psicopedagogia módulos i e ii
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Rubia Paula Dias da Silva
Psicóloga – CRP 06/58708 1
2013
FACIC
FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS
DE CRUZEIRO
Núcleo de Pós-Graduação
Módulo I - Introdução à
Psicopedagogia: - Histórico/ -
Desafios
Módulo II – A práxis
Psicopedagógica Brasileira
A Psicopedagogia é um campo de atuação em Saúde e
Educação que lida com o processo de aprendizagem humana: seus
padrões normais e patológicos considerando a influência do meio -
família, escola e sociedade - no seu desenvolvimento, utilizando
procedimentos próprios da Psicopedagogia: - Indivíduo – Família –
Escola – Meio – Sociedade (princípios e valores).
A Psicopedagogia constitui-se como área de conhecimento
por seu objeto específico, o processo de aprendizagem e as
dificuldades dele decorrentes e se afirma pelo desenvolvimento de
instrumentos específicos de abordagem de seu objeto. Tem sido aceita
e reconhecida como especialização pelo INEP/MEC.
A Psicopedagogia ainda é uma práxis (prática fundamentada
em referenciais teóricos).
A história da Psicopedagogia tem início na Europa (França),
em 1946, sendo fundados os primeiros centros psicopedagógicos por
J. Boutonier e George Mauco, com direção médica e pedagógica.
Unindo conhecimentos da área de Psicologia, Psicanálise e
Pedagogia, esses centros tentavam readaptar crianças com
comportamentos socialmente inadequados na escola ou no lar e
atender crianças com dificuldades de aprendizagem apesar de serem
inteligentes (MERY apud BOSSA, 2000).
É possível observar que a literatura francesa influencia as
idéias sobre psicopedagogia na Argentina, que teve início a partir da
década de 50 (a qual, por sua vez, influencia a práxis brasileira).
Jorge Visca é considerado o pai da Psicopedagogia (criador
do Instituto de Psicopedagogia da Argentina, na década de 60) e
responsável direto pela definição oficial da Psicopedagogia como área
de conhecimento.
Já, Janine Mery,é a psicopedagoga francesa que apresenta
algumas considerações sobre o termo psicopedagogia e sobre a
origem dessas idéias na Europa, e os trabalhos de George Mauco,
fundador do primeiro centro médico psicopedagógico na França,
onde se percebeu as primeiras tentativas de articulação entre
Medicina, Psicologia, Psicanálise e Pedagogia, na solução dos
problemas de comportamento e de aprendizagem (BOSSA, 2000,
apud SIMAIA).
No Brasil, a Psicopedagogia surge juntamente com a criação
da Escola Guatemala, no Rio de Janeiro, na década de 80. Esta escola
iniciou um trabalho na ação preventiva junto ao professor, ou seja,
buscavam-se saídas para as impropriedades do ensino. Porém, desde
a década de 60, a Psicopedagogia começou a se estruturar com
trabalhos de alguns autores brasileiros. Nesta época, a preocupação
estava voltada mais às deficiências que geravam problemas de
aprendizagem, do que a outros fatores.
De acordo com Scoz: Esta nova visão oferecida pela
Psicopedagogia vem ganhando espaço nos meios educacionais
brasileiros e vem despertando, cada vez mais, o interesse dos
profissionais que atuam nas escolas. Assim, embora a Psicopedagogia
tenha nascido com o objetivo de proporcionar uma reeducação das
crianças com problemas de aprendizagem, hoje, ela se preocupa
principalmente com a prevenção do fracasso escolar (1990).
Através de várias investigações, nota-se que a preocupação
com a aprendizagem é uma questão recorrente na história, tendo suas
origens nos moldes científicos do século XIX.
Até este momento, estava ligada aos médicos, filósofos e
psicólogos.
No interior deste amplo processo de se pensar a educação,
pode-se verificar que as ideias defendidas pela Psicopedagogia
também são, acima de tudo, históricas.
Muito antes de se pensar neste termo, houve vários estudiosos
como Montaigne, Locke, Comênio e outros, que já defendiam uma
educação significativa que respeitasse as diferentes formas de aprender
de cada aluno e as dificuldades delas decorrentes.
A história da psicopedagogia no Brasil tem um caminho
percorrido pela Associação Brasileira de Psicopedagogia e foi marcado
por pontos polêmicos, entre eles, alguns questionamentos sobre o
verdadeiro papel desta ciência, ou seja, a consistência, fortalecimento e
autonomia da Psicopedagogia. De 1995 - 1996, foram elaborados
vários documentos explicitando seu campo de atuação, sua área
científica, sua contribuição e seus critérios de formação acadêmica.
A Psicopedagogia se apresenta com um caráter
multidisciplinar devido à complexidade dos problemas de
aprendizagem -, que busca conhecimento em diversas outras áreas de
conhecimento, além da psicologia e da pedagogia. É necessário ter
noções de lingüística, para explicar como se dá o desenvolvimento da
linguagem humana e sobre os processos de aquisição da linguagem
oral e escrita.
Requer também, conhecimentos sobre o desenvolvimento
neurológico, sobre suas disfunções que acabam dificultando a
aprendizagem; de conhecimentos filosóficos e sociológicos, que nos
oferece o entendimento sobre a visão do homem, seus relacionamentos
a cada momento histórico e sua correspondente concepção de
aprendizagem. Portanto, o psicopedagogo deverá ter um embasamento
teórico para o desenvolvimento de sua função.
Assim sendo, a psicopedagogia se propõe a integrar, de modo
coerente, conhecimentos e princípios de distintas ciências humanas,
objetivando adquirir uma ampla compreensão sobre os variados
processos inerentes ao aprender.
A profissão do psicopedagogo não está regulamentada, mas o
projeto se encontra na Comissão de Constituição, Justiça e Redação, na
Câmara dos Deputados Federais, para ser aprovada. Enquanto isso, a
formação do psicopedagogo vem ocorrendo em caráter regular e oficial
em cursos de pós-graduação oferecidos por instituições devidamente
autorizadas ou credenciadas.
No que tange ao limite na prática institucional preventiva,
por exemplo, um dos aspectos que merece destaque tem sido a
dificuldade dos psicopedagogos em propor procedimentos de
avaliação e de intervenção.
Esta questão também é uma das preocupações de Bossa
(2000) ao enfatizar que uma das dificuldades práticas com que se
deparam os psicopedagogos brasileiros, reside nos procedimentos
diagnósticos para a intervenção. Segundo a autora, a indefinição
quanto ao instrumental utilizado no trabalho psicopedagógico merece
ser pensada, de forma que novas perspectivas possam daí surgir e
atender as reivindicações inerentes à atividade psicopedagógica. Ela
também acrescenta que vários autores já se debruçaram sobre esta
questão, entretanto enfatiza que ainda há muito por se fazer
(Rubinstein e colaboradores (2004) e Masini (2006).
O psicopedagogo, um profissional entre a saúde e a
educação, os limites da atuação devem ser sempre rigorosamente
observados.
No que tange à área da saúde, não pode exercer o que for de
competência profissional nem de médicos nem de psicólogos. "Passar
o CID", por exemplo, não é de sua competência como
psicopedagogos, pois está inserido na classificação das doenças na
área médica. Também não é de sua competência aplicar testes
psicológicos (avaliação de inteligência, de personalidade e outros).
É imperativo buscar sempre uma supervisão junto a
psicopedagogos quanto aos tipos de avaliação do processo de
aprendizagem e das dificuldades de aprendizagem que competem ao
psicopedagogo. Vale lembrar que na área da Psicopedagogia a
relevância do trabalho realizado dependerá da consciência profissional
de cada um que nela atua.
O profissional que atua como psicopedagogo tem um amplo
conjunto de tarefas e funções que prestam assessoramento
psicopedagógico às escolas, apesar de sua diversidade, pode ser
organizado em torno de quatro eixos. Na concepção de Coll (1989b,
apud FERREIRA):
1- Relativo à natureza dos objetivos da intervenção, cujos pólos
caracterizam respectivamente as tarefas que se centram,
prioritariamente no sujeito e aquelas que têm como finalidade incidir
no contexto educacional. Assim, as tarefas incluídas são tanto as que
têm como objetivo prioritário o atendimento a um aluno, quanto as
que aparecem vinculadas a aspectos curriculares e organizacionais.
2- O segundo eixo afeta as modalidades de intervenção, que
podem ser consideradas como corretivas, ou preventivas e
enriquecedoras. Qualquer intervenção realizada na escola pode ser
caracterizada, em um determinado momento, embora, em um
momento posterior, sua consideração se modifique.
3- Outro eixo também diferencia modelos de intervenção, embora
tenha como objetivo final o aluno, pode ter diferenças consideráveis:
enquanto alguns psicopedagogos trabalham diretamente com o aluno,
orientam-no e, inclusive, manejam tratamentos educacionais
individualizados, outros combinam momentos de intervenção direta
com intervenções indiretas, (por exemplo, no caso de uma avaliação
psicopedagógica), centradas nos agentes educacionais que interagem
com ele (no próprio processo de avaliação psicopedagógica, na
tomada de decisões sobre o plano de trabalho mais adequado para
esse aluno). São freqüentes as consultas formuladas por um professor
ao psicopedagogo em relação a um aluno que não vai manter nenhum
contato direto com esse profissional.
O último eixo, Coll (1989) indica o lugar preferencial de
intervenção, que entendemos como a diversidade de níveis e
contextos, inclusive quando circunscrita ao marco educacional
escolar. Este eixo inclui tanto as tarefas localizadas no nível de sala de
aula, em algum subsistema dentro da escola, na instituição em seu
conjunto, ano, série, assim como aquelas que se dirigem ao sistema
familiar, à zona de influência, etc.
O fato que se deve considerar é que as tarefas que aparecem
englobadas nos eixos precedentes são objeto da intervenção
psicopedagógica, não significa que todos os psicopedagogos as
executem em seu conjunto e, obviamente, não significa que as realizem
da mesma forma.
Um dos aspectos importantes sobre a profissão do
psicopedagogo é a formação continuada, não basta fazer um curso de
pós-graduação é necessário sempre estar atualizado realizado cursos nas
mais diversas áreas como na lingüística, neurociência, psicologia entre
outras.
Nas instituições o psicopedagogo cumpre a importante função
de socializar os conhecimentos disponíveis, promover o
desenvolvimento cognitivo e a construção de normas de conduta
inseridas num mais amplo projeto social, procurando afastar,
contrabalançar a necessidade de repressão. Agindo assim, a maioria das
questões poderão ser tratadas de forma preventiva, antes que se tornem
verdadeiros problemas e/ou também interventiva, se a dificuldade de
aprendizagem já estiver evidente.
Peres e Oliveira (2007), fazem menção com respeito à
importância da prevenção e da intervenção psicopedagógica, mas
enfatizam também que não se pode ignorar a fase que precede a essas
ações. A etapa de avaliar, por exemplo, a avaliação psicopedagógica,
deverá anteceder a toda e qualquer proposta de intervenção, seja ela
clinica ou institucional. A análise da adequação dos materiais didáticos,
da proposta pedagógica, da metodologia, da avaliação, associadas a
entrevistas com professores, tem se constituído em importante
instrumento de avaliação.
Referências
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with learning disabilities. Child Study Journal, 20, 81-103, 1990.
CLEVER, A.; BEAR, G. & JUVONEN, J. Discrepancies between competence and importance in self-
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FERREIRA, R. T. da S. Importância do psicopedagogo no ensino fundamental. Blogspot, 2008.
JACKSON, L. D. & BRACKEN, B. A. Relationship between students' social status and global and
domain – Specific Self – Concepts. Journal of School Pshichology, 36, 233-246, 1998.
LEONDARI, A. Comparability of self - concept among normal achievers, low achievers and children
with learning difficulties. Educational Studies, 19, 357–371, 1993.
MASINI, E. S. Formação profissional em psicopedagogia: embates e desafios. São Paulo: ABPp, 23
(72), 248-259, 2006.
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na escola: avaliação do autoconceito. São Paulo: PRC, 2003.
PERES, M. R. & OLIVEIRA, M. H. M. A. Psicopedagogia - Limites e possibilidades a partir de relatos
de profissionais. São Paulo: PUC, 2007.
POLITY, E. Dificuldade de Ensinagem – 1ª Edição, SP, Vetor Editora, 2002.
RUBSTEIN, E.; CASTANHO, M. I. & NOFFS, N. A. Rumos da psicopedagogia brasileira. São Paulo:
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