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PREFEITURA MUNICIPAL DE BETIM
FUNARBE – FUNDAÇÃO ARTÍSTICO-CULTURAL DE BETIM
DEPARTAMENTO DE PLANEJAMENTO E PESQUISA
Complementação do DOSSIÊ
De tombamento da
CAIXA D’ÁGUA
Betim – setembro 2009
COMPLEMENTAÇÃO DO DOSSIÊ DE TOMBAMENTO DA CAIXA D’ÁGUA
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ÍNDICE
I – Introdução. 02 II – Histórico de Betim. 05
IV – Anos 1960: início da ascensão urbana de Betim. 12 V – Descrição Arquitetônica e Urbanística. 16 XI – Cartografia. 24
Mapa 01: Localização da Caixa D’Água no município.
Mapa 02: Localização da Caixa D’Água no município Mapa 04: Perímetro de Tombamento. (fazer croqui) Foto área da região da Caixa D’Água.
XII – Documentação Fotográfica. 25 XIII – Laudo Técnico do Estado de Conservação. 33 XIV – Diretrizes de Intervenção. 36 XV – Parecer Técnico / Argumentação. 37 XVI – Ficha Técnica. XVII-Fontes Pesquisadas
COMPLEMENTAÇÃO DO DOSSIÊ DE TOMBAMENTO DA CAIXA D’ÁGUA
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I – INTRODUÇÃO
Seguindo a recomendação do IEPHA referente à análise do Dossiê de
Tombamento, o bem cultural segue para análise com os seguintes itens da
deliberação normativa 01/2009.
A “Caixa D´Água”, bem tombado em no exercício 2002, é um dos bens
simbólicos que remete a história e memória da cidade a partir do inicio do
Século XX. Com base na sua estrutura arquitetônica e urbanística a
complementação se faz necessária para a sua salvaguarda e
automaticamente a sua política de inserção no contexto urbano de uma
área tão importante para o município de Betim. Com isso vimos,
gentilmente, apresentar a referida complementação, que se encontra no
corpo desse trabalho.
Cumpre destacar que para o levantamento dos dados foram realizadas
pesquisas orais e documentais para coleta de dados arquitetônicos e
análise descritiva do bem, visando a consolidação das informações
requeridas. Registros fotográficos ilustram este estudo, sendo que para a
sua consecução contou-se com profissional da área de arquitetura e
urbanismo juntamente com historiador, que investigou “in loco” as fontes
desejadas.
A Caixa D´Água é destaque dentro da política de preservação, devido
a sua inserção cultural no eixo urbano dos primeiros povoados da cidade,
tendo sua singular importância a partir de uma época em que Betim
crescia do ponto de vista industrial.
O bem cultural apresentado passou pelo Conselho de patrimônio, por
aprovação em ata de sua regulamentação de acordo com os itens
analisados pelo IEPHA – Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e
Artístico.
Com esta regulamentação do bem cultural, é importante ressaltar que
o que a municipalidade terá mais um bem de importância memorial no
contexto cultural da cidade. Além disso, é de interesse deste conselho de
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Patrimônio, resguardar toda e qualquer manifestação urbana que integra a
história de sua população.
Portanto este trabalho é parte do Dossiê que vem sendo desenvolvido
pela Fundação Artístico-Cultural de Betim, que visa principalmente à
preservação do Patrimônio Cultural deste município. Esta política
preservacionista consta de várias ações:
Observar sempre o contexto urbanístico, percebendo a cidade como
um organismo vivo, mutável e complexo, onde bens naturais,
culturais e pessoas se relacionam entre si. Neste sentido devem-se
privilegiar conjuntos e ambiências a edificações isoladas.
Adotar um procedimento unitário, visando a melhoria do meio-
ambiente urbano como um todo, não tratando desigualmente as
chamadas áreas históricas e os outros espaços que compõem a
cidade.
Integração absoluta entre a política específica de preservação do
meio-urbano e a política urbana de um modo geral.
Priorizar planos mais simples de recuperação de edifícios e
conjuntos, ao invés de caríssimas restaurações. É importante para a
preservação da memória e da identidade cultural e para preservação
da qualidade do meio-ambiente urbano conservar aquilo que os
conjuntos têm de essencial, como sua volumetria, traços básicos da
fachada e eventualmente, mesmo tipologias em planta.
Criação de mecanismos que permitam a real e efetiva participação
dos agentes envolvidos no processo, em todos os seus momentos:
na elaboração, implantação e gestão dos projetos a serem
eventualmente desenvolvidos.
Garantir a permanência da população de baixa renda nas áreas a
serem urbanizadas, preservadas, etc. Qualquer política de
preservação deve priorizar o bem estar dos moradores e usuários,
procurando evitar a sua expulsão em decorrência da valorização
dessas áreas. Trata-se na verdade, de um processo difícil e
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complexo, mas que se pode enfrentar com alguns mecanismos,
como não concentrar investimentos pesados numa determinada
área, mas pulveriza-los de modo que não haja uma transformação
radical na sua natureza; e valorizar as atividades que já se
desenvolvem na área, proporcionando-lhes, no entanto, um
ambiente de melhor qualidade.
Estimular e sensibilizar a comunidade, para que esta entenda a
importância do bem e fiscalize a sua preservação.
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HISTÓRICO DO
MUNICÍPIO DE BETIM
Betim: dos tropeiros ao caleidoscópio cultural
Adriana das Graças Araújo Lisboa
Ana Claudia Gomes
Rodrigo Cunha Chagas
(FUNARBE)
A região onde hoje fica Betim, remonta ao início do século XVIII e
fazia parte de uma importante rota de bandeirantes, que vinham de São
Paulo a Pitangui, atraídos pelas descobertas minerais na citada povoação,
e também da rota de abastecimento que vinha da Bahia às Minas.
Assim como várias cidades surgiram nas trilhas das tropas e nas rotas
dos bandeirantes, Betim, antes de assim se chamar, fazia parte deste
entrecruzar de caminhos, sendo passagem e pousada de tropeiros. Logo
no início do século XVIII, foi construído um casarão destinado ao uso de
pousada e ao mesmo tempo, venda de secos e molhados. Este casarão
abriga atualmente a Casa da Cultura Josephina Bento.
A maioria dos colonizadores que solicitavam sesmarias era formada por
antigos tropeiros que decidiam se estabelecer nos espaços que lhes
pareciam promissores. Assim, o fato de Joseph Rodrigues Betim ter
solicitado uma sesmaria nesta região em 1711 não foi um acaso depois
tornado conhecido por ter originado uma povoação. Este bandeirante,
ligado por parentesco e amizade ao famoso bandeirante Borba Gato, deve
ter visado assegurar a posse de um importante caminho e parada, vital
para o empreendimento das bandeiras.
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Do primeiro proprietário das terras onde hoje fica Betim, ficou seu
nome. Nas primeiras décadas após a doação da sesmaria a Joseph Betim, a
região consolidou-se como local de passagem e parada dos tropeiros. Entre
1711 e 1750, a sesmaria de Betim recebeu diversos núcleos de povoação,
coincidentes com os pontos de parada dos tropeiros. O primeiro deles a
ganhar importância foi o arraial da Bandeirinha do Paraopeba, cujo nome
deve ter se originado no fato de o local em que se estabeleceu ter sido
objeto de uma “bandeirinha”, isto é, uma pequena expedição em busca de
minerais ou um “ramo” de uma bandeira.
Ao solicitarem a construção de uma capela, os habitantes da
Bandeirinha do Paraopeba quiseram que isso se desse num monte. A capela
foi erigida onde hoje se encontra a Praça Milton Campos, de frente para o
arraial da Bandeirinha – portanto com os fundos para o futuro centro
histórico de Betim – e recebeu o nome de Capela de Nossa Senhora do
Monte do Carmo. Como já havia outras capelas na região, em Mateus Leme
e Santa Quitéria – hoje Esmeraldas – o novo templo tornou-se conhecido
como Capela Nova do Betim, nome que depois se estendeu ao arraial.
Entre 1760 e 1800, o arraial cresceu em importância, como indica a
instalação de forças policiais reais e a elevação da localidade a distrito em
1797, fato confirmado pela Câmara de Sabará em 1801.
A partir de meados do Século XIX, Betim participou da retração
econômica e decadência que atingiu toda a antiga zona de produção
aurífera. Desenvolve-se, então, uma atividade econômica de subsistência,
quase sempre fundamentada na fazenda autárquica. Às margens do Rio
Betim, se instalaram olarias e moinhos de fubá, estes últimos beneficiários
das quedas d’água, chegando somar 35. Restam na cidade vestígios das
edificações desses estabelecimentos, além de instrumentos empregados na
produção.
O século XX alvoreceu em Betim sob o signo da implantação da infra-
estrutura que posteriormente faria da região um pólo industrial. Em 1909,
a Schnoor Engenharia obteve empreitada para construir parte da seção BH
– Henrique Galvão (atual Divinópolis) da Estrada de Ferro Oeste de Minas.
O engenheiro Antônio Gonçalves Gravatá, então funcionário da Schnoor, é
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que sugeriu a construção de uma usina hidrelétrica na principal queda
d’água do Rio Betim, que tinha 84 metros. A hidrelétrica foi construída por
Gravatá, em suas terras (Fazenda Cachoeira). Nem a ferrovia nem a
hidrelétrica alteraram significativamente a atividade econômica em Betim,
que permaneceu especializada na produção de gêneros alimentícios.
O território onde está Betim havia sido pertencente à Vila de Sabará,
cuja jurisdição era imensa, desde o início da ocupação. Por volta de 1910,
a cidade desenvolveu um novo desenho urbano em função da passagem da
linha férrea, que se instalou a aproximadamente uns setecentos metros da
parte posterior da Praça Milton Campos – neste momento tida como região
central.
Betim tornou-se município por decisão estadual e federal em 1938.
Isso não foi fruto de mobilização local, mas de uma nova divisão
administrativa do Brasil, promovida neste ano.
Nas décadas de 1940 e 1950, Betim volta a ter importante função de
local de passagem das rotas de abastecimento, desta vez destinadas à
capital, Belo Horizonte. O planejamento estadual destinou a Betim duas
outras funções econômicas: a industrialização de base ou de bens de
capital, representada pelas siderúrgicas aí instaladas, e a produção de
alimentos para o abastecimento da capital. Juntamente com outras
cidades, Betim constituiria o chamado “Cinturão Verde” de Belo Horizonte.
Ainda na década de 40, instalam-se as primeiras indústrias de Betim,
ligadas à constituição do Parque Siderúrgico Nacional: Cerâmica Saffran
(1942), Ikera (1945), Cerâmica Minas Gerais (1947). Nos anos 50, muda o
eixo da industrialização brasileira – decresce o investimento nas indústrias
de bens de capital, como as siderúrgicas primeiramente instaladas em
Betim, e volta-se o foco para a produção de bens de consumo duráveis,
para a substituição das importações. A partir daí, Betim, por sua oferta
privilegiada de infra-estrutura, destina-se a se tornar pólo de atração das
indústrias. Entretanto, isso se dá vagarosamente.
Na década de 60, chegam a Betim algumas indústrias de médio porte,
quase todas de capital privado, à exceção da REGAP, e se instalam no
Bairro Cachoeira, local tradicional da primeira industrialização de Betim,
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vinculado à presença da Av. Amazonas, do Rio Betim e da Ferrovia Oeste
de Minas. A Refinaria Gabriel Passos foi instalada em Betim porque o local
constitui uma confluência de condições favoráveis à redistribuição de
combustíveis. Entretanto, a economia local não foi dinamizada pela
presença da refinaria. No início dos anos 70, apenas uma indústria, a
Asfaltos Chevron, havia sido atraída para o município em função da REGAP.
No início dos anos 1970 a Prefeitura Municipal de Betim contraiu
empréstimo junto à Caixa Econômica Federal para adquirir os terrenos que
seriam doados tanto à Fiat Automóveis quanto à Krupp. Houve disputa
entre os estados brasileiros e entre os municípios da Região Metropolitana
de Belo Horizonte para sediar a Fiat Automóveis. O que favoreceu Betim
foi, além de suas condições infra-estruturais e da atuação política em seu
favor, o esgotamento do espaço de Contagem.
O processo de industrialização continua acelerado nos anos 80. Ao
final desta década, a recessão da economia nacional faz diminuírem os
investimentos, mas não os estanca. A especialização automobilística da
indústria continua alta, mas as administrações municipais recentes,
conscientes de que isso constitui uma fragilidade para a economia local,
buscam incentivar a diversificação industrial. A recente criação do Distrito
Industrial de Bandeirinhas faz parte deste contexto.
A população do município tem crescido com taxas superiores à
população da Região Metropolitana de Belo Horizonte e do Estado de
Minas Gerais. Com isso, observa-se que o município, por um lado, abriga
um forte e moderno setor industrial e, por outro, configura-se como
receptor de consideráveis fluxos migratórios. Uma possível interpretação
para o processo de desenvolvimento econômico de Betim, referendada por
diversos autores (RODRIGUES, 1980; RUGANI, 2001), é o fato de que tal
processo deu-se muito mais em função de uma lógica externa do que de
uma lógica local. O contexto econômico regional ou nacional tem feito
com que Betim se expanda ou se retraia economicamente, sem que o
município possa alterar significativamente estes quadros em função de
interesses locais.
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A instalação de um moderno setor produtivo é hoje um fato irreversível
em Betim. Talvez, para a população local, o que resta é equacionar esse
desenvolvimento em função do bem-estar coletivo e da consciência
planetária, isto é, das questões ambientais. Nesse sentido é que cabe falar
das culturas locais como fontes de sentido para a população de Betim.
O município mantém bastante forte um centro histórico que cultiva a
memória das antigas famílias betinenses como fonte de identidade.
Restam poucos ícones materiais neste centro histórico: uma importante
construção do século XVIII, que abriga a Casa de Cultura do Município,
uma outra do século XIX, a Capela de Nossa Senhora do Rosário e seu
entorno, no bairro Angola, referidos aos afrodescendentes, e conjuntos
arquitetônicos diversos do século XX. O acervo de bens móveis, imagens e
documentos é bastante vasto e vem sendo cultivado especialmente pelo
Museu Paulo Araújo Moreira Gontijo.
Fora deste centro histórico, que estende suas raízes ao oitocentos,
encontramos policentros em Betim. Dentre eles, podemos destacar: a)
Vianópolis, ocupada a partir de finais do século XIX, com forte referência à
estrada de ferro, e que tem se mantido até este início do século XXI como
local de cultivo das culturas tradicionais, como é o caso das Folias de Reis;
b) Citrolândia, cuja ocupação original, a partir de 1930, se deu num
contexto de segregação das pessoas atingidas pela hanseníase, o que
constitui, ainda hoje, forte elemento de identidade e memória para a
população local; c) a Região Norte da cidade, cuja urbanização se deu a
partir de meados do século XX, tendo como epicentro as personalidades do
casal Gilda Ribeiro Morais e Aristides Bayma Morais; d) e as regiões do
Teresópolis, PTB e Alterosas, cuja intensa urbanização, nas últimas
décadas, deu-se principalmente em função da industrialização,
constituindo novas culturas de índole eminentemente urbanas, como é o
caso das manifestações musicais e corporais juvenis. É portanto, num
ambiente multicultural que se desenvolve a já metrópole Betim.
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Referências
ASSIS, Terezinha. A construção da história de Betim: espaço
geográfico construído por gente Betim: Prefeitura Municipal, 1996. 142p.
FONSECA, Geraldo. Origens da nova força de minas: Betim sua história
1711-1975. Betim: Prefeitura Municipal, 1975. 366 p.
RODRIGUES, Maria Lúcia Estrada. A expansão industrial e o processo
de produção do espaço em Betim. Universidade de São Paulo. 1980. Tese
de Mestrado.
RUGANI, Jurema Marteleto. Betim, no caminho que vai das minas à
industrialização. Universidade Federal de Minas Gerais. Escola de
Arquitetura da UFMG. 2001. Tese de Mestrado.
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III - HISTÓRICO DA
CAIXA D’ÁGUA
O abastecimento de água em Betim passa por vários momentos,
cada um deles inerente à sua época e “tecnologia” disponível. O poder
público, fator principal nesta questão, deve ser levado em consideração
por impor, em determinado momento histórico, uma nova fase no
abastecimento municipal, efetivando, dessa forma, sua função pública
nesta área. Neste sentido, ao propor um estudo sobre a “caixa d’água”
(situada na Av. Governador Valadares, próximo à Praça Milton Campos)
tende-se a uma pesquisa histórica que aborda, essencialmente, noções de
urbanismo e políticas públicas em Betim.
A água, na fase originária de Betim, início do século XVIII, era
extraída através de minas d’água (ou olhos d’água, termo popular). Havia
ainda os igarapés e riachos que também são considerados fontes de
abastecimento da época. Todavia, a Betim do século XVIII, ou Capela
Nova, não possuía uma mina em sua porção central, o Largo da Matriz,
atual Praça Milton Campos. Uma das minas mais tradicionais da cidade, e
também a que a abastecia naquele momento: a “Bica da Cacimba”, ou
Praça da Cacimba, nomenclaturas contemporâneas. A cidade, durante os
séculos XVIII e XIX e uma parte da primeira metade do século XX, utilizou
do abastecimento desta mina e de outras menores. É necessário enfatizar,
que a parte central de Betim (nos séculos XVIII e XIX) estava limitada ao
Largo da Matriz, estando a mina a uma distância de cerca de quatrocentos
metros.Outras regiões de Betim, que evoluíram a partir da segunda metade
do século XVIII, como os bairros Angola e Decamão (os mais próximos),
utilizavam o Riacho Betim, pela proximidade e também de minas d’água.
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No caso da parte central, devido à distância, a água era levada em
recipientes para as casas, em sua maioria, pelos escravos, que entre outras
tarefas, realizavam as de caráter doméstico.
A medida que a cidade cresce e evolui, o sistema de abastecimento
tende a acompanhar tal movimento. A partir da segunda metade do século
XIX, começam a surgir nos quintais das casas as cisternas: poços escavados
verticalmente no solo, até atingir um lençol d’água. Assim, a caminhada
até a mina não era mais tão comum. Todavia, aquela mina ainda seria
usada por um considerável período, pois muitas famílias não eram
possuidoras de recursos para a construção de uma cisterna nos quintais de
suas casas – considerando a presença do escravo em Betim, que com a
abolição passa a constituir uma família livre. Outras famílias não tinham
condições por serem de lavradores empregados ou jornaleiros, o que sugere
seu caráter simplório. Esta população menos abastada, forma uma parte
considerável, senão, a maior da sociedade betinense do período em
questão.
O século XX para Betim, especificamente a década de 1940, marca
um fato importante: o abastecimento domiciliar d’água, feito através de
um órgão público, a prefeitura. O ano de 1940 é o primeiro ano em que o
município existe enquanto tal, ou seja, é o primeiro em que o Betim
comemora um ano de emancipação política. O período que compreende os
anos finais do século XIX e inicio do XX, marca, no país, um movimento
acelerado de urbanização. Ruas planejadas e largas, energia elétrica,
industrialização e água encanada (dentro de uma política de saneamento
básico) são pontos gerais tratados neste momento pelo poder público. Em
Betim, em 1940, como uma de suas pautas de urbanização, o poder
público investe no abastecimento domiciliar d’água, baseado num sistema
de poços artesianos, que tinha sua água levada, encanada, até os lares. O
fato desta prestação de serviço público ser taxada, exclui ainda muitas
famílias sem recursos e estes, por sua vez, permanecem usufruindo do
modo “tradicional”, as minas. Este sistema de abastecimento perdura na
cidade por duas décadas, as de 1940 e 1950.
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A década de 1960 marca uma nova fase no abastecimento, uma vez
que a prefeitura percebe a evolução da cidade durante as duas décadas
anteriores e resolve um novo investimento, numa “modernização” do
sistema. Em 1962 é inaugurado um sistema baseado em reservatórios e
caixas-depósitos d’água, com encanamento destas para as casas. A
captação d’água era feita através de bombas (elétricas ou a combustível)
que extraiam a água dos poços artesianos e riachos para os reservatórios e
caixas-depósitos. A primeira e a principal caixa-depósito (ou “caixa
d’água”), tratada neste histórico, está situada próximo ao local de origem
da cidade, a Praça Milton Campos. Ao mesmo tempo em que simboliza um
marco na história do abastecimento e urbanismo de Betim, a caixa d’água
marca também o momento (1967) em que a prefeitura transfere a
obrigação deste serviço público para uma estatal mineira, a COMAG –
Companhia Mineira de Águas e Esgotos. A partir de então, é o estado o
responsável direto pela água domiciliar. Na década de 1970, é criada a
COPASA, outro órgão estatal, que além de promover o abastecimento
domiciliar, passa a tratar a água que chega aos lares, num sistema
integrado. A caixa d’água, então, passa aos cuidados deste órgão, que o
gere até os dias atuais.
O abastecimento domiciliar está diretamente ligado a questão
urbana das cidades, que tende a se agravar com a industrialização que, por
sua vez, fere os recursos naturais. Neste sentido, a história sobre a caixa
d’água aborda desde questões como urbanismo e políticas públicas, até as
de caráter ambiental e industrial, incutidas num contexto histórico
extenso e complexo, produzido pela evolução de Betim. Em resumo, o
estudo sobre o abastecimento da água nesta cidade desperta a atenção
para um problema atual: água, recurso natural finito.
COMPLEMENTAÇÃO DO DOSSIÊ DE TOMBAMENTO DA CAIXA D’ÁGUA
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IV - Anos 1960: início da ascensão urbana de
Betim.
A construção da caixa d’água, exposta neste dossiê de tombamento,
ocorreu em função de um considerável crescimento da região urbana
betinense, registrada a partir dos anos 1960. Uma parte considerável dessa
evolução urbana se deve, sobremaneira, ao fator “migração”, que neste
caso e período específicos, ocorreu de duas formas: migração da população
da zona rural para a urbana; migração de uma população não natural , ou
seja, exógena à cidade. É necessário salientar que essa movimentação
populacional foi instigada pela construção da Rodovia Fernão Dias,
inaugurada, em Minas Gerais, em 1959. Dessa forma, tem-se a Fernão Dias
como um dos principais fatores geradores da “urbanidade” betinense,
induzindo a administração pública local, a ações de adequação àquela nova
realidade.
A Rodovia Fernão Dias, construída no governo do então presidente
Juscelino kubistchek, assume relevância no processo histórico em questão,
por ter provocado um considerável número de loteamentos na porção
central da cidade, durante a década de 1960. Algumas famílias, que já
possuíam grandes áreas na região em volta da Praça Milton Campos (antigo
Largo da Matriz) e na extensão da Av. Governador Valadares, promoveram a
repartição dessas áreas com a finalidade de trazerem os familiares do
campo para a “cidade”, ou para vender os lotes à terceiros. Já outras, que
habitavam no meio rural, compravam terrenos próximos ao centro, ou na
extensão da Rodovia, para praticarem o loteamento e se mudarem para o
meio urbano. O relato de D. Dica, moradora da região central, serve como
um exemplo para este último caso: “Meu sogro na época comprou aqui e
veio pra Betim. Betim tinha melhorado muito e ele veio do campo para
Betim...na época de 60”.
Este movimento migratório é o segundo que ocorreu no município;
antes, por volta de 1910, a cidade desenvolveu um novo desenho urbano
em função da passagem da linha férrea, que se instalou a
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aproximadamente uns setecentos metros da parte posterior da Praça Milton
Campos – até então tida como região central. É comum no meio popular a
afirmativa de que “a cidade cresceu para trás, nas costas da Igreja [antiga
Matriz onde hoje está a Praça Milton Campos1]”. O que se nota, dessa
forma, é uma formação urbana que desloca o eixo central da cidade para a
confluência das avenidas Governador Valadares e Amazonas, em detrimento
ao “antigo” centro, na Praça. Este momento histórico que envolve o
período de 1910, trouxe uma inédita dinâmica sócio-urbana para o
município, mas, contudo, não causou uma inversão de polaridades, sendo
que a população do campo se mantém superior a da urbana; nem tão
pouco, proporcionalmente, implicou em qualquer tipo de crescimento
gradual desta última. Todavia, a passagem da Rodovia Fernão Dias, por sua
vez, é que provocou efetivamente tal crescimento, que ocorreu de forma
lenta e gradual2.
A migração da população exógena à cidade, foi, por sua vez, a
principal responsável pelo desenvolvimento urbano. Muitos foram os
trabalhadores que vieram com suas famílias para as obras de pavimentação
da Rodovia, que se estendeu por quase toda a década de 1960. Vários
foram os imobiliários que realizaram comércio de lotes neste período. Um
dos maiores exemplos desta ação, foi o loteamento do bairro P.T.B. –
nome popular que se oficializou, sendo que suas siglas significam, “Posto
Telegráfico de Betim”, por existir na linha férrea, que passa em frente ao
bairro, tal posto. Praticamente durante toda a década de 1960 houve um
certo arranjo territorial, embasado nas ações de configuração dos lotes e
bairros novos, sendo a maioria implantados às margens da Rodovia. A
década seguinte assiste a uma migração em larga escala, acentuada pela
instalação da FIAT automóveis e indústrias de autopeças para o
1 Ver foto 02 neste dossiê, em documentação fotográfica, neste dossiê: no final da Praça Milton Campos a avenida Governador Valadares descendo no sentido da linha férrea. Esta foto corrobora para essa afirmativa. 2 Sobre este crescimento, ver no “Informativo Municipal, ano base 1999”, em que se observa um crescimento gradual do meio urbano nas tabelas 04 e 09, no capítulo IV, Dinâmica Demográfica. Nestas tabelas pode ser notado que num período de 20 anos (após 1960) a população urbana supera a rural e aumenta em média 300%.
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atendimento àquela montadora3. O fato é que os loteamentos feitos nos
anos sessenta – sejam eles próximos ou não ao centro – foram sendo
gradativamente ocupados nas décadas seguintes. Todavia, uma parte
considerável dessa ocupação ocorreu de forma irregular, gerando a
existência de guetos e favelas, como o “morro” do Teresópolis4, situado a
aproximadamente doze kilometros do centro de Betim. O que ocorreu, em
determinados momentos, foi um crescimento urbano e populacional
acelerado, ambos provocados pela vertiginosa industrialização em Betim,
não permitindo uma ação do poder público adequada àquela situação.
Neste sentido, o que se instalou na cidade foi uma realidade dividida entre
o tradicionalismo, simbolizado pela Praça Milton Campos (originária do
século XVIII), e o industrialismo, simbolizado pelo “complexo” Teresópolis,
sendo que essas realidades têm inerentemente, sociedade e urbanismo
identificadores.
A partir da década de 1960, Betim inicia uma nova configuração
urbana e social, que definirá sua condição populacional como
majoritariamente urbana. Neste sentido, o início dessa configuração se deu
na região central, com uma migração considerável da população do campo
para a cidade. Foi necessário, portanto, a criação de condições adequadas
para os novos “habitantes” do centro. Coube ao poder público municipal
tal incumbência, ou seja, essa criação consistiu na implantação de uma
infra-estrutura básica para que a região central comportasse seus
moradores. É necessário ressaltar que este tipo de migração foi deflagrado
em toda Minas Gerais, o que fez com que o governo mineiro investisse em
obras de infra-estrutura para a crescente indústria do estado e também da
população que tendia migrar para as áreas de indústria. Uma das maiores
ações do governo nesta questão foi a criação da CEMIG, para o
fornecimento de energia elétrica em larga escala para indústrias e cidades,
3 Maiores informações sobre a evolução sócio-industrial causada pela a partir da implantação da Rodovia, pesquisar em Dossiê de Tombamento da “Barreira” da Polícia Federal / Monumento de Inauguração da Rodovia Fernão Dias. 2002. 4 No momento o Teresópolis já é considerado como bairro e não favela, em virtude de um trabalho realizado pela Prefeitura, que se inicia nos anos 1980, que consistia na regulamentação da posse dos lotes e áreas do local, bem como de algumas obras de saneamento básico e saúde pública.
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ou seja, o amparo à produção e ao mesmo tempo à sociedade urbana. Em
Betim, por exemplo, uma central distribuidora de energia foi implantada
em 19565, próxima à Praça Milton Campos (centro histórico), às margens
da Rodovia Fernão Dias. Este fato foi sintomático, pois três anos mais
tarde, já estava prevista a inauguração da Rodovia e com ela o crescimento
urbano. No início da década de 1960, a Prefeitura municipal instalou o
primeiro reservatório de água para o abastecimento domiciliar; este pode
ser considerado um fator do crescimento efetivo que teve o município em
sua parte central. Foi uma medida considerada eficiente para o momento,
porém, o fato é que nas décadas seguintes a população aumentou a
proporções alarmantes, obrigando a criação de um órgão estatal, a COPASA
na década de 1970, para gerenciar a questão do abastecimento d’água,
transferindo, dessa maneira, esta responsabilidade do município para o
estado. Este procedimento se aplicou a Betim que teve nesta década tal
responsabilidade transferida para a COPASA.
O contexto histórico no qual esteve inserido a construção da
primeira caixa d’água de Betim, foi o de um intenso movimento de
industrialização pelo qual passou a região metropolitana de Belo
Horizonte, que tem como outro exemplo próximo a cidade industrial de
Contagem, construída a partir dos anos 19406. Neste mesmo contexto,
pôde ser notado uma intensa ação pública (estatal ou municipal) no
sentido de “modernizar” as condições de vida da sociedade urbana. Dessa
forma, o termo “moderno”, estava associado ao termo “indústria”, que
estava associado ao termo “urbanização”. Neste sentido, só havia
modernidade onde havia indústria, só havia urbanização onde havia
indústria e, portanto, uma sociedade para ser considerada “moderna” – no
referido contexto histórico – deveria ser urbana e embasada
economicamente na atividade industrial. Uma sociedade para se tornar, na
prática, moderna, deveria ter consigo elementos que a tirassem do “atraso”
e o tema proposto neste dossiê de tombamento, o abastecimento
5 Maiores informações sobre o abastecimento energético em Betim, pesquisar em “Dossiê de Tombamento da Usina Hidrelétrica Dr. Gravatá”, 2001. Esta usina foi construída em 1914 e gerou energia para a cidade até a instalação da distribuidora da CEMIG em 1956. 6 FONSECA, Geraldo. “Origens da Nova Força de Minas”. 1975. p.293.
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domiciliar de água, é um desses elementos. Portanto, a sociedade “urbana”
de Betim da década de 1960, teve, dentre outros, a Caixa D’Água como
mais um símbolo que lhe conferia pecha de “moderna”
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V – DESCRIÇÃO
ARQUITETÔNICA E
URBANÍSTICA
A Caixa D’água localiza-se num terreno de esquina com frente para
as avenidas Governador Valadares e Nossa Senhora do Carmo e entre estas
a rua Antônio Rafael que é continuação da Aqueber Saliba. Quanto ao uso
a região abriga muitas residências e serviços, como clínicas médicas e
odontológicas, além de um comércio formado basicamente por bares e
restaurantes. Adjacente ao terreno está a Praça Milton Campos e em sua
porção sul encontra-se a Casa da Cultura Josephina Bento, dois
importantes pontos culturais e de encontro de Betim. Localizada no
centro da cidade numa de suas principais avenidas e vizinha a BR
381/262, a Caixa D’água é de fácil acesso.
O reservatório é todo em concreto armado tem formato de torre. A
forma do tanque é cilíndrica, possui 5 metros de altura e 8,07 de diâmetro,
está suspenso por pilares e vigas a uma altura de 9,98 metros. A seção dos
pilares é de 30 por 30 cm igualmente as vigas. Esta base forma um
desenho octogonal, sendo que cada um dos lados possui 2,35 m . O tanque
possui um furo circular no centro com 30 cm de diâmetro, com uma escada
de marinheiro, que levava ao topo deste para manutenção, possui também
de um cano com diâmetro de 5cm em seu centro. Em duas faces do
octógono da base, possui dois canos com diâmetro de 15 cm por escoava a
água. A cobertura é também feita de concreto armado e possui uma
abertura superior em forma circular que apresenta uma tampa circular
também de concreto. Toda a Caixa d’água não tem reboco, apenas uma
camada pictórica na cor branca. O terreno de aproximadamente 1.630 m²
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com formato retangular possui um leve declive, nele está localizado uma
outra torre de capacidade e altura menor que a anterior construída
posteriormente. Além desta existe uma pequena edificação construída
toda em concreto armado, que abrigava provavelmente a bomba que levava
água para o reservatório, que depois a distribuía para as casas através da
gravidade.
O bem cultural, está todo cercado um muro chapiscado e o acesso é
feito por um portão de chapa metálica, com camada pictórica na cor
laranja localizado na Rua Antônio Rafel. Retirando os reservatórios, a
edificação e um pequeno pátio cimentado todo o terreno é área permeável
com pouca vegetação arbustiva e arbórea.
Em relação à visada, o bem imóvel está bem inserido na cidade,
uma vez que sua localização próxima a Praça Milton Campos e no topo de
morro permite a visibilidade tanto da cidade para o bem quanto do bem
para a cidade.
Em relação ao entorno, o bem cultural, por estar em um ponto
nodal de investimentos no setor cultural por parte da prefeitura, permite
que este seja futuramente, uma vez tombado, integrante de atividades
deste setor. Haja vista sua proximidade com a FUNARBE, a Casa da Cultura,
a Praça Milton Campos, o futuro Teatro Municipal, entre outros. Este fator
enaltece o valor cultural do bem para o Município de Betim e revela a
necessidade de proteção do mesmo.
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XII – DOCUMENTAÇÃO
FOTOGRÁFICA
FOTOS: LEGENDA:
Foto 1: Betim, - década de 1960. Foto vista da Rodovia Fernão Dias, em frente à sub-estação da CEMIG. Ao fundo nota-se a antiga Igreja Matriz de Nossa Senhora do Carmo, estando a caixa d'água à sua direita, conforme marcação pontilhada.
Foto 2: Betim, Caixa d'água - 1967.
Foto aérea de Betim, Praça Milton Campos, na época Largo da Matriz. Observavação feita à integração da caixa d'água com a Praça.
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Foto 3: Betim, Caixa d'água - 1969.
Foto da demolição da antiga Matriz; ao fundo, a caixa d'água.
Foto 4: Betim. Vista frontal da Praça Milton Campos. Com o monumento referenciando a antiga Igreja. A Caixa d’água encontra-se em sua porção posterior. Priscila Mesquita Musa. Setembro de 2009.
Foto 5: Betim, Avenida Governador Valadares, que margeia a lateral esquerda do terreno da Caixa d’água. Priscila Mesquita Musa. Setembro de 2009.
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Foto 6: Betim, vista da Rua Antônio Rafael, que margeia a porção frontal do terreno da Caixa D’água. Priscila Mesquita Musa. Setembro de 2009.
Foto 7: Betim, vista da eqüina da Av, Governador Valadares com Rua Antônio Rafael. Priscila Mesquita Musa.
Setembro de 2009.
Foto 8: Betim, vista da Rua Antônio Rafael, que margeia a porção frontal do terreno da Caixa D’água. Priscila Mesquita Musa. Setembro de 2009.
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Foto 9: Betim, vista da Rua que margeia a Praça Milton Campos, a Caixa d’água está na porção posterior da via. Priscila Mesquita Musa. Setembro de 2009.
Foto 10: Betim, Vista da edificação sede as Casa da Cultura de Betim, uma das mais antigas da cidade. A caixa d’água ocupa a porção frontal da casa, logo após a Praça Milton Campos. Priscila Mesquita Musa. Setembro de 2009.
Foto 11: Betim, Vista frontal da Caixa d’água e seu terreno murado. Priscila Mesquita Musa. Setembro de 2009.
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Foto 12: Betim, vista da Caixa d’água a partir da Av. Governador Valadares. Priscila Mesquita Musa. Setembro de 2009.
Foto 13: Betim, vista da Caixa d’água a partir da Av. Governador Valadares. Setembro de 2009.
Foto 14: Betim, vista da Caixa d’água a partir de sua base. Priscila Mesquita Musa. Setembro de 2009.
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Foto 15: Betim, vista da Caixa d’água a partir de sua base. Priscila Mesquita Musa. Setembro de 2009.
Foto 16: Betim, vista da Caixa d’água a partir de sua base. Priscila Mesquita Musa. Setembro de 2009.
Foto 17: Betim, vista do terreno e da base da Caixa d’água. Priscila Mesquita Musa. Setembro de 2009.
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Foto 18: Betim, vista do terreno e da base da Caixa d’água. Priscila Mesquita Musa. Setembro de 2009.
Foto 19: Betim, vista do terreno e da base da Caixa d’água. Priscila Mesquita Musa. Setembro de 2009.
Foto 20: Betim, Betim, vista da Praça Milton Campos a partir do terreno da Caixa d’água. Priscila Mesquita Musa. Setembro de 2009.
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Foto 21: Betim, vista do terreno e da base da Caixa d’água. Priscila Mesquita Musa. Setembro de 2009.
Foto 22: Betim, vista da Caixa d’água a partir da Rua Antônio Rafael. Priscila Mesquita Musa. Setembro de 2009.
Foto 23: Betim, vista da Caixa d’água a partir da Rua Antônio Rafael, com a Caixa d’água da COPASA, que está em funcionamento. Priscila Mesquita Musa. Setembro de 2009.
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Foto 24: Betim, vista da Caixa d’água a partir da Rua Nossa Senhora do Carmo, com a Caixa d’água da COPASA que está em funcionamento. Priscila Mesquita Musa. Setembro de 2009.
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XIV – DIRETRIZES
DE INTERVENÇÃO NA
ÁREA TOMBADA E ÁREA
DE ENTORNO
A Praça Milton Campos é um importante espaço cultural, mesmo
antes de ter sido criada, pois, foi no largo desta que surgiram as primeiras
aglomerações urbanas há aproximadamente 300 anos. Desde então serve
de palco para as mais diversas manifestações populares.
Foi no local onde hoje é a Praça que surgiu a primeira Capela e
depois a primeira Igreja de Betim.
É na Praça que está um dos principais cartões-postais da cidade e a
principal referência cultural da cidade, a Casa da Cultura Josephina Bento.
Atualmente, novos projetos estão sendo pensados para a área, a
fim de transformá-la num complexo cultural, confirmando sua vocação. Um
deles é a construção e implantação do Teatro Municipal.
A Caixa D´Água é destaque dentro desta política de preservação que
passou pelo Conselho de patrimônio a aprovação de sua regulamentação d
aprovado pelo conselho como importante bem cultural a Caixa D´´AGUA,
QUE : o tombamento da Caixa D’água, que atualmente apresenta-se em
início de processo de degradação e ocupa um terreno que está
abandonado. Com isso teríamos a ampliação do potencial cultural da Praça
Milton Campos e seu entorno e a preservação de um importante marco de
desenvolvimento da cidade.
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Mas, juntamente com o processo de tombamento, segue como
diretrizes:
ÁREA TOMBADA
O entorno é delimitado pela Rua Raimundo C. Gomes, a Rua Manuel
Galli, a Av. Nossa Senhora do Carmo, a Rua Domingos Martins e a Rua
Rodrigues Betim. O imóvel encontra-se em processo de degradação não
apenas de ordem física, mas também no que tange ao seu significado
imaterial para a população. Arquitetonicamente a degradação é provocada
pela ação de intempéries, falta de manutenção continuada e vandalismo.
No que diz respeito ao seu significado imaterial, a construção de edifícios
no entorno fizeram com que a Caixa d’água deixasse de ser referência
urbana para a população local.
As possíveis intervenções de ordem material e imaterial deverão ser
identificáveis e diferenciáveis, sem configurar mimetismo. O respeito à
historicidade e a importância estética devem existir e se equilibrar. Tendo
em vista os critérios que se seguem.
-O Conselho de Patrimônio de Betim poderá, a seu critério, permitir
intervenções julgadas necessárias, que se harmonize com o bem cultural
tombado, bem como aquelas que visem diretamente a sua conservação,
valorização e salvaguarda.
- É essencial que, devido ao interesse público deste imóvel, a
preservação seja integral.
- Toda e qualquer intervenção no bem e em seu perímetro de
entorno deverá visar direta e exclusivamente à conservação, valorização e
salvaguarda do bem cultural e deverá ser previamente aprovada pelo
Conselho de Patrimônio de Betim.
- É necessário também que qualquer intervenção seja planejada,
orientada e acompanhada por técnicos especializados.
- A Caixa D’água não poderá em hipótese alguma ter suas partes
demolidas, mutiladas ou substituídas. Também não serão permitidos
acréscimos.
COMPLEMENTAÇÃO DO DOSSIÊ DE TOMBAMENTO DA CAIXA D’ÁGUA
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- Em qualquer recuperação que se fizer necessária em tal estrutura,
no caso de manutenção de eventuais desgastes, devem ser utilizados os
mesmos materiais - que deverão ser assentados respeitando o desenho
original da Caixa d’água.
- É essencial que seja elaborado o projeto restauração e
manutenção continuada da Caixa d’água e o seu terreno. Que inclua
sistemas que assegurem ao bem contra atos de vandalismo. E que inclua
um projeto de iluminação, com a finalidade de se mantê-la como
referencial urbano no período noturno.
- É também essencial que seja elaborado um projeto para o terreno
da Caixa D’água. Criando meios com que este bem possa ser mais bem
aproveitado pelos cidadãos de Betim e que esta volte a ser um dos marcos
referenciais da cidade. É necessário que se crie acessos ao bem com
tratamento paisagístico adequado de acordo com as diretrizes de
preservação patrimonial.
ÁREA DE ENTORNO
Na área de entorno as diretrizes e restrições deverão levar em conta
a harmonia e ambiência do bem tombado. Não serão permitidas quaisquer
intervenções que possam descaracterizar-lo, seja em termos construtivos
ou paisagísticos. O Conselho de Patrimônio de Betim poderá, a seu
critério, permitir intervenções julgadas necessárias, que se harmonize com
o bem cultural tombado, bem como aquelas que visem diretamente a sua
conservação, valorização e salvaguarda.
- Toda e qualquer intervenção no bem e em seu perímetro de
entorno deverá visar direta e exclusivamente à conservação, valorização e
salvaguarda do bem cultural e deverá ser previamente aprovada pelo
Conselho supracitado.
- Quanto às edificações em terrenos lindeiros, não poderão
ultrapassar dois pavimentos ou 6 metros de altura. Não há restrição quanto
à volumetria e tipologia.
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- Deve-se realizar constantemente a manutenção na área do
entorno, mantendo o local sempre limpo e bem conservado com o intuito
de preservar a ambiência do bem tombado
- Deve-se instalar placas sinalizadoras de acesso ao bem tombado
no perímetro de entorno como em outros locais estratégicos da cidade.
- Deve-se instalar placas educativas em pontos estratégicos para
conscientizar a população da necessidade de preservação dos bens
históricos e culturais da cidade.
- É importante que seja iniciada uma política de educação
patrimonial junto à comunidade, a fim de conscientizar a mesma sobre a
preservação do bem cultural.
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FONTES PESQUISAS
ACERVO fotográfico da Casa da Cultura Josephina Bento ASSIS, Terezinha. A construção da história de Betim: espaço geográfico construído por gente Betim: Prefeitura Municipal, 1996. 142p. BORIS, Fausto. História concisa do Brasil. 9. ed. São Paulo: Edusp, 2001.
660 p. CASTRIOTA, Leonardo Barci. Alternativas contemporâneas para políticas de preservação. Topos - Revista de Arquitetura e Urbanismo. Belo Horizonte, v. 1, nº 1, p. 134-138, jul/dez. 1999. DOSSIE de tombamento - Casa da Cultura Josephina Bento. FUNDAÇÃO ARTÍSTICO-CULTURAL DE BETIM / NÚCLEO DE ESTUDOS ANTROPOLÓGICOS, 1997. DOSSIE de tombamento – “Barreira” da Polícia Rodoviária Federal / Monumento de Inauguração da Rodovia Fernão Dias. FUNDAÇÃO ARTÍSTICO-CULTURAL DE BETIM, 2002. DOSSIE de tombamento - Colégio Comercial Betinense. FUNDAÇÃO ARTÍSTICO-CULTURAL DE BETIM / NÚCLEO DE ESTUDOS ANTROPOLÓGICOS, 1997. DOSSIE de tombamento – Usina Hidrelétrica “Dr. Gravatá. FUNDAÇÃO ARTÍSTICO-CULTURAL DE BETIM, 2002. DOSSIE de tombamento – Estação Ferroviária. FUNDAÇÃO ARTÍSTICO-CULTURAL DE BETIM / NÚCLEO DE ESTUDOS ANTROPOLÓGICOS, 1997. FALCON, Francisco. A formação do mundo contemporâneo. 18 ed. Rio de Janeiro: editora Campus, 1989. 130p. FAORO, Raimundo. Os donos do poder: formação do patronato político brasileiro. 13 ed. São Paulo: editora Globo, 1998. (volume 2) FONSECA, Geraldo. Origens da nova força de minas: Betim sua história 1711-1975. Betim: Prefeitura Municipal, 1975. 366 p.
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FURTADO, Júnia Ferreira. Homens de negócio: a interiorização da metrópole e do comércio nas minas setecentistas. São Paulo: HUCITEC, 1999. 289 p. PRADO JR. Caio. História econômica do Brasil. 9. ed. São Paulo: Brasiliense, 1965. 354 p. PREFEITURA MUNICIPAL DE BETIM (Secretaria de Planejamento / Divisão de Planejamento). Informativo Municipal - Betim ano base 1999. Betim/MG: Prefeitura Municipal de Betim, 1999. 102 p. ZEMELLA, Mafalda. O abastecimento da capitania de Minas Gerais no século XVIII. 2 ed. São Paulo: HICITEC, 1995.
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FICHAS TÉCNICA
O Dossiê de Tombamento da Caixa D’Água, foi elaborado por
membros do Departamento de Planejamento e Pesquisa da FUNARBE, em
conjunto com a Secretaria de Obras da Prefeitura Municipal de Betim, no
período de maio a setembro de 2002.
A sua complementação está sendo encaminhada para o exercício de
2011, a fim de que mesmo seja reavaliado e pontua do.
Realização:
FUNARBE – Fundação Artístico-Cultural de Betim
Responsável pelo Departamento de Pesquisa:
Leila Íris Borges da Cruz
Historiadoras:
Ana Claudia Gomes
Otilia da Conceição
Miguilim Assessoria Cultural
Levantamento e Elaboração da complementação do Dossiê:
Priscila Mesquita Musa- Arquiteta e Urbanista - CREA-MG 111776/D – Mar.
2009.
Levantamento de Campo:
Otilia da Conceição e Priscila Musa.
Revisão:
Levantamento Fotográfico: Arquiteta Priscila Mesquita Musa- CREA-MG
111776/D – Mar. 2009
Laudo Técnico: Arquiteta Priscila Mesquita Musa- CREA-MG 111776/D –
Mar. 2009
Cartografia: Arquiteta Priscila Mesquita Musa- CREA-MG 111776/D – Mar.
2009.
Revisão Técnica: Patrícia Brito