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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM EXERCÍCIO FÍSICO NA PROMOÇÃO DA
SAÚDE
ROMERIO RIBEIRO DE LIMA
Londrina 2019
GUIA DE EXERCÍCIO FÍSICO COM FITAS SUSPENSAS:
UMA ABORDAGEM PRÁTICA
ROMERIO RIBEIRO DE LIMA
Cidade ano
AUTOR
Londrina
2019
GUIA DE EXERCÍCIO FÍSICO COM FITAS SUSPENSAS: UMA ABORDAGEM PRÁTICA
Trabalho de conclusão final de curso apresentado a Universidade Pitágoras Unopar, Unidade Piza, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde. Orientador: Prof. Dr. Márcio Rogério de Oliveira
ROMERIO RIBEIRO DE LIMA
GUIA DE EXERCÍCIO FÍSICO COM FITAS SUSPENSAS: UMA ABORDAGEM
PRÁTICA
Guia de operação técnica apresentado à Universidade Pitágoras Unopar, no
curso de Mestrado Profissional em Exercício Físico na Promoção da saúde como
requisito parcial para a obtenção do título de Mestre Profissional conferida pela
Banca Examinadora formada pelos professores:
_________________________________________ Prof. Dr. Márcio Rogério de Oliveira
Universidade Pitágoras Unopar
_________________________________________ Prof. Dr. EROS OLIVEIRA JR.
Universidade Pitágoras Unopar
_________________________________________ Prof. Dra. Christiane Guerino Macedo
Universidade Estadual de Londrina (Membro Externo)
_________________________________________ Prof. Prof. Dr. Dartagnan Pinto Guedes
Universidade Pitágoras Unopar Coordenador do Curso
AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
Dados Internacionais de catalogação na publicação (CIP) Universidade Pitágoras Unopar Biblioteca CCBS/CCECA PIZA
Setor de Tratamento da Informação
Lima, Romerio Ribeiro de
L732e Exercício físico com fitas suspensas: uma abordagem prática. / Romerio Ribeiro de Lima. Londrina: [s.n], 2019. 70 páginas.
Trabalho de conclusão (Mestrado Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde).
Universidade Pitágoras Unopar. Orientador: Prof. Dr. Márcio Rogério de Oliveira. 1. Exercício físico - Trabalho de conclusão - UNOPAR. 2. Exercício físico - Fitas suspensas. 3. Promoção da saúde. 4. Treinamento de resistência. 5. Terapia por exercício. I- Oliveira, Márcio Rogério de; orient. II. Universidade Pitágoras Unopar.
CDD 796.4
Andressa Fernanda Matos Bonfim - CRB 9/1643
Agradecimentos
Primeiramente agradeço a Deus, o qual já me proporcionou mais
conhecimento e oportunidades do que sempre pedi. A todas as pessoas que
contribuíram para a concretização deste curso, sendo estes meus clientes de
Exercício Físico Personalizado e mais recentemente meus clientes na R +
Saúde: Clínica de Exercício Físico, minha mulher Daniela pelo apoio e tolerância
comigo, á meu filho Diogo, este sempre compreensível pela minha ausência, á
meus demais familiares e amigos, todos incentivadores. Durante esses anos de
Mestrado tive a oportunidade de estar numa sala com alunos formidáveis e de
fazer grandes amigos como o Alexandre Picoloto que sempre me deu suporte
no que fosse preciso em Londrina PR.
Hoje me sinto um privilegiado por ter passado todo o tempo que foi
possível ao lado de professores excelentes e de alto nível, pessoas fantásticas
como meu orientador Dr. Márcio Rogério Oliveira, o qual serei eternamente grato
pelo conhecimento compartilhado, fundamental para a realização desse sonho.
Não tenho palavras para agradece-lo, jamais esquecerei de tudo que fez por
mim, sempre compreensivo e entendedor das dificuldades que enfrentei para
chegar até aqui, sempre fez por mim mais do que deveria contribuindo não
apenas com conhecimento, mais também com meu crescimento profissional e
também pessoal.
Finalizo aqui minhas palavras com a certeza de ter produzido um Guia de
Operação Técnica que, de forma simples e objetiva poderá contribuir com você
profissional da Educação Física, da Fisioterapia ou qualquer área que utilize o
Exercício Físico na promoção da saúde, na prevenção e tratamento de lesões e
em diversas modalidades esportivas existentes. Obrigado a todos!
LIMA, Romerio Ribeiro. Guia de Exercício Físico com Fitas Suspensas: uma abordagem prática. 70 páginas. Trabalho de conclusão final de curso. Mestrado Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde. Centro de Pesquisa em Ciências da Saúde. Universidade Pitágoras Unopar, Londrina. 2019.
RESUMO
A prática de exercício físico é um recurso fundamental na promoção da saúde
da população em geral. Diferentes modalidades podem ser praticadas e o
entendimento de cada recurso torna-se fundamental na prescrição correta do
exercício físico. A presente produção técnica tem como objetivo apresentar uma
publicação direcionada a prescrição de exercício físico com o uso de fitas
suspensas. Por meio de uma análise na literatura atual, informações importantes
relacionadas a propostas de treinamento são abordadas afim de proporcionar
orientações específicas em relação a utilização das fitas suspensas como forma
de intervenção. Este guia conta com capítulos descritivos sobre a utilização do
método, além de ilustrações de cada exercício. O entendimento deste recurso
poderá contribuir como meio de intervenção relacionado a melhora da
resistência muscular, do ganho de força e prevenção de lesões. Espera-se que
está publicação técnica demonstre a funcionalidade e a praticidade do
instrumento para o melhor direcionamento da prática profissional. Além disso,
respostas diretas em relação ao objetivo, posicionamento e cuidados na
execução do exercício facilitam o entendimento deste recurso como método de
intervenção.
Palavras-chave: Exercício, Treinamento de Resistência, Terapia por Exercício, Promoção da Saúde.
LIMA, Romerio Ribeiro. Physical Exercise with Suspension training: A Practical Approach. 70 pages. Completion of Coursework. Professional Master's in Physical Exercise in Health Promotion. Health Sciences Research Center. North of Paraná University, Londrina. 2019.
ABSTRACT
The physical exercise is a key resource in promoting the health of the general
population. Different modalities can be practiced and the understanding of each
resource becomes fundamental in the correct prescription of physical exercise.
The present technical production aims to present a publication directed to the
prescription of physical exercise with the use of suspended tapes. Through an
analysis in the current literature, important information related to training
proposals is addressed in order to provide specific guidelines regarding the use
of suspended tapes as a form of intervention. This work has descriptive chapters
on the use of the method, as well as illustrations of each exercise. The
understanding of this resource may contribute as a means of intervention related
to the improvement of muscle endurance, strength gain and injury prevention. It
is expected that this technical publication will demonstrate the functionality and
practicality of the instrument to better target professional practice. In addition,
direct answers regarding the objective, positioning and care in the execution of
the exercise facilitate the understanding of this resource as an intervention
method.
Key words: Exercise, Resistance Training, Exercise Therapy, Health Promotion.
LISTA DE SIGLAS
A – COP- Área elipse de oscilação do cento de pressão
BS - Base de suporte
CG - Centro de gravidade
CM - Centro de massa
CP - Controle Postural
COP – Centro de pressão
DP – Desvio padrão
M_PRÉ - Momento pré avaliação
M_PÓS – Momento pós avaliação
RMS – Root mean square
VEL A/P – Velocidade anteroposterior
VEL M/L – Velocidade mediolateral
TRX -Total-body Resistance Exercise
LISTA DE FIGURAS
Artigo
Avaliação do controle postural .................................................................. 55 Ilustração dos exercícios propostos........................................................... 67
LISTA DE TABELA
Artigo
Característica da amostra .......................................................................... 64 Comparação do controle postural na condição sentada ........................... 65 Comparação do controle postural na condição unipodal ............................ 66
ANEXOS Certificado de participação em congresso.................................................. 68
Parecer consubstanciado do CEP ............................................................. 69
SUMÁRIO
1. Produto técnico – Apresentação ....................................................... 12
2. Fita suspensa como método de intervenção.................................. 13
3. Aspectos biomecânicos associados a fita suspensa .................... 15
3.1 Ancoragem ........................................................................................ 16
3.2 Posicionamento do corpo.................................................................. 17
3.3 Posicionamento dos pés................................................................... 18
3.4 Regulagem da fita ............................... ............................................ 19
3.5 Regulagem da fita de acordo com o praticante......................... ....... 20
4. Programa de Exercícios com fita suspensa ................................... 21
4.1 Exercícios para membros superiores................................................. 21
4.2 Exercícios para membro superior e tronco ......................... ............. 35
4.3 Exercícios para membros inferiores................................................ 37
4.4 Exercícios para estabilizadores do tronco....................................... 43
5. Considerações finais sobre o uso do método................................ 47
Referências............................................................................................ 48
Artigo científico........................................................................................ 51
Anexos.................................................................................................... . 68
12
1. Apresentação
Em um momento onde a demanda de exercício físico e atividade física apresenta-
se relativamente baixa, o sistema musculo esquelético não apresenta o desenvolvimento
que deveria, em virtude da diminuição da solicitação física1. Hoje em dia, a postura
relaxada é encontrada a todo momento, visto que grande parte dos indivíduos
permanecem em suas atividades na postura sentada2. Neste sentido, surge a
necessidade da prática de exercício físico, uma vez que, a inatividade física aparece
como um dos principais fatores para o desenvolvimento de desordens
musculoesqueléticas e problemas relacionados à saúde3.
A prática de exercício físico torna-se um recurso fundamental para promoção da
saúde na população em geral, principalmente pelo fato que existem diferentes
modalidades que podem ser praticadas4. Algumas modalidades de exercícios e a
variabilidade de recursos que podem ser utilizados para o seu desenvolvimento devem
ser preconizados. Neste sentido, atualmente, centros de treinamento e clínicas de
exercício e/ou reabilitação tem utilizado a fita suspensa como meio de intervenção.
Contudo, materiais para o delineamento e orientação do programa de exercício físico
devem ser propostos na tentativa de obter exercícios mais seguros e eficazes.
Para o entendimento das principais orientações relacionadas aos exercícios com
a fita suspensa, é importante que os profissionais da área da saúde, obtenham
conhecimento suficiente para conduzir de maneira efetiva a prescrição de exercícios
relacionados a promoção da saúde bem como para prevenção de lesões.
13
2. Fita suspensa como método de intervenção
A utilização das fitas suspensas como ferramenta para o exercício não é
um recurso relativamente novo, existe referência que aponta o uso deste método desde
o século XIX5. Por outro lado, é possível encontrar diferentes nomenclaturas para se
referir a este tipo de intervenção. Neste sentido, nomes na língua inglesa podem ser
encontrados como: Suspension Trainer, Suspension Training e talvez, o mais conhecido,
Total-body Resistance Exercise (TRX)6,7. Para língua portuguesa os nomes mais comuns
são: Treinamento Suspenso, Treino de Suspensão, Faixa de Suspenção, Exercício em
Suspensão e neste guia, vamos denominar este método como Fita Suspensa8,9.
Figura 1. Um dos primeiros equipamentos
utilizados para intervenção.
Fonte: Dick and Fitzgerald 1866.
Figura 2. Equipamento atual
Fonte: Adaptado, Aguilera-Castells et al.
2018.
Manopla
Nó de Ajuste
Local para
âncora
14
O treinamento com fita suspensa é definido como a utilização de uma ou mais
correias (fitas) conectadas a um ou mais pontos de ancoragem onde o praticante fica
suspenso por meio dos membros superiores ou inferiores durante a execução dos
exercícios10. Assim, o praticante pode empurrar, puxar ou sustentar o seu próprio peso
para executar o exercício.
Este tipo de treinamento muda a forma como os músculos são recrutados devido
à instabilidade provocada pela base de suporte (BS)11. A BS instável afeta o corpo
humano basicamente por duas vias: gravidade e força muscular. O efeito cumulativo
dessas forças é focado em um único ponto, o centro de massa do corpo (CM). É a
posição do CM do corpo sobre sua base de apoio que determina a estabilidade do corpo
e, portanto, a capacidade do corpo de realizar qualquer ação11.
As mudanças das posições do corpo e da estabilidade, faz com que esta
modalidade de treinamento seja usada para movimentar o segmento corporal do
praticante por meio de exercícios resistidos multiplanares e neuromusculares, que aliado
a estímulos proprioceptivos contribuem no desenvolvimento e na dificuldade da tarefa
imposta10. Com isso, as manipulações na postura e a posição da fita podem ser alteradas
de acordo com o praticante e o nível de dificuldade exigido12.
Este método de exercício normalmente está associado há uma ampla variedade
de movimentos o que possibilita ser usado em diversos lugares como clubes, academias,
clinicas e até mesmo em locais com espaço reduzido como dentro da casa. Além da
eficiência, uma das grandes vantagens das fitas de suspensão é a facilidade de
transporte do equipamento. Além do mais, este recurso tem sido aplicado como meio
15
de intervenção para diferentes públicos como jovens, adultos, idosos, e reabilitação,
como parte principal ou como complemento na execução de programas de exercícios13-
16.
Alguns atributos relacionados ao treinamento com fitas suspensas mostram
desde uma melhora na ativação muscular até uma melhora no controle e consciência do
corpo para execução dos movimentos17. Toda via, a fita de suspensão, torna-se um
recurso usado para aumentar a estabilização do tronco, melhorar as exigências
proprioceptivas e neuromusculares e por fim, as exigências de controle postural18. Outra
grande vantagem que contribui para a prática e utilização do treinamento com a fita
suspensa, refere-se ao baixo custo deste equipamento em relação ao montante de
equipamentos normalmente utilizados para o treinamento resistido. De fato, o
treinamento com fitas suspensas tem demonstrado ser um recurso simples, de baixo
custo e promissor para prescrição de exercício físico19.
3. Aspectos biomecânicos associados a fita suspensa
O conceito do treinamento com fita suspensa está baseado em três princípios
fundamentais: estabilidade, resistência a vetores de força e pêndulo. O primeiro,
apresenta que o tamanho e posicionamento da BS relação ao CG determina a
estabilidade de um exercício. O segundo pode ser relacionado com a manipulação da
resistência alterando o ângulo do corpo em relação ao solo, em outras palavras, quanto
mais alto o corpo estiver do chão, mais fácil será o exercício. Por fim, o terceiro, diz
respeito a posição inicial em relação ao ponto de ancoragem, ou seja, quanto mais longe
a posição do corpo, mais difícil será o exercício20.
16
Figura 3. Intensidade do exercício
Adaptado: TRX training
3.1 Ancoragem
Como o treinamento com fitas suspensa é um método de exercício físico que é
praticado em suspensão, as fitas são conectadas a um ponto de suporte, ou ancoragem,
que pode ser um ponto fixo ao teto, uma barra de ferro, um galho de uma árvore ou até
mesmo o canto de uma porta. Este ponto de ancoragem tem a função de fixar o
equipamento e sustentar o peso do próprio corpo do praticante. Com isso, quando
permanecemos em pé e o ponto de ancoragem ou pegada está acima da cabeça, quanto
mais perpendicular o corpo está em relação ao chão, maior é a sobrecarga imposta ao
movimento17. Logo, o profissional deve identificar o melhor ponto de apoio para a
ancoragem, pensando no tipo de exercício, na execução e no posicionamento do corpo
do praticante.
17
Figura 4. Sistema de Ancoragem
Fonte: autores do produto técnico.
3.2 Posicionamento do corpo
Como descrito, o posicionamento do corpo impõe a sobrecarga ao exercício.
Alguns estudos têm demonstrado por meio de células de carga e plataforma de força o
aumento da dificuldade do exercício conforme diferentes angulações são aplicadas.10,20.
Melrose e Dawes 21, investigaram cargas durante a execução de um exercício suspenso,
estático, por cinco segundos, realizado em quatro diferentes ângulos (30°, 45°, 60° e 75°)
do corpo em pé. Este estudo revelou que conforme o ângulo aumenta de 30º para 75º,
os braços dos praticantes encontraram resistência da massa corporal entre 37% - 79%.
De fato, uma junção de elementos pode contribuir para o aumento da demanda do
exercício e, as principais, além do posicionamento do corpo são: a posição dos pés, a
força gravitacional desenvolvida através do movimento corporal e as regulagens
possibilitadas pela fita suspensa em relação ao ponto de ancoragem do equipamento10,21.
18
3.3 Posicionamento dos pés
O posicionamento dos pés pode ser orientado de diferentes formas. Durante a
execução de exercícios com os pés posicionados paralelamente, uma maior base de
apoio é possibilitada, promovendo ao praticante, maior estabilidade corporal e
possibilidade de amplitude de movimento. Toda via, com os pés unidos em relação ao
centro de massa corporal, o posicionamento do corpo fica centralizado sobre uma base
de apoio menor, o que diminuirá a estabilidade corporal e poderá exigir maior
coordenação motora do praticante, figura 5 12. Por outro lado, posições anteroposteriores
podem ser sugeridas partindo basicamente de duas formas, a primeira é com a superfície
de apoio maior e com a parte plantar dos pés inteiramente em contato com o solo; a
segunda, é com a superfície de apoio menor, um dos pés fica posicionado a frente do
corpo com o calcanhar como base de apoio no solo, figura 6.
A)
B)
Figura 5. A) Posicionamento dos pés afastados, B) Posicionamento dos pés aproximados.
Fonte: Monteiro & Evangelista (2011)9.
19
3.4 Regulagem da fita
O sistema de regulagem da fita (figura 7) tem várias funções, uma delas é estar
sempre em sintonia com o ponto de ancoragem e o praticante. Especificamente sobre a
regulagem da fita, geralmente ela possibilita um aumento que varia de meio metro de
comprimento, podendo chegar até dois metros. É importante notar que um equipamento
regulado a muitos centímetros do solo irá prejudicar a realização do movimento em
relação a sua amplitude e angulação.
Figura 7. Sistema de Regulagem Fonte: Autores do produto técnico
A) B)
Figura 6. A) Posicionamento anteroposterior com menor apoio; B) Posicionamentoo
anteroposterior com maior apoio.
Fonte: Monteiro & Evangelista (2011)9.
20
3.5 Regulagem da fita de acordo com o praticante
Outro aspecto importante que tem relação direta com a regulagem da fita é a
altura do praticante e o exercício a ser realizado. Não existe ainda um consenso na
literatura sobre estas recomendações, no entanto, em geral, recomenda-se que para o
desenvolvimento de exercícios relacionados ao membro superior à altura da manopla
fique ao nível do joelho. Em relação aos exercícios de estabilização central e para alguns
exercícios de membros inferiores, a recomendação seria manter a mesma altura da
posição do praticante na postura de prancha em prono (barriga para baixo, com o corpo
sustentado nos cotovelos, antebraços e dedos dos pés).
21
4. Programa de Exercícios com fita suspensa
4.1 Exercícios para membros superiores
4.1.1 Exercício para extensor de ombro
Início Fim
Figura 8. Exercício para extensor de ombro
Objetivo: Aprimorar a força muscular da porção clavicular e espinhal do deltoide, a parte
clavicular do peitoral maior, e com menor intensidade o trapézio, e o serrátil anterior.
Posição inicial: Em pé com os antebraços estendidos na posição horizontal e as mãos
em pronação segurando a manopla da fita suspensa.
Execução: Contrair o abdômen e elevar os braços até que se encontre na posição
vertical e inclinar o tronco para frente sem alterar a posição base de suporte.
Cuidados na execução: Para que o movimento seja eficiente é necessário que não
ocorra o afrouxamento da fita, o que poderá comprometer a ação muscular no final do
movimento.
22
4.1.2 Exercício para abdutor de ombro
Início Fim
Figura 9. Exercício para abdutor de ombro Objetivo: Aprimorar a força do deltoide, supraespinhal, e a parte descendentes dos
trapézios.
Posição inicial: Em pé com os antebraços estendidos segurando as manoplas próximas
da linha horizontal, o tronco levemente inclinado para frente, de costas para o ponto de
ancoragem e a base de suporte levemente inclinada para trás (pés).
Execução: Inspirar e realizar a elevação lateral dos antebraços até a proximidade da
linha vertical em relação ao corpo.
Cuidados na execução: Identificar a melhor base de suporte para não sobrecarregar os
movimentos e as articulações.
23
4.1.3 Exercício para Adutor de ombro
Início Fim
Figura 10. Exercício para Adutor de ombro
Objetivo: Aprimorar a força do músculo peitoral maior e tríceps braquial.
Posição inicial: Em pé, com os membros inferiores ligeiramente afastados, tronco
levemente inclinado, membros superiores afastados, mãos nas manoplas e cotovelos
semiflexionados.
Execução: Inspirar e aproximar os membros superiores para colocar as manoplas em
contato, expirar no final do movimento.
Cuidados na execução: É importante retornar à posição inicial mantendo a estabilidade
do movimento. A manutenção firme das articulações dos membros superiores favorece
o movimento.
24
4.1.4 Exercício para Adutor de ombro
Início Fim
Figura 11. Exercício para Adutor de ombro
Objetivo: Aprimorar a força principalmente dos músculos peitoral maior, e tríceps
braquial.
Posição inicial: Pés posicionados sobre as alças da fita suspensa, e membros
superiores estendidos.
Execução: Inspirar e realizar a flexão dos braços em direção ao solo e retornar a posição
inicial, expirar no final do movimento. Para aumentar a intensidade do exercício é
possível realizar o movimento com apenas um dos membros inferiores sobre uma das
alças da fita.
Cuidados na execução: Manter os músculos abdominais bem contraídos para que
durante o movimento seja mantido o bom equilíbrio corporal e evitar que ocorra a
hiperextensão da coluna vertebral.
25
4.1.5 Rotadores externos do ombro
Início Fim
Figura 12. Exercício para Rotadores externos do ombro
Objetivo: Aprimorar a força dos músculos rotadores externos dos ombros, o infra
espinhal e o redondo menor.
Posição inicial: Em pé, mãos nas manoplas com o tronco inclinado levemente para trás,
e a base de suporte (pés) levemente a frente.
Execução: Realizar uma elevação dos braços até a altura dos ombros, flexionar os
antebraços horizontalmente e realizar o movimento de rotação externa do braço.
Cuidados na execução: O cuidado com a postura, oscilações nas articulações dos
cotovelos e punho bem como a amplitude de movimento deve ser levado em
consideração.
26
4.1.6 Rotadores internos do ombro
Início Fim
Figura 13. Exercício para Rotadores internos do ombro
Objetivo: Aprimorar a força dos músculos subescapular, redondo maior e grande dorsal
e peitoral maior.
Posição inicial: Em pé, corpo inclinado para frente e posicionado de costa para o ponto
de ancoragem, e braços em abdução e antebraços flexionados a aproximadamente 90º
verticalmente ao corpo.
Execução: Realizar rotação interna do ombro e retornar à posição inicial.
Cuidados na execução: Evitar a recomendação deste exercício para iniciantes /
destreinados ou com queixa de lesões previas na articulação glenoumeral. Os cuidados
em relação a amplitude de movimento devem ser orientados.
27
4.1.7 Exercício para flexores de cotovelo
Início Fim
Figura 14. Exercício para flexores de cotovelo
Figura 15. Pés mais à frente: maior intensidade
28
Objetivo: Aprimorar a força muscular dos flexores de cotovelo, bíceps braquial, braquial
e o braquiorradial, e deltoide parte clavicular.
Posição inicial: Em pé, com as mãos em supinação segurando as manoplas da fita
suspensa, inclinar o corpo para trás até os braços permanecerem estendidos.
Execução: Expirar e flexionar os antebraços sobre os braços e inspirar ao final do
movimento.
Cuidados na execução: Para manter um bom isolamento muscular e garantir um
movimento eficaz, deve-se realizar a flexão dos cotovelos mantendo os braços sempre
posicionados horizontalmente evitando-se dessa forma a aproximação dos braços em
direção ao corpo. Para aumentar a progressão de carga deste exercício é necessário
mudar o posicionamento dos pés colocando os mesmos para frente, proporcionando ao
indivíduo praticar diversas angulações na fita suspensa. Manter a contração dos
abdominais e evitar a flexão de joelhos bem como a protusão da cabeça, são outros
cuidados importantes na execução do exercício.
29
4.1.8 Exercício para flexores de cotovelo (unilateral)
Início Fim
Figura 16. Exercício para flexores de cotovelo (unilateral)
Objetivo: Aprimorar a força muscular dos flexores de cotovelo, bíceps braquial, e o
braquial. Este exercício tem ênfase no bíceps braquial, sobre tudo na porção da cabeça
curta, por ficar previamente estendida e sobtensão pela posição do braço22.
Posição inicial: Em pé se posicionar ao lado da fita suspensa, com o corpo inclinado
lateralmente e braço estendido e segurando a fita suspensa com a mão em supinação.
Execução: Inspirar e flexionar o antebraço, expirar no final do movimento.
Cuidados na execução: A inclinação do corpo pode produzir maior instabilidade e isto
pode atrapalhar a execução do exercício.
30
4.1.9 Exercício para extensores de cotovelo.
Início Fim
Figura 17. Exercício para extensores de cotovelo.
Objetivo: Aprimorar a força muscular do tríceps braquial e o ancôneo.
Posição inicial: Em pé, com o corpo inclinado para frente e a base de suporte para trás
(posição dos pés), com as mãos em pronação e antebraços flexionados
aproximadamente a 90º e os braços na vertical.
Execução: Inspire e realize a extensão dos antebraços, expirar no final do movimento.
Cuidados na execução: Manter os cotovelos afastados, porém não permitir o
deslocamento excessivo para lateral. A intensidade deste exercício é aumentada
substancialmente à medida que a base de suporte é posicionada para trás ao mesmo
tempo em que o corpo é inclinado para frente.
31
4.1.10 Exercício para extensores de cotovelo (fita de suspensão com posição
neutra)
Início Fim
Figura 18. Exercício para extensores de cotovelo Objetivo: Aprimorar a força muscular do tríceps braquial e o ancôneo. No entanto, a
porção clavicular dos deltoides também pode ser solicitada.
Posição inicial: Praticante de costas para a fita com braços em flexão, mãos segurando
firme nas manoplas, pés repousando no solo e corpo posicionado entre as fitas.
Execução: Inspirar e realizar extensão dos antebraços, seguida por uma flexão dos
antebraços, expirar no final do movimento.
Cuidados na execução: O exercício requer maior controle do controle do corpo e
movimento, assim sua recomendação é realizada para praticantes mais experientes.
32
4.1.11 Exercício para flexão dos punhos.
Início Fim
Figura 19. Exercício para flexão dos punhos
Figura 20. Punho em detalhe durante o movimento
Objetivo: Aprimorar a força muscular do flexor radial do carpo, o palmar longo, o flexor
ulnar do carpo, os flexores profundo e superficial dos dedos também serão recrutados.
Posição inicial: Em pé com o corpo inclinado para trás, braços estendidos e mãos em
supinação segurando as manoplas.
Execução: inspirar e realizar a flexão dos punhos.
Cuidados na execução: concentrar-se para que durante a realização do movimento não
ocorra à participação efetiva de outros músculos dos membros superiores. O cuidado
com a amplitude de movimento também deve ser levado em consideração.
33
4.1.12 Exercício para extensão de punhos.
Início Fim
Figura 21. Exercício para extensão de punhos
Extensão de punho em detalhe durante o movimento
Figura 22. Extensão de punho em detalhe durante o movimento
Objetivo: Aprimorar a força muscular do extensor radial longo do carpo, o extensor radial
curto do carpo, o extensor dos dedos, o extensor do dedo mínimo, e o extensor ulnar do
carpo.
Posição inicial: Em pé com o corpo inclinado para trás, braços estendidos segurando
34
nas manoplas e mãos posicionadas em pronação.
Execução: Realizar a extensão dos punhos e retornar à posição inicial.
Cuidados na execução: Concentrar-se para que durante a realização do movimento
não ocorra à participação efetiva de outros músculos dos membros superiores. O
cuidado com a amplitude de movimento também deve ser levado em consideração.
35
4.2 Exercícios para membro superior e tronco
4.2.1 Exercício para músculos posteriores do tronco. (Dorsais).
Início Fim
Figura 23. Exercício para músculos posteriores do tronco
Objetivos: Aprimorar a força do grande dorsal, deltoide, infraespinhal, romboides, parte
inferior dos trapézios além dos flexores de cotovelo.
Posição inicial: Em pé, com os antebraços estendidos proporcionalmente a largura os
ombros, mãos em pronação, polegares posicionados medialmente segurando a fita
suspensa, corpo inclinado para trás.
Execução: Inspirar, e com os cotovelos elevados realizar uma puxada e retornar
suavemente a posição inicial, expirar ao final do movimento.
Cuidados na execução: Há diversas variações de intensidades representando
diferentes cargas em puxadas na fita suspensa. Inclinações maiores são recomendadas
para praticantes mais experientes.
36
4.2.2 Exercício para músculos posteriores do tronco
Início Fim
Figura 24. Exercício para músculos posteriores do tronco
Figura 25. É possível aumentar a intensidade alternando, em extensão dos quadris os
membros inferiores.
Objetivos: Aprimorar a força dos músculos eretores da espinha (espinhal, iliocostal,
longuíssimo), o quadrado lombar e os glúteos máximos, além dos posteriores da coxa
exceto a cabeça curta do bíceps femoral.
Posição inicial: Deitado em posição de decúbito ventral sobre um colchonete, próximo
à fita suspensa que estará em posição neutra e numa altura confortável, membros
superiores estendidos verticalmente segurando as manoplas.
Execução: Realizar extensão do tronco com pequena hiperextensão da coluna para que
haja uma maior contração muscular e não prejudique o dorso.
Cuidados na execução: Evitar a extensão da região cervical ao desenvolver o exercício.
37
4.3 Exercícios para membros inferiores
4.3.1 Exercício para extensores de quadril.
Início Fim
Figura 26. Exercício para extensores de quadril Objetivos: Aprimorar a força do quadríceps, glúteos.
Posição inicial: Em pé, pés ligeiramente afastados, membros superiores estendidos e
relaxados, mãos em pronação segurando a fita suspensa.
Execução: Olhando para frente em direção da fita suspensa, inspirar e realizar uma
flexão das coxas até o ponto em que os fêmures chegarem à posição horizontal e realizar
a extensão dos membros inferiores para voltar a posição inicial. Expirar no final do
movimento.
Cuidados na execução: Em praticantes sem experiência, reduzir a amplitude de
movimento e evitar o valgo de joelho.
38
4.3.2 Exercício para flexão de quadril avançado
Início Fim
Figura 17. Exercício para flexão de quadril avançado
Objetivo: Aprimorar a força dos glúteos, quadríceps femoral e em menor grau dos
posteriores da coxa (semitendíneo, semimembranáceo e bíceps femoral)
Posição inicial: Em pé, com um dos pés colocado sobre uma alça da fita suspensa e o
outro posicionado ligeiramente a frente e com contato com o solo.
Execução: Inspirar, inclinar o tronco para frente ao mesmo tempo em que se estende o
membro inferior colocado na alça da fita para trás e retornar à posição inicial, expirar no
final do movimento.
Cuidados na execução: Este exercício exige muito da capacidade de equilíbrio e
controle do movimento. O praticante deve permanecer próximo ao eixo vertical da fita
nas sessões iniciais.
39
4.3.3 Exercício para Flexores de joelho
Início Fim
Figura 28. Exercício para Flexores de joelho
Objetivo: Aprimorar a força do semitendíneo, semimembranáceo, e bíceps femoral
(cabeça longa e curta), além dos glúteos e gastrocnêmicos.
Posição inicial: Deitado sobre um colchonete na posição de decúbito dorsal, com
membros inferiores estendidos, pés posicionados nas alças da fita suspensa em posição
neutra, mãos colocadas ao solo lateralmente para dar estabilidade ao corpo durante o
movimento.
Execução: Inspirar, elevar a pelve para alinhar o corpo e realizar uma flexão do quadril
e pernas e retornar a posição inicial, expirar no final do movimento.
Cuidados na execução: Priorizar o posicionamento do tendão do calcâneo na fita
suspensa. Ao posicionar a fita sobre o arco aumenta-se consideravelmente o grau de
dificuldade. Manter estabilidade do corpo e evitar flexão da cabeça.
40
4.3.4 Exercício para abdutores e adutores de quadril Início Fim
Figura 29. Exercício para abdutores e adutores de quadril Objetivo: Aprimorar a força dos músculos glúteos médio, mínimo, tensor da fáscia lata
e o grupo dos músculos adutores da coxa, pectíneo, adutor mínimo, adutor magno,
adutor longo, adutor curto e grácil.
Posição inicial: Deitado sobre um colchonete em decúbito dorsal, membros inferiores
colocados nas alças da fita suspensa em posição neutra e com uma regulagem de altura
em relação ao solo adequada.
Execução: Inspirar, elevar a pelve e realizar a abdução dos membros inferiores
retornando com uma adução a posição inicial, expirar no final do movimento.
Cuidados na execução: Neste contexto o movimento também pode ser executado com
a pelve sobre o solo, diminuindo assim o grau de dificuldade e ser realizado por pessoas
idosas.
41
4.3.5 Exercício para plantiflexores
Início Fim
Figura 30. Exercício para plantiflexores
Objetivos: Aprimorar a força dos músculos gastrocnêmicos, sóleo, flexor longo do hálux,
tibial posterior.
Posição inicial: Em pé, com a parte anterior do corpo inclinada para frente, dorso
posicionado para o ponto de ancoragem do equipamento, mãos segurando as manoplas
e membros superiores elevados verticalmente ou flexionados junto ao corpo.
Execução: Inspirar e com os pés em flexão realizar uma extensão completa dos pés, e
posteriormente retornar à posição inicial, expirar no final do movimento.
Cuidados na execução: O praticante pode optar também por realizar o movimento com
apenas um dos membros sobre solo ou adicionando movimentos de pliometria com o
objetivo de potencializar ainda mais a intensidade do exercício.
42
4.3.6 Exercício para dorsiflexores
Início Fim
Figura 31. Exercício para dorsiflexores
Objetivo: Melhorar a força do músculo tibial anterior bem como o conjunto dos
dorsiflexores.
Posição inicial: Em pé, membros superiores segurando as manoplas da fita suspensa,
tronco inclinado para trás e pés em extensão em contato com o solo.
Execução: Realizar a dorsiflexão dos pés e retornar à posição inicial.
Cuidados na Execução: Manter uma boa base de suporte dos pés no solo é
fundamental para realizar o movimento com equilíbrio e segurança.
43
4.4 Exercício para estabilizadores do tronco
4.4.1 Exercício para abdominais e paravertebrais
Início Fim
Figura 32. Exercício para abdominais e paravertebrais
Objetivo: Aprimorar a força muscular dos músculos abdominais e paravertebrais.
Posição inicial: Posicionado sobre o solo em decúbito ventral, com os pés colocados
sobre as alças da fita suspensa e cotovelos flexionados junto ao solo.
Execução: Suspender o corpo deixando a coluna sobre posição plana e realizar
contração isométrica de toda musculatura abdominal.
Cuidados na execução: Observar para que durante o exercício não ocorra a
hiperextensão da coluna lombar.
44
4.4.2 Exercício para abdominais e paravertebrais avançado
Início Fim
Figura 33. Exercício para abdominais e paravertebrais avançado
Objetivos: Trabalhar com mais intensidade e equilíbrio corporal os músculos
estabilizadores do tronco, com ênfase para os membros inferiores sendo estes os glúteos
máximo, médio e mínimos.
Posição inicial: Membros superiores posicionados nas alças da fita suspensa e
membros inferiores servindo de base de apoio no solo.
Execução: Elevar um dos membros inferiores e realizar contração isométrica.
Cuidados na execução: Evitar aumento da cifose torácica bem como a elevação
excessiva do membro inferior.
45
4.4.3 Exercício para abdominais
Início Fim
Figura 34. Exercício para abdominais
Objetivos: Aprimorar a força do músculo reto abdominal
Posição inicial: Deitado sobre o solo na posição de decúbito dorsal, mãos segurando a
manopla para ajudar na estabilização do corpo.
Execução: Inspirar e realizar a elevação do tronco e retornar a posição inicial, expirar
no final do movimento.
Cuidados na execução: Como na maioria dos exercícios abdominais, não se deve
realizar o exercício com o aumento de cifose torácica e flexão excessiva da coluna
cervical.
46
4.4.4 Exercício para abdominais avançado
Início Fim
Figura 35. Exercício para abdominais avançado
Objetivos: Aprimorar a força do músculo reto abdominal e ainda os músculos reto
femoral, iliopsoas e tensor da fáscia lata.
Posição inicial: Corpo posicionado em decúbito ventral com os pés sobre as alças da
fita suspensa, braços flexionados junto ao solo.
Execução: Inspirar e realizar a flexão de apenas um dos membros inferiores em relação
ao tronco, este trabalho também pode ser desenvolvido de maneira alternada, expirar no
final do movimento.
Cuidados na execução: Observar para que durante a fase final do movimento não
ocorra a hiperextensão da coluna.
47
5. Considerações finais sobre o uso do método
O exercício físico proporciona diversas alterações fisiológicas não apenas a níveis
de performance, mas também sobre os principais aspectos fisiológicos fundamentais
para a prevenção, tratamento de doenças e promoção da saúde. Nos dias atuais, a
prática de exercício físico tem apresentado benefícios que podem ser comparados a
intervenções farmacológica.
Neste sentido, o método de treinamento com fita suspensa se torna mais um
recurso para prescrição do exercício físico, por ser simples, objetivo, versátil e com baixo
custo. Toda via, para que o profissional tenha êxito em seu programa de treinamento é
necessário conhecimento suficiente para conduzir de maneira correta sua prescrição aos
diferentes públicos.
Vale ressaltar, que este método de intervenção pode ser adaptado no programa
de exercícios para diferentes populações como jovens, adultos e idosos. Por outro lado,
este material se limita somente a descrição em relação ao uso da fita suspensa para
alguns exercícios e que outras variáveis importantes na prescrição como volume,
intensidade, series e repetições devem ser levadas em consideração pelo profissional.
Por fim, espera-se que a elaboração deste guia resulte em uma produção técnica
importante para os professores de educação física, fisioterapeutas e demais profissionais
que possam utilizar o método de exercício físico com fita suspensa como meio de
intervenção para a prescrição de exercícios físicos e promoção da saúde.
48
Referências
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Ed. Manole.
51
ARTIGO CIENTÍFICO
Efeito agudo de exercícios de estabilização central e sensório-motor no controle
postural durante a posição sentada e em pé em adultos jovens: Um estudo piloto
Introdução: Exercícios de estabilização central e sensório-motor têm apresentado
efeitos significativos no controle postural em diferentes populações. Toda via, o efeito
agudo destas intervenções ainda é pouco estudado. Objetivo: Determinar o efeito agudo
de exercícios de estabilização central e sensório-motor no controle postural durante a
posição sentada e em pé em adultos jovens. Método: Um total de 20 participantes, com
idade média de 23 anos, foram divididos de maneira aleatória em três grupos: 1) grupo
de estabilização do tronco (n=7), 2) grupo sensório-motor (n=7) e 3) grupo controle (n=6).
Cada grupo realizou uma sequência de cinco exercícios específicos de estabilidade
central e sensório-motor (exceto controle). O controle postural foi avaliado por meio da
plataforma de força antes e depois da aplicação do exercício na condição sentada e na
condição unipodal. As variáveis de oscilação postural como a área e a velocidade no
sentido anteroposterior e médio lateral do centro de pressão foram utilizadas para
comparar o desempenho dos grupos. Resultados: Nenhuma diferença significativa foi
encontrada nas variáveis de oscilação postural (P >0.05) entre os três grupos estudados.
A magnitude do efeito das intervenções em geral foi de pequeno a moderado efeito (d=
0.02 / -0.52). Conclusão: Imediatamente após a intervenção os exercícios de
estabilização central e sensório-motor não apresentam nenhum resultado significativo
(redução da oscilação postural) no controle postural sentado e em pé de adultos jovens.
Estudos adicionais ao longo do tempo são recomendados para identificar este efeito
nesta população.
Palavras chave: Equilíbrio postural, Propriocepção, Reabilitação.
52
1. Introdução
O reconhecimento dos limites de estabilidade envolve a coordenação e a
complexa interação de estratégias sensório-motoras com base na visão, no sistema
vestibular e somatossensorial(1). Estes sistemas promovem os ajustes posturais
necessários para correção do controle postural (CP) em diferentes atividades
desenvolvidas no dia a dia. O CP para orientação e estabilidade necessita integrar
informações sensoriais sobre a posição do corpo no espaço e manter a capacidade de
gerar forças para controlar a posição do corpo(2). Estudos sugerem que déficits
(fraqueza e/ou fadiga) dos músculos do tronco e a redução das informações sensoriais
prejudicam o CP e podem aumentar os riscos de lesões musculoesqueléticas(3,4).
Em ambientes clínicos e de desempenho, tanto exercícios de estabilização central
(estabilização do core) quanto exercícios que estimulem as informações sensoriais são
preconizados para prevenção de lesões e reabilitação de déficits relacionados ao
controle postural(5,6). Para o CP, alguns estudos divergem nos resultados relacionados
aos efeitos imediatos dos exercícios de estabilização central. Recentemente, um estudo
demonstrou reduções significativas nos parâmetros baseados no centro de pressão
(COP) por meio da plataforma de força na posição ortostática quieta (bipodal)(7). Por
outro lado, Lee e Brown (2018), avaliaram o efeito imediato de exercícios de
estabilização do tronco no controle postural sentado e não encontraram diferenças
significativas nos parâmetros do COP(8). Assim, examinar o efeito agudo de exercícios
de estabilização e compará-lo com outros exercícios (sensório-motor) em um mesmo
trabalho em diferentes condições (sentado x em pé) pode contribuir no entendimento
deste tema.
53
O controle postural é complexo e o entendimento de alguns mecanismos
relacionados ao controle motor podem ser levantados a partir de informações relevantes
tanto do aspecto do tronco isolado (sentado) quanto em pé (unipodal) e isso, ajudaria a
entender o efeito das intervenções nas estratégias de equilíbrio. Uma análise do controle
postural sentado sob uma superfície instável permite direcionar o controle do tronco,
minimizando as contribuições das extremidades inferiores(9). Por outro lado, a avaliação
na condição unipodal desafia o controle motor, além de ser uma tarefa amplamente
utilizada no dia a dia (como caminhar, subir lances de escada, vestir-se e etc.). Estas
informações podem auxiliar o profissional da área na tomada de decisão durante a
reabilitação bem como em uma ação preventiva.
Dessa maneira, objetivo do presente estudo é determinar o efeito agudo de
exercícios de estabilização central e sensório-motor no controle postural durante a
posição sentada e em pé em adultos jovens. A hipótese deste estudo é que as
intervenções agudas por meio do exercício apresentem melhores resultados (redução
da oscilação) no controle postural quando comparado ao controle.
2. Método
2.1 Participantes
Trata-se de um estudo experimental, com amostra recrutada por conveniência e
composta por participantes de ambos os sexos (N=20, mulher=15) divididos
aleatoriamente (sorteio simples) em 3 grupos: 1) Grupo estabilização; 2) Grupo sensório-
motor; 3) Controle. Foram usados como critérios de elegibilidade: a) não participar de
programas de exercício físico, b) não apresentar dor lombar, c) ausência de qualquer
54
lesão osteomuscular, articular e condições de saúde global que não limitassem a
execução do protocolo de estudo, d) ter idade entre 18 e 40 anos. Participantes com
índice de massa corpórea ≥30 (Kg/m2) ou não que conseguissem realizar as atividades
propostas foram excluídos do estudo. Todos os participantes incluídos foram informados
detalhadamente sobre os procedimentos e aceitaram participar de forma voluntária, na
sequência, um termo de consentimento livre e esclarecido foi assinado. O estudo foi
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Pitágoras Unopar (parecer
nº 2.702.885).
2.2 Instrumentos
As coletas de dados foram realizadas no Laboratório de Avaliação Funcional e
Performance Motora Humana (LAFUP), da Universidade Pitágoras Unopar. Para análise
do controle postural em pé foi utilizado uma plataforma de força (BIOMEC400, EMG
System do Brasil, SP Ltda.). O CP sentado foi avaliado por meio de um acento de
madeira sobre a plataforma de força, no qual encontra-se um pivô central (10 cm de
altura) de forma arredondada afim de desencadear a instabilidade, e 4 molas de aço (5
cm de altura) nas bordas laterais, com 15 centímetros de distância em relação ao pivô.
Esta estrutura possui as mesmas dimensões da plataforma de força (500x500x50 mm)
e foi acoplada sob o instrumento. A cadeira instável tem apoio e ajustes de altura para
os pés, além de uma estrutura (bordas laterais) para segurança do participante durante
o teste (figura 1). Um estudo piloto com este instrumento indicou coeficientes de
confiabilidade (teste reteste) dentro de valores aceitáveis (coeficiente de correlação
intraclasse entre 0.83 - 0.97) e as variáveis utilizadas do instrumento foram: Área elipse
55
de oscilação do centro de pressão (A-COP) e as velocidades do COP nas direções
anteroposterior (VEL A/P) e médio lateral (VEL M/L).
2.3 Procedimentos
As avaliações do presente estudo ocorreram em um ambiente tranquilo, com
temperatura controlada (± 22o C) e foram realizadas em dois momentos (pré e pós-
intervenção). Antes do protocolo de exercícios as características antropométricas e a
avaliação do controle postural foram executadas da seguinte forma: Controle postural
sentado e na condição unipodal. Para o CP sentado o participante foi posicionado
sentado com aproximadamente 90o de flexão de quadril e tornozelo, coluna ereta e
braços cruzados sobre o peito(9) (figura 1). Duas coletas com os olhos abertos de 40
segundos (s) com descanso de outros 30s foram realizadas. Para a avaliação em pé, o
participante deveria permanecer na condição unipodal (membro de preferência),
A)
B)
Figura 1. Avaliação do controle postural. A) Condição Unipodal; B) Condição sentada.
56
descalço, com o tronco ereto e os braços relaxados ao longo do corpo e com o olhar
direcionado para uma marcação na altura dos olhos (distância frontal de 2 m)(10). Foram
realizadas duas coletas de 30s com descanso de outros 30s. Em ambos os testes foram
realizados a familiarização do participante com o protocolo experimental e a média dos
resultados foi utilizada para análise. As avaliações foram conduzidas por um
fisioterapeuta e dois alunos do curso de fisioterapia, cegos ao estudo, que desconheciam
a qual grupo os participantes pertenciam.
2.4 Protocolo de Intervenção
Após a avaliação inicial os participantes foram conduzidos para a intervenção
conforme o grupo sorteado. Todos os grupos realizaram aquecimento com caminhada
(3 a 5 minutos), em seguida, o grupo de estabilização do tronco realizou cinco exercícios
específicos para este segmento (Curl up, ponte, prancha lateral, prancha ventral e
exercício de anti-rotação do tronco (thera-band azul, percentual de alongamento
aproximadamente de 50-60%) e o grupo sensório-motor realizou outros cinco exercícios
(exercício sensorial para coluna em decúbito dorsal com auxílio de um rolo (EVA, 92 x
14 cm), exercício de equilíbrio sobre plano instável com apoio bipodal e unipodal, marcha
estacionária sob uma espuma (5 cm espessura) e estímulo sensorial na face plantar com
bola (diâmetro 6,60 cm), ver figura 2. Por fim, o grupo controle permaneceu o período
equivalente à intervenção na posição sentado. Foram realizadas três séries em cada
exercício de 10 repetições ou sustentações de postura (isometria) por 10s. O intervalo
de recuperação estabelecido entre as séries e os exercícios foi de 20 a 60s. O tempo
médio do protocolo de intervenção e a manutenção da posição sentada do grupo controle
57
permaneceram entre 22 a 25 minutos. A intervenção foi conduzida por um profissional
de educação física com experiência na aplicação dos exercícios propostos.
2.5 Análise estatística
Os dados foram analisados por meio da estatística descritiva com medidas de
tendência central, média e desvio padrão. A distribuição paramétrica dos dados foi
verificada pelo teste de Shapiro Wilk. Para identificar a diferença entre as características
antropométricas uma análise de variância de um fator foi utilizada (One-way ANOVA).
No segundo momento, realizou-se uma análise de variância (Two-way ANOVA) com
medidas repetidas para comparação entre os grupos (estabilização x sensório-motor x
controle) e os momentos (pré e pós intervenção). Para apresentar a magnitude do efeito
das intervenções entre os grupos foi utilizado o método effect size, no qual preconiza os
valores de d a partir do cálculo da equação: d= (Mpós – Mpré / DP)(11); onde Mpós é a
média pós-intervenção e a Mpré é a média pré intervenção e o DP (desvio padrão) é a
média dos desvios‐padrão de ambos os grupos(12). A magnitude do efeito pode ser
caracterizada como pequeno, médio e grande efeito, ou seja, d=0.2 pequeno, d=0.5
médio e d=0.8 grande, respectivamente. Para todas as análises estatísticas foi aceito
uma significância de P < 0,05.
3. Resultados
As características antropométricas dos participantes estão apresentadas na
tabela 1. Os grupos eram homogêneos, sem nenhuma diferença significativa (P > 0,05)
entre eles.
58
O efeito da intervenção foi avaliado imediatamente após a realização do exercício
para os grupos estabilização e sensório-motor, além do grupo controle. Em geral,
nenhuma diferença significativa no controle postural foi identificada após a intervenção
(P >0,05), na qual os valores encontrados foram próximos aos valores basais.
Especificamente para o controle postural sentado, as análises da magnitude de
efeito apontaram melhor resultado para o parâmetro A-COP (d = -0.44) no grupo
sensório-motor quando comparado com os demais grupos (tabela 2). Por outro lado, na
condição unipodal, o melhor resultado (magnitude de efeito) foi demonstrado no
parâmetro VEL M/L (d = -0.52) para o grupo de estabilização (tabela 3). Vale ressaltar
que nenhuma interação significativa (P >0,05) foi encontrada entre os grupos e a
intervenção para cada condição avaliada (sentada e unipodal).
4. Discussão
O presente estudo procurou investigar o impacto dos exercícios de estabilização
do tronco e sensório-motor e nas respostas do controle postural durante a posição
sentada e em pé. Os resultados encontrados não apresentaram efeito significativo
(redução da oscilação postural) em ambas as condições avaliadas. Toda via, três pontos
importantes devem ser levados em consideração a partir destes achados. Primeiro, a
comparação de diferentes estímulos (neuromusculares x sensoriais x controle), uma vez
que a maior parte da literatura tem se concentrado somente na investigação de um
estímulo. Segundo, a utilização de medidas estabilográficas para análise do
desempenho do controle postural, principalmente, em situações que desafiam o controle
motor, como uma cadeira instável e a condição unipodal. E por fim, a determinação dos
59
efeitos de maneira aguda, haja vista que poucos estudos tem explorado este
procedimento e seus resultados são importantes para prática clínica bem como para
preparação para esportiva.
A literatura tem apontado que a estrutura de um programa voltado para a melhora
do controle postural deveria seguir alguns passos: ser realizado pelo menos dez minutos
por dia, três dias por semana por um período de quatro semanas(13). Entretanto, pouco
se sabe sobre os efeitos agudos e, ultimamente, alguns estudos têm tentado demonstrar
isso para comunidade clínica e científica. Szafraniec et al., avaliaram o efeito agudo do
exercício de estabilização (15 exercícios) no controle postural em diferentes tempos
(imediato, 30 minutos e 24 horas) em 16 mulheres (idade 22-25 anos)(7). A avaliação
dos participantes consistiu em permanecer na condição bipodal, com os olhos fechados
e em uma superfície instável (espuma) posicionada sob uma plataforma de força durante
20 segundos. Os resultados apresentaram reduções significativas (P <0.03) nos
parâmetros de oscilação postural (Frequência e VEL M/L) somente nas avaliações após
30 minutos e 24 horas, não sendo encontrada diferença significativa no momento
imediato, o que corrobora em parte com nossos achados. Vale lembrar que mesmo com
esta semelhança nos resultados imediatos, os protocolos experimentais e os
participantes são, em sua maioria, diferentes entre os estudos. Uma possível explicação
para a ausência do resultado pós intervenção pode ser pelo fato que em indivíduos
jovens saudáveis sem histórico de lesão, o sistema de controle postural está adaptado e
a integração das respostas (neuromusculares e sensoriais) poderia levar ao maior tempo
para induzir algum efeito.
Com base nas informações citadas acima, Lee & Brown, não encontraram
60
diferenças significativas após um treinamento de estabilização (dois exercícios), com 14
participantes (12 homens, com média de idade de 22 anos), nos parâmetros do controle
postural oriundos da plataforma de força (área, velocidade e root mean square (RMS) do
COP) durante a condição sentada(8). Os autores relataram que a baixa intensidade das
contrações isométricas provavelmente não foi adequada para estimular os mecanismos
proprioceptores que atuam na estabilidade do tronco. Talvez, uma investigação profunda
na intensidade e volume dos exercícios poderia contribuir no entendimento do efeito do
exercício no controle postural.
Até o momento, nenhum estudo comparou o efeito agudo de duas intervenções
de exercício (estabilização e sensório-motor) no controle postural sentado e na condição
unipodal em adultos jovens, o que dificulta a comparação direta entre os efeitos. Por
outro lado, vale destacar alguns pontos importantes, mesmo não havendo resultados
significativos, a intervenção do exercício de estabilização induziu uma redução da
oscilação postural na variável VEL M/L (pré 2.49 – pós 2.46, d=-0.52) na condição
unipodal e a intervenção de exercício sensório-motor na A-COP (pré .18 – pós .14, d=-
0.44) para condição sentada. Kaji et al. demonstraram que, imediatamente após o treino
de estabilidade, principalmente, a velocidade M/L do COP foi reduzida durante a
condição bipodal com olhos fechados(14). Uma explicação para este achado pode ser
pelo fato de que alguns músculos envolvidos com a estabilização (glúteos e músculos
do assoalho pélvico) estarem envolvidos com a oscilação no plano M/L(15,16) e a melhor
ativação destes músculos poderia compensar na redução da oscilação postural por
melhora na estratégia de equilíbrio do quadril(14). É possível também encontrar outros
estudos com diferentes populações mostrando que o treinamento sensório-motor pode
61
aprimorar o controle postural, toda via, a maior parte dos estudos, apresenta este efeito
após mais de uma intervenção(13,17). Os desfechos mostram que estímulos sensoriais
podem proporcionar melhores respostas reflexas que facilitam as ações motoras e,
consequente, melhoram o controle postural(18).
O programa de exercícios utilizados nesse estudo foi elaborado de maneira
semelhante ao que se encontra em uma clínica ou centro de desempenho (academia,
clube), onde o tempo total de um determinado exercício específico é realizado ao longo
de 15 – 20 minutos. Os exercícios selecionados são aqueles que frequentemente
aparecem na literatura como meio de intervenção para melhora da estabilidade do centro
e também da performance sensório-motora(19,20). Vale lembrar que a sequência dos
exercícios propostos não foi estudada e, portanto, não se sabe até que ponto isto pode
influenciar no desfecho final relacionado ao controle postural. Contudo, os achados do
presente estudo sugerem que o efeito agudo do protocolo de exercício para o controle
postural vai de pequeno a médio efeito (d = -.44 /-.52) e que intervenções a longo prazo
são recomendas para determinar melhor este efeito.
Algumas limitações deste estudo podem ser apresentadas em relação aos
participantes (maior número de mulheres em relação aos homens). Estudos têm se
concentrado somente em uma população e, mesmo que a participação dos homens
tenha sido reduzida, os autores acreditam que esta informação é importante para a
prática clínica. Outro ponto que pode ser destacado é em relação a avaliação pós-
intervenção, ou seja, não acompanhar o efeito da intervenção ao longo do tempo (ex.
após 10 min, 30 min, 24 horas e etc). Por fim, estimativas da ativação muscular por meio
da eletromiografia poderia contribuir na explicação dos resultados apresentando se os
62
exercícios promoveriam maior recrutamento muscular e/ou fadiga após a realização do
protocolo.
5. Conclusão
Uma intervenção aguda de exercícios de estabilização central e sensório-motor
não apresentam efeitos significativos no controle postural sentado e em pé de adultos
jovens. Estudos adicionais ao longo do tempo são recomendados para identificar este
efeito nesta população. Estes achados fornecem informações quanto ao direcionamento
para novos estudos em relação à importância do treinamento físico e/ou reabilitação.
6. Referências
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meio de exercícios associados as estratégias de controle neuromuscular. Curitiba: CRV; 2017.
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64
Tabela 1. Características dos participantes (n=20).
Estabilização (M=2/F=5)
Sensório motor (M=2/F=5)
Controle (M=1/F=5)
P
Idade (anos) 23 ± 5 21 ± 1 26 ± 5 0.090 Peso (kg) 63 ± 10 67 ± 9 67 ± 6 0.713 Altura (m) 1.65 ± .08 1.69 ± .05 1.64 ± .06 0.409 IMC (kg/m2) 23 ± 4 23 ± 3 25 ± 2 0.535
Dados apresentados em média e desvio padrão. Masculino= M; Feminino= F. Índice de massa corporal= IMC.
65
Tabela 2. Comparação do controle postural na condição sentada
Estabilização (n=7)
Sensório motor (n=7)
Controle (n=6)
F (P value)
A-COP (cm2)
Pré .14 ± .07 .18 ± .09 .20 ± .25 0.478 (0.628) Pós .14 ± .09 .14 ± .08 .23 ± .22
d 0 -0.44 0.12
VEL A/P (cm/s)
Pré .83 ± .16 .73 ± .08 .75 ± .07 1.73 (0.206) Pós .86 ± .19 .71 ± .13 .75 ± .04
d 0.17 -0.18 0
VEL M/L (cm/s)
Pré 1.14 ± .26 1.03 ± .18 .95 ± .17 1.28 (0.303) Pós 1.17 ± .27 1.07 ± .19 1.01 ± .10
d 0.11 0.22 0.42 Dados apresentados em média e desvio padrão. Área do centro de pressão: A-COP; Velocidade ântero-posterior: VEL A/P; Velocidade médio-lateral: VEL M/L. estimativa do tamanho do efeito: d (cohen).
66
Tabela 3. Comparação do controle postural na condição unipodal
Estabilização
(n=7)
Sensório-motor (n=7)
Controle (n=6)
F (P value)
A-COP (cm2)
Pré 7 ± 3 7 ± 2 10 ± 3 2.86 (0.085) Pós 8 ± 2 9 ± 3 11 ± 3
d 0.40 0.40 0.33
VEL A/P (cm/s)
Pré 2.32 ± .51 2.63 ± .87 2.42 ± .54 0.519 (0.604) Pós 2.33 ± .26 2.59 ± .88 2.43 ± .44
d 0.02 -0.04 0.02
VEL M/L (cm/s)
Pré 2.69 ± .51 2.70 ± .76 2.92 ± .58 0.104 (0.902) Pós 2.46 ± .36 2.63 ± .77 2.90 ± .50
d -0.52 -0.09 -0.03
Dados apresentados em média e desvio padrão. Área do centro de pressão: A-COP; Velocidade ântero-posterior: VEL A/P; Velocidade médio-lateral: VEL M/L. estimativa do tamanho do efeito: d (cohen).
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Figura 2. Ilustração dos exercícios propostos. A) exercícios de estabilização; B) exercícios sensório-motor.
A)
B)
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ANEXOS
Certificado de participação em congresso
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70