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FCW FUNDAÇÃO CONRADO WESSEL PRÊMIO ESPECIAL OS VENCEDORES DO PRÊMIO CONRADO WESSEL DE ARTE, CIÊNCIA E CULTURA 2007

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Prêmio Fundação Conrado Wessel 2007

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Page 1: Prêmio FCW 2007

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Os vencedOres dO prêmiO cOnradO Wessel de

arte, ciência e cultura 2007

Page 2: Prêmio FCW 2007

conselho curador e diretoria da FcW

conselho curador

Presidente

Dr. Antonio Bias Bueno Guillon

Membros

Dr. José Álvaro Fioravanti

Dr. José Antonio de Seixas Pereira Neto

Dr. José Hermílio Curado

Capitão PM Kleber Danúbio Alencar Júnior

Dr. Lélio Ravagnani Filho

Dr. Reinaldo Antonio Nahas

Prof. Stefan Graf Von Galen

diretoria executiva

Diretor Presidente

Dr. Américo Fialdini Júnior

Diretor Vice-Presidente

Dr. Sérgio Roberto de Figueiredo Santos e Marchese

Diretor Financeiro

Dr. José Moscogliatto Caricatti

Assessor Científico

Dr. Erney Plessmann de Camargo

Assessor Cultural

Dr. Carlos Vogt

coordenação desta edição

Dr. José Moscogliatto Caricatti

Fundação conrado Wessel

Rua Pará, 50 - 15º andarHigienópolis - 01243-020São Paulo, SP - BrasilTel./fax: 11 [email protected]

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4 A rápida afirmação da FCW na arte, ciência e cultura no Brasil

6 Como Conrado Wessel desenvolveu um novo papel fotográfico

10 O Brasil foi quem mais ganhou até agora com a instituição dos Prêmios FCW

13 Os melhores momentos da festa de premiação dos ganhadores

16 Estudos de Iván Izquierdo desvendam os segredos da memória

20 Hisako Higashi e suas batalhas por novas vacinas

24 As técnicas de cirurgia plástica inventadas por Ivo Pitanguy

28 Affonso Ávila, o poeta do Barroco, continua criando e pesquisando

32 Veja quais os trabalhos vencedores em Foto Publicitária e Ensaio Fotográfico

38 Conheça as sete instituições parceiras da FCW

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Q uando o Prêmio FCW começou a ser atribuído, em 2003, havia uma

indagação e desconfiança comum nos meios acadêmicos brasileiros. Diante da constante oscilação nacional no apoio à arte, à ciência e à cultura, a dúvida era saber se uma fundação sem nenhum vínculo mercantil e sem a menor aspira-ção de retorno financeiro teria realmen-te condições para manter um bom nível de premiação. O tempo falou por si.

No caso da Fundação Conrado Wes-sel (FCW), o que parecia extraordinário há cinco anos já não surpreende nin-guém. Ao contrário, passou a inspirar, de pronto, segurança e confiabilidade. A FCW é considerada hoje a única en-tidade privada nacional que apóia de forma consistente, com muitos recur-sos, o Corpo de Bombeiros, a Fundação Antonio Prudente, o Exército da Sal-vação, as Aldeias Infantis SOS do Brasil, a Escola Benjamin Constant e as 2.800 famílias que recebem a grande cesta na-talina todos os anos. Mas o principal, fora essas doações, é a posição que a tornou, no Brasil, a mais reconhecida entidade particular de apoio à arte, à ciência e à cultura. Nesse aspecto, sua trajetória é singular. Isso ocorreu em apenas cinco anos. Dois fatores funda-

mentais contribuíram para tal fenôme-no – de um lado, o suporte financeiro; de outro, o esteio do mérito na escolha dos nomes a premiar.

O primeiro fator, o embasamento financeiro do alto valor agregado aos prêmios de forma permanente, atual e gradativamente maior, resultou da atual gestão patrimonial imposta ao legado de Conrado Wessel, a partir do exercício de 2002. Entre 1993, ano de sua morte, e 2000, o patrimônio permaneceu sob inventário, num processo longo e su-jeito à deterioração. Deve-se à gestão da presente diretoria executiva, apoiada pelo Conselho Curador, a transforma-ção do ativo imobilizado da FCW, sua extraordinária ampliação e dinamização, capaz de gerar anualmente os recursos para premiar as categorias de Fotografia Publicitária, Ensaio Fotográfico, Ciência Geral, Ciência Aplicada (Água, Campo, Meio Ambiente), Medicina e Cultu-ra (Literatura), num montante que é a maior premiação nacional, superior in-clusive à grande maioria das premiações internacionais.

O segundo fator, o mérito na es-colha, é fruto – no campo da arte – da singular participação de jurados profis-sionais de tradição na área da fotografia;

A atuação da Fundação Conrado Wessel, em pouco tempo, tornou-se referência de arte, ciência e cultura no Brasil

Uma trajetória consistente

Page 5: Prêmio FCW 2007

Orquestra Jazz Sinfônica toca em festa da FCW; escolha dos ganhadores é feita por “colegiado” de alto padrão

é fruto – no campo da ciência e da cultura – do vínculo gerado entre a FCW e suas parceiras, desde a primeira concessão dos prêmios, cabendo a elas o julga-mento dos candidatos. Em ou-tras palavras, formou-se no Bra-sil um “colegiado” de altíssimo padrão, reunindo ABC, ABL, Capes, CNPq, CTA, FAPESP e SBPC, responsável por esco-lher os alvos individuais a quem a fundação, ano a ano, outorga seus grandes prêmios (leia na página 38 mais informações sobre as instituições).

No contexto dessa união, surgiu entre a FCW e

es sas parceiras, individualmen-te, uma vertente específica de apoio à arte, à ciência e à cultu-ra, que se define de forma con-

creta nas seguintes ações: com a FAPESP, a edição de outubro da revista Pesquisa FAPESP, à qual se adiciona este suplemento es-pecial, hoje completando cinco edições; com a ABC, o regis-tro da FCW como “associada institucional nº 1 da ABC” e o patrocínio das quatro edições anuais dos Anais da Academia Brasileira de Ciências; com a Ca-pes, a concessão de três bolsas complementares de estudo de pós-doutorado para os Grandes Prêmios Capes de Teses; com o CNPq, o patrocínio do Prê-mio Almirante Álvaro Alberto-CNPq/FCW; com a SBPC, a realização patrocinada de três “conferências Wessel”, no en-contro anual promovido pela entidade; com a Universidade de Indiana, dos Estados Unidos,

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a bolsa para talentos musicais. O registro de todas essas ativi-dades ganha público com esta revista e com a edição anual de um livro onde se inserem, além das biografias dos premiados em Ciência e Cultura, todas as cem fotos finalistas do Prêmio FCW de Arte, com destaque para o primeiro e o segundo coloca-dos em Fotografia Publicitária e Ensaio Fotográfico.

O somatório de toda essa atividade é sem dúvida extraor-dinário. A Fundação Conrado Wessel, passados cinco anos de atividade, se encontra entre os casos raros, pois de pronto inspira confiabilidade pela sua trajetória consistente e pelo empenho em sua missão maior que cristaliza um perfil de ética acima de tudo. n

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A fórmula descrita, em 1921, como “novo processo pa-

ra fabricação de material pho-tographico, sensível à luz, para o processo positivo e negativo, à base de emulsões de saes de prata ou gelatina, albumina ou collodio, servindo de supportes para estas emulsões papel, vidro, celluloide ou qualquer outro supporte que seja appropriado” era o marco final de uma lon-ga trajetória de pelo menos seis anos de pesquisa, mais cinco de aperfeiçoamento da descober-ta e expectativa de aprovação oficial. Tratava-se da fórmula descoberta por Conrado Wes-sel (1891-1993) com a ajuda de seu pai e o apoio do professor de química da Escola Politéc-nica Roberto Hottinger.

A história começa dez anos antes, em Viena, setembro de 1911. Conrado Wessel acabara de chegar à Áustria para estudar no famoso Instituto K.K. Lehr und Versuchsanstalt, avançadís-simo na tecnologia gráfica, es-pecialmente em fotografia. Sua

pretensão era aperfeiçoar-se em fotoquímica e clicheria. Quem garantiu os recursos para isso foi o pai, Guilherme, que con-siderava a clicheria um segmen-to de muita perspectiva tendo em vista que em São Paulo, na época, só existiam três oficinas, a de João Baum, a de Wendel e a Riedel, todas com máquinas e processos primitivos.

O pai de Conrado era do-no da Guilherme Wessel – Ca-sa Importadora de Artigos pa-ra Photographia, aberta na rua Direita, 20, em 1902, e depois transferida para a rua Líbero Badaró, 48, provavelmente em 1905. Filho de pais alemães imi-grados para Buenos Aires no sé-culo XIX, Guilherme teve seus dois filhos na capital argentina, mas decidiu tentar a sorte no Brasil um ano depois do nasci-mento de Conrado, em 1892, inicialmente na cidade paulista de Sorocaba. Embora a família Wessel fosse uma tradicional fa-bricante de chapéus em Ham-burgo, Alemanha, Guilherme

tinha fascínio por fotografia, paixão herdada por Conrado.

Em 26 de dezembro de 1908, a morte do filho Georg Walter, auxiliar do pai na loja, leva-o a propor ao filho mais novo assumir o lugar do irmão. Conrado, no entanto, preferiu “trabalhar no ramo fotográfico por conta própria”.

Guilherme decidiu fechar o estabelecimento e encerrar a ati-vidade comercial. Mas conven-ceu Conrado a ajudá-lo de outra forma: aperfeiçoar-se na Europa e trazer o equipamento para ambos trabalharem em casa, com uma clicheria avançada. Enquanto isso, com o apoio de um amigo, H. Prault, Guilherme foi nomeado fotógrafo oficial da Secretaria da Agricultura, em 1909.

Em meados de setembro de 1911, Conrado estava estudan-

Wessel em frente de sua fábrica, nos anos

1940: assédio de outras empresas

Como Conrado Wessel desenvolveu um novo processo para fabricar papel fotográfico

Os caminhos de uma invenção

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do no Instituto K.K. Lehr und Versuchs Antstalt. Catorze dias depois de ter começado suas aulas, casualmente estava no instituto o professor Josef Ma-ria Eder, um especialista em química aplicada à fotografia, fundador do Instituto para Fo-tografia e Reprodução Técnica, hoje conhecido como Höhere Graphische Bundes-Lehr- und Versuchsanstalt. Seu professor havia perguntado se Wessel já trabalhara com chapas secas. Ele disse que sim. Ato contínuo, re-cebeu um original para repro-duzir. Eram chapas que Wessel não conhecia, muito rápidas na

secagem. Ao observá-las, cal-culou apenas cinco segundos para exposição. Quando Wes-sel mostrava ao seu professor as reproduções que havia feito, Eder as viu e “disse que estavam muito boas e se via que eu já tinha trabalhado”. A partir disso, os trabalhos mais difíceis, em especial os destinados aos livros de Josef Maria Eder, quem pas-sou a fazer foi Wessel. Ganhou a confiança do seu professor, que o convidou a ir aos sábados ajudá-lo no laboratório. Foi aí que ele encontrou a real opor-tunidade para iniciar a pesquisa de seu invento.

Meio ano mais tarde, como registrou em 3 de novembro de 1912, já conseguia um primei-ro resultado. “Eu vou fazer na escola umas experiências co-mo segue: emulsão com Far-bstoff Auto, R, B, G, I [tipos de tinta]. Também vou comparar uma chapa feita com emulsão amarela e uma feita com agen-te banhado a collodion. Vai ser interessante estudo, que os pro-fessores mesmos não me podem dizer o resultado. Creio que esta experiência me dará um resul-tado que talvez aproveitarei na prática”, relatou.

Depois do período em Vie-na, ele voltou para São

Paulo, antes da Primeira Gran-de Guerra, em 1914. Trazia na bagagem do navio as máquinas e instrumentos que conseguiu adquirir na Áustria, na França e na Alemanha, uma clicheria completa que aqui instalou para seu pai na rua Guayanases, 139.

Wessel, no entanto, logo percebeu que precisava estudar muito mais do que o fizera na Europa. Conseguiu, por influên- cia de Guilherme, inscrever-se na Escola Politécnica como alu-no ouvinte e a cursou duran-te os anos de 1915 a 1919. Lá tornou-se amigo e auxiliar de laboratório do famoso médico veterinário e químico Roberto Hottinger, titular da cadeira de bioquímica, físico-química e eletroquímica do curso de en-genharia química. Hottinger confiava-lhe a preparação do laboratório nas aulas práticas. E o incentivava a continuar em sua pesquisa.

Conrado com os pais, Guilherme e Nicolina, e com equipamento fotográfico (página ao lado): apoio familiar

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Uma vez ultrapassados os obstáculos, a produção cresceu o suficiente para que fosse com-prado um prédio maior para a fábrica. Wessel começou a ser as-sediado por empresas estrangei-ras até que em 1949 o inventor e empresário firmou um con-trato com a Kodak garantindo para ela quase a totalidade de sua produção por muitos anos com o nome Kodak-Wessel. A partir de 1954 a patente passou definitivamente à companhia norte-americana. Naquele mo-mento o pioneiro da indústria nacional já havia consolidado seu patrimônio, a raiz das ações que a Fundação Conrado Wes-sel desenvolve a favor da arte, da ciência e da cultura. n

início de maio de 1921 o mi-nistro da Agricultura despachou favoravelmente o pedido.

Em 26 de outubro de 1921, Epitácio Pessoa, então presi-dente da República, assinou a carta-patente do novo pa-pel fotográfico – no mesmo ano Wessel instalou a fábri-ca de papéis fotográficos na rua Lopes de Oliveira, 198. A caminhada para o total su-cesso do empreendimento ainda não estava terminada. O inventor teve de aperfeiçoar a produção até conseguir um pa-pel confiá vel para o mercado e vencer a resistência inicial dos fotógrafos, seus clientes poten-ciais, o que ocorreu em defini-tivo a partir de 1924.

Novamente, o laboratório foi-lhe extremamente útil – e a influência de Hottinger, pro-videncial. Passado mais um ano, os resultados já eram suficien-tes para acreditar na fórmula. Como compartilhava sempre com o pai seus trabalhos, este se preo cupou em patentear o in-vento o quanto antes, assim que a “fórmula” original se definis-se, não obstante fosse necessário ir aperfeiçoando-a.

Já em 10 de novembro de 1916 seu pai consultava a

empresa International Patent Agency, de Moura & Wilson, “agentes de privilégios” do Rio de Janeiro, para informar-se so-bre como requerer a patente. Em 13 de novembro de 1916 a Moura & Wilson responde. A empresa se dispõe a se encar-regar de requerer o privilégio desde que fossem remetidos, já preparados, “todos os papeis, como sejam relatorio, desenhos, etc., mediante a quantia de Rs 220$000”. É prometido “um abatimento de Rs 30$000” so-bre o preço usual. “Junto lhe remettemos nossa circular a qual ministrará a V.S. todas as informações necessarias para o preparo dos papéis”, segundo respondeu a empresa.

Todas as exigências foram, aos poucos, cumpridas. Levou-se um tempo para a papelada ser devidamente preparada. No final de 1920 já fabricavam o novo papel com sucesso e ori-ginalidade. No dia 19 de feve-reiro de 1921 foi depositado o “pedido de privilégio” no Mi-nistério da Agricultura. E no

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O retrospecto de todas as edições do Prêmio FCW de Arte, Ciência e

Cultura até a edição de 2007 engloba 48 escolhidos. Por área são 20 em Ar-te, 5 em Ciência Geral, 13 em Ciência Aplicada, 5 em Medicina, 5 em Cul-tura (Literatura). Algumas observações podem ocorrer quando se comparam as áreas, a respeito de sua quantidade desigual, procedência, divisão etc. Pri-meiro: há um número maior em Arte e em Ciência Aplicada e um número menor igual nas outras três áreas. Segun-do: considerando a Ciência de modo abrangente com a inclusão da Medicina, há um total de 23 nomes, o maior gru-po. Terceiro: no campo da Arte há um grande número de nomes profissionais de uma única área, a Fotografia. Quarto: no campo da Cultura há nomes apenas do segmento Literatura.

Cada reparo desses tem sua justifica-tiva no conjunto de critérios adotados pela FCW junto com suas parceiras, para definir as áreas a premiar e os respectivos vencedores. Em Arte, por exemplo, a área escolhida é a fotogra-fia profissional; as modalidades são a Fotografia Publicitária e o Ensaio Fo-

tográfico. Nessa categoria houve uma escolha exclusiva da FCW para home-nagear de forma perene seu instituidor, que era um excelente fotógrafo profis-sional, publicitário, cinegrafista e indus-trial pioneiro da fotografia na América Latina. Quanto ao total de premiados, 20, a explicação é que ganham de três a quatro fotógrafos por ano.

Na categoria Ciência, cabe um es-clarecimento. A Ciência Aplicada tem algumas subáreas, como Água, Campo, Meio Ambiente, Tecnologia, Biotec-nologia, Nanotecnologia. Às vezes, no ano, a comissão julgadora define até três vencedores. Daí o total de 13. É oportuno conferir que a partir de 2006 já se verifica certa estabilidade, com quatro vencedores em Arte, três em Ciência e um em Cultura. Resta esclarecer que, realmente, até o mo-mento o Prêmio FCW de Cultura foi atribuído apenas ao segmento Litera-tura. A fundação, entretanto, sempre informou que o prêmio de Cultura vem sendo destinado à Literatura tem-porariamente, mas outros segmentos do mesmo setor também serão agra-ciados. A comissão julgadora e a co-

O Brasil foi quem mais ganhou até agora com todos os Prêmios FCW

O maior vencedor

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Os vencedores em seis categorias entre 2003 e 2006

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2003 2004 2005 2006

Brito Cruz

Maria Inês Schmidt

Jairo Vieira

Lya Luft

Dieter Muehe

Philip Fearnside

Isaias Raw

César Victora

Ferreira Gullar

Alberto Franco

Adib Jatene

Luiz Carlos Fazuoli

Fábio Lucas

José Galizia Tundisi

Aziz Ab’Sáber

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Sergio Mascarenhas

Aldo Rebouças

Ricardo Brentani

Ruth Rocha

Carlos Nobre

Magno Patto Ramalho

Wanderley de Souza

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missão de busca da FCW terão seu momento de escolha nessa outra linha.

As informações acima não traduzem, porém, a grande-za oculta nas extraordinárias biografias de pesquisadores e escritores que se revelam ano a ano como suporte do de-senvolvimento nacional. Haja vista Sérgio Mascarenhas, ga-nhador de 2006, antecipando o futuro em múltiplas áreas, em que pese sua especialida-de em física; Carlos Henrique de Brito Cruz (2003), no co-mando da diretoria científi-

ca da própria FAPESP; Isaias Raw (2004), responsável pela gigantesca dimensão produti-va do Instituto Butantan; Iván Izquierdo (2007), respeitado e festejado estudioso da memó-ria; e também Hisako Gondo Higashi (2007); e Wanderley de Souza (2005).

Cometemos, sem dúvida, injustiça ao não nos aprofundar na citação de Adib Jatene, Ma-ria Inês Schmidt, César Vic-tora, Alberto Franco, Dieter Muehe, Philip Fearnside, Aziz Ab’Sáber, José Galizia Tundisi, Aldo Rebouças, Jairo Vieira,

Luiz Carlos Fazuoli, Carlos Nobre, Magno Ramalho, Ivo Pitanguy e o excepcional Ri-cardo Brentani. Renomados, esses cientistas orgulham o cidadão brasileiro pelo que fazem e têm feito, formando a galeria FCW junto com os literatos Ferreira Gullar, Lya Luft, Ruth Rocha, Fábio Lu-cas e Affonso Ávila; e Gustavo Lacerda, Tiago Santana, Julio Bittencourt, Maurício Nahas, Bob Wolfenson, Klaus Mittel-dorf, Lalo de Almeida, artistas êmulos do fotógrafo Ubaldo Conrado Augusto Wessel.

A análise dessas biografias responde a um só vencedor, o beneficiário de seus esforços e suas conquistas, o nosso país. Quando recebem, como pe-queno reconhecimento a seu talento, prêmios da ordem de R$ 200 mil e uma escultura do artista plástico Vlavianos, iden-tificam nas lâminas do Troféu FCW a emblemática energia que os irmana aos destinos da Fundação Conrado Wes-sel, cujo nome é indicativo de pioneirismo nacional. n

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no evento da premiação

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A Orquestra Jazz Sinfônica foi o destaque na festa para os vencedores do Prêmio FCW de Arte, Ciência e Cultura 2007.

Cerca de 900 pessoas compareceram à cerimônia na já tradicional Sala São Paulo, no centro da capital paulista, em 2 de junho, para prestigiar os ganhadores das três categorias de Ciência, uma de Cultura e duas de Arte (Fotografia Publicitária e Ensaio Fotográfico). Em uma das salas foi montada a exposição com as fotos que participaram do prêmio de Arte. Veja nas páginas seguintes alguns dos momentos do evento, com os ganhadores e autoridades presentes. ■

Espaço de premiação e de imagens

Exposição das fotos na Sala São Paulo no dia da festa

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1 Celso Lafer, presidente da FAPESP, Jacob Palis, presidente da Academia Brasileira de Ciências, Iván Izquierdo, ganhador em Ciência Geral, e Reinaldo Nahas, membro do Conselho Curador da FCW; 2 Domício Proença Filho, da Academia Brasileira de Letras, Celita Procópio de Carvalho, presidente do júri de Cultura, Carlos Vogt, secretário de Estado de Ensino Superior, Affonso Ávila, ganhador em Literatura; Fábio Lucas, ganhador em Literatura de 2006; 3 Ronaldo Bianchi, secretário adjunto de Estado da

Cultura, Jorge Guimarães, presidente da Capes, Hisako Gondo Higashi, ganhadora em Ciência Aplicada, Marco

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Antonio Raupp, presidente da SBPC, José Caricatti, diretor financeiro da FCW; 4 Ivo Pitanguy, ganhador em Medicina, e Renata Fialdini, presidente do júri de Medicina; 5 Enrique Ricardo Lewandowski, ministro do STF, Celita, Yara de Abreu Lewandowski, esposa de Enrique, e Antonio Bias Bueno Guillon, presidente da FCW; 6 Gustavo Lacerda, segundo lugar de Foto Publicitária,

e Américo Fialdini Jr., diretor presidente da FCW; 7 Lalo de Almeida e João Castilho, segundo e primeiro lugar de Ensaio Fotográfico, respectivamente, e Airton Grazzioli, da Promotoria de Fundações; 8 Adib Jatene, ganhador em Medicina de 2005, Fialdini e Pitanguy.

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Há 35 anos, quando a situação po-lítica na Argentina se tornou por

demais ameaçadora, com bombas ex-plodindo cotidianamente e a repressão policial se intensificando, o médico e neurocientista Iván Izquierdo deixou a Universidade de Córdoba, onde era professor titular de farmacologia e mon-tara um bem-sucedido laboratório de neuroquímica, e emigrou para a terra natal de sua mulher, Porto Alegre. Ti-nha dois filhos pequenos para criar, e o Brasil, embora também vivesse uma ditadura, era um lugar mais seguro para a família e o prosseguimento dos trabalhos científicos. Em 1973 Izquierdo - hoje com 71 anos e uma referência mundial quando o assunto são as estruturas ana-tômicas e as substâncias químicas envol-vidas na formação, preservação e perda das memórias - já era um pesquisador em franca ascensão.

Nascido na capital argentina, filho de um cientista de ascendência espanhola e de uma dona de casa croata, estudara medicina na Universidade de Buenos Aires no fim dos anos 1950. Na primeira metade da década seguinte obtivera seu doutorado em farmacologia na mesma instituição sob orientação de seu pai, Juan Antonio Izquierdo, e, em seguida,

fizera um pós-doutoramento na Uni-versidade da Califórnia, em Los Ange-les. Encerrado o período de estudos no exterior, voltara à capital argentina em 1964 e assumira, por concurso público, o cargo de professor adjunto na Uni-versidade de Buenos Aires. Em 1966 mudara-se para Córdoba para dar aulas na universidade da cidade e montar o laboratório que o teria como chefe até 1973. Até o momento que o Brasil en-trou de forma definitiva em sua vida.

Primeiramente instalou-se na capital gaúcha, perto dos familiares de sua mu-lher. Mas logo percebeu que, naquele momento, não havia condições de fazer em Porto Alegre pesquisa de ponta em sua área. Mudou-se para São Paulo em 1975 e foi para a então Escola Paulista de Medicina, hoje Universidade Fede-ral de São Paulo (Unifesp). Dois anos mais tarde, no entanto, fez o caminho de volta para nunca mais deixar a capital gaúcha. O panorama científico tinha melhorado no Rio Grande do Sul e a metrópole paulista não o encantara. “A qualidade de vida era melhor em Porto Alegre”, relembra o pesquisador, que se naturalizou brasileiro em 1981, assim que se “sentiu mais um da casa” no país que o acolheu.

Estudos de Iván Izquierdo são essenciais para o entendimento da memória

O neurocientista que ninguém esquece

ciência geral

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Esper Cavalheiro, neurocientista da Unifesp e ex-presidente do Conselho Nacional de Desen-volvimento Científico e Tecno-lógico (CNPq), foi o primeiro aluno a ser orientado por Iz-quierdo, no mestrado e no dou-torado, ainda na década de 1970. “Ele tem aquela característica do gênio, de olhar e ver o que os outros não vêem. Não é só uma questão de dedicação ao traba-lho. Isso muitos pesquisadores têm”, relembra Cavalheiro. “A partir desse olhar curioso, ele desenha experimentos cien-tíficos para buscar respostas às perguntas que formulou. Faz diferença tê-lo em qualquer comunidade científica.”

Com grande reconheci-mento internacional, Izquier-do figura hoje como membro de inúmeras academias e enti-dades científicas, como a Aca-demia Brasileira de Ciências, a

No Brasil, Izquierdo fez longa e produtiva carreira na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em cujo quadro docente entrou na década de 1970 e de on-de só saiu em 2003. Nesse ano aposentou-se do serviço públi-co, mas não parou de trabalhar. Desde 2004 está à frente do Centro de Memória da Pon-tifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). Até hoje sua rotina é dar expediente no laboratório da universidade das 9h às 17h. “E à noite em casa, no com-putador. Hoje mesmo troquei e-mails com sete alunos”, disse o pesquisador, às 19 horas de uma quinta-feira.

Cinqüenta e dois anos de pesquisa rechearam seu currí-culo profissional com números impressionantes: publicou 620 artigos científicos em revis-

tas internacionais; seus artigos foram, por ora, citados 12.037 vezes por trabalhos de outros cientistas; ganhou mais de 40 prêmios e distinções, aqui e no exterior, como o de Comenda-dor da Ordem do Rio Branco, concedido no ano passado pelo Ministério das Relações Exte-riores do Brasil. Um de seus orgulhos é a parceria de duas décadas com Jorge Horacio Medina, pesquisador da Uni-versidade de Buenos Aires, que rendeu 197 artigos científicos (quase um terço de sua produ-ção total) e 9 mil citações (quase três quartos do seu total). “Nos-so trabalho conjunto é o mais citado no continente”, diz.

Na pós-graduação, Izquier-do orientou mais de 80 alunos de mestrado e doutorado, que viraram professores em 18 uni-versidades ou centros de pesqui-sa do Brasil e sete do exterior.

Iván Izquierdo: 620 artigos científicos e mais de 12 mil citações em 52 anos de carreira

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Academia de Ciências Médi-cas da Argentina e a Academia Nacional de Ciências dos Es-tados Unidos. Isso sem contar os livros e capítulos de livros que escreveu, às vezes tentan-do explicar ao público leigo um pouco dos mistérios da memória. Talvez inspirado por um de seus escritores favoritos, o argentino Jorge Luis Borges, mestre das histórias curtas, Iz-quierdo ainda escreveu cerca de 50 contos, boa parte deles tendo como pano de fundo os tempos da Segunda Guerra Mundial. São escritos permea-dos por memórias da infância e adolescência, não raro tendo judeus e nazistas se movimen-tando entre os personagens.

A referência ao escritor por-tenho é mais do que um

gosto pessoal. A família, o am-biente, os mestres e os colegas que conheceu em universidades na Argentina e no exterior – to-das essas influências levaram o

jovem Izquierdo a se interessar pelo estudo da memória. Mas a leitura de um famoso conto de Borges, Funes, o Memorioso, dos anos 1940, também foi decisivo para a escolha de seu objeto de estudo. O personagem Funes era um prodígio mental: tinha uma memória perfeita. Podia se lembrar de um dia inteiro de sua vida. Mas, para recordar tudo o que se passara, precisava nova-mente de um dia inteiro de sua vida, durante o qual não podia fazer mais nada. Izquierdo diz que, por meio de uma situação absurda, o mestre dos contos quis mostrar que o cérebro se satura. Uma idéia que o neurocientis-ta sempre abraçou e ajudou a demonstrar em seus trabalhos. “Somos o que lembramos e o que não queremos lembrar”, afirma o pesquisador. Segun-do Izquierdo, o cérebro precisa, necessariamente, esquecer certas coisas. Caso contrário, não have-ria espaço ali para serem armaze-nadas novas informações.

Didático, Izquierdo divide sua contribuição para a com-preensão do papel desempe-nhado por substâncias quími-cas e estruturas cerebrais na formação, preservação e perda das memórias em cinco grandes tópicos. O primeiro avanço diz respeito à determinação das ba-ses moleculares da formação da memória em partes do cérebro, sobretudo na região do hipo-campo (estrutura essencial para o processo de aprendizagem), e da ação moduladora exercida pelos neurotransmissores e hor-mônios nesse processo. Nesse campo, é verdade, vários grupos de pesquisa no mundo produ-ziram estudos importantes nas últimas décadas – e o de Iz-quierdo foi um dos que mais se destacaram. A segunda contri-buição de peso tem como foco central a elucidação da natureza de dois tipos de memória: a de curta e a de longa duração. Ao contrário do que se pensava, Izquierdo demonstrou que a memória de curta duração não é a parte inicial da memória de longa duração. Trata-se de duas divisões da memória formadas por processos que ocorrem em paralelo, desencadeados nas mesmas células nervosas, mas que utilizam mecanismos mo-leculares separados.

Um terceiro campo em que o pesquisador brasileiro é referência internacional ex-plora outra faceta do miste-rioso mundo das lembranças: a influência dos chamados es-tados endógenos (psíquicos ou químicos) sobre o processo de recuperação de uma memória. l

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decantada rivalidade entre Brasil e Argentina deve se limitar aos gramados. “Futebol não é tu-do”, pondera. “Na ciência, na literatura, ou seja, na vida real, não há rivalidade entre os dois países.” Avesso a nacionalismos extremos, sentimento que con-sidera uma idiotice, diz que to-dos os povos são formados por misturas. “Minha mãe era croata e, quando menino, havia 40% de estrangeiros em Buenos Aires”, recorda. Essa postura explica por que optou, há quase três décadas, pela adoção da cidadania brasi-leira. “Eu morava e trabalhava aqui. Por isso me naturalizei”, conta o neurocientista, que não tem planos de parar de trabalhar. Sorte do Brasil. n

pesquisador. Os acontecimen-tos do dia anterior costumam ser triviais e dissociados de sen-timentos mais profundos. Já as coisas da infância, o cheiro da mãe, os aromas de uma comida formam o território do prazer. Um território, por vezes, difícil de ser descrito em palavras, mas envolto de emoções.

Franco e sem meias palavras, Izquierdo não esconde que seu português com acento espanhol foi, às vezes, alvo de preconcei-to no Brasil. “Se há pessoas que não gostam do sotaque, azar delas. Faço coisas pelo Brasil, mais do que muita gente que fala sem sotaque”, afirma. Torce-dor do River Plate e do Grêmio, o neurocientista diz que a tão

Segundo Izquierdo, quando ex-postas a uma situação que, por exemplo, provoca medo, na qual o cérebro libera neurotransmis-sores como dopamina e nora-drenalina, as pessoas tendem a se recordar de outras situações também ameaçadoras. “Dificil-mente alguém se lembra de um momento feliz diante do medo”, afirma. A quarta contribuição do grupo de Izquierdo enfatiza a relevância dos mecanismos li-gados à extinção das memórias, em especial as que causam des-conforto. Nesse processo, que, se devidamente dominado, pode ser útil para o tratamento de es-tresses decorrentes de traumas, as memórias não desaparecem totalmente da mente. Apenas ficam confinadas num can-to menos acessível do cérebro, represadas pelo predomínio de um comportamento apreendido. Essa linha de pesquisa é impor-tante também para a questão do aprendizado, processo intima-mente ligado à memória.

Mais recentemente, o pes-quisador da PUC-RS

voltou seus esforços para um quinto e novo tópico: a busca do entendimento da fase de persistência das memórias no hipocampo. Em outras palavras, o estudo dos mecanismos que fazem uma lembrança durar três dias ou a vida toda no cérebro de uma pessoa. “Por que os velhos se lembram de coisas antigas e se esquecem do que aconteceu on-tem?”, pergunta Izquierdo. Tal-vez isso tenha a ver com a car-ga emocional e afetiva impressa em cada recordação, responde o

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Borges: conto do escritor argentino sobre a memória

inspirou Izquierdo

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O entusiasmo com que a pesquisa-dora Hisako Gondo Higashi fala

do seu trabalho no Instituto Butantan, onde atualmente ocupa o cargo de di-retora da Divisão de Desenvolvimento Tecnológico e Produção, é a mais per-feita tradução de uma vida dedicada ao desenvolvimento e fabricação de vacinas e soros. Hisako nasceu em Lins, no inte-rior paulista, em 1943, descendente de imigrantes japoneses que trabalhavam na lavoura, e cresceu em São Paulo, para onde seus pais se mudaram pensando no futuro dos filhos. O primeiro contato com a centenária instituição paulistana se deu quando ela ainda era estudante de farmácia e bioquímica na Universi-dade Estadual Paulista (Unesp) em Ara-raquara. “Passava praticamente as minhas férias aqui, fazendo estágios curriculares na área de fisiopatologia com a doutora Linda Nahas”, relembra Hisako, chama-da de Hisa pelos colegas do instituto.

Em 1967, quando se formou, foi convidada para fazer um estágio como bolsista na área de fisiopatologia. “Meu sonho na época, como o de todo estu-dante recém-formado, era trabalhar em pesquisa”, relembra. Mas uma mudança involuntária nos seus planos a condu-ziu para o laboratório de produção de

toxóide tetânico (vacina antitetânica), onde precisavam de recém-formados. “Quando fui para a área de produção imaginava que seria uma tarefa rotineira e não queria isso”, diz Hisako. Olhando em retrospectiva as quatro décadas dedi-cadas à produção, com alguns intervalos em que, por necessidade de mudanças no próprio instituto, ocupou cargos bu-rocráticos e esteve afastada do que mais gosta de fazer, a pesquisadora não tem dúvida: “Fiz uma boa escolha, porque produção não é rotina”. E ressalta que é preciso sempre estar atenta às tendên-cias, estudar, estar em contínua renova-ção para poder acompanhar a evolução constante dos produtos. “Uma das coisas de que eu mais gosto é avaliar e planejar quais modificações podem ser feitas para otimizar a produção.”

Foi no laboratório de produção de toxóide tetânico que a pesquisadora efe-tivamente adentrou o universo das vaci-nas. Não a produção como é feita hoje, mas a de 40 anos atrás. “Praticamente eu e mais duas colegas montamos a produ-ção da vacina tríplice bacteriana, ou DTP, no Butantan”, relata a pesquisadora. Na época o instituto produzia as vacinas contra tétano, difteria e coqueluche, ou pertussis, mas no Brasil ainda não havia

Hisako Higashi trabalha há quatro décadasno desenvolvimento de vacinas e soros

Dedicação decorpo e alma

ciência aplicada

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Hisako Higashi foi protagonista de vários avanços científicos desde que iniciou sua carreira no Butantan

escolares, em regiões carentes do país, atendendo as popula-ções locais. Como os estudantes de odontologia levavam os ma-teriais para o mato, onde eram feitos os atendimentos, eles não tinham certeza se realmente conseguiam esterilizá-los com o aquecimento. Na época não havia produção suficiente de va-cinas para atender o país inteiro nem programa de imunização e ainda ocorriam muitas mortes no Brasil em decorrência do té-tano, doença causada por uma bactéria encontrada em vários tipos de solo. Por isso havia o risco de os materiais usados nos tratamentos dentários, co-mo agulhas de anestesia e de sutura, ficarem contaminados com esporos do bacilo causador da doença. “Tivemos a idéia de esterilizar o material em pane-la de pressão, que nada mais é

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sido feita a mistura das três. “Foi muito difícil, porque tivemos que partir praticamente do ze-ro até chegar a uma formulação correta”, diz Hisako. “Mas foi uma grande conquista, porque contribuímos para a redução do número de vacinas aplicadas nas crianças”, diz. Em vez de três ou quatro injeções, elas passaram a receber uma única.

Depois disso participou da formulação da vacina dupla bacteriana, para adultos. Nesse laboratório, onde ficou durante 18 anos, Hisako foi protagonis-ta de vários avanços científicos. Um deles, ainda na década de 1960, começou com um estudo realizado para os estudantes de odontologia que participavam do Projeto Rondon. Pelo pro-jeto, iniciado em 1967, estu-dantes universitários passavam um período, durante as férias

do que uma pequena autoclave doméstica”, diz Hisako.

Para avaliar se o processo era de fato eficiente e qual o tem-po gasto na tarefa, a panela de pressão foi adaptada com ma-nômetros para medir a pressão interna. Antes de serem esteri-lizados, os produtos eram con-taminados com uma suspensão de bactérias com esporos do tétano. Com base nesse teste e em outros, foi estabelecida uma tabela de tempo e temperatura para esterilização dos instru-mentos dentários utilizados nas campanhas do projeto. “Esse trabalho, um dos primeiros de que participei no Butantan, re-sultou em aplicação imediata”, relata a pesquisadora.

Na década de 1980, quando foi criado o controle nacional de produtos biológicos e imu-nobiológicos no Rio de Janeiro,

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Hisako deixou a área de pro-dução de vacinas para dirigir o laboratório de produção de soros no Butantan, uma área estratégica na nova política do governo federal. Com a imple-mentação do controle nacio-nal, todos os imunobiológicos fabricados no país começaram a ser avaliados e muitos foram rejeitados. O rigor na fiscaliza-ção resultou na falta de soros e vacinas no país e na decisão do Ministério da Saúde de criar, em 1985, o Programa Nacional de Auto-Suficiência Nacional em Imunobiológi-cos. O objetivo era fazer com que o país voltasse a fabricar soros e vacinas de qualidade e em quantidade, para atender à demanda necessária dos pro-gramas públicos de imunização sem depender das importações. Os 17 produtores convidados,

entre os quais o Butantan, rece-beram verbas para montar uma infra-estrutura adequada para a produção. Na época, o instituto fabricava soros e vacinas, mas apenas para atender à demanda paulista. “Venho colaborando, após a inserção do instituto no programa, como coordena-dora, trabalho iniciado com a remodelação e a implantação de modificações no Butantan”, diz Hisako. O foco inicial das mudanças foi o laboratório de produção de soros, porque as vacinas podiam ser importadas, mas os soros antiveneno não, já que eram muito específicos.

D ata dessa época a primei-ra planta edificada com

equipamento em circuito fe-chado e garantia de processo asséptico. Outra modificação importante no processo foi a

introdução de bolsas plásticas na coleta de sangue dos cava-los imunizados. Antes essa ta-refa era feita a céu aberto, com grande risco de contaminação do material colhido. “A monta-gem desse laboratório nos deu know-how para montar os labo-ratórios de vacinas em circuito fechado”, diz a pesquisadora. As vacinas eram produzidas, até então, dentro de garrafas. As bactérias eram semeadas nas garrafas e depois filtradas, processo que exigia constante manipulação. “No caso do to-xóide tetânico, para produzir 100 mil doses era necessário manipular de 60 a 80 frascos”, conta Hisako. Além do risco de contaminação do material, exis-tia também o de acidentes no laboratório se algum desses fras-cos quebrasse. Hoje o Butantan tem um pólo industrial em cir-

Vacinas passam por inspeção visual depois de prontas no Butantan: controle de qualidade em todas as etapas

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produção, é preciso estar sem-pre renovando e introduzindo novas técnicas para melhorar a qualidade do produto final”, ressalta.

Isaias Raw, diretor presi-dente da Fundação Butan-tan, que trabalha com Hisako desde 1984, quando chegou ao instituto no meio da crise criada pela falta de soros anti-peçonhentos, resume essa con-vivência: “Numa parceria de mais de 20 anos, em que nos reunimos todas as manhãs às 7 horas, reconstruímos o setor de produção. Hisa tornou-se a especialista, sem competição no país, capaz de projetar uma planta, escolher e adquirir os equipamentos, treinar técnicos, criando uma verdadeira escola que não existia no país”. Para Raw, a parceira Hisa tornou-se essencial e insubstituível. n

da parte do desenvolvimento de produtos, que incluem pes-quisas, formulações, ou seja, a parte científica, também atua como planejadora na parte in-dustrial da produção. A cons-trução de um prédio novo para a produção de hemoderivados, por exemplo, necessita de uma logística que só um profundo conhecedor de todo o sistema tem condições de elaborar. “A planificação precisa levar em conta desde a matéria-prima que será colocada na fermen-tação até o produto que vai para a prateleira”, diz Hisako. Sem contar que o prédio necessita de um sistema de dupla filtração do ar introduzido nas salas, a produção tem que seguir estri-tas regras de segurança e o pro-duto final precisa ser fabricado em condições extremamente assépticas. “Durante a fase de

cuito totalmente fechado desde o início até o final. O produto biotecnológico é uma fração da vacina ou do soro concentrado, que irá compor a formulação farmacêutica. Da formulação, segue para a área de envase, que conta com duas máquinas – ca-da uma com capacidade para 10 mil frascos de vacina/hora. Como cada frasco comporta dez doses, uma única máquina consegue envasar cerca de 1 milhão de doses por dia.

O Butantan produz atual-mente cerca de 160 mi-

lhões de doses por ano de antí-genos vacinais – o princípio ati-vo das vacinas responsável pela indução da resposta imune do organismo. “Cerca de 85% dos antígenos usados no programa nacional de vacinação saem do Butantan”, diz Hisako. De 1985 a 1995, o Brasil tornou-se auto-suficiente na produção de vacina DTP (tríplice bacte-riana), da dupla bacteriana para adultos, da antitetânica e de to-dos os soros que são distribuí-dos para a parte terapêutica. A contribuição do Butantan – e da pesquisadora Hisako – foi fundamental para que o país atingisse, no final da década de 1990, a auto-suficiência na pro-dução das vacinas obrigatórias no programa de imunização. O Brasil também hoje é auto-su-ficiente na produção da vacina recombinante contra a hepatite B, um desenvolvimento inter-no da instituição paulistana. “A produção anual, de cerca de 25 milhões de doses, supre a neces-sidade do Ministério da Saúde”, explica Hisako. “Estamos cami-nhando para a auto-suficiência na produção da vacina contra a raiva.”

A pesquisadora, que já este-ve em todas as linhas de frente do Butantan, além de cuidar

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Ivo Pitanguy transformou o Brasil numa espécie de meca da cirurgia

plástica ao atrair ricos e famosos de todos os cantos do planeta à clínica que comanda há mais de quatro déca-das no Rio de Janeiro. Ele não renega o glamour associado a seu sobrenome, embora ressalve que os colunáveis e os chefes de Estado sejam minoria entre os cerca de 50 mil pacientes particulares já atendidos nos dois casarões contí-guos da rua Dona Mariana, no bairro de Botafogo. A origem de quem está precisando de ajuda não lhe importa. Pitanguy dedica idêntico apuro técnico aos pacientes de sua clínica e às centenas de pessoas humildes operadas todos os anos na 38ª enfermaria da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, sob seu comando há mais de meio século e onde ele maneja seu bisturi todas as quartas-feiras, acompanhado por uma equipe de 40 médicos. Da mesma for-ma, o cirurgião não vê diferença entre a aflição de uma vítima de uma quei-madura ou de deformidade congênita e o desconforto de um paciente com um nariz proeminente ou uma papada flácida. Acha que todos esses pacientes estão em busca de harmonia e de paz de espírito e são legitimamente mere-cedores de ajuda médica.

Mas o legado que mais orgulha Pi-tanguy é a escola que criou para pro-pagar suas técnicas e idéias e para seguir empurrando as fronteiras da cirurgia plástica. Em 1960 ele fundou um curso de pós-graduação em cirurgia plásti-ca na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Hoje já se contam 45 turmas formadas, num total de 500 alunos oriundos de mais de 50 países. A concorrência é acirrada: são mais de cem candidatos para preencher as dez vagas abertas anualmente. No curso, que também é vinculado ao Instituto de Pós-Graduação Médica Carlos Cha-gas, os alunos têm a chance de, ao longo de três anos, conhecer todos os ramos da cirurgia estética e reparadora, fazendo estágios tanto na clínica particular de Pitanguy quanto em serviços de aten-dimento a pacientes com deformidades congênitas, seqüelas de trauma, queima-duras e tumores em diversos hospitais públicos conveniados. “Sempre gostei de transmitir meus conhecimentos e de aprender com o dos outros numa espécie de missão que continuo levando adiante. Ensinar, criar uma escola, é res-ponsabilidade inerente a quem acredita deter algum saber”, afirma Pitanguy.

Em 1974 os egressos dessa escola cria-ram a Associação dos Ex-alunos do Prof.

Ivo Pitanguy inventou técnicas que fizeram avançar a cirurgia plástica e propagou-as a seus discípulos

O formador deuma escola

medicina

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Ivo Pitanguy (AExPI), que se reúne a cada ano num encontro e a cada dois anos num congres-so para discutir os avanços da cirurgia plástica. Em comum, os discípulos comungam de uma mesma formação técnica e de um conjunto de convicções aca-lentadas pelo mestre, como aquela idéia de que qualquer desconforto com a própria ima-gem merece ser corrigido, em-bora exageros e expectativas irreais dos pacientes não devam ser fomentados. “A associação é uma espécie de confraria que compartilha a base técnica, prin-cípios humanísticos e regras de exercício profissional”, diz o ci-rurgião plástico Carlos Alberto Jaimovich, atual presidente da AExPI. Formado na turma de 1975, desde 1995 ele trabalha no

curso de pós-graduação como professor assistente de Pitanguy. Com mais de 400 membros ati-vos, a associação congrega atual-mente também jovens cirurgiões formados por ex-alunos da es-cola. “Já há vários casos de filhos de cirurgiões formados que também ingressam no curso”, diz Jaimovich.

São numerosas as contribui-ções de Pitanguy à cirurgia

plástica. Depois de se formar médico pela Universidade do Brasil, atual Universidade Fede-ral do Rio de Janeiro, em 1946 e aperfeiçoar-se nos Estados Uni-dos, França e Inglaterra nos anos 1950, tornou-se conhecido pelo pioneirismo no atendimento a queimados e também por desen-volver uma técnica de redução

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de mamas num tempo em que poucos cirurgiões se arriscavam a operar os seios. Conhecida co-mo “técnica em quilha invertida de navio”, é utilizada no mundo inteiro para diminuir e levan-tar mamas grandes e caídas. Só a equipe de Pitanguy acumula uma casuística de 10 mil ope-rações. “A hipertrofia mamária deve ser corrigida a partir dos 16 anos de idade. A técnica nos deu grande satisfação porque permite preservar as funções das mamas e verificar sua saúde pos-teriormente”, diz o cirurgião.

Para entender a importância da contribuição de Pitanguy, é preciso levar em conta o con-texto da cirurgia plástica quan-do ele começou a atuar. Ainda longe de ser considerada uma especialidade médica, limitava-

Pitanguy: legado transmitido em curso de pós-graduação que já formou mais de 500 cirurgiões plásticos

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se a um conjunto de técnicas a princípio voltadas para o trata-mento de mutilados de guerra, queimados e vítimas de de-formidades congênitas. “Havia cirurgiões capazes, mas tinham um perfil autodidata e muitas vezes suas técnicas só davam certo quando executadas por eles próprios”, afirma o discípu-lo Carlos Jaimovich. “O grande mérito de Pitanguy não reside apenas em haver desenvolvido técnicas originais, mas também em conseguir que essas técnicas fossem divulgadas e obtivessem bons resultados nas mãos de ou-tros cirurgiões a quem foram

generosamente ensinadas”, diz Jaimovich. “Não adianta criar uma técnica que, de tão com-plexa, só o seu inventor conse-gue utilizar. O importante na pesquisa clínica é a feasibility, a possibilidade de ser praticada por outros”, reforça Pitanguy. Diversas técnicas criadas ou aperfeiçoadas pelo cirurgião são voltadas para a harmonização do contorno corporal. Uma de-las é a toracobraquioplastia, que refaz o contorno do tórax e dos braços em pacientes que per-deram muito peso. Descrita na revista Plastic and Reconstructive Surgery muito tempo atrás, ga-

nhou novo fôlego nos últimos anos, com o avanço das cirur-gias de redução de estômago que promovem grandes perdas de massa corporal.

Sua contribuição para a ci-rurgia estética nasal rendeu-lhe uma homenagem. O cirurgião descobriu que a secção de um ligamento situado entre as car-tilagens das narinas, cuja função é prender o músculo que re-prime a ponta do nariz, tinha o condão de levantá-lo alguns milímetros, melhorando a sua aparência. A literatura médica passou a descrever o tal liga-mento como “ligamento de Pitanguy”. Para engrossar lá-bios muito finos, desenvolveu uma cirurgia conhecida como “confecção do arco de cupido de Pitanguy”, que é realizada através de uma incisão na linha de demarcação da mucosa do lábio superior, aumentando seu contorno. O cirurgião também deixou sua marca em interven-ções para a correção de orelhas de abano, de fissuras labiais, de mamilos invertidos ou hipertró-ficos ou ainda de aumento do queixo. Autor de mais de 800 trabalhos científicos, entre arti-gos, livros e capítulos de livros, Pitanguy manteve entre 1971 e 1997 uma publicação bimestral de divulgação da produção aca-dêmica de sua equipe, o Boletim de Cirurgia Plástica. Uma de suas obras mais conhecidas é Aesthe-tic and Plastic Surgery of the Head and Body, lançada em 1981, na

Com seus cães no jardim da casa na Gávea, onde vive

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ratê – ele e a mulher, Marilu, casados desde 1955, são faixas- pretas – e uma quadra de tênis para treinos freqüentes, também com os netos. Quando está na clínica, divide uma jornada em geral de 12 horas diárias entre o centro cirúrgico, o consul-tório e uma biblioteca de dois andares, onde dá aulas e prepara conferências. Atualmente toda sua produção acadêmica está sendo digitalizada, mas, apesar dos recursos tecnológicos, Pi-tanguy não se desvencilha de hábitos arraigados. Mantém, por exemplo, uma sala para pre-paração de slides de técnicas e cirurgias, embora o resultado final levado a conferências seja transferido para práticos CDs. A única concessão que fez em sua rotina foi deixar de traba-lhar às sextas-feiras, dedicadas à mulher, aos quatro filhos e aos netos na casa de Itaipava, região serrana do Rio, ou na ilha par-ticular que mantém em Angra dos Reis, que converteu em um criadouro de animais sil-vestres licenciado pelo Instituto Nacional do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Re-nováveis (Ibama). Preocupado em deixar sucessores também na clínica particular, há tempos deixou de fechá-la quando viaja ao exterior – quatro médicos afinados com suas idéias aten-dem pacientes mesmo na sua ausência, enquanto sua filha Gi-sela, psicoterapeuta, coordena o trabalho de toda a equipe. n

valorização da cirurgia plásti-ca”, diz Pitanguy. Ele se refere ao desdém que enfrentou no Rio de Janeiro dos anos 1950, após ter se especializado nos Es-tados Unidos, França e Ingla-terra. Seus apelos pela criação de serviços de cirurgia estética e reparadora demoraram a en-contrar eco entre gestores de hospitais e autoridades da saúde, que alegavam falta de dinheiro mas, na verdade, viam a nova es-pecialidade com preconceito.

Aos 82 anos de idade, Pi-tanguy segue com o fôle-

go de sempre. Viaja ao exterior com freqüência, opera duas ve-zes por semana em sua clínica e uma na Santa Casa e atende os pacientes no consultório no restante do tempo. Tam-bém reserva tempo para outras atividades, como encontros e reuniões da Academia Nacio-nal de Medicina e da Acade-mia Brasileira de Letras, onde desde 1990 ocupa a cadeira 22, cujo patrono é o patriarca Jo-sé Bonifácio. Num dia típico, acorda às seis horas da manhã e se lança à piscina fria de sua casa no bairro da Gávea, hábito adquirido quando era nadador na adolescência em Belo Ho-rizonte, cidade onde nasceu. “Meus netos já sugeriram que eu tivesse uma piscina aqueci-da, mas esse choque térmico de manhã é muito saudável”, diz o cirurgião, que ainda mantém um espaço para a prática de ca-

Feira de Frankfurt. Dotado de 1.800 ilustrações em aquarela, foi fruto de uma paciente par-ceria entre Pitanguy e um de-senhista alemão que, ao longo de quatro anos, se incumbiu de registrar diversas técnicas cria-das pelo cirurgião.

A experiência que mais mar-cou sua carreira foi uma grande tragédia ocorrida na cidade de Niterói no dia 17 de dezem-bro de 1961. Um incêndio no Gran Circo Norte-Americano, instalado próximo à estação das barcas que conduz milhares de pessoas ao Rio todos os dias, matou 500 pessoas e deixou 2.500 feridas, na maioria crian-ças. Pitanguy ouviu a notícia quando ia de carro para a Santa Casa, desviou o roteiro, tomou a barca e organizou uma equipe para dar os primeiros socorros no meio do caos. O Hospital Antônio Pedro, fechado por uma greve de funcionários, foi reaberto para atender as víti-mas. Com o Hospital Bethesda, em Washington, Pitanguy con-seguiu um suprimento de 33 mil centímetros cúbicos de pele liofilizada, reserva destinada aos feridos da Marinha dos Estados Unidos, utilizada como enxerto numa técnica nunca antes reali-zada na América do Sul. Duran-te muitos anos, ele e sua equipe cuidariam das seqüelas daquele exército de pacientes. “Resul-tados como os obtidos durante aquela tragédia permitiriam reconhecer o valor da luta pela

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T e alerta poeta que a p/i te espreita/desestruturou o discurso e emba-

ralhou as letras/ e aleart paeto que o pc te recrimina/ barroquizou a linguagem e descurou da doutrina/ te alaert peota que o sni te investiga/ parodiou o siste-ma e ironizou a política.” Esse trecho, do poema Patrulha ideológica, dá uma visão do trabalho notável do poeta, ensaísta, pesquisador e jornalista Affonso Ávila: ousadia formal, humor, engajamento, perfeição estética e um sentido brasileiro de barroco que reúne o local ao uni-versal com maestria. Difícil reconhecer no autor desses versos tão intensos, em conteúdo e forma, o editor octogenário (anos recém-completados) da vetusta revista de pesquisa Barroco. Essa discrição, aliás, é sua marca, que o faz ser reco-nhecido pelos pares, mas, infelizmente, pouco conhecido pelos leigos.

“Discretamente, de maneira inces-sante e tenaz, você construiu uma obra e desenvolveu uma ação que aparecem como uma das mais importantes da nos-sa cultura contemporânea. Sobretudo levando em conta a sua capacidade de cultivar ao mesmo tempo as artes do poeta, os deveres do intelectual e a con-centração erudita do estudioso. Você teve a sabedoria, em nosso país, de dispersão e fôlego curto, de se concentrar para

aprofundar”, afirmou o crítico Antonio Candido em carta a Ávila, elogiando, rasgadamente, a sua enfim lançada in-tegral poética, Homem ao termo (UFMG, 669 páginas), celebração por seus 80 anos, a maioria de produção contínua e ainda não interrompida. “Affonso Ávila é um mestre. Em Minas, é o cara que consegue fundir a tradição, a cabeça no ano 2000. Barroco-ficção científica. Ele mistura futurismo com necrofilia, numa forma única. Ele é dessa geração fantástica que o Brasil produziu neste século”, escreveu sobre ele o colega de métier, Paulo Leminski. Quanta admi-ração por um criador de que se ouve falar tão mansamente? E que, modesto, gosta de definir sua obra nos seguintes termos: “O poeta declarou que toda criação é tributária de outras criações no permanente processo de linguagem da poesia/(...)/ O poeta é um deslavado apropriador de linguagens/ O poeta é um plagiário”.

Nascido em Belo Horizonte, em 1928, Affonso Celso Ávila publicou seu primeiro livro, O açude e sonetos da descoberta, em 1953. “Mineiro de pou-cas palavras no verso e na vida, sempre voltado para as suas ancestrais raízes em Itaverava, nunca desatento à trama ilu-minista dos Inconfidentes de Vila Rica

Nos seus 80 anos, o poeta, ensaísta, pesquisador e jornalista Affonso Ávila vence prêmio

Uma mineirice toda universalista

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Affonso Ávila: obra e ação das mais importantes da cultura contemporânea, de acordo com Antonio Candido

tal fizesse dele um regionalista. “Minas é um microcosmo do Brasil e há uma cortina de fer-ro em Minas de 300 anos que precisa ser rompida e isso só acontecerá quando o estado ti-ver uma voz nacional. Você não precisa ler um jornal do Rio ou de São Paulo para fazer sua ca-beça. Você tem que ter cabeça própria”, acredita Affonso.

S ua obra é um mergulho nessa dicotomia entre a

Minas “conservadora” e as ques-tões universais. “Nos meandros da dita mineiridade, procurei identificar as raízes de Minas, a dicotomia mineira, os lados contrastantes que há na alma mineira, que às vezes é aberta, esperançosa, progressista, livre; às vezes, é reacionária, ranco-rosa, repressiva, obscurantista. Procurei, então, na poesia e no ensaio, sublinhar esses dois pólos

como barroco das igrejas e ci-dades setecentistas do Ciclo do Ouro, começou a poetar, como a maioria de seus companheiros da geração de 1945, no berço esplêndido de um estilo rico em mergulhos introspectivos”, observou o crítico Benedito Nunes. Então era auxiliar de gabinete do na época governa-dor de Minas Juscelino Kubits-chek e colaborador de jornais como Diário de Minas, Estado de Minas e a revista Tendência, estruturada por Affonso e que congregava a intelectualidade mineira da época. Acompa-nharia JK na sua campanha à Presidência, quando começou a se aproximar dos poetas con-cretistas paulistas, entre os quais os irmãos Haroldo e Augusto de Campos e Décio Pignatari. Mas Minas seria um eterno pa-radigma de sua produção, sem que esse amor pelo estado na-

do paradoxo mineiro”, explica. Nisso é “filho” da geração de 45, embora menos nas ques-tões formais (à exceção de sua paixão pelo soneto) e mais nas políticas, na sensibilidade pelos assuntos polêmicos da socie-dade brasileira. “A depuração ascética na arte de escrever só veio a delinear-se em sua obra no período histórico ‘quente’, entre 1954 e 1967, ao cabo de uma busca teórica, em torno do nexo da palavra poética com a ação política, então demandadas pela pressão ideológica da rea-lidade”, anota Nunes. Daí sua ação na revista Tendência, ple-na de referenciais sociológicos acrescidos de outros extraídos da realidade próxima, mineira, “em estado de alienação econô-mico-política, mas feita modelo ou miniatura da realidade bra-sileira maior, a ser reconhecida, assimilada, recriada e transfor-

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mada pela palavra poética”. A poesia, porém, nunca foi utiliza-da por Affonso como mero veí-culo político; antes era parte do “processo de descoberta, de re-formulação da realidade”, como escreveria em 1963, como um dos signatários do Manifesto da Semana Nacional de Poesia de Vanguarda, também assinado pelos concretos paulistanos, que se viam como engajados.

A chegada da ditadura mili-tar fez com que Ávila se voltasse cada vez mais para o grande re-ferencial a seu redor, o Barroco mineiro, que, nota Nunes, “foi redescoberto não apenas como estilo artístico, mas expandido no que teve de estilo de vi-da, insinuante desde o século XVII, de concepção do mun-do e de norteamento poético, em especial por intermédio do livre uso do jogo verbal”. O encontro com o Barroco se deu quando da criação dos li-vros Código de Minas e Resíduos seiscentistas, escritos entre 1967

e 1969. “Acho que é uma ques-tão de gênese, de cultura fami-liar, tribal, já que sou de uma região marcada pela formação histórica mais remota de Minas, muito impregnada do espírito barroco. Pesquisava um apoio documental para certo tipo de pensamento meu na área de poesia e esbarrava com uma série de informações e de pro-vas de que havia alguma coisa a mais para estudar na linha de nossa ancestralidade”, explica. Assim, a visão crítica passou a alimentar a visão poética e vice-versa. Ambas na direção de um sentimento “neobarroco” ou “pós-moderno”. “O homem barroco e o do século XX são um único e mesmo homem agônico, perplexo, dilemático, dilacerado entre a consciência de um mundo novo e as peias de uma estrutura anacrônica que o aliena das novas evi-dências da realidade, ontem a contra-reforma, a Inquisição, o absolutismo, hoje o risco de

guerra nuclear, o subdesenvol-vimento das nações pobres e o sistema cruel das sociedades altamente industrializadas”, es-creveu Affonso em O poeta e a consciência crítica, de 1969.

O poeta chega a propor uma “linha de tradição brasi-

leira”, que iria de Aleijadinho a Niemeyer, um elo inventivo que uniria e espelharia a nossa cultura. Para ele, nesse contexto, a grande obra de ficção moder-na nacional seria Grande sertão: veredas, “de compleição nitida-mente barroca em sua grandeza cervantina”. João Cabral, con-tinua, “teria um remordimento formal barroco”; Jorge de Lima faria uma “poesia de desinência barroquista”; a “angústia bar-roca da paixão contida” pode-ria ser identificada mesmo em Carlos Drummond de Andrade e no neoclássico Cláudio Ma-noel da Costa. “O Barroco foi o primeiro traço de tradição real-mente válido para nossa pre-

O poeta também edita a revista Barroco e é pesquisador do tema. Aos 80 anos, segue produzindo

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tendida arte brasileira”, acredita Ávila. De olhos no passado, mas com os sentidos no futuro, o poeta tentou um diálogo com o concretismo, tendo em vista a formação de uma “vanguar-da participante”. Mas, ainda nos anos 1960, já temia uma “involução” das vanguardas pela acomodação dos futuros cria-dores. “Os jovens poetas pre-cisam estar atentos aos perigos da mistificação estagnadora da arte, ao aceno de facilidade e de promoção e divulgação. É preciso resguardar o processo de nossa poesia de todas as possí-veis modalidades de dopagem”, escreveu. Prova de que ele se-guiu seus próprios conselhos está no caráter sempre inovador de suas obras: Código nacional de trânsito, de 1972; Cantaria barro-ca, de 1975; Discurso de difama-ção do poeta, de 1978; Delírios dos cinquent’anos, de 1984. Ao mesmo tempo, não descuidou da pesquisa e do ensaísmo, co-mo revela a criação, em 1969, da revista Barroco, publicada pela UFMG, e de obras como O lúdi-co e a projeção do Barroco, de 1971, e O Modernismo, de 1975.

Em 1991 Affonso recebeu o Prêmio Jabuti de Poesia pe-lo livro O visto e o imaginado, e sua poesia torna-se progressiva-mente mais experimental, em termos formais e de conteú-do. “Em crise, o poeta de hoje procura mostrar o que a poesia enuncia. E que outro meio me-lhor de mostrar do que fazer ver? Essa maneira de fazer da leitura uma maneira textual de ver (ou de ler como se víssemos o que as palavras significam), da poesia de Affonso Ávila, é a marca de sua originalidade, no que tem de inimitável e sem parecença com qualquer outra”, anota Nunes. Mesmo quando, diz Affonso, o “poeta é um plagiário”. ■

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do Bradesco, 120 razões para ser cliente completo. Nas páginas seguintes estão os vencedores de Ensaio Fotográfico. O primeiro lugar ficou com João Castilho, de Belo Horizonte, por Redemunho. Lalo de Almeida, de São Paulo, ganhou em segundo, com O homem e a terra. Eles dividiram prêmios num total de R$ 286 mil. ■

A lexandre Salgado, do Rio de Janeiro, foi o ganhador

do Prêmio FCW de Fotografia Publicitária 2007 com Caminhos do coração – menina loira. O trabalho de Salgado, para a agência DPZ, é a campanha para a novela do mesmo nome da Rede Record. O segundo lugar foi para Gustavo Lacerda, de São Paulo, para a campanha

Fotos premiadas

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1º lugarCaminhos do coração, de Alexandre Salgado

2º lugar120 razões para ser cliente completo,de Gustavo Lacerda

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1º lugarRedemunho, de João Castilho

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ensaio fotográfico

2º lugarO homem e a terra,de Lalo de Almeida

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InstItuIções ParceIras da FcW

Fun da ção de Am pa ro à Pes qui sa do Es ta do de São Pau lo – FA PESP

Li ga da à Se cre ta ria de Ci ên cia, Tec no lo gia, De sen vol vi men to Eco nô mi co e Tu ris mo, é uma das prin ci pais agên ci as de fo men to à pes qui sa ci en tí fi ca e tec no ló gi ca do país. Des de 1962 a FA PESP con ce de au xí lio à pes qui sa e bol sas em to das as áre as do co ­nhe ci men to, fi nan ci an do ou tras ati vi da des de apoio à in ves ti ga ção, ao in ter câm bio e à di vul ga ção da ci ên cia e tec no lo gia em São Pau lo.

Co or de na ção de Aper fei ço a men tode Pes so al de Ní vel Su pe ri or – Capes

Fun da ção vin cu la da ao Mi nis té rio da Edu ca ção, tem como mis são pro mo ver o de­sen vol vi men to da pós­gra du a ção na ci o nal e a for ma ção de pes so al de alto ní vel, no Bra sil e no ex te ri or. Sub si dia a for ma ção de re cur sos hu ma nos al ta men te qua li fi ca dos para a do cên cia de grau su pe ri or, a pes qui sa e o aten di men to da de man da dos se to res pú bli co e pri va do.

Con se lho Na ci o nal de De sen vol vi men to Ci en tí fi co e Tec no ló gi co – CNPq

Fun da ção vin cu la da ao Mi nis té rio da Ci ên cia e Tec no lo gia (MCT), para apoio à pes­qui sa bra si lei ra, que con tri bui di re ta men te para a for ma ção de pes qui sa do res (mes tres, dou to res e es pe ci a lis tas em vá ri as áre as do co nhe ci men to). Des de sua cri a ção, é uma das mais só li das es tru tu ras pú bli cas de apoio à ci ên cia, tec no lo gia e ino va ção dos paí ses em de sen vol vi men to.

So ci e da de Bra si lei ra para o Pro gres so da Ci ên cia – SBPC

Fun da da há mais de 50 anos, é uma en ti da de ci vil, sem fins lu cra ti vos, vol ta da prin ci­pal men te para a de fe sa do avan ço ci en tí fi co e tec no ló gi co e do de sen vol vi men to edu ca ci o nal e cul tu ral do Bra sil.

Aca de mia Bra si lei ra de Ci ên ci as – ABC

So ci e da de ci vil sem fins lu cra ti vos, fun da da em 3 de maio de 1916, tem por ob je ti vo con­tri bu ir para o de sen vol vi men to da ci ên cia e tec no lo gia, da edu ca ção e do bem­es tar so ci al do país. Atu al men te reú ne seus mem bros em dez áre as: Ci ên ci as Ma te má ti cas, Ci ên ci as Fí si cas, Ci ên ci as Quí mi cas, Ci ên ci as da Ter ra, Ci ên ci as Bi o ló gi cas, Ci ên ci as Bi o mé di cas, Ci ên ci as da Saú de, Ci ên ci as Agrá ri as, Ci ên ci as da En ge nha ria e Ci ên ci as Hu ma nas.

Aca de mia Bra si lei ra de Le tras – ABL

Fun da da em 20 de ju lho de 1897 por Ma cha do de As sis, com sede no Rio de Ja nei ro, tem por fim a cul tu ra da lín gua na ci o nal. É com pos ta por 40 mem bros efe ti vos e per­pé tu os e 20 mem bros cor res pon den tes es tran gei ros.

Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial – CTA

Criado na década de 1950, é uma organização do Comando da Aeronáutica que tem como missão o ensino, a pesquisa e o desenvolvimento de atividades aeronáuticas, espaciais e de defesa, nos setores da ciência e da tecnologia.

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JÚRI dos PRêmIos FCW

CIÊNCIA GERAL PARCEIRA QUE INDICOU

Jacob Palis – Presidente do Júri FCW Adalberto Ramon Vieyra Capes Eduardo Moacyr Krieger FAPESP Erney Plessmann Camargo FCW Gerhard Malnic FCW José Roberto Drugowich de Felício CNPq Marco Antonio Raupp SBPC Cel. Marco Antonio Sala Minucci CTAWanderley de Souza ABC

CIÊNCIA APLICADA Jorge Almeida Guimarães – Presidente do Júri FCW Ana Tereza Vasconcelos SBPC Carlos Vogt FCW Contra-almirante Sergio Roberto Fernandes dos Santos Marinha do Brasil Eric Arthur Bastos Routledge Secretaria Especial de Aqüicultura e PescaHernan Chaimovich ABC José Galízia Tundisi FCWJosé Oswaldo Siqueira CNPqMonica Ferreira do Amaral Porto FAPESPSergio Mascarenhas FCW

MEDICINA Renata Caruso Fialdini – Presidente do Júri FCW Erney Plessmann de Camargo CapesMarco Antonio Zago FCWMarcos Boulos FCWMario José Abdalla Saad FAPESPProtásio Lemos de Luz ABCReinaldo Felippe Nery Guimarães Ministério da SaúdeRicardo Renzo Brentani SBPC

LITERATURA Celita Procopio de Carvalho – Presidente do Júri FCW Alfredo Bosi FAPESPBenjamim Abdala Júnior CapesCarlos Vogt FCWCarlos Alberto Ribeiro de Xavier MECCecília de Cristo Garçoni Ministério da CulturaDomício Proença ABLFábio Lucas FCWMarisa Lajolo SBPC

FOTOGRAFIA PUBLICITáRIA André Porto Alegre (aPP)Ana Lucia Mariz (abrafoto)Gisele Centenaro (about)Juan Esteves (fotografe melhor e fotosite)Gilberto dos Reis (clube de criação de são Paulo)Rubens Fernandes Junior (coordenador do Prêmio e faaP)

ENSAIO FOTOGRáFICO Helouise Costa (mac-usP)João Wainer (fotosite)Juan Esteves (fotografe melhor e fotosite)Ricardo de Leone Chaves (Jornal zero hora)Ronaldo Entler (multimeios da unicamP)Rubens Fernandes Junior (coordenador do Prêmio e faaP)Tiago Sobreira de Santana (vencedor do Prêmio fcw de arte 2006)

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Até 27 de fevereiro de 2009

27 de março de 2009

30 de março a 3 de abril de 2009

Última semana de abril de 2009

1º de junho de 2009

Prazo para recebimento das indicações e inscrições (Arte)

Preparação dos dossiês dos indicados

Julgamento e escolha dos premiados

Divulgação dos trabalhos

Premiação

cronograma da premiação 2008

Fundação Conrado Wessel

www.fcw.org.br