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Projecto FEUP 2009/2010

Supervisor: Eng.ª Ana Vaz Sá

Monitor: Mário Sousa Maia

A Reabilitação de Edifícios

Qual a importância da formação na actividade da

reabilitação de edifícios?

Realizado pelos discentes:

Alberto Simão

Ana Martins

António Costa

Filipa Barbosa

Gil Corujeira

Equipa 206

Porto, 22 de Outubro de 2009

A Reabilitação de Edifícios

Equipa 206 2

1. Resumo

Uma das primeiras pessoas a interessar-se pela preservação e reabilitação do

património histórico foi Eugène Viollet-le-Duc, um arquitecto francês, no século XIX.

Em Portugal foi Fernando Távora nos anos 70.

A reabilitação consiste nas operações realizadas em edifícios ou propriedades

que implicam obras de melhoramento. Este processo acarreta diversas vantagens.

Inicialmente, reabilitar surgiu como uma politica de protecção de património

cultural passando depois a dar a resposta a novos desafios de nível social, cultural,

económico e ambiental. A percentagem de reabilitação tem vindo a aumentar

progressivamente ao longo dos anos.

Focando o tema na cidade do Porto é de referir o seu centro histórico, a área

mais antiga da cidade. Antigamente, as concepções urbanísticas propunham a

demolição pura e simples das áreas mais degradas tendo sido destruídas varias obras

históricas do Porto. A partir 1970 e mais tarde com a revolução de Abril de 1974 surgiu

uma nova abordagem do centro histórico, que passou a ser encarado, não apenas no

que aos monumentos diz respeito, mas também, tendo em conta o valor patrimonial

global que inclui valores históricos, arquitectónicos e estéticos, assim como uma

realidade social e cultural.

Numa reabilitação existem diversos tipos de intervenientes com diferentes

graus de formação. Deste modo, não se devem formar todos os intervenientes da

mesma forma.

Tivemos oportunidade de, neste projecto, ir visitar uma obra onde fomos

informados sobre as causas das fissuras, os vários tipos que existem e os métodos de

solução. A partir desta visita decidimos que a melhor forma de dar formação aos

trabalhadores que decidimos visar seria através dum poster.

A Reabilitação de Edifícios

Equipa 206 3

2. Os nossos sinceros agradecimentos:

À supervisora Eng.ª Ana Vaz Sá, pela forma directa e simples com que nos

ajudou a clarificar as linhas mestras do projecto proposto.

Ao monitor Mário Sousa Maia, por toda a atenção, apoio e simpatia com que

sempre se apresentou, privilegiando-nos com a sua disponibilidade dentro e

fora da faculdade.

À empresa STB (Reabilitação do Património Edificado, Lda), mais precisamente

ao Eng.º Miguel David, por ter prescindido do seu valioso tempo para partilhar

o seu saber e, desta forma, contribuir para o enriquecimento não só deste

relatório como também para o nosso saber como futuros engenheiros civis.

Aos nossos colegas pela simpatia e espírito de inter-ajuda que demonstraram

no decorrer deste trabalho.

A Reabilitação de Edifícios

Equipa 206 4

3. Índice

1. Resumo ................................................................................................................................ 3

2. Agradecimentos ................................................................................................................... 4

3. Índice ................................................................................................................................... 5

4. Introdução ........................................................................................................................... 6

5. A reabilitação de edifícios ................................................................................................... 7

5.1. O que é a reabilitação .................................................................................................. 7

5.2. Evolução da reabilitação .............................................................................................. 8

5.3. Intervenientes numa reabilitação e seu grau de formação ......................................... 11

6. Anomalias em edifícios ........................................................................................................ 12

6.1. Anomalias em elementos estruturais .......................................................................... 12

6.2. Anomalias nas superestruturas – Estruturas em betão armado ................................. 12

6.2.1. Conceito .............................................................................................................. 12

6.2.2. Fendilhação por retracção e efeitos térmicos .................................................... 13

6.2.3. Fendilhação por esforços de flexão, transversos ou torsores ............................ 13

6.2.4. Fendilhação por corrosão de armaduras ou por reacções químicas no betão ... 14

7. Estudo no terreno – Visita ao empreendimento “Quinta Seca” ......................................... 15

7.1. Anomalias observadas ................................................................................................. 15

7.1.1. Humidade ............................................................................................................ 15

7.1.2. Fissuras ................................................................................................................ 16

7.2. Formação de fissuras ................................................................................................... 16

7.3. Reabilitação de paredes fissuradas pela humidade .................................................... 17

7.3.1. Estratégias de tratamento de anomalias ............................................................ 17

7.3.2. Caracterização da anomalia ................................................................................ 18

7.3.3. Tratamento de fissuras ....................................................................................... 18

8. Formato de formação .......................................................................................................... 19

9. Conclusão ............................................................................................................................. 20

10. Referências Bibliográficas .................................................................................................... 21

11. Anexos ................................................................................................................................. 23

A Reabilitação de Edifícios

Equipa 206 5

4. Introdução

No âmbito da disciplina Projecto FEUP foi-nos dada a oportunidade de

desenvolver um trabalho sobre o tema “A reabilitação de edifícios – A importância da

formação na actividade da reabilitação de edifícios”.

Em primeiro lugar tivemos de estudar o que tem sido a evolução da reabilitação

tanto no geral como na cidade onde nos encontramos, Porto, e em seguida tivemos

que nos informar sobre o que era afinal a reabilitação.

Dentro deste tema foi-nos proporcionada uma visita a uma obra em fase de

reabilitação onde nos foi indicada a patologia sobre a qual o nosso trabalho iria incidir

– fissuras em betão armado. Com esta informação fomos capazes de desenvolver uma

pesquisa sobre os vários tipos de fissuras e de focar o nosso estudo nas fendas

abordadas na obra visitada.

Depois de todo este trabalho efectuado, foi a altura de escolhermos um entre

os vários tipos de intervenientes numa reabilitação e decidir qual a melhor e mais

eficiente maneira de os ensinar e de lhes explicar os métodos mais aconselhados para

tratar das fissuras.

A Reabilitação de Edifícios

Equipa 206 6

5. A reabilitação de edifícios

5.1. O que é a reabilitação

Com o objectivo de aumentar a durabilidade dos edifícios, o seu valor

económico e melhorar as condições habitacionais implementando medidas que

tornem os edifícios energeticamente mais eficientes, inicia-se um processo de

reabilitação.

A reabilitação consiste, assim, em todas as operações realizadas em edifícios ou

propriedades que implicam obras de melhoramento.

O processo de reabilitação comporta várias vantagens entre as quais o combate

à degradação e desertificação dos centros urbanos uma vez que, nos dias de hoje, a

maioria das construções são efectuadas na periferia das cidades. Outra das vantagens

da reabilitação é os custos económicos, já que se evitam gastos de demolição à

consequente construção de novos edifícios. Para além dos custos económicos são de

salientar os custos ambientais pois evita-se o desperdício de energia e emissões de CO2

com a produção e aplicação dos materiais. Quando se efectua a demolição de um

imóvel restam sempre resíduos que são inutilizáveis e não recicláveis que formam “lixo

urbano”. Por outro lado, há o aspecto cultural da reabilitação que consiste em

preservar edifícios históricos e culturalmente importantes para a imagem das cidades

e para o património nacional. Por último, reabilitar gera emprego e dinamiza a

economia proporcionando o desenvolvimento de novos conhecimentos e capacidades

nas áreas da construção sustentável e eficiência energética.

A Reabilitação de Edifícios

Equipa 206 7

5.2. Evolução da Reabilitação

Desde os anos 70 até aos dias de hoje, o conceito de reabilitação urbana

desenvolveu-se intensamente no que diz respeito aos seus objectivos, área de

actuação, modo e abordagens de intervenção. A reabilitação surge primeiramente

como uma política de protecção do património cultural, mas depressa transpõe essa

área para dar resposta aos novos desafios que se impõem a nível social, cultural,

económico e ambiental.

Na Europa são efectuados muitos mais investimentos a nível de reabilitação do

que na própria construção de edifícios. Exemplos disso são a França, a Itália, a Grã-

Bretanha e a Dinamarca países nos quais a percentagem de reabilitação é superior aos

40% das obras efectuadas. Em Portugal, no mesmo intervalo de tempo, observava-se

que a reabilitação de edifícios era praticamente nula. Actualmente, esta percentagem

tem vindo a aumentar significativamente devido a factores como o envelhecimento e

degradação das zonas habitacionais, as várias experiências efectuadas com os edifícios

há alguns anos atrás, a proibição de construção em qualquer lado por parte dos Planos

Directores Municipais, a existência de problemas de funcionamento e de anomalias

precoces em edifícios novos, e a crescente necessidade de levar pessoas para as zonas

mais antigas das cidades de modo a não ficarem ao abandono como a Baixa do Porto

(ver fig. 1) e a Baixa Pombalina de Lisboa.

Individualizando o tema da evolução da reabilitação de edifícios na “Cidade

Invicta”, é de bom grado falar

primeiro do centro histórico do

Porto.

O Centro Histórico do Porto é a

área mais antiga da cidade, e foi

classificado como Património

Cultural da Humanidade a partir de

1996. A UNESCO justificou a

classificação da seguinte forma:

”Tanto como cidade como Fig. 1 – Pormenor da zona ribeirinha do Porto

A Reabilitação de Edifícios

Equipa 206 8

realização humana, o Centro Histórico do Porto constitui uma obra-prima do génio

criativo do homem. Interesses militares, comerciais, agrícolas e demográficos

convergiram neste local para abrigar uma população capaz de edificar a cidade. O

resultado é uma obra de arte altamente estética e única no seu género. Trata-se de um

trabalho colectivo, que não resulta de uma obra de um só período, mas de

contribuições sucessivas.” (ver fig. 2)

O Centro Histórico da cidade corresponde, portanto, ao tecido urbano marcado pelas

origens medievais e inclui territórios situados nas freguesias da Sé, de São Nicolau, da

Vitória e de Miragaia. Assim, dada a elevada importância do centro histórico, a sua

reabilitação é fulcral, mas, nem sempre foi efectuada. Antigamente, as concepções

urbanísticas propunham a demolição pura e simples das áreas mais degradadas sem

qualquer tipo de preocupações com aspectos de importância cultural ou histórica. Isto

aconteceu, por exemplo, quando o velho casario de fronte da Sé foi destruído, em

1939-1940, a fim de alargar o Terreiro da Sé. O mesmo se passou com a destruição do

antigo Largo do Corpo da Guarda, bem como alguns trechos do Barredo e de Miragaia.

Em 1969, Fernando Távora publica as conclusões de um grupo de trabalho – por ele

liderado – onde, segundo os princípios da Carta de Veneza, propunha medidas que

visavam a renovação urbana do Barredo. Começava assim, a falar-se de reabilitação e

renovação em detrimento da destruição.

Assim, 5 anos mais tarde, com a revolução

de 25 de Abril de 1974, nasceu uma nova

abordagem do centro histórico, que passou a

ser encarado, não apenas no que aos

monumentos diz respeito, mas também,

tendo em conta o valor patrimonial global

que inclui valores históricos, arquitectónicos

e estéticos, assim como uma realidade social

e cultural. Foi também, devido à revolução

dos cravos que nasceu o CRUARB -

Comissariado para a Renovação Urbana da

Área de Ribeira/Barredo - que iniciou Fig. 2 – Pormenor da zona ribeirinha, com os

Clérigos ao fundo

A Reabilitação de Edifícios

Equipa 206 9

trabalhos de reabilitação quase imediatamente. Esta operação de Renovação Urbana

da Ribeira-Barredo pôs em execução as propostas do Relatório de 1969 de Fernando

Távora. O CRUARB, que em 1982, passou a Direcção do Projecto Municipal de

Renovação Urbana do Centro Histórico do Porto, exerceu práticas de reabilitação até à

data da sua extinção em 2003, de entre as quais se distinguem, por exemplo, os

trabalhos para o Bairro da Sé, então em acentuada fase de degradação física e social

(1993), os trabalhos em Miragaia (1998) e, mais recentemente, na Vitória. Todos estes

trabalhos tinham os seguintes objectivos: “conservação do património e dos bens

culturais; renovação do ambiente urbano da área; reinserção da população residente;

consolidação e desenvolvimento do turismo; expansão e renovação da actividade

comercial; implementação de uma rede de partenariado.”

Apesar da evolução e de todas as alterações que, sucessivamente se deram no

Centro Histórico do Porto, hoje é possível observar um conjunto urbano que se apoia

no velho casco medieval proporcionando uma imagem de coerência e de

homogeneidade. O centro histórico sugere imutabilidade e intemporalidade,

constituindo assim um exemplar único de uma paisagem urbana dotada de identidade,

forte carácter e qualidade estética.

Seguem em anexo os seguintes gráficos:

- Comparação das evoluções entre as construções e as reabilitações, de 2001 a 2008,

em Portugal e no Norte;

- Proporção de reabilitações físicas no total de obras concluídas em edifícios, por

município, entre 2001 e 2007.

A Reabilitação de Edifícios

Equipa 206 10

5.3. Intervenientes numa reabilitação e o seu grau de formação

No sector da reabilitação de edifícios intervém diferentes áreas, e por isso, o

grau de formação dos intervenientes é divergente.

Numa perspectiva generalizada, o sector da construção civil, apresenta, ainda,

baixos níveis de escolaridade, uma vez que tem funcionado como uma via de acesso

privilegiado à entrada no mercado de trabalho de jovens com insucesso e/ou

abandono escolar precoce, e por outro lado, é também rara a procura de formação

profissional por parte das empresas para os seus trabalhadores, justificada, sobretudo,

pelo elevado volume de trabalho.

Este sector, é por isso, um forte potencial de emprego, uma vez que constata-

se dificuldade em encontrar no mercado profissionais qualificados, quer ao nível da

execução, quer para as funções técnicas e chefias intermédias, quer, ainda para

empregos em emergência – controlo de qualidade, segurança, preparadores de obra -

e por isso pessoas formadas terão vantagens no acesso a esta indústria que se

encontra constantemente em desenvolvimento.

Desde o arquitecto ao utente, passando pelo Engenheiro Civil, e pelo

fornecedor, todos têm diferentes graus de formação, e consequentemente, diferentes

formas de lidar com as patologias apresentadas nos edifícios. Numa classificação usual,

considera-se o arquitecto, o engenheiro civil, e os fiscais de obra como sendo os mais

instruídos, seguidamente apresentam-se os trabalhadores e os fornecedores, que em

alguns casos podem não ter sequer formação, mas como se diz popularmente “mais

vale a experiência que a ciência”, e por último encontra-se o próprio utente que

muitas vezes não percebe absolutamente nada do problema com que se depara.

Para alterar o actual panorama de sector fortemente gerador de emprego não

qualificado e precário, a formação profissional assume um papel crucial, capaz de

elevar o seu nível de qualificação e dotá-lo das aptidões imprescindíveis às tendências

de evolução desta indústria.

A Reabilitação de Edifícios

Equipa 206 11

6. Anomalias em edifícios

6.1. Anomalias em elementos estruturais

As anomalias a nível estrutural podem ser causadas pelo envelhecimento dos

edifícios ou por erros de projecto ou de execução.

Os resultados do envelhecimento vão-se dando lentamente e são

acompanhados pela diminuição da resistência dos materiais ao longo dos anos e

podem originar roturas parciais ou globais. Na maioria destes casos são efectuadas

apenas acções de reparação. Muitas das vezes os problemas não se devem

simplesmente ao envelhecimento tendo também origem nas intervenções realizadas

no próprio edifício (estrutura) ou na vizinhança.

Quando há problemas de origem são efectuadas intervenções ou de alteração

ou de reforço. Normalmente demoram pouco tempo a aparecer e são resolvidos o

mais rapidamente possível.

O reforço das estruturas dos edifícios deve também ser feito quando se altera

significativamente o modo de utilização dos mesmos.

6.2.Anomalias nas superestruturas – Estruturas em betão armado

6.2.1. Conceito

As principais consequências das anomalias em estruturas de betão armado são

as fissuras ou fendilhações que podem ter várias orientações dependendo do tipo de

causa. As fissuras por si só não representam um problema na segurança do edifício já

que é natural que estas apareçam. Os fenómenos a que estão ligadas as fendilhações

são a retracção e efeitos térmicos, os esforços de flexão, transversos ou torsores e a

corrosão de armaduras ou reacções químicas no betão.

A Reabilitação de Edifícios

Equipa 206 12

6.2.2. Fendilhação por retracção e efeitos térmicos

As fendas de retracção, nos edifícios, costumam aparecer principalmente nas

lages dos pavimentos logo após a sua betonagem e afectam a durabilidade e a

estanquidade do betão, mas também nas guardas de varandas de grande extensão. Ao

fim de pouco tempo estas fendas estabilizam.

As fendas de origem térmica estão ligadas à tracção posta à livre dilatação ou

contracção do edifício devido à variação de temperatura. O período de aparição dura,

em geral, um ano, de modo a passar por um ciclo completo de variação térmica. As

zonas mais afectadas são as que estão mais expostas ao ambiente exterior e à radiação

solar. Ao contrário das fissuras de retracção estas estão sempre activas e geralmente é

possível, pela abertura das fendas, detectar-se a variação anual de temperatura.

6.2.3. Fendilhação por esforços de flexão, transversos ou torsores

As fendas originadas por esforços nas peças costumam ser fáceis de

descodificar já que dependendo da sua forma e orientação é facilmente possível ligá-

las aos esforços que as causaram.

As fissuras de flexão geralmente aparecem nos pavimentos e são relativamente

perpendiculares à direcção da flexão. Em vigas altas podem aparecer fendas duma

forma distribuída na face mais traccionada e passam para menos fendas de maior

abertura situadas a meio da altura. Esta arborização costuma estar associada a

deficiências na armadura da alma das vigas. Também podem existir em pilares mas é

menos frequente.

A fendilhação de esforço transverso aparece nas faces laterais e a meia altura

dos elementos, nas zonas dos apoios ou de aplicação de cargas concentradas. Estas

fendas são inclinadas em relação ao eixo das peças e são típicas de peças compactas

ao impor-lhes deformações. Nas peças de dimensões correntes a fendilhação é uma

mistura das características dos esforços de flexão e dos transversos.

As fissuras de torção são inclinadas relativamente ao eixo das peças, aparecem

em todas as faces e têm inclinações contrárias em faces paralelas.

A ocorrência de fendilhação associada aos esforços aplicados está dependente

do carregamento da estrutura.

A Reabilitação de Edifícios

Equipa 206 13

6.2.4. Fendilhação por corrosão de armaduras ou por reacções químicas no

betão

A transformação do ferro em óxido de ferro, ou seja, em ferrugem origina um

aumento de volume que faz com que apareçam fissuras no betão em torno dos varões.

Estas fendas aparecem ao longo dos varões e são acompanhadas por uma cor

acastanhada nos seus bordos. Costumam aparecer em primeiro lugar junto aos cantos

das peças onde há menos resistência à expansão das armaduras. Com a progressão da

corrosão são geradas zonas com o aço totalmente a descoberto e podem dar-se

roturas nos varões e desenvolver-se deformações visíveis nos elementos estruturais.

Se não forem tomadas medidas para contrariar a corrosão o processo torna-se

muito mais rápido através das fendas.

Existem também alguns componentes químicos que levam à fendilhação e a

qual origina a deterioração das propriedades mecânicas do betão ou a expulsão das

suas camadas exteriores.

A Reabilitação de Edifícios

Equipa 206 14

7. Estudo no terreno – Visita ao empreendimento “Quinta Seca”

7.1. Anomalias observadas

Durante a realização deste projecto, o grupo teve a oportunidade de visitar um

edifício em fase de reabilitação, com o objectivo de identificar e estudar determinada

patologia. A patologia observada foi a formação de dois tipos de fissuras numa

construção: as fissuras causadas pela humidade e as fissuras causadas pelo peso dos

materiais sobrepostos.

7.1.1. Humidade

A humidade é um dos factores que contribuem para a degradação dos edifícios,

afectando as construções quer na sua habilitação, quer também na sua estética.

Quando esta quantidade de vapor de água é excessiva, pode trazer problemas a nível

estrutural (oxidação dos materiais) e de revestimento (o revestimento das paredes

começa a “descascar”). Ambas as situações favorecem o aparecimento de fendas nas

construções.

A impermeabilidade dos materiais tem a ver com a porosidade dos mesmos,

sendo que quanto mais poroso for, menos impermeável este é. A influência da

humidade numa habitação tem muito a haver não só com o local onde esta foi

construída (mais no litoral ou mais no interior), mas também com o betão usado

(depende dos constituintes do betão e da maneira como é aplicado).

A humidade que se infiltra nas paredes pode ser oriunda da água da chuva, dos

lençóis de água freáticos e até do vapor de água existente na atmosfera, que em

contacto com uma superfície mais fria (como uma parede) sofre condensação.

A Reabilitação de Edifícios

Equipa 206 15

7.1.2. Fissuras

De uma maneira geral, as fissuras causadas pela humidade, são pouco

profundas, ramificadas e ocorrem junto de tubos (ou torneiras) condutores de água,

ou em sítios mais expostos à acção da chuva e do ar exterior. Muitas vezes estas

patologias vêm precedidas de uma espécie de manchas no revestimento do betão,

devido à pintura estalar e as paredes se tornarem baças.

7.2. Formação de fissuras

As fissuras poderão surgir mais facilmente com a ausência de juntas de

dilatação e a sua largura pode atingir vários milímetros. Podem atravessar toda a

espessura da primeira camada e por vezes mesmo as paredes de betão.

Fissuras superficiais - aparecem assim que o cimento seca, geralmente se este

for colocado muito depressa, ou se não for misturado nas proporções correctas. Em

princípio, tais fissuras permanecem superficiais e a sua profundidade não excede essa

camada.

Micro-fissuras - aparecem quando os diferentes materiais se dilatam ou

contraem. A sua largura não excede os 0,2 mm mas abrem caminho através de toda a

espessura das camadas de revestimento ou das paredes de betão.

Fig. 3 e 4 - Fissuras observadas no empreendimento “Quinta Seca”

A Reabilitação de Edifícios

Equipa 206 16

7.3. Reabilitação de paredes fissuradas pela humidade

7.3.1. Estratégias e técnicas de reabilitação

A concretização das estratégias de intervenção passa sempre pela adopção de um

conjunto de técnicas específicas que, por si só ou em conjunto, possam garantir o

desempenho funcional e adequado da estrutura, sob os diversos pontos de vista, após

reabilitação. Para uma mesma estratégia existem, quase sempre, diversas técnicas

específicas e materiais.

Ao reabilitar uma construção é necessário ter em atenção o risco de ruína da

mesma. Uma vez garantida a estabilidade, reparam-se as fissuras propriamente ditas.

Por último, é necessário garantir a estanquidade da parede e repor o aspecto estético.

Todas as soluções de revestimento indicadas devem ser alvo de estudo criterioso e

aplicação profissional, sob pena de elevado risco de insucesso. A escolha da solução

mais adequada não é independente do estado da parede e das soluções de

reabilitação e estabilização do suporte. As condicionantes arquitectónicas e

económicas são também muito relevantes nesta fase, uma vez que as soluções tidas

como mais eficazes apresentam os custos mais elevados.

A reabilitação de anomalias não estruturais assenta, tradicionalmente, numa ou

várias destas seis estratégias:

- Eliminação das anomalias;

- Substituição dos elementos e materiais;

- Ocultação de anomalias;

- Protecção contra os agentes agressivos;

- Eliminação das causas das anomalias;

- Reforço das características funcionais.

A Reabilitação de Edifícios

Equipa 206 17

7.3.2. Caracterização da anomalia

Sempre que se procede à reabilitação de um edifício, é necessário ter em

conta:

O tipo de causa (defeito de construção, causa intrínseca ao elemento

construtivo ou causa externa) cujo conhecimento está dependente da

capacidade de diagnóstico;

A distribuição das fissuras e o seu grau de estabilização (fissuras isoladas ou

distribuídas, estabilizadas ou não-estabilizadas);

As consequências das fissuras (falta de estanquidade, diminuição da resistência

ou estabilidade da obra, degradação acelerada de materiais, defeitos

estéticos);

O tipo de parede (parede de fachada, parede interior, parede rebocada, parede

com revestimento cerâmico, parede de tijolo à vista, etc.).

7.3.3. Tratamento de fissuras

Os materiais utilizados no tratamento de fissuras são os seguintes:

a) Berbequim

b) Maço e cinzel

c) Rascador

d) Mastique

e) Espuma de poliuretano

f) Trincha/pincel

g) Rolo

h) Pistola de pintar eléctrica

i) Máquina de lavar a alta pressão

j) Colher de pedreiro e colher de juntas

A Reabilitação de Edifícios

Equipa 206 18

8. Formato de formação

Neste trabalho foi-nos proposto escolher um de entre os vários tipos de

intervenientes numa reabilitação para lhe darmos formação. Assim, escolhemos os

trabalhadores mais ligados a este ramo da construção civil que, como dissemos

anteriormente, fazem o seu trabalho a partir da experiência que vão acumulando ao

longo dos anos de serviço.

Após alguma reflexão decidimos que o melhor método de aprendizagem para

os nossos formandos era um poster com as principais patologias a nível fissural e

algumas estratégias de tratamento para as mesmas, bem como o material necessário

para a realização dessa tarefa.

Deste modo, acreditamos ser possível transmitir informação e formar os

trabalhadores em foco.

A Reabilitação de Edifícios

Equipa 206 19

9. Conclusão

Este trabalho ajudou-nos a compreender em que consiste a reabilitação de

edifícios, quais as patologias mais comuns e as formas mais eficazes de as resolver.

Com a elaboração deste trabalho, pudemos concluir que a reabilitação de edifícios

nem sempre foi efectuada e, que a mesma tem vindo a evoluir gradualmente –

aperfeiçoando métodos e técnicas – desde 1970.

Durante a realização do projecto, concluímos que o sector da construção civil

apresenta, ainda, baixos níveis de escolaridade e como tal, definimos que iríamos

formar os trabalhadores.

Por fim, este trabalho ajudou-nos a perceber que, nem todas as formas de se tratar

uma patologia têm um grande grau de eficiência, e, tomando por base a patologia

“Anomalias nas superestruturas – Estruturas em betão armado”, compreendemos a

sua formação, e a melhor forma de a resolver.

A Reabilitação de Edifícios

Equipa 206 20

10. Referências bibliográficas

Livros:

Aguiar, José, A. M. Reis Cabrita and Joao Appleton. 1998. Guiao de apoio à

reabilitação de edificios habitacionais – Volume 2. Lisboa: Laboratório Nacional

de Engenharia Civil

Sites:

http://amen.no.sapo.pt/Porto%20Patrimonio%20Mundial.htm (accessed

October 17, 2009)

http://comunidade.orzare.com/index.php/2009090911273/Not%C3%ADcias/E

mprego-e-Forma%C3%A7%C3%A3o/reabilitacao-urbana.html (accessed

October 15, 2009)

http://franciscoeanamargarida.planetaclix.pt/resturba.htm (accessed October

15, 2009)

http://moodle.fe.up.pt (accessed October 13, 2009)

http://pt.wikipedia.org/wiki/Centro_Hist%C3%B3rico_do_Porto (accessed

October 8, 2009)

http://pt.wikipedia.org/wiki/Restaura%C3%A7%C3%A3o_(preserva%C3%A7%C

3%A3o) (accessed October 8, 2009)

http://www.facavocemesmo.net/as-causas-da-humidade/ (accessed October

18, 2009)

http://www.fe.up.pt (accessed October 13, 2009)

http://www.ine.pt (accessed October 15, 2009)

http://www.ippar.pt/patrimonio/mundial/porto.html (accessed October 17,

2009)

http://www.portaldahabitacao.pt/pt/ihru/ (accessed October 14, 2009)

http://www.portovivosru.pt/ (accessed October 17, 2009)

http://www.sotecnisol.pt/reabilitacao-de-edificios.php´ (accessed October 8,

2009)

A Reabilitação de Edifícios

Equipa 206 21

http://www.virtua24.com/bricolage/Humidade.pdf (accessed October 18,

2009)

A Reabilitação de Edifícios

Equipa 206 22

11. Anexos

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

45000

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2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Construções e Reabilitações em Portugal

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