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PREFEITURA MUNICIPAL DE BETIM FUNARBE – FUNDAÇÃO ARTÍSTICO-CULTURAL DE BETIM DEPARTAMENTO DE PLANEJAMENTO E PESQUISA Complementação do DOSSIÊ De tombamento da CAIXA D’ÁGUA Betim – setembro 2009

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PREFEITURA MUNICIPAL DE BETIM

FUNARBE – FUNDAÇÃO ARTÍSTICO-CULTURAL DE BETIM

DEPARTAMENTO DE PLANEJAMENTO E PESQUISA

Complementação do DOSSIÊ

De tombamento da

CAIXA D’ÁGUA

Betim – setembro 2009

COMPLEMENTAÇÃO DO DOSSIÊ DE TOMBAMENTO DA CAIXA D’ÁGUA

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ÍNDICE

I – Introdução. 02 II – Histórico de Betim. 05

IV – Anos 1960: início da ascensão urbana de Betim. 12 V – Descrição Arquitetônica e Urbanística. 16 XI – Cartografia. 24

Mapa 01: Localização da Caixa D’Água no município.

Mapa 02: Localização da Caixa D’Água no município Mapa 04: Perímetro de Tombamento. (fazer croqui) Foto área da região da Caixa D’Água.

XII – Documentação Fotográfica. 25 XIII – Laudo Técnico do Estado de Conservação. 33 XIV – Diretrizes de Intervenção. 36 XV – Parecer Técnico / Argumentação. 37 XVI – Ficha Técnica. XVII-Fontes Pesquisadas

COMPLEMENTAÇÃO DO DOSSIÊ DE TOMBAMENTO DA CAIXA D’ÁGUA

3

I – INTRODUÇÃO

Seguindo a recomendação do IEPHA referente à análise do Dossiê de

Tombamento, o bem cultural segue para análise com os seguintes itens da

deliberação normativa 01/2009.

A “Caixa D´Água”, bem tombado em no exercício 2002, é um dos bens

simbólicos que remete a história e memória da cidade a partir do inicio do

Século XX. Com base na sua estrutura arquitetônica e urbanística a

complementação se faz necessária para a sua salvaguarda e

automaticamente a sua política de inserção no contexto urbano de uma

área tão importante para o município de Betim. Com isso vimos,

gentilmente, apresentar a referida complementação, que se encontra no

corpo desse trabalho.

Cumpre destacar que para o levantamento dos dados foram realizadas

pesquisas orais e documentais para coleta de dados arquitetônicos e

análise descritiva do bem, visando a consolidação das informações

requeridas. Registros fotográficos ilustram este estudo, sendo que para a

sua consecução contou-se com profissional da área de arquitetura e

urbanismo juntamente com historiador, que investigou “in loco” as fontes

desejadas.

A Caixa D´Água é destaque dentro da política de preservação, devido

a sua inserção cultural no eixo urbano dos primeiros povoados da cidade,

tendo sua singular importância a partir de uma época em que Betim

crescia do ponto de vista industrial.

O bem cultural apresentado passou pelo Conselho de patrimônio, por

aprovação em ata de sua regulamentação de acordo com os itens

analisados pelo IEPHA – Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e

Artístico.

Com esta regulamentação do bem cultural, é importante ressaltar que

o que a municipalidade terá mais um bem de importância memorial no

contexto cultural da cidade. Além disso, é de interesse deste conselho de

COMPLEMENTAÇÃO DO DOSSIÊ DE TOMBAMENTO DA CAIXA D’ÁGUA

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Patrimônio, resguardar toda e qualquer manifestação urbana que integra a

história de sua população.

Portanto este trabalho é parte do Dossiê que vem sendo desenvolvido

pela Fundação Artístico-Cultural de Betim, que visa principalmente à

preservação do Patrimônio Cultural deste município. Esta política

preservacionista consta de várias ações:

Observar sempre o contexto urbanístico, percebendo a cidade como

um organismo vivo, mutável e complexo, onde bens naturais,

culturais e pessoas se relacionam entre si. Neste sentido devem-se

privilegiar conjuntos e ambiências a edificações isoladas.

Adotar um procedimento unitário, visando a melhoria do meio-

ambiente urbano como um todo, não tratando desigualmente as

chamadas áreas históricas e os outros espaços que compõem a

cidade.

Integração absoluta entre a política específica de preservação do

meio-urbano e a política urbana de um modo geral.

Priorizar planos mais simples de recuperação de edifícios e

conjuntos, ao invés de caríssimas restaurações. É importante para a

preservação da memória e da identidade cultural e para preservação

da qualidade do meio-ambiente urbano conservar aquilo que os

conjuntos têm de essencial, como sua volumetria, traços básicos da

fachada e eventualmente, mesmo tipologias em planta.

Criação de mecanismos que permitam a real e efetiva participação

dos agentes envolvidos no processo, em todos os seus momentos:

na elaboração, implantação e gestão dos projetos a serem

eventualmente desenvolvidos.

Garantir a permanência da população de baixa renda nas áreas a

serem urbanizadas, preservadas, etc. Qualquer política de

preservação deve priorizar o bem estar dos moradores e usuários,

procurando evitar a sua expulsão em decorrência da valorização

dessas áreas. Trata-se na verdade, de um processo difícil e

COMPLEMENTAÇÃO DO DOSSIÊ DE TOMBAMENTO DA CAIXA D’ÁGUA

5

complexo, mas que se pode enfrentar com alguns mecanismos,

como não concentrar investimentos pesados numa determinada

área, mas pulveriza-los de modo que não haja uma transformação

radical na sua natureza; e valorizar as atividades que já se

desenvolvem na área, proporcionando-lhes, no entanto, um

ambiente de melhor qualidade.

Estimular e sensibilizar a comunidade, para que esta entenda a

importância do bem e fiscalize a sua preservação.

 

 

 

COMPLEMENTAÇÃO DO DOSSIÊ DE TOMBAMENTO DA CAIXA D’ÁGUA

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HISTÓRICO DO

MUNICÍPIO DE BETIM

Betim: dos tropeiros ao caleidoscópio cultural

Adriana das Graças Araújo Lisboa

Ana Claudia Gomes

Rodrigo Cunha Chagas

(FUNARBE)

A região onde hoje fica Betim, remonta ao início do século XVIII e

fazia parte de uma importante rota de bandeirantes, que vinham de São

Paulo a Pitangui, atraídos pelas descobertas minerais na citada povoação,

e também da rota de abastecimento que vinha da Bahia às Minas.

Assim como várias cidades surgiram nas trilhas das tropas e nas rotas

dos bandeirantes, Betim, antes de assim se chamar, fazia parte deste

entrecruzar de caminhos, sendo passagem e pousada de tropeiros. Logo

no início do século XVIII, foi construído um casarão destinado ao uso de

pousada e ao mesmo tempo, venda de secos e molhados. Este casarão

abriga atualmente a Casa da Cultura Josephina Bento.

A maioria dos colonizadores que solicitavam sesmarias era formada por

antigos tropeiros que decidiam se estabelecer nos espaços que lhes

pareciam promissores. Assim, o fato de Joseph Rodrigues Betim ter

solicitado uma sesmaria nesta região em 1711 não foi um acaso depois

tornado conhecido por ter originado uma povoação. Este bandeirante,

ligado por parentesco e amizade ao famoso bandeirante Borba Gato, deve

ter visado assegurar a posse de um importante caminho e parada, vital

para o empreendimento das bandeiras.

COMPLEMENTAÇÃO DO DOSSIÊ DE TOMBAMENTO DA CAIXA D’ÁGUA

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Do primeiro proprietário das terras onde hoje fica Betim, ficou seu

nome. Nas primeiras décadas após a doação da sesmaria a Joseph Betim, a

região consolidou-se como local de passagem e parada dos tropeiros. Entre

1711 e 1750, a sesmaria de Betim recebeu diversos núcleos de povoação,

coincidentes com os pontos de parada dos tropeiros. O primeiro deles a

ganhar importância foi o arraial da Bandeirinha do Paraopeba, cujo nome

deve ter se originado no fato de o local em que se estabeleceu ter sido

objeto de uma “bandeirinha”, isto é, uma pequena expedição em busca de

minerais ou um “ramo” de uma bandeira.

Ao solicitarem a construção de uma capela, os habitantes da

Bandeirinha do Paraopeba quiseram que isso se desse num monte. A capela

foi erigida onde hoje se encontra a Praça Milton Campos, de frente para o

arraial da Bandeirinha – portanto com os fundos para o futuro centro

histórico de Betim – e recebeu o nome de Capela de Nossa Senhora do

Monte do Carmo. Como já havia outras capelas na região, em Mateus Leme

e Santa Quitéria – hoje Esmeraldas – o novo templo tornou-se conhecido

como Capela Nova do Betim, nome que depois se estendeu ao arraial.

Entre 1760 e 1800, o arraial cresceu em importância, como indica a

instalação de forças policiais reais e a elevação da localidade a distrito em

1797, fato confirmado pela Câmara de Sabará em 1801.

A partir de meados do Século XIX, Betim participou da retração

econômica e decadência que atingiu toda a antiga zona de produção

aurífera. Desenvolve-se, então, uma atividade econômica de subsistência,

quase sempre fundamentada na fazenda autárquica. Às margens do Rio

Betim, se instalaram olarias e moinhos de fubá, estes últimos beneficiários

das quedas d’água, chegando somar 35. Restam na cidade vestígios das

edificações desses estabelecimentos, além de instrumentos empregados na

produção.

O século XX alvoreceu em Betim sob o signo da implantação da infra-

estrutura que posteriormente faria da região um pólo industrial. Em 1909,

a Schnoor Engenharia obteve empreitada para construir parte da seção BH

– Henrique Galvão (atual Divinópolis) da Estrada de Ferro Oeste de Minas.

O engenheiro Antônio Gonçalves Gravatá, então funcionário da Schnoor, é

COMPLEMENTAÇÃO DO DOSSIÊ DE TOMBAMENTO DA CAIXA D’ÁGUA

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que sugeriu a construção de uma usina hidrelétrica na principal queda

d’água do Rio Betim, que tinha 84 metros. A hidrelétrica foi construída por

Gravatá, em suas terras (Fazenda Cachoeira). Nem a ferrovia nem a

hidrelétrica alteraram significativamente a atividade econômica em Betim,

que permaneceu especializada na produção de gêneros alimentícios.

O território onde está Betim havia sido pertencente à Vila de Sabará,

cuja jurisdição era imensa, desde o início da ocupação. Por volta de 1910,

a cidade desenvolveu um novo desenho urbano em função da passagem da

linha férrea, que se instalou a aproximadamente uns setecentos metros da

parte posterior da Praça Milton Campos – neste momento tida como região

central.

Betim tornou-se município por decisão estadual e federal em 1938.

Isso não foi fruto de mobilização local, mas de uma nova divisão

administrativa do Brasil, promovida neste ano.

Nas décadas de 1940 e 1950, Betim volta a ter importante função de

local de passagem das rotas de abastecimento, desta vez destinadas à

capital, Belo Horizonte. O planejamento estadual destinou a Betim duas

outras funções econômicas: a industrialização de base ou de bens de

capital, representada pelas siderúrgicas aí instaladas, e a produção de

alimentos para o abastecimento da capital. Juntamente com outras

cidades, Betim constituiria o chamado “Cinturão Verde” de Belo Horizonte.

Ainda na década de 40, instalam-se as primeiras indústrias de Betim,

ligadas à constituição do Parque Siderúrgico Nacional: Cerâmica Saffran

(1942), Ikera (1945), Cerâmica Minas Gerais (1947). Nos anos 50, muda o

eixo da industrialização brasileira – decresce o investimento nas indústrias

de bens de capital, como as siderúrgicas primeiramente instaladas em

Betim, e volta-se o foco para a produção de bens de consumo duráveis,

para a substituição das importações. A partir daí, Betim, por sua oferta

privilegiada de infra-estrutura, destina-se a se tornar pólo de atração das

indústrias. Entretanto, isso se dá vagarosamente.

Na década de 60, chegam a Betim algumas indústrias de médio porte,

quase todas de capital privado, à exceção da REGAP, e se instalam no

Bairro Cachoeira, local tradicional da primeira industrialização de Betim,

COMPLEMENTAÇÃO DO DOSSIÊ DE TOMBAMENTO DA CAIXA D’ÁGUA

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vinculado à presença da Av. Amazonas, do Rio Betim e da Ferrovia Oeste

de Minas. A Refinaria Gabriel Passos foi instalada em Betim porque o local

constitui uma confluência de condições favoráveis à redistribuição de

combustíveis. Entretanto, a economia local não foi dinamizada pela

presença da refinaria. No início dos anos 70, apenas uma indústria, a

Asfaltos Chevron, havia sido atraída para o município em função da REGAP.

No início dos anos 1970 a Prefeitura Municipal de Betim contraiu

empréstimo junto à Caixa Econômica Federal para adquirir os terrenos que

seriam doados tanto à Fiat Automóveis quanto à Krupp. Houve disputa

entre os estados brasileiros e entre os municípios da Região Metropolitana

de Belo Horizonte para sediar a Fiat Automóveis. O que favoreceu Betim

foi, além de suas condições infra-estruturais e da atuação política em seu

favor, o esgotamento do espaço de Contagem.

O processo de industrialização continua acelerado nos anos 80. Ao

final desta década, a recessão da economia nacional faz diminuírem os

investimentos, mas não os estanca. A especialização automobilística da

indústria continua alta, mas as administrações municipais recentes,

conscientes de que isso constitui uma fragilidade para a economia local,

buscam incentivar a diversificação industrial. A recente criação do Distrito

Industrial de Bandeirinhas faz parte deste contexto.

A população do município tem crescido com taxas superiores à

população da Região Metropolitana de Belo Horizonte e do Estado de

Minas Gerais. Com isso, observa-se que o município, por um lado, abriga

um forte e moderno setor industrial e, por outro, configura-se como

receptor de consideráveis fluxos migratórios. Uma possível interpretação

para o processo de desenvolvimento econômico de Betim, referendada por

diversos autores (RODRIGUES, 1980; RUGANI, 2001), é o fato de que tal

processo deu-se muito mais em função de uma lógica externa do que de

uma lógica local. O contexto econômico regional ou nacional tem feito

com que Betim se expanda ou se retraia economicamente, sem que o

município possa alterar significativamente estes quadros em função de

interesses locais.

COMPLEMENTAÇÃO DO DOSSIÊ DE TOMBAMENTO DA CAIXA D’ÁGUA

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A instalação de um moderno setor produtivo é hoje um fato irreversível

em Betim. Talvez, para a população local, o que resta é equacionar esse

desenvolvimento em função do bem-estar coletivo e da consciência

planetária, isto é, das questões ambientais. Nesse sentido é que cabe falar

das culturas locais como fontes de sentido para a população de Betim.

O município mantém bastante forte um centro histórico que cultiva a

memória das antigas famílias betinenses como fonte de identidade.

Restam poucos ícones materiais neste centro histórico: uma importante

construção do século XVIII, que abriga a Casa de Cultura do Município,

uma outra do século XIX, a Capela de Nossa Senhora do Rosário e seu

entorno, no bairro Angola, referidos aos afrodescendentes, e conjuntos

arquitetônicos diversos do século XX. O acervo de bens móveis, imagens e

documentos é bastante vasto e vem sendo cultivado especialmente pelo

Museu Paulo Araújo Moreira Gontijo.

Fora deste centro histórico, que estende suas raízes ao oitocentos,

encontramos policentros em Betim. Dentre eles, podemos destacar: a)

Vianópolis, ocupada a partir de finais do século XIX, com forte referência à

estrada de ferro, e que tem se mantido até este início do século XXI como

local de cultivo das culturas tradicionais, como é o caso das Folias de Reis;

b) Citrolândia, cuja ocupação original, a partir de 1930, se deu num

contexto de segregação das pessoas atingidas pela hanseníase, o que

constitui, ainda hoje, forte elemento de identidade e memória para a

população local; c) a Região Norte da cidade, cuja urbanização se deu a

partir de meados do século XX, tendo como epicentro as personalidades do

casal Gilda Ribeiro Morais e Aristides Bayma Morais; d) e as regiões do

Teresópolis, PTB e Alterosas, cuja intensa urbanização, nas últimas

décadas, deu-se principalmente em função da industrialização,

constituindo novas culturas de índole eminentemente urbanas, como é o

caso das manifestações musicais e corporais juvenis. É portanto, num

ambiente multicultural que se desenvolve a já metrópole Betim.

COMPLEMENTAÇÃO DO DOSSIÊ DE TOMBAMENTO DA CAIXA D’ÁGUA

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Referências

ASSIS, Terezinha. A construção da história de Betim: espaço

geográfico construído por gente Betim: Prefeitura Municipal, 1996. 142p.

FONSECA, Geraldo. Origens da nova força de minas: Betim sua história

1711-1975. Betim: Prefeitura Municipal, 1975. 366 p.

RODRIGUES, Maria Lúcia Estrada. A expansão industrial e o processo

de produção do espaço em Betim. Universidade de São Paulo. 1980. Tese

de Mestrado.

RUGANI, Jurema Marteleto. Betim, no caminho que vai das minas à

industrialização. Universidade Federal de Minas Gerais. Escola de

Arquitetura da UFMG. 2001. Tese de Mestrado.

COMPLEMENTAÇÃO DO DOSSIÊ DE TOMBAMENTO DA CAIXA D’ÁGUA

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III - HISTÓRICO DA

CAIXA D’ÁGUA

O abastecimento de água em Betim passa por vários momentos,

cada um deles inerente à sua época e “tecnologia” disponível. O poder

público, fator principal nesta questão, deve ser levado em consideração

por impor, em determinado momento histórico, uma nova fase no

abastecimento municipal, efetivando, dessa forma, sua função pública

nesta área. Neste sentido, ao propor um estudo sobre a “caixa d’água”

(situada na Av. Governador Valadares, próximo à Praça Milton Campos)

tende-se a uma pesquisa histórica que aborda, essencialmente, noções de

urbanismo e políticas públicas em Betim.

A água, na fase originária de Betim, início do século XVIII, era

extraída através de minas d’água (ou olhos d’água, termo popular). Havia

ainda os igarapés e riachos que também são considerados fontes de

abastecimento da época. Todavia, a Betim do século XVIII, ou Capela

Nova, não possuía uma mina em sua porção central, o Largo da Matriz,

atual Praça Milton Campos. Uma das minas mais tradicionais da cidade, e

também a que a abastecia naquele momento: a “Bica da Cacimba”, ou

Praça da Cacimba, nomenclaturas contemporâneas. A cidade, durante os

séculos XVIII e XIX e uma parte da primeira metade do século XX, utilizou

do abastecimento desta mina e de outras menores. É necessário enfatizar,

que a parte central de Betim (nos séculos XVIII e XIX) estava limitada ao

Largo da Matriz, estando a mina a uma distância de cerca de quatrocentos

metros.Outras regiões de Betim, que evoluíram a partir da segunda metade

do século XVIII, como os bairros Angola e Decamão (os mais próximos),

utilizavam o Riacho Betim, pela proximidade e também de minas d’água.

COMPLEMENTAÇÃO DO DOSSIÊ DE TOMBAMENTO DA CAIXA D’ÁGUA

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No caso da parte central, devido à distância, a água era levada em

recipientes para as casas, em sua maioria, pelos escravos, que entre outras

tarefas, realizavam as de caráter doméstico.

A medida que a cidade cresce e evolui, o sistema de abastecimento

tende a acompanhar tal movimento. A partir da segunda metade do século

XIX, começam a surgir nos quintais das casas as cisternas: poços escavados

verticalmente no solo, até atingir um lençol d’água. Assim, a caminhada

até a mina não era mais tão comum. Todavia, aquela mina ainda seria

usada por um considerável período, pois muitas famílias não eram

possuidoras de recursos para a construção de uma cisterna nos quintais de

suas casas – considerando a presença do escravo em Betim, que com a

abolição passa a constituir uma família livre. Outras famílias não tinham

condições por serem de lavradores empregados ou jornaleiros, o que sugere

seu caráter simplório. Esta população menos abastada, forma uma parte

considerável, senão, a maior da sociedade betinense do período em

questão.

O século XX para Betim, especificamente a década de 1940, marca

um fato importante: o abastecimento domiciliar d’água, feito através de

um órgão público, a prefeitura. O ano de 1940 é o primeiro ano em que o

município existe enquanto tal, ou seja, é o primeiro em que o Betim

comemora um ano de emancipação política. O período que compreende os

anos finais do século XIX e inicio do XX, marca, no país, um movimento

acelerado de urbanização. Ruas planejadas e largas, energia elétrica,

industrialização e água encanada (dentro de uma política de saneamento

básico) são pontos gerais tratados neste momento pelo poder público. Em

Betim, em 1940, como uma de suas pautas de urbanização, o poder

público investe no abastecimento domiciliar d’água, baseado num sistema

de poços artesianos, que tinha sua água levada, encanada, até os lares. O

fato desta prestação de serviço público ser taxada, exclui ainda muitas

famílias sem recursos e estes, por sua vez, permanecem usufruindo do

modo “tradicional”, as minas. Este sistema de abastecimento perdura na

cidade por duas décadas, as de 1940 e 1950.

COMPLEMENTAÇÃO DO DOSSIÊ DE TOMBAMENTO DA CAIXA D’ÁGUA

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A década de 1960 marca uma nova fase no abastecimento, uma vez

que a prefeitura percebe a evolução da cidade durante as duas décadas

anteriores e resolve um novo investimento, numa “modernização” do

sistema. Em 1962 é inaugurado um sistema baseado em reservatórios e

caixas-depósitos d’água, com encanamento destas para as casas. A

captação d’água era feita através de bombas (elétricas ou a combustível)

que extraiam a água dos poços artesianos e riachos para os reservatórios e

caixas-depósitos. A primeira e a principal caixa-depósito (ou “caixa

d’água”), tratada neste histórico, está situada próximo ao local de origem

da cidade, a Praça Milton Campos. Ao mesmo tempo em que simboliza um

marco na história do abastecimento e urbanismo de Betim, a caixa d’água

marca também o momento (1967) em que a prefeitura transfere a

obrigação deste serviço público para uma estatal mineira, a COMAG –

Companhia Mineira de Águas e Esgotos. A partir de então, é o estado o

responsável direto pela água domiciliar. Na década de 1970, é criada a

COPASA, outro órgão estatal, que além de promover o abastecimento

domiciliar, passa a tratar a água que chega aos lares, num sistema

integrado. A caixa d’água, então, passa aos cuidados deste órgão, que o

gere até os dias atuais.

O abastecimento domiciliar está diretamente ligado a questão

urbana das cidades, que tende a se agravar com a industrialização que, por

sua vez, fere os recursos naturais. Neste sentido, a história sobre a caixa

d’água aborda desde questões como urbanismo e políticas públicas, até as

de caráter ambiental e industrial, incutidas num contexto histórico

extenso e complexo, produzido pela evolução de Betim. Em resumo, o

estudo sobre o abastecimento da água nesta cidade desperta a atenção

para um problema atual: água, recurso natural finito.

COMPLEMENTAÇÃO DO DOSSIÊ DE TOMBAMENTO DA CAIXA D’ÁGUA

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IV - Anos 1960: início da ascensão urbana de

Betim.

A construção da caixa d’água, exposta neste dossiê de tombamento,

ocorreu em função de um considerável crescimento da região urbana

betinense, registrada a partir dos anos 1960. Uma parte considerável dessa

evolução urbana se deve, sobremaneira, ao fator “migração”, que neste

caso e período específicos, ocorreu de duas formas: migração da população

da zona rural para a urbana; migração de uma população não natural , ou

seja, exógena à cidade. É necessário salientar que essa movimentação

populacional foi instigada pela construção da Rodovia Fernão Dias,

inaugurada, em Minas Gerais, em 1959. Dessa forma, tem-se a Fernão Dias

como um dos principais fatores geradores da “urbanidade” betinense,

induzindo a administração pública local, a ações de adequação àquela nova

realidade.

A Rodovia Fernão Dias, construída no governo do então presidente

Juscelino kubistchek, assume relevância no processo histórico em questão,

por ter provocado um considerável número de loteamentos na porção

central da cidade, durante a década de 1960. Algumas famílias, que já

possuíam grandes áreas na região em volta da Praça Milton Campos (antigo

Largo da Matriz) e na extensão da Av. Governador Valadares, promoveram a

repartição dessas áreas com a finalidade de trazerem os familiares do

campo para a “cidade”, ou para vender os lotes à terceiros. Já outras, que

habitavam no meio rural, compravam terrenos próximos ao centro, ou na

extensão da Rodovia, para praticarem o loteamento e se mudarem para o

meio urbano. O relato de D. Dica, moradora da região central, serve como

um exemplo para este último caso: “Meu sogro na época comprou aqui e

veio pra Betim. Betim tinha melhorado muito e ele veio do campo para

Betim...na época de 60”.

Este movimento migratório é o segundo que ocorreu no município;

antes, por volta de 1910, a cidade desenvolveu um novo desenho urbano

em função da passagem da linha férrea, que se instalou a

COMPLEMENTAÇÃO DO DOSSIÊ DE TOMBAMENTO DA CAIXA D’ÁGUA

16

aproximadamente uns setecentos metros da parte posterior da Praça Milton

Campos – até então tida como região central. É comum no meio popular a

afirmativa de que “a cidade cresceu para trás, nas costas da Igreja [antiga

Matriz onde hoje está a Praça Milton Campos1]”. O que se nota, dessa

forma, é uma formação urbana que desloca o eixo central da cidade para a

confluência das avenidas Governador Valadares e Amazonas, em detrimento

ao “antigo” centro, na Praça. Este momento histórico que envolve o

período de 1910, trouxe uma inédita dinâmica sócio-urbana para o

município, mas, contudo, não causou uma inversão de polaridades, sendo

que a população do campo se mantém superior a da urbana; nem tão

pouco, proporcionalmente, implicou em qualquer tipo de crescimento

gradual desta última. Todavia, a passagem da Rodovia Fernão Dias, por sua

vez, é que provocou efetivamente tal crescimento, que ocorreu de forma

lenta e gradual2.

A migração da população exógena à cidade, foi, por sua vez, a

principal responsável pelo desenvolvimento urbano. Muitos foram os

trabalhadores que vieram com suas famílias para as obras de pavimentação

da Rodovia, que se estendeu por quase toda a década de 1960. Vários

foram os imobiliários que realizaram comércio de lotes neste período. Um

dos maiores exemplos desta ação, foi o loteamento do bairro P.T.B. –

nome popular que se oficializou, sendo que suas siglas significam, “Posto

Telegráfico de Betim”, por existir na linha férrea, que passa em frente ao

bairro, tal posto. Praticamente durante toda a década de 1960 houve um

certo arranjo territorial, embasado nas ações de configuração dos lotes e

bairros novos, sendo a maioria implantados às margens da Rodovia. A

década seguinte assiste a uma migração em larga escala, acentuada pela

instalação da FIAT automóveis e indústrias de autopeças para o

1 Ver foto 02 neste dossiê, em documentação fotográfica, neste dossiê: no final da Praça Milton Campos a avenida Governador Valadares descendo no sentido da linha férrea. Esta foto corrobora para essa afirmativa. 2 Sobre este crescimento, ver no “Informativo Municipal, ano base 1999”, em que se observa um crescimento gradual do meio urbano nas tabelas 04 e 09, no capítulo IV, Dinâmica Demográfica. Nestas tabelas pode ser notado que num período de 20 anos (após 1960) a população urbana supera a rural e aumenta em média 300%.

COMPLEMENTAÇÃO DO DOSSIÊ DE TOMBAMENTO DA CAIXA D’ÁGUA

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atendimento àquela montadora3. O fato é que os loteamentos feitos nos

anos sessenta – sejam eles próximos ou não ao centro – foram sendo

gradativamente ocupados nas décadas seguintes. Todavia, uma parte

considerável dessa ocupação ocorreu de forma irregular, gerando a

existência de guetos e favelas, como o “morro” do Teresópolis4, situado a

aproximadamente doze kilometros do centro de Betim. O que ocorreu, em

determinados momentos, foi um crescimento urbano e populacional

acelerado, ambos provocados pela vertiginosa industrialização em Betim,

não permitindo uma ação do poder público adequada àquela situação.

Neste sentido, o que se instalou na cidade foi uma realidade dividida entre

o tradicionalismo, simbolizado pela Praça Milton Campos (originária do

século XVIII), e o industrialismo, simbolizado pelo “complexo” Teresópolis,

sendo que essas realidades têm inerentemente, sociedade e urbanismo

identificadores.

A partir da década de 1960, Betim inicia uma nova configuração

urbana e social, que definirá sua condição populacional como

majoritariamente urbana. Neste sentido, o início dessa configuração se deu

na região central, com uma migração considerável da população do campo

para a cidade. Foi necessário, portanto, a criação de condições adequadas

para os novos “habitantes” do centro. Coube ao poder público municipal

tal incumbência, ou seja, essa criação consistiu na implantação de uma

infra-estrutura básica para que a região central comportasse seus

moradores. É necessário ressaltar que este tipo de migração foi deflagrado

em toda Minas Gerais, o que fez com que o governo mineiro investisse em

obras de infra-estrutura para a crescente indústria do estado e também da

população que tendia migrar para as áreas de indústria. Uma das maiores

ações do governo nesta questão foi a criação da CEMIG, para o

fornecimento de energia elétrica em larga escala para indústrias e cidades,

3 Maiores informações sobre a evolução sócio-industrial causada pela a partir da implantação da Rodovia, pesquisar em Dossiê de Tombamento da “Barreira” da Polícia Federal / Monumento de Inauguração da Rodovia Fernão Dias. 2002. 4 No momento o Teresópolis já é considerado como bairro e não favela, em virtude de um trabalho realizado pela Prefeitura, que se inicia nos anos 1980, que consistia na regulamentação da posse dos lotes e áreas do local, bem como de algumas obras de saneamento básico e saúde pública.

COMPLEMENTAÇÃO DO DOSSIÊ DE TOMBAMENTO DA CAIXA D’ÁGUA

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ou seja, o amparo à produção e ao mesmo tempo à sociedade urbana. Em

Betim, por exemplo, uma central distribuidora de energia foi implantada

em 19565, próxima à Praça Milton Campos (centro histórico), às margens

da Rodovia Fernão Dias. Este fato foi sintomático, pois três anos mais

tarde, já estava prevista a inauguração da Rodovia e com ela o crescimento

urbano. No início da década de 1960, a Prefeitura municipal instalou o

primeiro reservatório de água para o abastecimento domiciliar; este pode

ser considerado um fator do crescimento efetivo que teve o município em

sua parte central. Foi uma medida considerada eficiente para o momento,

porém, o fato é que nas décadas seguintes a população aumentou a

proporções alarmantes, obrigando a criação de um órgão estatal, a COPASA

na década de 1970, para gerenciar a questão do abastecimento d’água,

transferindo, dessa maneira, esta responsabilidade do município para o

estado. Este procedimento se aplicou a Betim que teve nesta década tal

responsabilidade transferida para a COPASA.

O contexto histórico no qual esteve inserido a construção da

primeira caixa d’água de Betim, foi o de um intenso movimento de

industrialização pelo qual passou a região metropolitana de Belo

Horizonte, que tem como outro exemplo próximo a cidade industrial de

Contagem, construída a partir dos anos 19406. Neste mesmo contexto,

pôde ser notado uma intensa ação pública (estatal ou municipal) no

sentido de “modernizar” as condições de vida da sociedade urbana. Dessa

forma, o termo “moderno”, estava associado ao termo “indústria”, que

estava associado ao termo “urbanização”. Neste sentido, só havia

modernidade onde havia indústria, só havia urbanização onde havia

indústria e, portanto, uma sociedade para ser considerada “moderna” – no

referido contexto histórico – deveria ser urbana e embasada

economicamente na atividade industrial. Uma sociedade para se tornar, na

prática, moderna, deveria ter consigo elementos que a tirassem do “atraso”

e o tema proposto neste dossiê de tombamento, o abastecimento

5 Maiores informações sobre o abastecimento energético em Betim, pesquisar em “Dossiê de Tombamento da Usina Hidrelétrica Dr. Gravatá”, 2001. Esta usina foi construída em 1914 e gerou energia para a cidade até a instalação da distribuidora da CEMIG em 1956. 6 FONSECA, Geraldo. “Origens da Nova Força de Minas”. 1975. p.293.

COMPLEMENTAÇÃO DO DOSSIÊ DE TOMBAMENTO DA CAIXA D’ÁGUA

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domiciliar de água, é um desses elementos. Portanto, a sociedade “urbana”

de Betim da década de 1960, teve, dentre outros, a Caixa D’Água como

mais um símbolo que lhe conferia pecha de “moderna”

COMPLEMENTAÇÃO DO DOSSIÊ DE TOMBAMENTO DA CAIXA D’ÁGUA

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V – DESCRIÇÃO

ARQUITETÔNICA E

URBANÍSTICA

A Caixa D’água localiza-se num terreno de esquina com frente para

as avenidas Governador Valadares e Nossa Senhora do Carmo e entre estas

a rua Antônio Rafael que é continuação da Aqueber Saliba. Quanto ao uso

a região abriga muitas residências e serviços, como clínicas médicas e

odontológicas, além de um comércio formado basicamente por bares e

restaurantes. Adjacente ao terreno está a Praça Milton Campos e em sua

porção sul encontra-se a Casa da Cultura Josephina Bento, dois

importantes pontos culturais e de encontro de Betim. Localizada no

centro da cidade numa de suas principais avenidas e vizinha a BR

381/262, a Caixa D’água é de fácil acesso.

O reservatório é todo em concreto armado tem formato de torre. A

forma do tanque é cilíndrica, possui 5 metros de altura e 8,07 de diâmetro,

está suspenso por pilares e vigas a uma altura de 9,98 metros. A seção dos

pilares é de 30 por 30 cm igualmente as vigas. Esta base forma um

desenho octogonal, sendo que cada um dos lados possui 2,35 m . O tanque

possui um furo circular no centro com 30 cm de diâmetro, com uma escada

de marinheiro, que levava ao topo deste para manutenção, possui também

de um cano com diâmetro de 5cm em seu centro. Em duas faces do

octógono da base, possui dois canos com diâmetro de 15 cm por escoava a

água. A cobertura é também feita de concreto armado e possui uma

abertura superior em forma circular que apresenta uma tampa circular

também de concreto. Toda a Caixa d’água não tem reboco, apenas uma

camada pictórica na cor branca. O terreno de aproximadamente 1.630 m²

COMPLEMENTAÇÃO DO DOSSIÊ DE TOMBAMENTO DA CAIXA D’ÁGUA

21

com formato retangular possui um leve declive, nele está localizado uma

outra torre de capacidade e altura menor que a anterior construída

posteriormente. Além desta existe uma pequena edificação construída

toda em concreto armado, que abrigava provavelmente a bomba que levava

água para o reservatório, que depois a distribuía para as casas através da

gravidade.

O bem cultural, está todo cercado um muro chapiscado e o acesso é

feito por um portão de chapa metálica, com camada pictórica na cor

laranja localizado na Rua Antônio Rafel. Retirando os reservatórios, a

edificação e um pequeno pátio cimentado todo o terreno é área permeável

com pouca vegetação arbustiva e arbórea.

Em relação à visada, o bem imóvel está bem inserido na cidade,

uma vez que sua localização próxima a Praça Milton Campos e no topo de

morro permite a visibilidade tanto da cidade para o bem quanto do bem

para a cidade.

Em relação ao entorno, o bem cultural, por estar em um ponto

nodal de investimentos no setor cultural por parte da prefeitura, permite

que este seja futuramente, uma vez tombado, integrante de atividades

deste setor. Haja vista sua proximidade com a FUNARBE, a Casa da Cultura,

a Praça Milton Campos, o futuro Teatro Municipal, entre outros. Este fator

enaltece o valor cultural do bem para o Município de Betim e revela a

necessidade de proteção do mesmo.

COMPLEMENTAÇÃO DO DOSSIÊ DE TOMBAMENTO DA CAIXA D’ÁGUA

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XI - CARTOGRAFIA

COMPLEMENTAÇÃO DO DOSSIÊ DE TOMBAMENTO DA CAIXA D’ÁGUA

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XII – DOCUMENTAÇÃO

FOTOGRÁFICA

FOTOS: LEGENDA:

Foto 1: Betim, - década de 1960. Foto vista da Rodovia Fernão Dias, em frente à sub-estação da CEMIG. Ao fundo nota-se a antiga Igreja Matriz de Nossa Senhora do Carmo, estando a caixa d'água à sua direita, conforme marcação pontilhada.

Foto 2: Betim, Caixa d'água - 1967.

Foto aérea de Betim, Praça Milton Campos, na época Largo da Matriz. Observavação feita à integração da caixa d'água com a Praça.

COMPLEMENTAÇÃO DO DOSSIÊ DE TOMBAMENTO DA CAIXA D’ÁGUA

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Foto 3: Betim, Caixa d'água - 1969.

Foto da demolição da antiga Matriz; ao fundo, a caixa d'água.

Foto 4: Betim. Vista frontal da Praça Milton Campos. Com o monumento referenciando a antiga Igreja. A Caixa d’água encontra-se em sua porção posterior. Priscila Mesquita Musa. Setembro de 2009.

Foto 5: Betim, Avenida Governador Valadares, que margeia a lateral esquerda do terreno da Caixa d’água. Priscila Mesquita Musa. Setembro de 2009.

COMPLEMENTAÇÃO DO DOSSIÊ DE TOMBAMENTO DA CAIXA D’ÁGUA

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Foto 6: Betim, vista da Rua Antônio Rafael, que margeia a porção frontal do terreno da Caixa D’água. Priscila Mesquita Musa. Setembro de 2009.

Foto 7: Betim, vista da eqüina da Av, Governador Valadares com Rua Antônio Rafael. Priscila Mesquita Musa.

Setembro de 2009.

Foto 8: Betim, vista da Rua Antônio Rafael, que margeia a porção frontal do terreno da Caixa D’água. Priscila Mesquita Musa. Setembro de 2009.

COMPLEMENTAÇÃO DO DOSSIÊ DE TOMBAMENTO DA CAIXA D’ÁGUA

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Foto 9: Betim, vista da Rua que margeia a Praça Milton Campos, a Caixa d’água está na porção posterior da via. Priscila Mesquita Musa. Setembro de 2009.

Foto 10: Betim, Vista da edificação sede as Casa da Cultura de Betim, uma das mais antigas da cidade. A caixa d’água ocupa a porção frontal da casa, logo após a Praça Milton Campos. Priscila Mesquita Musa. Setembro de 2009.

Foto 11: Betim, Vista frontal da Caixa d’água e seu terreno murado. Priscila Mesquita Musa. Setembro de 2009.

COMPLEMENTAÇÃO DO DOSSIÊ DE TOMBAMENTO DA CAIXA D’ÁGUA

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Foto 12: Betim, vista da Caixa d’água a partir da Av. Governador Valadares. Priscila Mesquita Musa. Setembro de 2009.

Foto 13: Betim, vista da Caixa d’água a partir da Av. Governador Valadares. Setembro de 2009.

Foto 14: Betim, vista da Caixa d’água a partir de sua base. Priscila Mesquita Musa. Setembro de 2009.

COMPLEMENTAÇÃO DO DOSSIÊ DE TOMBAMENTO DA CAIXA D’ÁGUA

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Foto 15: Betim, vista da Caixa d’água a partir de sua base. Priscila Mesquita Musa. Setembro de 2009.

Foto 16: Betim, vista da Caixa d’água a partir de sua base. Priscila Mesquita Musa. Setembro de 2009.

Foto 17: Betim, vista do terreno e da base da Caixa d’água. Priscila Mesquita Musa. Setembro de 2009.

COMPLEMENTAÇÃO DO DOSSIÊ DE TOMBAMENTO DA CAIXA D’ÁGUA

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Foto 18: Betim, vista do terreno e da base da Caixa d’água. Priscila Mesquita Musa. Setembro de 2009.

Foto 19: Betim, vista do terreno e da base da Caixa d’água. Priscila Mesquita Musa. Setembro de 2009.

Foto 20: Betim, Betim, vista da Praça Milton Campos a partir do terreno da Caixa d’água. Priscila Mesquita Musa. Setembro de 2009.

COMPLEMENTAÇÃO DO DOSSIÊ DE TOMBAMENTO DA CAIXA D’ÁGUA

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Foto 21: Betim, vista do terreno e da base da Caixa d’água. Priscila Mesquita Musa. Setembro de 2009.

Foto 22: Betim, vista da Caixa d’água a partir da Rua Antônio Rafael. Priscila Mesquita Musa. Setembro de 2009.

Foto 23: Betim, vista da Caixa d’água a partir da Rua Antônio Rafael, com a Caixa d’água da COPASA, que está em funcionamento. Priscila Mesquita Musa. Setembro de 2009.

COMPLEMENTAÇÃO DO DOSSIÊ DE TOMBAMENTO DA CAIXA D’ÁGUA

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Foto 24: Betim, vista da Caixa d’água a partir da Rua Nossa Senhora do Carmo, com a Caixa d’água da COPASA que está em funcionamento. Priscila Mesquita Musa. Setembro de 2009.

COMPLEMENTAÇÃO DO DOSSIÊ DE TOMBAMENTO DA CAIXA D’ÁGUA

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COMPLEMENTAÇÃO DO DOSSIÊ DE TOMBAMENTO DA CAIXA D’ÁGUA

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XIII – LAUDO DE

ESTADO DE

CONSERVAÇÃO

COMPLEMENTAÇÃO DO DOSSIÊ DE TOMBAMENTO DA CAIXA D’ÁGUA

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XIV – DIRETRIZES

DE INTERVENÇÃO NA

ÁREA TOMBADA E ÁREA

DE ENTORNO

A Praça Milton Campos é um importante espaço cultural, mesmo

antes de ter sido criada, pois, foi no largo desta que surgiram as primeiras

aglomerações urbanas há aproximadamente 300 anos. Desde então serve

de palco para as mais diversas manifestações populares.

Foi no local onde hoje é a Praça que surgiu a primeira Capela e

depois a primeira Igreja de Betim.

É na Praça que está um dos principais cartões-postais da cidade e a

principal referência cultural da cidade, a Casa da Cultura Josephina Bento.

Atualmente, novos projetos estão sendo pensados para a área, a

fim de transformá-la num complexo cultural, confirmando sua vocação. Um

deles é a construção e implantação do Teatro Municipal.

A Caixa D´Água é destaque dentro desta política de preservação que

passou pelo Conselho de patrimônio a aprovação de sua regulamentação d

aprovado pelo conselho como importante bem cultural a Caixa D´´AGUA,

QUE : o tombamento da Caixa D’água, que atualmente apresenta-se em

início de processo de degradação e ocupa um terreno que está

abandonado. Com isso teríamos a ampliação do potencial cultural da Praça

Milton Campos e seu entorno e a preservação de um importante marco de

desenvolvimento da cidade.

COMPLEMENTAÇÃO DO DOSSIÊ DE TOMBAMENTO DA CAIXA D’ÁGUA

35

Mas, juntamente com o processo de tombamento, segue como

diretrizes:

ÁREA TOMBADA

O entorno é delimitado pela Rua Raimundo C. Gomes, a Rua Manuel

Galli, a Av. Nossa Senhora do Carmo, a Rua Domingos Martins e a Rua

Rodrigues Betim. O imóvel encontra-se em processo de degradação não

apenas de ordem física, mas também no que tange ao seu significado

imaterial para a população. Arquitetonicamente a degradação é provocada

pela ação de intempéries, falta de manutenção continuada e vandalismo.

No que diz respeito ao seu significado imaterial, a construção de edifícios

no entorno fizeram com que a Caixa d’água deixasse de ser referência

urbana para a população local.

As possíveis intervenções de ordem material e imaterial deverão ser

identificáveis e diferenciáveis, sem configurar mimetismo. O respeito à

historicidade e a importância estética devem existir e se equilibrar. Tendo

em vista os critérios que se seguem.

-O Conselho de Patrimônio de Betim poderá, a seu critério, permitir

intervenções julgadas necessárias, que se harmonize com o bem cultural

tombado, bem como aquelas que visem diretamente a sua conservação,

valorização e salvaguarda.

- É essencial que, devido ao interesse público deste imóvel, a

preservação seja integral.

- Toda e qualquer intervenção no bem e em seu perímetro de

entorno deverá visar direta e exclusivamente à conservação, valorização e

salvaguarda do bem cultural e deverá ser previamente aprovada pelo

Conselho de Patrimônio de Betim.

- É necessário também que qualquer intervenção seja planejada,

orientada e acompanhada por técnicos especializados.

- A Caixa D’água não poderá em hipótese alguma ter suas partes

demolidas, mutiladas ou substituídas. Também não serão permitidos

acréscimos.

COMPLEMENTAÇÃO DO DOSSIÊ DE TOMBAMENTO DA CAIXA D’ÁGUA

36

- Em qualquer recuperação que se fizer necessária em tal estrutura,

no caso de manutenção de eventuais desgastes, devem ser utilizados os

mesmos materiais - que deverão ser assentados respeitando o desenho

original da Caixa d’água.

- É essencial que seja elaborado o projeto restauração e

manutenção continuada da Caixa d’água e o seu terreno. Que inclua

sistemas que assegurem ao bem contra atos de vandalismo. E que inclua

um projeto de iluminação, com a finalidade de se mantê-la como

referencial urbano no período noturno.

- É também essencial que seja elaborado um projeto para o terreno

da Caixa D’água. Criando meios com que este bem possa ser mais bem

aproveitado pelos cidadãos de Betim e que esta volte a ser um dos marcos

referenciais da cidade. É necessário que se crie acessos ao bem com

tratamento paisagístico adequado de acordo com as diretrizes de

preservação patrimonial.

ÁREA DE ENTORNO

Na área de entorno as diretrizes e restrições deverão levar em conta

a harmonia e ambiência do bem tombado. Não serão permitidas quaisquer

intervenções que possam descaracterizar-lo, seja em termos construtivos

ou paisagísticos. O Conselho de Patrimônio de Betim poderá, a seu

critério, permitir intervenções julgadas necessárias, que se harmonize com

o bem cultural tombado, bem como aquelas que visem diretamente a sua

conservação, valorização e salvaguarda.

- Toda e qualquer intervenção no bem e em seu perímetro de

entorno deverá visar direta e exclusivamente à conservação, valorização e

salvaguarda do bem cultural e deverá ser previamente aprovada pelo

Conselho supracitado.

- Quanto às edificações em terrenos lindeiros, não poderão

ultrapassar dois pavimentos ou 6 metros de altura. Não há restrição quanto

à volumetria e tipologia.

COMPLEMENTAÇÃO DO DOSSIÊ DE TOMBAMENTO DA CAIXA D’ÁGUA

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- Deve-se realizar constantemente a manutenção na área do

entorno, mantendo o local sempre limpo e bem conservado com o intuito

de preservar a ambiência do bem tombado

- Deve-se instalar placas sinalizadoras de acesso ao bem tombado

no perímetro de entorno como em outros locais estratégicos da cidade.

- Deve-se instalar placas educativas em pontos estratégicos para

conscientizar a população da necessidade de preservação dos bens

históricos e culturais da cidade.

- É importante que seja iniciada uma política de educação

patrimonial junto à comunidade, a fim de conscientizar a mesma sobre a

preservação do bem cultural.

COMPLEMENTAÇÃO DO DOSSIÊ DE TOMBAMENTO DA CAIXA D’ÁGUA

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FONTES PESQUISAS

ACERVO fotográfico da Casa da Cultura Josephina Bento ASSIS, Terezinha. A construção da história de Betim: espaço geográfico construído por gente Betim: Prefeitura Municipal, 1996. 142p. BORIS, Fausto. História concisa do Brasil. 9. ed. São Paulo: Edusp, 2001.

660 p. CASTRIOTA, Leonardo Barci. Alternativas contemporâneas para políticas de preservação. Topos - Revista de Arquitetura e Urbanismo. Belo Horizonte, v. 1, nº 1, p. 134-138, jul/dez. 1999. DOSSIE de tombamento - Casa da Cultura Josephina Bento. FUNDAÇÃO ARTÍSTICO-CULTURAL DE BETIM / NÚCLEO DE ESTUDOS ANTROPOLÓGICOS, 1997. DOSSIE de tombamento – “Barreira” da Polícia Rodoviária Federal / Monumento de Inauguração da Rodovia Fernão Dias. FUNDAÇÃO ARTÍSTICO-CULTURAL DE BETIM, 2002. DOSSIE de tombamento - Colégio Comercial Betinense. FUNDAÇÃO ARTÍSTICO-CULTURAL DE BETIM / NÚCLEO DE ESTUDOS ANTROPOLÓGICOS, 1997. DOSSIE de tombamento – Usina Hidrelétrica “Dr. Gravatá. FUNDAÇÃO ARTÍSTICO-CULTURAL DE BETIM, 2002. DOSSIE de tombamento – Estação Ferroviária. FUNDAÇÃO ARTÍSTICO-CULTURAL DE BETIM / NÚCLEO DE ESTUDOS ANTROPOLÓGICOS, 1997. FALCON, Francisco. A formação do mundo contemporâneo. 18 ed. Rio de Janeiro: editora Campus, 1989. 130p. FAORO, Raimundo. Os donos do poder: formação do patronato político brasileiro. 13 ed. São Paulo: editora Globo, 1998. (volume 2) FONSECA, Geraldo. Origens da nova força de minas: Betim sua história 1711-1975. Betim: Prefeitura Municipal, 1975. 366 p.

COMPLEMENTAÇÃO DO DOSSIÊ DE TOMBAMENTO DA CAIXA D’ÁGUA

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FURTADO, Júnia Ferreira. Homens de negócio: a interiorização da metrópole e do comércio nas minas setecentistas. São Paulo: HUCITEC, 1999. 289 p. PRADO JR. Caio. História econômica do Brasil. 9. ed. São Paulo: Brasiliense, 1965. 354 p. PREFEITURA MUNICIPAL DE BETIM (Secretaria de Planejamento / Divisão de Planejamento). Informativo Municipal - Betim ano base 1999. Betim/MG: Prefeitura Municipal de Betim, 1999. 102 p. ZEMELLA, Mafalda. O abastecimento da capitania de Minas Gerais no século XVIII. 2 ed. São Paulo: HICITEC, 1995.

COMPLEMENTAÇÃO DO DOSSIÊ DE TOMBAMENTO DA CAIXA D’ÁGUA

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FICHAS TÉCNICA

O Dossiê de Tombamento da Caixa D’Água, foi elaborado por

membros do Departamento de Planejamento e Pesquisa da FUNARBE, em

conjunto com a Secretaria de Obras da Prefeitura Municipal de Betim, no

período de maio a setembro de 2002.

A sua complementação está sendo encaminhada para o exercício de

2011, a fim de que mesmo seja reavaliado e pontua do.

Realização:

FUNARBE – Fundação Artístico-Cultural de Betim

Responsável pelo Departamento de Pesquisa:

Leila Íris Borges da Cruz

Historiadoras:

Ana Claudia Gomes

Otilia da Conceição

Miguilim Assessoria Cultural

Levantamento e Elaboração da complementação do Dossiê:

Priscila Mesquita Musa- Arquiteta e Urbanista - CREA-MG 111776/D – Mar.

2009.

Levantamento de Campo:

Otilia da Conceição e Priscila Musa.

Revisão:

Levantamento Fotográfico: Arquiteta Priscila Mesquita Musa- CREA-MG

111776/D – Mar. 2009

Laudo Técnico: Arquiteta Priscila Mesquita Musa- CREA-MG 111776/D –

Mar. 2009

Cartografia: Arquiteta Priscila Mesquita Musa- CREA-MG 111776/D – Mar.

2009.

Revisão Técnica: Patrícia Brito