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boletim do que por cá se faz

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Page 1: Fazendo 31
Page 2: Fazendo 31

O Jornal Fazendo (Agenda Cultural Faialense)

surgiu aqui na Horta, no dia 1 de Outubro de 2008, por iniciativa

de jovens criativos e livres, assume-se como comunitário, não

lucrativo e independente e visa, tal como é dito no primeiro

número, constituir “uma plataforma de divulgação do que cá

se faz”, para logo acrescentar “o que cá se faz na música, o

que cá se faz no cinema, no teatro, na fotografia, na ciência

e em tudo o mais”. O Jornal Fazendo tem não só cumprido

muito bem esses objectivos, ao longo dos seus trinta números

publicados, como os ultrapassou, sendo hoje uma referência

criativa que muito contribui para a valorização da nossa

comunidade e para a afirmação de uma cada vez maior

capacidade colectiva de fazer, de construir e de transformar.

Essa capacidade existe mas é por uns desvalorizada, por outros

negada e por outros ainda obstruída. O Jornal Fazendo contraria

a estagnação, nega a obstrução, afirma as muitas capacidades

existentes e contribui para que elas se consolidem e

desenvolvam.

Por tudo isto foi com natural satisfação que recebi do Jornal

Fazendo o convite de colaborar neste número, tendo-me sido

dito que tratasse o tema que entendesse. Entretanto insisti

para que houvesse da parte do Jornal uma sugestão e ela veio

no sentido de tratar “a possibilidade da concretização dos

ideais comunistas hoje em dia e mais concretamente aqui no

Faial”. Recebo a sugestão com inteira naturalidade e mesmo

com satisfação, pois é público que a minha participação política

foi sempre assumida como militante, que há muito sou, do

PCP. Respondo ao desafio, mas alertando, desde logo, que

este texto só pode pretender ser uma primeira reflexão sobre

um tema muito vasto. Posto isto, ai vamos, fazendo….

Começo por dizer que como comunista que sou, luto por uma

sociedade liberta da exploração do homem pelo homem, da

opressão, desigualdades, injustiças e flagelos sociais, onde o

desenvolvimento das forças produtivas, o progresso cientifico

e tecnológico e o aprofundamento da democracia económica,

social, política e cultural assegurarão aos cidadãos liberdade,

igualdade, elevadas condições de vida, cultura, um ambiente

ecologicamente equilibrado e respeito pela pessoa humana.

É este o ideal comunista pelo qual luto, integrado num Partido

que o assume de forma integral, desassombrada e sem

concessões. É por este ideal comunista que muitos milhões de

seres humanos lutam, sabendo embora que as pesadas derrotas,

de várias naturezas, que contra ele se produziram ou foram

induzidas, atrasam a luta, dão força à sua negação, alimentam

divisionismos, inspiram oportunismos, solidificam desconfianças.

O ideal comunista é um ideal de transformação profunda, que

implica a transformação do próprio homem.

Lutar por esse ideal tem que ser lutar por todos os objectivos

imediatos e de médio e longo prazo que possam contribuir

para a construção de uma sociedade que, sendo democrática,

seja também mais justa. Não se luta por esse ideal assumindo

conformismos e praticando concessões.

Lutar por esse ideal implica defender todas as conquistas

civilizacionais que foram sendo adquiridas pela humanidade.

Implica defender todas as conquistas políticas que valorizam

o papel da sociedade, a sua liberdade e os direitos individuais

e colectivos adquiridos. Implica reconhecer o valor do trabalho

enquanto modo de criar riqueza e enquanto forma de valorização

pessoal. Implica a procura constante de formas mais justas de

repartir a riqueza criada, de colocar ao serviço pleno da

Humanidade a fulgurante evolução da ciência e da técnica a

que assistimos. Implica o urgente aprofundamento da luta para

anular os criminosos e sistemáticos atentados que se fazem

todos os dias, à escala planetária, contra os equilíbrios

ambientais, que são essenciais à vida.

Lutar por esse ideal implica uma luta permanente pela Paz,

pelo direito dos Povos a existirem e a viver de acordo com as

suas legítimas aspirações, pelos direitos individuais que deverão

ter como limite os legítimos direitos das comunidades.

Lutar por esse ideal, neste Mundo que está a ser alvo de uma

globalização dominadora e destrutiva, obriga à luta pela

preservação das especificidades que marcam os Povos, as

comunidades e as várias formas de ser e de estar, associada

a uma ideia clara de globalização construtiva, valorizadora da

humanidade e respeitadora das diferenças.

Lutar hoje, no nosso Pais, pelos ideais que assumem os

comunistas e que, pela sua natureza, são partilhados por muitos

cidadãos, obriga a que se criem condições de verdadeira

credibilização social desses valores, como valores autênticos

e, necessariamente, substitutivos dos falsos valores hoje

dominantes, que apelam a um individualismo feroz, a uma

alienação massiva e que deitam mão a uma manipulação global

sem precedente. O conceito de democracia avançada, criado

e consagrado pelos comunistas portugueses deste nosso tempo,

aparece como objectivo político pelo qual se luta e que visa

atingir uma democracia que seja, simultaneamente, económica,

social, política e cultural. Dar sentido à democracia política

associando-lhe a justiça social; criar, sem manipulações, uma

intensa e participada actividade cultural; enfrentar, com

resolução, os múltiplos e graves problemas sociais, gerados,

todos os dias, pela injustiça e exploração reinantes; consolidar

uma nova forma de encarar as questões ambientais e a sua

relação com as actividades produtivas; são, de entre outros,

objectivos transformadores incluídos neste vasto programa

político pelo qual luto.

Pensar estas questões, à escala da nossa Região Autónoma ou

da nossa Ilha é não só motivador como pode ser mobilizador,

uma vez que se torna mais fácil perceber, no concreto, quanto

melhor seria!

Ser daqui e estar aqui tem que implicar, cada vez mais, um

esforço continuado de transformação positiva, de concretização,

na prática, dos valores que se diz defender e de combate aos

constantes comportamentos dúplices a que todos assistimos.

A sociedade tem que ganhar consciência de que os poderes

políticos e sociais não podem ser exclusivo dos que sempre

foram, ou dos que se transformaram, em carreiristas, cujo

objectivo é, sempre, o de manter as situações e beneficiar

com isso. Os poderes políticos, incluindo o poder local, têm

que ser obrigados a perceber que existem para servir e não

para serem a correia de transmissão dos interesses dominantes

e dominadores que tudo condicionam e que procuram, em

cada minuto que passa, tentar evitar transformações positivas.

Não é racional pensar-se que o Mundo há-de ser sempre como

hoje é! Lutar, com convicção e alegria, pelas rupturas e

transformações que são precisas e urgentes, é o único caminho

que podemos vislumbrar, no emaranhado de dificuldades e

obstáculos que se nos apresentam. Esta ideia é válida em geral

e é válida para esta nossa Terra, onde, quando nos convencermos

que existe essa possibilidade, podemos viver bem melhor do

que hoje acontece.

Sem qualquer espécie de triunfalismo e sem nervosismos

inconsequentes, espero convictamente que este Povo possa

voltar a erguer os cravos que já vi e possa voltar a fazer, com

verdade, o V da Vitória.O

Page 3: Fazendo 31

As Filarmónicas estão indissociavelmente

ligadas à história cultural, social e religiosa do povo açoriano.

E constituem um dos patrimónios mais ricos que urge preservar:

existem actualmente nos Açores 104 bandas filarmónicas,

muitas delas centenárias.

Nestas ilhas, cada freguesia, cada vila e cada cidade sente

orgulho na sua filarmónica – porque se sente por ela

representada.

As Filarmónicas têm, na sua origem, uma cultura militar,

sobretudo com as Bandas de Infantaria e Cavalaria, e só a

partir do século XVIII evoluíram para Bandas Civis (género

concertante), com objectivos e timbres muito claros: em tom

marcial, recebiam o rei; em tom triste, acompanhavam os

cortejos fúnebres; em tom religioso, incorporavam-se nas

procissões; em tom alegre, divertiam (e divertem) o povo nos

seus festejos.

Vivendo em ilhas, sentimos, desde sempre o peso da solidão

e do isolamento físico. A necessidade de convívio levou-nos á

necessidade de quebrar silêncios e distâncias. E fizemo-lo de

muitas e variadas formas, nomeadamente através da música,

nós que nos habituámos a seguir o ritmo cadenciado das ondas

e fomos embalados pelas marés…

Tal experiência de alguma forma explica o facto de o povo

açoriano ser bastante musical. Segundo dados fornecidos pela

Direcção Regional da Cultura, 15% da população açoriana canta

e toca música em público e para o público. E isto fica a dever-

se sobretudo àquelas que são as duas mais importantes escolas

de formação musical dos Açores: as Filarmónicas e os grupos

Corais (as “capelas”).

O Faial faz jus à referida estatística, já que possui 8 filarmónicas

(e respectivas escolas de música), um Conservatório Regional,

várias orquestras, 5 grupos folclóricos, 3 tunas, múltiplos e

multifacetados agrupamentos musicais. Se a estes

acrescentarmos as “capelas” das 13 freguesias desta ilha,

teremos, em números redondos, qualquer coisa como 1.500

amadores que, aqui, cantam e tocam regularmente em público.

A base de sustentação das Filarmónicas açorianas passa por

aquilo a que eu tenho vindo a chamar de clãs familiares, que

vão transmitindo, ao longo de gerações, uma tradição e uma

herança cultural, e funcionam como “núcleo duro” – estamos

perante uma tradição que se renova, já que os filhos vão

seguindo as pisadas dos pais.

Desses clãs familiares, e seguindo a ordem de antiguidade das

filarmónicas faialenses, eu gostaria de destacar os seguintes

apelidos e /ou alcunhas:

Sociedade Filarmónica Artística Faialense: os Batatas, os

Madrugas, os Pereiras, os Reis.

Sociedade Filarmónica Nova Artista Flamenguense: os Amarais,

os Queijeiros, os Fialhos, os Becas, os Duartes.

Sociedade Filarmónica Unânime Praiense: os Silvas, os Costas,

os Sousas, os Lopes, os Dias, os Vargas.

Sociedade Filarmónica União Faialense: os Serpas, os Macedos,

os Dutras, os Melos, os Duartes.

Sociedade Filarmónica Euterpe (Castelo Branco): outrora, os

da Quinta, os Dutras e os Caldeiras; hoje, os Goularts, os

Rodrigues, os Freitas, os Santos.

Sociedade Filarmónica Lira e Progresso Feteirense: os Boldeias,

os Mendonças, os Fortunas, os Silvas.

Sociedade Filarmónica Recreio Musical Ribeirinhense: os Correias,

os Pinheiros, os Soares, os Quaresmas, os Terras.

Lira campesina Cedrense: os Moitosos, os Vargas, os Escobares,

os Rosas.

Nos últimos anos temos vindo a assistir, no Faial, a um

indiscutível salto qualitativo de muitas das nossas filarmónicas.

E isto fica a dever-se, entre outros, aos seguintes factores:

1. Uma aposta muito forte na formação, com cursos de

aperfeiçoamento e formação contínua para músicos e regentes.

2. Reestruturação das Escolas de Música e uma aposta no ensino

genérico da música.

3. O papel decisivo do Conservatório Regional da Horta.

4. A acção empenhada das direcções das Filarmónicas.

Perguntar-se-á: que futuro para as nossas Filarmónicas?

Pessoalmente acho que elas devem evoluir mas sem perder as

suas características, a sua matriz. Não podemos seguir o

exemplo de Espanha, onde muitas filarmónicas evoluíram para

bandas sinfónicas. Basta-nos a Banda Regional Lira Açoriana.

Acima de tudo, há que não perder de vista o objectivo primeiro

da Federação das Bandas Filarmónicas dos Açores e que consiste

na implementação de uma rede escolar pública do ensino da

música centrada nas filarmónicas e, para os jovens mais

dotados, nos conservatórios.

Por outro lado, é importante fomentar as parcerias e

intercâmbios com outras filarmónicas dentro e fora dos Açores.

E julgo que seria importante dedicar um dia às Filarmónicas

e, nesse dia, trazer até nós filarmónicas do primeiro plano

nacional e europeu. E sempre defendi a realização, entre nós,

de Festivais de Filarmónicas. E não devemos ter medo da

palavra competição. Porque sem competição não há qualidade.

Por conseguinte, acarinhemos, respeitemos e amemos as nossas

Filarmónicas, “os conservatórios do povo”, como escreveu

Camilo Castelo Branco no seu livro Sinos de Aldeia.

Mais do que escolas de música, as nossas Filarmónicas são

escolas de vida. Cumprem e bem, uma função social. Por isso,

longa vida a elas.O

Para a segunda edição da rubrica “Discos do

Além”, trazemos ao caro leitor uma pérola da elegância e da

sobriedade – The Ministers Quartet. O primeiro pensamento

que surge ao ver a capa do seu álbum é “não os deixem tocar

em ninguém por favor!”, mas ficaremos muito mais descansados

ao saber que se trata de pastores da igreja de Oklahoma, que

querem tocar no Senhor. Ficamos mais descansados porque

estão em Oklahoma, e Oklahoma é longe. O

Os Oquestrada nasceram em 2002, através do

cruzamento feliz de Miranda (actual vocalista) com Pablo

(Contrabacia). A eles juntaram-se João Lima, Zeto Feijão e

Donatelo Brida. Sete anos mais tarde (é algum tempo…), surge

o primeiro álbum, Tasca Beat, que regista em jeito de compilação

o trabalho musical produzido até então. Num estilo intitulado

pelos próprios de Fado Pop, ou Fado sem saudade, o universo

musical dos Oquestrada explora também outros estilos como

o ska, o rap ou a cantiga à desgarrada, e são o resultado da

mistura de proveniências e culturas dos próprios músicos.

Apesar desta receita ecléctica, os OqueStrada fazem questão

de se dissociar da world music. O seu objectivo é celebrar

Portugal, celebrar Almada e celebrar Lisboa, com Hermínia

Silva e Alfredo Marceneiro à mistura, e ginginha e medronho

para aquecer o coração. Trata-se de um disco de audição

obrigatória, apesar de na minha opinião não conseguir transmitir

a alegria e energia contagiante dos espectáculos ao vivo. Os

Oquestrada actuaram no Faial em 2008, num incrível concerto

no Palco Alternativo da Semana do Mar. Apesar da qualidade

do concerto, o público não aderiu em grande número, o que

já vem sendo habitual por aqui. Certamente terão mais plateia

no próximo dia 30 de Janeiro, onde actuarão no Auditório do

Ramo Grande, na Praia da Vitória, pelas 21.30 h.O

Page 4: Fazendo 31

Antigamente, qualquer turista que entrasseem Portugal por Badajoz era obrigado a passar à porta de ZéMarôvas - que assim angariava clientes. Hoje, após a construçãoda auto-estrada, Zé Marôvas permanece horas à espera, semque ninguém entre na sua loja.

Vencedor do prémio para melhor curta-metragem na últimaedição do DOCLISBOA, "Passando à de Zé Marôvas", de AuroraRibeiro, vai ser exibido na Horta, numa iniciativa da AssociaçãoCultural Fazendo e com o apoio da Biblioteca Pública JoãoJosé da Graça. A sessão será no dia 4 de Fevereiro, quinta-feira às 21h30, no auditório daquela instituição.O

João Pedro Rodrigues é um dos realizadores

portugueses mais inscrito na vanguarda do cinema mundial

contemporâneo, talvez só ultrapassado por Pedro Costa.

Acontece que é gay, o que não é nada de extraordinário: muitos

também o são. E faz filmes sobre gays e nisso também não foi

o primeiro nem será o último. Logo ali em Espanha temos um

super-realizador POP, que por ter surgido em Madrid nos loucos

80's e por os seus filmes abordarem amores realistas e humores

surrealistas é bem mais conhecido e amado. Apesar de (ou

mesmo por isso) ser gay.

João Pedro Rodrigues é cineasta, é gay, é vanguardista, consegue

dinheiro para fazer os seus filmes, tem o nome em livros da

TASCHEN, vai a Cannes, faz filmes com sexo explícito, é

PORTUGUÊS e o máximo que se pode ouvir da maioria das

pessoas que conheço - e isto não é culpa delas, que a maior

parte até são bem informadas - é "ah, sim, já ouvi falar". E

não é culpa delas porque eu já ouvi muito e muitíssimo alarido

nos meios de comunicação por causa de certos filmes que se

fizeram em Portugal e que a única coisa que tinham digna de

nota era o tal sexo explícito (ah, espera! e uma boazona!)

Bom, um dos filmes do Almodôvar menos apreciado é "A Má

Educação". Primeiro: porque não é para rir. Segundo: só tem

homens. E pronto, só pode ser por isso porque de resto o filme

é uma obra prima.

Não obstante o poder e a magia das que mulheres (dentro e

fora do cinema) considero, cá muito pessoalmente, que não

estamos perante mais nada do que uma razoável dose de

machismo. Ou será feminismo? Se o que toda a gente quer é

mulheres, talvez seja feminismo... Mas não: é machismo, sim.

É o mesmo machismo que censura os travestis, ou porque é

que um homem vestir-se de mulher é escandaloso e uma mulher

vestir-se de homem é só irónico? É o mesmo machismo que se

rodeia de imagens de corpos de mulheres semi ou mesmo nuas

(tv, revistas, anúncios, calendários, e tal e tal), que uns se

divertem a desejar para si e outras se divertem a desejar ser

assim.

Neste "Morrer como um homem" as únicas mamas que existem

são as de um homem que quer ser assim. Mas estão em ferida,

vertem silicone e sangue e nós, público, somos obrigados a

ver isso. Tal como temos que ver orgãos sexuais masculinos

(não propriamente belos). Mas se o cinema serve para vermos

o que não podemos ou não sabemos ver na vida real, e se o

filme o mostra com mestria e perfeição técnica, através de

linguagens e formas de expressão inovadoras, então o realizador

cumpriu o seu objectivo. E eu como espectadora, também

cumpri o meu: gostei muito.O

Para a segunda edição da rubrica “Discos do

Além”, trazemos ao caro leitor uma pérola da elegância e da

sobriedade – The Ministers Quartet. O primeiro pensamento

que surge ao ver a capa do seu álbum é “não os deixem tocar

em ninguém por favor!”, mas ficaremos muito mais descansados

ao saber que se trata de pastores da igreja de Oklahoma, que

querem tocar no Senhor. Ficamos mais descansados porque

estão em Oklahoma, e Oklahoma é longe. O

Os Oquestrada nasceram em 2002, através do

cruzamento feliz de Miranda (actual vocalista) com Pablo

(Contrabacia). A eles juntaram-se João Lima, Zeto Feijão e

Donatelo Brida. Sete anos mais tarde (é algum tempo…), surge

o primeiro álbum, Tasca Beat, que regista em jeito de compilação

o trabalho musical produzido até então. Num estilo intitulado

pelos próprios de Fado Pop, ou Fado sem saudade, o universo

musical dos Oquestrada explora também outros estilos como

o ska, o rap ou a cantiga à desgarrada, e são o resultado da

mistura de proveniências e culturas dos próprios músicos.

Apesar desta receita ecléctica, os OqueStrada fazem questão

de se dissociar da world music. O seu objectivo é celebrar

Portugal, celebrar Almada e celebrar Lisboa, com Hermínia

Silva e Alfredo Marceneiro à mistura, e ginginha e medronho

para aquecer o coração. Trata-se de um disco de audição

obrigatória, apesar de na minha opinião não conseguir transmitir

a alegria e energia contagiante dos espectáculos ao vivo. Os

Oquestrada actuaram no Faial em 2008, num incrível concerto

no Palco Alternativo da Semana do Mar. Apesar da qualidade

do concerto, o público não aderiu em grande número, o que

já vem sendo habitual por aqui. Certamente terão mais plateia

no próximo dia 30 de Janeiro, onde actuarão no Auditório do

Ramo Grande, na Praia da Vitória, pelas 21.30 h.O Levantou-se tarde a manhãjá sem tempo para olhar

a nuvem sumir no vãode uma espiral com ar

De novo algo dormiupreso ao dia e a mimparei de pensar no rio

daquele deserto sem fim

Subi então a montanhamas à chegada o que vi

era uma coisa tão estranhaque por instantes tremi

Nenhuma voz ou gestosobre os rostos recaía

é saudade o que emprestoaos meus olhos de dia

Restam as cores estáticasretidas mesmo a tempofaltam é linhas mágicas

ao contorno do movimento

Page 5: Fazendo 31

David Garcia é um artista contemporâneo

nascido na California em 1934. No entanto, a sua história

entrecruza-se com a nossa. Os seus avós, naturais da Ribeira

do Meio na ilha do Pico, emigraram para os Estados Unidos por

volta do ano de 1880. David Garcia, curioso sobre as suas

origens, visitou pela primeira vez os Açores em 1966 onde se

encontrou com a sua prima Maria Bettencourt e, como o próprio

afirma, apaixonou-se pelas ilhas. A sua prima, agora com a

idade de 101 anos, vive aqui na Horta com a sua flha Antónia

Xavier. David Garcia voltou aos Açores seis vezes mais e, apesar

de poucas, sente que este contacto influenciou

considerávelmente o seu trabalho enquanto artista.

A Associação Cultural Fazendo, em colaboração com Ken Donald,

acedeu recentemente a alguns dos seus trabalhos – seis pequenas

aguarelas – que estarão expostas na C.A.S.A. a partir de dia

7 de Fevereiro e até dia 7 de Março.

Como convite a visitar esta pequena exposição transcrevo

abaixo o manifesto original do artista:

“The dream begins. The painting unfolds. I feel my way along.

All manner of obstacles are encountered. I reach for balance

and rhythm and truth. I seek understanding. I test my strengths.

I see the weaknesses. I am influenced by everything. I become

eternal for a moment.”

www.ArtByDavidGarcia.com

Nota Biográfica:

Em 1971 licenciou-se em Belas Artes pela California State

University em Los Angeles, tendo posteriormente, em 1976,

adquirido o Mestrado em Belas Artes pela mesma universidade.

Mais tarde foi professor de Arte em Colorado e em Los Angeles.

Realizou inúmeras exposições em diversas galerias na Califórnia,

tendo também exposto em Lisboa em 1991. Está representado

em várias colecções privadas e institucionais.O

Quando a doença aperta, todos nós aprendemos

que o mais ajuizado, é consultar o médico, mesmo sabendo

que a experiência dos enfermeiros, dos curandeiros, da família,

dos amigos e dos curiosos seria “suficiente” para tratar do

nosso padecimento.

Mas quando precisamos de um conselho, de um parecer ou de

uma planta (projecto de arquitectura) para a nossa casa – um

investimento para (quase) toda a vida, recorremos à família,

aos amigos, aos curiosos, aos desenhadores, aos operadores

de CAD, aos engenheiros e..., raramente, a um arquitecto.

Claro que o resultado, é aquele que se vê pelo país inteiro,

quando, em 1973, uma portaria transitória transformou a

Arquitectura de Portugal numa brincadeira de mesa de café,

onde todos dão palpites, todos têm o direito de impor aos

outros (vizinhos) os seus padrões de “bom gosto”...

Tudo, porque o comum do cidadão pensa que a sua casa tem

que ser a mais bonita, e/ou a maior..., e vai daí, decora-a com

o maior número de acessórios, como se de uma árvore de Natal

se tratasse.

Quase decorridos 40 anos, depois de muitos estragos, da

importação de muitos estereótipos, e de muitos gritos de alerta

da Associação de Arquitectos Portugueses que recentemente

virou Ordem dos Arquitectos, houve alguém que disse BASTA!

Basta de curandeiros, de endireitas, de jeitosos, de desenhadores

que em vez de desenharem dão uma mãozinha, de engenheiros

que em vez de dimensionarem também dão o gosto ao dedo...

Basta de edifícios e cidades feitas ao Deus dará, ao sabor do

vento, ao jeito de cada um, viciados nos mais diversos

individualismos, sem a mínima noção de planeamento, de

conjunto edificado, de integração urbanística e arquitectónica.

Mas então, os arquitectos são os únicos a poder intervir?

A resposta vem, quando também se pergunta: Se os médicos

são os únicos a receitar? Se os enfermeiros são os únicos a “dar

picas”? Se os investigadores são os únicos a investigar? Se os

engenheiros são os únicos a calcular? Se os professores são os

únicos a ensinar? Se os condutores são os únicos a conduzir?

Se os pilotos são os únicos a pilotar? Se... Se... Se...

Certamente, não serão os únicos, mas que serão os mais

capazes, ninguém porá em dúvida.

Então, se queremos espaços fechados sem fumo, se não

queremos lixeiras a céu aberto e vamos limpar Portugal, vamos

também devolver os edifícios e as cidades a quem tem mais

preparação técnica e artística para arcar com essa

responsabilidade.

Partilho aqui convosco um quadro que sempre me fez confusão:

Se um arquitecto “consulta” um endireita, é quase insultado

em praça pública e motivo de escárnio de um doutor... Mas se

um médico dá o projecto da sua casa a um desenhador... é

perfeitamente natural, é até um acto de “cultura”, de confiança

mútua... Algo não joga, não bate certo, neste acto... médico!

Mas voltemos à cidade, à freguesia, à nossa rua, onde moramos,

e à utilidade do contributo do arquitecto.

E nada melhor do que dar alguns exemplos, de algumas boas

práticas.

Tenho um cliente, que lhe fiz a casa, e já a ampliei, por duas

vezes, registando curiosamente que este cliente nunca “abria

a boca” na presença do empreiteiro. Perguntei-lhe porquê?

Respondeu-me que eu é que deveria falar, porque sempre que

eu falava, ele ganhava dinheiro, e, ao invés, quando ele dizia

algo, perdia sempre qualquer coisa.

Tive outro cliente que, para além de lhe fazer o projecto,

negociei a entrega da obra a um empreiteiro. Em plena

negociação do preço, perguntámos ao empreiteiro, se o preço

apresentado, se era com ou sem IVA. Ao que ele nos respondeu

que “tanto fazia”..., o que pagou de uma assentada todos os

encargos de projecto, de assessoria e ainda “cresceu”.

Um projecto bem desenvolvido, bem detalhado, e bem descrito

paga-se a si próprio, uma vez que os honorários (limitados por

lei), são largamente cobertos pela qualidade que a construção

virá a ter, seja pela concepção, seja pela caracterização do

processo construtivo, face à prescrição das soluções e materiais

a aplicar em obra.

Um cliente bem assessorado, está sempre defendido, seja ou

não “culpado”.

A prestação de um serviço de arquitectura pressupõe uma

franca relação entre o arquitecto e o cliente, uma vez que o

arquitecto assume-se como “advogado” do seu cliente, na

defesa dos seus interesses junto da Câmara enquanto entidade

licenciadora, junto do empreiteiro enquanto prestador de um

serviço de grande dimensão, no qual existem garantias a

respeitar, cumprir e fazer cumprir.

O arquitecto concebe, desenvolve, cria, planifica, resolvendo

um puzzle de exigências técnicas e estéticas múltiplas, não

atingindo a perfeição a 100%, mas necessariamente com um

elevado índice de satisfação.

O arquitecto preocupa-se com a estética, mas também com

a funcionalidade, com o sucesso das actividades que serão

desenvolvidas nos espaços criados pelo seu projecto, com a

sua integração no meio envolvente, com o respeito pela

memória do local, etc.

A qualidade não é uma questão de gosto, é objectiva e

quantificável.

A qualidade da nossa casa, da nossa cidade, não depende do

acaso, depende, isso sim, do cumprimento escrupuloso de uma

série de regras e boas práticas.

Do mesmo modo que um festival não é um arraial, e que uma

casa não é um casebre, também uma cidade não se resume a

um casario servido por ruelas.

Se uma equipa de futebol sem treinador, acaba por sofrer e

perder... Se um doente sem assistência médica, acaba por

sofrer e morrer... Uma cidade, sem arquitecto, também acaba

por sofrer, e morrer!

Salvemos a cidade da Horta! O

Contributos, para

[email protected]

Page 6: Fazendo 31

A Maçã é o fruto mais importante do

Mundo Ocidental. Não sou feroz amante de maçãs, mas defendo-

-as, com unhas e, sobretudo, com dentes. É que sem maçãs

o Mundo não seria tal como hoje o conhecemos, pois todos

sabemos que a condição humana, a sua experiência e

sensibilidade repousa, bem apoiada no braço direito na sua

História, mas não menos apoiada no braço esquerdo nos seus

Mitos. É a Literatura que faz com que os Mitos – todas as

histórias que a Humanidade criou para explicar as formas do

mundo e suas criaturas - prevaleçam. Ora, não há Mitologia

no “nosso” Mundo sem Maçã.

Comecemos pela Grécia Antiga. Eris, Deusa da Discórdia, usou

uma Maçã dourada para os seus propósitos. Atirou-a, muito

apropriadamente, para o meio de um matrimónio onde estavam

presentes todas as deusas, o que não seria nada de

extraordinário, não tivesse esta a inscrição “para a mais bela”.

Zeus não se quis envolver, pois se tinha chegado a líder foi

também pela sabedoria de ficar sempre calado em disputas

no seu harém e nomeou o pobre Páris para decidir qual era a

deusa mais bonita. Em troca da Maçã, cada deusa lhe ofereceu

o que tinha: Hera deu-lhe poder, Atena, sabedoria e Afrodite,

amor. Páris não pensou duas vezes, deu a Maçã à última e…

assim começou a Guerra de Tróia, que durou dez anos, e teria

durado mais se não fosse a brilhante ideia do cavalo de Ulisses.

Por causa de uma maçãzinha… Nalgumas das línguas indo-

-europeias, há resquícios desta lenda – em holandês e em

alemão, a expressão “maçã da discórdia” identifica desarmonia,

além de haver um lugar com o mesmo nome no bairro Eixample,

em Barcelona.

Hércules, o semi-deus dos doze trabalhos, também se viu aflito

com Maçãs. Teve de roubá-las do Jardim das ninfas Hespérides

(ao que parece, localizava-se na Ibéria), porque a Maçã era o

pomo da imortalidade.

Na mitologia nórdica, também assim acontece – os deuses

alimentam-se de maçãs para garantir não só a eterna vida

como a juventude.

A cultura judaico-cristã, a que a realidade açoriana está mais

ligada, assenta num mito primordial que envolve o quê? A

Maçã! A serpente bem podia ter oferecido a Eva outro fruto

que expulsasse a Humanidade do Paraíso… Mas não. Deus

permitiu-lhes comer tudo, excepto o “fruto da árvore da

sabedoria” (ou da consciência, dependendo das traduções).

Curiosamente, se formos investigar, verificamos que o fruto

de Adão e Eva teria mais probabilidade de ser um figo ou uma

uva – de acordo com o Zohar, texto da Cabala Judaica. Mas a

nossa cultura ocidental, muito romanizada, melhor sorte não

reservou para a Maçã, cujo nome latino é Malus domestica.

Assim, aparentada etimologicamente com “má” logo de

entrada, previa-se para a Maçã um mau futuro e muita

especulação…

Na mesma senda de fruto poderoso e terrível, a Maçã faz parte

dos imaginários infantil e juvenil: é com uma Maçã que a

Madrasta da Branca de Neve – um conto cujo folclore se perde

em 1700 - a envenena, e é uma Maçã que o herói suiço

Guilherme Tell põe na cabeça do filho e parte ao meio com

grande pontaria de arco e flecha, a arma por excelência do

século XIV.

O cientista cá de casa (sim, nós pessoas das ciências humanas

não somos cientistas) explicou-me que há uma razão de ser

para o facto da Maçã ser tão importante: parece que era muito

popular na base de alimentação do ser humano – por exemplo,

os franceses, muito relutantes à introdução da batata quando

esta apareceu a substituir os rabanetes e beterrabas, só se lhe

renderam pela sua parecença morfológica com as maçãs; para

convencer os conservadores citoyens a comer batatinhas foi

preciso usar um estratagema e chamá-las pommes de terre.

Achei isto muito factual e interessante, mas desfez-me um

mito científico: então o Isaac Newton, ao raciocinar a Lei da

Gravidade debaixo da macieira, estava apenas à espera de

uma refeição fácil?! Coitado. Já naquela época, cientista sofria

para o seu sustento…

Entretanto, nos últimos tempos, à custa do Novo Mundo, a

Maçã ficou mais bem vista. Os americanos fizeram de Johnny

Appleseed uma lenda e, logo, lendas patrióticas dos vastos

campos de macieiras que ele terá plantado, alargando a frontier.

Talvez por isso seja tradicional os professores mais simpáticos

receberem dos alunos uma maçã vermelha, nos EUA. Na gíria

do jazz moderninho, “Maçã” é uma cidade e a Big Apple é a

maior de todas.

Claro que vos dei apenas um breve esboço do poder da Maçã

ao longo dos tempos. Ah, e não pensem que é por um pecado

de gula pessoal: dentro de mim, mora uma japonesa que ama

o sabor de cerejas e a visão de sakura na Primavera. Não tenho

o apetite de Agatha Christie que não conseguia escrever sem

comer um cestinho de maçãs reinetas. Não posso, porém,

deixar de reconhecer: culturalmente, onde estaríamos sem

uma Maçã para as nossas catarses? orma de descobrir (ou

redescobrir) autores extraordinários.O

Achas que alguém da tua idade pode ser

um grande detective ou que só os adultos são capazes de

descobrir pistas e resolver mistérios?

Se achas que qualquer pessoa pode descobrir tudo e mais

alguma coisa vais gostar do Detective Maravilhas e dos seus

amigos.

Desta vez os nossos amigos andam preocupados com o João

pois este passa as aulas distraído e é muitas vezes repreendido

pelos professores. O que será que se passa? E quem é o estranho

rapaz que vem tantas vezes buscá-lo à escola? Será que é ele

quem o anda a influenciar?

Para saberes a resposta a estas perguntas e muito mais não

deixes de ler Detective Maravilhas dá a volta por cima, de

Maria do Rosário Pedreira.

Uma palavrinha aos pais – A autora procura sempre abordar

temáticas, como a amizade ou as más influências, que

preocupam os jovens (e os pais!) nestas idades.O

Tal como dizia Pessoa no seu poema Liberdade, "Ai

que prazer, Não cumprir um dever, Ter um livro para ler, E não

o fazer! Ler é maçada, Estudar é nada. O sol doira, Sem

literatura.”, existem momentos em que não apetece fazer

absolutamente nada – e descansar a seguir. Mas existem também

momentos em que o prazer vem de ler um livro quando não

se tem de o fazer. E existe também o prazer, literário e não

só, de conversar sobre o que se leu.

Para quem gosta de ler e de partilhar o que leu; para quem

gosta de ficar a conhecer livros apreciados por outros leitores;

para quem não lê (ainda) e tem curiosidade de saber o que é

isso de gostar de ler; existem os encontros da Comunidade de

Leitores da Horta (CLH). E o que são os encontros da Comunidade

de Leitores da Horta?

A CLH, como o nome indica, é uma comunidade, um ponto de

encontro aberto ao convívio dos leitores – compulsivos,

frequentes ou casuais – e também dos não-leitores, de diversas

idades, proveniências, gostos e personalidades, que têm em

comum o prazer de (re)descobrir livros e autores. É um espaço

onde se podem trocar experiências e opiniões sobre livros

vários, que tenham sido ou estejam a ser lidos, por um ou

vários membros da comunidade.

E é para isso que servem os encontros, uma vez que cada um

fala um pouco sobre o(s) livro(s) que está a ler, fornecendo

aos restantes participantes uma espécie de crítica literária

pessoal e independente sobre esse mesmo livro ou sobre o seu

autor ou autora. Quanto ao livros e temas abordados, não

existem regras, cada participante leva o que quiser, fala sobre

o que quiser, ou não fala de todo, se assim o entender. A ideia

é ficarmos a conhecer mais livros, mais autores, concordar,

discordar, debater, informal e descontraidamente.

O Director da Bilblioteca e Arquivo Regional João José da Graça

é o anfitrião destes encontros e abre-nos as portas da “sua

casa” ao fim da tarde da última sexta-feira de cada mês, para

que possamos partilhar esse grande prazer, que é ler sem ter

de o fazer. O

Encontros da Comunidade de Leitores da Horta: última sexta-

feira de cada mês às 18h na BPARJJG. O Próximo encontro é

já amanhã, dia 29.

Page 7: Fazendo 31

Na nossa última passagem pela praia de

Porto de Pim deparámo-nos com um cenário que se repete

todos os Invernos. A cobrir a areia negra que denuncia a

origem vulcânica das nossas ilhas havia milhares de pequenos

pedaços de plástico colorido, e dispersos, aqui e ali, sacos

plásticos, bóias, garrafas de vidro, latas, tudo lixo proveniente

do mar.

“O mar devolve o que não lhe pertence”

Nos Açores uma parte deste problema deriva do facto das

pessoas ainda terem o hábito de deitar o lixo nas ribeiras,

que nas enxurradas é arrastado para o mar, problema que se

agrava com a elevada precipitação da região.

Segundo um relatório de 2009 do Programa Ambiental da ONU

(UNEP) apenas cerca de 20% do lixo no mar provem de navios

ou plataformas petrolíferas. A maior parte vem de actividades

terrestres! Nas últimas decadas o plástico tem vindo a ser

cada vez mais utilizado. A criação de novos polímeros mais

resistentes e não biodegradáveis garante a sua durabilidade

na natureza por várias centenas de anos, o que justifica que

a grande maioria do lixo marinho seja composta por plástico.

“O que atiramos para o mar pode um dia acabar no nosso

prato”

O entulho plástico despejado no mar pode interferir

gravemente com a vida animal. Estima-se que mais de 1

milhão de animais marinhos morrem anualmente devido a

estes detritos por ingestão ou por aprisionamento, como por

exemplo em artes de pesca perdidas ou abandonadas.

Além das consequências mais visíveis, o lixo marinho também

representa um risco para a saúde humana. As partículas

plásticas flutuantes além das toxinas que as compõem tendem

a concentrar químicos perigosos como PCB e DDT que são

surpreendentemente abundantes na superfície do oceano.

Estes contaminantes acabam por entrar na cadeia trófica

quando estes plásticos são confundidos com presas. Os

predadores de topo (como tubarões, espadarte, atuns) são

os mais afectados pois bioacumulam estes compostos em

quantidades elevadas que acabam por assim chegar ao prato

dos consumidores.

“O que fazer?”

As medidas para reduzir o lixo no mar podem passar por

decisões governamentais como aplicação de multas elevadas

para embarcações que deitem lixo no mar, mas também

mecanismos de mercado direccionados para a reciclagem,

redução ou reutilização de produtos, passando pela

consciencialização do público e de incentivos económicos.

Nos últimos anos tem-se realizado actividades de sensibilização

ambiental através da limpeza da doca e da Praia de Porto

Pim. Mas mais que isso a atitude de cada um de nós perante

o ambiente tem que mudar!OAchas que alguém da tua idade pode ser

um grande detective ou que só os adultos são capazes de

descobrir pistas e resolver mistérios?

Se achas que qualquer pessoa pode descobrir tudo e mais

alguma coisa vais gostar do Detective Maravilhas e dos seus

amigos.

Desta vez os nossos amigos andam preocupados com o João

pois este passa as aulas distraído e é muitas vezes repreendido

pelos professores. O que será que se passa? E quem é o estranho

rapaz que vem tantas vezes buscá-lo à escola? Será que é ele

quem o anda a influenciar?

Para saberes a resposta a estas perguntas e muito mais não

deixes de ler Detective Maravilhas dá a volta por cima, de

Maria do Rosário Pedreira.

Uma palavrinha aos pais – A autora procura sempre abordar

temáticas, como a amizade ou as más influências, que

preocupam os jovens (e os pais!) nestas idades.O

o F zendor cebe

peq enostextos

e/ou imag nspara

preen her as suas

lacun s.

Page 8: Fazendo 31

Exposição de Fotografia

“A Ilha, a História e a sua Gente.”Banco de Portugal | Segunda a Sexta 13h30-17h00

29 de Janeiro

Encontro da Comunidade de LeitoresBiblioteca Pública| 18h (pag.6)

29 a 31 de Janeiro

Cinema:

“Os substitutos”Jonathan Mostow

Cine Teatro Faialense | 21h30 | M/12

1 de Fevereiro

Festividade do Senhor Santo CristoPraia do Almoxarife | 15h

2 de Fevereiro

Cinema:

“O Silêncio da Lorna”Irmãos Dardenne

Cine Teatro Faialense | 21h30 | M/12

4 de Fevereiro

Cinema:

“Passando à de Zé Marôvas”de Aurora Ribeiro (pag. 4)

Auditório da Biblioteca | 21h30

5 a 7 de Fevereiro

Cinema:

“2012”de Roland Emmerich

Cine Teatro Faialense | 21h30 | M/16

7 de Fevereiro a 7 de Março

Exposição de Aguarelasde David Garcia (pag.5)

Casa de chá CASA

9 de Fevereiro

Cinema:

“Capitalismo - A love story”Michael Moore

Cine Teatro Faialense | 21h30 | M/12

11 de Fevereiro

Desfile Infantil de Carnaval

“Biodiversidade”Do Mercado Municipal à EBI da Horta | 10h

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