portugal, terra verde / portugal, zelena zemlja (ivo andrić)

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Fragmentos de uma crónica de viagem publicada em 1931 / Fragmenti putopisa objavljenog 1931. godine

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Ivo Andrid Portugal, terra verde Fragmentos de uma crnica de viagem publicada em 1931 [...] Lisboa. Uma cidade inquieta sobre o solo vulcnico. No h um outro lugar no mundo onde as pessoas sejam mais calmas e delicadas quando com elas se fala individualmente, mas toda essa calma e delicada gente, quando junta, produz um rudo insuportvel que no o deixa dormir. [...] Quem se levanta muito cedo ser em Lisboa galardoado com uma cena excepcional: as mulheres que em largos cestos entrelaados carregam o peixe do porto para a cidade. O equilbrio perfeito entre os corpos delas e o cargo que levam, a cara sorridente, a boca cantante, no do a essas mulheres que trabalham a aparncia de uma coisa penosa e necessria, mas de algo bacanal e solene. Em grupos, elas conversam e levam o cargo como se fosse um ornamento, sustentando-o com o peito, os quadris e as pernas bronzeadas e descalas. Uma deles caminhava sozinha quem sabe o seu tormento! deixando-se levar pelo seu canto no meio da rua. Seguia-a com os olhos por muito tempo. Percebi s duas palavras do refro da sua cano e protegia-as como faz um pastor com o fogo, temendo que as pudesse esquecer. Ainda guardo essas duas palavras. E cada vez que as trago lembrana, como se unisse os fins de um fio elctrico, arrebenta dentro de mim a melodia de uma terra estrangeira, do vero, do mar e da alegria ingnua. Mas no Lisboa o que na minha memria faz desta terra festiva o que ela para mim. A cerca de vinte quilmetros da capital, com as costas encostadas contra as colinas escuras e a cara virada diante da plancie que termina no mar, fica um pequeno lugarejo, uma aldeia quase. Sintra, com o ex-palcio real Castelo da Pena e por graa da sua localizao, vai alm da beleza de tudo o que possa ser concebido e contado. [...] Os Turcos diziam sobre a mais bonita regio do seu grande imprio: A terra perfeita. Onde comeas a escavar, derrama a gua, onde cai uma semente, ali brota uma rvore. Esta terra assim. [...] O relgio de uma torre invisvel bate as horas. a mais linda msica para os ouvidos de um viajante. O seu som to agradvel que ao escut-la voc esquece-se de contar as horas. Voc sente-se feliz e calmo: est em Portugal. Em frente porta espera um carro que o levar para longe dele.

Ivo Andrid Portugal, zelena zemlja Fragmenti putopisa objavljenog 1931. godine [...] Lisabon. Nemirna varo na vulkanskom tlu. Nigdje na svijetu nisu ljudi mirniji i utiviji kad govorite s njima pojedinano, a svi ti mirni i utivi ljudi zajedno stvaraju nepodnoljivu buku od koje ne moete da spavate.

[...] Ko rano rani bide u Lisabonu nagraen jedinstvenim prizorom: ribarskim enama koje nose ribu u irokim pletenim korpama sa pristanita u varo. Savrena ravnotea njihovih tijela i tereta koji nose, nasmijano lice, raspjevana usta, toj povorci ena koje rade daju izgled ne neke nude i rabote, nego neeg bahantskog i sveanog. U grupama, one deretaju putem i nose svoj teret na glavi kao neki ukras i podravaju ga grudima, kukovima i bosim preplanulim nogama. Jedna je ila osamljena ko zna kakva je i njena muka! i pjevala sredinom ulice, zaneseno. Pratio sam je dugo oima. Od pjesme sam razabrao samo dvije rijei iz refrena i zapretao ih kao obanin vatru, od straha da ih ne zaboravim. I sad uvam te dvije rijei. I kad god ih izazovem u sjedanju kao da sastavim suprotne krajeve elektrine ice, plane u meni melodija tue zemlje, ljeta, mora i prostog veselja.

Ali nije Lisabon ono to ini u mom sjedanju ovu prazninu zemlju onim to jest. Na dvadesetak kilometara od prestonice, leima prislonjena uz mrke bregove, a licem okrenuta ka ravnici koja se zavrava morem, stoji mala varoica, selo gotovo. Sintra, sa bivim kraljevskim dvorcem i kastelom Penja, koji po svom poloaju prevazilaze ljepotu svega to se moe izmisliti i ispriati. [...] Turci su govorili za najljepu pokrajinu svoga velikog carstva: Savrena zemlja. Gdje zakopa, potee pitka voda, a gdje padne sjeme, tu nikne drvo. Ovo je takva zemlja.

[...] Sa nevidljivog tornja iskucavaju neki sati. Najljepa popodnevna muzika za putnikove ui. Njihov zvuk je tako prijatan da sluajudi ih zaboravite da ih brojite. Sredni ste i mirni: u Portugalu ste. Pred vratima ekaju kola koja de vas odvesti iz njega.

Traduo: Bojan Bilid Redaco: Mariana Mendes

Preveo na portugalski Bojan Bilid Redigovala Mariana Mendes

Ivo Andrid (1892-1975) foi um escritor jugoslavo. Foi galardoado com o Prmio Nobel de Literatura em 1961.