propedêutica do esperanto

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MODELO DE APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS MODELO DE APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS UTILIZANDO O EFEITO ESTRANGEIRAS UTILIZANDO O EFEITO PROPEDÊUTICO DA AQUISIÇÃO PRÉVIA DA PROPEDÊUTICO DA AQUISIÇÃO PRÉVIA DA LÍNGUA ESPERANTO LÍNGUA ESPERANTO Prof. Dr. Luiz Carlos Rusilo Prof. Dr. Luiz Carlos Rusilo Profa. Dra. Sandra Madureira Profa. Dra. Sandra Madureira Pontifícia Universidade de São Paulo Pontifícia Universidade de São Paulo LIAAC - Laboratório da Análise Acústica e Cognição Programa de Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem

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MODELO DE APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS UTILIZANDO O EFEITO PROPEDÊUTICO DA AQUISIÇÃO PRÉVIA DA LÍNGUA ESPERANTO

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Page 1: Propedêutica do Esperanto

MODELO DE APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS MODELO DE APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS

ESTRANGEIRAS UTILIZANDO O EFEITO ESTRANGEIRAS UTILIZANDO O EFEITO

PROPEDÊUTICO DA AQUISIÇÃO PRÉVIA DA PROPEDÊUTICO DA AQUISIÇÃO PRÉVIA DA

LÍNGUA ESPERANTOLÍNGUA ESPERANTO

Prof. Dr. Luiz Carlos RusiloProf. Dr. Luiz Carlos Rusilo

Profa. Dra. Sandra MadureiraProfa. Dra. Sandra MadureiraPontifícia Universidade de São PauloPontifícia Universidade de São Paulo

LIAAC - Laboratório da Análise Acústica e CogniçãoPrograma de Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem

Page 2: Propedêutica do Esperanto

INTRODUÇÃO

Contexto: O Ensino de Esperanto

Impulso ao ensino de Esperanto: o Projeto de Lei 6.162/09 do Senador Cristovam Buarque prevê a introdução facultativa do Esperanto no sistema de ensino nacional.

Page 3: Propedêutica do Esperanto

OBJETIVOS

- Fazer uma breve apresentação do Esperanto, voltada as

suas vantagens pedagógicas e educacionais, que vão

além das possibilidades de uso e aplicação conhecidas.

- Apresentar o denominado Efeito Propedêutico,

relacionando-o ao aprendizado de outras línguas e ao

Esperanto, assim como o modo como ele é potencializado

e desencadeado.

Page 4: Propedêutica do Esperanto

CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS

O iniciador do esperanto, Ludwik Lejzer Zamenhof,

publicou a versão inicial do idioma em 1887, com a

intenção de criar uma língua de mais fácil aprendizagem,

que servisse como língua franca internacional, para toda

a população mundial (e não para substituir as línguas

existentes).

Ao contrário de outras línguas planejadas, o Esperanto

superou os níveis de projeto (publicação de instruções) e

de semilíngua (uso em algumas poucas esferas da vida

social).

Page 5: Propedêutica do Esperanto

CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS

- O Esperanto é aglutinante, sem gêneros gramaticais,

sem conjugação de verbos variável por pessoa ou

número e com três modos: indicativo, imperativo e

subjuntivo, além de formas nominais do verbo e seis

particípios.

- Tem dois casos morfológicos: o nominativo e o

acusativo.

- A fonologia, a gramática, o vocabulário e a semântica

são baseados em línguas indo-europeias ocidentais.

Page 6: Propedêutica do Esperanto

CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS

- A ordem sintática normal do Esperanto é sujeito-verbo-

objeto e adjetivo-substantivo.

- A relação entre grafemas e fonemas é biunívoca (uma

letra para cada som e um som para cada letra) e

a morfologia é extremamente regular e fácil de aprender.

- Novas palavras podem ser formadas a partir de

processos de construção com morfemas já existentes na

língua, ou podem ser introduzidas como neologismos.

Page 7: Propedêutica do Esperanto

REDUÇÃO DO TEMPO DE APRENDIZADO DE L2

Vários estudos (BARANDOVSKÁ-FRANK, 1995)

comprovaram que o tempo de aprendizado de novas

línguas diminui conforme outras línguas já tenham sido

aprendidas. Ou seja, o aprendizado de uma terceira

língua é menor que o da segunda e assim por diante.

O Efeito Propedêutico é observado em outras áreas do

saber, aprendendo-se rudimentos para que,

posteriormente, haja maior facilidade e rapidez na

apropriação de tópicos avançados de conhecimento.

Page 8: Propedêutica do Esperanto

ESPERANTO E AQUISIÇÃO DE L2

O Esperanto apresenta várias características que maximizam o efeito propedêutico, destacando-se:

- escrita fonética: relação entre grafema e fonema transparente, facilitando a aquisição.

- mecanismo de formação de palavras por aglutinação: virtualmente podem ser geradas infinitas palavras a partir de uma pequena quantidade de raízes.

- gramática simples, regular e sem exceções: apropriação de forma mais rápida e segura.

Page 9: Propedêutica do Esperanto

ESPERANTO E AQUISIÇÃO DE L2

Segundo pesquisas internacionais, o tempo despendido no processo de ensino-aprendizado do Esperanto e em seguida de uma língua étnica é menor , em média, que o ensino direto da mesma língua estrangeira até um dado patamar de aquisição (CAVALHEIRO e RUSILO, 2012).

Isso ocorre devido principalmente a:

- menor tempo de aquisição do Esperanto, devido às suas características linguísticas (maior “transparência” e facilidade de compreensão dos fenômenos linguísticos)

- efeito de transferência da compreensão dos fenômenos linguísticos, facilitando a apropriação de novos elementos da língua alvo.

Page 10: Propedêutica do Esperanto

ESPERANTO E AQUISIÇÃO DE L2

Adaptado de Vera Baradonvká-Frank, 1995.

Linguagens Formais

Línguas Planejadas

Línguas Étnicas

elementos símbolos morfemas e palavras

morfemas e palavras

fonética não existe simples e regular mais complicada e irregular

morfologia estrita, elementos definidos

regular; combinação definida de elementos

parte regular, parte variável

sintaxe regular, estrutura definida

regular; estrutura não limitada

irregular, estrutura não limitada

semântica sentido único tendência à monossemia

polissemia

pragmática as regras definem o uso

o uso da língua modifica as regras

o uso da língua influencia as

regras

Page 11: Propedêutica do Esperanto

ESPERANTO E AQUISIÇÃO DE L2

Fig. 1 - Modelo Exponencial versus Modelo Linear de Aquisição (Adaptado de RUSILO, 2011)

Tempo0

1Proficiência L2 = Esperanto

L2 = Língua Étnica

Page 12: Propedêutica do Esperanto

ESPERANTO E AQUISIÇÃO DE L2

Fig. 2 – Complexidade, Expressividade e Ponto de Ótimo.

Page 13: Propedêutica do Esperanto

ESPERANTO E AQUISIÇÃO DE L2

Língua Étnica Esperanto

Fig. 3 - Modelo de Capacidade Expressiva versus Elementos Adquiridos

Page 14: Propedêutica do Esperanto

ESPERANTO E AQUISIÇÃO DE L2

Língua Étnica Esperanto

Fig. 4 - Modelo de Capacidade Expressiva versus Elementos Adquiridos

Page 15: Propedêutica do Esperanto

ESPERANTO E AQUISIÇÃO DE L2

Língua Étnica Esperanto

Fig. 5 - Modelo de Capacidade Expressiva versus Elementos Adquiridos

Page 16: Propedêutica do Esperanto

ESPERANTO E AQUISIÇÃO DE L2

Língua Étnica = linear Esperanto = exponencial

Fig. 6 - Modelo de Capacidade Expressiva versus Elementos Adquiridos

Page 17: Propedêutica do Esperanto

ESPERANTO E AQUISIÇÃO DE L2

Essas características implicam economia de tempo total no aprendizado da língua estrangeira alvo. Em adição, com o aprendizado da língua instrumento.

Mesmo que o Esperanto não servisse a nenhum outro propósito além desse, já seria efetivo como fator de economia de recursos no ensino de línguas estrangeiras – embora caiba destacar que das cerca de sete mil línguas vivas, ele está entre as duzentas línguas mais faladas (ETHNOLOGUE, 2012).

Page 18: Propedêutica do Esperanto

ESPERANTO E AQUISIÇÃO DE L2

Fig. 7 - Modelo de Aquisição Sequencial de Ln

Page 19: Propedêutica do Esperanto

ESPERANTO E AQUISIÇÃO DE L2

Fig. 8 - Modelo de Aquisição Sequencial com o Esperanto como L2

Page 20: Propedêutica do Esperanto

ESPERANTO E AQUISIÇÃO DE L2

Fig. 9 - Comparação dos Modelos de Aquisição Sequencial: redução total e redução parcial do tempo de aquisição de Ln

Page 21: Propedêutica do Esperanto

JANELA DE OPORTUNIDADENEUROLÓGICA

Estudo importante desenvolvido pelo Dr. Karl H. S. Kim (In: KRAMER, 2005, p. 67):

- Para efeitos de estudo neurológico, considerou-se bilíngue que aprende duas línguas desde a infância e tardio quem tem contato com outra língua apenas a partir dos onze anos, mesmo que posteriormente fixando residência por certo tempo no país nativo da segunda língua aprendida.

- O procedimento constou da observação do funcionamento cerebral em tomógrafos de ressonância magnética, que acompanham o fluxo de sangue no cérebro, indicando maior atividade na região cerebral.

Page 22: Propedêutica do Esperanto

JANELA DE OPORTUNIDADENEUROLÓGICA

Considerando-se que a língua materna desenvolve-se

neurofisiologicamente na rede da área de Broca,

constatou-se que quando se aprende uma segunda

língua, esta normalmente se “instala” neurologicamente

em posição diferente da língua materna, implicando

menor naturalidade em seu domínio e uso, devido ao

maior esforço em acessá-la.

Page 23: Propedêutica do Esperanto

JANELA DE OPORTUNIDADENEUROLÓGICA

Fig. 10 – Área de Broca destacada, contendo duas línguas (esq.) e área de

broca e segunda língua em posição distinta (dir). (Kramer, 2005)

Page 24: Propedêutica do Esperanto

JANELA DE OPORTUNIDADENEUROLÓGICA

Resultados de pesquisa (KIM, 2005) indicam que se

aprendidas duas línguas até a idade pré-escolar, as duas

vão se posicionar na mesma área do córtex cerebral.

E mais importante, caso tenha sido aprendidas duas

línguas em idade pré-escolar, e se uma terceira língua (ou

outras mais) for aprendida em momento tardio, ela irá se

posicionar na mesma região da língua materna,

implicando naturalidade de aprendizado e de uso, mesmo

em fase tardia. Do contrário, irá formar uma terceira rede.

Page 25: Propedêutica do Esperanto

CONCLUSÕES

O aprendizado do Esperanto apresenta vantagens

pedagógicas e educacionais, sendo seu principal

benefício, independentemente de sua utilização como

meio de comunicação, repousa sobre o denominado

Efeito Propedêutico, sendo com ele maximizado:

- Pelas suas características, pode ser aprendido

mais rapida e facilmente, podendo ser utilizado como

língua instrumental para a aceleração do aprendizado da

língua alvo, se previamente adquirido, implicando

economia de tempo e recursos.

Page 26: Propedêutica do Esperanto

CONCLUSÕES

Portanto, o Esperanto, por sua simplicidade lexical,

regularidade gramatical e transferência dos padrões

grafo-fônico-fonológicos, maximiza o Efeito Propedêutico.

Por conta disso, pode servir como instrumento eficaz em

políticas públicas e ações privadas para a melhoria da

qualidade de aprendizado de línguas estrangeiras,

inclusive sendo uma das melhores opções no auxilio à

criação da “janela de oportunidade” neurológica.

Page 27: Propedêutica do Esperanto

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARANDOVSKÁ-FRANK, Vera, Enkonduka lernolibro en interligvstiko,  Editura Universitatii Sibiu-Hermannstadt: Sibiu, 1995. 

CAVALHEIRO, Pedro e RUSILO, Luiz Carlos. Breve panorama da língua internacional Esperanto. CBLIE – Z Editorial: São Paulo, 2012.

ETHNOLOGUE . Disponível em: <http://www.ethnologue.com>. Acesso em 10/dez/2012.

KRAMER, Katharina. Quanto mais cedo melhor. In: Mente e Cérebro, Duetto Editorial: São Paulo, n.151, p. 66-69, ago. 2005.

MILLER, Joanne L e EIMAS, Peter. D. Speech, language and comunication. Academic Press: Kidlington, 1995.

RUSILO, Luiz Carlos. A chave do esperanto. CBLIE: São Paulo, 2011.