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  • 8/15/2019 PraLer Agosto

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    UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO - FACULDADE DE ARTES E COMUNICAÇÃO - CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - JORNALISMO

    27número

    Solta o

    verboA entrevista é a base do jor-nalismo. Ela fundamenta anotícia ou é o texto da notí-

    cia em si. Reunimos o que demelhor o NEXJOR extraiu

    delas em 2013 em uma sóedição

    AGOSTO DE 2014

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    REDAÇÃO

    n Supervisão geral

    Bibiana de Paula Friderichs

    n Editor

    Fábio Luis Rockenbach

    n Edição de arte

    Marcus Vinícius Freitas

    n Diagramação

    Marcus Vinícius Freitas

     ATENDIMENTO AO LEITOR

    Nathalia Dall’Agnol

    O jornal PraLer/Zer  é uma publicação do Núcleo Experimental deJornalismo da Agecom/UPF. Toda a produção textual é compostapor contribuições voluntárias dos alunos da Faculdade de Artes eComunicação e estagiários no Núcleo Experimental de Jornalismo.

     As opiniões expressas em artigos assinados por colaboradores nãorepresentam a opinião da Nexjor e são de responsabilidade única deseus autores.

    ENTRE EM CONTATO CONOSCO

    NEXJOR - AGECOMUniversidade de Passo Fundo - BR 285, Bairro São José - Faculdadede Artes e Comunicação - Prédio D2 - Passo Fundo/RS - CEP: 99052-900. Fones: (54) 3316 8489 / (54) 3316 [email protected] - www.upf.br/nexjor 

    Conselho Editorial: Bibiana de Paula Friderichs, Fábio Luis Rocke-nbach, Luis A. Hofmann, Cassiano Del Ré, Sônia Bertol, Olmiro Cris-tiano Lara Schaefer, Otávio Klein e Arthur Ferraz. Projeto GráfcoEditorial: João Carlos Tiburski (in memorian), Luis Hofmann e FábioRockenbach. Universidade de Passo Fundo: Reitor: José Carlos Car-les de Souza; Vice-Reitora de Graduação: Rosani Sgari; Vice-Reitorde Pesquisa e Pós-Graduação: Leonardo José Gil Barcellos; Vice-Reitora de Extensão e Assuntos Comunitários:  Bernadete MariaDalmolin; Vice-Reitor Administrativo: Agenor Dias de Meira Júnior.Diretor da Faculdade de Artes e Comunicação: Cassiano Del Ré; Co-ordenadora do curso de Jornalismo: Bibiana de Paula Friederichs

    SUMÁRIO

    3. Ignácio de Loyola BrandãoA inestimável contribuiçãode um “simples cronista”

    4. Maria Luisa Camozzato“Nós vamos fazerum Brasil sem Frestas”

    5. Laurindo FerrãoDa fotografia analógica para a digital

    6. Vinícius CamposCom vocês, o sonhador

    7. Laura MullerVamos falar sobre sexo?

    8. iana Lichtenstein CorsoOlhares de Diana

    9. María Rosal Nadales“El elemento erótico es lo que vende.”

    10. Ana Márquez / Andrea de la PuentePensamiento español enla abertura de la Jornada

    11. De Madrid para Passo Fundo

    12. Emanuele ColussiPelo fim dos rótulos

    13. Duda Rangel, Emerson e Anderson CorsoDuda, os irmãos Couto eas desilusões

    14. Marcello CanellasPor um jornalismo mais humani-

    zador

    15. Giovani Grizotti/ Fábio AlmeidaO trabalho de quem vai além da no-tícia

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    ão havia se-quer emissorasde televisão nacoletiva nalda segundaedição da Jor-nada de Lite-

    ratura em 1985. Se tanto, três jornalistas conversando comTania Rösing para uma avalia-ção da Jornada. Mesmo assim,o paulista Ignácio de LoyolaBrandão, que pela primeira vezacompanhava a manifestaçãoliterária, fez uma promessa ànova amiga, coordenadora das jornadas: “Vou usar isso em to-das as entrevistas que eu dernas próximas semanas, e voufalar da jornada”. “Isso”, emquestão, era um moletom quehavia sido concebido naqueleano, ideia interna dos envolvi-dos, com os escritos LITERATU-RA NO PEITO. E Loyola cumpriu

    a promessa: falou da Jornadano programa de Jô Soares e noprograma Roda Viva, da TV Cul-tura.

    Da promessa cumprida até2013, foram outras 13 ediçõesde Jornada, e a importânciade Loyola para o sucesso não édesprezado por ninguém. Mui-to menos por Tania Rösing, quecredita o crescimento e o re-conhecimento, em boa parte,graças à parceria, ideias e a co-laboração do consagrado escri-tor. Loyola acompanha Rösing,também, quando lembra dapouca repercussão das primei-ras edições, do cerco da mídia

    nos tempos atuais e de certosabsurdos envolvendo as verbasdestinadas à cultura no Brasil.

    - Hoje me sinto no festivalde Cannes, de Gramado. Minhaprimeira grande surpresa nesseano foi o novo portal. Tania so-nha um novo portal em alvena-ria, e está lutando por isso. Mas veja só: o governo liberou queum lho de um estilista de SãoPaulo possa levantar 2 milhõesde reais para fazer desles emParis. Para a cultura, para a jor-nada, NADA. É JorNADA mesmo,bem explícito. - alneta, comum humor peculiar que já émarcante.

    É o humor, aliás, que tornaIgnácio um dos grandes suces-sos da Jornada, a cada edição.Um humor que mescla ironia,sarcasmo, tiradas geniais e

    N

    A inestimável contribuição de

    um “simples cronista”Impulsionador obstinado das letras e um apaixonado pela Jornada Nacional de Literatura desde 1985, Ignáciode Loyola Brandão esbanja bom humor e lamenta os próximos “dois anos de abstinência”.

    Fabio RockenbachProfessor - NEXJOR

    uma simpatia que encanta opúblico e se torna o grande ocondutor dos debates. Apesardo humor, não deixa de lado aoportunidade de fazer críticasa quem ainda não entendeu agrandeza da Jornada. Criticou -sem citar nomes - autores quese comprometem com meses deantecedência e, na última hora,“dão para trás”. Rasga de elogioso caráter formador de leitores ede opinião da Jornada e sua ca-pacidade de dialogar com a rea-lidade contemporânea. ”O temada Jornada foi pensado um anoatrás, em cima da juventude. Eo que a juventude fez esse ano?Foi às ruas. A Jornada tem ante-cipado temas.”

     A ligação com a Jornada ecom as milhares de pessoasque prestigiam e participamda jornada criou um vínculode Loyola com Passo Fundo quefoi premiado, em 2013: Loyola é,ocialmente, detentor do mais

    recente título de Cidadão Passo-Fundense. “Sou cidadão passo-fundense e já comprei o livro

    do Fischer para aprender a falarem gaúcho. Só preciso aprendero tom do “bah”, que eu aindanão peguei bem” explica, bemhumorado.

    O papo com Loyola, após acoletiva nal de Tania Rösingno último dia da jornada, é umcontagiante tempo passado aolado de tiradas espontâneas elembranças dos anos de parce-ria com a Jornada, “um víciosério”, segundo ele. “A abstinên-cia de dois anos é complicadapra mim.” Complicada, a partirde agora, também é a ausên-cia de Alcione Araújo, parceirode anos no palco e nos dias de

    Passo Fundo. “A ausência do Al-cione Araújo foi complicada. Elelevantava elétrico, já pensandono que fazer no palco, em rela-ção à brincadeiras, a algo diver-

    “A gente faz porque gosta do que faz, da literatura, da jornada...e ama e odeia a Tânia” 

     Entre risos, sobre o prazer de vir à Jornada

    “Guto Lins criou a transmidiado livro.” 

    “É uma nova categoria de parla-mentares no Brasil.” 

     Sobre a manutenção do mandato dodeputado Natan Donadon, condena-do a 13 anos e 4 meses de prisão

    “Aqui (em Passo Fundo) a gen-te compra um livro e a moça diz“vinte mais sessenta”. A partirde hoje passo a dizer minha ida-de como “cinquenta mais vinte” 

    “Essa é uma jornada de forma-ção, mas que está sempre em

     formação.” 

    “Eu não entendo a vida, por issoque escrevo. E vou continuar es-crevendo, porque nunca vou en-tender.” 

    “Vocês jamais saberão o quetem dentro daquela xícara.” 

     Sobre a xícara que mantém ao seulado durante a mediação no Palco de

     Debates

    Loyola em trinta minutos

    tido, para o público. Não era sóum coordenador, era um me-diador, um mestre na arte deenrolar.” diz, emocionado, apósrelembrar o balão que subiu aopalco durante um debate e posi-cionou-se ao seu lado, um epi-sódio que o marcou na ediçãode 2013.”Era a alma do Alcioneconosco ali, no palco.”

    Loyola partiu, no sábado,

    para um novo período de abs-tinência até 2015, quando ospalcos e corredores da Jornadareceberão mais uma vez o au-tor das bem humoradas frasesque ajudam a embalar a Jorna-da a cada edição. Um pequenopunhado dessas frases, ditasem pouco mais de meia hora,exemplicam o que é sentar emfrente a esse senhor que se dizum “mero” cronista desses anosde convívio entre as letras e opúblico.

    Loyola: “Eunão entendo avida, por isso

    que escrevo. Evou continuarescrevendo,

    porque nuncavou entender.”

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    á cinco anosas noites gela-das do inver-no de muitasfamílias que

     vivem em si-tuação de vul-nerabilidadesocial em Pas-

    so Fundo são aquecidas pela ge-nerosa iniciativa da professoraaposentada do curso de Químicada UPF, Maria Luisa Camozzato.Foi ela quem liderou um movi-mento chamado Brasil Sem Fres-tas, que prega que o lixo pode setransformar em solução.

    O material que faz toda essadiferença são as caixas de leite,também conhecidas por em-balagens TetraPak, que com aajuda de voluntários se transfor-

    mam em chapas que são xadasnas paredes das casas, tapandoburacos e frestas. O reconheci-mento desenvolvido junto à co-munidade de Passo Fundo veioatravés de prêmio. Maria Luisafoi premiada, em março desteano, com o Troféu Mulheres 2014na categoria Ações Sociais/Filan-trópicas, que reconhece persona-lidades femininas em diversasáreas. Dona de um sorriso largoe de um abraço acolhedor, aos 57anos, mãe de duas lhas, umamédica e a outra dentista, ela éincansável quando o assunto é

    a solidariedade e os olhos clarosbrilham de entusiasmo quandoenxerga o que construiu.

    Numa quinta-feira do mês deabril, véspera de feriado, ela merecebeu em seu apartamento,que ca na frente da Praça daIgreja Santa Terezinha, no bair-ro São Cristovão. E foi com gene-rosidade que perguntou: “Aceitaum chá, um café ou uma água?”

    Nosso tempo era curto, pois ti-nha que cumprir minha jornadana UPFTV, e Maria Luisa se pre-parava para passar o feriadão dePáscoa com as lhas e esposo.Mas o saboroso chá, preparado

    pelas mesmas mãos que colamcaixas de leite, formando umachapa térmica, deu tempo deprovar. 

    Daniel SantosAcadêmico do Curso de Jornalismo

    “Nós vamos fazer

    um Brasil sem Frestas”

    H

    Praler: Você tem uma dimensãodo que signica o trabalho doBrasil Sem Frestas para a comu-nidade de Passo Fundo?Maria Luisa Camozzatto: Bom, eunão trabalho sozinha nesse proje-to. Temos o empenho de dez vo-

    luntários, que ajudam, coletamas caixas de leite, cortam e colamuma a uma. Montei o grupo, ze-mos alguns testes e a ‘coisa’ co-meçou a funcionar. Consigo teruma dimensão, sim! No iníciopegamos casas menores. Às vezesera necessário forrar uma paredesó. Hoje, pegamos casas inteirase colocamos forro também. É umtrabalho demorado, mas grati-cante.

    PL: E como surgiu a ideia de criaro Brasil Sem Frestas?MLZ: Foi em setembro de 2009.Chovia muito e era bastante frio.

    Fiquei com muito medo dentro daminha casa e me dei conta de quehavia pessoas em situação de ris-co em suas casas, principalmen-

    te as que são cheias de frestas.Eu achava que tinha que ter umasolução. Era impossível car es-perando que alguém doasse ma-deira, ou que os moradores con-seguissem comprar, já que elestêm diculdade até para comprarcomida. Fiquei durante duas ho-ras pensado numa solução. Como

    estudei química industrial, já ti-nha uma noção de como é feita aembalagem Tetrapak e vi que erao material ideal. PL: Certamente você conhecemuitas histórias destas pessoasque já tiveram suas casas reves-tidas. Tem alguma que lhe cha-mou mais a atenção?MLZ: No nal de 2013 recebi umtelefonema: “Este telefone é dequem é responsável pelo projetodas caixinhas de leite?” Respon-di que sim e me identiquei. Nooutro lado da linha era a Janete.Ela foi logo falando que tinha vis-

    to uma reportagem no Jornal daUirapuru e cou pensado se pode-ria aplicar as caixinhas em paredede tijolo, pois o quarto era muitofrio e pensei que talvez estas em-balagens pudessem ajudar. Disseque seria possível e que existiamduas maneiras: colar com cola desapateiro ou fazer uma armaçãocom ripas de madeira na paredee depois xar as embalagens. Ex-pliquei que o melhor seria colocaro alumínio virado para dentro dacasa, já que o problema era o frioe não a umidade. Pedi que depoisde testado me desse um retorno.

    No início de 2014 a notícia: “Deucerto com a cola!. A senhora temmais embalagens? E depois po-dem fazer o forro para min?”. Eudisse que sim. Qual foi a minhasurpresa quando conheci a DonaJanete Xavier Mignoni, 71 anos, eseu marido, Luís Mignon, 69 anos.Pessoas extremamente dispostase com uma vontade imensa delutar para solucionar seu proble-ma com o frio e a falta de con-forto térmico. O entusiasmo dosdois era tanto que fornecemos aschapas térmicas prontas, pois elesmesmos se dispuseram a fazer oforro com o nosso empréstimo e

    também de um grampeador deestofaria. Terminado o trabalho,fui visitá-los. A emoção foi imen-sa, o capricho do trabalho deles foi

    insuperável. Eles, com a ajuda -lha, reciclaram, ajudaram o meioambiente, proporcionaram maiorsaúde à sua família pelo aumentode conforto térmico em sua casa.

    PL: O projeto está se expandido,na semana passada vocês fo-ram a Sertão. Como foi a expe-

    riência lá?MLZ: A convite da Secretária de Assistência Social de Sertão, NadirNardi Dall’ Agnol, nos deslocamosàquela cidade para ministrarmosum curso sobre o Projeto BrasilSem Frestas, visando à aplicaçãodo mesmo em Sertão. Este convi-te representa atingir as metas doBrasil Sem Frestas, isto é, espalhara ideia do projeto para outras loca-lidades, a m de aumentar o nú-mero de pessoas favorecidas.

    PL: E a Maria Luisa Camozzatocriança imaginava que faria o

    bem quando crescesse?MLZ: Quando criança, me preocu-pava muito com o bem estar daspessoas e do nosso planeta. Meinquietava, pois queria encontraralguma alternativa que solucio-nasse esses problemas. E acho queestá dando certo, né?

    PL: Recentemente você foi pre-miada com o Troféu Mulheres,e no ano passado o Projeto BrasilSem Frestas conquistou a 2° co-locação no Green Project AwardsBrasil 2013, na categoria Mobili-zação. Como você avalia esse re-conhecimento?

    MLZ: São importantes, pois nosdão ainda mais vibração, corageme entusiasmo. Nós vamos fazerum Brasil sem frestas.

    Me inquietava,

    pois queriaencontrar alguma

    alternativa quesolucionasse essesproblemas. E acho

    que está dandocerto, né?

    “ A equipe em umadas diversas ações

     já realizadas emPasso Fundo.

    Idealizadora do movimento que usa embalagens TetraPak para melhorar condições térmicas de casas em bairros pobres de Passo Fundo, Maria Luisa Camozzato relem-

     bra como surgiu a iniciativa e fala dos planos para o futuro do projeto.

    Entrevista

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    s pessoas queforam intro-duzidas à fo-tograa nosúltimos anosse depararam

    com uma novaera, a fotogra-a digital. Aos

    fotógrafos da era anterior restousomente a adaptação e o reapren-dizado. Laurindo Ferrão fundou aempresa Ferrão Fotograas (hojeGrupo Ferrão) em 1975, e indiscu-tivelmente passou por essa tran-sição. No seu princípio, a FerrãoFotograas era analógica. Hoje éequipada por câmeras digitais,duas impressoras e vários com-putadores.Ferrão aceitou falar sobre o mo-mento da fotograa em que nos

    encontramos hoje, e o que elepassou quando iniciou. Você iniciou na “era analógica”,na fotograa com lme. Comoera fotografar nessa época?Ferrão: Em comparação com ohoje, era sim mais complica-do, mais demorado. As câmeraseram muito mais simples e mui-to mais baratas. A fotograa ana-lógica é mais física e não havia oluxo de ver a imagem logo apóscaptura-la. E as câmeras tambémtinham maior durabilidade nomercado, hoje elas são superadastecnologicamente muito rápido.

    Praler: Qual foi o principal mo-tivo que o fez considerar a foto-graa digital? E como ocorreua adaptação de equipamentos edos prossionais que trabalha-

     vam com você?Ferrão: Adaptação com certeza foia palavra chave. Foi necessário seadaptar ao mercado, adaptar osequipamentos e principalmen-te os funcionários. Quando a fo-tograa digital surgiu tudo eramuito caro e diferente, ninguémsabia onde ia parar, ou se ela iarealmente prevalecer sobre e fo-tograa analógica. Quando perce-bemos que essa nova tecnologiatinha se estabelecido de vez, tam-bém veio a dúvida, se os estúdiofotográcos ainda tinham chan-ce no mercado.

    Luana HemerichEstagiária NEXJOR

    A

    Entrevista

    Da fotograa

    analógica para a digital“Quando percebemos que essa nova tecnologia tinha se estabelecido de vez, também veio a dúvida, se os

    estúdio fotográficos ainda tinham chance no mercado”, lembra Laurindo Ferrão

    Praler: E com essa dúvida, emque momento vocês percebe-ram como permanecer no mer-cado, já que as fotograas setornaram mais caseiras. Todospossuem uma câmera compac-ta ou um celular com câmerafotográca.Ferrão: As pessoas têm sim câ-

    meras, mas as fotograas queelas fazem em casa não são fo-tograas que elas realmente vãoguardar e colocar em álbuns. A não ser fotos de viajem, masmesmo assim mesmo elas vematé aqui para “revelar as fotos”.Nos adaptamos á isso também,os clientes podem trazer o te-lefone ou o cartão de memóriae imprimimos a foto na hora.Mas eles ainda fazem fotos emestúdio, com a família ou ape-nas para mostrar para a famíliadepois, com a foto manipulada eaté mesmo ampliada.

    Praler: A edição e a manipula-ção surgiram com a fotograadigital, foi necessário contra-tar um novo profssional paraesse trabalho?Ferrão: Sim, agora existe umprossional capacitado espe-cialmente para isso. Esse pro-cesso é mais demorado do quefotografar, é nele onde é corri-gida a cor da foto, e alteradaspequenas imperfeições na peledos clientes. Com esse processotambém poupa tempo na horade fotografar, o fotógrafo já nãoprecisa mais pensar tanto nos

    detalhes de exposição, o que fa-cilita muito apesar tirar toda aaura da fotograa que é estudaro ambiente e explorar deferentespossibilidades.

    Praler: Esse processo mudou aforma de fotografar, a forma depensar na fotograa. Em com-paração com o antes e o agora,como a manipulação de ima-gens chegou ao mercado e comoela foi recebida pelo fotógrafo?Ferrão: Exato, com a manipula-ção das imagens a fotograa nãoprecisa mais ser pensada. O fo-tógrafo muitas vezes se descuidana hora de capturar a cena, poissabe que pode ser corrigido de-pois. O prossional deixa a cria-tividade de lado, pois sabe que

    até mesmo o enquadramento dafoto pode ser melhorado depois.Tornando-se muitas vezes pre-guiçoso e dependente da mani-pulação.

    Praler: E os equipamentos? Foinecessário investir em mais

    computadores?Ferrão: A fotograa digital só es-tará completa se estiver acom-panhada de computadores, ondeas fotos são armazenadas e ma-nipuladas. Para um produto dequalidade é necessário um com-putador com muito espaço noHD e monitores calibrados, paraque as imagens impressas saiamdas mesmas cores que às vemosno computador. É necessário uminvestimento pesado em servi-dores e HDs externos com muitoespaço.

    Praler: E quanto ao armazena-mento das fotos?Ferrão: Hoje armazenar as fotospode ser tanto mais fácil, pois asfotos não ocupam espaço físico,

    não cam trancadas nas gave-tas, mas também se tornou maisdifícil, pois os arquivos precisamser catalogados e organizados,fazemos back up diário paraque nada se perca, os arquivosse tornaram mais frágeis, poispor qualquer descuido podem ser

    apagados.

    Praler: A fotograa analógicaainda tem vez no mercado?Ferrão: Não. Como um hobby tal-

     vez, mas o processo da fotograaanalógica é muito demorado, aspessoas já se acostumaram coma era digital, não só com a foto-graa, mas com tudo sendo fei-to e recebido muito rápido. Elasnão querem esperar para ver asfotos. Tanto os fotógrafos pro-ssionais quanto os amadores já estão acostumados com a ex-periência digital, onde você vê,fotografa, visualiza, delega e fo-tografa novamente. Na fotogra-a analógica o fotografo precisagarantir a foto no momento emque está tirando.

    Ferrãofundou a

    empresa defotograias háquase quatro

    décadas e,

    de acordo

    com ele, aera digital

    da fotogra-ia mudou

    totalmente aforma de se

    fotografar.

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    amor nos tem-pos modernos,para o soció-logo ZygmuntBauman, é rá-pido e intenso.

     Assim, tambémfoi nosso bate

    -papo (sobre oamor) com Vi-

    nicius Campos! Confere aí:

    PL: No O amor nos tempos deblog, você fala sobre os surdos.Qual é a tua relação com eles epor que você diz que os surdos tezeram enxergar o mundo comoutros olhos?

     VC: Em um carnaval, há muitosanos atrás, eu tinha terminadoum namoro e estava meio deprêe fui para o Recife. No Recife, mi-nha prima falou: A gente vai paraOlinda na casa com uns amigos.Eu cheguei lá e eram todos sur-dos. Foi um impacto, porque eu

    e minha prima eramos os úni-cos ouvintes e eu não conheciasurdos. Eu descobri um mundonovo. [..] Conhecendo os surdosdescobri o silêncio, que não é umsilêncio da alma, é um silêncioauditivo. A alma tem muita coi-sa para comunicar, e o surdo temum jeito de ver e viver a vida in-tensamente, um jeito que as ve-zes um ouvinte não tem. O surdote olha e sabe o que se passa natua alma. [...] Eu sempre vou terpersonagens surdos porque é umuniverso que me apaixona.

    PL: Gabriel García Márquez, em O

    amor nos tempos do cólera falade um amor duradouro. Você es-creve sobre um amor que a gen-te não sabe se vai durar ou não.

     Você acha que o amor já não écomo no tempo de Gabriel?

     VC: O amor, innito ou não in-nito, não é de agora ou de antes.Ele é da vida, próprio do amor. Oamor é uma transformação. E écomo falou Vinicius de Morais,eterno enquanto dure, não im-porta o quanto dure. Tomara quea gente tenha, ao longo da vida,a possibilidade de ter vários amo-res. Tomara que o Ariza (persona-gem do livro O amor nos temposde blog) tenha um amor aos 13,

    depois aos 15, depois aos 16 atéencontrar a pessoa que vai acom-panhar ele o tempo que for possí-

     vel. O amor é eterno. [...] O amorpode não funcionar como casal,

    mas o amor pela pessoa não de-saparece.

    PL: Você diz que é um sonhador. Você sonha em ter ou tem umamor como nos livros que vocêescreve ou nos livros de GabrielGarcía Marquéz?

     VC: Eu tenho um amor. No mo-mento eu estou apaixonado. Queseja eterno enquanto dure, toma-ra que dure muito tempo e se não

    durar, é próprio do amor! [...] Euacho lindo me apaixonar e estarapaixonado por uma só pessoa,mas eu também acho linda apossibilidade de conhecer novaspessoas e voltar a me apaixonar,e voltar a me apaixonar. [...] Euquero viver apaixonado a vida in-teira. Com um só amor, ou vários,mas apaixonado.

    O

    Eu quero viverapaixonado a vida

    inteira. Com umsó amor, ou vários,mas apaixonado.

    Com vocês, o sonhador

    Vinicius Campos!Falar sobre amor em tempos de blogs é uma especialidade do jornalista, escritor e ator Vinícius CamposEduarda Ricci PerinEstagiária NEXJOR

    Inspirado na obra O amor nos tempos docólera de Gabriel García Márquez, ViniciusCampos escreve O amor nos tempos de blog.Um menino que acabou de chegar à nova es-cola, está apaixonado por uma garota queencontrou na biblioteca e decide escreverum blog para contar sobre o seu amor e sua

     vida. E, de blog em blog, a história se enrolae desenrola!

    Um pouco sobreo Vini…

    Vinicius é jornalista, es-critor, ator e apresentador.Ele vive na Argentina há oito

    anos, mas nasceu em SãoPaulo onde começou sua car-reira atuando em comerciaisde TV. Apaixonado pela co-municação, Vini formou-secomo ator no Studio FátimaToledo e trabalhou com atu-ação e produção de teatro.Desde 2008, apresenta o pro-grama Casa do Disney Jr. doDisney Channel.

    Vinicius Campos veio para debater sobre faces narede e falar sobre seu livro:O amor nos tempos de blog.Durante o bate-papo no Pal-co de Debates de sexta-feira esua estadia na Jornada, Vini

    – viciado em internet, princi- palmente Instagram, Twittere Facebook - postou várias

     fotos da Jornada no Insta-gram e tuitou muito!

    Entrevista

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    Laura Mullercom seu livro: Altos papos sobre sexo:

    dos 12 aos 80,inspirado nobate-papo do

    ProgramaAltas Horas

    exo, corpo eafetividade sãotemas que aJornada, preo-cupada com as

    leituras jovensno mundo, dis-cute. Quandopensamos em

    alguém que fale sobre esses as-suntos sem preconceitos, tabuse de jeito jovem e acessível, lem-bramos de quem? Certamente,muitos pensaram em Laura Mul-ler! O sucesso da jornalista e psi-cóloga no programa Altas Horas,principalmente entre os jovens,fez com que a Jornada de Litera-tura que é espaço também de de-bate, convidasse a sexóloga paraum bate-papo com os leitores.Com um sorriso no rosto e seu

     jeito espontâneo e jovem, LauraMuller bateu um papo com a gen-te e você confere tudinho:

    PraLer: A Jornada tem comotema a leitura jovem, como vocêacha que o jovem vê o sexo?Laura Muller (LM): O mundo jo-

     vem está cada vez mais buscandoinformações sobre sexualidadee isso é muito positivo. O jovemadora participar do programa Al-tas Horas, as perguntas. E, cada

     vez mais, salões literários, esco-las e eventos em geral falam domundo jovem.

    Praler: O que o jovem quer sabersobre sexo?(LM): Três grandes eixos: comoevitar e lidar com gravidez forade hora, doenças sexualmentetransmissíveis e sobre a práticado sexo em si, que inclui o afeto, oprazer e a diversidade. Praler: Algumas mulheres têmreceio em falar sobre orgasmo.Sobre o assunto, você acha queo homem tem mais facilidadeem atingir o orgasmo do que amulher?(LM): O homem tem mais facili-

    dade em atingir o orgasmo e issotem a ver com a nossa educaçãosexual muito opressora. Na épo-ca de nossas avós e bisavós, por

    S

    Vamos falar sobre sexo?

    Eduarda Ricci PerinEstagiária Nexjor

    exemplo, a mulher direita nãopoderia sentir prazer, ter orgas-mo. Hoje, a gente sabe que asmulheres têm direito ao prazer,mas vivemos uma repressão se-xual muito forte em cima da se-xualidade feminina, então che-gamos a um novo milênio comalgumas diculdades. Um terço

    das mulheres tem diculdadesem chegar ao orgasmo, mas bus-cando informação e ajuda quan-do necessário, a sexualidade saiganhando.

    Praler: Sobre o livro, Altos Papossobre sexo: dos 12 aos 80, comosurgiu à ideia de escrevê-lo?(LM): Ele é inspirado nos bate-papos do Programa Altas Horas.Eu iria falar só para o mundo

     jovem, mas como o programa éassistido por todas as idades, euacabei estendendo até a terceiraidade e com o conceito de que agente pode viver a sexualidade a

     vida inteira, basta sentir desejoe estar aberto a isso. Nada comobuscar informação para a sexu-alidade ser vivida de uma forma

    mais saudável, mas responsávele mais prazerosa.

    Praler: Como você vê o sexo namídia?(LM): A mídia tem abordado cada

     vez mais esse assunto. Existe atéum bombardeio dessas questõessexuais. A mídia é um veículo

    poderoso para levar informaçõesdas mais variadas. Tem muitoconteúdo que não é legal, comoa pedolia. Como um todo, a mí-dia, incluindo a internet, pode serusada de maneira positiva. Bus-cando conteúdos bons e trans-formando sexualidade que é umassunto tão tabu, em um assuntomais tranquilo para que possa-mos viver bem com esse tema. Praler: Porque você decidiu seespecializar no tema sexualida-de?(LM):  A minha primeira forma-ção é jornalismo. Me formei nosanos 90 e logo depois surgiu uma

     vaga de editora de sexo na revistaCláudia. Eu topei o desao e acheique seria fácil, mas não foi. Tive

    Discussão sobre sexo, afetividade e o corpo esteve entre as mais prestigiadas pelo público jovem, e

    contou com a participação de Laura Muller

    que estudar para isso e z umaespecialização em Educação Se-xual. Ao nal da especialização,lancei meu primeiro livro e saídando palestras pelo Brasil a fora.Nas palestras do mundo adulto,as pessoas pediam para que euatendesse em consultório. E, paraisso é preciso ser médico ou psi-

    cólogo. Então, z psicologia comosegunda formação.

    Conseguiu tirar as suas dúvi-das e conhecer um pouco melhor aLaura? O bate-papo termina aqui.Se você quer saber mais é só aces-sar o site da sexóloga:

    http://www.lauramuller.com.br/ e ler suas obras: Educação Se-xual em 8 lições é um guia para

     pais e professores sobre como lidarcom o tema sexo. Já Altos Papossobre sexo: dos 12 aos 80 é inspi-rado no Programa Altas Horas, e é

     para todas as faixas etárias, indodesde as primeiras mudanças no

    corpo e as dúvidas que surgem naadolescência, até as relações se-xuais e a afetividade dos adultos eidosos.

    Entrevista

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    ão são apenasos pés que mo-

     vem Diana Li-chtenstein Cor-so. Os mistériosdos Contos de

    Fadas tambéma fazem viver.

     A psicólogaformada pela

    UFRGS e psicanalista da Associa-ção Psicanalítica de Porto Alegredescobriu na análise de históriasinfantis um grande dom: o de en-tender como a fantasia age emcada um de nós. A mãe de Fadasno Divã: psicanálise nas históriasinfantis, de 2005, e Psicanálise naTerra do Nunca: ensaios sobre a

     fantasia, de 2010, esteve presentena 15° Jornada Nacional de Litera-tura e conversou com a equipe doNexjor. Confere aí:

    PL: Primeiramente, você comopsicóloga, decidiu analisarContos de Fadas. Por que essaescolha?DC: Porque existem duas coisasque são eternas e tomara quecontinuem sendo: os contos defadas e os livros. Os contos de fa-das são muito especiais, porqueeles foram se transformandoao longo dos tempos, então elestêm um fator de permanência, acriança conhece, a vovó e a bi-savó também conhecem. E o fa-tor de mutação, porque eles fo-ram se transformando para dar

    conta de outras épocas e nessastransformações podemos desco-brir coisas sobre o nosso tempo, já que eles se transformam pararesponder a cada época.

    PL: Em um trecho do seu livro APsicanálise na Terra do Nunca  você fez um breve discurso so-bre o aborto. Você, como mãe emulher, o que acha dessa polê-mica questão?DC: Penso em duas coisas. A pri-meira é a defesa incondicionaldo direito do aborto. Gestaçõesacontecem de forma absoluta-mente indesejada e isso destrói

    a vida, não só da mulher, mastambém de uma criança que vainascer sem um lugar digno nomundo. É o prenúncio de uma

    N

    Olhares de

    DianaPsicóloga e psicanalista, Diana Corso uniu o amor pelos livros com a curiosidade sobre os contos de fadas para entender

    as transformações de cada época

    Edivane Bloedow Ex-estagiária Nexjor

    catástrofe. E a segunda, porqueé direito da mulher. Agora, poroutro lado, o fato de que eu de-fenda não quer dizer que a gentedeve ignorar o caráter traumáti-co do aborto. É uma experiênciadolorosa, é uma experiência que vai fazer aniversário para o restoda vida. Pior teria sido se não pu-desse ter sido feito, mas uma vezfeito, deixará suas marcas.

    PL: Hoje nós temos contos defadas que não são tão de fadascomo, por exemplo, o Shrek. Você acha que eles seriam umespelho da realidade, dessamudança que diz que nem tudoque é bonito pode ser perfeito?DC: Nós escrevemos um capítu-lo para provar que Shrek é umconto de fadas. Nesse ponto, dis-cordamos de Bruno Bettelheim

    que escreveu o livro A psicanálisedos contos de fadas. Ele diz queos contos de fadas eram apenasos escritos pelos irmãos Grimm,

    Inserir olho“

    dentro daquele cânone. Acredi-tamos que os contos de fadasse transformam para continuarexistindo e Shrek é uma dessastransformações.

    PL: Você é mãe de duas meni-nas. Quando contava históriaspara elas, como eram suasabordagens? Elas escutaram oscontos tradicionais?DC: Pessoas da geração de vocês,que hoje são jovens adultos e aprimeira geração purinha inter-net, se relacionam com a tra-dição de uma forma interativa,então não existe aquela coisa daescuta passiva. Para as geraçõesmultimídia, é preciso intervirem tudo e isso é uma linda he-rança da revolução de costumesda década de 60 e veio para car.

    PL: Em seus livros você retra-ta, de certa forma, a diferençaentre os sexos. Diante de todasas questões abordadas em suas

    obras, como é trabalhar com oseu marido?DC:  A gente briga bastante (ri-sos), é horrível trabalhar comi-go, mas ele tem muita paciênciae a gente sempre se entende.

    PL: E pra fnalizar: como seriaum conto de fadas escrito por você?DC: Se eu tivesse competência,escreveria “Valente”. Retratariacomo nunca a jovem mulher,o tornar-se mulher hoje, tendoque se fazer mais mulher. Dariauma trabalheira.

    Diana Corsotrabalha com

    crianças e ado-lescentes e veioaté a 15° Jornada

    Nacional deLiteratura paradebater o tema:Corpo, sexuali-

    dade e afeto

    Entrevista

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    aría RosalNadales, pro-fesora titularen Lengua yLiteratura en

    la Universi-dad de Cór-doba (España). Licenciada enFilología Hispánica y doctoraen Teoría de la Literatura y el Arte por la Universidad de Gra-nada. Escritora y poeta, galar-donada con varios premios deliteratura, entre ellos el pre-mio Carmen de Burgos.  En esta 15° edición dela Jornada Nacional de Litera-tura de Brasil, María Rosal haparticipado en el 12° SeminarioInternacional de Investigaciónen lectura y patrimonio cultu-ral, junto a Eloy Martos Nuñez.En su ponencia ha hablado de

    la reescritura y la evolucióndel cuento infantil “La Cape-rucita Roja” de Perrault hastala actualidad, desmembrandosus signicados y signican-tes.

    Después de la conferencianos ha concedido una pequeñaentrevista en la que seguimoshablando sobre el tema de lareescritura y la actualizaciónde los cuentos infantiles.

    PL: La recarga de las produc-ciones artísticas de los últi-mos años, ¿suponen una dis-torsión del contexto, cultura ymitología clásica?

    MRN:  Estas nuevas lecturasnecesitan de un lector cómpli-ce. Un lector que se preocupepor conocer qué había antes delo actual, debe conocer los hi-potextos: la lectura base sobrela que se reescribe. No produceuna distorsión, le provoca unenriquecimiento.

    PL: ¿Estas reescrituras sonproducidas por un cambio enla sociedad?MRN:  Una reescritura dialogacon el texto del que procede yla sociedad actual. Actualiza el

    mito desde la actualidad. Pue-de tener diferentes enfoques, a veces para criticar el hipotexto,para parodiarlo, para reclamarideas… En el campo del femi-

    M

    “El elemento erótico

    es lo que vende.”El lector cómplice, y la reescritura y actualización de los cuentos infantis, por María Rosal Nadales

     Ana MárquezIntercambista espanhola - estudante de Jornalismo

    nismo, se produce una rees-critura para cambiar el estere-otipo de la mujer, que ya sabesalir al “bosque de la sociedad”.Cada reescritura tiene un matizdiferente, pero lo importante esque dialogan con el momentocontemporáneo pero no deja aun lado el mito.

    PL: ¿Cómo se produce el cam-bio de los estereotipos en losmitos? En el caso de Caperuci-ta, ¿por qué se ha introducido

    un matiz erótico?MRN:  En mi opinión, ahoramismo,es una estrategia paraatraer a esa lectura. Da igualque mito sea, la mujer siguesiendo una mujer-orero, sólose pretende vender.

    PL: ¿Somos muchas veces lasmujeres las que provocamoslos pensamientos misóginos?¿Por qué en Carnaval esa ten-dencia a disfrazarse de “Cape-rucita sexy”?MRN: El Carnaval es otra cues-tión, merece un punto y apar-

    te. En el Carnaval, con la teoríacarnavalesca, el mundo cambialas normas, todos podemos ha-cer lo que queramos esos díaspero este acaba, y todo vuelve

    a la normalidad. El disfruzarse

    de Caperucita tiene que preocu-par, los hombres también pue-den vestirse de mujeres.El problema llega con la eter-na obsesión de la mujer por labelleza, vivimos en una tiraníaestética.

    PL: ¿Convivimos una sociedadmachista en el punto tambiénde la metáfora literaria?MRN: Los medios de comunica-ción así lo implanta, la mujersiempre tiene que estar bella.En la literatura también se vesea denigración en la mujer sa-

    bia, sólo hay que leer a Moliere,a Quevedo… Tenemos toda unatradición cultural, sobre todoen España, “mujer que sabelatín, no tiene marido ni buen

    n”, dice el refranero. En todose deba ver el sustrato del pa-triarcado.

    PL: ¿Qué otros cuentos, desdela cuestión de la reescritura,tienen una carga interesante?MRN: En Cenicienta, hay unlibrito desde la reivindicación,“La Cenicienta que no queríacomer perdices”, desde una visión fuertemente feminis-ta. Sus ilustraciones son muyagresivas, una Cenicienta fea,alejándonos de la belleza im-puesta. La compañía Disney haparticipado en esta estandari-

    zación de los cánones femeni-nos, manteniendo una culturapatriarcal que marca los lími-tes de la feminidad dentro de lasociedad.

    El problema llegacon la eterna

    obsesión de lamujer por la

     belleza, vivimosen una tiranía

    estética.

    Entrevista

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    oder, ¡que frio! Brasil,Brasil, calor por los

    cojones. A este pasoacabamos todos con- vertidos en cubitosde hielo antes de queempiece la abertura.Bueno, ya solo quedan

     veinte minutos para que em-piece. Mejor ir ya para allá...

     Andrea: “Salir de los bastidores,de la sala de redacción, y entraren la imponente carpa, comosi de un gran festival de músi-ca se tratase, buscar un lugardesde donde admirar lo que ahíestá sucediendo y sentarse. Verque en pocos minutos la carpaestá repleta de personas expec-

    tantes de lo que allí dentro vaacontecer.

     Ana: “Menuda cola, menos malque con el pase de prensa nohay que hacer esa la. Esos sique van a ver futuros bloquesde hielo como no entren rápi-do. Aunque dentro tampoco esque haga mucho calor. Al nalsí que se ha llenado esto. Apa-gan las luces…”

     Andrea: “Estaba estupefacta,iba adquiriendo conocimien-to de la dimensión del evento,gracias a las vivencia, relatos,que compartían nuestros com-

    pañeros de NexJor, pero nuncaimaginé que fuese tan increíb-le”.

     Ana: “Una pequeña orquesta co-mienza a tocar una música lige-ra, avisando a los espectadores

    J

    Pensamiento español en la

    abertura de la JornadaConvidadas a manterem um blog durante a cobertura da Jornada, duas intercambistas espanholas do curso de jornalismo surpreendem-se com uma movimentação

    que, elas imaginavam, não fosse tão g rande: “será que, afinal, a sociedade brasileira não pensa só em futebol?”

     Ana Márquez Andrea Gómez de la Puente

    Intercambistas do curso de Jornalismo

    del comienzo de la abertura dela jornada. El ritmo se va ace-

    lerando y, con él, el silencio dela sala. Una ensoñación, visual,musical, escenográca, con un

     juego de luces abundante”.

     Andrea: “Comienza con la actu-ación del grupo Coral y Cênico

     junto con el grupo de danza dela universidad, la aparición enescena de las princesas Disney,así como un gran Rey León yel caballo de Hércules, Pegaso.Todo acompañado de una sin-fonía pegadiza que ameniza elfrío. Después, Humberto Ges-singer nos hace bailar con la

    melodía que se ha convertidoen el tema de esta jornada, Lei-

    turas”. Ana: “Desaparece la música, losbailarines, el Pegaso de cartó-n-piedra, las luces. Aplausos.

     Ahora es la entrega del premioZaffari & Bourbon… Como sidieran un premio Mercadona &Eroski. Proclaman a la premia-da Ana María Machado. No haymucha sorpresa, los 150.000 re-ales del premio ya estaban in-gresados en su cuenta corrien-te”.

     Andrea: “Tras repartir el pre-

    Ana e Andrea: as intercambistas da terra de Cervantes empolgaram-se com otamanho da Jornada e a participação do público, principalmente das crianças

    Estaba estupefacta[...] nunca imaginé

    que fuese tanincreíble.

    mio Zaffari & Bourbon a AnaMaría Machado, por su obraInfâmia, y demás presentacio-nes y agradecimientos de cor-tesía, llega el turno de cantarel himno nacional, el himno deBrasil. Si creía que lo había vis-

    to todo, estaba equivocada. Derepente, toda la carpa se poneen pie, la bandera de Brasil luceen las pantallas y todos cantanel himno al unísono. Me parecemuy emotivo, en España es im-pensable que en un acto cultu-ral suene el himno. Como notacuriosa, me sorprendió que elacto este traducido al lenguajede signos simultáneamente. EnBrasil he encontrado que tienenmucha cultura de ello, es muygraticante saber lo implicadosque están en temas como este”.

     Ana:  “Es increíble la conscien-cia que tienen en esta ciudad

    por las personas con problemasauditivos”.

     Andrea: “Después de la cere-monia, volvemos a la redacci-ón con la satisfacción de haber

     vivido la jornada desde dentro.Como dice la coordinadora delevento, Tânia Rosing, “agrade-cimiento es la palabra de esta

     jornada”. Agradecimiento por vivir esta experiencia junto apersonas maravillosas”.

     Ana: “Será que la sociedad bra-sileña no sólo piensa en fútbol”.

    Depoimento

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    A dupla em ação:com colegas daUPF durante acobertura daJornada Nacionalde Literatura (1),em Foz do Iguaçú(2) e conduzindoo Seminário deleituras Brasil -Espanha (3) noMundo da leitura.Passagem de umano no Brasil trou-

    xe experiênciaspara a vida inteira

    Entrevista

    De Madrid para

    Passo Fundo Ao falar sobre intercâmbio,

    estamos acostumados a entre- vistar brasileiros que foram re-alizar intercâmbio no exterior,desta vez conversamos comduas espanholas que que ze-ram um ano de intercâmbio emPasso Fundo, entre a metade de2014 e a metade deste ano. AnaMárquez e Andrea Gómez Puen-te têm 20 anos, são acadêmicasdo curso de Jornalismo, ou me-

    lhor, Periodismo, que cursavamna Universidade Carlos III deMadrid, na Espanha.

    Entre se acostumar com onovo idioma, a diferença entreuma capital nacional, de maisde três milhões de habitantespara Passo Fundo com quase200 mil e a diferença de fusohorário de cinco horas elas es-tão adorando o Rio Grande deSul e pretendem viajar paragrande parte do Brasil. Elas nostiraram algumas dúvidas:

    Por que vocês escolheram oBrasil?

     Andrea: Eu gostava de olhar a

     América Latina e como o Brasilé o único país que fala um idio-ma diferente do nosso, meuspais também não queriam queeu fosse para um país onde fa-lassem espanhol também. Gos-to da cultura brasileira.

     Ana: Como Andrea, sempre quis visitar a América Latina, gosta-ria de aprender um idioma econhecer a cultura brasileira.

     Além disso, no Brasil posso -car um ano diferente dos ou-tros destinos, que só poderiacar um semestre.

    Por que Passo Fundo? Andrea: Quando vimos outra

    cultura dentro do próprio país,isso é totalmente diferente. Etambém aqui temos a oportuni-dade de viajar para o Rio e paraSão Paulo, Se estivéssemos lánunca saberíamos que o Brasilnão é só isso. Ana: Nós queríamos ir para ou-tro lugar e nossas opções foramRio de Janeiro, São Paulo e PassoFundo. Mas zemos os cálculose falamos com nosso orientadore viemos para cá. Gosto muito dePasso Fundo, porque não tem oestereótipo do Brasil, todos per-guntam: Tem praia, tem samba,

    tem caipirinha? E eu digo: “Não,eu tenho mate e frio”. Mas gostomuito disso, porque tem outroturismo do Brasil.

    Qual foi a primeira impressãoque vocês tiveram do, país? Andrea:  Que nós iriamos mor-rer! Quando descemos em Porto Alegre, entramos no táxi nossaprimeira impressão ao ver tan-tos carros, tanta loucura, semrespeito com os pedestres. Eu

    achava que Porto Alegre era umacidade com mais infraestrutura,mais organizada. Ana: Foi muito diferente do queachávamos. Quando pesquiseiPasso Fundo na internet na Es-panha, não encontrei muitasinformações, somente sobre auniversidade. Assim pensavaque era uma cidade pequena,mas vi que é muito maior.

    O que estão achando da cultu-ra brasileira, a alimentação, amúsica? Andrea: Bom morava em Madri,

    uma capital. Lá as cidades sãomais organizadas, o transportepúblico também. Estamos bemem Passo Fundo. Ana: Como antes de Madri eu

    morava em Cáceres, uma cidadepequena, tenho a impressão deter voltado a morar lá, com pes-soas muito gentis que ajudam,isso é o principal. Na cultura,sinto que os brasileiros são mui-to mais gentis que os espanhóis,essa foi a primeira impressão.

    E as diferenças entre o curso naUPF e na Universidade Carlos III de Madrid? Andrea e Ana:  Lá temos umamatéria que se divide em teó-rica e prática, mas lá a práticanão é prática. São muitos alu-nos, é mais teoria aplicada a umgrupo pequeno. Aqui é melhor,as matérias são mais divididasem teoria e prática, são menosalunos em sala, melhor de tra-balhar e aprender. Até porque jornalismo é mais prática do queteoria. Aqui os equipamentos e ainfraestrutura são melhores. NaEspanha é impensável trabalharsem se formar, aqui já se podepraticar durante o curso. Lá nãosomos obrigados a participar

    das aulas.

     A diferença de fuso horário en-tre Passo Fundo e Madrid é decinco horas. Como está sendo aadaptação? Andrea:  Para falar com nossospais é mais difícil, mas assim

    está sendo fácil se adaptar. Masainda não nos adaptamos aohorário brasileiro, comemos nonosso horário espanhol. Almo-çamos pelas 14h, 15h jantamos22h, mas isso não importa emque lugar do mundo vamos es-tar sempre será o mesmo. Eunão posso comer feijoada aomeio-dia, pois tomamos cafénesse horário. Ana: Na alimentação, no pri-meiro dia em que fomos no su-permercado foi horrível, não sa-bíamos o que comprar. Frango,arroz e feijoada, muito churras-

    co. Sentimos falta de um lugarpara comprar peixes frescos. Aqui tudo tem carne, até a sa-lada. Mas gostamos muito dechurrasco. Acho que a culturagaúcha, não podemos dizer queé cultura brasileira. Vocês sãogaúchos e não brasileiros (risos)

    O que buscam principalmentecom o intercâmbio? Andrea:  A experiência pessoal,sobretudo, além do novo idioma. Ana: Acho que o melhor de fa-zer um intercâmbio é conhe-cer muitas pessoas e com issoaprender muito mais. Através

    do convívio aprende-se mais so-bre a mentalidade, informaçõesnovas, só o intercâmbio é capazde oferecer isso.

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    erá que ainda exis-tem padrões nasociedade? E a fa-mília tradicional,ainda é aquela emque o pai sustentaa família e a mãe

    cuida da casa? A modernidadeacaba com os padrões e, se elesainda existem, Emmanuele Co-lussi não os segue. Antes Ema-noel, a estudante de Design deModa foi a primeira transse-xual de Passo Fundo a mudaro nome judicialmente sem acirurgia de troca de sexo. E, afamília dela foi muito impor-tante nesse processo. “Tudo oque conquistei devo ao apoio domeu pai, mãe e da minha irmã”conta.

    “A conquista de si próprioé a maior das vitórias”. ParaEmmanuele, a frase que encon-trou em seu livro preferido de-ne a sua vida. A infância da Emmanuele não

    foi das mais normais, como elamesmo diz. Desde cedo ela sesentia diferente, mas não sabiaexatamente o porquê. Semprese identicou mais com meni-nas, mas não tinha essa histó-ria de preferencia por rosa ouazul. “Gostava de todas as co-res, não tinha problema comisso.” ela conta. Já na adoles-cência, toda as incertezas queEmmanuele tinha zeram comque ela adotasse um estilo de se vestir diferente da maioria. “Euusava roupas mais femininas,bem justas e bastante maquia-gem” conta. Sem referências eexemplos de transsexuais naépoca, Manu não sabia comoagir e passou por um momentodifícil de drogas, prostituição ede incertezas.

    Com 16 anos, Emmanueledescobriu que existia a possibi-lidade de mudar o corpo e en-tão a família a apoiou. Desdelá, Manu espera pelo dia da ci-

    rurgia, que está marcada para julho do ano que vem, mas nãoconsidera esse o melhor dia dasua vida. “Tem transsexuais

    Pelo m dos rótulos:

    uma conversa com Emanuele

    Eduarda Ricci PerinEstagiária Nexjor

    S

    Parte importante na história contra o preconceito, Emanuele Colussi luta diariamente por um direito simples: ser ela mesma.

    Entrevista

    que colocam muito expectativaem cima desse dia, para mim ésó mais uma etapa que eu vouenfrentar.” disse. Além de conquistar seu espaço

    no mercado de trabalho comoestilista ou de ser aceita comotranssexual, a luta da Emma-nuele é pela igualdade, pelo mdos rótulos e das classicações.“Quando classicamos alguém,estamos o afastando, o excluin-do” falou Manu. Assim como a Emmanuele,

    muita gente luta pelo direitodos LGBTs. A Semana da Di- versidade, que aconteceu em

    Passo Fundo é exemplo disso.Organizado pelo Plural Coleti- vo Sexodiverso, a Semana tevecomo tema: “Em defesa das fa-mílias”. Um dos coordenadoresdo Plural, Oscar Santos explica:“Ainda existe um conceito quedefende apenas um modelo defamília e diz que apenas o tra-dicional é digno de respeito.Queremos mostrar que todos ostipos e modelos de família me-recem respeito.” diz Oscar.

    Colocar um S nas famílias,pluralizar e acabar com todosos mitos e preconceitos da so-

    ciedade em relação ao movi-mento LGBT são alguns dos de-sejos de todos os que estiveramenvolvidos na Semana da Di-

     versidade. “Não é doença, não épecado, não é uma opção, não éescolha” explicou Oscar Santos.

    2ª Parada da DiversidadeO estilo da Parada que acon-

    teceu no encerramento da Se-mana da Diversidade é bemdiferente do que acontece noRio de Janeiro e São Paulo, porexemplo. Como explicou OscarSantos: “Não aconteceu apenas

    uma grande festa, mas tam-bém um momento de luta pe-los direitos pelas famílias e dosLGBTs” explicou.

    Em defesa dasfamílias de todos

    os modelos eestilos. Essa foia principal lutada 2ª Parada daDiversidade, daqual Emanuele

    participou ativa-mente (acima)

    A conquista de sipróprio é a maior

    das vitórias

    ”Para Emmanuele, a frase que en-

    controu em seu livro preferidodeine a sua vida.

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    Em 2014, oblog DesilusõesPerdidas passaa reletir sobre

    os sabores e dis-sabores da vidaem geral, sem

    deixar de lado o jornalismo.

    Vai sobreviverquem conseguir

    se adaptar melhor,mesmo sendo um

    grande jornal ou

    um jornalista.

    uda Rangel é um jornalista desi-ludido, prossio-nal e amorosa-mente. No blogDesilusões Per-didas ele expres-

    sa – com humor e críticas – seuspontos de vista sobre o dia-a-diada prossão. Duda pode ser consi-derado um típico prossional doJornalismo, mas ele não é. DudaRangel não passa de um persona-gem, criado pelos gêmeos Ander-son e Emerson Couto, que uniramsuas duas paixões, jornalismo ehumor, para a criação da pági-na que conta a vida do jornalistacomo ela é.

    Os irmãos Couto são paulis-tas de Santo André, graduadosem Jornalismo pela Universi-

    dade Metodista de São Paulo e já somam 20 anos de prossão.Emerson e Anderson têm umacarreira prossional e acadêmi-ca parecidas. Os dois já passa-ram pelo Jornal O Estado de SãoPaulo, realizaram trabalhos emcomunicação corporativa e es-creveram diversas outras publi-cações. Hoje, os gêmeos atuamcomo jornalistas independentes,comandando o blog DesilusõesPerdidas e fazendo parte da equi-pe de roteiristas do programa dehumor Sensacionalista, no canalMultishow. Em 2012, o blog queconta os encantos e desencantosda prossão ganhou uma versãoimpressa, “A vida de jornalistacomo ela é”.

    Praler: Por que abandonar jor-nais de renome, nos quais vo-cês trabalhavam, para criar umblog? Anderson: - Os motivos para acriação do blog “Desilusões per-didas” foram basicamente aunião de duas de nossas paixões,o jornalismo e o humor, combi-nação que em jornais convencio-nais não eram muito aceitas.

    Emerson: - O blog entrou no arem janeiro de 2009, sendo quecomeçamos a escrever no nalde 2008. Ele não é um blog jorna-lístico e sim de cção. A vivência

    Duda, os irmãos

    Couto e as desilusões “Quem um dia irá dizer que existe razão quando se escolhe essa profissão?” Duda, Anderson e Emerson e a

    vida de jornalista como ela é.

    de 20 anos em jornalismo diáriofoi um dos fatores que levaram àcriação da página. E por ser umblog de cção, precisávamos deum personagem, um narradorpara contar as histórias. Foi as-sim que criamos o Duda Rangel.

    No começo o blog era só paraamigos e aos poucos foi crescen-do e ampliando nosso público.

    PL: Como foi a reação da famíliaquando optaram pelo jornalis-mo? A: - A gente teve bastante sortenesse ponto. Nossos pais foramtranquilos. Deve ser porque te-mos um irmão mais velho que éengenheiro. Talvez por causa dis-so o jornalismo já estivesse libe-rado. Além de apoiar na escolhada prossão, eles apoiaram, in-clusive, todas as nossas loucurasrealizadas pelo jornalismo.

    PL: Vocês tiveram inspiraçõespara a atuação do blog e na es-colha do jornalismo?E: - Tem muitas pessoas quetrabalharam com a gente, che-fes, que ajudaram muito, entãoadmiramos eles. Para o blog, ti- vemos algumas referências dehumor, como Veríssimo, mesmoo humor de televisão, Casseta &Planeta, Monty Python, NelsonRodrigues. A gente sempre con-sumiu muito isso. Então estescaras foram os responsáveis pelagente gostar de escrever humor

    e o que fazemos hoje. Já para o jornalismo em si, o grande res-ponsável foi o contato com o pro-duto e não com uma pessoa emespecial.

    PL: Como era a recepção dosmeios de comunicação em que

     vocês já trabalharam quanto aouso de humor para informar?E: - As pessoas têm muito medode ousar, fazer coisas novas, leves,porque acham que não vão fun-

    cionar. Mas tem de experimentar! Às vezes a gente consegue um tipode linguagem mais atraente. Játrabalhamos em muitos lugares eo tipo de linguagem utilizada va-riava, mas usar o humor semprefoi um problema.

     A: - Quando a gente entrou no Es-tadão, éramos recém-formados egostávamos de escrever humor,porém o jornalismo é uma coisaséria, ainda mais no Estadão queé um jornal conservador. Entãonão tínhamos como usar o humorno nosso dia-a-dia. Eu acho que oEstadão foi uma experiência le-gal. Vivemos o jornalismo diário edessas histórias que a gente contahoje, muitas vieram dessa época.Eu nunca me senti censurado.

    PL: Como vocês vêm o jornalismoatualmente?

     A: - Adaptação é a palavra quedene o jornalismo de hoje. Comum novo perl de leitores e novasformas de passar a informaçãoadiante, os prossionais estãotendo que se moldar às transfor-mações. O jornalismo como umtodo está passando por um pro-cesso de mudança muito grande,

    principalmente o jornalismo tra-dicional, impresso. Já o jornalis-mo online, ele é muito novo ain-da. Começou na metade da décadade 1990, está sendo testado e ainda

    pode mudar muito. O importanteé que a essência do jornalismo vaicontinuar. Sempre vai ter genteatrás de informação. O bom texto

     vai persistir em qualquer platafor-ma. E, além de uma transforma-ção tecnológica, há uma questãoeconômica que muda a forma deencarar a prossão. Vai sobrevi-

     ver quem conseguir se adaptarmelhor, mesmo sendo um grande

     jornal ou um jornalista.

    PL: Qual é o gênero que vocêsmais gostam de escrever?E: - Escrevemos texto corporativo,texto ccional que é o mais lite-rário, escrevemos roteiro de TV.

     A gente escreve tanta coisa, masé tudo texto, a palavra escrita e éisso que a gente gosta muito.

    PL: Algum de vocês já sofreu asdesilusões do Duda? A e E: - Os perrengues da prossãosão comuns a muita gente. Essa

    coisa de ralar pra caramba desdeo começo da prossão, como es-tagiário e mesmo depois quando

     você não é mais estagiário, isso éuma coisa normal. O Duda é as-sim, tem 43 anos, mais ou menosda nossa faixa etária, e a gente jápassou por alguns momentos danossa prossão em que camoscansados, queremos mudar. Issoa gente já passou muito. Muitashistórias do blog são situações quea gente já viveu. Tem histórias deamigos, coisas que a gente ouviu,mas, sim, têm muitas experiên-cias nossas ali. Muitas situaçõesdifíceis que o Duda enfrenta, agente já enfrentou. Dá uma desa-nimada, às vezes, mas tambémtem as coisas legais. Então temmuita coisa nossa lá, sim.

    Thaís Viacelli BiolchiEstagiária NEXJOR

    D

    Entrevista

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    Temas delicadossempre foram ofoco de Canellas

    le se dene comoum repórter pere-grino, que busca noBrasil e no mundohistórias capazes

    de mudar pensa-mentos e opiniões.Por outro lado, se dene como umcronista provinciano que traz emsuas crônicas o que passa des-percebido em nossas vidas. Suasimplicidade, poeticidade, levezasão claras tanto em suas crônicasquanto em suas matérias sendocapazes de tocar até a alma do lei-tor e do telespectador.

    Marcello Canellas nasceu em1965 em Passo Fundo e aos doisanos de idade se mudou para San-ta Maria. Prestou vestibular para

     Agronomia, mas acabou abando-nando o curso para fazer Jorna-

    lismo. Em 1987, formou-se na Uni- versidade Federal de Santa Maria ecomeçou a carreira como repórterde Polícia do jornal A Razão. De-pois, fez um teste e foi contratadopela aliada da RBS em Santa Ma-ria. Em 1980, foi indicado para aemissora aliada da TV Globo emRibeirão Preto, São Paulo. Desde1990, trabalha como repórter espe-cial na TV Globo do Rio de Janeiro.

    Fez questão de que a segundacidade em que lançasse seu pri-meiro livro “Provínicas: crônicasde uma alma interiorana” fossesua cidade natal a qual segundo

    ele sente uma relação muito forte.O Nexjor aproveitou a participaçãodo jornalista na Semana Acadêmi-ca da Faculdade de Artes e Comu-nicação e tirou algumas dúvidas.

     ABORDAGEM DE TEMASDELICADOS

    Marcelo Canellas optou, nos úl-timos anos, por tratar de temasmais delicados que envolvam pro-blemas sociais e os direitos hu-manos. “Eu sempre me preocupeicom essas questões como jornalis-ta, porque eu sempre me preocu-pei como pessoa, como cidadão”,arma. Cita o texto “O jornalismo

    e a ética do marceneiro” do jorna-lista Cláudio Abramo e defende:“Você não separa a ética do cida-

    Por um jornalismo

    mais humanizadorBárbara BornEx-estagiária Nexjor

    E

    dão com a ética do jornalista”.Para ele , só o tratamento muda:” O jornalístico investiga, buscaentender porque aquilo acontecepara poder contar direito o queestá acontecendo”.

    QUALIDADES DO

    BOM JORNALISTA Diante dos mais de 40 prêmiosnacionais e internacionais no jor-nalismo Canellas é a pessoa certapara dizer as qualidades que osfuturos jornalistas devem desen- volver para serem bons prossio-nais. “Nunca devemos esquecerda independência intelectual, daprópria capacidade de crítica, dequestionar e desconar das apa-rências”, cita.

    Salientou que não se pode es-quecer as questões técnicas, asferramentas necessárias, aquelasque irão impedir que o repórterseja enganado pelas aparências e

    por pautas furadas. Além de do-minar principalmente a língua: ”Esse domínio que vai permitir aconstrução de narrativas e con-tar histórias”.

    UM JORNALISMOMAIS PENSANTE

    Hoje em dia, nota-se um jorna-lismo mais informativo e objeti- vo. Para Canellas, falta um jor-nalismo mais aprofundado, comgrandes mergulhos em grandesassuntos. “Em geral não existeuma rotina da grande reporta-

    gem”. Para ele, uma das razõesdesse jornalismo mais objetivoé o enxugamento das redações, oque em sua opinião é uma econo-mia burra.

    “O que dá prestígio para umaempresa de comunicação, é ogrande tema, a grande repor-

    tagem, o grande assunto, que o jornalista descobriu, assim con-quista-se leitores e audiência”. Além disso, para ele há umatendência geral para sintetizartudo. “As pessoas tem tempopara ler quando acham uma re-portagem bacana, sem clichês,feita de uma maneira diferentee criativa”.

    CRÔNICASCom uma carreira de mais de

    25 anos na televisão, há algunsanos atrás foi convidado pelo jor-nal Diário de Santa Maria a teruma coluna semanal. Optou pelogênero crônica que lhe mostrouuma nova realidade. “A crônica

    me permite fazer exercícios nar-rativos, que o jornalismo não mepermite”, arma Canellas. Paraele, a crônica ganha seu valorquando atinge a subjetividadedas pessoas.

    PROFISSIONAL X EMOCIONAL A prossão de jornalista, como

    tantas outras, coloca os pros-sionais diante de tragédias emomentos de extrema emoção,como o incêndio da Boate Kissem Santa Maria. Canellas diz queem situações como essas é im-possível conter a emoção, seriadesumano não senti-la. “A emo-

    ção é necessária. O que eu achoque não é adequado é você tornara sua emoção tão notícia quantaa emoção legítima do entrevista-do” justica.

    Como Canellas cresceu e es-tudou em Santa Maria sentiuainda mais a tragédia. “Eu me vi naqueles meninos, porque eufazia isso, me divertia como eles,iá para a boate. Então há umaprojeção daquilo que você foi”. Émuita frieza pensar que vai teruma postura distanciada daquiloali é desumano.

    Tenho uma

    caixa cheia decaderninhos. Sourepórter à antiga,

    dos que aindarabiscam num

    papel

    Um profissional a moda antiga que acredita na importância do fator humano na transformação da realidade,é assim que Marcello Canellas se define como jornalista.

    Entrevista

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    aças. Para Fábio, o prossionalque trabalha nessa área preci-sa ciência dos limites da ética.“Lidamos com assuntos sérios etensos a cada reportagem. É ne-cessário saber também até onde vale correr o risco. Nenhuma re-portagem vale a vida”.

    “TENTAR MOSTRAR O ILEGAL, OQUE ALGUMAS PESSOAS TEN-TAM ESCONDER”

     A frase adapta-se perfeitamen-te ao tema de um dos trabalhosrealizado em 2011. Em parceriacom Cid Martins, Fábio Almeidaconduziu uma reportagem sobreo comércio ilegal de explosivos.Os jornalistas foram até Ciudadde Leste, no Paraguai, e a diver-sos municípios gaúchos para

    checar a denúncia, que se con-rmou. O material entrava peloRio Grande do Sul e seguia paraoutros estados brasileiros, a mde auxiliar bandidos no assaltoa bancos e em explosões de cai-xas eletrônicos. Escute aqui.

    “O lado bom é a repercussãoque reportagens desse estiloacabam trazendo. Muitas vezes,conseguimos contribuir coma sociedade com as mudançasprovocadas pelas matérias in- vestigativas.” Fábio Almeidaconta que um dos pontos nega-tivos desse segmento do jorna-lismo é o tempo de elaboração

    das reportagens, pois é precisoidenticar agrantes, conr-mações e apurar os dados obti-dos. Em 2013, a reportagem Im-

    pério da Areia: a dragagem quemata o Jacuí exigiu bom tempode trabalho: “Foram quase seismeses de investigação, mais de20 entrevistas, muitas horas denavegação e estudo de mapa elicenças ambientais. Mas houveum grande retorno social e jor-

    nalístico.” Além da importantedenúncia sobre o descaso am-biental, a reportagem recebeudiversas premiações, incluindoum dos mais prestigiados domundo, o Prêmio Internacionalde Jornalismo Rei da Espanha.

    FONTESPara que as denúncias virem

    reportagens, o jornalista preci-sa contar com boas fontes. Gio- vani Grizotti iniciou na RádioGaúcha como repórter policial. Assim, passou a trabalhar comdiversas pessoas da área, o quecontribuiu para obter bons con-

    tatos e informações privilegia-das. “Hoje as principais maté-rias têm surgido da observaçãodo dia adia. Às vezes, por exem-plo, tem um assunto que está nocanto de página de um jornal eque pode ser o ponto de partidapara uma matéria nacional”.Fábio Almeida usa as redes paradivulgar seu trabalho e mantercontato com fontes. “Boas pau-tas surgem pelas redes sociais.Um exemplo foi a matéria sobrea extração de Areia do Jacuí [ci-tada anteriormente]. O estopimcom dicas e a denúncia veio do

    Twitter, do sócio de uma ONG dedefesa ambiental. Ele me envioudocumentos e muitas informa-ções que deram start na repor-tagem”.

     A morte de Tim Lopes em 2002chamou a atenção aos perigosdesse nicho de reportagens. O jornalista da Rede Globo, famosopor apurar assuntos de alto ris-co, foi sequestrado e assassinadopor tracantes no Rio de Janeiro.O episódio é uma das faces dessesegmento do jornalismo. Entrea grande matéria que instiga asociedade a cobrar providênciase a câmera escondida que, ao ser

    descoberta, põe em risco a pró-pria vida, há um prossionalempenhado em mostrar aquiloque muitos desejam silenciar.

    O trabalho de quem vai

    além da notícia

     Vinícius CoimbraEstagiário Nexjor

    “ Tenho umacaixa cheia de

    caderninhos. Sourepórter à antiga,

    dos que aindarabiscam num

    papel

    O dia a dia de Giovani Grizotti e Fábio Almeida, dois profissionais que trabalham com o jornalismo investigativo no Rio Grande do Sul

    Minha imagemnão está em lugarnenhum. Já ‘vaza-ram’ fotos minhas

    do banco de dadosda polícia e foramparar até em mãos

    de bandidos. Cheguei a encon-trar uma, numa parede, no es-critório de um golpista”. O relatofeito ao Nexjor é uma passagemda carreira de Giovani Grizotti,repórter investigativo da RBS TVhá 15 anos.

    É verdade que todo o jornalis-mo é investigativo. Ou melhor:deveria ser, porque a pesquisa echecagem de informações deveser a base para elaboração dequalquer notícia. Mas tratemosaqui por jornalismo investigati-

     vo aquele que trabalha com de-núncias, que usam de câmeraescondida a disfarces e nomesctícios, e que, principalmente,põe em perigo prossionais queescolhem esse caminho.

    Os casos mais complicados eque podem até colocar em riscoa vida são feitos por jornalistasque não podem revelar a própriaidentidade. E não é para menos:tracantes de drogas, esquemasde lavagem de dinheiro e con-trabando são pautas recorrentesnesse ramo onde a denúncia deum esquema atinge muita genteimportante e perigosa. Grizotticonta que já foi ameaçado diver-sas vezes por telefone, carta e,ao realizar uma investigação so-bre funerárias, teve seu carro in-terceptado pela Polícia Rodoviá-ria Federal. Além disso, precisousair duas vezes do estado devidoàs ameaças. “Tem que gostar,querer descobrir coisas, não te-mer riscos. E, não posso negar,há uma adrenalina por trás dis-so, de buscar o desconhecido”.

    Seus rostos não estão grava-dos na retina do grande público.Talvez, o telespectador menosatento nem se dê ao trabalho de

    ler o nome do autor da reporta-gem que acaba de denunciar umgrande problema da sociedade.“Não tenho menor preocupação

    com isso. Não quero ser reco-nhecido na rua, dar autógrafos.Quero só ser reconhecido pelo

    meu trabalho. E isso o anoni-mato de imagem não prejudi-ca”, conta Giovani Grizotti, queiniciou a carreira na Rádio Hori-zonte, de Capão da Canoa.

    REPERCUSSÃOTratado como herói por alguns

    admiradores, Grizotti rechaça orótulo e acredita que as repor-tagens são apenas o seu traba-lho. Mas é um trabalho que re-percute. Em 2006, a reportagemintitulada “A farra dos vereado-res”, exibida no Fantástico da TVGlobo, denunciou um esquema

    de servidores públicos que de- veriam participar de cursos emoutros estados, mas, na verdade,usavam o dinheiro das diáriaspara fazer turismo. A reporta-gem gerou uma série de denún-cias e processos. Em 2011, Giova-ni Grizotti denunciou a “Fraudedos pardais”, um esquema ilícitode compra de controladores de velocidade por prefeituras.

     Ameaças de torcidas de fute-bol e de grupos neonazistas fa-zem parte do currículo de Fábio Almeida, repórter da RBS TV dePorto Alegre. O jornalista segueuma linha parecida com a do

    seu colega Giovani Grizotti: pre-serva o rosto como artifício paranão atrapalhar a reportagem,entretanto diz não temer ame-

    Entrevista

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    Novo currículo no jornalismo

    Aaprovação das novas diretrizes do MEC para os

    cursos de jornalismo, em 2013, foi o ponto de par-

    tida para um trabalho de reformulação do atual

    currículo do Curso de Jornalismo da UPF. Dividi-

    do em três grandes linhas do conhecimento, com mudan-

    ças importantes em sua estrutura, novas disciplinas, reor-denação de outras já existentes, implementação do estágio

    curricular obrigatório e transformações nas ementas de

    várias outras disciplinas já existentes, o currículo que será

    implementado a partir do primeiro semestre de 2015 ade-

    qua o Curso de Jornalismo da UPF à uma concepção de en-

    sino que visa destacar o jornalismo dentro da grande área

    da comunicação social - uma tendência que já começa a

    ser debatida e seguida por vários outros cursos do Brasil.

    Na edição de OUTUBRO do PRALER, você poderá tirar to-das as dúvidas acerca das importantes mudanças que es-

    tão por vir

    n AS NOVAS DIRETRIZESO que o MEC pretende com as transformações nos cursos jornalismo?

    n A NOVA ESTRUTURA CURRICULARComo se dividirão as disciplinas dentro da nova estrutura de 4 anos do

    curso?

    n AS NOVAS DISCIPLINASAs mudanças curriculares em detalhes: o que foi mantido, quais são as

    novas disciplinas e quais sofreram transformações

    n MIGRAÇÃOAs dúvidas referentes à migração dos atuais alunos para o novo currí-

    culo

    n O ESTÁGIOInformações sobre a grande mudança instaurada pelo MEC: o estágio

    curricular obrigatório