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Indaial – 2021 NUTRIÇÃO E EXERCÍCIO FÍSICO Prof.ª Roseane Leandra da Rosa 1 a Edição

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Page 1: Prof.ª Roseane Leandra da Rosa

Indaial – 2021

Nutrição e exercício Físico

Prof.ª Roseane Leandra da Rosa

1a Edição

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Copyright © UNIASSELVI 2021

Elaboração:

Prof.ª Roseane Leandra da Rosa

Revisão, Diagramação e Produção:

Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri

UNIASSELVI – Indaial.

Impresso por:

R788n

Rosa, Roseane Leandra da Nutrição e exercício físico. / Roseane Leandra da Rosa – Indaial: UNIASSELVI, 2021. 212 p.; il.

ISBN 978-65-5663-727-3 ISBN Digital 978-65-5663-728-0 1. Esporte. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci.

CDD 610

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ApreseNtAçãoOlá, acadêmico, seja bem-vindo à disciplina de Nutrição e Exercício

Físico! Este livro didático tem como propósito auxiliar você no processo de aprendizagem da ciência da Nutrição na área do esporte, o que envolve diferentes conceitos e dinamismo.

Este livro servirá como guia para você, futuro nutricionista, saber como proceder em um atendimento em consultório, clínica e academia com praticantes de exercício físico e atletas, adquirindo os conhecimentos necessários para diferenciar as necessidades de macronutrientes e micronutrientes a essa população, assim como verificar a composição corporal adequada à pratica esportiva realizada e prescrever desde cardápios personalizados até suplementos nutricionais.

O livro está dividido em três unidades, cada qual com objetivos, conteúdos, atividades de estudo, dicas, sugestões e recomendações.

Na primeira unidade será abordada uma breve introdução de nutrição no exercício e no esporte. Revisaremos a história da nutrição na área esportiva, assim como a importância do planejamento da alimentação no rendimento dos desportistas. Em seguida, discutiremos a fisiologia do exercício, como ocorrem as adaptações biológicas no organismo de um indivíduo em resposta ao treinamento e a importância dessas adaptações relacionadas ao mecanismo de aproveitamento dos nutrientes, assunto que nos direciona para o terceiro tema abordado na Unidade 1, os sistemas de produção de energia, os quais são relacionados à bioquímica dos macronutrientes, como e em quais momentos cada macronutriente é utilizado pela célula como fonte energética.

Na segunda unidade, você aprofundará os conhecimentos referen-tes à avaliação da composição corporal de um atleta, as fórmulas e dobras mais adequadas, bem como identificará percentuais de gordura corporal mais adequados para determinadas modalidades esportivas. Posterior-mente, compreenderá como determinar as necessidades nutricionais dos desportistas nas diferentes modalidades que denotam diferentes objetivos, como a resistência e a força. Por fim, ainda na Unidade 2, poderá verificar a importância de uma correta hidratação durante a prática esportiva e quais os líquidos mais indicados para repor os micronutrientes perdidos no suor, assim como os que devem ser consumidos antes, durante e após a prática.

Já na terceira unidade será possível compreender o que são recursos ergogênicos e suplementos alimentares, identificando dentro da legislação brasileira e diretrizes internacionais quais são os suplementos mais indicados para cada modalidade e como se faz o processo de análise de um indivíduo até a prescrição do suplemento.

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Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos!

NOTA

Também conhecerá, de maneira breve, a fitoterapia e suas nuances e possibilidades dentro da área esportiva. Por fim, identificará os inquéritos alimentares mais adequados à população que pratica exercícios físicos e como proceder com orientações específicas aos atletas e suas demandas específicas.

Desejamos uma ótima leitura!

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Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento.

Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.

Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!

LEMBRETE

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sumário

UNIDADE 1 — NUTRIÇÃO NO EXERCÍCIO FÍSICO .................................................................. 1

TÓPICO 1 — NUTRIÇÃO ESPORTIVA: UMA VISÃO PRÁTICA ............................................. 31 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 32 O QUE É UM NUTRICIONISTA ESPORTIVO? ........................................................................... 4

2.1 IMPORTÂNCIA DA NUTRIÇÃO NO ESPORTE ...................................................................... 7RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 10AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 11

TÓPICO 2 — FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO ................................................................................. 151 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 152 ADAPTAÇÕES FISIOLÓGICAS AO EXERCÍCIO .................................................................... 17

2.1 CLASSIFICAÇÕES DO EXERCÍCIO FÍSICO ........................................................................... 172.2 RESPOSTAS HORMONAIS NO EXERCÍCIO FÍSICO ........................................................... 202.3 INSULINA, GLUCAGON E EXERCÍCIO FÍSICO ................................................................... 222.4 HORMÔNIO DO CRESCIMENTO, CORTISOL E CATECOLAMINAS NO EXERCÍCIO FÍSICO ............................................................................................................. 232.5 TESTOSTERONA E EXERCÍCIO FÍSICO ................................................................................. 252.6 INFLUÊNCIA DO TREINAMENTO FÍSICO SOBRE AS RESPOSTAS HORMONAIS INDUZIDAS PELO EXERCÍCIO ..................................................................... 26

3 SISTEMA IMUNE E EXERCÍCIO ................................................................................................. 264 EXCESSO DE TREINAMENTO (OVERTRAINING) .................................................................. 285 OVERTRAINING EM ATLETAS DE ENDURANCE E FORÇA................................................. 30

5.1 IMPLICAÇÕES PRÁTICAS PARA A PREVENÇÃO DO OVERTRAINING ....................... 316 EFEITOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NA FUNÇÃO CARDIOVASCULAR ............................. 32RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 36AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 37

TÓPICO 3 — SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE ENERGIA ......................................................... 391 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 392 AS CÉLULAS ...................................................................................................................................... 393 METABOLISMO DOS MACRONUTRIENTES .......................................................................... 45LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 47RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 49AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 51

REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 53

UNIDADE 2 — COMPOSIÇÃO CORPORAL E NECESSIDADES NUTRICIONAIS NO ESPORTE ........................................................................... 57

TÓPICO 1 — COMPOSIÇÃO CORPORAL .................................................................................... 591 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 59

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2 VARIÁVEIS APLICADAS NA AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL ................ 592.1 DOBRAS CUTÂNEAS ................................................................................................................. 612.2 CIRCUNFERÊNCIA OU PERÍMETRO ..................................................................................... 642.3 BIOIMPEDÂNCIA ........................................................................................................................ 66

3 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL EM PRATICANTES DE EXERCÍCIO FÍSICO E ATLETAS ........................................................................................................................... 68RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 74AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 75

TÓPICO 2 — NECESSIDADES NUTRICIONAIS NO ESPORTE ............................................. 791 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 792 ATENDIMENTO NUTRICIONAL ................................................................................................. 803 CÁLCULOS DAS NECESSIDADES ENERGÉTICAS .............................................................. 844 RECOMENDAÇÃO PARA CONSUMO DE MACRONUTRIENTES .................................... 88

4.1 CARBOIDRATOS .......................................................................................................................... 894.2 PROTEÍNA..................................................................................................................................... 924.3 LIPÍDIOS ....................................................................................................................................... 944.4 PLANEJAMENTO ALIMENTAR (ANTES/DURANTE E APÓS AS REFEIÇÕES) ............ 95

4.4.1 Estratégias pré-competição ................................................................................................ 964.4.2 Estratégias durante competição ......................................................................................... 984.4.3 Estratégias pós-competição ................................................................................................ 98

4.5 MICRONUTRIENTES .................................................................................................................. 99RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 103AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 104

TÓPICO 3 — HIDRATAÇÃO NO ESPORTE ............................................................................... 1071 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 1072 INGESTÃO HÍDRICA .................................................................................................................... 107

2.1 UM POUQUINHO DA HISTÓRIA .......................................................................................... 1092.2 COMPOSIÇÃO DO SUOR ........................................................................................................ 110

2.2.1 Taxa de suor ........................................................................................................................ 1103 HIDRATAÇÃO ................................................................................................................................. 112

3.1 EQUILÍBRIO HIDROELETROLÍTICO .................................................................................... 1123.2 DESEQUILÍBRIO ENTRE OS ELETRÓLITOS ........................................................................ 1133.3 EQUILÍBRIO ÁCIDO BASE ...................................................................................................... 113

4 ESVAZIAMENTO GÁSTRICO ..................................................................................................... 1154.1 DENSIDADE ENERGÉTICA .................................................................................................... 1154.2 INTENSIDADE E TIPO DO EXERCÍCIO ................................................................................ 1154.3 TEMPERATURA DAS BEBIDAS E VOLUME INGERIDO .................................................. 1164.4 TIPO DE CARBOIDRATO NOS REPOSITORES HIDROELETROLÍTICOS ..................... 116

5 ABSORÇÃO INTESTINAL ........................................................................................................... 1165.1 TIPO E CONCENTRAÇÃO DE CARBOIDRATO ................................................................. 117

6 RECOMENDAÇÕES DE INGESTÃO DE FLUIDOS E ELETRÓLITOS .............................. 1186.1 RESOLUÇÃO DE DIRETORIA COLEGIADA – RDC Nº 18, DE 27 DE ABRIL DE 2010 .............................................................................................. 1196.2 CONSIDERAÇÕES SOBRE HIDRATAÇÃO E TIPO DE EXERCÍCIO ............................... 120

6.2.1 Hidratação em esportes de alta intensidade e curta duração ..................................... 1206.2.2 Hidratação em corredores de meia distância ................................................................ 1206.2.3 Hidratação para exercícios de longa distância .............................................................. 120

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LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 124RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 127AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 128

REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 130

UNIDADE 3 — RECURSOS ERGOGÊNICOS: CONCEITOS E APLICABILIDADE ............... 137

TÓPICO 1 — RECURSOS ERGOGÊNICOS ................................................................................. 1391 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 1392 INTRODUÇÃO À SUPLEMENTAÇÃO ALIMENTAR .......................................................... 1403 LEGISLAÇÃO DOS SUPLEMENTOS ALIMENTARES ......................................................... 143

3.1 DIRETRIZES E POSICIONAMENTOS .................................................................................... 1483.1.1 Declaração de Consenso da Associação Internacional das Federações de Atletismo 2019 ................................................................................... 1493.1.2 Declaração de consenso do Comitê Olímpico Internacional (COI): suplementos alimentares e atleta de alto desempenho ................................................ 1493.1.3 Autoridade brasileira de controle de dopagem ............................................................. 150

4 SUPLEMENTOS ALIMENTARES MAIS USADOS E SUA COMPOSIÇÃO ..................... 1514.1 AMINOÁCIDOS DE CADEIA RAMIFICADA ...................................................................... 1514.2 WHEY PROTEIN ......................................................................................................................... 1524.3 ARGININA ................................................................................................................................. 1524.4 ALANINA .................................................................................................................................... 1534.5 HMB .............................................................................................................................................. 1534.6 CREATINA .................................................................................................................................. 1544.7 CAFEÍNA ..................................................................................................................................... 1554.8 BICARBONATO DE SÓDIO ..................................................................................................... 156

5 VITAMINAS E MINERAIS ........................................................................................................... 1576 ESCOLHA DO SUPLEMENTO ALIMENTAR .......................................................................... 159RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 161AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 163

TÓPICO 2 — RECURSOS ERGOGÊNICOS NOS EXERCÍCIOS RESISTIDOS E DE RESISTÊNCIA .................................................................................................. 1651 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 1652 SUPLEMENTOS ALIMENTARES PARA EXERCÍCIO DE RESISTÊNCIA ........................ 167

2.1 SUPLEMENTOS ALIMENTARES EFICAZES E APARENTEMENTE SEGUROS, COM FORTES EVIDÊNCIAS, DE ACORDO COM A SOCIEDADE INTERNACIONAL DE NUTRIÇÃO ESPORTIVA ....................................... 1672.2 SUPLEMENTOS COM EVIDÊNCIA LIMITADA OU MISTA PARA APOIAR A EFICÁCIA ................................................................................................................................ 173

3 EFICÁCIA DO AUXÍLIO ERGOGÊNICO DOS SUPLEMENTOS ALIMENTARES NOS EXERCÍCIOS DE FORÇA .................................................................................................... 176

3.1 SUPLEMENTOS PARA HIPERTROFIA MUSCULAR ......................................................... 1783.1.1 Fortes evidências para apoiar a eficácia e aparentemente seguro .............................. 1783.1.2 Evidência limitada ou mista para apoiar a eficácia ...................................................... 181

RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 184AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 185

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TÓPICO 3 — FITOTERAPIA NO ESPORTE E ORIENTAÇÕES ESPECÍFICAS AOS ATLETAS ............................................................................................................ 1871 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 1872 FITOTERAPIA NO ESPORTE ...................................................................................................... 1873 RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS PARA EVITAR DISTÚRBIOS GASTROINTESTINAIS DURANTE O EXERCÍCIO ............................................................... 192

3.1 CAUSAS DOS PROBLEMAS GASTROINTESTINAIS DURANTE O EXERCÍCIO............ 1923.2 QUEM TEM MAIOR CHANCE DE APRESENTAR PROBLEMAS

GASTROINTESTINAIS? ............................................................................................................ 1933.3 ESTRATÉGIAS PARA PREVENIR OU MINIMIZAR DISTÚRBIOS

GASTROINTESTINAIS DURANTE O EXERCÍCIO .............................................................. 1933.3.1 Múltiplos transportadores ................................................................................................ 1943.3.2 Bochecho de carboidrato .................................................................................................. 1943.3.3 Recomendações práticas ................................................................................................... 195

LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 196RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 198AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 200

REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 202

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UNIDADE 1 —

NUTRIÇÃO NO EXERCÍCIO FÍSICO

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

PLANO DE ESTUDOS

A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• compreender as nuances que envolvem o exercício físico, desde as adaptações fisiológicas aos sistemas de produção de energia;

• conhecer as diferentes formas de avaliação da composição corporal dos praticantes de exercícios físicos e atletas;

• calcular as necessidades nutricionais de acordo com o gasto energético de cada modalidade realizada, adaptando o planejamento alimentar de acordo com a individualidade de cada praticante;

• identificar a importância da hidratação e repositores hidroeletrolíticos, verificando como prescrever antes, durante e após a prática;

• verificar a necessidade de inserção de suplementos alimentares e fitoterápicos no planejamento alimentar dos atletas, identificando os protocolos que podem ser utilizados frente à realidade do indivíduo.

Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – NUTRIÇÃO ESPORTIVA: UMA VISÃO PRÁTICA

TÓPICO 2 – FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO

TÓPICO 3 – SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE ENERGIA

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Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

CHAMADA

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TÓPICO 1 — UNIDADE 1

NUTRIÇÃO ESPORTIVA: UMA VISÃO PRÁTICA

1 INTRODUÇÃO

Caro acadêmico! Nesta primeira unidade, nós veremos uma breve introdução de nutrição no exercício e no esporte. Revisaremos a história da nutrição na área esportiva, assim como a importância do planejamento da alimentação no rendimento dos desportistas. Em seguida, discutiremos a fisiologia do exercício, como ocorrem as adaptações biológicas no organismo de um indivíduo em resposta ao treinamento e a importância dessas adaptações relacionadas ao mecanismo de aproveitamento dos nutrientes, assunto que nos direciona para o terceiro tema abordado nesta unidade, os sistemas de produção de energia, os quais são relacionados à bioquímica dos macronutrientes, assim, poderemos compreender os melhores momentos de consumir cada um deles (carboidrato, proteína, lipídio), para que possam ser bem absorvidos e, com isso, beneficiar as respostas esperadas no desempenho dos atletas.

Vamos lá? Você sabe quando a nutrição esportiva teve seu “start” no Brasil?

O grande interesse pela nutrição esportiva ocorreu na Copa do Mundo de 1994, isso mesmo, há pouco menos de 30 anos, quando a então nutricionista da seleção brasileira de futebol e uma das pioneiras do trabalho nessa área no Brasil, Patrícia Bertolucci, abandonou a equipe após ter vetado, e não ter tido sua deci-são respeitada, feijoada durante a estadia do time dos Estados Unidos, situação noticiada pela mídia da época demonstrou a desvalorização do profissional nutri-cionista por parte dos atletas, equipe técnica e pelos dirigentes (RANGEL, 2006).

Após muito empenho por parte dos nutricionistas, hoje, não só os atletas, mas também os esportistas, apresentam grande interesse pela nutrição esportiva. A consciência da necessidade de uma alimentação balanceada para o desempenho físico é cada vez maior, assim como a oferta de suplementos e bebidas para esportistas no mercado não para de crescer (HIRSCHBRUCH, 2003).

Nesse sentido, muitos profissionais vêm estudando e se especializando nessa área, todavia, quem está na linha de frente orientando os atletas e esportistas, raramente é responsável pela produção do conhecimento científico, já que os pesquisadores dificilmente são nutricionistas que atuam na área, sendo, em geral, pesquisadores vinculados a universidades, os demais profissionais acabam por trabalhar de forma bastante pulverizada, não sistemática e, muitas vezes, solitária.

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UNIDADE 1 — NUTRIÇÃO NO EXERCÍCIO FÍSICO

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Antes de introduzir a atuação do profissional da nutrição na área espor-tiva, vamos rever algumas definições importantes. Você já parou para pensar se existe diferença entre os termos exercício físico e atividade física? Então, eles pos-suem conceitos diferentes, vejamos a seguir:

A atividade física conceitua-se por qualquer movimento produzido pela musculatura esquelética que gere um gasto energético maior que o basal. Por sua vez, o exercício físico, caracteriza-se por qualquer atividade física planejada, estruturada e repetida, que tem o objetivo de manutenção ou de melhora da aptidão física (HIRSCHBRUCH, 2016).

Ainda há uma definição específica para esporte, a qual trata de uma prática corporal que envolve competição regulamentada e que tem base na superação de competidores ou de resultados já estabelecidos. De acordo com o tipo das atividades físicas realizadas diariamente, os praticantes podem ser classificados como fisicamente ativos, insuficientemente ativos ou sedentários. Seguem conceitos:

• O indivíduo fisicamente ativo é aquele que inclui no seu dia a dia atividades com gasto energético moderado a intenso e, portanto, segue as recomendações de intensidade e frequência da pratica de atividades físicas diárias, seja no lazer, em atividades domésticas, no trabalho ou na locomoção;

• O indivíduo insuficientemente ativo pratica atividades com gas-to energético de leve a moderado, não cumprindo as diretrizes de saúde publicada para os níveis diários recomendados de ati-vidade física.

• Já o indivíduo sedentário é caracterizado pela ausência de atividades que elevem de forma significante o gasto energético basal, com predominância de atividades que sejam realizadas em repouso (sentado em atividades de lazer, como assistindo à TV ou usando o computador, ou ainda atividades em repouso no trabalho ou na escola) (SIMINO, 2018, p. 11).

2 O QUE É UM NUTRICIONISTA ESPORTIVO?

De maneira geral, a rotina do nutricionista que atua na área esportiva não é diferente das áreas tradicionais da nutrição: atendimento nutricional individualizado, orientação nutricional a grupos, planejamento de compras, planejamento de cardápios entre outras demandas.

“Atuar com nutrição e exercício físico pode ser um desafio, especialmente quando se procuram definições e protocolos. Por ser uma área abrangente, os estudos já existentes acabam servindo a todas às situações” (HIRSCHBRUCH, 2016, p. 4). Com isso, merece destaque o quesito da diferença entre as alterações do metabolismo causadas pelo exercício intenso e as alterações metabólicas induzidas por exercício leve e moderado, fator que já determina uma abordagem diferente pelo profissional nutricionista.

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TÓPICO 1 — NUTRIÇÃO ESPORTIVA: UMA VISÃO PRÁTICA

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Além disso, a própria definição de praticantes de exercícios físico, por vezes, é contraditória entre referências e pouco clara, sendo que a maioria dos estudos é realizada com atletas, representando um problema, já que esportistas recreacionais podem acabar seguindo as recomendações dietéticas direcionadas a atletas (PEREIRA; LAJOLO; HIRSCHBRUCH, 2003).

Dentro disso, cabe caracterizar que os praticantes de exercícios físicos englobam desde as crianças em idade escolar a adultos de todas as idades, de competidores de elite a esportistas de final de semana. Apesar de se considerarem atletas, seus interesses, habilidades e necessidades de treinamento são variados. Ou seja, nesse grupo não se encaixam os atletas que possuem treinamentos mais intensos e comprometimento com a modalidade praticada, considerando que possuem o esporte como profissão, sendo remunerados/premiados. Nesse interim, destaca-se que a área da nutrição esportiva engloba tanto atletas como não atletas e a maior parte dos estudos e recomendações é direcionada aos atletas de elite (olímpicos ou de competição) não sendo presente muitos na literatura dados que se referem aos chamados “atletas recreacionais” esportistas, desportistas ou praticantes de exercício físico, dificultando a atuação do profissional (HIRSCHBRUCH, 2016).

Seguindo esse conceito, o nutricionista acaba por utilizar das recomendações que não são específicas aos esportistas, já que nos locais onde atuam, em sua maioria, atendem a praticantes de exercícios físicos que visam lazer, melhora da forma física e saúde, sem objetivos competitivos e de desempenho (HIRSCHBRUCH, 2016). Demonstram com isso, que um dos maiores desafios acaba se tornando a adaptação das recomendações e os protocolos às modalidades específicas e à própria intensidade de treinamento do atleta.

Caro acadêmico, nesse interim, surge uma pergunta. Será que a nutrição está preparada para atuar corretamente no esporte? Para Hirschbruch (2016, p. 5):

O nutricionista que deseja seguir a área esportiva precisa se preparar para algumas competências técnicas inerentes, que vão além do conhecimento básico de bioquímica e fisiologia geral e do exercício, devendo se dedicar às seguintes disciplinas: – avaliação nutricional: com conhecimentos em antropometria, composição corporal e biótipo ou somatotipia (somatotipo) ideal para diferentes tipos de esportes, bem como análise dietética, avaliação bioquímica e sinais clínicos importantes à conduta alimentar; – educação alimentar e nutricional: conhecer os mitos da alimentação, as necessidades nutricionais do esportista, as demandas necessárias em função da carga da prática físico-esportiva; – nutrição clínica: detectar possíveis riscos de transtornos alimentares, consequências das interações entre fármacos e nutrientes e entre nutrientes, conhecer as condutas para distúrbios alimentares, amenorreia, anemia, osteoporose e gravidez. Conhecer suplementos alimentares e compostos ergogênicos, bem como políticas de regularização dos suplementos e critérios específicos. Conhecer as características pertinentes das diversas modalidades esportivas (frequência, carga de treinamento, periodização do treinamento em função do calendário) estratégias de hidratação, estratégias de melhor recuperação após o exercício.

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UNIDADE 1 — NUTRIÇÃO NO EXERCÍCIO FÍSICO

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Grandjean (1993), em um levantamento sobre recomendações dos profissionais que lidam com nutrição esportiva nos Estados Unidos, descobriu que apenas 16% trabalham com atletas de competição e 3% com atletas de elite. Importante, ainda, conhecer métodos de investigação científica, além de revisar e criticar publicações informativas e/ou científicas.

Ressalta-se, aqui, que a principal função do nutricionista é modificar o hábito alimentar dos indivíduos para prevenir doenças, manter a saúde e melhorar o desempenho e o rendimento, isto é, influir positivamente sobre sua saúde e qualidade de vida, repassando informações dos conceitos científicos de nutrição e de como colocar em pratica hábitos alimentares saudáveis.

Ainda, segundo Hirschbruch (2016, p. 9), destaca-se que:

O nutricionista esportivo deve conduzir com cuidado e respeito mudanças de hábitos alimentares. Alimentos devem ser valorizados por meio de estratégias de educação nutricional: vínculo, motivação, valorização do positivo, proposta de ajustes individualizada. Praticidade virou sinônimo de produtos industrializados, shakes, caixinhas, barrinhas, pacotinhos. Estimular o consumo de alimentos de baixo valor nutricional e de suplementos como substitutos de refeição pode ser um erro.

Percebe-se, dessa forma, que a reeducação alimentar permitirá ao indi-víduo (atleta ou esportista) compreender, dentro de suas condutas alimentares, qual é a mais adequada para seu objetivo. O profissional nutricionista deve ex-plicar ao cliente o que será realizado para montagem do planejamento, pois é o conhecimento da lógica do processo que lhe dá condições para conseguir se alimentar de maneira saudável.

É necessário que o nutricionista preste atenção em sua conduta para não incorrer na prescrição de treinamentos, atividade de competência do educador físico. Cabendo aos profissionais que atuam no esporte o fortalecimento das áreas de nutrição e educação física, já que uma dieta adequada e balanceada é um componente essencial de qualquer programa esportivo ou aptidão física (HIRSCHBRUCH, 2016).

ATENCAO

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TÓPICO 1 — NUTRIÇÃO ESPORTIVA: UMA VISÃO PRÁTICA

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2.1 IMPORTÂNCIA DA NUTRIÇÃO NO ESPORTE

É comum que indivíduos que iniciem a realização de práticas esportivas, acabem por alterar seu padrão alimentar, passando a ter maior interesse pela manutenção da saúde, tendendo a consumir menos gordura, mais vegetais e outras fontes de carboidratos complexos (BUSKIIRK, 1991; HIRSCHBRUCH, 2016).

Também é sabido que a prática regular de exercício físico apresenta efeitos benéficos sobre o metabolismo, reduzindo a gordura corporal, aumentando a massa magra, trazendo modificações positivas no perfil lipídico, assim como, aumento do metabolismo, controle da pressão arterial e da glicemia e maior mineralização óssea. Todavia, apesar das condições favoráveis, a qualidade da alimentação na maioria dos grupos fisicamente ativos não parece ser muito diferente da dos indivíduos sedentários, apesar da maior ingestão calórica.

Diversos são os estudos, que relatam que a ingestão energética e de nutrientes dos atletas, é inferior às suas necessidades (JUZWIAK; PASCHOAL; LOPEZ, 2000). Sendo, aqui, viável destacar a importância da relação entre a nutrição e a atividade física, já que a capacidade do rendimento físico do organismo só melhora diante da ingestão equilibrada de todos os nutrientes, sejam eles carboidratos, gorduras, proteínas, minerais e vitaminas. Ainda mais quando são períodos de treinamento para competição. A dieta, quando realizada de maneira inadequada, reduz o desempenho e pode prejudicar a saúde, considerando que uma ingestão energética inadequada está associada à ingestão marginal de macro e micronutrientes, principalmente de carboidratos, piridoxina, cálcio, folato, zinco e magnésio (CUPISTI et al., 2002).

Para o atleta de elite, a nutrição tem um papel vital da superação dos limites, se apresentando, ainda, como o fator extra para o sucesso quando todos os outros fatores se equiparam com os “concorrentes”. E claro, os esportistas também se beneficiam de um planejamento nutricional adequado para o esporte que praticam (MAUGHAN, 2002).

A consciência da população na importância da alimentação equilibrada é crescente, mas, na prática, as melhorias alimentares não têm avançado muito, se tornando um desafio aos profissionais nutricionistas, que devem usar a educação nutricional para preencher a lacuna entre as atitudes e os comportamentos das pessoas relacionados às dietas. Demonstrando que a alimentação saudável pode ser prazerosa e fácil de ser elaborada (HIRSCHBRUCH, 2016).

IMPORTANTE

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UNIDADE 1 — NUTRIÇÃO NO EXERCÍCIO FÍSICO

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Por isso, a determinação de uma recomendação específica para pessoas fisicamente ativas poderia colaborar com a identificação precoce de padrões alimentares prejudiciais, podendo prevenir e tratar tais comportamentos inadequados nessa área, pois, tanto atletas como praticantes de exercícios físicos, muitas vezes se envolvem em práticas não saudáveis de controle de peso, particularmente, em esportes que exijam a manutenção de certo peso como fisiculturismo, dança, corridas de longa distância, mergulho, ginástica, natação, lutas, remo, hipismo e patinação (OPPLIGER et al., 1993).

É de suma importância que o objetivo dos atletas e desportistas seja a manutenção de um peso saudável por meio de comportamentos alimentares e práticas esportivas adequadas, já que um indivíduo bem nutrido tem menos probabilidade de sofrer lesões ou doenças (HIRSCHBRUCH, 2016).

Outro aspecto relevante está relacionado ao modismo do consumo de suplementos. Muitos atletas creem que o uso de suplementos proporcionou vantagens competitiva, desconsiderando todas as variáveis que impactam o organismo ao usar essas substâncias, que podem ser positivas e/ou negativas. Com frequência, determinadas substâncias são comercializadas sem base em pesquisa científica, que determine seus objetivos, seus benefícios potenciais ou possíveis efeitos colaterais nocivos, sendo alarmante o dado de que alguns suplementos entram e saem de moda antes que se façam estudos que estabeleçam seus efeitos.

Nutricionistas qualificados podem ajudar atletas e indivíduos ativos:

• Educando sobre os requerimentos de energia para o esporte praticado e sobre o papel dos alimentos como combustível;

• Enfatizando a importância de uma ingestão energética adequada para a saúde, para a prevenção de lesões e para o desempenho;

• Desencorajando objetos de peso e composição corporal não realista;• Avaliando e fazendo acompanhamentos antropométricos no intuito de

estabelecer o peso e a composição corporal adequados para o esporte praticado;

• Ensinando técnicas adequadas para manter o peso e a composição corporal sem a necessidade de recorrer a dietas milagrosas ou muito restritivas;

• Avaliando a ingestão alimentar e de suplementos durante o período de treinamentos, competições e também fora das temporadas. Essa avaliação deve ser usada como base das propostas nutricionais, que devem conter recomendações apropriadas de energia de nutrientes para a manutenção da saúde, do peso e da composição corporal adequados;

• Fornecendo diretrizes específicas para boas escolhas de alimentos e de líquidos em viagens e refeições fora de casa;

• Avaliando a ingestão hídrica e a perda de peso dos atletas durante o exercício e fazendo recomendações apropriadas de ingestão de líquidos antes, durante e depois do treino. Ajudando o atleta a escolher o tipo de bebida e a quantidade adequada a ser ingerida nessas situações, especialmente se ele se exercita em ambientes adversos;

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TÓPICO 1 — NUTRIÇÃO ESPORTIVA: UMA VISÃO PRÁTICA

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• Garantindo a ingestão de energia, proteínas e micronutrientes por meio de informações nutricionais adequadas, particularmente aos atletas que requerem considerações nutricionais específicas, como vegetarianos, crianças e adolescentes;

• Analisando cuidadosamente qualquer suplemento, fitoterápico, ergogênico ou droga que o atleta queira ingerir. Esses produtos devem ser utilizados com cautela e somente após a verificação de sua legalidade e da literatura atual sobre os ingredientes listados no rótulo. Suplementos só devem ser recomendados depois de uma análise da saúde, da dieta, das necessidades nutricionais e energéticas e dos suplementos e drogas atualmente utilizados pelo atleta.

Mais importante do que discutir prescrições alimentares é avaliar se essas prescrições são razoáveis e se podem ser traduzidas em escolhas alimentares consistentes. O nutricionista faz o seu melhor quando considera as pessoas e sua relação com a comida ao invés de ser um árbitro de dietas. A distância entre saber fazer continuará enquanto o saber não for realista. Se uma dieta não for realista, ela não trará benefício algum. A prescrição alimentar precisa ultrapassar as recomendações nutricionais.

A interação com outros profissionais pode colaborar para que nossas prescrições sejam mais humanizadas.

FONTE: AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE; AMERICAN DIETETIC ASSOCIATION (ADA). Dietitians of Canada. Nutrition and athletic performance. Joint position statement. Med Sci Sports Exerc., [S. l.], v. 32, n. 12, p. 2130-2145, 2000. p. 2130.

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Neste tópico, você aprendeu que:

RESUMO DO TÓPICO 1

• Nutricionistas têm o papel fundamental no desenvolvimento de intervenções e na promoção de pesquisa no campo da nutrição e do esporte.

• A educação nutricional deve ser componente significativo de um programa de exercícios físicos.

• O sucesso da comunicação e da motivação do comportamento requer conhecimento do que os atletas sabem de escolhas alimentares, por que fazem essas escolhas e de como respondem às mensagens nutricionais.

• É essencial educar a população sobre hábitos de exercício e de alimentação, já que muitas vezes, treinadores, preparadores físicos, professores e até mesmo o médico e o nutricionista, propagam informações errôneas sobre nutrição.

• Atletas competitivos ou recreacionais precisam de níveis adequados de “combustível”, líquidos e nutrientes para atingir o desempenho máximo.

• O papel do nutricionista esportivo é aconselhar os atletas acerca das neces-sidades nutricionais adequadas antes, durante e depois do exercício e para a manutenção de uma boa saúde, do peso e da composição corporal adequados.

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1 Após muito empenho por parte dos nutricionistas, hoje, não só os atletas, mas também os esportistas, apresentam grande interesse pela nutrição esportiva. A consciência da necessidade de uma alimentação balanceada para o desempenho físico é cada vez maior, assim como a oferta de suplementos e bebidas, todavia, é importante que se avalie em qual contexto o indivíduo se enquadra. Pontue as principais diferenças entre atividade física, exercício físico e esporte.

2 É sabido que a prática regular de exercício físico apresenta efeitos benéficos sobre o metabolismo, reduzindo a gordura corporal, aumentando a massa magra, trazendo modificações positivas no perfil lipídico, assim como, aumento do metabolismo, controle da pressão arterial e da glicemia e maior mineralização óssea. Todavia, apesar das condições favoráveis, a qualidade da alimentação na maioria dos grupos fisicamente ativos não parece ser muito diferente da dos indivíduos sedentários, apesar da maior ingestão calórica. Descreva a importância do papel da nutrição/ do nutricionista para indivíduos fisicamente ativos.

3 Os praticantes de exercícios físicos englobam desde as crianças em idade escolar a adultos de todas as idades, de competidores de elite a esportistas de final de semana. Apesar de se considerarem atletas, seus interesses, habilidades e necessidades de treinamento são variados. Ou seja, nesse grupo não se encaixam os atletas que possuem treinamentos mais intensos e comprometimento com a modalidade praticada, considerando que possuem o esporte como profissão, sendo remunerados/premiados. Nesse interim, assinale a alternativa correta, considerando o público que a área da nutrição esportiva engloba:

a) ( ) O público alvo da nutrição esportiva são tanto atletas como não atletas, sendo que a maior parte dos estudos e recomendações é direcionada aos atletas de elite, não estando presente na literatura dados que se referem aos esportistas, desportistas ou praticantes de exercício físico, fato que dificultando a atuação do profissional.

b) ( ) O público alvo da nutrição esportiva são apenas os atletas, pois a maior parte dos estudos e recomendações é direcionada aos atletas de elite.

c) ( ) O público alvo da nutrição esportiva são os esportistas/não atletas, todavia a maior parte dos estudos e recomendações é direcionada aos atletas de elite, não estando presente na literatura dados que se referem aos esportistas, desportistas ou praticantes de exercício físico.

AUTOATIVIDADE

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d) ( ) O público alvo da nutrição esportiva são tanto atletas como não atletas, sendo que a maior parte dos estudos e recomendações é direcionada a ambos os públicos.

e) ( ) O público alvo da nutrição esportiva são tanto atletas como não atletas, sendo que a maior parte dos estudos e recomendações é direcionada esportistas, não estando presente na literatura dados que se referem aos atletas, desportistas ou praticantes de exercício físico, fato que facilita a atuação do profissional.

4 De acordo com o tipo da atividade física realizada diariamente, os praticantes podem ser classificados como fisicamente ativos, insuficientemente ativos ou sedentários. Assinale a alternativa que corresponde à característica dos indivíduos fisicamente ativos:

a) ( ) O indivíduo fisicamente ativo é aquele que inclui no seu dia a dia atividades com gasto energético moderado a intenso e, portanto, segue as recomendações de intensidade e frequência da prática de atividades físicas diárias, seja no lazer, em atividades domésticas, no trabalho ou na locomoção.

b) ( ) O indivíduo fisicamente ativo pratica atividades com gasto energético de leve a moderado, não cumprindo as diretrizes de saúde publicada para os níveis diários recomendados de atividade física.

c) ( ) O indivíduo fisicamente ativo é caracterizado pela ausência de ativi-dades que elevem, de forma significante, o gasto energético basal, com predominância de atividades que sejam realizadas em repouso (senta-do em atividades de lazer, como assistindo à TV ou usando o compu-tador, ou, ainda, atividades em repouso no trabalho ou na escola).

d) ( ) O indivíduo fisicamente ativo pratica atividades com gasto energético moderado, com predominância de atividades que sejam realizadas em repouso (sentado em atividades de lazer, como assistindo à TV ou usando o computador, ou ainda atividades em repouso no trabalho ou na escola).

e) ( ) O indivíduo fisicamente ativo pratica atividades com gasto energético de leve a moderado, cumprindo as diretrizes de saúde publicada para os níveis diários recomendados de esporte.

5 Considerando todas as interfaces que circundam a área da nutrição, principalmente na área da nutrição no esporte, devido ao significante consumo de suplementos alimentares pelos esportistas. Assinale a alternativa que corresponde à principal função do nutricionista:

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a) ( ) A principal função do nutricionista é prescrever suplementos alimentares, modificando o hábito alimentar dos indivíduos para inserção desses suplementos e com isso prevenir doenças, manter a saúde e melhorar o desempenho e o rendimento desses indivíduos.

b) ( ) A principal função do nutricionista é modificar os hábitos alimentares dos indivíduos para manter a saúde e melhorar o desempenho e o rendimento através da utilização de suplementos e complementos ali-mentares, influindo positivamente em sua saúde e qualidade de vida.

c) ( ) A principal função do nutricionista é modificar o hábito alimentar dos indivíduos para prevenir doenças, manter a saúde e melhorar o desempenho e o rendimento, isto é, influenciar positivamente em sua saúde e qualidade de vida, repassando informações sobre os conceitos científicos de nutrição e como colocar em pratica hábitos alimentares saudáveis.

d) ( ) A principal função do nutricionista é reeducar os hábitos alimentares dos indivíduos, com intuito de manter a saúde e melhorar o desempe-nho e o rendimento, influenciando positivamente em sua saúde e qua-lidade de vida, repassando informações sobre os conceitos científicos de nutrição e como colocar em prática hábitos alimentares saudáveis. Destacando que não é função do nutricionista prevenir doenças.

e) ( ) A principal função do nutricionista é prescrever cardápios com ali-mentos funcionais e suplementos alimentares, com objetivo de modi-ficar o hábito alimentar dos indivíduos para prevenir doenças, manter a saúde e melhorar o desempenho e o rendimento.

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TÓPICO 2 — UNIDADE 1

FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO

1 INTRODUÇÃO

Olá, acadêmico, como estão os estudos até aqui? No presente tópico, revisaremos os conceitos da fisiologia e suas adaptações normais e patológicas frente à prática do exercício físico.

A prática de exercícios físicos já vem sendo descrita como benéfica para a saúde, com cunho científico, desde a década de 1950, assim como a alimentação como fator de prevenção para diversas doenças. Hoje, sabe-se que os benefícios da prática regular de exercícios físicos vão além da prevenção e do tratamento de sobrepeso e doenças cardiovasculares, já que as adaptações biológicas desencadeadas pelos exercícios físicos garantem uma melhor qualidade de vida por provocar melhoras em demais aspectos, como: mentais, cognitivos, fisiológicos, bioquímicos e estruturais (SIMINO, 2018).

Nesse sentido, para que uma atividade física seja desempenhada, é necessário que ocorra a contração e o relaxamento muscular, e, sendo assim, seria possível imaginar que, para que a prática de atividades ocorra, basta que acionemos nossos “sistemas executores”, ou seja, os tecidos que, efetivamente, participam do processo. Será mesmo?

Não, pois para a prática de exercícios físicos, os mecanismos acionados são mais completos. Observe a Figura 1.

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UNIDADE 1 — NUTRIÇÃO NO EXERCÍCIO FÍSICO

FIGURA 1 – EFEITOS DO EXERCÍCIO FÍSICO

FONTE: <https://bit.ly/3gX07do>. Acesso em: 10 maio 2021.

Destaca-se que esses sistemas fisiológicos agem de forma integrada, em que, a partir de alterações em um deles, segue uma sequência de respostas para reestabelecimento da homeostase, conforme demonstra a Figura 1, e que serão melhor detalhadas nos próximos subtópicos. Todo processo adaptativo precisa de um estímulo, natural ou artificial, espontâneo ou programado. No caso dos exercícios físicos, o estímulo é conhecido como carga de treino.

Também vale lembrar que influenciam diretamente nas adaptações aos exercícios, os nutrientes, sendo que a escolha adequada de alimentos e fluidos, os ajustes das quantidades a serem ingeridas, a definição do momento mais apropriado para consumi-los e a seleção de suplementos são as formas que a nutrição possui de contribuir com o desempenho físico (HIRSCHBRUCH, 2016).

Nesse sentido, torna-se de suma importância o acompanhamento perió-dico dos resultados da intervenção alimentar, buscando adequar de acordo com o momento do calendário esportivo das competições. A base para a elaboração do plano alimentar é direcionada às necessidades de energia e nutrientes para o exercício físico, conforme a intensidade, duração e frequência, assim como se faz necessário adequar a composição corporal do atleta de acordo com a modalidade e a posição, favorecendo as adaptações fisiológicas e metabólicas do organismo.

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TÓPICO 2 — FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO

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2 ADAPTAÇÕES FISIOLÓGICAS AO EXERCÍCIO

O corpo humano pode se apresentar em estado de repouso ou de exercício e nas duas situações possuem mecanismos fisiológicos capazes de minimizar as alterações do meio interno, preservando a homeostasia. Os efeitos fisiológicos do exercício físico podem ser divididos em: agudos imediatos, agudos tardios e crônicos, sendo que os efeitos agudos, podem também ocorrer em associação direta com a sessão de exercício (TINOCO, 2002). Seguem divisões e suas características:

• Agudos imediatos: ocorrem nos períodos pré-imediato, e pós-imediato do exercício físico, caracterizados pelos aumentos de frequência cardíaca, ventilação e sudorese normalmente associados ao esforço.

• Agudos tardios: ocorrem nas primeiras 24 horas após uma sessão de exercício, identificados na pequena diminuição dos níveis tensionais e na elevação do número de receptores de insulina nas membranas das células musculares.

• Crônicos: são adaptações, resultam da exposição regular às sessões de exercício. Exemplo: hipertrofia muscular e o aumento do consumo máximo de oxigênio.

2.1 CLASSIFICAÇÕES DO EXERCÍCIO FÍSICO

Há diferentes formas de exercício físico, cada uma delas gera diferentes efeitos agudos ou crônicos, sendo importante sistematizar alguma forma de classificação. Nesse sentido, quando considerada a via metabólica predominante, temos os sistemas:

• anaeróbico alático: em casos de exercícios de grande intensidade e curtíssima duração;

• anaeróbico lático: em casos de grande intensidade e curta duração;• aeróbico: em situações de baixa ou média intensidade e longa duração.

Além dessa variável, podemos classificar considerando o ritmo, que pode ser:

• fixo ou constante: não se alterna o ritmo ao longo do tempo;• variável ou intermitente: alterna-se o ritmo ao longo do tempo do exercício.

Ainda, podemos diferenciar de acordo com a intensidade relativa do exercício, conforme segue:

• baixa ou leve: exercício com repouso até 30% do VO2 máximo;• média ou moderada: exercício entre 30% do VO2 máximo e o limiar anaeróbico;• alta ou pesada: exercício acima do limiar anaeróbico.

Por fim, tem-se também nessa diferenciação a mecânica muscular, que pode ser:

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UNIDADE 1 — NUTRIÇÃO NO EXERCÍCIO FÍSICO

• estático: não há movimento e o trabalho mecânico é zero;• dinâmico: existe movimento e trabalho mecânico positivo ou negativo.

Dessa forma, é importante destacar que os exercícios que envolvem grandes massas musculares como andar, correr, pedalar ou nadar necessitam de uma participação relativamente maior da via aeróbica. Já os esforços com segmentos corporais localizados, tais como a extensão do cotovelo segurando um peso utiliza maior participação das vias anaeróbicas, sendo que, caso a duração do exercício ultrapasse dois ou três minutos, será predominante a participação aeróbica, já se ela durar até dez segundos, predomina a via anaeróbica alática (TINOCO, 2002).

Nos casos de exercícios de alta intensidade, com duração entre 20 e 90 segundos, é utilizada de maneira mais intensa a via anaeróbica lática, podendo causar um significativo desequilíbrio acido-básico e a sensação de esgotamento físico, sendo vistos com maior frequência nos eventos desportivos de natação, como as provas de 50 e 100 metros e atletismo.

Em relação aos exercícios de intensidade baixa, esses correspondem a esforços de até 30% do consumo máximo de oxigênio. Nos de intensidade moderada, os esforços requerem entre 30% do consumo máximo de oxigênio e o nível correspondente ao limiar anaeróbico. Já nos exercícios de intensidade alta, a demanda excede o limiar anaeróbico. Portanto, nos exercícios prolongados, apenas os classificados como de alta intensidade teriam participação anaeróbica significativa (SIMINO, 2018).

Em casos de esforços de ritmo variável, como o jogo de tênis, ocorrem grandes variações nas necessidades de ressíntese de ATP, seguindo de periódicas modificações das variáveis fisiológicas. Essas atividades tendem a usar, inicialmente, as vias anaeróbicas alática e aeróbica, sem a participação significativa da via anaeróbica lática. Em séries de exercícios com grupamentos musculares localizados, como exercícios abdominais, que tendem a reduzir a qualidade na execução e fadiga quando realizados sem interrupções pode ser proporcionado um período de um a dois minutos de repouso, quando os exercícios serão reiniciados com a mesma velocidade, qualidade de execução adequada e relativa facilidade, pois esse tempo será suficiente para regenerar estoques intracelulares de ATP e fosfocreatina.

Vamos dar seguimento às demais adaptações fisiológicas frente aos exercícios físicos e suas determinadas cargas de treino. Os processos adaptativos desencadeados pelo estímulo dos exercícios físicos podem acontecer de diversas formas, conforme Figura 2.

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TÓPICO 2 — FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO

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FIGURA 2 – ADAPTAÇÕES FRENTE AO TREINAMENTO FÍSICO

FONTE: <https://www.efdeportes.com/efd166/adaptacao-biologica-aplicado-ao-treinamento-fisico-03.jpg>. Acesso em: 10 maio 2021.

Conforme Simino (2018, p. 15), as adaptações fisiológicas seguem diferentes mecanismos:

De forma genotípica ou fenotípica, ou seja: em nível celular e mole-cular (genótipo) ou em relação a mudanças visíveis e mais facilmente mensuráveis (fenótipo). De forma aguda ou crônica: existem adap-tações que acontecem de forma rápida, apenas para que o exercício possa ser mantido. Por exemplo: adaptações que levam mais tempo a acontecer e que são mantidas por longos períodos. Em nível sistêmico: podem beneficiar processos comportamentais, fisiológicos, bioquími-cos, neuro motores e estruturais. A pratica de exercícios físicos regular ou o treino esportivo, no caso dos atletas, proporciona, mediante os processos adaptativos, o desenvolvimento ou a melhora de algumas capacidades físicas específicas.

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UNIDADE 1 — NUTRIÇÃO NO EXERCÍCIO FÍSICO

Nos esportes de alto rendimento, se torna comum o uso da periodização em treinos que trabalhem as diferentes capacidades físicas, considerando que cada modalidade esportiva precisa de determinadas capacidades mais desenvolvidas e bem treinadas. Como é o caso dos corredores, que precisam treinar e aprimorar cada vez mais a velocidade.

IMPORTANTE

2.2 RESPOSTAS HORMONAIS NO EXERCÍCIO FÍSICO

Antes de destacarmos as alterações, é válido relembrar o conceito de hormônio. Os hormônios são substâncias químicas secretadas dentro de fluidos corporais, em sua maioria por glândulas endócrinas, sendo divididos em dois tipos, os esteroides e polipeptídicos. Esteroides são produzidos, a partir do colesterol, pelo córtex adrenal e pelas gônadas e os peptídeos são derivados de aminoácidos em outras glândulas endócrinas.

Os tecidos alvos da ação hormonal podem ser próximos ou relativamente afetados em relação à glândula de secreção, podendo sua ação ser em um ou mais tecidos, como o hormônio insulina, que atua em diversos tecidos, apresentando potente efeito sobre o metabolismo em situações como o repouso e a prática de exercício físico (SIMINO, 2018).

O estresse fisiológico induzido pelo exercício físico reflete diretamente à tentativa em manter as concentrações sanguíneas de determinados metabólitos próximas aos valores normais de repouso, por exemplo, manter a concentração sanguínea de glicose (glicemia) entre 90 e 100 mg/dL, uma vez que o exercício provoca o aumento da captação muscular de glicose a partir do sangue. Nesse mecanismo, a resposta fisiológica que busca a homeostase da glicemia durante o exercício se faz regulada por dois sistemas corporais: o sistema nervoso autônomo (SNA) e os sistema endócrino (hormonal), considerando que, em relação ao controle do metabolismo durante o exercício, a parte simpática do SNA é de maior destaque. Os mediadores químicos são liberados tanto pelo SNA quanto pelo sistema hormonal no intuito de auxiliar a manutenção da glicemia (HIRSCHBRUCH, 2016).

A redução da glicemia durante os exercícios mais intensos induz uma resposta contrarreguladora, promovendo o aumento da glicemia e a manutenção da concentração sanguínea de glicose. O fígado exerce um papel importante no aumento e na manutenção da glicemia, uma vez que esse tecido sofre influência neural e hormonal, estimulando produção hepática de glicose.

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TÓPICO 2 — FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO

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Nesse ínterim, a glicose e glicogênio representam importantes substratos energéticos durante o exercício, ao mesmo tempo em que favorecem a utilização de lipídios como substrato energético na célula muscular (HIRSCHBRUCH, 2016).

A glicose é, geralmente, o único substrato utilizado pelo cérebro e por outros tecidos do Sistema Nervoso Central e, deste modo, é fundamental para a funcionalidade desses tecidos, fato que reforça a importância da manutenção da glicemia durante o exercício prolongado, sendo relevante para o fornecimento de combustível ao cérebro e ao músculo esquelético, o qual utiliza também outros substratos além da glicose. Diversos hormônios agem especificamente para manter a glicemia e são denominados contrarregulatórios (glucagon, adrenalina, noradrenalina, cortisol), ou seja, suas ações são opostas à da insulina (COKER; KJAER, 2005).

NOTA

O ponto central das adaptações refere-se às repostas hormonais, tanto agudas quanto crônicas. As respostas agudas são importantes para a regulação da utilização de substratos energéticos, assim como nas alterações na permeabilidade ou na atividade enzimática das células (músculo, fígado, tecido adiposo).

Nesse contexto, destaca-se o aumento dos hormônios que aumentam a taxa de lipólise, glicólise, glicogenólise e gliconeogênese, assim como ocorre a redução da concentração de hormônios que promovem lipogênese e glicogênese.

Algumas alterações hormonais são positivamente relacionadas à duração do exercício. Destacamos que o metabolismo energético será melhor discutido no próximo tópico.

ESTUDOS FUTUROS

Ainda, verifica-se que o sistema imune é influenciado pelo exercício, con-dicionado à duração e à intensidade do exercício, sendo que o exercício modera-do aumenta a imunocompetência, enquanto em treinamento intenso, após um evento competitivo, ocorre imunossupressão, gerando aumento na incidência de infecções, principalmente no trato respiratório superior dos atletas (HIRS-CHBRUCH, 2016).

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UNIDADE 1 — NUTRIÇÃO NO EXERCÍCIO FÍSICO

A alteração na funcionalidade do sistema imunológico está relacionada à alteração neuroendócrina derivada da prática do exercício, que gera o aumento na liberação de hormônios do estresse, como o cortisol, que, consequentemente, modula a resposta imune, reduzindo sua efetividade.

Diante do exposto, estratégias nutricionais devem ser utilizadas desde o período de treinamento, durante o exercício e no período de recuperação pós exercício. As quais serão baseadas na modulação exercida pelos nutrientes sobre a resposta hormonal, influenciando o metabolismo de carboidratos, lipídios e proteínas, ao mesmo tempo em que modula a resposta imune do indivíduo.

2.3 INSULINA, GLUCAGON E EXERCÍCIO FÍSICO

Conforme mencionado anteriormente, durante a realização de exercícios mais intensos, ocorre uma maior utilização da glicose, fazendo com que a necessidade de glicose pelo tecido muscular cause, no decorrer do tempo, uma redução da glicemia, podendo ser compensada pela liberação de glicose, principalmente a partir do fígado, processo chamado de glicogenólise.

Importante destacarmos que, se a glicemia aumenta durante o exercício intenso, a insulinemia diminui decorrente da ação da adrenalina, promovendo o aumento da produção hepática de glicose. Sendo que a redução da insulinemia durante o exercício é diretamente proporcional à intensidade do esforço físico (COKER; KJAER, 2005).

O declínio da insulinemia durante o exercício minimiza a captação de glicose pelos tecidos não ativos, protegendo dessa forma o fornecimento de glicose para o cérebro e o tecido muscular ativo.

Ainda, cabe ressaltar que, durante o exercício prolongado, a glicemia e a insulinemia diminuem, favorecendo o aumento da lipólise e, consequen-temente, da disponibilidade de ácidos graxos livres na circulação sanguínea (VIRU, 1992).

Por fim, o glucagon é um hormônio secretado pelas células alfa-pancreáticas e promove o aumento da taxa de glicogenólise promovendo aumento na concentração de glicose no sangue. Em situações nas quais a glicemia diminui (exercício prolongado, jejum), a concentração de glucagon aumenta no intuito de manter a glicemia em valores próximos aos de repouso (Figura 3).

As concentrações de glucagon aumentam no plasma apenas se a duração do exercício for mantida por mais de uma hora (HIRSCHBRUCH, 2016).

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TÓPICO 2 — FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO

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FIGURA 3 – EFEITO DO GLUCAGON NA REGULAÇÃO DA GLICOSE

FONTE: <https://static.todamateria.com.br/upload/gl/uc/glucagon2-0-cke.jpg>. Acesso em: 10 maio. 2021.

2.4 HORMÔNIO DO CRESCIMENTO, CORTISOL E CATECOLAMINAS NO EXERCÍCIO FÍSICO

O hormônio do crescimento (GH) é um polipetideo liberado a partir da hipófise anterior e estimula a síntese proteica, tanto em jovens quanto em indivíduos mais velhos, e representa um dos principais hormônios lipolíticos. Atua estimulando a captação tecidual de aminoácidos, síntese proteica e crescimento de ossos longos. Também, opõe-se à ação da insulina, uma vez que reduz a utilização de glicose plasmática, aumentando a síntese de glicose no fígado e elevando a mobilização de ácidos graxos do tecido adiposo, buscando poupar a demanda tecidual por glicose plasmática.

Por sua vez, o cortisol é um membro da família dos hormônios esteroides, liberados pelo córtex adrenal, denominados glicocorticoides, e quando liberado mediante estresse físico ou emocional, causa a redução da glicemia e estimula o hipotálamo a secretar o hormônio liberador de corticotrofina, pela hipófise anterior do hormônio adenocorticotrófico (ACTH) e, posteriormente, o ACTH promove no córtex adrenal a liberação do cortisol para a circulação (CHATARD et al., 2002).

O exercício aeróbico intenso e o vigoroso provocam o aumento da concentração sérica de cortisol, o qual, por sua vez, irá favorecer a manutenção da glicemia por meio do estímulo da liberação de aminoácidos a partir do tecido muscular (proteólise muscular), pela estimulação da gliconeogênese

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UNIDADE 1 — NUTRIÇÃO NO EXERCÍCIO FÍSICO

hepática e por favorecer a mobilização de ácidos graxos livres do tecido adiposo. Importante destacarmos que indivíduos treinados apresentam menor aumento da concentração sérica do cortisol durante o exercício em comparação com indivíduos não treinados (VIRU; VIRU, 2004).

Já as catecolaminas (adrenalina – noradrenalina – dopamina) sintetizadas pelas glândulas suprarrenais e pelo sistema nervoso, representam os hormônios derivados do catecol. Sua liberação via medula adrenal é estimulada pelo sistema nervoso simpático, promovendo a possibilidade da resposta para “atacar ou fugir”. Em exercícios prolongados e contínuos, as concentrações plasmáticas de catecolaminas aumentam com a duração do exercício e com a intensidade. Também, se torna válido discorrer que o exercício físico com característica intermitente, como levantamento de peso, de apenas alguns segundos de duração, também resulta em aumento da concentração plasmática de catecolaminas (HIRSCHBRUCH, 2016).

Tem sido demonstrado que o exercício físico é um potente estimulador da liberação do GH, quando indivíduos treinados ou atletas de resistência apresentam menor liberação do GH comparado a indivíduos não treinados; mulheres apresentam maior amplitude e frequência na liberação do GH; indivíduos mais velhos apresentam menor liberação de GH que indivíduos jovens (± 20 anos); a liberação é mais elevada de acordo com a intensidade do treinamento; sessões com duração ≥ 30 minutos aumentam a liberação do GH; exercício de forma intermitente em um mesmo dia aumentaram a concentração de repouso do GH; período do dia não tem nenhum efeito significativo na liberação do GH (HIRSCHBRUCH, 2016).

IMPORTANTE

Já no caso de exercícios resistidos, a musculação pode influenciar no GH das seguintes formas: indivíduos não treinados em geral apresentam concentração do GH menor que indivíduos treinados ou atletas diante de um mesmo esforço; homens apresentam maior amplitude e frequência na liberação do GH que mulheres; indivíduos mais velhos (± 70 anos) ou de meia idade; (± 40 anos) apresentam menor liberação do GH que indivíduos jovens (± 20 anos); maior liberação do GH em intensidades moderadas (± 60% de 1-RM) se comparada a sessões de baixa; (≤ 40%) ou elevada intensidade (≥ 80%); sessões de maior volume (≥ 8 e ≤ 15 repetições por série) resultam em maior liberação do GH; intervalos mais curtos (± 1 min) entre as séries parecem aumentar a liberação do GH comparado com intervalos mais longos (± 3 min); maior concentração de ácido lático pode estimular a liberação do GH (AMARAL NETO, 2020).

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TÓPICO 2 — FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO

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2.5 TESTOSTERONA E EXERCÍCIO FÍSICO

A testosterona é um hormônio esteroide que apresenta consideráveis efeitos anabólicos sobre o tecido muscular, destacando o aumento da síntese proteica e a redução no catabolismo proteico dentro da fibra muscular.

Tem sido demonstrado que o exercício físico (intensidade, duração e tipo de exercício) provoca aumento agudo na concentração sanguínea de testosterona (BLAZEVICH; GIORGI, 2001).

O treinamento de força também promove aumento da concentração plasmática de testosterona após o exercício (BLAZEVICH; GIORGI, 2001).

Destaca-se que diferentes protocolos de treinamento podem induzir diferentes respostas da testosterona durante e/ou após o exercício.

ATENCAO

FIGURA 4 – MECANISMO DE AÇÃO DA TESTOSTERONA

FONTE: <https://bit.ly/2Ug0HuQ>. Acesso em: 10 maio 2021.

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UNIDADE 1 — NUTRIÇÃO NO EXERCÍCIO FÍSICO

2.6 INFLUÊNCIA DO TREINAMENTO FÍSICO SOBRE AS RESPOSTAS HORMONAIS INDUZIDAS PELO EXERCÍCIO

Em geral, as respostas hormonais (Quadro 1) a um período de exercício são significativamente atenuadas após o treinamento. A atividade nervosa simpática, refletida pela concentração de noradrenalina plasmática durante o exercício, encontra-se diminuída na mesma taxa de absoluta de trabalho após um período de treinamento, porém permanece constante em relação à mesma taxa relativa de trabalho.

As concentrações plasmáticas dos hormônios ACTH, cortisol, gluca-gon e GH também apresentam menores aumentos durante o exercí-cio submáximo em indivíduos treinados. A concentração plasmática insulina, de modo geral, diminui durante o exercício intenso, con-tudo, em indivíduos treinados, essa diminuição da insulinemia é menor. Esse fato está relacionado, em parte, à diminuição induzida pelo treinamento sobre a resposta da adrenalina durante o exercício, uma vez que esse hormônio inibe a secreção pancreática de insulina (HIRSCHBRUCH, 2016, p. 388).

QUADRO 1 – RESUMO DOS EFEITOS METABÓLICOS DOS HORMÔNIOS

Efeito metabólico HormônioCaptação da glicose celular Insulina

Síntese de glicogênio InsulinaSíntese de triacilgliceróis InsulinaDiminuição da glicemia InsulinaGlicogenólise hepática Adrenalina, glucagonGlicogenólise muscular Glucagon

Lipólise Adrenalina

Síntese de proteínas Cortisol, adrenalina, hormônio do crescimento

Catabolismo proteico Hormônio do crescimentoAumento da glicemia – efeito direto Insulina

Aumento da glicemia – efeito indireto Cortisol, adrenalina, glucagonAumento da taxa metabólica Adrenalina, noradrenalina e tiroxina

FONTE: Hirschbruch (2016, p. 388)

3 SISTEMA IMUNE E EXERCÍCIO

É de suma importância considerar a influência do exercício sobre o sistema imunológico, em razão do aumento no número de casos de doenças infecciosas e queda no desempenho de atletas, principalmente em situações de treinamento intenso e prolongado.

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TÓPICO 2 — FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO

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Nesse sentido, diferentes estudos vêm demonstrando que o exercício exaustivo pode causar alterações tanto no sistema imune inato quanto específico, incluindo: redução da atividade de neutrófilos, da concentração de imunoglobulinas A (IgA), da atividade citolítica de células natural killer (NK) e da capacidade proliferativa de linfócitos, juntamente ao aumento da concentração plasmática de citocinas pró e anti-inflamatórias.

A imunomodulação mediada pelo exercício físico está relacionada com questões multifatoriais, incluindo alterações circulatórias (hemodinâmicas) e hormonais (liberação de cortisol e catecolaminas). Além de estar ligada a fatores metabólicos, como a concentração plasmática de glutamina (GLEESON, 2006).

Estudos verificaram que o exercício tem relevante papel na redução da ocorrência e da gravidade de infecções e doenças relacionadas ao câncer humano. Todavia, os mecanismos pelos quais o exercício agudo ou o treinamento físico alteram a resposta imune do indivíduo ainda não tenham sido completamente compreendidos. O efeito particular dependo do tipo, da intensidade e da duração do exercício (Figura 5). Dessa forma, sugere-se que exercícios de intensidade moderada podem melhorar a imunocompetência, enquanto o exercício intenso e prolongado pode direcionar à situação oposta. Verificou-se que, após exercício intenso e prolongado, ocorre supressão parcial de parâmetros da imunocompetência de atletas, caracterizando esse período como uma “janela aberta” para a invasão de microrganismos.

Quanto aos exercícios moderados, os efeitos imunológicos se apresentam diante da redução do risco para infecções. Os parâmetros laboratoriais que podem explicar os benefícios clínicos demonstram aumento de diversos fatores, como atividade citotóxica de células NK, fagocitose, expressão de moléculas de adesão e concentração salivar de IgA (BISHOP et al., 1999).

A doença mais comum observada em atletas é uma branda infecção viral do trato respiratório, sendo que, em sua revisão de literatura, verificou-se que a incidência de infecções do trato respiratório superior (ITRS) acomete somente atletas engajados em exercícios intensos e prolongados. Todavia, ressalta-se que uma dieta inadequada e repouso insuficiente são também fatores importantes que colaboram para a ocorrência de ITRS, como resfriados e gripes (HIRSCHBRUCH, 2016).

INTERESSANTE

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UNIDADE 1 — NUTRIÇÃO NO EXERCÍCIO FÍSICO

FIGURA 5 – RESUMO DOS EFEITOS DO EXERCÍCIO FÍSICO DE INTENSIDADE MODERADA E INTENSA NA RESPOSTA IMUNOLÓGICA

Legenda: MØ – macrófagos, Nφ – neutrófilos.FONTE: Adaptada de Terra et al. (2014, p. 213)

4 EXCESSO DE TREINAMENTO (OVERTRAINING)

Na maioria dos programas de treinamento ocorre a aplicação do princípio de sobrecarga progressiva, que corresponde a uma carga de trabalho acima do nível considerado confortável, com objetivo de maximizar a performance por meio de adaptações fisiológicas positivas, visando promover adaptações que evitem lesões e prejuízo do processo de adaptação.

A associação de um programa exaustivo de treinamento somado a um insuficiente período de recuperação e consequente prejuízo da performance por longos períodos (diversas semanas ou meses) caracteriza a síndrome de overtraining. Além disso, outros sinais e sintomas estão presentes, observe o Quadro 2:

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TÓPICO 2 — FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO

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QUADRO 2 – PRINCIPAIS SINTOMAS DO OVERTRAINING

Fisiológicos/performance Imunológicos Psicológicos

↓Performance ↑Suscetibilidade e gravidade de ITRS Depressão

Período de recuperação prolongado

↓Atividade funcional de neutrófilos Apatia

↓Tolerância à sobrecarga de treinamento ↓Contagem total de linfócitos Instabilidade

emocional

↓Força muscular ↓Resposta mitógenos Alteração de personalidade

↓Capacidade de trabalho máxima

↑Contagem de eosinófilos no sangue

↓Concentração no treinamento

Perda de coordenação ↑Infecção bacteriana Medo de competições

Alterações na pressão sanguínea

Significativas variações na razão CD4: CD8 ↓Autoestima

↑Frequência da respiração Bioquímicos

↓Gordura corporal Balanço nitrogenado negativo

↑Taxa metabólica basal Disfunção hipotalâmica

Fadiga crônica ↓Concentração de glicogênio muscular

Insônia ↓Conteúdo mineral ósseo

Anorexia nervosa ↓Ferro sérico

Perda de apetite ↓Ferritina sérica

Bulimia Depleção de minerais (Zn, Mn, Se, Cu etc.)

Dor de cabeça ↑Concentração de ureia

Náusea ↑Concentração de cortisol

Dores musculares ↓Testosterona livre e total

↓Razão testosterona livre: cortisol (>30%)

↑Concentração de ácido úrico

↑Concentração de creatina quinase

FONTE: Adaptado de Fry et al. (1991 apud HIRSCHBRUCH, 2016, p. 389)

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UNIDADE 1 — NUTRIÇÃO NO EXERCÍCIO FÍSICO

Ainda, o overtraining deve ser diferente do termo overreaching, o qual corresponde a um período curto de dias, sendo esta condição facilmente recuperada em curto prazo. Corresponde a uma fase planejada durante muitos programas de treinamento, desde que se acredite que essa intervenção contribua para subsequentes aumentos de performance (HIRSCHBRUCH, 2016).

5 OVERTRAINING EM ATLETAS DE ENDURANCE E FORÇA

A maioria dos estudos sobre a síndrome de overtraining tem sido realizada a partir de protocolos com exercícios físicos predominantemente aeróbicos (endurance). Poucos resultados de estudos longitudinais foram realizados sobre as respostas fisiológicas frente à redução de performance decorrente do estado de overtraining em atletas de força. Segundo Fry e Kraemer (1997, p. 398, grifos nossos):

[...] existem diferenças nas respostas fisiológicas entre o overtraining decorrente de exercícios físicos aeróbicos e anaeróbicos. Sendo assim, muito dos sinais e sintomas de overtraining de natureza aeróbica. Estudos demonstram que atividades de endurance podem originar um estado de overtraining caracterizado pela regulação parassimpática, enquanto atividades anaeróbicas podem causar um estado de overtraining dominado pela regulação simpática.

A síndrome do overtraining apresenta o aumento da intensidade relati-va ao treinamento de força, o que acarreta respostas fisiológicas diferentes das observadas frente ao aumento do volume de treinamento de força. Verifica-se, ainda, que a concentração dos hormônios do crescimento, testosterona total e li-vre e cortisol não é substancialmente afetada pelo protocolo de exercício de força de alta intensidade em indivíduos em estado de overtraining (Figura 6). Com o aumento do volume do treinamento de força, muitas das respostas neuroendó-crinas são similares àquelas observadas em atletas de endurance com overreaching ou overtraining, os quais, apresentam excesso de volume de treinamento.

FIGURA 6 – PRINCIPAIS ALTERAÇÕES OBSERVADAS NA SÍNDROME DE OVERTRAINING EM ATLETAS DE ENDURANCE

FONTE: Rogero, Mendes e Tirapegui (2005, p. 360)

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TÓPICO 2 — FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO

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A incidência de infecções é mais elevada após uma sessão de exercício vigoroso, períodos com elevada carga de treinamento e/ou aumento da frequência de competições, principalmente se associados a outros fatores estressores (aspectos psicológicos, alimentação inadequada, medicamentos e distúrbios de ritmos biológicos), do que em outros períodos de treinamento. Também, demais infecções de menor gravidade acabam por apresentar recidivas em atletas que retornam ao treinamento, acarretando um ciclo de infecções recorrentes dentro de períodos curtos (algumas semanas) (HIRSCHBRUCH, 2016).

O parâmetro bioquímico que auxilia na identificação do estado de overtraining é a determinação da concentração de IgA secretória, a qual é responsável pela resposta imune humoral da superfície de mucosas, sendo sua concentração altamente correlacionada com a resistência a determinação das viroses responsáveis pela ocorrência de ITRS. Mackinnon e Hopper (1994) verificaram uma redução significativa da concentração de IgA salivar em um grupo de nadadores de elite com overtraining quando comparados aos demais atletas da equipe que foram considerados bem treinados.

5.1 IMPLICAÇÕES PRÁTICAS PARA A PREVENÇÃO DO OVERTRAINING

Para que a prevenção do overtraining ocorra, deve ser adotado um cuida-doso controle do estresse promovido pelo treinamento, fato que destaca a impor-tância de pesquisas científicas descreverem esses fatores estressores, fornecendo a base para a separação entre a fadiga de treinamento e a fadiga residual asso-ciada ao overtraining. Nesse sentido, a metodologia dos testes deve ser capaz de distinguir o aumento de rendimento e o estado de overtraining, possibilitando, também, o planejamento de períodos de treinamento (McKENZIE, 1999).

Os dados de cada atleta devem ser regularmente monitorados ressaltando a relevância dos treinadores, que devem estar conscientizados das causas e con-sequências relacionadas ao estado de overtraining. Ainda, conforme mencionado anteriormente, a concentração de IgA salivar e glutamina plasmática e a avaliação do estado de humor, por meio de testes psicológicos, são formas de diagnóstico de overtraining (McKENZIE, 1999).

Cabe destacar o papel do nutricionista em relação à redução do risco de overtraining. A orientação nutricional tem um papel relevante no desempenho esportivo de atletas e indivíduos fisicamente ativos, o que reforça a necessidade da conscientização destes quanto às necessidades nutricionais (BISHOP et al., 1999). Três fatores relevantes destacam-se na prevenção do overtraining:

• estrutura do programa de treinamento, que deve permitir recuperação adequada e prevenção de lesões e fadiga excessiva, decorrentes de níveis extremos de estresse no treinamento;

• programa de testes científicos que consistem de parâmetros capazes de detectar o estado de overtraining;

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UNIDADE 1 — NUTRIÇÃO NO EXERCÍCIO FÍSICO

• testes que permitam distinguir a fadiga normal associada com treinamento daquela associada com o overtraining. Cabe ressaltar que testes psicológicos parecem ser mais sensíveis às alterações no volume de treinamento, os quais podem representar um instrumento usual na identificação de atletas que estão desenvolvendo a síndrome do overtraining. Esse fato é relevante, pois se observa que o aumento do volume de treinamento mais comumente induz ao estado de overtraining quando comparado ao da intensidade (HIRSCHBRUCH, 2016, p. 389).

6 EFEITOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NA FUNÇÃO CARDIOVASCULAR

Para suprir a demanda metabólica do exercício físico, várias adaptações fisiológicas são necessárias referentes à função cardiovascular.

No Quadro 3, podem-se observar as principais respostas cardiovasculares ao exercício físico agudo. Todavia, cabe destacar a importância das variáveis do exercício executado, como a intensidade, duração e massa muscular envolvida.

QUADRO 3 – EFEITOS AGUDOS DO EXERCÍCIO FÍSICO SOBRE A FUNÇÃO CARDIOVASCULAR

FONTE: Brum et al. (2004, p. 22)

Considerando essas variáveis em relação ao tipo de exercício, esses são caracterizados em dois tipos principais: exercícios dinâmicos com contração muscular, seguida de movimento articular; e estáticos com contração muscular, sem movimento articular, os quais resultam em respostas cardiovasculares distintas (BRUM et al. 2004).

Nos exercícios estáticos ocorre o aumento da frequência cardíaca, com manutenção ou pequena redução do volume sistólico e pequeno acréscimo do débito cardíaco. Também, observa-se aumento da resistência vascular periférica, podendo resultar em elevação exacerbada da pressão arterial.

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TÓPICO 2 — FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO

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Adaptações essas que ocorrem porque a contração muscular, mantida durante a contração isométrica, promove obstrução mecânica do fluxo sanguíneo muscular, fazendo com que os metabólitos produzidos durante a contração fiquem estagnados, ativando quimiorreceptores musculares e promovendo o aumento expressivo da atividade nervosa simpática (BRUM et al. 2004).

FIGURA 7 – ADAPTAÇÕES FISIOLÓGICAS DO SISTEMA CARDIOVASCULAR AO EXERCÍCIO FÍSICO

FONTE: <https://bit.ly/3vLCjOS>. Acesso em: 10 maio 2021.

Nos exercícios dinâmicos, nos quais as contrações são seguidas de movi-mentos articulares, não existe obstrução mecânica do fluxo sanguíneo. “Também se observa aumento da atividade nervosa simpática, desencadeado pela ativação do comando central, mecanorreceptores musculares e por metaborreceptores musculares” (FORJAZ; TINUCCI, 2000 apud BRUM, 2004. p. 22).

Em resposta ao aumento da atividade simpática, observa-se aumento da frequência cardíaca, do volume sistólico e do débito cardíaco. Além da vasodilatação na musculatura que gera redução da resistência vascular periférica, fazendo com que, “dessa forma, durante os exercícios dinâmicos ocorra aumento da pressão arterial sistólica e manutenção ou redução da diastólica” (FORJAZ et al., 1998a apud BRUM, 2004. p. 22).

Importante destacar que essas respostas são tanto maiores quanto maior for a intensidade do exercício, mas não se alteram com a duração do exercício, assim como, “quanto maior for a massa muscular exercitada de forma dinâmica, maior é o aumento da frequência cardíaca, mas menor é o aumento da pressão arterial” (FORJAZ; TINUCCI, 2000 apud BRUM, 2004. p. 22).

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UNIDADE 1 — NUTRIÇÃO NO EXERCÍCIO FÍSICO

Embora as respostas cardiovasculares aos exercícios dinâmicos e estáticos sejam bem características, na prática diária, os exercícios executados apresentam componentes dinâmicos e estáticos, de modo que a resposta cardiovascular a esses exercícios depende da contribuição de cada um desses componentes. Nesse sentido, os exercícios resistidos ou exercícios de musculação (exercícios localizados contra resistências) possuem papel de destaque, pois quando executados em altas intensidades, apesar de serem feitos de forma dinâmica apresentam componente isométrico bastante elevado, fazendo com que a resposta cardiovascular durante sua execução assemelhe-se àquela observada com exercícios estáticos, ou seja, aumento da frequência cardíaca e, principalmente, aumento exacerbado da pressão arterial, que se amplia à medida que o exercício vai sendo repetido (BRUM, 2004, p. 22).

A hipotensão pós-exercício caracteriza-se pela redução da pressão arterial durante o período de recuperação, o que ocasiona valores pressóricos observados pós-exercícios inferiores aos medidos antes do exercício. Nesse sentido, para que a hipotensão pós-exercício tenha importância clínica, é necessário que ela tenha magnitude importante e perdure mais que 24 horas subsequentes à finalização do exercício. Ainda, um aspecto importante diz respeito às características do exercício (tipo, intensidade e duração) que podem promover maior queda pressórica após sua execução, sendo que quanto ao tipo de exercício, a hipotensão pós-exercício é demonstrada principalmente em resposta aos exercícios aeróbios (dinâmicos, cíclicos, com intensidade leve a moderada e longa duração) (BRUM et al., 2020).

ATENCAO

ADAPTAÇÕES CARDÍACAS FISIOLÓGICAS INDUZIDAS PELO EXERCÍCIO FÍSICO EM ATLETAS AMADORES: REVISÃO

NARRATIVA

Laerte de Paiva Viana Filho João Pedro Costa Apolinário

Júlia Oliveira do Carmo Laís Breguez

Pascoal Lucas Pereira Figueiredo Luísa Lobo Sousa

Milena Oliveira Moreira Wellington de Jesus Ferreira Junior

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TÓPICO 2 — FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO

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RESUMO

Objetivo: Compilar evidências científicas recentes sobre as adaptações fisiológicas que ocorrem no coração de atletas amadores. Revisão bibliográfica: A prática de exercícios físicos proporciona um aumento do trabalho cardíaco para suprir a demanda metabólica, o que pode provocar adaptações fisiológicas a depender de vários fatores, como o tipo de exercício realizado, sendo esse predominantemente de força, resistência ou misto. Com a popularização da prática de atividades físicas por pessoas que não dependem do esporte como fonte de renda, os atletas amadores, tornou- se significativo a análise de registros de adaptações cardíacas fisiológicas induzidas pelo exercício que podem ocorrer nesses indivíduos. Com isso, foi possível observar as principais adaptações em praticantes de exercícios de resistência, que incluem as adaptações morfológicas do coração, no sistema de condução do impulso elétrico, além de adaptações bioquímicas e funcionais do sistema cardiovascular. Já as induzidas pelos exercícios de força, incluem predominantemente as adaptações morfológicas e funcionais, enquanto as desenvolvidas pela prática de exercícios mistos incluem alterações funcionais, morfológicas e elétricas. Considerações finais: Percebe-se a necessidade de um maior monitoramento cardiológico em atletas amadores, tendo em vista o risco aumentado de complicações cardiovasculares nesses atletas.

FONTE: <https://acervomais.com.br/index.php/saude/article/view/3999/2457>. Acesso em: 10 maio 2021.

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RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico, você aprendeu que:

• O corpo humano pode se apresentar em estado de repouso ou de exercício, e nas duas situações possuem mecanismos fisiológicos capazes de minimizar as alterações do meio interno, preservando a homeostasia.

• Os efeitos fisiológicos do exercício físico podem ser divididos em: agudos imediatos, agudos tardios e crônicos, sendo que os efeitos agudos, podem também ocorrer em associação direta à sessão de exercício.

• Existem diferentes formas de exercício físico, neste sentido, quando considerada a via metabólica predominante, temos os sistemas: anaeróbico alático; anaeróbico lático; aeróbico.

• Os hormônios são substâncias químicas secretadas dentro de fluidos corporais, em sua maioria por glândulas endócrinas, sendo divididos em dois tipos, os esteroides e polipeptídicos. Esteroides são produzidos, a partir do colesterol, pelo córtex adrenal e pelas gônadas e os peptídeos são derivados de aminoácidos em outras glândulas endócrinas.

• Os tecidos alvos da ação hormonal podem ser próximos ou relativamente afetados em relação à glândula de secreção, podendo sua ação ser em um ou mais tecidos, como o hormônio insulina, que atua em diversos tecidos, apresentando potente efeito sobre o metabolismo em situações como o repouso e a prática de exercício físico.

• A doença mais comum observada em atletas é uma branda infecção viral do trato respiratório (ITRS), que acomete somente atletas engajados em exercícios intensos e prolongados.

• Uma dieta inadequada e repouso insuficiente são fatores importantes que colaboram para a ocorrência de ITRS, como resfriados e gripes.

• A associação de um programa exaustivo de treinamento somado a um insuficiente período de recuperação e consequente prejuízo da performance por longos períodos (diversas semanas ou meses) caracteriza a síndrome de overtraining.

• Para suprir a demanda metabólica do exercício físico, várias adaptações fisiológicas são necessárias referentes à função cardiovascular, cabendo destacar a importância das variáveis do exercício executado, como a intensidade, duração e massa muscular envolvida.

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1 Os exercícios físicos podem ser classificados como agudos e crônicos, sendo que ainda se sistematizam em outras formas de classificação quando considerados: via metabólica predominante, ritmo, intensidade e mecânica muscular. Nesse sentido, descreva essas variáveis e suas características.

2 O corpo humano pode se apresentar em estado de repouso ou de exercício e nas duas situações possuem mecanismos fisiológicos capazes de minimizar as alterações do meio interno, preservando a homeostasia. As adaptações fisiológicas seguem diferentes mecanismos. Descreva-os

3 O corpo humano pode se apresentar em estado de repouso ou de exercício físico e, em ambas as situações, possui mecanismos fisiológicos capazes de minimizar as alterações do meio interno, preservando a homeostasia. Nesse sentido, os efeitos fisiológicos do exercício físico são divididos de três formas: agudos imediatos, agudos tardios e crônicos. Assinale a alternativa que corresponde às características dos efeitos crônicos:

a) ( ) Ocorrem nos períodos pré-imediato, e pós-imediato do exercício físico, caracterizados pelos aumentos de frequência cardíaca, venti-lação e sudorese normalmente associados ao esforço.

b) ( ) Ocorrem nas primeiras 24 horas após uma sessão de exercício, identificados na pequena diminuição dos níveis tensionais e na elevação do número de receptores de insulina nas membranas das células musculares.

c) ( ) São adaptações que resultam de exposição esporádica às sessões de exercício.

d) ( ) São adaptações que resultam da exposição regular às sessões de exercício. Exemplo: hipertrofia muscular e o aumento do consumo máximo de oxigênio.

e) ( ) Ocorrem nas primeiras 24 horas após uma sessão de exercício, identificados na pequena diminuição dos níveis tensionais e na elevação do número de receptores de insulina nas membranas das células musculares. Como é o caso da hipertrofia muscular e aumento do consumo máximo de oxigênio.

3 Durante a realização de exercícios físicos mais intensos, ocorre uma maior utilização da glicose, fazendo com que a necessidade de glicose pelo tecido muscular cause no decorrer do tempo, uma redução da glicemia, podendo ser compensada pela liberação de glicose, principalmente a partir do fígado, processo esse chamado de:

AUTOATIVIDADE

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a) ( ) Gliconeogênese. b) ( ) Glicólise.c) ( ) Betaoxidação.d) ( ) Lipólise.e) ( ) Glicogenólise.

4 Sou um polipeptídio liberado a partir da hipófise anterior e estimulo a sín-tese proteica, tanto em jovens quanto em indivíduos mais velhos. Além dis-so, represento um dos principais hormônios lipolíticos. Atuo estimulando a captação tecidual de aminoácidos, síntese proteica e crescimento de ossos longos. Também sou oposto à ação da insulina, uma vez que reduzo a uti-lização de glicose plasmática, aumentando a síntese de glicose no fígado e elevando a mobilização de ácidos graxos do tecido adiposo, buscando poupar a demanda tecidual por glicose plasmática. Quem sou eu?

a) ( ) Hormônio do crescimento (GH). b) ( ) Insulina.c) ( ) Glucagon.d) ( ) Adrenalina.e) ( ) Cortisol.

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TÓPICO 3 — UNIDADE 1

SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE ENERGIA

1 INTRODUÇÃO

Olá, acadêmico, seja bem-vindo ao nosso último tópico da primeira unidade, esperamos que esteja compreendendo esse mundo magnífico, que é a resposta do nosso organismo aos estímulos do exercício físico.

Neste tópico, relembraremos alguns conceitos importantes na área da bioquímica para compreender como os sistemas de produção de energia atuam.

2 AS CÉLULAS

Vamos, então, para nossa estrutura básica, nossas células. As células possuem mecanismos de conversão de energia, e precisam da existência de uma substância com capacidade de acumular a energia oriunda das reações que libertam energia, sendo que essa mesma substância tem capacidade de ceder essa energia às reações que consomem energia. Substância essa conhe-cida por ATP, ou adenosinatrifosfato, um composto químico lábil, que existe em todas as células, sendo uma combinação de adenina, ribose e três radicais fosfato (Figura 8).

FIGURA 8 – ESTRUTURA QUÍMICA DA ADENOSINA TRIFOSFATO

FONTE: <https://bit.ly/3wQ3tp5>. Acesso em: 10 maio 2021.

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UNIDADE 1 — NUTRIÇÃO NO EXERCÍCIO FÍSICO

Tradicionalmente, o ATP é considerado a “moeda energética” do trabalho fisiológico, conforme mencionado, provém do alimento, que após consumido, é digerido, e a energia dele é extraída e conservada na molécula de ATP, que, ao sofrer a hidrolise (rompimento das ligações dos fosfatos terminais em meio aquo-so), libera essa energia para que as reações químicas possam acontecer, como é o caso da contração muscular para a realização de atividades físicas, por exemplo.

O ATP é armazenado na célula em pequena quantidade, assim, para garantir a continuidade da oferta desse substrato, o organismo tem de equilibrar as taxas de utilização e síntese com a ação dos sistemas de fornecimento de energia, quando entra o mecanismo anaeróbio e aeróbio.

Os dois últimos radicais fosfato estão ligados ao restante da molécula por meio de ligações de alta energia, liberando aproximadamente 11 kcal por mol de ATP, ao longo o exercício. Demonstrando que grande parte dos mecanismos celulares que necessitam de energia para funcionar, obtém-na via ATP.

Para que possam compreender de onde vem o ATP, ele é derivado pós-digestão, quando os produtos finais dos alimentos são transportados até às células pela corrente sanguínea, oxidados e, assim, liberam a energia que será utilizada para formar ATP, mantendo um suprimento permanente dessa substância. A respiração celular transforma a energia química dos alimentos em uma forma química de armazenamento temporário (ATP).

Nas fibras musculares, essa energia química armazenada transforma-se em energia mecânica, com o deslize dos miofilamentos durante o ciclo contrátil, sendo, dessa forma, de suma importância nos exercícios de potência de intensidade máxima que duram até 30 s, quando o músculo faz uso das fontes de energia imediatas, designadas por fosfagênios, como adenosinatrifosfato (ATP) e a fosfocreatina (CP).

A principal função dos sistemas energéticos é formar o ATP, o qual será utilizado na contração muscular, pois o musculoesquelético não é capaz de utilizar diretamente a energia originada pela quebra dos grandes compostos energéticos provenientes da alimentação, como o carboidrato, os ácidos graxos e as proteinas. Pois, nas pontes transversas de miosina, há um único tipo de enzima, a ATPase, que hidrolisa ATP, para poderem ser utilizadas na contração muscular.

Todavia, cabe ressaltar que nem toda energia liberada pela hidrólise do ATP é usada na contração muscular, já que grande parte (cerca de 60 – 70%) é dissipada como calor, sendo utilizado, em sua maioria, no metabolismo com o objetivo de manter a temperatura corporal estável e não apenas garantir energia para a contração muscular.

Nesse sentido, apesar de o ATP representar grande importância nos pro-cessos de utilização de energia, não é o maior depósito de ligações fosfato de alta energia na fibra muscular, a CP também possui este tipo de ligações, tendo uma

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TÓPICO 3 — SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE ENERGIA

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concentração de quatro a cinco vezes maior que a do ATP, sendo possível aumen-tar as suas concentrações musculares com a suplementação de creatina. As con-centrações de ATP e CP no musculoesquelético de um indivíduo sedentário são, respectivamente, de seis e 28 mmol/Kg de músculo (TINOCO, 2002). Essas subs-tancias representam o sistema ATP-CP (sistema alático) para geração de energia:

Quando a célula possui quantidade extra de ATP, grande parte da sua energia é utilizada para sintetizar CP, formando um reservatório de energia. Quando se começa a gastar o ATP na contração muscular, a energia da CP é rapidamente transferida de volta para o ATP (ressíntese do ATP) e deste para os sistemas funcionais da célula. Como a CP possui o maior nível energético proveniente da ligação fosfato de alta energia, a reação entre a CP e o ATP atinge um estado de equilíbrio, mais a favor do ATP. Sendo assim, o mínimo gasto de ATP pela fibra muscular utiliza a energia proveniente da CP para a síntese imediata de mais ATP. Enquanto existir CP disponível, este processo mantém a concentração do ATP a um nível quase constante, fato importante, já que a velocidade de grande parte das reações no organismo depende dos níveis deste composto. Nas atividades físicas, a contração muscular depende totalmente da constância das concentrações intracelulares do ATP, já que esta é a única molécula capaz de ser utilizada para a produção do deslize dos miofilamentos contráteis.O ATP se mantém a um nível constante nos primeiros segundos de uma intensa atividade muscular como o sprint, enquanto ocorre um declínio das concentrações de CP à medida que este vai se degradando rapidamente para a ressíntese do ATP gasto. Na exaustão, os níveis de ATP e CP são muito baixos, tornando-os incapazes de fornecer energia para assegurar posteriores contrações e relaxamentos das fibras esqueléticas ativas. Por este motivo, é limitada no tempo a capacidade de se manter os níveis de ATP ao longo do exercício de alta intensidade à custa da energia obtida da CP. Vários autores, afirmam que as reservas de ATP e CP apenas suprem as necessidades energéticas musculares durante sprints de intensidade máxima até 15s (TINOCO, 2002, p. 54).

FIGURA 9 – SISTEMA ANAERÓBIO ALÁTICO

FONTE: <https://bit.ly/3cYYBGr>. Acesso em: 10 maio 2021.

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UNIDADE 1 — NUTRIÇÃO NO EXERCÍCIO FÍSICO

Além do sistema ATP-CP, utilizado predominantemente em exercícios de curtíssima duração, tem-se o sistema da glicólise (Sistema Anaeróbio Láctico).

A glicólise, ou sistema anaeróbio láctico, abrange uma via metabólica utilizada por todas as células do nosso organismo, de onde se extrai parte da energia existente na molécula da glicose e se originam duas moléculas de lactato, sem consumo de oxigênio molecular, fermentação anaeróbica, em que são gerados dois moles de ATP por cada mol de glicose.

No caso das células que possuem mitocôndrias, a glicólise pode ocorrer na presença de oxigênio molecular, desde que o piruvato não seja reduzido a lac-tato. O piruvato, então, entra na mitocôndria sendo oxidado a dióxido de carbono e água, produzindo aproximadamente 38 moles de ATP para cada mol de glicose oxidada (TINOCO, 2002).

FIGURA 10 – SISTEMA ANAERÓBIO ALÁTICO

FONTE: <https://bit.ly/35EWIdZ>. Acesso em: 10 maio 2021.

O processo da glicólise ocorre em três etapas distintas.

Etapa 1: através da ação da enzima hexocinase, a glicose é fosforilada e a glicose-6-fosfato (G6P), produzida no citosol. Essa é uma reação irreversível. Quando o fígado precisa fornecer glicose para outros tecidos, a G6P sofre a ação da enzima glicose-6-fosfatase, que catalisa a reação reversa da catalisada pela hexocinase. Em seguida, por meio da enzima fosfoglicose isomerase, a G6P é transformada no seu isômero frutose-6-fostato ou F6P, recebendo mais um grupamento fosfato, sendo transformada no composto frutose-1,6-bisfosfato, outra reação irreversível, catalisada pela fosfofruto-cinase, uma enzima alostérica.Etapa 2: a frutose-1,6-bisfosfato dá origem a uma molécula de di-idroxiacetona fosfato e uma molécula de gliceraldeído-3-fosfato (GAP) pela ação da aldolase. A di-idroxiacetona fosfato sofre ação da triose fosfato isomerase e é convertida em gliceraldeído-3-fosfato.

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TÓPICO 3 — SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE ENERGIA

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Etapa 3: a enzima gliceraldeído-3-fosfato desidrogenase age sobre o GAP produzindo o 1,3-bisfosfoglicerato, tendo o NAD (Nicotinamida adenina di-nucleotídeo) como coenzima. O composto 1,3-bisfosfogli-cerato possui alto potencial energético permitindo a produção de ATP na reação seguinte, tendo como catalisadora a enzima fosfoglicerato cinase. A outra reação que sintetiza ATP transforma fosfoenolpiruvato em piruvato pela ação da piruvato cinase, sendo uma reação também irreversível (GLICÓLISE [...], 2021, s.p.).

Resumindo as condições que requerem desse sistema, podem-se citar os esforços de alta intensidade com duração entre 30 s e 1 min como uma corrida de 400 m, os quais recorrem a um sistema energético caracterizado por uma grande produção e acumulação de ácido láctico, por isso, as modalidades que requerem esse tipo de esforço são habitualmente chamadas de lácticas, já que a produção de energia no músculo é proveniente do rápido desdobramento dos hidratos de carbono armazenados como glicogênio, em ácido lático, se tratando de um processo anaeróbio que ocorre no citosol das fibras esqueléticas, em que a molécula da glicose é degradada anaerobicamente a ácido pirúrvico ou láctico, sendo muito ativo no musculoesquelético.

Em atletas de elite, observam-se as maiores concentrações sanguíneas de lactato, em especialistas de 400-800m, tais atletas procuram aumentar a sua potência láctica devido a maior produção de energia daí resultante, já que quanto mais ácido láctico for formado, naturalmente, maior formação de ATP será obtido por esta via. Dessa forma, a produção do ácido láctico acaba sendo um mal menor e inevitável ao se recorrer a este sistema energético.

Destaca-se que os músculos dos velocistas particularmente possuem grande atividade glicolítica, por possuírem um grande percentual de fibras do tipo II (de contração rápida). Sabe-se que a glicólise é a principal fonte de energia nas fibras tipo II durante o exercício intenso. Por fim, veremos que:

A produção de ATP através do metabolismo aeróbio (sistema oxidativo), pela quebra da glicose, o qual divide-se em três etapas:1ª etapa: glicólise – ocorre no citoplasma, gerando 2 ATPs + 2 piruvato + 2 NADH, com oxigênio suficiente. O ácido pirúvico entra na segunda etapa (Ciclo de Krebs).2ª etapa: ciclo de Krebs ou Ciclo do Ácido Cítrico – ocorre na matriz mitocondrial, onde o ácido pirúvico é convertido em acetil-CoA, o qual é fracionado, formando 2 ATPs + 8 NADH + 2 FADH2, sendo os dois últimos direcionados para a última etapa (Cadeia Respiratória).3ª etapa: cadeia respiratória – ocorre na crista mitocondrial. Os 8 NADH e os 2 FADH2 liberam seus elétrons (H+) ricos em energia, produzindo 3 ATPs por cada NADH e 2 ATPs por cada FADH2. Os elétrons liberados originam 30 ATPs provenientes do NADH, sendo 2 da cadeia respiratória e 8 do ciclo de Krebs (10 NADH x 3) e somados a 4 ATPs provenientes do FADH2, sendo 2 da cadeia respiratória x 2, obtém-se 34 ATPs (GLICÓLISE [...], 2021, s.p.).

Assim, a degradação total de uma molécula de glicose, produz 38 ATPs, sendo duas de glicólise, duas do ciclo de Krebs e 34 da cadeia respiratória. Nes-se sentido, estudos apontam que esforços contínuos que duram entre 1 e 2 min,

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UNIDADE 1 — NUTRIÇÃO NO EXERCÍCIO FÍSICO

do ponto de vista energético, são supridos tanto pelos sistemas anaeróbio (fosfa-gênios e glicólise) e aeróbio, significando que a produção de aproximadamente metade do ATP ocorre fora da mitocôndria e a outra parte no seu interior. Em exercícios que duram mais que dois minutos, a produção de ATP é fornecida maioritariamente pela mitocôndria, por serem esforços conhecidos como oxidati-vos ou aeróbios (Figura 11 e Quadro 4) (TINOCO, 2002).

FIGURA 11 – SISTEMAS DE ENERGIA E SUA PREDOMINÂNCIA

FONTE: Lamp (2016, p. 13)

QUADRO 4 – RESUMO DOS SISTEMAS GERADORES DE ENERGIA

Característica ATP - CP Ácido Lático Aeróbico

Combustível utilizado

Fosfato de alta energia carboidratos carboidratos,

gorduras e proteínas

Localização Sarcoplasma Sarcoplasma Mitocôndria

Fadiga devido à... depleção de fosfato acúmulo de lactato depleção de

glicogênio

Capacidade:Homem Mulher

muito limitada8 - 10 Kcal 5 - 7 Kcal

limitada12 - 15 Kcal 8 - 10 Kcal

sem limite>90.000 Kcal >115.000 Kcal

Força:

Homem Mulher

muito alta

36-40 Kcal/min 26-30 Kcal/min

alto/moderada16-20 Kcal/min 12-15 Kcal/min

moderada/baixa12-15 Kcal/min 9-12 Kcal/min

Intensidade: % máximo

muito alta > 95% F. C. M.

alta/moderada 85%-95 F. C. M.

moderada /baixa <85% F. C. M.

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TÓPICO 3 — SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE ENERGIA

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Tempo para fadiga

muito curto: de 1- 15 seg.

curto/médio: de 45 - 90 segs.

médio/longo: de 3-5 min.

Atividades:

corrida natação ciclismo

remo

<100 m < 25 m <175 m < 50 m

400-800 m 100-200 m 750-1500 m 250-500 m

>1500 m > 400 m >3000 m >1000 m

FONTE: <http://www.cdof.com.br/nutri2.htm>. Acesso em: 25 mar. 2013.

Dos grupos de compostos energéticos adquiridos pela alimentação (carboidratos, ácidos graxos e aminoácidos), somente os carboidratos podem ser utilizados para a produção rápida de energia sem recorrer à utilização de oxigênio (glicólise), o que ocorre durante as atividades de máxima intensidade com duração de 30 segundos a 1 minuto. Importante destacar que a oxidação permite a continuação do catabolismo da glicose a partir do piruvato, bem como dos ácidos graxos e dos aminoácidos, diferente da glicólise, que utiliza exclusivamente glicose.

IMPORTANTE

Para finalizar essa abordagem dos sistemas geradores de energia, é importante destacar que grande parte das atividades diárias é suprida pelo metabolismo aeróbio, sendo a maior parte do gasto energético muscular proveniente da oxidação mitocondrial dos ácidos graxos livres (AGL). Embora a produção energética seja assegurada em 40% pelos carboidratos e em 60% pelos lipídeos em repouso. O cérebro é o maior consumidor de carboidratos do organismo, situação em que os AGL asseguram quase totalmente as necessidades energéticas musculares (HIRSCHBRUCH, 2016).

3 METABOLISMO DOS MACRONUTRIENTES

A síntese e a degradação do glicogênio (glicogênese e glicogenólise) acontecem em momentos distintos: no período pós-prandial e em repouso, há a ação da insulina, e podemos utilizar a glicose proveniente dos alimentos para armazenar em forma glicogênio (hepático e muscular). Por sua vez, em períodos de jejum, hipoglicemia e de pratica de exercícios físicos, os hormônios glucagon e/ou epinefrina estão em ação no fígado e no músculo, respectivamente, e necessitamos mobilizar os estoques de glicogênio para disponibilizar moléculas de glicose para suprir as necessidades (HIRSCHBRUCH, 2016).

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UNIDADE 1 — NUTRIÇÃO NO EXERCÍCIO FÍSICO

Durante os exercícios físicos, a glicose mobilizada da molécula de glicogênio muscular pode ser oxidada de forma aeróbia ou anaeróbia, dependendo do aporte de oxigênio, ou seja, depende do tipo e da intensidade da atividade realizada, conforme discutido anteriormente.

Nossa musculatura esquelética, não é capaz de estocar glicogênio suficiente para sustentar exercícios físicos muito longos, assim, ao começarem a esgotar os estoques de glicogênio muscular, uma outra reserva energética começa a ser mobilizada durante a pratica de exercícios físicos: os ácidos graxos, estocados na forma de triacilglicerol no tecido adiposo. A oxidação dos ácidos graxos (beta-oxidação) ocorre nas mitocôndrias, fazendo com que esses só possam ser utilizados como fontes de energia em situação aeróbia, ou seja, na presença de oxigênio (TINOCO, 2002).

Durante a pratica de exercício físico, nosso organismo utiliza de diferentes formas para captar energia e manter a contração muscular, concomitantemente, outras funções fisiológicas permanecem acontecendo. Destaca-se também, que nosso organismo trabalha com “mecanismos de redundância”, ou seja, diferentes formas de obter resultados semelhantes, para que, caso houver alguma falha no processo, exista outro sistema compensatório, como ocorre com nossos sistemas energéticos, onde os ATPs, a fosfocreatina (sistema ATP-CP), os estoques de glicogênio e triacilglicerol, conseguem realizar alguns desses processos independentemente da presença de oxigênio.

As reações acontecem de uma forma dinâmica, todavia, como exemplo ilustrativo, e como uma sequência lógica de eventos, podemos pensar na contribuição das diferentes fontes energéticas no decorrer dos exercícios físicos da maneira como está ilustrado no Gráfico 1.

GRÁFICO 1 – VALORES RELATIVOS DA CINÉTICA DE CONSUMO DE GLICOSE E DE ÁCIDOS GRAXOS PELO MÚSCULO ESQUELÉTICO DURANTE CONTRAÇÕES

FONTE: <https://www.scielo.br/img/revistas/abem/v55n5/a02fig4.jpg>. Acesso em: 10 maio 2021.

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TÓPICO 3 — SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE ENERGIA

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LEITURA COMPLEMENTAR

CONTRAÇÃO MUSCULAR

Portal da Educação

A especialidade do musculoesquelético é a transformação de energia química em energia mecânica, sendo este órgão desenvolvido para otimizar esta função usando um conjunto de proteínas relacionadas com o movimento.

O musculoesquelético é formado por células alongadas, multinucleadas conhecidas por fibras musculares. Nessas fibras existem actina e miosina, proteínas contráteis que formam os filamentos finos e grossos respectivamente, dispostos paralelamente nas miofibrilas das fibras. As miofibrilas também estão arranjadas paralelamente, apresentando um padrão de bandas escuras e claras dispostas em série, o que dá a característica de estrias às fibras desses músculos. Esta aparência estriada se deve à birrefringência diferente das proteínas contrateis.

A banda clara é conhecida por banda-I, devido à isotropia (I) da região da miofibrila dada pelos filamentos finos, já a banda-A, é assim conhecida por sua anisotropia(A), formada por filamentos grossos intercalados aos finos. Denomina-se sarcômero a unidade contrátil, e seus limites laterais são dados pelos discos Z, formados por alfa-Actinina, onde os filamentos finos, a Tinina e a Nebulina se prendem. O sarcômero é delimitado por duas linhas Z, separadas por duas banda-I e uma banda-A.

FIGURA – CONTRAÇÃO MUSCULAR

FONTE: <https://bit.ly/3wNSDjh>. Acesso em: 10 maio 2021.

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UNIDADE 1 — NUTRIÇÃO NO EXERCÍCIO FÍSICO

O fornecimento direto de energia utilizada na contração muscular é de responsabilidade do ATP. Na presença de ATP, as Miofibrilas isoladas podem ser contraídas e durante a contração a banda I diminui de comprimento enquanto a banda A o mantém. As bandas Z então se aproximam e assim, os sarcômeros se encurtam.

Quando falta ATP, a miosina e a actina continuam ligadas. Já quando existe ATP ocorre hidrólise de sua molécula liberando energia que será utilizada para movimentar a junção miosina/actina. Isso sugere que a contração muscular ocorra por meio do deslizamento de dois filamentos um sobre o outro, sem alterar suas estruturas, composição química ou comprimento.

Na contração muscular isotônica o comprimento do sarcômero diminui, e os filamentos se encontram no centro da banda H, ponto em que se obser-va tensão máxima e os filamentos não tem como deslizar mais, atingindo uma situação isométrica. Já com relação à contração isométrica, onde não ocorre a diminuição do comprimento do músculo, a energia que o ATP libera não pode ser transformada em trabalho por conta da incapacidade de deslizar mais os fila-mentos sobre os outros e ocorre produção somente de calor mas de trabalho não.

Assim, podemos definir a contração como a ativação das fibras musculares com a tendência destas se encurtarem. Ocorre com o aumento do cálcio citosólico, que dispara diversos eventos moleculares, que causam a interação entre miosina e actina, fazendo com que essa última, deslize sobre os filamentos, grosso e os sarcômeros encurtem-se em série.

FONTE: <https://siteantigo.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/nutricao/contracao-muscular/39419>. Acesso em: 10 maio 2021.

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RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, você aprendeu que:

• As células possuem mecanismos de conversão de energia, e precisam da existência de uma substância que tem capacidade de acumular a energia oriunda das reações que libertam energia, substância essa conhecida por ATP, ou adenosina trifosfato, um composto químico lábil, que existe em todas as células, sendo uma combinação de adenina, ribose e três radicais fosfato.

• O ATP é derivado pós-digestão, quando os produtos finais dos alimentos são transportados até às células pela corrente sanguínea, oxidados e assim, liberam energia que será utilizada para formar ATP, mantendo assim um suprimento permanente dessa substância. A respiração celular transforma a energia química dos alimentos em uma forma química de armazenamento temporário (ATP).

• A principal função dos sistemas energéticos é formar o ATP, o qual será utilizado na contração muscular, pois o musculoesquelético não é capaz de utilizar diretamente a energia originada pela quebra dos grandes compostos energéticos provenientes da alimentação, como o carboidrato, os ácidos graxos e as proteinas.

• A produção de ATP através do metabolismo aeróbio ocorre pela quebra da glicose, a qual divide-se em três etapas: glicólise; ciclo de Krebs ou ciclo do ácido cítrico; cadeia respiratória.

• Dos grupos de compostos energéticos adquiridos pela alimentação (carboidratos, ácidos graxos e aminoácidos), somente os carboidratos podem ser utilizados para a produção rápida de energia sem recorrer à utilização de oxigênio (glicólise).

• A oxidação permite a continuação do catabolismo da glicose a partir do piruvato, bem como dos ácidos graxos e dos aminoácidos, diferente da glicólise, que utiliza exclusivamente glicose.

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UNIDADE 1 — NUTRIÇÃO NO EXERCÍCIO FÍSICO

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CHAMADA

• Durante os exercícios físicos, a glicose mobilizada da molécula de glicogênio muscular pode ser oxidada de forma aeróbia ou anaeróbia, dependendo do aporte de oxigênio, ou seja, depende do tipo e da intensidade da atividade realizada, conforme discutido anteriormente.

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1 Durante a pratica de exercício físico, nosso organismo utiliza de diferentes formas para manter a contração muscular, concomitantemente, outras funções fisiológicas permanecem acontecendo. Destaca-se também, que nosso organismo trabalha com “mecanismos de redundância”, ou seja, diferentes formas de obter resultados semelhantes, para que, caso houver alguma falha no processo, exista outro sistema compensatório, como ocorre com nossos sistemas. Descreva a principal função dos sistemas energéticos.

2 A síntese e a degradação do glicogênio acontecem em momentos distintos, no período pós-prandial e em repouso, há a ação da insulina, e podemos utilizar a glicose proveniente dos alimentos para armazenar em forma glicogênio. Em períodos de jejum, hipoglicemia e de prática de exercícios físicos, os hormônios glucagon e/ou epinefrina estão em ação no fígado e no músculo, respectivamente, e necessitamos mobilizar os estoques de glicogênio para disponibilizar moléculas de glicose para suprir as necessidades. Ainda, durante os exercícios físicos, a glicose mobilizada da molécula de glicogênio muscular pode ser oxidada de forma aeróbia ou anaeróbia, dependendo do aporte de oxigênio, ou seja, depende do tipo e da intensidade da atividade realizada. Descreva o que ocorre no momento em que os estoques de glicogênio se esgotam.

3 Quando a célula possui quantidade extra de ATP, grande parte da sua energia é utilizada para sintetizar CP, formando um reservatório de energia. Quando se começa a gastar o ATP na contração muscular, a energia da CP é rapidamente transferida de volta para o ATP (ressíntese do ATP) e deste para os sistemas funcionais da célula. Como a CP possui o maior nível energético proveniente da ligação fosfato de alta energia, a reação entre a CP e o ATP atinge um estado de equilíbrio, mais a favor do ATP. Sendo assim, o mínimo gasto de ATP pela fibra muscular utiliza a energia proveniente da CP para a síntese imediata de mais ATP. Nas atividades físicas, a contração muscular depende totalmente da constância das concentrações intracelulares do ATP, já que esta é a única molécula capaz de ser utilizada para a produção do deslize dos miofilamentos contráteis. Qual é esse sitema de geração de energia e qual o tempo dos exercícios que utilizam desse mecanismo?

a) ( ) Sistema alático – duração de 1 a 15 segundos.b) ( ) Sistema alático – duração de 1 a 30 segundos.c) ( ) Sistema oxidativo – mais que 30 segundos.d) ( ) Sistema lático – duração de 1 a 15 segundos.e) ( ) Nenhuma das alternativas está correta.

AUTOATIVIDADE

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4 O sistema anaeróbio lático abrange uma via metabólica utilizada por todas as células do nosso organismo, de onde se extrai parte da energia existente na molécula da glicose e se originam duas moléculas de lactato, sem consumo de oxigênio molecular, fermentação anaeróbica, onde são gerados dois moles de ATP por cada mol de glicose. Qual processo corresponde à esse sistema?

a) ( ) Proteólise.b) ( ) Glicólise.c) ( ) Lipólise.d) ( ) Fermentação aeróbica.e) ( ) Glicogenólise.

5 A produção de ATP através do metabolismo aeróbio (sistema oxidativo), ocorre por meio de três etapas. Assinale a opção CORRETA, considerando a ordem correta das etapas.

a) ( ) Glicólise; ciclo de krebs e cadeia respiratória.b) ( ) Cadeia respiratória; ciclo do ácido cítrico e glicólise.c) ( ) Ciclo de krebs; glicólise e ciclo do ácido cítrico.d) ( ) Glicogenólise; lipólise e betaoxidação.e) ( ) Glicólise, ciclo de krebs, fermentação anaeróbica.

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UNIDADE 2 —

COMPOSIÇÃO CORPORAL E NECESSIDADES NUTRICIONAIS

NO ESPORTE

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

PLANO DE ESTUDOS

A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• reconhecer os diferentes procedimentos que podem ser utilizados para avaliação da composição corporal, bem como os resultados deve ser interpretado e analisado;

• identificar a importância dos macronutrientes no metabolismo dosesportistas e atletas;

• verificar os cálculos e diretrizes para recomendação do consumo deenergia e de macronutrientes aos esportistas e atletas;

• descreverosbenefíciosdahidrataçãoantes,duranteeapósapráticadoexercíciofísico,considerandoasvariáveisdecadamodalidadeesportiva,fisiologiadoatletaecondiçõesambientais,compreendendoaimportânciadaorientaçãodofluidoeeletrólitocompatívelaoesportista/atleta;

• identificarnosfluidosdisponíveisnomercado,quaispodemserutiliza-dospelosesportistas/atletas,bemcomo,qualmomentoeaquantidadeque deve ser consumido, refletindo sobre o conteúdo energético e deeletrólitos dessa bebida, conhecida como suplementos hidroeletrolíticos para atletas.

Estaunidadeestádivididaemtrêstópicos.Nodecorrerdaunidade,você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdoapresentado.

TÓPICO 1 – COMPOSIÇÃO CORPORAL

TÓPICO2–NECESSIDADESNUTRICIONAISNOESPORTE

TÓPICO3–HIDRATAÇÃONOESPORTE

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Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

CHAMADA

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UNIDADE 2

1 INTRODUÇÃO

Para falarmos de composição corporal, precisamos, inicialmente, relembrar o que é a antropometria.A palavra antropometria tem sua origemdo grego: anthropo, que significa homem, emetron, medida, ou seja, medidasfísicasdeum indivíduo relacionadasaumpadrãoque refleteo crescimentoedesenvolvimento, compondo a avaliação nutricional (ROSSI, 2005).

Com esses dados, conseguimos estudar a composição corporal humana e seus diversos constituintes, como a massa corporal total, expressa por percentuais de gordura e massa magra (COSTA, 2001).

Nessesentido,oestudodacomposiçãocorporalsefazdesumaimpor-tâncianaavaliaçãodeindivíduossaudáveis,doentes,praticantesdeexercíciofísico e atletas de alto nível, possibilitando o entendimento de processos relacio-nadoscomamortalidadeemorbidade,comonocasodaobesidade,alteraçõesno processo de crescimento e desenvolvimento, aptidão física, treinamento e desempenhoesportivos(ROSSI;CARUSO;GALANTE,2015).

TÓPICO 1 —

COMPOSIÇÃO CORPORAL

2 VARIÁVEIS APLICADAS NA AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL

SegundoGuedeseGuedes(1998),asinformaçõesreferentesàcomposiçãocorporal ganham destaque nos programas de controle da massa corporal que exigem acompanhamento criterioso quanto ao aconselhamento nutricional e a prescrição de exercícios físicos. Devem ser considerados os principaiscomponentesdevariaçõesnacomposiçãocorporalcomoosossos,osmúsculoseagordura(ROSSI;CARUSO;GALANTE,2015).

É possível dividir a massa corporal em massas gorda e magra, quando, de maneirageral,pode-seadotarcomomédiaqueotecidoadiposo,emindivíduossaudáveisdosgênerosmasculinoefeminino,representeaproximadamente15e23%damassacorporaltotal,respectivamente,eorestanteéconsideradomassamagra(MM)–75a85%.

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UNIDADE 2 — COMPOSIÇÃO CORPORAL E NECESSIDADES NUTRICIONAIS NO ESPORTE

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Para verificação da composição corporal, tem-se os métodos diretos,indiretos e duplamente indiretos (Figura 1). Os métodos indiretos tambémreferenciados como “padrão-ouro” utilizam equipamentos complexos, como tomografia computadorizada (TC), densitometria óssea (DEXA – dual-energy X-ray absorptiometry),ultrassonografia,tanquedepesagemhidrostática;todavia,emborasejamaceitoseválidos,apresentamemcomumasseguinteslimitaçõesparaestudosdecampo:gastammuitotempoparaumaúnicadeterminação,osequipamentossãodealtocustoouhánecessidadede laboratóriodepesquisa,alémdisso,precisamdepessoaltécnicoespecializadoparaosprocedimentosegeralmente exigem alto grau de participação do indivíduo.

FIGURA 1 – METODOLOGIAS DE ANÁLISE DA COMPOSIÇÃO CORPORAL

FONTE: Rossi, Caruso e Galante (2015, p. 160)

Nesse sentido, os métodos duplamente indiretos são consideradoscomo os de primeira opção, representando facilidade e rapidez na coleta, não invasibilidade, facilidadede interpretação,pequenasrestriçõesculturais,baixograu de colaboração do avaliado, reprodutibilidade, sistemática de análise dacomposiçãocorporalecondiçõespré-avaliatóriassimples,entreoutrasvantagens.Essemétodoexigeumavaliadortreinadoeexperiente,escolhadeequipamentoede protocolos adequados para obtenção e discussão dos resultados.

Suas técnicas consistem basicamente em realizar as mensurações dedobrascutâneas,perímetrosediâmetrosósseos,emváriossegmentosamostrais.Esseprincípiobaseia-senopressupostodeque,emadultossaudáveis,metadea1/3dagorduracorporalésubcutâneaeapresentaboarelaçãoentregorduranaáreasubcutâneaedensidadecorporal(CYRINOet al., 2003).

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TÓPICO 1 — COMPOSIÇÃO CORPORAL

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2.1 DOBRAS CUTÂNEAS

Aobtençãodasdobrascutâneas(DC)éumadasmedidasantropométricasmais comumente utilizada nas estimativas de parâmetros da composiçãocorporale,comoprocedimentodeestudo,estáalicerçadanaobservaçãodequegrandequantidadedegorduracorporaltotalseencontranotecidosubcutâneo.Dessamaneira,medidasquantoà sua espessura serviriamcomo indicadordaquantidade de gordura localizada naquela região do corpo.Normalmente, asmedidasdebíceps e tríceps já são suficientes comomedidaspreestabelecidas,porémjáforamrelatadosmaisde93locaisanatômicosparaarealizaçãodedobrascutâneas(GUEDES;GUEDES,2002).

Asdobrasmaisreferenciadasnaliteraturaequecompõemamaioriadasequações antropométricas preditivas para determinação da gordura corporalsão:tríceps,bíceps,subescapular,abdominal,axilarmédia,peitoral,suprailíaca,coxaepanturrilha(COSTA,2001).Asconsideraçõesgeraisparaarealizaçãodemedidas de dobras estão no Quadro 1.

Medir sempre o hemicorpo direito,amenosquehajaumarecomendaçãoespecífica(ladonãodominante),estandooavaliadoemumaposiçãocômodaecomamusculaturarelaxada.Aomedir,é imprescindíveladeterminaçãoexatadoponto anatômico, de preferência conforme a padronização, alémde seguiro procedimento técnico adequado, minimizando as diferenças inter e intra-avaliadores. Segue passo a passo:

Separar o tecido adiposo subcutâneodo tecidomuscular e estruturasmaisprofundas,pormeiodosdedospolegareindicadordamãoesquerda.Des-tacaraDCcolocandoopolegareodedoindicador,separadospor,aproxima-damente,8cmentresi,sobreumalinhaperpendicularaoeixoqueacompanhaa dobra da pele.

Quanto mais espesso for o tecido subcutâneo, maior deverá ser adistância entre o polegar e o dedo indicador para destacar a dobra.Ajustarasextremidadesdoequipamentocercade1cmdopontoanatômico.Elevaradobracutâneaporvoltade1cmacimadopontodemedidaemantê-laelevadaenquanto faz a medida (Figura 3).

Ao finalizar, soltar a pressão das hastes do compasso lentamente eaguardar de dois a quatro segundos para fazer a leitura, dependendo do plicômetro/adipômetroedahabilidadedoavaliador.Realizar trêsmedidasdecadadobraalternadas,tiraramédiaouconsiderarovalorintermediário.AbrirocompassolentamenteeliberaraDC,evitando“beliscar”oavaliado.

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UNIDADE 2 — COMPOSIÇÃO CORPORAL E NECESSIDADES NUTRICIONAIS NO ESPORTE

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QUADRO 1 – ORIENTAÇÃO PARA MEDIDAS DAS DOBRAS CUTÂNEAS

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TÓPICO 1 — COMPOSIÇÃO CORPORAL

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FONTE: Rossi, Caruso e Galante (2015, p. 164)

FIGURA 2 – LOCAIS DE PADRONIZAÇÃO PARA MEDIÇÃO DAS DOBRAS CUTÂNEAS

Legenda: A. Tríceps; B. Bíceps; C. Subescapular; D. Abdominal; E. Axilar média; F. Peitoral feminino; G. Peitoral masculino; H. Suprailíaca; I. Coxa; J. Panturrilha.

FONTE: Rossi, Caruso e Galante (2015, p. 163)

Paramedirasdobrascutâneas,éutilizadoumequipamentoespecífico,querecebediversasdesignações:compasso de dobras cutâneas, espessímetro, plicômetro ou adipômetro. Esse equipamento tem como aplicação a medição da espessura do tecido adiposo em determinados pontos da superfície corporal, conforme descritos anteriormente (Figura 3).

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FIGURA 3 – DIFERENTES PLICÔMETROS ENCONTRADOS NO MERCADO

Legenda: A. Digital Fat Track Pro; B. Lange; C. Body Caliper; D. Sanny clínico; E. Sanny científico; F. Cescorf clínica; G. Cescorf científico.

FONTE: Rossi, Caruso e Galante (2015, p. 169)

2.2 CIRCUNFERÊNCIA OU PERÍMETRO

As medidas são feitas com auxílio de fita métrica flexível, porémnãoelástica, comprecisãode1mm (Quadro2).Essafitamétricadeve ter,depreferência, somente umamarcação numérica do lado destinado à leitura e 7mmdelargura.NoQuadro2estãorelacionadasasmedidasdecircunferênciasmaisutilizadasnapráticanutricional.Pararealizaçãodasmedidascorporaissãoconsiderados os seguintes tópicos:

Oplanodafitadeveestaradjacenteàpele,esuasbordas,perpendicularesem relação ao eixo do segmento que se quer medir (com exceção da medida do perímetrodacabeçaedopescoço).Mediroperímetroemsuaextensãomáxima,comozerodafitaestandoporbaixodovalordaleitura.Realizarasmensuraçõesexercendo levepressão sobreapele, evitar apertar excessivamenteafita.Paramanter constante a pressão exercida sobre a pele, é interessante prender umelásticonaextremidadedoinstrumento;durantearealizaçãodamedida,procurarmantê-loestendido.Nãodeixarodedoentreafitaeapelee,semprequepossível,medirsobreapelenua.Noscasosdasmensuraçõesdascircunferênciasdetronco,cinturaeabdome,realizaraleituranafasefinaldaexpiraçãonormal.

Mas em que as medidas de circunferência podem auxiliar-nos? Elaspodem contribuir com os estudos de crescimento em crianças, fornecer índices de estado nutricional e níveis de gordura (estimativas indiretas), assim como, facilitarestudosdecomposiçãocorporaldeindivíduosjovens,idososecriançasporserummododemensuraçãoantropométricasimples,rápidoemaisadequadoaessaspopulações.

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TÓPICO 1 — COMPOSIÇÃO CORPORAL

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QUADRO 2 – LOCAIS DE PADRONIZAÇÃO E PROPÓSITO PARA MEDIÇÃO DAS CIRCUNFERÊNCIAS CORPORAIS

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UNIDADE 2 — COMPOSIÇÃO CORPORAL E NECESSIDADES NUTRICIONAIS NO ESPORTE

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FONTE: Rossi, Caruso e Galante (2015, p. 173)

2.3 BIOIMPEDÂNCIA

SegundoHeywardeStolarczyk(2000),aanálisedeBIA(Bioimpedância–Figura4)éummétodorápido,nãoinvasivoerelativamentebaratodeava-liaçãodacomposiçãocorporal.Ométodobaseia-senapassagemdecorrenteelétricadebaixaamplitude(50a800mA)ealtafrequência(50kHz).

FIGURA 4 – DIFERENTES TIPOS DE APARELHOS DE BIOIMPEDÂNCIA

Legenda: A. Biodynamics; B. TanitaFONTE: Rossi, Caruso e Galante (2015, p. 180)

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TÓPICO 1 — COMPOSIÇÃO CORPORAL

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Comessemétodo,umacorrenteelétricadebaixonívelpassapelocorpoeaimpedância(Z),ouoposiçãoaofluxodacorrente,éamedidacomanalisadordeBIA.Aáguacorporaltotal(ACT)deumindivíduopodeserestimadapelamedidadeimpedância,poisoseletrólitosnaáguacorporalsãoexcelentescondutoresdecorrenteelétrica.

QuandoovolumedaACTégrande,acorrentefluimaisfacilmentepelocorpocommenorresistência(R).Aresistênciaaofluxodacorrenteserámaiorem indivíduos com grande quantidade de gordura corporal, pelo fato de o tecidoadipososerummaucondutordecorrenteelétricaporsuarelativabaixaconcentraçãodeágua(ROSSI,2005).

Comooconteúdodeáguadamassalivredegordura(MLG)érelativamentegrande(73%deágua),estapodeserpreditapormeiodasestimativasdeACT.Dessamaneira,éimportanteobservarqueaBIAnãomedediretamenteacomposiçãocorporal,masaresistênciaeareatância,tendocomofinalidade,estimaraáguacorporal total e, a partir desta, a massa isenta de gordura, na qual, subtraindo esse valordamassacorporal,obtém-seopercentualdegordura (ROSSI;CARUSO;GALANTE,2015)

ComparandoaexatidãorelativadométododeBIAsercompatívelaodeDC,aBIAdeveserpreferidaemalgumassituações,asquaisserãopontuadasnoQuadro 3:

Nãorequeraltograudehabilidadedoavaliador,emsuamaioria,émaisconfortávelenãoinvadetantoaprivacidadedoindivíduo.Seuusopotencialestásendoestabelecidoparaaplicaçõesclínicas,comoavaliaçãode%G,MM,ACT,entre outras.

QUADRO 3 – FATORES INTERVENIENTES NA APLICAÇÃO DO MÉTODO DE BIOIMPEDÂNCIA

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UNIDADE 2 — COMPOSIÇÃO CORPORAL E NECESSIDADES NUTRICIONAIS NO ESPORTE

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Legenda: BIA = bioimpedância; R = resistênciaFONTE: Rossi, Caruso e Galante (2015, p. 182)

Segundo Heyward e Stolarczyk (2000), a principal fonte de erro do métododeBIAéavariabilidade intraindividualna resistência totaldo corpo,devido a fatores que alteram o estado de hidratação do indivíduo. Entre 3,1 e 3,9%da variação na resistência podem ser atribuídos às flutuações diárias naáguacorporal.OprotocoloquedeveserobedecidopeloavaliadoparaaobtençãodeumtestedeBIAmaisfidedignoemsuasdiferentesaplicaçõeséoseguinte:

• Jejumdepelomenos4horas.• Nãofazerexercíciosantesde12horasdoteste.• Urinarpelomenos30minutosantesdoteste.• Nãoconsumirálcoolantesde48horasdoteste.• Nãotomarmedicamentosdiuréticosantesdesetediasdoteste(amenosquesobprescriçãomédica).

• Manter-sepelomenos10minutosemposiçãodedecúbitodorsalemrepousoabsoluto antes de efetuar o exame.

• Mulheresquepercebamqueestãoretendoáguaduranteestágiodeseuciclomenstrualnãodevemrealizaroteste(ROSSI;CARUSO;GALANTE,2015).

3 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL EM PRATICANTES DE EXERCÍCIO FÍSICO E ATLETAS

Vocêdevelembrarqueobomestadonutricionaléresultadodoequilíbrioentre a ingestão de alimentos e as necessidades nutricionais. Nesse sentido,a avaliação do estado nutricional exige a utilização de vários métodos queanalisadosemconjuntopermitirãotraçaroperfilnutricionaldoatleta.Dentreosmétodosqueestudaremosaseguirestáaavaliaçãoantropométricaecomposiçãocorporal, sendo ainda importantes os exames bioquímicos e anamnese alimentar.

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Em geral, a população de atletas, adolescentes ou adultos, tem uma boa porcentagem de massa magra com baixas porcentagens de gordura, isso em com-paraçãocomosindivíduosnãoatletas.Namaioriadasvezes,aporcentagemdegorduracorporalmínimaédeaproximadamente5e12%parahomensemulhe-res, respectivamente. Todavia, cabe destacar que existem esportes em que não se requerumaporcentagemdegordurabaixa,comonosumôelançamentodetiro.

O conceitode saúde e composição corporal saudável abrangemais doque a determinação da porcentagem de tecido adiposo ou da gordura corporal. Oestadodesaúderefleteumequilíbrioentreváriosfatores,umdosquaisestárefletidonacomposiçãocorporalemfunçãodaacumulaçãodegordura(ROSSI;CARUSO;GALANTE,2015).

Aoutilizardasdobrascutâneasparapodermosidentificaropercentualdegorduracorporaldosesportistaseatletas,devemosrealizarcálculosmatemáticos,conforme as fórmulas apresentadas no Quadro 4, as quais terão como resultado adensidadecorporal(DC).

QUADRO 4 – EQUAÇÕES PARA CÁLCULO DE DENSIDADE CORPORAL (DC) COM BASE EM ESPESSURAS DE DOBRAS CUTÂNEAS

Legenda: Ʃ= somatório das dobras cutâneas; D ou DC = densidade corporal; %G percentagem de gordura corporal.

FONTE: Adaptado de Guedes e Guedes (1998)

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UNIDADE 2 — COMPOSIÇÃO CORPORAL E NECESSIDADES NUTRICIONAIS NO ESPORTE

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Por meio da densidade corporal dos indivíduos avaliados, calcula-se o percentualdegordura,empregando-seaequaçãopropostaporSiri(1961)ouadeLohman(1986),conformeQuadro5eTabela1,respectivamente.

QUADRO 5 – EQUAÇÃO PARA CÁLCULO DE PORCENTAGEM DE GORDURA (%GC) COM BASE NA DENSIDADE CORPORAL

Legenda: DC = densidade corporal; %G percentagem de gordura corporal.FONTE: Adaptado de Guedes e Guedes (1998)

TABELA 1 – ADEQUAÇÃO DA FÓRMULA DE SIRI – LOHMAN (1986)

Legenda: D = densidade corporal.FONTE: Adaptado de Guedes e Guedes (1998)

Sãováriasasfórmulasexistentesparaestimativadecomposiçãocorporal,todaviaamaisindicadanocasodeatletaéadeJacksonePollockdesetedobras.

Inicialmente, já destacamos que alguns índices utilizados na população geral não têm sido considerados os melhores métodos para a avaliação da composição corporal em atletas e devem ser utilizados com certa precaução, por exemplo, o índice de massa corporal ou IMC (kg/m2). A razão dessa confusão pode ser porque o IMC não discrimina a MLG e a MG, já que se utiliza o peso total aferido na balança. Nesse contexto, é típico de atletas magros, com um elevado desenvolvimento músculo esquelético, apresentarem valores elevados de IMC (acima de 25 e 30 kg/m2), sendo incorreto concluir que podem ser classificados como indivíduos com sobrepeso ou com obesidade.

IMPORTANTE

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TÓPICO 1 — COMPOSIÇÃO CORPORAL

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A classificação de adequação do %G baseia-se nos padrões propostospordiferentesautores,conformeQuadros6,7,8e9edeveserutilizadaparaaavaliaçãodoriscodedoençasrelacionadastantocomadeficiênciaquantocomoexcessodegorduraetambémparaocálculodamassacorporal(ROSSI;CARUSO;GALANTE,2015).

QUADRO 6 – PADRÕES DE PERCENTUAIS DE GORDURA CORPORAL PARA AMBOS OS GÊNEROS

FONTE: Rossi, Caruso e Galante (2015, p. 697)

QUADRO 7 – PADRÕES DE PERCENTUAIS DE GORDURA CORPORAL PARA O SEXO MASCULINO, DE ACORDO COM POLLOCK E WILMORE (1993)

FONTE: Adaptado de Pollock e Wilmore (1993)

QUADRO 8 – PADRÕES DE PERCENTUAIS DE GORDURA CORPORAL PARA O SEXO FEMININO, DE ACORDO COM POLLOCK E WILMORE (1993)

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UNIDADE 2 — COMPOSIÇÃO CORPORAL E NECESSIDADES NUTRICIONAIS NO ESPORTE

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FONTE: Adaptado de Pollock e Wilmore (1993)

QUADRO 9 – PADRÃO DE RESULTADO DE AVALIAÇÃO FÍSICA POR IDADE E SEXO

FONTE: Pollock e Wilmore (1993, p. 56)

Agorduraéumcomponentedocorpohumanoqueseacumulanotecidogordooutecidoadiposo(TA).Naatualidade,sereconhecequeotecidoadiposo,alémde ser uma reservade lipídeos, é umórgão endócrinoqueproduzumavariedadedehormôniosecitocinasqueregulamometabolismoe influenciama composição corporal. A diferenciação entre gordura e TA na linguagem normalmenteéirrelevante,eostermossãousadossemdistinçãocomosinônimos.Mesmo assim, no campo da composição corporal e do metabolismo, a gordura e o TAsãoconceitosdiferentes(GUEDES;GUEDES,1998).

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TÓPICO 1 — COMPOSIÇÃO CORPORAL

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Avariabilidadenomesmoindivíduo,podesertambémconsiderável,aolongo do tempo, se este passar por sucessivas fases de obesidade e magreza.

O peso corporal pode ser funcionalmente dividido em dois componentes: massacorporallivredegordura(MLG),aqualincluitecidoecomponentesqueestão funcionalmente envolvidos na produção e condução de força, e a massa gorda(MG).AinfluênciadaMLGeMGécomplexa,tendoambosefeitosnegativosepositivos,dependendodotipodeatividadefísicaquesedesejarealizar.Nessecontexto,demaneirageral,agorduracorporalteminfluêncianegativanaatuaçãoesportiva, tanto em nível metabólico quanto mecânico, principalmente nasatividades em que se requer deslocamento de peso corporal. Para um corredor de distância,porexemplo,agordurarepresentaumpesomortoquedevemobilizar,enquantooscomponentesdaMLGincluemtecidosqueproduzemeconduzemforça,comoosmúsculos.

Por sua vez, os nadadores, podem ter certa quantidade de gordura que influenciarádeformapositivasuaflutuaçãonaáguaeumaaltaporcentagemdeMLGpodeterefeitosnegativos,comomenorflutuação,alémdeaumentara demanda energética para o deslocamento do corpo na água (GUEDES;GUEDES,1998).

Para saber mais sobre métodos de avaliação da composição corporal de atletas, leia o artigo: Comparação entre métodos de avaliação da composição corporal em atletas: uma revisão sistemática, disponível em: http://www.rbne.com.br/index.php/rbne/article/view/1478.

DICAS

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Neste tópico, você aprendeu que:

RESUMO DO TÓPICO 1

• Aavaliaçãodacomposiçãocorporalsefazdesumaimportânciaparaconheceropadrãodesaúde/doençadosindivíduos.

• Paraavaliaracomposiçãocorporalexistemtrêsmétodos,osmétodosdiretos,indiretos e duplamente indiretos, sendo que os métodos indiretos sãoconsiderados padrão ouro pela assertividade da composição corporal e os métodosduplamenteindiretossãoosmaispráticoseaplicáveisemclínicas.

• Para aferição das medidas antropométricas é importante o avaliador ser

treinado, para padronização e assertividade do resultado de percentual de gorduracorporaldoatleta,considerandoaaferiçãodasdobrasportrêsvezesearealizaçãodamédiadessas.

• Alémdaaferiçãodasdobrascutâneas,osperímetrostambémsãoimportantesparaacompanharestadodesaúdeecrescimentodamusculatura,quandoesteforoobjetivo.

• Abioimpedância éummétodo rápido,não invasivo e relativamentebaratode avaliaçãoda composição corporal,muitasvezespreferido aométododeaferição das dobras.

• Háváriasfórmulasparacalcularadensidadecorporaldeatletas,sendoqueamaisindicadaéadeJacksonePollock(1988).

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1 Em geral, a população de atletas, tem uma boa porcentagem de massa magra com baixas porcentagens de gordura, isso em comparação com os indivíduosnãoatletas.Emrelaçãoàcomposiçãocorporal, classifiqueVpara as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

( ) O excesso de gordura corporal melhora o desempenho quando se requer aceleração do corpo tanto na vertical quanto na horizontal, porque se somaopesodeumamassaquenãoestáproduzindoforça.

() Emumcorredordedistância,amassagordarepresentaumpesomortoque deve ser movido, enquanto os componentes da massa livre de gordura incluem os tecidos que produzem e conduzem a força.

() Agorduracorporal,nogeral,influencianegativamentenasmodalidadesesportivasquerequeremagilidade,velocidade,resistência,deslocamentoe saltos.

( ) A fórmula de Jackson e Pollock tem como resultado a densidade corporal doatleta,sendonecessárioparaavaliaracomposiçãocorporalaplicarafórmula de Siri.

AssinaleaalternativaqueapresentaasequênciaCORRETA:

a) ( ) F, V, V, V.b) ( ) F, V, F, V.c) ( ) V, F, V, F.d) ( ) V, V, V, F.e) ( ) F, V, V, F.

2 A gordura é um componente do corpo humano que se acumula notecido adiposo (TA). Na atualidade, se reconhece que o tecido adiposo,alémdeserumareservade lipídeos, éumórgãoendócrinoqueproduzuma variedade de hormônios e citocinas que regulam ometabolismo einfluenciamacomposiçãocorporal.Descrevacomoopesocorporalpodeserfuncionalmentedivididoeainfluênciadessescomponentesnoorganismodeumesportista/atleta.

3 Abioimpedância(BIA)éummétodorápido,nãoinvasivoerelativamentebarato de avaliação da composição corporal, que se baseia na passagem decorrenteelétricadebaixaamplitude(50a800mA)ealtafrequência(50kHz).ParaavaliaçãoutilizandoaBIA,deveserseguidoumprotocolo,oqual consiste em:

AUTOATIVIDADE

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a)() Fazer jejum de pelomenos 12 horas; não fazer exercícios antes de24horasdoteste;urinarpelomenos60minutosantesdoteste;nãoconsumirálcoolantesde48horasdoteste;nãotomarmedicamentosdiuréticos antes de sete dias do teste (amenos que sob prescriçãomédica);manter-sepelomenos10minutosemposiçãodedecúbitodorsal em repouso absoluto antes de efetuar o exame.

b)() Fazer jejum de pelomenos 4 horas; não fazer exercícios antes de12 horas do teste; urinar pelo menos 30 minutos antes do teste; não consumirálcoolantesde48horasdoteste;nãotomarmedicamentosdiuréticos antes de sete dias do teste (amenos que sob prescriçãomédica);manter-sepelomenos10minutosemposiçãodedecúbitodorsal em repouso absoluto antes de efetuar o exame.

c)() Fazer jejum de pelo menos 8 horas; não fazer exercícios antes de12 horas do teste; urinar pelo menos 30 minutos antes do teste; não consumirálcoolantesde48horasdoteste;nãotomarmedicamentosdiuréticosantesdesetediasdoteste.

d)() Fazer jejum de pelomenos 24 horas; não fazer exercícios antes de12 horas do teste; urinar pelo menos 30 minutos antes do teste; não consumirálcoolantesde8horasdoteste;nãotomarmedicamentosdiuréticos antes de sete dias do teste (amenos que sob prescriçãomédica);manter-sepelomenos10minutosemposiçãodedecúbitodorsal em repouso absoluto antes de efetuar o exame.

e)() Nãohácritériosaseremseguidos.

4 A avaliação do estado nutricional exige a utilização de vários métodosque analisados em conjunto permitirão traçar o perfil nutricional doatleta.Dentreosmétodos,estãoaavaliaçãoantropométricaecomposiçãocorporal, sendo ainda importantes os exames bioquímicos e anamnese alimentar.Nessesentido,qualmétododeavaliaçãodoestadonutricionalnãoéindicadoparaatletas?Justifique.

5 Aobtençãodasdobrascutâneas(DC)éumadasmedidasantropométricasmaiscomumenteutilizadanasestimativasdeparâmetrosdacomposiçãocorporal e, comoprocedimentodeestudo, estáalicerçadanaobservaçãode que grande quantidade de gordura corporal total se encontra no tecido subcutâneo. Dessa maneira, medidas quanto à sua espessura serviriamcomo indicador da quantidade de gordura localizada naquela região do corpo.Normalmente,apenasduasmedidasjásãosuficientescomomedidaspreestabelecidas,quaissãoelas?

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a)() Bíceps e subescapular já são suficientes comomedidaspreestabele-cidas,porémjáforamrelatadosmaisde93locaisanatômicosparaarealizaçãodedobrascutâneas.

b)() Panturrilhaecoxajásãosuficientescomomedidaspreestabelecidas,porémjáforamrelatadosmaisde93locaisanatômicosparaarealiza-çãodedobrascutâneas.

c)() Bíceps e tríceps já são suficientes comomedidas preestabelecidas,porémjáforamrelatadosmaisde93locaisanatômicosparaareali-zaçãodedobrascutâneas.

d)() Abdominal e tríceps já são suficientes comomedidaspreestabeleci-das, porém já foram relatadosmaisde 13 locais anatômicospara arealizaçãodedobrascutâneas.

e)() Bícepsepanturrilhajásãosuficientescomomedidaspreestabelecidas,porémjáforamrelatadosmaisde93locaisanatômicosparaarealiza-çãodedobrascutâneas.

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UNIDADE 2

1 INTRODUÇÃO

Olá acadêmico, espero que esteja gostando de se aprofundar nomundo da nutrição esportiva. Agora, discutiremos a relação das necessidades nutricionaisnoesporte.Noquedizrespeitoàdisponibilizaçãodeenergiaporparte dos macronutrientes, veremos, inicialmente, os conceitos e depois faremos a correlação com os suplementos alimentares. Em relação aos macronutrientes, é importante relembrar que os carboidratos, além de fazerem parte dadisponibilidade rápida de energia, também são armazenados no músculoesqueléticoenofígado,naformadeglicogênio.

Asproteínassãohidrolisadasatéaminoácidosetambémpodemfornecerenergia,porém,deformamaislentaqueocarboidrato,sendoporintermédioda alanina, aminoácido convertido em glicose no fígado, e a continuação searmazenanaformadeglicogêniohepáticoeatravésdosaminoácidosisoleucina,alanina, leucina e valina, que podem ser convertidos em intermediáriosmetabólicos, participando do metabolismo energético diretamente na célulamuscular. Quanto ao lipídio, além de ser fonte energética, é estocado notecido adiposo na forma de triacilgliceróis que, quando hidrolisados em seus componentes–glicerol,ácidosgraxos–,podemserutilizadoscomosubstratosduranteoexercício(BACURAU,2009).

Jáébemdescritonaliteraturaqueaalimentaçãoestáentreosfatoresquemaisafetamaqualidadedevidadapopulação.Aadequaçãodadietaéessencial.Eladevecontermacroemicronutrientesdeformaabalancearogastoenergéticoeaingestãocalóricadiária,atendendoasnecessidadesbiológicas,considerandoqueaausênciadeumnutrientepodeprejudicaradisponibilidade,absorção,metabolismo e/ou as necessidades dietéticas de outros elementos (MAHAN;ESCOTT-STUMP, 2011).Nesse contexto, cabe destacar que umdesequilíbriocontínuonobalançoenergéticoresultaemvariaçõesnacomposiçãocorporal,refletindo diretamente na saúde e no desempenho do atleta, pois ocorremperdasdetecidoadiposoemassamuscular(músculoesquelético),jáqueocorpoutilizará desse recurso como substrato energético em situações de estresse,precedendoumdeclíniodaforçaequedadorendimentofísico(BIESEK;ALVES;GUERRA,2015).

TÓPICO 2 —

NECESSIDADES NUTRICIONAIS NO ESPORTE

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UNIDADE 2 — COMPOSIÇÃO CORPORAL E NECESSIDADES NUTRICIONAIS NO ESPORTE

Massa magra é apenas a massa muscular, por sua vez, a massa livre de gordura é a soma da massa muscular (massa magra) com o peso ósseo e o peso residual, ou seja, é tudo, subtraindo-se o peso da gordura essencial.

NOTA

A nutrição é de suma importância, influenciando diretamente naintensidadeeprocessoderecuperaçãoparaaspróximassessõesdetreinamento.Mais uma vez, destaca-se aqui o consumo dos nutrientes em proporçõesadequadas e em momentos-chaves, pois otimizarão o processo de recuperação muscularpós-treino(KRAEMER;FRAGALA;VOLEK,2008).

2 ATENDIMENTO NUTRICIONAL

O atendimento nutricional visa à promoção da saúde do paciente pormeio da recuperação oumanutenção do estado nutricional, além de alcançarosobjetivosestéticosdecomposiçãocorporaldecadaum.Nessascondições,onutricionista necessita ter em mãos o diagnóstico nutricional para que a prescrição dietéticaestejadirecionadaaosobjetivospretendidos.

Ecompodemoselaborarumdiagnósticonutricionalefetivo?

Odiagnósticonutricionaléelaboradomedianteas informaçõesobtidaspelaanamnesealimentarecomplementadapordadosdietéticos,antropométricos,bioquímicos e de composição corporal. Pois, como já é sabido, a anamnesedisponibiliza dados subjetivos, necessitando ser complementada por dadosobjetivos,osquaissãofornecidospelosdemaisindicadoresdoestadonutricionaldo paciente.

A palavra anamnese origina-se do grego aná (recordar) e mnesis (memória), portanto,podeserdefinidacomoumaentrevistaquepossibilitaolevantamentodetalhadodosantecedentesfisiológicos,patológicosesocioeconômico-culturaisdopaciente/clienteedeseusfamiliares,comafinalidadedefacilitarodiagnóstico,já que, ao ouvi-lo, o entrevistador pode formular hipóteses sobre as queixasrelatadas.Nessesentido,paraumaanamnesebem-sucedidaénecessárioumbomplanejamentoeosseguintesaspectosdevemserconsiderados.

Inicialmente deve-se considerar que durante a entrevista, muitas informaçõesserãoregistradas.Aanamnesedirigidacaracteriza-seporformulárioparaanotaçõeseroteirocomquestõespredefinidas(Quadro10).

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TÓPICO 2 — NECESSIDADES NUTRICIONAIS NO ESPORTE

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O detalhamento de cada pergunta depende da idade do paciente, de suas queixas e do estado de saúde física e mental. Importante destacar que,enquanto o entrevistado estiver falando, é conveniente não digitar ou anotarnada. É importante olhar diretamente para o paciente, algumas pessoas podem se sentir desprestigiadas caso não recebam a atenção esperada. Quando não for possívelevitaroregistrodainformação,convémavisaroentrevistadodequeénecessáriofazeralgumasanotaçõesdoqueestásendorelatado(ROSSI;CARUSO;GALANTE,2015).

Nutricionista: CRN:

Data: / /

Nome:

Idade: Datadenascimento:

Sexo:

Telefone para contato:

Dependentes: Quantos: Idade:

Renda familiar estimada:

Quantas pessoas residem em sua moradia:

Escolaridade:

Profissão:

Motivo da consulta:

Ingestãoalimentarhabitual:()houvealterações

()nãohouvealterações

Háquantotempo:

Houveperdaouganhodepeso?Quanto?

Vícios?Quais?Quantotempo?

Disfunçõesgastrintestinais:()sim ()não

Qual:

Háquantotempo: Tratamento:

Temgases?Frequência:

Função intestinal: ( ) normal ( ) constipado

Quanto tempo:

QUADRO 10 – MODELO DE ANAMNESE ALIMENTAR

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UNIDADE 2 — COMPOSIÇÃO CORPORAL E NECESSIDADES NUTRICIONAIS NO ESPORTE

Comosãoassuasfezes(escaladebistrol)?

Temdoresdecabeçafrequente?Enxaqueca?

Históricofamiliardedoençascrônicasexistentesemsuafamília:

( ) diabetes ( ) HAS ( ) cardiopatias ( ) dislipidemias

()câncer ()obesidade...Outras?Quais?

Cirurgiaseinternaçõeshospitalares:

Usodemedicamentosfrequentes:()sim ()não

Quais?

Fazusodeplantasmedicinaisoufitoterápicos?

Quais?

Anamnese alimentar detalhada: Perguntar sobre todas as refeições realizadas no dia (café da manhã, lanches, almoço, jantar, ceia, pré-treino, pós-treino) e todos os alimentos consumidos relacionando com os horários de realização dos exercícios e com a intensidade (como ele interpreta a

respiração).

Tratamentodietéticoanterior:()sim ()nãoResultado:

Profissionalqueorientou:

Númeroderefeiçõesdiárias:

Localdasrefeições:

Tempo de cada refeição:

Quempreparaasrefeições:

Relação com as atividades físicas realizadas:

Horáriodemaiorconcentraçãoalimentar:

Aversõesalimentares:()sim ()não

Alimentos:

Preferênciasalimentares:

Alergia alimentar: ( ) sim ( ) não

Alimentos:

Compulsão alimentar: ( ) sim ( ) não

Alimentos:

Ingestãodeágua:

Consumo de frituras:

Consumo de doces:

Consumodecafé:

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TÓPICO 2 — NECESSIDADES NUTRICIONAIS NO ESPORTE

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Usodealimentosdiet/light:

Exame Físico:CabeloOlhosLínguaMucosasUnhasPelePerdadegordurasubcutâneaPerda muscularPresença de edemaPresença de ascite

ESTABELECER OBJETIVOS PARA A PRIMEIRA CONSULTA

Avaliação antropométrica

Peso atual: Peso usual:

Pesodesejado:

Peso teórico:

Estatura: IMC:

CB:

CMB(cm):CB–0,314xPCT=

PCT:

PCB: PCSE:

PCSI: Pabd:

PAM: PToráxica:

PCoxa: Ppanturrilha:

CC: CQ:

Circunferênciadapanturrilha:

%Gordura:

Retenção de líquido:

Necessidades energéticas:

Distribuição das necessidades energéticas no dia:

FONTE: A autora

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Evidentemente,cabeaonutricionistadefiniraabrangênciadaanamnese,considerando a especialidade, os objetivos, as características da populaçãoassistida(faixaetária,níveldeinstrução,condiçãoeconômicaetc.),local(hospital,ambulatório, domicílio etc.), tempo disponível, entre outras.

3 CÁLCULOS DAS NECESSIDADES ENERGÉTICAS

Nossocorponecessitadeenergiaparamantersuasváriasfunções,comoa respiração, circulação, metabolismo, atividade física e síntese proteica, a qual é fornecida pelos alimentos e bebidas que o indivíduo consome, os quais sãocompostosporcarboidratos,proteínas,gorduraeálcooldadieta.

Obalançoenergéticodoindivíduoprovémdarelaçãoentreaingestãoeogastoenergéticoquedependedeváriosfatores,comoidade,gênero,atividadefísica e composição corporal.

A necessidade estimada de energia (EER – Estimated Energy Requirement) éaquantidademédiade ingestãodeenergiasuficienteparamanterobalançoenergéticodeindivíduossaudáveis,deacordocomidade,gênero,peso,alturaeníveldeatividadefísica,compatívelcomumaboasaúde.

Nesse sentido, as DRIs fornecem equações para se calcular a EER deindivíduos. Essas equações devem ser utilizadas com cautela, pois fornecerãoapenasumaestimativadasnecessidadesenergéticasindividuais,jáqueovalordeEERéopontomédiodeumintervalo.

Para adultos, as equações de EER foramdesenvolvidas tendo-se comoreferência indivíduos com índice demassa corporal (IMC)dentro da faixa deeutrofia (entre 18,5 kg/m2 e 24,99 kg/m2), utilizando metodologia da águaduplamente marcada.

As equações são apresentadas no Quadro 11. Para crianças, mulheresgrávidaselactantes,osvaloresdeEERsupremasnecessidadesrequeridasparaocrescimento,deposiçãodetecidoseproduçãodeleite.Alémdisso,asequaçõestambém levamemconsideraçãooníveldeatividade físicadecadaum,oquedevesercriteriosamenteavaliadonocasodeelaboraçãodecardápioparaatletas(ROSSI;CARUSO;GALANTE,2015).

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Como já visto em outras disciplinas, as equações preditivas de necessidade energética são várias que remontam de 1918, com Harris e Benedict, até os dias de hoje, com as fórmulas mais atuais da IOM, conforme apresentado a seguir.

IMPORTANTE

Essas equações fornecem apenas uma estimativa das necessidadesenergéticas.Valeressaltarqueomelhorindicadordaadequaçãoenergéticaéopeso corporaldo indivíduo, isto é, se opeso está adequado,deficienteou emexcesso,poiseleestáfortementerelacionadoàingestãopeloindivíduo.

Cabe destacar que o desvio padrão (DP) da necessidade de energiaestimada para crianças e adolescentes com IMC dentro do intervalo de normalidade,deacordocomidade,gênero,pesoeatividadefísica,é58kcalparaogêneromasculinoe68kcalparaogênerofeminino.

No caso de adultos com IMC dentro do intervalo de normalidade, deacordocomidade,gênero,pesoeatividadefísica,oDPdanecessidadedeenergiaé199kcalparaogêneromasculinoe162kcalparaogênerofeminino.Oníveldeatividadefísica(NAF)éexpressosegundocategoriasdeintensidade.

Os coeficientesde atividade, segundo faixa etária enívelde atividade,são:

• Parameninosemeninasdetrêsa18anos: ○ Atividadesedentáriaparaambososgêneros:1 ○ Atividadeleveparameninos:1,13;atividadeleveparameninas:1,16 ○ Atividademoderadaparameninos:1,26;atividademoderadaparameninas:1,31

○ Atividadeintensaparameninos:1,42;atividadeintensaparameninas:1,56.

• Parahomensemulheresde19anosoumais: ○ Atividadesedentáriaparaambososgêneros:1 ○ Atividade leve para homens: 1,11; atividade leve para mulheres: 1,12 ○ Atividade moderada para homens: 1,25; atividade moderada para mulheres: 1,27

○ Atividadeintensaparahomens:1,48;atividadeintensaparamulheres:1,45.

Paraaavaliaçãoeoplanejamentodedietasdeindivíduose/ougrupos,aescolhadaDRIaserutilizadadependerádopropósitoaoqualsedestina.

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QUADRO 11 – FÓRMULAS PREDITIVAS PARA CÁLCULO DAS NECESSIDADES ENERGÉTICAS

Legenda: EER = necessidade estimada de energia; NAF = nível de atividade física; *EER (kcal/dia) = gasto energético total + energia de depósito; **EER (kcal/dia) = gasto energético total;

***EER (kcal/dia) = EER de mulheres + energia de depósito para a gestação; ****EER = EER de mulheres + energia para a produção de leite a perda de peso.

FONTE: Rossi, Caruso e Galante (2015, p. 98-99)

Como estamos considerando o público de esportistas e atletas, há umsistemadeclassificaçãodeconsumoenergéticoconhecidocomoCompêndiodeAtividadesFísicas,noqualasatividadessãoagrupadasconformeseusobjetivose intensidadeexpressa emvaloresdeMETs (MúltiplosdaTaxaMetabólicadeRepouso),nosquais1MET(consumodeO2emrepouso)=3,5mLO2/kgpesocorporal/min,oferecendoflexibilidadeparasedeterminarocustoenergético.

Esse sistema foi baseado, primeiramente, nos dados publicados previamente,podendonãorefletircomexatidãoocustoenergéticodetodasasatividades.Osvaloressãomédios,nãoconsiderandoarealizaçãodasatividadescommaisoumenosvigor,dependendodapessoa.Também,osvaloresdeMETdealgumas atividades não foram obtidos por meio de medidas diretas do consumo

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deoxigênio,massimdocustoenergéticodeatividadescompadrõesequivalentesde movimento, ressaltando que as estimativas podem não ser tão precisas com relaçãoaosvaloresmédiosdoMET.

O compêndio não considera as diferenças individuais na eficiênciademovimentos, todavia, as variações na descrição das atividades podem serdiminuídasseaspessoas foreminstruídassobrecomoclassificarcorretamenteogastoenergéticodesuasatividades,tendoumapadronizaçãonastécnicasdecoletadosdadoseentrevistadorestreinados(TINOCO,2002).

Para o cálculodogasto energético apartir dosMETs temas seguintesvariáveis:

• Multiplicando-seopesocorporalemKgpelovalordoMETdoexercícioepeladuração da atividade.

• Fórmula:

(KgxMET)x(tempoemminutos/60min)

• Exemplo:pedalaremumaintensidadeequivalentea6METs,gasta6Kcal.Kg-.h-1, ou seja,umapessoade 70Kg,pedalandopor 30minutos, irágastaroseguinte:(6METsX70Kg)X(30min/60min)=210Kcal.Dividindo-se210Kcalpelos30minutosdeatividade,obtém-se7Kcal.min-1

QUADRO 12 – MODELO DO COMPÊNDIO DE ATIVIDADES FÍSICAS

FONTE: Tinoco (2002, p. 55)

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No link, a seguir, você tem acesso ao artigo: Apresentação de uma Versão em Português do Compêndio de Atividades Físicas: uma contribuição aos pesquisadores e profissionais em Fisiologia do Exercício, que traz em seu anexo o compêndio completo: https://bit.ly/3zORVEr.

Além do compêndio completo no artigo supracitado, no site Cooperativa do Fitness, o cálculo é realizado com o preenchimento dos dados do indivíduo, acesse: https://www.cdof.com.br/nutri1.htm.

DICAS

4 RECOMENDAÇÃO PARA CONSUMO DE MACRONUTRIENTES

Destaca-seque,alémdaingestãoidealdeenergia,oconsumodequan-tidadesadequadasdecarboidratos,proteínaselipídiosédesumaimportânciapara os atletas otimizarem seu treinamento e desempenho. Quanto ao carboidra-to,noqueserefereaodesempenhonoexercício,éevidenteasuanecessidadeantes,duranteeapósassessõesintensasedealtovolumedetreinamentoecom-petição(CERMAK;VANLOON,2013).

Nessas condições, já é sabido que atletas envolvidos no treinamentode volume moderado e alto precisam de maiores quantidades de carboidratos e proteínas do que as recomendadas pelasDRI em sua dieta para atender àsnecessidadesdemacronutrientes(BURKEet al., 2011).

Nos treinamentos de força, o uso de carboidratos está diretamenterelacionado com processos de hipertrofia muscular associados a outrosmacronutrientes, como a proteína (GENTIL et al., 2006). Isso ocorre porque,duranteotreinamentodeforça,ocarboidratoarmazenadonaformadeglicogênionomúsculoémaisrapidamenteacessível,caracterizandoopadrãometabólicodoexercício(CHANDLER;BROWN,2009).

Quando se discute a quantidade de carboidrato a ser consumido, deve-seressaltarqueopróprioexercícioresistidoécapazdemodularosestoquesdeglicogêniointramuscular,tantoemfibrasdecontraçãorápidaquantoemfibrasde contração lenta (HARGREAVES, 2000), em que a depleção de glicogênio,mesmo que parcial, afetaria o desempenho muscular, ocasionando fadiga (HARGREAVES,2005).

Além dos carboidratos, os lipídios também representam substratoenergético durante o exercício, sendo que sua utilização é maior durante asatividades prolongadas e de baixa ou moderada intensidade.

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Depoisqueseesgotamosestoquesdeglicogênio,até90%daenergiapo-deráserprovenientedasgorduras.Demaneirageral,aproximadamentemetadedaenergiausadapelocorpoemrepousoeematividadesleveséprovenientedosácidosgraxos,osquaissãomobilizados(oxidados)paraaliberaçãodeenergiaquandoaofertadeglicoseestáreduzida.Todavia,asrecomendaçõesparaespor-tistasdevemserasmesmasutilizadasparaapopulaçãosedentária,sendoqueopercentualdelipídiosemrelaçãoaovalorenergéticototaldiário(VET)devecorresponderacercade20a30%(HIRSCHBRUCH,2014).Veremosagoraasre-comendaçõesdeconsumodecadamacronutriente.

4.1 CARBOIDRATOS

Os carboidratos constituem cerca de 60% das calorias diárias de umindivíduo,éespecialmenteimportanteparaometabolismoenergético,oriundoprincipalmente dos vegetais.

São compostos basicamente de um átomode carbono, dois átomos dehidrogênioparacadaátomodeoxigênio,sãocaracterizadoscomomonossacarídeos(um açúcar por molécula), dissacarídeos (com dois açúcares por molécula),oligossacarídeos (três a nove resíduos de monossacarídeos) e polissacarídeos(cominúmerosaçúcarespormoléculas)(MAHAN;ESCOTT-STUMP,2011).

Oscarboidratossãoencontradosdetrêsformasbásicas:1)cereais,vege-tais,frutas,leguminosas;2)carboidratospurificadosadicionadosàspreparações;e 3) carboidratos dissolvidos em certas bebidas. Os cereais, hortaliças, frutas e leguminosasconstituemalimentosfontedecarboidratoetambémsãoricosemvitaminaseminerais,alémdeoutroscomponentescomofitoquímicoseantioxi-dantes(CARUSO;MENEZES,2000).

Além de estarem presentes em diferentes fontes alimentares, oscarboidratos são digeridos e absorvidos ao longo do intestino delgado, em ritmos diferentes, fator esse que interfere diretamente na utilização e no metabolismo, resultando em diferentes respostas glicêmicas, o que deu origem ao índiceglicêmicoquevisaclassificarosalimentoscombasenadisponibilizaçãodeglicosesanguíneadeumdeterminadoalimento(CARUSO;MENEZES,2000).

Oscarboidratosdealtoíndiceglicêmicoexercemumafunçãoimportanteparaindivíduosfisicamenteativosparadisponibilizarrapidamenteaporteenergé-ticoparaotreinamento,poupandoosestoquesdeglicogênio(TIRAPEGUI,2012).

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O Índice Glicêmico (IG) dos alimentos é caracterizado pelo incremento da área abaixo da curva glicêmica produzido por uma porção de 50 g de carboidrato de um alimento em relação à mesma porção de alimento considerado padrão, neste caso, a glicose ou o pão branco (MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2011).

NOTA

Com isso, destaca-se a direta influência dos carboidratos nas reservascorporaisdeglicogêniomuscularehepático,estandodiretamenterelacionadaaosníveis de elevação de glicose, aumentando a capacidade do treinamento, assim comoodesempenhoduranteoexercício(MCARDL;KATCH;KATCH,2011).

De acordo com Santos, Silva e Coelho (2016), uma dieta rica emcarboidratos, feita por praticantes de treinamento de força, poderia melhorar o rendimentoduranteostreinoseauxiliarianoprocessohipertrófico,sendoqueessesefeitosestariamvinculadosaoaumentonasecreçãodeinsulina,hormônioanabólico(LIMA;BARROS,2007).

DeacordocomaHernandezeNahas(2009),estima-sequeaingestãodecarboidratoscorrespondentede60a70%doaportecalóricodiário,atendendoàdemanda de um treinamento esportivo. Para otimizar a recuperação muscular, recomenda-sequeoconsumodecarboidratosestejaentre5e8g/kgdepeso/dia.

Nos estudos deRibeiro e Burini (2002) eAlmeida et al. (2010) foi re-latada a importância da supercompensação de carboidratos como substratosenergéticosparaacontraçãodamusculaturaesquelética,aqualfoiinicialmen-te reconhecidaporpesquisadores escandinavosnadécadade 1960. Todavia,apesardeváriosestudosabordaremocarboidratocomoumsubstratoeficaz,fisiculturistas e indivíduospraticantesdo treinamentode forçanãopossuemhabitualidadenoconsumodesserecurso,aocontráriodeatletasdeendurance (LIMA;BARROS,2007).

Comisso,quandosediscutemasestratégiasnutricionaisutilizandomani-pulaçõesdecarboidratos,antes,duranteedepoisdoexercício,sabe-sequepodeserummétodoparamanterouatémesmoaumentarosestoquesdeglicogênioduranteoperíododetreinamento(SILVA;MAIRANDA;LIBERALI,2008).

Em termos de necessidade de carboidratos, os atletas envolvidos em quantidades moderadas de treinamento intenso (por exemplo, 2-3 horas por dia de exercícios intensos realizados 5-6 vezes por semana) geralmente precisamconsumirumadietacompostade5-8g/kg/diaou250-1200g/diaparamanterosestoquesdeglicogênionofígadoenosmúsculos.

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TÓPICO 2 — NECESSIDADES NUTRICIONAIS NO ESPORTE

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Alémdisso, atletas envolvidos em treinamento intensode altovolume(por exemplo, três a seis horas por dia de treinamento intenso de um a doisexercíciosdiáriosporcincoaseisdiasporsemana)podemprecisarconsumirde8a10g/kg/diadecarboidratos(ouseja,400-1500g/diaparaatletasde50-150kg),afimdemanterosníveisdeglicogêniomuscular(BURKEet al., 2011).

Ao considerar as necessidades de carboidratos durante uma sessão de exercícios,váriosfatoresdevemserconsiderados.SegundoCermakeVanLoon(2013),atletassubmetidosasessõesprolongadas(2-3horas)detreinamentofísicopodemoxidarcarboidratosaumataxade1a1,1gporminutooucercade60gporhora,oquedirecionaparaumasugestãodeconsumode0,7gdecarboidrato/kg/hduranteoexercício,emumasoluçãode6a8%,conformeoposicionamentoda American Dietetic Association, Dietitians of Canada, and the American College of Sports Medicin (ACSM) sobre nutrição e rendimento esportivo (RODRIGUEZ;DIMARCO;LANGLEY,2009).

Quanto ao tipo de carboidrato, alguns pesquisadores relatam que combinações de glicose e sacarose oumaltodextrina (proporção de 1 a 1,2) efrutose(proporçãode0,8a1,0)promovemmaiorestaxasexógenasdeoxidaçãodecarboidratosquandocomparadasasituaçõesemquesãoingeridasfontesúnicasde carboidratos (CURRELL; JEUKENDRUP, 2008; RODRIGUEZ; DIMARCO;LANGLEY,2009).

Oliver et al. (2016) relata que a amilopectina, um carboidrato de altopeso molecular, pode representar um benefício com uma menor osmolaridade do amido, permitindomaior consumo (100 g/hora) e, possivelmente,maiorestaxasdeoxidaçãoemelhoriadedesempenho.Alémdisso,ostatusdejejumeaduraçãodasessãodeexercíciossãovariáveisaseremconsideradaspelosatletase treinadores.

Em relação ao consumo de carboidratos durante os treinos mais curtos, équestionável(ACSM,2016).Ressalta-sequeoconsumodiáriodequantidadesadequadasdecarboidratoséoprimeiroemaisimportantepassoparaqualqueratleta competidor. Todavia, à medida que as durações se prolongam porduas horas, aumenta a necessidade de fornecer carboidratos, principalmente, quandoseiniciaoexercícioemumestadodejejumourecuperaçãoincompleta(KERKSICKet al.,2018).

Já, após a prática esportiva, várias estratégias alimentares podem serconsideradasparareporaomáximoaperdadeglicogêniomuscularehepático.Nessemomento,aprimeiraprioridadedeveseraingestãodecarboidratos,emseguida,intercalandocomaingestãodeproteínas(KERKSICKet al.,2018).

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4.2 PROTEÍNA

A proteína é o macronutriente de maior discussão na área científica.Inicialmente, a recomendação era de que os atletas não precisariam ingerir mais doqueaRDAparaobterproteínas(0,8a1,0g/kg/dparacrianças,adolescenteseadultos),todavia,pesquisasdosúltimos30anos,indicaramqueatletasenvolvidosemtreinamentosintensospodemsebeneficiardaingestãodequaseodobrodaRDAdeproteínaemsuadieta(1,4-1,8g/kg/d).

De acordo com Phillips, Chevalier e Leidy, (2016), em um artigo derevisão,destaca-sequeaingestãoinsuficientedeproteína,balançonegativodenitrogênio,podelevaràperdademassamuscular,lesões,doençaseintolerânciaao treinamento.

Noscasosdoobjetivodehipertrofiamuscular,sugere-seaingestãode1,6a1,7g/kgdepeso,sendonecessárioqueosatletassejamconscientizadosdequeoaumentodoconsumoproteiconadieta,alémdosníveisrecomendados,nãolevaaoaumentoadicionaldamassamagra(HERNANDEZ;NAHAS,2009).

DeacordocomaHernandezeNahas(2009),érecomendadoqueousodos suplementos proteicos, como a proteína do soro do leite ou a albumina da claradoovo,estejadeacordocomaingestãoproteicatotal.

Novamente,conformemencionadoanteriormente,oconsumoadicionaldesses suplementos proteicos acima das necessidades diárias (1,8 g/kg/dia)não determina ganho de massa muscular adicional, assim como não promove aumento do desempenho.

A ingestão proteica, após o exercício físico de hipertrofia, pode favorecer o aumento de massa muscular se combinado com a ingestão de carboidratos. A dose recomendada é de 10 g de proteínas e 20 g de carboidratos (2:1 CHO:PTN).

ATENCAO

Phillips,ChevaliereLeidy(2016)eJageretal.,(2017)relatamqueasevi-dênciasatuaisindicamqueaingestãoidealdeproteínasnafaixade1,2a2,0g/kg/dia(60a300g/diaparaumatletade50a150kg)deveserconsiderada,quan-tidadeessadeproteínaqueseriaequivalenteàingestãodetrêsacincoporçõesdefrangooupeixepordiaparaumatletade50a150kg(BANDEGANet al., 2017). Ainda, Morton et al.(2018)realizaramumameta-revisãoenvolvendo49estudoseconcluíramqueumaingestãodiáriadeproteínade1,62g/kg/diapodeseroideal.

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TÓPICO 2 — NECESSIDADES NUTRICIONAIS NO ESPORTE

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É importante destacar que as proteínas diferem com base em sua fonte, perfildeaminoácidoseosmétodosdeprocessamentoouisolamento(JAGERet al.,2017).Essasdiferençasinfluenciamadisponibilidadedeaminoácidosepep-tídeos, podendo resultar em uma menor absorção e, consequentemente, efeito fisiológicodessemacronutriente(comoaα-lactalbumina,ß-lactoglobulina,glico-macropeptídeos, imunoglobulinas, lactoperoxidases, lactoferrina, entre outras).

A taxa de digestão e/ou absorção e atividade metabólica da proteínatambémsãopontosimportantesaseremverificados.Diferentestiposdeproteínas(porexemplo,caseína,sorodoleiteedasoja)sãodigeridosemtaxasdiferentes,o que pode afetar o catabolismo e o anabolismo do corpo inteiro e a estimulação agudadasíntesedeproteínasmusculares(BUCCI;UNLU,2000).

O que nos leva a concluir que devemos nos atentar não apenas para garantirqueoatleta consumaproteína,mas tambémparaqueaproteína sejade alta qualidade, sendo que as melhores fontes alimentares de proteínas de alta qualidade e com baixo teor de gordura são frango sem pele, peixe, claras de ovos, cortes muito magros de carne bovina e leite desnatado (caseína e soro de leite) (YANGet al., 2012).

Todavia, cabe destacarmos as proteínas vegetais em ascensão. Enquanto a absorção de aminoácidos das proteínas vegetais é geralmentemais lenta, aleucinadaproteínadoarrozéabsorvidamaisrapidamentequeosorodeleite(PURPURAet al., 2014).

Embora existammuitos cenáriospelos quaisumatletapodeoptarporsuplementarsuadietacomproteína,essapráticanãoéconsideradaumrequisito.Sugere-se, por razões nutricionais, sociais, emocionais e psicológicas, que sepriorizeoconsumodasproteínasdiáriasprovenientesdealimentos.

Jager et al. (2007) publicaram uma declaração de posição atualizada da SociedadeInternacionaldeNutriçãoEsportiva,resumidadaseguinteforma:

• Exercícios resistidos e ingestão de proteínas estimulam a síntese de proteínas musculares,sendosinérgicoquandooconsumodeproteínasocorrerantesouapós o exercício resistido.

• Paraconstruiremanteramassamuscular,umaingestãodiáriatotaldeproteí-nasde1,4–2,0g/kg/désuficienteparaamaioriadosindivíduosemexercício.

• Umamaioringestãodeproteínas(2,3–3,1g/kgdemassalivredegordura/d)pode sernecessáriaparamaximizar a retençãodopeso corporalmagro emindivíduostreinadosemresistênciaemperíodoshipocalóricos.

• Asdoses agudasdeproteínadevemconterde 700 a 3000mgde leucina e/ouumteorrelativomaisaltodeleucina,alémdeumamatrizequilibradadeaminoácidosessenciais(BCAAs).

• Idealmente, as doses de proteína devem ser distribuídas uniformemente, a cada 3-4 h, ao longo do dia.

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UNIDADE 2 — COMPOSIÇÃO CORPORAL E NECESSIDADES NUTRICIONAIS NO ESPORTE

• AsproteínasrapidamentedigeridasquecontêmaltasproporçõesdeBCAAseleucinaadequadasãomaiseficazesnoestímuloàMPS.

• Diferentestiposequalidadedeproteínapodemafetarabiodisponibilidadedeaminoácidosapósasuplementaçãodeproteínas;fontescompletasdeproteínasfornecemtodososBCAAsnecessários,sendoossuplementosalimentaresdeproteína mais comuns o sorodeleite,caseína,leiteeovo)ouvegetal(comoasoja).

4.3 LIPÍDIOS

Dosmacronutrientes,oslipídiossãoosquesofremmenoralteraçãonasrecomendaçõesparaatletas,asquaissãosemelhantes,ouumpoucomaiores,doqueasrecomendaçõesparanãoatletas(aproximadamente30%desuaingestãocalóricadiária).Dessaforma,dependendodosobjetivosdoatleta,aquantidadede gordura na dieta recomendada para a ingestão diária podemudar, pois,dietascomaltoteordegorduraparecemmanterasconcentraçõescirculantesdetestosteronamelhoresdoqueasdietascombaixoteordegordura(DORGANet al.,1996).

Todavia, em situações em que o atleta necessite reduzir sua gorduracorporal,a ingestãodegordurapodevariarde0,5a1g/kg/dia,representandoaproximadamente 20% do total de calorias da dieta.

Dentreasestratégiasqueauxiliamosatletasagerenciaremaingestãodegordura, estáadeensiná-losquais alimentos contêm lipídiosequais tiposdelipídios, para quepossam fazermelhores escolhas alimentares (LEUTHOLTZ;KREIDER,2001).

As dietas cetogênicas, ricas em gordura, tiveram sua popularidade aumentada nos últimos anos. Possuem aproximadamente de 70 a 80% de suas calorias diárias compostas em gordura, com uma quantidade moderada de proteína (20 a 25% de calorias totais ou 2,0 a 2,5 g/kg/dia) e, em grande parte, desprovidas de carboidratos (10-40 g/dia), levando a uma maior dependência de cetonas como fonte de combustível. Todavia, existem evidências limitadas e mistas quanto à eficácia geral de uma dieta cetogênica para atletas. Tendo em vista que as evidências disponíveis são limitadas e mistas, é necessário concluir mais pesquisas com seres humanos antes que recomendações apropriadas possam ser feitas para o uso de dietas ricas em gordura para o desempenho atlético (KERKSICK et al., 2018).

IMPORTANTE

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TÓPICO 2 — NECESSIDADES NUTRICIONAIS NO ESPORTE

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4.4 PLANEJAMENTO ALIMENTAR (ANTES/DURANTE E APÓS AS REFEIÇÕES)

Deformageral,ummodeloderecomendaçãodiáriadedistribuiçãodemacronutrientesparaoconsumoenergéticototaldiáriodeindivíduosatletasseenquadranoperfilaseguir,conformeHernandezeNahas(2009)é:

• Carboidratos(CHO)–60%a70%dascalorias(oude5ga10g/kg/dia).• Proteínas (PTN) – de 1,2 g a 1,6 g/kg/dia para indivíduos que pratiquemesportesderesistência.

• Lipídios(LIP)–30%dascalorias(aproximadamente1g/kg/dia).

Todavia,alémdasdiretrizesnutricionaisdescritas,otempoeacompo-siçãodas refeições consumidasdesempenhamum importantepapel na otimi-zaçãododesempenho.Destaca-sequesãonecessáriasquatrohorasparaqueocarboidratosejadigeridoeassimiladonostecidosmuscularesehepáticoscomoglicogênio.Devidoaisso,asrefeiçõespré-exercíciodevemserconsumidascer-cadequatroaseishorasantesdoexercício(SHERMAN;JACOBS;LEENDERS,1998),demonstrandoque,seumatletatreinaàtarde,ocafédamanhãpodeservistocomodegrandeimportânciaparasuperarosníveisdeglicogêniomuscularehepático.

Alémdisso,indica-sequeaingestãodeumlanchelevedecarboidratoseproteínasde30a60minutosantesdoexercício(porexemplo,50gdecarboidratose5 a 10 g de proteína, 5:1) serve para aumentar a disponibilidade de carboidratos no finaldeumintensoexercício.Issotambémviabilizaoaumentodadisponibilidadede aminoácidos e reduz o catabolismo de proteínas, minimizando os danosmusculares(SAUNDERS;LUDEN;HERRICK,2007).

Emperíodosemqueosatletasestãoemrestriçãoenergética,paraatenderàsnecessidadesdiárias,deve-seconsideraraingestãodeproteínasdequalidade,oshoráriosdeconsumoeacombinaçãocomcarboidratos,quesãodegrandevaliapara manter a massa corporal magra, os efeitos do treinamento e o desempenho.

Durante o exercício, quando ele duramais de umahora, e/ou quandoa duração se estender para além de 90minutos, recomenda-se a ingestão desoluçõesdeglicose/eletrólitosparamanterosníveisdeglicosenosangue,evitara desidratação e reduzir os efeitos imunossupressores do exercício intenso. Essa estratégia se torna aindamais importante, quando o atleta estiver compoucocombustívelantesdatarefadoexercícioouforsubmetidoajejum(SAUNDERS;LUDEN;HERRICK,2007).

Logo após os exercícios intensos, deve haver o consumo de carboidratos eproteínas (por exemplo: 1 g/kgde carboidratos e 0,5 g/kgdeproteínas) nosprimeiros 30 minutos após o exercício e nas duas horas seguintes, consumir uma refeiçãoricaemcarboidratos.Pesquisadorestêmverificadoqueessaestratégianutricionalaceleraaressíntesedeglicogênioepromoveumperfilhormonalmais

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anabólico,acelerandoarecuperação(KRAEMERet al.,1998).Dessaforma,pode-se observar que o tipo de refeição, a quantidade de carboidratos consumidos e o horáriodasrefeiçõessãofatoresimportantesparamaximizaroarmazenamentodeglicogênioemanteradisponibilidadedecarboidratosduranteotreinamento.OISSNadotouumaposiçãosobreotempodenutrientesem2008,revisadaem2017(KERKSICKet al., 2017), pode ser resumida com os seguintes pontos:

• Estoques intramusculares e hepáticos de glicogênio são maximizados peloconsumodeumadietaricaemcarboidratoscontendode8a12g/kg/dia.

• Exercícios de alta intensidade (> 70% VO2Max) comduraçãomaior que 90minutoséaconselhávelconsumirde30a60gdecarboidratos/hora,emumasoluçãode6a8%decarboidrato,acada10a15minutosdurantetodooperíodode exercícios.

• Oplanejamentoalimentardeveoferecerenergiaadequada (mínimode27a30kcal/kg)eproteína(1,6a1,8g/kg/dia),preferencialmentecomingestãodeproteínacomespaçamentouniforme(acada3a4h) (0,25a0,40g/kg/dose)durante o dia.

• Intervenções nutricionais pré e/ou pós-exercício (carboidrato + proteína ouproteínaisoladamente)podemserestratégiaseficazesparaapoiarmelhoriasna força e na composição corporal.

• A ingestão de proteínas de alta qualidade pós-exercício (imediatamente 2 h após)estimulaaumentosrobustosnaMPS(KERKSICKet al.,2018).

4.4.1 Estratégias pré-competição

Como já discutido, os carboidratos constituem o principal nutrientequeforneceenergiaparaotreinamentoearecuperação,alémdeserorecursoergogênico mais estudado na nutrição esportiva por ser substrato energéticoparaomúsculoeo cérebroduranteoexercício físico (SIMINO,2018).Devidoa isso, em muitas modalidades esportivas, a baixa reserva de carboidratos éconsiderada um fator de fadiga e redução do desempenho físico, fazendo com queaestratégiademanipulaçãodeingestãodecarboidratosauxilienoobjetivodealcançarestoquesmáximosdeglicogêniomuscular,retardando,dessaformaosurgimentodafadiga(SIMINO,2018).

Resumidamente,atécnicadasupercompensaçãodecarboidratoconsisteemfazertreinosintensos,ingerindo,durantetrêsdias,umadietahipoglicídica,seguidos de três dias de treinamento leve acompanhados pela oferta de umadieta hiperglicídica. Todavia, a dieta hipoglicídica pode, em alguns momentos, não ser conveniente ao atleta, sendo pouco palatável, causando alteraçõesdigestivas,irritabilidade,tonturasecansaço.Fatoresessesquefizeramcomquefosse desenvolvida uma técnica menos agressiva, como o sistema dissociado(KREIDER,2017).

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TÓPICO 2 — NECESSIDADES NUTRICIONAIS NO ESPORTE

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Segundo Simino (2018), o sistema dissociado foi pensado da seguinteforma:aintensidadedotreinamentoéreduzidaumasemanaantesdacompetição,momento em que são consumidos 50% da energia na forma de carboidratos na dieta, posterior, três dias antes da competição, a atividade passa a sermenosintensa e a dieta aportando aproximadamente 70% de carboidrato do valor energéticototal.Osalimentosdevemserdealtoíndiceglicêmico,aumentandoasensibilidadeàinsulinaeestimularasíntesedeglicogêniomusculareasreservasno tecido adiposo.

A supercompensação de carboidratos pode ser utilizada, quando definidoemconjunto,entreoprofissionaldesaúdeeoatleta.Todavia,éindicadonãoutilizaressaestratégiamaisdeumavezpormês,devidoaoestímulodasensibilidadeàinsulina.

Dessaforma,nomomentopré-competição,aalimentaçãodevegarantirqueosestoquesdeglicogênioestejamnonívelmáximo.Paraascompetiçõesqueduram menos de quatro minutos, orienta-se que o atleta tenha um descanso nos trêsdiasanteseaportepara7a8g/kgdepeso/diaoconsumodecarboidratos(SILVA; MAIRANDA; LIBERALI, 2008). Já, para atividades com mais de 90minutos de duração, faz-se necessária a realização de exercícios de menorintensidade na semana anterior e descanso no dia do evento, sendo indicado, paraostrêsprimeirosdias,aingestãode5a7g/kgdepesodecarboidratose,nosúltimostrêsdias,8a10g/kgdepesodecarboidratos(JOHANNet al., 2015), ou seja,aumentandogradativamentecomaproximidadedacompetição.

De acordo com Silva,Mairanda e Liberali (2008), no dia de provas deresistênciacommaisde90minutosoueliminatóriascurtas,sugere-seaofertade7a8g/kgdepeso/diadecarboidrato,jánasemanaprévia,orienta-seareduçãodo treinamento nos três últimos dias e o atleta deve realizar um treino leve,consumindode8a10g/kg/dia.

Conformemencionadono tópicoanterior,a refeiçãopré-exercíciodevesercompostaporalimentosderápidadigestibilidade,commaiorproporçãodecarboidratos, proporção intermediária de proteínas e baixíssimo consumo delipídios(CÓRDOBA,2017).

Jánodiaanterioraodacompetição,devemseroferecidasdeseisaoitorefeiçõesricasemcarboidratosdebaixoíndiceglicêmico,evitandoalimentosqueprovocamflatulência,comoosintegrais,ricosemfibrase/ounovosalimentosquenãofazempartedohábitoalimentardoatleta.Nodiadacompetição,arefeiçãoprincipaldeveserrealizadadeduasaquatrohorasantesdoeventoe,casosejanofinaldatarde,poderãoserconsumidospequenoslanches(sanduíchedeatum/peitodefrango,barrasdecereal,iogurte,granolacomleite)detrêsemtrêshoras(CÓRDOBA,2017).

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Nos períodos de descanso ou férias, o atleta deve ter uma dieta que permita manter o peso corporal e que evite carências nutricionais.

ATENCAO

4.4.2 Estratégias durante competição

Nas atividades de resistência com duração de mais 90 minutos e emesportes com exercícios intermitentes de alta intensidade e curta duração, deve-se ingerir aproximadamente de 25 a 30 g de carboidratos a cada 30 minutos, buscando retardar o aparecimento da fadiga. Aqui, pode-se fazer uso dos suplementos de conveniência, como as bebidas esportivas que fornecem os carboidratosnecessáriosparaoexercícioehidratamsimultaneamente(CÓRDOBA,2017).

Quanto à hidratação, posteriormente discutiremos esse tema de formaampliada.Deformaresumida,érecomendadoque,apósde30a60minutosdoiníciodaatividade,sejamofertadosde125a250mLdelíquidosacada15ou20minutos.Emmodalidadesesportivasquedurammaisde60minutos,oferecer1,5a3mL/kgdepesocorporal(CÓRDOBA,2017).

4.4.3 Estratégias pós-competição

Nocasodopós-competição,ébemvariável,dependendodomomentodapróximacompetição.Emsituaçõesemqueoatletavairealizarmaisdeumaprovaemumcurtoprazodetempo,asreservasdeglicogêniodevemserrestabelecidasrapidamentecomalimentosqueforneçamcarboidratosdealtoíndiceglicêmico,ingerindo1g/kgdepesodecarboidratonasduashorasimediatamenteapósaatividadefísica(CÓRDOBA,2017).

Recomenda-se a ingestão de 5 a 9 g/proteínas, juntamente com oscarboidratos na refeição pós-exercício, favorecendo ressíntese de glicogênio,sendoqueemalgunscasos,érecomendadaaingestãoderefeiçõesdeconsistênciapastosa,alémdoaumentodoconsumodelíquidos,comofertadeumarefeiçãocontendocarboidratos,proteínaselíquidos,acelerandoasíntesedeglicogênio,alémdereidrataroatleta.ConformeAokieBacurau(2012),aingestãodelipídeosdeve ser mantida na faixa de 20 a 30% da oferta calórica total da dieta.

Nocasoda reidratação, nopróximo tópico, ela serámelhordetalhada.

Para repor o déficit hidroeletrolítico, deve-se oferecer 1,5 L de líquidos/kg depeso corporal perdido durante o exercício (reposição de 150% da perda de peso

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paramanter o estadode hiperidratação) e, após duas horas da competição, érecomendávelaumentaraconcentraçãodecarboidratosdasbebidasoferecidaspara15a20%eingerir100a150mL/minuto(CÓRDOBA,2017).

Embora haja uma preconização de que o uso de carboidrato está diretamente relacionado com os níveis intracelulares de glicogênio e retardo da fadiga muscular, há, ainda, uma lacuna sobre o consumo adequado de carboidrato frente ao treinamento de força, já que esse tipo de treinamento é classificado como prioritariamente anaeróbico, dependendo, em grande parte, da creatina fosfato como geradora de energia, através do sistema anaeróbico alático, especialmente em exercício de alta intensidade e baixas repetições (HERNANDEZ; NAHAS, 2009).

IMPORTANTE

4.5 MICRONUTRIENTES

Asvitaminaseosmineraissãocompostosessenciais,ouseja,precisamser consumidas via alimentação, já que nosso corpo não as produz.Auxiliamna regulação de processos metabólicos e neurológicos, síntese de energia e no impedimentodadestruiçãodascélulas(KERKSICKet al.,2018).Asvitaminassãocompostosorgânicoseosmineraissãoinorgânicos,epossuemfunçõesespecíficasestando diretamente ligados ao metabolismo celular e, por isso, relacionados ao bomrendimentodosatletasdurantetreinosecompetições.Veremos,aseguir,osmicronutrientesquesedestacamnaáreaesportiva.

As vitaminas são divididas em hidrossolúveis e lipossolúveis, sendoque as lipossolúveis incluemasvitaminasA,D,E eK e são armazenadas emváriostecidos,podendoresultaremtoxicidadeseconsumidasemquantidadesexcessivas.

AsvitaminashidrossolúveisconsistememtodoocomplexodevitaminasBevitaminaC,nestecaso,comosãosolúveisemágua,a ingestãoexcessivaéeliminada na urina, com exceçãoda vitaminaB6, que pode causar danos nosnervosperiféricosquandoconsumidosemquantidadesexcessivasedavitaminaC que pode causar danos renais e desequilíbrios osmóticos.

Destaca-seque,seumatletaédeficienteemumavitamina,asuplementaçãooumodificaçõesnadietaparamelhorarostatusdessavitaminapodemmelhorarconsistentementeasaúdeeodesempenho(KERKSICKet al.,2018).

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Os minerais, por sua vez, são elementos inorgânicos essenciais,necessáriosparaumasériedeprocessosmetabólicos.Osmineraisservemcomoestrutura para os tecidos, componentes importantes de enzimas e hormôniose reguladores do controle metabólico. Já nas populações atléticas, algunsmineraissãoconsideradosdeficientes,enquantooutrossãoreduzidosdevidoaotreinamentoeexercícioprolongado,comosódio,potássioemagnésio.Sendoquenessassituaçõesosatletasdevemconsumiralimentoselíquidosparasubstituiressasperdas(THOMAS;ERDMAN;BURKE,2016).

Dos minerais revisados por Kerksick et al. (2018), vários parecemcontribuir coma saúde edesempenhodos atletas emdeterminadas situações,comoasuplementaçãodecálcioematletassuscetíveisàosteoporose,auxiliandonamanutençãodasaúdeóssea.

Zourdos,Sanchez-GonzalezeMahoney(2015)destacaramaimportânciado status de ferro em atletas do sexo feminino, em que esforços recentes apontaram queasuplementaçãodeferroematletaspropensosadeficiênciasdeferroe/ouanemia pode melhorar a capacidade de exercício.

De acordo com o COI (KERKSICK et al., 2018), os nutrientes quenormalmentesãosuplementadosematletasincluemferro,cálcioevitaminaD.Alémdisso,tambémpodesernecessáriaasuplementaçãodeiodo(paraaquelesquevivememáreascombaixosníveisdeiodonosalimentosouquenãousamsaliodado),folato(paramulheresquepodemengravidar)evitaminaB12(paraaquelasque seguemumadietaveganaouquasevegana).Essas consideraçõesnãoseaplicamespecificamenteaosatletas.

Ascontradiçõesnaquantidadedirecionadaaosatletasparaoconsumodasvitaminas,conformeHernandezeNahas(2009),paraosatletasemregimede treinamento intenso, tem sido sugerido o consumo de vitamina C entre 500 e1.500mg/dia,paramelhorresposta imunológicaecomefeitoantioxidante;edevitaminaE,paraaprimoraraaçãoantioxidante.Todavia,essasafirmaçõessebaseiamembaixograudeevidênciacientífica.

Para os minerais, as condições são compatíveis com as pesquisasdirecionadas às vitaminas para os atletas. Nesse ínterim, o zinco, por estarenvolvidonoprocessorespiratóriocelular,quando,emdeficiêncianosatletas,podegerar anorexia, perdadepeso significativa e consequentemente fadiga equeda no rendimento, fato que leva a sugerir a suplementação alimentar desse mineral. Todavia, as evidências científicasnão justificamouso sistemáticodozincoemsuplementaçãonutricional,apenasemsituaçõesespecíficasemqueonutricionistaidentifiqueessanecessidade(HERNANDEZ;NAHAS,2009).

Permanecendo nesse pensamento, atletas do sexo feminino, devido a dietasderestriçãocalórica,podemtersugestãodeaportedocálcio,envolvidonaformação e manutenção óssea, assim como a baixa ingestão de ferro, causando

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TÓPICO 2 — NECESSIDADES NUTRICIONAIS NO ESPORTE

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fadigaeanemia,podendoafetarodesempenhoatléticoeosistemaimunológico,sendo recomendado ter atenção especial ao consumo de alimentos com ferro de elevada biodisponibilidade.

De acordo com Medeiros, Paschoal e Sanches (2017), ao avaliar amagnitude dos efeitos que as vitaminas e os minerais exercem no organismo humanoeainfinidadedereaçõesbioquímicasefisiológicasqueestãoenvolvidasnoexercíciofísico,faz-senecessáriaumaavaliaçãomaiscomplexaeprofundadeumindivíduofisicamenteativo,conformepodeserobservadonaFigura5.

FIGURA 5 – MODULAÇÃO DOS EFEITOS DO EXERCÍCIO PELOS MICRONUTRIENTES SOB A ÓPTICA DA NUTRIÇÃO FUNCIONAL

FONTE: Paschoal e Naves (2017, p. 244)

Nessecontexto,quandosefalaemsuplementaçãonutricional,deacordocom Medeiros, Paschoal e Sanches (2017), é de suma importância promovereducação nutricional, uma vez que estes nutrientes compõem uma extensacadeia de reações, e seu uso sem orientação pode alterá-las, podendo trazerconsequênciasnegativaspara a saúdedesses indivíduos, já quenem todososnutrientessãoexcretadosdemaneiraeficientequandoemexcesso,podendoserarmazenados no organismo em quantidade tóxica.

Noqueserefereàscontrovérsiassobreasuplementaçãodemicronutrientesem esportistas e atletas, deve-se avaliar os fatores envolvidos na condução da pesquisaparaqueelasejarelevante,considerando,desdeaseleçãodasamostras,

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UNIDADE 2 — COMPOSIÇÃO CORPORAL E NECESSIDADES NUTRICIONAIS NO ESPORTE

quepodeserdegrandediversidade.Porexemplo,quantoaograudepráticadeatividade física,à intensidadedoexercício,àmodalidade,ao tempode treino,à idade, ao sexo, à dieta, ao estilo de vida, além de período de treinamento,graudeestresse,períododesono,fatoresemocionais,fatoresgenéticosouatéapresençadedoenças,ouseja,fatoresqueconstituemoindivíduoedeterminamsuaqualidadedevida(MEDEIROS;PASCHOAL;SANCHES,2017,p.244).

Analisando ainda fatores que envolvema eficáciadas vitaminas eminerais estudados, tais como a proporção entre os nutrientes, o mecanismo compensatório de defesa do organismo, a suplementação isoladaouconjunta,entreoutros,determinaaabsorção,otransporte,o armazenamento, a utilização e a excreção de micronutrientes, o que tornaoestabelecimentodeconsensossobreasnecessidadesdiáriasea suplementação cada vez mais difícil. Todos esses fatores evidenciam que a individualidade bioquímica deve sempre ser considerada na avaliaçãonutricionaldosindivíduos,poisasevidênciasencontradasemestudoscientíficosforamrealizadasemgruposheterogêneos,oquepermiteasuaanálisesobdiferentesóticas.Dessemodo,constata-seanecessidadedeconstantesavaliações,pesquisaseestudosqueevidenciemessasdiscussões,trazendocomprovaçõescientíficasquepermitam a suautilizaçãonaprática.Ainda, é importante semprelevaremconsideraçãoafisiologiahumana,bemcomoabioquímicade vitaminas eminerais, que já estão bem descritos na literatura,mostrando a necessidade de tais elementos nas vias metabólicas e reaçõesquímicasque,demaneiracomplexa,permitemoequilíbriodoorganismo,mantendo-osaudável.Assim,casosejamaumentadasasnecessidadesdesseorganismo,até entãoequilibrado, resultado,por exemplo, da prática de atividade física seja com ou sem finscompetitivos, as necessidades de vitaminas e minerais tambémserãoaumentadas, afimde se respeitar sempre aproporção entreos nutrientes que por sua vez asseguram ao organismo novamente seu equilíbrio.

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RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico, você aprendeu que:

• As necessidades nutricionais dos atletas são maiores que de indivíduos não atletas.

• O atendimento nutricional direcionado ao atleta segue o padrão do atendi-mento clínico nutricional, requerendo um bom diagnóstico baseado em uma anamnesealimentarcompletaparaqueasintervençõesvenhamdeencontroaoobjetivodocliente.

• Os cálculos das necessidades nutricionais dos atletas podem seguir asrecomendações das DRIs, seguindo o Fator deAtividade Física compatívelcomoatletaoupeloMETs,considerandoqueasvariáveispassíveisdeerronoestabelecimento desses ainda são discutidos pelos pesquisadores.

• As recomendações de macronutrientes para atletas são maiores, devendo,nessas situações, seguir as diretrizes da Sociedade Brasileira de MedicinaEsportiva.

• Deformageral,ummodeloderecomendaçãodiáriadedistribuiçãodema-cronutrientesparaoconsumoenergéticototaldiáriodeindivíduosatletasseenquadranoperfilaseguir,conformeHernandezeNahas(2009)é:carboi-dratos(CHO)–60%a70%dascalorias(oude5ga10g/kg/dia);proteínas(PTN)–de1,2ga1,6g/kg/diaparaindivíduosquepratiquemesportesderesistência;lipídios(LIP)–30%dasCalorias(aproximadamente1g/kg/dia).

• Arecomendaçãodeconsumodeproteínaésemprediscutidaconsiderandoavariabilidade dos indivíduos e das modalidades que praticam.

• Oíndiceglicêmicodosalimentosfontedecarboidratosdeveserconsideradonaprescriçãodoplanejamentoalimentar.

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1 Umamulherde24anosdeidade,com58kgdepesocorporale1,70mdealtura (IMC 20), ingressou recentemente no time de handebol da sua uni-versidade. Preocupada com sua alimentação e com seu desempenho físico nascompetições,elaconsultouumnutricionistacomoobjetivodeobterinformaçõesarespeitodarelaçãoentreoconsumodenutrienteseasuaatividadeesportiva.Considerandoasituaçãohipotéticaanteriorearelaçãoentrealimentaçãoedesempenhofísico,avalieasafirmativasaseguir:

I- Érecomendáveloconsumodealimentosricosemcarboidratosemode-radosemproteínaspróximoaohoráriodaatividadefísica,poisessesali-mentosfavorecemodepósitodoglicogêniohepáticoeadisponibilidadedeaminoácidoscirculantes.

II- A jovem apresenta estado nutricional adequado, segundo o índice demassa corporal, e, por isso, deve ingerir alimentos ricos em gordura antes daatividadefísica,poisagorduraéfontedeenergiaparaesportesdealtaintensidade.

III-Oconsumodecarboidratodealtoíndiceglicêmico(30a60g)duranteaatividade física, após umahora de treino é recomendável por permitirqueaglicosesejaenviadaparaoorganismonomomentoemqueafadigaaparece.

IV- A ingestão de proteína durante a atividade física retarda o surgimento da fadiga,melhorandotambémodesempenhodaesportistapelamanutençãoda glicemia durante o exercício.

ÉCORRETOapenasoqueseafirmaem:

a) ( ) I e II.b) ( ) I e III.c) ( ) I e IV.d) ( ) II e III.e) ( ) III e IV.

2 Considerando a utilização dos substratos energéticos durante a práticaesportiva. Leia com atenção as alternativas a seguir e classifique V para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:

() Durante o exercício, as células musculares transformam o glicogêniohepáticoemglicose,através,principalmente,daaçãodoglucagon.

( ) As proteínas e os carboidratos são os principais substratos utilizados pelo organismo como fonte de energia durante a atividade física.

AUTOATIVIDADE

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( ) A ingestão de carboidratos na dieta antes, durante e depois do exercício de curta duração podemelhorar e muito o desempenho atlético pelaotimizaçãodosmúsculosedepósitosdeglicogêniohepático,ouatravésda manutenção da homeostase da glicose sanguínea.

() Arefeiçãopré-competiçãoidealconsisteemalimentosricosemproteínasque irão garantir níveis elevados de proteína muscular durante a competição.

() Oconsumodecarboidratoscomaltoíndiceglicêmicoconstituiummeiomais efetivo de repor rapidamente o glicogênio depletado após umexercício intenso.

AssinaleaalternativaqueapresentaasequênciaCORRETA:

a) ( ) F, F, F, F, V.b) ( ) F, V, F, V, V.c) ( ) V, F, F, F, V.d) ( ) F, F, F, F, F.e) ( ) V, V, V, F, F.

3 A recomendaçãodiáriadedistribuiçãodemacronutrientesparao con-sumoenergético totaldiáriode indivíduosatletas,demaneirageral, seconcentraemqualdasquantidadesdescritasaseguir?

a)() Carboidratosde8ga12g/kg/dia;Proteínasde1,2ga1,6g/kg/dia;Lipídiosaproximadamente2g/kg/dia.

b)() Carboidratos de 3 g a 5 g/kg/dia; Proteínas de 1,2 g a 1,6 g/kg/dia;Lipídiosaproximadamente1g/kg/dia.

c)() Carboidratosde5ga10g/kg/dia;Proteínasde2,2ga2,6g/kg/dia;Lipídiosaproximadamente1g/kg/dia.

d)() Carboidratosde5ga10g/kg/dia;Proteínasde1,2ga3,6g/kg/dia;Lipídiosaproximadamente5g/kg/dia.

e)() Carboidratosde5ga10g/kg/dia;Proteínasde1,2ga1,6g/kg/dia;Lipídiosaproximadamente1g/kg/dia.

4 É sabido que o consumo de carboidratos por atletas, principalmente demodalidades de resistência, se faz de suma importância para o bomrendimento e posterior recuperação muscular. Nesse sentido, muitosnutricionistas usam da estratégia de supercompensação de carboidratoe/ousistemadissociadoparaviabilizarumamaiordisponibilidadedessemacronutrienteduranteascompetições.Deacordocomoexposto,descrevacomoérealizadaasupercompensaçãodecarboidratos/sistemadissociado.

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5 Há muitas controvérsias sobre a suplementação de micronutrientes emesportistas e atletas, pois deve-se avaliar os fatores relacionados a cada caso quantoaograudepráticadeatividadefísica,à intensidadedoexercício,àmodalidade,aotempodetreino,àidade,aosexo,àdietaeaoestilodevida,alémdeperíododetreinamento,graudeestresse,períododesono,fatoresemocionais,fatoresgenéticosouatéapresençadedoenças,ouseja,fatores que constituem o indivíduo e determinam sua qualidade de vida. Nessesentido,descrevasobreaimportânciadessasvariáveisnaanálisedasuplementaçãodemicronutrientesnaáreaesportiva.

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107

UNIDADE 2

1 INTRODUÇÃO

Olá, acadêmico, chegamos ao último tópico desta unidade, e iremosabordar a importância da hidratação no esporte. Reforçaremos algumasquestõesfisiológicasquepermeiamotermoregulaçãoe,consequentemente,omecanismodehidrataçãoedesidrataçãodeumesportista/atleta,considerandopoderserahidrataçãoofator-chaveparaoprimeirolugarnomomentofinaldeuma competição.

Alémdisso, identificaremososprotocolosdehidratação,antes,duranteeapósapráticadamodalidadeesportiva,refletindosobrequalotipodefluidoa ser ofertado em determinado momento, considerando a intensidade, tempo de esforçoeascondiçõesambientais,principalmentetemperaturaeumidadedoar.

Ainda,caberádiscutir,nestetópico,a legislaçãobrasileiraqueregula-mentaasbebidasrepositorasdeeletrólitos,comorientaçõesdequantidadesetipos de carboidratos que podem estar presentes nessa bebida, bem como, quais sãoasquantidadesdosminerais.Porfim,éválidorelembrarmosasalteraçõesfisiológicasqueacontecemnoprocessodedesidratação,suasconsequênciaseimpactos no desempenho de um praticante de exercício físico.

TÓPICO 3 —

HIDRATAÇÃO NO ESPORTE

2 INGESTÃO HÍDRICA

A água corresponde a 60% do peso corporal em um adulto normal,sendoqueumhomemde70kgpossui,emmédia,42Ldeágua.Aáguacompõetrês quartos do peso dos tecidosmagros emenos de um quarto do peso dagordura, desta forma, podemos perceber que a composição corporal interfere na quantidadedeáguacorporal(WHITNEY;ROLFES,2013).

A localização da água é dividida em dois reservatórios: intracelular(dentrodas células), que reserva 28L (40%) e extracelular (toda água externaàsmembranascelulares)osoutros14L(20%),considerandooexemploanteriorde um homem de 70 kg, sendo que este último compartimento se subdividefuncionalmenteemplasma(5%)efluidointersticial(15%).

O fluido intersticial recobre diretamente as células extravasculares epermite a passagem de nutrientes e produtos metabólicos entre o sangue e as células(GROPPER;SMITH;GROFF,2011).

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UNIDADE 2 — COMPOSIÇÃO CORPORAL E NECESSIDADES NUTRICIONAIS NO ESPORTE

Aáguapossibilitaasolubilizaçãoeapassagemdeumagrandevariedadedenutrientesorgânicoseinorgânicosdosangueparaacélulaedacélulaparaosangue,alémdasinúmerasreaçõesmetabólicasqueocorremintracelularmente:

• Mantémaestruturademoléculasgrandes,comoasproteínaseoglicogênio.• Serve como solvente para minerais, vitaminas, aminoácidos, glicose emuitasoutrasmoléculaspequenasparaquepossamparticipardeatividadesmetabólicas.

• Age como lubrificante e amortecedor ao redorde articulações edentrodosolhos,medulaespinhal,eemgestações,dosacoamnióticoqueenvolveofetonoútero.

• Auxilia na regulação da temperatura normal do corpo, pois a evaporação do suor pela pele elimina o excesso de calor do corpo.

• Mantémovolumedesangue.

Dessa forma, para auxiliar nessas e demais funções, o corpo mantémo equilíbrio hídrico (ingestão = liberação) (GROPPER; SMITH; GROFF, 2011;WHITNEY;ROLFES,2013).

O hipotálamo controla atividades como a manutenção do equilíbrio hídrico, regulação da temperatura corporal e o controle do apetite (WHITNEY; ROLFES, 2013).

NOTA

Vamosrecordarcomoocorreoprocessodasede?

Quando o equilíbrio hídrico diminui, o sangue começa a se concentrar, a bocasecaeohipotálamoiniciaasensaçãodesede.Osreceptoresdeestiramentonoestômagoenviamsinaisparaaaçãodebeber,bemcomoosreceptoresquemonitoram o volume de sangue no coração.

Casoo indivíduoqueestácomperdadeáguanãoa reponha,ocorreadesidratação,quejustamentetemcomoseusprimeirossintomasasede,ecomoconsequênciadonãoconsumohídrico,comrapidez,seguemosdemaissintomas(Tabela2),podendoresultaremmorte(WHITNEY;ROLFES,2013).

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TÓPICO 3 — HIDRATAÇÃO NO ESPORTE

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2.1 UM POUQUINHO DA HISTÓRIA

Para iniciarmos, vamos rever o que a história nos traz sobre a ingestão de líquidosemcompetições,paracompreendermosumpoucodoporquêaindahojehácontrovérsiasemalgunsprotocolosdereidratação.

Até o século XX, a restrição de líquido durante a atividade física eraassociada ao ganho de desempenho durante as competições, sendo, naquelemomento,preconizadaanãoingestãodeáguaououtroslíquidos,pensamentobaseado nas observações de que os grandes atletas finalizavam as provasvitoriosos com temperaturas corporais acima de 40 °C, considerada para eles “a chave do sucesso”.

Alémdisso,osatletaseseuspreparadoresacreditavamqueaingestãodelíquidosealimentosdurantesasprovas,poderiamtrazerdesconfortosgástricos(TIRAPEGUI,2012).

Apenasem1940,osimpactosdeletériosdadesidrataçãonodesempenhotornaram-se conhecidos, todavia, ainda envoltosdedúvidas e com resistênciapor parte de alguns atletas.

Apenasnosúltimos30anos,osprofissionaisdasaúdevêmdestacandoa importância da ingestão de líquidos, antes, durante e após a prática deexercícios físicos.

Foramosmilitaresosprimeirosareconheceraimportânciadareposiçãode líquidos no desempenho, pois, durante as batalhas, venciam os que tinham disponibilidadedeágua,considerandoabatalhados“seisdias”,em1967,quandograndepartedelesmorreupordesidratação(TIRAPEGUI,2012).

Atualmente,ahidrataçãonoesporteéumtemabemdiscutido,reconheci-do,estudadoequeapresentainúmerosbenefíciosparaorendimentodosatletasepraticantesdeexercíciofísico.Eéoquediscutiremosaseguir,iniciandopeladiscussão do balanço hídrico.

O turnover hídrico é bastante variável, dependendo do clima, práticade exercício físico e sexo do indivíduo. Como exemplo, temos os indivíduos sedentáriosqueresidememambientesamenos,ondeaperdadeáguagiraemtorno de 2 a 4 L por dia, em contrapartida, os atletas que chegam a perder mais de 10 L por dia. Essa perda acontece por meio da diurese, sudorese, perspiração, respiraçãoefezes(BIESEK;ALVES;GUERRA,2015;HIRSCHBRUCH,2014).

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UNIDADE 2 — COMPOSIÇÃO CORPORAL E NECESSIDADES NUTRICIONAIS NO ESPORTE

2.2 COMPOSIÇÃO DO SUOR

Acomposiçãodosuor,líquidosecretadopelasglândulassudoríparas,ésemelhanteaoplasmaemrelaçãoaosíons,comosódio,cloreto,potássio,sendoos dois primeiros os mais abundantes. Todavia, essa composição pode alterar, dependendo do indivíduo, da dieta, taxa de sudorese, hidratação e grau de aclimatação.

O ambiente do treinamento, quando muito quente estiver, mais favo-receráumaadaptaçãoaoorganismo,nosentidodequeosuorsetornahipo-tônicoemrelaçãoaosangue,poisaconcentraçãodossaisnosuoréreduzidaem50%,jáqueasudoreseestáaumentada,viabilizandoumamaioreficiênciada termorregulação.

Na Tabela 2, estão descritas as faixas de concentrações normais damaioria dos eletrólitos encontrados no suor, no plasma e no meio intracelular (TIRAPEGUI,2012).

TABELA 2 – CONCENTRAÇÕES DE ELETRÓLITOS NO SUOR, NO PLASMA E NO MEIO INTRACELULAR

Eletrólitos Suor (mmol/L) Plasma (mmol/L) Água intracelular (mmol/L)

Potássio 20a80 130 a 155 10Sódio 4a8 3,2 a 5,5 150

Cloreto 20a60 96a110 8Cálcio 0 a 1 2,1a2,9 0

Magnésio < 0,2 0,7 a 1,5 15

Bicarbonato 0 a 35 23a28 10

Fosfato 0,1 a 0,2 0,7a1,6 65Sulfato 0,1 a 0,2 0,3a0,9 10

FONTE: Tirapegui (2012, p. 120)

Vale destacar que o íonmais representativo no suor é o sódio, sendoque o potássio pouco se altera nomeio extracelular e rapidamente retorna àsconcentraçõesnormaisapósoexercício(TIRAPEGUI,2002).

2.2.1 Taxa de suor

Essataxaéexpressaemmililitrosporhora.Pararealizaressecálculo,de-ve-se pesar o atleta antes e após a atividade física, obtendo a diferença de peso corporalnaqualdeverásersomadaaingestãodelíquidosduranteoexercícioedescontadaaeliminaçãodelíquidopeladiurese(BIESEK;ALVES;GUERRA,2015).

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TÓPICO 3 — HIDRATAÇÃO NO ESPORTE

111

Atingindo um resultado em mililitros, deve-se dividi-lo pelo tempo de atividade,obtendo-seataxadasudorese.NoQuadro13estãodescritososfatoresquepodeminfluenciarnataxadesuor.

QUADRO 13 – FATORES QUE INFLUENCIAM A TAXA DE SUOR

Fatores Subfatores Mecanismo de ação

Área corporal Glândulasativadaspelosuor(GAS)

Mais do que a superfície corporal, o númerodoGASporunidadedeáreaéo

maior determinante da taxa de suor.

Sexo Feminino/Masculino

Emgeral,homenstêmmaiorestaxasdesuordoqueasmulheres,porémasmulhe-respossuemmaisGASporáreacorporal.

Tipo de atividade

IntensaDiantedeumacondiçãoambiental

padrão, quanto maior a intensidade do exercício,maiorseráaproduçãodecalor

e taxa de suor.

Continua x intermitente

Taxas de suor em atividades intermitentes, emqueaintensidadeévariada,sãopouco

descritas na literatura. Taxas de suor podemserbaixas,jáqueaspausasnessas

atividades permitem que a produção diminua momentaneamente.

Condições ambientais

Temperatura Sob uma intensidade constante, temperaturas altas promovem taxas

maiores de suor.

Umidade

Sob uma intensidade constante, umidade alta promove taxas maiores de suor. Em

mulheres, a umidade contribui para o recrutamentodaGAS.

Status físico

Aclimatação Indivíduos aclimatados iniciam a sudorese em temperaturas menores e podem

exercitar-se por um período mais longo.

Condicionamento

Independentemente da aclimatação, um condicionamento melhor implica umarespostaaosuormaiseficientecom

o aumento da temperatura durante o exercício e pode contribuir para o aumento

da perda total de suor.

Níveldehidratação Desidrataçãoreduzarespostadacapacidade de suor.

FONTE: Tirapegui (2012, p. 122)

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UNIDADE 2 — COMPOSIÇÃO CORPORAL E NECESSIDADES NUTRICIONAIS NO ESPORTE

3 HIDRATAÇÃOOgraudehidratação adequado émantido empraticantesde exercício

físico que ingerem a quantidade de líquidos adequados antes, durante e após os exercícios,todavia,esseequilíbrioédifícildesermantidodevidoàslimitaçõesnafrequênciadaingestãodelíquidos,esvaziamentogástricoeabsorçãointestinal(TIRAPEGUI,2012).

Considera-se,deacordocomHernandezeNahas(2009),queosfluidosaserem ingeridos pelos atletas, para facilitar a palatabilidade, devem estar entre 15 e22°Cetersaboresleves,poissãomelhoraceitosdoqueapenaságua.

Nesse conceito, percebe-se que a água, como única fonte de liquidodurante um exercício físico de longa intensidade, pode surtir efeitos adversos, pois,àmedidaqueaingestãodeáguaaumenta,ocorreumaexpansãodovolumesanguíneo(diluiçãoplasmática),comconsequentediurese,alémdodesconfortopelo aumento de líquido na bexiga do atleta. O aumento na excreção líquida promoverá também, eliminação de sódio (hiponatremia). O diagnóstico dahiponatremiapodeserrealizadoquandoasconcentraçõesplasmáticasdesódiosão menores que 130 mEq/L, causando apatia, náusea, vômito, consciênciaalterada e convulsões, que podemocasionar alterações neurológicas. Por isso,ganhamdestaqueoseletrólitosparaminimizaradiluiçãoplasmática(BIESEK;ALVES;GUERRA,2015).

Qual é o eletrólito que sedestacapara essa função?O sódio, íonmaisabundante no plasma e o principal na manutenção da osmolaridade, e prevenção dahiponatremia,benefícioquedeuorigemàsbebidasesportivas,osisotônicos,assimchamadosporconteremprincipalmenteglicoseesódionasconcentraçõesplasmáticas, com características de mais rápida absorção e menor diluição.Atualmente,otermoisotônicofoisubstituídoporrepositoreshidroeletrolíticos(TIRAPEGUI,2012).

É importante ressaltarmos que os repositores hidroeletrolíticos são diferentes das bebidas chamadas energéticas, já que as energéticas possuemobjetivo de fornecer energia extra para aumentar o rendimento e nãonecessariamente repõem os eletrólitos. Os repositores energéticos possuemconcentração maior que 10% de carboidratos, ao passo que os repositores hidroeletrolíticosapresentamemmédia6%decarboidratoseeletrólitos,comosódio,cloroepotássio(BIESEK;ALVES;GUERRA,2015).

3.1 EQUILÍBRIO HIDROELETROLÍTICO

A manutenção dos fluidos corporais é de suma importância para asobrevivência das células, pois, caso uma quantidade excessiva de água entrenelas, podem romper, já no casodeperda excessivade água, elas entram emcolapso,destaforma,paracontrolarofluxodaágua,ascélulascontrolamofluxodosmacrominerais(WHITNEY;ROLFES,2013).

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TÓPICO 3 — HIDRATAÇÃO NO ESPORTE

113

Quandoocloretodesódio(NaCl)édissolvidonaágua,elesedissociaemíons (átomosqueganharamouperderamelétrons,possuindo,portanto, cargaelétrica),quepodemsercátions(cargapositiva–Na+)eânions(carganegativa–Cl-),transportamnaáguaeletricidadedeformacorrente,porissosãochamadosdeeletrólitoseosfluidosaosquaisestãopresentesdesoluçõeseletrolíticas,asquaispossuemconcentraçõesdeânionsecátionsequilibradas.

Dessaforma,seumânionentrarnofluido,umcátiondeveráacompanhá-lo,ououtroâniondeverásair,semprequeíonsNa+saíremdacélulaoutrocátionentrará, o potássio (K+), por exemplo (MAHAN; ESCOTT-STUMP, 2011). Éimportanteressaltarqueoscátionseânionsatraemconjuntosdemoléculasdeáguaemvoltadeles,possibilitandosuadissoluçãoepossibilitandoqueocorpomovafluidosparaosdemaiscompartimentos.

Algunseletrólitospermanecemnaáreaextracelular(Na+e Cl-), enquanto outrostêmmaisafinidadepelaparteintracelular(K+,magnésio,fosfatoesulfato)e, em toda troca de compartimento, a água acompanha o eletrólito (processodenominadoosmose)(WHITNEY;ROLFES,2013).

3.2 DESEQUILÍBRIO ENTRE OS ELETRÓLITOS

Apesar do equilíbrio osmótico no organismo ser constante, em algumas situações ocorre o desequilíbrio, por exemplo: utilização de medicamentos,vômitoediarreiaforte,suorexcessivo,queimaduraseferimentos.

Considerando que o sódio e o cloreto são os íons extracelulares, serão osprimeirosaseremperdidosquandoolíquidoéeliminado.Emalgunscasos,a reposiçãodo líquidoperdidoaconteceapenascomaáguanatural e frescaealimentosapropriados.Todavia,emalgunsmomentos,énecessáriaareposiçãodefluidoseeletrólitos.Profissionaisdasaúdeutilizam,emdeterminadoscasosdediarreiacrônica,aterapiadereidrataçãooral,quecontémumacolherdeaçúcar,umapitadadesalemeiolitrodeágua(MAHAN;ESCOTT-STUMP,2011).

3.3 EQUILÍBRIO ÁCIDO BASE

OpHéaunidadedeconcentraçãodeíons(H+), quanto menor for o pH, maioréaconcentraçãode íonH+emais forteéoácido.UmpHacimade7éalcalino ou base e são predominantes íons OH- (WHITNEY;ROLFES,2013).VejaaescaladopHnaFigura6.

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UNIDADE 2 — COMPOSIÇÃO CORPORAL E NECESSIDADES NUTRICIONAIS NO ESPORTE

FIGURA 6 – ESCALA DO PH

FONTE: <https://bit.ly/3vObUQp>. Acesso em: 11 maio 2021.

O corpoprecisamanter o pH comvariações limitadas para evitar quetragam riscos à vida. Pequenos desvios podem danificar proteínas, causandodestruiçãometabólica.Por issopossuímos trêssistemasqueprotegemocorpodasoscilaçõesnopH,tampõesnosangue,respiraçãonospulmõeseaexcreçãonosrins(WHITNEY;ROLFES,2013).

• Regulaçãopormeiodetampões:obicarbonato(compostocomaformulaHCO3 queresultadadissociaçãodoácidocarbônico,demaiorimportâncianamanu-tençãodoequilíbrioácidobase)eoácidocarbôniconosfluidoscorporais,assimcomoalgumasproteínas,protegemnossoorganismodealteraçõesnaacidez,agindocomotampões,neutralizandoácidosebases,primeiralinhadedefesa.

• Regulaçãopormeiodepulmões:arespiraçãoéasegundalinhadedefesaparaodesequilíbrioácido-base.Odióxidodecarbono,formadoduranteometabo-lismocelular,produzindoácidocarbôniconosangue,quesedissociaformandoíonsdehidrogênioebicarbonato.Oequilíbrioentreoácidocarbônicoeobi-carbonatoéessencialparamanteropHnosangueideal,poisseoácidocarbô-nico for desenvolvido em excesso, a taxa respiratória acelera-se, aumentando o dióxido de carbono exalado, diminuindo consequentemente a concentração do ácidocarbônico.Contrariamente,seobicarbonatoaumenta,ataxarespiratórialentificaeodióxidodecarbonoéretidoemformadeácidocarbônico.

• Regulaçãopormeiodosrins:aoselecionarquaisíonsserãopreservadose/ouexcretados,osrinsajustamoequilíbrioácido-basedocorpo,porisso,aacidezdaurinaoscila,ajustandoesseequilíbrio(MAHAN;ESCOTT-STUMP,2011).

Como a hidratação é uma questão de fundamental importância para a vida, nas práticas esportivas ela também merece destaque, devido à perda hídrica para equilíbrio da temperatura corporal. Sugerimos a leitura do artigo: Déficit hídrico pós-treino em judocas submetidos a diferentes intensidades de treinamento com e sem hidratação, disponível em: http://www.rbne.com.br/index.php/rbne/article/view/496.

DICAS

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TÓPICO 3 — HIDRATAÇÃO NO ESPORTE

115

4 ESVAZIAMENTO GÁSTRICO

Após a ingestão de fluidos o esvaziamento gástrico é considerado oprimeiro fator limitante, para que este, esteja disponível na circulação, pois oestômagonãotemfunçãodeabsorveroslíquidosdeformasignificativa,aqualacontecerá no intestino. O esvaziamento gástrico é controlado por diferentesfatores, são eles: intensidade, tipo do exercício, volume ingerido, densidade energética, osmolaridade, temperatura e tipo do carboidrato (HERNANDEZ;NAHAS,2009).

4.1 DENSIDADE ENERGÉTICA

Quantidades altas de carboidratos podem retardar o esvaziamento gástrico,reduzindoaquantidadedefluidodisponívelparaabsorçãointestinal,demonstrandoqueháfatoresquelimitamaabsorçãointestinaldeglicose,aindaa maior concentração luminal de carboidratos desloca água para o intestino,contribuindo para aumento no risco de desidratação, além de distúrbiosgastrointestinais.

Emcondiçõesambientaisquentes,orecomendadoéaofertadebebidasquecontenhamde4a6%decarboidratos,poisnestaconcentraçãonãohaveráretardo no esvaziamento gástrico. Todavia, a velocidade com que as bebidashidroeletrolíticas serão esvaziadasdependem tambémdo conteúdo energéticototal(BIESEK;ALVES;GUERRA,2015;HIRSCHBRUCH,2014).

4.2 INTENSIDADE E TIPO DO EXERCÍCIO

Exercícios realizados em intensidades inferiores a 70% VO2máx acarretam pouco a função do trato digestório, mas em intensidades maiores tanto o esvaziamento quanto a absorção intestinal podem ser alterados.Dessa forma,em situações emque os indivíduos têm treinos longos e intensos, o consumodegrandesvolumesdefluidospodecausardesconfortogástricoeprejuízonoesforço físico.

Quandooexercícioédecorrida,háumaincidênciamaiornosproblemasgastrointestinais, quando comparados à natação e ao ciclismo.A ingestão defluidosdurantemaratonasdeveserpequena,variandoaomáximoem600mL/h,aumentandooriscodedesidrataçãonessegrupodeatletas(TIRAPEGUI,2012).

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UNIDADE 2 — COMPOSIÇÃO CORPORAL E NECESSIDADES NUTRICIONAIS NO ESPORTE

4.3 TEMPERATURA DAS BEBIDAS E VOLUME INGERIDO

Atemperaturadasbebidasdeveserdeacordocomapreferênciadoatleta,considerandoquebebidasgeladaspodemauxiliarquandooexercícioérealizadoem ambientes quentes, bem como bebidas menos geladas em ambientes mais frios. Deformageral,águaemtemperaturaentre5e15°Cesvaziammaisrapidamentequesoluçõesmornas.

Quantoaovolumeaseringerido,énecessárioqueoatleta,duranteostrei-namentos,verifiqueasuatolerânciaagrandesvolumesdelíquidonoestômago.

Todavia, é comum que os atletas relatem com frequência refluxogastroesofágicoresultantedaingestãodevolumesmaioresdelíquidosjáantesdoiníciodaprova,porisso,nãoofazem.Comisso,setornavantajosomanterovolumenoestômago,tolerávelduranteoexercício,próximode400a600mL(TIRAPEGUI,2012).

4.4 TIPO DE CARBOIDRATO NOS REPOSITORES HIDROELETROLÍTICOS

A ingestão de glicose, quando comparada a sacarose e maltodextrina, nãoapresentadiferençaemrelaçãoaoesvaziamentogástrico. Já,soluçõescomfrutose,passammaisrápidopeloestômago,massãoabsorvidasmaislentamenteno intestino, podendo causar desconforto intestinal.

A osmolaridade torna-se importante em soluções com quantidadesmaioresdecarboidratos, todavia,nestes casos,aprópriadensidadeenergéticaseráresponsávelporumesvaziamentogástricomaislento.

Demaneirageral,podemosconsiderarquevolumedoconteúdogástrico,densidadeenergéticaeaosmolaridadedabebidasãoosfatoresmaisrelevantesnoesvaziamentogástrico,devendoserconsiderado,também,queasubstituiçãode glicose por polímeros de glicose parece aumentar levemente a taxa de oferta defluidosedesubstratosparaointestinodelgado(BIESEK;ALVES;GUERRA,2015;HIRSCHBRUCH,2014).

5 ABSORÇÃO INTESTINAL

Aabsorção líquidadeáguaaumentapelo transporteativodeglicoseesódio.Comoacapacidadedeabsorçãodesolutoseáguanoestômagoéreduzida,ataxacomquesãoliberadosaointestinoinfluenciaranaagilidadedesuaabsorção(TIRAPEGUI,2012;HERNANDEZ;NAHAS,2009).

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TÓPICO 3 — HIDRATAÇÃO NO ESPORTE

117

5.1 TIPO E CONCENTRAÇÃO DE CARBOIDRATO

Importante prestarmos atenção agora, nas diferenças que veremos entre asacarose,glicosee frutose.Bebidasquecontêmsacaroseeglicoseviabilizammaiorabsorçãodeáguaesódio,porsuavez,bebidasquecontêmmaisfrutosepromovem absorção moderada de água e muito baixa de sódio, com isso, éimportante a união desses diferentes carboidratos, que possuem vias de absorção diferentes, pois resultam em uma utilização maior desses carboidratos como fontedeenergia,doquequandoadministradoisoladamente,gerandotambém,aumento na absorção de líquidos.

Aconcentraçãoluminaldeglicosede80a200mmol/Lmaximizaataxadeabsorçãodefluidos,contudo,quandoesteestáembaixasconcentraçõesnasolução.Concentraçõescom6a8%deglicoseesacaroseparecempromoverumaabsorçãocomamesmarapidezqueaágua.Quandoaconcentraçãodecarboidra-toformaiorque10%,ofluidoédeslocadoparaolúmenintestinal,promoven-doumadesidrataçãocomassociaçãoacâimbrasabdominais,náuseasediarreia(BIESEK;ALVES;GUERRA,2015;HIRSCHBRUCH,2014).NoQuadro14,cons-tamasrecomendaçõesparaconjugaçãodehidrataçãoereposiçãoenergética.

QUADRO 14 – ESTRATÉGIAS PARA CONJUGAR A HIDRATAÇÃO COM O FORNECIMENTO DE CARBOIDRATO DURANTE O EXERCÍCIO

Recomendaçõesdecarboidratos 30 a 60 g por hora

Recomendaçõesdelíquidos 500 a 1000 mL por hora

Tipos de carboidratos Glicose,frutoseemaltodextrinasmisturados

Concentração 6a8%

FONTE: Tirapegui (2012, p. 135)

NoQuadro15,sãoapresentadasconcentraçõesdecarboidratosdeseja-das para determinada bebidas.

QUADRO 15 – ELABORAÇÃO DE BEBIDAS

Quantidade de carboidrato por hora 30 g 40 g 50 g 60g

Concentração a ser atingida Quantidade de liquido a ser acrescentado

6% 500 mL 667mL 833mL 1000 mL

7,5% 400 mL 533 mL 667mL 800mL

8% 375 mL 500 mL 625mL 750 mL

FONTE: Tirapegui (2012, p. 135)

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UNIDADE 2 — COMPOSIÇÃO CORPORAL E NECESSIDADES NUTRICIONAIS NO ESPORTE

6 RECOMENDAÇÕES DE INGESTÃO DE FLUIDOS E ELETRÓLITOS

Para garantir que o esportista inicie o exercício bem hidratado, recomenda-sequeele ingiracercade250a500mldeáguaduashorasantesdo exercício. Já durante o exercício, a recomendação é de início da ingestãonos primeiros 15 minutos, com contínua hidratação, bebendo a cada 15 a 20 minutos. Em relação ao volume a ser ingerido, varia conforme as taxas de sudorese,girandoentre500e2.000ml/hora.

Caso a atividade dure mais de uma hora, ou se for intensa, mesmo com menosdeumahora,deveserrepostocarboidratonaquantidadede30a60gporhoraesódionaquantidadede0,5a0,7g/L(HERNANDEZ;NAHAS,2009).Conforme vimos anteriormente, a bebida deve estar em temperatura entre 5 a 22 °C e apresentar um sabor de acordo com a preferência do indivíduo,favorecendo a palatabilidade.

Apósoexercício,aingestãoédesumaimportância,devendooesportistacontinuaringerindolíquidosparacompensarasperdasadicionaisdeáguapeladiureseesudorese.Deve-seaproveitarpara ingerircarboidratos,emmédiade50 g de glicose, nas primeiras duas horas após o exercício, para que se promova a ressíntese do glicogêniomuscular e o rápido armazenamento de glicogêniomuscularehepático(HERNANDEZ;NAHAS,2009).

ORIENTAÇÕES PARA PROMOÇÃO DE UMA ADEQUADA REIDRATAÇÃO

O atleta deve acompanhar as mudanças no seu peso corporal antes e após o exercício, verificando se o consumo de líquidos durante a prática esportiva foi suficiente. A perda de 1 kg equivale a 1 L de fluido perdido, aproximadamente. Considerando a contínua perda durante o período de recuperação pela urina e suor, é necessário que o atleta ingira uma quantidade extra, 150% do volume perdido deve ser consumido em um período de duas a quatro horas, sendo este através de líquidos palatáveis, não podendo ser álcool e cafeína que estimulam a diurese. Em situações em que o déficit de fluidos foi de moderado a alto, a reposição de sódio ajudará na retenção do líquido, minimizando as perdas pela urina (TIRAPEGUI, 2012).

IMPORTANTE

No Quadro 16, seguem orientações para recuperação dos atletas pósexercício.

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TÓPICO 3 — HIDRATAÇÃO NO ESPORTE

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QUADRO 16 – ORIENTAÇÕES PARA O PERÍODO DE RECUPERAÇÃO

Objetivoprincipal Ressíntesedeglicogênio,reposiçãohídricaedesódio

Composição da solução

- Sódio 30 a 40 mEq.- Cloreto 30 a 40 mEq.-Carboidrato50g/hora.- Fluidos 1,5 vezes o peso perdido em água durante oexercício.

Justificativa

- O processo de reidratação deve ocorrer nos primeiros 20 min pós exercício- A solução deve possuir uma boa palatabilidade, uma concentração ideal de carboidrato para repor reservas de glicogênioetambémdevecontersódioparamantervolumeextracelular.

FONTE: Tirapegui (2012, p. 150)

6.1 RESOLUÇÃO DE DIRETORIA COLEGIADA – RDC Nº 18, DE 27 DE ABRIL DE 2010

A resolução daANVISA, de 2010, RDC nº 18, de 27 de abril de 2010,dispõesobrealimentosparaatletas,etemoobjetivodeestabeleceraclassificação,a designação, os requisitos de composição e de rotulagem dos alimentos para atletas.Dentreessasclassificações,estãoossuplementoshidroeletrolíticosparaatletas,osquaisdevemseguirasseguintesrecomendações,conformeartigo6ºdessa resolução:

Art.6ºOssuplementoshidroeletrolíticosparaatletasdevematenderaos seguintes requisitos: I - a concentração de sódio no produto pronto para consumo

deve estar entre 460 e 1150 mg/l, devendo ser utilizados saisinorgânicosparafinsalimentícioscomofontedesódio;

II - a osmolalidade do produto pronto para consumo deve ser inferiora330mOsm/kgágua;

III- oscarboidratospodemconstituiraté8%(m/v)doprodutoprontopara consumo;

IV - o produto pode ser adicionado de vitaminas e minerais, conforme Regulamento Técnico específico sobre adição de nutrientesessenciais;

V- oprodutopodeseradicionadodepotássioematé700mg/l;VI - o produto não pode ser adicionado de outros nutrientes e não

nutrientes; VII-oprodutonãopodeseradicionadodefibrasalimentares.§1° Quanto ao tipo de carboidratos, referente ao inciso III, este produto não pode ser adicionado de amidos e poliois. §2° Com relação ao teor de carboidratos, constante do inciso III, o teor defrutose,quandoadicionada,nãopodesersuperiora3%(m/v)doprodutoprontoparaoconsumo(BRASIL,2010).

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UNIDADE 2 — COMPOSIÇÃO CORPORAL E NECESSIDADES NUTRICIONAIS NO ESPORTE

6.2 CONSIDERAÇÕES SOBRE HIDRATAÇÃO E TIPO DE EXERCÍCIO

Conforme mencionado anteriormente, a manutenção dos fluidoscorporaisédesumaimportânciaparaasobrevivênciadascélulas,pois,casoumaquantidadeexcessivadeáguaentrenelas,podemromper, jánocasodeperdaexcessivadeágua,elasentramemcolapso,destaforma,paracontrolarofluxodaágua,ascélulascontrolamofluxodosmacrominerais(WHITNEY;ROLFES,2013).Nessesentido,considerandoasdiferençasqueoprocessodehidrataçãorequernasvariadasmodalidadesesportivas,seguemasorientações:

6.2.1 Hidratação em esportes de alta intensidade e curta duração

Na modalidade de alta intensidade podemos exemplificar provasde corrida, ciclismo e de natação de velocidade. Eventos esportivos, nesta modalidade,dispensamintervençõesdehidrataçãoduranteacompetição,pois,alémdocurtoperíodo,aabsorçãointestinalestarádiminuída.

Considerandoessaafirmação,algunsestudoscomintuitodeverificaroestado de hidratação desses atletas têm observado que,mesmo em condiçõesde hipo-hidratação, com perda de 2 a 3% do peso corporal), não há reduçãosignificativadeforçaoupotênciamuscular.

Atletas de sprintstêmvantagenscomumacomposiçãocorporalreduzida,ficandomais leveparaseexercitar.Nessecontexto,paraessasmodalidades,aindicaçãoédeiniciarotreinamentoemestadodesidratado(TIRAPEGUI,2012).

6.2.2 Hidratação em corredores de meia distância

Nestamodalidade, as distâncias percorridas giram em torno de 800 e3000metros,queperduramentre2a9minutos,quandorealizadasporatletasdeelite.Comopodemosperceber,aduraçãodessascompetiçõesépequena,nãorequerendo intervenção de hidratação. Vale destacar que as características indi-viduaiseaintensidadedoexercíciodevemserconsideradas,todavia,nãoháre-latocientíficodediferençasignificativadedesempenhoentreatletasqueiniciamessetipodeatividadeemdiferentesestadosdehidratação(TIRAPEGUI,2012).

6.2.3 Hidratação para exercícios de longa distância

Eventos de longa distância são os maiores de 3000 metros, corridas,caminhadas, ciclismo, natação entre outros, nos quais a taxa de suor e a duração do exercício são elevadas, resultando em perda de massa corporal que pode

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TÓPICO 3 — HIDRATAÇÃO NO ESPORTE

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prejudicarasaúdeedesempenhodoatleta.Nessasmodalidades,as taxasdesuor variam entre 2 a 3 L por hora, avaliando uma atividade de duração superior a 2 horas.

Quando a desidratação equivale a uma redução de massa corporal maior que 2%, conforme mencionado anteriormente, pode comprometer o desempenho físico.ASociedadeBrasileiadeMedicinaEsportiva(2009)orientaareposiçãodesódio quando a perda hídrica pelo suor for intensa. Como exemplo, podemos citarumatletade70Kg,que,aocorrerportrêshoras,podeperder2Ldesuor,ecom ele 240 mEq de sódio, equivalente a 10% do sódio presente no meio extrace-lular,valorsuficienteparadesencadearahiponatremia(BIESEK;ALVES;GUER-RA,2015;HIRSCHBRUCH,2014;TIRAPEGUI,2012).

Os macrominerais são assim chamados porque estão presentes e são

necessários emmaiores quantidades que os demaisminerais. São substânciasinorgânicas(quepreservamsuaidentidadequímica)etemsuabiodisponibilidadevariável,poisosalimentoscontêmaglutinadores(fitatoseoxalatos)quecombinamcom alguns minerais e os carreiam para fora do organismo.

Também,osmineraisinteragementresi,comoosódioeocálcio,excreta-dosemconjuntoquandooconsumodesódioéexcessivo,assimcomoofósforoseligaaomagnésionoTGI.Nessecontexto,reforça-seocuidadocomautilizaçãodesuplementos(WHITNEY;ROLFES,2013).

• Sódio: principal cátion do fluido extracelular e importante regulador doseu volume, assim como auxilia na manutenção do equilíbrio ácido-base,é necessário aos impulsos nervosos e contração muscular. É um mineralprontamente absorvido no TGI, e percorre o sangue livremente até chegarao rim, onde é filtrado e devolvido a corrente sanguínea nas quantidadesnecessáriosaoorganismo.Emgeral,oqueéabsorvidoéexcretado.Deficiência e toxicidade:adeficiênciapodecausarcãibras,apatiamental,perdadeapetite,e o excesso pode desencadear edema e hipertensão aguda. Alimentos fonte: em geral, alimentos processados concentram a maior parte do sódio consumido pela população diariamente, 75% do sódio da dieta é proveniente de saladicionado no processamento dos alimentos, 15% originam do sal adicionado nocozimento,nopreparodas refeiçõeseapenas10%derivamdoconteúdonaturaldosalimentos(WHITNEY;ROLFES,2013apud ROSA, 2020).

• Cloreto: éoprincipalâniondosfluidosextracelulares, que ocorre com mais frequência associado ao sódio (cloreto de sódio). Também pode deslocar-se livremente para o interior da célula e se associai ao potássio.Auxilia namanutençãodoequilíbriohidroeletrolítico.Noestômago,esteíonformaoácidoclorídricoquemantémaacidezdosucogástrico.Deficiência e toxicidade: não hárelatosdedeficiência.Aúnicacausaconhecidasobrealtasconcentraçõesdecloretonosangue,éduranteadesidratação.Alimentos fonte: sal de cozinha, molho de soja, quantidadesmoderadas de carnes, leite e ovos (WHITNEY;ROLFES, 2013 apud ROSA, 2020).

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UNIDADE 2 — COMPOSIÇÃO CORPORAL E NECESSIDADES NUTRICIONAIS NO ESPORTE

• Potássio: é o principal cátion dentro da célula. Tem papel essencial namanutençãodoequilíbriohidroeletrolíticoenaintegridadedacélula.Durantea transmissão de impulsos nervosos e a contração muscular o potássio eo sódio, brevemente, trocam de posição através da membrana, e a célulaas “manda” novamente para suas posições. Deficiência e toxicidade: sua deficiênciaéodesequilíbrioeletrolíticomaiscomum,devidoàperda(diarreia,vômito,desidratação,medicamentosdiuréticos)enãodeficiênciadeconsumo,tendocomosintomaafraquezamuscular.Nãofoiestabelecidolimitesuperiortolerávelde ingestão.Oexcessopoderáaconteceremcasosdeutilizaçãodesuplementos nutricionais, desencadeando uma parada cardíaca. Alimentos fonte: alimentos integrais, carnes, leites, frutas, hortaliças, grãos e leguminosas (WHITNEY;ROLFES,2013apud ROSA, 2020).

• Cálcio: é omineralmais abundanteno corpohumano, e se encontraquasequetotalmente(99%)nosossos,localondedesempenhaimportantesfunções,integrando a estrutura óssea e com isso mantendo a postura ereta do corpo. Alémdisso,aestruturaósseatambéméumareservadocálcio,deondeesteseráretiradocasoestejadeficientedacorrentesanguínea.Cabeaquidestacar,queo1%decálciocirculantenacorrentesanguíneaévital,poisparticipanaforma de íon das contrações musculares, coagulação sanguínea, conformevimos quando discutimos a vitamina K, transmissão de impulsos nervoso,secreção de hormônios e ativação de algumas reações enzimáticas. Ainda,importantequando falamosdo cálcio éo controlequenossoorganismo fazpara mantê-lo em homeostase, considerando que envolve um sistema dehormônios e vitamina D. Nos momentos em que a concentração de cálcioentrar em desequilíbrio, três órgãos entrarão em ação, intestinos, ossos erins,comaparticipaçãoessencialdoshormôniosparatormônioecalcitonina.Deficiência e toxicidade: um baixo consumo de alimentos fontes de cálciona fase de crescimento limita a capacidade de os ossos alcançarem sua massa óssea ideal, que ocorrepor voltados 20 anos.Como consequência, após os30/40anos,quandoiniciaaperdademassaósseaessesindivíduostêmmaiorprobabilidadededesenvolverosteoporose.Quantoàtoxicidade,seuconsumoexcessivo(acimadaingestãomáximatolerável)podecausarconstipação,riscoaumentadodecálculosrenaiseinterferêncianaabsorçãodeoutrosminerais.Alimentos fonte:leiteederivados,peixespequenoscomespinha,tofu(queijodesoja),hortaliçaseleguminosas(JACQMAINet al.2003;WHITNEY;ROLFES,2013 apud ROSA, 2020).

• Fósforo: éosegundomineralmaisabundantenocorpo,sendoque85%estáconcentrado com o cálcio, na forma de cristais de hidroxiapatita nos ossosedentes.Osdemais15%dofósforosãoencontradosemtodasascélulasdocorpo, como parte de um sistema tampão principal (ácido fosfórico e seussais)efazendopartedoDNAeRNAeconsequentementedocrescimentodascélulas.Ainda,estemineralauxilianosistemaenergéticocelular,poismuitasvitaminas e enzimas apenas são ativadas na presença do fósforo, relembrando

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TÓPICO 3 — HIDRATAÇÃO NO ESPORTE

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queopróprioATPutilizatrêsgruposdefosfatosnassuasatividades.Podemostambém,ressaltaraatividadedofósforoparticipantedamembranacelulardealguns lipídios, que atua no transporte de outros lipídios no sangue. Deficiência e toxicidade:adeficiênciademagnésiopodedesencadearfraquezamuscularedoresnosossoseatoxicidadecalcificaçãodostecidosnãoesqueléticos(rins),todavia nenhum efeito adverso foi relatado. Alimentos fonte: leguminosas, carne (frango, gado, peixe, porco), leite e derivados (MAHAN; ESCOTT-STUMP,2011apud ROSA, 2020).

• Magnésio: aocontráriodocálcioedofósforo,omagnésioestápresentenocorpohumano em pequenas quantidades, apenas aproximadamente 28 g, e maisda metade dessa quantidade concentra-se nos ossos. Ademais encontramos magnésio nos músculos, tecidos moles e fluido extracelular (apenas 1%).Omagnésio, bem comoo cálcio também é consideradoum reservatório naestrutura óssea para os momentos de redução nos níveis sanguíneos. Como um componente necessário na catalisação de energia peloATP, é de sumaimportâncianautilizaçãodaglicose,nasíntesedeproteínas,dasgordurasedosácidosnucleicos,enossistemasdetransportedasmembranascelulares.Alémdisso,tambémestáenvolvidonascontraçõesmuscularesecoagulaçãosanguínea,inibindocomissoasaçõesdocálcio,regulandoapressãoarteriale funcionamento dos pulmões. Com atuação ainda, relatada no sistemaimunológico. Deficiência e toxicidade: sintomas de deficiência raramenteforam relatados, mas podem surgir em casos de doenças e desordens, gerando fraqueza, confusão, convulsões, contrações musculares estranhas,alucinaçõesedificuldadesparaengolir.Atoxicidadetambémnãoécomum,mas proveniente de fontes não alimentares podem causar diarreia, alcalose e desidratação. Alimentos fonte: nozes, leguminosas, cereais integrais, vegetais folhosos verdes, frutos do mar, chocolates e cacau (SABATIER et al. 2002; WHITNEY;ROLFES,2013apud ROSA, 2020).

• Enxofre: o corpo não utiliza o enxofre isolado como nutriente. É um macromineralqueaparecesempreemconjuntocomoutrosmineraisessenciais,como a tiamina, metionina e cisteína. A pele, o cabelo e a unha possuem algumas das proteínas mais rígidas do corpo, as quais possuem alto teor de enxofre.Nãoexistevalordeingestãorecomendadaparaoenxofre,bemcomonãoháregistrosdedeficiênciaetoxicidadedevidoasuacaracterísticadenãoestarisolado(WHITNEY;ROLFES,2013apud ROSA, 2020).

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UNIDADE 2 — COMPOSIÇÃO CORPORAL E NECESSIDADES NUTRICIONAIS NO ESPORTE

LEITURA COMPLEMENTAR

DIETARY REFERENCE INTAKES: APLICABILIDADE DAS TABELAS EM ESTUDOS NUTRICIONAIS

Renata Maria PadovaniJaimeAmaya-Farfán

FernandoAntonioBasileColugnatiSemíramisMartinsÁlvaresDomene

INTRODUÇÃO

Na análise da qualidade nutricional da alimentação e da programaçãodedietas considera-se o atendimento às necessidadesdenutrientes e energia,determinadasdeacordocomascaracterísticasdesexo,estágiodevida,atividadefísicaemedidascorporaisdeindivíduossaudáveis.Tantoparaaavaliaçãodadietacomoparasuaprescrição,sãoestabelecidosvaloresdereferênciaparaingestãodenutrientes,osquaissãoperiodicamenterevisadosàluzdenovosachados.Assim,sãoincorporadosnovosconhecimentosdeeventuaismanifestaçõesaosextremosdeexposição,ouseja,sinaiscarenciaisdecorrentesde ingestão insuficiente,oude toxicidade, que indicam efeitos adversos decorrentes do excesso de consumo.

As Dietary Reference Intakes (DRI)constituem-senamaisrecenterevisãodos valores de recomendação de nutrientes e energia adotados pelos Estados Unidos eCanadá, evêmsendopublicadasdesde1997,na formade relatóriosparciaiselaboradosporcomitêsdeespecialistasorganizadosporumaparceriaentre o Institute of Medicine norte-americano e a agência Health Canada.Essas publicações substituem as sucessivas versões das Recommended Dietary Allowances(RDA),cujadécimarevisãofoieditadaem1989.Alémdaatualizaçãode cotas dietéticas recomendadas, esse conjunto de publicações apresenta umnovo sistemade aplicaçãodasquatro categoriasdevaloresde referênciaparaavaliaçãoeplanejamentodeconsumo,rotulagemefortificaçãodealimentos.Osnovos conceitos foram elaborados a partir da incorporação de achados sobre o aumentodosriscosdedesenvolvimentodedoençascrônicasnãotransmissíveis,provocadopelaalimentação,alémdaabordagemclássicadosefeitosdecarência.Estas categorias são:

• Estimated Average Requirement (EAR), este valor de referência corresponde àmediana da distribuição das necessidades de um nutriente em um grupo de indivíduossaudáveisdomesmosexoeestágiodevida;poressarazão,atendeàsnecessidadesde50%dapopulação.

• Recommended Dietary Allowances (RDA),estacategoriadevalores, jáempre-gadanasversõesanteriores,derivadoEARedeveatenderàsnecessidadesdeumnutrientepara97%a98%dosindivíduossaudáveisdomesmosexoeestágiodevida.

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TÓPICO 3 — HIDRATAÇÃO NO ESPORTE

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• Adequate Intake (AI), valor de consumo recomendável, baseado emlevantamentos,determinaçõesouaproximaçõesdedadosexperimentais,ouainda de estimativas de ingestão de nutrientes para grupo(s) de pessoas sadias e que,apriori,seconsiderariaadequado.NemsempreoconjuntodeinformaçõessobreonutrienteésuficientementeconsistenteparaoestabelecimentodeEAR.Nessescasos,deve-seempregarovalordeAI,projetadocomopossivelmentesuperioraovalordeRDA,massobreoqualaindaháconsiderávelincerteza.Assim,ovalordeAIéusadoquandoosvaloresdeEARoudeRDAnãopodemser determinados.

• Tolerable Upper Intake Level(UL),há,emalgunscasos,acompreensãoequivoca-da de que se um nutriente faz bem em pequena quantidade, uma grande quan-tidade traria proporcionalmentemais benefícios.De fato, nutrientes podemsernocivosemdosesqueàsvezessãoapenaspoucosuperioresaosvaloresderecomendação.OULédefinidocomoomaisaltovalordeingestãodiáriaprolongada de um nutriente que, aparentemente, não oferece risco de efeito adversoàsaúdeemquasetodososindivíduosdeumestágiodevidaousexo.

Entre as novidades desse sistema não estão apenas as quatro categorias de referência jámencionadas. Com asDRI pode-se aprimorar a avaliação e oplanejamentodaalimentação,aoconsiderarque,paracadaumadessasetapasdaatençãodietética,deve-seaplicarumaoumaisdascategoriascitadas,demaneirasdistintas.Assim,paraindivíduos,EAReULsãoascategoriasdereferênciamaisadequadasparaaavaliaçãodedietas,enquantoRDAouAIdevemserutilizadascomo metas de ingestão. Valores habituais de consumo abaixo do EAR denotam grandeprobabilidadedeinadequação,eacimadoUL,riscodedesenvolvimentode efeitos adversos. Contudo, se o consumo habitual estiver acima dos valores da RDAhámaiorchancedequeasnecessidadesnutricionais,tantodeindivíduosquantodepopulações,estejamatendidas.QuandonãohávalordeEAReapenaso valor deAI se encontra disponível, há maior incerteza para avaliar se umdeterminadonutrienteéfornecidopeladietaemquantidadeadequada.Portanto,pelasimplesaplicaçãodastabelasnãoépossívelchegaraumaconclusãosobreinadequação, quando os valores de consumo habitual forem menores do que este valordereferência.

Fontes de erro intraindividuais, devidas à variabilidade do padrão deconsumo, ou interindividuais, decorrentes da distribuição das necessidades na população, aliadas aumpequenonúmerodediasdeobservação, têmgrandeimpactosobreaconfiabilidadedaanálise.Aadoçãode técnicasadequadasdeinquérito dietético, aplicadas duas ou mais vezes, preferencialmente em diasnãoconsecutivos,contribuiparamelhoraraacuráciademétodosquantitativosde consumo. Outros avanços do sistema incluem a proposição do conceito de ‘estágiosdavida’,enãomais‘faixasetárias’;adefiniçãodeantioxidantealimentar;oempregodoconceitodeunidadesequivalentesparavitaminaEefolato,alémda vitamina A.

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UNIDADE 2 — COMPOSIÇÃO CORPORAL E NECESSIDADES NUTRICIONAIS NO ESPORTE

Adicionalmente, houve a inclusãodeummaior númerode elementos,comoarsênico,boro,níquelevanádio.Paraestes,entretanto,ainsuficiênciadasevidênciasparafirmarsuasfunçõessobreasaúdeimpede,atéapresentedata,oestabelecimento de níveis de recomendação. [...]

FONTE: <https://bit.ly/3gVWAfm>. Acesso em: 11 maio 2021.

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RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, você aprendeu que:

Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

CHAMADA

• É de suma importância o consumo hídrico antes, durante e após a práticaesportiva, e que a cada momento, os líquidos e as quantidades podem ser alternados dependendo do tempo de exercício físico e da modalidade.

• Osprocessosfisiológicosde equilíbrioácido-base eo esvaziamentogástricosãoinfluenciadosdiretamentepelaescolhadorepositorhidroeletrolítico.

• As quantidades de carboidrato e macrominerais presentes nos repositores hidroeletrolíticossãoregulamentospelaANVISA.

• Os fluidos a serem ingeridos pelos atletas, para facilitar a palatabilidade,devem estar entre 15 e 22 °C e ter sabores leves, pois são melhor aceitos que apenaságua.

• O consumo hídrico deve ser regulado, considerando que tanto a desidratação quantoahiper-hidrataçãopodemcausarefeitosdeletériosaoorganismo.

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1 Aágua,comoúnicafontedeliquidoduranteumexercíciofísicodelongaintensidade, pode surtir efeitos adversos, pois, àmedida que a ingestãode água aumenta, ocorre uma expansão do volume sanguíneo (diluiçãoplasmática),comconsequentediurese,alémdodesconfortopeloaumentode líquido na bexiga do atleta, por isso, os repositores hidroeletrolíticos são de suma importância em determinadas situações. Em relação aosrepositoreshidroeletrolíticos,éCORRETOoqueseafirmaem:

a) ( ) O uso desses produtos deve ser monitorado pelos próprios praticantes deatividadefísicaeémaisutilizadoanteseapósoexercíciointenso.

b) ( ) São formulados pela concentração variada de eletrólitos (sódio e cloreto)associadosaconcentraçõesvariadasdeproteínaselipídios.

c) ( ) São indicados apenas após uma atividade física muito intensa, ao ar livre, com sol (por mais de 2 a 3 horas) e com uma sudorese elevada.

d)() Nãopossuicontraindicações.e)() Aalimentaçãodiárianãoésuficienteparapromoverareposiçãode

eletrólitosemmuitassituações.

2 A manutenção dos fluidos corporais é de suma importância para asobrevivência das células, pois, caso uma quantidade excessiva de águaentre nelas, podem romper, já no casodeperda excessivade água, elasentramemcolapso,destaforma,paracontrolarofluxodaágua,ascélulascontrolam o fluxo dos macrominerais. Qual é o eletrólito que possuiimportantefunçãonareduçãodadiluiçãoplasmática,ganhandodestaquenosrepositoreshidroeletrolíticos?

a)() Potássio.b)() Cálcio.c) ( ) Sódio.d) ( ) Fósforo.e)() Magnésio.

3 Aáguapossibilitaasolubilizaçãoeapassagemdeumagrandevariedadedenutrientesorgânicoseinorgânicosdosangueparaacélulaedacélulapara o sangue, além das inúmeras reações metabólicas que ocorremintracelularmente.Nesse sentido, considerandoa importânciada corretahidrataçãoparasaúdeerendimentodoatleta,quaissãoasorientaçõesparapromoçãodeumaadequadareidratação?

AUTOATIVIDADE

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4 Os macrominerais são assim chamados porque estão presentes e são necessários em maiores quantidades que os demais minerais. Sãosubstânciasinorgânicasetemsuabiodisponibilidadevariável.Osmineraisinteragementresi,comoosódioeocálcio,excretadosemconjuntoquandooconsumodesódioéexcessivo,assimcomoofósforoseligaaomagnésionoTGI.Nessecontexto,reforça-seocuidadocomautilizaçãodesuplementos.Descrevaabaixoaimportânciadosódionesseprocesso,assimcomoseusalimentos fontes.

5 AresoluçãodaANVISA,RDCnº18,de27deabrilde2010,dispõesobrealimentos para atletas, e tem o objetivo de estabelecer a classificação, adesignação, os requisitos de composição e de rotulagem dos alimentos para atletas.Dentreessasclassificações,estãoossuplementoshidroeletrolíticosparaatletas,osquaisdevemseguirasseguintesrecomendações,conformeartigo6ºdessaresolução.AssinaleaalternativaCORRETA:

a) ( ) A concentração de sódio no produto pronto para consumo deve estar entre460e1150mg/l,devendoserutilizadossaisinorgânicosparafinsalimentícios como fonte de sódio; a osmolalidade do produto pronto paraconsumodeveserinferiora330mOsm/kgágua;oscarboidratospodemconstituiraté8% (m/v)doprodutoprontopara consumo;oproduto pode ser adicionado de vitaminas e minerais, conforme RegulamentoTécnicoespecíficosobreadiçãodenutrientesessenciais.

b) ( ) O produto pode ser adicionado de outros nutrientes e não nutrientes, assimcomopodeseradicionadodefibrasalimentares.

c) ( ) Com relação ao teor de carboidratos, o teor de frutose, quando adicionada,nãopodesersuperiora8%(m/v)doprodutoprontoparao consumo.

d) ( ) Concentração de sódio no produto pronto para consumo deve estar entre1150e2000mg/l,devendoserutilizadossaisinorgânicosparafinsalimentícioscomo fontedesódio;aosmolalidadedoprodutopronto para consumo deve ser inferior a 530 mOsm/kg água; oscarboidratos podem constituir até 12% (m/v) do produto prontopara consumo; o produto pode ser adicionado de vitaminas e minerais,conformeRegulamentoTécnicoespecíficosobreadiçãodenutrientes essenciais.

e) ( ) A concentração de sódio no produto pronto para consumo deve estar entre460e1150mg/l,devendoserutilizadossaisinorgânicosparafinsalimentícios como fonte de sódio; a osmolalidade do produto pronto paraconsumodeveserinferiora330mOsm/kgágua;comrelaçãoaoteor de carboidratos, o teor de frutose, quando adicionada, não pode sersuperiora8%(m/v)doprodutoprontoparaoconsumo.

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REFERÊNCIAS

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AOKI,M. S.; BACURAU, R. F.Nutrição no esporte. Rio de Janeiro: Casa da Palavra:COB.Cultural,2012.

BACURAU,R.F.Nutrição e suplementação esportiva.6.ed.SãoPaulo:Phorte,2009.287p.

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UNIDADE 3 —

RECURSOS ERGOGÊNICOS: CONCEITOS E APLICABILIDADE

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

PLANO DE ESTUDOS

A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• conhecer o panorama geral dos suplementos alimentares, considerando as legislações existentes no Brasil e os Guidelines Nacionais e Internacionais;

• rever conceitos de fisiologia e bioquímica do exercício para facilitar acompreensão da real necessidade de suplementação alimentar;

• ampliar o olhar da suplementação alimentar aos praticantes de treinos de forçaeexercíciosresistidos;

• apontarasnovidadesreferentesàatuaçãodonutricionistanaáreadaNu-triçãoEsportiva,abordandoafitoterapiaesuaaplicabilidadenoesporte.

Estaunidadeestádivididaemtrêstópicos.Nodecorrerdaunidade,você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdoapresentado.

TÓPICO 1 – RECURSOS ERGOGÊNICOS

TÓPICO 2 – RECURSOS ERGOGÊNICOS NOS EXERCÍCIOS RESISTIDOS E DE RESISTÊNCIA

TÓPICO 3 – FITOTERAPIA NO ESPORTE E ORIENTAÇÕES ESPECÍFICAS AOS ATLETAS

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Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

CHAMADA

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UNIDADE 3

1 INTRODUÇÃO

Olá,acadêmico,vamosiniciaroTópico1,queestádirecionadoaabordaros suplementos alimentares de maneira geral, juntamente com as legislaçõese orientações nacionais e internacionais dessa área; para tanto, é importantefazermosalgumasconsideraçõesiniciais.

Primeiro, cabe salientar que para que os atletas tenham sucesso emsuasmodalidades,doisfatoressãorelevantes:agenéticaeotreinamento,pois,considerando o mundo das competições, onde, em sua maioria, os atletas possuem habilidadesgenéticassemelhantes,fazemdotreinamentoofatorquepodefazeradiferençano“segundofinal”,todavia,porvezessãoexpostosatreinamentostambém semelhantes. Com isso, a busca dos atletas por possibilidades quemelhorem seu rendimento é contínua, fazendo com que a alimentação e asuplementaçãoadentremnessecampodoesportecombastante“força”.

Antes dedarmos sequência no conteúdo, vamos compreender o que érecurso ergogênico, já quepode ser confundidounicamente comsuplementosalimentares.

TÓPICO 1 —

RECURSOS ERGOGÊNICOS

O que você considera um recurso ergogênico? De acordo com Willians (1995), a palavra “ergogênico” deriva do grego ergon, trabalho, e gennan, produção, que significa substâncias ou artifícios que visem à melhora do desempenho, ou seja, podem ser considerados recursos ergogênicos fatores nutricionais, como os suplementos, fatores farmacológicos, biomecânicos e mecânicos como roupas mais leves, bicicletas melhores adaptadas, no caso dos ciclistas, ainda fatores psicológicos e fisiológicos.

NOTA

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UNIDADE 3 — RECURSOS ERGOGÊNICOS: CONCEITOS E APLICABILIDADE

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Podemos, então, classificar os suplementos alimentares como recursosergogênicos? Sim,mas, infelizmente umgrande númerode suplementos vemsendo comercializado com diferentes objetivos, e sem respaldo científico,discutiremosissonasequência.

Éimportante,ainda,relembraroqueéumatletaeumesportista,poisaslegislações,porvezes,fazemalegaçõesespecíficasaosdois:

• Osatletas(profissionais/amadores)praticammodalidadesesportivasespecífi-cas,estabelecemrotinasfixasefrequênciapraticamentediáriadetreinamento,tendocomofinalidadeaobtençãodealtodesempenhoemcompetições.Nor-malmenteusamdessapráticacomofontederenda.

• Os esportistas, por sua vez, são aqueles indivíduos quepraticam exercíciosfísicos,semmuitaespecificidade,podendosermusculação,ginásticaolímpica,vôlei,tênis,entreoutros,comregularidadeounãoemcadapráticaeintensidadevariada,semcaráterprofissional.

Agora,vamosemfrenteereveralgunsconceitoselegislaçõesemtornodosrecursosqueenvolvemacategorianutricional,dandoenfoqueàssubstânciasmaisutilizadasnosúltimostempos.

2 INTRODUÇÃO À SUPLEMENTAÇÃO ALIMENTAR

Quais seriam os objetivos de um atleta e ou esportista ao utilizar umsuplementoalimentar?

Emsuamaioria,osatletasusamessesrecursoscomfoconoaumentodemassamusculareobtençãodeenergiaparaosmúsculos,poisestãoenvolvidoscomosmecanismosgeradoresdeenergia,sendosubstratoenergético,reguladorde processos metabólicos que geram energia e promovem o crescimento edesenvolvimentodostecidoscorporais.

OQuadro1abordaosmétodos/mecanismospelosquaisosergogênicos,

neste caso, suplementos alimentares, podem melhorar o desempenho (ALVES, 2015;HIRSCHBRUCH,2014).

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TÓPICO 1 — RECURSOS ERGOGÊNICOS

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QUADRO 1 – MÉTODOS PELOS QUAIS OS ERGOGÊNICOS PODEM MELHORAR A PERFORMANCE MEDIANTE A POTÊNCIA FÍSICA, FORÇA MENTAL E LIMITE MECÂNICO

Métodos

Para intensificar a potência física

− aumento de tecido muscular; − intensificaçãodosprocessosmetabólicosdeliberaçãodeenergia;

− aumentodaofertadeenergianomusculodurante atividades de longa duração;

− melhoranaliberaçãodosubstratoenergéticonomúsculo;

− combateaoacúmulodesubstânciasqueinterferemnaótimaproduçãodeenergia.

Para intensificar a força mental

− aumentodosprocessospsicológicosquemaximizamaproduçãodeenergia;

− diminuiçãonosfatoresqueinterferemnoótimofuncionamentopsicológico.

Para intensificar os limites mecânicos

− melhoranaeficiênciamecânicapeladiminuiçãodamassacorporal,sobretudoagordura;

− melhoradaestabilidadepeloaumentodamassacorporal,sobretudodamassamuscular.

FONTE: Adaptado de Williams (1991)

Muito se tem discutido sobre os hábitos alimentares dos esportistas eatletas,comenfoqueaosatletas,poisacabamporterdemandasenergéticasedenutrientesmaioresqueosdemaispraticantes,fazendocomquetenhamdúvidasfrequentessobreousoounãodesuplementosalimentares,recursosessesquenãorequeremobrigatoriedadedeprescriçãopornutricionistaparacomercialização,oquecausaalgumasconfusõesdeconceitoseconsequentementedeutilização.

Destaca-senessemeio,quemuitasvezesosprópriosnutricionistascare-cemdemaisestudoseorientações,devendoeste,quandoatuarnaáreaesporti-va,conheceromercadodesuplementosnutricionais,saberavaliarosníveisdeevidenciaderecomendaçãoestabelecidosporalgunsórgãos,aaplicabilidadeeocustobenefíciodesseusoporpartedoatleta.

Nesse contexto, os suplementos alimentares direcionados para atletas refletem produtos especialmente formulados para auxiliar no suprimentodas demandas energéticas adicionais à necessidade de rendimento, visandocomplementaraalimentaçãoenãoasubstituir.

Aindasesabequeaopçãopelousodesuplementossurgeporsolicitaçãodopróprioatleta,devidoasuarotinadiária,naqualnãoconsegueconsumirapenas comalimentosademandaenergéticanecessáriapara repora energia

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UNIDADE 3 — RECURSOS ERGOGÊNICOS: CONCEITOS E APLICABILIDADE

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utilizada nos treinos e competições. Todavia, antes da suplementação, onutricionistapodeverificarapossibilidadedeinserçãodosalimentoslistadosaseguir na rotina do atleta:

• caldodecana:usadoparareposiçãodoglicogêniomuscular;• castanha-do-brasil:usadacomofontedeselênio;• leitefortificadocomferro:reposiçãodoferro;• leiteempó:aumentaraportedecálcio;• leite:parahidrataçãoepromoçãodesínteseproteicapóstreino;• leitecomachocolatado:recuperaçãomuscularapósexercíciointenso;• bananaeuvaspassas:fontedeenergiaduranteotreino;• sucodebeterraba:fontedenitritoparamelhorarperformancedeendurance;• águadecoco:repositordeeletrólitos;• café:melhoranofoco(HIRSCHBRUCH,2014).

Bacurau (2009) relatou que os motivos mais relatados pelos atletase esportistas para consumo de suplementos era: necessidade de compensar umadietaou estilodevida inadequado; e atender aumsuposto aumentonanecessidadeenergéticaoudenutrientesgeradopelostreinamentoseparaobterefeitosnaperformance.

Justificativas que podem ser rebatidas, já que nem sempre uma rotinainadequadaapresentacarênciasnutricionais,aindamaisquandosetratadeumesportista,porsuavez,ademandapornutrientesnocasodeatletasaindaébemcontraditóriajáquefaltampesquisascientíficasquedirecionemoconsumoau-mentadodemicronutrientese,porfim,estudoscientíficosnemsempresuportamoaumentonoconsumodedeterminadosnutrientesnamelhoradaperformance.

Nesse pingue-pongue do uso ou não de suplementos alimentares, no dia adiadaprofissãodenutricionistasãodiferentesos“pontosdevista”emrelaçãoaessaprescrição,porissovaleapenaoaprofundamentonosestudosquesurgememrelaçãoacadasuplementoalimentar.Éválidoverificar,deformacriteriosa,ametodologiautilizada,onúmeroecaracterísticadopúblicopesquisado,bemcomoosprocedimentosrealizadosequantidadesconsumidas,assimcomosefoiumestudorealizadocomosereshumanosouanimais.

Seguemalgumascondiçõesemqueousodesuplementosalimentaresénormalmente recomendado:

• dificuldadesnaingestãodegrandesquantidadesdealimentosemmomentosde treinamentos e competições intensos;

• quando o indivíduo deseja reduzir a necessidade de defecação durantecompetições;

• emmomentosemqueaperdadepesoénecessária;• em casos de dieta de supercompensação de carboidratos e dificuldade naaquisiçãodosalimentos(viagens);

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TÓPICO 1 — RECURSOS ERGOGÊNICOS

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• quandoa recuperação rápidaénecessária eo indivíduoapresentaanorexiapós-esforço;

• obtençãodemicronutrientesemmomentosdedietasrestritivas.

Jáseperguntouporquetantaatençãoédadaaessaárea?

Existem hoje, em todo o mundo, centenas de tipos de suplementosdisponíveis para venda, os quais, conforme alegações, remontammais de 800tiposdemecanismosdiferentespelosquaisaperformancepoderiasermelhorada.

Dessa forma, percebe-se que a grande quantidade de produtos novos,falta de controle sobre as propagandas e o desconhecimento por parte dosconsumidores,assimcomopesquisasconduzidaspor fabricantese comdadoscontraditóriosinvalidemoprocessodesegurançaparaocomerciodesuplementos.

Conforme o Comitê Olímpico Norte-Americano (MAUGHAN et al.,2018),todasaspesquisasvoltadasasuplementosalimentaresdevemrespondera questionamentos, tais como a relação dos suplementos com a ocorrência delesões, a biodisponibilidade do nutriente usado no suplemento, determinaçãoefetivadoefeitoergogênicoeoriscodessesuplementoemadolescentes.

Ainda, para finalizar, cabe a discussão sobre a segurança do uso dosuplemento,aqualremontaumfatorjáapontadoanteriormente,aausênciadocontroledaproduçãoecomercializaçãodessesprodutos.

Nos EUA, após um levantamento da FDA, órgão regulador dacomercialização,osresultadosforamalarmantes,jáqueevidenciaramquemaisdametadedosprodutosadquiridosdiferiramem20%oumaisdacomposiçãoqueestavadescritanosrótulos.Fatoquepodesermuitoperigoso,poisalgunselementosdiferentesdosdescritosnosrótulospodemsertóxicosou,porexemplo,não serem absorvidos ou serem alergênicos ao indivíduo.Um exemplo é umsuplementoproteicoseralterado,possuindomaiscarboidratodoquedescritonorótulo,podendocausarhiperglicemianoindivíduo.

Bem,devidoaessaamplavariedadedetipose,consequentemente,marcasdisponíveisnomercado,équeossuplementosforamagrupadosparaclassificação,asquaisveremosnopróximotópico,noitemdaslegislaçõesbrasileiras.

3 LEGISLAÇÃO DOS SUPLEMENTOS ALIMENTARES

Eentãoacadêmico,comoestãoseusestudosatéaqui?

Agoradaremoscontinuidadeabordandoahistóriadaslegislaçõesatéosdiasatuais.

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UNIDADE 3 — RECURSOS ERGOGÊNICOS: CONCEITOS E APLICABILIDADE

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Em1998,aSecretariadeVigilânciaSanitária,pormeiodaportariaSVS/MSnº29/1998,aprovouoregulamentoreferenteaalimentosparafinsespeciais;os quais incluíram: alimentos especialmente formulados ou processados, commodificaçõesnaquantidadedenutrientes,direcionadosadietasdiferenciadas,atendendoàsnecessidadesdepessoasemcondiçõesmetabólicasefisiológicasespecíficas,comoéocasodosalimentosparapraticantesdeatividadefísica.

Ainda nessa resolução, seguem as normas de rotulagem geral, nutricional eespecíficasdoalimentoconvencional,nasquaisdeveconstaradesignaçãodoalimento,finalidadeaquesedestinaeinformaçãonutricional(BRASIL,1998a).

Assim como os dizeres exigidos para alimentos em geral e para osalimentosparafinsespeciais,nosquaisdeveconstar“aorientaçãoemdestaqueenegrito:Crianças,gestanteseidosos,consumirpreferencialmentesoborientaçãodenutricionistaeoumédico”(BRASIL,1998b,p.4).

Posterior, tem-se a Portaria SVS/MS nº 222/1998, que aprovou oregulamentotécnicoreferenteaalimentospara“praticantesdeatividadefísica”,incluindo formulações que contenham aminoácidos oriundos da hidrólise deproteínas, aminoácidos essenciais, quando utilizados em suplementação paraalcançaraltovalorbiológico,eaminoácidosdecadeiaramificada,desdequeestesnãoapresentemaçãoterapêuticaoutóxica.

Foramincluídosnessaresoluçãotambém,osrepositoresenergéticos,de-finidoscomo“produtosformuladoscomnutrientesquepermitamoalcancee/oumanutençãodonívelapropriadodeenergiaparaatletas”(BRASIL,1998b,p.2).

Nestesprodutos, são fatoresessenciaisdecomposiçãoequalidadeque“oscarboidratosdevemconstituir90%dosnutrientesenergéticospresentesnaformulação.Opcionalmente,estespodemcontervitaminaseminerais”(BRASIL,1998b,p.3).

Quanto ao registro, os alimentos para praticantes de atividade físicapassamaterregistroobrigatório,conformeResoluçãonº23/2000quedispõesobreoManualdeProcedimentosBásicosparaRegistroeDispensadaObrigatoriedadedeRegistro de Produtos Pertinentes àÁrea deAlimentos. Em 2010, aAnvisaaprovouaResoluçãonº18–regulamentotécnicosobre“AlimentosparaAtletas”–,substituindoaPortarianº222/1998,queorientavaascaracterísticasdequalidadequedeveriamseguiros“AlimentosparaPraticantesdeAtividadeFísica”.

NestaRDCficadefinidoque,nos rótulosdosprodutosprevistos,deveconstaraseguintefraseemdestaqueenegrito:“Esteprodutonãosubstituiumaalimentação equilibrada e seu consumo deve ser orientado por nutricionistaoumédico” (BRASIL, 2010a, p. 7), devendo também constar a designação doproduto;númeroderegistro;prazodevalidadecorrespondenteaoprodutocommenorprazoeainformaçãonutricional(Art.26).

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TÓPICO 1 — RECURSOS ERGOGÊNICOS

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Destaca-se,também,oquenãodeveconstarnosrótulos,comoimagensqueinduzamoconsumidoràcompra,comoaexposiçãodemúsculose/ouperdade peso, assim como expressões que façam referências a hormônios e outrassubstânciasfarmacológicaseoudometabolismo;easexpressões:“anabolizantes”,“hipertrofiamuscular”,“massamuscular”,“queimadegorduras”,“fat burners”,“aumentodacapacidadesexual”,“anticatabólico”,“anabólico”,equivalentesousimilaresprevistasnoArt.27(BRASIL,2010a).

Emrelaçãoaoregistrodessesalimentosparaatletas,foipublicadaaRDCnº27/2010,queinseriuacategoria“alimentosparaatletas”nalistadispensadadaobrigatoriedadederegistro,juntoaoutrascategoriasdealimentos,situaçãoessaquetrazimplicaçõesimportantes,jáqueaumentaoriscoquetaisprodutospodemtrazeraoconsumidor.

Os produtos alimentícios de alcance daAnvisa são divididos em doisgrupos:alimentoscomregistroobrigatórioprévioàcomercializaçãoealimentosdispensados da obrigatoriedade de registro, nesta situação, observa-se que osalimentos para praticantes de atividade física encontravam-se na categoria dealimentoscomregistroobrigatório,e,posteriormente,osalimentosparaatletasdispensadosdetalobrigatoriedade.

Temos,aseguir,adiferençaentreaResoluçãode2010eaPortariade1998.

Em 1998, os “alimentos para praticantes de atividade física” foramclassificadosem:

• repositoreshidroeletrolíticosparapraticantesdeatividadefísica;• repositoresenergéticosparaatletas;• alimentos proteicos para atletas;• alimentoscompensadoresparapraticantesdeatividadefísica;• aminoácidosdecadeiaramificada;e• outrosalimentoscomfinsespecíficosparapraticantesdeatividadesfísicas(BRASIL,1998b,p.2).

Porsuavez,em2010,os“alimentos para atletas”foramclassificadosem:

• suplementoshidroeletrolíticosparaatletas;• suplementosenergéticosparaatletas;• suplementos proteicos para atletas;• suplementosparasubstituiçãoparcialderefeiçõesdeatletas;• suplemento de creatina para atletas; e • suplementodecafeínaparaatletas(BRASIL,2010a,p.2-3).

Verifica-se que aprimeiradiferença entre ambas é opúblico aoqual édirecionadocadasuplemento.

Em 1998, havia designações para praticantes de atividade física e nãoapenasatletas,comoocorrenaResoluçãode2010.Alémdisso,pode-seobservarque os aminoácidosde cadeia ramificadonão forammais direcionados a estepúblico, assim como, em 2010, a creatina e a cafeína foram enquadradas nosalimentosparaatletas.

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UNIDADE 3 — RECURSOS ERGOGÊNICOS: CONCEITOS E APLICABILIDADE

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NoQuadro2,estãodispostososalimentosparaatletasesuasespecifica-çõesparacomercialização.

QUADRO 2 – ALIMENTOS PARA ATLETAS E SUAS ESPECIFICAÇÕES

Resolução nº18,de27deabrilde2010

Suplementos hidroeletrolíticos para atletas

− Produtosdestinadosaauxiliarnahidratação. − Deveráconter:concentraçãodesódio(460a1150mg/L),comautilizaçãodesaisinorgânicosparafinsalimentícioscomofontedesódio.

− Carboidratos:podeconstituiraté8%. − Vitaminaseminerais:podemseradicionados. − Potássio:podeseradicionadoematé700mg/L. − *Não podem ser adicionados de outros nutrientes,nãonutrientesefibrasalimentares.

Suplementos energéticos para atletas

− Produtos destinados a complementar as necessidadesenergéticas.

− Carboidratos:oprodutoprontoparaconsumodeveconter,nomínimo75%dovalorenergéticototalprovenientesdoscarboidratos,15gnaporção.

− Vitaminasemineraispodemseradicionados. − Outrasdisposições:podemconterlíquidos,proteínas,nãopodemseradicionadosfibrasenãonutrientes.

Suplementos proteicos para atletas

− Produtos destinados a complementar as necessidadesproteicas.

− Proteínas:oprodutoprontoparaconsumodeveconter,nomínimo,10gdeproteínanaporção,50%dovalorenergéticototalprovenientedaproteína.

− A composição proteica deve apresentar PDCCAS**acimade0,9.

− Vitaminasemineraispodemseradicionados. − Outras disposições: não podem ser adicionadas fibrasenãonutrientes.

Suplementos para substituição parcial de refeições de atletas

− Produtosdestinadosacomplementarrefeiçõesdeatletasemsituaçõesnasquaisoacessoaosalimentossejarestrito.

− Carboidratos:devemconterde50a70%dovalorenergéticototaldoprodutoprontoparaconsumo.

− Proteína:aquantidadedeproteínasdeveconterde13a20%dovalorenergéticototaldoproduto,comPDCCASacimade0,9.

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TÓPICO 1 — RECURSOS ERGOGÊNICOS

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Suplementos para substituição parcial de refeições de atletas

− Lipídios:devecorrespondernomáximoa30%dovalorenergético,sendoqueoteordegordurasaturadanãopodeultrapassar10%dovalortotaleagorduratrans1%.

− Vitaminasemineraispodemseradicionados. − Outrasdisposições:oprodutodeveoferecernomínimo300Kcalporporção,eseradicionadodefibras.

Suplementos de creatina para atletas

− Produtodestinadoacomplementarosestoquesendógenosdecreatina.

− O produto pronto para consumo deve conter de 1,5a3gnaporção.

− Deve ser usada a creatina monoidratada, com graudepurezamínimade99,9%.

− Carboidratospodemseradicionados. − Fibrasnãopodemseradicionadas.

Suplementos de cafeína para atletas

− Produto destinado a aumentar a resistênciaaeróbicaemexercícios.

− Deveconterentre210e420mgnaporção. − Apresentação de cafeína, com teor mínimo de98,5%de1,3,7 trimetilxantina, calculadaabaseanidra.

− Outras disposições: não podem ser adicionados outrosnutrientese/ounãonutrientes.

** PDCCAS (Protein Digestibility Corrected Amino Acid Score): escore aminoacídicocorrigido pela digestibilidade da proteína para determinação de sua qualidadebiológica.

FONTE: Adaptado de Brasil (2010a)

Ressalta-se que a Anvisa (BRASIL, 2010a) não recomenda o uso de suplementos para pessoas praticantes de exercício físico para a promoção da saúde, recreação e/ou com fins estéticos. De acordo com normas internacionais, os recursos ergogênicos devem ser consumidos e/ou ministrados com a orientação de profissionais competentes e éticos.

IMPORTANTE

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UNIDADE 3 — RECURSOS ERGOGÊNICOS: CONCEITOS E APLICABILIDADE

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PosterioràRDCde2010,obtivemosaRDCnº240,de26dejulhode2018(publicadanoDOUnº144,de27dejulhode2018),quealteraaResolução–RDCnº27,de6deagostode2010,noquedispõe sobreas categoriasdealimentose embalagens isentas e com obrigatoriedade de registro sanitário. NoArt. 1ºo texto foi alteradopara: “Estabeleceas categoriasdealimentos e embalagensdispensadas e com obrigatoriedade de registro sanitário”(BRASIL,2018,p.1).(NR);enoart.2ºpassaavigorarcomaseguinteredação:“Art.2ºAsempresasquedetêmoregistrodeprodutosque,deacordocomestaResolução,passamaserdispensadosdaobrigatoriedadederegistro,podemutilizarrotulagemcontendoonúmerodoregistroconcedidoatéadatadovencimentodoregistroouatéofinaldoestoqueexistentede embalagemdesteproduto” (BRASIL, 2018,p. 1).(NR);enosArt.4ºeArt.5ºpassamavigorarosAnexosIeIIcomsuasalterações.Nasequência,oQuadro3apresentaoAnexoII,emqueconstaosalimentoseembalagenscomobrigatoriedadederegistrosanitário.

QUADRO 3 – ALIMENTOS E EMBALAGENS COM OBRIGATORIEDADE DE REGISTRO SANITÁRIO

FONTE: Brasil (2018, p. 2)

Com isso podemos observar que apesar de haverem alterações nãoincidiramsobreossuplementosmaisutilizadospelos“atletas”.

3.1 DIRETRIZES E POSICIONAMENTOS

Vários suplementos utilizados por esportistas e atletas não sãomencionados nas RDCs discutidas até aqui. Desta forma, destaca-se que aqualidadeesegurançanoatodaprescriçãodesuplementos,comcertezaaRDCdaAnvisa,queéumórgãofiscalizadordanossafederação,trazmaissegurançanoatodaprescrição,tantoparaauxiliarnaescolhadosuplemento,bemcomonaquantidadeaserprescrita.

EmtermosdeBrasil,temostambémaSociedadeBrasileiradeMedicinaEsportiva, que, em 2009, atualizou suas diretrizes e também traz discussõesacercadasuplementaçãonaáreaesportiva,nodocumentointituladoModificações dietéticas, reposição hídrica, suplementos alimentares e drogas: comprovação de ação ergogênica e potenciais riscos para a saúde, publicado na Revista Brasileira de

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TÓPICO 1 — RECURSOS ERGOGÊNICOS

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MedicinaEsportiva, volume 15, número 3,maio e junhode 2009.Documentoquepodeserconsideradoporprofissionaisnomomentodaprescrição,eoqualdiscutiremosnospróximossubtópicos.

Mundialmente, o uso de suplementos alimentares ocorre de formadescontrolada, por isso explanaremos, em seguida, algumas Diretrizes ePosicionamentosestabelecidosemoutrospaíses,osquaisrecomendamapenasalguns suplementos e uso com cautela, considerando sempre as divergênciasencontradasnaspesquisascientíficas.

3.1.1 Declaração de Consenso da Associação Internacional das Federações de Atletismo 2019

De acordo com Burke et al.(2019),osalimentosesportivospodemajudaroatletaatenderassuasnecessidadesnutricionaisemcenáriosnosquaisnãoépos-sívelconsumirosalimentosnecessáriosaessademanda,todavia,destacamqueamaioriadosprodutosdedesempenhocarecedeevidênciasparaapoiarsuaeficácia.

Em termos de orientação, no consenso de 2019, são discutidos cinco suplementosdedesempenhobaseadosemevidências,sendoeles:cafeína,creatina,sucodenitrato/beterraba,beta-alaninaebicarbonato,osquaispodemcontribuirparaganhosdedesempenho,deacordocomcadamodalidadeesportiva.

Os autores ressalvamosdesafiosparao estabelecimentodeprotocolosquepossamdirecionar,de formaefetiva,ousorepetidodessessuplementosebonsresultadosemcompetiçõesfinais,considerandoasalteraçõesdeambiente,temperatura e estresse gerados simultaneamente, sendo que ainda se tem aspossíveisdesvantagensdousodesuplementos,queincluem:despesas,expectativafalsaeoriscodeingestãodesubstânciasproibidaspelaListadaAgênciaMundialAntidopagem,que,àsvezes,estãopresentescomocontaminantesouingredientesnãodeclarados.

Por fim, Burke et al. (2019) concluem ser pertinente que os alimentosesportivosesuplementosnutricionaissejamconsideradosapenasquandoumafortebasedeevidênciasapoieseuusocomoseguro,legaleeficaze,alémdisso,queessessuplementossejamtestadosexaustivamentepeloindivíduoantesdesecomprometerausá-losemumambientedecompetição.

3.1.2 Declaração de consenso do Comitê Olímpico Internacional (COI): suplementos alimentares e atleta de alto desempenho

ConformedescreveoCOI(MAUGHAN et al.,2018),osprodutosdescritoscomosuplementostêmdiferentesalvosdeatuaçãoincluindo:

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UNIDADE 3 — RECURSOS ERGOGÊNICOS: CONCEITOS E APLICABILIDADE

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• ogerenciamentodedeficiênciasdemicronutrientes;• ofornecimentodeformasconvenientesdeenergiaemacronutrientese;• ofornecimentodebenefíciosdiretosaodesempenhooubenefíciosindiretos,comooapoioaintensosregimesdetreinamento.

Todavia, apesar de o uso apropriado de alguns suplementos poder beneficiaroatleta,outrospodemprejudicarasaúde,odesempenhoe/ouosustentoeareputaçãodoatleta(sehouverumaviolaçãodaregraantidoping).Comisso,recomenda-sequehajaumaavaliaçãonutricionalcompletaparaquesejatomadaamelhordecisãosobreousodesuplementos.

O COI, assim como Burke et al.(2019),alegaqueapesardehaverdiferentesprodutossendocomercializadosapenasalguns,comoacafeína,creatina,agentestampão específicos e nitrato, têm boas evidências de benefícios, mas que asrespostassãoafetadaspelocenáriodeusoepodemvariaramplamenteentreosindivíduosdevidoafatoresqueincluemgenética,microbiomaedietahabitual.

Damesmaforma,tambémseguemaorientaçãodequeossuplementosdestinados a melhorar o desempenho devem ser testados exaustivamente em treinamentooucompetiçãosimuladaantesdeseremutilizadosnacompetição,sendoqueaproteçãodasaúdedoatletaeaconscientizaçãodopotencialdedanodevem ser fundamentais; opinião e assistência profissional especializada sãofortementeaconselhadasantesqueumatletaembarquenousodesuplementos.

Para mais informações a respeito do consenso do Comitê Olímpico Internacional, acesse: https://bjsm.bmj.com/content/52/7/439.

DICAS

3.1.3 Autoridade brasileira de controle de dopagem

É importante, ainda, salientar que o Brasil tambémpossui umComitêNacionaldeControledeDopagemcomnormasrígidasdeavaliaçãoepuniçãodeatletasqueusamdesubstanciasilícitasnascompetições.

Conheçaamissão,visão,objetivoseprincípiosdessecomitê:

Missão: consolidar a cultura antidopagem em âmbito nacional, pormeio de ações de educação e controle em todas as manifestaçõesesportivas, buscando o esporte limpo e saudável respeitando asnormas e regramentos nacionais e internacionais. Visão: tornar oBrasilumareferênciamundialnaculturaantidopagem,promovendo

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TÓPICO 1 — RECURSOS ERGOGÊNICOS

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igualdadenascompetiçõesedisseminandoosvaloresdojogolimpo.Objetivos:-PromovereexpandiraculturaantidopagemnoBrasil;-AprimorarprocessosdegestãoegovernançadaABCD;e-Fiscalizaregerirosprocedimentosdecontrolededopagememâmbitonacional.Princípios: Independência: atuar com isenção e total independênciaemrelaçãoàsorganizaçõesesportivas(MISSÃO,2020,s.p.).

4 SUPLEMENTOS ALIMENTARES MAIS USADOS E SUA COMPOSIÇÃO

Neste momento, iremos descrever os suplementos de maior destaquee utilização na área acadêmica, ressaltando a importância da verificaçãoindividualdanecessidaderealdaprescriçãodesserecurso.Comissodestaca-sealgumas condições emque ousode suplementos alimentares é normalmenterecomendado, como:

• dificuldadesnaingestãodegrandesquantidadesdealimentosemmomentosde treinamentos e competições intensos;

• quando o indivíduo deseja reduzir a necessidade de defecação durantecompetições;

• emmomentosemqueaperdadepesoénecessária;• em casos de dieta de supercompensação de carboidratos e dificuldade naaquisiçãodosalimentos(viagens);

• quandoa recuperação rápidaénecessária eo indivíduoapresentaanorexiapós-esforço;

• obtençãodemicronutrientesemmomentosdedietasrestritivas.

4.1 AMINOÁCIDOS DE CADEIA RAMIFICADA

Osaminoácidosdecadeiaramificada,conhecidoscomoBCAA(Branched Chain Amino Acids), compreendem três aminoácidos essenciais – leucina,isoleucinaevalina,presentesemalimentosdeorigemanimal.

São aminoácidos absorvidos por meio do transporte ativo sódio-dependente,transportadosatéofígado,ondepodemserutilizadosparasínteseproteica.Depositam-sepreferencialmentenomúsculoesquelético,ondeatuamcomo importante fonte energética emperíodosde estressemetabólico.Podempromover síntese proteica, evitar catabolismo e servir como substrato para agliconeogênese(CARLIet al.,1992).

Os efeitos sugeridos para a suplementação com BCAA são: auxílio nahipertrofiamuscular(CARLIet al.,1992);açãoanticatabólica;retardodafadigacentral (BLOMSTRAND et al., 1997); melhora no desempenho (MADSEN et al., 1996); poupançanos estoquesdeglicogêniomuscular; aumentonosníveisplasmáticos de glutamina, após exercícios intensos (BLOMSTRAND; SALTIN,2001);atenuaçãododanomuscular(GREYERet al.,2007).

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UNIDADE 3 — RECURSOS ERGOGÊNICOS: CONCEITOS E APLICABILIDADE

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Suasnecessidadesdiáriassão:

• Isoleucina–10mg/kg/dia.• Leucina–14mg/kg/dia.• Valina–10mg/kg/dia.

4.2 WHEY PROTEIN

Whey proteinéonomecomercialdaproteínaisoladadosorodoleitedevaca,eéumdosmaispopularessuplementosutilizadosporatletaseesportistas.Oleitedevacaécompostoaproximadamentepor3,5%deproteína,2,9%decaseínae0,6%deproteínasdosoro.Asproteínasdosorodoleiterepresentam20%dasproteínaspresentesnessealimento,sendoqueasduasprincipais(70a80%)sãoalfalactoglobulinaebetalactoglobulina(ALVES,2015;HIRSCHBRUCH,2014).Aalfalactoglubulinaéosegundopeptídeopresenteemquantidadessignificativasnosorodoleitedevaca,etambémestápresentenoleitehumano.Éumpeptídeoderápidaefácildigestão,éprecursoradalactoseepossuiacapacidadedeseligarpositivamente,facilitandoaabsorção,amineraiscomoocálcioeozinco,alémdeapresentaratividadeantimicrobiana(ALVES,2015;HIRSCHBRUCH,2014).

Além dessas duas proteínas, merece destaque a soroalbumina (10%),precursora da síntese de glutationa, que possui atividade antioxidante jácomprovada,alémdefavorecerotransportedosácidosgraxos.Asimunoglobulinastambémpossuemsuasaçõesnaimunidadepassivaeatividadeantioxidante.

Emrelaçãoàsdosesrecomendadas,aindanãoháumconsensoquantoàdoseaserutilizadaparaestimularasínteseproteicaemsuaextensãomáxima.Asquantidadessuplementadasvariamdedeza30gapósapráticadoexercíciofísico,notempomáximodeumahoraparaestimularopicodesínteseproteicaeasadaptaçõesfisiológicasàpráticaesportiva.

4.3 ARGININA

Aarginina éumaminoácido condicionalmente indispensável, ingeridonaalimentação(aproximadamente3a5g/dia)esintetizadopornossoorganismo,primariamente nos rins. Após sua ingestão, uma quantidade de arginina émetabolizada pelas células intestinais (enterócitos) e pelo fígado. O restantepermanecenacirculação,oque faz comquea suplementaçãooral sejamenoseficiente(McCONELLet al.,2007).

Suas funções biológicas são: detoxificação da amônia; reparo tecidual;fornecimento de energia como intermediário na síntese de creatinina e CP; emelhoranaatividadedosistemaimunológico(pesquisasrealizadasemratos).

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TÓPICO 1 — RECURSOS ERGOGÊNICOS

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Emrelaçãoaosefeitosergogênicos,aindapoucosesabeemrelaçãoasuaefetividadenoaumentonasíntesedeóxidonítrico(NO),umgásnaturalmentepresentenonossoorganismoequeestárelacionadocomamodulaçãodarespostaimunológica, auxílionoprocessode cicatrização,vasodilataçãoe angiogênese,entreoutrosbenefícios(ALVES,2015;HIRSCHBRUCH,2014).

É importante verificarmos que os estudos com ratos demonstramesse efeito. Mas e com seres humanos? McConell et al. (2007) afirmam que,em determinadas condições patológicas, o consumo de arginina auxilia navasodilataçãoemelhoradofluxosanguíneo,masnãoháconsensodoseuefeitoemindivíduossaudáveis.Dosesestudadasentre500mga30g/dia,porperíodosdetrêsa80dias(HENDLER,RORVIK,2007).Nãohárelatosdeefeitostóxicosdaarginina(ALVES,2015).

4.4 ALANINA

A alanina é um aminoácido dispensável precursor da carnosina(β-alanina-L-histidina), que apresenta várias funções biológicas, dentre elas, otamponamentodosíonsH+,estandomaisconcentradanasfibrasmuscularestipoII (CULBERTSON et al.,2010).

Estudostêmdemonstradoqueautilizaçãodeβ-alanina, juntamenteaotreinamento físico,poderia aumentar a síntesede carnosina, a qual auxilianotamponamentomuscular,favorecendoaexecuçãodeexercíciosintensos,umavezqueodeclíniodopHmuscularcontribuiparaareduçãodafadiga(KENDRICKet al.,2009).

Hoffmanet al.(2012)realizaramseuestudoquedurouquatrosemanas,comoitosujeitosexperientesnapráticadoexercíciodeforça(maisdetrêsanos),quereceberam4,8gdeβ-alanina(1,6g/dia,quatrovezesaodia)ouplacebo.

Apósoperíododetrêsdiashouvea trocadesuplementação,deformaquetodosossujeitosfizeramousodeβ-alanina.Aofinal,pode-seperceberqueasuplementaçãocomβ-alaninaaumentousignificativamenteaforçamuscular,sempromoveralteraçõeshormonais(GH,testosteronaecortisol).

4.5 HMB

O β-hidroxi- β-metilbutirato (HMB) é um metabólito do aminoácidoindispensável leucina, um dos três aminoácidos de cadeia ramificada quediscutimos anteriormente. É produzido a partir do cetoiscaproato (KIC), ummetabólitodoaminoácido leucina,pelaenzimaKIC-desidrogenase,produzidanaturalmentepelocorpohumano.

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UNIDADE 3 — RECURSOS ERGOGÊNICOS: CONCEITOS E APLICABILIDADE

154

OmecanismodeaçãodoHMBcomorecursoergogênicoaindaéincerto,easespeculaçõesafirmamque:

• diminuiaincidênciadelesãoouaceleraçãodesuarecuperaçãomuscularporreduzirmarcadoresdelesão;

• aumentodaforçamuscular;• aumento da massa corporal magra;• ação imunomoduladora em modelo animal;• redução da gordura corporal;• melhoradacapacidadeaeróbica(ALVES,2015).

Ransone et al. (2003)avaliaramo impactodasuplementaçãocomHMBsobre a força muscular e a composição corporal de 35 jogadores de futebolamericano.Os16atletasestudadosreceberam3g/diadosuplementoporquatrosemanas e aofinalnãoapresentaram resultados estatisticamente significativosemrelaçãoaogrupoplacebo.Oquedemonstra,considerandooestudodeNissenet al. (1996) com indivíduos destreinados, que o HMB não apresenta efeitospositivosematletascomrotinasdetreinointensosedeforça,ouqueotempodequatrosemanasnessesatletasseriamuitoreduzido.

O Jornal da Sociedade Internacional de Nutrição Esportiva publicou, em 2013, sua posição sobre o uso do HMB. Leia o artigo: International Society of Sports Nutrition Position Stand: beta-hydroxy-beta-methylbutyrate (HMB). Disponível em: https://jissn.biomedcentral.com/articles/10.1186/1550-2783-10-6.

DICAS

4.6 CREATINA

Oácidometilguanadinoacético,oucreatina,háalgunsanos,tornou-seumdosrecursosergogênicosnutricionaismaisutilizadoscomoobjetivodemelhorano rendimento físico, pois acredita-se que aumenta a força e a velocidade nosexercíciosdeexplosão,emqueaenergiapredominantementeutilizadaéoATP-CP.

Trêsaminoácidosestãoenvolvidoscomasíntesedecreatina,aglicina,aargininaeametionina.Nosalimentos,acreatinaéencontradaemprodutosdeorigemanimal,sendoqueemumadietacomaproximadamente300gdecarnee300mLdeleite,oconsumodecreatinaserádeaproximadamente1g(BALSOM; SODERLUND;EKBLOM,1994).

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TÓPICO 1 — RECURSOS ERGOGÊNICOS

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As necessidades de creatina giram em torno de 2 g/dia, para repor acreatinacatabolizada,sendoqueoquenãoforconsumidonadietaserásintetizadoendogenamente.Paraexcreçãodacreatina,ocorreaconversãoparacreatinina,formada em grande parte pelo musculo, atingindo a circulação por difusãosimples,éfiltradapelosgloméruloseposteriormenteexcretadapelaurina.

Aexcreçãodiáriaétambémdeaproximadamente2g,variandodeacordocomamassamusculartotaldoindivíduo(ALVES,2015).

Ospossíveisefeitosergogênicosdacreatinasão:

• aumento da massa corporal magra;• aumentodaforça;• recuperaçãoentreesforçosrepetidosdealtaintensidade;• açãoantioxidante.

Quanto ao aumento da massa magra corporal, muitos estudos indicam queadosedecargafavoreceoalcancedesseobjetivo,porém,tendoemvistadequecincodiasseriaumperíodocurtodetempo,partedesseresultadopodeserdevidoàatividadeosmóticadacreatina,aumentandoaquantidadeintracelularde água, gerando a hipertrofiamuscular.Alémdisso, apesar de grande partedas pesquisas realizadas com a suplementaçãode creatina terem apresentadobenefícios na força e na potência, inúmeros estudos não conseguiram chegarnesseresultado(LEDFORD;BRANCH,1999).

Destaca-sequealgumasestratégiasdesuplementaçãousamdosedecargade creatina, correspondente a 20/30 g por dia (creatinamonoidratada), sendodivididaquatroaseisdosesde5g,asquais, ingeridasdecincoasetedias, jáfavoreceriamoaumentomáximonosestoquesdecreatina.Apósoperíododacarga, sugere-se a ingestãodedoses reduzidas, 2 a 5 g aodia.Dosesmaioresque5gpodemprovocarnáuseas, fraquezaediarreia(ALVES,2015).Hultmanet al. (1996) recomendaramcomodosedecarga0,3g/kg/diadurantesetedias,seguidade0,03g/kg/diacomodosedemanutençãopor28dias.Posteriormente,recomenda-seumintervalode90diasparainiciarnovacarga.

4.7 CAFEÍNA

A cafeína (1,3,7 – trimetilxantina) é um alcaloide que se encontra deformanaturalemfolhas,frutosesementesdemaisde60espéciesvegetais,temefeitoestimulanteporqueaumentaaaçãodecatecolaminaseAMPcíclico,oquelevaaumaumentodalipólisenotecidoadiposoenomúsculo,aumentandoadisponibilidade de ácidos graxos livres e triglicerídeos intramusculares. Podepromoveralteraçõesnosistemanervosocentralmodificandoaspercepçõesdoesforço e da fadiga, aumentando a liberação da adrenalina (BIESEK;ALVES;GUERRA, 2010). Nesse contexto, é considerada um nutriente não essencial,cujosefeitosincluem:estimulaçãodosistemanervosocentral,diurese,lipóliseesecreçãodeácidogástrico.

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UNIDADE 3 — RECURSOS ERGOGÊNICOS: CONCEITOS E APLICABILIDADE

156

Sobreosefeitosergogênicosdescritosnaliteraturasão:

• auxiliarnamelhoradodesempenho físico, emexercícios intermitentes edelonga duração;

• aumentar o estado de alerta;• diminuirafadigamentaleapercepçãodeesforçoduranteoexercíciofísico;• melhoraraconcentraçãoeamemória;• aumentaraoxidaçãolipídica.

A cafeína melhora o desempenho físico de indivíduos treinados pormeiodautilizaçãodedosesde3a6mg/kg/dia,comdosemáximade9mg/kg/dia,jáquedosesmaioresnãodemonstrarammelhoranodesempenhoesportivo(ALVES,2015).

Em relação aos efeitos adversos, a cafeína pode ser considerada segura para indivíduos saudáveis. De qualquer forma, o consumo excessivo pode provocar rubor facial, ansiedade, nervosismo, tremor, insônia e até mesmo arritmias cardíacas e perda de memória. Também pode aumentar a produção de calor, aumentando a temperatura corporal. Alguns atletas relatam sentir náuseas e dor de estômago com o consumo de cafeína. Ainda, por aumentar a diurese, ela poderia favorecer e desidratação, embora pesquisas demonstrem que a suplementação com cafeína não interfira de forma significativa no estado de hidratação (BIESEK; ALVES; GUERRA, 2010).

IMPORTANTE

4.8 BICARBONATO DE SÓDIO

Duranteoexercícioanaeróbico,arápidaformaçãodeenergianaformadeATPdálugaraumacúmulodeH+,lactatoeperdadepotássio(K+).Acélulamuscularpossuimecanismosparatamponaroacúmulodeíons,essemecanismodetamponamentonãoésuficienteparaimpediraformaçãodeíonshidrogêniodurante o exercício intenso, por esse motivo, deverá ser veiculado de formaexógena. O aumento do pH sanguíneo retarda a fadiga muscular durante oexercícioanaeróbicoprolongado.

Emrelaçãoàsdosesrecomendadas–0,3g/kgdepesodeumaaduashorasantesdoexercício–,obicarbonatodesódionãopossuiriscosparaasaúde,excetopossíveismoléstiasgastrintestinais(vômitos,diarreia,tontura).Érecomendadoingerirobicarbonatocomáguaparapreveniradiarreiahiperosmótica.

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TÓPICO 1 — RECURSOS ERGOGÊNICOS

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5 VITAMINAS E MINERAIS

As vitaminas são divididas em hidrossolúveis e lipossolúveis, sendoque as lipossolúveis incluemasvitaminasA,D,E eK e são armazenadas emvários tecidos,podendo resultar em toxicidade se consumidoemquantidadesexcessivas.

AsvitaminashidrossolúveisconsistememtodoocomplexodevitaminasBevitaminaC,nessecaso,comosãosolúveisemágua,a ingestãoexcessivaéeliminada na urina, com exceçãoda vitaminaB6, que pode causar danos nosnervosperiféricosquandoconsumidaemquantidadesexcessivas,edavitaminaC,quepodecausardanosrenaisedesequilíbriososmóticos.

Destaca-seque,seumatletaédeficienteemumavitamina,asuplementaçãooumodificaçõesnadietaparamelhorarostatusdessavitaminapodemmelhorarconsistentementeasaúdeeodesempenho(KERKSICKet al.,2018).

Osminerais,porsuavez,sãoelementosinorgânicosessenciais,necessáriosparauma sériedeprocessosmetabólicos.Osminerais servem comoestruturaparaostecidos,componentesimportantesdeenzimasehormôniosereguladoresdo controle metabólico. Já nas populações atléticas, alguns minerais sãoconsideradosdeficientes,enquantooutrossãoreduzidosdevidoaotreinamentoe exercício prolongado, como sódio, potássio e magnésio. Sendo que nessassituaçõesosatletasdevemconsumiralimentose líquidosparasubstituiressasperdas(THOMAS;ERDMAN;BURKE,2016).

Dos minerais revisados por Kerksick et al. (2018), vários parecemcontribuir coma saúde edesempenhodos atletas emdeterminadas situações,comoasuplementaçãodecálcioematletassuscetíveisàosteoporose,auxiliandonamanutençãodasaúdeóssea.

Zourdos,Sanchez-GonzalezeMahoney(2015),emsuarevisão,apontama importânciadostatusdeferroematletasdosexofeminino,emqueesforçosrecentes destacaram que a suplementação de ferro em atletas propensos adeficiênciasdeferroe/ouanemiapodemelhoraracapacidadedeexercício.

De acordo com o COI (MAUGHAN et al., 2018), os nutrientes quenormalmentesãosuplementadosematletas incluemferro,cálcioevitaminaD(Quadro4).

Alémdisso,tambémpodesernecessáriaasuplementaçãodeiodo(paraaqueles que vivememáreas combaixos níveis de iodonos alimentos ouquenãousamsaliodado),folato(paramulheresquepodemengravidar)evitaminaB12 (para aquelas que seguem uma dieta vegana ou quase vegana). Essasconsideraçõesnãoseaplicamespecificamenteaosatletas.

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UNIDADE 3 — RECURSOS ERGOGÊNICOS: CONCEITOS E APLICABILIDADE

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QUADRO 4 – MICRONUTRIENTES QUE FREQUENTEMENTE REQUEREM SUPLEMENTAÇÃO EM ATLETAS

Micronutriente Vitamina D

Visão geral

Importante na regulação da transcrição de genes na maioria dos tecidos, de modo que a insuficiência/deficiência afeta muitossistemas corporais (HOSSEIN-NEZHAD et al.,2013);muitosatletascorremriscodeinsuficiênciaemváriosmomentosdoano(LARSON-MEYER;WILLIS,2010).

Diagnóstico e Resultados de Insuficiência

Nãoháconsensosobreaconcentraçãoséricade25-hidroxivita-minaD(omarcadordostatusdavitaminaD)quedefinedefici-ência, insuficiência,suficiênciaeULtolerável;anecessidadedesuplementardependedaexposiçãoaosUVBedotipodepele.

Protocolos e resultados da

suplementação

Recomenda-se a suplementação entre 800 UI e 1.000–2.000 UI/dia para manter o status da população em geral. As diretrizesde suplementação ainda não foram estabelecidas em atletas. Asuplementaçãoacurtoprazoeemaltasdoses,queinclui50.000UI/semanapor8a16 semanasou10.000UI/diaporvárias semanas,pode ser apropriada para restaurar o status em atletas com deficiência. Monitoramento cuidadoso é necessário para evitartoxicidade (HEANEY,2008).

Micronutriente Ferro

Visão geral

Ostatusdeferroabaixodoidealpoderesultardaingestãolimi-tadadeferro,baixabiodisponibilidadee/ouingestãoinadequa-dadeenergiaouexcessodeferrodevidoaocrescimentorápido,treinamento em grandes altitudes, perda de sangue menstrual, hemólisedebatidadepéouexcessodeperdadesuor,urina,oufezes(THOMAS et al.,2016).

Diagnóstico e Resultados de Insuficiência

Várias medidas realizadas simultaneamente fornecem avaliaçãomaisfidedignaedeterminamoestágiodadeficiência.Érecomenda-doquesejamverificados:ferritinasérica,saturaçãodetransferrina,ferrosérico,receptordetransferrina,protoporfirinadezinco,hemo-globina,hematócrito,volumecorpuscularmédio(GIBSON,2005).

Protocolos e resultados da

suplementação

Atletasquenãomantêmostatusadequadodeferropodemprecisarde ferro suplementar em dosesmaiores que sua RDA (ou seja,>18mg/diaparamulheres e> 8mg/diaparahomens).Atletas comdeficiênciade ferro requeremacompanhamentoclínico,quepodeincluir suplementação com doses maiores de suplementação oralde ferro,alémde ingestãode ferronadieta (THOMAS et al.,2016). Inúmeras preparações orais de ferro estão disponíveis e amaioriaéigualmenteeficaz(SCHRIER;AUERBACH,2017).

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TÓPICO 1 — RECURSOS ERGOGÊNICOS

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Micronutriente Cálcio

Visão geralEvitarlaticínioseoutrosalimentosricosemcálcio,ingestãorestritade energia e/ou desordem alimentar aumenta o risco de statusabaixodoidealdecálcio(THOMAS et al.,2016).

Diagnóstico e Resultados de Insuficiência

Nenhum indicador apropriadodo statusde cálcio; o examededensidademineral óssea pode ser indicativo de baixa ingestãocrônicadecálcio,sendoimportantesoutrosfatorescomostatussubótimodevitaminaDedistúrbiosalimentares.

Protocolos e resultados da

suplementação

Recomenda-seingestãodecálciode1.500mg/diae1.500a2.000UIdevitaminaDparaotimizarasaúdeósseadeatletascombai-xadisponibilidadedeenergiaoudisfunçãomenstrual(THOMAS et al.,2016).

Abreviações: RDA = dose dietética recomendada; UL = limite superior; UVB =ultravioletaB.

Nota:asuplementaçãoindiscriminadacomqualquerumdosnutrientesacimanãoérecomendada.Asdeficiênciasdevemprimeiroseridentificadaspormeiodeavaliaçãonutricional, que inclui ingestão alimentar e o marcador sanguíneo ou urinárioapropriado,sedisponível.

FONTE: Larson-Meyer, Woolf e Burke (2018, p. 143)

6 ESCOLHA DO SUPLEMENTO ALIMENTAR

Váriosfatoresdevemseravaliadosaocomeçaraaconselhar indivíduoscomtreinamentofísicoregular.Primeiramente,éimportanteumacompreensãoclaradosobjetivosdoatletaedotempoqueeletemparaalcançá-los;monitoraracargadotreinoeoperíododerecuperação;umaavaliaçãodadietaedopro-gramadetreinamentodoindivíduotambémdeveserconcluída(KERKSICKet al.,2018).

Para isso, deve-se garantir que o atleta esteja ingerindoumadieta ricaem nutrientes e equilibrada em energia, que atenda às necessidades diáriasestimadas de energia e que esteja treinando de maneira inteligente. Muitosatletas ou treinadores se concentram demais na suplementação ou aplicações de suplementaçãoenegligenciamessesaspectosfundamentais.

Depoisdisso,sugerimosqueelesgeralmenterecomendemapenassuple-mentosnacategoriaI(ouseja,fortesevidênciasparaapoiaraeficáciaeaparente-mente“seguros”).

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UNIDADE 3 — RECURSOS ERGOGÊNICOS: CONCEITOS E APLICABILIDADE

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Se um atleta estiver interessado em experimentar suplementos na categoriaII(ouseja,evidêncialimitadaoumistaparaapoiaraeficácia),oatletadevesecertificardequeentendequeessessuplementossãomaisexperimentaisequepodemounãoverotipoderesultadoreivindicado(KERKSICKet al.,2018).

Deve-se atentarpara a faltade calorias suficientes e/ouo tipo certodemacronutrientespodeimpedirasadaptaçõesdetreinamentodeumatleta.Alémdisso,manterumadietadeficienteemenergiaduranteotreinamentopodelevarà perda demassamuscular, força e densidademineral óssea, além demaiorsuscetibilidade a doenças e lesões, distúrbios na função imune, endócrina ereprodutivaemaiorprevalênciade overtraining(KERKSICKet al.,2018).

Atletas de triátlon envolvidos em níveis moderados de treinamentointensoe/outreinamentointensoemaltovolumepodemgastar600a1200kcaloumaisporhoraduranteoexercício.Poressemotivo,suasnecessidadescalóricaspodemseaproximarde40a70kcal/kg/dia(2000a7000kcal/diaparaumatletade50a100kg)(BARRERO;EROLA;BESCOS,2014).

Já,paraatletasdeelite,ogastodeenergiadurante treinamentopoderáexceder aindamais esses níveis, como é o caso do exemplo a seguir: o gastoenergéticodosciclistasparacompetirnoTour de Francefoiestimadoem12.000kcal/dia(150a200kcal/kg/diaparaumatletade60a80kg)(BROUNSet al., 1989).

Nessas situações de alta densidade energética, torna-se difícil para osatletasconsumiraquantidadedealimentosrecomendada,atémesmodevidoaodesconforto gastrointestinal. Burke (2001) demonstrouque as necessidadesdecarboidratosnãosãoatendidasporgrandepartedosatletas.Ainda,tem-seofatordasupressãodoapetiteapóstreinosintensos,faltaderotinadevidoahoráriosdeviagensedetreinamentos,oquepodelimitaradisponibilidadedealimentosouostiposdealimentosqueosatletasestãoacostumadosaconsumir(MELINet al.,2016).

Nesse contexto, devido a essas preocupações, o uso de suplementos alimentarespodefornecerumamaneiraconvenienteparaosatletascompletaremsuadieta,afimdemanteraingestãodeenergiaduranteotreinamento.

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Neste tópico, você aprendeu que:

RESUMO DO TÓPICO 1

• Apalavra“ergogênico”significatodaequalquersubstânciaouartifícioquevisemàmelhoradodesempenho,ouseja,podemserconsideradosrecursosergogênicosfatoresnutricionais,comoossuplementos,fatoresfarmacológicos,biomecânicos e mecânicos como roupas mais leves, bicicletas melhoresadaptadas,nocasodosciclistas,aindafatorespsicológicosefisiológicos.

• Muitasvezes,aopçãopelousodesuplementossurgeporsolicitaçãodopróprioatleta, devido a sua rotina diária, na qual não consegue consumir apenascom alimentos a demanda energética necessário para repor o que foi gastonostreinosecompetições.Sendoimportanteque,antesdasuplementação,onutricionistaverifiqueapossibilidadede inserçãodosalimentosenergéticosnarotinadoatleta.

• Ascondiçõesemqueousodesuplementosalimentaresénormalmentereco-mendadosão:dificuldadesnaingestãodegrandesquantidadesdealimentosemmomentosde treinamentose competições intensos;quandoo indivíduodesejareduziranecessidadededefecaçãodurantecompetições;emmomentosemqueaperdadepesoénecessária;emcasosdedietadesupercompensaçãodecarboidratosedificuldadenaaquisiçãodosalimentos(viagens);quandoénecessárioarecuperaçãorápidaeoindivíduoapresentaanorexiapós-esforço;eobtençãodemicronutrientesemmomentosdedietasrestritivas.

• Aprimeiradiferençaentreasresoluçõesde1998ede2010daAnvisaéopú-blicoaoqualédirecionadocadasuplemento.Em1998,haviadesignaçõesparapraticantesdeatividadefísicaenãoapenasatletas,comoocorrenaResoluçãode 2010.Alémdisso, os aminoácidosde cadeia ramificadanão forammaisdirecionadosaestepúblico,assimcomoem2010,acreatinaeacafeínaforamenquadradasnosalimentosparaatletas.

• A Sociedade Brasileira de Medicina Esportiva, em 2009, atualizou suasdiretrizes e trouxe discussões acerca da suplementação na área esportiva,no documento intitulado Modificações dietéticas, reposição hídrica, suplementos alimentares e drogas: comprovação de ação ergogênica e potenciais riscos para a saúde.

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• DeacordocomoCOI(2018),osnutrientesquenormalmentesãosuplementadosematletas incluemferro,cálcioevitaminaD.Alémdisso, tambémpodesernecessáriaa suplementaçãode iodo (paraaquelesquevivememáreas combaixosníveisdeiodonosalimentosouquenãousamsaliodado),folato(paramulheresquepodemengravidar)evitaminaB12(paraaquelasqueseguemuma dieta vegana ou quase vegana). Essas considerações não se aplicamespecificamenteaosatletas.

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CHAMADA

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1 Em2010,aAnvisaaprovouaResoluçãonº18–regulamentotécnicosobre“AlimentosparaAtletas”–,substituindoaPortarianº222/1998,queorientavaas características de qualidade que deveriam seguir os “Alimentos paraPraticantesdeAtividadeFísica”.AssinaleaalternativaquecorrespondeasclassificaçõesdosalimentosparaatletasestabelecidapelaResoluçãoRDCnº18,de27deabrilde2010,daAnvisa:

a)() Suplementoshidroeletrolíticosparaatletas;suplementosenergéticospara atletas; suplementos proteicos para atletas; suplemento de creatina para atletas; e suplemento de leucina para atletas; suplemento decafeínaparaatletas.

b)() Repositores hidroeletrolíticos para praticantes de atividade física;repositoresenergéticosparaatletas;alimentosproteicosparaatletas;alimentos compensadores para praticantes de atividade física;aminoácidos de cadeia ramificada; e outros alimentos com finsespecíficosparapraticantesdeatividadesfísicas.

c)() Repositores hidroeletrolíticos para praticantes de atividade física;repositoresenergéticosparaatletas;alimentosproteicosparaatletas;alimentos compensadores para praticantes de atividade física;suplemento de creatina para atletas; e outros alimentos com finsespecíficosparapraticantesdeatividadesfísicascomoHMB.

d)() Suplementoshidroeletrolíticosparaatletas;suplementosenergéticospara atletas; suplementos proteicos para atletas; suplementos para substituição parcial de refeições de atletas; suplemento de creatinaparaatletas;esuplementodecafeínaparaatletas.

2 Considere os efeitos ergogênicos a seguir: auxiliar na melhora dodesempenho físico em exercícios intermitentes e de longa duração;aumentaro estadodealerta;diminuir a fadigamental e apercepçãodeesforçoduranteoexercíciofísico;emelhoraraconcentraçãoeamemória;e aumentar a oxidação lipídica. Considerando os alimentos para atletasregulamentadospelaRDCnº18deabrilde2010, assinaleo suplementoquemelhorseencaixanosefeitosergogênicoscitados:

a)() Creatina;b)() Whey protein;c)() Cafeína;d)() Palatinose.

AUTOATIVIDADE

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3 Vários são os nutrientes e não nutrientes com potencial antioxidante aserem inseridos na rotina dos atletas que podem auxiliar na prevençãode doenças, sendo que, de acordo com as pesquisas, as vitaminasmaisindicadascomefeitoantioxidantesão:

a)() A,DeK.b)() D,EeB12.c)() K;Aebiotina.d)() C,AeE.

4 OusodeHMB(B-HidroxiB-Metil-butirato) temsidocogitadocomoumagenteparaaumentodeforçaemassamuscular.Eleéummetabólitodequalaminoácido?

a)() Isoleucina.b)() Triptofano.c)() Valina.d)() Leucina.

5 Devidoànecessidadedocuidadonaprescriçãodesuplementosalimenta-reseconsiderandoqueosmesmospodemfornecerumamaneiraconve-nienteparaosatletascompletaremsuadieta,afimdemanteraingestãodeenergiaduranteotreinamento,descrevaosfatoresquedevemseravalia-dos no momento da consulta nutricional:

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UNIDADE 3

1 INTRODUÇÃO

Olá,acadêmico!Comoestãoosestudos?

ChegamosaoTópico2,doLivroDidáticodeNutriçãoeExercícioFísico.Nele, nós discutiremos os suplementos alimentares para exercícios resistidose de resistência, revisando de maneira geral suas adaptações fisiológicas enecessidadesenergéticas.

Iniciaremos pelos suplementos mais indicados para os exercícios deresistência,mas,antes,detalharemososmodospelosquaisosrecursosergogênicosnutricionaisauxiliamnoaumentodaperformance,osquaissão:

• Intensificação de potência física: aumento do volume do tecido muscular, intensificação dos processos metabólicos que geram energia, aumento daofertadeenergianomúsculoduranteasatividadesdelongaduração,combateaoacúmulodesubstânciasqueinterferemnaproduçãodeenergia.

• Intensificação da força mental:aumentodosprocessospsicológicosenvolvidosnaproduçãodeenergia.

• Intensificação de limites mecânicos: melhoria da eficiência mecânica pelamelhoriadaestabilidadecorporalpeloaumentodamassamuscularereduçãodamassaadiposa(ALVES,2015;HIRSCHBRUCH,2014).

Destaca-sequeanutriçãoesportivaéumcampoemconstanteevolução,commuitos trabalhos de pesquisa científica sendo publicados constantemen-te.SegundoKerksicket al.(2018),somentenoanode2017,2082artigosforampublicados com a palavra-chave 'nutrição esportiva'. Dessa forma,manter-seatualizadocomaliteraturarelevanteporvezesémuitodifícil.

ConformemencionadonoTópico1,avaliaroméritocientíficodeartigoseanúnciosdesuplementosalimentareséumahabilidadeessencialquetodososprofissionaisdenutriçãoesportivadevempossuir.

Deacordocomaliteraturacientíficaquetestaaeficáciaeasegurançadossuplementosalimentares,elespodemsercolocadosemtrêscategorias,baseadasnaqualidadeequantidadedesuportecientíficodisponível:

TÓPICO 2 —

RECURSOS ERGOGÊNICOS NOS EXERCÍCIOS RESISTIDOS

E DE RESISTÊNCIA

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UNIDADE 3 — RECURSOS ERGOGÊNICOS: CONCEITOS E APLICABILIDADE

• Fortes evidências para apoiar a eficácia e aparentemente seguro: suplementos quepossuemumasólidafundamentaçãoteóricacomamaioriadaspesquisasdisponíveis em populações relevantes, usando regimes de dosagemapropriados,demonstrandosuaeficáciaesegurança.

• Evidências limitadas ou mistas para apoiar a eficácia: os suplementos desta categoriasãocaracterizadoscomotendoumalógicacientíficasólidaparaseuuso,mas a pesquisa disponível falhou em produzir resultados consistentesapoiando sua eficácia. Rotineiramente, esses suplementos exigem quemaispesquisas sejam concluídas antes que os pesquisadores possam começar aentenderseuimpacto.Éimportanteressaltarqueessessuplementosnãotêmevidênciasdisponíveisparasugerirqueelesnãotêmsegurançaoudevemservistoscomoprejudiciais.

• Pouca ou nenhuma evidência para apoiar a eficácia e/ou segurança: ossuplementosdestacategoriageralmentecarecemdeuma lógicacientíficasólidaeapesquisadisponívelmostraconsistentementeafaltadeeficácia.Comoalternativa, suplementosquepodemserprejudiciais à saúdeouhá faltadesegurançatambémsãocolocadosnestacategoria.

A Sociedade Internacional de Nutrição Esportiva (ISSN) recomenda que os nutricionistas desta área e os atletas realizem um processo sistemático de avaliação do mérito científico do valor ergogênico de um suplemento alimentar. Recomenda-se que seja verificada a lógica teórica por trás do suplemento e se existem dados bem controlados mostrando que o suplemento é eficaz (KREIDER et al., 2010).

IMPORTANTE

Nos EUA, os fabricantes e distribuidores de suplementos alimentaresdevemaderir a vários regulamentos federais antesqueumprodutopossa sercomercializado,sendoque,antesdacomercializaçãodosprodutos,elesdevemterevidênciasdesegurançadeseussuplementosparaatenderatodososrequisitosdosregulamentos.

Nos últimos 20 anos, muitas empresas de suplementos empregaramdiretoresdepesquisaedesenvolvimentoqueajudamaeducaropúblicoarespeitodenutriçãoeexercícios,forneceminformaçõesdedesenvolvimentodeprodutoseconduzempesquisaspreliminaressobreprodutos.

Isso tem aumentado as oportunidades de emprego para especialistas em nutrição esportiva, além de oportunidades de financiamento para grupos depesquisasobreexercíciosenutrição(KERKSICKet al.,2018).

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TÓPICO 2 — RECURSOS ERGOGÊNICOS NOS EXERCÍCIOS RESISTIDOS E DE RESISTÊNCIA

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Ossuplementosalimentarespodemcontercarboidratos,proteínas,gor-duras,minerais,vitaminas,enzimas, intermediáriosmetabólicos(porexemplo,aminoácidosselecionados)ouextratosdeplantas/alimentos.

2 SUPLEMENTOS ALIMENTARES PARA EXERCÍCIO DE RESISTÊNCIA

Nos próximos subtópicos, os suplementos nutricionais citados foramcategorizadosemduasdascategoriascitadasanteriormente:

• categoriaI–evidênciasfortesparaapoiaraeficácia;e• categoriaII–evidênciaaparentementesegura,limitadaoumistaparaapoiaraeficácia.

Não trouxemos para discussão aqueles da categoria III – pouca ounenhumaevidênciaparaapoiaraeficáciae/ousegurança.

Neste primeiro momento, apresentaremos os suplementos com fortes evidênciaspara apoiar a eficácia e aparentemente seguros, osquais sãocaracterizadosporpossuíremumasólidafundamentaçãoteóricacomamaioriadaspesquisasdisponíveisempopulaçõesrelevantes,usandoregimesdedosagemapropriados,demonstrandosuaeficáciaesegurança.

• ß-alanina

Aß-alaninaéumaminoácidonãoessencial,quetempotencialergogênicocombaseemseupapelnasíntesedecarnosina,que,porsuavez,éumdipeptídeocompostopelosaminoácidoshistidinaeß-alaninaqueocorremnaturalmenteemgrandesquantidadesnosmúsculosesqueléticos.

Nesse conceito, acredita-se que a carnosina seja uma das principaissubstâncias tamponadoras musculares disponíveis no músculo esquelético(KERKSICKet al.,2018).

Harris et al.,(2011)demonstraramqueaingestãode4a6gdeß-alaninavia oral, emdosesdivididas ao longododia, duranteumperíodode 28dias(crônico),éeficaznoaumentodosníveisdecarnosina.

2.1SUPLEMENTOS ALIMENTARES EFICAZES E APARENTEMENTE SEGUROS, COM FORTES EVIDÊNCIAS, DE ACORDO COM A SOCIEDADE INTERNACIONAL DE NUTRIÇÃO ESPORTIVA

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UNIDADE 3 — RECURSOS ERGOGÊNICOS: CONCEITOS E APLICABILIDADE

ConformeaSociedadeInternacionaldeNutriçãoEsportiva(KERKSICKet al., 2018), pesquisas com ß-alanina sugerem melhorias no desempenho doexercício com efeitos mais pronunciados em atividades que duram de um aquatrominutos;melhoriasnafadiganeuromuscularebenefíciospotenciaisempessoaltático(TREXLERet al.,2015).

Além disso, também foi demonstrado que a ß-alanina pode aumentaronúmeroderepetiçõesdesériesdeexercícios,promoveroaumentodamassacorporalmagra,aumentarotorquedeextensãodojoelhoeaumentarovolumedetreinamento.

Ainda cabe destacarmos que, embora pareça que a suplementação deß-alaninapossamelhorarodesempenho,outrosestudosfalharamemdemonstrarumbenefícionodesempenhoesportivo(KERKSICKet al.,2018).

• Bicarbonato de sódio (bicarbonato de sódio)

Durante o exercício de alta intensidade, acumulam-se no músculo enosangueoácido(H+)eodióxidodecarbono(CO2),gerandoumaacideznoorganismoquepodecausardor,eosistemadebicarbonatoéoprincipalmeiopeloqualocorposelivradaacidezedoCO2medianteaconversãoembicarbonatoantesdaremoçãosubsequentenospulmões(KERKSICKet al.,2018).

Oconsumode0,3g/kgdebicarbonatode60a90minutosantesdoexer-cícioou5gduasvezespordiadurantecincodias,poisobicarbonatodesódiodemonstrouserumamaneiraeficazdereduziraacidezduranteexercíciosdealtaintensidade,quetemdeumatrêsminutosdeduração(KERKSICKet al.,2018).

Lindh et al.(2008)relataramqueobicarbonatopodemelhorarodesempe-nhodanataçãonoestilolivrede200memnadadoresmasculinosdeelite.

Damesmaforma,estudosrelataramacapacidadedobicarbonatoparamelhorar os testes de tempo de bicicleta de 3 km (KILDING; OVERTON;GLEAVE,2012).

É importante destacar que um efeito indesejável comum em torno daingestão de bicarbonato de sódio é o desconforto gastrointestinal. Portanto,os atletas devem experimentar seu uso antes do desempenho para avaliar a tolerância(KERKSICKet al.,2018).

• Cafeína

Acafeínaéumestimulantedeorigemnaturalquetambémdemonstrouser uma ajuda ergogênica em exercícios aeróbicos e anaeróbicos, com umacapacidade documentada de aumentar o gasto de energia e promover a perda de peso (GOLDSTEIN et al.,2010).

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TÓPICO 2 — RECURSOS ERGOGÊNICOS NOS EXERCÍCIOS RESISTIDOS E DE RESISTÊNCIA

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DeacordocomWileset al.(2006),queinvestigaramosefeitosdacafeínanodesempenhodeciclistastreinados,acafeínamelhoravaavelocidade,opicodepotênciaeapotênciamédia.

Estudos,comodeGraham(2001),indicamqueaingestãodecafeína,de3a9mg/kg,tomada30a90minutosantesdoexercício,podepouparousodecarboidratose,assim,melhoraracapacidadedeexercícioderesistência.

Alémdo potencial impacto ergogênico, em sua revisão,Kerksick et al.(2018)tambémrelataramqueacafeínamelhorousignificativamenteindicadoresdoestadodehumor,reduziuasclassificaçõesdeesforçopercebidoediminuiuapercepçãodedormuscularquandoemdosesagudasde5mg/kg/diadecafeínaantesdoexercícioresistidomáximo.

Dosesdecafeínaacimade9mg/kgpodemresultaremníveisurináriosdecafeínaqueultrapassamolimiardedopingparamuitasorganizaçõesesportivas.

Emresumo,evidênciascientíficaspublicadaspelaSociedadeInternacionaldeNutriçãoEsportiva(KERKSICKet al.,2018)estãodisponíveisparaindicarqueacafeínafuncionacomoumaajudaergogênicaemváriasmodalidadesesportivas.

Todavia, algumas pesquisas apresentam resultados ambíguos e serão

necessárias mais pesquisas, considerando casos de indivíduos treinados quenormalmente demonstram mais efeitos ergogênicos do que indivíduos nãotreinados, e que indivíduos que usam de bebidas com cafeína regularmente,parecemexperimentarmenosbenefíciosergogênicosdacafeína.

• Carboidratos

Umdosrecursosergogênicosdisponíveisparaatletaseindivíduosativoséocarboidrato.

Conforme jámencionado, o carboidratodeve ser consumidonadietarotineiramente,nashorasqueantecedemoexercício,duranteoexercícioenashorasapósoexercício,podendogarantirqueosestoquesendógenosdeglico-gênio sejammantidos e suportemmuitos tipos de desempenho do exercício(BURKEet al.,2011).

Widricket al.(1993)examinaramsistematicamentetodasasquatrocombina-çõespossíveisdeníveisintramuscularesaltosebaixosdeglicogêniopré-exercício,comesemfornecimentodecarboidratosantesdeumasessãopadrãodeexercíciodeciclismo,comprovandoque,quandoocarboidratofoifornecido,odesempenhofoimelhorado.Alémdosmodelostradicionaisdeexercíciosderesistência.

Ainda,WilliamseRollo(2015)verificamemsuarevisãodeliteraturaqueodesempenhodeesportescoletivos,tipicamentecaracterizadosporintensidadesvariáveiseperíodosintermitentesdegrandeesforço,temmelhorasignificativacomoconsumodecarboidrato.

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UNIDADE 3 — RECURSOS ERGOGÊNICOS: CONCEITOS E APLICABILIDADE

Além da ingestão, Carter (1995) chamaram a atenção para o potencialimpacto do enxágue bucal de carboidratos como estratégia ergogênica. Elesdemonstraram,emsuapesquisa,umaumentonotempodedesempenhoduranteociclismo,revelandoqueosreceptoresnocérebropodemestarligadosàmerapresençadecarboidratosnaboca.

• Creatina monoidratada

Asuplementaçãodecreatinaéumaestratégiabemapoiadaparaaumen-taramassamusculareaforçaduranteotreinamento,todavia,tambémfoire-latadoque a creatinamelhora a capacidadede exercício emoutras variáveis,descritasaseguir(KERKSICKet al.,2018).

Especificamente,deacordocomKreideret al.(2017),estudosdocumenta-rammelhoriascomoconsumodecreatina,umaproteínapresenteemdiferentesfontesalimentares,emespecialnascarnes,em:sprintsúnicosemúltiplos; tra-balhoconcluídoemvários conjuntosdeesforçosmáximos; limiaranaeróbico;cargadeglicogênioecapacidadedetrabalho.

Consequentemente,esportescoletivos,atividadesindividuaisouesportesque consistem em exercícios intermitentes de alta intensidade, como futebol,tênis,basquete,entreoutros,podemsebeneficiardousodecreatina(KREIDERet al.,2017).

Chwalbinska-Moneta(2003),emseuestudo,descobriuqueaingestãode20gdecreatinaporcincodiasmelhoravaaresistênciaeodesempenhoanaeróbicoemremadoresdeelite.

A creatina pode melhorar as adaptações do treinamento em atletas de resistência e anaeróbicos, capacidade anaeróbica e permitir que os atletasconcluammaioresvolumesdetreinamentonolimiaranaeróbicoouacimadele(NELSON et al.,2001).

Nãoháevidênciasclínicasdequeasuplementaçãodecreatinaaumenteasuscetibilidadeàdesidratação,cãibrasmuscularesoudoençasrelacionadasaocalor(KRIERKSIet al.,2018).

QUADRO 5 – SUPLEMENTOS ALIMENTARES COM BENEFÍCIO PARA O DESEMPENHO DE ATLETAS BASEADOS EM FORTES EVIDÊNCIAS

Cafeína

Protocolo de uso

3-6mg/kgde peso na formade cafeína anidra (isto é, formade comprimido ou pó), consumiram ~ 60 minutos antes doexercício (GANIO et al., 2009). Dosesmais baixas de cafeína(<3 mg/kg de peso ± 200 mg), fornecidas antes e durante oexercício;consumidocomumafontedeCHO(SPRIET,2014).

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TÓPICO 2 — RECURSOS ERGOGÊNICOS NOS EXERCÍCIOS RESISTIDOS E DE RESISTÊNCIA

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Considerações adicionais e

possíveis efeitos colaterais

Dosesmaioresdecafeína(≥9mg/kgBM)nãoparecemaumentaro benefício de desempenho (BRUCE et al., 2000) e são maispropensas a aumentar o risco de efeitos colaterais negativos,incluindonáusea,ansiedade,insôniaeinquietação.Dosesmaisbaixasde cafeína, variaçõesno tempode ingestão antes e/ouduranteoexercícioeanecessidade(oufaltadela)deumperíododeabstinênciadecafeínadevemser testadasemtreinamentoantes do uso da competição. O consumo de cafeína durantea atividadedeve ser considerado concomitante à ingestãodeCHOparamelhoraraeficácia(TALANIAN;SPRIET,2016).

Creatina

Protocolo de uso

Fase de carregamento: ∼20g/dia (dividido emquatrodosesdiárias iguais),porcincoasetedias(LANHERS et al.,2017);Fasedemanutenção:3a5g/dia(doseúnica)duranteoperíododeperíododesuplementação(HULTMAN et al.,1996). Nota : o consumo simultâneo com uma fonte mista de proteína/CHO (∼50gdeproteínaeCHO)podeaumentaracaptaçãode creatina muscular através da estimulação da insulina(STEENGE et al.,2000).

Considerações adicionais e

possíveis efeitos colaterais

Nenhum efeito negativo para a saúde é observado com ousoa longoprazo (atéquatroanos)quandoosprotocolosdecarregamento apropriados são seguidos (SCHILLING et al.,2001).Umaumentopotencialde1-2kgdepesocorporalapóso carregamento de creatina (principalmente como resultado daretençãodeágua;(DEMINICE et al.,2013; POWERSet al.,2003),podeserprejudicialparaodesempenhoderesistênciaouemeventosemqueamassacorporaldevasermovidacontraagravidade(porexemplo,saltoemaltura,saltocomvara).

Nitrato

Protocolo de uso

Alimentos comalto teordenitrato incluemvegetais folhososde raiz everde, incluindo espinafre, saladade rúcula, aipo ebeterraba.OsbenefíciosagudosdedesempenhosãogeralmentevistosdentrodeduasatrêshorasapósumbolusdeNO3 a 5 a 9 mmol(310a560mg)(HOON et al.,2014).Períodosprolongadosde ingestão de NO3 -(>3dias)tambémparecembenéficosparaodesempenho (THOMPSON et al.,2015, 2016)epodemserumaestratégiapositivaparaatletasaltamentetreinados,emqueosganhos de desempenho com a suplementação de NO3- parecem maisdifíceisdeobter(JONES, 2014).

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UNIDADE 3 — RECURSOS ERGOGÊNICOS: CONCEITOS E APLICABILIDADE

Considerações adicionais e

possíveis efeitos colaterais

As evidências disponíveis sugerem que parece haver poucosefeitoscolateraisoulimitaçõesàsuplementaçãodenitrato.Podeexistir o potencial de distúrbios gastrointestinais em atletassuscetíveis e, portanto, deve ser exaustivamente testado notreinamento.Parecehaverumlimitesuperiorparaosbenefíciosdo consumo (isto é, nenhum benefício maior de 16,8 mmol[1.041mg]vs.8,4mmol[521mg];(WYLIEet al.,2013).

Beta-Alanina

Protocolo de uso

Consumodiáriode~65mg/kgdepesocorporal,ingeridoporumregimededosedividida(ouseja,0,8-1,6gacada3-4horas)durante um período prolongado de suplemento de dez a 12semanas (SAUNDERS et al.,2016).

Considerações adicionais e

possíveis efeitos colaterais

Aeficáciadosuplementoparecemaisdifícildeserpercebidaem atletas bem treinados (BELLINGER, 2014). Há umanecessidade de investigação adicional para estabelecer o usoprático em várias situações específicas do esporte (HOBSON et al., 2012). Possíveis efeitos colaterais negativos incluemerupçõescutânease/ouparestesiatransitória.

Bicarbonato de Sódio

Protocolo de uso

Dose aguda única de NaHCO3 de 0,2-0,4 g/kg de peso,consumida 60-150 minutos antes do exercício (CARR et al.,2011; SIEGLER et al., 2012). Estratégias alternativas incluem:doses fracionadas (ou seja, váriasdosesmenores quemesmaingestãototal)tomadaduranteumperíodode30a180minutos(LAMBERT et al.,1993);carregamentoemsériecom3a4dosesmenorespordia,durantedoisaquatrodiasconsecutivosantesdeumevento(BURKE,2013).

Considerações adicionais e

possíveis efeitos colaterais

Distúrbios gastrointestinais bem estabelecidos podem estarassociadosaestesuplemento.Asestratégiasparaminimizarodistúrbiogastrointestinalincluem:coingestãocomumapequenarefeiçãoricaemcarboidratos (±1,5g/kgdecarboidratosBM)(CARR et al.,2011);ousodecitratodesódiocomoalternativa(REQUENA et al., 2005 ); estratégias de dose dividida ouempilhamento (BURKE,2013).

FONTE: Maughan et al. (2018, p. 443)

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TÓPICO 2 — RECURSOS ERGOGÊNICOS NOS EXERCÍCIOS RESISTIDOS E DE RESISTÊNCIA

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2.2 SUPLEMENTOS COM EVIDÊNCIA LIMITADA OU MISTA PARA APOIAR A EFICÁCIA

Ossuplementosalimentaresdacategoriaevidênciaslimitadasoumistaspara apoiar a eficácia, são caracterizados por possuírem uma lógica científicaparaseuuso.Todavia,aspesquisasdisponíveisfalharamemproduzirresultadosconsistentes apoiando sua eficácia.Compõemuma classede suplementosqueexigea realizaçãodemaispesquisasparaqueos cientistaspossamcomeçar aentender seu impacto. É importante ressaltar que esses suplementos não têmevidênciasdisponíveispara sugerirqueelesnão têmsegurançaoudevemservistoscomoprejudiciais.

• Aminoácidos essenciais (BCAA)

Aceita-se que a ingestão de pelo menos 2g do aminoácido essencial,leucina, seja necessária para estimular mecanismos celulares que controlamahipertrofiamuscular equea ingestãode6 a 12gdiáriadeumamisturadeaminoácidos essenciais é necessária para maximizar a síntese de proteínasmusculares (KERKSICKet al., 2018).Noentanto,atualmente,nãoestáclaroseaadoçãodessaestratégia levariaamaioresadaptaçõesde treinamentoe/ousea suplementação de BCAA seria superior do que ingerir carboidratos e umaproteínadealtovalorbiológicoapósoexercício.

Por esses motivos, Jackman et al.(2017)incentivaramapriorizaçãodefontesdeproteínasintactasnaingestãodeaminoácidosdeformalivreparapromoçãodo aumento de massa livre de gordura, mas o impacto dessa recomendação nas alteraçõesdedesempenhopermaneceindeterminadoemesportesderesistência.

• β-hidroxi β-metilbutirato (HMB)

De acordo Kerksick et al. (2018), o HMB parece ter mais efeito nodesempenhoquandoaintensidadedotreinamentoémaximizada,emboramuitosdosestudostenhamverificadocomresultadosvariadosopotencialergogênicodasuplementaçãodeHMBemindivíduosfisicamenteativos.

OsestudosrecentesdeDurkalec-MichalskieJeszka(2015)confirmaramtrabalhosanteriores,comoodeVukovich(2001)dequeoHMBtemumefeitopositivonoaumentodacapacidadeaeróbica.

O HMB está disponível como cálcio-HMB e como ácido livre. EmcomparaçãocomoHMBdecálcio,oácidolivredeHMBapresentaumamelhorabsorção(aproximadamente30minvs.duasatrêshoras)(FULLERet al.,2011).

Pormeiodeumarevisãosistemáticadaliteratura,Silvaet al.(2017)conclu-íramqueaformadeácidolivredoHMBpodemelhoraraforçaeatenuarosda-nosmuscularesquandocombinadacomotreinamentoderesistênciapesado,masafirmouquesãonecessáriasmaispesquisasparaconfirmaçãodessesresultados.

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UNIDADE 3 — RECURSOS ERGOGÊNICOS: CONCEITOS E APLICABILIDADE

• Citrulina

Acitrulina(ácido2-amino-5-(carbamoilamino)pentanóicoouL-carnitina)éproduzidanociclodaureiaapartirdeornitinaefosfatodecarbamoil.Éeficien-tementerecicladaemargininaparasubsequenteproduçãodeóxidonítricoatra-vésdociclodecitrulina-óxidonítrico(HAINES;PENDLETON;EICHLER,2011).

Ocatabolismodacitrulinapossibilitaqueamaioriadoquefoiconsumidopasse para a circulação sistêmica antes da conversão para arginina, fazendocomquesuacaptaçãonãocompetitivaparao transportecelular façacomquea suplementação oral de citrulina sejamais eficaz no aumento da arginina e,consequentemente,ativaçãodaenzimaóxidonítricosintase(NOS),assimcomováriosbiomarcadoresdeóxidonítrico(MCKINLEY-BARNARDet al.,2015).

Váriosestudosempregarammodelosdeexercíciosaeróbicosparaexami-naroimpactodacitrulinanodesempenho.Glennet al.(2017)examinaramoim-pactodeumadosede8gdecitrulinaduranteo treinamentode resistêncianonúmerode repetições realizadasdurante seis séries, cadaumdosexercíciosdesupino e leg press,atéfalhara80%de1RM(repetiçõesmúltiplas)emmulherestrei-nadas,tendocomoresultadoaumentodemalatodecitrulina,melhorando,defor-masignificativa,odesempenhoduranteoexercícioresistidodemúltiplasséries.

Poré,Cultrufello,GadomskieZavorsky(2015)relataramqueumadosede 6 g de L-citrulina não afetou os indicadores aeróbicos e anaeróbicos dodesempenhodoexercício.Dessaforma,nãoficaclaroseessesbenefíciospodemseratribuídosexclusivamenteàcitrulina,bemcomoqualopapelqueacitrulinapodedesempenharnodesempenhoaeróbicoeanaeróbico.

• Glicerol

Sugere-se que a ingestão de glicerol com água aumenta a retençãode líquidos e mantém o estado de hidratação do atleta (GOULET, 2012),podendopreveniradesidrataçãoemelhorarasalteraçõestermorregulatóriasecardiovasculares.Todavia,comonosdemaiscasosdossuplementosenquadradosnessa classificação II, os resultados são variados sobre a melhora ou não dacapacidadedeexercício(KERKSICKet al.,2018).

Consequentemente, como apontado por Goulet (2012), verifica-se sernecessárioconcluirmaispesquisasparatrabalharcomasnuancesqueenvolvemaeficáciadopotencialdoglicerol.

• L-alanil-L-glutamina

Sobomesmoreferencialteóricodaglutamina,ointeresseemsuplementarcomL-alanil-L-glutaminatemaumentadonosúltimosanos.

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TÓPICO 2 — RECURSOS ERGOGÊNICOS NOS EXERCÍCIOS RESISTIDOS E DE RESISTÊNCIA

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Hoffmane Falvo(2010)relataram,emumgrupodedezhomensfisicamenteativos, que a L-alanil-L-glutamina aumentou o tempo até a exaustão em umcicloergômetro,mesmoquandoexpostoaumleveestressepordesidratação.

Apósdoisanos,omesmogrupodepesquisaverificouqueareidrataçãocomL-alanil-L-glutamina,mesmoemestadodedesidrataçãode2,3%emumaluta de basquete levou a umamelhoria no desempenhodas habilidades e notempodereaçãovisualquandocomparadoàágua(HOFFMANet al.,2012).

Mccormack et al. (2015) determinaram que a L-alanil-L-glutaminamelhorou significativamente o desempenho da corrida em esteira quandocomparadaàausênciadehidratação.EssapesquisaindicaaindaqueaL-alanil-L-glutamina,emdosesquevariamde300a1000mgpor500mLdefluido,podeinfluenciar favoravelmente o status e o desempenho da hidratação, quandocomparadoanenhumaingestãodelíquidosouapenaságua.

• Nitratos

A suplementação de nitrato é conhecida devido a seus efeitos navasodilatação,pressãoarterialemaioreficiêncianotrabalho,podendomelhoraro desempenho esportivo (LARSEN et al.,2007).Éconsumidadeduasatrêshorasantesdoexercício,comsucodebeterrabaounitratodesódio,sendoprescritaemquantidadesquevariamde300a600mg(HOONet al.,2013).

Essas dosagens parecem ser bem toleradas quando consumidas, tantocomosuplementares,quantocomofontessuplementaressemalteraçõessignifi-cativasnahemodinâmica.

A suplementaçãode ciclistas altamente treinados comnitratode sódio(10 mg/kg demassa corporal) reduziu significativamente o pico de VO2 sem influenciarotempoatéaexaustãoouapotênciamáxima(BESCOSet al.,2011).Ainda,Kenjaleet al. (2011) identificaramqueasuplementaçãodenitrato, comdosesdeaproximadamente560mg/diadenitrato,aumentousignificativamenteofluxosanguíneoparaomúsculoemexercícioeotempodeexercícioemidososcom doença arterial periférica, melhorando a função endotelial por meio dedilataçãomediadaporfluxoevelocidadedofluxosanguíneo.

Todavia,comoemváriassituaçõesaquicitadas,nemtodasaspesquisasobservam benefícios de desempenho com a suplementação de nitrato, comodescreveramWilkerson et al. (2012), quandoverificaramque a suplementaçãode nitrato (385mgde nitrato) 2,5 h antes de um treino de 80 kmde ciclistasbemtreinadosnãoconseguiumelhorarodesempenhodosatletas.Demaneirageral,coletivamente,essesresultadosindicamqueasuplementaçãocomnitratopodemelhorar o desempenho do exercício aeróbico e a saúde cardiovascular(KERKSICKet al.,2018).

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UNIDADE 3 — RECURSOS ERGOGÊNICOS: CONCEITOS E APLICABILIDADE

• Quercetina

Aquercetinaéumflavonoideencontradoemfrutasehortaliças,alémdedemaisespéciesvegetais,sendoconhecidanaliteraturaporapresentarbenefíciosàsaúdecomoseuusoterapêutico.Foipropostaemmodelosanimaisehumanosparamelhorarodesempenhodaresistênciaematletas.

Emumameta-análiserealizadaporPelletier,LacerteeGoulet(2013)paraverificar o impacto potencial da suplementação de quercetina namelhora daresistência,queenvolveuseteestudospublicadosrepresentando288participantes,foi identificado que, somente em participantes não treinado, a quercetina foicapazdeaumentardemaneirasignificativaaresistênciadosparticipantes.

Também,emoutrameta-análiserealizadaem2011,deKressler,Millard-Stafford eWarren (2011), a conclusão foi semelhante, na qual eles indicaramqueaquercetinatembenefícios,masotamanhodesseefeitoétrivialepequeno,sendonecessáriomaispesquisascomintuitodeidentificarassituaçõesemqueaquercetinapodeafetarodesempenhonoexercício.

• Taurina

A taurina é um aminoácido encontrado em abundância no músculoesqueléticohumano,derivadodometabolismodacisteína,desempenhafunçõesemváriossistemasdoorganismo(HARRISet al.,2011).Foirelatadoemalgunsestudosqueataurinapodemelhorarodesempenhodoexercícioearecuperaçãodeexercíciosestressantes(KERKSICKet al.,2018).

Em umameta-análise realizada em 2018 porWaldron et al. (2018), foiinformadoquedosesdiáriasúnicasde6g,poratéduassemanas,melhoraramsignificativamente o desempenho do exercício de resistência em váriosparticipantes.Enquantomaispesquisascontinuamsendopublicadasenvolvendotaurina, o consenso desses resultados continua a ser misto em relação ao potencial dataurinaparamelhorarodesempenhofísico(KERKSICKet al.,2018).

3 EFICÁCIA DO AUXÍLIO ERGOGÊNICO DOS SUPLEMENTOS ALIMENTARES NOS EXERCÍCIOS DE FORÇA

Conforme exposto no subtópico anterior, há dados bem controladosdisponíveis, para demonstrar a eficácia do auxílio ergogênico proposto empopulações atléticas ou em pessoas regularmente envolvidas no treinamentofísicocomobjetivodehipertrofiamuscular.

Ainda,paracontribuirna importânciadeavaliarosartigos,segueumasériedeperguntasaseremrespondidas:

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TÓPICO 2 — RECURSOS ERGOGÊNICOS NOS EXERCÍCIOS RESISTIDOS E DE RESISTÊNCIA

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• Os estudos são realizados com pesquisas básicas em animais/populaçõesclínicasouforamrealizadosestudosematletas/sujeitostreinados?

• Os estudos forambem controlados? Nos casos de pesquisas para recursosergogênicos,oestudo‘padrãoouro’éumestudoclínicorandomizado,duplo-cegoecontroladoporplacebo,noqualnemopesquisadornemosujeitosabemqualgruporecebeuosuplementoouoplaceboduranteoestudo,sendoqueossujeitosforamaleatoriamentedesignadosparaogrupoplaceboousuplemento.Ressalta-se que, emmuitos casos, as pesquisas de suplementos se baseiamemestudosmalplanejados,comoporexemplo:pequenosgruposdesujeitos,nenhumgrupodecontrole,testesnãoconfiáveisentreoutros.

• Osestudosrelatamresultadosestatisticamentesignificativosouestãosendofeitas afirmações por meios ou tendências não significativos? A análiseestatísticaapropriadadosresultadosdapesquisapermiteumainterpretaçãocorretadosdados.Emboraestudosquerelatemtendênciasestatísticaspossamlevar pesquisadores a realizar pesquisas adicionais, estudos que relatamresultados estatisticamente significativos são mais confiáveis. Além disso,hásituaçõesemqueointervalodeconfiançanaanálisedemédias,respostasindividuaisdetodososparticipantesetamanhosdosefeitossãoinformaçõesadicionaisquepodempermitirumainterpretaçãomaisprecisa.

• Os resultados dos estudos citados correspondem às alegações feitas dosuplemento ou retratam com precisão a resposta do suplemento contra um grupoplacebooucontroleapropriado?Nãoéincomumqueasalegaçõesdemarketingexagerembastantenosresultadosencontradosnosestudosatuais,concentrando-se apenas nos resultados do grupo de suplementos, ao invésde como o grupo de suplementos mudou em comparação com a mudança de umgrupodeplacebo,sendoqueumaformadedeterminarissoéleroartigointeiroecompararosresultadosobservadosnosestudoscomasafirmaçõesdomarketingdisponível.

• Os resultados do estudo foram apresentados em uma reunião científicarespeitávele/oupublicadosemumarevistacientíficarevisadaporpares?Aspesquisas mais confiáveis normalmente são apresentadas em reuniõescientíficase/oupublicadasemrevistasrespeitáveisrevisadasporpares.Sendoimportante identificar se a revista é de qualidade. Três são asmaneiras dedeterminarareputaçãodeumarevista:identificaroeditor;“fatordeimpacto”;esearevistaéounãoindexadaeposteriormentedisponívelpararevisãonoPubMed(KERKSICKet al.,2018).

Muitosperiódicos“revisadosporpares”pertencemaempresasquefazemnegócioscomváriosprodutosnutricionais,mesmoqueestejamdisponíveisnoPubMed.Porisso,érecomendadoaconsultaaositedoeditor,buscandoverificarquantosoutrosperiódicos forampublicados.Nocasode seremapenasalgunsoutros periódicos, isso sugere que o periódico não é respeitável. Também épossívelpesquisarquantosartigosforampublicadospelarevistanosúltimosseisa12mesesequantosdessesartigossãoestudosbemconduzidos(KERKSICKet al.,2018).

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UNIDADE 3 — RECURSOS ERGOGÊNICOS: CONCEITOS E APLICABILIDADE

• Os resultadosdapesquisa foram replicados?Em caso afirmativo, os resul-tadosforamreplicadosapenasnomesmolaboratório?Amelhormaneiradeconhecerumauxílioergogênicoéverificarseosresultadosforamreplicadosemoutrosestudosedepreferênciaporváriosgruposdepesquisadistintos.Alémdisso,areplicaçãoderesultadosporlaboratóriosdiferentesenãoafilia-doscomautorescompletamentediferentestambémreduzoelementodeviésdepublicaçãoeconflitosdeinteresse(KERKSICKet al.,2018).

Um número notável de estudos a respeito de auxílios ergogênicos érealizado em colaboração com um ou mais cientistas que possuem interesseeconômicorealnosresultadosdoestudo.Devidoaisso,umnúmerocrescentedeperiódicosexigedivulgaçõesdetodososautoresdeartigoscientíficos,incluindotaisdivulgaçõesemartigospublicados(KERKSICKet al.,2018).

3.1 SUPLEMENTOS PARA HIPERTROFIA MUSCULAR

Ossuplementoslistadosaseguirforamanalisadosnaliteraturacientíficacomintuitodepromoverforçaeacúmulodemúsculoesqueléticoemconjuntocomumprogramadetreinamentobemprojetado.

Destaca-se que ganhos ou perdas nas massas corporais podem afetarpositivaounegativamenteodesempenhoatléticodeumindivíduo,como,porexemplo,aumentonamassacorporalenamassamagrasãoadaptaçõesdesejadasparamuitosjogadoresdefutebolamericano,podendomelhorarodesempenhonessas atividades, todavia, reduções na massa corporal podem promover aumentosnodesempenho,comociclistas,ginastas,quepodemprecisarreduzirrapidamenteopeso,mantendoamassamuscular,forçaepotência(KERKSICKet al.,2018).

3.1.1 Fortes evidências para apoiar a eficácia e aparentemente seguro

Serão descritos a seguir os suplementos presentes na literatura, com dados bemcontrolados,parademonstraraeficáciadoauxílioergogênicopropostoempopulações atléticas ou em pessoas regularmente envolvidas no treinamentofísicocomobjetivodehipertrofiamuscular.

• Aminoácidosessenciais(EAA)

Kobayashiet al.(2003)indicamqueaingestãode6a12gdosaminoácidosessenciais (EAA) na ausência da alimentação, antes e/ou após o exercícioresistido,estimulaasíntesedeproteínas,sendoestarespostaindependentedafontedeproteínaoutipodealimento,condiçãoessaquepodeaumentaramassalivredegordura.

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TÓPICO 2 — RECURSOS ERGOGÊNICOS NOS EXERCÍCIOS RESISTIDOS E DE RESISTÊNCIA

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Emboraexistamváriosmétodosdeavaliaçãodaqualidadedeproteínas,amaioriadessasabordagensseconcentranaquantidadedeEAAsencontradosnoalimento.Atéesteponto,estãodisponíveisváriosestudosqueafirmamqueosEAAsoperamcomoumpré-requisitoparaestimularastaxasdepicodasíntesede proteínas musculares (PHILLIPS; CHEVALIER; LEIDY, 2016), sendo quealgunsEAAs, individualmente, receberamatenção considerávelpor seupapelpotencialnoimpactodatraduçãodeproteínase,consequentemente,nasíntesedeproteínasmusculares,comoéocasodosaminoácidosdecadeiaramificada(BCAAs)(BLOMSTRANDet al.,2006).

Éimportanteressaltarmosque,detodoointeressegeradopelosBCAAs,a leucina é o aminoácido principal no que se refere às alterações agudas natraduçãodeproteínas.Ofornecimentodeleucina,apósaconclusãodoexercícioresistido,podepotencializaraindamaisosaumentosnasinalizaçãodemTORenatraduçãodeproteínas,sendoadoseideia,deacordocomJageret al.(2017),entre1,7e3,5g/dia.

• Bicarbonatodesódio

Tobiaset al.(2013)relataramumamelhorasignificativanaproduçãodeforçanapartesuperiordocorpoematletastreinadosemartesmarciaisapósaingestãodebicarbonatodesódio,sendoqueobservaramumamelhoriasinérgicanapotência edesempenhoquandobeta-alanina e bicarbonatode sódio foramutilizadosdeformaconjunta.

Sãonecessáriosmaisestudosparaestabelecerquantidadesebenefícios.

• β-hidroxiβ-metilbutirato(HMB)

OHMBéummetabólitodaleucina,SlatereJenkins(2000)documentaramemsuapesquisa,queasuplementaçãode1,5a3g/diadeHMBdecálcioduranteo treinamento, pode aumentar amassamuscular e força, principalmente nosindivíduosnãotreinados.Alémdisso,Gallagheret al.,(2000)verificaramque6gpordianão forneceramganhos adicionaisnamassamagra alémdoque foirelatadocomumadosede3g.

AindaconformeVukovichet al.(2001),paraotimizararetençãodoHMB,érecomendáveldividiradosediáriade3gemtrêsdosesiguaisde1gcada(comcafédamanhã,almoçooupré-exercício,horadedormir).

Cabe destacar que os efeitos da suplementação de HMB em atletastreinadossãomenosclaros,jáqueestudosdemonstramganhosnãosignificativosna massa muscular (SLATER et al.,2001).DeacordocomKerksicket al.(2018),asuplementaçãodeHMBpodeserrealizadaemdosesde1,5a3gporperíodoscurtosdetrêsaquatrosemanasempopulaçõesnãotreinadaseduraçõesmaislongas (12 semanas) em populações treinadas, podendo levar amelhorias nacomposiçãocorporal,reduçãonagorduraeaumentonamassalivredegordura.

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UNIDADE 3 — RECURSOS ERGOGÊNICOS: CONCEITOS E APLICABILIDADE

• Cafeína

Pesquisasqueenvolvemacafeínaaindanãoconseguemalcançarresul-tadospadronizados.Trexleret al.(2015)relataramqueacafeínapodemelhoraro desempenho repetido do sprint,masnãoimpactouaforçamáximaeasrepe-tiçõesàfadigausandoexercíciostantonapartesuperioreinferiordocorpo.Noentanto,outrosestudos indicaramquea cafeínapodeafetar favoravelmenteodesempenhomuscularcomganhodeforça,Goldsteinet al.(2010)relataramqueaingestãodecafeína(6mg/kg)aumentousignificativamenteaforçadosupinoemumgrupodemulheres.

Demaneiraresumida,osautoresrelatarammelhoriasnaforçaerepetiçõesatéafalhausandoosupinoeoutrosexercícios.

• Creatina monoidratada

Acreatinaéosuplementoalimentarmaiseficazdisponívelparaosatletascomobjetivodeaumentaracapacidadedeexercíciodealtaintensidadeeamassamuscular,sendoque,deacordocomKreider(2010),oaumentodamassacorporalgiraemmédiaentre1a2kgamaisqueogrupocontroledurantequatroa12semanasdetreinamento.

Os ganhos em massa muscular parecem ser o resultado de uma capacidade aprimoradade realizar exercíciosde alta intensidade,permitindoqueo atletatreine mais e promovendo maiores adaptações ao treinamento e hipertrofiamuscular (OLSEN et al.2006).

Quanto à segurança no consumo desse suplemento, vários estudos decurtoelongoprazo,comoodeKimet al.(2011),nãorelataramefeitoscolateraisaparentes.AposiçãodaISSNsobreacreatinamonoidratada(KREIDERet al.,2017)resumesuasdescobertasdaseguinteforma:acreatinaéosuplementoalimentarmaiseficazdisponívelparaatletasquebuscamaumentaracapacidadedeexercíciodealtaintensidadeemassacorporalmagraduranteotreinamento;possuiváriosbenefícios terapêuticosempopulaçõessaudáveis edoentes,variandodebebêsa idosos;nãoháevidências científicasdequeousode creatinamonoidratada(até30g/diaporcincoanos)tenhaefeitosprejudiciaisemindivíduossaudáveis;recomenda-se que a suplementação de creatina seja considerada apenas paraatletas mais jovens que estejam envolvidos em treinamento supervisionadocompetitivo;possuaumadietabemequilibradaequemelhoreodesempenho;nãoexcedaasdosesrecomendadas.

Ressalta-se que a adição de carboidrato a um suplemento de creatinaparece aumentar a captaçãomuscular de creatina, sendo que ométodomaisrápidoparaaumentarosestoquesdecreatinamuscularéoconsumode0,3g/kg/diadecreatinaporcincoasetedias,seguidospor3a5g/diaparamanterosestoqueselevados(KERKSICKet al.,2018).

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TÓPICO 2 — RECURSOS ERGOGÊNICOS NOS EXERCÍCIOS RESISTIDOS E DE RESISTÊNCIA

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Após a fase de sobrecarga, a dose de manutenção recomendada éconsideravelmente menor, aproximadamente 2 a 5 g de creatina por dia ou 0,03g/kgdemassa corporalpordia.DeacordocomRibeiro (2010),pesquisastêmdemonstradoumaumentode10a40%naconcentração intramusculardecreatinaePCrcomousodesseprotocolo.Apósaingestãode5gdecreatina,onívelplasmáticoaumentadeumafaixaentre50e100mmol/ℓ para mais de 500 mmol/ℓ,1hapósoseuconsumo.

• Proteína

De acordo com Morton et al.(2018),indivíduossubmetidosatreinamentosintensoscomobjetivodepromoçãodoaumentodemassalivredegorduradevemconsumirentre1,4e2,0g/kg/diadeproteína.JáTanget al.(2009),considerandooconsumodeproteínasporpraticantesdeexercíciofísico,realizaramumestudoquebuscouverificaracapacidadedetrêsfontesdiferentesdeproteína(proteínaisoladaehidrolisadadosorodoleite,caseínamicelareproteínaisoladadasoja)emestimularmudançasnasíntesedeproteínamuscularemrepousoeapósarealizaçãodeexercíciosresistido.Aofinal,observaramquetodasastrêsfontesde proteínas aumentaram significativamente as taxas de síntese de proteínasmuscularesemambasassituações.

CermakeVanLoon(2012),atravésdeumameta-análisequeexaminouoimpactodasuplementaçãodeproteínasnasmudançasdeforçaemassalivrede gordura, verificaram que a suplementação demonstrou efeito positivo namassalivredegorduraeforçadaparteinferiordocorpoemparticipantesdetodasasidades.

Nesse contexto, embora sejam necessárias mais pesquisas nessa área,evidênciasindicamclaramentequeasnecessidadesdeproteínasdosindivíduosenvolvidosemtreinamentointensosãoelevadase,consequentemente,osatletasqueobtêmmaioresquantidadesdeproteínaduranteotreinamentopromovemmaiores alterações na massa livre de gordura, aumento na força e na massamuscular, sendo importante observar a realidade de cada indivíduo paraindicaçãodasfontesdessasproteínas.

3.1.2 Evidência limitada ou mista para apoiar a eficácia

Serão descritos a seguir os suplementos presentes na literatura com dados que permitem uma evidência de efetividade limitada para prescriçõescomoauxílioergogênicoparapopulaçõesatléticasouempessoasregularmenteenvolvidasnotreinamentofísico.

• Adenosina-5′-trifosfato(ATP)

OATPéaprincipalfontedeenergiaintracelularepossuiextensasfunçõesextracelulares,comooaumentodapermeabilidadeevasodilataçãonomúsculoesquelético.Artset al.(2012)demonstraramqueoATPoralnãoésistematicamente

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UNIDADE 3 — RECURSOS ERGOGÊNICOS: CONCEITOS E APLICABILIDADE

biodisponível,todavia,asuplementaçãocrônicacomATPaumentaacapacidadedesintetizarATPdentrodoseritrócitos,minimizandoassimasquedasinduzidaspeloexercícionosníveisdeATP.

Ainda, conforme Jager et al. (2017), o ATP pode aumentar o fluxosanguíneoparaomúsculoemexercício,podendoreduzirafadigaeaumentarapotênciadepicodurantesessõesposterioresdeexercíciosrepetidos.Noentanto,dadoonúmerolimitadodeestudosemhumanoscomATPsobreoaumentodosganhosinduzidospeloexercícionamassamuscular,sãonecessáriosmaisestudoscrônicosdetreinamentoemsereshumanos(KIERKSICKet al.2018).

• Aminoácidosdecadeiaramificada(BCAA)

Discute-se, na literatura, o uso da suplementação de BCAA com intuito de reduzir a degradação de proteínas induzida pelo exercício, possivelmentepromovendo um perfil hormonal anticatabólico (KREIDER et al., 2017). Namaioriadoscasos,assimcomoparaDreyeret al.(2008),aleucinaéreconhecidacomoelementoprincipalnaativaçãoocomplexomTORC1nasquantidadesde3a6g,resultandonatraduçãofavoráveldeproteínas.

Teoricamente, a suplementação de BCAA durante treinamento intenso pode ajudar aminimizar a degradaçãode proteínas e, assim, levar amaioresganhos(oulimitarasperdasde)demassalivredegordura,masexistemapenasevidênciaslimitadasparaapoiaressahipótese(KIERKSICKet al.,2018).

Candeloro et al. (1995) verificaram que 30 dias de suplementação deBCAA(14g/dia)promoveramaumentosignificativonamassamuscular(1,3%)eforçadepreensão(+8,1%)emindivíduosnãotreinados.Recentemente,Jackmanet al. (2017)examinaramacapacidadedeumadoseagudadeaminoácidosdecadeiaramificadaparaestimularaumentosnasíntesedeproteínasmusculares,eobtiveramcomoresultadoqueaingestãoagudadeBCAAspromoveuaumen-tode22%amaisnasíntesedeproteínasmuscularesquandocomparadaaumgrupoplacebo.

Nessecontexto,deacordocomKierksicket al.(2018),comoosresultadosdivergentes reduzema capacidadede fazerdeterminações claras, os estudossugeremumpapelmecanicistadosBCAAs,comdestaquepararaleucina,masaindahá falhasemapoiar consistentementeanecessidadede suplementaçãodeBCAA.

DeacordocomaHernandezeNahas(2009),osBCAAs,porserempotentesmoduladoresdacaptaçãodetriptofanopelosistemanervosocentral,poderiamaumentaratolerânciaaoesforçofísicoprolongado.Porém,essesdadosnãotêmjustificadoseuconsumocomfinalidadeergogênica.Porisso,recomenda-sequenão seja utilizada a suplementação de aminoácidos de cadeia ramificada comfinalidadeergogênica.

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TÓPICO 2 — RECURSOS ERGOGÊNICOS NOS EXERCÍCIOS RESISTIDOS E DE RESISTÊNCIA

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Nesse mesmo caminho, Hernandez e Nahas (2009) relatam que aglutamina, aminoácido que age como nutriente para as células de divisãorápida,comoéocasodasimunitárias,temsidoutilizadaparaaumentaradefesaimunológicadeatletas,contudo,quandoa ingestãoéoral,oelevadoconsumopelas células intestinais inviabiliza suadisponibilidadeparaoutras regiõesdoorganismo,tornando,também,inviávelajustificativadesuasuplementaçãooral.

Atualmente, não há evidências científicas suficientes que demonstremque a glutaminamelhore o funcionamento do sistema imunológico e previnalesões em atletas que consomem níveis adequados de proteínas, tornando asuplementaçãonecessáriaapenasemcasosemqueaavaliaçãoindividualindicar.

“Aornitinaeaargininasãoaminoácidosqueproduzemmaiorsecreçãodehormôniodecrescimentoquandooferecidosatravésdeinfusãointravenosa,sendo, entretanto, seu consumo por via oral ineficaz. Não é recomendada asuplementaçãodestesaminoácidos”(HERNANDEZ;NAHAS,2009,p.8).

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RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico, você aprendeu que:

• Épossívelidentificaranecessidadedesermoscríticosperanteasorientaçõesde suplementos alimentares, considerando os tipos de pesquisas científicasqueosenglobamesegurançaequalidadenutricionaldecadaum.

• Osrecursosergogênicosnutricionaisatuamdediferentesformasnamelhoradaperformance:intensificaçãodepotênciafísica;intensificaçãodaforçamental;intensificaçãodelimitesmecânicos.

• Conforme a literatura científica que testa a eficácia e a segurança dossuplementosalimentares,elespodemsercolocadosemtrêscategoriasbaseadasnaqualidadeequantidadedesuportecientíficodisponível:fortesevidênciasparaapoiaraeficáciaeaparentementeseguro;evidênciaslimitadasoumistasparaapoiaraeficácia;poucaounenhumaevidênciaparaapoiaraeficáciae/ousegurança;

• Ossuplementosalimentaresparaexercíciosresistidosederesistênciaforamexpostosdeacordocomograudeevidenciadaspesquisascientíficas.

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1 Considerandoosmétodospelosquaisosergogênicospodemmelhoraraperformancemediante a potência física, forçamental e limitemecânico,relacione as colunas a seguir:

(A) Paraintensificarapotênciafísica.(B) Paraintensificaraforçamental.(C) Paraintensificaroslimitesmecânicos.

() Aumento dos processos psicológicos que maximizam a produção deenergia.

() Melhoranaestabilidadepeloaumentodamassacorporal,sobretudodamassamuscular.

() Melhoranaliberaçãodosubstratoenergéticonomúsculo.

AssinaleaalternativaqueapresentaasequênciaCORRETA:

a)() A;B;C.b)() B;A;C.c)() C;A;B.d)() B;C;A.

2 (ENADE,2010)Umajovemde22anosdeidade,com58kgdepesocorpo-rale1,70mdealtura,ingressourecentementenotimedehandeboldasuauniversidade.Preocupadacomsuaalimentaçãoecomseudesempenhofísi-conascompetições,elaconsultouumnutricionistacomoobjetivodeobterinformaçõesarespeitodarelaçãoentreoconsumodecarboidratoselipídioseasuaatividadeesportiva.Considerandoasituaçãohipotéticaexpostaearelaçãoentrealimentaçãoedesempenhofísico,avalieasafirmativasaseguir:

FONTE: <https://www.aprovaconcursos.com.br/questoes-de-concurso/questao/645401-inep-2010-enade-nutricao>. Acesso em: 9 jul. 2021.

I- Érecomendáveloconsumodealimentosricosemcarboidratoselipídiospróximoaohorárioda atividade física,pois esses alimentos favorecemodepósitodoglicogêniohepático,consideradoafontedeglicoseparaoexercício.

II- A jovem apresenta estado nutricional adequado, segundo o índice demassa corporal e, por isso, deve ingerir alimentos ricos em gordura antes da atividade física, pois a gordura é fontede energia para esportes deintensidadeleve.

AUTOATIVIDADE

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III-Oconsumodebebidasenergéticascom6%a8%dasoluçãodecarboidra-tosduranteaatividadefísicaérecomendávelporpermitirquecarboidra-tossejamenviadosparaostecidosnomomentoemqueafadigaaparece.

IV-Aingestãodecarboidratosduranteaatividadefísicanãoprevineafadigamuscular,masretardaoseusurgimento,melhorandotambémodesem-penhodaesportistapelamanutençãodaglicemiaduranteoexercício.

ÉCORRETOapenasoqueseafirmaem:

a)() IeII.b)() IeIII.c)() IeIV.d)() IIIeIV.

3 Éindispensávelaoesportistaumaalimentaçãoequilibradaantes,duranteeapósaatividadefísica.Comrelaçãoànutriçãoeaoexercícionoesporteenaatividadefísica,classifiqueVparaassentençasverdadeiraseFparaasfalsas:

() O uso de carboidratos (CHO) complexos e simples deve ocorrer atétrintaminutosantesdaatividadefísica,sendoaconselhávelingerir,paraareposiçãodeglicoseduranteapráticaesportiva,quecontenhamteorentre10%e20%deCHO.

() Deve-sejejuarporduashorasantesdeumacompetiçãoesportivaouumtreinamento intensoparaevitarumproblemaestomacalcausadopeloalimentonãodigerido.

() Arefeiçãopré-competiçãoidealconsisteemalimentosricosemproteínasque irão garantir níveis elevados de proteína muscular durante acompetição.

() Oconsumodecarboidratoscomumaltoíndiceglicêmicoconstituiummeiomaisefetivodereporrapidamenteoglicogêniorepletadoapósumexercíciointenso.

() Ainstalaçãodoquadrodeanemiaemumatletapodetrazerumaseriadeprejuízosaoseudesempenho,entreelesomaioro riscode fadigamuscular,menorcapacidadedetrabalhofísicoemenorresistência.

AssinaleaalternativaqueapresentaasequênciaCORRETA:

a)() F–F–F–V–V.b)() F–F–F–F–V.c)() V–F–F–F–V.d)() F–F–V–F–V.

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4 Deacordocomaliteraturacientíficaquetestaaeficáciaeasegurançadossuplementos alimentares, eles podem ser colocados em três categoriasbaseadas na qualidade e quantidade de suporte científico disponível.Descrevaecaracterizeascategorias:

5 Ossuplementosalimentaresdacategoriaevidênciaslimitadas,oumistaspara apoiar a eficácia, são caracterizados por possuírem uma lógicacientífica para seu uso. Todavia, as pesquisas disponíveis falharam emproduzir resultados consistentes apoiando sua eficácia. Compõem umaclassedesuplementosqueexigearealizaçãodemaispesquisasparaqueoscientistaspossamcomeçaraentenderseuimpacto.Nessesentido,descrevaosapontamentosreferentesaoBCAA.

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UNIDADE 3

1 INTRODUÇÃO

Afitoterapiaéumaciênciaqueutilizaespéciesvegetaisconhecidasporplantasmedicinais,paraprevençãoetratamentodediferentesdoenças.Desdeaantiguidade,asplantasmedicinaissãousadascomgrandeeficácia,existemre-gistrosdeusodeplantascomfinalidadeterapêuticadesdeoEgitoAntigo,sendoqueoprimeirorelatodeusomedicinaléoPapirodeEberserelacionaasplantasusadasnoprocessodeembalsamentodasmúmias(HIRSCHBRUCH,2016).

Atualmente,observa-sequeamaioriadosmedicamentostemsuasíntesebaseada em princípios ativos isolados em plantas. É possível contar com otratamentopormeiodeplantaseatémesmocomoadjuvantedecuradealgumaspatologiasdescartando-seefeitoscolateraiseminimizandoasagressõesaoutrosórgãos.Esteéoprincípiodosalimentoscompropriedadesfuncionais,umavezqueosprincípiosativossãosemprefitoquímicosoufitocomplexoscomatividadeespecíficaeseletiva.Sãodiversasasmaneirasdescritasparautilizarasplantasmedicinais, sendoasmaisusadasos chás, extratos líquidos, temperos,óleoseextratossecosquepodemserencapsuladosouadicionadosasucosouqualqueroutrapreparaçãoculinária.

É importante ressaltar que cadaplanta temumafinalidade específica eque,apesardeteremalgumaspropriedadesconhecidasamuitotempo,ésemprebomchecaroutrascaracterísticas,asquaispodematéprejudicaropaciente,umavezqueosprincípiosativosapresentamtoxicidadevariável.Asplantasmedici-naistêmamploespectrodeação,dependendosempredaformaedadosagemuti-lizadaparadeterminaçãodosefeitosfísicos.AsformasmaiscomunsnoBrasilsão:infusões,tinturas,xaropes,óleos,sucoseencapsulados(HIRSCHBRUCH,2016).

TÓPICO 3 —

FITOTERAPIA NO ESPORTE E ORIENTAÇÕES

ESPECÍFICAS AOS ATLETAS

2 FITOTERAPIA NO ESPORTE

Dentre todas as possibilidades de aplicar a fitoterapia no mundo dosesportes, a primeira aplicação prática recomendada é a respeito do processodigestório do esportista. Considerando-se que maus hábitos alimentares,medicamentos,suplementos,estressefísicoe/oumentalproduzemearmazenamtoxinasnoorganismo,oprincípioparaessaindicaçãoéadesintoxicação,sendousadasparaessefimasplantascomaçãoquelantedetoxinasmetabólitose/ougorduras, além de papel antioxidante e hepatoprotetor (SCHULZ; HANSEL;TYLER,2002).

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UNIDADE 3 — RECURSOS ERGOGÊNICOS: CONCEITOS E APLICABILIDADE

Nesse meio de espécies vegetais desintoxicantes tem-se diferentesvariedades, citaremos, a seguir, algumas delas, iniciando pela salsaparrilha (Smilax japicanga).

A salsaparrilha é uma planta cujos galhos e/ou raízes (hastes finas epequenas) sãousadosparaaconfecçãodochá.Éumaervaricaemsaponinas(similasaponina, sarsaponina), parrilina e sitosterol, entre outras substânciasbiologicamente ativas. Tem ação sudorífica, depurativa, diurética, anti-inflamatória e antirreumática. Forma complexos lipossolúveis com colesterol,metaispesadoseoutrasgorduras,facilitandoseuprocessodeexcreçãourinária.Ébastanteutilizadanostratamentosdegota, tambémporauxiliarnaexcreçãode ácido úrico e ureia. Por toda sua ação observa-se significativo aumentona diurese. Portanto, seu uso é desaconselhado em períodos de competição(HIRSCHBRUCH,2016).

Tem-setambémoalecrim(Rosmarinus officinalis),queétônicoediaforético,ouseja,favoreceatranspiração.Umdeseusflavonoideséodiosmin,quediminuiafragilidadecapilareaumentaairrigaçãoperiférica,favorecendoaoxigenaçãodos tecidos.Aumenta a secreção biliar, reduz a formação de gases e quela agordura.Alémdehepatoprotetor, éumpotenteanti-inflamatório.Alémdisso,reduz dores, sendo indicado em caso de contusões e entorses. Recomenda-seevitarseuusonoperíodonoturno,poispodealterarociclodesono.Nãodeveserusado por hipertensos e gestantes, pois pode potencialmente aumentar a pressão diastólicaeserabsortivo,respectivamente.

A hortelã (Mentha piperita)tambéméumaespécievegetalutilizadaparaofimaquidescrito.Temumsaborrefrescanteemrazãodesuacomposiçãoquímica.Aconcentraçãodoóleoaromáticomentolvariaentre50e90%quandodestiladoa frio.Háainda,emsuacomposição,mentonas,ésterese terpenos.Estimulaasecreçãodeácidoclorídrico,alémdeaumentaracontratilidadeintestinal.Tambémécolagogaeantissépticadotratodigestivo,umavezqueomentoléexcretadopelabile.Podeserutilizadacomoestimulantedeapetiteseconsumidaisoladamentedeapetiteseconsumidaisoladamenteantesdarefeição.Outropapelimportanteéqueasensaçãoderefrescânciaprovocadapelomentolincentivaoconsumodelíquidos,diminuindoassimoriscodedesidrataçãoematletas.Podeserusadatopicamente como recurso para redução das dores advindas de traumas e/oucontusões,poisaaplicaçãolocaldeóleodementaanestesiaostecidoslesionadosdeformasuperficial(SCHULZ;HANSEL;TYLER,2002).

Além das plantas usadas para fins desintoxicantes em períodos de

treinamento sem competição, pode ser indicado o uso do mulungu (Erythrina mulunguBenth),paradiferentesobjetivos.

O primeiro deles é que essa é uma planta indutora do sono. É claraa importância do sono como agente reparador em qualquer organismo,principalmenteematletas,cujodesgastefísicointensonemsempreérecuperadoemintervalosnormais.Destaca-seainduçãoaosonoemmomentopróprioque

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TÓPICO 3 — FITOTERAPIA NO ESPORTE E ORIENTAÇÕES ESPECÍFICAS AOS ATLETAS

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favoreçaaaçãodohormôniodecrescimento,favorecendoaaçãoergogenicadele.Essaplantaaindaapresentaaçãodecontroledeproduçãoeliberaçãodecortisole gerenciamento de estresse causado pelo descontrole da suprarrenal em atletas (HIRSCHBRUCH,2016).

Alémdisso,háoutro importante fator: seusprincipais alcaloides são aeritrinaeaerisopinaeatribui-seaelasoestímulodaregeneraçãotissular.Porserextremamentesedativa,sópodeserusadacomsegurançanochádanoite,antesdorepouso.

Jáaarnica(Arnica montana),queéencontradaemflores,apresentaaltosteoresdeterpenos.Essassubstânciasdiminuemaformaçãoexsudato,explicandoparte de seu poder anti-inflamatório.Além disso, é espasmolítica, reduzindosensivelmenteasdoresemgeral,principalmenteasdecorrentesde lesõese/outraumas.SuaatividadeépotencializadanapresençadeHamamelis(SCHULZ;HANSEL;TYLER,2002).

Tem-se também as algas, em especial a clorela (Chlorella pyrenoidosa),bastanteutilizadaporserfontedeváriosaminoácidos,vitaminaseminerais,comdestaqueparaavitaminaC,B2,alémdefósforo,potássioecálcio.Éimportantenasíntesedocolágeno.Emsuacomposição,destaca-seapresençadaChlorella growth factor(CGF),umasubstânciabiologicamenteativaque,emconjuntocomoutras,estimulaotrabalhodosistemaimunológico.Adoserecomendadaéde2g/dia.Suaaçãoémaximizadaquandoassociadaasuplementaçãode60mgdeácidoascórbico.

Por sua vez, a castanha da índia (Aesculus hippocastanum) aumentaa resistência e o tônus das veias e favorecem o retorno sanguíneo e o alho érecomendadocrucomotemperoculinário.Aalicinapresenteemsuacomposiçãoé amplamente reconhecida como agente bactericida e fungicida. Além dela,há a quercetina, que também atua positivamente na diminuição de processoinflamatório.Háaindaumagamadecompostossulfuradoscomo:

• aliina com ação hipotensora e hipoglicemiante;• ajoeno(ajocisteína),queatuanaprevençãodecoágulosequetempapelanti-inflamatório,vasodilatador,hipotensoreantibiótico;

• alicinaetiossulfinatos,quesãoantibióticos,antifúngicoseantivirais;• alilmercaptanoesulfetodialilcomaaçãohipocolesterolemiante;• s-alil-cisteína e compostos g-glutâmico, que são hipocolesterolemiantes,antioxidantesequimioprotetores.

Ainda,osfitoquímicosnãosulfuradosdoalhopodemser:

• adenosina,cujaaçãoévasodilatadora,hipotensoraemiorrelaxante;• escorodosa, com ação cardioprotetora;• fraçãoproteicaimunoestimulante;• saponinascomaçãohipotensoraeantimicrobiana;

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UNIDADE 3 — RECURSOS ERGOGÊNICOS: CONCEITOS E APLICABILIDADE

Destaca-se,ainda,ousodogengibre(Zingiber officinalis),poissua largautilização deve-se a diferentes fatores. É rico em gingerois, especialmente azingiberinaeozingiberol.

O gengibre inibe a produção de prostaglandinas, reduzindo as dores.Estimulaadigestão,aumentandoasecreçãodossucosgástricosehepáticos.Temimportantepapelnadesobstruçãodasviasaéreasrespiratóriassuperiores,sendoótimoaliadonaotimizaçãodacapacidadedeoxigenação.Alémdisso,aumentao metabolismo basal e a produção de células T do sistema imune. Seu usorecomendadoédiárioemchás(rizoma)eempóadicionadoaáguadecoco,queatuacomoveículocarreadordosfitoquímicosparainteriordacélula(SCHULZ;HANSEL;TYLER,2002).

Outraplantamedicinal utilizada frequentemente é oTribulus terrestris, obtido das frutas dessa planta, que têm como principal princípio ativo asaponina.Éricotambémemesteroides,flavonoides,alcaloides,ácidosdeóleosinsaturados, cálcio, fósforo, ferro e proteína. A fruta contém resina, tanina,açúcares, redutores, nitratos, peroxidasse, diastase e traços de umglucosídeo.Aplantacontémsaponinasesapogeninas.Grandesquantidadesdepotássioenitratoestãotambémpresentes.

Suaaçãoédeumfito-hormônionãoesteroidalqueaumentaatestosteronaeaumentaosníveisdohormônio luteinizante (LH).Estudoscomprovamque,quandoadministradoemhomenssaudáveisde28a45anos,emtrêsdosesde250mg/dia,ocorreumaumentode41%dosníveisdetestosteronanodecorrerdecincodias.

Alémdaelevaçãodatestosteronaháumaumentodalibido,dafrequênciaedaforçadasereçõeserecuperaçãodaatividadesexual.Reduzníveisdecolesterolemelhoraohumor.Emmulheres,reduzossintomasdafrigidezsexual,aumentaalibidoereduzossintomasdamenopausa.Quandousadonadosagemcorreta,podeaumentaraformaçãodemassamuscularematletaseesportistas.

Adosagempodevariarde250a750mg/dia,dependendodanecessidadeindividual. Não há estudos que comprovem alguma contraindicação, porém,porsuaaçãofito-hormonal,deveserobservadacuidadosamente,porpossíveisinteraçõesmedicamentosas(HIRSCHBRUCH,2016).

Alémdasplantasmedicinais,cita-setambémousodachia,atualmenteaprincipalfontedeômega3,poiséumasementeoleaginosavindadaplantaSalvia hispanica L.,cujamaiorproduçãoencontra-senaBolíviaenoMéxico,evemsendocultivadanoBrasil.

Oconsumodealimentosfontesdeômega6temaumentado,enquantoodosdeômega3temreduzidonosúltimostempos,umaescalaantesestimadade1:1(ômega6paraômega3)atualmentechegade10a25:1.

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TÓPICO 3 — FITOTERAPIA NO ESPORTE E ORIENTAÇÕES ESPECÍFICAS AOS ATLETAS

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Osácidosgraxospoli-insaturadosabrangemas famíliasômega36.Osácidos graxos de cadeiamuito longa, como os ácidos graxos araquidônicos edocosaexaenoico, desempenham importantes funções no desenvolvimento efuncionamentodocérebroedaretina.Essegrupodeácidosgraxosnãopodeserobtidopelasíntesedenovo,maspodesersintetizadoaparitdosácidoslinoleicoealfalinolenicopresentesnadieta.

A chia, comprovadamente, é um dos alimentos que contribuem paraaumentaraingestãodoácidoalfalinolenicoedosácidosgraxosdecadeiamuitolonga.Aessencialidadedosácidosgraxosdecadeiamuitolongaédependentedometabolismodoindivíduo,sendoquearazãoômega3:ômega6nadietaexercegrandeinfluência(HIRSCHBRUCH,2016).

Destaca-se, ainda, que os componentes lipídicos desempenhamimportantes funções na estrutura das membranas celulares e nos processosmetabólicos.Emhumanos,osácidos linoleicoealfa-linolênico,sãonecessáriosparamantersobcondiçõesnormaisasmembranascelulares,asfunçõescerebraiseatransmissãodeimpulsonervoso.

Esses ácidos graxos também participam da transferência do oxigênioatmosféricoparaoplasmasanguíneo,dasíntesedahemoglobinaedadivisãocelular,sendodenominadosessenciaispornãoseremsintetizadospeloorganismoapartirdosácidosgraxosprovenientesdasíntesedenovo.Oconsumofrequentede20g/diadesementesdechiamisturadasasucosouvitaminasdamanhã,oucomopartede receitasde sobremesa, garantemenor índicede lesões emaiorproteçãodostecidosecélulas.

Porfim,podemosconsiderarqueafitoterapiaéumcomplementovaliosoemqualquercondiçãofísica,bastandoorientaçãoadequadaeacompanhamentoconstante.

Em casos específicos, como o de atletas, é fundamental a integraçãomultidisciplinarparaqueosresultadossejamosesperados.Porsuaaçãoeorigem,éumexcelenterecursoanteousodesintéticos.Éimportanteressaltarque,nosdiasdecompetição,nenhumfitoterápicoéutilizado,enodiaanteriorusam-sesomenteplantasmedicinaisdigestivas(BUCCI,2000).

Emlinhasgerais,alémdetratarquestõesindividuais,afitoterapiapodeagregar no acompanhamento de atletas desportistas: ajudar na digestão e noprocessodeassimilaçãoadequadadenutrientes,reduzindoodisbiose;reduçãode dores, edemas e processos inflamatórios; recuperaçãode entorses, lesões econtusões; reduçãoda incidênciade infecções e comprometimentodo sistemaimunológicodecorrentedeexercíciosintensos;recuperaçãomusculareoganhodemassamagra;resistênciaaoesforçomuscularediminuirafadiga;melhoraraqualidadedosono,maximizandooefeitodorepouso;favoreceraregeneraçãocelularetissular;otimizaroestadofísicodosatletas.

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UNIDADE 3 — RECURSOS ERGOGÊNICOS: CONCEITOS E APLICABILIDADE

Nenhumtratamentofitoterápico,apesardenatural,éisentoderiscos.Asinteraçõesdosfitoterápicoscomsuplementos,medicamentosemesmocomoutrasplantasmedicinaisdeveserconhecida.Alémdoconhecimentodadosagem,dasinterações,dos efeitos colaterais edo tempode tratamento adequadode cadaplanta,onutricionistadeveestaratentoàformadeprescriçãoeàqualidadedecadaplantasugerida(BUCCI,2000).

3 RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS PARA EVITAR DISTÚRBIOS GASTROINTESTINAIS DURANTE O EXERCÍCIO

O efeito do exercício no trato gastrointestinal depende principalmenteda intensidade edaduraçãodo exercício. Enquanto exercíciosde intensidademoderada tem efeito protetor, exercícios extenuantes e agudos podem causarproblemasgastrointestinais.

Os sintomaspodempiorar odesempenho e, possivelmente, evitar quealgunsatletasvençamumaprova.Háváriascausasparaoaparecimentodessesproblemasduranteoexercício,entreeleshábitoserrôneosdeconsumohídricoealimentar,sendoestesindispensáveisdeseremtestadosantesdascompetições,alémdecausasrelacionadasaoexercíciofísico(DEOLIVEIRA;BURINI,2009).

3.1 CAUSAS DOS PROBLEMAS GASTROINTESTINAIS DURANTE O EXERCÍCIO

Existem duas causas principais para o aparecimento dos problemasgastrointestinaisduranteoexercício:fatoresmecânicoseisquêmicos,osquaissecitam a seguir:

• Problemasmecânicos:ocorremprincipalmenteduranteacorridaeemexercíciosresistidos,decorrentesdobalançodosórgãosedoaumentodapressãointra-abdominal.

• Fatores isquêmicos: resultantes do desvio de fluxo sanguíneo das vísceraspara os tecidos ativos (músculo, coração, pulmão e cérebro), o que podecausar isquemia na mucosa intestinal e aumentar a permeabilidade, comconsequênciascomonáusea,vômito,dorabdominalediarreia.Estessintomasocorrem frequentemente durante competições em ambientes quentes e emindivíduosdesidratados,oqueestáassociadocomareduçãodoesvaziamentogástrico(JEUKENDRUP;JENTJENS;MOSELEY,2005).

Sãováriosossintomasdeproblemasgastrointestinaisduranteoexercícioeelespodemserdivididosemsintomasgastrointestinaissuperioreseinferiores,acompanheoQuadro6:

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TÓPICO 3 — FITOTERAPIA NO ESPORTE E ORIENTAÇÕES ESPECÍFICAS AOS ATLETAS

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QUADRO 6 – PRINCIPAIS PROBLEMAS GASTROINTESTINAIS DURANTE O EXERCÍCIO

Problemas abdominais superiores Problemas abdominais inferiores

Refluxo/queimação Dores intestinais

Arroto Dores laterais

Distensãoabdominal Flatulência

Dores estomacais Vontadededefecar

Vômitos Diarreia

Náusea Sangramento intestinal

FONTE: Hirschbruch (2016, p. 399)

3.2 QUEM TEM MAIOR CHANCE DE APRESENTAR PROBLEMAS GASTROINTESTINAIS?

Osproblemasgastrointestinaisduranteoexercícioestãoassociadosemmaiorpropensãoafatoresgenéticos.Alémdisso,mulherestêmmaioreschancesdedesenvolveressesproblemas,principalmenteduranteamenstruação.Essesdistúrbios tambémsãomaisobservados ematletas jovens,provavelmenteporcausadeoexercícioserrealizadoemmaiorintensidade;alémdisso,atletasmaisvelhosapresentammaiorexperiênciadetreinamentoeestratégiasdealimentação,o que seria um fator protetor. Sabe-se que o indivíduo treinado apresentamenosproblemasgastrointestinaisduranteoexercício,quandocomparadocominiciantes(CASEY;MISTRY;MACKINIGHT,2005).

3.3 ESTRATÉGIAS PARA PREVENIR OU MINIMIZAR DISTÚRBIOS GASTROINTESTINAIS DURANTE O EXERCÍCIO

Duranteacompetição,aconcentraçãoidealdeconsumodecarboidratosnabebidaéemtornode5a8%eosatletasdevemconsumirentre60e70g/h.Alimitaçãodaabsorçãodeglicoseéde1a1,1g/mine,quandograndesquantidadessãoingeridas,aabsorçãoéoprincipalfatorlimitante,aumentandoosproblemasgastrointestinais.

Aconcentraçãodecarboidratosnabebidaesportivaéimportanteparaavelocidadedeabsorçãoeoconsequenteesvaziamentogástrico.

Osefeitosdediferentesconcentraçõesdecarboidrato(0,3,6e9%)foramtestadosemhomenssaudáveisemrelaçãoàdistribuiçãodoliquidoingeridoeà consequentevelocidadedeabsorçãodabebida.Conclui-sequebebidas comconcentraçõesdeaté6%apresentamdistribuiçãodolíquidosemelhanteàagua.

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UNIDADE 3 — RECURSOS ERGOGÊNICOS: CONCEITOS E APLICABILIDADE

Adicionalmente,bebidascom3%decarboidratosmostrarammaiordistribuiçãodo líquido, inclusive quando comparadas com a água, portanto, para evitardistúrbioduranteoexercício,bebidascomumúnicotipodecarboidrato(glicose)devemserconsumidasemdiluiçãodeaproximadamente6%naquantidadede1g/mindecarboidrato(CASEY;MISTRY;MACKINIGHT,2005).

3.3.1 Múltiplos transportadores

O consumo de carboidratos de múltiplo transporte (glicose + frutose)aumenta a absorção intestinal de carboidrato e do liquido ingerido, o queocorreporessesdoiscarboidratosseremabsorvidosportransportesintestinaisindependentes. A glicose é absorvida pelo transportador de glicose sódio-dependente(SGLT1)enquantoafrutoseéabsorvidapormeiodoGLUT-5.

Comparandooconsumode90g/hdecarboidratodeduasbebidascom8,6%dediluição,umacontendoapenasglicoseeaoutraglicose+frutose(2:1),foiobservadoqueoconsumodabebidacomcarboidratosdemúltiplotransporteacelerouoesvaziamentogástricoeadistribuiçãodoliquido.

O consumo da bebida com glicose e frutose pode ser recomendadona quantidade de 1,5 g/min até 1,8 g/min. Essa solução pode ser elaboradanaproporçãode1,2g/mindeglicoseoumaltodextrina+0,6g/minde frutose(proporção2:1).Portanto,oconsumodecarboidratodemúltiplotransporteéumaótimaestratégiaparareduzirosproblemasgastrointestinaisduranteoexercício,mesmoquehajaoconsumodegrandesquantidadesdecarboidrato.Issoocorreprincipalmentepor aumentar a absorção ediminuiro carboidrato residualnointestino.Alémdisso,essaestratégiapodeaumentaraoxidaçãodocarboidratoconsumidoemelhorarodesempenho(HIRSCHBRUCH,2016).

3.3.2 Bochecho de carboidrato

Uma estratégia para prevenir os distúrbios gastrointestinais duranteo exercício é nãoutilizar o tratodigestóriodurante a atividade física. Sabe-sequeoconsumodecarboidratoaumentaodesempenho,masháevidênciasquemostramquenãohánecessidadedeingerirgrandesquantidadesdasubstanciaemexercícioscomduraçãodeaté60minutos.

Nesse sentido, o bochecho com bebidas com carboidratos parece serumaboaestratégiaparaaumentarodesempenhoseutilizarotratodigestório.A melhora do desempenho com o bochecho de carboidrato ocorre porqueexistemalgunsreceptoresnamucosaoralqueativamalgumasregiõescerebraisrelacionadas com a sensação de recompensa. Portanto, em exercício de curtaduração,poder-se-iasugerirarealizaçãodobochechodecarboidratoemvezdoconsumo,principalmentenaquelesatletasqueapresentamhistóricodedistúrbios(CASEY;MISTRY;MACKINIGHT,2005).

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TÓPICO 3 — FITOTERAPIA NO ESPORTE E ORIENTAÇÕES ESPECÍFICAS AOS ATLETAS

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3.3.3 Recomendações práticas

Recomenda-sequenaocorrênciadedistúrbiosgastrointestinais, inicial-mente,émuito importantetestaroalimentoeabebidaduranteotreinamentoantesde realizar as intervençõesna competição,devendo atentar as seguintessituações:hidrataçãocorretaanteseduranteoexercícioéessencialparaprevenira desidratação e reduzir os problemas gastrointestinais; evitar alimentos ricosemfibranosdiasprecedentes à corrida; evitar alimentosgordurososnosdiasanteriorese imediatamenteantesdacorrida;alimentossólidosdevemsercon-sumidosaté trêshorasantesdacorrida; tercautelacomautilizaçãodealgunsmedicamentos, como a aspirina, paracetamol entre outros; evitar os alimentos ricosemfrutose(principalmentebebidasquecontenhamexclusivamentefrutose)comodoces,biscoitoseetc.;utilizarfrutoseemconjuntocomaglicose,napro-porçãocorreta;eobochechodecarboidratopodeserrecomendadoparaevitarproblemasgastrointestinaisemexercícioscomduraçãomenorque60minutos.

Evidências recentes têm mostrado que o treinamento do intestino com elevadas quantidades de carboidrato durante o período de treinamento pode diminuir os problemas gastrointestinais durante as competições. Em casos de indivíduos com histórico de problemas gastrointestinais, o consumo de carboidratos em gel ou líquidos é mais indicado do que o de barras (HIRSCHBRUCH, 2016).

IMPORTANTE

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UNIDADE 3 — RECURSOS ERGOGÊNICOS: CONCEITOS E APLICABILIDADE

LEITURA COMPLEMENTAR

FITOTERAPIA NA NUTRIÇÃO ESPORTIVA – POSSIBILIDADES DE ATUAÇÃO E PRESCRIÇÃO

JoséAroldoFilho

As plantas medicinais estão sendo cada vez mais prescritas porprofissionaisdesaúde,dentreosprofissionaishabilitados,osnutricionistasvêmganhandocabevezmaisespaço,umavezqueauniãoentreNutriçãoeFitoterapiapodecontribuirparaumarealconsciênciasobrealimentaçãosaudáveleousodealternativasnaturaisparaaprevençãoeo tratamentodediversasdoenças.SegundoaDra.DanielaFagioli,diretoradaASBRAN,emvirtudedosavançoscientíficos e aprimoramento da formação dos profissionais, observou-se anecessidade da regulamentação da prescrição por parte dos nutricionistas, desde queutilizemofitoterápicocomocomplemento.

Outro ponto ressaltado pela Dra. Daniela Fagioli é que esta área vemconquistando espaço nas prescrições nutricionais, sobretudo em funçãodos benefícios descritos na literatura e, desta forma, a busca por cursos deespecializaçãotêmseexpandido,paradarsuporteaoprofissionalprescritor.

A Fitoterapia na Nutrição e na Atividade Física

A prática de atividade física promove alteração metabólica, gerando

inflamaçãoeestresseoxidativo,quepodemacabarporlevaraumcomprometimentoimune,comcomprometimentodasaúdedoatleta,emespecialemexercíciosdelongaduraçãoederesistência.

Nessesentido,algunsfitoterápicoscontribuemparaomelhordesempenhoesportivo,aumentandoforçaeresistência,alémdeatuarcomoadaptógeno,ouseja,dandocondiçõesaoorganismoderesponderasituaçãoestressora.

Os fitoterápicos também podem atuar como importantes anti-inflamatórios,antioxidantes,eauxiliarnarecuperaçãopós-exercíciocombatendoador,namelhoradosistemaimuneecomocoadjuvantenotratamentodelesõesmusculares.

Na Nutrição Esportiva, ênfase é dada aos fitoterápicos que modulamdoreinflamação,principalmentepós-atividadeourecuperaçãodelesão,comoa Boswellia serrata; plantas medicinais de ação antioxidante e depurativa, como a Curcuma longa; agentes com alegação de aumento de testosterona livre, como o Tribulus terrestris e o Trigonella foenum-graecum;alémdeagentesadaptógenoscomo o Panax ginseg, a Rodiola rosea e a Mucuna pruriens.

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TÓPICO 3 — FITOTERAPIA NO ESPORTE E ORIENTAÇÕES ESPECÍFICAS AOS ATLETAS

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Lembrando que a competência para a prescrição de fitoterápicos e depreparaçõesmagistraiséatribuídaexclusivamenteaonutricionistaportadordetítulodeespecialistadaASBRAN.

Avanços em Nutrição Esportiva: a prescrição de fitoterápicos Um dos fitoterápicos de interesse na Nutrição Esportiva atualmente,

embora pouco conhecido, é a Mucuna (Mucuna pruriens), também conhecidacomo feijãodeVelvet.Em2011,Allemane colaboradores, conduziramestudopré-clínicocom15atletasdosexomasculino,voluntáriossaudáveis.Oobjetivodos pesquisadores era verificar se a ingestão isolada de extrato de Mucunapromoveria aumento na secreção de hormônio do crescimento (GH) nessesatletas.Osresultadosforammuitoanimadores.

Em seu estudo, Alleman et al.observaramqueaingestãoagudaresultou

emaumentodaGHcirculanteematé120minutosapósaingestão.Sabe-sequeohormôniodocrescimentotemdemonstradoefeitoslipolíticosdiretoseindiretos,tais como o favorecimento da mobilização de ácidos graxos livres no tecidoadiposoparageraçãodeenergia,oaumentonasensibilidadeàscatecolaminas,aestimulaçãonaliberaçãodeoutroshormônios,taiscomoosdatireoideou,aindadiminuindoaaçãoantilipolíticadainsulina.Essesefeitospoderiamaumentaracapacidadedeoxidaçãodegordura,bemcomoogastoenergético.

Partindodestemesmoprincípio,comoobjetivodeexaminarseainges-tãodeumaformulaçãoortomolecularefitoterápicaàbasedeMucunanopré--treino,Jungecolaboradores(2017)avaliaram80atletasderesistência,aolongodeoitosemanas.

Nesteestudo,foramadministrados150mgdeextratosecopadronizadoa 15% deMucuna pruriens por oito semanas. Os resultados sugerem que nasprimeirasquatrosemanasdesuplementação,osatletasmelhoraramíndicesdefunçãocognitivaedesempenhoduranteotreinamentoderesistênciasemefeitoscolateraissignificativos,demonstrandoefeitosagudosdeadaptaçãoàatividade.Aofinal da oitava semana, não houvemudanças significativas nos desfechos,sugerindoaaçãodaMucunacomoadaptógenodecurtoprazo!

FONTE: <https://nutmed.com.br/blog/novidades/noticia-180>. Acesso em: 9 jul. 2021.

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RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, você aprendeu que:

• Afitoterapia éumaciênciaqueutilizade espéciesvegetais, conhecidasporplantasmedicinais,paraprevençãoetratamentodediferentesdoenças.

• Sãodiversasasmaneirasdescritasparautilizarasplantasmedicinais,sendoasmaisusadasos chás, extratos líquidos, temperos, óleos e extratos secosque podem ser encapsulados ou adicionados a sucos ou qualquer outrapreparaçãoculinária.

• Cadaplanta temumafinalidade específica e que, apesarde teremalgumaspropriedades conhecidas a muito tempo, é sempre bom checar outrascaracterísticas, as quais podem até prejudicar o paciente, uma vez que osprincípiosativosapresentamtoxicidadevariável

• Aprimeiraaplicaçãopráticarecomendadadasplantasmedicinaiséarespeitodoprocessodigestóriodoesportista.

• Nenhum tratamento fitoterápico, apesar de natural, é isento de riscos. Asinterações dos fitoterápicos com suplementos,medicamentos emesmo comoutrasplantasmedicinaisdeveserconhecida.

• O efeito do exercício no trato gastrointestinal depende principalmente daintensidade e da duração do exercício, exercícios de intensidademoderadatemefeitoprotetor,exercícioextenuanteseagudospodemcausarproblemasgastrointestinais.

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CHAMADA

• Existemduascausasprincipaisparaoaparecimentodosproblemasgastroin-testinaisduranteoexercício:fatoresmecânicoseisquêmicos.

• Evidênciasrecentestêmmostradoqueotreinamentodointestinocomele-vadasquantidadesde carboidratoduranteoperíodode treinamentopodediminuirosproblemasgastrointestinaisduranteascompetições.

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1 É recomendadoque,paraevitar aocorrênciadedistúrbiosgastrointesti-nais,sejamtestadosoalimentoeabebidaduranteotreinamentoantesderealizarasintervençõesnacompetição,alémdisso,tem-serecomendaçõespráticasgeraisparaevitartaisdistúrbios,quaissãoelas?

2 Dentre todas as possibilidades de aplicar a fitoterapia no mundo dosesportes,aprimeiraaplicaçãopráticarecomendadaéarespeitodoprocessodigestóriodoesportista.Considerando-sequemaushábitosalimentares,medicamentos, suplementos, estresse físico e/ou mental produzam earmazenam toxinas no organismo, o princípio para essa indicação é adesintoxicação,sendousadasparaessefimasplantascomaçãoquelantede toxinas metabólitos e/ou gorduras, além de papel antioxidante ehepatoprotetor. Assinale, a seguir, a espécie vegetal que possui açãodigestiva/desintoxicante:

a)() Mulungu.b)() Tribulus terrestres.c)() Hortelã.d)() Chia.

3 Dentreasplantasmedicinaiscitadasparamelhoranoprocessodigestório,tem-se o ________________, tônico e diaforético, ou seja, favorece atranspiração.Umdeseusflavonoideséodiosmin,quediminuiafragilidadecapilar e aumenta a irrigação periférica, favorecendo a oxigenação dostecidos.Aumenta a secreçãobiliar, reduz a formaçãodegases e quela agordura.Alémdehepatoprotetor,éumpotenteanti-inflamatório.Qualéaplantaquecorrespondeasinformaçõessupracitadas?

a)() Alecrim.b)() Alho.c)() Gengibre.d)() Cháverde.

4 Tenho importante papel na desobstrução das vias aéreas respiratóriassuperiores,sendoótimoaliadonaotimizaçãodacapacidadedeoxigenação.Alémdisso,aumentoometabolismobasaleaproduçãodecélulasTdosistemaimune.Meuusorecomendadoédiárioemchás(rizoma)eempóadicionadoaáguadecoco.Quemsoueuecomoajonoorganismo?

AUTOATIVIDADE

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a)() Sou o gengibre e atuo inibindo a produção de prostaglandinas,reduzindoasdores.Estimuloadigestão,aumentandoasecreçãodossucosgástricosehepáticos.

b)() SouoTribullus terrestriseatuoinibindoaproduçãodeprostaglandinas,reduzindoasdores.Estimuloadigestão,aumentandoasecreçãodossucosgástricosehepáticos.

c)() Souogengibreeatuoinibindoaproduçãodeleucotrienos,reduzindoasdores.Estimuloaabsorçãodenutrientes,aumentandoasecreçãodossucosgástricosehepáticos.

d)() Souoalhoeatuoinibindoaproduçãodeprostaglandinas,reduzindoasdores.

e)() Sou o hortelã e atuo inibindo a produção de muco, reduzindo asdores.Estimuloadigestão,aumentandoasecreçãodossucosgástricosehepáticos.

5 Considerandoqueafitoterapiaéumaciênciaqueutilizaespéciesvegetaisconhecidas por plantas medicinais para prevenção e tratamento de diferentesdoenças.Descrevasuaimportâncianahistóriaeasvariáveisqueaenvolvemnaatualidade,incluindosuautilizaçãonapráticaesportiva.

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