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1 Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13 th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos), Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X PROFESSORAS NEGRAS NA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA- UFBA: COR, STATUS E DESEMPENHO Angela Ernestina Cardoso de Brito 1 Resumo: O trabalho apresenta o processo de inserção das mulheres negras na docência do ensino superior na Universidade Federal da Bahia. A pesquisa, ainda em andamento, mostra dados parciais coletados dos cursos de Ciências Sociais, Direito, Filosofia, Geografia, História, Pedagogia, Psicologia e Serviço Social. Como instrumento metodológico utilizou-se estudo bibliográfico em fontes primárias e secundárias, além de pesquisa exploratória e documental, realizada no currículo lattes, contatos por telefones, e-mails, acesso a sites. Nesta fase foram realizadas conversas informais com alunos e funcionários, com a intenção de identificar os (as) docentes negros e negras a partir do critério da heteroclassificação, que consiste na identificação da cor/raça de determinado grupo ou pessoa por outrem. Foram mapeados e identificados 400 professores(as), negros(as) e brancos(as). Deste total foram identificados 158 professores negros e apenas 20 professoras negras, sendo que nos cursos de Geografia, Filosofia e Ciências Sociais não há docente negra. A superação das desigualdades raciais e sexuais no espaço acadêmico está no entendimento do racismo como estruturante da sociedade brasileira e de suas instituições. As agências de ensino público devem tranversalizar as categorias étnico-raciais e de gênero, elaborar uma matriz que permita orientar nova visão de responsabilização dos agentes públicos e das agências formadoras em relação à luta pela superação das assimetrias raciais e de gênero. Palavras-chave: Ensino superior. Docentes negras. Discriminação. Racismo. I. INTRODUÇÃO O trabalho parte de estudo realizado na Universidade estadual de Montes Claros Unimontes 2 , e de estudos teóricos os quais apontaram para a necessidade de investigar o processo de inserção e a trajetória acadêmica das professoras negras em outras instituições de ensino superior considerando a escassa produção que versa sobre a participação das mulheres negras com doutorado ou mais e atuantes no ensino universitário 3 . Embora os dados do IBGE (2010) tenha destacado um aumento na inserção de negros e negras no ensino superior, um estudo importante, produzido pelo Instituto Nacional de Estudos Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep): Mulher na Educação Brasileira Superior Brasileira, 19912005, deixou de incluir o quesito raça. É importante destacar que estudos realizados sobre mulheres e educação no Brasil, pouco se preocupam em incluir a variável raça nos apontamentos, as experiências de vidas das mulheres negras 1 Graduada em Serviço Social pela UNESP. Mestre em Educação pela UFSCar. Doutora em Política Social pela UFF e professora do Curso de Serviço Social da Universidade Federal da Bahia -UFBA. Email: [email protected]. 2 Realizados nos períodos de 2012 a 2015 na Universidade Estadual de Montes Claros-MG. 3 Agradecimentos especiais a APUB (Associação dos Professores Universitários da Bahia) que proporcionou a participação no evento.

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Seminário Internacional Fazendo Gênero 11 & 13th Women’s Worlds Congress (Anais Eletrônicos), Florianópolis, 2017, ISSN 2179-510X

PROFESSORAS NEGRAS NA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA-

UFBA: COR, STATUS E DESEMPENHO

Angela Ernestina Cardoso de Brito1

Resumo: O trabalho apresenta o processo de inserção das mulheres negras na docência do ensino

superior na Universidade Federal da Bahia. A pesquisa, ainda em andamento, mostra dados parciais

coletados dos cursos de Ciências Sociais, Direito, Filosofia, Geografia, História, Pedagogia,

Psicologia e Serviço Social. Como instrumento metodológico utilizou-se estudo bibliográfico em

fontes primárias e secundárias, além de pesquisa exploratória e documental, realizada no currículo

lattes, contatos por telefones, e-mails, acesso a sites. Nesta fase foram realizadas conversas informais

com alunos e funcionários, com a intenção de identificar os (as) docentes negros e negras a partir do

critério da heteroclassificação, que consiste na identificação da cor/raça de determinado grupo ou

pessoa por outrem. Foram mapeados e identificados 400 professores(as), negros(as) e brancos(as).

Deste total foram identificados 158 professores negros e apenas 20 professoras negras, sendo que nos

cursos de Geografia, Filosofia e Ciências Sociais não há docente negra. A superação das

desigualdades raciais e sexuais no espaço acadêmico está no entendimento do racismo como

estruturante da sociedade brasileira e de suas instituições. As agências de ensino público devem

tranversalizar as categorias étnico-raciais e de gênero, elaborar uma matriz que permita orientar nova

visão de responsabilização dos agentes públicos e das agências formadoras em relação à luta pela

superação das assimetrias raciais e de gênero.

Palavras-chave: Ensino superior. Docentes negras. Discriminação. Racismo.

I. INTRODUÇÃO

O trabalho parte de estudo realizado na Universidade estadual de Montes Claros –

Unimontes2, e de estudos teóricos os quais apontaram para a necessidade de investigar o processo de

inserção e a trajetória acadêmica das professoras negras em outras instituições de ensino superior

considerando a escassa produção que versa sobre a participação das mulheres negras com doutorado

ou mais e atuantes no ensino universitário3.

Embora os dados do IBGE (2010) tenha destacado um aumento na inserção de negros e negras

no ensino superior, um estudo importante, produzido pelo Instituto Nacional de Estudos Pesquisas

Educacionais Anísio Teixeira (Inep): Mulher na Educação Brasileira Superior Brasileira, 1991–2005,

deixou de incluir o quesito raça.

É importante destacar que estudos realizados sobre mulheres e educação no Brasil, pouco se

preocupam em incluir a variável raça nos apontamentos, as experiências de vidas das mulheres negras

1Graduada em Serviço Social pela UNESP. Mestre em Educação pela UFSCar. Doutora em Política Social pela UFF e

professora do Curso de Serviço Social da Universidade Federal da Bahia -UFBA. Email: [email protected]. 2 Realizados nos períodos de 2012 a 2015 na Universidade Estadual de Montes Claros-MG. 3 Agradecimentos especiais a APUB (Associação dos Professores Universitários da Bahia) que proporcionou a

participação no evento.

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vem sendo sistematicamente negligenciadas pelos pesquisadores e pesquisadoras que tratam da

questão. Silva (2008) enfatiza que a produção dos recortes de raça e gênero depende de recursos

técnicos e econômicos, da formação e, sobretudo, da sensibilidade dos gestores, para perceber o valor

de sua geração. As pesquisas indicam que os estudos sobre gênero têm avançado sistematicamente,

nas últimas décadas do século XX4, principalmente nos estados Unidos e contribuído

significativamente para compreensão dos múltiplos eixos da opressão feminina, porém o recorte

enfatizando raça, etnia e classe, especialmente no que cerne as experiências vivenciadas pelos negros

e negras no Brasil, não tem priorizado as diferenças raciais. O que faz dos estudos realizados serem

abordados numa perspectiva parcial5. Para Stolcke (1990) em culturas estratificadas tanto por gênero

quanto por raça, o gênero é também uma categoria racial e a raça6, uma categoria de gênero.

Pesquisa realizada por PINTO (2007) com o objetivo de resgatar as trajetórias de vida de

mulheres negras ingressas na pós-graduação da Universidade Federal Fluminense (UFF), no período

2004-2006, apontou as possíveis influências de fatores relativos ao gênero e ao pertencimento racial

no acesso delas ao mestrado na UFF. Considerou a existência de desigualdades de participação de

mulheres e homens, e de negros e brancos na pós-graduação da UFF.

Entende-se que o fato das mulheres negras representarem a pequena minoria nas universidades

brasileiras tem dificultado o desenvolvimento de pesquisas acadêmicas sobre a sua trajetória e

inserção nestes espaços. As pesquisas têm sido parciais, representam uma totalidade generalista,

absoluta e universalizante, o que reporta para a consolidação do mito da democracia racial no país e

da consolidação da dominação branca, notoriamente consolidada na academia.

Os dados apresentados neste artigo fazem parte de uma pesquisa maior, cujo objetivo é mapear

todas as áreas de conhecimento da UFBA, destacando e quantificando todos os docentes conforme

sexo e raça. O texto, apresentado, faz o mapeamento da inserção das mulheres negras nos cursos de

4 Embora as feministas negras brasileiras tenham tentado trabalhar com as especificidades das mulheres negras pelo

menos desde o começo dos anos 80," seus Insights relativos à intersecção entre raça e gênero não se tornaram prioridades

de pesquisa nos estudos sobre mulheres. Nos inicios dos anos 80, Leila Gonzáles investigou as especificidades das vidas

de mulheres negras: O lugar da mulher negra, criticando estudos sobre mulheres brasileiras por levar em conta apenas

gênero e classe. Sueli Carneiro e Thereza santos em 1985: Mulher Negra, analisou estatisticamente o do status das

mulheres negras no Brasil. 5 PASSOS. Elizete Silva. Et Al. Um mundo dividido. O gênero nas universidades do Norte e Nordeste. Salvador: UFBA,

1997; RISTOFF, Dilvo. A mulher na Educação Superior brasileira 1991–2005. Brasília: Inep, 2007. Disponível em:

<http://www.ifgoias.edu.br/observatorio/index.php/sugestoes-de-leitura/127>. Acesso em: 10 mar. 2010. Os dois estudos

em questão não fazem recorte racial 6 O conceito de raça, no âmbito do campo dos estudos raciais no Brasil, não é entendido a partir de um estatuto biológico

nem de uma realidade natural. Trata-se, de uma forma de classificação social baseada numa atitude negativa frente a

certos grupos sociais. A noção de raça não se refere às diferenças físicas como a noção biológica de sexo, mas limita-se

ao mundo social (GUIMARÃES, 1999, p. 9 e 10).

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Serviço Social, Ciências Sociais, História, Geografia, Filosofia, Pedagogia, Psicologia e Direito da

Universidade Federal da Bahia – UFBA, numa perspectiva da interseccionalidade. Os resultados

apresentados partiram de pesquisa bibliográfica seguida de visitas aos respectivos departamentos na

tentativa de averiguar a presença de professoras negras. Bairros (2000) considera que as

discriminações enfrentadas pelas mulheres negras fazem parte da trajetória de vida destas mulheres e

seus efeitos mostram-se visíveis em todos os espaços que estas buscam ocupar. A produção de

pesquisas que tenham como foco ampliar a discussão sobre questão racial e de gênero faz-se

importante, pois as mulheres negras sofrem os efeitos do racismo e das desigualdades nas relações

que perpassam o dia-a-dia.

A interseccionalidade: múltiplas formas de discriminação

As dissimetrias de cor/raça e sexo no ensino superior brasileiro têm sido objeto de reflexão de

poucos autores nos últimos Trinta anos. A preocupação com o recorte racial esta visivelmente ausente

na recente literatura sobre gênero e docência do ensino superior. Ao descrever a entrada de mulheres

brancas ou negras na educação, Melo (2007) afirma:

(...) o caminho oferecido às mulheres brancas até a educação foi diferente e menos

árduo do que aquele trilhado pelas mulheres negras e índias. Historicamente este foi

um processo lento que primeiro atendeu às mulheres brancas da elite e só na segunda

metade do século 20 estendeu-se a todas as mulheres, independentemente de raça

(MELO, 2007, p. 64).

Poucas produções científicas recentes propõem-se a realizar a análise sobre trajetórias

acadêmicas considerando os critério gênero e raça. Dentre essas, um estudo realizado pelo PENESB:

Cor e Magistério de Oliveira (2006) analisa as desigualdades na docência a partir dos critérios sexo

e cor utilizando-se de dados do censo demográfico de 2000.

No artigo “Magistério Primário: profissão feminina, carreira masculina” Demartini e

Antunes (1993), a partir de entrevistas e análises documentais, analisam a trajetória de professoras

no magistério primário em São Paulo. Demonstram que a inserção feminina na carreira do magistério,

a partir da lei de 1827, estava ligada às funções maternas, pois a elas era designado o papel de ensinar

as prendas que serviriam à economia doméstica.

Outro fator que deve ser considerado é que as mulheres nesse período tinham dificuldades

em acessar o ensino, pois a educação formal (ministrada aos homens) era considerada inadequada

para as funções que elas desempenhariam na sociedade, consideradas “diferenças naturais” que

reforçavam a ideia do não-trabalho feminino, bem como as noções de vocação, que mantinham as

mulheres presas aos afazeres do lar.

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As autoras apontam que as mulheres brancas permaneciam apenas nas funções docentes,

sendo os cargos de diretoria, entre outros hierarquicamente mais importantes, destinados apenas aos

homens. As autoras ressaltam também que os homens ascendiam com facilidade e em pouco tempo.

As mulheres eram solicitadas especializações e certificações que provassem a aptidão para o exercício

de outra função, o que não ocorria com os homens.

Os estudos realizados por Pinto (2007) mostraram que na pós-graduação da UFF existem

diferenças de participação entre as mulheres e homens negros e brancos. Os homens e mulheres

brancas detêm a maior vantagem de participação em cursos de mestrado7. As desigualdades históricas

entre brancos e negros na sociedade brasileira estão presentes também no acesso desta população à

pós-graduação, tais disparidades8 estão institucionalizadas na sociedade atuando em diversos espaços.

A persistência destas desigualdades na pós-graduação mostra que elas se reproduzem com o tempo

de forma ampliada e permanente impactando no ingresso de negros e negras em concursos e no ensino

superior.

A pesquisa de Góis (2008) também constitui uma das exceções, o autor analisa os dados do

Censo Étnico-Racial da Universidade Federal Fluminense (UFF) de 2003. Observando a situação em

todos os cursos, afirma que “do corpo discente feminino da UFF, em 2003, as negras representavam

32,42% das alunas (27,37% de pardas e 5,05% de pretas) contra 67,58% de brancas”. Góis ressalta

que elas apresentam uma maior tendência a associarem estudo e trabalho nos diferentes níveis

educacionais com todas as implicações negativas que isso traz. Também completam o ensino médio

e fundamental em escolas públicas com maior frequência, possuem rendimento médio familiar menor

e moram em cidades mais empobrecidas.

Silva (2010), em seu artigo intitulado “Doutoras professoras negras: o que nos dizem os

indicadores oficiais” discute a inserção das mulheres negras com doutorado no ensino universitário.

A autora revela, por meio dos indicadores do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior

- Sinaes e Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira –Inep, que até o

7 A pós-graduação é o espaço de formação e qualificação do capital humano e de desenvolvimento do potencial de

inovação científico-tecnológico dos países. Pinto (2007) ressalta que no Brasil, o incremento deste nível de ensino é

estabelecido no Plano Nacional de Pós-Graduação (PNPG) 2005-2010. Devido à importância que tem na sociedade

brasileira, destaca-se o fato deste ser ainda um espaço pouco estudado no que se refere ao perfil socioeconômico, de

gênero e racial dos estudantes que a compõe. (PINTO: 2007). Considerando que o ingresso em concursos no ensino

superior exige qualificação docente, os dados apresentados indicam que a entrada de negros e negros em cursos de

mestrado e doutorado impactam diretamente na inserção de negros e negras em concursos públicos para o ensino superior. 8 As defasagens entre indicadores educacionais de negros e brancos estão presentes desde a primeira etapa do sistema

educacional brasileiro e devem ser estudadas na interface com outros marcadores sociais como sexo, região de moradia,

renda e faixa de idade. (Fundação Carlos Chagas, 2010)

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ano de 2005, num total de 63.234 docentes na educação universitária, apenas 251 são negras. Há um

número significativamente inferior de mulheres nos campos de representações de poder, no âmbito

universitário, uma vez que o desempenho individual não constitui a principal chave responsável por

permitir a ascensão na carreira. Acrescenta que o acesso ao mundo acadêmico inclui também as

relações de poder mediadas pelas de gênero.

No início da década passada (1990), as mulheres negras (pretas e pardas) com ensino

superior (acima de 12 anos de estudo) ainda estavam abaixo da metade das mulheres

brancas, com a mesma formação. Com este mesmo número de anos, as mulheres

negras se fazem presentes em maior número que os homens do seu mesmo grupo

racial (SILVA, 2007, p. 144).

Brito (2014) em estudos realizados com docentes negras na Unimontes, apresentou dados

qualitativos referentes às situações envolvendo diversas formas de discriminação racial, vivenciadas

por professoras negras naquela universidade. Os relatos da pesquisa desenvolvida por Brito (2014)

mostraram as diferentes experiências e as diferentes formas de discriminação vivenciadas pelas

docentes negras da Unimontes.

Os estudos permitem considerar que há uma tendência na sociedade de classes em naturalizar

ideologicamente as desigualdades sociais e raciais. Neste caso as mulheres negras são impactadas por

múltiplas formas de discriminação que ocorre no processo de hierarquização baseada em critérios

raciais, de gênero, de classe e geração derivado da lógica da sexualidade heteronormativa revela que

a interseccionalidade9 nos possibilita compreender o entrecruzamento de múltiplas formas de

discriminação: discriminação composta, cargas múltiplas, ou como duplas ou triplas discriminações.

(CRENSHAW, 2002)

MULHERES NEGRAS NA UFBA

O estudo realizado na UFBA tomou-se como instrumento metodológico a pesquisa

bibliográfica com análise de fontes primárias e secundárias, para aproximação inicial com os temas

que perpassam a finalidade deste estudo. Além disso, realizou-se pesquisa exploratória e documental

a partir de consultas nos sites da Superintendência de Administração Acadêmica- SUPAC e no site

9A interseccionalidade é uma conceituação do problema que busca capturar as consequências estruturais e dinâmicas da

interação entre dois ou mais eixos da subordinação. Ela trata especificamente da forma pela qual o racismo, o

patriarcalismo, a opressão de classe e outros sistemas discriminatórios criam desigualdades básicas que estruturam as

posições relativas de mulheres, raças, etnias, classes e outras. Além disso, a interseccionalidade trata da forma como ações

e políticas específicas geram opressões que fluem ao longo de tais eixos, constituindo aspectos dinâmicos ou ativos do

desempoderamento (Creenshaw, 2002:177).

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da Pró-Reitoria de Desenvolvimento de Pessoas – PRODEP, PROPLAN (Pró-Reitoria de Pessoal) e

SIP (Sistema Integrado de Pessoal) da UFBA e acesso ao currículo lattes.

A pesquisa exploratória contou com a utilização da técnica de snowball, (snowball sampling),

por tratar-se de uma população de baixa incidência e de difícil acesso, dentro da academia,

possibilitando assim a expansão do grupo de participantes. Utilizou-se, como instrumentos

metodológicos, contatos telefônicos e visitas sistematizadas na Faculdade de Direito, de Educação,

no departamento de História, Direito, de Ciências Sociais, no colegiado de Filosofia da Faculdade de

Ciências Humanas, de Serviço Social, Psicologia do Instituto de Psicologia, e no departamento de

Geografia. Nesta primeira fase mapearam-se os cursos de História, Ciências Sociais, Filosofia,

Direito, de Serviço Social e Psicologia, todos da área da área III da UFBA. Realizaram-se conversas

informais com estudantes e funcionários negros dos referidos cursos, apresentando-lhes as listas,

produzidas com dados de todas as professoras dos cursos, para que estes identificassem, as

professoras negras, por meio da heteroclassificação. É importante enfatizar que todas as professoras

heteroclassificadas como negras e pardas foram contatadas e, as que se autodeclaram negras ou pardas

forma entrevistadas10.

A partir da lista das professoras heteroclassificadas como pardas ou negras11 realizou-se

pesquisa documental a partir dos currículos lattes, para conhecer a trajetória acadêmica destas. Por

meio do cruzamento das informações, das listas produzidas, sistematizou-se os dados por meio de

tabela com critérios baseados em: gênero, raça/etnia, área de conhecimento e curso. A intenção foi

mapear onde estavam as docentes negras em cada curso12.

Apresentaremos abaixo dados quantitativos coletados na primeira fase desta pesquisa.

Tabela 1- Distribuição de professores(as) por raça/cor13 conforme curso de Ciências Sociais.

Ano 2016-2017.

CURSO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

Branco Preto Pardo Total

Professoras 24 0 1 25

Professores 32 0 0 32

Total 56 0 1 57 Fonte: Tabulação própria. Inserção de professoras negras na UFBA.

10 Os conteúdos de todas as entrevistas, serão apresentados na 2ª fase da pesquisa. 11 O termo “negra” indica a somatória dos valores encontrados para pretos e pardos. Os indicadores sociais, descritos na

literatura, aproximam os valores encontrados para pretos e pardos. Adotamos o conceito de raça conforme Guimarães

(2002), para quem raça é uma categoria socialmente constituída. 12 A pesquisa ainda em fase de desenvolvimento pretende mapear os cursos de todas as áreas de conhecimento da UFBA. 13 Foram excluídos amarelos e indígenas.

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Nota-se que a maior parte dos professores (as) inseridos (as) no curso de Ciências Sociais são

brancos e brancas, representando 24 das professoras brancas e 32 dos professores brancos, enquanto

que no mesmo curso há apenas 1 de professora heteroclassificada14 como parda e nenhum professor

negro.

Tabela 2- Distribuição de professores (as) por raça/cor conforme curso de Direito. Ano 2016-

2017.

CURSO DE DIREITO

Branco Preto Pardo Total

Professoras 36 1 0 37

Professores 79 2 0 81

Total 115 3 0 118 Fonte: Tabulação própria. Inserção de professoras negras na UFBA.

No curso de direito, na sua maioria, representado por professores brancos e brancas: 36

professoras brancas, 79 de professores brancos, enquanto que há apenas 1 professora negra e 2

professores negros.

Tabela 3- Distribuição de professores (as) por raça/cor conforme curso de Filosofia.

Ano 2016-2017.

CURSO DE FILOSOFIA

Branco Preto Pardo Total

Professoras 8 0 0 8

Professores 12 4 0 16

Total 20 4 0 24 Fonte: Tabulação própria. Inserção de professoras negras na UFBA.

Já no curso de Filosofia a situação ainda é mais grave: não apresenta nenhum professor negro

e nenhuma professora negra15 de um total de 24 professores (as) brancos(as).

Tabela 4- Distribuição de professores(as) por raça/cor conforme curso de Geografia. Ano

2016-2017.

CURSO DE GEOGRAFIA

Branco Preto Pardo Total

Professoras 9 0 0 9

Professores 7 1 5 13

Total 16 1 5 22 Fonte: Tabulação própria. Inserção de professoras negras na UFBA.

14 Posteriormente a professora foi contatada e de declarou parda. Conforme a metodologia realizou-se a entrevista, cujos

dados serão apresentados em outra fase da pesquisa. 15 Todos os dados foram conferidos pelos coordenadores dos referidos cursos.

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A mesma ausência se repete no curso de Geografia onde não encontramos nenhuma

professora negra e apenas 1 professor negro de um total de 25 professores(as) brancos(as).

Tabela 5- Distribuição de professores(as) por raça/cor conforme curso de História. Ano 2016-

2017

CURSO DE HISTÓRIA

Branco Preto Pardo Total

Professoras 15 1 0 16

Professores 11 1 0 12

Total 26 2 0 28 Fonte: Tabulação própria. Inserção de professoras negras na UFBA.

No curso de história de um total de 28 professores (as) encontramos apenas uma professora

negra.

Tabela 6- Distribuição de professores(as) por raça/cor conforme curso de Pedagogia. Ano

2016-2017

CURSO DE PEDAGOGIA

Branco Preto Pardo Total

Professoras 50 8 2 60

Professores 29 2 1 32

Total 79 10 3 92 Fonte: Tabulação própria. Inserção de professoras negras na UFBA.

Do total de 92 professores e professoras inseridos no curso de pedagogia apenas 8 são

professoras negras e 50 professoras brancas.

Tabela 7- Distribuição de professores (as) por raça/cor conforme curso de Serviço Social. Ano

2016-2017

CURSO DE SERVIÇO SOCIAL

Branco Preto Pardo Total

Professoras 9 3 8 20

Professores 0 0 0 0

Total 9 3 8 20 Fonte: Tabulação própria. Inserção de professoras negras na UFBA.

O curso de Serviço Social é o que mais apresenta professoras negras e pardas apresentado

quase 3 professoras negras e 8 heteroclassificadas como pardas do total de 20 professoras. O referido

é constituído apenas de mulheres.

Os estudos apontados por Góis (2008) evidenciam que as mulheres negras com menor capital

cultural, possivelmente em decorrência da menor herança escolar familiar e tendem a apresentar

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maior tendência a associarem estudo e trabalho nos diferentes níveis educacional, ocasionando, dentre

outros, a tendência a ingressarem no ensino superior em cursos de menor valoração social, como

Pedagogia e Serviço Social.

Tabela 8- Distribuição de professores(as) por raça/cor conforme curso de Psicologia. Ano

2016-2017

Fonte: Tabulação própria. Inserção de professoras negras na UFBA.

Nos cursos de psicologia encontra 1 professora negra, mas, nenhum professor negro de total

de 40 professores(as) brancos(as).

Tabela 9- Distribuição de professores(as) por raça/cor conforme área de conhecimento e

curso. Ano 2016-2017.

Fonte: Tabulação própria. Inserção de professoras negras na UFBA.

Os dados revelam que tanto os professores como as professoras negras continuam em

desvantagem no ingresso na carreira universitária. Os homens negros ficam em desvantagem ao se

considerar, por exemplo, os homens e as mulheres brancas e as professoras negras continuam em

desvantagem em relação a todos eles.

III. CONCLUSÃO

A inserção e trajetória das mulheres negras na docência no ensino superior não tem sido

problematizada em termos dos resultados de uma política educacional equânime e justa, considerando

as diferentes áreas de produção de conhecimento, da tecnologia e da ciência. A diversidade racial tem

aparecido mais fortemente como valor agregado no plano da cultura e menos no campo do

desenvolvimento científico e tecnológico.

Branco Preto Pardo Total

Professoras 25 1 1 27

Professores 10 0 2 12

Total 35 1 3 39

CURSO DE PSICOLOGIA

Branco Pardo Preto Total Branco Pardo Preto Total

Ciências Sociais 24 1 0 25 32 0 0 32 57

Direito 36 0 1 37 79 0 2 81 118

Filosofia 8 0 0 8 12 0 4 16 24

Geografia 9 0 0 9 7 5 1 13 22

História 15 0 1 16 11 0 1 12 28

Pedagogia 50 2 8 60 29 1 2 32 92

Psicologia 25 1 1 27 10 2 0 12 39

Serviço Social 9 8 3 20 0 0 0 0 20

176 12 14 202 180 8 10 198 400

Total GeralMulheres Homens

Área III

Total Geral

Área do

Conheci-

mento

Curso

Sexo/Cor

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Ainda que se possa observar uma ampliação da presença de negros e negras no ensino

universitário e na docência do ensino superior sabe-se pouco sobre a inserção, permanência e

participação da população negra no ensino universitário. A maior parte das publicações disponíveis

analisa o recorte cor/raça na educação básica e muito marginalmente no ensino universitário.

O fosso é grande no que se refere às mulheres negras, em todos os cursos, com exceção dos

cursos de pedagogia e de Serviço Social, as professoras negras ainda estão em desvantagem. Embora

as professoras brancas e negras sofram com o sexismo, as brancas conseguem ainda que de forma

desigual, se comparado aos homens de seu grupo racial, “acessar com mais facilidade os mecanismos

que, de alguma forma, lhes possibilitou – e ainda possibilita – ao menos enfrentar as desigualdades

de gênero”. (Sant´anna, 2001) Mesmo, se tratando de cursos considerados de baixa concorrência, a

inserção de mulheres negras no ensino superior ainda é pequena se comparados com o total de

mulheres e homens brancos.

Os estudos apontam para a necessidade de investigações sob a ótica da interseccionalidade,

como forma de identificar elementos e mecanismos que incidiam sobre a vida das docentes negras no

ensino superior, suas condições de vida e status produzindo evidenciando as situações de exclusão e

desigualdades que têm vivenciado na sociedade.

A professora Vera Lúcia Ferreira (2017) salienta que o debate feminista e racial é parte da

realidade da UFBA a partir da década de 1980 com a criação do NEIM – Núcleo de Estudos

Interdisciplinares sobre a Mulher na FFCH e seu compromisso com a formação de estudantes, desde

a graduação até a Pós-Graduação. Também na área de saúde, foram criados o GEM – Grupo de

Estudos sobre Saúde da Mulher, na Escola de Enfermagem, e o MUSA – Programa Integrado de

Pesquisa e Cooperação Técnica em Gênero e Saúde, no ISC – Instituto de Saúde Coletiva. Destaca-

se também o CEAO – Centro de Estudos Afro-Orientais e o programa de Pós-graduação em Estudos

Étnicos e Africanos, além de diferentes espaços acadêmicos de pesquisa e ação política sobre esses

temas. Recentemente, diferentes grupos de estudantes feministas, trazendo também para o debate as

questões raciais. Embora haja avanços, ainda não identificamos nenhum estudo da UFBA voltado

para inserção das mulheres negras nas respectivas áreas de conhecimento.

Os importantes apontamentos de Ferreira (2017) mostram avanços da UFBA no diz respeito

aos estudos raciais e de gênero, no entanto, nota-se, que nenhum trabalho foi registrado no que se

refere ao quantitativo de professores e professora negros inseridos nas diversas áreas de conhecimento

desta universidade. Um estudo minucioso intitulado: Um mundo dividido: gênero nas universidades

do Norte e Nordeste de 1997 deixou de incluir a variável raça. Daí a necessidade de produzirmos

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dados que nos ajudem a entender a discrepância entre o percentual de homens e mulheres brancos e

a relação ao número de homens e mulheres negras atuantes nas cátedras acadêmicas.

Como Moore (1988) ressalta sobre as diferenças entre as mulheres, “a diferença racial se

constrói através do gênero, como o racismo divide a identidade e a experiência de gênero, e como a

classe é moldada por gênero e raça’. (MOORE, 1988, p.1) A Política de Ações Afirmativas,

associada às outras iniciativas a políticas, seria um dos caminhos possíveis para a superação da

discrepância entre sexo e raça na docência do ensino superior e avançar na correção de

desigualdades históricas. Essas ações contribuiriam não somente para o acesso em cursos de

graduação e pós graduação, sobretudo na inserção professores negros e negras em concursos públicos

do ensino superior e inserção nas universidades.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei nº 12.711, de 29 de agosto de 2012. Dispõe sobre o ingresso nas universidades federais

e nas instituições federais de ensino técnico de nível médio e dá outras providências. Diário Oficial

da União, Presidência da República, Brasília, DF, 30 de ago. 2012. Seção 1, p. 1.

CARIBÉ, Pedro. Universidade baiana foi referência na Lei de Cotas aprovada por Dilma.

Disponível em: <http://correionago.com.br/portal/universidade-baiana-foi-referencia-na-lei-de-

cotas-aprovada-por-dilma/>. Acesso em 12 mar. 2017.

CREENSHAW, Kimberlé. Documento para o encontro de especialistas em aspectos da discriminação

racial relativos ao gênero. Revista Estudos Feministas (10:1), Florianópolis, Centro de Filosofia e

Ciências Humanas e Centro de Comunicação e Expressão/UFSC, 2002, pp.171-188.

DEMARTINI, Zélia de Brito Fabri; ANTUNES, Fátima Ferreira. Magistério primário: profissão

feminina, carreira masculina. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n. 86, p. 5-14, ago. 1993.

GÓIS, João Bosco Hora. Quando raça conta: um estudo das diferenças entre mulheres brancas e

negras no acesso e permanência no ensino superior. Revista Estudos Feministas (16:3),

Florianópolis, Centro de Filosofia e Ciências Humanas e Centro de Comunicação e Expressão/UFSC,

2008, pp.743-768.

OLIVEIRA, Iolanda. (org) Cor e Magistério. CADERNOS PENESB. Rio de Janeiro: EDUFF, 2006.

Portal Brasil. Em 3 anos, 150 mil negros ingressaram em universidades por meio de cotas. 2015.

Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/educacao/2015/11/cotas-elevam-presenca-de-negros-nas-

universidades-federais>. Acesso em: 12 mar. 2017.

PINTO, Giselle. Trajetórias de mulheres negras estudantes de mestrado da UFF: um estudo sobre

estratégias e possibilidades de Ascenção social. CADERNOS PENESB. n.9 dez. 2007.

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SANTOS, Jocélio Teles dos Santos; QUEIROZ, Delcele Mascarenhas. As cotas na Universidade

Federal da Bahia: história de uma decisão inédita. In: Santos, Jocélio Teles dos (Org.) Cotas nas

universidades: Análises dos processos de decisão. Salvador: CEAO, 2012. p. 41-74.

SCOTT, Joan Wallach. Gênero: uma categoria útil para análise histórica. Educação & Realidade,

v.20, n. 2. Porto Alegre: jul./dez 1995, p. 71 - 99.

QUEIROZ, Delcele Mascarenhas; SANTOS, Jocélio Teles dos. Sistema de cotas um debate. Dos

dados à manutenção dos privilégios e de poder. Educ. Soc., Campinas, Vol. 27,n. 96 – Especial,

p. 717- 737, out. 2006. Disponível em< http://www.cedes.unicamp.br>. Acesso em 10 mar. 2017.

BLACK TEACHERS AT THE FEDERAL UNIVERSITY OF BAHIA-UFBA: COLOR,

STATUS AND PERFORMANCE.

Astract: The objective of this work is to map the insertion of UFBA black teachers in the courses of

Social Work, Social Sciences, History, Geography, Philosophy, Pedagogy, Psychology. It is intended

to show the disparity when it involves the variables: race and gender. The study was constructed from

quantitative data collected through exploratory research and documentary analysis. Elements are

presented from the perspective of intersectionality, relating factors that influence, in different ways,

the advantages and disadvantages of inserting black women into higher education teaching. (KISS,

BARRIOS; ÁLVAREZ: 2007) It is considered that there is a discrepancy between the number of

black and black teachers, when compared to the total of white and white teachers. Inequality is a

result of the impact of historically installed racism and sexism.

Keywords: Racism; Teaching; Black women; higher education.

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