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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PUC-SP CASSIO ROGERIO CELESTINO DOS SANTOS A RELEVÂNCIA DO VALOR DA TI NA AVALIAÇÃO DE EMPRESAS QUE FAZEM USO INTENSIVO DE INFORMAÇÃO: UM ESTUDO SOB A ÓTICA DOS PROFISSIONAIS DE INVESTIMENTOS MESTRADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ATUARIAIS SÃO PAULO 2015

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC-SP

CASSIO ROGERIO CELESTINO DOS SANTOS

A RELEVÂNCIA DO VALOR DA TI NA AVALIAÇÃO DE EMPRESAS QUE

FAZEM USO INTENSIVO DE INFORMAÇÃO: UM ESTUDO SOB A ÓTICA DOS

PROFISSIONAIS DE INVESTIMENTOS

MESTRADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ATUARIAIS

SÃO PAULO

2015

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CASSIO ROGERIO CELESTINO DOS SANTOS

A RELEVÂNCIA DO VALOR DA TI NA AVALIAÇÃO DE EMPRESAS QUE

FAZEM USO INTENSIVO DE INFORMAÇÃO: UM ESTUDO SOB A ÓTICA DOS

PROFISSIONAIS DE INVESTIMENTOS

MESTRADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ATUARIAIS

Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia

Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial

para obtenção do título de Mestre em Ciências Contábeis e

Atuariais sob a orientação do Prof. Dr. Napoleão V. Galegale.

SÃO PAULO

2015

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Banca Examinadora

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À minha querida esposa Ariadney, aos

meus amados filhos Ulisses, Heitor e o

pequeno Dante. A todos vocês, meus

amores, dedico este trabalho!

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, que direcionou os meus passos e iluminou minha mente.

Aos meus pais Nourival e Luzia que, por meio dos ensinamentos, transmitiram-me, ao

longo da vida, muitos de seus valores. Sou grato por serem meus pais.

Aos meus irmãos Abner e Aline, pelo companheirismo e incentivo rotineiro.

À minha sogra, Marlene, a quem agradeço publicamente, por não ter medido esforços,

deslocando-se, durante várias semanas, de uma cidade para outra, a fim de me proporcionar,

juntamente com os meus, um ambiente de paz necessário para que eu pudesse dedicar-me ao

estudo.

Aos demais familiares, por acreditarem em mim e sempre estarem do meu lado,

incentivando e compartilhando bons momentos.

Em especial, meus sinceros agradecimentos ao meu Professor Orientador, Dr.

Napoleão Verardi Galegale, pelo apoio irrestrito, pela paciência, pelo profissionalismo na

condução do estudo, proporcionando-me importante experiência na minha formação

acadêmica. Compartilhar das suas ideias e orientações foi realmente inspirador. Mostrou-me

que orientar é uma arte.

Ao Rogerio Rocha, pela paciência e didática na explicação dos métodos estatísticos.

Também à professora doutora Lucy Sousa, conselheira da APIMEC, pela ajuda

incansável na viabilização da aplicação da pesquisa na APIMEC, e pela contribuição na banca

de qualificação e defesa final, tendo sido fundamental para que essa pesquisa acontecesse.

Também não poderia deixar de agradecer ao senhor Ricardo Tadeu Martins, presidente

da APIMEC – SP, pelo apoio na aplicação dessa pesquisa.

A todos os professores do Departamento de Pós-Graduação em Ciências Contábeis e

Atuariais da PUC-SP, os quais me ensinaram o papel de um verdadeiro pesquisador: Carlos

Hideo Arima, Neusa Maria Fernandes dos Santos, Roberto Fernandes dos Santos (em

memória), Rubens Famá, José Carlos Marion e Sergio Iudícibus.

Ao também mestre em Ciências Contábeis, Luciano dos Santos Clemente, meu

cunhado, pelas incansáveis dicas, explicações, auxílios e companheirismo de sempre e por

acreditar em mim.

Ao meu amigo Peterson, pelo incentivo e por sua amizade sincera.

E finalmente, à CAPES e à PUC-SP, pelo valioso e significativo apoio financeiro que

pude receber durante o meu mestrado por meio da bolsa de estudo.

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A persistência é o menor caminho ao êxito.

Charles Chaplin

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RESUMO

No processo de avaliação de empresas, a definição do valor justo de uma organização tende a

representar, de modo equilibrado, a potencialidade econômica de determinada companhia,

entretanto, a avaliação de empresas não é uma ciência exata, em busca de valores verdadeiros

e únicos, pois esse procedimento está cercado de uma série de decisões subjetivas. As

empresas com elevados valores de ativos intangíveis e com uso massivo de tecnologia da

informação, tanto no nível operacional como no estratégico, devem, de algum modo, ter o

valor de TI representado na sua valoração. Nesse contexto, esse estudo tem por objetivo

identificar se o valor de TI é devidamente levado em consideração pelos profissionais de

investimento durante o processo de avaliação das empresas que fazem uso intensivo de

informação. Para tanto, verifica-se a influência do valor de TI e do seu modelo de mensuração

(através de indicadores financeiros ou não financeiros) no processo de avaliação dessas

empresas. Do mesmo modo, são examinadas as informações disponibilizadas por essas

empresas ao mercado, se são suficientes para um procedimento adequado de análise. A

amostra utilizada é composta por 108 analistas e profissionais de investimento atuantes, de

alguma forma, no processo de avaliação de empresas. Eles responderam 28 questões, sendo

que a ferramenta estatística utilizada para verificação e tratamento dos dados é a regressão

linear múltipla. Os resultados obtidos sugerem que apenas o valor de TI, identificado através

das variáveis “relações melhores com clientes”, “desenvolvimento de novos planos de

negócio” e “acuracidade das informações”, influencia significativamente no processo de

avaliação das empresas que fazem uso intensivo de informação. A pesquisa também revela

que os profissionais de investimentos consideram as informações disponibilizadas pelas

empresas ao mercado insuficientes para uma adequada avaliação do valor de TI. Os achados

desse estudo contribuem para confirmar a relevância do valor de TI na apreciação dessas

empresas e para evidenciar a falta de informações adequadas para um correto julgamento do

valor de TI. Ainda colaboram com a apresentação de um mapa de orientação, o qual

demonstra os principais elementos do valor de TI considerados no processo de avaliação de

empresas, e, por fim, apresentam sugestões dos profissionais de investimentos a respeito da

divulgação dessas informações.

Palavras-Chave: avaliação de empresas, valor de TI, valor da informação.

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ABSTRACT

In the process of evaluating companies, the definition of the fair value of an organization

tends to represent in a balanced manner the economic potential of a given company, however,

the assessment of companies is not an exact science, in search of true and unique values, since

this procedure is surrounded by a series of subjective decision. Companies with high values

of intangible assets and massive use of information technology, both at the operational level

as in strategic, must somehow have the IT value represented in its valuation. In this context,

this study aims to identify if the IT value is properly taken into account by investment

professionals through the process of evaluating the companies that make intensive use of

information. For this purpose, the influence of IT value is verified and its measurement model

(through financial or non-financial indicators) in the evaluation process of these companies.

Similarly, they examine the information provided by these companies to the market, whether

they are sufficient for proper assessment procedure. The sample consists of 108 analysts and

investment professionals active, in some way, in the process of business valuation. They

answered 28 questions, and the statistical tool used for analysis and processing of data is the

multiple linear regression. The results suggest that only the value of IT, identified by the

variable "better relationship with customers," "development of new business plans" and

"accuracy of information", have significant influence on the evaluation process of the

companies that make intensive use of information. The survey also reveals that investment

professionals consider the information provided by companies to the market insufficient for a

proper assessment of the value of IT. The findings of this study help to confirm the relevance

of the IT value in appreciation of these companies and to highlight the lack of appropriate

information for a correct judgment of the IT value. Still, they collaborate with the presentation

of a guidance map, which shows the main elements of the IT value considered in the process

of business valuation, and finally, make suggestions of investment professionals regarding the

disclosure of such information.

Keywords: company valuation, IT value, information value.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

APIMEC: Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado

de Capitais

BMFBOVESPA: Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de São Paulo

CETIP: Central de Custódia e Liquidação de Títulos Privados

CIAB: Congresso e Exposição de Tecnologia da Informação das Instituições

Financeiras

CNseg: Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência

Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização

CODIM: Comitê de Orientação para Divulgação de Informação ao Mercado

CPC: Comitê de Pronunciamentos Contábeis

CRM: Customer Relationship Management

CVM: Comissão de Valores Mobiliários

FEBRABAN: Federação Brasileira de Bancos

IASB: International Accounting Standards Board

IFRS: International Financial Reporting Standards

FIA: Fundação Instituto de Administração

FIPECAFI: Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras

INSPER: Instituto de Ensino e Pesquisa

NASDAQ: National Association of Securities Dealers Automated Quotation

PUMA: Plataforma Unificada Multiativos

RBD: Resource-Based View

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Etapas do processo de avaliação ............................................................................... 30

Figura 2: A relevância do valor de TI nas etapas do processo de avaliação ............................ 31

Figura 3: Balanço Patrimonial (visível e invisível) .................................................................. 34

Figura 4: Modelos de avaliação de empresas disponíveis para um analista ............................. 36

Figura 5: Frequência de utilização de métodos de avaliação de empresas ............................... 37

Figura 6: Modelo de avaliação utilizado pelos auditores brasileiros........................................ 38

Figura 7: Empresas de tecnologia como porcentagem do índice S&P 500 .............................. 53

Figura 8: Benefícios oferecidos pelo Uso da Tecnologia da Informação................................. 59

Figura 9: Modelo do Valor da TI - Modelo Integrativo ........................................................... 61

Figura 10: Modelo básico de Turner e Lucas (1985) ............................................................... 62

Figura 11: Modelo de Weill e Broadlent .................................................................................. 63

Figura 12: Modelo inicial de pesquisa com cinco dimensões sobre o valor de TI para as

organizações ..................................................................................................................... 64

Figura 13: Despesas com Investimento em TI em bancos ....................................................... 72

Figura 14: Investimentos em TI no setor de seguros ................................................................ 73

Figura 15: Desenho de Pesquisa ............................................................................................... 76

Figura 16: Modelo de Constructo da pesquisa ......................................................................... 78

Figura 17: Variáveis dependentes e independentes .................................................................. 80

Figura 18: Evolução do Modelo de Beltrame e Maçada et al. ................................................. 82

Figura 19: Análise descritiva dos dados - Idade ....................................................................... 93

Figura 20: Análise descritiva dos dados – Sexo dos Respondentes ......................................... 93

Figura 21: Análise descritiva dos dados - Formação dos Respondentes .................................. 94

Figura 22: Análise descritiva dos dados - Profissão dos Respondentes ................................... 95

Figura 23: Análise descritiva dos dados – Experiência em avaliar empresas .......................... 96

Figura 24: Modelo Estatístico 01.............................................................................................. 97

Figura 25: Modelo Estatístico 02.............................................................................................. 97

Figura 26: Análise descritiva dos dados – Frequência da resposta variável dependente 01 (P6)

........................................................................................................................................ 100

Figura 27: Análise descritiva dos dados – Variáveis da P11 .................................................. 102

Figura 28: Gráfico normal P-Plot da regressão do resíduo padronizado – Regressão Múltipla –

Modelo 01 ....................................................................................................................... 111

Figura 29: Histograma dos resíduos padronizados – Regressão Múltipla – Modelo 01 ........ 111

Figura 30: Resultado da Regressão Linear – Modelo 01........................................................ 114

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Figura 31: Análise descritiva dos dados – Frequência da resposta variável dependente 02

(P12) ............................................................................................................................... 115

Figura 32: Método adequado para avaliação de empresas que fazem uso intensivo de

informação ...................................................................................................................... 117

Figura 33: Local de coleta do valor de TI para formação do valor da empresa ..................... 118

Figura 34: Necessidade de utilização de processo complementar para identificação do valor de

TI .................................................................................................................................... 119

Figura 35: Gráfico normal P-Plot da regressão do resíduo padronizado – Regressão Múltipla –

Modelo 02 ....................................................................................................................... 129

Figura 36: Histograma dos resíduos padronizados – Regressão Múltipla – Modelo 02 ........ 130

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Finalidade da Avaliação de Empresa ...................................................................... 25

Quadro 2: Principais métodos de avaliação de empresas ......................................................... 39

Quadro 3: Categorização dos modelos de avaliação de empresa ............................................. 40

Quadro 4: Critério de ajustes no valor contábil ........................................................................ 41

Quadro 5: Revisão da literatura de Valor de TI: Relação da TI x Desempenho Organizacional

.......................................................................................................................................... 68

Quadro 6: Revisão da literatura de Valor de TI: Nível de Análise do valor de TI ................... 69

Quadro 7: Revisão da literatura de Valor de TI: Medidas de desempenho de TI .................... 69

Quadro 8: Questionário de Pesquisa ......................................................................................... 79

Quadro 9: Variáveis do Modelo de Beltrame e Maçada et al. .................................................. 83

Quadro 10: Resultado do Pré-Teste – Profissão dos Respondentes ......................................... 87

Quadro 11: Resultado do Pré-Teste .......................................................................................... 88

Quadro 12: Análise descritiva dos dados – Mensuração do Valor de TI ............................... 101

Quadro 13: Método adequado para avaliação de empresas que fazem uso intensivo de

informação ...................................................................................................................... 116

Quadro 14: Coleta do Valor de TI para formação do Valor da empresa ................................ 117

Quadro 15: Processos complementares para obtenção de informação para composição do

valor de TI ...................................................................................................................... 120

Quadro 16: Melhor lugar para disponibilização das informações sobre o valor de TI .......... 121

Quadro 17: Melhor forma de apresentação do valor de TI..................................................... 121

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Variáveis utilizadas na análise de confiabilidade de Alfa de Cronbach ................... 98

Tabela 2: Teste de confiabilidade no questionário adotado no estudo ..................................... 99

Tabela 3: Informações das variáveis explicativas que compõem o modelo de regressão

múltipla – Modelo 01 ..................................................................................................... 104

Tabela 4: Variáveis inseridas no modelo de regressão múltipla pelo método stepwise –

Modelo 01 ....................................................................................................................... 104

Tabela 5: Resumo do modelo de regressão múltipla – Modelo 01 ........................................ 105

Tabela 6: ANOVA – Regressão Múltipla – Modelo 01 ......................................................... 106

Tabela 7: Coeficientes da regressão múltipla – Modelo 01.................................................... 107

Tabela 8: Variáveis excluídas do Modelo 01 ......................................................................... 109

Tabela 9: Teste de normalidade dos resíduos padronizados – Modelo 01 ............................. 110

Tabela 10: Relação entre os resultados obtidos e o referencial teórico .................................. 114

Tabela 11: Informações das variáveis explicativas que compõem o modelo de regressão

múltipla – Modelo 02 ..................................................................................................... 122

Tabela 12: Variáveis inseridas no modelo de regressão múltipla pelo método stepwise –

Modelo 02 ....................................................................................................................... 123

Tabela 13: Resumo do modelo de regressão múltipla – Modelo 02 ...................................... 124

Tabela 14: ANOVA – Regressão Múltipla - Modelo 02 ........................................................ 125

Tabela 15: Coeficientes da regressão múltipla – Modelo 02.................................................. 125

Tabela 16: Variáveis excluídas do Modelo 02 ....................................................................... 127

Tabela 17: Teste de normalidade dos resíduos padronizados – Modelo 02 ........................... 128

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 15

1.1 PROBLEMÁTICA E QUESTÃO DE PESQUISA ................................................................. 18

1.2 OBJETIVOS DO ESTUDO .............................................................................................. 19

1.3 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................... 20

1.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .......................................................................... 21

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO ........................................................................................ 22

2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................. 23

2.1 AVALIAÇÃO DE EMPRESA ................................................................................................ 23

2.1.1 O papel da Avaliação de Empresas ......................................................................... 24

2.1.2 O papel dos analistas e profissionais de investimentos ........................................... 27

2.1.3 Metodologia de Avaliação das Empresas ................................................................ 30

2.1.3.1 Modelo do valor contábil ajustado (ou abordagem patrimonialista) ................ 40

2.1.3.2 Método da avaliação relativa ou múltiplo ........................................................ 41

2.1.3.3 Método por Fluxo de Caixa Descontado .......................................................... 44

2.1.3.4 EVA (Economic Value Added) e o MVA (Market Value Added) .................. 46

2.1.3.5 Modelo de Opções ............................................................................................ 49

2.1.4 Avaliação das empresas que fazem uso intensivo das informações ........................ 51

2.2 O VALOR DA TI PARA AS ORGANIZAÇÕES ....................................................................... 56

2.2.1 Níveis de análise do valor da Tecnologia da Informação ........................................ 59

2.2.2 Nível Organizacional da Análise do Valor de TI .................................................... 62

2.2.3 Medidas de Desempenho versus Valor Organizacional da TI ................................ 64

2.2.4 Consolidação da Teoria Revisada de Valor de TI ................................................... 67

2.3 O VALOR DE TI PARA ORGANIZAÇÕES QUE FAZEM USO INTENSIVO DAS INFORMAÇÕES .. 70

2.3.1 Bancos ..................................................................................................................... 70

2.3.2 Seguradoras ............................................................................................................. 72

2.3.3 Corretora de Valores Mobiliários ............................................................................ 74

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS..................................................................... 76

3.1 TIPO E MÉTODO DE PESQUISA .......................................................................................... 77

3.2 VARIÁVEIS DE PESQUISA .................................................................................................. 79

3.2.1 Variável Dependente ............................................................................................... 80

3.2.2 Variáveis independentes .......................................................................................... 81

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3.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA ................................................................................................. 85

3.4 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS ......................................................................... 86

3.5 TRATAMENTO DOS DADOS ............................................................................................... 88

4 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ........................................................... 93

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA ..................................................................................... 93

4.2 ANÁLISE ESTATÍSTICA DE DADOS ..................................................................................... 96

4.2.1 Análise estatística do Modelo 01 ............................................................................. 99

4.2.1.1 Análise descritiva ............................................................................................. 99

4.2.1.2 Regressão linear múltipla ............................................................................... 103

4.2.2 Análise estatística do Modelo 02 ........................................................................... 115

4.2.2.1 Análise descritiva ........................................................................................... 115

4.2.2.2 Regressão linear múltipla ............................................................................... 122

5 CONCLUSÕES E CONTRIBUIÇÕES DO ESTUDO ............................................. 132

5.1 LIMITAÇÕES DO ESTUDO ................................................................................................ 134

5.2 SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS .......................................................................... 134

REFERÊNCIAS.................................................................................................................... 135

APÊNDICE A: QUESTIONÁRIO PARA COLETA DE DADOS .................................. 144

ANEXOS: EXEMPLOS DE RELATÓRIOS DE ANALISTAS ...................................... 150

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1 INTRODUÇÃO

Atualmente, no mundo capitalista, a globalização dos mercados e a curva crescente da

competitividade trouxeram uma inquietação na economia motivando as empresas a

recorrerem às operações de reestruturação societária, tais como abertura de capital, entrada de

novos sócios, fusões, aquisições, incorporações, dissoluções de sociedades e liquidações de

empreendimentos. Esses procedimentos são suficientes para se implantar um processo de

avaliação no qual é necessário definir o valor econômico das empresas envolvidas.

Segundo Assaf (2003), o conceito do valor econômico foi introduzido com maior

ênfase pelas empresas em todo mundo a partir da década de 1980. Diante da globalização e

abertura dos mercados, o conceito de uma gestão baseada no valor foi adotado visando a

reduzir as ineficiências das empresas, tornando-as mais competitivas e valiosas. Ainda para

Assaf:

A gestão baseada em valor deve orientar as decisões da empresa no sentido de

criação de valor (aumento de riqueza) aos acionistas. É um sistema que exige uma

mudança de postura da empresa e de sua administração, motivando a que todos os

agentes participem do processo de criação de valor. O objetivo da criação de valor

deve estar presente em todos os níveis organizacionais, priorizando todas as decisões

que interferem no valor econômico da empresa, privilegiando a gestão a partir de

direcionadores de valor (ASSAF, 2014, p.2).

Surge então, nesse contexto, a figura do acionista, exigindo dos administradores maior

desempenho operacional e maximização dos lucros. Dessa maneira, o foco da gestão da

empresa está na criação de valor para o acionista, sendo que na avaliação de empresas,

utilizam-se as informações sobre o valor para tomar melhores decisões empresariais,

conforme Copeland, Koller e Murrin (2012).

De acordo com Martins et al (2001), dentre as diversas razões para implantar um

processo de avaliação está a mensuração da habilidade dos gestores de gerar riqueza para os

acionistas. Portanto a teoria de valuation passa a ser considerada como importância central

para as empresas, e não apenas uma disciplina de livros e artigos acadêmicos. Segundo

Martins et al:

Ao avaliar uma empresa, objetivamos alcançar o valor justo de mercado, ou seja,

aquele que representa de modo equilibrado a potencialidade econômica de

determinada companhia. Entretanto, o preço do negócio somente será definido com

base na interação entre as expectativas dos compradores e vendedores. Não existe

um valor correto para um negócio. Pelo contrário, ele é determinado para um

propósito específico, considerando as perspectivas dos interessados (MARTINS et

al, 2001, p. 263).

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Assaf (2003) argumenta que, no processo de avaliação de empresas, os indicadores

tradicionais baseados nos lucros contábeis foram substituídos, nesse modelo de gestão, por

medidas indicativas de sucesso econômico as quais incorporam o valor agregado aos

acionistas. Segundo esse autor, a análise econômica do valor revela a dinâmica de um

negócio de forma mais abrangente que qualquer outro instrumento de verificação.

A avaliação de empresas não é uma ciência exata, em busca de valores verdadeiros e

únicos, pois nesse processo há o envolvimento de uma série de decisões subjetivas. Os

diversos métodos tradicionais de avaliações disponíveis para o avaliador ou analista e

profissionais de investimento são complementares entre si e não alternativas para um ou

outro. Todos os métodos ou modelos de avaliação são aplicados a determinadas empresas e

usuários em certas condições, tendo cada um seus prós e contras e não há nenhum que,

isoladamente, consiga cercar-se das qualidades que satisfaçam a todos, de acordo com

Martins (2000), Assaf (2014), Martins et al (2001), Damodaran (2005), Assaf (2008),

Copeland, Koller e Murrin (2012), Cornell (1993) e Damodaran (2007).

Assim, o foco central do processo de avaliação é o valor da empresa, sendo que,

segundo Assaf (2003), os negócios passam, então, a ser avaliados pelas métricas de valor

econômico agregado, mantendo uma estreita sintonia com as expectativas dos investidores de

mercado ao maximizar a riqueza do capital investido.

Dessa maneira, Assaf (2014, p. 11) propõe que a empresa como um todo possa ser

avaliada através de medidas mais amplas de valor, contemplando todos os custos e despesas

operacionais e o custo do capital investido, e em suas divisões sejam utilizados direcionadores

sob o controle e governança dos gestores, capazes de influir sobre o valor da empresa. De

acordo com esse autor:

As medidas de criação de riqueza são atualmente demandadas pelo mercado, e

consagradas na teoria de Finanças, como indicadores fundamentais de avaliação de

desempenho e criação de riqueza. O foco do valor econômico para o acionista

desafia as empresas a produzirem um spread econômico cada vez maior, medido

pela diferença entre a taxa de retorno e o custo de oportunidade do capital investido

(ASSAF, 2003, p. 23).

O valor econômico é a chave central da avaliação de empresas, ou seja, independente

do tipo de empresa, o processo de valuation deve ser capaz de estimar um valor justo para

cada uma em questão.

Por outro lado, houve uma explosão da tecnologia, e a importância da informação para

o desenvolvimento econômico aumentou exponencialmente nas últimas décadas, suscitando a

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questão de como estimar o valor justo de uma empresa, com intensivo uso de informações e

tecnologia.

No presente estudo, utiliza-se a definição de Glazer (1991) para as empresas com uso

intensivo de informação. Para esse autor, uma empresa é considerada intensa no uso de

informações conforme a intensidade com que seus produtos e operações baseiam-se na

informação capturada e processada nas trocas ocorridas ao longo da cadeia de valor, do

fornecedor até o cliente final. Essas empresas, como bancos, seguradoras e corretoras de

valores imobiliários, segundo Beltrame (2008) e Maçada et al (2012), investem fortemente em

TI e a informação é o insumo básico da sua cadeia de valor.

Kuhner (2003) argumenta que a sociedade industrial está transformando-se na

sociedade da informação como recurso econômico da chamada Nova Economia, que se

constitui na migração de um modelo econômico predominantemente industrial, baseado em

ativos tangíveis, para outro, com marcante presença de ativos intangíveis, como tecnologia de

informação e comunicação.

Desse modo, as empresas da nova economia e as de uso intensivo de informação têm

em comum o uso massivo de tecnologia tanto no nível operacional como no nível estratégico,

ou seja, são empresas com elevados valores de ativos intangíveis. Segundo Sveiby (1997), a

contabilidade está concentrada exclusivamente nos capitais físicos e monetários, ignorando o

capital intelectual ou ativo intangível, um dos mais relevantes da empresa moderna. Assim, é

natural o questionamento sobre como mensurar o valor dessas empresas com uso intensivo de

informações e alto valor de TI.

Entre os anos de 1999 e 2001 houve um crescimento explosivo de capitalização no

NASDAQ, índice composto com empresas predominantemente da área de tecnologia. Na

ocasião, os avaliadores, analistas de investimentos e investidores ficaram sem direcionamento,

pois os métodos tradicionais de avaliação não possibilitavam a análise desse tipo de empresa.

Damodaran (2002, p. 17) explicita que os modelos habituais de avaliação das empresas da

velha economia pareciam poucos adequados para as empresas de tecnologia representativas

da nova economia.

De acordo com Silva e Cunha (2003, p. 3), o desenvolvimento da tecnologia trouxe

dificuldades e dúvidas quanto à mensuração do valor da empresa e os métodos de avaliação

desenvolvidos para economia industrial não podem ser aplicados para setores de tecnologia.

Vale ressaltar que embora a tecnologia de informação (TI) seja essencial para auxiliar

as empresas a enfrentarem as mudanças nas economias globais, ainda há grandes debates

sobre o verdadeiro valor de TI para as empresas. Alguns autores têm focado seus estudos

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nesse tema, com o intuito de demonstrar o valor de TI para o negócio, porém, segundo

Marshall, McKay e Prananto (2005) e Mathrani e Viehland (2009), a questão ainda está longe

de ser resolvida. Por outro lado, alguns pesquisadores, como Melville, Kraemer e Guarbaxani

(2004), Turner e Lucas (1985), Weill (1992), Weill e Broadlent (1998) e Gregor et al (2006)

apresentaram modelos para mensurar o valor de TI da empresa.

1.1 Problemática e Questão de Pesquisa

A avaliação de empresa é um tema amplamente discutido na literatura e, ao mesmo

tempo, tem tornado-se um fascinante desafio para os avaliadores por ser uma questão

extremamente difícil e subjetiva, com o objetivo de estabelecer o valor a uma empresa de uma

forma justa, levando em consideração as informações fornecidas, para executar decisões da

melhor forma.

Quaisquer preconcepções e preconceitos trazidos pelo analista para o processo

certamente se incorporam ao valor e, assim, a principal dificuldade reside nessas questões

subjetivas, pois a relevância de uma empresa compreendida por um indivíduo ou avaliador

não necessariamente é a mesma tida por outro. Além dos pontos pessoais do avaliador, a

avaliação depende das características do ativo e da empresa em questão, conforme Assaf

(2014), Martins et al (2001), Damodaran (2007), Copeland, Koller e Murrin (2012) e Cornell

(1993).

Além de todas essas incertezas e subjetividades dos modelos de avaliação, é preciso

considerar a mensuração do valor de TI de uma empresa. Esse tema ainda não tem consenso

entre os estudiosos, pois a dificuldade em analisar a quantidade de benefícios gerados pela

tecnologia para a empresa tem sido pauta frequente nas discussões empresariais e acadêmicas.

Dessa maneira, para descobrir se o valor de TI é devidamente considerado, de uma

forma explícita no processo de avaliação de empresa, os analistas e profissionais de

investimento são definidos como usuários das informações financeiras divulgadas, e são

investigados nesse estudo. Eles avaliam empresas e emitem pareceres e relatórios de análise

os quais predominam nas decisões dos investidores e, por consequência, podem influenciar

todo o mercado de capitais.

Segundo a homepage da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do

Mercado de Capitais (APIMEC):

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Os profissionais típicos de investimento são pessoas formadas em administração de

empresas, economia, ciências contábeis, engenharia ou direito, que trabalham em

instituições financeiras, asset management companies, seguradoras, fundos de

pensão e empresas de consultoria. Regra geral, são analistas de valores mobiliários,

administradores de portfólio, analistas de project finance, gerentes de corporate

finance, gerentes de underwriting de renda fixa e variável, business planning e

profissionais de direção das instituições para as quais trabalham (APIMEC, 2015)

Segundo o livro de mercado de valores mobiliários da CVM:

Os analistas de valores mobiliários são profissionais que elaboram relatórios de

análise destinados à publicação, divulgação ou distribuição a terceiros, ainda que

restritas a clientes, e que possam auxiliar ou influenciar investidores no processo de

tomada de decisão de investimento. Tais relatórios podem ser de análise geral,

relatórios de acompanhamento, estudos ou análises específicas sobre um valor

mobiliário ou sobre um emissor (CVM, 2014).

Considerando a relevância do processo de avaliação de empresas nos dias atuais e as

incertezas dos modelos de avaliações, principalmente em relação às empresas modernas ou às

companhias que se modernizaram no uso amplo de tecnologia, é viável explicitar o

questionamento feito por Damodaran (2002, p. 2), pois tais questionamentos ainda são bem

atuais e pertinentes a essa pesquisa, como: “Será que as regras antigas ainda valem? Será que

precisamos de novas medidas de avaliação, ou será que as antigas são flexíveis o bastante

para lidarem com as empresas que constituem a nova economia?”. Diante do exposto,

apresentam-se as seguintes questões de pesquisa:

Q1: O valor de TI é levado em consideração, pelos profissionais de investimento do

mercado de capitais, no processo de avaliação de empresas que fazem uso intensivo de

informação?

Q2: As informações disponíveis no mercado são suficientes para reportar o valor de TI

das empresas?

1.2 Objetivos do estudo

O objetivo geral deste estudo é identificar se o valor de TI é devidamente levado

em consideração no processo de avaliação de empresas que fazem uso intensivo de

informação pelos profissionais de investimento do mercado de capitais.

A fim de se atingir tal objetivo, é necessário um maior detalhamento e investigação

deste, resultando nos seguintes objetivos específicos:

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1. Identificar as variáveis do valor de TI mais relevantes nesse processo de avaliação de

empresas, segundo a ótica dos analistas e profissionais de investimentos.

2. Avaliar como é a melhor forma de disponibilizar essas informações de modo que

reportem o valor de TI das empresas.

3. Avaliar onde é o melhor lugar para disponibilizar essas informações de modo que

reportem o valor de TI das empresas.

Quanto ao aspecto sobre a disponibilização de informação, ele é de competência do

CODIM – (Comitê de Orientação para Divulgação de Informação ao Mercado). Esse comitê

tem o objetivo de discutir e sugerir a utilização das melhores formas de divulgação de

informações das companhias abertas para os seus mais diferentes públicos estratégicos,

empregando, como parâmetro, as melhores práticas nacionais e internacionais e como

fundamento mínimo a legislação pertinente.

Para o CODIM (2015), sua finalidade é alcançada através de pronunciamentos de

orientação a serem produzidos e disseminados no mercado de capitais por todas as entidades

participantes direta ou indiretamente deste Comitê.

Verifica-se que não existe nenhum pronunciamento explicitamente sobre o valor da TI

nas empresas. Obviamente, qualquer decisão a respeito da publicação desses dados de TI deve

passar por discussão no CODIM, pois este órgão visa à padronização das melhores práticas de

divulgação e, assim, propõe-se a auxiliar o desenvolvimento do mercado de capitais do país.

1.3 Justificativa

A avaliação de empresas tem sido, cada vez mais, alvo de interesse dos pesquisadores

da área financeira, principalmente nesse momento de crescente importância da economia

mundial e maior integração dos países entre si. Aliada a esse movimento de integração e

globalização dos mercados, a tecnologia de informação vem tornando-se imprescindível para

as organizações.

Dados os altos investimentos em TI realizados por empresas que fazem uso intensivo

de informações, tais como bancos, corretoras, seguradoras, e o elevado crescimento no

mercado brasileiro das empresas de tecnologia da informação e comunicação (TIC), surgem

dúvidas sobre como essas empresas estão sendo avaliadas e como ocorre a evolução dos

métodos de avaliação mediante esse novo modelo de empresas, cada vez mais dependente de

tecnologia.

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Assim, com a expansão das empresas de TIC no Brasil e os crescentes investimentos e

dependência de tecnologia por empresas que fazem uso intensivo de informações, há a

motivação para encontrar respostas ao questionamento feito por Damodaran (2002). No final

da década de 1990 e início dos anos 2000, com a ascensão das empresas da nova economia

(empresas ponto com), esse autor questionou se as regras antigas eram ainda válidas e

flexíveis o bastante para lidarem com as empresas da nova economia, ou se seriam necessárias

novas medidas de avaliação.

E ainda, outro fato motivador para a presente pesquisa é a falta de estudos que

associem a questão da avaliação de empresa em relação ao valor de TI.

1.4 Procedimentos Metodológicos

Esse estudo tem por objetivo descobrir características e associações entre variáveis,

caracterizando-se como descritivo, ou seja, visa à descrição das características de determinada

população ou fenômeno, envolvendo o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados, nesse

caso, o questionário. Assume, em geral, a forma de levantamento.

Quanto ao método da pesquisa, emprega-se o método qualitativo-quantitivo. A

abordagem qualitativa busca interpretar o objeto em termos do seu significado, e justifica-se,

sobretudo, por ser uma forma adequada para entender a natureza de um fenômeno social,

podendo estar presente até mesmo nas informações colhidas em estudos essencialmente

quantitativos. Por sua vez, conforme Richardson (2007), a abordagem quantitativa representa,

a princípio, a intenção de garantir a precisão nos resultados, pois a análise é mais direta,

diminuindo a assim a margem de inferências e distorções nas análises dos resultados.

No presente trabalho, o instrumento de coleta de dados possui questões abertas e

fechadas indicando a necessidade de uso de análise estatística e análises textuais ou de

conteúdo. Assim, segundo Creswell (2007), supondo que a coleta de diversos tipos de dados

garanta um melhor entendimento do problema pesquisado, o método quali-quanti é o mais

indicado e, assim, usado nesse estudo.

Ainda quanto ao método, essa pesquisa é do tipo survey, que se trata de coleta de

informações diretamente das pessoas e de uma forma padronizada através do uso de um

instrumento de pesquisa, o questionário, cujas perguntas são as mesmas para todas as pessoas,

possibilitando assim a realização de análises sobre a população, conforme Pinsonneault e

Kraemer (1993).

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Para atingir o objetivo da pesquisa, foi desenhado um constructo, uma criação mental,

simples, a qual serve de exemplificação na descrição de uma teoria.

1.5 Estrutura do trabalho

Esse trabalho estrutura-se em cinco capítulos, descritos a seguir.

O capítulo 1 refere-se à Introdução, que delineia uma visão geral do estudo e na

sequência destaca a problemática, a questão de pesquisa, objetivos do estudo, justificativa e

uma breve descrição da metodologia de pesquisa utilizada.

No capítulo 2, há uma revisão bibliográfica da fundamentação teórica pertinente

utilizada no presente estudo. Inicia-se com o processo de avaliação de empresas, passando

pelo papel dos analistas e profissionais de investimentos e os principais modelos de

avaliações. Na sequência, é abordado o tema do valor da TI para as organizações,

apresentando-se os diversos modelos que auxiliam a captura do valor de TI e destacando o

papel da TI para as empresas com uso intensivo de informações. Esses temas são os alicerces

teóricos do trabalho e seus fundamentos são utilizados como base nas demais fases do

trabalho.

A descrição dos aspectos metodológicos está presente no capítulo 3, o qual expõe o

tipo e a metodologia utilizada, desenho com as etapas da pesquisa e o modelo de constructo,

além das variáveis e questões a serem respondidas. A seguir, são definidos alguns pontos-

chave, como, por exemplo, a população, amostra, procedimento de coleta de dados da

pesquisa e, como último item, o tratamento dos dados.

O capítulo 4 trata dos resultados obtidos pela pesquisa e apresentam-se os resultados e

diversas análises do estudo, com a finalidade de esclarecer os objetivos geral e específico da

pesquisa.

Por fim, no capítulo 5, expõem-se as considerações finais, com um parecer sobre a

opinião dos profissionais e analistas de investimentos quanto à relevância do valor de TI no

processo de avaliação de empresas, além da análise sobre as limitações e considerações gerais

a respeito do estudo e recomendações para estudos futuros sobre o tema.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

Com base na questão proposta pela pesquisa, cujo principal foco é a relevância do

valor de TI no processo de avaliação de empresas, esse referencial é elaborado, tendo como

temas centrais a avaliação de empresas e o valor de TI. Outras questões, como o papel dos

analistas de investimentos e a descrição do papel de TI nas empresas de uso intensivo de

informações relacionam-se e complementam os pontos centrais do estudo.

Nesse capítulo, há uma revisão das teorias elencadas, com a finalidade de embasar o

instrumento a ser utilizado na pesquisa de campo, realizada no decorrer do estudo.

Primeiramente, expõe-se uma revisão teórica sobre a crescente importância do processo de

avaliações de empresas nas ultimas décadas e a responsabilidade do avaliador ou analista de

investimentos de considerar as empresas mediante as frequentes operações de reestruturação

organizacional e/ou indicação para investimento.

Na sequência, são contextualizados os principais modelos de avaliação e algumas

evidências e questionamentos sobre como avaliar as empresas de tecnologia e de uso

intensivo de informação. Ainda se aborda o valor de TI para as empresas em diversas

situações e apresentam-se alguns modelos validados com algumas variáveis essenciais que

facilitem a evidenciação do valor de TI para empresa.

2.1 Avaliação de Empresa

Conceitos encontrados na literatura quanto à importância do processo de avaliação e

aos diversos modelos de avaliação à disposição dos analistas de investimento são tidos como

referenciais teóricos. Na sequência, destaca-se a dificuldade em avaliar empresas com elevado

valor em ativos intangíveis, isto é, empresas de tecnologia da nova economia ou, de um modo

geral, empresas cuja tecnologia faz parte do seu corebusiness.

Dessa forma, em particular no presente trabalho, o resgate do referencial da avaliação

de empresas serve para contextualizar os principais métodos e processos de avaliação e trazer

à tona a mensuração do valor de TI nas empresas, uma questão muito discutida e ainda sem

consenso.

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2.1.1 O papel da Avaliação de Empresas

A partir da década de 1980, em um contexto de crescente competitividade, o mercado

mundial começou a vivenciar um grande dinamismo da economia, resultado da crescente

globalização comercial, obrigando as empresas a se adequarem a um ritmo acelerado de

aprimoramento da sua gestão, dos seus produtos e serviços para se manterem ativas. Esse

esforço requer uma demanda maior por aporte de capital e, desse modo, com o intuito de

atingir essa adequação, empresas de diversos setores da economia recorrem às operações de

reestruturação organizacional, tais como abertura de capital, entrada de novos sócios, fusões,

aquisições e privatizações.

Para realizar essas transações, é necessário um estudo mais minucioso a fim de definir

o valor justo das companhias envolvidas nessas operações. A determinação do valor de uma

empresa é um fator imprescindível nos processos de reestruturação organizacional visando a

identificar e mensurar as oportunidades de investimentos, além de estabelecer uma faixa de

valor de referência que sirva como base para essas negociações.

A apuração do valor de uma empresa é essencial para as decisões financeiras de

investimentos, financiamento e dividendos, para realização de negócios como fusões e

aquisições, vendas, cisões, abertura de capital e investimentos de ações. Conforme Assaf

(2014, p. 179), trata-se de uma tarefa complexa, pois os ativos não possuem as mesmas

características, apresentando-se alguns mais fáceis de avaliar e outros mais complicados.

Segundo Martins et al (2001, p. 263), nenhuma área contábil financeira tem sido tão

interessante quanto a avaliação de empresas. Para esses autores, existem várias razões para

implantar um processo de avaliação de empresa, dentre as quais se destacam:

1. Compra e venda de negócios;

2. Fusão, cisão e incorporação de empresas;

3. Dissolução de sociedades;

4. Liquidação de empreendimentos; e

5. Avaliação da habilidade dos gestores de gerar riqueza para o acionista.

No mercado brasileiro, Martelanc et al (2005) fizeram uma ampla pesquisa

envolvendo 29 profissionais que trabalham com fusões, aquisições e private equity dos

principais bancos de investimento e consultorias financeiras atuantes no Brasil, tendo como

finalidade descobrir as principais razões para a avaliação de empresas. Os altos crescimentos

das operações de fusões e de aquisições registradas nos últimos anos resultaram no maior

valor atribuído à atividade de avaliação de empresas, correspondendo a 53,8% das avaliações

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efetuadas, conforme o quadro 1. As atividades de decisões de investimento e financiamento

corresponderam a 34,6%, e as atividades de gestão de empresa e mercado secundário (compra

e venda de ações) obtiveram 5,8%. Esta baixa porcentagem deve ser considerada à luz do

perfil dos entrevistados, composto por profissionais das áreas de fusões e aquisições de banco

de investimentos.

Quadro 1: Finalidade da Avaliação de Empresa

Fonte: VIII SEMEAD – Martelanc et al (2005).

Cunha e Lapeña (2007) também realizaram um estudo com 330 auditores

independentes brasileiros, de uma amostra de 34 empresas. Neste estudo, fusões e aquisições

e compra e vendas lideraram o ranking de motivos mais frequentes nas demandas de

avaliação de empresas. Numa escala likert de 1 a 5, fusões e aquisições somaram 3,82 pontos,

compra atingiu 3,68 e vendas, 3,35 pontos.

Vale ressaltar que o processo de negociação entre o comprador e o vendedor define o

valor de um negócio e o “fair value” (valor justo) de uma empresa, definido pelo processo de

valuation, representa um valor potencial de um negócio em função da expectativa de geração

de resultados futuros. Assaf (2014, p. 179) argumenta que a premissa básica da avaliação é

obter o valor justo, aquele que reflita o retorno esperado baseado em projeções de

desempenhos futuros coerentes com a realidade do negócio em avaliação.

Em muitos casos, o valor de venda esperado difere do valor apontado no patrimônio

líquido da empresa, causando dúvidas, embora se considerem a inflação e custo de

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oportunidade como os principais motivos para tal diferença. Conforme Martins (2000, p. 28),

a avaliação patrimonial de empresas tem ocasionado, ao longo do tempo, discussões

acadêmicas e profissionais, desalinhamentos conceituais, chegando ao questionamento da

relevância e da utilidade da Contabilidade.

Assaf (2003) salienta que, mesmo em ambiente de baixas taxas de inflação no longo

prazo, a não consideração do valor do poder aquisitivo da moeda nos valores contábeis altera

bastante a representatividade dos resultados. O lucro passa a ser apurado considerando-se

moedas de diferentes momentos, com poderes aquisitivos diferentes.

De acordo com Damodaran (2007) e Copeland, Koller e Murrin (2012), a avaliação de

empresas pode servir também para aperfeiçoar o processo decisório, pois, se o objetivo

principal, nas finanças corporativas, é a maximização do valor para o acionista, o

relacionamento entre as decisões financeiras, a estratégia corporativa e o valor da empresa

devem ser delineados. Damodaran (2007) ainda conclui que o valor da empresa pode ser

associado diretamente às decisões relativas aos projetos executados, como os financiamentos

e sua política de dividendos. A compreensão deste relacionamento é a chave para a tomada de

decisão que adiciona valor e reestruturação financeira coerente à empresa.

O processo de avaliação de empresas exige o domínio de conceitos de economia e

finanças, de técnicas de cálculo e de inúmeros fatores internos e externos à empresa,

determinantes para seu valor econômico, inclusive considerações de natureza subjetiva. Toda

avaliação deve incluir uma ampla e prévia verificação e auditoria de todas as informações

pertinentes à empresa, com o intuito de confirmar os dados disponíveis. Segundo Assaf (2014,

p. 180), este processo é conhecido por due deligence, ou diligência prévia. Ainda segundo

este autor, o processo de due deligence deve cobrir todas as questões do negócio em

avaliação, inclusive as de natureza contábil, fiscal, societária, trabalhista, ambiental e

propriedade intelectual. Deve incluir também os levantamentos de passivos existentes e

ocultos, presença de passivos e ativos recebíveis vencidos há muito tempo, contingências,

correta mensuração do patrimônio líquido, e assim por diante.

Dessa forma, a teoria de valuation não permanece apenas no plano teórico, por se

tratar de uma questão central para as empresas, uma vez que o administrador precisa entender

quais os fatores determinantes do valor da empresa, para haver argumentos que convençam o

acionista e/ou investidor quanto às suas atitudes para a maximização desse valor. Ou seja, há

uma preocupação crescente quanto ao entendimento de “valuation”, não apenas na área de

finanças, mas em todas as empresas, principalmente as de capital aberto.

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Para Martins et al (2001, p. 264), o valor de uma empresa depende dos benefícios

líquidos que se espera extrair dela no presente e no futuro. Além disso, a avaliação de uma

empresa pode assumir dois pressupostos:

1. Descontinuidade, em desmanche ou liquidação; e

2. Continuidade, em marcha ou going concern.

Martins afirma que:

Há duas formas de se avaliar uma empresa em circunstâncias normais:

pelo seu valor de liquidação ordenada, ou seja, pelo que valem seus ativos

avaliados a preço de venda, diminuídos dos gastos para se efetuar essa venda

(comissão, impostos, transportes etc) e o valor necessário para saldar seu passivo

para com terceiros; e

pelo seu valor de funcionamento, que depende basicamente dos futuros

benefícios econômicos que ela é capaz de produzir.

E o valor de uma empresa será, desses dois, o maior. Ninguém venderia uma

empresa em funcionamento por menos do que obteria se a fechasse; e ninguém

cerraria as portas de uma empresa se ela pudesse ser vendida por valor melhor em

pleno funcionamento (MARTINS, 1998).

A avaliação não é um exercício objetivo e quaisquer preconcepções e preconceitos do

analista no processo acabam por se incorporar ao valor. A avaliação de uma empresa não é

uma ciência exata, na qual se permite a comprovação absoluta dos resultados apurados; não

existe um “modelo ideal” de avaliação para todos os casos, pois a abordagem a ser feita

depende das características do ativo e da empresa avaliada, conforme Assaf (2014), Martins et

al (2001), Damodaran (2007), Copeland, Koller e Murrin (2012) e Cornell (1993).

2.1.2 O papel dos analistas e profissionais de investimentos

A atividade do analista de valores mobiliários ou também chamado de analista de

investimentos ou analista de mercado de capitais, segundo a CVM (2010), pode ser exercida

por pessoa natural, de forma autônoma ou através de vínculo com alguma instituição de fundo

de pensão, seguradora, ou qualquer outra entidade autorizada pela CVM a desempenhar a

função de administrador de carteira ou de consultor de valores mobiliários, ou por meio de

pessoa jurídica que tenha, em seu objeto social, exclusivamente a atividade de análise de

valores mobiliários.

Segundo a APIMEC (2015), os profissionais de investimentos são formados em

administração de empresas, economia, ciências contábeis, engenharia ou direito e trabalham

em instituições financeiras, seguradoras, fundos de pensão ou empresas de consultoria

exercendo a função de administradores de portfolio, analistas de project finance, gerentes de

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corporate finance, gerentes de underwriting de renda fixa e variável, business planning e de

profissionais de direção das instituições para as quais trabalham.

A atividade de analista de valores mobiliários no Brasil é regulamentada desde 2003,

quando a Comissão de Valores Mobiliários editou sua Instrução de número 388. Essa

instrução original passou por três modificações, tendo sido a última em 2010, através da

Instrução CVM nº 483, que substituiu a norma original. Nesta última mudança, a Apimec,

através da delegação do órgão regulador do mercado de capitais, além de certificadora, passou

a ser credenciada como entidade fiscalizadora da profissão de analista de valores mobiliários.

A instrução CVM 483, de 06 de julho de 2010, com alterações introduzidas pela

instrução CVM Nº 538/13, dispõe sobre a atividade de analista de valores imobiliários e

estabelece condições para o seu exercício:

Analista de valores mobiliários é a pessoa natural que, em caráter profissional,

elabora relatórios de análise destinados à publicação, divulgação ou distribuição a

terceiros, ainda que restrita a clientes. Para os fins da presente Instrução, a expressão

“relatório de análise” significa quaisquer textos, relatórios de acompanhamento,

estudos ou análises sobre valores mobiliários específicos ou sobre emissores de

valores mobiliários determinados que possam auxiliar ou influenciar investidores no

processo de tomada de decisão de investimento. Exposições públicas, apresentações,

reuniões, conferências telefônicas e quaisquer outras manifestações não escritas,

cujo conteúdo seja típico de relatório de análise, são equiparadas a relatórios de

análise (CVM-483, 2010, p. 1).

Devido à responsabilidade do trabalho do analista, a CVM nº 483 estabelece a maneira

como esse profissional deve agir, com observância dos princípios de probidade e boa fé,

empregando todo cuidado e diligência na análise dos títulos e valores mobiliários, estando

sujeito a responder por quaisquer infrações ou irregularidades que venham a ser cometidas no

decorrer do trabalho sob sua gestão.

A Apimec, em sua função de órgão de fiscalização, recebe todos os relatórios

emitidos pelos analistas de mercado, para verificar sua adequação às condições

previstas na Instrução nº 483. Os eventuais desvios são punidos de acordo com a

gravidade da falha ou da transgressão. As penalidades compreendem, nos casos

mais simples, advertência ou multa, podendo chegar, nos casos mais graves, à

suspensão temporária ou mesmo impedimento do exercício da profissão (APIMEC,

2015).

A principal atividade desses analistas é efetuar a avaliação de empresas e setores

produtivos buscando identificar boas oportunidades de negócio, ou seja, esses analistas de

investimentos trabalham como conciliadores dos interesses entre dois atores, os ofertantes e

os tomadores de recursos. Mesmo sendo um trabalho cooperativo, dependente de uma rede de

relações pessoais e institucionais, a análise é, geralmente, realizada de forma individual,

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conforme Boff, Procianoy e Hoppen (2006). Embora a análise seja individual, há uma

evidente coordenação/fiscalização em equipe. De acordo com estes autores:

O analista de investimentos insere-se num contexto de mudanças, principalmente

porque o mercado de capitais no Brasil tem alterado seu perfil nas últimas décadas.

A diminuição do ambiente especulativo e o ingresso de investimentos estrangeiros

no país exigiram melhor estrutura do setor e a necessidade de mais profissionalismo

na análise de investimentos. (BOFF, PROCIANOY e HOPPEN, 2006, p. 170).

Desse modo, não há dúvidas de que os analistas e profissionais de investimento têm

um papel relevante na área de mercado de capitais, pois eles influenciam os investidores ou

qualquer stakeholder dessa área, com seus relatórios e recomendações de investimentos.

Assim, a opinião desses profissionais é de extrema relevância para esse estudo.

Quanto aos analistas de investimentos ou analistas de valores mobiliários, eles são

profissionais que elaboram relatórios de análise destinados à publicação e divulgação a

terceiros, com o intuito de auxiliar ou influenciar investidores no processo de tomada de

decisão de investimento, de acordo com CVM (2014) e Apimec (2015). Esses relatórios

podem ser de análise geral, de estudos, acompanhamento ou análises específicas sobre um

valor mobiliário ou sobre um emissor, segundo definição da instrução CVM nº 483/10, que

regula a atividade.

O analista, para estar habilitado a atuar em sua profissão, emitindo esses relatórios de

análise, precisa ser aprovado na prova de qualificação técnica (CNPI – Certificado Nacional

do Profissional de Investimento) e deve obedecer ao código de conduta o qual estabelece as

normas relativas à sua atuação, isto é, ele tem de buscar informações idôneas e fidedignas

para embasar suas análises e recomendações, evitar situações de conflito de interesse e manter

independência em relação à pessoa ou instituição à qual estiver vinculado.

São analisados alguns relatórios de analistas, listados nos anexos desse estudo,

envolvendo certo aprofundamento técnico, nas considerações das demonstrações financeiras,

resultados trimestrais, além de tabelas, gráficos e múltiplos. Todos os analistas ratificam suas

posições de que o relatório de análise reflete única e exclusivamente as suas opiniões

pessoais, tendo sido elaborados de forma independente em relação à instituição à qual

estavam vinculados. Esses relatórios são técnicos, trazem minúcias das análises e

posicionamento quanto à indicação ou não de investimento, sendo usados para auxiliar ou

influenciar o investidor na tomada de decisão. Os exemplos desses relatórios podem ser

visualizados nas páginas finais desse estudo, na seção dos anexos.

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30

2.1.3 Metodologia de Avaliação das Empresas

No processo de avaliação de empresas, o fluxo de trabalho do analista de

investimento, de maneira geral, é seguido pelo processamento e interpretação das informações

disponibilizadas, ou seja, de acordo com Boff (2000), o analista busca informação para

conhecer o mercado de atuação da empresa, o cenário macroeconômico, as políticas públicas,

as normas e leis em vigor, as decisões e os movimentos de mercado para avaliar como esses

fatores podem afetar a empresa em questão.

Segundo este autor, todas essas informações são interpretadas de maneira a se

construir um quadro de referência da análise e o resultado de todo esse trabalho geralmente é

apresentado em relatórios de análise que recomendam ou não o investimento na empresa em

questão.

Segundo Assaf (2014, p.182), as variáveis macroeconômicas a serem consideradas no

processo de avaliação são aquelas que apresentam uma relação mais estreita com o

desempenho do negócio, como oferta de crédito, expansão da demanda, taxas de juros, preços

de commodities, inflação, taxa de cambio. O estudo dessas variáveis tem o propósito de

proporcionar um melhor entendimento da dinâmica econômica na qual a empresa está

inserida e estabelecer melhor as projeções financeiras necessárias para a avaliação.

De acordo com Damodaran, com o objetivo de diminuir os erros na avaliação, os

analistas devem seguir o caminho mais simples antes de prosseguir para o mais complexo:

Na física, o princípio da parcimônia dita a regra de que devemos tentar a explicação

mais simples possível a um fenômeno antes de prosseguir a outras mais complexas.

Seriam bem-sucedidos se adotássemos um princípio semelhante na avaliação. Ao

avaliar um ativo, queremos usar o modelo mais simples possível. Em outras

palavras, se podemos avaliar um ativo com três imputs, não devemos utilizar cinco.

Se podemos avaliar uma empresa com previsão de fluxo de caixa de três anos, fazer

a projeção para dez anos é procurar problema (DAMODARAN, 2007, p. 6).

Conforme Penman (2004), a figura 1 pode elucidar o sequenciamento de etapas no

processo de análise de uma empresa.

Figura 1: Etapas do processo de avaliação

Fonte: Adaptado de Penman (2004, p. 44-96).

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Segundo a figura, as duas primeiras fases destinam-se a buscar o histórico da empresa,

conhecer em profundidade o negócio, seus produtos e serviços, ramo de atuação, além de

analisar as informações disponíveis nas demonstrações financeiras e sites da empresa. Para

Penman (2004), a análise das informações requer um discernimento do analista, a fim de,

assim, filtrarem-se apenas as informações relevantes para auxiliar nas formulações das

previsões e garantir que o processo seja pautado em informações confiáveis.

Ainda segundo este autor, a terceira fase constitui a principal etapa da avaliação de

investimentos, pois nesta são quantificadas as previsões e projeções do analista, com foco nos

lucros ou no fluxo de caixa, conforme as hipóteses e premissas adotadas, fundamentais para

construção do modelo de previsão dos resultados. A mensuração do resultado depende das

regras usadas para o reconhecimento de receitas e despesas ou das premissas utilizadas para

transformar medidas qualitativas e quantitativas em expectativas.

Na quarta etapa, existe a necessidade do desenvolvimento de um modelo de avaliação

o qual incorpore os valores estimados; os valores futuros são descontados e os resultados,

ainda incertos. Nesse estágio, são elaborados cenários de maior e menor risco, de acordo com

o ativo avaliado. A partir do cenário escolhido, o analista emite o seu parecer.

O foco desse estudo está na percepção dos analistas quanto à fase de análise

propriamente dita. Os analistas e/ou profissionais de investimento, em sua verificação do

negócio, reconhecem e/ou capturam o valor de TI como importante para a empresa que faz

uso intensivo de informações de maneira que esses valores sejam “carregados” nas etapas

terminais do processo de avaliação até o parecer final.

Figura 2: A relevância do valor de TI nas etapas do processo de avaliação Fonte: Adaptado de Penman (2004, p. 44-96).

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A seguir, são explorados mais alguns modelos, utilizados no processo de avaliação, na

etapa três e essencialmente na etapa quatro; tratam-se de diversos métodos que auxiliam os

analistas de investimentos a estimar um valor para o negócio, tendo alguns uma aplicação

mais simples e outros, uma execução mais complexa. A avaliação empresarial implica a

análise minuciosa da empresa, do seu histórico de resultados, do seu setor de atuação, do

mercado e, principalmente, das suas expectativas de geração de benefícios futuros, pois, desse

modo, tal avaliação torna-se objeto de investimento para um investidor ou outra empresa.

Segundo Damodaran (2005, p. 1), vários procedimentos de avaliação utilizam técnicas

diferentes, entretanto o que surpreende não são as diferenças das técnicas de avaliação de

ativo para ativo, mas o grau de similaridade nos princípios básicos. Existem, sem dúvida,

incertezas associadas à avaliação, possivelmente decorrentes do ativo a ser analisado, embora

o modelo em si possa também aumentar a incerteza.

Além de todas essas indefinições, ainda há os fatores da localização e das políticas

econômicas de um país. Conforme Martelanc et al (2005), mesmo com as teorias de avaliação

de empresas disponíveis no mercado, a simples importação de metodologias para o ambiente

de países emergentes pode ocasionar imprecisões na estimativa de valores de empresas, com o

emprego de modelos conceitualmente bem estruturados aplicados sobre bases ainda frágeis e

instáveis, as quais, podem ser, por exemplo, taxa de desconto, inflação, câmbio entre outras.

Sobre essa questão, Assaf argumenta o seguinte:

O valor de uma empresa é um valor esperado, um preço estimado, baseado em

previsões, erros e incertezas dos analistas. O avaliador convive com a incerteza de

suas projeções, das variáveis macroeconômicas e de mercado em que a empresa

atua. Empresas novas de tecnologia, por exemplo, trazem maior incerteza na

avaliação que outras que atuam e mercados mais consolidados, com menor

dependência tecnológica. Da mesma forma, empresas cíclicas, como companhia de

aviação comercial e montadora de veículos, trazem uma incerteza maior nas

variáveis econômicas, como evolução do PIB, comportamento das taxas de juros e

do câmbio (ASSAF, 2014, p. 179).

O processo de valuation considera variáveis objetivas (como, por exemplo, preço de

ações e o próprio patrimônio líquido) e subjetivas (como valor da marca da empresa e

credibilidade do mercado), podendo contribuir para o sucesso ou fracasso do empreendimento

em avaliação. É possível alcançar vários resultados diferentes, dependendo do método

utilizado, pois o modelo considera as expectativas do avaliador, o objetivo da avaliação, o

setor de atuação do negócio, os riscos da atividade operacional da empresa, os índices de

desempenho e os cenários desenhados.

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Segundo Martins et al (2001, p. 265), a avaliação de uma empresa normalmente se

inicia com as demonstrações contábeis, porém a necessidade da adoção dos princípios

contábeis e a influência da legislação tributária acabam limitando essas demonstrações,

tornando-as incapazes de refletir o valor econômico de uma empresa. É importante ressaltar

que essa afirmação é de 2001 e, desde então, para diminuir esse distanciamento entre os

valores contábil e econômico, houve o processo de adoção de convergência às Normas

Internacionais de Contabilidade (IFRS - International Financial Report Standards), na

expectativa de melhorar a qualidade da informação e torná-la mais realista.

O procedimento de convergência às Normas Internacionais de Contabilidade no Brasil

ocorreu em duas etapas, sendo a primeira a adoção parcial das IFRS (2008) e, posteriormente,

a segunda, a adoção completa (2010). Ele foi conduzido pelo CPC, que emite

pronunciamentos técnicos com respaldo da autoridade reguladora do mercado de capitais, a

CVM, em consonância com os pronunciamentos emitidos pelo International Accounting

Standards Board (IASB).

De acordo com Carpes et al (2013), Carvalho e Colares (2013) e Padoveze, Benedicto

e Leite (2012), com a globalização do mercado mundial, a contabilidade assume um papel

primordial no processo decisório em âmbito internacional, sendo que a harmonização contábil

ocorre de forma irreversível, pois esta tem a finalidade de produzir referências de caráter

universal, promovendo assim maior transparência e melhor qualidade das informações

contábeis divulgadas pelas companhias, permitindo a comparabilidade das demonstrações

contábeis divulgadas aos diferentes mercados financeiros.

Para escopo desse estudo, é pertinente citar que a obrigatoriedade da adoção das IFRS

contribuiu no processo de avalição de empresas, pois a utilização do valor justo faz com que o

valor contábil oriundo das demonstrações contábeis esteja mais próximo do valor de mercado.

Assim, a partir da adoção das IRFS, as demonstrações contábeis evoluíram bastante, no

sentido de aproximar os valores contábeis aos valores reais, embora não eliminando o

problema completamente. Conforme o pronunciamento do CPC-46:

O valor justo é uma mensuração baseada em mercado e não uma mensuração

específica da entidade. Para alguns ativos e passivos, pode haver informações de

mercado ou transações de mercado observáveis disponíveis e para outros pode não

haver. Contudo, o objetivo da mensuração do valor justo em ambos os casos é o

mesmo – estimar o preço pelo qual uma transação não forçada para vender o ativo

ou para transferir o passivo ocorreria entre participantes do mercado na data de

mensuração sob condições correntes de mercado (ou seja, um preço de saída na data

de mensuração do ponto de vista de participante do mercado que detenha o ativo ou

o passivo). (CPC-46, 2015, IFRS-13).

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Para Sveiby (1997), a empresa deve observar os seus negócios a partir de uma

perspectiva do conhecimento (ativo intangível), o que não está evidenciado nos relatórios

contábeis tradicionais e, quanto a essa questão, a adoção das IFRS não eliminou, mas

amenizou esse problema. Por essa razão, o autor propõe um novo grupo de itens

patrimoniais, uma vez que a contabilidade concentra-se exclusivamente nos capitais físicos e

monetários, ignorando o capital intelectual, o qual, segundo ele, é o capital mais relevante de

uma empresa moderna.

Martins et al (2001, p. 267) demonstram na figura 3 esse conceito de ativos visíveis e

invisíveis nas demonstrações contábeis.

Figura 3: Balanço Patrimonial (visível e invisível)

Fonte: Martins et al, (2001, p. 267) .

Os autores acrescentam que só em circunstância muito específica as demonstrações

contábeis podem ser usadas para efeitos de avaliação.

Conforme Martins (2000), os modelos de avaliação não são alternativos, que

implicam, obrigatoriamente, a eliminação ou não adoção dos demais; eles podem

simplesmente ser complementares. De acordo com Cornell (1993), o problema maior dos

modelos financeiros de avaliação de empresas é que, apesar de toda sua complexidade

matemática, eles são, no máximo, aproximações rudimentares da realidade. Além disso, os

dados disponíveis para uma avaliação são geralmente brutos em relação à informação

necessária para a aplicação de um modelo acadêmico puro.

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O intuito desse estudo não é explicar detalhadamente cada modelo de avaliação, e sim,

proporcionar uma visão geral dos mais citados pelos principais pesquisadores do tema. Na

sequência, é explicitada a categorização dos modelos de avaliação segundo alguns autores e

explorados alguns desses modelos mais utilizados, de acordo com a literatura.

Segundo Martins et al (2001, p. 268), os modelos podem ser classificados em três

categorias:

1. Técnicas comparativas de mercado;

2. Técnicas baseadas em ativos e passivos contábeis ajustados; e

3. Técnicas baseadas no desconto de fluxos futuros de benefícios.

Cada uma dessas categorias compreende vários modelos e o grande desafio para o

avaliador é escolher o modelo mais apropriado para fazer suas avaliações sem esquecer as

limitações de cada um deles.

Para esses autores, o modelo baseado em mercado procura estimar o valor de uma

empresa por meio de comparação com outras empresas similares que tenham sido negociadas,

partindo do princípio econômico de que ativos semelhantes devem ter preços semelhantes. Os

métodos baseados em ativos e passivos contábeis ajustados têm por objetivo converter o valor

econômico da empresa em valor de mercado, efetuando-se alguns ajustes nos itens

evidenciados das demonstrações contábeis. Por último, os procedimentos baseados no

desconto de fluxos futuros de benefícios têm a premissa de valorar a empresa de acordo com a

sua capacidade de geração de riqueza, ou seja, relaciona o valor de um ativo ao valor presente

dos fluxos de caixas futuros esperados em relação àquele ativo.

Seguindo basicamente a mesma linha de raciocínio de Martins et al (2001), Cornell

(1993) apresenta quatro abordagens genéricas de avaliação de empresas:

1. Abordagem do valor contábil ajustado (ou abordagem patrimonialista):

2. Abordagem da comparação direta;

3. Abordagem por fluxo de faixa descontado; e

4. Abordagem do valor de mercado das dívidas e das ações.

As três primeiras abordagens de Cornell seguem as mesmas descrições das técnicas já

descritas pelo professor Martins e coautores. Adicionalmente, Cornell apresenta o método do

valor de mercado das dívidas e das ações, partindo da premissa de que o mercado é eficiente e

o valor da empresa é estimado pelo somatório do valor de mercado e seus títulos, refletindo

todas as informações disponíveis pela empresa.

Para Damodaran (2007, p. 6), existem basicamente três procedimentos para avaliação

de empresas, conforme a figura 4:

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1. Abordagem de fluxo de caixa descontado;

2. Abordagem de avaliação relativa;

3. Abordagem de direitos contingentes ou precificação de opções.

Figura 4: Modelos de avaliação de empresas disponíveis para um analista

Fonte: Damodaran, 2007, p. 443.

Os dois primeiros enfoques de Damodaran seguem as mesmas descrições feitas por

Martins et al e Cornell, citadas anteriormente. Por sua vez, a abordagem de direitos

contingentes utiliza modelo de precificação de opções para medir o valor de ativos que

possuam características de opções.

Copeland, Koller e Murrin (2012, p. 58-75 e 135-159) focam seu trabalho na avaliação

de empresas através do método do fluxo de caixa descontado, com ênfase especial no modelo

de fluxo de caixa descontado empresarial e no modelo de lucro econômico: o primeiro é o

mais difundido, enquanto o segundo ainda está conquistando popularidade, com a vantagem

de apresentar, ou não, à empresa rendimento igual ao custo do seu capital. Adicionalmente, os

autores enumeram outros métodos de avaliação como, por exemplo, modelo do lucro por

ação, modelo pelo valor presente ajustado e modelo do valor de mercado adicionado (MVA –

Market Value Added).

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Segundo Martelanc et al (2005), as metodologias mais utilizadas para avaliação de

empresas são:

1. Contábil / patrimonial;

2. Avaliação relativa ou múltipla;

3. Fluxo de caixa descontado;

4. EVA – Economic Value Added;

5. Opções Reais.

Os três primeiros procedimentos seguem as mesmas descrições de Martins et al,

Cornell e Damodaran, elucidadas nos parágrafos anteriores. Martelanc et al (2005)

acrescentam as metodologias EVA – Economic Value Added e Opções Reais. EVA não é só

um indicador de desempenho, mas também uma ferramenta de gestão, sendo ainda,

teoricamente, uma medida fundamental de desempenho corporativo, capaz de calcular a

diferença entre o retorno de capital e o custo de capital. Quanto às Opções Reais, é uma

norma pouco difundida, aplicada na avaliação de projetos de investimentos, com uma

viabilidade dependente de fatores incertos. A teoria de precificação de opções tem grande

aplicabilidade em avaliação tradicional realizada pelo método de fluxo de caixa descontado e

por múltiplos e ambos procedimentos não conseguem capturar o valor da flexibilidade.

Na pesquisa de Martelanc et al (2005), realizada entre março e novembro de 2004,

com 29 analistas de investimentos, o objetivo foi identificar as principais metodologias de

avaliação de empresa utilizadas em bancos e consultorias no Brasil. Como resultado, o

método de fluxo de caixa descontado (FCD) e os Múltiplos foram considerados os preferidos

pelos entrevistados, conforme exposto na figura 5, a qual apresenta uma escala semântica em

que “1” representa o método mais frequente e “7”, o menos frequente.

Figura 5: Frequência de utilização de métodos de avaliação de empresas

Fonte: Martelanc et al, (2005, p. 4).

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De acordo com Cunha e Lapeña (2007), os modelos de avaliação podem ser divididos

em 5 grandes grupos:

1. Método baseado no Balanço Patrimonial;

2. Método baseado na conta de resultados;

3. Método baseado em Goodwill;

4. Método baseado em fluxo de caixa; e

5. Método baseado em agregação de valor (EVA/MVA).

Embora não seja o foco desse trabalho detalhar todas as estratégias de avaliação, é

importante explicar que, segundo Martins et al (2010), a literatura contábil considera que o

Goodwill representa a diferença entre o valor da empresa e o seu patrimônio líquido avaliado

conforme os valores de mercado.

Em relação aos procedimentos baseados nos resultados, deve-se considerar que o valor

da empresa é o resultado da aplicação de um multiplicador conhecido como relação preço-

lucro, o qual constitui-se em um item na demonstração do resultado, podendo ser um bom

indicador do valor da empresa quando ela é financiada exclusivamente com fundos próprios.

A pesquisa de Cunha e Lapeña (2007), realizada com 330 auditores independentes

brasileiros, a partir de uma amostra de 34 empresas, identificou, com base numa escala likert

de 5 pontos, a frequência de utilização dos modelos de avaliação empresarial, conforme

demonstra a figura 6.

Figura 6: Modelo de avaliação utilizado pelos auditores brasileiros

Fonte: Adaptado de Cunha e Lapeña (2007, p. 128).

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De acordo com estes pesquisadores, também o modelo baseado no fluxo de caixa

descontado aparece como o preferido dos entrevistados.

Segundo Fernandez (2001), os principais modelos de avaliação de empresas dividem-

se em seis grupos expostos no quadro 2.

Quadro 2: Principais métodos de avaliação de empresas

Fonte: Adaptado de Fernandéz (2001, p. 3).

Basicamente, este autor segue o mesmo raciocínio dos demais na categorização dos

modelos de avaliação de empresas, sendo o mais explícito quanto aos modelos Goodwill e

Opções.

Para Assaf (2014), o método mais consagrado de avaliação é o Fluxo de Caixa

Descontado – FCD, o qual calcula o valor presente dos fluxos de benefícios de caixa previstos

no futuro descontando-se uma taxa que reflete o risco do negócio. O autor acrescenta ainda

que o FCD apresenta o maior rigor técnico e conceitual, sendo por isso o mais indicado e

adotado na avaliação de empresas.

Assaf (2014, p.183) evidencia outros aspectos do método FCD, como: Fluxo de Caixa

Disponível na Empresa – FCDE; Fluxo de Caixa Disponível para o Acionista – FCDA; Lucro

em excesso (EVA); e o Valor Presente Ajustado (APV – Adjust Present Value).

Balanço Patrimonial Demonstração de resultado

Goodwill Fluxo de caixa descontado

Criação de valor

Opções

Valor Contábil Valor Contab. Ajustado Valor Liquidação Valor Substancial

Múltiplos por preço / venda Múltiplo por valor de empresa / EBITDA Outros Múltiplos

Clássico Simplific ação da União Peritos Contábeis Europeus Indiretos Outros

Fluxo de caixa de dividendo Equity Cash Flow Capital Cash Flow APV

EVA Lucro Econômico Cash Value CFROI

Blach e Scholes Opções de Investimento Expansão de Projetos Adiamento de Investimento Usos alternativos

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Quadro 3: Categorização dos modelos de avaliação de empresa

Fonte: Resultado da pesquisa.

A seguir, são examinados os procedimentos de avaliações mais citados por esses

autores:

Modelo do valor contábil;

Modelo de avaliação relativa ou múltiplos;

Modelo do fluxo de caixa descontado;

EVA e MVA; e

Modelo de opções.

2.1.3.1 Modelo do valor contábil ajustado (ou abordagem patrimonialista)

Para Martins et al (2001, p.269), o modelo de avaliação patrimonial pelo mercado, ou

modelo do valor contábil ajustado, consiste na mensuração dos ativos e passivos exigíveis

com base no valor de mercado. A deficiência desse método é não considerar fatores como

Autores Categorização dos Modelos de

avaliação de empresa

Martins et al (2001) Classifica em três categorias: 1. Comparativas de Mercado, 2. Valores Contábeis ajustados, e 3. Desconto de Fluxos Futuros de benefícios.

Cornell (1993) Classifica em quatro categorias: 1. Valor contábil ajustado (ou abordagem Patrimonialista), 2. Comparação direta, 3. Fluxo de Caixa Descontado e 4. Valor de mercado das dívidas e das ações.

Damodaran (2007) Classifica em três categorias: 1. Fluxo de Caixa Descontado, 2. Avaliação relativa, 3. Direitos Contingentes ou Precificação de Opções.

Copeland, Koller e Murrin (2012) Trabalho focado no Fluxo de Caixa Descontado, com ênfase no FCD empresarial e lucro econômico.

Martelanc et al (2005) Classifica em cinco categorias: 1. Contábil / patrimonial, 2. Avaliação relativa ou múltiplos, 3. Fluxo de caixa descontado, 4. EVA – Economic Value Added, 5. Opções Reais.

Cunha e Lapeña (2007)

Classifica em cinco grupos: 1. Método baseado no Balanço Patrimonial; 2. Método baseado na conta de resultados; 3. Método baseado em Goodwill; 4. Método baseado em fluxo de caixa; e 5. Método baseado em agregação de valor (EVA/MVA).

Fernandéz (2001) Classifica em seis categorias: 1. Balanço Patrimonial, 2. Resultado econômico, 3. Goodwill,

4. Fluxo de Caixa Descontado, 5. Criação de Valor, 6. Opções.

Assaf (2014) Argumenta que o Fluxo de Caixa Descontado é o método mais consagrado de avaliação, apresenta o maior rigor técnico e conceitual, sendo por isso o mais indicado e adotado na avaliação de empresas.

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inflação e obsolescência, fazendo com que haja discrepâncias em relação aos valores do

mercado.

Cornell (1993) argumenta que em muitos casos o valor contábil ajustado pode não ser

uma estimativa razoável do valor da empresa, por questões de dúvidas quanto à capacidade da

companhia de gerar resultados. Assim, há problemas de confiabilidade nos valores

apresentados, porém o valor contábil é uma informação útil e serve como ponto de partida

econômico-financeira no processo de avaliação de empresas. Vale ressaltar que a adoção das

Normas Internacionais de Contabilidade (IFRS), valor justo, soluciona algumas das questões

relativas a esse quesito, mas não elimina todos os problemas.

Desse modo, esse método tem uma abordagem mais direta do valor da empresa, por

objetivar que os valores contábeis aproximem-se dos valores de mercado, a partir de alguns

ajustes no balanço. Assim, para Martins et al (2001, p. 269), os dois ajustes mais comuns são:

estimar novamente os ativos da empresa pelo seu custo de reposição (valor de entrada); ou

pelo valor de liquidação desses ativos (valor de saída).

Quadro 4: Critério de ajustes no valor contábil

Fonte: Martins et al. (2001, p.269).

O valor da empresa seria dado pela seguinte equação:

(1)

2.1.3.2 Método da avaliação relativa ou múltiplo

Na avaliação relativa, o objetivo é examinar um ativo fundamentado na forma como

ativos similares são precificados correntemente pelo mercado. Consequentemente, há dois

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componentes na avaliação relativa: o primeiro é a avaliação de ativos em bases relativas,

sendo que os preços devem ser padronizados, em geral, pela conversão deles em múltiplos de

algum indicador ou variável comum; o segundo é identificar ativos similares, o que é bastante

desafiador, pois não há dois ativos exatamente iguais, conforme Damodaran (2007, p.163).

A avaliação relativa tem três passos essenciais: identificar ativos comparáveis

precificados pelo mercado, uma tarefa mais fácil de realizar com ativos reais; O segundo é

escalonar os preços de mercado em relação a uma variável comum para gerar preços

padronizados comparáveis, por exemplo, quando se comparam os ativos que variam de

tamanho ou unidade, havendo a necessidade de equalização dos preços por unidade comum; o

terceiro e último passo nesse processo é ajustar as diferenças entre os ativos, ao comparar os

seus valores padronizados. Muitos analistas regularizam essas diferenças de forma qualitativa,

transformando cada avaliação relativa em uma longa história; aqueles com as melhores e mais

plausíveis histórias recebem o crédito pelas melhores avaliações, de acordo com Damodaran

(2007, p.163).

Martelanc, Pasin e Pereira (2009, p.197) mencionam que a simplicidade, a necessidade

de poucas informações e a rapidez na precificação caracterizam-se como as principais

vantagens da avaliação por múltiplos quando comparada com outros métodos.

A questão central desse procedimento é a comparação, isto é, os ativos precisam ser

“comparáveis”. Conforme Assaf (2014, p. 205), a precificação por múltiplos exige

essencialmente dois conjuntos de informações: valor de uma empresa comparável e um

padrão de referência, como, por exemplo, vendas, lucros, EBITDA.

Algebricamente, o método de comparação direta consiste no cálculo de índice do valor

de mercado (V) e uma variável observável ( I ) relacionada ao valor, assegurando que a razão

entre os dois é aproximadamente igual para a empresa em avaliação e para as empresas

comparáveis, conforme a equação 2.

(2)

Alguns dos índices mais utilizados são: 1- Preço/Venda; 2- Preço/Lucro; 3 –

Preço/Valor Contábil; e 4- Valor Empresa/EBITDA.

1- Preço/Venda: expressa o valor do patrimônio líquido ou de um negócio relativo às

receitas geradas.

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De acordo com Assaf (2014, p. 205), o preço de uma empresa pode ser equivalente a

2,5 vezes o seu faturamento. Assim, se as vendas da empresa atingem $ 10,0 milhões, seu

valor é calculado em $ 25,0 milhões, conforme equação 3.

Valor da Empresa = Vendas ($) x Múltiplo de Venda

Valor da Empresa Comparável Valor da Empresa = Vendas ($) x _________________________________

Vendas

Valor da Empresa = $10,0 milhões x 2,5 = $ 25,0 milhões

(3)

2- Preço/Lucro : representa a relação entre o preço de mercado da ação (cotação da ação)

e o seu lucro por ação (LPA).

É um índice bastante utilizado, sendo referência de mercado e pode servir como

múltiplo de lucro para avaliar o patrimônio líquido de uma empresa. O valor da empresa é

determinado pela multiplicação do lucro líquido por ação (LPA) apurado e o índice P/L

adotado como múltiplo, conforme Assaf (2014). A equação 4 exemplifica essa relação:

(4)

3- Preço/Valor Contábil: O valor de mercado do patrimônio líquido de uma empresa

reflete as expectativas de mercado do poder de lucros e dos fluxos de caixa da empresa. Para

Damodaran (2007, p. 182), a diferença entre os valores contábeis dos ativos e do passivo

determina o valor contábil do patrimônio liquido, um número em grande parte determinado

pelas convenções contábeis. A razão preço/valor contábil é calculada dividindo-se o valor do

mercado do patrimônio líquido pelo valor contábil corrente do patrimônio líquido, conforme

equação 5.

(5)

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44

4- Valor da Empresa / EBITDA: Esse múltiplo destaca-se por estar entre os múltiplos

mais utilizados pelos profissionais de mercado. É importante destacar que EBITDA é um

indicador financeiro que demonstra o resultado operacional antes dos impostos sobre o lucro,

do resultado financeiro, das depreciações e das amortizações. Conforme Assaf:

...o EBITDA é muitas vezes entendido como o melhor múltiplo de valor, pois

desconsidera a depreciação e outras despesas operacionais sem reflexo no caixa, os

impostos sobre os lucros e as despesas financeiras geradas pelo endividamento da

empresa. Ao isolar essas variáveis, o EBITDA permite uma comparação maior entre

as empresas, podendo ser incluídos padrões de empresas de outras economias

(ASSAF, 2014, p. 205).

De acordo com Damodaran (2007), nesse múltiplo o numerador é uma estimativa do

valor de empresa, ao passo que o denominador consiste numa medida de desempenho

operacional. Segundo o autor, quando se adquire uma ação de uma determinada empresa, é

comum atentar-se para o preço pago como um múltiplo dos lucros por ação gerados pela

companhia. Da mesma maneira, quando se adquire um negócio como um todo, é comum

avaliar o valor da empresa como um múltiplo do lucro operacional ou EBITDA.

Martins et al (2001, p. 270) mostra que esse indicador preço / lucro (P/L = x, portanto

P = x.L), num mercado eficiente, proporciona uma medida normalizada para comparar preços

das ações e essa medida também é interpretada como o tempo em que se recupera o

investimento inicial. O inverso desse quociente (Lucro/Preço) é concebido como uma medida

de rendimento do título.

Assaf (2014, p. 206) salienta que a avaliação relativa é um método bastante popular no

mercado, principalmente pela simplicidade, rapidez e intuição de seus resultados. No entanto,

é preciso salientar que os múltiplos apresentam certas dificuldades práticas, como identificar

empresas comparáveis e selecionar os múltiplos mais recomendados para a avaliação e, como

consequência, trazem algumas imprecisões em seus resultados.

Como limitações desse modelo, Damodaran (2005, p. 18) explica que esse indicador

pode ser facilmente manipulado e usado incorretamente, especialmente quando empresas

comparáveis são analisadas, pois o termo “comparáveis” é muito subjetivo e um analista

tendencioso pode relacionar empresas que, em regra, não deveriam ser comparáveis, como

por exemplo, empresas que se diferem quanto aos termos de riscos e crescimento.

2.1.3.3 Método por Fluxo de Caixa Descontado

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45

O modelo de fluxo de caixa descontado é um dos mais utilizados, segundo a literatura

contábil, particularmente quando se objetiva mensurar o desempenho das ações no mercado

acionário e, consequentemente, traçar as políticas de aquisição, venda ou manutenção de

investimentos, de acordo com Soute et al (2008). Esse procedimento tem como base o cálculo

do valor de uma empresa definido pelos fluxos de caixas gerados por um período

predeterminado.

O fluxo de caixa descontado é a técnica mais consagrada, por apresentar o maior rigor

técnico e conceitual, sendo, por isso, o mais indicado e adotado na avaliação de empresas,

conforme Assaf (2014, p. 182).

Martins et al (2001, p. 275) determina que “entre os modelos apresentados, o fluxo de

caixa é tido como aquele que melhor revela capacidade de geração de riqueza de determinado

empreendimento”. Para Martelanc, Pasin e Pereira (2009, p. 14), esse método fundamenta-se

na ideia de que o valor de uma empresa está diretamente relacionado aos montantes e às

épocas em que o fluxo de caixa está disponível para distribuição. Segundo Assaf:

A premissa básica da avaliação é obter um valor justo, o valor que reflete o retorno

esperado baseado em projeções de desempenho futuro coerentes com a realidade do

negócio em avaliação. O método mais consagrado de avaliação é o Fluxo de Caixa

Descontado – FCD, o qual calcula o valor presente dos fluxos de benefícios de caixa

previstos no futuro descontado por uma taxa que reflete o risco do negócio (ASSAF,

2014, p. 169).

Damodaran (2007, p.79) argumenta que essa abordagem tem sua fundamentação na

regra de “valor presente”, segundo a qual o custo de qualquer ativo é o valor presente dos

fluxos futuros dele esperados. O valor da empresa através do fluxo de caixa descontado pode

ser obtido pela equação6.

(6)

Onde:

FCt = fluxo de caixa no período t;

rt = taxa de desconto estimada do fluxo de caixa; e

t = número de períodos.

Para Copeland, Koller e Murrin:

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O valor intrínseco se baseia nos fluxos de caixa futuros ou no poder de ganhos da

empresa. Isto significa, em essência, que os investidores estão pagando pelo

desempenho que esperam obter da empresa no futuro, não por aquilo que ela fez no

passado e, certamente, não pelo custo de seu ativo (COPELAND, KOLLER e

MURRIN, 2012, p. 55).

E ainda, conforme Damodaran:

Há três elementos na previsão de fluxo de caixa. O primeiro consiste em determinar

a duração do período de crescimento extraordinário; diferentes empresas,

dependendo da fase do ciclo de vida em que estão e da concorrência que enfrentam,

terão diferentes períodos de crescimento. O segundo é estimar os fluxos de caixa

durante o período de alto crescimento. (...) O terceiro corresponde ao cálculo do

valor terminal, que deve se basear na trajetória esperada dos fluxos de caixa no ano

terminal (DAMODARAN, 2007, p.79).

Também para este autor, o valor do patrimônio é calculado descontando-se os fluxos

de caixa do acionista esperados, os quais são os fluxos de caixas residuais após dedução de

despesas, bônus fiscais, pagamento de juros e principal, ao custo do patrimônio, ou seja, as

taxas de retorno exigidas pelos investidores sobre o patrimônio líquido da empresa.

Esta metodologia é mais fácil de ser utilizada para ativos cujos fluxos de caixa sejam

atualmente positivos e possíveis de ser estimados para períodos futuros com algum grau de

confiabilidade, em um lugar onde exista um substituto para o risco a ser utilizado para a

obtenção de taxas de desconto, conforme Damodaran (2005). Este autor ainda afirma que há

alguns cenários nos quais a avaliação pelo fluxo de caixa descontado pode encontrar

dificuldades e necessitar de adaptações, como as empresas: em dificuldades; cíclicas; com

ativos não utilizados; com patentes ou opções de produtos; em processo de reestruturação;

envolvidas em aquisições; de capital fechado; e com problemas de taxa de desconto, beta,

juros.

2.1.3.4 EVA (Economic Value Added) e o MVA (Market Value Added)

O EVA (Economic Value Added) é um indicador para aferir o desempenho que

expresse o valor econômico agregado a uma empresa em determinado período. Esse conceito

foi desenvolvido na década de 1980 e amplamente divulgado pela obra de Stewart (1997).

Sobre essa questão, Assaf afirma:

A literatura de Finanças vem sugerindo diversas medidas de valor, muitas delas

simples adaptações de conceitos e formulações tradicionais a uma nova necessidade

de se aferir o desempenho das empresas. Esse é o caso do consagrado conceito de

lucro econômico (lucro residual), utilizado de forma bastante semelhante pela

medida do EVA (ASSAF, 2003, p. 92).

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Segundo esse autor, o valor agregado econômico é uma estimativa do lucro

econômico, retratando o retorno em excesso ao custo de oportunidade de uma decisão de

investimento, o qual estabelece esse valor.

Segundo Martins et al (2001, p. 246), o EVA não traz nenhuma novidade, porém

recupera conceitos elementares, intuitivos e fundamentais talvez já esquecidos pela prática

gerencial coletiva. De acordo com Assaf (2014, p. 277), essa medida de valor econômico

pode também ser entendida como o resultado apurado depois de dedução das despesas

operacionais e ainda como o custo de oportunidade dos capitais aplicados no negócio.

Ehrbar, vice-presidente sênior da Stern Stewart & Co, citado por Martins et al,

confirma o entendimento de que o EVA não acrescenta nenhuma novidade:

Aritmeticamente, é o lucro operacional após o pagamento de imposto menos o

encargo sobre o capital, apropriado, tanto para o endividamento quanto para o

capital acionário. O que resta é o valor em dólares pelo qual o lucro excede ou deixa

de alcançar o custo do capital utilizado para realizar aquele lucro. Este número é que

os economistas denominam lucro residual, que significa exatamente aquilo que

implica: é o resíduo que sobra depois de todos os custos terem sido cobertos.

Economistas também se referem a isto como lucro econômico ou aluguel

econômico. Nós o chamamos de EVA, valor econômico adicionado (EHRBAR,

1999, p. 2, citado por MARTINS et al, 2001, p. 245).

De acordo com Martins et al (2001, p. 245), o cálculo do EVA pode ser obtido de

acordo com a equação7.

(7)

Onde:

Nopat = resultado operacional líquido depois dos impostos;

C% = custo operacional do capital total (próprio e de terceiros); e

TC = capital total investido.

Assaf (2014, p. 278) argumenta que o custo de oportunidade utilizado no cálculo do

resultado econômico é o custo das fontes de financiamento (terceiro ou próprio) utilizado para

lastrear o investimento, ponderado pelo peso, de acordo com sua respectiva parcela de

participação. Assim, para o cálculo do valor agregado de um investimento, ele também pode

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ser entendido como o custo médio ponderado de capital (CMPC). Logo, o cálculo do EVA

também pode ser representado de acordo com a equação8:

(8)

Martins et al (2001, p.247) sintetiza as limitações do EVA em dois principais pontos: o

primeiro é que, embora seja reconhecida a inadequação dos resultados contábeis tradicionais

para a mensuração do valor da empresa, o modelo limita-se apenas em ajustá-lo globalmente,

em vez de considerar as informações na medida em que os eventos ocorrem; e o segundo é a

incapacidade de identificar a contribuição gerada por área, tendo como base apenas as

informações globais de resultado da empresa.

Por sua vez, o MVA (Market Value Added) é um indicador também registrado pela

Stern Stewart & Co e tem relacionamento com o EVA e com o conceito de goodwill. De

acordo com Martins et al (2001, p. 250), o EVA e o MVA absorvem, na sua origem, a mesma

intenção de uso eficaz dos recursos captados, contudo o MVA consegue medir a percepção do

mercado sobre os esforços realizados pelos gestores para gerar riqueza, enquanto o EVA

constitui-se em um canal de comunicação entre os agentes internos e externos, reportando os

resultados alcançados e compromissos corporativos com diretrizes que acrescentem valores

para os sócios.

Assaf (2014, p. 281) afirma que quando o EVA é projetado e trazido a valor presente,

descontado do custo de capital dos investidores (WACC), apura-se a riqueza gerada pela

empresa, expressa no conceito de “Valor Agregado pelo Mercado” (MVA – Market Value

Added), representado pelas equações 9 e 10 a seguir:

(9)

A equação genérica é expressa pela equação 10.

(10)

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O valor de mercado da empresa é a soma do valor de mercado do capital próprio e do

capital de terceiros. Segundo Assaf (2014), dada a baixa qualidade das informações de

mercado para determinação do valor do capital próprio, especificamente no Brasil, o valor de

mercado é mais bem determinado pelo método do fluxo de caixa descontado. Em suma, o

MVA é a diferença entre o valor de mercado da empresa e o total do capital investido em suas

operações ou pelos proprietários de capital (credores e acionistas).

Ehrbar (1999, p. 35) destaca que “a criação de riqueza é determinada, não pelo valor

de mercado de uma empresa, e sim, pela diferença entre o valor de mercado e o capital que os

investidores comprometeram naquela empresa”.

Martins et al (2001, p.259) ainda ressalta que os indicadores baseados no valor

formam uma tendência para as medidas de desempenho. A prática do uso do custo de

oportunidade, ajustada pelo risco, é uma retomada da relevância dos relatórios contábeis,

auxiliando os gestores nas tomadas de decisões que agregam riqueza.

2.1.3.5 Modelo de Opções

Segundo Copeland, Koller e Murrin (2012, p. 401), o método fluxo de caixa

descontado (DCF – Discounted Cash Flow) originalmente foi utilizado para avaliação de

projetos e depois expandido para análise de empresas inteiras. Durante as últimas décadas, os

avanços na teoria e na tecnologia permitiram que os profissionais da área de finanças

adaptassem as técnicas de precificação de opções à avaliação de decisões de investimentos, as

chamadas opções reais.

De acordo com esses autores, o método de precificação de opções é superior à

abordagem do DCF tradicional porque tem a capacidade de captar explicitamente o valor da

flexibilidade. Desse modo, considera-se que essas técnicas eventualmente possam substituir

os procedimentos de DCF tradicionais quanto a decisões de investimento nas quais haja

considerável flexibilidade no futuro:

Os modelos de opções são variações sobre os modelos comuns de fluxo de caixa

descontado que incluem ajuste para a capacidade da administração para modificar

decisões à medida que se tornam disponíveis maiores informações. Os modelos por

opções são especialmente promissores na avaliação da flexibilidade estratégica e

operacional, como a que se refere à abertura e ao fechamento de instalações,

abandono de operações e exploração de desenvolvimento de recursos naturais

(COPELAND, KOLLER e MURRIN, 2012, p. 157).

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Ainda para esses autores, uma opção confere a seu detentor o direito, mas não a

obrigação, de negociar um ativo a um preço predeterminado, denominado preço de exercício,

por um dado período de tempo, chamado de prazo da opção. Esse direito de poder tomar uma

atitude pode traduzir-se em flexibilidade, enquanto a necessidade ou obrigação de tomar uma

atitude é a inflexibilidade. As opções de compra (call) possibilitam o direito de comprar e as

opções de venda (put), o direito de vender. A respeito desse modelo, Damodaran esclarece

que:

Opções são valores mobiliários derivativos, isto é, são títulos que derivam seu valor

de um ativo subjacente. [...] Uma opção confere ao investidor o direito de comprar

ou vender uma quantidade predeterminada de um ativo subjacente a um preço fixo,

denominado preço de exercício, antes ou na data de vencimento da opção. Como se

trata de um direito e não de uma obrigação, o investidor pode decidir por não

exercer este direito e permitir que a opção expire (vire pó). Existem dois tipos de

opção: opções de compra (call) e opções de venda (put) (DAMODARAN, 2005, p.

439).

Uma opção de compra proporciona, ao seu comprador, o direito de adquirir o ativo

subjacente por um preço fixo a qualquer momento antes da data de vencimento da opção,

sendo que o comprador paga um prêmio por esse direito, conforme explicita Damodaran

(2007, p. 440). A opção de venda fornece ao seu comprador o direito de vendê-la por um

preço fixo a qualquer momento antes da data de vencimento, pagando, também, um prêmio

por esse direito.

Copeland, Koller e Murrin (2012, p. 402) argumentam que as opções podem ser

encontradas no balanço tanto no lado do ativo como no do passivo. As opções do ativo estão

ligadas, principalmente, à flexibilidade, ou seja, uma empresa tem a possibilidade de optar

entre encerrar, reiniciar, expandir, contrair ou abandonar suas atividades, tornando essa

condição de flexibilidade mais valiosa para a empresa do que uma condição sem essas opções.

Além de afetar o valor das empresas que as detêm, as opções do ativo são relevantes também

por proporcionarem critérios explícitos para decisão a respeito de quando determinadas

operações devem ser iniciadas, encerradas ou abandonadas.

As opções do lado do passivo podem ser facilmente reconhecidas; dívidas

conversíveis e ações preferenciais dão aos seus detentores o direito de troca por ações

ordinárias a uma razão de conversão predeterminada, oferecendo, assim, opções de compra.

Segundo os autores citados, as opções de compra de executivos são garantias detidas pela

administração, a qual exige uma subtração do valor de mercado desses passivos do valor

empresarial para tornar possível a determinação do valor do patrimônio líquido.

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As evidências empíricas indicam que as opções de compra destinadas a executivos são

exercidas de forma não ideal e isso deve ser levado em consideração em sua avaliação. Desse

modo, as opções do passivo afetam o custo médio ponderado do capital, de acordo com

Copeland, Koller e Murrin (2012, p. 402).

Para Damodaran (2005, p. 461), quando a teoria de precificação de opções reais é

aplicada, há diversos problemas em potencial, como o fato de o ativo subjacente não ser

negociado em bolsa; o preço do ativo seguir um processo contínuo; a variância ser conhecida

e não se alterar ao longo da vida da opção; e o exercício ser instantâneo.

2.1.4 Avaliação das empresas que fazem uso intensivo das informações

Conforme explicitado anteriormente, uma empresa é considerada intensa no uso de

informações segundo a intensidade com que seus produtos e operações baseiam-se na

informação capturada e processada nas trocas ocorridas ao longo da cadeia de valor, do

fornecedor até o cliente final. Beltrame (2008) e Maçada et al. (2012) afirmam que

seguradoras, corretoras de valores mobiliários e bancos são exemplos de empresas adequadas

a esse perfil. Estas investem fortemente em TI e a informação é o insumo básico das suas

cadeias de valor.

Em particular para o escopo desse estudo, entende-se que as empresas de tecnologia de

um modo geral também fazem parte do repertório daquelas que fazem uso intensivo das

informações. Assim, empresas de tecnologia na produção de software, de tecnologia da

informação e da comunicação (TIC) e de internet apresentam uso intensivo de informações

nas suas operações diárias, tendo um elevado valor formado pelo capital intangível.

Sveiby (1997) reconhece que um dos maiores problemas da contabilidade tradicional é

concentrar-se exclusivamente nos capitais físicos e monetários, ignorando e não evidenciando

esses ativos intangíveis nos relatórios contábeis. Principalmente para empresas com atividades

baseadas no conhecimento, como, por exemplo, as de telecomunicação ou de informática,

Stewart (1997) acrescenta que a evidenciação desses ativos intangíveis nas demonstrações

contábeis é necessária.

A tecnologia da informação é imprescindível no nível operacional e estratégico para as

empresas que usam informações de forma intensa nas suas operações diárias. Sendo assim, é

possível afirmar que o uso diferenciado da tecnologia gera maiores benefícios ou valor para

essas empresas e, em particular, o objetivo desse trabalho é analisar se esse valor de TI é

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considerado e/ou observado de uma forma explícita no processo de avaliação pelos analistas e

profissionais de investimento.

Decorrentes do o desenvolvimento da tecnologia computacional, surgiram as

denominadas empresas de tecnologia ou da nova economia. Essas empresas têm diferenças

básicas em relação às tradicionais, pois são muito recentes, com histórico limitado e o seu

capital basicamente é composto por ativo intangível.

O advento da tecnologia da informação observado nas últimas décadas tem gerado

alguma dificuldade no processo de avaliação de empresas, especialmente a partir do início da

década de 1990, com o surgimento das empresas da nova economia.

Segundo Damodaran (2002, p. 5), na década de 1990 houve um aumento explosivo de

capitalização do NASDAQ, um índice dominado pelas ações de tecnologia. Esse crescimento

não se limitou apenas às empresas dos Estados Unidos, atingindo também companhias do

Japão, da Coreia e da Europa. Naquela época, alguns analistas de investimentos e o mercado,

por razões atribuídas ao potencial elevado de crescimento dessas empresas de tecnologia,

conferiram um valor bem maior a essas empresas em relação às tradicionais (velha

economia). De acordo com Gama:

Um dos fenômenos mais enigmáticos dos últimos anos consistiu na avaliação das

Ofertas Públicas de Aquisição (OPA) das empresas das novas tecnologias. O fato de

estas empresas terem avançado para o mercado de capitais muito jovens e com

registro de prejuízos não impediu a obtenção de elevadas capitalizações bolsistas

(GAMA, 2009).

Damodaran (2002, p. 6) questiona o que essas empresas ofereceriam para justificar tal

valor e constata que, ao utilizar o processo de avaliação de empresas convencional, não foi

apresentada nenhuma explicação para comprovar essa elevação: “A receita agregada das

empresas de Internet em 1999 foi de $18,4 bilhões, cerca de um terço da receita, no mesmo

ano, de uma só empresa da velha economia, a General Eletric”.

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Figura 7: Empresas de tecnologia como porcentagem do índice S&P 500

Fonte: Standard and Poor´s, 15 de junho de 2000.

Devido ao fato de as empresas de tecnologia apresentarem um elevado potencial para

crescimento, elas receberam múltiplos de lucros e obtiveram um faturamento muito mais

elevado do que o de outras companhias, conforme Damodaran (2002, p. 8). O autor ainda

contesta o tamanho desse ágio, pondo em dúvidas o processo de avaliação, examinando se os

riscos associados ao crescimento foram avaliados corretamente. Esses questionamentos

incomodaram os investidores e analistas de mercado daquela época.

A motivação do presente estudo converge justamente para essa questão, pois, passados

alguns anos, como os analistas e profissionais de investimento encaram a avaliação de uma

empresa onde a tecnologia faz parte da composição fundamental dos seus ativos?

Para Damodaran (2002, p. 9), ao avaliar uma empresa pelos métodos convencionais é

necessário extrair três fontes de informações: 1- demonstrações financeiras, usadas para

determinar qual a lucratividade dos investimentos da empresa e o quanto ela reinveste para

garantir a sua perenidade; 2- histórico da empresa, que ajuda a medir o seu crescimento e seu

risco, em termos de lucro e preço de mercado; 3- concorrentes, fator decisivo do quanto a

empresa é melhor ou pior do que seus opositores.

Segundo esse autor, as empresas de novas tecnologias, quando avaliadas por esses

métodos convencionais, retratam o seguinte resultado: primeiramente, elas têm um histórico

limitado por serem empresas novas; segundo, as demonstrações financeiras mostram muito

pouco sobre os seus ativos e o crescimento previsto é o que mais contribui para o seu valor;

terceiro, em muitos casos, não há concorrentes ou a comparação não é tão direta. Desse modo,

ressalta-se que, nesse caso, as três fontes de informações podem ser muito restritas.

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Mediante essa situação, alguns analistas sugeriram que, embora essas empresas não

pudessem ser avaliadas por meio dos modelos tradicionais, meios novos e criativos deveriam

ser criados, com base na pouca informação disponível, para justificar os preços pagos pelas

ações de tecnologia.

Damodaran esclarece que os modelos tradicionais de avaliação das empresas da velha

economia pareciam pouco adequados para as companhias de tecnologia representantes da

nova economia:

Os lucros negativos e a presença de ativos intangíveis são usados pelos analistas

como motivo para o abandono dos modelos tradicionais de avaliação para o

desenvolvimento de novos métodos que possam ser usados para justificar o

investimento em empresas de tecnologia (DAMODARAN, 2002, p. 11).

Diante do cenário exposto, surge o seguinte questionamento: atualmente, os analistas e

profissionais de investimentos praticam métodos diferentes para avaliar empresas que têm a

tecnologia como núcleo de suas operações e estratégias ou, na prática, ainda são usados os

métodos de avaliação tradicionais? A respeito desse assunto, Damodaran argumenta que:

O problema das empresas de tecnologia em geral e das de novas tecnologias em

particular não está no fato de perderem dinheiro, não terem histórico, ou terem

volume substancial de ativos intangíveis. (...) Na verdade, em alguns casos, as

empresas que estão sendo avaliadas têm uma ideia interessante que pode se revelar

um sucesso comercial, mas que ainda não foi testada. O problema, entretanto, não é

conceitual, mas de estimativa. O valor de uma empresa continua a ser o valor

presente dos fluxos de caixa previstos de seus ativos, mas o mais provável é que seja

difícil estimar esses fluxos de caixa (DAMODARAN, 2002, p. 12).

Esta afirmação de Damodaran é aplicável nas empresas de hoje, visto que inovações

ainda são mais frequentes nas companhias que exploram a tecnologia. Logo, a evolução dos

modelos atuais de avaliação dessas empresas deve conseguir remediar, de alguma forma,

esses desvios nas estimativas; caso contrário, esse problema vai persistir.

Demirakos, Strong e Walker (2004) analisaram 104 relatórios dos analistas de banco

de investimento da Inglaterra sobre 26 empresas dos setores de bebidas, de eletroeletrônicos e

farmacêuticos. Os autores afirmam que as metodologias de avaliação de empresas tradicionais

devem ser utilizadas para os setores estáveis, não sendo aconselhável o seu emprego no caso

de empresas intensivas em ativos intangíveis. Corroborando com essa posição, Silva e Cunha

(2003) atestam que os métodos de avaliação desenvolvidos para economias industriais não

podem ser aplicados para setores de tecnologia.

De acordo com Belli (2009), os estudos sobre avaliação de empresas de tecnologia têm

um ponto em comum: todos destacam as diferenças entre as empresas de tecnologia e as

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tradicionais em termos de volatilidade, sem uma constatação a respeito da influência de um

elemento diferenciador sobre os valores de mercado.

Bancos, seguradoras e corretoras de valores mobiliários são exemplos de empresas que

fazem uso intensivo de informação. Elas podem não fazer parte da nova economia, por serem

mais antigas, mas exercem fortes investimentos em TI. É notório que, para estas, a tecnologia

tem um papel imprescindível desde os níveis operacionais até os mais estratégicos. Assim, é

fundamental questionar se o processo de avaliação não deve levar em consideração os

investimentos e benefícios produzidos pela TI para essas empresas.

Os bancos, que fazem uso intensivo de tecnologia, são bons exemplos de inovação, ao

se comunicarem com os clientes, através dos canais digitais. A facilidade de uso dos meios

digitais, associada ao perfil dos usuários, faz com que a sociedade tenha um comportamento

digital.

Segundo a pesquisa FEBRABAN de tecnologia bancária 2014, as transações feitas

pela internet representam 41% de todas as operações bancárias no Brasil, e o mais

impressionante é o crescimento expressivo das transações no canal mobile banking que, em

2014, já representava 12% das operações, constituindo o quarto canal de maior relevância em

volume. Nos últimos cinco anos, o número de transações realizadas no mobile banking

cresceu em uma média de 270%.

Essas evoluções tecnológicas, com índices de crescimento exponencial, de alguma

maneira são refletidas nos lucros dos bancos. Entretanto, retomando o problema de estimativa

nos modelos de avaliação de empresa, permanece a dúvida sobre os aumentos exponenciais

no uso de novas tecnologias e um maior retorno ao acionista devido a esse crescimento; eles

foram previstos pelos analistas e profissionais de investimentos cinco anos atrás? Os métodos

de avaliação dão subsídios ao analista para capturar essas estimativas?

Para Roberto Setubal, CEO do Banco Itaú Unibanco, numa reunião com os

investidores, organizada pela APIMEC, no dia 20/08/2015, o Itaú não foi agressivo na disputa

pelo HSBC (comprado pelo Bradesco) porque, segundo ele, acreditou-se “muito mais na

agência digital do que na agência de tijolos”. O Itaú começou sua estratégia digital há 15 anos

ao substituir o “a” do símbolo digital @ pelo “i” (de Itaú), na cor laranja. No primeiro

semestre de 2015, 36% do resultado da área de varejo do Itaú foram gerados por operações no

mobile ou pela internet.

A principal estratégia digital do Itaú é a abertura das chamadas agências digitais, que

vão muito além do “internet banking”, pois envolvem relacionamento com o cliente, sendo

esta relação inovadora e de extrema importância para o banco e seu respectivo correntista.

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Essas informações são relevantes e, de alguma forma, precisam estar publicadas nas

demonstrações financeiras, como parte do processo de avaliação do analista e dos

profissionais de investimentos.

2.2 O Valor da TI para as Organizações

Embora a Tecnologia de Informação (TI) seja essencial para auxiliar as empresas a

enfrentarem as mudanças nas economias globais, contribuindo para o melhor desempenho

organizacional, ainda existem grandes debates sobre o seu verdadeiro valor e sobre qual o

melhor método para medi-lo. Para solucionar esse problema, conforme Marshall, McKay e

Prananto (2005) e Mathrani e Viehland (2009), pesquisadores e fornecedores de TI têm

buscado demonstrar o seu valor para o negócio, documentando os benefícios conquistados

pelas organizações ao investir em TI. Apesar disso, essa questão está longe de ser

completamente resolvida.

A maioria das pesquisas sobre o valor de TI estuda a relação entre investimento de TI

e o desempenho organizacional no nível empresarial. Segundo Dedrick, Guarbaxani e Kramer

(2003), os primeiros estudos, da década de 1980, não encontraram resultados positivos na

relação entre investimento de TI e ganho na produtividade, no nível da organização, da

indústria e da economia.

Lim, Vernon e Tom (2004) fizeram uma pesquisa de revisão bibliográfica de análise

de 15 artigos, publicados entre 1990 e 2002, e relatam que não há suporte para uma correlação

positiva entre investimento em TI e desempenho da empresa, sendo a correlação influenciada

pelos tipos de medidas utilizados nesses estudos. Ao longo desses anos, as percepções sobre a

relevância do valor de TI nem sempre convergiram. Solow (1987) afirma que computadores

podem ser vistos em todos os lugares, mas não estão associados às estatísticas de

produtividade e, ao mesmo tempo, ele relata que as novas tecnologias produzem uma ruptura

com padrões anteriores de crescimento da produtividade.

Outra declaração polêmica é a de Carr (2003), que publicou um artigo com o título “TI

não Importa”, declarando que, conforme crescem o poder e a presença da Tecnologia da

Informação, sua importância estratégica diminui.

Além de todas essas discussões sobre a dificuldade em associar os investimentos em

TI com resultados positivos para a organização, Brynjolfsson (1993) institui o termo

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conhecido como paradoxo da produtividade. De acordo com este autor, as principais causas e

explicações para o paradoxo da produtividade podem ser classificadas em 4 categorias:

Erros e inconsistências de medida nos investimentos e nos resultados de TI;

Aspecto temporal do retorno da Tecnologia, ou seja, às vezes o retorno não é imediato,

aparecendo apenas ao longo dos anos;

Redistribuição da produtividade / lucros, sendo que, no nível organizacional, a TI pode

aumentar a produtividade de organização, mas seus concorrentes não e, dessa forma, o

lucro é diluído no nível da indústria, amenizando o efeito da TI nos resultados;

Falta da gestão tecnológica.

O tempo entre o investimento de TI e o retorno (lag effect) é ressaltado por

Brynjolfsson (1993) e encontrado também na pesquisa de Radhakrishan et al (2006), para os

quais, além do tempo, o sequenciamento também é significativo para os investimentos de TI.

Segundo os autores, empresas que instalam novas aplicações sofisticadas antes de executarem

as mudanças organizacionais necessárias, não adquirem os benefícios dos investimentos em

Tecnologia de Informação.

Brynjolfsoon e Hitt (1998) alertam os gestores para que estes sejam prudentes ao

considerar o lag effect quando avaliarem os impactos de TI nas organizações. A dificuldade

em associar positivamente investimento em TI e produtividade, conhecida como paradoxo da

produtividade estimulou a pesquisa sobre o tema e, desde então, surgiram pesquisas mais

criteriosas sobre o valor de TI. Diferentes pesquisadores, como Brynjolfsson (1993),

Brynjolfsson e Hitt (2000), Bharadwaj (2000), Devaraj e Kohli (2000) e Radhakrishnan et al

(2006), encontraram relação positiva entre investimento em TI e produtividade.

De acordo com Dedrick, Guarbaxani e Kraemer (2003), estudos realizados durante

uma década sobre o valor de TI no nível da empresa e no nível do país têm consistentemente

mostrado que o impacto do investimento em TI na produtividade do trabalho e no crescimento

econômico é significativo e positivo e o paradoxo da produtividade formulado previamente

foi efetivamente refutado.

No final da década de 1990, Turner (1998) afirma que a TI assume papel primordial na

transformação organizacional, não se limitando apenas à mudança nos processos e na

produtividade, mas estabelecendo como desafio a determinação exata da participação da TI,

da sua contribuição final e de seus limites para a transformação organizacional.

Para Melville, Kraemer e Guarbaxani (2004), o valor da TI para as organizações pode

ser manifesto de diversas formas, mas geralmente é verificado através do desempenho da

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organização, na qual se incluem o aumento da produtividade e dos lucros, a vantagem

competitiva, a redução de custos e estoques, e outras medidas de desempenho.

Conforme Brynjolfsson e Yang (1996), a TI não deve ser considerada relevante apenas

no cenário de redução de custos, mas também como uma ferramenta transformadora da

maneira como se faz negócio.

Ainda sobre esse assunto, Dedrick, Guarbaxani e Kraemer (2003) defendem que a TI

não é simplesmente um instrumento para automatizar os processos, ela facilita mudanças na

organização, podendo contribuir para ganhos na produtividade. Os valores da TI nas

organizações e a decisão executiva quanto ao direcionamento do investimento a uma

determinada área da empresa é uma questão de estratégia. Por exemplo, conforme Tallon,

Kraemer e Guarbaxani (2000), a empresa pode decidir focar seus produtos na diferenciação e

inovação, exigindo um alto grau de investimento, ou decidir por trabalhar com custo baixo.

Segundo Sward (2006), somente o investimento em TI não garante aumento na

produtividade e, para obter esses resultados, é necessário gerenciar toda gestão tecnológica e

processo de negócio da empresa. Corroborando com essa ideia, de acordo com Grover e Kohli

(2012), atuam juntos com os valores de TI sistemas que incluem gestão e pessoas relacionadas

ou não à TI, processos de negócios, ativos de conhecimento e relacionamento, cultura, política

e estrutura.

De forma complementar, Chau, Kuan e Liang (2007) afirmam que o valor de TI para o

negócio é provido como uma consequência do seu uso. Além disso, para Brynjolfsson e Hitt

(2000), ativos ocultos desempenham um papel primordial no relacionamento entre Tecnologia

da Informação e produtividade.

Os benefícios de TI podem ser definidos como custo, produtividade, flexibilidade,

qualidade e inovação, sendo que eles podem ser entendidos como a oferta trazida pela

tecnologia para as organizações. Porém, conforme Albertin e Moura (2002), tão significativo

quanto a oferta é o seu aproveitamento no desempenho empresarial. Os vários usos de TI

podem apresentar proporções diferentes dos benefícios oferecidos, de acordo com o tipo de

aplicação e nível de reconfiguração, segundo Albertin (2005). A figura 8 apresenta esses

benefícios e exemplos de mensuração.

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Figura 8: Benefícios oferecidos pelo Uso da Tecnologia da Informação

Fonte: Albertin e Moura (2002).

2.2.1 Níveis de análise do valor da Tecnologia da Informação

As análises dos estudos realizados sobre o valor de TI são focadas em diferentes

pontos de abrangência. Segundo Dedrick, Guarbaxani e Kraemer (2003), o valor de TI pode

ser medido em três níveis: da organização, da indústria (setor) e do país. De acordo com

Brynjolfsson e Yang (1996), as categorias de análise do valor de TI estão voltadas

especialmente para a economia de um país, segmentos industriais, empresas e indivíduos.

Nos estudos conduzidos por Chan (2000), a análise evidenciou o nível individual, de

grupo, organizacional, industrial (segmentos) e macroeconômico, com maior frequência no

nível organizacional. Também de acordo com Grover e Kohli (2012) e Marthandan e Tang

(2012), a grande maioria das pesquisas sobre o valor de TI enfoca a relação entre

investimento em TI e o desempenho no nível organizacional.

Dedrick, Guarbaxani e Kraemer (2003) fizeram uma revisão crítica dos estudos

empíricos sobre a relação entre TI e desempenho organizacional. Eles analisaram mais de 50

artigos com o objetivo de fazer um levantamento das pesquisas, avaliando o desempenho

econômico de cada uma, para ajudar nas pesquisas futuras sobre o retorno dos investimentos

em TI. Os artigos foram separados conforme o nível de análise apresentado: da organização,

da indústria e economia do país. Dessa maneira, os autores constataram que:

O paradoxo da produtividade, formulado primeiramente, foi efetivamente contestado.

Estudos no nível da organização constatam que a grande quantidade de variedade dos

retornos médios do investimento em TI entre as organizações pode ser explicada pelas

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práticas complementares de gestão, tais como a descentralização da tomada de

decisões, a reestruturação do processo de negócio e a gestão da qualidade. Esses

pontos são considerados críticos para o nível de retorno do investimento em TI

alcançado pelas empresas. Além disso, estudos no nível da organização não mostram

uma clara ligação entre os investimentos em TI e a rentabilidade, a maioria deles só

tiveram como base somente dados de grandes organizações, logo esses resultados

podem não representar a realidade das organizações de pequeno e médio porte.

Pesquisas no nível de indústria mostram aumento no nível de produtividade,

principalmente nas organizações que usam a TI de forma intensiva. Muitos

demonstram aumento na produção industrial, nas indústrias de serviços e na qualidade

dos produtos finais.

Os trabalhos no nível da economia do país apresentam que o investimento em TI, por

se tornar uma maior parcela do total de investimentos de capital por parte das

empresas, exerce uma considerável influência no crescimento econômico do país e no

aumento da produtividade.

TI não é simplesmente uma ferramenta para automatizar os processos existentes, ela

também se configura como uma ferramenta facilitadora de mudanças organizacionais

que podem levar a ganhos adicionais de produtividade.

Marthandan e Tang (2012) também realizaram interessante revisão bibliográfica de

um conjunto preliminar de artigos e periódicos relevantes sobre o tema de valor de TI e suas

relações com benefícios, desempenho, eficiência, recompensa, produtividade e sucesso. Eles

utilizaram as três grandes bases eletrônicas, ProQuest, EBSCOhost e ScienceDirect. Depois

de aplicar alguns filtros no resultado da pesquisa, para adequação de escopo, o resultado

baseou-se em 194 artigos, distribuídos em quatro níveis de análise:

1- Nacional: 9 artigos;

2- Indústria: 10 artigos;

3- Indivíduo: 16 artigos;

4- Organização: 159 artigos.

Como se verifica, a maior concentração de análise é no nível da organização (82%),

seguido por indivíduo (8,2%), indústria (5,2%) e nacional (4,6%). Para Marthandan e Tang

(2012), o foco do seu trabalho concentra-se na demonstração da capacidade ou não da TI de

proporcionar determinados benefícios organizacionais e, por isso, a maioria dos estudos

evidencia o nível da organização.

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Assim como Dedrick, Guarbaxani e Kraemer (2003) e Marthandan e Tang (2012),

outros autores também realizaram significativas revisões bibliográficas sobre o tema, com

destaque para o estudo de Melville, Kraemer e Guarbaxani (2004). Estes também realizaram

revisões bibliográficas sobre o valor de TI e suas relações com o desempenho organizacional,

a partir de uma verificação dos benefícios proporcionados pela TI nos níveis intermediário e

organizacional, propondo um modelo para compreender melhor o valor da TI.

A proposta desses autores é um modelo integrativo que considera como base teórica a

Teoria Baseada em Recursos (RBV - Resource-Based View), segundo a qual os elementos da

organização são tratados como recursos e, dessa forma, o valor de TI dentro da organização

pode ser combinado com outros recursos, como por exemplo, práticas complementares de

gestão de TI e negócio, redefinição de processos de negócio e recursos humanos qualificados.

Assim, proporcionam-se vantagens competitivas únicas para as organizações, conforme

demonstram os trabalhos de Melville, Kraemer e Guarbaxani (2004), Dedrick, Guarbaxani e

Kraemer (2003) e Bharadwaj (2000).

Figura 9: Modelo do Valor da TI - Modelo Integrativo

Fonte: Melville, Kraemer e Guarbaxani (2004, p.61).

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Resumidamente, na literatura sobre esse tema, são encontrados os seguintes níveis de

análise relacionados ao valor de TI:

1 – Macroeconômico (economia local, nacional e internacional);

2 – Industrial (segmentos);

3 – Organizacional (segmento com maior ênfase de estudo);

4 – Interno da organização e/ou individual.

Conforme já explicitado, a maior parte dos estudos destaca o nível da organização, ou

seja, é evidente que ainda há dúvidas com relação ao impacto da TI no desempenho

organizacional.

2.2.2 Nível Organizacional da Análise do Valor de TI

Os principais modelos sobre o valor de TI também endereçam as análises no nível das

organizações. O modelo de Turner e Lucas (1985), considerado como básico, trabalha com as

dimensões estratégica, informacional e transacional.

Figura 10: Modelo básico de Turner e Lucas (1985)

Fonte: Adaptado de Turner e Lucas (1985).

Esse modelo básico foi expandido por Weill (1992) e, na sequência, Weill e Broadlent

(1998) acrescentaram ao modelo a dimensão de infraestrutura. De maneira complementar,

Gregor et al. (2006) incluíram outra dimensão, a transformacional.

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Figura 11: Modelo de Weill e Broadlent

Fonte: Adaptado de Weill e Broadlent (1998).

Em estudos mais recentes, Beltrame (2008) e Maçada et al. (2012) utilizaram estes

modelos e condensaram as cinco dimensões dos benefícios (Estratégica, Informacional,

Transacional, Infraestrutura e Transformacional) num único modelo.

De acordo com Beltrame (2008), após o processo de validação, verificou-se que a

variável infraestrutura não se confirmara e alguns de seus itens migraram para outras

dimensões. Assim, considerando apenas as variáveis, o modelo final é idêntico ao de Gregor

et al (2006), mesmo este tendo utilizado como amostra empresas que não fazem uso intensivo

de informação. Segundo Beltrame (2008), é possível averiguar que, independente do ramo de

atuação da organização, a TI tem a capacidade de proporcionar benefícios estratégicos,

informacionais, transacionais e transformacionais às organizações. É importante salientar que

os itens presentes em cada variável não são exatamente os mesmos, por exemplo, um

benefício estratégico pode variar de uma organização para outra.

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Figura 12: Modelo inicial de pesquisa com cinco dimensões

sobre o valor de TI para as organizações

Fonte: Adaptado de Beltrame (2008, p. 61).

As pesquisas de Beltrame (2008) e Maçada et al (2012) apresentam percepções dos

executivos sobre a capacidade ou não da TI de gerar determinados benefícios organizacionais,

utilizando um modelo ou instrumento de pesquisa validado, capaz de avaliar o valor da TI

para a organização.

No presente estudo, é utilizado esse mesmo instrumento de pesquisa validado por

Beltrame (2008) e Maçada et al (2012), composto por 4 dimensões (estratégica,

informacional, transacional e transformacional) para capturar a importância do valor da TI no

processo de avaliação de empresas, sob a ótica dos analistas e profissionais de investimentos.

2.2.3 Medidas de Desempenho versus Valor Organizacional da TI

Na revisão bibliográfica, um dos aspectos bastante discutido é a definição de medida

de avaliação para mensurar o valor da tecnologia para a organização. O alinhamento sobre

essas medidas de desempenho é imprescindível para o processo de avaliação, pois pode

influenciar diretamente no reconhecimento do valor de TI.

No início dos anos 1990, conforme Brynjolfsson (1993), Brynjolfsson e Hitt (1996) e

Dos Santos (1991), os estudos sobre TI no nível da organização tinham como foco principal

de avaliação as medidas financeiras e econômicas (ROI - Retorno sobre o Investimento, ROA

- Retorno sobre Ativos, produtividade e crescimento econômico), buscando encontrar uma

relação direta entre os investimentos em TI e o desempenho financeiro da organização.

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Estudos subsequentes consideraram uma visão mais ampla do valor de TI, incluindo mais

variáveis em outros níveis, de acordo com Chau, Kuan e Liang (2007).

Segundo Dedrick, Guarbaxani e Kraemer (2003), o valor de TI não pode ser

mensurado adequadamente através de medidas financeiras e tangíveis limitadas, visto que TI

não se trata apenas de uma ferramenta para automatizar processos existentes, mas sua

principal função é promover mudanças organizacionais que podem proporcionar ganhos

adicionais de produtividade, rentabilidade e satisfação do cliente. De acordo com Chan

(2000), o processo de avaliação, por sua vez, pode exigir o uso de uma variedade de medidas

qualitativas e quantitativas.

Brynjolfsson e Hitt (1996) fizeram um estudo significativo relacionando o

investimento em TI com três medidas diferentes de valor: produtividade, rentabilidade do

negócio e valor para o consumidor. O estudo foi realizado com 370 organizações do ramo

industrial e de serviços, listadas na Fortune 500, entre 1988 e 1992 e nele os autores

analisaram os resultados das empresas sob as seguintes abordagens:

1-Teoria da Produção: são analisados os benefícios da TI no cenário de redução de custos e

automatização de processos, ou seja, com o uso de medidas financeiras;

2-Teoria da Estratégia Competitiva: apreciação com foco no uso da tecnologia como uma

vantagem competitiva para a empresa, evidenciando a gestão de TI como medida de

desempenho, e;

3- Teoria do Consumidor: análise com abordagem na criação de valor ao produto para o

consumidor, foco na satisfação do cliente, destacando o uso de medidas qualitativas.

Como resultado desse estudo, constata-se que o investimento em TI aumentou a

produtividade do negócio e criou valores substanciais para o consumidor, aumentando sua

satisfação com relação aos produtos e serviços ofertados. No entanto, não se encontraram

evidências de que esses investimentos em TI aumentaram a rentabilidade do negócio.

Na relação entre o valor de TI e o desempenho organizacional, os autores utilizaram

medidas financeiras (quantitativas) e não financeiras (qualitativas), como gestão de TI e

satisfação do consumidor. Desse modo, eles não atrelaram o valor de TI exclusivamente às

medidas de desempenho econômico.

Corroborando com essa ideia, Brynjolfsson e Hitt (2000) e Dedrick, Guarbaxani e

Kraemer (2003) afirmam que a capacidade da organização em realizar investimentos

complementares como redefinição de processos de negócio e prática de gestão afeta

diretamente o nível de retorno alcançado por ela.

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De acordo com Gunasekaran, Ngai e McGaughey (2004), a prevalência dos estudos

sobre esse assunto sugere que sejam consideradas como medidas de desempenho as métricas

classificadas como financeiro, não financeiro, tangível e intangível, para justificar os

investimentos de TI em projetos. No primeiro passo, devem-se identificar os principais

processos de negócio (core business) da organização e, em seguida, determinar quais das

quatro medidas devem ser mais apropriadas para aquele tipo de organização. Assim, o estudo

sugere o desenvolvimento de uma abordagem equilibrada para avaliar o investimento em TI.

Os autores explicam que se a avaliação dos investimentos em TI estiver relacionada

com serviços, por exemplo, faz-se necessário atribuir mais poder aos intangíveis. Por outro

lado, se for relacionada com fabricação, a atribuição maior de influência seria aos tangíveis e

assim por diante. De acordo com eles, seguem as definições dos diferentes tipos de medidas

de desempenho de TI:

Financeiras: Buscam a relação entre os investimentos em TI e o desempenho

financeiro da organização. Embora alguns pesquisadores enfatizem o uso de medidas não

financeiras e intangíveis, em última análise, a principal avaliação de um projeto é mensurada

pelo desempenho financeiro que esse projeto traz para a organização. Medidas financeiras

impactam o nível operacional e estratégico da organização, evidenciando que o estudo de

viabilidade de investimentos de TI em organizações é baseado principalmente na análise

financeira de custo-benefício. Outros indicadores financeiros também são utilizados de acordo

com as técnicas de avaliação de investimentos tradicionais; as principais são Tempo de

Retorno (PP), Retorno sobre o investimento (ROI), Taxa Interna de Retorno (TIR) e Valor

Presente Líquido (VPL).

Não-Financeiras: Consistem na relação entre investimento em TI e o desempenho da

organização pautada pelos benefícios de natureza intangível sob o ponto de vista estratégico,

social e operacional da organização. No campo estratégico, destacam-se a gestão e

configuração de TI, além das disciplinas como política de segurança e gestão da

documentação. No âmbito operacional, discutem-se as melhorias nos processos

organizacionais. Quanto ao campo social, há sempre elementos sociais e tecnológicos a serem

considerados na avaliação de TI, tratando-se de uma abordagem social e técnica de sistemas

amplamente reconhecida para a promoção e avaliação conjunta da área social e subsistemas

tecnológicos de qualquer procedimento organizacional. O sistema social é composto por

empregados, conhecimento, habilidades, inter-relações, atitudes e necessidades inerentes ao

ambiente de trabalho.

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Tangíveis: São amplamente utilizadas na avaliação de investimentos em TI e muitos

pesquisadores adotam a avaliação do valor de TI no nível tático e operacional das

organizações. Essas medidas podem ser facilmente determinadas, no entanto deve-se ter

cautela ao eleger os parâmetros realmente importantes no processo de avaliação, para não se

desperdiçar tempo com medição desnecessária. Vendas unitárias por período, controle de

estoque, tempo de fabricação dos produtos e taxa de defeitos constituem as medidas tangíveis.

Intangíveis: Estes não podem ser facilmente mensurados, por terem uma avaliação

complexa, constituindo-se em um verdadeiro desafio, e geralmente podem ser mapeados por

modelos e análises matemáticas. O impacto dos intangíveis afeta o valor financeiro da

organização e, na sua medição, o componente humano não pode ser negligenciado. A

avaliação deve considerar não apenas a tecnologia em si, mas também a interação entre TI e

as pessoas envolvidas no sistema. A boa imagem e reputação da organização, trabalho em

equipe e tecnologia de ponta são medidas intangíveis.

2.2.4 Consolidação da Teoria Revisada de Valor de TI

Os principais temas de valor de TI abordados na revisão da literatura nesse estudo e os

principais pesquisadores sobre o assunto estão consolidados nos quadros 5, 6 e 7.

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Fonte: Resultado da pesquisa.

No início da década de 1990, o paradoxo da produtividade (a dificuldade em associar

positivamente investimento em TI e produtividade) estimulou a pesquisa sobre esse tema e,

desde então, surgiram muitos estudos que encontraram relação positiva entre investimento em

TI e produtividade. Brynjolfsson e Hitt (2006) associaram o valor de TI a três medidas

diferentes: produtividade, rentabilidade do negócio; e valor para o consumidor. Para Dedrick,

Guarbaxani e Kraemer (2003), o investimento em TI aumenta a produtividade nas empresas

que tem uso intensivo de tecnologia. Outros estudos se destacaram por relacionar

investimento em TI não apenas às variáveis financeiras, mas também às variáveis não

financeiras.

Quadro 5: Revisão da literatura de Valor de TI: Relação da TI x Desempenho Organizacional

Teoria Revisada Principais Autores Contribuição

BRYNJOLFSSON (1993)

As principais causas para o paradoxo da produtividade podem ser classificadas em 4 tipo de erros: erros de medidas (input e output); aspecto temporal entre o investimento em TI e o retorno; redistribuição de tarefas; e má gestão da tecnologia.

BRYNJOLFSSON e HITT (1996)

Relação do investimento em TI com três medidas diferentes de tecnologia: produtividade, rentabilidade do negócio; e valor para o consumidor. Como resultado, o investimento em TI aumenta a produtividade e cria valores substanciais para o Consumidor, aumentando sua satisfação, mas não foi encontrada relação positiva entre o investimento em TI e a rentabilidade da organização.

DEDRICK, GUARBAXANI e KRAEMER (2003)

Relação positiva entre investimento em TI e desempenho organizacional, encontrada em estudos posteriores a 1990. No nível de indústria, aumento no nível de produtividade, principalmente nas organizações que usam a TI de forma intensiva.

DEDRICK, GUARBAXANI e KRAEMER (2003); BRYNJOLFSSON (1993); BRYNJOLFSSON e HITT (2000); BHARADWAJ (2000);

DEVARAJ e KOHLI (2000); RADHAKRISHNAN et al (2006).

Relação positiva entre investimento em TI e desempenho organizacional para estudos posteriores a 1990, associando o investimento em TI a variáveis financeiras e não financeiras.

ALBERTIN (2005); ALBERTIN E MOURA (2002) TI afeta a organização na inovação de produtos, satisfação do cliente, flexibilidade no processo, redução de custo e maior produtividade.

MELVILLE, KRAEMER e GUARBAXANI (2004)

Destacam-se os benefícios proporcionados pela TI nos níveis intermediário e organizacional e é proposto um modelo para proporcionar um melhor entendimento do valor da TI. Proposta de um modelo integrativo do valor de TI, considerando como base teórica a Teoria Baseada em Recursos (RBV - Resouce-Based View). Nessa teoria, os elementos da organização são tratados como recursos, assim, o valor de TI dentro da organização pode ser combinado com outros recursos, como por exemplo, práticas complementares de gestão de TI e negócio, redesenhos de processos de negócio e recursos humanos qualificados, proporcionando, desse modo, vantagens competitivas únicas para as organizações.

Relação entre TI e o desempenho

organizacional

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Quadro 6: Revisão da literatura de Valor de TI: Nível de Análise do valor de TI

Fonte: Resultado da pesquisa.

A maior ênfase das pesquisas sobre o valor de TI está no nível da organização, pois os

pesquisadores e profissionais de TI buscam demonstrar os benefícios que a TI pode ou não

proporcionar para as organizações. Nessas pesquisas, surgiram alguns dos principais modelos

abordados nesse trabalho, auxiliando a captura do valor de TI, como os destacados no quadro

anterior.

Quadro 7: Revisão da literatura de Valor de TI: Medidas de desempenho de TI

Fonte: Resultado da pesquisa.

Teoria Revisada Principais Autores Contribuição

DEDRICK, GUARBAXANI e KRAEMER (2003); BRYNJOLFSSON e HITT (1996); MARTHANDAN e TANG (2012); GROVER e KOHLI (2012); CHAN (2000); BHARADWAJ (2000); DEVARAJ e KOHLI (2002); RADHAKRISHNAN et al (2006).

Foco nos seguintes níveis de análise: - Nível nacional (país); - nível da indústria (setor); - nível da organização; - nível do indivíduo. Como o foco dos pesquisadores concentra-se na demonstração da capacidade da TI em proporcionar determinados benefícios organizacionais, a maior ênfase das pesquisas se concentra no nível da organização.

TURNER e LUCAS (1985); WEILL e BROADLENT (1998); GREGOR et al (2006);

BELTRAME (2008).

No nível organizacional, surgem os diversos modelos: - Modelo básico de Turner e Lucas (1985); - Modelo de Weill e Broadlent (1998); - Modelo de Gregor et al (2006); e - Modelo de Beltrame (2008).

Nível de análise do valor de TI

BRYNJOLFSSON (1993); BRYNJOLFSSON E HITT (1996); DOS SANTOS (1991)

Início dos anos 1990: os estudos em TI no nível da organização tinham como foco principal de avaliação as medidas financeiras e econômicas: ROI - Retorno sobre o Investimento ROA - Retorno sobre Ativos; produtividade; crescimento econômico, entre outros.

CHAN (2000); CHAU, KUAN e LIANG (2007) Sugerem medidas intangíveis como cultura organizacional e impacto organizacional e social.

BRYNJOLFSSON E HITT (2000) E DEDRICK, GUARBAXANI E KRAEMER (2003)

Incluem variáveis qualitativas , pois afirmam que capacidade da organização em realizar investimentos complementares como redesenho de processos de negócio, prática de gestão, entre outras, afeta diretamente o nível de retorno alcançado por essas organizações.

DEVARAJ e KOHLI (2000) Incluem variáveis não financeiras e intangíveis, associando o valor de TI com mudanças nos processos organizacionais influenciando positivamente o desempenho da empresa.

GUNASEKARAN, NGAI e MCGAUGHEY (2004)

Sugerem que sejam consideradas como medidas de desempenho as métricas classificadas como financeiro, não financeiro, tangível e intangível, para justificar os investimentos de TI em projetos: Financeiras: Buscam a relação entre os investimentos de TI e o desempenho financeiro da organização, baseando-se na análise financeira de custo-benefício. Ex: ROI, TIR, VPL; Não Financeiras: Consistem na relação entre investimento em TI e o desempenho da organização pautada pelos benefícios de naturezas intangíveis sob o ponto de vista estratégico, social e operacional da organização; Tangíveis:

Amplamente utilizadas na avaliação de investimentos em TI e na avaliação no nível tático e operacional das organizações. As medidas tangíveis são vendas unitárias por período, controle de estoque, tempo de fabricação dos produtos, taxa de defeitos, entre outras; Intangíveis: Têm uma avaliação complexa, não podendo ser facilmente mensurada. Na medição dos intangíveis, o componente humano não pode ser negligenciado, a avaliação deve considerar não apenas a tecnologia em si, mas também a interação entre TI e as pessoas envolvidas no sistema. As medidas intangíveis são boa imagem e reputação da organização, trabalho em equipe, tecnologia de ponta, entre outras.

Medidas de desempenho de TI

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2.3 O Valor de TI para organizações que fazem uso intensivo das informações

É fundamental evidenciar a importância do valor de TI para algumas empresas que

fazem uso intensivo de informações, através de descrições dos seus modus operandis, como é

o caso dos bancos, seguradoras, corretoras de valores imobiliários, entre outras. Para essas

empresas, a tecnologia é fundamental, enquanto para as outras, é somente importante.

2.3.1 Bancos

A Tecnologia da Informação desempenha significativo papel na competitividade das

organizações, promovendo, inclusive, uma vantagem competitiva para essas instituições

frente aos seus concorrentes. Porter e Millar (1985) ressaltam que as instituições bancárias são

entidades com uso intensivo da TI, evidenciando ainda mais a sua importância para essas

organizações. A TI é considerada imprescindível para o setor bancário e essa ligação ou

dependência ocorre tanto em nível operacional como em nível estratégico, sendo que as

razões para tal importância residem nas características do setor.

Segundo Crane e Bodie (1996), a indústria de serviços financeiros transforma-se de

maneira imprevisível e, muitas vezes, até contraditória. Uma das forças que acelera essa

transformação é a TI, considerada uma das maiores e mais poderosas influências no

planejamento das instituições financeiras.

De acordo com Baldwin (1991), o sistema bancário vem passando, sem dúvida

nenhuma, por uma reestruturação radical e as diretrizes e balizadores fundamentais dessa

mudança são tecnológicas e irreversíveis. O uso de modernas tecnologias de informação, de

comunicação e avaliação é sinônimo de maior qualidade de vários serviços bancários.

Conforme Kimball e Ross (2001), o setor financeiro foi o primeiro a adotar a TI como

estratégia de tomada de decisão, concentrando-se em estudos de dados financeiros para

gerenciar melhor os negócios. Segundo esses autores, a demanda por informações de natureza

financeira é muito grande, principalmente, por parte de gerentes que precisam, com menor

esforço possível, verificar tendências, variações e anomalias de desempenho de uma empresa.

Desse modo, o setor bancário apresenta fortes dependências da TI e, por consequência,

é um dos mercados mais afetados pela nova realidade dos negócios na era digital. O

desenvolvimento de um planejamento em TI para um banco tem importância fundamental e

um grande potencial para alavancar as atividades de negócio. Estas instituições implementam

novos serviços objetivando aumentar a eficiência dos negócios e a utilização e o

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desenvolvimento contínuo em TI proporciona a criação de novas áreas de negócios e novos

produtos.

Dentre os diversos sistemas de TI, cabe ressaltar a internet banking, a qual propicia o

comércio eletrônico, permitindo o desenvolvimento de novos produtos e serviços e mudando,

assim, a interação entre o banco e os consumidores. Cada vez mais o cliente tem menos

necessidade de ir à agência, isso devido à tecnologia disponível para acesso de sua própria

residência.

Dados da pesquisa da FEBRABAN de tecnologia bancária de 2014 revelam que as

transações financeiras por contas correntes na agência declinaram 5% nos últimos anos. Com

isso, a plataforma tecnológica nas agências deve evoluir para apoiar esse novo perfil com

ferramentas necessárias para conhecer o cliente, como por exemplo, CRM (Customer

Relationship Management) e big data.

Segundo a FEBRABAN (2014), o uso de internet banking manteve crescimento

vigoroso nos últimos anos, apresentando um aumento considerável de 17% ao ano, desde

2010 e 12% em 2014, indicando uma maior aceitação do canal e consequente inclusão digital

da população. Claramente a tendência é que os bancos invistam na maximização do uso de

internet banking, provendo ao consumidor uma experiência cada vez mais amigável em

relação a esse canal, gerando oportunidade de ofertar e criar produtos novos que se encaixem

melhor nesse ambiente.

Nos últimos anos, a evolução tecnológica bancária tem crescido exponencialmente

com o mobile banking. Esse canal, segundo a FEBRABAN (2014), continua em potencial

crescimento, alavancado principalmente por transações sem movimentações financeiras. As

operações nesse canal aumentaram de maneira vertiginosa, 127%, entre 2013 e 2014. O

acesso facilitado dos smartphones a todas as classes sociais continua a ocorrer, significando

crescimento de transações via Mobile Banking.

O uso da tecnologia bancária através de canais digitais continua ganhando

representatividade como movimentação financeira. O mobile banking muda a forma de

atuação dos bancos, ou seja, essas instituições estão cada vez mais deixando de ser entidades

físicas (agências) para ser virtuais, através de internet banking ou na palma da mão (celular)

do cliente, alterando toda a lógica de competitividade do setor.

As evoluções tecnológicas nesse âmbito são impressionantes e o investimento em TI

vem aumentando a cada ano. Segundo a FEBRABAN (2014), o Brasil é um dos principais

participantes da indústria mundial de tecnologia bancária, com investimentos intensivos,

conforme mostra o gráfico a seguir.

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Figura 13: Despesas com Investimento em TI em bancos

Fonte: Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2014.

No Brasil, os gastos com TI das instituições financeiras representam 18% da totalidade

de investimento das indústrias no país, assim os bancos brasileiros têm o desafio de planejar

esse investimento de forma adequada, balanceando eficiência e experiência do consumidor

por meio de uma plataforma integrada de canais e oferta a clientes.

2.3.2 Seguradoras

Especialistas da área de seguros associados à Geneva Association, entidade do setor de

seguros, avaliam que os investimentos em tecnologia determinarão o sucesso ou o fracasso de

uma empresa no próximo ano. Com o avanço da tecnologia, os riscos mudam rapidamente;

quanto mais rápida a velocidade da mudança, mais o modelo de negócio é desafiado, de

acordo com um estudo de CIAB (2015) sobre o mercado segurador mundial, responsável por

receitas da ordem de US$ 4 trilhões. Segundo a KPMG:

O setor de seguros no Brasil vem apresentando um crescimento consistente e

significativo nos últimos dez anos, sempre acima do crescimento do PIB. Apesar das

pressões econômicas ao longo dos últimos anos sobre outros segmentos da

economia, o setor securitário ainda não foi afetado de maneira significativa. O

seguro patrimonial continua representando o pilar tradicional do mercado brasileiro,

seguido pelos produtos de seguro de vida que também apresentam crescimento

significativo. Já o setor de saúde é visto como um dos mais promissores para os

próximos anos. Todavia, o receio do aumento da inflação pode ter um impacto sobre

o sucesso dos produtos com prazos mais longos (KPMG, 2014, p. 1).

A ascensão da economia digital gerou uma revolução no tradicional mercado de

seguros. Os canais de distribuição, tais como os aplicativos mobile, vêm mudando a forma

como as seguradoras fazem negócio. Segundo CIAB (2015), mediante essas inovações

tecnológicas, as seguradoras precisaram mudar o foco de produto para o consumidor, pois,

através da tecnologia, é possível descobrir quais riscos cada cliente oferece, quais clientes

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querem assumir de fato suas obrigações e qual o preço que pode ser cobrado para atrair os que

interessam e repelir os que não se encaixam na estratégia do negócio.

A empresa KPMG (2014) fez uma pesquisa no setor de seguros do Brasil intitulada “O

mercado brasileiro de seguros hoje e nos próximos anos”. Foram realizadas entrevistas e

enviados questionários eletrônicos aos principais executivos do segmento de seguros. Cerca

de 85% dos participantes da pesquisa estima que seus investimentos em tecnologia

permanecerão elevados, nos mesmos patamares de 2013.

A figura 14 traz uma amostra da expectativa de investimentos em sistemas de

informação no setor de seguros brasileiro.

Figura 14: Investimentos em TI no setor de seguros

Fonte: KPMG (2014) – Pesquisa: O Mercado brasileiro de seguros, hoje e nos próximos anos.

Esta figura demonstra a intenção dos executivos do setor de seguros de modernizar os

sistemas através de investimentos em tecnologia, pois, quanto maior o percentual, maior a

necessidade de investimento tecnológico naquele setor. Por exemplo, segundo os executivos

participantes da pesquisa, o setor de emissão e administração de apólice é o que mais

necessita de investimento e modernização de TI, seguido pela área de gestão de pagamento e

sinistros. Em terceiro lugar aparecem empatados o setor de gestão de relacionamento com

cliente (CRM), a área de contabilidade e finanças e o campo de informações estatísticas. Nos

últimos lugares, estão os setores de sistemas de gerenciamento de riscos e o Enterprise

Resource Planning (ERP).

Segundo depoimento do presidente da Confederação Nacional das Empresas de

Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNseg) à

Revista Ciab Febraban (2015), na América Latina, a expectativa é que os investimentos

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cheguem a US$ 9,6 bilhões até 2016, com uma taxa anual de crescimento de 18,5%, entre

2014 e 2016.

2.3.3 Corretora de Valores Mobiliários

O período atual de maior volatilidade do mercado brasileiro e de baixo crescimento da

economia vem afastando o investidor – pessoa física – da renda variável e sua participação na

bolsa de valores vem patinando nos últimos anos. Mesmo com esse cenário negativo, segundo

dados da BMFBOVESPA (2015), em 2014, houve recordes: de média diária e número total

de negócios no mercado de ações; de contratos negociados no ano; e de volume financeiro no

mercado futuro. O número total de negócios passou de 228 milhões e a média foi de 919 mil

negócios realizados por dia. O valor de mercado das 363 empresas com ações negociadas na

BMFBOVESPA, ao final de 2014, atingiu R$ 2,24 trilhões e o segmento BMF registrou mais

de 590 milhões de contratos negociados, atingindo um valor financeiro de R$ 73,21 trilhões

no final de 2014.

Para atingir esses dados alarmantes, a tecnologia é imprescindível nas operações

diárias através da ferramenta Home Broker. Segundo BMFBOVESPA, o Home Broker é um

instrumento que proporciona a negociação de ações via internet, permitindo que sejam

enviadas ordens de compra e venda de ações através do site da sua corretora na internet. De

acordo com BMFBOVESPA, o objetivo do Home Broker é que cada vez mais pessoas

possam participar do mercado acionário e, ao mesmo tempo, tornar ainda mais ágil e simples

a atividade de compra e venda de ações; para isso, esse moderno canal de relacionamento

entre os investidores e as corretoras Bovespa foi criado.

Em 2014, as pessoas físicas representavam 13,7% do movimento da Bovespa, sendo

que no final de agosto desse mesmo ano a Bovespa tinha 550 mil CPF´s. De fato, cuidar do

parque tecnológico e deixá-lo em perfeitas condições de funcionamento é fundamental para as

corretoras de valores, enquanto, para muitas empresas, é somente importante. Dessa maneira,

o valor de TI para as corretoras de valores mobiliários é muito mais representativo.

Os investimentos em TI criam diferencial competitivo na intermediação financeira e a

necessidade de altos investimentos nessa área tem movimentado a fusão/aquisição de

corretoras. A tecnologia é imprescindível para as corretoras, de modo que os investimentos

são constantes. No primeiro semestre de 2015, a BMFBOVESPA aposentou sua plataforma

de negociação que estava em funcionamento há 18 anos, a plataforma de negociação Mega

Bolsa. Todas as plataformas de negociação da bolsa migraram para um único sistema, sua

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nova plataforma PUMA (Plataforma Unificada Multiativos), a qual, conforme o Valor

Econômico (2015), além do ganho tecnológico e agilidade de operações, agrega mais

segurança e controle às negociações.

Essa nova plataforma substitui os quatro sistemas herdados pela BMFBOVESPA após

a fusão das duas bolsas, BM&F e Bovespa, ocorrida no ano de 2008. Segundo o Valor

Econômico (2015), a nova plataforma também integra as operações, amplia a capacidade de

processamento das operações pela bolsa, reduz o tempo de respostas das transações (latência)

e adiciona novas funcionalidades ao sistema.

De acordo com a BMFBOVESPA (2015b), os investimentos em TI nessa área são

constantes. Por exemplo, já está prevista, para março de 2016, a implantação da nova

plataforma de cadastro integrado da BMFBOVESPA, a fim de atender aos participantes tanto

da Câmara de Compensação e Liquidação da BMFBOVESPA, como aos da Câmara de Ações

e Renda Fixa Privada. Dessa maneira, o investimento e uso da tecnologia em corretora de

valores não são apenas importantes, mas imprescindíveis na intermediação financeira.

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3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Esse trabalho estrutura-se em três estágios bem definidos: a revisão das teorias, os

procedimentos metodológicos e a pesquisa de campo, a qual tem, como respondentes, os

analistas e profissionais de investimento. A revisão de literatura objetiva apresentar a

importância da metodologia de avaliação de empresas, seus diferentes modelos de abordagens

para precificá-las, além de demonstrar as análises em diversos níveis do valor de TI e da

importância da tecnologia para as empresas com uso intensivo de informação. Aborda-se

também a dificuldade de mensurar o valor de TI de uma empresa e o questionamento a

respeito da evolução dos métodos de avaliação quanto à capacidade de capturar, reconhecer e

recomendar o valor de TI no decorrer do processo de avaliação.

Nessa etapa, são identificados os conceitos e variáveis necessárias para o estudo,

fundamentais para a elaboração do instrumento de análise e realização da pesquisa de campo.

Esta, por sua vez, visa a compreender se os analistas e profissionais de investimento levam em

consideração o valor de TI no processo de avaliação de empresas. Os aspectos metodológicos

fazem a conexão entre a revisão bibliográfica e a pesquisa de campo. A figura 15 apresenta o

desenho de pesquisa e suas diferentes etapas.

Figura 15: Desenho de Pesquisa

Fonte: Resultado da pesquisa.

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3.1 Tipo e Método de Pesquisa

De acordo com Gil (1999), a pesquisa pode ser definida como o processo formal e

sistemático de desenvolvimento de métodos científicos, e a busca de respostas para problemas

mediante o emprego de procedimentos científicos é o seu principal objetivo. Nesse aspecto, o

presente estudo visa a descobrir características e associações entre variáveis, caracterizando-

se por ser um estudo descritivo. Conforme Gil:

Pesquisa descritiva: visa descrever as características de determinada população ou

fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. Envolvem o uso de

técnicas padronizadas de coleta de dados: questionário e observação sistemática.

Assume, em geral, a forma de Levantamento (GIL, 1999, p. 42).

Quanto ao procedimento, adota-se nessa pesquisa o método qualitativo-quantitativo.

De acordo com Richardson (2007), a abordagem qualitativa difere, em princípio, da

quantitativa, ao passo que não utiliza ferramental estatístico como base do processo de análise

de um problema, visto que a finalidade não é numerar ou medir unidades homogêneas. A

abordagem qualitativa pode descrever a complexidade de determinado problema, analisar a

interação de certas variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos vividos por

grupos sociais. Segundo o autor, o aspecto qualitativo de uma investigação pode estar

presente até mesmo nas informações colhidas por estudos essencialmente quantitativos.

Por sua vez, a abordagem quantitativa representa, a princípio, a intenção de garantir a

precisão nos resultados, pois a análise é mais direta, diminuindo assim a margem para

inferências e distorções nas análises dos resultados. Richardson (2007, p. 70) ressalta que o

método quantitativo é frequentemente usado em estudos descritivos, buscando descobrir as

relações entre as variáveis e verificar suas características.

O motivo da escolha pelo método misto (quali-quanti) é que, no caso do presente

trabalho, o instrumento de coleta de dados possui questões abertas e fechadas, exigindo

análises estatística e textual, ou seja, os métodos mistos combinam as abordagens

predeterminadas das pesquisas quantitativas com métodos emergentes das qualitativas.

Assim, conforme Creswell (2007, p. 34-35), a investigação baseia-se no pressuposto de que a

coleta de diversos tipos de dados garante um entendimento mais acurado do problema

pesquisado.

Quanto ao método de pesquisa desse trabalho, trata-se de uma pesquisa do tipo survey,

que tem como característica a interrogação direta dos indivíduos, cujo comportamento se

deseja conhecer, de acordo com Gil (1999, p.70). Pinsonneault e Kraemer (1993) esclarecem

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que o método de pesquisa survey é uma maneira de coletar informações diretamente das

pessoas, de uma forma padronizada, através do uso de um instrumento de pesquisa, o

questionário, cujas perguntas são as mesmas para todas as pessoas, possibilitando assim a

realização de análises sobre a população.

Para Pinsonneault e Kraemer (1993), a avaliação da metodologia de levantamento

(survey) possui três características básicas: coleta e produção de descrições quantitativas de

alguns aspectos da população estudada; perguntas diretas às pessoas, sendo esta a principal

forma de coleta de informações; e informações reunidas como apenas uma fração ou parte da

população, constituindo-se em uma amostra, porém coletadas de tal modo a tornar capaz a

generalização dos resultados para a população.

Para atingir o objetivo da pesquisa, é esquematizado um constructo, o qual consiste em

uma construção puramente mental, criada a partir de elementos mais simples para ser parte de

uma teoria. Ele pode ser uma criação mental, simples, servindo de exemplificação na

descrição de uma teoria, ou, ainda, ser uma percepção ou pensamento formado a partir da

combinação de lembranças com acontecimentos atuais. Para esse estudo, adota-se a primeira

conceituação de constructo.

Figura 16: Modelo de Constructo da pesquisa

Fonte: Resultado da pesquisa.

O constructo da pesquisa tem a ideia de ilustrar exatamente o que o estudo pretende

responder: se essa relação de benefícios entre o valor de TI e o valor da empresa é

considerada explicitamente no processo de avaliação de empresas, segundo a visão dos

analistas e profissionais de investimento. A dúvida sobre esse relacionamento é expressa

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através da questão de pesquisa Q1: “O valor de TI é levado em consideração, pelos

profissionais de investimento do mercado de capitais, no processo de avaliação de empresas

que fazem uso intensivo de informação?”.

Também é objetivo do estudo responder, segundo a ótica dos analistas e profissionais

de investimento, sobre a relação entre o valor de TI e o mercado, através das informações

publicadas nas demonstrações financeiras e/ou site da empresa e das informações não

publicadas, capturadas através de entrevista e contato com profissionais da empresa. A

questão de pesquisa Q2 retrata o seguinte: “As informações disponíveis no mercado são

suficientes para reportar o valor de TI das empresas?”.

3.2 Variáveis de pesquisa

Partindo do modelo de constructo da pesquisa e dos objetivos supracitados, tendo

como suporte todo o arcabouço literário revisto no referencial teórico, o questionário e as

variáveis dependentes e independentes utilizadas nesse estudo são delimitados, de acordo com

o quadro 8.

Quadro 8: Questionário de Pesquisa

Fonte: Resultado da pesquisa.

P1 Sexo?

P2 Idade?

P3 Qual a sua formação principal?

P4 Qua a sua profissão?

P5 Você tem experiência em avaliar empresa que FAZ USO intensivo de informação?

P6 O Valor da TI é importante para o processo de Avaliação da Empresa que FAZ uso intensivo de informação?

P7 O Valor da TI é importante para o processo de Avaliação da Empresa que NÃO FAZ uso intensivo de informação?

P8 Na sua opinião, qual o método mais adequado para Avaliação de empresas que fazem uso de informação?

P9 Qual seu grau de concordância com a frase: "A representação do Valor de TI, na sua avaliação, é baseada em indicadores de desempenho FINANCEIROS "?

P10 Qual seu grau de concordância com a frase: "A representação do Valor de TI, na sua avaliação, é baseada em indicadores de desempenho NÃO FINANCEIROS "?

P11 Modelo do Valor de TI - Na sua opinião, quais são os benefícios do valor da TI para o valor da Empresa? P12 As informações disponíveis no mercado (site, bovespa, etc.) são suficientes para avaliação do valor de TI?

P13 Considerando as informações publicadas, onde você coleta as informações sobre o Valor da TI para formação do valor da Empresa que faz uso intensivo de informação?

P14 Qual seu grau de concordância com a frase: "Além dessas informações publicadas, faz-se necessária a utilização de algum outro processo para complementar as informações encontradas"?

P15 Na sua opinião, quais outros processos poderiam ser utilizados para complementar essas informações?

P16 Visando a otimizar o processo de avaliação do Valor de TI das empresas, qual seria o melhor lugar para disponibilizar as informações do valor de TI?

P17 Como seria a melhor forma de apresentação desses dados?

Questionário da Pesquisa

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3.2.1 Variável Dependente

A variável dependente desse estudo é exatamente o que se propõe a responder, sendo

as dependentes P6 e P12, as quais consistem nas questões de pesquisa.

Figura 17: Variáveis dependentes e independentes Fonte: Resultado da pesquisa.

Assim, a relevância do valor de TI é caracterizada por ser uma variável dependente e

intervalar, mensurada por meio de nível de concordância dos respondentes à afirmação de que

o valor de TI é considerado no processo de avaliação de empresa, utilizando uma escala likert

de 10 pontos, sendo que, quanto maior o score apontado pelo respondente para a questão,

mais positiva é a relevância do valor da TI no processo de avaliação de empresas. De forma

semelhante, a suficiência de informações no mercado para reportar o valor de TI é também

uma variável dependente e mensurada, sendo que, quanto maior o score apontado pelo

respondente, mais suficientes são as informações disponíveis no mercado para justificar o

valor de TI.

Para efeito de análise dessas variáveis, o menor ponto da escala likert adotada

representa a total discordância com a questão, enquanto o maior ponto da escala representa a

concordância plena.

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3.2.2 Variáveis independentes

Conforme os objetivos estipulados, as variáveis independentes desse estudo são: P9,

P10 e P11, as quais visam a explicar a variável dependente P6; e as variáveis P8, P13, P14,

P15, P16 e P17, que objetivam esclarecer a variável dependente P12.

A variável P7 não é independente e tem a característica de chamar a atenção dos

respondentes quanto aos dois grupos de empresa: aquelas cujo processo de avaliação é objeto

desse estudo e fazem uso intensivo de informação, tendo, consequentemente , segundo Porter

e Millar (1985), um elevado investimento em TI; e as demais, que não fazem uso intensivo de

informação e a TI é apenas relevante e não imprescindível.

Na sequência, expõe-se o detalhamento das variáveis independentes.

1. P9: “A representação do Valor de TI, na sua avaliação, é baseada em indicadores de

desempenho FINANCEIROS?”: e P10: “A representação do Valor de TI, na sua avaliação, é

baseada em indicadores de desempenho NÃO FINANCEIROS?”: Essas variáveis têm a

característica de capturar a abrangência do valor de TI, sob a ótica dos analistas e

profissionais de investimento. Os estudos de Brynjolfsson (1993), Brynjolfsson e Hitt (1996)

e Dos Santos (1991) mostram que, no início dos anos 1990, o valor de TI era relacionado com

o desempenho financeiro. Estudos posteriores, como os de Chau, Kuan e Liang (2007),

promoveram uma visão mais ampla, associando o valor de TI com variáveis em outros níveis

não financeiros.

Brynjolfsson e Hitt (1996) fizeram um estudo significativo que relaciona o

investimento em TI com três medidas diferentes de valor da tecnologia da informação: 1-

Teoria da Produção, segundo a qual o valor de TI é associado à redução de custo e

automatização de processos (medidas financeiras); 2- Teoria da Estratégia Competitiva,

abordagem do uso da tecnologia como vantagem competitiva, destacando-se a gestão de TI

como medida de desempenho (não financeira); e 3- Teoria do Consumidor, com foco na

satisfação do cliente (não financeira).

Outros autores, como Dedrick, Guarbaxani e Kraemer (2003) e Chan (2000), destacam

que o processo de mensuração do valor de TI, por sua vez, pode exigir o uso de uma

variedade de medidas qualitativas e quantitativas, pois sua principal função é promover

mudanças organizacionais que podem levar a ganhos adicionais de produtividade.

Atualmente, mesmo com o maior reconhecimento dos benefícios da tecnologia para a

empresa, ainda existem executivos e avaliadores de empresa os quais consideram os

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benefícios apenas quando estes estão diretamente associados ao desempenho financeiro. Essas

variáveis propõem-se a mensurar a abrangência do valor de TI no processo de avaliação.

Para efeito de análise dessas variáveis, o menor ponto da escala likert adotada

representa a total discordância com a questão, enquanto o maior ponto da escala evidencia a

concordância plena.

2. P11: “Modelo do Valor de TI - Na sua opinião, quais são os benefícios do valor da TI

para o valor da Empresa?”: Trata-se de uma variável explicativa e com maior detalhamento,

ou seja, ela esclarece a questão e também traz um maior nível de detalhamento, permitindo

identificar quais as variáveis são mais relevantes para o valor de TI.

Para capturar o valor de TI, nesse estudo utiliza-se um modelo testado por Beltrame

(2008) e Maçada et al (2012), composto de 4 dimensões (estratégico, informacional,

transacional e transformacional) e 15 itens. Esse modelo foi originado a partir do modelo

básico de Turner e Lucas (1985), que na sequência foi desenvolvido por Weill e Broadlent

(1998) e depois ainda expandido por Gregor et al (2006).

Figura 18: Evolução do Modelo de Beltrame e Maçada et al.

Fonte: Resultado da pesquisa.

Essa variável é desmembrada no questionário em mais 15 itens, divididos nas quatro

dimensões do modelo (Transformacional, Estratégica, Transacional e Informacional).

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Quadro 9: Variáveis do Modelo de Beltrame e Maçada et al.

Fonte: Adaptado de Beltrame (2008, p. 126).

Para efeito de análise dessas variáveis, o menor ponto da escala likert adotada significa

a total discordância com a questão, enquanto o maior ponto da escala representa a

concordância plena.

3. P8: “Na sua opinião, qual o método mais adequado para Avaliação de empresas que

fazem uso de informação?”: Alguns autores, como Damodaran (2007) e Silva e Cunha (2003),

defendem que os métodos tradicionais não são indicados para avaliar empresas nas quais a

tecnologia é imprescindível. Por outro lado, Copeland, Koller e Murrin (2012), Martins et al

(2001) e Assaf (2014) afirmam que o método Fluxo de Caixa Descontado é o mais indicado

para avaliar as empresas de todos os setores e segmentos. Essa variável tem a característica de

capturar essas informações dos analistas e profissionais de investimentos. Estes concordam

que o método Fluxo de Caixa Descontado é flexível para avaliar empresas de qualquer setor,

ou usam outro método tradicional, ou ainda desenvolvem uma nova técnica.

Outro ponto é quanto aos dados disponíveis no mercado e se eles são suficientes para

fazer análises ou não. Mediante a suficiência dos dados, verifica-se qual método é possível ou

viável de utilização pelos analistas de investimentos.

Para efeito de análise dessa variável, as alternativas são dispostas em formato de

múltiplas escolhas, elencando-se os principais modelos de avaliação (Balanço Patrimonial,

Demonstração de resultado, Goodwill, Fluxo de caixa descontado e Opções) e como última

Benefícios Transformacionais Maior flexibilidade do negócio Desenvolvimento de novos planos de negócio Melhorar os modelos de negócio Melhorar nível de habilidade dos funcionários

Benefícios Estratégicos Relações melhores com os clientes Melhores produtos ou serviços ao cliente Melhor informação gerencial para o Planejamento Estratégico Estabelecimento de relações úteis com outras organizações

Benefícios Transacionais Redução dos custos de TI Redução do custo marginal de TI das unidades de negócio Redução de custos operacionais Redução do custo de comunicação

Benefícios Informacionais Acesso facilitado à informação Acesso mais rápido à informação Melhor acuracidade da informação

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opção, há a alternativa “Outros”, que possibilita ao entrevistado descrever um outro método

que, na sua opinião, seja mais adequado.

4. P13: “Considerando as informações publicadas, onde você coleta as informações sobre

o Valor da TI para formação do valor da Empresa que faz uso intensivo de informação?”:

Essa variável tem como característica explicar a “suficiência de informações no mercado para

reportar o valor de TI”, trazendo detalhamento sobre onde é possível coletar essas

informações.

Como os analistas e profissionais de investimentos são potenciais usuários das

informações financeiras, para efeito de análise dessa variável, as alternativas são dispostas em

formato de múltiplas escolhas, podendo-se escolher mais de uma alternativa, elencando os

meios mais comuns para coletar essas informações, tais como: demonstração financeira, notas

explicativas das demonstrações financeiras, site da empresa e outros.

5. P14: “Além dessas informações publicadas, faz-se necessária a utilização de algum

outro processo para complementar as informações encontradas?": Essa variável é mensurada

pelo questionamento direto aos respondentes, que apontam em uma escala likert de 10 pontos

o grau de concordância com a afirmação. É uma questão invertida em relação à variável

dependente, ou seja, quanto maior for o score apontado nessa questão, menor o grau de

suficiência dos dados que explicam o valor de TI.

6. P15: “Na sua opinião, quais outros processos poderiam ser utilizados para

complementar essas informações?”: Essa variável é mensurada pelo questionamento direto ao

respondente e as alternativas são dispostas em formato de múltipla escolha, podendo ser

escolhida mais de uma opção, elencando os processos usuais de captura de informações, tais

como entrevistas, contato telefônico com a empresa e/ou com o pessoal do RI

(Relacionamento com o Investidor), e evento especial promovido pela empresa, como os

encontros realizados entre empresas e investidores intermediados pela APIMEC.

7. P16: “Visando a otimizar o processo de avaliação do Valor de TI das empresas, qual

seria o melhor lugar para disponibilizar as informações do valor de TI?”: Trata-se de uma

variável explicativa e com maior detalhamento, ou seja, ela explicita a questão e também traz

um maior nível de detalhamento, pois, através de questão aberta, questiona os respondentes

sobre qual seria o melhor lugar para disponibilizar as informações do valor de TI de maneira

que seja mais fácil considerá-lo no processo de avaliação de empresa. Conforme já citado

anteriormente, trata-se de uma questão aberta para a qual se usa a técnica de análise de

conteúdo.

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8. P17: “Como seria a melhor forma de apresentação desses dados?”: O esclarecimento

desse item é similar ao item anterior, pois se trata de uma questão aberta que é feita ao

respondente considerando-se a otimização do processo de avaliação de empresas.

3.3 População e Amostra

A população-alvo dessa pesquisa compreende todos analistas e profissionais de

investimentos associados à APIMEC. Fundada há mais de 40 anos, a associação exerce as

atividades de certificação e atua na regulação do exercício do profissional de investimento,

exigindo elevado padrão ético de conduta e profissionalismo com base no atendimento de

requisitos técnicos previstos na Instrução CVM nº 483. Atualmente, a APIMEC conta com

mais de 980 analistas associados e a regional do estado de São Paulo é uma das instituições

mais relevantes da área, concentrando a maior parte dos profissionais de investimento.

O questionário desse estudo foi enviado pela APIMEC–SP aos seus associados no

começo do mês de outubro de 2015. Inicialmente, o retorno das respostas estava muito baixo

e, por essa razão, foi solicitado à Associação que reenviasse o questionário, com o intuito de

relembrar os associados sobre a pesquisa. Quinze dias após o primeiro envio, foi expedido

novamente o email com o link do questionário aos seus associados. Após o segundo email, o

índice de retorno começou a melhorar, entretanto nos dias seguintes o índice voltou a um

patamar mais baixo.

Desse modo, devido à limitação do tempo para finalização da pesquisa, foi solicitado

à APIMEC que enviasse mais uma vez o questionário a seus associados e, em paralelo, foram

executadas mais duas ações. A primeira foi entrar em contato com os coordenadores dos

principais MBA de Finanças e Mercado de Capitais de São Paulo para verificar a

possibilidade de se aplicar o questionário, uma vez que esses profissionais, ao cursarem uma

pós-graduação, são experientes e caracterizam-se como público-alvo, por trabalharem com

mercado de capitais e finanças. Foram contactados, através de email e telefone, os

responsáveis pelos MBA: de Finanças do INSPER; de Finanças da FIA; de Mercado de

Capitais e Gestão de Risco Financeiro da BMFBOVESPA; e de Mercado de Capitais e de

Finanças e Riscos da FIPECAFI.

A FIPECAFI não aprovou a aplicação da pesquisa a seus alunos sob a alegação de que

havia muitos pedidos de pesquisa a serem feitas; o INSPER não atendeu à solicitação; a

BMFBOVESPA autorizou a aplicação da pesquisa, porém a demora do retorno inviabilizou a

aplicação, pois a pesquisa já tinha sido encerrada. Por último, a FIA autorizou a aplicação em

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tempo hábil e a pesquisa foi aplicada aos alunos do curso de MBA de Finanças, totalizando

17 respondentes.

A outra ação foi via LinkedIn, um site de relacionamento, através do qual foi

divulgado email com a pesquisa aos diretores e vice-presidentes das principais corretoras do

Brasil. Foram 30 emails solicitando que a pesquisa fosse disponibilizada aos analistas e

profissionais de investimento das instituições contatadas.

Adicionalmente, a APIMEC enviou pela terceira vez o link do questionário aos seus

associados, faltando 10 dias para encerrar a pesquisa. Como resultado, o número total de

participantes, constituintes da amostra desse estudo, é de 108 profissionais.

3.4 Procedimentos de Coleta de Dados

Visando à resposta da questão de pesquisa proposta, são coletados dados junto aos

profissionais de investimentos por se acreditar na sua influência sobre os investidores e o

mercado de capitais de uma forma geral, com seus relatórios e pareceres quanto à avaliação

de empresas, com indicação de investimentos. Os dados são coletados através de questionário

composto por 28 questões.

Segundo Gil (1999, p.128), o questionário pode ser definido como uma “técnica de

investigação composta por um número mais ou menos elevado de questões apresentadas por

escrito às pessoas, tendo por objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos,

interesses, expectativas, situações vivenciadas etc”. Richardson (2007, p.189) argumenta que

“os questionários cumprem pelo menos duas funções: descrever as características e medir

determinadas variáveis de um grupo social”.

Para elaboração do questionário, primeiramente se identificam fatores considerados

como possíveis influentes na relevância do valor de TI quanto ao procedimento de análise de

empresas. Assim, esse instrumento de pesquisa possui os principais elementos e variáveis

elencadas na literatura sobre valor de TI ou benefícios da tecnologia e os questionamentos

quanto à consideração destes no processo de avaliação de empresas.

Depois de elaborado o questionário, com o intuito de validar o instrumento de coleta

de dados, realizou-se um pré-teste.

O pré-teste direcionou-se para duas categorias: 1-Empresas e 2- Acadêmicos. No

grupo de empresas, responderam a pesquisa alguns profissionais da CETIP, da Price

Waterhouse e do Banco Itaú. No conjunto dos acadêmicos, responderam-na alguns alunos do

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mestrado de Ciências Contábeis da PUC-SP, professores da FEA-USP e FIA, e professor da

POLI-USP ligado à APIMEC.

O questionário pré-teste foi elaborado e disponibilizado em um website

(http://docs.google.com), ficando disponível para respostas no período de 14/07/2015 a

09/08/2015, com a finalidade de validar o entendimento/clareza das questões e houve vinte

respondentes. Estes têm idade média de 40 anos, 80% são do sexo masculino e as principais

profissões estão relacionadas de acordo com o quadro 10.

Quadro 10: Resultado do Pré-Teste – Profissão dos Respondentes

Fonte: Resultado da pesquisa.

Quanto ao resultado do pré-teste, o quadro 11 sintetiza as respostas obtidas

diretamente para a P6 e P12, as variáveis dependentes do estudo. A P6 teve uma média de

8,33 pontos e a P12, de 3,6 pontos, ou seja, os respondentes acreditam em que o valor de TI

seja importante para o processo de avaliação de empresa que faz uso intensivo de informação.

Contudo, os dados exibidos pelas empresas e/ou reportados nas demonstrações financeiras ou

site das empresas são insuficientes e o analista ou profissional de investimentos não consegue

capturar esse valor de TI e considerá-lo adequadamente na avaliação de empresas.

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Quadro 11: Resultado do Pré-Teste

Fonte: Resultado da pesquisa.

Após o pré-teste, os respondentes fizeram algumas observações não técnicas,

solicitando que se explicasse melhor a questão do valor de TI. De maneira geral, aprovaram o

instrumento de coleta de dados. Feitos então os ajustes, o questionário final foi

disponibilizado em um website na internet (http://docs.google.com), ficando acessível para

respostas no período de final de setembro/2015 a meados de novembro/2015.

3.5 Tratamento dos Dados

Os dados, primeiramente, foram tratados por meio de uma análise descritiva, com o

intuito de caracterizar a amostra quanto ao perfil do respondente, com perguntas sobre sexo,

idade, formação, profissão e experiência do respondente em relação à avaliação de empresas

que fazem uso intensivo de informação. Posteriormente, aplicaram-se métodos estatísticos de

dependência para a análise de dados.

Segundo Hair et al (2005, p. 35), os modelos preditivos que envolvem técnicas de

dependências são os mais adequados ao objetivo desse trabalho, pois, neste procedimento, há

uma variável a ser prevista, identificada como variável dependente ou explicada por outras

variáveis, conhecidas como independentes ou explicativas. A técnica utilizada para análise e

interpretação dos dados foi a Regressão Linear Múltipla.

Conforme Corrar, Paulo e Dias (2012, p. 5), a Regressão Linear Múltipla permite

analisar a relação entre uma única variável dependente e duas ou mais variáveis

independentes e, dessa forma, através de modelagem matemática, é possível observar uma

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relação causal entre as variáveis dependentes e independentes e estimar o valor da variável

dependente a partir dos valores conhecidos ou fixados das variáveis independentes.

Entretanto, durante o desenvolvimento deste modelo, é comum haver, dentre as variáveis

independentes, algumas que necessitam de algum tipo de transformação para que possam ser

inseridas no procedimento.

Nesse estudo, utiliza-se a distribuição de frequência, um método que agrupa os dados

em classes de modo a fornecer a quantidade ou porcentagem de dados de cada classe. A partir

da distribuição de frequência, foi desenvolvido um agrupamento no qual foram reunidas todas

as categorias com apenas uma citação. Esta técnica visa a reduzir o número de categorias das

variáveis explicativas, aumentando assim o poder de predição do modelo.

Dessa forma, as variáveis explicativas candidatas ao modelo passaram a ter um

número reduzido de categorias, porém, por se tratarem de informações categóricas nominais

(que não possuem ordem ou hierarquia), não podem entrar diretamente no modelo de

regressão linear. Para tanto, é necessária uma recodificação em variáveis dummy.

Para Corrar, Paulo e Dias (2012), a solução é criar variáveis dummy independentes,

também chamadas de variáveis binárias ou categóricas, usadas para indicar a presença ou

ausência de determinado atributo, assumindo apenas o valor 1 ou 0. A variável dummy é

utilizada para, em conjunto com as variáveis independentes, proporcionar a melhoria do

percentual de R². De acordo com este autor, a variável somente permanece no modelo se

houver incremento no coeficiente de determinação (R²).

Uma variável dummy é nominal com k categorias e ela deve ser transformada em k-1

variável dummy. Dessa forma, se há a escolha de incluir no modelo uma variável categórica

nominal com 5 categorias, é necessário transformá-la em uma variável dummy com 4

categorias, sendo que cada categoria das variáveis explicativas é transformada em uma

variável indicadora (dummy), assumindo 1 caso o indivíduo pertença à categoria em questão e

0, caso contrário.

Este artifício é utilizado a fim de incorporar possíveis efeitos não lineares das

variáveis explicativas no modelo. Para evitar a multicolinearidade, é necessário excluir uma

das categorias de cada variável, dado que esta categoria é uma combinação das demais. Como

critério de exclusão, optou-se pela última categoria de cada variável.

No presente trabalho, foi utilizada a estratégia de dummy nas variáveis P8, P13, P15,

P16 e P17. Foram empregadas nas questões abertas P16 e P17 análises textuais que consistem

no agrupamento de palavras-chaves, ou seja, palavras mais frequentes no texto. A tabela

resultante desses agrupamentos é apresentada na seção de análise descritiva.

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A análise descritiva foi empregada para caracterização do perfil dos respondentes e

também para cálculo dos valores das variáveis dependentes e independentes, utilizadas na

compreensão de gráficos e tabelas de frequências, além da apuração dos indicadores básicos

de estatística usados na análise de dados, os quais se constituem em média aritmética,

mediana e desvio-padrão.

Normalmente, um teste de confiabilidade é exigido para análise das escalas de

mensuração das variáveis independentes e o teste utilizado nesse estudo é o Alfa de Cronbach,

uma medida de confiabilidade comumente usada para um conjunto de dois ou mais

indicadores de construto, segundo Hair et al (2005, p. 466). Os valores variam entre 0 e 1,

com as medidas mais altas indicando maior confiabilidade entre os indicadores. Hair et al

(2005, p. 90) pontuam que os valores de 0,60 e 0,70 são considerados os limites inferiores de

confiabilidade.

Após a realização desses testes, foi feita a análise confirmatória empregando o método

estatístico da regressão linear múltipla, normalmente usado quando, conforme Corrar, Paulo e

Dias (2012, p. 134), existe no problema de pesquisa uma relação de dependência, sendo esta

linear.

A regressão, em geral, estima um valor condicional não esperado, chamado de "linear"

por se considerar que a relação da resposta às variáveis é uma função linear de alguns

parâmetros. A combinação linear de variáveis independentes ocorre quando estas são usadas

coletivamente para prever a variável dependente e é também conhecida como equação ou

modelo de regressão, conforme Corrar, Paulo e Dias (2012, p.135), exemplificado pela

equação11.

(11)

Onde:

Y é a variável dependente;

X1, X2, .... Xn são as variáveis independentes;

β0, β1, β2 . . . . βn são denominados parâmetros de regressão;

ε é o termo que representa o resíduo ou erro da regressão.

Corrar, Paulo e Dias (2012, p. 137) argumentam que a explicação estatística de um

fenômeno da natureza fundamenta-se na análise dos erros ou resíduos, que se caracterizam

pela diferença entre as observações reais e os valores estimados. Segundo os autores, a

estimativa mais adequada é aquela que apresenta o menor resíduo estatístico, representando a

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menor diferença entre os valores reais observados e os valores estimados pelo modelo. Para

que essa fórmula possa ser aplicada, os erros devem satisfazer determinadas hipóteses: ser

variáveis normais, com a mesma variância (desconhecida), avulsas e independentes da

variável explicativa X.

O procedimento de estimação de modelos mais comumente utilizado em regressão

linear é a técnica usada no presente estudo, o Método dos Mínimos Quadrados, cujo objetivo

é justamente obter a menor soma de quadrados dos resíduos possível, de acordo com Corrar,

Paulo e Dias (2012, p.137).

A estratégia usada para entrada das variáveis independentes no modelo foi a do

método passo a passo, conhecido como estimação stepwise. Trata-se da abordagem mais

comum na utilização da regressão linear múltipla. Neste método, segundo Corrar, Paulo e

Dias (2012), o processo é iniciado com a variável independente que apresenta o maior

coeficiente de correlação com a variável dependente e as outras variáveis são adicionadas na

equação de regressão.

Segundo os autores, o método stepwise para escolha de variáveis para compor o

modelo é considerado como uma das ações corretivas para os problemas de

multicolinearidade. O procedimento de avaliação das variáveis independentes desconsidera

variáveis que apresentem sinais de multicolinearidade, optando por manter no modelo apenas

aquelas de maior significância estatística. Hair et al (2005) descrevem o stepwise como uma

técnica segundo a qual as variáveis são selecionadas para entrar no modelo com base em sua

contribuição incremental sobre as outras já presentes na equação.

Para estes autores, o coeficiente de determinação, também chamado de R², é uma

medida de qualidade do modelo econométrico em relação à sua habilidade de estimar

corretamente os valores da variável resposta y. Seu cálculo é feito através da razão entre a

soma dos quadrados explicados e soma dos quadrados totais. O R² indica o quanto da

alteração da variável resposta é explicado pela modificação das variáveis explicativas, tendo

seu valor no intervalo de 0 a 1: quanto maior, mais explicativo é o modelo.

Ainda segundo Hair et al (2005, p.132), o coeficiente ajustado de determinação (R2

ajustado) é um indicador muito útil para comparação entre equações com diferentes números

de variáveis independentes, com diversos tamanhos de amostra. Corrar, Paulo e Dias (2012)

argumentam que o erro padrão da estimativa é outra medida da precisão da previsão, pois

quanto menor o erro padrão da estimativa, melhor o modelo estimado.

Outra análise empregada nesse estudo para averiguar se o modelo é significativamente

melhor do que a utilização da média é o teste F-ANOVA, cujo objetivo é testar o efeito do

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conjunto de variáveis independentes sobre a variável dependente. Conforme Corrar, Paulo e

Dias (2012, p. 143), este teste também consiste em verificar a probabilidade de que os

parâmetros da regressão em conjunto sejam iguais a zero, não existindo, neste caso, uma

relação estatística significativa.

Também para estes autores, testa-se a hipótese nula em que a quantia de variação

explicada pelo modelo é maior do que a variação explicada pela média. Assim, as hipóteses a

serem testadas são H0: R² = 0 e H1: R² > 0. Para que o modelo de regressão proposto seja

significativo, a hipótese nula deve ser rejeitada, ou seja, R² tem que ser significativamente

maior que zero.

Dessa forma, para a aplicação da análise descritiva e das técnicas estatísticas

mencionadas, é utilizado o software SPSS.

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4 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1 Caracterização da amostra

O presente estudo baseia-se em uma amostra composta por 108 respondentes, pessoas

com idades entre 23 e 65 anos, em sua maioria do sexo masculino, contabilistas que atuam na

área de investimento e possuem alguma experiência em avaliar empresas que fazem uso

intensivo da informação.

Ao analisar as idades dos respondentes que compõem a amostra, verifica-se que a

idade média é de 40,7 anos e com desvio padrão de 10,7 anos, entretanto, conforme

demonstrado na figura 19, a maioria dos respondentes tem entre 31 e 40 anos, fato também

confirmado pela moda, cujo valor é de 35 anos.

Figura 19: Análise descritiva dos dados - Idade

Fonte: Resultado da pesquisa.

Na figura 20, demonstra-se a frequência e a participação dos respondentes de cada

sexo na composição da amostra, sendo possível identificar que esta é representada

principalmente pelo sexo masculino (83 respondentes, ou 77% da amostra).

Figura 20: Análise descritiva dos dados – Sexo dos Respondentes

Fonte: Resultado da pesquisa.

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Quanto à formação principal dos respondentes, a amostra é formada por uma grande

maioria de profissionais da área de contabilidade (40 respondentes ou 37% da amostra). Na

sequência, aparecem profissionais da área de economia (22 respondentes ou 20% da amostra),

de administração (19 respondentes ou 19% da amostra), de engenharia (15 respondentes ou

14% da amostra) e de outras áreas, incluindo profissionais da área de direito, estatística e

tecnologia da informação (11 respondentes ou 10% da amostra). Tais dados estão

evidenciados na figura 21.

Figura 21: Análise descritiva dos dados - Formação dos Respondentes

Fonte: Resultado da pesquisa.

Essa distribuição da formação profissional da amostra condiz com a definição da

APIMEC, segundo a qual os profissionais de investimentos são formados em administração

de empresas, economia, ciências contábeis, engenharia ou direito.

Quanto à profissão dos respondentes, a amostra é formada por uma grande parte de

profissionais de investimentos, como analistas de mercado de capitais, analistas financeiros

e/ou gestores de investimentos – juntos, conforme a figura 22, eles representam 48% da

amostra (52 respondentes). Em seguida, surgem os analistas contábeis, auditores contábeis,

analistas de custo e analistas de riscos (15 respondentes ou 14% da amostra); investidores (14

respondentes ou 13% da amostra); professores e estudantes de ciências contábeis ou finanças

(11 respondentes ou 10% da amostra); e empresários, executivos de outros setores,

profissionais de crédito, advogados e profissionais de TI agrupados com o título “Outros” (16

respondentes ou 15% da amostra).

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Figura 22: Análise descritiva dos dados - Profissão dos Respondentes

Fonte: Resultado da pesquisa.

A experiência dos profissionais em avaliar as empresas que fazem uso intensivo de

informação é verificada, na questão P5, através de uma escala likert de 10 pontos (de 1 a 10),

considerando que do ponto 06 para cima a resposta é positiva, ou seja, há uma concordância

com a pergunta. Logo, o resultado apresentado é positivo, uma vez que 75 respondentes (69%

da amostra) concordam com a questão. Os valores de média aritmética e da mediana para essa

questão são 6,67 com desvio padrão de 2,62, todavia, a mediana da amostra é 7,0,

corroborando o resultado positivo apresentado.

De fato, analisando isoladamente essa variável, é possível afirmar que a amostra

apresenta profissionais com certa experiência na avaliação de empresas que fazem uso

intensivo de informação. A figura 23 representa um histograma com a frequência das

respostas para esse questionamento.

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Figura 23: Análise descritiva dos dados – Experiência em avaliar empresas

Fonte: Resultado da pesquisa.

4.2 Análise estatística de dados

O objetivo desta análise é testar estatisticamente a relação de dependência entre as

duas variáveis dependentes do estudo, P6 e P12. Para tanto, utiliza-se a técnica de Regressão

Linear Múltipla, que, de acordo com Corrar, Paulo e Dias (2012), é a técnica mais indicada

para o propósito desse estudo, pois, através de modelagem matemática, consegue-se encontrar

a relação causal entre as variáveis dependentes e independentes.

Para possibilitar melhor compreensão dos resultados obtidos, também é exposta uma

análise descritiva da variável dependente e de todas as variáveis de cada modelo proposto.

O modelo estatístico, denominado Modelo 01 e exposto na figura 24, testa as relações

da variável dependente “importância do valor de TI na valoração das empresas que fazem uso

intensivo de informação”, obtida através da questão P6, possuindo, como variáveis

independentes, a mensuração do valor de TI por meio de indicadores financeiros (P9), a

mensuração do valor de TI por meio de indicadores não financeiros (P10) e os benefícios do

valor de TI os quais refletem no valor da empresa (P11).

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Figura 24: Modelo Estatístico 01

Fonte: Resultado da pesquisa.

Por sua vez, o modelo estatístico, denominado Modelo 02, testa as relações da variável

dependente “disponibilidade de informações no mercado para avaliação do valor de TI”,

obtida através da questão P12, com as seguintes variáveis independentes: “método adequado

para avaliação de empresas que fazem uso intensivo de informação” (P8); “local onde são

coletados os dados para avaliação do valor de TI” (P13); “necessidade de utilização de

informações complementares às publicadas para avaliação do valor de TI” (P14); “método

complementar para avaliação do valor de TI” (P15); “local adequado para disponibilização de

informações para avaliação do valor de TI” (P16); e “melhor forma de apresentação dos

dados” (P17). A figura 25 demonstra o Modelo Estatístico 02.

Figura 25: Modelo Estatístico 02

Fonte: Resultado da pesquisa.

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Quanto à análise de confiabilidade no questionário, utilizado para ambos os modelos,

utiliza-se o coeficiente Alfa de Cronbach (conforme anteriormente mencionado), apresentado

por Lee J. Cronbach, em 1951, como uma forma de estimar a confiabilidade em um

questionário aplicado em uma pesquisa. De acordo com Hair et al (2005, p.90), o Alfa de

Cronbach é uma “medida de confiabilidade que varia de 0 a 1, sendo os valores de 0,60 a 0,70

considerados o limite inferior de aceitabilidade”. De acordo com Corrar, Paulo e Dias (2012,

p. 65), o Alfa de Cronbach é calculado pela equação 12.

(12)

Onde:

k = número de variáveis consideradas;

cov = média das covariâncias; e

var = média das variâncias.

A análise de confiabilidade do estudo conta com 18 questões, descritas na tabela 1.

Tabela 1: Variáveis utilizadas na análise de confiabilidade de Alfa de Cronbach

Questões

P9 P11g

P10 P11h

P11a P11i

P11b P11j

P11c P11k

P11d P11l

P11e P11m

P11f P11n

P14 P11o

Fonte: Resultado da pesquisa.

Após a análise de confiabilidade, os seguintes resultados obtidos estão expressos na

tabela 2.

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99

Tabela 2: Teste de confiabilidade no questionário adotado no estudo

Fonte: Resultado da pesquisa.

Esses resultados, a partir do coeficiente Alfa de Cronbach de 0,944, confirmam boa

consistência interna em todas as variáveis medidas.

4.2.1 Análise estatística do Modelo 01

4.2.1.1 Análise descritiva

A variável dependente deste modelo (importância do valor de TI na valoração das

empresas que fazem uso intensivo de informação) foi avaliada por meio de questionamento

exposto diretamente aos respondentes na questão P6: “O valor de TI é importante para o

processo de avaliação de empresas que fazem uso intensivo de informação?”. De acordo com

o grau de anuência a esta afirmação, a questão foi respondida, com base em uma escala likert

de 10 pontos.

Neste quesito, verifica-se resultado, uma vez que dos 108 respondentes, 98 concordam

com a afirmação apresentada nesta questão, assinalando nota seis (06) ou superior,

considerando a escala likert adotada, ou seja, 90,7% aprovam a relevância do valor de TI no

processo de avaliação de empresas. Destes, 86 apontam nota igual ou superior ao escore 08,

demonstrando forte concordância com o tema. De fato, a média para esta variável é de 8,44

pontos e a mediana é o ponto 09, enquanto o desvio padrão é de 1,78 pontos. A figura 26

apresenta o histograma de frequência das respostas para a questão (P6).

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100

Figura 26: Análise descritiva dos dados – Frequência da resposta variável dependente 01 (P6)

Fonte: Resultado da pesquisa.

Desse modo, constata-se que o valor de TI é importante na avaliação de empresas que

fazem uso intensivo de informação.

Conforme exposto, são três as variáveis independentes deste modelo: a mensuração do

valor de TI por meio de indicadores financeiros (P9), a mensuração do valor de TI por meio

de indicadores não financeiros (P10) e os benefícios do valor de TI os quais refletem no valor

da empresa (P11).

Com relação à mensuração do valor de TI, considera-se, no presente estudo, que essa

medição possa ser realizada através de indicadores financeiros (P9) ou de indicadores não

financeiros (P10) – ambas variáveis independentes nesse modelo, com a função de capturar a

abrangência do valor de TI, sob a ótica dos analistas e profissionais de investimento.

Conforme citado anteriormente, no início dos anos 1990, os estudos mostraram que o valor de

TI estava associado apenas ao desempenho financeiro. Em seguida, estudos posteriores

expandiram essa visão, associando o valor de TI a indicadores não financeiros, de acordo com

Brynjolfsson e Hitt (1996) e Chau, Kuan e Liang (2007).

A pergunta P9, que associa a avaliação do valor de TI a indicadores de desempenhos

financeiros, obteve uma média de 6.73 pontos. Dada uma escala likert de dez pontos, do ponto

médio para cima a resposta é positiva, demonstrando-se uma concordância com a questão.

Para não suscitar dúvidas, ao invés de considerar a média, é recomendável analisar a mediana,

que, nesse caso foi de 7,0 pontos, com desvio padrão de 2,44. Assim, analisando essa

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101

variável, pode-se afirmar que os respondentes avaliam o valor de TI considerando medidas

financeiras.

A questão P10, por sua vez, associa a avaliação do valor de TI a indicadores de

desempenhos não financeiros, e as respostas resultaram na média de 6,74 pontos, mediana de

7,0 pontos, com desvio padrão de 2,25, ou seja, valores muito semelhantes à pontuação obtida

na questão anterior (P9), conforme apresentado no quadro 12.

Quadro 12: Análise descritiva dos dados – Mensuração do Valor de TI

Fonte: Resultado da pesquisa.

Esse resultado corrobora com os estudos de Brynjolfsson e Hitt (1996), Gunasekaran,

Ngai e McGaughey (2004), Dedrick, Guarbaxani e Kraemer (2003), Chan (2000), Chau, Kuan

e Liang (2007), os quais sugerem o desenvolvimento de uma abordagem equilibrada entre

indicadores quantitativos (financeiros) e qualitativos (não financeiros) para avaliação do valor

de TI. Essa abordagem mista, segundo os estudos analisados, consegue capturar o valor de TI

em toda sua amplitude, e não apenas na dimensão financeira.

Por fim, a outra variável independente do Modelo 01 refere-se aos benefícios do valor

de TI os quais refletem no valor da empresa, segundo a ótica do analista ou profissional de

investimento e é obtida através de um conjunto de afirmações expostas na questão P11. Trata-

se de uma variável que traz um maior nível de detalhamento para a questão, permitindo

identificar quais variáveis são mais relevantes para o valor de TI.

Nesse estudo, utiliza-se o modelo testado por Beltrame (2008) e Maçada et al (2012),

com quinze itens, distribuídos em quatro dimensões (estratégico, informacional, transacional e

transformacional). Esses itens foram mapeados como perguntas no questionário.

Cada item do modelo representa uma variável do valor de TI no questionário,

conforme segue:

P11a: Maior flexibilidade do negócio;

P11b: Desenvolvimento de novos planos de negócio;

P11c: Melhoria do modelo de negócio;

Medidas (Financeiras/Não Financeiras) Média Mediana Desvio Padrão

P9: Avaliação baseada em medidas Financeiras

6,73 7,0 2,44

P10: Avaliação baseada em medidas Não Financeiras 6,74 7,0 2,25

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102

P11d: Melhoria do nível de habilidades dos funcionários;

P11e: Relações melhores com os clientes;

P11f: Melhoria de produtos ou serviços aos clientes;

P11g: Melhoria da informação gerencial para o planejamento estratégico;

P11h: Estabelecimento de relações úteis com outras organizações;

P11i: Benefícios transacionais na redução dos próprios custos de TI;

P11j: Benefícios transacionais na redução do custo marginal de TI nas unidades de

negócio;

P11k: Benefícios transacionais na redução de custos operacionais;

P11l: Benefícios transacionais na redução do custo de comunicação;

P11m: Acesso facilitado à informação;

P11n: Acesso mais rápido à informação;

P11o: Melhoria na acuracidade da informação.

O resultado da amostra exibe que todos os itens ou variáveis são relevantes, visto que

a menor média foi da questão P11d, com 7,48 pontos numa escala likert de 10 pontos.

Analisando os resultados isoladamente, é possível afirmar que os quinze itens sobre o valor de

TI apresentam significativa relevância no processo de avaliação, segundo os respondentes. As

médias mais altas são das questões P11n e P11g, e as menores, das questões P11d e P11j, com

valores médios de 8,96, 8,82, 7,48 e 7,74 pontos, respectivamente.

Entretanto, ao comparar a mediana, os valores são mais uniformes, aparecem dois

grupos empatados: o primeiro, com sete variáveis que apresentam mediana igual a 8 pontos; e

o segundo, também com sete variáveis que apresentam mediana igual a 9 pontos, e uma

variável isolada, P11n, com mediana de 10 pontos. A figura 27 apresenta o resultado da

amostra para as quinze variáveis que representam o valor de TI e, de cada uma delas, são

exibidas média, mediana e desvio padrão.

Figura 27: Análise descritiva dos dados – Variáveis da P11

Fonte: Resultado da pesquisa.

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103

Apesar de todos os itens expostos na figura 27 serem relevantes para os respondentes,

a regressão linear múltipla demonstra que apenas três deles influenciam de forma fundamental

na variável independente (itens 11e, 11b e 11o), sendo os demais itens descartados no modelo

estatístico utilizado, conforme será a análise da regressão linear múltipla a seguir.

4.2.1.2 Regressão linear múltipla

O modelo estatístico que testa as relações da variável dependente P6 com as variáveis

independentes P9, P10 e P11, denominado Modelo 01 e evidenciado na figura 24

anteriormente, foi realizado através de regressão linear múltipla, com o uso o método passo a

passo para a entrada das variáveis no modelo, denominado estimação stepwise. Neste caso, de

acordo com Corrar, Paulo e Dias (2012, p. 159), o procedimento é iniciado com a variável

independente que apresenta o maior coeficiente de correlação com a variável dependente e,

incrementalmente, as outras variáveis são adicionadas na equação de regressão.

Toda vez que uma variável independente é introduzida no modelo, é feito um teste F

para examinar se a contribuição da variável anteriormente presente continua significativa,

dada a presença do novo elemento. Caso não seja, conforme Corrar, Paulo e Dias (2012, p.

161), o método stepwise permite que tais variáveis sejam eliminadas.

O processo de estimação via stepwise tem basicamente duas etapas: a inclusão e

eliminação de variáveis. A inclusão testa as variáveis uma a uma, incluindo-as no modelo

caso elas se apresentem estatisticamente significativas. Feita a inclusão, segue-se a

eliminação. Nesta fase, todas as variáveis presentes no modelo são testadas para verificar se

alguma perdeu a significância estatística mínima, devendo ser então eliminada.

A sequência do método stepwise é a seguinte: primeiramente, inicia-se com o modelo

vazio; em seguida, a variável mais significante estatisticamente é incluída no modelo;

sucessivamente, as demais variáveis são incluídas no modelo em ordem de significância. As

variáveis presentes são testadas e, caso alguma tenha perdido a significância mínima, é

excluída do modelo. O processo de testes de inclusão e exclusão continua até que não haja

mais variáveis significantes para entrar no modelo. A tabela 3 apresenta as variáveis

explicativas que compõem o modelo 01.

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104

Tabela 3: Informações das variáveis explicativas que compõem o modelo de regressão

múltipla – Modelo 01

Variável Descrição - Informações da variável

P9 9- A representação do Valor de TI, na sua avaliação, é baseada em indicadores de desempenho FINANCEIROS?

P10 10- A representação do Valor de TI, na sua avaliação, é baseada em indicadores de desempenho NÃO FINANCEIROS?

P11a 11a- Maior flexibilidade do negócio

P11b 11b- Desenvolvimento de novos planos de negócio

P11c 11c- Melhoria do modelo de negócio

P11d 11d- Melhoria do nível de habilidades dos funcionários

P11e 11e- Relações melhores com os clientes

P11f 11f- Melhoria de produtos ou serviços aos clientes

P11g 11g- Melhoria da informação gerencial para o planejamento estratégico

P11h 11h- Estabelecimento de relações úteis com outras organizações

P11i 11i- Benefícios transacionais na redução dos próprios custos de TI

P11j 11j- Benefícios transacionais na redução do custo marginal de TI nas unidades de negócio

P11k 11k- Benefícios transacionais na redução de custos operacionais

P11l 11l- Benefícios transacionais na redução do custo de comunicação

P11m 11m- Acesso facilitado à informação

P11n 11n- Acesso mais rápido à informação

P11o 11o- Melhoria na acuracidade da informação

Fonte: Resultado da pesquisa.

Na tabela 4, através do modelo de regressão linear múltipla, pelo método stepwise, há

três passos, sendo que, a cada passo, uma variável é introduzida no modelo. Como critério de

inclusão das variáveis independentes, o ponto de corte é baseado nos valores da probabilidade

F, e estes devem ser iguais ou menores que 0,05 (5%), e maiores ou iguais a 0,10 (10%), para

exclusão.

Tabela 4: Variáveis inseridas no modelo de regressão múltipla pelo método stepwise –

Modelo 01

Variáveis Inseridas/Removidasa

Modelo Variáveis inseridas

Variáveis

removidas Método

1 11e- Relações melhores com os

clientes

. Stepwise (Critério: Probabilidade de F a ser

inserido <= ,050)

2 11b- Desenvolvimento de novos

planos de negócio

. Stepwise (Critério: Probabilidade de F a ser

inserido <= ,050)

3 11o- Melhoria na acuracidade

da informação

. Stepwise (Critério: Probabilidade de F a ser

inserido <= ,050)

a. Variável Dependente: 6- Qual o seu grau de concordância com a frase: "O Valor de TI é importante para o processo de avaliação de empresa que FAZ USO intensivo de informação"?

Fonte: Resultado da pesquisa.

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105

Dessa forma, as três variáveis que fazem parte do modelo são P11e, P11b e P11o e a

sua ordem de entrada foi obtida de acordo com a importância de cada variável. A tabela 5

demonstra que, considerando as três variáveis como preditoras (relações melhores com o

cliente, desenvolvimento de novos planos de negócios e melhor acuracidade da informação)

da variável dependente em questão, o modelo final proposto pelo método utilizado apresenta

um maior coeficiente de determinação (R2) e um menor erro-padrão da estimativa.

A tabela 5 também apresenta o R2 nos três passos em que foi executado o modelo. No

primeiro passo, com a entrada da primeira variável, observa-se que o modelo apresentou um

R2 de 39%. No segundo passo, com a inclusão da segunda variável, nota-se que o R

2 obteve

um aumento de 9%, passando para 48% de explicação. Em seguida, com a entrada da terceira

variável, o modelo obteve um ganho de aproximadamente 2% de predição, diminuindo

também o erro padrão da estimativa.

Tabela 5: Resumo do modelo de regressão múltipla – Modelo 01

Sumarização do modelod

Modelo R R2 R

2 ajustado

Erro padrão da

estimativa Durbin-Watson

1 ,624a ,390 ,384 1,396

2 ,693b ,480 ,470 1,295

3 ,710c ,504 ,490 1,270 1,941

a. Preditores: (Constante), 11e- Relações melhores com os clientes. b. Preditores: (Constante), 11e- Relações melhores com os clientes, 11b- Desenvolvimento de novos planos de negócio. c. Preditores: (Constante), 11e- Relações melhores com os clientes, 11b- Desenvolvimento de novos planos de negócio, 11o- Melhoria na acuracidade da informação. d. Variável Dependente: 6- Qual o seu grau de concordância com a frase: "O Valor de TI é importante para o processo de avaliação de empresa que FAZ USO intensivo de informação"?

Fonte: Resultado da pesquisa.

Dessa maneira, o modelo obteve um R2 de pouco mais de 50% de explicação,

significando que 50,4% da alteração da variável dependente é explicada pelas mudanças das

variáveis independentes inseridas no modelo, ou seja, 50,4% da variação do “Valor de TI é

importante para o processo de avaliação de empresas que fazem uso intensivo de informação”

é explicado pela modificação das variáveis “Relações melhores com clientes”,

“Desenvolvimento de novos planos de negócios” e “Melhoria na acuracidade da informação”,

de acordo com Hair et al (2005, p. 172) e Corrar, Paulo e Dias (2012, p. 149).

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106

O R² ajustado, o coeficiente de determinação ajustado, é de 0,490 ou 49,0%. Ele

informa o quanto de variância da variável dependente é explicada pelo conjunto de variáveis

independentes utilizadas no modelo, enquanto o R² ajustado informa o quanto de variância da

variável dependente pode ser creditada ao modelo, conforme Corrar, Paulo e Dias (2012,

p.150).

De acordo ainda com a tabela 5, observa-se que o percentual de explicação das

variáveis diminui a cada passo e como nenhuma outra variável apresenta melhorias

significantes de predição, o modelo finaliza no terceiro passo.

A autocorrelação refere-se à medida que informa a influência da realização de uma

variável aleatória sobre seus vizinhos, de acordo com Hair et al (2005). Quando há correlação

entre os resíduos, entende-se que existem situações de correlação decorrentes da influência de

variáveis formadoras de valores importantes não consideradas no modelo. O teste de Durbin-

Watson é utilizado para detectar autocorrelação de primeira ordem, sendo um teste de

hipótese da existência de autocorrelação baseado no número de observações e de variáveis

usadas no modelo de regressão, segundo Gujarati (2000).

Uma regra básica para análise do teste de Durbin-Watson é de que números resultantes

desta estatística com valores próximos a 2 atendem ao pressuposto de independência de erros.

Como o valor resultante da estatística Durbin-Watson do modelo é igual a 1,941, é possível

afirmar, de acordo com Corrar, Paulo e Dias (2012, p. 190), que o modelo de regressão linear

possui independência dos erros (ou ausência de autocorrelação serial).

Através do teste F-ANOVA, verifica-se, também, se o coeficiente de determinação é

igual a zero, através das seguintes hipóteses:

H0: O coeficiente de determinação da equação de regressão (R²) é igual a zero;

H1: O coeficiente de determinação da equação de regressão (R²) é significantemente diferente

de zero.

Tabela 6: ANOVA – Regressão Múltipla – Modelo 01

ANOVAa

Soma dos

Quadrados gl

Quadrado

Médio F Sig.

Regressão 170,674 3 56,891 35,245 ,000d

Resíduo 167,872 104 1,614

Total 338,546 107

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a. Variável Dependente: 6- Qual o seu grau de concordância com a frase: "O Valor de TI é importante para o processo de avaliação de empresa que FAZ USO intensivo de informação"? d. Preditores: (Constante), 11e- Relações melhores com os clientes, 11b- Desenvolvimento de novos planos de negócio, 11o- Melhoria da acuracidade da informação

Fonte: Resultado da pesquisa.

Através do teste da F-ANOVA, busca-se saber se alguma das variáveis explicativas

possui o coeficiente beta diferente de zero, levando à rejeição da hipótese nula. Os resultados

do teste F-ANOVA, apresentados na tabela 6, demonstram que a variável estatística exerce

influência sobre a variável dependente e que o modelo é significativo, visto que o Sig. (0,000)

do modelo é menor que o α (0,05), rejeitando a hipótese H0, de que o coeficiente de

determinação (R²) é igual a zero. Pelo menos um beta é diferente de zero, representando que

pelo menos uma das variáveis utilizadas explica o modelo.

A tabela 7 apresenta os coeficientes de regressão múltipla, utilizados na elaboração da

equação para predição da variável dependente, bem como o teste t, o qual verifica a

probabilidade de que os coeficientes das variáveis independentes e da constante utilizada na

regressão não sejam estatisticamente nulos, conforme orientação de Corrar, Paulo e Dias

(2012, p. 172).

Tabela 7: Coeficientes da regressão múltipla – Modelo 01

Coeficientesa

Coeficientes não

padronizados

Coeficientes

padronizados

t Sig. B

Erro

Padrão Beta

(Constante) 1,714 ,667 2,570 ,012

Relações melhores com os clientes ,324 ,092 ,324 3,506 ,001

Desenvolvimento de novos planos

de negócio

,259 ,102 ,258 2,536 ,013

Melhor acuracidade da informação ,235 ,104 ,233 2,252 ,026

a. Variável Dependente: 6- Qual o seu grau de concordância com a frase: "O Valor de TI é importante para o

processo de avaliação de empresa que FAZ USO intensivo de informação"?

Fonte: Resultado da pesquisa.

A função obtida através dos coeficientes pode ser demonstrada no modelo estatístico

conforme equação 13.

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Y = 1,714 + 0,324 * X1 + 0,259 * X2 + 0,235 * X3 (13)

Onde:

Y é a variável dependente: Qual o seu grau de concordância com a frase: "O Valor de

TI é importante para o processo de avaliação de empresa que faz uso intensivo de

informação"?

X1 é a variável independente: Relações melhores com os clientes.

X2 é a variável independente: Desenvolvimento de novos planos de negócio.

X3 é a variável independente: Melhoria na acuracidade da informação.

De acordo com a tabela de coeficientes, os testes t possuem as seguintes hipóteses:

H0: Os coeficientes da equação de regressão tendem, estatisticamente, a ser nulos;

H1: Os coeficientes da equação de regressão tendem, estatisticamente, a ser diferentes de

zero.

Dado que os valores de Sig. do teste t são inferiores ao α = 0,05, rejeita-se a hipótese

nula de que os coeficientes utilizados tendem a zero, validando a equação utilizada.

Entretanto, as variáveis “Desenvolvimento de novos planos de negócio” e “Melhoria na

acuracidade da informação” não se mostram significantes ao nível de α = 0,01.

Com o resultado, é possível concluir que quanto maior é a concordância sobre

”Relações melhores com os clientes”, maior também é a concordância com que o valor de TI

seja importante para o processo de avaliação de empresa que faz uso intensivo de informação.

O mesmo ocorre com o “Desenvolvimento de novos planos de negócio” e “Melhoria

na acuracidade da informação”, ou seja, quanto maior é a nota dada a essas afirmativas, maior

é a concordância com que o valor de TI seja importante para o processo de avaliação de

empresa que faz uso intensivo de informação.

A tabela 8 apresenta as variáveis testadas e excluídas do modelo de regressão linear

múltipla. Em cada variável da tabela há um teste T, no qual há uma hipótese nula, de que cada

coeficiente iguala-se a zero. Ao observar a coluna Sig., verifica-se que todas as hipóteses

nulas são verdadeiras, dado que o Sig. das variáveis é maior que o nível de significância

adotado (α = 0,05)

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Tabela 8: Variáveis excluídas do Modelo 01

Variáveis excluídas

Beta

In t Sig. Correlação

parcial

Estatísticas de

colinearidade

Tolerância

A representação do Valor de TI, na sua avaliação, é baseada em indicadores de desempenho FINANCEIROS ,078

d ,992 ,324 ,097 ,768

A representação do Valor de TI, na sua avaliação, é baseada em indicadores de desempenho NÃO-FINANCEIROS ,102

d 1,441 ,153 ,141 ,938

Maior flexibilidade do negócio ,183d 1,886 ,062 ,183 ,495

Melhoria do modelo de negócio ,158d 1,225 ,224 ,120 ,286

Melhoria do nível de habilidades dos funcionários ,071

d ,781 ,436 ,077 ,587

Melhoria de produtos ou serviços aos clientes ,024

d ,209 ,835 ,021 ,354

Melhoria de informação gerencial para o planejamento estratégico ,123

d 1,158 ,249 ,113 ,419

Estabelecimento de relações úteis com outras organizações ,014

d ,139 ,890 ,014 ,472

Benefícios transacionais na redução dos próprios custos de TI -,101

d

-1,140 ,257 -,112 ,607

Benefícios transacionais na redução do custo marginal de TI nas unidades de negócio ,062

d ,687 ,494 ,068 ,581

Benefícios transacionais na redução de custos operacionais -,040

d -,381 ,704 -,038 ,439

Benefícios transacionais na redução do custo de comunicação ,070

d ,738 ,462 ,072 ,532

Acesso facilitado à informação ,019d ,175 ,861 ,017 ,417

Acesso mais rápido à informação ,061d ,561 ,576 ,055 ,406

Fonte: Resultado da pesquisa.

Para que os resultados da análise sejam fidedignos, é necessário que os pressupostos

do modelo sejam atendidos, como por exemplo, segundo Hair et al (2005), a normalidade dos

resíduos. Segundo este autor, a verificação de resíduos fornece um conjunto simples, mas

poderoso, de ferramentas analíticas para o exame da adequação do modelo de regressão.

Dessa forma, foram testados os pressupostos da distribuição normal dos resíduos através do

gráfico de probabilidade normal, do histograma dos resíduos padronizados e do teste KS

(Kolmogorov-Smirnov) de normalidade, de acordo com as hipóteses:

H0: a distribuição da série testada é normal;

H1: a distribuição da série testada não apresenta comportamento normal.

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110

O teste da normalidade é realizado com os resíduos padronizados, aceitando-se a

hipótese nula como verdadeira se Sig. for maior que o nível de significância estabelecido (α =

0,05). Caso a hipótese nula seja rejeitada, conforme Corrar, Paulo e Dias (2012, p. 193),

devem-se realizar transformações nas variáveis ou na composição da amostra como forma de

correção da violação deste pressuposto.

Através do teste de normalidade dos resíduos padronizados é possível concluir que a

hipótese nula é rejeitada na distribuição da série testada por não ser normal, dado que o Sig.

apresentou um valor menor do que o nível de significância adotado no estudo (α = 0,05),

conforme apresentado na tabela 9.

Tabela 9: Teste de normalidade dos resíduos padronizados – Modelo 01

Teste de Kolmogorov-Smirnov de uma amostra

Resíduos

Padronizados

N 108

Parâmetros normaisa,b

Média ,0000000

Desvio Padrão 1,25255622

Diferenças Mais Extremas Absoluto ,113

Positivo ,061

Negativo -,113

Significância Assint. (Bilateral) ,002c

a. A distribuição do teste é Normal.

b. Calculado a partir dos dados.

c. Correção de Significância de Lilliefors.

Fonte: Resultado da pesquisa.

No gráfico de probabilidade normal (P-P Normal), os resíduos padronizados são

comparados com a distribuição normal. Se uma distribuição é normal, a reta residual

aproxima-se da diagonal. A figura 28 apresenta o gráfico P-P Normal.

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Figura 28: Gráfico normal P-Plot da regressão do resíduo padronizado – Regressão Múltipla – Modelo 01

Fonte: Resultado da pesquisa.

Neste caso, observa-se a ausência de normalidade dos resíduos padronizados, pois os

pontos distanciam-se da reta diagonal.

Na sequência, a figura 29 apresenta o histograma dos resíduos padronizados do

modelo de regressão.

Figura 29: Histograma dos resíduos padronizados – Regressão Múltipla – Modelo 01

Fonte: Resultado da pesquisa.

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112

Pode-se constatar que, a partir da análise dos pressupostos para validação do modelo

de regressão linear, a normalidade dos resíduos não é adequada para o modelo, pois os

resíduos não estão distribuídos de forma normal.

Entretanto, segundo Hair et al (2005), o Teorema do Limite Central afirma que, para

quase todas as populações-alvo definidas, a distribuição amostral da média ou do valor

percentual derivado de uma amostra aleatória simples tem distribuição aproximadamente

normal, desde que o tamanho da amostra seja grande. Assim, quando o número é maior ou

igual a 30 casos, aumenta a probabilidade de se selecionarem valores centrais, com o

incremento das tentativas de amostragem.

Através do cenário exposto e dos resultados obtidos, “Relações melhores com os

clientes” é o principal indicador da relevância do valor de TI no processo de avaliação de

empresa que faz uso intensivo de informação. Esse resultado corrobora com a afirmação dos

pesquisadores Dedrick, Guarbaxani e Kraemer (2003) de que o valor de TI não pode ser

mensurado através apenas de medidas financeiras limitadas, pois uma das principais funções

do valor de TI é melhorar a relação com o cliente, promovendo sua maior satisfação.

Brynjolfsson e Hitt (1996) pesquisaram 370 organizações, analisando-as sobre três

abordagens, sendo uma delas a Teoria do consumidor, com foco no cliente. Como resultado,

os pesquisadores verificaram que o investimento em TI aumenta a produtividade do negócio e

cria valores substanciais para o consumidor, promovendo sua satisfação. Ou seja, os

resultados do estudo desses pesquisadores estão alinhados com os resultados da presente

pesquisa.

Vale mencionar que o resultado dessa pesquisa é adequado ao parecer da Febraban

(2014), sobre a intensa revolução protagonizada, nos últimos anos, pelos canais de tecnologia

(internet banking e o mobile banking) na maneira do banco relacionar-se com o cliente.

Assim, por meio dos resultados obtidos, considera-se que quanto maior e melhor

forem as relações com clientes, mais relevante é o valor de TI no processo de avaliação de

empresa que faz uso intensivo de informação.

Outra variável significante para o modelo é “Desenvolvimento de novos planos de

negócio”, o segundo principal preditor da relevância do valor de TI no processo de avaliação

de empresa que faz uso intensivo de informação. Esse resultado corrobora com a proposta de

um modelo integrativo baseado em recursos (RBV – Resouced Based View) dos autores

Melville, Kraemer e Guarbaxani (2004). Segundo essa proposta, os elementos da organização

são tratados como recursos e o redesenho de processo de negócio cria um novo plano de

negócio, considerado uma vantagem competitiva única para a organização.

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113

Os pesquisadores Dedrick, Guarbaxani e Kraemer (2003) também confirmam esse

resultado, por considerarem que o valor de TI não se trata apenas de uma ferramenta para

automatizar processos existentes, mas sua principal função é promover mudanças

organizacionais, como o “desenvolvimento de novos planos de negócio”. Albertin (2005)

igualmente defende esse resultado, pois um dos benefícios do valor de TI para negócio está na

relação entre recurso, produto anterior e produto novo, podendo-se submeter a, por exemplo,

novo produto, novos segmentos e novos mercados.

Essa variável ainda é respaldada pelo mesmo parecer da Febraban (2014), citado em

relação ao item anterior, por defender que o valor da TI (internet banking e o mobile banking)

gera oportunidades de ofertar e criar produtos novos, reestruturando novos planos de negócio,

reinventando novos produtos, novos segmentos e novos nichos de mercado.

Por fim, a terceira variável significante para o modelo é a “Melhoria na acuracidade da

informação”, a última variável preditora da relevância do valor de TI no processo de avaliação

de empresa que faz uso intensivo de informação. Corroboram com esse resultado Kimball &

Ross (2001), que citam o setor financeiro como pioneiro a adotar TI como estratégia de

tomada de decisão, no gerenciamento e acuracidade da informação. Segundo os

pesquisadores, a demanda de informações de natureza financeira é imensa, principalmente,

por parte dos gerentes que precisam verificar as tendências e podem fazer isso com o menor

esforço possível, através do uso de TI.

Dedrick, Guarbaxani e Kraemer (2003), Melville, Kraemer e Guarbaxani, (2004) e

Brynjolfsson e Hitt (1996) também sustentam que o gerenciamento de informações fidedignas

pode ser entendido como acuracidade das informações, sendo um atributo realmente

considerável do valor de TI.

Vale mencionar que as três variáveis significativas para o modelo 01 configuram-se

como um dos principais benefícios de TI, fazendo parte do modelo de captura do valor de TI

dos pesquisadores Turner e Lucas (1985), Weill (1992), Weill e Broadlent (1998), Gregor et

al (2006). Estes foram precursores do modelo de Beltrame (2008) e Maçada et al. (2012),

utilizado nesse estudo.

Entretanto, ao verificar as situações evidenciadas e os resultados coletados, dos quinze

(15) valores de TI relatados pelo modelo de Beltrame (2008), utilizado nessa pesquisa, apenas

três estatisticamente tiveram sua relevância reconhecida pelos respondentes da pesquisa,

conforme demonstrado na figura 30.

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114

Figura 30: Resultado da Regressão Linear – Modelo 01

Fonte: Resultado da pesquisa.

Na tabela 10, a seguir, as constatações da presente pesquisa são relacionadas aos

principais autores do referencial teórico, demonstrando a corroboração de ideias, de acordo

com os dados obtidos.

Tabela 10: Relação entre os resultados obtidos e o referencial teórico

Fonte: Resultado da pesquisa.

Modelo Beltrame / Maçada et al.

(4 dimensões - 15 itens) Questão de Pesquisa (Desdobramento da P11)

Relevância do valor de TI no processo de

avaliação de empresas (sob ótica dos

profissionais de investimentos)

Maior flexibilidade do negócio 11a - Maior flexibilidade do negócio Desenvolvimento de novos planos de negócio 11b - Desenvolvimento de novos planos de negócio Melhorar os modelos de negócios 11c - Melhorar os modelos de negócios Mehorar nível de habilidade dos funcionários 11d - Mehorar nível de habilidade dos funcionários

Relações melhores com os clientes 11e - Relações melhores com os clientes Melhores produtos ou serviços aos clientes 11f - Melhores produtos ou serviços aos clientes Melhor informação gerencial para o Planej. Estratégico 11g - Melhor informação gerencial para o Planej. Estratégico Estabelecimento de Relações úteis com outras organizações 11h - Estabelecimento de Relações úteis com outras organizações

Redução dos custos de TI 11i - Redução dos custos de TI Redução do custo marginal de TI das unidades de negócio 11j - Redução do custo marginal de TI das unidades de negócio

Redução de custos operacionais 11k - Redução de custos operacionais Redução do custo de comunicação 11l - Redução do custo de comunicação

Acesso facilitado à informação 11m - Acesso facilitado à informação Acesso mais rápido à informação 11n - Acesso mais rápido à informação Melhor acuracidade da informação 11o - Melhor acuracidade da informação

Beneficios Transformacionais

Benefícios Estratégicos

Benefícios Transacionais

Beneficio Informacionais

Principais Autores (Referencial Teórico)

Desenvolvimento de novos planos de negócio

Dedrick, Guarbaxani e Kraemer (2003), Brynjolfsson e Hitt (1996), Albertin (2005),Turner e Lucas (1985), Weill (1992), Weill e Broadlent (1998), Gregor et al (2006), Beltrame (2008) e Maçada et al (2012)

Relações melhores com os clientes

Melville, Kraemer e Guarbaxani, (2004), Dedrick, Guarbaxani e Kraemer (2003), Albertin (2005), Turner e Lucas (1985), Weill (1992), Weill e Broadlent (1998), Gregor et al (2006), Beltrame (2008) e Maçada et al (2012)

Melhor acuracidade da informação

Kimball e Ross (2001), Turner e Lucas (1985), Weill (1992), Weill e Broadlent (1998), Gregor et al (2006), Beltrame (2008) e Maçada et al. (2012)

Amplitute no reconhecimento do valor de TI

Relacionar valor de TI a questões qualitativas

Dedrick, Guarbaxani e Kraemer (2003), Brynjolfsson e Hitt (1996), Brynjolfsson e Hitt (2000)

Valores de TI mais relevantes no processo de avaliação de empresas que fazem uso intensivo de informação

Resultados da Pesquisa

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115

4.2.2 Análise estatística do Modelo 02

4.2.2.1 Análise descritiva

A variável dependente desse modelo refere-se à disponibilidade de informações no

mercado para a avaliação do valor de TI, sendo também verificada através do questionamento

direto aos respondentes na questão P12. Estes analisaram, por meio de uma escala likert de 10

pontos, o grau de concordância à seguinte afirmação: “As informações disponíveis no

mercado (site da empresa, Bovespa, etc.) são suficientes para avaliação do valor de TI?”.

Nota-se resultado negativo quanto à disponibilidade de informações no mercado para

avaliar o valor de TI, uma vez que 73 respondentes discordaram da afirmação apresentada na

questão, assinalando valores iguais ou inferiores ao escore cinco (05), considerando a escala

likert adotada, ou seja, para 67,6% dos respondentes, as informações disponibilizadas no

mercado são insuficientes para a avaliação do valor de TI nas empresas que fazem uso

intensivo de informação.

Assim, conforme a figura 31, o escore médio para esta variável é de 4,54 e desvio

padrão, de 2,22, enquanto a mediana é representada pelo ponto 04.

Figura 31: Análise descritiva dos dados – Frequência da resposta variável dependente 02 (P12)

Fonte: Resultado da pesquisa.

Desse modo, as informações disponibilizadas pelo mercado não são suficientes para

avaliar o valor de TI nas empresas que fazem uso intensivo de informação. Assim, os

avaliadores julgam que os dados exibidos ou reportados pelas empresas, via site ou

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demonstrações financeiras, não possuem informações suficientes para facilitar a captura do

valor da TI para compor a valoração da empresa por parte dos analistas e profissionais de

investimento.

A primeira variável independente desse modelo refere-se ao “Método adequado para

avaliação de empresa que faz uso intensivo de informação”, obtido através da questão P8. Os

resultados demonstram que 44,4% da amostra (48 respondentes) entende que o método

adequado para a avaliação destas empresas é o Fluxo de Caixa Descontado, enquanto para

29,6% (32 respondentes), o procedimento mais apropriado ocorre através da análise de

criação de valor. O restante da amostra considera a Demonstração de Resultado (14

respondentes ou 13% da amostra), o Balanço Patrimonial (09 respondentes ou 8,3% da

amostra) e o Goodwill (05 respondentes ou 4,6% da amostra) como as melhores metodologias

para análise dessas empresas. O quadro 13 e a figura 32 a seguir demonstram estes valores

mencionados.

Quadro 13: Método adequado para avaliação de empresas que fazem uso intensivo de

informação

Fonte: Resultado da pesquisa.

Frequência Porcentagem Porcentagem

cumulativa

Balanço Patrimonial (Valor Contábil, V. Cont.Ajustado, Valor Substancial)

9 8,3 8,3

Criação de Valor (EVA, Lucro Econômico, Cash value added, CFROI (Cash Flow Return On Investment)

32 29,6 38,0

Demonstração de Resultado (Múltiplos, Valor dos lucros, Múltiplos de venda, EBITDA, Outros Múltiplos)

14 13,0 50,9

Fluxo de Caixa Descontado (Fl. de caixa livre, Dividendos, Equity cash flow, Capital cash flow, APV (Adjusted Present Value)

48 44,4 95,4

Goodwill (Clássico, Simplificado da União Europeia, Peritos Contábeis Europeus, Indiretos, Outros)

5 4,6 100,0

Total 108 100,0

8- Na sua opinião, qual o método mais adequado para avaliação de empresa que FAZ USO INTENSIVO de INFORMAÇÃO?

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117

Figura 32: Método adequado para avaliação de empresas que fazem uso intensivo de informação

Fonte: Resultado da pesquisa.

O resultado obtido ratifica os estudos de Copeland, Koller e Murrin (2012), Martins et

al (2001), Assaf (2014) e Damodaran (2007), pois, segundo estes, o método Fluxo de Caixa

Descontado é o mais indicado para avaliar as empresas de todos os setores e segmentos.

Os dados também possibilitam a averiguação de que a maioria dos respondentes coleta

os dados do valor de TI para a formação do valor da empresa (P13) nas notas explicativas das

demonstrações financeiras publicadas (67 respondentes ou 62% da amostra), conforme

demonstra o quadro 14.

Quadro 14: Coleta do Valor de TI para formação do Valor da empresa

Fonte: Resultado da pesquisa.

Frequência Porcentagem Porcentagem

cumulativa

Demons. Financ. (DRE, Balanço Patrimonial, Fluxo de Cx, Mutuação do Patrimônio Líquido e Vl Adicionado).

22 20,4 20,4

Notas Explicativas das Demonstrações FinanceirasSite da Empresa

67 62,0 82,4

RI 2 1,9 84,3

Site da empresa 17 15,7 100,0 Total 108 100,0

13- Considerando as informações publicadas, onde você coleta o Valor de TI para formação do Valor da empresa ?

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Uma menor parte da amostra utiliza as demonstrações financeiras – DRE, Balanço

Patrimonial, Fluxo de Caixa, Mutação do Patrimônio Líquido e Valor Adicionado (22

respondentes ou 20,4% da amostra) e a página da empresa na internet (site) para coleta de

dados (17 respondentes ou 15,7%). Apenas 1,9% da amostra (02 respondentes) utilizam o

“Relacionamento com os Investidores” para obtenção desses dados. Cabe ressaltar que foi

dada a opção aos respondentes de apontarem outros locais para coleta de dados, entretanto,

todos escolheram dentre as possibilidades apresentadas na questão, evidenciadas no quadro

14, anterior, e na figura 33, a seguir.

Figura 33: Local de coleta do valor de TI para formação do valor da empresa

Fonte: Resultado da pesquisa.

Apesar dos respondentes apontarem os locais de coleta do valor de TI para formação

do valor da empresa, de acordo com os dados obtidos na amostra, as informações publicadas

não são suficientes para efetuar a valoração, sendo indispensável outro processo para

complementação das informações não encontradas. Esses dados, constatados através de

questionamento direto aos respondentes (P14), por meio de uma likert de 10 pontos,

demonstram o grau de concordância com a seguinte afirmação: “Além dessas informações

publicadas, faz-se necessária a utilização de algum outro processo para complementar as

informações não encontradas?”.

De fato, verifica-se resultado positivo quanto à necessidade de emprego de outros

processos para complementação das informações encontradas, uma vez que 97 respondentes

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concordaram com a afirmação apresentada na questão, assinalando valores iguais ou

superiores ao escore seis (06), considerando a escala likert adotada, ou seja, 86,1% dos

respondentes consideram que é preciso adotar outros procedimentos para identificar o valor

de TI nas avaliações de empresas que fazem uso intensivo de informação.

Assim, como demonstra a figura 34, o escore médio para esta variável é de 8,25 e

desvio padrão de 1,93, enquanto a mediana é representada pelo ponto 09.

Figura 34: Necessidade de utilização de processo complementar para identificação do valor de TI

Fonte: Resultado da pesquisa.

O questionário oferecido também possibilitou que os respondentes sugerissem outros

meios complementares para obtenção de dados para composição do valor de TI na avaliação

das empresas que fazem uso intensivo de informação (P15). Desse modo, os respondentes

poderiam optar por uma ou mais alternativas apresentadas, além de escolher e descrever

alternativas não apontadas.

Assim, conforme o quadro 15, 47 respondentes apontaram a utilização de entrevistas,

contato com a área de relacionamento com o investidor e eventos específicos organizados pela

empresa para interação com os investidores como outros processos a serem utilizados para

complementação do valor de TI para avaliação das empresas que fazem uso intensivo de

informação. Os 61 respondentes restantes assinalaram outras alternativas sem as descreverem,

pois não havia a obrigatoriedade dessa descrição.

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Quadro 15: Processos complementares para obtenção de informação para composição do

valor de TI

Fonte: Resultado da pesquisa.

Ainda foi dada aos respondentes a possibilidade de que estes apontassem, através de

questões abertas, qual seria o lugar ideal para disponibilização das informações sobre o valor

de TI (P16) e qual seria a melhor forma de apresentação desses dados (P17). Por se tratar de

questões abertas, foi feita uma análise textual e identificaram-se os termos mais utilizados. A

maioria dos respondentes considera que a página da empresa na internet – site (33

respondentes ou 30,6% da amostra) e o relatório de referência/notas explicativas (29

respondentes ou 26,9% da amostra) são os melhores lugares para disponibilização das

informações sobre o valor de TI, enquanto 15 respondentes (13,9% da amostra) concebem as

demonstrações financeiras/notas explicativas como o melhor local. Os demais respondentes

assinalam as notas explicativas (isoladas) e o site da empresa como melhor local (8

respondentes ou 7,4% da amostra para cada item, conforme quadro 16). Outros 15

participantes da amostra não responderam esta questão.

Frequência Porcentagem

Contato(telefônico e/ou por email) com a área de Relacionamento com o Investidor

9 8,3

Entrevistas 5 4,6

Entrevistas, Contato(telefônico e/ou por email) com a área de Relacionamento com o Investidor, Evento específico organizado pela empresa

27 25,0

Evento específico organizado pela empresa para interação com investidores

6 5,6

Total 47 43,5

Outros (não descritos) 61 56,5

108 100,0

15- Na sua opinião, quais outros processos poderiam ser utilizados para complementar essas informações?

Total

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Quadro 16: Melhor lugar para disponibilização das informações sobre o valor de TI

Fonte: Resultado da pesquisa.

Quanto à melhor forma de apresentação dos dados (P17), 25% da amostra (27

respondentes) sugere a criação de um relatório padronizado similar a uma DRE exclusiva para

TI e outros 20,4% da amostra (22 respondentes) apontam para a elaboração de infográficos

das demonstrações financeiras. Outras sugestões são a transparência de investimento em TI

(19 respondentes, 17,6% da amostra), notas explicativas (9 respondentes, 8,3% da amostra) e

relatório on-line no site da empresa ou nas informações de RI (7 respondentes ou 6,5% da

amostra). Outros 24 participantes não responderam à questão, conforme o quadro 17.

Quadro 17: Melhor forma de apresentação do valor de TI

Fonte: Resultado da pesquisa.

Frequência Porcentagem

Demonstração Financeira e Notas Explicativas 15 13,9

Notas explicativas 8 7,4

Relatório de Referência e Notas Explicativas 29 26,9

Site da Empresa 33 30,6

Site de RI 8 7,4

Total 93 86,1

Sem resposta 15 13,9

108 100,0

16- Visando otimizar o processo de avaliação do Valor de TI das empresas,

onde seria o melhor lugar para disponibilizar as informações sobre o valor

de TI ?

Total

Frequência Porcentagem

Relatório padronizado de TI - Apresentação de

uma DRE de TI

27 25,0

Notas explicativas 9 8,3

Infográficos das demonstrações financeiras 22 20,4

Transparência de investimento em TI 19 17,6

Relatório on-line no site da empresa ou nas

informações de RI

7 6,5

Total 84 77,8

Sem resposta 24 22,2

108 100,0Total

17- Como seria a melhor forma de apresentação desses dados?

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4.2.2.2 Regressão linear múltipla

O modelo estatístico que testa as relações da variável dependente P12 com as variáveis

independentes P8, P13, P14, P15, P16, P17, denominado Modelo 02, e apresentado

anteriormente na figura 25, foi realizado através de regressão linear múltipla, cujo

procedimento de entrada das variáveis no modelo é o método passo a passo, denominado

como estimação stepwise, como o modelo 01.

Essa metodologia segue o mesmo critério, sendo que a inclusão de variáveis baseia-se

na probabilidade F, cujos valores devem ser iguais ou menores que 0,05, enquanto para

exclusão, os valores da probabilidade F devem ser iguais ou maiores que 0,10. A tabela 11

apresenta as variáveis explicativas que compõem o modelo 02.

Tabela 11: Informações das variáveis explicativas que compõem o modelo de regressão

múltipla – Modelo 02

Variável Descrição - Informações da variável

P8_dummy_1 Balanço Patrimonial (Valor Contábil, V. Cont. Ajustado, Valor Substancial)

P8_dummy_2 Criação de Valor (EVA, Lucro Econômico, Cash value added, CFROI - Cash Flow Return On Investment)

P8_dummy_3 Demonstração de Resultado (Múltiplos, Valor dos lucros, Múltiplos de venda, EBITDA, Outros Múltiplos)

P8_dummy_4 Fluxo de Caixa Descontado (Fl.de caixa livre, Dividendos, Equity cash flow, Capital cash flow, APV)

P8_dummy_5 Goodwill (Clássico, Simplificado da União Europeia, Peritos Contábeis

Europeus, Indiretos, Outros)

P13_dummy_1 Demons. Financ. (DRE, Balanço Patrimonial, Fluxo de Cx, Mutuação do Patrimônio Líquido e Vl Adicionado).

P13_dummy_2 Notas Explicativas das Demonstrações Financeiras, Site da empresa

P13_dummy_3 RI

P13_dummy_4

P14

Site da empresa

Além dessas informações publicadas, faz-se necessária a utilização de

algum outro processo para complementar as informações não encontradas

P15_dummy_1 Contato (telefônico e/ou por email) com a área de relacionamento com o Investidor

P15_dummy_2 Entrevistas

P15_dummy_3 Entrevistas, Contato (telefônico e/ou por email) com a área de relacionamento com o Investidor

P15_dummy_4 Evento específico organizado pela empresa para interação com investidores

P16_dummy_1 Demonstração Financeira e Notas Explicativas

P16_dummy_2 Notas explicativas

P16_dummy_3 Formulário de Referência e Notas Explicativas

P16_dummy_4 Site da Empresa

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P16_dummy_5 Site de RI

P17_dummy_1 Relatório padronizado de TI - Apresentação de uma DRE de TI

P17_dummy_2 Notas explicativas

P17_dummy_3 Infográficos das demonstrações financeiras

P17_dummy_4 Transparência de investimento em TI

P17_dummy_5 Relatório on-line no site da empresa ou nas informações de RI

Fonte: Resultado da pesquisa.

Através do modelo de regressão linear múltipla, com o método stepwise, a tabela 12

exibe o resultado para o segundo modelo.

Tabela 12: Variáveis inseridas no modelo de regressão múltipla pelo método stepwise –

Modelo 02

Variáveis Inseridas/Removidasa

Modelo Variáveis inseridas Variáveis

removidas Método

1 Formulário de Referência e Notas

Explicativas

Stepwise (Critérios: Probabilidade de F a ser inserido <= ,050, Probabilidade de

F a ser removido >= ,100).

a. Variável Dependente: 12- Qual o seu grau de concordância com a frase : "As informações disponíveis no mercado (site da empresa, bovespa, etc) são suficientes para avaliação do

Valor de TI"?

Fonte: Resultado da pesquisa.

Dessa forma, apenas a variável “Formulário de Referência e Notas Explicativas” faz

parte do modelo, ou seja, o modelo foi executado em apenas um passo. Desse modo, como

demonstrado no modelo final proposto pelo método utilizado, a variável “Formulário de

Referência e Notas Explicativas” é preditora da variável dependente em questão.

A tabela 13 apresenta o R2 no primeiro e único passo em que foi executado o modelo.

Nesta etapa, com a entrada da variável, observa-se que o modelo apresentou um R2 de 0,368,

representando que 36,8% da variação da variável dependente "As informações disponíveis no

mercado (site da empresa, bovespa, etc) são suficientes para avaliação do Valor de TI?” é

explicada pela variação da variável independente “Formulário de Referência e Notas

Explicativas” inserida no modelo, conforme orientação de Hair et al (2005, p. 172) e Corrar,

Paulo e Dias (2012, p. 149).

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124

Tabela 13: Resumo do modelo de regressão múltipla – Modelo 02

Sumarização do modelob

Modelo R R2 R

2 ajustado

Erro padrão da

estimativa Durbin-Watson

1 ,607a ,368 ,350 1,678 2,075

a. Preditores: (Constante), Formulário de Referência e Notas Explicativas

b. Variável Dependente: 12- Qual o seu grau de concordância com a frase : "As informações disponíveis no mercado (site da empresa, bovespa, etc)

são suficientes para avaliação do Valor de TI"?

Fonte: Resultado da pesquisa.

O R² ajustado, o coeficiente de determinação ajustado, é de 0,350 ou 35,0%. Conforme

Corrar, Paulo e Dias (2012, p. 150), anteriormente mencionado, o R² informa o quanto da

variância da variável dependente é explicada pelo conjunto de variáveis independentes

utilizado no modelo, enquanto o R² ajustado informa o quanto de variância da variável

dependente pode ser creditada ao modelo.

Para Gujarati (2000), emprega-se o teste de Durbin-Watson para detectar

autocorrelação de primeira ordem, sendo um exame de hipótese da existência de

autocorrelação baseado no número de observações e de variáveis usadas no modelo de

regressão. Quando há correlação entre os resíduos, entende-se que existem situações de

correlação decorrentes da influência de variáveis formadoras de valores importantes não

consideradas no modelo.

Para análise do teste de Durbin-Watson, segundo Corrar, Paulo e Dias (2012, p. 190),

deve ser considerada a regra básica de que números resultantes desta estatística com valores

próximos a dois (2) atendem ao pressuposto de independência de erros. Como a estatística

Durbin-Watson apresenta o valor 2,075, é possível afirmar que o modelo de regressão linear

possui independência dos erros (ou ausência de autocorrelação serial).

Através do teste F-ANOVA, verifica-se, também, se o coeficiente de determinação é

igual a zero, por meio das seguintes hipóteses:

H0: O coeficiente de determinação da equação de regressão (R²) é igual a zero;

H1: O coeficiente de determinação da equação de regressão (R²) é significantemente diferente

de zero.

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125

Tabela 14: ANOVA – Regressão Múltipla - Modelo 02

ANOVAa

Modelo Soma dos Quadrados gl

Quadrado Médio F Sig.

1 Regressão 59,009 1 59,009 20,964 ,000b

Resíduo 101,333 36 2,815

Total 160,342 37

a. Variável Dependente: 12- Qual o seu grau de concordância com a frase : "As informações disponíveis no mercado (site da empresa, bovespa, etc) são suficientes para avaliação do Valor de TI"?

b. Preditores: (Constante), Formulário de Referência e Notas Explicativas

Fonte: Resultado da pesquisa.

No teste da F-ANOVA, a finalidade é averiguar se alguma das variáveis explicativas

possui o coeficiente beta diferente de zero, o que levaria rejeição da hipótese nula. Os

resultados do teste F-ANOVA, apresentados na tabela 14, demonstram que a variável

estatística exerce influência sobre a variável dependente e o modelo é significativo, visto que

o Sig. (0,000) do modelo é menor que o α (0,05), rejeitando a hipótese H0 de que o

coeficiente de determinação (R²) é igual a zero. Assim, pelo menos um beta é diferente de

zero, significando que pelo menos uma das variáveis utilizadas explica o modelo.

A tabela 15 apresenta os coeficientes de regressão múltipla, usados na elaboração da

equação para predição da variável dependente, bem como o teste t, que verifica a

probabilidade de que os coeficientes das variáveis independentes e da constante utilizada na

regressão não sejam estatisticamente nulos, de acordo com a orientação de Corrar, Paulo e

Dias (2012, p. 172).

Tabela 15: Coeficientes da regressão múltipla – Modelo 02

Coeficientesa

Modelo

Coeficientes não padronizados

Coeficientes padronizados

t Sig. B Erro

Padrão Beta

1 (Constante) 5,083 ,342 14,843 ,000

Formulário de Referência e Notas Explicativas

-2,583 ,564 -,607 -4,579 ,000

a. Variável Dependente: 12- Qual o seu grau de concordância com a frase : "As informações disponíveis no mercado (site da empresa, bovespa, etc) são suficientes para avaliação do Valor de TI"?

Fonte: Resultado da pesquisa.

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126

A função obtida através dos coeficientes é demonstrada no modelo estatístico

conforme equação 14.

Y = 5,083 - 2,583 * X1 (14)

Onde:

Y é a variável dependente: Qual o seu grau de concordância com a frase: "As

informações disponíveis no mercado (site da empresa, bovespa, etc) são suficientes

para avaliação do Valor de TI."?

X1 é a variável independente: Formulário de Referência e Notas Explicativas.

De acordo com a tabela de coeficientes, os testes t possuem as seguintes hipóteses:

H0: Os coeficientes da equação de regressão tendem, estatisticamente, a ser nulos;

H1: Os coeficientes da equação de regressão tendem, estatisticamente, a ser diferentes de

zero.

Considerando que os valores de Sig. do teste t são inferiores ao α = 0,05, rejeita-se

portanto a hipótese nula de que os coeficientes utilizados tendem a zero, validando, portanto,

a equação empregada. Com o resultado do modelo, aqueles que reportaram o Formulário de

Referência e Notas Explicativas como o melhor lugar para disponibilizar as informações do

valor de TI diminuem a concordância com a frase "As informações disponíveis no mercado

(site da empresa, bovespa, etc) são suficientes para avaliação do Valor de TI?”.

A tabela 16 apresenta as variáveis testadas e excluídas do modelo de regressão linear

múltipla. Em cada variável da tabela há um teste T, com uma hipótese nula de que cada

coeficiente iguala-se a zero. Ao observar a coluna Sig., verifica-se que todas as hipóteses

nulas são verdadeiras, dado que o Sig. das variáveis é maior que o nível de significância

adotado (α = 0,05).

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Tabela 16: Variáveis excluídas do Modelo 02

Variáveis excluídasa

Beta In t Sig. Correlação

parcial

Estatísticas de

colinearidade

Tolerância

Criação de Valor (EVA, Lucro Econômico, Cash value added, CFROI -Cash Flow Return On Investment)

,190b 1,312 ,198 ,216 ,824

Demonstração de Resultado (Múltiplos, Valor dos lucros, Múltiplos de venda, EBITDA, Outros Múltiplos)

-,179b -1,340 ,189 -,221 ,967

Fluxo de Caixa Descontado (Fl. de caixa livre, Dividendos, Equity cash flow, Capital cash flow, APV)

-,007b -,050 ,960 -,009 ,893

Demons. Financ. (DRE, Balanço Patrimonial, Fluxo de Cx, Mutuação do Patrimônio Líquido e Vl. Adicionado)

,035b ,252 ,802 ,043 ,951

Notas Explicativas das Demonstrações Financeiras, site da empresa

-,175b -1,333 ,191 -,220 ,998

Site da empresa ,209b 1,585 ,122 ,259 ,965

P14 Além dessas informações publicadas, faz-se necessária a utilização de algum outro processo para complementar as informações não encontradas

,246b 1,888 ,067 ,304 ,969

Evento específico organizado pela empresa para interação com investidores

-,109b -,814 ,421 -,136 ,982

Entrevistas -,174b -1,329 ,192 -,219 1,000

Entrevistas, Contato (telefônico e/ou por email) com a área de relacionamento com o Investidor, Evento específico organizado pela empresa

,086b ,646 ,522 ,109 1,000

P16_1 Balanço Patrimonial e na DRE ,016b ,110 ,913 ,019 ,868

Notas explicativas -,063b -,455 ,652 -,077 ,950

P16_4 Site da Empresa ,161b 1,122 ,269 ,186 ,844

Relatório padronizado de TI - Apresentação de uma DRE de TI

-,241b -1,849 ,073 -,298 ,971

Notas explicativas -,049b -,365 ,718 -,062 ,991

Infográficos das demonstrações financeiras ,094b ,702 ,487 ,118 ,999

Transparência de investimento em TI ,180b 1,312 ,198 ,216 ,918

a. Variável Dependente: 12- Qual o seu grau de concordância com a frase : "As informações disponíveis no mercado (site da empresa, bovespa, etc) são suficientes para avaliação do Valor de TI"?

b. Preditores no Modelo: (Constante), Formulário de Referência e Notas Explicativas

Fonte: Resultado da pesquisa.

Para que os resultados da análise sejam fidedignos, conforme Hair et al (2005), é

necessário que os pressupostos do modelo sejam atendidos, como, por exemplo, a

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normalidade dos resíduos. Segundo este autor, a análise de resíduos fornece um conjunto

simples, mas poderoso de ferramentas analíticas para o exame da adequação do modelo de

regressão. Dessa forma, foram testados os pressupostos da distribuição normal dos resíduos

através do gráfico de probabilidade normal, do histograma dos resíduos padronizados e do

teste KS (Kolmogorov-Smirnov) de normalidade, de acordo com as hipóteses:

H0: a distribuição da série testada é normal;

H1: a distribuição da série testada não apresenta comportamento normal.

O teste da normalidade é realizado nos resíduos padronizados, aceitando-se a hipótese

nula como verdadeira se Sig. for maior que o nível de significância estabelecido (α = 0,05).

Caso a hipótese nula seja rejeitada, devem-se realizar transformações nas variáveis ou na

composição da amostra como forma de correção da violação deste pressuposto, de acordo

com Corrar, Paulo e Dias (2012, p. 193).

Através do teste de normalidade dos resíduos padronizados, é possível reconhecer que

se deve aceitar a hipótese nula, ou seja, a distribuição da série testada é normal, dado que o

Sig. apresenta um valor maior do que o nível de significância adotado no estudo (α = 0,05),

conforme a tabela 17.

Tabela 17: Teste de normalidade dos resíduos padronizados – Modelo 02

Teste de Kolmogorov-Smirnov

Resíduos Padronizados

N 93

Parâmetros normais

a,b

Média ,0985663

Desvio Padrão 2,03490622

Diferenças Mais Extremas

Absoluto ,067

Positivo ,064

Negativo -,067

Significância Assint. (Bilateral) ,200c,d

a. A distribuição do teste é Normal.

b. Calculado dos dados.

c. Correção de Significância de Lilliefors.

Fonte: Resultado da pesquisa.

No gráfico de probabilidade normal (P-P Normal), os resíduos padronizados são

comparados com a distribuição normal. Se esta ocorrer, a reta residual aproxima-se da

diagonal. Quanto ao presente caso, observa-se normalidade dos resíduos padronizados, pois

os pontos aproximam-se da reta diagonal, conforme a figura 35 .

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Figura 35: Gráfico normal P-Plot da regressão do resíduo padronizado – Regressão Múltipla – Modelo 02

Fonte: Resultado da pesquisa.

A figura 36 apresenta o histograma dos resíduos padronizados do modelo de

regressão. Pode-se constatar que, na análise dos pressupostos para validação do modelo de

regressão linear, a normalidade dos resíduos é adequada para o modelo, dado que estes se

encontram normalmente distribuídos. Isso se deve ao fato de o Sig. do Teste de Kolmogorov-

Smirnov ser maior que o nível de significância adotado (α = 0,05) e os gráficos dos resíduos

padronizados estarem corroborando esses resultados.

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Figura 36: Histograma dos resíduos padronizados – Regressão Múltipla – Modelo 02

Fonte: Resultado da pesquisa.

Como o valor de TI relacionado com avaliação de empresa é pouco explorado, o

objetivo do modelo 02 é questionar, primordialmente, se as informações disponíveis são

suficientes para avaliar o valor de TI de uma empresa e, depois, apurar sugestões, através de

questões abertas, a respeito de qual seria o lugar ideal para disponibilização das informações

sobre o valor de TI e qual seria a melhor forma de apresentação desses dados.

Através do cenário exposto e dos resultados obtidos, observa-se que os dados são

insuficientes para avaliar o valor de TI nas empresas que fazem uso intensivo de informação,

ou seja, mesmo as empresas atendendo à obrigatoriedade da lei de divulgar suas

demonstrações financeiras, as informações publicadas sobre o valor de TI não são suficientes

o bastante para serem consideradas adequadamente no processo de avaliação de empresas.

Quanto à sugestão dos melhores lugares para reportar o valor de TI, os termos mais citados

são sites da empresa e formulário de referências/notas explicativas, respectivamente.

Analisando o modelo de regressão, a variável “formulário de referência/notas

explicativas”, da questão P16, é a única variável preditora do modelo, com beta negativo, ou

seja, como resultado do modelo, aqueles que confirmaram o formulário de referência e notas

explicativas como o melhor lugar para disponibilizar as informações do valor de TI, limitam a

concordância com a frase "As informações disponíveis no mercado (site da empresa, bovespa,

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etc) são suficientes para avaliação do Valor de TI?”. Consequentemente, a nota baixa da

questão P12 (suficiência das informações do valor de TI para avaliação) é em parte explicada

pelos respondentes que assinalaram “formulários de referências / notas explicativas” como os

melhores lugares para conter as informações dos valores de TI.

Outro resultado relevante para o Modelo 02 é relativo à melhor forma de apresentação

desses dados, sendo que os termos mais citados são a criação de um relatório padronizado

similar a uma DRE exclusiva para TI e a elaboração de infográficos das demonstrações

financeiras, respectivamente.

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5 CONCLUSÕES E CONTRIBUIÇÕES DO ESTUDO

Esse estudo teve como objetivo identificar se o valor de TI é levado em consideração

no processo de avaliação de empresas que fazem uso intensivo de informação. Buscou-se,

ainda, reconhecer se a forma de mensuração do valor de TI (indicadores financeiros ou

indicadores não financeiros) também se contitui em um fator influente no processo de

avaliação dessas empresas. Para definição do valor de TI, utilizou-se uma adaptação do

modelo de Beltrame (2008) e Maçada et al. (2012), composto de quinze variáveis financeiras

e não financeiras as quais representam os benefícios do valor de TI.

Os resultados obtidos evidenciaram que apenas três itens demonstraram-se

estatisticamente significantes: (1) relações melhores com os clientes; (2) desenvolvimento de

novos planos de negócio e (3) melhor acuracidade de informações, sendo estes elementos do

valor de TI. O modo de mensuração do valor de TI não se mostrou um preditor

estatisticamente expressivo, entretanto a análise descritiva possibilitou destacar um equilíbrio

na relevância dada aos indicadores financeiros e não financeiros no processo de avaliação de

empresa.

O resultado da análise descritiva corrobora os estudos de Brynjolfsson e Hitt (1996),

Gunasekaran, Ngai e McGaughey (2004), Dedrick, Guarbaxani e Kraemer (2003), Chan

(2000) e Chau, Kuan e Liang (2007), os quais sugerem uma abordagem equilibrada para

avaliar o valor de TI, contendo indicadores quantitativos (financeiros) e qualitativos (não

financeiros). Esse enfoque mais amplo consegue capturar o valor de TI em toda sua

amplitude, e não só apenas na dimensão financeira.

Apesar desse equilíbrio identificado na análise descritiva entre indicadores financeiros

e não financeiros, cabe ressaltar que o resultado da regressão linear do modelo sinalizou que,

dos benefícios do valor de TI, apenas os considerados não financeiros mostraram-se

estatisticamente significativos no processo de avaliação de empresas.

Conforme os estudos de Copeland, Koller e Murrin (2012), Martins et al (2001) e

Assaf (2014), o método Fluxo de Caixa Descontado é o mais indicado para avaliar as

empresas de todos os setores e segmentos. Os resultados evidenciados nesse trabalho

apontaram que o método utilizado para avaliação das empresas que fazem uso intensivo da

informação é o Fluxo de Caixa Descontado, embora se verifique que as informações

disponibilizadas por essas empresas ao mercado não sejam suficientes para avaliação do valor

de TI e de seu consequente impacto na valoração dessas empresas. Assim, verificou-se um

consenso sobre a relativa falta de informações concernentes ao valor de TI e, nesse aspecto,

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foi solicitado aos participantes que apontassem qual seria o melhor local para divulgação de

informações que influenciam o valor de TI.

Com base nesses dados, através de uma análise textual, criou-se um modelo para

reconhecer quais procedimentos influenciam significativamente na avaliação da

disponibilidade de informação sobre o valor de TI. Dessa forma, por meio desse modelo,

foram identificados os seguintes fatores: o método utilizado pelos profissionais de

investimento para avaliação de empresas; a avaliação da necessidade/método de coleta de

informações complementares; e sugestão de um modo/ local para melhorar o processo de

divulgação das informações do valor de TI. Assim, são estes os processos que possibilitariam

aprimorar a valoração das empresas que fazem uso intensivo da informação.

Os resultados demonstraram que somente o modo de divulgação sugerido mostrou-se

estatisticamente significante na avaliação da suficiência das informações divulgadas para

análise do valor de TI. Aqueles que destacaram os formulários de referência/notas

explicativas como os melhores locais para divulgação de informação complementar são os

que mais identificaram a insuficiência de dados divulgados para a avaliação do valor de TI.

Por fim, a análise textual do método adequado sugerido para avaliação do valor de TI

apontou que a elaboração de um relatório padronizado similar a uma DRE exclusiva para TI e

a criação de infográficos nas demonstrações financeiras seriam os modos adequados para

divulgar o valor de TI.

Assim, o valor de TI é relevante no processo de avaliação de empresas que fazem uso

intensivo de informação e as informações não são suficientes para reportar o valor de TI nas

empresas, respondendo, dessa forma, as questões de pesquisa desse estudo.

Esse trabalho contribui com a evidenciação da falta de informações suficientes para

uma adequada avaliação do valor de TI nas empresas que fazem uso intensivo de informação,

uma vez que, conforme os resultados alcançados, o valor de TI influencia no processo de

avaliação de empresas.

O estudo contribui ainda com a apresentação de um mapa de orientações a essas

empresas, demonstrando quais são os principais elementos do valor de TI reconhecidos por

profissionais de investimentos como significativos no processo de avaliação de empresas, e

também qual a melhor forma e local adequado para divulgação dessas informações.

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5.1 Limitações do estudo

Uma das limitações desse trabalho é a não inclusão de outras possíveis variáveis

preditoras no modelo considerado. Apesar de o estudo ser representativo, o método de

regressão linear explicou 50,4% em um modelo e 36,8% em outro, evidenciando a presença

de outras variáveis que influenciam as variáveis dependentes, mas não foram examinadas.

A composição da amostra também é outra limitação existente, pois identificou-se uma

participação massiva de respondentes do sexo masculino, o que talvez possa não representar

adequadamente a população estudada. Do mesmo modo, a quantidade de respondentes, por

ser pequena em relação à população estudada, pode ser ainda um outro limitante.

Enfim, o questionário foi respondido por profissionais com experiência na avaliação

de empresas, todavia não se refere somente a profissionais que atuam especificamente na área

de mercado de capitais.

5.2 Sugestões para pesquisas futuras

Diversas pesquisas podem ser desenvolvidas a partir das contribuições alcançadas,

começando pela reaplicação da pesquisa para uma amostra mais representativa da população e

mais homogênea em relação ao sexo dos respondentes, refutando as limitações desse estudo.

Outra perspectiva é a realização de pesquisa similar incluindo outros elementos não

estudados, como variável independente, analisando se tais fatores são estatisticamente

significantes na predição da relevância do valor de TI como condição influente no processo de

avaliação de empresas que fazem uso intensivo de informação.

Sugere-se também uma averiguação sobre o equilíbrio entre os indicadores financeiros

e não financeiros para mensuração do valor de TI e como isso influencia no processo de

avaliação de empresa. Os resultados obtidos explicitam que todos os elementos do valor de TI

influentes no processo de avaliação das empresas, com uso massivo de informação, são

qualitativos, ou seja, indicadores não financeiros.

Os profissionais de investimento sugeriram a idealização de um relatório similar a uma

DRE exclusiva e padronizada para TI. Assim, outra possibilidade de estudo é a identificação

de dados a serem inclusos neste relatório e da melhor formatação para a sua padronização.

Por fim, sugere-se reaplicar esse estudo em empresas que não possuem o uso intensivo

de informação, a fim de se confrontarem os resultados obtidos, comparando-os com os

achados então apresentados.

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144

APÊNDICE A: QUESTIONÁRIO PARA COLETA DE DADOS

Programa de Mestrado em Ciências Contábeis e Atuariais

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP),

Rua Ministro Godói, 969 – 4º andar

Perdizes, São Paulo – SP

CEP. : 05015-000

Questionário de Pesquisa: A Relevância do Valor de TI na avaliação de empresas que

fazem uso intensivo de informações: Um estudo sob a ótica dos profissionais de

investimentos

1. Sexo:

☐ Masculino ☐ Feminino

2. Idade:

3. Qual a sua formação principal?

☐ Administração ☐ Economia ☐ Contabilidade

☐ Engenharia ☐ Outros

4. Qual a sua profissão?

☐ Profissional de Investimento (analista financeiro, analista mercado de capitais,

gestor de investimento)

☐ Executivo de outro setor ☐ Investidor

☐ Outros ☐ Professor / estudante

5. Qual é o seu grau de concordância com a frase:

“Tenho experiência em avaliar empresas que FAZEM USO intensivo de informação”

Obs: Empresas que fazem uso intensivo de informação são empresas que investem fortemente em TI e a informação é o insumo básico

da sua cadeia de valor. Ex: Seguradoras, Corretoras de Valores, Bancos, Empresas de tecnologia na produção de softwares, Empresas

da tecnologia da informação e comunicação e Empresas de Internet. São empresas que tem elevado valor formado pelo capital

intangível.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Discordo totalmente Concordo totalmente

6. Qual é o seu grau de concordância com a frase:

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145

“O valor de TI é importante para o processo de avaliação de empresas que FAZEM USO

intensivo de informação”

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Discordo totalmente Concordo totalmente

7. Qual é o seu grau de concordância com a frase:

“O valor de TI é importante para o processo de avaliação de empresas que NÃO FAZEM

USO intensivo de informação”

Ex: Demais empresas de Manufatura e do Comércio

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Discordo totalmente Concordo totalmente

8. Na sua opinião, qual o método mais adequado para avaliação de empresas que fazem uso

intensivo de informação:

☐ Balanço Patrimonial (Valor Contábil, V. Cont. Ajustado, Valor Substancial);

☐ Demonstração de Resultado (Múltiplos, Valor dos Lucros, Múltiplos de venda,

EBITDA, Outros Múltiplos);

☐ Goodwill (Clássico, Simplificado da União Europeia, Perito Contábil Europeu,

Indiretos, Outros);

☐ Fluxo de caixa Descontado (Fl. Caixa livre, Dividendos, Equity cash flow, APV

(Adjusted Present Value);

☐ Criação de Valor (EVA, Lucro Econômico, Cash value added, CFROI (Cash Flow

Return On Investment);

☐ Outros:

9. Qual é o seu grau de concordância com a frase:

“A representação do valor de TI na sua avaliação é baseada em indicadores de

desempenho FINANCEIROS”?

Ex: Retorno sobre o Investimento (ROI), Taxa Interna de Retorno (TIR), Valor Presente Líquido (VPL), etc.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Discordo totalmente Concordo totalmente

10. Qual é o seu grau de concordância com a frase:

“A representação do valor de TI na sua avaliação é baseada em indicadores de

desempenho NÃO FINANCEIROS”?

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Ex: Melhorias no processo organizacional, melhoria na qualidade do produto e serviço, Inovação, Mudanças do modelo de negócio,

Gestão de Documentação, Gestão da Informação, entre outros.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Discordo totalmente Concordo totalmente

11. De acordo com a Literatura Acadêmica, os itens abaixo são benefícios resultantes da

Tecnologia da Informação e relevantes para a formação do Valor de TI. Qual seu grau de

concordância em relação a cada um desses benefícios?

11a. Maior flexibilidade do negócio

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Discordo totalmente Concordo totalmente

11b. Desenvolvimento de novos planos de negócio

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Discordo totalmente Concordo totalmente

11c. Melhoria do modelo de negócio

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Discordo totalmente Concordo totalmente

11d. Melhoria do nível de habilidade dos funcionários

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Discordo totalmente Concordo totalmente

11e. Relações melhores com o cliente

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Discordo totalmente Concordo totalmente

11f. Melhoria nos produtos ou serviços aos clientes

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

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Discordo totalmente Concordo totalmente

11g. Melhoria de informação gerencial para o planejamento estratégico

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Discordo totalmente Concordo totalmente

11h. Estabelecimento de relações úteis com outras organizações.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Discordo totalmente Concordo totalmente

11i. Benefícios transacionais na redução do custo dos próprios custos de TI

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Discordo totalmente Concordo totalmente

11j. Benefícios transacionais na redução do custo marginal de TI das unidades de negócio

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Discordo totalmente Concordo totalmente

11k. Benefícios transacionais na redução dos custos operacionais

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Discordo totalmente Concordo totalmente

11l. Benefícios transacionais na redução dos custos de comunicação

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Discordo totalmente Concordo totalmente

11m. Acesso facilitado à informação

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

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Discordo totalmente Concordo totalmente

11n. Acesso mais rápido à informação

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Discordo totalmente Concordo totalmente

11o. Melhoria na acuracidade da informação

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Discordo totalmente Concordo totalmente

12. Qual o seu grau de concordância com a frase:

“As informações disponíveis no mercado (site da empresa, bovespa, etc) são suficientes

para avaliação do valor de TI”?

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Discordo totalmente Concordo totalmente

13. Considerando as informações publicadas, onde você coleta as informações do valor de TI

para formação do valor da Empresa que faz uso intensivo de informação?

☐ Demonstração Financeira (DRE, Balanço Patrimonial, Fluxo de Caixa, Mutuação do

Patrimônio Líquido e Valor Adicionado)

☐ Notas explicativas das Demonstrações Financeiras

☐ Site da empresa

☐ Outro

14. Qual é o seu grau de concordância com a frase:

“Além dessas informações publicadas, faz-se necessária a utilização de algum outro

processo para complementar as informações não encontradas”?

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Discordo totalmente Concordo totalmente

15. Na sua opinião, quais outros processos poderiam ser utilizados para complementar essas

informações?

☐ Entrevistas;

☐ Contato (Telefônico e/ou por email) com a área de Relac.com o Investidor;

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☐ Evento específico organizado pela empresa para interação com o Investidor;

☐ Nenhum outro processo é necessário;

☐ Outros.

16. Visando aperfeiçoar o processo de avaliação do valor de TI das empresas, onde seria o

melhor lugar para disponibilizar as informações do valor de TI ?

17. Como seria a melhor forma de apresentação desses dados?

Muito Obrigado por sua contribuição! Caso tenha interesse em receber o resultado

dessa pesquisa, deixe o seu e-mail no campo abaixo:

Grato,

Programa de Mestrado em Ciências Contábeis e Atuária da Pontifícia Universidade Católica

de São Paulo (PUC-SP)

Mestrando: Cássio Rogerio Celestino dos Santos

Email: [email protected]

Orientador: Prof. Dr. Napoleão Verardi Galegale

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ANEXOS: EXEMPLOS DE RELATÓRIOS DE ANALISTAS

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