destaque previsto na Portaria Normativa

citada é que as atividades de iniciação à docência deverão ser cumpridas em escolas com

baixos Índices de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) e em escolas com baixas

médias no ENEM.

Com dados positivos do início do Programa, e as políticas de incentivo à formação de

professores, o PIBID a partir de 2009 passou a atender toda a Educação Básica, inclusive

Jovens e Adultos, Indígenas, Campo e Quilombolas. Neste mesmo ano, no mês de Setembro

foi publicada a Portaria nº 122, que dispôs sobre o PIBID no âmbito da CAPES.

Ressalta-se nestes documentos a importância de diferenciar o PIBID do estágio

curricular supervisionado, por ser considerada uma proposta extracurricular e por que são

aceitos estudantes desde o primeiro ano dos cursos. Outra diferenciação destacada refere-se ao

fato de o PIBID se inserir no cotidiano da escola de forma orgânica uma vez que vivenciar os

diferentes aspectos da escola é essencial ao bolsista, e não apenas em forma de observação ou

participações pontuais como acontece em muitos estágios.

No primeiro edital do PIBID no ano de 2007, somente podiam participar Instituições

Federais de Ensino Superior (IFES). Já no segundo edital lançado em 2009, puderam

participar Instituições Federais e também Estaduais de Ensino Superior. A partir de 2010

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houve um avanço, pois com o edital 18/2010 abriu-se a possibilidade para a participação das

instituições públicas municipais, comunitárias, confessionais e filantrópicas sem fins

lucrativos. Também em 2010, graças à parceria entre CAPES e Secretaria de Educação

Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (SECADI), foi lançado o PIBID

Diversidade para alunos dos cursos de licenciatura dos programas da SECADI, Programa de

apoio à formação superior de professores que atuam em escolas indígenas de educação básica

(PROLIND) e Programa de Apoio à Formação Superior em Licenciatura em Educação do

Campo (PROCAMPO). No ano de 2013, outra novidade foi relativa àa abrangência do PIBID

que passou a atender licenciandos do ProUni que estudam em IES privadas. A ampliação ao

público do ProUni se deu devido ao reconhecimento de que os estudantes das licenciaturas

desenvolvem sua formação com financiamento público, na mesma medida que os alunos que

estudam em IES federais, estaduais e municipais. A diferença é que as IES privadas com fins

lucrativos participam do programa com a contrapartida de inserir o recurso de custeio no

desenvolvimento das ações desenvolvidas por seus bolsistas.

A publicação do Decreto 7.219 de julho de 2010 é considerada um marco político para

o PIBID, pois sinalizou a preocupação do MEC com a institucionalização do programa, com

sua consolidação e com sua continuidade como uma política pública de formação inicial de

professores. Tal decreto sistematiza os âmbitos e responsabilidades do PIBID, delimita as

atividades de cada bolsista (iniciação à docência, coordenador institucional, coordenador de

área, supervisor), trata do projeto institucional, descreve os objetivos do PIBID, explicita a

concessão e modalidades das bolsas, estabelece critérios para as chamadas públicas, delimita

o mínimo que deve constar em cada edital de chamamento de propostas. Vale destacar que a

definição dos níveis de formação de professores atendidos fica clara, constando de: infantil,

fundamental e médio da educação básica, bem como na educação de pessoas com deficiência,

jovens e adultos, comunidades quilombolas, indígenas e educação no campo. Sobre as áreas

de conhecimento que serão contempladas, o decreto prevê a análise das necessidades

educacionais, observado o Decreto 6.755 de 29 de janeiro de 2009, que institui a Política

Nacional de Formação de Profissionais do Magistério da Educação Básica, disciplina a

atuação da CAPES no fomento a programas de formação inicial e continuada.

Também no ano de 2010, no mês de dezembro, foi aprovada a Portaria nº 260 que

aprova as Normas do PIBID. Nesta portaria constam os procedimentos para os envios das

propostas de novos projetos, as características obrigatórias de cada proposta, a descrição dos

proponentes e dos projetos institucionais, os critérios de análise e julgamento das propostas,

as responsabilidades de aprovação e homologação, os itens financiáveis e não-financiáveis, a

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descrição das formas de pagamento das bolsas, a definição e requisitos de todos os níveis de

bolsistas, as formas de acompanhamento e avaliação, os critérios para publicação de trabalhos

referentes às atividades desenvolvidas no PIBID, o sistema de prestação de contas, e nas

disposições finais destacamos que não é permitido o acúmulo de bolsas com outras

concedidas pela CAPES.

Sequencialmente, nos anos de 2011 (Edital nº 1 de 03 de janeiro) e 2012 (Edital nº 11

de 20 de Março) foram lançados editais convidando as instituições públicas, as que já

possuíam o PIBID e desejassem ampliar, e novas que quisessem implementá-lo.

Outra conquista, firmando cada vez mais o PIBID como uma Política de Formação de

Professores, foi no mês de julho de 2013 com a publicação da Portaria nº 96 em que foram

atualizadas e aperfeiçoadas as normas do PIBID, aprovando o Regulamento do PIBID. Esta

portaria apresenta a definição, finalidades, os objetivos, as características que devem ser

contempladas no Projeto Institucional e Subprojetos a ele vinculados, estabelece os critérios

de seleção dos projetos, delimita os requisitos para a participação das IES, define as

atribuições de cada instituição parceira (CAPES/IES), estabelece as normas de financiamento,

tipos de apoio concedidos, recursos de custeio, recursos de capital, descreve as modalidades e

duração das bolsas, assim como o quadro das bolsas e requisitos dos bolsistas, descreve as

vedações, os deveres dos bolsistas, as normas de cadastro e pagamento das bolsas, os critérios

para suspensão e cancelamento das bolsas, os motivos que geram a necessidade de devolução

das bolsas, as formas de implementação do projeto, desde a contração até a forma de repasse,

delimita o marco inicial do projeto, as regras para elaboração do Regimento interno de cada

IES. Nesta normativa fica estabelecida a obrigatoriedade da composição da Comissão para

Acompanhamento do PIBID (CAP), assim como suas atribuições. Para finalizar, a normativa

esclarece as formas de avaliação e acompanhamento e as regras para prestação de contas.

5.1.1 Da evolução dos objetivos do PIBID

Analisando os documentos que normatizaram e normatizam o PIBID, pudemos

perceber uma evolução na delimitação dos objetivos propostos. A seguir, um quadro

comparativo dos objetivos do PIBID.

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Quadro 2 – Comparativo das alterações dos objetivos do PIBID desde 2007.

Portaria 38/2007 Portaria 122/2009 Portaria 72/2010 Decreto 7.219/2010 Portaria 260/2010 Portaria 96/2013

I - Incentivar a formação

de professores para a

educação básica,

I - Incentivar a formação

de professores para a

educação básica,

I - Incentivar a formação

de professores para a

educação básica,

I - incentivar a formação

de docentes em nível

superior para a educação

básica;

a) incentivar a formação

de docentes em nível

superior para a Educação

Básica;

I – incentivar a formação

de docentes em nível

superior para a educação

básica;

especialmente para o

ensino médio;

apoiando os estudantes

que optam pela carreira

docente;

contribuindo para a

elevação da qualidade da

escola pública;

contribuindo para a

elevação da qualidade da

escola pública;

II - Valorizar o

magistério,

II - Valorizar o

magistério,

valorizar o magistério. II - Contribuir para a

valorização do

magistério;

b) Contribuir para a

valorização do

magistério;

II – Contribuir para a

valorização do

magistério;

incentivando os

estudantes que optam

pela carreira docente;

incentivando os

estudantes que optam

pela carreira docente;

III - Promover a

melhoria da qualidade

da educação básica;

IV - Promover a

articulação integrada da

educação superior do

sistema federal com a

educação básica do

sistema público, em

proveito de uma sólida

formação docente

inicial;

V - Elevar a qualidade

das ações acadêmicas

voltadas à formação

inicial de professores

nos cursos de

licenciaturas das

instituições federais de

III - elevar a qualidade

das ações acadêmicas

voltadas à formação

inicial de professores nos

cursos de licenciatura das

instituições públicas de

educação superior;

II - Elevar a qualidade

das ações acadêmicas

voltadas à formação

inicial de professores nos

cursos de licenciatura das

instituições de educação

superior;

III - Elevar a qualidade

da formação inicial de

professores nos cursos de

licenciatura,

c) Elevar a qualidade da

formação inicial de

professores nos cursos

de licenciatura,

III – Elevar a qualidade

da formação inicial de

professores nos cursos de

licenciatura,

Page 92: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo PUC-SP...Ao Programa de Pós-Graduação em Educação: Currículo, da PUC-SP, pela ... filantrópica, confessional, localizada no

91 educação superior.

IV - Inserir os

licenciandos no

cotidiano de escolas da

rede pública de

educação,

III - Inserir os

licenciandos no cotidiano

de escolas da rede pública

de educação,

promovendo a integração

entre educação superior e

educação básica;

promovendo a integração

entre educação superior e

educação básica;

promovendo a integração

entre educação superior e

educação básica;

promovendo a integração

entre a Educação

Superior e a Educação

Básica;

promovendo a integração

entre educação superior e

educação básica;

IV - Inserir os

licenciandos no cotidiano

de escolas da rede pública

de educação,

d) Inserir os

licenciandos no cotidiano

de escolas da rede pública

de educação,

IV – Inserir os

licenciandos no cotidiano

de escolas da rede pública

de educação,

V - Proporcionar aos

futuros professores

participação em

experiências

metodológicas,

tecnológicas e práticas

docentes de caráter

inovador e

interdisciplinar e que

busquem a superação

de problemas

identificados no

processo de ensino -

aprendizagem,

IV - Proporcionar aos

futuros professores

participação em

experiências

metodológicas,

tecnológicas e práticas

docentes de caráter

inovador e

interdisciplinar e que

busquem a superação de

problemas identificados

no processo de ensino-

aprendizagem,

proporcionando-lhes

oportunidades de criação

e participação em

experiências

metodológicas,

tecnológicas e práticas

docentes de caráter

inovador e

interdisciplinar que

busquem a superação de

problemas identificados

no processo de ensino-

aprendizagem;

proporcionando-lhes

oportunidades de

criação e participação

em experiências

metodológicas,

tecnológicas e práticas

docentes de caráter

inovador e

interdisciplinar que

busquem a superação

de problemas

identificados no processo

de ensino-aprendizagem;

proporcionando-lhes

oportunidades de criação

e participação em

experiências

metodológicas,

tecnológicas e práticas

docentes de caráter

inovador e

interdisciplinar que

busquem a superação de

problemas identificados

no processo de ensino -

aprendizagem;

levando em

consideração o

desempenho da escola

em avaliações nacionais,

como Provinha Brasil,

Prova Brasil, SAEB,

ENEM, entre outras;

levando em consideração

o desempenho da escola

em avaliações nacionais,

como Provinha Brasil,

Prova Brasil, SAEB,

ENEM, entre outras;

VI - Incentivar escolas

públicas de educação

básica, tornando - as

V - Incentivar escolas

públicas de educação

básica, tornando-as

V - Incentivar escolas

públicas de educação

básica, mobilizando seus

e) Incentivar escolas

públicas de Educação

Básica, mobilizando

V – Incentivar escolas

públicas de educação

básica, mobilizando seus

Page 93: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo PUC-SP...Ao Programa de Pós-Graduação em Educação: Currículo, da PUC-SP, pela ... filantrópica, confessional, localizada no

92

protagonistas nos

processos formativos

dos estudantes das

licenciaturas,

mobilizando seus

professores como co-

formadores dos futuros

professores

protagonistas nos

processos formativos dos

estudantes das

licenciaturas,

mobilizando seus

professores como co-

formadores dos futuros

docentes.

professores como co-

formadores dos futuros

docentes e tornando-as

protagonistas nos

processos de formação

inicial para o magistério;

e

seus professores como

co-formadores futuros

docentes e tornando-as

protagonistas nos

processos de formação

inicial para o magistério;

professores como co-

formadores dos futuros

docentes e tornando-as

protagonistas nos

processos de formação

inicial para o magistério;

VI - Contribuir para a

articulação entre teoria e

prática necessárias à

formação dos docentes,

elevando a qualidade das

ações acadêmicas nos

cursos de licenciatura.

VI – Contribuir para a

articulação entre teoria e

prática necessárias à

formação dos docentes,

elevando a qualidade das

ações acadêmicas nos

cursos de licenciatura;

e contribuir para a

articulação entre teoria e

prática necessárias à

formação dos docentes,

elevando a qualidade das

ações acadêmicas nos

cursos de licenciatura.

VII – Contribuir para que

os estudantes de

licenciatura se insiram na

cultura escolar do

magistério, por meio da

apropriação e da reflexão

sobre instrumentos,

saberes e peculiaridades

do trabalho docente.

Fonte: Elaborado pela autora.

Page 94: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo PUC-SP...Ao Programa de Pós-Graduação em Educação: Currículo, da PUC-SP, pela ... filantrópica, confessional, localizada no

93

Considerando nossas categorias de análise, iniciamos por destacar que a compreensão

do trabalho docente pode se dar a partir do momento que os objetivos do PIBID incentivarem

a formação de docentes e elevarem a qualidade desta formação, contribuírem para a

valorização do magistério, inserirem os estudantes no cotidiano da escola, proporcionando sua

participação em experiências metodológicas concretas, ou seja, o dia a dia da sala de aula, do

trabalho do professor.

Sobre nossa segunda categoria de análise, a relação teoria-prática, analisando os

objetivos do PIBID, essa também poderá ser alcançada, considerando que estão previstas

ações que busquem a interação do Ensino Superior e a Educação Básica. Nas IES são

desenvolvidos os currículos de formação de professores e nas escolas podem ser tratadas as

questões deste currículo vinculado ao contexto escolar, às possibilidades ou não de se colocar

em prática tudo o que se aprende na academia.

5.1.2 Síntese dos Editais PIBID

Desde quando foi criado em 2007, o PIBID lança editais de chamamento público para

que as IES apresentem propostas de projetos institucionais a serem desenvolvidos. A seguir

apresentamos uma síntese com as especificidades de cada edital e, posteriormente, serão

destacados os números do PIBID e seu crescimento desde 2007.

Quadro 3 – Síntese histórica dos editais do PIBID.

Edital MEC/CAPES/FNDE nº 1 de 13 de

dezembro de 2007

Primeiro edital do PIBID

Para IFES e Centros Federais de Educação

Tecnológica (CEFET)

Edital CAPES/DEB nº 02 de 25 de

setembro de 2009

Para instituições de ensino superior

públicas federais e estaduais

Edital CAPES/DEB nº 18 de 13 de abril

2010

Para as instituições públicas municipais de

ensino superior e universidades e centros

universitários comunitários, confessionais

e filantrópicos.

Edital Conjunto CAPES/SECADI nº 02

de 22 de outubro de 2010 – PIBID

Diversidade

Lança o PIBID para alunos dos cursos de

Licenciatura para Educação do Campo e

Licenciatura para a Educação Indígena,

aprovados pela SECADI no âmbito dos

programas PROCAMPO e PROLIND

Edital CAPES/DEB nº 1 de 03 de janeiro

de 2011

Convida instituições públicas de Ensino

Superior a participarem do PIBID.

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94

Edital CAPES/DEB nº 11 de 20 de março

de 2012

Para instituições de Ensino Superior que

já possuem o PIBID e desejam sua

ampliação e para IES novas que queiram

implementar o PIBID em sua instituição.

Edital CAPES/DEB nº 61 de 02 de agosto

de 2013

Seleção de projetos

Edital CAPES/DEB nº 66 de 06 de agosto

de 2013

Seleção de projetos PIBID Diversidade

Fonte: Elaborado pela autora.

5.1.3 Dos Princípios Pedagógicos do PIBID

O relatório de Gestão DEB 2009-2014 apresenta que os princípios pedagógicos e

objetivos do PIBID estão pautados nos estudos de Nóvoa5 sobre a formação e

desenvolvimento profissional.

O relato apresenta que a escolha desta fundamentação teórica se deu devido ao fato de

que tais princípios pedagógicos adotados pelo autor são claros e contemporâneos, e está

pautada no seguinte desenho metodológico:

Figura 1 – PIBID: Desenho estratégico/interacionista do Programa.

Fonte: CAPES/DEB Relatório de Gestão 2009-2014, p. 65.

5 António Manuel Seixas Sampaio da Nóvoa, nascido em Valença em 12 de dezembro de 1954 é professor universitário

português, doutor em Ciências da Educação (Universidade de Genebra) e História Moderna e Contemporânea (Paris-

Sorbonne). Atualmente, é professor catedrático do Instituto de Educação da Universidade de Lisboa e reitor honorário da

mesma universidade. Autor de mais de 150 publicações, entre livros, capítulos e artigos, editadas em 12 países. Suas

investigações e interesses incidem sobre história e psicologia da educação, educação comparada, e formação de professores.

Fonte: http://www.sampaiodanovoa.pt/biografia/ Acesso em 19 abril 2016.

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95

As análises apresentadas no relatório caminham no sentido de justificar o PIBID como

um programa de pressupostos teórico-metodológicos que buscam articular a teoria e a prática,

universidade e escola, formadores e formandos. Considera como eixo orientador da formação

a interação entre diferentes saberes sobre a docência, dentre os quais estão os conhecimentos

prévios e representações sociais, o contexto, vivências, conhecimentos teórico-práticos dos

professores em exercício, os saberes da pesquisa e experiência acadêmica dos professores das

IES, e tais interações se justificam para aperfeiçoar os elementos teórico-práticos da docência.

Com isso, o PIBID tem como princípio a modificação das concepções dos sujeitos que

estão no processo: licenciandos, professores da Educação Básica e professores das IES. Para

isso, as atividades são organizadas de forma que tais sujeitos possam ser protagonistas da

própria formação, no que se refere às estratégias, planejamento, referenciais teórico-

metodológicos que deem suporte ao que o relatório denomina como “rede formativa de alto

padrão”.

Outro fator apontado como determinante se refere às concepções educacionais que são

diretamente influenciadas pelo diálogo, interação e socialização dos saberes, modos de

pensar, agir e reagir sobre a própria formação, tendo suas representações sobre a concepção

de trabalho docente modificadas pela ação-reflexão. Com isso os princípios do programa

buscam não uma instrumentação para a docência e sim uma orientação reflexivo-crítica-ativa

do trabalho docente, que nasce através do pensar a ação. Vale ressaltar que o programa

pretende que não somente os estudantes de licenciatura sejam afetados por tais processos de

interação, mas também os professores da escola de Educação Básica e os professores das IES

que terão seus paradigmas teóricos tensionados. O relatório propõe que

O intuito, neste caso, é que se estabeleça um movimento e uma “crise”

nesses paradigmas, de modo a fazer com que a sua própria prática seja

questionada, ressignificada e compreendida em um novo cenário que

valoriza elementos da rotina escolar, da ação possível e transgressora dos

discursos que desmantelam a escola e geram imobilismos nas práticas

didático-pedagógica dos professores. (CAPES/DEB, 2009-2014, p. 66).

Esse movimento intencional do PIBID pretende alcançar, além da formação inicial do

licenciando, a formação continuada dos docentes da Educação Básica e das IES. Com isso,

surgirão novas formas de olhar a escola, de interagir com o campo de atuação docente, e

valorizar o inovador “mesmo que o inovador seja o aprimoramento das abordagens e

propostas já defendidas em outras épocas”. (CAPES/DEB, 2009-2014, p. 66). As ações

propostas pelos Subprojetos do PIBID deverão buscar modificar os saberes, inovar as

práticas, problematizar a formação da e na escola, buscando elementos teóricos objetivos,

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96

propositivos e transformadores, ações estas que vão ao encontro de nossas categorias de

análise, pois contribuem tanto para a construção de uma concepção de trabalho docente

quanto para a busca da aproximação teoria-prática.

5.1.4 O PIBID em números

Os dados a seguir mostram a evolução do número de bolsistas desde 2009 até o edital

2013 que se iniciou em 2014. O crescimento é muito significativo, o que nos leva a refletir

sobre os impactos do programa no Brasil, uma vez que dificilmente um programa que não

fosse bem estruturado e nem apresentasse bons resultados teria um crescimento neste nível.

Gráfico 1 – Crescimento do PIBID entre 2009 e 2013.

Fonte: CAPES/DEB 2009-2014, p.71.

O quadro apresentado a seguir demonstra a quantidade de projetos do PIBID e PIBID

Diversidade selecionados no edital 2013, último edital cujos projetos se iniciaram em 2014.

Assim como o crescimento do número de bolsas, a quantidade de projetos é bastante

significativa.

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97

Quadro 4 – Projetos no âmbito do PIBID e PIBID Diversidade, edital 2013.

Fonte: CAPES/DEB 2009-2013 p. 71.

O gráfico abaixo descreve o quantitativo de concessões de bolsas aprovadas nos

Editais PIBID 2013 para a vigência 2014, onde podemos observar uma adequada distribuição

entre os diferentes tipos de bolsa. Ou seja, a iniciação à docência é o foco, mas para isso

necessita do apoio e experiência de outros docentes já formados, mas que neste processo

ainda estão em formação.

Gráfico 2 – Quantitativo de bolsas aprovadas para a vigência 2014.

Fonte: CAPES/DEB 2009-2014, p. 72.

Já o próximo gráfico demonstra o percentual de bolsas concedidas por região brasileira

referente à vigência 2014, também uma distribuição que podemos considerar equitativa.

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98

Gráfico 3 – Percentual de concessões de bolsas por região para a vigência 2014.

Fonte: CAPES/DEB 2009-2014, p. 72

As áreas que mais solicitaram bolsas do PIBID foram Pedagogia, Matemática,

Biologia, Interdisciplinar, Letras e Química, conforme gráfico que segue:

Gráfico 4 – Áreas com mais de 1000 bolsas de iniciação à docência, vigência 2014.

Fonte: CAPES/DEB 2009-2014, p. 79.

Já o próximo gráfico apresenta as áreas com menos procura por bolsas do PIBID,

considerando as que tiveram menos de 1000 bolsas atribuídas. Este dado é interessante pois

nos leva a refletir na queda da procura por cursos de formação de professores; entretanto, se

analisarmos, verificaremos que são áreas menos comuns na Educação Básica, como por

exemplo, a Licenciatura em Psicologia, os cursos de Letras Italiano, Alemão, Francês, que

não fazem parte do currículo da maioria das escolas, principalmente das públicas, ou ainda

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99

cursos de Licenciatura que são voltados à atuação docente em cursos profissionalizantes,

como é o caso da Licenciatura em Enfermagem, Dança, Teatro.

Gráfico 5 – Áreas com menos de 1000 bolsas de Iniciação à Docência, vigência 2014.

Fonte: CAPES/DEB 2009-2014, p. 80.

O quadro a seguir apresenta um dado significativo, que é a evolução em números do

programa, que diferente do Gráfico 1, que apresentou somente os números inicial e final, este

quadro discrimina a quantidade de bolsas concedidas por edital do PIBID, o que reforça a

análise de que o aumento foi realmente significativo.

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100

Quadro 5 – Concessão de bolsas por edital.

Fonte: CAPES/DEB 2009-2014, p. 82.

5.2 O PIBID na IES – Análise da pesquisa documental

5.2.1 O campo de pesquisa

A pesquisa foi desenvolvida em uma IES privada, filantrópica, confessional católica,

localizada no município de Bauru, interior do estado de São Paulo.

O município de Bauru, onde a IES é localizada, está a 345 km da capital do Estado de

São Paulo; área territorial de 673,49 km2 de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e

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101

Estatística (IBGE, 2011); população de 348.145 habitantes, cidade sede de uma região

administrativa com 1.067.000 habitantes de acordo com o Sistema Estadual de Análise de

Dados Estatísticos (SEADE, 2012). Bauru tem a economia voltada para o comércio e a

prestação de serviços com 72%, prevalecendo essa média na região. Na composição dessa

porcentagem, a indústria contribui com 22% e a agricultura com 4%. Sua participação no PIB

corresponde a 35% e a taxa de emprego cresce na medida da economia. A maioria das ofertas

está no setor de serviços, com 50% de vínculos empregatícios (SEADE, 2012). Bauru está em

plena expansão, com um grau de urbanização na faixa de 94,51%, destacando-se os setores de

comércio, prestação de serviços e educação. É conhecida também como polo educacional e

aglutinador de conhecimento.

A IES tem o título de Universidade e é mantida por uma instituição religiosa feminina,

associação civil, sem fins lucrativos. Nasceu como Faculdade em 1953 e reconhecida como

Universidade em 1986.

Tem como missão oferecer formação humana integral fundamentada nos princípios

católicos, concretizada na excelência do ensino, da pesquisa e extensão, expressa no

compromisso social e na disseminação da ciência e do saber para o bem da sociedade.

O cumprimento da sua missão institucional fundamenta-se em princípios da educação,

pesquisa e serviço à comunidade, como uma presença de qualidade e transformadora. A ação

educativa busca articular os valores humanos e cristãos com a excelência na formação

científica, no crescimento pessoal e na produção cultural.

Como visão de futuro, pretende tornar-se, cada vez mais, uma instituição inovadora e

de excelência acadêmica pela qualidade de seu ensino, relevância nas pesquisas e atividades

de extensão, com inserção transformadora da sociedade.

A IES conta atualmente com 27 cursos de Bacharelado, 10 cursos de Licenciatura e 6

cursos superiores de Tecnologia, 40 cursos de Pós-graduação Lato Sensu, 5 cursos de Pós-

graduação Stricto Sensu sendo 4 mestrados e 1 doutorado. No ano de 2015 totalizaram 7035

matrículas em cursos de graduação, 417 matrículas em Pós-Graduação. Vale destacar que

90% do seu corpo docente é composto de mestres e doutores.

A IES conta ainda com 8 programas de Iniciação Científica, 81 grupos de pesquisa

cadastrados nas diversas áreas, 14 programas de Extensão com vários projetos em cada um

deles, que no ano de 2015 atenderam diretamente cerca de 110.000 pessoas. Além de cursos e

eventos de extensão que acontecem durante todo ano letivo, que em 2015 totalizaram 93

eventos. Também um destaque aos programas de monitoria interna.

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102

Possuí uma excelente infraestrutura, em que destacamos uma biblioteca Central com

170 mil exemplares, campus todo sinalizado em Braille, um terreno de 115.297,05 m², sendo

72.265,36 m² de área construída e 49.002,90 m² de área útil para atividades de ensino,

pesquisa e extensão e mais 60 hectares de uma Fazenda Experimental. O Campus possui um

Teatro com 430 lugares, 3 anfiteatros com 503 lugares, 4 auditórios com 1019 lugares,

111 Laboratórios para a prática dos cursos com 2.948 lugares, 105 Salas de aula com 6.136

lugares, 940 Computadores no Parque Tecnológico distribuídos em 17 Laboratórios de

Informática e uso Acadêmico e também 8 Clínicas. Possui ainda um restaurante com 400

lugares e 3 lanchonetes.

5.2.2 Análise dos relatórios

A IES pesquisada participa do PIBID desde o Edital 2012. A seguir apresentamos a

análise dos Relatórios de cada Edital.

5.2.2.1 Agosto/2012 a Dezembro/2013

O projeto institucional foi denominado Linguagens e Práticas Educativas

Interdisciplinares. O objetivo do projeto institucional foi de estabelecer princípios teórico-

metodológicos e práticas acadêmicas interdisciplinares a partir da utilização de diferentes

linguagens educativas em ambientes apropriados à aprendizagem. O projeto em

desenvolvimento se deu por meio de quatro subprojetos que se estruturaram através do

planejamento em que, semanalmente, coordenadores de área de gestão e alunos bolsistas

planejaram suas atividades com estudos e orientações, leituras e análises, resolução de

exercícios, anotações e questionamentos, comparações e resumos, debates e

problematizações, o que possibilitou uma formação inicial de professores de qualidade. Os

subprojetos foram: Informática, Letras, Interdisciplinar (Anos finais do Ensino Fundamental e

Ensino Médio) e Pedagogia (Anos Iniciais do Ensino Fundamental), totalizando 50 bolsistas

sendo: 1 coordenador institucional, 1 coordenador de área de gestão, 4 coordenadores de área,

4 supervisores e 40 estudantes bolsistas, desenvolvendo atividades em 2 escolas públicas

estaduais do município de Bauru.

O desenvolvimento do projeto aconteceu através de ações e pesquisas nas escolas,

sobre aspectos metodológicos e interdisciplinares, estratégias pedagógicas que estimulassem a

criatividade, e inovações possíveis na escola pública de Educação Básica.

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103

As ações planejadas se sistematizaram a partir de práticas interdisciplinares planejadas

que utilizaram diferentes tecnologias para desenvolver a leitura e a escrita, sendo o foco das

pesquisas as dificuldades de aprendizagem.

O processo de avaliação formativa aconteceu de forma contínua e diagnóstica,

realizado juntamente com os alunos dos cursos de licenciaturas, e participação efetiva dos

supervisores e coordenadores de área de gestão.

O desenvolvimento do projeto aconteceu tendo como apoio duas escolas públicas de

ensino fundamental do 1º ao 9º ano e ensino médio da rede estadual de ensino do município

de Bauru, com o envolvimento de 4 professoras coordenadoras de área de gestão, 4

professoras supervisoras e 40 alunos bolsistas.

Os resultados demonstram que foi possível implementar práticas de ensino de forma

interdisciplinar, integrando o futuro professor por meio de capacitações constantes, utilizando

as diferentes linguagens e tecnologias, relacionando a teoria construída pela academia com a

prática vivenciada no dia a dia escolar, principalmente em relação à busca de superação dos

problemas identificados no processo de ensino-aprendizagem, considerando dados do IDEB e

do desempenho das escolas em avaliações nacionais, como Provinha Brasil, Prova Brasil,

SAEB, ENEM, entre outras. Como produções, podemos citar o desenvolvimento de um

trailer, a confecção de um livro virtual, o desenvolvimento de um vídeo com contos de

assombração, dentre outros.

Pode-se perceber interação entre os envolvidos no projeto, desde alunos,

universitários, coordenadores, até supervisores, gestores da escola, funcionários e professores.

Segundo a bolsista N. M. do curso de Biologia: "Minha experiência no PIBID foi de

grande crescimento, pois pude experimentar a docência em escolas do Estado, na qual é

parte de nossa atuação, abrangendo atividades como: planejamento dos conteúdos a serem

trabalhados, método e didática. Pude ainda compreender os problemas cotidianos que muitas

escolas enfrentam no real cenário educacional, como: violência, falta de recursos para

melhorias na educação e na estrutura física de escola, número excessivo de alunos por sala e

ainda professores desgastados e desestimulados. A realidade trouxe o anseio pela mudança, e

acredito que já faço parte dessa mudança, pois tenho o privilégio de me preparar melhor

para a minha profissão de professora através do projeto PIBID".

Esse relato da estudante nos faz retomar a reflexão de Tardif e Lessard (2012) quando

tratam da questão do trabalho docente, destacando que este é um processo que consiste em

buscar melhorar a situação humana das pessoas, que as interações existentes no trabalho

docente permitem um movimento de mudança, e que as interações humanas não são meios

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104

nem fins do trabalho docente, e sim a própria matéria prima. Compreender o cotidiano e se

dispor a nele atuar em busca da mudança é um posicionamento docente que comprova que o

trabalho docente como um trabalho de interações humanas é um dos caminhos para a

compreensão da relação teoria-prática.

O relatório apresenta uma síntese da avaliação dos professores supervisores e não suas

falas e consta que para uma delas houve uma grande motivação na escola, participação dos

alunos no desenvolvimento das atividades e também se pode evidenciar uma melhora no

rendimento escolar; algumas dificuldades foram superadas no processo de ensino-

aprendizagem, mas há necessidade de um contínuo trabalho.

Essa síntese da avaliação dos supervisores nos encaminha a retomar a análise anterior

de que a escola deve ser compreendida como o lócus do trabalho docente, não só como

estrutura física, mas social, resultado de construções sociais e históricas, espaço em que atuam

diferentes indivíduos que se relacionam entre si, tornando o trabalho docente cada vez mais

interativo; por isso a escola e sua organização influenciam diretamente nas condições de

trabalho do professor.

A avaliação dos coordenadores dos subprojetos também foi apresentada no relatório

da IES de forma sintética onde consta que para a coordenadora do subprojeto Informática foi

possível perceber nitidamente a evolução dos alunos universitários desde o início e no

momento em que estavam finalizando o projeto. Os alunos se depararam com dificuldades

comuns da escola pública, com ansiedade em desenvolver um bom trabalho e o resultado foi

gratificante. Pode-se perceber o quanto as atividades planejadas e desenvolvidas surtiram

resultados positivos em suas formações. Os professores da unidade escolar participaram

ativamente e aprenderam muito também, além de contribuírem para a atuação dos

universitários. Em particular a professora de História se surpreendeu com os alunos e a

agilidade em trabalhar a tecnologia em sala de aula (principalmente a lousa digital que,

segundo ela, não conheciam) atrelando o conhecimento com a tecnologia. A professora

relatou que aprendeu muito e percebeu que precisamos nos atualizar tanto quanto ao conteúdo

como em relação às mudanças ocorridas na sociedade da tecnologia.

Neste aspecto, vale destacar o posicionamento de Gimeno Sacristán (2002) quando

trata da formação dos professores sugerindo um olhar global sobre um mundo em rede, pois

devemos considerar os aspectos da cultura globalizada, pois tais aspectos nos ajudarão na

construção de um novo currículo, ou seja, a docência como trabalho de interações humanas

oportunizou não somente ao professor em formação inicial um olhar sobre as novas

tecnologias, mas também ao próprio professor formador.

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105

Dados descritos no relatório da IES apontam ainda que nos momentos de avaliação,

realizados de forma sistemática nos encontros semanais, com os bolsistas, coordenadores e

supervisores do projeto, pode-se perceber que os impactos referentes ao processo de ensino e

aprendizagem foram muito positivos: os licenciandos, ao longo do projeto, passaram a se

expressar e a ler de forma mais eficiente, mas de acordo com o relatório o desenvolvimento

dos projetos trouxe grande contribuição para todos os envolvidos, a interação professor-

supervisor-bolsista; bolsista-professor da unidade de ensino; relação-supervisores-

professores-bolsistas-discentes, formando o que denominaram de tripé: professor-aluno-

conhecimento.

Como apresentamos anteriormente, Feldmann (2009) já nos alertou de que o trabalho

docente é um espaço para a compreensão das transformações do mundo do trabalho, e por ser

uma profissão de interações humanas busca melhorar a situação humana das pessoas. E mais,

[...] sabemos também que uma melhor convivência entre as pessoas – ou

seja, viver melhor com o outro – não se encerra apenas em intenções, em

palavras destituídas de significado, mas se concretiza por meio de projetos

coletivos da escola, e se esses projetos estiverem visceralmente atrelados à

luta permanente contra as estruturas desumanizantes, presentes em nossa

educação e sociedade. (p. 76)

Segue o relato da estudante do Subprojeto Pedagogia L. M. F. de S. S. “Através do

desenvolvimento deste projeto com as turmas de 1º ano, sentimos que o impacto sobre a

aprendizagem dos mesmos foi positivo e de grande contribuição para a formação do cidadão

crítico, utilizando a leitura e desenvolvendo a escrita, alcançando o objetivo principal que é o

despertar das crianças pelas leituras. Vemos que é necessária uma mediação para

possibilitar o acesso das crianças em idades próprias às leituras de diferentes níveis,

incentivando a leitura para um melhor desenvolvimento da escrita. Além de ser uma grande

oportunidade que tivemos enquanto universitárias, de estar somando conhecimentos práticos

a nossa formação. Descrevo como momentos de aprendizagem: durante esse período nos foi

oportunizado colocar em prática um pouco do que aprendemos na teoria na faculdade; por

outro lado, também aprendemos muito com a realidade da escola, e escola de verdade, pois é

assim que me refiro à escola pública, escola de verdade por que é lá que encontramos a

massa social, as verdadeiras realidades sociais, onde é ainda mais necessária uma atuação

verdadeira, ética, com vontade de transformação, onde o amor por vidas deve ser ressaltado

e praticado. Claro que em alguns momentos tínhamos dificuldades para superar, mas nada

foi maior do que nossa vontade de ensinar e aprender. Em nenhum momento durante esse

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106

período perdemos de vista nosso objetivo maior: que era somar para nossas vidas e formação

acadêmica e contribuir para formação e transformação daqueles pequenos que nos foram

confiados”.

S. H. H. também do curso de Pedagogia relata que: “O PIBID me possibilitou o

primeiro contato com a sala de aula como professor. Após a insegurança do início, a

confiança foi crescendo, à medida que podíamos ver na prática muito dos conteúdos

estudados na Universidade. Ao mesmo tempo que tínhamos autonomia para gerir a classe,

isso implicava muita responsabilidade. O projeto contribuiu para conhecer a realidade da

sala de aula, como lidar com os alunos mais necessitados, aperfeiçoar didáticas, descobrir

problemas e apontar soluções. A professora H., os educadores da escola C. C. e também as

outras colegas do PIBID contribuíram com orientações e sugestões valiosas”.

Observamos então que os estudantes relatam a importância da prática, e retomamos o

que afirmamos anteriormente de que o saber especializado só pode ser considerado, como nos

afirma Gimeno Sacristán (1999), a partir da indissociabilidade entre a teoria e a prática. O

autor afirma que

O agente pedagógico que é o professor, quando exerce sua função, é um ser

humano que age e esse papel não pode ser entendido à margem da condição

humana, por mais técnico que se queira seja esse ofício. Por meio das ações

que realizam em educação, os professores manifestam-se e transformam o

que acontece no mundo. (p. 31)

Como produções os alunos fizeram um Livro Digital, Tirinhas humorísticas, um

Trailer baseado na obra “Um Esqueleto”, de Machado de Assis; como atividade desportiva

realizaram uma gincana escolar, como produções bibliográficas apresentaram trabalhos em

eventos científicos.

5.2.2.2 Março/2014 a Dezembro/2015

A proposta institucional teve como objetivo preparar o futuro docente para atuar na

multidimensionalidade da escola, trabalhando em diferentes ambientes e com diferentes

recursos didáticos e tecnológicos, atuando também em espaços não escolares como: teatros,

museus, cinemas, etc. O Projeto Institucional compreende a escola e a IES como espaços

formativos, desta forma desenvolveram-se diferentes atividades buscando a articulação entre a

teoria e a prática, bem como a vivência dos alunos em diferentes ambientes educacionais.

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107

Esta articulação entre teoria e prática se desenvolveu a partir do movimento de pensar

a própria prática. Para tanto se empreendeu o planejamento, a efetivação e a avaliação de

metodologias e estratégias de aprendizagem. Cada subprojeto teve como intenção o

planejamento e a execução de atividades nos diferentes espaços formativos, de maneira a

ampliar as oportunidades de construção do conhecimento.

Neste aspecto notamos a própria IES formadora buscando estabelecer a relação teoria-

prática, o que nos remete à compreensão inicial da relação teoria-prática apresentada por

Sánchez Vázquez (2011), considerando a teoria dependendo da prática na medida em que a

prática é o fundamento da teoria, uma vez que determina o desenvolvimento e o progresso.

Foram contemplados os seguintes subprojetos: Biologia (2 turmas), Filosofia,

Geografia, História (2 turmas), Letras-Inglês (2 turmas), Letras- Português, Matemática,

Música, Pedagogia (2 turmas), Artes Cênicas – Teatro e Interdisciplinar (2 turmas).

Totalizaram 199 bolsistas sendo: 1 coordenador institucional, 1 coordenador de área de

gestão, 16 coordenadores de área, 21 supervisores, 160 estudantes de licenciatura, realizando

atividades em 7 escolas públicas, 4 estaduais e 3 municipais, todas do município de Bauru.

Para tanto, foram realizadas reuniões pedagógicas, planejamentos coletivos, estudos,

visitas, encontros para discussão, participação nas reuniões pedagógicas da escola, oficinas e

minicursos. Estas ações favoreceram a interdisciplinaridade, o trabalho e planejamento

coletivo, a troca de experiências, as relações interpessoais, e se constituíram em ferramentas

importantes para a consolidação do aprendizado do aluno, assim como para sua atuação em

sala de aula.

Cabe destacar que semanalmente o coordenador de área, juntamente com o supervisor

da unidade escolar da rede pública de educação básica, realizou reuniões com os

alunos/docentes para orientações, estudos e planejamento, registrando em atas as discussões

realizadas e as ações previstas. Após o desenvolvimento das atividades, os alunos,

executaram as atividades previstas, elaboraram os relatórios mensais para acompanhamento e

registro do processo.

Nestes encontros orientados pelos coordenadores de área, foram propostos textos em

forma de artigos científicos, filmes, leitura de livros, estudo de caso, com o objetivo de

analisar e embasar teoricamente as experiências realizadas pelos professores da rede pública.

Estas ações buscaram fortalecer a prática do aluno/docente, assim como vivenciar as

experiências dos professores da educação básica em consonância com saberes. Não obstante,

cada subprojeto teve como objetivo a necessidade da contextualização da realidade de cada

unidade escolar participante. Sob esta perspectiva cada subprojeto procurou contextualizar a

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realidade das escolas a fim de contribuir para o processo educacional tanto dos alunos da

educação básica, quanto dos alunos de iniciação à docência.

Os impactos e resultados do PIBID na IES se consubstanciaram no fortalecimento dos

cursos de formação de professores, com estímulos cada vez maiores para a atuação docente,

aliando teoria e prática; no maior envolvimento dos bolsistas com as dificuldades enfrentadas

pela escola pública; na maior perspectiva de estudo e pesquisa dos alunos com relação às

temáticas trabalhadas nos subprojetos, tendo alunos inclusive que apresentaram trabalhos

científicos sobre tais temas e na maior dedicação e empenho nas disciplinas cursadas na

faculdade, resultando também em melhoria nas médias acadêmicas dos alunos de iniciação à

docência.

Tais resultados são desdobramentos dos objetivos de: a) aliar as perspectivas teóricas e

práticas na formação acadêmica dos alunos dos cursos de graduação da IES, preparando-os

para o exercício consciente da docência, e para a melhoria real da qualidade de ensino nas

escolas públicas brasileiras; b) estimular a multiplicação das experiências vivenciadas no

PIBID, de modo a expandir as contribuições do programa para os demais alunos de graduação

da universidade.

Atividades extras ao projeto também foram realizadas como viagens culturais, visitas

técnicas, oficinas, minicursos, com a participação de outros docentes da IES que não são dos

projetos e se propuseram a contribuir, o 2º Seminário Institucional de Iniciação à Docência

em que cada subprojeto elaborou um Banner, além das apresentações de cada grupo,

Como produções, podemos citar a produção de peças teatrais (Biologia e Cênicas),

Horta Escolar Vertical e Horta em Pneus, construção de cisternas (Biologia), E-book (Port.-

Inglês), Produções artísticas gravadas no laboratório de rádio e TV da IES (Port-Inglês),

compilação de repertório de música brasileira folclórica, popular e erudita, composições

musicais, construção de instrumentos musicais (Música), Maquetes (Geografia), objetos de

aprendizagem como jogos, recursos pedagógicos (Pedagogia), além de apresentações

científicas apresentadas em eventos da área de educação.

O relatório apresenta que as atividades desenvolvidas nos subprojetos contribuíram

sobremaneira para a formação dos alunos de licenciatura da IES, pois deram ao aluno bolsista

uma experiência real do contexto de escolas de educação básica públicas, tanto estaduais,

quanto municipais. Esta experiência possibilitou aos alunos planejar e desenvolver atividades

que motivem e promovam produção de conhecimento. Todo o processo de estudo, discussão,

planejamento e ação tem sido muito significativo na formação destes bolsistas. Colocar em

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prática o que se estuda é essencial para formarmos um profissional autônomo e preparado

para a realidade da escola pública brasileira.

No relatório consta ainda que, em geral, os bolsistas se sentiram muito impactados

pela participação no projeto. As difíceis condições de estudo e de exercício da profissão de

professor causaram reações diferentes nos mesmos. Em alguns casos, os bolsistas se sentiram

muito incentivados em aprofundar o alcance do projeto tendo em vista a possibilidade de

intervir para uma melhora na qualidade de ensino e aprendizagem dos alunos, de formas

alternativas e eficientes. Em outros casos, os bolsistas foram levados a repensar sua atividade

como futuros professores, questionando seu desejo de atuação na futura profissão.

Os alunos relataram como foi importante para sua formação inicial o contato com os

estudantes e a comunidade escolar em geral, tanto do ponto de vista do domínio de estratégias

didáticas e de conteúdo, quanto na sua formação ética e profissional. Relataram também que

aprenderam sobre rotinas escolares, cumprimento de horários e regras internas da escola, bem

como sobre relacionamentos: tanto do ponto de vista do corpo discente quanto do corpo

docente. Na comunidade escolar, aprenderam a se envolver na sua rotina, participando de

outras atividades internas: festividades, jogos, debates, datas comemorativas, etc.

Os pibidianos relataram também que queriam ampliar sua participação, envolvendo

mais dias da semana ou atuação durante as férias escolares, dignificando sua ação pedagógica

no contexto escolar. Estes relatos são os mesmos feitos pelos supervisores, que reiteraram

como os alunos da escola se sentiram acolhidos e desafiados a participarem das ações do

projeto, para além dos dias estabelecidos.

Tais dados reforçam o que estudamos anteriormente referente ao trabalho docente com

trabalho de interações humanas e vale destacar que

O processo de formação de professores caminha junto com a produção da

escola em contrução por meio de ações coletivas, desde a gestão, as práticas

curriculares e as condições concretas de trabalho vivenciadas. Entendemos

que tomar a escola como objeto de estudo atualmente é necessário

compreender a sua multidimensionalidade e complexidade, abordando-a

como comunidade educativa, não apenas como organização, mas sim como

instituição que se faz na tensão dialética entre seus condicionantes

endógenos e exógenos, no cumprimento de seu significado social

circunscrito na preparação e socialização do conhecimento das gerações.

(FELDMANN, 2009, p.77)

Segundo relato de um aluno da 8ª série C, D. A. A. que participou do subprojeto de

música em uma das escolas estaduais: “sobre o PIBID eu só tenho a agradecer, os

professores me ensinaram muito, aprendi bastante sobre outras regiões e suas culturas,

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reaprendi sobre o folclore e suas lindas e conhecidas danças e algumas músicas muito

agradáveis; essas aulas foram tudo o que um aluno poderia querer”.

Já a Supervisora S. M. A. declarou que “o projeto de música em nossa escola, com

certeza, trouxe mudanças na aprendizagem dos alunos, pois contribuiu para o crescimento

intelectual, cultural e no gosto e aceitação da diversidade da música no contexto sócio

histórico de nossos jovens”. As atividades desenvolvidas pelos bolsistas dentro da escola

foram frutos de estudos realizados semanalmente na IES com a presença de toda a equipe de

alunos bolsistas e coordenadora do subprojeto, priorizando a discussão de abordagens e

metodologias sobre o ensino de música, especialmente da apreciação musical. Todas essas

ações enfatizaram um olhar mais atento dos bolsistas, em processo de formação, para a

realização de estudos e reflexões sobre a prática docente e o contato com as temáticas da

educação musical que mais se discutem na atualidade.

O depoimento da aluna A. O., estudante do curso de Pedagogia e bolsista de iniciação

à docência do PIBID reafirma o compromisso da CAPES e da IES na formação de professores

e a melhoria contínua da qualidade de ensino na educação pública brasileira. Segundo a aluna:

“A iniciativa da Universidade juntamente com a Capes é de extrema importância, pois este

projeto nos dá oportunidade de atuar e de conhecer nosso campo de trabalho antes de nos

formamos, ou seja, é a pratica da nossa formação, o PIBID é essencial para que nós que

optamos pelas licenciaturas tenhamos um contato direto com os educandos, isso nos

proporciona maior conhecimento e aprimoramento para alcançarmos nossos objetivos

futuros. O projeto do PIBID nos proporciona aprimorar, conhecer e experimentar as

atividades propostas de maneira diferenciada, inovadora, dinâmica e prazerosa. Com o

projeto é possível trabalhar de forma dinâmica tornando as aulas e as disciplinas mais

inovadoras e interessantes, assim como os conteúdos abordados de acordo com cada faixa

etária, as principais dificuldades e habilidades de cada aluno. Para nós futuros pedagogos

essa iniciativa auxilia muito, tem grande relevância para que sejamos professores

motivadores e incentivadores com o objetivo final de aplicar atividades que os envolvam,

trazendo maior empenho e aprendizado, para que eles mesmos possam escolher seu futuro, e

que sejam capazes de melhorar sua própria qualidade de vida, sendo cidadãos críticos e

reflexivos, fazendo com que acreditem que são capazes e que é através da educação que

poderão ser grandes transformadores de seu próprio futuro. O aprendizado nesse semestre

foi muito significativo para nossa formação acadêmica e principalmente para o envolvimento

das crianças com todas as atividades, o semestre foi muito produtivo. Para o próximo

semestre a perspectiva é que nosso trabalho seja ainda mais enriquecido. Aprendemos

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bastante, muito mais do que tivemos oportunidade de ensinar. Neste semestre trabalhamos

com o tema do Folclore, Circo, Recicláveis (meio ambiente), Dinâmicas, construção de

maquete e Jogos Diversos. As crianças foram instigadas a pesquisar, trabalhar em grupo,

fazer recorte e colagem, leitura realizada pelos próprios alunos, contação de histórias, de

forma mais prazerosa e dinâmica para que eles tomem gosto pelos estudos e aprendam de

maneira significativa.

O relatório apresenta ainda que, sendo a educação um campo de possibilidades,

desafios, dificuldades e propostas, pudemos perceber que o PIBID está sendo mais um

elemento aglutinador de experiências positivas para os alunos das licenciaturas, para as

escolas envolvidas e para os alunos das séries contempladas com as atividades pedagógicas.

Uma experiência possível, considerando as dificuldades e limitações humanas. É um terreno

fértil para novos caminhos, essas parcerias entre governo, universidades e escolas públicas

realçam a necessidade do trabalho coletivo, do diálogo entre diferentes setores da sociedade e

enfatizam a relevância da responsabilidade sobre as coisas do mundo. Inserir alunos

licenciandos em atividades dessa natureza traz aos envolvidos com o PIBID uma vontade de

tentar criar novos olhares sobre as mesmas “paisagens”. O PIBID poderá ser um caminho

interessante para ser percorrido. Por isso é de extrema importância que o projeto tenha

continuidade.

Em ambos relatórios o que pudemos perceber é que as falas reafirmam a presença de

nossas categorias de análise, tanto na contribuição para a construção de um conceito de

trabalho docente, quanto na relação teoria-prática.

5.2.3 Análise dos questionários

5.2.3.1 Pesquisa com os estudantes bolsistas: perfil

O projeto Institucional do PIBID no ano de 2015 na IES teve um total de 160 bolsistas

estudantes de licenciatura. Participaram da pesquisa, respondendo ao questionário, 114

bolsistas (71,25%), dos quais 72 do sexo feminino (63%) e 42 do sexo masculino (37%).

Os cursos de Licenciatura participantes foram Artes Cênicas (4,4%), Ciências

Biológicas (8,8%), Filosofia (8,8%), Geografia (4,4%), História (19,3%), Letras Português

(8,8%), Letras Português e Inglês (6,1%), Matemática (8,8%), Música (14%) e Pedagogia

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(16,6%). Desta forma, a maior representatividade na pesquisa foi dos cursos de História,

Pedagogia e Música respectivamente.

Gráfico 6 – Estudantes bolsistas participantes da pesquisa por curso e sexo.

Fonte: Elaborado pela autora.

Os participantes da pesquisa têm entre 18 e 59 anos, mas a maioria equivalente a 72%

(82 estudantes) tem entre 19 e 27 anos, conforme gráfico a seguir:

Fonte: Elaborado pela autora.

Um dado significativo é que a maioria 107 (93,85%) iniciou como bolsista do PIBID

nos anos de 2014 e 2015, ou seja, tem uma trajetória que já lhes permite emitir opinião

relevante sobre o programa, seus benefícios e seus impactos na formação inicial.

1 3 4 2

13

2 2 5 8 2

4 7 6

3

9

5 8 5 8 17

Masc Femin

2 6

8 7 6

1 1 3 2 3

1 1 1 1

6

9

5 8

5 1

6 5

1

2 3 4 1

2 1 1 1 1 1 2 1 1 1 1 2

18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 39 43 48 59

Masc Fem

Gráfico 7 – Distribuição de idade dos estudantes bolsistas.

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113

Gráfico 8 – Anos em que os estudantes bolsistas iniciaram no PIBID.

Fonte: Elaborado pela autora.

Quando tratamos da formação inicial de professores, estamos nos referindo à formação

inicial que é ofertada em cursos de graduação, licenciatura plena. Neste sentido, um dado

significativo para a pesquisa foi relacionado aos estudantes que já possuem uma graduação. O

resultado apresentou que apenas 10 (8,8%) dos estudantes estão cursando um segundo curso

de Graduação, os demais estão na primeira licenciatura, o que aumenta a responsabilidade dos

cursos de formação de professores com a qualidade oferecida.

Em relação à vivência dos conteúdos teóricos e do currículo já cursado pelos

estudantes bolsistas, 14% (16) estão no 2º semestre do curso, 34,2% (39) estão no 4º semestre,

42,2% (48) estão no 6º semestre, 6,1% (7) estão no 8º semestre e apenas 3,5% (4) não

responderam. Esses dados nos levam a refletir sobre a importância da teoria no processo de

aprendizagem que se desenvolve na prática do PIBID. Se estudantes que ainda estão no

primeiro ano do curso podem participar do Programa, fica claro que a relação teoria prática se

dá no desenvolvimento da formação; a vivência, a experiência, a possibilidade de partilha

entre os estudantes de diferentes semestres dos cursos, possibilita um processo significativo

de aprendizagem da docência.

2

48 59

5

2012 2014 2015 NR

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114

Gráfico 9 – Semestre em que os estudantes bolsistas estão matriculados.

Fonte: Elaborado pela autora.

O projeto institucional do PIBID da IES pesquisada foi desenvolvido para contemplar

todas as etapas da escolarização, desde a Educação Infantil ao Ensino Médio. Entretanto, a

pesquisa nos mostrou que 63% dos estudantes bolsistas participantes da pesquisa

desenvolvem suas atividades no Ensino Fundamental, em séries iniciais ou finais, como

mostra o gráfico a seguir. Vale esclarecer que 27 estudantes desenvolvem seus projetos

concomitantemente em séries finais do ensino fundamental e ensino médio. Também o

projeto institucional prevê a Educação Infantil, mas acredita-se que os estudantes que o

desenvolvem nesta etapa da escolarização não tenham participado da pesquisa, uma vez que

estes dados aparecem no relatório institucional.

Gráfico 10 – Séries em que os estudantes bolsistas atuam.

Fonte: Elaborado pela autora.

Um dado importante para nossa pesquisa foi relativo às atividades que os bolsistas

desenvolvem além do PIBID, buscando compreender o contexto em que estão inseridos. O

5

19 16

2

11

20 32

7 2

2º sem 4º sem 6º sem 8º sem NR

Masc Fem

0

24

48

14 27

1

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que podemos notar é que a maioria está desenvolvendo o estágio obrigatório, conforme

gráfico a seguir e não está sobrecarregada com outras atividades.

Gráfico 11 – Atividades que os estudantes bolsistas realizam concomitantemente ao PIBID.

Fonte: Elaborado pela autora.

Em uma questão aberta, os estudantes foram solicitados a descrever os motivos que os

levaram a se inscreverem no edital para participar do PIBID. Foram estabelecidos eixos de

análise que emergiram dos dados, de acordo com a similitude que apresentaram.

Os motivos que os levaram a se inscrever no PIBID que foram mais citados: para

adquirir experiência, relacionar teoria e prática, a importância na formação docente e por

último, menos citado, a necessidade da bolsa.

A seguir, para cada um desses eixos, descrevemos suas principais falas.

Eixo 1 - Adquirir experiência

...ter uma experiência como professora.

O principal motivo foi adquirir experiência como docente...

Adquirir experiência como professor antes de terminar a graduação.

...adquirir experiência.

Experiência, crescimento profissional, conhecimento.

Melhorar o currículo e adquirir experiência na docência...

Adquirir experiência dentro do ambiente escolar.

Para experiências em sala de aula, aprendizado e adquirir experiências com alunos.

Experiência com a docência...

...adquirir experiência.

Conhecimento/Experiência.

11 2 4 12

1 9 3 3

48

7 14

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Experiência.

...experiência que contemple a teoria com a prática.

...adquirir experiência através do projeto.

A experiência...

Adquirir experiência em sala de aula.

...ótima experiência para a formação da docência.

Complementar minha formação através da experiência.

...iniciar a minha carreira docente, para adquirir experiência.

...ter uma experiência dentro da sala de aula...

...contato e a experiência proporcionada pelo projeto de estar dentro de uma escola.

...trabalhar com a educação assim obtendo experiências através do PIBID.

...estar na sala de aula, a cada aula, a cada nova experiência...

...hoje vejo que tenho muitas experiências...

...experiência de como é o trabalho de professor...

A busca por uma nova experiência...

A experiência adquirida vai ter um grande valor em minha formação...

...ter uma experiência na sala de aula...

...ter uma experiência como docente...

O principal motivo foi a experiência que adquirimos...

...qualidade que obterei através da experiência.

...obter oportunidades e experiências em um ambiente escolar...

...iniciar o quanto antes a experiência docente, pois através de tal experiência creio que seja

possível uma formação mais completa e eficiente...

Experiência como docente.

... ganhar experiência para a minha formação...

Primeiramente a experiência maior na área escolhida...

A chance de adquirir experiências práticas como docente antes de me tornar professor...

Eixo 2 - Relacionar Teoria e Prática

...aliando o saber teórico ao prático.

Colocar em prática o que se aprende em sala de aula.

O aperfeiçoamento da prática docente...

...experiência que contemple a teoria com a prática.

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Oportunidade de colocar na prática a teoria.

...poder conciliar a prática com a teoria.

...maior conhecimento e aprendizado além da teoria.

...com apoio teórico no decorrer da licenciatura.

Para conhecer o trabalho de docente na teoria e prática.

Aplicar os conhecimentos adquiridos em sala de aula com a prática.

...conciliar teoria e prática.

...colocar em prática aquilo que aprendemos na teoria.

A faculdade apresenta muita teoria... foi uma oportunidade de conhecer parte prática da sala

de aula...

Levar a teoria-prática para a sala de aula.

...poder colocar em prática toda a teoria que aprendemos na faculdade. Praticar antes de

estar formada é como se estivéssemos saindo da universidade um passo a frente dos demais

que não participam.

A oportunidade de aprender a teoria e aplicá-la...

...investigar como as teorias aprendidas na universidade se aplicam na prática docente.

...aplicação da teoria...

...ampliar meu conhecimento e obter a experiência prática além da teoria adquirida na

universidade...

...poder aplicar nas escolas as teorias absorvidas até então na faculdade.

...praticando os conteúdos teóricos vistos na universidade na prática.

Aprimorar o conhecimento através da prática.

Contato direto com a sala de aula para adquirir práticas de ensino.

...vivenciando as práticas do meu curso.

...ver como é trabalhar na prática.

...proporciona na prática o que é ser professor.

...aperfeiçoar mais a minha formação antes de colocar em prática.

O desejo de ter a prática.

...colocar o que eu aprendi em sala de aula em prática...

...ter uma prática dentro de sala de aula...

Uma oportunidade de praticar a docência...

...auxiliando na minha prática...

...me aproximar da sala de aula e da prática docente.

...aproximar a realidade acadêmica da escola...

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...complementar o que tenho aprendido no curso e poder por em prática com orientações de

pessoas mais experientes.

...proporcionar aos alunos a prática na escola...

...influenciará totalmente na minha prática futura.

...me aproximar da prática docente...

Eixo 3 - Importância na formação docente

...importância do programa para a minha formação docente...

Melhorar na minha formação como docente.

...ampliando competências e habilidades durante a formação.

...o "aperfeiçoamento" e a valorização da formação de professores.

...enriquecer a formação...

...melhorar para exercer minha profissão.

Aprimorar meu trabalho como docente

Os motivos foram para ampliar meus conhecimentos, relacionadas à docência.

Novas oportunidades de aprendizado e desenvolvimento acadêmico.

...importante nos preparar como futuros docentes.

Eixo 4 - Bolsa

Motivos financeiros.

...ajuda monetária.

...o valor da bolsa

A bolsa concedida propicia numa melhor formação na medida em que o universitário pode

dedicar-se sem necessitar estar no mercado de trabalho.

...valor da bolsa que pagava a faculdade...

...ter em meu currículo uma bolsa da CAPES.

Primeiramente a bolsa...

Principalmente financeiro...

O que podemos notar com a discriminação destes motivos é que, apesar de ter

aparecido o eixo Bolsa, os demais foram mais citados, ou seja, adquirir experiência, relacionar

teoria com a prática, importância na formação docente, são eixos que vão ao encontro do que

determinamos como categorias de análise.

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Com esses motivos delimitados, está presente a busca da concepção de trabalho

docente, quem este estudante pretende ser quando profissional, quais os caminhos que

pretende seguir. Sobre a relação teoria-prática, esta foi diretamente discriminada nas

respostas, ou seja, o professor em formação efetivamente busca a possibilidade da relação

teoria-prática, o que provavelmente ele não encontre nos cursos de formação, por isso a

necessidade de estar na escola de Educação Básica.

É interessante destacar no eixo 1 a questão do conceito de “experiência”. Tardif e

Lessard (2012) apontam que o conceito de experiência tem diversos significados para os

professores, mas de modo geral está diretamente relacionado à dimensão prática da docência,

ou seja, os eixos “adquirir experiência” e “relacionar teoria e prática” são complementares.

Para os autores, a experiência se refere à aprendizagem e ao domínio gradativo das situações

de trabalho ao longo da prática cotidiana e, “Ela é qualificante. Mesmo hoje, ensinar se

aprende, em boa dose, ensinando”. (TARDIF e LESSARD, 2012, p. 285).

A experiência no trabalho docente se refere às dimensões subjetivas do trabalho

interativo, pois é na relação com os alunos que o professor constrói sua identidade, descobre e

desenvolve suas capacidades, e não se traduz no domínio técnico de uma tarefa, mas sim no

modo de ser e viver a profissão docente. É pela experiência que se dá a descoberta de si como

pessoa e como profissional.

Vale destacar que

A experiência denomina as fontes pessoais – história de vida, experiências

escolares anteriores, etc – a partir das quais se edificaram as representações e

as práticas pessoais do professor para com seu ofício. O professor jovem

nunca chega totalmente virgem ao seu novo ofício; ele começa a trabalhar

possuindo já experiências – muitas vezes fundamentais – do ensino, da

classe, dos alunos, etc. (TARDIF e LESSARD, 2012, p. 286).

Diante disso, destacamos a importância do PIBID nesse processo de “experiência” na

formação inicial do professor. Além das experiências que ele já trará de sua própria vida, o

PIBID oportuniza outras, que pela análise das descrições do eixo 1, são significativas.

5.2.3.2 Pesquisa com os estudantes: O PIBID e suas influências na formação

Um dos aspectos contemplados na metodologia do PIBID é a questão da formação não

se limitar às aulas, e sim que as IES tenham a preocupação de oferecer um adicional

formativo a esses estudantes bolsistas. Além da vivência nos projetos, nas orientações

semanais, são solicitadas atividades extracurriculares, que aqui denominamos

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complementares, com objetivo de melhorar ainda mais a formação oferecida. Ainda são

sugeridas áreas para tais atividades, como Língua Portuguesa, para que os estudantes saibam

se expressar melhor quando docentes, Língua Estrangeira de forma a contribuir para um

aumento cultural em tempos de globalização, dentre outras.

Na pesquisa, quando questionados, a maior parte dos alunos respondeu que a IES

oferece constantemente ou oferece. Esse dado também é importante, pois demonstra o

comprometimento da IES com a formação geral e não somente teórica das áreas.

Gráfico 12 – Oferecimento de atividades complementares pela IES.

Fonte: Elaborado pela autora.

Sobre os conteúdos teóricos propriamente, também ao serem questionados, se estes

contribuem para as atividades desenvolvidas no PIBID, a maioria respondeu que contribui ou

contribui totalmente. Esse dado nos faz refletir sobre a questão específica da relação teoria-

prática, de forma a analisar se a teoria, quando posta junto com a prática, é ou não mais

compreendida como importante. O que nos leva a caminhar no sentido de afirmar que sim,

pois, caso contrário, os estudantes se posicionariam contrários a isso. Compreender a teoria

para repensar as práticas, a teoria como suporte à prática, esse nos parece o entendimento.

Como vimos anteriormente, Garcia (1999) defende que um dos principais aspectos

relacionados ao currículo de formação de professores que devemos nos atentar se refere aos

conteúdos, ou seja, as teorias estudadas. O autor apresenta dados de uma investigação

realizada pela UNESCO em 25 países que aponta que 30% dos elementos teóricos de

formação de professores são de educação geral, 30% de educação especializada, 25% de

estudos pedagógicos e 15% de práticas.

41

62

6 1 4

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O autor afirma que os currículos concebem a formação de professores como um

processo evolutivo que inclui fases de aprendizagem de conteúdos e competências didáticas,

realização de práticas e posteriormente um período de inicialização. Porém, nossa pesquisa

aponta que programas como o PIBID modificam esse processo, permitindo que fases

aconteçam concomitantemente.

Gráfico 13 – Contribuições dos conteúdos estudados para as atividades desenvolvidas no PIBID.

Fonte: Elaborado pela autora.

Uma vez que os estudantes estão compreendendo que os conteúdos contribuem para o

desenvolvimento das atividades desenvolvidas no PIBID, outra questão foi referente à relação

teoria-prática, o que reforça nossa tese anterior de que o PIBID proporciona uma relação entre

a Teoria e a Prática.

Gráfico 14 – PIBID e a Relação Teoria-Prática.

Fonte: Elaborado pela autora.

59

44

8 0 3

Contribuem totalmente

Contribuem Contribuem parcialmente

Não contribuem

Não responderam

63

43

5 0 3

Proporciona totalmente

Proporciona Proporciona parcialmente

Não proporciona

Não responderam

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Quando tratamos da questão do trabalho docente, não podemos tratá-lo de forma

dissociada da formação inicial dos professores, como vimos nos capítulos teóricos. Desta

forma, quando questionados se o PIBID proporciona uma formação docente diferenciada,

praticamente todos os estudantes responderam que sim, diferenciada ou muito diferenciada.

Este é um dos pontos-chave do nosso objetivo, perceber que realmente políticas de formação

de professores que trazem a questão da relação teoria-prática podem ser consideradas

fundamentais para a formação docente de alto nível.

Para tanto, podemos retomar uma reflexão de Gimeno Sacristán de que

A relação teoria-prática é a abordagem certa para penetrar nessa complicada

interação entre o que sabemos sobre algo e as formas de fazer as coisas para

que se assemelhem aos resultados que consideramos aceitáveis e desejáveis.

É uma forma de penetração declaratória de “entender o que se move” por

que o faz e como faz, ou seja, representa indagar acerca do que move a

educação”. (GIMENO SACRISTÁN, 1999, p. 18).

Desta forma, devido às possibilidades de “entender o que se move”, quando

questionados sobre o fato de o PIBID proporcionar uma formação docente diferenciada, todos

os estudantes afirmam que muito diferenciada ou diferenciada.

Gráfico 15 – PIBID e Formação Docente Diferenciada.

Fonte: Elaborado pela autora.

Por outro lado, outro dado nos aponta algo significativo. Quando questionados sobre a

importância da Teoria e da Prática na formação de professores (Gráficos 16 e 17) e solicitados

que atribuíssem numa escala crescente uma nota de 0 a 10, 61% atribuem uma nota 10 para a

Teoria e 87% atribuem nota 10 para a prática. Não podemos dizer, caso nossa análise fosse

82

29

0 0 3

Muito diferenciada

Diferenciada Pouco diferenciada

Nada diferenciada

Não responderam

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basicamente estatística, que esta diferença é significativa, mas quando partimos de

pressupostos qualitativos, é claro que existe ainda uma tendência à prática se sobressair em

relação à teoria, principalmente quando estamos tratando de questões relacionadas ao trabalho

docente.

Gráfico 16 – Importância da Teoria na Formação Docente na perspectiva dos estudantes bolsistas.

Fonte: Elaborado pela autora.

Gráfico 17 – Importância da Prática na Formação Docente na perspectiva dos estudantes bolsistas.

Fonte: Elaborado pela autora.

Sobre esse resultado de a prática sobressair, mesmo que em pequena quantidade, sobre

a teoria, retomemos Gimeno Sacristán:

Para o “prático”, é muito comum que o problema da interação teoria-prática

seja uma interrogação recebida e sobrevinda como consequência das

influências que o “teórico” provoca nele, como costuma ocorrer nas

atividades de formação, por exemplo, quando conteúdos desta se percebem

distanciados e inadequados para as tarefas profissionais a serem

desenvolvidas. O problema teoria-prática aparece como incongruência da

4 4

19 13

71

3

5 7 8 9 10 NR

3 8

100

3

8 9 10 NR

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primeira com as necessidades sentidas pela segunda, que pode desembocar

na qualificação de falta de utilidade”. (GIMENO SACRISTÁN, 1999, p. 23)

Quando questionados sobre a importância do PIBID na sua formação (Gráfico 18),

74% atribuem nota 10, 9% nota 9, 11% nota 8 e 2% nota 7. Neste item novamente retomamos

a questão da análise qualitativa, pois apesar de 74% considerarem que é muito importante na

formação do estudante, a atribuição da nota 7 por apenas dois participantes pode mostrar um

pequeno desvio ou descontentamento com as ações do programa, não que pretendemos que o

resultado seja perfeito, mas ao mesmo tempo, se ampliássemos nossa amostra para o Brasil,

podemos dizer que existem sim estudantes que não percebem a importância do PIBID na sua

formação.

Gráfico 18 – Importância do PIBID na formação do estudante na perspectiva dos bolsistas.

Fonte: Elaborado pela autora.

Para encerrar a pesquisa, lançamos uma questão sobre o interesse em atuar ou não

como professor ao concluir o curso. Novamente um dado interessante: 89,5% responderam

que sim, mas 6% responderam que não têm certeza. Apesar de nenhum ter respondido que

não pretende atuar, a dúvida sobre o trabalho docente é algo importante de ser considerado em

um momento de formação inicial, ou seja, por que optar por um curso no qual não se tem

certeza de que pretende atuar? Como um programa de formação inicial como o PIBID pode

ou não influenciar nesta decisão? Como a questão não é diretamente relacionada aos nossos

objetivos, realmente não pretendemos respondê-la, mas devemos sim refletir sobre ela,

principalmente quando falamos de formação inicial de professores.

2 13 11

85

3

7 8 9 10 NR

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125

Gráfico 19 – Atuação docente após a conclusão do curso.

Fonte: Elaborado pela autora.

5.2.3.3 Pesquisa com coordenadores de curso, coordenadores de área, supervisores,

equipe gestora e professores: perfil

A pesquisa também teve outro foco, que foi buscar informações com os demais

envolvidos no programa da IES. O outro questionário foi direcionado aos supervisores (da

escola) e coordenadores de área (professores da IES) que também são bolsistas do PIBID,

equipe gestora e professores regentes das escolas, e coordenadores de cursos de licenciatura

da IES.

O objetivo inicial deste questionário foi de traçar um perfil dos sujeitos da pesquisa

através de dados como idade, sexo, função; verificar qual o conceito de trabalho docente para

estes profissionais da educação. Com este contexto inicial, os objetivos posteriores do

questionário foram de constatar se o PIBID proporciona a relação teoria-prática, através de

uma formação inicial de professores diferenciada.

Desta pesquisa participaram 49 pessoas, dentre as quais 9 coordenadores de curso, 12

coordenadores de área, 10 supervisores, 9 membros da equipe gestora das escolas, 9

professores regentes. 20 com idade entre 29 e 39 anos, 18 com idade entre 40 e 50 anos, e 11

com idade entre 51 e 65 anos. Deste ponto em diante, denominaremos estes participantes de

professores.

102

0 7 5

SIM NÃO NÃO TEM CERTEZA NÃO RESPONDERAM

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Gráfico 20 – Professores participantes da pesquisa por sexo.

Fonte: Elaborado pela autora.

Quando questionados se o PIBID proporciona uma formação docente diferenciada, 41

(83%) respondem que sim, muito diferenciada e 8 (17%) diferenciada. Esse dado corresponde

ao posicionamento dos estudantes (vide Gráfico 15) em que 72% apontam que sim, uma

formação muito diferenciada e 25% definem como diferenciada.

Gráfico 21 – PIBID e Formação Docente Diferenciada na perspectiva dos professores.

Fonte: Elaborado pela autora.

Quando solicitados numa escala crescente de 0 a 10 a atribuir um valor para a

importância da teoria na formação do professor, 39 (79%) atribuíram valor 10. Novamente

fazendo uma comparação com os dados dos estudantes (vide Gráfico 16), 73% atribuem valor

9 e 10.

3 4 3 3

6

8

10 6 6

Coord de curso Coord de área Supervisor Equipe gestora Professores

Masc Fem

41

8

0 0

Muito Diferenciada Diferenciada Pouco Diferenciada Nada Diferenciada

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Gráfico 22 – Importância da Teoria na Formação Docente na perspectiva dos professores.

Fonte: Elaborado pela autora.

Quando solicitados numa escala crescente de 0 a 10 a atribuir um valor para a

importância da prática na formação do professor, 46 (93%) atribuíram valor 10. Os estudantes

também consideraram a prática mais importante que a teoria (ver gráficos 16 e 17) e na

questão da prática 88% consideraram um valor 10 de relevância.

Gráfico 23 – Importância da Prática na Formação Docente na perspectiva dos professores.

Fonte: Elaborado pela autora.

Repete-se aqui (Gráficos 22 e 23) a análise feita anteriormente, a prática ainda é

considerada mais importante que a teoria, mesmo quando comparamos respostas de

estudantes e professores.

Mais uma vez nos apoiaremos nas análises de Gimeno Sacristan (1999) quando afirma

que

O reflexo antiteórico que certos setores do magistério mostram, em algumas

ocasiões, baseia-se frequentemente, em avaliações como: distância,

incongruência, incompreensão da linguagem, inutilidade da teoria para sua

1

8

1

39

7 8 9 10

2 1

46

8 9 10

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prática. Avaliações que, em alguns casos, estão ligadas a uma espécie de

mecanismo de defesa diante do qual o prático pode apreciar como

deslegitimação pessoal. São avaliações e atitudes, em muitos casos, frutos

das reações diante das pretensões dos “teóricos”, embora não inerentes à

própria teoria. (GIMENO SACRISTAN, 1999, p. 23).

5.2.3.4 Pesquisa com os professores: contribuições do PIBID

Como questão aberta aos professores, foi solicitado que respondessem se acreditam

que um programa como o PIBID contribui para o desenvolvimento da relação teoria-prática.

Todos os participantes responderam que sim, mas a questão solicitava ainda que eles

explicassem de quais formas acontece essa contribuição.

As respostas foram variadas, mas de uma maneira geral retratam a importância da

inserção do estudante no dia a dia da escola, na sala de aula, vivenciando os desafios da

profissão docente, o contexto escolar. Destaco especialmente as citações referentes à

necessidade de aplicabilidade do conteúdo teórico, as trocas de experiências, a reflexão sobre

a ação, o cotidiano escolar.

Abaixo a transcrição das respostas mais significativas:

...através de projetos

...vivenciar a teoria aprimora a futura prática...

...exposição de assuntos pertinentes à realidade social, iniciativa de integração dos alunos à

sociedade...

...à medida em que eles podem aplicar o que aprendem na teoria, diferentemente do estágio

que na maioria das vezes os participantes observam...

....vivência natural das pessoas que constituem esse contexto...

...coloca o licenciando em contexto com a realidade da escola pública, seus acertos e

desacertos...

...na medida em que possibilita ao aluno bolsista o contato com a prática docente.

...pois contextualiza o conteúdo.

...vivenciam a teoria na escola junto com os alunos, trocando experiências e aprendendo a

realidade da escola pública.

...aplicar nas escolas da educação básica os conhecimentos adquiridos durante a sua

formação e nas orientações do professor coordenador do projeto...

...desenvolver em sala de aula a teoria aprendida. Somente na escola, em sala de aula, que as

aprendizagens se concretizam.

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...ajuda a interagir com a diversidade, dando respostas e interferindo nas demandas que os

contextos...

... verificar na prática além da teoria, metodologias e recursos variáveis para desempenhar

da melhor forma o que aprendem na faculdade.

...no ambiente escolar contribuindo para o processo de formação educacional e profissional.

...oportunidade de o aluno participar de todo o processo que uma atividade prática envolve:

Pesquisa, preparação, divisão, orientação e prática.

...através da relação e vivência criada por meio do projeto na escola...

...interação com a realidade da sala de aula, ele pode refletir entre a teoria que aprende e a

prática e suas atividades complexas onde nem sempre é possível ter uma resposta ideal...

...relacionar e compreender como funciona na prática o que por ventura só se conhece a

teoria. Dessa forma o estudante já inicia a carreira de educador com uma bagagem maior do

que a dos outros que não tiveram a mesma oportunidade.

...oportunidade de vivenciar a realidade das salas de aula, analisando se aquilo que

estudaram na universidade tem aplicabilidade...

...fazer uma reflexão profunda do que é aplicável e do que precisa ser adaptado à realidade

de cada escola...

...aumenta sua capacidade de compreensão das teorias...

...possibilitar e estimular a criatividade...

...contato com a sala de aula, com os alunos e com os problemas da escola...

...contato direto com os alunos e com a escola, as demandas da sala de aula, o exemplo ou

não dos professores da escola.

...o conhecimento é mais estático, sendo necessário aprendê-lo e experienciá-lo.

...proporcionando um contato maior com a realidade da escola, auxilia a pensar em novas

estratégias pedagógicas...

...incentivar o aluno universitário à leitura...

...oportunidade de conhecer a escola como ela é, vivência do cotidiano, ou seja, os desafios

presentes no dia a dia da escola.

...vivenciar situações reais do ambiente educacional que só seriam possíveis após a

graduação.

...torna o aluno mais reflexivo, capaz de utilizar a teoria na prática...

...possibilita a relação e reflexão destas práticas com ações e atitudes motivadoras assim

como a percepção de erros a serem evitados no futuro.

A teoria é colocada em prática em confronto com a realidade escolar...

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...na medida em que vivenciam a dinâmica escolar, através de atividades diversificadas, para

todos os alunos que planejaram, entenderam, trocaram experiências e interagiram.

...interação entre a universidade e a escola.

...na universidade os alunos têm contato com a teoria sem muito espaço para a prática...

...tem a teoria experimentando as situações e procurando resolver os problemas de sala de

aula em tempo real...

...apropriando em sala de aula com a atividade prática no contexto real da escola.

...a reflexão sobre a própria prática docente o faz analisar sobre o processo educativo e

avaliar sua intervenção.

...possibilita a imersão do futuro docente em situações reais de ensino, ainda no período de

formação.

...Esse contexto estabelece uma relação entre o espaço universitário e a escola de educação

básica que tende a juntar a reflexão com a prática, fornecendo indicadores e caminhos de

pesquisa e atuação docente.

...vivenciar a teoria aprimora a futura prática e minimiza futuros problemas...

...conseguem relacionar a teoria com prática por meio da elaboração e prática de conteúdo

relacionados à disciplina.

...utilizando metodologias inovadoras e motivadoras.

...vivenciar essa relação na realidade.

Desenvolvendo de forma prática os componentes teóricos na relação com o aluno em sala de

aula.

...revela dimensão prática do trabalho diário do professor e os coloca em contato com a

realidade e as dificuldades da sala de aula.

...experiência em lecionar na educação básica, aprendendo a transmitir o seu conhecimento

adquirido em sala de aula.

...somar as dificuldades dos alunos no processo de ensino e participar do cotidiano da escola,

conhecendo o seu futuro ambiente de trabalho.

...conhecer e estar na escola, vivenciar o ambiente escolar, planejar atividades e aplicá-las,

conhecer os alunos, adquirir experiências com seus pares e o corpo docente da escola.

...parceria universidade/escola permite aos estudantes confrontar aquilo que é aprendido na

universidade com a realidade escolar, a prática do dia-a-dia, o fazer docente no chão da

escola.

...essa relação entre teoria e prática é fundamental na formação do professor.

Através da interação entre toda a equipe gestora, estagiários e alunos.

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...vivência do cotidiano que respalda o conhecimento científico que cada um traz consigo.

Mais uma vez retomamos Gimeno Sacristán (1999) no que se refere à relação teoria-

prática. Analisando os discursos descritos, podemos perceber que as argumentações sobre

essa relação, a utilidade da teoria para a prática, a prática como base para a crítica teórica,

delimitam três diferentes visões descritas pelo autor: o que é a prática, o que é a teoria, e a

relação que se espera ou é possível entre elas.

Nenhuma dessas visões é fixa ou única, são diferentes formas de projetar a relação.

Teoria e prática na educação podem ter manifestações muito diferentes. O autor afirma que

não podemos conceituar simplesmente que a prática é causada pela aplicação ou adoção de

uma teoria, nem que a teoria é que gera processos de discussão entre os que estão na prática,

embora em nossa pesquisa, analisando os discursos, essa acaba sendo a visão apresentada.

Para Gimeno Sacristán (1999) “[...] propomos um caminho: ultrapassar os significados mais

correntes do que é a prática, do que é a teoria, do que é a relação entre ambas, em quais

contextos são produzidas essas relações e quais agentes estão envolvidos nelas”. (p. 29)

5.2.4 Pesquisa: o conceito de trabalho docente

Como o trabalho docente foi uma de nossas categorias de análise, uma questão aberta

sobre o conceito foi direcionada tanto aos estudantes quando aos professores. Após análise de

cada resposta e agrupamento por similitude, elaboramos 17 eixos de análise que apresentamos

a seguir.

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Quadro 6 – Eixos de análise sobre o conceito de trabalho docente.

Eixo 1 - Desenvolvimento do aluno

Estudantes Professores

Incentivar e direcionar o aluno para que possa desenvolver suas

capacidades de acordo com suas necessidades.

Ajudá-los a enxergar o mundo com outros olhos.

Despertar seu espírito de transformação.

...colaborar com o crescimento e o amadurecimento...

...ampliar seus horizontes...

...formação de pessoas críticas...

...trazer o bem estar...

...molda outros seres humanos...

...formação e capacitação dos estudantes...

...relação efetiva com o processo educacional de um indivíduo...

...integrando o aluno na construção do aprendizado...

...passar para o outro o conteúdo que ele possui domínio...

...compartilhar o conhecimento...

Ajudar a construir o conhecimento...

...auxiliar na formação de um indivíduo que formará o futuro...

...formar pensadores reflexivos, capazes de transformar a sua

realidade para melhor...

Formação de pessoa...

...preparar a juventude para a vida social, acadêmica e para o

mercado de trabalho..

...contribuir na formação escolar profissional.

...preparar os jovens para melhorar o mundo em que vivemos.

...tornando-os cidadãos aptos a observar, refletir e discernir.

...ajuda estes pequenos a se desenvolverem.

...procura algo melhor para seus alunos, sempre melhorando o

desempenho.

...formação cidadã do educando.

...promover uma aprendizagem mais significativa aos alunos.

...trabalho realizado pelo professor (dentro e fora da escola) cujo

objetivo é o desenvolvimento pleno do aluno.

...mobilização de atividades que envolvem conteúdos significativos

visando contribuir para com o desenvolvimento das competências da

compreensão e expressão, argumentação e decisão.

...soma de um conjunto de atividades, planejadas, elaboradas,

preparadas, que vão ao encontro dos interesses, das necessidades e

dificuldades.

...atividade desenvolvida junto aos educandos, com intenção,

conteúdos, objetivos e metodologias pré-definidas. Tem um ponto de

partida, um percurso, um ponto a se chegar a fim de se desenhar um

novo percurso.

...professor como um mediador, um "catalisador" de potencialidades

dos alunos, além de possibilitar diversas competências e conteúdos.

Tudo o que é desenvolvido pelo professor dentro e fora do ambiente

escolar, visando o desenvolvimento pedagógico do aluno.

...atividade dentro e fora da escola, que o profissional da educação

empreende pelo bem estar dos alunos.

Vivenciar as demandas de nossos alunos. Não só as de aprendizado

formal, mas também as que correspondem na formação do caráter do

indivíduo.

...trabalho realizado pelo professor dentro e fora de sala de aula e

compromisso com o desenvolvimento pleno do aluno com a sua

aprendizagem.

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...formação de indivíduos críticos e conscientes.

...formar alunos críticos e ativos na comunidade em que estão

inseridos.

...desenvolver um trabalho de desenvolvimento e aprendizagem voltado

para a formação escolar do aluno.

...conduzir, aprender e transformar...

...contribuir para a formação e o conhecimento dos demais.

...conhecimento e aprendizagem.

...contribuir com a formação dos alunos.

...sempre pensando no futuro dos nossos jovens e consequentemente no

futuro do nosso país.

...melhor desenvolvimento dos alunos.

Ensinar, aprender, construir e reconstruir conhecimentos científicos,

sociais, tecnológicos e artísticos aos alunos da melhor forma possível.

...prática de transmitir o conhecimento necessário para a vida do

aluno, com paciência e dedicação...

...sendo capaz de influenciar na vida...

...passar aos receptores(alunos) lições sobre a matéria e a vida.

...colaborando para a construção do conhecimento.

...conhecimentos éticos e morais.

...socialização do conhecimento.

...instigar outras pessoas a desenvolver e aprofundar conhecimentos

nas mais diversificadas áreas.

Oportunidade de ensinar e de transformar pensamento...

...parte da formação do aluno como indivíduo.

...valores...

...plantar uma semente e colher frutos no futuro.

...oferecer situações que propiciem aprendizagens.

...mediação do processo da construção do conhecimento.

...utilizar sua formação de professor para multiplicar conhecimento.

...possibilidade de fazer a diferença na vida de alguém.

...passar ensinamentos de vida e experiências.

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...compartilhar diferentes influências e experiências em sala de aula.

Eixo 2 - Mais do que transmitir conhecimentos

Estudantes Professores

...mais do que levar conhecimento.

...missão de transmitir um ensino digno...

...envolva pesquisa e prática...

...vai muito além de transmitir conhecimento...

...função vai além da sala de aula...

...muito além de passar matéria para os alunos.

...não se limita em apenas transmitir conhecimento, mas preparar seu

aluno para a vida...

...vai além de só passar conteúdo de forma jogada, requer pesquisa,

identificação das características individuais dos alunos e adequação

dos conteúdos...

...envolve pesquisa, planejamento, trabalho com conteúdos

curriculares, com os não curriculares, formação moral e ética.

...produzido pelo profissional da educação no sentido de contextualizar

as informações produzidas historicamente pelo homem.

...aquele que instrui e educa, não só transmite conhecimento, mas

influi na formação integral do aluno.

...responsável pela organização das informações.

...construção progressiva de saberes pedagógicos ou não na relação

ensino – aprendizagem.

...buscando novas estratégias no processo de ensino.

Envolve domínio de conhecimento, compromisso com o fazer

pedagógico e planejamento.

Produção e desenvolvimento.

...deve valorizar a realidade e propor mudanças significativas nos

processos de ensino e aprendizagem.

...é tudo que envolve a atividade do professor desde seu preparo

anterior à aula até sua atuação em sala de aula e pós-sala de aula.

...tem vários momentos e processos: necessidade da ordem - Boa

formação - Experiência - Capacidade - Percepção do cotidiano.

...termo muito amplo que abrange desde a formação continuada deste

profissional até seu dia a dia em sala de aula e com a comunidade

escolar como um todo.

...quando o professor coloca sua prática pedagógica em ação.

...ensino de outros, mas isso não exime o docente de continuar a se

aprofundar, tanto nos conteúdos específicos de sua área, quanto nas

melhores maneiras de compartilhá-los.

...transmitir não só conhecimento teórico, mas também conseguir fazer

troca de experiências que contribuirão com a formação intelectual e

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moral para formar cidadãos de bom caráter e bem preparados para

enfrentar desafios profissionais e emocionais.

O professor é um facilitador que ajuda o aluno a compreender e

assimilar conteúdos necessários à vida acadêmica.

...trabalho cujas bases estejam de alguma forma relacionadas à

pedagogia, evidenciando, por tanto métodos, técnicas, aplicações,

intencionalmente planejadas e tendo em vista conhecimento.

...compreende todas as atividades desenvolvidas pelo professor, sejam

estas pedagógicas ou de gestão. Assim, o professor planeja, organiza,

estuda, participa das reuniões e decisões da escola.

...envolve várias atividades – com os alunos em sala – preparação de

aulas – pesquisas – estudos – participação em cursos, aprimoramento,

viagens de estudo e, portanto, todos os momentos em que o professor -

docente está ensinando ou aprendendo.

...envolve o processo de ensino X aprendizagem, pesquisa, produção,

criação, aplicação, avaliação, análise, enfim, toda a evolução do

processo.

Eixo 3 - Conhecer

Estudantes Professores

...conhecer e analisar novas atividades.

...produz conhecimento.

...aprendizado constante.

...busca de conhecimento.

...corresponde à prática e pesquisa do ensino.

...professor sempre será um pesquisador.

...não apenas o ato de ensinar ou transmitir, mas também como se

posicionar como sujeito aprendente.

...significa transformação e conhecimento.

Eixo 4 - Realização pessoal

Estudantes Professores

...me realizar como pessoa.

...realização de um sonho.

...vontade de passar conhecimento.

...uma ponte para ensinar.

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136

...doar o seu melhor ao próximo.

Eixo 5 - Sentimentos

Estudantes Professores

...sempre com amor.

Além de tudo amor, respeito e dedicação.

...não só são alunos, mas também nossos filhos.

...é amar o que faz.

...eu me apaixonei por esta profissão.

...missão de servir ao próximo.

...com amor para o ser humano.

...prazer de ensinar.

...se doar pelo outro.

Prazer.

Atuar com amor.

...amor...

...ter amor e planejamento...

...amor pelo próximo.

...ter amor, você precisa amar a docência para atuar nela.

...uma escolha, um dom.

...ceder ao outro, direito a conhecimento.

...dom de transmitir...

Eixo 6 - Trabalho difícil

Estudantes Professores

...ser professor hoje em dia não está fácil e nem muito valorizado.

...é cansativo porém gratificante.

...não é valorizado como deveria.

Não é uma tarefa fácil ser docente, é árduo...

...deveria ser super valorizado e não tem o reconhecimento merecido.

Eixo 7 – Ensinar, aprender, integrar

Estudantes Professores

...ensinar e aprender com o outro.

...você não só ensina, mas aprende.

...troca de saberes, um saber democrático, compartilhado.

...integração professor/ aluno.

...relação pedagógica entre o aluno/ professor.

Atividade de interações humanas.

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...ensinar e aprender.

Troca de informações.

Ensinar e aprender.

...ensinar enquanto se aprende.

Além de ensinar, é aprender como o aluno também.

...ensinar e também aprender.

...aprender e ensinar.

...experiências vividas entre o docente e os alunos.

...importância de ensinar e aprender.

...um trabalho interativo.

...aprender com eles.

Uma troca de informações.

...troca de conhecimentos, via de mão dupla do processo de ensino,

aprendizagem, pois ao mesmo tempo em que eu ensino eu aprendo.

...compreender coisas novas com os próprios alunos.

...trocando experiências com os alunos com dedicação e carinho no

exercício da docência.

Eixo 8 - Diversidade

Estudantes Professores

...viver dia-a-dia, não existe dia igual ao outro.

Eixo 9 - Trabalho técnico do professor

Estudantes Professores

...dentro de sala de aula ou mesmo quando isso se estende para outros

ambientes.

...trabalho do professor.

...conhecimento específico.

Estar em sala de aula.

...atuar como professor.

Aquele que trabalha ensinando.

...trabalho do professor.

...trabalho como professor.

...trabalho realizado pelo professor em sala de aula.

...trabalho docente é ter experiências em sala.

Participar da educação, Planejamento e ensino...

...realizado dentro da escola com os professores e toda a equipe

gestora...

...conjunto de atividades realizadas, função, exercício de uma pessoa

que ensina, que dá aula.

Todo trabalho realizado pelo professor.

É o trabalho do professor.

...atividade realizada pelo professor, dentro e fora da sala de aula,

voltada para a transmissão de conhecimento.

...encontrar diferentes possibilidades didáticas de ensino.

...conseguir transmitir os conteúdos aos alunos de forma didática.

...procura transmitir ensinamento para outra pessoa.

...trabalho do professor em sala de aula...

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...atividades desenvolvidas pelo professor na escola...

...trabalhar com uma boa metodologia de aula, com um bom plano de

aula, o professor em si proporcionando ensino.

...lecionar...

...estar dentro de uma sala de aula...

...trabalho do professor com o aluno, sala de aula, em biblioteca

fazendo projetos...

...relações e condições de trabalho dos profissionais que atuam com

crianças...

...trabalho em que o professor desenvolve em sala de aula.

...trabalho desenvolvido pelo professor no ambiente escolar.

...desempenhar o seu papel em sala de aula.

...transpor o conhecimento científico para o aluno.

...realizado por aquele que tem formação em licenciatura.

...atuação em sala de aula.

...transmitir conhecimento.

...passar o conhecimento a outras pessoas.

...levar conhecimentos.

Ensinar, passar adiante o conhecimento...

...ensinar determinada matéria.

...transmitir conhecimento a seus alunos.

...observar, planejar e desenvolver meios para que os conteúdos sejam

compreendidos.

...orientar, organizar e instruir os alunos.

...não só abordando conteúdos curriculares, mas também temas

transversais.

...poder passar conhecimento.

...formar e informar.

Transmitir conhecimentos através de diversos meios e ferramentas.

...transmitir e construir conhecimentos.

...transmissão de conhecimentos.

Passar o nosso conhecimento.

...tem como objetivo ensinar, e que a aprendizagem seja o produto do

ato de ensinar...

...é a prática de transferir conhecimento.

O trabalho docente envolve as atividades preparatórias para

desenvolver a aula (pesquisas, planejamento, propostas, atividades), o

desenvolvimento da aula, e a avaliação.

Toda função, exercício, atividade realizada por um profissional que

ensina, ministra aulas (Professor).

...consiste em todas as atividades inerentes à profissão de professora,

desde as pesquisas para preparação de aula e plano de aulas e a

execução das mesmas, até a realização da avaliação, reuniões

pedagógicas com capacitações...

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...transmitir o conhecimento adquirido é extremamente gratificante.

...transmitir conhecimento em práticas diversificadas de apresentação

da matéria.

...transmitir conhecimento.

...transmitir o conhecimento adquirido.

...compartilhar conhecimento.

...transmite seus conhecimentos...

...transmissão de conhecimentos e aprendizados...

Levar educação para sociedade.

...onde passamos nosso conhecimento para o próximo.

...utilizar metodologias diferenciadas.

...conhecimento em áreas específicas do saber.

Eixo 10 - Ética

Estudantes Professores

...valores éticos e morais.

...valores éticos e morais.

...padrão moral e ético dos seres educandos...

...trabalho centrado no ensino, aprendizagem e na ética.

...rigor ético com objetivo de ampliar a interação dos alunos.

Eixo 11 – Valorização do professor

Estudantes Professores

...trabalho mais importante que existe.

...trabalho do professor nas escolas de educação formal.

Trabalho em instituições de ensino, atividades formais ou não formais.

...trabalho mais importante de todos.

...profissão muito importante, pois é ela que dará futuramente a

formação dos outros.

Trabalho realizado de grande importância.

...base de tudo, pois o professor é de grande importância para a

sociedade...

...fundamental na formação de uma criança.

Um privilégio...

...muito gratificante.

O trabalho mais importante que temos...

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Eixo 12 - Relação teoria-prática

Estudantes Professores

...conseguir conciliar a teoria com a prática com que facilite a

aprendizagem...

...estudo e a prática.

...estudar e se formar em uma graduação é uma coisa, mas vivenciar

esta experiência na prática é outra.

...relação teoria-prática.

...trabalho realizado pelo profissional capacitado em conseguir

conciliar a teoria com a prática, elaborando toda essa experiência,

passando as principais bases aos seus alunos.

...desenvolvimento da prática pedagógica, que cabe especificamente ao

professor em sala de aula, no alinhamento ente teoria e prática.

...ação do professor ao relacionar teoria e prática

...termo é de certa forma generalizante, pois envolve muitas variáveis

que dizem respeito à prática e a teoria.

Eixo 13 - Mediador

Estudantes Professores

Atuar como mediador.

...mediador do conhecimento.

...intervir e mediar.

...mediação de um conteúdo didático...

Eixo 14 - Compromisso/Dedicação

Estudantes Professores

...responsabilidade, compromisso e dedicação.

Compromisso, dedicação...

Dedicação...

...passar aquilo que eu sei com segurança e alegria.

Eixo 15 - Responsabilidade/Desenvolvimento Social

Estudantes Professores

Responsabilidade social...

...ferramentas para o melhor desenvolvimento social.

...melhorar realidade...

...associar com a vida e o contexto social...

...formação e construção de uma sociedade...

...fundamental da sociedade.

...melhor como pessoa e sociedade.

...ser capaz de influenciar a criação de um cidadão em que preze o

...para a evolução dos assuntos pertinentes à realidade social. Com

isso uma possibilidade de integrá-los ao meio social.

...desenvolvimento, dinamismo e relações sociais.

...prática social que se integra de saberes cognitivos de experiências

curriculares.

...é influenciado pelo contexto histórico, político e social.

...é a prática social, pois integra saberes cognitivos, experiências

curriculares e contexto escolar.

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bem comum de uma sociedade.

...acreditar numa sociedade melhor e dar sua contribuição para que

isso aconteça.

...contribuir para a formação da sociedade.

...formação de cidadãos críticos para a sociedade.

...transmitir conhecimentos e valores para a construção de uma

sociedade mais justa e igualitária.

...forma de tentar mudar a sociedade, tornando os alunos mais críticos

e participativos.

...garante o tipo de sociedade que teremos no nosso futuro.

...formação ética e social.

...atividade de interação humana, uma prática social.

...desenvolver o indivíduo como ser social.

Eixo 16 - Refletir sobre a própria prática

Estudantes Professores

...permite verificar, analisar e refletir sobre sua própria prática.

Estar no mundo esperto, atento às fontes e extraindo das experiências

vividas e compartilhadas, considerações e entendimentos sobre si.

...docente ter a clareza daquilo que faz, clareza essa que se faz com a

sua concepção pedagógica assumida e a relação de ensino e

aprendizagem.

Ação consciente do professor de uma prática transformadora e ativa

na sociedade.

Eixo 17 - Relacionado à formação do professor

Estudantes Professores

...trabalho condicionado à formação do professor com características

objetivas e subjetivas.

...é um ciclo de preparação.

Requer formação adequada aliada às condições objetivas de trabalho

frente aos desafios da sociedade.

...constituição do "eu professor" em vários aspectos: pedagógico,

econômico, cultural, social e político.

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...trabalho de formação do indivíduo no ambiente escolar pautado por

seu conhecimento adquirido continuamente, aplicado reflexivamente.

...desenvolvimento do profissional de educação em todos os momentos

de sua atividade, seleção de texto, leitura compartilhada, visitas

técnicas, atividades fora da sala de aula e dentro delas. Fonte: Elaborado pela autora.

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Ao elaborarmos o quadro 7 pudemos constatar que tanto para estudantes quanto

professores, o conceito de trabalho docente está diretamente relacionado ao desenvolvimento

do aluno, o que denominamos de eixo 1. Conforme discutimos nos capítulos teóricos, o

trabalho docente é considerado uma profissão de interações humanas, por isso, dentre outras

coisas, busca melhorar, transformar, contribuir para a vida das pessoas, o que é uma questão

de muita responsabilidade.

Neste sentido, quando relatando os resultados do PIBID, CARVALHO (2013) afirma

que

[...] orientar futuros docentes em seu processo de formação é compartilhar

experiências e projetos de vida que ressignificam e reafirmam nossa

convicção de que o foco de toda educação de qualidade é o estudante, suas

potencialidades e necessidades, em todos os níveis de ensino. Assim, o

PIBID é certamente o caminho mais democrático e transformador possível

nos quadros de uma política pública de educação que vise,

fundamentalmente, formar cidadãos. (CARVALHO, 2013, p. 193).

Outro eixo de análise apresentado no quadro se refere ao fato de considerarem que o

trabalho docente é mais do que transmitir conhecimento, eixo 2. Para os estudantes houve

uma pequena contribuição em relação a este eixo; já para os professores, foi um dos eixos

mais significativos, ou seja, a experiência, a prática, o dia a dia escolar leva-os a compreender

a dimensão que vai além da técnica. Neste sentido, podemos afirmar que

O processo de formação de professores caminha junto com a produção do

lócus escolar em mutação constante por meio da criação de ações coletivas

entre gestão, as práticas didático-pedagógicas, curriculares e culturais e as

condições concretas de trabalho vivenciadas pelos sujeitos envolvidos.

(NOFFS e FELDMANN, 2013, p. 29)

O eixo 3 se refere ao processo de conhecimento, ou seja, o professor está em processo

de aprendizagem constante. Uma das três dimensões sociológicas apresentadas por Tardif e

Lessard (2012) referente ao trabalho docente, refere-se à experiência. A docência enquanto

experiência é compreendida conforme for vivenciada e isso pode ser considerado um processo

de aprendizagem espontânea, que acontece em cada situação vivida. Desta forma, como

trabalho de interação humana, a docência é realmente um processo de vida e aprendizagem

constante.

Já o eixo 4 é referente à realização pessoal. Neste eixo, os professores não citaram algo

que pudesse ser considerado como realização pessoal, somente os estudantes. Analisando,

podemos considerar que por estarem em processo de formação, a busca por esta profissão está

diretamente relacionada à realização pessoal.

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O eixo 5 foi denominado de sentimentos. Neste eixo, delimitamos as falas mais

relacionadas ao amor, à paixão, ao prazer de ensinar. No relato dos professores pouco

pudemos considerar neste eixo, já para os estudantes, são falas bastante significativas. Vale

retomar os estudos de Tardif e Lessard (2012) quando tratam da questão do trabalho docente

poder ser considerado o trabalho com o humano e por isso as atividades desenvolvidas são

complexas, que dentre outras coisas, contempla a afetividade, a empatia, as emoções, os

juízos de valores, inclusive questões de poder.

Destaque especial ao eixo 6 que denominamos de trabalho difícil. Este eixo também só

constou na fala dos estudantes. Consideremos, conforme apresentamos nos capítulos teóricos,

que a docência entendida como trabalho deve considerar fenômenos como o tempo de

trabalho, números de alunos, dificuldades, diferenças, recursos, relações com os colegas de

trabalho, administração, burocracias, dentre outras. Essas condições de trabalho docente são

as condições oficiais, mas não determinam a atividade docente em si. Por isso, devemos

analisar como os professores lidam com tais condições, como as assumem e as transformam

em função de suas necessidades.

O eixo 7 trata do ensinar, aprender, integrar e o eixo 8 que denominamos diversidade,

trata da questão da diversidade do trabalho docente. Conforme nos remete Tardif e Lessard

(2012), no trabalho docente, a relação é o processo de trabalho, que consiste em melhorar a

situação humana das pessoas, que não são meios nem finalidades do trabalho, e sim a própria

matéria-prima do trabalho interativo. Essa matéria-prima realmente é diversa e o processo

também. Seus elementos são informais, imprevisíveis, indeterminados, num ambiente

complexo, impossível de se limitar às atividades realizadas em sala de aula.

No sentido da diversidade, concordamos com Feldmann quando afirma que

Os professores em seu ambiente de trabalho lidam com questões de natureza

ética, afetiva, política, social, ideológica e cultural. Dessa forma, em

colaboração mútua, podem criar possibilidade de recriar os conhecimentos

necessários a uma prática inclusiva, considerando as diversidades e

multiculturalidade presentes nos cotidianos escolares. Respeitar a

multiplicidade de culturas, valores, gêneros e classes sociais presentes nas

relações institucionais e pedagógicas que envolvem o processo de ensinar e

aprender, tornam-se imperativos o ofício de ser professor. (FELDMANN,

2009, p.78)

O trabalho técnico do professor está descrito no eixo 9, e tanto estudantes quanto

professores relacionam de forma significativa o conceito de trabalho docente ao trabalho

técnico. Relembremos, portanto, o descrito por Pérez Gómez (1998) sobre as três perspectivas

ideológicas dominantes no discurso teórico e prático da função docente: tradicional, técnica e

radical. A perspectiva tradicional concebe o ensino como uma atividade artesanal e o

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professor como um artesão; a perspectiva técnica concebe o ensino como uma ciência

aplicada e o professor como um técnico; e a perspectiva radical concebe o ensino como uma

atividade crítica e o docente como um profissional autônomo que investiga sobre sua prática.

Neste caso, o trabalho técnico teve uma grande representatividade em nossa pesquisa,

definido de acordo com Tardif e Lessard (2012) como um trabalho cognitivo, baseado no

tratamento de diferentes informações, com objetivo propriamente simbólico de favorecer

aquisição de cultura e construção de conhecimentos. Tais autores defendem que, apesar de ser

inegável o componente cognitivo e simbólico da docência, eles não devem ser considerados o

elemento central do trabalho docente.

O eixo 10 refere-se à ética que, por mais que tenha sido pouco citada, é um dado

significativo quando tratamos do conceito de trabalho docente. Perez Gómez (1998) nos

apresentou a necessidade de um currículo de formação de professores ter a perspectiva prática

e esta, para o autor, por ser uma atividade complexa, com resultados imprevisíveis, carregados

de conflitos de valor que requerem opções éticas e políticas, por isso a importância de ter

aparecido também vinculada ao conceito de trabalho docente.

Sobre a valorização do professor, como denominamos o eixo 11, foi outro eixo em que

só aparecem falas de estudantes. Entretanto, devemos reforçar a questão da necessidade da

valorização do professor, necessidade esta apontada nos objetivos do PIBID. Se retomarmos o

quadro 3, iremos perceber que a questão da valorização do professor consta desde o ano de

2007 nos documentos que fundamentam o PIBID. Também Feldmann (2009) nos alerta sobre

a questão da valorização do professor, pois algumas vezes as políticas públicas não os

compreende como providos de saberes próprios, capazes de contribuir significativamente para

discussões sobre o seu próprio trabalho na construção do conhecimento e produção da escola

e, neste sentido, compreendemos a necessidade de políticas de formação inicial como o

PIBID, que garantem a participação dos professores no seu processo.

O eixo 12 é sobre a relação teoria-prática e foi fala presente tanto em estudantes

quanto professores, sendo esta relação uma de nossas categorias de análise, e para nós foi

interessante ela aparecer como relacionada ao conceito de trabalho docente. Relembrando as

ideias de Sánchez Vázquez (2011), este se refere à teoria dependendo da prática na medida

em que a prática é o fundamento da teoria uma vez que determina o desenvolvimento e o

progresso do desenvolvimento. Com isso, o saber especializado deve ser considerado a partir

da indissociabilidade entre a teoria e a prática, uma vez que a educação é movida pela crença

de que a teoria pode melhorar a prática, e como nos afirma Gimeno Sacristán (1999) tal

crença pode ser ora uma turbulência obscura, ora luminosa e promissora.

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O eixo 13 trata da questão do professor como mediador. Esta questão também foi

levantada por Gimeno Sacristan (2000), que considera o trabalho docente não como um

adaptador de currículo, mas mediadores entre a cultura exterior e a cultura pedagógica que se

processa dentro da escola.

O eixo 14 citado apenas pelos estudantes se refere ao compromisso e dedicação como

parte do conceito de trabalho docente. Pérez Gómez (1998) considera o professor como um

intelectual transformador, com compromisso político de formação dos cidadãos, dedicado à

análise e debate buscando provocar nos alunos o interesse com os problemas coletivos.

A responsabilidade/desenvolvimento social foi como denominamos o eixo 15, que

também foi considerado como parte da conceituação de trabalho docente pelos participantes

da pesquisa. O contexto de interações sociais foi uma das perspectivas da formação docente

que discutimos apoiados em Tardif (2010).

Já os eixos 16 e 17 referentes a refletir sobre a própria prática e formação do professor,

foram citados apenas por professores. Retomemos Pérez Gómez (1998) quando trata da

investigação-ação, ou seja, refletir sobre a própria prática, surge para melhorar a prática, e

isso é uma atividade ética e não técnica, e só pode acontecer mediante a reflexão na e sobre a

ação. As pesquisas nos levam a compreender o conceito de formação de professores como a

área de conhecimentos e pesquisas sobre teorias e práticas, nos aspectos didáticos e da

organização escolar, através dos quais professores adquirem ou aprimoram conhecimentos

relativos ao currículo, ao ensino, à escola, buscando melhorar a qualidade da educação que os

alunos recebem (GARCÍA, 1999).

No que se refere à formação de professores e políticas como o PIBID e sua relação

com o currículo, podemos afirmar conforme Franco (2013) que os jovens precisam ter acesso

não só a um currículo que tenha como meta a formação inicial do professor, mas também que

lhes permita participar de um projeto, que lhes permita iniciar na docência e em práticas

educativas.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nossa pesquisa, que nasceu das reflexões sobre a falta de articulação teoria-prática nos

cursos de formação inicial de professores oferecidos pelas Instituições de Ensino Superior

(IES) no Brasil, o que resulta na incompreensão do conceito de trabalho docente, apresentou o

PIBID como uma política de formação inicial de professores que pretende minimizar tais

problemas.

Inicialmente apresentamos a LDB 9.394/96 como um marco no que se refere à

formação de professores no Brasil, e isso é possível notar a partir das análises de pareceres,

resoluções e leis que culminaram com a sistematização de programas de formação inicial,

dentre eles o PIBID. Destacamos que, com a ampliação do FUNDEF para o FUNDEB, o

financiamento passou a abranger toda a educação básica, com fundos também destinados à

formação de professores.

Após essas análises legais, caminhamos no sentido de buscar uma aproximação do

conceito de trabalho docente, e o consideramos como um trabalho interativo, que exige

qualificação elevada, domínio da ciência e da técnica, pois atua com interações humanas

complexas, principalmente neste contexto de globalização da atualidade. Fortemente

contextualizado, concreto, posicionado, o trabalho docente, apesar de necessitar da

improvisação, precisa da regulação e, ao mesmo tempo, da experiência, da existência, da

afetividade que tem como lócus a escola, não só enquanto espaço físico, mas também social e

histórico.

Para dominar a ciência e a técnica, a docência enquanto profissão necessita de um

processo de formação que denominamos de formação de professores, processo este entendido

como área de conhecimentos e pesquisas sobre teorias e práticas, nos aspectos didáticos e da

organização escolar, através dos quais professores – em formação ou em exercício – adquirem

ou aprimoram conhecimentos relativos ao currículo, ao ensino, à escola.

Entretanto, é impossível falar em formação de professores sem vinculá-la à articulação

teoria-prática. Essa relação complexa é de difícil conceituação, por se tratar de uma relação

que não para de renovar-se, por que se renovam as teorias e a partir delas ou não são

instauradas novas práticas. Nos cursos de formação inicial de professores, em geral, os

estudantes relatam a importância da teoria em sua formação, mas enfatizam a necessidade da

prática para um bom desenvolvimento profissional, e esse foi um aspecto apresentado nos

resultados de nossa pesquisa.

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Ao tratarmos da questão da formação de professores, temos necessariamente que

estudar sobre currículo, que nela influi diretamente. Como vimos na análise das diferenças

entre as diretrizes curriculares de formação de professores da Educação Básica de 2002 e

2015, é a partir da delimitação de tais diretrizes que as IES adequam seus currículos e traçam

novos rumos da formação de professores no país. É através do currículo que temos

oportunidades de mudanças sociais, uma vez que o aluno como ser social adquire em sua

formação condições para se tornar um sujeito ativo na sociedade e a partir daí continuar seu

processo de forma consciente. Quanto ao professor neste processo de vivência do currículo,

ele não pode ser considerado um adaptador de currículo, mas sim um mediador, pois existe a

necessidade de se estruturar ambientes complexos, situações ambíguas, conflitos e processos

dificilmente previsíveis. Neste sentido, a formação inicial do docente é primordial para o

estabelecimento de um currículo, pois em sua formação terá um referencial político.

Para tanto, destacamos uma das quatro perspectivas que orientam os currículos

apresentadas por Pérez Gómez (1998), que é a perspectiva prática e de reconstrução social,

que considera o ensino como atividade crítica, uma prática social de caráter ético, e o

professor é considerado um profissional autônomo que reflete sobre a prática para entender os

processos, e contribuir de forma autônoma e emancipatória com quem dele participa,

buscando a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

As análises de nossas pesquisas demonstraram, entre outras coisas, que os objetivos do

PIBID buscam a compreensão do trabalho docente uma vez que incentiva a formação de

docentes e busca elevar a qualidade desta formação, contribuir para a valorização do

magistério, por meio da inserção de estudantes de licenciatura no cotidiano da escola,

proporcionando a participação destes em experiências metodológicas concretas, ou seja, o dia

a dia da sala de aula, do trabalho do professor. No que se refere à relação teoria-prática,

analisando os objetivos do PIBID, essa também é contemplada, pois somente a interação do

Ensino Superior e da Educação Básica já é um passo rumo à busca dessa relação.

Por meio da análise documental, é possível perceber que o PIBID é pautado em

pressupostos teórico-metodológicos que buscam a articulação teoria-prática, a relação

universidade e escola, buscando as diferentes faces da docência: a formação inicial, os

conhecimentos teóricos e práticos dos professores regentes, o contexto social da escola e da

sala de aula, assim como a pesquisa da prática em educação. Esse processo busca enriquecer o

processo de formação inicial para a docência.

As ações propostas no PIBID deverão buscar modificar os saberes, inovar as práticas,

problematizar a formação da e na escola, ações que vão ao encontro de nossas categorias de

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análise, pois contribuem tanto para a construção de uma concepção de trabalho docente

quanto para a busca da aproximação teoria-prática.

O relatório de gestão apresenta que por meio do diálogo, interação, socialização dos

saberes, modos de pensar, de agir e reagir à própria formação de maneira proativa e dinâmica,

os alunos da licenciatura poderão ter suas concepções sobre o trabalho docente modificadas

pela reflexão-ação. Com isso, a formação deixa de ser instrumentalização para docência e

passa a ser o pensar a ação, a proposição de ideias, o protagonismo.

Concordamos com NOFFS e FELDMANN quando afirmam que

Este programa se apresenta como uma grande oportunidade para as

Universidades repensarem sua formação na perspectiva da intervenção na

Unidade escola. Sua manutenção se apresenta como essencial, pois é com as

experiências bem-sucedidas que poderemos qualificar a formação na escola

e na Universidade. (NOFFS e FELDMANN, 2012, p. 41)

O PIBID busca que não apenas as concepções dos estudantes das licenciaturas sejam

afetadas, mas também os paradigmas dos formadores (professores da educação básica e das

IES), fazendo com que sua própria prática seja questionada, ressignificada e compreendida, de

modo a valorizar elementos da rotina escolar, da ação e práticas didático-pedagógica, o que

melhora qualitativamente a formação inicial e a formação continuada dos docentes da

educação básica e das IES.

Como resultado da análise dos relatórios da IES em que a pesquisa foi desenvolvida,

fica clara a interação entre os envolvidos no projeto, tanto na IES, quanto na escola de

Educação Básica.

Em relação ao resultado dos questionários, percebemos que a prática ainda sobressai

em relação à teoria, tanto para os estudantes quanto para os professores. Entretanto, a

possibilidade da relação teoria-prática é bem-vinda, e as formas como isso se efetiva na

prática com o PIBID, quando respondido pelos professores, contemplou de uma maneira geral

a importância da inserção do estudante no dia a dia da escola, na sala de aula, vivenciando os

desafios da profissão docente, o contexto escolar, considerando dentre outras coisas a

necessidade de aplicabilidade do conteúdo teórico, as trocas de experiências, a reflexão sobre

a ação.

Sobre o conceito de trabalho docente, elaboramos 17 eixos de análise que nos levaram

a considerar que o PIBID contribui para a compreensão do conceito de trabalho docente, de

forma articulada com a relação teoria-prática, não apenas para os estudantes de licenciatura

mas também com os paradigmas dos educadores envolvidos no processo (professores das

IES, professores das escolas, equipe gestora das escolas, dentre outros), fazendo com que sua

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própria prática seja questionada, ressignificada e compreendida, o que melhora

qualitativamente a formação inicial e a formação continuada dos docentes da educação básica

e das IES.

Outro pressuposto do programa se refere diretamente às inovações, inovar a prática

docente, mesmo que isso seja simplesmente melhorar abordagens e propostas já utilizadas e

valorizadas em outras épocas. Tal inovação deve partir da ação que problematize a formação,

seja ela inicial ou continuada, a cultura escolar podendo ser modificada por seus próprios

protagonistas.

Após a pesquisa consigo compreender que desde a pré-escola eu já vivenciava a

relação teoria-prática, pois o brilho nos olhos da Tia Léia foi que me fez compreender a

magnitude do trabalho docente. Espero apenas que eu também consiga proporcionar isso a

algum dos alunos com os quais vivencio hoje.

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REFERÊNCIAS

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sociais: pesquisa quantitativa e qualitativa. São Paulo, SP: Pioneira Thomson, 1999.

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currículo. Brasília: Ministério da Educação - Secretaria de Educação Básica, 2007.

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Brasília, DF, 13 set 2005.

BRASIL. Parecer CNE/CP n.º 5, de 13 de dezembro de 2005. Diário Oficial da União,

Brasília, DF, 13 dez 2005.

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Brasília, DF, 21 fev 2006.

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158

APENDICE

Apêndice A - QUESTIONÁRIO PARA ESTUDANTE DE LICENCIATURA

BOLSISTA DO PIBID

Sexo: ( ) feminino ( ) masculino - Idade: _______

Curso:___________________ Semestre em que está matriculado: _______________

É sua primeira graduação?

( ) sim ( ) não. Caso não, em que já é graduado?____________________

Mês e ano que iniciou como bolsista do PIBID: _____________de 201___

As atividades realizadas no subprojeto em que participa são direcionadas para:

( ) Educação Infantil

( ) Séries iniciais do Ensino Fundamental – 1º ao 5º ano

( ) Séries finais do Ensino Fundamental – 6º ao 9º ano

( ) Ensino Médio

Além do PIBID você:

( ) Realiza estágios supervisionados obrigatórios

( ) Realiza estágios não-obrigatórios

( ) Trabalha como docente

( ) Outro:_________________________

1. Para você, o que significa “trabalho docente”?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

2. Quais os motivos que o levaram a se inscrever no Edital de seleção para participar

do PIBID?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

3. Os conteúdos estudados até o momento, no seu curso de licenciatura, contribuem

para o desenvolvimento das atividades desenvolvidas no subprojeto do PIBID em

que participa?

( ) contribuem totalmente

( ) contribuem

( ) contribuem parcialmente

( ) não contribuem

4. Você considera que sua atuação no PIBID proporciona a relação teoria-prática?

( ) proporciona totalmente

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( ) proporciona

( ) proporciona parcialmente

( ) não proporciona

5. Sua experiência como bolsista do PIBID fará com que você tenha uma formação

docente diferenciada:

( ) Muito diferenciada

( ) Diferenciada

( ) Pouco diferenciada

( ) Nada diferenciada

6. A Universidade, além do conteúdo das disciplinas e das reuniões de orientação do

PIBID, oferece estudos, cursos, atividades que enriqueçam sua formação, além da

sala de aula?

( ) Oferece frequentemente

( ) Oferece

( ) Oferece esporadicamente

( ) Não oferece

Numa escala crescente de 0 a 10 responda:

7. A importância da teoria na formação do professor:

( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6 ( ) 7 ( ) 8 ( ) 9 ( ) 10

8. A importância da prática na formação do professor:

( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6 ( ) 7 ( ) 8 ( ) 9 ( ) 10

9. A importância do PIBID na sua formação:

( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6 ( ) 7 ( ) 8 ( ) 9 ( ) 10

10. Após formado, você pretende atuar como docente?

( ) Sim ( ) Não ( ) Não tenho certeza

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160

Apêndice B - QUESTIONÁRIO COORDENADORES, BOLSISTAS, GESTORES,

PROFESSORES

IDENTIFICAÇÃO DO ENTREVISTADO:

( ) Coordenador de Curso de Licenciatura (Universidade)

( ) Bolsista PIBID Coordenador de área (Universidade)

( ) Bolsista PIBID Supervisor (Escola)

( ) Membro da equipe gestora (Escola)

( ) Professor (Escola)

Sexo: ( ) feminino ( ) masculino - Idade:_________

1. Você acredita que um programa como o PIBID contribui para a relação teoria-

prática? De que forma?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

2. Um programa como o PIBID proporciona uma formação diferenciada ao aluno de

Licenciatura? ( ) Muito diferenciada

( ) Diferenciada

( ) Pouco diferenciada

( ) Nada diferenciada

3. O que você entende por “trabalho docente”?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

Numa escala crescente de 0 a 10 responda:

4. A importância da teoria na formação do professor:

( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6 ( ) 7 ( ) 8 ( ) 9 ( ) 10

5. A importância da prática na formação do professor:

( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6 ( ) 7 ( ) 8 ( ) 9 ( ) 10

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Apêndice C - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

São Paulo, ____ de ________ de 2015.

Prezado (a) participante:

Eu, EVELINE IGNÁCIO DA SILVA MARQUES, aluna do curso de Pós-graduação em

Educação: Currículo, da Faculdade de Educação da Pontifícia Universidade Católica de São

Paulo – PUC/SP estou realizando uma pesquisa de doutorado sob a orientação da Prof.ª Dr.ª

MARINA GRAZIELA FELDMANN, intitulada “FORMAÇÃO INICIAL DE

PROFESSORES E AS CONTRIBUIÇÕES DO PIBID”.

O objetivo da pesquisa é identificar as contribuições do PIBID na formação inicial de

professores, tendo como categoria de análise a articulação teoria-prática. O desenvolvimento

desta pesquisa se justifica inicialmente devido ao fato de o PIBID ser uma política de

formação inicial de professores no Brasil, e como tal, deve ser avaliada e analisada para que

seja possível verificar suas contribuições para a formação docente, uma vez que os

investimentos públicos para sua execução são grandes e por isso, devem surtir resultados que

efetivamente contribuam para a qualidade da educação pública do país. Justifica-se também,

uma vez que temos como categoria de análise a articulação teoria-prática na formação inicial,

e ao analisarmos os objetivos do PIBID, percebemos que essa articulação é presente, por isso

a necessidade de verificar como efetivamente ela está acontecendo.

Sua participação envolve o preenchimento de um questionário composto por questões abertas

e fechadas, que tem a duração aproximada de 15 minutos.

A participação nesse estudo é voluntária e se você decidir não participar ou quiser desistir de

continuar em qualquer momento, tem absoluta liberdade de fazê-lo, sem penalização alguma.

Na publicação dos resultados desta pesquisa, sua identidade será mantida no mais rigoroso

sigilo. Serão omitidas todas as informações que permitam identificá-lo (a).

Mesmo não tendo benefícios diretos em participar, indiretamente você estará contribuindo

para a compreensão do fenômeno estudado e para a produção de conhecimento científico.

Quaisquer dúvidas relativas à pesquisa poderão ser esclarecidas pela pesquisadora através do

telefone (14) 3016-5599, e-mail: [email protected], ou pela entidade responsável:

Comitê de Ética em Pesquisa da PUC/SP, fone (11)3670-8466 e-mail: [email protected].

Atenciosamente,

Eveline Ignácio da Silva Marques – CPF: 265.672.318-31

Pesquisadora Responsável

Consinto em participar deste estudo e declaro ter recebido uma cópia deste termo de

consentimento.

______________________________

Local e data

_____________________________

Nome completo do participante

_____________________________

Assinatura do participante