processo de destilaÇÃo extrativa: modelagem...
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Universidade Estadual de Campinas
Faculdade de Engenharia Química
Departamento de Processos Químicos
PROCESSO DE DESTILAÇÃO EXTRATIVA: A -
MODELAGEM DINAMICA, SIMULAÇAO E
A V ALIAÇÃO DE NOVA CONFIGURAÇÃO
Autor: Romildo Pereira Brito
Orientadora: Profa. Dra. Maria Regina WolfMaciel
Tese apresentada à Universidade Estadual de
Campinas como parte dos requisitos exigidos
para obtenção do título de Doutor em Engenharia
Química.
Campinas, Agosto de 1997.
Tese defendida e aprovada em 11 de agosto de 1997 pela banca
examinadora constituída pelos professores doutores:
/ ,j Meirelles
Profl. Dfí. Liliane Maria :Fêrrareso Lona
Batista
DEDICATÓRIA
A Núbia, pelo incentivo e pelo tempo que teve que desdobrar para suprir a
minha "ausência".
Karoline e Romildinho, pelo tempo que deixei de lhes dedicar.
AGRADECIMENTOS
A Professora Dra. Maria Regina Wolf Maciel, pela orientação, amizade, confiança
que sempre depositou em minha pessoa e pelo profissionalismo. Sem dúvida, um grande ser
humano.
Ao Professor Dr. Antonio Meirelles, pelas valiosas discussões acerca do trabalho.
Aos companheiros do Laboratório de Desenvolvimento de Processos de Separação da
Faculdade de Engenharia Química, pelas discussões, trocas de idéias e amizade. Em especial ao
amigo Luiz Fernando Luz.
Aos colegas do Departamento de Engenharia Química da Universidade Federal da
Paraíba, em especial ao Professor Vimário Simões Silva.
A CAPES pelo apoio financeiro.
Finalmente a UNICAMP, uma instituição séria.
RESUMO
Visando conhecer detalhadamente o comportamento dinâmico do processo de
destilação extrativa, foram realizados estudos considerando diversos tipos de perturbações no
processo. Para tanto, foram desenvolvidos modelos nos estados estacionário e transiente. O
estudo foi realizado para quatro sistemas, os quais utilizam solventes com características
distintas.
Os resultados obtidos mostram que o processo de destilação extrativa apresenta
comportamento simples para os diversos tipos de perturbações. Contudo, existe uma grande
diferença entre o comportamento dos sistemas, a qual é caracterizada pelo tipo de solvente. As
colunas que operam com solvente de baixa volatilidade são mais fáceis de controlar, o que foi
demonstrado pelas respostas dinâmicas do sistema. O controle foi outro aspecto abordado
neste trabalho. Um estudo preliminar foi realizado, e os resultados mostram que para todos os
sistemas, um controlador clássico pode manter o processo nas condições desejadas.
F oi realizada a avaliação de uma nova configuração para o processo de destilação
extrativa para sistemas que utilizam solvente com volatilidade relativa baixa. A nova
configuração utiliza apenas uma coluna de destilação e os três componentes são obtidos em
diferentes pontos da coluna. O desempenho é comparável ao da configuração convencional. A
quantidade de energia total necessária em ambos os casos é também comparável, no entanto as
respostas dinâmicas são bem diferentes.
Em relação á modelagem matemática, os resultados mostram que a utilização de
modelos dinâmicos simplificados pode levar a conclusões equivocadas. A influência do grau de
simplificação, depende do tipo de sistema em estudo. Por outro lado, no estado estacionário a
aplicação da técnica de redução de modelos mostrou-se importante na diminuição do tempo
computacional. A redução de modelos foi obtida aplicando-se o método da colocação
ortogonal.
ABSTRACT
In order to know in details the dynamic behavior of the extractive distillation process,
studies have been made considering severals types of disturbances in the process. For this,
steady and unsteady states models have been developed. Four kinds of systems have been
considered which use solvents with distinct charactheristics.
The results obtained show tha the extractive distillation process presents simple
behavior for differents kinds of disturbances. However, there is a Jarge difference among the
system dynamic responses, which are characterized by the kind of the solvent. The columns
operating with solvents of Jow volatility are easier to control as it was demontrated by the
resulting profiles. A preliminary study on control o f the column has been made whichand the
results show that a classical controller can keep the process on the desired conditions.
Test of a new configuration for the extractive distillation process was realised for
systems that uses low volatility solvents. The new configuration has the advantage of using just
one colunm and the three components are obtained at different position along the column. The
performance is comparable to the conventional one, that total reboiler duties in both cases are
almost the same. However, the systems dinamic responses are quite different.
In relation to the mathematical modelling, the results show that simplified models can
lead to erroneous conclusions. Futhermore, using the orthogonal Collocation Method as a
technhique for model reduction, it is possible to get important computing time reduction.
NOMENCLATURA
~-área do furo do prato, (m2)
C..- - capacitância da estrutura do refervedor ( callkg. 0 C)
Cn - ação de controle no tempo n
D- diãmetro (m)
F - alimentação (mol!min)
F1, F2
, F3 - Funções discrepâncias
H - entalpia da fase vapor (cal/mo!)
h - entalpia da fase líquida (cal/mo!)
hw- altura do vertedouro (m)
how- altura de líquido acima do vertedouro (m)
K - constante de equilíbrio
)(., - constante proporcional do controlador
1<&, - coeficiente de perda de carga para o prato seco (mmHg/{kg.mol!m3)(m/s2)
L -vazão de liquido (mol!min)
Lw- comprimento do vertedouro (m)
M- holdup da fase líquida (moi)
P- pressão (atm)
P' - pressão de saturação ( atm)
Q,- carga térmica do refervedor ( callmin)
s - variável continua
t - temperatura (0 C)
T,- temperatura da estrutura do refervedor CC)
T - intervalo de amostragem (min)
U,,..- coeficiente global de transferência de calor (kcal/h.m2 °C )
V- vazão de vapor (mol!min)
W- vazão da retirada lateral (mol!min), multiplicadores de Lagrange
x -Fração molar da fase líquida
X - Fração molar da fase líquida em base livre
y - Fração molar da fase vapor
Y -Fração molar da fase vapor em base livre
y* - Fração molar da fase vapor em equilíbrio
Letras Gregas
11 - eficiência de Murphree
p - densidade (mol/m3 )
y - coeficiente de atividade da fase líquida
4> - coeficiente de fugacidade da fase vapor
v- velocidade do vapor (m/s)
T; - tempo integral
'td - tempo derivativo
s-erro
subscrito/superescrito
F - alimentação
i - componente i
j- prato j
k - ponto de colocação k
L - fase líquida
V - fase vapor
ÍNDICE
CAPÍTULO l - OBJETIVOS DO TRABALHO
CAPÍTULO 2- INTRODUÇÃO E CONTEXTO DO PROBLEMA
CAPÍTULO 3- DINÂMICA DE COLUNAS DE DESTILAÇÃO EXTRATIVA
ESTADO DA ARTE
3. 1 - Introdução
3 .2 - Modelagem Matemática
3.3 -Destilação de Binários Azeotrópicos
3.4 - Conclusão
CAPÍTULO 4- MODELAGEM MA TEMÁTICA DE COLUNAS DE
DESTILAÇÃO
4.1 - Introdução
4.2- Modelo da Coluna no Estado Estacionário
4.2.1 - Modelo Prato-a-Prato
4.2.2- Modelo Reduzido
4.3- Modelo da Coluna no Estado Transiente
4.4 - Modelo de Prato no Estado Transiente
4.5- Modelagem Termodinâmica
4.6- Conclusão
CAPÍTULO 5 - ALGORITMOS E MÉTODOS NUMÉRICOS
5. l - Introdução
5.2 - Estado Estacionário
5.2.1 -Modelo Prato-a-Prato
5.2.2- Modelo Reduzido
5.3 - Estado Transiente
5. 4 - Conclusão
CAPÍTULO 6- CONDIÇÕES INICIAIS- ESTADO ESTACIONÁRIO
6.1 - Introdução
6.2- Equilíbrio Líquido-Vapor
6.3 - Simulações no Estado Estacionário
7
7
14
21
23
23
23
25
28
31
33
34
36
36
36
39
41
49
51
51
55
6.4- Múltiplas Soluções
6.5- Conclusão
CAPÍTULO 7- DINÂMICA DO PROCESSO- PARTE I
7.1 - Introdução
7.2 - Impacto das perturbações
7.3 -Perturbação na Vazão de Refluxo
7.3 .1 - Sistema etanol-água-etileno glicol
7.3.2- Sistema acetona-n-heptano-tolueno
7.3. 3 - Sistema acetona-metanol-clorobenzeno
7.3 .4 - Sistema acetona-etanol-tolueno
7.4- Perturbação na Carga Térmica do Refervedor
7.5- Conclusão
CAPÍTULO 8- DINÂMICA DO PROCESSO- PARTE li
8. 1- Introdução
8.2 - Perturbação na Composição da Corrente do Binário Azeotrópico
8.2.1 - Sistema etanol-água-etileno glicol
8.2.2 - Sistema acetona-n-heptano-tolueno
8.2.3 - Sistema acetona-metanol-clorobenzeno
8.2.4- Sistema acetona-etanol-tolueno
8.3 -Perturbação na Vazão da Corrente do Binário Azeotrópico
8.3.1 - Sistema etanol-água-etileno glicol
8.3 .2 - Sistema acetona-n-heptano-tolueno
8.3 .3 - Sistema acetona-metanol-clorobenzeno
8.3 .4 - Sistema acetona-etanol-tolueno
8.4 - Conclusão
CAPÍTULO 9- DINÂMICA DO PROCESSO- PARTEm
9. 1 - Introdução
9.2- Perturbação na Composição da Corrente do Solvente
9 .2.1 - Sistema etano l-água-etileno glicol
9.2.2- Sistema acetona-n-heptano-tolueno
9 .2.3 - Sistema acetona-metanol-clorobenzeno
63
69
71
71
72
72
75
78
80
83
84
87
87
87
89
91
94
96
96
100
100
102
105
109
109
110
112
112
9.2.4 -Sistema acetona-etanol-tolueno
9.3- Perturbação na Vazão da Corrente do Solvente
9. 3.1 - Sistema etanol-água-etileno glicol
9.3.2- Sistema acetona-n-heptano-tolueno
9.3.3 -Sistema acetona-metanol-clorobenzeno
9.3 .4 - Sistema acetona-etanol-tolueno
9.4- Impacto da Capacitância
9.5- Conclusão
CAPÍTULOlO- PERFORMANCE DOS MODELOS MATEMÁTICOS
1 O .1 - Introdução
10.2- Modelo Completo x Modelo Reduzido: Estado Estacionário
114
115
117
119
121
123
124
132
136
136
10.3 -Simplificações nos Modelos Prato-a-Prato Dinâmicos 138
I 0.3 .1 - Modelo Simplificado x Modelo Rigoroso 139
10.4- Conclusão 146
CAPÍTULO 11 -NOVA CONFIGURAÇÃO PARA O PROCESSO DE DESTILAÇÃO
EXTRATIVA
11.1 - Introdução 148
11.2 -Nova Configuração para a Destilação Extrativa 148
11.2.1 - Simulação no Estado Estacionário 149
11.2.2 - Simulação no Estado Transiente 152
11.2.2.1 -Perturbação na Vazão de Refluxo 153
11.2.2.2- Perturbação na Carga Térmica do Refervedor !55
11.2.2.3 -Perturbação na Composição da Corrente do
Binário Azeotrópico 155
11.2.2.4 - Perturbação na Vazão da Corrente do Binário
Azeotrópico 157
11.2.3- Configuração Convencional x Nova configuração-
Aspecto Dinâmico 157
11.3 - Conclusão !65
CAPÍTULO 12 - CONFIGURAÇÃO DE CONTROLE - UM ESTUDO PRELIMINAR
12.1 -Introdução
12.2 - Controle de Colunas
12.3- Operação em Malha Fechada (Closed-Loop)
12.4- Conclusão
CAPÍTULO 13 -CONCLUSÃO E SUGESTÃO
13.1- Conclusões desse Trabalho
13.2- Sugestão para Trabalhos Futuros
CAPÍTULO 14 - REFERÊNCIAS BffiLIOGRÁFICAS
167
167
169
182
184
191
193
Objetivos Deste Trabalho
1 - OBJETIVOS DESTE TRABALHO
Os principais objetivos deste trabalho foram:
1 - desenvolver modelos matemáticos rigorosos do processo de destilação no estado estacioná
rio e estabelecer uma metodologia de geração de dados iniciais para simulação dinâmica do
processo. Embora os simuladores comerciais hoje disponíveis (Aspen, Proii, Hysim, etc.) per
mitam a simulação da destilação extrativa no estado estacionário, o desenvolvimento do mo
delo neste trabalho é importante pois além de ser a base para o desenvolvimento do modelo
dinâmico, é responsável pela geração dos perfis no estado estacionário, os quais são utilizados
como ponto de partida nas simulações dinâmicas (problema de valor inicial). Sendo assim, é
importante que ambos os modelos sejam compatíveis. Associado a este fato, na procura de
modelos adequados para aplicação em controle é fundamental que se disponha de softwares
próprios.
2 - desenvolver um modelo reduzido para o estado estacionário via a técnica da colocação or
togonal. O objetivo deste estudo, foi analisar o desempenho do modelo reduzido frente ao mo
delo prato-a-prato tradicional, em termos de concordância e esforço computacional.
3 - desenvolver modelos matemáticos os mais rigorosos possíveis de colunas de destilação no
estado transiente.
4 - proceder com sucessivos graus de simplificações no modelo dinâmico e avaliar o desempe
nho destes modelos simplificados.
5 - desenvolver softwares robustos fazendo uso das mais modernas rotinas matemáticas dispo
níveis na literatura.
6 - realizar simulações no estado transiente para avaliação das respostas do sistema mediante
perturbações. Pretende-se avaliar ainda, as variáveis em termos de impacto das perturbações.
l
Objetivos Deste Trabalho
7 - avaliar o desempenho do processo de destilação extrativa mediante o uso de solvente com
características diferentes em termos de volatilidade.
8 - avaliar o impacto da capacitãncia térmica do refervedor.
9 - avaliar o comportamento de uma nova configuração para o processo de destilação extrati
va.
1 O - estudar de forma preliminar o comportamento do processo de destilação extrativa quando
um sistema de controle é utilizado.
Para realizar todos estes objetivos muito trabalho foi realizado e a disposição dos re
sultados tomou necessário dividir a tese em 14 capítulos. Na realidade, este não é o número de
capítulos normalmente encontrados nas dissertações de teses, no entanto optou-se neste tra
balho pela divisão dos assuntos de forma que este então se apresenta.
2
Introdução e Contexto do Problema
2 - INTRODUÇÃO E CONTEXTO DO
PROBLEMA
No Laboratório de Desenvolvimento de Processos de Separação (LDPS), implantado
na Faculdade de Engenharia Química da UNICAMP em 1990, vêm sendo desenvolvidos
trabalhos de pesquisa, ensino e extensão de forma intensa. Os trabalhos são orientados para
interesses acadêmicos, científicos e industriais e isto tem contribuído para o avanço
tecnológico dos processos de separação, aplicações importantes a nível de indústrias brasileiras
e estrangeiras, e publicações de trabalhos nos mais importantes Congressos e Revistas
Nacionais e Internacionais.
Neste contexto, surgiu a presente proposta do trabalho de tese. Aliando-se interesse do
aluno, este professor da Uníversidade Federal da Paraiba, às necessidades de desenvolvimento
na área e contato com outros pesquisadores, a citar o professor Meirelles (FEA!UNICAMP),
foi realizada esta tese de doutorado, a qual deu origem a trabalhos em Congressos e Revistas,
Internacionais e Nacionais.
A destilação é um dos mais antigos e importantes processos de separação utilizados na
indústria quírníca e petroquímica. Esta importància se deve à grande eficiência na separação
das mais diferentes misturas. Por outro lado, é um processo em que o consumo energético
representa o maior percentual do consumo global de energia de uma planta. Aproveitando do
alto consumo de energia apresentado pelas colunas de destilação, alguns pesquisadores
chegaram a anunciar processos alternativos para substituir a destilação como processo de
separação. No entanto, estes processos revolucionàrios não são tão convencionais e sua
viabilidade para operação em grande escala ainda está sendo avaliada.
Devido a sua importância no campo da engenharia química, o número de publicações
sobre colunas de destilação é cada vez maior. Os artigos abrangem desde a modelagem
matemática até o estudo de processos específicos. Em se tratando de modelos matemáticos, o
rigor que pode ser alcançado é grande, visto a possibilidade de resolução com auxílio de
3
Introdução e Contexto do Problema
computadores de alta capacidade hoje disponíveis. Com relação ao processo em si, diversas
possibilidades surgem no dia-a-dia as quais vão desde o estudo de sistemas específicos até a
modificação de configurações existentes.
O desenvolvimento e a utilização de modelos dinâmicos para colunas de destilação têm
como objetivo final avaliar a estabilidade operacional do processo, quando o mesmo é
submetido a perturbações diversas, bem como avaliar a performance de um sistema de
controle. A maioria dos trabalhos sobre comportamento dinâmico de colunas de destilação tem
levado em consideração, principalmente, a separação de misturas binárias e multicomponentes,
em colunas convencionais. No caso do projeto de controladores, os artigos, em geral, se
restringem a sistemas binários. A explicação dos pesquisadores é a complexidade que misturas
multicomponentes apresentam. No entanto, quando o processo se toma mais complexo, o que
não é incomum na engenharia química, a possibilidade de utilização de processos de separação
mais refinados se toma cada vez maior. Um exemplo de um processo complexo, comumente
encontrado nas indústrias, é a separação de binários azeotrópicos.
No caso de misturas onde há a presença de azeótropos, a destilação convencional se
mostra incapaz de promover a separação desejada, de modo que, é preciso adicionar um
terceiro componente para possibilitar a separação. A destilação de misturas azeotrópicas,
normalmente, é realizada através da destilação azeotrópica ou destilação extrativa, ou mesmo
extração líquido-líquido, embora este último tenha se mostrado ineficiente para tratar misturas
concentradas, que pode ser o comum de muitos sistemas de interesse. A presença do terceiro
componente faz com que o comportamento das destilações azeotrópica e extrativa, sejam
completamente diferente da destilação convencional. Portanto, as conclusões aplicadas à
destilação convencional, por mais gerais que sejam, não são aplicadas nestas situações.
Inicialmente, a desidratação de misturas aquosas de etano! foi o processo escolhido
como um dos casos estudos pela sua importância industrial, em particular para o Brasil. Vários
trabalhos sobre a obtenção de etano! anidro via destilação extrativa ou azeotrópica têm sido
publicados. As conclusões são as mais variadas possíveis. Vasconcelos e Maciel (1997) estão
atualmente trabalhando no sentido de formar uma comparação formal em termos energéticos e
4
Introdução e Contexto do Problema
de estabilidade operacional entre estes dois processos. Muitos trabalhos disponíveis na
literatura têm abordado aspectos em relação ao projeto, otimização e integração energética,
todos eles no sentido de reforçar a destilação extrativa como uma alternativa viável para
obtenção do etano! anídro, frente á destilação azeotrópica. Contudo, a maior parte dos
trabalhos têm sido realizados para o estado estacionário, e para que um processo possa ser
considerado viável, faz-se necessário conhecer sua estabilidade operacional. Daí a necessidade
de se estudar a dinâmica do processo de destilação extrativa.
Além do sistema etanol(l)-água(2)-etileno glicol(3), os estudos foram realizados para
outros, onde a destilação extrativa é utilizada como processo de separação. Alguns,
apresentam características completamente distintas do sistema etanol(l )-água(2)-etileno
glicol(3). É o caso do sistema acetona( I )-etanol(2)-tolueno(3), onde o binário azeotrópico
etanol(2)-tolueno(3), é separado pela adição da acetona( I). Em outra situação, a presença do
solvente altera a volatilidade relativa de forma inversa, de modo que, o componente
intermediário é obtido no topo, enquanto que os componentes mais e menos voláteis, são
obtidos na base da coluna. Estas particularidades são provas da diversidade que cada sistema
apresenta, e da necessidade de se conhecer em detalhes o comportamento dinâmico de
processos específicos.
Um outro campo que ainda tem muito a ser explorado, é o da configuração utilizada
para separar binários azeotrópícos, uma vez que nestes casos, geralmente, há envolvidas mais
de uma coluna de destilação e correntes de reciclo. Neste trabalho, é avaliada uma nova
configuração para a destilação extrativa, onde se utiliza apenas uma coluna e retira-se os três
componentes puros em diferentes pontos. Para esta nova configuração, o sistema testado foi o
etano!( I )-água(2)-etileno glicol(3). O desempenho desta nova configuração é comparável ao
da configuração convencional da destilação extrativa.
No caso do controle de colunas de destilação, as teorias estão bem avançadas para
sistemas convencionais, ou seja, sistemas onde não haja a formação de azeótropos. No caso da
destilação extrativa urna nova variável rnanípulável surge corno alternativa para manutenção
das condições operacionais desejadas: a vazão de solvente. Para a configuração convencional
5
Introdução e Contexto do Problema
da destilação extrativa, um estudo preliminar do sistema operando em malha fechada foi
realizado. Neste caso, o controlador utilizado foi do tipo PID(proporcional-integral
derivativo).
Qualquer que seja a configuração, o grande problema da simulação de colunas de
destilação extrativa é devido ao tipo de sistema de equações diferenciais originado a partir da
modelagem. Estes sistema são muito rígidos, o que torna necessário a utilização de rotinas
numéricas eficientes. O problema se torna maior quando há a utilização de rotinas de controle.
Em todos os modelos dinâmicos foram utilizados métodos completamente implícitos para
resolução do sistemas de equações diferenciais ordinárias.
6
Dinâmica de Colunas de Destilação - Estado da Arte
A -
3 - DINAMICA DE COLUNAS DE DESTILAÇAO
EXTRATIVA: ESTADO DA ARTE
3.1 - INTRODUÇÃO
O estudo do comportamento dinâmico de colunas de destilação tem aumentado cada
vez mais. Neste capítulo, será apresentada uma revisão sobre a utilização da destilação como
um processo para separação de binários azeotrópicos. Como poderá ser visto, no caso da
destilação extrativa, ou destilação azeotrópica homogênea, grande parte dos trabalhos
encontrados na literatura disponível diz respeito ao projeto ou à termodinâmica. Antes, porém,
será apresentada uma revisão sobre a modelagem dinâmica de colunas de destilação.
3.2- MODELAGEM MATEMÁTICA
O interesse pela dinâmica de colunas de destilação vem desde a década de 60. Howard
(1970) fez uma revisão sobre os principais trabalhos até então. A seguir, será apresentada parte
da revisão feita por Howard. Dentre os trabalhos mais importantes o autor cita Archer e
Rothfus (1961), William (1963) e Renfroe (1965). No entanto, segundo Howard, o trabalho
mais completo desta época foi publicado por Huckaba et aL (1967) e Luyben et ai. (1964).
Além da modelagem e da simulação, estes autores fizeram a validação dos modelos
desenvolvidos. Para as limitações da época, os resultados foram concordantes com os dados
práticos. Também devido as limitações tecnológicas da época, todos estes trabalhos
consideravam apenas sistemas binários. No caso de misturas multicomponentes, o máximo que
se fazia era considerar o sistema como um pseudo-binário.
O problema de se trabalhar com misturas multícomponentes, é o grande número de
equações diferenciais e algébricas. De acordo com Howard (1970), um dos primeiros trabalhos
7
Dinâmica de Colunas de Destilação - Estado da Arte
a considerar sistemas multicomponentes foi apresentado por Rosenbrock (1960). Neste
trabalho, o holdup e os fluxos molares foram considerados constantes. Meadows (1963) foi
um dos primeiros a utilizar um computador digital para simulação de colunas de destilação.
Seu programa permitia avaliar o efeito de várias modificações na modelagem, p. e., exclusão
do balanço de energia e, manter constante holdup volumétrico ou o holdup molar. A partir de
então, grande parte dos trabalhos foram realizados utilizando computadores digitais.
Ainda segundo Howard, Holland (1966) foi um dos primeiros a adotar a simulação
digital (utilização de computadores digitais) nos seus trabalhos. A primeira providência foi
adaptar o método Teta, antes usado no estado estacionário, para problemas dinãmicos. Todos
os seus trabalhos eram baseados no uso de métodos implícitos. Foi então que os métodos
numéricos tomaram-se extremamente importantes na resolução dos modelos desenvolvidos.
Distefano (1967 e 1968) estudou diversos métodos numéricos para uso em simulação de
colunas multicomponentes e, nos seus estudos concluiu que, o método modificado de Adams
era o mais adequado para resolução do seu modelo. Entretanto, pouco tempo depois Gear
(1971) apresentou á comunidade um método (Backward Differentiation Formulas - BDF)
muito mais eficiente para resolução de sistemas de equações do tipo algébrico-diferencial. Na
década de 70, a modelagem já se encontrava numa fase mais adiantada, principalmente com o
advento dos computadores.
Em seu trabalho, Howard (1970) avaliou a importância de determinados parâmetros
nos resultados obtidos, bem como a influência das simplificações adotadas para o modelo.
Luyben (1975) publicou o livro "Process Modeling, Simulation and Control for
Chemical Engineers", o qual até hoje, é referência para a maioria dos trabalhos na área de
modelagem, simulação e controle de processos. Nesta época, os modelos já estavam muito
mais sofisticados. No entanto, a velocidade de processan1ento dos computadores ainda tomava
proibitiva a consideração do balanço de energia na forma diferencial.
Doherty e Perkins (1978) desenvolveram um procedimento para avaliar a dinãmica de
colunas de destilação, o qual era significativamente mais rápido do que o procedimento
8
Dinâmica de Colunas de Destilação - Estado da Arte
convencional. Eram as chamadas Curvas Residuais. Entretanto, esse novo procedimento
assume que a coluna tem um número infinito de estágios e trabalhe a refluxo infinito. Esta
suposição pode ser válida se a coluna possui um número de estágios muito grande, bem como
um refluxo extremamente alto. Em se tratando de colunas de destilação extrativa, os resultados
obtidos com as curvas residuais não podem ser considerados, visto que para este tipo de
destilação nenhuma separação ocorre se o refluxo for mantido num valor muito alto.
Fuentes e Luyben(l982) fez uma comunicação comparando as diversas formas de
considerar o balanço de energia. Nesse trabalho, ele considerou três formas do balanço de
energia. Chegou à conclusão de que, a utilização do balanço de energia na forma algébrica
pode levar a resultados pouco representativos. As discrepâncias foram maiores nos fluxos de
líquido e vapor, durante o período transiente. Segundo o autor, a diferença entre os tempos
computacionais gastos pelos modelos, não era significativa, de modo que não compensava a
simplificação na forma do balanço de energia. Para garantir que o tempo computacional não se
tomasse excessivamente elevado, a volatilidade foi considerada como sendo uma função
polinomial, com os parâmetros previamente ajustados. Além disto, o sistema considerado era
constituído de apenas dois componentes.
Em 1982, Gallun e Holland utilizaram o método de Gear na resolução do sistema de
equações diferenciais e algébricas. Nesse trabalho, o modelo utilizado foi completo, ou seja,
todos os balanços na forma diferencial. O método de Gear permite a resolução das equações
algébricas e diferenciais simultaneamente. Uma das desvantagens deste procedimento é a
necessidade de se fornecer ao programa boa estimativa para as variáveis algébricas, o que nem
sempre é possível.
Kumar et ai. (1984) modelaram e simularam uma coluna de destilação extrativa. Nesse
trabalho, o balanço de energia foi considerado na forma algébrica. Contudo, a vazão de vapor
foi calculada considerando como sendo totalmente dependente da vaporização de líquido.
Além disto, a pressão foi considerada constante com o tempo.
9
Dinâmica de Colunas de Destilação - Estado da Arte
Gani et. al ( 1986) publicaram um dos trabalhos mais completos nesta área de
modelagem de colunas de destilação. Na realidade, o artigo foi dividido em três partes. A
primeira era sobre a descrição do modelo, a segunda tratava o aspecto numérico e a terceira
era com respeito ao estudo de partida e parada de colunas de destilação. O modelo
desenvolvido era o mais completo possível. Considerava todos os balanços na forma
diferencial, pressão dos pratos variável com o tempo e dinâmica do downcomer. Para
resolução do modelo, foram utilizados dois métodos numéricos: o de Gear modificado e
Runge-Kutta. A modificação feita no método de Gear foi a introdução do uso de técnicas de
matriz esparsa, para diminuição do tempo computacional. Para altas tolerâncias, os autores
afirmam que o método de Gear é mais preciso.
Com o problema do balanço de energia equacionado, as atenções voltaram-se para o
holdup da fase vapor. Todos os modelos propostos até agora, desprezavam o acúmulo de
vapor. A explicação era de que para pressões baixas ou moderadas, a densidade do líquido é
muito maior do que a densidade do vapor. Assim, a quantidade de líquido acumulado seria
muito maior da que a da vapor. Choe e Luyben (1987) fizeram uma comunicação onde
comparavam o efeito de considerar ou não o holdup da fase vapor desprezível. Eles chegaram
à conclusão de que o holdup da fase vapor somente tem influência, quando a densidade do
vapor toma-se significativa quando comparada com a densidade do líquido. Isto acontece,
normalmente, para pressões entre 5,0 e lO, O atm.
Um outro aspecto abordado nos modelos que descrevem uma coluna de destilação, foi
publicado por McGreavy e Tan (1987). Nesse artigo, os autores avaliam o impacto de
considerar ou não as capacitâncias das estruturas do refervedor e da coluna e, afirmam que o
impacto é diretamente proporcional às modificações de temperatura que a coluna sofre e da
capacitância do refervedor. O problema se toma mais critico em procedimentos de partida e
parada.
Com o problema da modelagem mais ou menos resolvido e, paralelamente com o
aumento da capacidade de processamento dos computadores, os pesquisadores começaram a
!O
Dinâmica de Colunas de Destilação - Estado da Arte
investir na utilização destes modelos para estudar colunas complexas. Wozny et ai. (1987)
estudaram a dinâmica de colunas de alta pureza. O sistema era o binário metanol(l)-água(2).
Ranzi et ai. (1988) publicaram um artigo onde comparam os resultados obtidos para
modelos que consideram o balanço de energia na forma diferencial e outros que não o fazem.
Os autores afirmam que, para uma coluna operando em malha fechada, as decisões tomadas
pelo sistema de controle, podem ser equivocadas se o balanço de energia não estiver na forma
diferencial. Também sobre o controle de colunas, Chiang e Luyben (1988) publicaram um
artigo comparando configurações de colunas integradas termicamente com colunas
convencionais. A integração térmica tem como objetivo diminuir o consumo energético. Por
outro lado, o controle destas colunas toma-se mais dificil. A dinâmica de colunas integradas
energeticamente também foi objeto da publicação de Xien e Chunyan (1990) e Rovaglio et ai.
(1990).
Um dos objetivos de se estudar a dinâmica de um processo, é definir o sistema de
controle. Assim, a área de controle foi uma das que mais cresceu nos últimos tempos. Por isso
mesmo, alguns trabalhos sobre dinâmica são totalmente voltados para a área de controle.
Skogestad e Morari (1988) avaliaram a dinâmica de colunas abordando exclusivamente o
aspecto do controle. Entretanto, trabalhos desta natureza somente são aproveitados se o leitor
estiver familiarizado com a teoria de controle.
A tendência natural é que os modelos matemáticos dinâmicos sejam utilizados também
nas simulações estacionárias. Por exemplo, Gani e Cameron (1989) estenderam modelos
dinâmicos para obter a solução no estado estacionário. A utilização de modelos dinâmicos
rigorosos não apresenta o inconveniente de soluções fisicamente impossíveis. Na simulação
dinâmica, a "distância" entre o ponto de partida e o ponto final é percorrida paulatinamente a
cada incremento de tempo, enquanto na simulação estacionária, tenta-se percorrer a mesma
"distância" de forma brusca, como se fosse um "salto".
Atualmente, os trabalhos têm sido realizados no sentido de desenvolver simuladores
cada vez mais sofisticados. Neste ponto, pode-se citar a implementação de controladores. Este
ll
Dinâmica de Colunas de Destilação - Estado da Arte
objetivo é acompanhado de perto pela necessidade de tornar os simuladores mais "amigáveis",
de modo que os mesmos possam ser utilizados no treinamento de engenheiros, estudantes e
técnicos. Sobre este aspecto tem-se os trabalhos de Lann et ai. (1990), e Rovaglio et ai.
(1990).
Outra forma de avaliar os simuladores dinâmicos é com relação á estratégia que o
mesmo usa para resolução do conjunto de equações diferenciais e algébricas. Perregaard et ai.
( 1992 ) avaliaram as duas formas de resolver estas equações. O sistema de equações oriundos
da modelagem é chamado de sistema de equações algébrico-diferenciais (DAE - differential
algebraic equations ), e pode ser resolvido de duas formas. A primeira resolve os dois tipos de
equações simultaneamente. Na segunda estratégia, o sistema DAE é transformado em um
sistema de equações diferenciais ordinárias (ODE - ordinary differential equations). Nesse
procedimento, as equações algébricas são resolvidas primeiro, para em seguida resolver as
equações diferenciais. Segundo os autores, a vantagem de resolver os dois tipos de equações
simultaneamente somente aparece se o número de iterações na resolução das equações
algébricas, quando se utiliza a segunda estratégia, for grande. Por outro lado, quando se
considera o sistema DAE, boa estimativa da variáveis algébricas devem ser fornecidas. Os
autores sugerem iniciar a resolução com o procedimento ODE e depois mudar para o DAE.
Com a diversidade de estruturas para as colunas de destilação, solventes e parâmetros
operacionais possíveis o interesse nos estudos não param de crescer Neste ponto, acentua-se a
necessidade de desenvolver uma configuração de controle adequada, a qual pode diferir
completamente uma de outra. Isto é mais verdadeiro quando se considera colunas com
diferentes configurações. No caso de colunas com retiradas laterais destacam-se os trabalhos
de Koggersbol e Jorgensen ( 1992a e 1992b).
A possibilidade de existência de múltiplos estados estacionários foi outro ponto que
ganhou destaque. Múltiplos estados estacionários ocorrem quando para as mesmas condições
(refluxo, composição da alimentação, número de estágios, etc.) o sistema apresenta mais de
uma resposta em termos de perfis de concentração e temperatura. Segundo Rovaglio e
Doherty (1990) o sistema etanol(l)-água(2)-benzeno(3) apresenta uma oscilação entre dois
12
Dinâmica de Colunas de Destilação - Estado da Arte
estados estacionários (cerca de 500 minutos entre um estado e outro). Desta forma, múltiplos
estados estacionários representam uma forma de instabilidade de colunas de destilação. Este
tipo de problema passou a ser estudado com o auxílio de modelos dinãmicos.
Jacobsen e Skogestad (1994) apresentam quais variáveis têm mais influência na
instabilidade das colunas. Uma das causas citadas pelos autores é a utilização de refluxo molar,
ao invés de refluxo mássico, nas simulações. Eles afirmam que nas plantas industriais o refluxo
é mássico e algumas vezes volumétrico. Outros trabalhos relacionados as destilações extrativa
e azeotrópica, os quais serão citados mais adiante, mostram esse tipo de problema. Jacobsen e
Skogestad, ainda alertam sobre a consistência dos modelos dinãmicos. Segundo os autores,
modelos inconsistentes podem levar a decisões de controles erradas, principalmente modelos
lineares, obtidos a partir de ajustes input-output de simulações utilizando modelos não lineares.
No caso da destilação extrativa, Maciel e Brito (1995a e 1995c) avaliaram a
performance dos métodos de integração em simulações dinâmicas. Contrariando a posição de
Gani et al. ( 1986), os autores afirmam que a utilização do método de Gear é o mais
recomendado, mesmo durante o período onde as modificações são agudas. O número de
avaliações da Jacobiana foi menor para o método de Gear, quando comparado ao número de
avaliações necessárias quando se utiliza o método de Adams. Com relação à forma do balanço
de energia, Brito e Maciel (1995) afirmam que é fundamental considerá-lo na forma diferencial,
de modo a evitar decisões erradas por parte do controlador.
Como citado anteriormente, uma das maiores dificuldades na simulação de colunas de
destilação é o grande número de equações a ser resolvido. Em um modelo matemático prato-a
prato, o número de equações é diretamente proporcional ao número de pratos da coluna.
Neste trabalho, além dos modelos prato-a-prato, foi desenvolvido um modelo reduzido para
simulações nos estados estacionário e transiente. A importância de um modelo prato-a-prato é
indiscutível sob todos os aspectos. No entanto, existem situações em que o tempo gasto na
simulação é de extrema importância. Por exemplo, na otimização do processo, onde as
simulações são repetidas muitas vezes. O desenvolvimento de modelos matemáticos no estado
13
Dinâmica de Colunas de Destilação - Estado da Arte
estacionário deve-se à necessidade de realizar simulações para obtenção das condições iniciais
para as simulações dinâmicas.
O modelo reduzido foi obtido através da técnica da colocação ortogonaL Desenvolvido
nos anos sessenta, a colocação ortogonal somente teve impulso com o advento dos
computadores. Para resolver um sistema de equações, algébricas ou diferenciais, o método
considera que as variáveis possam ser aproximadas por funções polinomiais de modo que as
equações sejam satisfeitas em certos pontos do intervalo. Inicialmente, a estrutura utilizada foi
aquela desenvolvida por Cho e Josep (1983). Esta estrutura considera a coluna como um
sistema continuo e faz uso dos polinômios de Jacobi para obtenção dos perfis ao longo da
coluna. Este tipo de desenvolvimento é mais apropriado para sistemas contínuos, por exemplo
colunas de recheio. A estrutura desenvolvida por Stewart et ai. (1985) e Swartz e Stewart
(1986) é mais eficiente para sistemas discretos, como é o nosso caso. Assim, neste trabalho
seguiu-se este último procedimento.
3.3 -DESTILAÇÃO DE BINÁRIOS AZEOTRÓPICOS
A destilação é um dos processos que mais tem chamado a atenção dos pesquisadores
na área de Engenharia Química. Como conseqüência, o número de publicações neste campo
tem sido muito grande, bem como os avanços tecnológicos. Sendo assim, alguns pesquisadores
chegaram a afirmar que a destilação, como um campo a ser explorado, estava esgotado.
Segundo Luyben (1987), esta é uma visão equivocada, uma vez que, os processos que
prometiam substituir a destilação, até agora não o fizeram. De acordo com o Professor
Luyben, a diversidade de misturas, especificações, configurações, etc., encontradas na
engenharia química, tornam o processo de separação um problema específico para cada
situação. Fazendo um paralelo com outras áreas, Luyben afirma que "... não estamos no
campo aeroespacial, onde um controlador leva 20 anos para ser projetado, para em seguida ser
reproduzido aos milhares, afim de equipar milhares de aeronaves com as mesmas
características". Isto significa que cada coluna de destilação, operando diferentes materiais,
tem a sua própria caracteristica. Sobre o futuro, o Professor Luyben afirma que muito se há
14
Dinâmica de Colunas de Destilação - Estado da Arte
para fazer na área da dinâmica e do controle de colunas. Principalmente em se tratando de
destilação azeotrópica e destilação extrativa. Na sua opinião, para esses dois processos, tanto
o controle, quanto o projeto estão apenas começando. Com relação ao sistema de controle, o
autor faz um comentário interessante: " ... não adianta entender e dominar uma teoria de
controle elegante e moderna, se você não conhece as características do processo a ser
controlado".
Misturas binárias que formam azeótropos são comuns na indústria química. São
misturas azeotrópicas aquelas que se comportam como um componente puro, quando
submetidos a um processo de destilação. A separação destas misturas não é possível por meio
da destilação convencional e, normalmente, elas são separadas por destilação extrativa ou
azeotrópica. Em ambos os processos, um terceiro componente é adicionado de modo a
possibilitar a separação. A extração líquido-líquido também é uma possibilidade, no entanto, a
viabilidade econômica deste processo está intimamente ligada ao grau de diluição (Maciel e
Martins, 1996)
A destilação azeotrópica é um processo muito conhecido e difundido, tendo o seu
início por volta dos anos 20. Na destilação azeotrópica, o terceiro componente, chamado de
agente de arraste, tem como finalidade formar um novo azeótopo com um dos componentes
inicialmente presentes na mistura. Além disto, é importante que o novo azeótropo formado
seja heterogêneo, ou seja, provoque a formação de duas fases líquidas. Este novo azeótropo
formado é removido como produto de topo ou de base, dependendo do tipo do azeótropo (de
mínimo ou de máximo), enquanto que um dos componentes da mistura original é obtido puro e
removido na extremidade oposta. A utilização de uma segunda coluna se faz necessária para
proceder com a recuperação do agente de arraste, o qual retoma à coluna azeotrópica.
A destilação extrativa representa uma alternativa para a separação de misturas
azeotrópicas e, apesar de também ser conhecida há muito tempo, somente na década de 80
ganhou importância industrial. Na destilação extrativa, o terceiro componente tem como
objetivo alterar a volatilidade relativa dos componentes originais da mistura. Contudo, ao
contrário da destilação azeotrópica, é fundamental que a adição deste terceiro componente,
15
Dinâmica de Colunas de Destilação- Estado da Arte
aqui chamado de solvente, não cause a formação de novo azeótropo, e que não haja separação
de fases líquidas. Estas são as diferenças básicas entre os dois processos. Como na destilação
azeotrópica, é necessária uma segunda coluna para recuperação do terceiro componente.
Na forma convencional da destilação extrativa, o componente mais leve é removido no
topo. O solvente mais o componente intermediário são recolhidos na base da coluna, e
enviados para a coluna de recuperação. Em algumas situações, o solvente é o componente com
menor ponto de ebulição, e assim saí pelo topo da coluna, junto com o componente
intermediário. Uma outra variante do processo de destilação extrativa é quando o componente
intermediário, praticamente puro, é recolhido no topo da coluna. Nesse caso, o componente
mais volátil é recolhido na base, juntamente com o componente menos volátiL
Conforme citado anteriormente, a destilação é uma das operações unitárias que mais
tem recebido atenção por parte da comunidade científica dentro da engenharia química. Porém,
a grande maioria destes trabalhos tem sido dirigida para colunas convencionais. No caso da
destilação de misturas azeotrópicas, algumas particularidades fazem com que o problema se
torne mais complexo: comportamento altamente não-ideal, misturas multicomponentes,
múltiplas alimentações, sequenciamento de colunas e reciclo. Em se tratando de controle, o
número de configurações possíveis se torna maior, devido à presença da segunda alimentação.
A desidratação de misturas aquosas de etano! tem sido um dos processos mrus
utilizados com o objetivo de comparar a destilação azeotrópica com a destilação extrativa. A
seguir é apresentada uma revisão sobre as vantagens e desvantagens do processo azeotrópico.
A grande vantagem da destilação azeotrópica é a formação de duas fases líquidas. Esta
separação preliminar, torna o consumo de energia menor, tomando o processo atrativo do
ponto de vista energético. Segundo Black (1980), a destilação extrativa usando etileno glicol
como solvente, é muito mais dispendiosa , do ponto de vista energético, do que a destilação
azeotrópica utilizando benzeno como agente de arraste. Este é um resultado que pode ser
contestado com base no que segue. Primeiro ele utilizou um modelo termodinâmico (V an
16
Dinâmica de Colunas de Destilação - Estado da Arte
Laar) não indicado para sistemas altamente polares. Segundo, as taxas utilizadas, refluxo e
solvente, foram excessivamente elevadas. Todo o estudo foi realizado no estado estacionário.
Também no estado estacionário, Ryan e Doherty (1989) apresentaram um
procedimento para otimização do processo de desidratação de etano! utilizando benzeno como
agente de arraste. A otimização foi realizada tomando como objetivo a minimização do
consumo energético. Entretanto, a mais completa revisão sobre o processo de destilação
azeotrópica pode ser encontrado em Widagdo e Seider (1996).
Apesar de ser atrativo do ponto de vista energético, a destilação azeotrópica apresenta
alguns inconvenientes relacionados à operação. Por exemplo, múltiplos estados estacionários.
Magnussen et ai (1979), foram os primeiros a relatarem a existência de múltiplos estados
estacionários na desidratação do etano! utilizando o benzeno. Prokopakis e Seider (1983)
estudando a dinâmica do processo azeotrópico, perceberam uma alta instabilidade do processo,
quando submetido a pequenas modificações operacionais. Desta forma, a utilização de um
sistema de controle altamente eficiente era preciso, e que muitas vezes não evitava a perda de
etano!. Rovaglio e Doherty (1990) também observaram o fenômeno de múltiplos estados
estacionários, além da instabilidade operacional do processo quando ocorrem pequenas
variações na pressão.
Um outro ponto desfavorável à destilação azeotrópica é a formação de duas fases
líquidas no interior da coluna. Este fenômeno foi estudado por Wong e Chang (1991).
Corrêa e Jorgensen (1992) estudaram as diferenças entre o controle de colunas
convencionais e colunas azeotrópicas. Chegaram à conclusão de que as colunas azeotrópicas
apresentam maiores dificuldades no projeto do sistema de controle. Além disto, observaram
que o comportamento dinâmico do processo azeotrópico, depende da região de operação.
Bekiaris et ai. (1996) também estudaram o fenômeno de múltiplos estados
estacionários em colunas azeotrópicas. Os autores utilizaram curvas residuais para derivar
condições necessárias e suficientes para a existência de múltiplos estados estacionários.
17
Dinâmica de Colunas de Destilação - Estado da Arte
Conforme citado anteriormente, as atenções somente se voltaram para a destilação
extrativa nos anos 80. Depois da publicação do trabalho de Black (1980), os pesquisadores
começaram as investigações com mais rigor. Um dos mais interessados na destilação extrativa
era o Professor Doherty. Além de trabalhar com o processo azeotrópico, Doherty também é
~lltad2~tWrmlf~t~~8flhoaffisJ~ó?FJB6'1ç~tf{greóffiao8f~b~W~~&\li§laà8tl~~f>'M\rc8\l~Ml~~Wê'~~ artigos sobre projeto de colunas de destilação extrativa, cálculo de refluxo mínimo e
sequenciamento de colunas (1985a, 1985b, 1985c, 1986a e 1986b ).
Lynn e Hanson (1986) foram os primeiros a afirmar que a destilação extrativa era
competitiva, do ponto de vista energético, com a destilação azeotrópica. Nesse trabalho, os
autores utilizaram colunas de múltiplo efeito. Eles realizaram a desidratação de místuras
aquosas de etano! utilizando etileno glicol como solvente.
Em termos de solvente para a desidratação de misturas aquosas de etano!, Lee e Pahl
( 1985) mostram que os glicóis, em geral, são os mais apropriados. O etileno glicol tem a
vantagem de apresentar menor ponto de ebulição entre os que alteram a volatilidade mais
favoravelmente. Com relação à seleção de solventes, ainda tem o trabalho de Doherty e
Caldarola (1985).
Depois do trabalho de Lynn e Hanson (1986), vários trabalhos foram publicados na
área de destilação extrativa. A maior parte dos trabalhos tiveram como objetivo a otimízação,
integração energética, sequenciamento de colunas com diferentes pressões, modelagem
termodinâmica, conforme os trabalhos de Knight e Doherty (1989), Knapp e Doherty (1990),
Laroche e Morari (1992), Meirelles et al. (1992), Knapp e Doherty (1992), Meirelles e Telis
(1994), Maciel e Martins (1996). Vale salientar que todos estes trabalhos foram efetuados
considerando o estado estacionário. Além disto, o sistema base para a maioria dos trabalhos foi
o sistema etanol(1)-água(2)-etileno glicol(3).
18
Dinâmica de Colunas de Destilação - Estado da Arte
O trabalho de Meirelles et aL (1992) avaliou a desidratação de etanol(l) utilizando
etileno glicol(2) como solvente, contudo foi um trabalho experimental, de modo que se pode
observar o comportamento transiente da coluna. Os autores observaram a estabilidade e
flexibilidade do processo quando o mesmo era submetido a perturbações.
Em termos de competitividade do processo extrativo, Knapp e Doherty (1990),
chegaram a afirmar: "... contrariando a opinião popular, um bem projetado sistema de
destilação extrativa, é o modo mais econômico de obtenção de etano! anidro".
Em relação ao comportamento dinãmico do processo extrativo, Jacobsen et ai. (1991)
desenvolveram um sistema de controle para este tipo de coluna. A região de operação da
coluna era aquela em que a quantidade de solvente necessária para a separação, estava próxima
do mínimo. Os sistemas avaliados foram acetona(l)-n-heptano(2)-tolueno(3) e etanol(l)
água(2)-etileno glicol(3). Ou seja, sistemas onde o solvente é o componente com maior ponto
de ebulição. Utilizando um controlador PI, os autores afirmam ser possível controlar o
processo.
O sistema de controle também foi objeto do artigo de Andersen et al. (1991). Os
autores afirmam que a dificuldade de controle aumenta, á medida que a coluna opera próximo
do ótimo.
O grande problema dos artigos na área de controle, é o fato dos pesquisadores
procurarem uma teoria e um tipo de controlador a todo custo, antes mesmo de conhecer em
detalhes as características do processo que se deseja controlar. Tanto isto é verdade que,
depois dos trabalhos na área de controle, os mesmos pesquisadores publicam sobre o mesmo
assunto, só que desta vez, considerando o processo propriamente dito. Isto poderá ser
confirmado nos próximos parágrafos. Além disto, um outro problema destes artigos de
controle, é a utilização de uma linguagem totalmente particular, de modo que os artigos ficam
restritos aos pesquisadores da área.
19
Dinâmica de Colunas de Destilação - Estado da Arte
Em relação à potencialidade da destilação extrativa, Laroche et ai. (l992a) publicaram
um artigo onde avaliaram os possíveis fluxogramas a serem utilizados, bem como a eficiência
do processo em separar binários azeotrópicos. Foram avaliadas situações em que apenas uma
coluna era utilizada, com duas colunas e até mesmo três colunas de destilação. Os autores
estudaram a performance do processo quando diferentes modelos termodinâmicos eram
utilizados. Nesse artigo, os autores propõem a separação de acetona(! )-n-heptano(3) usando o
benzeno como solvente. Para alcançar tal objetivo, utilizam apenas uma coluna de destilação,
já que a quantidade de benzeno(2) é muito pequena, e o mesmo sai pela base da coluna, junto
com o n-heptano(3). Na realidade não há a separação dos três componentes. Simplesmente
consegue-se separar um dos componentes do binário azeotrópico. No campo da destilação
extrativa, considerando o estado estacionário, é um dos artigos mais interessantes. No entanto,
todas as simulações foram realizadas com objetivo de obter apenas resultados qualitativos.
Com relação ao tipo de solvente utilizado, Laroche et ai. (1992b) enfatizam o
comportamento curioso do processo, quando os solventes utilizados apresentam diferentes
características em termos de volatilidade. É proposta a utilização de solventes leves, pesados e
intermediários, em relação aos componentes do binário azeotrópico. Para alguns sistemas são
apresentados os fluxogramas do processo. Para outros, fica a sugestão de novos estudos. É o
caso da utilização de clorobenzeno(3) na separação do binário azeotrópico acetona(l )
metanol(2). No caso deste sistema, a adição do solvente causa uma inversão na volatilidade
relativa dos componentes, de modo que o componente intermediário é obtido no topo da
coluna. Também neste artigo, os estudos se restringiram ao estado estacionário.
A obtenção de múltiplos estados estacionários na destilação extrativa foi tema do
artigo de Bekiaris et ai. (1993). Os autores estudaram os sistemas acetona(l)-benzeno(2)-n
heptano(3) e acetona(l)-metanol(2)-clorofórmio(3), e apresentam as condições necessárias
para obter múltiplos estados estacionários. A modelagem termodinâmica é um dos fatores que
podem determinar a observação ou não da multiplicidade. Nesse trabalho, foi utilizado o
conceito de curvas residuais, e nunca é demais lembrar que este conceito é utilizado para
colunas com refluxo e número de estágios infinitos. Ou seja, a viabilidade prática destes
estudos deve ser comprovada.
20
Dinâmica de Colunas de Destilação- Estado da Arte
Sobre as condições operacionais de colunas de destilação extrativa, o trabalho de
Knapp e Doherty (1994) traz um procedimento para determinar a quantidade mínima de
refluxo para que uma determinada separação possa ser alcançada. Os autores avaliaram a
performance do procedimento para diversos sistemas.
Maciel e Brito (1995) desenvolveram um modelo dinãmíco rigoroso, e confirmaram as
observações experimentais feitas por Meirelles et ai. (1992) sobre a obtenção de etano! via
destilação extrativa . Ou st<ia, o processo mostrou-se estável e flexível, quando submetido a
modificações operacionais. Ainda sobre a desidratação de misturas de etano! anidro, Brito et
al. (1997) propuseram uma nova configuração para o processo extrativo, onde os três
componentes são separados utilizando apenas uma coluna de destilação. Entretanto, contrário
ao que é proposto por Laroche et ai. (1992a), os três componentes são obtidos em diferentes
regiões da coluna. Maiores detalhes sobre este processo são descritos no capítulo 11.
3.4 - CONCLUSÃO
Com os avanços obtidos no campo da modelagem de colunas de destilação, os modelos
dinâmicos atingiram um alto grau de sofisticação. No entanto, observa-se que há uma
necessidade imediata de tornar os simuladores cada vez mais "amigáveis". Isto é fundamental
para que a utilização destes simuladores possa ser feita no treinamento de engenheiros,
estudantes e técnicos. Além disto, a inclusão de controladores nos modelos, é de vital
importância para que os mesmos possam ser mais utilizados nas decisões sobre projeto de
processos.
Em relação à destilação extrativa, muito ainda se tem por fazer. Principalmente com
relação à dinâmíca, visto que boa parte das publicações são para o estado estacionário.
Quando tentam avaliar a dinâmíca do processo, começam os estudos já pelo controle do
processo. Há uma necessidade vital de conhecer a dinâmíca dos diversos sistemas que usam a
destilação extrativa como processo de separação. Grande parte dos artigos são específicos e,
quando tentam ser mais abrangentes, se limitam a fazer apenas um estudo qualitativo dos
21
Dinâmica de Colunas de Destilação - Estado da Arte
processos. Contudo, estes artigos têm importância fundamental, pois despertam horizontes
cada vez maiores.
Comparando a destilação extrativa com a destilação azeotrópica, uma coisa parece ter
mudado depois do artigo de Black (1980). Todos discordam do consumo energético descrito
pelo autor. Além do mais, a destilação extrativa vem provando ser um processo caracterizado,
principalmente, pela simplicidade operacional. E, no caso do sistema etanol(l)-água(2)-etileno
glicol(3) tem-se o fato de não se utilizar um produto cancerígeno.
22
Modelagem Matemática
4- MODELAGEM MATEMÁTICA
4.1 - INTRODUÇÃO
Para as simulações dinâmica e estacionária, foram desenvolvidos modelos matemáticos
robustos e eficientes. No caso das simulações estacionárias, desenvolveu-se modelos completo
(prato-a-prato) e reduzido, sem considerar nenbum tipo de simplificação. Para a realização das
simulações dinâmicas, os modelos (prato-a-prato) usados variaram conforme o grau de
simplificação adotado. Existem situações, p. e., projeto de controladores e otimização do
processo, em que o tempo gasto na simulação é de extrema importância. Daí a necessidade de
utilizar modelos maís simplificados, os quaís permitem simulações com menor esforço
computacionaL Neste capítulo é apresentado o desenvolvimento dos modelos estacionário e
dinãmico. Os modelos desenvolvidos são baseados no conceito de estágio de equilíbrio, e
podem ser utilizados para qualquer tipo de coluna.
4.2- MODELO DA COLUNA NO ESTADO ESTACIONÁRIO
4.2.1- MODELO PRATO-A-PRATO
As expressões que descrevem o modelo matemático para uma coluna de destilação, formam
um conjunto de equações básicas: balanços de massa (M), as relações de equilíbrio (E), o somatório
das frações molares (S) e balanços de energia (H). Estas equações são normalmente designadas de
equações MESH.
A representação esquemática de um prato é mostrada na figura 4.1. O número de
estágios é numerado da base para o topo da coluna. O estágio l representa o refervedor
enquanto o estágio Nt o condensador. Seguindo a estrutura desenvolvida por Naphtaíi e
23
Modelagem Matemática
Sandholm (1971), são mostradas as funções discrepàncias obtidas a partir dos balanços e das
relações de equilíbrio:
Balanço de massa para o componente i no prato j
1 L F V F F.. =L. 1.x. · 1+V. 1.y .. 1-L .. x .. -V .. y. -+F- .x. -+F .. y .. l,J j+ l,j+ J- l,J- j l,j j l,J J l,J J l,j
V L -w .. y .. -w .. x .. J l,J J l,J
(4.1)
Balanço global de energia no prato j
2 L F F. =L. 1.h. 1 +V. 1.H.
1-L .. h.-V .. H.+F- h.+
J J+ J+ J- J- J J J J J J
V F V L f .. H. -W .. H.-W .. h. (4.2)
J J J J J J
Relações de equilíbrio
' F:'. = y .. - K .. x .. l,J l,J l,J l,J
(4.3)
A eficiência de Murphree, definida pela equação 4.4, pode ser introduzida através da
equação 4.3.
Y· . -y .. 1 l,J l,J-
11· . = * l,J Y· . -y .. 1
l,J l,J-
(4.4)
O sistema de equações algébricas não lineares gerado, apresenta como variáveis as vazões
por componente nas fases líquida e vapor, e a temperatura em cada estágio. Observando o sistema
formado, chega-se á conclusão de que o mesmo possui duas variáveis a mais do que o número de
equações, ou S<tia, o sistema está indeterminado. Duas equações podem ser formuladas a partir da
especificação de duas variáveis pertinentes ao processo, por exemplo, o refluxo e a vazão de
destilado. Estas equações substituirão as equações do balanço de energia no refervedor e
condensador. O número de combinações possíveis para tornar o sistema determinado é grande.
24
Modelagem Matemática
Dependendo das variáveis especificadas o sistema torna-se mais ou menos não-linear. Por exemplo,
quando as composições de topo e base são especificadas, o sistema se torna muíto mais não-linear
do que quando são especificadas a vazão da base e a razão de refluxo.
v F i
r~~
~toJ
Vi-l
IVj
' wv
J
wv J
lLi
Figura 4.1 -Esquema de um prato utilizado na modelagem matemática da coluna. F
alimentação; L - vazão de líquido; V - vazão de vapor; W - vazão da retirada lateral.
O futo de se aumentar a não linearidade influi diretamente na solução do sistema. Quanto
mais não-linear o sistema, maior a probabilidade de se obter múltiplas soluções. No caso de haver
múltiplas soluções, algumas soluções podem representar situações fisicamente impossíveis, ou s~a,
representarem apenas soluções do ponto de vista matemático. Entretanto, existem situações que o
sistema apresenta duas ou mais soluções e fisicamente possíveis. Uma das formas de se obter
múltiplas soluções é modificando a estimativa inicial das variáveis do sistema gerado.
4.2.2- MODELO REDUZIDO
O emprego de modelos de ordem reduzida para representação de processos tem
aumentado muito nos dias atuais, principalmente em função da necessidade de menor tempo
computacional gasto em uma simulação. Como mencionado anteriormente, a principal
vantagem da redução de modelo é que o número de equações geradas independe do número de
estágios da coluna, o que resulta em menor tempo de CPU.
25
Modelagem Matemática
Em um modelo reduzido as equações que descrevem a coluna são exatamente as
mesmas, isto é, as equações MESH. Entretanto, estas equações somente são aplicadas para
alguns pontos da coluna.
O modelo reduzido foi obtido através da técnica da colocação ortogonal. Para resolver
um sistema de equações, no caso algébricas, o método considera que as variáveis possam ser
aproximadas por funções polinomiais de modo que as equações sejam satisfeitas em certos
pontos do intervalo. São os chamados pontos de colocação. Seguindo a estrutura desenvolvida
por Stewart et ai. (1985) e Swartz e Stewart (1986), os pontos de colocação foram
considerados como sendo raizes dos polinômios de Hanh (1949) e os valores em outras
posições são encontrados através da interpolação polinomial utilizando Lagrange. Devido à
forte descontinuidade ao longo da coluna, a mesma foi dividida em três módulos, conforme
Brito e Maciel (1996). Um esquema de um módulo utilizado na elaboração do modelo
reduzido é mostrado na figura 4.2. As equações que descrevem como as variáveis foram
aproximadas são:
k+l L x. (s) = L wk (s).x. k
I k = 1 I, (4.5)
k+l .v y.(s) = L wk (s)y. k
I k = J I, (4.6)
h k+l L
(s) = L Wk (s) hk k = 1 (4.7)
H k+l v
(s) = L Wk (s)Hk k=l (4.8)
26
Modelagem Matemática
' ' I I I I
I
I I I I I I
' '
\ \
/ /
....... ----~ ',
/ " / '
r· t -, --k-1
' \
\ /
' / ' / " _ .... / ', -------
\ \ I Mó dulo I I I I I
I i c I
f I I I
I I
I I
I
Ponto de olocação k
Figura 4.2- Esquema utilizado na obtenção do modelo reduzido.
Da mesma forma que no modelo prato-a-prato, as variáveis do sistema de equações não
lineares gerado são as vazões por componente nas fases líquido e vapor, e a temperatura, só que
desta vez em cada ponto de colocação. Para se ter uma idéia da redução do tempo computacional,
para uma coluna com 50 estágios que opera com uma mistura ternária, o número de equações é
igual a 350. Para a mesma coluna, utilizando-se o modelo reduzido com 12 pontos de colocação o
número de equações é igual a 84.
Os pontos de colocação são posições aleatórias, obedecendo somente o critério de serem
raízes dos polinômios de Hanh. Ou seja, o modelo reduzido não tem nenhum significado fisico,
visto que a localização de um ponto pode estar entre dois pratos da coluna. A exceção fica por
conta do refervedor e do condensador os quais são considerados estágios discretos.
4.3- MODELO DA COLUNA NO ESTADO TRANSIENTE
O modelo matemático que descreve o comportamento dinâmico de uma coluna de
destilação (prato-a-prato), é composto de equações diferenciais ordinárias e equações algébricas
27
Modelagem Matemática
(DAE). As equações diferenciais são provenientes do balanço global de massa e energia em cada
prato, balanço global de energia no refervedor e do balanço parcial para cada componente em cada
prato. As equações algébricas são obtidas das relações de equilíbrio e hidráulica.
Em todos os modelos, o holdup volumétrico no refervedor e no condensador são mantidos
constantes. Esta é uma hipótese muito realista, visto que controlar nível em uma coluna é
relativamente simples. O holdup molar da fase vapor é considerado desprezível em todos os
pratos, outra suposição razoável, desde que a pressão Slêia de moderada a baixa. Nestas
condições, a densidade do líquido é muito maior do que a do vapor. Ainda considerando a figura
4.1, a seguir são descritas as equações diferenciais para o modelo prato-a-prato completo e
ngoroso:
Balanço global para o prato j
d L V V L dt (Mj) = Lj+1 + Vj-l-Lj- Vj +Fj +Fj - Wj - Wj
(4.9)
Balanço de massa para o componente i no prato j
M.dd(X .. )=L. 1.x .. 1+V. 1.y ..
1-L .. x .. -V .. y. -+F~.x!".+
J t l,J J+ l,J+ J- l,J- J l,J J l,J J l,J
V F V L d f .. y .. -w .. y .. - w .. x .. -x .. -(M.) J l,J J l,J J l,J l,Jdt J
(4.10)
Balanço global de energia no prato j
d L F M.-d (h.)=L. 1.h. 1+V. 1.H. 1-L. h .-V .. H.+F .. h·+ J t J j+ J+ J- J- J ,J J J J ,J
V F V L d f .. H. -W .. H.-W .. h.-h.-(M.) J J J J J J Jdt J
(4.11)
Balanço de energia na estrutura do refervedor
C ddt(T)=Qr-U .(Tr-t1) mr r rar (4.12)
28
Modelagem Matemática
A equação 4.12 inclui a capacitância ténnica do refervedor, Cmr, e o coeficiente global de
transferencia de calor, U"". São duas variáveis de grande importância, principalmente na dinâmica
do processo. Nessa equação, considerou-se que todo vapor que entra no refervedor é retirado na
forma de líquido saturado, ou ~a, somente a parte de calor latente é aproveitada para vaporização
do líquido do prato L
Como no estado estacionário, o modelo apresenta dois graus de hberdade. Normalmente
são fixadas a vazão de refluxo e a vazão de vapor para o refervedor. Nas simulações em malha
aberta, estas variáveis foram mantidas fixas.
A presença de equações diferenciais e algébricas simultaneamente faz com que se tenha um
sistema de dificil resolução. Para complicar mais ainda, a taxa de variação da composição é muito
menor do que a taxa de variação da entalpia. A presença de equações diferenciais rápidas e lentas dá
origem ao chamado sistema rigido (stifj).
A partir de simpli:ficações, vários modelos são obtidos, todos visando redução no tempo
computacional. Dentre as mais comuns tem-se: considerar o holdup constante, considerar o balanço
de energia na forma algébrica e desprezar o balanço de energia. Esta é uma prática muito utilizada
pelos pesquisadores da área de controle. No caso da capacitãncia do refervedor, é normal os
trabalbos nem citarem tal variável. McGreavy e Tan (1987) mostraram que para colunas onde as
perturbações causam uma modificação na temperatura acima de 10 °C, a dinâmica é altamente
afetada por esta variável. Isto ocorre, principalmente em partidas, paradas e modificações bruscas.
Algumas simpli:ficações foram feitas e, cada modelo obtido foi utilizado para estudar a
dinâmica do processo mediante algumas perturbações. A performance de cada modelo é avaliada e
os resultados serão mostrados mais adiante.
O modelo denominado pelo modelo 1, foi aquele onde considera-se o holdup da fase líquida
constante e a exclusão do balanço de energia. Desta forma, o balanço global de massa torna-se uma
equação algébrica e, as vazões ao longo da coluna são constantes durante toda simulação, visto que
não há como modificar estas vazões sem o balanço de energia. Neste caso, ao invés de se trabalhar
29
Modelagem Matemática
com a carga térmica do refervedor, é necessário utilizar a vazão de vapor no refervedor. É o
modelo mais simplificado (a taxa de variação se restringe à fração molar da fase líquida), de modo
que o esforço computacional é o menor entre todos os modelos. Por outro lado, os resultados são
pouco representativos. Os valores iniciais são: composição da fase líquida, pressão, e vazão de
líquido, em cada estágio. No caso, a vazão de líquido é utilizada para calcular o holdup inicial da
fase líquida. Este valor é usado durante toda simulação.
No modelo 2, o holdup da fase líquida continua sendo constante mas, desta vez o balanço
de energia é considerado na forma algébrica, ou seja, não se leva em consideração o acúmulo de
energia que há em cada prato. Neste caso, tanto a vazão de líquido, quanto a de vapor podem variar
ao longo da coluna e ao longo do tempo. No entanto, as vazões dependerão, antes de tudo, de um
balanço global de energia na coluna. Para este modelo, o número de equações a serem resolvidas é
igual ao modelo 1. Os valores iniciais são os mesmos do caso anterior.
O modelo 3, apresenta o holdup da fase líquida variável e o balanço de energia na forma
algébrica. O fato do holdup da fàse líquida ser variável, fàz com que as vazões de líquido que
deixam um prato, possam ser calculadas a partir da quantidade de líquido que chega neste prato.
Varia com o tempo e ao longo da coluna. As vazões de vapor conrinuam sendo calculadas através
do balanço de energia. Os valores iniciais são: composição da fase líquida e pressão de cada estágio,
além da vazão de líquido em cada prato.
Quando a pressão em cada prato não é considerada constante, é necessário incluir o balanço
de energia na sua forma diferencial, isto é, considerando o acúmulo de energia em cada prato. É o
caso do modelo 4, onde todos os balanços são equações diferenciais. Neste caso, a vazão de vapor
que deixa o prato, não pode ser calculada através do balanço global de energia em cada prato. A
vazão de vapor é calculada através da "hidrodinãmica do vapor". Considera-se a perda de carga
através dos orificios quando o prato está seco e, a perda de carga causada pela altura de líquido no
prato. O prato considerado é do tipo perfurado. Como a pressão, neste caso, não é fornecida como
valor inicial, a pressão é calculada através da entalpia da fase líquida e não faz-se necessário um
cálculo de ponto de bclha. Para este modelo, os valores iniciais são os mesmos do caso anterior,
mais a entalpia da fase líquida em cada prato. No condensador, considerado como sendo o último
30
Modelagem Matemática
estágio, a pressão é considerada constante. Este é um valor que tem que ser fornecido no início da
simulação.
A capacitância térmica do refervedor pode ser utilizada para todos os modelos. No entanto,
optou-se por incluir o balanço de energia na estrutura do refervedor somente no modelo 5 _
4.4- MODELO DE PRATO NO ESTADO TRANSIENTE
Como já foi citado anteriormente, o holdup da fase vapor foi considerado desprezível em
virtude do valor da pressão utilizado nas simulações. Para os modelos matemáticos que não
consideram o holdup da fase liquida de cada prato constante, é necessário utilizar uma equação que
relacione o holdup de liquido do prato com a vazão de liquido que deixa este prato. Neste trabalho,
a relação entre o holdup de liquido e a vazão de liquido que deixa o prato, foi obtida através da
equação de Francis. A figura 43 mostra o esquema utilizado na modelagem da hidráulica do prato
da coluna. A especificação do prato é conseguida através da fixação da altura do vertedouro, hw,
comprimento do vertedouro, Lw, e diâmetro do prato, D.
A variável how representa a altura de liquido acima da altura do vertedouro. É responsável
direta pela vazão de líquido que deixa o prato. A dinâmica do downcomer não foi considerada neste
trabalho. O downcomer inclui o vertedouro, descendo abaixo do prato, até quase tocar o prato
inferior.
Para todos os modelos, no início da simulação, a equação de Francis, dada pela equação
4.13, é utilizada para calcular o !wldup da fase liquida inícial. Para aqueles modelos que consideram
o holdup da fase líquida variável, a equação de Francis também é utilizada para calcular a vazão de
líquido.
31
Modelagem Matemática
j+l
D
j-1
Figura 4.3 -Esquema utilizado na representação matemática do prato perfurado.
L.=L .*1.839*hl.S (4.13) J W,J OW
O valor da altura how é calculado da seguinte maneira. Inicialmente transforma-se o holdup
molar em holdup volumétrico. Dividindo o holdup volumétrico pela área do prato, obtém-se a
altura total de líquido no prato. O valor de how, é obtido subtraindo-se o valor da altura do
vertedouro (hw), da altura total de líquido. Matematicamente isto está expresso nas equações 4.14,
4.15 e4.16.
M v
M
p
M h = ___':!._
t A
h =h -h ow t w
(4.14)
(4.15)
(4.16)
Como citado anteriormente, o modelo 4 considera a pressão em cada prato variável com o
tempo .Isto significa que o balanço global de energia está na forma diferencial, e o mesmo não pode
ser utilizado para calcular a vazão de vapor que deixa o prato. Neste caso, a vazão de vapor é
32
Modelagem Matemática
calculada a partir da perda de carga quando o prato está vazio e da perda de carga causada pela
altura de líquido no prato, conforme as equações 4.17 e 4.18.
P. 1 -P.=pL .. (h .+h .)+Kdh .. p . 1 u~ j- J ,J W,J OW,J ,J V,J- J (4.17)
(4.18)
4.5 - MODELAGEM TERMODINÂMICA
As propriedades dos componentes puros foram obtidas do livro do Henley e Seader
(1981). Por sua vez, esses autores fizeram uso do banco de dados do FLOWTRAN, um simulador
de processos desenvolvido pela Monsanto Company.
Para todos os sistemas utilizados, uma abordagem y--41 foi utilizada para representação do
equihorio líquido-vapor. A fase vapor foi considerada ideal, de modo que o coeficiente de
fugacidade da fase vapor, cj>, foi igualado à unidade. Esta aproximação é muito realista quando se
trabalha com pressões baixas, conforme é o nosso caso. Para esta situação o coeficiente de
fugacidade tem o seu valor muito próximo da unidade.
Para cálculo do coeficiente de atividade da fase líquida, y, foi utilizada a equação do NRTL.
No caso do sistema etanol(l)-água(2)-etileno glícol(3), os parâmetros foram considerados
dependentes da temperatura, e foram obtidos de Meirelles et al. (1992). Para os demais sistemas, os
parâmetros foram obtidos do DECHEMA (1987 ).
Para cálculo da pressão de vapor dos componentes, utilizou-se a equação de Antoine. No
caso das entalpias, líquido e vapor, tanto a equação quanto os parâmetros, também foram obtidos
do livro do Henley e Seader (1981 ), assim como as constantes da equação de Antoine. A entalpia
da fase líquida foi calculada a partir da entalpia do vapor no estado de gás ideal, do calor latente e
do calor de mistura. A correção do calor latente de vaporização para outras temperaturas, foi
33
Modelagem Matemática
realizada com o auxílio da equação de Watson. Para o calor de mistura, derivou-se uma expressão a
partir do coeficiente de atividade da fase líquida, de acordo com a equação 4.19.
E 2(àlnyiJ H =-R.T . õf
P,x. l
(4.19)
Urna vez que a fase vapor foi considerada ideal, a densidade desta fase foi calculada através
da equação do gás ideal. Já o cálculo da densidade dos componentes puros foi realizado por meio
da equação de Rackett modificada. Esta equação foi obtida do livro do Reid et ai. ( 1988).
4.6- CONCLUSÃO
O modelo matemático estacionário prato-a-prato desenvolvido mostrou-se robusto e, para
nenhum sistema foi observado problemas de convergência, desde que as estimativas de
temperaturas fossem coerentes. As estimativas foram feitas tendo como base os pontos de ebulição
dos componentes mais leve (topo) e mais pesado (base).
O modelo reduzido desenvolvido mostrou o quanto pode-se economizar em termos de
esforço computacional. Uma comparação entre os dois modelos, completo e reduzido, mostra que
o modelo reduzido é aproximadamente cinco vezes mais rápido. Em termos de concordância, o
grau alcançado foi satisfatório. Entretanto, alguns problemas de convergência foram observados,
principalmente quando o sistema utilizado na simulação apresentava comportamento mais atípico.
Desta fom1a, um maior aprofundamento deste tema deve ser objeto de mais estudos.
No caso dos modelos dinâmicos, o modelo rigoroso alcançou convergência para todos os
sistemas estudados. Por outro lado, os modelos simplificados apresentaram alguns problemas,
principalmente o modelo 1, que era o mais simplificado de todos. Com a utilização desse modelo, a
obtenção de resultados fisicamente possíveis foi mais dificil, quando os sistemas estudados eram
aqueles de comportamento mais atípico. Já os modelos 2 e 3, também simplificados, os resultados
34
Modelagem Matemática
durante o período transiente foram diferentes dos resultados obtidos com o modelo rigoroso. Daí a
importância de se avaliar a performance dos modelos utilizados em simulações dinâmicas. Maíores
detalhes a este respeito são mostrados no capítulo 1 O.
No caso dos modelos 4 e 5, onde a pressão não era mantida constante, o procedimento de
calcular a vazão de vapor a partir da perda de carga entre os pratos mostrou-se satisfatório. A
respeito desses dois modelos, um comentário deve ser feito. Enquanto a capacitància do refervedor
não era considerada, como no modelo 4, o tempo de integração foi semelhante àqueles observados
para os modelos 2 e 3. No entanto, quando a capacitància do refervedor foi inclulda, conforme o
modelo 5, o tempo de integração aumentou consideravelmente, significando que o sistema tornou
se maís stiff.
Em relação a termodinãmica, a equação do NR TL mostrou-se eficiente na representação do
equilíbrio líquido-vapor de todos os sistemas. Isto pode ser comprovado pelos valores previstos
para o ponto de azeotropia, o qual foi muito próximo dos dados encontrados na literatura ( Perry' s
Chemical Engineer's Handbook, 1984).
35
Algoritmos e Métodos Numéricos
5- ALGORITMOS E MÉTODOS NUMÉRICOS
5.1 -INTRODUÇÃO
Como citado no capítulo anterior, vários modelos matemáticos foram desenvolvidos para
realização das simulações. Este capítulo tem como finalidade, descrever a utilização dos modelos
desenvolvidos, estacionário e transiente, bem como os métodos numéricos utilizados para resolução
dos sistemas de equações gerados. Sistemas estes que são formados por equações algébricas, no
caso do modelo estacionário, e equações diferenciais e algébricas, no caso dos modelos dinâmicos.
5.2- ESTADO ESTACIONÁRIO
5.2.1 -MODELO PRATO-A-PRATO
No estado estacionário, a modelagem realizada foi aquela sugerida por Naphtali e Sandholm
(1971 ). O método consiste em formar todas as funções discrepâncias ®, para em seguida resolvê
las de forma simultânea. É o chamado Método da Correção Simultânea. Na realidade, as funções
discrepâncias são equações algébricas, e são provenientes dos balanços de massa e energia, e das
relações de equilíbrio e eficiência (equações 4.1, 4.2, 4.3 e 4.4), conforme descrito no capítulo
anterior.
Para utilização do programa faz-se necessário especificar os seguintes parâmetros:
- número de alimentações;
- posição( ões) da( s) alimentação ( ões );
- caracteristicas da( s) alimentação ( ões) (temperatura, composição e vazão);
36
Algoritmos e Métodos Numéricos
- pressão da base da coluna;
- número de estágios;
- eficiência (por prato ou por componente);
- tipo de especificação (o programa dispõe de várias opções de especificação);
- tipo de condensador;
- dados termodinâmicos pertinentes aos componentes;
- estimativa inicial das temperaturas da base e do topo da coluna;
- perda de carga por prato.
Todos os parâmetros citados acima são lidos no programa principal (ESTACFOR). A
estimativa inicial das vazões, líquida e vapor, ao longo da coluna, é feita com base na vazão e
composição das alimentações. Abaixo de cada alimentação, admite-se que a vazão é igual à vazão
da própria alimentação_ Acima do prato de alimentação, a vazão é fixada no valor do refluxo. No
caso de haver mais de uma alimentação, a vazão dos pratos é somada ao valor já existente. Para a
temperatura, admite-se que a mesma varia linearmente ao longo da coluna. Já a pressão em cada
prato é determinada a partir da perda carga em cada prato, partindo-se da base da coluna. Tudo isto
também é feito pelo programa principal (ESTACFOR). Com as estimativas feitas, o passo seguinte
é formar o sistema algébrico não linear. Isto é feito na rotina FVECFOR Contudo, quem chama a
rotina FVECFOR é a rotina NEWTFOR, a qual é responsável por resolver o sistema gerado. A
figura 5 _ 1 mostra o diagrama de bloco utilizado nas simulações estacionárias.
As estimativas iniciais e as características das correntes são levadas até a rotina FVECFOR
através da rotina NEWTFOR Na rotina FVECFOR serão formadas as funções discrepâncias, de
acordo com o seguinte procedimento:
1 - calcula-se a constante de equihbrio;
2 - calcula-se a entalpia de cada fase;
3 - forma-se o lado direito das funções discrepâncias (balanços de massa, energia e relações de
equihbrio )_
37
Algoritmos e Métodos Numéricos
Os cálculos da constante de equilíbrio e da entalpia são realizados pela rotina termodinâmica
(THERMO.FOR). Na rotina termodinâmica, foi colocada uma restrição de modo a não permitir
valores de temperatura maiores do que o ponto de ebulição do componente menos volátil. Estes
valores podem ser obtidos em uma das inúmeras tentativas do método, e causam "estouro" na
rotina termodinâmica (cálculo da entalpia e pressão de vapor). Os cálculos de pressão de vapor,
calor latente e tudo o que se relacionar a termodinâmica, são calculados nesta rotina.
Programa Impressão dos Principal Resultados
r--
Rotina NEWT
Rotina Rotina FVEC Tbermo
Figura 5 .I - Diagrama de bloco utilizado na organização do programa estacionário ESTAC.FOR
Depois de formado o lado direito das funções discrepâncias, o comando volta para a rotina
NEWT.FOR O que retoma para NEWT.FOR é um vetor contendo o valor das funções
discrepâncias. Cada elemento do vetor é comparado com a tolerância especificada. Caso a
tolerância S€ja satisfeita, o comando volta para o programa principal (ESTAC.FOR) e este imprime
o resultado final. Caso contrário, a rotina NEWT.FOR novamente chama a rotina FVEC.FOR
Desta vez, os valores das estimativas que chega até FVEC.FOR serão diferentes dos anteriores.
Para o modelo no estado estacionário, o método utilizado para resolução do sistema
algébrico não-linear foi o Newton com convergência global. A Jacobiana foi calculada
numericamente utilizando a definição de derivada, e considerada na sua forma completa. A
tolerância para cada função discrepância f foi de 10'6 . Problemas de convergência foram
38
Algoritmos e Métodos Numéricos
observados, principalmente quando se tem como especificação as concentrações de topo e base.
Isto acontece porque a coluna é de alta pureza. Dependendo da estimativa inicial, principalmente da
temperatura, pode-se obter mais de urna solução para o sistema. Entretanto, estes são problemas
comuns na resolução de sistemas não-lineares. A rotina usada para resolução do sistema algébrico
não linear, NEWT.FOR, foi obtida do livro de Press et ai. (1990).
A respeito de múltiplas soluções, um fàto interessante foi observado quando escolheu-se
como especificação a composição e vazão de topo. Para a mesma especificação, obteve-se
diferentes soluções. As soluções apresentavam mesmos valores para a composição no topo e na
base, entretanto, ao longo da coluna os perfis obtidos eram diferentes. Logicamente, a razão de
refluxo e a carga térmica do refervedor eram diferentes para os dois casos. A única modificação
entre uma e outra simulação, era a estimativa inicial para as temperaturas da base e do topo.
Para se ter certeza de qual solução era a verdadeira, optou-se por utilizar o modelo
dinâmico para realizar as simulações. As simulações dinâmicas foram realizadas utilizando os
diferentes perfis obtidos nas simulações estacionárias, bem como os valores para refluxo e carga
térmica do refervedor. Os resultados obtidos pelas simulações dinâmicas mostraram que as soluções
obtidas no estado estacionário estavam corretas, ou ~a, as soluções eram fisicamente possíveis.
Em termos práticos, uma ou outra condição operacional, caracterizada pela forma do perfil de
composição ao longo da coluna, pelo refluxo e pela carga térmica do refervedor, podem ser
utilizadas para obter o produto desejado. Fica claro que, em termos econômicos a melhor opção é
aquela que apresentar menor consumo energético no refervedor. Contudo, em termos de controle,
um estudo mais aprofundado necessita ser realizado para observar a estabilidade do processo.
5.2.2- MODELO REDUZIDO
A resolução do sistema de equações algébricas não-linear gerado pelo modelo reduzido é
feita da mesma maneira que o modelo completo, ou ~a, utiliza-se o Método da Correção
Simultânea. A diferença é que no modelo reduzido o número de equações é função do número de
39
Algoritmos e Métodos Numéricos
pontos de colocação escolhido. Até a estimativa inicial é a mesma utilizada no modelo prato-a
prato.
Para utilização do programa faz-se necessário especificar os seguintes parâmetros:
- número de blocos;
- número de pontos de colocação em cada bloco.
- número de estágios em cada bloco;
- eficiência por prato ou por componente em cada bloco;
- número de alimentações;
- posição(ões) da(s) alimentação (ões);
-características da(s) alimentação (ões) (temperatura, composição e vazão);
- pressão da base da coluna;
- tipo de especificação (o programa dispõe de várias opções de especificação);
- tipo de condensador;
- dados termodinâmicos pertinentes aos componentes;
- estimativa inicial das temperaturas da base e do topo da coluna;
-perda de carga por prato.
A estrutura utilizada é semelhante ·aquela apresentada na figura 5 .1. As estimativas iniciais e
as características das correntes são levadas até a rotina FVEC.FOR através da rotina NEWT.FOR
Na rotina FVEC.FOR serão formadas as funções discrepâncias, de acordo com o seguinte
procedimento:
1 -calcula-se a constante de equihbrio. Se for utilizada uma eficiência diferente de 1,0 o programa
necessita resolver um sistema algébrico antes de prosseguir com os cálculos;
2 - calcula-se a entalpia de cada fase;
3 - forma-se o lado direito das funções discrepâncias (balanços de massa, energia e relações de
equilíbrio).
40
Algoritmos e Métodos Numéricos
Este procedimento é adotado para cada ponto de colocação. No caso das posições k-1 e
k+ 1 que não são pontos de colocação, se utiliza polinômios interpoladores de Lagrange.
5.3- ESTADO TRANSIENTE
O modelo dinâmico desenvolvido é formado de equações diferenciais e algébricas. A
estratégia utilizada foi resolver primeiro o sistema algébrico e em seguida o sistema de equações
diferenciais ordinárias. Segundo Ranzi et al. ( 1988), esta estratégia de resolução é menos eficiente
do que aquela que resolve as equações diferenciais e algébricas simultaneamente, em termos de
tempo computacional. Cerca de duas vezes mais. Entretanto, Gani (1992) afirma que o tempo
computacional depende principalmente da rotina usada na resolução do sistema algébrico. No caso
do nosso trabalho, as equações algebricas foram resolvidas com no máximo 5 interações. Pelo
menos, em um ponto todos concordam: a estratégia de resolver as equações separadamente é mais
robusta, podendo ser utilizada em estudos de "start -up", onde a variação do valor das variáveis é
muito significativa.
Como descrito no capítulo anterior, o programa dinâmico desenvolvido permite a simulação
com diversos graus de complexidade. No entanto, para qualquer modelo escolhido, os parâmetros
abaixo devem ser fornecidos obrigatoriamente:
- número de alimentações;
- posição(ões) da(s) alimentação(ões);
-características da(s) alimentação(ões) (temperatura, composição e vazão);
- Número de estágios;
- eficiência (por prato ou por componente);
- dados termodinâmicos pertinentes aos componentes;
- característica da coluna (Lw, hw e D);
-Vazão de refluxo.
4!
Algoritmos e Métodos Numéricos
O programa inicia com a leitura dos parâmetros acima, a qual é feita no programa principal.
Como a simulação é um problema de valor inicial, faz-se necessário fornecer ao programa o valor
das variáveis de estado no tempo igual a zero, t=O. O valor inicial depende do modelo utilizado. As
informações específicas para cada modelo serão explicadas separadamente nos parágrafos
seguintes.
Modelo 1
A primeira informação exclusiva para o modelo 1 é a vazão de vapor no refervedor. Para
este modelo, a única variável na forma diferencial (estado) é a fração molar da fase líquida, de modo
que se deve fornecer a composição da fase liquida em cada prato. Além disto, deve-se fornecer ao
programa a vazão de líquido em cada prato. Esta vazão de líquido tem como finalidade exclusiva,
calcular o holdup molar inicial da fase líquida, o qual será mantido constante durante toda
simulação. A pressão em cada prato é outro dado que deve ser fornecido ao programa. O perfil de
composição, de temperatura, de vazão e de pressão são provenientes das simulações estacionárias.
Modelo2
O modelo 2 é semelhante ao modelo 1 em termos de equações diferenciais. A diferença
entre os dois modelos é a possibilidade de utilizar o balanço de energia para calcular os fluxos de
liquido e de vapor. Assim, os valores iniciais serão os mesmo do modelo 1. E, já que é possível
utilizar o balanço de energia, a carga térmica do refervedor é um dado de entrada.
Modelo3
Para o modelo 3, além da fração molar da fase líquida, o holdup molar da fase líquida
também se encontra como variável diferencial. No entanto, os valores iniciais serão os mesmos dos
modelos anteriores. A diferença fica por conta do holdup, o qual é calculado incialmente, mas não
se mantém constante ao longo da simulação.
Modelo4
42
Algoritmos e Métodos Numéricos
No caso do modelo 4, além das variáveis diferenciais presentes no modelo 3, estará sob a
forma diferencial a entalpia da fase liquida. Isto significa que, todos os dados fornecidos ao modelo
3, devem ser fornecidos, além do valor da entalpia da fase liquida para t=O. Com relação à pressão,
o único prato o qual tem valor constante para esta variável é o prato de topo. Assim, é o único valor
de pressão fornecido.
ModeloS
Em termos de modelo matemático, o modelo 5 é semelhante ao modelo 4. Contudo, o
modelo 5 inclui o balanço de energia na estrutura do refervedor. Dai os dois modelos terem
basicamente os mesmos valores para as variáveis de estado. No caso do modelo 5, é necessário
incluir a temperatura da parede do refervedor no tempo igual a zero. Além disto, deve-se fornecer
ao programa a capacitância térmica do refervedor e o coeficiente global de transmissão de calor. No
caso da temperatura da parede do refervedor, o programa estacionário não fornece este valor.
Assim, deve-se realizar uma primeira simulação em malha aberta, até alcançar o novo estado
estacionário, e obter a temperatura da parede do refervedor. O coeficiente global de transmissão de
calor foi fixado de modo que o delta de temperatura entre a parede e o liquido da base fosse de 0,25
o c.
Depois de ler todos os parâmetros, o programa principal (DINAM.FOR) chama a rotina
responsável pela hldráulica (HYDRAU.FOR) dos pratos para calcular o holdup molar inicial da fase
líquida para cada prato. Em seguida, os valores iniciais das variáveis de estado serão armazenadas
na forma de um vetor. Para os modelos 1 e 2, o vetor conterá a fração molar da fase liquida, por
prato e por componente. Para o modelo 3, o vetor conterá a fração molar, por prato e por
componente, e o holdup da fase liquida por prato. Para o modelo 4, o vetor conterá a fração molar,
por prato e por componente, o holdup da fase líquida por prato e, a entalpia da fase líquida por
prato. No caso do modelo 5, o vetor conterá as variáveis do modelo 4 mais a temperatura da
parede do refervedor.
A estrutura utilízada no desenvolvimento do programa é mostrada, em forma de diagrama
de blocos, na figura 5.2.
43
Algoritmos e Métodos Numéricos
Formado o vetor contendo os valores iniciais, o programa chama a rotina de integração
(LSODES.FOR). Na realidade, esta rotina é quem chama a rotina que forma o lado direito da
equações diferenciais (FEX _.FOR). Cada modelo apresenta uma rotina específica (FEXl.FOR,
FEX2.FOR, ... FEX5.FOR) dependendo do modelo a ser utilizado. Nesta rotina, o procedimento
para formação do lado direito das equações diferenciais depende do modelo utilizado.
Rotina do Programa Impressão dos Controlador Principal Resultados
Rotina LSODES
Rotina Rotina FEX (1,2,3,4,5) THERMO
Rotina HIDRAU
Figura 5.2- Diagrama de bloco utilizado na organização do programa dinâmico DINAM.FOR
Sumarizando tem-se:
Modelo 1
- cálculo da temperatura e composição da fase vapor;
- utilização da eficiência para correção da composição da fase vapor;
- determinação das vazões de liquido e de vapor: a vazão de vapor é constante ao longo da coluna e
a vazão de liquido somente muda nos pratos de alimentação;
44
Algoritmos e Métodos Numéricos
-formação do lado direito das EDO.
Modelo2
- cálculo da temperatura e composição da fase vapor;
- utilização da eficiência para correção da composição da fase vapor;
- cálculo das entalpias das fase líquida e vapor;
- determinação das vazões de líquido e de vapor: utiliza os balanços de massa e energia;
- formação do lado direito das EDO.
Modelo3
- cálculo da temperatura e composição da fase vapor;
- utilização da eficiência para correção da composição da fase vapor;
- cálculo das entalpias das fases líquida e vapor;
- determinação da vazão de líquido a partir do holdup molar da fase líquida;
- determinação da vazão de vapor a partir dos balanços de energia;
- formação do lado direito das EDO.
Modelo4
- cálculo da temperatura a partir da entalpia da fàse liquida;
- cálculo da pressão e da composição da fuse vapor (observar que neste caso não há iteração, visto
que a temperatura está determioada);
- utilização da eficiência para correção da composição da fase vapor;
- cálculo da entalpia da fase líquida;
- determinação da vazão de líquido a partir do holdup molar da fase líquida;
- determinação da vazão de vapor : calculado a partir da perda de carga entre os estágios;
-formação do lado direito das EDO.
45
Algoritmos e Métodos Numéricos
Para o modelo 5, as etapas são as mesmas do modelo 4. Resta apenas incluir na formação
do lado direito das EDO, o balanço de energia na estrutura do refervedor.
Formado o lado direito das EDO, a execução volta para a rotina LSODES.FOR, a qual
integrará até um novo tempo, t, para em seguida retornar ao programa principal (DINAM.FOR).
No programa principal é realizada a impressão dos resultados no tempo t e, caso tenha havido a
opção para controle, compara o valor da variável a ser controlada com o set point desta variável. Se
houver diferença entre o set point e a variável controlada, o controlador toma urna ação de
controle, a qual é traduzida pela modificação no valor da variável manipulada (carga térmica do
refervedor, refluxo e vazão de solvente). Se há urna perturbação a ser realizada, deve-se fornecer ao
programa o tempo no qual esta perturbação ocorrerá. Por exemplo, se a perturbação é o aumento
na carga térmica do refervedor no tempo t= 100. O min, quando o tempo de integração alcançar este
valor no programa principal terá urna linha dizendo que a carga térmica será modificada. Em
seguida, o comando volta para a rotina LSODES.FOR e tem início uma nova integração.
Como mencionado anteriormente, as equações diferenciais ordinárias, proveníentes dos
balanços, apresentam caracteristicas rápidas e lentas. Para integração de conjuntos de equações
deste tipo, a utilização de um método completamente implícito para resolução das equações
diferenciais é extremamente recomendada. No início dos nossos trabalhos, o método empregado foi
o de Gear (1971), conforme Maciel e Brito (1995a). Outra rotina usada foi a LSODE (Hindmarsh
(1983). Atualmente estamos utilizando a rotina LSODES (Hindmarsh (1987). Esta última tem a
vantagem de utilizar técnícas de matriz esparsa no cálculo da jacobiana. Em todas as rotinas
utilizadas a opção por sistema stiff foi feita, mesmo durante o início da perturbação. Para Gani
(1986), a utilização desta opção somente é viável quando o sistema se aproxima do estado
estacionário. Brito e Maciel (1995a) mostraram que para todo o intervalo de integração a opção
por sistema stiff apresentou melhores resultados.
Para utilização da rotina LSODE.FOR é necessário especificar alguns parâmetros. Os
principais estão descritos abaixo:
- número de equações diferenciais a serem resolvidas;
46
Algoritmos e Métodos Numéricos
- tolerância para cada variável de estado;
- identificação de qual método será usado na integração;
- maior e menor passo de integração;
- tipo de integração.
Com relação à tolerância para as variáveis de estado, o valor usado depende exatamente da
variável. Por exemplo, não se deve utilizar o mesmo valor de tolerância para variáveis tão distintas
como a entalpia e a fração molar.
O rotina LSODES.FOR dispõe de dois métodos de integração: Adams e Backward
Dif.ferentiatíon Formulas (BDF ou Gear). O método de Adams, apesar de ser um método implícito,
é indicado para sistemas onde a rigidez é menor, ou seja, para aqueles sistemas onde a diferença
entre as taxas de variação da variáveis de estado não é grande. Quanto mais stíif o sistema, maiores
as diferenças entre as taxas de variação das variáveis. Por exemplo, na simulação de colunas de
destilação, a taxa de variação da entalpia é muito maior do que a da fração molar. Para estas
situações, como é o caso, o método de Gear (BDF) torna-se mais indicado. A utilização do método
de Gear permite que a variação do passo de integração seja maior, tendo como conseqüência direta,
menor tempo computacional gasto na simulação.
Por método explícito, entende-se os métodos que calculam o valor da variável de estado no
tempo t = t + L'.t de maneira simples, ou st:ia, métodos onde pode-se isolar o valor da variável de
estado no tempo t= t + L'.t de um lado da igualdade. Já nos métodos implícitos, o valor da variável
em t = t + L'.t se encontra dos dois lados da igualdade, de modo que é preciso lançar mão de um
procedimento iterativo.
Os métodos de Adams e BDF, podem ser combinados com o tipo de procedimento
utilízado no cálculo da Jaoobíana. Pode-se trabalhar com a Jacobiana analítica ou numérica. Além
disto, pode-se optar por trabalhar somente com os elementos da diagonal da Jacobiana. A utilização
de Jacobiana analítica se torna quase impossível no caso de colunas de destilação, visto que o
processo, consequentemente as equações, estão variando com o tempo. Já a utilização da matriz
diagonal pode levar à perda de informações preciosas. Desta forma, optou-se por trabalhar com a
47
Algoritmos e Métodos Numéricos
Jacobiana completa e calculando os seus elementos de forma numérica. É uma opção que toma o
processo de integração um pouco mais lento. No entanto, este problema é atenuado, uma vez que a
rotina utiliza técnicas de matriz esparsa.
O processo de integração pode ser conduzido de duas formas. No primeiro caso, a
integração é realizada apenas para um passo de integração. Nesta opção, não se tem controle dos
intervalos de tempo, ou seja, quando há convergência, a rotina pára a integração, retoma ao
programa principal, executa as tarefas deste programa e, retoma para nova integração. Na segunda
opção, define-se o tamanho do período que se deseja integrar, por exemplo 5,0 min. A rotina
somente pára a integração quando alcançar o periodo especificado. Daí, volta ao programa
principal, executa as tarefas e, retoma para nova integração. Esta foi a opção escolhida, por pennitir
maior controle sobre o processo de integração. É conveniente para escolher o tempo no qual uma
perturbação será realizada.
O maior passo de integração fixado foi de 3. O min. Este parâmetro deve ser escolhido de
forma sensata. Um passo muito grande pode causar pr~uizo quanto aos resultados escolhidos. Por
exemplo, suponha que o tempo para uma determinada perturbação foi em t=50.0, e que tenha
optado por integrar com vários passos. Se o maior passo de integração for fixado em 15. O min, o
processo somente perceberá a perturbação em 1=60.0. Neste caso, informações serão perdidas
sobre os primeiros quinze minutos após a perturbação, visto que passará despercebido pelo
integrador. Já para o menor passo de integração, não há tanta preocupação. Optamos por deixar
este parâmetro com o valor definido pela própria rotina LSODES.FOR.
A tolerância para que o programa pudesse incrementar e/ou aumentar o passo de integração
foi fixada de acordo com a variável. Para o holdup e entalpia da fase liquida a tolerância foi 10"4
Para a fração molar da fase liquida a tolerância foi de 1 O.s. Esta escolha tem como base as grandezas
destas variáveis.
Além de equações diferenciaís, os modelos dinâmicos apresentam equações algébricas, as
quais formam um sistema não linear. Estes sistemas são formados na rotina termodinâmica.
Primeiramente eles são formados no cálculo de ponto de bolba. Um outro ponto onde se encontra
48
Algoritmos e Métodos Numéricos
sistemas algébricos não lineares, é no cálculo da temperatura do estágio a partir do valor da entalpia
da fase líquida. No entanto, esta última situação somente ocorre para os modelos onde a pressão é
variável com o tempo, ou ~a, nos modelos 4 e 5. Deve ficar claro que para os modelos 4 e 5 não
há cálculo do ponto de bolha. A temperatura é calculada a partir da entalpia da fase líquida através
de um processo iterativo.
5.4- CONCLUSÃO
Os resultados obtidos nas simulações estacionária e dinãmica mostraram que os métodos
numéricos utilizados são eficientes e, principalmente, robustos. Com as limitações impostas aos
valores da temperatura, nenhum problema de convergência para o modelo prato-a-prato foi
observado. No caso do modelo reduzido, alguns problemas de convergência observados deve-se ao
modelo matemático e não aos métodos numéricos utilizados. Mais estudos sobre a redução de
modelos devem ser realizados.
O método de Newton com convergência global, utilizado no cálculo do ponto de bolha e
determinação da temperatura a partir da entalpia, precisou de poucas iterações para alcançar a
tolerância especificada. Em média, o número de iterações foi igual a 5. As múltiplas soluções
obtidas para algumas simulações é um problema inerente a métodos de resolução de sistemas não
lineares. Do ponto de vista numérico, isto não significa que o método seja inadequado.
O fato de se calcular a Jacobiana numericamente, associado ao fato de considerá-la
completa, toma o processo de resolução do sistema algébrico não linear lento. Entretanto, as
simulações estacionárias tiveram como único objetivo a obtenção das condições iniciais para as
simulações dinãmicas .
•
O método de Gear, utilizado pela rotina LSODES, mostrou-se adequado ao processo de
integração do sistema de equações diferenciais ordinárias. Com as precauções observadas,
principalmente com relação ao tamanho do passo, nenhum problema de convergência foi
observado. Um fato importante na utilização da rotina LSODES, é a necessidade de informar à
49
Algoritmos e Métodos Numéricos
mesma quando da perturbação ou ação do controlador. Caso contrário, a rotina somente
considerará a modificação, após deconido algum tempo. O resultado é um atraso nas respostas das
variáveis, que na realidade não existe. Este procedimento, o qual é correto, toma o processo de
integração mais lento.
O procedimento de resolver pnmerro as equações algébricas, depois as equações
diferenciais, não trouxe nenhum problema para as simulações. O tempo computacional foi
satisfatório. Além disto, o programa fica apto para estudos de partida e parada do processo, visto a
robustez demonstrada ao longo das simulações. Entretanto, a performance observada quanto ao
tempo computacional, somente é alcançada, pelo fato do método de Newton com convergência
global ter sido eficiente no cálculo do ponto de bolha e na determinação da temperatura a partir da
entalpia.
50
Condições Iniciais - Estado Estacionário
6 - CONDIÇÕES INICIAIS- ESTADO
ESTACIONÁRIO
6.1 -INTRODUÇÃO
Para que uma simulação dinâmica possa ser realizada, faz-se necessário dispor das
condições iniciais do problema a ser estudado. Neste capitulo, serão apresentadas as simulações no
estado estacionário, cujos resultados serão utilizados como ponto de partida das simulações no
estado transiente. Entretanto, antes será descrita a influência do solvente sobre o EL V. Além disso,
uma breve discussão sobre múltiplas soluções será apresentada.
F ,
6.2- EQUILIBRIO LIQUIDO-VAPOR
Conforme citado anteriormente, para representação do equilíbrio líquido-vapor, EL V, foi
utilizada uma abordagem do tipo y-ljl:
s y .. p.
k. = l l l
(6.1)
O coeficiente de fugacidade na fuse vapor, cjli, bem como o fator de Poynting foram
considerados iguais a um, ou seja, fase vapor ideal. Esta simplificação é bem aceita desde que se
trabalhe com pressões baixas, como acontece neste trabalho. O coeficiente de atividade da fuse
líquida, Yi, fui calculado através da equação NRTL. No caso do sistema etanol(l )-água(2)-etileno
glicol(3) os parâmetros de interação foram considerados funções lineares da temperatura e extraídos
do trabalho de Meirelles et. a!. (1992). Para os demais sistemas, os parâmetros foram obtidos do
banco de dados DECHEMA (1987) e, neste caso não foram considerados dependentes da
temperatura.
51
Condições Iniciais - Estado Estacionário
A seguir serão mostradas as curvas de equihbrio, a uma pressão de 1,0 atmosfera, para cada
um dos sistemas estudados. Os dados estão em base livre de solvente e, a fração do solvente variou
de 0,0 a 70,0 %, em base molar. O objetivo deste estudo foi observar a influência da concentração
do solvente na função de "quebrar" o azeótropo. Vale ressaltar que, em nenburn dos casos
estudados, há a formação de novo azeótropo.
O primeiro sistema estudado é constituído pelo etanol(l)-água(2)-etileno glicol(3). O
binário azeotrópico é composto pelo etano!( I), Tb=78,25 °C, e a água(2), Tb=lOO,O °C. O solvente,
neste caso o etileno glicol(3), possui ponto de ebulição muito maior, Tb=197,35 °C, do que os
componentes originais. Para este sistema, utilizando a equação do NRTL, a temperatura calculada
para o azeótropo foi de 78,12 oc com 90,2% de etano! em base molar. Na literatura, o valor para a
temperatura é 78,17 oc com 89,0 o/o de etano! em base molar.
Na Figura 6.1 tem-se a curva de equilíbrio do sistema etanol(l)-água(2)-etileno glicol(3).
Observa-se que a partir de 20,0 % de solvente o azeótropo já não existe. Para concentrações
maiores do que 50,0 % de solvente o sistema se aproxima de um binário ideal, entretanto, o
deslocamento da curva de equihbrio torna-se pequeno. Outra observação relevante, é o fato de a
presença do solvente somente "melhorar'' a curva de equihbrio a partir de urna determinada
concentração, cerca de 15 o/o em etano!.
A utilização de solventes com baixa volatilidade é uma prática comum nos processos de
destilação extrativa, de modo que as aplicações industriais, na sua maioria, fazem uso de compostos
com alto ponto de ebulição. Entretanto, existem sistemas que utilizam solventes, cujo ponto de
ebulição é apenas um pouco superior ao componente intermediário. É o caso do sistema
acetona(l)-n-heptano(2)-tolueno(3). O binário azentrópico é constituído pela acetona(!), Tb=56,05
°C, e n-heptano(2), Tb=98,45 °C. O solvente utilizado, o tolueno(3), apresenta um ponto de
ebulição pouco maior, T b= 11 O, 65 °C, do que o n-heptano(2). A temperatura do ponto azeotrópico
prevista foi de 55,85 oc para uma composição de 94,4 o/o em moi de acetona(!). Na literatura, a
temperatura do ponto azeotrópico é de 55,85 oc para uma composição de 93,50 o/o em mol de
acetona( I)
52
Condições Iniciais - Estado Estacionário
I 0.8000 ---j
~· ,. I -.-- 2!)"%'
-. - SG%. j
1~% 'j
0.0000 0.2000 0.4000 0.6000 0.8000 1.0000 Fração molar na fase líquida, X i
Figura 6.1 - Curva de equihbrio do sistema etanol(l)-água(2)-etileno glicol(3) em base livre de
solvente á pressão de 1, O atm.
A Figura 6.2 mostra a curva de equihbrio do sistema acetona(! )-n-heptano(2)-tolueno(3),
em base livre de solvente. Observa-se que acima do ponto azeotrópico o comportamento é bem
semelhante àquele apresentado pelo sistema anterior. Entretanto, na região abaixo do ponto
azeotrópico o comportamento difere no que se refere ao deslocamento da curva de equilíbrio. Para
este sistema, quanto maior a concentração do solvente mais próximo da diagonal a curva de
equilíbrio fica, comportamento este que não é observado para o sistema anterior. Isto indica maior
dificuldade em separar a acetona(!) do n-heptano(2). Tanto para esta situação, quanto para a
anterior, o produto de topo será constituído basicamente pelo componente mais volátil.
Até este momento estudamos sistemas os quais o solvente possui maior ponto de ebulição.
Além disto, podemos observar que a influência do solvente foi no sentido de deslocar a curva de
equihbrio para a parte de acima da diagonal. Um resultado interessante é obtido quando se estuda o
sistema acetona( I )-metanol(2)-clorobenzeno(3). O binário azeotrópico é composto pela acetona,
Tb=56,05 °C, e metanol(2), Tb=64,55 oc. O solvente, clorobenzeno(3), possui maior ponto de
ebulição em relação aos componentes originais, Tb=13L75 °C. Entretanto, a influencia do
clorobenzeno é no sentido de deslocar a curva de equilíbrio para baixo da diagonal. Para este caso,
utilizando a equação do NRTL, a temperatura prevista para o azeótropo foi de 55,35 oc com 79,0
%de acetona(!) em base molar. Na literatura, o valor para a temperatura é 55,50 oc com 79,60%
de acetona( I) em base molar.
53
Condições Iniciais - Estado Estacionário
0.0000 0.2000 0.4000 0.6000 0.8000 1.0000 Fração molar na fase liquida, X1
Figura 6.2 - Curva de equihbrio do sistema acetona( I )-n-heptano(2)-tolueno(3) em base livre de
solvente à pressão de 1, O atm.
A Figura 6.3 mostra a curva de equihbrio do sistema acetona(! )-metanol(2)
clorobenzeno(3) em base livre de solvente. Como pode ser observado, além da ocorrência do
azeótropo, a curva de equilíbrio se encontra bem próxima da diagonal, indicando dificuldade até
mesmo para se alcançar o ponto azeotrópico. Contrariando o comportamento dos sistemas
anteriores, com 20,0 % de solvente o azeótropo não desaparece, apenas é deslocado para outro
ponto. O ponto azeotrópico somente é "quebrado" com uma concentração de 50,0% em termos de
solvente e, além disto o deslocamento da curva de equilíbrio se dà para a parte inferior da linha
diagonal. Isto indica que o produto de topo será constituído basicamente de metanol(2), o
componente intermediário, ao invés de acetona( l ), o componente mais volátil.
Outro resultado interessante é obtido para o binário azeotrópico constituído pelo etano!(2),
Tb=78,25 °C, e tolueno(3), Tb=ll0,65 °C. Nesta situação, o solvente utilizado, acetona(!),
Tb=56,05 °C, possui ponto de ebulição menor do que os componentes originais. Muito pouco
conhecimento se tem de processos que utilizem este tipo de solvente. Na literatura, somente uma
referência, Hunek et ai. (1989), cita a utilização prática de um solvente com ponto de ebulição
menor do que os constituintes originais. É chamada de destilação extrativa reversa. A temperatura
prevista para o ponto azeotrópico foi 76,77 oc com uma composição de 79,0% em mo! de
etanol(2). Na literatura a temperatura do azeótropo é de 76,70 o c com uma composição de 80,95
% em moi de etanol(2). 54
Condições Iniciais - Estado Estacionário
1.0000
o.aooo
>= ~ ~
~ ~
0.6000
" • c ]i! o 0.4000 E o ~
[t "-
0.2000
0.0000 0.2000 0.4000 0.6000 0.8000 1.0000 Fração molar na fase tfquida, X1
Figura 6.3 - Curva de equilíbrio do sistema acetona(l)-metanol(2)-clorobenzeno (3) em base livre
de solvente à pressão de 1.0 atm
A Figura 6.4 mostra a CUIVa de equihbrio do sistema acetona(l)-etanol(2)-tolueno(3) em
base livre de solvente. Semelhante ao caso anterior, com uma concentração de solvente de 20,0% o
ponto azentrópico apenas é deslocado. O mesmo acontece com uma concentração de 50,0 % de
acetona( I). O pcnto azeotrópico somente é "quebrado'' com uma concentração alta, no gràfico
70,0% de solvente. Isto indica a necessidade de se trabalhar com grandes vazões de solvente para
que a separação d~ada seja alcançada. Outro resultado interessante, é que o produto de topo será
constituído de solvente, no caso o acetona( I), e do componente intermediário, o etanol(2).
6.3- SIMULAÇÕES NO ESTADO ESTACIONÁRIO
Antes do início das simulações dinãmicas, procedeu-se com as simulações no estado
estacionário com o objetivo de determinar as condições iniciais do problema. Como o objetivo não
era otimizar a coluna em termos de número de estágios, pcsições dos pratos de alimentações, etc.,
estas variáveis foram fixadas com base nos artigos encontrados na literatura (Meirelles et ai., 1992;
Laroche et aJ, !992a e Laroche et ai. l992b). A eficiência de estágio foi considerada igual a 100,0
55
Condições Iniciais - Estado Estacionário
% para todas as simulações. Em todos os sistemas a queda de pressão por estágio foi igual a O, 0065
atm, com a base operando a 1,20 atm.
;: <i ~
~ 0.6000 • • .. • c
• " 0_4000 E o ~ ~ • ---Q%
u. ---- -2'1%
0.2000 ---- 5Ç%
0.0000 0-2000 0.4000 0.6000 0.8000 1.0000 Fração molar na fase liquida, X1
Figura 6.4 - Curva de equihbrio do sistema acetona( I )-etanol(2)-tolueno (3) em base livre de
solvente à pressão de 1,0 atm.
Nos esquemas apresentados a seguir as vazões estão em mol!min e a carga térmica do
refervedor em cal/mol. A coluna de recuperação não foi considerada nestas simulações e o reciclo
de solvente foi considerado como sendo puro, ou seja, admite-se que a coluna de recuperação está
operando de forma eficiente. Entretanto, o efeito da presença de impurezas no solvente é um item a
ser estudado nos próximos capítulos. Em todas as simulações as variáveis especificadas para que o
sistema pudesse ser resolvido foram: vazão de refluxo e a vazão de destilado. O modelo utilizado
nestas simulações era completo e rigoroso.
A Figura 6.5 mostra as condições operacionais obtidas para o sistema etanol(l)-água(2)
etileno glicol(3). Neste caso o objetivo é a desidratação do etano!( I). Visando explorar mais a
eficiência do processo, a composição da alimentação (F 1) foi fixada abaixo da composição
azeotrópica. Este procedimento implica na redução de carga térmica na coluna que antecede o
processo de desidratação. Os resultados mostram que mesmo para uma razão solvente/alimentação
baixa, FJF1= 0,60, a separação alcançada é bastante satisfatória, cerca de 99,78 % em moi de
etano!. Isto vem a comprovar os resultados obtidos na Figura 6 .l, onde foi observada a alta
eficiência do solvente na "quebra" do azeótropo. A possibilidade da presença de etileno glicol no 56
Condições Iniciais - Estado Estacionário
produto de topo praticamente não existe devido à grande diferença entre os pontos de ebulição dos
componentes presentes.
O azeótropo binário foi alimentado à coluna na condição de líquido saturado, enquanto o
solvente foi alimentado a uma temperatura de 80,0 °C, ou seja, um líquido frio. O objetivo de
manter a temperatura do solvente neste patamar foi evitar grandes oscilações no perfil da coluna, já
que o solvente deixa a coluna de recuperação a uma temperatura de 150,0 °C, para uma pressão de
operação de aproximadamente O, 4 atm. Isto significa que as calorias desta corrente, antes de
alimentar a coluna extrativa, podem ser recuperadas em um processo de integração térmica
F2 ~6o,ooo Xt=O,OOOO x 2 =0,0000 ----+1 r1ct'7f x3 ~1,0000 # 20 T~so oc
F,~ 100,00 x,~0,8500
x2 ~0.I500 x,~o,oooo
T~78.1 oç
# 12
8~75,000
x1=0,0025 x,~0,1975
x3=0,8000
o~ss,ooo
x,~0,9978
x2=0,0022 x,~o,oooo
Q,~O,I77470E+7
Figura 6.5 -Esquema da coluna de destilação extrativa para o sistema etanol(l)-água(2)-etileno
glicol(3).
As Figuras 6.6a e 6.6b mostram os perfis de concentração para cada uma das fases: líquida
e vapor. Na Figura 6.6a, pode-se observar que a coluna está dividida em três regiões distintas. De
57
Condições Iniciais - Estado Estacionário
acordo com os perfis no estado estacionário, a região abaixo do prato de alimentação da mistura
azeotrópica, região I, é a de exaustão onde acontece alta transferência de massa. Entre o prato de
alimentação do binário e o prato de alimentação do solvente tem-se a região de extração, região II,
com média transferência de massa. Acima do prato de alimentação do solvente tem-se uma região
de baixa transferência de massa, região UI, que é a região de retificação. Na região de exaustão,
basicamente todo etano!( I) é esgotado. A alta transferência de massa deve-se as diferenças entre os
pontos de ebulição do três componentes. Na região de extração, o solvente proporciona a redução
da concentração da água(2) na fuse vapor. Na região de retificação, a água(2) já não está presente,
de modo que a mesma serve para separar o solvente do etano!(!). A transferência de massa é
pequena em virtude do etileno glicol(3) permanecer quase que exclusivamente na fuse líquida e, a
fase vapor já ser constituída basicamente de etano!( 1). É a menor região, visto a grande diferença
entre as volatilidade do solvente e do etano!.
A Figura 6.6b apresenta o perfil de concentração na fuse vapor. Nesta Figura percebe-se
que o etileno glicol(3) atua basicamente como um "catalísador", estando presente na fase vapor
somente em cerca de 10,0% dos pratos.
1.0000 -,-------
Regiãu I Região!!
Região 111
13 17 21 25 Número de estágio
(a)
1.0000 -,---------:-.::::==~-~
o.aooo
;>. 0_6000
:g E o
! 0.4000
0.2000
-- Aguiç) -
~-B-lJ/iCê(~)
13 17 Número de estágio
(b)
21 25
Figura 6. 6 - Perfis de concentração na fase líquida (a) e na fuse vapor(b) para o esquema da Figura
6.5.
58
Condições Iniciais - Estado Estacionário
A Figura 6. 7 mostra as condições operacionais obtidas para o sistema acetona( 1 )-n
heptano(2)-tolueno(3). As correntes foram alimentadas na condição de líquido subresfriado. O
objetivo é a separação do azeótropo acetona( I )-n-heptano(2). Apesar do ponto de ebulição do
solvente, o tolueno(3), ser apenas um pouco maior do que o ponto de ebulição do n-heptano(2), o
grau de separação é bem alto, obtendo-se acetona(!) praticamente pura, 99.88 % em moi.
Entretanto, a razão solvente/alimentação, F;,/F1=1, 1, ficou bem acima do valor obtido para o
sistema anterior, bem como a razão de refluxo, que neste caso foi de 1,44.
Pelo esquema apresentado, tanto a região de extração como a de retificação aumentaram
em número de estágios. No caso da região de retificação, a explicação reside no fato do solvente
apresentar ponto de ebulição bem próximo ao do n-heptano(2). Assim, a separação destes dois
componentes, a qual é feita na região de retificação, é mais dificil do que no caso anterior. Isto pode
ser melhor observado na Figura 6.8a. Já para a região de extração o número de estágios varia
somente em função da carga térnúca do refervedor. Para a configuração apresentada na Figura 6. 7,
percebe-se que o número de estágios na região de extração está superdimensionado, visto que a
concentração de n-heptano(2) nesta região, conforme a Figura 6.8a, já está reduzida praticamente a
zero no estágio de número 17.
Na Figura 6.8b tem-se a concentração na fase vapor dos três componentes e, para este
sistema, a divisão da coluna em três regiões distintas também fica evidente. Contrariando o
comportamento do sistema anterior, neste caso, o solvente entra em ebulição e está presente na fase
vapor em quase toda coluna, somente reduzindo-se a zero bem próximo ao topo da coluna. Nesta
Figura, ao observar a grande variação na composição da acetona( I) e do tolueno(3), dá para
perceber nitidamente a importância da região de retificação.
As condições operacionais obtidas para o sistema acetona(l )-metanol(2)-clorobenzeno(3)
são mostradas na Figura 6.9. Este é um caso atípico, onde o produto obtido no topo da coluna é
constituído, basicamente, pelo componente intermediário, contrariando o comportamento dos
sistemas anteriores, onde o componente principal obtido no topo era o mais volátil. Pelo número de estágios apresentado, percebe-se a maior dificuldade para alcançar o objetivo final, que neste caso é
a separação do azeótropo acetona(! )-rnetanol(2). Tanto isto é verdadeiro que deu-se por satisfeito
59
Condições Iniciais - Estado Estacionário
um produto com 99,04 % em moi de metanol(2), mesmo trabalhando-se como uma razão
solvente/alimentação igual a 2, O e uma razão de refluxo elevada (R=4, 5).
Qualitativamente, o perfil de concentração na fase líquida se assemelha aos gráficos dos
sistemas anteriores. Entretanto, deve-se observar que, neste caso, a região de extração, região II,
promove o aumento da concentração do componente intermediário, no caso o metanol(2), ao invés
do componente mais volátil, a acetona( I). Nesta região comprova-se o que foi mostrado na Figura
6.3.
F 2 =110,00
X 1 =0 ,0000 ----+[,, fT"1"l x 2=0,0000 x,= I ,0000 T=40 oc
F,=IOO,OO x 1=0,9000 # 6 xz=O,I 000 x,=O,OOOO T=40,0 oc
B=l20,00 x 1=0,0008 x 2=0,0830 x3=0,9!62
N=28
0=90,000 x 1=0,9988 x2=0,0005 x 3=0,0007
Q,=0,201686E+7
Figura 6. 7 - Esquema da coluna de destilação extrativa para o sistema acetona( I )-n-heptano(2)
tolueno(3)
Conforme a Figura 6.3, a presença do solvente, o clorobenzeno(3), em grande
concentração, aparentemente tornaria a destilação simples. Entretanto, quando a concentração
60
Condições Iniciais -Estado Estacionário
deste é aumentada, se por um lado o azeótropo é quebrado, por outro o problema passa a ser a
separação do clorobenzeno(3) e do metanol(2). Isto pode ser comprovado na Figura 6.10a, onde
percebe-se que a partir do estágio de número 25 praticamente já não existe acetona( 1) na fuse
liquida. Este foi o sistema que apresentou maiores problemas de convergência, tanto no simulador
desenvolvido, quanto no simulador comercial HYSIM (1991).
1.0000
0_8000
~ 0.6000
o E o 'll. • 0.4000 Região l "-
Região 11
02000
0.0000
13 17 21 Número de estâgio
(a)
~
i ê o
Região !11 'll. li!
29
1.0000
0_8000
0.5000
0.4000
0.2000
0.0000
lc~-•PJ I ~· --H~2) _-·-~· .~_- T;:>IB:.,<>{~J ·,
13 17 21 Número de estágio
(b)
Figura 6.8- Perfis de concentração nas fases liquida (a) e vapor (b) para o esquema da Figura 6.7.
É interessante observar que, apesar de provocar toda dificuldade na obtenção do metanol(2)
puro, a presença do clorobenzeno(3) na fase vapor, Figura 6.10b, é menor do que a presença do
tolueno(3), Figura 6.8b, no caso do sistema anterior, onde a dificuldade de separação é muito
menor. Também na Figura 6.10b, novamente podemos perceber a importância da região de
retificação na separação do solvente e do metano!(2), através da variação da fração molar de ambos
na fase vapor.
O caso apresentado a seguir é mais atípico do que o anterior, diferindo ainda mais dos
sistemas tradicionais de destilação extrativa. O sistema em questão é constituído por
acetona(! )-etanol(2)-tolueno(3). O solvente neste caso é a acetona(!), o componente mais
volátil. A Figura 6.11 apresenta as condições operacionais para este sistema. A configuração
apresentada pode não parecer uma destilação extrativa mas, se avaliarmos os critérios que
definem uma, chega-se à conclusão que trata-se realmente de um processo extrativo. Por 61
Condições Iniciais - Estado Estacionário
exemplo: tem-se a adição de um terceiro componente e, a "quebra" de um azeótropo pela
introdução deste terceiro componente sem a formação de novos azeótropos. Por outro lado, a
coluna funciona com apenas duas regiões distintas: retificação e exaustão, como uma
destilação convencional. A região de extração desapareceu, visto que as correntes que
alimentam a coluna estão localizadas em estágios vizinhos. Poderiam até mesmo estarem
localizadas em um mesmo estágio.
F,=200,00
x,=O,OOOO ----•i,,<t"+i.f-1 R=l35,0 x,=o,oooo-x,= I ,0000 T=65 oc
F 1= 100,00 x 1=0,7000 #10 x 2=0,3000 x,=O,OOOO T=63,0 oc
B=270,00 x 1=0,2592 x2=0,00ll x3 =0,7397
N=40
0=30,000 x,=0,0026 x 2=0,9904 x,=0,0090
Q,=O,l76837E+7
Figura 6.9 - Esquema da coluna de destilação extrativa para o sistema acetona(l)-metano1(2)
clorobenzeno(3).
Nas condições operacionais obtidas, o que mais chama a atenção é a utilização de uma
razão entre as alimentações de solvente e azeótropo muito grande (F2/F1=9,0). Isto já era de se
esperar, de acordo com o que foi mostrado na Figura 6.4. Em razão do alto valor para a vazão
de solvente, a carga térmica do refervedor também é extremamente elevada, mesmo
62
Condições Iniciais- Estado Estacionário
trabalhando-se com uma razão de refluxo baixa (RR=0,67). Nesta situação, o solvente tem de
ser totalmente vaporizado (o solvente deixa a coluna pelo topo). Em termos de produto final,
99,61 %em moi de tolueno(3) na base da coluna, a qualidade alcançada é comparável àquela
obtida utilizando solventes tradicionais.
~---(
Região UI
13 17 21 25 29 33 37 41 45 Número de estágio
(a)
~
~ o E o 1j.
li:
1.0000
0.8000
0.6000
0.4000
0.2000
0.0000
. -·~ A~""M(t)
- Mot<lnclj2)
13 17 ~ ~ 3 33 37 41 ~
Número de estágio
(b)
Figura 6.10- Perfis de concentração nas fases líquida (a) e vapor (b) para o esquema da Figura 6.9.
Observando a Figura 6.12a, percebe-se as diferenças causadas pela não existência da região
de extração. Em termos de transferência de massa, a região de exaustão funciona com alta
transferência de massa, enquanto a de retificação com baixa transferência de massa, ou ~a, uma
No caso da acetona( I) e do etanol(2), a semelbança também acontece em termos quantitativos. Isto
é explicado pelos baixos pontos de ebulição destes componentes.
6.4 - MÚLTIPLAS SOLUÇÕES
Diferentemente das equações lineares, onde está assegurada a existência de uma única
solução, as equações não lineares podem apresentar mais de uma solução. Normalmente, a
63
Condições Iniciais - Estado Estacionário
solução obtida é aquela que apresenta maior estabilidade numérica. Este é um dos grandes
problemas na resolução de sistemas algébricos não lineares. A multiplicidade de soluções é
uma característica dos sistemas não lineares. Um fator que pode deternúnar a multiplicidade de
soluções é a estimativa inicial da solução.
F2=900,00 x1= I ,0000 x 2=0,0000 x3=0,0000
R=650,0
T=60 oc ----,Ff ··'*"'"7'1 I
F 1=100,00 x1=0,0000 x2=0,7000 x3=0,3000 1'=60,0 °C
#12
#li
B=30,00 x,=O,OOOI x,=0,0038 x3=0,996l
N=30
D=970,000 x 1=0,9278 x2=0,0720 x 3=0,000 I
Q,=O,!I9541E+8
Figura 6.11 -Esquema da destilação extrativa para o sistema acetona( I )-etanol(2)-tolueno(3).
Na modelagem de colunas de destilação, as equações algébricas resultantes são
altamente não lineares. Alguns autores (Gani et al., 1989), propõem a utilização de modelos
dinâmicos afim de contornar o problema de múltiplas soluções. Conforme citado
anteriormente, nas simulações dinâmicas a solução final é obtida paulatinamente, ou seja,
passo-a-passo. Isto significa que dinamicamente, os resultados apresentados serão sempre
coerente com a física do problema. Contudo, no estado estacionário isto não acontece e, das
64
Condições Iniciais - Estado Estacionário
soluções obtidas, algumas podem representar um resultado puramente matemático, uma vez
que fisicamente é impossível de ocorrer. Entretanto, em algumas circunstâncias, além de
resposta matemática, representam, também, situações fisicamente possíveis de ocorrer. Mais
adiante será apresentado um caso onde foram obtidos múltiplas soluções para um mesmo
sistema, mudando apenas a estimativa inicial do perfil de temperatura.
13 17 v ~ ~ ~
Número de estágio
(a)
~-~
1- ~--- Acat;>M(;) ;
! --Etar""*l?i 1 l--- -,.,._,Of.lf_·J
13 17 ~ ~ 3 ~
Número de estágio
(b)
Figura 6 J 2 - Perfis de concentração na fase líquida (a) e na fase vapor (b) para o esquema da
Figura 6. 1L
Além do problema de múltiplas soluções, existe a possibilidade de existirem múltiplos
estados estacionários. Em colunas de destilação, múltiplos estados estacionários são diferentes
perfis, de temperatura e composição, para colunas que operam sob as mesmas condições, ou
seja, uma coluna operando com a mesma alimentação, mesma razão de refluxo, mesma vazão
de destilado, porém apresentando diferentes perfis de temperatura e composição. São
resultados fisicamente possíveis, os quais já foram observados na prática. Nas simulações
realizadas não foi encontrada nenhuma situação deste tipo.
Nas simulações anteriores, as especificações realizadas para tomar o sistema
determinável (especificação de duas variáveis), foram a vazão de refluxo e a vazão de
destilado. Para apresentar o problema da multiplicidade de soluções, foi utilizado como caso
estudo o sistema etanol(l)-água(2)-etileno glicol(3) e, as especificações passaram a ser a
65
Condições Iniciais - Estado Estacionário
fração molar do etano!(!) no topo da coluna e a vazão de destilado. Com a especificação da
fração molar do etano!(!) o sistema fica mais não-linear. Para esta nova especificação, duas
simulações foram realizadas, cada uma utilizando uma estimativa diferente do perfil de
temperatura. Os resultados são apresentados nas Figura 6.13 e 6.14.
Na Figura 6.13 são mostradas as condições operacionais e a composição da correntes.
Observa-se que a única diferença está na vazão de refluxo e na carga térmica do refervedor. Na
Figura 6.13b o aumento da carga térmica é causado pelo aumento na vazão de refluxo.
Os perfis de composição na fase líquida são apresentados na Figura 6.14.
Qualitativamente os perfis são iguais. Na Figura 6.14b, observa-se que há um deslocamento
dos perfis em relação á Figura 6.14a. O etano!(!) é deslocado no sentido de aumentar a sua
concentração, enquanto o etileno glicol(3) tem seu perfil deslocado no sentido de diminuir a
concentração. O perfil de concentração da água(2) praticamente não se modificou.
A utilização do modelo dinâmico mostrou que as duas situações são fisicamente
possíveis. Foram realízadas simulações dinâmicas, utilizando como valor inicial os perfis
apresentados pelas Figuras 6.14a e 6.14b. Nenhuma perturbação foi realizada. Para as duas
simulações, os resultados foram, após um longo tempo de integração, iguais aos valores
iniciais. Caso houvesse alguma anormalidade com os valores iniciais, mesmo sem ter havido
nenhuma perturbação, a integração seria no sentido de determinar a solução verdadeira.
Para tentar explicar o comportamento apresentado, foram realizadas diversas
simulações no estado estacionário. Desta vez, as especificações foram a vazão de refluxo e a
vazão de destilado. A vazão de destilado foi mantida fixa para todas as simulações, enquanto a
vazão de refluxo variou significativamente. As correntes que alimentam a coluna, azeotrópica e
solvente, foram as mesmas. Os resultados são apresentados na Figura 6.15.
Conforme a Figura 6.15, à medida que o refluxo foi aumentando, a fração molar de
etanol(l) no topo da coluna também foi aumentando. Contudo, esta proporcionalídade somente foi
mantida até certo ponto. Desse ponto em diante, o aumento da vazão de refluxo causou diminuição
66
Condições Iniciais - Estado Estacionário
da fração molar de etano!( 1). Isto acontece em função da diluição do efeito do solvente sobre a
volatilidade relativa dos componentes. Este comportamento atipico que as colunas de destilação
extrativa exibem, torna possível obter o produto de topo com a mesma composição de etanol(l),
utilizando dois valores diferentes para a vazão de refluxo. As linhas tracejadas mostram pontos com
a mesma composição, mas com refluxos diferentes.
Fz-"'60,00 XI=O,OOOO x,eQ.OOOO X.J=l,OOOO T=80,0°C
#12 Ft=lOO,OO --Xt={),850Q
Xz==O, 15000 x.:,=O,OOOO T=78,1 oc
&c75,00 Xt=0,0034 xz=0,1966 XJ=0,7999
(a)
~85,000
Xt=0,9970 xr(J,0029 XJ=O,OOOO
Q""l,I5W7E+7
Fz=60,00 XI=O,QOOO
x,efi.OOOO x3=l,OOOO 1120 T~,ooc
#12 FI=lOO,OO --x,=0,8500 x,ooü, 15000 X:J=Q,OOOO 1'=78,1 oc
&c75,00 Xt=(),0034
x,efi.l%6 x.,=0,7999
(b)
N~4
~5,000
XI=0,997Q
Xz=0,0029 XJ"'{},OOOO
Q"'Ü,278189E+7
Figura 6.13 - Múltiplas soluções no estado estacionário para o sistema etano!( I )-água(2)-etileno
glicol(3).
Deve ficar claro que múltipla solução é completamente diferente de múltiplos estados
estacionários. Conforme citado anteriormente, múltiplos estados estacionários é quando
obtém-se mais de uma solução (perfis de temperatura e composição) para as mesma condições
operacionais (refluxo, composição da alimentação, vazão de alimentação, etc.). Este aspecto
foi estudado por Bekiaris et al. (1993). Em nosso trabalho, nenhum tipo de múltiplo estado
estacionário foi encontrado.
67
1_0000 --l
l 0.8000 -~
X
...:: 0.6000
~ E o om ~
~ 0.4000
0.2000
11
I' I
I t
--------~;:----
'
Rejjlloll
'I
I I, Regao UI
í3 17 21 Número de estâgio
(a)
Condições Iniciais - Estado Estacionário
25
0.8000
X ... ~ 0.6000 m
~
"'._; i.: 0.4000
0.2000
Região ll
Região !li
13 17 21 25 Número de estágio
(b)
Figura 6.14 - Perfis de concentração na fase líquida com diferentes soluções para o sistema
etano!( I )-água(2)-etileno glicol(3)
x g
0.9975
~ 0.9970
-ll .!!!
~ 0.9965 o 1!. J:
0.9960----;
40.0 80.0 120.0 160.0 200.0 240.0 Vazão de Refluxo, Mol/min
Figura 6.15- Efeito da vazão de refluxo sobre a composição do etano!( I) no topo da coluna.
68
Condições Iniciais - Estado Estacionário
6.5 - CONCLUSÃO
Com relação ao equilíbrio líquido-vapor, o método NRTL mostrou-se eficiente na
previsão do ponto azeotrópico e, o resultado foi considerado satisfatório para todos os
sistemas estudados. Na função de "quebrar" o azeótropo, ficou claro que todos os solventes
são eficientes. Entretanto, a necessidade de grandes quantidades para aqueles que apresentam
alta volatilidade, faz com que os solventes de baixa volatilidade se tornem mais atraentes do
ponto de vista econômico.
Para os solventes com baixa volatilidade, a coluna sempre apresentou três regiões
distintas. Contudo, as regiões de extração e retificação têm importâncias diferentes,
dependendo do solvente utilizado. Para o sistema com volatilidade extremamente baixa, como
é o caso do etileno glicol(3), a região de retificação é muito pequena e com rápida
transferência de massa. Comportamento contrário ao que ocorre quando a volatilidade é
maior, no caso do tolueno(3), onde a retificação apresenta tamanho maior e a transferência de
massa se dá de maneira mais lenta. A região de extração também funciona de acordo com as
características do solvente. É nesta região onde se definem quais componentes serão obtidos
no topo e na base.
Quando o solvente utilizado apresenta volatilidade mamr do que os componentes
originais, o comportamento da coluna foi semelhante ao de uma coluna convencional. Uma
grande vantagem para este tipo de sistema são as baixas temperaturas ao longo da coluna. Por
outro lado, o consumo energético para sistemas com solventes de alta volatilidade é muito
elevado o que toma o processo dispendioso, em relação aos processos que utilizam solventes
com baixa volatilidade.
Em relação à obtenção de múltiplas soluções, é provável que os outros sistemas, os
qurus apresentam a mesma característica do etanol(l)-água(2)-etileno glicol(3), também
exibam a possibilidade de obter duas soluções, matematicamente e fisicamente possíveis, a
partir de um mesmo conjunto de equações algébricas não lineares. Este comportamento
possivelmente não será observado para o sistema acetona(! )-etanol(2)-tolueno(3), visto que o
69
Condições Iniciais - Estado Estacionário
aumento do refluxo não implicará em diluição do solvente, já que o refluxo é composto
basicamente do próprio solvente.
É claro que, em termos de operação, a coluna operando com menor consumo
energético leva vantagem. Entretanto, deve-se levar em consideração a pe~formance do
sistema de controle quando a coluna opera em uma ou em outra condição.
70
Dinâmica do Processo -Parte I
A
7- DINAMICA DO PROCESSO- PARTE I
7.1- INTRODUÇÃO
Utilizando um modelo prato-a-prato, foi realizado o estudo do comportamento dinâmico da
coluna de destilação extrativa, mediante perturbações realizadas no refluxo e na carga térmica do
refurvedor. As condições iniciais para cada simulação foram aquelas obtidas no capítulo 6. O
modelo prato-a-prato utilizado foi o mais completo, ou seja, considerando o balanço de energia na
fonna diferencial.
7.2- IMPACTO DAS PERTURBAÇÕES
Com o objetivo de avaliar o efeito gerado pelas perturbações na dinâmica do processo, as
simulações foram realizadas para alterações positivas e negativas nas variáveis, ou seja, aumentos e
diminuições, respectivamente, nos valores iniciais das variáveis. Para cada variável, as simulações
são realizadas para todos os sistemas objeto de estudo.
Inicialmente, não foram considerados os efeitos térmicos devido à capacitância térmica do
refervedor da coluna. Além disso, a coluna foi considerada adiabática, ou seja, isolada
termicamente. Para todas as colunas a altura do vertedouro, hw, foi igual a 5 em e o comprimento,
Lw, 80 % do diâmetro da coluna. A pressão de topo foi mantida em 1. O atm. Esta pressão pode ser
conseguida na prática através de um controle do tipo split-crcmge. As simulações foram realizadas
em malha aberta. A única consideração fuita foi de que os volumes no refervedor e condensador são
constantes, ou ~a, é admitido que se tenba um controle de nível perfeito.
71
Dinâmica do Processo -Parte I
7.3- PERTURBAÇÃO NA VAZÃO DE REFLUXO
Para simulações no estado estacionário, o mais comum é trabalhar com a razão de refluxo.
Entretanto, em se tratando de simulações dinâmicas, é mais conveniente trabalhar com vazão de
refluxo. Este procedimento tem como base o fato de se assegurar que as especificações serão
somente a carga térmica do refervedor e a vazão de refluxo. Se fixarmos uma razão de refluxo,
implicitamente estamos relacionando uma vazão que entra na coluna com outra que sai. É como se
estivéssemos um sistema de controle atuando sobre as duas correntes.
A vazão de refluxo, normalmente, é utilizada como variável manipuláveL Sua função
principal é a manutenção da especificação da composição do produto de topo e, em colunas
convencionais, a modificação no seu valor é realizada em função de medições na temperatura de um
detenninado prato, o qual é chamado de prato sensíveL
7.3.1 -SISTEMA ETANOL(l)-ÁGUA(2)-ETILENO GLICOL(3)
A Figura 7.1 mostra os resultados para o sistema etanol(l)-água(2)-etileno glicol(3)_ As
perturbações foram feitas no tempo igual a 50 min A vazão de refluxo teve o seu valor modificado
em 5%, nos sentidos positivo e negativo, em relação ao valor iniciaL
Para o aumento na vazão de refluxo, a diminuição no valor da temperatura da base, como
mostra a Figura 7.la, é conseqüência do aumento da vazão de liquido no interior da coluna. Este
aumento, faz com que a carga térmica do refervedor, a qual foi mantida constante, não ~a sufici
ente para vaporizar a quantidade de liquido a mais que está descendo. Analisando a Figura 7.lb,
percebe-se que, há uma inversão na resposta da fração molar da água(2), contudo, o valor final é
praticamente igual ao valor antes da perturbação. Isto significa que, a diminuição no valor da tem
peratura é resultado do aumento da fração molar de etano!(!), ou ~a, está havendo perda de eta
nol(l) pela base da coluna.
72
Dinâmica do Processo -Parte I
De acordo com as Figuras 7.lc, 7.ld e 7.le, as outras regiões da coluna praticamente não
sofreram alterações, quando o refluxo foi aumentado. No topo da coluna, a pureza já é bastante
alta, de modo que, muito pouco se consegue aumentando a vazão do refluxo. Se o aumento for
demasiado, pode acontecer exatamente o contrário, ou seja, redução na pureza do produto de topo.
Em termos dinãmicos, a avaliação feita para a base da coluna, mostra que a resposta da
temperatura foi imediata. É um resultado importante porque serve como uma indicação para o
controlador. Na realidade, é a única indicação expressiva.
No caso onde a vazão de refluxo foi reduzida, o comportamento da temperatura é exata
mente o contrário àquele discutido anteriormente. Com a redução da vazão de refluxo, a carga tér
mica do refervedor passa a ser maior do que o necessário. Assim, a água(2) que se encontra na
base, começa a ser vaporizada com maior intensidade e, como resultado global tem-se o aumento
na temperatura, conforme mostra a Figura 7 .I a. A vaporização da água(2) da base da coluna, re
flete em todas as outras regiões, como mostram as Figuras 7.lc, 7.ld e 7.le.
Na Figura 7.ld, percebe-se o aumento de água(2) no meio da coluna e, mostra que, are
gião de extração não está conseguindo reter a água(2) a mais que está subindo. Como resultado, a
água(2) que não foi retida, sai com o produto de topo, diminuindo a qualidade do etanol(l) obtido.
A redução na qualidade do etanol(l) é mostrada na Figura 7.1 e.
A análise dinâmica mostra que, a primeira região da coluna a responder após a redução da
vazão de refluxo é a base. Este é um resultado interessante, pois a perturbação foi realizada no topo
da coluna. A redução do refluxo causa uma diminuição na vazão de líquido no interior da coluna.
No meio e no topo, a perturbação passa despercebida, indicando a pouca influência desta variável
sobre a dinâmica do processo. No refervedor da coluna, a água(2) começa a vaporizar em maior
quantidade. O tempo necessário para a água(2) que foi vaporizada subir, gera o atraso observado
para as respostas do meio e do topo da coluna.
73
Dinâmica do Processo - Parte I
164.00 0.2200
1$l00 v\ N
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"' , a 155.00 ~
""" -
• ~ _;;;
152.00-ê o 'iJ. • i ~
148.00-
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. 144JXl T 0.1800
0.0 500.0 1000.0 1500.0 200)0 2SOO.O o o 500.0 1000.0 1500.0 2000.0 2500.0 Tempo, min Tempo, min
(a) (b)
86.00-.-,.- 02800
l i ssool 0-2400
N j X
~ 85.20 m 0.2000 ~
• ~ ];
8480 ê o 0.1600
'iJ. • ~
84.40 _ __j 0.1200
i
84.00 0.0800
00 000.0 1000.0 1500.0 2000.0 2SOO.O 0.0 800.0 1000.0 1500.0 2000.0 2500.0 Tempo, min Tempo, min
(c) (d) l.OOOO
0-;:;
" ~ 0.9960
o ~
i 0.9940 o ~ ~ • ~
0.0000 -+-----~----~---~-----
1000.0 1500.0 2000.0 2500.0 Tempo, min
(e)
Figura 7.1 - Temperatura e fração molar na base (a e b) e no meio (c e d), e fração molar no topo
(e) da coluna. Perturbação na vazão do refluxo (R) para o sistema etanol(l)-água(2)-etileno gli
col(3) __ Aumento em R; __ Redução em R
74
Dinâmica do Processo -Parte I
Comparando-se quanto ao sentido das perturbações, observa-se que a redução na vazão de
refluxo causa menor dificuldade para a dinâmica do processo. Quando o refluxo foi aumentado, a
única observação é quanto à diminuição na temperatura da base. Entretanto, para evitar a perda de
etano!( I) pela base, a carga térmica terá de ser aumentada. Isto faz com que haja vaporização e,
este vapor terá de percorrer toda coluna. Por outro lado, a redução no refluxo causa modificação
imediata na temperatura da base. A providência a ser tomada é a redução na carga térmica do
refervedor, ou seja, não haverá vaporização extra na base, consequentemente, não haverá aumento
na vazão de vapor que ascende ao longo da coluna.
O azeótropo binário etano!( I )-água(2) possui ponto de ebulição muito próximo ao do
etano i( 1) puro. Esta foi a razão, pela qual a temperatura do topo não se modificou. A temperatura
nesta região somente se modificará, caso haja a subida de etileno glicol(3). Assim, nenhum gráfico
mostrando a temperatura de topo, foi apresentado.
7 .3.2 - SISTEMA ACETONA(l)-N-HEPTAN0(2)-TOLUEN0(3)
Este sistema apresenta característica semelbante ao anterior, ou ~a, o solvente é o
componente com maior ponto de ebulição. Contudo, a diferença entre os pontos de ebulição dos
componentes constituintes do azeótropo e do solvente é menor. As perturbações feitas para um
tempo igual 50 min foram as mesmas do caso anterior.
A redução no valor da temperatura da base quando o refluxo foi aumentado, conforme
mostra a Figura 7.2a, tem a mesma explicação do caso anterior. Com o aumento da vazão interna
de líquido, a carga térmica do refervedor torna-se insuficiente para realizar a vaporização
necessária. A redução da temperatura ocorre, mesmo com a fração molar do n-heptano(2)
diminuindo de valor. Então, pode-se concluir que a diminuição da temperatura é função,
principalmente, do aumento da fração molar da acetona(!). As Figuras 7.2c, 7.2d e 7.2e, mostram
que as outras regiões praticamente não sofreram alterações para o aumento da vazão de refluxo. As
razões são as mesmas do sistema etanol(l)-água(2)-etileno glico(3).
75
Dinâmica do Processo - Parte I
A análise dinâmica para o aumento da vazão de refluxo, somente é feita na base da coluna.
Observa-se que não há qualquer tipo de atraso na resposta da temperatura. Isto pode ser explicado
com base no ponto de ebulição da acetona(!). Com um ponto de ebulição tão baixo, qualquer
quantidade a mais ou a menos na base, a temperatura logo se modifica.
Quando a vazão de refluxo foi reduzida, a temperatura na base, mostrada na Figura 7.2a,
aumentou, visto que a carga térmica do refervedor ficou em excesso. Desta forma, maior
quantidade de material, principalmente o n-heptano(2), é vaporizado. Esta vaporização extra,
propaga-se por toda coluna. É interessante observar que, mesmo a fração molar do n-heptano(2)
apresentando inversão, a temperatura manteve sempre o mesmo comportamento.
A redução na vazão do refluxo causa respostas imediatas em todas as partes da coluna. Na
base, apesar de se modificar pouco, a temperatura logo atinge o novo estado estacionário. No meio
da coluna, inicialmente, a própria perturbação causou modificação na temperatura. No entanto, a
modificação maior é causada depois que o n-heptano(2), vaporizado na base, começa a chegar
nesta região. O mesmo comportamento é observado para o topo da coluna. Estes resultados são
mostrados nas Figuras 7.2c, 7.2d e 7.2e.
Comparando-se as duas perturbações, percebe-se que o aumento na vazão do refluxo gera
menor periodo transiente. Além disto, as modificações causadas nas variáveis de processo são
menores. No entanto, depois que a acetona( I) começa a aparecer na base da coluna, a manipulação
da carga térmica do refervedor deve ser cuidadosa. Uma atitude mais severa, pode fàzer com que,
além da acetona( I), suba o n-heptano(2) e o tolueno(3). Praticamente, não se observa atraso no
meio e no topo da coluna, comportamento que é observado para o sistema anterior.
Para este sistema, a diferença entre os pontos de ebulição do binário azeotrópico
acetona(l)-n-heptano(2) e da acetona(!) pura, é um pouco maior do que no caso anterior.
Aproximadamente 1.8 °C. Mesmo assim, não se observou variação na temperatura do topo.
76
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Dinâmica do Processo - Parte I
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(d)
800.0 1200.0 1600.0 2000.0 Tempo, min
(e)
Figura 7.2- Temperatura e fração molar na base (a e b) e no meio (c e d), fração molar no topo (e)
da coluna. Perturbação na vazão do refluxo (R) para o sistema acetona(! )-n-heptano(2)-tolueno(3).
__ Aumento em R; __ Redução em R
77
Dinâmica do Processo - Parte I
7 .3.3- SISTEMA ACETONA(l)-METANOL(2)-CLORO
BENZEN0(3)
Neste caso também o solvente apresenta maior ponto de ebulição entre os componentes
envolvidos. Porém, este sistema apresenta a particularidade de alterar a volatilidade de modo que o
componente obtido no topo é aquele de ponto de ebulição intermediário, o metanol(2). As
perturbações foram as mesmas dos sistemas anteriores, realizadas para um tempo igual a 100 min.
Inicialmente, a análise será feita para o aumento na vazão do refluxo. Na base da coluna, o
comportamento é idêntico áquele observado para os sistemas anteriores. A temperatura diminui,
conforme mostra a Figura 7.3a, em virtude do excesso de vazão de liquido no interior da coluna.
Porém, neste caso, a diminuição deve-se ao aumento na fração molar do componente
intermediário, o metanol(2). Isto fica claro observando a Figura 7.3b, onde a fração molar da
aoetona( 1) praticamente não variou. Nas outras regiões da coluna, cujos resultados são mostrados
nas Figuras 7.3c, 7.3d, 7.3e e 7.3( a perturbação praticamente não causou modificações nas
variáveis.
Em termos dinâmicos, a análise feita para a base da coluna, mostra que não houve nenhum
tipo de atraso e, nem inversão na resposta da temperatura, mesmo a fração molar da aoetona(l)
tendo apresentado urna pequena inversão na sua resposta. Como foi dito anteriormente, a
modificação na temperatura deve-se, principalmente, ao aumento na fração molar do metanol(2)
nesta região. Comparativamente, o periodo dinâmico gerado foi pequeno, o que parece ser uma
prática, quando não há vaporização extra envolvida.
Para o caso onde a vazão de refluxo foi reduzida, todas as regiões da coluna sofreram
modificações. Na base, o aumento observado para a temperatura, conforme mostra a Figura 7.3a, é
decorrente da diminuição na fração molar da acetona(!). A maior vaporização da acetona( I) é
resultado do excesso gerado na carga térmica do refervedor, pela redução na vazão de liquido no
interior da coluna. A quantidade de acetona( 1) a mais vaporizada, faz com que a concentração
deste componente aumente na região intermediária da coluna. Isto pode ser observado nas Figuras
7.3c e 7.3d.
78
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Dinâmica do Processo -Parte I
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(f)
Figura 7.3- Temperatura e fração molar na base (a e b), no meio (c e d) e no topo (e e f) da coluna.
Perturbação na vazão do refluxo (R) para o sistema acetona(l)-metanol(2)-clorobenzeno(3). -~
Aumento em R; -~ Redução em R
79
Dinâmica do Processo - Parte I
Um resultado interessante, é o fato da redução na vazão de refluxo causar diminuição na
temperatura de topo, como mostra a Figura 7.3e. Isto também é conseqüência do aumento da
fração de acetona(l) no produto de topo, ou melhor dizendo, redução na fração molar do
metanol(2) obtido, conforme mostra a figura 7.3f
Do ponto de vista dinâmico, quando a vazão de refluxo é diminuída, a base é a primeira
região a sofrer modificações. No meio da coluna, há um pequeno atraso, antes da temperatura se
modificar. Nesta região da coluna, é observado o fenômeno da resposta inversa. No topo da
coluna, a resposta dinâmica da temperatura apresentou atraso, mas a modificação em relação ao
valor iniciai foi significativa. Este é um fato que não tinha sido observado até agora, e ocorre em
função da diferença entre o ponto de bolha do binário azeotrópico acetona(l)-metanol(2) e o
metanol(2). Aproximadamente 10 oc.
Os resultados obtidos, mostram que o período transiente gerado pela redução na vazão do
refluxo é muito maior do que quando a mesma variável é aumentada. Além deste fato, observa-se
que as modificações, em relação ao valor iniciai, são bem maiores.
7.3.4 - SISTEMA ACETONA(l )-ETANOL(2)-TOLUEN0(3)
Este é um caso bem atípico da destilação extrativa e, somente é considerado um processo
extrativo por que segue as duas regras básicas: há a introdução de um terceiro componente e,
"quebra" o azeótropo original, sem causar a formação de novos azeótropos. Diferentemente dos
casos anteriores, aqui o solvente apresenta ponto de ebulição menor do que os outros componentes
envolvidos na separação. Neste caso, o solvente é a acetona( I), o qual é alimentado praticamente
junto com a corrente do binário azeotrópico. Deve-se observar que, a obtenção de um componente
puro se dará na base da coluna, e não no topo, como nos casos anteriores. As perturbações foram:
aumento de 5% e redução de 2%, respectivamente, na vazão do refluxo.
As Figura 7.4a e 7.4b mostram os resultados para a base da coluna. Para o aumento na
vazão do refluxo a diminuição no valor da temperatura é conseqüência do aumento da vazão de
80
Dinâmica do Processo - Parte I
líquido na coluna. A vazão de líquido aumentando, o refervedor fica incapacitado de
vaporizar a maior quantidade de líquido que está descendo. A Figura 7.4b mostra o quão a
composição da base é sensível ao aumento da vazão de refluxo. A diminuição na fração molar
do tolueno(3) é função do aumento das frações molares da acetona(!) e do etanol(2),
principalmente da acetona(!).
No meio da coluna, mostrado nas Figuras 7.4c e 7.4d, a temperatura praticamente não se
modifica, apesar da fração molar do etanol(2) diminuir aproximadamente 4 %. Isto ocorre devido
aos pontos de ebulição da acetona(!) e do etanol(2) serem próximos. O mesmo fenômeno ocorre
no topo da coluna, conforme mostra a Figura 7.4e. Em ambos os casos, a fração molar do etanol(2)
diminui em função do aumento da fração molar da acetona(!).
Dinamicamente, em nenhuma região é observado qualquer tipo de atraso, nem inversão nas
respostas das variáveis. O periodo transiente gerado pelo aumento da vazão de refluxo foi pequeno.
É interessante observar que, a modificação no topo da coluna foi decorrente simplesmente da
perturbação em si.
Quando a vazão de refluxo foi reduzida, a temperatura da base pouca se modifica. O fato é
·que, a base já contém tolueno(3) praticamente puro e, com a redução na vazão de refluxo, o
excesso de carga térmica gerado no refervedor é utilizado para vaporizar, basicamente, uma maior
quantidade de tolueno(3). Dai a pouca variação no valor da temperatura. Por outro lado, este
tolueno(3) a mais que está sendo vaporizado, tende a subir na coluna, causando a diminuição na
fração molar dos outros componentes e, consequentemente, aumentos de temperatura. Isto fica
mais evidenciado na região intermediária, conforme mostram as Figuras 7.4c e 7.4d. No topo, isto
não fica tão claro em virtude da vazão de acetona(!), a qual é muito maior do que a de qualquer
outro componente.
Com relação à dinâmica do processo, a redução na vazão do refluxo gera respostas
imediatas para a temperatura na base da coluna. Entretanto, no meio da coluna, as modificações na
temperatura, praticamente, somente foram percebidas depois de um longo atraso. Isto acontece,
81
Dinâmica do Processo- Parte I
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(e)
Figura 7.4- Temperatura e fração molar na base (a e b) e no meio (c e d) e, fração molar no topo
(e) da coluna. Perturbação na vazão do refluxo (R) para o sistema acetona(l)-etanol(2}-tolueno(3).
Aumento em R; __ Redução em R
82
Dinâmica do Processo -Parte I
mesmo quando a fração do etanol(2) varia de forma significativa, como é observado nas Figuras
7.4c e 7.4d. Nenhum tipo de inversão foi observado para as respostas das variáveis.
Em termos de período transiente, a redução na vazão do refluxo gerou um periodo muito
maior do que a perturbação no sentido de aumentar a vazão de refluxo. Já o aumento na vazão do
refluxo, causou modificações mais significativas nos produtos de topo e de base.
Apesar da diferença entre os pontos de ebulição da acetona(!) e do etanol(2), cerca de 14
°C, no topo da coluna a modificação no valor da temperatura foi insignificante. O fato é que, a
composição de topo é rica em acetona(!). Assim, a temperatura de topo, é aproximadamente igual
ao ponto de ebulição da acetona( I).
7.4 PERTURBAÇÃO NA CARGA TÉRMICA DO
REFERVEDOR
A carga térmica do refervedor, normalmente, é utilizada como variável manipulável. Sua
função principal é a manutenção das especificações da composição do produto da base e, em
colunas convencionais, a modificação no seu valor é realizada em função de medições na
temperatura de um determinado prato, o qual é chamado de prato sensível.
A modificação da carga térmica é feita através da variação na vazão de vapor para o
refervedor. Quanto maior for a pressão do vapor utilizado no refervedor, maior será o seu poder de
vaporização. Uma das grandes dificuldades na utilização de solventes com alto ponto de ebulição,
em processos de destilação extrativa, é a necessidade de se utilizar vapor de alta pressão. Por
exemplo, quando o etileno glicol(3) é usado para desidratação do etano!( I), a temperatura da base é
próxima de 160 oc. Isto para uma pressão da base na faixa de 1. O atm. Assim, necessita-se de um
vapor de alta pressão para proceder a vaporização necessária.
Os resultados obtidos para as perturbações na carga térmica do refervedor, são semelhantes
àqueles apresentados para as perturbações na vazão do refluxo. A diferença é que, quando a vazão
83
Dinâmica do Processo -Parte I
de refluxo é perturbada positivamente, o resultado obtido é como se a carga térmica tivesse sido
perturbada negativamente. Desta forma, os gráficos obtidos para as perturbações na vazão do
refluxo podem ser usados para as conclusões a respeito das perturbações na carga térmica do
refervedor, não havendo necessidade de apresentar os resultados obtidos neste item.
7.5- CONCLUSÃO
O objetivo de estudar o efeito de perturbações no refluxo e na carga térmica do refervedor
foi avaliar o desempenho destas variáveis, caso as mesmas venham a ser utilizadas como
manipuláveis, em um sistema de controle. Assim, as conclusões levarão em conta, principalmente, a
eficiência ou a ineficiência destas variáveis no controle do processo. Para facilitar a comparação
entre o comportamento dos sistemas, os mesmos foram numerados da seguinte maneira:
l - etanol(l )-água(2)-etileno glicol(3)
2- acetona(l)-n-heptano(2)-tolueno(3)
3 - acetona(! )-metanol(2)-clorobenzeno(3)
4- acetona(! )-etanol(2)-tolueno(3)
Os resultados obtidos mostram a importância de se conhecer detalhadamente o
comportamento di:nâmico de um processo. Os quatros sistemas, apesar de representarem o
processo de destilação extrativa, exibem comportamentos que dependem, e muito, das
caracteristicas do solvente utilizado. A única conclusão que pode ser generalizada, é quanto ao
periodo transiente. Para todos os sistemas, a redução na vazão do refluxo causa maior periodo
transiente, em virtude da maior vaporização gerada, na base e no meio da coluna. No caso da carga
térmica do refervedor, o comportamento é inverso, isto é, o aumento causa maior periodo
transiente. Em ambos os casos, todas as regiões da coluna exibem modificações nas variáveis
analisadas.
A carga térmica do refervedor apresenta-se como uma variável que pode ser utilizada com
eficiência para evitar a descida dos componentes mais voláteis. Nos casos dos sistemas 1, 2 e 3,
84
Dinâmica do Processo - Parte I
significaria evitar a perda do componente que se deseja recuperar, enquanto no sistema 4, evitar a
contaminação do produto desejado com o componente mais leve.
Para os sistemas onde o solvente apresenta ponto de ebulição extremamente elevado, a
redução na vazão do refluxo causa menores danos na qualidade do produto des~ado. Por exemplo,
os danos causados na qualidade do etano!(!) obtido (sistema 1), é muito menor do que no caso da
acetona( I) (sistema 2). Significa que a manipulação da vazão do refluxo ou da carga térmica do
refervedor, deve ser mais cuidadosa para os sistemas onde o solvente apresente volatilidade alta.
Dinamicamente, o atraso observado para o meio da coluna, no caso do sistema 1, é muito maior do
que aquele observado para o sistema 2. Como conseqüência, a qualidade do produto de topo da
coluna que opera com o sistema I, demora muito mais para ser afetada. Para o sistema 2, um
sistema de controle mais ágil deve ser utilizado.
O raciocínio acima, não vale para os sistemas 3 e 4. No caso do sistema 3, mesmo o
clorobenzeno apresentando um ponto de ebulição relativamente alto, a qualidade do produto de
topo é muito afetada pela redução da vazão de refluxo. Para esse sistema, a manipulação do refluxo
ou da carga térmica do refervedor, deve ser ainda mais cuidadosa. Já para o sistema 4, a redução
praticamente não causa modificação na qualidade do produto desejado, o qual é obtido na base da
coluna.
O aumento da vazão de refluxo, somente causa modificação significativa na base da coluna.
Por isso mesmo, a coluna que opera com o sistema 4 é a mais prejudicada. O tolueno(3), o qual é
obtido na base, é contaminado pelos componentes mais voláteis. Na realidade, para esse sistema, a
manipulação da vazão de refluxo pode contribuir muito pouco para a qualidade do produto
desejado. Uma situação onde o refluxo pode ser manipulado, é para evitar perdas de tolueno(3),
caso este tenda a subir para a região superior da coluna.
No caso dos sistemas l, 2 e 3, o aumento da vazão de refluxo não causa modificação
significativa na qualidade do produto desejado. Contudo, não significa, necessariamente, que a
mesma não possa ser utilizada para controle da qualidade do produto de topo. Para estes sistemas, é
mais Jãcil a modificação ser no sentido inverso. O aumento da vazão de refluxo, será útil para
85
Dinâmica do Processo -Parte I
situações onde a carga térmica do refervedor tornar-se excessiva. Entretanto, este aumento não
pode ser exagerado, sob o risco de diminuir a influência do solvente sobre o EL V.
Deve ficar claro que a análise foi realizada levando-se em conta, apenas a qualidade do
produto desejado. Não considerou-se a modificação na vazão deste produto. O objetivo do estudo
foi somente avaliar a eficácia das variáveis no controle do processo, quando as mesmas são
utilizadas como variáveis manipuladas. Esta observação se faz necessária, visto que, quando se
altera a vazão de refluxo, mantendo-se constante a carga térmica do refervedor, a vazão do produto
da base modificará. O mesmo acontece com a vazão de topo, quando a carga térmica é manipulada,
mantendo-se constante a vazão de refluxo. Isto é mais critico para sistemas cujos componentes
apresentem pontos de ebulição baixo, como é o caso do sistema 4, uma vez que pode ocorrer a
vaporização total do líquido do refervedor. Por essa razão, a perturbação para este sistema foi mais
suave.
86
Dinâmica do Processo -Parte 11
A
8- DINAMICA DO PROCESSO- PARTE 11
8.1 -INTRODUÇÃO
Neste capítulo continuamos estudando o comportamento dinâmico do processo extrativo,
quando o mesmo é perturbado. As perturbações, neste caso, foram nas caracteristicas de uma das
correntes que alimenta o processo: a corrente do binário azeotrópico. Perturbou-se a composição e
a vazão da corrente azeotrópica. Novamente, o modelo utilizado considera o balanço de energia na
forma diferencial e os valores iniciais foram aqueles obtidos no capítulo 6.
8.2- PERTURBAÇÃO NA COMPOSIÇÃO DA CORRENTE DO
BINÁRIO AZEOTRÓPICO
As perturbações na composição do binário azeotrópico podem ser melhor entendidas como
distúrbios do processo, uma vez que estes valores, normalmente, somente são modificados devido
algum problema na operação que antecede o sistema de separação. As composições das correntes
azeotrópicas no estado estacionário, para todos os sistemas, foram fixadas abaixo da composição
do azeótropo. Este procedimento, visa a redução do consumo energético nas colunas de destilação
que antecedem a destilação extrativa. Neste item será estudado o efeito da modificação na
composição da corrente azeotrópica sobre a dinâmica do processo. As perturbações foram positivas
e negativas. Quando a perturbação foi positiva, o valor máximo é o da composição do azeótropo.
8.2.1- SISTEMA ETANOL(1)-ÁGUA(2)-ETILENO GLICOL(3)
A composição da corrente azeotrópica foi alterada em 3 %, acima e abaixo, do valor inicial,
que era de 85 % em moi de etano!(!). Como na corrente somente foi considerada a presença de
87
Dinâmica do Processo -Parte 11
etanol(l) e água( 1 ), a modificação na concentração de um dos componentes, automaticamente
modificará a do outro. Para cada aumento na concentração de um componente, o outro terá a sua
concentração reduzida. As perturbações foram realizadas para um tempo igual a 50 min.
Analisando a Figura 8.1, observa-se que, o aumento na concentração de etano!( I), causou
impacto siguificante na base da coluna. As outras regiões praticamente não apresentaram alterações
nos valores das variáveis. As Figuras 8.la e 8.lb mostram que, mesmo com a fração molar da
água(2) diminuindo, a temperatura da base também diminui. Isto acontece porque, enquanto a
fração molar da água(2) diminu~ de outro lado está aumentando a fração molar do etano!( I).
Siguifica que, a carga térmica do refervedor tomou-se insuficiente para evitar a perda de etano!( I)
pela base.
Os resultados apresentados nas Figuras 8.Ia e 8.Ib, são interessantes. Poderiamos pensar
que a carga térmica do refervedor fosse suficiente para vaporizar a quantidade de etano!( I) a mais
que está entrando na coluna, em virtude deste componente apresentar menor ponto de ebulição do
que a água(2). No entanto, devemos lembrar que a água(2) é obtida na base na forma líquida, de
modo que não era utilizada energia para vaporizar este componente.
A modificação na temperatura da base foi rápida. Além disto, mesmo com a fração molar
da água(2) apresentando resposta inversa, a temperatura sempre apresentou uma resposta uniforme.
Com relação ao período transiente, observa-se que o mesmo foi relativamente grande. É o tempo
necessário até que a fração molar da água(2) diminua em decorrência do aumento da fração molar
do etanol(l ).
Contrariando a discussão anterior, a redução da concentração de etano!( 1) na corrente do
binário, causou modificações siguificativas em todas as regiões da coluna, principalmente no meio e
no topo. Na base da coluna, inicialmente a temperatura aumenta em função da diminuição da fração
molar da água(2). Contudo, depois de um período, a fração molar da água(2) começa a aumentar,
fazendo com que a temperatura diminua. No final os valores são, praticamente, os mesmos antes da
perturbação. Isto quer dizer que, quase toda água(2) a mais que entrou na coluna, sai pelo topo.
88
Dinâmica do Processo -Parte 11
O comportamento inverso para as variáveis citadas acima, pode ser explicado da seguinte
maneira. Antes da perturbação, a carga térmica do refervedor era utilizada para vaporizar todo
etanol(l) que entrava na coluna. Quando a quantidade de etano!( I) foi reduzida e a da água(2)
aumentada, de imediato, parte da carga térmica passou a vaporizar a água(2) da base. No entanto,
a carga térmica não é suficiente para continuar com a vaporização inicial.
No meio da coluna, a temperatura somente se modifica, de forma significativa, depois de
um longo atraso. Já a fração molar da água(2), apesar de se modificar logo no início, a variação
mais significativa, ocorre depois de um longo atraso. As Figuras 8.lc e 8.1d mostram o
comportamento no meio da coluna. A modificação percebida logo após a perturbação, deve-se à
própria perturbação. Após o atraso, a modificação é decorrente da maior vaporização da água(2) na
base da coluna.
No topo da coluna, o aumento de água(2) na corrente do binário causa uma pequena
modificação, quase imediata, na composição do etanol(l) obtido, conforme mostra a Figura 8.1e.
No entanto, a modificação somente torna-se significativa depois de um longo período, devido ao
atraso na subida da água(2).
8.2.2- SISTEMA ACETONA(l)-N-HEPTAN0(2)-TOLUEN0(3)
A composição da corrente azeotrópica foi alterada em 3 %, acima e abaixo, do valor inicial,
que era de 90% em moi de acetona(!). As perturbações foram realizadas para um tempo igual a 50
min. A Figura 8.2 mostra os resultados obtidos para este sistema.
O aumento na concentração da acetona( l) na corrente do binário azeotrópico, causou
modificações muito pouco significativas em toda coluna. Na base da coluna, conforme a Figura
8.2a, a temperatura diminui, mas de forma muito discreta. A fração molar de n-heptano(2) diminui,
89
5000 1000.0 1500.0 2000.0 2500.0 Tempo, min
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Dinâmica do Processo- Parte 11
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Tempo, min
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Tempo, min
(e)
Figura 8.1 -Temperatura e fração molar na base (a e b) e no meio (c e d) e, fração molar no topo
(e) da coluna. Perturbação na composição da corrente azeotrópica para o sistema etano!(!)
água(2)-etileno glicol(3). __ Aumento em x1F1; __ Redução em x1F 1.
90
Dinâmica do Processo - Parte II
o que significa aumento na fração molar da acetona(!) nesta região. Este resultado é semelhante
àquele observado para o sistema anterior. Contudo, dinamicamente, o período transiente gerado
neste caso, foi menor.
No meio da coluna, bem como no topo, as variàveis praticamente não se modificaram,
como mostram as Figuras 8.2c, 8.2d e 8.2e. Isto significa que a única alteração para o aumento na
fração molar da acetona( 1) na corrente do binário é a perda da própria acetona(!), pela base da
coluna.
Quando a :fração molar da acetona( 1) na corrente azeotrópica foi reduzida, novamente, as
modificações foram pouco significativas. A alteração mals pronunciada foi na base da coluna, e o
aumento da fração molar do n-heptano(2), mostrado na Figura 8.2b, é decorrência direta do
aumento de n-heptano(2) que entra na coluna. Isto significa que a região de extração continua a
reter a subida do n-heptano(2).
Além do fàto citado acima, deve ser levado em consideração que a carga ténnica do
refervedor não utilizada para vaporizar a acetona( 1) que deixou de entrar na coluna, não é suficiente
para vaporizar o n-heptano(2) a mais presente na coluna. O ponto de ebulição do n-heptano(2) é
muito malor do que o da acetona(!).
8.2.3- SISTEMA ACETONA(l)-METANOL(2)-CLORO
BENZEN0(3)
Para este sistema, a composição da corrente azeotrópica, foi alterada em 5 %, acima e
abaixo, do valor inicial, que era de 80 % em moi de acetona( I). As perturbações foram realizadas
para um tempo igual a 100 min. A Figura 8.3 mostra os resultados obtidos.
O aumento da concentração da acetona(!) na corrente azeotrópica, causa um impacto
grande na coluna, principalmente no meio e no topo. Na base da coluna, cujos resultados são
mostrados nas Figuras 8.3a e 8.3b, a temperatura, no novo estado estacionàrio, aumenta em função
91
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Dinâmica do Processo -Parte 11
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0.0 500.0 1000.0 1500.0 2000.0 2500.0 Tempo, min
(e)
Figura 8.2- Temperatura e fração molar na base (a e b) e no meio (c e d) e, fração molar no topo
(e) da coluna. Perturbação na composição da corrente azeotrópica para o sistema acetona( 1 )-n
heptano(2)-tolueno(3). __ Aumento em x1F ,; __ Redução em x1F 1.
92
Dinâmica do Processo -Parte 11
da diminuição na fração molar da acetona(!). No início, a temperatura aumenta por causa do
aumento na pressão da base da coluna. Este, realmente, foi um resultado dificil de interpretar,
porque, com a fração molar da acetona(!) aumentando, a do metano\(2) e do clorobenzeno(3)
diminuindo, a temperatura não poderia estar aumentando. Dinamicamente as respostas são rápidas,
contudo, o período transiente é muito grande.
A vaporização da acetona( 1) pode ser explicada da seguinte forma. Antes da perturbação,
parte da carga térmica era utilizada para vaporizar o metanol(2), já que este é obtido no topo da
coluna. Com o aumento da quantidade de acetona(!) que entra na coluna, e consequentemente a
diminuição na quantidade do metanol(2), a carga térmica que era utilizada na vaporização do
metanol(2), agora é utilizada para vaporizar a acetona( 1 ). Com isto, tem-se um aumento da
concentração de acetona(!) ao longo da coluna. As Figuras 8.3c e 8.3d, mostram as condições no
meio da coluna, onde percebe-se o aumento da fração da acetona( I) nesta região. Entretanto, logo
após a perturbação, a temperatura está diminuindo, enquanto a fração molar da acetona(!) está
aumentando. Novamente, houve uma variação na pressão da coluna.
No topo da coluna, a temperatura começa a cair depois de um longo atraso. Por isso
mesmo, é a parte da coluna que apresenta maior período transiente. É o tempo necessário para a
acetona(!) alcançar esta região. Depois do atraso, a variação no valor das variáveis é bem
significativa. A diminuição da temperatura é decorrente do aumento na fração molar da acetona( 1 ).
As Figuras 8.3e e 8.3fmostram estes resultados.
Para a redução na concentração da acetona( l) na corrente azeotrópica, as modificações
observadas foram significativas somente na base da coluna. A diminuição da temperatura na base, é
resultado do aumento na fração molar do metanol(2) que, neste sistema, funciona como o
componente mais leve. Isto acontece, porque a fração molar da acetona(!) diminui muito pouco,
como mostra a Figura 83c, em relação ao aumento da fração molar do metanol(2). O metanol(2)
desce para a base da coluna, porque a carga térmica do refervedor tomou-se insuficiente para
vaporizar a quantidade a mais deste produto que entra na coluna. Além da resposta ser rápida, o
período transiente é pequeno. O meio e o topo da coluna, não sofreram modificações significativas
com esta perturbação.
93
Dinâmica do Processo - Parte 11
8.2.4- SISTEMA ACETONA(l)-ETANOL(2)-TOLUEN0(3)
A composição da corrente azeotrópica, foi alterada em 5 %, acima e abaixo, do valor
inicial, que era de 80% em moi de etano1(2). As perturbações foram realizadas para um tempo igual
a 100 min. Este sistema, foi o que necessitou de maior tempo de simulação, em virtude do grande
periodo transiente gerado pelas perturbações. A Figura 8. 4 mostra os resultados obtidos.
O mamr impacto causado pelo aumento da concentração de etanol(2) na corrente
azeotrópica foi na base da coluna. Nas Figuras 8.4a e 8.4b, observa-se grande variação na
temperatura e na fração molar do tolueno(3) obtido. A diminuição da fração molar do tolueno(3) é
conseqüência do aumento da fração molar de componentes mais voláteis nesta região,
principalmente de etanol(2). A presença do etanol(2) na base, deve-se ao aumento da quantidade
deste componente na corrente azeotrópica. Com isto acontecendo, a temperatura tende a
diminuir. O periodo transiente gerado é o tempo necessário para o etano! descer na coluna. Nenhum
tipo de inversão no comportamento das variáveis é observado.
No meio e no topo da coluna, cujos resultados estão apresentados nas Figuras 8.4c, 8.4d e
8.4e, as variações foram pouco significativas. Apesar da quantidade de etanol(2) que entra a mais na
coluna sair pela base, uma pequena parte é vaporizada. Com isto, observa-se o aumento da fração
molar de etanol(2) no topo. No meio este comportamento quase não é observado, em função da
escala do gráfico.
Já para o aumento de tolueno(3) na corrente azeotrópica, as modificações maJs
significativas foram no meio da coluna. Na base, o pequeno aumento na temperatura é por causa do
aumento, também pequeno, na fração molar do tolueno(3). Um resultado que é urna consequência
direta da perturbação, ou seja, basicamente todo tolueno(3) a mais na coluna, sai pela base. No
entanto, observando a Figura 8.4d, percebe-se que, depois de um longo atraso, a fração molar do
etanol(2) no meio da coluna diminuiu, bem como a temperatura aumentou. Isto representa, na
realidade, um aumento da fração molar do tolueno(3) nesta região. Porém, o aumento mais
pronunciado se limitou a esta região da coluna.
94
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Dinâmica do Processo -Parte 11
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Tempo, mín
(f)
Figura 8.3- Temperatura e fração molar na base (a e b), no meio (c e d) e no topo (e e f) da coluna.
Perturbação na composição da corrente azeotrópica para o sistema acetona(! )-metanol(2)-
clorobenzeno(3). __ Aumento em x1F 1; __ Redução em x1F 1.
95
Dinâmica do Processo - Parte I1
No topo, a variação foi pequena. No início, a variação na fração molar do etanol(2), é
decorrente do aumento da fração molar de acetona(!). No entanto, a variação mais acentuada que
ocorre depois de um certo período, deve-se à presença do tolueno(3). Este comportamento é
conseqüência do atraso observado no meio da coluna. Em termos numéricos, a concentração do
tolueno não foi maior porque a temperatura baixa na região superior da coluna, aparentemente,
evita a subida do tolueno(3), cuja concentração no meio da coluna aumentou cerca de 60 %.
8.3 PERTURBAÇÃO NA VAZÃO DA CORRENTE DO
BINÁRIO AZEOTRÓPICO
Neste item, a perturbação foi de 1 O % para cima e para baixo. De maneira geral, quando a
vazão for aumentada, a carga térmica do refervedor tomar-se-á insuficiente para manter a
vaporização necessária. Comportamento contrário será observado quando a vazão for reduzida.
Este tipo de perturbação também pode ser melhor entendido como distúrbio do processo.
Teoricamente, é um distúrbio que pode ser rapidamente conigido, desde que não baja problema
com o medidor de vazão.
8.3.1 -SISTEMA ETANOL(l)-ÁGUA(2)-ETILENO GLICOL(J)
O aumento da vazão da corrente do binário foi realizado para um tempo de 50 min. Causou
modificações significativas na base da coluna, conforme mostra a Figura 8.5. Nas Figuras 8.5a e
8.5b, observa-se a diminuição da temperatura, acompanhado de um pequeno aumento na fração
molar da água(2). Percebe-se que as respostas são rápidas. Para a temperatura, o período transiente
gerado foi menor do que para a fração molar da água(2). Esta diferença deve-se à inversão que a
resposta da fração molar da água(2) apresenta. O aumento da fração molar da água é muito
pequeno, de onde pode-se concluir que a diminuição na temperatura é, principalmente, resultado do
aumento da fração molar de etano!( I). O que indica perda deste componente. No meio e no topo da
coluna, Figuras 8.5c, 8.5d e 8.5e, pouco se observa. A carga térmica do refervedor não é suficiente
96
Dinâmica do Processo - Parte 11
para vaporizar a quantidade de água a mais que entra no sistema, de modo que, praticamente, toda
água(2) a mais, sai pela base da coluna, pouco interferindo no meio e no topo.
Quando a vazão do binário azeotrópico foi reduzida, toda coluna apresentou modificações.
Este é um resultado direto do excesso de carga térmica gerado no refervedor. Na base, a
temperatura aumentou como resultado direto da diminuição da fração molar da água(2). Tanto isto
é verdade que, após um certo tempo, a inversão na resposta da fração molar da água(2), também
causa inversão na resposta da temperatura.
De acordo com as Figuras 8.5c e 8.5d, no meio da coluna, a pequena variação, observada
logo após a perturbação, é resultado direto da perturbação. No início, a fração molar da água(2)
tende a diminuir em função da redução na quantidade de água(2) que entra na coluna. No entanto, a
modificação maior, ocorre depois que a água(2) vaporizada na base, começa a chegar. O mesmo
comentário, pode ser feito a respeito da modificação no topo da coluna, Figura 8.5e. Contudo, no
topo, a modificação maior ocorre somente após a modificação no meio atingir valores significativos.
Por isso mesmo, o topo apresenta um longo atraso.
É interessante fazer um comparativo entre as duas perturbações. Quando a vazão do binário
foi reduzida, significou, também, redução na quantidade de água(2) no sistema. No entanto, a
qualidade do etanol(l) obtido foi menor, ou seja, mais água(2) saiu junto com o produto de topo.
Para o aumento na vazão do binário, significou aumento na quantidade de água presente no sistema
e, mesmo assim, a qualidade do produto de topo foi pouco afetada. Na realidade, a perturbação na
vazão do binário azeotrópico está muito próxima de uma perturbação na carga térmica do
refervedor. Isto quer dizer que, quando a vazão do binário é reduzida, é como se a carga térmica do
refervedor tivesse sido aumentada. E, como a base é constituída de água(2) e etileno glicol(3), irá
vaporizar mais o componente mais leve, ou steia, a água(2). A região de extração nada pode fazer
diante da subida da água(2). Por outro lado, quando a vazão do binário é aumentada, o resultado
obtido é semelhante àquele observado para a redução na carga térmica do refervedor.
97
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Dinâmica do Processo - Parte 11
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(e)
Figura 8.4- Temperatura e fração molar na base (a e b) e no meio (c e d) e, fração molar no topo
(e) da coluna. Perturbação na ccmposição da ccrrente azeotrópica para o sistema acetona( 1 )
etanol(2)-tolueno(3). __ Aumento em x2F1; __ Redução em x2F,.
98
Dinâmica do Processo -Parte li
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Figura 8.5 - Temperatura e fração molar na base (a e b) e no meio (c e d) e, fração molar no topo
(e) da coluna. Perturbação na vazão da corrente azeotrópica para o sistema etanol(l)-água(2)
etileno glicol(3). _·_Aumento em Ft; __ Redução em F 1.
99
Dinâmica do Processo - Parte 11
8.3.2- SISTEMA ACETONA(l)-N-HEPTAN0(2)-TOLUEN0(3)
Para este sistema, a perturbação na vazão do binário azeotrópico gerou resultados
semelhantes àqueles observados para o sistema anterior. Os resultados são apresentados na Figura
8.6.
Para o aumento na vazão do binário, na base da coluna, percebe-se respostas rápidas para
temperatura e para fração molar. O periodo transiente gerado é bem pequeno. A fração molar do n
heptano(2), Figura 8.6b, apresentou comportamento oscilatório. Por sua vez, a temperatura, Figura
8.6a, não apresentou qualquer tipo de inversão na resposta. Nas outras regiões da coluna, Figuras
8.6c, 8.6d e 8.6e, pouco é observado.
Quando a vazão do binário foi reduzida, as modificações apareceram em todas as regiões da
coluna. Na base, o aumento da temperatura é decorrência da diminuição na fração molar do n
heptano(2). No entanto, a fração molar do n-heptano(2), depois de um certo tempo, apresenta
comportamento oscilatório, o que não é acompanhado pela resposta da temperatura. No instante da
oscilação na fração, a composição da base já é constituída dos três componentes. Daí, o futo da
fração molar do n-heptano(2) oscilar, não indicar, necessariamente, a oscilação da temperatura.
No meio da coluna, Figuras 8.6c e 8.6d, percebe-se a subida do n-heptano(2). No entanto,
o aumento para a temperatura é muito grande para a modificação observado na fração molar do n
heptano(2). Isto indica que, não só o n-heptano(2) està subindo, mas também o tolueno(3). É
perfeitamente possível, urna vez que os pontos de ebulição destes componentes são bem próximos.
O atraso nas respostas da temperatura e da fração molar nesta região, foram pequenos, bem corno a
estabilização se deu rapidamente. No topo, a resposta da fração molar foi mais lenta, além de
apresentar um atraso maior do que na região intermediária, conforme mostra a Figura 8.6e.
100
Dinâmica do Processo - Parte 11
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Figura 8 ~ 6 - Temperatura e fração molar na base (a e b) e no meio (c e d) e, fração molar no topo
(e) da coluna~ Perturbação na vazão da corrente azeotrópica para o sistema acetona(l )-n
heptano(2)-tolueno(3)~ __ Aumento em F1; __ Redução emF1 ~
!01
Dinâmica do Processo -Parte 11
8.3.3- SISTEMA ACETONA(l)-METANOL(2)-CLORO
BENZEN0(3)
Para este sistema, as perturbações na vazão do binário, causaram variações pequenas
nas variáveis apresentadas, conforme a Figura 8.7. Para as duas perturbações, as modificações
mais significativas foram observadas para a base da coluna. A variação promovida ocorreu
para um tempo igual a 50 min.
Na base da coluna, Figuras 8.7a e 8.7b, as respostas das variáveis foram rápidas e o
período transiente gerado pequeno, quando a vazão do binário foi aumentada. A diminuição na
temperatura decorre do aumento da fração molar da acetona(!). No entanto, há também um
aumento na fração molar do metanol(2), visto que a carga térmica do refervedor toma-se
insuficiente para vaporizar o metanol(2) a mais presente no sistema.
No meio da coluna, a temperatura pouco variou, apesar da fração molar da acetona(!)
ter o seu valor levemente aumentado, conforme as Figuras 8.7c e 8.7d. No topo da coluna, a
composição do metanol(2) obtido também apresentou pouca variação, de acordo com a Figura
8.7e.
8.3.4 - SISTEMA ACETONA(l )-ET ANOL(2)-TOLUEN0(3)
A figura 8.8 mostra que, o aumento na vazão do binário causou modificações muito
maiores na base da coluna, do que nas outras regiões. O problema não é a maior quantidade de
tolueno(3), já que este sai pela base da coluna. Contudo, o aumento na quantidade de
etanol(2), faz com que a fração molar do tolueno(3) na base seja diminuída, uma vez que o
refervedor não é capaz de vaporizar o etanol(2) a mais que está entrando. A diminuição da
temperatura acompanha o aumento da fração molar de etanol(2) na base. Estes resultados
podem ser vistos nas figuras 8.8a e 8.8b. Apesar de rápidas, o período transiente gerado foi
relativamente grande. No meio e no topo, a perturbação poucas modificações causou.
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Dinâmica do Processo - Parte I!
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Figura 8.7- Temperatura e fração molar na base (a e b) e no meio (c e d) e, fração molar no topo
(e) da coluna. Perturbação na vazão da corrente azeotrópica para o sistema acetona(1)-metanol(2)
clorobenzno(3). __ Aumento em h; __ Redução em F,.
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Dinâmica do Processo -Parte 11
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(e)
Figura 8. 8 - Temperatura e fração molar na base (a e b) e no meio (c e d) e, fração molar no topo
(e) da coluna. Perturbação na vazão da corrente azeotrópica para o sistema acetona(l)-etanol(2)
tolueno(3). __ Aumento em F 1; __ Redução em F 1.
104
Dinâmica do Processo -Parte 11
Já para a redução na vazão do binário, as modificações foram maiores no meio e no
topo. O fato de reduzir a vazão do binário, causará maior vaporização na base. Como a base é
constituída basicamente de tolueno(3), o vapor será constituído de tolueno(3). A temperatura e
a fração molar de tolueno(3) na base, pouco se modifica. O vapor de tolueno(3) tende a subir
pela coluna, e os resultados são aqueles mostrados nas figuras 8.8c e 8.8d. Após um longo
atraso, a temperatura no meio aumenta, em decorrência da diminuição na fração molar do
etanol(2). Por sua vez, a fração molar do etanol(2) diminui, em função do aumento da fração
molar do tolueno(3) no meio da coluna. O atraso observado é o tempo necessário para que os
vapores de tolueno(J ), produzido na base, atinjam esta região da coluna. Por causa deste
atraso, é que o período transiente é muito longo nesta região.
No topo da coluna, figura 8.8e, a variação inicial é por causa da diminuição na
quantidade de etanol(2) que entra na coluna, ou seja, uma consequência direta da
perturbação. Depois de um certo tempo, a variação se toma mais significativa e, deve-se à
subida do tolueno(3). De qualquer forma, a variação é pequena, uma vez que a concentração
de acetona( 1 ), nesta região, é muito grande.
8.4- CONCLUSÃO
Inicialmente serão apresentadas as conclusões para a perturbação na composição da
corrente azeotrópica. Para o sistema 1, o aumento da fração molar de etanol(l) somente causa
modificação significativa na base da coluna. O monitoramento do meio e do topo da coluna
não indicam nenbuma mudança no processo, que no caso é a perda de etano!( I) pela base da
coluna. Desta forma, a temperatura da base da coluna é a única maneira de detectar
anormalidade no processo. Para a redução na fração molar do etanol(l), as modificações
ocorrem em todas as regiões da coluna. Contudo, na base, a variação da temperatura é
modesta e, no meio, a temperatura somente varia significativamente depois de um longo
atraso. Mesmo assim, o monitoramento das duas temperaturas podem indicar a anormalidade.
O período transiente é maior do que quando aumenta-se a fração de etanol(l). A temperatura
de topo nada indica sobre a qualidade do produto obtido no topo da coluna.
105
Dinâmica do Processo -Parte li
No caso do sistema 2, o aumento da fração molar de acetona(!) na corrente
azeotrópica causa comportamento semelhante ao observado para o sistema 1, com o agravante
da pouca variação da temperatura na base da coluna. Para o aumento na fração da acetona(!),
o comportamento observado é idêntico àquele observado para a redução. Ambas as
perturbações causam um período transiente pequeno.
Comparando-se o comportamento dos sistemas 1 e 2, percebe-se que o sistema 2
apresenta períodos transientes menores. As modificações são mais significativas para o sistema
1. Tanto que, no caso do sistema 2, a qualidade do produto de topo não foi afetada pelas
perturbações.
Modificação em todas as regiões da coluna. Esta é a principal observação para o
sistema 3, quando a fração molar da acetona(!) na corrente azeotrópica é aumentada.
Entretanto, contrariando os comportamentos dos sistemas anteriores, as maiores modificações
ocorrem no meio e no topo da coluna. Tanto o topo quanto o meio da coluna podem ser
utilizados como indicação de anormalidade no processo. O meio apresenta a vantagem de não
exibir atraso na resposta da temperatura, o que ocorre no topo. Por outro lado, a temperatura
de topo surge como alternativa para controle da composição do produto de topo. Para a
redução na fração molar da acetona(!), somente a base da coluna responde de forma
relevante. A monitoração do meio e do topo da coluna nada dizem sobre a condição do
processo. Dinamicamente, o aumento da fração molar de acetona(!) causa maior período
transiente do que a redução.
Comparando-se com os sistemas 1 e 2, percebe-se que o sistema 3 comporta-se de
maneira contrária. Além disso, a qualidade do produto de topo é muito mais sensível ao
aumento em x1F 1. Para o sistema 3, o monitoramento do meio da coluna é fundamental.
Para o sistema 4, pequenos aumentos na fração molar do etanol(2) causam grandes
modificações no valor da temperatura da base. Também, é a única região da coluna a
apresentar variação no valor das variáveis analisadas. Como o produto desejado é obtido na
base da coluna, serve como uma ótima indicação para evitar contaminação por componentes
106
Dinâmica do Processo - Parte !I
mais leves. Além disto, a resposta da temperatura é extremamente rápida. Para a redução na
fração molar do etanol(2), a região mais sensível é a do meio. Nesse ponto da coluna, tanto a
temperatura, quanto a fração molar do etanol(2), sofrem grandes modificações. Contudo, o
atraso observado para a resposta da temperatura representa um problema para controle do
processo. O topo da coluna tem muito pouco a informar sobre a condição do processo.
O sistema 4, comparado com os sistemas anteriores, é muito mrus sensível às
perturbações. Por menor que seja a perturbação, positiva ou negativa, causará grande
modificação no processo.
Desse ponto em diante, as conclusões dizem respeito à perturbação na vazão da
corrente azeotrópica. Para o sistema l, qualitativamente os resultados são semelhantes àqueles
observados para a perturbação na composição da corrente azeotrópica. A diferença é que, no
caso da vazão, as modificações são maiores e o periodo transiente é menor. O que é coerente:
quanto maior a força motriz, mais rápido será a modificação. Assim, os atrasos observados são
menores. Consequentemente, mais ágil deverá ser a ação do controle.
Para o sistema 2, o aumento na vazão causa modificação semelhante, do ponto de vista
qualitativo, àquela observada para o aumento na fração molar da acetona(!). A diferença fica
por conta da variação, que é maior no caso de perturbar a vazão. Por esta razão, menor é o
período transiente. Já a redução na vazão, causa grande modificação nas regiões da coluna,
principalmente no meio e no topo. A temperatura do meio serve como indicação sobre as
condições do processo, dada a sua rapidez em se modificar. Na base, a resposta também é
rápida, mas a modificação é modesta.
Comparando-se os sistemas 1 e 2, percebe-se que, para o sistema 2 o periodo
transiente é menor, ou seja, o sistema responde mais rapidamente às perturbações. Por outro
lado, o sistema de controle deverá ser mais rápido nas decisões.
O sistema 3 mostrou ser pouco sensível às perturbações na vazão da corrente
azeotrópica. Somente a base da coluna, para os dois tipos de perturbação, exibiu modificação
107
Dinâmica do Processo - Parte 11
no valor da temperatura. Portanto, é a única variável que deve ser utilizada para indicar a
anormalidade.
Para o sistenm 4, a perturbação na vazão gerou resultados semelhantes àqueles
observados para a perturbação na composição do binário. Novamente, a diferença deve-se ao
tamanho do período transiente gerado, que no caso da vazão foi menor.
De uma forma geral, para todos os sistemas, é de fundamental importância monitorar
todas as regiões da coluna. Para algumas perturbações, pode ser que o topo s~a a região
indicada para conhecer a condição do processo. Para outras, a base ou o meio pode ser o
ponto mais indicado.
108
Dinâmica do Processo - Pane 111
A
9 - DINAMICA DO PROCESSO - PARTE 111
9.1 -INTRODUÇÃO
Devido à sua importância, foi estudado o efeito da modificação nas características da
corrente do solvente. Foram perturbadas a composição e a vazão da corrente do solvente.
Além disso, foi avaliado o efeito da capacitância ténnica do refervedor sobre a dinâmica do
processo. O modelo utilizado considerava o balanço de energia na forma diferencial, bem
como o balanço de energia na estrutura metálica do refervedor. Os valores iniciais são os
mesmos do capítulo anterior.
9.2 - PERTURBAÇÃO NA COMPOSIÇÃO DA CORRENTE DO
SOLVENTE
Em um sistema de destilação extrativa convencional, o solvente é proveniente da coluna de
recuperação. As colunas de recuperação, normalmente, funcionam como colunas convencionais, ou
seja, não existe a presença de azeótropos, tanto que não foi considerada neste trabalho. A separação
do solvente, em geral, é realizada em colunas com poucos pratos e, a operação se processa sem
problemas. Contudo, neste item será analisado o efeito da composição do solvente sobre a dinâmica
do processo, caso ocorra algum anorrnalia na coluna de recuperação (a corrente de solvente
recuperado volta á coluna extrativa como reciclo).
Como nas simulações anteriores a corrente de solvente foi considerada pura; neste item será
analisado somente o efeito da diminuição da concentração do solvente. A contaminação do solvente
por outro componente será de acordo com o sistema em estudo. Normalmente, a contaminação se
dá com o componente que é obtido junto com o solvente, na coluna de destilação extrativa. Esta foi
a prerrogativa adotada neste trabalho.
!09
Dinâmica do Processo -Parte 111
Este estudo tem particular interesse na nova configuração do processo de destilação
extrativa que estamos avaliando, a qual será exposta mais adiante. Na nova configuração, para os
sistemas que utilizam solventes de volatilidade relativa extremamente baixa, a coluna de
recuperação deixa de existir e, os três componentes são obtidos em uma única coluna de destilação.
9.2.1 -SISTEMA ETANOL(l)-ÁGUA(2)-ETILENO GLICOL(3)
Para este sistema, o solvente é obtido na base da coluna extrativa, juntamente com a
água(2). Desta forma, a perturbação foi a contaminação do solvente com 1 % de água e, ocorreu
para um tempo igual a 100 min.
Na base da coluna, Figuras 9.1 a e 9.1 b, a temperatura e a fração molar da água(2)
apresentaram modificações pequenas. A redução no valor da temperatura é conseqüência direta do
aumento da fração molar da água(2). Tanto isto é verdade que, a inversão na resposta de uma
variável é acompanhada pela outra. Já o aumento na fração molar da água(2) é decorrente do
aumento na quantidade de água(2) que entra na coluna e que, apesar de pequena quantidade, sai
pela base da coluna. No meio da coluna, a temperatura praticamente não varia, visto que a variação
na fração molar da água(2) é muito pouco significativa, conforme mostra as Figuras 9.lc e 9.1d. A
pequena variação da fração molar da água(2) é função da pouca quantidade a mais de água(2)
presente no sistema.
Contrariando todos os parâmetros até agora estudados, no topo a resposta foi imediata, o
que pode ser explicado pela proximidade entre o prato de alimentação do solvente e o topo da
coluna. Este resultado é mostrado na Figura 9.le.
Esta perturbação é o típico caso onde a temperatura em nenhum ponto da coluna representa
uma boa variável para indicação da situação do processo. Provavelmente, a perturbação só seria
detectada através da análise do produto de topo. Felizmente, a composição do etanol(l) obtido no
topo tem urna variação lenta, de modo que urna correção no processo possa ser realizada.
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Dinâmica do Processo - Parte 111
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Figura 9.1 -Temperatura e fração molar na base (a e b) e no meio (c e d) e, fração molar no topo
(e) da coluna. Perturbação na composição da corrente do solvente para o sistema etano!(!)
água(2)-etileno glicol(3). __ Redução em x3F2.
111
Dinâmica do Processo - Parte lll
9.2.2- SISTEMA ACETONA(l)-N-HEPTAN0(2)-TOLUEN0(3)
O solvente, neste caso o tolueno(3), é obtido na base da coluna extrativa junto com o n
heptano(2). Assim, a perturbação foi a contaminação da corrente de tolueno(3) com o n
heptano(2). A diminuição da concentração de tolueno(3) foi de 1 %e, ocorreu para um tempo igual
a 100 min.
Como mostram as Figuras 9.2a e 9.2b, na base da coluna, a temperatura variou menos de 1
°C, enquanto a fração molar do n-heptano(2) variou cerca de 0.5 %. A redução no valor da
temperatura é conseqüência do aumento da fração molar de n-heptano(2). Por sua vez, o n
heptano(2) tem a sua fração aumentada em função do aumento da quantidade deste componente no
sistema. Contudo, em termos práticos, a variação na temperatura é muito pequena, para que o
operador possa perceber tal modificação. Desta forma, semelhante ao caso anterior, esta variável é
muito pouco indicada para manutenção das condições do processo. No meio da coluna,
comportamento semelhante é observado, conforme mostram as Figuras 9.2c e 9.2d.
No topo, a fração molar da acetona( I), Figura 9.2e, apresenta resposta rápida mas, a
variação é lenta. É a melhor indicação, desde que a análise do produto de topo st:ia feita em
intervalos regulares, de que alguma coisa no processo está diferente. Quando percebe-se que a
qualidade do produto de topo está diminuindo, sem que a coluna apresente variação nas outras
regiões, é provável que o problema seja na corrente do solvente. É interessante observar que a
contaminação neste sistema significa aproximadamente o dobro da contaminação do anterior.
Porém, os prejuízos são de proporções semelhantes.
9.2.3- SISTEMA ACETONA(l)-METANOL(2)
CLOROBENZEN0(3)
Para este sistema, o solvente, no caso o clorobenzeno(3), é obtido na base da coluna
extrativa junto com a acetona( I). Desta forma, a contaminação do solvente, de l %, foi com a
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Dinâmica do Processo - Parte 111
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Figura 92- Temperatura e fração molar na base (a e b) e no meio (c e d) e, fração molar no topo
(e) da coluna, Perturbação na composição da corrente do solvente para o sistema acetona( 1 )-n
heptano(2)-tolueno(3), __ Redução em x:;F2 .
1!3
Dinâmica do Processo - Parte III
acetona(!). É uma situação mais dificil do que a do sistema anterior, visto que os componentes a
serem separados na coluna de recuperação apresentam pontos de ebulição bem semelhantes.
Logo após a perturbação, a temperatura da base diminui, para em seguida aumentar e,
praticamente, retornar ao valor inicial. A diminuição no valor da temperatura, é decorrente do
aumento da fração molar de acetona(!). Contudo, o aumento da temperatura, observado depois de
um tempo, não é conseqüência da diminuição na fração molar da acetona(!), como era de se
esperar. De qualquer maneira, as modificações observadas são pouco significativas, como mostram
as Figuras 9.3a e 9.3b. No meio da coluna, a temperatura pouco variou, apesar da fração molar da
acetona( 1) ter apresentado uma variação mais significativa. O aumento na fração molar da
acetona( 1) é conseqüência direta do aumento da quantidade de acetona( 1) que entra no sistema.
Estes resultados estão expressos nas Figuras 9.3c e 9.3d.
A grande variação na fração molar do metanol(2) no topo, é por causa das quantidades
envolvidas. A quantidade de metanol(2) que entra na coluna é 30,0 mol/min e, da acetona(!) como
contarninante do solvente é igual a 2 mol/min. Com base nestes números, se toda acetona(l)
contaminante sair pelo topo, ter-se-á um produto com 93,75 % em mo! de metano1(2). Como a
Figura 9.3fmostra que o produto final apresenta uma concentração de aproximadamente 94,0%
em moi de metano!, significa que uma pequena parte da acetona(!) que entrou como contaminante
saiu pelo topo da coluna. V ale a pena fiisar que, neste sistema, a região de retificação tem I O
estágios e, mesmo assim, não foram suficientes para evitar a subida da acetona( 1) coluna acima.
9.2.4- SISTEMA ACETONA(l)-ETANOL(2)-TOLUEN0(3)
Contrariando o comportamento dos sistemas anteriores, o solvente, o componente mais
volátil, é obtido como produto de topo, juntamente com o componente intermediário. Desta forma,
o solvente, no caso a acetona(!), é contaminado em 2 %, com etanol(2). O aumento da
contaminação do solvente tem como base o fato destes dois componentes apresentarem pontos de
ebulição próximos. Outra peculariedade deste sistema, é a alimentação do solvente dar-se,
praticamente, junta com alimentação do binário azeotrópico.
ll4
Dinâmica do Processo - Parte Ill
Na base da coluna, Figuras 9.4a e 9.4b, foram observadas as maiores modificações devido à
perturbação. A diminuição da temperatura é resultado da diminuição da fração molar do tolueno(3),
que por sua vez é decorrente do aumento da fração molar do etanol(2). Já o aumento da fração
molar do etanol(2) é conseqüência direta da perturbação, ou seja, do aumento da quantidade deste
componente que entra no sistema. Fazendo-se um rápido balanço de massa, percebe-se que menos
da metade do etanol(2) que entra como contaminante, sai pela base da coluna. No entanto, é
suficiente para degenerar o tolueno(3) obtido.
Dinamicamente, observa-se que, a fração molar do tolueno(3) somente apresenta variação
brusca, depois dos 400 min. Antes disto, a temperatura apresenta variação significativa. De modo
que, a temperatura, neste caso, pode ser utilizada como variável de medida, para manutenção das
condições do processo. Tanto isto é verdade que, a fração molar apresenta período transiente
maior do que a temperatura. Nenhum tipo de inversão é observado para as duas variáveis.
No meio da coluna, a temperatura pouco varia, apesar da fração molar do etanol(2)
apresentar uma modificação de cerca de 4,0 %. As duas variáveis apresentam respostas rápidas, e
são conseqüências diretas da perturbação, ou seja, mais etanol(2) no sistema, maior fração molar do
etanol(2) no meio da coluna. Consequentemente, maior a temperatura. Em termos práticos, a
variação da temperatura tem muito pouco a dizer sobre o que está acontecendo. Já no topo da
coluna, a pouca variação observada para a fração molar do etanol(2), Figura 9.4e, é devido à
grande quantidade de acetona(l) envolvida na destilação.
9.3 PERTURBAÇÃO NA VAZÃO DA CORRENTE DO
SOLVENTE
Variação na vazão do solvente causará alteração na concentração do solvente em toda
coluna. No entanto, é na região de extração, caso ela exista, que o dano poderá ser maior,
principalmente se a perturbação for no sentido de diminuir a vazão. A vazão do solvente pode ser
tratada como uma variável isolada, suscetível a perturbações (ou distúrbios). Contudo, a vazão
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115
Dinâmica do Processo -Parte 111
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Figura 93- Temperatura e fração molar na base (a e b), no meio (c e d) e no topo (e e t) da coluna.
Perturbação na composição da corrente do solvente para o sistema acetona( I )-metanol(2)
clorobenzeno(3). __ Redução em x3F2.
!!6
Dinâmica do Processo - Parte 111
solvente tem uma influência direta sobre a composição dos produtos obtidos, de modo que pode ser
utilizada como variável manipulável. As pertwbações (ou manipulações) foram de 1 O % em relação
ao valor inicial.
9.3.1- SISTEMA ETANOL(l)-ÁGUA(2)-ETILENO GLICOL(3)
O fato do solvente, no caso o etileno glicol(3), apresentar ponto de ebulição extremamente
elevado, faz com que o aumento na vazão deste componente, não cause a contaminação do
produto de topo. Pelo menos com o etileno glicol(3). Por outro lado, a diminuição da vazão fará
com a região de extração seja menos eficiente. Os resultados obtidos para este sistema são
mostrados na Figura 9.5.
Na base da coluna, Figuras 9.5a e 9.5b, observa-se que, para o aumento na vazão do
solvente, as respostas são rápidas. A diminuição da temperatura ocorre devido ao aumento da
fração molar da água(2). No entanto, depois de um certo tempo, a fração molar da água(2) começa
a cair, e a temperatura não o faz. Isto quer dizer que outro componente, no caso o etanol(l ), tem a
fração molar aumentada. Por isso mesmo, é que a temperatura não apresenta o comportamento
inverso da fração molar da água(2). O aumento inicial observado para a fração molar da água é
devido à uma parte da carga térmica do refervedor que passa a ser utilizada para aquecer o etileno
glicol(3) a mais na coluna. A diminuição observada em seguida, deve-se ao aumento da fração
molar do etano!( I), o qual não foi vaporizado e sai pela base da coluna. A perda de etano!, também
deve-se ao fàto do aquecimento do etileno glicol(3).
No meio da coluna, as modificações foram pequenas, conforme mostram as Figuras 9.5c e
9.5d, e resultam diretamente do aumento da quantidade de etileno glicol(3) nesta região. No topo
da coluna é sentido o efeito do aumento da concentração de etileno glicol no meio da coluna. A
região de extração passou a ser mais eficiente, tomando menor a quantidade de água(2) que sobe
para a parte superior da coluna. Assim, o topo apresenta um aumento na concentração do etano!( I)
obtido. Contudo, é uma variação muito pequena.
117
Dinâmica do Processo -Parte III
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(e)
Figura 9.4 - Temperatura e fração molar na base (a e b) e no meio (c e d) e, fração molar no topo
(e) da coluna. Perturbação na composição da corrente do solvente para o sistema acetona(!)
etanol(2)-tolueno(3). __ Redução em x1F2.
118
Dinâmica do Processo - Parte 111
Quando a vazão da corrente de solvente foi reduzida, os resultados são mais danosos para
toda coluna, o que era de se esperar. Na base da coluna, a temperatura aumenta em função da
diminuição da fração molar da água(2), como mostra as Figuras 9.5a e 9.5b. Neste caso, há um
excesso gerado na carga térmica do refervedor, o qual fàz com que a água(2) na base seja
vaporizada Esta água(2) tende a subir, provocando modificações significativas no meio e no topo
da coluna, conforme será discutido a seguir.
No meio da coluna as respostas são rápidas mas, inicialmente, as modificações são
discretas. Estas modificações iniciais são resultado direto da perturbação, ou seja, redução na
quantidade de etileno glícol(3), significa aumento na fração molar da água(2) e, consequentemente,
diminuição na temperatura. Depois de um período longo, a água(2) vaporizada na base da coluna,
começa a chegar nesta região, ai sim, provocando modificações significativas. O mesmo
comportamento é observado no topo da coluna. A degeneração maior da qualidade do produto de
topo, somente é observada depois de um longo período de tempo.
Para estas perturbações, a temperatura da base é o melhor indicativo de que alguma coisa
está mudando no processo. Após perceber a modificação na base, uma análise mais cuidadosa da
qualidade do produto de topo deverá ser feita.
9.3.2- SISTEMA ACETONA(l)-N-HEPTAN0(2)-TOLUEN0(3)
Para o aumento da vazão do solvente, no caso o tolueno(3), as maiores modificações
são observadas para a base da coluna. De acordo com as Figuras 9.6a e 9.6b, a diminuição da
temperatura, não é conseqüência do aumento da concentração de n-heptano(2). Pelo contrário,
a fração molar do n-heptano(2) fez foi diminuir. Isto indica que, a fração molar da acetona( I)
está aumentando. Por esta razão, a temperatura não apresenta inversão no seu
comportamento. As duas variáveis apresentam respostas rápidas, bem como variações se
processam em um espaço de tempo pequeno. O fato de ocorrer a perda de acetona(!) pela
base da coluna, é devido a uma parte da carga térmica do refervedor que passa a ser utilizada
para aquecer o tolueno(3) a mais no sistema.
119
Dinâmica do Processo -Parte 111
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(e)
Figura 9.5- Temperatura e fração molar na base (a e b) e no meio (c e d) e, fração molar no topo
(e) da coluna. Perturbação na vazão da corrente do solvente para o sistema etanol(l)-água(2)
etileno glicol(3). __ Aumento em F2; __ Redução em F2.
120
Dinâmica do Processo - Parte IJI
No mew e no topo da coluna, as modificações tem pouco significado, conforme
mostram as Figuras 9.6c, 9.6d e 9.6e. No meio da coluna, o pequeno aumento da
temperatura é resultado da diminuição da fração molar do n-heptano(2), que por sua vez
diminui em detrimento do aumento da fração molar do tolueno(3). É um resultado direto da
perturbação. Já no topo, a qualidade da acetona( I), praticamente, não se modificou. Resultado
este que era esperado. A dúvida era quanto à contaminação do produto de topo pelo solvente,
o que não aconteceu. Aparentemente, os 8 estágios da região de retificação são suficientes
para separar o tolueno(3) da acetona(!).
Já para a redução na vazão do solvente, as maiores modificações são observadas para o
meio e o topo da coluna. Na base, o aumento da temperatura é resultado da diminuição na
fração molar do n-heptano(2), como mostram as Figuras 9.6a e 9.6b. No entanto, a fração
molar do n-heptano(2), no início tende a aumentar, sem que a temperatura acompanhe esta
variação. Significa que, alguma quantidade de acetona(!) estava presente na base e foi
vaporizada antes.
No meio da coluna, a temperatura inícialmente diminui, para em seguida aumentar
exponencialmente até atingir o equilíbrio, enquanto a fração molar do n-heptano(2) só tende a
aumentar, como mostram as Figuras 9.6c e 9.6d. A diminuição de imediato no valor da
temperatura é resultado da condição térmica da corrente de solvente, que alimentada na
condição de líquido subresfriado. No topo, a diminuição expressiva da fração molar da
acetona(!) obtida, Figura 9.6e, é conseqüência da presença de n-heptano(2).
9.3.3- SISTEMA ACETONA(l)-METANOL(2)-CLORO
BENZEN0(3)
O comportamento apresentado por este sistema, é semelhante àquele observado para
os sistemas anteriores. Os resultados são apresentados na Figura 9. 7 e, as explicações são as
mesmas obtidas para os sistemas anteriores.
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Dinâmica do Processo -Parte 111
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(e)
Figura 9.6- Temperatura e fração molar na base (a e b) e no meio (c e d) e, fração molar no topo
(e) da coluna. Perturbação na vazão da corrente do solvente para o sistema acetona(1)-n
heptano(2)-tolueno(3). ~--Aumento em Fz; __ Redução em Fz.
122
Dinâmica do Processo - Parte 111
A diferença entre os resultados para este e os outros sistemas é quanto à magnitude das
modificações causadas pelas perturbações. Principalmente no meio e no topo da coluna. Isto é
explicado levando-se em consideração as quantidades envolvidas. No caso do presente
sistema, a quantidade de metanol(2) que sai pelo topo da coluna é muito pequena, de modo
que, uma pequena quantidade de outro componente, fará com que o produto saia de
especificação. É por este motivo também que a temperatura no topo apresenta uma variação
significativa.
De uma maneira geral, para os três sistemas estudados até agora, a redução na vazão
do solvente produz dois efeitos negativos. O primeiro é a diminuição na concentração do
solvente na região de extração, o que faz com que a eficiência desta região diminua. O
segundo efeito, é a geração de um excesso de carga térmica no refervedor, o qual faz com que
a vaporização seja maior. Desta forma, é de extrema importância a monitoração desta
corrente, visto que os danos causados são grandes e, nem sempre a coluna apresenta respostas
que possam levar a concluir que alguma coisa no processo está mudando.
9.3.4- SISTEMA ACETONA(l)-ETANOL(2)-TOLUEN0(3)
Este sistema não apresenta região de extração, visto que o solvente, no caso a
acetona(!) é alimentado bem próximo da alimentação do binário azeotrópico. Além disto, o
solvente é totalmente vaporizado, de modo que o mesmo é obtido no topo da coluna.
O aumento da vazão na corrente do solvente faz com que a carga térmica do
refervedor não seja suficiente para vaporizar a quantidade a mais de acetona( 1) que está
entrando no sistema. Assim, na base da coluna, o resultado é a diminuição acentuada da
temperatura e da fração molar do tolueno, em função do aumento da fração molar da
acetona(!). Este resultado é apresentado nas Figuras 9.8a e 9.8b. As respostas e as variações
são rápidas. No meio da coluna, a temperatura praticamente não variou, como mostra a Figura
9.8c. No entanto, a fração molar do etanol(2) diminuiu cerca de 10 %, Figura 9.8d. Isto
acontece porque a temperatura neste ponto, de cerca de 60 °C, já está próxima do ponto de
123
Dinâmica do Processo -Parte 111
ebulição da acetona(!), que é igual a 54.0 "C. Já no topo, a diminuição da fração molar do
etanol(2), é decorrente do aumento, única e exclusivamente, da fração molar da acetona(!).
Do ponto de vista dinâmico, somente a temperatura da base pode ser usada para monitoração
da coluna.
A redução na vazão do solvente causou modificações mais significativas no meio e no
topo da coluna. Na base da coluna, a temperatura praticamente não varia, visto que a base é
constituída basicamente de tolueno(3). Desta forma, o que acontece é a vaporização do
tolueno(3), acarretando perda deste componente. Como já discutido, a maior vaporização na
base, deve-se ao excesso de carga térmica gerado no refervedor. Em termos de controle do
processo, a temperatura da base muito pouco pode auxiliar.
No meiO da coluna, as modificações são muito mais significativas. No inicio, a
temperatura varia pouco, enquanto a fração molar do etanol(2) sofre grandes modificações.
Com o excesso de carga térmica, o etanol(2) presente na região inferior da coluna tende a
subir. Contudo, com a subida do tolueno(3), a temperatura tende a aumentar, bem como a
fração molar do etano!. Ambas de forma substancial. O mesmo comportamento do meio, é
observado no topo da coluna, em relação à fração molar do etanol(2).
Apesar de pequena variação apresentada, o meio da coluna ainda é a melhor região
para detectar se alguma coisa no processo está mudando. Daí a importância da monitoração
desta região.
9.4 IMPACTO DA CAPACITÂNCIA TÉRMICA DO
REFERVEDOR
Como foi dito anteriormente, até agora as simulações foram realizadas sem levar em
consideração a capacitância térmica do refervedor da coluna, ou ~a, aquela quantidade de energia
que é armazenada na estrutura do equipamento. No estado estacionário, a capacitância não tem
nenhuma influência sobre o processo. No entanto, quando ocorrem modificações, o efeito causado
124
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Dinâmica do Processo -Parte III
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Figura 9 ~ 7 - Temperatura e fração molar na base (a e b ), no meio (c e d) e no topo (e e f) da coluna.
Perturbação na vazão da corrente do solvente para o sistema acetona(! )-metanol(2)
clorobenzeno(3). -~Aumento emF2; -~Redução emF2.
125
Dinâmica do Processo -Parte III
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(e)
Figura 9. 8 - Temperatura e fração molar na base (a e b) e no meio (c e d) e, fração molar no topo
(e) da coluna. Perturbação na vazão da corrente do solvente para o sistema acetona(l )-etanol(2)
tolueno(3). __ Aumento emFz; __ Redução emF2.
126
Dinâmica do Processo - Parte III
pela capacitância é de importância fundamental. Estas modificações podem ser durante a operação
normal ou em procedimentos de partida e parada.
Para que este estudo possa ser realizado, é necessário que no modelo matemático, est~a
incluído o balanço de energia na estrutura do refervedor. Para a realização das simulações, foram
fornecidos valores para a carga térmica do refervedor, como nas simulações anteriores, e para a
capacitância do refervedor. Para se ter idéia do efeito gerado, foram considerados dois valores, de
grandezas diferentes, para a capacitãncia: l,OE07 e l,OE08 cal/kg.0 C. A comparação com os
resultados obtidos quando a capacitância foi desprezada, também foi feito. Os resultados são para
uma redução na vazão de refluxo da coluna. À exceção do sistema acetona(! )-etanol(2)-tolueno,
onde o percentual é de 2 %, nos outros sistemas a perturbação foi de 5 %.
A Figura 9.9 mostra os resultados para o sistema etanol(l)-água(2)-etileno glico(3). Fica
evidente que quanto maior a capacitância térmica do refervedor maior o periodo transiente. Uma
observação importante é quanto à rapidez da resposta da temperatura. Apesar de responder
rapidamente à perturbação, a variação é lenta. Para nenhum dos valores da capacitância, não há
aquele pulso observado para o caso onde a capacitância é desprezada. No entanto, a temperatura
responde tão lentamente para valores altos da capacitância, de modo que, no meio e no topo, o
periodo de integração não foi suficiente para sentir a perturbação.
Para o sistema acetona(l)-n-heptano(2)-tolueno(3), o periodo transiente também foi
proporcional ao valor da capacitância térmica do refervedor, conforme mostra a Figura 9.1 O. A
temperatura responde rapidamente e, somente o caso da capacitância com maior valor, não
apresentou o pulso logo após a perturbação. Para a simulação onde a capacitância tem valor
intermediário, o novo estado estacionário foi alcançado. Contudo, gera um atraso razoável no
meio da coluna, e que se repete no topo.
A Figura 9.11 mostra os resultados obtidos para o sistema acetona(l )-metanol(2)
clorobenzeno(3). Para o maior valor da capacitància, somente a base da coluna exibiu alguma
alteração nas variáveis. Mesmo assim, muito pequena. Para a capacitância de valor
127
Dinâmica do Processo - Parte 111
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Figura 9.9- Temperatura e fração molar na base (a e b) e no meio (c e d) e, fração molar no topo
(e) da coluna. Sistema etanol(l)-água(2)-etileno glico1(3). __ Capacitância desprezível,
Capacitância igual a LE7, __ Capacitãncia igual a l.E8.
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Dinâmica do Processo - Parte 111
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Figura 9.1 O - Temperatura e fração molar na base (a e b) e no meio (c e d) e, fração molar no topo
(e) da coluna. Sistema acetona(l)-n-heptano(2}-tolueno(3). -~Capacitância desprezivel,
Capacitância igual a l.E7, __ Capacitância igual a l.E8.
129
Dinâmica do Processo - Parte III
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Figura 9.11 - Temperatura e fração molar na base (a e b) e no meio (c e d) e, fração molar no topo
(e) da coluna. Sistema acetona(l)-metanol(2)-clorobenzeno(3)._~Capacitância desprezível,-~
Capacitância igual a l.E7, -~ Capacitância igual a l.E8
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Figura 9.12 - Temperatura e fração molar na base (a e b) e no meio (c e d) e, fração molar no topo
(e) da coluna. Sistema acetona(l)-etanol(2)-tolueno(3). __ Capacitância desprezíveL __
Capacitância igual a l.E7, __ Capacitância igual a l.E8.
131
Dinâmica do Processo - Parte JJJ
intermediário, todas as regiões apresentaram modificações. O comportamento foi semelhante
àquele observado para a simulação onde a capacitãncia era desprezada.
A resposta do sistema acetona(l)-etanol(2)-tolueno(3), mostrada na Figura 9.12, foi
semelhante para os casos onde a capacitância tem valor desprezível e valor intermediário. O
mesmo comportamento é observado no meio e no topo da coluna.
Comparando-se os quatro sistemas, observa-se que o impacto no comportamento dinâmico
é maior para os sistemas que apresentam temperaturas mais elevadas na base. Por isso mesmo, o
sistema etanol(l)-água(2)-etileno glícol(3), nem sequer alcançou o novo estado estacionário,
quando a capacitância foi considerada. Isto é explicado pelo alto calor latente dos componentes
envolvidos.
Do ponto de vista de controle, a capacitãncia causará o seguinte comportamento. Nos
sistemas com altas temperaturas na base da coluna, a manipulação da vazão de vapor poderá ser
feita sem o perigo de vaporizações bruscas. Por outro lado, as modificações esperadas serão
mais lentas. Nestes sistemas, para alcançar a condição estacionária des~ada, o tempo gasto é
grande. Já os sistemas com temperaturas mais moderadas, a manipulação da vazão de vapor
deverá ser feita com maior cuidado, a fim de evitar vaporização brusca. Contudo, as modificações
desejadas serão rápidas, e assim, o estado estacionário desejado é alcançado com maior rapidez.
9.5- CONCLUSÃO
Para o sistema 1, a contaminação do solvente com água(2), não causa variação significativa
na temperatura, em nenhuma região da coluna. A perturbação somente é percebida observando-se a
redução na qualidade do etanol(l) obtido no topo da coluna. Nessa região da coluna, a resposta da
fração molar é rápida, o que torna a perturbação altamente prejudicial ao processo. Caso não se
disponha de uma analise em linha, o intervalo de amostragem deve ser o menor possível, a fim de se
ter tempo suficiente para corrigir o distúrbio. O mesmo comportamento é observado no caso do
132
Dinâmica do Processo -Parte JII
sistema 2. Contudo, a redução na qualidade da acetona(!) obtida é maior, por causa da vazão de
solvente, que para o sistema 2 é maior.
Para o sistema 3, no meio e na base da coluna o comportamento é semelhante àquele
observado para os sistemas anteriores, ou ~a, o monitoramento do meio e da base da coluna
pouco informa sobre a condição da separação. Contudo, no topo da coluna, a redução na fração
molar do metanol(2) obtido é muito maior. A temperatura varia pouco, mas deve ser utilizada para
indicação de alguma anormalidade, principalmente pelo futo de não se observar atraso na resposta
das variáveis de topo.
De maneira geral, para os sistemas 1, 2 e 3, a maior parte do componente contaminante da
corrente de solvente, sairá pelo topo da coluna. A redução na qualidade do produto de topo
dependerá da vazão de solvente utilizada. Assim, separação que exija grande vazão de solvente, terá
a qualidade do produto de topo mais afetada.
No caso do sistema 4, a perturbação na corrente do solvente causa maiores danos na base
da coluna. Apesar de não apresentar atraso na resposta da temperatura da base, esta variável é a
mais indicada, e provavelmente a única, para tentar contornar o problema. A redução na qualidade
do tolueno(3) obtido é grande, em função da alta vazão de solvente utilizada.
A conclusão de que a maior parte do contaminante do solvente tende a sair pelo topo da
coluna, no caso dos sistemas anteriores, pode ser generalizada, da seguinte forma: a maior parte do
contaminante da corrente de solvente deixa a coluna junto com o componente que se deseja.
As conclusões a respeito da perturbação (ou manipulações) na vazão do solvente são
apresentadas agora. Para o sistema 1, o aumento da vazão de solvente somente causa modificação
relevante na base da coluna e, se por um lado a fração molar de etanol(l) no topo aumenta (99,78
para 99,85 %), por outro isto siguifica perda desse componente pela base. A redução da vazão de
solvente também causa variação na temperatura da base. No meio da coluna, a temperatura
somente varia com relevância, depois de um longo atraso. Este atraso do meio da coluna, reflete na
133
Dinâmica do Processo - Parte 111
resposta do topo. Nos dois casos, a temperatura da base é a melhor indicação da situação da
separação.
Para o sistema 2, quando a vazão é aumentada, as conclusões são as mesmas feitas para o
sistema 1. Contudo, quando a vazão é reduzida, o comportamento é diferente, principalmente no
meio e no topo da coluna. No meio a resposta é rápida e a modificação é significativa. O mesmo
acontece no topo da coluna. A temperatura do meio é a melhor indicação sobre as condições da
separação. Dinamicamente, o período transiente para a redução é muito maior do que para o
aumento da vazão.
Para o sistema 3, no meio e na base da coluna o comportamento é semelhante àquele
observado para os sistemas anteriores, ou seja, o monitoramento do meio e da base da coluna
pouca informa sobre a condição da separação. Contudo, no topo da coluna, a redução na fração
molar do metanol(2) obtido é muito maior. A temperatura varia pouco, mas deve ser utilizada para
indicação de alguma anormalidade, principalmente pelo fato de não se observar atraso na resposta
das variáveis de topo.
De maneira geral, para os sistemas 1, 2 e 3, a maior parte do componente contaminante da
corrente de solvente sairá pelo topo da coluna. A redução na qualidade do produto de topo,
dependerá da vazão de solvente utilizada. Assim, a separação que exija grande vazão de solvente,
terá a qualidade do produto de topo mais afetada.
Para os sistemas 1 e 2, a redução na vazão do solvente causa maior período transiente do
que o aumento. O sistema 2 mostra-se mais rápido quanto às modificações nas variáveis da coluna.
Além disso, o pr~uízo para o produto de topo é maior.
No caso do sistema 3, o aumento na vazão do solvente é uma perturbação dificil de ser
notada. Praticamente, nenhuma região da coluna apresentou modificação. A perda de metanol(2)
pela base da coluna somente pode ser percebida se houver análise em linha. Para a redução na
vazão, as modificações são mais acentuadas no meio e no topo da coluna. O meio da coluna tem a
vantagem de apresentar respostas rápidas, de modo que pode ser utilizada como indicação sobre a
134
Dinâmica do Processo -Parte li!
evolução da separação. No topo da coluna, a redução na qualidade do metanol(2) obtido é grande,
mas a temperatura desse ponto também pode auxiliar na manutenção da normalidade do processo.
Aparentemente, o fato de o aumento na vazão de solvente causar maior variação na base da
coluna é uma generalidade. Mesmo o Sistema 4, apresentou tal comportamento. Para este sistema,
a variação na base da coluna é a maior entre todos os sistemas estudados. O mesmo pode ser dito
com relação à redução na vazão de solvente. Neste caso a região que exibe maior modificação é a
do meio da coluna.
Em termos de influência da capacitância da estrutura do refervedor, a conclusão genérica
para todos os sistemas é que o período transiente gerado é muito maior, quando a mesma é
considerada. Além disso, desaparecem aquelas respostas abruptas que ocorriam na base da coluna,
e aparecem, ou aumentam, atrasos nas respostas, principalmente do meio e do topo.
A influência da capacitância é maior para os sistemas cuja temperatura da base é maior. Por
exemplo, quando a capacitância foi considerada iguall.E7, para o sistema 1 a composição de topo
não se modificou. Jà para o sistema 2, considerando o mesmo valor da capacitância, a composição
de topo exibiu comportamento semelhante àquele observado para o caso onde a capacitância é
desprezada. A diferença foi devido ao atraso que a inclusão da capacitância originou. O mesmo
acontece para os sistemas 3 e 4.
135
Performance dos Modelos Matemáticos
10- PERFORMANCE DOS MODELOS
MATEMÁTICOS
10.1 - INTRODUÇÃO
Neste capítulo será discutida a influência da modelagem matemática no resultado das
simulações. No caso das simulações estacionárias, a comparação é feita entre os modelos
prato-a-prato e reduzido. Com relação à dinâmica, o programa desenvolvido possibilita
simulações utilizando diversos modelos; desde o mais rigoroso, com todas as equações na
forma diferencial, até o mais simplificado, aquele que apresenta apenas a composição da fase
líquida como variável diferencial. As simplificações realizadas têm como objetivo diminuir o
tempo computacional gasto na simulação.
10.2 - MODELO COMPLETO x MODELO REDUZIDO -
ESTADO ESTACIONÁRIO
No estado estacionário, a redução de modelos torna-se extremamente importante em
situações que exigem repetidas simulações, por exemplo, no estudo de otimização. Os modelos
utilizados nestas simulações são semelhantes, ou Sl'êia, as suposições feitas, são as mesmas para os
dois modelos. A técnica de redução utilizada foi a colocação ortogonal. O pontos de colocação
foram as raizes dos polinômios de Hahn. Deve-se observar que um modelo reduzido não significa
necessariamente que ele seja simplificado, ou Sl'êia, um modelo reduzido pode ser tão rigoroso
quanto um modelo prato-a-prato.
As condições operacionais e as características da coluna são um pouco diferentes daquelas
utilizada até agora. O sistema estudado foi o etano!( I )-água(2)-etileno glicol(3). Para avaliar a
peiformance do modelo reduzido algumas variáveis foram modificadas. A eficiência foi fixada em
136
PerfOrmance dos Modelos Matemáticos
60 %. O número de pratos foi fixado em 34. O binário etanol(l)-água(2) alimentou o prato 17 e o
solvente foi alimentado no prato 31. A razão de refluxo foi mantida em O. 7. As vazões do binário e
do solvente foram iguais a 450 e 270 mol/min, respectivamente. As temperaturas das alimentações
foram iguais às utilizadas nos itens anteriores. São plotados os resultados obtidos para 9 pontos de
colocação internos: quatro na região de esgotamento, três na de extração e dois na região de
retificação. Deve-se lembrar que o refervedor e o condensador funcionam como condições de
fronteira.
A figura 10.1 a mostra o perfil de concentração na fase liquida para os modelos prato-a
prato e reduzido. Como pode-se observar, o grau de concordância do modelo reduzido é muito
bom, quando comparado ao modelo prato-a-prato. Devido à forma das curvas, a região de
esgotamento mostrou-se mais sensível à variação no número de pontos de colocação. Em termos
de tempo computacional, a utilização do modelo reduzido implicou em uma redução acentuada.
Cerca de 5 vezes menor do que a simulação utilizando o modelo prato-a-prato. A figura 10.1b
mostra o perfil de temperatura obtido para os dois modelos. Novamente, a concordância foi muito
boa.
1.00 -,------ 160.0~----------~
140_0
v 120_0
1100.0 >-
80.0
60.0 ~~-.,--~--~--~--
10 20 30 Número de estãgio
(a) (b)
Figura 1 O .1 - Perfil de composição na fuse liquida (a) e temperatura (b) no estado estacionário.
137
Performance dos Modelos Matemáticos
10.3- SIMPLIFICAÇÕES NOS MODELOS PRATO-A-PRATO
DINÂMICOS
Como citado anteriormente, uma das maiores dificuldades na simulação dinâmica de
colunas de destilação é o grande número de equações diferenciais a ser resolvido. Assim, é comum
entre os pesquisadores que trabalham com modelagem de colunas de destilação adotarem
simplificações. A simplificação mais utilizada é considerar o balanço de energia na forma algébrica,
visto que o co~unto de equações diferenciais referente ao balanço de energia é responsável direto
pela grande rigidez do sistema de equações diferenciais do modelo global. A explicação para tal
simplificação é o fato da rapidez na transferência de energia em cada prato, enquanto a transferência
de massa se dá de forma bem mais lenta.
Para analisar o efeito das simplificações na modelagem de uma coluna de destilação
extrativa, as simulações foram realizadas utilizando os quatro modelos desenvolvidos no capítulo 4.
As principais caracteristicas de cada um são as seguintes:
Modelo 1 - Holdup da fase liquida constante e exclusão do balanço de energia;
Modelo 2 - Holdup da fase líquida constante e balanço de energia na forma algébrica;
Modelo 3 - Holdup da fase liquida variável e balanço de energia na forma algébrica;
Modelo 4 - Holdup da fase líquida variável e balanço de energia na forma diferencial (modelo
rigoroso).
Com estes modelos foi possível avaliar a influência do holdup da fase líquida (constante e
variável) e do balanço de energia (exclusão, forma algébrica e forma diferencial) na simulação. O
estudo foi realizado utilizando-se todos os sistemas. O aumento na carga térmica do refervedor foi a
perturbação escolhida. É uma das perturbações que causa maiores modificações. Em termos
numéricos, o aumento para o três primeiros sistemas foi de 5 %. Para o sistema acetona( I)
etanol(2)-tolueno(3), o aumento foi de 2 %.
138
PerfOrmance dos Modelos Matemáticos
10.3.1 - MODELO SIMPLIFICADO x MODELO RIGOROSO
A Figura 10.2 mostra os resultados obtidos para o sistema etanol(l)-água(2)-etüeno
glicol(3). De acordo com as Figuras 10.2a e 10.2b, na base da coluna, o modelo 3 foi o que
apresentou resultados mais concordantes com os resultados do modelo 4. Para o modelo 2, apesar
dos resultados nos estados estacionários inicial e final serem coincidentes com os do modelo
rigoroso, durante o período transiente a resposta não representa o comportamento rigoroso do
sistema. Por exemplo, não apresenta a inversão observada nas respostas das variáveis. Os
resultados do modelo 1 discordam dos resultados de todos os modelos. Isto acontece desde o
estado estacionário inicial até o estado estacionário final.
No me1o da coluna, conforme mostra as Figuras 10.2c e 10.2<1, todos os modelos
apresentam comportamento qualitativo bem próximo do modelo rigoroso. A diferença básica é o
atraso um pouco maior, que é observado para o modelo rigoroso. O modelo 1 foi o que apresentou
resultados mais distintos em relação ao modelo rigoroso.
No topo da coluna, a variação observada para a fração molar do etanol(1) é mais rápida
quanto mais simples for o modelo, como mostra a Figura 10.2e. Isto quer dizer que, o atraso
observado, na realidade, é maior do que aquele apresentado pelos modelos simplificados.
Para esta perturbação, a ação de controle a ser tomada seria a redução na vazão de vapor
para o refervedor. O resultado imediato seria mais evidente na base da coluna e, foi nesta região da
coluna que os resultados dinâmicos foram mais discrepantes. Isto significa que somente o modelo 3
poderia ser utilizado no projeto de um controlador. Caso contrário, o sistema de controle poderia
estar tomando uma ação equivocada ou pouco eficiente.
Os resultados apresentados pelo modelo 1 indicam que a manutenção do holdup dos pratos
constante e a exclusão do balanço de energia são simplificações que podem conduzir a erros
grosseiros, tanto dinamicamente quanto no estado estacionário. Com a inclusão do balanço de
energia na forma algébrica, como no modelo 2, a representação no estado estacionário é
conseguida, mas a dinâmica não. Considerando o holdup variável e o balanço de energta na
139
Performance dos Modelos Matemáticos
forma algébrica, os resultados se aproximam tanto no estado estacionário, quanto no dinâmico.
Isto significa que a variação da vazão de líquido é fundamental sobre a dinâmica do processo.
Os resultados obtidos para o sistema acetona( I )-n-heptano(2)-tolueno(3) são mostrados
na Figura 10.3. No estado estacionário, os modelos 2 e 3, representam o comportamento rigoroso
do processo de forma muita próxima. Dinamicamente, há um pequeno desvio em relação ao
comportamento rigoroso. Já o modelo 1, mais uma vez, apresentou resultados discrepantes,
qualitativamente e quantitativamente, nos estados estacionário e dinâmico.
Para este sistema, a simples inclusão do balanço de energia na forma algébrica, como
acontece com o modelo 2, é suficiente para tornar o modelo mais apropriado. Significa, uma maior
importãncia do balanço de energia do que a variação do holdup da fase líquida. A principio, para
este sistema, os modelos 2 e 3 podem ser utilizados no projeto do controlador.
A Figura 1 O .4 mostra os resultados obtidos para o sistema acetona( I )-metano1(2)
clorobenzeno(3). A utilização do modelo 1 não produziu resultados fisicamente possíveis, de modo
que os resultados obtidos por este modelo não serão apresentados. Conforme as Figuras10.4a e
10.4b, na base da coluna, os resultados obtidos para os estados estacionários são semelhantes para
os três modelos. Dinamicamente, os modelos 2 e 3 comportam-se de maneira igual e, diferem
levemente do modelo rigoroso. Enquanto no modelo rigoroso a temperatura apresenta um
comportamento sempre variante, nos modelos 2 e 3 esta variável chega a alcançar, logo após a
perturbação, valor estacionário, para em seguida variar novamente.
No meio da cohma, a concordância entre os modelos 2 e 3 é maior ainda do que na base.
Demonstra que a inclusão do balanço de energia tem mais influência do que o fato de se considerar
o holdup da fase líquida variável. Com relação ao modelo rigoroso, o que se observa é um
deslocamento da curva apresentada por este modelo, em relação aos modelos 2 e 3.
Aparentemente, o balanço de energia na forma diferencial é a causa deste deslocamento. Os
resultados são mostrados nas Figuras 10 .4c e 1 O .4d. No topo da coluna, a inclusão do balanço de
energia na forma diferencial também causa um deslocamento. Contudo, nesta região, o
deslocamento se aproxima mais de um atraso, conforme mostram as Figuras 1 0.4e e I O. 4f
140
Performance dos Modelos Matemáticos
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(c) (d)
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(e)
Figura 10.2- Temperatura e fração molar na base (a e b), no meio (c e d) e no topo (e) da coluna.
Perturbação na carga térmica do refervedor. Sistema etanol(l)-água(2)-etileno glicol(3).
Modelo I; __ Modelo 2; __ Modelo 3; __ Modelo 4.
141
Performance dos Modelos Matemáticos
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(e)
Figura 10.3 - Temperatura e fração molar na base (a e b ), no meio (c e d) e no topo (e) da coluna.
Perturbação na carga térmica do refervedor_ Sistema acetona( I )-n-heptano(2)-tolueno(3).
Modelo 1; -~Modelo 2; -~Modelo 3; -~Modelo 4.
142
Performance dos Modelos Matemáticos
Para este sistema, as modificações são percebidas em todas as regiões da coluna.
Normalmente, as manipulações serão realizadas no topo e/ou no fundo. Nestes dois pontos, as
ações de controle podem não ser eficientes, caso o modelo utilizado ~a o 2 ou o 3. No topo da
coluna, por exemplo, a ação de controle poderia ser tomada antes da temperatura começar a variar.
Os resultados obtidos para o sistema acetona( I )-etano1(2)-tolueno(3) são mostrados na
Figura 10.5. Novamente, somente os modelos 2, 3 e 4 apresentaram resultados fisicamente
possíveis. Na base da coluna, Figuras 10.5a e 10.5b, as variações, em relação ao estado estacionário
inicial, foram pequenas em virtude das caracteristicas do sistema. No entanto, são variações que
causam grandes modificações no resto da coluna. Os modelos 2 e 3 apresentaram resultados
semelhantes, tanto dinamicamente quanto no novo estado estacionário alcançado. Comparando os
resultados obtidos com os modelos 2 e 3 e, os resultados fornecidos pelo modelo rigoroso,
observa-se que, a diferença no estado estacionário é muito pequena. No periodo transiente, no
entanto, a variação da temperatura no modelo rigoroso continua, enquanto os outros modelos já
apresentam valor estacionário. Este comportamento causa diferenças significativas nas outras
regiões da coluna, conforme será mostrado a seguir.
De acordo com as Figuras 1 O. 5c e 1 O .5d, os três modelos apresentam respostas
coincidentes no estado estacionário. Contudo, dinamicamente, as respostas dos modelos 2 e 3, são
extremamentes diferentes daquelas apresentadas pelo modelo rigoroso. Logo após a perturbação,
para os modelos 2 e 3, a temperatura sofre urna pequena alteração e, em seguida, varia de forma
exponencial. Já no modelo rigoroso, logo após a perturbação, a temperatura sofre uma pequena
modificação, se mantém neste patamar por um longo periodo e, somente depois de um longo
periodo, varia de forma exponencial.
Para o topo da coluna, os valores nos estados estacionário inicial e final, são os mesmos
para os três modelos. Dinamicamente, os modelos 2 e 3 apresentam respostas mais ou menos
iguais. Comparando-se estes resultados com os resultados fornecidos pelo modelo rigoroso,
percebe-se que as discrepâncias são muito grandes. Para os três modelos, o sistema apresenta
comportamento oscilatório. No entanto, a oscilação para os modelos 2 e 3, são menores do que
para o modelo rigoroso. Por esta razão, para o modelo rigoroso, o período transiente é maior.
143
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Performance dos Modelos Matemáticos
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(f)
Figura 10.4- Temperatura e fração molar na base (a e b), no meio (c e d) e no topo (e) da coluna.
Perturbação na carga térmica do refervedor. Sistema acetona( I )-metanol(2)-clorobenzeno(3).
Modelo 2; -~Modelo 3; -~Modelo 4.
144
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Performance dos Modelos Matemáticos
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Figura 10.5- Temperatura e fração molar na base (a e b), no meio (c e d) e no topo (e) da coluna.
Perturbação na carga térmica do refervedor. Sistema acetona(l)-etanol(2)-tolueno(3). __
Modelo 2; __ Modelo 3; __ Modelo 4.
145
PerfOrmance dos Modelos Matemáticos
De uma maneira geral, a temperatura da base tem muito pouco a dizer sobre a real situação
do processo, visto que a variação numérica é pequena. Assim, a temperatura do meio é de grande
auxílio na manutenção das condições do processo. Por esta razão, a utilização de modelos mais
simplificados pode influenciar em decisões de controle que possam vir a serem tomadas. Mais do
que no sistema anterior, a inclusão do balanço de energia na forma algébrica tem importância
fundamental na relevância dos resultados obtidos dinamicamente.
10.4 - CONCLUSÃO
O modelo reduzido, mostrou resultados com boa concordância, quando comparado ao
modelo prato-a-prato. Em termos de esforço computacional, o modelo reduzido foi muito superior
ao modelo prato-a-prato, cerca de 5 vezes menor para as simulações no estado estacionário. Em
termos de robustez, a redução toma o sistema de equações algébricas mais dependentes das
condições iniciais, tanto que alguns problemas de convergência foram observados.
Com relação à dinâmica, se a comparação for feita levando-se em consideração os três
sistemas, observa-se que, as simplificações são mais prejudiciais para sistemas mais atípicos.
Por exemplo, enquanto o solvente era o componente mais pesado e os componentes eram
obtidos conforme o seu ponto de ebulição, o modelo I produziu resultados fisicamente
possíveis. No momento que os componentes passaram a ser retirados independentemente do
ponto de ebulição, o modelo I não funcionou. Outra situação foi quando o solvente passou a
ser o componente de menor ponto de ebulição.
Aparentemente, para esses sistemas, as variações nos fluxos molares ao longo da
coluna são fundamentais para se atingir o equilíbrio de fases. Para os modelos mais
simplificados, p.e. os modelos I e 2, a vazão de retirada no topo e/ou no fundo chegou a
apresentar valores negativos durante o período transiente, o que fisicamente é impossível, para
em seguida apresentar valores condizentes com a realidade fisica.
146
PerfOrmance dos Modelos Matemáticos
Para alguns sistemas, por exemplo, o sistema etanol(l)-água(2)-etileno glicol(3), a
inclusão do holdup variável e do balanço de energia na forma algébrica, como no modelo 3,
faz com que o resultado seja muito diferente de quando somente o balanço de energia é
considerado na forma algébrica, como é feito no modelo 2. Para outros sistemas, por exemplo
acetona( 1 )-n-heptano(2)-tolueno(3), acetona( 1 )-metanol(2)-clorobenzeno(3) e acetona( 1 )
etanol(2)-tolueno(3), as diferenças entre os resultados apresentados para estes dois modelos
são muito pequenas. Para estes três últimos sistemas, a maior diferença é observada devido ao
fato de não se considerar o balanço de energia na forma diferencial.
De acordo com os resultados obtidos, fica claro que a importância de modelos rigorosos é
indiscutível sob todos os aspectos, principalmente em relação ao controle do processo. Um modelo
simplificado, pode levar a conclusões equivocadas (pensar que o processo responde de forma rápida
ou lenta, conforme a situação, quando acontece exatamente o contrário). Desta forma, o
controlador projetado com base nesse modelo, tomará decisões também equivocadas (por exemplo
alterar a vazão de uma corrente antes do momento certo). Pode-se tentar explicar que tal
procedimento, deve-se ao futo das dificuldades na simulação (tempo computacional excessivamente
grande). Entretanto, o ganbo em termos de esforço computacional, não justifica o uso de modelos
que forneça resultado pouco representativo.
A utilização de modelos simplificados, pode tornar -se importante quando pretende-se fazer
comparações entre uma e outra configuração de controle. Neste caso, espera-se que, as
simplificações realizadas tenbam o mesmo efeito sobre as configurações, e o resultado indicará qual
a melbor configuração de controle para o processo, mas não quais os valores dos parâmetros a
serem utilizados.
147
Avaliação de Uma Nova Configuração Para o Processo de Destilação Extrativa
11 -A V ALIAÇÃO DE UMA NOVA
CONFIGURAÇÃO PARA O PROCESSO DE
DESTILAÇÃO EXTRATIVA
11.1 - INTRODUÇÃO
De acordo com o que foi apresentado até agora, a separação de binários azeotrópicos
através da destilação extrativa, normalmente, é realizada utilizando duas colunas de destilação.
A primeira coluna tem como função "quebrar" o azeótropo, enquanto a segunda é utilizada
para recuperar o solvente usado. Neste capítulo é avaliada uma configuração alternativa para a
separação de binários azeotrópicos utilizando apenas uma coluna de destilação. Esta nova
configuração para a destilação extrativa, somente foi testada para o processo cujo solvente
utilizado apresente baixa volatilidade.
11.2 - NOVA CONFIGURAÇÃO PARA A DESTILAÇÃO
EXTRATIVA
Até o presente momento, todos os resultados apresentados são pertinentes à colunas de
destilação extrativa. Apesar de não ter sido considerada a presença da segunda coluna (coluna
de recuperação), esta é de fundamental importância no processo como um todo. Dois motivos
tornam esta coluna extremamente importante: 1) o solvente (corrente de reciclo) é obtido na
base desta coluna; 2) na maioria dos casos, o solvente é alimentado próximo ao topo da
coluna. Isto é, a composição e a temperatura do solvente influenciam diretamente na
composição do produto de topo da coluna extrativa.
148
Avaliação de Uma Nova Configuração Para o Processo de Destilação Extrativa
Neste capítulo, nós propomos a separação de binários azeotrópicos usando apenas uma
coluna de destilação, baseado em discussão com o Professor Meirelles (1996) que verificou
esta possibilidade a tempos atrás. Os três componentes puros são obtidos em regiões distintas
da coluna. De acordo com os obtidos, a viabilidade desta nova configuração é assegurada para
sistemas que utilizam solventes com volatilidades extremamente baixas. Os resultados
apresentados são para o sistema etanol(l)-água(2)-etileno glicol(3).
11.2.1 -SIMULAÇÃO NO ESTADO ESTACIONÁRIO
Analisando os resultados obtidos para o sistema etanol(l)-água(2)-etileno glicol(3),
Figura 6.6, observa-se que a fração molar da água(2) na fase vapor apresenta um valor
bastante elevado na região próxima da base. Este valor, pode ser maior ainda, se pudermos
aumentar o valor da fração molar da água(2) na fase líquida. Na realidade, o que se deseja é
fazer com que o perfil de água(2) apresente uma variação tanto maior quanto possível, sem
que se tenha prejuízo na qualidade do etano!( I) obtido no topo da coluna. Se isto for
conseguido, poder-se-ia retirar vapor de água(2) através de uma corrente lateral, o solvente na
base da coluna e, o etano! no topo da coluna.
O deslocamento do perfil de concentração dos componentes envolvidos, principalmente
da água(2), pode ser conseguido aumentando-se a retirada de destilado pelo topo da coluna.
Com base no esquema apresentado no capítulo 6, a vazão de topo foi fixada em 85,43 mol/min
e a vazão da retirada lateral foi especificada em 14,7 mol/min. O esquema para esta nova
configuração é mostrado na Figura 11.1 A pressão da base foi mantida em 1,0 atm. Com a
perda de carga, 0,0070 atm por prato, a região de topo apresenta uma pressão menor do que
1,0 atm. Isto significa a necessidade de utilizar uma bomba de vácuo para manter a pressão em
tal valor. O fato de se trabalhar com a pressão da base em I, O atrn, tem como objetivo evitar
altas temperaturas.
Comparando-se as Figuras 6.5 e 11.1 percebe-se que a única modificação na coluna foi
a inclusão da retirada lateral, ou seja, a mesma coluna utilizada para a destilação extrativa
149
Avaliação de Uma Nova Configuração Para o Processo de Destilação Extrativa
convencional (número de pratos e geometria da coluna) pode ser usada para esta nova
configuração. Uma comparação entre os perfis para as duas configurações pode ser feito
observando-se as Figuras 11.2 e 6.6.
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#12
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x,~0,9950
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y,~o.oos4
Q,~0,206734E+7
Figura 11.1 -Nova configuração do processo destilação extrativa para o sistema etanol(1)-água(2)
etileno glicol(3).
A primeira observação a ser feita é quanto as regiões da coluna. Analisando a Figura
11.2, percebe-se que as regiões de esgotamento e extração, já não podem ser identificadas com
nitidez, como na Figura 6. 7. Entretanto, as modificações mais significativas são observadas
para a fase vapor, conforme as Figuras 11.2b e 6. 7b. Diferentemente da configuração
convencional, na nova configuração percebe-se que o etileno glicol(3) está presente em
quantidade razoável até o prato 5, o que é explicado pelas altas temperaturas nesta região. Mas
o que realmente impressiona é o comportamento da água(2) na nova configuração, que
aumenta de forma exponencial, para em seguida diminuir, também de forma exponencial.
150
Avaliação de Uma Nova Configuração Para o Processo de Destilação Extrativa
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Figura 11.2- Perfis de concentração na fàse liquida (a) e na fàse vapor(b) para o esquema da Figura
111.
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13 17 " Número de estágio
(b)
Figura 6. 6 - Perfis de concentração na fase líquida (a) e na fase vapor(b) para o esquema da Figura
65.
O aumento da fração molar de água na fase vapor, observado para a nova
configuração, acontece porque, quando se aumenta a retirada de topo, significa aumentar a
carga térmica do refervedor, ou seja, a água(2) que está na base da coluna tende a vaporizar e
ascende ao longo da coluna. Por outro lado, a redução na fração molar da água(2) na fase
vapor, é resultado da retirada lateral. Maciel (1989) verificou nas superficies de equilíbrio que
o componente intermediário em volatilidade apresenta um máximo e sugeriu explorar isto em
!51
Avaliação de Uma Nova Configuração Para o Processo de Destilação Extrativa
alternativas de retirada lateral. No caso deste trabalho, a água é o componente intermediário
em volatilidade.
Em termos de processo, a qualidade do etano!( 1) obtido foi ligeiramente menor para a
nova configuração. A pureza do etano!(!) pode ser aumentada variando-se alguns parâmetros
(aumentando-se a pressão da base para 1,1 atm a pureza do etano! foi de 99,65 %). Contudo,
o valor da pureza no topo da coluna tem de ser avaliado conforme a utilização do etano!(!)
obtido. Por exemplo, para fins de melhorar a octanagem de combustíveis, uma das grandes
utilizações do etanol(l), um produto com especificação 99,50 % em moi está dentro das
especificações, o que seria atendido utilizando a nova configuração. Na base da coluna o
etileno glicol(3) é obtido com pureza superior a 99,9 %, o que assegura que pouco
contaminará o produto de topo da coluna, uma vez que esta corrente retoma à coluna na parte
superior. Na corrente lateral a água e obtida como vapor com mais de 99,0 % de pureza. Uma
vez que a vazão desta corrente é baixa, significa perda em termos de etileno glicol(3) é muito
pequena.
Com relação ao consumo energético, a nova configuração apresenta uma carga térmica
para o refervedor maior do que a configuração padrão. Isto por que a água(2) é retirada na
forma de vapor, ou seja, há o consumo com a vaporização, enquanto na configuração padrão a
água é retirada na forma líquida. Por outro lado, no caso da configuração padrão, ainda será
preciso recuperar o solvente usado na extração, o que é feito na coluna de recuperação.
Globalmente, a nova configuração apresenta uma pequena vantagem em relação á
configuração convencional em termos de carga térmica.
~ A
11.2.2 - SIMULAÇOES DINAMICAS
Estas simulações, tiveram como objetivo avaliar o impacto de perturbações, positivas e
negativas na dinâmica do processo. Foram perturbadas as seguintes variáveis: vazão de
refluxo, carga térmica do refervedor, composição do binário e vazão da corrente do binário.
!52
Avaliação de Uma Nova Configuração Para o Processo de Destilação Extrativa
Para esta nova configuração não foi estudado o efeito das perturbações na corrente do
solvente, uma vez que esta corrente agora, faz parte da mesma coluna e volta como reciclo.
Inicialmente, a análise foi feita para comparar os efeitos gerados pelas perturbações
positiva e negativa. Em seguida, foi feita a comparação entre os resultados obtidos para esta
nova configuração e a configuração convencional. Exatamente por se pretender fazer uma
comparação com a configuração convencional, as perturbações foram iguais àquelas realizadas
anteriormente. V ale lembrar que a vazão da corrente de retirada lateral teve o seu valor
mantido constante.
11.2.2.1 -PERTURBAÇÃO NA VAZÃO DE REFLUXO
Os resultados obtidos para esta perturbação são mostrados na Figura 11.3. Para o aumento
da vazão de refluxo, de acordo com as Figuras 11.3a e 11.3b, a diminuição da temperatura é
provocada pelo aumento da fração molar da água(2). É pouco provável que nesta temperatura,
cerca de 190 °C, haja perda de etano!( I) pela base. No prato de retirada lateral, a fração molar de
etanol(l) na fase líquida ficou em 0,5 %, indicando que está havendo perda de etano!( 1 ). Contudo,
o dano maior é a presença da água(2) na base da coluna. Como a corrente da base retoma para a
coluna, esta água(2) contaminará o produto de topo. A descida da água(2) para a base da coluna
pode ser evitada utilizando-se a temperatura da base como indicador, a qual apresenta resposta
imediata. No meio da coluna, Figuras 11.3c e 11.3d, poucas informações podem ser obtidas a
respeito da anormalídade do processo. Como já havia sido mencionado, a fração molar do etanol(l)
no topo pode ser aumentada pelo aumento da vazão de refluxo, o que pode ser constatado na
Figura 11.3e.
Quando a vazão de refluxo foi reduzida, aconteceu exatamente o contrário. Na base, as
modificações praticamente não existiram. Em virtude da água(2) quase não estar presente neste
ponto, a temperatura variou de maneira insignificante e, não pode ser usada como indicação de que
alguma coisa no processo está errada. Por outro lado, no meio da coluna as modificações foram
153
Avaliação de Uma Nova Configuração Para o Processo de Destilação Extrativa
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Figura 1 13 - Temperatura e fração molar na base (a e b ), no meio (c e d) e no topo (e) da coluna.
Perturbação na vazão do refluxo (R). __ Aumento em R; __ Redução em R.
!54
Avaliação de Uma Nova Configuração Para o Processo de Destilação Extrativa
significativas. A temperatura aumentou em função do aumento da fração molar da água(2) e
diminuição da fração molar do etano!( 1 ), principalmente.
O aumento da fração molar da água(2) é resultado da subida deste componente, o qual
contamina o etanol(l) obtido no topo da coluna, conforme a figura 11.3e. Assim, a temperatura do
meio é a única maneira de saber das anomalias que estão acontecendo.
11.2.2.2 PERTURBAÇÃO NA CARGA TÉRMICA DO
REFERVEDOR
Este tipo de perturbação produz efeitos contrários àqueles causados pela perturbação na
vazão de refluxo. Desta furrna, para o aumento na carga térmica do refervedor, a variável indicada
para controle do processo é a temperatura do meio, enquanto que, no caso da redução, a
temperatura da base, é a variável indicada para o controle. Os resultados são apresentados na Figura
11.4.
11.2.2.3 PERTURBAÇÃO NA COMPOSIÇÃO DA
CORRENTE DO BINÁRIO AZEOTRÓPICO
O aumento na concentração de etano!( 1) na corrente azeotrópica, significa mais etano!( 1)
entrando no sistema. Para esta modificação, a temperatura da base apresenta o fenômeno da
resposta inversa. A inversão na resposta da temperatura é conseqüência do comportamento exibido
pela fração molar da água(2), como mostram as Figuras 11.5a e 11.5b. Este comportamento
acontece por que existe apenas o solvente e a água(2) nesta região. O aumento da fração molar da
água(2) representa, mesmo que temporariamente, problemas para a qualidade do etano!(!) obtido
no topo. No meio da coluna, Figuras 11.5c e 11.5d, a fração molar da água(2) diminui, em função
do deslocamento do etanoi(J ). Por isso mesmo, a temperatura, apesar da pouca variação, diminui.
No topo é observado o aumento da fração molar do etano!( I), conforme mostra a Figura 11.5e.
155
Avaliação de Uma Nova Configuração Para o Processo de Destilação Extrativa
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Figura 11.4 - Temperatura e fração molar na base (a e b ), no meio (c e d) e no topo (e) da coluna.
Perturbação na carga térmica do refervedor (Qr). __ Aumento em Qr; __ Redução em Qr.
!56
Avaliação de Uma Nova Configuração Para o Processo de Destilação Extrativa
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Figura 11.5 - Temperatura e fração molar na base (a e b ), no meio (c e d) e no topo (e) da coluna.
Perturbação na composição do binário azeotrópico. __ Aumento em x1F1 ; __ Redução em
157
Avaliação de Uma Nova Configuração Para o Processo de Destilação Extrativa
Para a diminuição da concentração de etano!( I) na corrente do azeótropo, a temperatura da
base, praticamente, não se modificou, bem como a fração molar da água(2). Percebe-se que, para
esta perturbação, gerou-se um excesso de carga térmica no refervedor. Este ponto da coluna, nada
tem a informar sobre a situação do processo. Já no meio da coluna, a temperatura modificou-se de
forma significativa, tendo o seu valor aumentado em função do aumento da fração molar da
água(2). Isto quer dizer que, o excesso de carga térmica gerado deslocou a água(2) para cima da
coluna. Esta água(2) que sobe é proveniente da região um pouco acima da base, visto que, na base
propriamente dita, não há água(2). A variação da temperatura do meio mostra a importância, em
termos de controle, da monitoração desta região. Além do meio, o deslocamento da água(2) é
sentido no topo da coluna, onde a fração molar do etano!( 1) diminui substancialmente, de acordo
com a Figura 11.5e.
11.2.2.4 - PERTURBAÇÃO NA VAZÃO DA CORRENTE DO
BINÁRIO AZEOTRÓPICO
O resultado global para este tipo de perturbação é a geração de excesso ou insuficiência de
carga térmica no refervedor. No novo estado estacionário alcançado, os valores numéricos são
diferentes. No entanto, em termos dinâmicos, os resultados obtidos para este tipo de perturbação,
são semelliantes aos apresentados para a perturbação na vazão de refluxo. Isto quer dizer o
seguinte: para aumentos na vazão do binário, a temperatura da base é a mais indicada para controle.
No caso de redução na vazão do binário, a temperatura do meio é a variável mais indicada para
controle. A Figura 11.6 apresenta os resultados quando a vazão do binário azeotrópico é
perturbada.
11.2.2.4 CONFIGURAÇÃO CONVENCIONAL x NOVA - A
CONFIGURAÇAO- ASPECTO DINAMICO
Depois de estudar o efeito de algumas variáveis sobre a dinâmica do processo, neste
item é realizada a comparação entre a nova configuração e a configuração convencional. O
]58
Avaliação de Uma Nova Configuração Para o Processo de Destilação Extrativa
estudo comparativo é realizado apenas para o aspecto dinâmico. O objetivo deste estudo foi
determinar as diferenças nas respostas das variáveis, mediante as mesmas perturbações. A
comparação foi feita considerando-se separadamente as perturbações, ou seja, para
perturbações positivas fez-se uma comparação e para perturbações negativas foi feita outra
comparação.
A primeira comparação é feita para as perturbações na vazão do refluxo. As Figuras
11. 7a e 11. 7b mostram as temperaturas na base e no meio da coluna, respectivamente.
Observa-se que, para as duas configurações, a temperatura da base é a variável indicada a ser
tomada como variável de medida. Para a configuração convencional, a ação de controle seria
tomada mais rapidamente, visto que a variação da temperatura ocorre um pouco mais
rapidamente. O período transiente gerado foi aproximadamente igual para as duas
configurações. A temperatura do meio, nos dois casos, pouco informa sobre a variação nas
condições operacionais do processo. É interessante observar que, apesar da temperatura da
base ser maior para a configuração convencional, no meio da coluna, essa configuração
apresenta menor valor para a temperatura.
Para a redução na vazão de refluxo, os resultados são completamente opostos, como
mostram as Figuras 11.8a e 11.8b. Para a configuração convencional, a variável a ser tomada
como medida é a temperatura da base, a qual apresenta uma variação de aproximadamente 6
°C. Já para a nova configuração, a variável de medida deverá ser a temperatura do meio da
coluna, a qual apresenta resposta rápida. O período transiente gerado para a nova
configuração é bem menor do que o gerado para a configuração convencional. Esta
diferença deve-se ao atraso, observado para o meio da coluna, no caso da configuração
convencional.
159
Avaliação de Uma Nova Configuração Para o Processo de Destilação Extrativa
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1200.0 1600.0
Figura 11.6- Temperatura e fração molar na base (a e b), no meio (c e d) e no topo (e) da coluna.
Perturbação na vazão do binário azeotrópico. __ Aumento emF1; __ Redução emF1.
160
Avaliação de Uma Nova Configuração Para o Processo de Destilação Extrativa
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(b)
Figura 11.7 - Temperatura na base (a) e no meio (b) da coluna para aumento da vazão de refluxo
(R). --Nova configuração; ----- Configuração convencional.
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(b)
Figura 11.8 - Temperatura na base (a) e no meio (b) da coluna para redução da vazão de refluxo
(R). --Nova configuração; ----- Configuração convencional.
Os resultados obtidos quando a carga térmica do refervedor foi aumentada são
apresentados nas Figuras 11.9a e 11.9b. Para a configuração convencional, a temperatura da
base é a mais indicada, visto que não apresenta atraso, como no meio da coluna. Por outro
lado, apresenta pequena inversão na resposta, o que aumenta a dificuldade no controle. Para a
nova configuração, a temperatura deverá ser medida no meio da coluna, já que na base
praticamente não se tem variação. Para as duas configurações, as variáveis medidas
apresentam respostas rápidas. O período transiente gerado para a nova configuração é muito
161
Avaliação de Uma Nova Configuração Para o Processo de Destilação Extrativa
menor do que para a configuração convencional. O motivo é o atraso observado no meio da
coluna convencional.
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84.00.......:
0.0 500.0 1000.0 1500.0 2000.0 2500.0 Tempo, min
(b)
Figura 11.9- Temperatura na base (a) e no meio (b) da coluna para aumento da carga ténnica do
refervedor (Qr). --Nova configuração;---- Configuração convencional.
Para a diminuição na carga térmica do refervedor, as Figuras 11.1 Oa e 11.1 Ob, mostram
que as duas configurações devem adotar como variável de medida a temperatura da base.
Neste caso, os períodos transientes têm a mesma duração.
A perturbação no sentido de aumentar a concentração de etanol(1) na corrente do
binário gera respostas pouco expressivas para a nova configuração, conforme mostram as
Figuras 11.11 a e 11.11 b. A temperatura da base quase não variou, enquanto a temperatura do
meio da coluna apresentou uma modificação muito discreta. Para esta situação, seria
interessante procurar um outro ponto para medir o efeito da perturbação. Para a configuração
convencional, a temperatura da base varia um pouco mais, de modo que é suficiente para ser
tomada como variável de medida. Ambos os períodos transientes foram pequenos.
Quando a concentração de etanol(1) foi reduzida, as duas configurações exibem pouca
variação na temperatura da base, conforme a Figura 1 L 12a. No caso da configuração
convencional, o efeito da perturbação ainda dá para ser notada. De acordo com a figura
162
Avaliação de Uma Nova Configuração Para o Processo de Destilação Extrativa
11. 12b, para a nova configuração, é mais interessante tomar como indicação a temperatura do
mew.
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(a) (b)
Figura 11.10- Temperatura na base (a) e no meio (b) da coluna para redução da carga térmica do
refervedor (Qr). --Nova configuração;------ Configuração convencional.
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(a)
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500.0 1000.0 1500.0 2000.0 2500.0 Tempo, min
(b)
Figura 11.11 - Temperatura na base (a) e no meio (b) da coluna para aumento na concentração de
etanol(1) na corrente do binário azeotrópico. -- Nova configuração; ------ Configuração
convencional.
Para as perturbações na vazão da corrente do binário azeotrópico, os resultados
obtidos são semelhantes àqueles obtidos para a perturbação na carga térmica do refervedor,
163
Avaliação de Uma Nova Configuração Para o Processo de Destilação Extrativa
conforme mostram as Figuras 11.13 e 11.14. Assim, as discussões apresentadas anteriormente,
também são aplicadas para este tipo de perturbação.
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(b)
Figura 11.12- Temperatura na base (a) e no meio (b) da coluna para redução na concentração de
etanol(1) na corrente do binário azeotrópico. -- Nova configuração; ------ Configuração
convencional.
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(a) (b)
Figura 11.13 - Temperatura na base (a) e no meio (b) da coluna para aumento na vazão da corrente
do binário azeotrópico. --Nova configuração; ------ Configuração convencionaL
164
Avaliação de Uma Nova Configuração Para o Processo de Destilação Extrativa
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I
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0.0 500.0 1000.0 1500.0 2000.0 2500.0 00 500.0 1000.0 1500.0 2000.0 2500.0 Tempo, min Tempo, min
(a) (b)
Figura 11.14 - Temperatura na base (a) e no meio (b) da coluna para redução na vazão da corrente
do binário azeotrópico. --Nova configuração;------ Configuração convencional.
11.3 - CONCLUSÃO
A nova configuração para o processo de destilação extrativa mostrou-se capaz de
efetuar a desidratação de misturas aquosas de etano!( 1 ), com eficiência semelhante àquela
observada para a configuração convencional da destilação extrativa. Contudo, a localização do
prato ótimo da retirada lateral é de fundamental importância para o êxito do processo.
A ligeira diminuição na pureza do etano!( 1) é pouco significativa, mesmo se tratando
de colunas de alta pureza. Porém, o aumento na pureza do etanol(l) obtido, pode ser
conseguido com o aumento do número de pratos, ou do refluxo ou da vazão de solvente. Em
termos de consumo energético os valores apresentados pelas duas configurações também são
semelhantes. Entretanto, a nova configuração apresenta a vantagem de eliminar a coluna de
recuperação de solvente.
Dinamicamente, a nova configuração apresenta comportamento mais "nervoso", ou
seja, os atrasos apresentados pela configuração convencional, praticamente não existiram na
nova configuração. Por isso mesmo, na maioria das vezes, o período transiente gerado por essa
165
Avaliação de Uma Nova Configuração Para o Processo de Destilação Extrativa
configuração foi menor. Isto significa necessidade de maior eficiência por parte do sistema de
controle.
Para a nova configuração, na base da coluna, a preocupação maiOr é com a
contaminação com água(2), visto que o produto da base, etileno glicol(3) puro, é enviado de
volta para o topo. Qualquer contaminação nesta corrente, prejudicará a qualidade do etano!( 1)
obtido. Nesta configuração, o risco de perda de etano I( I) é pela corrente de retirada lateral.
O monitoramento da região intermediária da coluna nessa nova configuração, tornou
se mais importante do que na configuração convencional. Para algumas perturbações, a única
forma de perceber problemas na coluna da nova configuração, foi através da temperatura do
meio. Isto considerando que a temperatura ao longo da coluna seja a única variável medida
para o controle do processo.
A corrente de retirada lateral apresenta uma alternativa a mais no sistema de controle.
De alguma forma, a vazão dessa corrente deve ser relacionada com a temperatura da base da
coluna. Quando a temperatura da base estiver diminuindo, significará aumento da quantidade
de água nessa região. Assim, o controlador deverá aumentar a vazão da retirada lateral. Ao
mesmo tempo, a carga térmica do refervedor deverá estar aumentando de modo a vaporizar a
água a mais dentro da coluna. Esta estratégia é apenas uma sugestão e deverá ser testada em
um sistema de controle para avaliar a sua eficácia.
O emprego desta nova configuração deverá ser testado para outros sistemas onde o
solvente apresente baixa volatilidade. Além disto, o estudo do sistema de controle é outro
campo a ser explorado.
166
Configuração de Controle - Um Estudo Preliminar
12 - CONFIGURAÇÃO DE CONTROLE - UM
ESTUDO PRELIMINAR
12.1 - INTRODUÇÃO
Neste capítulo será apresentado um estudo introdutório sobre o controle dos sistemas
anteriormente estudados. Não se pretende que os resultados apresentados sejam genéricos, ou
seja, se esta ou aquela é a melhor configuração de controle. Nem tão pouco com relação aos
parâmetros dos controladores. O objetivo das simulações foi avaliar a performance do
processo, quando algumas variáveis são utilizadas como manipuláveis. Para todos os sistemas,
o controlador utilizado foi um PI.
12.2 - CONTROLE DE COLUNAS
Dada à importância do processo de destilação, o estudo de controle de colunas de
destilação tem atraído a atenção de um número significativo de pesquisadores. No entanto,
grande parte destes trabalhos tem tratado colunas de destilação convencionais.
Normalmente, em colunas de destilação convencionais, as variáveis manipuláveis são o
refluxo e a carga térmica do refervedor. O refluxo é manipulado com base na medida da
temperatura de um determinado prato da região superior da coluna, chamado prato sensível. O
objetivo principal do controle é manter a especificação do produto de topo dentro de uma
margem pré estabelecida. É o sistema, onde se controla uma variável, por vía indireta, ou seja,
controla-se a temperatura objetivando manter a composição do produto de topo constante.
Para colunas de destilação extrativa, esta estratégia é pouco eficiente para a maioria dos casos.
Por exemplo, dos quatro sistemas estudados, somente o sistema acetona(l)-metanol(2)-
167
Configuração de Controle - Um Estudo Preliminar
clorobenzeno(3) apresentou variação significativa no valor da temperatura de topo. Para os
outros sistemas, a temperatura de topo pouco se modificou mediante as perturbações.
No caso do sistema etanol(l)-água(2)-etileno glicol(3), a temperatura de topo
dificilmente se modificará. Primeiro, porque é muito pouco provável que o etileno glicol(3)
saia como produto de topo, e segundo porque, mesmo que a água(2) saia como produto de
topo, o binário azeotrópico etanol(l)-água(2) possui ponto de ebulição bem próximo ao do
etanol( 1) puro.
Para o sistema acetona(l)-n-heptano(2)-tolueno(3), nenhum dos resultados
apresentados mostrou a temperatura de topo variando de forma significativa. No entanto,
como o tolueno(3) possui ponto de ebulição relativamente baixo, houve uma simulação em que
a temperatura de topo variou cerca de 2 °C. Foi quando a carga térmica do refervedor
aumentou em 20 %. Esta variação de 2 oc ocorreu por que houve contaminação do produto
de topo com o tolueno(3), já que a simples contaminação com n-heptano(2) não seria
suficiente para a temperatura variar. O binário acetona(l)-n-heptano(2) possui ponto de
ebulição próximo ao da acetona(!). Vale salientar que urna alteração de 20% na carga térmica
do refervedor seria uma manipulação pouco sensata.
No caso do sistema acetona( I )-etanol(2)-tolueno(3), o topo conterá acetona(!) e
etanol(2). Estes dois componentes apresentam pontos de ebulição próximos, de modo que a
variação da composição do produto de topo pouco incidirá sobre o valor da temperatura. Na
realidade, como será mostrado mais adiante, o controle no topo desta coluna algumas vezes
pode ser suprimido. A preocupação neste caso é com a pureza do produto da base.
Desta forma, para estes sistemas, o conhecimento da temperatura de topo informa
muito pouco sobre as condições desta região da coluna. Uma solução seria fazer a tomada de
temperatura alguns pratos abaixo. Provavelmente, próximo onde o solvente é alimentado. No
entanto, a melhor solução seria medir diretamente a composição do produto de topo. Esta
medida deverá ser on-line. Assim, deverá haver uma linha ligando o processo ao laboratório.
Sem dúvida, é a alternativa mais dispendiosa.
168
Configuração de Controle - Um Estudo Preliminar
Além da problemática citada, deve-se escolher qual variável será manipulada para
manter a especificação do produto. Em colunas de destilação extrativa, além do refluxo, existe
a vazão de solvente. Para os sistemas etanol(l)-água(2)-etileno glicol(3) e acetona(l)-n
heptano(2)-tolueno(3) foi realizado um estudo preliminar para observar a performance do
processo quando estas duas variáveis são utilizadas no controle do produto de topo.
No caso da região inferior da coluna, tanto as colunas convenc10nats, quanto as
extrativas, a variável mais utilizada para controle é a carga térmica do refervedor. Para todos
os sistemas estudados, esta variável é de importãncia fundamental. A utilização do controlador
foi realizada através da implementação de um algoritmo de velocidade de controle PID
(proporcional-integral-derivativo). Como já foi dito anteriormente, não foi objetivo do trabalho
determinar qual o valor ótimo dos parãmetros do controlador. É um algoritmo de fácil
implementação e utilização. Sua principal característica está no fato de considerar não só o
erro no instante t., mas também os erros nos instantes t •. 1 e t •. 2. A expressão do algoritmo de
velocidade para controladores PID é expressa na equação abaixo:
(12.1)
O período entre uma e outra ação de controle é dado por T, e foi fixado para todas as
simulações em 5 min. c. representa a variável manipulável, ou seja, qual será o próximo valor
desta variável. As perturbações foram as mais diversas e a performance do sistema controlado
é comparada com os resultados obtidos em malha aberta.
12.3 - OPERAÇÃO EM MALHA FECHADA (CLOSED-LOOP)
Para o sistema etanol(l)-água(2)-etileno glicol(3), a perturbação foi a redução da
fração molar de etano!( 1) na corrente do azeótropo (de 85. O para 82. O % ). O controle é
exercido conforme a configuração, as quais são descritas a seguir:
169
Configuração de Controle - Um Estudo Preliminar
configuração 1 - controlar a temperatura do estágio 1, usando como variável manipulável a
carga térmica do refervedor;
configuração 2 - controlar a fração molar do etano!( 1) no estágio Nt, usando como variável
manipulável a vazão de refluxo;
configuração 3 - controlar a fração molar do etano!( 1) no estágio Nt, usando como variável
manipulável a vazão de solvente;
configuração 4 - controlar a fração molar do etano!( 1) no estágio Nt, usando como variável
manipulável a vazão de solvente, e controlar a temperatura do estágio 1, usando como variável
manipulável a carga térmica do refervedor.
Como pode ser observado, as configurações 1, 2 e 3 consideram controle apenas em
uma extremidade da coluna, enquanto a configuração 4 apresenta controlador nas duas
extremidades da coluna. Os resultados foram comparados àqueles obtidos em malha aberta.
A opção por estudar o processo quando apenas uma das extremidades da coluna é
controlada, deve-se ao fato de muitos operadores preferirem utilizar este tipo de configuração.
Nesse tipo de configuração não existe interação entre diferentes ações de controle, o que é
observado quando existem controladores nas duas extremidades.
Na base da coluna, conforme mostra a Figura 12.a, a temperatura do estágio 1 pode ser
controlada de forma eficiente pela manipulação da carga térmica do refervedor. Isto reforça a
idéia defendida anteriormente, de que esta variável pode ser utilizada para evitar perdas de
etanol(l) pela base da coluna. Por outro lado, a colocação do controlador apenas no topo da
coluna não é suficiente para manter a temperatura do estágio constante. Como mostra a
Figura12.1 b, isto pode levar a oscilações na composição do produto da base e,
consequentemente, perdas de etanol(1). Além disto, o período transiente nesta região da
coluna foi muito maior no caso de controlar somente o topo da coluna.
170
0.0 1000.0 2000.0 Tempo. min
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Configuração de Controle - Um Estudo Preliminar
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(d)
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Figura 12.1- Temperatura e fração molar na base (a e b), no meio (c e d) e no topo (e) da coluna.
Perturbação na composição da corrente azeotrópica. Sistema etano!( I )-água(2)-etileno glicol(3).
__ Malha aberta; __ Config 1; __ Config2; __ Config3.
171
Configuração de Controle - Um Estudo Preliminar
Ainda sobre as Figuras 12.1a 12.1b, quando a variável manipulada foi a vazão de
refluxo, a temperatura, praticamente, não tende a voltar ao valor inicial. A diminuição no valor
da temperatura é resultado do aumento da vazão de refluxo, o qual foi aumentado na tentativa
de manter constante a fração molar de etanol(1) no topo da coluna. No caso da manipulação
da vazão de solvente, há uma oscilação nas respostas das variáveis, mas pelo menos tenta
manter constante os valores destas variáveis. Esta oscilação, talvez possa ser eliminada, ou
atenuada, com uma melhor escolha para os valores dos parâmetros do controlador.
No meio da coluna, a manipulação da vazão de refluxo foi a única ação de controle que
manteve os valores das variáveis praticamente constantes. No entanto, isto não significa muito.
Simplesmente porque, a maior quantidade de líquido que está descendo, em função do
aumento da vazão de refluxo, é composta basicamente de etanol(1) e, o etanol(1) tem ponto de
ebulição semelhante ao ponto de ebulição do azeótropo, o qual é alimentado neste ponto da
coluna. Isto pode ser visto nas Figuras 12.2c e 12.2d.
Todas as ações de controle mantiveram a especificação do produto de topo. Pelo
menos até certo ponto. Depois de um determinado tempo, a manipulação da carga térmica do
refervedor não consegue manter a especificação do topo. A redução na fração molar do
etano!( 1) no topo da coluna, quando a carga térmica é utilizada como variável manipulável, pode
ser explícada da seguinte maneira. A carga térmica será manipulada para manter a
temperatura do estágio 1 constante, conforme mostra a Figura l2.1a. A temperatura é função da
pressão e da composição. Como a pressão quase não se modifica, a temperatura será função,
praticamente , somente da composição. A redução da concentração de etanol(1) na alimentação do
binário azeotrópico significa aumento da quantidade de água que entra na coluna. Assim, para
manter a temperatura do estágio 1 constante, o refervedor tende a vaporizar a água(2) que desce
para a base da coluna.
Com base no que foi observado na Figura 12.1, optou-se por colocar controladores no topo
e na base da coluna, configuração 4. Para o topo da coluna, a variável escolhida como sendo
manipulável foi a vazão de solvente. Por dois motivos: primeiro, mostrou-se mais efetivo na base da
coluna, e segundo porque, entre manipular o solvente e o refluxo, é mais econômico, em termos de
172
I' ,; ~ 1l E • e-
Configuração de Controle- Um Estudo Preliminar
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0.9600 ---1
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1000.0 2000.0 Tempo, min
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0.4000 l
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0~0 1000.0 2000.0 3000~0
Tempo, min
(d)
30000
Figura 12.2- Temperatura e fração molar na base (a e b), no meio (c e d) e no topo (e) da coluna.
Perturbação na composição da corrente azeotrópica. Sistema etano!( I )-água(2)-etileno glicol(3).
__ Malha aberta;_ Config4.
173
Configuração de Controle - Um Estudo Preliminar
carga térmica, manipular o solvente pois o mesmo quase não é vaporizado. Os resultados estão na
Figura 12.2.
Em todas as regiões da coluna, as variáveis analisadas praticamente não mudaram de valor.
No topo, a fração molar de etano!( I) ainda apresentou uma pequena oscilação em relação ao valor
inicial. Contudo, não chega a comprometer a qualidade do etano!(!) obtido. É uma questão de
ajustar os parâmetros do controlador.
A ação dos controladores é realizada da seguinte maneira. Quando a temperatura da base
tende a aumentar, a carga térmica é manipulada no sentido de diminuir, ou ~a, são inversamente
proporcionais. No topo da coluna, a vazão de solvente e de refluxo são diretamente proporcionais à
fração molar de etanol(l ). No caso da vazão de solvente, é provável que a mesma possa ser
aumentada sem perigo de contaminar o produto de topo. Porém, caso a vazão de refluxo ~a
utilizada, o aumento não pode ser feito indiscriminadamente, sob o risco de diluir a ação do solvente
sobre o equilíbrio liquido-vapor.
Para o sistema acetona(l)-n-heptano(2)-tolueno(3), a perturbação foi a redução da
vazão da corrente azeotrópica (de 100.0 para 90.0 mol!min). A opção para as simulações
foram as mesmas do sistema anterior, ou seja, as mesmas configurações de controle.
Na base da coluna, Figuras 12.3a e 12.3b, a carga térmica mostrou-se muito eficiente no
controle da temperatura do estágio I. Mesmo a fração de n-heptano(2) não apresentou oscilação e
atinge rapidamente um novo estado estacionário. Para o caso das manipulações nas vazões de
refluxo e solvente, o comportamento qualitativo das variáveis são idênticos. Logo após a
perturbação, as variáveis tendem a responder como se estivessem em malha aberta. É o tempo
necessário até que o aumento da vazão de liquido no interior da coluna ~a sentido na base. Isto
pode ser o resultado de uma escolha inadequada para os parâmetros do controlador.
Num determinado momento, o controlador faz a vazão aumentar demais, no outro diminuir de
menos. De qualquer forma, há o atraso até o aumento ou a diminuição de líquido no interior da
coluna causar modificações na base da coluna.
174
Configuração de Controle - Um Estudo Preliminar
0.0 400.0 800.0 1200.0 1600.0 0.0 400.0 800.0 1200.0 1600.0 Tempo, min Tempo, min
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0.0 400.0 80110 1200.0 1600.0 Tempo, min
(e)
Figura 12.3- Temperatura e fração molar na base (a e b), no meio (c e d) e no topo (e) da coluna.
Perturbação na vazão da corrente azeotrópica. Sistema acetona(l)-n-heptano(2)-tolueno(3).
Malha aberta; __ Confl; -~ Conf2; __ Conf3.
175
Configuração de Controle - Um Estudo Preliminar
No meio da coluna, novamente, a ação de controle que melhor resultado apresentou foi a
manipulação da carga térmica do refervedor. Para as outras manipulações, a oscilação no valor da
temperatura foi bastante significativa. Isto significa que, em ambos os casos, o tolueno(3) está
subindo. Para o topo da coluna, todas as manipulações apresentaram bons resultados. Inclusive, a
manipulação da carga térmica do refurvedor foi a única que não apresentou qualquer tipo de
oscilação, conforme apresenta a Figura 12.3e.
O futo da manipulação da carga térmica do refervedor ter sido suficiente para controlar o
topo e a base da coluna, não significa necessariamente que possamos utilizar esta configuração para
controle do processo. Mostra apenas a grande importância desta variável sobre a operação. De
qualquer maneira, mostra que o fato de se trabalhar com solventes mais leves, aparentemente, toma
o controle do processo mais facil. Os atrasos, quando existem são menores, mas o sistema fica mais
"ágil" ás manipulações. Outras perturbações devem ser realizadas de modo a tomar, ou não, esta
observação genérica.
O funcionamento dos controladores são semelhantes ao caso anterior. Contudo, a
manipulação do solvente não pode se realizada de maneira tão despreocupada como no caso
anterior. O fato do tolueno(3) apresentar ponto de ebulição relativamente baixo, pode, em situações
descuidadas, contaminar o produto de topo. O mesmo acontece com a carga térmica do refurvedor,
a qual pode ')ogar" o tolueno(3) para a parte superior da coluna.
A Figura 12.4 mostra os resultados quando existem controladores no topo e na base da
coluna. No topo, a variável escolhida para ser manipulada foi a vazão de solvente. Observa-se que,
na base da coluna, Figuras 12.4a e 12.4b, a carga térmica é suficiente para controlar a temperatura
do estágio 1. Contudo, comparando-se com o caso onde somente a carga térmica é manipulada,
percebe-se que a peiformance desta última configuração foi mais eficiente. A introdução do
controlador no topo da coluna causou um maior período transiente. No meio da coluna também
observa-se uma variação bem menor do que na base, no entanto, mais longa. Já no topo a
configuração mostrou-se eficiente, não provocando nenhuma oscilação.
176
Configuração de Controle - Um Estudo Preliminar
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0.0 400.0 800.0 1200.0 Tempo, min
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100.00-,------------,
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0.0 400.0 8000 1200.0 1500.0 Tempo, min
(c)
x 0.9800
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0.0850 --,-------------~
0.0 400.0 800.0 1:200.0 1600.0 Tempo, min
(b) 00000-,-------------,
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i " .g 0.0400-
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00 400.0 800.0 1200.0 1600.0 Tempo, min
(d)
400.0 800.0 1200.0 1500.0 Tempo, min
(e)
Figura 12.4- Temperatura e fração molar na base (a e b), no meio (c e d) e no topo (e) da coluna.
Perturbação na vazão da corrente azeotrópica. Sistema acetona(! )-n-heptano(2)-tolueno(3). __
Malha aberta; Config4.
177
Configuração de Controle - Um Estudo Preliminar
Para o sistema acetona( I )-metano1(2)-clorobenzeno(3), a perturbação também foi a
redução na vazão da corrente azeotrópica (de 100 para 90 moVmin). Neste caso, foram realizadas
duas simulações considerando controladores no topo e na base da coluna, de acordo com o que é
descrito a seguir:
configuração 5 - controlar a temperatura do estágio Nt usando como variável manipulável a
vazão de solvente, e controlar a temperatura do estágio l usando como variável manipulável a
carga térmica do refervedor.
configuração 6 - controlar a fração molar do metanol(2) no estágio Nt usando como variável
manipulável a vazão de solvente, e controlar a temperatura do estágio I usando como variável
manipulável a carga térmica do refervedor.
Para as duas configurações os parâmetros dos controladores foram mantidos constantes. Os
resultados são apresentados na Figura 12.5.
Na base da coluna, as duas configurações mostraram capacidades para controlar a
temperatura da base. Contudo, para a configuração 6, a temperatura apresentou pequenas
oscilações no decorrer da integração. Estas pequenas oscilações são resultantes de oscilações muito
maiores na composição da base. Estes resultados estão expressos nas Figuras 12.5a e l2.5b e
significam que a composição mostrou-se muito mais sensível do que a temperatura. Em termos
operacionais, os resultados indicam que quando a composição foi usada como variável controlada,
a vazão de solvente oscilou muito mais do que quando a temperatura foi a variável controlada. Em
termos de controle, faz-se necessário a utilização de parâmetros díferentes quando se controlam a
temperatura e a composição.
No meio da coluna, a configuração 6 mostrou-se menos eficiente do que na base. Na base, a
presença do controle da temperatura atenua os efeitos oscilatórios da composição. No meio, a
influência da carga térmica do refervedor é menor, dai as maiores oscilações observadas nas Figuras
12.5c e 12.5d. No topo da coluna, as duas configurações mostraram eficiência no controle da
178
Configuração de Controle - Um Estudo Preliminar
temperatura e, indiretamente, da fração molar de metanol(2), como mostram as Figuras 12.5e e
12.5f
Operacionalmente falando, este é um sistema bem interessante. Na base da coluna, o
controlador é programado para tomar a seguinte ação de controle. Se a temperatura do estágio
1 tender a aumentar, como foi o caso, a carga térmica do refervedor deve ser diminuída. Caso
semelhante ao observado para as outras colunas. Contudo, no topo , a vazão de solvente é
inversamente proporcional à temperatura, isto é, quando a temperatura tende a diminuir, a vazão
tende a aumentar. Isto é necessário pelo fato do metanol(2), o componente intermediário, ser obtido
no topo da coluna.
O aumento da vazão da corrente azeotrópica, de 100.0 para 110.0 moVmin, foi a
perturbação usada para estudar a performance do sistema acetona( I )-etanol(2)-tolueno(3),
quando o mesmo operava sob malha fechada. Para este sistema,uma única configuração de controle
foi avaliada. A carga ténnica do refervedor foi utilizada como variável manipulável tendo como
variável controlada a temperatura do estágio 1. Os resultados são apresentados na Figura 12.6.
A preocupação maior neste caso é a manutenção do produto da base. Assim, mais do que
nunca, o controle desta região da coluna se torna fundamental. Na base da coluna, a manipulação da
carga ténnica mostrou-se capaz de controlar a temperatura de forma muito eficiente e,
consequentemente, da composição do fundo, como mostram as Figuras 12.6a e 12.6b. A ação de
controle foi no sentido de aumentar a carga térmica do refervedor, evitando assim descida de
componentes mais voláteis do que o tolueno(3).
Para a perturbação no sentido contrário, ou seJa, redução da vazão na corrente do
azeótropo, a utilização da temperatura poderá auxiliar muito pouco. Nesta situação, a carga ténnica
do refervedor ficará em excesso devido à redução da entrada de liquido na coluna. A temperatura
pouco irá variar, já que a base é constituída, e continuará a ser, de tolueno(3). Desta forma, o
excesso da carga ténnica fará com que haja maior vaporização do tolueno(3), levando a perdas
deste produto pelo topo da coluna. Esta é uma perturbação dificil de ser administrada, visto que,
179
Configuração de Controle - Um Estudo Preliminar
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(d)
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08400
0.0 1000.0 2000.0 3000.0 Tempo, min
(f)
Figura 12.5 -Temperatura e fração molar na base (a e b), no meio (c e d) e no topo (e e f) da
coluna. Perturbação na vazão da corrente azeotrópica. Sistema acetona(I)-metano1(2)
clorobenzeno(3). __ Malba aberta; __ Config5; __ Config6
180
Configuração de Controle - Um Estudo Preliminar
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400.0 800.0 1200.0 1600.0 Tempo, min
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0.0 400.0 800.0 1200.0 1600.0 Tempo, min
(d)
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0.0 400.0 800.0 1200.0 1600_0
Tempo, min
(e)
Figura 12.6- Temperatura e fração molar na base (a e b), no meio (c e d) e no topo (e e f) da
coluna. Perturbação na vazão da corrente azeotrópica. Sistema acetona(! )-etanol(2)-tolueno(3).
_Malba aberta; __ Configl.
181
Configuração de Controle - Um Estudo Prelimínar
somente a região intermediária da coluna apresentará modificação, que por sinal é bastante
significativa. Este comportamento pode ser visto na Figura 7 _ 4 _
De acordo com as Figuras 12.6c, 12.6d e 12.6e, no meio e no topo da coluna, as variáveis
alcançaram o novo estado estacionário sem apresentar maiores oscilações.
12.4 - CONCLUSÃO
De um modo geral, o controlador utilizado (PI) mostrou eficiência na manutenção das
especificações d~adas, quando o processo foi perturbado. Apesar do estudo realizado ter sido
somente para algumas perturbações, é muito provável que o controlador também se mostre
eficiente para outros tipos de perturbações.
Em termos de configuração, para a maior parte dos sistemas estudados, os resultados
obtidos mostram que a utilização de controlador apenas em uma extremidade da coluna não é
suficiente para manter as especificações. Quando o pr~uízo não aparece no topo, ele se manifesta
na base da coluna. O sistema acetona(l)-etanol(2)-tolueno(3) é uma exceção, por que nesse caso a
preocupação maior é com a base da coluna. O único objetivo é evitar a descida de componentes
mais leves do que o tolueno(3). Entretanto, conforme citado anteriormente, a tomada de
temperatura deve ser feita em outro prato, visto que para algumas perturbações, por exemplo
redução na vazão do binário azeotrópico, a temperatura da base pouco tem a informar sobre a
condição operacional.
Para todos os sistemas, a carga térmica mostrou ser capaz de evitar perdas ou
contaminação, conforme o sistema estudado, pela base da coluna. Já no topo da coluna, a vazão de
solvente aparece como uma forte concorrente ao refluxo, no controle da especificação de topo.
Podendo optar entre estas duas variáveis, na maioria dos casos, a vantagem é para vazão de
solvente, visto que o consumo energético praticamente não se altera quando a vazão de solvente é
modificada. Contudo, para o sistema acetona(! )-etanol(2)-tolueno(3), esta premissa não vale. Para
este sistema, o solvente sendo o componente mais leve, será vaporizado na primeira coluna, coluna
182
Configuração de Controle - Um Estudo Preliminar
extrativa, e na segunda coluna, a coluna de recuperação. Assim, o aumento da vazão de solvente
significará maior consumo de energia nas primeira e segunda coluna.
O único caso onde a temperatura de topo pode ser usada como variável de medida, foi para
o sistema acetona( 1 )-metanol(2)-clorobenzeno(3). O estudo comparativo entre usar a temperatura e
a fração molar de metanol(2), mostrou que a medida da temperatura causou menor oscilação no
processo. É provável que o desempenho utilizando a fração molar de metanol(2) possa ser
melhorado pela modificação nos parâmetros do controlador. A medida da temperatura é a fonna
mais econômica de controlar o processo. Por isso, outros estudos devem ser realizados utilizando
como variável de medida, não a temperatura de topo, mas a temperatura em outro prato.
Nos sistemas onde foram colocados controladores nas duas extremidades da coluna, a
interação entre as ações de controle foi pequena. Como resultado, os períodos transientes foram
reduzidos.
Apesar do comportamento distinto de colunas convencionais, o controle destas colunas não
apresentou grande dificuldade, mesmo com a utilização de um controlador clássico, como é o PI.
Entretanto, o sucesso do controlador, depende, basicamente, do conhecimento detalhado do
comportamento dinâmico do processo. Uma maior eficiência do controlador pode ser conseguida
avaliando os parâmetros utilizados, bem como o período de amostragem.
183
Conclusões e Sugestões
13 - CONCLUSÕES E SUGESTÕES
13.1 CONCLUSÕES DESSE TRABALHO
1) Modelagem matemática
Em relação à modelagem no estado estacionário, a redução de modelos mostrou uma
vantagem significativa no que diz respeito ao tempo computacional. A economia de tempo é
da ordem de cinco vezes comparado ao tempo gasto pelo modelo prato-a-prato. Por outro
lado, esse modelo apresentou problemas de convergência. Já o modelo prato-a-prato, mostrou
se robusto não apresentando qualquer problema de convergência. Em ambos os modelos, a
limitação da temperatura na rotina termodinâmica é fundamental para evitar "estouro" nos
valores da temperatura.
No caso dos modelos dinâmicos, as simplificações fizeram surgir problemas de
convergência. Isso é mais verdadeiro em relação ao modelo 1. No estudo de sistemas de
controle uma avaliação criteriosa deve ser realizada a fim de evitar problemas nos
controladores projetados com base nos modelos simplificados.
A inclusão da capacitância da estrutura do refervedor torna o modelo mrus
problemático, no que diz respeito ao tempo de integração. Em outras palavras, torna o sistema
mais stiff (rígido).
O modelo termodinâmico utilizado, no caso a equação do NRTL, mostrou-se eficiente
na representação do equilíbrio líquido-vapor. Isto pode ser comprovado principalmente em
relação à previsão do ponto de azeotropia.
184
Conclusões e Sugestões
2) Algoritmo e métodos numéricos
Os métodos numéricos utilizados são eficientes e, principalmente, robustos. Assim, tem-se
um software robusto e versátil para simulação do processo.
Com relação às simulações no estado estacionário, o método de Newton com convergência
global, precisa de poucas iterações para alcançar a tolerância especificada. As múltiplas soluções
obtidas para algumas simulações é um problema típico de sistemas algébricos não lineares. Não
significa que o método de Newton sqa inadequado. Porém, deve-se ter o cuidado para discernir
entre uma solução fisicamente possível e outra fisicamente impossível. É provável que outros
sistemas que utilizem solventes com baixa volatilidade, também exibam a possibilidade de obter
múltiplas soluções.
O procedimento de resolver primeiro as equações algébricas, para em seguida tratar das
equações diferenciais, no caso dos modelos dinâmicos, não trouxe problema para as simulações
dinâmicas. O tempo computacional foi satísfàtório e, além disto, o programa fica apto para estudos
de partida e parada do processo
A rotina LSODES mostrou-se adequada ao processo de integração do sistema de equações
diferenciais ordinárias. Com as precauções observadas, principalmente com relação ao tamanho do
passo, nenhum problema de convergência foi observado. A necessidade de informar à rotina quando
ocorre perturbação ou ação do controlador torna o processo de integração mais lento mas, é o
procedimento correto.
3) Dinâmica do processo
Os resultados obtidos mostram a importância de se conhecer detalhadamente o
comportamento dinâmico de um processo. Os quatros sistemas, apesar de representarem o
processo de destilação extrativa, exibem comportamentos que dependem, e muito, das
características do solvente utilizado. Contudo, de uma maneira geral, os sistema se comportam bem
185
Conclusões e Sugestões
diante das perturbações impostas. Comparando a desidratação de misturas aquosas de etanol(l ), a
destilação extrativa não apresentou os problemas típicos da destilação azeotrópica, por exemplo
múltiplos estados estacionário, instabilidade operacional.
3.1) Vazão de refluxo e carga térmica do refervedor
Para todos os sistemas, a redução na vazão do refluxo causa maior período transiente. No
caso da carga térmica do refervedor, o comportamento é inverso, isto é, o aumento da carga
térmica causa maior período transiente.
A carga térmica do refervedor apresenta-se como uma variável que pode ser utilizada com
eficiência para evitar a descida dos componentes mais voláteis.
Para a alteração do refluxo e da carga térmica, o atraso na resposta dos sistemas é
proporcional ao ponto de ebulição do solvente utilizado.
3.2) Corrente do binário azeotrópico
Para os sistemas 1 e 2, quando a fração molar do etanol(l) foi aumentada, a
temperatura da base da coluna é a útúca maneira de detectar anormalidade no processo. Já para
a redução na fração molar do etano!( 1 ), as modificações ocorrem em todas as regiões da
coluna. Para ambos os sistemas a temperatura de topo nada indica sobre a qualidade do
produto obtido no topo da coluna. O sistema 2 apresenta períodos transientes menores . Por
outro lado, as modificações são mais sigtúficativas para o sistema L
Para o sistema 3, quando a fração molar da acetona( I) na corrente azeotrópica é
aumentada as maiores modificações ocorrem no meio e no topo da coluna. Tanto o topo
quanto o meio da coluna podem ser utilizados como indicação de anormalidade no processo. O
meio apresenta a vantagem de não exibir atraso na resposta da temperatura. A temperatura de
186
Conclusões e Sugestões
topo apresenta-se como alternativa para controle da composição do destilado. Para a redução
na fração molar da acetona( 1 ), somente a base da coluna reaponde de forma relevante.
Dinamicamente, o aumento da fração molar de acetona(!) causa maior período transiente do
que a redução. Comparando-se com os sistemas 1 e 2, percebe-se que o sistema 3 é mais
sensível às perturbações impostas ao processo.
No caso do o sistema 4, pequenos aumentos na fração molar do etanol(2) ca.usam.
grandes modificações no valor da temperatura da base. Serve como indicação para evitar
contaminação da base por componentes mais leves. Além disto, a resposta da temperatura é
ràpida. Para a redução na fração molar do etanol(2), a região mais sensível é a do meio. O
atraso observado para a resposta da temperatura des~e ppnto representa um problem!l para o
controle do procysso. q topo da coluna tem ml.lito Poi,\Co a informar ~obre a condirão do
proces~o. Çl ~~~lf~l! 1, comparado com os ~isteWI!ll ~tenore~, é 11?-ais sensível as
Peffilrbações. Qijajqutlr perturbação, positiv!\ ou negativa, causa grande modificação no
processo.
Para a perturbação na vazão da corrente azeotrópica, os resultados obtidos para os
sistemas 1, 2 e 4, foram semelhantes àqueles observados para a perturbação na composição da
corrente azeotrópica. A diferença é quanto à magnitude das modificações exibidas, as quais
são maiores no caso de perturbar a vazão. O sistema 3 é pouco afetado pela perturbação na
vazão da corrente azeotrópica.
Como pode-se perceber, é dificil tirar uma conclusão genérica a respeito do impacto da
perturbação. De uma forma geral, para todos os sistemas é de fundamental importância
monitorar todas as regiões da coluna. Para algumas perturbações, pode ser que o topo seja a
região indicada para conhecer a condição do processo. Para outras, a base ou o meio pode ser
o ponto mais indicado.
187
Conclusões e Sugestões
3.3) Corrente do solvente
Para os sistemas 1, 2 e 3, a maior parte do componente contarninante da corrente de
solvente, sairá junto com o destilado. A redução na qualidade do produto de topo dependerá da
vazão de solvente utilizada. Separações que exijant grandes quantidades de solvente terá a
qualidade do produto de topo mais afetada.
No caso do sistema 4, a perturbação na corrente do solvente causa maiores danos na base
da coluna. A temperatura da base é a variável mais indicada para contornar o problema.
A conclusão de que a maior parte do contaminante do solvente tende a sair pelo topo da
coluna, no caso dos sistemas anteriores, pode ser generalizada, da seguinte forma: a maior parte do
contaminante da corrente de solvente deixa a coluna junto com o componente que se deseja obter.
Para o sistema 1, o aumento da vazão de solvente somente causa modificação relevante na
base da coluna. A redução da vazão de solvente também causa variação na temperatura da base.
Nos dois casos, a temperatura da base é a melbor indicação da situação da separação.
Para o sistema 2, quando a vazão é aumentada, as conclusões são as mesmas feitas para o
sistema 1. Porém, quando a vazão é reduzida, o comportamento é diferente. No meio a resposta é
rápida e a modificação significativa. O mesmo acontece no topo da coluna. A temperatura do meio
é a melbor indicação sobre as condições da separação.
Para os sistemas 1 e 2, a redução na vazão do solvente causa maior periodo transiente do
que o aumento. O sistema 2 mostra-se mais rápido quanto ás modificações nas variáveis da coluna.
No caso do sistema 3, o aumento na vazão do solvente é uma perturbação dificil de ser
notada. Para a redução na vazão, as modificações são mais acentuadas no meio e no topo da
coluna. O meio da coluna tem a vantagem de apresentar respostas rápidas. No topo da coluna, a
redução na qualidade do metanol(2) obtido é grande, mas a temperatura desse ponto também pode
auxiliar na manutenção da normalidade do processo.
188
Conclusões e Sugestões
Aparentemente, o aumento da vazão de solvente, causa maior variação na base da coluna, o
que é uma generalidade. Mesmo o Sistema 4, apresentou tal comportamento. A variação na
temperatura da base da coluna é a maior entre todos os sistemas estudados. Com relação à redução
na vazão de solvente, a região que exibe maior modificação é a do meio da coluna.
3.3) Capacitância do refervedor
A conclusão genérica para todos os sistemas é que o periodo transiente gerado é muito
maior quando a capacitãncia é considerada. Desaparecem aquelas respostas abruptas que ocorriam
na base da coluna. A influência da capacitãncia é maior para os sistemas cuja temperatura da base é
!IIlllOr.
4) Performance dos modelos matemáticos dinâmicos
Observa-se que as simplificações são muito mais prejudiciais para sistemas mrus
atípicos. Para alguns sistemas, a inclusão do holdup variável e do balanço de energia na forma
algébrica, como no modelo 3, faz com que o resultado seja muito diferente de quando somente
o balanço de energia é considerado na forma algébrica, como é feito no modelo 2. Para outros
sistemas, as diferenças entre os resultados apresentados para estes dois modelos são muito
pequenas.
5) Nova configuração para o processo de destilação extrativa
A nova configuração para o processo de destilação extrativa mostrou eficiência na
desidratação de misturas aquosas de etano!(!) compeiformance semelhante àquela observada
para a configuração convencional da destilação extrativa. A qualidade do etano!( 1) obtido
pode ser aumentada com o aumento do número de pratos, do refluxo ou da vazão de solvente.
Em termos de consumo energético, os valores apresentados pelas duas configurações também
189
Conclusões e Sugestões
No topo da coluna, a vazão de solvente aparece como uma forte concorrente ao refluxo, no
controle da especificação de topo. Na maioria dos casos a vantagem é para a vazão de solvente. A
exceção é o sistema acetona(! )-etanol(2)-tolueno(3) .
O único caso onde a temperatura de topo pode ser usada como variável de medida, foi para
o sistema acetona(l)-metanol(2)-clorobenzeno(3). O estudo comparativo entre usar a temperatura e
a fração molar de metanol(2), mostrou que a medida da temperatura causou menor oscilação no
processo. O desempenho do controlador, utilizando a fração molar de metanol(2) como variável
medida, pode ser melhorado pela modificação nos parâmetros.
Nos sistemas onde foram colocados controladores nas duas extremidades da coluna, a
interação entre as ações de controle foi pequena.
O controle destas colunas não apresentou grande dificuldade, mesmo com a utilização de
um controlador clássico, como é o PID. Entretanto, o sucesso do controlador, depende,
basicamente, do conhecimento detalhado do comportamento dinâmico dos processos. Uma maior
eficiência do controlador pode ser conseguida avaliando os parâmetros utilizados, bem como o
período de amostragem.
13.2- SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
As simulações até agora realizadas consideraram somente a coluna extrativa. Como o
solvente é proveniente da coluna de recuperação, é interessante observar o comportamento do
sistema quando as duas colunas estiverem interligadas. Ainda mais, visto a grande influência das
características da corrente do solvente sobre a dinâmica do processo.
Um dos principais pontos no projeto de um sistema de destilação é a quantidade de carga
térmica envolvida. Uma alternativa para reduzir a carga térmica em uma coluna de destilação é o
emprego da integração térmica SRV (Secondary reflux e vaporization) (Batista, 1995). Neste
processo, a coluna apresenta um gradiente de pressão entre uma seção e outra, de modo que pode-
191
Conclusões e Sugestões
se utilizar a região de maior pressão como provedora de carga térmica. Isto resulta em alto refluxo
interno e baixo refluxo externo. A possibilidade de utilizar este tipo de destilação nos sistemas
avaliados deve ser analisada.
Uma das tendências atuais é a utilização de colunas com baixo número de estágios. Para
tanto, além de ser necessário conhecer a relação custo/beneficio desta modificação, é importante
avaliar a influência do número de estágios na dinãmica do processo. A priori, pode-se pensar que
com menor número de estágios o sistema ficará mais "nervoso", principalmente na região inferior.
Entretanto, novos estudos devem ser realizados.
A medida da interação entre os "loops" de controle, ou &tia a influência de uma variável
manipulável sobre outra, é um ponto crucial no sistema de controle. Assim, é interessante estudar
estas interações, utilizando a matriz dos ganhos relativos (RGA) para o sistema operando com
solventes de alto e baixo pontos de ebulição.
Como já foi citado, as capacitãncias do refervedor e da estrutura são fundamentais na
duração do período transiente, após urna perturbação. Esta influência torna-se maior nas partidas e
paradas, onde as variações de temperatura são significativas, bem como quando as perturbações
causarem modificações superiores a 1 O oc nos valores das temperaturas. O estudo de partidas e
paradas considerando a capacitãncia do refervedor é um campo que deve ser explorado.
A nova configuração mostrou-se eficiente, porém mais estudos devem ser realizados para
avaliar a competitividade com a destilação extrativa convencional. Um estudo paramétrico no
estado estacionário deve ser realizado e, principalmente, a configuração e o tipo de controle a ser
utilizado.
192
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