psicanálise e educação contribuiÇÕes. “pedir a alguém respostas já prontas, seria o mesmo...

11
Psicanálise e Educação CONTRIBUIÇÕES

Upload: debora-regueira-de-escobar

Post on 07-Apr-2016

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Psicanálise e Educação CONTRIBUIÇÕES.  “Pedir a alguém respostas já prontas, seria o mesmo que uma mulher pedir a uma desconhecida que desse à luz em

Psicanálise e Educação

CONTRIBUIÇÕES

Page 2: Psicanálise e Educação CONTRIBUIÇÕES.  “Pedir a alguém respostas já prontas, seria o mesmo que uma mulher pedir a uma desconhecida que desse à luz em

“Pedir a alguém respostas já prontas, seria o

mesmo que uma mulher pedir a uma

desconhecida que desse à luz em seu lugar.

Há certos pensamentos que nascem

dolorosamente e são justamente os mais

importantes.“ (Korczak, 1997)

Page 3: Psicanálise e Educação CONTRIBUIÇÕES.  “Pedir a alguém respostas já prontas, seria o mesmo que uma mulher pedir a uma desconhecida que desse à luz em

Para se tornar professor:- é necessário que ele domine os conteúdos programáticos de

sua área- tenha aprendido a respeito de metodologia, estratégias e

didática de aula - para assim transmitir todo o saber recolhido em sua graduação

- saiba o que é característico de cada faixa etária dos alunos, a quem irá se dedicar e saiba avaliar.

Mas será que toda essa aprendizagem de fato o torna professor?

é necessário mais! Algo que não se encontra nas prescrições pedagógicas e nem psicológicas.

Quando falamos de Formação, caminhamos para o campo subjetivo, aquele que se refere à postura, posicionamentos individuais e sociais.

Page 4: Psicanálise e Educação CONTRIBUIÇÕES.  “Pedir a alguém respostas já prontas, seria o mesmo que uma mulher pedir a uma desconhecida que desse à luz em

Claro que muito da formação não se passa pelos conteúdos, a relação que o professor mantém com a classe e com seu objeto de saber, assim como seus posicionamentos para com a vida, podem marcar ou influenciar aquele que um dia se tornará também professor.

Um professor pode ser ouvido quando está revestido por seu aluno de uma importância especial.

É por essa importância, que o professor passa ter em mãos um poder de influência sobre o aluno.

A ênfase recai nas relações afetivas entre professores e alunos, assim nas perspectiva psicanalítica, não se focam os conteúdos, mas sim o campo que se estabelece entre eles é que estabelece as condições para aprender, sejam quais forem os conteúdos = TRANSFERÊNCIA

Page 5: Psicanálise e Educação CONTRIBUIÇÕES.  “Pedir a alguém respostas já prontas, seria o mesmo que uma mulher pedir a uma desconhecida que desse à luz em

TRANSFERÊNCIA - é a atualização de sentimentos arcaicos relacionados com a vida mental e com a história de vida do sujeito projetada na figura do psicanalista/ médico/ professor, sendo estes depositários de algo que pertence ao aluno/ paciente.

Sujeito-professor e Sujeito-aluno

Sujeito do inconsciente = desejante e barrado

será verdade que uma vez conhecido os processos de aprendizagem, o funcionamento e as características humanas dos alunos, podemos controlá-los?

Page 6: Psicanálise e Educação CONTRIBUIÇÕES.  “Pedir a alguém respostas já prontas, seria o mesmo que uma mulher pedir a uma desconhecida que desse à luz em

Tanto paciente como aluno se dirigem aos seus pares com essa mesma intenção, ao que analista e professor só poderão responder ocupando o lugar do ideal do eu, no entanto, o analista que de início, foi assim investido pelo paciente em função da transferência, irá direcionar o tratamento para a diluição da mesma e sair desse lugar.

Já do professor espera-se que ocupe esse lugar, que ele se ofereça de modelo a ser seguido, pois assim poderá o aluno desejar crescer, para se tornar um adulto ou um profissional como ele, ou então que deseje saber tanto quanto ele, porém se um professor encarnar o ideal do eu , “,,, a atividade educativa fica imersa nesse campo da completude imaginária, não há como operar aí um campo de falta necessário para que se coloque em jogo a mola do desejo.” (Bastos, 2000)

Page 7: Psicanálise e Educação CONTRIBUIÇÕES.  “Pedir a alguém respostas já prontas, seria o mesmo que uma mulher pedir a uma desconhecida que desse à luz em

“...Existe a impossibilidade radical do ensino de propiciar ao aluno o conhecimento que o satisfaz totalmente. Analogamente ao caso da psicanálise, poderíamos recuar um pouco e afirmar que o ensino conduz o indivíduo a encontrar a satisfação possível no conhecimento atualmente à disposição. Discordamos dessa perspectiva e sustentamos que a finalidade do ensino é confrontar o sujeito com as falhas do conhecimento possível, para que ele seja convidado a não se satisfazer com isso, mesmo que consista na última ‘descoberta’ científica. Em nossa interpretação, o ensino, por intermédio da figura do professor, de um lado, pode ajudar o sujeito a reconhecer e suportar esses limites humanos e, ainda mais os limites pessoais e, de outro lado, pode encaminhar e movimentar o processo de busca sem fim do saber que se engancha com sua própria verdade subjetiva.” (Villani, 1999)

Page 8: Psicanálise e Educação CONTRIBUIÇÕES.  “Pedir a alguém respostas já prontas, seria o mesmo que uma mulher pedir a uma desconhecida que desse à luz em

O professor pode e deve dirigir a formação, que é transmissão, porém o que não é aconselhável e até indesejável, é que queira moldar seus alunos, segundo um padrão pré-estabelecido, totalmente adaptativo em que não sobre espaço para o desenvolvimento do sujeito-aluno.

 A necessidade de ser amado acompanha o homem

desde sempre, em função disso, a criança pode renunciar ao seu narcisismo e identificar-se com os modelos que lhe são propostos, de início pelos pais, para assim ser amado.

Page 9: Psicanálise e Educação CONTRIBUIÇÕES.  “Pedir a alguém respostas já prontas, seria o mesmo que uma mulher pedir a uma desconhecida que desse à luz em

Para Freud, ensinar é criar um leitor, que ao ler um texto, estará também “se lendo” no texto, a partir dele e com isso pode passar a fazer sua escrita.  

 Ao professor, guiado pelo desejo, cabe o esforço imenso de organizar, articular, tornar lógico seu campo de conhecimento e transmiti-lo a seus alunos.

A cada aluno cabe desarticular, retalhar, ingerir e digerir aqueles elementos trazidos pelo professor, que se engajam em seu desejo, que fazem sentido para ele, que pela via da transferência encontram eco nas profundeza de sua existência de sujeito do inconsciente

 

Page 10: Psicanálise e Educação CONTRIBUIÇÕES.  “Pedir a alguém respostas já prontas, seria o mesmo que uma mulher pedir a uma desconhecida que desse à luz em

Se um professor souber aceitar essa “canabilização” feita sobre ele e seu saber (sem contudo, renunciar às suas próprias certezas, já que nelas que se encontyra seu desejo), então estará contribuindo para uma relação de aprendizagem autêntica. Pela via da transferência, o aluno “passará” por ele, usa-lo-á, por assim dizer, saindo dali com um saber do qual tomou verdadeiramente posse e que constituirá a base para futuros saberes e conhecimentos

Page 11: Psicanálise e Educação CONTRIBUIÇÕES.  “Pedir a alguém respostas já prontas, seria o mesmo que uma mulher pedir a uma desconhecida que desse à luz em

“Que a educação dos jovens nos dias de hoje lhes oculta o papel que a sexualidade desempenhará em suas vidas, não constitui a única censura que somos obrigados a fazer contra ela. Seu outro pecado é não prepará-los para a agressividade da qual se acham destinados a se tornarem objetos. Ao encaminhar os jovens para a vida com essa falsa orientação psicológica, a educação se comporta como se se devesse equipar pessoas que partem para uma expedição polar com trajes de verão e mapas dos lagos italianos. Torna-se evidente, nesse fato, que se está fazendo um certo mau uso das exigências éticas. A rigidez dessas exigências não causaria tanto prejuízo se a educação dissesse: “É assim que os homens deveriam ser, para serem felizes e tornarem os outros felizes, mas terão de levar em conta que eles não são assim”. Pelo contrário, os jovens são levados a acreditar que todos os outros cumprem essas exigências éticas – isto é, que todos os outros são virtuosos. É nisso que se baseia a exigência de que também os jovens se tornem virtuosos.” (Freud, 1930)