rádio comunitária: a mídia no ambiente escolar, promovendo...
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SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – SEED/MEC
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE PROGRAMA DE FORMAÇÃO CONTINUADA EM MÍDIAS NA EDUCAÇÃO
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM MÍDIAS NA EDUCAÇÃO
Giovana Cristina da Silva
Rádio Comunitária: a mídia no ambiente escolar, promovendo novos caminhos para o aprendizado
FLORIANÓPOLIS 2010
Giovana Cristina da Silva
Rádio Comunitária: a mídia no ambiente escolar, promovendo novos caminhos para o aprendizado
Monografia apresentada ao Programa de Formação Continuada em Mídias na Educação, da Universidade Federal do Rio Grande como requisito parcial à obtenção do título de Especialista em Mídias na Educação, sob a orientação da Profa. Msc. Rosane Garcia Silva
FLORIANÓPOLIS
2010
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, agradecer a Deus por me dar força e coragem para continuar indo
em busca de meus sonhos.
A minha família por entender as minhas ausências.
A meu marido e minhas filhas, pelo apoio nas horas de desânimo.
A meus tutores pelo incentivo nas atividades realizadas.
Em especial a duas pessoas que foram peças fundamentais para realização de mais
este sonho. São elas: Wanderléa Pereira Damásio Maurício, quem me oportunizou
ingressar neste curso e me deu forças para seguir em frente. Minha orientadora
Rosane Garcia Silva, que mesmo a distância acompanhou e analisou com bastante
paciência passo a passo todo o andamento dessa pesquisa.
...aprender não é um ato findo. Aprender é um exercício constante de renovação...
Paulo Freire.
SUMÁRIO
LISTA DE ILUSTRAÇÕES ................................................................................. 05 RESUMO............................................................................................................. 06 1 INTRODUÇÃO................................................................................................ 07 2 OBJETIVOS.................................................................................................... 09 2.1 Objetivo Geral.......................................................................................... 09 2.2 Objetivos Específicos ............................................................................ 09 3 JUSTIFICATIVA............................................................................................... 10 4 REFERENCIAL TEÓRICO.............................................................................. 11 4.1 Educação e Tecnologia ......................................................................... 11 4.2 O materialismo dialético frente aos meios de comunicação e informação......................................................................................................... 14 4.3 As mídias na educação.......................................................................... 16 4.4 O surgimento do rádio .......................................................................... 19 4.4.1 O rádio como recurso pedagógico..................................................... 20 4.5 O educador diante desse processo...................................................... 24 5 METODOLOGIA ............................................................................................. 26 5.1 Caracterização da pesquisa................................................................... 26 5.2 Local do estudo....................................................................................... 26 5.3 Sujeitos envolvidos................................................................................. 27 5.4 Coleta dos dados.................................................................................... 28 6 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS....................................................... 29 6.1 Depoimentos coletados......................................................................... 29 6.1.1 do coordenador pedagógico............................................................... 29 6.1.2 da coordenadora do projeto............................................................... 31 6.1.3 dos alunos integrantes da equipe...................................................... 33 6.2 Questionários.......................................................................................... 35 6.2.1 Para os professores............................................................................. 35 6.2.2 Para os alunos..................................................................................... 40 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................ 44 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 46 APÊNDICE A.................................................................................................. 49 APÊNDICE B.................................................................................................. 50
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 Atividades da Rádio Coração de Estudante 30 Figura 2 Espaço da Rádio Coração de Estudante 31 Figura 3 Transmissão e elaboração da programação 32 Figura 4 Participação dos alunos em horário de recreio 34 Gráfico 1 Opinião dos professores sobre a Rádio Coração de Estudante 36 Gráfico 2 Contribuição da Rádio nas disciplinas 37 Gráfico 3 Espaço de convivência antes e depois da execução do projeto.... 37 Gráfico 4 Mudanças destacadas pelos alunos durante a execução do projeto 41
RESUMO
Na atualidade é imprescindível que a escola utilize os diferentes aparatos tecnológicos e midiáticos na prática pedagógica. Entretanto, logo associamos o uso de tecnologias com o uso de computadores e outras mídias com tecnologia avançada e deixamos de integrar o rádio como uma das mais importantes e eficazes mídias que podem ser utilizadas no sistema de ensino. Assim, numa época em que as Tecnologias de Comunicação e Informação estão cada vez mais ganhando espaço, e cada vez mais fazendo parte de nosso cotidiano, a criança já chega ao ambiente escolar com o conhecimento prévio sobre diferentes recursos tecnológicos. Partindo desta perspectiva, este estudo buscou verificar quais os benefícios a mídia rádio trouxe a uma escola de ensino fundamental do município de São José, Santa Catarina. Como metodologia para realizar tal estudo, registramos relatos e elaboramos questionários, aplicados aos sujeitos envolvidos, com o intuito de investigar e recolher informações pertinentes sobre a implantação e execução de uma rádio comunitária no ambiente escolar. O estudo nos possibilitou identificar fatores que acreditamos ser de grande importância na prática pedagógica e proporcionou também a observação do uso da mídia rádio no ambiente escolar através da visão do aluno conforme relatado pelos depoimentos de alunos envolvidos. PALAVRAS-CHAVE: Educação; Rádio; Aprendizagem.
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1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho procura investigar quais os benefícios pedagógicos a
mídia rádio trouxe a uma escola de ensino fundamental da rede municipal de ensino
de São José – SC. O alvo a ser investigado são professores, alunos e a equipe
organizadora da rádio de nome Coração de Estudante.
A opção pela pesquisa se deu por sabermos que a iniciativa partiu de um
grupo de alunos da referida Instituição, com o apoio de alguns profissionais que
trabalham fora de sala, e que estenderam este projeto a toda comunidade escolar.
Durante o curso Mídias na Educação houve o interesse em conhecer como
funciona uma rádio comunitária na escola, e como atuo na Educação Infantil,
busquei fazer desse o objeto de minha pesquisa, para verificar como utilização da
mídia rádio como ferramenta de auxílio nas práticas pedagógicas, pode contribuir
para a aquisição do conhecimento.
A escolha pelo Centro Educacional Municipal Araucária, se deu porque
conheço um pouco da história daquela comunidade, pois atuei como secretária nos
anos de 2003 a 2005, período em que pude acompanhar um pouco do
desenvolvimento de atividades teatrais e eventos culturais na escola. Muito me
despertou o interesse no projeto Rádio Coração de Estudante, implantado no ano de
2008, trata-se de uma rádio comunitária dirigida pelos próprios alunos.
A investigação foi realizada através de depoimentos e questionários,
dirigidos a todos os envolvidos direta e indiretamente no projeto.
O trabalho está dividido em sete capítulos, sendo que o primeiro dedicado à
introdução, o segundo apresenta o objetivo geral e os objetivos específicos, o
terceiro é dedicado à justificativa do estudo. Na sequência do trabalho, o quarto
capítulo apresenta o referencial teórico subdividido em cinco tópicos como tentativa
de abordando a forma como os avanços tecnológicos têm interferido nos meios de
comunicação e informação, e no cotidiano de nossos educandos. Além disso, damos
destaque à mídia rádio como uma forte aliada no processo de ensino e
aprendizagem. Esse capítulo procura também abordar autores que sugerem ao
educador um novo reaprender, ou seja, reconstruir novos métodos e novas
linguagens, para assim interferir nos hábitos cotidianos de nossos educandos de
forma a contribuir para a aquisição do conhecimento.
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No quinto capítulo será apresentada a metodologia, também subdividida em
quatro tópicos, sendo eles: caracterização da pesquisa; local de estudo; sujeitos
envolvidos e coleta dos dados. Estes dados em conjunto com o referencial teórico
serviram de base para a realização da pesquisa.
No sexto capítulo foi feita a descrição e a análise dos dados que está
subdividida em duas seções, a primeira traz os depoimentos da equipe organizadora
do projeto, bem como os questionários direcionados aos professores e alunos da
escola. Por fim, no sétimo capítulo estão as considerações finais, que tem como
finalidade expor a conclusão do resultado final da referida pesquisa.
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2. OBJETIVOS
Neste capítulo serão apresentados os objetivos da presente pesquisa que
estão subdivididos em: um Objetivo Geral que busca definir o que se propõe com
esta pesquisa e três objetivos específicos, detalhando as fases do projeto.
2.1. Objetivo Geral
Verificar quais os benefícios pedagógicos a mídia rádio trouxe a uma escola
de ensino fundamental do município de São José, Santa Catarina.
2.2. Objetivos Específicos
a) Analisar como o acesso de informação cotidiana através da mídia rádio auxiliou
nos trabalhos pedagógicos;
b) Comparar o funcionamento do espaço de convivência da comunidade escolar,
depois da implantação do projeto;
c) Identificar o que motivou o interesse dos participantes em desenvolver o projeto;
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3. JUSTIFICATIVA
O presente trabalho de pesquisa baseado no uso do rádio como instrumento
pedagógico e como forma de inserção dessa mídia no ambiente escolar, conforme
mencionado anteriormente, se justifica por possibilitar a investigação da forma como
a mídia rádio foi trabalhada na escola e por apresentar uma apreciação de alunos e
professores integrantes do projeto.
Um dos motivos que levou-nos a busca por respostas referente ao uso
dessa mídia no ambiente escolar foi perceber que o rádio se faz presente também
na educação como instrumento pedagógico com objetivos informativos e formativos,
através de notícias, entrevistas, debates, e também como forma de entretenimento,
e assuntos diversos de interesse dos ouvintes.
Sabemos que no contexto sócio-familiar muitas crianças não são
estimuladas adequadamente para expressar-se de forma a questionar e refletir
sobre as ações do cotidiano, o que as levam a ter dificuldades de interação e
participação no ambiente escolar. Assim, a mídia rádio pode ser inserida no
ambiente escolar devido ao relativo baixo custo de implementação e manutenção e
também por estar disponível a todos, não exigindo um tempo apropriado do ouvinte
para sua audiência, isto é, em qualquer local e horário pode ser facilmente utilizada.
Sua linguagem facilita a propagação dos conteúdos por ser simples e rápida, e se
planejada em prol do aluno pode torná-lo protagonista do processo.
Envolver a mídia rádio em atividades pedagógicas, em que o aluno possa
manuseá-la, possa viver a linguagem radiofônica, assim como a sua forma lúdica
pode provocar o interesse e o fascínio nos educandos, despertando-os para o
aprendizado, fazendo com que eles se sintam participantes ativos no processo.
Entendemos que o indivíduo constrói seu conhecimento de forma dinâmica e
prazerosa, construindo conhecimentos sobre si mesmo e sobre o mundo através da
interação, portanto, é importante que sejam proporcionados meios para esse
desenvolvimento, nesse caso, através do objeto de nossa pesquisa: a mídia rádio.
Acredita-se que é através da aplicação de recursos inovadores como as
mídias, em especial o rádio, aqui apresentado como um recurso de auxílio no
processo de ensino e aprendizagem poderemos obter resultados satisfatórios com
relação à interação e à aprendizagem.
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4. REFERENCIAL TEÓRICO
Neste capítulo será apresentado com a seguinte organização. Discutiremos
o tópico Educação e Tecnologia no primeiro item, a seguir apresentaremos o
materialismo dialético frente aos meios de comunicação e informação, as mídias na
educação. No quarto item relataremos o surgimento do rádio e como subitem, o
rádio como um recurso pedagógico. Para finalizar o quinto item tratará de assuntos
relacionados ao educador diante desse processo.
4. Educação e Tecnologia
Vivenciamos um momento de grandes transformações globais,
desencadeadas pelas revoluções tecnológicas, principalmente nas áreas da
informação e da comunicação, com acentuadas mudanças culturais. Devido a estas
transformações, muitos impactos foram provocados em várias áreas de trabalho e,
notadamente, em nosso fazer pedagógico como professores na área da educação.
Ao pensarmos na educação, é importante verificarmos que as formas de
organização social e econômica de cada momento histórico influenciam na formação
e no perfil de cada indivíduo.
Ao observarmos estas possibilidades criadas pelas Tecnologias de
Comunicação e Informação, doravante TICs, podemos afirmar que é visível que elas
permitam “um novo encantamento na escola” (MORAN, 2002 p.01). Pelo manuseio
dessas tecnologias, em vários momentos do cotidiano de nossos alunos, seja
através de um filme assistido em TV digital, uma música através do rádio, uma
conversa com alguém a quilômetros de distância pelo Messenger, via Internet.
Enfim, um fascínio que virou hábito e sinônimo de praticidade na vida de cada
indivíduo.
Gadotti (2000 p.07) acredita que a informação nos últimos anos deixou de
ser uma área, uma especialidade, passando a tomar dimensão de tudo,
transformando a forma de organização da sociedade.
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É preciso então que a escola esteja preparada para acompanhar e participar
das transformações que estão acontecendo, por conta da introdução de recursos
informáticos e comunicacionais cada vez mais intensos que passam a integrar o dia-
a-dia de cada cidadão, e assim, poderá contribuir para que aconteça a inovação no
meio escolar.
A integração das novas tecnologias aos processos educacionais está
relacionada à necessidade de ações políticas da escola. Isto implica uma
preocupação muito complexa: Como formar cidadãos diante da influência da mídia?
Qual o papel da escola nesse processo? Estes questionamentos remetem à
compreensão do contexto em que vivemos. Belloni alerta-nos que:
Considerando nossa posição de país periférico, de consumidores constrangidos a comprar o que nos oferecem, seria de bom alvitre, para compreender a questão que nos ocupa, lembramo-nos que vivenciamos uma face da modernidade radical, tardia e periférica, que se traduz, por um hibridismo cultural, por características pós-modernas avant la lettre, e por profundas desigualdades sociais e técnicas. (BELLONI, 1991, p.34)
Temos que considerar que os sujeitos em formação são crianças e jovens,
com maior suscetibilidade às influências. Por isso ao olharmos o mundo sofrendo
transformações com a era globalizada, é necessário que a educação ocupe-se com
o desenvolvimento do senso crítico, levando os educandos a interagirem na
sociedade, para conquistar sua liberdade de participação igualitária, buscando e
interpretando as informações de uma maneira crítica e construtiva.
A tecnologia poderá contribuir no processo de superação da educação
convencional, preparando a nova geração para uma nova forma de pensar e
trabalhar. Isto nos leva a seguinte indagação: Como utilizar os recursos tecnológicos
de forma educativa e proveitosa, simultaneamente.
Para alcançarmos uma abordagem educativa com o uso desses novos
aparatos, é fundamental explicitarmos nossa compreensão de educação. Neste
sentido, Gryzybowski salienta:
A educação é, antes de mais nada, desenvolvimento de potencialidades e a apropriação do “saber social” (conjunto de conhecimentos e habilidades, atitudes e valores que são produzidos pelas classes, em uma situação
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histórica dada de relações para dar conta de seus interesses e necessidades). Trata-se de buscar, na educação, conhecimentos e habilidades que permitam uma melhor compreensão da realidade e envolvam a capacidade de fazer valer os próprios interesses econômicos, políticos e culturais. (GRYZYBOWSKI, 1986, p. 41)
As diferentes formas de aprendizagem podem contribuir muito para a vida do
aluno, portanto, a escola é um local cuja função é fornecer ambiente adequado para
realização de atividades reais e vitais, que atendam à necessidade e o interesse do
aluno.
Para Dowbor (apud ROSA 2003, p.33) a educação não é uma área em si,
mas um processo permanente de construção de pontes entre o mundo da escola e o
universo que nos cerca, a nossa visão tem de incluir estas transformações na
educação.
Negar o uso de recursos tecnológicos nas escolas é confrontar-se com uma
geração que já não aceita mais sentar nas cadeiras e ficar passivamente esperando
que as informações cheguem através de aulas orais. Por isso, o objetivo dos
educadores deve ser o de refletir, propor e executar uma educação de qualidade
social favorecendo o acesso e a permanência com sucesso de todos os alunos na
escola.
Segundo Masetto (2000) é impossível falar sobre tecnologia e educação,
sem abordar o processo de ensino e aprendizagem. A tecnologia apresenta-se como
meio, como instrumento para colaborar no desenvolvimento do processo de
aprendizagem.
Essa tarefa de transformar nosso complexo sistema educacional exige
múltiplas ações. As mais importantes são capazes de provocar impacto significativo
na qualidade da formação e da prática das escolas, professores e principalmente
alunos.
Portanto, buscamos a transformação educacional, o que significa uma
mudança de paradigma, que ofereça a formação de cidadãos mais críticos, com
autonomia para construir seu próprio conhecimento.
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4.2. O Materialismo Dialético frente aos meios de comunicação e informação
Com a influência dos meios de comunicação e informação está cada vez
mais intrínseca na vida dos cidadãos, devido ao avanço das tecnologias, passamos
por constantes transformações da vida, e especialmente na educação.
Nesse contexto, informações são transmitida através dos aparatos
tecnológicos e midiáticos de forma rápida e desenfreada, o que leva-nos muitas
vezes a questionar: Que tipo de informação estamos recebendo? Como ela esta
entrando nos nossos lares? Pra responder estes questionamentos fomos buscar
respostas na teoria de Marx que fala sobre o Materialismo Dialético.
Na visão deste pensador, o homem (proletário) produz dentro de um sistema
capitalista produtos que passam a ser distantes de si mesmo, rebaixando-o a
escravo dessas produções. Para ele, esse processo de trabalho aliena o homem de
seus produtos e limita as suas possibilidades de humanização e de realização.
Homem livre e escravo, patrício e plebeu, senhor e servo, mestre e oficial, em suma, opressores e oprimidos sempre estiveram em constante oposição; empenhados numa luta sem trégua, [...] (MARX apud CASSAL 2002, p. 23).
A formação humana perpassa pelo viés de significação de sua própria
história que segundo Frigotto,
O processo de produção do homem, enquanto sujeito histórico e social, resulta da unidade de três elementos fundamentais e diversos: natureza, indivíduo e relação social, sendo que o primeiro e o segundo estão determinados concretamente ao terceiro, que é o determinante. (FRIGOTTO,1993, p.101)
Ou seja, podemos pensar que tanto a natureza, quanto o sujeito estão
intrínsecos na materialidade concreta das relações sociais historicamente
construídas. Neste sentido, a incorporação das tecnologias na produção do trabalho
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vem cada vez mais diminuindo a distância entre os trabalhos manuais e a produção
de novas tecnologias.
Para uma perspectiva histórico-cultural, parece haver um forte impacto no
pensamento social, que segundo Furlani (2009, p.160), no campo da educação a
teoria crítica buscou resgatar a concepção materialista da história que visa
transformar a realidade e a mentalidade utilizando para isso a dimensão cultural.
Neste sentido, pensar sobre o tipo de sociedade que temos, e o tipo de
sociedade que queremos equivale a iniciar um processo de mudança, que se faz
significativa e urgente no âmbito da educação.
Destaca–se neste trabalho a teoria materialista dialética, pois entendemos
que a educação não só está diretamente ligada ao desenvolvimento material do
mundo e interesses de classe, mas, também, tem um papel político e transformador
social, uma práxis libertadora capaz de uma mudança de mentalidade e construção
de uma nova ordem social.
Para Freire (2005, p.72) há um equívoco na concepção dos homens que o
autor chama de concepção bancária. Nesta visão, o professor enche os educandos
de conteúdos, faz depósitos de “comunicados” – falso saber, ou seja, o conteúdo é o
“material”, o professor é o “depositante” e os alunos são o “depósito”, assim sendo, o
professor “deposita” “matérias” (conteúdos) sobre os alunos que fazem o papel de
“depósito” de informações diversas. Estes alunos recebem estas informações sem
ao menos entender para o que elas servem aplicadas no seu cotidiano.
Esta concepção, segundo o referido autor, implica em uma prática que
somente pode interessar aos opressores. Concorda-se com Freire (1995, p.74)
quando afirma que o pensar do educador somente ganha autenticidade do pensar
dos educandos, mediados, ambos pela realidade, portanto, na intercomunicação.
Devemos pensar em nossos alunos como seres que também fazem parte da
história, e trazem consigo idéias e interesses que nem sempre são os nossos.
Segundo a Proposta Curricular de São José, “o homem é parte construtiva da
natureza, teve nela sua origem e ela precisa ser conhecida em suas leis para bem
ser transformada e utilizada, e atender nossas necessidades”. Como ser histórico e
social, o homem transforma o mundo, transforma-se a si mesmo e vai acumulando
um patrimônio cultural que cada homem novo precisa se apropriar para se fazer
sujeito que faz a história.
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Neste processo, é significativo que haja o diálogo como princípio de
aprendizagem. A coletividade parece dar significado para a construção do
conhecimento, pois conforme Freire (1995, p.91), o diálogo é este encontro dos
homens, mediatizados pelo mundo, para pronunciá-lo, não se esgotando, portanto
na relação eu-tu. Então, como define Rego (1995, p.96)
o processo de vida social, política e econômica é condicionado pelo modo de produção de vida material. São as condições materiais que forma a base da sociedade, da sua construção, das suas instituições e regras, das suas idéias e valores. Nessa perspectiva, a realidade (natural e social) evolui por contradição e se constitui num processo histórico.
Sob este viés, reflete nas idéias aqui discutidas que quanto mais os
educandos tiverem acesso aos mais diferentes meios de comunicação, poderão
reunir, discutir, possibilitar, criar e refletir sobre as questões reais e sociais,
valorizando os conhecimentos prévios e o processo histórico dos que estão em seu
entorno.
Segundo esse entendimento, o rádio como uma mídia oportunizadora de
novos conhecimentos, poderá ser um aliado no que diz respeito ao processo de
ensino e aprendizagem. Esta mídia estabelece vínculo em todas as camadas
populares, estabelecendo relações de comunicação real.
4.3. As Mídias na Educação
A expansão das mídias tem feito emergir muitas formas de comunicar e se
informar, revolucionado as formas de relacionamento da sociedade com a
informação. Se antes informação e conhecimento eram restritos ao ambiente
escolar, atualmente está por toda parte, sendo transmitidos de forma desenfreada. É
fundamental registrarmos tal como afirma Blikstein (2001),
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O avanço tecnológico não é uma coisa imparcial e neutra como querem que o percebamos. É preciso ter uma postura crítica e estar atento para identificar se as inovações tecnológicas são realmente benéficas para maioria das pessoas ou se acentuam a exploração veladamente, embaladas de forma a parecerem muito interessante, indispensáveis e acessíveis a todos. (BLIKSTEIN, 2001)
Diante do exposto é importante que a escola esteja atualizada frente às
mudanças, pois sua função é formar alunos capazes de pensar e ter autonomia para
tomar decisões diante das informações que os mesmos recebem. Estamos vivendo
numa era onde tudo é diferente, as novas tecnologias estão cada vez mais
incorporadas ao nosso dia-a-dia. Neste sentido Moran salienta que:
A educação escolar precisa compreender e incorporar mais as novas
linguagens, desvendar os seus códigos, dominar as possibilidades de expressão e as possíveis manipulações. È importante educar para usos democráticos, mais progressistas e participativos das tecnologias, que facilitem a evolução dos indivíduos. (MORAN, 2008, p.5)
Partindo desta visão, entende-se que pelo avanço das novas linguagens
tecnológicas e midiáticas, temos que aprender a localizar, selecionar, julgar a
procedência, utilidade e a capacidade desses aparatos intrínsecos na sociedade, de
modo a explorar suas potencialidades de comunicação. Cabe ao professor ir em
busca de novos modos de formação e informação que possam ajudá-lo no uso
pedagógico desses recursos midiáticos e tecnológicos, como a tv, o rádio, o
computador e outros, incluindo-os em sua prática pedagógica, pois como afirma
Prado,
O aprendizado de um novo referencial educacional envolve mudança de valores, concepções, idéias e conseqüentemente de atitudes, não é um ato mecânico. É um processo reflexivo, depurativo, de reconstrução, que implica em transformação, e transformar significa conhecer. (PRADO,1993 p. 98)
Daí a importância da reflexão sobre que tipo de educação que devemos
oferecer aos nossos alunos, para a tecnologia não se tornar uma nova “vestimenta”
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no antigo processo educacional. Cabe a escola o cuidado e a reflexão ao elaborar
seus programas educativos, para que a integração da tecnologia venha contribuir
com uma formação voltada à cidadania.
Para tanto se faz necessária uma ruptura dos modelos de educação que não
contemplem as necessidades atuais dos educandos. Vivemos a era de tecnologia
avançada, uma era digitalizada, portanto, essas mudanças exigem uma escola
atenta a essas inovações, uma vez que as mídias com todos os seus aparatos
tecnológicos tornam-se um novo desafio que propõe uma série de mudanças às
práticas pedagógicas.
Essas novas práticas, além de propiciarem aos seus alunos o acesso aos
novos aparatos, poderão servir de ferramenta para o uso pedagógico assim,
valorizando a iniciativa do professor e suas intervenções em atividades que não são
meras conseqüências de conteúdos sistematizados nem, tampouco, simples
experimentações espontâneas. Desta forma cria-se uma inter-relação de conceitos,
estratégias e pessoas, o que demanda um trabalho cooperativo e uma mudança nas
relações professor e aluno, aluno e aluno. Isso conduz a um pensar interdisciplinar,
dialógico, que poderá provocar uma mudança de paradigma educacional.
Nessa abordagem, o aluno é incitado a estabelecer conexões entre o novo conhecimento em construção e outros conceitos de seu domínio, empregando para tal a sua intuição. Isso significa que não é o professor quem traz exemplos de seu universo de significações para que os alunos estabeleçam suas conexões a partir deles. O aluno emprega seus próprios conhecimentos, sua forma de ver o mundo, e vai estabelecendo conexões e construindo novos relacionamentos entre os conhecimentos anteriormente adquiridos, ou mesmo construindo novos conhecimentos de maneira intuitiva e natural, sem o formalismo tradicional adotado nos sistemas de ensino (ALMEIDA, 1995, p. 16)
Assim, com a crescente aplicação do uso da tecnologia e dos recursos
midiáticos na educação, é necessário que os educadores tenham o domínio desses
apataros, conheçam sua forma de utilização e suas diversas linguagens, sendo
mediador das mudanças que ocorrem na sociedade, de forma a contribuir na criação
de um novo modelo de ensino.
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4.4. O surgimento do rádio
Muitos foram os personagens que marcaram a história do rádio desde seu
nascimento em 1863, em Cambridge, na Inglaterra, quando James Clerck Maxwell,
professor de física experimental, demonstrou teoricamente a provável existência das
ondas eletromagnéticas. A partir daí foram surgindo descobertas importantes até
que o rádio fosse conhecido como o é nos dias de hoje.
Segundo Alves (2007), o rádio começa fazer sua história em 1923, no Brasil,
por intermédio do professor Edgar Roquete Pinto, que durante 13 anos dedicou-se à
Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, como era chamada na época, com uma
programação totalmente educativa e cultural, porém direcionada à classe elitista.
Por volta de 1932, através do decreto nº 21.111, foi autorizada 10% de sua
programação para fins comerciais assim tornando esta, uma programação de rádio
mais popular. Calabre (2006) diz que na década de 40, grandes foram os
acontecimentos que deram origem a chamada “Era de Ouro do Rádio”. Entre eles
destacamos o surgimento do primeiro jornal falado “Jornal Tupi de São Paulo” e o
programa “Repórter Esso”, um noticiário de grande prestígio e credibilidade para os
ouvintes. Houve muito destaque naquela época, para as rádionovelas e para os
programas de humor, dedicados ao entretenimento do público.
Na década de 50, surge a TV alicerçada pelos artistas provenientes da rádio.
Com isso, há a queda de audiência, porém nessa mesma década foi inventado o
transdutor, o que novamente revoluciona o rádio pelo fato de dar agilidade e
possibilitar a mobilidade do aparelho de um lugar a outro, assim começam a serem
utilizadas as unidades móveis.
Já na década de 60, a história do rádio ganha novos rumos, devido à
melhora na qualidade das transmissões; criação de equipamentos de menor porte.
São implantados programas de meteorologia e utilidade pública, bem como
programações populares com a participação do público; entram no ar também as
emissoras de rádio FM.
Dentre vários acontecimentos relacionados ao rádio, na década de 70, cabe
destacar a criação do “Projeto Minerva” que para Monteiro (2001), era um meio de
comunicação de massa para fins educativos. Este programa foi elaborado pelo
Governo Federal e tinha como objetivo educar pessoas adultas para o exercício de
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sua cidadania. Sua programação concentrava-se nas áreas do ensino supletivo e de
educação de base.
No final deste período começam os avanços das emissoras de rádios livres
que eram consideradas “Rádios Piratas”, organizadas por adolescentes, a
programação tinha como objetivo levar entretenimento aos ouvintes, através de
músicas e humor. A multiplicação dessas emissoras fez com que as autoridades e a
impressa tomassem medidas para acabar com as rádios clandestinas. Mesmo com
essa iniciativa, as emissoras de rádio continuaram com a programação,
enriquecendo ainda mais sua audiência e dando margem à implantação das rádios
FMs.
É então na década de 80 que estas rádios ganham espaço como emissoras
de Rádio FM, ou seja com Freqüência Modulada, um processo de transmissão
sujeito a menos interferências, com freqüências mais altas. A programação
permanece voltada para o público jovem com informação, música e entretenimento.
Neste período surgem também as emissoras universitárias, organizadas por
professores e alunos, em parceria com universidades e afins, estas levavam ao
público música, informações sociais e políticas, como também, abriram espaço para
novos artistas.
Atualmente, mesmo com o advento das tecnologias mais avançadas, o rádio
ainda é de grande relevância na audiência das mais variadas classes sociais, pelo
acesso fácil às informações, bem como por ser uma mídia de baixo custo.
4.4.1. O rádio como um recurso pedagógico
Conforme os objetivos propostos para esse estudo, destacamos a mídia
rádio como um meio facilitador no processo pedagógico. Frente a essa perspectiva
de inclusão dessa mídia no ambiente escolar, em função da facilidade e baixo custo
de transmissão, nesse aspecto Marcelo (2003) comenta:
Por meio de uma linguagem simples e objetiva, a rádio alcança os mais variados públicos, independente de formação, classe social ou poder aquisitivo. Ele informa, provoca sensações e distrai, além de acompanhar o
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ouvinte onde ele estiver. Seja no banheiro, no carro no trabalho, o rádio acompanha e é companhia. (MARCELO, 2003, p.02)
Sendo assim, a mídia rádio se faz presente também nas escolas, porém
nem sempre ela é usada de forma a contribuir para o aprendizado. Se organizada
sem a orientação de profissionais da educação, ela pode acabar perdendo sua
importância pedagógica. Então, o que seria um meio de auxílio passa a ser um
transtorno e alvo de críticas por parte dos docentes, por não atender aos objetivos
escolares.
Na escola, um local onde o aluno busca novos conhecimentos, seu papel é
desempenhar as mais variadas formas de aprendizagem, portanto faz-se necessário
considerar o conhecimento que o aluno traz do meio em que vive. Nesse sentido, na
concepção de Vygotsky (1996), a aprendizagem se constrói na relação com o outro,
com o meio onde estamos inseridos. Portanto a vivência em sociedade é essencial
para a transformação do homem biológico e ser humano. Dentro destes conceitos
entendemos que a mídia rádio, se bem aproveitada, e bem planejada pelo professor
poderá contribuir nas atividades pedagógicas de forma interdisciplinar, relacionando
as diferentes áreas do saber e levando o aluno a adquirir novos conhecimentos de
forma construtiva e participativa na escola. .
O aluno carrega consigo ampla bagagem de conhecimentos de seu
cotidiano que lhe ajudarão sobremaneira na sua aprendizagem. O bom professor
deve dar oportunidade à socialização da experiência de vida de cada um, para que
seus saberes sejam manifestados, complementados e sistematizados na escola, que
não é a única fonte de conhecimento.
Imerso no mundo das letras e números, o aluno pode combinar conteúdos e
dados e dar origem a um novo conhecimento, porém, nem todos aprendem com o
mesmo método, e nem no mesmo ritmo. É necessário inovar, usando meios
diferentes, como uma maneira atrativa de conduzir os alunos aos objetivos
propostos.
É espantoso o quanto a geração atual está aberta para o novo, e como tem
intimidade com o mundo digital. Segundo pesquisadores como Moran (2000, p. 02) e
Monteiro (2001, p.171), esta é uma qualidade que deve ser aproveitada na escola, o
uso de muitos recursos novos, como uma alternativa para que os alunos
demonstrem suas reais potencialidades.
22
Sabe-se que a escola precisa estar preparada para acompanhar e participar
das transformações que estão acontecendo. A utilização de recursos
comunicacionais e informáticos, não devem ser considerados como mais uma
novidade, mas de forma a possibilitar que alunos e professores assumam o papel de
sujeitos críticos, criativos e construtores de seu próprio conhecimento.
O saber fazer, através da ação pedagógica, deve promover a apropriação do
conhecimento, visando a alcançar a qualidade no processo educacional, o que
implicará em apropriar-se de algo novo, ou seja, o aprender a aprender.
Consani (2007, p.26) afirma que o rádio é uma mídia de comunicação
coletiva, de fácil acesso e é apresentada de forma dinâmica. Esta afirmação junto ao
que se tem de concreto quando se ouve uma transmissão de rádio, leva a entender
que este meio possui linguagens, movimentos e sons que tem atraído cada vez mais
crianças, jovens e adultos, pela rapidez e objetividade na informação, e, além disso,
oferece possibilidades dos ouvintes exporem suas idéias, através de debates,
entrevistas e participações.
Este autor ainda destaca um conjunto de fatores que a linguagem
radiofônica pode oferecer, tais como:
(a) o resgate da oralidade, modalidade de comunicação que precedeu em muito a escrita e que sempre teve grande destaque como mediadora das relações humanas; (b) o atendimento a uma enorme demanda reprimida por notícias; (c) a inclusão de formas escritas por meio do texto radiofônico, aproximando as mídias impressas e sonoras; (d) a assimilação de formas de expressão artísticas consagradas, como o teatro e a música, que ganharam novos formatos e canais de disseminação como a radionovela e a programação musical; (e) a apropriação da tecnologia radiofônica para alavancar o sistema produtivo capitalista [...] (CONSANI, 2007, p.26)
Outro fato interessante apontado por Consani (2007, p.10) é que tanto os
processos educativos como os processos comunicativos buscam ações objetivas
direcionadas para a organização e a transmissão de conhecimentos de um
indivíduo a outro, porém ele afirma que há uma distinção entre os dois quando fala
que:
23
Os PCs se pautam, em princípio, pela multidirecionalidade. Os PEs, Estruturados em objetivos mais estritos, costumam centralizar o fluxo da informação no sentido do educador (geralmente chamado professor) para o educando (aluno).CONSANI (2007, p.10)
Assim sendo, entende-se que a comunicação e a educação se distinguem
pela forma de expor as informações, uma vez que o professor é visto como o
mediador no processo de ensino e aprendizagem. O professor busca contextualizar
determinado assunto do cotidiano do aluno relacionando-o a sua disciplina e o
comunicador “joga no ar” as mais diversas informações e muitas delas nossos
alunos ainda não estão preparados para receber. Portanto, é necessário que ambos
profissionais estejam bem pautados na emissão de mensagens.
Um bom planejamento poderá fazer deste meio de comunicação um grande
aliado na busca de um ensino de qualidade, uma vez que este está ao alcance de
todos e promove o interesse nos alunos em manusear, em fazer acontecer. Dessa
forma, pode-se pensar em uma transformação no processo de ensino e
aprendizagem, passando a colocar a ênfase na aprendizagem ao invés de colocar
no ensino; na construção do conhecimento e não na instrução (VALENTE,1993,
p.20). Nessa visão, pretende-se buscar melhores alternativas de ações (prática
pedagógica) com o intuito de aprimorar a aprendizagem ao invés de priorizar os
conteúdos programáticos sem se preocupar com o conhecimento adquirido pelo
aluno. Mas, isso não é uma tarefa simples, não se trata de uma função do rádio com
a educação, mais sim de integrá-las entre si e a prática pedagógica, o que implica
num processo de preparação contínua do professor e de mudança da escola.
Portanto, é fundamental que todos os elementos que integram a escola
estejam envolvidos, entidade mantenedora, direção, grupo de professores, pais de
alunos e funcionários, com um sentido de parceria e de co-responsabilidade. Afinal
como afirma Masetto (1997, p. 58) planejar é definir claramente suas metas e seus
objetivos educacionais. O que se pretende é que os alunos aprendam, adquiram
conhecimentos, habilidades e atitudes.
24
4.5. O Educador diante desse processo
Frente às Novas Tecnologias, a Educação passa por profundas mudanças
estruturais e funcionais, que exigem cada vez mais preparo e capacidade de
adaptação por parte de todos os agentes envolvidos.
Com esse discurso ecoando dentro das escolas, sendo também
disseminadas nas queixas materializadas nos cursos de formação dos órgãos
responsáveis pelos profissionais da educação, teóricos e estudiosos da área
constataram que um novo modelo de formação continuada deveria ser traçada, para
atender este novo modelo educacional frente às exigências deste novo século.
Partindo da idéia que a escola é um ambiente propiciador de aprendizagens,
o aluno agente na construção do conhecimento e o professor um facilitador e
mediador desse processo, acreditamos que o rádio e outros recursos midiáticos,
tornam-se indispensáveis no ambiente educativo.
O uso desses recursos possibilita outras modalidades de ensino ou outras
estratégias de aprendizagem, pois o processo não precisa necessariamente
acontecer dentro da sala de aula. O processo educativo poderá ocorrer em qualquer
espaço escolar ou até mesmo fora dele, desde que mediado pelo professor, sendo
este, sujeito que poderá significar e re-significar os ambientes aonde o processo virá
a ocorrer, rompendo com algumas práticas tradicionais ainda enraizadas.
Demo (1993) sugere que a própria tecnologia poderia ser o meio de
concretizar o discurso que propõe que a escola deve fazer o aluno aprender a
aprender, a criar, a inventar soluções próprias diante dos desafios, enfim formar-se
com e para a autonomia, não para repetir, copiar, imitar. Para tanto é necessário que
a escola sirva de ponte para unir seus alunos a esta era modernizada, inserindo-os
no mundo tecnológico para que futuramente os mesmos tornem-se cidadãos aptos a
ingressarem no mercado de trabalho.
Nessa perspectiva inovadora e transformadora, cabe ao professor
proporcionar interações sociais com o objetivo de garantir a apropriação de
conhecimentos de forma significativa, autônoma, crítica e duradoura, tornando seus
alunos capazes de construir e reconstruir sua própria história.
Seja no primeiro, segundo ou terceiro graus, o professor é quem elabora o
currículo da sua disciplina a partir do Projeto Político Pedagógico da escola em que
25
trabalha. É também ele que, ao longo do processo educacional, planeja e adota os
procedimentos didáticos, julgados adequados à sua clientela, no exato momento da
ação pedagógica. No entanto, enquanto o professor é aquele que pode determinar
não somente os passos pedagógicos a serem dados, como também a prática
didática a ser implementada, a realidade é bastante perversa quando se trata da
escolha das ferramentas que deveria, não somente auxiliar, mas tornar mais
eficiente o seu trabalho docente.
Competente é o professor que, sentindo-se politicamente comprometido com seu aluno, conhece e utiliza adequadamente os recursos capazes de lhes propiciar uma aprendizagem real e plena de sentidos. Competente é o professor que tudo faz para tornar seu aluno um cidadão crítico e bem informado, em condições de compreender e atuar no mundo que vive. (MOYSÈS 1994, p. 15)
Sendo assim, a presença da tecnologia e dos recursos midiáticos no
cotidiano escolar lança aos professores novos desafios. Pressupõe-se que este
professor que se compromete com a aprendizagem, deva ter a capacidade de
imaginar, projetar fantasias e planejar idéias a serem executadas. Porém, o
enfrentamento destes saberes não é tarefa isolada do professor. É indispensável
que todos os envolvidos no processo educacional, governo, direção, alunos e pais
sintam-se co-responsáveis por criar condições adequadas às mudanças.
A educação na concepção de Morin (2002) precisa de uma reforma
paradigmática que atenda as necessidades dos alunos; que estes saibam solucionar
problemas e aplicar os conteúdos aprendidos no seu cotidiano. Dessa forma o novo
paradigma que permeia a formação do professor diante das Tecnologias de
Informação e Comunicação está intrinsecamente pautado na concepção de
educação que não se limita mais aos muros da escola.
Enfim, diante de tantas mudanças faz-se necessário um desprendimento do
método tradicional que ainda hoje se faz presente na prática de muitos profissionais.
Um professor contemporâneo busca meios que estimule o interesse e a participação
ativa de seus alunos, formando um cidadão crítico e autônomo capaz de interagir
dentro da sociedade.
26
5. METODOLOGIA
A seguir descreveremos a metodologia utilizada para a execução da
pesquisa. Para tanto serão relatados os seguintes itens: a caracterização da
pesquisa, o local da coleta, os sujeitos envolvidos, coleta e análise dos dados.
5.1. Caracterização da Pesquisa
Optou-se em fazer uma pesquisa de campo em virtude do contato direto que
a mesma permite com o ambiente a ser pesquisado, com a situação a ser
investigada, e partindo deste levantamento quantificar os dados analisados.
Minayo (1994, p. 21) afirma que a pesquisa qualitativa responde a questões
muito particulares. Ela se preocupa, nas pesquisas sociais, com um nível de
realidade que não pode ser somente quantificado. Ou seja, ela trabalha com o
universo de significados motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes que
corresponde a um espaço mais profundo das relações dos processos e dos
fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis.
Já Trindade (2003, p.16) diz que a análise de dados quantitativos e dos
cruzamentos entre as diversas informações coletadas vão produzir algo qualitativo.
Vão possibilitar ao pesquisador tirar conclusões que não poderiam ser tiradas sem o
levantamento e o cruzamento de informações quantitativas.
Com essas orientações, estruturamos a pesquisa com a aplicação de
entrevistas e de questionários com os envolvidos no projeto, conforme será descrito
nas próximas seções.
5.2. Local do Estudo
A pesquisa foi desenvolvida no Centro Educacional Municipal Araucária,
município de São José – SC. A instituição atende ao ensino fundamental, com
27
aproximadamente 716 alunos matriculados no período diurno. No período matutino
atende aos alunos dos anos finais e no período vespertino aos alunos dos anos
iniciais. No período noturno são 287 alunos distribuídos em séries de alfabetização,
ensino fundamental e ensino médio, através do programa de Educação de Jovens e
Adultos.
No quadro docente são 59 profissionais, incluindo a pesquisadora do estudo.
Os profissionais estão distribuídos nos três períodos, incluindo os projetos
extracurriculares como professor de judô, de dança e banda de percussão entre
outros.
A clientela ali atendida, na sua grande maioria, permanece algum tempo
sem a supervisão dos pais ou responsáveis, devido ao fato de o trabalho se
estender durante um longo período do dia, impossibilitando o contato entre pais e
filhos, com isso os próprios educandos tornam-se gestores de seus hábitos de
alimentação, higiene, estudo e recreação. Muitos são oriundos de famílias do interior
do estado, outros são renascentes de famílias da comunidade local, observa-se que
grande parte desta clientela é de baixa renda.
Preocupada com esta situação, a escola em seu Projeto Político Pedagógico
afirma que, embasados em ideais educacionais coerentes com a realidade social da
comunidade local, pretende formar cidadãos autocríticos, conscientes, politizados,
participativos, atuantes, contextualizados, pesquisadores, sujeitos de sua
aprendizagem. Para tanto, busca uma educação que deve exercitar a democracia e
a cidadania, enquanto direito social, oportunizando a apropriação e a produção do
conhecimento, onde o educador é o mediador entre o conhecimento historicamente
acumulado e o educando.
5.3. Sujeitos Envolvidos
Os sujeitos envolvidos na pesquisa são dezoito professores do ensino
fundamental e trinta alunos, da sétima e oitava séries do ensino fundamental. A
implantação da rádio comunitária na escola partiu de iniciativa dos alunos com o
interesse de inovar as atividades durante o período do recreio, e com o intuito de
28
levar informação e entretenimento através de músicas, notícias e informações sobre
os acontecimentos na Instituição.
5.4. Coleta de Dados
Os dados foram coletados através de dois questionários sendo: (a) um
direcionado aos professores, responsáveis por diferentes disciplinas e (b) um
questionário para vinte alunos, de sétima e oitava séries do ensino fundamental. Os
questionários podem ser encontrados nos apêndices A e B, respectivamente, ao
final deste trabalho. Além dos questionários foram coletados os depoimentos dos
dois professores integrantes da equipe de organizadores e executores do projeto,
bem como os depoimentos dos alunos que a compõem. Os depoimentos foram
coletados com o objetivo de identificar as motivações que os levaram a implantar a
rádio na escola, assim como, identificar pontos positivos ou negativos destacados
pela equipe.
O questionário destinado aos professores (apêndice A) foi aplicado com o
propósito de verificar quais os benefícios o projeto trouxe ao processo de ensino e
aprendizagem. E o questionário aplicado aos alunos (apêndice B) pretendeu
identificar pontos relevantes após a execução do projeto de inserção da mídia rádio
no ambiente escolar, na visão dos alunos.
29
6 DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
Com a atenção focada nos objetivos mencionados, a partir da coleta de
dados obtidos na referida Instituição, iremos relacionar os resultados, visando à
produção de uma pesquisa fundamentada teoricamente, que auxilie na construção
de novas perspectivas de uso da mídia rádio no fazer pedagógico.
A análise dos dados será dividida em duas partes. Na primeira parte iremos
descrever os depoimentos, conforme referido acima. Após a descrição dos
depoimentos, discutiremos os dados coletados relativos aos questionários aplicados
aos professores e alunos da escola.
6.1 Depoimentos Coletados
Nesta seção serão descritos os depoimentos coletados na escola sobre o
projeto de implantação da rádio comunitária. Serão destacados em três subitens os
depoimentos do Coordenador Pedagógico e da Professora plantão, ambos foram os
responsáveis pela execução do projeto de implantação da Rádio na escola. E por
fim, serão descritos os depoimentos dos alunos integrantes da equipe. Para não citar
estes personagens de maneira impessoal, doravante utilizaremos nomes fictícios:
Aos professores os nomes Sandra e Paulo, e aos alunos os nomes Daniel, Márcia,
Karla, Maicon, Rodrigo e Letícia.
6.1.1 do Coordenador Pedagógico
Na época o Professor Paulo atuava na função de Coordenador Pedagógico
da Instituição e participou da equipe formadora de implantação da Rádio. Ele afirma
que a proposta da rádio era elaborar um conjunto de informações objetivas que
causassem impacto ao público ouvinte.
30
Foi, então, segundo o professor, elaborado um conjunto de atividades
organizadas para promover informação, entretenimento e a oportunidade de nossos
alunos mostrarem seu talento, sua capacidade criativa e suas habilidades, criando
uma aproximação e interação no espaço escolar.
Segundo ele, a rádio iniciou-se com uma mesa de áudio, dois microfones,
uma caixa de som e um microsystem, logo se organizou a equipe entre os alunos
que coordenavam a rádio. Entre eles foi selecionado uma sonoplasta e cinco
locutores, que faziam a rádio ir para o ar levando informações, música e
entretenimento a toda a comunidade escolar.
O Professor conta que a programação era planejada durante a semana pela
equipe da rádio, denominada “Coração de Estudante”, com informações que os
alunos obtinham através de pesquisas nos diversos espaços da escola como:
secretaria, direção, coordenação pedagógica, sala dos professores, cozinha,
biblioteca, sala informatizada, bem como notícias sobre eventos do bairro, da escola
e também informações sobre fatos ocorridos durante a semana na região através de
notícias extraídas de jornais, estas muitas vezes eram temas para debates. A figura
1, conforme abaixo, ilustra as atividades da rádio Coração de Estudante.
Figura 1- Atividades da Rádio Coração de Estudante
Ele acrescenta que informativos sobre provas ou avaliações e entrega de
trabalhos, ou até mesmo, acontecimentos nos esportes relacionados aos projetos
extracurriculares como capoeira, futebol suíço, ensaios e apresentações da banda
de percussão, entre outros, eram anunciados com frequência quando a rádio estava
no ar.
31
O relato descrito faz reportar ao que Consani (2007, p. 19) aponta como uma
das características intrínsecas, que a mídia rádio pode proporcionar: a liberdade
imaginativa, em que a informação é transmitida sem a forma de imagens. Ao receber
este tipo de informação o indivíduo imagina a situação, e não a recebe pronta
acabada como mostra a tv através de imagens, é necessário que se faça uma leitura
de tudo que se captou através de meios auditivos para chegar-se a uma conclusão.
Outro fato levantado pelo professor Paulo foi a forma como escolheram o
nome da rádio “Coração de Estudante”. Segundo ele, foi organizado um concurso
para todos os alunos da instituição. Como prêmio, o aluno vencedor do concurso
ganhou um MP3, como forma de incentivar a audiência da linguagem radiofônica.
6.1.2 da Coordenadora do Projeto
A Professora Sandra foi responsável pela Coordenação e execução do
projeto de implantação da Rádio na referida escola. Ela relata que a implantação da
Rádio “Coração de Estudante” partiu da iniciativa dos alunos que com o auxílio dela
e do professor Paulo que também contaram com o apoio da gestão. Assim
conseguiram por em prática esta ação inovadora que segundo ela, muito veio a
contribuir para melhoria das relações sociais entre os integrantes da comunidade
escolar.
Ela conta que as atividades iniciaram no mês de maio de 2008, após uma
conversa com os alunos interessados e com a direção da escola que cedeu um
espaço com acesso restrito à equipe organizadora e aos convidados, conforme pode
ser observado na figura 2. O professor Paulo foi quem cedeu os equipamentos
como: fone de ouvido; caixas de som; mesa de som e amplificador. A escola
disponibilizou o CD player, o microsystem e o computador. Houve doação somente
dos microfones.
32
Figura 2 – Espaço da Rádio Coração de Estudante
Segundo ela, a rádio funcionava no início de cada período e no recreio. Este
espaço de tempo também foi disponibilizado pela direção para o desenvolvimento
das atividades. Havia somente uma equipe que organizava, sendo os alunos seis
alunos: Daniel, Maicon, Rodrigo, Márcia, Karla, Letícia. Vale ressaltar que estes
sempre eram orientados pela Professora Sandra e pelo Professor Paulo.
A Professora destaca que a pauta de apresentação era organizada uma vez
por semana onde a equipe se reunia para a coleta de dados que obtinham através
de pesquisas feitas por eles próprios. Essa programação apresentava vários estilos,
todos com a mesma rotina diária, sempre trazendo pesquisas e entrevistas, músicas
e debates, informações sobre cultura, esporte e lazer, poesia e humor; além de
divulgação de eventos, recados e textos. Cabe aqui apresentar o roteiro
desenvolvido pelos alunos citados: segunda-feira “Pintando o Sete”; Terça-feira “O
amor está no ar”, Quarta-feira “Nós na fita”; Quinta-feira “Fala ouvinte”; sexta-feira
“Mostra musical”. A figura 3 demonstra os alunos trabalhando na transmissão e
elaboração da programação.
Figura 3 – Transmissão e elaboração da programação
33
Ela acrescenta que ao final de cada semana era feita uma avaliação com o
objetivo de reconhecer os problemas e assim tentar superá-los. Durante as
discussões eram observados os conflitos multilaterais, a falta de planejamento
operacional, o controle excessivo do espaço, gestão individualizada, problemas
técnicos e reclamações em relação ao barulho, estilo de música e conteúdo da
programação.
Diante do relato estes dois profissionais, conclui-se que a mídia rádio
utilizada como ferramenta pedagógica pode criar uma nova cultura de recreio na
escola, promovendo um ambiente fortalecedor de relações sociais, minimizando
comportamentos agressivos neste período que ficam quase que livres do olhar de
um adulto. Também ajuda a despertar o espírito de liderança e companheirismo
entre eles, despertando momentos de interação lúdica em que a expressão
espontânea e organizadora se estrutura de maneira equilibrada e autônoma.
Estes resultados foram percebidos na medida em que o projeto ia se
estruturando e se aperfeiçoando, levando fatos do interesse dos envolvidos,
possibilitando, assim, uma integração de todos os alunos das diversas turmas e
diferentes idades. Entendemos que essa forma de descontração trouxe uma postura
mais solidária e harmoniosa entre os alunos, sem mencionar o desenvolvimento da
auto-estima, da imaginação e criatividade dos alunos que organizavam a rádio.
Para Freire (1995, p.28), a pedagogia deve deixar espaço para o aluno
construir seu próprio conhecimento, sem preocupar-se em repassar conceitos
prontos. Desta forma a mídia rádio utilizada como ferramenta pedagógica poderá
ajudar a alcançar aos objetivos de uma escola renovada, com alunos participativos
no processo educativo, dando oportunidade para que o aluno torne-se sujeito do seu
próprio processo de aprendizagem.
6.1.3 dos alunos integrantes da equipe
Conforme mencionado anteriormente, a equipe organizadora foi composta
pelos professores Paulo e Sandra e por seis alunos: Daniel, Maicon, Márcia, Karla,
Letícia e Rodrigo. Nestes alunos pôde-se perceber o entusiasmo e interesse em
participar da pesquisa, uma vez que eles sentiam-se os protagonistas desta história.
34
Os alunos foram unânimes em falar de como a rádio mudou a rotina da
escola. Nas palavras dos alunos, antes da implantação da rádio, a escola era
monótona, sempre com as mesmas características, correria no pátio interno, brigas
constantes, gritaria enfim, sempre alguém acabava indo prestar esclarecimentos às
especialistas pelo mau comportamento. Esses fatos ocorriam geralmente nos
horários de recreio como também nos horários de entrada e saída, segundo
depoimento dos alunos.
Eles relatam que, depois que a rádio iniciou sua programação, foi visível a
mudança de comportamento no pátio, sempre que entrávamos no ar, o barulho
amenizava e os ouvidos direcionavam a atenção para os informes e músicas do dia.
Nas sextas-feiras disponibilizávamos um microfone no pátio para entrevistar os
alunos, professores e outros profissionais da escola. Esta programação era bastante
interessante porque víamos o interesse de muitos em passar uma informação como
também a timidez de outros, quando recusavam ser entrevistados. A atividade
descrita é ilustrada na figura 4, abaixo:
Figura 4 – participação dos alunos em horário de recreio
Para estes alunos esta foi uma experiência maravilhosa, que deu
oportunidade para que eles vivenciassem a experiência semelhante à do professor
ao preparar as aulas, pois segundo Daniel, passar uma informação precisa de
estudos e estar certo de que a informação é correta, para não causar dúvidas e até
mesmo levar uma informação que não seja verdadeira a quem está ouvindo.
Eles acrescentam que a rádio na escola possibilitou também nosso contato
mais direto e interativo, nossas trocas de idéias com relação à programação, a
autoavaliação de nossas programações, ou seja, a forma como divulgávamos as
35
informações, verificar se a programação agradava a grande maioria dos ouvintes.
Nossas discussões foram muitas, porém sempre chegávamos num consenso a rádio
crescia cada vez mais. Cresceu tanto que chegou aos ouvidos da imprensa local,
como a RIC Record, TVBV que vieram até a escola para nos prestigiar além da
mídia impressa “Diário Catarinense” que também divulgou nosso trabalho, através
de entrevistas e fotos.
Conforme as palavras de um dos alunos: sentimos muito por este projeto
não ter tido continuidade, o professor Paulo teve que se afastar da escola e
infelizmente levar seus equipamentos. Daniel ainda afirma que, como houve
mudanças administrativas ao final do ano de 2008, os professores que faziam parte
da equipe organizadora do rádio, foram transferidos para outra instituição e a partir
de então, não houve continuidade do projeto, assim, a escola voltou a ser como era
antes.
6.2 Questionários
Na seção dedicada aos resultados relativos às respostas dos questionários
distribuídos aos professores e alunos, discutiremos primeiramente os resultados
obtidos através do questionário feito para ao professores, e por fim, analisaremos os
resultados referentes ao questionário dedicado aos alunos que também levaram
nomes fictícios em seus depoimentos, conforme citado anteriormente.
6.2.1 Para os professores
Os questionários foram distribuídos para dezoito professores do Centro
Educacional Municipal Araucária, entre eles, professores de sala, especialistas e
professores plantões, todos do período diurno. Entretanto, cinco dos professores
não manifestaram interesse em participar da pesquisa, por esse motivo, iremos
considerar para fins de análise somente os treze professores que devolveram os
questionários respondidos.
36
Como primeira análise, consideramos aqueles professores que não
responderam ao questionário. Nesse caso, em 27% deles não houve interesse de
participar da pesquisa, acredita-se que esta falta de interesse fica por conta do
estranhamento pela mudança, pelo medo de enfrentar o novo, talvez pela forma de
aceitação da clientela, talvez por evitar atividades que exijam um pouco mais de
empenho do professor, ou seja, é mais cômodo ficar como está. Embora seja um
número obtido por amostragem, representa bem a postura de alguns profissionais
acomodados com estagnação do atual sistema de ensino brasileiro.
Quando perguntados sobre como é visto o Projeto Rádio Coração de
Estudante, na Instituição, 77% deles consideraram como bom, e 23% o classificaram
como ótimo, não sendo encontradas opiniões negativas sobre o projeto, conforme
demonstrado no gráfico 1 abaixo:
Opinião dos professores sobre o Projeto Rádio Coração de Estudante
23%
77% ÓTIMO
BOM
Gráfico 1 – Opinião dos professores sobre a Rádio Coração de Estudante
Diante deste levantamento pode-se perceber que elaborar um projeto
diversificado que tenha a participação do aluno como protagonista, não parece ser
um ótimo meio de levar o aluno ao desenvolvimento de suas habilidades para esta
equipe de profissionais. Embora não se tenha opiniões negativas, poucos foram os
que mostraram interesse em diversificar sua didática de trabalho através da inclusão
da mídia rádio como uma ferramenta de auxílio no processo de ensino e
aprendizagem.
37
A segunda pergunta feita para os professores é sobre se houve contribuição
na respectiva disciplina, com relação ao aprendizado, em função das atividades
promovidas pela Rádio Coração de Estudante. Conforme pode ser observado no
Gráfico 2, 38 % dos professores consideraram que a Rádio Coração de Estudante
trouxe contribuição nas disciplinas e igual número considerou que não trouxe
nenhum tipo de contribuição. Dos professores pesquisados, 24% não responderam.
Contribuição nas disciplinas
38%
38%
24%
SIM NÃO SEM RESPOSTA
Gráfico 2 – Contribuição da Rádio nas disciplinas
A terceira pergunta feita aos professores corresponde à investigação de
como funcionava o espaço de convivência da comunidade escolar, antes do projeto
e, como foi com o projeto em andamento. Dos professores perguntados, 61% deles
qualificaram o espaço de convivência como bom antes da execução do projeto e os
restantes 39% consideraram ruim. Após o inicio das atividades da Rádio, houve
aumento da qualidade do espaço de convivência, segunda as respostas dos
professores, com 76% de respostas positivas e 24% de respostas negativas,
conforme ilustrado no gráfico 3.
38
61%
39%
76%
24%
0
20
40
60
80
ANTES DEPOIS
Qualificação do espaço de convivência da escola
BOMRUIM
Gráfico 3 – Espaço de convivência antes e depois da execução do projeto
O que se pode perceber diante dos dados levantados sobre o espaço de
convivência na instituição, é que a escola era agitada. Depois da implantação da
rádio ela passou a ser um ambiente mais cooperativo, onde o diálogo tornou-se mais
constante, isso leva-nos a concordar com Consani (2007 p. 26), quando afirma que
esta mídia é uma forma de comunicação coletiva, acessível e dinâmica, assim
sendo, ela favorece uma relação mais aberta com os envolvidos de um modo geral.
A pergunta seguinte refere-se às mudanças observadas pelos professores
com relação ao relacionamento entre professores e alunos e entre alunos e
conteúdo programático durante as atividades da Rádio Coração de Estudante.
Segundo as respostas dadas, os professores consideram que o relacionamento
entre professores e alunos passou a ser mais harmonioso e um pouco mais
comunicativo. Segundo alguns professores, muitos alunos tinham receio de se
aproximar, receio também de fazer colocações diante de insatisfações, dúvidas,
enfim, muitos causavam a impressão de que quanto menos se expressassem
através do diálogo, maior seria a chance de ficarem neutros, sem serem percebidos
pelos professores, assim, não despertando nesses profissionais o interesse em
questioná-los.
Diante destes relatos ficou claro que o aprender depende do bom
relacionamento entre professor e aluno e da mediação do professor diante dos
conteúdos programáticos. Nesse sentido, Gadotti (1999, p.02), o educador para pôr
em prática o diálogo, não deve colocar-se na posição de detentor do saber, deve
39
antes, colocar-se na posição de quem não sabe tudo, reconhecendo que mesmo um
analfabeto é portador do conhecimento mais importante: o da vida. Esta afirmação
faz com que cada vez mais tenhamos que repensar sobre a nossa prática.
A seguir, foi perguntado aos professores sobre pontos positivos e negativos
sobre a implantação da Rádio na Escola. Como resposta sobre os pontos positivos,
alguns professores observaram que o ambiente escolar passou a ser mais tranqüilo,
principalmente no horário do recreio. O diálogo e as discussões tornaram-se mais
presentes, facilitando o contato direto entre a comunidade escolar. Com relação aos
alunos, alguns professores afirmam que houve desenvolvimento participativo e
cooperativo, também ajudou no trabalho de informação e comunicação interna da
Instituição, levou entretenimento ao público ouvinte, contribuiu na ampliação da
capacidade intelectual e criativa dos participantes.
Para muitos dos professores, a escola antes da implantação do projeto
Rádio Coração de Estudante era um ambiente agitado. Depois de sua implantação o
quadro mudou bastante, dando margens ao diálogo e compreensão perante os
alunos. Em depoimento foi relatado que no pátio havia muita correria, quase não se
visualizava alunos sentados conversando. Depois que o projeto foi implantado e a
rádio entrou no ar, o pátio ficou mais tranqüilo, quase sem correria, segundo estes
profissionais até mesmo os próprios alunos ajudavam a impedir o corre-corre,
porque queriam ficar por dentro do que estava sendo divulgado na rádio, bem como
escutar músicas e participar das atividades que exigia integração do público ouvinte.
Sobre os pontos negativos, os professores destacaram o excesso de
barulho, que segundo eles, o acústico do pátio interno e as caixas de som, não
adequadas para aquele ambiente, foram fortes aliados para a má sonorização.
Outros afirmaram que não houve parceria com os demais profissionais o que
acarretou na não participação destes nas atividades, outros alegaram que havia
muita saída dos alunos em horário de aula o que acabava prejudicando no
andamento da mesma, porque a turma ficava agitada com o entra e sai.
Estes dados nos levaram a perceber como as opiniões variam, assim sendo,
o rádio como meio transmissão de informação dentro do ambiente escolar, mediado
pelo professor e aplicado pelo aluno, poderá promover o interesse em assuntos
ligados ao fazer pedagógico.
Como afirma Soares,
40
Quem se preocupa em produzir comunicação democrática e participativa e em promover a ação comunicativa, por onde quer que ande, revela que entendeu que o problema das comunicações – sobretudo no dia de hoje – não se reduz às tecnologias de ponta e não diz respeito apenas aos governantes ou aos empresários do setor. Na verdade, produzir comunicação tem se revelado a melhor forma de celebrar em plenitude o exercício da cidadania, na família, na escola, nos ambientes de trabalho, nas igrejas... (SOARES,1996, p. 71).
Assim sendo, a mídia rádio além de despertar nos alunos a troca de idéias,
por informações que antes para eles não tinham significância, fortalece a interação
entre os mesmos e o ambiente escolar, bem como faz com que eles se sintam mais
próximos deste contexto.
6.2.2. Para os alunos
O segundo questionário foi aplicado a vinte alunos das 7ª e 8ª séries do
ensino fundamental, como ouvintes da rádio Coração de Estudante durante o seu
período de funcionamento.
O que se observou diante dos dados levantados é que deste grupo a grande
maioria sentiu-se mais participativos das ações relacionadas à escola, e como seres
ativos, tornam-se mais conscientes e críticos capazes de expor suas idéias quanto
aos assuntos que são abordados durante a programação.
Antes de iniciarmos a análise quantitativa dos dados obtidos através das
respostas do questionário, cabe aqui citar dois depoimentos que consideramos
importantes para a nossa pesquisa.
Marcos, aluno da sétima série do ensino fundamental, nos conta que a
escola era pacata e ao mesmo tempo um pouco violenta com relação ao
comportamento de alguns alunos na hora do recreio, também a gritaria no pátio
interno era bem desconfortável e tornava o ambiente muito agitado. Quando a rádio
entrou no ar esse quadro mudou, pois a criançada ficava atenta às informações e
também gostavam de estar por perto quando alguém da escola era entrevistado.
Essa entrevista acontecia no pátio interno, os organizadores da rádio
41
disponibilizavam um microfone em um pequeno espaço e faziam entrevista com as
pessoas interessadas, sendo alunos, professores ou outros profissionais da
Instituição. A programação que ele mais gostava de ouvir era a “Nós na Fita” .
Gabriela, aluna da sétima série do ensino fundamental, relata no
questionário, que a escola passou a ser um espaço muito mais animado depois da
implantação do rádio. Ela tinha contato somente com um grupo de amigas da sala
em que ela estuda, e assim que o rádio entrou no ar, sua interação com alunos de
outras turmas passou a ser frequente, pois havia troca de informações e de ideias
diante do que a rádio anunciava. Ela ainda relata que adora música e a professora
de inglês pediu em uma das atividades aplicadas que os alunos fizessem a tradução
da música que eles mais gostavam que a rádio “Coração de Estudante” tocasse. Ela
achou isto interessante e ainda concluiu que se as aulas fossem dessa forma seria
mais fácil de aprender.
Após as considerações sobre os relatos desses dois alunos, iremos analisar
as respostas dos questionários. Sendo assim, quando perguntados sobre como era
a escola antes do Projeto Rádio Coração de Estudante, os alunos responderam
unanimemente que a escola era agitada. Dentre os pontos destacados pelos alunos
então os seguintes: “a escola era bem agitada, durante o recreio era um corre-corre,
quase sempre alguém se machucava”, “tinha bastante bagunça no recreio”, “meio
desanimada, quase ninguém das outras turmas conversava”. Nos depoimentos mais
expressivos em favor do projeto Rádio Coração de Estudante destacamos: “a escola
era muito chata a gente só ouvia gritaria, depois que começou a rádio ela ficou mais
alegre, e agora ta chata de novo porque acabaram com a rádio”, “a escola era muito
chata, a rádio dava mais alegria pro nosso recreio.”
A pergunta seguinte diz respeito às mudanças operadas na escola durante a
execução do projeto Rádio Coração de Estudante. Subdividimos as respostas dos
alunos com relação às mudanças frente ao relacionamento com os professores, com
os colegas de sala, com os colegas de outras turmas e com os funcionários da
escola. Assim sendo, através das respostas do questionário, podemos perceber que
houve maior comunicação dos alunos com os colegas de outras turmas e com os
funcionários da Instituição, conforme demonstrado no gráfico 4.
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Mudanças identificadas pelos alunos
0
10
20
30
40
50
60
comunicação amizade entrosamento
professores colegas de sala colegas de outras turmas funcionários da escola
Gráfico 4 – Mudanças destacadas pelos alunos durante a execução do projeto.
Segundo as palavras dos alunos, para complementar, destacamos alguns
fragmentos considerados importantes para nossa análise: “me enturmei mais com as
outras turmas”, “agora tenho outros amigos que não são da minha sala”, “agora já
tenho mais amigos, no recreio sentamos num cano do pátio para ouvir música e às
vezes mandamos recadinhos”, “eu tinha vergonha de falar com alguém lá da
secretaria hoje eu não tenho mais”, “eu converso mais agora com os professores do
que quando não tinha a rádio”.
Para eles a amizade entre os alunos de sala ficou mais intensa, mais
harmoniosa, o diálogo tornou-se constante. Em seus relatos, eles afirmam que: “a
gente agora é mais unido, antes tinha muito grupinho”, “tinha muitos alunos que não
conversavam comigo, agora eles conversam, até deixam eu entrar no grupo de
trabalho deles”, “quase não me comunicava com meus colegas de sala, agora
sempre faço perguntas quando tenho dúvidas”, “a nossa turma aprendeu a respeitar
o que o outro fala”.
O entrosamento entre professores e alunos passou a ser mais amigável, não
como “o professor, aquele que ensina” e “o aluno, aquele que aprende”, mas sim
que os dois aprendem um com o outro, pela troca de informações, pelo interesse em
saber mais, segundo relato dos alunos, “nossa comunicação ficou melhor, alguns
professores se envolvem nos assuntos que a rádio fala, e esclarece algumas
dúvidas”, “eu tinha medo de fazer perguntas para o(a) professor(a), agora quando
preciso vou logo perguntando”, “alguns professores chegam na sala e perguntam
43
sobre as notícias do rádio”, “eu acho que a gente agora conversa mais do que antes.
Antes era só sobre a matéria”.
Com relação à última questão colocada para os alunos, solicitamos que
fosse dada alguma sugestão para melhorar o projeto. Assim, salientamos algumas
dessas sugestões. A cada semana um grupo de alunos organizaria a rádio; criação
de um personagem fictício para entreter os ouvintes; melhorar a acústica do pátio
interno ou a qualidade dos equipamentos da rádio; ao invés de sinal, a rádio
anunciaria a troca de professores como também a entrada, recreio e saída dos
turnos.
Enfim, diante de todos estes relatos, pôde-se perceber o quanto esta mídia,
utilizada como um recurso pedagógico poderá servir de grande aliado no processo
de ensino e aprendizagem. Por ser uma mídia auditiva, ela exige concentração dos
ouvintes, ativa a imaginação e pode proporcionar momentos de descontração,
devido à diversidade de assuntos tratados na sua programação incluindo notícias,
entrevistas, debates e entretenimento, além de possibilitar ao aluno a chance de ser
o protagonista desse processo, promovendo sua auto-estima e elevando o seu nível
de aprendizado.
44
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com o término desta pesquisa, ficou explícito que a mídia rádio utilizada
como um recurso pedagógico muito poderá contribuir no processo de ensino e
aprendizagem, desde que bem explorada pelo professor como ferramenta de auxílio.
De acordo com os dados levantados, percebeu-se que o que motivou nos
alunos o interesse na implantação de uma rádio na escola,foi a falta de interação
entre os envolvidos no ambiente escolar, pois segundo eles, era grande a falta de
entrosamento entre as pessoas que ali conviviam durante quatro horas por dia. Com
a implantação, foi possível perceber que as relações estabelecidas eram de
harmonia, diálogo e entendimento.
Quanto ao acesso a informação cotidiana no ambiente escolar, o rádio era
visto como um meio facilitador dessas informações, pelo fato de ser ele um veículo
de comunicação e informação de fácil acesso a todos, e por possuir uma linguagem
simples e objetiva, que abre espaço para pesquisas, reflexão, discussões, debates,
entretenimento entre os envolvidos.
Portanto, como benefícios, observamos que uma rádio na escola pode
proporcionar formas de interação e cooperação entre toda a comunidade escolar;
oportuniza o trabalho de forma interdisciplinar, bem como auxilia na exploração dos
temas transversais sugeridos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais como:
sexualidade, drogas, meio ambiente e outros; promove a chance dos alunos
sentirem-se protagonistas de sua ação, ampliando a sua capacidade de criatividade
e intelectualidade, assim, elevando o seu nível de aprendizado.
Além destes dados, outro fator importante observado que se deve levar em
conta foi a reação desmotivadora de alguns professores com relação a esta
inovação. Percebeu-se através da pesquisa que integrar esta mídia na prática
pedagógica, para muitos não parece coisa fácil, isso causa insegurança e
descontentamento por parte destes profissionais.
Diante do exposto, acredita-se que apesar de todos os aparatos
tecnológicos e informativos, ainda hoje há restrição por parte de alguns profissionais
da área da educação. Para tanto, deixo aqui, para finalizarmos, um novo
questionamento para futuras pesquisas: Como integrar as mídias na prática
pedagógica destes profissionais, de maneira que os mesmos sintam-se seguros em
45
aplicá-las de forma contextualizada, levando o aluno ao desenvolvimento de suas
potencialidades?
46
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APÊNDICE A
Questionário destinado aos professores:
Utilizando a Mídia Rádio como Ferramenta Pedagógica
1) Como você vê o Projeto Rádio Coração de Estudante., implantado nesta Instituição de Ensino? ( ) ótimo ( ) bom ( ) ruim ( ) péssimo 2) Houve contribuição na sua disciplina, com relação ao aprendizado? ( ) sim ( ) não 3) Como você considera o espaço de convivência da comunidade escolar, antes do projeto e, como é agora com o projeto em andamento? Por favor, acrescente comentários sobre sua resposta. ( ) ótimo ( ) bom ( ) ruim ( ) péssimo -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 4) Você observou mudanças quanto à relação professor e aluno e aluno e conteúdo programático? Por favor, acrescente comentários sobre sua resposta. ( ) sim ( ) não ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 5) O que você pontua como: Positivo?__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Negativo?_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Você faria mudanças no projeto, caso fizesse parte da equipe organizadora? Se positivo, quais mudanças? ____________________________________________________________________________________________________________________________________
Obrigada pela sua contribuição!
50
APÊNDICE B
Questionário destinado aos alunos:
Utilizando a Mídia Rádio como Ferramenta Pedagógica Aluno(a):________________________________________________________ Série:_________________ 1. Como era a escola antes do Projeto Rádio Coração de Estudante? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2.O que você acha que mudou depois da implantação do projeto quanto a sua relação com: a) Os professores_____________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________ b) Os colegas de sala:_____________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________ c) Os colegas de outras turmas:__________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________ d) Outros profissionais da Instituição:______________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________ 4) Você acha que o projeto ajuda a entender melhor os conteúdos aplicados nas diversas disciplinas? De que forma? ______________________________________________________________________________________________________________________________________ 5) Deixe aqui alguma sugestão, algo que você faria para melhorar a forma de aplicação das informações, ou o tipo de informação que você gostaria de ouvir, relacionada à Instituição, aos integrantes dela, ou aos conteúdos das disciplinas que no momento não estão sendo divulgados. ___________________________________________________________________________________________________________________________________
Obrigada pela sua contribuição!