raio-x, especial 50 anos medicina-ufes

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o E D I Ç Ã O H I S T Ó R I C A O Jornal dos Estudantes de Medicina da UFES 13 de abril de 2011 MEDICINA UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO 5 A N O S

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O Jornal dos Estudantes de Medicina da UFES. Edição Especial: 13 de abril de 2011

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oE D I Ç Ã O H I S T Ó R I C A

O Jornal dos Estudantes de Medicina da UFES 13 de abril de 2011

MEDICINAUNIVERSIDADE FEDERAL

DO ESPÍRITO SANTO

5A N O S

Jubileu de Ouro

EXPEDIENTE. RAIO-X. O JORNAL DOS ESTUDANTES DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO (UFES). PUBLICAÇÃO DO DIRETÓRIO ACADÊMICO DE MEDICINA DA UFES (DAMUFES). FALE COM O DAMUFES: [email protected] EDIÇÃO EXTRA ESPECIAL 50 ANOS DO CURSO DE MEDICINA DA UFES. PRODUÇÃO: ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DO DAMUFES. EDITOR: WAGNER KNOBLAUCH. TEXTOS E REVISÃO: EQUIPE RAIO-X (ALINE CASTELAN, CÁSSIO BORGHI, EDUARDO PANDINI, GUSTAVO FRANKLIN, JEQUÉLIE CÁSSIA, LEONARDO TAFARELLO, PAULA PEÇANHA, VICTOR COBE E WAGNER KNOBLAUCH). CRÉDITOS DAS FOTOS: ARQUIVO PESSOAL DOS ENTREVISTADOS E PESQUISA NA INTERNET. DIAGRAMAÇÃO: EQUIPE RAIO-X. IMPRESSÃO: GRÁFICA UNIVERSITÁRIA. TIRAGEM: 1.500 EXEMPLARES. FALE COM O RAIO-X: [email protected]

PARA SABER MAIS• Escola de Medicina da UFES - 50 Anos de História. EdUfes. Carlos Alberto Redins, 2011. • CRM-ES 50 anos, Registro De Uma Trajetória. Conselho Regional de Medicina do Estado, 2008.• O Sanatório Getúlio Vargas e o Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes. Revista do Instituto Histórico e Geográfico do ES, Nº59, Benito Zanandréa, 2005. • Memória que conta História – A trajetória de um médico. João Luiz de Aquino Carneiro, 2009.• O Movimento Estudantil na UFES: A trajetória de um grupo ao poder (1976-1981). Renato Heitor Santoro Vieira, Vitória, 2008

•• Mais de 3,7 mil ex-alunos, quase 500 acadêmicos nos doze períodos hoje, 80 calouros por ano atualmente, 88 turmas até este semestre, mais de 200 professores e ex-professores. Apesar de expressivos, é impossível resumir meio século de história, seja ela qual for, apenas em números. E recontar os 50 anos do curso de Medicina da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) em 12 páginas, seria possível? Nos úl-timos meses, esse foi o desafio enfrentado pela Assessoria de Comunicação do Diretório Acadêmico de Medicina da Ufes (DAMUFES), responsável pela produção desta edição extra especial do Jornal RAIO-X. Em 2011, a Faculdade de Medicina – expressão em desuso mas carregada de simbolismo – comemora 50 anos de uma trajetória repleta de conquistas e dificuldades. A celebra-ção do Jubileu de Ouro ocorre no dia 13 de abril, data em que

Diretório abre as comemorações do Jubileu de Ouro no histórico dia 13 de abril, com o lançamento desta edição especial. O evento também marca a contagem regressiva para o Baile de Gala, que ocorre em setembro.

foi ministrada a primeira aula para os 28 alunos da histórica primeira turma. Em Maruípe, a inauguração do Instituto Ana-tômico Jurandyr Lodi, em 12 de abril de 1961, assim como todos os atos envolvidos na abertura da primeira escola mé-dica do Estado, a 30º do país, tiveram ampla atenção dos ve-ículos de comunicação e das autoridades locais e nacionais. Oficialmente, o curso foi criado com a instalação da Universidade do Espírito Santo, em meados de 1954. Toda-via, nos sete anos seguintes, foram muitos os entraves que impediram a abertura da escola médica capixaba. O principal responsável em vencer a burocracia e transformar o que es-tava determinado nos documentos em realidade foi o médico Affonso Bianco, considerado o criador do curso. É dele o mérito pela conquista da tão sonhada autorização de funcio-namento, emitida pelo Ministério da Educação em 29 de de-zembro de 1960. Nos primeiros anos, as aulas teóricas e práticas das disciplinas do ciclo básico foram ministradas por professo-res do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, devido à carência

de profissionais qualificados em Vitória. Quando a primeira turma chegou ao terceiro ano, momento que até hoje marca a transição para a fase clínica da graduação, foram feitos con-vênios com alguns hospitais, como a Santa Casa de Miseri-córdia, o Hospital São Pedro, o Adauto Botelho, a Pró-matre e o Hospital Infantil de Vitória. Os estudantes já frequentavam as enfermarias do Sanatório Getúlio Vargas desde as primei-ras aulas práticas de Clínica Médica, mas o local só se tornou o hospital-escola da Ufes em 1967, época em que também ganhou novo nome: Hospital das Clínicas. Em homenagem ao professor Cassiano Antônio Moraes, na década de 1980, o hospital passou a se chamar HUCAM. O movimento estudantil também comemora meio século de história, já que foram os alunos da Turma 1 que de-ram o ponta pé inicial na organização do Centro Acadêmico. A entidade viveu o ápice da luta política durante os anos de chumbo, com a prisão de alguns alunos e professores. En-tretanto, com o fim da ditadura, o movimento mudou o seu foco e hoje concentra esforços nos problemas internos da co-munidade acadêmica. Com a publicação desta edição come-morativa, o Diretório mostra que também se preocupa com o resgate e a valorização de sua história e almeja celebrar os 50 anos do curso com igual vigor e emoção daqueles que deram início a essa trajetória.

O PAI DO CURSO

•• É impossível recontar a his-tória do curso de Medicina da Ufes sem dedicar um capítulo especial ao Prof. Dr. Affonso Bianco, idealizador, fundador e primeiro diretor da Escola Mé-dica em nosso Estado. “Difícil, ou mesmo impossível, seria de-talharmos em um simples ofício a sua longa e laboriosa atividade em nossa Universidade”, desta-cou o seu sucessor na direção do curso, Prof. Benito Zanandréa. Homem com esperança e es-pírito vanguardeiro, como de-finiu a si próprio, Dr. Affonso Bianco batalhou antes, durante e após a abertura do curso para que a Escola de Medicina fosse montada em base sólida e para que fosse um local onde não apenas se ensinasse, mas tam-bém se criasse ciência. Atuante de maneira firme desde a fase de

organização burocrática do cur-so até a importante aquisição do Sanatório Getúlio Vargas pela Universidade, posteriormente transformado em Hospital das Clínicas, conseguiu manter um clima de trabalho permanente, fundamental para a consolida-ção do curso de Medicina. Após afastar-se da direção da Facul-dade, em 1970, Bianco ocupou a chefia do departamento de Clínica Cirúrgica até a sua apo-sentadoria, em 1977. Inaugurada em 1998, a Bi-blioteca Setorial do Centro de Ciências da Saúde da Ufes, de-nominada “Biblioteca Affonso Bianco”, é uma justa homena-gem por sua dedicação e imen-surável contribuição na criação da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Es-pírito Santo. (Jequélie Cássia)

Affonso Bianco, diretor da 1ª escola de Medicina do Estado

Alunos da Turma 1 reunidos, em 1967, na biblioteca da casa do diretor Affonso Bianco

Affonso Biancocom o quadro

dos formandos da primeira

turma, em 1967

Abertura da Faculdade de Medicina demorou 7 anos•• Na década de 30, surgiram as primeiras escolas de nível superior do Espírito Santo. Em 1951, o governador Jones dos Santos Neves organizava os primórdios do que seria a futura Universidade Estadual (UES), com a instalação de várias ins-tituições como as faculdades de Farmácia, Odontologia, Direito, entre outras. A fundação da UES aconteceu em 5 de maio de 1954, através da lei estadual nº 806 e incluía ainda a criação de uma faculda-de de Medicina e do Hospital das Clínicas, exigência neces-sária para a instalação da uni-versidade, conforme Decreto Federal. É nesse contexto que começa a história da instalação do cur-so de Medicina da Universida-de Federal do Espírito Santo. Foram 7 anos de espera até o primeiro dia de aula para os pri-meiros médicos formados em solos capixabas. A Lei nº 806 previa que a es-cola de medicina deveria fun-cionar de acordo com as exi-gências do MEC e para isso seria necessário criar uma lei que contemplasse a fixação de atribuições e a criação de cargos dentro do curso. Uma proposta para a criação da Escola de Medicina do Es-pírito Santo (EMES) foi en-viada à Assembleia Legislativa e transformou-se na lei 1240,

sancionada pelo governador em exercício Francisco Lacerda de Aguiar em 1º de março de 1957. A mesma lei previa um recurso de quase 3 milhões de cruzeiros para custear as exigências como a contratação de professores e pagamento de honorários, as-sim como para a compra de materiais para os laboratórios e demais instalações. Em 1958, Lacerda de Aguiar nomeou 5 professores a fim de criar con-dições para o funcionamento da Escola de Medicina, delegando o cargo de diretor ao Dr. Aluy-sio Sobreira Lima, o qual pro-videnciou o projeto de criação do curso e iniciou a construção do Instituto Anatômico em um terreno que havia sido reserva-do para a instalação da UES, em Maruípe. Contudo, o projeto, enviado pelo governador para a Direto-ria de Ensino Superior do MEC em junho do mesmo ano, não foi aprovado em âmbito federal, pois não cumpria as exigências do ministério. Mesmo assim, Sobreira Lima exerceu o cargo de diretor até o início de 1959, quando terminou o mandato de Lacerda de Aguiar. Carlos Lindenberg, novo go-vernador eleito, decretou em 13 de fevereiro de 1959, que os professores lotados para a Es-cola de Medicina deveriam ser exonerados, já que era necessá-rio comprimir despesas. Além disso, soma-se o fato de a esco-

la não haver conseguido auto-rização junto ao MEC para seu funcionamento, por não possuir prédios ou materiais indispen-sáveis à sua instalação. Também a Faculdade e seu corpo docente não haviam recebido autoriza-ção pelo Conselho Nacional de Educação (CNE). A exoneração dos docentes foi noticiada pelo jornal “A Gaze-ta”, responsável pela cobertura dos fatos relacionados à fun-dação da escola de medicina, e que considerou justa, sensata e lógica a decisão do Governa-dor. Também a cargo do jornal ficou a responsabilidade por esclarecer que tal exoneração não representava contrariedade do governo em relação à nova faculdade, mas sim que sua fundação deveria ser realizada dentro dos padrões burocráticos exigidos pelo MEC. Surge, nesse cenário, a figura do Dr. Affonso Bianco, médico designado para tratar da organi-zação, fundação e planejamento da escola. Para tanto, eram ne-cessárias a conclusão do ana-tômico, a aquisição de móveis e equipamentos, assim como a autorização federal necessária para que a escola funcionasse. Em 1959, já se noticiava a possibilidade de início do curso no ano seguinte, além de desta-car a participação do Fundo de Desenvolvimento da Zona do Rio Doce e da Fundação Ro-ckfeller na construção e con-solidação da escola. Figuras

Da criação da Universidade do Espírito Santo, em 1954, até a inauguração da Faculdade de Medicina e a aula inaugural, em 1961, foram longos sete anos de idas e vindas. A criação do curso também havia sido prevista em 1957, por meio de uma lei estadual. Todavia, entraves burocráticos no âmbito federal só permitiram que o projeto fosse posto em práticana década de 60.A abertura da primeira escola médica capixaba, a 30ª do país, foi uma grande conquista para o Estado.

Ao lado, o antigo Instituto Agrícola, e hoje Prédio da Biologia da Ufes. Ao fundo, o antigo Sanatório Getúlio Vargas, onde hoje fica o Hucam.

Abertura da Faculdade de Medicina demorou 7 anosimportantes do cenário político também foram fundamentais na sua fundação: o inspetor Fede-ral do Ensino Superior, Edgar Mello; Jurandyr Lodi, Diretor Nacional do Departamento de Ensino Superior; Nelson Mon-teiro, da Câmara Federal; e Je-fferson Monteiro, senador. Inicialmente, o objetivo de Affonso Bianco era preparar as cadeiras que comporiam o pri-meiro ano do curso: Anatomia, Histologia e Biofísica, através da contratação de professores, aquisição de materiais para es-tas disciplinas, conclusão das obras do anatômico, urbaniza-ção local e construção das vias de acesso para veículos. A fa-culdade de medicina ampliaria os horizontes dos estudantes capixabas, além de mudar a re-alidade da época, diminuindo a relação médico/habitantes. Em março de 1960, Affonso Bianco encaminhou ao MEC um novo projeto para a Faculda-de de Medicina, contendo breve história do Estado e do Municí-pio de Vitória, dados bioestatís-ticos de população, índices de natalidade e mortalidade, além de uma relação dos hospitais já existentes e respectivos nú-meros de leitos. Acompanhava, ainda, cópias das leis de criação da Universidade do Espirito Santo e do curso de Medicina, o

regimento interno da Escola de Medicina, planta e fotografias do Instituto Anatômico, além de declarações de hospitais e ins-tituições sócio-desportivas, co-locando-se a disposição ou ofe-recendo suas instalações para o curso, relação de materiais já adquiridos e pretendidos, livros e revistas médicas, currículos dos professores, além de ofícios de congratulações de personali-dades do Estado. Em 1º de abril de 1960, o se-cretário de educação Bolívar de Abreu, recebeu do MEC infor-mação de que o processo estava em análise sob a responsabili-dade do inspetor federal Edgar Mello e permaneceu paralisado no Ministério para averiguação de informações dos currículos dos professores. Em novembro, durante o X Congresso Estadu-al de Universitários Capixabas, foram tratados assuntos relacio-nados com a federalização da Universidade do Espirito San-to e a criação da Faculdade de Medicina. Ainda em novembro, “A Gazeta” publicou matéria informando sobre o andamento do processo, em fase de julga-mento pelo Conselho Nacional de Educação.

Finalmente, em 28 de novem-bro de 1960, foi aprovado e di-vulgado o parecer do relator da Comissão de Ensino Superior do MEC, que concluía favora-velmente à criação da Escola de Medicina do Espírito Santo, concedendo autorização para o seu funcionamento, desde que cumpridas algumas exigências como apresentação de docu-mentações de professores, in-dicações de professores para algumas disciplinas e inclusão de cátedras ainda não extintas ao regimento. A seguir, em 5 de dezembro do mesmo ano, foi aprovado o Regimento Inter-no da Escola de Medicina. “A Gazeta” publicou matéria sobre a aprovação do projeto de cria-ção da escola e sobre a viagem de Bolívar de Abreu ao Rio de Janeiro para estabelecimento de contatos importantes e para tentar conseguir, de imediato, autorização para o funciona-mento da Escola de Medicina em 1961, além do repasse de verbas para a construção dos institutos de educação. Em 20 de dezembro de 1960, “A Gaze-ta” noticiou que a Faculdade de Medicina começaria a funcio-nar no próximo ano. Publicou

ainda informações sobre o an-damento das obras do Instituto Anatômico, sobre a preparação de professores, sobre a verba de 4 milhões de cruzeiros para aquisição de materiais e sobre o vestibular, o qual estava previs-to para ocorrer em fevereiro do ano seguinte. A notícia da aprovação do pro-jeto da Faculdade de Medicina do ES já causava grande reper-cussão junto à opinião pública antes mesmo da inauguração do curso, principalmente em meio à mocidade capixaba. Em 30 de dezembro de 1960, no governo de Juscelino Kubits-chek, foi publicada no Diário Oficial da União a autorização para o funcionamento da Escola de Medicina do Espírito Santo. O último ato de JK, em janeiro de 1961, foi a federalização da Universidade do Espírito Santo. Com a autorização, Affon-so Bianco começou a tomar as providências para a realização do primeiro vestibular. A inau-guração da Faculdade foi mar-cada por sessão solene em 12 de abril de 1961 e a aula inaugural realizou-se no dia seguinte, 13 de abril. Começava, assim, uma nova era no cenário educacional do Estado. (Aline Castelan)

Instituto •• O Instituto Anatômico Ju-randyr Lodi foi construído para as instalações de laboratórios e salas de aulas que serviriam de ambiente para as disciplinas do primeiro ano do curso de Medi-cina – Anatomia, Histologia e Embriologia – além da Técnica Operatória. Todo o processo de construção do Instituto, que se localizava na área do Básico, demorou tanto quanto a tramita-ção para aprovação do curso. A inauguração do Instituto Anatômico Jurandyr Lodi, as-sim chamado em homenagem ao Diretor da Diretoria do En-sino Superior do Ministério de Educação e Cultura, que em muito contribuiu para a trami-tação e aprovação do processo de criação do curso, foi o marco inicial para a instalação da Fa-culdade de Medicina. As obras do Instituto Anatô-mico começaram em 1957 por iniciativa do Dr. Aluysio Sobrei-ra Lima, indicado para diretor da nascente Escola de Medicina pelo então Governador do Esta-do Francisco Lacerda de Aguiar. Dr. Aluysio providenciou o pro-jeto da criação do curso e come-çou a construção do prédio do Instituto localizado num terreno reservado para a instalação do Campus Universitário da UES (Universidade do Espírito San-to), no bairro de Maruípe. O projeto foi encaminhado ao Mi-nistério da Educação em 1958, mas não obteve sucesso. Em março de 1959, Dr. Affon-so Bianco foi indicado, pelo Governador do Estado Carlos Lindemberg, para dar continui-

dade ao processo de criação da Escola de Medicina. A ele foram dadas tarefas como concluir as obras do Instituto Anatômico, adquirir móveis e equipamentos e obter, do Governo Federal, au-torização para o funcionamento da escola. E assim foi feito. Dr. Bianco traçou um plano de tra-balho dentro do qual as provi-dências a serem tomadas pelo Governo Federal pudessem en-contrar apoio e então se desen-volver. No documento enviado ao Ministério da Educação pelo próprio Dr. Affonso Bianco em março de 1960 constavam, além dos objetivos, as plantas e as fo-tografias do Instituto. Finalmente, em 28 de no-vembro de 1960, foi aprovado um parecer que concluiu favo-ravelmente à criação da Escola de Medicina do Espírito Santo e as obras, agora de reforma e término, do Instituto Anatômico foram iniciadas quase que ime-diatamente e aconteceram “em ritmo acelerado”, como desta-cou “A Gazeta”, a fim de que a Faculdade de Medicina pudesse iniciar seu funcionamento a par-tir de 1961. Como previsto, o Instituto Anatômico foi inaugurado em 12 de abril de 1961 em soleni-dade realizada no local. Foram enviados convites para centenas de autoridades civis, militares e eclesiásticas, imprensa, asso-ciações médicas, diretores de outras faculdades e médicos de todo o Estado. Às 10h, iniciou-se a solenidade de inauguração do Instituto Anatômico Juran-dyr Lodi. Neste evento pro-

nunciaram-se o Prof. Affonso Bianco, o presidente da AMES (Associação Médica do Espírito Santo) Dr. João Carlos de Sou-za, o secretário de Educação e Cultura Bolívar de Abreu e o Governador do Estado Carlos Lindemberg. Em seu discurso, Affonso Bianco se utilizou de frases de entusiasmo e esperança para motivar aqueles que estavam envolvidos no desenvolvimento da Faculdade de Medicina, elo-gios para vangloriar o trabalho de todos os que participaram das conquistas e de dados preci-sos para comprovar que nada foi feito em vão e que toda a verba foi gasta para os devidos fins. Logo a princípio pronunciou as seguintes palavras: “E assim, a instalação da Faculdade de Medicina passou a constituir, realmente, uma ideia em mar-

cha pela consciência formada em todo o Estado de sua inadi-ável necessidade. Esta unidade médica (o Instituto), representa o início modesto, o passo pri-meiro de uma obra porvindoura gigantesca”. Em seguida enumerou alguns dados que “constituíram subsí-dios à História da Medicina no Espírito Santo”. Citou que o início de todo o processo foi no governo de Jones dos Santos Neves, que foi quem autorizou o processo de avaliação da possí-vel instalação de uma escola de Medicina no Estado; destacou a importância do Governo Fran-cisco Lacerda Aguiar no início das obras do Instituto; foi extre-mamente agradecido ao Gover-nador Carlos Lindemberg pela confiança e atribuiu ao governo características como atenção, compreensão, zelo e interesse.

Anatômico O nome do Instituto Anatômico é uma homenagem ao diretor do Ministério da Educação, Jurandyr Lodi.

A inauguração do Instituto Anatômico, em 12 de abril de 1961, contou com a presença de diversas autoridades, entre elas o

governador Carlos Lindemberg, que aparece ao lado de Dr. Darcy Monteiro (à esq.), patrono da Faculdade de Medicina.

Na foto, o diretor Affonso Bianco mostra as instalações do laboratório de histologia, uma das três disciplinas do 1º ano.

Depois o diretor relatou alguns dados financeiros das obras e aquisições realizadas para o fun-cionamento do Instituto Anatô-mico e expôs o paradoxo de que a escola médica precisa fazer ciência, mas o médico precisa ser mais completo no campo da prática. Como conciliar? O pro-fessor também comentou sobre o regime de dedicação exclusi-va que, segundo ele, devia ser generalizado pelo menos entre os professores das cadeiras pré-clínicas. “A escola médica que não possuir um corpo de pes-quisadores, embora pequeno e modesto, não passará de Escola profissional de importância se-cundária, ensina mas não apren-de, aplica, mas não cria”. Bianco terminou o seu dis-curso pedindo para que os com-ponentes da primeira turma, que estavam presentes, manti-vessem sempre acesa a chama do espírito e a fé em Deus. “A matéria nos foi dada pelo Cria-dor para ser dominada, dirigida e orientada em benefício da pró-pria humanidade”. Para finalizar os discursos, tomou a palavra o Governador Carlos Lindemberg. Ele revelou sua aspiração à medicina “desde os primórdios de sua existência” e defendeu que “só a educação poderá nos conduzir ao progres-so social”. Encerrando as ativi-dades, o Revmo. Sr. Arcebispo Metropolitano D. João Batista da Motta e Albuquerque benzeu as instalações. Na noite do mesmo dia, no Auditório do Centro de Co-mércio do Café, foi realizada a solenidade de instalação da Faculdade de Medicina com a entrega do Diploma de Patrono ao Dr. Darcy Monteiro – filho de Jerônimo Monteiro, o maior de todos os administradores da era republicana – e a aula mag-na proferida pelo professor Dr. Ugo Pinheiro Guimarães. A inauguração do Instituto Anatômico Jurandyr Lodi e a instalação da Faculdade de Me-dicina foram grandes conquistas da sociedade capixaba e tiveram repercussão nos mais diversos jornais. Os alunos da primeira turma iniciaram o curso no dia seguinte às solenidades, em 13 de abril de 1961. O antigo Instituto Agrícola, hoje Prédio da Biologia, pas-sou a ser a sede da Faculdade de Medicina a partir de 1964. O Instituto Anatômico foi demoli-do em 1974. (Cássio Borghi)

•• Tendo sido criado oficial-mente o curso de Medicina da Ufes, o edital sobre as ins-crições para o exame vestibu-lar saiu em 3 de fevereiro de 1961. Dentre os documentos exigidos, incluíam-se certi-ficado de conclusão do curso secundário, atestado de vacina contra varíola, atestado de ido-neidade moral e de sanidade física e mental. Enquanto no VestUfes 2011 havia 3.747 candidatos con-correndo a 80 vagas (3331 não

cotistas concorrendo a 48 vagas, e 416 cotistas concorrendo a 32 vagas, com relação candidato/vaga de 69,4 e 13, respectiva-mente), o primeiro vestibular teve 98 candidatos inscritos, a maioria proveniente da Bahia, concorrendo a 30 vagas – des-tes, apenas 85 compareceram às provas. Houve questões discursivas de Português, Inglês, Física, Biologia Geral e Química Ge-ral, Orgânica e Inorgânica, além de uma Redação. Mesmo

com concorrência bem me-nor que hoje, a imprensa da época considerou os exames como “os mais rigorosos dos últimos tempos”. Isso porque havia uma nota mínima a ser atingida, e apenas 28 candida-tos a ultrapassaram. E não é de hoje que o vesti-bular gera reclamações: já na-quele ano, um estudante ape-lou à Presidência da República contra supostas irregularidades na aplicação do exame, sem sucesso. (Eduardo Pandini)

O primeiro vestibular

A Faculdade de Medicina contava com laboratórios

para as aulas práticas do ciclo Básico.

A Santa Casa de Misericórdia de Vitória e o Hospital São Pedro serviram de campo de

prática clínica para as primeiras turmas.

No início do curso, as primeiras aulas teóricas e práticas eram realizadas no Instituto Anatômico. A partir de 1964, a nova sede da Faculdade de Medicina passou a ser o prédio do antigo Instituto Agrícola, hoje conhecido como prédio da Biologia.

13 de abril de 1961 - 1º dia de aula

OS 28 ALUNOS DA PRIMEIRA TURMA

•• Na manhã ensolarada daquela quinta-feira, por volta de 8h, co-meçavam a chegar os primeiros alunos da recém-criada Facul-dade de Medicina, em Maruí-pe. O diretor Affonso Bianco, considerado o criador do curso, recepcionava os estudantes. O calendário marcava 13 de abril de 1961. Pontualmente às 9h, Dr. Eugênio Marcos Cavalcanti, da então Faculdade Nacional de Medicina da Universidade do Brasil (hoje UFRJ), dava início à primeira aula do curso de Me-dicina. Além dos 28 calouros, também estavam presentes dois outros professores: Dr. José Al-drovando Vieira de Oliveira e Dr. João Luiz Aquino Carneiro. Anatomia foi a disciplina esco-lhida para inaugurar a sala de aulas teóricas do Instituto Ana-tômico Jurandyr Lodi, com uma exposição sobre os ossos da co-luna vertebral e apresentação de algumas peças anatômicas. Um dia emocionante e histórico. A abertura da 1ª Escola de Medicina do Espírito Santo re-presentou uma grande conquis-ta, sobretudo aos jovens capi-xabas, porque não precisariam mais se deslocar para outros Es-tados. “Desde criança queria ser médica, mas meu pai não per-mitia que fosse estudar no Rio”, relata Lílian Mazzei Bressan, ex-aluna da primeira turma, que iniciou o curso com 27 anos. Curiosamente, alguns candida-tos aprovados no primeiro ves-tibular eram de fora do Estado.

Nessa fase inicial, devido à carência de profissionais quali-ficados em Vitória, quase todos os professores eram de Minas Gerais ou do Rio de Janeiro. Essa situação gerou algumas dificuldades. “Durante o 1º ano, chegamos a ficar quase uma se-mana sem aula”, lembra Celso Murad, ex-aluno da primeira turma. Por esse motivo, os es-

tudantes das primeiras turmas eram preparados para seguir a carreira de professor, a fim de consolidar futuramente o quadro docente da própria Faculdade. Dos 28 alunos da primeira tur-ma, dez decidiram permanecer na Universidade. “Fui monitor de fisiologia e me tornei profes-sor dessa disciplina alguns me-ses após a formatura”, diz Dal-

ton Valentim Vassalo, ex-aluno da primeira turma, que até hoje atua no Laboratório de Ciências Fisiológicas da Ufes. Apesar da falta de professores, havia um bom número de peças anatômicas, um amplo acervo na biblioteca e microscópios em quantidade satisfatória. Além de Anatomia, o primeiro currí-culo contemplava, ainda, mais duas matérias no 1º ano: Histo-logia e Embriologia. O Instituto Anatômico concentrou todas as aulas do ciclo básico até 1964, quando foi inaugurada a nova sede da Faculdade de Medicina, o Instituto Agrícola (hoje Pré-dio da Biologia). “O laboratório onde tive aulas de Técnica Ope-ratória (no 3º ano) ficava dentro do Instituto Anatômico”, conta Marisa Gonçalves, ex-aluna da primeira turma. A partir de 1963, quando os estudantes da turma 1 chegaram ao 3º ano, foram feitos convê-nios com diversos hospitais para garantir a formação prática dos alunos, já que a Universidade não possuía hospital-escola pró-prio. As primeiras aulas práticas de Clínica Médica foram reali-zadas na Santa Casa de Miseri-córdia de Vitória. Em seguida, os alunos também foram inse-ridos na Pró-matre, no Hospital Infantil de Vitória, no Adauto Botelho e no Hospital São Pe-dro. Apesar de já ser utilizado como campo de prática desde o início da fase clínica do curso, o Sanatório Getúlio Vargas (onde

•• A foto que ilustra esta pá-gina foi tirada em 13 de abril de 1961, no 1º dia de aula da Faculdade de Medicina do Espírito Santo. Ela reúne 31 pessoas, sendo 27 alunos, três professores e o diretor Affonso Bianco (no centro, sentado, de terno escuro). Apenas o estu-dante Josenildo Zanandréa não aparece na imagem. No grupo à esquerda, em pé, no sentido horário, estão: Hércules de Souza Ribeiro, Walter Luiz Augusto Tesch, Marcus Alexandre Mansur, Josiel Araújo Silva, Celso Mu-rad, Jefferson de Vasconcellos Rodrigues e José Alfredo Fer-rari. No mesmo grupo, senta-dos, no sentido horário, estão: Arnaldo Rache Vilella, Dalton Valentim Vassalo, Ubiraja-ra César Moreira de Araújo, Gelcílio Coutinho Barros, Lí-lian Mazzei Bressan, Maria da Glória Vieira Merçon e José Aldrovando Vieira de Oliveira (professor). No grupo à direita, em pé,

no sentido horário, estão: Walter Essinger Carneiro, Ed Moreira Lima, Hustenil Ubal-dino Quintanilha, Evanildo Silva, Willy Hélio Pimentel, Rubens Leuzinger Bianco (fi-lho de Affonso Bianco), Luiz Cláudio Pieruccetti Araújo (filho do reitor Alaor de Quei-roz Araújo), Paulo Faleiro de Melo. E sentados, no sentido horário, estão: Ariovaldo Vul-cano (professor), João Luiz de Aquino Carneiro (professor), Marisa Gonçalves, Antônio Luiz Prest, Rogério Coelho Vello, Reginaldo Cardoso, Humberto Manoel Santos Bei-riz e Hélio José Mannato. Segundo informações de formandos das primeiras tur-mas, até o início deste ano, faleceram sete ex-alunos da Turma 1: Antônio Luiz Prest, Hélio José Mannato, Hércules de Souza Ribeiro, Jefferson de Vasconcellos Rodrigues, Josiel Araújo Silva, Maria da Glória Vieira Merçon e Rogé-rio Coelho Vello.

OS 28 ALUNOS DA PRIMEIRA TURMA

5 de janeiro de 1967 - Formaturahoje é o HUCAM) só tornou-se o hospital de ensino, oficial-mente, em dezembro de 1967. Durante os dois primeiros anos, a circulação do misterioso jornal “A Teia”, com textos assi-nados por “Aranha”, gerou risos e constrangimentos. O periódi-co, provavelmente o primeiro da Universidade, fazia críticas e sátiras. “Colávamos o jornal no mural à noite, para manter o anonimato. Nosso objetivo era esculhambar”, brinca Celso Murad, ao relembrar algumas matérias que escreveu. Em rela-ção às festas, a primeira calou-rada do curso, em 1963, ocorreu quando a turma 3 ingressou na Faculdade. Organizado pelos rapazes das duas primeiras tur-mas, o “Baile do Calouro” teve o seguinte slogan: “Agarre hoje o seu médico de amanhã”. Quando chegou ao 6º ano, em 1966, a primeira turma vi-veu uma experiência totalmen-te inovadora logo no início do internato, que nessa época du-rava apenas um ano. Por meio de uma parceria com a Harvard Medical School (pelo projeto “Experiment in Internacional Living”), 27 alunos realizaram, por quase três meses, estágios em diversos hospitais. Apenas um estudante, comunista inve-terado, não viajou para os EUA. O intercâmbio ganhou destaque em toda imprensa, mas nunca se repetiu. A turma 1 concluiu a graduação em dezembro de 1966. (Wagner Knoblauch)

A primeira turma da Faculdade de Medicina homenageou, em sua colação de grau, Dr. Darcy Monteiro (Patrono), Dr. Affonso Bianco (Paraninfo), o reitor Fernando Duarte Rabelo e o professor João Luiz de Aquino Carneiro. O evento lotou o recém-inaugurado Cine Jupa-ranã, no centro de Vitória, na noite do dia 5 de janeiro de 1967. Alaor de Queiroz Araújo, Dirceu cardoso, John Houpis (do inter-câmbio), Jaime dos Santos Neves, Bolívar de Abreu e Heraldo Lucas também foram citados, além de outros 12 professores e os funcioná-rios Sérgio Figueira Sarkis e Rosa Maria Costa Rêgo Paranhos.

•• As festividades programa-das para a colação de grau dos 28 alunos da primeira turma da Faculdade de Medicina da Ufes incluíram uma solenidade de despedida, no dia 3 de janei-ro, em Maruípe, onde houve o descerramento do quadro co-memorativo com os nomes dos formandos. Aqui, uma curiosi-dade: Walter Essinger Carneiro deixou o curso e Mália de Oli-veira Ribeiro ingressou na tur-ma no meio da graduação. No dia 4, ocorreu a Missa na Cate-dral Metropolitana de Vitória. A colação de grau foi realizada no dia 5, no Cine Juparanã. Hé-lio José Mannato foi o orador da turma e Josenildo Zanandréa fez a leitura do juramento. Gel-cílio Coutinho Barros, por sua vez, saudou o Dr. John Houpis, do “Experiment in Internacio-nal Living”. O baile de forma-tura foi no Clube Libanês.

Do Sanatório ao Hucam •• A partir de 1964, quando a primeira turma chegou ao 3º ano do curso, momento que marca até hoje o início do ciclo pro-fissional da graduação, foram feitos convênios com diversos hospitais para garantir a forma-ção prática dos estudantes. Com a Santa Casa de Misericórdia de Vitória foi firmada a primei-ra parceria, que durou poucos anos, até a criação da 2ª escola médica do Estado, a Emescam. Com o avançar do curso, no-vos acordos foram feitos, dentre eles com o Hospital São Pedro, o Hospital Infantil de Vitória, a Pró-matre e o Adauto Botelho. Os alunos da Ufes também fre-quentavam as enfermarias do então Sanatório Getúlio Vargas. Este, criado em 1938, oferecia tratamento e internação à popu-lação tuberculosa, contava com estrutura satisfatória, além de ficar localizado em região cen-tral da cidade, e próximo ao Ins-tituto Anatômico. Enquanto isso, a sociedade médica e a Universidade luta-vam para a construção de um hospital-escola próprio, o “Hos-pital das Clínicas”. Previsto em lei desde 1954, quando da instalação da Universidade do Espírito Santo, o hospital con-tava com um projeto ousado e exuberante, com sete andares e tecnologia jamais vista no Esta-do. Um esqueleto de tal edifício chegou a ser construído bem próximo ao Instituto Anatômi-co. No entanto, entraves políti-cos, conflitos de interesse e, por fim, escassez de recursos acaba-ram por deixar a obra inacabada e uma frustração intensa nos universitários. Uma vergonha.

O Sanatório Getúlio Vargas, na década de 1940.

O Hospital das Clínicas, no início da década de 1980.

O Hospital Universitário (Hucam), em 2011.

Movimento estudantil

abertura do Pronto Socorro no Hospital das Clínicas, em 1972, o Diretório foi fechado, a maio-ria de seus documentos foram confiscados pelos militares e al-guns acadêmicos e professores foram presos. Após um período de reuniões secretas e movimentações si-lenciosas, em 1975 o Diretório foi reaberto, com Aloísio Fal-queto na presidência. O retorno dos trabalhos é de importância inestimável para a história po-lítica capixaba, afinal o grupo de acadêmicos envolvido na retomada dos trabalhos – ago-ra legalmente – do Diretório deram fôlego para a reabertura também do Diretório Central dos Estudantes (DCE) em 1979, com a denominada “Geração Gota d’Água” (13 dos 20 mem-bros pertenciam à Medicina). Esta teve como representantes figuras muito conhecidas: Paulo Hartung, Anselmo Tozi, Tadeu Marino, César Colnago, Lelo Coimbra, Claudino de Jesus, Fernando Heckenhoff, Fernan-

•• Intermed’s, Jornadas Aca-dêmicas, Representação Estu-dantil, Clev... Uma parcela sig-nificativa dos alunos associa esses eventos à organização estudantil da MedUfes, mas talvez desconheça o quão rica e atuante é a história desse movi-mento, representado hoje pelo Diretório Acadêmico de Me-dicina da Ufes (DAMUFES). O Centro Acadêmico de Me-dicina foi criado junto à fun-dação da então Faculdade de Medicina da Universidade do Espírito Santo, em abril de 1961. A denominação “Diretó-rio Acadêmico” veio com um decreto de Lei (Lei Suplicy) em 1964. Essa primeira fase do Diretório foi fundamental para a consolidação da Faculdade de Medicina, que ainda sofria com a falta de equipamentos, deficiência de estrutura física, recursos escassos e a indefini-ção de onde seria o Hospital Universitário. Os acadêmicos do movimento estudantil man-tinham contato frequente com o Diretor da Faculdade, Dr. Affonso Bianco, e com os Rei-tores da Universidade. O período militar, entre 1968 (com o AI-5) e 1972, foi de intensa perseguição política em todo o País e em especial nas Universidades. Havia uma vigilância vigorosa sobre os lí-deres estudantis considerados subversivos ao Regime Mili-tar. Cartas, livros, documentos e até discursos dos paraninfos e oradores eram analisados pelo Estado. Em represália a um protesto dos estudantes na Av. Jerônimo Monteiro pela

do Pignatton, Lauro Ferreira Pinto, Ernesto Negris, dentre outros, que atualmente domi-nam o cenário político capixa-ba ou lecionam na própria Ufes. A partir da década de 80, o DAMUFES perdeu muito do seu perfil político. No início da década atual, o Diretório ganhou mais força e fôlego, consolidando-se como uma instituição política, porém apartidária – a suspensão, por via judicial, da greve do Sin-tufes em 2007 é o exemplo recente mais expressivo –, mas também voltada para o lado científico, com a realização de Jornadas Acadêmicas. Atual-mente, os alunos buscam tam-bém a melhoria dos próprios recursos da Universidade, por meio da Representação Estu-dantil, e o incentivo ao esporte e lazer, pelos Intermed’s e as OREM’s. Sem dúvida, foram 50 anos que, de certa forma, marcaram a história capixaba, e, mais ainda, a vida de todo Medufesiano. (Victor Cobe)

Marcada pela intensa militância estudantil, a 12º turma reuniu nomes como Aloísio Falqueto, Carlos Alberto Redins, Emílio Mameri, Luiz Antônio Pôncio, Reinaldo Dietz e Thales Gouveia Limeira.

Na 20ª turma, formada em 1982, estudaram Anselmo Tozi, Tadeu Marino, Ademar Devens, Luiz Carlos Peruchi e Oswaldo Pavan.

Por sugestão do diretor da Faculdade de Medicina, Dr. Affonso Bianco, uma saída para a questão foi proposta pelo en-tão Reitor da Ufes, Prof. Alaor de Queiroz Araújo, quando so-licitou ao Ministério da Saú-de que interviesse, facilitando uma transferência do Sanatório Getúlio Vargas do Estado para a Universidade. Ainda sem um hospital de ensino próprio, os acadêmicos chegaram a reali-zar um protesto para que a tão aguardada transferência fosse concluída o mais breve possí-vel. Enfim, em 20 de dezembro de 1967, o governo estadual as-sinou um convênio com a Ufes passando a estrutura do Sanató-rio para uso da escola médica. Em janeiro de 1968, o Sa-natório passou a se chamar ofi-cialmente Hospital das Clínicas, por proposição do Prof. João Luiz de Aquino Carneiro. Com isso, a partir de 1970, foram se instalando diversos serviços nas dependências do antigo Sana-tório. A consolidação do novo hospital-escola da Faculdade de Medicina também se deve à construção, a partir de meados de 1975, dos Ambulatórios. Desde 1980, o Hospital Uni-versitário Cassiano Antônio Moraes (HUCAM), como é de-nominado hoje o Hospital das Clínicas, traz em seu nome uma homenagem ao Prof. Cassiano, que começou a lecionar na Fa-culdade de Medicina em 1965 pelo departamento de Clínica Médica. Entre 1974 e 1978, também foi vice-diretor do Cen-tro Biomédico (hoje Centro de Ciências da Saúde), quando a direção estava a cargo do Prof. Thomaz Tommasi. Gravemente enfermo, Cassiano Antônio Mo-raes faleceu precocemente em 4 de junho de 1979. (Leonardo Tafarello)

Baile Gala

de

JUBILEU DE OURO O Diretório Acadêmico de Medicina da Ufes celebra os 50 anos do curso em grande estilo. MAIS INFORMAÇÕES: WWW.MEDICINAUFES50ANOS.COM