principios do xadrez moderno_bruce pandolfini

8/11/2019 Principios do Xadrez Moderno_Bruce Pandolfini

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Notação AlgébricaQualquer partida de xadrez pode ter seus lancesregistrados por um código especial chamado deN o t a ç ã o A l g é b r i c a . G ra ç a s à N o t a ç ã oAlgébrica, você pode reproduzir e acompanharem seu tab uleiro no rmal as partidas queapresentamos neste livro. Ela é muito fácil deaprender!No tabuleiro abaixo, observe com atenção apresença de letras e números:

As linhas verticais de oito casas são chamadasde colunas. Cada coluna é identificada poruma letra (a, b, c, d, e, f, g, h), sempre a partirdo ponto de vista do lado do jogador de brancas(veja acima).Deste modo, a coluna que está mais à esquerdado jogador de brancas é a coluna a. Para o jogador de pretas, a coluna a é a que está na suaextrema direita. Note também que, no começo dapartida, os dois reis estão localizados na colunae.

As l inhas horizonta is de oi to casas sãochamadas de horizontais ou de fileiras. Cadacasa horizontal é identificada por um número(1,2,3,4,5,6,7,8), sempre a par tir do pont o devista do jogador de brancas.

Isso significa que a horizontal mais próxima do jo gado r de br an ca s é a ho ri zont al 1 . Para o jogador de pretas, a horizontal 1 é a mais distantedele. Porque a horizontal mais próxima do jogador de pretas é a horizontal 8 . (veja nodiagrama acima). Repare que no começo dapartida todos os peões brancos estão instalados nahorizontal 2 e todos os peões pretos estão nahorizontal 7.

Cada casa do tabuleiro pode ser localizadapelo cruzamento da coluna e da horizontal.

Por exemplo, no começo da partida (reveja odiagrama acima), o rei branco se encontra nacoluna e e na horizontal 1. Portanto, estál li d 1 O i t

está na casa e8. O peão em frente ao rei brancoestá na casa e2. E os dois cavalos pretos, vocêsaberia localizá-los? Verifique: eles estão nascasas b8 e g8.

Para indicarmos o movimento de uma peça,basta colocamos a inicial do nome da peça (R= Rei, D = Dama, T = Torre, B = Bispo, C =Cavalo) e o lo cal para o nde est a peça sedeslocou.

Por exemplo, se estiver escrito 27.Cf3 Dh5, oque isso significa?

1. Que foi o lance número 27.2. Que o lance das brancas (sempre

aparece primeiro, claro) foi colocaro Cavalo na casa f3.

3. Que o lance das pretas foi colocar adama na casa h5.

Quando o movimento é de peão não se escrevea inicial P. Basta indicar a casa para onde foio peão.

Por exemplo, se estiver escrito 13...f5 o que issosignifica?

1. Que foi o lance 13 das pretas (o sinal"..." indica que é um lance preto).2. Que as pretas deslocaram o peão para acasa f5.

Quando uma peça captura outra peça ou peãoé costume utilizar o símbolo "X".

Por exemplo, quando um bispo captura uma peçaou peão na casa f7 escrevemos Bxf7.

Quando a captura é de peão, em vez do símboloP indicamos a coluna de onde partiu o peão. Porexemplo, se o peão que estava na coluna c tomouuma peça ou peão que estava em d4, escrevemoscxd4.

Quando duas peças iguais e de mesma corpodem alc ançar a mesma ca sa, é precisoindicar a coluna ou horizontal de onde partiua peça.

Por exemplo, imagine que haja uma torre brancaem c1 e outra torre também branca em f1. Asduas torres podem ir para a casa d1. Comodiferenciar as duas? Se foi a torre que estava emc 1 q u e fo i p a r a d 1 , n ó s e s c r e v e re m o ssimplesmente Tcd1, que significa que a torre queestava na coluna c foi para a casa d1.Vamos agora acompanhar com diagramas oslances iniciais de uma partida. A partida começa

com 1.Cf3 Cf6.Isso significa que as brancas começaram o jogocolocando o cavalo em f3 e as pretas



posição abaixo:

Agora, as brancas jogam 2.d4 e as pre tasrespondem com 2...e6.

Você já sabe que quando o lance é de peão nãousamos a inicial P. Daí que o lance branco 2.d4foi a colocação de um peão na casa d4. As pretasresponderam colocando o peão em e6. Eis aposição agora:

3.Bg5 d5

As brancas colocaram o bispo em g5 e as pretasresponderam avançando o peão para a casa d5.Observe a posição abaixo:

4.Bxf6O bispo branco capturou o cavalo em f6. A

Observe o diagrama acima. O bispo branco podeser capturado pela dama ou pelo peão preto. Sefosse a dama preta capturasse o bispo, comoanotaríamos? Isso mesmo, 4...Dxf6. Mas naverdade foi o peão preto que capturou, entãoficará escrito

4...gxf6

O peão preto (lembre que o símbolo "4..." indicaque foi um lance preto) que estava na coluna gcapturou a peça (ou peão) branco que estava emf6.

Agora, atenção. Vamos supor que as brancas

queiram colocar o cavalo na casa d2. Mas,repare, os dois cavalos brancos podem ir para acasa d2! É preciso então anotar qual dois cavalosse moverá. As brancas escolhem o cavalo queainda está na casa inicial (b1) para ir até d2.Neste caso, ficaria anotado assim:

5.Cbd2

Ou seja, o cavalo que estava na coluna b é quefoi para a casa d2. A situação agora é esta quevocê vê aí embaixo:



As pretas voltam a jogar:

5...c5

O peão preto foi até c5.

6.dxc5O que significa isso? Que o peão branco queestava na coluna d capturou o peão (ou peça)preto que estava na casa c5. A posição resultanteé essa:

Reproduza os próximos lances notabuleiro. Em seguida, confira para ver

6...Bxc5 [A partida prossegue. O bispo pretocaptura o peão em c5.] 7.Cb3 Bb4+ [Atenção: osímbolo "+" significa "xeque". Ou seja, o bispopreto foi até a casa b4 e deu xeque ao rei branco.]8.Cfd2 [Percebeu? Foi o cavalo que estava nacoluna f que se deslocou para a casa d2]

8...Bxd2+ [O bispo preto tomou o cavalo em d2e deu xeque.] 9.Dxd2Confira. No momento, a posição é:

Jogam as pretas:

9...O-O

Este símbolo representa o roque pequeno. Ouseja, o rei preto foi para g8 e a torre preta foipara f8.

10.O-O-O [Esse símbolo representa o roquegrande. Ou seja, o rei branco foi para c1 e a torrebranca para d1.] 10...d4 [O peão preto queestava em d5 foi para a casa d4.]

Confira, a posição alcançada agora é:

11.e4 [o peão branco que estava em e2 (sua casainicial) foi para e4]



11...dxe3

Observou? O peão preto que estava em d4 tomouo peão branco que estava em e4. Como isso épossível? Esta é a famosa tomada en passant. Opeão preto foi parar em e3:

SÍMBOLOS ESPECIAIS

Existem símbolos especiais que marcamsituações importantes de uma partida:

+ xeque

# xeque mate

O-O roque pequeno

O-O-O roque grande

! Lance excelente, muito inteligente

!! Lance excepcional. Muito bonito e difícil de seencontrar

? Lance equivocado. Grave erro.

?? Erro gravíssimo que altera imediatamente oresultado da partida

!? Lance que merece atenção, que incomoda oadversário.

?! Lance duvidoso, que causa problemas paraquem o jogou.

+– As brancas têm o jogo completamente ganho.–+ A posição das pretas é vitoriosa.

+/– As brancas têm uma posição bem melhor doque as pretas

+/= As brancas têm uma leve superioridadesobre as pretas

–/+ As pretas têm boa vantagem sobre as brancas

=/+ A posição das pretas é levemente superior a

das brancas= Posição igualada. Ou está empatada ou háchances iguais de vitória para os dois jogadores.

1–0 Brancas venceram o jogo

0–1 Pretas venceram o jogo

½–½ O jogo terminou empatado.



O PRIMEIRO LANCE DAS BRANCAS

Qual seria um bom primeiro lance? ⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯

Recomendo à maioria dos enxadristas que comece com 1.e4

Existem inúmeras razões para se iniciar o jogo com 1.e4. A primeira delas é que, com isso, ocupa-se o centro com umpeão, ao mesmo tempo em que se controla uma outra casa

também do centro: a casa d5. Desta maneira, as Brancasreivindicam imediatamente o domínio sobre o centro dotabuleiro. Em segundo lugar, as Brancas controlam, além dacasa d5, um outro posto importante: f5 - um Cavalo instaladoem f5 pode causar muitos danos, se as Negras tiveremefetuado o roque pequeno. Desta forma, este lance vulneraduas casas do território inimigo (d5 e f5), casas estas que,

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desde já, estão vedadas às peças opositoras1, mas que, nodevido tempo, poderão ser ocupadas por peças próprias. Oavanço 1.e4 também contribui poderosamente com odesenvolvimento, já que as Brancas agora podem pôr em jogoo Bispo de Rei e a Dama; o avanço do peão de Rei abriudiagonais para ambas as peças. Finalmente, este avanço em

direção ao centro é um ato agressivo.Muito menos imponente seria 1.e3, avançando apenasuma casa ao invés de duas. Isto sem dúvida também abririadiagonais para as mesmas duas peças, porém não exerceriauma pressão relevante sobre o centro, nem vulnerarianenhuma casa do território inimigo. Além disso, avançando opeão de Rei somente uma casa, as Brancas colocam mais umobstáculo diante do seu Bispo da Dama, o qual agora já nãopoderá entrar em jogo tão facilmente. Pode-se dizer, de umamaneira geral, que as Brancas carecem de bons motivos paraavançar somente uma casa com um peão central no seuprimeiro lance. Um jogador maduro interpretaria esta atitudecomo falta de experiência ou covardia e, no momentooportuno, poderia tirar proveito disso.

Avançar duas casas ao invés de uma implica tambémganhar mais espaço. Em geral, quanto mais adiantados estãoos peões, maior é o espaço disponível para manobras atrás dalinha de fogo. Mais tarde veremos como a disposição dospeões desempenha um papel de suma importância no rumoque deve tomar uma partida.

Outro motivo pelo qual recomendo que se inicie o jogocom 1.e4, é que, depois disso, surgem normalmente posiçõesmais abertas, mais diretas e menos confusas. Naturalmente,situações menos complicadas são analisadas com maiorfacilidade. Por outro lado, as posições fechadas, especialmenteaquelas em que os peões centrais encontram-se mutuamentebloqueados, são em geral muito mais sutis. Delas trataremos

mais tarde, adaptando-nos ao progresso do leitor.Como age um professor soviético quando um de seus

alunos joga a abertura de forma passiva (1.e3) ? Ele o força afazer exatamente o oposto, com a maior frequência possível.Para vencer o medo de ser agressivo, o estudante terá que seadestrar nas linhas mais agudas da abertura e empregá-lastoda vez que for possível.

Trata-se de enfrentar reiteradamente o problema até quese torne trivial e deixe de ser um problema. Durante algumtempo, isto o fará perder muitas partidas, porém a experiênciaassim obtida acabará por triunfar e o jogador será capaz deagir com desenvoltura em posições pouco comuns. O insólitopode inclusive se transformar em sua arma favorita.

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Pelo fato de as brancas estarem exercendo fiscalização sobre as casas d5 ef5, o inimigo não poderá ocupar essas duas casas de seu próprio território semcorrer risco de captura por parte do peão branco.

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muito superiores aos que a maioria dos novatos possui.Também se tem ensaiado, com certo êxito, movimentos como1.a3, 1.b4, 1.f4 e 1. c3. Até mesmo um lance atrevido earriscado como 1.g4 não deveria ser ignorado. Ainda assim,nenhum desses lances, razoáveis ou não, tem tanto a ofereceraos novatos como os lances 1.e4 e 1.d4.

Se após 1.e4 fosse permitido às Brancas efetuar umsegundo lance, antes de as Negras darem a sua resposta,que lance deveria ser escolhido ?

Embora vários lances possam ser úteis neste momento,o que faz mais sentido aqui é 2.d4. Na verdade, quando asBrancas jogam no primeiro lance 1.e4, a sua intenção é colocaro seu outro peão no centro (em d4) o mais depressa possível eassegurar assim uma superioridade nessa região. Avançarambos os peões duas casas fica mais fácil se você começarcom o peão do Rei, pois a Dama pode apoiar o avanço de seupeão, ao passo que o Rei não pode fazer o mesmo com o seu.Depois deste duplo avanço, das quatro casas centrais, duas as

Brancas ocupam e as demais elas controlam. O raio de açãoda Dama aumenta e o Bispo de Dama pode agora serdesenvolvido também. Esta formação central é conhecidacomo centro clássico ou centro ideal (diagrama 1.2). É clássicoporque o conceito remonta às primeiras gerações de mestresfortes. E ideal porque as Brancas podem agora empreenderpraticamente qualquer tipo de ação.

As Negras, por sua vez, estarão em apuros, já que nãopoderão contrabalançar esta formação central com outraformação central igual ou equivalente e provavelmente ficarãoinferiores em desenvolvimento. Como se isso não bastasse, osdois peões brancos ameaçam avançar, hostilizando as tropasinimigas e obrigando-as a recuar, tornando ainda mais difícilpara as negras a tarefa de encontrar boas casas para suaspeças se instalarem.

Como isto contribui para o desenvolvimento das Brancas?

Contribui notavelmente, já que agora as Brancas estãoprontas para desenvolver todas as suas peças sem que sejanecessário perder tempo movendo qualquer outro peão!Efetivamente, as Brancas precisam de apenas oito lances, nomáximo, para mobilizar todas as suas forças a partir desta

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posição. Primeiro moverão os cavalos para f3 e c3, depois osBispos para c4 e f4, e a Dama para d3; a seguir poderãoefetuar o pequeno roque, e, finalmente, levarão ambas asTorres para as colunas centrais, ficando a Torre de Rei em e1e a Torre de Dama em d1, como mostra o diagrama 1.3.

Ou seja, as Brancas realizarão a seguinte sequência delances: 1.e4 2.d4 3. f3 4. c3 5. c4 6. f4 7. d3 8.O-O9. fe1 10. ad1. Estes dez movimentos formam, em conjunto,um esquema de abertura.

Um esquema de abertura fica definido pelo arranjo daspeças em torno de uma determinada estrutura de peões. Odiagrama 1.4 mostra um outro esquema possível com amesma estrutura de peões.

Aqui os lances das Brancas foram: 1.e4 2.d4 3. f3

4. d3 5.O-O 6. g5 7. bd2 8. e2 9. fe1 10. ad1.Evidentemente existem outras formas de se desenvolver aspeças em torno desta mesma estrutura de peões centrais. Estaé uma situação-modelo onde as Negras não tiveramoportunidade de responder aos lances das Brancas. Numapartida real, as Brancas teriam que jogar levando sempre emconsideração os movimentos e os planos do adversário.Teriam que "dançar conforme a música", não podendoescolher as jogadas ao seu bel-prazer.

Para os nossos propósitos, assim também como no casode partidas reais, diz-se que o Rei está desenvolvido quandoeste já se encontra seguro, protegido pelo roque, e que asTorres estão mobilizadas quando já estão guardando ascolunas centrais a partir das casas e1 e d1. Mais adiante,falaremos mais a respeito do movimento do Rei e das Torres,bem como sobre a importância do roque.

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Pode-se obter a mesma posição do diagrama 1.3efetuando-se um lance a menos ?

Na prática, sim. Pode-se economizar um movimento seas Brancas realizarem o roque grande, ao invés do roquepequeno. No oitavo lance, por exemplo, as Brancas poderiam

continuar com 8.O-O-O e 9. he1 (ver diagrama 1.5). Comexceção do Rei, todas as demais peças Brancas ficarão namesma posição que as do diagrama 1.3. A principal diferençaaqui é que o Rei ficou posicionado na ala da Dama e não naala do Rei.

Então o roque grande é preferível ao roque pequeno ?

Não, muito embora tudo dependa das circunstâncias quea partida real apresente. O roque pequeno ocorre com maisfrequência, sobretudo porque pode ser efetuado antes doroque grande, graças ao menor número de peças queprecisam sair do caminho. No entanto, dependendo dascondições particulares da partida, o Rei pode ficar melhorsituado numa determinada ala e não na outra. Um raciocínioanálogo deve ser usado em todos os aspectos do jogo, isto é:

• Nunca ignore as jogadas de seu adversário.

• O que quer que você faça, faça-o sempre levando emconta o que seu oponente faz.

Se fosse permitido iniciar a partida com 3 lances de umasó vez, seria bom mover um 3 peão após 1.e4 e 2.d4?

Fazendo-se isso, pode-se obter uma posição dominante,como a que teríamos depois de 1.e4, 2.d4, 3.c4 (diagrama 1.6).

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No entanto, um terceiro lance de peão não é necessário.Como já dissemos, basta mover apenas os dois peões centrais

para permitir o desenvolvimento de todas as peças. Ao invésde adiantar um terceiro peão, é melhor iniciar a mobilizaçãodas peças acantonadas na primeira horizontal. Tendo você jáestabelecido a frente de batalha (formada pelos peões e e d),resta-lhe agora mobilizar as tropas de apoio, dispondo-as emordem de combate.

Se não é permitido efetuar três lances seguidos, de uma sóvez, por que então se ocupar com tudo isso ?

Muitas vezes você enfrenta adversários cujas jogadassão totalmente irrelevantes, demonstrando uma completadespreocupação com o que está ocorrendo na partida. Nestecaso, você poderá desenvolver suas peças exatamente damesma forma que o faria caso o seu oponente não estivesserespondendo aos seus lances. E, naturalmente, você vaiquerer fazer as melhores jogadas, de modo a alcançar aposição ideal. Se o seu adversário, por exemplo, efetuasse

lances como 1...a6, 2...a5, 3...h5, você poderia fazerpraticamente qualquer coisa; seria como se ele nem existisse. Aliás, uma das técnicas soviéticas de treinamento

consiste em permitir que os principiantes comecem o jogofazendo tantas jogadas sem respostas quantas queiram, atéobterem a posição perfeita. A única restrição imposta é quenenhuma peça pode avançar além da quarta fileira. Esteexercício ajuda o estudante a pensar em termos de esquemas,planos e objetivos, o que sem dúvida estimula a suaimaginação e desenvolve o gosto por resolver problemas.Desenvolve também a percepção, na medida em quetransforma o estudante, de observador passivo em participanteativo. Ao aplicar eu mesmo esta técnica, em geral tenhoorientado meus alunos para metas definidas, formulando-lhesperguntas básicas nos momentos críticos, como por exemplo:"Qual é o ponto mais fraco da posição inicial das Negras?".Essa pergunta faz com que a atenção do estudante se voltepara a casa f7, que originalmente só está defendida pelo ReiNegro.

Posto que avançar duas casas com os dois peõescentrais é o que as Brancas devem fazer em condições ótimas,a isto elas devem aspirar em partidas reais. Mas, seusadversários reais não irão simplesmente cruzar os braços edeixá-lo agir como bem entender, sem oferecer resistência. Aocontrário, procurarão inviabilizar ou tornar indesejável aconcretização deste plano. O xadrez é exatamente isso: umaluta pelo domínio, como já destacou o antigo campeão

mundial, Emanuel Lasker (1868-l941), tanto em seus jogoscomo em seus escritos (de fato, ele publicou um tratadofilosófico intitulado Luta, onde abundam as analogias com oxadrez). Pode-se dizer, de uma maneira geral, que as Brancasbuscam converter em vitória a sua vantagem inicial de estarum lance à frente, enquanto as Negras procuram compensaressa vantagem do inimigo e apoderar-se, por sua vez, dainiciativa. Dois princípios da abertura decorrem já destasconsiderações iniciais:

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• Procure avançar duas casas com ambos os peõescentrais.

• Não mova muitos peões durante a fase de abertura.

Consequências desastrosas das más jogadas de peões

Como já dissemos, as jogadas desnecessárias de peões

fazem perder tempo, o qual poderia ser melhor empregado nodesenvolvimento de peças. Sobretudo durante a fase deabertura, cada tempo (unidade de tempo, que no xadrezequivale a uma jogada) é crítico e deve ser empregado namobilização de forças.

Jogadas irrefletidas de peões criam debilidades. Aocontrário das peças, os peões não podem mover-se para trás,e, uma vez adiantados, torna-se impossível restabelecer aantiga posição. Mova um peão, e ele nunca mais poderádefender as casas que ficaram para trás. As consequências detais adiantamentos são, pois, irreparáveis. Quando se faz umamá jogada de peão, a avaria não tem mais remédio. Por outrolado, quando estamos lidando com peças, pode-se, às vezes,

apresentar-se a oportunidade de reparar os erros cometidos,ainda que isto muitas vezes seja feito à custa de tempo (o quetambém pode trazer problemas).

Em verdade, por serem mais prescindíveis (isto é,menos valiosos) que as peças, os peões são os melhoresdefensores de casas. Toda peça inimiga deve respeitar umacasa defendida por um peão, já que se ali ela se instala, correo risco de ser capturada, resultando em desvantagem material.

Os peões são particularmente bons defensores do Rei,onde a disposição intacta dos mesmos diante do Rei rocadoconstitui uma eficaz barreira contra a maioria dos invasoresinimigos. Mover esses peões do roque significa expor o Rei atoda classe de perigos. Se as casas guardadas por tais peões

se tornam acessíveis às tropas contrárias, o jogo pode até jáse dar por perdido.Repetimos, portanto, que não se devem mover peões

desnecessariamente. Mova os peões somente quando isso forrealmente vantajoso ou necessário. Por exemplo, a não serque haja uma boa razão para fazê-lo, e já tendo analisadocuidadosamente todos os prós e contras, você não deveriamover os peões das Torres durante a fase de abertura. Maisfunestas ainda podem ser as consequências de se adiantar opeão do Bispo de Rei (o peão-f), pois isso enfraquece muito aposição do monarca quando o roque ainda não foi efetuado.(Depois do roque pequeno, o avanço do peão-f é muito menosarriscado e, eventualmente, a Torre de Rei pode mesmoexplorar vantajosamente a abertura da coluna f). Algumas daspartidas mais curtas da história do xadrez se deram graças àviolação deste princípio geral.

Dentre os numerosos exemplos de má jogada de peãodurante a abertura, figuram as seguintes partidas curtas:

1.f3?Jogada horrível, que não desenvolve nada e abre uma

porta de acesso ao Rei branco.1. ... e5

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Como sabemos, trata-se de excelente movimento: temação central e abre caminho para a Dama e o Bispo do Rei.

2.g4??Erro garrafal que acarreta a perda imediata da partida.

(Não se pode chamar a isso de jogada. Trata-se, na verdade,de suicídio!).

2. ... h4 mate.Esta sequência de lances (1.f3? e5, 2.g4?? h4 ++) é

conhecida como Mate de Louco. É o mate mais curto que podeser dado. Como podemos observar, as Brancas, adiantaram osdois únicos peões que poderiam expor o Rei daquela maneira.Note que o peão-g não pode retroceder para cobrir o xequedado pela Dama (diagrama 1.7).

Curiosamente, para poderem aplicar o mesmo golpe nasNegras, as Brancas precisam de um lance a mais, o quedemonstra que “partidas-relâmpago” como esta não sevencem, mas se perdem, geralmente devido a jogadaserrôneas de peões. Em 1973, no clube de xadrez Marshall deNova Jersei, um menino de cinco anos de idade chamadoRobert LeDonne deu um xeque mate no Rei do repórter daCBS, Tony Hernandez, da seguinte maneira: 1.e4 f6?, 2.d4g5??, 3. h5 mate.

Por incrível que pareça, até mesmo os mestres estãosujeitos a tais lapsos. Embora raramente, eles tambémcometem distrações e imprudências graves. Nosso próximoexemplo de má jogada de peão foi tirado de uma partida

jogada na década de 20 entre Giband e Lazard, dois mestresfranceses:

1. d4 f6O lance das Negras é para impedir que as Brancas

estabeleçam o centro clássico, além de servir também paradesenvolver uma peça em direção ao centro.

2. d2?

Um lance de desenvolvimento, mas que, ao menostemporariamente, bloqueia o caminho da Dama e do Bispo daDama.

2 ... e5!?Uma tentativa, de certa forma audaciosa, de apoderar-se

da iniciativa mediante o sacrifício (ainda que temporário) de umpeão central.

3.dxe5 g4 4.h3??

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Este movimento "automático" das Brancas com o peão-h, é totalmente gratuito, desnecessário e errôneo. Com a

volvimento 4simples jogada de desen . gf3, a partida teria

4 ...transcorrido normalmente.

e3!! (diagrama 1.8)

E as Brancas abandonam a partida. Não é por menos:ou elas permitem a captura da Dama pelo Cavalo inimigo, ou

expõem o seu Rei a um xeque mortal com a Dama (mate em 2lances) Com efeito, se 5.fxe3, as Brancas deixam a casa g3sem a proteção de nenhum peão, com mate inevitável depoisde 5...

.

h4+ (se 6.g3, segue-se 6... xg3 mate). O culpado detudo isso foi o avanço 4.h3 que deixou a casa g3 com uma

vulnerável.

• adversário.

e seu oponente faz.

peões

• muitos peões durante a fase de abertura.

deabertura

• Evite mover o peão-f se o roque ainda não foi efetuado

proteção de menos, tornando-a

Princípios gerais do capítulo

Nunca ignore as jogadas de seu

• O que quer que você faça, faça-o sempre levando emconta o qu

• Procure avançar duas casas com ambos os

centrais.Não mova

• Evite mover os peões das Torres durante a fase

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O PRIMEIRO LANCE DAS NEGRAS

As negras respondem ao 1.e4 das Brancas com 1...e5.

As Negras fazem i sso cer tamente po r razõessemelhantes às do seu adversário, só que com uma diferençaimportante: seu avanço tem também o objetivo de dissuadirum eventual d2-d4 por parte das Brancas. Como dissemos no

capítulo anterior, se as Brancas jogam no primeiro lance 1.e4,a sua intenção é colocar o seu outro peão no centro (em d4) omais depressa possível, assegurando assim uma superioridadenesta região do tabuleiro. Por isso as Negras devem tomaruma atitude contra essa tentativa. O meio mais radical é aresposta simétrica 1...e5. O peão negro controla agora a casad4 e, se no seu lance seguinte as Brancas continuam com2.d4, o peão-d4 é tomado e mantém-se o equilíbrio no centro.

Como vemos, as Negras pensam em termos de defesa. As Brancas, por sua vez, ao jogarem 1.e4, não estã orealmente pensando em impedir que seu oponente jogue ...d5(embora est e avanço muitas vezes seja importante para asNegras num dado momento da partida). Portanto, as Brancas

desfecham o primeiro golpe e tê m a iniciativa. Num certosentido, pode-se dizer que as Brancas jogam pela vitória,enquanto que as Negras jogam pelo empate - e isso com omesmo lance!

Devem as Negras procurar imitar o jogo das Brancas?

De forma nenhuma! Como acabamos de ver, mesmo nopresente caso pode-se obter uma posição idêntica ao doadversário, tendo-se, porém, motivos totalmente diferentes domesmo. Seja como for, na prática seria mesmo impossívelprosseguir por muito tempo imitando os movimentos doadversário. Suponha, por exemplo, que um dos jogadores dêum xeque. O adversário terá, primeiro, que se livrar do xeque



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antes de continuar copiando as jogadas. Só que, depois disso,será dificílimo reproduzir a mesma posição do primeiro

jogador. E se este der um xeque-mate? No xadrez não há

volta, não há segunda chance - a partida estará terminada. Al ém desses inconven ientes óbvios , podem ex is ti rmotivos mais sutis para se evitar um jogo simétrico. A DefesaPetrov nos dá um exemplo bem claro a esse respeito. Chega-se à Defesa Petrov após 1.e4 e5 2. f3 f6

Suponha que neste momento as Brancas capturem opeão-e5 (3. xe5), que é o que normalmente ocorre na prática.

As Negra s com ete ri am um err o se decidissem imitar oadversário, jogando 3... xe4. Antes de tomar este peão, elasdevem jogar 3...d6 (obrigando o Cavalo branco a retroceder)porque depois de 3... xe4 estariam em grandes apuros, casoas Brancas respondessem 4. e2. Com efeito, tentar insistircom o p lano d e copiar as jogadas do adversár io (com

4... e7) fracassaria totalmente agora, devido a 5. xe4, como que as Brancas defendem seu próprio Cavalo, impedindoque a Dama negra o capture, desfazendo definitivamente asimetria da posição. E se depois de 4. e2 as Negras retiramo seu Cavalo, com 4... f6 (diagrama 2.3), segue-se, então,5. c6+ dando xeque a descoberto e atacando ao mesmotempo a Dama, com enorme ganho material para as Brancas.

Para um jogador inexperiente, poderá parecer que ummestre, em certas ocasiões, está realmente jogando demaneira idênt ica ou s imi lar ao seu adversár io (maisprovavelmente de forma s imi lar ) . Nestes casos, osmovimentos correspondentes nos dois lados obedecemsempre a motivos ligeiramente diferentes, e tanto um lado



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1...c5, que como 1...e5, domina imediatamente a casa d4. Emambos os casos, o avanço 2.d4 se responderia com a capturade um peão. Menos eficaz seria 1... c6 para impedir este

mesmo avanço (embora esse lance não seja de todo mal, casoas Negras pross igam com um plano d i ferente porémconsistente) já que as Negras não poderiam capturar o peão-d4 impunemente (seu Cavalo seria tomado pela Da mabranca).

Uma forma alternativa de tratar o problema é atacar deimediato o peão-e4 das Brancas ao invés de tentar impedirdiretamente o avanço d2-d4. Assim, depois de 1... f6 (Defesa

Alekhine) , as Brancas perder iam o peão de Rei casoprosseguissem com 2.d4. O mesmo se daria depois de 1...d5(Defesa Escandinava), embora isso seja menos aconselhável,por induzir o principiante a pôr em jogo, demasiadamentecedo, a sua Dama, o que, como verificaremos mais adiante,

deve ser evitado a todo custo. O s lances que acabamos deconsiderar (1...c5, 1... c6, 1... f6, 1...d5) e vários outros, sãocertamente possíveis para as Negras, porém eles requeremum conhecimento mais avançado do xadrez para se poder

jogar corretamente as posições resultantes. Para o neófito,cuja compreensão do jogo ainda não amadureceu, 1...e5 é omodo mais fácil e direto de lutar contra o avanço 2.d4.



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É seguro para as Brancas jogar 2.d4 depois de 1...e5?

Sem dúvida alguma, pois não há r isco de perdamaterial, já que se 2...exd4, elas podem recuperar o peão com3. xd4. Portanto, 2.d4 não ocasiona a perda de um peão,

como muitos principiantes costumam crer à primeira vista.Nem tampouco trata-se de má estratégia das Brancas trocar oseu peão-d pelo peã o-e negro. A s Brancas, neste caso,estariam avançando o seu peão-d não só co m a i déi a deestabelecer o centro clássico, mas principalmente para abrir o

jogo e permitir que suas peças saiam o quanto antes. É falsa aidéia (comum entre os principiantes) de que não se deve jogard4 quando não for possível manter o peão na casa d4. Aosprincipiantes parece muitas vezes que trocar uma peça (ou umpeão) é como perdê-la(o). Não é bem assim:

Ganha-se material quando se obtém mais do que se dá. Perde-se material quando se obtém menos do que se dá. Troca-se material quando se obtém o equivalente em valorao que se deu.

Em geral, ganhar material é vantajoso, perder material édesvantajoso e trocar material não é, em si, nem bom nemruim, só depende das características da posição resultante. Sea transação (de troca) for desfavorável será por razões não-materiais. E, necessariamente, se a troca é desejável para um

jogador, é desvantajosa para o adversário.

Então 2.d4 é uma boa jogada ?

Não é tão simples responder a esta pergunta. Seja comofor que as Brancas joguem depois de 2 .d4, suas intenções já

terão sido reveladas um pouco prematuramente, embora issonão as faça perder a partida. Na verdade, o principal problemaaqui é que, depois de 2...exd4 (diagrama 2.7), as Brancasficariam tentadas a re stabelece r a iguald ade mater ialcapturando com a Dama o peão inimigo: 3. xd4 (diagrama2.8)



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É ruim sair muito cedo com a Dama ?

Em geral, sim. Habitualmente a Dama só deve ser posta

em jogo depois das peças menores (Bispos e Cavalos) e doroque. A razão para isto é simples: o poder da Dama é imensoe, justamente por este motivo, esta peça é particularmentevulnerável. Cada vez que as peças adversárias a atacam, elase vê ob r igada a r e t i r a r -se , sa l vo em casos m u i t oexcepcionais. Isto pode traduzir-se numa perda de tempo (queresulta em atraso no desenvolvimento) que o adversárioaproveitará para apoderar-se da iniciativa; os ataques contra aDama exposta serão usados para se ir estabelecendo a própriaposição com a colocação de novas peças em jogo, e, destamaneira, o desenvolvimento estará sendo realizado às custasdo oponente.

Note-se, por exemplo, como as Negras podem atacar a

Dama inimiga, se esta estiver situada em h5, jogando-se oCavalo de Rei de sua casa original g8 ao excelente posto f6.Sendo a Dama mais valiosa do que um Cavalo, ela se vêpraticamente obrigada a recuar 1, na maioria das vezes semqualquer proveito. Com toda probabilidade, a única coisa queas Brancas terão consegu ido é a perda da ini ciativa e davantagem de saída (isto é, o privilégio que só as Brancas têm,de já sair na frente, contando, por isso, com um tempo - ou umlance - de vantagem em relação às Negras).

Os ataques com apenas uma ou duas peças, mesmoque uma delas seja a poderosa Dama, raramente têm êxito nafase inicial da partida contra adversários experientes (nemdeveriam ter contra qualquer outro tipo de adversário). Quem

sabe se defender pode esquivar-se facilmente de taisameaças, passando logo em seguida a um enérgico contra-ataque, com resultados geralmente devastadores.

Mas, depois de 1.e4 e5 2.d4 exd4 3. xd4, a Dama nãoficaria poderosamente situada no centro ?

Na real idade, não. O problema é que as Negraspoderiam agora jogar 3... c6 (diagrama 2.9), desenvolvendouma nova peça com ação central e que ao mesmo tempo

1Se a Dama tivesse aproximadamente o mesmo valor da peça que a ataca, as

Brancas poderiam optar por não recuá-la, mas por mantê-la onde está, defendendo-a com outra peça.



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ataca a Dama branca. As Brancas teriam então que levar a suaDama para um local seguro, perdendo uma jogada (quepoderia ter sido utilizada para pôr em jogo uma nova peça) e

permitindo assim que a iniciativa passe às mãos das Negras;agora são as Negras que dirigem o curso dos acontecimentose não mais as Brancas.

Dêem apoio à Dama

Para co locar a Dama em jogo tão cedo, deve-se termuito boas razões. Um ataque deve ser realizado com a açãoconjunta de muitas peças (todas se possível), mas sobretudocom as peças menores. Não é bom atacar precipitadamente,com forças escassas.

Embora sendo poderosa, a Dama se assemelha a umamulher (como o seu próprio nome indica): não pode defender-se sozinha. Sua intervenção deve ser preparada, pondo-se emmovimento primeiro as tropas de apoio. Chegará o momentoem que a Dama já estará pronta para a ação, e então suapresença representará uma autêntica ameaça contra os pontosfracos do campo inimigo, graças ao seu grande alcance epoder. Sendo capaz de atacar em todas as direções, basta-lheuma única jogada para criar ameaças múltiplas, que é aprincipal maneira de se obter vantagens materiais.



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Dama, essa peça maravilhosa !

Os principiantes, naturalmente, util izam a Damaexcessivamente - ou seja, mais do que deveriam - e istoporque a grande força2 dela lhes impressiona muito.Esquecendo-se de que o objetivo supremo do jogo de xadrez édar mate ao Rei inimigo, lutam desesperadamente para obter

vantagens materiais acima de qualquer outra coisa ; e paraalcançar este objetivo, querem desenvolver imediatamente asua peça mais forte - a Dama - de modo a causar, com o seuauxílio, o maior prejuízo possível ao adversário.

Fascinados pelo seu e levado valor, os princip iantesevitam trocá-la (ou seja, permitir sua captura em troca daDama do adversário) principalmente no início da partida.Parece-lhes que, sem ela, nada podem fazer ou que assim a

2 Como a Dama chegou a alcançar tal poderio, é um verdadeiro mistério.

Originalmente, era uma peça inferior, que movia-se apenas uma casadiagonalmente, como um Bispo de segunda categoria. Sua importância crescenteno xadrez parece que se deu em uníssono c om o papel cada vez maistranscendental das rainhas na história do ocidente.



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partida perde todo o interesse. No entanto, justamente devidoàs suas grandes qualidades, a Dama é a peça mais difícil dese manejar. O reverso da medalha é que um erro cometido

com a Dama pode ter consequências gravíssimas. Destamaneira, para o jogador relativamente inexperiente, talvez sejamais prudente fazer a troca das Damas logo no princípio do

jogo, diminuindo-se assim as posssibilidades de se equivocarfatalmente. A Dama, devido à sua versatilidade, parece realçaro brilho da partida e torná-la mais interessante. No entanto,isso também se dá com as Torres, os Bispos e os Cavalos. Dequalquer maneira, antes de aprender a se servir bem da Dama,convém aprofundar-se nas características da Torre e do Bispo,as duas peças cujos movimentos, unidos, constituem o daDama. O principiante deve aprender a manejar com eficiênciatodas as peças, e não apenas a Dama.

Poder-se-ia violar esses princípios diante de adversáriosinferiores ?

As decisões devem ser tomadas baseando-se no queocorre no tabuleiro, e não na força do seu oponente. Analisecada posição com objetividade e, em seguida, escolha ocaminho a seguir. Jamais efetue um lance que você reconhececomo fraco ou contrário ao espírito da partida em andamento.Não espere que o seu adversário não "veja" o que tencionafazer: jogue sempre o melhor que puder. Uma boa idéia é boatanto para o jogador forte como para o fraco. Uma partidag a n h a é e x a t a m e n t e i s s o : u m a p a r t i d a g a n h a ,independentemente da categoria ou força que você possui. Sevocê permitir que o subjetivismo tome parte no processo de

avaliação, toda a partida se ressentirá disso - você nuncachegará a ser um jogador forte. Fazendo jogadas ardilosas earriscadas, contando com um provável descuido do adversáriopara que o mesmo caia numa cilada, só faz com que a divisãocentral de seu exército fique totalmente desprotegida. Mesmoum principiante pode, de repente, "enxergar" a cilada e refutá-la completamente. Um bom enxadrista nunca dá umaoportunidade dessas ao seu rival, mesmo que este sejabastante inferior.

Esta regra, no entanto, pode admitir duas exceções:

1) No caso de um jogador de elevada categoria que tenhaanalisado cientif icamente o estilo de seu adversário e

descoberto nele certas tendências. Os soviét icos sãofavoráveis a este tipo de enfoque. Porém, mesmo neste caso,é a objet iv idade do jogador que o ajuda a explorar asubjetividade de seu adversário. Se este parece caminhar àder iva em determinados t ipos de posições, pode serconveniente para o primeiro jogador provocar o surgimento detais situações para tirar proveito das mesmas, ainda que elasnão sejam objetivamente as melhores para ele. Era isso que,com grande refinamento, fazia o Grande Mestre russo, ex-campeão mundial, Michail Botvinnik (1911-1995), quando seencontrava no auge de suas faculdades.2) Outra circunstância que permite o jogo subjetivo é a que sedá quando se está numa posição desesperada. Sendo a



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derrota inevitável pelas vias normais, pode-se tentar algumaoutra jogada inferior, se com isso prepara-se uma cilada para oadversário ou caso se criem dificuldades que o induzam a

descuidar algo ou a cometer algum erro. Na verdade, trata-se,neste caso, de uma tentativa objetiva por parte de um jogadorque já não tem mais nada a perder.

Nunca viole um princípio sem ter razões muito boas paraisso.

Faça jogadas coerentes com o que se passa no tabuleiro e

não de acordo com a categoria do seu oponente.

Ocasionalmente, faço um movimento inferior para vercomo o aluno reage no contexto da classe. Se ele explora omeu erro, terei aprendido algo sobre o seu jogo. Casocontrário, tratamos de averiguar, juntos, a razão. Alguns

estudantes se queixam de que isso serve apenas paraevidenciar descuidos triviais. Porém, é precisamente devido atais descuidos que eles perdem a maioria de suas partidas.Para evitar os erros faz-se mister saber, primeiro, porque elessão cometidos. Em concordância com o método do grandetreinador soviético Mark Dvoretski, sirvo-me dessas situaçõesfictícias visando conhecer melhor os meus alunos, para logoem seguida inundá-los de exercícios e problemas corretivosdestinados a curar-lhes de sua "cegueira". Assim, de umaforma amistosa, brindo-lhes com a oportunidade de expor àplena luz seu perfil enxadrístico.

Se o aluno explora o meu erro voluntário, volto a jogadae faço uma outra, a menos que me interesse ver como ele levaadiante o seu plano de vitória. Isto serve para mostrar, de umamaneira geral, como é a sua técnica. Se, por outro lado, o meuerro passa despercebido pelo aluno, eu o indago a respeito domesmo e peço-lhe que me explique porque respondeu ao meulance daquela maneira. Se suas razões forem obscuras ouinfundadas, passamos então a discutir o assunto até que tudofique bem esclarecido. E se ele não sabe porque respondeudaquela forma, é óbvio q ue joga sem nenhu m plano, umdefeito muito comum entre os principiantes.

Às vezes um pequenís simo erro de conceito já ésuficiente para frear o progresso de um aluno. Uma vezsuperada a dificuldade, porém, sua compreensão do jogo jápode desenvolver-se sem travas. A capacidade do aluno deformular suas próprias perguntas e averiguar o que se passa

em minha mente, é também muito útil. Descobrem-se assimcoisas surpreendentes, especialmente quando o aluno se dáconta de que eu não havia nem sequer me dado ao trabalho deconsiderar uma determinada idéia que ele julgava muitoimportante. Ele havia gasto suas energias em algo que nãovinha ao caso. Estas trocas de impressões são proveitosastanto para o discípulo como para o mestre.

Depois de 1.e4 e5 2.d4 exd4, as Brancas são forçadas aretomar com 3. xd4 ?

Não. Ao invés disso, podem sacrificar (veja a definiçãodeste termo na seção seguinte) um peão para ganhar tempo



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de desenvolvimento. Duas opções possíveis são: 3.c3 e 3. f3.Depois de 3.c3 e 3.dxc3 (as Negras também poderiam recusareste gambito e responder, por exemplo, 3... f6 ou 3...d5)

4. xc3 (diagrama 2.10), a compensação das Brancas pelopeão sacrif icado é que todas as suas peças podem sedesenvolver facilmente e com ameaças diretas. Além disso, opeão-e avançado e o Cavalo bem situado em c3 impõembastante respeito.

As Brancas poderiam também jogar 3. f3, ameaçandorecobrar seu peão no próximo lance com o Cavalo, e todaviapodem voltar a oferecer o gambito (veja a definição na seçãoseguinte) na quarta jogada mediante 4.c3. Ambas as idéiasconcedem ao Branco claras possibilidades de ataque, masacarretam necessariamente um jogo forçado e arriscado. Se asBrancas logram ou não atividade suficiente para compensar a

entrega do peão, é uma questão para os teóricos resolverem, enão os principiantes.

Depois de 1.e4 e5 2.d4 as Negras devem capturar o peãobranco ou defender o seu próprio peão ?

Aqui a jogada correta para as Negras é capturar o peãobranco, já que para manter a iniciativa, as Brancas terão quesacrificar, pelo menos temporariamente, um peão mediante3.c3 ou 3. f3. Se as Negras fossem jogar passivamente,certamente poderiam tentar 2... c6 para defender o peão-e,mas nunca 2...d6, já que isso levaria a uma troca de Damasdesfavorável para elas e boa para as Brancas: 3.dxe5 dxe54. xd8+ xd8. Com efeito, depois destas trocas, as Negras

perderam o direito de rocar e o seu rei ficou numa colunacentral, justamente onde ele fica mais vulnerável aos ataquesinimigos (estando o centro aberto, isto é, sem peões). Às vezeseste tipo de troca "cai bem", especialmente quando a partidase aproxima de sua fase final e os Reis ficam melhor situadosno centro do tabuleiro. Porém, na maioria dos casos issosignifica que as Negras terão que perder tempo levando o seuRei para um canto seguro, devendo portanto ficar sempre ematitude defensiva.

Não tema uma troca de Damas, quando com isso se obtémalguma vantagem concreta.



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Sacrifícios e gambitos

Chama-se sacrifício à entrega voluntária de materialcom o fim de obter uma vantagem maior do que a que seoferece, vantagem esta que pode ser um ganho meterial, umataque ao Rei inimigo ou algum o utro fator. Em geral, osacrifício está ligado a uma série de jogadas, que juntasformam o que chamamos combinação. Rudolph Spielmann,em seu li vro The Art of Sacrif ice in Chess3 escreveu: "Abeleza no jogo de xadrez é geralmente apreciada, e com muitarazão, segundo o número de sacrifícios que ela contém... Seuencanto é irresistível: o entusiasmo pelo sacrifício faz parte daprópria natureza do homem".

O gambito é uma entrega voluntária, geralmente de um peão,na fase da abertura, com o intuito de obter algum outro tipo devantagem, principalmente de tempo; pode ser, por exemplo,para conseguir um ataque, reforçar a própria iniciativa outomá-l a d o a d v e r s á r i o , m e l h o r a r o u a c e le ra r odesenvolvimento, etc.

O mais famoso de todos os sacri fícios de abertura é oGambito do Rei, uma verdadeira faca de dois gumes. Emboraconceda ao jogador que o oferece uma poderosa iniciativa,abre também, por outro lado, uma brecha na muralha protetorado Rei. Foi provavelmente por ser dotado de uma equilibrada

mescla de audácia e serenidade em seu caráter que algumasdas mais brilhantes vitórias obtidas com o Gambito do Reiocorreram com o russo Boris Spasski, ex-campeão mundial. OGambito do Rei é alcançado depois de 1.e4 e5 2.f4

E m Abinger Harvest, E.M. Fost er confe ssa suafascinação pelo Gambito Evans, colocado em prática pelaprimeira vez lá pelos idos de 1820 pelo Capitão William Evans,de origem galês. Neste gambito as Brancas sacrificam o peão-b para abrir linhas e exercer ação no centro. A. Foster gostavadesta agressiva abertura, porém carecia de conhecimentos

3 A arte do sacrifício no xadrez



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suficientes para conduzir o ataque com êxito. Eis aqui oGambito Evans: 1.e4 e5 2 f3 c6 3. c4 c5 4.b4.

Princípios do capítulo Faça jogadas coerentes com o que se passa no tabuleiro enão de acordo com a categoria do seu oponente.

Diante de um jogador mais fraco, não faça jogadasardilosas e arriscadas, contando com um provável descuido doadversário para que o mesmo caia numa cilada

Quando enfrentar um jogador mais forte, não creia que poderá igualar a partida limitando-se a imitar os lances dele.

Em geral a Dama só é posta em jogo depois das peçasmenores (Bispos e Cavalos) e do roque. Para colocar a Damaem jogo tão cedo, deve-se ter muito boas razões.

Não é bom atacar precipitadamente, com forças escassas.

Um ataque deve ser realizado com a ação conjunta de muitas peças (todas se possível).

Não tema uma troca de Damas, quando com isso se obtémalguma vantagem concreta.

Nunca deixe o rei numa coluna central aberta durante afase inicial da partida.

Nunca viole um princípio sem ter razões muito boas para

isso.



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O SEGUNDO LANCE

O segundo lance das Brancas

Não recomendo que se jogue 2.d4 depois de 1.e4 e5,mas, antes, que se faça uma preparação para se efetuar este

avanço mais tarde, começando-se pelo desenvolvimento doCavalo de Rei em direção ao centro, como fazem as Brancas:

As Brancas prosseguem com 2. f3.

Esta é, sem dúvida, a melhor jogada após 1.e4 e5. Comeste lance as Brancas não apenas desenvolvem uma peça emdireção ao centro, mas também ameaçam o peão-e5 negro, epraticamente determinam a resposta do adversário. As Negras,com efeito, não podem ceder um peão a troco de nada(especialmente se tratando de um peão cen tral ), ficando,portando, obrigadas a defendê-lo imediatamente ou a efetuarum contra-ataque adequado. Já examinamos um conhecidocontra-ataque, a Defesa Petrov (1.e4 e5 2. f3 f6), que

proporciona um jo go s atis fatór io q uand o co rreta menteconduzido. Para um principiante, porém, esta defesa é difícil,devido ao seu caráter estático (posicional). Esta defesa foi eainda continua sendo empregada em partidas sérias por

jogadores de altíssima categoria, tais como Vladimir Kramnik(ex-campeão mundial) e Viswanathan Anand ( campeãomundial). Mas es tes jogadores, obviamente, possuem umacompreensão do jogo muito mais profunda do que o amadormédio.



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Anand (esquerda) e Krammnik

Opções das Negras

Que tal defender o peão-e5 com 2...f6 ?

Esta é a p io r de fesa que as Negras têm à suadisposição. Não contribui com o desenvolvimento, priva oCavalo de Rei de sua melhor casa de saída (tanto h6 como e7oferecem menos alternativas ao Cavalo), debilita as diagonaish5-e8 e a 2-g8 (um Bispo situado nesta última diagonal,impediria o roque curto das Negras) e, em geral, proporciona

um péssimo jogo para as Negras. Evitem-se, durante a fase deabertura, jogadas desnecessárias e debilitadoras de peão,especialmente quando não se vê nesses lances nenhuma outravantagem que possa de algum modo justificá-las.

O lance 2...f6 é atua lmente conhecido como DefesaDamiano, assim denominada depois que o mestre português-italiano Damião, do século XVI, a analisou. Apesar de e le tercorretamente demonstrado, através de suas próprias análises,que se trata de uma defesa inferior, assim mesmo ela veio aser batizada com o seu nome. Damião foi um dos primeiros

jogadores a preconizar o centro clássico de peões. Eis aquidois de seus conselhos para se jogar bem: "Quando desfrutarde vantagem material, procure efetuar trocas de peças de



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mesmo valor" (mais adiante desenvolveremos esta idéia) e"Quando tiver encontrado um bom lance, procure por um outromelhor."

Outra forma de defesa é 2... d6. Que juízo ela merece?

Esta jogada desenvolve uma peça menor em direção aocentro, ao mesmo tempo em que protege o peão atacado, mastraz também consigo um sério inconveniente. Nesta posição oBispo bloqueia o peão-d, e já sabemos que uma das coisasque se tem por fazer na abertura é avançar os dois peõescentrais. Com o lance ...d5 as Negras podem abrir o centro,coisa indispensável se quiserem conduzir seu jogo de formaativa. Depois de 2... d6, as negras terão de encontrar outrosmeios de completar o desenvolvimento de seu flanco daDama, o que provavelmente lhes obrigará a perder tempo.

Vejamos: se as Negras tivessem jogado 2... d6 , o jogo

poderia continuar: 3. c4 f6 4. c3 c6 5.O-O O-O 6.d3(ver diagrama 3.4) e as Negras terão que perder uma jogadaou um tempo jogando 6.. . e7 ou 6.. . c5 de modo a obteruma posição em que seja possível desenvolver o seu peão daDama. Ou então terão que encontrar uma outra maneira decompletar o desenvolvimento da sua ala da Dama, o quetambém lhes obrigará a perder tempo. Por exemplo, se 6...b6,7. g5 (o Cavalo preto de f6 ficou cravado, isto é, não podemover-se sem expor a Dama preta a ser capturada pelo Bispobranco) 7... b7 (aqui ser ia mais natural 7. .. e7) 8 . d5(atacando mais uma vez o Cavalo preto que está cravado)8... e7 (prat icamente forçado, senão v ir ia : 9. x f6 gxf6[forçado] 10. h6 e as Brancas teriam conseguido romper a

barreira do roque preto, abrindo a coluna g para um ataque.Esta manob ra é v iáve l graç as à cravada [mais tardedesenvolveremos este assunto] do Cavalo preto de f6)9. xe7+ xe7 10. h4 d4 (jogar 10...h6?, numa tentativade combater a cravada, seria um grave erro, pois as Negrasperderiam a Torre: 11. g6 ! d8 12. x f8 hxg5 13. g6)11.f4 (ver diagrama 3.5), com enérgico ataque.



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Portanto, o Bispo não ficaria bem colocado em d6, ondeseu papel se reduziria literalmente ao de mero defensor do

peão-e5, além de ficar exposto aos ataques dos peões e peçasinimigas.

E sobre a defesa 2... f6, que dizer dela ?

Além de privar o Cavalo de sua melhor casa, este lanceviola os princípios gerais da abertura, já que desenvolvedesnecessária e prematuramente a Dama. Depois de 3. c3,por exemplo, as Brancas ameaçam perseguir Sua GraciosaMajes tade median te 4. d5 . Jogar 2 . .. f 6 ser ia u ti li zarart i lhar ia pesada demais para um alvo relat ivamenteinsignif icante. Por que recorrer ao general para quedesempenhe o papel de um simples soldado ?

Algo parecido se pode dizer de 2... e7 (diagrama 3.7).



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Se é certo que este último lance não priva o Cavalo desua excelente casa de desenvolvimento, impede, por outrolado, a saída do Bispo do Rei. É melhor desenvolver as peças

harmoniosamente, sem que uma obstrua o caminho da outra.Todas precisam trabalhar em equipe, sem se estorvaremmutuamente. Além disso, como já dissemos, não se deveabusar da Dama. Melhor é mantê-la de prontidão para quandoas circunstâncias realmente exigirem a sua presença. Vistoque aqui não se deu nada de especial, a saída da Dama éprematura.

E que tal defender com 2...d6 ?

Esta defesa é sem dúvida melhor do que as quatroanteriores (não contando a Defesa Petrov). Protege o peão-esolidamente, isto é, por meio de outro peão. Também libera avia para o desenvolvimento do Bispo da Dama. Seu único

inconveniente é que obstrui um pouco o desenvolvimento doBispo do Rei, limitando seu alcance imediato à casa e7. Destemodo as Negras obtém um jogo sólido, mas, de certa forma,restringido.

O movimento 2...d6 pode trazer também um outroproblema. Pode significar uma perda de tempo se mais tardeas Negras tiverem que jogar ...d5, movimento chave quegarante a igualdade para as Negras em muitas defesas. Emgeral esse avanço dá lugar à troca do peão -e4 branco pelopeão-d5 preto, dissolvendo completamente o centro eproduzindo uma partida mais ou menos igualada. Depois queas Brancas tiverem trocado seu peão-e pelo peão-d da sNegras, nenhum dos dois bandos terá peões no centro, e tanto

as peças de um como as do outro bando gozarão de plenaliberdade de ação.

U m leitmotif (tema dominant e) para as Brancas emmuitas aberturas do peão de Rei é o de impedir o avançolibertador ...d5 por parte das Negras. Enquanto isto não forpossível para as Negras, elas seguirão um pouco atrasadas emseu desenvolvimento ou disporão de menos espaço, quandonão ambas as coisas.

Se as Negras tiverem dois peões no centro contraapenas um das Brancas - como ocor re na Defesa Siciliana(1.e4 c5 2. f3 d6 3.d4 cxd4 4. xd4) - então a troca do peão-dnegro pelo peão-e branco deixará o segundo jogador com um



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peão no centro contra nenhum do adversário, dando-lhe assimmelhores possibilidades de controlar este setor do tabuleiro.

A sequência 1.e4 e5 2. f3 d6 const i tu i a Defesa

Philidor, nome que vem do grande enxadrista francês François André Danican Philidor (l726-l795).

O segundo lance das Negras

As negras prosseguem com 2... c6.

Este movimento trás uma série de vantagens:

Protege o peão-e5 atacado; Exerce ação nas casas centrais d4 (anticentro

clássico) e e5 Constitui ótimo lance de desenvolvimento; Não bloqueia nada, salvo o peão-c que não precisa

se mover nesta fase do jogo; Evita todos os riscos inerentes às outras defesas; Não enfraquece nada.

Pricípios do capítulo

Faça jogadas que contemplem múltiplos objetivos ( taiscomo desenvolvimento, ação central, ataque e defesa) e

evite aquelas que visam meramente um ataque ou umadefesa.

Desenvolva as peças harmoniosamente, fazendo-as

trabalhar em equipe, sem se estorvarem mutuamente.



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O TERCEIRO E O QUARTO LANCES

Peças menores

A té aqui , cada lado desenvolveu um Cavalo. Éaconselhável desenvolver de pronto os Cavalos? Geralmente,sim. Isto também se aplica aos Bispos.

Faz sentido desenvolver prontamente as peças menores(Cavalos e Bispos), já que são as mais fáceis de manejar.Depois do avanço do peão de Rei e do peão da Dama, todasas peças menores passam a dispor de boas casas para seinstalarem. A Dama, claro está, corre o r isco de f icarperigosamente exposta se for colocada em jogo muito cedo, e,quanto às Torres, pode levar algum tempo até se descobrir omelhor posto a ocuparem.

Que peças menores devem ser desenvolvidas primeiro,os Cavalos ou os Bispos? muito mais fácil desenvolveraqueles do que estes, devido à habilidade que os Cavalos têmde saltar. possível desenvolver ambos os Cavalos sem quenenhum peão tenha sido movimentado, ainda que isso fosse ir

longe demais com uma regra por demais sã.O Cava lo de Rei b ranco, por exemplo, quase sempreestá bem situado na casa f3, de onde domina simultaneamenteoito casas. Que mais se pode querer? De f3 poderá irposteriormente para postos ainda mais fortes no centro. Equanto aos Bispos, estes dispõem de uma gama mais amplade boas casas de saída do que os Cavalos. Por isso, podemesperar um pouco (ao menos uma ou duas jogadas) antes deentrar em ação. Como leva mais tempo para os Cavalos doque para os Bispos instalar-se em postos avançados, além deser menos comprometedor desenvolvê-los em primeiro lugar,se justificam, de uma maneira geral, os seguintes princípiosenxadrísticos:

Desenvolva as peças menores antes das peças maiores Desenvolva os Cavalos antes dos Bispos

Princípios do tipo "Cavalos antes dos Bispos" são úteisquando o jogador não tem uma idéia muito precisa do quedeve fazer. Ele então se pergunta: "Que princípios possoaplicar a este t ipo de situação?". Caso se encontre umprincípio que venha à propósito, já se terá dado um passoadiante. O jogador prossegue perguntando: "Este princípio seaplica realmente neste caso?". Seja qual for a resposta, oprincípio em questão já terá desempenhado um valioso papelao servir de trampolim para a jogada seguinte. Este é overdadeiro valor de um princípio: nos dar uma mão e ajudar-



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nos a pensar. Os princípios não têm caráter absoluto. Sãomeros pontos de referência e admitem exceções.

Para o que nos interessa aqui, torna-se útil dividir as

peças de xadrez (lembre-se qu e, no xadrez, peão n ão éconsiderado peça) em duas classes: peças menores (Cavalose Bispos) e peças maiores (Torres e Damas). Estas distinçõesse baseiam nos valores intrínsecos de troca dessas peças.

Assim, tomando o peão como unidade, teremos as seguintesequivalências:

Um Cavalo vale pouco mais que três peões; Um Bispo vale uma fração a mais do que um Cavalo

(embora em nível de pr inc i p iante, n ão é prá t ico verdesigualdade de valores entre Bispos e Cavalos);

Uma Torre vale aproximadamente cinco peões; Uma Dama vale aproximadamente nove peões.

O principal fator levado em conta para determinar estesvalores, é o número total de casas que a peça é capaz dedominar numa determinada situação. Observe que excluímoso Rei, já que a preservação do mesmo é absolutamentenecessária.

Um pouco mai s sobre o desenvolv ime nto das peçasmenores.

Mais adiante, quando falarmos sobre os princípiosrelativos ao roque, veremos que, em geral, é bom realizar oroque o mais cedo possível. O roque pequeno, quer dizer,aquele que se efetua com a Torre do flanco do Rei, é feito emmenos tempo porque a Dama não está no caminho que omonarca deve percorrer (como ocorre no caso do roquegrande). Para acelerar o roque, o melhor é desenvolver aspeças menores da ala do Rei antes das da ala da Dama,



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especialmente nas aberturas do peão de Rei onde o centro seabre logo em seguida, com o subsequente perigo para o Reique esteja passeando por essa região do tabuleiro.

Um esquema corrente de desenvolvimento para aspeças menores nas aberturas abertas (uma partida é do tipoaberta quando o centro não se encontra bloqueado por peõesque estorvam os movimentos das Peças) consiste em sair comelas segundo a seguinte ordem:

Em primeiro lugar, o Cavalo do Rei; Em segundo lugar, o Bispo do Rei; Em terceiro lugar, o Cavalo da Dama; Em quarto lugar, o Bispo da Dama.

Esta ordem não é absoluta, isto é, não se é obrigado aseguí-la sempre. Na prática, deve-se fazer o que pareça maisapropriado para cada caso. Porém, certo é que, na maioria das

aberturas do peão do Rei, as Brancas costumam pôr suaspeças em ação segundo esta ordem.

Terceira jogada das Brancas - A abertura Escocesa

As Brancas prosseguem com 3.d4.

Esta jogada pode ser feita sem que se corra o risco deperder um peão, já que se 3...exd4, as Brancas respondemcapturando o peão negro com seu Cavalo (4. xd4). Esta sériede jogadas (1.e4 e5 2. f3 c6 3.d4) recebe o nome de

Abertura Escocesa. Foi citada pela primeira vez em 1750 numlivro do mestre italiano Ercole del Rio. O nome "Escocesa" sedeve ao fato de ter sido praticada e analisada em váriostorneios e publicações de Edimburgo. Segundo Joseph Henry

Blackburne (1841-1924), esta abertura "dá origem ao tipo deposições que um jogador jovem deve estudar". Por outro lado,o Dr. Siegbert Tarrash, Grande Mestre alemão (1862-1935),costumava dizer que esta abertura era "brilhante e animada,porém à custa da solidez".

À primeira vista, a Escocesa parece proporcionar àsBrancas o domínio do centro e um rápido desenvolvimento.Seu incoveniente, porém, é que as Negras têm possibilidadesde contra-jogo atacando o peão-e4 branco. Além disso, comoas Negras não tiveram que fazer a jogada bloqueadora ...d6,gozam de bastante liberdade de movimentos. Também se lhesoferece a oportunidade de efetuar o lance libertador ...d5 numaúnica jogada (ao invés de fazê-lo em duas etapas, isto é,



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primeiro jogando ...d6 e depois ...d5), evitando, desta maneira,perder um tempo.

O terceiro lance das Negras e a resposta das BrancasEm nossa partida, as Negras tomam o peão-d4, 3...exd4,(diagrama 4.2) e as Brancas, por sua vez, capturam com oCavalo, 4. xd4 (diagrama 4.3)

As Negras não poderiam agora obrigar o Branco a exporsua Dama mediante 4... xd4 5. xd4 ?

Sim, as Negras podem atrair a Dama branca para ocentro, desta maneira. Mas, diferentemente da situaçãoanteriormente analisada (1.e4 e5 2.d4 exd4 3. xd4) agora asNegras não podem atacar a Dama inimiga com o Cavalo daDama, já que este se foi na troca efetuada no terceiro lance.

Ao não di spor em mais deste recu rso (de atacar a Damainimiga) para ganhar tempo, poderiam as Negras ganhartempo de alguma outra maneira, baseando-se também naposição exposta da Dama contrária?

Bem, a única forma concreta de se expulsar a Dama doposto que ela ocupa agora, é com 5...c5 (diagrama 4.6). Isto aobrigaria a retirar-se imediatamente do centro (com todaprobabilidade para a4, como mostra o diagrama 4.7). No



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O q ua r t o l a n c e d a s N e g ra s p o de r i a s e r 4 . . . c5,

ameaçando o Cavalo branco.

Neste caso, as Brancas podem responder 5. e3,defendendo o Cavalo e preparando uma cilada para as Negras.Qual é a ameaça das Brancas aqui ?

As Brancas ameaçam 6. xc6, capturando o Cavalo deDama negro com uma ameaça direta à Dama inimiga e umataque a descoberto* contra o Bispo de Rei negro, o qualencontra-se indefeso. Se as Negras jogam então a esperadacontra-captura (6...dxc6 ou 6...bxc6), as Brancas ganham umBispo mediante 7. xc5. Se as Brancas jogarem corretamentea partir daí, as Negras estarão totalmente perdidas.

Se as Brancas jogam mal depois de ganhar o Bispo,podem as Negras encontrar um meio de se recobrar e

vencer ?

Podem até chegar a se recobrar, se jogarem comtenacidade e, sobretudo se as Brancas jogarem ao acaso. Masa questão é justamente esta. As Brancas teriam que jogar forada sua vantagem. Ao avaliar uma posição, deve-se considerarapenas as forças e ações que se podem controlar. Se um doslados está com uma peça a mais e o outro não tem nenhumacompensação por isso (como é justamenteo caso aqui), o lado

*

No ataque a descoberto, não é a peça que acaba de se mover que ataca, mas uma outrapeça companheira cujo caminho ficou desobstruído com a retirada da peça que se moveu.



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com superioridade material com toda certeza ganhará a partida

se jogar bem (quer dizer, em 99 por cento dos casos). Se tudoo mais estiver equilibrado, o exército mais forte há de vencer. É

tudo muito simples.

Qual é a técnica para se ganhar quando se tem uma peçaa mais ?

A mesma que se usa sempre que se dispõem devantagem material: trocar peças. Isto não apenas faz realçar avantagem (sim, pois trocando-se peça por peça com eficiência,o único sobrevivente será a peça extra pertencente ao bandomaterialmente superior), mas também reduz as possibilidadesde contra-jogo por parte do adversário. Se a este último nãosobra nenhuma peça, não pode atacar. Portanto, repetimos: Dispondo de vantagem material, troque peças (não

necessariamente peões) para vencer.

Qual o incoveniente de se jogar 4. .. b4 ao invés de

4... c5 ?

São muitos. Este lance desenvolve uma peça, mas nãode maneira útil. Dá xeque, mas não ameaça nada. As Brancaspodem defender-se do xeque mediante 5.c3 e obrigar o Bispoa mover-se novamente, perdendo com isso um tempo. Umxeque não é necessariamente uma boa jogada. Um mau xequepode fazer perder tempo, e até mesmo a própria partida. Porsua aparência contundente, os xeques exercem um atrativoirresistível sobre muitos jogadores.

Mas é sempre bom lembrar que os xeques "automáticos"

não servem para nada, e em certas ocasiões levam à perda dapartida. Suponhamos, por exemplo, que uma de nossas peçasesteja atacada e que, ao invés de nos opormos à ameaça,decidamos dar um xeque ao Rei inimigo. Se o nossoadversário responde ao xeque com uma jogada que encerraem si uma outra ameaça (como um movimento do Rei queataca outra de nossas peças ou peões), teremos então quefazer frente a duas ameaças simultâneas: a nova e aquela quedescuidamos anteriormente. O mais provável é que sópossamos resolver um dos problemas, e não ambos ao mesmotempo. Portanto, não se devem dar xeques só porque podemser dados. O xeque (assim como qualquer outra jogada) deve



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ser necessário ou útil para a concretização de algum objetivoou plano.

Não se devem dar xeques sem sentido.

A quarta jogada das NegrasDepois de 1.e4 e5 2. f3 c6 3.d4 exd4 4. xd4:

Como dizíamos antes, ao falarmos da AberturaEscocesa, as Brancas parecem ter preponderância no centroao ocupar com um Cavalo e com um peão duas casascentrais. As Negras, por sua vez, não tem nada no centro, masatacam, com seu próprio Cava lo, o Cavalo -d4 branco (nomomento defendido). Além disso, no seu próximo lance, asNegras podem tentar tomar um pouco a iniciativa com umataque ao peão-e4 branco.

As Negras jogam 4... f6.

As Negras agor a de senvolvem uma nova peça emdireção ao centro, e o fazem com ganho de tempo, já queameaçam capturar o peão-e4 branco.


Desenvolva as peças menores antes das peças maiores Desenvolva os Cavalos antes dos Bispos Dispondo de vantagem material, troque peças para vencer. Não se devem dar xeques sem sentido.



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O QUINTO LANCE

Opções das Brancas ⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯⎯

As Brancas ponderam sobre quatro respostas possíveis.

Defender o peão mediante 5.f3, 5. d3 ou 5. c3, ou entãotrocar primeiramente os Cavalos em f6 para só em seguidaocupar-se da defesa do peão. Examinemos cada uma dessas

opções:Que tal 5.f3 ?

Este lance apresenta quase tantos problemas quanto osdo seu irmão gêmeo ...f6 das Negras. Faz perder um tempopor não desenvolver uma nova peça, e tampouco abre vias quepermitam às peças companheiras entrar em jogo (como ofazem os peões e e d quando avançam).

Também enfraquece a diagonal h4-e1, facilitando oacesso ao Rei. Se as Brancas fizessem o roque agora, omonarca ficaria vulnerável aos ataques inimigos via diagonalg1-a7 (por exemplo, de um Bispo negro situado em c5).Finalmente, este lance tampouco neutraliza de fato a ameaça.

As Brancas desejam manter seguro o seu peão-e enquanto

dispõem seu exército em ordem de combate, mas com istoelas não o conseguem, como veremos a seguir. A partida que segue, disputada numa classe soviética

entre alunos de onze anos durante uma visita minha em 1984,é uma boa ilustração do que pode ocorrer quando as Brancasescolhem a defesa 5.f3:

1.e4 e5 2. f3 c6 3.d4 exd4 4. xd4 f6 5.f3 c5(apoderando-se imediatamente da diagonal debilitada) 6. b3?

(abrindo desnecessariamente a diagonal; melhor seria 6. e3,ameaçando ganhar uma peça depois de capturar em c6)

6... b6 7. b5 ? (ataque inútil ao Cavalo) 7...O-O (aqui asNegras já poderiam ter sacrificado em e4, abrindo a já

debilitada posição das Brancas) 8. xc6? (outra jogada sem



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sentido, que piora a situação das Brancas por conceder aoBispo de Dama negro a oportunidade de ocupar a importantediagonal a6-f1) 8...bxc6 9.a4? (esperando pregar uma cilada ao

Bispo negro por meio de 10.a5, porém à custa dodesenvolvimento e, como se verá, da própria partida em si)

9... xe4 10.fxe4 h4+ 11.g3 xe4+ 12. d2 (era melhor

11. e2, o que também não evitaria a derrota) 12... e3 mate.

Então, que tal 5. d3 ?

Aqui o problema é diferente. Ainda que esta jogada nãoseja ruim em si mesma, dá trabalho desnecessário à Dama. Nacasa d3, a Dama bloqueia a saída do Bispo de Rei branco,ficando a própria dama sobrecarregada com a defesa dascasas d4 e e4. Deve-se procurar não utilizar tanto a Damadurante a fase de abertura. Sendo possível, desenvolvem-seprimeiramente as peças menores, depois do que a participaçãoda Dama na luta será muito mais eficaz quando houver

chegado a hora.



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E jogar previamente 5. xc6?

Esta é realmente uma continuação forte. As Brancaspodem jogar 5. xc6 antes de defender o peão-e, porque aresposta das Negras, quer dizer, recobrar a peça capturada, épraticamente obrigatória. Do contrário, o segundo jogadorperderia material, isso para não falar da ameaça que estápesando sobre sua Dama. Assim, depois de 5...bxc6, porexemplo, as Brancas podem defender seu peão de Rei. Sendoas primeiras a trocar, não perdem tempo e, na realidade,facilitam a defesa de seu centro, pois agora já não precisammais se preocupar em proteger o Cavalo que estava em d4.Daqui se deduz o seguinte princípio:

• Pode-se muitas vezes ganhar tempo trocando-se peças.

Por esse meio é possível se livrar da necessidade de terque fazer algo, como, por exemplo, proteger uma peça.Trocando-se a peça atacada, não será mais necessárioocupar-se dela, e se com a troca obtém-se um valorequivalente, não haverá nenhum prejuízo. Depois da troca, apartida pode seguir normalmente o seu curso.

Uma limitação deste princípio se dá no caso em que atroca favorece o bom desenvolvimento ou a boa disposição daspeças ou peões adversários. Então não se teria ganho, massim perdido um tempo. Por exemplo, se for trocada uma peçadesenvolvida por uma inimiga que ainda não se desenvolveu,ou se na troca uma peça inimiga é desenvolvida, se terá



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perdido um tempo. Que não se façam trocas sem um propósitodefinido. Uma boa troca pode fazer ganhar tempo. Uma mátroca pode fazer perder tempo.

O movimento 5. xc6, feito antes de se ocuparefetivamente da ameaça ao peão-e4, com a idéia de poupareste peão por mais um lance ainda, se conhece pelo nome dezwischenzug (termo alemão que significa "jogadaintermediária"). Com efeito, esta jogada foi feita dentro de umasérie de outros movimentos, como se estivesse "entreparêntesis", isto é, sem que a série fosse necessariamenteafetada. Este nome de "jogada intermediária" costuma seraplicado a lances feitos por iniciativa própria dentro de umasequência de respostas aparentemente forçadas. Isto, emgeral, surpreende o adversário, embora não possamos dizerexatamente isto de 5. xc6.

Uma conhecida continuação após 5. xc6, é a que GaryKasparov jogou duas vezes contra Anatoly Karpov em 1990

para defender o seu título mundial: 5...bxc6 6.e5 (se 6. d3,

segue-se 6...d5 7. d2! c5 8.O-O O-O 9. f3 g4 10.exd5

d6; ou então 6...d5 7.e5 g4 8.O-O c5 9. f4 f6 10.exf6

O-O! com excelente posição para as Negras) 6... e7 7. e2

d5 8.c4 a6 9.b3. Cento e dez anos antes desta partida,esta mesma continuação ocorria numa disputa em Londresentre os dois maiores jogadores daquela época: Steinitz eZukertort.

Garry Kimovich Kasparov, nascido em 13 de abril de1963 na cidade deBaku no Azerbai-

jão, é grande mes-

tre de xadrez rus-so e ex-campeãomundial. Kasparovtornou-se o mais

jovem campeão domundo aos 22anos de idade, em1985. Manteve otitulo oficial decampeão pelaFederação Inter-nacional deXadrez (FIDE) até

1993, quando, devido a um desentendimento com aFIDE, resolveu se desvincular da Federação eestabelecer uma organização rival, a PCA . A partir daí,continuou mantendo o seu título até o ano de 2000,quando foi derrotado por Vladimir Kramnik. Apesar daderrota, Kasparov continuou ostententando o maior rating(pontuação) da história do xadrez desde 1986 até o diaem que decidiu se aposentar do xadrez profissional em10 de março de 2005. Kasparov é considerado o maior

jogador de xadrez de todos os tempos.



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A quinta jogada das Brancas e a resposta das Negras

Como dizíamos, para as Brancas é vantajoso continuarcom 5. xc6, porém elas não o fazem. Ao invés disso, decidem

proteger de imediato o peão-e4 com um lance que desenvolveuma nova peça em direção ao centro:

As Brancas prosseguem com 5. c3. As Negras, por sua vez,

respondem com 5... b4.

Além de preparar o roque, esta jogada das Negrasameaça alguma coisa? Sim, ataca o Cavalo de c3, emborapara muitos jogadores parece não haver nenhuma ameaçareal, já que este Cavalo está suficientemente protegido pelopeão-b2. Mas este é apenas um aspecto da questão. Narealidade o Bispo pregou o Cavalo. Agora ele não pode se

mover, visto que isto iria expor o seu Rei ao ataque da peçainimiga. Seria uma jogada ilegal.

O que é uma pregadura?

A pregadura é um dos cinco principais artifícios táticosempregados no xadrez. Os outros quatro são o garfo, o espeto(ou ataque raio-x ), o ataque a descoberto, e a neutralização dadefesa. A pregadura é a tática pela qual uma peça ataca duasinimigas ao longo de uma mesma linha (fila, coluna oudiagonal), de tal modo que se a primeira peça atacada semove, a que estava atrás fica exposta à captura. Em todapregadura, a primeira peça (a que está "pregada") tem menosimportância do que a que está atrás.

Assim, no diagrama 5.7, dizemos que a Torre prega oBispo ao Rei, ou que o Bispo está pregado ao Rei pela Torre.O ponto principal aqui é que a peça situada "na frente" estáperdida. Ela simplesmente não pode mover-se. Isto porque, nocaso particular aqui mostrado, dá-se uma pregadura absoluta. Uma pregadura relativa está ilustrada no diagrama 5.8. Nestecaso, as Negras até podem mover a Torre pregada, seestiverem dispostas a sacrificar a Dama. Mas se se tratasse deuma pregadura absoluta (como no diagrama 5.7) elas nãopoderiam mover a peça pregada, mesmo que quisessem.



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Como uma peça absolutamente pregada não podemover-se, mesmo quando sofrendo sucessivos ataques,parece ser razoável não capturá-la imediatamente. Melhor é iraumentando a pressão mediante a ameaça de novas forças,sobretudo de peões. Daí se deduz o seguinte princípio:

• Procure atacar repetidamente uma peça (ou peão) queesteja pregada, até que seja possível capturá-la com vantagem

desde que se tenha tempo para isso e as circunstâncias o permitam.

O diagrama 5.9 ilustra como é possível acumularameaças sobre uma peça pregada. Em lugar de se limitar aganhar a qualidade (ganhar uma Torre por uma peça menor)capturando imediatamente a Torre-c6 negra com o Bispo-a4(Bxc6?), as Brancas devem adiantar o peão-d (d5!) atacandonovamente a impotente Torre.

Assim, para capturar a Torre, as Brancas terão apenasque ceder um simples peão, e não um Bispo. É exatamenteesta ameaça de se atacar a peça pregada com peças demenor valor que confere à pregadura seu poder especial .


• Deve-se procurar não utilizar tanto a Dama durante a fasede abertura

• Procure atacar repetidamente uma peça pregada, até queseja possível capturá-la com vantagem.

• Pode-se muitas vezes ganhar tempo trocando-se peças.



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O SEXTO LANCE

Voltemos à nossa partida. O Cavalo de c3 estáabsolutamente pregado ao Rei branco. Conclusão: já nãodefende mais o peão-e4, o que significa que as Negrasameaçam mais uma vez capturá-lo (... xe4).

Várias coisas devem ser observadas aqui.

Primeiramente, o Bispo-b4 negro, ao pregar o Cavalo inimigo,está, em última análise, atacando o peão-e4. Lembre-se: osBispos podem atacar casas de cor oposta, ameaçando peçasque defendem estas casas (especialmente os Cavalos). Outroponto a observar é como isso afeta o controle do centro. Tendo

já visto como se pode ocupar ou defender o centro,descobrimos agora um terceiro procedimento para lutar por ele:atacar ou expulsar as peças inimigas que o guardam. Influirdesta maneira no centro pode ser tão vital quanto ocupá-lo oudefendê-lo.

Como as Brancas irão agora salvar o seu peão-e4? Jáanalisamos (no capítulo 5) as jogadas f3 e d3, que aindacontinuam sendo tão deficientes como o eram há uma jogada.

Outra possibilidade é 6. d3. Trata-se de um bom lance dedesenvolvimento, mas que apresenta aqui um grandeinconveniente: bloqueia a defesa da casa d4 feita pela Dama.

Existe algum meio de neutralizar a ameaça que pesasobre o Cavalo-d4, que permita desenvolver o Bispo para d3,defendendo ao mesmo tempo o peão-e4?

Se as Brancas retiram seu Cavalo d4, digamos parab5 ou b3, perdem um tempo, e as Negras tranquilamentetomam o peão (... xe4). O mesmo sucederia depois de6. e3, defendendo diretamente o Cavalo: as Negras teriamtempo para capturar o peão. A única jogada possível aoCavalo-d4, sem que haja perda de tempo, é trocá-lo pelo dasNegras mediante 6. xc6. Depois da contra-captura natural



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e praticamente forçada por parte das Negras (6...bxc6 ou6...dxc6), as Brancas podem levar à diante seu plano dedefender o peão-e4 com o Bispo de Rei. Esta troca,

provocada pelas Brancas, entra na categoria das chamadas“jogadas intermediárias” (Zwischenzüge)

• Recorda o princípio: Trocar para ganhar tempo.

A questão agora é a seguinte: Como as Negras devemrecobrar a sua peça? Mediante 6...bxc6 ou 6...dxc6 ?Examinemos em primeiro lugar a jogada 6...dxc6.

Uma vantagem de se capturar com 6...dxc6 é que asNegras mantém seus peões divididos em apenas dois grupos(grupo 1: h7,g7,f7 e grupo 2: c6,c7,b7,a7). Depois de 6...bxc6,os peões ficariam divididos em três grupos: (h7, g7, f7 ); (d7,c6, c7) e (a7). Em geral é melhor ter peões reunidos no menor

número possível de grupos (ilhas de peões como se costumachamá-los no xadrez).Contudo, o lance 6...dxc6 tem o incoveniente de permitir

às Brancas a troca de Damas em condições desfavoráveispara as Negras. De fato, depois de 7. xd8+ xd8, asNegras terão perdido o direito ao Roque, ficando o seu Reiexposto e vulnerável no centro (diagrama 6.3).



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Em geral, as capturas devem ser feitas quando aomesmo tempo se abrem vias para o desenvolvimento das

próprias peças em direção ao centro. Naturalmente, o lance6...bxc6 também abriria uma via para o Bispo de Dama, adiagonal c8-a6, mas normalmente a mobilidade é maiorquando as peças (não necessariamente os peões) sedesenvolvem para o centro. Note-se, em especial, como seabrem as colunas centrais com 6...dxc6, ao mesmo tempo emque se abre uma via para o Bispo de Dama. Sem dúvida, olance 6...bxc6 também proporcionaria uma coluna aberta, acoluna b, que poderia eventualmente ser utilizada pela Torrede Dama negra. No entanto, quando se captura com vistas amelhorar a mobilidade, com frequência aumenta-se o númerode ilhas de peões. E já sabemos que quanto maior aquantidade de ilhas, pior é a estrutura de peões. É na fase finalda partida, quando a debilidade dessa estrutura é sentida maisintensamente, que essas ilhas desempenham um papel mais

importante na partida. O jogador que possua essas ilhas deve, portanto, evitar o final, ao passo que o seu adversário devebuscar a simplificação1.

Em fim, tudo se reduz a se pesar os prós e os contras decada jogada, quer dizer, a considerar o que se obtém em trocadaquilo que se dá. Curiosamente, a melhor jogada para asNegras aqui é 6...bxc6, que evita a perigosa posição expostado Rei preto.

Uma pausa: os princípios de Steinitz

A teoria de que a partida de xadrez gira em torno de umdelicado equilíbrio de forças e elementos, foi formulada pela

primeira vez pelo mestre vienense Wilhelm Steinitz (1836-1900). Para se obter vantagem em um desses elementos,deve-se ceder algum outro tipo de vantagem de valor igual ouaproximado (em outras palavras, nada se obtém de graçanuma partida de xadrez bem equilibrada).

Ganhar um peão pode facilmente custar vários temposde desenvolvimento. Em geral, ter-se-á que manobrar com apeça atacante para se aproximar do objetivo, em seguida

1 Simplificar, no xadrez, significa trocar peças com vistas a obter uma

situação favorável no tabuleiro, como por exemplo, conduzir a partida

imediatamente para a fase final. (N.T.)



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capturar o peão, e, por último, retirá-la para um local seguro.Neste caso, a captura do peão terá custado, no mínimo, trêstempos. Portanto, em troca da vantagem material, cedeu-se

outra vantagem, mais ou menos equivalente, em forma detempo. O adversário pode, entretanto, ter aproveitado aocasião para montar um ataque, graças à iniciativa que lhe foidada de bandeja. Neste caso, vale perguntar: terá valido apena todo o esforço para se capturar um peão?

Steinitz percebeu que a vantagem, globalmenteconsiderada, depende de toda uma série de fatores, se bemque, num dado momento qualquer, um determinado fator podeser mais importante que outro. Esses fatores, que tendem aflutuar, são basicamente de dois tipos: tangíveis e intangíveis.Vantagem material e vantagem na estrutura de peões (amaneira em que os peões se encontram dispostos no tabuleiro,tendo em conta a sua debilidade ou fortaleza, e de que formapodem gerar harmonia ou ausência desta entre as peças) sãodois fatores tangíveis. A menos que ocorra uma revolução sériana posição, os fatores tangíveis se mantêm invariáveis durantetoda a partida. Por outro lado, uma vantagem dedesenvolvimento é transitória (ou intangível). Se não foraproveitada imediatamente, definhará à medida que o inimigofor pondo em jogo as peças ainda não desenvolvidas.

Um fator chave na abertura, como já temos dito, é o fatortempo, ou, mais especificamente, a iniciativa. As Brancasprocuram converter sua mínima vantagem inicial em algoconcreto, mantendo a iniciativa, enquanto que as Negras, porsua vez, esforçam-se por igualar as condições de jogo,apoderando-se elas mesmas da iniciativa. Neste combate, os

jogadores modernos, em especial os da escola soviética, não

vacilam diante de quase nada... contanto que funcione! Não sófazem sérias concessões, aceitando debilidades e cedendoespaço, senão que, em geral, embarcam em arriscadossacrifícios materiais, como gambitos de peões e até mesmo depeças!

Tudo bem, mas como se vence uma partida de xadrez?

Nossa resposta poderá parecer absurda, mas o fato éque se ambos os lados jogam com precisão, nenhum delesprovavelmente será capaz de ganhar meramente efetuandolances forçados e diretos. Isto porque tudo que um jogadorfizer, será contrabalançado pelo outro, mantendo-se, assim, o

jogo sempre equilibrado. Teoricamente, a partida deveriaterminar empatada (talvez um dia o computador prove ocontrário).



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No entanto, quando se joga xadrez, o que se quer é avitória e não o empate.

Mas, para ganhar é preciso que você siga uma linha deação que vá aumentando gradativamente as suas chances devitória. Steinitz lançou a idéia de jogar com vistas à obtenção

Mate em 47 lances!!!



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O que é um ataque à descoberto?

Dá-se o nome de ataque à descoberto à tática queconsiste em retirar de uma determinada linha (horizontal,vertical ou diagonal) uma peça, de tal forma que uma outra, demesma cor, cujo caminho estivera até então bloqueado, passe,agora, a atacar uma peça inimiga. Apesar de a peça que atacaà descoberto ser aquela que não se move, a que se movepode também ameaçar algo importante. Quando a peça fixaataca o Rei inimigo, temos um xeque à descoberto. Nestecaso, a peça móvel tem praticamente carta branca para atacarou capturar qualquer coisa, pois o inimigo terá de atender àprioridade do xeque. Se ambas as Peças dão xequesimultaneamente, então temos um xeque duplo. Esses ataquesprovocam às vezes uma verdadeira catástrofe nas fileirasinimigas.

No diagrama a seguir, as Brancas dão mate em umlance mediante 1. b5 ( xeque duplo e mate). Torna-seimpossível às Negras escapar a ambos os xeques com umúnico lance.

Debilidades

Ao se iniciar uma partida, ambos os lados dispõem depeças quantitativa e qualitativamente iguais, sem alteraçõesestruturais na posição das mesmas. Não há fraquezas denenhuma ordem. Na posição inicial não há, pois, debilidades.

A debilidade aparece no transcorrer da partida; suacriação no campo inimigo será a primeira etapa que nos levará

à vitória. Daí dever-se jogar intensa e pacientemente parausufruí-la, impedindo, ao mesmo tempo, o adversário derealizar combinações imprevisíveis que visem à eliminação doponto débil.

Cumpre frisar que não é a força de um lado quedetermina a característica ou delineamento da partida, senão adebilidade do lado contrário.

Debilidades estruturais

Uma das coisas de que trata o xadrez posicional é o quechamamos debilidade. Existem dois grandes grupos dedebilidades: 1) Debilidades transitórias (ou debilidades de



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peças) e 2) Debilidades permanentes (ou debilidades de peõesou ainda debilidades estruturais). O primeiro grupo refere-seaos pontos ou setores do tabuleiro que são taticamente

vulneráveis apenas devido a razões circunstanciais imediatas.Consiste, em geral, na disposição desfavorável (suscetível deataque, ou de aproveitamento) de uma ou mais peças (nãopeões). Quanto mais valiosas sejam essas peças (por suaqualidade intrínseca, ou por sua função naquele momento),mais perigosa é essa debilidade. Apresenta, igualmente,debilidade transitória, a posição congesta, restringida, que umlado possui, quando foram desprezados os princípiosfundamentais do desenvolvimento das peças e do domínio docentro. Esta debilidade determina, para o lado contrário, avantagem da maior mobilidade de peças, que, em geral, éusada para um ataque. Diz-se transitória porque, havendotempo, ou quando o adversário não se apressa em aproveitá-la, a debilidade pode desaparecer, em virtude de trocas depeças ou de ampliação e maior movimentação das peçasprimitivamente restringidas. As debilidades transitórias nãodevem ser levadas em conta quando se elaboram planos delongo prazo. Em geral, devem-se explorar essas debilidadesimediatamente, antes que o adversário resolva o problema,defendendo o ponto frágil, retirando a peça mal situada, etc.

O segundo tipo de debilidade é a de ordem estrutural, e aeste tipo se refere a maioria dos enxadristas ao usar o termo"debilidade". A isso se referia Steinitz ao expor suas teoriassobre o xadrez posicional. Na partida posicional, deve-setrabalhar para a formação e utilização das debilidadesestruturais. Concretamente, este termo refere-se a peões malposicionados. As debilidades estruturais são exclusivamente

resultantes da configuração defeituosa de peões (peõesisolados, atrasados, dobrados, etc.). Tais peões já não podemmais defender determinadas casas, seja por estarem muitoavançados, ou por terem perdido sua capacidade de proteção(quando se encontram pregados, por exemplo). Como asdebilidades estruturais tendem a ser permanentes, deve-selevá-las em conta ao se formularem planos de longo prazo.

Um dos exemplos básicos neste campo é o peão isolado,em geral desvantajoso por não poder mais ser defendido poroutros peões, mas principalmente pelo fato de a casa situadaimediatamente à sua frente poder ser ocupada sem dificuldadepor peças inimigas (preferencialmente um Cavalo). Sem outropeão ao seu lado que defenda tal casa, não há nada que

garanta a expulsão dali da peça bloqueadora. Este é o nomeque se dá às peças instaladas imediatamente à frente de umpeão isolado, enquanto que o conceito, propriamente dito, deocupação se chama bloqueio.



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Neste diagrama temos quatro peões isolados: doisbrancos e dois negros. Os primeiros se encontramrespectivamente em d4 e f5, e os segundos, em b6 e b7. Ospeões isolados negros estão dobrados na coluna b. Neste caso

dizemos peões dobrados isolados. As Brancas também têmpeões dobrados na coluna b, só que estes não estão isoladosporque possuem, na coluna-a adjacente, um parceiro, o qualpode defender qualquer um dos dois quando se fizernecessário. O diagrama mostra também uma cadeia de peões"sadios", que são exatamente os peões negros situados nascasas e7, f7 e g7. Estes são chamados peões ligados, porocuparem colunas contíguas.

O diagrama 6.7 permite ver como uma peça bloqueadora(neste caso, um Cavalo) pode instalar-se sem riscos em frenteao peão isolado (o peão-f4 branco). Para expulsar este Cavaloda casa que ocupa, as Brancas precisariam de um peão em

qualquer das duas colunas adjacentes, isto é, as colunas e oug.Não obstante, vezes há em que o peão isolado pode

apresentar certas vantagens que compensam sua debilidade.De fato, algumas aberturas têm por objetivo criar um peãocentral isolado. Em tais casos, o jogador que aceita adesvantagem inerente a este tipo de peão, não o faz sem crerque isto lhe proporcionará mais espaço, o domínio de postosavançados úteis ou a possibilidade de embargar a posiçãoinimiga.

Talvez o melhor exemplo de uma debilidadeacompanhada de vantagens compensadoras seja ilustradopelo complexo formado pelos peões dobrados. A despeito de



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seus óbvios inconvenientes, o surgimento de peões dobradosem geral anuncia a criação de linhas abertas (especialmentequando decorre da entrega de um Bispo por um Cavalo),

criando-se assim maiores oportunidades de ataque. Nãoqueremos com isso dizer que os peões dobrados não sejamintrinsecamente débeis. Eles são. Porém, como tudo o maisem xadrez, eles devem ser avaliados levando-se emconsideração os demais fatores da posição. Há de fatosituações em que os peões dobrados se tornam superiores aospeões considerados “sadios”.

Existem ainda outros tipos de peões débeis: peõesatrasados, peões dobrados isolados, peões triplicados, peões

pendentes, etc. Em todos estes casos, a debilidade está naimpossibilidade de se proteger certas casas, seja de formaabsoluta, ou por razões práticas que impedem de fazê-lo.

O sexto lance das Negras

As Negras jogam 6...bxc6.

Esse lance evita a troca de Damas, mas também cria, nacoluna-a, um peão isolado, o qual pode tornar-se uma sériadebilidade no final da partida. No entanto, a partida ainda seencontra na fase de abertura, e certos fatores como peões deTorre isolados, não têm grande relevância. Reiteramos, maisuma vez, que o valor dos diversos fatores varia segundo ascircunstâncias. A captura efetuada sugere um novo princípio:quando for possível capturar com dois peões, um que sedirigirá para o centro e outro em sentido contrário, capture-seem direção ao centro, como fazem aqui as Negras. A principalvantagem deste procedimento é que se situam no centro vários

peões negros, proporcionando-se assim uma ótimaoportunidade de se dominar este importante setor do tabuleiro.Em geral, quanto mais peões se têm no centro, maiores são as

possibilidades de se controlá-lo. Capturar desta forma tambémevita criar um desequilíbrio na estrutura de peões favorável àsBrancas e desvantajoso para as Negras.

Maioria de peões

Quando num determinado setor ou flanco do tabuleiro,se têm mais peões do que o adversário, diz-se que há umamaioria de peões neste setor. As principais vantagens paraaquele que a possui, são um melhor domínio do



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correspondente setor do tabuleiro e a possibilidade de se criarum peão passado (trata-se de um peão cuja marcha para apromoção em Dama, ou outra peça, já não pode ser impedida

por nenhum peão adversário). Se jogassem 6...dxc6 (verdiagrama 6.9), as Negras concederiam ao seu adversário oequivalente a um peão a mais. Compare as duas posiçõesabaixo.

As Brancas, no diagrama 6.9, têm quatro peões contratrês das Negras no flanco do Rei, isto é, as Brancas têmmaioria de peões na ala do Rei. Jogando corretamente,poderão obter um peão passado na coluna e. Para avançaresses peões, deve-se seguir a regra de Capablanca: avançar

primeiro o peão que não tenha diante de si nenhum peãoinimigo. Este peão é o que provavelmente se transformará emDama, e por isso chama-se candidato.

Até este ponto da nossa análise do diagrama 6,9, as

Brancas estão com um peão a mais (no flanco do Rei). Noflanco da Dama, no entanto, são as Negras que têm um peão amais. Mas, possuem também peões dobrados na coluna c, demodo que seus quatro peões podem ser detidos, em seuavanço, pelos três peões Brancos. Ou seja, esse peão extradas Negras não traz nenhuma vantagem. Conclusão: naprática, tudo se passa como se as Brancas levassemefetivamente a vantagem de um peão (o peão extra da ala doRei). Dessa maneira, capturar incorretamente, criando umdesequilíbrio favorável ao adversário, pode equivaler aconceder ao mesmo a vantagem de um peão. Agora, a captura6...bxc6 (diagrama 6.10), apesar de também criar um peãodobrado na coluna c, anula, por sua vez, a possibilidade de as

Brancas conseguirem um peão passado na coluna e. Depoisde 6...bxc6, não será fácil conseguir obtê-lo à força.Outra vantagem de se capturar em direção ao centro

(6...bxc6) é que as Negras abrem a coluna-b para sua Torre.No momento oportuno, levarão a Torre até b8, ameaçandocapturar o peão-b Branco (se estiver sem a defesa defesa doBispo-c1), ou obrigando as Brancas a adotar medidasespeciais para poder sair com seu Bispo (já que se este semove, estando o peão-b atacado pela Torre negra situada emb8, o peão ficaria "no ar 2").

2 Significa “sem apoio”, sem defesa. (N.T.)



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A maneira habitual de defender este peão-b branco éavançá-lo uma casa para que assim fique defendido pelospeões vizinhos. Só que isto traz um inconveniente. Com o peão

em b3, e não mais em b2, as casas a3 e c3 tornam-se fracas ou débeis. Por não estarem mais protegidas por nenhum peão,ficam acessíveis às forças Negras. Finalmente, em algumasposições, estando a Torre em b8, esta pode ser rapidamentetrasladada para o campo de batalha, levando-a para b4,atacando, desta forma, o peão-e branco.

Domínio de linhas abertas

Bispos, Torres e Damas são peças de longo alcance.Podem causar prejuízos mesmo à distância. Essas peçasestão sempre em busca de linhas abertas, isto é, fileiras,colunas e diagonais não obstruídas por peões companheiros(Diz-se que se domina ou controla uma linha, quando se ocupa

a mesma com uma peça que pode mover-se livremente aolongo dela).

É muito importante obter o domínio de linhas abertasantes que o adversário o faça. Domine uma dessas linhas vitaise consolide o seu domínio ocupando-a com outra(s) peça(s)que também possa(m) mover-se através dela. Assim, paradominar uma diagonal, utilize o(s) Bispo(s) e também a Dama.No caso das filas e colunas, utilize uma Torre e uma Dama ouentão duas Torres. Ter-se-á, então, um domínio efetivo dessaslinhas críticas, já que as peças ocupantes estarão se apoiandoe protegendo mutuamente. A esta duplicação de forças numamesma linha, dá-se o nome de bateria. Procure, sempre quepossível, formar baterias e outras modalidades de ataques

redobrados. A eficácia de tal estratégia fica perfeitamente ilustradaquando se dobram as Torres em uma fila ou coluna. Uma dasbaterias mais devastadoras do xadrez é a das Torres dobradasna sétima fila. Neste caso, os peões inimigos situados nestafila, ficam totalmente vulneráveis, prontos para seremdevorados.• Vença o seu inimigo na marra: domine as linhas abertas

importantes o mais depressa possível e mantenha essedomínio o máximo de tempo que puder.

Princípios do capítulo

•

Evite muitas ilhas de peões.• O jogador que possua essas ilhas deve evitar o final, aopasso que o seu adversário deve buscar a simplificação.

• Quando for possível capturar com dois peões, um que sedirigirá para o centro e outro em sentido contrário, capture-seem direção ao centro.

• Quando houver maioria de peões, avançe primeiro o peãoque não tenha diante de si nenhum peão inimigo. Este peão éo que provavelmente se transformará em Dama.

• É muito importante obter o domínio de linhas abertas antesque o adversário o faça. Domine uma dessas linhas vitais econsolide o seu domínio ocupando-a com outra(s) peça(s)que também possa(m) mover-se através dela.



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O SÉTIMO LANCE

A segurança do Rei

Novamente as Brancas devem defender o seu peão-e4.Embora pareça, o Cavalo em c3 não está de fato protegendoaquele peão, porque está pregado ao Rei pelo Bispo negro de

b4. Não pode se mover e, consequentemente, o peão-e4 estáatacado e desprotegido. Poderão as Brancas salvar o seu peãoeliminando a pregadura com 7. d2 ? Não estariam destaforma liberando o Cavalo para a defesa do peão?

O lance 7. d2 certamente anula a pregadura, deixandoo Cavalo livre para mover-se quando for oportuno. Só queexiste um problema: o quinto lance das Negras (5... b4) nãoencerrava em si apenas uma pregadura; continha também aameaça de capturar o Cavalo e, consequentemente, reduzir odomínio branco sobre e4. Assim, depois de rocar para garantira segurança do seu Rei, as Negras ameaçam jogar ... xc3seguido de ... xe4. A jogada 7. d2 é, portanto, insuficiente eas Brancas têm que encontrar uma forma diferente de defenderseu peão-e4. Ademais, 7. d2 é um modo demasiado passivode desenvolver o Bispo de Dama. Tudo o que pode fazer emd2 é anular a pregadura, ao passo que em g5 ele estariaocupando uma posição de maior destaque, pois estariaaplicando uma pregadura contra o inimigo ao invés demeramente servir para encobrir uma pregadura do mesmo.Portanto, jogar 7. d2 aqui não constitui uma idéia muitobrilhante.



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Ao invés disso, as Brancas fazem uma jogada natural

de desenvolvimento: 7. d3.

Este desenvolvimento é sólido e prepara o roque curto,ao mesmo tempo em que coloca o Bispo numa boa diagonal(b1-h7). Com essa jogada, também o peão-e4 fica seguro nomomento. As Negras dispõem agora de diversas jogadasrazoáveis. Poderiam seguir atacando o centro mediante 7...d5,ou rocar 7...0-0. Poderiam também considerar 7...d6, pararestringir um eventual avanço do peão de Rei inimigo, mas issoseria relativamente passivo. Uma tentativa curiosa, que paraalguns é uma boa idéia, seria 7...Bxc3+ (Diagrama 7.3).

Este parece ser um lance atraente porque depois de8.bxc3, as Brancas ficam com peões dobrados isolados. Taispeões seriam particularmente fracos no final da partida,

juntamente com o peão central isolado. Mas também é certoque as Negras podem não ter ocasião de alcançar a fase finalpara explorar estas debilidades das Brancas.

Sem dúvida, sempre que possível, você deve impor aoadversário toda espécie de debilidade de peões, tais comopeões dobrados, isolados, etc. Porém, não deverá fazê-lo seisto implicar grandes desvantagens. Não há que insistirexageradamente na questão dos peões dobrados. Existem noxadrez muitos outros fatores importantes (como o aumento daatividade das peças e a abertura de linhas de ataque) que oinimigo pode obter como resultado de tais trocas.

No presente caso, o Bispo de Rei negro provavelmenteserá mais importante e útil para o seu próprio bando do que o



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Cavalo para as Brancas. Se as Negras querem capturar oCavalo de c3 com seu Bispo, é mais sensato que o façamdepois que o Bispo de Dama branco já tenha sido

desenvolvido, digamos, para a casa g5. Como esse Bispoainda não foi movido, a troca lhe facilitaria a rápida saída pora3, já que a diagonal c1-a3 ficaria aberta.

De a3 o Bispo branco poderia provocar grandesestragos, cruzando diretamente o tabuleiro em direção aocoração das fileiras inimigas. Note-se, ademais, que com esseBispo em a3 as Negras não poderiam rocar, a menos queconsigam bloquear previamente a diagonal a3-f8 (mediante...d6, por exemplo). Mas se o peão-d negro já tiver avançadoduas casas, para d5 (ver diagrama 7.4), tal bloqueio seráimpossível e o jogo das Negras poderá já dar-se por perdido!Como veremos logo adiante, em geral é altamente desejávelimpedir o roque do inimigo.

O ROQUE

O roque é de vital importância porque:

• Põe o Rei em sítio seguro.• Desenvolve uma Torre.

Um sinal seguro de ingenuidade enxadrística é jogarpartida após partida sem efetuar o roque. O roque resguarda oRei com uma boa muralha de peões, especialmente quandonão foram violados os sãos princípios da abertura, fazendo-sedemasiadas jogadas de peão. Na fase de abertura e no meio-

jogo, a peça mais valiosa é o Rei. Assim, na maioria

esmagadora dos casos, deve-se afastar o Rei do centro, já nafase de abertura, efetuando-se o roque o mais rápido possível,pois se o centro for rapidamente aberto, como resultado doavanço dos peões centrais ou de trocas efetuadas pelosmesmos, o Rei torna-se alvo de ataque fulminante por meiodas linhas que se abrem, convergindo sobre ele a ação daspeças adversárias. Muitas derrotas rápidas se devem a que oRei é deixado no centro, sem qualquer proteção, ou com muitopouca. E a posição do Rei, nessa situação, é tanto maisincômoda e insegura, quanto mais atrasado esteja odesenvolvimento de suas peças. São frequentes os sacrifíciosque visam explorar a posição do Rei centralizado e impedir odesenvolvimento de suas peças.



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• Deixar o Rei no centro quando se está atrasado emdesenvolvimento significa quase sempre derrota rápida. Daíque se o seu adversário ainda não tiver rocado, estando as

peças dele apontando para os próprios peões ou para as casassó do território dele mesmo, então este será o exato momentode iniciar um enérgico ataque contra o Rei inimigo.

Este é um ponto muito importante na prática, mas nuncase esqueça que, para fazer isso, a segurança de seu Rei deveestar garantida (normalmente pelo roque) e você não deveatacar com uma ou duas peças apenas, mas com muitas, se

possível todas.• Nunca deixe seu Rei centralizado, sobretudo quando

atrasado no desenvolvimento. Fazer isso é procurar problemassérios.

• Se o seu oponente negligenciar o roque, arrombe ocentro e arranque os membros do rei adversário.

A necessidade de prover o Rei de um bom refúgioexplica o caráter defensivo do roque.

De considerável importância também é o fato de que oroque põe em jogo uma Torre, a qual, num salto, passa docanto para praticamente o centro do tabuleiro. Assim o roque étambém uma jogada de desenvolvimento. Em geral é a formamais conveniente de trazer as Torres para o jogo. Para seremeficientes, as Torres devem estar situadas em:

a) Colunas abertas, isto é, não ocupadas por nenhumpeão.

b) Colunas semi-abertas, isto é, ocupadas unicamentepor peões inimigos.

c) Colunas com peões adiantados que podem ser

trocados rapidamente.d) Colunas com peões os quais se deseja adiantar.

A Torre é incapaz de penetrar em território inimigo se asua coluna estiver obstruída por um de seus próprios peões.No caso dos peões serem adversários, a situação é diferente.Estes podem facilmente se converter em objeto de ataque. Jáas peças (não peões), ainda que companheiras, que estejambloqueando o caminho da Torre, não representam verdadeirosobstáculos, já que é fácil afastá-las. Isto já não se dá com ospróprios peões, que obrigatoriamente avançam sempre numamesma coluna. Para tirá-los do caminho é preciso trocá-los porpeças ou peões adversários.

Dessa forma, o roque também:• Aproxima uma Torre do centro.• Deixa livre uma casa útil para a outra Torre.

Frequentemente fazem a seguinte pergunta: Qual é amelhor ala para se efetuar o roque? Isto depende. O roquepequeno (ou seja, pela ala do Rei) ocorre com mais frequênciaporque pode ser feito mais rapidamente (já que tem uma peçaa menos para sair do caminho), e não porque sejanecessariamente melhor. O verdadeiro dilema não vai surgiraté que se dê o momento no qual seja possível optar por umaala ou outra. Para tomar a decisão, será preciso fazer certasperguntas, tais como: “o Rei estará mais seguro em seu próprio



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flanco ou no flanco da Dama?”; “em qual das alas os peõesprotegem melhor o Rei?” (geralmente é melhor rocar peloflanco no qual os peões não tenham sido movidos); “em qual

ala existe maior concentração de forças inimigas?” (é preferívelsituar o Rei o mais longe possível de tais forças). Estes fatoressão cruciais no momento de decidir pelo roque pequeno ougrande. Existem ainda motivos mais sutis, porém não são maisimportantes do que os que acabamos de citar.

Visto que é altamente desejável efetuar o roque o maisrápido possível, temos aqui mais um motivo para desenvolver oquanto antes as peças menores (Bispos e Cavalos). Ora, nãose pode efetuar o roque até que as casas que separam o Reida Torre correspondente estejam desocupadas. Odesenvolvimento das peças menores possibilita, pois, o roque.

Assim, por exemplo, se o Rei vai ser ameaçado no próximolance, pode ser muito útil ter a opção de efetuar o roque. Masse um par de peças bloqueiam o caminho, esta opção nãoexiste e o Rei pode acabar ficando indefeso no centro, o que édefinitivamente pior. (Neste caso, desejo-lhe boa sorte... vocêirá precisar!)

Um importante corolário de tudo isto está na estratégia,muito eficaz, que consiste em impedir que o oponente executeo roque. Para conseguí-lo:

• Trate de manter o Rei adversário no centro.• Procure atacar o Rei inimigo mediante um assalto

combinado de todas as peças• Não vacile em sacrificar algum material com esta

finalidade, caso o ataque resulte suficientemente ameaçador.• Uma vez alcançado o objetivo (de impedir o roque

inimigo), não permita ao adversário respirar nem uma únicavez. Continue fustigando-o, sem permitir-lhe o reagrupamentode suas tropas e a organização de uma boa defesa.

Na nossa partida, as Negras agora fazem o roque: 7...0 0.



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Agora as Brancas precisam ser cuidadosas. Semantiverem seu Rei centralizado, as Negras poderão ter tempode fustigá-las ativamente através da coluna e, movendo aTorre para e8. Quando a coluna e está ao menos semi-aberta,

favorecendo o inimigo, torna-se potencialmente perigoso deixaro Rei em sua casa original. Aqui, muito embora o peão-ebranco “filtre” a pressão que a Torre negra exerce de e8, eleestará pregado e as ameaças das quais será objeto poderãoresultar bastante sérias. Então custará bem caro às Brancasatender a duas necessidades simultaneamente: encontrar umrefúgio seguro para o Rei e neutralizar os ataques contra opeão-e. Existe um antigo adágio judeu-alemão que diz: “não sepode dançar em dois bailes ao mesmo tempo”. No xadrez istosignifica que em geral não se pode fazer frente a váriasameaças simultâneas. Deve-se evitar situações que exigemdupla ou múltipla responsabilidade.

Para ilustrar este tema da posição precária pela coluna

e, vejamos o que aconteceria se as Brancas prosseguissemneste momento com 8.a3? (diagrama 7.6), ameaçandodesnecessariamente o Bispo e, de fato, perdendo tempo(lembre-se: não faça jogadas desnecessárias de peões).

Depois de 8.a3?, as Negras trocam, com muito gosto, oseu Bispo pelo Cavalo branco (8... xc3; 9.bxc3), o que dá aelas um tempo vital, já que agora podem prosseguir com seusplanos. Se ao invés dessa captura as negras retirassem oBispo para a casa a5, por exemplo, as Brancas aindamanteriam sua iniciativa, sem benefício algum para seu rival.Lembre-se que às vezes pode-se ganhar tempo com troca depeças. Agora, as Negras iniciam suas operações contra o



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peão-e. Um procedimento lento, mas nem por isso menoseficaz, neste momento, consiste em ocupar a coluna e mediante 9...Te8. Desta maneira as Negras atacam

duplamente o peão-e, e as Brancas, que só dispõem de umadefesa para o mesmo, teriam que perder um outro tempo,protegendo-o novamente. Mas, as Negras dispõem de umaoutra arma de ataque muito mais expedita, a saber, a capturaimediata do peão-e com o Cavalo, 9... xe4!.

Depois da resposta natural 10. xe4, as Negrasrecuperam sua peça por meio de 10... e8, pregando o Bispode Rei. Mesmo que as Brancas defendam este Bispo com umpeão (11.f3), as Negras têm apenas que tornar a atacá-lo comum dos seus próprios peões (11...f5 ou 11...d5) e em seguidacapturar a desafortunada peça. E se as Brancas fogem dapregadura com a continuação igualmente natural 12.0-0, asNegras acabam com um peão a mais depois de 12...fxe4;

13.fxe4 xe4.Esta variante reforça várias idéias. Mostra o problema

das jogadas desnecessárias de peões (fazem perder tempo);ilustra as dificuldades que surgem do retardamento do roquequando o adversário já o tenha efetuado, estando por issopronto para empreender operações de ataque em grandeescala (contra o Rei que permanece no centro); também põeem relevo o valor da pregadura (não há necessidade imediatade capturar a peça pregada, já que muitas vezes sobra tempopara atacá-la novamente, de preferência com um peão).

Isto me lembra...

Vem-me novamente à memória mais dois problemas,

com soluções humorísticas, nos quais deve-se dar mate ao seefetuar o roque, empregando-se, para isso, o menor númeropossível de jogadas.

A) 1.e4 e5 2. c4 c5 3. e6 xf2+ 4. e2 h6

5. f3 fxe6 6. e2 O-O mate (diagrama 7.8)

B) 1.d4 e6 2. a3 e7 3. g5+ d6 4. d3 d5

5. f5+ xd4 6.O-O-O mate (diagrama 7.9)



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Aqui, da mesma forma, não afirmamos que os lancesseriam bons, mas sim que seriam divertidos. Repare que, emambos os casos, o mate se deu em apenas seis lances, sendo

o primeiro através do pequeno roque e o segundo através dogrande roque.

Cuidado com os ataques duplos

O ataque duplo é a movimentação de uma peça de talmodo que duas unidades inimigas fiquem atacadas ao mesmotempo. Os ataques duplos são muito frequentes no xadrez.Constituem o meio mais comum de se ganhar material. A formamais simples de ataque duplo é aquele no qual a mesma peçaataca simultaneamente duas peças adversárias; é o chamadogarfo. O garfo de Cavalo contra o Rei e a Dama inimigoscostuma ser o mais devastador. O diagrama 7.10 ilustra estetipo de garfo. As Brancas ganham a Dama mediante 1. g6+.O garfo de Cavalo em c7 (c2, quando o atacante são asnegras) conduz muitas vezes, como é evidente, ao ganho daTorre a8 (a1), como ilustrado no diagrama 7.11. As Brancas

jogam 1. c7, atacando simultaneamente o Rei e a Torre.

Isto também me lembra...

Vem-me mais uma vez à memória um outro desafioenxadrístico com solução humorística, que consiste noseguinte: iniciar a partida com 1.e4 e terminá-la no quinto lancecom um cavalo capturando uma torre e dando xeque-mate aomesmo tempo. Você seria capaz de resolvê-lo?



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Existe um incidente bastante interessante relacionado aeste desafio. Em 1986, o famoso repórter Frederic Friedelapresentou-o aos dois melhores grandes-mestres daquela

época: Garry Kasparov (então campeão mundial) e AnatoliKarpov (o desafiante do campeão). Ambos ficaram entretidoscom o problema durante algumas horas, mas não conseguiramresolvê-lo. Por fim, Friedel colocou a resposta do problema emum envelope e o entregou ao campeão mundial, dizendo-lhe:“Quando encontrar a resposta, traga este envelope aindalacrado para compararmos as respostas.” Kasparov levou oenvelope, mas por meses não deu qualquer resposta. Certodia, quando Frederic Friedel chegou a sua casa, escutou a vozde Kasparov na secretária eletrônica dizendo: “Pode seconsiderar um homem morto, Fred!. Você me deixou numasituação extremamente embaraçosa.” Ocorreu que o campeãoKasparov, juntamente com o seu antigo mestre Botvinnik,estava ministrando uma de suas aulas regulares de xadrezpara jovens talentos e apresentou o problema aos rapazes.Como após muito esforço não conseguiram resolvê-lo, pedirama Kasparov para dar a resposta, mas este solicitou que ospupilos continuassem tentando até a aula seguinte. Neste meiotempo, Kasparov saiu em busca do envelope lacrado, masinfelizmente não conseguiu encontrá-lo. Quando o repórterdeu-lhe a resposta por telefone, Kasparov, que até entãoestava furioso por acreditar que Friedel havia formuladoincorretamente o problema, não pôde acreditar que ele e seusdiscípulos não tinham sido capazes de resolvê-lo!

Foto tirada durante a aula descrita acima, mostrando Garry Kasparove Mikhail Botvinnik (sendo entrevistado).

A resposta para este problema tem permenecido emsegredo e pouquíssimos jogadores a conhecem. Não vou fazermistério aqui, mas será um excelente exercício para o seudesenvolvimento enxadrístico fazer um esforço sincero paratentar resolvê-lo antes de ver a solução da xarada:

1.e4 f6 2.f3 xe4 3. e2 g3 4. xe7+ xe7+5. f2 xh1 mate (diagrama 7.12)



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o Bispo, movendo-o, então as Brancas retiram o seu próprioBispo de c6, mantendo-o no jogo. Neste último caso, portanto,as Negras terão perdido o Cavalo.

O ataque a descoberto já foi mostrado no capítulo 6. Sebaseia na retirada de uma peça do caminho de uma outra peçacompanheira, de modo que esta última passe então a atacarum peão ou uma peça inimiga. Por exemplo, no diagrama 7.16,as Negras ganham a Dama branca por meio de 1... d2+ ou1... c3+, descobrindo, em ambos os casos, um ataque doBispo contra o Rei branco.

Ter que se defender de duas ou mais ameaçassimultâneas representa, sem dúvida, um grande problema,especialmente quando uma das peças ameaçadas é o próprioRei (pior ainda se a segunda peça atacada for a Dama!). A

maioria dos ataques duplos, porém, não surgem do nada. Emgeral são o resultado lógico de um assalto cuidadosamenteplanejado. Trata-se de manobrar com astúcia até ver um modode combinar duas ameaças contra a posição inimiga, numaúnica e poderosa jogada. Você deve ser capaz de enxergartais jogadas. Uma boa hora para procurá-las é quando vocêencontra uma peça inimiga sem proteção. Adquira o hábito defazer planos com antecipação, mantendo-se sempre alertaante a possibilidade de ataques duplos. Desta forma vai-semelhorando o próprio jogo.

Princípios do capítulo:

•

É altamente desejável impedir o roque inimigo, entãoprocure manter o Rei adversário no centro.• Deixar o Rei no centro quando se está atrasado em

desenvolvimento significa quase sempre derrota rápida.Daí que se o seu adversário ainda não tiver rocado,estando as peças dele apontando para os próprios peõesou para as casas só do território dele mesmo, então esteserá o exato momento de iniciar um enérgico ataque contrao Rei inimigo.

• Além disso, quando a coluna e está ao menos semi-aberta,favorecendo o inimigo, torna-se potencialmente perigosodeixar o Rei em sua casa original.



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• Procure atacar o Rei inimigo mediante um assaltocombinado de todas as peças, desde que já tenhagarantido a segurança do próprio Rei.

•

Não vacile em sacrificar algum material com estafinalidade, caso o ataque resulte suficientementeameaçador.

• Uma vez alcançado o objetivo (de impedir o roque inimigo),não permita ao adversário respirar nem uma única vez.Continue fustigando-o, sem permitir-lhe o reagrupamentode suas tropas e a organização de uma boa defesa.

• Deve-se evitar situações que exigem dupla ou múltiplaresponsabilidade.

• Uma boa hora para procurar um ataque duplo é quandovocê encontra uma peça inimiga sem proteção.



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O OITAVO E O NONO LANCES

As Brancas também fazem o roque: 8.0 0.

As Negras poderiam continuar aqui com 8...d6 para darpassagem ao Bispo de Dama e ao mesmo tempo defender a

casa e5, de modo a restringir o avanço do peão-e branco.Embora seja certo que este avanço das brancas fiqueimpedido, pelos menos de imediato, também é certo que 8...d6 concede às Brancas uma vantagem de espaço no centro, porestar seu peão-e mais adiantado que o peão-d das Negras (emd6). Assim, com mais espaço para suas peças, as Brancasdesfrutam de uma cômoda iniciativa.

As Negras adotam, pois, uma outra estratégia. Decidem jogar 8...d5, com a idéia de eliminar o peão-e branco ereivindicar a parte do centro que lhe corresponde.

Como podemos observar, as Negras agora atacam duasvezes o peão-e branco, o qual também está defendido duas



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vezes (pelo Cavalo e pelo Bispo). De um modo geral, umdeterminado ponto já está bem protegido se os defensores sãode mesmo valor que os atacantes, e o número de tais

defensores corresponde exatamente ao número de atacantes.Por exemplo, se dois peões inimigos atacam um dos nossosque esteja defendido por uma Dama, uma Torre, um Bispo eum Cavalo, nosso peão não está bem protegido. Com efeito, sequalquer dos dois peões contrários o captura, nenhuma denossas peças poderá tomar esse peão sem que isso impliquenum sacrifício material, já que o outro peão inimigo (cujo valoré muito inferior ao da nossa peça) a tomaria também.

A contagem do material

Um dos cálculos mais básicos que se pode fazer duranteuma partida de xadrez diz respeito ao material. Vocênaturalmente vai querer saber, de quando em quando, nãosomente quem está melhor no jogo (ainda que durante o tempointeiro você tenha uma idéia geral da situação), mas tambémcomo você ficará depois de uma determinada troca. Se você iráefetuar uma troca ou não, isso vai depender do respectivo valorde cada peça envolvida na troca.

A contagem é bastante fácil de fazer. O material é algotangível, que se pode ver, contar e comparar. Já um elementointangível, como o tempo, apresenta maior dificuldade neste

sentido. Da mesma forma, a iniciativa (vantagem de tempo quepermite dirigir operações de combate), não pode ser medidaefetivamente. É perfeitamente possível, no entanto, atribuirvalores às peças e peões, tomando por base o número decasas que controlam e como o fazem. Por conveniência, osvalores das peças são expressos em função do elemento demenor valor, isto é, o peão.

Assim, tomando-se o peão como unidade de medida,atribui-se tanto ao Bispo como ao Cavalo o valor aproximadode três peões. Uma Torre equivale a cinco peões e uma Dama,a nove. Você poderá apreciar melhor tais comparações seevitar usar a palavra “pontos”. Não diga que um Cavalo valetrês pontos; diga que corresponde a três peões. Isto significa



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que numa eventual troca de Cavalo por peões, o lado que cedeo Cavalo deve obter, como compensação, pelo menos trêspeões para não sair prejudicado da transação.

Os valores não são constantes

Esses valores, não obstante, são um tanto relativos,estando sujeitos à variação, segundo soprem os ventos dapartida. O valor de uma peça pode, de posição para posição,flutuar ligeiramente ou, em casos extremos, de formaconsiderável. Um peão que esteja a ponto de chegar à últimafila, onde será promovido à Dama, sem dúvida vale mais doque um Cavalo afastado do campo principal de operações.Você certamente iria preferir sacrificar um Cavalo inerte, a umpeão cuja marcha à casa de promoção não pudesse mais serdetida. Mas, de uma maneira geral, os valores usuais são umbom ponto de referência para determinar, na maioria doscasos, se é adequado ou não efetuar uma captura ou umatroca.

Via de regra, a não ser que com a troca se obtenhaalguma compensação intangível (como por exemplo, apossibilidade de atacar energicamente o Rei inimigo), énecessário recobrar, no mínimo, material equivalente ao que seentrega.

Sempre que você for avaliar uma troca material, apóscontar e totalizar peças e peões próprios e adversários, façaem seguida uma comparação entre eles. Normalmente eucomeço comparando os peões de cada lado. A seguir faço omesmo com cada tipo de peça (agrupando porém os Bispos eos Cavalos na categoria mais abrangente de peças menores),

sempre observando quais são as diferenças, ao invés desomar tudo. Assim, se ao final dos cálculos, eu noto que asNegras têm um Bispo extra enquanto as Brancas possuemdois peões extras, minha conclusão é que as Negras estãocom uma ligeira vantagem. Não afirmo que as Negras estãocom uma vantagem aproximada de um peão (três menos dois),mas sim que têm um Bispo por dois peões, ou que as Brancastêm dois peões por um Bispo. Poderia inclusive dizer que asNegras têm uma peça por dois peões (entendendo-se aqui por“peça”, uma peça menor e não necessariamente uma Torre ouuma Dama).

Nesses cálculos eu nunca digo que as Negras têm avantagem de um peão, simplesmente porque isso não dá uma

idéia exata da situação. Ter um peão de vantagem poderiasignificar que:

• Um bando tem um peão a mais.• Um bando tem um Bispo contra dois peões do outro.• Um bando tem uma Torre contra um Cavalo e um peão do

outro.• Um bando tem uma Dama contra uma Torre e um Bispo do

outro.• Um bando tem duas Torres contra uma Dama do outro.

Cada um dos casos acima representa uma situaçãodistinta e requer, portanto, um plano de ação distinto por parte



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de cada bando. Dizer que um deles tem um peão a mais parasignificar qualquer um desses casos, seria uma afirmação tantoconfusa como sem sentido para o xadrez.

Se você não quer enredar-se em seu próprio raciocíniodurante uma partida, deverá expressar sempre as diferençasmateriais em termos exatos, concretos e específicos, definindoprecisamente o seu material (ou o que está a ponto de ganhar)bem como aquele que o seu rival possui (ou o que está a pontode conseguir).

Evite também o costume de calcular o material contandoas peças e peões que tenham sido capturados ou trocados eque se encontram fora do tabuleiro. Sim, é verdade que estesconstituem, em geral, exatamente o material que está faltandono tabuleiro, mas nem sempre estão todos à vista! Algumapeça pode ter caído ou se perdido, o que já arruinaria os seuscálculos. Adversários astutos e maliciosos podem inclusive terescondido de propósito algumas dessas peças, sobretudo se jáconhecem este seu mau hábito.

Se você joga num clube ou participa de torneios, aspeças capturadas por seus vizinhos podem se misturar com assuas, dificultando ainda mais a sua tarefa. Além disso, estamaneira de contar é inadequada. Por acaso é para os ladosque você deve olhar quando deseja encontrar uma combinaçãobrilhante ou calcular a sua próxima jogada? Quando você jogaxadrez, o tabuleiro é o seu universo, o seu mundo. Toda equalquer informação deve ser extraída dele e de nenhum outrolugar. Esta é a postura correta a ser adotada.

• Jogue com o tabuleiro - não com o oponente, não com oslados

1.

1Ou seja, concentre-se unicamente no tabuleiro. Quando jogar, leve em consideração o

que ocorre no tabuleiro: não arrisque jogadas inferiores visando ‘pegar’ o seuadversário, só porque sabe que ele é de categoria inferior; também não leve emconsideração nem se distraia com o que se passa fora do tabuleiro. (N.T.)



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De volta à nossa partida: as Negras ameaçam ganharmaterial com 8...d5 ?

Sim, mas não capturando imediatamente o peão-e4,

senão que reduzindo primeiro o número de seus defensoresmediante a troca do Bispo-b4 pelo Cavalo-c3. Ou seja, sesurgir a oportunidade (digamos que as Brancas façam uma

jogada irrelevante, do tipo ...a2), as negras continuarão com9... xc3 10.bxc3 dxe4 (também é bom 10... xe4), ganhandoum peão, já que a 11. xe4 as Negras responderiam tomandoo Bispo com seu Cavalo de f6. Uma razão para se jogar10...dxe4 ao invés de 10... xe4 é que isso obriga o Bispobranco de d3 a mover-se, permitindo a troca de Damas. Estatroca é desejável, pois quando se está com vantagem material,convém eliminar, o quanto antes, o maior número de peçasadversárias, especialmente a Dama. Isto tende a tornar maissignificativa a vantagem material que se tem, ao reduzir a força

ou a possibilidade de um eventual contra-ataque por parte doadversário.

Voltando a um tema já tratado, lembramos que 9... xc3traz à lume a idéia de que se pode atacar o centroindiretamente, suprimindo-se uma peça inimiga que atue sobreele. Mais uma vez, fica claro que, desta maneira, um Bispo decasas negras pode exercer influência sobre uma casa de corbranca (o Bispo de b4 “ataca” a casa e4 ao ameaçar capturar oCavalo de c3).

As Brancas dispõem aqui de várias defesas. Uma delasconsiste em avançar o seu peão (9.e5), ameaçando assim oCavalo negro. Porém, depois de 9... g4, o meio mais seguropara as Brancas protegerem o peão é com 10. f4, que leva à

troca do tal peão sob 10...f6. Na posição resultante, as Negrasserão as únicas a ter um peão no centro e, ademais, disporãode uma coluna aberta (f) para a sua Torre. Todavia, pior seria alinha 10...f4, pois as Negras se veriam em grandes apurosdepois de 10... c5+ 11. h1 h4. Se então 12.h3, paraevitar o mate, seguiria 12... g3 13.hxg4 h4++, que dámate do mesmo jeito (diagrama 8.4).



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Não é preciso temer avançar o peão-f, caso istocontribua de maneira significativa no apoio a um ataque edesde que também não se crie nenhuma debilidade séria naprópria posição. Mas também não convém fazê-lo logo na

primeiríssima fase do jogo, em que o desenvolvimento écrucial. Os princípios do xadrez podem sofrer acomodaçõesem determinadas situações, de acordo com as circunstâncias.Se o roque foi feito e o Rei está seguro, torna-se, muitas vezes,útil abrir a coluna f para a Torre, avançando e trocando o peão-f. Desta forma a Torre pode atacar a posição inimiga semobstáculos, já que tem o caminho livre. Isto, sem dúvida,debilita um pouco a posição do Rei rocado, porém aspossibilidades de um ataque enérgico contra o inimigocompensam essa pequena debilidade no próprio campo. Oavanço do peão-f tende a ser mau quando a diagonal deacesso ao Rei que assim se abre poder ser explorada por umBispo ou uma Dama inimiga (por exemplo, a diagonal a2-g8 ou

a diagonal a7-g1). Em suma, se ao avançar o peão-f aumenta-se notavelmente a própria iniciativa e se a debilidadedecorrente parece menos importante que o ataque que vai serlevado a cabo, então não há porque vacilar em abrir a coluna f.

As Brancas também poderiam reforçar a posição dopeão-e mediante 9.f3, 9. f3 ou 9. e1 (diagrama 8.5) porémnenhuma dessas jogadas molesta muito as Negras. De fato, omovimento 9. e1 nem sequer é válido para o que sepretende.

Esta jogada é ineficaz, nem tanto porque permite apregadura do Cavalo de c3, ao pôr-se na mesma linha dele,mas porque, como na variante anterior, permite que esta peçaseja eliminada. Depois de 9... xc3 10.bxc3 dxe4, as Brancas



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não podem prosseguir tranqüilamente com 11. xe4, porcausa de 11... xd1 (sim, novamente a troca de Damas, destavez para desviar a Torre da defesa do Bispo) 12. xd1 xe4 e

as Negras ganham um Bispo. O problema nesta variante é quea Torre branca estava sobrecarregada por ter que guardar ascasas d1 e e4 ao mesmo tempo. Em tais casos, se a peçasobrecarregada vê-se obrigada a defender um dos dois pontos,tem que abandonar o outro à sua própria sorte. Deve-se evitar

peças sobrecarregadas. Uma mesma peça não deve assumirmuitas responsabilidades. As Brancas jogam aqui a mais direta de todas as defesas, ouseja, a captura do peão: 9.exd5.

Já vimos que efetuar trocas neste tipo de situaçãopermite ganhar tempo, pois, como as Negras são obrigadas acapturar também, as Brancas ficam livres para seguir adiantecom seus planos. Se as Brancas tivessem defendido com umdos movimentos acima mencionados, seriam as Negras agoraque teriam a via livre, podendo optar por uma jogada que nãoseria forçada pelo movimento precedente do adversário. Sim, éverdade que ao efetuarem a troca, as Brancas eliminam ospeões dobrados inimigos na coluna c; estes, porém, nãoconstituíam, de todo modo, um sério inconveniente para asNegras. Teria que passar ainda muito tempo antes quepudessem ser explorados, e, no momento, a iniciativa pareceser mais importante. Ademais, esta continuação é uma boaresposta à ameaça negra de ganhar um peão.

As Negras poderiam jogar aqui 9... xd5, mas preferemse desfazer dos peões dobrados e estabelecer um postoavançado no centro. Decidem-se, pois, por: 9.cxd.



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Uma análise da posição mostra que:

• É a vez das Brancas jogarem, e estas mantém a iniciativa.• O único peão no centro pertence às Negras, o que lhes dámaior probabilidade de dominar este setor do tabuleiro.• As Brancas podem completar o desenvolvimento antes doseu rival.• As peças Brancas parecem estar exercendo maior pressãosobre o flanco do Rei inimigo.

Graças à sua iniciativa, as Brancas provavelmente estãoligeiramente melhor. Porém, se as Brancas não chegarem aexplorar essa ligeira superioridade de tempo edesenvolvimento, o peão central preto poderá eventualmentefazer a vantagem passar para as Negras.

Análise

Chama-se análise ao processo que permite determinar,mercê de um cuidadoso exame, quais as melhores jogadasdisponíveis numa dada posição. A capacidade de analisar éuma arma essencial no arsenal de um jogador de xadrez. Estáinclusive relacionada com a arte de resolver problemas eenvolve dois tipos de raciocínios: 1) o cálculo específico,referente aos movimentos e variantes particulares, em que sepesam os pontos fracos e fortes de uma jogada, bem comosuas conseqüências e 2) julgamentos de caráter geral (emcontraste com os específicos), em que se pondera sobre quetipos de movimentos ou planos se vai levar em consideração.

O verdadeiro propósito da análise é o seguinte: enquantonão se conhecem a fundo os detalhes da própria posição, nãose pode decidir corretamente qual a melhor linha de ação aadotar. Portanto, é preciso primeiro analisar a posição parapoder em seguida escolher um plano que seja coerente comela. Em outras palavras, como ocorre na solução de qualquerproblema, deve-se considerar os dados, estabelecer o objetivoe traçar um plano de ação que conduza a esse objetivo.

Repetimos que existem dois tipos de análise:

• Análise específica• Análise geral

O Grande Mestre Alexander Kotov, professor veteranode xadrez na antiga União Soviética, já aconselhava aosenxadristas a serem sempre sistemáticos no processo dereflexão. Quando, numa partida, for a sua vez de jogar, vocêdeve procurar encontrar a melhor continuação, responder àsameaças do adversário e manter as próprias, e fazer o quecorresponda às exigências da posição. Quando for a vez doseu adversário jogar, então é o momento de você elaborarplanos gerais, considerando os aspectos estratégicos e asidéias que valem a pena por em prática, caso se dê aoportunidade de fazê-lo.



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Que tipo de coisas se considera numa análise geral?

Mais importante do que os elementos propriamente

ditos, dos quais traremos logo a seguir, é o processo de extrairinformações. Para isso é preciso formular a si mesmo umasérie de perguntas que ajudem a obter uma imagem precisa daposição, com relação aos pontos fracos e fortes, possíveisataques, casas ideais para colocar as peças, etc. Esta técnica,conhecida como método analítico, é básica para a solução dequalquer problema, e remonta aos filósofos e pensadoresgregos da Antigüidade.

Fazer perguntas deste tipo pode ser útil em qualquermomento da partida. Por exemplo, se estivesse na sua vez de

jogar, você iria raciocinar da seguinte maneira (imediatamenteapós o lance do seu adversário):• Ameaça-me de alguma forma a última jogada de meu

adversário?Em caso afirmativo, considera-se imediatamente outra

pergunta:• Que posso fazer contra isso?

Uma vez respondida essa pergunta de forma satisfatória,você terá encontrado o próximo lance.

Um tipo de pergunta mais agradável é a seguinte:• Meu adversário respondeu adequadamente à ameaça

contida na minha jogada anterior?• Se não, posso agora levá-la à cabo com eficácia?• Se não, por que não?

E assim sucessivamente. As perguntas possíveis não selimitam a essas apenas, nem tampouco se devem formulá-lasexatamente nesses termos. O objetivo é atrair a atenção para oque é importante. Se forem apropriadas para a situaçãoimediata, de certa forma a resposta surgirá. Neste sentido, asperguntas desempenham o mesmo papel dos princípios. Nãofazem senão ativar e orientar o processo de reflexão.

Quando se tratam de situações mais gerais, asperguntas se dirigem para outros fatores:• Completei com êxito o desenvolvimento de minhas peças?• Existem pontos fracos na minha posição?• Neste caso, que posso fazer para reforçá-los?• Que objetos de ataque existem no campo inimigo?• Como poderei atacá-los?

Claro que em todas essas perguntas que formulamosmesclam-se o concreto e o abstrato. Em geral o concreto serefere a preocupações imediatas, e o abstrato tem mais a vercom possibilidades a longo prazo e planos futuros. Ambos ostipos de pergunta são úteis e necessários em qualquer análise.Deve-se tratar de incorporá-las o quanto antes ao processo dereflexão. Isto requer prática. Ponha-se em prática a técnica queacabamos de expor, e logo se experimentará uma melhorageral no jogo. O leitor estará desta forma caminhando paradominar um dos passatempos mais estimulantes e divertidosque jamais se inventou.



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• Quando se está com vantagem material, convém eliminar, o

quanto antes, o maior número de peças adversárias,especialmente a Dama.• Se o roque foi feito e o Rei está seguro, pode ser útil abrir a

coluna f para a Torre (avançando e trocando o peão-f), desdeque as possibilidades de um ataque enérgico contra o inimigocompensem essa pequena debilidade criada no própriocampo.

• O avanço do peão-f tende a ser mau quando a diagonal deacesso ao Rei que assim se abre (a diagonal a2-g8 ou adiagonal a7-g1) pode ser explorada por um Bispo ou umaDama inimiga.

• Deve-se evitar peças sobrecarregadas. Uma mesma peçanão deve assumir muitas responsabilidades.

•

Após cada lance do adversário, é preciso formular a simesmo uma série de perguntas que ajudem a obter umaimagem precisa da posição, com relação aos pontos fracos efortes, possíveis ataques, casas ideais para colocar as peças,etc.



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DÉCIMA E UNDÉCIMA JOGADAS

As Brancas agora continuam com 10. g5.

Este lance prega o Cavalo; porém o alvo principal dasBrancas não é o Cavalo, se bem que se for possível acumularameaças contra ele em decorrência dessa pregadura, não

deixarão de fazê-lo, evidentemente. O objetivo imediato domovimento das Brancas é debilitar o peão-d4 preto, eliminandosua proteção. Mais uma vez, vemos como um Bispo de casasde uma determinada cor ataca indiretamente uma casa de coroposta, ao ameaçar capturar a peça que defende a tal casa. AsNegras cometeriam agora um erro crasso (capivarada, na gíriaenxadrística) se jogassem 10. g4 (diagrama 9.2):

Este lance, 10. g4, parece representar um contratempopara as Brancas, por constituir-se num ataque direto contra asua Dama. Ademais, o Bispo está protegido pelo Cavalo de f6,de modo que as Brancas não podem tomar o Bispo mediante11. xg4 devido 11. xg4. Mas a defesa do Bispo não é tão



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sólida quanto parece. Como as Brancas poderiam jogar, depoisde 10. g4, de modo a ganhar uma peça?

As Brancas ganham uma peça aplicando um

zwischenzug (jogada intermediária). Ao invés de ocupar-sediretamente da defesa de sua Dama, suprimem primeiramentea peça que está defendendo o Bispo negro que a ataca,mediante 11. xf6.

Neste ponto as Brancas ficam com um Cavalo a mais.Sua Dama está atacada, mas a das Negras também; de modoque se as Negras continuarem com 11... xd1, as Brancasresponderão com 12. xd8. Nenhum dos dois bandos ganhaou perde a Dama (ocorre apenas uma troca), mas as Brancasainda permanecem com uma peça menor a mais. As Negraspoderiam em seguida tomar o Bispo-e8, mas, neste caso, asBrancas também tomariam o Bispo-d1. Então as Brancas aindaestariam com uma peça a mais. E se depois da jogada

11. xf6 das Brancas as Negras respondessem, por exemplo,com 11... xf6, igualando-se materialmente às Brancas, estassimplesmente tomariam o Bispo negro de g4 com a Dama(12. xg4), saindo da mesma forma com a vantagem de umapeça menor.

A jogada intermediária (zwischenzug) das Brancasilustra a tática denominada destruição da guarda. São essesgiros inesperados que fazem do xadrez um jogo tãointeressante.

As múltiplas possibilidades das Negras

As Negras não poderiam descomplicar as coisas com um

simples 10...h6?

Isto sem dúvida simplifica as coisas, só que a favor doadversário. Se as Brancas estiverem atentas, verão que podemganhar material, como já mostramos, mediante 11. xf6.Talvez as Negras jogassem 10...h6 raciocinando que, caso asBrancas quisessem insistir com a pregadura mediante 11. h4,poderiam então desfazê-la com 11...g5, obrigando o Bispo arecuar para g3. Isto até seria possível aqui (se as Brancaspermitissem), porém em geral (e também aqui neste caso), éarriscado avançar desta forma os peões que protegem o Rei,ainda que seja para se livrar de uma pregadura. O lado nadefensiva tem que estar sempre alerta para um possível



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sacrifício do inimigo, visando destruir a muralha de peões atrásda qual o monarca se protege, ou para o simples fato de queseu rival pode vir a explorar as debilidades criadas por tais

avanços, mesmo que seja ao preço de algumas jogadas. Taisdebilidades não desaparecem como por encanto. Aquele quese compromete com tais adiantamentos de peões, deve estarpreparado para suportar as consequências.

Mas o fato é que, aqui, as Brancas não têm por que recuaro Bispo, já que ganham material jogando 11. xf6.

As Negras poderiam responder de duas maneiras a estacaptura: capturando com o peão-g (11...gxf6, conformediagrama 9.4) ou fazendo-o com a Dama (11... xf6).

Mesmo que não implicasse em perda material, a captura11...gxf6 ainda seria horrível. Depois deste lance o flanco do

Rei das Negras fica completamente arrombado, e a jogadadireta 12. h5, atacando simultaneamente os peões h e d(este último também atacado pelo cavalo), parece suficientepara obter vantagem. No caso de 12... xc3, jogadaintermediária com vistas a eliminar um dos atacantes do pão d,as Brancas fazem seu próprio zwischenzug , 13. xh6,ameaçando mate.

Uma vez anulada esta ameaça, digamos com 13...f5, asBrancas podem interromper momentaneamente o seu ataquepara capturar o Bispo de c3. Depois das jogadas 12... xc313. xh6, as Negras poderiam também tentar abrir alguma viade escape para o seu Rei, mas neste caso as Brancas dariammate, por exemplo: 13... e8 14. h7+ (isto é melhor do que

14. h7+, que não impediria a fuga do Rei negro pela casa f8)14... h8 15. g6+ (para atacar a casa f7, onde se dará omate) 15... g8 16. h7+ (agora é o momento certo para aDama invadir o campo adversário) 16... f8 17. xf7 mate.

Porém, mais direto do que 12. h5 seria jogar 12. xd5!imediatamente



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Com isso se faz a captura do peão-d sem adiamentos.

Este lance também ataca o Bispo de Rei negro e põe o Cavaloem posição para atacar o flanco de Rei inimigo.

E por que este Cavalo não pode ser capturado pela Dama

negra (12... xd5)?

Observe o alinhamento das peças Brancas e Negras nacoluna d (após 12... xd5). Se o Bispo branco não estivesseem d3, a Dama branca poderia agora tomar tranquilamente ado seu rival. Estando porém o Bispo entre ambas, seria precisoprimeiro retirá-lo para uma outra casa, e2 por exemplo; ocorreque depois disso seria novamente a vez das Negras jogarem, eestas teriam tempo para salvar a sua Dama, o que poderia serfeito movendo-a para outra casa, defendendo-a com uma peçaou peão, ou então trocando-a pela Dama do adversário.Portanto, o problema de jogadas do tipo 13. e2, é que sãodemasiado passivas, por permitirem que o adversário reaja. O

que as Brancas devem procurar fazer aqui, é mover o Bispocom ganho de tempo. Neste caso as Negras estarãoimpossibilitadas de reagir à tempo de salvar a sua Dama. Sóhá um tipo de jogada que pode, por assim dizer, congelar aação do adversário. É o xeque. Portanto, a jogada vitoriosa dasBrancas aqui é 13. h7+!. Isto faz as brancas perderem oBispo (13... xh7), mas faz ganhar a jogada necessária paraque as Brancas prossigam com 14. xd5, ganhando a Damaque ficou congelada.

Novamente temos um ataque à descoberto,procedimento tático já definido anteriormente. Para refrescar amemória, voltamos a dizer que este ataque consiste emdesobstruir uma linha, movendo-se a peça que a obstruía. Em



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alguns casos, como neste que acabamos de ver, a peçabloqueadora se retira com grande força (dando xeque, porexemplo), impedindo assim a fuga da peça que ficou exposta.

Outra lição que pode ser aprendida da análiseprecedente é a maneira pela qual a idéia vitoriosa foidescoberta. As Brancas propõem a si mesmas um problema,fazendo a seguinte pergunta: “Como posso retirar o Bispo docaminho, com ganho de tempo, de modo a permitir que eucapture a Dama?”. A pergunta praticamente dá a solução doproblema, porque somente um xeque (ou em alguns casosuma ameaça muito forte, como a de dar mate) pode conseguí-lo. No nosso caso, só há um xeque - portanto, assuntoencerrado! A pergunta certa sugere a resposta. Um aspectoadicional é a necessidade de procurar por relações existentesentre as peças, ou seja, o modo como as peças próprias eadversárias encontram-se dispostas umas em relação àsoutras ou como estão conectadas ao longo de uma mesmalinha.

Procure por relações

Uma das coisas que tem que ser feita para melhorar ahabilidade tática de um jogador e aguçar a sua visãocombinatória é criar o hábito de procurar possíveis relaçõesentre as peças e as casas.

Isto pode ser feito, no início, por meio de perguntasorientadoras, tais como: “Existem peças inimigas nas mesmaslinhas ocupadas pelas minhas?”; “Há duas ou mais peçasinimigas numa mesma fila, diagonal ou coluna?”; “Se não,essas peças se cruzariam numa mesma casa, apósdeslocarem-se?”; “Pode a minha Dama ir para uma casaconectada com várias unidades inimigas?”.

Raciocine em termos de esquemas, padrões eanalogias. Repare como algumas táticas parecem ocorrersempre com as mesmas peças ou num mesmo tipo desituação. E quando não for possível enxergar, numdeterminado momento, qualquer possibilidade tática, pergunte:“de que maneira eu poderia jogar para facilitar futurascombinações?”; “poderia fazê-lo sem dar a conhecer os meusdesígnios?”

Uma vez aprendida uma idéia, arquive-a com vistas aaplicá-la na próxima partida. Mesmo que não seja possívelaplicá-la numa determinada posição, podemos pelo menos

jogar de tal maneira que aumente as possibilidades de aplicá-la.



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Tampouco a jogada 11... xf6 pode livrar as Negras deapuros

As Brancas simplesmente continuariam com 12. xd5,ganhando um peão e atacando (mediante um “triplo deCavalo”, por assim dizer) a Dama negra, o Bispo de b4 e opeão-c. Se agora as Negras buscarem restabelecer o equilíbriomaterial com 12... xb2, capturando um peão e defendendoseu Bispo, as Brancas jogam 14. b1 (as Torres devem ocuparcolunas abertas), atacando a Dama inimiga e, por meio de um“espeto”, atacam também o Bispo (diagrama 9.8).

Depois que a Dama tiver se movido para se proteger(indo provavelmente para a3), as Brancas tomarão o Bisponegro com a Torre ou o Cavalo. E assim, com uma peça amais, só lhes resta proceder a uma troca sistemática de peças,

impedindo assim todo contra-jogo e deixando o inimigoliteralmente desarmado. A peça de vantagem irá por fim decidiro resultado da partida, permitindo às Brancas montar umataque de mate ou fazendo-as ganhar ainda mais material. Amáxima aqui é “material atrai material”. Com vantagem materialfica mais fácil conseguir mais material. O jogador comvantagem tem de se concentrar no aproveitamento dessasvantagens. Jogue sempre para ganhar. Sempre!



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Uma continuação lógica para as negras é defender seupeão-d. Poderiam, portanto, jogar 10...c6

Eis aqui uma defesa sólida que acaba com todas as

ameaças imediatas contra o peão-d. Seus únicosinconvenientes são que não desenvolve nenhuma peça nova e,em alguns casos, pode constituir-se numa perda de tempocaso as negras decidam avançar o peão para c5, de onde,

juntamente com o peão-d (se este ainda estiver no tabuleiro),dominaria toda uma carreira de casas da quarta fileira.

Outra idéia consiste em defender o peão mediante10... e6. Esta jogada do Bispo desenvolve uma nova peça etambém protege adequadamente o peão central. Às vezes, noentanto, o Bispo é uma melhor peça defensiva estando em g6,de onde corta a diagonal d3-h7 do Bispo de Rei branco.Porém para chegar à g6, as Negras devem dispor de tempo eestar bem seguras, afim de poderem jogar primeiro ... g4,

depois ... h5 e, por último, ... g6. Já vimos que 10... g4faz perder uma peça, por causa da pregadura. Assim, pois, afim de possibilitar esta manobra de translado do Bispo deDama até g6, as Negras jogam primeiro 10... e7, pondo umfim à pregadura.

Se aqui as Brancas respondem com 11. f3, com aidéia de evacuar as colunas centrais para suas Torres (a Torrede Dama irá para a coluna d e a Torre de Rei vai para acoluna e) e exercer pressão contra o peão-d, as Negrasprosseguirão com 11... g4, ganhando tempo para transladar-se para g6 via h5. Outra possibilidade para as Brancas, nestemomento, é simplesmente jogar 11. e1, ocupando umacoluna aberta (as Torres precisam de colunas abertas). Mas



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em lugar disso, as Brancas decidem embarcar numa varianteforçada que consiste em trocar um Bispo por um Cavalo:11. xf6.

Posto que 11...gxf6 é uma jogada ilógica por deixar oflanco de Rei completamente arrebentado, as Negrascapturam com o Bispo 11... xf6


• É fundamental observar a interação entre as peças, isto é,com que peças estão alinhadas (numa fila, coluna oudiagonal), que peça está impedindo um possível ataque, emque casa(s) duas peças adversárias podem eventualmentese cruzar, após moverem-se, etc.

•

Uma vez aprendida uma idéia, arquive-a com vistas aaplicá-la na próxima partida. Mesmo que não seja possívelaplicá-la numa determinada posição, podemos pelo menos

jogar de tal maneira que aumente as possibilidades deaplicá-la.

• O Bispo negro pode tornar-se uma excelente armadefensiva estando em g6, de onde corta a diagonal d3-h7do Bispo de Rei branco. Podemos dizer o mesmo emrelação ao Bispo branco em g3.



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PENSANDO A RESPEITO DO FINAL

O plano da Brancas aqui tem sido aumentar a pressãosobre o único peão central das Negras, o peão-d5. Coerentecom este plano seria a jogada 12. h5, que ameaça mate (13.

xh7 mate) e ao mesmo tempo ataca o peão-d, que já seencontra atacado pelo Cavalo–c3 e está defendido apenas pelaDama–d8.

Se as Negras se defendem da ameaça de matemediante 12...g6, o jogo poderia continuar: 13. xd5(ameaçando capturar a Torre–a8) 13... xd5 14. xd5 xb2(recobrando o peão–d4 perdido) 15. ab1 e5 (para protegero peão-c) 16. fe1 d6 17. f6+ h8 (após 17... g7 asNegras perdem a qualidade, quer dizer, uma Torre em troca deuma peça menor, por exemplo: 18. e8+ g8 19. xd6 cxd620. e4) 18. e4 e as Negras perdem um peão após: 18,,,c619. xc6 b8 20. xb8 xb8. Neste ponto, as brancaspoderiam optar pela simplificação (forçar trocas) para entrar nafase final com a vantagem de um peão, jogando, por exemplo:21. d7 xd7 22. xd7 d8 23. e8+ xe8 24. xe8. Combastante freqüência um peão extra é suficiente para garantir avitória, mas não é provável que aqui seja o caso. Vai dependerdo valor que ele tenha na faz final. É claro que, para evitar oenfraquecimento da casa f6, as Negras poderiam jogar 12...h6(em vez de 12...g6). Mas, ainda assim, perderiam um peão:13. xd5 xd5 14. xd5 xb2 15. ab1 b8 16. xc7, e asBrancas ficam com um peão a mais, embora não seja tão fácilagora forçar trocas.



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Por que um peão a mais costuma ser suficiente parachegar à vitória, e como se faz para alcançá-la neste caso?

Um peão a mais não significa grande coisa na abertura,onde prevalecem o tempo, o desenvolvimento e a iniciativa.Torna-se, porém, importante na fase final, quando temverdadeiras possibilidades de se pôr em marcha, rumo àcoroação, para se converter em uma nova Dama. Na verdade,a teoria dos finas gira em torno da conversão de um peão amais em vitória. O peão pode chegar de fato à última fileira, sertrocado por uma nova Dama e, com esta força suplementar, oxeque-mate não tardará muito. Ou, então, o avanço do peãopoderá obrigar o adversário a sacrificar mais material (umCavalo ou um Bispo, por exemplo) para detê-lo em sua marchapela coroação. Com uma peça a mais, o lado com a vantagemseguramente irá capturar mais peões adversários, aumentandoassim o número de peões extras, os quais, por sua vez,ameaçarão converte-se em Dama. Mais cedo ou mais tarde, olado com a vantagem foçará o mate ou ganhará tanto materialque o mate será iminente e inevitável.

A técnica para ganhar, quando se tem vantagem

material, é bastante direta, como já explicamos. O lado maisforte deve procurar trocar peças, sistematicamente: peçamenor por peça menor, Torre por Torre e Dama por Dama.Deve ser moderado, porém, na troca de peões, já que semuitos peões forem eliminados, o bando mais fraco pode ter aoportunidade de entregar uma peça menor pelo último peão.Sem nenhum peão no tabuleiro será impossível obter umanova Dama. E apenas uma peça menor, sem nenhum peão,geralmente não é suficiente para forçar a vitória.

Outra vantagem das trocas sistemáticas é quepraticamente se anulam as possibilidades de contra-jogo doadversário. Geralmente é preciso dispor de material para levara cabo algum ataque, e, quanto menos armas o adversário

XEQUE-MATE!!!!!!



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dispuser, mais fácil será se defender. Além disso, a importânciado peão extra aumenta à medida que o material se escasseia.

Tudo isto pode ser resumido no seguinte princípio:

• Troque material quando estiver com vantagem

Cujo corolário é:

• Evite as trocas quando estiver em desvantagem.

O que caracteriza a fase final de uma partida de xadrez?

Das três fases do jogo, o final é o que menos secompreende e a que pior se joga. Para dizer a verdade, acaracterística que distingue um jogador realmente forte é suahabilidade para transformar, de modo consistente, finaisvantajosos em vitórias.

Os tipos de finais podem variar imensamente, mas

tendem a possuir algumas características comuns:1) Em geral o material está escasso no tabuleiro e asDamas estão ausentes;2) Uma vantagem material no final tende a ser decisiva, aopasso que na abertura e no meio-jogo a superioridade materialpode ser compensada por outros fatores, como a iniciativa e asegurança do Rei.3) Os peões, no final adquirem maior importância, porqueameaçam chegar à oitava fileira, convertendo-se em Dama.4) Talvez a característica que mais distingue o final dasoutras duas fases, é o fato de que o Rei pode tornar-se ativo,sem temer um mate repentino. Em geral o inimigo não dispõede peças suficientes para que suas ameaças se tornem tãograves.

O fato é que muitas partidas são decididas em finais dotipo "Rei e peões contra Rei e peões". Em tais casos a vitóriacostuma depender da habilidade de um dos Reis em manobrarmelhor que o seu adversário. Daí se depreende o seguinteprincípio:

• Rei pode ser uma peça forte: utilize-o.

Voltemos à nossa partida

As Brancas, ao invés de 12. h5, jogam 12. xd5 (diagrama10.2), ao perceberem que o lance 12... xd5 faz as Negrasperderem a Dama devido ao ataque à descoberto 13. xh7+.



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Aqui as Negras poderiam aceitar a perda de um peão

para completar seu desenvolvimento, digamos, com 12... e6.

No entanto, depois de 13. xf6+ xf6, suas possibilidades deobter um empate, no final desvantajoso que se segue, nãoseriam muito boas.Por isso resolvem recobrar o peão continuando com12... xb2. Não dispondo mais do que uma única casa segurapara a Torre atacada, as Brancas jogam 13. b1, ameaçandoo Bispo. E as Negras seguem sem poder capturarimpunemente o Cavalo–d5, por causa do ataque a descoberto

xh7+.

Para onde devem as Negras levar o seu Bispo ameaçado?

A casa c3 está dominada pelo Cavalo, embora o Bispopossa percorrer todo o caminho de volta para novamenteocupar a casa f6.

O lance 13... d4 (diagrama 10.5) falha devido a outroataque a descoberto: 14. xh7+ (diagrama 10.6) 14... xh715. xd4. Depois disso, as Negras, aparentemente, poderiamatacar o Cavalo branco (que ficou pregado), jogando 15...c6.Porém, as Brancas podem se livrar da pregadura, com ganhode tempo, dando xeque com a Dama (16. d3+). Então, umavez que as Negras tenham se protegido do xeque, as Brancaslevam seu Cavalo para um lugar seguro.



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De nada adianta também a defesa 13... e5 (diagrama10.7). Uma linha de jogo simples para ganhar com as Brancasseria 14. xh7+! xh7 15. h5+ (diagrama 10.8), dando um

duplo ao Rei e ao Bispo de e5 (15... g8 16. xe5). Depois de16. xe5, as Negras poderiam tentar 16... e8, levando aTorre para uma coluna aberta, com ganho de tempo, eatacando a Dama branca. Porém, as Brancas podem escaparmediante 17. h5, com o que seu Cavalo fica protegido. Nemmesmo o infortúnio remanescente, 17...g6, pode privar oCavalo de sua defesa, já que as Brancas dispõem de 18. f3,que livra a Dama de novas ameaças e mantém a proteção doCavalo.

Outra possibilidade das Negras é 13... a3, que deixa oBispo numa posição meio fora de jogo. De fato, ali o Bispo não

contribui para defender o flanco de Rei e pode inclusive chegara ser vítima de uma insidiosa e velada ameaça, se as Brancasoportunamente jogarem f3. Se isto acontecer, sobcircunstâncias corretas, a Dama estará ameaçando doisataques a descoberto: um contra o Bispo–a3 e outro contra aTorre–a8. Lembre-se de procurar sempre por possibilidadestáticas, observando quais peças estão alinhadas numa mesmafila, coluna ou diagonal.


• Uma vantagem material no final, mesmo que de umsimples peão, tende a ser decisiva, portanto, não hesite em

lutar por um mero peão se a fase final se aproxima. • Os peões, no final adquirem maior importância, porque

ameaçam converter-se em Dama. Assim, tendo obtido umpeão de vantagem, busque simplificar para obter um finalvitorioso.

• Evite a simplificação quando estiver em desvantagemmaterial.

• Na fase final, a participação do Rei passa a serfundamental para a vitória, portanto, utilize o Rei no final.

• Das três fases do jogo, o final é o que menos secompreende e a que pior se joga, portanto, se quisermelhorar rapidamente seus resultados no xadrez, dedique-se ao estudo dos finais.



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As Brancas prosseguem com 14. h5.

Mais seguro para as Negras aqui é 14...h6 que mantém oBispo ainda protegido pelo peão-g.

Talvez porque lhes pareça um ganho de tempo expulsara Dama branca de seu posto atual, as Negras decidem jogar14.g6.

Isto ataca a Dama, mas infelizmente cria debilidadesimediatas em h6 e f6 e deixa o Bispo menos protegido.

Uma vitoriosa tática tem início agora com 15. f3.

Assim, as Brancas atacam de imediato o Bispo f6 e aomesmo tempo colocam sua Dama alinhada com a Torre–a8



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visando aplicar um ataque à descoberto contra a mesma, aomover o Cavalo.

As Negras parecem ter duas opções: defender o Bispo

com seu Rei (15... g7) ou pô-lo à salvo em g7 (15... g7).Este último lance é o mais prudente, pois ainda não chegou omomento de utilizar o Rei, a não ser que este fosse o únicomeio de salvar o Bispo.

As Negras prosseguem portanto com 15... g7.

Com esta jogada também se restabelece o domínio dascasas previamente debilitadas (f6 e h6). Como regra geral,uma peça não protege a casa que ocupa, como também nãoprotege a si mesma. Somente quando se move pode defendera casa que antes ocupava.

As Brancas têm agora a oportunidade de lançar um ataqueà descoberto contra a Torre-a8 movimentando o Cavalo,

porém, para onde devem movê-lo?

Se for para e3 ou f4, por exemplo, as Negras nãopoderão salvar a Torre movendo-a para outra casa, já que acasa b8 está ameaçada pela Torre branca que se encontramuito bem situada dominando a coluna aberta b. Poderãosalvá-la, no entanto, se (finalmente!) moverem o Bispo dascasas brancas, de modo que a Torre a8 fique defendida pelaDama. A verdadeira questão é: qual a jogada de ataque àdescoberto que é mais eficaz? Seria possível às Brancasmover seu Cavalo com ganho de tempo? Ou seja, pode oCavalo retirar-se e impor mais alguma ameaça? As Brancasentão fariam duas ameaças ao mesmo tempo, pondo as

Negras em apuros, já que estas não poderiam defender-secontra as duas ameaças simultaneamente. Uma opçãovitoriosa seria jogar 16. f6+, que força as Negras a pôr à

salvo o Rei. Após fazê-lo, digamos com 17... xf6, quedesenvolve uma nova peça, as Brancas podem tranqüilamente

capturar a Torre com 17. xa8.Outra idéia para as Brancas é mover o Cavalo

capturando algo, mesmo que vá para uma posição onde elemesmo seja capturado. Se as Negras tomam o Cavalo, dequalquer maneira perdem a Torre e mais o que o Cavalo tivercapturado antes.

As Brancas decidem jogar 16. xc7 (diagrama 11.6),apoderando-se de um peão inimigo e atacando duplamente a



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Torre Negra.

Agora, mesmo que o Bispo de Dama preto libere a oitavafila, o Cavalo ainda pode capturar a Torre.

Uma idéia defensiva consiste em liberar a oitava fila com

ganho de tempo. Se o Bispo c8 pudesse entrar em jogo comalguma ameaça, talvez a torre encontrasse um meio deaproveitar esse tempo para salvar-se.

Continuando aqui com 16... xc7 ganharia-se o

Cavalo, porém perderia-se a Torre depois de 17. xa8. Para

as Negras, porém, parece plausível jogar 16... g4.

Sua análise foi 17. xg4 xc7. Porém, deixaramescapar uma coisa: a Torre a8 está duplamente atacada.

As Brancas não respondem a 16... g4 capturando oBispo, mas tomando a Torre de a8 com a Dama, que fica

protegida pelo Cavalo. As Brancas jogam 17. xa8.



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As Negras agora só têm realmente duas opções:capturar o Cavalo branco, aplicando simultaneamente umataque à descoberto contra a Dama inimiga, ou então tomar

esta última com a sua, sabendo todavia que o Cavalo irácapturá-la no lance seguinte. Optam pelo menos prudente,

isto é, jogam 17... xa8.



A FASE FINAL: FOR AR AS TROCAS

Existem, basicamente, duas maneiras de se defender:

1) Pode-se jogar passivamente, sem correr riscos, comofaz a maioria dos principiantes, procurando proteger tudoou trocando material para reduzir as possibilidades deataque do adversário. Ou então,

2) pode-se fazer como os enxadristas mais experientes,isto é, jogar ativamente, combinando defesa e contra-ataque, ao estilo da Escola Soviética.

O segundo método é mais arriscado, porém é o maisindicado quando se busca a vitória. Lembre-se do provérbio: “amelhor defesa é um bom contra-ataque”. Na presente partida, omelhor para as Negras seria jogar 17... xc7, conservando aDama com vistas ao contra-ataque. Por outro lado, 17... xa8conduz a um final claro e simples, bastante seguro, mastambém sem muita esperança.

A decisão das Negras (17... xa8) é ruim porque,quando se está em desvantagem material deve-se evitar astrocas, sobretudo de Damas. Tais transações só servem paradestruir pela raiz toda possibilidade de contra-ataque econduzir a partida a uma situação na qual o materialsobressalente do adversário aumenta em importância. O que

se segue é uma seqüência forçada para ambos os lados. AsBrancas têm que capturar a Dama inimiga, 18. xa8 (fig. 12.1) e as Negras devem fazer o mesmo com o Cavalo inimigo(antes que ele fuja!), 18... xa8 (fig. 12.2).

Façamos uma nova avaliação da situação. As Negrastêm quatro peões contra cinco das Brancas. Estas, portanto,levam um peão de vantagem. Sem contar os Reis, ambos oslados possuem três peças, porém as Brancas dispõem de duas

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é fazer um plano de antemão, conservando porém aflexibilidade para mudar de plano se for conveniente. Afinal, seo plano consistia, por exemplo, em capturar um peão isolado eo adversário coloca sua Dama em um lugar onde se podecapturá-la gratuitamente, o melhor é abandonar o plano iniciale merendar a Dama. Depois, pode até dar-se novamente aoportunidade de prosseguir com o plano antigo.

• Não tenha medo de mudar de plano quando enxergar umaidéia melhor ou quando se der conta de que, seguindo-o,estará cometendo um erro. Ao mesmo tempo certifique-se deque o motivo para mudar de plano é legítimo.

Não é necessário, no início, esforçar-se para enxergarantecipadamente muitas jogadas à frente. Uma ou duascostuma ser suficientes. Com freqüência nem é mesmopossível enxergar além disso. O cálculo – elaborar jogadas eséries de jogadas precisas – é apenas uma ajuda para a tarefade planejar, e não um fim em si. É mais fácil encontrar boas

jogadas quando se tem uma noção clara do que se busca.Os planos caem na categoria de estratégia. Levá-los a cabo

pertence à tática. Esses dois conceitos estão relacionadosentre si, sendo porém distintos.

Qual é a diferença entre estratégia e tática?

Esses termos são praticamente opostos, porém secompletam e caminham de mãos dadas, razão pela qualmuitos enxadristas os confundem. A situação se complicaainda mais devido ao fato de esses termos serem utilizadosquotidianamente, fora do contexto do xadrez, com aconseqüente discrepância entre seus significados.

A estratégia se refere a um plano de conjunto,normalmente de longo prazo e de caráter geral. Uma estratégiapode ser, por exemplo, um ataque pelo flanco do Rei. Isto

implica em um certo número de manobras (séries de jogadastranquilas e não diretamente ameaçadoras, orientadas a umfim específico ou destinadas a situar melhor uma determinadapeça) e movimentos concomitantes. Em questões de longoprazo, não é raro que cada lado maneje simultaneamente trêsou quatro estratégias. Às vezes uma mesma estratégia secinge a uma determinada fase da partida (abertura, meio-jogoou final), e em outros casos perdura por duas fasesconsecutivas. Com menos freqüência um plano estratégicoprolonga-se pelas três fases. Pode ocorrer também que osplanos comecem a variar rapidamente, adaptando-se aosreveses da batalha. Em geral, estratégia e planejamento sãosinônimos.

A tática, por sua vez, consiste em operações concretasque devem ser levadas a cabo para se executar um planoestratégico. Costuma ser de curto prazo, imediata e específica.Se a estratégia é o que se planeja fazer, a tática é o modoconcreto de fazê-lo.

Como as operações táticas persistem praticamente aolongo de toda uma partida, torna-se mais fácil estudá-lasdevido à sua grande preponderância. Existem inúmerasoportunidades para se procurar garfos, espetos, pregaduras eos mais variados tipos de ataque. Por outro lado, a estratégia

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predomina menos e requer visão sintética para a formulaçãode planos de longo prazo (o que supõe experiência e tempo deprática); por isso, é muito mais difícil de aprender, e tambémpor isso é que os principiantes assimilam a tática antes daestratégia.

Daí o ponto de vista, exposto no começo do livro, de quepara poder se ter uma idéia do todo, é necessário, antes,compreender as suas partes.

De volta para a nossa partida

A estratégia correta a ser usada quando se está comvantagem material é trocar peças, realçando assim asuperioridade, já que se tornará ainda mais difícil para oadversário compensá-la através de outros fatores. Também éimportante saber em que, exatamente, consiste esta diferençamaterial.

Além do seu peão de vantagem, as Brancas têm umaTorre por um Bispo. Ganhar uma Torre em troca de um Bispo(ou de um Cavalo) significa, no xadrez, ganhar a qualidade.Isto é vantajoso porque em confrontações diretas a Torregeralmente é capaz de conter tanto o um Cavalo como umBispo, sem com isso diminuir seu poder. Além disso, a Torre

constitui, por si só, uma ameaça de mate, enquanto que umapeça menor (Bispo ou Cavalo), sozinha, raramente é capaz dedar mate.

O plano correto para se tirar proveito da vantagem da“qualidade” já foi traçado por Capablanca. Consiste em utilizara maior mobilidade da Torre para atacar, obrigando o inimigo a

jogar na defensiva; prosseguir mantendo a pressão, tirar omáximo proveito da posição e no momento azado sacrificar aTorre pela peça menor, simplificando para chegar a um finalclaramente vitorioso. Em geral esta troca dá excelentesresultados quando, ao fazê-la, se consegue um peão com

potencial para ser promovido (peão passado).No caso da nossa partida, as Brancas já possuem um

peão a mais, facilitando sobremaneira a sua tarefa. Paramelhor estimar os efeitos da vantagem da qualidade, fariabastante sentido agora efetuar uma troca de Torres, deixandoas Negras apenas com o par de Bispos. A Torre Brancagozaria, então, de grande liberdade de ação, pois não haveriaforça equivalente que pudesse confrontá-la.

A fim de auxiliar o estudioso na elaboração de um planode jogo, de modo que no futuro possa fazer o mesmo,apresentarei uma série básica de perguntas pertinentes, quepodem ser assim formuladas:

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• Existem objetivos potenciais de ataque no campo dasNegras?• Em caso afirmativo, têm as Brancas suas peças situadasnas melhores casas de onde possam apontar contra taisobjetivos?• As Negras podem defender esses pontos de forma

satisfatória?• Podem as Brancas forçar a troca de Torres?• Neste caso, aumentariam realmente suas possibilidades devitória nesta posição?• Existem regras gerais que aqui se aplicam ou possam servirde orientação?• Podem as Brancas jogar de forma flexível, perseguindosimultaneamente vários objetivos?

Essas perguntas servem apenas como modelo, paraexemplificar o tipo de raciocínio ao qual nos referíamos hápouco. Não há por que formulá-las necessariamente nestaordem ou exatamente nos mesmos termos. Quaisquer quesejam as perguntas e a maneira de formulá-las, seu objetivo écontribuir com o processo de reflexão, permitindo-se adotar umplano de jogo inteligente e lógico.

Há, no campo negro, objetivos potenciais de ataque?

Além da possibilidade de expulsar o Bispo-g4 da casaque ocupa, mediante algo como h3, as Brancas podem dirigirsua pontaria para f7 e a7. De que forma podem atacá-los?Com relação ao peão-a, podem fazê-lo simplesmente por meiodas Torres, alinhando-as na coluna-a ou na sétima fila, ouentão combinando o ataque por ambas as linhas. O peão-fpode ser atacado dobrando-se as duas Torres na sétima fila. OBispo também pode ameaçá-lo, através da diagonal a2-f7 (apartir de c4). As Negras, por sua vez, podem defender o peão-a com sua Torre, isto é, enquanto não a expulsarem de a7(mediante e4, por exemplo) ou não a eliminarem medianteuma troca; também podem defender o peão com o Bispo,mediante d4. O peão-f pode ser defendido pelo Rei, pelaTorre (a partir de f8) e pelo Bispo (a partir de e6). Parece,portanto, que existe defesa suficiente; porém subsiste ainda,para as Brancas, a possibilidade de combinar jogadas deataque de tal forma que atendam a ambos os planos,formando-se assim um plano único, mais abrangente.

Podem as Brancas forçar a troca das Torres? Semdúvida que podem. Tudo o que têm a fazer é dobrar suas duasTorres na coluna-b (mediante fb1) e em seguida mover aTorre-b7 para a casa b8, de modo que esta última esteja

protegida pela primeira (logo adiante falaremos mais sobreeste plano). Uma vez efetuada a troca, e tendo em suas mãosa única Torre que restou, as Brancas podem então atacar commais liberdade, sem ter mais que se preocupar com o principaldefensor da posição negra.

Existem princípios gerais que possam ser observadosaqui?

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Isto defende o peão-f e impede que o Bispo branco

ocupe um posto dominante em c4. Além disso, tal movimentoafigura-se um contra-ataque, já que aponta diretamente para opeão-a2 branco. As Brancas poderiam salvar este peãosimplesmente avançando-o, porém isto representaria umaperda de tempo. Se quiserem concluir eficazmente seu plano,

não devem fazer jogadas desnecessárias de peões. Por razõesque veremos logo adiante com mais clareza, o peão-a2 é o quese pode chamar de peão envenenado: capturá-lo significariacair numa cilada.

Quando um jogador se deixa levar por uma linha de jogoque parece boa, mas que na realidade não o é, diz-se que este

jogador caiu numa cilada. As ciladas mais conhecidas ocorremna abertura, onde jogadores incautos estão sempre prontospara capturar qualquer material generosamente oferecido. Nonosso caso não estamos mais na fase de abertura do jogo; noentanto, o alçapão encontra-se aberto para apanhar as Negrasse estas não olharem bem por onde andam. As Brancas seguem com seu plano (não há por que desviar-

se do plano traçado, a menos que não haja outro remédio, ouno caso de surgir uma alternativa melhor) e jogam 20. fb1,dobrando as Torres.

Se quisessem, as Negras poderiam agora evitar a trocaimediata de Torres, jogando algo semelhante a 20... f8. Seentão as Brancas continuassem com 21. b8 como estavaprevisto, as Negras poderiam interpor seu Bispo, levando-o atéc8. Evidentemente, isto não atrasaria muito as coisas, dadoque as Brancas logo dobrariam as Torres na oitava fileira ou,se necessário, utilizariam as colunas abertas do Rei e da Dama

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para irromper na posição negra. Cedo ou tarde as Negrasteriam de fazer mais concessões ou perder mais material, ouambas as coisas. O resultado final seria o mesmo, ou seja, aderrota, com a condição é claro de que o adversário fizesseboas jogadas. Deve-se pressupor, naturalmente, que eleencontrará as melhores jogadas, mas também é precisoobrigá-lo a demonstrar. Os grandes enxadristas, os russos emparticular, lutam ferozmente para salvar posiçõesdesesperadas. O ex-campeão do mundo Anatoli Karpov, porexemplo, nas últimas rodadas de seu primeiro encontro com oentão desafiante Gari Kasparov (campeão mundial de 1985 até2000), prosseguia jogando em posições sem salvação, com afinalidade de obter um eventual empate. Quanto maisdificultarmos a tarefa do adversário, maior a probabilidade desalvarmos nossa posição. O antigo campeão mundial russo,

Alexander Alekhine disse certa feita que para arrebatar-lheuma vitória seria preciso derrotá-lo três vezes numa mesmapartida: uma vez na abertura, outra no meio-jogo e por últimona fase final. Jamais abandonou uma partida sem combater atéo fim.

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Talvez quem tenha melhor resumido tudo isso foi o GrandeMestre soviético Saviely Tartakover, que disse certa feita:“Ninguém jamais conseguiu ganhar uma partida rendendo-se”.

Por mais inútil que possa parecer, as Negrasmelhorariam suas possibilidades se conseguissem evitar atroca de Torres. As Negras no entanto jogam 20... xa2, mordendo a isca.

Com esta captura atacam também a Torre-b1, porém asBrancas terão tempo para se ocupar desta ameaça depois dedarem xeque na oitava fileira para forçar a troca de Torres.Continuam pois com 21. b8+.

As Negras poderiam agora jogar 21... f8 ao invés decapturar a Torre branca, considerando que, embora viessem aperder a Torre-a8, poderiam, por sua vez, tomar a Torre-b1.Porém, depois de 22. xa8 xb1 23. xa7 (ameaçandoganhar o Bispo preto depois de 24. a1) 23... g7 (paracontrolar a casa a1) 24. a8+ (obrigando o Bispo preto aretirar-se da diagonal a1-h8) 24... f8 25. a1, as Brancas dequalquer modo ganhariam o Bispo, aumentando ainda maissua vantagem material. Assim é, pois, que as Negras selimitam a trocar as Torres: 21... xb8 (diagrama 12.8).

As Brancas seguem naturalmente com 22. xb8+ (diagrama12.9). Como para as Negras só resta uma jogada legal, vêem-se forçadas a jogar 22... f8. (diagrama 12.10)

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A posição agora apresenta um último problema. As Brancasainda têm a qualidade, mas perderam seu peão extra quandoas Negras capturaram em a2. O problema com capturas dotipo xa2 é que em geral o Bispo guloso acaba ficandoencurralado (um exemplo famoso disso pode ser visto napartida do primeiro encontro Fischer-Spasski de 1972, ondeBobby não conseguiu libertar satisfatoriamente seu Bispoencurralado).

Fischer-Spasski, 1972

Aqui o Bispo ainda tem por onde escapar, dado que se o

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atacam (por exemplo mediante 23. b2), pode retirar-se dadiagonal a2-e6. Mas é exatamente isto que sugere a soluçãodo seguinte problema: como bloquear esta diagonal de talmodo que seja impossível ao Bispo escapar? Existe ummovimento que dá a resposta precisa: 23.c4!

Não existe mais nenhuma maneira de salvar o Bispo

preto. As Brancas o capturarão em duas jogadas, a começarcom 24. b2. Repare como a Torre branca, excelentementecolocada, impede o Bispo das casas pretas de controlar a casab2 por se encontrar pregado. Uma vez capturada, e com umaTorre limpa de vantagem, as Brancas já não terão qualquerdificuldade para conseguir a vitória.

Neste ponto eu termino a partida, mas de qualquermaneira as Negras provavelmente iriam mesmo abandoná-lano caso de uma partida real. Uma Torre extra é mais do quesuficiente para garantir a vitória.

No entanto, se o leitor ainda não dominou a técnica deganhar quando se tem uma Torre de vantagem, seriarecomendável prosseguir com a partida até que compreenda a

maneira correta de conduzí-la. A técnica geral de se irefetuando trocas já foi exposta nas páginas anteriores.

Princípios do capítulo

• A melhor defesa é um bom contra-ataque. Jogueativamente, evite o jogo passivo.

principios do xadrez moderno_bruce pandolfini

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