produto 3 manual sobre restauração de matas ciliares volume i
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PRODUTO 3
Manual sobre Restauração de Matas Ciliares
Volume I – Noções Gerais e Volume II – Modelos de Restauração
Consultora Andréia Caroline Furtado Damasceno
Mestre em Conservação de Ecossistemas Engenheira Florestal
Contrato IICA N° 110137
Salvador Maio / 2011
Apresentação
O presente trabalho apresenta a proposta técnica para
publicação de dois volumes da série de “Manual sobre Restauração de
Matas Ciliares”, sendo o primeiro volume sobre Noções Gerais e o
segundo sobre Modelos de Restauração.
Esta proposta é componente do Programa Estadual de Restauração
e Conservação das Matas Ciliares e Nascentes da Bahia – PERMAC. O
Programa foi instituído pela Resolução do Conselho Estadual de
Recursos Hídricos - CONERH No 50/09 visando promover a
conservação dos mananciais hídricos do Estado da Bahia e objetiva
estimular a restauração e conservação das matas ciliares e
nascentes, de forma a garantir água, em qualidade e quantidade, a
médio e longo prazos, à população baiana. O PERMAC é formado por
três eixos estratégicos estruturantes:
- Eixo 1. Restauração Florestal
- Eixo 2. Sustentabilidade da Restauração
- Eixo 3. Gestão do PERMAC
O eixo 1 da Restauração Florestal é composto por várias metas,
dentre elas estabelecer um plano de comunicação do PERMAC. E
dentro desse plano está previsto a elaboração de material didático:
Manual sobre Restauração e Conservação de Matas Ciliares e
Nascentes (10.000 unidades) como instrumento de capacitação,
contendo todas as etapas envolvidas na restauração florestal e
conservação de matas ciliares e nascentes.
Este manual será composto de uma série de volumes que
objetivam fornecer para sociedade informações e noções práticas
acerca da restauração de matas ciliares e nascentes nos biomas do
Estado da Bahia.
A série proposta é de sete volumes:
• Volume 1 - Restauração e Conservação de Matas Ciliares e
Nascentes. (Noções Gerais).
• Volume 2 - Modelos de Restauração de Matas Ciliares e
Nascentes.
• Volume 3 – Sementes de espécies florestais nativas
(Colheita, beneficiamento e armazenagem).
• Volume 4 – Viveiros florestais (Instalação e manutenção de
viveiros para produção de espécies nativas).
• Volume 5 – Restauração e Conservação de Matas Ciliares e
Nascentes no Bioma Mata Atlântica.
• Volume 6 – Restauração e Conservação de Matas Ciliares e
Nascentes no Bioma Caatinga.
• Volume 7 – Restauração e Conservação de Matas Ciliares e
Nascentes no Bioma Cerrado.
O Volume 1 – Restauração e Conservação de Matas Ciliares
pretende abordar questões e noções gerais sobre a restauração e
conservação das matas ciliares, buscando informar as pessoas
(técnicos e sociedade) de uma maneira simples sobre a importância
das áreas de preservação permanente (APP) ao longo dos cursos
d’água e de suas nascentes, sobre a legislação ambiental ligada ao
tema e sobre noções conceituais de restauração florestal necessárias
para despertar um novo olhar sobre a restauração e conservação
dessas áreas, bem como diretrizes gerais para elaboração de um
projeto de restauração.
O Volume 2 - Modelos de Restauração de Matas Ciliares e
Nascentes busca fornecer informações que ativem um senso crítico
dos leitores dobre diagnóstico da área a ser restaurada e melhor
atitude a se tomar em cada situação específica. Mostrando que a
restauração florestal não é apenas um plantio de árvores e sim
almeja uma retomada de processos ecológicos responsáveis pela auto
sustentabilidade daquela área. Não simplesmente repassando
“receitas de bolo” e sim fazendo pensar sobre quais elementos e
fatores são necessários a serem manejados para que área pelo
menos entre no processo de restauração.
Esses dois volumes foram elaborados numa linguagem simples e
direta, não são modelos técnicos científicos que pretendem esgotar o
assunto ou possuem a pretensão de se tornar um referencial
acadêmico, mas sim desmistificar e aproximar o público geral do
tema: restauração de matas ciliares e nascentes. Lembrando que
essa área da ciência denominada restauração florestal ou restauração
ecológica é uma área muito recente no mundo científico e muitos
projetos ainda estão sendo experimentados e muito ainda tem-se a
discutir, entender e concluir. Como por exemplo, nos biomas caatinga
e cerrado onde a dinâmica florestal dos ecossistemas que os formam
é praticamente desconhecida e a inferência sobre práticas adequadas
de restauração são ínfimas.
Mas, contudo sabemos da urgência de tomarmos iniciativas que
contribuam para reverte e minimizar o grau de degradação alarmante
de nossas matas ciliares e nascentes que estão ligadas a
disponibilidade e qualidade de água a população, nesse contexto
apresentamos o Manual sobre Restauração e Conservação de Matas
Ciliares e Nascentes a fim de disponibilizar e propagar informações e
despertar o senso crítico sobre o tema.
Os volumes não serão extensos, com poucas páginas, letras
grandes e muitas ilustrações no intuito de estimular sua leitura
completa e que não sejam cansativos para um público leigo ao tema.
Mas que indicarão caminhos e lugares onde possam se aprofundar na
questão de restauração de matas ciliares.
A sugestão é que os manuais sejam ilustrados com desenhos e de
preferência que utilizem a marca ou mascote do Programa Matas
Ciliares.
A seguir são apresentados os textos para compor o conteúdo dos
manuais, sendo que os mesmos foram construídos e aprimorados
com a participação da equipe da Coordenação Socioambiental e da
Coordenação de Matas Ciliares do INGÁ.
Manual de Restauração deManual de Restauração deManual de Restauração deManual de Restauração deMatasMatasMatasMatas CiliaresCiliaresCiliaresCiliaresVolume 1- Noções Gerais
INGÁ – IICAMaio / 2011
Conteúdo - Volume 1
• Apresentação
• Matas Ciliares
• Importância
• Legislação
• Restauração Florestal
• Biomas
• Projeto de Restauração
Apresentação
A proposta desta série de Manuais sobre Restauração de Matas Ciliares
surgiu a partir da formulação e implementação do Programa Estadual de
Restauração e Conservação de Matas Ciliares e Nascentes – PERMAC do
Instituto de Gestão das Águas e Clima (INGÁ), autarquia da Secretaria do
Meio Ambiente do Estado da Bahia (SEMA).
O PERMAC é uma das iniciativas de integrar a gestão das águas e do meio
ambiente visando promover a conservação dos mananciais hídricos do Estado
da Bahia e objetiva estimular a restauração e conservação das matas
ciliares e nascentes, de forma a garantir água, em qualidade e quantidade, a
médio e longo prazos, à população baiana.
Com a percepção da real importância da conservação e restauração das
matas ciliares, diretamente ligada a qualidade da água e da vida da
população, uma nova demanda e anseio pela conservação desses ambientes
ciliares vêem se instalando na opinião popular.
Em resposta a esta mudança de paradigma sobre produção e conservação,
onde conservar deixa de ser um empecilho e assume um novo papel de
manutenção da produção atual e futura, fez necessário a disponibilização de
uma ferramenta acessível sobre restauração das matas ciliares e nascentes.
• Matas Ciliares (a)
As matas Ciliares são florestas, ou outros tipos de cobertura vegetal
nativa, que ocorrem ao longo das margens dos cursos d’água e no entorno de
nascentes e reservatórios de água.
Independente de sua fisionomia, sua localização, sua composição
florística são denominadas de maneira geral como Matas Ciliares. Também
são conhecidas como mata de galeria, floresta ribeirinha, mata paludosa,
floresta de várzea, entre outras.
As florestas ocorrentes ao longo de cursos d’água e no entorno de
nascentes tem características vegetacionais definidas por uma interação
complexa de fatores dependentes das condições ambientais ciliares
(Rodrigues, 2001). O ambiente ribeirinho reflete as características
geológicas, geomorfológicas, climáticas, hidrológicas e hidrográficas, que
atuam como elementos definidores da paisagem e, portanto das condições
ecológicas locais ( Jacomine, 2001).
E possuem particularidades fisionômicas, florísticas e estruturais.
Apresentando diferentes adaptações que possibilitam a sobrevivência em
ambientes encharcados.
Ao longo de um rio é possível encontrar diferentes tipos de formações
florestais variando desde sua nascente, curso médio e até sua foz. Assim
como variam em cada ecossistema e bioma. Lembrando que na Bahia
encontramos três tipos de Bioma: Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga
• Matas Ciliares (b)
Termos como mata ou floresta ciliar, floresta ripária, mata ribeirinha e
mata de galeria têm sido amplamente empregados por todo o Brasil para
referir-se indistintamente às vegetações que acompanham cursos d’água
(rios, ribeirões, riachos, arroios, córregos ou igarapés) (RIBEIRO et al.
1999). Porém, muitos autores não concordam quanto a seus limites
conceituais.
Mueller (1996) define as matas ciliares como aquelas que correspondem
à vegetação que se forma naturalmente às margens dos rios e de outros
corpos d’água, mesmo em regiões de pluviosidade baixa e irregular nas quais
as condições de clima e solo não permitem o desenvolvimento de árvores nas
áreas mais distantes dos corpos d’água. Recebem esta denominação, pois, a
exemplo dos nossos cílios que protegem os olhos, estas possuem a função de
proteção dos mananciais hídricos, correspondendo a mata aos “cílios” e o rio
aos “olhos”.
Segundo Rodrigues (2001) as florestas ocorrentes ao longo de cursos
d’água e no entorno de nascentes tem características vegetacionais
definidas por uma interação complexa de fatores geológicos,
geomorfológicos, climáticos, hidrológicos e hidrográficos. Sendo que essas
áreas constituem um mosaico de condições ecológicas, cada qual com suas
particularidades fisionômicas, florísticas e/ou estruturais.
Rezende (1998), afirma que a mata ciliar pode ser denominada de mata
de galeria ou mata ripária. Esta denominação pode variar de acordo com sua
fisionomia que está, por sua vez, relacionada às condições de solo, clima e
relevo.
Ribeiro et al. (1999) diferenciam mata ciliar de mata de galeria pela
composição florística e pela deciduidade. Uma mata ciliar apresenta
diferentes graus de caducifólia na estação seca, acompanhando as margens
dos rios de médio e grande porte, enquanto que a mata de galeria é
perenifólia, acompanhando os riachos de pequeno porte e córregos do
cerrado brasileiro.
O termo mata ciliar, em sentido estrito, tem sido utilizado para a
vegetação florestal que ocorre em rios de grande largura, onde a copa das
árvores de ambas as margens não se tocam, possibilitando a entrada direta
e a influência da luz sobre a vegetação mais próxima ao rio. Já nas matas de
galeria, as copas das árvores de ambas as margens se tocam, formando uma
galeria propriamente dita, como um dossel contínuo, gerando condições
ambientais, sobretudo luz e temperatura, diferenciadas para o corpo d’água
e para a vegetação das margens do rio (RIBEIRO, 1998).
A composição de espécies arbóreas a arbustivas apresentam enorme
variação de área para área o que torna muito diferente sua composição
florística, muitas espécies possuem adaptações morfológicas par ambientes
encharcados, adaptações reprodutivas, padrões sucessionais e vegetacionais
(LIMA & ZAKIA, 2006).
Embora hajam divergências quanto à sua adequada delimitação
conceitual, as matas ciliares, as florestas ripárias e as matas de galeria
podem ser consideradas uma variação sobre o mesmo tema, desempenhando
papel fundamental na manutenção do ciclo hidrológico nas bacias
hidrográficas.
O PERMAC adotou como conceito de matas ciliares, como sendo toda a
vegetação que se desenvolve às margens dos corpos d’água e de suas
nascentes, respeitando-se os limites definidos pelo Código Florestal,
considerando os mais variados tipos vegetacionais que se formam em função
de uma série de fatores determinantes.
• Importância – Matas Ciliares (a)
• As matas ciliares possuem a função de proteção dos cursos d’água que
formam as Bacia Hidrográficas.
Qualidade
Regulação e Manutenção
dos Recursos Hídricos
Quantidade
E fornecem importantes serviços ambientais.
• Importância – Matas Ciliares (a)
As matas ciliares são de grande importância para qualidade das águas,
pois funcionam como verdadeiros filtros diminuindo o aporte de sedimentos
e retendo poluentes e produtos químicos que seriam levados diretos para os
cursos d’água.
Controlando a erosão e evitando o assoreamento dos rios com
carregamento de solo (areia, terra) para seu leito. Pois uma área desprovida
de mata ciliar perde muito mais solo, como por exemplo, se estiver coberta
por pastagem, situação comum em nossas paisagens, a perda de solo por
erosão chega a ser 100 vezes maior do que em uma área com mata ciliar
conservada. Portanto sem mata ciliar os rios se tornam assoreados e
contaminados, comprometendo seriamente a saúde do rio e da população.
Além do aumento de gastos com o tratamento da água para o consumo
humano.
Importância – Matas Ciliares (a)
As Matas Ciliares promovem a infiltração da água no solo, através de seu
sistema radicular e a diminuição do escoamento superficial, contribuindo
para a recarga dos lençóis freáticos e conseqüentemente para a manutenção
da vazão do rio na época seca. Além disso, as matas ciliares protegem
importantes áreas de produção de água como as nascentes, que com sua
ausência os rios nem existiriam, pois são as nascentes que formam os
pequenos e grandes rios.
Importância – Matas Ciliares (a)
Conseqüências da degradação da mata ciliar
Infiltração água no
solo
� Arraste e deposição de
sedimentos
� Escoamento direto
Assoreamento
� Rios e reservatórios mais rasos
� Enchentes
� Tº C da água
Recarga lençol
freático
� Vazão período seco
Filtragem física e
biológica
� Poluição por agrotóxicos e
adubos – aumento valores
sólidos totais (diminuindo IQA)
• Importância – Matas Ciliares (a)
• Corredor Ecológico para Fauna e Flora - conexão de fragmentos de
mata nativa, propícia o fluxo gênico – interação de indivíduos da
mesma espécie, mas de comunidades diferentes – evitando o
empobrecimento genético.
• Abrigo para Fauna e Controle de Pragas e Doenças – fornecem
recursos para sustentação e refúgio da fauna (em caso de incêndios e
em áreas agrícolas) e colaboraram na redução de pragas e doenças
nas áreas agrícolas por abrigarem espécies que predam insetos,
servindo como barreiras naturais.
• Ecossistema Aquático - controle da temperatura da água. As raízes
e galhos caídos na água criam habitats para abrigo e reprodução de
várias espécies. E fornecem frutos para a alimentação de animais
aquáticos.
• Fixação de Carbono – captam e fixam carbono quando em
crescimento e mobilizam carbono quando conservadas, melhorando a
qualidade do ar e diminuindo o efeito estufa.
• Importância – Matas Ciliares (b)
A mata ciliar possui as seguintes funções:
� proteger as margens dos corpos d’água da ação erosiva e, ao mesmo
tempo proteger os mananciais (rios e reservatórios) contra a massa
de detritos e poluentes que, sem essas matas seriam carreados para
o corpo d’água;
� garantir a recarga dos lençóis freáticos pelas chuvas, pois a malha
formada pelas raízes da vegetação retém a água, reduzindo seu
escoamento superficial e, consequentemente o carreamento de
sedimentos e poluentes para o leito dos corpos d´água;
� contribuir para a conservação da biodiversidade, servir como
corredores naturais de habitat visando a conectividade e
favorecendo o fluxo gênico entre fragmentos de ecossistemas e a
dispersão da vida silvestre; como abrigo a fauna terrestre em
períodos de estiagem prolongada ou ocorrência de incêndios.
� regular a temperatura da água dos mananciais, reduzindo processos
de evaporação e favorecendo o ambiente adequado a espécies animais
e vegetais aquáticas.
� servir como barreira natural contra a disseminação de pragas e
doenças na agricultura.
• Importância – Matas Ciliares (b)
As florestas ciliares são importantes na proteção e conservação de
mananciais hídricos como resultante de duas ações:
• Mecânica, servindo de obstáculo físico aos agentes poluidores;
• Absorção e infiltração, interferindo nos agentes poluidores de maneira
indireta pela influência no ciclo hidrológico, como filtro de água.
•
No que diz respeito à disponibilidade hídrica as matas ciliares interferem
diretamente na manutenção da:
• Quantidade da água: favorecem a infiltração de água no solo e
recarga do lençol freático, variável com localidade, estágio da
vegetação e sazonalidade.
•
• Qualidade da água: filtragem física e biológica de sedimentos e
produtos químicos entre outros.
• Legislação – Matas Ciliares
A legislação prevê a proteção das matas ciliares pela delimitação das áreas
de preservação permanente onde estas estão localizadas. O Código
Florestal (Lei Federal 4.771 de 1965), as Resoluções do CONAMA 302/02 e
303/02, a Lei Estadual 10.431/06 e o Decreto Estadual 11.235/08
estabelecem as Áreas de Preservação Permanente – APP. E a Resolução
Estadual do CONERH 50/09 que institui o PERMAC - Programa Estadual de
Restauração e Conservação das Matas Ciliares e Nascentes da Bahia, que
visa promover a conservação dos mananciais hídricos do Estado da Bahia e
objetiva estimular a restauração e conservação das matas ciliares e
nascentes, de forma a garantir água, em qualidade e quantidade, a médio e
longo prazos, à população baiana.
� Área de Preservação Permanente: é a área coberta ou não por
vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos
hídricos, a paisagem, a estabilidade e a fertilidade do solo, a
biodiversidade, assim como, de proteger a fauna e a flora e assegurar
o bem-estar das populações humanas.
�
• Áreas de Preservação Permanente correspondente a localização
das Matas ciliares segundo a Legislação.
•
-Em Cursos d’água perenes ou intermitentes (Rios, riachos, córregos, etc.)
com menos de 10 metros de largura a área de preservação permanente
corresponde a uma faixa de 30 metros de largura em cada margem ao
longo de seu curso.
-Nascentes e olhos d’água, ainda que intermitentes, a área de preservação
permanente é de 50 metros de raio ao seu redor.
-Em Cursos d’água (Rios, riachos, córregos, etc.) com largura entre 10 e 50
metros a área de preservação permanente corresponde a uma faixa de 50
metros de largura em cada margem ao longo de seu curso.
- Em Cursos d’água (Rios, riachos, ribeirão, etc.) com largura entre 50 e
200 metros a área de preservação permanente corresponde a uma faixa de
100 metros de largura em cada margem ao longo de seu curso.
- Em Cursos d’água (Rios) com largura entre 200 e 600 metros a área de
preservação permanente corresponde a uma faixa de 200 metros de
largura em cada margem ao longo de seu curso.
- Em Cursos d’água (Rios) com largura maior que 600 metros a área de
preservação permanente corresponde a uma faixa de 500 metros de
largura em cada margem ao longo de seu curso.
- Vereda - espaço brejoso ou encharcado, que contém nascentes ou
cabeceiras de cursos d’água, onde há ocorrência de solos hidromórficos,
caracterizado predominantemente por renques de buritis do brejo (Mauritia
flexuosa) e outras formas de vegetação típica. A Área de Preservação
Permanente gerada constitui-se numa faixa de 50 metros de largura em seu
entorno.
- Lagos, lagoas e brejos naturais, com até 20 ha de espelho d’água, área de
preservação permanente é de 50 metros de raio ao seu redor.
- Lagos, lagoas e brejos naturais, maiores de 20 ha de espelho d’água, área
de preservação permanente é de 100 metros de largura ao seu redor.
- Reservatórios artificiais (ex: barragens) situados em área rural, área de
preservação permanente é de 100 metros de largura ao seu redor.
- Reservatórios artificiais (ex: aguadas) não utilizados em abastecimento
publico ou de geração de energia, com ate 20 há de superfície e situados em
zona rural, área de preservação permanente é de 15 metros de largura ao
seu redor.
• Restauração de Matas Ciliares
Segundo a Society for Ecological Restoration International (SERI), restauração é a ciência, prática e arte de assistir e manejar a recuperação da integridade ecológica dos ecossistemas, incluindo um nível mínimo de biodiversidade e de variabilidade na estrutura e funcionamento dos processos ecológicos, considerando-se seus valores ecológicos, econômicos e sociais.
A restauração florestal objetiva a formação de um ecossistema, o mais
próximo ou semelhante possível do anterior degradado, através do plantio
misto de espécies arbóreas nativas, pela resiliência do local degradado
(dependendo do estado) ou outras alternativas ainda em teste (KAGEYAMA
& GANDARA, 2001; RODRIGUES & GANDOLFI, 2001).
Esta área da ciência propõe não só a recuperação das áreas degradadas,
mas também a recuperação da biodiversidade, além de todos os processos
ecológicos da interação entre os organismos desses ambientes, sendo uma
nova maneira de pensar em conservação in situ da biodiversidade (BAWA &
SEIDLER, 1998).
Enquanto que recuperação é o retorno do sítio degradado a um sítio
produtivo, nesses casos a sucessão e auto sustentabilidade da área a longo
prazo não são garantidas e pode se utilizar espécies nativas ou exóticas que
não promovem necessariamente a conservação da biodiversidade.
Os processos ecológicos são essenciais na manutenção das florestas, não
basta apenas termos árvores plantadas para restaurar uma área é preciso
que ocorram processos como polinização, dispersão, regeneração e
predação natural.
Existe todo um movimento de pesquisadores para formulação de
estratégias que permitam, promovam ou facilitem a ocorrência dos
processos ecológicos mantenedores responsáveis pela auto-renovação e
sustentabilidade da floresta a longo prazo.
Restaurar integralmente os ecossistemas naturais está muito além de
nossa capacidade e retorná-lo ao seu estado original é impossível, devido
às características dinâmicas dos mesmos (ENGEL & PARROTA, 2003). É
possível, contudo, trazer de volta a uma área espécies características da
mesma, uma retomada da biodiversidade, assistindo e direcionando os
processos naturais para características desejáveis no sistema futuro,
muito mais do que tentar imitar o que esta área foi no passado (GOOSEM
& TUCKER, 1995; HOBBS & HARRIS, 2001).
Para o Bioma Mata Atlântica avanços substanciais foram atingidos em
termos de restauração pelo entendimento e aplicação da sucessão florestal
e dos grupos ecológicos. Pelos quais observa-se na natureza uma gradual
substituição e aumento das espécies no decorrer do tempo após um
disturbio em uma floresta.
Como por exemplo, a abertura de uma clareira ( pela queda de uma
árvore ou outro motivo) no meio da mata possibilitando a entrada de luz que
permitirá que sementes germinem e espécies que precisam de sol cresçam e
essas, por sua, vez propiciarão um novo microclima e nutrientes adequados
para o crescimento de outras espécies que crescem na sombra. Essas novas
espécies atrairão espécies diferentes de animais que realizarão a
polinização e dispersão de outras novas espécies e assim sucessivamente.
Este processo é uma forma natural dos ecossistemas se recuperarem,
mecanismo pelo qual as florestas tropicais se auto-renovam, através da
“cicatrização”de locais perturbados. Durante este processo a situação
ambiental se modifica, como por exemplo, a composição de espécies da
comunidade, a disponibilidade de recursos de luz, a umidade e nutrientes
(ENGEL e PARROTA,2003). A sucessão deve ser entendida não como uma
simples substituição de espécies no tempo, mas como uma substituição de
grupos ecológicos das espécies ou categorias sucessionais (RODRIGUES e
GANDOLFI, 2001).
Os grupos ecológicos de espécies propostos por Budowski (1965) são os
mais utilizados, e são denominados: pioneiras, secundárias iniciais,
secundárias tardias e climácicas. Contudo, em trabalhos práticos estes
grupos, normalmente não são levados estritamente na sua formulação básica
e sim adequados de acordo com as características e propostas dos projetos.
Grupos Ecológicos ou Sucessionais
Características Pioneira Secundária Inicial Secundária Tardia Climácicas
Crescimento Muito rápido rápido médio Médio ou muito lento
Madeira Muito leve Leve Medianamente dura Dura a pesada
Necessidade de luz Crescem a pleno sol Crescem a pleno sol ou na sombra
Crescem na sombra Crescem na sombra
Dispersão das sementes
Ampla (zoocoria c/ alta diversidade de dispersores); anemocorica, a grande distância
Restrita (barocoria) Ampla (zoocoria c/ poucas espécies); Anemocoria, a grande distância
Principalmente anemocoria
Ampla (zoocoria grande animais); restrita (barocoria)
Tamanho das sementes e frutos
pequeno médio Pequeno a médio Grande e pesado
Regeneração Permanência da semente no solo
Banco de sementes Sementes permanecem no solo por muito tempo (anos ou décadas)
Banco de plântulas Sementes permanecem pouco tempo no solo
Banco de plântulas Sementes permanecem muito pouco tempo no solo
Banco de plântulas Sementes permanecem muito pouco tempo no solo
Idade da 1a reprodução
Prematura (1 a 5 anos) Intermediária (5 a 10 anos)
Relativamente tardia (10 a 20 anos)
Tardia (> 20 anos)
Dependência a polinizadores específicos
baixa alta alta alta
Tempo de vida Muito curto (até 10 anos)
Curto (10 a 25 anos) Longo (25 a 100 anos) Muito longo (> 100 anos)
Entender a dinâmica florestal – como funciona a floresta- é fundamental para a
tentativa de criar modelos que imitem a natureza e permitam sua restauração. Lembrando
que os animais são responsáveis por cerca de 95% da polinização e por 75 a 95% da
dispersão das espécies de árvores nativas tropicais. Por isso, não há florestas sem animais
(Ferretti, 2004). E esses modelos devem considerar efetivamente essas interações entre
fauna e a flora, buscando atrair e fornecer suporte as diversas espécies da fauna.
Outro grande aprimoramento nos modelos de restauração é a utilização do maior
número possível de espécies no plantio de árvores para restauração, pois a floresta
tropical é riquíssima apresentando uma alta diversidade de espécie por área. Respeitando
a proporção observada nos ecossistemas naturais onde o grupo das pioneiras apresenta
pequeno número de espécies e grande número de indivíduos e as secundárias possuem um
grande número de espécies e um pequeno número de indivíduos. E recentemente as outras
formas de vida: arbustivas, lianas (cipós) e epífitas (ex. Bromélias e orquídeas), que
compõem a floresta além das espécies arbóreas, vêem sendo alvo dos estudos de
restauração que cogitam seu manejo e inserção nas áreas a serem restauradas.
Para os Biomas Cerrado e Caatinga as pesquisas na área de restauração ainda são muito
recentes e exíguas. E não cabe diretamente a utilização da sucessão secundária, por
serem ecossistemas mais abertos e não apresentarem uma substituição de espécies ao
longo do tempo em função da luz, como ocorre nas florestas fechadas. Contudo algumas
diretrizes podem ser tomadas principalmente na condução da regeneração natural e
algumas estratégias são sugeridas para o plantio de espécies do Cerrado
É importante ter em mente que as condições ecológicas não são os únicos fatores
determinantes para o sucesso ou falhas de projetos de restauração ecológica. As
circunstâncias sócio-econômicas e percepções da natureza das pessoas envolvidas são
fatores chaves neste processo (Higgs, 1997).
No PERMAC, prevalecerá o conceito de restauração, privilegiando o uso de espécies
nativas para atender as finalidades estabelecidas no conceito acima citado, contudo o
termo recuperação será utilizado nas ações de implementação de Sistemas Agroflorestais
(SAF) em pequenas propriedades rurais e na agricultura familiar, os quais objetivarão
recuperar as funções ambientais das áreas, admitindo-se o uso de espécies nativas com
espécies não invasoras de cultivos agrícolas.
BIOMAS: MATA ATLÂNTICA / CERRADO/ CAATINGA
Fonte: www.sema.ba.gov.br
• Bioma - Mata Atlântica
A Mata Atlântica foi reduzida a menos de 7% de sua área original no Brasil e na Bahia
esse quadro não é menos preocupante como podemos ver nos mapas da vegetação no sul
da Bahia em cinquenta anos a floresta foi dizimada.
A Mata atlântica é assim denominada pelo fato de acompanhar o litoral brasileiro –
associada ao oceano atlântico.
Segundo a Lei da Mata Atlântica 11.248/2006 consideram-se integrantes do Bioma
Mata Atlântica as seguintes formações florestais nativas e ecossistemas associados, com
as respectivas delimitações estabelecidas em mapa do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística - IBGE, conforme regulamento: Floresta Ombrófila Densa; Floresta Ombrófila
Mista, também denominada de Mata de Araucárias; Floresta Ombrófila Aberta; Floresta
Estacional Semidecidual; e Floresta Estacional Decidual, bem como os manguezais, as
vegetações de restingas, campos de altitude, brejos interioranos e encraves florestais do
Nordeste.
Tal variedade se explica pois, em toda sua extensão, a Mata Atlântica é composta por
uma série de ecossistemas cujos processos ecológicos se interligam, acompanhando as
características climáticas das regiões onde ocorrem e tendo como elemento comum a
exposição aos ventos úmidos que sopram do oceano. Isso abre caminho para o trânsito de
animais, o fluxo gênico das espécies e as áreas de tensão ecológica, onde os ecossistemas
se encontram e se transformam. É fácil entender, portanto, porque a Mata Atlântica
apresenta estruturas e composições florísticas tão diferenciadas. Uma das florestas mais
ricas em biodiversidade no Planeta, a Mata Atlântica detém o recorde de plantas lenhosas
(angiospermas) por hectare (450 espécies no Sul da Bahia), cerca de 20 mil espécies
vegetais, sendo 8 mil delas endêmicas, além de recordes de quantidade de espécies e
endemismo em vários outros grupos de plantas. Para se ter uma idéia do que isso
representa, em toda a América do Norte são estimadas 17.000 espécies existentes, na
Europa cerca de 12.500 e, na África, entre 40.000 e 45.000 (sos mata atlântica).
Desmatamento no Sul da Bahia, Desmatamento no Sul da Bahia, Desmatamento no Sul da Bahia, Desmatamento no Sul da Bahia, 1945 1945 1945 1945 ---- 1990199019901990
Na Bahia são encontradas as seguintes formações:
• Floresta Ombrófila Densa
Possui a fisionomia marcada pelas copas altas, que formam uma cobertura fechada
conhecida como dossel. Apresenta-se compartimentada em diferentes estratos,
garantindo a existência de vários nichos, sob o dossel, o que sustenta a diversidade de sua
fauna. Devido a elevada umidade deste tipo de formação nela encontra-se uma enorme
quantidade e variedade de epífitas, como orquídeas e bromélias.
• Floresta Ombrófila Aberta
Como o próprio nome indica a vegetação é mais aberta, sem a presença de árvores que
fechem as copas no alto. As árvores são mais espaçadas e o estrato arbustivo é pouco
denso. São também conhecidas como áreas de transição. Ocorre geralmente onde o clima
apresenta um período de dois e, no máximo, quatro meses secos, com temperaturas
médias entre 24o C e 25o C.
Floresta Estacional Decidual
Se caracteriza por duas estações bem marcadas: uma chuvosa e outra seca. Mais de
50% das árvores perdem as folhas na época de estiagem.
Manguezais
Localizam-se próximos à foz dos rios, onde formam uma série de canais menores, que
são inundados pelas marés, sendo o solo constituído de lama. A alta salinidade e a baixa
oxigenação fazem com que poucas espécies vegetais o suportem –três ou quatro –porém,
abrigam muitas espécies de peixes, moluscos e crustáceos. E são considerados berçários
de vida onde um grande número de espécies vão se reproduzir.
• Restingas
Formação vegetal que ocorre ao longo de praias, cordões arenosos e planícies
costeiras. Próxima ao mar e em região de dunas, onde o solo é fraco em nutrientes e o
vento é forte e constante, a vegetação é, principalmente, herbácea e rala, com folhas
duras e pequenas com a frequente presença de áreas salgadas. À medida que se adentra o
continente, a vegetação vai se adensando com arbustos e pequenas árvores e formando
matas com mais de 15 m de altura (restinga arbórea).
• Bioma - Cerrado
O cerrado é o bioma que ocupa a porção oeste do Estado da Bahia e encontra-se tão
ameaçado quanto o Bioma Mata Atlântica. Este bioma é conhecido como berço da águas,
por ser uma área de recarga de aquíferos.
A vegetação do cerrado que é mais aberta e com árvores muitas vezes retorcidas,
compreende um mosaico de fisionomias que variam desde o campo limpo até o cerradão.
Em função principalmente da fertilidade do solo, disponibilidade hídrica, ph, saturação de
alumínio, saturação hídrica de superfície. Fonte: http://www.agencia.cnptia.embrapa.br
São descritos onze tipos principais de vegetação para o bioma Cerrado, enquadrados
em formações florestais (Mata Ciliar, Mata de Galeria, Mata Seca e Cerradão), savânicas
(Cerrado sentido restrito, Parque de Cerrado, Palmeiral e Vereda) e campestres (Campo
Sujo, Campo Limpo e Campo Rupestre).
Formações Florestais do Cerrado
As formações florestais do Cerrado englobam os tipos de vegetação com
predominância de espécies de árvores e formação de cobertura pela proximidade das
copas das árvores (dossel). A Mata Ciliar e a Mata de Galeria são os tipos de vegetação
florestal associadas a cursos de água, que podem ocorrer em terrenos bem drenados ou
mal drenados. A Mata Seca e o Cerradão ocorrem nos níveis de relevos que separam os
fundos de vales (interflúvios), em terrenos bem drenados.
A Mata de Galeria possui dois subtipos: não-Inundável e Inundável. A Mata Seca três:
Sempre-Verde, Semidecídua e Decídua. O Cerradão pode ser classificado como
Mesotrófico (quando ocorre em solos com condições médias em relação à disponibilidade
de nutrientes, ou seja, solos com fertilidade moderada) ou Distrófico (quando ocorre em
solos pobres em relação à disponibilidade de nutrientes, ou seja, solos com baixa
fertilidade).
Vegetação Savânica
As formações savânicas do Cerrado englobam quatro tipos de vegetação principais: o
Cerrado sentido restrito, o Parque de Cerrado, o Palmeiral e a Vereda. O Cerrado
sentido restrito caracteriza-se pela presença das camadas de árvore e de arbustos e
ervas ambas definidas, com as árvores distribuídas aleatoriamente sobre o terreno em
diferentes densidades, sem que se forme uma cobertura contínua. De acordo com a
densidade de árvores e arbustos, ou com o ambiente em que se encontra, o Cerrado
sentido restrito apresenta quatro subtipos: Cerrado Denso, Cerrado Típico, Cerrado
Ralo e Cerrado Rupestre. No Parque de Cerrado a ocorrência de árvores é concentrada
em locais específicos do terreno. No Palmeiral, que pode ocorrer tanto em áreas bem
drenadas quanto em áreas mal drenadas, há a presença marcante de determinada espécie
de palmeira arbórea, e as árvores de outras espécies (dicotiledôneas) não têm destaque.
O Palmeiral possui quatro subtipos principais, determinados pela espécie dominante:
Babaçual, Buritizal, Guerobal e Macaubal. A Vereda também se caracteriza pela presença
de uma única espécie de palmeira, o buriti, mas esta ocorre em menor densidade que em
um Palmeiral. Além disso, a Vereda é circundada por uma camada característica de
arbustos e ervas.
Vegetação Campestre
As formações campestres do Cerrado englobam três tipos de vegetação principais: o
Campo Sujo, o Campo Limpo e o Campo Rupestre. O Campo Sujo caracteriza-se pela
presença evidente de arbustos e subarbustos entremeados no estrato arbustivo-
herbáceo. No Campo Limpo a presença de arbustos e subarbustos é insignificante. O
Campo Rupestre possui trechos com estrutura similar ao Campo Sujo ou ao Campo Limpo,
diferenciando-se tanto pelo substrato, composto por afloramentos de rocha, quanto pela
composição florística, que inclui muitos endemismos (presença de espécies com ocorrência
restrita a este ambiente).
De acordo com particularidades topográficas ou de solo (edáficas), o Campo Sujo e o
Campo Limpo podem apresentar três subtipos cada. São eles: Campo Sujo Seco, Campo
Sujo Úmido e Campo Sujo com Murundus; e Campo Limpo Seco, Campo Limpo Úmido e
Campo Limpo com Murundus.
• Bioma -Caatinga
É o bioma exclusivamente brasileiro. Região de clima semi-árido, solo raso e
pedregoso, porém fértil. A Caatinga é um bioma rico em recursos genéticos por conta da
sua alta biodiversidade e, o melhor, exclusivamente brasileiro. Ocupa uma área de, cerca
de 10% do território nacional, abrangendo os estados do Ceará, Rio Grande do Norte,
Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Bahia, Piauí e Minas Gerais.
No entanto, estudos mostram que esse é o terceiro ecossistema brasileiro mais
degradado, ficando atrás apenas da Mata Atlântica e do Cerrado. Na Bahia, sua situação
ainda é mais alarmante. O estado que detém 34% da Caatinga e é o que mais desmatou o
bioma na história.
Caatinga é originário do tupi-guarani e significa mata branca. É um bioma único pois,
apesar de estar localizado em área de clima semi-árido, apresenta grande variedade de
paisagens, relativa riqueza biológica e endemismo. A ocorrência de secas estacionais e
periódicas estabelece regimes intermitentes aos rios e deixa a vegetação sem folhas. A
folhagem das plantas volta a brotar e fica verde nos curtos períodos de chuvas.
A Caatinga é dominada por tipos de vegetação com características xerofíticas –
formações vegetais secas, que compõem uma paisagem cálida e espinhosa – com estratos
compostos por gramíneas, arbustos e árvores de porte baixo ou médio (3 a 7 metros de
altura), caducifólias (folhas que caem), com grande quantidade de plantas espinhosas
(exemplo: leguminosas), entremeadas de outras espécies como as cactáceas e as
bromeliáceas.
Fonte: www.ibama.gov.br
• Projeto de Restauração
Como pensar e elaborar um projeto de restauração de matas ciliares e nascentes?
Nesta sessão serão sugeridos alguns passos para elaboração de um projeto base de
restauração, pois não existe receita pronta para esse tipo de projeto e sim o despertar
para observação da natureza e seus fenômenos naturais.
As atividades de um projeto de restauração dependem e variam de local para local. As
características da área a ser restaurada, bem como de seu entorno, são determinantes
para a escolha da metodologia a ser aplicada.
Para restaurar uma determinada área precisamos conhecer, ou pelo menos ter noção
do ecossistema a ser restaurado e identificar as barreiras que impedem ou dificultam a
regeneração natural e diminuem sua resilência.
Como citado anteriormente, quando buscamos restaurar uma área desejamos que os
processos mantenedores daquela floresta (vegetação) sejam retomados para que a mesma
se auto sustente, apresentando características semelhantes a floresta anterior
recuperando sua biodiversidade.
Então quando pensamos em restauração de matas ciliares temos que nos lembrar de
como podemos recuperar seus processos ecológicos e consequentemente seu equilíbrio
dinâmico.
• Projeto de Restauração
� 1 o passo - Planejar o projeto
Dicas para elaboração e estruturação de um projeto básico.
Perguntas norteadoras:
• POR QUE quero restaurar? (justificar o projeto)
• O QUE será restaurado? (objetivo contendo tamanho da área e local)
• ONDE será feito? (localização da área a ser restaurada)
• PARA QUEM pretendo beneficiar? (beneficiários diretos e indiretos)
• COMO pretendo restaurar? (escolha das atividades que serão executadas)
• COM QUEM farei a restauração? (equipe e parceiros)
• QUANDO conseguirei restaurar? (cronograma completo por passo)
• QUANTO gastarei na restauração? (custos por cada passo e atividade)
Os projetos devem ser adequados de acordo com cada objetivo e recursos disponíveis.
� 2o passo - Diagnóstico da área
� Local
� Regional (Paisagem)
O diagnóstico da área a ser restaurada, onde serão verificadas as condições gerais da
área e da região em que a mesma está inserida, é o um dos passos fundamentais para o
sucesso da restauração das matas ciliares. Envolvendo principalmente a avaliação do solo e
da vegetação, afim de identificar os fatores que precisam ser manejados para que a área
retome seus processos de manutenção como o da regeneração natural.
� Diagnóstico Local:
- Solo
- Vegetação
- Rio (curso d’água)
� Diagnóstico Regional:
- Fragmentos de remanescentes de vegetação nativa.
- O diagnóstico da área é essencial na escolha do método de restauração e na tomada
de decisões para as atividades de restauração, possibilitando uma melhor
adequação dos custos e objetivos pretendidos.
-
� Diagnóstico Local - Solo
- Avaliação do estado de degradação e os fatores degradantes do solo.
Verificar o grau de degradação do solo quanto a compactação, erosão, acidez,
disponibilidade de nutrientes entre outros que for necessário.
Verificar fatores de degradação como por exemplo: utilização da área para pastagem,
ocorrência de incêndios e poluição do solo.
� Diagnóstico Local – Vegetação
- Analisar se existe vegetaçao nativa (qual seu estado de conservação?) e sua
possibilidade de regeneração e rebrota de tocos e raízes(principalmente no cerrado e na
caatinga).
- Verificar se existem plantas exóticas invasoras como gramíneas (capins) e bambus.
� Diagnóstico Local - Rio
- Verificar grau de assoreamento, informar características gerais da água como cor
, cheiro e etc.
- Informar uso da água (irrigação, captação para outro fins, pesca e etc.)
-
� Diagnóstico Paisagem
• Quando possível realizar o diagnóstico da microbacia que o curso d’água está
inserido.
• Focar o diagnóstico da paisagem no uso e ocupação solo. Informando se existe
algum remanescente de vegetação nativa ( qual grau de conservação) e qual sua
distância da área a ser restaurada. Informar quais são usos do solo (ex: pastagem e
agricultura) das áreas adjacentes a área a ser restaurada.
� 3o passo – Definição da técnica de restauração
Após o diagnóstico da área poderemos inferir sobre que técnica utilizar para
restaurar determinado local, com base nas suas características atuais do sítio (grau de
degradação do solo e da vegetação) e do seu entorno, do tamanho da área que se quer
restaurar, nas atividades que influenciam a regeneração natural do local (ex. pastoreio
de animais, presença de espécies invasoras, ocorrência de fogo, distância de
remanescente de vegetação nativa e etc.) bem como recursos financeiros disponíveis
para o projeto.
Muitas técnicas podem ser utilizadas tomando como ponto de partida o diagnóstico
da área, diversos locais na Bahia ainda possuem um elevado grau de resilência (poder
de auto-recuperação) e o simples isolamento (cercamento) do local e retirada dos
fatores degradantes (ex. entrada de animais) seria uma maneira de promover o
processo de restauração daquele local. Mas também existem várias situações
contrárias a essa onde a área apresenta um grau de resilência muito baixo e seu solo é
muito compactado, esse local necessitará de cuidados mais intensos como a
recuperação do solo e o plantio de espécies arbóreas nativas.
Outra questão a ser analisada na tomada de decisão de qual a melhor maneira de
restaurar uma área é a distância desta com remanescentes de vegetação nativa que
poderão fornecer propágulos ou não de espécies nativas (arbóreas, arbustivas, lianas e
epífitas) que colonizarão ou não a área a ser restaurada.
• O que deve ficar claro nesse passo independente de qual técnica utilizar é a sua
base de escolha que deve ser muito bem fundamentada no 2o passo e nos recursos
disponíveis. Discutiremos detelhadamente essa tomada de decisão no Volume 2 –
manual de restauração de matas ciliares –modelos de restauração.
• As técnicas mais difundidas atualmente são:
• -condução da regeneração natural de espécies nativas
• -semeadura direta
• -nucleação
• -plantio de mudas
• - SAF (Sistema Agroflorestal) – para pequenos produtores.
• A restauração poderá ser executada por diferentes técnicas, desde que
assegurada a regeneração natural das diferentes formas de vida, tais como
arbustos, lianas e árvores, de espécies nativas.
•
� 4o passo – Levantamento da vegetação
• Este passo é fundamental para o conhecimento das espécies nativas que ocorrem na
região da área que pretende se restaurar. A elaboração de uma lista de espécies
nativas regionais é muito importante no caso de implantação ou enriquecimento de
espécies (mudas ou sementes) numa determinada área ou até mesmo na condução
da regeneração natural.
• A realização de um levantamento florístico em fragmentos de vegetação nativa da
região seria o ideal para se identificar as espécies vegetais que naturalmente
ocorrem ali e se ter uma noção da proporção de ocorrência de determinada espécie
por área (distribuição). E não recair no erro de introduzir espécies de um
ecossistema diferente do que se quer restaurar, como por exemplo, plantar
espécies tipicamente do Bioma Mata Atlântica no Bioma da Caatinga. Ou ainda
plantar muitos indivíduos de apenas uma determinada espécie e essa possuir uma
baixa densidade na floresta natural podendo acarretar em ataque de pragas e
doenças.
• A verificação da adaptação das espécies a ambientes encharcados é outro ponto
crucial nesta lista de espécies quando o objetivo é plantar nas margens dos cursos
d’água.
• Outra maneira é a revisão bibliográfica de trabalhos de levantamento da vegetação
realizados na região, pareceria com universidades, ONG e institutos de pesquisas e
extensão que atuem nessa área
• O conhecimento popular tradicional também é muito relevante na elaboração da
lista de espécies da flora regional, consultando principlamente os antigos
moradores da região.
� 5o passo – Logística de Implantação
• Após a definição da técnica de restauração e a elaboração da lista de espécies
nativas que ocorrem na região é preciso pensar nos fatores que viabilizem a técnica
escolhida.
• Se for produzir mudas é necessário planejar com devida antecedência a colheita de
sementes e da própria produção de mudas.
• Se for adquirir as mudas planejar sua disponibilização junto aos viveiros na época
do plantio.
• Planejar a mobilização da mão-de-obra, da sociedade principalmente dos
proprietários e produtores da área a ser restaurada.
• Planejar aquisição de cerca, insumos, transporte e outros materiais (ferramentas,
poleiros arificiais e etc.) necessários para implementação da técnica de restauração
selecionada.
• E planejar a implantação de campo – cercamento, adubação, coroamento, plantio e
etc.
� 6o passo – Manutenção da área
• Para todas as técnicas de restauração é preciso realizar a manutenção da área e
cada prática depende do local e da técnica utilizada mas de maneira geral as
práticas recomendadas são:
� coroamento, adubação, controle de plantas exóticas invasoras e de formigas
cortadeiras e/ou outras práticas que se fizerem necessárias.
� Práticas para a prevenção de fatores de degradação (isolamento ou cercamento da
área, prevenção do fogo, competição de plantas invasoras, controle da erosão,
dentre outros).
� Essas práticas de manutenção da área se estendem por no mínimo dois anos e são
uma das questões principais do sucesso da restauração.
� 7o passo – Avaliação e Monitoramento da área
• No projeto deverá estar previsto monitoramento de, no mínimo, 24 meses, a partir
do final da execução, de forma a permitir a avaliação do processo, observando os
seguintes parâmetros:
• – Estabelecimento e desenvolvimento da cobertura vegetal;
• – Ocorrência de perturbações naturais e/ou antrópicas;
• – Periodicidade e forma de apresentação da avaliação.
Manual de Manual de Manual de Manual de RestauraçãoRestauraçãoRestauraçãoRestauração dedededeMatasMatasMatasMatas CiliaresCiliaresCiliaresCiliares
Volume 2 – Modelos de Restauração
INGÁ – IICAMaio / 2011
ConteúdoConteúdoConteúdoConteúdo ---- Volume 2Volume 2Volume 2Volume 2
• Introdução
• Técnicas de Restauração
• Modelos de Restauração – Bioma Mata Atlântica
• Modelos de Restauração – Bioma Cerrado
• Modelos de Restauração – Bioma caatinga
• Introdução
O Volume 2 do Manual de Restauração de Matas Ciliares e Nascentes possui o
propósito de abordar os modelos de restauração difundidos e diponíveis atualmente na
literatura. Trata-se da continuação da série de Manuais de Restauração de Mata Ciliares
do PERMAC (Programa Estadual de Restauração e Conservação de Matas Ciliares e
Nascentes).
Não existem receitas prontas de restauração de Matas Ciliares, e sim diferentes
técnicas de restauração aplicadas de acordo com situações específicas encontradas no
campo. Essa é uma área recente da pesquisa mundial e muito ainda tem a se desenvolver,
testar e evoluir! Bons avanços foram alcançados para a restauração do Bioma Mata
Atlântica, contudo escassos são os conhecimentos em relação aos Biomas Cerrado e
Caatinga nessa área, principalmente para modelos específicos de plantio.
A seguir é apresentada uma chave de tomada de decisão, muito interessante para ser
utilizada como ferramenta na seleção do modelo a ser utilizado para restaurar as matas
ciliares, elaborada no Workshop sobre recuperação de áreas degradadas em matas
ciliares no Estado de São Paulo.
• Técnicas de restauração
Em primeiro lugar temos que lembrar que restauração não é simplesmente um plantio
de árvores e sim o que se deseja é restaurar os processos ecológicos de uma determinada
área com a retomada da sua biodiversidade para que essa possa se manter e se auto
sustentar.
Seguindo o Volume 1 - Manual de Restauração de Matas Ciliares – Noções Gerais vimos
que o ponto de partida para a escolha da técnica de restauração é o diagnóstico local e
reginonal (leitura da paisagem) da área a ser restaurada, aqui detalharemos melhor as
condições que podemos encontrar e que opções podemos seguir. Pois a partir deste
diagnóstico poderemos identificar as dificuldades (fatores de degradação) e o grau de
resilência (poder de auto-recuperação) da área e estabelecer as estratégias que serão
aplicadas. Outro aspecto importante a ser analisado é a ocorrência de remanescentes de
vegetação nativa em áreas próximas que podem funcionar como fonte de propágulos,
através da dispersão natural (chuva de sementes).
As principais ações iniciais para restauração de matas ciliares são:
� Isolamento da Área
� Retirada dos Fatores de Degradação
� Controle de espécies competidoras (invasoras)
Os métodos de restauração podem ser:
� condução da regeneração natural de espécies nativas
� semeadura direta (adensamento, enriquecimento e misto de espécies arbóreas)
� plantio de mudas (adensamento, enriquecimento, misto de espécies arbóreas e ilhas
de diversidade)
� nucleação
� SAF (Sistema Agroflorestal) – para pequenos produtores.
As ações e métodos de restauração citados acima são aplicáveis de maneira geral a
todos os ecossistemas naturais, principalmente as três ações iniciais que permitirá que a
resilência (quando existir) do sítio se manifeste permitindo que aconteça a regeneração
natural (se possível).
- Isolamento da área e retirada de fatores degradação
O uso das APPs (Áreas de Preservação Permanente) dos cursos d’água como pastagem
é um quadro muito comum em todo Estado da Bahia. Isolando-se essa área através do
cercamento irá evitar vários fatores de degradação causados pelo gado como a
compactação do solo (através do pisoteio), a disseminação de gramíneas competidoras e o
pisoteio de possíveis indivíduos regenerantes. Outro fator degradante muito propagado no
uso do solo rural é o fogo, como no caso de reforma de pastagem e de áreas agrícolas
(ex.Cana), uma das maneiras de prevenção é a construção de aceiros (faixas ao longo das
cercas onde a vegetação foi completamente eliminada da superfície do solo) no entorno
dos locais que estão sendo restaurados. Outros fatores de degradação podem ser
identificados dependendo da realidade da região e devem ser retirados, pois estes na
maioria das vezes influenciam diretamente a possibilidade de regeneração da área e
portanto de sua restauração.
- Controle de espécies competidoras
As espécies de gramíneas utilizadas nas pastagens (braquiárias, capim colonião,
gordura e etc) são espécies altamente invasoras e competem diretamente com os
indivíduos regenerantes ou com as futuras mudas que venham a ser implantadas
dificultando seu estabelecimento e crescimento, além de facilitar a propagação do fogo. O
seu controle trata-se de uma grande estratégia para o sucesso da restauração das matas
ciliares. Outras espécies exóticas invasoras (leucena, algaroba, etc) podem ser eliminadas
através desbaste seletivo gradual.
� Condução da Regeneração Natural
Este é um método de restauração que pode ser aplicado em áreas com um alto grau de
resilência que não foram tão degradadas. Apenas com a retirada dos fatores de
degradação (pasto, fogo, cultivo agrícola e etc) do local o mesmo começa apresentar
regeneração natural resultante do banco de sementes da área ou chegada de novos
propágulos vindos de remanescentes de vegetação vizinhos.
Esta é uma técnica com o custo reduzido e é muito empregada, além da Mata Atlântica,
nos Biomas do Cerrado e da Caatinga, pois no Cerrado existe um alto potencial de
regeneração através de brotação vegetativa de sua estruturas subterrâneas (banco de
raízes) e também na Caatinga onde a capacidade de rebrota é um reconhecido mecanismo
de regeneração.
. A condução da regeneração é feita através do coroamento ao redor das mudas para
evitar os competidores (capins e trepadeiras), também recomenda-se quando possível
realizar a adubação nos regenerantes a fim de acelerar o processo de restauração para a
Mata Atlântica, no caso do cerrado as plântulas não respondem a adubação.
� Adensamento e Enriquecimento
Essas duas técnicas podem ser efetuadas através da implantação de sementes ou
mudas em locais que já exista uma floresta ou vegetação natural, normalmente em áreas
com capoeiras.
O adensamento é indicado para as áreas com vegetação com boa diversidade de
espécies, mas que apresentam muitos espaços vazios. Nessa situação um plantio de
árvores (independente da espécie) para cobrir os espaços vazios é suficiente.
O enriquecimento é sugerido para capoeiras que apresentem poucas espécies e deve
ser feito com o plantio de espécies diferentes (novas) das encontradas na área em
restauração.
Para a mata atlântica é indicado para os trechos mais iluminados a introdução de
espécies de árvores nativas pioneiras e secundárias iniciais e nos trechos mais
sombreados as espécies climácicas.
E para o Cerrado o enriquecimento por semeadura direta não é recomendado devido
particularidades da sua dinâmica dessa formação.
Esta técnica é indicada quando não existam fontes de propágulos próximas
(remanescentes), ou essas sejam tão degradadas e pobres (poucas espécies) quanto a
regeneração observada no local.
• As técnicas até agora descritas podem ser selecionadas para áreas que possuam
uma boa resilência e capacidade de regeneração natural e /ou fragmentos de
vegetação nativa próximos que forneçam propágulos para recolonização do sítio em
processo de restauração.
• Os seguintes métodos que serão apresentados a seguir são usados para áreas
degradadas a muito tempo e/ou com poucos fragmentos próximos e/ou com baixo
grau de resilência e/ou baixa capacidade de regeneração natural. Que são os plantio
de mistos de espécies arbóreas (através de mudas e/ou sementes). E como tratam-
se de técnicas de áreas mais degradadas a primeira atitude é a recuperação do
solo.
• Recuperação do Solo
Anterior ao plantio é necessário realizar a Recuperação do Solo tanto na parte física,
química ou biológica. É necessário verificar quais são as características do solo (textura,
fertilidade, inundação e etc.) e seu estado de degradação (compactação, erosão etc).
Uma boa alternativa para a recuperação inicial do solo é a utilização da adubação verde
para melhorar a capacidade produtiva do solo. Essa melhoria do solo é conseguida através
da adição de material orgânico não decomposto de plantas cultivadas exclusivamente para
este fim, que são manejadas antes de completarem o ciclo vegetativo. A Adubação Verde
pode ser realizada com diversas espécies vegetais, porém a preferência pelas leguminosas
está consagrada por inúmeras vantagens, dentre as quais, destaca-se a sua capacidade de
fixar nitrogênio direto da atmosfera por simbiose. De modo mais amplo, pode-se dizer que
a adubação verde restaura e intensifica um grande número de processos de vida, deixando
o solo mais fértil e mais saudável para a cultura seguinte. Sua ação é menos efêmera que
de uma adubação química. Além disso, alguns adubos verdes tem raízes tão fortes e
profundas, que fazem a descompactação dos solos, que sem uso de arados ou grades,
preparam o nosso solo para o plantio.
Sugere-se espécies de maior rusticidade, tais como o feijão-de-porco (Canavalia
ensiformis), o nabo-forrageiro (Raphanus sativus) e a crotalária (Crotalaria spp.), entre
outras. Nas áreas com ravina (erosão linear), onde não foi possível a regularização do solo,
deverá ser criada uma faixa de proteção, com o plantio de espécies nativas sobre
terraços, com largura mínima de 30m, a partir da borda da ravina (nível regular do solo no
entorno). Dessa forma, minimiza-se ou evita-se a entrada de água superficial no sistema.
• Plantio Misto de Espécies Arbóreas Nativas
Tratando-se de reflorestamento misto com espécies nativas, acredita-se que a
floresta plantada cria condições para a regeneração natural e para o aumento da
diversidade no subosque (DURIGAN e DIAS, 1990; MARIANO et al., 1998; NAPPO et al.
2000; SILVEIRA, 2001).
Segundo Durigan et al. (2004) existem várias pesquisas recentes mostrando que o
papel de floresta plantada é, essencialmente, melhorar as condições de solo e o microclima
para favorecer os processos naturais de regeneração.
Kageyama et al. (1989) afirmam que o plantio misto de espécies nativas pioneiras e não
pioneiras deve dar início ao processo de sucessão, sendo que as espécies do plantio serão
uma das fontes fornecedoras de propágulos para a colonização de novas áreas.
Reflorestamentos mistos, com diversidade de espécies, aceleram o processo sucessional
e, além disso, quando comparadas às plantações homogêneas, apresentam um maior valor
da conservação da biodiversidade (CARNEVALE e MONTAGNINI, 2002).
Os plantios florestais produzem um efeito catalítico, provocando mudanças das
condições microclimáticas, desenvolvimento da complexidade estrutural da vegetação, das
camadas de serapilheira e húmus nos primeiros anos do reflorestamento, gerando dessa
maneira condições propícias para germinação e desenvolvimento das espécies (PARROTA
et al., 1997).
Modelos de Restauração
Mata Atlântica
� Plantio de espécies ao acaso (mistura de espécies): é a combinação
entre pioneiras, secundárias e climácicas que não obedece
necessariamente a alinhamentos pré definidos. A estratégia define
percentuais entre grupos sucessionais (em média, 70 % pioneiras,
incluindo nestas as secundárias iniciais, 20% secundárias tardias e 10%
climácicas) com a orientação de distribuir as mudas de modo a garantir
a formação de um plantio heterogêneo. Apesar de ser, mas fácil sua
aplicação em campo e em larga escala é prejudicado toma mais tempo
para vegetação recobrir a área e assim aumenta o tempo de sua
manutenção.
� Pioneiras e não pioneiras em linha (Modelo de sucessão): é o plantio
intercalado em linhas alternadas de pioneiras (pioneiras + secundárias
iniciais) de não pioneiras (secundárias tardias + climácicas). Esse modelo
busca simular o que acontece naturalmente na floresta, separando as
espécies em grupos ecológicos, de forma que as espécies mais iniciais
da sucessão façam sombreamento para as espécies mais finais de
sucessão. A proporção percentual entre os grupos sucessionais é
simular ao sistema de plantio de espécies ao acaso.
Plantio sucessional em linhas : P (Pioneiras e SEc.
Iniciais); NP (Sec. Tardias e Clímax)
P
NP
P
NP
P
Macedo, 1993
� Linhas de Preenchimento e Linhas de Diversidade: é o plantio de
linhas alternadas desses dois grupos. O grupo de preenchimento são
espécies com características que promovam rapidamente o recobrimento
da área e é composto por poucas espécies (pioneiras e secundárias
iniciais) e o grupo de diversidade é o composto por espécies pioneiras,
secundárias e climácicas com crescimento mais lento e copa menos ampla.
Trata-se de conceito que tem a mesma base na dinâmica sucessional,
diferenciando-se pela proposição de outro método de combinação entre
espécies e seu alinhamento.
LINHAS DE PREENCHIMENTOPlantio de árvores de
RÁPIDO CRESCIMENTO E GRANDE COBERTURA
LINHAS DE DIVERSIDADE
Plantio de árvores de CRESCIMENTO MAIS LENTO E PEQUENA
COBERTURA
PLANTIO DE MUDAS
• Plantio em Módulos: pressupõe uma planta base central, dos grupos
finais da sucessão, rodeada por 4 ou mais planta sombreadoras (grupos
iniciais). A grande dificuldade desse modelo é operacionalidade em
campo.
SI SI
P P P P
SI C SI SI ST SI
P P P P
SI SI
P – pioneira
SI- Secundária inicial
ST – Secundária tardia
C – Climácica
• Ilhas de diversidade – podem ser aplicadas em duas situações:
1. Paisagens com fragmentos florestais remanescentes que serão fontes
de propágulos
2. Projeto de implantação de restauração dde grandes áreas como
microbacias, município, conjuntos de propriedades rurais,
assentamentos rurais e outros, onde, pela dimensão do projeto é
possível a implantação de um grande número de ilhas que por si só,
serviriam de fonte de propágulos.
Esse modelo é uma forma de diminuir os custos da restauração através do
plantio em ilhas – árvores isoladas ou em grupos – para atrair dispersores de
sementes das espécies presentes nas ilhas, assim como trazer propágulos de
outras espécies dos remanescentes florestais próximos; possibilitando a
recolonização por diversas espécies e o restabelecimento do fluxo gênico
entre as populações arbóreas, aumento da biodiversidade e mesmo a
restauração da conectividade, acarretando na melhoria da qualidade da
paisagem. As ilhas podem representar de 15 a 30% da área e podem ter dois
modelos: plantio de espécies pioneiras e não pioneiras em ilhas; ou plantio de
espécies não pioneiras em ilhas e espécies pioneiras na área total. Mesmo no
plantio de árvores pioneiras de forma isolada, elas se tornam atrativos para
fauna e consequentemente, para chegada de novos propágulos.
• Independente de qual modelo todos objetivam o rápido recobrimento
do solo e a alta diversidade. O rápido recobrimento do solo diminui a
entrada de luminosidade e portanto permitindo o controle natural das
gramíneas (que necessitam de sol) e promove a regeneração das
espécies nativas. A alta diversidade é uma das carcaterísticas
intrínsecas das florestas tropicais e do seu equilíbrio dinâmico.
Modelos de Restauração
Bioma Cerrado
Segundo (Durigan, 2003), a pesquisa básica sobre espécies da vegetação desse bioma
ainda é muito rara. E como é descrito por muitos autores o processo sucessional da
vegetação do cerrado é muito diferente do processo de sucessão secundária conhecido
para florestas ( mata atlântica e amazônia). No cerrado o que ocorre é apenas uma
alteração de fisionomias mais abertas para fisionomias mais densas definidas relacionadas
principalmente em funçao do sítio.
As técnicas que podem se aplicar visando a restauração do cerrado se dividem em duas
grandes linhas:
• Condução da regeneração natural em função do alto poder de rebrota de suas
raízes ( abordada no início deste caderno);
• Técnicas de plantio;
Recomendaçõe genéricas para plantio de restauração cerrado (Durigan,2003):
• Não plantar árvores onde elas nunca existiram (campo úmidos por exemplo).
• Definir espaçamento com base na densidade da vegetação original da região.
• Selecionar espécies nativas da região, priorizando leguminosas e espécies longevas.
• Efetuar o plantio no início da estação chuvosa, para que o sistema radicular se
desenvolva em busca das reservas de água das camadas mais profundas do solo
antes da estação seca.
• Manter contorle rigoroso de formigas cortadeiras e gramínea exóticas até o
estabelecimento das mudas.
• Utilizar mudas grandes e robustas (50 cm de altura no mínimo)
• Abrir covas amplas
• Utilizar adubação orgânica.
SAF – Sistema Agroflorestal
Na agrofloresta as plantas cultivadas são introduzidas em consórcios, espécies
agrícolas e espécies florestasi, de forma a preencher todos os espaços ao longo do tempo
da mesma forma que na sucessão natural, onde as plantas ocorrem em conjunto e não
isoladas, e requerem outras plantas para um ótimo desenvolvimento.
Uma agrofloresta completa deve ter presente todos os consórcios, garantindo que o
sistema tenha sempre plantas de diferentes idades e diferentes alturas, para ocupar
sempre o espaço com o passar do tempo, manter o solo coberto e ofertar diferentes
produtos.
A resolução do CONAMA 369/06 define que pequenas propriedades rurais podem
utilizar SAF em suas áreas de preservação permanente. Nesse caso as espécies arbóreas
são espécies nativas.
Um aspecto que determina a sustentabilidade desses sistemas é a presença das
árvores, que têm a capacidade de capturar nutrientes de camadas mais profundas do solo,
reciclando-os eficientemente e proporcionando maior cobertura e conservação dos
recursos edáficos. O Sistema Agroflorestal objetiva otimizar a produção por unidade de
área, com o uso mais eficiente dos recursos (solo, água, luz, etc.), da diversificação de
produção e da interação positiva entre os componentes.
O plantio de alta diversidade de espécies na agrofloresta, assim como ocorre nas
nossas matas, é muito importante, pois cada espécie vai cumprir um papel diferente, vai
aproveitar a luz e o solo de maneira ótima. Além disso, traz o equilíbrio entre os seres
vivos, evitando ataque intenso de pragas e doenças.
Preparo da área com coquetel de adubos verdes: Uma área com presença de
gramíneas pode ser preparada com antecedência para implantação de agrofloresta no ano
seguinte, a partir de uso de plantas leguminosas (feijão-de-porco, crotalária, feijão-
guandu, mucuna, tremoço) e não leguminosas (milheto, sorgo, aveia preta, nabo forrageiro,
mamona, girassol) de rápido crescimento e boas produtoras de biomassa, que podem
"abafar" o capim. Nesse caso, podem-se jogar as sementes a lanço, em alta densidade e
roçar o capim. No ano seguinte implanta-se a agrofloresta num solo já melhorado, com
bem menos capim.
Escolha das espécies: depende das condições de clima, de relevo, de solo (se é bem
drenado ou se encharca, se apresenta alta ou baixa fertilidade, etc.). As características
do solo podem ser reconhecidas muitas vezes por plantas indicadoras, que são plantas que
nos dão pistas de como está o solo, ou seja, que só ocorrem em solos que apresentam uma
determinada característica (por exemplo: guanxuma indica solo compactado, samambaia
indica solo ácido, trapoeraba indica solo rico em matéria orgânica, etc).
No caso do solo estar degradado, devem-se plantar espécies menos exigentes, até que
se melhore o solo pela produção de matéria orgânica. Quando o solo estiver mais rico,
espécies mais exigentes poderão ser plantadas, reiniciando a sucessão.
Época de plantio: o plantio, por mudas ou sementes, deve ser, geralmente, no início do
período das chuvas. É possível também implantar uma agrofloresta no final do período
chuvoso, mas é necessário irrigar. Nesse caso, recomenda-se a implantação com hortaliças
para garantir a produção inicial e justificar a irrigação.
Muvuca ou mistura de sementes: As árvores são semeadas em alta densidade, de
modo que se estabeleçam 10 árvores por m2 (metro quadrado). As sementes das árvores,
após a quebra de dormência, são misturadas com terra e umedecida, na consistência de
uma farofa, que é então distribuída, em linhas, no terreno. Para uma boa distribuição no
campo, a mistura de sementes, por exemplo, que tenha sido preparada para 6 linhas de
plantio, pode ser dividida em 6 montinhos, de modo que, a cada linha, um montinho será
distribuído. As sementes das árvores podem germinar facilmente ou demorar muito tempo
para germinar, o que é chamado de dormência. Essa é uma estratégia das plantas para que
as sementes sobrevivam por muito tempo no chão, esperando as melhores condições
ambientais para germinar. Para acelerar a germinação existem maneiras de se "quebrar a
dormência” das sementes. Para as sementes duras recomenda-se lixar, ralar ou cortar com
cuidado a casca da semente, criando uma pequena abertura. O corte deve ser feito
sempre no lado oposto ao arilo (arilo é o "olho" de onde vai sair o broto). Outra estratégia
é dar um choque térmico na semente, colocando-a por 1 minuto em água quente (até 80ºC)
e jogando-a em água fria na seqüência. Para todos os casos se recomenda deixar a
semente 24 horas em água antes de plantar, à temperatura ambiente, para que a água seja
absorvida pela semente.
Espaçamento: Recomenda-se que as espécies agrícolas (culturas anuais e semi-
perenes) sejam plantadas no mesmo espaçamento tecnicamente recomendado como se
fosse plantar em monocultivos. As árvores deverão ser plantadas, preferencialmente por
sementes, em alta densidade (10 árvores por metro quadrado).
Cobertura do solo: o material resultante das podas deve ser devidamente picado e
depositadosobre o solo, cuidando-se para colocar o material mais lenhoso em contato com
o solo e organizado no sentido contrário ao escoamento da água da chuva.
• Nucleação
Ação: trazendo elementos que sejam capazes de promover a colonização de novas
populações (flora e fauna) em um ambiente através disponibilização de novos recursos ou
criação de novos habitats. (Reis et al, 2003)
Técnicas de nucleação para restauração:
• Abrigos artificias, poleiros artificiais, transposição de solo, chuva de sementes,
plantio de mudas de árvores (grupos de Anderson);
Essas técnicas podem ser utilizadas de maneira aleatória de forma a ocupar a área toda,
com objetivo de fornencer diferente maneiras de atração da biodiversidade para área em
processo de restauração.
Abrigos para a fauna:• Acúmulo de galhos secos, tocos e resíduos florestais e
Amontoados de pedras dispostos em núcleos
Resíduos florestais, quando enleirados, oferecem excelentes abrigos para uma fauna
diversificada e constituem um ambiente propício para a germinação e desenvolvimento de
sementes de espécies mais adaptadas aos ambientes sombreados e úmidos
Transposição de solo: • Prática de transporte de solo superficial e serrapilheira de uma
área de floresta conservada para a área de restauração.
• Visa resgatar a fauna e a flora do solo, incluindo microorganismos e banco de sementes
Poleiros artificiais: Poleiros secos, Árvores secas e torres de cipó.
Que visam a atração da fauna dispersora, que trarão propágulos para colonizar a área.
Poleiro tipo “Torre de Cipó”- estrutura coniforme de varas com 12 m de altura, fazendo
inicialmente a função de poleiros secos (à esquerda) e depois (à direita) com o
crescimento de emaranhado de lianas, formando excelentes abrigos para aves e morcegos.
((Chuva de sementes). Recomenda-se 4 a 12 poleiros/ha.
Chuva de sementes:Transposição de mudas germinadas da chuva de sementes
Transposição de Chuva de Sementes em Pastagem.
Glossário
• Anemocoria – sídrome de dispersão realizada pelo vento.
• Barocoria - sídrome de dispersão realizada pela gravidade.
• Bacia Hidrográfica - é uma área drenada por um rio ou um sistema
conectado de rios (riachos, córregos) tal que toda a vazão efluente é
descarregada através de uma simples saída sempre das áreas mais altas
para as mais baixas.
• Bioma – conjunto de ecossistemas terrestres caracterizados por tipos
fisionômicos semelhantes de vegetação.
• Espécie Nativa – espécie animal ou vegetal de ocorrência natural de
determinado local ou região.
• Espécies exóticas - são espécies que se instalam em locais onde não são
naturalmente encontradas.
• Espécie exótica invasora - são uma parcela das plantas, animais e
microorganismos exóticos que se disseminam rápida e agressivamente
quando introduzidas por ação humana além de suas áreas de ocorrência
natural.
• Fragmentos - são áreas com vegetação nativa contínua, interrompida por
ações antrópicas como pastagens, estradas, reflorestamentos, povoados,
etc, ou, ainda, por barreiras naturais como montanhas, lagos ou outras
formações vegetais propiciando a redução do fluxo de animais, pólen e
sementes.
• Levantamento florístico - consiste em identificar e catalogar espécies de
plantas de uma
determinada área, com finalidade de se obter um arquivo de nomes
populares e científicos
das espécies encontradas durante a pesquisa in loco.
• Propágulos - possuem a função de propagar a espécie, ou seja, são
estruturas adaptadas para garantir o sucesso na disperção das espécies
vegetais.
• Regeneração Natural - conjunto de indivíduos de espécies arbóreas,
arbustivas e herbáceas em estágio inicial de desenvolvimento em uma
floresta, abrangendo desde plântulas recém germinadas até indivíduos
juvenis.
• Resilência: Capacidade de superar o distúrbio imposto por um fenômeno
externo. Potencial ou capacidade de regeneração de um ecossistema após
uma degradação.
• Zoocoria: síndrome de dispersão realizada por animais.
Bibliografia consultada e sugerida:
ATTANASIO, C. M. Manual Técnico: Restauração e Monitoramento da
Mata Ciliar e da reserva Legal para a Certificação Agrícola - Conservação da
Biodiversidade na Cafeicultura Imaflora, 2008.60 p.
BARBOSA, L. M. Coord. ANAIS DO WORKSHOP SOBRE RECUPERAÇÃO DE
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Degradadas em Matas Ciliares no Estado de São Paulo. 09 e 10 de
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BUDOWSKI, G. Distribuition os tropical american rain forest in light of
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256p.
VIEIRA, D.L.M. Regeneração natural de florestas secas: Implicações para
a restauração [PDF] de unb.br2006 - bdtd.bce.unb.br
Links consultados e sugeridos:
• www.agencia.cnptia.embrapa.br
• www.lerf.esalq.usp.br
• www.mma.gov.br
• www.ibama.gov.br
• www.sema.ba.gov.br
• www.sosmatatlantica.org.br
A seguir é apresentada uma chave de tomada de decisão, para ser utilizada como
ferramenta na seleção do modelo a ser utilizado para restaurar as matas ciliares,
elaborada no Workshop sobre recuperação de áreas degradadas em matas ciliares
no Estado de São Paulo e pode ser adaptada a realidade do Estado da Bahia.
Chave para tomada de decisão Restauração de Matas Ciliares
Definições de termos utilizados na chave de tomada de decisões:
Adensamento: introdução de plantas para complementação da regeneração
natural.
Área isolada : com pequena probabilidade de receber propágulos de espécies
nativas de formações naturais circunvizinhas e do mesmo ecossistema na
paisagem local.
Área não isolada: com elevada probabilidade de receber propágulos de espécies
nativas de formações naturais circunvizinhas e do mesmo ecossistema na
paisagem local.
Enriquecimento: introdução de espécies e/ou genótipos do mesmo ecossistema.
Nucleação: alguma ação facilitadora do processo de sucessão, realizada em
trechos restritos da área a ser restaurada, e que permita a regeneração de
espécies nativas. Ex. poleiros naturais e/ou artificiais, plantios de espécies
atrativas de fauna, banco / chuva de sementes em áreas restritas.
Plantio em área total: introdução de plantas em toda a área quando a
regeneração natural inexiste ou for desconsiderada. A área pode ser restaurada
nas seguintes formas:
- mudas (oriundas de sementes, resgate de plântulas ou propagação vegetativa).
- sementes (semeadura direta ou oriundas de banco ou chuva de sementes).
Regenerantes: indivíduos jovens de plantas nativas de uma formação natural da
região.
Zona tampão: zona adjacente à área restaurada e com ações diferenciadas de
manejo visando o amortecimento dos impactos (ex. culturas perenes, SAFs,
restrição de uso do fogo e herbicidas).
Chave para tomada de decisão na Restauração de Matas Ciliares
Instruções para uso da chave
Para o uso desta chave, as características da área em questão devem ser
consideradas. O primeiro item (o de número 1) apresenta duas possibilidades
mutuamente exclusivas (no caso, com ou sem remanescentes florestais),
marcados com a e b, e em cada um a chave conduz ou a uma série de ações
possíveis ou ao envio a um novo item. Neste caso, se a área apresenta
remanescentes florestais isolados são possíveis as seguintes ações:
enriquecimento florístico com diversidade genética e/ou manejo de espécies-
problemas (invasoras ou superabundantes) e/ou implantação de zona-tampão.
Entretanto, se não existe na área remanescentes florestais, a chave indica uma
nova bifurcação (agora com o número 2): em área abandonada ou em área
utilizada.
1 a. com remanescente florestal isolado (pouco / muito degradada):
Ações Possíveis:
Ø enriquecimento florístico com diversidade genética
Ø manejo de espécies-problema (invasoras ou superabundantes)
Ø implantação de zona tampão
1 b. sem remanescente florestal........................... vai para o item 2
2 a. em área abandonada......................................vai para o item 3
2 b. em área utilizada ..........................................vai para o item 7
3 a. em solo não degradado ..................................vai para o item 4
3 b. em solo degradado .......................................vai para o item 6
4 a. não inundado................................................vai para o item 5
4 b. inundado ou naturalmente mal drenado (com / sem regenerantes naturais):
Ações Possíveis:
Ø adensamento e enriquecimento florístico com diversidade genética
Ø plantio em área total (mudas ou semeadura)
Ø manejo de espécies-problema (invasoras ou superabundantes)
Ø implantação de zona-tampão
5 a. com regenerantes naturais:
Ações Possíveis:
Ø inundação e condução da regeneração
Ø adensamento e enriquecimento florístico com diversidade genética
Ø nucleação (ilhas de diversidade)
Ø implantação de zona-tampão
5 b. sem regenerantes naturais:
Ações Possíveis:
Ø plantio em área total (mudas ou semeadura)
Ø nucleação (ilhas de diversidade)
Ø implantação de zona-tampão
6 a. sem exposição de rocha: problemas físicos e/ou químicos (incl. várzeas
drenadas):
Ações Possíveis:
Ø aração e/ou gradagem e/ou subsolagem
Ø adubação verde
Ø transferência de serapilheira, camada superficial do solo e banco de sementes
Ø plantio em área total (mudas ou semeadura)
Ø implantação de zona-tampão
6 b. com exposição de rocha (material de origem):
Ações Possíveis:
Ø transferência de subsolo
Ø transferência de serapilheira, camada superficial do solo e
banco de sementes
Ø adubação verde
Ø plantio em área total (mudas ou semeadura)
Ø implantação de zona-tampão
7 a. em área de pecuária ..................................... vai para o item 8
7 b. em área não de pecuária ............................... vai para o item 9
8 a. pastagem com regenerantes naturais:
Ações Possíveis:
Ø conservação e descompactação do solo
Ø indução e condução da regeneração
Ø adensamento e enriquecimento florístico com diversidade genética
Ø nucleação (ilhas de diversidade)
Ø implantação de zona-tampão
8 b. pastagem sem regenerantes naturais:
Ações Possíveis:
Ø conservação e descompactação do solo
Ø plantio em área total (mudas ou semeadura)
Ø nucleação (ilhas de diversidade)
Ø implantação de zona-tampão
9 a. área de reflorestamento econômico (pinus, eucalipto, seringueira,
etc.).............................................vai para o item 10
9 b. área agrícola............................................ vai para o item 11
10 a. com regenerantes naturais:
Ações Possíveis:
Ø desbaste
Ø morte em pé da espécie econômica
Ø corte total
Ø indução e condução da regeneração
Ø adensamento e enriquecimento florístico com diversidade genética
Ø implantação de zona-tampão
10 b. sem regenerantes naturais:
Ações Possíveis:
Ø corte total
Ø plantio em área total (mudas ou semeadura)
Ø nucleação (ilhas de diversidade)
Ø implantação de zona-tampão........................ vai para o item 9
11a pouco tecnificada:
Ações Possíveis:
Ø pousio para avaliação da expressão da regeneração natural
Ø indução e condução da regeneração
Ø adensamento e enriquecimento florístico com diversidade genética
Ø plantio em área total (mudas ou semeadura)
Ø nucleação (ilhas de diversidade)
Ø implantação e zona tampão
11b altamente tecnificada:
Ações Possíveis:
Ø plantio em área total (mudas ou semeadura)
Ø nucleação (ilhas de diversidade)
Ø implantação e zona tampão