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Caderno Lab. Xeolóxico de Laxe Coruña. 2004. Vol. 29, pp. 97-117 Recursos geotérmicos e seu aproveitamento em Portugal Geothermal resources and applications in Portugal MARTINS CARVALHO, J. 1 e CARVALHO, M. R. 1 Abstract Geothermal energy can be used under a number of several technologies, depending on its occurrence and namely on the configuration of consumers. Nowadays, geothermal operations can be divided in the following basic categories: (i) Electricity production, (ii) Direct uses, (iii) Geothermal heat pumps (GHP), and (iv) Hot Dry Rock and related Enhanced Geothermal Systems. The geology of Portugal determines different conditions for geothermal energy occurrences. In the mainland, where crystalline rocks outcrop over 60% of the area, thermal waters are related with active faulting. Twenty-seven springs have discharge temperatures between 25ºC and 75ºC and are used in balneotherapy. Three small, low enthalpy operations for direct use at existing hotels are operating normally, and a dozen of feasibility studies already carried out demonstrate adequate conditions for further operations. In the sedimentary basins, particularly in the Lisbon area where important heat consumers are located, Lower Cretaceous reservoirs with temperatures up to 50ºC are adequate for small multipurpose geothermal operations, but technical and economical difficulties are known. The already studied potential for developing geothermal heat pumps over proven aquifers is high all over the country. However, no reports are available on the application of this technology. In the volcanic Azores Archipelago, the geological and market conditions allow high enthalpy electricity producing operations in some islands. In S. Miguel, the largest island, one plant operates regularly since 1980 and a second after 1994. The total production capacity of 3+13MWt is installed. At Terceira Island a drilling campaign is in due course aiming to install 12 MWt.

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Caderno Lab. Xeolóxico de LaxeCoruña. 2004. Vol. 29, pp. 97-117

Recursos geotérmicos e seu aproveitamentoem Portugal

Geothermal resources and applicationsin Portugal

MARTINS CARVALHO, J.1 e CARVALHO, M. R.1

Abstract

Geothermal energy can be used under a number of several technologies,depending on its occurrence and namely on the configuration of consumers.Nowadays, geothermal operations can be divided in the following basiccategories: (i) Electricity production, (ii) Direct uses, (iii) Geothermal heatpumps (GHP), and (iv) Hot Dry Rock and related Enhanced GeothermalSystems. The geology of Portugal determines different conditions for geothermalenergy occurrences. In the mainland, where crystalline rocks outcrop over 60%of the area, thermal waters are related with active faulting. Twenty-sevensprings have discharge temperatures between 25ºC and 75ºC and are used inbalneotherapy. Three small, low enthalpy operations for direct use at existinghotels are operating normally, and a dozen of feasibility studies already carriedout demonstrate adequate conditions for further operations. In the sedimentarybasins, particularly in the Lisbon area where important heat consumers arelocated, Lower Cretaceous reservoirs with temperatures up to 50ºC are adequatefor small multipurpose geothermal operations, but technical and economicaldifficulties are known. The already studied potential for developing geothermalheat pumps over proven aquifers is high all over the country. However, noreports are available on the application of this technology. In the volcanic AzoresArchipelago, the geological and market conditions allow high enthalpy electricityproducing operations in some islands. In S. Miguel, the largest island, one plantoperates regularly since 1980 and a second after 1994. The total productioncapacity of 3+13MWt is installed. At Terceira Island a drilling campaign is indue course aiming to install 12 MWt.

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Key words: Portugal, thermal springs, geothermal projects, direct use, electricityproduction.

(1) Departamento de Geociências da Universidade de Évora, Apartado 94, 7001 Évora, Portugal. E-mail:[email protected]

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1. GENERALIDADES

Em Portugal, após o primeiro choquepetrolífero de 1973, tem-se falado dos re-cursos geotérmicos do País. No entanto, orespectivo aproveitamento continua em es-tado embrionário. Por isso, urge dinamizá-lo dentro das limitações do respectivo po-tencial que está praticamente reconhecido.O primeiro autor [JMC] teve a honra depertencer ao Grupo Temático de Geotermia,do Fórum das Energias Renováveis em Por-tugal, organizado em 2001/2002 pelaADENE – Agência para a Energia. Dotrabalho de todos os grupos temáticos,coordenados pelo Doutor Hélder Gonçalves,resultou a edição de um relatório síntese(ANON., 2001) e do volume final(GONÇALVES et al., 2002) que inclui omaterial coligido e aponta as medidas, quena óptica dos membros do Fórum, devem serlançadas para dinamizar o sector da EnergiasRenováveis em Portugal.

2. UMA PERSPECTIVA GLOBAL

A geotermia poderá ser encarada como oconjunto das ciências e técnicas que estudame exploram o calor terrestre. A energiageotérmica tem origem no interior da terra,verificando-se que, em termos médios, atemperatura aumenta, em profundidade, decerca de 33ºC por km. Porém, devido àheterogeneidade da crusta terrestre, existemzonas anómalas do ponto de vista dogradiente geotérmico. O aproveitamentoeconómico deste calor pode ser realizado naprodução de energia eléctrica, para aqueci-mento do ambiente, de águas e em váriosprocessos industriais.

A utilização ideal da energia geotérmicaé em cascata, a temperaturas progressiva-mente mais baixas, até cerca dos 20ºC. Esteesquema de utilização foi desenvolvido porLINDAL (1973), na sequência do primeirochoque petrolífero, e está representado nochamado Diagrama de LINDAL (Figura 1).

Figura 1. Utilizações da energia geotérmica (adaptado de LINDAL, 1973).

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A balneoterapia, com longa tradição emPortugal, permanece como a utilização maisconhecida desta forma de energia. Maismodernamente a geotermia tem alargado osseus domínios com a utilização de bombasde calor, no caso das utilizações directas, ecom a utilização de centrais de ciclosbinários, no caso da produção de energiaeléctrica.

As tendências actuais da geotermia àescala mundial, numa perspectiva indus-trial, são seguidamente resumidas.

2.1 A geotermia tradicional

• Geotermia de alta entalpia

A geotermia de alta entalpia é a aplicaçãogeotérmica com mais visibilidade e,porventura, mais importante em termoseconómicos. Trata-se da produção deelectricidade a partir do vapor de água deorigem geotérmica, em centrais com turbi-nas a vapor e unidade de condensação, assimcomo a partir do vapor e da água em centraisbináriasas. Os primeiros ensaios paraprodução de energia eléctrica remontam a1904 e foram realizados em Larderello(Itália).

Actualmente, são produzidos 50 TWhe(eléctricos) anuais, distribuidos por vinte eum países diferentes em quatro continentes,sendo a potência total instalada de 8 GWe.Os Estados Unidos da América, que possuemo mais importante campo geotérmico domundo nos “Geysers”, são o primeiro paísprodutor com 15 GTWhe anuais. Vêm deseguida as Filipinas, com mais de 9 TWhee a Itália com 4,5 TWhe. A produção mun-dial da energia geotérmica cresceu a umritmo anual de 17% durante os últimoscinco anos, principalmente nos países

asiáticos. Prevê-se que no ano 2005 a po-tência total instalada seja de 11,4 GWecorrespondente a um crescimentode 43 %. Actualmente são produzidos, emsete países da Europa, 5,8 TWhe por ano,sendo a potência total instalada de1 GWe.

Em Portugal a exploração geotérmica dealta entalpia desenvolve-se na Ilha de S.Miguel (Açores), no Campo Geotérmico daRibeira Grande, situado na vertente nortedo Maciço Vulcânico de Água de Pau/Fogo.As duas centrais geotérmicas aí instaladasdisponibilizam, anualmente, cerca de 105GWhe à rede eléctrica da ilha. Deste modo,contribuem, aproximadamente, com 40%da estrutura de produção eléctrica da ilha, oque representa cerca de 20% da pro-dução do arquipélago. O ProjectoGeotérmico foi já alargado à ilha Terceiraonde estão a ser executados furos de avaliação/produção.

Nos últimos anos assistiu-se ao rápidocrescimento da produção de electricidade apartir de fluidos geotérmicos de baixaentalpia, através de sistemas com centraisbinárias. Contrariamente às centrais geotér-micas convencionais, onde as turbinas sãoaccionadas directamente pelo vaporgeotérmico, neste tipo de centrais as turbi-nas são accionadas pelo vapor de um fluidointermédio, com temperatura de vaporizaçãoinferior à da água. Este fluido é aquecido porpermutação com as duas fases do fluidogeotérmico. O uso do fluido intermédio,permite uma maior rentabilidade doprocesso em aplicações na gama inferior detemperaturas do segmento de alta entalpia.Cerca de 50% das centrais geotérmicas ins-taladas no mundo utilizam já a tecnologiabinária.

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• Geotermia de baixa entalpia

Os aproveitamentos da geotérmicos debaixa entalpia são muito antigos econhecidos, sendo particularmente difundi-da a sua aplicação em balneoterapialogia.Esta forma de geotermia utiliza directamen-te o calor da terra presente nos fluidos, emdiversas aplicações tais como: como aqueci-mento de casas, de piscinas, de estufas eoutras numerosas aplicações industriais, quesão tipificadas no Diagrama de LINDAL(1973, Figura 1). Estas aplicações são maisdifíceis de quantificar termicamente, ex-cepto quando se trata de grandes redes decalor como é o caso, por exemplo, de algumasexplorações na bacia de Paris (França) e emFerrara (Itália).

Estima-se que a potência instalada nomundo, para aproveitamento da geotermiade baixa entalpia, alcance cerca de 17 GWt,permitindo a produção anual de 54 TWht,em cinquenta e cinco países (BRÉNIÉRE etal., 2001). Os principais países onde estatecnologia é mais desenvolvida são os Esta-dos Unidos da América, a China e a Islândia.A potência instalada na Europa atinge cercade 6 GWt, permitindo a produção anual de22 TWht em vinte e oito países.

Em Portugal funcionou de 1992 a 2002o projecto geotérmico do Hospital da ForçaAérea no Lumiar (J.M. CARVALHO, 1998),com a potência de 0,6 MWt, obtida a partirde um furo com 1500m de profundidade(temperatura de 50ºC à cabeça da captação).Outros projectos menos voluntaristas estão,também, em funcionamento nas termas deChaves, de Vizela e de S. Pedro do Sul(Portugal Norte e Central).

A tecnologia actual permite que seproduza electricidade a baixa temperatura, a

partir de fluidos da ordem de 100ºC, comoos que se encontram em bacias sedimentaresprofundas ou em certas áreas de rochas cris-talinas.

2.2 A nova geotermia

A nova geotermia refere-se a umatecnologia que aproveita a energiageotérmica contida nos aquíferos —hidro-geologia energética— ou em formaçõesgeológicas superficiais, recorrendo a bom-bas de calorenergia. Estas bombas permitemo desenvolvimento de sistemas de aqueci-mento e climatização a partir de aquíferosou de rocha, através de permutadores insta-lados no subsolo. Actualmente, é corrente autilização de bombas de calor reversíveis,correntemente designadas por Bombas deCalor Geotérmicas (BCG, ou ‘GeothermalHeat Pumps’ – GHP), em Países como osEstados Unidos da América, Canadá, Suíça,Suécia, Alemanha e França.

A capacidade de produção instalada àescala mundial é de 6,6 GWt, sendo aenergia produzida da ordem de 6,5 TWht(LUND, 2001). Citando apenas dois exem-plos desta tecnologia, na Suíça existe, emmédia, uma BCG por cada 2km2 e nosEstados Unidos da América são realizadascerca de 50 mil novas instalações cada ano(RYBACH, 1991). A capacidade instaladana Europa, em vinte e dois países, é de cercade 1,5 GWt, sendo a energia produzida daordem de 2,8 TWht. Em Portugaldesconhecemos aplicações consistentes des-ta tecnologia, salvo no Lar de Idosos doInstituto Social das Forças Armadas emOeiras (área metropolitana de Lisboa). J.M.CARVALHO & DUQUE (1982) referiram-

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na há já quase vinte anos, quando começava,então, a ser difundida na Europa.

Conhecem-se algumas pequenasaplicações no armazenamento de calor e frioem aquíferos com bombas de calorreversíveis. Esta tecnologia poderá desen-volver-se a grande escala, eventualmenteassociada a unidades de incineração deresíduos urbanos, salvaguardadas as questõesambientais, ou em conjunto com a energiasolar.

2.3 A Geotermia do futuro

A geotermia de futuro desenvolve-se apartir de vários modelos conceptuais quereceberam inicialmente a designação gené-rica de ‘Hot Dry Rock’ (HDR). O objectivoera a extracção de calor de rochas cristalinasa profundidades elevadas (4 a 5km), sendopara isso criado um sistema de permutaçãoartificial por fracturação hidráulica.

Os primeiros projectos mostraram queeram encontrados geofluidos, mesmo a pro-fundidades muito elevadas. Tornou-se,então, claro que a geotectónica e as condiçõesnaturais existentes jogavam um papel maisimportante do que o inicialmente suposto,passando a ser tidas em conta nodimensionamento dos actuais projectos. Nãohá, assim, um único conceito, mas vários,adaptados às condições próprias de cadaregião. É o caso do ‘Hot Wet Rock’ (HWR),do ‘Hot Fractured Rock’ (HFR) e do ‘EnhancedGeothermal Systems’ (EGS) (TENZER, 2001).

Projectos no âmbito desta tecnologiaforam ou estão a ser realizados nos EstadosUnidos da América (em Los Alamos), ReinoUnido, França, Japão, Alemanha e Austrália.Um importante projecto está em curso(projecto Europeu HDR, actualmente HFR),desde 1987, em Soultz-sous-Forêts na

Alsácia, no ‘graben’ do Reno. Em 2001,começou a ser construída uma estação pilotocom três furos de 5000m, sendo um deinjecção e dois de produção, esperando final-mente demonstrar-se a viabilidade técnico-económica para a produção de electricidade.

Pode ainda configurar-se a longo, oumuito longo prazo, a utilização dos camposde geopressão e do acesso directo ao magma.

3. A GEOTERMIA EM PORTUGAL

Sínteses recentes dos recursosgeotérmicos portugueses, numa perspectivacientífica e técnica, estão disponíveis, entreoutros, em: FORJAZ (1994), J.M.CARVALHO (1995, 1996a,b, 1998), M.R.CARVALHO (1999), AIRES-BARROS &MARQUES (2000) e COSTA & CRUZ(2000). Neste item descreve-se a situaçãoactual Portuguesa, numa perspectiva dedesenvolvimento industrial.

3.1 Recursos e realizações nas ilhasdos Açores e da Madeira

Conforme FORJAZ (1994, 2001) oconhecimento dos recursos geotérmicos dosAçores resulta de diversas campanhas depesquisa, encaminhadas pelo Governo daRegião Autónoma dos Açores, pela SOGEO— Sociedade Geotérmica dos Açores, S.A. — epela GEOTERCEIRA — SociedadeGeoeléctrica da Terceira, S.A. —, bem comode teses de doutoramento e projectos deinvestigação (e.g., FORJAZ, 1994; M.R.CARVALHO, 1999).

Foram executados estudos de geologiade superfície, de geoquímica, de geologiaestrutural, de geofísica e de termometria emtodas as ilhas dos Açores. Estes estudosconduziram à realização de vários furos de

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avaliação e de produção na ilha de São Mi-guel, no flanco Norte do Vulcão do Fogo.Actualmente funcionam 5 furos de produçãoe um de reinjecção de parte do fluído rejeitadoda central geotérmica da Lagoa do Fogo(Figura 2).

Nas ilhas, onde ainda não se executaramsondagens (FORJAZ, 1994, 2001) recorreua critérios de correlação geoestruturais (i.e.,áreas tectonizadas/MWe) na avaliação daspotencialidades geotérmicas.

No Arquipélago dos Açores, comexcepção da ilha de Santa Maria, todas asoutras encerram potencialidades geotérmi-cas, nos segmentos correspondentes a vulca-nismo recente ou a sectores fortementetectonizados. Em termos de geotermia tra-dicional e de acordo com estudos de FORJAZ(2001), no Arquipélago dos Açores estãoinventariados 235 MWe, distribuídos pelas

ilhas de S. Miguel, da Terceira, da Graciosa,do Pico, de S. Jorge, do Faial, das Flores e doCorvo (Quadro I). Apesar destes recursos,apenas existem os aproveitamentos indica-dos no Quadro II.

As necessidades eléctricas da ilha de S.Miguel são já supridas em 40% pelaenergiaenergia geotérmica. Uma central Dasprojecções efectuadas pela SOGEO eGEOTERCEIRA conclui-se que acontribuição da energiaenergia geotérmicana Ilha Terceira, em 2005, ultrapassará os50% da quota de mercado, incrementando aquota geotérmica ao nível do arquipélagopara um valor superior a 30%.

O aproveitamento térmico dos efluentesdas centrais de produção eléctrica éincipientemente realizado no aquecimentode estufas, propriedade do INOVA (Institu-to das Novas Tecnologias). Mas há estudos

Figura 2. Central geotérmica da Lagoa do Fogo, ilha de S. Miguel, Açores (SOGEO, S.A.).

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Quadro I. Inventário dos recursos geotérmicos do arquipélago dos Açores (FORJAZ, 1994, 2001).

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em curso na Direcção Regional de Comér-cio, Indústria e Energia (DRCIE) para pro-mover esse aproveitamento, primordialmen-te para fins turísticos.

A ocorrência de numerosas nascentestermais e fumarolas evidenciam um poten-cial geotérmico de baixa energiaentalpiaconsiderável em quase todas as ilhas ondeexistam consumidores adequados, comexcepção da ilha de Santa Maria (Figura 3 eQuadro IV). A sua importância é maior nasilhas de S. Miguel, Terceira e Graciosa. EmS. Miguel são reconhecidos aproveitamen-tos em balneoterapia desde o século XIX, noVulcão das Furnas (FREITAS; 1840;

BULLAR & BULLAR, 1841; FOUQUÉ,1872 in ACCIAIUOLLI, 1955; CRUZ etal., 1999), Vulcão do Fogo (Figura 4, M.R.CARVALHO, 1999) e Vulcão das Sete Ci-dades (ACCIAIUOLLI, 1953). Apenas noVulcão das Furnas se mantém actualmenteum estabelecimento termal que explora anascente da Caldeira Grande (Figura 5). NoFaial existe o estabelecimento termal doVaradouro e na Graciosa o Carapacho. Estáem lançamento pela DRCIE um projectoque inclui a inventariação sistemática de con-sumidores que possam beneficiar do potencialexistente em várias ilhas para esse fim.

No arquipélago da Madeira os trabalhosde FONSECA et al. (2000) e de FORJAZ

Quadro II. Empreendimentos geotérmicos no arquipélago dos Açores.

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(2001) levam a supor que se encontra iden-tificada uma pequena área geotérmica debaixa temperatura num túnel do Vale de SãoVicente. Referem, também, a existência dealguns cones estrombolianos relativamenterecentes, a SW do Funchal, com possíveispotencialidades geotérmicas.

Nos Açores e na Madeira está por fazer ainventariação sistemática dos sistemasgeológicos e hidrogeológicos que podemservir de suporte a aplicações geotérmi-cas a muito baixa temperatura, isto é, degeotermia nova ou de aplicações nãoconvencionais.

3.2 Recursos e realizações em Por-tugal Continental

Em Portugal Continental, no domínioda geotermia tradicional, da qual se excluemas altas temperaturas, o potencial geotérmicopode ser aproximado por três vias: a daexistência de nascentes termais, a dosaquíferos profundos e a dos aquíferos à tem-peratura normal.

3.2.1 Nascentes termais

No Continente existem numerosasnascentes termais situadas em faixastectonizadas, quer do Maciço Antigo, querdas faixas sedimentares ocidental e do

Figura 3. Localização de manifestações geotérmicas, fumarolas e nascentes termais no Arquipélagodos Açores. Elementos tectónicos da região dos Açores (adaptado de NUNES, 1991): RT-Rift daTerceira; TSJ-Transformante de S. Jorge; ZFNA-Zona de fractura norte dos Açores; ZFF-Zona defractura do Faial; ZFEA-Zona de fractura Este dos Açores; FG-Falha da Glória; CMA-Crista Médio-Atlântica.

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Quadro III. Ocorrências termo-minerais no arquipélago dos Açores.

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Figura 4. Nascente de água termal noMaciço Vulcânico de Água de Pau(Vulcão do Fogo), na ilha de S. Miguel,Açores.

Figura 5. Nascente de água termal(Caldeira Grande) no Vulcão das Furnas(ilha de S. Miguel, Açores), comaproveitamento para balneoterapia.

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Quadro IV. Recursos Geotérmicos de Portugal Continental associados a pólos com águas termaisconcessionadas, considerando uma temperatura de rejeição de 20ºC (valores do ano 2000; in:D. CARVALHO, 2001).

Algarve, e muitas suportam estabelecimen-tos termais (Figura 6).

Alguns estudos de viabilidade, promo-vidos pelo Programa THERMIE (AcçãoOPET 94/95-G16) em meados dos anos 90,do séc. XX, mostraram que o desenvolvi-mento de recursos geotérmicos de baixaenergiaentalpia nas nascentes termais por-tuguesas é técnica e economicamentepossível. Há locais, no Norte e Centro dePortugal, de alto potencial geotérmico comoAregos, Caldas da Rainha (Figura 7), Chaves,Manteigas, Monção, S. Pedro do Sul e Vizela,

entre outros. A maior limitação é a da pe-quena procura térmica geralmente existen-te.

ANON. (1998a) identificou 52surgências com temperaturas superiores a20ºC. A temperatura mais elevada é medidaem Chaves (76ºC), havendo 17 nascentescom temperaturas superiores a 35ºC. Nosúltimos 30 anos tem sido realizado grandeesforço de prospecção, pesquisa e captaçãonestes pólos (J.M. CARVALHO, 1995).Muitos destes pontos (Figura 8) onde jáexistem utilizações balneoterápicas, podem

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Figura 6. Localização de pólos termominerais em Portugal Continental.

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comportar pequenos a médios projectos deaplicação directa em cascata. É o caso deMonção, Vizela, Manteigas (entre outros) eChaves e S. Pedro Sul onde estão em funcio-namento, há vários anos, aplicações em aque-cimento de hotéis, piscinas (Figura 9) eestufas.

O potencial total destes recursos denascentes no Maciço Antigo, tomando comobase J.M. CARVALHO (1995), é de cercade 20 MWt e a energiaenergia substituívelé da ordem de 83,5 GWht. Os recursosdisponíveis (os que resultam das caudais deexploração em cada pólo), i.e., desustentabilidade garantida, são de 7,183ktep enquanto que os recursos medidos emcada pólo (os que resultam dos caudais máxi-mos extraídos em ensaios de caudal) são de

18,675 ktep. As necessidades de aqueci-mento a médio prazo, nos locais considera-dos, são de cerca de 6,053 ktep (J.M.CARVALHO, 1995), amplamente inferio-res à oferta.

D. CARVALHO (2001) refere que opotencial geotérmico referente aos pólos deáguas termais concessionadas (valores refe-ridos a 2000), considerando uma tempera-tura de rejeição de 20ºC, é de 22 MWt(Quadro IV). Estudos inéditos e recentes doInstituto Geológico e Mineiro apontam parapotências de cerca de 23 MWt no conjuntodas nascentes termais Portuguesas.

No Quadro V é apresentada uma síntesedos Projectos Geotérmicos Portugueses noContinente.

Figura 7. Nascente principal da Estância Termal das Caldas da Rainha.

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3.2.2 Aquíferos profundos

A ocorrência de águas termaisdescarregando naturalmente nas OrlasSedimentares Portuguesas (Oeste e Sul) põeem evidência a existência de aquíferos pro-fundos, provavelmente com potencialgeotérmico considerável que, no entanto, édesconhecido.

A informação decorrente das sondagenspetrolíferas tem dado informações sobre adistribuição dos gradientes geotérmicosnessas áreas. De um modo geral, pode afir-mar-se que à profundidade de 1500 m, nasOrlas Sedimentares, as temperaturas rondamos 50 ºC (RIBEIRO & ALMEIDA, 1981),

correspondendo a gradientes geotérmicosde cerca de 2,1ºC/100 m. Os gradientes, nolimite máximo, chegam a ultrapassar 3,5ºC/100m (ANON., 1998b).

Uma das anomalias geotérmicas maisimportantes (ANON., 1998b), situa-se exac-tamente sob a Península de Setúbal onde selocalizam importantes aquíferos,reconhecidamente desde o Mio-Pliocénicoaté, pelo menos, ao Aptiano-Albiano. J.M.CARVALHO et al. (1990) referem que é decontar com temperaturas de 75ºC a profun-didades de cerca de 2800m na região deLisboa, pois no Barreiro uma sondagemmostrou a existência de reservatórios satura-

Figura 8. Prospecção de fluidos termominerais emManteigas (Serra da Estrela, Portugal Central).

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Quadro V. Projectos geotérmicos em Portugal Continental.

dos com águas com 5g/l de cloretos e tempe-raturas dessa ordem de grandeza, a essaprofundidade.

Uma avaliação do potencial geotérmicodos aquíferos do Aptiano-Albiano eValanginiano da bacia de Lisboa está conti-da no Atlas dos Recursos Geotérmicos daEuropa (CEC, 1988). A avaliação foi realiza-da com base na área e espessura de aquíferopelo critério de MUFLER & CATALDI(1978). O recurso identificado, vulgo, re-curso, foi avaliado em 1x1018 J. O ProjectoGeotérmico do Hospital da Força Aérea noLumiar parece ser representativo dascondições ocorrentes na zona de Lisboa atéprofundidades de 1500m.

A versão actualizada do Atlas Geotérmico(documento inédito do IGM) contemplaráuma carta de distribuição de temperaturas àprofundidade de 500 m que confirma aanomalia de temperatura superior a 35ºC noBaixo Tejo entre Lisboa e Santarém. Esta éorlada por uma faixa de temperatura entre30º a 35ºC que a Norte vai até Leiria,acompanhando a costa ocidental. Para Sul amesma faixa acompanha o vale do Tejo entreFátima, Santarém e Setúbal. Nas restanteszonas do País as temperaturas são da ordemde 25ºC, à excepção do Baixo Alentejo eAlgarve onde se tem de novo, aparentemen-te, temperaturas de 25º a 30ºC ou superio-res.

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(ANON., 1998b). No âmbito deste projecto(que foi realizado em simultâneo em váriospaíses da Europa) deveriam ser consideradasapenas as captações que produzissem maisde 10l/s. Todavia, nas bacias sedimentaresportuguesas esse número é de váriosmilhares, pelo que foram consideradas ape-nas 63 captações, fornecendo caudaisunitários de mais de 20l/s. O potencial totalpara aquecimento e climatização assim cal-culado foi de 5TWht (ANON., 1998b).

Os furos de água potável, de que existemregistos de temperatura, forneceram,informações adicionais sobre o gradientegeotérmico médio nas bacias sedimentaresPortugueses. A análise de várias centenas defuros até à profundidade de 700m, nas orlaslitorais, levou ao estabelecimento de umaregressão linear, traduzida pela equaçãoT(ºC)=0,021xP(m)+17,66, que confirmaum gradiente geotérmico médio de cerca de2,1ºC/100m para uma temperatura no solode cerca de 17,7ºC (ANON., 1998b).

Não foram ainda estudados os ‘logs’ dassondagens petrolíferas existentes no sentidode evidenciar a presença de reservatóriosgeotérmicos a grandes profundidades. Anecessidade de realização de um estudo con-jugado integrando águas termais einformação de furos petrolíferos é manifes-ta, pois trata-se de eventuais reservatóriossituados nas zonas com maior densidadepopulacional do País.

3.2.3 Aquíferos à temperatura normal

Em relação à geotermia que utilizaaquíferos ou formações geológicas a tempe-ratura normal com BCG, o potencial é sig-nificativo, conforme foi evidenciado peloProjecto EU Project-DIS-1038-96-IR “ToPromote The Use Of Geothermal Energy FromProven Aquifers And Match This Energy ToExisting Or Potential Heat Users”. Os recursosde hidrogeologia energética avaliados paraaquecimento e climatização são enormes

Figura 9. Piscina aquecida geotermicamente em Chaves.

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Facilmente se conclui que a dinamizaçãoda utilização desse recurso energético não éapenas questão de disponibilidade do recur-so, mas sim um problema de mercado, de‘marketing’ e de educação ambiental.

3.3 A geotermia do futuro

Enquanto as formas de geotermia referi-das neste documento como geotermia tradi-cional e geotermia nova podem ser aplicadasde forma relativamente rotineira pela indús-tria, pois os grandes problemas científicos etecnológicos que as suportam estãoresolvidos, a geotermia do futuro impõe aaplicação de técnicas e conceitos ainda nãodominados.

De acordo com os progressos consegui-dos nos programas já realizados e, particu-larmente, no Projecto Europeu de Soultz-sous-Forêt, poderá especular-se querealizações industriais de algum vulto,poderão surgir num horizonte de 10 a 15anos.

Como foi anteriormente referido, ageotermia do futuro desenvolver-se-á emtorno das variantes do conceito alargado de‘Hot Dry Rock’. No entanto, circunstânciasno decurso de actividades de aproveitamentode recursos subterrâneos a grande profundi-dade podem dar origem a novas oportunida-des: é o caso, por exemplo, do aproveitamentode furos geotérmicos, de petróleo ou gásabortados por improdutividade das cama-das. Este é um domínio em que o contributoda criatividade dos cientistas, dos técnicos e

do entrosamento entre os órgãos daadministração, será determinante.

AGRADECIMENTOS

O presente trabalho destina-se a divul-gar, sumariamente, o estado da arte dageotermia industrial à escala portuguesa ealguns aspectos a nível mundial. Retomaalgum do labor produzido pelo primeiroautor [JMC] no âmbito do “Fórum EnergiasRenováveis em Portugal” (Lisboa, 2001). Éda mais elementar justiça, portanto, divul-gar aqui a constituição do referido grupotemático: Luís Rodrigues Costa (InstitutoGeológico e Mineiro, IGM; Coordenador);Carlos Bicudo da Ponte (SociedadeGeotérmica dos Açores, S.A, SOGEO); Car-los Coutinho (Associação das Termas dePortugal, ATP); José Martins Carvalho (Uni-versidade de Évora, UE; Relator); Luís Fer-nando Silva (Agência para a Energia,AGENE).

Os autores agradecem ainda ao Prof.Helder I. Chaminé (ISEP, MIA-UA) a leituraao manuscrito original e o apoio incondicio-nal manifestado. Um agradecimento finalpara todos os colegas, das várias universida-des, institutos e empresas, contactados quenos facultaram elementos bibliográficos fun-damentais para a realização desta síntese,bem como pela troca de impressões sobre atemática da geotermia.

Recibido: 20-3-2004Aceptado: 20-7-2004

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