prisma 60 | mar 2016
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Revista brasileira de construção e arquitetura com produtos pré-fabricados de concreto. Brazilian magazine about construction and architecture with precast concrete partsTRANSCRIPT
Uma casa, lána zona leste
Ano 15 - No 60 março 2016 R$ 15,00
Residência em Vila Matilde,
São Paulo, vence premiação internacional. Ela
é inteiramente feita com
blocos e lajes pré-fabricadas de
concreto
14 entrevista
O engenheiro e professor-doutor Mounir Kalil El Debs, um dos maiores
especialistas brasileiros em pré-moldados de concreto, avalia a situação
atual do setor e defende maior interação entre o setor privado e a academia
16 pavimento
A Prefeitura de São Paulo implanta projeto-piloto de revitalização de um
trecho da rua Sete de Abril, no centro velho paulistano, com blocos pré-
moldados de concreto de grandes dimensões; o projeto pode ser estendido
para toda a região central paulistana
19 pavimento permeável
Conjunto residencial do programa Minha Casa, Minha Vida, na zona leste
paulistana, recebe pisos permeáveis de blocos pré-fabricados de concreto
com o sistema de juntas alargadas
22 arquitetura
Residência construída para uma diarista com alvenaria estrutural de blocos
de concreto, na zona leste de São Paulo, ganha prêmio internacional de
arquitetura, o "Archdaily Building of the Year 2016” e também é premiado
pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU/BR)
28 selo de qualidade
Os fabricantes de pavimentos permeáveis de concreto agora podem ter o
Selo de Qualidade da ABCP para os produtos desse setor, que já conta com
norma específica desde 2015
nesta edição
revista prismasoluções construtivas compré-moldados de concretowww.revistaprisma.com.brpublicação bimestralmarço 2016
SEÇÕES
6 agenda
8 curtas
12 produtos
30 destaque
60
5
Pr isma é uma publ icação b imestra l da Ed i tora Mandar im
www.mandar im.com.br
ISSN : 1677-2482
DIRETORES
Marcos de Sousa e S i lvér io Rocha
EDITOR RESPONSÁVELSi lvér io Rocha – MTb 15.836-SP
EQUIPE TÉCNICA
Abdo Hal lack, C láudio Ol ive i ra , Germán Madr id Mesa (Co lômbia) ,
Hugo da Costa Rodr igues, Kát ia Zanzot t i , Marc io Santos Far ia ,
Paulo Sérg io Gross i , Rodr igo P iernas Andol fa to e Ronaldo V izzon i
COLABORADORES
Texto: Marcos de Sousa, Regina Rocha
Fotos: Lauro Rocha, Patr íc ia Be l for t
PROJETO GRÁFICO
LuaC Des igner
DIAGRAMAÇÃO/ARTE
Vin ic ius Gomes Rocha - Act Des ign Gráf ico
IMPRESSÃO
Van Moorse l Gráf ica e Ed i tora
REDAÇÃO
Edi tora Mandar im
Praça da Sé, 21, c j . 402, São Paulo,
CEP 01001-001 - Te l . (11) 3117-4190
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APOIO INSTITUCIONAL
Num ano que se iniciou sob o signo da turbulência, po-lítica e econômica, a Revista Prisma completa, em 2016, 15 anos de circulação ininterrupta na tarefa de divulgar o que há de melhor e mais importante em projetos, obras, pesquisas e inovações relacionadas com pré-fabricados de concreto. Nesses quinze anos, muita coisa mudou em nos-so país e na construção civil brasileira. Os tempos da cons-trução convencional, com fôrmas consumindo madeiras em grande escala para a produção do concreto, com uma produtividade muito baixa, estão cada vez mais distantes.
Atualmente, cresce exponencialmente a utilização de métodos racionalizados de construção, especialmente daqueles que ajudam a aumentar a produtividade, dimi-nuindo custos. É assim com a alvenaria estrutural com blocos de concreto, cada vez mais utilizada em edificações dos mais diversos padrões; dos pré-moldados estruturais de concreto e a agilidade que permitem na construção de edificações, especialmente industriais, de logística, entre outras, e em obras-de-arte especiais, como pontes e viadu-tos, nas cidades e nas rodovias brasileiras. Telhas de con-creto ajudam a embelezar as residências, unindo estética à praticidade, durabilidade e resistência do concreto, numa solução que une engenharia e arquitetura de forma práti-ca e econômica. E os tubos de concreto também ganham mercado por oferecer as melhores soluções, normalizadas, com a qualidade e a resistência exigidas em obras de sane-amento, em todo o país.
E, palavra de ordem cada vez mais acatada pela cadeia produtiva da construção civil, a sustentabilidade é tam-bém um ponto forte do setor. Nesta edição, abordamos um ponto importante para fabricantes e consumidores de pavimento permeável de concreto, em suas diversas modalidades oferecidas ao mercado: a criação do Selo de Qualidade do Pavimento Permeável pela ABCP. Criado por solicitação de fabricantes de pavimentos permeáveis de concreto, o Selo de Qualidade da ABCP oferecerá ao mercado a garantia de produtos fabricados com o pleno atendimento às exigências da norma ABNT NBR 16.416, que entrou em vigor em setembro de 2015. Com isso, ga-nham os fabricantes que fazem questão de produzir com qualidade, e ganha o mercado da construção civil, que terá um instrumento precioso de aferição dessa qualidade. E ganham os consumidores e a sociedade brasileira, ao rece-ber obras sustentáveis, devido à permeabilidade desse tipo de piso, executadas com produtos adequados e duráveis. Boa leitura!
EXPEDIENTE editorial
Na próxima edição
Centro Paraolímpico Brasileiro SP
Universidade Federal do ABC
Edifícios escolares com alvenatria estrutural
Como produzir vibroprensados
agenda
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2o CoNgresso INterNaCIoNal de HabItação ColetIva susteNtávelde 18/04 a 20/04, em são Paulo
A segunda edição do congresso, realizado na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
da Universidade de São Paulo (FAU/USP), promove um espaço de reflexão para
estudantes, profissionais e membros da academia sobre habitação coletiva e suas
relações com a cidade contemporânea e histórica. Além da apresentação dos
artigos, dentro dos temas Teoria e História, Habitação como Formadora da Cidade,
Avaliação dos Critérios de Sustentabilidade e Habitação e Inclusão Social, o evento
contará com dois workshops e uma exposição sobre trabalhos relacionados à
habitação coletiva. Informações: E-mail: [email protected],
site: www.laboratoriovivienda21.co.
semINárIo de CaPaCItação: PavImeNto Permeável9 de maio, em são Paulo
Um evento dedicado inteiramente à capacitação de arquitetos-paisagistas sobre o
pavimento permeável, suas características, projeto/especificação e normalização.
Esta é a proposta do seminário que acontecerá no próximo dia 9 de maio, das 14h
às 18h, no auditório da ABCP, em São Paulo. O seminário é uma realização da
BlocoBrasil-Associação Brasileira da Indústria de Blocos de Concreto, com apoio
da Abap-Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas, da ABCP-Associação
Brasileira de Cimento Portland e do Sinprocim/Sinaprocim, o sindicato das
indústrias de artefatos de cimento. O seminário terá duas palestras: a primeira
delas, que será ministrada pelo engenheiro Cláudio Oliveira Silva, gerente de
Indústria da ABCP, abordará os principais itens da norma 16.416 na palestra
intitulada Normatização dos pavimentos permeáveis. Na segunda palestra, a
engenheira Liliane L. C. Alves Pinto, da empresa de consultoria L. C. Engenharia,
detalhará as questões de hidrologia, permeabilidade dos solos e reuso das águas
pluviais em um projeto de pavimento permeável na palestra Pavimento permeável:
uma estrutura sustentável. A moderação das palestras será feita pela arquiteta-
paisagista Maria Cecília (Ciça) Guimarães, ex-presidente da Abap. Haverá ainda
demonstração prática da permeabilidade da água pelo pavimento permeável com
revestimento de peças de concreto drenante no Laboratório da ABCP. Haverá ainda
demonstração prática da permeabilidade da água pelo pavimento permeável com
revestimento de peças de concreto drenante no Laboratório da ABCP. Serviço
Evento: Seminário de capacitação: pavimento permeável
Local: Auditório da ABCP, av. Torres de Oliveira, 76, Jaguaré, São Paulo
(estacionamento grátis no local)
Inscrição: gratuita (vagas limitadas) e exclusiva para arquitetos-paisagistas
associados da Abap, pelo e-mail: [email protected]
Data: 9/5/2016 , horário: 14h às 18h
9o CoNgresso brasIleIro de PoNtes e estruturasde 18 a 20/05, no rio de Janeiro
A Associação Brasileira de Pontes e Estruturas (ABPE) e a Associação Brasileira
de Engenharia e Consultoria Estrutural (Abece) organizam o congresso com foco
nas intervenções urbanas que visam a preparar o município para a realização
da Olimpíada de 2016. Serão duas temáticas principais: projeto, construção,
recuperação, reforço e manutenção de pontes, estádios, edifícios, indústrias,
transportes metropolitanos, portos, barragens, plataformas offshore, aerogeradores
e fundações; e normatização, experimentação, análise e dimensionamento de
estruturas de concreto armado e protendido, metálicas, de madeira, de alvenaria e
de materiais avançados.Local: Everest Rio Hotel (Rua Prudente de Morais, 1117 –
Ipanema), Telefone: (21) 3088-646, e-mail: [email protected], site: www.
cbpe2016.com.br.
CoNstruCtIoN exPo 2016 - FeIra e CoNgresso INterNaCIoNal de edIFICações e INFraestruturade 15 a 17/06, em são Paulo
A Construction Expo 2016 integrará, em um único local, gestores públicos e empresas
privadas, apresentando casos nacionais e internacionais de projetos de infraestrutura
urbana. Para as empresas do segmento representa uma oportunidade de mostrar suas
soluções que tragam produtividade, qualidade, redução de custos e agilidade para obras
públicas. Para os profissionais de prefeituras e governos estaduais será uma chance
de entrar em contato com as melhores soluções em materiais, serviços, equipamentos
e tecnologias. A feira e o congresso acontecem no São Paulo Expo Exhibition &
Convention Center (Rod. dos Imigrantes, Km 1,5 - Vila Água Funda). Informações: www.
constructionexpo.com.br.
7o CoNgresso brasIleIro do CImeNto (CbCI)de 20 a 22/06/2016, em são Paulo
A Associação Brasileira do Cimento Portland (ABCP) e o Sindicato Nacional da Indústria
do Cimento (SNIC) organizam a 7ª edição do encontro. Além de palestras, o evento
contará com exposições de alguns dos principais fabricantes da área. Os visitantes
têm até o dia 20 de junho para se inscreverem pela web. O evento acontece no hotel
Maksoud Plaza, na Alameda Campinas, 150, Bela Vista, em São Paulo. Informações e
inscrições: Telefone: (51) 3334-8875, site: www.7cbci.com.br.
10a bIeNal IberoamerICaNa de arquItetura e urbaNIsmo (bIau)de 4 a 8/07, em são Paulo
A 10ª edição da Bienal Iberoamericana de Arquitetura e Urbanismo, organizada pelo
governo da Espanha, acontece neste ano em São Paulo. O programa inclui apresentação
de trabalhos, conferências, palestras e mesas de debate articuladas em torno do
tema Deslocamentos. O evento acontece no Auditório Oscar Niemeyer, no Parque do
Ibirapuera, em São Paulo. Informações: e-mail: [email protected], ou pelo site: www.
bienalesdearquitectura.es.
7a greeNbuIldINg brasIl - CoNFerêNCIa INterNaCIoNal e exPode 9 a 11/08, em são Paulo
Voltado à geração de negócios no mercado de construção sustentável, o evento
reúne anualmente empresas nacionais e internacionais que fornecem tecnologia,
equipamentos e serviços para profissionais do setor. O foco da 7a edição da feira, que
conta com palestras e sessões educacionais com profissionais de todo o mundo, serão
materiais, net zero, resiliência, responsabilidade social, ações e engajamento comunitário
e água. Simultaneamente, em uma área de exposição conjunta, acontece a feira High
Design – Home & Office Expo. O evento acontece no São Paulo Expo, na Rodovia dos
Imigrantes, Km 1,5, Vila Água Funda, São Paulo. Informações: Telefone: (11) 3017-6892,
site: www.gbcbrasil.org.br/expo-gbc.php.
CoNCrete sHow soutH amerICade 24 a 26/8, em são Paulo
O Concrete Show South America é reconhecido como um dos mais importantes pontos
de encontro da construção civil mundial, sendo o maior na América Latina e segundo
maior do mundo nesse segmento. O evento apresenta soluções completas que vão
desde a terraplanagem, canteiros de obras e projetos estruturais, até tecnologias de
ponta para a cadeia produtiva do concreto, serviços e acabamento, visando sempre o
aumento da produtividade e a redução de custos na construção. O evento acontece
no São Paulo Expo, na Rodovia dos Imigrantes, Km 1,5, Vila Água Funda, São Paulo.
Informações: Telefone: (11) 4878 5990, e-mail: [email protected], site:
http://www.concreteshow.com.br/pt/.
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laNçameNto lIvro alveNarIa estruturalA Editora Pini lançou, em 23 de março último, o livro Alvenaria Estrutural: Cálculo, detalhe e comportamento, de autoria
do engenheiro José Luiz Pereira. O livro conta com o patrocínio da BlocoBrasil-Associação Brasileira da Indústria de Blocos
de Concreto. O objetivo do autor é que esta publicação esclareça dois importantes efeitos relacionados às paredes de
alvenaria estrutural e que devem ser considerados nos cálculos das edificações: o efeito de arco e os esforços resultantes
da ação dos ventos. Formado em engenharia civil pela Escola Politécnica da USP, em 1960, José Luiz Pereira abriu seu
escritório de cálculo de estruturas e de construções no ano seguinte, contando apenas com a experiência adquirida
em três anos de estágio, dos quais um ano e meio tutelado pelos mestres-engenheiros Milton Mautoni e Péricles
Brasiliense Fusco, considerados por ele como os principais impulsionadores da sua carreira. No final dos anos
1960, Pereira iniciou nova etapa em sua vida profissional, com o desafio de desvendar a alvenaria estrutural. Hoje, o
veterano profissional é reconhecido como um dos principais mestres desse segmento da engenharia de projetos.
PavImeNto INtertravado sem trePIdação
A Prefeitura Municipal de Sorocaba-SP, a
ABCP e uma fabricante local de blocos e pisos
intertravados de concreto desenvolveram o
primeiro pavimento intertravado “não-trepidante”.
O piso foi instalado no Jardim Sensorial de
Sorocaba, inaugurado em 11 de dezembro de
2015. O pavimento possui peças no formato
20 x 20 cm, porém diferenciadas por não terem
os chanfros das extremidades superiores. A ideia
foi bem-aceita e deve ser multiplicada nos
programas de acessibilidade das cidades da
região. O prefeito de Sorocaba, Antonio Carlos
Panunzio, já anunciou que irá adotar a solução
também em ciclovias da cidade.
Para dar continuidade ao programa Minha
Casa Minha Vida o governo federal anunciou
algumas mudanças: redução no número de
imóveis entregues e um sistema de sorteio
para os interessados em comprar o imóvel
pelo projeto. As novas regras, no entanto, não
foram bem aceitas pelo mercado que teme
mais burocracia e morosidade na hora de
finalizar os negócios. “Se o sorteio demorar,
a análise de crédito perderá a validade.
Além disso, o mercado não esperava essas
reduções de unidades, pois vinha obtendo
resultados satisfatórios justamente nas faixas
2 e 3”, argumentou o vice-presidente de
Habitação Popular do SindusCon-SP, Ronaldo
Cury. A mudança na regra consiste na criação
do Sistema Nacional de Cadastro Habitacional,
espaço que reunirá a lista dos interessados
em adquirir as unidades habitacionais, para
distribuição das moradias pelas regiões
do País e sorteio dos beneficiários nas
faixas 1 e 1,5.
Poucas unidades para os próximos três
anos - A redução das metas da faixa 2 (de
315 mil para 180 mil unidades) e da faixa 3
(de 98 mil para 70 mil) para 2016 também
recebeu críticas do mercado. E o MCMV3
criou a faixa 1,5, destinada para famílias
que ganham até R$ 2.350,00, faixa que
terá 500 mil unidades. E, ainda, são 500 mil
unidades para a primeira faixa do programa,
800 mil unidades para a faixa 2 e 200 mil
unidades para a faixa 3. “O que preocupa é
que já foram consumidas 350 mil unidades
do faixa 2 e sobraram 450 mil unidades para
os próximos três anos. Isso é muito pouco”,
acrescenta Cury, do SindusconSP. Em quatro
anos, a meta estipulada pelo governo federal
será de contratação de 2 milhões de moradias,
sendo 480 mil em 2016.
Números do mCmv - Nos próximos dois
anos serão investidos cerca de R$ 210,6
bilhões, segundo o governo federal, sendo que
apenas R$ 41,2 bilhões são do Orçamento
Geral da União - R$ 39,7 bilhões serão de
subsídios do FGTS e R$ 129,7 bilhões de
financiamentos do FGTS. Segundo Cury, o
Sinduscon-SP participou das conversações
que antecederam a definição das principais
diretrizes desta nova fase, no entanto, algumas
decisões forma tomadas à revelia do mercado.
Nova regra do mINHa Casa PreoCuPa o setor
curtas
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curtas
Um evento dedicado inteiramente à
capacitação de arquitetos-paisagistas sobre
o pavimento permeável, suas características,
projeto/especificação e normalização. Esta é
a proposta do seminário que acontecerá no
próximo dia 9 de maio, das 14h às 18h, no
auditório da ABCP, em São Paulo. O seminário
é uma realização da BlocoBrasil-Associação
Brasileira da Indústria de Blocos de Concreto,
com apoio da Abap-Associação Brasileira de
Arquitetos Paisagistas, da ABCP - Associação
Brasileira de Cimento Portland e do Sinprocim/
Sinaprocim, o sindicato das indústrias de
produtos de cimento.
“O objetivo da BlocoBrasil e das entidades
parceiras com esse seminário é o de fornecer
aos arquitetos-paisagistas informações técnicas
rigorosas e confiáveis sobre as características
dos diversos tipos de pavimentos permeáveis,
as exigências para um bom projeto paisagístico
com esse tipo de pavimento e as prescrições
constantes da norma ABNT 16.416/2015, que
semINárIo de CaPaCItação: PavImeNto Permeável
regulamentou os requisitos e procedimentos
para pavimentos permeáveis de concreto”,
explica Ramon Barral, presidente da BlocoBrasil.
Para a arquiteta-paisagista Francine Sakata,
diretora da Abap/SP, “os arquitetos têm tido
muitas dúvidas para especificar pavimentos
permeáveis. Por isso, a BlocoBrasil e a Abap
conceberam este seminário exclusivo, que
visa a esclarecer os profissionais sobre como
lidar com as características do solo em cada
local, como compor a sub-base drenante e o
que esperar de eficiência e de sustentabilidade
deste conjunto”.
Palestras - O seminário foi estruturado em
duas palestras: a primeira delas, que será
ministrada pelo engenheiro Cláudio Oliveira
Silva, gerente de Indústria da ABCP, abordará os
principais itens da norma 16.416 na palestra
intitulada Normatização dos pavimentos
permeáveis. “A norma estabelece as diretrizes
para a correta utilização do pavimento
permeável, permitindo até o reaproveitamento
das águas pluviais, algo fundamental nesses
tempos de crise hídrica”, afirma Cláudio Oliveira.
Na segunda palestra, a engenheira Liliane L. C.
Alves Pinto, consultura de hidrologia da empresa
de consultoria L. C. Engenharia, detalhará
as questões de hidrologia, permeabilidade
dos solos e reuso das águas pluviais em
um projeto de pavimento permeável na
palestra Pavimento permeável: uma estrutura
sustentável. A moderação das palestras será
feita pela arquiteta-paisagista Maria Cecília
(Ciça) Guimarães, ex-presidente da Abap.
Haverá demonstração prática da permeabilidade
da água pelo pavimento permeável com
revestimento de peças de concreto drenante no
Laboratório da ABCP.
Ao final do evento, os participantes, que
precisam ser obrigatoriamente associados à
Abap, receberão um exemplar com a íntegra da
norma ABNT NBR 16.416/2015.
serviço
Evento: Seminário de capacitação: pavimento permeável
Local: Auditório da ABCP, av. Torres de Oliveira, 76, Jaguaré, São Paulo (estacionamento grátis no local)
Inscrição: gratuita (vagas limitadas) e exclusiva para arquitetos-paisagistas associados da Abap, pelo e-mail: [email protected]
Data: 9/5/2016 - Horário: 14h às 18h
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Na contramão da crise, uma empresa fabricante
de fôrmas para blocos e pisos de concreto, a
Brasformas, de Campinas-SP, resolveu agir e
investir na melhoria tecnológica e de gestão
da companhia, criada há quase 20 anos.
“Atualmente, atendemos bem, com qualidade
e pontualidade na entrega de nossos produtos
aos principais fabricantes de blocos do Brasil.
Nosso objetivo, porém, é melhorar cada vez mais
a qualidade e a tecnologia que oferecemos com
nossos produtos e, assim, estar preparados e
ampliar nossa fatia de mercado, quando a atual
crise econômica for superada”, explica Roberto
Galvão Cano, sócio-diretor da Brasformas. “Quem
estiver preparado vai sair na frente, quando
acontecer a retomada econômica do país.”
Entre os investimentos em desenvolvimento pela
Brasformas, Cano cita a contratação do engenheiro
Paulo Grossi, que possui experiência de mais de
30 anos em fábricas de blocos e pisos e na ABCP.
“Pelo conhecimento aprofundado que o Paulo tem
de fábricas de blocos e pisos de concreto, de suas
PolI-usP CoNstruIrá edIFíCIo susteNtável
O espaço deve abrigar laboratórios, escritórios,
salas de reunião e espaço multiuso. “O edifício
em si é a pesquisa, uma vitrine de diferentes
tecnologias inovadoras sendo estudadas e
testadas simultaneamente por uma equipe
multidisciplinar”, explicou a arquiteta Diana
Csillag, pesquisadora da Poli-USP e encarregada
pela gestão do CICS. A comissão coordenadora do
projeto é composta pelos professores Vanderley
John, Vahan Agopyan, Francisco Cardoso e
Orestes Gonçalves, todos do Departamento de
Engenharia de Construção Civil da Poli-USP.
O projeto arquitetônico original do edifício foi
elaborado pelo escritório Aflalo/Gasperini, e a sua
construção deve começar no segundo semestre
do ano. Ele foi concebido de forma a permitir
a flexibilidade para mudanças e substituições
de suas partes e sistemas, como fachadas,
coberturas, revestimentos e iluminação.
Serão monitorados diversos aspectos do
laboratório, como geração e consumo de
energia e temperatura. O novo edifício deve
substituir o antigo prédio da Poli, no campus
da USP no Butantã. O seu orçamento inicial
é de R$ 15 milhões. Também está sendo
desenvolvido, no Laboratório de Microestrutura
e Ecoeficiência da Poli, um concreto eficiente,
com baixo teor de ligante - solução de baixo
custo para reduzir a emissão de gás carbônico
da indústria de cimento. Esse material deve
ser utilizado no prédio do CICS como um
teste-piloto. “Outras tecnologias também serão
testadas em condições reais de uso”, afirmou
o professou Vanderley John. O novo projeto da
Poli buscará soluções avançadas para água,
energia limpa, condicionamento ambiental -
questões hidrotérmicas, visuais, acústicas e da
qualidade do ar interno e externo -, iluminação,
sistemas construtivos, uso de novos materiais,
monitoramento, soluções construtivas e geração
descentralizada de energia. Serão estudados
conceitos de soluções multifuncionais, sistemas
adaptáveis ou ativos, internet das coisas,
planejamento da vida útil e zero-net energy,
conceito no qual o consumo e a produção de
energia se equiparam.
necessidades de soluções para os seus principais
problemas, ele certamente será fundamental para
aprimorarmos nossos processos e tecnologias”,
diz o sócio-diretor da Brasformas. Além disso,
reforçando a intenção de investir em tecnologia
de produção de ponta, a empresa está finalizando
a compra de mais um centro de usinagem do
tipo CNC (comando numérico computadorizado),
com investimento de cerca de R$ 500 mil. “Tudo
isso para oferecermos cada vez mais aos nossos
clientes a possibilidade de transformar a sua ideia
no melhor molde, na melhor forma do mercado”,
conclui Roberto Galvão Cano.
Mais informações: www.brasformas.com.br ou
pelo tel. (19) 3216-6553, 3246-1899.
brasFormas: uma emPresa Na CoNtramão da CrIse
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MÁQUINA PARA PRODUZIR BLOCOS E PISOS: MBHD 6A da Permaq é destinada
a alta produção (até 11.500 blocos/8h). Totalmente automática e com potência de 35
CV, tem silo com fechamento de tampa por cilindro hidráulico e vibradores pulsativos
que trabalham por réguas, o que proporciona o enchimento uniforme dos moldes.
Gaveta suspensa, agitador de massa temporizado e quatro colunas retificadas e
cromadas são alguns dos destaques. A Permaq atua há 32 anos na fabricação de
máquinas para blocos e pisos de concreto.
Mais informações: tel: (11) 2918-9925
www.permaq.com.br
produtos
BANDEJAS PARA BLOCOS DE CONCRETO: a Caribea, empresa de São
Manuel-SP, é especializada em bandejas com diversos diferenciais. São feitas
em compensado naval à prova de água, por prensagem com alta pressão
e temperatura. As medidas são adequadas a qualquer tipo de máquina.
As bandejas são fornecidas em três opções: sem impermeabilização, com
impermeabilização de topo e com proteção metálica de topo (exclusividade
da Caribea). O reforço é de perfil metálico galvanizado.
Mais informações: tel: (14) 3841-3589
www.caribea.com.br
ADITIVO PARA CONCRETO: o Viafix Chapisco é promotor de aderência, resistência e
plasticidade dos chapiscos e argamassas. Reduz o potencial de retração e a formação
de fissuras, aumenta resistências ao desgaste e impacto e reduz a permeabilidade.
Tem consistência líquida e cor branca. Sediada em Caçapava-SP, a Viapol oferece
mais de 900 itens direcionados a proteção, conservação e valorização de obras.
Mais informações: tel: (11) 2107-3400 ou (71) 3507-9900
www.viapol.com.br
MOLDES DE BLOCOS ESTRUTURAIS: a Icon Estampos e Moldes,
com sede em Santa Catarina e filiais em SP, Paraíba e Argentina, tem
grande tradição e experiência na confecção de moldes para a construção.
Recentemente, lançou linhas de moldes para concreto, obtendo forte
aceitação no mercado. Além da linha Paver 100x200 (padrão, drenante
e unistone), a Icon oferece o molde 14x19x39 para blocos estruturais de
concreto, que visa a produção de peças de alto padrão.
Mais informações: tel: (48) 3431-1800
www.icon-sa.com.br
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PALETEIRA PARA PEQUENAS CARGAS: a Equipaobra, com 21 anos
de atividade, oferece linhas de equipamentos desenvolvidas para eliminar
desperdícios, aumentar a produtividade e oferecer posturas ergonômicas
aos trabalhadores. Um exemplo é a paleteira hidráulica pneumática
CH 120, com capacidade de carga de 1.200 kg. O equipamento mede
1,64 x 1,67 x 1,3 m, pesa 220 kg e transporta paletes de até 1,2 x 1,2 m.
Mais informações: tel: (11) 3322-7177
www.equipaobra.com.br
GARRA PARA BLOCOS DE CONCRETO: projetada para efetuar com
agilidade e segurança o manuseio de blocos de concreto, dá rapidez e
produtividade ao processo. Sua capacidade vai de 1.500 kg a 5.000 kg,
com abertura entre 220 e 1.860 mm. O revestimento dos braços é de aço,
borracha e poliuretano. A Saur, de Panambi-RS, tem soluções diversas
para a mecanização da construção, como máquinas pavimentadoras,
dispositivos de garfos tipo C e réguas niveladoras.
Mais informações: tel: (19) 3518-7200 ou (55) 3376-9300
www.saur.com.br
VIBROPRENSA: a Vibrafort produz ampla linha de vibroprensas. Entre elas, a VFVPP
750, Pneumática Semiautomática, que é ideal para regiões com poucos recursos ou para
instalação diretamente no canteiro de obras. Fabrica blocos com ou sem função estrutural
e pavimentos intertravados, todos conforme normas ABNT. Possui alto poder de vibração
e compactação, gerando produto bem-acabado e com economia de cimento. Opera de
3 a 4 ciclos por minuto e produz 10 mil peças de piso intertravado 20 x 10 cm ao dia.
Mais informações: Tel. (11) 2910-7373
www.vibrafort.com.br
FABRICAÇÃO DE BLOCOS: a Quadra America, filial da matriz francesa sediada
em Taubaté-SP, oferece um conjunto de soluções para fabricação de artefatos de
concreto (blocos, pavers etc.). Com quatro fábricas de clientes já instaladas no
Brasil, a empresa tem resposta adequada para cada tamanho de fabricante. Suas
máquinas podem produzir de 10.000 a 47.000 blocos de concreto em 8 horas.
O dispositivo automático de troca de fôrma na prensa é um dos destaques, pois
permite rapidez na operação e facilita alternar a fabricação de mais de um produto.
Mais informações: (24) 3371-6167
www.quadra-america.com
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entrevista
Mounir Khalil El Debs
Como o senhor avalia o estágio atual do setor de pré-moldados de concreto em relação ao desenvolvimento tecnológico, das indústrias e do setor de projetos no Brasil, comparado ao que existe no exterior?
Em relação ao setor produtivo (das indústrias): de forma geral, as instalações industriais no Brasil estão relativamente próximas às de países mais desenvolvidos. Mas existe defasagem em certas áreas: por exemplo, na fabricação de painéis pré-moldados para construção habitacional com estrutura de paredes portantes. Em geral, as fábricas no Brasil não possuem instalações para produ-ção com alto grau de mecanização como as que existem na Eu-ropa. Já os projetos têm sido feitos com softwares que existem no exterior ou com equivalentes nacionais. Os programas com fer-ramentas de BIM (Building Information Modeling), que trazem importantes benef ícios para o setor de concreto pré-moldado, têm sido incorporados na prática de projetos aqui no Brasil. No entanto, um melhor detalhamento das ligações poderia melhorar a qualidade dos projetos.
Como a atual crise econômica vivida pelo Brasil impactará nas indús-trias de pré-moldados de concreto?
O professor Mounir Khalil El Debs é um dos maiores especialistas brasileiros em pré-moldados de concreto. El Debs é engenheiro civil pela Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (EESC/USP, 1972), mestre em Engenharia de Estruturas (1976) e doutor em Engenharia – Área de Estruturas (1984) pela EESC/USP,
livre-docente (1991) e professor-titular (2006 até 2014) no Departamento de Engenharia de Estruturas da EESC/USP. Aposentado, atualmente é professor Sênior (professor-colaborador) da EESC-USP. Realizou estágio de pós-doutorado no Civil and Environmental Department da University of Michigan, na condição de bolsista da Fapesp (1994-1995), no qual realizou estudos nas áreas de concreto pré-moldado e de concreto com fibras. É também autor ou coautor de aproximadamente 180 trabalhos técnicos completos publicados em anais de congressos e revistas e autor do livro Concreto pré-moldado: fundamentos e aplicações, publicado pela EESC/USP, em 2000. Nesta entrevista, fala sobre a situação atual do concreto pré-moldado no Brasil.
“É preciso melhorar a interação entre a academia e o setor privado”
REPORTAGEM: Silvério Rocha FOTO: Divulgação
Acho dif ícil que o setor consiga atravessar a crise sem prejuízo significativo. Existe o perigo de ocorrer concorrência predatória, para manter as empresas funcionando e o setor ficaria prejudica-do. Já a construção tradicional, que tende a se beneficiar da maior oferta de mão-de-obra devido ao desemprego, pode criar mais dificuldades para o setor de pré-moldados. A situação atual lem-bra a recessão no país que se iniciou no final dos anos 1970. O Brasil tinha uma experiência muito grande em barragem e gran-de parte dos recursos humanos se perdeu. Foi a época em que “o engenheiro virou suco” . Hoje, eu já li em algum lugar, que o engenheiro vai virar motorista da Uber. No entanto, dizem que é na crise que aparecem novas oportunidades. O Brasil precisa melhorar a sua infraestrutura e o concreto pré-moldado ainda é pouco empregado no país.
Em relação à normalização do setor, qual a sua avaliação do cenário hoje - ela está atualizada ou faltam novas normas – se sim, quais?
A norma mais desatualizada do setor, acredito, é a NBR 9062 - Projeto e Execução de Estruturas de Concreto Pré-Moldado, que é de 2006. No entanto, a revisão desta norma foi concluída
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realizados em 2005, 2009 e 2013, na Escola de Engenharia de São Carlos da USP, apelidados de PPP do concreto pré-moldado. Es-ses encontros tiveram como objetivo a promoção da integração do setor acadêmico com o setor produtivo. O setor acadêmico foi representado pelos pesquisadores das Instituições de ensino superior do país, incluindo professores, alunos de pós-graduação e estudantes de graduação. O setor produtivo, pelos projetistas de estruturas, por fabricantes de equipamentos e produtos em-pregados em concreto pré-moldado e pelas empresas de produ-ção de estruturas de concreto pré-moldado. Em minha opinião, a interação é muito importante para os dois setores. Assim, o se-tor produtivo toma conhecimento das pesquisas em desenvolvi-mento pelo setor acadêmico. E o setor acadêmico sabe das ne-cessidades de estudos que o setor produtivo precisa. Assim, as pesquisas geradas pelo setor acadêmico estariam em melhores condições de ser transferidas para o setor produtivo, com um grande benef ício para a indústria nacional ou regional, conforme o caso. Todo o material produzido nestes encontros está dispo-nível no site: http://www.set.eesc.usp.br/3enpppcpm/. Acredito que estes encontros melhoram a interação, mas gostaria que ela fosse bem maior, para o bem dos dois lados.
O Caderno Técnico da Revista Prisma, antes dedicado apenas à alve-naria estrutural com blocos de concreto, recentemente passou por reformulação, abrangendo todos os sistemas construtivos industria-lizados de concreto. Como senhor, que é um dos coordenadores desse caderno, avalia a importância da difusão de artigos técnicos, mais es-pecificamente na área de pré-moldados?
Vejo como importante iniciativa para o desenvolvimento do concreto pré-moldado no país. É também uma forma de pro-mover a interação do meio acadêmico com o setor produtivo. Estes artigos técnicos devem propiciar a difusão dos conheci-mentos gerados, principalmente no meio acadêmico, para o setor produtivo. Como o setor acadêmico é financiado prin-cipalmente pelo poder público, se o conhecimento gerado for repassado, de forma mais acessível que as dissertações e teses, para o setor produtivo, o dinheiro investido pela sociedade es-taria sendo mais bem-utilizado.
no início de 2015, mas ainda não entrou em processo de votação pública. Parece que há falta de agilidade entre a finalização dos trabalhos pela comissão que elaborou a revisão e a conclusão do processo para que a norma entre em vigor.
Há laboratórios capacitados para realizar ensaios dos elementos pré-moldados em todo o país ou o parque laboratorial brasileiro ainda é insuficiente nessa área?
Acredito que, na maior parte do país, existem condições de se fazer ensaios. Embora estejam concentrados nas regiões Sul-Sudeste, os laboratórios existentes são, em maior ou menor grau, capacitados para realizar ensaios em elementos pré-moldados e em ligações.
Há anos, alguns dos maiores obstáculos à utilização mais intensiva dos pré-moldados de concreto são a tributação, que penaliza o uso desse sistema construtivo, e o desconhecimento das características e van-tagens dos pré-moldados por parte dos agentes da construção civil brasileira. Esses obstáculos persistem ainda hoje? Como superá-los?
Acredito que os pré-moldados ainda são penalizados. Uma forma de superar esses obstáculos seria mostrando para a socie-dade os benef ícios das características do concreto pré-moldado em relação à sustentabilidade, tais como a redução de consumo de materiais (com o emprego de seções transversais ou formas estruturais mais eficientes ou ainda emprego de materiais de alto desempenho), a redução de desperdícios, na fábrica e na constru-ção, a possibilidade de reciclagem dos materiais na fabricação dos componentes, as possibilidades de reuso de partes da construção mediante projetos com previsão de desmontagem. Pode-se res-saltar que a rapidez da construção proporcionada pelo concreto pré-moldado é também característica importante na minimiza-ção da perturbação ao meio ambiente no entorno da construção, como barulho e tráfego. No caso de construção de infraestrutura urbana e de estradas, a rapidez da construção assume papel mais importante. No caso de construção de pontes, o menor tempo reduz os inconvenientes e riscos de obras de desvios. Com isto, deve-se procurar sensibilizar a sociedade, e consequentemente os políticos, de que penalizar o concreto pré-moldado em relação à construção tradicional não é razoável.
Como ex-chefe do Departamento de Engenharia de Estruturas e ex-coordenador do Laboratório de Estruturas da EESC-USP e professor e pesquisador dessa área há algumas décadas, como o senhor avalia a relação entre a universidade brasileira e o setor privado?
Esta questão é de fundamental importância. Eu procurei au-mentar esta interação com a coordenação dos eventos “Encontro Nacional Pesquisa-Projeto-Produção em Concreto pré-moldado”,
artigos tÉcnicos devem propiciar a difusão dos conhecimentos gerados, principalmente no meio acadêmico, para o setor produtivo
REPORTAGEM: Marcos de SousaIMAGENS: Marcos de Sousa/Divulgação
Blocos pré-moldados
de concreto foram
desenvolvidos
especialmente para
a pavimentação dos
calçadões, na região
central da capital paulista.
Material recebeu adição
fotocatalítica, que
absorve sujidades e
neutraliza poluentes
Novo piso, mais forte, para o ceNtro de são paulo
Quarenta anos se passaram desde a inauguração dos calçadões no centro de São Paulo. A inovação foi uma im-portante conquista para os milhões de pedestres que circulam diariamente por essa área da cidade. No entanto, desde o início dos anos 2000 essa infraestru-tura já mostrava sinais de fadiga. São centenas de falhas no pavimento, com buracos, pedras soltas e muitas cicatri-zes herdadas de obras subterrâneas ao longo de seus quase 60 mil m2. E novas fraturas surgem todos os dias sob as ro-das de caminhões pesados ou caçambas de aço.
Como resposta a essa degradação do pavimento, a prefeitura de São Paulo está realizando uma obra-piloto na rua Sete de Abril, agora utilizando blocos pré-fa-
bricados de concreto, com grandes di-mensões, alta densidade e capazes de su-portar os traumas cotidianos.
O projeto foi desenvolvido sob a coor-denação do arquiteto Luís Eduardo Su-rian Brettas, superintendente do Dese-nho da Paisagem da SPUrbs, empresa municipal de planejamento.
A proposta envolveu ampla pesquisa de materiais e soluções para resolver os problemas de microdrenagem, pavimen-tação e de interferências das instalações subterrâneas.
Os novos blocos de pavimentação são maciços e têm grandes dimensões: 40 cm x 20 cm x 16 cm, peso de 30 kg, e dotados de ranhuras que propiciam o encaixe justo, sob um leito de areia pré-nivelado. “Os blocos e a sub-base são
pavimento
16 p r i smap r i smap r i smap r i smap r i sma
Mesas para estar
Espaço de estar
Microdrenagem
Papeleira
Lixeira enterrada
Piso tátil
Fach. ativaárea privada
Fach. ativaárea privada
Pedestres PedestresÁreacompartilhada
Piso tátil Mobiliário
Microdrenagem
Iluminação
Novo piso, mais forte, para o ceNtro de são paulo
calculados para suportar trens de ro-das com sobrecargas de 20 toneladas e trabalham de forma completamente di-ferente da dos pisos intertravados. Ela-boramos a solução em conjunto com a ABCP - Associação Brasileira de Ci-mento Portland, que nos ajudou a en-contrar a melhor alternativa, com o me-lhor dimensionamento.
A ideia é que o pavimento suporte o tráfego pesado eventual, que mantenha suas características de acabamento su-perficial e que, no caso de alguma obra, seja possível remover as peças e recolo-cá-las sem grandes danos e sem cicatri-zes no pavimento. A ABCP fez algumas propostas e nós fomos dirigindo a pes-quisa até chegar à alternativa que dese-jávamos” , explica Brettas.
DuTOS E DRENAGEMSob o pavimento estão sendo instala-
dos bancos de dutos de grande diâme-tro programados para receber futuras instalações de cabos de dados, telefonia e energia. A SPUrbs espera que as con-cessionárias acessem os dutos somente através de caixas de inspeção devida-mente identificadas. O objetivo é evi-tar a quebra do novo pavimento. Caso necessário, os blocos poderão ser remo-vidos com danos mínimos: “Talvez seja necessário quebrar um bloco para des-travar o conjunto, mas vamos treinar as concessionárias para que seus operários saibam trabalhar com o novo pavimen-to”, diz Brettas.
Uma das frentes do projeto envolve a Eletropaulo, concessionária local de
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pavimento
energia elétrica, que está desenvolvendo padrões construtivos de tampas adequa-dos ao novo piso, já que a meta do projeto é ter todas as caixas de inspeção perfeita-mente niveladas ao pavimento. Também no subsolo são instaladas canaletas de plástico industrial para drenagem plu-vial. Sobre essa linha de canaletas, uma fina abertura, revestida superficialmente com lâminas metálicas, receberá as águas graças à leve declividade do piso.
PISO AuTOlIMPANTEDiferencial importante das peças de
concreto foi a adição de dióxido de titâ-nio (TiO2) na face exposta do piso, mate-rial semicondutor que tem a capacidade de reagir e degradar materiais orgânicos e poluentes da atmosfera. Com essa téc-nica, a prefeitura espera ter um pavimen-to que seja capaz de eliminar manchas de óleos e de resíduos orgânicos, como o chorume dos sacos de lixo, por exemplo. Além disso, o novo piso poderá também capturar gases gerados pela circulação de veículos automotores na região.
O princípio de funcionamento do pro-cesso de fotodegradação de poluentes at-mosféricos é baseado nas propriedades do semicondutor TiO2. Com a incidên-cia da radiação solar UV-A na superf í-cie, o pavimento libera radicais hidroxi-la (OH–) capazes de degradar os óxidos
de nitrogênio (NOx) por meio de reações químicas de oxirredução. O produto da reação são íons de nitrato (NO3–) fixa-dos na superf ície do pavimento. Estes sais (NO3–) depositados na superf ície da pavimentação são removidos (solubiliza-dos) pela ação da água da chuva e podem ser absorvidos pelas plantas como nu-trientes do crescimento.
MObIlIáRIO E lIxOAlém do piso, a Sete de Abril terá li-
xeiras subterrâneas e uma série de novos itens de mobiliário urbano. “Em lugar dos tradicionais bancos, estamos desenhan-do peças inspiradas nos parklets, solução que foi muito bem acolhida pela cidade” , explica Luís Brettas.
Para controlar o trânsito, a prefeitura instalará bloqueadores pneumáticos, que somente liberarão a passagem aos veí-culos autorizados. “Ainda não sabemos como os dispositivos serão acionados, mas provavelmente os carros de serviço - coletores de lixo, transporte de valores, bombeiros, polícia e outras emergências - terão tags eletrônicas identificáveis au-tomaticamente” , explicou Brettas.
A intervenção responde à meta de re-qualificar vias e praças relevantes do cen-tro da cidade, de forma a estimular a pre-sença das pessoas nos espaços públicos. Na mira da administração, logo após a obra da Sete de Abril, estão os calçadões do centro, o Vale do Anhangabaú, e a av. Santo Amaro, via muito prejudicada pela construção de um corredor de ônibus, ainda nos anos 1980.
FICHA TÉCNICA
Requalificação de trecho na rua Sete de Abril, São Paulo
Contratante: Prefeitura Municipal de São Paulo
Data de início da obra: setembro de 2015
Previsão de término da obra: abril de 2016
Projeto: Equipe da SPurbs
Construção: Construtora Almeida Sapata
Valor da obra: R$ 2.185.898,25
a ideia é que o pavimeNto suporte o tráfego pesado eveNtual e que, No caso de alguma obra, seja possível remover as peças e recolocá-las sem graNdes daNos e sem cicatrizes No pavimeNto
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REPORTAGEM: Silvério RochaIMAGENS: Divulgação/Oterprem
O conjunto residencial
Morata Parque do Carmo,
na zona leste paulistana,
inserido no Programa
Minha Casa, Minha
Vida, adota o pavimento
intertravado com juntas
alargadas, numa solução
sustentável e inovadora
para o segmento
Condomínio residenCial popular adota pavimento Com juntas alargadas
A habitação destinada às classes de baixa renda no Brasil raramente apresen-tava soluções sustentáveis em projeto. Numa cada vez mais comum e bem-vin-da mudança de postura de construtores e incorporadores, e também por pressão dos poderes públicos, essas soluções que buscam a sustentabilidade começam a ser incorporadas aos conjuntos residen-ciais destinados à baixa renda.
O conjunto residencial Morata Par-que do Carmo, que está inserido no Pro-grama Minha Casa, Minha Vida e locali-za-se no bairro de São Mateus, na zona leste paulistana, por exemplo, empregou o pavimento intertravado permeável com blocos de concreto com uma carac-terística sustentável, rara em empreen-
dimentos do gênero: as juntas alargadas, que permitem a passagem das águas plu-viais para o terreno. Essa solução, explica o engenheiro e gerente de Indústria da ABCP, Cláudio Oliveira, aumenta a área permeável dos empreendimentos, favo-recendo assim a recuperação dos len-çóis freáticos e auxiliando também na mitigação de enchentes, por diminuir as águas que se destinam às ruas e córregos em chuvas fortes.
O Parque Morata do Carmo tem nove torres, das quais cinco têm 11 an-dares e quatro delas nove andares. To-das foram erguidas pela construtora paulistana Augusto Velloso com alvena-ria estrutural com blocos de concreto. O Parque Morata do Carmo tem cerca
pavimentação
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pavimentação
Uma indústria movida a competência,inovação e dedicação Atuando no mercado de pavimentação e alvenaria há mais
de 15 anos, a Oterprem Premoldados de Concreto tem como
meta a qualidade dos seus produtos, investindo na constante
inovação tecnológica, visando sempre a um melhor atendimento
das necessidades de seus clientes. Para isso, conta com
várias linhas de produção automatizadas, câmaras de cura a
vapor, laboratório interno e um rigoroso acompanhamento da
qualidade dos produtos nas suas duas fábricas: a pioneira e
maior, em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo, e a de
Ribeirão Preto-SP.
A Oterprem possui o Selo de Qualidade fornecido pela ABCP
(Associação Brasileira de Cimento Portland) e participa também
do Programa Setorial da Qualidade (PSQ) para blocos de
alvenaria de vedação e estrutural com resistências de até
20 MPA, pisos intertravados de concreto com resistência de
35 e 50 MPA e, também, toda uma linha de pisos permeáveis
drenantes. “Devido a essa competência e dedicação, a Oterprem
virou referência e uma empresa-líder nos mercados em que
atua”, afirma Marcos Barral, gerente Comercial da empresa.
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FICHA TÉCNICA
Parque Morata do Carmo
Localização: bairro de São Mateus, São Paulo
Área do terreno: 40.181,36 m2
Construção: construtora Augusto Velloso
Ano do projeto: 2012
Início da construção: 2012
Previsão de término: 2016
Fornecedor: Oterprem (pisos intertravados de concreto)
pelo projeto iniCial, seria usado asfalto na pavimentação.a opção pelo pavimento intertravado de ConCreto Com juntas alargadas surgiu Como a melhor solução para atender à legislação
de 8.400 m2 de área de piso totalmente pavimentada com o piso intertravado permeável com juntas alargadas. “Utili-zamos o sistema de pavimento perme-ável com juntas alargadas para atender à exigência da legislação por um per-centual mínimo de áreas permeáveis no piso. Com esse sistema, 20% do total do piso são contabilizados como área per-meável, atendendo assim às exigências da legislação” , explica o engenheiro Fe-lipe de Paula Luz, da Augusto Velloso. Ao mesmo tempo, o sistema de pavi-mento permeável com juntas alargadas compõe um empreendimento popular que auxilia no combate às enchentes e melhoria dos lençóis freáticos, algo im-portante nestes tempos de crise hídrica.
Pelo projeto inicial, seria utilizado as-falto para pavimentar as ruas e áreas do
conjunto, segundo o engenheiro Luz. A opção pelo pavimento intertravado de concreto permeável com juntas alarga-das surgiu naturalmente como a melhor solução para atender à legislação.
O Parque Morata do Carmo está em fase de finalização de sua quarta e últi-ma etapa e o empreendimento contará ainda com diversos equipamentos de la-zer e comunitários, como piscinas para adultos e crianças, praça de jogos, re-dário, caminho das flores, Espaço Con-vivência – Festas, salão de Festas, pisci-na de Areia, playground, churrasqueira, Espaço Jovem, quadra esportiva, Espaço Bons Tempos, Praça de Leitura, Salão de Jogos, espaço Fitness, Praça do Bebê, Salão de Festas Infantil, Salão de Festas Adulto e Brinquedoteca.
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REPORTAGEM: Marcos de SousaIMAGENS: Pedro Kok
Residência construída
para uma diarista em Vila
Matilde, São Paulo, vence
o prêmio internacional
“Archdaily Building of the
Year 2016”. A arquitetura
é do escritório Terra e
Tuma, que utilizou blocos
e lajes pré-fabricadas
de concreto
A novA cAsA de dAlvA
Um encontro entre um grupo de jo-vens arquitetos e uma senhora que pre-cisava reconstruir sua casa deu origem a um caso de extremo sucesso para a ar-quitetura brasileira e internacional. Em setembro de 2015, a casa da família de Dona Dalva, uma diarista residente na zona leste de São Paulo, começava a dar sinais de ruína. Em situação emergencial, um de seus filhos procurou o apoio do escritório de arquitetura Terra e Tuma, que sugeriu a demolição da construção antiga e a concepção de uma casa nova. A condição era realizar tudo - projeto e obra - com apenas R$ 150 mil e em prazo máximo de um ano.
“O maior desafio foi a fase inicial da obra. Foram quatro meses demolindo cuidadosamente a casa antiga, ao mesmo tempo em que se executavam as funda-
ções e arrimos que escoravam as casas vizinhas, apoiadas em seus muros de di-visa. Seis meses depois de iniciadas as al-venarias a casa pôde ser concluída”, expli-ca o texto de apresentação dos próprios arquitetos.
A casa antiga estava implantada em um lote com testada de 4,8 metros e 25 metros de profundidade. Para atender à demanda e em função da idade avan-çada da moradora, os arquitetos Danilo Terra, Pedro Tuma e Fernanda Sakano optaram por uma planta quase térrea, com apenas um aposento - para visitas - no nível superior.
SISTEMA cONSTRuTIvOTomando como base experiências an-
teriores em outras obras (ver Casa Ma-racanã em Prisma 47), a equipe adotou a
arquitetura
Acesso na rua: construção recuada para garantir privacidade
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Sala de estar: iluminação e ventilação garantidas pelo jardim interno
Cozinha e área de serviço ocupam área contígua ao jardim interno
23
arquitetura
alvenaria estrutural de blocos de concre-to com blocos aparentes, solução econô-mica e de rápida construção.
Para a cobertura e lajes foram adota-dos painéis alveolares de concreto, com dimensões que seguem a modulação da alvenaria. Resultado: perdas mínimas de materiais.
São 95 m2 no total, incluindo sala, la-vabo, cozinha, área de serviço e uma suíte, tudo muito despojado, com ins-talações aparentes e pisos cimentícios. O “pulo do gato” do projeto, porém, é o pátio-jardim interno, que liga a sala aos
A equipeAdotou A AlvenAriA estruturAlde blocos de concreto com blocos ApArentes, solução econômicAe de rápidA construção
quartos e propicia a ventilação e ilumi-nação que faltavam na casa anterior. Lavabo, cozinha e lavanderia também foram estrategicamente alocadas no vo-lume longitudinal, ao longo desse pátio de luz e ar. A área de cobertura da sala foi aproveitada como espaço para horta e, no futuro, poderá ser coberta, caso ne-cessário.
PREMIAçõESEm fevereiro de 2016, a premiação
ArchDaily Building of the Year 2016 ele-geu a Casa de Vila Matilde entre milha-
Acima, a entrada: arrimos e paredes com blocos de concreto. Nas coberturas,
apenas lajes pré-moldadas de concreto
Ao lado, vista da laje de cobertura: uma horta-
jardim e o pátio interno
24 p r i smap r i smap r i smap r i smap r i sma
res de projetos de casas em várias partes do mundo. O prêmio é baseado na vota-ção do público, cerca de 55.000 eleitores, a maioria arquitetos e estudantes da área.
Ainda antes da premiação internacio-nal, em novembro de 2015, a casa havia sido escolhida pelo Conselho de Arqui-tetura e Urbanismo (CAU/BR) como um exemplo do que a arquitetura pode fazer para melhorar os ambientes urbanos.
O presidente do CAU/SP, Gilber-to Belleza, explica que a entidade estava procurando em todo o Brasil alguns tra-balhos que pudessem demonstrar para
a sociedade os vários aspectos positivos que a arquitetura pode proporcionar, em especial a de que não é uma atividade eli-tista.
“Escolhemos a casa de Dona Dal-va para marcar o Dia do Arquiteto (15 de dezembro) porque ela foi construída para uma cliente de baixa renda, em um terreno dif ícil, com um orçamento mui-to limitado, porém com um projeto de boa arquitetura e com um resultado sur-preendente” , explica Belleza. “Para mim, é um palácio” , arremata Dona Dalva, que anda feliz da vida.
FICHA TÉCNICA
casa em vila Matilde, São Paulo - SP
Arquitetura: Terra e Tuma Arquitetos (Danilo Terra, Pedro Tuma e Fernanda Sakano, Bruna Hashimoto, Giulia Sofia Galante, Jéssica Zanini, Lucas Miilher, Zeno Muica)
Paisagismo: Gabriella Ornaghi Arquitetura da Paisagem
Estrutura: Megalos Engenharia
construção: valdionor Andrade de carvalho e equipe
Ano do projeto: 2015
construção: 2015/2016
Área do terreno: 120 m2
Área construída: 95 m2
0 1 2 3 4 5m
N
A
B
A
B
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Pavimento Permeável ganha Selo de Qualidade
Com a entrada em vigor, em setembro de 2015, da norma ABNT NBR 16.416 - Pavimentos permeáveis de concreto - Requisitos e procedimentos, elabora-da pelo Comitê Brasileiro de Cimento, Concreto e Agregados (ABNT/CB-18), diversos fabricantes de blocos e pisos intertravados de concreto entraram em contato com a Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), solicitando a implantação de um Selo de Qualidade para o pavimento permeável.
“Até por uma questão de demanda de sustentabilidade que esse tipo de pavi-mento proporciona, os fabricantes so-licitaram e, por meio de uma parceria entre a ABCP, BlocoBrasil e Sinaprocim, criamos os procedimentos e métodos para o Selo de Qualidade para o pavi-mento permeável” , explica o engenhei-ro Fernando Dalbon, coordenador do Programa Selo de Qualidade da ABCP. A associação técnica da indústria do cimento brasileira, além de responsá-
qualidade
REPORTAGEM: Silvério RochaIMAGENS: Divulgação/arquivo Revista Prisma
Após a edição da
norma ABNT NBR
16.416/2015,
fabricantes solicitaram
e ABCP criou o Selo
de Qualidade para
pavimento permeável.
O processo para
conquista do Selo
já está disponível na
associação
vel pelo programa Selo de Qualidade de blocos e peças de concreto para pa-vimentação, é a gestora técnica do Pro-grama Setorial da Qualidade (PSQ) de blocos de concreto e peças de concreto para pavimentação, cuja entidade man-tenedora é o Sindicato Nacional da In-dústria de Produtos de Cimento (Sina-procim – Sinprocim/SP).
SElO DE QuAlIDADEO principal objetivo da instituição
do Selo de Qualidade para o pavimento
O engenheiro Fernando Dalbon, coordenador do Programa Selo de Qualidade da ABCP
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permeável é, como o próprio nome diz, oferecer produtos com garantia de quali-dade ao mercado da construção civil bra-sileira, confirma Dalbon. . A metodologia e os procedimentos para a aquisição do Selo de Qualidade para o pavimento per-meável são os mesmos para os produtos originalmente certificados pelo progra-ma, os blocos e peças de concreto para pavimentação.
O primeiro passo é o fabricante inte-ressado em conquistar o Selo de Qua-lidade para os pavimentos permeáveis que fabrica – que podem ser peças permeáveis de concreto para pavimen-tação, pavers para utilização em pavi-mento permeável com juntas alargadas ou placas permeáveis de concreto, en-tre os produtos pré-fabricados – entrar em contato com a ABCP, pelo e-mail [email protected]. Após a solicitação, a equipe do programa Selo de Qualidade avaliará a documenta-ção da empresa e procederá a uma au-ditoria, pela qual auditores qualifica-dos da ABCP vão às unidades fabris e fazem um check-list de verificação dos processos produtivos, com a finalida-de de obter produtos com qualidade final adequada. Além disso, são cole-tados produtos para ser ensaiados no Laboratório de Ensaios da ABCP. Nes-ses ensaios, será verificada a confor-midade dos produtos às exigências da NBR 16.416, como a conformidade di-mensional, ou seja, as peças devem ter as dimensões de acordo com a norma; o coeficiente de permeabilidade de no mínimo 10-3m/s para o pavimento re-cém-construído.
Também são realizados ensaios des-tinados a verificar a resistência mecâ-nica das peças, exigência que varia de acordo com o tipo de pavimento per-meável. Para peças utilizadas em pavi-mentos permeáveis com juntas alarga-das, a resistência mecânica (resistência
à compressão) é de no mínimo 35 MPa. Já para as peça de concreto permeável – peças drenantes, porosas – a resistência mínima à compressão exigida é de 20 MPa. Para a placa de concreto permeá-vel, o exigido é de no mínimo 2 MPa de resistência à tração de flexão, porque a placa, por ter maior comprimento e ca-racterísticas distintas da dos pavers, so-fre maior esforço na flexão. O paver é mais exigido na compressão.
ENSAIOSSegundo Dalbon, auditorias e ensaios
realizados e o fabricante tendo atendi-do às exigências da norma, é concedi-da a qualificação pelo Selo de Qualida-de, processo que deverá consumir cerca de dois meses, no total. “O Selo é con-cedido por produto, ou seja, o fabrican-te que produz peças porosas, peças para uso em sistema de juntas alargadas e pla-ca drenante de concreto precisará obter o Selo de Qualidade para cada um des-ses produtos” , detalha o coordenador do programa da ABCP.
Recém-lançado, o Selo de Qualidade para produtos utilizados em pavimentos permeáveis ainda não conta com nenhu-ma empresa qualificada. “Mas já temos diversos fabricantes solicitando infor-mações e certamente em breve teremos produtos permeáveis de concreto com o Selo de Qualidade no mercado” , avalia Dalbon. A adesão ao programa Selo de Qualidade é voluntária, “mas o mercado da construção civil logo passará a exigir essa qualificação dos fabricantes para ter a garantia de qualidade desses produtos tão importantes para a permeabilidade e, portanto, à sustentabilidade dos pavi-mentos de obras públicas e privadas. O Selo de Qualidade será também um fa-tor de competitividade para os fabrican-tes de pisos permeáveis de concreto” , avalia Ramon Otero Barral, presidente da BlocoBrasil.
Interface com o PSQO próximo passo para os fabricantes
de peças pré-fabricadas de concreto
para uso em pavimento permeável
(peças para o sistema permeável com
juntas alargadas, peças drenantes
e placas drenantes, porosas, de
concreto), após a obtenção do Selo
de Qualidade, é a qualificação pelo
PSQ de blocos e peças de concreto
para pavimentação. “Assim que
tivermos empresas com o Selo de
Qualidade da ABCP, incluiremos os
produtos de concreto para pavimentos
permeáveis em nosso escopo do
PSQ e passaremos a fazer a sua
qualificação pelo programa”, afirma o
engenheiro Anderson Oliveira, gerente
do PSQ de Blocos de Concreto e
Peças de Concreto para Pavimentação
e coordenador técnico do Sinaprocim.
A inclusão desse novo escopo para o
PSQ de blocos e pisos de concreto já
existente será facilitada pelo fato de
que, assim como no Selo de Qualidade
da ABCP, toda a estrutura para isso já
está montada e operando, diz Oliveira.
Os fabricantes que conquistarem
a qualificação pelo futuro PSQ de
pavimentos permeáveis de concreto
terão a vantagem de poder vender
seus produtos por intermédio do
cartão BNDES.
Ensaio de peça de concreto poroso, drenante, no Laboratório da ABCP
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Fotos e texto: Marcos de Sousa
Intertravados para pedalar
Blocos intertravados compõem a
pavimentação de uma nova ciclovia que está
sendo construída em São Paulo, na av. Otto
Baumgart, via que dá acesso ao shopping
Center Norte, um dos mais antigos e maiores da
capital paulista. A obra integra o plano cicloviário
da cidade, cuja meta é alcançar 400 km até o
final de 2016, mas está sendo realizada pela
empresa que mantém o complexo de shoppings
e centros de feiras na zona norte da cidade.
São cerca de 800 m, com duas pistas e
área aproximada de 1.500 m2 de piso, na cor
vermelha. Além do pavimento, a obra inclui
sinalização e implantação de novos bicicletários
na área.
Todo o projeto e construção são coordenados
pela Companhia de Engenharia de Tráfego
(CET), responsável pela infraestrutura cicloviária
em São Paulo. O mesmo pavimento foi aplicado
em trechos de ciclovias na região da av. Paulista,
especialmente em algumas curvas, para evitar
quedas em dias chuvosos.