pósmicro número 7 setembro - outubro 2014€¦ · creditar o jornal, que passa a estar vinculado...

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Jornal do Programa de Pós-Graduação em Microbiologia do IBILCE Ano 2 - Volume 2 - Número 7 - Setembro - Outubro de 2014 ISSN 2358-5773 Tema em Destaque: Microorganismos e o Meio Ambiente Editorial Por: Prof. Dra. Paula Rahal e-mail: [email protected] Esta sétima edição do jornal PósMicro traz a novidade da obtenção de um código ISSN ao periódico. O ISSN permitirá que as publicações do periódico sejam identificadas, ordenadas e processadas por bases de dados. Isso é importante por fortalecer e creditar o jornal, que passa a estar vinculado ao Centro Internacional do ISSN, em Paris, ao lado de outros 1 milhão de títulos. Neste número 7, foi nosso interesse ressaltar a presença dos micro- organismos e sua importância em quase todos os ambientes. Temas interessantes, como o das crostas biológicas, do Prof. Luis Branco, e o uso de micro-organismos nos processos de descontaminação, do Érik Moraes, mostram quanto estes pequenos seres influenciam na ecologia dos ambientes, enquanto que, os textos da Priscila Morais e da Rosimeire Silva apontam para os benefícios financeiros dos mesmos. É importante, também, como destacam a Profa. Maria Lúcia Salomão e a Priscila Orati, conhecer e vigiar alguns vírus patogênicos. Por fim, um tema que faz parte do nosso projeto, o Ensino, refere-se à experiência de se ensinar sobre as doenças infecciosas, como relatado pelo Kaio Alevi. Mais uma vez, convido a todos enviarem seus textos... E um boa leitura a todos! PósMicro Temas de Interesse 2 O emprego de microorganismos vivos na recupera- ção de ambientes contaminados Por: Mestrando Érik Messias de Moraes Bioenergia Por: Doutoranda Priscila Atique de Morais Bioprospecção de Leveduras para produção de etanol a partir de Biomassa lignocelulósica Por: Doutoranda Rosimeire Oenning da Silva UNIVERSIDAD ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Câmpus São José do Rio Preto PósMicro Crostas biológicas de solo: a pele da terra Por: Prof. Dr. Luis Henrique Zanini Branco Vice-coordenador PPG Microbiologia IBILCE e-mail: [email protected] As crostas biológicas (CBs), também denominadas crostas criptogâmicas ou crostas microbianas, são assembléias que podem ser constituídas por cianobactérias, algas verdes, fungos microscópicos, bactérias, líquens e musgos. Ocorrem, principalmente, na superfície do solo em ambientes onde a cobertura da vegetação vascular é esparsa, permitindo a chegada de luz no substrato. Distribuem-se ao longo de uma ampla variedade de regimes climáticos, com ocorrência destacada em regiões mais áridas, que são muito abundantes no planeta. No Brasil, a caatinga, os campos sulinos e os cerrados são ambientes favoráveis à ocorrência dessas assembléias. As CBs propiciam estabilidade ao solo, podem interferir no estabelecimento de plântulas de vegetais vasculares, influenciam a hidrologia local e contribuem significativamente com os ciclos de nutrientes. Segundo estimativas, 9 -1 respondem pela captação de cerca de 3,6 a 3,9 x 10 ton carbono.ano (entre 6 e 7% da produção estimada anual das vegetações terrestres) e 7 -1 pela fixação de cerca de 4,5 a 4,9 x 10 ton nitrogênio.ano (entre 40 e 50% da fixação biológica de nitrogênio global estimada). Cianobactérias, algas, fungos e bactérias estão entre os organismos mais frequentes nas CBs, e se agregam por meio de carboidratos produzidos pelos organismos envolvidos, formando uma película relativamente coesa. Como habitam locais com condições limitantes de água e de luz, os organismos revelam adaptações morfológicas, fisiológicas e reprodutivas para lidar com tais pressões ambientais, como, por exemplo, produção de exopolissacarídeos e pigmentos acessórios. Embora sejam bastante estudados em outros países, no Brasil, praticamente nada se conhece a respeito da composição taxonômica desses agrupamentos. Da mesma forma, raros estudos sobre a natureza e potencial aplicação dos metabólitos produzidos foram realizados no país. As CBs representam uma entidade de extrema importância ecológica e também é uma fonte para pesquisas básicas e aplicadas que pode, e deve, ser explorada. 4 3 Informe do NHE/FUNFARME/FAMERP Por: Prof. Dra. Maria Lúcia Machado Salomão EBOLA: E agora? Por: Enfermeira Priscila Lopes Oratio Ensino das doenças infecciosas e parasitárias como ferramenta preventiva Por: Doutorando Kaio Cesar Chaboli Alevi Prêmio melhor currículo PPG-Microbiologia IBILCE Por: Doutoranda Tatiana Elias Colombo NewsLetter “Há quem passe pelo bosque e apenas veja lenha para a fogueira.” Leon Tolstoi Ciclos Biogeoquímicos Biodiversidade Cultivos Probióticos Biotecnologia Doenças Biorremediação Antibióticos Oxigênio Energia Enzimas Mineralização Alimentos Vacinas (Edição impressa)

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Page 1: PósMicro Número 7 Setembro - Outubro 2014€¦ · creditar o jornal, que passa a estar vinculado ao Centro Internacional do ISSN, em Paris, ao lado de outros 1 milhão de títulos

Jornal do Programa de Pós-Graduação em Microbiologia do IBILCE Ano 2 - Volume 2 - Número 7 - Setembro - Outubro de 2014 ISSN 2358-5773

Tema em Destaque: Microorganismos e o Meio Ambiente

Editorial

UNIVERSIDAD ESTADUAL PAULISTA“JÚLIO DE MESQUITA FILHO”

Câmpus São José do Rio Preto

Por: Prof. Dra. Paula Rahal

e-mail: [email protected]

Esta sétima edição do jornal PósMicro traz a novidade da obtenção de um código ISSN ao periódico. O ISSN permitirá que as publicações do periódico sejam identificadas, ordenadas e processadas por bases de dados. Isso é importante por fortalecer e creditar o jornal, que passa a estar vinculado ao Centro Internacional do ISSN, em Paris, ao lado de outros 1 milhão de títulos.Neste número 7, foi nosso interesse ressaltar a presença dos micro-organismos e sua importância em quase todos os ambientes. Temas interessantes, como o das crostas biológicas, do Prof. Luis Branco, e o uso de micro-organismos nos processos de descontaminação, do Érik Moraes, mostram quanto estes pequenos seres influenciam na ecologia dos ambientes, enquanto que, os textos da Priscila Morais e da Rosimeire Silva apontam para os benefícios financeiros dos mesmos. É importante, também, como destacam a Profa. Maria Lúcia Salomão e a Priscila Orati, conhecer e vigiar alguns vírus patogênicos. Por fim, um tema que faz parte do nosso projeto, o Ensino, refere-se à experiência de se ensinar sobre as doenças infecciosas, como relatado pelo Kaio Alevi.

Mais uma vez, convido a todos enviarem seus textos... E um boa leitura a todos!

PósMicro

Temas de Interesse

2

O emprego de microorganismos vivos na recupera- ção de ambientes contaminadosPor: Mestrando Érik Messias de MoraesBioenergiaPor: Doutoranda Priscila Atique de MoraisBioprospecção de Leveduras para produção de etanol a partir de Biomassa lignocelulósicaPor: Doutoranda Rosimeire Oenning da Silva

UNIVERSIDAD ESTADUAL PAULISTA“JÚLIO DE MESQUITA FILHO”

Câmpus São José do Rio Preto PósMicroCrostas biológicas de solo: a pele da terra

Por: Prof. Dr. Luis Henrique Zanini BrancoVice-coordenador PPG Microbiologia IBILCEe-mail: [email protected]

As crostas biológicas (CBs), também denominadas crostas criptogâmicas ou crostas microbianas, são assembléias que podem ser constituídas por cianobactérias, algas verdes, fungos microscópicos, bactérias, líquens e musgos. Ocorrem, principalmente, na superfície do solo em ambientes onde a cobertura da vegetação vascular é esparsa, permitindo a chegada de luz no substrato. Distribuem-se ao longo de uma ampla variedade de regimes climáticos, com ocorrência destacada em regiões mais áridas, que são muito abundantes no planeta.No Brasil, a caatinga, os campos sulinos e os cerrados são ambientes favoráveis à ocorrência dessas assembléias. As CBs propiciam estabilidade ao solo, podem interferir no estabelecimento de plântulas de vegetais vasculares, influenciam a hidrologia local e contribuem significativamente com os ciclos de nutrientes. Segundo estimativas,

9 -1respondem pela captação de cerca de 3,6 a 3,9 x 10 ton carbono.ano (entre 6 e 7% da produção estimada anual das vegetações terrestres) e

7 -1pela fixação de cerca de 4,5 a 4,9 x 10 ton nitrogênio.ano (entre 40 e 50% da fixação biológica de nitrogênio global estimada).Cianobactérias, algas, fungos e bactérias estão entre os organismos mais frequentes nas CBs, e se agregam por meio de carboidratos produzidos pelos organismos envolvidos, formando uma película relativamente coesa. Como habitam locais com condições limitantes de água e de luz, os organismos revelam adaptações morfológicas, fisiológicas e reprodutivas para lidar com tais pressões ambientais, como, por exemplo, produção de exopolissacarídeos e pigmentos acessórios.Embora sejam bastante estudados em outros países, no Brasil, praticamente nada se conhece a respeito da composição taxonômica desses agrupamentos. Da mesma forma, raros estudos sobre a natureza e potencial aplicação dos metabólitos produzidos foram realizados no país.As CBs representam uma entidade de extrema importância ecológica e também é uma fonte para pesquisas básicas e aplicadas que pode, e deve, ser explorada.

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3Informe do NHE/FUNFARME/FAMERPPor: Prof. Dra. Maria Lúcia Machado Salomão

EBOLA: E agora?Por: Enfermeira Priscila Lopes OratioEnsino das doenças infecciosas e parasitárias como ferramenta preventivaPor: Doutorando Kaio Cesar Chaboli Alevi

Prêmio melhor currículo PPG-Microbiologia IBILCE

Por: Doutoranda Tatiana Elias Colombo

NewsLetter

“Há quem passe pelo bosque e apenas veja lenha para a fogueira.”

Leon Tolstoi

Ciclos Biogeoquímicos

Biodiversidade

Cultivos

Probióticos

Biotecnologia

Doenças

Biorremediação

Antibióticos

Oxigênio

EnergiaEnzimasMineralização

Alimentos

Vacinas

(Edição impressa)

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Bioprospecção de leveduras para produção de etanol a partir de biomassa

lignocelulósica

Por: Doutoranda Rosimeire Oenning da Silvae-mail: [email protected]

Introduzida no Brasil no período colonial, a cana-de-açúcar se transformou em uma das principais culturas da economia brasileira, sendo cultivada em quase todas as regiões do Brasil para produção de açúcar e etanol, e seu cultivo continua em expansão. Esse aumento contínuo vem despertando a atenção de pesquisadores pelo possível aumento excessivo da cultura canavieira e sua competição por áreas com a produção de alimentos, além da devastação de matas nativas e extinção de espécies vegetais e animais. Uma das alternativas para conseguir maior sustentabilidade seria a inclusão de novas matérias-primas para aumentar a produção do etanol sem aumentar a área de plantio. Neste contexto, o bagaço de cana é considerado matéria-prima de

destaque, uma vez que contêm açúcares polimerizados, como celulose e hemicelulose, que podem ser liberados por hidrólise e, então, fermentados a etanol. Qualquer que seja a via de hidrólise, o mosto conterá D-xilose por ser, esta, a pentose mais abundante no material hemicelulósico.Diante do interesse na utilização de biomassa lignocelulósica como fonte de matéria-prima e o desafio de tornar o etanol celulósico e hemicelulósico competitivo comercialmente, há a necessidade de buscar agentes melhor adaptados ao substrato. Estes micro-organismos deverão ser capazes de converter a xilose (derivada da hemicelulose) em etanol. A seleção de leveduras fermentadoras de pentoses, resistentes aos diversos fatores interferentes nesse processo, bem como o estabelecimento das condições ótimas de desenvolvimento destas leveduras para conversão de xilose em etanol, é uma importante maneira de possibilitar o aumento da produtividade e melhorar a eficiência de um processo.Compreender o comportamento das leveduras durante o metabolismo de pentoses é um dos importantes requisitos para viabilizar a obtenção de etanol a partir destas fontes renováveis.

Palestra

Palestrante: Prof. Dra. Adriane Pinto WaskoInstituto de Biociências - Unesp - Campus BotucatuData: 25 de novembro de 2014 - 9:00hAuditório Laboratório de Estudos Genômicos - IBILCE

Bioenergia

Por: Doutoranda Priscila Atique de Moraise-mail: [email protected]

Desde a revolução industrial, a demanda por um novo padrão energético associado ao impacto negativo do uso de combustíveis fósseis, além de questões econômicas e políticas, ressaltam a necessidade da utilização de fontes de energia renováveis.Nesse contexto, a utilização de biomassa lignocelulósica como alternativa para a produção de biocombustíveis tem impulsionado pesquisas a fim de suprir a demanda energética aproveitando resíduos e agregando valor aos bioprocessos empregados.

Entretanto, a utilização dessa biomassa apresenta alguns entraves que vão desde sua composição, o acesso das enzimas aos carboidratos e a eficiência na conversão dos açúcares fermentescíveis em combustíveis como o etanol. O laboratório de Bioquímica e Microbiologia Aplicada da Unesp de São José do Rio Preto apresenta um grupo de pesquisa que tem por objetivo avaliar os entraves na utilização dessa biomassa, principalmente como bagaço de cana-de-açúcar. As pesquisas são voltadas para o tratamento do bagaço, a fim de estruturar as fibras, permitindo um acesso mais fácil das enzimas, além da hidrólise enzimática a partir de enzimas de fungos cultivados em laboratório. Os resultados têm sido satisfatórios e contribuído para o andamento das pesquisas.

“No mundo dos Microbios”Rádio Educativa 106.7 FM

Realização

Programa de Pós-Graduação em Microbiologia - IBILCE - UNESP

Embrevecomeçaraaemissaodesteprogramaderadio,cominformaçoesdodia-a-diarelacionadascomamicrobiologia.Serao tratados temas de saude, conservaçao e preparo dealimentos,meioambiente,biotecnologia,entreoutros.

Sintonize-nos!!!

106.7 FM

O emprego de microorganismos vivos narecuperação de ambientes contaminados

Por: Mestrando Érik Messias de Moraese-mail: [email protected]

A poluição ambiental prejudica a fauna e a flora dos ambientes afetados, resultando na captação e acúmulo de substâncias tóxicas nas cadeias alimentares, podendo causar sérios problemas de saúde e, inclusive, defeitos genéticos. A busca por novas técnicas de descontaminação que sejam eficientes e financeiramente acessíveis tornou-se alvo de estudos há bastante tempo, e, atualmente, o alvo das pesquisas no ramo de biotecnologia ambiental é a biorremediação, pois é caracterizada como uma tecnologia eficiente, limpa e barata para o tratamento desses ambientes contaminados.A biorremediação é uma técnica de tratamento que emprega

organismos vivos na recuperação de um ambiente contaminado a fim de reduzir a concentração dos poluentes a níveis não detectáveis. Este tipo de biotratamento aperfeiçoou-se a partir do século XIX, com novas técnicas de engenharia, mas o termo biorremediação ainda não era empregado para nomear a técnica naquela época. Há algumas décadas, técnicas de biotratamento foram bastante empregadas e, atualmente, qualquer conversão ou remoção de contaminantes do ambiente por organismos é chamada de biorremediação.São inúmeras as vantagens apresentadas pela biorremediação quando comparada com outras técnicas de tratamento, como baixo custo de implantação e operação, geração mínima de subprodutos, além da possibilidade de tratamento dos compostos in situ. Entretanto, nem tudo é tão simples assim, pois a utilização de micro-organismos na biorremediação do ambiente traz, consigo, a necessidade de um estudo detalhado das condições ambientais e de qual organismo a ser utilizado para que a técnica possa ser aplicada.

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O PósMicro agradece a todos seus colaboradores. O jornal é uma publicação que obedece ao propósito de estimular o debate sobre os temas de interesse para o Programa de Pós-Graduação em Microbiologia e de refletir as diversas tendências na microbiologia. As opiniões e ideias expressadas pelos autores não necessariamente correspondem, necessariamente, à filosofia do jornal.

Informe do NHE/FUNFARME/FAMERP*

Por: Prof. Dra. Maria Lúcia Machado Salomão

Coordenadora do Núcleo Hospitalar de Epidemiologia (NHE)

do Hospital de Base de São José do Rio Preto. Professora da

Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto.

e-mail: [email protected]

[email protected]

* Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto.

Poliovírus selvagem

no esgoto do aeroporto de Viracopos

Segundo informado pelo Centro de Vigilância Epidemiológica

(CVE), da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, em 17 de

junho de 2014 foi confirmado, pelo Laboratório de Enterovírus

– IOC/FIOCRUZ, que o vírus isolado pela Companhia

Ambiental do Estado de São Paulo – CETESB, de amostragem

ambiental realizada em março de 2014, no esgoto sanitário do

Aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP), foi caracterizado

como Poliovírus do tipo 1 (PV1) Selvagem. Constatou-se que o

vírus pertence a um genótipo de poliovírus selvagem do Oeste

da África - Nigéria (WEAF-B). Segundo a OMS, o poliovírus

circula em algumas regiões da África Central, sendo originário

da Guiné Equatorial. Esse achado não significa mudança na

situação epidemiológica da poliomielite no estado de São

Paulo ou ameaça à condição de doença erradicada no Brasil,

principalmente pela estratégia dos Dias Nacionais de Vacinação

contra Poliomielite/CAMPOLIO. Não há, até o presente

momento, registro de qualquer caso suspeito de poliomielite no

Estado.

Desde 1990, não há registro de casos de poliomielite no país,

fato que levou o Brasil a obter, da Organização Pan-Americana

de Saúde (OPAS), o certificado de área livre do poliovírus

selvagem em seu território, em 1994, juntamente com os demais

países das Américas. Entretanto, como ainda há circulação de

poliovírus selvagem em alguns países do mundo, o risco de

importação de casos ou do vírus permanece. Em 05 de maio

de 2014, a OMS emitiu a Declaração de Emergência de Saúde

Pública de Importância Internacional (ESPII) devido à situação

atual da poliomielite no mundo, relacionando 10 países com

potencial de exportação do vírus: Afeganistão, Camarões, Etiópia,

Guiné Equatorial, Iraque, Israel, Nigéria, Paquistão, Síria e

Somália.

Dados de Poliomielite em São Paulo

A Poliomielite é uma das doenças de notificação compulsória -

obrigatória - e conhecida como “paralisia infantil”. É uma doença

infecto-contagiosa aguda causada pelo poliovírus selvagem,

pertencente ao gênero Enterovírus. Este vírus tem alta capacidade

de se alojar e multiplicar no hospedeiro, porém possui baixa

patogenicidade - 0,1 a 2,0% dos infectados desenvolvem a forma

paralítica (1:50 a 1:1000) -, ou seja, tem baixa capacidade de

induzir doença. O reservatório do vírus é o homem. A transmissão

é direta de pessoa a pessoa, pela via oral-oral. O período de

incubação, geralmente, é de 7 a 12 dias, podendo variar de 2 a 30

dias. O poliovírus pode ser encontrado nas secreções faríngeas e

nas fezes, respectivamente 36 e 72 horas após a infecção. As

pessoas não imunizadas são suscetíveis à infecção. Os sinais e

sintomas variam desde casos assintomáticos (90 a 95% das

infecções), até a forma abortiva, que ocorre em cerca de 5% dos

casos, a meningite asséptica, em cerca de 1% das infecções, e a

forma paralítica, pouco frequente, em torno de 1 a 1,6% dos casos.

O diagnóstico é feito pela pesquisa do vírus nas fezes até o 14º dia

do sintoma da deficiência motora.

No Brasil, a vigilância da poliomielite é feita com a notificação de

casos de paralisia flácida em pessoas menores de 15 anos.

Definição de caso Suspeito de Poliomielite

Todo caso de deficiência motora flácida, de início súbito, em

pessoas menores de 15 anos, independente da hipótese

diagnóstica de poliomielite.

Caso de deficiência motora flácida, de início súbito, em

indivíduo de qualquer idade, com história de viagem a países

com circulação de poliovírus nos últimos 30 dias, que

antecederam o início do déficit motor, ou contato, no mesmo

período, com pessoas que viajaram para esses países, que

apresentem suspeita diagnóstica de poliomielite.

O PósMicro apoia as atividadesdo movimento de luta contra ocâncer de mama - Outubro Rosa

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EQUIPE RESPONSÁVELEditora Chefe: Prof. Dra. Paula Rahal; Vice-editor-chefe: Guillermo Ladino Orjuela;

Apoio: Tiago Casella; Mariana Nogueira Batista; Náthali Maria Machado de Lima, Rafael Rahal Guaragna MachadoRevisão de redação: Gustavo da Silva Andrade.

Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas IBILCE - UNESP - Câmpus de São José do Rio PretoRua Cristovão Colombo, 2265 - Jardim Nazareth - CEP 15054-000 - São José do Rio Preto Contato Fone - 17-3221.2379 - Fax - 17-3221.2390

e-mail: [email protected] - Facebook: https://www.facebook.com/posmicrohttp://www.ibilce.unesp.br/#!/pos-graduacao/programas-de-pos-graduacao/microbiologia/jornal-posmicro

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DEPOIMENTO

APOIOS E PATROCINIOS

Programa de Pós-Graduação em Microbiologia - IBILCE - UNESP PROEXPRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA

Prêmio melhor currículoPPG-Microbiologia IBILCE

Por: Doutoranda Tatiana Elias Colombo e-mail: [email protected]

Fé, foco e objetivo. Essas sempre foram a minha base durante todos esses anos de estudo. Quantos dias, noites, finais de semana e feriados dedicados exclusivamente aos meus estudos. Ao receber esse prêmio de “Melhor Currículo” na categoria

“Doutorado” pelo Programa de Pós-Graduação em Microbiologia (Ibilce/UNESP), vejo que meu empenho e dedicação levou-me ao louro.Desde 2011, venho desenvolvendo meu projeto de doutorado na linha de pesquisa em Virologia, sob a orientação do Prof. Dr. Maurício Lacerda Nogueira, pesquisa intitulada “Vigilância epidemiológica da dengue e circulação dos sorotipos presentes em São José do Rio Preto, SP”, resultando em várias publicações, participação em congressos, simpósios e diversos minicursos.

O ensino das doenças infecciosas e parasitárias como ferramenta preventiva

Por: Doutorando Kaio Cesar Chaboli Alevi e-mail: [email protected]

O Brasil, por ser um país de clima tropical e apresentar precariedade das condições básicas de higiene e sanidade para uma grande parcela da população, é um grande pólo para o desenvolvimento das doenças infecciosas e parasitárias. Além desses fatores, chamamos a atenção para a falta de conhecimento das pessoas como um importante facilitador das contaminações. A grande maioria das pessoas, muitas vezes, desconhece hábitos simples e eficazes de prevenção, o que poderia evitar enfermidades e até mortes de crianças, adultos e idosos. Nessa perspectiva, os aspectos gerais das principais doenças infecciosas e parasitárias foram trabalhados com alunos do ensino fundamental e médio de escola pública, com ênfase no desenvolvimento de ações preventivas. O trabalho foi realizado

durante o ano de 2013, e fez parte de um Trabalho de Conclusão de Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas, sob orientação da Profa. Dra. Maria Tercília Vilela de Azeredo Oliveira.Agente etiológico, forma de contaminação e transmissão, principais sintomas e profilaxia foram os principais tópicos abordados. O conteúdo foi ministrado na forma de aulas teórico-práticas, com auxílio de lâminas com material biológico, material fixado (como, por exemplo, caixas entomológicas, no caso de doenças transmitidas por vetores) e desenvolvimento de uma cartilha, abordando todas as características básicas das doenças, com ênfase na forma de contaminação, transmissão e na profilaxia.Muito embora exista a discussão entre ensinar saúde ou ensinar para a saúde, acreditamos que, no caso específico das doenças infecciosas e parasitárias, o ensinar saúde seja um fator diferencial para o cidadão, uma vez que leva à conscientização da população sobre as principais formas de minimizar a incidência dessas doenças, auxiliando como uma importante ferramenta preventiva.

EBOLA: E agora?

Por: Enfermeira Priscila Lopes OratiSupervisora técnica da Seção Técnica de Saúde - IBILCEe-mail: [email protected]

O recente surto, na África, da doença provocada pelo vírus Ebola tem gerado grande preocupação pelos efeitos econômicos e na saúde no mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), esta doença consiste em febre grave do tipo hemorrágica, e é transmitida por cinco espécies diferentes de um vírus do gênero Filovirus, altamente infeccioso, que compromete o sistema de defesa do organismo. Esta zoonose desenvolve-se em animais silvestres, que

transmitem para os seres humanos por meio de contato com sangue e fluidos corporais. Então, a pessoa infectada passa a transmitir, da mesma forma, entre as pessoas (contato direto) ou por transmissão indireta (contato com objetos contaminados por fluidos de pessoas infectadas). O doente começa a transmitir o vírus só quando inicia os sintomas da doença, e pode transmiti-lo até depois da morte e por certo período após a cura (o vírus pode persistir ativo no sêmen durante semanas).Assim, ainda de acordo com o Ministério da Saúde do Brasil, a possibilidade de ocorrer disseminação global do vírus é muito baixa. A OMS não recomenda restrições de viagens porque o risco para viajantes também é baixo, desde que sejam respeitadas as seguintes precauções: evitar qualquer contato com animais ou com pessoas doentes, evitar ingestão de alimentos de procedência desconhecida, lavar frequentemente as mãos com água e sabão e higienizá-las com álcool gel.