quina falcão mini - clipquick · quina falcão-mini 81/82 t exto:.'csé mota f-eitas ftr.os:...
TRANSCRIPT
Quina Falcão - Mini 81/82Texto:.'csé Mota F-eitas
Ftr.os: Arquivo Armanco Qura -akão.
O Agrupamento Bi do Campeonato Nacional de Velocidade de i 9 foi sem dúvida uma competiçãoemocionante, com vários pilotos a lutarem pelas vitórias durante todo o ano. Hoje vamos percorrer a
época de um deles, Armando Quina Falcão, através do seu espólio fotográfico pessoal.
Depoisde ter realizado em 1980 algumas provas com o seu terceiro
Fiat 127, Quina Falcão sabia que em 1981 ia ter uma época ocupada,
já que além dos ralis como Navegador de António Oliveira Simões
no Ford Escort RS 2000, ia também fazer Velocidade ao volante do
Mini Clubman "protótipo" que Mário Santinho havia estreado em 1980.
Nessa época iria conduzir o Mini quase como um "piloto de fábrica'", pois a
A. M. Almeida e a Unipart pagavam todas as despesas da equipa, o piloto apenasse sentava para conduzir. O carro foi todo feito em Lisboa, na oficina do saudoso
Álvaro Ribeiro e apresentava-se com uma preparação cuidada, aliás foi nessa
oficina onde o atual preparador dos minis, Antero Pereira, começou a aprender a
arte que tão bem assimilou e hoje tão bem aplica.
Quina Falcão iria ter grandes adversários, já que nesta categoria, barata
e artesanal, alinhavam nomes como António Rui Bacelar de Moura (AlfaRomeo GTA 1300), Pedro
Viílar e António Consciência
(MG Midget), António Baptista
(Mini Marcos), Aurélio Veiga(Datsun 1200 Coupé), e os
muito competitivos Minis de
pilotos como Eduardo Rebelo,Alberto Freitas, FernandoCarneiro , António M anue 1
Martins Teixeira, Pinheiro
Borges, José Coelho Barbosa,
Adriano Miranda, António
Lopes Ribeiro, João Baptista,
Rogério Moura, Joaquim Abreu
(que depois passou para um
Austin Metro), Oscar Verdasca,
etc.
A primeira prova do ano
teve lugar como habitualmente
na Lagoa Azul com a disputa
(3 e 4 de Abril) de uma Rampa que contou com 99 inscritos, 12 dos quais no
Agrupamento BI (Grupos 2 a 5 até 1300 cc). Foi aprova de estreia (azarada) do
Porsche Kremer 935 de Jorge Petiz e Ernesto Neves tez uma das suas últimas
provas "a sério" tripulando o GRD 573 de Mário Silva, que na altura estava
suspenso. O vencedor absoluto acabou por ser Joaquim Moutinho cm Porsche
Aurora RSR, com Nené Neves na 2 aposição. Entre os BI levou a melhor João
Baptista em Austin Cooper S, tendo Quina Falcão terminado na 2a posição do
Grupo.No final de Abril disputou-se na zona de Lamego a Rampa das Meadas .
tendo a prova do Sport Clube do Porto reunido 18 concorrentes entre os B I .
Moutinho foi de novo o I o à geral e entre os 1300 venceu, desta vez, Bacelar de
Moura no Alfa Romeo GTA 1300.
O equilíbrio na classe era grandee Quina Falcão foi apenas 6o do
Grupo e 32° da Geral.No mês de Maio (9/10) o
Targa Clube organizou a Rampade Bragança. O melhor entre os BIfoi de novo João Baptista, desta
vez seguido dv braganiino Adriano
Miranda, também em Mini CooperS. Nos lugares seguintes ficaram
Bacelar de Moura (Alfa), Eduardo
Rebelo (Mini), Aurélio Veiga(Mini) e Quina Falcão, que se atra-
sou devido a um "tete" na Curvada Pedreira. O vencedor da Rampafoi de novo Joaquim Moutinho no
seu Porsche, que aparentemente não tinha este ann adversários à altura. No final
da terceira prova, João Baptista comandava o campeonato, seguido de Bacelar
e Quina Falcão.
A 4 a Rampa do campeonato de 81 (o Autódromo do Estoril ainda estava
encerrado) foi a da Serra da Estrela, uma prova do Campeonato Europeu. QuinaFalcão esteve ausente numa prova ganha por João Baptista e que foi assinalada
pela estreia de Héldcr Valente num vistoso Escort, que segundo o próprio era
"igual aos do Campeonato Alemão". Depois da ausência na Covilhã, motivada
pelo medo que o Mini (que. lembre-se, tinha o tejadilho ''cortado") tivesse pro-blemas nas verificações técnicas internacionais, Quina passou para a 6a posiçãono campeonato.
Nos dias 13 e 14
de Junho a caravana do
CNV foi à Falperra e
inscreveram-se IS pilo-tos na prova dos 8 1 .
O
melhor crono pertenceua Hélder Valente, mas
posteriormente seria
desclassificado devidoà irregular cilindrada do
seu Escort. O autor do
T crono, Aurélio Veiga(Mini), foi também des-
classificado, ficando a
vitória final para o pilo-to felgueirense AlbertoFreitas Sampaio (Mini),com António Baptista(Mini Marcos) no 2"
posto. Quina Falcão teve
alguns problemas e foi apenas 6°, atrasando-se assim na classificação do cam-
peonaLo.
Também em Junho, o larga Clube organizou a Rampa do Caramulo, prova
que seria ensombrada pelo despiste fatal de Germano Martins, que tripulava umDatsun 1200. A classificação geral foi dominada por Joaquim Moutinho e QuinaFalcão esteve novamente ausente, provavelmente porque na semana seguinteleria que estar nos Açores juntamente com Oliveira Simões para participar noRali S. Miguel. Por acaso uma jornada sem sorte já que abandonaram após a I
a
classificativa. O melhor enrre os 1300 no Caramulo foi Bacelar Moura, naquela
que terá sido a última vitória deste Alfa GTA Jr ex-Domingos Sá Nogueira, um
carro que em 1971 tinha vencido 6 das 8 provas do campeonato Europeu nas
mãos de Gianluigi Picchi
O primeiro Circuito dr
ano foi assim disputado se
em Julho, com a habitua]
ida a Vila Real , uma provatradicionalmente difícil
para os automóveis 81.
que geralmente e por terem
uma preparação algo arte-
sanal não eram conhecidos
pela sua resistência. QuinaFalcão foi 10 E 1nos treinos e
fez um arranque soberbo,
passando na primeira volta
já na 5* posição. Ao final
da segunda volta deixou
todos de boca aberta ao passar no 3" posto, mas iria desistir na volta seguinte!Venceu a prova Aurélio Veiga no Datsun 1200 Coupé (ex-Francisco Fino e cx-Anlonio Onofre), seguido de António Baptista e Rogério Moura (Mini). João
Baptista apesar de ter desistido
depois de uma inesperada inva-
são do habitáculo por gasolina,seguia ainda isolado na frentedo campeonato. Alberto Freitastambém abandonou à 8" volta e
como tal também não pontuou.Nos dias 11 e 12 de Julho
o Nacional foi à Rampa de
Portalegre e Quina Falcão
era um dos 1 1 inscritos no
Agrupamento 81. Desta vez
e inexplicavelmente, era João
Baptista que estava ausente!
Falcão fez uma excelente provae apesar de alguns problemasde alimentação, conseguiuo 2° posto, atrás de AlbertoFreitas que assim se ia cada vez
mais aproximando dos lugarescimeiros. Em 3 o
lugar ficou Bacelar Moura. Note-se que nesta altura Aurélio
Veiga e Hélder Valente estavam já suspensos pela Federação. O vencedor abso-
luto, na ausência de Joaquim Moutinhu. foi um surpreendente André Maninhoera Porsche 911 SC.
A classificação dos 1300 na altura estava ainda encabeçada por João
Baptista, seguido de Bacelar Moura e Alberto Freitas. Quina Falcão era agora
No final de Julho os concorrentes dos nacionais foram a Vila do Conde paradisputar o Circuito da Costa Verde. Quina Falcão fe^ o quinto tempo nos treinos
(eram 19) mas não pôde participar na prova devido a despiste nos treinos queempenou o chairiot. Infelizmente os representantes da AM Almeida não quiseram
resolver o proble-ma durante a noite
(segundo o piloto
podiam tê-lo feito)e assim foram mais
alguns pontos parao campeonato queforam desperd i ça-dos. O vencedor
foi Pinheiro Borgesno Mini 1275 GT
preparado na MiniIs por AntónioMalvar. Nos luga-res seguintes fica-
ram José Coelho
Barbosa (Mini[275 GT cx-Team BLP 1973).António Baptista e
Fernando Carneiro que regressava ao seu antigo Coopcr S (agora re-compradoa Aurélio Veiga) que trouxe de Angola em 1975. Note-se que João Baptista e
Alberto Freitas abandonaram ambos as suas provas quando seguiam na 2 aposição
e Bacelar de Moura
alinhava agora no
Dalsun 1 200 Coupède Aurélio Veiga,
alugado à pressa
para substituir o seu
Alfa GTA Jr. queardeu no incên-dio da GaragemAurora.
A décima provado Campeonato foi
o Circuito de Vilado Conde, nesse ano
comemorando a sua
25" edição. Havia21 concorrentes no
Agrupamento BI e
Quina Falcão ficou
na quarta linha da grelha com o 8o tempo. No final venceu de novo Pinheiro
Borges seguido de Coelho Barbosa (que é Tio do piloto João Barbosa), isto é
o mesmo escalonamento da prova de Julho, mas agora (e depois de várias sus-
peitas) os pilotos dos Mini 1275 GT seriam no final desclassificados! Pinheiro
Borges porque tinha no seu Mini uma cilindrada superior a 1300 cc (falava-seem 1500 cc.') - segundo Quina Falcão o carro tinha de facto um andamento
impossível para um 1 300 - e Coelho Barbosa porque estava inscrito em Grupo 2e o seu carro era de Grupo 5. o que ate seria legal na categoria se corretamentemarcado na ficha de inscrição. O vencedor acabou assim por ser Quina Falcão,o 3 o na meta. que depois de uma prova excelente aproveitou os abandonos
de alguns dos seus adversários (João Baptista, António Baptista, Fernando
Carneiro, Joaquim Abreu, etc.) para subir um pouco na classificação geral do
campeonato, quando faltavam apenas duas provas para o seu final.
A penúltima prova do campeonato foi a Rampa de Porto de Mób, disputa-
da por 108 (!) concorrentes - 18 entre os BI - aos dias 12 e 13 de Setembro.
Pinheiro Borges e José Coelho Barbosa estavam já suspensos, por 18 meses
e 180 dias respeti vãmente e por isso estiveram ausentes. O vencedor à geral
foi Jorge Petiz no seu Porsche 935 K2, sendo o melhor entre os 1300 Alberto
Freitas. Quina Falcão obteve a 2a posição, mantendo ténues esperanças no título
para a última prova, a Rampa da Pena.
Mas antes da Rampa de Sintra, o Mini Clubman da A.M. Almeida iria ainda
participar (16- 17 de Outubro) na prova de reabertura doAutódramodoEstoril ,a
única pista permanente do nosso país (na altura) e que já se encontrava encerrada
desde 1978. Quina Falcão foi 3° nos treinos e na I a volta era já 2° atrás do novo
Citroen Visa "oficial" de Rufino Fontes. No entanto iria abandonai- tia 13 a volta
com um curto-cireuila
E assim todos esperavam a última prova do campeotiato, a Rampa da Pena,
disputada no fim-de-semana de 23 e 24 de Outubro. As contas do campeonato
estavam complica-das: Alberto Freitas
tinha 564 pontos;Bacelar de Moura556: João Baptista537 e Quina Falcão
era 4o com 5 10 pon-
tos. Para ser cam-
peão Quina Falcão
tinha que ganhar e
esperar que os seus
adversários ficas-
sem lá para irás na
tabela, o que não era nada fácil. No final venceu a Rampa Francisco Romãozinho
ao volante do agora imbatível Citroen Visa. sendo Quina Falcão (sempre um exí-
mio piloto na Pena) o 2° classificado. Saliente-se que o tempo conseguido pelo
piloto de Chaves (há muito residente em Lisboa) 1 .56.86 - era na altura o novo
recorde da Rampa para Mini, E já lá tinham corrido Manuel Gião. Fernando
Baptista. Mário Gonçalves e muitos outros. Alberto Freitas foi 4o classificado
na prova e assim arrecadou um merecido título nacional, o último que um Mini
iria conquistar em Portugal antes do aparecimento dos Clássicos.
Quina Falcão fez um belo campeonato, conseguindo apesar de ter estado
ausente em 3 provas e ter tido alguns problemas estar na luta até ao final.
Segundo o próprio, entre todos os adversários havia uma luta sã. destacando o
saudoso To Rui Bacelar de Moura pelo seu "fairplay" e também João Batista c
Alberto Freitas "porque foi com eles que tive uma luta direta mas sempre muito
leal".
Mas esta não foi a última prova de Quina Falcão num Mini. Em 1982 os
regulamentos mudaram e os automóveis de Grupo 5 já não eram admitidos no
Agrupamento 8 1 . Na primeira prova do ano Quina Falcão surge inesperadamen-
te inscrito num Austin 1275 GT que não era nem mais nem menos do que um
dos antigos (1973) carros de ralis da equipa BLP Norte. O carro era propriedade
de José Santos Pereira e para a Rampa da Lagoa Azul, Maio de 1982 (14) foi
cedido a Quina Falcão. No entanto o carro estava já na curva descendente da
sua competitividade e Armando Quina Falcão apenas realizou os treinos, não
alinhando na prova ganha por Mário Silva, com Rufino Fontes em 2 J posição, ao
volante de um dos novos Grupo B até L3OO. um Citroen Visa.
Armando Quina Falcão, um piloto multifacetado que, como quase todos os
grandes volantes portugueses do séc. XX, também deixou a sua marca no auto-
mobilismo nacional ao conduzindo, e bem, o "carro do século'"... ¦