recomendaÇÕes tÉcnicas para a cultura da soja … · população e densidade de semeadura...
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ISSN 1516-781X
RECOMENDAÇÕES TÉCNICASPARA A CULTURA DA SOJA
NO PARANÁ2000/01
Embrapa 2000Conforme Lei 9.610 de 19.02.98
Embrapa SojaRecomendações técnicas para a cultura da soja no Paraná 2000/
01 / Embrapa Soja. - Londrina: Embrapa Soja, 2000.255p. -- (Documentos / Embrapa Soja, ISSN 1516-781X;
n.145).
1.Soja-Pesquisa-Brasil-Paraná. 2.Soja-Recomendações técnicas-Brasil-Paraná. I.Título. II.Série.
CDD 633.34098162
Embrapa Soja. Documentos, 145 ISSN 1516-781X
comitê de publicações
CLARA BEATRIZ HOFFMANN-CAMPOpresidente
ALEXANDRE JOSÉ CATTELANALEXANDRE LIMA NEPOMUCENO
FLÁVIO MOSCARDIIVANIA APARECIDA LIBERATTI
LÉO PIRES FERREIRAMILTON KASTER
NORMAN NEUMAIERODILON FERREIRA SARAIVA
tiragem
3000 exemplaresOutubro/2000
grupo de trabalhoatualização das recomendações técnicas
ODILON FERREIRA SARAIVAANTÔNIO GARCIA
ALEXANDRE JOSÉ CATTELAN
A publicação Recomendações Técnicas para a Culturada Soja no Paraná, ano agrícola 2000/01, é o resultado do esforçoconjunto realizado pela Embrapa Soja e pelas Instituições de Pes-quisa e Extensão Rural que atuam no Paraná e que têm contribuídopara o aperfeiçoamento e o desenvolvimento da agropecuária nesteEstado. As informações aqui contidas foram atualizadas na XXIIReunião de Pesquisa de Soja da Região Central do Brasil, realizadaem Cuiabá, MT, de 28 a 30 de agosto de 2000 e são fruto daparticipação efetiva das instituições credenciadas e/ou que apre-sentaram trabalhos, relacionadas na seqüência.
É destinada aos profissionais da área da Assistência Téc-nica e Extensão Rural, atuando em instituições oficiais e empresasprivadas do agronegócio da soja. Constitui-se num conjunto de in-formações que visam ao desenvolvimento sustentável da cultura dasoja, cabendo aos técnicos locais fazerem os necessários ajustes eas adaptações do conteúdo aqui apresentado.
Gerenciamento eficiente e uso de tecnologias visandoreduzir os custos e aumentar a produtividade passam a ter especialimportância para os produtores participarem num mercado cadavez mais globalizado e competitivo.
APRESENTAÇÃO
José Renato Bouças FariasChefe Adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento
Embrapa Soja
Agência Goiana de Desenvolvimento Rural e Fundiário - AGENCIARURAL
AGRODINÂMICA
Agropecuária Boa Fé Ltda
Associação Nacional de Defesa Vegetal - ANDEF
Associação Nacional dos Produtores de Inoculantes - ANPI
BASF SA
Caramuru Sementes
Centro Tecnológico de Pesquisas Agropecuárias - CTPA
Cooperativa Agrícola Mista de Iraí de Minas - COPAMIL
Cooperativa Agropecuária Mista do Programa de Assentamento Dirigidodo Alto do Paranaíba - COOPADAP
Cooperativa Central Agropecuária de Desenvolvimento Tecnológico eEconômico Ltda - COODETEC
Embrapa Agropecuária Oeste
Embrapa Cerrados
Embrapa Negócios Tecnológicos
Embrapa Roraima
Embrapa Soja
Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola - EBDA
Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Mato Grosso -EMATER-MT
Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Mato Grosso doSul - EMATER-MS
Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Paraná - EMATER-PR
Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais - EPAMIG
Empresa de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural de MatoGrosso do Sul - EMPAER-MS
INSTITUIÇÕES PARTICIPANTESCREDENCIADAS E/OU QUE APRESENTARAM
TRABALHOS NA XXII RPSRCB
Empresa Mato-Grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural S.A.- EMPAER-MT
Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinária de Jaboticabal - UNESP-FCAV
Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira - UNESP-FEIS
Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária - FAPA
Fundação Cerrados
Fundação Faculdade de Agronomia Luiz Meneghel - FFALM
Fundação MS para Pesquisa e Difusão de Tecnologias Agropecuárias
Fundação Universidade Estadual de Londrina - FUEL
Genética e Sementes JB Ltda
Instituto Agronômico de Campinas - IAC
Instituto Agronômico do Paraná - IAPAR
Instituto Biológico de São Paulo - IB
Japan International Research Center for Agricultural Sciences - JIRCAS
Monsanto do Brasil Ltda
Produtos Alimentícios Orlândia S/A Comércio e Indústria
Programa de Biotecnologia da Universidade Federal de Viçosa - BIOAGRO-UFV
Secretaria da Agricultura do Estado do Paraná - SEAB-PR
Selecta Sementes
Tecnologia Agropecuária Ltda - TAGRO
Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP
Universidade Estadual de Maringá - UEM
Universidade Estadual de Ponta Grossa - UEPG
Universidade Federal de Uberlândia - UFU
Universidade Federal de Viçosa - UFV
Universidade Federal do Mato Grosso - UFMT
Universidade Federal do Mato Grosso do Sul - UFMS
SUMÁRIO
Agronegócio da Soja no Brasil ..............................................11A Produção e Comercialização no Mundo .........................14O Agronegócio no Centro-Oeste ......................................18Produção de Soja ..........................................................19Caracterização do Produtor de Soja .................................21Armazenagem ...............................................................28Transportes ..................................................................31Industrialização .............................................................44Referências Bibliográficas ...............................................46
1 Exigências Climáticas .....................................................481.1. Exigências Hídricas ...............................................481.2. Exigências Térmicas e Fotoperiódicas ....................49
2 Rotação de Culturas ......................................................522.1. Informações Gerais ..............................................522.2. Conceito .............................................................532.3. Eficiência ............................................................532.4. Planejamento da Lavoura ......................................532.5. Escolha do Sistema de Rotação de Culturas ............542.6. Critérios para Escolha da Cobertura Vegetal
do Solo ...............................................................542.7. Informações para Escolha da Rotação de Culturas ....542.8. Planejamento da Rotação de Culturas .....................582.9. Indicações de Rotação de Culturas .........................582.10. Sugestões para Rotação de Culturas Anuais e
Pastagem ............................................................58
3 Manejo do Solo .............................................................813.1. Manejo dos Resíduos Culturais ..............................813.2. Preparo do Solo ...................................................833.3. Compactação do Solo ...........................................863.4. Semeadura Direta.................................................88
4 Correção e Manutenção da Fertilidade do Solo ................1004.1. Amostragem e Análise do Solo ............................ 1004.2. Correção da Acidez do Solo ................................ 1024.3. Exigências Minerais e Adubação para a
Cultura da Soja .................................................. 1094.4. Sistema Internacional de Unidades ....................... 123
5 Cultivares ................................................................... 125
6 Cuidados na Aquisição e na Utilização de Sementes ........ 1296.1. Qualidade da Semente ........................................ 1296.2. Armazenamento das Sementes ............................ 1326.3. Padronização da Nomenclatura do Tamanho das Se-
mentes, após Classificação por Tamanho .............. 132
7 Tratamento com Fungicidas, Aplicação deMicronutrientes e Inoculação de Sementes de Soja .......... 1347.1. Introdução......................................................... 1347.2. Tratamento de Sementes .................................... 1357.3. Aplicação de Micronutrientes............................... 1367.4. Inoculação das Sementes com Bradyrhizobium ...... 1377.5. Como Tratar com Fungicidas, Aplicar
Micronutrientes e Inocular as Sementes ................ 1387.6. Cuidados com o Inoculante ................................. 1437.7. Cuidados com a Inoculação ................................. 1437.8. Qualidade e Quantidade de Inoculante a ser
Utilizado ........................................................... 1437.9. Inoculação em Áreas com Cultivo Anterior
de Soja ............................................................. 1447.10. Inoculação da Soja em Áreas de Primeiro
Ano de Cultivo................................................... 1457.11. Nitrogênio Mineral .............................................. 146
8 Instalação da Lavoura .................................................. 1478.1. Cuidados Relativos ao Manuseio das Sementes ..... 1478.2. Época de Semeadura ............................................ 1498.3. Semeadura em Épocas Não Convencionais ............ 150
8.4. Diversificação de Cultivares ................................. 1528.5. População e Densidade de Semeadura .................. 1538.6. Cálculo da Quantidade de Sementes e
Regulagem da Semeadora ................................... 155
9 Controle de Plantas Daninhas........................................ 158Informações Importantes .............................................. 163Semeadura Direta ........................................................ 170Disseminação.............................................................. 172Resistência ................................................................. 173
10 Manejo de Pragas ........................................................ 17410.1. Definição .......................................................... 17410.2. Pragas Principais ................................................ 17610.3. Outras Pragas .................................................... 18111.1. Considerações Gerais ......................................... 189
11 Doenças e Medidas de Controle .................................... 18911.2. Doenças Identificadas no Brasil ............................ 19111.3. Principais Doenças e Medidas de Controle ............. 193
12 Retenção Foliar (Haste Verde) ....................................... 229
13 Colheita ..................................................................... 23213.1. Fatores que Afetam a Eficiência da Colheita .......... 23213.2. Avaliação de Perdas ........................................... 235
Como medir as perdas ........................................ 23713.3. Como Evitar Perdas ............................................ 237
14 Tecnologia de Sementes .............................................. 24014.1. Seleção do Local ................................................ 24014.2. Avaliação da Qualidade ....................................... 24114.3. Remoção de Torrões para Prevenir a
Disseminação do Nematóide de Cisto e doPercevejo Castanho ............................................ 243
15 Literatura Consultada ................................................... 245
IntroduçãoO sistema agroalimentar, dos países em desenvolvimento,
particularmente do Brasil, deve ser entendido como um tema vincu-lado à evolução geral da economia mundial. Não se pode estudar aprodução agropecuária sem vínculo com os setores agro-industriaise de serviços. Dessa forma, o bom entendimento do que está sepassando na agricultura não pode se fundamentar mais em análisesexclusivas das partes, senão também na análise mais e mais pro-funda das relações existentes entre cada elo que liga os setoresagrícola, industrial e de serviços. Significa dizer que a visão sistêmica,pela qual se utiliza o conceito de SAI (Sistema Agro-industrial),deve ser vista como a totalidade dos fluxos de bens e serviços queresultam na satisfação dos consumidores, em um espaço geográfi-co determinado, resultado de uma rede de interdependências entreatores (empresas, instituições financeiras, organizações públicas,consumidor) que garantem a existência daqueles fluxos.
“A adoção do complexo agro-industrial como unidade de aná-lise retira da agricultura sua centralidade como unidade analítica,uma vez que para se explicar os processos econômicos, sociais epolíticos básicos que incentivam ou bloqueiam as atividades agrári-as deve-se, obrigatoriamente, levar em conta os segmentos quecompõem o complexo agroalimentar. O complexo agroalimentar éuma unidade de análise na qual a agricultura se vincula com a in-dústria de dupla maneira: com a indústria de máquinas e insumosque tem na agricultura seu mercado e com a indústria processadora/beneficiadora de matérias-primas agrícolas” (Müller, 1989).
São várias as atividades econômicas que constituem o com-plexo agroalimentar, destacando-se entre elas a cadeia agro-indus-trial da soja. O setor produtivo é a essência de toda cadeia, pois é a
AGRONEGÓCIO DA SOJA NO BRASIL
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produção que movimenta e interliga todos os demais segmentos. Acadeia agro-industrial da soja brasileira sempre foi considerada umexemplo do sucesso de inserção no mercado mundial.
O crescimento da produção e do esmagamento da soja, nadécada de 70, foi tão rápido que colocou o Brasil como o primeiroexportador mundial de farelo de soja, tendo perdido recentementeessa posição para a Argentina, e o segundo exportador de sojagrão. Os mercados internacionais de soja e seus derivados, repre-sentaram, na temporada comercial set/99 a ago/00, cerca de US$17,38 bilhões, quando o farelo e óleo responderam por 56% dessetotal1 . O Brasil participa com cerca de 20% desse valor, ou seja,US$ 3,47 bilhões. Nota-se que os preços da soja e derivados estãobem aquém da sua média histórica. Basta verificar que no períodocomercial 1996/97, com um volume mundial comercializado bemmenor que a temporada 1999/00, o valor total foi igual a US$23,26 bilhões.
Considerando o sistema agro-industrial total do Brasil, a esti-mativa é de que sua participação em relação ao PIB do País cheguea 35%, ou seja, US$ 195 bilhões, considerando o PIB de 1999.Desse total, a cadeia agro-industrial da soja participa com pelo menos16%, que significa um montante de US$ 31,20 bilhões anuais.Esses números mostram a importância econômica da soja para oPaís.
A produção de soja no Brasil, bem como seus derivados semi-industrializados e industrializados, sofrem forte concorrência mun-dial, com tendências a se acirrar no próximo decênio. As políticasdos países desenvolvidos que procuram restringir o acesso aos seusmercados domésticos, agravadas pelos subsídios às exportações; aestabilização do consumo de proteínas de origem animal nos paísesde alta renda “per capita”, o surgimento de produtos substitutos
1Cálculo: volume comercializado de soja grão - 44,59 milhões de t ao preço médio de US$171,00. Farelo: volume comercializado - 38,50 milhões de t ao preço médio de US$ 184,63e Óleo de soja: volume comercializado - 7,42 ao preço de 358,72 a tonelada.
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dos óleos vegetais e proteínas para ração animal e o aumento deprodução dos países competidores, são alguns fatores que pressio-nam a posição brasileira no mercado mundial de soja e seus deriva-dos.
Por outro lado, a necessidade de reestruturação do sistemaindustrial interno para fazer frente à globalização também afeta acadeia agro-industrial da soja. Essa combinação de competitividadeexterna, aliada à situação interna, exige a crescente busca de van-tagens comparativas por parte dos setores e empresas participan-tes da cadeia da soja, e de políticas públicas que garantam suportee incentivo para sua capacitação competitiva.
Para ter uma idéia da importância do setor agro-industrial emqualquer país, em 1970, 3,4 milhões de empregos rurais nos Esta-dos Unidos geravam 20 milhões de empregos no setor agro-indus-trial (uma relação de 1:5,88) (Goodman et al., 1987). Tanto nosEstados Unidos como no Brasil, esse setor é o maior negócio dopaís, participando com 20% do PIB nos Estados Unidos e 35% doPIB no Brasil. Quanto ao emprego no Brasil, 22% da populaçãoeconomicamente ativa possui ligação direta ou indireta com o setoragro-industrial.
Como o setor agro-industrial é mais importante, dentro doPaís, quando comparado à sua importância relativa nos EstadosUnidos, a relação pode ser considerada 1:6, ou seja, um empregono setor rural gerando seis empregos no setor agro-industrial. Con-siderando o complexo agro-industrial envolvido com a cadeia pro-dutiva da soja, pode-se considerar uma geração de cinco milhões equatrocentos mil empregos, uma vez que há aproximadamente 0,9milhão de pessoas trabalhando na produção de soja, ao nível depropriedade agrícola (Roessing - cálculo baseado em dados do cen-so agropecuário de 1996-IBGE). Stulp & Plá, 1992, considerando ocenso agropecuário de 1985, estimaram em 1,5 milhão de pessoasenvolvidas diretamente com a produção de soja. No entanto, sabe-se que esse valor diminuiu bastante, principalmente com a expan-
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são da soja no Centro-Oeste, baseada numa estrutura de grandespropriedades agrícolas.
A Produção e Comercialização no MundoA importância estratégica da produção de oleaginosas, além
do suprimento da demanda mundial de óleos vegetais, reside nacapacidade de ofertar proteínas para a produção de carnes a preçoscompetitivos.
Dentre as principais oleaginosas, a soja se destaca com parti-cipação de 51% do total produzido no mundo. Na Figura 1, sãoapresentados os principais produtores mundiais de soja. Além dosprincipais países produtores, para que se possa analisar as perspec-tivas e necessidades de políticas voltadas ao setor agro-industrialda soja, é importante conhecer os principais exportadores, importa-dores e consumidores, atuais e potenciais, dos produtos do com-plexo (Tabelas 1, 2 e 3).
FIG. 1. Principais paises produtores de soja.
USA51,3%
INDIA3,2%
BRASIL20,1% ARGENTINA
10,4%
CHINA9,1%
OUTROS5,8%
DA
. 15 .
TABELA 1. Exportação e importação de soja grão (99/00).
Quantidade (milhões de t)
Estados Unidos 26,00 (58%)Brasil 9,20 (21%)Argentina 5,10 (11%)Paraguai 2,00 (4%)China 0,20 (1%)Outros 2,16 (5%)Ex
port
ação
Total 44,65 (100%)
União Européia 16,37 (37%)China 7,20 (16%)Japão 4,75 (10%)Taiwan 2,30 (5%)México 3,95 (9%)Outros 10,02 (23%)Im
port
ação
Total 44,59 (100%)
Fonte: USDA.
Como a estrutura da demanda da soja está baseada na de-manda de farelo, percebe-se que, em termos de perspectivas deimportação desse produto, os países da União Européia, apesar dobaixo crescimento populacional, ainda são os mais importantes domundo, tendo sido responsáveis, no ano comercial de 99/00, pelaimportação de 49% da quantidade total comercializada.
Dentre os países que se destacam como os mais promissoresimportadores de farelo de soja para o futuro, estão os países doLeste Europeu2, Norte da África3, Meio Este4, China e América Lati-na, destacando-se o México. Nesses países, a maior parte da popu-lação apresenta alta elasticidade-renda da demanda de alimentos,
2Bulgária, Bósnia-Herzegovinia, Croácia, República Checa, Eslováquia, Eslovênia, Hungria,Polônia, Romênia, Iugoslávia.
3Algéria, Egito, Líbia, Marrocos, Tunísia.
4Chipre, Iran, Iraque, Israel, Jordânia, Kuwait, Líbano, Arábia Saudita, Síria, Turquia.
. 16 .
TABELA 2. Exportação, importação e consumo de farelo de soja(99/00).
Quantidade (milhões de t)
Estados Unidos 6,26 (16%)Brasil 10,55 (27%)Argentina 13,35 (35%)União Européia 5,19 (13%)Índia 2,15 (6%)Outros 1,14 (3%)Ex
port
ação
Total 38,65 (100%)
União Européia 19,05 (49%)Europa do Leste 2,49 (6%)Ásia & Oceania 7,54 (20%)Meio Este e Norte da África 3,83 (10%)América Latina 3,80 (10%)Outros 1,79 (5%)Im
port
ação
Total 38,50 (100%)
Estados Unidos 27,58 (26%)América Latina 14,80 (14%)União Européia 25,94 (24%)China 12,19 (11%)Japão 3,57 (3%)Meio Este e Norte da África 5,28 (5%)Outros 18,33 (17%)
Con
sum
o
Total 107,69 (100%)
Fonte: USDA.
principalmente de origem animal. Dessa forma, considerando comocerta a superação da crise internacional do final do milênio, o au-mento da renda "per capita" desses países causará um aumentosem precedentes na demanda de oleaginosas. Os dados apresenta-dos nas Tabelas 1 a 3 indicam claramente quais são os países con-correntes na produção da matéria prima e quais oferecem as maio-res oportunidades de mercado futuro.
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TABELA 3. Exportação, importação e consumo de óleo de soja(99/00).
Quantidade (milhões de t)
Estados Unidos 0,64 (9%)Brasil 1,40 (19%)Argentina 3,00 (40%)União Européia 1,57 (21%)Outros 0,84 (11%)Ex
port
ação
Total 7,44 (100%)
China 0,63 (9%)União Européia 0,55 (7%)Meio Este e Norte da África 1,85 (25%)América Latina 1,46 (20%)Outros 2,93 (39%)Im
port
ação
Total 7,42 (100%)
Estados Unidos 7,33 (30%)América Latina 5,09 (20%)União Européia 1,81 (7%)China 3,07 (12%)Japão 0,67 (3%)Meio Este e Norte da África 1,98 (8%)Outros 4,83 (20%)
Con
sum
o
Total 24,78 (100%)
Fonte: USDA.
A competitividade na produção da matéria prima (soja) nãoconsiste no maior problema da cadeia produtiva da soja. O Brasilestá na vanguarda mundial da tecnologia de produção de soja nasregiões tropicais. A potencialidade do aumento de produção de sojano mundo está localizada entre os paralelos 20oS e 20oN. No entan-to, se for observado o potencial dessa faixa no mundo, a possibili-dade de expansão produtiva dessa oleaginosa está quase toda noBrasil, em termos topográficos, meteorológicos, de disponibilidadede terras e tecnológicos. Além disso, as terras disponíveis no Brasil
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permitem a produção de soja em larga escala, tendência mundial naprodução de grãos.
O Agronegócio no Centro-OesteConsiderando a tendência da produção mundial de soja, prin-
cipalmente sob o aspecto "escala", dificilmente existirão argumen-tos convincentes no sentido de frear a expansão dessa oleaginosana Região Centro-Oeste do Brasil. Na última década, o consumomundial de soja cresceu a uma taxa média anual de 4,76%, igua-lando-se à taxa de crescimento da produção. No mesmo período, aprodução de soja no Centro-Oeste cresceu a uma taxa média anualde 9,11%.
Das regiões geopolíticas brasileiras, a Região Centro-Oeste éa que acumula o maior potencial de expansão da cultura da soja noBrasil e no mundo. Somente ao norte do Estado do Mato Grossoexistem cerca de cinco milhões de hectares, perfeitamente cultivá-veis, suficientes para alavancar a produção brasileira de soja em 15milhões de toneladas. Na safra de 1999/2000 a Região Centro-Oeste foi responsável por 44,60% da produção brasileira, contra40,20% da Região Sul, sendo as demais regiões responsáveis pe-los 15,20% restantes (N/NE e SUDESTE). Na safra de 1989/90, aRegião Centro-Oeste foi responsável por 33,10% da produção bra-sileira de soja, ao passo que a Região Sul produziu 58,70%, e asRegiões Sudeste, Norte e Nordeste, 8,20%.
As pesquisas geradas pela Embrapa (Embrapa Soja, EmbrapaCerrados e Embrapa Agropecuária Oeste) e suas parceiras (especi-almente Fundação MT, no Estado do Mato Grosso), tiveram papelpreponderante no sucesso da soja na Região Centro-Oeste, pelageração de cultivares e de processos de cultivo adaptados aos so-los e clima do cerrado brasileiro. Citando o Estado do Mato Grossocomo exemplo, a partir da década de 90, a soja passou a ser o seuprincipal produto agrícola, participando com mais de 40% do Pro-duto Interno Bruto Agropecuário daquele estado (em 1997, a parti-
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cipação do Valor Bruto da Produção de Soja - R$ 1,97 bilhão - foide 40% em relação ao Produto Interno Bruto Agropecuário - R$3,95 bilhões -). No entanto, devido aos altos custos de produção eà grande distância dos centros consumidores e dos portos, a renta-bilidade da soja, por unidade produzida, é baixa. Daí a necessidadeda produção em alta escala. Além da necessária redução nos cus-tos de transporte, o que já está sendo buscado via transporte fluvi-al, aspectos tecnológicos fitotécnicos devem continuar sendopesquisados, com o fim de aumentar a produtividade e/ou reduziros custos, com o menor dano possível ao ambiente, para continuarmantendo competitividades nacional e mundial.
Produção de SojaA produção de soja no Brasil concentrou-se na Região Centro-
Sul até o início dos anos 80. A partir daí, a participação da RegiãoCentro-Oeste aumentou significativamente. A expansão da áreacultivada de soja no Brasil é resultado tanto da incorporação denovas áreas, nas regiões Centro-Oeste e Norte, quanto da substi-tuição de outras culturas, na Região Centro-Sul.
O grande aumento da área e da produção de soja na região emexpansão deu-se na década de 80. De uma área igual a 1,29 mi-lhões de hectares e uma produção de 2,2 milhões de toneladas em1980, aquela região passou a cultivar 5,08 milhões de hectares,com uma produção de 10,3 milhões de toneladas, em 1989. Noprocesso de incorporação de 3,79 milhões de hectares na produçãode soja, durante o período 1980/89, houve contribuição líquida dacultura, traduzida na expansão da fronteira agrícola, incorporandoao processo produtivo áreas antes inexploradas. No entanto, podeter havido substituição de culturas em determinada parcela. Segun-do estudos realizados por Gomes,1990, no período 1970/80, ocrescimento da área com soja, tanto na região tradicional como naem expansão, deveu-se quase que exclusivamente ao efeito-substi-tuição, que atingiu mais de 98% dessa expansão. Dos produtos
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analisados na região em expansão, verificou-se que o algodão, oamendoim e o feijão sofreram redução de área cultivada, enquantoarroz, café, cana-de-açúcar, laranja, mandioca, milho, pastagens esoja tiveram expansão de área.
Esse incremento na produção resultou dos vários incentivosgovernamentais, (creditícios, pesquisas, apoio técnico, e outros).Roessing & Guedes, 1993, destacam que isso foi possível tambémgraças a uma forte demanda do mercado externo, principalmentede farelo de soja.
Na safra 1999/00, a Região-Centro-Oeste contribuiu com44,60% da produção nacional de soja, enquanto a contribuição daRegião Sul foi de 40,20%. Verificou-se, através de uma regressãolinear, que no período correspondente às safras 1989/90 a 1999/00, a produção da região apresentou uma taxa média anual de cres-cimento de 9,11%. Esse crescimento deveu-se mais ao aumentoda área semeada, pois essa apresentou uma taxa média de cresci-mento de 5,17% ao ano, enquanto que a produtividade cresceu auma taxa de 3,94% ao ano, um excelente desempenho. Analisandoseparadamente os estados que constituem a Região Centro-Oeste,o Estado do Mato Grosso destaca-se com taxa média anual de cres-cimento da produção de soja de 9,88%. Esse percentual reflete odesempenho positivo obtido pela produtividade, com uma taxa de2,70% e, principalmente, pelo aumento da área cultivada com 7,18%ao ano. O Estado do Mato Grosso produziu, na safra de 1999/00,7,65 milhões de toneladas de soja, numa área de 2,64 milhões dehectares, atingindo uma produtividade de 2.900 kg por hectare. Aparticipação do estado na área total do País foi de 19,80% e naprodução, de 24,30%.
No Estado de Goiás, no mesmo período, ocorreu aumento daprodução decorrente mais do acréscimo da produtividade do que daárea. A taxa anual média de crescimento da produção durante oreferido período foi de 9,70%, sendo a área responsável por 4,70%e a produtividade por 5,00%. Nesse estado, foram produzidas, na
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safra de 1999/00, 3,96 milhões de toneladas de soja, numa área de1,45 milhão de hectares, atingindo uma produtividade de 2.720 kgpor hectare. A participação do estado na área total do País foi de10,91% e na produção, de 12,58%.
No Mato Grosso do Sul, nesse período, a área apresentouredução de 0,85% ao ano, porém a taxa de crescimento da produ-ção foi positiva, porque a produtividade cresceu a uma taxa médiaanual de 2,88%, sendo fator determinante para o aumento da pro-dução em 2,03% ao ano. Esse aumento de produtividade deveu-seao maior emprego das tecnologias existentes e colocadas à disposi-ção dos produtores pela pesquisa e pela assistência técnica, princi-palmente cultivares resistentes a doenças e com maior potencialprodutivo. Na safra de 1999/00, o estado produziu 2,32 milhões detoneladas de soja, numa área de 1,10 milhão hectares, atingindouma produtividade de 2.100 kg por hectare. Sua participação naárea total do País foi de 8,24% e na produção, de 7,39%. A Tabela4 apresenta os dados de área, produção e produtividade de soja noBrasil, por estado, das safras de 1998/99 e 1999/00.
Caracterização do Produtor de Soja
É difícil conhecer o número de pessoas ocupadas na produçãode soja, já que não existem estatísticas que forneçam essa informa-ção de maneira direta. É possível, no entanto, fazer uma estimativado número de pessoas ocupadas nessa produção. O pessoal ocupa-do com lavouras temporárias no Brasil, no ano de 1996, era de6.780.333 trabalhadores, em 1.844.451 estabelecimentosagropecuários. Isto significa aproximadamente 3,67 pessoas porestabelecimento que possui lavoura temporária como uma das ati-vidades econômicas. Sabendo-se que existem, entre os estabeleci-mentos que possuem culturas temporárias, 242.998 que se dedi-cam também ou exclusivamente ao cultivo de soja (13,17%), pode-se estimar a existência de 891.802 pessoas ocupadas diretamentecom a produção de soja no País. Naturalmente, essa é uma estima-
. 22 .
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1,9
18,8
PA3,3
4,0
21,2
PA2.0
38
2.1
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RO
8,7
11,5
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RO
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RO
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0,0
TO
40,1
44,5
11,0
TO
93,8
105,9
12,9
TO
2.3
40
2.3
80
1,7
N50,4
47,9
14,9
N123,2
144,4
17,2
N2.4
44
2.4
94
2,0
BA
580,2
635,3
9,5
BA
1.1
50,5
1.4
86,6
29,2
BA
1.9
83
2.3
40
18,0
MA
162,7
175,7
8,0
MA
390,5
421,7
8,0
MA
2.4
00
2.4
00
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PI29,9
34,4
15,0
PI68,8
82,6
20,1
PI2.3
00
2400
4,3
NE
772,8
845,4
9,4
NE
1.6
09,8
1.9
90,9
23,7
NE
2.0
83
2.3
55
13,1
PR2.7
69,2
2.8
24,6
2,0
PR7.7
23,3
7.1
09,5
-7,9
PR2.7
89
2.5
17
-9,8
SC
215,6
204,8
-5,0
SC
431,2
508,9
18,0
SC
2.0
00
2.4
85
24,3
RS
3.1
34,5
3.0
09,1
-4,0
RS
4.7
64,4
5.0
31,2
5,6
RS
1.5
20
1.6
72
10,0
SU
L6.1
19,3
6.0
38,5
-1,3
SU
L12.9
18,6
12.6
49,6
-2,1
SU
L2.1
11
2.0
95
-0,8
MG
577,1
594,4
3,0
MG
1.3
36,0
1.3
96,8
4,6
MG
2.3
15
2.3
50
1,5
SP
520,5
558,5
7,3
SP
1.4
21,0
1.2
39,9
-12,7
SP
2.7
30
2.2
20
-18,7
SU
D.
1.0
97,6
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SE
2.7
57,0
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SE
2.5
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2.2
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MT
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MT
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MT
2.8
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2.9
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MS
1.0
53,9
1.1
06,6
5,0
MS
2.7
40,1
2.3
23,9
-15,2
MS
2.6
00
2.1
00
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GO
1.3
24,7
1.4
54,5
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GO
3.4
17,7
3.9
56,2
15,8
GO
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20
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DF
28,5
33,5
17,5
DF
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DF
2.2
43
2.7
24
21,4
C.O
.4.9
55,1
5.2
31,8
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C.S
UL
12.1
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C.S
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29.3
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UL
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59
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N/N
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N/N
E1.7
33,0
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N/N
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13.3
26,5
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. 23 .
tiva baseada em apenas um critério e sujeita a erros. Sabe-se que asoja é uma cultura totalmente mecanizada, não possuindo, portan-to, o mesmo número de pessoas ocupadas quando comparado comoutras culturas. Na Tabela 2 encontra-se a estimativa da populaçãodiretamente ocupada com as lavouras de soja no Brasil.
Em praticamente todos os estados, já existiam pessoas ocu-padas com soja em 1996. Embora a produção de soja tenha au-mentado de 1996 para 2000, não se acredita que o número depessoas diretamente envolvidas com essa produção tenha aumen-tado. Ao contrário, estima-se que a expansão da soja na RegiãoCentro-Oeste e a diminuição das pequenas propriedades da RegiãoSul tenham contribuido para a queda do número de pessoas envol-vidas diretamente com a cultura. O número de pessoas ocupadascom a soja, apresentado na Tabela 5, não inclui o complexo todo,ou seja, as pessoas que direta ou indiretamente atuam no processode agroindustrialização e comercialização.
A partir dos dados censitários de 1996, observa-se que oprodutor médio de soja ocupou uma área de 38,02 ha e produziu88,84 toneladas de grãos, equivalente a uma produtividade de 2.273kg/ha (Tabela 6).
Com relação à situação de posse da terra dedicada à sojanota-se, com os dados do censo de 1996, que:
a) os proprietários eram 82,26% dos produtores de soja, produzin-do 84,81% da safra total e ocupando 84,57% da área totaldestinada à cultura. Os dados nos permitem observar que o vo-lume produzido, em média, pelo produtor proprietário da terraera de 91,60 toneladas, muito próximo da média do conjuntodos produtores. A produtividade média obtida pelos proprietáriosfoi de 2.296 kg/ha, que também não difere muito da obtida peloconjunto dos produtores;
b) os arrendatários constituíram 8,68% dos produtores e produzi-ram 12,12% da soja, com um volume médio de 124,06 tonela-das, 35% a mais do que o obtido pelo produtor médio. De certa
. 24 .
TABELA 5. Estimativa da população ocupada na produção de soja no Brasil,segundo o censo agropecuário de 1995/96.
Número deestabelecimentos
agropecuáriosEstadoPopulaçãorural total
Total Com soja
% doestabel.
comsoja
Estimativado
pessoalocupadocom soja
Brasil 33.993.332 4.858.457 242.998 5,00 891.802
São Paulo 2.351.492 218.016 6.126 2,81 22.482Paraná 1.991.814 369.875 69.738 18,85 255.938Santa Catarina 1.310.114 203.347 9.980 4,91 36.627Rio G. do Sul 2.054.711 429.958 142.487 33,14 522.927Mato G. do Sul 323.516 49.423 4.217 8,53 15.476Mato Grosso 540.284 78.763 2.746 3,49 10.078Goiás 642.145 111.791 3.482 3,11 12.779Minas Gerais 3.598.761 496.677 2.562 0,52 9.403Bahia 4.714.832 699.126 747 0,12 2.742Maranhão 2.511.008 368.191 184 0,05 675Piauí 1.116.970 208.110 5 – 18Distrito Federal 129.698 2.459 189 7,69 694Tocantins 307.633 44.913 55 0,12 202Rondônia 466.551 76.956 68 0,09 250Pará 2.561.832 206.404 138 0,07 506Paraíba 1.043.630 146.539 65 0,04 238Roraima 72.854 7.476 25 0,33 92Outros 12.837.685 1140433 184 0,02 675
Fonte: FIBGE. Censo Agropecuário de 1995/96.
forma, essa observação é lógica, já que o objetivo do arrenda-mento é justamente aumentar a disponibilidade de terra para aexploração agrícola. A produtividade do produtor arrendatárioera de 2.304 kg/ha, o que não difere muito da média, indicandoque a tecnologia utilizada é mais ou menos a mesma;
c) os parceiros constituíram 5,70% dos produtores, mas sua pro-dução atingiu apenas 2,13% da produção total, o que correspondeà observação de que o tamanho médio da área do produtor par-
. 25 .
ceiro estava bem abaixo da média geral. A produção média indi-vidual foi de 33,30 toneladas. A produtividade obtida pelos par-ceiros foi igual à produtividade obtida pelo proprietário e peloarrendatário, ou seja, 2.293 kg/ha, indicando o uso da mesmatecnologia;
d) os ocupantes constituíram 3,36% dos produtores de soja, ge-rando apenas 0,90% do volume colhido. Cada produtor ocupan-te contribuiu, em média, com um volume menor que a médiageral, já que a produção individual do grupo foi de 24,41 tonela-das. A produtividade obtida por esse grupo de produtores foi umpouco mais baixa, com 2.252 kg/ha.
Observa-se, com base nos dados anteriores, que o maior gan-ho na produtividade, por hectare de soja, ocorreu dos dois primei-ros estratos para o estrato com área entre 100 e 1.000 ha. A partirdos 1.000 ha o efeito do aumento da área da propriedade sobre a
TABELA 6. Produção de soja no Brasil, segundo a condição de posse e área doprodutor. Safra de 1995/96.
InformanteProdução
(t)Área(ha)
P. média(t)
A. média(ha)
Totais 242.998 21.588.193 9240289 88,84 38,02
Condição do produtor................................................................................Proprietarios 199.884 18.309.949 7.814.314 91,60 39,09Arrenddatarios 21.101 2.617.882 1.136.301 124,06 53,85Parceiros 13.839 460.868 201.002 33,30 14,52Ocupantes 8.174 199.494 88.672 24,41 10,84
Grupos de área.........................................................................................Menos de 10 ha 57.203 356.726 195.068 6,24 3,4110 a 100 ha 157.147 5.059.819 2.337.097 32,20 14,87100 a 1000 ha 24.713 8.602.393 3.759.820 348,09 152,141000 a 10000 ha 3.774 6.656.601 2.809.816 1.763,81 744,52Mais de 10000 ha 153 912.441 386.171 5.963,67 2.523,99Não informado 8 213 96 26,62 12,00
Fonte: FIBGE - Censo Agropecuário do Brasil de 1995/96.
. 26 .
produtividade tem sido pequeno. O impacto positivo da área sobrea produtividade deve ser o resultado de um aumento do nível detecnologia utilizado, diretamente proporcional ao aumento da áreada propriedade, obviamente até determinado tamanho, a partir doqual não existem diferenças no emprego de tecnologia. Pode-sesupor que a diferença entre o nível tecnológico empregado em pro-priedades de 1.000 ha, e 10.000 ha seja mínimo, porém, a mesmadiferença entre propriedades de 10 ha e 100 ha deve ser significa-tiva.
Em relação à área trabalhada pelos produtores de soja nasdiversas Unidades da Federação, observa-se pela Tabela 7 que:
a) no Rio Grande do Sul e no Paraná, os produtores que trabalha-vam áreas menores que 100 ha representavam quase 50% daárea cultivada com soja. Os produtores que trabalhavam áreas
TABELA 7. Área cultivada com soja, segundo grupos de área total dos estabe-lecimentos nos estados de maior participação na produção - 1995/96(mil ha).
Grupos de área Brasil RS PR MT MS GO Outros
0 - 10 ha 195 112 72 1 3 – 710 - 100 ha 2168 1070 1002 4 47 26 19100 - 1000 ha 3759 977 1007 383 332 392 6681000 - 10000 ha 2810 244 182 122 315 429 51810000 ha e mais 383 – 5 230 50 16 83sem dados 1 – – – – – –Total 9316 2403 2268 1740 747 863 1295
......................................... Em termos percentuais ........................................
0 - 10 ha 2,09 4,67 3,17 0,06 0,40 – 0,5410 - 100 ha 23,27 44,53 44,18 0,23 6,29 3,02 1,47100 - 1000 ha 40,35 40,66 44,40 22,01 44,44 45,42 51,581000 - 10000 ha 30,16 10,14 8,02 64,48 42,18 49,71 40,0010000 ha e mais 4,12 – 0,23 13,22 6,69 1,85 6,41sem dados 0,01 – – – – – –Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00
Fonte: FIBGE - Censo Agropecuário do Brasil de 1995/96.
. 27 .
entre 100 ha e 1.000 ha representavam 40% da área total culti-vada no Rio Grande do Sul e 44% no Paraná. Os produtores commais de 1.000 ha representavam 10% e 8% da área cultivada,no Rio Grande do Sul e no Paraná, respectivamente. No entanto,a produção nas áreas acima de 100 ha, em ambos os estados,representava 54% do total e a produção das áreas abaixo de100 ha, 46%;
b) no Mato Grosso, no Mato Grosso do Sul e em Goiás, a áreacultivada por produtores de menos de 100 ha representava umaparcela muito reduzida da área total, sendo 0,3% no Mato Gros-so, 6,5% no Mato Grosso do Sul e 3% em Goiás. A área cultiva-da entre 100 ha e 1.000 ha representava entre 22% (Mato Gros-so) e 45% (Goiás). A área cultivada por produtores, cuja propri-edade possuía mais de 1.000 ha, representava 64% no caso doMato Grosso, 42% no Mato Grosso do Sul e 50% em Goiás.
Observa-se assim que os produtores do Centro-Oeste (princi-palmente no caso do Mato Grosso) ocupavam áreas bem maioresdo que os da Região Sul. Essa observação permite inferir que agrande expansão da soja no Centro-Oeste se realizou e está serealizando com base em cultivos extensivos, aproveitando econo-mias de escala, enquanto que no Sul houve e está havendo umatendência de aumento da área das propriedades produtoras de soja,pois a produção de grãos não se sustenta mais em pequenas propri-edades que procuram fazer dessa atividade a sua principal fonte dereceita.
Para se ter uma idéia da tendência da produção de soja quan-to aos parâmetros analisados, procura-se compará-los com os da-dos do Censo Agropecuário de 1985. Os dados comparativos dosdois Censos, indicam que houve uma diminuição de 177.206 esta-belecimentos que produziam soja de 1985 a 1996. Naturalmente, amaior parte desses estabelecimentos possuía pequenas áreas. Porexemplo, as propriedades de áreas abaixo de 100 ha diminuiram,nesse período, em 13,50%. As áreas, na faixa de 100 ha a 1000
. 28 .
ha permaneceram no mesmo percentual, em torno de 40%. Noentanto, as áreas acima de 1000 ha passaram de 18% para 30%.Na verdade, a grande produção de soja nos anos 90 está concen-trada em propriedades cuja área está acima de 200 ha (65%) e atendência é dessa produção se concentrar cada vez mais em propri-edades acima dos 500 ha.
ArmazenagemO segmento armazenagem participa, com maior ou menor in-
tensidade, de todo o ciclo econômico de produtos alimentares: naprodução, na comercialização “in natura”, na fase de industrializa-ção, consumo no atacado e no varejo e nos estágios de exportaçãoe importação (Costa & Tosta, 1995). Dessa maneira, a falta de umaestrutura quantitativa e qualitativa na rede de armazenagem de umestado ou região, pode vir a se constituir num ponto de estrangula-mento econômico e social.
Os armazéns distinguem-se quanto à modalidade e posse. Noque se refere à modalidade, esses podem ser convencionais, para oarmazenamento de produtos ensacados, industrializados e fibras e/ou a granel, que são utilizados para a estocagem de produtosgranelizáveis como a soja, milho, entre outros. Quanto à posse, osarmazéns podem ser privados ou públicos. Enquadram-se na pri-meira categoria aqueles que limitam os serviços para uso próprio,como os pertencentes as indústrias de processamento. Os arma-zéns de uso público dividem-se em governamentais ou particulares.Segundo Costa & Tosta, 1995, os armazéns das cooperativas, paraefeito de planejamento macroeconômico, são consideradas de usopúblico.
O Estado de Goiás possui a maior capacidade de armaze-namento da Região Centro-Oeste, tanto nos armazéns pertencen-tes ao setor público, como ao setor privado e cooperativas. Somen-te quando analisados por modalidade, verifica-se que os armazénsconvencionais das cooperativas do Mato Grosso apresentam maior
. 29 .
capacidade estática que os mesmos armazéns em Goiás, mas istonão influencia no resultado final. O setor privado é responsável pelamaior oferta de armazenagem na Região Centro-Oeste, represen-tando, entre armazéns convencionais e a granel, 78% de toda acapacidade estática. Desse total, a capacidade de estocagem a gra-nel é de 13.501.348 toneladas (64,2%) e dos armazéns convenci-onais é de 7.532.847 toneladas (35,8%).
A armazenagem a granel é a mais importante para a soja.Nessa modalidade, Goiás tem a maior capacidade na região, poden-do armazenar 5.880.351 toneladas, ou seja, 43,5% da capacidadea granel da região. O Distrito Federal contribui com capacidade paraarmazenar 22.350 toneladas de grãos nessa modalidade. Em se-gundo lugar, encontra-se o Estado do Mato Grosso, que tem umaparcela significativa da capacidade ofertada: 35,8%, que represen-ta 4.830.185 toneladas estocadas a granel. Mato Grosso do Sulfecha com 20,7% da capacidade dos armazéns a granel. Na moda-lidade convencional, a oferta de armazenagem é menor. O Estadode Goiás representa quase 50% da capacidade de armazenamentonessa modalidade, seguido pelo Estado do Mato Grosso e MatoGrosso do Sul, com 38,4% e 11,8%, respectivamente. As coope-rativas ofertam uma capacidade total de armazenagem da ordem de3.525.191 toneladas, equivalente a 13% do total da região. Nessacategoria, os armazéns a granel representam 74% do total ofertado,com 2.607.178 toneladas, e os armazéns convencionais totalizamespaço para 918.013 toneladas. No Estado de Goiás, as cooperati-vas detém a maior capacidade de estocagem a granel, representan-do 42%, nessa modalidade. Os estados do Mato Grosso e MatoGrosso do Sul detém 36% e 22%, respectivamente, da oferta agranel.
Os armazéns oficiais dispõem de uma capacidade armazenadorade 2.441.902 toneladas, o que corresponde a 9% do total ofertadono Centro-Oeste. Desses, a modalidade a granel contribui com amaior oferta de estocagem, 1.307.458 toneladas, ou 53,5% dacapacidade total de armazéns oficiais. A capacidade dos armazéns
. 30 .
oficiais do Estado de Goiás (incluindo o Distrito Federal), na moda-lidade convencional, corresponde a 579.716 toneladas (51,1% damodalidade) e a granel 618.638 toneladas (47,3% da modalidade).Na seqüência vêm os estados do Mato Grosso e do Mato Grosso doSul.
A princípio, pode-se concluir que a capacidade global dearmazenamento na Região Centro-Oeste é satisfatória para o volu-me total de grãos produzido na região. Ao se comparar a capacida-de de armazenamento no Centro-Oeste, em 1994, em relação àsduas espécies de grãos mais produzidas na região, soja e milho,verifica-se que a produção das duas culturas, na safra 1993/94,totalizou 14.739.800 toneladas para uma oferta de estocagem agranel de 17.415.984 toneladas. Considerando que para analisar aoferta dinâmica pode-se utilizar um índice de rotação de uma vez emeia para estes dois produtos (Costa & Tosta, 1995), constata-seque a oferta dinâmica seria de 26.123.976 toneladas, ou seja, umsuperávit em torno de 43%. Mas, deve-se atentar para o fato deque a soja também concorre em espaço com a produção de arroz,estoques anteriores, e outros, reduzindo esta oferta.
Cabe ressaltar que têm sido registradas perdas significativasna Região Centro-Oeste devido à falta de depósitos com instala-ções adequadas ao beneficiamento primário do grão e razoavelmen-te próximos aos locais de produção. Essa situação resulta da altataxa de expansão da cultura de soja na região (Stulp & Plá, 1992).A maior demanda de armazenamento ocorre no final do primeirosemestre, devido à necessidade de estocar as colheitas de verão.Quanto à estocagem da soja, esses autores estimaram, entre algu-mas variáveis, que os meses de maio e junho apresentam um picode demanda para o armazenamento, em relação aos outros mesesdo ano.
A capacidade estática total de armazenamento no Brasil, con-siderando os armazéns convencionais e graneleiros, é suficientepara a produção, principalmente levando em conta que a capacida-de dinâmica chega a ser uma vez e meia a estática. Embora varian-
. 31 .
do mês a mês, conforme consta na Tabela 8, a capacidade dearmazenamento dos graneleiros cadastrados, girando sempre emtorno de 60 milhões de toneladas, é suficiente para a produçãobrasileira de milho e soja, cujo volume, na safra de 1999/2000,situou-se em torno de 58,5 milhões de toneladas.
O custo de armazenamento de produtos a granel (soja, milho,arroz, etc) encontra-se na Tabela 9. Para utilização da tabela, tome-se como exemplo o custo de armazenamento de uma tonelada desoja: - o item 1.2 apresenta o custo básico que é igual a R$ 0,89/t,por quinzena. O item 3 apresenta o valor da sobretaxa, uma vezque, no caso da soja e outros produtos, é cobrada a sobretaxa, oque torna o produto isento do seguro. Esse valor é de 15% sobre opreço de mercado do produto armazenado, por quinzena. Con-siderando o preço da soja em torno de R$ 275,00/t, o valor será deR$ 0,41/t. Dessa forma, o valor básico quinzenal será de R$ 1,30por quinzena ou R$ 2,60/mês. Naturalmente, existem outros cus-tos que incidem somente na primeira quinzena, tais como recep-ção, expedição, e outros custos, se houver necessidade dos mes-mos. Assim, em condições normais, na primeira quinzena, o custoseria de R$ 3,16/t, ou seja, R$ 1,30/t mais R$ 0,78/t de recepçãoe R$ 1,08/t de expedição. Nas quinzenas subseqüentes, o custoseria de R$ 1,30/t. Outros custos, se necessários, podem incidir,porém uma única vez.
TransportesA estabilização da economia, com a eliminação do processo
inflacionário, recuperou, entre os agentes econômicos, a noção depreços relativos, trazendo à tona ineficiências no campo da infra-estrutura e distorções que reduzem a competitividade dos produtosbrasileiros (Barros et alii, 1997). Um dos segmentos que interferena eficiência de vários setores da economia de um país é o trans-porte. No caso brasileiro, em que a maior parte do transporte é feitapor rodovias, essa fase da comercialização acaba onerando o pro-
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duto. No caso específico do transporte da safra de soja, que passapor algumas etapas como a transferência do grão aos armazéns, ouàs indústrias esmagadoras, ou aos portos com destino à exporta-ção, essa etapa afeta a competitividade do produto. Ao verificar acomercialização que envolve não somente o produto “in natura”como também todo o complexo soja, pode-se estabelecer três eta-pas que participam de todo processo:
a primeira etapa consiste no transporte entre o produtor e a indús-tria de esmagamento, ou armazenamento do produto. SegundoStülp & Plá, 1992, essa etapa representa um custo mais elevado,em decorrência das estradas rurais não serem pavimentadas, oca-sionando um deslocamento mais lento, períodos de interrupçãopor causa das chuvas, além de elevar os custos de manutençãodo caminhão;
a segunda etapa caracteriza-se pelo transporte do grão armazena-do para a indústria de processamento ou dos armazéns ou indús-trias para a exportação; e
a terceira fase inclui os produtos derivados da soja com destinoao mercado interno (centros de consumo) ou ao mercado externo.
Observa-se que, no período compreendido entre 1985 a 1994,a modalidade de transporte rodoviário tem absorvido mais da meta-de dos transportes de cargas no Brasil, sendo, em 1994, responsá-vel por 56,1% contra 21,4% do transporte ferroviário e 18,4% dotransporte hidroviário.
Conforme Caixeta Filho, 1996, “essa predominância do modorodoviário pode ser explicada pelas dificuldades que outras catego-rias de transporte enfrentam para atender eficientemente aos au-mentos de demanda em áreas mais afastadas do País, as quais nãosão servidas por ferrovias ou hidrovias”.
Em relação ao transporte do complexo soja no Brasil, em 1995,observa-se uma concentração ainda maior na utilização da modali-dade rodovia, com 67%, as ferrovias com 28% e as hidrovias comapenas 5% do total (ABIOVE, 1996). Dessa maneira, o transporte
. 36 .
da soja esbarra na estrutura apresentada pelas estradas do País,gerando perdas do produto e também, devido ao desgaste sofridopelo caminhão, um aumento do preço do frete. Segundo Puzzi,1986, “...no Brasil um dos componentes que mais pesam no custofinal dos grãos é o frete, devido a falta de hidrovias, insuficiência deferrovias e a precariedade de estradas asfálticas” (Tabela 10).
A parcela que o frete absorve do preço que o produtor recebepela soja (seja essa voltada para exportação, ou para indústrias deesmagamento) é significativa. Deve-se salientar que nos valoresmédios dos fretes rodoviários, não estão incluídos impostos (ICMSpara comercialização interna) e seguros. Considerando a situaçãodo mercado de soja e o mercado de frete em janeiro de 2000, otransporte de soja, da cidade de Campo Novo dos Parecis (MT),com destino ao porto de Paranaguá (PR), absorve cerca de 30% dopreço recebido pelo produtor. Esse alto custo de transporte pode vira se tornar um fator limitante da expansão da cultura da soja noBrasil. Com a ocupação intensiva das terras da Região Sul do País,o aumento da área cultivada com soja se direciona para a Região
TABELA 10. Custo de transporte de soja grão de cidades selecionadas.
Origem Destino km R$/t R$/t/km
Água Boa MT Itumbiara GO 782 32,50 0,0416Alto Garças MT Paranaguá PR 1499 57,50 0,0384C. N. dos Parecis MT Ourinhos SP 1772 71,50 0,0403C. N. dos Parecis MT Paranaguá PR 2100 75,40 0,0359C. N. dos Parecis MT Rondonópolis MT 621 25,00 0,0403Jataí GO Londrina PR 829 35,00 0,0422Jataí GO Santos SP 1046 49,00 0.0468Rio Verde GO São Paulo SP 899 44,00 0,0489Sapezal MT Paranaguá PR 2280 82,00 0,0360Sapezal MT Santos SP 2280 84,00 0,0368Tangará da Serra MT Maringá PR 1562 59,40 0,0380
Fonte: Sifreca - sistema de informação de fretes agrícolas.Informe Sifreca - Ano 4 nº 33 Janeiro 2000.
. 37 .
Centro-Oeste. Mas, para que a produção de soja não se torne inviávelnessa região, deverá haver investimentos em infra-estrutura, princi-palmente, na criação de uma rede de transporte inter-modal queproporcione suporte ao aumento da produção de soja na região.
Dos estados da Região Centro-Oeste, o que possui melhorperspectiva de expansão de área é o Mato Grosso. Nesse contexto,o sistema de transportes do Estado necessita de expansão contí-nua, acompanhando o processo de ocupação existente.
A malha rodoviária, além de ser extremamente insuficiente emrelação à extensão territorial, passa pelos mesmos problemas dosdemais estados - desgaste excessivo do pavimento, gargalos loca-lizados de capacidade e deficiência de manutenção e conservação.
O Mato Grosso conta com apenas 84.200 km de rodovias,dos quais 4.000 km são federais, 20.200 km são estaduais e 60.000km são municipais. Desse total, 4.500 km são pavimentados, dosquais 2.711 km (68,6 %) são de jurisdição federal. O Estado contaapenas com o trecho ferroviário Alto Taquari (MT) - Divisa MT/MS,inaugurado em agosto/99, pertencente à FERRONORTE - FerroviasNorte Brasil S.A., através de concessão. No subsistema hidroviário,a navegação se restringe basicamente aos rios Paraguai e Araguaia,que demonstram potencialidade para o transporte de mercadorias.Com relação ao subsistema portuário, o porto de Cáceres é o únicoporto do Mato Grosso que apresenta instalações adequadas e en-contra-se delegado ao estado.
Atualmente, o sistema de transporte inter-modal mais promis-sor é o corredor noroeste, que abarca a área de atuação do GrupoAndré Maggi, por meio da sua empresa Hermasa S/A, com o usodos Rios Madeira e Amazonas e a rodovia BR-364 (entre Porto Ve-lho, RO e o noroeste do Mato Grosso). A Hermasa, articulandoinvestimentos próprios do Grupo André Maggi, do Governo doAmazonas e linhas de financiamento do BNDES, construiu dois por-tos modernos no corredor (Itacoatiara e Porto Velho) e tem conse-guido uma redução de US$ 30,00 a US$ 35,00 por tonelada, para
. 38 .
colocar a soja oriunda de Sapezal e Chapada dos Parecis no portode Rotterdam, na Holanda.
Os investimentos previstos pelo GEIPOT (Grupo de Estudospara a Integração da Política de Transportes) para o período 2000/2003, em melhorias e construção de vias no Estado do Mato Gros-so estão listados na Tabela 11.
O Estado de Goiás, também com uma economia voltada paraa agricultura, extração de minérios e indústria de transformação,serve-se de uma rede de transporte composta por rodovias, ferrovi-as e hidrovias. A malha rodoviária no estado liga as suas principaiscidades à capital - Goiânia - e ao restante do País, contando com87.500 km, dos quais 3.500 km são federais, 19.310 km estadu-ais e 64.690 km municipais. Desse total, 7.822 km são pavimenta-dos. Devido ao processo de desgaste natural e à manutenção pos-tergada das rodovias, alguns trechos necessitam de melhorias erecuperação. O subsetor ferroviário restringe-se à operação da Fer-rovia Centro-Atlântica S.A., que possui 630 km no estado. A suaprincipal ligação ferroviária parte de Araguari (MG) em direção aRoncador Novo (GO), onde há uma bifurcação, seguindo uma daslinhas para Brasília e outra para Goiânia. O subsetor hidroviário pos-sui dois rios onde se pratica a navegação interior: o Rio Araguaia,ainda pouco explorado como meio de transporte e o Rio Paranaíba,que permite o transporte de grãos de São Simão (GO) até SantaMaria da Serra (SP).
Os investimentos previstos para o período 2000/2003, nocaso do Estado de Goiás, são direcionados apenas para a modalida-de rodoviária e se resumem em: - R$183.000.000,00 para a ade-quação do trecho da BR-153/GO de Aparecida de Goiânia a Itumbiara;R$41.000.000,00 para a adequação da BR-153/GO, no trechoGoiânia à divisa de Goiás com Minas Gerais, e R$35.000.000,00para a interligação das BR’s 020/070/060/040/DF.
Da mesma maneira que no Estado do Mato Grosso e no Esta-do de Goiás, o sistema de transportes no Estado do Mato Grosso
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do Sul necessita de investimentos em recuperação e em expansãoda malha existente. Isto porque a produção de grãos no estado, queabrange as culturas de soja, milho, e arroz, gera fluxos de transpor-te de longa distância, com destino à exportação e ao mercado inter-no, para os quais a atual infra-estrutura de transporte não estádevidamente capacitada.
O subsistema rodoviário é composto por 54.145 km de rodo-vias, dos quais 3.745 km são federais, 11.722 km são estaduais e38.678 km são municipais. Desse total, apenas 5.270 km são pa-vimentados.
O subsistema ferroviário é hoje operado pela Ferrovia NovoesteS.A., como resultado da “privatização” da SR-10 da RFFSA. A li-nha principal corta o estado de oeste a leste, ligando Corumbá (MS)a Jupiá (SP). O estado conta, também, com os quase 400 km daFERRONORTE, desde a divisa MT/MS até Aparecida do Taboado.
O subsistema hidroviário é constituído pelos rios Paraguai,Paraná e seus afluentes, onde se pratica uma intensa navegaçãointerior.
O subsistema portuário tem destaque nos portos de Corumbáe Ladário, que distam 6 km entre si e localizam-se na margem direi-ta do rio Paraguai. Ainda na calha do rio Paraguai, localizam-se: oPorto Esperança, o Porto Busch e o Porto Murtinho. Os principaisprodutos movimentados nestes portos são minério de ferro emanganês.
Os investimentos previstos pelo GEIPOT, para o período 2000/2003, para o Estado do Mato Grosso do Sul são bem mais volumo-sos que aqueles previstos para o Estado de Goiás (Tabela 12)
Na Região Centro-Oeste, como acontece em outras regiões,do lado da demanda de serviços, estão os produtores rurais, asagroindústrias e as tradings4, e, ofertando a prestação de serviço,encontram-se as transportadoras e os autônomos e seus agencia-
4Empresas ou departamentos responsáveis exclusivamente por operações de comercialização.
. 41 .
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dores. Os produtores rurais, individualmente, movimentam baixosvolumes de carga, e dificilmente colocam sua produção ou trazemmercadorias de pontos distantes de sua fazenda. Podem realizar otransporte através de uma cooperativa, agroindústria ou pulveri-zadamente. A agroindústria exerce a atividade mais abrangente nosetor, sendo um elemento bastante capacitado para administrar oabastecimento de matérias-primas ou o escoamento da produção.Quanto as tradings, suas operações podem assumir característicastipicamente especulativas, representando importante facilitador paraa liquidez dos negócios no agribusiness e na movimentação decommodities... (Soares & Caixeta Filho, 1996).
Por outro lado, disputando o mercado de fretes rodoviários,encontram-se as transportadoras e os motoristas autônomos (car-reteiros). Segundo Soares & Caixeta Filho, 1996, a diferença entreesses dois agentes consiste no preço do frete. As transportadorassão empresas que concentram a maior parte do transporte nos ve-ículos da própria frota, realizam planilha de custos, permitindo, aooferecer o preço mínimo de tarifa, isentar a empresa de prejuízos,oferecem seguro por perdas que possam ocorrer em função de que-bras durante o transporte. Mas a frota das transportadoras não ésuficiente para movimentar o volume gerado pelas safras, fazendocom que os motoristas autônomos desempenhem uma importantefunção na oferta de veículos. No transporte de grãos e outras mer-cadorias ensacadas, os autônomos acabam por dominar o merca-do, tendo como principal fator de competitividade o baixo preço aque se sujeitam a operar. O contato entre os motoristas autônomose os embarcadores, é implementado pelos agenciadores, queintermediam as negociações entre os carreteiros e os proprietáriosde cargas. Esses agenciadores não se responsabilizam por quebrasde transporte, havendo necessidade de que embarcadores provi-denciem seguro, caso desejem. Mas segundo demandantes, a per-da obtida com transporte de cargas de baixo valor agregado não ésignificante, sendo preferível assumir o risco de se trabalhar comautônomos.
. 43 .
Quanto às peculiaridades do transporte da soja em grãos efarelo de soja, cabe destacar os principais pontos que caracterizama movimentação e o escoamento desta commodity, baseado notrabalho publicado por Soares et alii, 1997. Há uma intensa utiliza-ção dos serviços de transporte no escoamento da safra de soja,provocando grande desestabilização no mercado de frete. Isso éocasionado devido a oferta de veículos não ser suficiente para co-brir a demanda existente para movimentação da soja e outros pro-dutos agrícolas, proporcionando aumento significativo dos fretes.Devido à existência de uma boa capacidade de armazenamento dasoja em cooperativas e empresas privadas, há um pico no mercadode fretes em trechos que têm como origem a unidade agrícola. Notransporte da soja, é comum o agricultor se responsabilizar peloscustos de transporte, mas com a agroindústria ou tranding repre-sentando-o nas negociações.
Os principais portos de escoamento da produção de soja sesituam na Região Sul e são: Santos (SP) e Paranaguá (PR). Nasregiões Norte e Nordeste, pode-se citar os portos de Itacoatiara(AM), Ponta da Madeira (MA) e Itaqui (MA). Quanto ao farelo, estepode ser transportado em caminhões graneleiros ou comuns (quan-do ensacados). Conforme Soares et alii, 1997, “o escoamento dofarelo de soja não tem como característica picos de atividade, poisa soja em grãos é estocada de modo a estabilizar a produção dasesmagadoras. O seu armazenamento, por outro lado, torna-se caroem virtude da sua baixa relação valor/volume, havendo algumasimplicações de ordem logística. Os administradores devem operarde modo a minimizar o tempo de estocagem dentro da empresa,despachando o produto o quanto antes”.
O mercado de frete para cargas líquidas, como o óleo de soja eo suco de laranja, exigem caminhões mais específicos para o transpor-te. Os grandes demandantes consideram a especificidade, o risco e afreqüência do serviço. Na prática, para esses segmentos, os negó-cios no mercado de frete são firmados frente a contratos com grausmais elevados de formalização (Soares & Caixeta Filho, 1996).
. 44 .
Industrialização
A capacidade de processamento de oleaginosas no Brasilcorresponde a 120.910 toneladas/dia, das quais 96,7% representaesmagamento de soja (dados de 1998). A Região Centro-Oeste,contribui com uma capacidade de esmagamento de 25.910 tonela-das/dia, ou 21,43% da capacidade de esmagamento nacional (Ta-bela 13). Dentre as oleaginosas processadas na Região Centro-Oes-te, 98,6% é soja.
No Estado de Goiás, a capacidade de processamento de olea-ginosas corresponde a 9.000 toneladas/dia, das quais 96% é parao esmagamento da soja, estando apenas 86% em funcionamento,o que reduz a capacidade para 9.660 toneladas/dia. A maior capa-cidade instalada de esmagamento de oleaginosas do estado encon-tra-se na Região Sul, representando 82% da capacidade total (so-mente o sudoeste detém 37%). O restante se encontra distribuídono centro e no leste do estado.
TABELA 13. Capacidade brasileira de esmagamento de oleaginosas,por estado da federação (1998).
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. 45 .
No Estado do Mato Grosso, as empresas processadoras deoleaginosas operam apenas com soja, contando com capacidadepara esmagar 8.770 toneladas. As empresas encontram-se con-centradas somente em duas cidades do estado: Cuiabá eRondonópolis.
A capacidade de esmagamento de oleaginosas no Mato Gros-so do Sul é de 7.480 toneladas/dia. Tomando por base os dadosreferentes à capacidade instalada de processamento de oleagino-sas e a quantidade de soja processada no Brasil, observa-se que háuma ociosidade em torno de 40% na indústria moageira nacional.Atualmente, as dificuldades que impedem o setor de funcionar emplena capacidade consistem em: insuficiência de matéria-prima frentea demanda industrial existente; falta de capital de giro e os altosjuros dos financiamentos, dificultando a formação de estoques dematéria-prima e a reduzida margem de esmagamento.
Além da capacidade ociosa já existente no País, a principalbarreira ao ingresso na atividade de industrialização de soja diz res-peito ao aporte de capital necessário para operar uma planta econo-micamente viável. Segundo dados do IEPE (Instituto de Estatísticae Pesquisa Econômica), uma planta extratora de óleo de soja passaa ser mais competitiva quando ela trabalha com uma escala mínimade processamento de 1.500 toneladas de soja por dia durante 300dias/ano (Canziani, 1995). No Estado de Goiás, 22% das unidadesenquadram-se nesta faixa, representando 35% da capacidade ins-talada. No Mato Grosso, metade das empresas possuem uma capa-cidade mínima de processamento de 1.500 toneladas/dia,correspondendo a quase 60% da capacidade do estado. No MatoGrosso do Sul verifica-se que 28,5% das empresas situam-se nes-sa faixa, o que representa 43% da capacidade instalada no estado.
O principal problema do setor industrial é em relação ao teorde proteína contido no grão de soja. A demanda da indústria é deum grão com maior teor de proteína, porém esse fator está inversa-mente relacionado ao aumento da produtividade da soja. Dessa
. 46 .
maneira, nem sempre as cultivares mais produtivas em campo sãoas mais interessantes para a indústria. Esse fato é menos marcantena soja produzida na Região Centro-Oeste, tornando o produto re-quisitado para “blend” com a soja produzida no Sul do País. O farelocomercializado com 48% de proteína é considerado um produtocompetitivo, quando comparado aos farelos de outras regiões e deoutros países. Com 46% de proteína é classificado como normal, eentre 43% a 44% é tido como um farelo com baixo teor de proteí-na. Como o Brasil é o segundo maior exportador mundial de farelode soja, tendo perdido essa liderança a poucos anos para a Argen-tina, isto se torna preocupante, na medida que o mercado externodemanda um produto de boa qualidade.
De acordo com Ottmann, 1997, não há distinção de variedadede soja recebida. O que se realiza são descontos de umidade, impu-rezas, entre outros. Torna-se inviável realizar uma recepção pagan-do por teor de proteína, pois a soja é recebida de várias regiões,sem contar com o intenso fluxo do produto durante a safra. Assim,através do melhoramento genético, deve-se tentar alcançar um pontode equilíbrio entre o rendimento e o teor de proteína no grão.
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. 48 .
1.1. Exigências HídricasA água constitui aproximadamente 90% do peso da planta,
atuando em, praticamente, todos os processos fisiológicos ebioquímicos. Desempenha a função de solvente, através do qualgases, minerais e outros solutos entram nas células e movem-seatravés da planta. Tem, ainda, papel importante na regulação térmi-ca da planta, agindo tanto no resfriamento como na manutenção edistribuição do calor.
Uma das principais causas da variação da produtividade dasoja no Brasil tem sido a ocorrência de déficit hídrico. Pela Fig. 1.1podemos observar quedas na produtividade média da soja no Brasilnas safras 1977/78, 78/79 e 85/86 com perdas de 31%, 30% e22%, respectivamente, causadas por deficiência hídrica.
A disponibilidade de água é importante, principalmente, emdois períodos de desenvolvimento da soja: germinação-emergênciae floração-enchimento de grãos. Durante o primeiro período, tantoo excesso quanto o déficit de água, são prejudiciais à obtenção deuma boa uniformidade na população de plantas. A semente de sojanecessita absorver, no mínimo, 50% de seu peso em água paraassegurar uma boa germinação. Nesta fase, o conteúdo de água nosolo não deve exceder a 85% do total de água disponível e nem serinferior a 50%.
A necessidade de água na cultura da soja vai aumentandocom o desenvolvimento da planta, atingindo o máximo durante afloração-enchimento de grãos (7 a 8 mm/dia), decrescendo apóseste período. Déficits hídricos expressivos, durante a floração eenchimento de grãos, provocam alterações fisiológicas na planta,como o fechamento estomático e o enrolamento de folhas e, como
EXIGÊNCIAS CLIMÁTICAS1
. 49 .
conseqüência, causam a queda prematura de folhas, queda de flo-res e abortamento de vagens, resultando, por fim, na redução dorendimento de grãos.
Para obtenção do rendimento máximo, a necessidade de águana cultura da soja, durante todo o seu ciclo, varia entre 450 a 800mm, dependendo das condições climáticas, do manejo da cultura eda duração do seu ciclo.
1.2. Exigências Térmicas e Fotoperiódicas
As temperaturas a que a soja melhor se adapta estão entre20oC e 30oC, sendo que a temperatura ideal para seu desenvolvi-mento está em torno de 30oC.
FIG. 1.1. Produtividade média e área cultivada com soja no Brasil nas safras de1975/76 a 1999/00.
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Sempre que possível, a semeadura da soja não deve ser reali-zada quando a temperatura do solo estiver abaixo de 20oC porqueprejudica a germinação e a emergência. A faixa de temperatura dosolo adequada para semeadura varia de 20oC a 30oC, sendo 25oC atemperatura ideal para uma emergência rápida e uniforme.
O crescimento vegetativo da soja é pequeno ou nulo a tempe-raturas menores ou iguais a 10oC. Temperaturas acima de 40oCtêm efeito adverso na taxa de crescimento, provocam estragos nafloração e diminuem a capacidade de retenção de vagens. Estesproblemas se acentuam com a ocorrência de déficits hídricos.
A floração da soja somente é induzida quando ocorremtemperaturas acima de 13oC. As diferenças de data de floração,entre anos, apresentadas por uma cultivar semeada numa mesmaépoca, são devido às variações de temperatura. Assim, a floraçãoprecoce é devido, principalmente, à ocorrência de temperaturas maisaltas, podendo acarretar diminuição na altura de planta. Este pro-blema pode se agravar se, paralelamente, ocorrer insuficiência hídricae/ou fotoperiódica durante a fase de crescimento. Diferenças dedata de floração entre cultivares, numa mesma época de semeadu-ra, são devido, principalmente, às respostas destas ao comprimen-to do dia (fotoperíodo).
A maturação pode ser acelerada por ocorrência de altastemperaturas. Quando vêm associadas a períodos de alta umidade,as altas temperaturas contribuem para diminuir a qualidade das se-mentes e, quando associadas a condições de baixa umidade, pre-dispõem as sementes a danos mecânicos durante a colheita. Tem-peraturas baixas na fase da colheita, associadas a período chuvosoou de alta umidade, podem provocar um atraso na data de colheita,bem como ocorrência de retenção foliar.
A adaptação de diferentes cultivares a determinadas regiõesdepende, além das exigências hídricas e térmicas, de sua exigênciafotoperiódica. A sensibilidade ao fotoperíodo é característica variá-vel entre cultivares, ou seja, cada cultivar possui seu fotoperíodo
. 51 .
crítico, acima do qual o florescimento é atrasado. Por isso, a soja éconsiderada planta de dia curto. Em função dessa característica, afaixa de adaptabilidade de cada cultivar varia à medida que se des-loca em direção ao norte ou ao sul. Entretanto, cultivares que apre-sentam a característica “período juvenil longo” possuem adaptabili-dade mais ampla, possibilitando sua utilização em faixas maisabrangentes de latitudes (locais) e de épocas de semeadura.
. 52 .
2.1. Informações Gerais
Os solos cultivados com soja necessitam de sistemas de rota-ção de culturas para manter o ambiente produtivo nos aspectosfísicos, químicos e biológicos.
A rotação de culturas consiste num processo de cultivo depreservação ambiental à disposição dos produtores rurais para mo-dernizar e aumentar o rendimento da atividade agropecuária.
Influi positivamente na recuperação, manutenção e melhoriados recursos naturais, durante a condução de sistemas de produ-ção de alimentos e de outros produtos silviagropastoris.
Da mesma forma, o sistema de rotação de culturas viabiliza,auxilia ou aumenta a eficiência da prática de semeadura direta, con-forme o ambiente em que a atividade estiver estabelecida.
As vantagens da adoção da rotação de culturas são inúmeras,consistindo em um processo de cultivo capaz de proporcionar aprodução de quantidades elevadas de alimentos e outros produtosagrícolas, com mínima alteração ambiental.
Sua adoção, se conduzida de modo adequado e por um perío-do longo, preserva ou melhora as características físicas, químicas ebiológicas do solo. Também auxilia no controle de plantas dani-nhas, doenças e pragas, repõe restos orgânicos e protege o solo daação dos agentes climáticos, ajuda a viabilização da semeaduradireta e diversifica a produção agropecuária.
As recomendações, a seguir expostas, objetivam compor sis-temas de rotação com soja e trigo ou cevada, destinadas a lavourasque adotam o máximo de tecnologia disponível.
ROTAÇÃO DE CULTURAS2
. 53 .
2.2. Conceito
A rotação de culturas consistem em alternar espécies vege-tais, no correr do tempo, numa mesma área agrícola. As espéciesescolhidas devem ter propósitos comercial e de recuperação domeio-ambiente.
2.3. EficiênciaPara a obtenção de máxima eficiência na melhoria da capaci-
dade produtiva do solo, o planejamento deve considerar plantascomerciais que produzam grandes quantidades de biomassa e plan-tas destinadas à cobertura do solo, cultivadas quer em condiçãosolteira ou em consórcio com culturas comerciais.
2.4. Planejamento da LavouraPara que a rotação de culturas tenha sucesso, torna-se im-
prescindível o planejamento da lavoura. Nesse planejamento, é ne-cessário considerar que a rotação de culturas não é uma práticaisolada e deve ser precedida de uma série de tecnologias à disposi-ção dos agricultores, entre as quais destacam-se:
sistema regional de conservação do solo (microbacias);calagem e adubação;cobertura vegetal do solo;processos de cultivo: preparo do solo, época de semeadura, culti-vares adaptadas, população de plantas, controle de plantas dani-nhas, pragas e doenças;semeadura direta;integração agropecuária;silvicultura.
. 54 .
2.6. Critérios para Escolha da Cobertura Vegetal do Solo
A escolha da cobertura vegetal do solo, quer como aduboverde, quer como cobertura morta, deve ser feita no sentido daprodução de grande quantidade de biomassa. Além disso, deve-sedar preferência para plantas fixadoras de nitrogênio, com sistemaradicular profundo ou abundante, promotoras de reciclagem de nu-trientes, capazes de se nutrir com os fertilizantes residuais das cul-turas comerciais e que não sejam hospedeiras de pragas, doenças enematóides ou apresentem efeito alelopático para as culturas co-merciais.
2.7. Informações para Escolha da Rotação de Culturas
No Paraná, as sequências de culturas recomendadas para an-teceder ou suceder à cultura principal, na composição de sistemade rotação com soja e trigo, estão relacionadas, em ordem de pre-ferência, na Tabela 2.1. Estão relacionadas também as espéciesque, sob condições especiais, podem anteceder ou suceder à prin-cipal. As espécies anotadas com restrição de cultivo, para antece-der ou suceder à cultura principal, devem ser evitadas, no momentoda concepção da rotação de culturas.
Em áreas onde ocorre o cancro da haste da soja, além deoutras medidas de controle, como o uso de cultivares resistentes à
2.5. Escolha do Sistema de Rotação de CulturasA escolha das culturas e do sistema de rotação deve ter flexi-
bilidade, de modo a atender às particularidades regionais e as pers-pectivas de comercialização dos produtos.
O uso da rotação de culturas conduz à diversificação das ati-vidades na propriedade, que pode ser exclusivamente de culturasanuais ou culturas anuais e pastagem. Em ambos os casos requerplanejamento da propriedade a médio e longo prazos, para que aadoção se torne exeqüível.
. 55 .
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. 56 .
doença, tratamento de sementes, o guandu e o tremoço não devemser cultivados antecedendo a soja. O guandu, apesar de não mos-trar sintomas da doença durante o estádio vegetativo, reproduz opatógeno nos restos culturais. Além disso, após o consórcio milho/guandu, recomendado para a recuperação de solos degradados,deve-se usar, sempre, cultivar de soja resistente ao cancro da has-te. O tremoço é altamente suscetível ao cancro da haste.
No verão, são indicadas para cobertura verde: lab-lab, mucunas,guandu e crotalárias, em cultivo solteiro ou em consórcio com omilho.
Recomenda-se o uso do consórcio milho + guandu giganteou milho + mucuna preta, em rotação com soja, somente parasolos degradados, situados no Norte e no Centro-Oeste do Paraná,nos quais as culturas comerciais apresentem baixos rendimentos,não sendo indicado para as demais zonas, especialmente as declima mais frio.
Na recuperação do solo, conduzir, no máximo, duas safrasdesses consórcios (Tabela 2.7). Após esse período, o sistema derotação deve ser substituído por milho solteiro.
O milho deve ser precoce, semeado até o início de outubro. Oguandu forrageiro deve ser semeado 25 a 35 dias após a seme-adura do milho, utilizando semeadeira regulada no mesmoespaçamento da soja, em duas linhas, nas entrelinhas do milho,com densidade de 30 a 35 sementes por metro linear, para ger-minação de 70% a 75% e sempre internamente às linhas domilho. Nesse processo, a umidade do solo deve ser favorável àgerminação, senão é o principal fator de entrave para a adoçãodessa tecnologia. No cultivo do milho, como o solo fica com asuperfície irregular, tomar cuidado na semeadura do guandu que,embora não exigindo semeadura profunda, necessita de boa co-bertura da semente. Na semeadura direta do guandu, podem serusados alguns modelos de plantadeiras, exceto aquelas em que aslinhas coincidem com as do milho e aquelas com rodas limitadoras
. 57 .
de profundidade muito largas; neste caso, substituir por rodas demenor largura.
A mucuna preta é semeada manualmente, na prematuraçãodo milho, no espaçamento indicado para o guandu e com densidadede semeadura de cinco sementes por metro linear.
A colheita do milho deve ser feita logo após a maturação,regulando a plataforma de corte da colheitadeira saca-espiga, o maisalto possível.
O manejo da cobertura vegetal do milho + guandu ou milho+ mucuna deve ser feito em meados de abril, no Norte, e em finsde abril, no Centro-Oeste do Paraná, a fim de possibilitar o cultivode inverno. O guandu deve ser sempre manejado antes do início doflorescimento. O rolo-faca tem sido muito eficiente no manejo des-sas espécies, no sistema de semeadura direta.
O milheto em consórcio com guandu pode ser semeado noespaçamento de 34 (trinta e quatro) centímetros, usando para cada100 quilogramas de sementes, a mistura de 20 (vinte) quilogramasde milheto (20%) e 80 quilogramas (80%) de guandu. Regular asemeadora para 22 (vinte e duas) a 27 (vinte e sete) sementes/metro linear de guandu.
No caso de utilizar espaçamento diferente de 34 cm, fazer ocálculo da quantidade da mistura de sementes sempre pelo guandu,para cerca de 50 (cinqüenta) sementes/m2.
Abastecer o depósito da semeadora até a metade de cadavez, para evitar o acúmulo de sementes de tamanho menor (milheto)no fundo do depósito.
O girassol é outra alternativa interessante no sistema de rota-ção, principalmente por melhorar as condições físicas do solo. Masdeve ser cultivado com intervalo mínimo de três anos na mesmaárea, especialmente se forem constatadas as presenças de Sclerotiniasclerotiorum e/ou do nematóide na soja.
. 58 .
2.8. Planejamento da Rotação de CulturasA rotação de culturas aumenta o nível de complexidade das
tarefas na propriedade. Exige planejamento de uso do solo e dapropriedade segundo princípios básicos, onde deve ser consideradaa aptidão agrícola de cada gleba. A adoção do planejamento deveser gradativa para não causar transtornos organizacionais ou eco-nômicos ao produtor.
A área destinada à implantação dos sistemas de rotação deveser dividida em tantas glebas quantos forem os anos de rotação.Após essa definição, estabelecer o processo de implantação suces-sivamente, ano após ano, nos diferentes talhões previamente de-terminados. Assim procedendo, os cultivos são feitos em faixas,constituindo-se também em processos de conservação do solo.
2.9. Indicações de Rotação de Culturas
Com a finalidade de buscar novo modelo agrícola, distante dasucessão trigo/soja, são indicados, a seguir, esquemas de rotaçãode culturas anuais que poderão ser exclusivos ou comporem siste-mas de rotação com pastagem, visando a integração agropecuária(Tabelas 2.2 a 2.17).
2.10. Sugestões para Rotação de Culturas Anuais e PastagemSistemas de produção requerem planejamento dos recursos
naturais a médio e a longo prazos, de modo que se otimize a produ-ção rural, com sustentabilidade ecológica e econômica.
Para alcançar esse objetivo, deve-se prever, no planejamento,a utilização de espécies anuais, semi-perenes e perenes. A utiliza-ção de agentes biológicos diversificados é o principal fundamentopara aumentar a estabilidade produtiva e maximizar, economica-mente, a atividade rural. As culturas anuais, destinadas à produçãode grãos, associadas a outras espécies recuperadoras do meio pro-
. 59 .
dutivo, são condições básicas na condução de sistemas de produ-ção. Dentre essas espécies, as forrageiras (anuais, semi-perenes eperenes) constituem fortes agentes biológicos recuperadores dos so-los. Essa premissa leva a concluir que a atividade pecuária é umaforma eficiente para o manejo do ambiente rural. Deve-se ressaltar, noentanto, que áreas com pastagem também exigem manejo racional dafertilidade dos solos, para obter a máxima produção pecuária. Dessaforma, a utilização de fertilizantes, na condução de lavouras anuais,em sistemas de rotação com pastagens, pode ser o melhor modo paraa readequação química dos solos destinados às espécies forrageiras.
Do acima exposto, conclui-se que processos de cultivos in-tensivos requerem planejamento de integração agropecuária, a mé-dio e a longo prazos, para que o sistema possa ser sustentável nosentido amplo.
TABELA 2.2. Sistema de quatro anos de rotação de culturas em semeadura direta, pre-paro convencional e mínimo, para lavoura com cerca de 75% de soja, paratodo o Estado do Paraná.
Talhão 1º ano 2º ano 3º ano 4º ano 5º ano 6º ano 7º ano
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3 (TR/SJ) (TR/SJ) NB/ML AV/SJ TR/SJ TR/SJ+
4 (AV/SJ) (TR/SJ) (TR/SJ) NB/ML AV/SJ TR/SJ TR/SJ+
I = Inverno; V = Verão; AV = Aveia branca ou preta; ML = Milho; SJ = Soja; NB = Nabo forrageiroe TR = Trigo.+
Fim de um ciclo de rotação. No talhão nº 1, no quinto ano, o sistema poderá continuar da mesmaforma como foi iniciado no primeiro ano, ou ser substituído por outro sistema, por razão técnica oueconômica. Para os demais talhões, após o término do sistema, poderá ter continuidade da mesmaforma que o indicado para o talhão nº 1.
No caso de preparo (convencional) do solo, este deve ser alternado: escarificação, aração egradagem pesada, isto é, não deve repetir o mesmo tipo de implemento agrícola continuamente.O nabo forrageiro pode ser substituído por tremoço branco (Norte), tremoço azul (Centro-Oeste),ervilhaca, consórcio nabo forrageiro + ervilhaca ou aveia branca + ervilhaca (Centro-Sul)A soja após aveia pode ser substituída por milho ou girassol.Em regiões de menor incidência de helminthosporiose no sistema radicular do trigo (Norte doParaná), no sistema convencional de preparo do solo pode ser utilizado mais um ano de trigo/soja,dividindo-se a área a ser cultivada em cinco partes (talhões).Este sistema permite semear cerca de 50 a 75% da lavoura com soja.
. 60 .
TABELA 2.3. Sistema de quatro anos de rotação de culturas em semeadura direta, pre-paro convencional ou mínimo, para lavoura com cerca de 75% de soja.Região Norte do Paraná.
Talhão 1º ano 2º ano 3º ano 4º ano 5º ano 6º ano 7º ano
nº I V I V I V I V I V I V I V
1 AV/ML GR/SJ TR/SJ TR/SJ+
2 (TR/SJ) AV/ML GR/SJ TR/SJ TR/SJ+
3 (TR/SJ) (TR/SJ) GR/SJ TR/SJ TR/SJ TR/SJ+
4 (GR/SJ) (TR/SJ) (TR/SJ) AV/ML GR/SJ TR/SJ TR/SJ+
I = Inverno; V = Verão; AV = Aveia preta; GR = Girassol precoce; ML = Milho precoce ou superprecoce semeado no início das chuvas; SJ = Soja e TR = Trigo.+
Fim de um ciclo de rotação. No talhão nº 1, no quinto ano, o sistema poderá continuar da mesmaforma como foi iniciado no primeiro ano, ou ser substituído por outro sistema, por razão técnica oueconômica. Para os demais talhões, após o término do sistema, poderá ter continuidade da mesmaforma que o indicado para o talhão nº 1.
O preparo (convencional) do solo, este deve ser alternado: escarificação, aração e gradagem pesada,isto é, não se deve repetir o mesmo tipo de implemento agrícola continuadamente.A aveia preta pode ser substituída por nabo forrageiro ou consórcio aveia preta e tremoço branco.O girassol pode ser substituído por canola ou milho safrinha, na semeadura direta ou por pousio, nosistema de preparo do solo convencional.No caso de adotar o pousio, o controle de plantas daninhas deverá ser feito com roçadeira ou rolofaca e não pelo uso de grade. O preparo do solo somente poderá ser feito próximo à semeadura dacultura de verão.O girassol pode ser destinado à produção de grãos ou para adubação verde.A soja, após girassol, pode ser substituída por milho, em todos os anos ou alguns deles.Este sistema pode ser utilizado em sistemas de rotação de lavouras anuais e pastagem.Este sistema permite semear de 50 a 75% da lavoura com soja.
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TABELA 2.8. Sistema de quatro anos de rotação de culturas em semeadura direta,preparo convencional e mínimo do solo, para lavouras com cerca de 50%de soja. Regiões Norte e Centro-Oeste do Paraná.
Talhão 1º ano 2º ano 3º ano 4º ano 5º ano 6º ano 7º ano
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3 (TR/SJ) (TR/SJ) NB/ML AV/ML TR/SJ TR/SJ+
4 (AV/ML) (TR/SJ) (TR/SJ) NB/ML AV/ML TR/SJ TR/SJ+
I = Inverno; V = Verão; AV = Aveia preta; ML = Milho; NB = Nabo forrageiro; SJ = Soja e TR =Trigo.+ Fim de um ciclo de rotação. No talhão nº 1, no quinto ano, o sistema poderá continuar da mesma
forma como foi iniciado no primeiro ano, ou ser substituído por outro sistema, por razão técnica oueconômica. Para os demais talhões, após o térmico do sistema, poderá ter conctinuidade da mesmaforma que o indicado para o talhão nº 1.No caso de preparo (convencional) do solo, este deve ser alternado: escarificação, aração egradagem pesada, isto é, não se deve repetir o mesmo tipo de implemento agrícola continuamente.Este sistema é especialmente indicado para áreas infestadas com o cancro da haste. Neste caso usartambém cultivar de soja tolerante à moléstia.
TABELA 2.9. Sistema de três anos de rotação de culturas em semeadura direta e preparoconvencional do solo, para lavouras com cerca de 60% de soja. RegiõesNorte, Centro-Oeste e Oeste do Paraná.
Talhão 1º ano 2º ano 3º ano 4º ano 5º ano
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I = Inverno; V = Verão; AV = Aveia branca ou preta; ML = Milho; SJ = Soja; TM = Tremoçobranco (Norte e Oeste); Tremoço azul (Centro-Oeste); TR = Trigo.+ Fim de um ciclo de rotação. No talhão nº 1, no quarto ano, o sistema poderá continuar da mesma
forma como foi iniciado no primeiro ano, ou ser substituído por outro sistema, por razão técnica oueconômica. Para os demais talhões, após o térmico do sistema, poderá ter continuidade da mesmaforma que o indicado para o talhão nº 1.O preparo do solo deve ser alternado: escarificação, aração e gradagem pesada, isto é, não se deverepetir o mesmo tipo de implemento agrícola continuamente.O tremoço pode ser substituído por ervilhaca, nabo forrageiro ou chícharo.No sistema de semeadura direta é preferível usar aveia preta.Este esquema é preferido para áreas com alta incidência de helminthosporiose no sistema radiculardo trigo.
. 66 .
TABELA 2.10. Sistema de quatro anos de rotação de culturas em semeadura direta epreparo convencional do solo, para lavouras com cerca de 50% de soja.Regiões Oeste do Paraná.
Talhão 1º ano 2º ano 3º ano 4º ano 5º ano 6º ano 7º ano
nº I V I V I V I V I V I V I V
1 TR/LB TR/ML TR/SJ TR/SJ+
2 (TR/SJ) TR/LB TR/ML TR/SJ TR/SJ+
3 (TR/SJ) (TR/SJ) TR/LB TR/ML TR/SJ TR/SJ+
4 (TR/ML) (TR/SJ) (TR/SJ) TR/LB TR/ML TR/SJ TR/SJ+
I = Inverno; V = Verão; LB = Lab-lab; TR = Trigo; ML = Milho e SJ = Soja.+ Fim de um ciclo de rotação. No talhão nº 1, no quinto ano, o sistema poderá continuar da mesma
forma como foi iniciado no primeiro ano, ou ser substituído por outro sistema, por razão técnica oueconômica. Para os demais talhões, após o térmico do sistema, poderá ter continuidade da mesmaforma que o indicado para o talhão nº 1.No caso de preparo do solo, este deve ser alternado: escarificação, aração e gradagem pesada, istoé, não se deve repetir o mesmo tipo de implemento agrícola continuamente.O lab-lab poderá ser substituído por mucuna preta, Crotalaria spectabilis e girassol.Este esquema é preferido para áreas com baixa ou sem ocorrência de helminthosporiose no sistemaradicular do trigo.
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TABELA 2.13. Sistema de quatro anos de rotação de culturas em semeadura direta,preparo convencional de solo, para lavoura com cerca de 75% de soja.Planalto Paranaense de Guarapuava
Talhão 1º ano 2º ano 3º ano 4º ano 5º ano 6º ano 7º ano
nº I V I V I V I V I V I V I V
1 ER/ML AV/SJ TR/SJ CV/SJ+
2 (CV/SJ) ER/ML AV/SJ TR/SJ CV/SJ+
3 (TR/SJ) (CV/SJ) ER/ML AV/SJ TR/SJ CV/SJ+
4 (AV/SJ) (TR/SJ) (CV/SJ) ER/ML AV/SJ TR/SJ CV/SJ+
I = Inverno; V = Verão; AV = Aveia branca para grão; CV = Cevada; ER = Ervilhaca; ML = Milho;SJ = Soja e TR = Trigo.+ Fim de um ciclo de rotação. No talhão nº 1, no quinto ano, o sistema poderá continuar da mesma
forma como foi iniciado no primeiro ano, ou ser substituído por outro sistema, por razão técnica oueconômica. Para os demais talhões, após o térmico do sistema, poderá ter continuidade da mesmaforma que o indicado para o talhão nº 1.No caso de preparo do solo, este deve ser alternado: escarificação, aração e gradagem pesada, istoé, não se deve repetir o mesmo tipo de implemento agrícola continuamente.Este sistema é também indicado para semeadura direta no verão e preparo do solo no inverno.A ervilhaca pode ser substituída por nabo forrageiro ou pelo consórcio nabo + ervilhaca ou aveiabranca + ervilhaca.
TABELA 2.14. Sistema de três anos de rotação de culturas em semeadura direta epreparo convencional do solo, para lavouras com cerca de 65% de soja.Planalto Paranaense de Guarapuava.
Talhão 1º ano 2º ano 3º ano 4º ano 5º ano
nº I V I V I V I V I V
1 ER/ML TR/SJ CV/SJ+
2 (CV/SJ) ER/ML TR/SJ CV/SJ+
3 (TR/SJ) (CV/SJ) ER/ML TR/SJ CV/SJ+
I = Inverno; V = Verão; CV = Cevada; ER = Ervilhaca comum ou peluda; ML = Milho; SJ = Soja eTR = Trigo.+ Fim de um ciclo de rotação. No talhão nº 1, no quarto ano, o sistema poderá continuar da mesma
forma como foi iniciado no primeiro ano, ou ser substituído pelo sistema, AV/ML - TR/SJ - CV/SJ,conforme o apresentado na Tabela 15. Pode também ser substituído por outro sistema, por razãotécnica ou econômica. Para os demais talhões, após o térmico do sistema, poderá ter continuidadeda mesma forma que o indicado para o talhão nº 1.Este sistema é também indicado para semeadura direta no verão e preparo do solo no inverno.No caso do preparo (convencional) do solo, este deve ser alternado: escarificação, aração e gradepesada, isto é, não se deve repetir o mesmo tipo de implemento agrícola continuamente.A ervilhaca pode ser substituída por nabo forrageiro ou consórcio nabo + ervilhaca ou aveia branca+ ervilhaca.O trigo pode ser substituído por aveia branca para grãos.
. 70 .
TABELA 2.15. Sistema de três anos de rotação de culturas em semeadura direta epreparo convencional do solo, para lavouras com cerca de 65% de soja.Planalto Paranaense de Guarapuava.
Talhão 1º ano 2º ano 3º ano 4º ano 5º ano
nº I V I V I V I V I V
1 AV/ML TR/SJ CV/SJ+
2 (CV/SJ) AV/ML TR/SJ CV/SJ+
3 (TR/SJ) (CV/SJ) AV/ML TR/SJ CV/SJ+
I = Inverno; V = Verão; AV = Aveia branca; CV = Cevada; ML = Milho; SJ = Soja e TR = Trigo.+ Fim de um ciclo de rotação. No talhão nº 1, no quarto ano, o sistema poderá continuar da mesma
forma como foi iniciado no primeiro ano, ou ser substituído pelo sistema ER/ML - TR/SJ - CV/SJ,conforme o apresentado na Tabela 14. Pode também ser substituído por outro sistema, por razãotécnica ou econômica. Para os demais talhões, após o térmico do sistema, poderá ter continuidadeda mesma forma que o indicado para o talhão nº 1.
Este sistema é também indicado para semeadura direta no verão e preparo do solo no inverno.No caso do preparo (convencional) do solo, este deve ser alternado: escarificação, aração e gradepesada, isto é, não se deve repetir o mesmo tipo de implemento agrícola continuamente.A aveia branca para grãos pode ser substituída por aveia preta, ervilhaca, nabo forrageiro, consórcionabo + ervilhaca ou aveia branca + ervilhaca.
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2.10.1. Sistemas intensivos de integração agropecuária para solosargilosos
A degradação dos solos argilosos, pelo o uso agrícola, podeestar ligada a múltiplos fatores, entre eles o manejo inadequado dosmesmos e pelo uso contínuo da monocultura, enquanto a degrada-ção das pastagens pode estar ligada à nutrição de plantas. Nessecaso, a rotação com culturas anuais adubadas pode ser indicadapara a readequação química do solo e a produção de grãos e forra-gens, importantes na integração agropecuária. São sugeridos qua-tro sistemas de rotação de culturas anuais e pastagem, dependen-do da importância econômica de exploração dada pelo produtor(Tabelas 2.18 a 2.21).
2.10.2. Sistemas de integração agropecuária para solos arenososOs solos de textura média, em especial os situados no noro-
este do Paraná, constituem-se num ambiente frágil, do ponto devista agrícola, e, devido a isso, não são recomendados para o culti-vo normal da soja.
Genericamente, nesse ambiente ecológico, pode-se cultivarpastagem, nos seguintes sistemas: a) exclusivo, b) misto com la-vouras anuais, c) "intercropping" e d) silviopastoril.
Em condições de limitação de fertilidade do solo, a exploraçãode pastagem conduz à degradação do mesmo. Isso indica que, paratornar o ambiente sustentável, há necessidade do desenvolvimentode técnicas de recuperação da fertilidade do solo, para torná-lo aptoao desenvolvimento de pastagens. Assim, existem vários caminhos,entre eles o cultivo de culturas anuais adubadas, inclusive a soja.
O cultivo de culturas anuais, em solos arenosos, apresenta ogrande inconveniente de favorecer o processo erosivo, que deveser a principal preocupação quando da sua utilização, principalmen-te em solos declivosos.
Diante dessas premissas, o cultivo da soja deve ser feito sobcondições especiais e por tempo limitado, com o compromisso, por
. 74 .
parte do produtor, de não prejudicar os solos, sendo a decisão des-sa adoção sempre do proprietário e não do técnico.
Caso seja facultado o desenvolvimento de culturas anuais,nessas condições, deve ser implantado, preferencialmente, em se-meadura direta. Quando houver necessidade de abertura de áreaocupada com pastagem, ela deve ser efetuada ao final do períododas águas.
Em todos os casos, devem ser conduzidas práticas conser-vacionistas, utilizando espécies forrageiras de outono/inverno, paracobertura do solo.
A implantação das culturas anuais de verão, obrigatoriamen-te, deve ser em semeadura direta.
Na constituição de sistemas com a soja, a título de sugestão,são apresentados dois modelos de rotação de pastagem e culturasanuais. O primeiro, aveia/soja (1o ano), aveia/milho (2o ano), con-sórcio milheto+guandu/pastagem (3o ano), seguidos de cinco anosde pastagens (retorno da soja no nono ano), é especialmente indi-cado para recuperação ou renovação de pastagens (Tabela 2.22).O segundo, aveia/soja (1o ano), aveia/milho (2o ano), milheto soltei-ro/soja (3o ano), aveia/pastagem (4o ano), seguido de quatro anosde pastagens (retornando da soja no nono ano), é indicado, princi-palmente, para os casos de parceria ou arrendamento rural, (Tabela2.23).
Deve-se, também, observar:
a) a aveia preta implantada na primeira fase deve ser adubada epode ser implantada no sistema mínimo ou convencional de pre-paro do solo;
b) o milheto solteiro, ou em consórcio com guandu, deve ser semeadoaté 10/03 e, precedido por milho precoce semeado até 10/10;
c) na soja, é imprescindível a utilização de inoculante; e
d) após o segundo cultivo de verão, é indispensável nova análisequímica do solo.
. 75 .
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As informações contidas no presente capítulo serão enri-quecidas através da leitura do trabalho “Manejo do solo para a cul-tura da soja”, de Torres et al. (1993), editado pela Embrapa Soja.
O atual sistema de exploração agrícola tem induzido o solo aum processo acelerado de degradação, com desequilíbrio de suascaracterísticas físicas, químicas e biológicas, afetando, progressi-vamente, o seu potencial produtivo.
Os fatores que causam a degradação do solo agem de formaconjunta e a importância relativa de cada um varia com as circuns-tâncias de clima, do próprio solo e de culturas. Entre os principaisfatores, destacam-se: a compactação, a ausência da cobertura ve-getal do solo, a ação das chuvas de alta intensidade, o uso de áreasinaptas para culturas anuais, o preparo do solo com excessivasgradagens superficiais e o uso de práticas conservacionistas isola-das.
O manejo do solo consiste num conjunto de operações reali-zadas com objetivos de propiciar condições favoráveis à semeadu-ra, germinação, desenvolvimento e produção das plantas cultiva-das por tempo ilimitado. Para que tais objetivos sejam atingidos, éimprescindível a adoção de diversas práticas na realização do pre-paro do solo.
3.1. Manejo dos Resíduos CulturaisO manejo dos resíduos culturais deve ser uma das preocupa-
ções nas operações de preparo do solo, uma vez que este podeafetar a perda de água e solo.
MANEJO DO SOLO3
. 82 .
A queima dos resíduos culturais ou da vegetação de coberturado solo, além de reduzir a infiltração de água e aumentar a sus-cetibilidade do solo à erosão, contribui para a diminuição do teor dematéria orgânica do solo e, consequentemente, influi na capacida-de dos solos em reter cátions trocáveis. Durante a queima existeconversão dos nutrientes da matéria orgânica para a forma inorgânicade nitrogênio, enxofre, fósforo, potássio, cálcio, magnésio e micro-nutrientes. Estes nutrientes contidos podem ser perdidos por vola-tilização durante a queima ou por lixiviação e/ou erosão das cinzas.
O pousio, por não oferecer a proteção adequada ao solo, nãoé aconselhável; porém, quando inevitável, mobilizar o solo somentena época de preparo para a semeadura da próxima cultura. Nesteperíodo de pousio, se ocorrerem plantas daninhas, controlar comroçadora, rolo-faca ou mesmo com herbicidas, ao invés de grades.
O manejo das culturas destinadas à proteção, recuperação dosolo e adubação verde deve ser realizado através do uso da roçadora,da segadora, do tarup, do rolo-faca e/ou herbicidas, na fase de
3.1.1. Manejo dos resíduos das culturas destinadas à produção degrãos
Na colheita, o uso de picador de palha é indispensável parafacilitar as práticas culturais em presença de resíduos das culturas,como as operações de preparo do solo, a semeadura e a ação dosherbicidas. O picador deve ser regulado para uma distribuição uni-forme da palha sobre o solo, numa faixa equivalente a largura decorte da colhedora.
Para a cultura do milho, haverá necessidade de uma operaçãocomplementar para picar melhor os resíduos. Para tanto, pode-seutilizar a roçadora, a segadora, o tarup, o rolo-faca ou a grade nive-ladora fechada.
3.1.2. Manejo dos resíduos das culturas destinadas à proteção,recuperação do solo e adubação verde
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floração, deixando-as na superfície do solo para se efetuar a seme-adura direta, ou incorporando-as quando do preparo do solo.
Embora o rolo-faca seja usado e recomendado, deve-se ter emmente que é um implemento que pode causar compactação,devendo-se tomar maior cuidado principalmente em áreas de seme-adura direta. Nessas condições, o implemento deve ser utilizadoquando o solo estiver seco.
3.2. Preparo do SoloNo manejo do solo, a primeira e talvez a mais importante ope-
ração a ser realizada é o seu preparo. Longe de ser uma tecnologiasimples, o preparo do solo compreende um conjunto de práticasque, quando usado racionalmente, pode permitir uma alta produti-vidade das culturas a baixos custos, mas pode também, quandousado de maneira incorreta, levar rapidamente um solo à degrada-ção física, química e biológica e paulatinamente, diminuir o seupotencial produtivo.
É necessário que cada operação seja planejada consciente-mente com os objetivos definidos e com implementos adequados àsua realização. O solo deve ser preparado com o mínimo de movi-mentação, não implicando isso uma diminuição de profundidade detrabalho, mas sim uma redução do número de operações, deixandoa superfície do solo rugosa e mantendo os resíduos culturais totalou parcialmente sobre a superfície.
Alguns pontos devem ser observados para que o preparo dosolo seja conduzido da maneira satisfatória.
Em áreas onde o solo sempre foi preparado superficialmente,principalmente no caso de solos distróficos ou álicos, o preparomais profundo poderá trazer para a superfície parte da camada desolo não corrigida com presença de alumínio, manganês e ferro emníveis tóxicos, e baixa disponibilidade de fósforo, que podem preju-dicar o desenvolvimento das plantas. Neste caso, faz-se necessário
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o conhecimento da distribuição dos nutrientes e pH no perfil dosolo através de amostragem estratificada e a neutralização pelacalagem.
O preparo primário do solo (aração, escarificação ou gradagempesada), deve atingir profundidade suficiente para romper a cama-da subsuperficial compactada e permitir a infiltração de água.
Em substituição à gradagem pesada no preparo primário dosolo, utilizar a aração ou escarificação. A escarificação como alter-nativa de preparo substitui, com vantagem, a aração e a gradagempesada, desde que se reduza o número de gradagens niveladoras.Além disso, possibilita maior quantidade de resíduos culturais nasuperfície, o que é desejável.
O preparo secundário do solo (gradagens niveladoras), se ne-cessário, deve ser feito com o mínimo possível de operações e pró-ximo da semeadura da cultura.
As semeadoras, para operarem eficazmente em áreas com opreparo mínimo e com resíduos culturais, devem ser equipadas comdisco duplo para a colocação da semente e roda reguladora de pro-fundidade para que haja um pequeno adensamento na linha de se-meadura.
O preparo do solo não é só o seu revolvimento. É tambémmanejá-lo corretamente considerando o implemento, a profundida-de de trabalho, a umidade adequada e as suas condições de fertili-dade.
3.2.1. Condições de umidade para o preparo do solo
Quando o preparo é efetuado com o solo úmido, este podeficar predisposto à formação de camada subsuperficial compactadae aderir com maior força aos implementos (em solos argilosos) atéo ponto de impossibilitar a operação desejada.
Por outro lado, deve-se também evitar o preparo com o solomuito seco por ser necessário maior número de gradagens, para
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FIG. 3.1. Efeito do teor de umidade de um latossolo roxo sobre a força de traçãopara diferentes implementos de preparo do solo, na velocidade de 5km/h. Adaptação de Casão Júnior et al. (1990).
obter-se suficiente destorroamento que permita efetuar a operaçãode semeadura. Caso seja imprescindível o preparo primário com osolo seco, realizar o nivelamento e o destorroamento após umachuva.
A condição ideal de umidade para o preparo do solo pode serdetectada facilmente a campo: toma-se um torrão de solo, coletadona profundidade média de trabalho, o qual, submetido a uma levepressão entre os dedos polegar e indicador, desagrega-se sem ofe-recer resistência.
Quando do uso de arado de disco e grades para preparar osolo, pode-se considerar como umidade ideal a faixa friável; quandodo uso de escarificador e arado de aiveca, a faixa ideal é tendendoa seco (Fig. 3.1). A semeadura direta deve ser executada na faixade friável a úmido.
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O uso excessivo do mesmo implemento no preparo do solo,operando sistematicamente na mesma profundidade e, principal-mente, em condições de solo úmido, tem provocado a formação decamada compactada.
A alternância de implementos de preparo do solo que traba-lham a diferentes profundidades e possuam diferentes mecanismosde corte, e a observância do teor de umidade adequado para amovimentação do solo, são de relevante importância para minimizara sua degradação.
Assim, recomenda-se por ocasião do preparo do solo, alternara sua profundidade a cada safra agrícola, e se possível, a utilizaçãoalternada de implementos de discos com implementos de dentes.
3.2.2. Alternância de uso de implementos no preparo do solo
3.3. Compactação do Solo
A compactação do solo é provocada pela ação e pressão dosimplementos de preparo do solo, especialmente quando estas ope-rações são feitas em condições de solo úmido e continuamente namesma profundidade, somadas ao tráfego intenso de máquinasagrícolas.
Tais situações têm contribuido para a formação de duas ca-madas distintas: uma camada superficial pulverizada e outrasubsuperficial compactada (pé-de-arado ou pé-de-grade).
Estes problemas começam a chamar a atenção para o aumen-to do custo de produção por unidade de área e diminuição da produ-tividade do solo.
Solos com presença de camadas compactadas caracterizam-sepor baixa infiltração de água, ocorrência de enxurrada, raízes defor-madas, estrutura degradada, resistência à penetração dos imple-mentos de preparo, exigindo maior potência do trator, e pelo apare-cimento de sintomas de deficiência de água nas plantas, mesmosob pequenos períodos de estiagens.
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3.3.1. Rompimento de camada compactada
O rompimento da camada compactada deve ser feito com umimplemento que alcance a profundidade imediatamente abaixo doseu limite inferior.
Podem ser empregados com eficiência, arados, subsoladorese escarificadores, desde que sejam utilizados na profundidade ade-quada.
O sucesso do rompimento da camada compactada está nadependência de alguns fatores:
profundidade de trabalho: o implemento deve ser regulado paraoperar na profundidade imediatamente abaixo da camada com-pactada;
umidade do solo: para o uso de arado, seja de disco ou aiveca, acondição de umidade apropriada é aquela em que o solo está nafaixa friável. Em solos úmidos há aderência nos órgãos ativos dosimplementos e em solos secos, há maior dificuldade de penetra-ção (arado de discos). Para o uso de escarificadores ou sub-soladores, a condição de umidade apropriada é aquela em que osolo esteja seco. Estando úmido, o solo não sofre descompactaçãomas amassamento entre as hastes e selamento dos poros no fun-do e laterais do sulco;
espaçamento entre as hastes: quando do uso de escarificador ousubsolador, o espaçamento entre uma haste e outra determina ograu de rompimento da camada compactada pelo implemento. Oespaçamento entre as hastes deverá ser de 1,2 a 1,3 vezes aprofundidade de trabalho pretendida.
Identificado o problema, abrem-se pequenas trincheiras edetecta-se a profundidade de ocorrência de compactação,observando-se o aspecto morfológico da estrutura do solo, ouverificando-se a resistência oferecida pelo solo ao toque com uminstrumento pontiagudo qualquer. Normalmente, o limite inferior dacamada compactada não ultrapassa a 30 cm de profundidade.
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A efetividade desta prática está condicionada ao manejo dosolo adotado após a descompactação. São recomendadas, emsequência a esta operação, a implantação de culturas com alta pro-dução de massa vegetativa, com alta densidade de plantas e comsistema radicular abundante e agressivo, e a redução da intensida-de dos preparos de solo subseqüentes.
3.4. Semeadura Direta
3.4.1. Importância
No modelo tradicional de cultivo da soja, conceituado comoconvencional, o manejo do solo é realizado com número excessivode operações de preparo. Somados às demais operações de cultivo,fazem com que, em uma propriedade, em apenas uma safra agríco-la, máquinas e veículos passem revolvendo ou sobre o solo pormais de 15 vezes. Essa forma de manejo, principalmente quando opreparo é feito com implementos e condições de solo inadequadas,tem causado a desestabilização dos agregado do solo e a reduçãoda matéria orgânica; como consequência, a ocorrência de erosão,com perdas de solo e nutrientes.
A matéria orgânica é, em grande parte, responsável pela CTCe pela estabilidade das características físicas dos solos, ou seja,agregados estáveis, relação adequada entre macro e microporos,retenção de água, e outros, os quais por sua vez afetam direta, ouindiretamente, a produtividade da soja.
O sistema de semeadura direta é a melhor alternativa parareverter a situação de degradação gerada pelo cultivo convencio-nal. Desde que seja adotado de modo correto, apresenta vantagenssobre os sistemas que revolvem o solo. Como vantagens, o sistemade semeadura direta diminui a erosão, melhora os níveis de fertilida-de do solo, principalmente de fósforo, mantém ou aumenta a maté-ria orgânica, proporciona redução dos custos de produção (menor
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desgaste de tratores e maior economia de combustível, em razãoda ausência das operações de preparo), permite a melhor racionali-zação no uso de máquinas, implementos e equipamentos, possibili-tando que as diferentes culturas sejam implantadas nas épocas re-comendadas e, finalmente, proporciona estabilidade na produção emelhoria de vida do produtor rural e da sociedade.
3.4.2. Implantação e requisitos
3.4.2.1. Conscientização
Tanto os agricultores, como a assistência técnica, devem es-tar predipostos a mudanças, conscientes de que o sistema é impor-tante para alcançar êxito e rentabilidade na atividade agrícola. Aassistência técnica capacitada é fundamental, pois, as tecnologias,principalmente na fase inicial de adoção, requerem acompanhamentopermanente e contínuo.
3.4.2.2. Levantamento dos recursos
O conhecimento detalhado da propriedade agrícola é essenci-al para a obtenção de sucesso com a adoção do sistema de seme-adura direta. Para tanto é necessário o levantamento das condiçõesdo solo, da incidência de plantas daninhas, da disponibilidade demáquinas e implementos agrícolas, e do potencial dos recursoshumanos.
Solos: Organizar as informações referentes a tipos de solo, fertilida-de, acidez, presenças de camada compactada, ocorrências de ero-são, vias de acesso e toda infraestrutura. Todas essas informaçõesdeverão ser obtidas de modo correto, para representarem com fide-lidade as condições da propriedade. As amostragens, para conheci-mento das condições físicas e químicas do solo, deverão ser reali-zadas de acordo com as recomendações específicas para coleta(forma de coleta, número de amostras e o envio ao laboratório).
Plantas daninhas: O levantamento e o mapeamento da infestação de
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plantas daninhas (espécies e intensidade) serão passos importantes,para a racionalização dos custos no sistema de semeadura direta, jáque os herbicidas são um dos principais componentes dos custos deprodução. Essa etapa servirá como base para orientação do local e dométodo de controle de plantas daninhas a ser empregado.
Máquinas e implementos agrícolas: Já existem, disponíveis no mer-cado, um bom número de modelos de semeadoras para serem utili-zadas no sistema de semeadura direta. Semeadoras que foram apri-moradas com o passar dos anos, atualmente permitem um bomestabelecimento das lavouras de soja ou de qualquer outra cultura,desde que sejam observadas as informações específicas deregulagem em função do tipo de solo e da quantidade dos restos decultura. A textura do solo é um dos parâmetros orientadores daescolha do modelo de semeadora. Outros parâmetros importantessão a capacidade de cortar resteva e abrir sulcos, uniformizar aprofundidade de semeadura e cobrir as sementes. Nessa etapa de-vem ser considerados os tipos de discos que fazem o corte dapalhada e/ou a abertura de sulcos, a necessidade de pequenossulcadores (botas ou escarificadores) junto aos discos, presença delimitador de profundidade de semente, etc. As culturas que fazemparte do sistema de rotação empregado na propriedade devem, tam-bém, influenciar sobre a escolha da semeadora, no que toca aosistema de distribuição de sementes. Assim deve-se procurar umasemeadora versátil que atenda com eficiência todas as necessida-des da propriedade rural.
Algumas semeadoras, utilizadas atualmente no sistema con-vencional, apresentam condições de serem adaptadas, para possi-bilitar o corte da palha, a abertura de sulcos e o fechamento dosmesmos, após a semeadura no sistema de semeadura direta. Essasadaptações tem se mostrado com baixo custo e boa eficiênciaoperacional.
Recursos humanos: O agricultor deve ter consciência que, a partirda decisão que tomou em implantar o sistema de semeadura direta,
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terá pela frente um novo sistema, que exigirá uma postura diferentedaquela que tinha anteriormente. Para isso, deverá ser treinado epermitir que seus operadores de máquinas o sejam também, princi-palmente, no uso de semeadoras e na tecnologia de controle deplantas daninhas. Devem obter conhecimentos sobre a identifica-ção e estádio de desenvolvimento de plantas daninhas, tecnologiada aplicação de herbicidas (vazão e tipo de bicos de pulverizado-res), hora ideal de aplicação de cada produto, seleção de herbicidas,métodos de aplicação de corretivos de solo e outros assuntos per-tinentes. A participação dos produtores em associações de sistemade semeadura direta auxilia na troca de experiências e na reciclagemde conhecimentos. O acompanhamento da assistência técnica é indis-pensável, pois muitas das decisões requerem informações específicasque necessitam da participação de um Engenheiro Agrônomo.
3.4.2.3. Planejamento
Em qualquer atividade, o planejamento é uma das mais impor-tantes etapas para a redução de erros e riscos, ou seja, para au-mentarem as chances de sucesso. O planejamento envolve a análi-se dos custos e dos benefícios proporcionados pela adoção do novosistema. Deve ser considerado: a) necessidade de novas máquinase equipamentos, utilização de sistemas de rotação de culturas,mercado consumidor para as culturas que compõem o sistema enecessidade de capacitação de pessoal; b) elaboração e interpreta-ção das informações obtidas na propriedade, como análise de ferti-lidade de solo, necessidade de incorporação de fertilizantes e corre-tivos, existência de camadas compactadas nos solos, incidência enível de infestação de plantas daninhas e infraestrutura básica dapropriedade. Essas informações devem ser mapeadas, para servi-rem de subsídios para a programação da divisão da propriedade emglebas e formulação de um cronograma de atividades.
Na formulação do cronograma, é importante que se conheçatoda a tecnologia disponível para cada região. Alguns pré-requisitossão importantes e devem ser considerados na implantação e na con-
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dução do sistema, principalmente, para áreas cultivadas já há algumtempo com o sistema convencional:
no início das atividades, a área do sistema de semeadura diretadeve ser pequena, para que o agricultor possa adquirir experiên-cia. Deve buscar as soluções de suas dificuldades junto a assis-tência técnica e a agricultores com mais experiência. Só apósfamiliarizado com o sistema, deve aumentar a área (sob sistemade semeadura direta) na propriedade;
a acidez do solo deve ser corrigida a uma profundidade de 20 a 25cm. O tipo e a quantidade do corretivo a ser aplicado deve serorientado através do resultado da análise de solo, em função dosistema de produção da propriedade. A incorporação do corretivode acidez pode ser simultânea à operação de descompactação,porém com o implemento recomendado para a incorporação;
é imprescindível a presença de cobertura com restos de culturas,para a proteção do solo;
o solo deve estar livre de camadas compactadas e nivelado. Aoperação de descompactação pode ser feita com escarificadores,subsoladores ou arados. A profundidade desse trabalho deve serindicada por uma avaliação de resistência do solo. Se após essetrabalho ainda permanecerem vestígios de sulcos de erosão, es-tes devem ser eliminados com o emprego de escarificadores egrades niveladoras;
na colheita de grãos, a colhedora deve ser provida de picador depalhas ou de outra adaptação, regulados para fragmentar os resí-duos e bem distribuí-los na superfície do solo. Tanto a operaçãode colheita, como a de manejo das espécies para adubação verde,não devem fragmentar as plantas em tamanhos muito pequenos.Resíduos pequenos possuem maior contato com o solo e são de-compostos muito rapidamente.
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Em razão das diferentes condições de clima e solo, o sistemade semeadura direta tem um comportamento distinto nas diferen-tes regiões do Estado. Diferenças nas características físicas e quí-micas fazem com que os solos respondam diferencialmente à me-canização, à adubação e à correção. O clima afeta a persistênciados resíduos e da matéria orgânica. Esta interage-se com as partí-culas primárias e secundárias do solo, para determinar o comporta-mento das suas características físicas, as quais tem efeito sobre aaeração, regime térmico, disponibilidade de água e resistência dascamadas de impedimento, que são os parâmetros que influenciamdiretamente o desenvolvimento da soja. As modificações dessesprocessos no solo é dinâmica e exige, com o passar dos anos, umacompanhamento específico de cada situação, para definir a me-lhor tecnologia, a ser utilizada na região e na propriedade. Assim,após a implantação do sistema de semeadura direta, é importanteacompanhar o seu desempenho, preferencialmente, por glebas. Esseacompanhamento deve constar de análise de solo, tanto de fertili-dade, como física, do monitoramento da dinâmica de pragas, dedoenças, de plantas daninhas e, também, da produtividade das cul-turas.
A análise de fertilidade do solo mostrará a evolução da maté-ria orgânica, característica importante para definir a evolução dosistema, além da necessidade de calagem e aplicações de fertilizan-tes.
A análise física do perfil do solo deve contemplar a avaliaçãoda resistência à penetração e a presença de canalículos no solo,devido a atividade de insetos e a decomposição de raízes, os quaissão espaços importantes para a reciclagem de nutrientes e cresci-mento de raízes. Para complementar essas informações, é impor-tante avaliar a distribuição do sistema radicular da soja.
A seguir são listados alguns problemas levantados poragriculturos e as formas de diagnosticá-los:
3.4.2.4. Desempenho e condução do sistema de semeadura direta
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Compactação do solo
É assunto polêmico, quando se trata de sistema de semeadu-ra direta nos solos originadas do basalto (na maioria, latossolosroxos e terras roxas). Porém, deve ficar claro que a compactaçãonão inviabiliza o sistema de semeadura direta nos latossolos, porémexige um melhor acompanhamento.
A compactação é o aumento da densidade do solo em funçãodo arranjamentos das partículas primária (argila, silte e areia). Quandoo solo é submetido a um esforço cortante e/ou de pressão, há redu-ção do espaço aéreo, aumentando sua densidade aparente. Nor-malmente, os solos formados por partículas pequenas, e de diferen-tes tamanhos, são mais facilmente compactados, porque as partí-culas pequenas podem ser encaixadas nos espaços formados entrepartículas maiores, formando camadas de impedimento com baixamacroporosidade. O processo de compactação é intensificado pelaredução dos agentes de estrutura (matéria orgânica, redução daatividade de alguns microorganismos, exudados de plantas e outros).
Esses conceitos conduzem à indicações de que os latossolosroxos e as terras roxas apresentam características, que os tornammais susceptíveis à compactação, devido aos elevados teores deargila. Essa condição é agravada quando os solos são preparadoscom número excessivo de operações de implementos e condiçõesinadequadas de umidade. Essa prática, além de reduzir drastica-mente a matéria orgânica, dificulta sua recuperação, mesmo com aincorporação de restos de culturas ao solo. O sistema de semeadu-ra direta é a melhor alternativa para recuperar a matéria orgânica eo estado de agregação dos solos, possibilitando que os mesmosproporcionem, com o passar dos anos, produtividades estáveis.Porém, quando se implanta o sistema de semeadura direta em con-dições de solo degradado, principalmente nos primeiros anos, po-dem aparecer problemas de adensamento, os quais devem sermonitoradas, para definir o seu real efeito sobre o desenvolvimentoda soja.
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Monitoramento da compactação do solo
Primeiramente, deve-se ter um histórico de produtividade dapropriedade, por vários anos, se possível por talhões. Em seguida,deve-se fazer uma análise das tendências de produtividade. Carac-terizado o decréscimo de produtividade, verificar se o mesmo não écausado por problemas climáticos, pragas e/ou doenças, deficiênci-as de nutrientes, acidez do solo, exigência termofotoperíodica dascultivares, além de outros. Excluídas essas possibilidades, a melhormaneira de verificar o efeito da compactação sobre o desenvolvi-mento da soja é através de um diagnóstico, que deve associar da-dos de resistência do solo (profundidade e intensidade), obtidoscom auxílio de um penetrômetro, com a distribuição de raízes noperfil do mesmo. A distribuição de raízes deverá ser avaliada atra-vés da abertura de uma trincheira, verificando-se a concentração deraízes nas diferentes camadas até a profundidade de 40 a 50cm.Avaliar também a intensidade da presença de fendas e canalículos,e a ocorrência neles de eluviação de solo da superfície e o cresci-mento de raízes em direção às camadas mais profundas. Definidoque o desenvolvimento radicular concentrado na camada superfici-al é a causa real do decréscimo de produtividade, pode-se entãopensar em descompactar o solo. É importante, ainda, considerarque, normalmente, no preparo convencional, a concentração super-ficial de raízes está relacionada com queda de produtividade. Nosistema de semeadura direta, nem sempre. Sob esse sistemas, emalgumas situações pode ocorrer concentração de raízes nas cama-das superficiais, porém, algumas conseguem desenvolver-se atra-vés de canalículos, alcançando camadas mais profundas do solo, eauxiliar no suprimento de água e nutrientes às plantas. Além domais, as raízes superficiais podem localizar-se numa camada ricaem matéria orgânica e nutrientes, caraterísticas do sistema de se-meadura direta, que se mantem úmida em função da cobertura mortado solo, podendo proporcionar condições satisfatórias para o de-senvolvimento da soja.
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Manejo da compactação
Em caso de necessidade de descompactar o solo, sugere-seduas alternativas, desde que haja estrutura na propriedade. A pri-meira, que não resolve totalmente o problema, é a utilização desemeadoras que possuem sulcadores junto aos discos de corte, osquais ajudarão a romper a camada compactada na linha de semea-dura. Esse sistema, no entanto, dependendo da profundidade detrabalho, pode causar problemas na emergência e no estabeleci-mento da lavoura, desde que as sementes não sejam distribuídas auma profundidade adequada. Em complemento, como a semeadurada cultura é feita com solo úmido, o trabalho de descompactaçãoocorrerá apenas na linha de semeadura, além de provocar a ocor-rência de uma superfície espelhada no sulco.
A segunda alternativa é baseada no uso de alguns tipos deescarificadores, cujo formato das hastes permite que a camadacompactada seja rompida sem afetar muito o nivelamento do terre-no. Essa condição possibilita que a semeadura seja feita sem onivelamento do terreno ou com apenas uma passada de gradeniveladora.
A operação de descompactação deve ser feita após a colheitada soja e antes da semeadura do trigo ou aveia. Essa sequência éimportante porque:
a) a cultura da soja produz uma quantidade relativamente pequenade restos, que são de rápida decomposição. Quando bem frag-mentados e distribuídos sobre o terreno permitem que a opera-ção de descompactação do solo seja feita com o mínimo deembuchamento do implemento, devido a presença de palha; e
b) a maior rusticidade das culturas de trigo e de aveia garantemgerminação satisfatória e um bom estabelecimento de lavoura,mesmo em terreno com pequenos problemas de nivelamento.
Para evitar embuchamento da semeadora, devido a presençade palha na superfície do solo, recomenda-se esperar uma ou duaschuvas, para depois realizar a semeadura, nesse caso, com a velo-
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3.4.3. Cobertura do soloA soja, preferencialmente, deve ser cultivada em sistemas
ordenados de rotação de culturas, sempre planejados para deixaros solos cobertos o maior espaço de tempo possível. A quantidadee a qualidade dos restos de culturas são determinantes para recupe-rar a matéria orgânica do solo, auxiliar no controle de plantas dani-nhas, permitir a reciclagem de nutrientes, reduzir riscos de erosão,aumentar a capacidade de armazenamento de água no solo, alémde outros.
A aveia preta e o milho são culturas importantes para seremcultivadas num sistema de rotação (ver esquemas no capítulo derotação de culturas). A soja, quando cultivada após aveia rolada,apresenta excelente desempenho, principalmente quando ocorremproblemas de verânicos, observando-se, nessas condições, aumen-tos de até 20% na produtividade, em relação a outras condições demanejo de solo e culturas.
A aveia ainda proporciona menor incidência das doenças cau-sadas por Rhizoctonia e Esclerotinia em soja e diminui a incidênciade plantas daninhas, principalmente de Brachiaria plantaginea (ca-pim mamelada).
Os primeiros procedimentos para se ter uma cobertura ade-quada e uniforme devem começar por ocasião da colheita das cul-turas destinadas a grãos. A colhedora deve ser regulada para que apalha seja picada e distribuída uniformemente sobre o terreno, numa
3.4.3.1. Manejo das espécies para cobertura do solo
cidade de operação reduzida. Como norma, preparar o solo semprena umidade friável.
A área utilizada com essa tecnologia deve ser inicialmente pe-quena, para que o agricultor faça suas experiências. Para isso, deveprocurar informações sobre o tipo de implemento mais adequado, sepossível, com demonstração.
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faixa equivalente à sua largura de corte. Se a cultura for milho, apósa colheita, é conveniente utilizar uma roçadeira ou implemento se-melhante, para melhorar a distribuição dos restos da cultura. É im-portante que os resíduos não sejam fragmentados em tamanho muitopequeno, para que a decomposição dos mesmos não seja acelera-da. A Cooperativa Agrária Mista de Entre Rios (AGRÁRIA) tem feitoadaptações em colhedoras, visando fragmentar e distribuir melhoros restos do milho na superfície do terreno.
O manejo das espécies destinadas à adubação verde podemser realizados mecanicamente (rolo-faca, roçadeira, etc) ou comherbicidas. No caso da aveia, a melhor cobertura é obtida quando omanejo é feito com rolo-faca na fase de floração plena. A operaçãode rolagem deve ser realizada quando o solo estiver seco, procuran-do, com isso, evitar que o implemento compacte o solo, por serpesado. O manejo da aveia, com herbicidas, pode ser feito quandoa mesma estiver no início da fase de grãos leitosos. O atraso naépoca de manejo pode permitir que as sementes tornem-se viáveise invasoras na safra seguinte. A dessecação da aveia faz com quea maiorias das plantas permaneçam em pé e só sejam quebradas edeitadas por ocasião da semeadura. Essa última prática é discutívelem áreas com problemas de infestação de plantas daninhas.
Outras espécies como nabo e o tremoço, também podem sercultivadas em sistemas de rotação de culturas que envolvam a soja,porém, elas entram no sistema antes do milho (ver capítulo sobrerotação de culturas). Essas espécies podem ser manejadas mecani-camente, através dos métodos já descritos anteriormente, na fasede floração e início de formação de grãos. Atualmente, pratica-se oconsórcio do nabo ou do tremoço com a aveia, com excelentesresultados.
Para solos degradados, com problemas de compactação, pode-se semear o milho consorciado com guandú, onde todas as opera-ções podem ser mecanizadas (detalhes no capítulo sobre rotaçãode culturas).
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Para uma adoção eficiente do sistema de semeadura direta, éessencial o uso do processo de rotação de cultura, utilizando-seculturas anuais e espécies vegetais para cobertura do solo. A rota-ção de culturas pode tanto ser de lavouras anuais exclusivas, comocom espécies forrageiras perenes, num sistema agropecuário inte-grado.
A rotação de culturas, devido a diversificação do cultivo deespécies vegetais diferentes, ameniza os problemas fitossanitáriosnas espécies destinadas à produção de grãos.
Espécies produtoras de grande quantidade de palha e raiz,além de favorecer o sistema de semeadura direta, a reciclagem denutrientes e estabelecer o aumento da proteção do solo contra aação dos agentes climáticos, promove a melhoria do solo nos seusatributos físicos e biológicos. A diversificação da cobertura vegetalconstitui-se em processo auxiliar no controle de plantas daninhasocorrentes na soja, principalmente nos primeiros anos de implanta-ção da semeadura direta.
No Paraná, trabalhos realizados com soja, trigo e cevada, indi-cam que a rotação apresenta, dependendo do domínio ecológico,as seguintes influências sobre a semeadura direta:
a) viabiliza o sistema no Norte;
b) auxilia no Oeste e Centro-Oeste e
c) aumenta a eficiência no Centro-Sul do Estado. São apresenta-das, no capítulo sobre rotação de culturas, várias seqüênciasculturais, recomendadas para o sistema de semeadura direta.
3.4.4. Rotação de culturas
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4.1. Amostragem e Análise do Solo
4.1.1. Amostragem do solo
A análise química do solo é um método que tem estimado,com boa margem de segurança, a quantidade necessária de correti-vos de acidez do solo e de fertilizantes para as culturas. Sua valida-de e eficiência é, no entanto, tanto maior quanto mais representati-va da área onde se pretende instalar a cultura. A capacidade deuma amostra representar uma determinada área homogênea vaidepender da variabilidade dos teores e do número de subamostrascolhidas na área. Para que o resultado analítico expresse a fertilida-de média da área amostrada, na composição de uma amostra, cadasubamostra deve contribuir com igual quantidade de terra. Da mes-ma forma que, quanto maior a área a ser caracterizada, maior deveser o número de subamostras. Alguns dados sugerem que são ne-cessárias cerca de dez subamostras para representar adequadamente2,0 ha, quinze para representar 4,0 ha e vinte para representar 8,0 ha.
A tomada de amostra do solo deve ser feita com bastanteantecedência à época do preparo e semeadura, pois haverá temposuficiente para o laboratório analisar as amostras e as recomenda-ções chegarem ao produtor em época propícia à aquisição dos insu-mos necessários, sem atropelos que lhe possam acarretar prejuízo.
A época ideal para a retirada de amostras do solo varia deacordo com o tempo de cultivo que a área está submetida e a ne-cessidade ou não de calagem. Em áreas que não necessitam decalagem, a amostragem para fins de recomendação de fertilizantes
CORREÇÃO E MANUTENÇÃO DAFERTILIDADE DO SOLO4
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poderá ser feita logo após a maturação fisiológica da cultura anteri-or àquela que será instalada. Caso haja necessidade de calagem, aretirada da amostra tem que ser feita de modo a possibilitar que ocalcário esteja incorporado pelo menos três meses antes da semea-dura.
Na retirada de amostra do solo com vistas à caracterização dafertilidade, o interesse é pela camada arável do solo que, normal-mente, é a mais intensamente alterada, seja por arações e gradagens,seja pela adição de corretivos, fertilizantes e restos culturais. Aamostragem deverá, portanto, contemplar essa camada, ou seja,os primeiros 20 cm de profundidade. No sistema de semeaduradireta recomenda-se que, sempre que possível, a amostragem sejarealizada em duas profundidades (0-10 e 10-20 cm), com o objeti-vo principal de se avaliar a disponibilidade de cálcio e a variação daacidez entre as duas profundidades.
4.1.2. Análise do solo
Os solos apresentam uma grande variabilidade em suas carac-terísticas físicas, químicas e mineralógicas. As espécies vegetais e,dentro delas, as cultivares, diferem entre si na capacidade de ab-sorção e utilização de nutrientes. Assim, ao se preconizar determi-nada técnica de adubação, deve-se ter, além do resultado da análi-se de solo, informações sobre o tipo de solo e um histórico de suautilização e tratamentos anteriores como calagem, adubação, cul-turas semeadas, rendimentos obtidos, etc.
As recomendações de adubação devem ser orientadas pelosteores dos nutrientes determinados na análise de solo. Eles sãointerpretados em pelo menos três níveis: alto, médio e baixo.
Na Tabela 4.1 são apresentados os parâmetros para a inter-pretação da análise de solo adotada pelos laboratórios do Estado doParaná.
. 102 .
4.2. Correção da Acidez do Solo
4.2.1. Acidez do solo
A reação do solo pode ser ácida, básica ou neutra. Nos solossituados em regiões sob clima tropical e subtropical predominamsolos com reação ácida.
Os nutrientes têm sua disponibilidade determinada por váriosfatores, entre eles o valor do pH, medida da concentração (ativida-de) de íons hidrogênio na solução do solo. Assim, em solos com pHexcessivamente ácido ocorre diminuição na disponibilidade de nu-trientes como fósforo, cálcio, magnésio, potássio e molibdênio eaumento da solubilização de íons como zinco, cobre, ferro, manganêse alumínio que, dependendo do manejo do solo e da adubação uti-lizados, podem atingir níveis tóxicos às plantas.
A Fig. 4.1 ilustra a tendência da disponibilidade dos diversoselementos químicos às plantas em função do pH do solo. A disponi-bilidade varia como conseqüência do aumento da concentração esolubilidade dos diversos compostos na solução do solo. A mudan-ça de pH é um dos fatores que tem grande influência sobre a con-centração e solubilidade destes compostos na solução do solo.
TABELA 4.1. Níveis de alguns componentes do solo (método Mehlich para P e K) para efeito dainterpretação de resultados de análise química do solo.
cmolc.dm-3 de solo mg.dm-3 % g.kg-1
NíveisAl
+++K
+Ca
++Mg
++P K
+Sat. Al
3+C M.O.
Muito baixo < 5
Baixo < 0,5 < 0,10 < 2 < 0,4 < 3,0 < 40 5-10 8 < 15
Médio 0,5-1,5 0,11-0,20 2-4 0,4-0,8 3,1-6,0 41-80 10-20 8-14 15-25
Alto > 1,5 0,21-0,30 > 4 > 0,8 > 6,0 81-120 20-45 >
14
> 25
Muito alto > 0,30 > 120 > 45
. 103 .
FIG. 4.1. Relação entre o pH e a disponibilidade dos elementos no solo.
4.2.2. CalagemA calagem é a prática da aplicação e incorporação ao solo de
calcário ou de qualquer outro material com o objetivo de neutralizara acidez do solo para elevação do pH. Quando executada de formaadequada, permite a exploração racional de uma área, uma vez quereduz os efeitos nocivos da acidez, diminuindo a concentração, nasolução do solo, de elementos como ferro, alumínio e manganêsque possam estar em níveis tóxicos às culturas. A adição de calcáriono solo, além de elevar o pH, aumenta a disponibilidade para asculturas, de cálcio, magnésio e pode aumentar, em alguns casos,as de fósforo, potássio e alguns micronutrientes.
A determinação da quantidade de calcário a ser aplicada emuma área é obtida através do método da elevação do valor da satu-ração em bases, que se fundamenta na correlação positiva existen-te entre os valores de pH e a porcentagem de saturação em bases.
Segundo este método, na cultura de soja, deve-se realizar acalagem aplicando-se a quantidade necessária para elevar a satura-
. 104 .
ção de bases a 70%. Sugere-se o valor menor ou igual a 60 % desaturação por bases para decisão da necessidade de calagem, apli-cando-se a quantidade necessária para elevar a saturação por basesa 70 %.
Esta quantidade é recomendada para incorporação com ara-do até, no mínimo, 20 cm de profundidade e é calculada através daseguinte expressão:
(V2-V1) x TNC (t.ha-1) =
100 x f
onde: NC =necessidade de calcário (t.ha-1)
S =soma das bases trocáveis (Ca2+ + Mg2+ + K+), emcmolc.dm-3 de TFSA (Terra Fina Seca ao Ar)
T =Capacidade de Troca de Cátions ou S + (H+ + Al3+),em cmolc.dm-3 de TFSA.
V2 =% de saturação de bases desejada (70%).
V1 =% de saturação de bases fornecida pela análise =(100 x S)/T
f =fator de qualidade do calcário = 100/PRNT
PRNT = Poder Relativo de Neutralização Total.
4.2.3. Qualidade do calcário e condições de usoPara que a calagem atinja os objetivos de neutralização do
alumínio trocável e/ou de elevação dos teores de cálcio e magnésio,algumas condições básicas devem ser observadas:
- o calcário deverá passar 100% em peneira com malha de 0,3 mm;
- o calcário deverá apresentar altos teores de cálcio e magnésio(CaO + MgO > 38%), dando preferência ao uso de calcáriodolomítico (>12,0% MgO) ou magnesianos (entre 5,1% e 12,0%MgO); no caso de haver interesse no uso de calcário calcítico,aplicar fontes de Mg para atender o suprimento do nutriente;
. 105 .
- a reação do calcário no solo se realiza eficientemente sob condi-ções adequadas de umidade.
Na escolha do corretivo em solos que contenham menos de0,8 cmolc.dm-3 de Mg deve ser dada preferência para materiais quecontenham magnésio (calcário dolomítico e/ou magnesiano), a fimde evitar que ocorra um desequilíbrio entre os nutrientes. Como oscalcários dolomíticos encontrados no mercado contém teores demagnésio elevados, deve-se acompanhar a evolução dos teores deCa e Mg no solo, e, caso haja desequilíbrio, pode-se aplicar calcáriocalcítico para aumentar a relação Ca/Mg.
No Paraná já se constata esse desequilíbrio, porém ele nãoestá somente na baixa relação Ca/Mg, mas também no alto teor deMg (próximo e acima de 3 cmolc.dm-3 de solo). Por enquanto não sedeterminou o efeito do Mg quando em níveis elevados, se há atoxidez direta ou indireta (absorção de Ca e K), mas sabe-se que oexcesso de Mg no solo causa sérios distúrbios nas plantas de soja,tais como queima foliar e haste verde.
Atualmente, há trabalhos para determinar faixas ótimas dasrelações entre Ca, Mg e K, tanto no solo como nas folhas desoja.
Resultados preliminares, obtidos em dois anos em três locaisdo Estado do Paraná, indicam que as faixas ótimas de relação entreesses nutrientes são (Sfredo et al., 1992. Dados não publicados):
a) no solo: b)nas folhas:
Ca/Mg = 1,5 a 3,5 Ca/Mg = 1,5 a 3,5Ca/K = 8 a 16 Ca/K = 0,16 a 0,32Mg/K = 3 a 6 Mg/K = 0,10 a 0,18(Ca + Mg)/K = 12 a 20 (Ca +Mg)/K = 0,3 a 0,7(Ca/Mg)/K = 3 a 8 (Ca/Mg)/K = 0,6 a 1,3
Por isso, o acompanhamento pela análise do solo torna-seimportantíssimo na época de decisão de qual o tipo de calcário a serusado.
. 106 .
Caso o pH do solo já esteja em níveis elevados e for necessá-rio aumentar a relação Ca/Mg, deve-se usar gesso agrícola (CaSO4)para aumentar o teor de Ca e ainda tentar lixiviar o Mg para cama-das mais profundas, sem alteração no pH do solo.
A aplicação e incorporação do calcário deve ser realizada comantecedência mínima de três meses. Haverá, assim, tempo sufici-ente para que o corretivo, através do contato com as partículas dosolo, reaja sobre a acidez do solo e proporcione um ambiente propí-cio ao desenvolvimento da cultura. Uma época considerada oportu-na e econômica para se realizar a calagem é logo após a colheita daúltima cultura, pois ao se incorporar os restos vegetais já se estaráincorporando o cálcario.
As formas de aplicação e incorporação são aspectos que tam-bém devem ser considerados. Quanto à incorporação do corretivo,o melhor e mais eficiente método é através da aração que permite amistura entre o corretivo e o solo até a profundidade de 20 cm.
Quando a aração não for possível no primeiro ano, devido aogrande volume de raízes ou outra razão, incorporar o calcário comgrade no primeiro ano e fazer a aração no segundo ano.
O pior e, infelizmente, o mais difundido método de incorpora-ção de corretivo é através de grade aradora (tipo Rome), que pro-move uma incorporação apenas superficial (primeiros 5-10 cm) docorretivo, criando zonas de supercalagem que podem ser tão oumais prejudiciais às culturas que a acidez do solo, através da di-minuição da disponibilidade de alguns nutrientes ou por impedir odesenvolvimento em profundidade do sistema radicular, que podeser prejudicial em curtos períodos de seca.
Em relação às quantidades e épocas de incorporação,recomenda-se que doses até 5 t/ha de calcário sejam aplicadas, nasua totalidade, antes da aração; para doses acima de 5 t/harecomenda-se a aplicação de metade da dose antes da aração e aoutra metade após a aração e antes da gradagem.
. 107 .
4.2.4. Correção da acidez subsuperficialOs solos podem apresentar problemas de acidez subsuperficial,
uma vez que a incorporação profunda do calcário nem sempre épossível, ao nível de lavoura. Assim, camadas mais profundas dosolo (abaixo de 35 ou 40 cm) podem continuar com excesso dealumínio tóxico, mesmo quando tenha sido efetuada uma calagemconsiderada adequada. Esse problema, aliado à baixa capacidadede retenção de água de alguns solos, pode causar decréscimos naprodutividade, principalmente nas regiões onde é mais freqüente aocorrência de veranicos.
Com o uso de gesso é possível diminuir a saturação de alumí-nio nessas camadas mais profundas, uma vez que o sulfato exis-tente nesse material pode arrastar o cálcio, o magnésio e o potássiopara camadas abaixo de 40 cm. Desse modo, criam-se condiçõespara o sistema radicular das plantas se aprofundar no solo, explorarmelhor a disponibilidade hídrica e, conseqüentemente, minimizar oefeito de veranicos, obtendo-se melhores índices de produtividade.Além disso, todo esse processo pode ser feito em um período deum a dois anos. Deve ficar claro, porém, que o gesso não neutralizaa acidez do solo.
O gesso deve ser utilizado em áreas onde a análise de solo, naprofundidade de 30 a 50 cm, indicar a saturação de alumínio maiorque 20% e/ou quando a saturação do cálcio for menor que 60%(cálculo feito com base na capacidade de troca de cátions efetiva).A dose de gesso agrícola (15% de S) a aplicar é de 700, 1200,2200 e 3200 kg.ha-1 para solos de textura arenosa, média, argilosa
O parcelamento da aplicação de calcário, por mais de um ano,só é viável quando a acidez do solo já foi corrigida anteriormente,ou seja, quando o solo já vem sendo cultivado por vários anos enecessita nova correção.
Não se recomenda esse parcelamento em solos de primeiroano de cultivo.
. 108 .
e muito argilosa, respectivamente. O efeito residual destas doses éde, no mínimo, 5 anos.
Caso o gesso seja utilizado apenas como fonte de enxofre, adose deve ser ao redor de 200 kg/ha/cultivo.
4.2.5. Calagem no sistema de plantio direto
Preferencialmente, antes de iniciar o sistema plantio diretoem áreas sob cultivo convencional, recomenda-se corrigir inte-gralmente a acidez de solo, sendo esta etapa fundamental para aadequação do solo a esse sistema. O corretivo, numa quantida-de para atingir a saturação de bases em 70%, deve ser incorpo-rado, uniformemente, na camada arável do solo, ou seja, até 20cm de profundidade. Sugere-se o valor menor ou igual a 60 % desaturação por bases para decisão da necessidade de calagem,aplicando-se a quantidade necessária para elevar a saturaçãopor bases a 70 %.
Após a implementação do plantio direto, os processos deacidificação do solo irão ocorrer e será necessário depois de al-gum tempo a correção da acidez. Para a identificação da neces-sidade de calagem, o solo sob plantio direto, já implantado demaneira correta, deve ser amostrado na profundidade de 0 a 20cm, podendo-se aplicar até 1/3 da quantidade necessária paraatingir a saturação de bases em 70%, a lanço na superfície dosolo, pelo menos 6 meses antes do plantio. Para solos sob plan-tio direto que já receberam calcário na superfície, a amostragemdo solo deve ser realizada de 0 a 10 e 10 a 20 cm de profundida-de. Portanto, em solos que já receberam calcário em superfície,sugere-se que para o cálculo da recalagem sejam utilizados osvalores médios das duas profundidades, aplicando-se até 1/3 dacalagem recomendada para saturação de bases 70 %. Os valo-res da profundidade de 0 a 10 cm, serão utilizados para aduba-ção de manutenção de macro e micronutrientes.
. 109 .
4.3. Exigências Minerais e Adubação para a Cultura da Soja
4.3.1. Exigências minerais
A absorção de nutrientes por uma determinada espécie vege-tal é influenciada por diversos fatores, entre eles as condições cli-máticas como chuvas e temperatura, as diferenças genéticas entrecultivares de uma mesma espécie, o teor de nutrientes no solo edos diversos tratos culturais. Contudo, alguns trabalhos apresen-tam as quantidades médias de nutrientes contidos em 1.000 kg derestos culturais de soja e em 1.000 kg de grãos de soja, como osdados apresentados na Tabela 4.2.
TABELA 4.2. Quantidade absorvida e concentração de nutrientes na cultura da soja.
N P2O5 K2O Ca Mg S B Cl Mo Fe Mn Zn CuParte da planta
kg.(1000 kg)-1 ou g.kg-1 g.(1000 kg) -1 ou mg.kg-1
Grãos 51 10,0 20 3,0 2,0 5,4 20 237 5 70 30 40 10
Restos Culturais 32 5,4 18 9,2 4,7 10,0 57 278 2 390 100 21 16
Obs.: À medida que aumenta a quantidade de matéria seca produzida por hectare, a quantidade de nutrientesnos restos culturais da soja não segue modelo linear.
Observa-se, através desses dados, que a maior exigência dasoja refere-se ao nitrogênio e potássio, seguindo-se o cálcio, magnésio,fósforo e enxofre. Nos grãos, a ordem de remoção, em porcentagem,é bastante alterado. O fósforo é o mais translocado (67%), seguidodo nitrogênio (66%), potássio (57%), enxofre (39%), magnésio(34%) e cálcio (26%). Em relação aos micronutrientes, é importan-te observar as pequenas quantidades necessárias para a manuten-ção da cultura, porém, não se deve deixar faltar pois são essenciaise sem eles não há bom desenvolvimento e rendimento de grãos.
4.3.2. Diagnose foliar
Além da análise do solo, para recomendação de adubaçãoexiste a possibilidade complementar da diagnose foliar, principal-
. 110 .
mente para micronutrientes pois níveis críticos destes no solo, apre-sentados no item 4.3.3.4, são ainda preliminares. Assim, a DiagnoseFoliar apresenta-se como uma ferramenta complementar, na inter-pretação dos dados da análise do solo, para fins de recomendaçãode adubos.
Basicamente, a diagnose foliar consiste em analisar quimica-mente as folhas e interpretar os resultados conforme a Tabela 4.3.As folhas a serem coletadas são a 3ª ou a 4ª a partir do ápice, de nomínimo 40 plantas no talhão, no início da floração. Para evitar acontaminação com poeira de solo nas folhas, sugere-se que estassejam mergulhadas em uma bacia plástica com água, simplesmentepara a remoção de resíduos de poeira, colocadas para secar à som-bra e, após, embaladas em sacos de papel (não usar plástico).
TABELA 4.3. Concentrações de nutrientes usadas na interpretação dos resultados dasanálises de folhas de soja do terço superior no início do florescimento.Embrapa Soja. Londrina, PR. 1985.
ElementoDeficiente oumuito baixo
BaixoSuficiente ou
médioAlto
Excessivo oumuito alto
..................................................g.kg-1.................................................
N <32,5 32,5 - 45,0 45,1 - 55,0 55,1 - 70,0 >70,0P <1,6 1,6 - 2,5 2,6 - 5,0 5,1 - 8,0 >8,0K <12,5 12,5 - 7,0 17,1 - 25,0 25,1 - 27,5 >27,5Ca <2,0 2,0 - 3,5 3,6 - 20,0 20,1 - 30,0 >30,0Mg <1,0 1,0 - 2,5 2,6 - 10,0 10,1 - 15,0 >15,0S <1,5 1,5 - 2,0 2,1 - 4,0 >4,0 –
................................................ mg.kg-1 ...............................................
Mn <15,0 15,0 - 20,0 21,0 - 100,0 101 - 250 >250,0Fe <30,0 30,0 - 50,0 51,0 - 350,0 351 - 500 >500,0B <10,0 10,0 - 20,0 21,0 - 55,0 56 - 80 >80,0
Cu <5,0 5,0 - 9,0 10,0 - 30,0 31 - 50 >50,0Zn <11,0 11,0 - 20,0 21,0 - 50,0 51 - 75 >75,0Mo <0,5 0,5 - 0,9 1,0 - 5,0 5,1 - 10 >10,0
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4.3.3. AdubaçãoA adubação é uma prática onde se procura suprir os nutrien-
tes de acordo com as necessidades da cultura e a capacidade defornecimento dos mesmos pelo solo.
A cultura da soja tende a ter a produtividade prejudicada quandoa fertilidade do solo não é favorável. Este fato, associado à cres-cente dificuldade econômica na aquisição de fertilizantes, tornanecessário que este insumo seja usado da forma mais racional pos-sível.
As recomendações de adubação para a cultura da soja noEstado do Paraná são baseadas nas respostas da cultura aos nutri-entes, em diferentes regiões do Estado.
Caso haja deficiência de algum nutriente, dificilmente ela po-derá ser corrigida, com adubação no solo naquele ano. A análise defolhas é mais uma “ferramenta auxiliar” para que o agrônomo possafazer um quadro diagnóstico da lavoura, e com maior segurança,efetuar a recomendação de calcário e adubos para a próxima safra.
4.3.3.1. Nitrogênio
A soja obtém a maior parte do nitrogênio que necessita atra-vés da fixação simbiótica que ocorre com bactérias do gêneroBradyrhizobium. Por isso, deve-se evitar a adubação com nitrogê-nio mineral, pois além dele causar inibição da nodulação e reduzir aeficiência da fixação simbiótica do nitrogênio atmosférico, não au-menta a produtividade da soja.
Para que a fixação simbiótica seja eficiente, há a necessidadede se corrigir a acidez do solo e fornecer os nutrientes que estejamem quantidades limitantes.
Os procedimentos corretos para a inoculação encontram-seno capítulo 7.
. 112 .
As doses de fósforo e potássio são aplicadas de maneira vari-ável, conforme as suas classes de teores no solo.
Os resultados de pesquisa com relação às fontes de fósforoindicam que a dose de adubos fosfatados total (superfosfato triploe superfosfato simples) ou parcialmente solúveis (fosfatos parcial-mente acidulados) deve ser calculada levando em consideração oteor de P2O5 solúvel em água + citrato neutro de amônio. No casodos termofosfatos, das escórias ou dos fosfatos naturais em pó, aquantidade de adubo a aplicar deve ser calculada em função do teorde P2O5 solúvel em ácido cítrico a 2%, relação 1/100. Os fosfatosnaturais nacionais, devido a sua baixa solubilidade no solo, reque-rem a utilização de altas doses para proporcionarem os efeitos de-sejados, o que os torna, nas condições atuais, economicamenteinviáveis de serem utilizados.
A escolha da fonte de fósforo deve ser baseada no custo daunidade P2O5 solúvel nos métodos de extração acima citados paracada fonte.
Por ocasião da escolha de uma fórmula comercial, seja ela deorigem mineral ou organo-mineral, sempre deve-se dar preferênciapara aquela que tiver o menor custo por unidade de P2O5.
No caso do emprego de adubos organo-minerais, a dose aaplicar deve ser calculada com base nos teores de P2O5 e K2O,determinados pelos métodos de análise constantes da legislaçãoque regulamenta o comércio destes produtos.
Nas últimas safras houve aumento significativo de lavourasde soja, no Estado do Paraná, que apresentaram deficiência de po-tássio. Isso tem sido observado em três tipos de situação:
- o uso de fórmulas com a relação P:K de 3:1 ou 2:1, agravado peladiminuição na quantidade de adubo aplicada por hectare;
- o uso de apenas adubo fosfatado; e
4.3.3.2. Fósforo e potássio
. 113 .
- a mais traumática, ou seja, a não adubação do solo por considerá-losuficientemente fértil para a obtenção de boas colheitas.
Cada tonelada de grãos de soja produzida retira do solo 20 kgde K2O por hectare; assim, para uma produtividade média de 2.000kg.ha-1, devem ser aplicados, pelo menos, 40 kg.ha-1 de K2O.
Tem-se observado que o uso de fertilizantes na cultura da sojavem se concentrando em um número restrito de fórmulas. A Tabela4.4, associada à análise de solo e ao conhecimento que o técnicodeve possuir a respeito do histórico da propriedade, indicam a neces-sidade de diversificação de fórmulas dos adubos conforme cada situ-ação que se apresente. Assim, a aplicação de nitrogênio, fósforo epotássio, poderá ser feita de acordo com a referida tabela.
TABELA 4.4. Recomendação de adubação para a Soja no Estado do Paraná.(Sfredo, Lantmann e Borkert, 1999, modificada de Sfredo eBorkert, 1993).
Análise do solo Quantidade a aplicarmg.dm-3 cmolc .dm-3 kg.ha-1
P1 K1 K1 N2 P2O5 K2O3
<3,0 <40 <0,10 0 90-100 9041 a 80 0,11 a 0,20 0 90-100 7081 a 120 0,21 a 0,30 0 90-100 50
>120 >0,30 0 90-100 40
3,1 a 6,0 <40 <0,10 0 70-80 9041 a 80 0,11 a 0,20 0 70-80 7081 a 120 0,21 a 0,30 0 70-80 50
>120 >0,30 0 70-80 40
>6,0 <40 <0,10 0 50-60 9041 a 80 0,11 a 0,20 0 50-60 7081 a 120 0,21 a 0,30 0 50-60 50
>120 >0,30 0 50-60 40
1. Extrator de P e K : Mehlich I .2. O nitrogênio deve ser suprido através da inoculação.3. Quando o teor no solo for muito baixo, menor que 0,08 cmolc.dm-3 ou 31 mg.dm-3,
fazer adubação corretiva com 140 kg de K2O.ha-1 a lanço e incorporar com grade, alémda adubação de manutenção na semeadura, indicada na tabela acima.
. 114 .
4.3.3.3. Adubação com Enxofre
O uso de técnicas agrícolas modernas, tais como o aumentodo potencial produtivo de variedades de soja e o uso de fertiliza-ções mais adequadas têm incrementado, progressivamente, a pro-dutividade da cultura da soja e, com isso, a retirada de enxofre dossolos tem crescido, pois 40% do enxofre (S) absorvido pela plantaé exportado através dos grãos. Associados a esse fato, a correçãode acidez dos solos próprios para a cultura da soja, o uso intensivode fertilizantes concentrados, sem ou com baixos teores de S, e omanejo inadequado dos solos, promovendo decréscimo acentuadono teor de matéria orgânica, estão diminuindo a disponibilidade doenxofre, pois sintomas visuais de deficiência desse nutriente emlavouras de soja já são uma realidade.
A absorção desse nutriente, pela planta de soja, é de 15 kgpara cada 1000 kg de grãos produzidos, quantidade esta que deveser adicionada anualmente como manutenção, ou seja, 45 kg quan-do se espera uma produtividade de 3000 kg.ha-1 de grãos.
Além disso, para determinar a necessidade correta de S, deve-se fazer a análise de solo e/ou de folhas, cujos níveis críticos são de
Em solos argilosos com teor de argila maior que 69% e comCTC maior 11,0 cmolc.dm-3, não houve resposta à aplicação dopotássio em cobertura, quando comparado à aplicação toda no plan-tio, porém, a aplicação de potássio em cobertura, em solos comestas características, pode ser um opção quando não se aplicoupotássio no plantio, apesar de ser uma operação a mais de tráfegosobre a lavoura com custos adicionais e o possível dano às plantaspela passagem das máquinas. A adubação com potássio, nessessolos, pode ser toda a lanço antes da semeadura ou mesmo nosulco durante esta operação, quando em doses inferiores a 80 kgde K2O por hectare, por causa do efeito salino que doses maioresde KCl podem causar às sementes. Isto não foi determinado nestesdois anos de estudo da adubação em cobertura, mas nos primeirosdez anos do trabalho com potássio.
. 115 .
10 mg.dm-3, no solo, e de 3 g.kg-1, nas folhas. Com a análise dosolo efetuada, utilizar as Tabelas 4.5 a 4.7. A análise de folhasdeve ser feita, caso haja dúvidas com a análise do solo.
No mercado, encontram-se algumas fontes de enxofre (S),que são: gesso agrícola (15% de S), superfosfato simples (12% deS) e “flor de enxofre” ou enxofre elementar (98 % de S). Alémdisso, há várias fórmulas no mercado, em princípio fórmulas comN-P-K, que contêm até 8% de S (Tabela 4.8.).
TABELA 4.6. Limites para a interpretação dos teores de enxofre (S) e de micronu-trientes no solo, com extrator DTPA.
Cu Fe Mn ZnTeor
SCa(H2PO4)2
B(água quente) DTPA
............................................... mg.dm-3 ................................................
Baixo <5 <0,2 <0,2 <4 <1,2 <0,5Médio 5 - 10 0,3 - 0,5 0,3 - 0,8 5 - 12 1,3 - 5,0 0,6 - 1,2Alto >10 >0,5 >0,8 >12 >5,0 >1,2
Fonte: 1. Raij, B.van; Quaggio, A.J.; Cantarella, H.; Abreu, C.A. Interpretação de análise de solo. In:Raij, B.van; Cantarella, H.; Quaggio, A.J.; Furlani, A.M.C. Recomendações de adubação ecalagem para o estado de São Paulo. 2ed.rev.atual. Campinas, Instituto Agronômico/Fundação IAC, 1997. p.8-13. (Boletim Técnico, 100).
2. Enxofre (S): Sfredo, Lantmann e Borkert, 1999.
TABELA 4.5. Limites para a interpretação dos teores de enxofre (S) e demicronutrientes no solo, com extrator Mehlich I, para culturasanuais.
Cu Mn ZnTeor
SCa(H2PO4)2
B(água quente) Mehlich I
....................................... mg.dm-3 ......................................... Baixo <5 <0,2 <0,4 <1,9 <1,0 Médio 5 - 10 0,3 - 0,5 0,5 - 0,8 2,0 - 5,0 1,1 - 1,6 Alto >10 >0,5 >0,8 >5,0 >1,6
Fonte: 1. Micronutrientes: Galrão (1998). Dados não publicados.2. Enxofre (S): Sfredo, Lantmann e Borkert, 1999.
. 116 .
TABELA 4.7. Recomendação da aplicação de doses de enxofre (S) e de micronutrientesno solo, para a cultura da soja.
Teor S B Cu Mn Zn
........................................ kg.ha-1 ........................................Baixo 60 1,5 2,5 6,0 6,0Médio 45 1,0 1,5 4,0 5,0Alto 30 0,5 0,5 2,0 4,0
Fonte: 1. Micronutrientes: Galrão (1998). Dados não publicados.2. Enxofre (S): Sfredo, Lantmann e Borkert, 1999.
TABELA 4.8. Exemplos de composição de algumas fórmulas de adubação para soja, comas respectivas quantidades de fosfato monoamônico (MAP), superfosfatotriplo (S. triplo), superfosfato simples (S. simples), fosfato reativo (F.reativo), cloreto de potássio (KCl), enxofre elementar (E. elem.), sulfato deamônio (S. amônio), enxofre (S) e cálcio (Ca).
Composição
FórmulaN P2O5 K2O
MAP S.triplo
S.simples
F.reativo
KCl E.elem.
S.amônio
S Ca
............................... kg em 1000kg .............................. ....... % ......
00-20-20 265 401 334 4,0 10,000-20-25 326 257 417 2,5 9,000-20-10 142 691 167 7,0 14,000-10-30 9 491 500 5,0 9,000-30-10 519 314 167 3,0 12,000-20-30 387 113 500 1,2 6,800-25-25 515 68 417 0,7 7,400-25-20 454 212 334 2,3 9,500-18-18 164 536 300 6,0 12,000-30-15 580 170 250 1,7 10,002-20-20 182 42 442 334 4,0 9,002-20-10 133 0 673 167 7,0 12,002-28-20 182 344 140 334 1,5 6,802-20-18 118 0 137 355 300 57 33 8,0 15,502-28-18 182 305 0 141 300 72 0 7,1 9,202-24-20 182 250 0 96 400 72 0 7,1 6,9
Outras fórmulas também poderão ser usadas, desde que atendam as quantidades dos nutrientesrecomendados para as diferentes situações de fertilidade dos solos. Para fins de registro junto aoMinistério da Agricultura e do Abastecimento, as garantias mínimas de Ca e S, são apresentadas naforma de números inteiros.
. 117 .
4.3.3.4. Sugestões para adubação no arenito de CaiuáNão existem informações para a adubação da cultura da soja
no arenito, por não ter sido, esta região, considerada apta para ocultivo de culturas anuais. Não se recomenda o cultivo de culturasanuais em solos com menos de 15% de argila, pois esses solosarenosos de textura leve são extremamente suscetíveis à erosãoquando expostos à ação das chuvas, quando do preparo para asemeadura das culturas de grãos.
Quando há boa distribuição de chuvas durante o ano inteiro,esses solos devem ser cultivados com culturas de cobertura e pro-teção para obter grande quantidade de biomassa, cobrindo o solo efazendo semeadura direta das culturas de grãos, tanto no verãoquanto no inverno.
Também não existem recomendações de adubação para a sojanesses solos. Assim, foi feita uma extrapolação das recomenda-ções de adubação para a cultura da soja em areias quartzosas doBrasil Central, como sugestão e indicação para a região do arenito.
a. Recomendação para a correção da acidez do solo e estimativa daquantidade de calcário a aplicar
Nos solos de arenito com menos de 20% de argila, ao fazer ocálculo de correção da acidez pelo método de saturação de bases,não deve ser ultrapassado o valor de 50% como valor adequadopara a saturação de bases.
Necessidade de calcário (NC)
(V2-V1) x TNC (t.ha-1) =
100 x f
Onde:
V1 = [valor da porcentagem de saturação de bases da CTC (capa-cidade de troca de cátions) em porcentagem antes da corre-ção] = 100 S/T, sendo:
. 118 .
S = Ca2+ + Mg2+ + K+ (cmolc.dm-3)
T = (capacidade de troca de cátions) = S + (H + Al3+)(cmolc.dm-3)
V2 = (Valor da saturação de bases trocáveis que se deseja atingirao fazer a calagem; este valor é que deve ser de 50% narecomendação para o arenito) = 50
f = (fator de correção do PRNT do calcário) = 100/PRNT
Quando esses solos de arenito, com teor de argila menor que20%, também apresentam baixo alumínio trocável na camada ará-vel e mesmo no horizonte B, a quantidade de calcário sugerida paraser utilizada também pode ser dada pelo maior valor encontradopelo cálculo de uma destas duas fórmulas:
NC (t.ha-1) = (2 x Al3+) x f
ou
NC (t.ha-1) = [2 - (Ca2+ + Mg2+)] x f
Cálcio, magnésio e alumínio trocáveis em cmolc.dm-3 .
Deve ser ressaltado, mais uma vez, que os solos arenosostêm uso agrícola limitado, devido ao fato de apresentarem baixacapacidade de troca de cátions, baixa capacidade de retenção deágua e grande susceptibilidade à erosão.
A melhor época de aplicação do calcário é no mês de abril ouantes, se a cultura de verão já tenha sido colhida: aplicar metadecom incorporação profunda com arado de aiveca ou de disco, eaplicar a outra metade incorporando com grade pesada e após gra-de niveladora. Semear cultura de cobertura que pode ser aveia pre-ta ou outra melhor adaptada à região, de preferência com cresci-mento rápido e que feche logo sobre o solo, para protege-lo naépoca das chuvas. Na safra de verão, iniciar a semeadura direta.
b. Interpretação de teores de fósforo no solo e sugestões para aadubação
. 119 .
A interpretação dos teores pode ser efetuada através da se-guinte tabela:
Teor de argila%
P muito baixomg.dm-3
P baixomg.dm-3
P médiomg.dm-3
P bommg.dm-3
21 a 40 0 a 5,0 5,1 a 10,0 10,1 a 14,0 > 14,0< 20 0 a 6,0 6,1 a 12,0 12,1 a 18,8 > 18,0
Ao atingir os teores de mais de 14 e mais de 18 mg/kg , usarsomente adubação de manutenção.
Sugestão de adubação de fósforo:
Manutenção de fósforo: na semeadura da soja, aplicar 20 kg.ha-
1 de P2O5 para cada 1.000kg de grãos que se espera produzir naárea, quando foi feita a adubação de correção.
c. Interpretação de teores de potássio no solo e sugestões paraadubação
A interpretação dos teores pode ser efetuadada pela tabelaabaixo:
Corretiva Total* Corretiva Gradual**
P muito baixo P baixo P muito baixo P baixo
< 20% argila (0-6 mg.dm-3) (6,1 a 12 mg.dm-3) (0-6 mg.dm-3) (6,1 a 12 mg.dm-3)
kg.ha-1 de P2O5 100 50 70 60
* Antes da semeadura da cultura de cobertura.** Na semeadura da soja.
Interpretação de teor de potássio no solo Sugestão de adubação de correção
mg.dm-3 cmolc.dm-3 kg.ha-1 de K2O
0 - 25 < 0,06 100*
26 - 50 0,07 - 0,13 50*
> 50 > 0,13 0*
* Aplicação parcelada de 1/3 na semeadura da cultura de cobertura, 1/3 na semeadura da soja e 1/3na cobertura 20 a 30 dias após a semeadura.
. 120 .
4.3.3.5. Micronutrientes
De uma maneira geral, os solos do Estado do Paraná são ori-ginalmente bem supridos de micronutrientes, exceção feita aos so-los de textura arenosa situados na região Noroeste do Paraná e aoslatossolos vermelho-amarelo com fertilidade original baixa.
Do grupo de micronutrientes essenciais para o desenvolvi-mento pleno da soja, o zinco, o cobre e o molibdênio merecem,atualmente, maior atenção que os demais, por terem sido constata-dos alguns problemas de deficiência. Além disto, estes, teorica-mente, são os mais afetados nas suas disponibilidades em funçãode manejo impróprio dos solos, tal como vem ocorrendo nos últi-mos anos no Paraná.
Assim, os problemas com micronutrientes poderão ocorrer porindução, como por exemplo, nos seguintes casos: o excesso deadubação fosfatada promovendo deficiências de zinco; quantida-des elevadas de calcário mal aplicadas insolubilizando formas dezinco; a calagem, em quantidade subestimada, comprometendo adisponibilidade de molibdênio; baixos teores de matéria orgânica nosolo induzindo à deficiência de zinco, molibdênio, boro e cobre.
A análise de folhas, para diagnosticar possíveis deficiênciasou toxidez de micronutrientes em soja, se constitui de argumentoefetivo para correção via adubação de algum desequilíbrio nutricional(Tabela 4.3.) Porém, as correções só se viabilizam na próxima sa-fra, considerando-se que para as análises a amostragem de folhas érecomendada no período da floração, a partir do qual não é maispossível realizar qualquer correção de ordem nutricional.
Manutenção de potássio : na semeadura da soja, aplicar 20kgde K2O para cada 1.000 kg de grãos que se espera produzir. Nocaso do arenito fazer a adubação de metade da quantidade totalrecomendada na semeadura e a outra metade em cobertura, 20 a30 dias após a semeadura.
. 121 .
Em análises de solo e planta realizadas pela Embrapa Soja, noParaná, já foram constatadas deficiências de zinco nas regiões deCampo Mourão, Castro e Arapoti e de manganês na região de Uniãoda Vitória. Essas deficiências apareceram devido à elevação do pHcausada pelo excesso e pela má incorporação do calcário, ou pelafalta de reposição desses nutrientes.
Como sugestão para a interpretação de enxofre e de micronu-trientes em análise de solo com os extratores Ca(H2PO4)2 e, MehlichI e DTPA, respectivamente, são apresentados os teores limites paraas faixas baixo, médio e alto (Tabelas 4.5 e 4.6).
A recomendação da aplicação de doses de enxofre (S) e demicronutrientes no solo estão contidas na Tabela 4.7.
Esses elementos, de fontes solúveis ou insolúveis em água,são aplicados a lanço, desde que o produto satisfaça a dose indicada.O efeito residual dessa recomendação atinge, pelo menos, um pe-ríodo de cinco anos. A aplicação de micronutrientes no sulco deplantio tem sido bastante utilizada pelos produtores, neste casoaplica-se 1/4 da recomendação a lanço por um período de quatroanos suscessivos.
No caso do Mo e do Co, recomenda-se a aplicação via semen-tes.
Conforme resultados da Embrapa Soja, em cinco locais doEstado do Paraná, a soja apresentou respostas ao molibdênio e aocobalto, independente de valor do pH do solo. Esses resultadospermitem recomendar o Mo e o Co para a soja, através do trata-mento de sementes, que é o método mais comum para a correçãode deficiência destes nutrientes, tendo em vista que, com esta prá-tica, se consegue distribuir o Mo e o Co de maneira mais uniformedo que a aplicação no solo e, conseqüentemente, favorecem o per-feito estabelecimento da associação Bradyrhizobium x soja. Em so-los com alto teor de matéria orgânica, em solos cuja acidez foineutralizada e em solos descompactados, a expectativa de respos-ta a molibdênio é menor.
. 122 .
4.3.3.7. Adubação fosfatada e potássica para a sucessão soja-tri-go em sistema de semeadura direta em solo Latossolo Roxo
A prática de semeadura direta confere ao solo um acúmulo denutrientes, principalmente o fósforo, devido a baixa mobilização.Esse fator, aliado a informações quanto aos níveis críticos de fósfo-ro e potássio no solo para a soja e trigo, oferecem um conjunto deinformações muito importantes para a definição de quantidades eperiodicidade de fertilizantes a serem usados nesse sistema. Resul-tados de vários trabalhos realizados em solos do Estado do Paranápermitem as seguintes recomendações, nas situações em que ocultivo de inveno (trigo, aveia ou cevada) seja devidamente aduba-da.
a) A concentração de P no solo para o sistema de sucessão soja-trigo/aveia/cevada, deverá ser mantido como no mínimo 9,0mg.dm-3 em função da exigência da cultura do trigo.
As doses a serem usadas variam de 12 a 30 g.ha-1 de Mo e de2 a 3 g.ha-1 de Co, conforme especificações nos rótulos dos produ-tos disponíveis no mercado, devendo esses produtos apresentaralta solubilidade.
Esta prática pode ser efetuada juntamente com o tratamentodas sementes com fungicida e com inoculante (ver Capítulo 7).
A aplicação de Mo e Co nas sementes poderá, em função dopH, da salinidade e da ação bactericida para o Bradyrhizobium dealguns produtos, reduzir a sobrevivência da bactéria. Nesses casos,a aplicação desses micronutrientes poderá ser efetuada na mesmadose acima, em pulverização foliar, antes do início da floração.
4.3.3.6. Adubação foliar com macro e micronutrientesNo caso da deficiência de manganês, constatada através de
exame visual, recomenda-se a aplicação de 350 g.ha-1 de Mn(1,5 kg de MnSO4) diluindo em 200 litros de água com 0,5% deuréia.
. 123 .
4.3.3.8. Fórmulas de adubação para o cultivo da soja
Uma vez definida as quantidades de fósforo e potássio, emfunção dos teores desses elementos no solo e das expectativas deprodutividade, é necessário adequar essas, através de fórmulas deadubação. O mercado de fertilizantes tem procurado colocar à dis-posição dos usuários, uma diversidade de composições que se ajus-tam às mais variadas combinações entre as doses de fósforo epotássio. Na tabela 4.8 são apresentadas algumas das fórmulasmais comuns para a soja bem como a suas composição.
b) A concentração de K no solo para o sistema de sucessão soja-trigo/aveia/cevada deverá ser mantida com no mínimo 0,30cmolc.dm-3 em função da exigência da cultura do trigo.
c) As adubações com P e K podem ser dispensadas para o cultivo dasoja, quando a concentração destes elementos no solo estiveremacima dos níveis críticos estabelecidos para a soja de 6,0 mg.dm-3
de P e 0,10 cmolc.dm-3 de K.
d) Recomenda-se a análise periódica do solo, de dois em dois anos,para a devida interpretação e tomada de decisões quanto à quan-tidade e à periodicidade das adubações.
4.4. Sistema Internacional de UnidadesOs laboratórios brasileiros adotaram o Sistema Internacional
de Unidades, visando atender a um acordo internacional para uni-formizar as expressões de medidas.
. 124 .
TABELA 4.9. Sistema Internacional de Unidades.
Determinação Anterior Atual
........................................................... Solo ...........................................................
pH adimensional adimensional adimensionalMatéria Orgânica 2,4 % 24,0 g.dm-3 24,0 g.dm-3
P 8,3 ppm 8,3 mg.dm-3 8,3 mg.dm-3
S 10,0 ppm 10,0 mg.dm-3 10,0 mg.dm-3
Ca 1,2 meq.(100ml)-1 1,2 cmolc.dm-3 12,0 mmolc.dm-3
Mg 0,8 meq.(100ml)-1 0,8 cmolc.dm-3 8,0 mmolc.dm-3
K 0,2 meq.(100ml)-1 0,2 cmolc.dm-3 2,0 mmolc.dm-3
H + Al 3,1 meq.(100ml)-1 3,1 cmolc.dm-3 31,0 mmolc.dm-3
Soma de Bases (S) 2,2 meq.(100ml)-1 2,2 cmolc.dm-3 22,0 mmolc.dm-3
CTC (T) 5,3 meq.(100ml)-1 5,3 cmolc.dm-3 53,0 mmolc.dm-3
Al 0,5 meq.(100ml)-1 0,5 cmolc.dm-3 5,0 mmolc.dm-3
Saturação de Bases (V%) 41,5 % 41,5 % 41,5 %
.................................................... Tecido Vegetal ...................................................
Macronutrientes 0,50 % 5,0 g.kg-1 5,0 g.kg-1
Micronutrientes 5,0 ppm 5,0 mg.kg-1 5,0 mg.kg-1
CULTIVARES5O desenvolvimento de cultivares com adaptação às condições
edafo-climáticas das principais regiões agrícolas do Estado do Paraná,juntamente com o aperfeiçoamento das técnicas de manejo do soloe da cultura, vem propiciando, no decorrer destes mais de trintaanos de cultivo e de pesquisa de soja no estado, o aumento contí-nuo da produtividade e da estabilidade dos rendimentos dessa cul-tura. O trabalho de melhoramento genético e de seleção de cultiva-res é realizado por diversas instituições de pesquisa que atuam noestado.
Com a aprovação, em 1997, da Lei de Proteção de Cultivarese a instituição do Registro Nacional de Cultivares, a produção e acomercialização de sementes e mudas no País ficaram condiciona-das à inscrição prévia das cultivares no Cadastro Nacional de Culti-vares Registradas, por iniciativa e responsabilidade dos respectivosobtentores.
Embora caiba ao M.A., através do SNPC - Serviço Nacional deProteção de Cultivares, a elaboração da informação atualizada dasespécies e cultivares disponíveis no mercado e a publicação periódi-ca da Lista Nacional de Cultivares Protegidas e Registradas, consi-dera-se essencial que tal informação continue a ser divulgada anu-almente através destas Recomendações Técnicas, já que as menci-onadas mudanças legais em nada alteram a necessidade de a assis-tência técnica e dos produtores terem fácil acesso a essas e àsdemais tecnologias indicadas para o cultivo da soja.
Na Tabela 5.1. são apresentadas, separadamente, as cultiva-res registradas e aquelas em processo de registro e de extensão deindicação para produção e comercialização no Estado do Paraná. A
. 126 .
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ampliação geográfica de indicação de uma cultivar deve estar base-ada também em comprovação do seu Valor de Cultivo e Uso (VCU)para a nova região.
Estão sendo lançadas no mercado paranaense, a partir da sa-fra 2000/01, duas novas cultivares de soja - CD 208 e CD 209,ambas pertencentes ao grupo de maturação semiprecoce. Observe-se que as cultivares estão agrupadas segundo o ciclo ou grupo dematuração, visando facilitar a tomada de decisão sobre época desemeadura, diversificação de ciclos das cultivares na propriedade esistemas de sucessão com outras culturas.
Recomenda-se atenção às notas de rodapé das tabelas e su-gere-se a leitura do Capítulo 11, no que tange à reação das cultiva-res às doenças mais importantes.
6.1. Qualidade da SementeNa compra de sementes, recomenda-se que o agricultor co-
nheça a qualidade do produto que está adquirindo. Para isso, exis-tem laboratórios oficiais e particulares de análise de sementes quepodem prestar esse tipo de serviço, informando a germinação, aspurezas física e varietal e a qualidade sanitária da semente. Estaúltima informação é extremamente importante para a decisão dotratamento da semente com fungicida.
Alternativamente à análise em laboratório, o agricultor poderáavaliar a qualidade fisiológica do lote de semente a ser adquirido,através do teste de emergência em campo. Para tanto, a partir deuma amostra representativa, separam-se quatro subamostras de100 sementes cada, que são distribuídas em quatro linhas de qua-tro metros. É importante que a semeadura seja realizada a umaprofundidade de 4 a 5 cm. A avaliação (porcentual de plântulasemergidas) poderá ser efetuada quando as plantas estiverem com oprimeiro par de folhas completamente aberto, aproximadamente 10a 15 dias após a semeadura. Nesse teste, é importante manter a
No Brasil, dois sistemas de produção de sementes operamintegrados nos diversos estados, o de certificação e o de fiscaliza-ção, que ofertam sementes certificadas e fiscalizadas, respectiva-mente. Nessas duas classes de sementes, a qualidade é garantidaatravés de padrões mínimos de germinação, purezas física e varietale sanidade, exigidos por normas de produção e comercializaçãoestabelecidas e controladas pelo governo.
CUIDADOS NA AQUISIÇÃO E NAUTILIZAÇÃO DE SEMENTES6
. 130 .
umidade do solo com irrigações periódicas e instalá-lo quando atemperatura do solo estiver entre 20 a 30 graus centígrados.
Outra maneira de conhecer a qualidade do produto que seestá adquirindo é consultando o Atestado de Garantia de Semente,fornecido pelo vendedor. Esse atestado transcreve as informaçõesdos laudos oficiais de análise de semente que têm validade atécinco meses após a data de análise. Ao consultar o Atestado deGarantia de Semente, o agricultor deve prestar atenção às colunasde germinação (%), pureza física (%), pureza varietal (outrascultivares-OC e outras espécies, sementes silvestres, sementesnocivas toleradas), mancha-café (%) e validade da germinação. Essesvalores devem estar de acordo com os padrões mínimos de qualida-de de semente estabelecidos para cada estado. O padrão de se-mente de soja fiscalizada, nos diversos estados brasileiros, é mos-trado na Tabela 6.1.
Muitos produtores de sementes têm adotado um rígido siste-ma de controle de qualidade, visando a disponibilização no mercadode lotes de sementes que apresentem com segurança um nível dequalidade elevado, o que resultará em uma boa emergência deplântulas a campo. Além do Atestado de Garantia de Semente,diversos produtores dispõem de resultados de análises complemen-tares, como por exemplo do teste de tetrazólio e do envelhecimen-to acelerado, que podem indicar o índice de vigor das sementes. Osresultados de tais análises podem também ser solicitados aos pro-dutores de sementes, para facilitar a escolha dos lotes de sementesa serem adquiridos. Adicionalmente a tais testes, vários produtoresde sementes têm também executado testes de emergência a cam-po em condições ideais de umidade e de temperatura de solo. Taisresultados são de grande valia tanto para o produtor de sementes,quanto para o agricultor comprador de tal insumo, visando a se-meadura de sementes que comprovadamente apresentam boaqualidade.
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6.2. Armazenamento das SementesApós a aquisição, as sementes são armazenadas na proprie-
dade, até a época de semeadura. As sementes, como seres vivos,devem receber todos os cuidados necessários para se manteremvivas e apresentarem boa germinação e emergência no campo. Assimsendo, devem ser tomados cuidados especiais no seu armaze-namento, tais como:
armazenar as sementes em galpão bem ventilado, sobre estradosde madeira;
não empilhar as sacas de sementes contra as paredes do galpão;
não armazenar sementes juntamente com adubo, calcário ou agro-químicos;
o ambiente de armazenagem deve estar livre de fungos e roedo-res; e
dentro do armazém a temperatura não deve ultrapassar 25ºC e aumidade relativa não deve ultrapassar 70%.
Caso essas condições não sejam possíveis na propriedade,recomenda-se que o agricultor somente retire a semente do arma-zém do seu fornecedor, o mais próximo possível da época de seme-adura.
6.3. Padronização da Nomenclatura do Tamanho das Sementes,após Classificação por Tamanho
Tal nomenclatura deverá ser padronizada a nível nacional,conforme proposta idealizada pela CESSOJA/PR e APASEM, a qualdeverá constar na sacaria e na nota fiscal de venda:
Pzero - semente não classificada por tamanho;
P 4.5 - P 4.75 - P 5.0 - P 5.25 - P 5.5 - P 5.75 - P 6.0 - P 6.25 -P 6.5 - P 6.75 - P 7.0. Será observado um intervalo máximo de1,0 mm entre tais classes; por exemplo: P 5.5 significa que assementes possuem diâmetro entre 5,5 e 6,5 mm, ou seja, tal
. 133 .
classificação foi realizada com peneira com orifícios redondos,com as sementes passando pela peneira 6,5 e ficando retidassobre a peneira 5,5.
. 134 .
A falta de cuidados fitossanitários e a rápida expansão dacultura da soja, nas últimas três décadas, permitiram que, na suamaioria, os patógenos da soja fossem disseminados através dassementes a todas as regiões produtoras.
A implantação adequada da cultura da soja, com diminuiçãode riscos e com possibilidades de retorno econômico, depende dacorreta utilização de diversas práticas. O bom preparo do solo ou autilização de semeadura direta, na época adequada e em solo comboa disponibilidade hídrica, a utilização correta de herbicidas e aboa regulagem da semeadora (densidade e profundidade) são práti-cas essenciais, estando o seu sucesso condicionado à utilização desementes de boa qualidade. Todavia, freqüentemente, a semeadu-ra não é realizada em condições ideais, o que resulta em sériosproblemas na emergência da soja, havendo, muitas vezes, a ne-cessidade de ressemeadura. Em tais circunstâncias, o tratamentoda semente com fungicidas (sistêmico + contato) oferece garantiaadicional ao estabelecimento da lavoura a custos reduzidos (menosde 0,5% do custo de instalação da lavoura).
O uso intensivo do solo com a cultura da soja e a falta demanejo adequado têm provocado reduções dos teores de maté-ria orgânica e aumentado a acidez dos solos. Como conseqüên-cia, a ocorrência de deficiência de alguns micronutrientes, es-senciais à cultura da soja e, especialmente, ao processo de fixa-ção simbiótica, têm acontecido com freqüência, em várias regi-ões do Brasil. Respostas significativas no rendimento têm sido
7.1. Introdução
TRATAMENTO COM FUNGICIDAS,APLICAÇÃO DE MICRONUTRIENTES
E INOCULAÇÃO DE SEMENTESDE SOJA
7
. 135 .
verificadas com a aplicação de micronutrientes, especialmente,molibdênio e cobalto.
A soja obtém a maior parte do nitrogênio de que necessitaatravés da associação simbiótica com a bactéria do gêneroBradyrhizobium, espécies B. japonicum e B. elkanii, vulgarmenteconhecidas como bradirrizóbio. A adubação nitrogenada é desne-cessária e prejudicial à fixação simbiótica do nitrogênio. Mesmo emsolos com grandes quantidades de restos vegetais, não há efeitopositivo da aplicação de nitrogênio na produção de grãos. Por isso,além das práticas citadas acima, a inoculação das sementes de sojanecessita ser feita, pois ela representa acréscimos de rendimentode 4% a 15%, com custo também em torno de 0,5% do custo deinstalação da lavoura.
Para que a associação simbiótica entre a soja e o bradirrizóbioseja eficiente, deve-se inocular as sementes todos os anos, de for-ma que a nodulação ocorra, preferencialmente, com as estirpespresentes no inoculante e não com aquelas estabelecidas no solo,que podem ser de baixa eficiência.
As três operações, tratamento de sementes com fungicidas,aplicação de micronutrientes na semente e inoculação, podem serrealizadas conjuntamente, mas para isso alguns cuidados devemser tomados.
O tratamento de sementes com fungicidas, além de controlarpatógenos importantes transmitidos pela semente, diminuindo achance de sua introdução em áreas indenes, é uma prática eficientepara assegurar populações adequadas de plantas, quando as condi-ções edafoclimáticas, durante a semeadura, são desfavoráveis àgerminação e à emergência da soja, deixando a semente expostapor mais tempo a fungos do solo como: Rhizoctonia solani,Pythium spp., Fusarium spp. e Aspergillus spp. (A. flavus) que,
7.2. Tratamento de Sementes
. 136 .
entre outros, podem causar a sua deterioração no solo ou a mortede plântulas.
A eficiência de diversos fungicidas e/ou misturas desses, nocontrole de alguns dos principais patógenos transmitidos pela se-mente de soja (Cercospora kikuchii, Cercospora sojina, Fusariumsemitectum, Phomopsis spp. (anamorfo de Diaporthe spp.) eColletotrichum truncatum) é anualmente avaliada na Embrapa Soja.Melhor controle dos quatro primeiros patógenos citados é propicia-do pelos fungicidas do grupo dos benzimidazóis. Dentre os produ-tos testados e hoje recomendados para o tratamento de sementesde soja, benomyl, carbendazin e thiabendazole são os mais eficien-tes no controle de Phomopsis spp., podendo assim ser considera-dos opção para o controle do agente do cancro da haste, em semen-tes, pois Phomopsis é a forma imperfeita de Diaporthe. Os fungicidasde contato tradicionalmente conhecidos (captan, thiram e tolylfluanid)que têm bom desempenho no campo quanto à emergência, nãocontrolam, totalmente, Phomopsis spp. e Fusarium semitectum nassementes que apresentam índices elevados desses patógenos(>40%). Por essa razão, tais produtos devem ser sempre utilizadosem misturas com um dos fungicidas sistêmicos (benomyl, carben-dazin ou thiabendazole).
7.3. Aplicação de MicronutrientesO aumento progressivo das produções de soja, fruto do uso
intensivo de técnicas agrícolas modernas, vem promovendo retira-da crescente de micronutrientes do solo, sem que se estabeleçareposição adequada. Associados a esse fato, a má correção da aci-dez e o manejo inadequado do solo, promovendo decréscimo acen-tuado no teor de matéria orgânica, provavelmente, têm alterado adisponibilidade de micronutrientes essenciais à nutrição da soja eao perfeito estabelecimento da associação bradirrizóbio x soja. Es-tudos realizados em diferentes regiões do Brasil têm demonstradodeficiência ou toxicidade aguda de vários elementos no solo, inclu-
. 137 .
sive com sintomas visuais nas plantas. O molibdênio (Mo), o cobalto(Co), o zinco (Zn), o cobre (Cu), o manganês (Mn) e o boro (B) sãoos elementos mais deficientes, principalmente nos solos do Cerra-do, afetando drasticamente as espécies cultivadas naquela região.Entretanto, mesmo nas regiões onde os micronutrientes não apre-sentavam problemas, como a Região Sul, já foram detectadas defi-ciências de Mo e Co.
Atualmente, a dose recomendada de molibdênio é de 12 a 30g de Mo/ha e a de cobalto é de 2 a 3 g de Co/ha. A aplicação de Moe Co na semente pode reduzir a sobrevivência do Bradyrhizobium e,por isso, opcionalmente, a aplicação destes micronutrientes poderáser também efetuada na mesma dose acima, em pulverização foliarou no solo juntamente com outros fertilizantes. Veja item 4.3.3.5desta publicação.
7.4. Inoculação das Sementes com Bradyrhizobium
Os trabalhos de pesquisa de soja, no Brasil, têm desenvolvidonovas tecnologias de cultivo de soja com aumentos sucessivos deprodutividade o que, por conseqüência, implicam em maior necessi-dade de nitrogênio para a cultura. Assim, como todo o processo édinâmico, trabalhos intensivos da pesquisa em fixação biológica donitrogênio são necessários, na busca de novas tecnologias deinoculação e de novas estirpes de bradirrizóbio que compitam comas estirpes naturalizadas no solo e que apresentem maior capacida-de de fixar nitrogênio. Atualmente, quatro estirpes são recomenda-das, pela pesquisa, para a fabricação de inoculantes comerciais, emtodo o País: SEMIA 5019 (=29w), SEMIA 587, SEMIA 5079(=CPAC 15) e SEMIA 5080 (=CPAC 7). Essas estirpes devem serutilizadas em combinações duas a duas, a critério do fabricante deinoculantes, não importando a combinação, pois todas têm mostra-do alta eficiência de fixação do nitrogênio.
As áreas de primeiro cultivo com soja são desprovidas de po-pulações de B. japonicum e/ou B. elkanii e, conseqüentemente, as
. 138 .
respostas à inoculação são expressivas. Entretanto, em áreas jácultivadas com a soja, os solos possuem altas populaçõesnaturalizadas desses organismos e a resposta à reinoculação nemsempre apresenta o mesmo sucesso. Uma maneira de incrementara nodulação e a eficiência de fixação do nitrogênio nessas áreas éaumentar o número de células na semente. Assim, cuidados devemser tomados no sentido de melhorar os inoculantes e os métodosde inoculação para garantir maior população da bactéria nas se-mentes. Quanto maior a população da bactéria na semente maiorserá a competição com as estirpes do solo, resultando na formaçãode nódulos com as estirpes introduzidas pelo inoculante, as quaissão mais eficientes no processo de fixação simbiótica de nitrogê-nio. Além disso, a presença da bactéria na semente favorece aformação de nódulos nas raízes principais e na coroa radicular, osquais são maiores e mais eficientes no processo de fixação simbióticado nitrogênio do que os nódulos localizados nas raízes secundárias.Nesse contexto, cabe aos sojicultores, ao efetuarem a inoculaçãoda semente de soja, observar com muito rigor os cuidados a seremtomados quando se faz tratamento de semente, aplicação demicronutrientes e a inoculação da soja. Os fungicidas e os micro-nutrientes, se não forem corretamente aplicados à semente (antesda inoculação), causam redução do número de células viáveis nasemente e, conseqüentemente, reduzem a nodulação das raízes e aeficiência de fixação de nitrogênio.
7.5. Como Tratar com Fungicidas, Aplicar Micronutrientes e Inocu-lar as SementesA aplicação de fungicidas e micronutrientes, pode ser feita de
forma conjunta, antes da inoculação. O papel dos fungicidas de con-tato é proteger a semente contra fungos do solo e o dos fungicidassistêmicos é controlar fitopatógenos presentes nas sementes. Assim,é importante que os fungicidas estejam em contato direto com a se-mente. O tratamento de semente com fungicidas, a aplicação de
. 139 .
micronutrientes e a inoculação podem ser feitos com máquinas espe-cíficas de tratar sementes (Fig. 7.1), tambor giratório (Fig. 7.2) oucom betoneiras. Evitar o uso de lona ou o tratamento direto nasemeadora.
FIG. 7.1. Máquina de tratar sementes (Adaptado de Grazmec).
FIG. 7.2. Tambor giratório com eixo excêntrico para tratar sementes.
. 140 .
7.5.1. Tratamento utilizando máquinas de tratar sementes
Até recentemente, um dos maiores obstáculos para a adoçãoda prática do tratamento de sementes era a inexistência de equipa-mento adequado para isso. Hoje, existem no mercado máquinas detratar sementes que realizam todas as operações: tratamento comfungicidas, aplicação de micronutrientes e inoculação com bradirri-zóbio, ao mesmo tempo (Fig. 7.1). Dentre as diversas vantagensque essas máquinas apresentam, em relação ao tratamento con-vencional (tambor), destacam-se:
a) menor risco de intoxicação do operador, uma vez que os fungicidassão utilizados via líquida;
b) melhores cobertura e aderência dos fungicidas, dosmicronutrientes e do inoculante às sementes;
c) rendimento em torno de 60 a 70 sacos por hora; e
d) maior facilidade, já que o equipamento pode ser levado ao cam-po, pois possui engate para a tomada de força do trator.
Com essas máquinas, a calda dos fungicidas (sistêmico +contato) e micronutrientes (Mo e Co) pode ser preparada em mistu-ra à solução açucarada de 10% a 15% (100 a 150 gramas deaçúcar e completar para um litro de água). Essa calda é colocada noprimeiro compartimento e será a primeira a entrar em contato coma semente. No segundo compartimento, é colocado o inoculanteturfoso. O inoculante não deve estar com excesso de umidade,caso contrário ficará aderido ao mecanismo da máquina e não serádistribuído homogeneamente sobre as sementes. O produtor devetomar cuidado ao adquirir os fungicidas e os micronutrientes, op-tando por formulações líquidas ou pó que possibilitem que o volumefinal da mistura, fungicidas + micronutrientes, seja completado coma solução açucarada, sem ultrapassar 300 ml de calda por 50 kg desemente. As doses dos fungicidas, dos micronutrientes e doinoculante são sempre as mesmas, independentemente do equipa-mento utilizado. Os detalhes quanto à regulagem do equipamentosão fornecidos pelos próprios fabricantes. A máquina deve ser bem
. 141 .
7.5.2. Tratamento utilizando tambor giratório ou betoneiraQuando for utilizado o tambor giratório, com eixo excêntrico,
ou a betoneira, o tratamento poderá ser efetuado tanto via seca(fungicidas e micronutrientes em pó) ou via úmida (fungicidas emicronutrientes líquidos ou a combinação de uma formulação líqui-da com outra formulação pó).
No caso do tratamento via seca, adicionar 300 ml de soluçãoaçucarada por 50 kg de semente e dar algumas voltas na manivelapara umedecer uniformemente as sementes. Após essa operação,aplicar os fungicidas (Tabela 7.1) e, em seguida, os micronutrientes,nas dosagens recomendadas. O tambor é, então, novamente giradoaté que haja perfeita distribuição dos produtos nas sementes. Porúltimo, é adicionado o inoculante turfoso e, novamente, o tambor égirado até a distribuição uniforme do inoculante sobre as sementes.
No caso do tratamento via líquida, ou seja, utilizando-sefungicidas e os micronutrientes, ambos ou não, na forma líquida,em primeiro lugar, tomar o cuidado em utilizar produtos que conte-nham pouco líquido, ou seja, com no máximo 300 ml de soluçãopor 50 kg de sementes, pois o excesso de líquido pode causar da-nos às sementes, soltando o tegumento e prejudicando a germina-ção. Caso esse volume de líquido seja inferior a 300 ml por 50 kgsemente, utilizar a solução açucarada para completar o volume de300 ml de calda por 50 kg de semente. Assim, o produtor deve usaros micronutrientes e os fungicidas em formulações que permitam rigo-roso controle do volume final a ser adicionado às sementes.
Não se aconselha o tratamento da semente diretamente nacaixa semeadora, devido à baixa eficiência (pouca aderência e co-bertura desuniforme das sementes).
regulada para que as sementes tratadas (com fungicidas + micro-nutrientes) e inoculadas recebam distribuição uniforme dos produ-tos (tratamentos e inoculante).
. 142 .
. 143 .
7.6. Cuidados com o Inoculante
a) Adquirir inoculantes devidamente registrados no Ministério daAgricultura e do Abastecimento. O número de registro deveráestar impresso na embalagem;
b) não usar inoculante com prazo de validade vencido e que nãocontenha uma população mínima de 1 x 108 células viáveis porgrama de turfa;
c) ao adquirir o inoculante, certificar-se de que o mesmo estavaarmazenado em condições satisfatórias de temperatura e areja-mento. Transportá-lo e conservá-lo em lugar fresco e bem arejado;
d) os inoculantes devem conter as estirpes recomendadas para oBrasil (SEMIA 587, SEMIA 5019, SEMIA 5079 e SEMIA 5080);
e) em caso de dúvida sobre a qualidade do inoculante, contatar ofiscal do MA.
a) Fazer a inoculação das sementes à sombra e, preferencialmente,efetuar a semeadura no mesmo dia, especialmente se as semen-tes foram tratadas com fungicidas e micronutrientes, mantendoas sementes inoculadas protegidas do sol e do calor excessivo.
b) Evitar o aquecimento, em demasia, do depósito das sementes nasemeadora, pois altas temperaturas reduzem o número de bacté-rias viáveis aderidas às sementes.
7.7. Cuidados com a Inoculação
7.8. Qualidade e Quantidade de Inoculante a ser UtilizadoA reunião conjunta da comissão designada pelo Ministério da
Agricultura e do Abastecimento (MA) e da Vlll RELARE, realizadaem Londrina, PR, de 2 a 5/06/98, definiu que a fiscalização peloMA, quanto à qualidade e quantidade dos inoculantes para soja, noBrasil, seguirá as mesmas normas estabelecidas pelo regulamentotécnico adotado para o comércio regional de inoculantes do Mercosul.
. 144 .
7.9. Inoculação em Áreas com Cultivo Anterior de Soja
Em áreas já cultivadas com soja, os ganhos com a inoculaçãosão menos expressivos do que em solos de primeiro ano. Todavia,têm sido observado ganhos de 4% a 15% no rendimento de grãos,com a reinoculação. Por isso, recomenda-se reinocular todos osanos. Isso favorece a competição das estirpes inoculadas com asestirpes do solo, aumentando a formação dos nódulos na região dacoroa do sistema radicular, onde os nódulos são mais eficientesquanto à eficiência ara a fixação simbiótica do N2.
Os inoculantes turfosos, líquidos ou outras formulações, de-vem conter uma população mínima de 1x108 células por grama ouml de inoculante e serem aprovados em testes de eficiência agronô-mica devidamente comprovados, conforme normas oficiais do MA.
A quantidade mínima de inoculante deverá ser aquela que for-neça pelo menos 160.000 células do bradirrizóbio por semente desoja. Cabe a cada fabricante definir a dose de inoculante a ser utili-zada, em função da qualidade do seu produto. Doses maiores deinoculante aumentam a nodulação e a fixação biológica do N2. Porexemplo, para os inoculantes turfosos com população de 1 x 108
células/g (mínimo exigido pela legislação) seria necessário aplicar500 g de inoculante por 50 kg de sementes para fornecer 160.000células por semente (cultivares com 16 g por 100 sementes). Noentanto, como existe um efeito físico de proteção da turfa em rela-ção às células de bradirrizóbio, mesmo que os inoculantes tenhampopulações de células maiores que 1x108, sugere-se utilizar a dosede 500 g de inoculante por 50 kg de semente.
7.8.1. Qualidade
7.8.2. Quantidade
. 145 .
7.10. Inoculação da Soja em Áreas de Primeiro Ano de CultivoComo a soja não é uma espécie nativa do Brasil, a bactéria
que fixa o nitrogênio, o bradirrizóbio, não existe naturalmente nossolos brasileiros. Assim, é indispensável que se faça a inoculaçãoda soja em áreas de primeiro cultivo com essa leguminosa, paramaior garantia de obtenção de alta produtividade. A produtividadeda soja, nessas condições, depende de uma boa nodulação e fixa-ção simbiótica de nitrogênio, especialmente em solos com baixosteores de matéria orgânica. Quanto maior for o número de célulasviáveis da bactéria na semente, melhor será a nodulação e maiorpoderá ser a produtividade da soja.
Outro fator a ser levado em consideração é que algunsfungicidas e certas formulações de micronutrientes afetam a sobre-vivência das células de bradirrizóbio. Por essa razão, em solos deprimeiro ano de plantio, o produtor, para garantir melhores resulta-dos com a inoculação e o estabelecimento da população dobradirrizóbio no solo, pode evitar o tratamento das sementes comfungicidas, observadas as seguintes situações:
a) a semente utilizada possua alta qualidade fisiológica e, principal-mente, sanitária, estando livre de fitopatógenos importantes (pra-gas quarentenárias A2 ou pragas não quarentenárias regulamen-tadas) que serão definidas e controladas através de CertificadoFitosanitário de Origem (CFO) ou Certificado Fitossanitário deOrigem Consolidado (CFOC), conforme legislação a entrar emvigor a partir de 13 de março de 2001 (Instrução Normativa Nº 6de 13 de março de 2000, publicada no D.O.U. no dia 05 de Abrilde 2000; e
b) O solo apresente boa disponibilidade hídrica e temperatura ade-quada para rápida germinação e emergência.
Caso essas condições não sejam atingidas o produtor devetratar a semente com fungicidas dando preferência às misturasCarboxin + Thiram, Difenoconazole + Thiram, Carbendazin +Captan, Thiabendazole + Tolylfluanid ou Carbendazin + Thiram.
. 146 .
7.11. Nitrogênio Mineral
Resultados obtidos em todas as regiões onde a soja é cultiva-da mostram que a aplicação de fertilizante nitrogenado no plantioou em cobertura em qualquer estádio de desenvolvimento da plan-ta, em sistemas de plantio direto ou convencional, além de reduzira nodulação e a eficiência de fixação biológica do N2, não traz ne-nhum incremento de produtividade para a soja. Por isso, não serecomenda adubação nitrogenada para a cultura da soja. No entan-to, se as fórmulas de adubo que contém nitrogênio forem mais eco-nômicas do que as fórmulas sem nitrogênio, essas poderão ser uti-lizadas, desde que não sejam aplicados mais do que 20 kg de N/ha.
. 147 .
O sucesso da implantação de uma lavoura de soja depende,além da semente de boa qualidade, das seguintes condições quedevem ser observadas com atenção.
8.1. Cuidados Relativos ao Manuseio das Sementes
A semente de soja, para a germinação e a emergência daplântula, requer absorção de água de, pelo menos, 50% do seupeso seco. Para que isso ocorra, no menor tempo possível, é funda-mental que o grau de umidade e a aeração do solo sejam adequadose que o processo de semeadura propicie o melhor contato possívelentre solo e semente, para assegurar os processos de germinação eemergência.
A semeadura em solos com insuficiência hídrica, ou seco, "nopó", prejudica o processo de germinação, expondo as sementes àspragas e microorganismos do solo que prejudicam o estabelecimen-to de uma população adequada de plantas. Vale lembrar que, nessecaso, o tratamento de sementes com fungicidas recomendadospode-se constituir numa garantia de prolongamento da capacidadede germinação das mesmas, até que ocorra condição favorável deumidade no solo.
8.1.1. Umidade do solo
Sempre que possível, a semeadura da soja não deve ser reali-zada quando a temperatura média do solo estiver abaixo de 20oC,porque prejudica a germinação e a emergência.
8.1.2. Temperatura do solo
INSTALAÇÃO DA LAVOURA8
. 148 .
8.1.6. Compatibilidade dos produtos químicosOs produtos químicos como fungicidas e herbicidas, nas do-
ses recomendadas, normalmente, não afetam a germinação da se-mente de soja. Porém, em doses excessivas, prejudicam tanto agerminação quanto o desenvolvimento inicial da plântula. Por exem-plo, as cultivares Campos Gerais e FT-Cometa são sensíveis a
8.1.3. Profundidade de semeaduraEfetuar a semeadura a uma profundidade de 3 a 5 cm. Seme-
aduras em profundidades superiores às citadas dificultam a emer-gência, principalmente em solos arenosos, sujeitos a assoreamento,ou em situações onde há risco de compactação superficial do solo.
8.1.4. Posição semente/aduboO adubo deve ser colocado ao lado e abaixo da semente, pois
o contato direto prejudica a absorção da água pela semente, poden-do, inclusive, matar a plântula em desenvolvimento, principalmentequando se aplica doses altas de cloreto de potássio no sulco (acimade 80 kg/ha de KCl).
8.1.5. Danos mecânicos na operação de semeaduraCertificar que a semeadora não provoque danos mecânicos na
semente durante o processo de distribuição. As semeadoras comsistema de disco metálico para distribuição causam mais danosmecânicos à semente do que o sistema de carretel dentado.
A faixa de temperatura média de solo adequada para semea-dura da soja vai de 20oC a 30oC, sendo 25oC a ideal para umarápida e uniforme emergência. Semeadura em solo com temperatu-ra média inferior a 18oC pode resultar em redução nos índices degerminação e de emergência. Temperaturas superiores a 40oC po-dem prejudicar o processo de estabelecimento das plantas nocampo.
. 149 .
8.2. Época de Semeadura
A soja, sendo uma cultura termo e fotossensível, está sujeitaa uma gama de alterações fisiológicas e morfológicas, quando assuas exigências não são satisfeitas.
A época de semeadura é um fator de elevada importância a seconsiderar, uma vez que, além de afetar o rendimento, afeta tam-bém, e de modo acentuado, a arquitetura e o comportamento daplanta. Semeadura em época inadequada pode causar redução drás-tica no rendimento, bem como dificultar a colheita mecânica, de talmodo que as perdas, nesta operação, podem chegar a níveis muitoelevados. Isto, porque ocorrem alterações na altura das plantas,altura de inserção das primeiras vagens, número de ramificações,diâmetro de caule e acamamento. Estas características estão tam-bém relacionadas com população e cultivares.
No Estado do Paraná, a época de semeadura indicada para amaioria das cultivares estende-se de 15/10 a 15/12. Os melhoresresultados, para rendimento e altura de plantas, na maioria dos anos epara a maioria das cultivares, são obtidos nas semeaduras realizadasde final de outubro a final de novembro. De modo geral, as semeadu-ras da segunda quinzena de outubro apresentam menor porte emaior rendimento do que as da primeira quinzena de dezembro.
As cultivares de soja são diferentes quanto à sensibilidade àépoca de semeadura. Em função disso, algumas apresentam restri-ções para semeadura em outubro, principalmente em regiões maisquentes.
Semeadura de cultivares precoces em outubro corre o riscode resultar em plantas baixas e não fechar bem as entre linhas,havendo maior competição das plantas daninhas, inclusive no finaldo ciclo, dificultando a colheita. Isto será mais acentuado nos anos
herbicidas à base de metribuzim (Sencor, Lexone) (ver observaçõesconstantes nos rodapés das tabelas de herbicidas.
. 150 .
em que ocorrer veranico de final de novembro-início de dezembro,fenômeno comum no norte do Estado do Paraná, em aproximada-mente 50% dos anos. Quando esse fato ocorre, tanto a falta deumidade, como a elevação da temperatura, exercem efeito na redu-ção do porte das plantas, esta última, por antecipar o florescimento.
Assim, nos casos em que se quer semear mais cedo umacultivar precoce, para fazer safrinha de milho após a soja, evitarfazê-lo antes de 20 de outubro, especialmente no norte do Estado enos vales quentes dos rios Paranapanema, Ivaí e Piquirí. Quem in-sistir em fazê-lo, deixar pelo menos metade da área para semear emnovembro. Muitas vezes, antecipação de 5 a 10 dias na semeadurapode resultar em redução de até 20 sacos/alq. Deve-se deixar assemeadoras reguladas com antecedência, para aproveitar bem cadaboa chuva que cair no período indicado, evitando deixar áreas parasemear em dezembro. Nos anos de ocorrência dos citados veranicos,é comum não haver condição favorável de umidade durante os pri-meiros 10 a 20 dias de dezembro.
Nas regiões mais quentes do Estado (Norte e Oeste), evitarsemear antes de 25 de outubro as cultivares BR-30, BR-36, BR-37,OCEPAR-13, IAS 5, Embrapa 1 e Embrapa 48 (entre as mais utili-zadas), principalmente em áreas de fertilidade média a baixa, sobpena de ter a lavoura com plantas de porte baixo. Se houver neces-sidade de semear essas cultivares mais cedo, dar preferência paraas áreas mais férteis e mais úmidas da propriedade.
8.3. Semeadura em Épocas Não ConvencionaisAlgumas cultivares são menos sensíveis à época de semeadu-
ra e, por esta razão, podem ser semeadas fora da época tradicional-mente recomendada, permitindo ampliar o período de instalaçãodas lavouras de soja. Deve-se ressaltar, no entanto, que esta práti-ca requer atenção criteriosa quanto às condições ambientais (climae solo), em relação às exigências de cada cultivar. Para tanto, éimportante ter em conta as informações fornecidas a seguir.
. 151 .
8.3.1. Semeadura antecipadaConsidera-se como antecipada a semeadura realizada antes
de 15 de outubro. É mais indicada para as regiões mais quentes doEstado (Norte, Oeste e Centro-Oeste) por apresentarem, na maioriados anos, desde início de otubro, condições favoráveis de tempera-tura para permitir uma satisfatória emergência das plantas (ver ca-pítulo 1 - Exigências Climáticas). Para maior segurança, recomen-da-se não deixar de tratar as sementes com fungicidas em semea-dura antecipada. Temperaturas abaixo do ideal podem alongar operíodo semeadura-emergência, predispondo as sementes amicroorganismos patogênicos.
A cultivar semiprecoce OCEPAR 3-Primavera é a única indicadapara esta condição. Deve-se evitar semear essa cultivar antes doinício de outubro e fazê-lo, de preferência, em solos férteis e bemmanejados. Ela apresenta boa altura de planta, mesmo em semea-duras de início de outubro, mas pode apresentar rendimentos abai-xo do normal, se não forem seguidas essas observações.
Em alguns anos, por razões normalmente de ordem climática,muitos produtores necessitam semear após 15/12. Não existemmuitas informações sobre cultivares mais indicadas para estas situ-ações. Isto, porque a seleção de cultivares em semeadura tardia édificultada por ataque de percevejos. No entanto, a lógica e a expe-riência permitem algumas indicações:
- Cultivares de ciclo médio e semitardios têm maior potencial derendimento em semeaduras tardias de dezembro, porém, apre-sentam maior risco de danos por percevejos.
- Cultivares precoces de porte alto são também boas alternativas.Embora de menor potencial de rendimento nessa época, têm chancede escapar de ataques severos de percevejos;
8.3.2. Semeadura após a época convencional
. 152 .
- As semeaduras de dezembro podem apresentar quebra de rendi-mento entre 10 e 40% em relação a melhor época (início de no-vembro), independentemente do ataque de pragas.
O cultivo da soja em "safrinha" não é recomendado por duasrazões básicas: é uma atividade de risco para o produtor e favorecea proliferação de pragas e doenças da soja na região onde é pratica-da. No Paraná, a "safrinha" de soja tem sido praticada no extremooeste do estado, em solos de alta fertilidade e com outono-invernomenos seco que na região norte, em sucessão a milho precocecolhido em janeiro. As cultivares mais utilizadas até o momentoforam FT-Cristalina e FT-Seriema, havendo tendência de serem subs-tituídas por MG/BR-46 (Conquista), MT/BR-55 (Uirapuru), EMGOPA-313 (Anhanguera) e MT/BR-53 (Tucano), conforme informaçãofornecida pelo Departamento Técnico da Coopervale.
Um fator que freqüentemente está associado à queda de ren-dimento em cultivo de soja nessa época, é o percevejo. A mosca-branca pode ser incluída também como um problema potencial.
Embora alguns agricultores tenham conseguido produçõeseconômicas nesse sistema, a baixa produtividade média obtida pormuitos deles, em alguns anos, deixa evidente que o cultivo da sojaem semeadura tardia ("safrinha") é um cultivo de risco. O risco seráainda maior em áreas infestadas por nematóides, devido a multipli-cação desses organismos pela soja, na entressafra.
8.4. Diversificação de CultivaresIsoladamente, a época de semeadura é um dos fatores que
mais influenciam o rendimento da soja. As flutuações anuais dorendimento, para uma mesma época, são, principalmente, determi-nadas por variações climáticas anuais.
Uma prática eficiente para evitar tais flutuações é o empregode duas ou mais cultivares, de diferentes ciclos, numa mesma pro-priedade, procedimento especialmente indicado para médias e gran-
. 153 .
des áreas. Desse modo, obtém-se uma ampliação dos períodos crí-ticos da cultura (floração, formação de grãos e maturação). Assim,haverá menos prejuízos se ocorrerem, entre outros fatores, defici-ência ou excesso hídricos, os quais atingirão apenas uma parte dalavoura.
8.5. População e Densidade de Semeadura
A população padrão de plantas de soja é de 400.000 plantaspor hectare. Esse número pode variar em função da cultivar e/oudas condições de capacidade produtiva do solo, da região, do volu-me das chuvas no período de crescimento das plantas e da data desemeadura. Em regiões mais úmidas e de solos com boa fertilidade(natural ou construída), pode-se reduzir a densidade de plantas ematé 25%, quando em semeadura de novembro, principalmente paraevitar acamamento e possibilitar melhor produtividade. Para seme-adura de outubro e de dezembro, é recomendável não reduzir apopulação de plantas, para evitar baixa estatura das mesmas.
Na Região Centro-Sul do Paraná, com cultivares susceptíveise/ou em áreas favoráveis ao acamamento da soja, sob semeaduradireta, pode-se corrigir o problema sem afetar o rendimento, redu-zindo-se a população para 200.000 a 350.000 plantas/ha.
A distribuição das plantas no campo é feita pela variação doespaçamento e da densidade na linha e vários fatores são visivel-mente afetados pelo modo com que as plantas estão dispostas nalavoura.
Com espaçamento mais reduzido há um melhor controle deplantas daninhas, uma vez que a cultura atinge mais rapidamente oponto de fechamento do dossel vegetativo, abafando o crescimen-to das plantas daninhas. A altura de planta e de inserção das pri-meiras vagens são também afetadas pela distribuição das plantasno campo. Em condições de boa umidade, há um aumento da alturade plantas e de inserção das primeiras vagens em espaçamentosmenores e/ou densidades maiores.
. 154 .
Para o Estado do Paraná, os espaçamentos que melhor seadaptam estão entre 0,4 m e 0,5 m.
As cultivares recomendadas para o Estado do Paraná têm otamanho das sementes variando de aproximadamente 14g a 20gpor 100 sementes. Assim mesmo, considerando-se o uso de apro-ximadamente 25% mais sementes do que o número de plantasdesejado, deve-se estimar o seguinte volume de sementes:
a) Para obtenção de 400.000 plantas/ha
- Semente grande (20 g/100 sementes): 100 kg/ha ou 4 sacos +42 kg/alqueire.
- Semente pequena (14 g/100 sementes): 70 kg/ha ou 3 sacos+ 20 kg/alqueire.
b) Para obtenção de 320.000 plantas/ha (20% menos):
- Semente grande(20 g/100 sementes): 75 kg/ha ou 3 sacos +31 kg/alqueire.
- Semente pequena (14 g/100 sementes): 53 kg/ha ou 2 sacos+ 30 kg/alqueire.
Isto mostra uma possibilidade de economia de sementes como uso de cultivares de sementes miúdas (no exemplo foram usadosos casos extremos). Sempre que possível, deve-se ter informaçõesdo porcentual de germinação e emergência em solo, para, então,regular a semeadora.
As informações sobre tamanho de semente por cultivar, emboraindividualizada por cultivar nas fichas de descrição das cultivares, nocapítulo 5, devem ser confirmadas para cada lote, pois o ambienteonde a semente é produzida exerce grande influência no seu tamanho.
Uma prática importante, para a garantia da germinação dassementes e do estande de plantas desejado, é o tratamento desementes com fungicidas recomendados para tal, principalmentenos casos de sementes de baixa qualidade, nos casos de semeadu-ra em outubro (temperatura do solo mais baixa) e na dúvida quantoa umidade do solo.
. 155 .
Reduzir o volume de sementes acima de 20% só noscasos em que, além das condições acima expostas,
as mesmas forem de alta qualidade e o produtordispuser de semeadora de boa precisão, quanto a
uniformidade de distribuição das sementes e da pro-fundidade de semeadura.
8.6. Cálculo da Quantidade de Sementes e Regulagem da Semeadora
Para se calcular o número de sementes a ser semeada, é ne-cessário que se conheça o poder germinativo do lote de sementes.Esta informação é geralmente, fornecida pela empresa onde assementes foram adquiridas, porém este valor (% germinação) supe-restima o valor de emergência das sementes no campo. Por isso,recomenda-se que se faça um teste de emergência em campo. Paratanto, coleta-se, no lote de sementes, uma amostra de 400 semen-tes, sem escolher, as quais serão divididas em quatro sub-amostrasde 100 sementes cada. Estas sementes deverão ser semeadas auma profundidade de 3 a 5 cm, em solo preparado, em quatrofileiras de 4 m cada. Se não houver umidade no solo, deve-se fazeruma boa irrigação antes ou após a semeadura. Faz-se contagem emcada uma das quatro linhas, quando as plantas estiverem com oprimeiro par de folhas completamente aberto, (aproximadamente10 dias após a semeadura), considerando-se apenas as vigorosas.O percentual de emergência em campo será a média aritmética donúmero de plantas emergidas por metro de fileira.
O número de plantas/metro linear a ser obtido na lavoura éestimado, levando em conta a população de plantas/ha desejada eo espaçamento adotado, usando-se a seguinte fórmula.
Importante
. 156 .
[pop/ha x espaçamento (m)]nº de pl/m =
10.000
De posse destes valores, calcula-se o número de sementespor metro de sulco:
(nº de plantas que se deseja/m x 100)nº de sementes/m =
% de emergência em campo
Para se estimar a quantidade de semente que será gasta porha, pode-se usar a seguinte fórmula:
(1000 x P x D)Q =
G x E
onde: Q=Quantidade de sementes, em kg/ha;P =Peso de 100 sementes, em gramas;D =Nº de plantas que se deseja/m;E =Espaçamento utilizado em cm; eG=% de emergência em campo.
No campo, dependendo das condições de umidade, tempera-tura, preparo do solo, contato do adubo com a semente, profundi-dade de semeadura e semente descoberta, obviamente a germina-ção e a emergência serão menores do que os valores obtidos emlaboratório. Portanto, após feitos os cálculos da quantidade de se-mentes por metro linear que deverá ser distribuída pela semeadora,acrescentar, no mínimo, 10% como fator de segurança.
Exemplo: - emergência 80%- número de plantas desejadas por metro linear: 20
A regulagem deverá ser 25 sementes/m mais 10%. Portanto,a semeadora deverá distribuir no solo, no mínimo, 28 sementes pormetro linear.
. 157 .
A semeadora a ser usada deverá ser adequadamente reguladapara distribuir o número de sementes suficientes, proporcionando adensidade desejada. Para se obter uma alta precisão de regulagemda semeadora, sugere-se, caso disponível, a utilização de sementespreviamente classificadas por tamanho, bem como de discos espe-cíficos, conforme recomendados pela forma produtora de sementesou pelo fabricante da máquina semeadora.
O sucesso da lavoura inicia-se pela semeadura bem feita. Obom resultado da semeadura, por sua vez, não depende apenas dasemente mas, também, da maneira como foi executada e dos fato-res climáticos ocorridos após a operação.
. 158 .
O controle de plantas daninhas é quase tão antigo quantoà própria agricultura, e até os dias de hoje é uma prática deelevada importância para a obtenção de altos rendimentos emqualquer tipo de exploração agrícola.
Na cultura da soja, a presença de invasoras e a necessida-de de se efetuar o controle das mesmas se destaca, uma vezque estas podem causar perdas significativas, conforme a espé-cie, a densidade e a distribuição na lavoura. A competição ocorre,principalmente, pela água e nutrientes, podendo ainda dificultarsobremaneira a operação de colheita e prejudicar a qualidade doproduto final.
A prática do controle de plantas daninhas da soja é onero-sa, porém, seus resultados são positivos, por isto é necessárioque haja um balanceamento entre o custo de operação e a pos-sível perda na produção.
Os métodos normalmente utilizados são: mecânico, quími-co e cultural. Sempre que possível, recomenda-se a combinaçãode dois ou mais métodos de controle, conforme as necessida-des e as condições existentes.
O controle cultural consiste na utilização de práticas quepropiciem à cultura maior capacidade de competição com asplantas daninhas.
O controle mecânico consiste na utilização de instrumen-tos ou implementos tracionados por máquinas, animal ou mes-mo pelo homem, com o objetivo de reduzir a população de inçosno solo ou na lavoura já instalada.
CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS9
. 159 .
A capina manual é o método mais simples, porém demandagrande quantidade de mão-de-obra. Pode ser utilizada como com-plemento a outros métodos.
A capina mecânica é a prática de controle mecânico maisutilizada, empregando-se implementos como arados, grades ecultivadores. Este tipo de controle pode ser feito na instalaçãoda cultura através de aração e/ou gradeação ou após a instala-ção da cultura, utilizando-se cultivadores. A capina, seja ela comenxada (manual) ou com cultivador (mecânica), deve ser realiza-da em dias quentes e secos para melhor eficiência. Cuidadoespecial deve ser tomado para evitar dano às raízes da soja. Ocultivo deve ser superficial, aprofundando-se as enxadas o sufi-ciente para eliminar a infestação.
A capina deve ser feita antes da floração da soja, poisestas poderão cair ao contato com o cultivador ou mesmo comas pessoas que manejam enxadas.
O número de capinas depende, exclusivamente, da presen-ça de plantas daninhas na lavoura, porém, em regra geral, duas atrês capinas antes do florescimento são suficientes para mantera lavoura em boas condições. Após o florescimento, normal-mente não haverá mais problemas de invasoras, desde que atéeste estágio a lavoura tenha sido mantida limpa.
O método químico de controle das plantas daninhas nasoja, utilizado em grande escala, consiste na utilização de pro-dutos químicos herbicidas que se apresentam no mercado sobvários tipos. As grandes vantagens atribuídas ao sistema são aeconomia de mão-de-obra e a rapidez na aplicação.
Como todo método refinado, exige técnica também refina-da, para que seu uso seja eficiente e econômico, do contráriocorre-se o risco de se onerar a cultura sem se obter o devidoretorno. O reconhecimento prévio das plantas a serem controla-das predominantes na área é condição básica para um resultadopositivo deste método e para a escolha do produto (Tabela 9.1).
. 160 .
TABELA 9.1. Comportamento1 de plantas daninhas em soja face à aplicação de herbicidas de PPI, pré e pós-emergência, no Estado do Paraná. Comissão de Plantas Daninhas da Região Central do Brasil.Embrapa Soja. Londrina, PR. 2000.
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Cya
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Acanthospermum australe (Carrapicho-rasteiro) T T – M2 – – – T – – – – –
Acanthospermum hispidum (Carrapicho-de-carneiro) S T – S – – S T – S S S –
Amaranthus hybridus (Caruru) S S – S S – S T T – S S –
Amaranthus viridis (Caruru-de-mancha) S S – M S – – T T – S S –
Bidens pilosa (Picão-preto) M M – S S M S T S S S S S
Brachiaria plantaginea (Capim-marmelada) T M – T T – – S S – T S –
Cenchrus echinatus (Capim-carrapicho) T T S T T – – S S – T M –
Commelina benghalensis (Trapoeraba) M S – S S – S T S M T S –
Cyperus rotundus (Tiririca) T T – T T – – T – – T T –
Desmodium tortuosum (Carrapicho beiço-de-boi) – – – – – – S – – M – – S
Digitaria horizontalis (Capim-colchão) T S S T T – – S S – T S –
Echinochloa crusgalli (Capim-arroz) T S – T T – – – – – T S –
Eleusine indica (Capim pé-de-galinha) T – – T T – – S – – T M –
Emilia sonchifolia (Falsa-serralha) – – – – – – – – – – – – S
Euphorbia heterophylla (Amendoim-bravo) M T – T M S – T T M T T S
Galinsoga parviflora (Picão-branco) S S – T S – – T – – S S –
Ipomoea grandifolia (Corda-de-viola) M T – M M – S T T S M M S
Parthenium hysterophorus (Losna branca) – – – – – S – – – S – – –
Portulaca oleracea (Beldroega) S S – S S – – T – – S S –
Raphanus raphanistrum (Nabiça) S T – S S S S T – S M M S
Richardia brasiliensis (Poaia-branca) M T – T – M – T T T – – –
Senna obtusifolia (Fedegoso) T T – T T – – T – T T T –
Sida rhombifolia (Guanxuma) T M – S S S – T S – M M S
Solanum americanum (Maria-pretinha) S T – T S – – T – – – – –
Sorghum halepense (Capim-massambará) T T – T T – – S – – T T –
Spermacoce latifolia – – – – – M – – – – – – –
Tagetes minuta (Cravo de defunto) – – – – – – – – – – – – –
Vigna unguiculata (Feijão-miúdo) – – – – – – S – – – – – –
Zea mays (milho voluntário) – – – – – – – – – – – – –
Continua...
. 161 .
...Continuação Tabela 9.1
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Acanthospermum australe (Carrapicho-rasteiro) – T – – – – – S M – S T M
Acanthospermum hispidum (Carrapicho-de-carneiro) – T – – S – S S S S S T T
Amaranthus hybridus (Caruru) – T – – – – S S S S S S S
Amaranthus viridis (Caruru-de-mancha) – T – – – – S S – S S S S
Bidens pilosa (Picão-preto) – T S – S – S S S S M T S
Brachiaria plantaginea (Capim-marmelada) S S S – – – T – M9 T T S T
Cenchrus echinatus (Capim-carrapicho) S S – – – – T – – T T M T
Commelina benghalensis (Trapoeraba) – T – – – S – S S S M S T
Cyperus rotundus (Tiririca) – T – – – – T – – T T T T
Desmodium tortuosum (Carrapicho beiço-de-boi) – – – – – – – – – – – – –
Digitaria horizontalis (Capim-colchão) S S – S – – T – M T T S T
Echinochloa crusgalli (Capim-arroz) – S – – – – T – – T T S T
Eleusine indica (Capim pé-de-galinha) – S – – – – T – T T T M T
Emilia sonchifolia (Falsa-serralha) – – – – – – – – – – – – –
Euphorbia heterophylla (Amendoim-bravo) – T M – S5 – M S3 S M T T T
Galinsoga parviflora (Picão-branco) – T – – – – S – M S S S S
Ipomoea grandifolia (Corda-de-viola) – T – – – – M S S – T T M
Parthenium hysterophorus (Losna branca) – – – – – – – S – – – – –
Portulaca oleracea (Beldroega) – T – – – – S S3 – S S M S
Raphanus raphanistrum (Nabiça) – T – – S – S S S S S T S
Richardia brasiliensis (Poaia-branca) – T – – – – – S M – M T T
Senna obtusifolia (Fedegoso) – T – – – – M – T M T T T
Sida rhombifolia (Guanxuma) – T – – – S T S S M T T S
Solanum americanum (Maria-pretinha) – T – – – – S – – S T T T
Sorghum halepense (Capim-massambará) – S4 – – – – T – – T T T T
Spermacoce latifolia – – – – – – – – – – – – –
Tagetes minuta (Cravo de defunto) – – – – – – – – – – – – –
Vigna unguiculata (Feijão-miúdo) – – – – – – – – – – – – –
Zea mays (milho voluntário) – – – – – – – – – – – – –
Continua...
. 162 .
...Continuação Tabela 9.1
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Acanthospermum australe (Carrapicho-rasteiro) – T – T – – – T – – – T –
Acanthospermum hispidum (Carrapicho-de-carneiro) – T S T – – – T S S – T –
Amaranthus hybridus (Caruru) S S S S – – – T S – – S –
Amaranthus viridis (Caruru-de-mancha) – S – S – – – T – – – S –
Bidens pilosa (Picão-preto) S T S T S – – T M – – T –
Brachiaria plantaginea (Capim-marmelada) S S – S S S6 S S S – S S S
Cenchrus echinatus (Capim-carrapicho) S S – M – S S S – – S S –
Commelina benghalensis (Trapoeraba) S T – T – – – T S – – T –
Cyperus rotundus (Tiririca) – T – T – – – T – – – T –
Desmodium tortuosum (Carrapicho beiço-de-boi) – – S – – – – – – S – – –
Digitaria horizontalis (Capim-colchão) S S – S – S S S – – S S –
Echinochloa crusgalli (Capim-arroz) – S – S – – – S – – – S –
Eleusine indica (Capim pé-de-galinha) – M – S – S – S – – – M –
Emilia sonchifolia (Falsa-serralha) – – – – – – – – – – – – –
Euphorbia heterophylla (Amendoim-bravo) – T – T – – – T S S – T –
Galinsoga parviflora (Picão-branco) – M – T – – – T – – – T –
Ipomoea grandifolia (Corda-de-viola) – T – T – – – T S – – T –
Parthenium hysterophorus (Losna branca) – – – – – – – – S – – – –
Portulaca oleracea (Beldroega) – M – S – – – T – – – M –
Raphanus raphanistrum (Nabiça) – T S M – – – T – – – T –
Richardia brasiliensis (Poaia-branca) – T – T – – – T – – – T –
Senna obtusifolia (Fedegoso) – T – T – – – T – – – T –
Sida rhombifolia (Guanxuma) – T – T – – – T S – – T –
Solanum americanum (Maria-pretinha) – T – T – – – T – – – T –
Sorghum halepense (Capim-massambará) – T – S4 – – – – – – – S4 –
Spermacoce latifolia – – – – – – – – – – – – –
Tagetes minuta (Cravo de defunto) – – S – – – – – – – – – –
Vigna unguiculata (Feijão-miúdo) – – – – – – – – – – – – –
Zea mays (milho voluntário) – – – – – – – – – – S – –
Continua...
. 163 .
A eficiência dos herbicidas aumenta quando a aplicação sefaz em condições que lhe sejam favoráveis. Assim, é fundamen-tal que se conheça as especificações do produto antes de suautilização. A regulagem correta do equipamento de pulverizaçãoé outro fator que deve ser considerado quando se pretende utili-zar este meio de controle.
Desde que utilizado adequadamente, muitos dos inconve-nientes do controle químico podem ser evitados, em especial osriscos de toxicidade ao homem e à cultura.
Os herbicidas são classificados quanto a época de aplica-ção em pré-plantio, pré-emergentes e pós-emergentes, e nas Ta-belas 9.2 e 9.3 encontram-se os produtos recomendados pelaPesquisa.
a) não aplicar herbicidas pós-emergentes quando houver presen-ça de alta intensidade de orvalho e/ou imediatamente apósuma chuva;
b) não aplicar em presença de ventos fortes (> 8 km/h), mesmocom bicos específicos para redução de deriva;
Informações Importantes
...Continuação Tabela 9.1
1 S = Suscetível (controle de 81 a 100%); M = Medianamente suscetível (controle de 60 a 80%); T = Tolerante (controleinferior a 60%); – = Sem informação.
2 Juntar adjuvante recomendado de acordo com seu registro.3 Em alta infestação, aplicar em PPI.4 Controla apenas plantas provenientes de sementes.5 Não utilizar em áreas de alta infestação.6 Em alta infestação de capim marmelada este produto deverá ser utilizado em aplicação sequencial nas doses de 0,7 L/ha, com as
gramíneas com até dois perfilhos e a segunda aplicação de 0,55 L/ha, cerca de 10 a 15 dias após a primeira aplicação.7 Marca comercial Flusiflex (125 + 125 g i.a./L).8 Marca comercial Robust (250 + 200 g.i.a./L, de Fluazifop + Fomesafen, respectivamente).9 Aplicar com 1 a 4 folhas, antes do perfilhamento (Pós/inicial).
Obs.: Esta tabela foi preparada com base em experimentos das instituições que compõem o Sistema de Pesquisa AgropecuáriaBrasileira e com informações pessoais de pesquisadores; tendo sido adaptada de informações constantes na SérieDocumentos, nº 105 da Embrapa Soja e atualizada na XXII Reunião de Pesquisa de Soja da Região Central do Brasil, Cuiabá,MT, 2000.
. 164 .
TABELA 9.2. Alternativas para o manejo de entre-safra das plantas daninhas, com uso de produtos quími-cos* no Sistema de Semeadura Direta1. Comissão de Plantas Daninhas da Região Central doBrasil, safra 2000/01.
Dose
i.a ComercialNome
ComumNome
ComercialConcentração
g/Lkg/ha kg ou L/ha
1. Paraquat2 Gramoxone 200 200 0,2 a 0,4 1,0 a 2,0Para infestantes pouco desenvolvidas. Gramíneas com menos de 2 a 3 perfilhos. Controla mal o capim-colchão.
2. 2,4-D amina3 ou Diversos – 0,8 a 1,1 ou –2,4-D Éster3 Diversos – 0,6 a 0,8 –
Para infestação pouco desenvolvida de folhas largas.
3. Paraquat2 e Gramoxone 200 0,3 1,52,4-D amina3 ou Diversos – 0,8 a 1,1 ou –2,4-D Éster3 Diversos – 0,6 a 0,8 –
Para infestação mista de gramíneas e folhas largas pouco desenvolvidas. Gramíneas com menos de 2 a 3perfilhos. Controla mal o capim-colchão.
4. Paraquat2 + Gramocil 200 + 0,4 a 0,6 + 2,0 a 3,0Diuron com ou sem 100 0,2 a 0,3 –2,4-D amina3 ou Diversos – 0,8 a 1,1 ou –2,4-D Éster3 Diversos – 0,6 a 0,8 –
Para infestação mista de gramíneas e folhas largas com desenvolvimento superior a do item 1.
5. Glyphosate Roundup SAQCou Glifosato Nortox
Gliz/Glion/Trop 480 0,48 a 0,96 1,0 a 2,0Sulfosate Zapp 480 0,48 a 0,96 1,0 a 2,0
Para infestação mista de gramíneas anuais e folhas largas com desenvolvimento igual ou superior ao item 4.Dependendo da espécie poderá ser necessária dose superior a 2 L/ha. No caso de ocorrência de gramíneasperenizadas (C. brachiaria e C. amargoso) a dose poderá chegar a 5 L/ha. Nesta situação recomenda-seinicialmente o manejo mecânico (roçadeira, triturador) visando remover a folhagem velha, forçando rebrotaintensa, que deverá ter pelo menos 30 cm de cultura no momento da dessecação.
6. Glyphosate ouSulfosate
Roundup 480 0,48 a 0,96 1,0 a 2,0
Glifosato Nortoxe Gliz/Glion/Trop
Zapp 480 0,48 a 0,96 1,0 a 2,02,4-D amina3 ou Diversos – 0,8 a 1,1 –2,4-D Éster3 Diversos – 0,6 a 0,8 –
Para infestação mista idêntica ao item 5, mas com folhas largas resistentes ao Glyphosate. Dependendo daespécie poderá ser necessária dose superior a 2 L/ha de Glyphosate. No caso de ocorrência de gramíneasperenizadas (C. brachiaria e C. amargoso) a dose poderá chegar a 5 L/ha. Nesta situação recomenda-seinicialmente o manejo mecânico (roçadeira, triturador) visando remover a folhagem velha, forçando rebrotaintensa, que deverá ter pelo menos 30 cm de altura no momento da dessecação.
7. Clorimuron-ethyl Classic 250 0,010 0,0404
1 Para lavouras com período longo de entressafra (comum no Norte do Paraná), normalmente são necessárias duas aplicações. A melhorcombinação deve ser definida em função de cada situação. É importante conhecer as especificações do(s) produto(s) escolhido(s).
2 Ao paraquat juntar 0,1 a 0,2% de surfactante não iônico.3 Não aplicar em condições de vento. Usar formulação amina quando se encontrarem culturas suscetíveis na região circunvizinha:
observar período de carência de 10 dias ou mais para a semeadura da soja. Quando possível pulverizar antes da aplicação deparaquat. Não utilizar formulação ester em áreas do norte e oeste do Paraná e Região do Cerrado.
4 Controle de Raphanus sativum (nabiça) e Sanecio brasilienses (maria-mole). Efeito residual para Bidens pilosa (picão-preto) eRaphanus sativum (nabiça).
* Antes de emitir recomendação e/ou receituário agronômico, consultar relação de defensivos registrados no Ministério da Agricultura ecadastrados na Secretaria de Agricultura do estado (onde houver legislação pertinente).
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. 170 .
c) pode-se utilizar baixo volume de calda de aplicação (mínimode 100 L/ha) desde que as condições climáticas sejam favorá-veis e que seja observada as recomendações do fabricante(tipo de bico, produtos);
d) a aplicação de herbicidas deve ser realizada em ambiente comumidade relativa superior a 60%. Além disso, deve-se utilizarágua limpa;
e) não aplicar quando as plantas, da cultura e daninhas, estive-rem sob stress hídrico;
f) para facilitar a mistura do herbicida trifluralin com o solo eevitar perdas por volatização e fotodecomposição, o solo deveestar livre de torrões e preferencialmente, com baixa umidade;
g) para cada tipo de aplicação existem várias alternativas de bi-cos que devem ser utilizadas conforme recomendação do fa-bricante. Verificar a uniformidade de volume de pulverização,tolerando-se variações máximas de 10% entre bicos;
h) aplicações sequenciais podem trazer benefícios em casos es-pecíficos, melho-rando a performance dos produtos pós-emer-gentes e, em certas situações, podendo reduzir custos. Con-siste em duas aplicações com intervalos de cinco a 15 diascom o parcelamento da dose total;
i) em solos de arenito, portanto com baixos teores de argila,recomenda-se precaução na utilização de herbicidas pré-emer-gentes, pois podem provocar fitotoxicidade na soja; recomen-da-se reduzir as doses ou não utilizá-los;
j) o uso de equipamento de proteção individual é indispensávelem qualquer pulverização.
Uma prática bastante difundida e aceita pelos agricultorese que tem se mostrado eficiente no controle da erosão e naconservação dos solos, é o sistema de semeadura direta. Porém,
Semeadura Direta
. 171 .
para o sucesso desta prática, é necessário que haja um bomfuncionamento dos métodos usados para controle das plantasdaninhas. Neste sistema, o método químico é o mais usual erequer cuidados técnicos especiais que vão desde a escolha doproduto até o modo e época de aplicação. São utilizados produ-tos de ação não seletiva (dessecantes) e produtos de ação resi-dual ou seletiva aplicados em pré e pós-emergência. Um herbicidaà base de 2,4 D em geral é utilizado em mistura com umdessecante para se aumentar a eficiência e/ou reduzir dose, quan-do houver infestação mista de planta de folha estreita e folhalarga. Contudo, este produto deve ser utilizado com um interva-lo mínimo de 10 dias entre a aplicação e a semeadura e comcondições a não permitir a deriva do mesmo, para evitar danosnas culturas suscetíveis vizinhas. As alternativas de utilizaçãode herbicidas não seletivos são apresentados na Tabela 9.2 e osdemais na Tabela 9.3.
A utilização de espécies de inverno que permitem a forma-ção de cobertura morta, bem como a antecipação da época desemeadura nas lavouras do Norte e Oeste do Paraná, são alter-nativas que têm possibilitado a substituição ou redução no usode herbicidas em semeadura direta.
Nas áreas de arenito Caiuá em que se adotar o plantiodireto sobre a pastagem, (portanto sem a adequação através dosistema convencional), o período entre a dessecação e a semea-dura da soja irá variar de 30 a 60 dias. Para espécies comoBrachiaria decumbens e Brachiaria brizanta, 30 dias de antece-dência poderão ser suficientes. Para Paspalum notatun, conhe-cida como grama mato grosso ou batatais, o período irá variar de40 a 60 dias. As doses, para estas situações, irão variar com aespécie a ser eliminada, com a condição de cada pastagem ecom a época de aplicação do produto. A dose irá variar na faixade 5 a 6 litros de glyphosate ou de sulfosate. No caso dePaspalum, devido a pilosidade excessiva nas folhas, a adição de0,5% de óleo poderá ajudar a eficiência do produto.
. 172 .
DisseminaçãoQualquer que seja o sistema de semeadura e a região em
que se está cultivando a soja, cuidados especiais devem sertomados quanto a disseminação das plantas daninhas. No Esta-do do Paraná, tem sido observado aumento de infestação deSorghum halepense (capim massambará), Senna obtusifolia(fedegoso) e Desmodium tortuosum (carrapicho beiço-de-boi).
As práticas sugeridas (Gazziero et al., 1989) para evitar adisseminação de plantas daninhas são as seguintes:
utilizar sementes de soja de boa qualidade provenientes decampos controlados e livres de dissemínulos;
promover a limpeza rigorosa de todas as máquinas e implementosantes de serem levados de um local infestado para área ondenão existam plantas daninhas ou para áreas onde estas ocor-ram em baixas populações, bem como não permitir que os ani-mais se tornem veículos de disseminação;
controlar o desenvolvimento das invasoras, impedindo ao má-ximo a produção de sementes e/ou estruturas de reproduçãonas margens de cercas, estradas, terraços, pátios, canais deirrigação ou em qualquer lugar da propriedade;
para o controle dos focos de infestação podem ser utilizadosquaisquer métodos de controle, desde a catação manual até aaplicação localizada de herbicidas. A catação manualconstitui-se em excelente meio de eliminação principalmenteno caso das espécies de difícil controle; e
As áreas que utilizaram o herbicida Tordon para o controledas plantas daninhas da pastagem podem apresentar resíduosque prejudicam a soja, a ponto de causar morte das plantas.Recomenda-se o monitoramento da área. Poderá ser necessárioum período de dois anos para que os resíduos sejam degradadose viabilizada a implantação da cultura.
. 173 .
utilizar a rotação de culturas como meio para diversificar ocontrole e os produtos químicos. A rotação de culturas permi-te alterar a composição da flora invasora, possibilitando a re-dução populacional de algumas espécies.
ResistênciaTem sido constatada a resistência de certas plantas dani-
nhas como Brachiaria plantaginea, Bidens pilosa e Euphorbiaheterophylla a herbicidas utilizados em algumas lavouras de soja.
No entanto, é comum confundir falta de controle com re-sistência. A maioria dos casos de seleção e de resistência podeser esperado quando se utiliza o mesmo herbicida ou herbicidascom o mesmo modo de ação consecutivamente. Errar na dose ena aplicação justificam grande parte dos casos de falta de con-trole.
As estratégias de prevenção e manejo de plantas daninhasresistentes aos herbicidas inclui várias alternativas, todas elasao alcance dos técnicos e produtores.
A prevenção na disseminação e na seleção de espéciesresistentes são estratégias fundamentais para evitar este tipode problema. A mistura de produtos com diferentes modos deação, a rotação de herbicidas com diferentes mecanismos deação e a adoção do manejo integrado (rotação de culturas, usode vários métodos de controle, etc) também fazem parte do con-junto de recomendações que o Engenheiro Agrônomo deveráutilizar ao tratar deste assunto.
. 174 .
A cultura da soja está, praticamente durante todo seu ciclo,sujeita ao ataque de insetos. Logo após a emergência, insetos comoa “lagarta rosca” e a “broca-do-colo” podem atacar as plântulas.Posteriormente, a “lagarta-da-soja”, a “falsa-medideira” e a “broca-das-axilas” atacam as plantas durante a fase vegetativa e, em al-guns casos, até a floração. Com o início da fase reprodutiva, sur-gem os percevejos, que causam danos desde a formação das va-gens até o final do desenvolvimento das sementes. Além destas, asoja é suscetível ao ataque de outras espécies de insetos, em geralmenos importantes do que as referidas. Porém, quando atingempopulações elevadas, capazes de causar perdas significativas norendimento da cultura, essas espécies necessitam ser controladas.
Apesar de os danos causados por insetos na cultura da sojaserem, em alguns casos, alarmantes, não se recomenda a aplicaçãopreventiva de produtos químicos pois, além do grave problema dapoluição ambiental, a aplicação desnecessária pode elevar signifi-cativamente o custo da lavoura.
Para o controle das principais pragas da soja, recomenda-se autilização do “Manejo de Pragas”. É uma tecnologia que consiste,basicamente, de inspeções regulares à lavoura, verificando-se o ní-vel de ataque, com base na desfolha e no número e tamanho daspragas. Nos casos específicos de lagartas desfolhadoras e perceve-jos, as amostragens devem ser realizadas com um pano-de-batida,preferencialmente de cor branca, preso em duas varas, com 1 m decomprimento, o qual deve ser estendido entre duas fileiras de soja.
10.1. Definição
MANEJO DE PRAGAS10
. 175 .
As plantas da área compreendida pelo pano devem ser sacudidasvigorosamente sobre ele havendo, assim, a queda das pragas quedeverão ser contadas. Este procedimento deve ser repetido em vá-rios pontos da lavoura, considerando-se, como resultado, a médiade todos os pontos amostrados. No caso de lavouras comespaçamento reduzido entre as linhas, usar o pano batendo apenasas plantas de uma fileira. Principalmente com relação a percevejos,estas amostragens devem ser realizadas semanalmente, nas pri-meiras horas da manhã (até 10 horas), quando os insetos se locali-zam nas partes superiores das plantas sendo mais facilmentevisualizados. Recomenda-se, também, realizar as amostragens commaior intensidade nas bordaduras da lavoura, onde, em geral, ospercevejos iniciam seu ataque à soja. As vistorias para avaliar aocorrência dos percevejos devem ser executadas do início de for-mação de vagens (R3) até a maturação fisiológica (R7). A simplesobservação visual não expressa a população real presente na lavou-ra. O controle deve ser executado somente quando forem atingidosos níveis críticos (Tabela 10.1).
TABELA 10.1. Níveis de ação de controle para as principais pragas da soja.
SemeaduraPeríodo
vegetativoFloração
Formaçãode vagens
Enchimentode vagens
Maturação Colheita
30% de desfolha ou40 lagartas/pano-de-
batida*
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pano-de-batida**
Broca-das-axilas: a partir de 25% - 30% de plantascom ponteiros atacados
* Maiores de 1,5cm.** Maiores de 0,5 cm.
. 176 .
A lagarta-da-soja deve ser controlada quando forem encontra-das, em média, 40 lagartas grandes por pano-de-batida ou se adesfolha atingir 30% antes do florescimento e 15% tão logo apare-çam as primeiras flores. Utilizando-se o Baculovirus anticarsia, de-vem ser considerados outros índices citados em parágrafo posterior.
O controle de percevejos deve ser iniciado quando forem encon-trados 4 percevejos adultos ou ninfas com mais de 0,5 cm porpano-de-batida e, para o caso de campos de produção de sementes,este nível deve ser reduzido para 2 percevejos/pano-de-batida.
Os produtos recomendados para o controle das principais pra-gas anteriormente referidas encontram-se nas Tabelas 10.2, 10.3 e10.5. Na escolha do produto, deve-se levar em consideração a suatoxicidade, efeitos sobre inimigos naturais e o custo por hectare.
Para o controle da lagarta-da-soja, Anticarsia gemmatalis,deve-se dar preferência à utilização do vírus Baculovirus anticarsia,o qual pode também ser usado em aplicação aérea. A dose de B.anticarsia é de 50 lagartas equivalentes por hectare, ou seja, 50lagartas mortas pelo próprio vírus, maceradas em um pouco de água,e esta suspensão aplicada em 1 hectare. Para uso em aplicaçãoaérea, pode-se empregar a água como veículo, na quantidade de 15l/ha (detalhes no folder “Controle da lagarta da soja por Baculovirus”,no Comunicado Técnico nº 23 da Embrapa Soja e no ComunicadoTécnico nº 30 da Embrapa Agropecuária Oeste); caso a aplicaçãotenha início pela manhã, o preparo do material pode ser realizadodurante a noite. Ajustar o ângulo da pá do “micronair” para 45 a 50graus, estabelecer a largura da faixa de deposição em 18 m e voara uma altura de 3-5 m, a 105 milhas/hora, com velocidade do ventonão superior a 10 km/h.
Ao se utilizar B. anticarsia devem ser consideradas 40 lagar-tas pequenas ou 30 lagartas pequenas e 10 lagartas grandes porpano-de-batida. Quando ocorrerem ataques da lagarta-da-soja noinício do desenvolvimento da cultura (plantas até o estádio V4 -
10.2. Pragas Principais
. 177 .
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. 181 .
três folhas trifolioladas), e associados com períodos de seca, o con-trole da praga poderá ser realizado com outros produtos seletivos erecomendados, visto que, nestas condições, poderá ocorrer desfolhaque prejudicará o desenvolvimento das plantas.
No caso dos percevejos, em certas situações, o seu controlepode ser efetuado apenas nas bordas da lavoura, sem necessidadede aplicação de inseticida na totalidade da área. Isto porque o ata-que desses insetos inicia-se pelas áreas marginais, aí ocorrendo asmaiores populações. Para detectar essas infestações maiores nasbordas da lavoura é necessário fazer batidas de pano ao longo dasmesmas, comparando-se os números de percevejos encontradoscom os números de percevejos presentes na parte mais central dalavoura.
Para controlar os percevejos que atacam a soja pode, ainda,ser utilizada a tecnologia do sal de cozinha, que consiste em reduzirpela metade a dose dos inseticidas químicos recomendados. O sis-tema traz poucas mudanças para o agricultor, somente na reduçãoda quantidade de inseticida (50% a menos) e na inclusão do sal decozinha refinado, na concentração de 0,5%, ou seja, 500 gramasde sal para cada 100 litros de água colocados no tanque do pulve-rizador, em aplicação terrestre. O primeiro passo é fazer uma sal-moura separada e, depois, misturá-la à água do pulverizador que,por último, vai receber o inseticida.
10.3. Outras Pragas
A lagarta “falsa-medideira” (ocorrendo sozinha ou associadacom a lagarta-da-soja) deve ser controlada quando forem encontra-das, em média, 40 lagartas grandes por pano-de-batida ou se adesfolha atingir 30% antes do florescimento e 15% tão logo apare-çam as primeiras flores.
Para a broca-das-axilas, o nível crítico está em torno de 25 a30% de plantas com ponteiros atacados.
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No caso das lagartas-das-vagens, recomenda-se a aplicaçãode inseticidas somente quando houver um ataque de, pelo menos,10% das vagens das plantas, na média dos diferentes pontos deamostragem.
O controle dessas pragas pode ser feito com os inseticidasconstantes na Tabela 10.4.
Os tripes ocorrem em praticamente todo o estado e, em anossecos, geralmente em altas populações. Porém, por si só, o dano
TABELA 10.4. Inseticidas recomendados* para o controle de outras pragas dasoja, para a safra de 2000/01.
Inseto-praga Nome técnicoDose
(g i.a./ha)
Epinotia aporema Metamidofós 300(broca-das-axilas) Paratiom metílico 480
Chrysodeixis (Pseudoplusia) Ciflutrina1 7,5includens Carbaril 320(lagarta falsa-medideira) Endossulfam 437,5
Metamidofós 300
Spodoptera latifascia Clorpirifós 480
Spodoptera eridania(lagarta-das-vagens)
Sternechus subsignatus Metamidofós 480(tamanduá-da-soja) Fipronil2 503
1 Nome comercial: Baytroid CE; formulação e concentração: CE - 50 g i.a./l; nº registro no MA:011588; classe toxicológica: I (LD50 oral = 1.410 e LD50 dermal = 5.000 mg/kg); carência: 20 dias.
2 Nome comercial: Standak 250 FS; formulação e concentração: SC-250 g i.a./l; nº registro no MA:01099; classe toxicológica: IV (LD50 oral = 660 e LD50 dermal = 911 mg/kg); carência: semrestrições. Utilizar as sementes tratadas com este inseticida somente na bordadura da lavoura,numa faixa de 40 a 50 m.
3 Dose em g i.a./100 kg de sementes, correspondente a 200 ml do produto comercial/ 100 kg desemente.
* Antes de emitir recomendação e/ou receituário agronômico, consultar relação de defensivosregistrados no MA e cadastrados na Secretaria da Agricultura do estado.
. 183 .
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. 185 .
causado por esses insetos às plantas, em decorrência do processode sua alimentação, não é problemático à soja. Assim, o controlequímico desses insetos não se justifica. Embora vários produtoscomo acefato (400 g i.a./ha), malatiom (800 g i.a./ha) e metamidofós(450 g i.a./ha) sejam eficientes contra os tripes, em áreas onde aocorrência da virose “queima-do-broto” é comum (região Centro-Suldo Paraná), estes inseticidas não têm evitado a incidência e a disse-minação da doença, mesmo quando aplicados várias vezes sobre acultura.
Outro inseto que vem ocorrendo em lavouras de soja, princi-palmente onde é realizado o cultivo mínimo e a semeadura direta, éo “tamanduá-da-soja” ou “bicudo-da-soja”. O adulto é um gorgulhode aproximadamente 8 mm de comprimento, coloração preta e lis-tras amarelas no dorso da cabeça e nas asas. Os danos são causa-dos, tanto pelos adultos, que raspam o caule e desfiam os tecidos,como pelas larvas, broqueando e provocando o surgimento de galha.O controle químico desse inseto não tem sido eficiente. Embora osresultados obtidos experimentalmente tenham acusado mortalida-de de adultos e de larvas, algumas características biológicas dificul-tam o seu controle efetivo, ao nível de lavoura. As larvas ficamprotegidas no interior das galhas e os adultos, além de emergiremdo solo por um longo período, ficam a maior parte do tempo sob afolhagem da soja nas partes baixas da planta. Após vários estudossobre o seu comportamento na lavoura, e sua biologia, verificou-seque algumas práticas culturais podem ser utilizadas para, gradual-mente, diminuir a sua ocorrência. Nesse particular, a rotação deculturas é a técnica mais eficiente para o manejo adequado dotamanduá-da-soja, mas sempre associada a outras estratégias, comoplantas-iscas e controle químico na bordadura da lavoura. Nos lo-cais em que, na safra anterior, foram observados ataques severosdo inseto, antes de planejar o cultivo da safra de verão seguinte,deve ser avaliado o grau de infestação na entressafra, entre maio esetembro. Para cada 10 ha, devem ser retiradas quatro amostras desolo, centradas nas antigas fileiras de soja, com 1m de comprimen-
. 186 .
to, e largura e profundidade de uma pá de corte. Após a observaçãocuidadosa da amostra, realizar a contagem do número de larvashibernantes. Se, na média, forem encontradas de três a seis larvas/amostra, existe a possibilidade de, no mínimo, uma ou duas atingi-rem o estádio adulto, podendo causar uma quebra de sete a 14sacas de soja por hectare, na safra seguinte. Nesse local, a sojadeve ser substituída por uma espécie não hospedeira (por exemplo,milho, milheto, sorgo ou girassol), na qual o inseto não se alimenta.Nessas espécies, o inseto não se desenvolve e, conseqüentemente,interrompe o seu ciclo biológico.
Para aumentar a eficiência de controle, a espécie não hospe-deira deve ser circundada por uma espécie hospedeira preferencial(soja, feijão ou lab-lab), a qual funcionará como planta-isca. Dessemodo, ao atrair e manter os insetos na bordadura da lavoura, oprodutor pode pulverizar um inseticida químico apenas numa faixade, aproximadamente, 25m. Esse controle na bordadura deve serfeito nos meses de novembro e dezembro, quando a maior partedos adultos sai do solo, e repetido sempre que o inseto atingir osníveis de danos econômicos, conforme a fase da cultura. Para evi-tar que o inseto infeste toda a lavoura, as sementes de soja podemser tratadas com o inseticida fipronil e semeadas numa bordaduraque deve medir entre 40 e 50 m de largura. Em soja, o controle doinseto se justifica quando, no exame de plantas com duas folhastrifolioladas, for encontrado um adulto por metro de fileira, incluin-do a face inferior das folhas e o caule. Com cinco folhas trifolioladas(próximo à floração), a cultura tolera até dois adultos por metrolinear. As pulverizações noturnas, entre as 22 h e as 2 h, são maiseficientes, pois a maioria dos adultos, neste período, encontra-sena parte superior das plantas, em acasalamento. A escolha dosinseticidas deve ser feita dentre os produtos recomendados para ocontrole do inseto e o mesmo ingrediente ativo, se possível, nãodeve ser utilizado em duas aplicações sucessivas, para prevenir osurgimento de resistência do inseto a ele.
. 187 .
A utilização de uma planta-isca também pode ser associadaao controle mecânico, eliminando-se as larvas presentes nas plan-tas, com roçadeira, antes delas entrarem em hibernação no solo.Isso deve ser feito cerca de 45 dias após a observação dos primei-ros ovos nas plantas. Na região Norte do Paraná, não havendo atra-so na semeadura, as plantas podem ser eliminadas até meados dejaneiro.
Resultados recentes de pesquisas de manejo do tamanduá-da-soja mostram que o percentual de plantas mortas e danificadasé significativamente menor, e a produtividade maior, no final doperíodo de rotação soja-milho-soja, quando comparado aomonocultivo soja-soja-soja. Adicionalmente, nas áreas com milho,existe a vantagem de se reduzir, drasticamente, a população delarvas hibernantes. Portanto, essa técnica é altamente recomenda-da para sistemas equilibrados de produção e essencial em áreascom ataques freqüentes do tamanduá-da-soja.
O complexo de corós é outro grupo de insetos que vem cau-sando danos à soja no Paraná, especialmente na região Centro-Oeste, onde predomina a espécie Phyllophaga cuyabana. Os danosna cultura da soja são causados pelas larvas, principalmente a partirdo 2o ínstar, as quais consomem raízes. Os sintomas de ataque vãodesde o amarelecimento das folhas e desenvolvimento retardadoaté a morte das plantas. O número de plantas mortas/m pode variarcom a época de semeadura e com a população e o tamanho delarvas na área. Geralmente, a morte das plantas acontece quandoestas são atacadas no início do desenvolvimento. Nesta fase, umalarva com 1,5 a 2 cm de comprimento para cada quatro plantaspode reduzir o volume de raízes em 35%. Larvas de 3 cm, no mes-mo nível populacional, provocam uma redução de 60% no volumede raízes. Na fase adulta, apenas a fêmea se alimenta, ingerindopequena quantidade de folhas, sem causar prejuízos à soja.
O manejo de corós, em soja, deve ser baseado em um conjun-to de medidas que possam permitir a convivência da cultura com o
. 188 .
inseto. Na região Centro-Oeste do Paraná, a semeadura da soja emoutubro, ou no início de novembro, pode evitar a sincronia dosestádios mais suscetíveis da cultura, com os ínstares mais vorazesdas larvas, diminuindo, o potencial de danos à lavoura. As áreasinfestadas devem ser semeadas primeiro, cerca de 15 a 20 diasantes das primeiras revoadas de adultos. Mas é importante evitarque as áreas vizinhas às reboleiras fiquem descobertas, semeando-as em seguida com soja ou outra cultura, para evitar que a popula-ção dessas áreas se desloque para a reboleira, onde poderá causardanos significativos. A aração do solo, principalmente comimplementos que atingem maior profundidade, como o arado deaiveca, pode diminuir a população, através do dano mecânico àslarvas, da sua exposição a aves e a outros predadores e do desloca-mento de larvas em diapausa e pupas para camadas do solo maissuperficiais. Porém, o revolvimento do solo em áreas de semeaduradireta, única e exclusivamente com objetivo de controlar este inse-to, não é recomendado. Qualquer medida que favoreça o desenvol-vimento radicular da planta, como evitar a compactação do solo,aumentará também o grau de tolerância a insetos rizófagos.
O controle químico de larvas, até o momento, tem se mostra-do inviável, em função do hábito subterrâneo do inseto. No caso dotratamento de sementes, as larvas tendem a evitar as sementestratadas e a sua mortalidade é baixa, principalmente quando a po-pulação é constituída por larvas com mais de 1,5 cm. Os adultossão mais sensíveis aos inseticidas do que as larvas, mas seu con-trole com produtos químicos também é difícil, em função do seucomportamento. Estudos mostraram que o cultivo de safrinha, desoja ou milho, está favorecendo o aumento populacional dos coróse deve ser evitado nas áreas muito infestadas.
Entre os principais fatores que limitam a obtenção de altosrendimentos em soja estão as doenças que, em geral, são dedifícil controle.
Aproximadamente 40 doenças causadas por fungos, bac-térias, nematóides e vírus já foram identificadas no Brasil. Essenúmero continua aumentando com a expansão da soja para no-vas áreas e como conseqüência da monocultura. Por outro lado,doenças tradicionais, de menor importância em uma região, têmatingido proporções epidêmicas nas regiões mais quentes e úmi-das do Cerrado, onde a temperatura é mais elevada e as chuvassão normalmente mais intensas e frequentes. A importância eco-nômica de cada doença varia de ano para ano e de região pararegião, dependendo da condição climática de cada safra. As per-das anuais de soja por doenças são estimadas em cerca de 15%a 20%, entretanto, algumas doenças podem ocasionar perdasde quase 100%, individualmente.
Sob condições favoráveis, as doenças foliares de final deciclo, causadas por Septoria glycines (mancha parda) e Cercosporakikuchii (crestamento foliar de Cercospora), podem reduzir o ren-dimento em mais de 20%, o que equivale a uma perda anual decerca de quatro milhões de toneladas de soja. Isso explica, emparte, a baixa produtividade média da soja no País (2.300 kg/ha).As perdas serão maiores se os danos por outras doenças (ex.cancro da haste, antracnose, nematóides de galhas, nematóidede cisto, podridão branca da haste) e as reduções de qualidadedas sementes forem acrescentadas.
11.1.Considerações Gerais
DOENÇAS E MEDIDASDE CONTROLE11
. 190 .
A maioria dos patógenos é transmitida através das semen-tes e, portanto, o uso de sementes sadias ou o tratamento dassementes é essencial para a prevenção ou a redução das perdas.Como, na maioria dos casos, a identificação das doenças e aavaliação das perdas exigem treinamentos especializados, elaspodem passar despercebidas ou serem atribuídas a outras cau-sas.
A expansão de áreas irrigadas no Cerrado tem possibilitadoo cultivo da soja no outono/inverno, para a produção de semen-tes e de outras espécies como o feijão, a ervilha, a melancia e otomate. Na soja, o cultivo de outono/inverno favorece a sobrevi-vência dos fungos causadores da antracnose, do cancro da has-te, da podridão branca da haste, da podridão vermelha da raiz edos nematóides de galhas e do de cisto. Os cultivos do feijão,da ervilha, da melancia e do tomate, que são também afetadospela podridão branca da haste, pela podridão radicular e mela deRhizoctonia (R. solani) e pelos nematóides de galhas e nematóidesde cisto (feijão e ervilha) aumentam o potencial de inóculo des-ses patógenos para a safra seguinte de soja. Medidas simples,como o tratamento de sementes e a rotação de culturas, evitamo agravamento desses problemas.
De um modo geral, têm sido observadas maiores incidênci-as de doenças em solos com teores baixos de potássio.
A monocultura e a adoção de práticas de manejo inadequa-dos têm favorecido o surgimento de novas doenças e agravadoas de menor importância. Além disso, o uso de sementes conta-minadas, originadas de diferentes áreas de produção, e a reco-mendação de novas cultivares, não testadas previamente paraas doenças existentes em outras regiões, têm sido freqüentescausas de introdução e aumento de novas doenças ou de raçasde patógenos.
Os exemplos mais evidentes de doenças que foram disse-minadas através das sementes são a antracnose (Colletotrichum
. 191 .
dematium var. truncata), a seca da haste e vagem (Phomopsisspp.), a mancha púrpura da semente e o crestamento foliar deCercospora (Cercospora kikuchii), a mancha “olho-de-rã”(Cercospora sojina), a mancha parda (Septoria glycines) e o can-cro da haste (Diaporthe phaseolorum f.sp. meridionalis). O sim-ples tratamento de sementes com fungicidas poderia ter impedi-do ou retardado a disseminação desses patógenos.
O nematóide de cisto da soja(Heterodera glycines Ichinohe),identificado pela primeira vez na safra 1991/92, na Região doCerrado, ao final da safra 1996/97, já havia sido constatado emmais de 60 municípios brasileiros, atingindo os estados do RioGrande do Sul, do Paraná, de São Paulo, de Goiás, de MinasGerais, do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul. A cada safra,diversos municípios são acrescentados à lista de municípios atin-gidos, representando um grande desafio para a pesquisa, a as-sistência técnica e à cultura da soja no Brasil.
11.2.Doenças Identificadas no BrasilAs seguintes doenças da soja foram identificadas no Bra-
sil. Suas ocorrências podem variar de esporádicas ou restritas àincidência generalizada ao nível nacional. São relacionados osnomes comuns e seus respectivos agentes para as doenças cau-sadas por fungos, bactérias, vírus e nematóides.
Crestamento foliar de Cercosporae mancha púrpura da semente .. Cercospora kikuchii
Mancha foliar de Altenaria ............ Alternaria sp.Mancha foliar de Ascochyta ......... Ascochyta sojaeMancha parda .............................. Septoria glycinesMancha “olho-de-rã” .................... Cercospora sojinaMancha foliar de Myrothecium...... Myrothecium roridumOídio ........................................... Microsphaera diffusa
11.2.1. Doenças fúngicas
. 192 .
Ferrugem ..................................... Phakopsora meibomiaeMíldio ......................................... Peronospora manshuricaMancha foliar de Phyllosticta ........ Phyllosticta sojicolaMancha alvo ................................ Corynespora cassiicolaMela ou requeima da soja ............. Rhizoctonia solani (anamór-
fica); Thanatephoruscucumeris (teleomórfica)
Antracnose.................................. Colletotrichum dematiumvar. truncata
Necrose da base do pecíolo .......... etiologia não definidaSeca da haste e da vagem ............ Phomopsis spp.Seca da vagem ............................ Fusarium spp.Mancha de levedura ..................... Nematospora corilyPodridão branca da haste ............. Sclerotinia sclerotiorumPodridão parda da haste ............... Phialophora gregataPodridão de Phytophthora ............ Phytophthora megasperma
f. sp. sojaeCancro da haste .......................... Diaporthe phaseolorum f.
sp.; meridionalis (teleo-mórfica); Phomopsisphaseoli f.sp.meridionalis (anamórfica)
Podridão de carvão ...................... Macrophomina phaseolinaPodridão radicular de
Cylindrocladium ....................... Cylindrocladium clavatumTombamento e murcha de
Sclerotium ............................... Sclerotium rolfsiiTombamento e morte em reboleira Rhizoctonia solani (diversos
grupos de anastomose)Podridão da raiz e da base da haste Rhizoctonia solaniPodridão vermelha da raiz (sín-
drome da morte súbita - SDS) ... Fusarium solani f.sp.glycines
Podridão radicular de Rosellinia ..... Rosellinia sp.Podridão radicular de Corynespora Corynespora cassiicola
. 193 .
11.2.3. Doenças causadas por vírusMosaico comum da soja ............... VMCS (vírus do mosaico
comum da soja)Queima do broto.......................... VNBF (vírus da necrose
branca do fumo)Mosaico amarelo do feijoeiro ........ VMAF(vírus do mosaico
amarelo do feijoeiro)Mosaico cálico ............................ MVA (vírus do mosaico da
alfafa)
Nematóides de galhas .................. Meloidogyne incognitaMeloidogyne javanicaMeloidogyne arenaria
Nematóide de cisto da soja .......... Heterodera glycines
11.2.4. Doenças causadas por nematóides
11.3. Principais Doenças e Medidas de ControleO controle das doenças através de resistência genética é a
forma mais eficaz e econômica, porém, para a maioria das doen-ças, ou não existem cultivares resistentes (ex. podridão brancada haste, tombamento e podridão radicular de Rhizoctonia solani)ou o número de cultivares resistentes é limitado (ex. nematóidesde galhas e, possivelmente, nematóide de cisto). Portanto, amanutenção das doenças, ao nível de convivência econômica,depende da ação multidisciplinar, em que a resistência genéticadeve ser parte de um sistema integrado de manejo da cultura.
11.2.2. Doenças bacterianasCrestamento bacteriano ............... Pseudomonas syringae pv.
glycineaPústula bacteriana ....................... Xanthomonas campestris
pv. glycinesFogo selvagem ............................ Pseudomonas syringae pv.
tabaci
. 194 .
Mancha “olho-de-rã” (Cercospora sojina)Identificada pela primeira vez em 1971, a mancha “olho-de-rã”
chegou a causar grandes prejuízos na Região Sul e no Cerrado.No momento, está sob controle, sendo raramente observada. NaRegião do Cerrado, a devastação causada por C. sojina, nascultivares EMGOPA-301 e Doko (1987/88 e 1988/89), provocoua substituição dessas cultivares pela “FT-Cristalina”, que, porvários anos, ocupou mais de 60% das áreas de soja do Cerrado.
Devido à capacidade do fungo em desenvolver raças maisvirulentas (25 raças já foram identificadas no Brasil), é importan-te que, além do uso de cultivares resistentes, haja também adiversificação regional de cultivares, com fontes de resistênciadistintas.
Na Tabela 11.1, são apresentadas as cultivares recomenda-das no Brasil, exceto para Santa Catarina e Rio Grande do Sul,com as respectivas reações à raça Cs-15, à raça Cs-23 e a umamistura das seis raças mais prevalecentes. A raça Cs-15 épatogênica à cultivar Santa Rosa e às cultivares originadas decruzamentos com esta cultivar. Essa raça está, atualmente, res-trita a algumas regiões do Mato Grosso (Campo Novo dos Parecise Barra do Garça), do Mato Grosso do Sul (região de São GabrielD’Oeste) e do Maranhão. A raça Cs-23 foi obtida de uma lavourade “Doko” severamente afetada, no município de Niquelândia,GO. O surgimento da raça Cs-23, em uma cultivar suscetível àmancha “olho-de-rã”, mostra o risco do uso continuado de culti-vares suscetíveis. Na safra 1998/99 foram obtidos dois novosisolados de C. sojina do Maranhão (região de Balsas), as quaisforam definidas como duas novas raças: Cs-24 [cv. BR 28(Seridó)] e Cs-25 (cv. Cariri RCH). Esta última pode ser de plan-tas susceptíveis da cv. BR 27 (Cariri), misturadas com a cv.Cariri RCH.
As seguintes cultivares, anteriormente resistentes a todasas raças de C. sojina, tornaram-se suscetíveis à raça Cs-23: Dou-
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. 199 .
rados, EMBRAPA-9 (Bays), FT-Cometa, FT-Manacá, Invicta,OCEPAR-3 (Primavera), OCEPAR-13, DM-Nobre e DM-Vitória.
Além do uso de cultivares resistentes, o tratamento de se-mentes com fungicidas, de forma sistemática, é fundamental parao controle da doença e para evitar a introdução do fungo ou deuma nova raça de C. sojina em áreas onde não esteja presente.
Mancha parda (Septoria glycines) e crestamento foliar(Cercospora kikuchii)
Tanto a mancha parda como o crestamento foliar estãodisseminados por todas as regiões produtoras de soja do País,porém, são mais sérias nas regiões mais quentes e chuvosas doCerrado. Seus efeitos são mais visíveis após os estádios decompleta formação de vagem (R6) e início da maturação (R7.1).Ambas ocorrem na mesma época e, devido às dificuldades queapresentam nas avaliações individuais, são consideradas comoum “complexo de doenças de final de ciclo”. Além do crestamentofoliar, o fungo C. kikuchii causa a mancha púrpura na semente,reduzindo a qualidade e a germinação.
A predominância de uma ou de outra doença pode ser no-tada, a campo, pela coloração das folhas na fase de maturação.Quando o amarelecimento natural das folhas é rapidamente subs-tituído por pequenas manchas de coloração parda com halo ama-relo ou crestamento castanho-claro, a predominância é daseptoriose; e quando a coloração das folhas muda rapidamentepara o castanho-escuro ou castanho-avermelhado, a predomi-nância é de crestamento de Cercospora. Em ambos os casos, amudança de coloração das folhas é seguida por rápida desfolha,enquanto as vagens ainda estão verdes. A desfolha, que podediminuir o ciclo da cultivar em até 25 dias, força a maturaçãoantes de completar o enchimento dos grãos. Essa deficiência degranação pode chegar a mais de 30%, em relação a uma plantasadia.
. 200 .
A incidência dessas doenças pode ser reduzida através daintegração do tratamento químico das sementes com a incorpo-ração dos restos culturais e a rotação da soja com espécies nãosuscetíveis, como o milho e a sucessão com o milheto.Desequilíbrios nutricionais e baixa fertilidade do solo tornam asplantas mais susceptíveis, podendo ocorrer severa desfolha an-tes mesmo da soja atingir a meia granação (estádio R5.4) (Tabe-la 11.2). Para a safra 1998/99, foram recomendados os fungicidasconstantes na Tabela 11.3. A aplicação dos fungicidas deve serfeita entre os estádios de desenvolvimento R5.1 e R5.5 e se até
TABELA 11.2. Estádios de desenvolvimento da soja1.
Estádio Descrição
................................................. I. Fase Vegetativa ................................................
VC Da emergência a cotilédones abertos.V1 Primeiro nó; folhas unifolioladas abertas.V2 Segundo nó; primeiro trifólio aberto.V3 Terceiro nó; segundo trifólio aberto.
Vn Enésimo (último) nó com trifólio aberto, antes da floração.
......................... II. Fase Reprodutiva (Observação na Haste Principal) ........................
R5.1 Grãos perceptíveis ao tato a 10% da granação.R5.2 Maioria das vagens com granação de 10%-25%.R5.3 Maioria das vagens entre 25% e 50% de granação.R5.4 Maioria das vagens entre 50% e 75% de granação.R5.5 Maioria das vagens entre 75% e 100% de granação .
R6 Vagens com granação de 100% e folhas verdes.
R7.1 Início a 50% de amarelecimento de folhas e vagens.R7.2 Entre 51% e 75% de folhas e vagens amarelas.R7.3 Mais de 76% de folhas e vagens amarelas.
R8.1 Início a 50% de desfolha.R8.2 Mais de 50% de desfolha à pré-colheita.
R9 Ponto de maturação de colheita.
1 Fonte: Ritchie et al. HOW A SOYBEAN PLANT DEVELOPS. Iowa State Univ. of Science andTechnol, Coop. Ext. Serv. Special Report, 53. 1982. 20 p., (adaptado por J.T. Yorinori, 1996).
. 201 .
esses estádios as condições climáticas estiverem favoráveis àocorrência das doenças. O volume de aplicação deve ser confor-me a indicação do rótulo de cada produto. O desenvolvimentodas doenças de final de ciclo depende da ocorrência de chuvasfrequentes durante o ciclo da cultura e temperaturas variando de22o a 30oC. A ocorrência de veranico durante o ciclo reduz a inci-dência, tornando desnecessária a aplicação.
Oídio (Microsphaera diffusa)
O oídio é uma doença que até a safra 1995/96 era conside-rada de pouca expressão, sendo observada, principalmente, emsojas tardias, na Região Sul, ao final da safra (final de abril-maio) e nas regiões altas do Cerrado, em altitudes acima de
TABELA 11.3. Fungicidas recomendados para doenças de final de ciclo. XXIIReunião de Pesquisa de Soja da Região Central do Brasil. Cuiabá,MT. 2000.
Dose/haNome comum Nome comercial
i.a.1 p.c.2
1 Azoxystrobin + Priori + 0,050 kg + 0,20 LAdjuvante Nimbus 0,224 kg3 0,50 L3
2 Benomyl Benlate 500 0,250 kg 0,50 kg
3 Carbendazin Derosal 500 SC 0,250 kg 0,50 LBendazol 0,250 kg 0,50 L
4 Difenoconazole Score 200 CE 0,050 kg 0,20 L
5 Tiofanato Cercobin 500 SC 0,300 a 0,400 kg 0,60 a 0,80 Lmetílico Cercobin 700 PM 0,300 a 0,420 kg 0,43 a 0,60 kg
6 Tebuconazole Folicur 200 CE 0,150 kg 0,75 LConstant 0,150 kg 0,75 L
1 Ingrediente ativo.2 Produto comercial.3 Dose para aplicações aéreas. Em aplicações terrestres utilizar 0,5% V/V.
. 202 .
1000 m (Patos de Minas, Presidente Olegário e São Gotardo, emMinas Gerais), e em cultivos de inverno sob irrigação com pivôcentral, para multiplicação de semente na entressafra (Pedra Pre-ta, Alto Taquari, no Mato Grosso). Todavia, na safra 1996/97,houve severa incidência da doença em diversas cultivares, atin-gindo todas as regiões produtoras, desde o Cerrado ao Rio Gran-de do Sul. Lavouras mais atingidas apresentaram perdas de ren-dimento estimadas entre 30% a 40%.
Esse fungo infecta, também, diversas espécies de legumi-nosas. É um parasita obrigatório que se desenvolve em toda aparte aérea da soja, como folhas, hastes, pecíolos e vagens (ra-ramente observada).
O sintoma é expresso pela presença do fungo nas partesatacadas e caracterizada por uma cobertura, representada poruma fina camada de micélio e esporos (conídios) pulverulentosque, de pequenos pontos brancos, podem cobrir toda a parteaérea da planta, com menos severidade nas vagens. Nas folhas,com o passar dos dias, a coloração branca do fungo muda paracastanho-acinzentada, dando a aparência de sujeira nas duasfaces das folhas. Sob condição de infecção severa, a coberturade micélio e a frutificação do fungo, além do dano direto ao teci-do das plantas, impede a fotossíntese e as folhas secam e caemprematuramente, dando à lavoura aparência de soja dessecadapor herbicida, ficando com uma coloração castanho-acinzentadaa bronzeada.
Na haste e nos pecíolos, as estruturas do fungo adquiremcoloração que varia de branca a bege, contrastando com aepiderme da planta, que adquire coloração arroxeada a negra.Em situação severa e em cultivares altamente suscetíveis, a co-lonização das células epidermais das hastes impede a expansãodo tecido cortical, simultaneamente com o engrossamento dolenho, ficando as hastes com leves rachaduras e cicatrizes su-perficiais.
. 203 .
A infecção pode ocorrer em qualquer estádio de desenvol-vimento da planta, porém, é mais visível por ocasião do início dafloração. Quanto mais cedo iniciar a infecção, maior será o efei-to da doença sobre o rendimento.
Baixa umidade relativa do ar e temperaturas amenas queocorrem durante a entressafra são altamente favoráveis ao de-senvolvimento do oidio, porém, não há informações precisassobre os efeitos da umidade relativa, da precipitação, da radiacãosolar ou de outros fatores do ambiente que favoreçam o desen-volvimento do oídio.
Durante a safra 1996/97, foram realizadas extensas obser-vações da ocorrência do oídio nas regiões do Cerrado e do Suldo Brasil, abrangendo quase todas as cultivares brasileiras e si-tuações climáticas. As cultivares mais suscetíveis apresentaramníveis elevados da doença. As reações das cultivares recomen-dadas no Brasil estão apresentadas na Tabela 11.1. Houve gran-de variação na reação de algumas cultivares entre as localidadesonde foram feitas as avaliações. Essas variações podem indicara existência de variabilidade (raças fisiológicas) entre as popula-ções do fungo de diferentes localidades. Diferenças marcantesforam também observadas entre níveis de infecção nas folhas,hastes e pecíolos. Algumas cultivares apresentaram níveis ele-vados de infecção nas folhas, porém, baixa colonização de has-te e pecíolos, enquanto que em outras cultivares foi observadoo contrário.
A época de semeadura ou de desenvolvimento da soja in-fluiu significativamente na severidade do oídio. Plantas guaxase semeaduras para multiplicação de semente no outono/inverno,sob irrigação, apresentaram níveis muito mais severos de oídiodo que na época normal de cultivo. Assim, cultivares que apre-sentaram reação moderadamente resistente (MR) na época nor-mal, mostraram, fora dessa época, níveis de resposta como sefossem suscetíveis.
. 204 .
O método mais eficiente de controle do oídio é através douso de cultivares resistentes. Devem ser utilizadas as cultivaresque sejam resistentes (R) a moderadamente resistentes (MR) aofungo (Tabela 11.1). Outra forma de evitar perdas por oídio énão semear cultivares suscetíveis nas épocas mais favoráveis àocorrência da doença, tais como semeaduras tardias ou safrinhae cultivo sob irrigação no inverno. O controle químico, atravésda aplicação de fungicidas foliares (Tabela 11.4) poderá ser utili-zado.
A escolha do fungicida para controle de oídio deverá levarem consideração que alguns destes produtos podem causar efei-tos colaterais negativos sobre o fungo benéfico Nomuraea rileyi,favorecendo, em conseqüência, as populações da lagarta-da-soja.Esse efeito negativo pode ser maior quando a aplicação é reali-zada nos estádios iniciais da aparição de N. rileyi, normalmente
TABELA 11.4. Fungicidas recomendados para o controle do oídio (Microsphaera diffusa).XXII Reunião de Pesquisa de Soja da Região Central do Brasil. Cuiabá,MT. 2000.
Dose/haNome comum Nome comercial
i.a.1 p.c.2
1 Benomyl Benlate 500 0,250 kg 0,50 kg
2 Bromuconazole Condor 20 SC 0,050 a 0,060 kg 0,25 a 0,30 L
3 Carbendazin Derosal 500 SC Bendazol 0,250 kg 0,50 L0,250 kg 0,50 L
4 Difenoconazole Score 200 CE 0,0375 kg 0,15 L
5 Enxofre Kumulus DF 2,000 kg 2,50 kg
6 Tiofanato Cercobin 500 SC 0,300 a 0,400 kg 0,60 a 0,80 Lmetílico Cercobin 700 PM 0,300 a 0,420 kg 0,43 a 0,60 kg
7 Tebuconazole Folicur 200 CE 0,100 kg 0,50 LConstant 0,100 kg 0,50 L
1 Ingrediente ativo.2 Produto comercial.
. 205 .
isto ocorre quando a soja encontra-se no estádio fenológico V5-V6 e o agricultor necessita controlar o oídio, Microsphaera diffusa.Aplicações repetidas também terão um efeito negativo de maiorintensidade. As aplicações realizadas para o controle de doen-ças de final de ciclo, em R5.1-R5.5, normalmente não tem con-seqüências negativas, já que, neste estádio, a epizootia por N.rileyi já aconteceu e as populações de lagarta-da-soja estão emdeclínio. Assim, para o controle de oídio nos estádios iniciaisrecomenda-se usar preferencialmente o enxofre (2 kg p.a./ha)uma vez que este causa menor impacto sobre o fungo.
O momento da aplicação depende do nível de infecção e doestádio de desenvolvimento da soja. A aplicação deve ser feitaquando o nível de infecção atingir de 40% a 50% da área foliar,ou seja, cerca da metade da área foliar da planta deve estar semsintoma de oídio. A avaliação deve ser feita observando ambasas faces da folha. A aplicação de fungicida deve ser evitada se,até o estádio R6 (Tabela 11.2), o oídio não atingir o nível deinfecção de 50% da área foliar da planta. A aplicação deve serrepetida se, após 10 a 15 dias da primeira aplicação, for observa-da evolução da doença e desde que a soja não tenha atingido oestádio R6. O volume de aplicação deve ser conforme a indica-ção do rótulo de cada produto.
Identificado pela primeira vez na safra 1988/89, no Sul doEstado do Paraná e em área restrita no Mato Grosso, na safraseguinte foi encontrado em todas as regiões produtoras de sojado País, tendo, até a safra 96/97, causado, ao nível nacional,perda estimada em US$ 0,5 bilhão. Para a safra 97/98, algumaslavouras do Maranhão, do Piauí, do Rio Grande do Sul e áreasnovas de Rondônia poderão ser afetadas, devido ao cultivo decultivarres suscetíveis.
Cancro da haste (Diaporthe phaseolorum f. sp. meridionalis;Phomopsis phaseoli f. sp. meridionalis)
. 206 .
Uma vez introduzido na lavoura através de sementes e deresíduos contaminados em máquinas e implementos agrícolas, ofungo multiplica-se nas primeiras plantas infectadas e, posteri-ormente, durante a entressafra, nos restos de cultura. Iniciandocom poucas plantas infectadas no primeiro ano, o cancro dahaste pode causar perda total, na safra seguinte.
O fungo é altamente dependente das chuvas para dissemi-nar os esporos dos restos de cultura para as plântulas em de-senvolvimento. Quanto mais frequentes forem as chuvas nosprimeiros 40-50 dias após a semeadura, maior a quantidade deesporos do fungo que serão liberados dos restos de cultura eatingirão as hastes das plantas. Após esse período, a soja esta-rá suficientemente desenvolvida e a folhagem estará protegendoo solo e os restos de cultura do impacto das chuvas, portanto,liberando menos inóculo.
Além das condições climáticas, os níveis de danos causa-dos à soja dependem da suscetibilidade, do ciclo da cultivar edo momento em que ocorrer a infecção. Como o cancro da hasteé uma doença de desenvolvimento lento (demora de 50 a 80 diaspara matar a planta), quanto mais cedo ocorrer a infecção equanto mais longo for o ciclo da cultivar, maiores serão os da-nos. Nas cultivares mais suscetíveis, o desenvolvimento da do-ença é mais rápido, podendo causar perda total. Nas infecçõestardias (após 50 dias da semeadura) e em cultivares mais resisten-tes, haverá menos plantas mortas, com a maioria afetada parci-almente.
O controle da doença exige a integração de todas as medi-das capazes de reduzir o potencial de inóculo do patógeno nalavoura: uso de cultivares resistentes, tratamento de semente,rotação/sucessão de culturas, manejo do solo com a incorpo-ração dos restos culturais, escalonamento de épocas de semea-dura, e adubação equilibrada. Só utilizar guandu ou tremoço comoadubo verde antes da cultura da soja na certeza de utilizar culti-
. 207 .
Antracnose (Colletotrichum dematium var. truncata)A antracnose é uma das principais doenças da soja nas
regiões de Cerrado. Sob condições de alta umidade, causa apo-drecimento e queda das vagens, abertura das vagens imaturas egerminação dos grãos em formação. Pode causar perda total daprodução mas, com maior freqüência, causa alta redução donumero de vagens e induz a planta à retenção foliar e hasteverde. Geralmente, está associada com a ocorrência de dife-rentes espécies de Phomopsis, que causam a seca da vageme da haste.
Além das vagens, o C.d. var. truncata infecta a haste eoutras partes da planta, causando manchas castanho-escuras. Étambém possível que seja uma das principais causadoras danecrose da base do pecíolo que, nos últimos anos, tem sidoresponsável por severas perdas de soja no Cerrado. A etiologiadessa doença ainda não está esclarecida.
Em anos com período prolongado de chuvas, após a seme-adura direta da soja, sobre a palha do trigo, em solo compactado,é comum a morte de plântulas nos primeiros trinta dias. Emalguns casos, é necessária a ressemeadura.
var de soja resistente. O uso de cultivar resistente é a formamais econômica e eficiente de controle do cancro da haste. NaTabela 11.1, estão apresentadas as cultivares comerciais, paraos estados abrangidos por esta publicação e as reações ao can-cro da haste, baseadas em avaliações a campo, sob condiçõesnaturais. Cultivares moderadamente resistentes a campo comoa BR-4, BR-9 (Savana), EMGOPA-313 e Campos Gerais, devemser cultivadas após rotações com milho, sorgo, algodão, arroz,sucessão com o milheto ou após o preparo convencional. Emáreas de semeadura direta, mesmo com histórico de cancro dahaste na safra anterior, o uso de cultivares resistentes garantiráa colheita normal.
. 208 .
A alta intensidade da antracnose nas lavouras do Cerrado éatribuída à maior precipitação e às altas temperaturas, porém,outros fatores como o excesso de população de plantas, cultivocontínuo da soja, estreitamento nas entrelinhas (35-43 cm), usode sementes infectadas, infestação e dano por percevejo e defi-ciências nutricionais, principalmente de potássio, são tambémresponsáveis pela maior incidência da doença.
A redução da incidência de antracnose, nas condições doCerrado, só será possível através de rotação de culturas, maiorespaçamento entre as linhas (50-55 cm), população adequada(250.000 a 300.000 plantas/ha), tratamento químico de semen-te e manejo adequado do solo, principalmente, com relação àadubação potássica. Observações a campo têm mostrado que,sob semeadura direta e em áreas com cobertura morta, a inci-dência de antracnose é menos severa. Algumas cultivares comoFT-Estrela e CAC-1 têm apresentado maior incidência de antrac-nose nas regiões mais úmidas do Cerrado. O manejo da popula-ção de percevejo é também importante na redução de danos porantracnose.
É uma das doenças mais tradicionais da soja e, anualmen-te, junto com a antracnose, é responsável pelo descarte de gran-de número de lotes de sementes. Seu maior dano é observadoem anos quentes e chuvosos, nos estádios iniciais de formaçãodas vagens e na maturação, quando ocorre o retardamento decolheita por excesso de umidade. Em solos com deficiência depotássio, o fungo causa sério abortamento de vagens, geral-mente associado com a antracnose, resultando em haste verde eretenção foliar. Cultivares precoces com maturação no períodochuvoso são severamente danificadas.
Sementes armazenadas sob condições de temperaturasamenas, durante a entressafra, mantém por mais tempo a viabi-lidade de Phomopsis sojae e de Phomopsis spp.
Seca da haste e da vagem (Phomopsis spp.)
. 209 .
Sementes superficialmente infectadas por Phomopsis spp.,quando semeadas em solo úmido, geralmente emergem, porém,o fungo desenvolvido no tegumento impede que os cotilédonesse abram e não permite que as folhas primárias se desenvolvam.O tratamento da semente com fungicida elimina o problema.
Para o controle da seca da haste e da vagem, devem serseguidas as mesmas recomendações dadas para a antracnose.
Mancha alvo e podridão da raiz (Corynespora cassiicola)A fase de mancha alvo nas folhas está presente em todas
as regiões produtoras de soja do País, porém, normalmente, nãoé facilmente visualizada, estando escondida nas folhas baixeiras.Surtos severos têm sido observados esporadicamente, desde aszonas mais frias do Sul às chapadas do Cerrado.
Cultivares suscetíveis podem sofrer completa desfolha pre-matura, apodrecimento das vagens e intenso manchamento nashastes. Através da infecção na vagem, o fungo atinge a semen-te e, desse modo, pode ser disseminado para outras áreas. Ainfecção, na região da sutura das vagens em desenvolvimento,pode resultar em necrose, abertura das vagens e germinação ouapodrecimento dos grãos ainda verdes.
A podridão de raiz causada pelo fungo C. cassiicola é tam-bém comum, principalmente em áreas de semeadura direta. To-davia, severas infecções em folhas, vagens e hastes, geralmentenão estão associadas com a correspondente podridão de raiz.Mais estudos são necessários para esclarecer se a espécie dofungo que causa a mancha foliar é a mesma que infecta o siste-ma radicular. A podridão de raiz é mais freqüente e está aumen-tando com a expansão das áreas em semeadura direta.
A infecção na raiz é caracterizada por podridão seca que seinicia por uma mancha de coloração vermelho-arroxeada no teci-do cortical e evolui para coloração negra. Em plantas mortas eem solo úmido, o fungo produz abundante esporulação, cobrin-
. 210 .
do a raiz com uma fina camada de conidióforos negros. Essaesporulação é característica de C. cassiicola e permite identificarcom facilidade o fungo, nas plantas mortas.
As cultivares brasileiras apresentam variações quanto à re-ação na parte aérea, de altamente suscetível a altamente resis-tente, porém, não há imunidade. Com relação à podridão radicular,não há informação sobre a existência de cultivares resistentes,nem mesmo se todas são suscetíveis. Ao nível de lavoura, todasas cultivares observadas em áreas de semeadura direta e onde asoja tem sido cultivada em sucessão por vários anos, a ocorrênciado fungo é generalizada.
Na safra 1995/96, a cultivar FT-Estrela foi severamente afe-tada em cultivos experimentais, em Ponta Grossa (E.E. Funda-ção ABC) e em lavouras no município de Pitanga, PR. Devido aimportância dessa cultivar no Cerrado, é necessária a observa-ção cuidadosa, para a doença ser diagnosticada e que sejamadotadas medidas de controle, antes que ocorram danos seve-ros. Na Tabela 11.1, são apresentadas as reações das cultivaresà mancha alvo baseadas em avaliações a campo e em casa-de-vegetação, com inoculações artificiais.
Podridão Branca da Haste (Sclerotinia sclerotiorum)Uma das mais antigas doenças da soja, a podridão branca
da haste, merece preocupação com a expansão da cultura nasregiões altas do Cerrado. Atualmente, a doença representa altorisco para as poucas áreas do Cerrado, aptas à produção desementes de boa qualidade, localizadas nas chapadas, onde aschuvas são abundantes e as temperaturas são amenas, nos me-ses de janeiro e fevereiro. A situação torna-se mais grave quan-do se faz sucessão de culturas com espécies suscetíveis comoa ervilha, o feijão, o tomate e a batata, e até safras contínuas desoja. Uma vez introduzido, não se erradica mais o patógeno.
. 211 .
Para o controle da doença, além das práticas tradicionaisde cultivo e manejo do solo, deve-se dar especial ênfase aotratamento químico das sementes, tanto da soja como das ou-tras espécies cultivadas, a fim de evitar a introdução do fungoem áreas onde ainda não esteja presente. Além disso, em áreasonde ocorre a doença (Região Sul e regiões do Cerrado, comaltitudes superiores a 800 m), recomenda-se fazer a rotação/sucessão da soja com espécies resistentes como o milho, aveiabranca ou trigo, aumentar o espaçamento entre as linhas, redu-zir o estande (250 mil a 300 mil plantas/ha) e eliminar as plantasdaninhas que, na maioria, são hospedeiras e multiplicadoras dofungo. A semeadura de lotes em diferentes datas poderá aumen-tar a possibilidade de escape da doença à maior infecção e,dessa forma, reduzir as perdas. Não há cultivares resistentes àpodridão branca da haste.
Na safra 1988/89, a doença foi constatada, pela primeiravez, em Passo Fundo, RS e municípios vizinhos, atingindo até100% de morte de plantas em algumas lavouras.
Na safra 1991/92, além da reincidência severa no Rio Gran-de do Sul, a doença foi constatada também na região de Chapecó,em Santa Catarina.
A doença é de desenvolvimento lento, matando as plantasapós a fase de floração. Os sintomas característicos são a podri-dão seca da raiz, de coloração castanha, acompanhada deescurecimento castanho-escuro a arroxeado da medula, em todaa extensão da haste e seguida de murcha, amarelecimento dasfolhas e frequente necrose entre as nervuras das folhas, caracte-rizando a folha “carijó”. Essa doença não produz sintoma exter-no na haste.
Observações preliminares têm indicado a existência de cul-tivares comerciais com alto grau de resistência na Região Sul,
Podridão parda da haste (Phialophora gregata)
. 212 .
Podridão vermelha da raiz (PVR) (Fusarium solani f. sp. glycines)
Essa doença foi observada pela primeira vez na safra 1981/82, em São Gotardo (MG). Desde então, a doença tem aumenta-do continuamente a área de ocorrência. Na safra 96/97, foi cons-tatada desde o Maranhão ao Rio Grande do Sul (Tabela 11.5).Ao contrário da morte em reboleira causada por Rhizoctonia solani,a podridão vermelha da raiz (PVR) ocorre em reboleiras ou deforma generalizada na lavoura.
porém, não se dispõe de informações sobre as cultivares reco-mendadas para o Cerrado.
As experiências com a doença nos Estados Unidos, onde oproblema é importante e tem exigido grandes e prolongados in-vestimentos, indica que esse será mais um desafio para a pro-dução de soja no Brasil. A doença ainda não foi constatada naRegião Central do Brasil, estando restrita aos estados do RioGrande do Sul e Santa Catarina. Todavia, a Região Sul do Paranáe os planaltos do Cerrado, acima de 800 metros de altitude,podem oferecer condições para o desenvolvimento da podridãoparda. Portanto, é importante que sejam feitos levantamentosde lavouras para que a doença possa ser detectada na sua faseinicial, caso esteja ocorrendo.
A não constatação da doença no Cerrado exige a adoçãode medidas preventivas, como o tratamento com fungicidas dassementes introduzidas daqueles dois estados e a limpeza com-pleta dos caminhões, máquinas e implementos agrícolas que semovimentam daquela região para a Região do Cerrado, nas épo-cas de semeadura e colheita.
Em áreas onde a soja seja afetada, recomenda-se fazer arotação com milho ou semear cultivares de soja que não tenhamsido afetadas na região. As cultivares utilizadas na Região Cen-tral do Brasil não foram avaliadas para reação à podridão pardada haste, devido à ausência da doença nessa região.
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Na safra 96/97, a soja foi mais afetada nos estados do RioGrande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso, Mato Grossodo Sul, Goiás e Minas Gerais.
O sintoma de infecção na raiz inicia com uma manchaavermelhada, mais visível na raiz principal, geralmente localizadaum a dois centímetros abaixo do nível do solo. Essa mancha seexpande, circunda a raiz e passa da coloração vermelho-arroxeadapara castanho-avermelhada a quase negra. Essa necrose acentu-ada localiza-se mais no tecido cortical, enquanto que o lenho daraiz adquire coloração, no máximo, castanho-clara, estendendo-sepelo tecido lenhoso da haste a vários centímetros acima do níveldo solo. Nessa fase, observa-se, na parte aérea, o amarelecimento
TABELA 11.5. Estados e municípios com presença da podridão vermelha da raiz da soja(pvr) (Fusarium solani f.sp. glycines) no Brasil, safra 1999/00.
Estado Município com presença de PRV em soja1
BA Barreiras, Correntina, Jaborandi e Luiz Eduardo Magalhães (Mimoso do Oeste)
DF Brasília
GO Catalão, Chapadão do Céu, Cristalina, Formosa, Jataí, Luziânia Mineiros,Planaltina e Rio Verde
MG Araxá, Coromandel, Iraí de Minas, João Pinheiro, Monte Carmelo, NovaPonte, Patos de Minas, Patrocínio, Presidente Olegário, Rio Parnaíba,Romaria, São Gotardo, Uberlândia, Uberaba, Unaí e Buritis
MT Alto Taquari, Campo Novo dos Parecis, Pedra Preta (Serra da Petrovina),Rondonópolis, Sapezal e Tangará da Serra
MS Águas Claras, Chapadão do Sul, Costa Rica, Maracajú e São Gabriel D’Oeste
PR Arapoti, Campo Mourão, Caloré, Castro, Castrolanda, Faxinal, Guarapuava,Irati, Laranjeira do Sul, Londrina, Mamborê, Mauá da Serra, Palmeira, PontaGrossa, Ortigueira, Tibagi e Ventania
SP Pirassununga
RS* Carazinho, Coxilha, Cruz Alta, Entre-Ijuís, Erechim, Ijuí, Júlio de Castilho,Lagoa Vermelha, Marau, Palmeira da Missões, Passo Fundo e Santo Ângelo
SC Campo Erê e Campos Novos
1 Diversos outros municípios podem estar apresentando a PVR, porém, não foram vistoriados.* Colaboração da Engª Agrª Leila Maria Costamilan. Embrapa Trigo, Passo Fundo.
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Essa doença foi constatada pela primeira vez na safra 1987/88, em Ponta Porã (MS), em Rondonópolis (MT) e em São Gotardo(MG). Na safra 1989/90, foi constatada em Campo Novo dosParecis, Mato Grosso, em ocorrência esporádica. Na safra 1990/91, foi constatada em Lucas do Rio Verde, Campo Verde e em AltoGarça, Mato Grosso e em Chapadão do Sul, Mato Grosso do Sul.
A incidência da doença variou de algumas plantas mortas aextensas reboleiras, onde se misturavam plantas mortas e plan-tas sem sintomas. A morte das plantas começa a ocorrer a partirda fase inicial de desenvolvimento das vagens. A ocorrência dadoença, até o momento, está restrita à Região do Cerrado eassociada com anos de intensa precipitação.
Podridão da raiz e da base da haste (Rhizoctonia solani)
prematuro das folhas e, com maior frequência, uma acentuadanecrose entre as nervuras das folhas, resultando no sintomaconhecido como folha “carijó”.
Informações disponíveis até o momento indicam que, comexceção de cultivares resistentes, nenhuma prática agronômicatem sido adequada para reduzir o impacto da doença. A rotaçãode cultura com o milho ou a cobertura com milheto não controlaa doença. Além disso, safras chuvosas e semeadura direta favo-recem a incidência da doença.
Inoculações artificiais e/ou observações a campo têm apre-sentado as seguintes cultivares como mais tolerantes à PVR:BR-4, BR-6 (Nova Bragg), BR-9 (Savana), CAC-1, EMBRAPA-1(IAS 5-RC), EMBRAPA-9 (Bays), EMGOPA-315 (Rio Vermelho),FT-5 (Formosa), FT-7 (Tarobá), FT-9 (Inaê), FT-10 (Princesa),FT-14 (Piracema), FT-20 (Jaú), FT-Cometa, FT-Guaíra, FT-Jatobá,IAC-13, IAC-15, KI-S 601, KI-S 602 RCH, MG/BR-46 (Conquis-ta), MT/BR-49 (Pioneira) e OCEPAR 4-Iguaçu. As reações dessascultivares necessitam ser reavaliadas sob condições ótimas paraocorrência da doença.
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O sintoma inicia-se por podridão castanha e aquosa da has-te, próximo ao nível do solo e estende-se para baixo e para cima,assemelhando-se muito com a podridão de Phytophthora. Emfase posterior, o sistema radicular adquire coloração castanho-escura, o tecido cortical fica mole e solta-se com facilidade,expondo um lenho firme e de coloração branca a castanho-clara.Na parte superior, as plantas infectadas apresentam clorose, asfolhas murcham e ficam pendentes ao longo da haste. Na parteinferior da haste principal, a podridão evolui, atingindo várioscentímetros acima do nível do solo. Inicialmente, de coloraçãocastanho-clara e de aspecto aquoso, a lesão torna-se, posterior-mente, negra. A área necrosada, geralmente, apresenta ligeiroafinamento em relação à parte superior. O tecido cortical necro-sado destaca-se com facilidade, dando a impressão de podridãosuperficial. Outro sintoma observado é a formação de uma espé-cie de cancro, em um dos lados da base da haste, com a parteafetada deprimida, estendendo-se a vários centímetros acima donível do solo.
Estudos sobre a etiologia da doença, realizados na EmbrapaSoja, resultaram no isolamento de diversas colônias de Fusariume de Rhizoctonia solani, porém, somente os isolados deRhizoctonia reproduziram os sintomas observados em campo.
Uma morte foliar freqüentemente notada em soja atraiumaior atenção, na safra 1990/91, pela alta incidência e ocorrên-cia generalizada na cultivar FT-Cristalina. Danos severos foramnotados no Mato Grosso (Rondonópolis e Campo Novo dosParecis) e no Paraná (Arapoti e São Miguel do Iguaçu). Sua ocor-rência é generalizada e está relacionada com períodos de muitachuva e alta temperatura.
A anormalidade tem sido observada a partir da fase inicialde granação (R5.2/R5.3), em plantas aparentemente sadias ou
Necrose da base do pecíolo (pulvino)
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Crestamento bacteriano da soja (Pseudomonas syringae pv.glycinea)
A doença é comum em folhas, mas pode ser encontradaem outros orgãos da planta, como hastes, pecíolos e vagens.Os sintomas nas folhas surgem como pequenas manchas, deaparência translúcida (anasarca), circundadas por um halo de
associadas com sintomas típicos de antracnose na haste e navagem. O sintoma inicia-se por um ponto castanho-escuro acastanho-avermelhado, na parte mais volumosa da base do pecíolo(pulvino), aparentemente, de dentro para fora. Sob alta umida-de, apresenta aspecto de podridão mole e, ao secar, perde aturgescência, o tecido retrai-se e, ao final, a base do pecíolo ficafina e de cor avermelhada a negra; a folha adquire coloraçãoamarelada a castanha, seca e cai ou fica pendente ao longo dahaste. É comum a necrose expandir-se para a haste, resultandoem sintoma semelhante ao da antracnose ou da fase inicial docancro da haste. Com maior frequência, porém, ocorre a rápidanecrose da base do pecíolo e a queda da folha, deixando, nolocal da inserção do pecíolo, apenas uma leve cicatriz de colora-ção avermelhada. Em casos severos, ocorre a seca prematura detoda a parte aérea, antes da granação.
Observações em campo e em casa-de-vegetação indicamhaver relação entre a incidência da doença e alta umidade e ele-vadas temperaturas, possivelmente, por desequilíbrio ou defici-ência nutricional temporária provocada por altas precipitações.
No momento, não há nenhuma recomendação de controle.Observações de campo em Rondonópolis, Mato Grosso, desta-caram as cultivares FT-Estrela e EMBRAPA 20 (Doko-RC) comoresistentes, enquanto que a “FT-Cristalina” foi altamente susce-tível. Observações preliminares parecem indicar que as cultiva-res com alta resistência ao cancro da haste são mais resistentesà podridão da base do pecíolo.
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coloração verde-amarelada. Essas manchas, mais tarde, necrosam,com contornos aproximadamente angulares, e coalescem, for-mando extensas áreas de tecido morto, entre as nervuras secun-dárias. A maior ou menor largura do halo está diretamente ligadaà temperatura ambiente: largo sob temperaturas amenas ou es-treito ou quase inexistente sob temperaturas mais altas.
Na face inferior da folha, as manchas são de coloraçãoquase negra e apresentam, nas horas úmidas da manhã, umapelícula brilhante, formada pelo exsudato da bactéria. Infeccõesseveras, nos estádios jovens da planta, conferem aparênciaenrugada às folhas, como se houvessem sido infectadas por vírus.
A bactéria está presente em todas as áreas cultivadas comsoja no País. A infecção primária pode ter origem em duas fon-tes: sementes infectadas e restos infectados de cultura anterior.Transmissões secundárias, das plantas doentes para as sadias,são favorecidas por períodos úmidos e temperaturas médiasamenas (20º a 26ºC). Dias secos permitem que finas escamasdo exsudato da bactéria se disseminem dentro da lavoura, mas,para haver infecção, o patógeno necessita de um filme de águana superfície da folha.
Já foram descritas oito raças fisiológicas deste patógenono Brasil: R2, R3, R4, R6, R7 (também descritas, anteriormente,nos Estados Unidos) e R10, R11 e R12 (raças novas); a maiscomum é a raça R3.
Como controle, recomenda-se o uso de cultivares resisten-tes (Tabela 11.1), o uso de semente proveniente de lavoura indenee/ou aração profunda para cobrir os restos da cultura anterior,logo após a colheita.
Mosaico comum da soja (vírus do mosaico comum da soja -VMCS)
O VMCS causa redução do porte das plantas de soja, afe-tando o tamanho e formato dos folíolos, com escurecimento da
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Normalmente, os primeiros sintomas aparecem na metadeda fase de crescimento. As folhas apresentam manchas irregula-res de coloração amarelada chegando até à necrose. Há encurta-mento de entrenós ou redução do número de nós nas plantasmais jovens. Quando o vírus se instala definitivamente na plantatornando-se sistêmico, ocorre o sintoma típico de paralisaçãodo crescimento do broto apical, que fica curvado. Os demaisbrotos ficam escurecidos, necróticos e quebram com muita faci-lidade. Ocorre abortamento de vagens e retardamento namaturação.
A infecção pode ocorrer em qualquer estádio da planta,porém, após o florescimento, o efeito nas plantas é bastantereduzido.
Queima do broto da soja (vírus da necrose branca do fumo)
coloração e enrugamentos. Em alguns casos, há formação debolhas no limbo foliar.
O VMCS causa também redução do tamanho das vagens esementes. O ciclo vegetativo fica prolongado, com sintoma ca-racterístico de haste verde.
Pode causar nas sementes o que se conhece como “man-cha café”, que é um derramamento do pigmento do hilo. O vírusse transmite pela semente. No entanto, a porcentagem de trans-missão depende da estirpe do vírus e da cultivar de soja. Astaxas de transmissão das estirpes comuns, na maiores das culti-vares de soja suscetíveis têm sido menores do que 5%.
O VMCS dissemina-se no campo através dos pulgões. Em-bora nenhuma espécie de pulgão seja parasita da soja, no Brasil,as picadas de prova permitem que o vírus seja disseminado apartir de plantas infectadas através das sementes.
O controle desta virose tem sido obtido pelo uso de culti-vares resistentes (Tabela 11.1).
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A infecção deste vírus é feita através de sementes infectadase principalmente por duas espécies de tripes: Frankliniellaschultzey e Thrips tabaci. A redução da produção é ocasionadaprincipalmente pela redução do estande, ausência de vagens oupela redução do número e do tamanho das sementes em plantasinfectadas.
Nematóides de galhas (Meloidogyne spp.)
No Brasil, entre os nematóides formadores de galhas emsoja destacam-se, pelos danos que causam, as espéciesMeloidogyne javanica e M. incognita. Estas espécies têm sidoconstatadas com maior freqüência no Norte do Rio Grande doSul, Sudoeste e Norte do Paraná, Sul e Norte de São Paulo e Suldo Triângulo Mineiro. Na região Central do Brasil, o problema écrescente, com severos danos em lavouras do Mato Grosso doSul e Goiás.
Nas áreas onde ocorrem, observam-se manchas em reboleirasnas lavouras, onde as plantas de soja ficam pequenas e amarela-das. As folhas das plantas afetadas normalmente apresentammanchas cloróticas ou necroses entre as nervuras, caracterizan-do a folha "carijó". Às vezes, pode não ocorrer redução no tama-nho das plantas, mas, por ocasião do florescimento, nota-seintenso abortamento de vagens e amadureciemnto prematurodas plantas atacadas. Em anos em que acontecem "veranicos",na fase de enchimento de grãos, os danos tendem a ser maio-res. Nas raízes das plantas atacadadas observam-se galhas emnúmeros e tamanhos variados, dependendo da suscetibilidadeda cultivar de soja e da densidade populacional do nematóide.
Para culturas de ciclo curto como a soja, todas as medidasde controle devem ser executadas antes do plantio. Ao consta-tar que uma lavoura de soja está atacada, o produtor nada pode-rá fazer naquela safra. Todas as observações e cuidados deverãoestar voltados para os próximos cultivos na área. O primeiro
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passo é a identificação correta da espécie de Meloidogyne pre-dominante na área. Amostras de solo e raízes de soja com galhasdevem ser coletadas em pontos diferentes da reboleira, até for-mar uma amostra composta de cerca de 500 g de solo e pelomenos uns 5 sistemas radiculares de soja. O solo e as raízesdevem ser acondicionados em saco plástico resistente, amarra-do com barbante e identificado com nome, endereço e local decoleta. A amostra, acompanhada do histórico da área, deve serencaminhada, o mais rapidamente possível, a um laboratório deNematologia. A partir do conhecimento da espécie de Meloidogyneé que se poderá montar um bom programa de manejo.
O controle mais eficiente e duradouro do nematóide de ga-lha é obtido com a rotação/sucessão de culturas e adubaçãoverde, com espécies não hospedeiras. O cultivo prévio de espé-cies hospedeiras aumenta os danos na soja que as sucedem. Emáreas infestadas por M. javanica, recomenda-se a rotação comamendoim, algodão, sorgo resistente (AG 2005-E, AG 2501-C),mamona ou milho resistente. Das cultivares de milho comer-cializadas atualmente no Brasil, Hatã 1001, AG 519, AG 612,AG 5016, AG 3010, AG 6018, AG 5011, AG X6690, BR 3123,C 606, C 491W, C 855, C 929, C 806, C 505, C 447, C 125, C 747,C 901, C 956, Tork, Master, Exceler, Traktor, Premium, Avant,Dominium, Flash, P X1297J, P 30F33, P 30F80, P X1297H, P 32R21,P 3027, P 3081, P 3071, XL 357, XL 215, XL 255, XL 355, XL 221e XL 344, apresentam resistência (FR<1) a M. javanica. QuandoM. incognita for a espécie predominante na área, poderão sersemeados o amendoim ou milho resistente (P 30F80). A aduba-ção verde com Crotalaria spectabilis, C. grantiana, C. mucronata,C. paulinea, mucuna preta, mucuna cinza ou nabo forrageirotambém contribui para a redução populacional de M. javanica ede M. incognita. Os nematóides de galha se reproduzem bem namaioria das plantas invasoras. Assim, recomenda-se também ocontrole sistemático dessas plantas nos focos do nematóide.
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Embora a utilização de cultivares de soja resistentes aosnematóides de galha seja o meio de controle mais eficiente emais adequado para o agricultor, essa estratégia apresenta pos-sibilidades limitadas, pois poucas são as cultivares que apresen-tam tal atributo (Tabela 11.1).
Nematóide de cisto da soja (Heterodera glycines)O nematóide de cisto da soja (NCS) é uma das principais
pragas da cultura da soja, pelos prejuízos que pode causar e pelafacilidade de disseminação. É um verme muito pequeno que pe-netra nas raízes da soja e dificulta a absorção de água e nutrien-tes. Em conseqüência disso, aparecem na lavoura reboleiras ondeas plantas mostram-se cloróticas, com redução do porte e donúmero de vagens, não conseguem produzir satisfatoriamente,e, em muitos casos, acabam morrendo. O sistema radicular dasplantas afetadas fica reduzido e apresenta minúsculas fêmeasdo nematóide, com formato de limão ligeiramente alongado. Ini-cialmente de coloração branca, a fêmea, posteriormente, adquirea coloração amarela. Após ser fertilizada pelo macho, cada fê-mea produz de 100 a 250 ovos, armazenando a maior parte delesem seu corpo. Quando a fêmea morre, seu corpo se transformaem uma estrutura dura, de coloração marrom escuro, cheia deovos, altamente resistente à deterioração e à dessecação e muitoleve, denominada cisto, que se desprende da raiz e vai para o solo.
O cisto pode sobreviver no solo, na ausência de plantahospedeira, por mais de oito anos. Assim, é praticamente im-possível eliminar o nematóide nas áreas onde ele ocorre. Emsolo úmido, com temperaturas de 20 a 30°C, as larvas eclodeme, se encontrarem a raiz de uma planta hospedeira, penetram e ociclo se completa em três a quatro semanas. A gama de espéci-es hospedeiras do NCS é limitada, destacando-se a soja (Glycinemax) o feijão (Phaseolus vulgaris), a ervilha (Pisum sativum) e otremoço (Lupinus albus). A maioria das espécies cultivadas, tais
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como milho, sorgo, arroz, algodão, girassol, mamona, cana-de-açúcar, trigo, assim como as demais gramíneas, são resistentes.O NCS não se reproduz nas plantas daninhas mais comuns naslavouras de soja, no Brasil.
As estratégias de controle incluem a rotação de culturas, omanejo do solo e a utilização de cultivares de soja resistentes,sendo ideal o envolvimento dos três métodos. O uso de cultiva-res resistentes é o método mais econômico e mais eficiente,porém, seu uso exclusivo pode provocar pressão de seleção deraças, devido à grande variabilidade genética desse parasita.
Detectado no Brasil, pela primeira vez, na safra 1991/92, oNCS se encontra, atualmente, presente em 84 municípios, emsete estados brasileiros (Tabela 11.6). Em 1991/92, estimava-seuma área infestada de 10.000 ha. Atualmente, estima-se queessa área seja superior a 1.700.000 ha. Entretanto, existem mui-tas propriedades isentas do patógeno, localizadas em municípi-os considerados infestados. Assim, a prevenção deve ser, ain-da, a principal estratégia. A disseminação do NCS se dá, princi-palmente, pelo transporte de solo infestado. Isso pode ocorreratravés dos equipamentos agrícolas, das sementes mal benefici-adas que contenham partículas de solo e materiais inertes con-taminados, pelo vento, pela água e até por pássaros, que aocoletarem alimentos do solo podem ingerir junto os cistos. Por-tanto, é importante a conscientização dos produtores sobre aimportância de se fazer uma boa limpeza nos equipamentos agrí-colas, após terem sido utilizados em outras áreas, para evitar acontaminação da propriedade. O trânsito de máquinas, equipa-mentos e veículos tem sido o principal agente de dispersão doNCS no País. O cultivo de gramíneas perenes (pastagens ououtras) numa pequena faixa de cada lado da estrada pode retar-dar a introdução do NCS nas lavouras próximas à estrada. Aaquisição de sementes beneficiadas, isentas de partículas desolo, também é fundamental para evitar a entrada do nematóide.
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Atualmente, o Ministério da Agricultura e do Abastecimento per-mite a comercialização de sementes de soja produzidas em áreasinfestadas, desde que sejam submetidas a determinada seqüên-cia de beneficamente e que sejam acompanhadas por laudo ates-tando a isenção da presença de cistos. A distribuição desuniformede cistos no lote de sementes e o tamanho do lote dificultam aobtenção de amostras representativas, o que torna o resultadoda análise de valor questionável. Dentro da propriedade, a disse-minação do NCS pode ser reduzida pela adoção da semeaduradireta.
A Embrapa Soja, juntamente com parceiros da pesquisaestadual e produtores de sementes, desenvolve um dinâmicoprograma de melhoramento para resistência ao NCS. Os primei-ros resultados deste trabalho foi o lançamento das cultivaresBRSMG Renascença e BRSMG Liderança (para Minas Gerais),resistentes à raça 3, e BRSMT Pintado, BRSMT Tucunaré, BRSMTCaxara, BRSMT Matrinchã e BRSMT Piraíba (para Mato Grosso),resistentes às raças 1 e 3. No Brasil, apesar do patógeno aindanão ter sofrido pressão de seleção pelo uso de cultivares de sojaresistentes, já foram encontradas 11 raças (Tabela 11.7) demons-trando elevada variabilidade genética do nematóide no País. Por-tanto, mesmo com a utilização de cultivares resistentes, ossojicultores terão que continuar fazendo rotação de culturas nasáreas infestadas. Isso evitará que o nematóide mude de raça e,então, a resistência dessas novas variedades estará preservada.Um sistema de rotação, que envolva culturas não hospedeiras,variedade suscetível e variedade resistente deverá ser adotado,por exemplo, milho-soja suscetível-soja resistente. A rotação dasoja com uma espécie não hospedeira, no verão, é o método quevem possibilitando a produção de soja nas áreas infestadas. Omilho tem sido a espécie mais utilizada na rotação com a soja. Oalgodão, o arroz, a mamona, o girassol e a cana, desde queeconomicamente viáveis, também são boas opções. De modogeral, a substituição da soja, um ano, por uma espécie não hos-
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TABELA 11.7. Distribuição de raças do nematóide de cisto da soja(NCS) no Brasil. Período 1994/95 à 1999/2000.Embrapa Soja. 2000.
Estado / Município Raças encontras
Goiás 3, 4, 6 , 9, 14Chapadão do Céu 3, 4, 6, 9, 14Ipameri 6Jataí 6, 14Mineiros 3Perolândia 14Rio Verde 3Serranópolis 14
Mato Grosso do Sul 3, 4, 6, 9, 10, 14Água Clara 3, 9-Alcinópolis 14Camapuã 6Chapadão do Sul 4, 6, 14Costa Rica 6,10, 14Sonora 3
Mato Grosso 1,2, 3, 4+, 5, 6, 9, 10, 14, 14+
Alto Taquari 3, 10, 14Campo Novo do Parecis 3Campo Verde 1, 2, 3, 5Campos de Júlio 6, 9Deciolândia 3Diamantino 3Don Aquino 5Jaciara 2, 5Primavera do Leste 1, 3, 5Sapezal 3, 6Sorriso 4+, 5, 14, 14+
Tangará da Serra 1, 3
Minas Gerais 3Nova Ponte 3Iraí de Minas 3
Continua...
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pedeira, proporciona uma redução da população do NCS no solosuficiente para garantir o cultivo da soja por mais um ano, de-vendo-se continuar a rotação no seqüência, pois a populaçãovolta a crescer a níveis de risco. No caso de cultivo de verão, pordois ou mais anos consecutivos com espécie não hospedeira,pode-se cultivar soja na área nos dois anos seguintes, sem riscode perda pela NCS, se o pH do solo estiver nos níveis recomen-dado para a região. Nesse caso, por medida de segurança, reco-menda-se providenciar avaliação da população do nematóide no
Estado / Município Raças encontras...Continuação
Indianópólis 3Pedrinópolis 3Patos de Minas 3Perdizes 3Presidente Olegário 3Monte Carmelo 3Araguari 3Uberaba 3Uberlândia 3Romaria 3Santa Juliana 3Coromandel 3
São Paulo 3Florínea 3Tarumã 3
Paraná 3Sertaneja 3
Rio Grande do Sul 3, 6São Miguel das Missões 3Cruzeiro do Sul 6
4+ e 14+: Raças capazes de quebrar a resistência da cultivar Hartwig, atéentão resistente a todas as raças conhecidas do NCS.
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solo antes do segundo cultivo de soja. Com relação ao cultivode inverno em áreas infestadas com NCS, recomenda-se utilizarapenas espécies não hospedeiras (gramíneas, crucíferas, giras-sol, mucunas, etc.), pois, embora estas espécies possam nãocontribuir para a redução da população do nematóide, as espéci-es hospedeiras (soja, feijão, tremoço e ervilha) poderão aumen-tar ou manter alta a população. O NCS reproduz-se na soja ger-minada a partir de grãos perdidos na colheita (“soja tiguera”),aumentando o inóculo para a próxima safra. Portanto, não deveser permitida a presença de “tiguera” em áreas infestadas.
O manejo adequado do solo (níveis mais altos de matériaorgânica, saturação de bases dentro do recomendado para a re-gião, parcelamento do potássio em solos arenosos, adubaçãoequilibrada, suplementação de micronutrientes e ausência decamadas compactadas) ajuda a aumentar a tolerância da soja aonematóide.
A retenção foliar e/ou haste verde da soja se caracteriza, namaioria dos casos, pelo fato das plantas apresentarem vagens egrãos maduros e as folhas e/ou hastes verdes, havendo casos emque toda a planta permanece verde, dificultando a colheita. O fenô-meno é conseqüência de distúrbio fisiológico produzido por qual-quer fator que interfira na formação ou no enchimento dos grãos.Dentre esses fatores podem estar os danos por percevejos, a defi-ciência hídrica na floração e no período de desenvolvimento de va-gens, o excesso de umidade no período de maturação e o dese-quilíbrio nutricional da soja.
A planta da soja, em condições de estresse provocado pelaseca, tende a abortar flores e vagens. Em casos extremos de seca,durante a fase final de floração e na formação das vagens, podeocorrer o abortamento de quase todas as flores restantes e vagensrecém formadas. Nesses casos, a falta de carga nas plantas poderáprovocar uma segunda florada, normalmente infértil e, conseqüen-temente, causar retenção foliar pela ausência de demanda para osprodutos da fotossíntese.
A situação pode se agravar ainda mais com a ocorrência deexcesso de chuvas no período de maturação. O excesso de umida-de, durante esse período, propicia a manutenção do verde das has-tes e vagens, além de facilitar o aparecimento de retenção foliar,mesmo em plantas com carga satisfatória e livres de danos de per-cevejos. Esses fatos costumam ser mais comuns em cultivares maissensíveis ao fenômeno. A umidade excessiva, durante a maturação,também pode causar a germinação das sementes nas próprias va-gens e/ou o apodrecimento das sementes e vagens ainda verdes.
RETENÇÃO FOLIAR (HASTE VERDE)12
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As causas mais comuns observadas de retenção foliar e/ouhaste verde em soja têm sido os danos causados por percevejo e odesequilíbrio nutricional relacionado ao potássio. No caso dos per-cevejos, o não acompanhamento da evolução da população dosinsetos na lavoura com o rigor preconizado pelos princípios do Ma-nejo de Pragas tem levado, muitas vezes, a um controle não eficien-te. Isto é mais comum em lavouras semeadas após a época reco-mendada ou quando se usam cultivares tardias. Nessas condições,normalmente há migração de altas populações de percevejos delavouras em estádio final de maturação, ou recém colhidas para aslavouras com vagens ainda verdes. Quanto às causas de ordemnutricional, foi observado, em lavouras e em experimentos, que aocorrência de retenção foliar e/ou senescência anormal da planta desoja está associada com baixos níveis de potássio no solo e/oualtos varlores (acima de 50) da relação (Ca + Mg)/K. Nessas condi-ções, é comum ocorrer baixo “pegamento” de vagens, vagens va-zias e formação de frutos partenocárpicos (Mascarenhas et al.,1988).
Não existem soluções para o problema já estabelecido. Noentanto, há uma série de práticas recomendadas que podem evitá-lo.São práticas simples que, todos os produtores podem adotar paraminimizar o problema.
A primeira prática é manejar o preparo e a fertilidade do solo,de acordo com as recomendações técnicas, para permitir que asraízes tenham um desenvolvimento normal, alcançando maioresprofundidades. Assim a extração de umidade do solo e de águadurante os períodos de seca é favorecida evitando distúrbios fisio-lógicos e desequilíbrios nutricionais.
Outros cuidados são: melhorar as condições físicas do solopara aumentar sua capacidade de armazenamento de água e facili-tar o desenvolvimento das raízes; escalonar as épocas de semeadu-ra e as cultivares para diminuir os riscos de coincidência de fatoresclimáticos adversos com os períodos críticos da cultura; e fazer
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avaliação da população de percevejos com maior cuidado e fre-qüência, seguindo as recomendações do Manejo de Pragas. Por nãousar rotineiramente o método do pano de batida (prática eficientepara determinar a população de percevejos), os produtores ora apli-cam inseticidas desnecessariamente, ora pulverizam a lavoura de-pois do dano concretizado. É bom lembrar que, nesse caso, os da-nos, uma vez constatados, são irreversíveis.
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A colheita constitui uma importante etapa no processo produ-tivo da soja, principalmente pelos riscos a que está sujeita a lavouradestinada ao consumo ou à produção de sementes.
A colheita deve ser iniciada tão logo a soja atinja o estádio R8(ponto de colheita) a fim de evitar perdas na qualidade do produto.Para tanto, o agricultor deve estar preparado, com antecedência,com suas máquinas, armazéns, etc, pois uma vez atingida amaturação de colheita, a tendência é a deterioração dos grãos edebulha em intensidade proporcional ao tempo que a soja permane-cer no campo.
Durante o processo de colheita, é normal que ocorram algu-mas perdas. Porém, é necessário que estas sejam sempre reduzidasa um mínimo para que o lucro seja maior. Para reduzir perdas, énecessário que se conheçam as suas causas, sejam elas físicas oufisiológicas. A seguir, são abordadas algumas das principais causasde perdas na colheita.
Mau preparo do solo - Solo mal preparado pode causar prejuízos nacolheita devido a desníveis no terreno que provocam oscilações nabarra de corte da colhedora, fazendo com que haja corte desuniformee muitas vagens deixem de ser colhidas. A presença de paus e/oupedras podem danificar a barra de corte, atrasando a colheita. Aquebra de facas da barra de corte prejudica o funcionamento desta,deixando muitas plantas sem serem cortadas.
Inadequação da época de semeadura, do espaçamento e da densi-dade - A semeadura em época pouco indicada pode acarretar baixa
13.1. Fatores que Afetam a Eficiência da Colheita
COLHEITA13
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estatura das plantas e baixa inserção das primeiras vagens. Oespaçamento e/ou densidade de semeadura inadequada podem re-duzir o porte ou aumentar o acamamento o que, conseqüentemen-te, fará com que haja mais perdas na colheita.
Cultivares não adaptadas - O uso de cultivares mal adaptadas adeterminadas regiões, pode prejudicar o bom desenvolvimento dacolheita, interferindo em características como altura de inserção devagens e índice de acamamento.
Ocorrência de plantas daninhas - A presença de plantas daninhasfaz com que a umidade permaneça alta por muito tempo, prejudi-cando o bom funcionamento da máquina e exigindo maior velocida-de no cilindro batedor, resultando em maior dano mecânico às se-mentes e, ainda, facilitando maior incidência de fungos. Além dis-so, em lavouras infestadas, a velocidade deve ser reduzida.
Retardamento da colheita - Em lavouras destinadas à produção desementes, muitas vezes, a espera de menores teores de umidadepara efetuar a colheita pode provocar a deterioração das sementespela ocorrência de chuvas e conseqüente elevação da incidência depatógenos. Quando a lavoura for para produção de grãos o proble-ma não é menos grave, pois a deiscência de vagens pode ser au-mentada, havendo casos de reduções acentuadas na qualidade doproduto.
Umidade inadequada na colheita - A soja, quando colhida com teorde umidade entre 13% e 15%, tem minimizados os problemas dedanos mecânicos e perdas na colheita. Sementes colhidas com teorde umidade superior a 15% estão sujeitas a maior incidência dedanos mecânicos latentes e, quando colhidas com teor abaixo de12%, estão suscetíveis ao dano mecânico imediato.
Sugere-se adotar, como critério, o índice de 3% de sementespartidas, no graneleiro, como parâmetro para fins de regulagem dosistema de trilha da colhedora.
Má regulagem e condução da máquina - Este é o ponto principal doproblema de perdas na colheita. O trabalho harmônico entre o
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molinete, barra de corte, velocidade de avanço, cilindro e peneiras,é fundamental para uma colheita eficiente.
Levantamentos efetuados, ao nível de propriedades, têmdemonstrado índices elevados de perdas na colheita sendo que aperda aceitável é de até uma saca de soja/ha.
O molinete tem a função de recolher as plantas sobre a plata-forma à medida que são cortadas pela barra de corte. Sua posiçãodeve atender a um melhor recolhimento do material cortado, nãodeixando que plantas cortadas caiam fora da plataforma e, tam-bém, não deixando de recolher plantas acamadas. A rotação deveser, aproximadamente, 25% maior do que a velocidade de desloca-mento da máquina.
A barra de corte deve trabalhar o mais próximo possível dosolo, visando deixar o mínimo de vagens presas nos restos da cul-tura que permanecem na lavoura. A velocidade de deslocamento dacolhedora deve ser sincronizada com o no de golpes das lâminas edo molinete e deve ser de 4 a 5 km/h, porém, devem ser conside-rados os casos, individualmente. Em lavoura com qualquer tipo deproblemas (desnível no solo, presença de plantas daninhas,maturação desuniforme, acamamento, baixa inserção de vagens,etc.), o cuidado deve ser redobrado.
No cilindro de trilha, as perdas não são muito grandes, porém,quando a lavoura é para semente, a rotação é fator importante parareduzir perdas por dano mecânico. Nesse caso, é necessário que seregule a rotação do cilindro duas vezes ao longo do dia de colheita,uma vez que a umidade da semente é reduzida nas horas mais quen-tes e as sementes podem sofrer maiores danos. A faixa de umidadedas sementes em que a ocorrência de danos mecânicos é menor vaide 13 a 15%. Além disso, para que o índice de danos mecânicos nãoseja muito elevado, a rotação do cilindro de trilha de barra não deveultrapassar à recomendada pelos fabricantes de colhedoras. Velocida-des muito altas do cilindro podem provocar a fragmentação das se-mentes até níveis de 25 a 30%, o que se constitui em perda grave.
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Tendo em vista as várias causas de perdas ocorridas numalavoura de soja, os tipos ou fontes de perdas podem ser definidosda seguinte maneira:
a) perdas antes da colheita, causadas por deiscência ou pelas va-gens caídas no solo antes da colheita;
b) perdas por trilha, separação e limpeza, que ocorrem nos grãosque tenham passado através da colhedora; e
c) perdas causadas pela plataforma de corte que incluem as perdaspor debulha, as perdas devidas à altura de inserção e as perdaspor acamamento das plantas na lavoura.
Embora as origens das perdas sejam diversas e ocorram tantoantes quanto durante a colheita, em torno de 80 a 85% das perdasocorrem pela ação dos mecanismos da plataforma de corte dascolhedoras (molinete, barra de corte e caracol), 12% são ocasiona-das pelos mecanismos internos (trilha, separação e limpeza) e 3%são causadas por deiscência natural.
Para avaliar perdas ocorridas, principalmente durante a colhei-ta, recomenda-se a utilização do método volumétrico, utilizando,para tal, o copo medidor de perdas. Este copo correlaciona volumecom peso, permitindo uma determinação direta de perdas em scs/ha de soja, pela simples leitura dos níveis impressos no própriocopo (Fig. 13.1).
13.2. Avaliação de Perdas
Associada à rotação do cilindro está a abertura do côncavoque pode reduzir a quebra de grãos.
Enfim, pode-se considerar como perdas na colheita não só assementes que não são recolhidas ao armazém, mas também, nocaso das sementes, o material que é recolhido com sérios danos,com alta taxa de sementes quebradas e trincadas o que implica emredução na germinação e no vigor.
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O método consiste em, uma área (2 m2) de lavoura recémcolhida, coletar os grãos de soja que permaneceram no solo. Essaárea é delimitada por uma armação com dois pedaços de madeira ebarbante. A montagem desse retângulo com dois metros quadra-dos é feita utilizando, como lado maior do retângulo, a largura daplataforma de corte da colhedora. O lado menor desse retângulo éobtido pela divisão de 2 pela medida do lado maior (largura da pla-taforma). Por exemplo, com uma plataforma com largura de 3,60 m(lado maior do retângulo), fazer o seguinte cálculo:
2 m2 : 3,60 m = 0,56 m.
Assim, o outro lado do retângulo mede 0,56 m, medida quedevem ter os dois pedaços de madeira, ligados por dois pedaços debarbante com 3,60 m cada uma.
O copo medidor está disponível na Embrapa Soja, Londrina, PR.
FIG. 13.1. Tabela impressa no medidor com os valores de perdas e de produtivida-de. Embrapa Soja. Londrina, PR.
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13.3. Como Evitar Perdas
Como foi descrito anteriormente, a maioria das perdas ocorrenos mecanismos de corte e alimentação. Entretanto, essas perdasserão mínimas se forem tomados os seguintes cuidados:
a) troque as navalhas quebradas, alinhe os dedos das contra-nava-lhas substituindo os que estão quebrados e ajuste as folgas dabarra de corte. A folga entre uma navalha e a guia da barra decorte é de, aproximadamente, 0,5 mm. A folga entre as placasde desgaste e a régua da barra de corte é de 0,6 mm;
b) opere mantendo a barra de corte o mais próximo possível dosolo. Esse cuidado é dispensável na utilização de combinadascom plataformas flexíveis que, automaticamente, controlam aaltura de corte;
c) use velocidade de trabalho entre 4 a 5 km/h para colhedorascom barra de corte que operam com 1000 golpes por minuto evelocidade de trabalho de no máximo 6 km/h para colhedorascom barra de corte que operam com 1100 ou 1200 golpes porminuto. Entretanto, só utilize velocidade de trabalho consideradaalta depois de avaliar se as perdas não estão ultrapassando osníveis toleráveis. Para estimar a velocidade da combinada, deforma prática, conte o número de passos largos (cerca de 90cm) tomados em 20 segundos, caminhando na mesma velocida-
1. Coletar os grãos que estão no solo dentro da armação.
2. Depositar os grãos no copo.
3. Verificar a perda na coluna correspondente.
Ex.: O nível dos grãos de soja ficando sobre a linha entre 3 e 4, aperda é de 3,5 sacos de soja por hectare.
Fonte: Mesquita et al. (1998).
Como medir as perdas
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de e ao lado da combinada. Multiplique o número encontrado por0,16, para obter a velocidade em km/h;
d) use a rotação do molinete um pouco superior à velocidade dacolhedora. Para ajustar a rotação ideal, faça uma marca em umdos pontos de acoplamento dos travessões na lateral do molinetee regule a rotação do mesmo para cerca de 9,5 voltas em 20segundos (molinetes com 1 m a 1,2 m de diâmetro) e para cercade 10,5 voltas em 20 segundos (molinetes com 90 cm de diâme-tro) se a velocidade da colhedora for de até 5,0 km/h. Outraforma prática de ajustar a rotação ideal do molinete é pela obser-vação da ação do mesmo. Caminhando-se ao lado da combina-da, a rotação ideal é obtida quando o molinete toca suavementee inclina a planta ligeiramente sobre a plataforma antes da mes-ma ser cortada pela barra de corte; e
e) a projeção do eixo do molinete deve ficar de 15 a 30 cm à frenteda barra de corte e a altura do molinete deve permitir que ostravessões com os pentes toquem na metade superior da planta,preferencialmente no terço superior, quando a uniformidade dalavoura assim o permitir. Dessa forma, o impacto dos travessõescontra as plantas será mais suave e evitará o tombamento dasplantas para a frente da combinada no momento do corte.
Geralmente, as perdas na trilha, na separação e na limpeza,representam de 12% a 15% das perdas totais. Porém, em certoscasos, podem superar até mesmo as perdas da plataforma de corte.Entretanto, estas perdas são praticamente eliminadas tomando-seos seguintes cuidados:
a) Confira e/ou ajuste as folgas entre o cilindro trilhador e o côncavo.Regule as aberturas anterior e posterior entre o cilindro e o cônca-vo, que devem ser as maiores possíveis, evitando danos às semen-tes, mas permitindo a trilha satisfatória do material colhido;
b) Ajuste a rotação do cilindro trilhador, que deve ser a menor pos-sível, evitando danos às sementes, mas permitindo a trilha nor-mal do material colhido;
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c) Mantenha limpa e desimpedida a grelha do côncavo;
d) Mantenha limpo o bandejão, evitando o nivelamento da sua su-perfície pela criação de crosta formada pela umidade e por frag-mentos da poeira, de palha e de sementes;
e) Ajuste a abertura das peneiras. A peneira superior deve permitira passagem dos grãos ou pedaços de vagens. A abertura dapeneira inferior deve ser um pouco menor do que a da peneirasuperior permitindo apenas a passagem dos grãos. A abertura daextensão da peneira superior deve ser um pouco maior do que aabertura da peneira superior, permitindo a passagem de vagensinteiras; e
f) Ajuste a rotação do ventilador. A velocidade deve ser suficientepara soprar das peneiras e para fora da combinada, a palha miú-da e todo o material estranho mais leve do que as sementes eque estão misturados às mesmas.
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Estimular a implantação de lavouras para a produção de se-mentes em regiões com altitudes acima de 800 m, onde as condi-ções de temperatura ambiental, na época de maturação, são maisadequadas. O ideal para a produção de sementes de alta qualidadeé que a temperatura média durante as fases de maturação e colhei-ta seja igual ou inferior a 22oC.
Evitar a utilização contínua de uma mesma área para produ-ção de sementes, realizando um manejo adequado da área de culti-vo, visando a produção de sementes genética e fisicamente puras,sadias e de alta qualidade fisiológica.
Utilizar preferencialmente áreas com fertilidade elevada, poisníveis adequados de Ca e Mg exercem influência sobre o tecido dereserva da semente, além de interferirem na disponibilidade de ou-tros nutrientes, no desenvolvimento de raízes e na nodulação. Adeficiência de K e P reduz o rendimento de grãos, influencia a reten-ção de vagens, aumenta a incidência de patógenos, que tambémcontribui para redução da qualidade da semente.
Na escolha da época de semeadura, devem ser consideradastanto a quantidade quanto a qualidade da semente produzida. Paracultivares precoces, sugere-se a semeadura a partir de meados denovembro, até limites que não prejudiquem seriamente as caracte-rísticas agronômicas como altura de planta, inserção de vagens eprodução.
14.1. Seleção do Local
TECNOLOGIA DE SEMENTES14
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14.2. Avaliação da Qualidade
14.2.1. DIACOM - Diagnóstico Completo da Qualidade da Semen-te de Soja
Utilizar os testes de tetrazólio e patologia de sementes comométodo de avaliação da qualidade da semente, sempre que ocor-rer baixa germinação, detectada pelas análises de rotina efetuadasnos laboratórios credenciados. Informações adicionais sobre taistestes podem ser obtidas nos manuais da Embrapa Soja sobre oassunto.
Adotar os seguintes critérios para tomada de decisão atravésdo teste de tetrazólio:
Vigor Faixa Vigor Faixa
Muito Alto Superior a 85% Baixo Entre 50% a 59%Alto Entre 75% a 84% Muito Baixo Inferior a 49%Médio Entre 60% a 74%
Preferencialmente, devem ser utilizadas sementes com vigorsuperior a 75%. Deve ser evitada a utilização de lotes de semente,com vigor abaixo de 60%.
Os porcentuais de dano mecânico, dano por percevejos e de-terioração por umidade nos níveis 6 a 8 do teste de tetrazólio, sãoconsiderados:
sem restrição: inferior a 6%com restrição: entre 7% a 10%com restrição severa: superior a 10%
14.2.1.1. Uso do DIACOM - Diagnóstico Completo da Qualidadeda Semente de Soja, para a avaliação da germinação desementes com elevados índices de infecção por Phomopsisspp. ou Fusarium semitectum
Tal recomendação deverá ser adotada pelos laboratórios deanálise de sementes localizados em regiões onde estão ocorrendo
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14.2.2. Metodologia alternativa para o teste padrão de germinaçãode sementes de soja
Tal metodologia deverá ser aplicada para as cultivares BR-16e Embrapa 48, sensíveis ao dano de embebição, quando lotes desementes dessas cultivares apresentem um elevado índice deplântulas anormais, maior que 6,0%, devido a anormalidades naradícula, durante a avaliação da germinação padrão, com substratode rolo-de-papel. A adoção de tal procedimento alternativo visa evitaro descarte de lotes de boa qualidade à indústria moageira de grãos.
Duas metodologias alternativas poderão ser utilizadas, para acorreta avaliação da germinação de sementes dessas cultivares,
elevados índices de sementes de soja infectadas por Phomopsisspp. ou por Fusarium semitectum.
Devido à possível ocorrência de chuvas freqüentes durante asfases de maturação e colheita da semente de soja, situação estaque pode ocorrer em diversas regiões produtoras brasileiras, poderáser comum o relato de problemas de baixa germinação em laborató-rio, pelo método do rolo-de-papel. Tais problemas são ocasionadospelos altos índices de sementes infectadas por Phomopsis spp. e/ou por Fusarium semitectum. A presença de tais fungos, infectandoas sementes, resulta em altos índices de plântulas infectadas e desementes mortas no teste de germinação. Tal fato pode inviabilizaro sistema de avaliação de germinação adotado pelos laboratórios,uma vez que, em tal situação, lotes de boa qualidade podem apre-sentar baixa germinação, porém a emergência a campo e a viabili-dade determinada pelo teste de tetrazólio podem ser elevadas. Ouso dos testes de tetrazólio, de análise sanitária e de emergênciaem areia, conforme preconiza o DIACOM, evita o descarte de lotesde boa qualidade, que normalmente seriam descartados, casoapenas o teste de germinação em substrato rolo-de-papel fosseutilizado.
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para os lotes de sementes que apresentem problemas de germina-ção, em virtude da ocorrência de altos índices de plântulas anor-mais (maior que 6,0% de anormalidade de radícula, após a aplica-ção da metodologia tradicional em substrato rolo-de-papel): a) rea-lização do teste de germinação em substrato de areia, sem a neces-sidade do pré-condicionamento das sementes; b) realização do pré-condicionamento da amostra de semente em ambiente úmido, an-tes de semeá-la em substrato rolo-de-papel. Para efeito decomercialização, deverão ser considederados os lotes cujos incre-mentos em germinação sejam de no mínimo 6,0%. O pré-condicio-namento consiste na colocação das sementes em "gerbox" comtela (do tipo utilizado no teste de envelhecimento acelerado), con-tendo 40 ml de água, pelo período de 16 horas a 25oC. Após o pré-condicionamento, as sementes são semeadas normalmente em rolo-de-papel, conforme prescrevem as Regras de Análise de Sementes.
14.3. Remoção de Torrões para Prevenir a Disseminação doNematóide de Cisto e do Percevejo Castanho
A disseminação do nematóide de cisto e de ovos do percevejocastanho pode ocorrer por diversos fatores, inclusive pela semente,através de torrões de solo infestados. Este modo de transmissão foiconsiderado como um dos mais importantes no início do processode disseminação do nematóide de cisto nos Estados Unidos. Oslotes de sementes são contaminados com os torrões durante a ope-ração de colheita. Uma vez ocorrida a contaminação, torna-se difícila sua separação das sementes.
A taxa de disseminação, através dos estoques de sementes,depende da quantidade de torrões no lote de semente, do númerode cistos do nematóide e de ovos de percevejo castanho por torrãoe do número de nematóides (ovos e/ou juvenis) viáveis nos cistos.
A remoção dos torrões que acompanham a semente é umaforma de reduzir as chances de disseminação dessas pragas. Os
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torrões diferem da semente de soja em tamanho, forma e pesoespecífico. A diferença em cada uma dessas características físicaspode ser utilizada pela máquina de ventilador e peneiras, separadorem espiral e mesa de gravidade, nessa seqüência, objetivando aobtenção em nível de separação satisfatório.
Apesar da seqüência de beneficiamento citada ser a mais efi-ciente, apresenta o maior percentual de descarte de sementes. Res-salva-se também que a eliminação completa dos torrões poderá nãoser alcançada, remanescendo a possibilidade de sua disseminação,quando sementes oriundas de lavouras com suspeita de ocorrênciado nematóide de cisto e do percevejo castanho são semeadas emáreas indenes.
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