redefinindo territorios - helena catão

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    III Encontro da ANPPAS23 a 26 de maio de 2006 - Braslia-DF

    Redefinindo Territrios: disputa por significao e direitode uso do espao social na construo de ruralidades

    contemporneas

    Helena Cato H. Ferreira - UFRRJ

    Resumo:

    A reserva de reas consideradas ambientalmente relevantes por meio da instituio deUnidades de Conservao da Natureza faz surgir um novo arranjo nas relaes sociais locaisOcorre, a partir de ento, uma requalificao do territrio (Mormont,1996) dando lugar gesto do meio ambiente. Por outro lado, a existncia destas reservas de natureza vem aoencontro de uma demanda crescente das populaes urbanas por maior contato comambientes considerados naturais e vistos como puros e no poludos, em contraposio aoambiente das grandes cidades. O territrio, considerado como a apreenso do espao por umdeterminado grupo social (Raffestin,1986), multiplica-se, dando origem a novos territrios e novas ruralidades, que se conformam na medida em que novos grupos sociais entram emcena. Surgem assim novos sujeitos e sociabilidades, ressignificando referncias sociais eespaciais e criando novas negociaes de interesses e poderes. Este artigo, baseado emdissertao de mestrado defendida em 2004 no CPDA/UFRRJ, busca refletir sobre o processde disputa de valores e direitos entre diferenciados territrios sociais engendrados a partir dinstituio de duas Unidades de Conservao da Natureza e do turismo a elas associadoabrangendo o territrio da populao da Vila do Aventureiro, na Ilha Grande-RJ.

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    Introduo:

    A Vila do Aventureiro est situada na parte sudoeste da Ilha Grande que, por sua vez,pertence ao municpio de Angra dos Reis, no estado do Rio de Janeiro. a maior ilha doestado, com 193 km. rea de domnio da Mata Atlntica e ecossistemas marinhosassociados, possui relevo bastante acidentado com diversos picos e numerosos cursos dguaque descem pelas montanhas, s custas dos quais as populaes das vrias localidades da ilhase abastecem. Possui 106 praias, muitos cabos e enseadas. O clima da regio ameno, suastemperaturas variam entre 26,7 C e 20,1 C. Segundo consta, originalmente a Ilha era cobertpor densa floresta. No entanto, devido aos ciclos econmicos que por l se desenvolveramatravs dos tempos, tais como o extrativismo de madeira, plantaes de acar e caf e at

    criao de gado, alm de formas mais recentes de ocupao como o turismo, esta situao sealterou. O lado da Ilha voltado para o continente o que apresenta maior impacto antrpicodevido ao acesso facilitado pelo fato de suas guas serem abrigadas, tendo sido inclusivemais antiga sua colonizao. A parte ocenica e as partes mais altas, em razo dainacessibilidade, conservaram sempre maior integridade de sua cobertura vegetal.

    Com o objetivo de conservar suas florestas e proteger seus ecossistemas, desde adcada de 1970, a ilha tem sido alvo de decretos e leis criando diversos tipos de Unidades dConservao da Natureza, alguns deles inclusive se sobrepondo. So elas: Parque Estadual d

    Ilha Grande, criado em 1971, Reserva Biolgica Estadual da Praia do Sul, de 1981, ParqueEstadual Marinho do Aventureiro, de 1990 e rea de Proteo Ambiental de Tamoios, de1982. H tambm a Reserva Biolgica da Ilha Grande, abrangendo toda a rea da Ilha. Focriada por decreto em 1987, mas no considerada sequer pelos rgos ambientais na medidem que, alm de se sobrepor s outras Unidades de Conservao, est em total desacordo coma legislao que determina no poder existir ocupao humana em reserva biolgica.

    As duas Unidades de Conservao que abrangem a Vila do Aventureiro so a ReservaBiolgica da Praia do Sul e o Parque Estadual Marinho do Aventureiro. A Vila inclui umapequena praia com cerca de 800 m e as encostas dos morros circundantes. Ali reside umapopulao que, segundo dados de janeiro de 2004, contava com cerca de 103 moradores eque est estabelecida no local h mais de um sculo e meio, vivendo originalmente daagricultura e da pesca. Especula-se, no entanto, que esta ocupao possa ser ainda maisantiga, datando cerca de 300 anos. (SEMADS-RJ, 2001; Wunder,Sven, 2000)

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    O Parque Estadual Marinho compreende a parte martima de 5 milhas nuticas quemargeiam a Reserva Biolgica. Seu nome refere-se ao ncleo de pescadores l existente. Noparque incluem-se a zona de mars e a foz dos rios, bem como todo o espelho dgua daquelreentrncia da ilha e os meios fsicos e biticos existentes da superfcie at o fundo do marsegundo o Atlas das Unidades de Conservao Ambiental do Estado do Rio de Janeiro(SEMADS-RJ, 2001). Ainda segundo este Atlas, o Parque foi criado com o objetivo depreservar atributos excepcionais da natureza, compatibilizando-os com usos como educaoambiental, recreao, turismo ecolgico e pesquisa cientfica.

    A Reserva, que possui 3600 hectares, formada por cinco ecossistemas naturaisdiferentes: mata de encosta, manguezal, restinga, lagunas e costo rochoso. Alm de suaimportncia ecolgica, devido diversidade de ambientes naturais e a sua excepcional

    conservao, outro fator que determinou a preservao desta rea foi a presena deimportantes stios arqueolgicos. Pesquisas feitas por especialistas do Museu Nacional do Ride Janeiro encontraram quatro stios que teriam sido ocupados por grupos pr-histricosalm de inmeros amoladores, sulcos nas rochas causados pelo ato de polir e afiarinstrumentos.

    De acordo com a lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservao, ReservaBiolgica tem como objetivo:

    a preservao integral da biota e demais atributos naturais existentes em seus limites, seminterferncia humana direta ou modificaes ambientais, excetuando-se as medidas de recuperade seus ecossistemas alterados e as aes de manejo necessrias para recuperar e preservar oequilbrio natural, a diversidade biolgica e os processos ecolgicos naturais (SNUC, 2000art.10).

    Numa Reserva Biolgica, a visitao pblica s permitida legalmente quandomotivada por objetivos cientficos e educacionais, mesmo assim, mediante autorizao dorgo administrador da unidade, estando sujeita s restries impostas por ele e por seuregulamento.

    Acompanhando a histria da Ilha, a rea onde hoje est a Reserva Biolgica tambmpassou por diversos ciclos econmicos. Durante os primeiros perodos da colonizao, a Ilhafoi local de extrao de madeira, vindo depois a abrigar importantes fazendas de cana-deacar e, mais tarde, de caf. Consta que nos fins do sculo XIX e incio do sculo XXhouve intensa atividade agro-pastoril nas fazendas Capivari, Grande, Cachoeira Grande, doLeste e do Fidlis, ocupando o entorno das praias do Leste e do Sul. (SEMADS-RJ, 2001)

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    Diversos fatores contriburam para o abandono da atividade agrcola na Ilha. Ainstalao de um presdio, primeiro na Vila do Abrao, e depois na Fazenda de Dois Rios, foum deles. Os outros foram a topografia acidentada, pouco apropriada expanso agrcola, eos altos custos de transporte da produo para o continente.

    Em algumas localidades, entre elas o Aventureiro, persistiu durante longo perodo umpequeno cultivo, de organizao familiar, principalmente de mandioca, e em menorproporo, banana, feijo e milho voltado para o autoconsumo e para uma reduzidacomercializao. Isto devido, principalmente, dificuldade de acesso e ao isolamento do loca j que s h duas opes de chegada ou sada: por mar, bastante difcil, pois, dependendoda poca do ano ou das condies climticas, o mar fica muito revolto e perigoso ou atravsde caminhada por uma trilha ngreme que liga localidade de Provet.

    A criao da Reserva Biolgica, em 1981, foi um fator importante para que apopulao do Aventureiro fosse deixando, paulatinamente, a agricultura, embora ainda hojeseja praticada de forma restrita. Os mtodos tradicionais de plantio que utilizavam, exigiamum rodzio de terrenos incompatvel com a estratgia preservacionista. Alis, cabe ressaltaaqui, que qualquer atividade agrcola e a prpria presena de moradores so proibidas emuma reserva biolgica.

    A populao do Aventureiro tem sido identificada, principalmente por ambientalistas eagentes do Estado, como pertencendo ao grupo dos caiaras, mestios de indgenas, brancos

    negros, em menor proporo, que possuem uma cultura associada agricultura itinerantedenominada coivara (baseada nas queimadas e no uso rotativo de terrenos para plantao) e pesca artesanal. Cristina Adams em Caiaras na Mata Atlntica localiza a origem da palavrcaiara no tupi-guarani, como tendo o significado de homem do litoral. Teria, primeiramentedesignado as estacas que rodeavam as aldeias e tambm o curral de galhos fincados na guapara capturar os peixes. Usado mais tarde para denominar as palhoas feitas na praia paraguardar canoas e, depois, para identificar os moradores de Canania, em So Paulo, teriapassado a nomear todos os indivduos das comunidades litorneas. Tendo sido o litoral a

    primeira rea brasileira de povoamento, existiriam elementos culturais comuns em toda apopulao costeira, decorrentes de influncias semelhantes na sedimentao de suas basesculturais.

    Depois que as prticas agrcolas dos moradores do Aventureiro no puderam continuara se reproduzir da forma tradicional por causa da criao da Reserva, a pesca artesanal, umimportante elemento de sua cultura, passou a ser, durante muito tempo, a principal atividaddesta populao .

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    Em meados do sculo XX, houve um grande surto de pesca industrial de sardinhas naIlha Grande, tendo sido implantadas 25 fbricas para beneficiamento deste produto emalgumas de suas praias. Nesta poca, muitos pescadores do Aventureiro chegaram a serfuncionrios assalariados das empresas que organizavam a pesca e o beneficiamento desardinhas. Esta atividade entrou em declnio a partir da dcada de 1970, tendo sido fechada ltima fbrica em 1992. Hoje, a pesca na regio considerada fraca, segundo pescadores daIlha, por causa dos mtodos de pesca da sardinha, muito predatrios, que terminaram porprejudicar a piscosidade local.

    Os ambientes naturais, principalmente os mais conservados, tm feito parte doimaginrio de uma parcela cada vez maior das populaes urbanas, estimulando um tipo deturismo cujo interesse principal a natureza.

    Os moradores do Aventureiro, que viviam praticamente isolados em seu territrio comuma visitao turstica muito restrita, embora, paradoxalmente, o turismo na Ilha como umtodo j fosse bem significativo, viram desde o incio dos anos 90, aumentar o fluxo devisitantes ao local. Este contingente teve um crescimento abrupto depois que foi implodida Colnia Penal Candido Mendes, localizada na Praia de Dois Rios, em 1994, fato este queparece ter determinado um aumento do turismo em toda a Ilha . Desde ento, tm sedefrontado, principalmente nos feriados, com um grande nmero de pessoas no local. Estesturistas, em sua maioria, jovens, acampavam na areia das praias do Aventureiro, do Demo

    do Sul e do Leste, em plena rea da Reserva Biolgica. A partir de 1999, com a intensificada fiscalizao por parte de rgos pblicos e entidades ambientalistas da regio,principalmente nos perodos de alta estao, passaram a acampar somente nos terrenos dacasas dos moradores, que por sua vez passaram a oferecer refeies e, eventualmente,hospedagem em suas casas, de forma modesta e improvisada.

    O grande nmero de visitantes na rea da Reserva tem preocupado a FundaoEstadual de Engenharia do Meio Ambiente, rgo responsvel pelas duas Unidades deConservao citadas, a Prefeitura Municipal de Angra dos Reis e ambientalistas em geral

    Algumas providncias tm sido tomadas para limitar o nmero de visitantes em toda a Ilhadurante os perodos mais crticos. Pode ser citada, por exemplo, a formao de fora-tarefacomposta por representantes das foras policiais locais, de organizaes no-governamentaiambientalistas, da prefeitura municipal, do governo estadual e dos moradores, com o objetivode controlar a chegada de turistas em perodos de maior pico como por exemplo, noCarnaval.

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    Territrios em disputa:

    Neste texto, as mudanas que tm ocorrido no Aventureiro so tratadas sob aperspectiva da conformao de distintos territrios sociais nesta localidade. Cada um desteterritrios estabelece redes de relaes sociais que se comunicam, mas se distinguem por suaprticas, por seu ethos e pela maneira como percebem o espao. Os atores sociaisrelacionados a estes territrios entram, ento, em disputa por significao e direito de uso doespao, e esta disputa determina uma redefinio de territrios.

    Em primeiro lugar, preciso definir o campo do se est chamando aqui de territrio.Como possvel perceber, no primeiro pargrafo, a noo de territrio diferencia-se da node espao. Para Raffestin (1993, p.143) a base do territrio o espao, mas no se confunde

    com ele, na medida em que o territrio o resultado de uma ao conduzida por um atorsintagmtico (que realiza um programa), em qualquer nvel. Ao se apropriar de um espaoconcreta ou abstratamente (por exemplo, pela representao), o ator territorializa o espaoSegundo este autor, o territrio o resultado de um trabalho humano, enquanto o espao simplesmente uma combinao de foras e aes mecnicas, fsicas, qumicas e orgnicasPortanto, o territrio uma reordenao do espao, e marcado pelas relaes de poderO espao a priso original, o territrio a priso que os homens constroem para si(Raffestin, 1986, p.172). Seria, assim, uma produo elaborada a partir do espao, atravs de

    relaes que envolvem um campo de poder. Produzir uma representao do espao j umaapropriao, uma empresa, um controle, portanto, mesmo se isso permanece nos limites doconhecimento ( Raffestin, 1986 p.144).

    O autor afirma que todo projeto tem como base um conhecimento e uma prtica e porisso est perpassado por cdigos, ou seja, por um sistema smico. atravs desse sistema quse realizam as objetivaes do espao, que so processos sociais. Os limites do espao so odo sistema smico mobilizado para represent-lo (Raffestin, 1993, p.144). Desta formaconformam-se modelos, representaes, construes da realidade, que se revelam como

    instrumentos de poder. Os processos de identificao social, para Costa (2004), passariampor uma relao poltica, pois so acionados estrategicamente em momentos de conflito enegociao.

    Nesta perspectiva, certos elementos do territrio so materiais e outros imateriais ousimblicos. E todo territrio social, um produto do imaginrio humano. O espao geogrficotem que ser pensado, ou seja, tem que passar ao estado de representao para constituir um

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    territrio. O territrio social , portanto, uma re-produo do real. Cada territrio possui seuprprios cdigos, suas representaes e tambm suas fronteiras (Barel, 1986).

    Para a comunidade local, o territrio remete ao sentimento de pertencimento e noo

    de lugar. Ao local das prticas cotidianas, da luta pela sobrevivncia, do afeto, podendo ser ouno a terra natal. No Aventureiro, at a criao da Reserva Biolgica, a populao viviaexclusivamente da atividade agrcola e da pesca. Seu territrio dividia-se entre as roas, qusubiam os morros, e o mar. Estes eram os principais espaos associados s suas prticastradicionais. A partir de ento e depois com a criao do Parque Estadual Marinho, foramtrazidas para estes espaos novas vises sobre eles. Pode-se considerar que houve umaretrao do territrio nativo. A comunidade reduziu sua rea agrcola, no pde mais coletaplantas na mata, teve que deixar de caar, passou a no poder construir suas casas, ou seja,

    no pde mais ampliar sua ocupao do espao, tendo tambm que enfrentar novas regulaeem relao ao mar.

    As questes ambientais produzem uma espcie de re-qualificao do territrio porsuas funes ecolgicas, e tambm uma re-qualificao do local como lugar de interveno ogesto do meio ambiente (Mormont,1996). O autor sinaliza que o espao qualificadoecologicamente se transforma em um lugar onde se instala um enfrentamento entre os usoslocais, que podem estar ligados tradio da cultura ou mesmo interesses econmicos e osinteresses exgenos, universais ou globais. Esta superposio de qualificaes e interessesengendra campos particulares de interdependncia, e coloca-se, ento, a questo dacompatibilidade destes diferentes usos do espao. Neste sentido, conforma-se um territrioque ser aqui denominado de territrio da preservao, criado por foras governamentais elegitimado pela cincia e por uma associao destas foras com o ambientalismo nogovernamental, mesmo que estes, em diversos momentos, estejam tambm em campos quedisputam entre si vises e poderes.

    As unidades de conservao, sobretudo as de Proteo Integral, so criadas como

    apreenso de um espao em que so imputados valor ambiental diferenciado e regulaestambm diferenciadas. Este valor dado com base em uma avaliao de caractersticas quconsideram sua importncia ecolgica. Este territrio carrega uma negao do territrio dapopulao local ou da tradio, na medida em que o projeto de conservao adotado implicauma concepo excludente das suas prticas culturais e do uso que fazem daquele ambienteO estabelecimento destas reservas representa, portanto, para estes habitantes uma forma dedesterritorializao, mesmo que continuem a morar no local. Na medida em que um territri

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    existe a partir da apreenso do espao pelo capital cultural de um determinado grupo e asregulaes ambientais inviabilizam esta reproduo cultural, ocorre um processo dedesterritorializao, em um primeiro momento, que ser seguido de uma reterritorializao emoutras bases.

    Para Diegues (1996), as populaes que vivem em reas onde so criadas unidades deconservao sentem esta situao como uma usurpao de seus direitos sagrados terra ondviveram seus antepassados e o espao coletivo no qual se realiza seu modo de vida distinto durbano-industrial. Elas tm uma representao simblica desse espao, que lhes fornece osmeios de trabalho e de vida, e sua expulso do local impossibilita sua reproduo como grupportador de determinada cultura.

    Estas reas so, ento, alvo de uma intensa disputa de representaes e valoraes

    diferentes do mesmo espao, implicando uma pluralidade de significado. Para as populaeque l vivem h geraes, elas so um elemento primrio de identificao e o lugar dereproduo da sua cultura. Para os ambientalistas, um espao a ser protegido,principalmente, do uso humano. Para o turismo, um territrio de lazer e de prazer. Suasfronteiras so traadas pelo interesse que cada um dos ambientes apresenta em termos deatratividade turstica e pelos perigos que apresenta.

    Referindo-se a outra localidade, no municpio de Paraty, Moreira e Gaviria (2002)explicam que a dinmica social vivenciada por diferentes atores carrega diferentes projetos dorganizao do territrio e, tambm, diferenciadas condies e possibilidades das relaesociais, das identidades e das ruralidades locais. So forjadas, portanto, identidades distintasde acordo com a apreenso de cada territrio. O Aventureiro , ao mesmo tempo, o lugar daroas, dos ecossistemas e o paraso, como na concepo dos turistas.

    possvel identificar uma assimetria de poderes (Gaviria e Moreira, 2002) entre osterritrios l construdos. Nesta perspectiva, define-se a existncia de agentes ou grupossociais relacionados a cada um dos territrios identificados, ocupando posies e

    relacionando-se atravs de uma distribuio de poder na qual alguns exercem dominaodentro do campo social do Aventureiro. O poder no interior dos campos um podersimblico que expresso pela disputa de significado e sentido do mundo e particularmente dmundo social (Bourdieu, 2002). O poder simblico , com efeito, esse poder invisvel, oqual s pode ser exercido com a cumplicidade daqueles que no querem saber que lhe estosujeitos ou mesmo que o exercem (Bourdieu, 2002, pp.7-8). Neste sentido, o territrio dapreservao que demarca a Reserva hegemnico legitimado pelo poder do Estado e impe

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    limites ao territrio estabelecido pelas relaes sociais dos moradores nativos. De certa formao territrio do turismo tambm exerce uma dominao, no de direito, como as leis daReserva, mas de fato, na medida em que ele, tanto quanto o ambientalismo, constitui umterritrio globalizado, legitimado por valores de ampla circulao nas sociedadescontemporneas, transmitidos, inclusive, pelos meios de comunicao de massa.

    A produo de um territrio implica a delimitao de fronteiras. Raffestin (1993)explica que falar de territrio fazer uma referncia implcita noo de limite, pois sendeste definido pela relao que um grupo mantm com o espao e sendo a ao deste gruporegulada por objetivos, estes objetivos mesmos definem os limites e o campo de atuao. Afronteiras fsicas e sociais destes territrios, no entanto, so mveis. Os processos sociais queas definem so dinmicos, portanto, estas fronteiras se constroem e reconstroem

    continuamente. O territrio da preservao estabeleceu regras sobre o territrio dacomunidade, superpondo suas fronteiras. O territrio do turismo elege pores do espao qudeterminam tambm mudanas no territrio da comunidade. Com o turismo gerada umaconcentrao da populao na praia. Ela se torna o espao mais importante. Enquanto para alavoura as encostas eram e em parte ainda so as roas, e agora tambm a mata emregenerao, para o turismo o principal espao a praia. Outro espao que passou a serutilizado de forma mais intensa foi o mar, principal atrativo para os turistas e caminho dechegada e sada para todos.

    O embate entre os diversos territrios produz, ento, uma redefinio de cada umdeles. H um processo de inculcao ou incorporao de valores ao modo como Bourdieu falda histria incorporada, da apropriao do adquirido histrico (2002). Para os moradoresnovos hbitos de consumo so assimilados, os valores se transformam, como por exemplo, monetarizao da vida e a substituio da solidariedade exercitada nos mutires das roas pelcompetitividade do turismo. A percepo do territrio nativo a partir de elementosvalorizados pelo ambientalismo e pelo turismo, como a fauna, a flora e a paisagem, exempldesta incorporao. O poder simblico das representaes dominantes de alguma formaaceito e legitimado pelos grupos dominados, que as naturalizam, no percebendo a relao deforas a que esto sujeitos. Passam, no entanto, por um processo de re-elaborao a partir dovalores e representaes da prpria comunidade. possvel observar isto nas palavras de ummorador:

    Eu nasci na roa, me criei na roa. Tenho vocao pra roa. Mesmo se eu ganhasse muitodinheiro, minha vida ia continuar a mesma. Talvez eu comprava um barco bom e uma serra eltricque uma coisa que eu queria ter. Fora disso, no mudava nada. No saa daqui, nem mudava de

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    mulher. Quando o cara fica rico, logo troca de mulher. Eu no. A famlia tem que continuar juntoseno no d certo. Quem sofre so os filhos (ex-pescador, dono de roa).

    Seu relato demonstra que ganhar muito dinheiro, como um valor fundamental dasociedade capitalista contempornea, pode ser um sonho tambm de quem no quer mudar dvida. O que ele deseja comprar so coisas do seu mundo de pescador ou de pai de barqueiroconstrutor da prpria casa, que conserta seus mveis e suas coisas, no qual o valor maisimportante a famlia, so os laos de parentesco, definidores de seu territrio.

    Outros elementos neste contato tambm so incorporados pela populao, como porexemplo, as disputas internas do campo ambientalista. O ambientalismo presente noAventureiro, atravs do Estado administrador das unidades de conservao ou de ONGsambientalistas, no unvoco. Pelo contrrio, um espao de intensa disputa por legitimidadde vises sobre natureza e sociedade, e esta disputa e sua co-relao interna de forasinfluenciam de maneira decisiva no que ocorre no local, considerando que a comunidadetambm no unvoca.

    Na poca da criao da Reserva, a Fundao Estadual de Engenharia do MeioAmbiente- FEEMA, rgo administrador das unidades de conservao em questo, pretendeutransferir os moradores do Aventureiro para fora de sua rea. No entanto, terminou porvencer a opo de sua permanncia no local devido a uma viso scio-ambientalista daquesto que se tornava hegemnica na poltica interna do rgo, naquele momento. Estas

    idias refletiram-se posteriormente na prpria populao. O medo transformou-se, em parteem crtica e resistncia. A populao apreendeu que tinha direitos e incorporou este discursos suas prprias argumentaes.

    Um pescador de cinqenta anos, relatou que, em 1994, a FEEMA cadastrou toda apopulao considerando-os ocupantes, tendo declarado, na ocasio, que nem os terrenosnem as casas e nenhuma benfeitoria so da comunidade. Segundo suas palavras:

    o que incomoda no poder construir casa para os filhos. Eles querem que nossos filhoscresam e vo embora, porque a os mais velhos vo morrendo at no ficar mais ningum aquiMas eles esto muito enganados.... (pescador, dono de roa e camping)

    Suas palavras demonstram uma reflexo sobre a estratgia do rgo ambiental paratira-los do Aventureiro e uma crtica a esta atitude, expressando disposio em resistir. Acrtica e a resistncia, aliadas forma especfica como lidam com os valores e representaeexgenos, apontam para possibilidades de construo de um modelo diferente do propostopelas territorializaes hegemnicas. A forma prpria de absorver o que vem de fora, comopor exemplo, valorizar a famlia como o maior bem, ser agora um microempresrio do

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    turismo, mas continuar sendo pescador e agricultor, indica um fortalecimento dos valores e dcoeso interna do grupo que os torna menos vulnerveis diante das presses exgenas(Rambaud, 1969; Mari, 1986).

    Os outros territrios referidos tambm se redefinem a partir destes contatos. O dapreservao, expresso principalmente pelas fronteiras da Reserva Biolgica, altera-se naconvivncia com o territrio da comunidade e com o do turismo. Os planos originais para aReserva, que desconheciam de incio aquele primeiro, no momento em que se defrontaramcom a situao concreta tiveram que se modificar. A presena de moradores em rea dereserva biolgica e, sobretudo a atividade turstica que praticam, totalmente inaceitveisperante a legislao vigente, de certa forma tolerada, apesar das restries impostas. OEstado v-se obrigado a lidar com esta situao e a flexibilizar sua ao.

    O territrio do turismo, por sua vez, se define tambm de forma diferente da queocorre regionalmente, porque se organiza sob as restries da Reserva e sob o modo particulaque esta populao tem de lidar com a atividade. No Aventureiro, ao contrrio do restante daIlha, o turismo incipiente, altamente sazonal e produzido quase que exclusivamente pelapopulao nativa. O impacto visual restringe-se aos perodos do ano em que os visitanteschegam e as barracas decamping so armadas. Na maioria do ano este cenrio se desfaz e olocal reassume sua paisagem de tranqilidade e a impresso de isolamento.

    O territrio virtual do Aventureiro:Na anlise dos territrios sociais e simblicos presentes no Aventureiro, no possvel

    ignorar um tipo de territrio, que embora por suas caractersticas no dispute propriamenteum espao fsico, no deixa de interagir com os outros territrios e agentes implicados. oterritrio virtual do Aventureiro na Internet, construdo e reconstrudo de maneira veloz econstante, que embora imaterial e provavelmente no percebido, conscientizado ou avaliadoem extenso pela populao local, tem certamente uma influncia de peso nos fenmenos qul ocorrem atualmente. Segundo Moreira (1999), para que seja possvel a compreenso dassociedades contemporneas preciso que se considere a produo imaterial, esteja esteimaterial associado produo do conhecimento cientfico e tecnolgico ou produo daimagem cultural, prpria da indstria das comunicaes e da indstria cultural (Moreira1999, p.250).

    A Ilha Grande figura em diversas pginas especializadas em turismo na Internet comoum destino turstico de destaque no estado do Rio de Janeiro. A Vila do Aventureiro est

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    tambm presente nestes espaos virtuais e em outros especializados em meio ambiente.Nestes territrios virtuais, expressa atravs de uma viso idealizada e urbana de um lugaque parece pertencer aos contos de fada, ignorando o local concreto, com seus problemas econtradies. Neles, o Aventureiro apresentado como inspito e paradisaco, onde vivuma comunidade caiara, pura e tradicional. No difere, neste sentido, em grande medidade determinadas vises ambientalistas que, deixando de perceber o passado inscrito napaisagem, toma as matas em recomposio por natureza intocada e o territrio de umapopulao por um lugar inspito. ressaltado o aspecto de isolamento, no considerandoparadoxalmente, que o prprio fato de estar na Internet cria uma ponte invisvel de altacirculao, onde o isolamento transforma-se em mera fico. Em uma dessas pginas, alinguagem potica e a comunidade tida como em perfeita integrao com a natureza

    tendo preservado sua cultura devido ao isolamento, sendo um dos ltimos lugares daregio onde existem remanescentes caiaras. O Aventureiro visto, portanto, como umcenrio, onde existe tudo o que necessrio para uma vida farta e alegre: terras boas para ocultivo, gua potvel de nascentes inesgotveis, paisagem belssima e um mar repleto depeixes (ilhagrande.com, 20/12/03), quando a maioria das terras agora interdita ao cultivoas nascentes, segundo os moradores tiveram uma grande diminuio no volume de gua e ospeixes so, atualmente, escassos devido aos mtodos de pesca com tecnologia de pontaaltamente predatrios, utilizados por grandes empresas na regio. Em outra pgina, o

    Aventureiro resiste h dcadas sem alterar suas caractersticas. Aqui o tempo parou...(ilhagrande.com.br, 20/12/03). Contraditoriamente h, na mesma pgina, uma denncia sobros feriados de Ano Novo e Carnaval, quando o paraso se transforma em inferno e verificase uma superpopulao de turistas que o local no comporta, e drogas, sexo, brigas,desrespeito humilde comunidade.

    Para Castells (1999), desde o fim do milnio, a revoluo tecnolgica concentrada nastecnologias da informao vem mudando de forma radical a base material da sociedade. Anovas tecnologias da informao tm contribudo para uma integrao do mundo atravs d

    redes globais de instrumentalidade. A comunicao, feita principalmente atravs doscomputadores, est dando origem a um grande nmero de comunidades virtuais. Para o autora sociedade ancorada na difuso das novas tecnologias de informao e comunicao tambm a grande propulsora do atual desenvolvimento da globalizao capitalista.

    O territrio virtual apresenta-se de forma bastante malevel devido a sua nocorporeidade e ao seu distanciamento do espao real, sendo possvel mais que em outrosplanos criar simulacros. Polistchuck & Trinta (2003) argumentam que perdido num labirinto

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    de imagens, o homem deste novo tempo habita um mundo construdo por efeitos derepresentao, em que a realidade oferece fortes aparncias. A imagem passa a valer por smesma, a cpia prefervel ao original e o simulacro ao real. Os simulacros seriamintensificadores do real, e proporiam uma hiper-realidade espetacular, mais vvida e sedutorado que prpria realidade.

    Ao mesmo tempo em que as redes sociais criadas pela Internet facilitam e propiciam acriao de territrios virtuais desconectados do real, inegvel seu poder de conexo positivpara a troca de informaes e na facilitao dos contatos e dos debates distncia. Apesar ddesenvolvimento das tecnologias de informao e comunicao favorecer a compressoespao-tempo caracterstica dos tempos ps-modernos, e de ter permitido o incontrolado fluxde capitais pelo planeta, agilizou tambm a articulao de uma variedade enorme de

    movimentos sociais e organizaes da sociedade civil (Martinho, 2003). Boaventura Santo(2002, p.67), fala da globalizao da resistncia aos globalismos localizados e aos localismoglobalizados e cria o conceito de cosmopolitismo. O cosmopolitismo resultaria em umprocesso que se alimenta das possibilidades de interao transnacional criadas pelo sistemamundial em transio, incluindo as que decorrem da revoluo nas tecnologias de informaoe de comunicao e consiste em transformar trocas desiguais em trocas de atividade partilhadem lutas contra a excluso, a incluso subalterna, a dependncia e a desintegrao.

    Esta discusso aponta para a possibilidade de que a Internet, ao mesmo tempo em que

    pode servir para reproduzir imagens fantasiosas e estimular uma apreenso superficial emassificadora do lugar, pode contribuir tambm para o intercmbio de idias e reflexes qupossam apontar para a soluo criativa das questes locais. O cosmopolitismo no mais doque o cruzamento de lutas progressistas locais com o objetivo de maximizar o seu potenciaemancipatrioin locu atravs das ligaes translocais/locais (Santos , 2002, p.69).

    A formao de redes, de idias, de pessoas, de pensamentos, dos movimentos contra-hegemnicos da sociedade civil facilitada pela Internet, pela rapidez e alcance globalEstas redes, que surgiam a partir do relacionamento entre os atores sociais e de situaespolticas que exigiam resposta coletiva, de forma episdica, so atualmente uma dasprincipais formas de organizao dos movimentos sociais (Martinho, 2003).

    Concluso:Procurou-se analisar, neste texto, algumas implicaes decorrentes de diferenciadas

    formas de percepo e de domnio presentes na Vila do Aventureiro, a partir da criao de

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    unidades de conservao da natureza e do turismo. Nesta perspectiva, est implcita a idia dque o Aventureiro olcus de uma disputa por hegemonia entre valores e significados e pordireito de uso do espao pelos grupos sociais envolvidos. O local tem sido apreendido agoratambm como espao de preservao e de desfrute, percepes que entram em choque com ada comunidade que o habitava exclusivamente. Os diversos campos ideolgicos presentes noAventureiro configuram territrios sociais que se entrelaam e se redefinem neste processo. Arelao entre estes diferentes territrios, no entanto, no resultaria necessariamente em umaabsoro e anulao da cultura local ou num processo de degradao ambiental provocadopor uma crescente urbanizao decorrente da atividade turstica. Para a comunidade, estatrocas podem apontar tambm para um movimento de aglutinao em torno de elementolocais como uma reao aos processos urbanizadores e globalizantes. Nesta perspectiva

    estariam em jogo: o reconhecimento da legitimidade de seu territrio pelo Estado, ainfluncia em decises sobre ele e a possibilidade de reproduo de suas prticas culturaisSob o ponto de vista da conservao ambiental, uma compreenso das interaes entre osdiferenciados territrios e um o amplo debate sobre as questes sociais envolvidas, poderiaajudar nas negociaes necessrias elaborao de um projeto mais efetivo, embora maicomplexo. Tambm a conformao de um territrio virtual do Aventureiro, a par dereproduzir uma localidade descolada do real e de estimular o fluxo de pessoas que vem apopulao local como mais um elemento da paisagem pode apontar para a possibilidade d

    que se estabeleam, redes em que o debate e a troca de experincias entre atoresdiferenciados, inclusive da prpria comunidade, possam sinalizar mudanas na eqidade darelaes.

    Referncias Bibliogrficas:

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