projeto de exposição - palácio das artes, 2008
DESCRIPTION
Proposta de exposição apresentada ao Palácio das Artes, para o ano de 2008, segundo o Edital Artes Visuais 2008 - Seleção para ocupação das galerias da Fundação Clóvis SalgadoTRANSCRIPT
1
Públio Athayde & Will Oliveira
Palácio da
s Artes, 200
8
As Quatro Estações: Mimeses
Programa iconográfico apresentando
mimeses transversais entre leituras
contemporâneas de obras do século
XVIII e discutindo a invenção
baseada em emulações sobre As Quatro Estações, de Antonio Vivaldi.
um conjunto pictórico capaz de
representar simultaneamente as
Quatro Estações como ciclo
temporal e metáfora das fases da
vida. A composição integra
elementos formais da iconografia
antiga a elementos da linguagem
plástica contemporânea
Proposta de exposição apresentada ao Palácio das Artes, para o ano de 2008, segundo o Edital Artes Visuais 2008 -Seleção para ocupação das galerias da Fundação Clóvis Salgado
2
1 Memorial descritivo
O Programa Iconográfico a ser exposto é um conjunto cuja arte, retórica e poética,
representará simultaneamente as Quatro Estações como ciclo temporal e metáfora das fases
da vida, juntando os elementos universais do mote à visão contemporânea sob o ponto de
vista dos autores. O núcleo da mostra será composto por 12 painéis a óleo de cmcm 197122 × ,
de Públio Athayde e por quatro painéis a óleo mmcm 52096 × , de Will Oliveira.
Essa pintura é, a um só tempo, produto da mimese de obras literárias e musicais e
expressão de análise visual das metáforas naquelas obras. A amplitude da proposta reside em
ela incluir, na construção do discurso iconográfico, aspectos transdisciplinares entre poesia,
música e pintura. A retórica do Programa é pautada pelos concertos grossos As Quatro
Estações, de Antônio Vivaldi, como eixo, subsidiado pelos quatro sonetos atribuídos a esse
mesmo autor e que teriam precedido e inspirado a composição musical, cada um como
referência para uma das Estações.
Subsidiariamente ainda, mas vistos como roteiro do subtexto, serão apresentados 12
sonetos de Públio Athayde, também intitulados As Quatro Estações, compostos há pouco
mais de uma década, assim como os referidos sonetos de Vivaldi. Cada soneto plotado em
dimensão áurea: mmmm 520841 × .
Como a própria proposta de Vivaldi, a do Programa Iconográfico teve o propósito de
fazer Il Cimento dell’Armonia e dell’Invenzione, mas desta vez com diferente carga
interpretativa e expressiva, o que não descarta o fato de que, em qualquer desempenho
estético contemporâneo ocorre o mesmo – apenas que a interpretação aqui se dá pela
expressão plástica estendida em um Programa Iconográfico dotado de discurso próprio, mas
completamente conectado às obras emuladas.
A questão que inquietou e motivou a criação deste Programa Iconográfico foi a
submeter a necessidade (re)interpretativa, pelo o domínio da técnica e dos recursos e
conhecimentos disponíveis, à capacidade para recriar uma obra de arte já tão explorada, tão
difundida. Fazer isso guardando simultaneamente a conexão com o discurso retórico, discreto,
e a linguagem poético-visual contemporânea.
3
2 Projeto expográfico
2.1 Elementos a serem expostos
a) Doze painéis de cmcm 197122 × , óleo sobre telas de diferentes fibras sobre Eucatex, quatro trípticos representando as Quatro Estações - segundo os doze movimentos de que se compôem os quatro concertos de Vivaldi. Emoldurados. Autoria de Públio Athayde.
b) Quatro painéis de cmcm 12296 × , óleo sobre tela de TNT sobre Eucatex, representando as Quatros Estações - quadros de Jean von Blasenberghe - que teriam sido expostos na primeira audição da respectiva obra de Vivaldi. Emoldurados. Autoria de Will Oliveira.
c) Quinze estudos gráficos, em formato A4, sobre os retângulos áureos que cosntituem a base da composiçãodo grupo de doze painéis acima. Emoldurados entre vidros. Autoria de Públio Athayde.
d) Quatro sonetos intitulados Le Quattro Stagioni que teriam sido expostos na primeira audição da respectiva obra de Vivaldi. Cada um plotado em dimensão áurea: mmmm 520841 × . Autoria presumida de Antônio Vivaldi.
e) Doze sonetos representando as Quatro Estações (segundo os doze movimentos de que se compôem os quatro concvertos de Vivaldi). Cada um plotado em dimensão áurea: mmmm 520841 × . Autoria de Públio Athayde.
f) A exposição será feita acompanhada de performances dos concertos As Quatro Estações, em audição instrumental ou eletrônica, segundo possibilidades operacionais.
2.2 Disposição dos elementos
Os doze paineis (item a) se disporão simetricamente, metade em cada uma das paredes
longitudinais da galeria, segundo melhor disposição posível, observadas as disposições
específicas que se seguirão. Entre eles se intercalarão os sonetos respetivos (itens d e e). Ao
fundo da galeria, em disposição compativel com o espaço, os quatro paineis restantes (item b).
A parede restante, a menor do espaço, fica reservada para os estudos gráficos (item c).
4
2.2.1 Os quatro trípticos
Os painéis dos trípticos As Quatro Estações delimitam planos, tanto quanto são
superfícies pictóricas, são planos que discursam em sua articulação plana. São planos que
significam pela razão (áurea) de sua dimensão, pela escala (amplitude – grandeza... aqui as
palavras se confundem, mas a referência é ao tamanho dos objetos), são ainda planos que têm
característica bidimensional à primeira vista, mas há aspectos que trazem o Programa para o
universo fronteiriço entre a escultura e a pintura em que se situa grande parte da poesia visual
até estes primórdios de século: um é o fato de que a terceira dimensão é antecedida de duas
dimensões, necessariamente (a bidimensionalidade é conteúdo da tridimensionalidade
continente); outro é que a disposição ideal do Programa seja em ambiente do qual o
espectador possa ver cada tríptico isoladamente e completar o périplo visual entre elas pelo
giro em torno de si, reforçando a noção cíclica do discurso proposto e criando a necessária
terceira dimensão espacial do distanciamento existente entre a obra e o expectador.
Nas imagens das telas em preparação – suportes montados e estratos de fundo
aplicados – a programação visual para a exposição dos trabalhos já está prevista, feita a
articulação entre as telas concernentes a cada Concerto, tal como devem ser apresentadas.
Os trípticos se alinharão na horizontal pela mediana dos painéis horizontais (linha
tracejada) e, entre si, segundo a sintaxe das imagens e dos campos áureos (linhas pontilhadas),
guardada a distância entre os quadros de cada tríptico entre 60cm e 120cm. Essa disposição é
essencial, pois ela possibilita a leitura entre as telas, para tanto que foram concebidas.
6
2.2.2 Os estudos gráficos
Na programação visual dos painéis trípticos foram adotados campos áureos em
composição que representa os andamentos dos concertos, sua dinâmica e seu afeto. O
grafismo na composição do Programa Iconográfico integra os quadros em discurso lógico,
simbólico e icônico; o planejamento de sua posição relativa, cada um em função dos demais,
em cada um dos trípticos, e deles entre si, funciona como rubrica da exposição quase tanto
quanto a própria seqüência das Estações (como música, poesia ou fases do ano) o faz
naturalmente. Todos esses elementos foram articulados com coerência retórica, apresentando-
se em conjugação alguns dos princípios mais clássicos e outros dos contemporâneos.
Os estudos gráficos foram compostos como estratégia de aproximação das formas e
relações entre os campos dos painéis, determinados pela progressão áurea, pelas espirais
logarítmicas e pelas respectivas diagonais. Eles se integram à mostra como elemento da
geometria sacra profanado pela leitura e expressão neoconcreta que assumiram nas torções de
suas projeções tridimensionais.
7
2.2.3 Os sonetos de Vivaldi
2.2.3.1 La primavera
Giunt'é la Primavera e festosetti La Salutan gl'Augei con lieto canto, E i fonti allo Spirar de'Zeffiretti Con dolce mormorio Scorrono intanto:
Vengon' coprendo l'aer di nero amanto E Lampi, e tuoni ad annuntiarla eletti; Indi tacendo questi, gl'Augelletti Tornan' di nuovo al lor canoro incanto:
E quindi Sul fiorito ameno prato Al caro mormorio di fronde e piante Dorme'l Caprar col fido can' à lato.
Di pastoral Zampogna al Suon festante Danzan Ninfe e Pastor nel tetto amato Di primavera all'apparir brillante.
2.2.3.2 L'estate
Sotto dura Staggion dal Sole accesa Langue L'huom, langue 'l gregge, ed arde il Pino; Scioglie il Cucco la Voce, e tosto intesa Canta la Tortorella e'l gardelino.
Zeffiro dolce Spira, mà contesa Muove Borea improviso al Suo vicino; E piange il Pastorel, perche Sospesa Teme fiera borasca, e'l Suo destino;
Toglie alle membra lasse il Suo riposo Il timore de'Lampi, e tuoni fieri E de mosche, e mossoni il Stuol furioso!
Ah che pur troppo I Suoi timor Son veri Tuona e fulmina il ciel e grandinoso Tronca il capo alle Spiche e a'grani alteri.
2.2.3.3 L'autunno
Celebra il Vilanel con balli e Canti Del felice raccolto il bel piacere E del liquor di Bacco accesi tanti Finiscono col Sonno il lor godere.
Fà ch'ogn'uno tralasci e balli canti L'aria che temperata dà piacere, E la Staggion ch'invita tanti e tanti D' un dolcissimo Sonno al bel godere.
I cacciator alla nov'alba à caccia Con corni, Schioppi, e canni escono fuore Fugge la belua, e Seguono la traccia;
Già Sbigottita, e lassa al gran rumore De'Schioppi e canni, ferita minaccia Languida di fuggir, mà oppressa muore.
2.2.3.4 L'inverno
Aggiacciato tremar trà nevi algenti Al Severo Spirar d'orrido Vento, Correr battendo i piedi ogni momento; E pel Soverchio gel batter i denti;
Passar al foco i di quieti e contenti Mentre la pioggio fuor bagna ben cento; Caminar Sopra'l giaccio, e à passo lento Per timor di cader gersene intenti;
Gir forte Sdruzziolar, cader à terra, Di nuovo ir Sopra 'l giaccio e correr forte Sin ch'il giaccio Si rompe, e Si disserra;
Sentir uscir dalle ferrate porte Sirocco, Borea, e tutti i Venti in guerra Quest'è 'l verno, mà tal, che gioja apporte
um
de
co
do
(h
ve
2.2.
Estes
m deles insp
e Vivaldi, c
orresponden
Assim
odecassílabo
heróicos); o
erso eneassí
.4 Soneto
sonetos, p
pirado em u
como foi m
nte aos respe
m, aos alle
os (alexand
os prestos, v
ílabo.
Quadr
Primavera•Allegro: octossílabos.
•Largo: dodecassílabos
•Alegro: octossílabos
os de minh
precedentes
um dos mov
mencionado,
ectivos and
egros, corre
drinos, em
versos hexa
o Sinótico– Q
s.
Verão•Allegoctas
•Adagdecas
•Presthexas
ha autori
ao Program
vimentos do
, guardando
damentos.
espondem
m alguns ca
assílabos; o
Quatro Estaçõ
ogro: ssílabos.gio: ssílabos.to: ssílabos.
ia
ma Iconogr
os concertos
o com eles
versos octo
asos); aos
o allegro no
ões: movimen
Outono•Presto: exassílabos.
•Alegro: octossílabos.
•Adagio: decassílabos
ráfico, foram
s do ciclo A
relação de
ossílabos,
adágios v
on molto fo
ntos e métrica
.
.
Inve•Allemoene
•Lardod
•Alleoct
m compost
As Quatro E
proporção
aos largos
versos deca
oi represent
a.
ernoegro non olto: eassílabo.rgo: decassílabo.egro: tossílabo.
os, cada
Estações
métrica
, versos
assílabos
tado por
Ilust
raçõ
es: F
ranç
ois B
OU
CH
ER, 1
775.
9
2.2.4.1 Soneto I/XII Primavera: Allegro
Que lúdico existir sem prova Cantar estes versos e amores, Proveito de vida em cores, Delícia de gozo na trova.
Feliz de viver pela vida, Tão simples e leve cantiga Seduz, que se espera prossiga, Em versos de rima incontida.
Que vaga de prazer, cantei-a, Com graça de amores ferazes, Desperto, entre o sonhar das frases,
Na dúvida que hora permeia, Mas bem certo de ser indene, Pois não ouvirei quem me condene.
Belo Horizonte, 3 de agosto de 1996.
2.2.4.2 Soneto II/XII Primavera: Largo
Horizonte aberto para ilusão que inunda, Um mar de desejo muito tempo frustrado Encara o destino qual sempre foi mostrado: Vaga de esperança pela paixão profunda.
Saberes ocultos descobertos em breve, Quando tais amores alcançarem a carne, Poderão decerto acalmar o duro farne Que tanto tormenta quem inda não atreve.
Meu sonho de musas que me fazem cativo Deste amor platônico somente cantado, O grande suplício por eu ser recatado.
Já fico contente sem ter bem um motivo, Pois será logo em breve que tal desidério, Deixará para mim de ser grande mistério.
Belo Horizonte, 4 de agosto de 1996.
2.2.4.3 Soneto III/XII Primavera: Allegro
Só sabe o futuro que tem Quem conhece dia de amanhã. Que problema e dúvida insã: A sina não informa ninguém.
A dúvida o tédio destrói, E que drama de amor tecer É possível que venha a ser A roda que o destino mói.
O fado que concerne a mim, Não importa que sorte se leu, É ver que o lucro seja meu.
Não espero pela hora do fim: Seja lá o destino o que diz, O que interessa é ser feliz.
Belo Horizonte, 5 de agosto de 1996.
2.2.4.4 Soneto IV/XII Verão: Allegro
Separa-se o certo do errado, Não tem motivo que confunda Quem neste quesito se funda, Cria juízo e se torna honrado.
A enseada da ciência é segura, Quando diz que sim é bem certo, Quando não, nem passa por perto, Saber e erro não se mistura.
Eu, para mim, tudo que almejo É segurança e a luz que existe, Clareia trevas e vida triste.
Sei bem quem sou, sei meu desejo, Que desta vida terei tudo Estou tranqüilo, não me iludo.
Belo Horizonte, 5 de agosto de 1996.
10
2.2.4.5 Soneto V/XII Verão: Adagio
Fogo de indústria dos deuses roubado É nova ciência para as mesmas artes; Dobre-se engenho todo de outras partes, Que se fará aqui mais que foi cantado.
De saber novo nem sempre se alcança Toda beleza que, é certo, se espera, Conta-se então com o que o tempo opera: Perfeição plena ao conhecer que avança.
Torno-me ativo sujeito e trabalho, Com esperança em cada novidade; Aprendo e faço da maior qualidade.
Aí, dou-me conta de tudo que valho, Cobro da vida por meu desempenho, Que sorte minha, boa paga que eu tenho.
Belo Horizonte, 4 de agosto de 1996.
2.2.4.6 Soneto VI/XII Verão: Presto
Febril amor, que cálido, Chamando o corpo estúrdio, Deseja, estapafúrdio, Gozar que seja válido.
Mas é prazer sintético, Assume tom hilário, Anula-se contrário Ao motivo dianético.
Não quero ser enérgico Com toda minha glória Na fricação corpórea,
Serei apenas sinérgico Neste instante magnífico, Dubiamente letífico.
Belo Horizonte, 3 de agosto de 1996.
2.2.4.7 Soneto VII/XII Outono: Allegro
Triste encanto assola o coração, Toda alma a querer, só desejo, Mas nenhum sentimento ou pejo, Nada excita o ser, amor não.
Vale a carne pelo seu gosto, Supre a vontade de ter sexo, Não mais se suspira em amplexo, Põe-se a gemer, e mostra o rosto.
Neste tempo, só penso em mim, Descri de outro afeto que existe, Que só na renúncia consiste.
Eis-me, que agora agindo assim, Quase me completo sozinho, Mesmo acompanhado no ninho.
Belo Horizonte, 2 de agosto de 1996.
2.2.4.8 Soneto VIII/XII Outono: Adagio
Fogo de indústria dos deuses roubado É mesma ciência para as outras partes; Pobre de engenho, todo de mesmas artes, Nunca fará aqui mais que foi cantado.
De saber velho tem sempre quem cansa, Nula beleza que nada mais gera, Nem se conte com o que o tempo opera: Conhecer pleno nunca que se alcança.
Fico passivo, sujeito, e trabalho Sem esperança em cada novidade; Faço que aprendo, não tem qualidade.
Aí, tomam conta de tudo que valho, Cobram da vida por meu desempenho. Tenho que paga Deus teve no Lenho.
Belo Horizonte, 4 de agosto de 1996.
11
2.2.4.9 Soneto IX/XII Outono: Allegro
No pleito de dúvida faz-se Verso e mote para a cantiga, Vem com a sorte, velha amiga, E cada rima é assim que nasce.
Glosa o destino num soneto Com uma quadra benfazeja, Outra muito dura que seja, Mas puro azar cada terceto.
No universo tão deplorado, De meu trabalho e minha sina, Não tem poesia, caí na rotina.
Cansado de ser explorado, Volto cedo a vida privada, Impeço à musa que ela evada.
Belo Horizonte, 5 de agosto de 1996.
2.2.4.10 Soneto X/XII Inverno: Allegro Non Molto
Os prazeres se esvaindo diluem, Num correr ondas de baixa-mar, O que restou de aprender e amar: São sonhos e quimeras que ruem.
Cada delícia de outrora é má, E polui a saudade sem perdão, Consome a memória de emoção, Pois pouca novidade agora há.
Engodo de certezas que sou eu, Clama pela dúvida qualquer Que minore o sofrer se puder.
Da mesma forma que a alma morreu, Encontra-se este meu corpo vil Sem as forças que eram mais de mil.
Belo Horizonte, 3 de agosto de 1996.
2.2.4.11 Soneto XI/XII Inverno: Largo
Vê-se a morte, encontra-se este último prazer, Alegria final de quem vive no que aprende, E encontra o nada, que da salvação depende, Onde, em geral, a esperança tende a jazer.
Nada mais resta, para esta vida malsã, Que morte inglória daquele que tudo sabe, Mesmo que não há Deus, e nenhum apelo cabe, Morre feliz, na alegre certeza pagã.
Porque parei de aprender, eu morro feliz, E porque fui o mesmo por quase dois segundos. É sem receio que cruzo a ponte entre tais mundos:
Qual de certeza, tédio este que eu nunca quis, Tal de dúvida, último prazer sempre incerto, Esta alegria, novidade que está mais perto.
Belo Horizonte, 2 de agosto de 1996.
2.2.4.12 Soneto XII/XII Inverno: Allegro
Acabou tudo, tudo mesmo. Nem o alívio, nada mais resta. Havendo algo, luz, uma fresta, Não é morrer, porém viver a esmo.
Não há qualquer sinal, sensação, Nenhuma ciência existe mais, Nem enseada, nem outro cais; Caos de querer, de sim, de não.
Ainda bem! Era o meu desejo. O desejo também morreu, E não sei nem se sou mesmo eu.
Ainda bem! Aproveito o ensejo, Não questiono agora mais nada: Não há questão certa, nem errada.
Ouro Preto, 6 de agosto de 1995.
12
2.2.5 Os Concertos As Quatro Estações
As Quatro Estações foram publicadas em Amsterdã, em 1725, com mais oito
concertos em volume denominado Opera Ottava (Opus 8). Esse conjunto concertístico
foi denominado Il Cimento dell’Armonia e dell’Invenzione; um testamento artístico, tal
o teor de técnica intelectual e fantasia inventiva de Vivaldi. As Quatro Estações são,
acima de tudo, a celebração da rica impressão individual das mudanças de estações,
inspirando a evocação do universo inteiro de emoções associadas a elas. Vivaldi
esforçou-se para completar a experiência de seu público exibindo pinturas e sonetos
para os músicos e para a platéia. O tema das Quatro Estações é simples, popular, dado
que se refere à nossa Terra e a todos os habitantes, mas ao mesmo tempo, amplia-se
simbolicamente de maneira rica e complexa, pois que está ligado a tudo que se refere ao
número 4, às quimeras, às visões bíblicas, aos elementos, aos evangelhos, às fases da
lua, ao Tarô. O significado elementar desse símbolo é: refere-se às quatro fases de
qualquer ciclo. E o ciclo das estações é exemplo cheio de sentidos. A popularidade
destes concertos grossos de Vivaldi fizeram deles uma das obras de música erudita mais
gravadas: 475 registros, contra 275 da Quinta Sinfonia de Beethoven, por exemplo.
2.2.6 Croquis da Galeria Genesco Murta
Os trípticos e sonetos
Qua
tro p
ainé
is
de W
ill O
livei
ra
Estudos gráficos
13
3 Curricula
3.1 Públio Athayde
Públio Athayde, residente à rua Venezuela, 634, Sion; telefones (31)3244-1245 e
(31)9191-5091, email [email protected] ; foi professor universitário nas áreas
de História, Sociologia, Política e Educação. Graduou-se em História em 1987, pela
Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP, onde depois lecionou. Ainda em Ouro
Preto, onde nasceu, participou de Festivais de Inverno, cursos e eventos nas áreas de
Museologia, Arquivística, História de Minas Gerais e da Arte - conhecendo bastante de
perto os acervos históricos documentais e artísticos da região de Ouro Preto e Mariana.
Atualmente exerce a atividade de revisor acadêmico e literário em paralelo à
pintura. Tem formação em Ciência Política pela UFMG e em Cultura e Arte Barroca
pela UFOP. É poeta, autor de diversos livros e artigos amplamente publicados. O
projeto das Quatro Estações, em desenvolvimento, nasceu de trabalho de pós-graduação
e está prestes a ser concluído. Expôs na Galeria de Arte da FAOP (hoje Nello Nuno),
quando aluno daquela instituição; mais recentemente teve trabalhos expostos na Galeria
Bar`Rabás e no Restaurante Cozinha de Minas, ambos em Ouro Preto. A proposta atual
é enveredar pela seara das poéticas visuais, este báratro de polissemias.
3.2 Will Oliveira
Wilerson Jorge de Oliveira, residente à rua Alvarenga, 550, Ouro Preto, telefone
(31)9272-9110, email [email protected] . Nascido em Mariana e criado em
Ouro Preto, desde sempre gostou de arte; estudou desenho, pintura e teatro, mas a opção
pelas tintas e pinceis tem se manifestado.
Convidado a participar do Projeto As Quatro Estações, abraçou com entusiasmo
a idéia, dedicando-se a recriar obras perdidas no tempo das efemérides. Deste projeto,
passou a partilhar com Públio Athayde o espaço do atelier que recebeu o nome do
trabalho coletivo e no qual se propõe também a ensinar pintura para crianças, além de
dar continuidade aos projetos plásticos.
14
4 Fotos das obras desta proposta
ATHAYDE, Públio. Primavera I – Allegro. 2007. Óleo sobre tela de algodão sobre Eucatex, 122cm X194cm.(Inacabada)
15
ATHAYDE, Públio. Primavera II – Largo. 2007. Óleo sobre tela de algodão sobre Eucatex, 122cm X194cm.(Inacabada)
16
ATHAYDE, Públio. Primavera III – Alegro. 2007. Óleo sobre tela de algodão sobre Eucatex, 122cm X194cm.(Inacabada)
ATH
inac
HAYDE, Públio. P
cabado).
Primavera I e II.
. 2007. Óleo sobrre tela de algodãoo sobre Eucatex, 1122cm X194cm ccada.(Perspetiva d
17
do tríptoco
18
ATHAYDE, Públio. Verão I, II e III. 2007. Óleo sobre tela de linhagem sobre Eucatex, 122cm X194cm cada.(Perspetiva do
tríptoco inacabado).
19
ATHAYDE, Públio. Verão II, Adagio. 2007. Óleo sobre tela de linhagem sobre Eucatex . (Detalhe : vista da Ponte da Barra à jusante).
20
ATHAYDE, Públio. Verão I, Allegro. 2007. Óleo sobre tela de linhagem sobre Eucatex . (Detalhe : vista da Ponte do Pilar).
21
ATHAYDE, Públio. Verão II, Adagio. 2007. Óleo sobre tela de linhagem sobre Eucatex . (Detalhe : vista da Ponte dos
Contosr).
AATHAYDE, Públio. Verão II - Adaagiol. 2007. Óleo sobre tela de linhhagem sobre Euccatex, 122cm X1994cm cada.(Inaca
22
abada).
23
OLIVEIRA, Will. As Quatro Estações: O Verão. 2007. Óleo sobre tela sobre Eucatex, 96cm X 123cm..(Inacabada).
OLIVVEIRA, Will. As QQuatro Estações:
A Primavera. 20007. Óleo sobre teela sobre Eucatexx, 96cm X 123cmm..(Esboço).
24
25
5 Outros trabalhos dos mesmos autores
ATHAYDE, Públio. Torre do Rosário. 2007. Óleo sobre tela sobre Eucatex, 96cm X123cm