prévia edição 15 vírus planetário

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Edição Digital R$ 2 VÍRUS PLANETÁRIO Porque neutro nem sabonete, nem a Suíça edição nº 15 junho 10 anos de cotas raciais - Um balanço da UERJ, primeira a adotar o sistema A farsa da Rio+20 contestada pela Cúpula dos povos A presidente do Tortura Nunca Mais analisa a Comissão da Verdade ENTREVISTA INCLUSIVA com Victória Grabois Inauguramos o especial de entrevistas sobre eleições com o candidato do PSOL, que propõe outro Rio de Janeiro Marcelo Freixo Edição Digital reduzida. Clique aqui - www.abre.ai/15impressa para adquirir a edição impressa pela internet e receber em casa Clique aqui - www.abre.ai/15digital para comprar a edição digital completa. Clique aqui - www.va.mu/ONzW para ver os pontos de venda

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Edição 15 (junho/2012) da revista Vírus Planetário reduzida

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Page 1: Prévia Edição 15 Vírus Planetário

EdiçãoDigital

R$ 2 VÍRUS PLANETÁRIOPorque neutro nem sabonete, nem a Suíça

edição nº 15 junho

10 anos de cotas raciais - Um balanço da UERJ, primeira a adotar o sistema

ECONOMIA VERDE?A farsa da Rio+20 contestada pela Cúpula dos povos

A presidente do Tortura Nunca Mais analisa a Comissão da Verdade

ENTREVISTA INCLUSIVA com

Victória Grabois

Inauguramos o especial de entrevistas sobre eleições com o candidato do PSOL,

que propõe outro Rio de Janeiro

Marcelo Freixo

Edição Digital reduzida.

Clique aqui - www.abre.ai/15impressa para adquirir a edição impressa pela

internet e receber em casa

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completa.

Clique aqui - www.va.mu/ONzW para ver os pontos de venda

Page 2: Prévia Edição 15 Vírus Planetário

Em defesa do projeto dos movimentos sociais para o petróleo, com

monopólio estatal, Petrobrás 100% pública

e investimento em energias limpas.

Participe do abaixo-assinado:www.sindipetro.org.br

Notícias da campanha:www.apn.org.br

organização:

Aê Galeera, tem pra

todo mundo! São 174

blocos de petróleo, na

terra e no mar!

vuuummmm

Ma õõÊE! Quem Quer petróleo?

NOVIDADE!Acompanhe a campanha

e outras notícias pela TV Petroleira em www.tvpetroleira.tv

...os empresários brasileiros e estrangeiros já começam a juntar a merreca pra com-

prar mais poços e ganhar muito mais dinheiro

Como esse

povo brasileiro

é trouxa...

Enquanto isso, na sala de injustiça, o ministro de minas e energia, edison lobão já está anunciando que o próximo leilão do petróleo brasileiro está próximo de acontecer...

Entretanto, algo não esperado por lobão e seus comparsas ainda pode acontecer: O povo brasilei-ro tem que se mobilizar e Exigir:

“o petróleo tem que ser nosso!”

Olha o desespero do lobão quando no-

tar que seus planos diabólicos irão por

água abaixo...

E aí??? Quer que essa história tenha um final feliz? Então, participe da campanha

Page 3: Prévia Edição 15 Vírus Planetário

Por Carlos D Medeiros | Veja mais em: facebook.com/Fucalivrotraço livre

Page 4: Prévia Edição 15 Vírus Planetário

EXPEDIENTE:Rio de Janeiro: Aline Rochedo, Artur Romeu, Caio Amorim, Felipe Salek, Fernanda Freire, Ingrid Simpson, José Roberto Medeiros, Júlia Bertolini, Maria Luiza Baldez, Mariana Gomes, Renata Melo, Rodrigo Teixeira e Seiji Nomura | Campo

Grande (MS): Marina Duarte, Rafael de Abreu, Tainá Jara, Daniel Lacraia, Jones Mário e Fernanda Palheta | Brasília: Thiago Vilela, Alina Freitas, Ana Malaco, Luana Luizy, Elis Tanajura, Tais Koshino Diagramação e projeto gráfico: Caio Amorim e Mariana Gomes Ilustrações: Rio de Janeiro: Carlos Latuff; Revisão: Bruna Barlach Colaborações:

Luka Franca

Conselho Editorial: Adriana Facina, Ana Enne, André Guimarães, Carlos Latuff, Dênis de Moraes, Eduardo Sá, Gizele Martins, Gustavo Barreto, João Tancredo, Larissa Dahmer, MC Leonardo, Marcelo Yuka, Marcos Alvito, Michael Löwy,

Miguel Baldez, Orlando Zaccone, Oswaldo Munteal, Paulo Passarinho, Tarcisio Carvalho, e Virginia Fontes

Maite Santamarta: Já peguei minha Vírus deste mês, a capa é ótima.

Luciana Souza (comentário sobre a matéria sobre o show do Teatro Mágico com participação de MCs Junior e Leonardo em nosso site): O Teatro Mágico é demais!! Vi pessoas reclamando, dizendo que estavam decepcionadas de ter visto funk sendo cantado lá! Admiro músicas que tenham letras, e o funk deles tem isso sim! Também nao gosto de funk, no meu mp3 ou celular não tem esse ritmo tocando, mas respeito e até danço sem problemas :)

Carolina Akool: Procurei a Vírus da Eduff da Reitoria, mas não encontrei. Por acaso lá ainda é ponto de venda ou há outro mais garantido de encontrar? Obrigada!

NOSSA RESPOSTA: Olá Carolina, infelizmente, tivemos um problema na distribuição da edição 14. A livraria da EdUFF continua sendo ponto de venda, mas a edição 14, exclusivamente não foi posta à venda lá. As próximas edições contarão com um melhor esquema de distribuição, inclusive chegando a bancas de todo o Brasil. Muito obrigado a todos pela compreensão e apoio a essa mídia alternativa que, como um Vírus, começa a infectar pontos de venda em todo o Brasil

Muitos não entendem o que é a Vírus Plane-tário, principalmente o nome. Então, fazemos essa explicação maçante, mas necessária para os virgens de Vírus Planetário:

Jornalismo pela diferença, não pela desigualda-de. Esse é nosso lema. Em nosso primeiro editorial, anunciamos nosso estilo; usar primeira pessoa do singular, assumir nossa parcialidade, afinal “Neutro nem sabonete, nem a Suíça.” Somos, sim, parciais, com orgulho de darmos visibilidade a pessoas excluídas, de batalharmos contra as mais diver-sas formas de opressão. Rimos de nossa própria desgraça e sempre que possível gozamos com a cara de alguns algozes do povo. O bom humor é

Afinal, o que é a Vírus Planetário?

Curta nossa página! facebook.com/virusplanetario

A Revista Vírus Planetário - ISSN 2236-7969 é uma publicação da Malungo Comunicação e Editora com sede no Rio de Janeiro#Tiragem: 2 mil exemplares

#Impressão:

www.virusplanetario.com.br

Anuncie na Vírus: [email protected]

Siga-nos: twitter.com/virusplanetario

COMUNICAÇÃO E EDITORA

necessário para enfrentarmos com alegria as mais árduas batalhas do cotidiano.

O homem é o vírus do homem e do planeta. Daí, vem o nome da revista, que faz a provoca-ção de que mesmo a humanidade destruindo a Terra e sua própria espécie, acreditamos que com mobilização social, uma sociedade em que haja felicidade para todos e todas é possível.

Recentemente, inauguramos um Conselho Editorial (nomes ao lado) com integrantes de movimentos sociais e intelectuais que referen-dam e apoiam a revista. Em breve, ampliaremos os participantes do Conselho.

Correio

>Envie colaborações (textos, desenhos, fotos), críticas, dúvidas, sugestões, opiniões gerais e sobre nossas reportagens para [email protected]

Queremos sua participação!

Viral

Page 5: Prévia Edição 15 Vírus Planetário

EditorialA farsa da economia verdeA Rio+20 chegou e com ela vêm a farsa de uma economia pintada

de verde, chefes de estado treinando discursos sobre como explorar cada vez mais a natureza e as pessoas, sem acabar com tudo de uma vez. E vão acabando com tudo aos poucos. Com a dignidade humana, com os recursos naturais e vão, aos poucos, meio teatral-mente, destruindo a esperança de pessoas que acreditam que é possível pensar (e viver) em harmonia com o ambiente.

Enquanto Cachoeiras transbordam em Brasília, afogando antigos paladinos da ética na política, Dilma vai tentando articular alguma coisa. “Ao menos uma cartinha tem que sair dessa Rio +20”, deve pensar a presidenta no seu íntimo. Enquanto alguns tentam salvar Deltas e Cabrais da fúria da Cachoeira, a Vírus Planetário traz à tona a Marcha das Vadias (sim, vadias!), que, contra tudo e contra todos, tentam vencer o machismo de cada dia.

Quase todas as universidades federais lutam em greve enquanto os principais telejornais brasileiros preferem exibir o dia a dia das ce-lebridades. Melhor isso que a criminalização? O melhor mesmo seria o controle social da mídia. E falando em universidades, abordamos os 10 anos da política de cotas na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Desmitificamos tabus preconceituosos que relacio-navam as cotas ao baixo rendimento de estudantes e à queda da qualidade do ensino.

E a saúde mental do trabalhador vai mal. Enquanto muitos se preocupam com séries de TV que mostram o problema da obe-sidade, das alergias e o perigo do diabetes, as doenças que mais crescem estão relacionadas diretamente ao stress e à pressão no trabalho. Síndrome do pânico, depressão e transtornos de humor não são menos importantes que as doenças físicas, é o que preten-demos mostrar.

Formada a Comissão da Verdade buscamos alguém que enten-da a tortura e a violência como algo a ser combatido diariamente. Conversamos com Victória Grabois, comunista de nascença e atual presidente do Grupo Tortura Nunca Mais. Dilma ignora os fatos e seus aliados só pensam nas eleições municipais. No Rio de Janeiro, entrevistamos o candidato à prefeitura, Marcelo Freixo, que conta com apoio de artistas e movimentos sociais. Freixo foi o primeiro da série “Eleições 2012” que trará entrevistas com candidatos de várias cidades brasileiras.

Um outro mundo é possível!E é no clima de Cúpula dos Povos, diversidade cultural e soberania

dos povos que trazemos a reflexão sobre o meio ambiente. Quere-mos a natureza para garantir o altíssimo nível de consumo supérfluo da atual e das próximas gerações? Ou vamos optar pelo desenvol-vimento socialmente referenciado? A perspectiva dos movimentos sociais mostra a viabilidade de se construir um mundo mais humano e responsável. Sem esquecer que, num horizonte – próximo ou não – o que vemos é a mudança real do mundo, e nele o homem não será mais explorado pela sua espécie. E nem a natureza será explorada pelo homem sem fins reais de sobrevivência.

Essa edição também marca a volta do varal artístico, um pouco de beleza e poesia para humanizarmo-nos em meio ao caos do mundo. Deseja expor no varal? Envie seu trabalho para [email protected]

Sumário (da edição completa)

6 Sociedade_Violência nas Universidades

Federais

8 Bula Cultural_O negro rock

10 Bula Cultural

12 Feminismo_Somos todas vadias

14 CAPA: Meio ambiente_Repensar a natureza

é nos repensar

18 Ana Enne_O que podemos aprender e

ensinar com a greve das universidades

20 Eleições 2012_Entrevista_Marcelo Freixo

24 Direitos Humanos_Quebrando o tabu das

cotas racias

26 Saúde_Nos deram espelhos e vimos um

mundo doente

30 Entrevista Inclusiva_Victória Grabois

33 Passatempos virais_Palavras cruzadas

34 Varal Artístico

Edição Digital reduzida.

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Page 6: Prévia Edição 15 Vírus Planetário

O Negro RockNossa música não tem fronteiras

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Mesclando gêneros musicais de origem negra como o blues, na fu-são entre uma vertente urbana, o “rhythm and blues”, e uma vertente rural “country and western”, o rock despontou no sul dos Estados Uni-dos pós Segunda Guerra Mundial. Tratava-se de um gênero que refle-tia e falava à juventude num período marcado pela destruição das guerras, dos preconceitos, num mundo que sinalizava a emergência de uma nova forma de vida.

O rock foi adotado por uma ge-ração que começava a questionar alguns dogmas da cultura dominan-te. A música que os pais não gos-tavam era a preferida dos filhos e houve uma divisão, uma fenda en-tre gerações. Assim, a resistência ao gênero era evidente: seja por sua

origem, seja porque transmitia uma tendência rebelde e liberal entendida pelas autoridades como uma heresia e provocação. A música negra que os brancos escutavam só poderia ser vista “como uma forma de fazer os homens brancos e seus filhos desce-rem ao nível dos pretos”, assim de-clarou o secretário do Alabama, Whi-te Citizen Council, em rede televisiva na década de 1950.

No período, a maioria dos pais de famílias brancas estadunidenses temia que seus filhos fossem influenciados pala música negra. Além disso, a impren-sa e a mídia atacavam o rock e este foi banido em partes do país. Havia um sentimento de repulsa ao rock, pelo qual as instituições públicas, a igreja, a polí-cia e as prefeituras relutavam muito em permitir que a juventude o ouvisse.

No ano em que Billy Haley & His Comets gravaram “Rock Around the Clock” (1954), o juiz da Suprema Cor-te Earl Warren, emitiu a decisão de que tornava ilegal a segregação ra-cial nas escolas. Muitos estados se pronunciaram contra a medida e o governo precisou enviar tropas a fim de garantir a ida das crianças negras à escola. Em 1955, outro epi-sódio acentua o descrédito de uma parcela da nova geração americana em relação aos adultos: na cidade de Montgomery, Alabama, a senhora Rosa Parks, recusou-se a ceder seu lugar para um branco na parte do ônibus reservada aos negros. Ao lutar até o fim pelo direito de uma mu-lher negra se manter sentada em um

Por Aline Rochedo

Bula cultural algumas recomendações médico-artísticas

Meu sangue tem a mesma cor do teu?

Vírus Planetário - ABRIL 20126

Page 7: Prévia Edição 15 Vírus Planetário

“ O rock se engajou no movimento pelos direitos humanos e civis dos negros.”

ônibus de uma pequena cidade no Alabama, sem precisar entregar seu lugar a um passageiro branco, o até então desconhecido Martin Luther King desafiou o estado e conseguiu uma vitória impensável em um país ainda rachado pela segregação. Foi o primeiro passo de uma histórica jor-nada pela liberdade, que fez de King o grande líder da comunidade negra e um ícone da batalha ideológica pe-los direitos civis.

Sobre esta questão no despon-tamento do rock, Chuck Berry, re-lembra: “Minha música quebrou as barreiras. Eu tocava nos lugares e tinha a plateia branca e os brancos ficavam sentados lá em cima. Os ne-gros embaixo porque minha banda era de negros. E os brancos pulavam dos camarotes e desciam até nós. A plateia começava a se misturar porque a música não tem fronteiras raciais”. Desta forma, o processo de consolidação do rock se engajou ao movimento pelos direitos humanos e civis dos negros.

Embora grandes nomes da re-volução musical do final dos anos 1950 fossem negros como Little Ri-chard e Chuck Berry, o artista con-sagrado como Rei do Rock, foi Elvis Presley. Sua importância é percebida na ruptura que promoveu no siste-ma segregador, no qual os brancos não reconheciam a música negra, assim como a recusavam da socie-dade. Presley, integrado à música e aos artistas negros, colaborou para aglutinar dois estilos distintos, duas

culturas afastadas pelo preconceito: fez com que os brancos come-çassem a cantar rock. Trata-se de uma questão polêmica, que ainda encontra opiniões divergentes.

Infelizmente, durante praticamente os anos de 1953-1955, essa pra-tica de apropriação teve o efeito também de obscurecer as versões negras originais. Houve uma espécie de enfraquecimento, como se o gênero perdesse a popularidade e a força visto à pressão em recusá-lo, principalmente por não aceitarem a integração racial. A insistência da sociedade em recusar o rock fez com que, após a explosão, que perdurou cerca de dois ou três anos, o gênero aparentasse estar en-fraquecido. Tom Petty, músico de rock estadunidense recorda alguns comentários do período:

-Chuck? Na Prisão. -Buddy? Sumiu. Um “proble-minha” na fronteira.

-Elvis Presley? Vamos colocá-lo no exército para acalmar esse rapaz. Não há espaço nesta cidade para suas apresentações vulgares.

-Jerry Lee? Noiva menor de idade... Enfim, rock era “negro” demais!

Seguindo o caminho das gravadoras independentes, estações pequenas de áreas urbanas com grande concentra-ção de população negra começaram a transmitir programas de rock. Os jovens brancos também ouviam tais programas e começaram a procurar pelos discos destes artistas. Alan Fre-ed, foi o mais conhecido dos Djs bran-cos a propagar o gênero.

Rock é som, vibração e liberdade, igual-dade e ritmo. E se não há reação, não há rock. Seus idealizadores não receberam o conhecimento merecido. Mas ainda as-sim, as letras de Chuck Berry, a forma como Elvis dançava os gritos de Little Richard provocaram uma mudança que se estende a várias gerações. Imprimin-do a mais genuína essência do ritmo, o Negro.

Arte apropriada não pode ser válida

Identidade é ritmo

Vírus Planetário - ABRIL 2012 7

Page 8: Prévia Edição 15 Vírus Planetário

Por Aline Rochedo, Artur Romeu, Caio Amorim e Rodrigo Teixeira

Foto

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Marcelo Freixo

“ A despolitização da política precisa ser

enfrentada.”

Com o compromisso de sempre tentamos incluir na ordem do dia assuntos não tratados pela mídia e de fazer uma outra abordagem sobre aqueles que a mídia comercial sempre comenta, iniciamos a série Eleições 2012. Através de entrevistas pretendemos mostrar as opiniões e o programa eleitoral dos candidatos que não terão minutos de sobra no horário eleitorai. Nosso primeiro entrevistado é o deputa-do estadual Marcelo Freixo, que já teve sua candidatura à prefeitura do Rio de Janeiro lançada pelo PSOL e apoiada por alguns artistas, intelectuais de esquerda e movimentos sociais em geral. Conversa-mos com Freixo, que propõe outra gestão de cidade que contemple questões técnicas, mas também seja capaz de pensar a cidade para a maioria da população excluída do processo de crescimento elitista tão alardeado pelas mídias. Marcelo fala de suas propostas concretas, mas ressalva que não há proposta sem crítica.

Sua candidatura propõe uma mudan-ça radical em relação a atual gestão da cidade. Como você pretende transformar essa postura ideológica, que é totalmen-te diferente ao governo do Paes, refletin-do em políticas públicas concretas?

Esta visão de mundo é uma concepção de cidade. As pessoas vivem na cidade. Neste debate você efetiva a sua concep-ção de mundo, de Estado, a relação de Estado-sociedade. Quando você pega um ônibus, paga seu aluguel, escolhe uma es-cola pro seu filho, precisa ir a um posto médico, se há saneamento básico ou não definido na sua cidade, todas essas lógi-cas urbanas perpassam a concepção da relação Estado-sociedade. Não há um de-bate no plano teórico, e outro na hora de ser prefeito. Porque o prefeito é um agen-te de decisões políticas. Por mais que al-guns tentem colocar o prefeito como um síndico, um administrador - quase que se exige um curso de administração para ser prefeito, um MBA. Esta lógica está matan-do a política. Dizer que o debate sobre o transporte é técnico, não é verdade. É um debate em que os engenheiros devem ser ouvidos, mas passa por opções políticas. A insistência num modelo rodoviário, por exemplo, no lugar de um modelo sobre tri-lhos é uma decisão política. O Estado hoje está privatizado, é um balcão de negócios. A despolitização da política precisa ser enfrentada. Politizar essa eleição, no bom

ELEIÇÕES 2012

Confira a entrevista na edição

completa digital ou impressa

Vírus Planetário - ABRIL 20128

Page 9: Prévia Edição 15 Vírus Planetário

Ilustra

ção

: Ben

Hein

e

Rio+20 diz repensar o ‘meio ambiente’ e

Cúpula dos Povos traz à tona um novo olhar

sobre a sociedade e a ecologia para

além das propostas governamentais

meio ambiente

Repensar a natureza

é nos repensar

Confira a reportagem na edição completa digital ou impressa

Page 10: Prévia Edição 15 Vírus Planetário

Filha de pai e mãe comunistas, Victória Grabois já nasceu na clandestinidade. Sendo hoje a Presidente do Grupo Tortu-ra Nunca Mais do Rio de Janeiro (GTNM/RJ), fundado em 1985, garante a continuidade da luta da família, assumindo o compromisso da defesa dos direitos humanos.

Passou por períodos complicados durante a infância e a adolescência. O pai, Maurício Grabois, era deputado consti-tuinte pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB) e teve o manda-to cassado quando o partido foi considerado ilegal, em 1948. Para permitir que Victória e seu irmão mais novo André conti-nuassem os estudos, Maurício e Alzira deixaram-nos na casa de uma tia, na Lagoa. Eles estavam apenas no Jardim de Infância.

Mudou de apartamentos diversas vezes e os espaços eram apertados. A família raramente morava sob o mesmo teto. Foi apenas quando Maurício retornou de dois anos de estudo da União Soviética, em 1959, que foram morar juntos em Niterói.

ENTREVISTA INCLUSIVA:Foto: Maria Luiza Baldez

Victória GraboisPor Seiji Nomura e Maria Luiza Baldez

“ O STF é a única corte do mundo que

considera que a Lei da Anistia é para os

dois lados.”

A reunião durou até o ano do golpe militar, em 1964, quando a família foi obrigada a se separar e voltar à clandestinidade, para evitarem as perseguições. Victória foi expulsa da UFRJ pelos militares.

Casa-se com Gilberto Olímpio Maria, companheiro de militân-cia. Quando engravida é afastada do combate. Dos 20 aos 36 anos, viveu em São Paulo com um nome falso. Maurício, André e Gilberto participavam ativamente das ações do Partido Comu-nista do Brasil (PCdoB), dissidência do PCB. A Guerrilha do Araguaia teve uma importância pessoal em sua trajetória. Seu pai, irmão e marido são desaparecidos políticos deste episódio da história. Os corpos nunca foram encontrados.

Victória Grabois conversa com a Vírus sobre a Comissão da Verdade, levantando os ideais sempre difundidos pelo Grupo Tortura Nunca Mais: esclarecimento dos fatos da ditadura e amparo às famílias de presos e desaparecidos políticos.

Confira a entrevista na edição completa digital ou impressa

Page 11: Prévia Edição 15 Vírus Planetário

saúde

Nos deram espelhos e vimos um mundo doente

A saúde mental na atualidade: porqueas pessoas não podem ser vistas como

mercadoria.

Confira a reportagem na edição completa digital ou impressa

Vírus Planetário - ABRIL 2012 11

Page 12: Prévia Edição 15 Vírus Planetário

*Quer expor aqui? Envie seu trabalho para [email protected]

varal artístico

Querer entenderÀs vezes buscamos definir o que não

tem definição,Entender o que não tem explicação,

Sentir o que não tem emoção ,E amar quem não tem coração.

Às vezes queremos o que não se

pode querer,Pedimos o que se não pode ter,Ouvimos quem não pode falar,E acreditamos naquele que nunca

pode julgar.

Às vezes podemos agir,Podemos prosseguir,Podemos seguir.

Às vezes podemos entenderQue nem tudo se entende,Mas se entende com o querer.

Ingrid Simpson

A garota humana

Foram os raios de sol que insistiram para que ela se levantasse. Estranhou o desper-

tador anormalmente quieto na cabeceira da cama. Com um esforço que lhe pareceu

fenomenal para aquela hora da manhã, esticou o braço para fechar melhor as corti-

nas. Relutante, buscou o despertador para saber quanto tempo ainda teria de sono.

Não tinha. Já há muito se passava das oito. Se não fosse a prova do dia, se decidiria

pelas cobertas. Correu os olhos pelo espelho do banheiro e sorriu de seu próprio cabe-

lo, indeciso para qual direção apontar. Um lenço teria que bastar. Com apenas quinze

minutos para chegar à faculdade, sentiria-se satisfeita se não saísse de pijamas. A

passagem pela cozinha não seria longa, sabendo que escolheria o bolo de cenoura com

cobertura de chocolate. Hesitou. Por um instante pensou na praia do fim de semana.

Ah! Deu de ombros aos seus próprios pensamentos e mordeu com prazer o pedaço.

Ao sair à rua, percebeu os sapatos vermelhos que havia elegido para combinar com o

vestido verde. E o lenço azul. Pensou em tantas outras garotas da sua idade, que não

cometeriam tantos erros na mesma manhã. Sairiam impecáveis, com os cabelos lisos

e penteados, restritas ao iogurte com granola e satisfeitas dentro do biquíni, aprovei-

tando as ruas como suas passarelas de moda pessoais. Fez uma careta para si àque-

le desejo instantâneo. Sorriu para os sapatos vermelhos e continuou o seu caminho,

divertindo-se com os olhares dos curiosos transeuntes que a fitavam com obviedade.

Maria Luiza Baldez

Por Jovan Ferreira

Page 13: Prévia Edição 15 Vírus Planetário

UtopiaAcredito na Utopia porque é minha realidadeE se há razões para não crer E se são tempos difíceis para os sonhadores, E se o mundo se tornou cético Ainda assim, é ela minha opção. Porque... O que resta do homem sem seus sonhos? O que seria de mim sem esse ardor que me move? Que músicas estariam me acompanhando agora? Que cores ensaiariam um desenho na pele? Se a harmonia do caos é incompreendida Eu a compreendo numa sonoridade perfeita A esperança no Sonho é meu gesto de sobre-vivência Vivo antes, durante e amanhã..

Aline Rochedo

Por Thercles Silva

Por Jovan Ferreira

Page 14: Prévia Edição 15 Vírus Planetário

Em maio, o governador Cabral entrou no Supremo Tribunal Fe-deral (STF) com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN nº 4782), pedindo uma liminar para suspender os efeitos da Cons-tituição Estadual, que garante aos servidores civis do estado a gratificação por tempo de serviço (triênios) sobre o valor dos vencimentos.

Caso a ADIN seja aceita pelo STF, Cabral poderá cortar um di-reito que é uma conquista histórica do funcionalismo do estado.

Desde o anúncio de que o gover-nador havia entrado no STF com uma Ação Direta de Inconstitu-cionalidade contra as gratifica-ções do funcionalismo estadual por tempo de serviço os servi-dores estão se mobilizando, reali-zando assembleias e atividades contra mais um ataque de Cabral contra o serviço público em nosso estado.

Nossa luta é justa! Não à ação de Cabral no STF que pede o fim dos triênios! Por um reajuste salarial aos professores em 2012 – não ao reajuste zero! Pela regularização da profis-são dos animadores culturais! Pelo enquadramento por formação dos funcionários!

Vamos à luta em defesa dos triênios e do plano de carreirad@s educadores!

Governador: tire as mãos do nosso triênio! Categoria não vai se deixar enganar.

em defesa dos triênios!

Nem pense em ir

de novo pra Paris e, à

francesa, acabar com

os triênios!

www.seperj.org.br

Educação não é Mercadoria!

35 anos

Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro