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Portuguêsem Foco 4

Luísa Coelho I Carla Oliveira

Coordenação: João Malaca Casteleiro

Livro do AlunoNíveis C1/C2

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Edição E distribuição

Lidel – Edições Técnicas, Lda.Rua D. Estefânia, 183, r/c Dto. – 1049 ‑057 LisboaTel.: +351 213 511 448 [email protected] de edição: [email protected]

Livraria            Av. Praia da Vitória, 14 A – 1000 ‑247 Lisboa Tel.: +351 213 511 448 [email protected]

Copyright © 2019, Lidel – Edições Técnicas, Lda.ISBN edição impressa: 978‑989‑752‑396‑01.ª edição impressa: julho de 2019

Conceção de layout e paginação: Pedro SantosImpressão e acabamento: Cafilesa – Soluções Gráficas, Lda.Depósito Legal: 458374/19

Capa: José Manuel Reis

Fotografias e ilustrações: vários (ver páginas 230‑231)

Faixas ÁudioVozes: Ana Vieira, Paulo Espírito SantoExecução Técnica: Emanuel Lima,

&© 2019 ‑ Lidel SPA

Todos os direitos reservados

Todos os nossos livros passam por um rigoroso controlo de qualidade, no entanto aconselhamos a consulta periódica do nosso site (www.lidel.pt) para fazer o download de eventuais correções.

Reservados todos os direitos. Esta publicação não pode ser reproduzida, nem transmitida, no todo ou em parte, por qualquer processo eletrónico, mecânico, fotocópia, digitalização, gravação, sistema de armazenamento e disponibilização de informação, sítio Web, blogue ou outros, sem prévia autorização escrita da Editora, exceto o permitido pelo CDADC, em termos de cópia privada pela AGECOP – Associação para a Gestão da Cópia Privada, através do pagamento das respetivas taxas.

A Lidel adquiriu este estatuto através da assinatura de um protocolo com o Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, que visa destacar um conjunto de entidades que contribuem para a promoção internacional da língua portuguesa.

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Prefácio

Ao darmos a lume Português em Foco 4, disponibilizamos o último volume da coleção de manuais começada em 2015 com Português em Foco 1, elaborada para o ensino­­aprendizagem da língua portuguesa, tanto nos domínios da compreensão e expres­são orais, como da leitura e da composição escrita. Este volume, conforme acontece com os anteriores, dirige ­se a um público diversificado, adolescente ou adulto, quer europeu quer de outros continentes, e pode ser utilizado seja em regime de escola­ridade seja em autoaprendizagem. Português em Foco 4, tal como sucede com os volumes precedentes, tem como orientação metodológica a abordagem comunicati­va no ensino ­aprendizagem de línguas e guia­se pelos mesmos princípios teóricos e orientações pedagógico­didáticas do Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas – Aprendizagem, Ensino, Avaliação (QECR), publicado, em 2001, pelo Conse­lho da Europa e facultado em versão portuguesa, no mesmo ano, pelo Ministério da Educação de Portugal. Este manual procura satisfazer aos Níveis C1/C2 do QECR, ou seja, aos dois últimos níveis dos seis aí descritos. Mediante a aquisição dos Níveis C1/C2, espera ­se que o aprendente se revele como utilizador proficiente, com autonomia e mestria, no uso da língua de Camões, tanto na comunicação oral como no domínio da escrita.

Este manual contém 12 unidades didáticas, que abrangem conteúdos programáticos relacionados com diversos aspetos da cultura portuguesa, tais como idiomatismos e provérbios de uso frequente, assuntos relevantes da educação, da saúde, do desporto, da gastronomia e alimentação, do sistema social, etc. Nos textos apresentados, deu ­se relevância a alguns autores das literaturas de língua portuguesa, quer clássicos quer modernos, como Luís de Camões, Almeida Garrett, Eça de Queirós, Fernando Pessoa, Ricardo Araújo Pereira, Carlos Tê, do lado de Portugal, ou Luís Fernando Veríssimo, Martha Medeiros, do Brasil, José Eduardo Agualusa, Ondjaki, Pepetela, de Angola, Germano de Almeida, de Cabo Verde, ou Mia Couto, de Moçambique. Infelizmente, o espaço disponível não permitiu incluir textos de outros escritores lusófonos igualmente relevantes.

Os conteúdos gramaticais inseridos neste manual visam facultar um domínio mais com­pleto da gramática, sobretudo em relação ao uso adequado dos tempos e modos verbais, sempre difícil para quem tem como idioma materno uma língua pouco ou nada flexional, mas também quanto a particularidades de realização mais elaborada, como sucede com a expressão da condição, da causa, da concessão, do tempo, etc.

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Considerou ­se útil apresentar também as principais diferenças gramaticais, bem como algumas de natureza lexical entre Portugal e o Brasil.

Tal como em manuais anteriores, os textos presentes nas várias unidades didáticas são proferidos por falantes nativos, conforme a norma ­padrão do Português Europeu e a do Português do Brasil, e encontram ­se disponíveis em www.lidel.pt/pt/dowload­conteudos/. É seu objetivo ajudar o aprendente a melhorar a prática da oralidade, quer na compreen­são quer na expressão. Será não apenas um valioso instrumento de trabalho em sala de aula para o professor não nativo, mas também um bom apoio para o discente no exer­cício de autoaprendizagem. Um Livro do Professor será também posto à disposição dos docentes, o qual visa ajudá­los na preparação das aulas, sobretudo aqueles que tenham menos experiência didática.

Como vimos repetindo nos manuais anteriores, cremos que, também neste, a larga ex­periência docente das autoras com alunos de várias nacionalidades e nos vários níveis do QECR, obtida na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde lecionam há muitos anos, tornou mais consistente e mais adequada ao público aqui visado a elaboração deste manual. Esperamos, pois, que ele contribua da melhor forma para levar o aprendente a atingir solidamente as metas estabelecidas pelos Níveis C1/C2 do QECR. Através do relevo que aqui damos a aspetos marcantes da cultura portuguesa, assim como a alguns importantes escritores lusófonos, esperamos contribuir também para um mais aprofundado conhecimento da sociedade lusa, por um lado, e das riquís­simas literaturas que se expressam em língua portuguesa, por outro.

O público aprendente deve ter em conta que a língua portuguesa é a quarta mais fala­da no mundo, sendo mesmo a primeira no Hemisfério Sul, e que o seu uso e aprendi­zagem se encontram em plena expansão, quer como língua materna ou segunda quer como língua estrangeira. Espera ­se que a breve trecho ela venha a ser considerada língua oficial da Organização das Nações Unidas. Dominar bem a língua portuguesa tornar ­se ­á, pois, uma mais ­valia, não só do ponto de vista cultural, mas sobretudo profissional.

Antes de terminar, queríamos deixar aqui uma palavra de agradecimento à Lidel pelo empenho e competência com que tem levado a cabo esta coleção de manuais e pela oportunidade que quis dar ­nos de assim contribuirmos de forma continuada e mais completa para o ensino­aprendizagem da língua portuguesa por um público diversifi­cado e pluricontinental.

João Malaca Casteleiro

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Introdução

Português em Foco 4 é o quarto e último volume de uma coleção de manuais dirigidos a adolescentes e adultos aprendentes de Português como Língua Estrangeira e está dividido em 12 unidades de aprendizagem.

O manual que agora se apresenta foi organizado em áreas temáticas e vocabulares associadas aos Níveis C1/C2 — Níveis de Autonomia e de Mestria. Deste modo, ao continuar a aprendizagem com Português em Foco 4, o aprendente irá reforçar competências comunicativas e desenvolver um nível de reflexão sobre a língua portuguesa, a atualidade e a literatura para atingir um nível semelhante ao do falante nativo. Assim, cada uma das 12 unidades permitirá que o aprendente desenvolva estas competências, quer através do trabalho com o texto escrito (onde as situações de comunicação são evidentes) quer através de propostas para trabalho oral.

Português em Foco 4 apresenta:

Textos Escritos

• Servem de base para o trabalho com vocabulário específico relacionado com as áreas temáticas;

• Estão gravados e disponíveis em www.lidel.pt/pt/dowload­conteudos/, servindo para trabalhar a compreensão oral, a pronúncia, etc.;

• Acompanham a progressão na aprendizagem, quer no que se refere à sua temática principal quer no que se refere aos aspetos estruturais da língua;

• Os textos são atuais, reais, cumprindo sempre os objetivos propostos para o nível de aprendizagem.

Aspetos Gramaticais – Regras e Exercícios

• Este manual apresenta os aspetos gramaticais que serão explorados, quer através da explicitação de regras quer através de exercícios;

• Os exercícios permitem que os alunos utilizem as novas regras gramaticais que aprenderam e que reutilizem as anteriores.

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Exercícios de Compreensão Oral

Uma vez que a compreensão oral é tão importante como as restantes competências, em cada unidade haverá um trabalho para o desenvolvimento desta competência. Assim, ao longo do manual poder ­se ­ão encontrar diversas tipologias de exercícios, tais como:

• Textos gravados com perguntas de interpretação;

• Audição de textos lacunares para preencher com informação pertinente.

Exercícios de Expressão Oral

A expressão oral, tal como todas as outras competências, acompanha a temática de base das unidades. Assim, com os exercícios e sugestões para o trabalho da expressão oral, pretende ­se:

• Utilizar oralmente os conteúdos temáticos aprendidos;

• Criar um ambiente comunicativo que permita ao professor acompanhar as situações propostas.

Português em Foco 4 apresenta um Livro do Professor que está organizado conforme as unidades do Livro do Aluno. Em cada unidade existem indicações precisas sobre as atividades a desenvolver na sala de aula.

Esperamos, pois, que o presente manual seja do seu agrado.

Luísa Coelho

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Vamos rever!

Unidades Conteúdos Gramaticais Objetivos Específicos

1.Aspetos culturais portugueses

Pág. 11

•Pretérito perfeito composto do conjuntivo

•Formação e utilização

•Alguns aspetos de prosódia: reconhecer sentimentos; distinguir frases exclamativas, interrogativas e declarativas

•Revisão da colocação dos pronomes clíticos

•Conhecer algumas particularidades culturais portuguesas através de ditos populares

•Fazer comparações interculturais

•Conhecer estereótipos e desmontá­los

•Conhecer alguma literatura lusófona (José Eduardo Agualusa, Sophia de Mello Breyner Andresen)

•Reconhecer expressões idiomáticas com referente a animais (engolir sapos)

2.Educação e desporto

Pág. 25

•Pretérito mais­que­perfeito­composto do conjuntivo

•Formação e utilização

•Colocação do sujeito depois do verbo

•Falar sobre desporto

•Conhecer o desenvolvimento da língua portuguesa no mundo

•Debater o efeito das tecnologias de informação nas crianças e jovens

•Reconhecer alguns inanimados culturais através de expressões idiomáticas (surdo como uma porta)

•Conhecer alguma literatura lusófona (Florbela Espanca)

3.Saúde

Pág. 39

•Futuro composto do conjuntivo

•Formação e utilização

•Revisão verbal e preposições

•Debater/falar sobre várias situações relacionadas com saúde e dietas

•Falar sobre preconceitos

•Reconhecer expressões idiomáticas com recurso a partes do corpo (ter a barriga a dar horas)

•Conhecer alguma literatura lusófona (Miguel Esteves Cardoso)

4.Bicharada

Pág. 55

•Futuro composto do indicativo

•Formação e utilização

•Condicional composto

•Formação e utilização

•Conhecer alguma literatura lusófona (José Eduardo Agualusa, Mário de Carvalho)

•Debater/falar sobre aspetos culturais relacionados com o uso de animais para entretenimento e animais domésticos

•Fazer comparações interculturais

•Reconhecer expressões idiomáticas e expressões populares relacionadas com comida e bebida (matar o bicho)

5.Gente lusófona

Pág. 71

•Uso e omissão do artigo definido e indefinido

•Gerúndio simples e composto

•Utilização do gerúndio para exprimir: tempo, causa, modo, condição, concessão

•O gerúndio com verbos auxiliares para evidenciar valor aspetual: estar + gerúndio; andar + gerúndio, ir + gerúndio, vir + gerúndio

•Conhecer alguma literatura lusófona (Mia Couto, José Saramago)

•Reconhecer /aceitar/recusar aspetos culturais diversos

•Reconhecer algumas expressões idiomáticas e populares relacionadas com morrer e morte.

•Levantamento de tabus interculturais

Índice Geral

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Unidades Conteúdos Gramaticais Objetivos Específicos

6.Portugal – agora e no futuro

Pág. 91

•Infinitivo flexionado

•Infinitivo não flexionado

•O particípio

•Conhecer dados sobre a situação familiar em Portugal

•Conhecer alguns aspetos relacionados com o sistema educativo português

•Conhecer alguns aspetos do sistema social português

•Reconhecer alguns provérbios portugueses

•Fazer o cruzamento intercultural em relação a provérbios com o mesmo significado

7.Gastronomia e alimentação

Pág. 107

•A Condição

•Orações condicionais (com indicativo, com conjuntivo, com infinitivo pessoal) – revisão geral

•Conhecer a gastronomia portuguesa e a sua presença na literatura (Eça de Queirós)

•Regras para a realização de resumo textual

•Resumir um texto de cariz informativo

•Exprimir condição

•Reconhecer algumas expressões e expressões idiomáticas da língua portuguesa com o verbo dar

8.Leituras Lusófonas

Pág. 123

•O Tempo

•Orações temporais (com indicativo, com conjuntivo, com infinitivo pessoal) – revisão geral

•Conhecer autores lusófonos – Angola (Pepetela); Cabo Verde (Germano de Almeida)

•Fazer fichas de leitura de obras literárias

•Exprimir tempo

•Reconhecer algumas expressões idiomáticas da língua portuguesa com a palavra cabeça

9.Literatura Portuguesa – Luís Vaz de Camões

Pág. 139

•A Causa

•Orações causais (com indicativo, com conjuntivo, com infinitivo pessoal) – revisão geral

•Conhecer um dos maiores vultos da literatura portuguesa – Luís de Camões

•Fazer o cruzamento intercultural no que se refere a hábitos de leitura

•Resumir um texto de cariz informativo

•Fazer fichas de leitura de obras literárias

•Exprimir causa

•Reconhecer algumas expressões idiomáticas da língua portuguesa com a palavra amigo (amigo de Peniche, amigo da onça e amigo do alheio)

10.Crónicas e outros textos

Pág. 155

•Português Europeu e Português do Brasil (comparação)

•Análise das principais diferenças entre o PE e o PB: formas de tratamento você e tu; nível ortográfico; nível fonético; nível morfológico; nível sintático e nível semântico e lexical.

•Conhecer autores lusófonos – Mia Couto (Moçambique); Ricardo Araújo Pereira (Portugal); Luís Fernando Veríssimo (Brasil); Ondjaki (Angola)

•Reconhecer algumas expressões idiomáticas da língua portuguesa formadas com o verbo fazer

•Escrever uma crónica

•Conhecer algumas diferenças entre o PE e o PB©

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11.Sobre o amor e outras coisas – textos lusófonos

Pág. 173

•A Concessão

•Orações concessivas (com indicativo, com conjuntivo, com infinitivo pessoal) – revisão geral

•Conhecer autores lusófonos – Almeida Garrett (Portugal); Martha Medeiros (Brasil); Carlos Tê (Portugal)

•Conhecer uma lenda tradicional portuguesa (Portalegre)

•Escrever uma carta de amor

•Reflexão/discussão sobre pensamentos relacionados com amor, fidelidade/infidelidade

•Conhecer algumas expressões idiomáticas do Português do Brasil

12.Fernando Pessoa

Pág. 187

•Expressões idiomáticas e provérbios – revisão

•Conhecer Fernando Pessoa – biografia, heterónimos

•Leitura do texto “Sr. António” de Maria José (Heterónimo de Fernando Pessoa)

•Uma perspetiva íntima de Fernando Pessoa (entrevista a Manuela Nogueira – sobrinha de Pessoa)

•Leitura e reflexão sobre dois poemas (Autopsicografia; Eu sou do tamanho do que vejo)

•Reflexão/discussão sobre pensamentos de Fernando Pessoa

•Redação de textos de reflexão

Textos áudio não transcritos

Pág. 203

Glossário Pág. 219

Lista de faixas áudio Pág. 229

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UNIDADE 1

Ultimamente, o Luís tem engolido imensos sapos!

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2 TEXTO A

Os mais irritantes ditos portugueses

Os nossos conterrâneos que encontramos por

esse Portugal fora insistem em estragar ‑nos o

dia com manias que já não temos paciência para

aturar. Mas, enfim, algumas até se percebem…

“COITADINHO”

Todos em Portugal são coitadinhos: ou porque a

mulher fugiu com o leiteiro (Ai! Bons tempos em

que havia leiteiros.) ou porque o filho decidiu ser

criador de hamsters em vez de economista; cada

vida tem a sua cruz. Mas isso até nos conforta.

Imaginem um país em que se desfiassem as nossas desditas e a pessoa, em vez de suspirar “Coitadinho!”, nos olhasse

gelidamente e declarasse: “Ah!”

“SOFRO DOS NERVOS”

99% dos portugueses afirma “sofrer dos nervos”. Quem tem ataques de fúria sofre dos nervos, quem tem borbulhas

no nariz é porque sofre dos nervos e quem não tem mais nada para fazer na vida sofre imenso dos nervos,

compreensivelmente. “Sofrer dos nervos” é popular porque é uma doença mística. É o degrau abaixo de se ouvirem

vozes como, por exemplo, a de Joana d’Arc, e sempre é mais interessante do que sofrer de sinusite ou de hemorroidas.

“NEM ME FALE NISSO”

A frase inaugura mais um campeonato de doenças, que pode ocupar um passeio de várias horas com diálogos do

tipo: “Eu tenho bronquiolite crónica, deixo de respirar a meio da noite e posso morrer a qualquer momento”, “Nem

me fale nisso, eu não só deixo de respirar como fico vários minutos sem ser capaz sequer de me mexer”, “Mas olhe

que eu não durmo há mais de seis meses”, “A mim, a dor ia ‑me cá abaixo, à anca, e fazia ‑me ricochete no fígado”…

Em Portugal, só se é interessante pela desgraça. Quem está de boa saúde e é feliz não só é uma afronta aos outros

como não tem interesse algum. Aliás, todos acham que ninguém é genuinamente feliz. Se alguém “parece” feliz, de

certeza que está a disfarçar. Por fora ri, mas por dentro chora, como os palhaços.

“TU CAIS!”

As crianças portuguesas nunca são encorajadas a conquistar o mundo. Ninguém diria que alguma vez pusemos o

pé fora de Odivelas, quanto mais no Brasil. A filosofia das mães nunca é: “Vais passar esse muro e encontrar um

maravilhoso mundo novo do outro lado”. A filosofia das mães portuguesas é: “Vais ‑te estampar a tentar inutilmente

escalar esse muro absurdamente alto, vais torcer um tornozelo quando caíres cá em baixo em cima de um lobo mau

que te devia devorar até à última falanginha. Ah, e também te vais constipar”.

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“MAIS OU MENOS”

Nunca nada nos corre bem. É sempre “mais ou menos” ou “vai ‑se andando”. Não se sabe se as reticências se devem

ao facto de ninguém querer ser motivo de inveja para não tentar os deuses, ou simplesmente ao pessimismo nacional.

“ESTÁS AQUI?”

Isto irrita muita gente mas não devia fazer parte da lista, porque se trata apenas de um desbloqueador de conversa.

Acordem, ofendidos! Ninguém vos está a perguntar se estão de facto aqui… O que se quer dizer é: “ O que é que

estás aqui a fazer?” E não: “Será um ET aquilo que vejo na minha frente?”.

Catarina Fonseca in Activa (texto com supressões)

VOCABULÁRIO

1. Leia o Texto A e apresente um sinónimo ou explique o significado das palavras/expressões do quadro abaixo.

coitadinho

cada um tem a sua cruz

doença mística

fazer ricochete

vais ‑te estampar

desbloqueador de conversa

2. Faça a correspondência entre as palavras da coluna da esquerda e os sinónimos da coluna da direita.

Texto A Sinónimos

1. a desdita a) a ofensa

2. gelidamente b) o azar

3. a afronta c) friamente

4. genuinamente d) subir

5. escalar e) tragar

6. devorar f) autenticamente

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ORALIDADE

3. Trabalho de pares. O Texto A é um texto humorístico sobre algumas

particularidades dos portugueses. Como texto humorístico que é,

denota também algum exagero. Discuta as seguintes questões

com o seu colega.

1. Fale com o seu colega sobre cada uma das particularidades dos

portugueses e faça um paralelo com aspetos da sua própria cultura.

Encontra alguma semelhança?

2. Que ditos o irritam mais na sua cultura?

3. Diz ‑se frequentemente que os ingleses gostam de falar do tempo e os

portugueses de doenças. E no seu país, que tipo de estereótipos são mais

comuns?

ESCRITA

3 4. Ouça o Texto B e complete os espaços.

TEXTO B

Na minha primeira morte eu não morri

Um dia, na minha anterior ________________________________________________, decidi matar ‑me. Queria morrer completamente. Tinha

esperança de que a vida eterna, o paraíso e o inferno, Deus e o Diabo, ________________________________________________, tudo isso,

fossem apenas ________________________________________________ demoradamente, ao longo de séculos, pelo vasto terror dos homens.

Comprei um revólver ________________________________________________, apenas a dois passos da minha casa, mas onde nunca tinha

entrado antes, e ________________________________________________ não me conhecia. Depois comprei um livro policial e uma garrafa de

genebra. Fui para um hotel na praia, bebi a genebra com desgosto, em largos goles (o álcool sempre

________________________________________________), e estendi ‑me na cama a ler o livro. Achava que a genebra, somada ao tédio de um

________________________________________________, me daria a coragem necessária para encostar o revólver à nuca e ________________________________________________.

O livro, porém, não era mau – e eu li ‑o até ao fim. Quando cheguei à última página começou a chover. Era

como se do céu _______________________________________________________________________ desse oceano escuro e sonolento no qual navegam as estrelas.

Fiquei à espera de as ver cair, quebrando ‑se depois, com grande brilho e clamor, _______________________________________________________________________.

Não caíram. _______________________________________________________________________. Encostei o revólver à nuca, e adormeci.

José Eduardo Agualusa, O Vendedor de Passados, 2.ª edição, Lisboa, Dom Quixote, p. 85 (2004)

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José Eduardo Agualusa

Nasceu em 1960, em Angola. Autor de uma vasta obra muito premiada, sendo que alguns dos seus livros estão traduzidos em mais de 20 línguas. A tradução inglesa de O vendedor de Passados foi distinguida com o Prémio “Independent” (2007) para a melhor ficção estrangeira.

4 5. A expressividade pode manifestar ‑se através da entoação: expressão irónica, afetuosa, zangada,

surpreendida, etc. Neste exercício vai ouvir duas frases. A partir da diferença de entoação, diga que

sentimento indica cada frase.

Frases Alegria Tristeza Surpresa Ironia

1.

2.

5 6. Vai ouvir três frases. Assinale a que tipo de frase corresponde cada uma.

Frase Exclamativa Declarativa Interrogativa

1.

2.

3.

6 7. Ouça o Texto C, tire notas e faça um resumo da história.

_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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GRAMÁTICA

Pretérito Perfeito Composto do Conjuntivo

Forma ‑se com o Presente do Conjuntivo do verbo auxiliar ter e o Particípio Passado do verbo principal.

Ter (Presente do Conjuntivo) + Particípio Passado do verbo principal

Eu tenha dito

Tu tenhas morado

Ele / Ela / Você tenha escrito

Nós tenhamos feito1Vós tenhais ido

Eles / Elas / Vocês tenham vindo

1 A 2.ª pessoa do plural quase que desapareceu da linguagem corrente. Usa ‑se em linguagem enfática ou literária arcaizante.

Usamos o Pretérito Perfeito Composto do Conjuntivo depois das mesmas estruturas e expressões com as quais usamos o Presente do Conjuntivo. a) É provável que ela tenha apagado as luzes antes de sair. b) Eu espero que ele tenha feito o jantar. c) Caso já tenhas visto este filme, podemos ir ao teatro d) Ainda que já tenhas ficado bom, não te esqueças de tomar o antibiótico.

Note que na frase d) o verbo da oração principal encontra ‑se no Modo Imperativo. Em todas as outras frases, o verbo da oração principal encontra ‑se no Presente do Indicativo.

O Pretérito Perfeito Composto do Conjuntivo pode exprimir anterioridade em relação a uma ação já realizada (1) no passado, (2) a decorrer no presente ou (3) a acontecer no futuro. (1) Embora tenham saído cedo de casa, não conseguiram apanhar o comboio. (2) Duvido que ela tenha percebido o que esperamos dela. (3) Na próxima semana, vou ao Algarve. Espero que a Ana já tenha chegado lá por esses dias.

Estruturas e expressões com as quais podemos usar o Pretérito Perfeito Composto do Conjuntivo:1) Depois de construções impessoais: Exemplo: É possível que ele já tenha pagado a conta.2) Em subordinadas completivas: Exemplo: Receio que já tenhas lido este livro.3) Depois de talvez (em orações independentes) para exprimir dúvida em relação a um facto passado: Exemplo: Talvez vocês já tenham ido à Madeira.4) Em orações subordinadas adverbiais: a) Condicionais (caso, sem que, desde que, a menos que, a não ser que): Exemplo: Vamos ao cinema hoje, a menos que vocês estejam cansados.

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b) Temporais (até que, logo que, mal): Exemplo: Mal tenham resolvido o problema, digam ‑me. c) Concessivas (embora, se bem que, mesmo que, ainda que): Exemplo: Mesmo que já tenham comido, podem provar este bolo. d) Causais (não porque): Exemplo: Os pais deram ‑lhe um carro, não porque ele tenha merecido, mas por pena.5) Em orações subordinadas relativas em situações indeterminadas: Exemplo: Nunca conheci ninguém que tenha ido à Namíbia.6) Em frases exclamativas de desejo: Exemplo: Oxalá eles tenham chegado bem! A viagem é tão perigosa!7) Depois de verbos de opinião na forma negativa: Exemplo: Não creio que eles tenham acertado na resposta.8) Nas orações subordinadas concessivas de intensidade (por mais que, por muito que, por pior que, etc.): Exemplo: Por pior que tenha sido a experiência, aprendi algo com ela.9) Depois de expressões indeterminadas (onde quer que, quem quer que, o que quer que, etc.): Exemplo: O que quer que eles tenham feito, ninguém descobriu nada.

ESCRITA

8. Complete as frases com as formas verbais no Pretérito Perfeito Composto do Conjuntivo.

1. É provável que elas ______________________________________________________________ (ver) o espetáculo em Londres. Estavam lá na altura em que estreou.

2. O acidente foi muito violento! Receio que os passageiros ______________________________________________________________ (ficar) gravemente feridos.

3. A nossa secretária ainda não chegou. Talvez não ______________________________________________________________ (conseguir) apanhar o comboio das 8

horas.

4. O João pediu ‑me dinheiro emprestado, mas não lho emprestarei sem que ele ______________________________________________________________ (esgotar)

primeiro todas as possibilidades junto dos bancos.

5. Meninos, logo que ______________________________________________________________ (fazer) os trabalhos de casa, venham comer gelado.

6. Embora eles ______________________________________________________________ (chegar) cedo, não conseguem arranjar lugar em frente do palco.

7. Há alguém que o ______________________________________________________________ (ver) no cinema à hora do assalto?

8. Estás chateado? Não acredito que ______________________________________________________________ (ficar) zangado comigo por causa de uma brincadeira!

9. Por muito que ele ______________________________________________________________ (esforçar ‑se) não conseguiu passar no exame de condução. Não tem

muito jeito!

10. O que quer que ela te ______________________________________________________________ (dizer), podes ter a certeza de que é mentira. Ela nunca diz a

verdade.

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9. Faça a correspondência entre as duas colunas.

Anterioridade em relação a:

1. Embora eles tenham estudado, não conseguiram passar no exame.

a) Ação já realizada no passado.

b) Ação a decorrer no presente.

c) Ação a realizar no futuro.

2. Receio que ele não tenha compreendido o que estou a explicar.

3. É provável que ela tenha chegado antes de ter começado a chover.

4. Quando a loja abrir, espero que os móveis já tenham chegado.

5. Quando tiveres acabado o quadro, compraremos a moldura.

6. Duvido que o rapaz tenha percebido o sacrifício que os pais estão a fazer para ele se formar.

7 TEXTO D

Muito, pouco ou nada?

Há uma expectativa e uma ansiedade sempre que se pede a conta. São os dois lados de uma equação que tem ao

centro a famosa gorjeta. Dar ou não dar? E quanto?

Viagem à volta do mundo do dinheiro que fica na mesa

Há momentos em que até o mais experiente diplomata é apanhado

desprevenido. Como aquele jantar que o então embaixador de Portugal

na ONU, Francisco Seixas da Costa, organizou em Nova Iorque e que

acabou com os empregados a saírem restaurante afora atrás dele. A

comida era boa, o atendimento cortês e, no fim, todo o grupo ficou

satisfeito. Em cima da mesa deixaram aquilo que qualquer português

consideraria uma “gratificação razoável”. A gorjeta, porém, perdeu ‑se

na tradução. “Vieram a correr atrás de mim a perguntar se tinha havido algum problema”, recorda Seixas da Costa.

Se em Portugal cada cliente dá quando e quanto quer, no estrangeiro há regras para todos os gostos. Nos EUA,

por exemplo, a gorjeta faz parte da conta. “Quando lá morei, andava sempre com uma tabela no bolso para saber

quanto deixar”, conta o antigo diplomata, gastrónomo amador e autor de uma crítica de comida da revista Evasões.

Por cá, a decisão toma ‑se na hora de pagar. É aquele momento de hesitação em que se olha para a carteira e

rapidamente se fazem contas de cabeça. Dar ou não gorjeta, eis a questão.

Apesar da hesitação, os portugueses lá acabam por ir deixando. Não sem antes discutir o valor. Quanto vale, afinal,

o esforço extra de quem nos atende? Sem estabelecer soluções milagrosas, o matemático Rogério Martins criou uma

fórmula para ajudar a chegar a uma gratificação razoável. Se somarmos a qualidade do serviço de mesa (de 0 a 10),

com a qualidade da comida (novamente de 0 a 10), mais a localização da mesa (de 0 a 10), dividirmos por 300 e

multiplicarmos esse valor pelo total, conseguimos chegar ao que é uma quantia “normal para um português”. Nada

de muito complicado (a fórmula está ao lado) e basta uma caneta e a calculadora do telemóvel – claro que existem

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aplicações de smartphone capazes de o fazer em segundos, mas não é tão engraçado.

Ainda assim, na hora de decidir, e matemática à parte, é provável que nas

consciências pesem os baixos salários de quem serve, num espírito que pode

ser de solidariedade ou de paternalismo. “É também uma atitude ideológica.

Antigamente, era uma forma de o empregador manter o salário baixo e de o

cliente encarar a gorjeta como uma ação de caridade e assistencialismo”, diz a

historiadora Irene Pimentel. A evolução da gorjeta não ficou imune à do país:

de ato indispensável à subsistência de profissões que dela dependiam passou

a atitude non grata após a Revolução. Em período democrático estabelecido,

e num país onde o turismo disparou, hoje é algo comum. “O turismo de luxo

está a aumentar o valor das gorjetas, há quem deixe 50 €”, conta Seixas da Costa,

que já viu nascer uma discussão, num restaurante caro da capital, depois de uma generosa gratificação que não foi

repartida por todos os empregados, ao contrário do que acontece em muitas cozinhas. Distorcido o valor da realidade,

aumenta ‑se a importância social de quem dá. Se quer um bom serviço, há que gratificar assim que se chega ao local.

Carolina Reis in A Revista do Expresso (texto com supressões)

ESCRITA

10. Responda às perguntas sobre o Texto D.

1. Porque é que os empregados foram atrás de Seixas da Costa depois do jantar que ele organizou em Nova Iorque?

_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2. O que significa a frase “A gorjeta perdeu ‑se na tradução.”?

_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3. O que acha da fórmula para calcular as gratificações?

_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4. Explique o sentido da frase “Distorcido o valor da realidade, aumenta ‑se a importância social de quem dá.”?

_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Como calcular a gorjetaUse a fórmula:

G = (S+C+M) / 300 x T

S – Qualidade do serviço de mesa (de 0 a 10)

C – Qualidade da comida (de 0 a 10)

M – Localização da mesa (de 0 a 10)

T – Valor total da contaG – Gorjeta

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11. Dê a sua opinião sobre o seguinte tema:

A gorjeta, por um lado, é arbitrária, cria incerteza no servidor e isso é negativo. Por outro lado, o cliente, ao premiar um bom serviço, dá incentivos ao trabalhador, e isso é positivo.

_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

ORALIDADE

12. Trabalho de pares. Com o seu colega, ou grupo de colegas, debata os temas

que se seguem.

1. Fale sobre o sistema de gorjetas em Portugal e em outros países que tenha visitado.

Conte as suas experiências na hora de dar gorjeta. Concorda com este sistema

de gratificações? Além dos restaurantes, onde é que é habitual dar gorjeta em

Portugal, no seu país ou em outros países que conheça?

2. Simule um debate sobre o serviço de gorjetas, no qual um grupo é a favor e

outro grupo é contra. Apresentem os vossos argumentos e defendam ‑nos.

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8 13. Ouça o Texto E e assinale se as frases são verdadeiras (V) ou falsas (F). Depois, corrija as frases falsas.

1. O André chama avarenta à Laura.

2. A Laura acha que ao dar gorjeta estamos a pagar duas vezes o mesmo serviço.

3. Segundo o André, as gorjetas permitem baixar os salários no fim do mês.

4. Na opinião do André, a gorjeta incentiva o empregado a esforçar ‑se mais.

5. A Laura diz que também lhe dão gorjetas para ser melhor no seu trabalho.

6. A Laura acha que algumas pessoas dão boas gorjetas por vaidade.

_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

8 14. Ouça novamente o Texto E e complete o quadro.

Na opinião do André, deve dar ‑se gorjeta porque:

1. ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2. ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3. ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Na opinião da Laura, não se deve dar gorjeta porque:

1. ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2. ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3. ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

ESCRITA

15. Complete as frases de acordo com o sentido do Texto E.

1. A Laura acha que muita gente dá gorjeta apenas para _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________.

2. O André só não deixa gorjeta no __________________________________________________________________ e nos __________________________________________________________________.

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9 16. Ouça o poema e complete os espaços.

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TEXTO FMar

De todos os cantos do mundo

Amo com um amor _______________________________________________

Aquela praia _______________________________________________,

_______________________________________________ ao mar, ao vento e à lua.

Cheiro a terra as árvores e o vento

Que a Primavera _______________________________________________

Mas neles só quero e só procuro

_______________________________________________ das ondas

Subindo para os astros _______________________________________________.

Sophia de Mello Breyner Andresen, Cem Poemas de Sophia, 2.ª edição, Lisboa, Editorial Caminho (2004) Visão JL, p.15.

Sophia de Mello Breyner Andresen

Nasceu no Porto em 1919 e morreu em 2004. Autora de livros de poesia e de literatura infantil e um dos maiores nomes da lírica

portuguesa. A sua obra recebeu inúmeras distinções.

GRAMÁTICA

Revisão verbal e colocação dos pronomes clíticos

17. Complete o Texto G com as formas verbais corretas e os pronomes pessoais clíticos, antes ou depois da

forma verbal.

TEXTO G

A noite chegou docemente. A poente o horizonte _______________________________________________________ (tingir ‑se) de fogo, como um gigantesco

incêndio, unindo o céu e a terra.

_______________________________________________________ (eu / levantar ‑se) da cadeira onde _______________________________________________________ (sentar ‑se) uma hora antes, embalado

pelas recordações que aquele fim de dia _______________________________________________________ (trazer) à memória.

_______________________________________________________ (eu / lembrar ‑se) de ti, linda, passeando pelo jardim, mais bela do que todas as rosas que tu

_______________________________________________________ (cuidar) com tanto carinho.

_______________________________________________________ (eu / perguntar ‑se) por onde _______________________________________________________ (andar) tu agora. _______________________________________________________ (ser) que

alguma vez, mesmo que por breves instantes, _______________________________________________________ (tu / lembrar ‑se) ainda de mim? _______________________________________________________

(ser) que _______________________________________________________ (tu / esquecer ‑se) definitivamente do nosso amor, ou mesmo deste jardim que

tu tanto _______________________________________________________ (amar)?

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UNIDADE 1Aspetos Culturais Portugueses

Nunca mais _______________________________________________________ (eu / ver / tu) desde aquele dia, o mais triste, em que _______________________________________________________

(tu / ir) embora, sem um adeus, sem uma palavra de despedida, sem uma explicação.

Onde _______________________________________________________ (tu / esconder ‑se) meu amor? Por que _______________________________________________________ (tu / abandonar / eu)?

As rosas do nosso jardim _______________________________________________________ (murchar). Mais um dia morreu e a minha dor _______________________________________________________

(continuar) tão viva como no dia em que tu _______________________________________________________ (partir).

A noite chegou e eu vejo ‑te refletida em cada estrela!

DITOS E EXPRESSÕES POPULARES

Expressões idiomáticas e outros ditos populares

Uma expressão idiomática é um conjunto de palavras com um significado diferente da definição literal habitual e que

se fixou na língua através do tempo e do uso. Apesar de, geralmente, ser impossível traduzir à letra uma expressão

idiomática, não deixa de ser possível encontrar outras expressões, contendo a mesma ideia sob forma diferente.

As expressões idiomáticas representam aspetos culturais e características de diferentes grupos socioculturais e são

usadas pelos falantes nativos numa linguagem quotidiana.

Ao aprender uma língua estrangeira, devemos aprender também a sua cultura.

As expressões idiomáticas, sendo um reflexo dessa mesma cultura, representam de

forma metafórica os sentimentos, as experiências estéticas e as práticas morais

de um povo.

Frequentemente as expressões idiomáticas atribuem qualidades ou defeitos aos

animais, comparando ‑os com o comportamento do ser humano. Seguem ‑se algumas

das expressões idiomáticas mais comuns.

Expressão idiomática Significado

1. Andar às aranhas Estar desorientado, sem saber o que fazer. Não sei onde deixei o meu carro! Ando aqui às aranhas e não o encontro!

2. Passar de cavalo para burro

Regredir na vida; piorar na vida.

Coitado do Manuel! Perdeu o emprego e a casa. Está a andar de cavalo para burro!

3. Aqui há gato Mostrar ‑se desconfiado.

Quando entrei na sala, o Pedrinho estava a esconder alguma coisa debaixo do sofá. Hum! Aqui há gato!

4. Armar ‑se aos cágados

Fazer ‑se de importante.

Não vale a pena armares ‑te aos cágados porque eu já te conheço bem!

5. Armar ‑se em carapau de corrida

Fazer ‑se de esperto.

Percebeste bem o que eu disse! Não te estejas a armar em carapau de corrida!

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Expressão idiomática Significado

6. Cantar de galo Achar ‑se importante; falar de modo arrogante ou autoritário, tentando impor a sua vontade.

O Carlos é muito arrogante e acha que sabe tudo. Quando fala com os seus colegas canta de galo.

7. Cego como uma toupeira

Pessoa que vê mal.

Sem os óculos sou cego como uma toupeira.

8. Chorar lágrimas de crocodilo

Choro fingido; ser hipócrita.

Depois do que me fizeste, não venhas agora chorar lágrimas de crocodilo porque eu não acredito em ti!

9. Engolir sapos Ser obrigado a fazer algo de que não se gosta; ouvir algo desagradável e ficar calado.

Para chegar a chefe, o João teve de engolir muitos sapos.

10. Estar com olhos de carneiro mal morto

Olhos de pessoa triste, sem brilho.

Tendo perdido o jogo, o Pedro está ali sentado com olhos de carneiro mal morto. Está desolado!

11. Ser estúpido como um camelo/uma galinha

Pessoa muito estúpida.

O Pedro nunca percebe nada. É estúpido como um camelo/uma galinha.

12. Ser mudo como um peixe

Alguém que fala pouco ou não fala nada.

A Ana nunca diz nada. É muda como um peixe.

13. Parecer uma barata tonta

Estar desorientado.

Está quieto! Pareces uma barata tonta a andar de um lado para o outro!

14. Ter uma fome de lobo

Estar esfomeado.

Ainda não são horas de jantar? Estou com uma fome de lobo!

15. Estar/Ficar com a pulga atrás da orelha

Estar/Ficar desconfiado.

Depois de ver as contas da empresa, o Sr. Simões está com a pulga atrás da orelha.

16. Voltar à vaca fria Regressar ao assunto original.

Meus senhores, estamos a desconversar. Voltemos à vaca fria e continuemos a reunião!

18. Complete as frases com as expressões idiomáticas do quadro anterior.

1. Não gostei da explicação que ela deu. Fiquei com __________________________________________________________ atrás da orelha.

2. Ainda não almocei. Estou com uma fome __________________________________________________________.

3. O Sr. Fonseca é tão desorientado! Anda sempre de um lado para o outro como uma __________________________________________________________.

4. O Sr. Martins era rico, mas ficou pobre de um dia para o outro. Parece que anda __________________________________________________________.

5. O António acha que é o maior! Está sempre a cantar __________________________________________________________.

6. Meus senhores, tenham calma! Não podemos fugir do assunto que estamos a debater. Vamos lá __________________________________________________________.

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UNIDADE 1Caderno de Exercícios e Aspetos Culturais

Portuguêsem Foco4

Caderno de Exercícios e Aspetos Culturais

Níveis C1/C2

Lidel – edições técnicas, lda.www.lidel.pt

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A Lidel adquiriu este estatuto através da assinatura de um protocolo com o Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, que visa destacar um conjunto de entidades que contribuem para a promoção internacional da língua portuguesa.

Edição e DistribuiçãoLidel – Edições Técnicas, LdaRua D. Estefânia, 183, r/c Dto – 1049 ‑057 LisboaTel: +351 213 511 448 [email protected] de edição: [email protected]

LivrariaAv. Praia da Vitória, 14 A – 1000 ‑247 Lisboa Tel: +351 213 511 [email protected]

Copyright © 2021, Lidel – Edições Técnicas, Lda.ISBN edição impressa: 978‑989‑752‑505‑61.ª edição impressa: junho de 2021

Paginação: Pedro SantosImpressão e acabamento: Cafilesa ‑ Soluções Gráficas, Lda.Dep. Legal: 484287/21

Capa: José Manuel Reis

Fotografias: vários (página141)

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Unidade Conteúdos gramaticais Aspetos culturais

1pág. 5

• Pretérito perfeito composto do conjuntivo

• O adjetivo

• Correspondência entre frases – sinónimos

• Expressões com a palavra bater

• Revisões – preposições

• Interação social – convenções comportamentais e proxémica

2pág. 19

• Pretérito mais-que-perfeito composto do conjuntivo

• Colocação do sujeito depois do verbo

• Correspondência entre frases – sinónimos

• Expressões com a palavra água

• Revisões – preposições

• Valores, crenças e atitudes na sociedade portuguesa – a exposição das crianças nas redes sociais

3pág. 31

• Futuro composto do conjuntivo

• Correspondência entre frases – sinónimos

• Expressões com a palavra boca

• Revisões – preposições

• A comparação e a metáfora

• Os rituais na alimentação

• A história por detrás de algumas tradições gastronómicas (o bacalhau e o pão)

4pág. 39

• Futuro composto do indicativo

• Condicional composto

• Correspondência entre frases – sinónimos

• Expressões com a palavra braço

• Revisões – preposições

• Socialização no ciclo de vida

• Conhecer a importância que os rituais desempenham no ciclo de vida

• Reconhecer alguns rituais da sociedade portuguesa

5pág. 48

• Gerúndio simples e composto

• O gerúndio para exprimir tempo, causa, modo, condição e concessão

• O gerúndio com verbos auxiliares para evidenciar valor aspetual

• Correspondência entre frases – sinónimos

• Expressões com a palavra cara

• Tabus interculturais – vida morte

• Reconhecer a importância dos rituais de passagem na sociedade e o modo como facilitam a superação de momentos de transição imprevisíveis, como a morte

6pág. 58

• Infinitivo flexionado

• Infinitivo não flexionado

• Particípio

• Correspondência entre frases – sinónimos

• Expressões com a palavra asa

• Estereótipos culturais

• Compreender os estereótipos enquanto formas de representação social e falsa perceção da realidade

• Desmontar estereótipos

7pág. 71

• Revisões gerais – preposições e tempos e modos verbais

• Relação entre palavras – palavras homógrafas

• A Dieta Mediterrânica, Património da Humanidade

• Conhecer a Dieta Mediterrânica e compará-la com a dieta específica de outros países

Índice Geral

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8pág. 81

• Revisões gerais – preposições e tempos e modos verbais

• Questões de semântica em frases complexas

• Relação entre palavras – palavras homófonas

• Património Cultural e Natural

• Definir o conceito de património

• Identificar algumas das principais referências do património natural e cultural português

9pág. 92

• Revisões gerais – preposições e tempos e modos verbais

• A condição, o tempo e a causa – orações com indicativo, com conjuntivo, com infinitivo pessoal – revisão geral

• Conhecer duas figuras emblemáticas da cultura nacional – Camões e Saramago

10pág. 103

• Revisões Gerais – tempos e modos verbais

• Português europeu e português do Brasil – léxico, morfologia e sintaxe

• Conhecer alguns aspetos relacionados com a interculturalidade

• Conhecer a presença da cultura portuguesa no Brasil e no mundo

11pág. 111

• Revisões gerais – preposições e tempos e modos verbais

• Fado – Património Cultural Imaterial da Humanidade

• Conhecer alguns aspetos históricos relacionados com o Fado

• Conhecer alguns tipos de Fado

12pág. 120

• Revisões gerais • O Modernismo em Portugal – a revista Orpheu

• Conhecer alguns aspetos relacionados com a revista Orpheu

• Conhecer alguns artistas do primeiro modernismo português

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Caderno de Exercícios e Aspetos Culturais

GRAMÁTICA

1. Complete as frases com os verbos na forma correta.

Exemplo: Espero que eles tenham chegado bem ao destino.

1. A: Malta, há alguém que já ____________________________________________________________ (ler) as instruções da nova máquina de café?

B: Talvez a Maria ____________________________________________________________ (fazer) isso. Ela adora manuais de instrução.

2. A: Por mais que eu ____________________________________________________________ (insistir), a Ana não me contou o que se passa.

B: Talvez ela ____________________________________________________________ (zangar ‑se) com o namorado. Ultimamente ____________________________________________________________ (andar) tão

em baixo.

3. A: O que quer que lhe ____________________________________________________________ (acontecer), deve ser muito grave, mas ela não diz nada.

B: Achas que estará doente? Só espero que não ____________________________________________________________ (fazer) algum disparate.

4. A: Meus senhores, logo que ____________________________________________________________ (acabar) de preencher os questionários, entreguem ‑nos à

minha secretária, por favor.

B: Desculpe, eu ____________________________________________________________ ( gostar) de saber para que servem estes questionários. Devemos estar

preocupados com os nossos postos de trabalho?

2. Complete o texto usando as preposições da caixa.

sem / sem / durante / por / de / em / a / com

Parece que este caso se passou _______________________________________________ EUA.

Os moradores _______________________________________________ um bairro ficaram perplexos quando viram na sua rua um

carro a andar de marcha atrás e _______________________________________________ círculos _______________________________________________ uma hora.

No lugar _______________________________________________ condutor estava um cão. O dono do carro explicou

_______________________________________________ polícia que tinha deixado o carro ligado quando saiu, achava ele,

_______________________________________________ apenas uns minutos. O cão entrou _______________________________________________ veículo sem

ninguém ver e, _______________________________________________ acaso, acionou a marcha atrás.

A polícia conseguiu parar o carro e salvar o cão que, imaginamos nós, já devia

estar enjoado _______________________________________________ tanta volta.

UNIDADE 1

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UNIDADE 1 Português em Foco 4

3. Leia o texto e faça os exercícios propostos.

Com que brilho e inspiração copiosa a compusera o Divino Artista que faz as serras, e que tanto as cuidou, e tão

ricamente as dotou, neste seu Portugal bem -amado! A grandeza igualava a graça. Para os vales, poderosamente

cavados, desciam bandos de arvoredos, tão copados e redondos, de um verde tão moço, que eram como um musgo

macio onde apetecia cair e rolar. Dos pendores, sobranceiros ao carreiro fragoso, largas ramarias estendiam o seu

toldo amável, a que o esvoaçar leve dos pássaros sacudia a fragância. Através dos muros seculares, que sustêm as

terras liados pelas heras, rompiam grossas raízes coleantes a que mais hera se enroscava. Em todo o torrão, de cada

fenda, brotavam flores silvestres. Brancas rochas, pelas encostas, alastravam a sólida nudez do seu ventre polido pelo

vento e pelo sol; outras, vestidas de líquen e de silvados floridos, avançavam como proas de galeras enfeitadas: e, de

entre as que se apinhavam nos cimos, algum casebre que para lá galgara, todo amachucado e torto, espreitava pelos

postigos negros, sob as desgrenhadas farripas de verdura que o vento lhe semeara nas telhas. Por toda a parte a água

sussurrante, a água fecundante (...). Espertos regatinhos fugiam, rindo com os seixos, de entre as patas da égua e

do burro; grossos ribeiros açodados saltavam com fragor de pedra em pedra; fios direitos e luzidios como codas de

prata vibravam e faiscavam das alturas dos barrancos; e muita fonte, posta à beira de veredas, jorrava por uma bica,

beneficamente, à espera dos homens e dos gados (...). Todo um cabeço por vezes era uma seara, onde um vasto

carvalho ancestral, solitário, dominava como seu senhor e seu guarda. Em socalcos verdejavam laranjais rescendentes.

Caminhos de lajes soltas circundavam fartos prados com carneiros e vacas retouçando – ou mais estreitos, entalados

em muros, penetravam sob ramadas de parra espessa, numa penumbra de repouso e frescura. Trepávamos então

alguma ruazinha de aldeia, dez ou doze casebres, sumidos entre figueiras, onde se esgarçava, fugindo do lar pela

telha vã, o fumo branco e cheiroso das pinhas. Nos cerros remotos, por cima da negrura pensativa dos pinheirais,

branquejavam ermidas. O ar fino e puro entrava na alma, e na alma espalhava alegria e força. Um esparso tilintar de

chocalhos de guizos morria pelas quebradas (...).

Jacinto adiante, na sua égua ruça, murmurava:

– Que beleza!

E eu atrás, no burro de Sancho, murmurava:

– Que beleza!

Eça de Queiroz, A Cidade e as Serras, Livros do Brasil, edição baseada nos manuscritos e na edição de 1901 (Com supressões)

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UNIDADE 1Caderno de Exercícios e Aspetos Culturais UNIDADE 1

1. Eça de Queiroz, mestre na adjetivação, atribui, por vezes, a um substantivo concreto uma qualidade abstrata,

ou a um ser inanimado confere qualidades humanas. Procure no texto exemplos desta adjetivação.

2. Eça de Queiroz descreve a paisagem, ao estilo impressionista, através de cores, tonalidades, sons, cheiros,

sensações. Procure no texto exemplos desta adjetivação.

4. Depois de ler o texto que se segue, reescreva ‑o, substituindo as partes sublinhadas pelos adjetivos da caixa.

invisível / cabisbaixa / tímida / muda / discreta / interessada

Luísa entrou no salão de baile depois de a orquestra atacar a valsa. O olhar no chão, deslizou silenciosamente até

ao fundo da sala e sentou -se num cadeirão que se encontrava atrás de uma palmeira, evitando o olhar dos outros

convidados. Não falou com ninguém, mas olhou demoradamente os pares que rodopiavam pela sala.

À meia -noite levantou -se, passou rente à parede sem que alguém notasse a sua presença. Saiu para a rua e desapareceu

na escuridão.

5. Substitua o adjetivo aberto pela palavra ou expressão mais adequada da caixa e faça as alterações necessárias.

não cicatrizada / vasto / desabrochadas / em funcionamento / desabotoada /

sem preconceitos / calorosamente / límpido / espantado

1. Do cimo do monte avistava ‑se o campo aberto, a perder de vista.

2. Apesar do tratamento prolongado, a ferida continuava aberta.

3. Foi barrado à porta da discoteca por levar a camisa aberta até meio do peito.

4. Ela olhou, embevecida, as flores abertas e perfumadas.

5. Aos sábados o escritório não está aberto.

6. Para amanhã teremos céu aberto e temperaturas suaves.

7. A Dona Ana é uma mulher de espírito aberto, apesar da idade avançada.

8. Ela recebeu os amigos de braços abertos.

9. Quando recebeu a notícia, ficou de boca aberta.

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6. O verbo bater pode ocorrer com várias locuções. Faça a correspondência entre as frases (a ‑i) e o significado

do verbo bater + locução (1 ‑9).

1. bater o pé a. O que se passa com o Zé? Parece que não

regula bem da cabeça!

2. bater a porta b. O Antunes foi condenado por espancar o cão.

3. bater os dentes c. Ficou tão assustada que até tremia de medo

durante o interrogatório.

4. bater o terreno d. Ela saiu da empresa, furiosa, mas fazendo valer

a sua razão.

5. bater os ovos e. A Maria é muito corajosa. Ela luta ferozmente

pelas suas convicções.

6. bater as horas f. O relógio da torre fez soar o meio -dia.

7. bater em alguém g. A criança teimou e só foi para a cama quando

todos se foram deitar.

8. não bater bem h. A Sofia despejou os ovos para uma tijela e

mexeu-os com muito vigor.

9. bater -se por alguém/algo i. A polícia explorou todo o terreno, mas não

encontrou o idoso desaparecido.

SUGESTÕES DE LEITURA

1. Leia uma das obras propostas e complete a ficha de leitura.

Eça de Queiroz – A Cidade e as Serras

José Eduardo Agualusa – O Vendedor de Passados

Sophia de Mello Breyner Andresen – Cem Poemas de Sophia

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UNIDADE 1Caderno de Exercícios e Aspetos Culturais

FICHA DE LEITURA

Título da obra

Editor

Local e data de edição

Informações sobre o autor (biografia resumida)

Outras obras do autor (bibliografia)

Resumo / Sinopse da obra

Citações da obra

Comentário sobre o livro

EXPRESSÃO ESCRITA

1. Leia o poema “Mar”, de Sophia de Mello Breyner Andresen, em Cem Poemas de Sophia, e escreva um poema

com o mesmo título.

2. Escreva um texto com o título “De todos os cantos do mundo” em cerca de 180 ‑200 palavras.

3. Descreva um lugar especial para si em cerca de 180 ‑200 palavras.

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UNIDADE 1 Português em Foco 4

ASPETOS CULTURAIS E INTERCULTURALIDADE

INTERAÇÃO SOCIAL – CONVENÇÕES COMPORTAMENTAIS E PROXÉMICA

Objetivos: Identificar a importância gestual na comunicação intercultural; reconhecer gestos usados para

cumprimentar ou apresentar alguém; descodificar gestos; relacionar gestos com a comunicação verbal;

levantamento de mal ‑entendidos interculturais

1. Leia os textos sobre gestos portugueses e responda às perguntas.

1.O polegar para cima indica uma coisa boa; sucesso.Se o polegar está para baixo indica algo negativo; insucesso.É um gesto ofensivo em alguns países.

Fazer figas significa pedir sorte. É um gesto muito ofensivo em alguns países.

2.

3.Este é o gesto para significar que tudo está bem.Pode ser um gesto ofensivo em alguns países.

O V de vitória é um gesto internacional, mas pouco usadopelos portugueses. Pode ser um gesto ofensivo em alguns países. Muito usado nos países asiáticos na hora de tirar uma fotografia.

4.

5.É um gesto para chamar alguém. Também pode ser usada a mão todacom os dedos dobrados. Pode ser um gesto ofensivo em outros países.

A palma da mão aberta e dirigida para uma pessoa significa:“Parar!” Em alguns países pode ser um insulto.

6.

1. Algum destes gestos é ofensivo no seu país?

2. Para significar a mesma coisa que tipo de gestos usa no seu país?

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UNIDADE 1Caderno de Exercícios e Aspetos Culturais

2. Leia o texto e observe as imagens. De seguida, responda à pergunta.

As mãos também falam

A comunicação não -verbal compreende cerca de 50% da nossa compreensão. Os gestos reforçam a palavra ou

podem substituí -la. Por vezes, os gestos são suficientes para transmitir uma mensagem.

Convém ter em atenção, no entanto, que os gestos podem também significar o contrário da palavra. Podemos dizer

algo ao nosso interlocutor e, através de um gesto, significar o oposto.

O gesto é uma convenção cultural. O mesmo gesto pode ter significados muito diferentes em diferentes países. Um

gesto amigável num país pode significar uma ofensa noutro país. É necessário conhecer a descodificação do gesto

para evitar o mal -entendido cultural. Por exemplo, em Portugal, durante uma conversação, o contacto visual entre

dois ou mais interlocutores é bem-visto porque demonstra interesse e franqueza. No entanto, noutras culturas, é

malvisto porque é considerado impróprio e até rude. De qualquer modo, nunca se deve olhar fixamente o interlocutor,

a não ser que se queira demonstrar superioridade ou sarcasmo. Há gestos que se usam numa conversação normal,

outros são mais informais ou familiares e alguns podem ser mesmo vulgares e ofensivos.

Quando estudamos uma língua, é importante conhecer os gestos mais comuns do país -alvo para evitarmos situações

confrangedoras ou mal -entendidos culturais.

Gestos normais Gestos familiares Gestos vulgares

telefonar beijinho Vai -te lixar!

ter sono estar farto Toma!

1. Compare os gestos portugueses indicados acima com os gestos que têm o mesmo significado no seu país.

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UNIDADE 1 Português em Foco 4

3. Leia o texto e observe as imagens. De seguida, responda à pergunta.

Contar pelos dedos

Nem todos usamos os mesmos dedos para contar. Em Portugal, quando começamos a contar, começamos pelo

dedo mindinho (o mais pequeno), que é o número um, e vamos até ao polegar, que é o número cinco. No entanto,

se queremos apenas referir uma unidade, usamos o indicador apontado para cima. Se queremos só significar duas

unidades, usamos o indicador e o dedo médio.

uma unidade, em Portugal

três unidades, em Portugal

três unidades, na Alemanha

1. Como é no seu país? Conte até cinco, usando os dedos.

4. Indique o significado dos gestos nas imagens abaixo e diga se existem no seu país.

1 ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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2 ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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