processos metodológicos para a prática de projetos de design para

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PROCESSOS METODOLÓGICOS PARA A PRÁTICA DE PROJETOS DE DESIGN PARA UM CONTEXTO SUSTENTÁVEL AKEMI ALESSI ISHIHARA Belo Horizonte 2014

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Page 1: processos metodológicos para a prática de projetos de design para

PROCESSOSMETODOLÓGICOSPARAAPRÁTICADEPROJETOSDEDESIGNPARAUMCONTEXTOSUSTENTÁVEL

AKEMIALESSIISHIHARA

BeloHorizonte2014

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AKEMIALESSIISHIHARA

PROCESSOSMETODOLÓGICOSPARAAPRÁTICADEPROJETOSDEDESIGNPARAUMCONTEXTOSUSTENTÁVEL

DissertaçãoapresentadaaoProgramadePós‐GraduaçãoemDesigndaUniversidadedoEstadodeMinasGeraiscomorequisitoparcialparaaobtençãodograudeMestreemDesign,naáreadeconcentraçãoemDesign,InovaçãoeSustentabilidade.

Orientadora:Prof.ªDr.ªSebastianaLuizaBragançaLanaEscoladeDesign‐UEMG

Coorientadora:Prof.ªDr.ªMônicaCristinadeMouraUNESP – Universidade Estadual Paulista – Campus de Bauru

BeloHorizonte2014

Autorizoareproduçãoedivulgaçãototalouparcialdestetrabalho,porqualquermeioconvencionaloueletrônico,parafinsdeestudoepesquisa,

desdequecitadaafonte

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I79p

Ishihara, Akemi Alessi

Processos metodológicos para a prática de projetos de design para um contexto sustentável / Akemi Alessi Ishihara. – 2014.

106 f.: il. enc. Orientadora: Profª. Drª. Sebastiana Luiza Bragança Lana Coorientadora: Profª. Drª. Mônica Cristina de Moura Dissertação (mestrado) – Universidade do Estado de Minas Gerais, Programa de Pós-Graduação em Design. Bibliografia: f. 98-103. Inclui anexos. 1. Desenho industrial – Metodologia – Teses. 2. Desenho industrial – História – Teses. 3. Desenvolvimento sustentável – Teses. I. Lana, Sebastiana Luiza Bragança. II. Moura, Mônica Cristina de. III. Universidade do Estado de Minas Gerais, Programa de Pós-Graduação. IV. Título.

CDU: 7.05

Ficha catalográfica: Fernanda Costa Rodrigues CRB 2060/6 ª

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PROCESSOSMETODOLÓGICOSPARAAPRÁTICADEPROJETOSDEDESIGNPARAUMCONTEXTOSUSTENTÁVEL

Autora:AKEMIALESSIISHIHARA

EstadissertaçãofoijulgadaeaprovadaemsuaformafinalparaaobtençãodotítulodeMestreemDesignnoProgramadePós‐GraduaçãoemDesignda

UniversidadedoEstadodeMinasGerais.

BeloHorizonte,18deJulhode2014.

_____________________________________________________________Prof.ªDr.ªSebastianaLuizaBragançaLana,PhD.

CoordenadoradoPPGD

BANCAEXAMINADORA

Prof.ªDr.ªSebastianaLuizaBragançaLanaOrientadora

UniversidadedoEstadodeMinasGerais‐UEMG

Prof.ªDr.ªMônicaCristinadeMouraCoorientadora

UNESP – Universidade Estadual Paulista – Campus de Bauru

Prof.ªDr.ªMarcelinadasGraçasdeAlmeidaUniversidadedoEstadodeMinasGerais‐UEMG

Prof.ºDr.PauloMirandadeOliveiraUniversidadedoEstadodeMinasGerais‐UEMG

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“Agradeçotodasasdificuldadesqueenfrentei;nãofosseporelas,eunão

teriasaídodolugar.Asfacilidadesnosimpedemdecaminhar.Mesmoas

críticasnosauxiliammuito”.ChicoXavier

AgradeçoaDeusportudoemminhavida,semEle,nadaseriapossível!Agradeçoaosmeuspais,LucieMituo,aminhabase,meueu,sãoosmaioreseosmelhoresexemplosque eu tenho. Inspiradores, exigentes, amorosos edeterminados, incríveis emaravilhosos,sempremeapoiandoevibrandocomcadaconquista,cadaetapavencida.AoKioshi,peloapoioesocorronodiaadia,idasevindasàescoladasmeninas,maisqueumirmão,umcompanheiroeamigo.AKaori,quemesmoàdistânciasemprefoisuperpresentenestacaminhada.Ao Júlio, pelo amor, apoio, dedicação, doçura, paciência, força, brilho, participação egenerosidade,meunorte,portoseguro,semeleeunãoteriaconseguido.Àsminhasfilhas,AnaMeieSofiaAimi,porseremadoçuradaminhavida,tãopacientes,tentandoentenderporqueamãevoltouparaaescolaetãocompreesivasemaindatãotenraidade.Avidaéumacaixinhadesurpresaseeutiveafelicidadedeencontrareconhecerpessoasmaravilhosas, amigas e solidárias na nossa turma e nos professores do mestrado.Principalmenteo“Chicletes”,Aline,AnaPaula,ClaúdiaePaulaGlória,oapoio,astrocas,asconversasfrenéticasnoWhatsAppforamfundamentais,terapêuticas,motivadoraseprodutivas.ÀMarcelina,peloexemplodeforça,competência,pelasaulasinspiradoraseosdeliciososmomentos de pura sabedoria. Por encontrar para mim um tempo, em meio à vidaatribulada,pelaleitura,ossábiosconselhoseconseguiracalmarmeucoraçãotãoaflito.Às “Lulu”doQui‐B, pelosmomentosdedescontração, tão importântes e revigorantes,principalmenteàIsa,minhairmãdecoração.UmagradecimentoespecialparaCris,Angelita,umverdadeiroanjo,puragenerosidade,minhaamigaquerida,quemesmoàdistância,comavidacorrida,atendeuaomeupedidodeajuda,urgenteeemcimadahora.AoAndréBorges,queridoamigo,quegentilmentefezumaleituradomeutexto.À minha orientadora, Sebastiana e à minha coorientadora, Mônica, obrigada pelaoportunidadeepelocrescimentoproporcionado.

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Métodos nada mais são do que instrumentos de trabalho e, portanto, é preciso evitar o mito de que sua utilização em projetos é garantia de sucesso. O bom resultado de um projeto depende da capacidade técnica e criativa de quem o desenvolve. Métodos e técnicas podem, contudo, auxiliar na organização de tarefas tornando-as mais claras e precisas, ou seja, oferecem suporte lógico ao desenvolvimento de um projeto.

Gustavo Amarante Bonfim

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RESUMO ISHIHARA,A.A.Processosmetodológicosparaapráticadeprojetosdedesignparaum contexto sustentável. 2014. 106f. Dissertação (Mestrado) ‐ Escola de Design,ProgramadePós‐GraduaçãoemDesigndaUniversidadedoEstadodeMinasGerais,BeloHorizonte,2014.Nesta dissertação focalizaram‐se algumas questões relativas a utilização de métodoscientíficosparaapráticadodesign.Pararefletirsobreousodametodologiacientíficaemmetodologias projetuais realizou‐se um levantamento histórico de alguns métodoscientíficos, visando‐se encontrar tanto os princípios que os permeiam, quanto acompreensão de suas naturezas e respectivas aplicabilidades. Para tal, a pesquisarealizadaobjetivoutraçarumparaleloentreasmudançasocorridasdesdeasociedadeindustrial até a complexidade pós‐moderna e princípios da sustentabilidade,considerandoasdiscussõeslevantadasporEdgarMorinrelativasaopensamentolinearesistêmico.Acontemporaneidade,comsuasdiversasmanifestaçõescotidianas,exigequeodesignconsidereasrelaçõesinter,multietransdisiplinaresemsuaspráticasprojetuais.Para constatar isso, elaboraram‐se entrevistas com designers atuantes em diferentesáreas afim de compreender os processos metodológicos utilizados em seusprojetos.Verificou‐seanecessidadedeestudarformalmenteosmétodos,bemcomoastécnicasdecriatividade,semfórmulasobrigatórias,mas,norteadasporumplanejamentoqueserearticulaassumindoaplenaconsciênciadoexecutar,dodesenvolveredopensarprojetual,concomitantementeàprática.Palavras‐chave:Design.Métodosemdesign.Práticaprojetual.

   

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ABSTRACT

 Inthisdissertationwasfocusedonsomequestionsregardingtheuseofscientificmethodsto the practice of design. To reflect on the use of scientificmethodology in projectivemethodstherewasahistoricalsurveyofsomescientificmethods,aimingtofindboththeprinciplesthatunderliethem,astheunderstandingoftheirnatureandtheirapplicability.Tothisend,thesurveyaimedtodrawaparallelbetweenthechangessincetheindustrialsociety to thepostmodern complexity andprinciples of sustainability, considering thediscussionsraisedbyEdgarMorinonthelinearandsystemsthinking.Thecontemporary,withitsmanydailymanifestations,requiresthedesignconsidertheinterrelations,andmulti transdisiplinares in their projective practices. To realize this, developed tointerviews with designers active in different areas in order to understand themethodologicalprocessesused in theirprojects.There isaneed to formallystudy themethodsandthetechniquesofcreativitywithoutmandatoryformulas,butguidedbyaplan that is rearticulates assuming full awareness of the run, the development andarchitecturaldesignthinking,concurrentlywithpractice.Keywords:Design.Designmethods.Projectivepractices.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES FigurasFigura1–Modernidade/Pós‐modernidade............................................................................35 

Figura2–ModelodedecomposiçãoecomposiçãodeChristopherAlexander...........42 

Figura3‐ModelodoprocessoprojetualdeBruceArcher.................................................43 

Figura4‐ModelodoprocessodedesigndeBürkek.............................................................44 

Figura5‐ModelodeHegeleBorzak............................................................................................45 

Figura6–Modelodataxonomiadosproblemas–Bonsiepe.............................................47 

Figura7–MarcadocertificadoCradletocradle.....................................................................53 

Figura8–CritériosdeinovaçãodocertificadoCradletocradle.....................................53 

Figura9–Soluçãodedesignsustentável...................................................................................54 

Figura10‐EtapasdoprocessodeDesignThinking..............................................................60 

Figura11–EsquemadaabordagemdoDesignthinkingpelaempresaMJV...............62 

Figura12‐Esquemarepresentativodasetapasdoprocessodedesignthinking.....63 

Figura13–Basemetodológicadodesign..................................................................................73 

Figura14–Analogiaarquiteturafechada..................................................................................92 

Figura15–Analogiaarquiteturaaberta......................................................................................93 

Figura16–AnalogiaTablet/Dispositivomóvel.....................................................................94 

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QuadrosQuadro1–Formaçãoetempodemercado........................................................................66

Quadro2–Processosmetodológicos...................................................................................67

Quadro3–Processosmetodológicos...................................................................................68

Quadro4–Sustentabilidadeaplicadaaosprojetos..........................................................69

Quadro5–Sustentabilidadeaplicadaaosprojetos..........................................................70

Quadro6–Observações...........................................................................................................71

Quadro7–Observações...........................................................................................................72

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SUMÁRIOINTRODUÇÃO.....................................................................................................................................................12 1.  HISTÓRICODOSMÉTODOSCIENTÍFICOS...............................................................................19 1.1.  Bacon(1561‐1626)...........................................................................................................................19 1.2.  Galileu(1564–1642).......................................................................................................................21 1.3.  Descartes(1596–1650).................................................................................................................22 1.4.  Locke(1632–1704).........................................................................................................................23 1.5.  Newton(1643–1727).....................................................................................................................24 1.6.  Hume(1711–1776).........................................................................................................................25 1.7.  Hegel(1770–1831)..........................................................................................................................26 1.7.1.  Carnap(1891–1970)..................................................................................................................28 1.7.2.  Popper(1902–1994)..................................................................................................................29 1.7.3.  Kuhn(1922–1996)......................................................................................................................30 1.7.4.  Feyerabend(1924–1994)........................................................................................................31 2.  OSMÉTODOSSISTÊMICOS.............................................................................................................33 2.1.  Métodosedesign................................................................................................................................36 3.  PROCESSOSMETODOLÓGICOSEMDESIGN...........................................................................41 3.1.  Designthinking.....................................................................................................................................56 3.1.1.  DesignthinkingumavisãodaempresaMJV–Tecnologiaeinovação.....................62 4.  ENTREVISTAS......................................................................................................................................66 5.  ANÁLISESDECASO............................................................................................................................79 5.1.  ConcursoAngloGoldAshanti.........................................................................................................79 5.2.  Gestãodoposicionamentodamarcaparaos50anosdoUnibh....................................85 CONSIDERAÇÕESFINAIS..............................................................................................................................91 REFERÊNCIAS....................................................................................................................................................98 ANEXOA............................................................................................................................................................104 ANEXOB............................................................................................................................................................105 

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INTRODUÇÃO 

Desdearevoluçãoindustrial,opapeldodesignernasociedadetemsetransformado,bem

como suas práticas metodológicas. Atualmente vivemos em uma sociedade bastante

complexa na qual a sustentabilidade é um dos principais focos, tanto social quanto

empresarial. Segundo Cardoso (2008), a pós‐modernidade na Europa rompeu vários

padrõesdaproduçãoindustrialeamassificaçãofoireduzidadevido,principalmente,a

umamudançanoshábitosdosconsumidores,assimsendo,ficoumaiscomplicadodefinir

o perfil do antigo e previsível “público‐alvo”, quem são, quais seus hábitos, não só de

consumo,mastambémdodiaadia.

Nestecenário,comocompreendereaplicarosdiferentesmétodosdedesignnãolineares

utilizadosparaapráticadodesignparaumcontextosustentável?

Projetar ficoumais complexo, os produtosque antes atendiamaumgrande grupode

consumidoresdeveriamserrepensadoseaspesquisasdemercadojánãoapontamuma

soluçãoúnica.Os consumidores se tornarammaisexigentes, a tecnologiapossibilitou‐

lhesa trocade informações– transformaram‐seem“usuários”epassaramaocuparo

centroda cadeiaprodutiva, a indústria se viu “forçada” a entendê‐los e adesenvolver

projetosparaummercadocadavezmaissegmentado.Surgeoconsumidordefinidopor

Toffler(1997),autordolivro,Aterceiraonda,comoprosumer,resultantedajunçãoentre

aspalavrasinglesasproducer+consumer.

Toffler(1997)discutesobreamudançanomodocomoaindústriainteragecomestenovo

consumidor,procurandoatenderassuasespecificidadeseentenderosconsumidores.

Nós temossidomaisbem‐sucedidosquando trabalhamos intimamentecomumoudoisfregueses”,dizogerentedosistemadeplanejamentodaTexas Instruments. “Sairmos nós mesmos por aí, para estudar umaaplicação, e depois tentarmos surgir com um produto padrão nessemercadonãotemdadocerto.”[...]Quantomaismudamosnadireçãodamanufatura avançada e quanto mais desmassificamos e maispersonalizamosaprodução,maisoenvolvimentodofreguêsnoprocessodaproduçãodevenecessariamentecrescer.(TOFFLER,1997,p.274).

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OconceitodeprosumerdeToflerpreviaumconsumidorqueproduziriaemcasa,produtos

para si, altamente personalizados, utilizando a tecnologia. Com o desenvolvimento da

interneteaacessibilidadedatecnologiadigital,asmídiassociais1tornaram‐seoprincipal

canal utilizado pelo prosumer para difundir sua opinião, após o consumo. O termo,

prosumer,ganhouamplitude,dessaforma,emmuitoscasosasinformaçõesdifundidasnas

mídiassociaisrecebemmaiorcredibilidadequeacomunicaçãooficialdasempresas,seu

hotsite,suascampanhaspublicitárias.Osusuárioscriamcomunidadesnasredessociais,

postamnainternetcomoépossívelrealizaramanutençãonosequipamentos,alémda

formacorretadeutilizá‐los,fazemtestescomparativosentreasmarcasecriamvalores

agregadosatravésdosrelatosdesuasexperiênciascomosprodutos.

Nesteprocessodeadaptaçãodaindústriaparaoprosumer,osdesignerstiveramumpapel

fundamental.Amaneiradepensardodesigner,avisãosistêmicaparaodesenvolvimento

dos projetos, os métodos utilizados serão analisados neste trabalho, que se encontra

subdivididonoscapítulosqueserãodescritosaseguir:

Históricodosmétodos– foirealizadoumbrevehistóricodosmétodoscientíficosea

apresentaçãodos seguintes pensadores:Bacon (1561 – 1626), Galileu (1564 – 1642),

Descartes(1596–1650),Locke(1632–1704),Newton(1643–1727),Hume(1711–

1831),Hegel(1770–1831),Carnap(1891–1970),Popper(1902–1996)eFeyrabend

(1924–1994)equalainfluênciadecadaumparaaconstruçãodametodologiacientífica.

Osmétodossistêmicos–apresentaçãodecomosedáarelaçãodeconsumonapassagem

damodernidadeparaapós‐modernidade,quaisasimplicaçõesparaosdesigners,comoa

formadeprojetarfoiafetadapelonovocenário.

Métodosedesign–foi feitaumareflexãosobreoiníciodaformalizaçãodoensinode

designeosreflexosnoBrasil,ainfluênciadeHfGUlmnoensinodosmétodosenaprática

1Facebook, Orkut, Twitter, Flickr, Blogeer, dentre outros.

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projetual.Tambémsãolevantadasasmudançasdeparadigmasdoatualcenáriocomplexo

ecomoosdesignersforamafetados.

ProcessosMetodológicosemdesign–foirealizadoumrecorteeapresentadoalguns

teóricoscujosmétodosnortearamapráticaprojetualdodesign, traçou‐seumparalelo

com os métodos científicos e foram elaborados esquemas gráficos. Também foram

discutidas as mudanças de paradigmas e abordadas como essas mudanças e a

sustentabilidadeafetaramapráticaprojetualdodesigner.

DesignThinking–traçouumbrevehistóricodométodo,assimcomosuarelaçãocoma

gestãododesign.Autilizaçãodeequipesmultidisciplinares,abuscapelacompreensãodo

usuário e como ele se torna determinante no processo projetual. No capítulo,Design

ThinkingumavisãodaempresaMJV–Tecnologiaeinovação,éapresentadocomoa

empresabrasileiraMJV–Tecnologiaeinovaçãoutilizaométodoparaodesenvolvimento

deseusprojetos.

Entrevistas–Foramrealizadasonzeentrevistascomdesignersdediferentesáreasde

atuaçãoeformação,apresentandoquadroscomparativoscomresumodasentrevistase

as considerações que puderam ser feitas a partir da análise dos dados coletados. Foi

realizadaumarelaçãocomosmétodospesquisados.

Análisesdecaso–sãoapresentadosdoisestudosdecasodetrabalhosdesenvolvidos

paraomercadoecomooprocessometodológicofoiutilizadopelosprofissionais.

Foirealizadoumhistóricodosmétodoscientíficos,procurandocompreenderanatureza

dosmétodoseoreflexonapráticadodesign,especialmenteemrelaçãoaosmétodosnão

lineares,natentativadecompreenderocontextohistórico,anecessidadedacriaçãode

ummétodoqueapresentasseumavisãosistêmicacontemplandooambientecomplexo

paraoqualasociedadecaminhoucomapós‐modernidadeeaomesmotempopesquisar

osmétodossistêmicosutilizadosnoBrasileoseureflexoparaapráticadodesign.

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Asquestõesquenortearamainvestigaçãorealizadapautaram‐senasseguintesquestões:

quaisosprincípioseosquestionamentosquemotivaramosdesigners,levando‐osabusca

pelo método e os processos de fazer design? Quais foram os fatores externos que

propiciaram mudanças na forma de projetar? Quais as demandas de mercado,

necessidades sociais, questões estéticas e ambientais que podem ter interferido no

processodeprojetar?

Osusuáriostêmconduzidoasprincipaismudançasocorridasnosúltimosanos.Issotende

aaumentardeformaconsiderável,especialmenteemrazãodasferramentasnainternet,

pelasquaisépossívelsugerirmudançasemserviçoseemprodutosdeformacolaborativa

entreempresaseusuários.Essainteraçãotemlevadoosdesignersareveremosmétodos

tradicionaisutilizadosnapráticaprojetual.

Avisãododesignerprecisacontemplaressastransformaçõessociaiseeconômicasque

aconteceram e irão acontecer crescentemente em nossa sociedade, mudando os

paradigmasnasrelaçõesentreconsumidoreseempresasgeradorasdebenseserviços.

ComoafirmaKruken(2009)avisãododesignvemauxiliaracomplexatarefademediar

asrelaçõesdeproduçãoeconsumo,detradiçãoe inovação,dentrodaperspectivadas

qualidadeslocaiserelaçõesglobais.

Afimdeumentendimentodessaspráticasprojetivasdodesignatual,faz‐senecessário

umestudocríticodosmétodospresentesnoDesign,sendoométodo,deacordocoma

afirmativadeCipiniukePortinari(2006),umconjuntodeprocedimentosracionais,claros

esistemáticos,colocadosemprática,visandoatingirenunciadoseresultadosteóricosou

concretos aceitos, ou considerados como verdadeiros, conforme algum critério

estabelecidocomoverdade.

Algunsdesignerstêm,nosúltimosanos,desenvolvidométodosafimdepreencheressa

lacunaentreempresaemercado,buscandomapearessasrelaçõescomplexas,atravésde

atividadesmultidisciplinares.

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Odesignéumcampodepossibilidadesimensasnomundocomplexoemque vivemos. Por ser uma área voltada, historicamente, para oplanejamentodeinterfaceseparaaotimizaçãoeinterstícios,elatendeaseampliaràmedidaqueosistemasetornamaiscomplexoeàmedidaque aumenta, por conseguinte, o número de instâncias e inter‐relaçãoentresuaspartes.Odesigntendeaoinfinito–ouseja,adialogaremalgumnívelcomquase todososoutroscamposdeconhecimento. (CARDOSO,2012,p.234)

Outropontoimportantenessenovocontextoéasustentabilidade,temaqueéumadas

principais bandeiras levantadas pelas políticas públicas e pelas organizações. O efeito

estufa,oburaconacamadadeozônio,oaquecimentoglobaleoexcessodeemissãode

gasespoluentes forampreponderantespara apreocupação coma “saúde”doplaneta.

Surge um novo consumidor atento aos processos de produção, as matérias‐primas

utilizadas,odescartedoprodutoeosimpactosambientaisprovocadospeloseupróprio

consumo.ManzinieMeroni(2009)apontamparaopapeldodesignnessecontexto,como

grandepotencializadordatransiçãoparaosmodelosprodutivosquepossamreduziro

impactoambiental.Noentanto,ponderamsobreoprocessodemudançasendonecessária

uma transformação não apenas tecnicista, mas, sobretudo, na esfera social e nas

mudançasdecomportamento.Bistagnino(2009)ressaltaa importânciadareflexãodo

designer sobre o seu papel na sociedade de consumo e na cadeia produtiva, que se

refletemnasescolhas:projetaroprodutoouprojetarohomem?Projetarumaformaoua

sociedade?Éprecisoqueosdesignersreflitamsobreoseupapelnahistóriaeopoder

transformadordodesign.

Dentro desse paradigma de sustentabilidade, a princípio, foram encontrados diversos

métodosqueconsideramessa interação,opapeldousuárioeasrelaçõesdeprodução

valorizando os processos sustentáveis, a utilização dematérias prima ecologicamente

corretas,questõesenergéticas,processosmaiseficientesemenosdispendiosos,deforma

acontribuircomasociedadecomoemsuatotalidade.

Emuma revisão bibliográfica inicial, constatou‐se uma pluralidade entre os inúmeros

métodosdepesquisaemdesign,oquepermitevárias inserçõesnosentidodeampliar

esse panorama. Nesse sentido, enfatiza‐se a importância de um aprofundamento nos

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estudossobreasmetodologiasemdesigneemnovoscontextosdeproduçãoeconsumo

nomundoatual.Estadissertaçãovisaanalisarecompreendercomoosdesignersestão

desenvolvendoseusprojetosparapráticadodesignemumcontextosustentável.

Como metodologia, foi utilizada uma combinação de observação direta e entrevistas

utilizandooprincípiodaetnografiadeBronislawMalinowskieCliffordGeertz,quede

acordocomUriarte(2012)éobservaropontodevistado“nativo”2,aprendercomele,

compreender o que intimamente lhe diz respeito e construir uma descrição em

profundidadedasculturasobservadas.Foramentrevistados11designersdediferentes

áreasdeatuação,paracompreendercomoutilizamosmétodosemsuapráticaprojetual,

traçandoumquadrocomparativoentreosmétodosdescritos.

Como forma de compensar o reducionismo extremo, algunspesquisadores e profissionais recorrem a conteúdos e métodos dasciências sociais, como a Etnografia, aAntropologia e aHistória,mas ofazemcomoaapropriaçãodeelementosúteis isolados,nãocomoumaaceitedesuaspremissas:queoconhecimentomatemáticonãoéabsoluto,que na base de todas as ciências há a Filosofia, e que o mundo éfundamentalmenteumambientenãototalmenteformalizável,sempreháumexcedentedesconhecidoincontrolável.(VASSÃO,2010,p.19)

Foirealizadoumlevantamentobibliográficocontextualizandohistóricaesinteticamente

as teorias, os principais autores e pensadores que debatem osmétodos científicos, e

tambémumrecorteeolevantamentoarespeitodosmétodosutilizadospelosdesigners,

oquepermitiuumaanálisesobreaorigemdautilizaçãodosmétodosnão‐lineares.

Foidesenvolvidooroteiroeaplicadasentrevistasregistradasemvídeo,preocupando‐se

comperguntas indiretaspara atingir as impressõesmaisprofundas e tentar fugir das

respostasprontasepadronizadas.Nestaetapaforamaindaanalisadasaposturacorporal,

entonação de voz, dentre outros. Com este procedimento, foi possível a validação da

entrevista, pois teremosmaterial que poderá ser visto e analisado por pesquisadores

2ParaMalinowski,nativoéohomemdedeterminadacomunidade,oobjetodeestudodapesquisaetnográfica,emseucontexto,nativotinhaosignificadoliteral,ouseja,própriodolugaraondenasce.

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externosquenãopossuemvínculocomapesquisaeposteriormentea transcriçãodos

dados.

Durante o processo de pesquisa foi possível perceber que ametodologia científica se

diferedametodologiaprojetual,porém,ainfluenciouaolongodaconstruçãoedefinição

dos processos metodológicos para a prática projetual. Durante a prática projetual o

designerdemonstraterpensamentosistêmico,masaindaprojetadeformalinear.

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1. HISTÓRICO DOS MÉTODOS CIENTÍFICOS 

 

Procurou‐se,nestecapítulo,desenvolverumlevantamentohistóricodosmétodosapartir

de revisão de literatura, selecionando reflexões, textos e afirmações de alguns

importantes pensadores da humanidade que influenciaram o desenvolvimento dos

métodos científicos e propiciaram relevantes mudanças no processo da pesquisa

científica:Bacon(1561‐1626),Galileu(1564‐1642),Descartes(1596‐1650),Locke(1632‐

1704),Newton(1643‐1727),Hume(1711‐1776),Hegel(1770‐1831),Carnap(1891‐

1970),Popper(1902‐1994),Kuhn(1922‐1996)eFeyrabend(1924‐1994),tendocomo

referência, nos textos originais, os princípios e os questionamentos que os levaram a

busca pela compreensão do processo do saber humano.O como pensamos? Por onde

caminham as nossas mentes na produção do conhecimento? A partir destes

questionamentos filosóficos podemos observar o desenvolvimento dos processos

metodológicos de pesquisa. Desde a Renascença, a idade da razão, época de grande

profusão de descobertas científicas – retomada dos princípios classicistas da

racionalização, humanização e egocentrismo, passando pelo mundo moderno até a

filosofiacontemporânea,ohomemvemmudandoasuaformadepensarequestionaro

mundo, assim como osmétodos científicos foram profundamente influenciados pelas

mudançasinternasedeparadigmasdaciência.

 1.1. Bacon (1561 ‐1626) 

Pioneiro do empirismo britânico Francis Bacon ficou conhecido por desenvolver o

método científico a partir da experiência sensorial. Ao propor a substituição das

observaçõesporvalidaçãodasteoriasatravésdetestesembuscadeexemplosnegativos.

Priorizando assim a experiência prática na ciência, acreditavaquenão existia o saber

seguroadvindodaobservaçãoequetodateoriadeveriasertestadasemoenvolvimento

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dossentidospreconcebidos,livredasdeduçõesedaformaçãodosídolos3quedeacordo

comBacon,bloqueiamamentehumana.

Nossométodo4,contudo,étãofácildeserapresentadoquantodifícildese aplicar. Consiste no estabelecer os graus de certeza, determinar oalcanceexatodossentidoserejeitar,namaiorpartedoscasos,olabordamente, calcadomuito de perto sobre aqueles, abrindo e promovendo,assim,anovaecertaviadamente,que,deresto,provémdasprópriaspercepçõessensíveis.Foi,semdúvida,oquetambémdivisaramosquetantoconcederamàdialética.Tornaramtambémmanifestaanecessidadedeescorasparaointelecto,poiscolocaramsobsuspeitaoseuprocessonatural e o seu movimento espontâneo. Mas tal remédio vinha tardedemais,estandojáascoisasperdidaseamenteocupadapelosusosdoconvívio cotidiano pelas doutrinas viciosas e pela mais vã idolatria.(BACON,2013,p.02)

Bacon publicou, em 1597 alguns ensaios, e em 1605 o livro “O progresso do

conhecimento”. Em 1620 publicou a obra “Novum organum”, na qual descreve os

caminhospercorridosparaaapresentaçãodesuateoriacientíficaempirista.Neladestaca

aimportânciadeserealizarexperimentospráticosnosmétodoscientíficos,nãoaceitara

generalização sob fatos cotidianos da natureza, aceitando‐os simplesmente porque

ocorrem frequentemente, o cientista deve buscar as causas para a construção do

conhecimentosobreomundo.

Mas,quantoanós,quesabemosnãosepoderformularjuízosacercadascoisasraraseextraordináriasemuitomenostrazeràluzalgodenovo,antesdeseteremexaminadodevidamenteedesehaveremdescobertoascausasdascoisascomuns,eascausasdascausas,fomoscompelidos,pornecessidade,aacolheremnossahistóriaascoisasmaiscomuns.Porisso,estabelecemosquenãohánadatãoperniciosoàfilosofiacomoofatodeascoisasfamiliaresequeocorremcomfrequêncianãoatraíremenãoprenderema reflexãodoshomens,mas seremadmitidas semexameeinvestigaçãodassuascausas.(BACON,2013,p.72)

3Nateoriadosídolos,Baconafirmaqueosídolossãoilusõesoudistorçõesdamentehumana,ohomemdevelivrar‐sedeseuspreconceitosparachegaraoverdadeirosaber.4Bacon não usa,  ao  contrário de Descartes, o  termo methodus,  transcrição  latina do  grego, possivelmente para não  se comprometer  com  o  seu  uso  anterior.  Prefere  ratio  ou  via.  Acompanhou‐se,  no  caso,  a  unanimidade  dos  tradutores modernos. José Aluysio Reis de Andrade – tradutor.

Page 21: processos metodológicos para a prática de projetos de design para

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Opensadorafirmavaqueoconhecimentocientíficoébaseadonelepróprio,queprogride

de forma constante formulando leis e permitindo que pessoas façam realizações que,

outroranãoerampossíveis,logooconhecimentoépoder.

1.2. Galileu (1564 – 1642) 

Físico,matemáticoefilósofoitaliano,estabeleceuodiálogoexperimentalcomoodiálogo

da razão com a realidade, do homem com a natureza. Buscou a validação domodelo

hipotético‐quantitativo, Köche (2011) afirma que Galileu propôs a ruptura

epistemológicaquedesenvolveofazercientífico,apartirdaobservaçãodanaturezaede

evidências quantitativas deveria vir a explicação, determinando assim o método‐

quantitativo‐experimental.

Galileupublicou,emVeneza,noanode1610,olivro“SidereusNuncius”,comapenas24

páginasnoqualrelatavasuasdescobertastelescópicas.Olivrofoiumsucesso,tantoque

olevouaescrever,emRoma,noanode1613umadesuasmaisimportantesobrassobre

asmanchasqueapareciamnosol“IstoriaeDimostrazioniIntornoAlleMacchieSolari”.Em

1632publicou“Dialogosopraiduemassimisistemidelmondotolemaicoecopernicano”,a

polêmicacausadapelapublicaçãodeste livro,culminounaproibiçãodavendadolivro

pelaIgrejaCatólica.GalileutambémfoiobrigadoanegarateoriadeCopérnico.

Assimchegounodia22‐6‐1633odesfechodotristedrama,apublicaçãooficialdasentença.Oatosefeznaaulamagna(nãonaigreja!)docolégiodominicanoMaria sopraMinerva, só em presença dosmembros do S.Oficio (Inquisição). Os juízes declaram: Galilei se tornou suspeito deheresia.ExisteasuspeitadetereledefendidoadoutrinafalsaecontráriaàSagradaEscrituradequeoSolsejaimóvel,aTerramóvel,oSolenãoaTerra o centro do mundo e que se possa sustentar e defender comoprovável uma opinião ainda depois de ela ser declarada contrária àSagradaEscritura.DestaformaGalileiincorreunascensuraseclesiásticasdas quais será absolvido se fizer abjuração. Seu livro é proibido, elemesmo condenado à prisão segundo o beneplácito da Inquisição e,durante três anos, rezará semanalmente os sete salmos penitenciais.Depoisdepromulgadaasentença,Galilei leuafórmuladaabjuração.Éuma lenda, sem verdade histórica, que no fim ele tenha acrescentado:“Eppursimuove”(contudoelasemove).(BERNARDES,1954,p.53)

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SegundoBurtt(1983),ométodopropostoporGalileupodeserdivididoem4etapas,quais

sejam:

Observarosfenômenosanalisando‐os,procurandoestabelecerrelaçõesquantitativas

entreseuselementosparaaconstruçãodehipóteses;

Realizaraverificaçãodashipótesesapartirdeexperimentos;

Elaborarresultadoscomaproposiçãodeteoriascombasenasanálisesquantitativas;

Estabelecimento de novas verdades científicas após a comprovação da proposta

teórica;

Galileuemsuateoriacolocaodiálogodohomemcomanaturezaintermediadopelalógica

matemáticaeosmétodosquantitativos.

 1.3. Descartes (1596 – 1650) 

DescartesviveunoiníciodoséculoXVII,deacordocomRosenfield(1996),numperíodo

derápidosavançosnasciências,publicouem1637,o livro“Discursosobreométodo”,

umadesuasobrasmaismarcantes,escritaemfrancês,consideradaumalínguavulgar.

Rosenfield (1996) aponta que na época os textos científicos eram escritos em latim,

porém,Descartestinhaoobjetivodeatingirumamplopúblico.

Depoisdisso,considereiemgeraloqueénecessárioaumaproposiçãoparaserverdadeiraecerta;pois,tendoacabadodeencontrarumaqueeusabia ser tal, pensei que eudevia tambémsaber emque consiste essacerteza. E, tendo observado que nisto, penso, logo existo, não háabsolutamentenadaquemeassegurequedigoaverdade,anãoserquevejomuitoclaramenteque,parapensar,éprecisoser,julgueiquepodiatomarcomoregrageralqueascoisasqueconcebemosdemaneiramuitoclaraedistintasãotodasverdadeiras;háapenasalgumadificuldadeemobservar bem quais são aquelas que concebemos distintamente.(DESCARTES,2005,p.71)

Nessaobra,opensadorformalizaométodocientífico,apresentandonasegundaparteseu

métododeraciocínio,noqualpondera:

Nãoaceitaralgocomoverdadeiroatéqueseesgotemtodasasprobabilidades;

Page 23: processos metodológicos para a prática de projetos de design para

23

Dividiroproblemaemquantaspartessejamnecessáriasparaasuacompreensãoe

resolução;

Hierarquizarospensamentospelomaissimplesatéosmaiscomplexos,propiciando

assimacompreensãodotodo;

Revisareenumerarmeticulosamentetodasasconclusõesparaseteracertezadenão

deixarnenhumalacuna;

Mais tarde ao escrever:Meditações sobre a filosofia primeira, em1641, abandonou a

frase:“Penso,logoexisto”;poisautilizaçãodelogoconduzaoequívocodeumaconclusão

eaintençãodeDescartesseriaadeumaintuição.

1.4. Locke (1632 – 1704) 

LockefoiajudantedoquímicoRobertBoyle,oqueocolocouemcontatocomaabordagem

empírica da ciência. É incluído no grupo de filósofos conhecidos como os empiristas

britânicos, ao ladodeBerckeleyeHume.Em1690,publicouo livro “Ensaioacercado

entendimentohumano”,noqualrejeitaadoutrinadequequalquerserhumanopossater

algum tipode conhecimento inato.Entretantoapossedeatributos inatos tais comoa

percepçãoeoraciocíniosãofundamentaisparaodesenvolvimentodasuateoriasobrea

construçãodoconhecimentohumano.

A maneira pela qual adquirimos qualquer conhecimento constituisuficienteprovadequenãoéinato.Consistenumaopiniãoestabelecidaentre alguns homens que o entendimento comporta certos princípiosinatos, certas noções primárias, koinaìénoiai, caracteres, os quaisestariamestampadosnamentedohomem,cujaalmaosreceberaemseuserprimordialeos transportaconsigoaomundo.Seriasuficienteparaconvencer os leitores sem preconceito da falsidade desta hipótese sepudesseapenasmostrar[...]comooshomens,simplesmentepelousodesuas faculdades naturais, podem adquirir todo conhecimento quepossuemsemaajudadeimpressõesinatasepodemalcançaracertezasemnenhumadestasnoçõesouprincípiosoriginais.[...](LOCKE,1999,p.37)

Page 24: processos metodológicos para a prática de projetos de design para

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Locke acreditava que através da educação todo ser humano pode ser moldado

estimulandosuamenteedesenvolvendohabilidadesindividuais,semprehaveriaoutras

explicaçõesparaauniversalidadedosconceitoscomunsatodosossereshumanos,pois

tudooquesabemoséadquiridoapartirdaexperiência.Aoquestionarsobreomecanismo

humanoparaaquisiçãodeconhecimentos,Lockedestacaqueoserhumanoaonascertem

suamentecomoumatelaembrancopodendoohomemracionalizaroseuconhecimento

apartirdasexperiênciaseelaborarnovasideias.

1.5. Newton (1643 – 1727) 

Newtonimportantecientistainglês,famosopeladescriçãodaLeidaGravidadeUniversal

easTrêsLeisdeNewton,fundamentaisparaamecânicaclássica,tambémfoiastrônomo,

alquimista,filósofonaturaleteólogo.Desenvolveuomodelodeacessoàrealidadecomo

oprocedimentodoexperimentocientífico,queestipulacritériosparadefiniroserrose

acertos.Nãoaceitounenhumahipótesefísicaquenãopudesseserextraídadaexperiência

pelaindução,extraídasdosfatosexcluindoaespeculaçãohipotética.

O procedimento do experimento científico estipula quando o homemacessa plenamente a realidade – a tal ponto de dizer em exatidãoquantitativacomoéqueelafuncionaecomoelaserelaciona:seoacessoé“verdadeiro”,ou,quandonãoaacessaplenamente,seoacessoforneceumaimagem“falsa”.

Esseprocedimentopassouasechamarmétodocientíficoeobteveváriasinterpretações,principalmenteapositivista e empirista, decorrentedafísica newtoniana, expressa na obra Philosophiae Naturalis PrincipiaMathematica(1687),deNewton.(KÖCHE,2011,pp.54‐55)

Newtoncomseusprocedimentoscientíficospropõeumaleituradarealidadeapartirdo

experimento científico, determinando critérios para compreender quando o homem

realmenteatingearealidade,apartirdemétodosquantitativos.

 

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1.6. Hume (1711 – 1776) 

OescocêsHumenasceuemumaépocanaqualeradebatidanaEuropaqualanaturezado

conhecimento humano. O embate acontecia entre os racionalistas e os empiristas5, e

Humesetornaráumdosprincipaisempiristasbritânicos,consideradoporalgunscomoo

maisradicaldeles.Em1739,escreveolivro“Tratadodanaturezahumana”,umgolpeno

racionalismoesetornajuntocomLockeeBerkeley,oterceirodosprincipaisempiristas

britânicos, argumentando veementemente contra o conhecimento inato. Em 1748,

escreveolivro“Investigaçãoacercadoentendimentohumano”,quesegundoMarcondes

(2006),éumareelaboraçãodaobraanterior.Tendocomoprincípiooraciocínioindutivo

– nossa capacidade tirar conclusões a partir de evidências passadas, a partir das

observaçõesdepadrõeserepetições.

Humepropôsaspercepçõesdoespíritoqueseriaadivisãodoteordamenteemdoistipos

de fenômenos, impressões que são as percepções diretas que ele descreve como “a

vivênciarealdaexperiência”,como,porexemplo,quandoumhomemsequeimanofogo

esenteadornacarne,comoaltograudeintensidadeevivacidade.Eospensamentosou

asideias,queelechamadecópiaspálidasdasnossasimpressões,sãoaslembrançascom

menorgraudeintensidadeevivacidade,quesãoativadoserecriadospelaexperiência

advindadasimpressões.

Entretanto, embora nosso pensamento pareça possuir esta liberdadeilimitada,verificaremos,atravésdeumexamemaisminucioso,queeleestárealmenteconfinadodentrodelimitesmuitoreduzidosequetodopoder criador do espírito não ultrapassa a faculdade de combinar, detranspor,aumentaroudediminuirosmateriaisquenosforamfornecidospelossentidosepelaexperiência.Quandopensamosnumamontanhadeouro, apenas unimos duas ideias compatíveis, ouro emontanha, queoutrora conhecêramos. Podemos conceber um cavalo virtuoso, pois osentimentoquetemosdenósmesmosnospermiteconceberavirtudeepodemos uni‐la à figura e forma de um cavalo, que é um animal bemconhecido. Em resumo, todososmateriais dopensamentoderivamde

5Paraosracionalistasaorigemdoconhecimentoéderivadadarazãohumana,acapacidadedeestabeleceraverdadeapartirdarazãoedosconhecimentosquepodemsercomprovadosapartirdasciênciasexatas.Jáosempiristasacreditamqueaorigemdoconhecimentosedáapartirdasexperiências,porconsequênciaapartirdossentidosedapercepçãohumana,adquiridoaolongodavidacompostodetentativaseerros.

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nossassensaçõesexternasouinternas;masamisturaecomposiçãodelesdependemdoespíritoedavontade.Oumelhor,paraexpressar‐meemlinguagemfilosófica:todasasnossasideiasoupercepçõesmaisfracassãocópiasdenossasimpressõesoupercepçõesmaisvivas.(HUME,seçãoII,spd)

ParaHumeestáclaroqueexisteumvínculoentreasimpressõeseasideias,apartirdeste

vínculo surge o fundamento para os conhecimentos humanos, mesmo que a mente

humana seja capaz de recriar cenários e situações que possam em princípio parecer

inéditasrecriaçõesespontâneas,comoimaginaravidanosolounalua,aformulaçãode

taisideiassãofeitasapartirdasimpressões.

É evidente que há um princípio de conexão entre os diferentespensamentosouideiasdoespíritohumanoeque,aoseapresentaremàmemóriaouàimaginação,seintroduzemmutuamentecomcertométodoeregularidade.Eistoétãovisívelemnossospensamentosouconversasmais sérias que qualquer pensamento particular que interrompe asequênciaregularouoencadeamentodasideiaséimediatamentenotadoe rejeitado. Até mesmo em nossos mais desordenados e errantesdevaneios, como tambémemnossos sonhos,notaremos, se refletimos,queaimaginaçãonãovagouinteiramenteaesmo,porémhaviasempreumaconexãoentreasdiferentesideiasquesesucediam.(HUME,seçãoIII,spd)

SegundoHume,asconcepçõeshumanassobrearealidadesãoresultadodasexperiências

sensíveis, ou das associações entre as ideias, sendo possível três tipos de conexões:

semelhança;contiguidade;ecausaouefeito.AaplicaçãododilemadeHume,queexistem

apenas dois tipos de raciocínio possíveis, os demonstrativos e os prováveis, levam ao

raciocínioindutivo.

1.7. Hegel (1770 – 1831) 

Hegel foi o filósofo alemãomais conhecido durante a primeirametade do século XIX,

nascidoemStuttgart,estudouteologiaeconviveucomofilósofoFriedrichSchelling,com

quemtrabalhounaUniversidadedeJena.Afenomenologiahegelianadamentedeveser

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entendidacomoaciênciadosatosdaconsciênciana fundamentaçãodoconhecimento

propostaporHegelpelaautorreflexãofenomenológicadamente.

Aciência,porseulado,exigedaconsciência‐de‐siquesetenhaelevadoaesse éter, para que possa viver nela e por ela; e para que viva. Emcontrapartida,oindivíduotemodireitodeexigirqueaciêncialheforneçapelomenos a escada para atingir esse ponto de vista, e que omostredentrodelemesmo.Seudireitofunda‐senasuaindependênciaabsoluta,quesabepossuiremcadafiguradeseusaber,poisemqualquerdelas‐seja ounão reconhecidapela ciência, sejaqual for o seu conteúdo ‐, oindivíduoéa formaabsoluta, istoé,acerteza imediatadesimesmo,eassiméoserincondicionado,sepreferemaexpressão.Paraaciência,opontodevistadaconsciência‐saberdascoisasobjetivasemoposiçãoasimesma,easimesmaemoposiçãoaelas‐valecomoOutro:esseOutroem que a consciência se sabe junto a simesma, antes como perda doespírito.Paraaconsciência,aocontrário,oelementodosaberéumLongealém, em que não se possui mais a si mesma. Cada aspecto dessesaparenta, para o outro, ser o inverso da verdade. Para a consciêncianatural,confiar‐seimediatamenteàciênciaéumatentativaqueelafazdeandardecabeçaparabaixo,semsaberoqueaimpeleaisso.AimposiçãodeassumirtalposiçãoInsólita,edemover‐senela,éumaviolênciainútilparaaqualnãoestápreparada.(HEGEL,1988,pp.34‐35)

Hegelacreditavaqueaciênciadeveriaproveraoserhumanoascondiçõesdeencontrara

verdadesobresi,atravésdeautorreflexão,queestaverdadeestavadentrodopróprio

homem,eaciênciafazpartedestarelaçãodemaneiraquasesimbiótica.

 A dialética de Hegel propõe que os fenômenos da consciência são reinseridos e

modificados ao longo da vida, influenciados pelas mudanças ocorridas no mundo. O

princípio da tábua rasa, o início do pensamento imaculado, vazio, o pensamento sem

nenhuma determinação. De acordo comUtz (2005) o pensamento inicial é puro, sem

nenhumconteúdo.

Obviamente nãoqueremos ficar só com isso.Queremos algomais queessepensamentovaziodoSer.Masparaqueopensarpuroganhemaisdeterminações para então concretizar‐se, ele não pode buscardeterminações e conceitos fora de si,masdeve gerá‐los eme por simmesmo. Isso funcionanumprocessodialéticodenegar,deacrescentarnegações e com isso determinações ao seu pensamento inicial. (UTZ,2005,p.169)

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Hegeldefendeopensamentopuroinicialmentevazio,existeatravésdoqueémanifestado

pela consciência, a partir dos sentimentos ou dos raciocínios. Que o mundo está em

constantemudançasendoassim,aprópriaexperiênciaquepropiciouaconsciênciaestá

sujeita às mudanças, que o processo é dialético. Inicialmente não existe suposição,

somenteasnoçõesabrangentessãoutilizadas,evitandoalegaçõessemfundamentos,logo

as noções abrangentes geram noções mais distintas. Todo esse processo é interno à

próprianoção,quecontémemsianegação.

Tese/Antítese/Síntese–Aafirmaçãoinicialéatese,acontradiçãodateseéaantítese,e

o problema possui as duas concomitantemente. Da conflagração entre tese e antítese

surgeasíntesequecontémoselementosdesseembate.Hegelconsideraoprocessocíclico

jáqueasíntesetorna‐seumanovatese.Apartirdesteciclotodanoçãopossuidentrode

siumacontradição,suasoluçãoéosurgimentodeumanoçãomaiscompletaerica.

 

1.7.1. Carnap (1891 – 1970) 

CarnapnasceunonortedaAlemanhaesetornouuminfluentefilósofoalemão,emigrou

paraosEstadosUnidosdevidoaocrescimentodonazismo,trabalhounauniversidadede

Chicago, influenciando a filosofia norte‐americana. Segundo Marcondes (2004) o

positivismológico,tambémconhecidocomoempirismológico,sedesenvolveunaÁustria

entre 1920 – 1930, os filósofos desse movimento preocupavam‐se com fundamentos

lógicosdas teoriascientíficas.Paraopositivismo lógicosomenteasafirmações lógicas

passíveisdeverificaçãoempíricasãoaceitascomoverdade.Carnaputilizacomoalicerce

paraassuasinvestigaçõesalógicaeamatemáticacujapossibilidadedeveserexplicada

porumanítidadistinçãoentreverdadeformalefactual,analíticaesintética.

Uma das principais tarefas de futuros trabalhos de caráter lógico‐científico será a concretização de operações supostas possíveis pelofisicismo: a indicação das regras sintáticas para o ordenamento dosdiversosconceitosbiológicos,psicológicose sociológicosna linguagemfisicista.Pormeiodetalanálisedosconceitosdessaslinguagensparciaisé criadauma linguagemunificada. (CARNAP,1934,p.104,apudSTEIN,2004)

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Foi durante a apresentação do trabalho: “A construção lógica do mundo”, em uma

conferência, que Carnap lecionou na Universidade de Viena, vindo posteriormente a

participardoCírculodeViena6.SegundoStein(2004)algunsatribuemaoCírculodeViena

ofatodeCarnapserpositivista,masestefato,comprovasuapredisposiçãoaopositivismo

lógico antes de fazer parte do Círculo. Os positivistas se preocupavam com os

fundamentoslógicosdasteoriascientíficas.

 

1.7.2. Popper (1902 – 1994) 

PoppernasceuemViena,naÁustriaeestudoufilosofianaUniversidadedeViena,foipara

aNovaZelândiaem1937epermaneceuláatéofimdaSegundaGuerraMundial,depois

mudou‐separaaInglaterra,ondemorouatéofimdavida,lecionounaLondonSchoolof

EconomicsenaUniversidadedeLondres.Em1959,Popperescreveuolivro“Alógicada

pesquisacientífica”,noqualapresentaoseumétodocientífico,tendocomoprincípioque

àmedidaqueumaobservaçãocientíficatratadarealidade,eladeveserfalsificável.Em

seulivroPoppercontestaalógicadaciênciaindutivaempiristadaobservaçãoedescrição

deresultadosapartirdeexperimentosparaconfirmardeterminadashipóteses.Propondo

um sistema teórico embasado em três itens: omundo possível (sintético), eliminar o

metafísico(mundodeexperiênciapossível)eporúltimoapresentardiferençadeoutros

sistemassemelhantes.

Contudo,sóreconhecereiumsistemacomoempíricooucientíficoseelefor passível de comprovação pela experiência. Essas consideraçõessugerem que deve ser tomado como critério de demarcação, não avericabilidade,masa falseabilidadedeumsistema.Emoutraspalavras,nãoexigireiqueumsistemacientíficosejasuscetíveldeserdadocomoválido,deumavezportodas,emsentidopositivo;exigirei,porém,quesua fórmula lógica seja tal que se torne possível validá‐lo através derecursos a provas empíricas, em sentido negativo: deve ser possível

6OCírculodeVienaconsistiuemumgrupodefilósofosecientistasquesereuniramregularmenteemVienadesdeoiníciodosec.XX,sobaliderançadeMoritzSchlick(1882‐1936),OttoNeurath(1882‐1945)eRudolphCarnap(1891‐1970),comoobjetivodedesenvolverumprojetodefundamentaçãodasteoriascientíficasemumalinguagemlógica,edediscutirquestões filosóficasatravésdeumaanálise lógicaque levasseasolução,oumelhor,àdissoluçãodessasquestõestalcomoformuladastradicionalmente.(MARCONDES,1997,p.262)

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refutar,pelaexperiência,umsistemacientíficoempírico.(POPPER,2012,p.41)

Sob o ponto de vista de Popper o critério de falseabilidade está ligado ao critério de

demarcaçãoenãodesignificado,elerefutaocritériodesignificadoutilizadocomocritério

de demarcação no contexto científico. Defende a falseabilidade em detrimento da

informaçãopositivajáquedevidoaoseucaráterlógicoexistemmuitosmaisresultados

positivosquefalsos.

 

1.7.3. Kuhn (1922 – 1996) 

KuhnnasceuemCincinnati,Ohio,EstadosUnidos,foiumfísicoefilósofodaciêncianorte‐

americana,eledefineaciêncianormalcomoapesquisafirmementebaseadaemumaou

mais produções científicas passadas que durante algum período são confirmadas por

alguma comunidade científica específica. A ciência foi profundamente abalada pela

descobertadeCopérnicorompendooparadigmadoplanetanocentrodouniverso,para

Kuhn,osparadigmassãoumconjuntodecrenças,valores,técnicaseteoriasaceitaspelos

membrosdedeterminadacomunidadecientífica.“Apesardasambiguidadesocasionais,

osparadigmasdeumacomunidadecientíficaamadurecidapodemserdeterminadoscom

relativafacilidade”.(KUHN,2006,p.67)

Aemergênciadenovasteoriaségeralmenteprecedidaporumperíododeinsegurançaprofissionalpronunciada,poisexigeadestruiçãoemlargaescaladeparadigmasegrandesalteraçõesnosproblemasetécnicasdaciêncianormal.Comoseriadeseesperar,essainsegurançaégeradapelofracassoconstantedosquebra‐cabeçasdaciêncianormalemproduzirosresultadosesperados.Ofracassodasregrasexistenteséoprelúdioparaumabuscadenovasregras.(KUHN,2006,p.95)

Aalternânciaentreanormalidadeeacrise(mudançasnoparadigma)épré‐condiçãopara

a formulaçãodenovas teorias, as crisesprovocamprofundasmudançasnos cientistas

forçando‐os a buscarem novas informações para montar os quebra‐cabeças que são

definidosporKuhncomoaspartesdosproblemascientíficos.

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1.7.4. Feyerabend (1924 – 1994) 

Feyrabend nasceu na Áustria, estudou na London School of Economics e se tornou

discípulodePopper,mas afastou‐sedas teoriasdomestre.Mudou‐separaosEstados

UnidosondeconheceuesetornouamigodofilósofoKuhn,tendocontatocomasuateoria

sobreasmudançasdeparadigma.Comasmudançasdeparadigmastodososconceitos

científicossãoalteradosnãoexistindomaisumsistemadesentido.Feyrabendpublicou

em1975,olivro“Contraométodo”,noqualrefutaqueosprogressosdoconhecimento

nãoaconteceramdevidoaosprocessosmetodológicosnormativosesimaoprincípioda

proliferação.

Emresumo:paraondequerqueolhemos,sejamquaisforemosexemplospor nós considerados, verificamos que os princípios do racionalismocrítico (tomar os falseamentos a sério; aumentar o conteúdo; evitarhipótesesad hoc;‘serhonesto’—signifiqueissooquesignificar;eassimpordiante)e,a fortiori,osprincípiosdoempirismológico(serpreciso;apoiarasteoriasemmedições;evitarideiasvagaseimprecisas;eassimpor diante) proporcionam inadequada explicação do passadodesenvolvimento da ciência e são suscetíveis de lhe prejudicar odesenvolvimento futuro. Proporcionam inadequada versão da ciência,porque esta é muito mais ‘fugidia’ e ‘irracional’ do que sua imagemmetodológica.Esãosuscetíveisdeprejudicaraciência,porqueatentativadetorná‐lamais‘racional’emaisprecisapode,comovimos,destruí‐la.Adiferençaentreciênciaemetodologia,queéóbviofatodahistória,indica,portanto, insuficiência da metodologia e, talvez, também das ‘leis darazão’.(FEYRABEND,1977,p.279)

Feyrabend (1977) ainda reforça que o que se caracteriza como ‘fugidio’, ‘caótico’,

‘oportunista’,édefundamentalimportânciaquandocontrapostocomasleisdosmétodos

científicos,jáqueexercemafunçãodereorganizarospensamentosnodesenvolvimento

daquelas mesmas teorias que serão aceitas como partes essenciais do conhecimento

humanoacercadanatureza.Esses‘desvios’,esses‘erros’sãopré‐condiçõesdeprogresso.

Fatoresquepermitemqueoconhecimentosedesenvolvanocomplexoedifícilmundo

quehabitamospossibilitamquealiberdadedospensamentosocorrasemcensuras.

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Feyrabend (1977) ainda argumenta que sem ‘caos’, não há conhecimento, é preciso

abdicarconstantementedarazão,poiselaimpedeoprogresso.Jáqueosconceitosque

hojesãofundamentaisnaciênciasóforampossíveis,devido‘aopreconceito,avaidade,a

paixão’; porque esses princípios se opõem à razão, e que o fator primordial para o

progressoéafrequenterenúnciaàrazão,portantoaindaqueoassuntosejaaciêncianão

sedeveconsentirquearazãosejaexclusiva,sendoconstantementedeixadadeladoou

atémesmoexcluí‐laemproldeoutrasentidades.Jáquenãoexistaumasóregraválida

paratodasassituações,nemumainstânciaaquesepossarecorreremtodasassituações.

Aanarquiaepistemológicaconsideraquenãoexistenenhumametodologiautilizadana

ciênciaquenãosejalimitada,opensamentocientíficodeveserlivreesemrestrições,logo

não existe método científico a ser seguido, “Isso é demonstrado seja pelo exame de

episódioshistóricos,sejapelaanálisedarelaçãoentreideiaeação.Oúnicoprincípioque

nãoinibeoprogressoé:tudo vale”. (FEYRABEND,1977,p.28)

 

Page 33: processos metodológicos para a prática de projetos de design para

33

2. OS MÉTODOS SISTÊMICOS 

Oincentivoaoconsumoalmejadopelarevolução industrialse tornouaprincipal força

motrizdasociedadeeoatodeconsumir,vitalparaamanutençãodoatualsistemasocial

eeconômico.Políticaspúblicasdeincentivoaoconsumosãocomunsemnossasociedade

easpessoaspassaramacompraretrocarseusprodutoscommaiorfrequência.Termos

como “bens de consumo duráveis” não são motivos de discussão como outrora, mas

“obsolescênciaprogramada”e“obsolescênciapercebida7”estãopresentesnasdiscussões

acadêmicas,principalmentequandootemaprincipalforsustentabilidade.

Nopassadorecente,quandoobservávamosaprogressivadiminuiçãodopesoambientaldecadaumdosartefatosàdisposição,considerávamosingenuamente que o sistema de produção e consumo como um todoestivesse se desenvolvendo na direção certa, ou seja, rumo àsustentabilidade. Todavia, ampliando o alcance desta análise efocalizandonãosomentenosprodutosunitários,masnosistemacomoum todo, foi possível tomar consciência de que a situação era assazdiferente.Demo‐noscontadequeosprodutos,quandosetornamleves,menores,eficienteseeconômicos,tendemamudarseustatuseproliferar,promovendo formas de consumo mais difusas e aceleradas, sendoatraídosparadentrodosciclosdamoda(comoacontececomosrelógios)ou do mundo instantâneo dos bens descartáveis (como no caso dasmáquinasfotográficas).(MANZINI,2008,p.44)

Proveniente dos movimentos oriundos da arquitetura o termo pós‐modernidade

representaamudançadaforçadaracionalidadeparaoimproviso,apreocupaçãocomo

momento,oinstante,oaquieoagora,ohedonismoexacerbado,oliberalismoeacríticaà

rigidezdasnormasedosvalores.

[...] O pós‐modernismo é sincrético, ao mesmo tempo cool e hard,convivialevazio,psiemaximalista.Novamenteexisteaquiacoabitaçãodos contrários que caracteriza nosso tempo, não a pretensa culturadesenfreadahipdrug‐rock.Aidadeheróicadohedonismopassou;nemaspáginas de oferta e procura erótica de serviços múltiplos, nem a

7A cientista ambiental Annie Leonard lançou em 2007 o vídeo The storyofstuff, no qual discute os processos produtivos, o consumo, as origens das matérias primas e os custos de produção. No documentário a autora define como "obsolescência programada" a durabilidade dos produtos, que são  fabricados para apresentar algum defeito depois de um determinado tempo e "obsolescência percebida" as questões estéticas e visuais que envolvem o produto, modelos novos que substituem os  antigos  que  ainda  funcionam  bem,  mas  tornam‐se  obsoletos  devido  ao  design.  Disponível  no  endereço: https://www.youtube.com/watch?v=gLBE5QAYXp8

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importância do número de leitores de revistas sexólogas, nem apublicidade aberta da maior parte das “perversões” bastam para darcrédito a uma ideia do crescimento exponencial do hedonismo.[...]Disseminaçãodosmodosdevida,ogozonãopassadeumvalorrelativo,equivalenteàcomunicação,àpazinterior,àsaúdeouàmeditação;opós‐modernismovarreuacargasubversivadosvaloresmodernistaseagorareinaoecletismodacultura.(LIPOVETSKY,2005,p.94).

Opensamentolinearmodernofoirompidocomapós‐modernidade.Omundoprevisível

elinearidealizadopelamodernidadeearevoluçãoindustrialnãoexistemais,ocenário

dapós‐modernidadeécomplexoediversificado.Opressupostodométodoanalíticode

dividir o problema em partes, e começar a resolvê‐los é o princípio do pensamento

mecanicista, porém no mundo complexo no qual os sistemas estão interligados esse

princípionãoseadaptamaisparaasoluçãodosproblemasatuais.

Aexplicaçãonãopodemaisserumesquemaracionalizador.Aordem,adesordem,apotencialidadeorganizadora.Devemserpensadasjuntas,aomesmo tempo,emseus caracteresantagônicosbemconhecidose seuscaracteres complementares bem desconhecidos. Esses termos seremetemumaooutroeformamumaespéciedecircuitoemmovimento.Para concebê‐lo, é preciso de princípio e de método. A questão dacosmogêneseé,portanto,aomesmotempo,aquestão‐chavedagênesedométodo.(MORIN,2008,p.65)

Essamudançanaformadeprojetarfoinecessáriaparaseadaptaraonovocenário,fluido,

complexo e dinâmico (figura 1), no qual a busca pela inovação, visando satisfazer as

necessidadesdosusuários e resultou emumanova formade seprojetar, coma visão

sistêmicadetodooprocesso,observandoogastodeenergia,osmateriais,oprocesso,o

produto,acomunicaçãoeosusuários.

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Figura1–Modernidade/Pós‐modernidadeFonte:Autoriaprópria

Nessecenário,odesignassumeumaextraordináriavisibilidade,comoapontamManzini

eMeroni(2009)eavisãosistêmicautilizadapelosdesignersaodesenvolverseusprojetos

se confronta com a complexidade dos ambientes virtuais, propiciando o aumento da

capacidadedeescuta,exercendoopapelmediadordentrodosatributosquecaracterizam

a sociedadeatual: a criatividadeeo empreendedorismo. Sendoassim,nesteambiente

diversoemconstanteseprofusasmudanças,odesigntorna‐separteativanosprocessos

detransformação.

 

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36

2.1. Métodos e design 

A revolução industrial trouxe consigo o posicionamento do design nos processos

produtivos.SegundoCardoso(2008),comaexpansãodocapitalismoindustrialocorre

tambémointeressedospaíseseminvestirnosprocessosindustriais,induzidospelabusca

porvantagemcompetitiva.

A Grã‐Bretanha, por exemplo, já contava desde meados do século XVIII com uma

organização privada voltada para a promoção industrial e a integração entre arte e

indústria,aSocietyfortheEncouragementofArts,Manufactureandcommerce(hoje,Royal

SocietyofArts).Em1837sãoinauguradasasSchoolsofdesignbritânicas,demonstrando

comoaGrã‐Bretanhavisavaoaperfeiçoamentodosprocessosprodutivos,nointuitode

melhoraraqualidadedaproduçãoindustrial,aumentandoassimacompetitividadefrente

aoutrospaíseseuropeus.

Outros exemplos de organizações surgiram na Suécia, França e em outros países

europeus,sendoumacaracterísticacomumentreelasopoucoounenhumincentivodos

governos,podendoseconstatarquenoiníciodoséculoXIXoEstadoaindanãoacreditava

nosucessodasindústrias.

OsprincípiosdaBauhaussurgiramcomoobjetivodeproporparaaindústriaumaestética

aserproduzidaemescalaindustrial,visandoatenderamassa–ocultivoàordemeao

racionalismo,àclarezaeàharmonia–ofuncionalismo,afrasequesetornoucéleredo

arquitetoLouisSullivan:“formfollowsfunction”,aformasegueafunção”.

Assim, como o movimento chamado “Die gute form” conhecido no Brasil como “bom

design”,daescolaHfGUlm,naqualométodosurgiucomodisciplinacondutoraparao

desenvolvimento de projetos de design,marca o processo de cientificismo do design,

caracterizando‐sepelabuscadeprocessoscientíficosparaofazerdesign.

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Osprincípiosdestasduasescolaspermearamosurgimentodoprimeirocursodedesign

doBrasil na cidadedoRiode Janeiro. Fundadaem1963, aESDI–Escola Superiorde

DesenhoIndustrialteveemseucorpodocenteváriosex‐alunosdaescolaHfGUlm.

Mesmo após o seu fechamento, Ulm seguiu os padrões bauhausianos,pois,continuouexercendooseufascínioemoutrasparagens.Pelomenos,duasgrandesexperiênciasde implantaroensino formaldodesignempaísesperiféricosseinspiraramdiretamentenomodeloulmiano:aESDI,noBrasil,eoNationalInstituteofDesignemAhmedabad,Índia.Nocasobrasileiro,aligaçãosedeuatravésdointercâmbiodiretocomosdocentesulmianos e do envolvimento de ex‐alunos da escola de Ulm (Wollner,EdgarDecurtinseKarlHeinzBergmiller),nacriaçãoeconduçãodanovaescola.(CARDOSO,2008,pp.189‐190)

AmaioriadocorpodocentedaESDIeraconstituídaporprofessoresformadosnoexterior,

escolaHfGUlmouescolasdedesignamericanasquetinhamforteinfluênciadaBauhaus.

Comoresultado,oensinobrasileirodedesigniniciou‐sevoltadoparaofuncionalismoea

produçãodemassa.Foramutilizadososprincípiosulmianosparaoensinodedesign,com

fundamentostecnicistas,osquaissedistanciavamdosprincípiosartísticosdaBauhaus.

Wollner(2005),ex‐alunodeHfGUlm,ponderasobreocurrículodaescola:

Haviaocursofundamentalealgunsprogramasadesenvolver,EleseramdeterminadospeloMaxBill, que atuou comafincono tempodas duasprimeiras turmas. Vieram professores de todo o mundo para ensinarcoisas do tipo: ótica, percepção, comportamento humano. Vimos asnecessidadesdaspessoas,vimosquetodomundoenxergamaisdoquevê. Descobrimos que um curso relacionado somente à arte e aoartesanato,comoodaBauhaus,nãoresolvianada.ABauhausnãotinhaa inclinaçãocientíficadeUlm?Não,Nãohavia cursodematemática,nem de física nem nada. O que é extraordinário para mim, que nãopensavaabstratamente, foiquecomeceiaperceberarelaçãoquecadaprofissional estabelecia com o projeto. Aprendi que o projeto não erasimplesmenteumaideia,queparafazeraformaeraprecisoinformar‐se.(WOLLNER,2005,p.41)

Dessaformaoensinodemétodosparaapráticadodesigntinhacomobaseosmodelos

voltados para indústria, seguindo uma linearidade, na qual cada etapa deveria ser

cumpridaparaentãocumpriraetapaseguinte.Essemodelodepráticaprojetualatendia

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deformasatisfatóriaomercadobrasileiro,umavezqueadefiniçãodopúblicoeoshábitos

deconsumoeramfacilmenteidentificadosapartirdeumapesquisademercado.

[...]Ouso,paraosfuncionalistas,nãoéumfatoempírico,masautilidadeabstratadoartefato,correspondenteaseutipo.Aimportânciadotiponasprimeiras teoriasque fundamo funcionalismo indicaapersistênciadeumconceitodeusoherdadodomododeproduçãoartesanal.Retomandoideias enunciadas por Muthesius em seu discurso ao Congresso doWerkbundde1911,LeCorbusier,emseulivroAartedecorativa(1924)elogiaapadronizaçãoeafirmaqueasnecessidadestípicasdoserhumanodevem corresponder objetos típicos. A nosso ver, foi ao legitimar apadronizaçãodosprodutos, indispensável ao rendimentodaproduçãoindustrial,porumapretensauniversalidadedasnecessidadeshumanas,queofuncionalismoseconstituiucomodoutrina.(KASPER,2009,p.19)

Diantedocontextoatual,ousuáriotornou‐seocentrodoprocessonaconcepçãodenovos

projetos,devidoaoseugraudeinteraçãocomosprodutoseserviços.Nestesentido,foi

necessária a criação de processos metodológicos que contemplem este panorama,

tornandoodesignumdosprotagonistasnestamudança,tantodecomportamentocomo

desuavisãosobreosprojetosexecutados.

Comaevoluçãodastecnologiasdigitaiseaconstantemutaçãodosmeiosdecomunicação,

osgrupossociaisespecíficosforamsegmentados,passandoaexistirdeformaavalorizar

a individualidade na pós‐modernidade. Lipovetsky e Roux (2005) identificam que o

individualismodapós‐modernidadeétambémumamaneiradesedestacardamassa,se

diferenciar dos outros, o homem pós‐moderno procura se afirmar através da

diferenciaçãoeassimencontraprazernosconsumosraros.

Se uma vertente da dinâmica pós‐moderna do individualismo leva apessoaa“viverparasi”,esemenosdependentedaopiniãodeoutrem,passaaprivilegiarsuasemoçõesíntimas,umaoutravertenteestimula‐aacomparar‐secomosoutrosparasesentirqueexiste“mais”,marcarsuaparticularidade, construir uma imagem positiva de si para si própria,sentir‐seprivilegiada,diferentedosoutros.(LIPOVETSKYeROUX,2005,p.52)

Bauman(2008)tambémapontaparaesteconsumidorquesepreocupaemseroprimeiro,

quebuscaadiferenciaçãodosoutros,aomesmotempoemquesepreocupaemseraceito

Page 39: processos metodológicos para a prática de projetos de design para

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por um determinado grupo cuja identificação e aceitação tendem a ser determinadas

pelosobjetosquepossui.

O homem pós‐moderno surge com novas formas de consumo, e assim surgem novos

mercadoseprocessosdedesenvolvimentodeprodutos.Odesign,comsuacaracterística

multifacetadaetransdisciplinar,promoveaconvergênciaentrediversasáreas,taiscomo:

arte,arquitetura,engenharia,física,comunicação,gestão,dentreoutras.

Desde a escola Bauhaus, o ensino de métodos para a prática de design permeou os

modelos metodológicos artísticos. Teixeira (2011) comenta que esta

multidisciplinaridade e a forma de atuação dos designers, transitando entre outras

disciplinas, acabaram por influenciar a forma do pensamento artístico do design e

ampliaramoslimitesdosseusmétodoscientíficos.NestavertenteponderaMoraes,

O desafio dos produtores e designers na atualidade, ao atuarem emcenáriosmutantesecomplexos,deixadeseroâmbitotecnicistaelineare passa à arena ainda pouco conhecida e decodificada dos atributosintangíveise imateriaisdosbensdeprodução industrial.Tudo isso fazcomque o design haja de forma transversal, comdisciplinas cada vezmenosobjetivaseexatas.Dessaforma,ocorreaconfluênciacomoutrasáreas disciplinares que compõe o âmbito do comportamento humano,comoadosfatoresestéticosepsicológicosatéentão,poucoconsideradosnaconcepçãodosartefatosindustriais.(MORAES,2011,p.35)

Os métodos não lineares para uma sociedade complexa, com usuários exigentes e

difusoresdeinformações,quepossuemacessoàtecnologiaemummundoglobalizado,

serão fundamentais para a prática de um design inovador, eficiente, com práticas

sustentáveisequeatendaàsexpectativasdosatuaisusuários.

[...]Considerandoagoraosmétodosdeprojetos,emespecialnaáreadedesign,nãoédifícilimaginaracomplexidadedatarefadeaplicarmétodossistemáticos,jáqueaquiconcorremprocedimentosetécnicasderivadasdaquelasáreascientíficas,poisseconsideraqueodesignéumaatividadeinterdisciplinar, que, como tal, emprega no desenvolvimento de umprojeto,conhecimentosoriundosdeváriasfontesdosaber.(CIPINIUKePORTINARI,2006,p.29)

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Acomplexidadedoambienteedasociedadeépropíciaparaanaturezamultidisciplinare

paraatransversalidadeentreasáreastípicasdodesign.Assimsendo,aformadeprojetar

dos designers se torna, analisando o ambiente e o desenvolvimentometodológico de

projetos,imprescindívelnessecontextocomplexoefluido.

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3. PROCESSOS METODOLÓGICOS EM DESIGN 

Para uma reflexão sobremetodologia deprojetodedesign foram selecionados alguns

métodosprojetuaisparaestadissertação,oquenãosignificaqueessesprocessosaqui

apresentadossãoconsideradoscomoprioritáriose/oumaisviáveis.Nossoobjetivonão

almejaconceituar juízosdevalorparaosmétodosouaclassificaçãodosmesmos,mas

umaponderaçãoentreosmétodospropostoseopensarprojetualatual.Paratalintento,

buscou‐se a relação entre a metodologia científica, a metodologia projetual e o

pensamentodedesign8.

Ametodologiaemdesigntemsuaorigemnosanos60,principalmentenaHfGUlmque

procuroucientificarodesign.FoiporinfluênciadeChristopherAlexander,considerado

comoumaespéciedepatriarcadodesign,queenumeraram‐se,deacordocomBürdek

(2010),quatroargumentosparasedesenvolverumametodologia:

1º.) O tratamento dos problemas através de uma abordagem intuitiva não é

suficienteeadequado,poisdeve‐seconsideraracomplexidadedosmesmos.

2º) Para os designers, a solução dos problemas tornou‐se inviável devido ás

dificuldades na coleta e manipulação da extensa quantidade de informações geradas

duranteoprocesso.

3º) A complexidade e quantificação que envolve os números de problemas de

projetoseampliaramrapidamente.

4º)Anaturezadosproblemasdeprojetotemsealteradoaceleradamente,oque

impossibilitaoempregodeknow‐howanteriores.

ChristopherAlexanderdesenvolveuummétodobaseadonadivisãodosproblemasem

partesmenores(Figura2)paraquefossemanalisadoseresolvidosemumaesferamenor.

Para isso, utilizou o princípio cartesiano. “O rigor metodológico da composição e

decomposiçãodeprocessosdeprojetoocasionou,nosanos70,anecessidadedousode

equipamentosdeprocessamentodedados”.(BÜRDEK,2010,p.253)

8O pensamento de design (Thomas Lockwood, Bruce Archer, Nigel Cross e Bryan Lawson), discutido por Bonsiepe, Bürdek, Nitzsche, Martins e Merino, Lupton e Tennyson.

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Figura2–ModelodedecomposiçãoecomposiçãodeChristopherAlexanderFonte:(BÜRDEK,2010,p.253,adaptadopelaautora)

Porém,oaltocustoeaslimitaçõestécnicasdaépocainviabilizaramoprocessamentodos

dados.Essemétododedutivo,comprincípioscartesianos,foiutilizadopordiversasáreas

dodesignindustrialeatendia,atéentão,deformasatisfatória,ademandaeapráticado

design industrial. Todavia, suas limitações foram percebidas devido às mudanças

contextuais,dosusuáriosedaformadeseconsumir.

Bonsiepe(1984)identificaqueBruceArchersistematizouoprocessoprojetual(Figura

3),afirmandoqueodesignercombinaintuiçãocomcognição.Paratal,dividiuoprocesso

em três fases:Analítica – definição do problema, estabelecimento de umprograma e

obtenção de dados relevantes; Criativa – análise e síntese dos dados para preparar

propostas de desenho e desenvolvimento; Executiva– preparar e executar estudos e

experimentosquevalidemodesenho,bemcomo,documentosparaaexecução.

OmodelodeArcherpossuíaoprincípioda linearidade,ouseja,odesignersópoderia

avançar uma etapa ao terminar a anterior. Nesse modelo, mesclam‐se os princípios

indutivosnafaseanalíticaededutivosnafasecriativa.

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Figura3‐ModelodoprocessoprojetualdeBruceArcherFonte:(BONSIEPE,1984,p.36,adaptadopelaautora)

Omodelo de Archer foi facilmente assimilado e utilizado para o desenvolvimento de

produtos, pois era compatível com a então década de 60,momento em que o design

precisavaseadaptaràslimitaçõesdosmeiosdeprodução.

AconferênciaTheDesignMethod,realizadaem1965emBirmingham,foiummarcopara

ametodologiaemdesign,poissefortaleciaumacorrentequebuscavaacientificidadedo

design,atravésdesistematizaçõeseuniformizações.Nessemomento,ocorreaproposta

dodesign‐ciência,ouseja,umúnicométodoparaodesenvolvimentodequalquerartefato.

Lessa (2011) afirma que a necessidade por métodos em design acabou por trazer

metodologiasdeoutrasáreasparaodesign.

CipiniukePortinari(2006)reforçamaindaquetodooempenhoemdaraodesignuma

característica científica levou a certos exageros, tais como substituir a intuição e a

criatividade por métodos, a habilidade por instrumentos tecnológicos e a busca por

abarcaremensurartodososaspectosenvolvidos,inclusiveosestéticos.Comoexemplo

disso, podemos citar a Estética Numérica de Max Bense. A época foi marcada pela

tentativadesistematizarasatividadesdodesigner.Convivia‐secomacrençadequetodos

os processos poderiam ser operacionalizados, analisados, quantificados e avaliados

matematicamente,gerando‐seassim,umaaproximaçãocomoracionalismo.Osmétodos

forçosamentevariavam,masasequênciadasetapasaseremseguidaseramasmesmas,

inalterada e independentemente do projeto, tornavam‐se, portanto, uma espécie de

normatização.

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Foi na década de 1970 que diversos estudiosos, até mesmo Christopher Alexander,

questionaram os processosmetodológicos devido a esse caráter teórico e à excessiva

buscaporummodelometodológico.Asdisposiçõesmetodológicasdadécadade60são

consideradas “metodolatrias”, pois, promovem um distanciamento da teoria com a

prática.Ométododeveserpensadocomoumaorientação,umadiretrizenãocomonorma

oumodelo.

Emboraexistaumapermanênciainercialdosesquemaselaboradosnosanos1960,comsuasintençõescientificistas,investigaçõesvoltadasparaespecificidadesdeoutrasáreasdodesignvieramfortaleceraconsciênciaquanto ao caráter plural do campo da metodologia. Eé importante salientar a correspondência entre o dinamismo dessaconjunção entre amplitude e diversidade e as transformaçõestecnológicasesociaisdaatualidade.(LESSA,2011,p.23)

Ocorre,portanto,umamudançanasperspectivassobreametodologiaemdesign,devido

asuanaturezaheurística.Considera‐sequeacaracterísticainerentedesseprofissionalé

versaremdiferentesáreasedesenvolverprojetosdistintos,portanto,ficaevidenteque

umapadronizaçãoseriautópicaenãoteriaaplicaçõespráticasparaodesigner.

Em1975,Bürdek,formulouomodelodeprocessosdedesign,baseadoemfeedbacks,o

que quebra o processo linear e permite retroalimentações (Figura 4). De acordo com

Bürdek(2010),foidesenvolvidoem1975ummodelocommétodosetécnicasfáceisde

aplicar,baseadonaanáliseeverificação,pois,nadetecçãodefalhasounovasinformações

osistemapoderiaserretroalimentado.

Figura4‐ModelodoprocessodedesigndeBürkekFonte:(BÜRDEK,2010,p.255,adaptadopelaautora)

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OmodelodeBürdekpermiteaosdesignersreavaliaçõesconstantesnodesenvolvimento

do projeto, parando e analisando cada etapa, podendo retroceder e corrigir falhas ou

inserir novos elementos.Apesarde quebrar a linearidade, omodelo ainda segueuma

linhadedesenvolvimentoquepossuifeedbacksdeterminados.Divididoemquatroetapas:

1) Problema – análise e definição; 2) Objetivos – concepção, desenvolvimento de

alternativas e a avaliação; 3) Decisão – definição; 4) Projeto – desenvolvimento e

produção.

OprincípiocíclicodadialéticadeHegel(Figura5)peloqualaausênciada inérciaeas

constantesmudançasprovocamnovosolhares,bemcomo,areavaliaçãodoestadofinal

doprojeto,estadoestequepodesetornaroiniciale,assim,determinarnovaspropostas

eestudosconsiderandonovasteseseantíteses.OmodelodeBorzakpossuisemelhanças

comadialéticahelegiana,devidoaoretornodas informaçõesdecadaetapapermitira

realimentaçãoetambémreadaptaçõesnecessáriasparaprosseguirnodesenvolvimento

doprojeto.

Figura5‐ModelodeHegeleBorzakFonte:(BÜRDEK,2010,p.230,BONSIEPE,1984,p.37adaptadospelaautora)

Aprincipalmudançadeparadigmasofridapelametodologiaemdesignfoiaalteraçãoda

perspectivadequeosmétodoseramofoco,ouseja,abuscaporummétodoqueatendesse

atodososprojetos.Todavia,odesignertendeasercapazdedesenvolvereadaptaros

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métodosacadapráticaprojetual.Ofoco,portanto,volta‐separaaformaçãododesigner,

o qual individualmente, de acordo com sua experiência profissional, seu repertório,

formação acadêmica e conhecimentos teóricosdefinirão as escolhas e concepçõesdos

fatoresprojetuais.

ParaBürdek(2010)oprocessocriativododesignernãoéoresultadodeconfigurações

aleatóriasdeformas,coresemateriais.Osobjetosdedesignsãooresultadodecondições

e decisões, e não apenas planejamentos e reflexões. E para tal resultado, para o

profissional, parâmetros socioeconômicos, tecnológicos e, especialmente, culturais são

importantes.Asquestõestécnicasse tornamevidentescomautilizaçãodaergonomia,

análise dos fatores ambientais e dos interesses políticos, exigências artísticas e

normativaselimitaçõesprodutivas.

Naprática,asetapasdeumprojetonãoocorremdemaneiralinearesucessiva.Teorias

derivadasdacibernéticaedateoriadainformaçãocompõemosmétodosdeCaixaPreta

(Figura6).Osinputssãoconhecidoseosoutputssãoesperados,masasetapasentreos

doissãoconsideradascaliginosas,ouseja,osprocessosutilizadosparaodesenvolvimento

dosprojetosnãosãoclarosoupré‐determinados,esurgemduranteaatividadeprojetual.

OsmétodosdeCaixaPretapartemdoprincípioqueaatividadeprojetualéumprocessoquetemfases“obscuras”,nãodescritíveis,ouseja,queasatividadesdesenvolvidasentreorecebimentodeumatarefaeasoluçãofinal (produto) são realizadas sem que se possa descrever precisa eobjetivamentecadapasso.Noentanto,épossívelaprenderamanipulardeterminadosinputsparaseobterosoutputsdesejados.(BONFIM,1995,pp.24,25)

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Figura6–Modelodataxonomiadosproblemas–BonsiepeFonte:(BONSIEPE,1984,p.34,adaptadopelaautora)

Naprática,oquesepodeobservaréqueosmétodoslineares,(tambémchamadosdeCaixa

Transparente,poispossuemtodasasetapas“claras”,determinadaseconhecidas),eos

métodosdaCaixaPretasãoutilizadosemconjunto.Odesignerseapropriadediversos

métodos,mesclandoetapaseutilizando‐asdeacordocomasdemandasdosprojetos.

Papanekescreveuem1970,aobra“Designparaomundoreal”,publicadapelaprimeira

vez na Suécia. Apresenta como parte da práxis do designer a responsabilidade social,

discutindooconsumoexcessivoedesnecessário,avaloraçãoexcessivadosobjetos,ociclo

devidadosprodutos,odesignresponsável,abiônica,acontaminaçãodomeioambiente

eaformaçãodoprofissional.Oúltimocapítulodolivroéumconviteparaareflexão:“O

quepodemosfazer?"Talvezportrazertemastãoatuaisoupelocaráterquestionadorda

obra,olivrodePapaneksejareferenciadonasbibliografiasatuais.

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QuandoodesigneramericanoVictorPapanekpublicouem1971,Designfor the RealWorld [Design para o mundo real], o paradigma já haviamudado.Esselivrotinhaporintençãoconclamarosdesignersasairdoarcondicionado de seus escritórios envidraçados e olhar a sua volta,projetandosoluçõesparaomundoreal,quesedesintegravaemfomeemiséria, conflitos raciais e protestos políticos, guerras civis e lutas deindependência,guerrasquenteseGuerrafria.Umacorridaarmamentistanuclear que ameaçava destruir a todos, e uma crise ambiental que seanunciavapelaprimeiravezpordadosoficiaisdaONU.(CARDOSO,2011,pp.17,18)

Papanektrazatransversalidadedodesignparaocontextoprojetualjuntocomreflexões

sobreopapelsocial,econômicoeatémoraldodesigner.Éexatamenteocaráterinerente

dodesign,atransdisciplinaridadeeosentroncamentoscomoutrasáreastãodistintas,até

mesmo a naturezado surgimentododesign, que fizeram comque osmétodospara o

design se voltassem para o profissional. Aumentando assim a responsabilidade do

designer. Sobre a questão ambiental, questiona o papel do designer ao apresentar

diversoscasosdecontaminaçãodomeioambienteedesequilíbrioambientalprovocados

pelaaçãodohomem.

Porque se chega a um ponto em que nos invade uma sensação deprofundodesânimo,enossareaçãopoderiaser:“Paraque?”ou“Oquepode fazer um homem sozinho?” Se raciocinarmos dessa maneiraestaremos perdidos. Porque é precisamente quando acreditamos queindividualmente não somos capazes de alterar o coletivo e que não énossaaresponsabilidade.Emtodososproblemascitados,eemoutros,todos estão comprometidos, ainda que não no mesmo nível. Aresponsabilidadeeocompromissododesignerémuitomaior.Pois, foipreparadoparaanalisar fatos,problemas,sistemaseassimprojetardeformaconscientedosimpactosquepodeprovocar“secontinuarassim”.(PAPANEK,1997,p.2199)

AssimcomoadescobertadeCopérnicotirouaTerradocentrodouniverso,abalandoa

estrutura da ciência, também dois cientistas, Kuhn e Feyrabend questionaram as

mudançasnosparadigmaseosprincípiosdametodologiacientífica.Atualmente,nota‐se

que a crisemundial do petróleo, ocorrida no final dos anos 80 e início dos anos 90,

tambémprovocou umamudança nos processos de design, ou seja, trouxe a realidade

9Traduçãodaautora.

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sobre a capacidade ou incapacidade regenerativa do planeta, concretizando uma

mudançadeparadigmanodesign,trazendo,deformadefinitiva,agestãodosrecursos

naturaisparaametodologiaemdesign.Acriseconsubstanciouarealidadesobreopapel

do designer no impacto ambiental do planeta, afetando também os processos

metodológicosdedesign.

Osmétodosqueenvolvemprojetarpara a complexidade, ou coma complexidade, são

propostas apresentadas a partir das preocupações sociais, culturais, econômicas e

ambientais. A visão geral do processo, assim como dos detalhes partícipes, leva ao

desenvolvimento demétodos que buscam ou criam técnicas para identificar, analisar

compreenderousuárioeomundocontemporâneo.Aglobalização,asociedadeconectada,

oprodutoquesetornamundialdevidoàsredessociaiseemmeioatodoessecontexto,o

papeldodesigner.

As preocupações com a sustentabilidadeprovocaramasmudanças nametodologia de

design,umdospreceitosdasustentabilidadedizrespeitoaonãocomprometimentodas

futurasgerações.Oqueinserenasdiscussõessobresustentabilidadeosfatoressociais,

econômicoseculturais,além,éclaro,dofatorambiental.Bistagnino(2009)defendeque

é preciso desenvolver um novo modelo econômico produtivo. Definido por ele como

design sistêmico. Este que envolve todo o processo da cadeia produtiva, evitando o

desperdíciodematériaprimaedeenergia.Odesignerdeveseroeloentreosistemade

produção e o de consumo. As reflexões de Bistagnino apontam para uma profunda

mudançanasociedadeatualecolocaodesignercomooprincipalcatalisadordamesma,

aoprojetarfuturascomunidadesecologicamentesustentáveis.

Ometadesignsurgecomoalternativa,umapropostaparaprojetarnacomplexidade,no

mundo múltiplo, variável e em constante mutação. Vassão (2010) salienta que uma

definiçãodemetadesignseriaodesigndodesign.Essaabstraçãovemdaorigemfilosófica

do termo, ou seja, a linguagem explicando, examinando, refletindo sobre simesma. O

autorsugerequeháumafastamentoentreodesignereoobjetoprojetadonometadesign,

sendoqueestenãoéummétodoouumametodologia,masumareflexãosobresuaprática.

“Como parte do Metadesign, o designer pode, como atividade criativa, propor

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50

procedimentosmaisoumenosformais,osquaispermitemsertestadosedesenvolvidos

aolongodesuacarreira”.(VASSÃO,2010,p.62)

Ohomem,emsuasatividadesdiárias,provocaimpactosambientais,demaioroumenor

impacto, de acordo com as escolhas e as atitudes que assume. Em 1994, dois

pesquisadores americanos, Willian Rees e Mathis Wackernagel, desenvolveram um

estudo que denominaram como: pegada ecológica. Neste estudo é possível calcular o

impacto ambiental de cada pessoa no planeta.Aosmoradores da França foi permitido

entrarnositedaWWF(WorldWideFundforNature)ecalcularasuapegadaecológica.O

resultadodapesquisafoiquecadahabitantedoplanetanecessitade2,3hectaresdeterra

paraviver,sendoqueaTerrasóoferece1,9hectaresporpessoa.

Concretamente, vivemos em “sobrecarga” em relação aos recursos doplaneta,ecomprometemosgravementeasgeraçõesfuturas:2050,senãofizermosnada,apegadaecológicadahumanidadepoderáultrapassarem100%acapacidadebiológicadoplaneta.(KAZAZIAN,2005,p.186)

OimpactoambientalqueohomemprovocounoplanetaéenormeeThackaraapontaem

suaobra,o livro,OplanoB,osdesignerscomocausadoresdeoitentaporcentodestes

impactos.Atuandocomodeterminantesnosprocessosprodutivos,aescolhademateriais

e consumo energético, que de certa forma foram responsáveis pela situação atual.

Contudo, destaca que há uma diferença entre responsabilidade e culpa. Segundo

Thackara, o designer não é culpado pela degradação devido à ausência da sua

intencionalidadeemdegradar.Porém,atualmente,éimpensávelumdesignerqueprojete

sem refletir sobre os impactos ambientais causados por seu projeto, mais ainda, é

necessárioqueesteprofissionalplanejedeformasustentável.

Osdiasdodesignersolitárioebrilhanteestãocontados.Nósenchemosomundodecomplexossistemastécnicosdeformaqueodesigndecimapara baixo e de fora para dentro simplesmente não tem mais comofuncionar.Sistemascomplexossãomoldadosportodasaspessoasqueosutilizam–nãoapenaspelosdesigners.Issosignificaqueprofissionaisdodesign devem evoluir de criadores de objetos, ou construções, paraagentes capacitadores da mudança, envolvendo grandes grupos depessoas.(THACKARA,2008,p.26)

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51

Em2002quandoaduplaMichaelBraungart,químicoeexativistadoGreenpeaceeWillian

McDonough,arquitetoedesigner,publicaramolivro,“Cradletocradle”,doberçoaoberço,

defendiamqueosresíduosdosprocessosprodutivosnãodevemserdescartadoscomo

lixoesimtornarem‐se“alimento”10paranovosprocessos.Osprincípiosdefendidospor

eles e abordados no livro possuíam um caráter subjetivo e distante dos processos

produtivosdaépoca.Naediçãode2008,opróprioBraungart,apontanaintroduçãode

seu livro que alguns conceitos que inicialmente eram complicados de serem

compreendidospelosfabricantes,agricultoreseoutrosmembrosdasociedadeprodutora,

setornarammaispalatáveisepassíveisdeseremcolocadosemprática.Braungart(2013)

ponderaqueomauusodosrecursosmateriaisdeveserentendidocomoumaameaçanão

somenteàsfuturasgerações,mastambémparaofuturodavidanoplaneta.

Oprocessoprodutivodenominadocradletograve,doberçoàcova,noqualosprodutos

sãoproduzidos commatériasprimasnobreseao fimdociclodevida, esseprodutoé

descartadonanatureza,viraliteralmentelixo.SegundoBraungarteMcDonough(2013),

odesenvolvimento industrialeprodutivodeveserplanejadoparaquehaja integração

comanaturezaereaproveitamentodosresíduosdaproduçãoedosprodutosaofimdo

ciclodevidaeumanovare‐evoluçãoindustrial.

A infraestrutura industrial dos dias de hoje é projetada para buscar oconhecimentoeconômico.Elaofazàcustadeoutraspreocupaçõesvitais,particularmente da saúde humana e ecológica, da riqueza cultural enaturaleatédoprazeredodeleite.Excetoporalgunsefeitossecundáriosgeralmente conhecidos, a maior parte dos métodos e materiaisindustriaiséinvoluntariamenteempobrecedora.

No entanto, assim como os industriais, engenheiros, designers edesenvolvedores do passado não pretendiam causar esses efeitosdevastadores,aquelesquehojeperpetuamessesparadigmascertamentenãopretendemprejudicaromundo.Olixo,apoluição,osprodutosbrutos11e outros efeitos negativos que descrevemos não são resultado decorporaçõesque fazemalgomoralmenteerrado.Sãoconsequênciasde

10Segundoosautoresosresíduosdevemser tratadoseosprocessosprodutivosdevemincluí‐loscomofonte,ouseja,matériaprimaparanovosprodutos.11BraungarteMcDonough(2013)definemprodutosbrutoscomosendoaquelesquenãosãoprojetadosparaobemestarhumano,asaúdehumanaeasustentabilidadeesãoportanto,desprovidosdeinteligênciaeelegância.

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umdesignobsoletoepouco inteligente. (BRAUNGARTeMcDONOUGH,2013,p.47)

ParaBraungarteMcDonough,odesigneficienteéaquelequeemseuplanejamentoinsere

apreocupaçãocomasaúdehumana,quaisosimpactosqueasmatériasprimaspossuem

nossereshumanosequaisosimpactosambientaisquetodooprocessodefabricação,uso

e descarte dos produtos na natureza. Pregam uma abordagem ecoefetiva de design,

resgatar os processos produtivos que derivam das relações naturais, assim como na

naturezanada seperde, eosprocessos sãoefetivos eos resíduos se tornammatérias

primasparanovosprodutostãonobresquantoosoriginais.

Baseadosnamudançadopensamento lineardo cradle tograve,paraumaabordagem

sistêmicadocradletocradle,BraungarteMcDonough(2013)propõemcincopassospara

aecoefetividade:Passo1‐existemumainfinidadedesubstânciasquesãosabidamente

prejudiciais, elimine‐as do processo;Passo2‐ prefira a inteligência ecológica, muitos

processos e substâncias que compõem as matérias primas de um projeto são uma

incógnita,sendoassim,façaassuasescolhasprocurandoestaromaisseguropossívelde

queaquelasmatériasnão sãoprejudiciais à saúdehumanaeambiental;Passo3‐ crie

listasdefornecedoresematériasprimas.Nopasso2ficaclaraadificuldadedeconseguir

informações completas dos fornecedores, o que resulta numa verdadeira investigação

sobreaorigemdosmateriaisutilizados. Logo, épossível agrupá‐los e classificá‐losde

acordo com suas características, inertes, prejudiciais ou positivos e assim facilitar o

processo; Passo 4 ‐ Ative a lista positiva, que é aquela na qual foram colocados os

produtos, matérias primas, fornecedores e substâncias definidas como saudáveis e

segurasparaseremusadas.Projetandodoinícioaofimparaqueoprodutoretorneao

iníciodacadeiaprodutivacomoalimentoparanovosprocessos,aescolhadasmatérias

primasadequadasfaráadiferençanoprocesso;Passo5‐Reinvente,expandaotrabalho

dodesign,jápassoudahoradeprojetarapenasvisandodiminuiroueliminarosimpactos

ambientais,sociaiseeconômicososdesignersagoradeveprocurarprojetarpensandoem

comotrazerbenefíciosparaanaturezaeoshomens.

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Braungart e McDonough criaram, nos Estados Unidos, a Cradle to Cradle Product

Innovation Institute, uma organização sem fins lucrativos e a partir de 2012, essa

organizaçãocriouacertificaçãocradletocradle(figura7)utilizando5princípios(figura

8)paraconferiracertificação.

Figura7–MarcadocertificadoCradletocradleFonte:(http://www.c2ccertified.org/products)

Figura8–CritériosdeinovaçãodocertificadoCradletocradleFonte:(http://www.epeabrasil.com/?page_id=1033)

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A figura 9 apresenta como as questões referentes à sustentabilidade acabaram

influenciandonosprocessosmetodológicoseaformadeprojetardosdesigners.

Figura9–SoluçãodedesignsustentávelFonte:(ELER,2010,www.eler.com.br)

Foramapresentadosdiversosfatoresqueenvolvemametodologiaemdesigneatorna

umassunto tãodifícil de ser abordado, pois cadadesignerdesenvolveo seuprocesso

assimcomocadaáreadodesignpossuisuasespecificidades,poispode‐seperceberque

algumas demandam processos metodológicos mais rigorosos, com normatizações e

padrõescientíficosaseremseguidos,normastécnicasouergonomia.

Nessescasos,oprofissionaliráinseriressasquestõesnoseuprocessometodológico,nas

áreas mais intuitivas e criativas, gerando uma proximidade com o processo criativo

artístico.Nãohácomopadronizarosmétodos,contudo,deve‐seatentaroolharparaque

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nãohajadisplicênciacomametodologiaemdesign.Trataraquestãodométodoparaque

o profissional compreenda as etapas do processometodológico na práxis do design é

abordá‐lo comoumprocesso reflexivo e não comoumamera reproduçãode regras e

normas.

Quandobuscamosemlivros,vamosencontrarasfasesdosprocessosouapenas orientações gerais e básicas de como fazer algo.Métodonão é“receitadebolo”esuacientificidadeestaránorigordareflexão,enãonamerareproduçãodetécnicas.Cientificidadedeixadeserométododasciênciasnaturaiseformais,aplicadoaoutrasáreas,paratornar‐seumapostura, uma atitude. Acreditamos que adotar o comportamentocientíficosignificaestarfazendociênciaatravésdorigordamaneiradetrabalhar.(COELHO,2006,p.40)

Nãosendopossívelcriarparaametodologiadedesign“receitasdebolo”,entãocomodar

aodesignertécnicasculináriasparaqueelepossasetornarumgrande“chef”?Comonão

háumareceitaparaserseguida,existeoriscodeseperderaconsciênciadequeparacriar

uma receita é necessário que o profissional tenha o domínio das técnicas e das

ferramentasdisponíveisparaapráticaprojetual.

Aseguir,seráabordadoométododesignthinking,queatualmenteestáemdestaqueno

mercado,talvezporquetenhasidoapropriadopelaáreadegestãoadministrativa.Propõe

umapráticaprojetualsistêmica,divididaemfases,porém,semlinearidade,comênfase

nousuárioenainovação.Porsuascaracterísticas,odesignthinking,éutilizadoporoutras

áreas de conhecimento como gestão estratégica de empresas e por diversas áreas do

design.

 

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3.1. Design thinking  

Osconceitosdedesignthinkingsãoabordadospordiversosautores(HerbertAlexander

Simon, PeterGorb, RichardBuchanan, Bryan Lawson, BruceArcher e PeterRowe) há

muitosanos,porém, foiapartirdosanosdadécadade90queganharamforça, sendo

amplamentedifundidosapartirde2010.Osconceitosapresentamalgumasdiferenças,

poisosautoresabordavamascaracterísticasinerentesaosdesignersesuamaneirade

pensar.Cadaautorabordouotemaapartirdoseupontodevista,somentenadécadade

2010surgeumadefiniçãomaisclara.

Foi nessa época que os primeiros escritórios de design utilizaram tais conceitos,

transformadosemmétodosprojetuais,alémdepraticaremodesignthinking,tambémo

divulgaram como uma abordagem metodológica adaptada ao universo complexo e

fragmentadodapós‐modernidade.

HerbertAlexanderSimonfoi,segundoNitzsche(2012),umdosprimeirospesquisadores

a apresentar conceitos semelhantes ao design thinking, em 1947 com sua obra,

“AdministrativeBehavior”,realizandopioneiramenteumaanálisesobreaimportânciado

design como conceito explícito na prática da administração. Simon demonstrava três

elementossequenciaisemsuateoriadetomadadedecisão:inteligência,designeescolha.

Autor de quase 100 publicações é reconhecido por inúmeros acadêmicos como um

pensadororiginalsobreopapeldodesignnapráticadaadministração,presenteemvárias

pesquisasacadêmicassobredesignthinking,comafrase:“Fazdesignquemprojetacursos

de ação com o objetivo de transformar situações existentes em outras situações

preferidas”(SIMON,2012,p25,apudNITZSCHE).

ParaSimon,opensamentoantecedeodesign,precedendodessaformaumatomadade

decisão, sendo o design uma “ponte” entre o pensamento e a decisão. Em sua obra,

“Sciencesof theArtificial” editadoem1969peloTheMITPress, o autordesenvolveuo

conceitodequeas ciênciasnaturais se “ocupamde comoas coisas são” eodesign se

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interessapor“comoascoisasdevemser”,completandoaindaquetodasasorganizações

humanas são produtos da prática do design. Segundo Nitzsche (2012), os principais

teóricosqueescrevemsobredesign thinking abordamessas concepçõeseas ideiasde

Simoncomobaseteóricaparaoconceitodotema.Simontemsidoapontadocomoumdos

paisintelectuaisdodesignthinking,esuasideiasaindasãolembradas,principalmentena

áreadetomadadedecisões.

PeterGordéétambémoutropensadorquetambémtevesuasabstraçõesvinculadasaos

conceitosbasesparaodesenvolvimentododesignthinking.Eledefendiaqueosdesigners

eramos profissionais commaior potencial para contribuir comnegócios dos clientes.

Gorb é apontado por diversos autores como uma das maiores referências no design

management(gestãoemdesign).Eleteorizasobreosprocedimentoseanecessidadede

utilizaraeficiênciadosdesignersemumprocessometodológico.Gorbdefendiaaindaa

imprescindibilidadedosdesignersaprenderemalinguagemdouniversodosnegócios,da

contabilidade e também da gestão financeira, para que esses profissionais tivessem

relevância e voz para defender seus argumentos estratégicos com as empresas. Ele

apontou,aindanosanos1970,anecessidadedoaprendizadodeoutrasdisciplinaspelos

designers,alémdasmatériasdaprópriaprofissão.Essepensamentofazumparaleloao

pensamentomultidisciplinardodesignthinkingatual.

Outroautor,Bürdekcomentasobreaimportânciadasciênciashumanasnodesign:

Estepontodevistadasciênciashumanasnodesignfoiampliadodeformaevidente nos anos 90. Por meio do uso da gestão do design (designmanagement), ele adquiriu importância estratégica.Adiscussãoamplasobre o branding (o uso dasmarcas) está no cerne de muitos dessesprocessos.Pelooutrolado,écadavezmaisexigido,naprática,seprovar,antes da produção, que determinados conceitos de produto tenhamressonânciajuntoaosconsumidores:comissooempirismoseintroduziunametodologiadodesign.(BÜRDEK,2010,p.227)

Os princípios e a metodologia do design management seriam utilizados pela

administração,principalmenteparagerenciarasestratégiaseosprocessosdeinovação

comointuitodeimplantarumnovomodelodenegóciosparaasempresas.Gorbdefendia

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aindaqueautilizaçãodessesprocessoserarelativamenterecente,porémtemosdiversas

escolasqueforampioneirasnoensinodeumametodologiacriativadodesignemescolas

denegócioscomo:aLondonBusinessSchoolnaInglaterraem1976,ManchesterBusiness

School,aLundUniversitynaSuécia;eaBostonUniversity,queutilizaramodesigncomo

ferramentacriativanoentendimentodosnegócios.

Nitzsche(2012)apontaqueotermoDesignthinkingapareceuformalmentepelaprimeira

veznoanode1980nolivrodeBryanLawson,“HowDesignersThink”.Olivroabordao

pensamento criativo através do design, com base na capacidade dos designers e dos

arquitetos,emfazerusodeprocessosgráficosnaformadecomunicarsuasideias.

Outraobraquetrataotermofoi“Designthinking”(1987)dePeterGRowequeanalisao

planejamentodeespaçosurbanos.ApesardeRoweeLawsonutilizaremotermodesign

thinking,osconceitosapresentadosporelesdiferemdosconceitosatuaissobreotema,

poisaabordagemdelesnaquelemomentofazumareflexãosobreapráxisdodesignem

si,edecomoseusmétodosdeveriamfluir.Atualmenteotermodesignthinkingestámais

compreendidocomoumapráticadodesignligadaaosnegócioscomprocessosinterativos

detrocadeconteúdo,comoafirmaNitzsche(2012).

Em1992otermoDesignthinkingfoimencionadoemumartigodorenomadoprofessor

Richard Buchanan, “Wicked Problems in Design Thinking”, introduzindo algumas

abordagens do design como: o design aplicado a Serviços; o design comométodo na

construçãoedesenvolvimentodeambientesparaaspessoasviveremetrabalharem;o

designdeprodutocombasenafunçãodosobjetos;eaforçadodesignnacomunicação

visual.Em1995aKISD(KolnInternationalSchoolofDesign)inauguraocursodedesignde

serviços,comointuitodeestudarasaplicaçõesdodesignthinkingnodesenvolvimentode

designdeserviços.

Em1999aIDEO,umaempresadeconsultoriaemdesigncomreconhecimentoeatuação

mundial, quepossuidiversosprojetos importantesdedesigndeproduto, tais como, a

concepçãodoprimeiromouseeopalmV,divulgaautilizaçãodométododesignthinking

emseusprojetos.

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Em2001osdesignersBenReason,ChrisDowneLavransLovlie,fundaramemLondres

um escritório de consultoria com dedicação total a prática do design de serviços: a

live/work.DeacordocomPinheiroeAlt(2012)paraodesenvolvimentodosprojetos,os

designers utilizam diferentes disciplinas acadêmicas como base, aprofundando o

conhecimento das redes de valor, conceitos da antropologia e das relações entre os

homenseasmáquinas.ParaReason,DowneLovlie,aessamisturadeáreas,ciênciase

técnicasagregadasàspráticasdodesigndeinteraçãosurgeodesigndeserviços.

Podemos observar a utilização de vários conceitos dodesign thinking nas práticas da

live/work,emrelaçãoamultidisciplinaridadedaabordagemprojetualearelaçãoentre

usuárioeproduto,práticasbásicasdonovométodoquetemcomobasefundamentalo

foconousuárioeainovaçãodosprodutoseserviços.PinheiroeAltreforçamaindaque:

[...]adisciplinaqueestudaaaplicaçãodoDesignthinkingparaacriaçãode serviços ganhou o nome de Design de Serviços. Mencionada pelaprimeiravezemumartigode1985,deG.LynnShostack,paraaHarvardBusinessReview,denominadoDesigningServicesthatdeliver,adisciplinaganhouespaçoacadêmicoem1994eatingiuomercadoemmeadosde2001 quando Bem Reason, Chris Downs e Lavrans Lovlie abriram asportas da live/work em Londres na Inglaterra. O design de Serviçoscarregaumconjuntodeáreasdeconhecimento,métodosepráticasquepermitem que equipes multidisciplinares trabalhem na construção deofertasdeserviçosmaisadaptadasàspessoasedealtovaloragregadoparaonegócio.(PINHEIROeALT,2012,p.134)

designthinkingéumprocessocolaborativopautadonoserhumano,objetivandoinovar

para atender as necessidades dos usuários, porém considerando a exequibilidade

financeiraetécnicadosnegócios.HameleBreen(2007)afirmamquehojeosgestores

encontramdiversos paradigmas e tendem a buscar as inovações demaneira errônea,

valorizamosmodelosdenegóciosinovadores,porém,nãoabandonamosfundamentos

de suasopiniões sobregestãoe algunsque sedizem inovadores,nãoo são.Épreciso

mudaraformadagestãoempresarialebuscarsoluçõesinovadorasparaagestão,mesmo

queamaioriadelasnãoresulteemsucessofinanceiro,éumgrandeerrodeixardeinovar.

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Nemtodaainovaçãoemgestãocriaumavantagemcompetitiva.Algumassão incrementais. Outras errôneas. E muitas nunca compensam.Naturalmente,pode‐sedizeromesmodeoutrostiposdeinovação.Comosuascongêneres,ainovaçãoemgestãoestabeleceaumaleidepotência:paracadaideiaverdadeiramenteradical,quemudaparasempreapráticadagestão,hádezenasdeoutrasdemenorvaloreinfluência.Masissonãoédesculpaparanãoinovar.Ainovaçãoésempreumjogodenúmeros:quantomaisnúmerosvocêjogar,maioresaschancesdeganharumbomprêmio.(HAMELeBREEN,2007,p.31)

Odesign thinking é aplicadoemmodelosdegestão,pois suaabordagemsebaseia em

observaçõesdecomoaspessoaspartícipesdoprocessodialogamcomosespaços,como

utilizamosserviçose interagemcomosobjetos. Identificandoosprincipaispontosde

contatoefragilidades,ondehácomplexidadeeparaalguns,confusão,odesignerpode,a

partirdetécnicas,chegarasoluçõesanalisandoosfragmentos,aausênciadeumpadrão

de comportamento, oumesmo de algo que não foi dito, mas observado, identificado,

prototipadoparatesteseconvertidoemsolução(figura10).

Figura10‐EtapasdoprocessodeDesignThinkingFonte:Autoriaprópria

ODesign thinking é uma abordagem sistêmica e vai alémda necessidade de criar um

projeto,comprincípiosnãolineares,podendotersuasetapasadaptadasemaleáveisde

acordo com os objetivos. Brown (2007) afirma que o design thinking é um método

poderosoparainovarbuscandonovasperspectivas,quebrandovelhosparadigmas,pelos

quais se identificam aspectos do comportamento humano e depois os converte em

benefícios. Além de adicionar valor ao negócio e com equipesmultidisciplinares traz

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diferentespontosdevistacomofoconousuário,levandoagestãodedesignadiferentes

níveisdaorganização,enãosomentenoescopo.

ODesignthinkingnospermitesairdazonadeconforto,dazonadeideiassubstanciais que precisam de mais criatividade para a suapotencialização,portanto,Designthinkingnãoésóumaformadepensar,massimdeagireestábaseadoemtrêspilares:desejabilidade,viabilidadeepraticabilidade.(BROWN,2007p.58)

Brown(2007)reforçaqueométododedesignthinkingvisaincorporarnovosmétodosde

soluçãodeproblemasàgestãodeestratégiasdaempresa. Apesardonome,ométodo

acontececomainteraçãodeprofissionaisdeváriasáreasenãotem,portanto,apenasfins

estéticos.Oobjetivoétrazersoluçõesaproblemasqueafetamobem‐estardaspessoas.O

nomedesign thinking foi adotadopor gestores empresariais queobservaramcomoos

designerspercebemascoisaseagemsobreelas.

Odesign thinking está envolto emmuito entusiasmoemodismos, o termovemsendo

utilizado frequentemente como parte de uma estratégia milagrosa de design que

possibilitará resolver qualquer problema de forma criativa e inovadora. Entretanto, é

necessárioquetenhamoscautela,poisapesardeafirmarqueutilizamodesignthinking,

váriasempresasedesignersaindanãocompreendemenãoaplicamométododeforma

correta.

 

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3.1.1. Design thinking uma visão da empresa MJV – Tecnologia e inovação  

NoBrasil,aMJV–Tecnologiaeinovação12adotaapráticadodesignthinkingparaaprática

dodesigncomfoconousuário,deacordocomosconceitosdaempresa.Primeiramente,é

precisoentenderousuárioesabercomoelesenteoquepensaenãoapenasoquediz

sentir, como acontece em muitas pesquisas quantitativas de mercado. A figura 11

apresentaumesquemadecomoaempresaabordaseusprojetos.

Figura11–EsquemadaabordagemdoDesignthinkingpelaempresaMJVtecnologiaeinovação

Fonte:(MJV‐http://www.mjv.com.br/quem‐somos/)

Cabe observar, portanto, que as etapas do Design thinking aquiabordadas, apesar de serem apresentadas linearmente, possuem umanatureza bastante versátil e não linear. Ou seja, tais fases podem sermoldadaseconfiguradasdemodoqueseadaptemànaturezadoprojetoedoproblemaemquestão.Épossível,porexemplo,começarumprojetopelafasedeImersãoerealizarciclosdePrototipação,enquantoseestudao contexto, ou ao longo de todo o projeto. Sessões de Ideação nãoprecisam ser realizadas em um momento estanque do processo, mas

12AMJVTecnologia&Inovaçãoéumaempresadeconsultoriaeminovação,commaisde300funcionáriose18anosdeexperiêncianomercado,possuiescritóriosnaEuropaenaAméricaLatina,utilizaodesignthinkingcomométodoparadesenvolvimentodeseusprojetos.

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podempermeá‐lodo início ao fim.Damesma forma, umnovoprojetopodecomeçarnaPrototipação.(SILVAetal,2011,p.18)

A imersão é realizada para as diretrizes iniciais do processo projetual (figura 12), e

posteriormenteparamergulharnaspeculiaridadesdosusuáriosedoproblema,chegando

aosinsightseposteriormenteàideação,possíveissoluçõesparaseremexploradas.

Figura12‐Esquemarepresentativodasetapasdoprocessodedesignthinking.

Fonte:(SILVAetal.,2012,p.18,adaptadopelaautora)

Apartirdaideaçãoqueserábalizadoraparaodesenvolvimentodosprotótipos,quesão

realizados também em diferentes níveis, os experimentais, cujo objetivo é testar o

conceito,aideia,nosquaisnãohátantapreocupaçãocomafinalizaçãoeosmateriais.

Protótiposreduzemasincertezasdoprojeto,poissãoumaformaágildeabandonaralternativasquenãosãobemrecebidase,portanto,auxiliamnaidentificaçãodeumasoluçãofinalmaisassertiva.[...]Osresultadossãoanalisadoseociclopodeserepetirinúmerasvezesatéqueaequipedeprojetochegueaumasoluçãofinal,emconsonânciacomasnecessidadesdousuárioeinteressanteparaonegóciodaempresacontratante.(SILVAetal,2011,p.124)

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Emníveismaisprofundoscomosusuários,emambientescontroladosoureaisparatestar

ainteraçãoesendooprotótipoomaisfielpossívelaoprodutofinal;anãolinearidadedo

métododedesignthinkingfazcomqueoprocessosejamaiseficiente,podendo‐sedetectar

asfalhasantesdaimplantaçãodoprojetonomercado.Oserrossãobemvindos,poisnessa

fasepodemsercorrigidosduranteodesenvolvimento.

Odesignthinkingpodepropiciarodesenvolvimentodeumprojetoestruturado,comfoco

nousuário,noqualasetapasde imersão,análiseesíntese,porexemplo,culminamna

definiçãodoperfilmaisassertivodomesmo.Essaaproximaçãocomousuárioatravésdas

técnicas de imersão, as quais podem ser com grupos focais, entrevistas, observação e

relatosdeexperiências,permitemaodesigneravaliarfatoresimplícitoscomo:expressão

facial,entusiasmonotomdevoz,oolhar,umaanálisemaissubjetivaquepodegerarmaior

aceitação.Tornando‐seofundamentoparaasoutrasetapas:levantamentodoproblema,

ideaçãoeprototipação.

Embora o nome do método seja design thinking, ele pode ser atribuído em diversas

situações, nas quais as ações não giram em torno do design, como, por exemplo, o

marketingderelacionamento, logísticaouumadinâmicaparamelhoraroambientede

trabalho.Apesardeserummétodoeficienteéprecisoquesetenhaexperiênciapráticae

umaequipemultidisciplinar,compostaporespecialistasemáreasdiversas,trabalhando

emconjuntoequetenhanodesigner,oeloresponsávelpelatransversalidadeentreas

áreas.Esteprofissionaldeveteramploconhecimentoesaberomomentodeouviroutros

profissionais, acatar as suas opiniões ou convidar outros para aderirem ao grupo de

trabalho.

Aprimeirafase,daideaçãosemantémpermanenteduranteodesenvolvimentodoprojeto

e, ao interagir com os usuários, novas propostas podem surgir, mudar ou serem

completamenteabandonadas.Afasedeprototipaçãoseriaamaterializaçãodasideiase,

assimcomoasoutrasfasesnodesignthinking,podeacontecerduranteodesenvolvimento

elevaraoutraimersãoouideação.

Page 65: processos metodológicos para a prática de projetos de design para

65

Tornando‐se um ponto forte ao se comparar o design thinking com outros métodos

lineares, nosquais aprototipação acontece apenasna fase final doprojeto, o quepor

vezes,podelevaràrejeiçãodaideia.Consequentementeseránecessárioregressarvárias

etapas,àsvezesaoiníciodoprocesso,prejudicandooandamentodoprojetoeoalcance

deresultados.

Page 66: processos metodológicos para a prática de projetos de design para

66

4. ENTREVISTAS 

Foramselecionadosonzedesignersdequatrodiferentesáreasdeatuação,comvariada

experiênciademercadoeformaçõesacadêmicasemdiferentesinstituiçõesdeensino.O

objetivo da seleção desses profissionais foi a busca pela diversidade das áreas e a

diferençadasgerações,paraquehouvesseapossibilidadederefletirsobreformaçãoea

experiênciaprofissional,comdiferentesediversificadostemposdeatuaçãonomercado,

paraentãopoderestudarotempodeatuaçãoeaexperiênciaprofissional,eseosnovos

designers desenvolveram diferenças na formação metodológica e na abordagem dos

métodoscomopassardosanos.

Doiscritérios foramadotados:quetodostivessemalgumaformaçãoemdesignsejana

graduaçãoounapós‐graduaçãoequeatuassemcomodesignersnomercado.Oroteiro

utilizadopara realizar as entrevistas (ANEXOA), possui perguntasdiretas e indiretas.

Todososentrevistadosassinaramotermodeconsentimentolivreeesclarecido(ANEXO

B).Deacordocomomesmo,todasasidentidadesdosprofissionaisserãomantidasem

sigilo,essesserãoidentificadosapenaspornúmerosde1a11.

Osquadrosaseguirforampreenchidosdeacordocomasrespostasdosentrevistados:

Quadro1‐Formaçãoetempodemercado

Fonte:Autoriaprópria

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67

Quadro2–Processosmetodológicos

Fonte:Autoriaprópria

Page 68: processos metodológicos para a prática de projetos de design para

68

Quadro3–Processosmetodológicos

 Fonte:Autoriaprópria

Page 69: processos metodológicos para a prática de projetos de design para

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 Quadro4–Sustentabilidadeaplicadaaosprojetos

 Fonte:Autoriaprópria

Page 70: processos metodológicos para a prática de projetos de design para

70

Quadro5–Sustentabilidadeaplicadaaosprojetos

Fonte:Autoriaprópria

Page 71: processos metodológicos para a prática de projetos de design para

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Quadro6–Observações

 Fonte:Autoriaprópria

Page 72: processos metodológicos para a prática de projetos de design para

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Quadro7–Observações

Fonte:Autoriaprópria

Page 73: processos metodológicos para a prática de projetos de design para

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Apósaanálisedasfilmagens,dasanotaçõesedopreenchimentodosquadrosanteriores,

foipossívelelaborarumadivisãodosmétodoseagruparosdesignersdeacordocoma

proximidadedosprocessosprojetuaisdescritos.

Háasimilaridadenopensamentoprojetualparaosdesigners03,04,05,06,07,08,09,

10e11;elesseguemumabasemetodológicalinear(Figura13)

Figura13–BasemetodológicadodesignFonte:Autoriaprópria.

Jáosdesigners01e02,projetamdeformasistêmica,odesigner01atuacomdesignde

gestãoeodesigner02atuacomdesignthinking.Realizamodesenvolvimentodosprojetos

deformasistêmicanãolinear.

Outrosreagrupamentosforamrealizadosemfunçãodeoutrascaracterísticas:

Designer01trabalhacomdesignthinkingparapromoverainovaçãonasempresaspara

asquaisprestaconsultoria.Odesigner02trabalhacomgestãododesign,ebranding.Os

doisprofissionais relataramquepesquisam teorias sobredesigne sobreoutrasáreas,

administração, gestão de negócios, sociologia e antropologia; trabalham com equipes

multidisciplinares e mesclam vários métodos durante a prática projetual, utilizam

métodoslineares,cíclicos,CaixaPreta,masprincipalmenteprojetamdeformasistêmica.

Sãoexemplosdedesignersqueenxergaramanecessidadedebuscarnovosmétodospara

realizaçãodapráxisnocontextoatual.

Page 74: processos metodológicos para a prática de projetos de design para

74

São exigidos dos designers contemporâneos, portanto, outrosconhecimentos e abordagens que antes não eram necessariamenteconsiderados; necessidades tidas anteriormente como secundárias,imateriaisesubjetivas,equesãorelacionadasaosfatorespsicológicos,semânticos,semiológicos,dainterfaceedosentimentohumano.Hoje,jáseécapazdeprojetarodesejodeobteroproduto,oamor,aestimaeoconviteaoseuuso,oqueJamesGibsondenominadeaffordance.Portanto,as disciplinas humanas e sociais, uma vez que hoje falamosconstantemente de cultura do projeto e de cultura tecnológica. Odesigner,nessesentido,deveveromundoeaculturaprojetualcomumavisãomaisalargada,umaóticanãosomentevoltadaparaasquestõesdoprodutoemsi,masdeigualforma,paraadinâmicaquegiraentornodoproduto.(MORAES,2010,p.20)

Sobre sustentabilidade odesigner 01 reflete sobre o papel do governo, que deveria

promover ações de incentivo aos processos sustentáveis, e o papel do legislativo que

deveria criar eaprovar leisde incentivo.Para ele, amudançaé lentae senãohouver

iniciativa pública as ações individuais ocasionarão pouco impacto. Já oDesigner 02

enxerga o papel do designer como preponderante nas questões sustentáveis, que os

designers precisam começar a projetar os produtos e serviços para que se tenha um

comportamentosustentável.Ponderaqueoosdesignersnãoseenxergamnosprocessos

produtivose,comisso,nãoprojetamparaasustentabilidade.

Designers03,04,05e08foramagrupados,pois,apresentamsimilaridadenosprocessos

projetuais, mesmo atuando em áreas diferentes. Existem pequenas diferenças que

derivamdealgumcaráterespecíficodotrabalho.Realizamodesenvolvimentodeprojeto

apartirdadefiniçãodoproblema,análiseesolução,porémastécnicasutilizadasentre

cada etapa são configuradas e escolhidas de acordo com as especificidades de cada

designer.

Consideram as questões sustentáveis durante o processo criativo, porém, os insumos

“ecologicamentecorretos”possuemduasquestõesqueforamapontadaspelosdesigners:

algunsseintitulamecologicamentecorretos,porém,duranteoseuprocessodefabricação

gastammais insumosou energia; o outroponto levantado foi que estesmateriais são

muitocaros,oqueinviabilizaaprodução.

Page 75: processos metodológicos para a prática de projetos de design para

75

Odesigner06 apresentou uma curiosidade em sua formação. Inicialmente buscou o

conhecimento técnico, fez um curso de ourivesaria, depois buscou ampliar o

conhecimentocomdoisoutroscursosnoCanadá,umdegemologiaeoutrodeourivesaria.

Atuahádezoitoanosnomercadojoalheiro.Procurouestudareentenderasdiferençase

característicasdaproduçãoartesanaledaproduçãoindustrialnomercadojoalheiro.O

conhecimentotécnicoquepossuisobreaproduçãoartesanaldejoiaslhepermiteprojetar

ediscutirsoluçõesprodutivasparaviabilizaraproduçãoindustrialdeseusprojetos.No

desenvolvimento de seus projetos esbarra nas limitações técnicas e de viabilidade

financeira,poisamatériaprimaédealtovalor financeiro.Muitosprojetospossuema

quantidadedematériaprimadeterminada.Elerepresentaumaparceladedesignersque

projetacom limitaçõese insumospré‐determinados,porémumadiferençaperceptível

emrelaçãoaodesigner07équeapesardaslimitaçõesoprocessocriativoélivre.Projeta

de forma linear, utilizando para a definição do problema obriefing13, procura coletar

informaçõessobreousuário,paraanálisedoproblemautilizaoscadernosdetendências

demoda,realizapesquisadesk14elevantamentodereferencialimagético,édefinidoum

conceito para cada projeto. Para solução do problema realiza roughs15, renderiza o

desenhoqueseráfinalizado,porúltimo,utilizaamodelagem3Dhiper‐realista.

Asustentabilidadeéumtemapolêmicoparaaáreadedesigndejoia,afinal,osrecursos

são de natureza não renovável e a extração envolve exploração do trabalho humano,

contrabandoepolíticasdeinteresse.Masexistemempresasquerastreiamsuasgemas,

quenãoutilizamtrabalhoescravoouinfantil,porémessasmatériasprimassãobemmais

carasqueasoutras.

13[Ingl.]Resumo;sériedereferênciasfornecidasquecontéminformaçõessobreoprodutoouobjetoasertrabalhado,seumercadoeobjetivos.Obriefingsintetizaosobjetivosaseremlevadosemcontaparaodesenvolvimentodotrabalho.Muitas vezes o designer auxilia em sua delimitação.O valor do design: GuiaADGBrasil de prática profissional dodesignergráfico.14Pesquisadesk–pesquisarealizadapararecolherinformaçõesparaodesenvolvimentodosprojetos,geralmentenainternet.15[Ingl.]Design/Prop.Pronuncia‐serâf;significarascunho.1.Primeirosrascunhosfeitospordesigneroudiretordeartenacriaçãodeumanúnciopublicitário.Primeira fasedeestudosantesdo layout edaarte‐final.2.Esboço inicialnoplanejamentográficodequalquertrabalhoaserimpresso.Ovalordodesign:GuiaADGBrasildepráticaprofissionaldodesignergráfico.

Page 76: processos metodológicos para a prática de projetos de design para

76

O designer 06 ponderou que essas matérias primas rastreadas e com garantia de

procedêncianãosãoutilizadasnaindústriabrasileira,masparaalgunsclientesdiretosdo

designereparaaproduçãoartesanalsãooferecidascomoopção.Odesignerdemonstrou

umconhecimentoprofundosobreasquestõessustentáveisqueenvolvemaáreaeestá

desenvolvendoumapesquisacientíficasobreoassunto.

Odesigner07atuahátrezeanosnomercadoeditorial,principalmentecomilustraçãoe

diagramaçãodeprojetoseditoriais.Possuiodesenvolvimentodotrabalholimitadopela

editora,aescolhadoestilo,técnicasartísticaseaconcepçãovisualdoprojetoé,namaioria

dasvezes,definidapeloeditor.

Osprocessosmetodológicosseguemoesquemadefiniçãodoproblema,análiseesolução,

porémexemplificaqueemalgumasáreasdeatuaçãododesigner,oclienteinterfereno

processo criativo e metodológico e que nessas áreas o profissional atua mais com

execuçãodoquecomplanejamento.Nãopesquisasobresustentabilidade,consideraque

osprojetoseditoriaissãosustentáveisporsimesmos,jáqueospapéissãorecicláveiseos

livrosobjetosduradouros.As tintasutilizadasporelesãosolúveis,nãodemonstrando

interessepelapesquisadaorigemdosmateriaiseaformacomosãoproduzidos.

Odesigner09trabalhacomprojetosdebaixacomplexidade,paradefiniçãodoproblema

utilizaobriefing.Realizaaanáliseeadefiniçãodoproblemaatravésdepesquisadesk,

coletandodadossobreosclientes,osusuárioseaconcorrência,nessepontotambémfaz

apesquisadereferencialimagético.

Desenvolvemuitosroughsantesdefinalizarodesenhonocomputador,apósosestudosa

mão,finalizaosprojetosmodelandoemsoftwaresespecíficosdaáreagráficaodesenho

finalizado. Esse processo é repetido para diferentes projetos que não necessitam de

invençãoouinovação,sendocondizenteométodoutilizadoparaodesenvolvimentodos

mesmos.

[...] nem todos os projetos de design envolvem invenção e inovação.Existemdiferentescomplexidadesprojetuais,estejamelasassociadasa

Page 77: processos metodológicos para a prática de projetos de design para

77

áreasespecíficasdocampoounão;assimcomotambémsediferenciamasestratégiasempresariais.Ofatodeumprojetoserinventivoeoutro,mesmobemequacionadonãoapresentar inovaçõesquesedestaquem,pode resultar de diferentes competências profissionais dos designersrespectivos.Masissotambémpodesedarporqueascondiçõesdoprojetomenosinventivosãomaissimples,e/ousuacomplexidademenor,e/ouseusobjetivosmenosambiciosos.(LESSA,2011,p.24)

Comdezessete anosde atuaçãonomercadona áreadedesign gráfico, o designer09,

optouporatuarcomprojetosdebaixacomplexidade.Duranteaentrevistaelerelatouque

osprojetosdemaiorcomplexidadetrazemconsigoumníveldeestressetãoaltoquenão

compensavaovalorfinanceirorecebidopeloprojeto.Consideraasquestõessustentáveis

importantes,masnãoenxergacomoutilizá‐lasnosprojetosquedesenvolve.

Osdesigners10e11trabalhamdeformaintuitiva;osinputsdoprocessometodológico

muitasvezessãoosmateriais,ficaevidenteautilizaçãodametodologiadaCaixaPreta,o

início e o objetivo dos projetos são conhecidos, mas as etapas intermediárias são

desconhecidas.Possuemumaaproximaçãocomoprocessoartístico,oqueparaalguns

pesquisadoresprincipalmentesobainfluênciadeHfGUlm,osprocessosdedesigndevem

sedistanciardosprocessosartísticos.

As metodologias elaboradas até o momento caracterizam‐se por umatendência a afastar‐se da esfera da Arte e aproximar‐se da esfera daatividade científica. Não obstante, existe uma diferença fundamentalentre essasmanifestações da inteligência humana. O design industrialnãoénemseráumaciência,emboranãoexcluaasinteraçõesfrutíferasentrediversasáreas.(BONSIEPE,2012,p.92)

O designer 10 encara com tranquilidade o processo intuitivo e artístico. Define o

conceito,escolheosmateriais,osprojetostêmcaráterautoraleexperimental,aformação

naHolandapromoveuessaaproximaçãocomaáreaartística.Jáodesigner11possuium

processointuitivo,masnãosesenteconfortávelemrelaçãoaisso,duranteaentrevista

ficou claro como acreditava que o designer projeta de forma mais racional e menos

intuitivaoquepodelevaràsuposiçãodequeacreditaqueummétodoformalizadoecom

etapasdefinidassejapreceitoparaexerceraprofissão.

Page 78: processos metodológicos para a prática de projetos de design para

78

A partir da investigação e compreensão do trabalho dos designers notou‐se que os

mesmospossuempensamentosistêmico,umavisãogeraldoprocessoelidamcomcerta

tranquilidadecomosimprevistos.Mesmonaatuaçãolinearháainserçãodenovosinputs

geradosoraporessesimprevistos,oraporsituaçõesinerentesàproduçãoeimplantação

dos projetos. Destaca‐se que a experiência de mercado gera na visão sistêmica dos

designersacapacidadedeprevergargalosnodesenvolvimentodosprojetosemaiorjogo

decinturaparalidarcomosimprevistos.Contudo,ressalta‐sequeháumadiferençaentre

o pensamento sistêmico e o método sistêmico. Dos onze entrevistados, dois utilizam

métodossistêmicos,osoutrosdesignersatuamcommétodoslineares,mesmohavendo

momentoscircularesere‐entradadeinformações.

Mesmo entre os profissionais com diferentes tempos de atuação de mercado há

semelhanças nos processos metodológicos, o que leva a reflexão sobre a formação

profissionaldosdesignerseoensinodametodologianasescolasdedesign.Jáqueesses

profissionaisseguemoprincípiometodológicoapartirdoproblema:definir,conhecere

resolveroproblema.

 

Page 79: processos metodológicos para a prática de projetos de design para

79

5. ANÁLISES DE CASO 

Apósarealizaçãodasentrevistaspercebeu‐seanecessidadedeaprofundarsobreapráxis

dodesign,investigardeformamaisdetalhadacomosãoosprocessosdosdesigners,para

tantoforamselecionadosdoisdesigners:umquetrabalhacommétodolineareooutro

queutilizaométodosistêmico.

A esses dois designers foi solicitado que escolhessem um projeto que haviam

desenvolvidoparaomercadoeexplicassemcomoocorreutodooprocessometodológico,

pois,aofalarsobrecomoéodiaadiadapráticaprojetual,váriosdetalhesacabamsendo

omitidos. Assim, ao descrever como foram desenvolvidos os projetos foi possível

perceber as etapas, as minúcias e os processos metodológicos que envolveram o

desenvolvimentodosprojetos.

O estudo de caso apresentado é o projeto desenvolvido pelo designer 06, que foi

escolhidoporutilizarummétodolinear,comretroalimentações,poréméumaáreacom

diversas limitações técnicas, o que leva a inserção nométodo de técnicas e exige do

designercompetênciasparaodesenvolvimentodoprojeto.

O segundo estudo apresentado é o projeto desenvolvido pelo designer 01, que foi

escolhido por utilizar ummétodo sistêmico, com equipesmultidisciplinares e foco na

gestãododesign.

  

5.1. Concurso AngloGold Ashanti 

Umdosprincipaisconcursosdejoiadomundo,oconcursoAngloGoldAshantiéumevento

bienal e durante dois anos as joias circulam o mundo todo em feiras do segmento

joalheiro.O concurso é realizadopelamineradoraAngloGold16 quedisponibilizameio

quilodeouroparaqueodesignerpossadesenvolverumajoia.Oconcursotemalcance

mundial, e é preciso que os designers selecionados consigam patrocinadores para a

16AAngloGoldAshantiéumaempresamineradoradeouroqueiniciouaexploraçãodeouroemNovaLima,Minas Gerais, no século XIX. Possui operações em onze países, em três continentes, América, África eOceania.

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confecçãodajoiaeelesrealizamtodooprocessodefabricaçãodasmesmasesehouver

gemasenvolvidasnoprojeto,oscustossãoarcadospelospatrocinadores.

Umfatorquelevouaseleçãodesseprojetofoiqueodesignerpossuialimitaçãodevidoa

quantidadedeinsumos,quesãomuitodispendiosos.Entretanto,paraoprojetoanalisado

ele teria até meio quilo de ouro disponível, o que lhe permitiu maior liberdade na

metodologia aplicada, pois muitas vezes, no mercado joalheiro, os processos

metodológicossãolimitadospelasespecificidadestécnicasequantidadedeinsumos.

Naediçãode2012foram1500inscritosnototal,masapenas18tiveramseusprojetos

aprovados e realizados. O concurso possui diversos desdobramentos e é considerado

pelosdesignersdejoiascomoumaoportunidaderaranacarreira,devidoànaturezado

projeto e a visibilidade provocada. O designer 06 já havia se inscrito para algumas

ediçõesanteriores,masteveseuprojetoaprovadopelaprimeiraveznestaedição.

Aseleçãodosvencedoresérealizadaemduasetapas.Naprimeirasãoselecionados100

projetoscomomesmopeso.Estesprojetossãoencaminhadosparaumsegundojúrique

faz a avaliação.Esta etapa simé classificatóriadoprimeiroao centésimo lugar, sendo

apenasdezoitoosselecionados.

Cadaediçãodoconcursopossuiumatemáticadefinidaeadessaediçãofoibrasilidades.

Para ajudar na criação das peças a mineradora disponibilizou em seu site sugestões

iniciaisparaumapesquisaiconográfica.Omaterialpostadoservecomoumstartuppara

novaspesquisas.

Apósapesquisainicialodesigneresuasóciarealizaramacriaçãoemdupla,oprimeiro

desafiofoiotemabrasilidades,poiséumtemaamplo.Omaiordesafioeracomosintetizar

omáximode informações sobre oBrasil, emapenasumconceito.Abiodiversidade, o

carnaval, a religião, a fauna e a flora, a música, cultura, o sincretismo, inúmeros

brainstormingsforamrealizadosparageraralternativasquerepresentassemopaís.

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Apósaspesquisasrealizadas,otemadefinidofoiapersonagemCarmemMiranda,símbolo

doBrasilnoexterior.Elaincorporavaoselementosqueforamlevantadospeladuplacomo

representativosdabrasilidade:Inspiração,música,sincretismo,chapéusmalucos,afauna

eaflora.OsegundodesafiofoicomoutilizarCarmemMirandaconceitualmentesemcair

noestereótipo.Ainspiraçãofoiumafotodacantoracomumenormechapéudebananas.

Oconceitofoidefinido:exuberânciachique.Nãoeraparaseroestereótipocarnavalesco;

contudodeveria seruma joia sofisticadae inteligível,quepossuíssea síntesevisual, a

exuberância,atextura,osincretismo,asbananas,aspedrasverdeseamarelas,ouseja,

que falasse por si. Geraram‐se alternativas com o desenvolvimento de vários croquis,

rapidamentedesenhadosamão,nocalordomomentoparacaptarainspiração,aideia,a

emoção.

Posteriormente, o croqui é finalizado, colorido e depois digitalizado, então é feita a

modelagem em 3D e depois o render hiper‐realista, aperfeiçoando o modelo. Para a

escolha da tipologia da joia foi definido um conjunto de broche, pingente e brincos

modulares,permitindodezoudozeconfiguraçõesdiferentesparaouso.

Paraaseleção,foramenviadasapenasduaspranchasparaapresentaroprojeto,umaéa

inspiraçãocomumpequeno textoeaoutraodesenhoartístico, sem identificaçãodos

autores.Aavaliaçãoécega.Todooprocessoseletivo foirealizadoapartirdestasduas

pranchas.

Oconcursoévalorizadopelosdesignersdejoia,principalmentedevidoàquantidadede

ouro que pode ser utilizada. Nos projetos comerciais há o limite, principalmente da

quantidadedeinsumos,poispossuemocustoelevado,comofrisaodesigner06:“para

quemestáacostumadoatrabalharcomtrêsgramasdeouro,imaginealiberdadedepoder

criarcommeioquilo”.

AAngloGold entregameio quilo de ouro somente para os patrocinadores dos dezoito

finalistas, comumprotocolorigoroso,nota fiscaleseguro.Ummomentode tensão foi

conseguir o patrocinador, já havia se passado um mês e o designer ainda não havia

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82

conseguidopatrocínio.AAngloGolddisponibilizouumaequipedemarketingparaajudar

osparticipantesaconseguirpatrocínio.DuranteaFeninjer,FeiraNacionaldaIndústria

deJoias,maiorfeiradosetornoBrasil,aequipedamineradoraestavacomaspranchas

dosoitofinalistasqueaindanãohaviamconseguidopatrocínioeemmenosdeduashoras

todosforampatrocinados.

Comoouro,oprojetoiniciouasuaetapadeprodução.Oprotótipo3Djáestavamodelado

no computador, contudo o render artístico não estava com as especificações técnicas

corretas, as peças maciças não poderiam ser produzidas, o que aumentaria muito a

quantidadedeouronecessáriaparafazerajoiae,nocaso,olimiteeramosquinhentos

gramas de ouro. Os ajustes no modelo digital foram feitos e a peça foi adequada à

produção.

Essamodelagem3Déabaseparaafabricaçãodoprotótipoemcera,osarquivospossuem

umalinguagemdigitalqueéreconhecidapelaimpressora.Comoapeçaeramuitogrande

odesignerfoiatéafábricaconversarcomosfundidoresparasabersecaberianotubode

fundição,teriaqueserdivididaemquatropartes.Entretanto,nãocaberianabandejade

prototipagem.Ocorre,então,odesdobramentodapeçadequatroparatrintaeseispeças

separadas.

Ajoiavirouumgrandequebra‐cabeça,oprocessodeprototipagemfoirealizadoemBelo

Horizonte.Aosurgiroimprevistodaprototipagem,odesignerprecisoupensaremcomo

agir,cadaumadastrintaeseispartesforamnumeradasparaposteriormontagemefoi

entãodesenvolvidoummapaparaoourives.Antesdoenviodoprotótipoparaafábrica

em São Paulo o designer fez a conferência da prototipagem juntamente com a ficha

técnica.

Odesignerdeveestarpreparadoparaagirnosimprevistoseplanejarcomprecauçãopara

evitarproblemas.Comoprotótipopronto,odesignerfoiparaSãoPaulo.Comooprojeto

estavamuitobemfinalizadoecomasquestõestécnicasrespeitadas,oprocessoprodutivo

foi muito tranquilo. Porém, é um projeto com muitas transversalidades, limitações

técnicasefinanceiras,estasdevidoaoseguro.

Page 83: processos metodológicos para a prática de projetos de design para

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Ajoiatinhaapossibilidadedeváriosusos,obrincoquevirapingente,porexemplo.Mas

comodeixarumpinoespetandoousuário?Duranteaproduçãofoiinseridoumaspecto

inovador no projeto, o pino articulado, os ourives em conjunto com o designer

desenvolveram o pino articulado. Como pendurar um broche de cerca de seiscentos

gramasquenãorepuxassearoupa?Asoluçãofoidesenvolverváriospontosdefixação,

transversaishorizontaiseverticais.

Depois de pronta, a peça foi enviada direto para a AngloGold e os projetos foram

apresentadosemduasnoites,naprimeira,comapresençadeautoridadeseconvidados

restritos,nasegunda,osfuncionáriossãoconvidados,eafestaérepetida,osdiscursos,

desfileseasapresentações.Osdesigners foramconvidadosparaparticipardetodosos

eventos.Foramconsultadossobosmínimosaspectos,emqualorelhadamodeloseria

colocadoobrinco,porexemplo.

Osdesdobramentosdoconcurso, taiscomoadivulgaçãodo trabalho,aexperiênciade

produzir uma joia conceito, fez comque esse fosse, na opinião do designer, omelhor

concursode joiadoqualele jáhaviaparticipado.Apontouqueomaiordesafioparao

designersãoasrelaçõescomplexas,devidasàsdimensõesestipuladasparaopeso,oalto

custo,etc.Éumapeçaconceito.Desdeaproduçãoatéoresultadosão3meses,umprazo

relativamenteapertado,pois,éprecisocontarcomaimprevisibilidade.

Oconcursopossuidiversosdesdobramentos:umapublicaçãoemrevista,exposiçãodas

peçasemcirculaçãonacionaleemfeirasmundiais.Emdecorrênciadetodosessesfatores,

há a promoção do designer, projeção do profissional nacional e internacionalmente.

Duranteointervaloentreosconcursossãopromovidasdiversasaçõesparapromoçãoe

divulgaçãodosganhadores.Odesignerpodelançarumacoleçãocomercialapartirdajoia

conceito.Nãohouveinteressedopatrocinadoremlançaracoleçãododesigner,poisnão

eraaáreacomercialdomesmo,masumdeseusclientesadotouacoleçãocomercial,a

qual alcançou bons resultados de venda, muito em função da ampla divulgação do

concursoedasjoias.

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Odesignerponderaque“aáreadedesigndejoiasestáenvoltanomitodoglamour”,mas

quenarealidadeéumaáreacommuitasespecificidadesqueexigemdoprofissional“jogo

decintura”.Nodiaadiadaprofissão,elelidacomosdiretores,donosdejoalherias,do

presidente ao lapidário. “A mão de obra é composta de pessoas muito simples” e a

informalidadeéumaconstantenomercado,ouseja, fornecedorespoucosconfiáveis.O

designerevitaosfornecedoresinformais,commuitarecirculaçãodomaterialnacadeia

produtiva,oquedificultaaautenticidadedaprocedência,porexemplo,muitasjoiasde

leilãopodemserfrutoderoubo.

Odesignerde joiadevedominaros termostécnicosparadiscutircomosprofissionais

dentro da cadeia produtiva, quantomais tecnologiamais técnicas o profissional deve

dominar.“Sãocompetênciasqueodesignerdevepossuir,conhecimentosobrehistóriado

design, história das joias, os materiais, ergonomia, economia, domínio das técnicas e

ferramentas”.

 

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85

5.2. Gestão do posicionamento da marca para os 50 anos do Unibh17 

O projeto de gestão do posicionamento da marca não possui foco na instituição, na

comunicação ou na gestão da marca como um todo, mas sim nos cinquenta anos da

instituiçãoenosrelacionamentoscomosstakeholdersnodecorrerdessetempo.Oobjeto

é principalmente o relacionamento damarca nesses cinquenta anos e a narrativa da

existênciadocentrouniversitárionesseperíodo.

Foi realizado um levantamento para compreender o percurso da instituição nestes

cinquenta anos e identificar quais foram os principais acontecimentos transcorridos

duranteessetranscurso.Percebeu‐sequeexistiammarcosquesãoaessênciadocentro

universitário.Atrajetóriaacadêmica–queéofocoprincipaldainstituição.Oterritório–

o relacionamento coma cidade e seu entorno, pois, possui unidades distribuídas pela

cidadeeaentradadogrupoAnima–queassumiuainstituiçãorecentemente.

A partir da definição dos marcos com os fatos que foram importantes na trajetória

cronológica,emumalinhadetempofoipossívelcriarstorytellingsobrecomoainstituição

afetouaspessoasdentrodouniversodacidade,ecomosemantémpresenteemvários

pontos.Foipossívelestabelecerumdiscursoentreamarcaeoterritório.Odesigner01

ponderouque“tudoéfeitoemconjunto,todasasetapasdesenvolvidasinternamentecom

as pessoas, para construir o discurso com as pessoas jurídicas, mas que toda pessoa

jurídicaécompostadepessoasfísicas”.

A proposta é que todo o projeto seja desenvolvido internamente e realizado pelos

próprios laboratórios da instituição, Unibh, geradora do produto de ensino. O

gerenciamento dos projetos visava o ensino aplicado à prática, sem que nada fosse

executadoporagênciaexterna.Asdefiniçõesdasaçõesdecomunicaçãoforamdecididas

em reunião com os núcleos de comunicação, gerando, com isso, uma reestrutura do

pensamentodosprofissionaiseasrelaçõescomaprópriainstituição.

17OCentroUniversitáriodeBeloHorizonte (Unibh) foi fundadoem1964,na cidadedeBeloHorizonte,MinasGerais.Possuimaisdecentoevintecursosdegraduaçãoepós‐graduação,distribuídosemquatrounidades,situadasnosbairros:Lagoinha,Buritis,LourdeseUnião.

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86

Aplataformadeestratégiademarcafoiidealizadaapartirdaconfiguraçãodocampode

golfeeadaptadaparaoconceitodocampodegolfecomdozeburacos,queserãoospontos

aseremtrabalhadosaolongodoano,começandoem2014eterminandoem2015.Este

serianocaso,oanocinquentaeum,ouseja,oanoumnoqualtambémogrupoAnima

comemorariasuainserçãonainstituição.Istosedeveaosprocessosdegestãoacadêmica

implementadospelogrupo,osquaisserãoconcluídosem2015.

01.Saladeaulaampliadaa)–oconceito:osmelhoresanosdasuavida.Serãomesmoos

melhoresanos?Comooalunopercebe?Sesãorealmenteosmelhoresanos,elesconhecem

odiaadiadoaluno?b)Ação,realizaromapeamentododiaadiadoaluno,aproveitando

pesquisasrealizadas,queestãoemprocessoeomapeamentodeveserconstante.

02. Vestibular) Conceito:–o vestibular mudou, agora são competências mínimas

necessáriasparaentrarnafaculdade,existemdiversosprocessosdevestibular,agendado,

umaprova,notadoENEM,comooUnibhseposiciona,quaissãoascompetênciasmínimas

paraentrarnainstituição?b)Ação,saladeesperaparaospaiseosalunos,contatocom

ospais,apresentaçãodosalunos,percepçãodoqueéestarcomoUnibh.

03.Diaadiadauniversidade)Conceito:–docente,discente,funcionários,administrativo,

acadêmico,direção.Sóépossívelasaladeaulaampliadaevestibulardiferenciadosseo

diaadia for interessante.b)Ação:Mapearodiaadia,entenderopassadoqueémais

importantequeofuturo.

Essestrêspontosacimamencionadosformamotriângulo,queéaprincipalestruturado

mapadeconceito.

04.Família–osalunosduranteoperíodoemqueestudamnafaculdadepassarãomais

tempo na universidade que com a própria família, assim como os funcionários, os

professores,osdiretores.Logo,existeafamíliaUnibh,eoposicionamento:“oqueuneBH”.

Opassado,opresenteeumprovávelfuturo,atravésdeposiçõesgeográficas,deumada

saladeaulaampliadaeosmelhoresanostornar‐se‐iamumagrandefamília.

Page 87: processos metodológicos para a prática de projetos de design para

87

05.Osprofessores–compreende‐sequesãoainspiração,arespiraçãoeaaspiração.São

osprofessoresqueinspiramosalunoscomsuasaulas,quemantémainstituiçãocomoum

organismovivo,respirando.Sãoelesqueproporcionamosmelhoresanosnopresentee

aspiração para o futuro. O professor precisa lidar com várias gerações diferentes ao

mesmotempo.Énecessárioquetenhaocomportamentofluxparaserelacionarcomtodas

asturmasheterogêneas.Écorpoematéria,reflexodopróprioUnibh.Umaspectoaser

salientadoéoquenemtodososprofessoressãovinculadoscomodedicaçãoexclusiva,ou

seja, trabalham em outros lugares, portanto fazem parte, parcialmente da instituição.

Eventosvoltadosparaosprofessoresestãoprevistos,agestãoacadêmicainiciadacoma

coordenação,poisoprofessoréconsideradocomopontocentraldoprocesso.

06.OscinquentaanosdoUnibh.

07. Rotinas ‐ os melhores anos, os melhores dias dessa rotina são consistentes,

verdadeirosealegres?Nãotemcomoesperarqueoprofessorestejatodososdiasdoano

inteiro com inspiração, respiração e aspiração; é utópico, então serádesenvolvidoum

programaquenãodeixearotinatãoárdua.

08.Inovação–desenvolvimentodeprogramasparainovararotina.

09.Ouviraspessoas.

10.Redes–desenvolvimentosdeaplicativosparafacilitaracomunicação.

11.Envolvimento–promoveroengajamentoentreaspessoas.

12.Anoum–daeraUnibh/Anima.

A concepção dentro dos 12 pontos gera novos insights, que proporcionam novos

conteúdos,nummovimentocíclico,entretanto,éprecisomanterofoco.Osprotótiposdos

processos e dosmeios que geram os inputs serão o foco para o desenvolvimento do

projeto, como explicita esse comentário: “é como uma bola de neve, sem fim, que só

Page 88: processos metodológicos para a prática de projetos de design para

88

aumenta”. Asaçõesparacadapontoserãodeterminadasnamedidaemqueas coisas

forem se desenvolvendo, e assim, novas leituras serão feitas, compreendidas e

sintetizadas.

É importante salientar que a construção dos pontos requer análise, descobertas,

redimensionamentodosdiscursos.Salienta‐seametodologiadeStanford,pelaqualos

elementos:verificação,análise,teste,implementaçãoseretroalimentamsucessivamente.

Segundoodesigner:"Nomundodehojevocênãoencontramaisnadapronto,nadaque

vaificarprontoeperdurar,omundoédinâmico,osprojetosquefuncionaramnãovão

durarmais”.

A gestão provoca mudanças internas influenciadas pelos diagnósticos. Estão sendo

realizadaspalestraseworkshopparaqueosfuncionáriosentendamoqueéamarcaviva;

ouseja,oprocessodegestãodamarca.Ostrabalhossãorealizadosenvolvendoossetores

decomunicação,marketingeRHparapromoveraconstruçãocoletiva,juntamentecom

osdepartamentosenvolvidos.

O evento “parada obrigatória”, que já acontecia na instituição desde quando o grupo

Animaassumiuainstituição,sofreualteraçõesapósdiagnósticorealizadopelodesigner.

Váriasquestõesquenãoseamarravamforamreestruturadasemtodoevento.Oevento

foiexecutadopelosfuncionários,noqual,aaberturadoevento,aoinvésdeserrealizado

porummembrodadiretoriafoiapresentadapeloporteiro,afinal,quemabreoportão?

Aplataformadeestratégiademarcadoscinquentaanosvisaumposicionamentoapartir

dos 51 anos de existência da instituição e acontece paralelamente, interna e

externamente,comaçõesdecomunicaçãoeapresençaemváriospontosdacidadede

Belo Horizonte/MG com o discurso para a comunidade: construir o pensamento

internamente,gerarrelacionamentodeprogramaspararefletircomacomunidade.

O PDGA, Programa de Desenvolvimento de Gestões Acadêmicas, envolveu os

coordenadoresparaque fosseosuporteparaasmudanças,assimodesignerodefiniu

Page 89: processos metodológicos para a prática de projetos de design para

89

“comoumvírusquevaicontagiandoaspessoas,nouniversodauniversidade.Odiscurso

émaisárduo,poisaspessoassãomaisqualificadas”.

Éutilizadaobservaçãoparticipativaparaidentificarospontosdecontatoepontoscríticos

do projeto executivo da instituição, para fazer um mapa de presença das relações e

promover um trabalho de gestão com os gestores; que o designer definiu como

“polinizaçãocruzada”,naqualodesigneréaabelhaqueaoentraremcontatocomumdos

gestorespoliniza,compartilhainformações,mastambémépolinizado,ousejaháatroca

de informações entre os gestores e o designer. Contudo, para que isso ocorra, é

imprescindívelqueogestorestejapropensoàstrocas.

Ao enfatizar a experiência dos setores para o desenvolvimento interno dos projetos,

perceberam‐sequeasresistênciasenfrentadasnãovieramdadireção,masdospróprios

laboratórios,poisaodesigná‐lospararealizarascampanhasdecomunicação,osprojetos

de design gráfico, os vídeos e as fotografias, resultaram em um aumento da

responsabilidadedosmesmos.Odiscursoconstruídoparaepelosindivíduosseencontra

resistência, pois, exigemudança de comportamento, performancemais competitiva. A

abordagemdadaaoerrotorna‐senecessária,pois,aosepermitirerrar,possibilita‐sea

inovação.Oerroportanto,passaaserbem‐vindo,considerando‐se,éclaro,umamargem

aceitável,ouseja,umerrocalculado,poisquemnãoerranãocorreriscos,quemnãocorre

risconãoinova.

De acordo com o designer, os trabalhos desenvolvidos internamente apresentam o

seguinte conceito: “o produto é resultado do próprio produto do Unibh, produto

construído,produtodecomunicaçãoqueéresultadodoprodutoaluno,queéresultado

doprodutoprofessor.Vocêtemumprodutoqueéconstruídoapartirdoprodutoquevocê

vende,queéumdosprodutosquevocêjáconstruiu.Váriosprofessoressãoex‐alunos,

mantendo‐se a essência do pensamento pedagógico presente na construção, na

disseminaçãoenacomunicação”.

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Omundoédinâmico,asmudançasdomundoquedemoravamparaacontecer,hojesão

muitorápidas,entãodentrodeumanoaprópriainstituiçãonãoserámaisamesma,o

perfil do aluno vaimudar, os funcionários, os professores, a direção. Asmudanças já

ocorrerameoprojetojámudou,nãodáparadesenharumnegócio,vocêtemumprocesso

depensamentoeação.Eoprocessomudaacadadia,acadaano.Osbenefíciossãoacurto,

médio e longo prazo. Já é possível perceber os benefícios hoje,mas o resultadomais

consolidadoocorrerámaisàfrente.

   

Page 91: processos metodológicos para a prática de projetos de design para

91

CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Apartirdolevantamentobibliográficoinicial,domapeamentohistóricosobreosmétodos

científicos permitiu‐se compreender como o ser humano desenvolveu ao longo da

história,umaformadepensar,visandoaconstruçãodeconhecimentoeacompreensão

domundo.Atravésdisso,foipossívelperceberqueexisteapossibilidadederelacionaros

métodosdedesignaosprincípiosdosmétodoscientíficos,comotambém,refletircomoos

pensamentos filosóficos influenciaram diversas áreas do saber humano, inclusive o

design. Porém, também foi possível perceber a linha que diferencia a metodologia

científicadametodologiaprojetual.

Como modelo de comparação propomos uma analogia entre as metodologias e os

aparelhos eletrônicos, computadores de arquitetura fechada, computadores de

arquiteturaabertaeostablets:

Para exemplificar, podemos comparar a metodologia científica ao computador de

arquiteturafechada(Figura14).Oqueéumcomputadordearquiteturafechada?Éum

aparelho eletrônico que já vem com a sua configuração de fábrica, sendo todos os

componentesdefinidospelofabricante,asconfiguraçõesvariamdeacordocomomodelo

quedeveserescolhidoparasuprirasdemandasnecessáriasparaousocotidiano,como

nocasodeumcomputadordaApple,noqualoconsumidorescolheomodelo,masnão

podetrocaroscomponentesinternos,ocomputadordeveseradequadoàsnecessidades

dousuário.

Nocasodametodologiacientíficaopesquisadorescolheosprocedimentosmetodológicos

deacordocomapesquisaaserrealizada.Apartirdasuanecessidade,osprocedimentos

científicosdevemserrigorosamenteseguidoseasnormasobedecidasparaavalidação,

dentrodeumaestruturadeterminada.

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Figura14–AnalogiaarquiteturafechadaFonte:Autoriaprópria

Ametodologiaprojetualparaodesignnamodernidade,comseucaráterflexível,porém,

comvisãolinearécomparadaaquicomoscomputadoresdearquiteturaaberta(Figura

15), e o que seriam esses computadores? Eles possuem uma configuração padrão:

monitor, HD, placas de memória, processadores, placas de vídeo, dentre outros, mas

diferentedaarquiteturafechada,nocasodoscomputadoresdearquiteturaaberta,cada

componentepodeserescolhidodeacordocomouso.

Umeditordevídeoiráescolherummonitormelhor,umaplacadevídeomaispotentee

umprocessadormaisrobusto.Nocasodametodologiaprojetual,odesigneriráescolher

procedimentos a partir de uma estrutura definida, elementos que serão considerados

fundamentaisparaodesenvolvimentodoprojeto,masestruturametodológicaédefinida:

problem finding (definindo o problema) problem setting (conhecendo o problema) e

problemsolving(resolvendooproblema).Entrecadaumadessasetapas,odesignerutiliza

técnicas escolhidas de acordo com a sua formação, experiência, bagagem cultural e

porquenão,bomsenso.Assimele“monta”aestruturadoseuprocessometodológico.Essa

estruturafoiutilizadapelosdesigners03,04,05,06,07,08,09,10e11.

Page 93: processos metodológicos para a prática de projetos de design para

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Figura15–AnalogiaarquiteturaabertaFonte:Autoriaprópria

Ostablets(Figura16)sãocomparadosaoprocessometodológicosistêmico,oprojetaré

determinadopelocenário:complexo,fluidoedinâmico.Osfundamentosdometadesign,

metaprojeto, design thinking, design sistêmico, dentre outros, os quais podem ser

comparadosaotablet,poisafinalesteéumaparelhoquepermitequeneleseinstalem

diversosapps(aplicativos)quepermitemqueosusuáriososescolhamdeacordocomas

suasnecessidades,semumpadrãopré‐determinadoaserseguido,seminíciooufim,mas

cíclicoeorganizadodeacordocomasfunçõesenecessidadesdousuário.

Odesignerquetrabalhacomgestão,queprocuraumavisãodoprocessocomoumtodo,

desdequestõesligadasaodesenvolvimentodoprodutoaquestõessociais,econômicase

ambientais,irábuscarprocedimentos,ferramentasquesirvamparaodesenvolvimento

do projeto. O tablet é o suporte, mas são os aplicativos que o caracterizarão, que

propiciarão ao dispositivo móvel sua personalidade, determinando sua função e

aplicabilidade.

Odesignerqueprojetanoambientecomplexoprecisaterrepertório,procurarsemprea

atualização profissional, para transitar e interagir com diferentes áreas. Afinal, a

transversalidadedodesignlevaànecessidadedeumprofissionalquepossuahabilidades

ecompetênciasparagerirosprojetos.Essascaracterísticasqueodesignerdaatualidade

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devepossuiréqueserádeterminanteparaaescolhadas ferramentasedosprocessos

necessáriosparaaformataçãodapráticaprojetual.

Figura16–AnalogiaTablet/DispositivomóvelFonte:Autoriaprópria

Apartirdasentrevistasedosestudosdecasofoipossívelperceberalgumasrelaçõescoma

formadeseprojetardosprofissionaisqueatuamnomercado,dadialéticadeHegel:Tese‐

Antítese‐Síntese,opensamentocíclicoeanovaspossibilidadesquesurgemapartirda

Síntese, como também, com as mudanças de paradigmas propostas por Feyrabend,

percebe‐sequenaconstruçãodametodologiaprojetualdosdesigners,háinfluênciasda

metodologiacientífica.

Outropontoidentificadoéqueexistenomercadodemandaporprojetoscombaixonível

decomplexidadeequese findamemsimesmos, comoocasodeumconviteparaum

evento,porexemplo,assimcomoexistemdesignersqueoptaramportrabalharcomeste

nicho específico de mercado. Projetos que não envolvem necessariamente a

complexidadeeainovação.Casosnosquaisaspráticasprojetuaissãomaisdefinidaseas

etapasetécnicasutilizadasparaodesenvolvimentosãorepetidasemdiversosprojetos.

O problem finding (definindo o problema), realização de briefing – levantamento dos

dados;oproblemsetting(conhecendooproblema)pesquisa,análisedaconcorrênciae

Page 95: processos metodológicos para a prática de projetos de design para

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referencial visual e o problem solving (resolvendo o problema) desenvolvimento de

roughs, geração de alternativas e finalização do desenho. De acordo com a analogia

apresentadaanteriormente,podemosconsiderarcomoumcomputadordearquitetura

aberta,porémcomumaconfiguraçãomaisbásica.Nãoháanecessidadedeinvestimentos

em etapas diferenciadas para atingir o resultado esperado, o que não torna o projeto

inferioroumenoseficiente,apenasadequadoaoqueelesepropõe.

Boapartedosentrevistadostrabalhacomametodologiadoprincípiolinear,mesmopara

odesenvolvimentodeprojetoscomgrausdecomplexidadesmaiores.Osprincípiosda

metodologia ulmiana, o funcionalismo linear, são claramente percebidos, porém,

constata‐se que a adaptaçãodosmétodospelos designers é uma constante naprática

individual.Nãofoipossívelidentificarumaconsciênciametodológica,essesprofissionais

entrevistados não citam nomes demetodologias, ou quando o fazem não conseguem

apresentar ametodologia citadade forma clara, demonstrandoumcerto desinteresse

pelateoriametodológica.

Levandoapossívelconclusãodequeofazerdodesigneresuanaturezaheurísticasupera

opensarfazer,osprocessossãointuitivosederivadosdemétodosutilizadosnasescolas

eadaptadosparaapráticaprofissional.Encaixam‐setambémnaanalogiadocomputador

dearquiteturaaberta,porémcomumaconfiguraçãomaisespecífica,comnovasetapase

componentesadequadosaosprojetosdesenvolvidos.

Umaminoriadosprofissionaisentrevistadostrabalhacomumametodologiasistêmica,

duranteseusrelatosfoipossívelperceberque,paraessesprofissionais,osmétodossão

tratadosformalmente.Nomearamosmétodos,assimcomocitaramautoresefizeramuma

contextualizaçãohistórica.Paraestesdesignersháapreocupaçãocomopensarprojetual,

poisapresentaramaconsciênciadopapelprocessualdodesigner.Coincidentemente,os

profissionaistrabalhamcomgestãododesign,seusprojetossãodesenvolvidosapartir

deumaabordagemsistêmicacomoenvolvimentodeváriasquestõesqueabrangemo

projetocomoumtodo.

Page 96: processos metodológicos para a prática de projetos de design para

96

Analogicamenteseriamostablets,poisprimeiramenteseapresentaramatualizadoscom

as teoriasdedesignedeoutrasáreas,para fazeraseleçãodosaplicativosqueseriam

necessáriosparatornarodispositivomóveladequadoparausonoprojeto,ouseja,quais

os métodos deveriam ser empregados para atingir os objetivos. Esses profissionais

apresentaramodesigndoprojeto,semostraramconscientesdoprocessoedasteorias

queestãosurgindo,assimcomooerroparaestesdesignersépartedoprocesso,oque

devesermensuradoeavaliadoparaqueosresultadossejammaisassertivos.

Outropontosignificativolevantadoduranteapesquisafoioaspectosustentável.Esteque

envolveapráticaprojetual.É fatoqueodesignertempapelpreponderantenoquesito

sustentabilidade,poisalémdeprojetarobjetos,Moraes(2010)ressaltaqueodesigner

projetaemoções,desejosdeconsumo,experiênciaseserviços.Oquepôdeserobservado

équeasustentabilidade,apesardeestaremvogaeseramplamentediscutidanamídiae

nosmeiossociais,aindapossuiumlongocaminhoaserpercorridonarealidadeprojetual

brasileira.Osprocessoseosmateriaissustentáveissãocaros,oqueprovocaumaumento

nocustofinaldoprojetotornando‐oinviávelnamaioriadoscasos.

Grandepartedos consumidores aindanãopercebea sustentabilidade comovalorque

justifique o custo mais alto ou então, não possui condições financeiras de adquirir

produtos sustentáveis. Durante as entrevistas, a maioria dos designers demonstrou

conhecimento sobre processos emateriais sustentáveis, entretanto todos relataram a

dificuldadedeusá‐losemseusprojetos,devidoaoaltocustofinanceiro.

Apreocupaçãoexcessivaemnãotransformarametodologiaemreceitadebololevoua

umequivocadotratamentodotema,principalmentenaáreadedesigngráfico.Bonsiepe

(2012) reforça que durante o desenvolvimento dametodologia em design, a área de

comunicaçãovisualnãoapresentouamesmadiligênciaemestabelecerumametodologia

projetual.

Osmétodosdevemserformalmenteestudados,assimcomoastécnicasdecriatividade

para que o designer possa desenvolver suaprópriametodologia e escolher técnicas e

ferramentasparaapráxisdodesign.Oquelevaàconclusãodequeametodologia,apesar

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denãoserumareceitadebolo,deveserentendidacomoimportanteetapanoprocessoe

queodesignerdevepossuirplenaconsciênciadoplanejarantesdoexecutar,desenvolver

opensarprojetualconcomitanteàpráticaprojetual.

Apesarde todasas suas limitações, ametodologiaprojetual temo seulugar,devendo‐seresistiratrêstentações?

1. A tentação de um universalismo espiritual, que interpreta ametodologiacomoaquisiçãoválida,semrestrições.

2. Atentaçãodeumrelativismohistórico,quenegaqualquervalidadeàmetodologia como aquisição importante, além de sua origemhistórica.

3. Atentaçãodeumalternativismo,que,comseuprogramadenegaçãoabsoluta, enterra a metodologia no depósito de lixo da História.(BONSIEPE,2012,p.94)

Nocasodaapropriaçãododesigncomometodologiaparaainovação,poroutrasáreas,

principalmente pela área de negócios e gestão, ainda há um espaço a ser explorado,

principalmentenautilizaçãodopensamentodedesign, o quenão exclui a atuaçãodo

profissional, mas a inserção desse, como stakeholder, na administração e tomada de

decisõesestratégicasdasempresas.

Outroponto quepode ser explorado empesquisas futuras é o ensinodametodologia

projetualnasescolasdedesign.Comoéaabordagemdaspráticas?Opensaroprocessoé

colocado em evidência ou se o pensar o projeto é menosprezado em detrimento do

resultado.O foco é o resultadoobtidoouoprocessopara se alcançar o resultado?As

escolas estão preparando os alunos para exercerem a profissão no atual cenário,

complexoedinâmico?Anovageraçãodedesignersbrasileirospensasistemicamente?

 

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WOLLNER,Alexandre.DesignVisual50anos.SãoPaulo:CosacNaify,2005. 

   

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ANEXO A 

Roteiro para entrevista ‐ Café com design (pensei em um ambiente informaldescontraído,duranteumcafé)

Comoodesignentrounasuavida?Parainiciaroassuntodeformaindireta.

Você já fezalgumcursonaárea?Qual?Quando?Característicasdo curso?Para

investigarsobreaformaçãoacadêmica.

Comoéoseudiaadiaprofissional?Parasaberdocotidianoprofissional.

Como é o seu processo criativo? Quais as etapas? Recursos? Para abordar as

questõesmetodológicas

Como é a sua relação com os clientes? Novos e antigos? Tem diferença? Eles

entendemoqueodesignagrega?

Qualéofocodoprojeto?Usuário?Problema?

Qualacontribuiçãodoseutrabalhoparaasuaáreadeatuação?

Qualoseupapelcomodesigner?Parainvestigaroqueoentrevistadoconsidera

comoopapeldodesignerseésocial,ambientaletc.

Qualodiferencialqueoseutrabalhoagregounosprojetosquedesenvolveu?

   

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ANEXO B 

TERMODECONSENTIMENTOLIVREEESCLARECIDO

Resoluçãonº466/12–ConselhoNacionaldeSaúde

Sr(a) foi selecionado(a) e está sendo convidado(a) para participar da pesquisa intitulada: PROCESSOS METODOLÓGICOS PARA A PRÁTICA DE PROJETOS DE DESIGN PARA UM CONTEXTO SUSTENTÁVEL, que tem como objetivos: Traçar um histórico dos métodos científicos; Pesquisar os principais métodos não lineares de design no Brasil; Traçar um quadro comparativo entre os métodos analisados; Analisar um estudo de caso de projeto de design. Este é um estudo baseado em uma abordagem participativa, utilizando como método entrevistas qualitativas. A pesquisa terá duração de 2 anos, com o término previsto para Agosto de 2014. Suas respostas serão tratadas de forma anônima e confidencial, isto é, em nenhum momento será divulgado o seu nome em qualquer fase do estudo. Quando for necessário exemplificar  determinada  situação,  sua  privacidade  será  assegurada  uma  vez  que  seu  nome  será substituído  de  forma  aleatória. Os  dados  coletados  serão  utilizados  apenas NESTA  pesquisa  e  os resultados divulgados em eventos e/ou revistas científicas. 

Suaparticipação évoluntária, isto é, a qualquermomento vocêpoderárecusar‐searesponderqualquerperguntaoudesistirdeparticipareretirarseuconsentimento.Suarecusanãotraránenhumprejuízoemsuarelaçãocomapesquisadoraoucomainstituiçãoque forneceu os seus dados, como também na que trabalha. Sua participação nestapesquisa consistirá em responder as perguntas a serem realizadas sob a forma deentrevista.Aentrevista serágravadaemáudio/vídeoparaposterior transcrição–queseráguardadaporcinco(05)anoseincineradaapósesseperíodo.Sr(a)nãoteránenhumcustoouquaisquercompensaçõesfinanceiras.Existeoriscodeconstrangimentoduranteumaentrevistaouumaobservação.

____________________________________ ____________________________________AkemiIshiharaAlessi(UEMG) Participantedapesquisa O benefício relacionado à sua participação será o de aumentar o conhecimento científico para a área de  design.  Sr.(a)  receberá  uma  cópia  deste  termo  onde  consta  o  celular/e‐mail  do  pesquisador responsável,  e  demais membros  da  equipe,  podendo  tirar  as  suas  dúvidas  sobre  o  projeto  e  sua participação, agora ou a qualquer momento. Desde já agradecemos! 

Nome doOrientador: Profª. Drª. Sebastiana Luiza Bragança Lana ‐ Escola deDesign ‐UEMGPesquisador Principal: Akemi Ishihara Alessi – Mestranda ‐ Escola de Design ‐ UEMG 

Cel:(31)8804‐5351e‐mail:[email protected] Declaro estar ciente do inteiro teor deste TERMO DE CONSENTIMENTO e estou de acordo em participar do estudo proposto, sabendo que dele poderei desistir a qualquer momento, sem sofrer qualquer punição ou constrangimento. Recebi uma cópia assinada deste formulário de consentimento.  

 

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_____________________, ____ de ___________________ de 2014.  

 

Participante da Pesquisa:   ____________________________________________________________________  

(Nomeeassinatura)