ravi

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 Ravi dois tempos A figura humana. Ravi trabalha tendo como motivo a figura humana. A afirmação parece banal e auto evidente, não é preciso ser um especialista para constatar. Mas é essa banalidade do motivo que camufla o grande risco. O risco da  pintura de gênero , e não é um risco pequeno. A representação d o humano é o g ênero mais longevo da histria da pintura, se espalha pelas paredes das diversas cavernas  pelo mundo até o s dias de ho!e in interruptamente. " po rtanto mais antigo do q ue a  prpria #histria da pintura $. Mesmo quando a figura humana é interditada, geralmente por motivação religiosa, ela est% &presente' por sua ausência, tal qual o fantasma do morto que tr%s de volta a presença do vivo. ( nessa longa tradição que reside a rique)a e o problema. *omo novamente pintar a humanidade do humano. +e o ser humano não é um ser dado, uma coisa est%vel e imut%vel, como pintar o ser do humano O que sobra depois que tanta arte !% foi feita sobre o ele O que é pintar a humanidade do homem ho!e O ser humano é uma perpétua renovação, o homem e a humanidade do homem é esse constante atuali)ar-se, esse fa)er-se no mundo, imerso em seu tempo, em suas circunstncias, em seus momentos. O homem de ho!e não é o homem de ontem. (ssa é a ra)ão da longevidade da pintura de figuras humanas , o homem é sempre o novo, de novo. A pintura de Ravi pinta o humano deslocado de seu centro. +uas mulheres e seu homens posam em um intervalo de tempo entre o mundo e ele prprios, como se suspensos nesse intervalo entre a interioridade do individuo e a e/terioridade do mundo. +eus personagens não são refle/ivos, introspectivos, não estão para dentro,

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Ravi

dois tempos

A figura humana. Ravi trabalha tendo como motivo a figura humana. A afirmao parece banal e auto evidente, no preciso ser um especialista para constatar. Mas essa banalidade do motivo que camufla o grande risco. O risco da pintura de gnero, e no um risco pequeno. A representao do humano o gnero mais longevo da histria da pintura, se espalha pelas paredes das diversas cavernas pelo mundo at os dias de hoje ininterruptamente. portanto mais antigo do que a prpria histria da pintura. Mesmo quando a figura humana interditada, geralmente por motivao religiosa, ela est presente por sua ausncia, tal qual o fantasma do morto que trs de volta a presena do vivo. E nessa longa tradio que reside a riqueza e o problema. Como novamente pintar a humanidade do humano.Se o ser humano no um ser dado, uma coisa estvel e imutvel, como pintar o ser do humano? O que sobra depois que tanta arte j foi feita sobre o ele? O que pintar a humanidade do homem hoje? O ser humano uma perptua renovao, o homem e a humanidade do homem esse constante atualizar-se, esse fazer-se no mundo, imerso em seu tempo, em suas circunstncias, em seus momentos. O homem de hoje no o homem de ontem. Essa a razo da longevidade da pintura de figuras humanas , o homem sempre o novo, de novo. A pintura de Ravi pinta o humano deslocado de seu centro. Suas mulheres e seu homens posam em um intervalo de tempo entre o mundo e ele prprios, como se suspensos nesse intervalo entre a interioridade do individuo e a exterioridade do mundo. Seus personagens no so reflexivos, introspectivos, no esto para dentro, no se busca uma psicologia que se manifesta em detalhes sutis de expresso, na inflexo de uma testa, no arqueamento de uma sobrancelha , em uma canto de boca, ele at esto l, mas no so o que importa. To pouco o mundo est presente com suas formas e cores, mas tambm no est ausente, ele est desatualizado, apenas o resqucio de algo que era e que agora no mais, um amontoado de manchas amorfas que se acumulam umas sobre as outras mostrando a falta de sentido, o acmulo das coisas do mundo.

Pintar o humano perguntar pela sua condio atual. Pintar o homem de hoje