protagonismo juvenil - um guia para ação

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Projeto de: Fundação Faculdade de Medicina Ilustração, capa e diagramação por: Vinicius Andrade (Vandradd)

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PROTAGONISMO JUVENILUm guia para a ação

S ã o Pa u l oAb r i l , 2 0 1 5

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APRESENTAÇÃO Adolescentesejovenssãosujeitosdedireitos.Istosignificaqueado-lescentes-de12a17anos-ejovens-de15e29anos-sãocidadãosecidadãs com direitos e deveres específicos, vivendo uma fase de desen-volvimentoúnica.Eonúmerodeadolescentesejovensbrasileirosnãosãopoucos.Em2012,porexemplo,opaíscontavacomumcontingentede52,2milhõesdejovensnafaixados15aos29anosdeidade.Maisde1/4dapopu-laçãototaldopaís. Direcionadoaos/àsadolescentesejovensdasescolaspúblicasdoes-tadodeSãoPaulo,esteguiatemcomopontodepartidaoreconhecimentodestescidadãosecidadãscomopessoascomaltopotencialdeparticipaçãona vida produtiva, cultural, social e política do país. Trazem consigo umainovadoramaneiradeconstruiroconhecimento,oferecendoumapreciosaoportunidadedepreparar essa geraçãopara aperfeiçoaropotencial dastecnologiasdecomunicaçãoe informaçãoeparapromoverodesenvolvi-mentocomequidadeeigualdade(UNICEF,2014). Assim, nossa expectativa com esta publicação é contribuir para oaumentodaparticipaçãodeadolescentese jovensnaconstruçãodeumasociedademaishumana,justa,sustentávele,acimadetudo,nãoviolenta.

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Como este guia foi construído

Entre2014,oeixosaúdedoProgramaEscoladaFamíliaelaborouumdiagnóstico,buscandoidentificarquaisostemasprioritáriosaseremtrabal-hadosnasescolasquefazempartedoPEF.Educadores,famíliasealunos/asparticiparamdessavotação.Aosecomputarosresultados,aprevençãoàviolênciafoio3ºtemamaisvotado. Alémdestediagnóstico,realizou-seumasériedereuniõestécnicascomaequipedoPEFeAPE,bemcomoespecialistasdasáreasdaeducação,saúdeedireitoshumanos,emquesepercebeuanecessidadedeseinvestirmaisnacamadajovemdapopulaçãocomvistasàdiminuiçãodesituaçõesdeviolênciaqueocorremnasescolasenascomunidades. Apartir do conceito de protagonismo juvenil e dosmarcos legaisquegarantemosdireitosdeadolescentesejovens,esteguiatraz,também,váriostiposdeviolência(eformasdeprevenção),procurandocomissoin-spirardebatesereflexões,fortalecendo,cadavezmais,oenvolvimentodeadolescentesejovensnabuscadesoluçõesquelhesdigamrespeito.

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A quem se destina

Atodosadolescentesejovensquetenhamcomocausaaigualdadeentreaspessoaseaconsciênciadequeéprecisodiminuiraviolêncianaescolaenacomunidade.Direcionadoprioritariamenteaáreadaeducaçãoedasaúde,nadaimpedequeoconteúdoeaspráticassugeridasnesteguiasejam utilizados em outros contextos. Além deste guia, elaborou-se umvídeocomaparticipaçãode jovens. Estematerial estádisponível no sitewww.projetoape.com.br.

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Como está organizado

Deinício,esteguiatrazalgunstextosparaoaprofundamentosobreotemaprotagonismojuvenil,alémdedepoimentossobreoqueéecomoserprotagonista. Aolongodotexto,caixasdetexto–Saiba +-, trazemsugestõesdetextoscomplementares.Algunsfilmessobreviolência-Sessão Pipoca -tambémsãoindicadosaofinaldoguia. OitemNa Prática trazalgumasoficinasquepoderãofacilitaradis-cussãosobreoprotagonismojuvenileatividadesquepoderãoserutilizadasnasUnidadesEscolaresjuntoaosadolescentesejovens.Umabibliografia comtodasasreferênciasparasubsidiarestapublicaçãopodeserencontradanofinaldostextos. Emanexo,algunsmarcos legaisquedefendemosdireitosdeado-lescentese jovensnatomadadedecisões,viabilizandosoluçõesparasuasprópriasdificuldadeseconstruindoumasociedadecidadã.

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Sumário

Apresentação

Capítulos

1. Protagonismo juvenil................

2. Os benefícios do protagonismo juvenil ...........................

3. Educação: a bases das ações protagônicas

4. Protagonismo juvenil e o Programa Escola da Família

5. Protagonismo juvenil e prevenção às violências nas escolas Bullying Cyberbullying Nude,SelfieeSexting

6. A construção de um projeto de prevenção às violências

7. Roteiro básico para a elaboração de um Projeto

8. Na prática ........................................................................

Atividade 1: Adolescências, juventudes e participação

Atividade 2: Esperando o trem

Atividade 3: A escola que queremos

Atividade 4: Mapa da desigualdade

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Atividade 5: Intervenção urbana: violência e Lei Maria da Penha

Atividade 6: Mídia e racismo

Atividade 7: Violência virtual

Atividade 8: As melhores coisas do mundo Anexos - Marcos legais

Constituição da República Federativa do Brasil

Estatuto da Criança e do Adolescente

Estatuto da Juventude

Lei Diretrizes e Bases

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PROTAGONISMOJUVENIL

A palavra protagonismo vem do grego “protagonistés”, onde “pro-to”querdizeroprincipale“agonistés”,porsuavez,significalutador.Oprotagonista, em apertada síntese, é o lutador ou personagem principal de determinada ação. No teatro, o termo passou a designar os atores que conduzem a trama, os principais atores. Entretanto, quando acrescido do adjetivo“juvenil”,oconceitopassaaterumsignificadomuitomaisamplo. Um jovem ou uma jovem protagonista não são necessariamente aqueles que estão sob os “holofotes” de um determinado empreendi-mento. Muito pelo contrário! Ser protagonista envolve a participação conjunta de adolescentes e jovens em mudanças que lhes digam respeito. Evalelembrarquenãoexistesóumaformadeseradolescenteejovens.Existemvárias.

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Protagonismo Juvenil é o processo no qual o jovem é simultaneamente

sujeito e objeto da ação de desenvolvimento de suas potencialidades.

Bruno Silveira (1939 – 2006)

SAIBA MAIS

Para entender melhor os diversos aspectos do protagonismo juvenil, é preciso entender que não existe uma adolescência e uma juventude únicas. A população adolescente e jovem vivencia cotidianamente diferenças impor-tantes, em decorrência das classes sociais distintas, da origem e trajetória familiares, das relações de gênero, raça e etnia, da diversidade sexual, do estilo de vida, do local em que vivem. Tanto a juventude como a adolescência são categoriais sociais plurais e incluem, em sua totalidade, inúmeras possibilidades de símbolos, valores, expectativas e significados. Por esta razão, faz mais sentido falarmos em ado-lescências e juventudes.

Fonte: Adolescências, juventudes e participação.Disponível em: http://www.unfpa.org.br/Arquivos/guia_adolescencia.pdf.

Acesso em 23 de fevereiro de 2015.

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OS BENEFÍCIOS DO PROTAGONISMO JUVENIL

Autonomia,autoconfiançaeautodeterminaçãosãoalgunsdosbe-nefícios queo protagonismo juvenil pode trazer.Afinal, estão emumafase da vida caracterizada pela interação, integração, inovação e busca porprocessosdeconstruçãodeseuprópriodesenvolvimento.É,portan-to,umaexcelenteoportunidadedeenvolveressescidadãosecidadãsnaconstrução de seu projeto de futuro. Alémdomais,aprópriasociedadeganhacomoprotagonismodosjovens: em democracia e em capacidade para enfrentar e resolver proble-masqueos/asdesafiam.Aenergia,agenerosidade,aforçaempreende-dora e o potencial criativo dos/as jovens são estimulantes e ricas, como apontadonodepoimentoabaixo:

A participação de jovens na vida escolar e na comunidade reveste-se de importância, pois,

favorece atitudes cidadãs como, por exemplo, a percepção de carências e possibilidades de se

promover mudanças sociais positivas. Aqui em Franca, um grupo de alunos, sozinhos,

conseguiram alterar o trânsito da cidade, intervindo junto às autoridades locais.

Ivani Oliveira - Dirigente Regional de Franca

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Dessa maneira, participando desse processo de formação e conso-lidaçãodoprotagonismoeapartirdaescola–pordefinição,oprincipallugar de preparação para a vida –, adolescentes e jovens vivenciam uma experiênciapolíticacompleta,exercendosuacidadaniapormeiodapro-posição, discussão, discordância e negociação de seus projetos de forma democráticae,portanto,pacífica. Todas as atividades e ações a serem elaboradas se fundamentam em uma metodologia ampla de trabalho, tematicamente abrangente e condi-zentecomosprincípiosdoeixosaúdedoProgramaEscoladaFamília. O objetivo fundamental deste processo é facilitar que adolescentes e jovens no reconhecimento e na utilização da prática política democrá-tica como via primordial para a conquista e efetivação de seus direitos, fortalecendo os diferentes aspectos da cultura, respeitando as diferenças –gênero,etnicorracial,diversidadesexual,deficiência,classesocial,den-treoutras-,rejeitandoformasviolentasenão-negociadasdeexpressãoeresoluçãodeconflitos.

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É muito importante envolver adolescentes e jovens nas diferentes ações que acontecem na

escola. Eles e elas se sentem mais valorizados e contribuem com muitas ideias. Além disso, falam a

mesma “língua” e compreendem melhor o que o colega quer dizer. Percebem a escola como um espaço

em que é possível exercitar a cidadania, ou seja, enxergam a escola não só como um lugar de aprendi-

zagem de conteúdos didáticos. Contribuem com ideias para mudar aquilo que não está indo bem.

Nessa escola, por exemplo, tem um grupo que se reúne para debater temas que eles acham importante

e forma de contribuir na resolução de problemas como, por exemplo, as situações de violência.

Eder Peres Campaneli

Vice Diretor Programa Escola da Família - Jundiaí

... todas as pessoas devem ser respeitadas e ter o direito à liberdade e a dignidade, principalmente aquelas mais vulneráveis às situações de violência e/ou com dificuldades de sobrevivência. Enfatiza, ainda, que é preciso admitir que nenhuma vida

humana vale mais que a outra. Todo ser humano nasce com um potenciale tem o direito de desenvolvê-lo (Sen, 1999).

EDUCAÇÃO: A BASE DA AÇÃO PROTAGÔNICA

O livro Desenvolvimento como liberdade, do ganhador do Prêmio Nobel em economia de 1998, o indiano Amartya Sen, traz alguns pontos estratégicos para o protagonismo juvenil. Senafirmaqueoprimeiropassoparaeducarumserhumano,éaconscientização do direito à vida, o mais amplo e absoluto dos valores. De acordo com o economista:

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Talvez, pensando em adolescentes e jovens das escolas públicas do estado de São Paulo, o primeiro passo para se estabelecer ações protagô-nicasnaescolasejadesconstruiroestigma,osestereótiposeadiscrimina-çãoqueaindaexistesobreoseradolescenteeoserjovem.Vistosmuitasvezes como irresponsáveis, vítimas dos hormônios, desinteressados e ins-táveis, o jeito de ser adolescente e jovem é muitas vezes percebido como algo “natural e imutável”. Sóquenãosetemnenhumaprovacientíficaquereforceessaideia.Pelo contrário, a melhor forma de compreender as adolescências e ju-ventudeséidentificandoasexpectativasqueasociedadetemsobreessapopulação, bem como a intersecção de um conjunto de elementos que podem (ounão)deixá-los/asmaisoumenosvulneráveis a situaçõesdeviolência,porexemplo.E,comodiziaoProfessorAntonioCarlosGomesda Costa (Rabillo,2007):

Deste modo, a educação torna-se a base de todo protagonismo, uma vez que adolescentes e jovens precisam ter a oportunidade de ana-lisar circunstâncias e tomar decisões diante delas, tornando a educação perene ao longo do tempo.

... reconhecer o adolescente e o jovem, não como um problema mas como parte da solução

é meio caminho andado. Por isso é necessário e urgente abrir espaços e facilitar processos

que permitam a participação efetiva da adolescentes e jovens na construção de um modelo

e de uma dinâmica social em sua comunidade, seu país, seu planeta.

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PROTAGONISMO JUVENILE O PROGRAMA ESCOLA DA FAMÍLIA (PEF)

Articular ações da Escola da Família em parceria com adolescentes e jovens possibilita uma maior integração entre a comunidade que fre-quentaaescolaaosfinaisdesemanaeos/asalunos/asduranteasemanaletiva. Assim, pensar o protagonismo juvenil como uma ponte de acesso entreasemanaletivaeosfinaisdesemana,nãosófacilitaadivulgaçãode eventos, informações e atividades a serem realizadas durante toda a semana como, também, favorece a comunicação entre o corpo docente, discente e a comunidade do entorno da escola.

Contudo, antes de iniciar o processo de formação de protagonis-tas, é preciso construir uma relação forte com a direção da escola, coor-denaçãopedagógica,professores/as,familiares,funcionários/asdaescolaeassistentes técnicos do Projeto Ações Preventivas na Escola.

O que eu acho muito legal aqui na escola é que organizamos campanhas e bolamos um teatro para falar sobre vários assuntos. Os alunos e seus familiares gostam e se divertem. É um jeito de tratar com humor algumas situações chatas que acontecem na escola.

Jessica

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No Brasil, a participação de adolescentes e jovens esteve presente emmomentoshistóricosmuitoimportantescomo,porexemplo,abrigaparaoBrasildeixardeserumacolôniadePortugalesetornarumaRepública.

Protagonismo: passo a passo

Proponha uma reunião com adolescentes e jovens que querem participar das ações de protagonismo.Solicite um encontro com a direção da escola e coordenadores/aspedagógicosparaapresentaçãodaproposta.Emlinhasgerais,expliqueque:

1. Oprotagonismojuveniléumaexperiênciadeestímuloàparticipaçãocidadã,comaltovalorpedagógico.

2. Para a realização dos encontros entre os/as jovens, vivên-ciadeoficinaseconstruçãodeumprojeto,énecessárioqueaescola disponha de uma sala ou um espaço preferencialmente fechado, com recursos simples, como cadeiras, mesas e quadro.

3. Éprecisocombinarumhorárioeumdiadasemanaparaarealização das ações protagonizadas pelos/as jovens.

Qualquer adolescente ou jovem, pode realizar esse traba-lho. Basta querer ter acesso a novos conhecimentos, gostar de trabalhar com grupos, saber ouvir e perceber as outras lingua-gens que não as verbais. Aliás, saber ouvir é uma das tarefas mais necessárias dentro de uma proposta sobre protagonismo, pois exigeconcentração,respeito,ausênciadejulgamento,aceitaçãode valores e conceitos de vida diferentes dos seus. Ao se iniciar uma proposta sobre protagonismo juvenil, é importante reforçar que as ações protagônicas tem caráter transformador, ou seja, é preciso provocar mudanças.

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PROTAGONISMO JUVENILE A PREVENÇÃO ÀS VIOLÊNCIAS

Já falamos bastante sobre protagonismo juvenil. Agora, nosso desa-fioéconectaraparticipaçãodeadolescentesejovenscomaprevençãoàssituações de violência. Para começar, vale lembrar que em praticamente todo o mundo uma grande preocupação é a de como construir uma sociedade de paz contrapondo-se ao fenômeno da violência e sua banalização. Nesse senti-do, a escola é um espaço privilegiado para a promoção de uma educação para a cultura de paz, uma vez que os jovens são potenciais multiplicado-res, quer seja em seus lares, em sua comunidade ou em outros espaços que frequentam.

As vezes o orgulho é tão grande que os jovens em vez de pedir desculpas, já partem para a briga... Respeitar os outros é essencial e cada um devia fazer

sua parte para evitar a violência...

Guilherme

Entretanto, não podemos nos esquecer que a violência acontece também na escola e se manifesta de diferentes formas. Parao sociólogoBernardCharlot,porexemplo,avio-lência na escola não é um fenômeno novo.Desde o séculoXIX existemrelatos de violência na escola. No sé-culo XXI, segundo Charlot a relação entre escola e violência se manifesta em três formatos diferentes, como apontadonoquadroabaixo.

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Porestasdefiniçõesepercepçõesépossívelperceberque,defato,asescolasnãosão“ilhasdepaz”enemestãoimunesàviolência.Éfatotambém que a violência nas escolas se converteu em um fenômeno social complexoededifícilcontenção,sendoresultadodaconjugaçãodedife-rentesfatores,quepodemserdeordemexternaouinternaàescola.

Fonte: CHARLOT, Bernard. A violência na esco-la: como os sociólogos franceses abordam essa questão, in Bernard Charlot, Relação com o

saber, formação dos professores e globalização – questões para a educação hoje.

Porto Alegre: Artmed, 2005

Violência NA escola: aquela que se produz no espaço escolar, sem estar ligada à natureza e às atividades da instituição escolar. A escola se converte em palco de acertos de contas, de disputas ou de violência que podia acontecer em outros locais.

Violência À escola: aquela que está ligada à natureza e às atividades da instituição escolar. Ocorre diretamente contra a ins-tituição escolar e aqueles que a representam. Pode ser percebida quando os/as estudantes atacam opatrimônio,agridemos/asprofis-sionais ou os/as insultam.

Violência DA escola: aquela que é institucionalizada, simbólica.Acontece na forma como os estu-dantes são tratados pela instituição eseusagentes.Comoporexemplo,na maneira de compor as classes, na atribuição de notas, na orientação, nas palavras desdenhosas dos pro-fissionaisdaescola,nosatosconsi-derados pelos estudantes como racistas ou injustos etc..

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A VIOLÊNCIA QUE ROLA .... De acordo com a Organização Mundial da saúde – OMS, a violência édefinidacomoousointencionaldaforçafísicaoupoder,naformadeameaça ou efetivamente, contra si mesmo, outra pessoa, um grupo ou uma comunidade que resulte ou possa resultar em lesão, morte, dano psicológico,privaçãoouprejuízosaodesenvolvimento(OMS,2002). Estadefiniçãoéimportanteporqueincorporanãosóasviolênciasque dizem respeito a lesões, assassinatos, roubos e sequestros. Trata tam-bém das violências cotidianas, ou seja, aquelas que oprimem as pessoas, as famílias, as escolas, os ambientes de trabalho e as comunidades. Incluem, portanto, as ameaças, as intimidações, as negligências e os abusos. Situa-ções essas que, muitas vezes, não são vistas como violentas.

Hoje na escola, quando se fala em violência, as pessoas já pensam em bullying. Só que

tem outras violências que acontecem como, por exemplo, o racismo. O pessoal zoa muito

de quem tem cabelo crespo, por exemplo. Dizem que a pessoa não tem cabelo bom .

Mariana

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Tipos de violência que acontecem na escola1- Incivilidades

Caracterizam-se pelas humilhações, pela falta de respeito nas re-laçõessociaisutilizando-seatos–comoagressõesverbais,xingamentos,indisciplina, vandalismo, agressividade, insensibilidade em relação aos di-reitos do outro etc.. –, ferindo as regras escolares e os princípios da con-vivência democrática. Situações como estas práticas se propagam em meio às relações sociais e por intermédio de mecanismos, práticas e hábitos muitas vezes considerados naturais, normais, dentro do escopo da convivência e do ambiente escolar. Desse modo, acabam se tornando invisíveis aos olhos dos atores que convivem na escola (Abramovay, 2005).

Mesmo que, aparentemente, não sejam graves ou não se use a força física, as incivilidades podem ferir profundamente as pessoas, diminuindo sua autoestima, criando um sentimento de insegurança e de uma falta de confiançanaspessoas.

Muitas vezes as pessoas xingam umas às outras: de gorda, de esquisita. Dizem que é

brincadeira, mas não é porque dói. A gente precisava parar de xingar nossos colegas

porque tem muita gente de não vai mais na escola por causa dessas “ brincadeiras ” bobas .

Robson

Aqui na escola o que acontece mais é violência verbal. As pessoas se xingam, chamam um ao outro de gordo, de magro, de macaco. Não bateu na pessoa, mas ela sofre . Chega em casa triste . Isso é muito perigoso .

Bruna

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Como prevenir

1. Motivaradolescentesejovensacriarumprojeto,visandomelhorarosrelacionamentoseevitarsituaçõesdeincivilidade.

2. Envolveradolescentesejovensnaimplantaçãodeaçõesdirecionadasparaaboaconvivênciaeorespeitoao/àoutro.

3. Pormeiodeeventoslúdicos,encorajaraescola,os/asalunos/as,os/asfuncionários/aseacomunidadeabuscarporsoluçõespara,nomínimo,diminuirassituaçõesdeincivilidades.

De forma geral, o estímulo à participação de todos os componentes da comunidade escolar – diretores, vice diretores, supervisores, PCNP, membros da comunidade, alunos/as, funcionários – nas questões que en-volvem a escola poderão facilitar a adoção de práticas que propiciem o respeito mútuo e a prevenção da violência nas instituições de ensino e na comunidade do seu entorno.

A gente não sabe como acabar com a violência. As pessoas que praticam a violência

têm que perceber que o que elas fazem é muito babaca. Elas mesmas tem que

perceber que o que elas fazem não tem sentido. Por que se fossem com elas,

não gostariam de passar pela mesma situação .

Bruna

Outro efeito das incivilidades é a instauração de um sentimento de abandono do espaço público e de impunidade. Ao mesmo tempo, as pessoassentem-sedesprotegidas,perdemaconfiançanasinstituiçõesedeixamdesevercomoumcidadãooucidadã.

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2- Bullying

Universalmente, o termo bullying é compreendido como sendo um conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetidas, que ocorrem sem motivação evidente, adotadas por um ou mais estudantes contra ou-tro(s),causandodoreangústia,eexecutadasdentrodeumarelaçãodesi-gual de poder, tornando possível a intimidação da vítima.

Em nossa escola existe muita violência. Muito bullying. E isso não é legal. Aqui naescola a gente deveria fazer uma campanha, colocar cartazes nas paredes e, quando ver que alguém está sofrendo bullying, a gente tem que intervir e não ficar só olhando .

Carolina

Atualmente, o bullying é visto como um fenômeno crescente, que preocupaasescolaseosseusprofissionais.Atingetantoosestabelecimen-tos públicos quanto os privados, sem distinção. Atormenta a vida dos estu-dantes, que inseguros e com medo, perdem a motivação para os estudos, deixamdecompareceràsaulas,temseuprocessodeaprendizagemcom-prometido ou desistem de estudar. O bullying também envolve e preocupa as famílias (que muitas vezes não sabem o que fazer e a quem recorrer), as autoridadeseasociedadedeumaformageral.Éumproblemaquedesafianão somente os profissionais deEducação e Saú-de, mas as insti-tuições e atores sociais que traba-lham para assegu-rar os direitos de crianças e adoles-centes.

Acho que temos que falar sobre bullying com os nossos pais,

que são os nossos exemplos da vida. Se a gente chegar em

casa e explicar para nossa mãe ou nosso pai o que é o bullying,

eles também podem ajudar... o bullying não é uma brincadeira.

É um ato que magoa, que dói muito. A gente tem que trazer a

ideia de que o bullying é coisa séria e falar sobre isso em todos

os lugares, não só na escola . Na feira, na lojinha, dentro de casa,

com os nossos primos . . . em todos os lugares.

Jessica21

Page 24: Protagonismo Juvenil - Um Guia Para Ação

Critérios de identificação do bullying:

1. Persistênciaecontinuidadedosmaus-tratoscontrao mesmoalvoaolongodotempo.2. Gratuidadeouausênciademotivosquejustifiquemos maus-tratos.3. Intençãodopraticante/autoremcausardanosaoalvo/ vítima.4. Desequilíbriodeforçaoupoderentreaspartes.5. Prejuízosresultantesaoalvo/vítima.

De modo geral, se manifes-ta em diversos espaços, como na sala de aula, no playground, nos ba-nheiros e corredores, na biblioteca e quadra esportiva, no transporte escolar, nas imediações da esco-la, na internet, dentre outros. No entanto, é mais provável sua ocor-rência em locais pouco supervi-sionados ou sem uma organização estruturada de seu espaço físico, como no pátio escolar. O bullying pode ser identi-ficado entre estudantes desde oensino infantil até o universitário. No entanto, os estudos nacionais e internacionais têm demonstrado que a faixa etária mais incidentecentra-se entre 11 e 15 anos. Os autores elegem, prefe-rencialmente, colegas que apresen-tam certa fragilidade ou diferenças que os tornam evidentes no grupo. Os alvos, geralmente, são expos-

tos a uma série de maus-tratos, que nem sempre são visíveis aos colegas de escola e/ou aos adultos. Muitas vezes, são formas mais ve-ladas e silenciosas, como gestos, olhares, expressões corporais efisionômicas,bilhetescommensa-gens humilhantes ou ameaçadoras, além dos ataques virtuais. Dessa forma, é neces-sário reconhecer seus critérios e diferenciá-lo daquilo que faz par-te do processo de socialização ou do que é natural na infância e adolescência. São fatos comuns as discussões e desentendimentos, as zoações e implicâncias entre os estudantes.Éprecisosaberfazeradistinção entre tais problemas, que são inerentes às relações inter-pessoais, do bullying, em especial quantoàsbrincadeiras,conflitoseincivilidades.

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Page 25: Protagonismo Juvenil - Um Guia Para Ação

As brincadeiras entre os es-tudantes ocorrem naturalmente, tornando o clima escolar acolhe-dor e descontraído. São permiti-das no grupo e, geralmente, tem porobjetivoadiversão,aaproxi-mação, a descontração, a inclusão. Algumas podem ser inconsequen-tes ou tendenciosas e sua aceita-ção dependerá dos limites de cada pessoa. No entanto, quando as brincadeiras se transformam em atos agressivos e abusivos, com a intenção de prejudicar o outro e colocá-lo em posição de inferiori-dade e dominação, podem originar o bullying. Todavia, para que a ação seja considerada bullying é neces-sário observar os critérios que lhessãopróprios. O bullying é persistente, intencional, gratuito. Não se tra-ta de disputa entre jogadores em uma modalidade esportiva, de ri-validade entre grupos, de ciúmes entre colegas ou namorados, de

brincadeiras inconsequentes, de conflitosemtrabalhosemequipe.O bullying deve ser visto como violência, portanto, é inaceitável.

Surge do desrespeito, da intolerância, do preconceito, da negação do outro. Está rela-cionado aos fatores socioculturais, familiares e pessoais. Na ausência devalores,que se refletenama-neira como as crianças, adolescen-tes e jovens se relacionam consigo mesmas e com as outras. Poden-doserpercebidanadificuldadedeempatia, compaixão, cooperação,amizade, solidariedade, amor ao outro. Suas consequências são variadas, podendo refletir, porexemplo,naáreadasaúde.Éco-mum identificar sintomas físicos,como dores de cabeça, estômago, garganta, barriga e sintomas psi-cossomáticos, como irritabilidade, nervosismo, cansaço, falta de ape-tite, insônia, além de sintomas que

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Page 26: Protagonismo Juvenil - Um Guia Para Ação

No entanto, em algum momento, os papéis se intercambiam, ora a vítima se transforma em agressor ora o agressor se transforma em vítima. Por outro lado, ora o espectador se transforma em agressor, ora se trans-forma em vítima. Dessa forma, um círculo se estabelece onde autores, vítimas e espectadores são envolvidos nas mais diversas formas de abusos, quer seja no ambiente escolar ou no ambiente virtual.

3- Cyberbullying

Também conhecido como bullying virtual ou cibernético, o cyber-bullying ocorre quando um estudante ou vários deles assedia outro(s) e, paraisso,seutilizadasferramentastecnológicasnadivulgaçãodeconteú-dos ofensivos e humilhantes. Pode se valer da coação ou ameaça de

afetam o bem-estar, como senti-mentos de solidão, tristeza, infeli-cidade,baixoautoconceito,eleva-dos níveis de depressão, ansiedade e maior risco de suicídio. Quanto aos autores, po-dem apresentar problemas de adaptação e de interação social, comportamentos inadequados e/ou violentos, envolvimento em de-linquência e criminalidade, proble-mas emocionais, dentre outros. O bullying não envolve ape-nas vítimas e autores, todos os estudantes acabam se envolvendo e sofrendo as consequências da violência. Aqueles que assistem à perseguição de colegas podem ter

comprometimento nos diversos aspectosdavida.Épossívelresul-tarmedo, tensão, déficit de con-centração e de aprendizagem, de-sinteresse e ausência escolar aos sintomas psicossomáticos. Ao que tudo indica, parece existirumcírculoviciosodeabu-sos, na medida em que ao eleger um colega como alvo de bullying, alguns espectadores se entusias-mam com os resultados produ-zidos – diversão, popularidade, temor - e se somam ao agressor, dando continuidade às intimida-ções e promovendo o sofrimento de outros.

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Page 27: Protagonismo Juvenil - Um Guia Para Ação

Como prevenir

1. Conversarcomos/asadolescentesejovensescutaratentamente seusrelatos,reclamaçõesousugestões.

2. Estimularadolescentesejovensainformaroscasosdebullying queacontecemnaescola.

3. Estimularaparticipaçãodeadolescentesejovensnabuscapela prevençãoafuturoscasosdebullying.

4. Interferirimediatamentequandopresenciarumasituaçãode bullying.

Não adianta só colocar cartazes, fazer campanhas e

dizer que o bullying não é legal. Precisamos fazer mais

do que isso! Conversar com os amigos, por exemplo.

Mariana

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Page 28: Protagonismo Juvenil - Um Guia Para Ação

3- Cyberbullying

Também conhecido como bullying virtual ou cibernético, o cyber-bullying ocorre quando um estudante ou vários deles assedia outro(s) e, paraisso,seutilizadasferramentastecnológicasnadivulgaçãodefotosou vídeos ou fazer comentários maldosos, causando constrangimento e intimidação. A ação é pautada na gratuidade, na intencionalidade, no desejo de causar dano, podendo este resultar desconforto, raiva e vergonha ou pre-juízosincalculáveis.Dependendodagravidadedaexposiçãopodemresul-tartraumas,transtornose,emcasosextremados,suicídios. Diferentemente do bullying que ocorre em ambiente escolar, o cyberbullying tem ampla abrangência, uma vez que ocorre em um espaço público de convivência, onde qualquer pessoa pode ter acesso aos conte-údos postados e compartilhá-los, sem checar sua veracidade. Ações como curtir, comentar, compartilhar podem colaborar para oagravamentodaexposiçãoedosofrimentodooutro.Seusriscosepre-juízos recaem sobre os envolvidos, em especial às vítimas. Além dos danos morais e emocionais, tal conteúdo ou imagens podem atrair pessoas ines-crupulosas ou criminosas.

Pesquisa realizada no Brasil, pela organização não governamental Plan International (2010)1 , identificou que no ambiente virtual ocorremais bullying do que no ambiente físico escolar; 31% contra 17%. Dos 5.168 estudantes participantes da pesquisa, 17% foram vítimas de cyber-bullying, 18% foram autores e 4% foram vítimas e autores ao mesmo tem-po.1-Perigosnainternet.Disponívelem:http://www.safernet.org.br/site/noticias/perigos-internet. Acessoem12demarçode2015.

Você sabia que . . .. . . no filme “A rede social”, Mark Zuckerberg, um dos criadores do Facebook, é um jovem estudante para se vingar da ex-namorada, cria um blog que destrói a reputação dela?

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Os dados mostraram que os maus tratos pela internet atingem meninos e meninas, com frequên-cia muito semelhante, diferente-mente do que acontece com os maus tratos dentro do ambiente escolar, 19% contra 18%, respec-tivamente. Os estudantes que fo-ram vítimas de cyberbullying estão alocados de forma muito similar de 5ª. a 8ª. séries do Ensino Fun-damental, com pequena concen-tração nas duas primeiras dessas séries.Emrelaçãoàfaixaetária,asvítimas concentram-se no interva-lo entre 12 e 14 anos de idade, no qual estão cerca de 69% das víti-mas.

A pesquisa mostra que os maus tratos pela internet se ma-nifestam com maior frequência na forma de insultos e difamações fei-tas por meio de e-mail, WhatsApp, Messenger e sites de relaciona-mento, por estudantes com idades entre 11 e 12 anos. Mostra, ainda, que crianças muito pequenas estão envolvidas na invasão de e-mails pessoais e no ato de passar-se pela vítima, ambos praticados por estu-dantes de 10 anos de idade.

As razões para o envolvi-mento em cyberbullying estão as-sociadas, principalmente, à ausência deorientaçãoquantoàexposição

demasiada e para o uso ético e res-ponsável na utilização dos meios tecnológicos;poucaouausênciadecanais de comunicação para que as vítimas possam denunciar e buscar auxílio, sem medo de represálias;conivência e omissão dos que par-ticipam direta ou indiretamente desse tipo de assédio; dificuldadedeempatiaecompaixão;crençanoanonimato e na impunidade.

Os autores de bullying vir-tual também podem se valer de re-des sociais e outros aplicativos de localização para realizar o cybers-talking. O stalker (perseguidor) é aquele que importuna de forma insistente e obsessiva uma outra pessoa, na maioria dos casos, ce-lebridades. A persistência na per-seguição pode resultar em ataques e agressões reais. As diversas re-des sociais oferecem todas as in-formações a respeito do alvo. As celebridades instantâneas, a supe-rexposição de algumas pessoas ea quantidade de dados pessoais di-vulgados nas redes facilitam o con-trole das atividades das vítimas. O perseguidor, pode ser uma pessoa estranha online ou conhecida pela vítima, que normalmente adota o anonimato, facultado por alguns serviços na internet, que lhe dá sensação de segurança para o agir.

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Como prevenir

1. Saibaqueéilegalenviarmensagensameaçadorasoufazerte lefonemasintimidatórios.Considereahipótesedebuscarpor seusdireitosnoConselhoTutelarounapolícia.

2. Tenhaoscontatosdetodososseusamigosefamiliaresna agendadoseucelular.Senãoreconhecerumnúmeroouseo númeronemsequerforidentificadonãoatendaàchamada.

3. Nuncarespondanemreencaminheumamensagemagressiva e/ouameaçadora.

4. Seestárecebendomensagens,telefonemas,ameaçascontate suaoperadoraepeçaparamudaronúmerodoseucelular. situaçãodebullying.

5. Guardeostextos,imagens,sonsefilmesquelhesejamenvia dos.Podesurgiranecessidadedeapresentarevidênciasdos conteúdosedeidentificarquemlhesenviou.

6. Falecomalguémemquemconfie.Setiverdificuldadeem falar,mostreaumapessoaadultaosconteúdosquevocêre cebeupore-mail,WhatsApp,sitesderelacionamento, telefonemasetc..

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Page 31: Protagonismo Juvenil - Um Guia Para Ação

4- Nude,SelfieeSexting

Atualmente, a palavra selfiedizrespeitoaumafotografiaqueumapessoatiroudesiprópria,normalmentecomumsmartphoneouweb-cam, e que foi colocada em uma rede social. No entanto, muitos/as ado-lescentesejovensporiniciativaprópriaoucedendoapedidosdeoutros- namorados, amigos, pretendentes, colegas da escola - acabam por fo-tografarem-senusouseminus,expondo-sedemasiadamenteeperdendoo controle de sua privacidade. Aí o nome vira NudeSelfie, ou seja, a imagem de uma pessoa sem roupa.

Já o sexting,umapalavraoriginadadoinglês:sex(sexo)+texting(envio de mensagens), descreve um fenômeno no qual adolescentes e jo-vensusamseuscelulares,câmerasfotográficas,contasdee-mail,salasdebate-papo, comunicadores instantâneos e sites de relacionamento para produzireenviarfotossensuaiseeróticasdoseucorpo(nuouseminu).Envolve tambémmensagens de texto eróticas (no celular ou Internet)comconviteseinsinuaçõessexuais.

Tais imagens, quando compartilhadas, podem ser acessadas por mi-lhões de internautas, em qualquer lugar do mundo e, muitas vezes, é difícil ouimpossívelremoveroconteúdopostado.Tambémexisteapossibilida-dedeviolaçãodeprivacidade,pormeiodehackersoupessoaspróximas,com as quais mantiveram relacionamentos.

De acordo com uma pesquisa realizada pela ONG Safernet2, a maioriadospraticantesdenudeselfieesextingequebuscamajudapsico-lógicaéformadopormeninas,comidadesentre13a15anos.Osefeitosnegativos podem ser graves, afetando a saúde psíquica, principalmente.

2-SAFERNET.Sexting.Disponívelem:http://www.safernet.org.br/site/prevencao/cartilha/safer-dicas/sexting.Acessoem12demarçode2015. 29

Page 32: Protagonismo Juvenil - Um Guia Para Ação

Como prevenir

1. Jamaissedeixelevarporpressõesparaproduziroupublicarimagens sensuais.2. Tudooquefazemosonlinetemconsequênciastambémforada Internet.Pensemuitobemantesdepublicar.3. Quandotiverdúvidasemrelaçãoaoscomportamentossexuais, procureconversarcomseusfamiliarese/ouamigos/asdeconfiança antesdeseexporpelaInternet.4. Nãohánadadeerradoemfalaretirardúvidassobresexualidadee saúdereprodutiva.Oerroénãoseprotegerenãoseinformarsobre comomanterrelaçõessaudáveisdentroeforadociberespaço.

SAIBA + A SaferNet Brasil é uma associação civil de direito

privado, com atuação nacional, sem fins lucrativos ou econômicos, sem

vinculação político partidária, religiosa ou racial.

Fundada em 20 de dezembro de 2005 por um grupo de

cientistas da computação, professores, pesquisadores e bacharéis

em Direito, a organização busca transformar a Internet ( . . . )

Em especial, crianças e adolescentes precisam de orientações sobre o uso da tecnologia. Muitas vezes, acessam conteúdos incompatí-veis com a idade ou fase de amadurecimento, o que pode comprometer o desenvolvimento saudável. Outros fatores preocupantes são o tempo depermanêncianarede-podendodificultaravidapessoal,escolaresocial - e a dependência comportamental ou “vício em internet”, com efeitos sociais e emocionais negativos. O reconhecimento das violências e suas variadas manifestações e fatores desencadeantes é decisivo no delineamento de estratégias pre-ventivas. A participação da comunidade escolar – discentes, docentes e famílias – é importantíssima para o sucesso e continuidade das ações direcionadas à não violência.

Page 33: Protagonismo Juvenil - Um Guia Para Ação

Comentários

Agora que já sabemos mu ita co isa sobre a importância

de se preven ir s ituações de v io lência ,vamos pensar na e laboração de um projeto cr iado e desenvo lv ido por

adolescentes e jovens?

( . . . ) em um ambiente ético e responsável, que permita às crianças, adolescentes, jovens e adultos criarem, desenvolverem e ampliarem relações sociais, conhecimentos e exercerem a plena cidadania com segurança e tranquilidade.Em seu site estão disponíveis cartilhas, HQ, jogos e orientações so-bre a violência na internet.Disponível em: http://www.safernet.org.br/site/institucional

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Page 34: Protagonismo Juvenil - Um Guia Para Ação

A CONSTRUÇÃO DE UM PROJETO DEPREVENÇÃO ÀS VIOLÊNCIAS

Écertoqueotrinômioplanejamento,execuçãoeavaliaçãodevemimperar quando o assunto é protagonismo juvenil. Mas sem o mínimo de base, o planejamento, que é o alicerce de toda ação, poderá ser prejudica-doeoprojetopoderuirrapidamenteduranteaexecução. Para tanto, pode-se imaginar um sistema de engrenagens, operado portrêspeças fundamentais:oplanejamento,aexecução,eaavaliaçãodosresultados.Seguindoestespassos,comaparticipaçãoefetiva,eficazeeficiente,temosoprotagonismo.

Oplanejamentofazpartedahistóriadoserhumano,poisodesejode transformar sonhos em realidade é uma preocupação marcante de toda pessoa, sobretudo dos jovens, ansiosos para serem inocentemente “promovidos à vida adulta”.

A gente precisa fazer um projeto com o apoio das famílias, da diretoria de

ensino. Eu, por exemplo, queria participar da organização de uma feira de

ciências. Daria para fazer muita coisa . É uma ótima ideia .

Mariana

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Page 35: Protagonismo Juvenil - Um Guia Para Ação

Durante o cotidiano, enfrentam-se situações que necessitam de planejamento, mas nem sempre as atividades diárias são delineadas em etapasconcretasdaação,umavezquejápertencemaocontextodaro-tina. Entretanto, para a realização de atividades que não estão inseridas em nosso dia-a-dia, usam-se os processos racionais para alcançar o que se deseja. Tal processo, quando se trata de jovens que o impulsionam, devem ser,preferencialmente,orientadosporpessoasmaisexperientesnaqueladeterminadaação,paraqueosatosexecutóriosnãocontenhamimprevis-tos indesejados, que podem ser traumáticos e desestimulantes.

O educador que orienta um projeto juvenil não deverá privar os jovens da participação na decisão do projeto a ser realizado, não tentar transferir para os jovens, decisões já tomadas por adultos, sem dar-lhes opção de recusa ou de proposta de melhorias. O instrutor, tampouco deverá apresentar o problema, colher as sugestões do grupo e, depois, decidirsozinhooquefazer.Aatitudecorretaédeixaradecisãoparaogrupo, e procurar apenas orientar e esclarecer quando as dificuldadessurgirem.

Entretanto, nem sempre a presença de um orientador é indispen-sável. Cada vez mais o acesso à informação é disseminado pelo século XXI, com fontes heterogêneas de conhecimento, que podem, sozinhas, guiarospassosdeumprotagonista.Mas,aindaassim,éimportantefiltraros dados colhidos para elaborar um planejamento consistente e, neste filtro,oorientadorpoderásermuitoútil,massemprecomopersonagemsecundário, realizando o mínimo de atos possíveis, sendo um coadjuvante dos jovens, até o momento em que o protagonista consegue, sozinho, transforma-se no personagem principal de sua ação.

O mais importante, é que a participação se dê num ambiente de-mocrático. A participação sem democracia é manipulação e, em vez de contribuir, como já dito, poderá prejudicar o jovem, principalmente quan-dosetemopropósitodeformarumjovemautônomo,solidárioecom-petente.

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Page 36: Protagonismo Juvenil - Um Guia Para Ação

Amelhorfasedoprotagonismoésemdúvidaaexecução.Entretan-to, se a fase anterior – o planejamento – não for bem feito, o “agir” pode-rá ser a fase mais desgastante. De fato, o ciclo do protagonismo funciona como engrenagens, de modo que o sucesso de cada fase depende da fase anterior, numa rotação dependente.

Vale ressaltar, que num trabalho protagônico, feito por uma plurali-dadedejovens,háaquelesqueprefiramatuarnosbastidores–noplaneja-mento–eosquesedestacammaisnaexecução.Ambossãofundamentaispara o sucesso da ação e não devem possuir qualquer hierarquia entre eles.

Porfim,masnãomenosimportante,tem-seaavaliação.Ojulga-mento, contudo, deve estar presente desde o primeiro momento, toman-domaiorcorponofinaldoprocesso,nosentidodeanálisesistemáticados resultados, proporcionando reestruturação do planejamento, caso os objetivos não tenham sido alcançados.

Oideal,équenãosóaspessoasqueparticiparamdoplanejamentoedaexecuçãosejamosavaliadores,poisaautocríticapura,podecometerinjustiças:ouháexaltaçãoemdemasia,ouomenosprezodepontoselogi-áveis.Odiagnósticoneutrodarácondiçõesmelhoresdeplanejamentoàsexecuçõesfuturas.Avaliarumaaçãopotencialmenteprotagonistaé,inclu-sive,umatoamoroso,umgestodecarinho,peloqualseverificamcomoestão criando seus espaços de participação e como podem trabalhar para que eles cresçam ainda mais.

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Page 37: Protagonismo Juvenil - Um Guia Para Ação

ROTEIRO BÁSICO PARA A ELABORAÇÃO DE UM PROJETO

INSTRUÇÕES

Para criação de um projeto, em síntese, é indispensável seguir os seguintes passos:

1. PLANEJAMENTO

Apresentação: inicia-se com a capa onde deverá constar o título do projeto, o nome da entidade ou grupo responsável, local e data. Da pri-meira página deverá constar o nome dos responsáveis pelo projeto e suas respectivas funções.

ObjetivoeJustificativa:procede-se a uma enunciação clara e con-cisa do que se espera alcançar e a descrição do problema ou necessidade que originou o projeto.

Atividades Práticas: descrição do passo a passo das atividades a se-remdesenvolvidas,dosmeiosaseremutilizadoseadefiniçãodasrespon-sabilidadesdecadaumnaexecuçãodoprojeto.

Recursos: elencar todos os requisitos em termos de espaços físicos, materiais, dinheiro e pessoas necessários para viabilizar as ações previstas. Cronograma:Ocronogramadividiráaexecuçãodoprojetoemfasesouetapas e estabelecerá o tempo previsto para sua realização.

2. EXECUÇÃO

Colocarempráticaoplanejamento,seguindoaomáximooque foian-teriormente detalhado na fase anterior, para evitar imprevistos e, prin-cipalmente, por ética junto àqueles que patrocinaram ou chancelaram o projeto.

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Page 38: Protagonismo Juvenil - Um Guia Para Ação

3. AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS

A avaliação do projeto poderá ocorrer em três momentos:

Avaliação Diagnóstica (antesdaexecução).Éomomentoemquesefazacoletadedadoseinformaçõescomafinalidadedeselevantarasituação-problemaeascondiçõesexistentesparaoseuenfrentamento.Como: pessoas, conhecimentos, espaços físicos para trabalhar, equipa-mentos e dinheiro.

Avaliação Formativa(duranteaexecução).Éoacompanhamentosis-temático do desenvolvimento das ações, a detecção de atrasos e falhas e asuacorreçãonocursomesmodoprocessodeexecução.

Avaliação Somativa(apósaexecução).Verificaseoprojetoatingiuou não os objetivos perseguidos. Detecta o mérito, a relevância e o im-pacto sobre a situação das ações desenvolvidas, destacando os pontos positivos e negativos, produzindo, assim, os elementos para se estabelecer um juízo de valor acerca do trabalho realizado. Quando se trata de pro-jetos de protagonismo juvenil, o acerto e o erro têm valor positivo, pois ambos podem ser usados para alimentar o processo de aprendizagem, crescimento e desenvolvimento dos jovens, como cidadãos e cidadãs.

Nestes tempos virtuais, cada vez mais é preciso desenvolver práticas protagônicas nas quais às tecnologias da comunicação e informação também façam parte da promoção e defesados direitos de adolescentes e jovens. Na publicação Inclusão digital na Medida, da Fundação Telefônica, alguns textos e muitas práticas são sugeridas neste sentido. Disponível em: http://www.asbrad.com.br/conte%C3%BAdo/Inclusao_digital_cdi.pdf

Saiba +

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Page 39: Protagonismo Juvenil - Um Guia Para Ação

NA PRÁTICA Muitos adolescentes e jovens nunca (ou muito pouco) tiveram uma experiência sobre protagonismo juvenil. E, sem dúvida, ninguém nasceprotagonista e, sim, aprende a ser.

Por esta razão, sugerimos algumas atividades práticas que, além dedivertir,aindapossibilitarãoumaboadiscussão.Cenasdeteatro,ex-posições, festivaisdebandas,oficinas, passeios amuseus, campeonatosinterescolares, gincanas, jornal mural, campanhas são algumas das possibi-lidades de se trabalhar com o tema protagonismo juvenil e violência.

Vale lembrar que, ao se optar por qualquer que for a atividade é preciso observar três momentos de aprendizagem:

1. Contextualização - quem coordena a atividade, em um primeiro momento, precisará situar o grupo quanto a seus objetivos, apresentando alguns conceitos e o tema a ser trabalhado.

2. Desconstrução/problematização - aqui, a tarefa do coordenador é “retirar” dos/as participantes os conhecimentos que eles e elas já possuem, por meio de perguntas básicas: O que vocês entendem por protagonismo juvenil? O que é violência?

3. Sistematização – é o momento de organizar as contribuições dos/as participantes e do/a coordenador, resumindo quais foram os aprendizados que tiveram durante toda a atividade.

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Page 40: Protagonismo Juvenil - Um Guia Para Ação

PASSO A PASSO PARA ORGANIZAR UMA ATIVIDADE√ Antes de aplicar a atividade, leia todo esse guia.√ Prepare todos os materiais necessários para se desenvolver a atividade.√ Quando o grupo já estiver reunido, antes de começar a oficina, construa e registre alguns acordos coletivos, perguntando ao grupo o que não pode aconte-cer durante a atividade. Por exemplo: utilizar o telefone celular, fumar, tumultuar as atividades etc. Escreva somente o que for consenso. Sempre deixe visível esta lista durante todos os momentos de encontro do grupo.√ Abra um espaço para que os/as participantes façam perguntas sobre o tema e as práticas. √ Comente, em poucos minutos, sua avaliação sobre a atividade, iniciando pelos pontos que podem ou precisam ser melhorados e depois destaque os pontos positivos. Se possível, adiante a temática e os objetivos da próxima oficina.

√ Ao final, peça para o grupo avaliá-lo/a. Este é um momento de grande aprendizado para todos, inclusive para o/a coordenador/a!

Procure não comentar as falas dos participantes, pois isso pode

desencorajarogrupoafalaroquepensa.Esteéumexercício

essencial para o aprimoramento e fortalecimento dos envolvidos

no processo de formação do protagonismo.DICA

Page 41: Protagonismo Juvenil - Um Guia Para Ação

ATIVIDADES

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OBJETIVO DURAÇÃO MATERIAIS Identificar os espaços ocupa-dos pelos e pelas adolescentes e jovens, analisando aspectos relacionados à desigualdade.

± 2 hsPapel kraft ou papel pardo ou papel madeira, pincéis atômicos, revistas, cola, tesoura.

Atividade 1 - Adolescências, juventudes e participação

Passo a passo

• Dividaosparticipantesemgruposde5pessoasnomáximoe informeque,apropostaéquecadagrupofaçaumacolagem retratandooqueéseradolescenteejovemnosdiasdehoje.

• Distribuajornaiserevistaseoriente-os,primeiramente, arecortarimagenssobreadolescênciaejuventude.

• Informeque,agora,deverãorelacionaressasimagenscomos espaçosocupadosporeleseelas.Expliquequeessesespaços poderãoserdesdeaescola,praça,baladasatéasesferas políticos.

• Peçaque,situemquaisseriamosespaçosocupadostambém pelosjovensnegros/as,dediferentesetnias,pessoascom deficiência,homossexuaisetc..

• Expliquequepoderãofazeroretratopormeiodecolagem, desenho,manifestoouqualqueroutraformadecomunicação quedêumretratoomaispróximopossíveldecomoeles percebemarelaçãoentreadolescênciaeajuventudeeos espaçosocupadosporeles.

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Page 43: Protagonismo Juvenil - Um Guia Para Ação

• Quandoterminarem,peçaquecadagrupoapresentesua construção.

• Abraparaodebateperguntandocomofoielaboraressere tratoequaisaspectosrelacionadosàsdesigualdadesque apareceramduranteessaconstrução.

A juventude sempre procurou ocupar espaços de diversas formas, reivindicando para si a participação como um direito. Na falta de acesso a espaços convencionais, ou mesmo na falta de interesse ou de credibilidade nosmodelospolíticos,ajuventudecriaseusprópriosfórunsquevãodosgrêmios estudantis a bandas de música, movimentos sociais e culturais. A importância de participar é poder criar novos e diferentes ambientes para oexercíciodedademocraciaedorespeitoàdiversidade.Participaréumdireito que pode nos levar à conquista de novos direitos.

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OBJETIVO DURAÇÃO MATERIAISRefletir sobre o significado da palavra cidadania e a importân-cia da participação na garantia dos direitos de adolescentes e jovens, por meio da utilização da letra de uma música.

± 1 hora

Computador, data show e DVD com a música Pedro Pedreiro, folhas com a letra e canetas.

Atividade 2 - Esperando o trem

Passo a passo

• Inicieperguntandoseos/asadolescentesejovensconhecem umamúsicadoChicoBuarquedeHolandachamada “PedroPedreiro”.

• Distribuaumacópiadaletradamúsica“PedroPedreiro”para cadaduaspessoas.

• Coloqueamúsicaparatocare,emconjuntocomos/as participantes,peçaquetodoscantem.

• Quandoterminarem,peçaquecadaduplareleiaaletrada músicaecontemquantasapareceoverboesperar,emseus diferentestemposverbais.

• Depoisdacontagem,vejasetodasasduplaschegaramao mesmonúmerodevezeseabraparaadiscussão:

1.Oquevocêsacharamdestaletra?

2.OquePedroesperava?42

Page 45: Protagonismo Juvenil - Um Guia Para Ação

Comentários

Para Herbert de Souza3,acidadaniaexpressaumconjuntodedi-reitos que, fundamentalmente, proporcione à pessoa a possibilidade de participarativamentedavidaedogovernodeseupovo.Quemnãoexer-ce ativamente sua cidadania não participa da definição do seu própriofuturoenãocolaboranaconstruçãododestinodahumanidade.Éalguémquenãoluta,nãovive,sósobrevive.Éalguémpelametade.Jánaspalavrasda pensadora Hannah Arendt4,cidadaniasignifica“odireitoaterdirei-tos”.Eissosóépossívelquandoparticipamospoliticamente,nosassocian-do, reivindicando e negociando melhorias para toda a sociedade. Dessa maneira, ser cidadão é participar. E participar é ir além de simplesmente criticar. Um verdadeiro cidadão sabe que pode usufruir de um conjunto de DIREITOS, respeitando um outro conjunto: o dos DEVERES.

3- HerbertJosédeSouza,popularmenteconhecidocomoBetinho,foiumhomemdegrandeatuaçãoemtrabalhossociaisnoBrasil.FormadoemSociologiaePolíticadeAdminis-traçãoPúblicapelaUniversidadedeMinasGerais,ergueuabandeiradatransformaçãosocial,voltadoparaosentidodauniãoedacongregação.4- HannaArendtfoiumafilósofapolíticaalemãdeorigemjudaica,umadasmaisinfluentespensadorasdoséculoXX.Defendiaopotencialdeumaliberdadeeigualdadepolíticaeaperspectivadainclusãodooutro.

3.Oqueelepoderiaterfeitoparamudaras situaçõesde“espera”?

4.Oqueos/asadolescentesejovensvemfazendo paramudarassituaçõesdeviolênciaque ocorremàsuavolta?

5.Oquemaispoderiamfazer?

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Folha de apoio – Pedro PedreiroPedro pedreiro – Chico Buarque

Pedro pedreiro pense iro esperando o tremManhã parece, carece de esperar também

Para o bem de quem tem bem de quem não tem v intémPedro pedreiro fica ass im pensando

Ass im pensando o tempo passa e a gente va i ficando prá trásEsperando, esperando, esperando

Esperando o sol , esperando o tremEsperando aumento desde o ano passado para o mês que vem

Pedro pedreiro pense iro esperando o tremManhã parece, carece de esperar também

Para o bem de quem tem bem de quem não tem v intémPedro pedreiro espera o carnaval

E a sorte grande do b i lhete pela federal todo mêsEsperando, esperando, esperando, esperando o sol

Esperando o trem, esperando aumento para o mês que vemEsperando a festa, esperando a sorte

E a mulher de Pedro, esperando um filho prá esperar também

Pedro pedreiro pense iro esperando o tremManhã parece, carece de esperar também

Para o bem de quem tem bem de quem não tem v intém

Pedro pedreiro tá esperando a morteOu esperando o dia de voltar pro Norte

Pedro não sabe mas talvez no fundo Espere alguma co isa mais l inda que o mundo

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Page 47: Protagonismo Juvenil - Um Guia Para Ação

Maior do que o mar, mas prá que sonhar se dáO desespero de esperar demaisPedro pedreiro quer voltar atrás

Quer ser pedreiro pobre e nada mais , sem ficar

Esperando, esperando, esperandoEsperando o sol , esperando o trem

Esperando aumento para o mês que vemEsperando um filho prá esperar também

Esperando a festa, esperando a sorteEsperando a morte, esperando o Norte

Esperando o dia de esperar n inguémEsperando enfim , nada mais a lém

Da esperança afl ita , bendita, infin ita do apito de um trem

Pedro pedreiro pedreiro esperandoPedro pedreiro pedreiro esperando

Pedro pedreiro pedreiro esperando o trem

Que já vem

Que já vem

Que já vem

Que já vem

Que já vem

Que já vem

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Page 48: Protagonismo Juvenil - Um Guia Para Ação

OBJETIVO DURAÇÃO MATERIAISPropor uma reflexão sobre a relação escola X aluno, estimulando sugestões de ideias sobre como melhorar as relações no ambiente escolar.

± 1 h30

Cartolinas, canetões, revistas velhas, fita crepe, cola, tinta guache, pincéis, réguas e tesouras.

Atividade 3 - A escola que queremos

Passo a passo

• Abraparaodebatesobreosentimentodeadolescentese jovensemrelaçãoàescola,aoconteúdoacadêmico,à cobrançadafamíliaecomoelessesentemnacondição dealuno

• Escrevaaperguntanoquadro:qualaescolaquequeremos?

• Anoteascontribuiçõesemumacoluna.

• Emumacolunaaoladoescrevaoquenósalunosdevemos fazerparatermosaescolaquequeremos?Tomenotados conteúdosapresentados.

• Solicitequeformemgruposde4ou5pessoas.

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Page 49: Protagonismo Juvenil - Um Guia Para Ação

• Distribuaosmateriaisporgruposeinformemqueaideiaé elaborarumcartazcomsugestõesdecomotornarsuaescola umlocalmais“amigável”paraos/asadolescentesejovens concretizaremsuassugestões.• Quandoterminarem,abraparaaapresentaçãodoscartazes pelosgrupose,emseguida,inicieumdebateapartirdas seguintesperguntas:

1.Oqueéaescola?Qualéoseuobjetivo?

2.Qualaparticipaçãodos/asestudantesnaescola? Existeesseespaço?

3.Senão,oqueéprecisofazerparaconquistaresse espaço?

4.Quaisasopçõesdeparticipaçãoqueexistem naescola?

• Terminadaadiscussão,convideos/asparticipantesà colocaremseuscartazesemlugaresestratégicosdaUnidade Escolar,paraquetodosvejamomaterial.

Comentários

Existemváriosespaçosparaseexerceroprotagonismojuvenilcomo,porexemplo:

• Engajamento nos diferentes espaços do movimento estudantil (grêmios,diretórios,UniãoBrasileiradosEstudantes Secundaristas - UBES, União Nacional dos Estudantes - UNE, outros).

• Filiação e militância nos partidos políticos.

• Atuaçãoementidadessindicaisouassociaçõesprofissionais.

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• Pertencimento a movimentos sociais e grupos que atuam para transformar o espaço local, nos bairros, nas favelas e periferias.

• Participação em grupos que atuam nos espaços de cultura arte e de lazer: bandas musicais, grupos de teatro e dança de diferentes estilos,associaçõesesportivas,gruposdeskatistas,grafiteirosetc.

• Mobilização em torno de uma causa ou campanhas, como grupos ecológicos,gruposcontraaviolênciaepelapaz,comitêsdeAção pela Cidadania, acampamento internacional da juventude etc.

• Gruposdejovensquesepropõemaatuaremespaçospúblicos sobaformadepastorais,redes,fóruns,movimentosetc.

• Gruposreunidosemtornodeidentidadesespecíficas(mulheres, negros,homossexuais,pessoascomdeficiência).

• ONGsformadasporjovens,desenvolvendoprojetosdeatuação social e comunitária.

• Jovens que atuam por meio da construção de sites, blogs, jornais comunitários e /ou virtuais.

Os/Asprópriosadolescentesejovensconstroemseusmodosdeocupa-rem a vida pública. No entanto, não basta ocupar o espaço, é importante conhecer,estudar,seapropriardediscussõeseexpressarsuasideias.

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Page 51: Protagonismo Juvenil - Um Guia Para Ação

OBJETIVO DURAÇÃO MATERIAISRefletir sobre a ocupação do espaço público identificando os locais frequentados por difer-entes adolescentes e jovens.

± 1 h30

Lápis, canetas coloridas, fita adesiva, cola, figuras de revista, uma folha de flip chart para cada grupo.

Atividade 4 - Mapa da desigualdade

Passo a passo

• Informequenestaatividadeaideiaétrabalharcomalgumassituaçõesdocotidianoquemostramcomoadesigualdadeestápre-senteemnossavida,masque,nemsempre,sãovistascomoviolên-cia.

• Peça,então,queformemquatrogruposequedesenhemoufaçamumacolagemdeumacidadequecontenha:ruas,casas,umapraça,umaescola,ummercado,serviçodesaúde,delegacia,campodefutebol,prefeitura,umaempresaetc.

• Quandoterminaremosdesenhos,soliciteque: √Identifiquemosespaçosocupadosmaisporpessoas dosexofemininoequeapontem,desenhemoucolemfiguras demeninas,adolescentesemulheresadultasqueocupam esselocal. √Identifiquemosespaçosocupadosmaispelos meninos,adolescentesehomensadultos.Peçaqueapontem, desenhemoucolemasfigurasdosexomasculino. √Identifiquemosespaçosocupadosporadolescentese jovensafro-brasileiros/aseasiáticos(japoneses,chineses...),

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apontando,desenhandooucolandofigurasdepessoasdestas raças/etnias. √Finalmente,peçaqueapontem,desenhemoucolem figurasdepessoascomdeficiência,nosespaçosdesenhados.

• Quandoterminaremomapeamento,peçaquesesentememumgrandecírculo,cadagrupoapresentarásuaconstruçãoe asconclusõesaquechegaram.

• Aprofundeaconversapormeiodasseguintesquestões: 1. Quaisoslugaresmaisocupadospelasadolescentes ejovens? 2. Quaisoslugaresmaisocupadosporadolescentese jovensdosexomasculino? 3. Quemfrequentamaisaescola?Osmeninosouas meninas?Dequeraça/etnia? 4. Porqueosmeninoseoshomensutilizammaisos espaçospúblicosqueasmulheres?Quemsãoeles? 5. Porqueamaioriadosgovernantesegerentessão homens? 6. Quemtemmaispoder?Oshomensouasmulheres? 7. Quaisos/asadolescentesejovensquemaissofrem preconceito?Os/Asbrancos/as?Os/Asafrodescendentes? Os/asadolescentesejovenscomdeficiências?

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Comentários

Quando falamos em igualdade não nos referimos a oportunidades iguais, mas, também, nas relações de poder. Trabalhar com a promoção da equi-dadeeigualdadenaescolasignificaquestionarasrazõespelasquaismuitaspessoas não têm acesso a diferentes espaços, bens e serviços. Do mesmo modo,éprecisodesconstruirospreconceitosqueaindaexistemsobreraças/etnias,diversidadesexualeidentidadedegênero,pessoascomdefi-ciências, dentre muitos outros. Deacordocomodicionáriodefilosofia,apalavrapoder,naesferasocial,sejapeloindivíduoouinstituição,sedefinecomo“acapacidadedeesteconseguiralgo,quersejapordireito,porcontroleouporinfluência”(Bla-ckburn, 1997:301). A noção predominante do poder nas várias sociedades é a de poder so-bre/contra, uma noção muito restrita que, inclusive, é confundido com o controle, isto é, a habilidade de dominar as pessoas que nos rodeiam.

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OBJETIVO DURAÇÃO MATERIAISIdentificar tipos de violência especificados na Lei Maria da Penha.

± 3hrsTiras com as situações de violência, cópia da Lei Maria da Penha, papel e canetas; folhas de apoio 1 , 2 e 3.

Atividade S - Intervenção urbana: violência e Lei Maria da Penha

Passo a passo

• Expliquequeaideianestaatividadeéadepromoverumadiscus-sãosobreosdiferentestiposdeviolênciacontraamulher.

• Peçaqueformemgruposeentregueumatiracomumahistóriaparacadaumdeles(folhadeapoio1).

• SolicitequecadagrupoleiaahistóriaeidentifiqueostiposdeviolênciaqueocorreramàluzdaLeiMariadaPenha(folhadeapoio2).

• Quandoterminarem,peçaquecadagrupoleiaahistóriaeapre-senteotipodeviolênciaqueaprotagonistasofreu.

• Abraparaodebateapartirdasperguntasparadiscussão:

1.Assituaçõesqueforamapresentadasnashistórias acontecemousãoficção?

2.Existemviolênciasqueestãorelacionadasaosexoda pessoa?Quais?

3.Qualotipodeviolênciamaiscomumpraticadacontraas mulheres?Econtraoshomens?

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4.Quaisasconsequênciasdestasviolênciasnavidadas mulheres?Edoshomens?

• Terminadoodebate,sugiraqueogrupopenseemcomose-riapossíveldivulgarasinformaçõesqueforamdiscutidasatéagora.Aideiaécriarumaintervençãourbanaparachamaraatençãodaspessoassobreaigualdadeeanãoviolência(folhadeapoio3).

Comentários

Da mesma forma que o gênero – feminino ou masculino – é uma cons-trução social, a violência também não é uma atitude “natural”, ou seja, as pessoas não nascem violentas, elas aprendem a ser violentas a partir de um processo de socialização em que a violência é vista como uma forma legítimaderesolverconflitos,expressarsentimentoedeterpoderso-breoutraspessoas.Prevenirsituaçõesdeviolênciaexigeadesconstruçãode uma série de ‘certezas’ sobre o que é natural e o que é socialmente esperado de um homem e de uma mulher. Para se pensar em formas de se prevenir a violência com base em gênero é preciso estar atento a situ-ações como o preconceito, a discriminação, o desrespeito, o racismo, a homofobia.

Folha de apoio 1 – Casos de violência

William convidou Susana para passearem em uma tarde ensolarada. Eles conversaram um pouco, tomam um sorvete e, em seguida, William a convida para ir a um motel, dizendo que tinha dinheiro para passarem algumas horas lá. Susana disse que sim. Eles foram para o motel e come-çaram a se beijar William começou a tirar a sua roupa. Então. Susana disse aelequenãoqueriatransar. Williamficoutranstornadoecomeçouagritar que gastou muito dinheiro com ela e que não sairia do motel sem fazersexocomela.Que tipo de violência ocorreu nessa história?

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Ana tem 16 anos de idade e mora em uma cidade turística. No ano passa-do, ela conheceu um estrangeiro, banqueiro, com quem começou a namo-rar. Ela não contou sobre o namoro para sua família. Apesar de ser mais velho, ela gostava de sair com ele, especialmente quando ele a levava para restaurantescaroseboateschiques.Nofimdesuaviagem,eleaconven-ceu a acompanhá-lo a seu país de origem. Ele prometeu que seria fácil conseguir um emprego, e Ana aceitou o convite. Depois de chegar lá, ele

Julieta está namorando há um ano. Romeu, o namorado dela, tem falado que ela está acima do peso e que está com vergonha de sair com ela. Ele faz comentários o tempo todo sobre o corpo de outras mulheres e o quanto Isadoraficariamaissexyseperdessepeso.Elemaladeixacomer.EledizquesóirásecasarcomeladepoisqueJulietaperder,nomínimo,10quilos.Que tipo de violência ocorreu nessa história?

Fernanda mal tinha começado o Ensino Médio quando conheceu João. Ele era diferente dos outros caras que ela já tinha conhecido. Foi o pri-meiro amor da vida dela e ela queria passar todo seu tempo livre com ele. Parou de sair com suas amigas e as suas notas caíram. Ela estava mentindo constantemente para seus pais sobre com quem estava e, por isso, não po-deria vê-lo o tempo todo. Ele era muito ciumento e Fernanda não poderia ternenhumamigohomemsemqueeleficassecomraiva.Depoisdesaírempor dois meses, eles começaram a brigar muito porque ela não queria tran-sar com ele. Um dia eles tiveram uma briga feia e ela bateu nela.Que tipo de violência ocorreu nessa história?

Renata e João estão namorando há alguns meses. Renata ainda está cur-sando o Ensino Médio e João se formou no ano passado. Desde então, João tem tentado encontrar um emprego estável, mas não tem tido sorte. Ultimamente,Renatatemfeitocomentáriossobreoexnamorado,dizendoque ele tinha um bom emprego, que sempre a levava para bons restauran-tes e comprava presentes para ela. Ela começou a chamar João de pregui-çoso e burro, dizendo que se ele fosse um “homem de verdade” já teria arrumado um emprego.Que tipo de violência ocorreu nessa história?

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imediatamentepegouseupassaporteemostrou-seextremamentecon-

trolador,eàsvezesfisicamenteagressivo.Elatambémdescobriuqueele

não era banqueiro e que nem tinha muito dinheiro. Ana se sentiu muito

isolada, sem amigos ou família e sem conhecer a língua local. Ele a pres-

sionou a trabalhar como str ipper, um trabalho duro e que incluía ofertas

diárias para se prostituir.Que tipo de violência ocorreu nessa história?

Folha de apoio 2 – Lei Maria da PenhaALei11.340/2006,deautoriadoPoderExecutivo,foisancionadaem7deagosto de 2006 pelo Presidente da República e entrou em vigor em 22 de setembro de 2006. Em seu Art. 2º estabelece que: toda mulher, indepen-dentementedeclasse,raça,etnia,orientaçãosexual,renda,cultura,níveleducacional, idade e religião, goza dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver sem violência, preservar sua saúde física e mental e seu aperfeiçoa-mento moral, intelectual e social. Esta mesma lei, criou mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher. Deacordo com seuArt. 5º configura-se violênciadoméstica e familiarcontra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe causemorte,lesão,sofrimentofísico,sexualoupsicológicoedanomoralou patrimonial.

TIPOS DE VIOLÊNCIA

Violência física – qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saú-de corporal.

Violência psicológica – qualquer conduta que lhe cause dano emo-cional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimen-to, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz,insulto,chantagem,ridicularização,exploraçãoelimitaçãodo

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Folha de apoio 3 – Intervenção urbana- A primeira coisa é pensar é o que fazer para chamar a atenção das pessoas sobre a importância da prevenção da violência contra as mulhe-res, embasados em dados estatísticos atualizados.

- Emseguida,éprecisocriaraintervenção.Porexemplo,umflashmob,umacenadeteatro,umaexposiçãodedesenhosouesculturasetc.

- Finalmente,precisodefinirolocalemqueaintervençãoiráocorrer- escola, comunidade, praça etc. -, além da data e duração da intervenção.

direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde

psicológicaeàautodeterminação.

Violência sexual – qualquer conduta que a constranja a mulher pre-

senciar,amanterouaparticiparderelaçãosexualnãodesejada,mediante

intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar

ouautilizar,dequalquermodo,asuasexualidade,queaimpeçadeusar

qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez,

ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou

manipulação;ouquelimiteouanuleoexercíciodeseusdireitossexuais

e reprodutivos;

Violência patrimonial–qualquercondutaqueconfigureretenção,

subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de

trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos eco-

nômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades.

Violência moral–qualquercondutaqueconfigurecalúnia,difamação

ou injúria.

Disponível na íntegra em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm.

Acesso em 22 de abril de 2015.

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OBJETIVOIdentificar as situações de racismo existentes na mídia brasileira.

Atividade 6 - Mídia e racismo

Passo a passo

• Organizeos/asparticipantesemcincogruposeexpliquequea proposta é analisar algunsmateriais dosmeios de comunicaçãotendo em vista a dimensão etnicorracial. Informe que cada gruporeceberáumdeterminadotipodematerial:

Grupo A–revistasemquadrinhos;

Grupo B–panfletosdepropagandadelojas,carro, apartamentoetc.;

Grupo C –númerosdojornallocaldemaiorcirculação;

Grupo D–encartessobreprogramasdeTV, principalmentesobrenovelaseprogramasdeauditório;

Grupo E –revistasecadernosdeesporte.

• Distribuaafolhadeapoioesolicitequecadagrupoanaliseomaterialrecebidoapartirdostópicoscontidosnoroteiro.

• Apósasapresentações,abraodebateapartirdasseguintesquestões:

DURAÇÃOHistórias em quadrinhos, panfletos, jornais, encartes, revistas de esporte.

50 minutos

MATERIAIS

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1. Comoapopulaçãoindígenaéretratadanamídia?

2. Quaisasformasderacismoqueadolescentesejovens negros/assofrem?

3. Umavezquenoracismosedeterminaumarelaçãodesigual depoder,porqueos/asbrancos/asseachamsuperiores aos/àsnegros/as?

4. Comoareflexãosobreoracismopodecontribuirparaa reduçãodasvulnerabilidadesdeadolescentesejovensem relaçãoàsviolências?

Comentários

Amídianãopodesertratadaapenascomosinônimodetrocadein-formação,poisasáreasdenoticiárioeentretenimentodamídiatêmimportanteinfluêncianospensamentos,atitudesecomportamentosdemulheresehomens.Nãohánamídiabrasileiraapromoçãodeumaimagemequilibradaenãoestereotipadadapopulaçãonegraeindígena.Comraríssimasexceções,oracismonãoétemadaspáginasdosjornaiserevistas,emboraapopulaçãonegrasejahojequaseme-tadedoshabitantesdopaís.Entretanto,os/asnegros/asestãosuper--representadosnosíndicesdeexclusãosocialesub-representaçõesnosespaçosdepoder,porondeosmeiosdecomunicaçãomaiscirculam.

Folha de apoio - Roteiro

1. Identificarquemocupaolugarmaisimportantedomate-rial.Negroounão-negro?

2. Compararcomoo/ajovembranco/aeo/ajovemnegro/aaparecemnamídiaecontabilizarasapariçõesdecadagrupo.

3. Observaronúmerodeapariçõespositivasenegativasdejovensnegros/aseonúmerodeapariçõespositivasenegativasdejovensbrancos/as.

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Atividade 7 - Violência virtual

Passo a passo

• Expliquequeaideiadestaoficinaéadebateraviolênciaqueocorrenomundovirtual,tambémconhecidacomocyberbullying.

• Expliquequeocyberbullyingéum tipodebullying, sóquerealizadopormeiovirtuais-e-mails,torpedos,blogsefotoblogs,re-dessociais.Estapráticabuscahumilhar,ridicularizareinsultarpessoascomidadespróximasequeocupamummesmoespaço.

• Proponhaqueos/as educadores/as conversementre si res-pondendoaseguintequestão: Quaisasdificuldadesderelaciona-mentoqueexperimentaramduranteoseutempodeescola?

• Coletadoosdepoimentos,peçaque,divididosempequenosgrupos,aprofundemadiscussão,apartirdasseguintesquestões:

1. Oquevocêentendeporcyberbullying?

2. Qualadiferençaentreobullyingeocyberbullying?

3. Porquemuitosadolescentesejovenspraticamo cyberbullying?

OBJETIVO DURAÇÃOCompreender criticamente as manifestações da violência virtual.

Imagens sobre diferentes tipos de violência da inter-net; quadro ou folhas de flip chart e canetões.

MATERIAIS

± 2 horas

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4. Porquealgumaspessoasseexpõenainternet contandoquestõespessoaisoupostandofotosíntimas?

5. Vocêsconhecemalguémquefoivítimado cyberbullying?

• Peçaqueretornemaosgruposequeelaboremumalistadeaçõesparaprevenirocyberbullyingentreos/asestudantes.Estassu-gestõesserãoregistradasemumafolhagrandedepapele,emsegui-da,coladanasaladeprofessores/as.

Comentários

O cyberbullying precisa receber omesmo cuidado preventivo dobullyinge adimensãodos seusefeitosdeve sempre ser abordadaparaevitarqueestetipodeviolênciaocorra.Cabeaos/àseducado-res/asquedesempenhamsuasfunçõesnaescolaabrirespaçoparasediscutirestetipodeviolência,bemcomoalgunscuidados:

• Nãoexpordetalhesdavidapessoaloudadoscomoendere-çosetelefonesnarede.

• Evitardistribuiroucolocarfotosemsitesderelacionamentos,blogsouenviá-lospore-mails.

• Tomarcuidadocomoqueescreveoucomas imagensquepublicanarede.

• Nãoresponderàsagressõesebloquearoscontatosdeagres-soresnocelular,sitesderelacionamento,chatsoue-mails.

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Atividade 8 - As melhores coisas do mundo

Passo a passo

• Convideos/aseducadores/asparaassistiremaofilmeAsMe-lhoresCoisasdoMundo,deLaísBodanzky.

• Expliquequeestefilmecontaahistóriadedois irmãosquepassampormudançasnorelacionamentocomseusfamiliareseami-gos/as.Boapartedatramaocorrenumcolégioparticularemqueosdoisadolescentesestudam.

• Peçaque,enquantoassistemaofilme,registremasdiferentesformasdeviolênciaqueocorremnofilme.

• Solicitequecadaeducador/aapresenteseusregistros,eanoteascontribuiçõesemumafolhadeflipchartouquadro.

• Leiaasfrasesedestaqueostiposdeviolênciaqueocorreramvirtualmente.

• Abraparaadiscussãoutilizandoasseguintesquestões:

OBJETIVO DURAÇÃOIdentificar situações de violência virtual existentes no vídeo, tendo como ponto de partida o uso das novas tec-nologias e seus impactos nas relações sociais de adoles-centes e jovens.

Vídeo As Melhores Co isas do Mundo , computador e data show; folhas de flipchart ou quadro; canetões.

MATERIAIS

± 2 h30

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1. Por que muitos adolescentes e jovens praticam o cyber-bullying?

2. Por que algumas pessoas se expõem na internet contandoquestõespessoaisoupostandofotosíntimascomoocorreunofilme?

3. Comosepoderiatrabalharestetemaemsaladeaula?Enasdependênciasdaescola?

Comentários

Asculturasjuvenisadquirirammúltiplasformasaolongodasúltimasdécadas.Ocinema,amúsica,osseriadosdetelevisãoerecentemen-teasnovastecnologiastêmservidocomoumimportanteespaçoderepresentaçãodasidentidadesadolescentesejuvenis.Essastecnolo-giasdigitaisgeramimpactosrelevantesnasinteraçõesadolescentesejuvenis,umavezque,pormeiodeferramentasinterativasevirtuais,essesgrupospodemexporsuascrençaseanseioscommaiorliber-dade.Noentanto,éprecisoestaratentoaestasformasdeinteração,pois estamesma tecnologia pode gerar situações como o cyber-bullyingeoutrasformasdeviolência.

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SESSÃO DE CINEMA Ouso do vídeo no contexto escolar costuma ser uma ferramenta degrande aceitação pelos/as adolescentes e jovens. Facilita o processo de comunicaçãoemqueos/ascoordenadores/asutilizamassituaçõesdosfil-mes para se discutir uma determinada questão. Como este guia tem como temas o protagonismo juvenil e a prevenção às violências, sugerimos três opções:

EdukatorsDireção: Hans Weingartner (2004) Sinopse: Filme alemão que se situa na contempo-raneidade, possibilita discussões atreladas prin-cipalmente aos conteúdos estruturantes, dentre as quais: protagonismo juvenil; a juventude como categoriasociológicadeanálise;movimentosso-ciais reformistas; movimentos sociais revolucio-nários; educação alternativa; idealismo político; crítica à sociedade de consumo; desigualdades sociais; espírito do capitalismo; ideologia capita-lista e ideologias contrárias ao capitalismo.

Elefante Direção:GusVanSant(2003)Sinopse: retrata o massacre ocorrido em uma es-cola americana em 1999 (conhecido como “Mas-sacredeColumbine”).Obradeficção,bebedeuma trágica realidade e alimenta discussões que giram em torno dos conteúdos estruturantes. Permite discutir: as possibilidades e limites das instituições de socialização (religiosas, escolares, políticas e familiares); instituições totais; teorias sociológicassobrecrimeedesvio;influênciadosmeios de comunicação de massa na formação cul-

turaldosjovens;juventudecomocategoriasociológicadeanálise;violên-ciaurbana;ajuventudeeocrime;práticassociaisdajuventude;exclusão

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Crash - no limite Direção: Paul Haggis (2004) Sinopse:estefilmenãopossuiumaúnicahistó-riacentral.Váriashistórias,ambientadasemLosAngeles,servemcomoofiocondutorparaumdesenvolvimento de um enredo dramático, que, aoarticularessasdiferenteshistórias,expõedeformacrua,asfragilidadesedificuldadesdasre-lações sociais. Articulado aos fundamentos dos conteúdos estruturantes “Cultura e Indústria Cultural” e “Direitos, cidadania e movimentos sociais”, permite discutir: etnocentrismo; cons-trução da identidade social e da auto identida-de; diversidade cultural; diversidade religiosa; diversidade racial e étnica; relações raciais; preconceito racial; preconceito religioso; preconceito de gênero; fundamentalismo religioso; conflitos urbanos; violência urbana;violação dos direitos humanos; construção da cidadania; migrações e his-tóriaeculturaafro-americanas.

socialeviolência;oconceitode“Anomia”paraÉmileDurkheimeosuicídio como fato social (suicídio egoísta, altruísta e anômico)

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REFERÊNCIAS

ABRAMOVAY, M., ET AL. Cotidiano nas escolas: entre violências. Brasília: UNESCO, Observatório de Violência, Ministério de

Educação. 2005. Disponível em: http://unesdoc.unesco.org/images/0014/001452/145265POR.pdf.

Acesso em: 13 abr. de 2007.

BARBOSA, A. B. Bullying, mentes perigosas nas escolas. Rio de Janeiro: Editora Fontanar. 2009.

CHARLOT, B. Violência na escola: como os sociólogos franceses abordam essa questão. Interface. Revista Sociologias,

n.8, Porto Alegre jul./dez. 2002.Disponível em:

http://www.scielo.br/pdf/soc/n8/n8a16.pdf. Acesso em: 05 jan. de 2013.

FANTE, C. Fenômeno Bullying: como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. Verus Editora. Campinas. 2005.

JAREZ, X. R.: Educação para a paz: sua teoria e sua pratica.Porto Alegre. Artmed. 2002.

RABÍLLO, Maria Eleonora D. Lemos. O que é protagonismo juvenil? Disponível em:

http://www.cedeca.org.br/conteudo/noticia/arquivo/39da691a-fd4e-d119-3dae60914b0999ae.pdf.

Acesso em 23 de fevereiro de 2015.

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SAFERNET: www.safernet.org.br

SEN, Amartya. Desenvolvimento como Liberdade. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.

SHARIFF, S. Cyberbullying: questões e soluções para a sala deaula e a família. Porto Alegre. Artmed.2010

UNICEF. Participação cidadã de adolescentes e jovens: marco de referência. Disponível em:

http://juventude.gov.br/articles/participatorio/0009/4992/participacao_cidada2015.pdf.

Acesso em 23 de fevereiro de 2015.

VENTURA, A; FANTE, C. Bullying: intimidação no ambienteescolar e virtual. Conexa Editora. Belo Horizonte. (2011)

VIEIRA, Maria Adenil; COSTA, Antonio Carlos Gomes da. Protagonismo Juvenil - Adolescência, Educação

e Participação Democrática. São Paulo: coedição FTD/Fundação Odebrecht, 2009.

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ANEXOS

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MARCOS LEGAIS

Nosúltimosanostivemosmuitosavançospolíticosesociais,existeumasériededocumentosquedãorespaldolegalaoprotagonismojuvenil.Podemaux-iliar no desenvolvimento de ações protagônicas sobre prevenção à violência e, caso necessário, validar nossa argumentação a partir de uma base legal. Algunsdelesseencontramnosquadrosabaixo:

Constituição Federal de 1988:

Art. 5º. Todossão iguaisperantea lei,semdistinçãodequalquernatureza,garantindo-seaosbrasileiroseaosestrangeirosresidentesnoPaísainviolabi-lidadedodireitoàvida,àliberdade,àigualdade,àsegurançaeàpropriedade,nostermosseguintes:II -ninguémseráobrigadoafazeroudeixardefazeralgumacoisasenãoemvirtudedelei;III - ninguémserásubmetidoàtorturanematratamentodesumanooudegra-dante;X - sãoinvioláveisaintimidade,avidaprivada,ahonraeaimagemdaspessoas,asseguradoodireitoàindenizaçãopelodanomaterialoumoraldecorrentedesuaviolação;XV - élivrealocomoçãonoterritórionacionalemtempodepaz,podendoqualquerpessoa,nostermosdalei,neleentrar,permaneceroudelesaircomseusbens;XX - ninguémpoderásercompelidoaassociar-seouapermanecerassociado;Artigo 227: Édeverda família,da sociedadeedoEstadoassegurarà cri-ançae ao adolescente, comabsolutaprioridade,odireito à vida, à saúde, à

Na sociedade que a gente vive, ser diferente não é visto como uma coisa “ normal ” . É como se a gente fosse de um outro planeta. E aí a gente é tratado como inferior, como alguém que vale menos do que o outro e que não tem direitos .

Cecília

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alimentação,àeducação,aolazer,àprofissionalização,àcultura,àdignidade,aorespeito,àliberdadeeàconvivênciafamiliarecomunitária,alémdecolocá-losasalvodetodaformadenegligência,discriminação,exploração,violência,cru-eldadeeopressão.Ascriançasbrasileiras,semdistinçãoderaça,classesocial,ouqualquerformadediscriminação,passaramdeobjetosa“sujeitosdedireitos”consideradosemsua“peculiarcondiçãodepessoasemdesenvolvimento”eaquemsedeveas-segurar“prioridadeabsoluta”naformulaçãodepolíticaspúblicasedestinaçãoprivilegiada de recursos nas dotações orçamentárias das diversas instânciaspolítico-administrativasdoPaís,apartirdaConstituiçãode1988edoEstatutodaCriançaedoAdolescente.Noentanto,aindaquecriançaseadolescentessejamreconhecidamentesujeitodedireitosasseguradosporlei,continuamaserdesrespeitadaseosseusdirei-tosfundamentaisviolados,nafamília,naescola,nasociedade,nopoderpúblico.

Fonte: ConstituiçãodaRepúblicaFederativadoBrasil.Disponívelem:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.

Acessoem01demarçode2015.

Estatuto da Criança e do Adolescente - Lei 8.069/90:

Art. 3º.Criançaseadolescentesgozamdetodososdireitosfundamentaisiner-entesàpessoahumana,semprejuízodaproteçãointegraldequetrataestaLei,assegurando-se-lhes,porleiouporoutrosmeios,todasasoportunidadesefaci-lidades,afimdelhesfacultarodesenvolvimentofísico,mental,moral,espiritualesocial,emcondiçõesdeliberdadeededignidade.Art. 4º.Édeverdafamília,dacomunidade,dasociedadeemgeraledopoderpúblicoassegurar,comabsolutaprioridade,aefetivaçãodosdireitosreferentesàvida,àsaúde,àalimentação,àeducação,aoesporte,aolazer,àprofissionalização,àcultura,àdignidade,aorespeito,àliberdadeeàconvivênciafamiliarecomuni-tária.Art. 5º.Nenhumacriançaouadolescenteseráobjetodequalquerformadenegligência,discriminação,exploração,violência,crueldadeeopressão,punidonaformadaleiqualqueratentado,poraçãoouomissão,aosseusdireitosfunda-mentais.Art. 7º.Criançaseadolescentestêmdireitoaproteçãoàvidaeàsaúde,me-

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dianteaefetivaçãodepolíticassociaispúblicasquepermitamonascimentoeodesenvolvimentosadioeharmonioso,emcondiçõesdignasdeexistência.Art. 15º.Criançaseadolescentestêmdireitoàliberdade,aorespeitoeàdigni-dadecomopessoashumanasemprocessodedesenvolvimentoecomosujeitosdedireitoscivis,humanosesociaisgarantidosnaConstituiçãoenasleis.Art. 16º.Odireitoàliberdadecompreendeosseguintesaspectos:I-ir,vireestarnoslogradourospúblicoseespaçoscomunitários,ressalvadasasrestriçõeslegais;II -opiniãoeexpressão;III -crençaecultoreligioso;IV-brincar,praticaresportesedivertir-se;V -participardavidafamiliarecomunitária,semdiscriminação;VI-participardavidapolítica,naformadaLei;VII-buscarrefúgio,auxílioeorientação.Art. 17º.Odireitoaorespeitoconsistenainviolabilidadedaintegridadefísica,psíquica emoral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação daimagem,daidentidade,daautonomia,dosvalores,ideiasecrenças,dosespaçoseobjetospessoais.Art. 18º.Édeverdetodosvelarpeladignidadedacriançaedoadolescente,pondo-osasalvodequalquertratamentodesumano,violento,aterrorizante,vex-atórioouconstrangedor.Portanto,édeverdetodosaprevençãodequalquerformadeviolênciacontracriançaseadolescentes,garantindo-lhesproteção,afeto,respeito.Art. 70º.Édeverdetodospreveniraocorrênciadeameaçaouviolaçãodosdireitosdacriançaedoadolescente.

Fonte:EstatutodaCriançaedoAdolescente–ECA.Disponívelem:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm.

Acesso01demarçode2015.

Estatuto da Juventude - 2013

Estabelecedireitosparapessoasde15a29anos.Com48artigos,apropostaasseguraàpopulaçãodessafaixaetária–cercade52milhõesdebrasileiros–acessoàeducação,profissionalização, trabalhoe renda, alémdedeterminar aobrigatoriedadedeoestadomanterprogramasdeexpansãodoensinosuperior,

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comofertadebolsasdeestudoeminstituiçõesprivadasefinanciamentoestu-dantil.OEstatutorepresentaummarcolegalnaconsolidaçãodaspolíticasparaosjovens,contemplandoafaixaetáriade15a29anos,incorporandoprincípiosimportantescomoaautonomiaeemancipaçãodajuventude,suaparticipaçãono desenvolvimento do país e a promoção da experimentação e do desen-volvimentointegraldojovemaolongodesuastrajetóriasdevida.OtextodoEstatutoapontaparaduasestruturas institucionais responsáveispelaspolíticaspúblicasvoltadasaosjovens:aRedeNacionaldeJuventude,quefortaleceainter-açãodeorganizaçõesformaisenãoformaisdejuventude,eoSistemaNacionaldeJuventude(Sinajuve),comseusrespectivossubsistemas,cujacomposição,fi-nanciamentoeatividadesserãoregulamentadospeloExecutivo.

Fonte:EstatutodaJuventude.Disponívelem:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12852.htm.

Acessoem01demarçode2015.

Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB 9394/96

Alegislaçãoeducacionalbrasileira,LDB,estabeleceemseuart.3ºqueoensinoseráministradocombaseemdeterminadosprincípios,dentreosquaisores-peitoàliberdadeeapreçoàtolerância.Aeducaçãonacionaldeve,pois,sepautaremtaispilares,buscandoformasdeconvivênciaescolarquepromovamaalteri-dadeeoexercíciodedeverescomopontodeequilíbrionafruiçãodedireitos.Art. 3ºOensinoseráministradocombasenosseguintesprincípios:I -igualdadedecondiçõesparaoacessoepermanêncianaescola;II-liberdadedeaprender,ensinar,pesquisaredivulgaracultura,opensamento,aarteeosaber;III-pluralismodeideiasedeconcepçõespedagógicas;IV-respeitoàliberdadeeapreçoàtolerância;V -coexistênciadeinstituiçõespúblicaseprivadasdeensino;VI-gratuidadedoensinopúblicoemestabelecimentosoficiais;VII -valorizaçãodoprofissionaldaeducaçãoescolar ;VIII-gestãodemocráticadoensinopúblico,naformadestaLeiedalegislaçãodossistemasdeensino;IX-garantiadepadrãodequalidade;X -valorizaçãodaexperiênciaextraescolar ;

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XI-vinculaçãoentreaeducaçãoescolar,otrabalhoeaspráticassociais.XII-consideraçãocomadiversidadeetnicorracial.(IncluídopelaLeinº12.796,de2013)Oart.27daLDBapontaentreasdiretrizesparaosconteúdoscurricularesdaeducaçãobásicaadifusãodevaloresfundamentaisaointeressesocial,aosdirei-tosedeveresdoscidadãos,derespeitoaobemcomumeàordemdemocrática.Art. 27.Osconteúdoscurricularesdaeducaçãobásicaobservarão,ainda,asseguintesdiretrizes:I-adifusãodevaloresfundamentaisaointeressesocial,aosdireitosedeveresdoscidadãos,derespeitoaobemcomumeàordemdemocrática;II-consideraçãodascondiçõesdeescolaridadedosalunosemcadaestabeleci-mento;III -orientaçãoparaotrabalho;IV-promoçãododesportoeducacionaleapoioàspráticasdesportivasnão-formais.Poroutrolado,oincisoIIIdoart.32daLDBapontaaformaçãodeatitudesevalorescomoelementododesenvolvimentodacapacidadedeaprendizagemeoincisoIVexpressaaimportânciadofortalecimentodosvínculosdefamília,doslaçosdesolidariedadehumanaedetolerânciarecíprocaemqueseassentaavidasocialcomoessenciaisàeducaçãobásicadocidadão.Art. 32.Oensinofundamentalobrigatório,comduraçãode9(nove)anos,gra-tuitonaescolapública,iniciando-seaos6(seis)anosdeidade,teráporobjetivoaformaçãobásicadocidadão,mediante:(RedaçãodadapelaLeinº11.274,de2006)I-odesenvolvimentodacapacidadedeaprender,tendocomomeiosbásicosoplenodomíniodaleitura,daescritaedocálculo;II-acompreensãodoambientenaturalesocial,dosistemapolítico,datecnolo-gia,dasartesedosvaloresemquesefundamentaasociedade;III - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista aaquisiçãodeconhecimentosehabilidadeseaformaçãodeatitudesevalores;IV-ofortalecimentodosvínculosdefamília,doslaçosdesolidariedadehumanaedetolerânciarecíprocaemqueseassentaavidasocial.§ 1ºÉfacultadoaossistemasdeensinodesdobraroensinofundamentalemciclos. § 2ºOs estabelecimentos que utilizam progressão regular por série podemadotarnoensinofundamentaloregimedeprogressãocontinuada,semprejuízo

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da avaliação do processo de ensino-aprendizagem, observadas as normas dorespectivosistemadeensino.§ 3ºOensinofundamentalregularseráministradoemlínguaportuguesa,asse-guradaàscomunidadesindígenasautilizaçãodesuaslínguasmaternaseproces-sosprópriosdeaprendizagem.§ 4ºOensinofundamentalserápresencial,sendooensinoadistânciautilizadocomocomplementaçãodaaprendizagemouemsituaçõesemergenciais.§ 5 ºOcurrículodoensinofundamentalincluirá,obrigatoriamente,conteúdoquetratedosdireitosdascriançasedosadolescentes,tendocomodiretrizaLeino8.069,de13dejulhode1990,queinstituioEstatutodaCriançaedoAdo-lescente,observadaaproduçãoedistribuiçãodematerialdidáticoadequado.(IncluídopelaLeinº11.525,de2007).§ 6º Oestudosobreossímbolosnacionaisseráincluídocomotematransversalnoscurrículosdoensinofundamental.(IncluídopelaLeinº12.472,de2011).OConselhoNacionaldeEducaçãotambémsedebruçousobreamatériaaoelaborarasDiretrizesNacionaisparaaEducaçãoemDireitosHumanos,atravésdaResoluçãonº01,de30demaiode2012.Oart.5ºecorrespondente§1ºdoaludidoatonormativoesclarecequeacentralidadedaEducaçãoemDireitosHumanosresidenaformaçãoparaavidaeparaaconvivência,equeesteob-jetivodeveorientarossistemasdeensinoparaoplanejamentoeodesenvolvi-mentodeaçõesadequadasàsnecessidadeseàscaracterísticasbiopsicossociaiseculturaisdosdiferentessujeitoseseuscontextos.

Fonte:LeideDiretrizeseBasesdaEducação–LDB9394/96.Disponívelem: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm.

Acessoem01demarçode2015.

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Fundação Faculdade de Medicina

CoordenaçãoMarcos Galvez

Marluce Camarinho

Pesquisa e edição Bruna Cardoso,

Cleo Fante,Damião Silva eDenner Pereira

ColaboraçãoDamião SilvaSilvani Arruda

Acesse nosso site:www.projetoape.com.br

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