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Proposta de recuperação de área degradada: O caso do IFMG- GV
Celso de Freitas Guimarães – 5º Período do Curso de Tecnologia em Gestão
Ambiental do IFMG, campus Governador Valadares, [email protected]
Daniela Martins cunha – Professora Msc. Do IFMG, campus Governador Valadares, [email protected]
RESUMO
O uso da terra de forma indiscriminada vem causando impactos que na maioria das vezes provocam degradações. Como os recursos são finitos, há de se preocupar com a futura escassez dos mesmos. Na encosta localizada aos fundos da área construída do IFMG / GV (Instituto Federal de Minas Gerais / Governador Valadares), a situação é análoga, portanto, carente de cuidados para preservar e recuperar tais recursos. Diante destes fatos, este trabalho vem propor a recuperação da referida área através da sua revegetação. Portanto, este trabalho visa apresentar de forma descritiva a caracterização física da área onde está localizada a encosta compreendida no terreno do IFMG/GV, bem como uma proposta, segundo dados obtidos no IEF (Instituto Estadual de Florestas), de revegetação da referida área. Foram utilizados como recursos metodológicos: pesquisas literárias, consulta à legislação vigente e ao IEF, testes de densidades do solo, trabalho de campo na área para fotografar, coletar amostra e realizar perfil do solo, além da realização de mapeamento através do uso de arquivo vetorial no formato CAD (Computer Aided Design) cedidos pelo IFMG-GV, do uso de GPS (Global Position System) e do SIG (Sistema de Informações Geográficas) ArcGis 10. Assim, como principais resultados da pesquisa chegou-se, dentre outros, aos mapas de altimetria e declividade que reafirmam junto aos dados de densidade do solo a necessidade de recuperação da área, a qual conforme sugestão do órgão estadual consultado deve ser realizada com o replantio de árvores de mudas nativas da região.
Palavras-chave: erosão, encosta e revegetação.
ABSTRACT The careless land use is causing impacts that most often cause degradation. As resources are limited, there is the concern about future shortages. Located on the hillside to the back of the building area located on IFMG / GV (Instituto Federal de Minas Gerais / Governador Valadares), the situation is analogous, therefore, lacking in care to preserve and restore these resources. Given these facts, this paper proposes the recovery of that area through their re-vegetation. Therefore, this paper presents a descriptive characterization of the physical area where the slope is located on the IFMG / GV grounds, as well as a
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proposal, according to data obtained in IEF (Instituto Estadual de Florestas), which proposes the re-vegetation of that area. Methodological resources were used such as: literary research, consultation with current legislation and the IEF testing, soil bulk density, field work in the area to collect photographs, collect samples and perform soil profile, besides conducting mapping through the use of documents in CAD (Computer Aided Design) format, ceded by IFMG-GV, the use of GPS (Global Position Sistem) and GIS (Geographic Information System) ArcGIS 10 software. Thus, the conclusion of the main research results, among others, the altimetry maps and slopes, reaffirm within the data of density of the soil, the necessary of area recovery, which as suggested by state organ consulted must be undertaken with the replanting of trees of native plants of the region. Keywords: erosion, slope and re-vegetation.
1. INTRODUÇÃO
O solo, como a água, é um recurso vital para a humanidade, todavia
somente 11% da área mundial são agricultáveis, o restante apresenta
limitações como clima muito seco com 28%, muito úmido 10%, desequilíbrios
químicos críticos 23%, muito rasos 22% e 6% estão permanentemente
congelados (FAO apud ARAUJO et. al, 2005, p. 19).
Desde que o homem deixou de ser nômade e consequentemente
passou a explorar o solo para cultivar, iniciou as alterações, que por sua vez
causaram impactos e degradações. Nos últimos séculos, com o aumento da
população, estas mudanças se tornaram mais agressivas ao meio ambiente.
Com a migração do homem para as grandes cidades, o cultivo da terra teve
que se mecanizar para suprir as necessidades, que agora não eram mais
apenas para a subsistência, aumentando ainda mais o uso intensivo da terra e
consequentemente o processo de degradação.
Degradação de um solo se dá quando são modificadas suas
características físicas, químicas e biológicas. Esta modificação pode ser por
compactação, erosão, esgotamento etc. Grande parte da erosão é causada
pela água que lava a camada superficial do solo. Outro fator a ser considerado
é o cultivo sucessivo sem períodos de pousio suficientes ou sem reposição de
nutrientes com culturas de cobertura, esterco ou fertilizantes, que pode vir a
esgotar os nutrientes do solo (ARAUJO et.al, 2005). Ainda segundo Tavares et
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al (2008, p. 2), podem ocasionar degradação, o desmatamento, o superpastejo,
as atividades agrícolas entre outros.
A literatura técnica e os textos de legislações ambientais brasileira em
vários níveis deixam dúvidas e contradições sobre definições exatas dos
termos recuperação e restauração que em muitos casos são tratados como
diferentes e em outros como sinônimos, mas há certo consenso que
recuperação é o retorno do sitio degradado a uma forma de utilização de
acordo com um plano pré-estabelecido para uso do solo, visando uma
estabilidade do meio ambiente. Já restauração refere-se à obrigatoriedade do
retorno ao estado original da área, antes da degradação (TAVARES et. al.
2008, p. 5).
Uma das formas de se recuperar uma área erodida ou em processo é
através da revegetação, a qual consiste em replantar espécies da flora
regional, na tentativa de deixa-la da forma o mais próximo possível de como
era originalmente.
Conforme Araujo et. al,
A forma mais comum de erosão é a perda da camada superficial do solo pela ação de água e/ou do vento. O escoamento superficial da água carrega a camada superior do solo; isso ocorre sob a maioria das condições físicas e climáticas. [...] A perda dessa camada de solo reduz a fertilidade por que: (a) conforme o solo se torna mais denso e fino, fica menos penetrável às raízes e pode tornar superficial demais a elas; (b) reduz-se a capacidade de o solo reter água e torná-la disponível às plantas, e (c) os nutrientes para as plantas são levados com as partículas do solo erodidas. (ARAUJO et al, 2005, p24).
O processo de erosão pode ser agravado por vários fatores, dentre eles
o formato das encostas. As encostas são áreas com inclinação, podendo ser
natural quando são produtos da evolução natural, ou antropogênicas quando
causada pela ação do homem. As encostas são alvo de preocupação maior,
posto que devido sua inclinação, estarão mais sujeitas a maior ou menor perda
de rendimentos pela ação de precipitações, entre outros fatores. A legislação
brasileira através da Lei nº 12.651/maio de 2012, em seu Art. 4º, Inciso V,
considera Área de Preservação Permanente (APP), em zonas rurais ou
urbanas, portanto passiva de proteção da cobertura vegetal, encosta com
inclinação superior a 45º, equivalente a 100%, na linha de maior declive.
Na região de Governador Valadares, MG, predomina a pecuária, e com
isso observa-se que extensas áreas de gramíneas com o pastoreio extensivo
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propiciam o processo de degradação “O superpastoreio destrói a cobertura do
solo, causando compactação e aceleração de espécies arbustivas
indesejáveis” (ARAUJO et al, 2005, p32). São causadores de degradação, pelo
uso de pecuária, o desmatamento, condução de gados, entrada excessiva de
água/drenagem insuficiente, excesso de fertilização ácida e reduzido tempo de
pousio. Existem ainda fatores naturais como topografia, textura e composição
do solo, cobertura vegetal, regimes hidrográficos, chuvas fortes, alagamentos e
ventos fortes (FAO apud ARAUJO, 2005). Ainda, segundo Tavares, (2008, p.
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o solo apresenta vocações ou aptidões distintas para utilização, seja agricultura, engenharia (estradas, usinas, prédios, etc), lazer, reflorestamento, etc. Quando tais vocações não são respeitadas, com uso inadequado de manejo, ocorre a degradação, principalmente através da erosão.
Na região de Governador Valadares, pela sua ocupação histórica, vários
tipos de manejos foram utilizados, mas principalmente a pecuária intensiva e a
indústria madeireira, que pelo tipo de solo da região, se mostraram
inadequados (DIAS, 2003).
Estudos comprovam que para uma eficiente recuperação de terrenos em
processo de degradação, são necessárias pesquisas geomorfológicas, análise
dos componentes do solo, pesquisas sobre as espécies a serem inseridas,
grau e tipo de degradação, fatores causadores, impactos no ambiente
proveniente da degradação, etc. (ARAUJO et. al. 2005; CURY et. al. 2011;
WADT 2003). Através destes estudos pode-se optar pelos tipos de processos a
serem utilizados na recuperação do solo.
Considerando a inclinação da encosta e o grau de degradação
apresentado na mesma, situado dentro das dependências do IFMG, surgiu a
proposta de recuperar a flora para amenizar futuros problemas como a erosão.
Portanto, este trabalho tem como objetivo apresentar de forma descritiva a
caracterização física da área onde está localizada a encosta compreendida no
terreno do IFMG/GV, bem como uma proposta, segundo dados obtidos no IEF,
de revegetação da referida área.
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2. METODOLOGIA
2.1 Caracterização da área de estudo IFMG, Campus Governador
Valadares
A área em estudo, está localizada no município de Governador
Valadares, Minas Gerais, entre as coordenadas 41°58'27.71" e 41°58'39.63"
Oeste e 18°49'46.32" e 18°49'58.25" Sul, (Mapa 01). Sua dimensão é de
125.334,35 m2, sendo que a área a ser recuperada, mede 38.899,00 m2.
O campus do IFMG Governador Valadares é construído em um terreno
de relevo irregular, com encostas de morro em processo de degradação (Fig.
01 e 02). A cobertura vegetal deu lugar a pastagens, deixando o terreno à
mercê de intempéries, podendo vir a ocorrer erosão, o que além de piorar a
situação, assorear a lagoa existente no sopé da encosta em períodos
chuvosos, o qual se dá na região de Governador Valadares de outubro a março
(VIANELLO apud Cupolillo, 2008).
Mapa 01 – Localização.
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Fig. 02 - Terreno íngreme com solo exposto – Fonte: Autor 2013
O clima talvez seja o mais importante componente do ambiente natural.
Ele afeta os processos geomorfológicos, da formação dos solos e o
crescimento e desenvolvimento das plantas [...] O clima e as variações
climáticas exercem grande influência sobre a sociedade. O impacto do clima e
das variações climáticas sobre a sociedade pode ser positivo (benéfico ou
desejável) ou negativo (maléfico ou indesejável). (AYOADE, 1996, p. 286 e
288).
Fig. 01 - Vista panorâmica do IFMG – Fonte: Autor 2013
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O Clima da região de Governador Valadares é Tropical, Quente, com
temperatura média superior a 18º, Semi-úmido, com seca de quatro a cinco
meses. (IBGE, 2002). Ainda, o clima da bacia do Rio Doce é influenciado pela
dinâmica atmosférica regional, que atua no estado de Minas Gerais, e pela
larga escala que atua no Brasil (CUPOLILLO, 2008). Na região sudeste do
Brasil, devido ao posicionamento latitudinal, caracteriza-se como uma região de
transição entre os climas quentes de latitudes baixas e os climas mesotérmicos
de tipo temperado das latitudes médias, que apresenta uma sazonalidade
responsável por duas estações distintas e bem definidas, um verão úmido e
quente e um inverno seco e ameno entremeados por duas transições,
primavera e outono (NIMER apud CUPOLILLO, 2008, p 26).
2.2 Revisão de literatura e pesquisa de campo
Para elaboração deste estudo foram feitas pesquisas bibliográficas
sobre conceitos, formas de recuperação de terrenos em processo de
degradação e métodos de replantio, análise do solo, utilização de imagens
fotográficas, pesquisas sobre o clima da região, mapeamento espacial do
terreno, bem como identificação declividade do terreno.
Foram feitas fotografias do terreno, utilizando-se uma câmera digital não
profissional da marca Canon, a data de 30 de agosto de 2012 e em 16 de julho
de 2013. E para fazer a localização geográfica foi utilizado um GPS, (Global
Positioning System) “Sistema de Posicionamento Global”, marca Garmin 76S.
Foi feito ainda, pesquisa/entrevista junto a órgãos públicos em busca de
possíveis parcerias além de orientação sobre formas de plantio e sobre as
espécies da flora da região. O IEF, com conhecimento empírico disponibilizou
apoio técnico, além de fornecimento de mudas para o replantio pelo. Também
foram realizadas consultas à legislação brasileira em vigor, para comprovação
da necessidade da implantação do presente projeto.
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2.3 Análise do solo
Para análise do solo, foram feitas 4 (quatro) escavações em forma de
trincheiras, em locais preestabelecidos, sendo o P01 de 50 cm, os P02 e P03
com 73 cm e o P04 com 67 cm. A localização foi determinada levando-se em
conta a distribuição espacial, e a profundidade, levando-se em conta a
necessidade de verificação das tonalidades dos solos, para comparação com a
literatura. Foram analisados, de acordo com Oliveira, (1992). Ainda foram
recolhidas amostras do solo para análise de densidade do solo conforme
metodologia da EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agripecuária),
Apud TAVARES 2008, (Torrão parafinado),
Que consiste em separar um torrão, arredonda-lo com auxilio de um instrumento cortante, pesar o torrão seco, envolve-lo em parafina, coloca-lo em um becker de volume conhecido com água, para medir o deslocamento da água, assim chegando-se ao volume do torrão, e pela fórmula (D=M/V), chega-se à densidade (EMBRAPA apud Tavares, 2008, p. 35).
2.4 Levantamento altimétrico e elaboração de mapas
Para elaboração dos mapas foram utilizadas plantas de origem do
próprio IFMG - Governador Valadares, que foram processadas no ArcGis 10,
para conseguir imagens do relevo, área do local, altimetria, declividade e
localização geográfica, conforme segue:
Elevação: as curvas de nível foram inseridas, e com auxílio da
ferramenta 3DAnalist, criando um TimDatabase, que posteriormente são
determinados os números de classes, valores das classes e cores das
mesmas, sabendo que os valores correspondem a altitudes em metros.
Para declividade, efetivados os mesmos procedimentos, com a adição
do procedimento (Face Slope), para determinação da declividade, e que os
valores das classes, correspondem à declividade em porcentagens.
Para calculo da área foi criado um polígono sobre a área alvo, em
seguida foi convertida em shipefile, através do atributo, cria-se nova coluna
para inserir área em (m2), foi dado o comando para calcular geometria,
resultando na área desejada em m2.
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3. RESULTADO E DISCUSSÃO
3.1 Recuperação Florestal
Para recuperação da área degradada, deverão ser utilizadas plantas
para cobertura do solo com técnicas a serem seguidas de acordo com a
geomorfologia, análise do solo e clima. Recomenda-se a utilização de espécies
da flora nativa da região, conforme orientação de profissionais do IEF tanto
quanto às espécies quanto à densidade de plantio.
Existem várias técnicas de plantio, de acordo com a tipologia do terreno
e o resultado desejado, como cercamento para evitar invasão de animais,
acero, para evitar invasão de fogo, limpeza do terreno, corveamento, etc.
Conforme Araujo et. al. (2005), é recomendado um estudo das formas da
encosta, côncava, convexa e retilínea, que como se pode observar, nas
encostas côncavas, com a presença de precipitação, as águas tendem a se
acumular e escorrer por espaços mais estreitos, aumentando assim a
velocidade e a capacidade de erodir o terreno, bem como da sua declividade e
do seu comprimento. Também é recomendado identificar quais os principais
tipos de solos existentes, bem como suas propriedades físicas e químicas, que
podem ter um peso importante no processo de degradação e recuperação. Por
fim a compreensão da dinâmica dos processos atuantes que deram origem à
degradação, que podem ser relacionados à presença de erosão dos solos ou
então de movimentos gravitacionais de massa.
Para recuperação florestal em áreas de pastagens antigas, como é o
caso em estudo, o potencial de regeneração natural é considerado de nível
médio, com algumas técnicas simples, ou seja: Supressão do fogo, controle de
erosões, descompactação do solo, controle de gramíneas invasoras e plantio
ou semeadura de espécies de rápido crescimento e tolerantes ao sol (CURY et
al 2011).
A Resolução 429 de 02 de março de 2011 do CONAMA estabelece que
a recuperação de APP (Área de Preservação Permanente), possa ser feita
pelos seguintes métodos: Condução da regeneração natural de espécies
nativas, plantio de espécies nativas e plantio de espécies nativas conjugado
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com a condução da regeneração natural de espécies nativas. E que devem ser
observados os seguintes itens: proteção das espécies nativas mediante
isolamento ou cercamento da área a ser preservada, medidas de controle e
erradicação de espécies exóticas invasoras, medidas de prevenção e combate
ao fogo, medidas de controle da erosão se necessário.
Assim, uma APP, que de acordo com a Lei 12.651/2012, Art. 3º Inciso II,
é uma área protegida coberta ou não por vegetação nativa, com a função
ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade
geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o
solo e assegurar o bem-estar das populações humanas. No Inciso I do Artigo
6º da referida lei, é previsto como área de preservação permanente ainda,
quando for destinada a conter erosão do solo e mitigar riscos de enchentes e
deslizamentos de terra e rocha.
Algumas barreiras à regeneração natural podem ocorrer, e, portanto é
necessário identifica-las para neutralizá-las, são elas: solos compactados e/ou
erodidos; presença de gramíneas agressivas; ausência de matas preservadas
próximas que podem diminuir a chegada de sementes; ambiente desfavorável
à germinação e o crescimento das mudas, com excesso de luminosidade,
pouca umidade e nutrientes no solo (CURY et al. 2011, p. 31).
Algumas técnicas para distribuição das mudas são apresentadas, entre
elas, em linha intercaladas com espécies pioneiras (espécies mais rústicas, de
rápido crescimento e formação de copa) e espécies não pioneiras (espécies
diversas, como frutíferas, árvores de porte baixo e/ou de crescimento mais
lento) (CURY, et al 2011, p. 39).
No Plano Diretor da prefeitura de Governador Valadares, são previstas
medidas ambientais visando a preservação e recuperação de áreas degradas.
O Inciso IX do Art. 39 do referido Plano Diretor visa promover a recuperação
das áreas ambientalmente degradadas nas áreas urbanas que apresentarem
problemas de erosão.
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3.2 Levantamentos Altimétrico e Clinográfico
Com auxilio da ferramenta ArcGis 10, um arquivo no formato CAD
oferecido pelo IFMG – Governador Valadares, foi processado fornecendo
informações importantes para a conclusão dos trabalhos, a saber: Área total do
estudo; área reservada para plantio das mudas; elevação do terreno; conforme
modelo tridimensional do terreno (mapa 02), obtido do levantamento altimétrico
do campus. Pode-se observar que as altitudes variam de 182 a 254 m,
concentrando a parte mais acentuada na porção sul, ou seja, nos fundos da
área construída do campus.
Nas áreas de maior altitude do terreno também é possível localizar as
áreas de maior declividade do terreno, principalmente aquelas cuja encosta
tem inclinação superior mais acentuada, declividade esta mostrada nas cores
mais escuras, Mapa 03.
Mapa 02 – Altimetria. Fonte: Autor, 2013
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3.3 Análise do solo
Analisado o solo pela coloração, pode-se conhecer, até mesmo pela
região onde ele se insere que as amostras P01, P02 e P03 (Figuras 03, 04 e
05) tratam-se de Latossolo vermelho-amarelo, cujas características principais
são a coloração vermelho-amarelos, profundos ou muito profundos de
sequência de horizontes A-Bw-C, com aparência relativamente bem
individualizada, devido à distinção de cor, especialmente entre os horizontes A
e B. O horizonte A mais comum é o moderado enquanto o B pode apresentar
ampla variação de cor. Já a amostra P04 (Figura 06) foi considerada
Cambissolo, que compreende solos minerais não hidromórficos, com drenagem
variando de acentuada até imperfeita, horizonte A seguido de B incipiente. São
solos desde rasos a profundos possuindo sequência de horizontes A-Bi-C, com
diferenciação de horizontes usualmente modesta e apresenta diversidade de
cores, mais frequentemente de tonalidades amareladas, (Oliveira, 1992, p. 104
e 159).
Mapa 03 – Declividade. Fonte: Autor, 2013
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Fig. 03: Perfil 01 - Latossolo Fig. 04: Perfil 02 – Latossolo Fonte: Autor, 2013 Fonte: Autor, 2013
Fig. 05: Perfil 03 - Latossolo Fig. 06: Perfil 04 – Cambissolo Fonte: Autor, 2013 Fonte: Autor, 2013
Deve-se observar que as amostras de solos P01, P02 e P03 apresentam
uma coloração um pouco mais escura devido a umidade presente nas
amostras, considerando que se encontravam sob vegetação, enquanto a P04
em solo descoberto, apresentando a coloração mais próxima da realidade.
Para análise de densidade, foram recolhidas amostras, nos mesmos
locais das amostras de perfis de solo. As amostras foram arredondadas com
auxilio de uma faca, secada ao sol, pesada, e posteriormente envolvida em
parafina, em seguida colocada em um recipiente (Becker), com água, medindo-
se o deslocamento da água, e da parafina utilizada, para se chegar ao volume
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do torrão, pela fórmula de densidade, (D=V/M), onde D=Densidade (g/cm3),
V=Volume (cm3) e M=Massa (g). Os torrões, denominados T 01 a T04, coluna
1 são amostras do terreno, na segunda coluna são apresentadas as massas
das amostras, secas, conforme métodos apresentados, na terceira coluna
apresentam-se o volume que correspondem ao deslocamento da água no
recipiente, demonstrando o volume ocupado pela amostra, sendo descontado o
volume da parafina, e na última coluna, os resultados, que correspondem à
densidade aparente das amostras, Fig. 07, 08 e 09 e Tabela 01.
Torrão Massa Torrão (g) Vol. Líq. (cm3) D=M/V (g/Cm3)
T 01 399,5 220,99 1,808
T 02 487,5 270,74 1,801
T 03 695,5 381,99 1,821
T 04 790,5 435,23 1,816 Tabela 01 – Densidade do solo
Segundo Reinert, o crescimento normal das plantas de cobertura ocorre até o
limite de densidade de 1,75 Mg m-3. Entre a faixa de 1,75 e 1,85 Mg m-3,
ocorre restrição com deformações na morfologia das raízes em grau médio e,
acima de 1,85 Mg m-3, essas deformações são significativas, com grande
engrossamento, desvios no crescimento vertical e concentração na camada
mais superficial.
Fig. 07 Torrões naturais Fonte: Autor, 2013
Fig. 09 Torrão parafinado Fonte: Autor, 2013
Fig. 08 Impermeabilização do torrão Fonte: Autor, 2013
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Pela identificação visual das classes de solo do local e a densidade do
solo não há empecilho para o plantio de espécies da mata atlântica.
3.4 Proposta de Recuperação segundo o IEF
Um questionário foi feito ao representante do IEF Instituto Estadual de
Florestas, o qual forneceu subsídios técnicos e logísticos como segue
descrição: Foi informado que representante do Instituto visitou a área, portanto
a conhece a qual mencionou como medida de área total de 51.718,65 m2,
sendo a área para plantio de 4,2 ha, com presença de pastagem de capim
Colonião e Brachiária. Ao ser questionado sobre a quantia de espécies a serem
introduzidas na referida área, bem como a diversidade das mesmas, foi
mencionado que deveriam ser utilizados espaçamentos de cerca de 3m x 3m e
que cerca de 10 (dez) espécies nativas da mata atlântica, deveriam ser usadas,
conforme tabela 2.
Nome popular Nome científico Familia
Angico vermelho Anadenanthera macrocarpa Fabaceae-Mimosoideae
Angico branco Chloroleucon tortum Fabaceae-Mimosoideae
Ipê amarelo Handroanthus albus Bignoniaceae
Ipê mulato Handroanthus avellanedae Bignoniaceae
Ipê rosa Handroanthus avellanedae Bignoniaceae
Ipê roxo Handroanthus avellanedae Bignoniaceae
Açaí Euterpe Oleracea Arecaceae
Caju Anacardium occidentale L. Anacardiaceae
Cajá manga Spondias dulcis Anacardiaceae
Jequitibá rosa Cariniana estrellensis Lecythidaceae
Pau brasil Caesalpiniaechinata Lam. Fabaceae-Caesalpinioideae
Pau d’alho Gallesiaintegrifolia Phytolaccaceae
Sapucaia Lecythis pisonis Cambess Lecythidaceae
Tabela 02: Sugestão de mudas a serem plantadas conforme IEF Fonte: (IEF, 2013).
Sobre a melhor época para plantio foi respondido que com as
experiências sobre a região, deveria ser no início da estação chuvosa, a qual
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ocorre no mês de novembro e replantio para janeiro. Perguntado sobre a
ocorrência de enxurradas que poderia carrear a terra revolvida causando
perdas significativas no trabalho de plantio, foi nos respondido que poderíamos
sim ter problemas, pois parte da área tem declividade acentuada, assim
poderiam ser utilizadas técnicas para minimização do problema, mas que
seriam muito onerosas, e, portanto inviáveis.
As técnicas recomendadas, assim como as literaturas indicam,
consistem em Isolamento da área com cercas para evitar continuação do
processo de degradação pelo pisoteio de gado, controle de pragas, que no
caso são as formigas cortadeiras, especialmente as do gênero Acromyrmex
Atta, Quem-quem e Saúvas respectivamente, que são considerados
predadores, principalmente na fase inicial, quando as mudas ainda são tenras
e a quantidade de folhas ainda é pequena, podendo dizimar as plantas.
Roçada manual seletiva que consiste na roçada das plantas competidoras com
uso de uma foice ou motoroçadeira com cuidado para não cortar as espécies
arbustivas e arbóreas existentes na área de acordo com a necessidade
especificada no cronograma.
Assim faz-se também o coroamento manual que consiste na diminuição
da competição entre lianas, cipós e gramíneas com uso de enxadas, devendo
ser realizado num raio de 50 cm, e após deve distribuir a vegetação cortada ao
redor da planta não permitindo que o mato encoste-se ao colo da planta. As
covas deverão ser feitas com medidas em torno de 40 x 40 x 40 cm, com
espaçamento de 3 x 3 m. para a adubação foi indicado uma análise do solo
para uma correta aplicação, mas, de forma generalizada pode-se usar uma
porção de 100g de NPK (Nitrogênio Fósforo e Potássio) , sendo a formulação
definida pelo IEF, adicionado a 3 Kg de esterco de gado bem curtido por cova.
O replantio, ainda como recomendação do IEF, deverá ser feito quando
houver perdas significativas, estimado em cerca de 10% do plantio. Deverá ser
dada manutenção até dois anos após o plantio, pois não adianta escolher boas
espécies, preparar a área e plantar na época adequada se não houver um bom
manejo, todo projeto pode dar em nada. Ainda foi recomendado que no
primeiro ano após o plantio fosse feito quatro retornos para procedimentos de
tratos culturais, sendo: controle de formigas, replantio, roçada manual seletiva
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e coroamento das mudas. No segundo ano a recomendação é: Roçada
manual, controle de formigas e coroamento.
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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A implantação da referida proposta é de suma importância para, além da
recuperação da flora do espaço em estudo, haja também recuperação indireta
da fauna, que certamente retornará ao habitat, repovoando em parte o que
antes era um ambiente rico. Ainda há de se considerar a beleza cênica que
representa uma área reflorestada com espécies naturais e regionais da mata
atlântica. No que diz respeito ao microclima do espaço, é de considerável
importância o repovoamento da flora. Se considerarmos outros benefícios,
como diminuição da erosão, minimização do assoreamento dos corpos hídricos
a jusante, infiltração da água no solo, entre outros, chega-se a um número
considerável, pois os benefícios são imensuráveis.
Considerando os resultados dos estudos e de acordo com contato visual
do local, pode-se concluir que a recuperação se dará em pouco tempo pois a
terra local é aparentemente rica em nutrientes considerando observações de
brotos de plantas que nascem espontaneamente no local, a terra é pouco
densa o que facilita o crescimento das raízes, a recuperação natural de
algumas espécies demonstra que com a intervenção o processo será mais ágil.
Há de se considerar que acima da divisa da Instituição de ensino, existe
terreno com elevação superior e com inclinação, que deve ser considerada a
necessidade de estudos, uma vez que, levando-se em conta a topografia,
problemas com chuvas mais densas podem resultar em enxurradas capazes
de prejudicar os trabalhos.
Diante do exposto, pode-se afirmar que o projeto em pauta deve ser
considerado de importância vital para o local.
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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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