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Qualidade da água da Ribeira da Asprela - parâmetros microbiológicos 1/20
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Qualidade de água da Ribeira da Asprela
Parâmetros microbiológicos
Projeto FEUP 2016/2017 – Engenharia do Ambiente
Manuel Firmino e Sara Ferreira João Bastos
Equipa MIEA 102_1:
Supervisor: Margarida Bastos Monitor: Miguel Costa
Estudantes & Autores:
Alexandra Batista [email protected] Joaquin Marrero [email protected]
Henrique Cruz [email protected] Maria Marques [email protected]
Jéssica Dunsdon [email protected] Pedro Caçador [email protected]
Qualidade da água da Ribeira da Asprela - parâmetros microbiológicos 2/20
Resumo
O seguinte relatório foi realizado no âmbito da unidade curricular Projeto FEUP e teve como
principal objetivo verificar a qualidade da água na Ribeira da Asprela, no que diz respeito a
parâmetros microbiológicos, sendo que as bactérias estudadas foram Escherichia Coli e
Enterococcus. Os resultados obtidos foram analisados e comparados com os valores de referência
indicados no Decreto-Lei n.º 236/1998 e no Decreto-Lei n.º 306/2007.
As amostras de água foram recolhidas de três zonas diferentes da ribeira: zona da tampa,
zona dos nenúfares e zona de saída. Em laboratórios os métodos utilizados para averiguar a
existência de bactérias foram a filtração, auxiliada por uma bomba de vácuo para agilizar o processo
para separar as anteriores da água, e incubação, para a criação das bactérias em temperaturas
favoráveis ao seu crescimento. Para a Escherichia Coli, as amostras deveriam ser incubadas a 30
°C durante 4 h, e depois a 44 °C durante 14 h, e para os Enterococcus, as amostras devem ser
incubadas a 36 °C ± 2 °C durante 44 h ± 4 h. No entanto os resultados que vão ser apresentados no
presente relatório foram registados após um período de tempo superior ao recomendado, o que
permitiu tirar conclusões de uma forma mais precisa.
No final pudemos verificar que a quantidade de bactérias era diferente nas três amostras,
sendo que no meio seletivo de LSA (Lauryl Sulfate Agar) eram demasiadas colónias de Escherichia
Coli para serem contadas e no meio SB (Slanetz and Bartley) eram todas superiores a 100 UFC/ml
demonstrando que apesar de o curso de água ser o mesmo, existem fatores, que influenciam o
desenvolvimento, neste caso, da Escherichia coli e dos Enterococcus.
Pudemos também concluir, comparando os valores obtidos com os valores explícitos nos
Decretos Lei nº236/1998 e nº306/2007, que esta água não é admissível para fins aquícolas (águas
conquícolas), balneares, rega e para consumo humano. No entanto, apesar de termos comparado
os valores explícitos no decreto relativo ao consumo de água (nº306/2007) era já de conhecimento
do grupo que esta água não é própria para consumo, sendo que o termo de comparação fez-se
devido ao facto de os parâmetros serem mais rigorosos quando se fala de água para consumo.
Palavras-Chave
Bactérias; Contaminação; FEUP; Microbiologia; Meio de cultura; Qualidade da água;
Caracterização microbiológica; Escherichia coli; Enterococcus.
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Índice
Lista de figuras .......................................................................................................................... 4
Lista de tabelas .......................................................................................................................... 4
Lista de acrónimos ..................................................................................................................... 5
Introdução .................................................................................................................................. 6
História da Ribeira ...................................................................................................................... 7
Poluição da Água ....................................................................................................................... 7
Eutrofização das águas ........................................................................................................... 8
Contaminação da água ........................................................................................................... 8
Estratégias de prevenção ........................................................................................................... 9
Processos de tratamento .......................................................................................................... 10
Legislação ................................................................................................................................ 11
Análise microbiológica de águas .............................................................................................. 11
Microrganismos Indicadores de Poluição .............................................................................. 11
Escherichia Coli .................................................................................................................... 12
Enterococcus ........................................................................................................................ 13
Materiais e métodos ................................................................................................................. 13
Procedimento Experimental .................................................................................................. 13
Materiais ............................................................................................................................... 14
Resultados e Discussão ........................................................................................................... 14
Referências bibliográficas ......................................................................................................... 19
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Lista de figuras
Figura 1- Ribeira da Asprela ....................................................................................................... 6
Figura 2- Eutrofização das águas .............................................................................................. 8
Figura 3- E. coli ........................................................................................................................ 12
Figura 4- Enterococcus ............................................................................................................ 13
Figura 5- Material ..................................................................................................................... 14
Figura 6- Resultados de E.coli na amostra 1 ............................................................................ 15
Figura 7- Resultados de E.coli na amostra 2………………………………………………………....15
Figura 8- Resultados de E.coli na amostra 3......……………………………………………………..16
Figura 9- Resultados de Enterococcus na amostra 1………………………………………………..16
Figura 10- Resultados de Enterococcus na amostra 2………………………………………………16
Figura 11- Resultados de Enterococcus na amostra 3………………………………………………16
Lista de tabelas
Tabela 1- Resultados…………………………………………………………………………………15
Tabela 2- Comparação da água da Ribeira da Asprela com os valores do Decreto de Lei 236/1998……………………………………………………………………………………………………..17
Tabela 3- Comparação da água da Ribeira da Asprela com os valores do Decreto de Lei 306/2007…………………………………………………………………………………………………..…17
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Lista de acrónimos
TMTC- too much to count (muito superior a 100 UFC/100ml)
E. coli- Escherichia Coli
VMR- valor máximo recomendado
UFC- unidades formadoras de colónias
NMP- número mais provável
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Introdução
Hoje em dia são cada vez mais comuns os casos de contaminação em água, e é por isso
necessário verificar com regularidade a qualidade da mesma.
A água da Ribeira da Asprela (Figura 1), afluente do Rio Leça, tem vários afluentes que nascem
no concelho do Porto. Com uma extensão de aproximadamente 4,89 km, a ribeira já sofreu diversas
intervenções de modo a melhorar a qualidade da água e, para além disso, as suas águas correm
junto à FEUP. Por este motivo foi escolhido este local para a colheita de amostras de análises para
o presente estudo. Cujo objetivo é analisar a qualidade da água da ribeira da Asprela, em 3 pontos
distintos: zona da tampa; zona dos nenúfares e zona de saída, e a presença de bactéria na mesma,
nomeadamente Escherichia Coli e Enterococcus.
Figura - Ribeira da Asprela Figura 1- Ribeira da Asprela
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História da Ribeira
A ribeira da Asprela possui diversos afluentes que nascem no concelho do Porto, mais
precisamente na freguesia de Paranhos. Apresenta uma extensão de cerca de 4,89 km e uma bacia
hidrográfica aproximadamente de 3,42 km2.Este local já foi submetido a várias intervenções com o
objetivo de o melhorar em vários pontos como a poluição e o aspeto visual, tendo estes se agravado
com a urbanização da área.
Em 2007 a empresa municipal Águas do Porto criou um projeto denominado de ‘Ribeiras do
Porto’ com o objetivo de despoluir até 2009 várias ribeiras que atravessam a cidade do Porto, sendo
uma delas a ribeira em estudo. Em 2008 obtiveram-se resultados extremamente positivos com os
níveis de poluição a baixarem dez vezes e sem grande custo financeiro. Este projeto consistia em 2
pontos essenciais: agir no terreno, ou seja, limpar a ribeira, despoluindo-a de montante para jusante
e monitorizar as várias secções do curso de água para se poder avaliar resultados.
Mais tarde, em 2014, procedeu-se ao desentubamento e reabilitação do troço da ribeira situado
entre as Faculdades de Engenharia e Economia. No ano de 2015, nesse mesmo local, foi dado talvez
o passo mais importante da preservação desta linha de água com a inauguração de um parque de
aproximadamente três hectares e com um enorme progresso relativamente ao ‘destapamento’ da
ribeira que passou a correr a céu aberto.
Poluição da Água
Na natureza, devido às características físico-químicas próprias, a água encontra-se associada a
outras substâncias. Essas substâncias afetam, necessariamente, as suas características físicas,
químicas e biológicas e a sua adequação aos usos, diretos ou potenciais, ou seja, a sua qualidade.
Estas mesmas substâncias podem ou não estar presentes na água, no caso de estarem
presentes a sua quantidade é excessiva. Integram-se nos ciclos biogeoquímicos dominantes, sendo
eliminadas por processos de autorregeneração, verificando-se a sua integração nas cadeias tróficas,
a transferência para a fase gasosa ou a incorporação nos sedimentos. Designou-se assim a
designação, mais lata e abrangente, de poluição.
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Eutrofização das águas
Um outro aspeto importante a mencionar
relativamente à poluição da água é o processo de
eutrofização das águas. A eutrofização é um processo
natural nos ecossistemas aquáticos, produzido pelo
enriquecimento da massa da água com nutrientes como o
fósforo e azoto provocando um aumento excessivo de algas
que por sua vez impulsiona o desenvolvimento de
consumidores primários resultando num aumento da
biomassa. Este aumento pode levar a uma diminuição do
oxigénio dissolvido resultando na morte e decomposição de
muitos organismos, o que irá diminuir a qualidade da água e
consequentemente afetar o ecossistema.
Durante os últimos 200 anos o homem tem acelerado
estes processos de eutrofização modificando tanto a
qualidade das águas, como a estrutura das comunidades biológicas por causa do aumento na carga
orgânica dos corpos de água. A eutrofização reduz consideravelmente os usos potenciais que têm
os recursos hídricos devido ao aumento na taxa de mortalidade das espécies animais, a
decomposição da água e do crescimento de microrganismos (bactérias). Para além disso, em muitas
situações os microrganismos convertem-se num risco para a saúde, como no caso dos agentes
patógenos transmitidos pela água, que constituem um problema para a saúde mundial.
Também a construção defeituosa nas estruturas dos poços e na ausência de manutenção das
instalações são causas que predispõem a entrada e propagação dos microrganismos a partir de
distintas fontes. Aliás, existem outros fatores que permitem o crescimento de microrganismos na água
dentro dos sistemas de distribuição e armazenamento como: quantidade e tipo de nutrientes,
oxigénio, temperatura, pH, etc.
Contaminação da água
A contaminação da água dá-se pela introdução de microrganismos e substâncias químicas
no meio ambiente numa concentração superior para desequilibrar as características desse meio.
Quando as suas características e qualidades se encontram modificada afetam tudo o que dela
depende: animais, plantas e solo. A causa da poluição da água está na origem dos poluentes, pois
estes são resíduos gerados nas mais diversas atividades antrópicas. Desses poluentes os mais
significativos são: produtos químicos como ácidos, adubos, pesticidas e detergentes; resíduos como,
por exemplo, o lixo sólido, que provoca a proliferação de algas e cianobactérias, impedindo a entrada
Figura 2- Eutrofização das águas
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da luz nos rios e reduzindo a disponibilidade de oxigénio para os organismos aquáticos. Estes
poluentes entre outros, originam um grande impacto ambiental negativo.
A água natural contém uma variedade de microrganismos. A sua diversidade e quantidade
são afetadas por vários fatores, tais como a precipitação, turvação, pH, concentração de metais, etc.
Sendo impossível analisar todos os filos bacterianos, o teste da presença de bactérias coliformes é
recomendado, uma vez que são um indicador de que outras bactérias patogénicas com origem fecal
podem estar presentes na água. A presença de bactérias, como a bactéria Escherichia, na água é
um facto, principalmente nas águas residuais, que por sua vez contaminam as águas naturais. Logo,
há uma necessidade de fazer um controlo da água.
Com tal necessidade advém o Decreto-Lei nº236/98, que vem por este meio estabelecer normas,
critérios e objetivos de qualidade com a finalidade de proteger o meio aquático e melhorar a qualidade
das águas em função dos seus principais usos, definindo os requisitos a observar na utilização das
águas para os seguintes fins: águas para consumo humano, águas para suporte da vida aquícola,
águas balneares e águas de rega; assim como as normas de descarga das águas residuais na água
e no solo. Atribui competências a diversas entidades relativas e especificamente a cada um daqueles
domínios, no que respeita ao licenciamento, inspeção, fiscalização, vigilância e classificação e
inventário das águas.
Em Portugal tem-se verificado uma evolução muito positiva, quer quanto à qualidade da água
distribuída, quer quanto à realização do número de análises obrigatórias para o seu controlo. Com
efeito, os últimos dados nacionais conhecidos não deixam quaisquer dúvidas sobre este assunto,
evidenciando uma clara melhoria no controlo da qualidade da água na última década.
Estratégias de prevenção
A Terra é hoje um planeta bem diferente do que era há milhares de anos. A influência da atividade
humana está bem presente um pouco por todo o globo. O Homem tem utilizado indiscriminadamente
os seus recursos, e transformando o meio e a paisagem de forma irreversível.
A degradação do ambiente e a sua contaminação põe em causa o futuro do planeta e da
humanidade, pelo que se torna urgente pará-los, ou simplesmente desacelerá-los, para que se possa
refletir sobre este problema. Isto não implica pôr em causa todo o processo que o Homem realizou
até hoje, mas sim trabalhar para que haja um desenvolvimento sustentável.
Para evitar a poluição da água é preciso tomar medidas como:
Evitar depositar lixo ou material reciclável em rios e mares;
Não utilizar pesticidas na agricultura;
Colocação de filtros gravíticos de areia nas fábricas e indústrias;
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Criação de estações de tratamentos de águas e de redes de esgoto adequadas;
Conduzir toda a água utilizada pela população para uma estação de tratamento;
Tratar os esgotos e os efluentes industriais antes de serem lançados ao mar;
Criação de áreas protegidas a fim de preservar as espécies e a biodiversidade.
Processos de tratamento
Os métodos usados para o tratamento de águas residuais têm vindo a desenvolver-se de forma
significativa. Esta evidência pode ser explicada pelas exigências cada vez mais incisivas por parte
dos órgãos públicos de controlo ambiental como resposta ao interesse da saúde pública, às
crescentes condições adversas causadas pela descarga destas águas e a uma maior preocupação
da sociedade na defesa do meio ambiente. Por conseguinte, a remoção de substâncias indesejáveis
de uma água envolve a alteração das suas características físicas, químicas e/ou biológicas.
Processos Físicos
Os processos físicos definem-se pelos fenómenos físicos que ocorrem na remoção ou
transformação de poluentes das águas residuais. Estes não são apenas utilizados para separar
sólidos em suspensão, mas também para homogeneizar um efluente. Por exemplo, submeter um
esgoto sanitário a um processo físico de sedimentação de sólidos.
Processos Biológicos
Os processos biológicos dependem, sobretudo, da ação de microrganismos aeróbios ou
anaeróbios. Os fenómenos inerentes à respiração e à alimentação desses microrganismos são
predominantes não só na transformação da matéria orgânica sob a forma de sólidos dissolvidos e
em suspensão, mas também em compostos simples como sais minerais, gás carbónico, água e
outros. Exemplos:
Processos Químicos
Os processos químicos requerem a utilização de produtos químicos de modo a alterar as suas
características químicas. Frequentemente este processo é utilizado em simultâneo com os restantes
processos.
Classificação dos sistemas de tratamento
De modo geral os tipos de tratamentos de um efluente são quatro. Porém a necessidade de os
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utilizar é dependente do tipo e processo de produção das águas a tratar.
No tratamento preliminar, constituído unicamente por processos físico-químicos, é feita a
remoção dos flutuantes através da utilização de grelhas e de crivos grossos; e a separação da água
residual das areias a partir da utilização de canais de areia.
O tratamento primário é também constituído unicamente por processos físico-químicos. Nesta
etapa procede-se ao pré-arejamento, equalização do caudal, neutralização da carga do efluente a
partir de um tanque de equalização e, seguidamente, procede-se à separação de partículas líquidas
ou sólidas através de processos de floculação e sedimentação. As lamas resultantes deste
tratamento estão sujeitas a um processo de digestão anaeróbio.
O tratamento secundário é constituído por processos biológicos seguidos de processos físico-
químicos. No processo biológico podem ser utilizados dois tipos diferentes de tratamento: anaeróbio
ou aeróbio.
O tratamento terciário é também constituído unicamente por processos físico-químicos. Nesta
fase procede-se à remoção de microrganismos patogénicos através da utilização de lagoas de
maturação e nitrificação. Finalmente, a água resultante é sujeita a desinfeção através da adsorção e,
se necessário, tratamento ao cloro e ozono.
Legislação
No normativo legal, relativo à qualidade da água para o consumo humano, que transpôs para a
ordem jurídica interna a Diretiva nº 98/83/CE, do conselho, de 3 de novembro. A saber, o Decreto-
Lei nº 306/2007 de 27 de agosto. São apresentadas as seguintes alterações: o parâmetro “coliformes
totais” é considerado apenas como parâmetro indicador de poluição e o parâmetro “coliformes fecais”
é substituído pelo parâmetro E. coli, considerado como um indicador específico de contaminação
fecal. Foi também utilizado o Decreto Lei 236/1998 como referência para a utilização da água para
rega, fins balneares e aquícolas.
Análise microbiológica de águas
Microrganismos Indicadores de Poluição
A água, como qualquer outro componente dos sistemas naturais, contêm uma grande quantidade
diversidade de organismos, sujeitos a alterações causadas por fatores ambientais e suscetíveis de
alterar, simultaneamente, o ambiente envolvente.
O número de microrganismos presentes nos materiais e resíduos fecais e/ou urinários,
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provenientes do metabolismo de animais de sangue quente, é muito elevado, ou seja, 1g de fezes
contêm cerca de 10 organismos, sendo que alguns destes organismos são patogénicos.
O grupo dos microrganismos designado por coliformes, totais e fecais, membros da família do
trato intestinal do Homem e outros animais apresentam-se em grande número e representam cerca
de 10% dos microrganismos presentes. O grupo é definido como sendo constituído por organismos
Gram-negativo, facultativamente anaeróbios.
Escherichia Coli
A E. coli é um grupo de bactérias pertencentes à família Enterobacteriaceae, apresenta formato
de bacilo, é gram-negativa, anaeróbia facultativa e fermentadora de açúcares. Normalmente é
localizada na microbiota entérica de aves e mamíferos, e por isso a presença desta bactéria na água
ou nos alimentos deve-se à contaminação fecal. A bactéria E. coli constitui uma realidade genética e
ecológica complexa, caracterizada por uma diversidade de formas e de adaptações ao meio.
Os Serotipos de E. coli designados por O55, O111 e O117 são os mais frequentemente
associados a situações de diarreia infantil, no
entanto as bactérias E.coli presentes no
intestino humano não causam problemas de
saúde, mas quando outros tipos desta
bactéria entram no organismo, elas podem
causar doenças como a gastroenterite e
infeção urinária, por exemplo. Estima-se que
cerca de 10% das E. coli sejam patogénicas
o que leva ao desencadeamento de infeções
maioritariamente intestinais. Esta espécie é suscetível de produzir toxinas termolábeis e Termo
estáveis, sendo é responsável por doenças que originam diarreias severas sanguinolentas e cólicas
normais, tendo que normalmente a sua presença é mais usual nos alimentos crus A presença da
bactéria em alimentos ou em qualquer meio está ligada a práticas higiénicas deficientes, tendo que
a transmissão do agente, pela água ou pelos alimentos, implica sempre contaminação fecal-oral.
Figura 3- E. coli
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Enterococcus
Os Enterococcus, são parte da flora normal do
trato gastrointestinal humano como animal. Na
última década, estes organismos têm adquirido
cada vez mais importância como patógenos, sendo
um grupo é caracterizado pela sua capacidade de
crescimento entre 10ºC e 45ºC, a pH 9,6 num meio
de cultura
Os Enterococcus intestinais constituem um
subgrupo de um grupo de organismos definidos
como estreptococos fecais, compreendendo
espécies do género Streptococcus. Este subgrupo é composto pelas espécies Enterococcus faecalis,
E. faecium, E.durans e E.hirae, e veio substituir o parâmetro indicador Estreptococos fecais, por ser
mais específico de uma eventual poluição de origem fecal.
Materiais e métodos
Procedimento Experimental
Foram recolhidas 6 amostras de água em 3 pontos: zona da tampa; zona dos nenúfares e zona
de saída da Ribeira da Asprela. Cada elemento da equipa analisou uma destas amostras em
duplicado.
1. Identificar duas placas de Petri contendo o meio de cultura seletivo LSA (Lauryl Sulfate Agar)
e SB (Slanetz and Bartley) com a designação da turma e do nome do aluno
2. Colocar o funil de filtração estéril na rampa de filtração.
3. Colocar a membrana filtrante estéril (0,45 μm de porosidade e 47 mm de diâmetro) com a ajuda
de uma pinça espatulada flamejada (isto é, mergulhada em álcool etílico e levada à chama do
bico de Bunsen).
4. Agitar a amostra e adicionar 100 ml de amostra ao funil com a torneira fechada.
5. Ligar a bomba de vácuo e filtrar a amostra abrindo a torneira da rampa de filtração.
6. Depois do processo de filtração, fechar novamente a torneira e, com a pinça espatulada
flamejada, retirar a membrana e colocá-la sobre a superfície do meio de cultura (Nota: a
membrana deverá aderir bem em toda a superfície ao meio de cultura, caso contrário não
haverá crescimento nessas zonas).
7. Agitar novamente a amostra de água e repetir o procedimento para o duplicado.
8. Incubar as culturas de acordo com as temperaturas recomendadas para cada grupo de
Figura 4-Enterococcus
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indicadores de poluição. Para o meio seletivo de LSA (pesquisa de E. coli), as amostras devem
ser incubadas a 30 °C durante 4 h, e depois a 44 °C durante 14 h. Para o meio SB (pesquisa
de Enterococcus) as amostras devem ser incubadas a 36 °C ± 2 °C durante 44 h ± 4 h.
Materiais
Os materiais utilizados estão representados na figura 5
1. Água salina
2. Placas de Petri com meio de
cultura seletivo LSA (Lauryl Sulfate
Agar)
3. Placas de Petri com meio de
cultura seletivo SB (Slanetz and
Bartley)
4. Funil de Filtração
5. Membrana filtrante
6. Caneta
7. Pinça espatulada
8. Gobelé com álcool etílico
9. Rampa de filtração
10. Bico de Bunsen
11. Bomba de vácuo
Figura 5- Material
Resultados e Discussão
Tendo em conta o que foi mencionado anteriormente e seguindo o procedimento apresentado
neste documento, obteve-se os seguintes resultados.
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Tabela 1: Resultados Obtidos após análise microbiológica
Água da Ribeira da Asprela
Zona da Tampa (amostra 1)
Zona dos Nenúfares (amostra 2)
Zona de saída (amostra 3)
Escherichia Coli
Colónias típicas
Colónias amarelas Colónias amarelas Colónias amarelas
Colónias atípicas
-- Colónias rosa Colónias rosa
Número UFC TMTC TMTC TMTC
Identificação E. coli E. coli E. coli
Enterococcus
Colónias típicas
Colónias castanhas avermelhadas escuras
Colónias castanhas avermelhadas escuras
Colónias castanhas avermelhadas escuras
Número UFC Muito superior a
100 UFC/100ml Superior a 100
UFC/100ml Mais do que 100
UFC/100ml
Identificação Enterococcus Enterococcus Enterococcus
Escherichia Coli
Observando as figuras 6, 7 e 8 podemos verificar
que cada amostra apresenta resultados diferentes em
termos de quantidade de bactérias presentes.
Quanto a Escherichia Coli podemos observar que
tanto na amostra 2 como na amostra 3 manifesta-se
com mais facilidade (podemos observar colónias
amarelas e colónias rosa (fig.7 e 8), indicando que existe
uma quantidade considerável desta bactéria nas
amostras. O facto de a quantidade ser superior nas
amostras 2 e 3 justifica-se pelo facto de em ambos os
locais onde foram retiradas as amostras a água está em
‘repouso’ o que facilita a reprodução desta bactéria.
A amostra com resultados menos conclusivos
sobre a presença de E.coli é a amostra número 1, onde
apenas se observa a formação de colónias amarelas (fig.
6), logo é a que contém a menor quantidade desta mesma
bactéria. Esta era a amostra da água que estava entubada
daí possuir uma menor quantidade de E.coli uma vez que
como a água nesse local escorre continuamente, fica
mais difícil para as bactérias se reproduzirem visto que
Figura 6- Resultados de E.coli na amostra 1
Figura 7- Resultados de E.coli na amostra 2
Figura 8- Resultados de E.coli na amostra 3
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estão em movimento.
Enterococcus
Quanto aos Enterococcus, observámos que estão
presentes em todas as amostras (fig. 9, 10 e 11) assim
como a Escherichia Coli, no entanto seguem uma lógica
‘inversa’, ou seja, nos locais onde existe maior
quantidade de E.coli existe uma menor quantidade de
enterococcus. Observando a tabela 2 podemos ver que
é na amostra 1 onde se verifica uma maior quantidade
de Enterococcus, com valores extremamente superiores
a 100 UFC, enquanto que na 2 apenas verificamos que
os valores são superiores a 100 UFC. Por fim na
amostra 3 os valores eram pouco mais do que 100 UFC.
Figura 9- Resultados de Enterococcus na
amostra 1
Figura 10 - Resultados de Enterococcus na amostra 2 Figura 11- Resultados de Enterococcus na amostra 3
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Tabela 2: Comparação da água da Ribeira da Asprela com os valores do Decreto de Lei 236/1998
Bactéria
Conforme o Decreto de Lei 236/1998
Comparação com as amostras da Ribeira da Asprela
Expressão dos
resultados VMR Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3
Águas para fins aquícolas
E. coli NMP/100 ml
≤300 na polpa do
molusco e no líquido
intervalar
TMTC TMTC TMTC
Águas balneares
E. coli NMP/100 ml 100 TMTC TMTC TMTC
Enterococcus NMP/100 ml 100 >>>100
UFC/100ml >>100
UFC/100ml >100
UFC/100ml
Água para rega
E. coli NMP/100 ml 100 TMTC TMTC TMTC
Nota: não há valores dos Enterococcus nas águas para fins aquícolas e para rega porque não
se encontram especificados no Decreto de Lei 236/1998.
Tabela 3: Comparação da água da Ribeira da Asprela com os valores do Decreto de Lei 306/2007
Bactéria
Conforme o Decreto de Lei 306/2007
Comparação com as amostras da Ribeira da Asprela
Expressão dos
resultados
Valores paramétricos
Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3
Água para consumo
humano para distribuição
E. coli /100 ml 0 TMTC TMTC TMTC
Enterococcus /100 ml 0 >>>100
UFC/100ml >>100
UFC/100ml >100
UFC/100ml
Água para consumo humano
engarrafada
E. coli /250 ml 0 TMTC TMTC TMTC
Enterococcus /250 ml 0 >>>100
UFC/100ml >>100
UFC/100ml >100
UFC/100ml
Como já referimos anteriormente analisámos esta água com o objetivo de verificar se a mesma
poderia ter, neste caso, 4 utilizações, sendo elas: águas de consumo; águas para fins aquícolas;
águas balneares e águas destinadas a rega. Nas tabelas 2 e 3 está evidenciada a comparação dos
resultados obtidos com os parâmetros indicados nos Decretos-lei. Analisando a mesma podemos
concluir que, a água da ribeira da Asprela não pode ser utilizada para nenhum destes quatro fins
visto que em todas as amostras os valores das duas bactérias excedem os valores tabelados pelos
Decretos-lei.
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Conclusão
A água é um bem essencial com as mais diversas utilidades, todas elas de extrema importância,
seja água para consumo ou para fins balneares, e por isso nós como seres vivos que somos devemos
estar devidamente consciencializados para o papel fulcral que esta desempenha no nosso planeta e
procurar não poluir nem a gastar descomensuravelmente.
Neste trabalho pudemos verificar que a água da ribeira da Asprela tinha uma quantidade de
bactérias, neste caso E.coli e Enterococcus, superior aos valores tabelados nos Decretos-lei, logo,
nunca poderia ser utilizada para fins aquícolas, balneares, rega e para consumo. No entanto, é
importante referir que apesar de termos utilizado também os valores tabelados relativamente ao
consumo humano, o grupo já tinha conhecimento de que esta água nunca poderia ser destinada ao
consumo humano. Pudemos comprovar também que nos locais onde existia maior quantidade de
E.coli, verificava-se uma menor quantidade de Enterococcus.
No final pudemos concluir que a água da ribeira da Asprela não pode ser utilizada para nenhum
dos fins que propusemos como referência visto que as quantidades de bactérias em estudo excediam
os valores tabelados nos Decretos-lei.
Qualidade da água da Ribeira da Asprela - parâmetros microbiológicos 19/20
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