ragga #43 - luta

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REVISTA www.revistaragga.com.br não tem preço novembro 2010 ano 5 #43 E mais Making of Jota Quest, a artista plástica Raquel Schembri e On The Road no festival SWU Homo Invictus Perfil com Rickson Graice Vossa Majestade Rei Zulu e Zuluzinho Combates no estádio Noites de boxe, no Mineirinho Na luta

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Revista Ragga

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REVISTA

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novembro2010ano 5

#43E mais Making of Jota Quest, a artista plástica Raquel Schembri e On The Road no festival SWU

Homo Invictus Perfil com Rickson Graice Vossa Majestade Rei Zulu e Zuluzinho

Combates no estádio Noites de boxe, no Mineirinho

Na luta

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*NÃO

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ONVÊ

NIOS

.

NO PORCÃO BH,

ANIVERSARIANTE

NÃO PAGA RODÍZIO*

RESERVAS: 31 3293 8787

O SEU ANIVERSÁRIO NO PONTO CERTO.

PROMOÇÃO VÁLIDA NO DIA DO ANIVERSÁRIO,

PARA O RODÍZIO DO ANIVERSARIANTE.

INDISPENSÁVEL A APRESENTAÇÃO DO RG

E MÍNIMO DE UM ADULTO PAGANTE.

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*NÃO

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E C

ONVÊ

NIOS

.

NO PORCÃO BH,

ANIVERSARIANTE

NÃO PAGA RODÍZIO*

RESERVAS: 31 3293 8787

O SEU ANIVERSÁRIO NO PONTO CERTO.

PROMOÇÃO VÁLIDA NO DIA DO ANIVERSÁRIO,

PARA O RODÍZIO DO ANIVERSARIANTE.

INDISPENSÁVEL A APRESENTAÇÃO DO RG

E MÍNIMO DE UM ADULTO PAGANTE.

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28 Tipo exportação

Making of das fotos do Jota Quest a caminho da carreira internacional 76

Rickson Gracie, um perfil

Mesmo quando um sobrenome parece falar tudo, ainda há muito

mais a ser dito

42Que vôlei, que nada

Certas noites, o boxe é que toma conta do Mineirinho

22Sangue azul

Nosso encontro com Rei Zulu e Zuluzinho, lendas vivas da luta

DESTRINCHANDO 12 ESTILO || LÉo CoeLho 40

QUEM É RAGGA 48RAGGA GIRL || BianCa Queiroz 56

EU QUERO! || Porrada 62ON THE ROAD || SWu 64

AUMENTA O SOM 72CULTURA POP INTERATIVA 74

Para nascer já é uma luta, depois lutamos para ficar de pé, lutamos para nos comunicar, lutamos para ir para à escola. Mais tarde, a faculdade vem como um novo round. Lutamos para conquistar um trabalho, lutamos para nos relacionar. Lutamos contra o que não concordamos e também para defender tudo aquilo que estamos de acordo. Lutamos para não sermos mais tão jovens, mas também para não ficarmos tão velhos. Lutamos por quem gostamos e contra quem não nos quer tão bem assim. É preciso sempre lutar por um lugar ao sol, apesar da luta por sombra e água fresca ser ainda mais difícil. Até que um dia, finalmente, vamos à lona.

E por lutar tanto na vida, alguns acabam fazendo dela a sua própria vida. Esse é o caso do simpático “porradeiro” Rei Zulu. Você pode até nunca ter ouvido falar dele, contudo

o cara é lenda viva no Maranhão e no Japão. Nos seus 63 bem vividos anos, já rodou o mundo lutando com um estilo próprio que ele mesmo insiste em chamar de “porrada dura”. Zuluzinho, o filho de 32 anos, dois metros de altura e 185 quilos, é o “pequeno” e sorridente herdeiro que vem de brinde na matéria da página 22.

O Perfil e também a capa desta edição carregam um sobrenome que é sinônimo de luta. Fomos até o Rio entrevistar e admirar Rickson. O principal nome da família Gracie encarou mais de 460 lutas e nunca perdeu, incluindo uma contra o rei citado acima. O Mestre já treinou agentes do FBI, soldados do exército americano e, acredite se quiser, o cara treinou o Chuck Norris! No entanto, garante que perder um filho foi, sem dúvida, a maior porrada que levou na vida.

Cultura é algo que não se discute, mas a polêmica é inevitável quando o assunto é lutar muay thai com 10 anos de idade. Na Tailândia, isso faz parte da vida de milhares de crianças e de pais que sonham em enriquecer com seus pequenos lutadores responsáveis por elevar a temperatura dos ringues e a audiência de TVs de todo o mundo. Certo ou errado, as caneladas estão na página 68.

Os jogos de vôlei na quadra do estádio Mineirinho são famosos e muito bem divulgados, porém, pouca gente sabe que por baixo dela o boxe é o verdadeiro protagonista. Fomos até lá conferir e registramos tudo em um ensaio fotográfico que ficou um verdadeiro “soco na cara”!

Nesta edição, você confere essas e muitas outras ma-térias de tirar o fôlego.

Boa leitura.

Lucas Fonda — Diretor Geral [email protected]

já é de casa

Are you reAdy? Are you reAdy? Fight!

EDITORIAL

Page 9: Ragga #43 - Luta
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< SAIBA ONDE PEGAR A SUA >

< FALA COM A GENTE! >

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Os textos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não expressam necessariamente a opinião da

Ragga, assim como o conteúdo e fotos publicitárias.

TIRAGEM: 10.000 EXEMPLARES

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@[email protected]

bruno dib [[email protected]]rodrigo fonseca [[email protected]]

< EXPEDIENTE > < CARTAS > < PROMOÇÃO >

[*]Todas as frases enviadas podem ser usadas na revista, assim como o nome dos remetentes.

< JOHN COLTRANE É O CARA! >

CAIXA DE ENTRADASX

C

Tiago Cardoso

< Ragga no Black Eyed Peas >

Renata Lacerda@Re_Lacerda // por e-mailHoje fui lá na @revistaragga pegar meu prêmio. Eles são tão simpá-ticos.. . Obrigada pelo atendimento agradável e pelos ingressos. Muito feliz.

Filipe@flypysangi // via Twitter=) a Beçaaa! Fui um dos ganhadores da promoção “ingressos para o show do Black em BH” da @revistaragga.Vou curtir o show na faixa!

Juliana Saldanha @juusaldanhah // via TwitterObrigada @revistaragga por me proporcionar uma experiência alucinante cmo essa @bep são lindos. Mandam mto bem. O show foi perfeito.

Isis Vinhal @isisvinhal // via TwitterMe preparando pro Black Eyed Peas. Daqui a pouco é hora d sair da casa. Ganhei as cortesias da @revistaragga! :)

< Ragga Girl estonteante >

Luciana Montini@luh_montini // via TwitterObrigada, Marquinhos! RT @Marcos_Lenine @luh_montini Parabéns pelas fotos na @revistaragga, muito lindas!

< Ragga de outubro >

Lívia Aguiar @eusouatoa // via TwitterDetecto vestígios de que a @revistaragga quer virar a Trip.

Madalena Fernandes, por e-mailVenho hoje elogiar o belíssimo texto de Bernardo Biagioni sobre Hunter Thompson (“Jornalista selvagem”, edição de outubro). É um alento comprovar que se pode transmitir informação com qualidade, utilizando a estrutura literária, sem a perda das características que definem o estilo jornalístico. Parabéns ao repórter e parabéns ao veículo, que abre as portas para o não convencional do jornalismo diário.

A Ragga continua a dar uma assinatura semestral para quem der a melhor resposta para a pergunta: “Quem é o cara mais ragga da história da humanidade?”. Pode ser do esporte, da música, da televisão, literatura ou ciência. Não importa, pode ser até aquele maluco que mora perto da sua casa. Para sua resposta ser considerada a melhor pela redação, vale mandar uma defesa para PROMOCAORAGGA@ UAIGIGA.COM.BR em forma de texto, foto, ilustração, escultura, bricolagem, mosaico, maquete de vulcão, feijão plantado no algodão com água, imagem de objetos produzidos a partir do lixo, feitas de dentro de um helicóptero (estilo Vik Muniz). Não se esqueça do colocar o telefone de contato.

O cara mais Ragga é o John Coltrane, porque ser Ragga é se superar e transformar a necessidade em heroína e jazz em A love supreme.

DIRETOR GERAL lucas fonda [[email protected]]DIRETOR DE COMERCIALIZAÇÃO E MARKETING bruno dib [[email protected]]DIRETOR FINANCEIRO josé a. toledo [[email protected]]ASSISTENTE FINANCEIROnathalia wenchenck GERENTE DE COMERCIALIZAÇÃO E MARKETINGrodrigo fonsecaPROMOÇÃO E EVENTOSludmilla douradoEDITORA sabrina abreu [[email protected]]SUBEDITOR bruno mateus REPÓRTERES bernardo biagioni e flávia denise de magalhãesJORNALISTA RESPONSÁVEL luigi zampetti - 5255/mgESTAGIÁRIOS NÚCLEO WEBlucas oliveira [[email protected]]ricardo limaESTAGIÁRIOS DE REDAÇÃObrenda linhares izabella figueiredo DESIGNERS anne pattrice [[email protected]]marina teixeira isabela daguer bruno teodoroFOTOGRAFIA ana slikabruno senna carlos hauckromerson araújoILUSTRADOR CONVIDADOdavi augusto [flickr.com/daviaugusto]ARTICULISTA lucas machado COLUNISTAS alex capella. cristiana guerra. glauson mendes. henrique portugalkiko ferreira. rafinha bastos COLABORADORES marilia de laroche. christian knepperPÍLULA POP [www.pilulapop.com.br]RAGGA GIRL MODELO bianca queiroz FOTOS ana slika PRODUÇÃO julia nogueira MAQUIAGEM camila grandinetti CAPA bruno senna REVISÃO DE TEXTO vigilantes do textoIMPRESSÃO rona editoraREVISTA DIGITAL [www.revistaragga.com.br]REDAÇÃO rua do ouro, 136/ 7º andar :: serra :: cep 30220-000 belo horizonte :: mg . [55 31 3225-4400]

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por Lucas Machado

J.C.

Os antigos samurais tinham uma frase que diria: Se alguém é incapaz de respeitar os seus pais, que lhe deram a vida, é muito improvável que ofereça o serviço leal ao senhor. Daidoji Yuzan – Samurai do século 16

Você já deve ter se irritado com alguém ou alguma pessoa próxima a você e ter ouvido a seguinte expressão: “Vou comprar uma passagem para esse cara rumo ao Japão, que é o lugar mais longe que existe”. E isso realmente procede.

Em uma de minhas experiências com o jornalismo na TV, fomos buscar um câmera no bairro Liberdade, em São Pau-lo, o maior reduto nipônico no Brasil. Nem me lembro o nome do camarada, mesmo porque era super sem vogais, mas o que me deixou intrigado foi o quão, realmente, os japoneses são muito

diferentes de nós, brasileiros.Entre tirar os sapatos antes

de entrar em casa e tomar um chá, fiquei impressionado com a modernidade dos aparelhos do-mésticos e a relação de respeito que os mais jovens têm com os mais velhos. Perguntei ao japa o porquê e ele logo me disse: “Meus pais eram descendentes de famí-lia samurai”. Depois disso, nunca mais eu quis saber de “arte da guerra”. Vamos para a história.

Se existe um ícone que se associa perfeitamente ao Japão, podemos dizer que é a figura do samurai. Ele está na base da identidade japonesa, é referência em momentos históricos da cul-tura oriental. E por que os samu-rais? Por quase oito séculos, entre 1100 e 1867, eles demonstra-

ram que o indivíduo, mesmo sendo parte de um grupo unido e coeso, pode se destacar pelos alicerces do Bushido. Este, por sua vez, corresponde ao código de conduta e ética desses guer-reiros baseado na honra, na lealdade, na coragem e, acima de tudo, na sabedoria em sempre escutar os mais velhos.

O código, apesar de nunca ser compreendido na íntegra, pode ser explicado na leitura de algumas obras como O livro dos cinco anéis, de Miyamoto Musashi (1584-1645); e Hagaku-re, que podemos traduzir como “oculto nas folhas”, de Yama-moto Tsunetomo (1659-1719). Esses dois autores eram samu-rais que, ao final de suas vidas, resolveram decifrar e contar em suas escrituras os aspectos íntimos do Bushido. E mais, não é

difícil reconhecer os samurais na famosíssima saga de ficção científica Guerra nas Estrelas, no fundo, uma velha história com uma nova roupagem.

Os dirigentes da Era Meiji, período que constitui os 45 anos do reinado do Imperador Meiji no Japão, fizeram os japoneses acreditarem que qualquer filho do país do sol nascente pode ser um samurai. O espírito desses guerreiros renasceu no de-senvolvimento das artes marciais como o judô, o quendô e o aiquidô, “caminho suave”, “caminho da espada” e “caminho da harmonização das energias”, respectivamente.

O Bushido tem, em sua es-sência, uma clara influência do budismo, do shintoísmo e do confucionismo. Do budismo, vie-ram a calma e a confiança no destino, a submissão silenciosa ao inevitável, o desapego à vida e o destemor da morte; do shin-toísmo, a lealdade ao soberano e a reverência à memória dos ancestrais; do confucionismo, os ensinamentos éticos.

Basicamente, cada dia deve ser encarado como se fosse o último. A luta por si só não tem significado. Ser guerreiro é muito mais do que ser hábil nas espa-das, matar o inimigo ou vencer a batalha. A verdadeira vitória é aquela sobre você mesmo, numa sólida combinação entre o espiritual e o físico. Porém, e

o Japão pop? É só lembrar de alguns personagens: Pokémon, Godzila e a famosa Hello Kitty. Atualmente, os japoneses pas-saram a influenciar povos além das suas fronteiras não só pela tecnologia, mas também por meio da moda e da gastronomia.

Dizem que, no Japão, nada se cria e tudo se copia. Será por isso que todos os japoneses são iguais? Não acredito. Sentado aqui em Buenos Aires no hotel com o deadline apertado, quero deixar a moral da história. Seja você argentino, samurai, pop ou japonês, a atitude mais sábia do mundo é a seguinte: escute e respeite seus pais e reverencie os mais velhos, antes que seja tarde demais. ¡Hasta luego!

Sabedoria pop oriental

manifestações:[email protected] | Twitter: @lucasmachado1 | Comunidade do Orkut: Destrinchando

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ARTIGO

O espírito dos samurais renasceu no

desenvol-vimento das

artes marciais como o judô, o quendô e o

aiquidô

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J.C.

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O fotógrafo Christian Knepper, 43 anos, nasceu na Alemanha, mas vive no Brasil desde 1989. Suas imagens estão em revistas como National Geographic Brasil, Veja, Marie Claire, e em peças publicitárias, no Brasil e no exterior. Nesta Ragga, é dele os retratos da matéria “Realeza em São Luís”[email protected]

Marilia de Laroche é jornalista formada pela Fafich. Por sete anos, realizou um programa cultural nas ondas da radio TSF Côte d’Azur. Desde 2006, mora em São Luís, sua nova fonte de pesquisas e intervenções fotográficas, teatrais, socioantropológicas, políticas e culturais. Ela entrevistou o Rei Zulu e Zuluzinho, nesta ediçã[email protected]

COLABORADORES< ASSINATURA DO BEM>

Quer ganhar uma camisa Ragga Sangue Bom?

É só assinar a revista por um ano. Informações no site:

clubeashop.com.br

FOTO

S: A

RQU

IVO

PES

SOAL

< PEDE PARA ENTRAR >

A partir deste número, a Ragga ganha mais um colaborador fixo: Henrique Portugal escreve sobre

música na coluna Frente Digital. E a redação também tem novidade:

Flávia Denise de Magalhães é a nova editora do Ragga Drops,

irmão mais novo da revista.

< ANDy IRONS 1978 – 2010 >

Foi com pesar que recebemos a notícia da morte do surfista

havaiano tricampeão (de 2002 a 2004) do mundo, Andy Irons, no dia 2 de novembro. Na data, esta edição já estava fechada,

mas fizemos uma homenagem no nosso site e no Ragga Drops,

suplemento adolescente do jornal Estado de Minas, que circula às quintas-feiras.

PIER

RE T

OST

EE/A

FP P

HO

TO

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Quer rabiscar a Ragga? Mande seu portfólio para [email protected]

Davi augusto[flickr.com/daviaugusto]

Meu processo criativo talvez seja um pouco estranho, pois não tenho

exatamente um caminhoou uma metodologia. Algumas

vezes, fico dias apenas pensando antes de iniciar um trabalho.

Outras, apenas segundos. Algo quase instintivo.

ILUSTRADOR CONVIDADO

Page 16: Ragga #43 - Luta

Eu nunca tEria um iphonE.

Recuso-me a usaR um cElular quE funciona À basE

dE carinho.

fale com ele:[email protected]

COLUNA

< RAFINHA BASTOS >

é jornalista, ator de comédia stand-up e apresentador do programa CQC (Custe o Que Custar)

REFLEXÕES REFLEXIVAS DO TWITTER

comi um sanduíchE

tão apimEntado, quE fui pEidar

E botEi fogo na cortina. foda.

toda vEz quE um artista Elogia um rEstaurantE no twittEr, ElE acabou dE comEr ali dE graça.

#publicidadEEmtrocadE1almocodoEnças vEnérEas

vêm sEmprE acompanhadas

dE histórias incrívEis.

JÁ PERCEBEU QUE GORDA SEMPRE APARECE NA TV

ABRAÇANDO UMA ALMOFADA?

Ñ É DIFÍCIL ENCONTRAR O AMOR, DIFÍCIL MESMO É ENCONTRAR UMA SAVEIRO QUE FAÇA DE 0 A 100KM/H

EM 2 SEGuNDOS.

Ñ PEGO A BETTY BOOP NEM FODENDO. MINA CABEÇUDA DA PORRA.

OI, AMIGA. TUDO BEM? VC Ñ É TÃO GOSTOSA QUANTO APARENTA NA FOTO DO SEU PERFIL DO

TWITTER. ATÉ MAIS.

SER JUDEU ME IMPEDIU DE SER JOGADOR DE FUTEBOL. TODA VEZ QUE EU IA PARA A

CONCENTRAÇÃO, EU ACHAVA QUE MORRERIA QUEIMADO.

DE TEMPOS EM TEMPOS, ELA VOLTA PRA TUA BOCA? ISSO NÃO É AMOR, É HERPES.

O que é pior: levar uma facada no

pescoço ou ter um vizinho que faz aula de

trompete?

REN

ATO

STO

CKLE

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{16-

a noitE Estava ótima, até Eu sEr Estuprado por um

cara quE conhEci no supErpapo.

E COMO PERDER ÍDOLOS NO TWITTER

DAV

I AU

GU

STO

comprE já a sua cinta EmagrEcEdora. é mElhor morrEr asfixiada do quE

fazEr diEta.

alargador é uma invEnção incrívEl. há anos, o homEm quEria

um cu na orElha.

1º PASSO: ENTRE NO TWITTER DO SEU ARTISTA

FAVORITO. 2º NOTE COMO ELE BABA O OVO

DE OUTROS ARTISTAS. 3º PERCA O ÍDOLO.

Sobre o cara do superpapo

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E COMO PERDER ÍDOLOS NO TWITTER

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PROVADOR

fale com ela:[email protected]

COLUNA

< CRIS GUERRA > 40 anos, é redatora publicitária, ex-consumidora compulsiva, ex-viúva, mãe (parafrancisco.blogspot.com) e modelo do seu próprio blogue de moda (hojevouassim.blogspot.com).

ELIS

A M

END

ES

{18-

Dizem que o tocar das taças serve para acrescentar ao prazer do vinho o único sentido que lhe falta: a audição. Vou além: para mim, o bom e velho brinde é o toque entre duas taças de champanhe.

Sim, sei que nem sempre é champanhe. Sei que espumante é o nome genérico para todo vinho com duas fermentações, que pode vir da Itália, Argentina, Brasil, Portugal e — isso eu não sabia — até da Inglaterra.

O SENHOR CHAMPAGNE, o rei dos es-pumantes, é só aquele produzido na região de Champagne, no nordeste da França, que segue regras rígidas na seleção da uva e cuja segunda fermentação acontece na pró- pria garrafa.

Pesquisando um pouco mais, agora sei que o espumante genérico francês, elaborado pelo mesmo método clássico, mas fora da re-gião de Champagne, leva o nome de crèmant. Mas se for produzido na Espanha, é cava.

Já o prosecco leva o nome da uva de que é feito — nativa da Itália — e é feito pelo método charmat, em que a segunda fermen-tação se dá em grandes tanques fechados de

aço inoxidável. Sei, mas esqueço tudo o que sei ao ver um garçom vindo

em minha direção com taças compridinhas entre os dedos e o polegar da outra mão escondido na base de uma garrafa que me lembra um pouco aquela em que morava Jeannie, do velho seriado Jeannie é um gênio.

Chamo a todos, carinhosamente, de champanhe. E dei-xo para meu paladar a difícil tarefa de diferenciar entre bom e delicioso.

Já pensou dizer para o amigo: “Vamos tomar uma cava para comemorar?” Se fizer cócegas no nariz, é champanhe e pronto. Aliás, nem só no nariz: champanhe é a própria alegria, pois já chega comemorando.

Se o uísque é o cachorro engarrafado, o champanhe é a festinha. A cada gole, suaves foguinhos de artifício. Champanhe alimenta — a começar pela alma. Celebra encontros, marca inícios, pontua risadas. Faz o coquetel de cerimônia virar festa íntima: você sai de lá amigo de infância de alguns convidados.

Champanhes são servidos nas lojas para nos fazer comprar. E compramos felizes, borbulhantes, achando a vida ótima.

O único problema do champanhe é que ele nos rouba da memória alguns longos e consideráveis momentos, deixando-nos na eterna dúvida: dei vexame ou não?

Mas não importa. Estou sempre certa de que foram mo-mentos muito, muito felizes.

DAV

I AU

GU

STO

Se o uísque é o cachorro

engarrafado, o champanhe é a festinha.

A cada gole, suaves

foguinhos de artifício

Tintim!

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foto

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feG

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MORMAII RAGGA#Outubro_20x26,6.pdf 2 9/22/10 6:09 PM

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É-DUCA!: EDUCAÇÃO E PROPÓSITO

fale com ele:[email protected]

COLUNA

< GLAUSONMENDES > é líder educador, empresário, e vê na educação a base do novo mundo.

WAG

NER

VEL

OSO

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COLUNA

Você já deve ter escutado alguém dizer que as redes sociais não são novidade.

Realmente o conceito não é novo. A inter-ligação entre indivíduos é inerente ao gênero humano desde as primeiras comunidades criadas por nossos antepassados. A internet foi responsável por aumentar o significado das redes e dar novas características ao conceito. Graças à web, estamos em rede como nunca antes na nossa evolução cultural.

Estamos vivendo a época da geração de conteúdo pelos usuários, da busca constante pela informação. A internet abriu as portas para a pesquisa, aumentou o poder de deci-são do consumidor.

As empresas e as grandes marcas perce-beram que para vender produtos era preciso oferecer mais do que uma simples experiência. Foram para web e descobriram nas redes so-ciais uma boa forma de se relacionar com suas audiências com o discurso amplificado. um re-lacionamento bilateral em que o consumidor passa a ter voz ativa.

Uma nova relação de consumo baseada em uma troca constante proporcionada pelo

diálogo entre a marca e o consumidor. O que antes era uma comunicação centrada no produto parece estar evoluindo para uma orientação focada nas pessoas.

A internet teve um papel determinante nessa inversão de valores ao possibilitar a integração entre as pessoas de ma-neira exponencial. As empresas aprendem com seus públicos, trocam informações, lançam produtos e escutam críticas em tempo real. É o mundo colaborativo 2.0.

Mas e os seus relacionamentos pessoais? Você busca o diálogo constante? Você é tão colaborativo na sua vida offline quanto tem sido no Facebook? Você busca responder perguntas com a mesma precisão que faz no Formspring?

As redes sociais nos mostram o valor de uma conversa, a importância de um diálogo e o quanto compartilhar informa-ções é essencial para o crescimento do ser humano.

Será que esse mundo colaborativo que a gente vive online já saiu do YouTube e do Twitter e ganhou as ruas?

A Geração Y está tão interligada que esqueceu de des-conectar para adicionar as pessoas na vida real. Nossos relacionamentos no offline devem mirar no exemplo da web e aprender que o diálogo e o consenso fazem parte das nos-sas vidas.

É preciso tirar a mão do mouse e se conectar de verdade com as pessoas ao seu redor. Um abraço é muito mais caloro-so que uma carinha feliz. :)

Relacionamento 2.0

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Você é tão colaborativo na sua vida

offline quanto tem sido no

Facebook?

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PERSONAGEM

Page 23: Ragga #43 - Luta

no MaranHÃo, ConVerSaMoS CoM rei ZUlU e ZUlUZinHo, oS lUtadoreS MaiS FaMoSoS do eStado

por Marilia de Laroche fotos Christian Knepper

Do alto de seus 1,90m, 120kg e 63 anos — 40 de lutas —, Rei Zulu já não quer bater nem apanhar. Isso porque “nessa idade a gente pode se quebrar”, diz, dando risadas. Sua luta agora é para ter direito a uma aposentadoria. Enquanto espera, vai levando a vida na casa onde nos recebeu contando piadas e casos, mostrando fotos e seu quintal — no qual antes treinava e agora cuida de quatro galinhas, um galo, um gato e um cachorro.

Nascido Casimiro Nascimento Martins, em 1947, ele foi criado em Pontal, no interior do Maranhão. Lá, aprendeu a Tarracá, luta cabo-cla praticada e ensinada por índios e negros da região. Como seus 17 irmãos, nunca frequen-tou a escola. Cresceu forte e brincalhão. Aos 14 anos, mudou-se com a família para a Vila Ilusão, na Ilha de São Luís.

Foi no exército, aos 18, que teve oportu-nidade de ganhar sua primeira luta. Com os punhos cerrados e o rosto iluminado, decidiu, então, que para vencer na vida iria lutar. Lite-ralmente. Quando deixou o quartel, ganhou o

Page 24: Ragga #43 - Luta

mundo, competiu em vários países. Virou ídolo no Japão. Inventou um estilo só dele, longe de anabolizantes, academias e qualquer padrão. Telequete? Claro que não: “Porrada dura”, ele faz questão de dizer. Podia vir quem viesse: Braço de Ferro, Valdeci, Rickson Gracie, Paulão. Jiu-jitsu, karatê, capoeira, judô. Desafiou todo mundo. Valia tudo.

Apesar da desigualdade de condições de treinamento entre ele e a maioria de seus adversários, Rei Zulu os encarava fazendo caretas um pouco engraçadas. E elas ficaram famosas. “Fazia caretas, porque os adversários vinham para machucar, com ódio. E eu lutava na lógica”. Deu certo: ele acumulou duzentas vitórias – a mais importante, para ele, foi sobre o italiano Sergio Batarelli, em 1984

Para falar dele, impossível não mencio-nar o filho Wagner Martins, o Zuluzinho — 32 anos, 2m de altura, 185kg. Zuluzinho conhe-ceu o pai aos dezesseis anos, porque até en-tão, morava com a avó materna. Foi por assis-tir e tornar-se fã das lutas do pai que os dois se aproximaram. O resultado foi que o filho começou a lutar aos 20 e seu primeiro desafio foi uma espécie de acerto de contas: ao som do tema de Rock Balboa, massacrou James Adler que, no Piauí, em 1990, havia jogado Rei

CoMPetiU eM VÁrioS PaÍSeS. ViroU Ídolo no JaPÃo. inVentoU UM eStilo SÓ dele, lonGe de anaboliZanteS, aCadeMiaS e QUalQUer PadrÃo

No quesito simpatia, Zulu e Zuluzinho confirmam a

máxima “tal pai, tal filho”

No alto, as famosas caretas do Rei: marca registrada no ringue

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Page 25: Ragga #43 - Luta

Zulu para fora do ringue. Como o pai, virou lenda viva no Maranhão

e fez carreira internacional. Lutando, esteve duas vezes na Rússia e cinco no Japão, onde foi três vezes campeão. Enfrentou os maiores do mundo, como Fedor, Minotauro. Acaba de voltar de Manaus, onde ganhou sem sequer ter lutado, pois seu adversário, Assuério Silva, ao ver a massa que teria de enfrentar, desis-tiu da luta e foi vaiado impiedosamente pelo público. “Fala, campeão, quer dizer que agora você ganha no grito?!”, pergunta Rei Zulu ao

filho, dando franca gargalhada.Se o pai se aposentou como lutador, Zu-

luzinho ainda tem muitos confrontos profissio-nais pela frente. Neste mês, treina e se prepara para uma provável luta, outra vez em Manaus.

E, quanto ao apelido, vale esclarecer: o Rei Zulu maranhense tem somente a cor e as lutas em comum com o Rei Zulu africano. De resto, o rei sul-africano, conta a história, era arrogante, autoritário e cruel. Mas nosso Rei Zulu é um cara divertido e generoso. E Zuluzinho confirma o ditado: tal pai, tal filho.

Page 26: Ragga #43 - Luta

A adidas abriu sua primeira Core Store no Bra-sil em Belo Horizonte, situada no novo piso Mariana do BH Shopping. A loja segue um conceito que reúne os produtos das linhas de Sport Performance e Sport Style da marca. O projeto tem como principal objetivo apresentar ao público as coleções da adidas, produtos da linha esportiva e casuais da coleção Originals.

Vários atletas e personalidades estiveram pre-sentes no lançamento. Dentre eles, os jogadores Werley, Lima, Fernandinho e o técnico Dorival, do Atlético, e Roger, Wellington Paulista, Thiago Ribeiro e Leonardo Silva, do Cruzeiro. Produtores de moda e formadores de opinião também marcaram presença no evento.

adidaS inaUGUra PriMeira Core

Store no braSil eM belo HoriZonte

texto Rodrigo F. fotos Ana Slika

Fernandinho e Leonardo Silva

Dorival Júnior

Wellington Paulista

Werley

Jogadores do Cruzeiro

Técnico do Atlético

Jogador do Cruzeiro

Jogador do Cruzeiro

Jogador do Atlético

PUBLIEDITORIAL

Lima

Thiago Ribeiro

Jogador do Atlético

Jogador do Cruzeiro

Roger

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Jota Quest para os hermanos fotos Bruno Senna

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MAKING OF

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O Jota Quest acaba de lançar o CD Días mejores, que marca a investida da banda na Argentina. O álbum conta com 12 faixas, todas em espanhol, e inclui os sucessos Na moral, Amor mayor, La plata e Planeta de los símios. Em junho, a fotógrafa argentina Nora Lozano veio a Belo Horizonte clicar a banda e a Ragga não poderia deixar de conferir o ensaio. Agora, você confere, com exclusividade, o makinf of da sessão de fotos. Como se costuma dizer na Argentina, ¡suerte, chicos!

fotos Bruno Senna

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Mais fotos deste making ofvocê confere emrevistaragga.com.br

< OLHA ISTO >

A fotógrafa argentina Nora Lozano, responsável por clicar a banda

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CULTURA

CARL

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HAU

CK

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BELEZA no caos

por Bruno Mateus

Ao fim da tarde, quando o Sol já pensava em se esconder, a artista plástica Raquel Schembri não deixava um segundo de dúvida ao responder, logo no começo da entrevista, o que lhe chama a atenção nos cenários que escolhe para pintar: “O lugar, o ambiente que está sujo, com mancha, uma coisa mais obs-cura, é o que mais gosto. Gosto de casa abandonada, de lote baldio, de lugar que pouquíssimas pessoas veem. Acho muito melhor do que uma parede branca”.

A artista, que está na Alemanha, desenvolve um trabalho na rua desde 2003, pintando casas e lugares abandonados. Se-

gundo ela, a arte de rua e a experiência de não se ater apenas à tela ajudam-na a de-finir e criar um estilo. “Antes de pintar na rua eu só desenhava em papel pequeno, tinha um traço supertímido, até a linha era fraca. Foi importantíssimo para o meu trabalho como um todo aproveitar outros suportes, além dos tradicionais”, diz, deixando claro que o que ela faz não é grafitti. “Nem uso mais spray, não considero o que eu faço grafitti. No começo, cheguei a usar spray, mas preferi o pincel escorrido.”

Formada em artes plásticas pela Es-cola Guignard, da UEMG, e pós-graduada em design de moda, Raquel foi a primeira artista a participar, no ano passado, do projeto Atelier Aberto, da Guignard, que tinha como propósito ser um espaço de diálogo entre alunos e professores. Na ocasião, ela teve a oportunidade de, pela primeira vez, reunir o trabalho de muralis-mo e os quadros numa mesma exposição.

“Foi muito boa a troca com alunos, ex-alunos, professores. Foi riquíssimo, adorei”, lembra.

Em maio deste ano, Raquel fez uma exposição individu-al de seus quadros no Palácio das Artes, na mostra Solo, que reuniu pinturas em telas e desenhos em papéis e fez parte da programação que comemorou os 40 anos da Fundação Clóvis

PreFerindo CoMo CenÁrio UM lote baldio a UMa Parede branCa, a artiSta PlÁStiCa raQUel

SCHeMbri QUeStiona o Cotidiano ao MeSMo

teMPo eM QUe Se inSPira nele. dePoiS de UMa breVe teMPorada

na Coreia do SUl, ela iniCia eStUdoS

na aleManHa, onde GUiGnard eStUdoU

Salgado. Parte da exposição foi se for-mando após sua estreia: o público teve a oportunidade de ver o processo de cria-ção da artista, enquanto ela desenhava na parede e nos vidros.

Nos passos de Guignard

No começo de junho, Raquel seguiu rumo à Alemanha para um curso de especialização de um ano de duração. Com a bolsa de estudos oferecida pelo governo alemão, ela estudará na Aka-demie Der Bildenden Künste München, em Munique, escola pela qual passaram artistas como o alemão Robert Schad e o brasileiro Guignard. Como o curso só começou no início de outubro, a ar-tista morou quatro meses em Freibug fazendo aulas de alemão no Instituto Goethe. Nesse ínterim, ela passou uma breve temporada na Coreia do Sul e participou, juntamente com outros 12 artistas — 10 coreanos e dois estran-geiros — de um projeto organizado por uma galeria de Suwon (cidade próxima a Seul) chamado Haeng Ung Dong People, que estimula o envolvimento entre artis-tas e a comunidade. Em Seul, participou do Super Sketch, evento que propunha a interação entre artistas plásticos e músi-cos. “Adorei a Coreia, foi uma superexpe-riência. As pessoas são muito receptivas, pior do que mineiro”, brinca. “E a cultura é muito rica. A comida, os lugares, enfim, rolou uma identificação forte. Já tenho um carinho enorme pelo país.”

Em terras coreanas, Raquel foi “ado-

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CoM SeU trabalHo, raQUel QUer ProVoCar Cada UM a “Sair UM PoUCo do Cotidiano, do aneStÉSiCo, do nÃo Sentir nada, do PenSaMento ViCiado”

FOTO

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tada” e agora tem um pai por lá. “Conheci um artista que se chama Jang Se-Heaun. Ficamos pintando e tomando soju, um destilado de arroz. Do nada ele me pe-diu para ser a filha dele, e eu topei. Tive que fazer uma reverência milenar de fi-lha para pai e agora tenho uma família em Suwon. Isso tudo sem comunicação verbal, pois ninguém falava inglês. Ele me deu um quadro, que fez na hora para mim”, conta.

A artista plástica não disfarça o en-tusiasmo com o curso de especialização e já pensa nos frutos que pode colher com a experiência. “Quero experimentar coisas novas. Vou ter a possibilidade de abranger a minha pesquisa, de ver todos os artistas que gosto e até hoje só vi em livro. Quero pintar lugares, fazer muitos casarões abandonados. Estou muito fe-liz de poder conhecer culturas diferentes por meio do meu trabalho”.

A empolgação que Raquel demons-tra com a experiência na Europa e seus futuros projetos não é a mesma quando o assunto é o campo das artes plásticas

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Raquel e o quadro que

ganhou de seu “pai” sul-coreano

Super-herois cults também estão

presentes na obra da artista

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FOTO

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Intervenções no espaço urbano: em BH (acima) ou na

Coreia do Sul (ao lado), Raquel sempre à procura por um

ambiente sujo, com manchas

Fora os lotes baldios e cenários obscuros, ela

mostra a pluralidade do seu trabalho nessa pintura que fez para o

Atelier Aberto, em 2009

em Belo Horizonte. Ela aponta a falta de incentivo na cidade e de uma cultura de valorização da arte como dois grandes empecilhos para os profissionais. “É mui-to complicado, ainda mais para quem está começando. São poucas galerias que acolhem, que incentivam. Da minha pouca experiência, o que sugiro é tentar bolsa, fazer contato com galerias, fazer um currículo bacana, desenvolver traba-lhos, produzir, produzir e produzir”, diz, ponderando que “não é fácil em parte nenhuma do mundo”.

Despertar algo nas pessoas, fazer com que aquele sujeito que está indo trabalhar tal qual um herói dos dias úteis se questione ao ver um pássaro de duas cabeças no muro e comece a perceber mais as coisas à sua volta. É isso o que Raquel Schembri quer fazer refletir com sua arte: “Só de fazer a pessoa questio-nar alguma coisa já acho superpositivo. Dar uma parada nesse ritmo frenético que todo mundo está. Sair um pouco do cotidiano, do anestésico, do não sentir nada, do pensamento viciado, do olhar viciado. Preocupo em gerar coisas boas, apesar de ter muita coisa meio estranha no meu trabalho”.

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por Lucas Machado fotos Carlos Hauck

< kit sobrevivência >

léocoelhoESTILO

O estilista mineiro Leonardo França Coelho, mais conhecido como Léo Coelho, nasceu na cidade de Montes Claros. Aos 17 anos, foi para o Rio de Janeiro, formando-se, alguns anos de-pois, em medicina. Há oito anos, ele veio para Belo Horizonte e montou a sua própria grife de roupas exclusivamente masculinas. “Sempre tive muito interesse por moda, principalmente pela criação. Mas foi praticando que realmente aprendi”, comenta.

A sua marca, que leva o nome do estilista, está presente em vários estados do Brasil. Entre seus clientes mais famosos estão Carlinhos Brown, Toni Garrido e o elenco dos programas Malhação, Zorra total e A grande família. Coelho adora viajar, ver filmes franceses e aproveita as horas vagas para ir para seu sítio, nos arredores da capital mineira.

Perguntamos como é fazer uma moda masculina diferenciada. “Gosto de misturar co-res, mas respeitando o tradicional e os modelos básicos. Evito o extremo e a modelagem careta, tenho que manter o comercial sem poder ousar muito, pois o masculino tem que ter limite. Minhas roupas não têm rótulo nem idade.”

Se fôssemos definir Léo Coelho em duas palavras, estas seriam: humildade e simplici-dade. Características fundamentais em qual-quer segmento e que fazem toda a diferença, principalmente no mundo da moda.

relógio Tag Heuer

camiseta Léo Coelho

óculos Moschino

casaco de couro Cardani

anéis presente inseparável de um amigo

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blusa e calça saruel Léo Coelhotênis All Star

< Léo usa >

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SUMMERTIME

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casaco de couro Cardani

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Segunda, quarta e sexta-feira são dias de boxe. As motos enfileiradas em frente à sala 420, no Mineirinho, anunciam que o treino está cheio. Qualquer atleta que queira chegar é bem-vindo. Basta uma taxa de R$ 10 por mês para aprender e se aperfeiçoar com Pedro Ma-ciel, o Pedrinho, 76 anos, tricampeão brasileiro entre 1960 e 1962. A estrutura, embora meio crua, tem tudo o que é preciso: o ringue e os sacos de pancada estão lá. A força e o espírito de superação, também. E, de um jeito surpreen-dente, da junção entre um espaço underground e um esporte de contato, nascem movimentos tão bonitos de se ver.

ENSAIO?????????

ClubeDA LUTAQUando o boXe Se torna o eSPorte PrinCiPal do MineirinHo

fotos Carlos Hauck

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Washington de Paula, 32 anos, supervisor de manutenção de um hotel

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Edson Ribeiro da Costa, 25, motoboy

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Anderson Silva,o Pê 39, segurança e professor de boxe

Mais fotos deste ensaio você confere emrevistaragga.com.br

< OLHA ISTO >

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QUEM Éfotos Ana Slika

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CAIM E ABEL

COLUNA

Entre o real e o marketing: se Marcelo Camelo tomou um soco no olho por uma simples declaração, os irmãos Gallagher bebiam, diziam que se odiavam e vendiam mais discos

A MÚSICAe o tema

Se Caim e Abel, que viveram no Paraí-so, tivessem uma banda como o Oasis, cer-tamente seriam como os irmãos Gallagher. Mesmo que Liam e Noel, na primeira passa-gem pelo Brasil, tenham deixado claro para os jornalistas que as desavenças em público não passavam de marketing para vender discos, no ano passado, eles saíram do sério. Esta-vam para entrar no palco do festival Rock Em Seine, em Paris, com mais de 30 mil ingressos vendidos e... cancelaram o show. Testemu-nhas garantem que Liam destruiu a guitarra de Noel. Deve ser o que se chama de “marke-ting de guerrilha”.

No Brasil, outro Noel, o Rosa, teve uma briga histórica com o compositor Wilson Ba-tista, travada nos anos 1930. Batista escre-veu Lenço no Pescoço, em que relacionava a imagem do sambista à malandragem. Noel não gostou e respondeu com Rapaz folgado. A rusga rendeu oito sambas e clássicos como Palpite infeliz e Feitiço da Vila.

No terreno árido do metal, os irmãos Max e Igor Cavallera, que voltaram às boas re-centemente, dissolveram a melhor formação do Sepultura depois que a banda resolveu demitir a empresária, Gloria, que era mulher de Max. Situação com alguma semelhança com a do fim dos Beatles, cujo estopim foi a entrada em cena da japa japa girl Yoko Ono, que acirrou a briga entre John Lennon e Paul McCartney, devidamente registrada em músi-cas como How do you sleep e Too many people.

Já os Stones, que continuam na ativa depois de quase 50 anos de carreira, optaram pelo humor. Apesar das discordâncias entre Mick Jagger e Keith Richards, os Glimmer Twins, a banda continua firme. Quando perguntam a Richards sobre Jagger, ele sorri, alfineta e muda de assunto: “Oh, Brenda?”. E deixa pra lá.

Mais esquentado, Axl Rose quebrou o pau, diversas vezes, com o guitarrista Slash, e chegou a substituir o ex-amigo num solo de guitarra. O fato provocou a saída do guitarrista e a fundação do Slash Snake Pit, além do da decadência do Guns’N’Roses.

O maior grupo progressivo da história, o Pink Floyd, começou a naufragar depois da gravação do clássico The wall, a ópera rock escrita por Roger Waters. Este, sempre numa disputa nada saudável com David Gilmour pela liderança da banda, deixou o grupo de-pois do mediano e premonitório álbum The final cut.

No hip hop, o palavrório costuma des-cambar para a violência, mas o blá-blá-blá mais famoso ficou por conta de Tupac Shakur e Notorious B.I.G. Eles trocaram farpas ver-bais em músicas e entrevistas, até que Tupac foi morto a bala, em 1996, e B.I.G. ganhou manchetes como principal suspeito. Nada foi provado e o próprio acusado teve o mesmo destino, no ano seguinte.

No gênero, o imbróglio mais recente en-volveu Soulja Boy, do hit Kiss me thru the pho-ne, e o espancador de namorada Chris Brown. Os dois bateram boca sobre o prestígio e o sucesso de cada um e venderam mais discos e revistas por isso. E vale notar a rusga cros-sover entre Mariah Carey e Eminem, que fize-ram música sem “homenagem” ao outro, sem poupar adjetivos e segundas (más) intenções.

Também ficaram na história embates da turma do rock brasileiro. A eterna divergência de posturas entre Lobão e Caetano Veloso, tops 1 e 2 na lista de polêmicas pela im-prensa; a saída do vocalista do Nasi, do Ira, atirando contra o resto da banda e o empre-sário, seu irmão, voltando ao mito de Caim e Abel; o destempero de Chorão, do Charlie Brown Jr., que comentou, com um soco no olho, no aeroporto de Fortaleza, uma entre-vista de Marcelo Camelo.

E, para terminar, uma rara briga entre duas grandes cantoras, Maysa e Elis Regina, pelo bonitão Ronaldo Bôscoli. O jornalista, letrista e produtor era noivo de Nara Leão, trocou a moça dos joelhos invejados por Maysa e, mais tarde, acabou casando com a gaúcha espevitada. A partir daí, as duas nunca mais se bicaram. E Bôscoli passou para a história como muso das maiores cantoras da música brasileira dos anos 1960.

por Kiko Ferreira

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Estúdio B Music Bar

DIA E NOITEFO

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NO

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A Heineken está presente em algumas das casas mais badaladas de BH e, nos próximos meses, você confere aqui as melhores dicas para curtir seus dias e noites na capital mineira. Restaurantes, bares e boates. São opções para todosos gostos!

Na ativa desde 2007, o Estúdio B Music Bar é uma casa de shows

referência em qualidade. Com ambiente descontraído, a proposta principal da casa

é apresentar bandas dos mais variados estilos musicais, passando pela música

latina, samba e rock, até a influência árabe ou africana, sempre valorizando principalmente os artistas e bandas de

Belo Horizonte. A ideia é apostar nas novidades e no “lado b” da cena musical, o

que justifica o nome do Estúdio.

SERVIÇOEndereço:

Avenida do Contorno, 3849 – São Lucas. Fones: (31) 3283 2393

(31) 9122 5401Capacidade: 250 pessoasFormas de pagamento:

Cartão de crédito, de débito (aceita Visa, Visa Electron

e Mastercard) e dinheiro.Com: Quinta – música internacional

sexta – samba sábado – rock ‘n’ roll

última terça do mês – música árabeFuncionamento:

De quinta a sábado a partir das 22h e na última terça-feira

do mês a partir das 20hNa internet: estudiobmusicbar.com.br

[email protected]

DICA HEINEKENVale a pena acessar o site da casa, para saber com antecedência a programação da semana. Sempre com música ao vivo e variada, o Estúdio B promete agradar todo tipo de ouvido. estudiobmusicbar.com.br

Salmão grelhado ao molho de agrião faz sucesso no cardápio.

VALE APENA!

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Estúdio B Music BarCLICK

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fotos Bruno Senna

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1. Carolina Novaes e Juliana 2. Fernanda Carvalho e Júnio Caldeira3. José Márcio4. Jose Celso e Danielle Pavam5. Sefora Aguilar e Daniela Saraiva6. Paulo Henrique e Mariana Leite7. Elisangela Ricardo, Dimone Silveira e Cristiana Reis8. Simone Pereira e Júlia Teixera9. Taynara Silva e Marcelo Nassif10. Fabiana Dias e Leandro Cardoso

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fale com ele:[email protected]

COLUNA

< HENRIQUEPORTUGAL >

Produtor e tecladista da banda Skank

Artista: Dead Lovers Twisted HeartDisco: DLTHSelo: Ultra MusicAno: 2010

Artista: Érika MachadoDisco: Bem me quer mal me querSelo: IndependenteAno: 2010

Artista: MagloreDisco: Cores do ventoSelo: IndependenteAno: 2009

FRENTE DIGITALO PROGRAMA DOSARTISTAS INDEPENDENTES

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Envie Frente para 49810

e receba diariamente

notícias sobre o cenário

independente brasileiro

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Estreando o espaço, confira um bate-papo com Dé Silvei-ra, da banda gaúcha Cartolas, destaque na cena independente brasileira, com o recém-lançado disco Quase certeza absoluta:

Vocês acabaram de lançar o segundo disco. O que mudou no Cartolas desde a gravação do primeiro trabalho?

Introduzimos novos elementos que não tinham no primei-ro disco. Metais, piano, teclados e elementos eletrônicos. In-ternamente amadurecemos com relação às possibilidades de arranjos e composição. Estamos mais abertos, mais maduros musicalmente. Acho que a tendência é sempre seguir mudando, seguindo novos caminhos.

Quase certeza absoluta é assinado por Ray-Z em parceria com a própria banda. Como pintou a escolha pelo produtor?

Já o conhecíamos pessoalmente. Ele é de São Paulo, mas estava morando aqui (Porto Alegre) e conhecíamos alguns tra-balhos dele. Decidimos ir com ele da pré-produção até a pro-dução final. O trabalho dele foi fundamental, como moderador

Para mim, ler Felicidade clandestina foi arrebatador! Depois disso, minha forma de sentir e interpretar as coisas mudou. Não só me apaixonei pela escrita, mas, principalmente, pela escritora, Clarice Lispector. Eu queria a mulher Clarice.. . Impossível foi me manter alheio a tudo aquilo, e então, no auge da minha excitação, peguei o violão e comecei a cantarolar uma melodia e a letra veio junto. Daí, nasceu uma das composições de que mais me orgulho. Naquelas poucas horas que levei para compor a música, eu era apenas mais um louco apaixonado por essa força chamada Clarice.”

Banda: Volver Música: ClariceComposição: Bruno Souto

Tudo que eu queria era o nexo Dos versos que eu não posso explicar Detalhes que só vejo em teu verbo No jeito de me realizarMe fez entender Do nada pode tudo acontecer Eu sei, você se mostra Eu quase posso suportarEu nem te conheci Mas creio que você não foi Sem nada me deixar Vai com deus ou num disco voador Eu vou num barco de papel Te encontro onde termina a minha dor Ahhh, Clarice...

em nossas discussões de arranjos, compo-sições, gravação de guitarras, mixagem. Foi muito importante a escolha dele.

O Rio Grande do Sul sempre foi reco-nhecido como celeiro de boas bandas de rock. Como é a cena atual no estado?

Tem a Apanhador Só, uma boa banda daqui, a Pública, o Superguidis. Mas acho que a cena está relativamente devagar, não vejo grandes aparecimentos de bandas. A grande mídia ainda é muito fechada para as novas bandas nacionais e gaúchas.

Muitas bandas, principalmente do Norte, Nordeste e Sul, escolhem o eixo Rio-São Paulo para fixarem residência. Outras pre-ferem se manter em seu estado de ori-gem. O que pensa o Cartolas sobre isso?

São Paulo é um centro de mídia nacio-nal, além de ser um centro geográfico. Já pensamos em morar lá, mas não é a hora. Também não acredito nesse “milagre de São Paulo”, de “chegar lá e acontecer”. Acho que se fizermos um bom trabalho por aqui, as coisas tendem a crescer cada vez mais para nós.década mais digna está tocando, mesmo assim pouca gente entra ou chega perto do palco.

Dicas de Cds Qual é a da música

#FalaNaFrente

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calcinha Acervo Pessoalblusa Cila

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Da adolescência passada em Abaeté, a garota só guarda boas lembranças: “É lá que estão minhas melhores amigas e meus avós que amo tanto”, declara. Apesar de belo-horizontina, Bianca mantém a fala calma de menina criada no interior enquanto expõe sua paixão pelo verde, que foi cenário deste ensaio. Amante declarada da natureza, ela fala de animais e paisagens com muito amor . “Todos os cachorros que tenho são vira-latas. Além deserem muito bonitinhos, a iniciativa de adotá-los é muito nobre”, diz, incentivando outras pessoas a terem a mesma atitude.

Apaixonada por Janis Joplin, Led Zepellin The Strokes e Cansei de Ser Sexy, nossa Ragga Girl é uma taurina legítima. Bianca se assume ciumenta e teimosa, principalmente quando se trata do namorado: “Tenho personalidade forte e ele, também. Quando é pra brigar, é briga mesmo”, diverte-se. Aliás, somos agradecidos ao namorado de Bia, não somente por “emprestar” a bela, mas também por ceder sua casa para a realização deste ensaio.

calcinha Chris Gontijoblusa Acervo Pessoal

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bolero de renda calcinha Chris Gontijo

MODELOBianca QueirozFOTOGRAFIAAna SlikaTRATAMENTO DE IMAGEMFlávia BabinoPRODUÇÃOJulia Nogueira(31) 8476 7267MAQUIAGEMCamila Grandinetti(31) 8484 6467

Chris Gontijo(31) 3281 4289Cila(31) 3225 7566Mercado(31) 3223 3186

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extravase o stress do dia, na academia.

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CONSUMO

Porrada

Eu “É possível generalizar: todo mundo já deu um golpe no ar depois de assistir cenas de Bruce Lee ou Jack Chan, de Daniel Sam ou Rocky Balboa. Os lutadores da ficção ou da realidade inspiram. E, para uns, esse é o início de uma relação intensa com algum esporte de contato. Para outros, uma admiração que fica mais ou menos adormecida, até o próximo filme de luta ou campeonato televisionado. Não importa o grupo ao qual você pertença, sempre há algum produto para celebrar a emoção dos embates: de um pôster na parede a um saco de pancada para treinar. De repente, por causa deles, você se anime a arriscar novos golpes contra adversários imaginários, como no tempo de criança.

por Brenda Linhares e Sabrina Abreu

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1. < Também para mulheres >

Depois que Sandy revelou gostar de MMA, os momentos de macheza em frente à TV mudaram um pouco. A diferença? Agora, há mais argumentos para convencer sua irmã, namorada e/ou tia do quanto assistir lutas é um ótimo programa. Para reforçar os argumentos, vale duas compilações do que há de melhor no gênero, como os DVDs da WrestleMania e World Wrestling Entertainment: Royal Rumble. R$ 43,90 (cada) Leitura BH Shopping (31) 3263 2700

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2. < Big George >George Foreman, duas vezes campeão mundial (1973 e 1994), virou sinônimo de grill. E há quem veja seus comerciais na TV e não faça ideia de que o homem do grill foi um pugilista de primeira. Para lembrar sua grandeza como esportista, o último modelo lançado por ele, o Multi 360 faz parte deste editorial. Ligue “djá”! R$ 479,88 Polishop BH Shopping(31) 3286 6056

3. < Com estilo >Claro que, enquanto você luta, tudo o que chama a atenção são seus movimentos rápidos e precisos. Mas, não faz mal usar um short bonitão na hora de treinar muay thai. Este é da Strike. R$ 60 mmashop.com.br

4. < Brinquedinho >Os bonecos Comandos em Ação nunca mais terão a mesma graça diante das miniaturas dos ícones do MMA fabricados na gringa pela Jakks Pacific. Vale colecionar: Don Frye, John Fitch (foto) e outros grandes nomes continuam com a pegada casca grossa, mesmo medindo 18cm. R$ 79,99 + Fretelutalivreshop.com.br

5. < Contra a parede >Muhammad Ali, nascido Cassius Clay, é o ídolo máximo do boxe. Politizado, defendeu a igualdade racial nos Estados Unidos e se recusou a combater no Vietnã — “Se os vietnamitas nunca me chamaram de crioulo, porque lutaria contra eles?”, perguntou, certa vez. Este pôster imortaliza o dia em que o lutador tirou de Sonny Liston o título de peso-pesado. O melhor é que você pode contar histórias como essas sempre que receber visitas em sua casa e elas virem a imagem dos dois pugilistas na parede. Entre R$ 10,00 e R$ 100,00 (o preço varia de acordo com o tamanho)casadoposter.com.br

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Page 64: Ragga #43 - Luta

Malditos hippies. É quinta-feira, dia 7 de outubro, faltam dois dias para o começo do SWU, e já estamos nós quatro na estrada para Itu, ondulando as nossas máquinas fotográficas no vento que bate a 140km/h na lataria do carro, só para ten-tar fotografar as linhas que vão sendo engolidas na estrada. Finalmente, o céu está inteiramente azul, mesmo sendo prima-vera, mesmo depois de tantos dias de chuva forte, incessante, que não permitia que a gente largasse tudo e seguisse adiante. Menos de 600 quilometros nos separam da Fazenda Maeda, do Woodstock desta geração, e dentro do carro vão dois jor-nalistas, um advogado e um piloto de avião, todos alucinados com a ideia de fazer parte deste acontecimento particular da nossa história. Nem parece que não temos os ingressos para o festival.

< Os infiltrados >

Pouco importa os ingressos, para falar a verdade. Depois de sete horas de viagem, alguns desvios errados e algumas porteiras de fazendas ultrapassadas, conseguimos enfim co-meçar a serpentear o carro pela estrada de terra da Fazenda Maeda. Como não tinha ninguém na portaria, nenhum segu-rança, nem policia, sentimos que éramos bem-vindos por ali. “Talvez os organizadores dessa estrutura toda, que envolve 150 mil pessoas, sustentabilidade e música indie, sejam uns malu-cões”, pensamos. Talvez.

“Vocês estão aqui para a reunião da Oifm, certo?”, pergun-tou um sujeito logo onde estavam sendo montadas as catracas do evento. “Sim”, concordei, já emendando: “Você sabe se já começou?”. O homem, mais tranquilo, continuou: “Acredito que não. Vou chamar um carrinho de golfe para levar vocês. Tem muita lama aí pra baixo”.

Ótimo. Agora estamos nós quatro de novo, dois jornalistas, um advogado e um piloto de avião, em um carrinho de golfe, indo a uma reunião para a qual não fomos convidados. Depois de o motorista Eduardo desviar de uma roda gigante, finalmen-te conseguimos avistar os dois palcos principais, altos e im-ponentes, ganhando os últimos retoques na parte mais baixa da fazenda. Se eu não estivesse tão paranoico com a nossa situação, provavelmente ficaria emocionado.

Explicamos nossa situação para o Eduardo e, sem precisar

de muito esforço, ele concordou em nos levar para a área da produção, o núcleo de tudo, que consistia em algumas tendas montadas a alguns metros atrás do palco. Agora só faltava encontrar a pessoa certa.

< Começa com quem? >

Tirando o nosso prazer imensurável por riscos, música e caminhos imprevisíveis, existia, sim, uma razão lógica para estarmos ali dentro da fazenda, dois dias antes de tudo acon-tecer, andando de um lado para o outro, fotografando, fil-mando, desenhando nos dedos os contornos das tendas, dos palcos, da estrutura de som que prometia dias inesquecíveis com as bandas que escutamos quando estamos nos nossos melhores dias.

“Queremos ajudar a documentar tudo isso nos registros da história”, dissemos, com sinceridade, olhando no fundo dos olhos de Mac, um sujeito de trinta e poucos anos, tatuado no peito, que foi apresentado para a gente como o diretor artístico do festival. Sentimos os olhos dele brilhando, uma faísca tímida do loucão que ele já deve ter sido, um suspiro ensandecido da-quela parte de sua alma que grita, que canta, que é sincera com seus possíveis sonhos de fazer as coisas acontecerem. “Liga para ela amanhã (indicou a mulher ao seu lado), que vamos ver o que podemos fazer”.

A gente poderia ter feito tudo exatamente como fazem os demais jornalistas cavaleiros da verdade, que, sempre algumas semanas antes da data marcada, mandam os seus nomes, são colocados na lista, chegam ao evento no dia, escrevem sobre ele, e vão embora. Mas não. Essa história exigia mais tato, mais olhar, mais pessoalidade. O SWU não era para ser um festival como qualquer outro.

Com a promessa do possível credenciamento, 11h da noite, seguimos para o carro — mais uma vez em cima do carrinho de golfe — e lembramos de outro problema, bem simples por sinal: onde vamos dormir?

< Primeira barraca do SWU >

Não foi difícil chegar ao Camping Premium naquela altura da noite. Além de estar muito bem sinalizado, nenhuma alma

ainda HoJe ContinUaMoS PenSando eM tUdo QUe o FeStiVal deSta GeraÇÃo Poderia ter Sido

por Bernardo Biagioni fotos Ricardo Villela e Gregório Kuwada

SWU dois dias antes

ON THE ROAD < SWU >

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Fazenda Maeda na sexta-feira. O dia que

precedeu o festival

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Hippies, antes de serem expulsos da fazenda, fazem sinais modernos com as mãos

A primeira barraca do SWU 2010 ficou em pé na quinta-feira

Sustentabilidade é correr para

assistir aos shows

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da Lei estava no caminho para segurar aquele gol preto, aper-tado, que seguia balançando pelo cascalho largado na estra-dinha de terra.

Fomos as primeiras pessoas a acampar no Starts With You 2010. Sem ingressos, sem dinheiro, sem precisar dopar ninguém.

Mas acordamos com um maluco gritando nervosamente no telefone: “De onde veio esta barraca que está aqui? Arrebenta-ram a cordinha aqui, pô. Preciso de um segurança no Premium, agora!”. Saímos os quatro desesperados, esfregando os olhos, e dispostos até a ajoelhar caso fosse necessário. Porém, “Bo-nézeira”, como o apelidamos, foi o primeiro maluco de verdade a cruzar a nossa história. E tudo que ele disse foi: “Não quero saber como vocês conseguiram parar aqui. Só sai quebrando”.

Como não tínhamos rumo, e estava bem cedo, voltamos para a área principal da Fazenda Maeda e deitamos na grama, tranquilos, esperando a autorização do Mac para que fizésse-mos a nossa parte nos próximos dias.

< O sonho acabou >

Não fomos credenciados. Uma assessora de imprensa nos encaminhou para outra, que encaminhou para outra, que... E, antes de começar a anoitecer, a organização do evento co-meçou a fechar o cerco e a expulsar todo mundo que estava andando pela fazenda. A ordem incluía jornalistas, músicos, moradores da região e... hippies. No caso: nós.

O sonho tinha acabado. Nossa frustração maior não era com a organização, com o Mac ou com o Bonézeira. Nada dis-so. Todo o silêncio que nos acompanhou pelas próximas horas tinha a ver com o sentimento inevitável de reconhecer, tar-diamente, que o Sistema não se sucumbe às manifestações

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ÓtiMo. aGora eStaMoS nÓS

QUatro de noVo, doiS JornaliStaS

UM adVoGado e UM Piloto de aViÃo, eM UM CarrinHo

de GolFe, indo Para UMa reUniÃo

QUe nÃo FoMoS ConVidadoS

Jogar boliche, se divertir, levar a namorada, juntar os amigos, queimarcalorias, desestressar, tomar um chopp, comemorar um aniversario,fazer um happy hour, comer bem. Tudo isso em um so lugar.

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Homem faz a segurança das latinhas debaixo do sol de 40º

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emocionais, mesmo as mais sinceras. De uma hora para outra, começamos a aceitar que o SWU não seria nenhum Woodstock. Não em 2010. Cada geração tem o festival que merece para si.

< Olhando para o futuro >

Sem nenhuma chance de conse-guirmos as credenciais — e com ainda menos dinheiro — seguimos até uma pousada chamada Paraíso, em Sorocaba. Quando chegamos, Jean, de cinquenta e poucos anos e um dos proprietários, estava de pé em frente a TV, encarando uma imagem fixa de John Lennon. No dia seguinte, o ex-beatle completaria 70 anos se estivesse vivo.

< Jean não cobrou as nossas diárias >

Menos de doze horas depois estáva-mos os quatro dentro da Fazenda Maeda, bem antes do primeiro show, bem antes de escurecer. Não pergunte como entra-mos. O palco estava lá, bonito, imponen-te. Existiam tendas para discutir sobre o meio ambiente. Todo o lixo produzido

seria reciclado. E tudo se mostrava em perfeita ordem. Enquanto para milhões de pessoas o festival estava começan-do, para nós tudo aquilo parecia uma grande ressaca.

Toda vez que nós quatro pensarmos no festival — esta noite, amanhã ou da-qui a 40 anos — não lembraremos dos shows, das tendas, do trânsito ou das fi-las. Lembraremos de Jean. E pensaremos sempre nos dois dias anteriores a tudo, quando o SWU aconteceu apenas na nos-sa simples e ingênua imaginação.

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COMPORTAMENTO

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NO RINGUEINFÂNCIA por Alex Capella ilustração Davi Augusto

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Luta precoce: aos 12 anos, muitos já são profissionais

e encerram a carreira aos 17

Os primeiros movimentos não revelam, nem de longe, o que o espectador terá pela frente. O aquecimento, inclusive, é tratado como uma espécie de dança em homenagem aos ‘mestres’. A coreografia significa também um pedido de prote-ção. E vão precisar mesmo. Afinal, na Tailândia, é comum ver meninos e meninas de nove, 10, 11, 12 anos sobre os ringues lutando muay thai, arte marcial que existe há mais de dois mil anos e é conhecida no Brasil como boxe tailandês. Além das sequelas deixadas sobre os frágeis corpos em processo de for-mação, a luta perpetua um pensamento corrosivo na sociedade tailandesa: a violência vista como algo natural no ser humano.

Prova disso é a multidão que lota os estádios nos dias de luta de boxe tailandês. Os tailandeses vibram com seus es-colhidos como se fosse uma final de Copa do Mundo de fute-bol. E assim como no futebol internacional, as competições de boxe tailandês movimentam muito dinheiro. Numa sociedade com diferenças sociais enormes, não é difícil entender porque os pais apostam todas as suas fichas num improvável futuro promissor dos filhos no mundo desse esporte. Mas a realidade é outra. A carreira de um lutador é muito curta. A maioria para de lutar aos 17 anos e encerra a carreira sem realizar o sonho de mudar de vida.

Ilusão que move pais e até os pe-quenos lutadores, obrigados a encarar um processo de amadurecimento pre-coce. Pelas ruas das cidades tailan-desas, não só nos grandes centros, é comum ver crianças treinando a luta na porta de casa. No país, há também inúmeros centros de treinamento. O boxe tailandês é o esporte nacional. E as pessoas começam a praticá-lo muito cedo. Muitas delas aos 12, 13 anos já são profissionais e fazem parte da en-grenagem milionária que envolve a luta na Tailândia. Os treinamentos são pe-sados demais para os corpos das crian-ças, trabalhados feito máquinas.

Precisam estar prontos, se é que é possível, para suportar a violência dos golpes. No passado, o muay thai era uma espécie de treinamento de defesa contra ataques de bandidos, guerreiros e até animais. Uma luta em que as mãos

CrianÇaS tailandeSaS Se eSPanCaM

nUMa lUta inSenSata Pela SobreViVÊnCia

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a onG inGleSa SaVe tHe CHildrenVeM denUnCiando a PrÁtiCa da lUta Por atletaS Cada

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e as pontas dos dedos eram as únicas armas. Durante mui-to tempo, os lutadores não usavam luvas nem qualquer outro tipo de proteção. Enrolavam nas mãos simplesmente crina de cavalo ou tiras de algodão. Hoje, as mãos são protegidas com luvas de boxe. Agora, as regras permitem quase tudo. A luta caracteriza-se pelo uso dos cotovelos, joelhos, pernas e punhos.

Todo o poder físico contra o corpo do adversário. A moda-lidade coloca diretamente em perigo a integridade física dos atletas prematuros. Há relatos de que o circuito das lutas or-ganizadas envolve competidores com idade a partir dos absur-dos 4 anos. No entanto não é só na Tailândia que o esporte é apreciado. A TV e o intercâmbio de lutadores transformaram o boxe tailandês numa das mais conhecidas modalidades de luta de contato do mundo, atraindo cada vez mais praticantes e ge-rando lucros altíssimos aos canais fechados que transmitem os eventos diretos da Tailândia. Junto do ‘espetáculo’, a tolerância à violência também atravessa os oceanos a reboque e chega a outros países como o Brasil.

As reações contrárias começaram a aparecer. A ONG in-glesa Save the Children vem denunciando a prática da luta por atletas cada vez mais jovens. Um estudo da organização mostra que a luta repercute positivamente no desenvolvimento físico, mental e moral de uma criança, pois, além de ser uma di-versão, é capaz de “disciplinar e dar autoconfiança”. No entanto, a Save the Children diz que a modalidade é prejudicial quando deixa de ser uma atividade lúdica e complementar e passa a servir apenas para “satisfazer os desejos dos pais”. O estudo aponta que os lutadores correm o risco de sofrer distúrbios ali-mentares como a anorexia ou problemas de crescimento, como a perda da massa óssea prematura.

Gente do mundo inteiro que vai treinar boxe na Tailândia. Encontram no olhar das crianças tailandesas uma mistura de inocência com agressividade, medo com desafio, ameaça com competição. Pressionadas, elas querem mostrar que são as melhores. Sonham em ser campeãs. Porém até quem é do ramo critica a entrada precoce de jovens no tatame. Campeão mundial em 2005, na Tailândia, na categoria Superpesado (acima de 91 quilos), o professor Olímpio da Cunha Fernandes, com 25 anos de experiência, defende uma didática lúdica para crianças com menos de 12 anos. Para ele, o risco maior não está na questão da integridade física e, sim, na psicológica. “O

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maior risco é a formação da violência na ca-beça dessa criança que, desde cedo, aprende a bater”, lembra.

A prática da arte marcial, como de resto a prática de qualquer outra atividade, deve levar em conta, primeiramente, a vontade da criança. Sem essa concordância, qualquer ati-vidade imposta à criança já representa uma violência. “Os pais ficam encantados ao ver seus filhos receberem troféus e faixas. Or-gulham-se de saber que suas crianças final-mente sabem como se defender. Mas contra quem? Em favor de quem?”, pergunta Walter Roberto Correa, doutor em Educação pela PUC de São Paulo.

Segundo ele, as escolas, academias e as-sociações que oferecem lutas marciais para a garotada precisam repensar o que esperam ao acrescentar essas aulas em suas progra-mações. “O ensino das artes marciais, primei-ramente, deve se adaptar ao desenvolvimento saudável (físico e psicológico) das crianças e dos adolescentes, para que possamos educar jovens capazes de pensar e agir racionalmente e com atitudes positivas diante da vida.”

O treinamento puxado pode (e costuma) ser prejudicial para o físico dos lutadores

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Come around sundown, quinto disco do quarteto do Ten-nessee, Kings of Leon, é cheio de referências à casa, à identi-dade e às origens do grupo. “It’s in the water / it’s in the story of where you came from”, canta Caleb Followill em Radioactive, primeiro single do disco.

“Legal”, você pensa. “Depois do processo de bonjovização pelo qual os Kings of Leon passaram na era Use somebody e Sex on fire, eles decidiram retomar às origens caipiras e à energia de quando não eram só mais uma banda de arena”. Mas não foi isso.

O clipe de Radioactive é autoexplicativo. Se fosse um vídeo promocional dos Médicos Sem Fronteira, tudo faria mais

sentido. O que aconteceu para aqueles roqueiros barbudos virarem esses seres que carregam bebês, fazem piquenique e soltam pipas com crianças ao pôr do sol? Seja excesso de Nova York ou falta de Tennessee, eu só lamento.

O fato é que The imortals, Pickup truck, Pyro e a própria Radioactive parecem feitas por encomenda para uma sequência da saga Crepúsculo ou simplesmente para aumentar o padrão de pieguice no qual a banda já vinha trabalhando.

Mesmo quando Caleb diz que “não tem mais um lar”, em The end, ele continua a abrigar os versos na mesma base épica dos hits de Only by the night (2008). Não que eles não tenham momentos inspirados como nessa faixa, e essa é a parte difícil de escutar os Kings of Leon de hoje: mesmo popularescos, o grupo ainda parece ter alguma emoção de verdade.

A segunda metade do disco, com as músicas que, prova-velmente, não serão singles, é a que faz o disco valer a pena. Em Back down south, a coerência entre o som e o discurso de retorno finalmente acontece. Já em Beach side, eles baixam a bola, esquecem o clima grandioso e lembram REM em vez de u2.

Pony up tem baixo e bateria quebrados (milagre!) e Birthday tem um riff interessante de guitarra (bênção!). Não são faixas incríveis, no entanto, é bom ver a banda descer da arena imaginária. No fim das contas, o Kings of Leon não volta para casa, mas pelo menos não fica no mesmo lugar onde estava. O que pode ser o ponto de partida para uma próxima viagem mais emocionante.

AUMENTA O SOM

Kings of leon no caminho de casapor Rodrigo Ortega

Milke Trio é uma banda que redefine o conceito do pop. Musicalmente maduros, o som do grupo reflete uma influência que vai do jazz ao rock, em todas as suas melhores vertentes.

O currículo dos músicos é invejável. O vocalista e gui-tarrista César Santos estudou em Boston, na Berklee College of Music, uma das mais conceituadas escolas de música do mundo, onde foi colega de classe do cantor John Mayer. O baterista Rike Frainer, que também estudou na Berklee, já foi indicado duas vezes na famosa competição Batuka Interna-tional Drum Fest. O tecladista José Lourenço é maestro há mais de 15 anos de ninguém menos que Erasmo Carlos e fez participações no trabalho de outros grandes nomes como Gilberto Gil e Ana Carolina.

Nos shows, além de composições próprias, a banda faz releituras de Norah Jones, Beatles e Mutantes. “Improvisamos muito em nossos shows, nenhuma apresentação é igual a ou-tra. Gostamos de extravasar nossas influências musicais com liberdade”, afirma César.

Tradição e inovação convivem em perfeita harmonia no Milke Trio e isso vocês poderão conferir no novo CD da ban-da, Ressonante, que tem previsão de lançamento para o ano que vem.

PrataDA CASA Milke Trio

Saia da garagem! Convença-nos de que vale a pena gastar papel e tinta com sua banda. Envie um e-mail para [email protected] com fotos, músicas em MP3 e a sua história.

por Brenda Linhares

Olha isso: myspace.com/milketrio

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por Rodrigo Ortega

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TopCULTURA POP INTERATIVA

EMBATES

1º MICK JAGGER X CHARLIE WATTSEm 1978, Mick Jagger referiu-se a Charlie Watts como “meu baterista”. Passadas várias horas, o vocalista abriu a porta de seu quarto de hotel para o colega de banda e levou um soco no queixo. Charlie ainda se gaba do ocorrido.

2º CHORÃO X MARCELO CAMELONum voo para Teresina, há seis anos, Chorão agrediu Marcelo, por ter criticado músicos que aparecem em propagandas de refrigerante (à época, Chorão aparecia em comerciais da Coca-Cola). Depois do soco, nunca mais foi garoto-propaganda de marca nenhuma e ficou com fama de sem coração: afinal, quem tem coragem de bater em Marcelo Camelo? Covardia.

3º NOBEL PERUANO X NOBEL COLOMBIANOEx-amigos, os escritores Mario Vargas Llosa e Gabriel García Márquez (vencedores do Prêmio Nobel de Literatura em 2010 e 1982, respectivamente) trocaram socos em público, em 1976. A razão: Patrícia, mulher de Vargas Llosa que, segundo as más línguas, teria ficado íntima de García Márquez.

4º ZIDANE X QUEM MESMO? Na final da Copa de 2006, Zidane ganhou um cartão vermelho, perdeu o campeonato, mas defendeu a irmã com uma cabe-çada no italiano cujo nome era... Materazzi (obrigada, Google).

5º CELEBS X PAPARAZZI Britney Spears, Lily Allen e Björk já bateram em fotórafos que ganham a vida dignamente, invadindo a privacidade alheia.

6º DADO X CENáRIO DO JOÃO GORDO NA MTV Depois de breve entrevista no programa Gordo Freak Show, em 2003, Dado e João Gordo trocaram ironias. O ex-global des-contou com uma machadinha na mesa. Na mão e em João Gordo é que não haveria de ser.

7º DADO X LUANA PIOVANIEle bateu na então namorada em 2008. Ela jurou que foi a primeira vez.

8º DADO X CAMAREIRA DA LUANA PIOVANIDepois de Luana, sobrou para a camareira dela, Esmeralda de Souza, de 62 anos.

9º DADO X THÉO BECKEREm A Fazenda, Dado brigou com Théo — verbalmente, porque ele é contra bater em homem.

10°DaDo X EX-mulhErEm agosto deste ano, Viviane Sarayba acusou Dado de agredi-la. Alguém duvida?

Você é daqueles que, ao menor sinal de confusão, puxa o coro “porrada, porrada!”, ou é da turma do “deixa disso”? De qualquer jeito, veja a lista abaixo e eleja a mais cabulosa.

Quem nunca criou alguma coisa e depois se arrependeu? Pois é, a lista de invenções que devem ser esquecidas é grande. Por isso, perguntamos qual a pior criação do último Top 10. Com vocês, o resultado:

úlTIMO RANkING

1º Bomba atômica 21,95%É, não tem jeito. Mesmo 65 anos depois de devastar Hiroshima e Nagasaki, a bomba estúpida deixou para sempre sua marca de ódio e destruição. Eis o nosso primeiro lugar. Dessa vez, sem comemoração.

2º Zorra Total / A Turma do Didi 19,51%As noites de sábado em casa e a manhã do domingo nunca foram tão sem graça. Também pudera. Na companhia de Zorra Total e da Turma do Didi o ânimo não poderia ser outro.

3º Sertanejo universitário 14,63%Se antes as duplas saíam das plantações de tomate no interior do Goiás, agora “fazem faculdade” e agitam calouradas Brasil afora. Ok, eles fazem sucesso por aí, mas aqui, no rigoroso Top 10, tiraram nota baixa e ficaram com o lugar mais baixo do pódio.

CULTURA POP INTERATIVA

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PIORES CRIAÇÕES

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Quer saber #comofaz? revistaragga.com.br

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Ele nunca gostou de esportes coletivos e com o sobrenome que tem, a história não poderia ter sido muito diferente. En-quanto as outras crianças sonhavam em repetir as jogadas de Pelé, Rickson Gracie, com apenas 6 anos, era iniciado pelo pai na arte do jiu-jitsu. Mas o que ninguém podia apostar é que ele seria o representante mais vencedor da família que popularizou a modalidade no Brasil e no mundo e carrega a honra e a res-ponsabilidade de ser a referência maior do esporte.

Terceiro filho — de um total de nove — e caçula do pri-meiro casamento de Hélio Gracie, Rickson tornou-se uma lenda viva das artes marciais e um dos maiores lutadores da histó-ria. Nos seus 20 anos de profissionalismo, nunca deixou que o adversário sentisse o gosto da vitória. Em 460 lutas, venceu todas. A primeira delas, um combate histórico com Rei Zulu, outro mítico lutador. Se o esporte só lhe trouxe glórias, a vida se encarregou de aplicar no vencedor um duro golpe: a morte do filho Rockson, então com 19 anos, em 2001, época em que eles moravam nos Estados Unidos. Sem dúvida nenhuma, a maior porrada que já levou.

Reverenciado no Japão, Rickson lançou, no mês passado, na terra do sol nascente, “um livro filosófico de autoajuda”, como ele mesmo define, ainda sem previsão para chegar ao Brasil. “Falo muito de conquistas, estratégia, coragem, amor, perda e amizade.”

Após uma longa temporada de 20 anos em Los Angeles, onde mantém uma academia administrada por Kron, um de seus três filhos, em 2006, Rickson voltou ao Brasil, país que faz tão bem ao seu espírito. Dez anos depois de sua última luta profissional e “sem a mínima chance de voltar”, Rickson, como um mestre que sabe com clareza qual é a sua missão,

se agarra aos ensinamentos das gerações passadas de sua família para resgatar, no jiu-jitsu, a filosofia e o desenvolvimento puro da arte marcial: “O respeito, a força interior. Não quero levar o cara ao pódio, mas fazê-lo se sentir bem. Acho mais relevante a doutrina do que propriamente se sentir um campeão no tatame”.

Hoje, o Mestre, como é chamado, não quer nem saber de competição. Ele, que já é avô, mora no Rio, onde recebeu a Ragga, com a mulher e quatro cachorros. Dono de uma tran-quilidade nirvânica, nem de longe parece ser o cara que finalizava japoneses, americanos e quem viesse pela frente. Pega onda, promove seminários e dá aulas particulares. Ser fiel às suas referências agora é o maior desafio de Rickson Gracie.

Agora são 11h27. O que você já fez? Como é sua rotina?PROCURO SEMPRE ORGANIZAR minha mente, meu físico e meu espírito antes de fazer as minhas tarefas do dia. A primeira é comigo mesmo. Então, acordo por volta de 7h, faço uma boa refeição, que é geralmente um café com torrada e queijo, uma coisa mais leve. Duas horas e meia depois, faço outra refeição à base de frutas e vou fazendo até completar seis refeições ao longo do dia, pelo menos. A parte da manhã reservo para fazer um bom alongamento, pegar onda, fazer exercícios. A partir do meio-dia, tenho aulas ou faço algu-mas reuniões. O meu “business day” começa por volta de meio-dia, 13h, inclusive porque, morando na Barra, qualquer coisa que você te-nha que fazer na Zona Sul na hora do rush é terrível, então vou para lá na hora do almoço e volto antes do rush.

E os treinos?NÃO TENHO mais uma rotina de treino, porque quando decidi me aposentar o treinamento diminuiu totalmente. Agora, estou focado no que acredito e essa é a nova motivação da minha vida: o resgate de uma filosofia, de um componente que está meio adormecido dentro das artes marciais que realmente favorece a sociedade, a comunidade. Esse resgate cha-mo de força invisível, a atitude do guerreiro da paz. Esses são os componentes que, hoje, me dão motivação para continuar envolvido com o jiu-jitsu e tentar passar uma filosofia que en-grandece o ser humano, independente se ele está envolvido em competições ou não. Encaro a minha missão hoje como algo muito maior do que a minha própria célula de alunos. Vai além de ser Gracie.

Você tem um histórico de 460 lutas e 460 vitórias. Pode-se dizer que você

Maior noMe do Clà GraCie, riCKSon, o lUtador inViCto, bUSCa MotiVaÇÃo no

reSGate da FiloSoFia e doS enSinaMentoS do JiU-JitSU. o HoMeM QUe treinoU CHUCK

norriS aGora ViVe, SabiaMente, dia aPÓS dia, SeM Se PreoCUPar CoM o FUtUro

por Bruno Mateus fotos Bruno Senna

PERFIL

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chegou à perfeição como lutador?A PERFEIÇÃO é um elemento vivo, não para. Atingi essa po-sição de invencibilidade graças a muito treino, mas diferente das pessoas que pensam que não conheço a derrota, sempre fui muito estressado com relação a me colocar em pressão. Eu preferia perder na academia a perder em público. Pegava meus 10 melhores alunos os quais podia vencer com uma determina-da facilidade e me colocava em posições de estresse, amarrava um braço e tentava pegar todo mundo no triângulo ou deter-minava o período de um minuto para vencer cada um deles e, quando passava para um minuto e 15 segundos, já me sentia como perdedor. O que faz a invencibilidade não é exatamente o seu resultado, e sim a maneira como você tenta superar os obstáculos. Me considero um guerreiro perfeito, porque nunca me deixei abater pelas minhas deficiências.

No Japão, você é idolatrado, lhe chamam de samurai moderno. O reconhecimento é maior lá fora?O BRASILEIRO é um pouco imediatista. Se o time ganhou é maravilhoso, se perdeu é uma porcaria, muda o técnico, muda tudo. Vejo o japonês mais observador com relação aos deta-lhes, à filosofia, ao próprio conceito. Sempre curiosos a respeito de detalhes, eles perceberam que a minha trajetória não vem baseada na sorte, vem baseada no trabalho, na psicologia e numa tradição de família que eles respeitam desde o começo com o Hélio e o Carlos Gracie [pai e tio], da primeira geração. A admiração e o respeito pela tradição é muito maior no Oriente. No Brasil, as pessoas me reconhecem como um atleta invicto, mas não estão muito curiosos em saber o que me fez chegar lá.

Por que você voltou para o Brasil em 2006, depois de viver 20 anos em Los Angeles?HÁ ALGUNS ANOS, refiz minha estratégia em saber o que re-almente me motivava e a combinação do fato de eu estar há muito tempo nos Estados Unidos sem sentir a energia dos ami-gos, da família, da comida e da natureza. Então, senti que, no ponto espiritual, necessitava desse retorno, desse resgate eso-térico, que precisava estar no Brasil. Como um pé de manga, que você tenta plantar no deserto e não vai nascer, senti que as minhas raízes necessitavam dessa troca de energia, tanto do lado emocional, com amigos e família, como do espiritual, com a natureza, o mar, os ventos daqui, que são diferentes, e no lado cósmico também.

E, no Brasil, sua casa é o Rio?O RIO DE JANEIRO é onde me sinto em casa, mas se for uma fazenda em Goiás, se for uma terra boa em qualquer lugar do Brasil, também vou me sentir satisfeito. Gosto do mar, mas adoro cachoeira, rio. Tenho que ficar perto da água, sinto que a água me equilibra. O mar é um equalizador da minha ener- gia eletromagnética.

Qual foi a maior porrada que você levou da vida?SEM DÚVIDA nenhuma, a perda do meu filho, que partiu há 10 anos.

É um tabu falar da morte dele?NÃO, sinto que essa partida representou muito na minha vida, porque consegui administrar essa derrota. Nada pode ser mais significativo do que perder alguém que você realmente ama. Quando você fala em perda, pode pensar na força, na perseve-

rança, na reza, no acreditar que vai haver o amanhã, em todos esses fatores que, talvez, um amigo venha e bote a mão no seu ombro [e fale]. Todas essas opiniões são relevantes, mas, na minha verdade, cheguei à conclusão de que nada disso im-porta. Quando você perde alguma coisa realmente profunda, você tem que sentar, chorar e aceitar que você realmente che-gou ao fundo do poço. Lá do fundo, você vê a razão de dar um tiro na cabeça, de parar de fazer o bem, de desistir de ser uma pessoa feliz. Você fica com todas as opções na mão e tem que chegar nesse ponto de fragilidade, de chorar igual a uma criança. Você pode querer se enganar, “é ruim, mas posso aguentar”, e essa falta de honestidade faz com que você nunca cure a ferida. Cheguei no fundo do buraco e decidi, lá do fundo, se ia voltar à tona ou não. Passei por um processo de cura com a minha família. Durante praticamente três anos, fiquei focado em reganhar essa energia e buscar uma razão que me fizesse ser feliz de novo. E a razão são os três filhos lindos que tenho, a minha família, o jiu-jitsu e, para fechar, esse assunto dentro da minha cabeça, busquei durante muito tempo um lado bom nessa partida, uma coisa que eu pudesse ter como uma vantagem diante da tragédia. Depois de muito meditar, me en-clausurar nos bosques perto da minha casa, sem vontade de surfar, de brincar, de treinar, cheguei à conclusão de que existia uma vantagem, um lado positivo na partida do meu filho. Até aquele momento, nunca tinha realmente dado valor ao tempo, sempre achei que era controlador do meu tempo, que poderia deixar para falar com meu filho amanhã, deixar uma viagem ou uma aula para depois, que o tempo era só uma questão de adaptação na minha agenda. Deixei de fazer muitas coi-

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sas achando que poderia fazer depois. Com a partida do meu filho, entendi que não existe o amanhã, a gente tem que fazer tudo como se não houvesse amanhã.

Você chegou a escrever um livro.SIM, lancei há três semanas no Japão. É um livro que foi desenvolvido pela maior editora japonesa, com uma superpromoção no país inteiro e espero que seja um sucesso. Não é um livro de técnicas, e sim um livro filosófico de autoajuda. Não chega a ser só sobre o mo-mento da perda do meu filho, falo muito de conquistas, estratégia, coragem, amor, perda e amizade.

Pelo seu discurso, a espiritualidade tem um papel importante na sua vida.QUANDO você se compromete 100% com o que faz, principalmente lutando, você tem que colocar sua vida em segundo plano, ela já não é mais a sua prioridade, a sua missão é a prioridade. Representar a minha bandeira sempre foi muito maior do que meu corpo físi-co. Quando entro numa competição, não entro pensando em simplesmente me submeter e, caso aconteça alguma coisa, eu desistir. De-sistir não faz parte da minha estrutura. Entro para ganhar, desmaiar, perder ou morrer. Isso me colocou sempre num compromisso espiri-tual muito grande. Aprendi a me desconectar do apego físico e, quanto mais entrosamento com a natureza, mais você sente o quão insig-nificante você é.

Nos EUA, você treinou agentes do FBI, do exército americano, atores e até o Chuck Norris. Como foi treiná-lo?CHUCK NORRIS é um cara muito legal, sempre gostou de artes marciais. Quando o conheci aqui, nos anos 1980, ele ficou maravilhado com o jiu-jitsu, voltou para os EUA, conheceu o meu irmão, começou a ter aulas. Depois fui para lá e dei aulas a ele.

Em uma entrevista, você disse que seu pai não queria saber de boletim, queria saber de medalha de ouro. Houve pressão para você ser lutador?MEU PAI sempre foi louco por jiu-jitsu, a luz da vida dele era desenvolver a arte e crescer com o jiu-jitsu. Essa ideia sempre esteve perpetua-da na família. Meu pai foi muito inteligente no sentido de como manter-nos agregados e con-fortáveis dentro do esporte. Quando eu tinha 6 anos, ele me levava para competir. “Meu filho, quer competir? Então tá, papai vai te levar. Se você ganhar, te dou um presente; se você per-der, te dou dois.” Nessa idade, nunca percebi o que isso significava, mas era simplesmente uma forma dele me dizer que não ficaria cha-

teado se eu perdesse. Ele sempre manteve um conforto em volta da gente para que o jiu-jitsu não se tornasse uma coisa chata, obrigatória, até o ponto em que nós mesmos nos sentís-semos mais confiantes. A coisa mais importante na vida dele, que mais fazia os olhos dele brilharem, era me ver vencendo uma competição. Essa era exatamente a hora de pedir uma bicicleta, de dar uma mordida no velho. [risos]

Quando falamos de família Gracie, existe essa coisa de vocês se encontrarem aos domingos, se reunirem no Natal?A FAMÍLIA GRACIE é unida, é grande, mas, para você ter uma ideia, há uns 35 anos nós tentamos reunir toda a família em um Natal. Juntou-se mais de 250 pessoas e não deu para ir todo mundo. Hoje, talvez, eu não saiba mais o nome de 60% da família. Todos abaixo de 20 anos que moram no Brasil eu tenho que ser apresentado, porque não conheço. A família se respeita, se gosta, mas está cada um em um canto. Só nos EUA tenho quatro irmãos.

Como foi sua infância?MARAVILHOSA. Nascido e criado em Copacabana, no tempo em que ainda não tinha nem o aterro de Copacabana, a praia era maravilhosamente linda. A gente jogava futebol nas ruas de menos trânsito, brincava, pegava onda, estudava pouco e treinava muito.

Brigava na escola?ESTABELECI logo uma posição de controle e não tinha mais bri-ga. Comia a merenda que eu queria e jogava pingue-pongue o tempo que eu queria no recreio. Ninguém me tirava do pingue--pongue [risos].

Qual o maior ensinamento que seu pai passou para você?MEU PAI foi um grande homem, um mestre em todos os sen-tidos. Como pai, me ensinou a respeito de honra, honestidade, valores, moral, princípios; como mestre, técnicas, estratégias, conceitos, filosofia. Ser filho de um mestre é uma dádiva.

Qual é a imagem que você acha que as pessoas têm de você?QUANDO COMEÇAM a entender mais como eu penso, passam a admirar, porque, na verdade, sou um soldado do bem, acredi-to no perdão, no amor, na amizade. Acho que passo uma ima-gem de controle, de estratégia. Essa combinação de elementos

na eSCola, eStabeleCi loGo UMa PoSiÇÃo de Controle e nÃo tinHa MaiS briGa: CoMia a Merenda QUe QUeria e JoGaVa PinGUe-PonGUe o teMPo QUe QUeria, no reCreio. ninGUÉM Me tiraVa do PinGUe-PonGUe

Uma de suas paixões, o surfe tem sempre lugar

nas manhãs do ex-lutador

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/ DESIGN MINEIRO /

/ PAQUERA FIRME /

H13 anos no mercado oito dos quais voltados para o ciclismo — , a DaMatta, em-presa mineira, com atuação em todo o Brasil e no Chile, lançou em outubro, seu primeiro quadro MTB, com design exclusivo desenhado pela marca e produzido na China. Feito em alumínio 6061, o quadro adaptado para V-Brake ou Disco e está dis-ponível nos tamanhos 15, 17 e 19 Segundo Felipe DaMatta, o processo de pesquisas e testes antes do lançamento durou dois anos. O resultado jestsendo satisfatório: nas duas primeiras semanas, foram vendidas 50 unidades.

A Kibon, que atua no mercado de sorvetes há quase 70 anos, sendo a pri-meira indústria brasileira do segmento, colocou no mercado sua nova linha para o verão. Além do Magnum Gold, com calda de caramelo, Fruttare ca-seiro pêssego, Cornetto Confession, a sorveteria apresenta o Kibon Balance e o multipack de Magnum Gold. Completam os sabores da temporada o picolé infantil Mascotes, o Cornetto Copo Lovelicious frutas vermelhas e o Fruttare sabor manga.

/ SABOR DE VERÃO /

/ PAGA MEIA /A União Representativa dos Estudantes (URE) passou a oferecer um Clube de Vantagens aos asso-ciados. Entre os benéficos estão descontos de até 50% em medicamentos, assistência automotiva gratuita, telefonia celular, cartão de crédito pré-pago e acesso a grandes marcas nacionais e in-ternacionais. Alguns dos benefícios também são extensivos aos familiares. Para se associar, basta ser aluno regularmente matriculado em qualquer curso reconhecido pelo MEC, preencher a ficha de cadastro com todos os dados solicitados, colar uma foto 3x4 e pagar a taxa de adesão de R$20,00.

/ MARQUêS DE MARICá /

Acaba de ser inaugurado, no Bairro Santo Antônio, o bar e restau-rante Maricá. A casa terá cardápio com influência internacional. Mas um dos seus diferenciais são os “Tapas” espanhóis, ou seja, aqueles petiscos, frios ou quentes, servidos antes, ou mesmo como substitutos das refeições, acompanhados de algum molho ou cobertura.

Sucesso com a turma que tem hoje mais de 30 anos, o São Fir-mino Botequim reabrirá suas portas em Belo Horizonte. O Grupo Happy News, que comanda o empreendimento, escolheu o tradi-cional ponto entre as avenidas do Contorno e Getúlio Vargas para abrigar a casa. Para quem não sabe, no endereço já funcionaram o Canga e Candeia, o Bufallo Beer e, por último, a cachaçaria Montana. O São Firmino manterá as características das antiga casa, instalada no BH Shopping: happy hour com a paquera en-trando pela madrugada.

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A coluna Scrap S/A foi fechada no dia 20 de outubro. Sugestões e informações para a edição de dezembro, entre em contato pelo e-mail acima.

fale com ele:[email protected]

por Alex CapellaSCRAP

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/ PAQUERA FIRME /

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