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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE RIBEIRÃO PRETO
REINALDO DIAS DA SILVA NETO
Eficácia dos cimentos obturadores do sistema de canais radiculares
frente a desafio ácido in situ
Ribeirão Preto
2015
REINALDO DIAS DA SILVA NETO
Eficácia dos cimentos obturadores do sistema de canais radiculares
frente a desafio ácido in situ
Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade
de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade
de São Paulo para obtenção do grau de Mestre em
Ciências - Programa: Odontologia Restauradora -
Área de Concentração: Odontologia Restauradora
(Opção: Endodontia).
Orientadora: Prof. Dra. Aline Evangelista S. Gabriel
Versão corrigida
Ribeirão Preto
2015
Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio
convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que seja citada a
fonte.
Assinatura do autor: _____________________________ Data: ___/___/2015
Ficha catalográfica
Silva-Neto, Reinaldo Dias.
Eficácia dos cimentos obturadores do sistema de canais radiculares frente a
desafio ácido in situ/ Reinaldo Dias da Silva Neto. Ribeirão Preto, 2015.
“Versão corrigida da Dissertação. A versão original se encontra disponível
na Unidade que se aloja o programa”
97p.: il.; 30cm
Dissertação (Mestrado), apresentada na Faculdade de Odontologia de Ribeirão
Preto (FORP-USP), área de concentração: Odontologia Restauradora – Opção:
Endodontia.
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Aline Evangelista Souza Gabriel
1. Adesão. 2. Biofilme. 3. Desmineralização do dente. 4. Microscopia Confocal
FOLHA DE APROVAÇÃO
SILVA-NETO, R. D. Eficácia dos cimentos obturadores do sistema de canais
radiculares frente a desafio ácido in situ
Dissertação de Mestrado apresentada à
Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo para obtenção do grau
de Mestre em Ciências - Programa: Odontologia
Restauradora - Área de Concentração:
Odontologia Restauradora (Opção: Endodontia).
Aprovado em: ___/___/____
Banca Examinadora
Presidente: Profª Drª Aline Evangelista de Souza Gabriel
Instituição: Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto/USP
Prof. (a).Dr.(a).:____________________________ Instituição:______________
Julgamento:_________________________ Assinatura:___________________
Prof. (a).Dr.(a).:____________________________ Instituição:______________
Julgamento:_________________________ Assinatura:___________________
Prof. (a).Dr.(a).:____________________________ Instituição:______________
Julgamento:_________________________ Assinatura:___________________
Este trabalho de pesquisa foi realizado nos Laboratórios de Pesquisa em Dentística
e Endodontia do Departamento de Odontologia Restauradora da Faculdade de
Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo com auxílio de
pesquisa CNPq (processo: 130316/2014-8).
Dedicatória
Ao soberano Deus, fonte de sabedoria em minha vida. Sim, Deus capacita seus
melhores guerreiros e assim, tem sido comigo todos os dias da minha vida. Cada degrau
que subo é a Glória de Deus que se aprimora em meu viver. Toda honra seja dada ao
Senhor Nosso Deus.
Aos meus pais, Rosângela Carrasco e Sérgio Carrasco, meus melhores amigos e
meus grandes exemplos de vida, a quem agradeço por todo amor, carinho, cuidado, oração,
zelo e por vibrarem comigo em minhas lutas diárias. Meu amor por vocês é incondic ional,
obrigado por vocês acreditarem em mim, sempre!
Á toda minha família, por cada demonstração e cuidado comigo todos os dias da
minha jornada no Mestrado. Vocês são muito especiais, amo vocês!
Aos meus amigos que sempre me motivaram durante esta jornada com sorrisos,
abraços e muitas conversas. Agradeço em especial, aos meus grandes amigos Diego
Phelipe, Fagner Lima, Jéfferson Pires e Raony Môlim que sempre se fizeram presentes
nos momentos mais importantes desta trajetória.
Agradecimentos
À Prof.ª Dr.ª Aline Evangelista Souza Gabriel, por todo conhecimento
compartilhado, pela orientação acadêmica, pela paciência e pelos ensinamentos de vida em
nossas muitas conversas. Sou extremamente grato por todo seu auxílio na realização deste
projeto e também na minha formação profissional e pessoal.
Ao Prof. Dr. Manoel D. Sousa Neto, coordenador do Programa de Pós-graduação
em Odontologia Restauradora, agradeço por todas as oportunidades que me concedeu e
por ter aberto as portas do Programa para a realização dos meus estudos. Agradeço
também a contribuição neste projeto.
Ao Prof. Dr. Jesus Djalma Pécora, pela sua contribuição cientifica na área da
Endodontia, sendo sempre exemplo de pesquisador inventivo e perspicaz. Sua contribuição
com o delineamento inicial deste trabalho foi de fundamental importância.
A Prof.ª Dr.ª Regina Guenka Palma-Dibb, pessoa fundamental na realização deste
projeto, agradeço à dedicação, motivação, paciência, compromisso e por passar um pouco
do seu conhecimento pessoal e profissional. Seus sábios ensinamentos em nossas
conversas constantes serão levados comigo para sempre.
Ao Prof. Dr. Sérgio Luiz de Souza Salvador pela sua importante contribuição com
o delineamento e execução deste projeto. Agradeço por sempre me ajudar, acalmar e
orientar, sempre serei grato por poder conviver e aprender com o senhor.
Ao Prof. Dr. Antônio Miranda Cruz Filho, professor de importância fundamental na
formação acadêmica, por saber mostrar o quanto a carreira acadêmica pode ser
encantadora.
Ao Prof. Dr. Luiz Pascoal Vansan, por todas as oportunidades que me
proporcionou na Clinica de Graduação em Endodontia. Sem dúvidas as nossas conversas
me auxiliaram muito neste caminho.
Ao Prof. Dr. Bruno César de Vasconcelos Gurgel, por me apresentar com encanto
à iniciação científica.
Aos professores do DOD-UFRN por serem a minha base de formação profissional,
serei sempre grato por tudo o que aprendi com vocês.
Aos amigos professores, Prof. Dr. Fábio Dametto, Prof. Dr. Marcílio Dias, Prof. Dr.
Norberto Faria e Prof.ª Dr.ª Rejane Andrade, por serem meus primeiros professores em
Endodontia por acreditarem em mim e me mostrarem o encantado da ciência endodôntica.
Meu muito obrigado!
Aos amigos da Pós-Graduação, Abraão Gonçalves Rombe, Ana Bárbara Loyola,
Aline Mori, Amanda Buosi de Biagi, Bruna Tonin, Bruno Crozeta, Camila Dória,
Caroline Borges, Cecília Martins, Clau Carpio, Fabiana Curylofo, Fabiane Carneiro
Lopes, Fernanda Plotegher, Flávia Cabral, Frank Lucarini, Graziela Bianchi, Gabriela
Flores, Isadora Soares, Jardel Mazzi, Júlia Olien, Karen Pintado Palomino, Késsia
Mesquista, Keila Franceschini, Kelly Roccio, Lívia Campi, Laíse Angélica, Luis
Eduardo Flamini, Mateus Anacleto, Nayara Romano, Pedro Bastos Cruvinel, Poliana
Vilaça da Silva, Raíssa Castelo, Rodrigo Dantas, Samuel Henrique Câmara do Bem,
Thallison Samyo e Vanessa Lessa por tudo o que vocês agregaram em minha vida nesta
caminhada.
À minha querida turma do mestrado, Isabella Rodrigues Ziotti, Isabela Lima,
Odinê Bechara, Mario Torigoe, Mirian Saavedra e Rafaella Bragança.
Aos alunos da clínica de graduação em Endodontia FORP-USP tenham certeza
que vocês tornaram o caminho em busca do aprendizado mais prazeroso.
Aos meus amigos da graduação em Odontologia DOD-UFRN, Ana Paula Rufino,
Carlos Eduardo Galvão, Carolina Melo, Felipe Gomes, Gurgiane Gurgel, Kleiton
Oliveira, Lilian Scoparo Nunes, Luiz Carlos Júnior, Pedro Sette, Polyana Moura,
Rhaíssa Assunção e Talles Figueiredo.
A minha querida vó Ana Carrasco e o vô Roberto Barbiero por todo seu amor e
carinho desprendido por mim.
Aos meus queridos padrinhos Sandra Brito e Roberto Brito por todo amor e carinho
que vocês demonstram por mim.
Aos meus queridos tios, Ângela Benites, Claudemir Benites, Crystian Benites,
Irani Benites e Sônia Barbiero, por sempre se importarem comigo mandando sempre
mensagem de amor, carinho, cuidado e afeto.
A Juliana Jandiroba Faraoni Romano, pelo convívio quase diário e por sempre nos
receber com alegria, para orientar e ajudar com o microscópio confocal. Sem você, não
seria possível aprender tanto de forma tão simples.
A Marina Del Arco pelo convívio semanal e por sempre me receber com um sorriso
no rosto e sempre tentar me encaixar na agenda do laboratório para a execução do projeto.
Muito obrigado!
Aos técnicos de Laboratório Patrícia Marchi e Reginaldo Santana, por sua
companhia diária dando força e estímulo todos os dias e principalmente, pela atenção
dispensada e eficiência com que sempre me ajudaram.
As funcionárias Débora Fernandes, Luíza Pitol, Maria Amália Viesti de Oliveira,
Maria Isabel e Rosângela Angelini, agradeço por sempre me receberem bem e me
auxiliarem quando necessário.
Ao secretário da Pós-graduação Carlos Feitosa, companheiro e amigo diário
sempre atencioso em me atender, tirando as dúvidas, aconselhando e acalmando sempre.
Ao CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico,
pelo auxílio financeiro.
“Feliz é o homem que persevera na provação, porque depois de aprovado receberá a coroa da vida, que Deus prometeu aos que o amam” (Tg 1:12)
Resumo
SILVA-NETO, R.D. Eficácia dos cimentos obturadores do sistema de canais
radiculares frente a desafio ácido in situ. 2015. 97p. Dissertação (Mestrado) – Faculdade
de Odontologia de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2015.
Este estudo teve como objetivo avaliar a eficácia dos cimentos obturadores do sistema de
canais radiculares quando submetidos ao desafio ácido em ambiente bucal. Foram
utilizadas 55 raízes de incisivos centrais inferiores humanos com comprimento padronizado
em 10 mm. Realizou-se o preparo biomecânico dos canais até o instrumento #40.02 e as
raízes foram esterilizadas em autoclave. Quarenta e quatro raízes foram obturadas pela
técnica de condensação lateral com um dos quatro cimentos de diferentes bases: AH Plus,
MTA Fillapex, Sealapex ou Endofill. Nas 11 raízes remanescentes, apenas foi executado o
preparo biomecânico dos canais e esterilização (controle negativo). Foram selecionados 11
participantes que atenderam aos critérios de inclusão na pesquisa. Foi realizada a
moldagem das arcadas dentais e confecção dos dispositivos acrílicos intra-bucais palatinos
com 5 nichos, sendo 4 deles para as raízes correspondentes a cada cimento experimental e
1 nicho para a raiz controle. As raízes foram fixadas com cera e tela para favorecer o
acúmulo de biofilme. Durante 14 dias, 11 participantes utilizaram o dispositivo o dia todo e
foram orientados a gotejar solução de sacarose 20% sobre as amostras, seis vezes ao dia,
simulando alto desafio cariogênico. Após os 14 dias, as raízes foram removidas dos
dispositivos, seccionadas em slices e foram realizadas as seguintes análises: perfil de
desgaste do material obturador e superfície dentinária antes e após a exposição ao
ambiente ácido bucal por microscopia confocal de varredura a laser (MCVL); resistência
adesiva (MPa) do material obturador à dentina radicular por teste de push-out e análise
qualitativa da morfologia da interface adesiva e desmineralização ao redor do material
obturador por MCVL. Os dados do perfil de desgaste foram avaliados pelo teste não-
paramétrico de Kruskal-Wallis e teste t (α=0,05), os dados da resistência adesiva foram
avaliados por Análise de Variância a dois critérios (cimentos e terços radiculares) e teste de
Tukey (α=0,05). Verificou-se que não houve diferença estatisticamente significante entre os
cimentos (p=0,6190), porém todas as amostras apresentaram desgaste da dentina e
material obturador após exposição ao ambiente bucal (p<0,05). As raízes obturadas com o
cimento AH Plus apresentaram maior resistência adesiva à dentina (11,40 ± 7,74 a)
(p<0,05). Resultados intermediários foram encontrados nas raízes obturadas com o MTA
Fillapex (7,22 ± 5,88 ab) e Endofill (7,37 ± 6,75 ab). As raízes obturadas com o Sealapex
apresentaram menores valores de resistência adesiva (5,18 ± 4,34 b). Não houve diferença
significante para os terços radiculares, nem na interação dos fatores (p>0,05). Houve
predomínio de falhas adesivas em dentina nas raízes obturadas com os cimentos AH Plus,
MTA Fillapex e Endofill (respectivamente 66%, 75% e 54,2%). Nas raízes obturadas com o
Sealapex houve predomínio de falhas mistas (54,2%). Todos os cimentos apresentaram
degradação do material obturador e superfície dentinária, além da desmineralização ao
redor da obturação, sendo esta última mais intensa nas raízes obturadas com os cimentos
Sealapex e Endofill. Nas raízes não obturadas, houve acúmulo intenso de biofilme
bacteriano e desmineralização da dentina intrarradicular. Nenhum cimento foi capaz de
evitar a degradação da interface adesiva e da dentina. No entanto, nestas situações de alto
desafio ácido, os cimentos AH Plus e MTA Fillapex demonstraram desempenho superior aos
demais cimentos testados, por apresentarem melhor resistência adesiva do material
obturador à dentina, além de degradação e desmineralização ao redor da obturação menos
intensa.
Palavras-chave: Adesão; Biofilme; Cimento; Desmineralização do dente; Microscopia
confocal.
Abstract
SILVA-NETO, R.D. Efficacy of root canal sealers following in situ acid challenge. 2015.
97p. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto, Universidade
de São Paulo, Ribeirão Preto, 2015.
This study has the purpose to evaluate the efficacy of root canal sealers following in situ acid
challenge. The root canals of 55 human mandibular central incisors with standardized root
canals length 10 mm were used. Roots were as submitted to biomechanical preparation up
to #40.02 instrument and canals were sterilized in an autoclave. Forty-four roots were filled
with one of the four sealers using the lateral condensation technique: AH Plus, Endofill, MTA
Fillapex e Sealapex. The remaining 11 roots were only submitted to biomechanical
preparation and were sterilized (negative control). Eleven 11 participants that fulfill the
inclusion criteria were selected. The impressions of dental arcs were performed and intraoral
acrylic devices were done with 5 spaces, being 4 for roots with experimental sealers and 1
for control root. The roots were fixed with wax and screen to promote the accumulation of
biofilm. During 14 days, 11 participants were instructed to use the devices every day. Dental
biofilm was allowed to accumulate on root and drops of 20% sucrose solution were dripped
onto them, simulating a high acidic challenge. After 14 days, the roots were removed from
the intraoral devices sectioned in slices and the following analyses were conducted:
degradation (wear profile) in the dentin-sealer interface subjected to confocal laser scanning
microscope (CLSM); bond strength of filling material (MPa) to root canal (push-out test) and
qualitative analysis of adhesive interface morphology and demineralization around filling
material by CLSM. The wear profile data were assessed by non-parametric Kruskal-Wallis
and t-test (α=0.05), the bond strength were evaluated by two-way ANOVA (cements and root
thirds) and Tukey test (α=0.05). Statistical analyses were set at 5% significance level.
Regarding the surface of the wear profile, it was found that there was no significant statistical
difference between sealers (p=0.6190), but all samples showed wear of dentine and filling
material after exposure to the oral environment (p <0.05). Roots filled with AH Plus sealer
showed the higher bond strength to dentin (11.40 ± 7.74 a) (p<0.05). Intermediate results
were found in roots with MTA Fillapex (7.22 ± 5.88 ab) and Endofill (7.37 ± 6.75 ab). The
worst result was found in roots with Sealapex (5.18 ± 4.34 b). There were no significant
differences in root thirds, neither in the interaction of factors (p>0.05). Adhesive failure were
predominant in root canals with AH Plus, MTA Fillapex and Endofill (respectively, 66%, 75%
e 54.2%). Root canals with Sealapex presented more mixed failure (54.2%). Qualitative
morphological analysis showed that all sealers presented dentin demineralization around
root canal filling, being greater when using to Sealapex and Endofill sealers. In unfilled roots,
there was intense accumulation of bacterial biofilm and demineralization of intraradicular
dentin. After the exposure of roots to oral environment for 14 days, it may be concluded that
no sealer was able to prevent degradation of the adhesive interface and dentin. However, in
these situations of high acid challenge, AH Plus and MTA Fillapex sealers have shown
superior performance than other tested sealers for their high adhesive strength of the filling
material to dentin, and less intense degradation and demineralization around the root canal
filling.
Keywords: Adhesion; Biofilm; Sealer; Dentin demineralization; Confocal Laser Scanning
Microscope.
Sumário
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 01
2 PROPOSIÇÃO ................................................................................................ 07
3 MATERIAL E MÉTODO ................................................................................. 11
4 RESULTADOS ............................................................................................... 29
5 DISCUSSÃO ................................................................................................... 37
6 CONCLUSÕES ............................................................................................... 47
REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 51
ANEXOS ........................................................................................................................ 61
Introdução
Introdução | 3
Os dentes tratados endodonticamente podem ser diretamente expostos ao
ambiente bucal em decorrência de lesões de cárie, fratura do remanescente coronário ou
queda do material provisório (XIE et al., 2012; PAKDEETHAI et al., 2013). A exposição ao
ambiente bucal favorece a penetração de microrganismos, especialmente, os Enterococcus
faecalis no interior do sistema de canais radiculares e tem sido considerado como principal
agente causador de alterações pulpares e lesões periapicais persistentes (BARTHEL et al.,
2002; VIRTEJ et al., 2006; SHARMA et al., 2014; MA et al., 2015). As bactérias da
microbiota bucal passam a ter suporte nutricional por meio da troca de fluidos, normalmente
promovendo a colonização, dentro dos túbulos dentinários, canais acessórios e ramificações
dos tecidos periapicais, podendo ser considerada como o principal fator de insucesso do
tratamento endodôntico (BARTHEL et al., 2002; VIRTEJ et al., 2006; AL-NAZHAN el al.,
2014; SHARMA et al., 2014; MA et al., 2015).
A obturação do sistema de canais radiculares deve ser compactada e completa,
realizada com materiais inertes ou antissépticos, capazes de assegurar selamento e
vedação adequada das paredes intrarradiculares, impedindo a percolação dos fluidos
(TIANFENG et al., 2015; DELONG et al., 2015; OLIVEIRA et al., 2015). A maior parte das
obturações dos canais radiculares é realizada pela associação de cones de guta-percha e
cimentos endodônticos (SAGSEN et al., 2011; ASSMANN et al., 2012; ZHOU et al., 2013;
OLIVEIRA et al., 2015). As formulações de cimentos utilizadas são à base de: óxido de
zinco e eugenol, resina-epóxica, hidróxido de cálcio, MTA/silicato de cálcio, ionômero de
vidro, metacrilato, silicone e biocerâmica (CAMILLERI et al., 2013; SHARMA et al., 2014;
CHANG et al., 2015).
Cimentos à base de óxido de zinco e eugenol, como o Endofill (Dentsply-Herpo,
Petrópolis, RJ, Brasil), têm sido amplamente utilizados em Endodontia, apresentam baixo
custo, radiopacidade adequada, bom escoamento e longevidade comprovada, porém
apresentam substâncias que são nocivas aos tecidos periapicais (PÉCORA et al., 2002;
MARIN-BAUZA et al., 2012; ROSA et al., 2013).
4 | Introdução
O cimento resinoso AH Plus (Dentsply DeTrey, Konstanz, Alemanha) é um material
obturador à base de resina epóxica, considerado o “padrão-ouro” entre os cimentos
endodônticos por apresentar boas propriedades físico-químicas (ROSA et al., 2013;
VIAPIANA et al., 2014; RACHED-JUNIOR et al., 2014) e por penetrar nas micro-
irregularidades da dentina, proporcionando altos valores de resistência adesiva (ZHOU et
al., 2013; CHANG et al., 2015; OLIVEIRA et al., 2015).
Cimentos que contém Agregado de Trióxido Mineral (MTA), como o MTA Fillapex
(Angelus, Londrina, PR, Brasil) apresenta alta radiopacidade, baixa solubilidade, bom
escoamento e capacidade para induzir a formação de tecido mineralizado (MASSI et al.,
2011; ROSA et al., 2013; ACCARDO et al., 2014; CHANG et al., 2014; OLIVEIRA et al.,
2015; DELONG et al., 2015). Poucos são os relatos na literatura sobre o MTA Fillapex por
ser um cimento que está há pouco tempo no mercado.
O cimento Sealapex (Kerr, Orange, LA, EUA) contém hidróxido de cálcio e apresenta
como propriedades biocompatibilidade, ação antimicrobiana, adequada radiopacidade,
indução de reparação tecidual da região periapical e capacidade de penetração nas
irregularidades nas paredes intrarradiculares (DESAI et al., 2009; CHANG et al., 2014;
TEDESCO et al., 2015). No entanto, tem sido reportada maior solubilidade em relação aos
demais cimentos (TEDESCO et al., 2015).
Os cimentos endodônticos são essenciais na obturação dos canais radiculares, pois
preenchem os espaços vazios no interior da massa obturadora e entre a obturação e as
paredes do canal (RACHED-JÚNIOR et al., 2014; TIANFENG et al., 2015; DELONG et al.,
2015). A interação física do cimento com a dentina, geralmente é estabelecida por meio da
penetração do material dentro dos túbulos dentinários, proporcionando retenção mecânica
(VIAPIANA et al., 2013; RACHED-JÚNIOR et al., 2014; OLIVEIRA et al., 2015). Além disso,
a boa aderência dos cimentos às paredes dentinárias é essencial para o selamento da
interface material obturador/dentina (TEDESCO et al., 2014; UZUNOGLU et al., 2015,
VIAPIANA et al., 2013). Assim, a degradação do material obturador causada pela queda de
pH proveniente dos ácidos do meio bucal pode levar a formação de microfendas na interface
Introdução | 5
adesiva e comprometer o sucesso do tratamento endodôntico (AL-NAZHAN et al., 2014;
AMOROSO-SILVA et al., 2014; HWANG et al., 2015).
Diante da necessidade de avaliar o comportamento dos materiais restauradores na
ambiente bucal, os estudos in situ ganharam reconhecimento como ferramenta auxiliar nas
pesquisas de cárie dentária (KIRSTEN et al., 2013; MORIYAMA et al., 2014) e materiais
restauradores (PADOVANI et al., 2014; BAKHSH et al., 2015). Este tipo de estudo pode ser
considerado como fase intermediária, pois se situa entre a situação clínica e o ambiente
altamente controlado em laboratório (BARATIERI et al., 2012; PIERRO et al., 2014;
BAKHSH et al., 2015). Geralmente, utilizam-se dispositivos para uso intrabucal como placas
em acrílico e grampos ortodônticos, nos quais os fragmentos dentais são fixos e
permanecem expostos ao meio bucal contendo biofilme bacteriano (CHIMELO et al., 2008;
BARATIERI et al., 2012; PIERRO et al., 2014; PADOVANI et al., 2014; SOUZA-GABRIEL et
al., 2015). Na Endodontia, existem poucos trabalhos com fragmentos de dentes extraídos
expostos ao ambiente bucal (BARTHEL et al., 2002; VIRTEJ et al., 2007) e estes, apenas
avaliaram a eficácia antimicrobiana de soluções irrigadoras.
Embora o processo de envelhecimento da interface de união na dentina coronária
já tenha sido estudado (CHIMELO et al., 2008; BARATIERI et al., 2012; LIN et al., 2014;
SOUZA-GABRIEL et al., 2015), são escassas as informações relacionadas ao mecanismo
de degradação da interface adesiva na dentina intrarradicular. Dessa forma, os estudos in
situ em Endodontia podem ajudar na averiguação de qual material obturador, é capaz de
conservar a integridade da interface adesiva quando ocorre à queda do material provisório e
a obturação fica exposta ao ambiente ácido da cavidade bucal. Nesses casos, é preciso
cautela para verificar se o material obturador foi capaz de preservar a cadeia asséptica e
evitar o retratamento dos canais radiculares.
Proposição
Proposição | 9
O presente estudo teve como objetivo avaliar a eficácia dos cimentos obturadores do
sistema de canais radiculares frente a desafio ácido in situ, por meio da:
1. análise do perfil de desgaste do material obturador e superfície dentinária antes e
após a exposição ao ambiente ácido bucal por microscopia confocal de varredura
a laser;
2. avaliação da resistência de união do material obturador à dentina radicular por
meio do teste de push-out e posterior análise do padrão de falhas em
microscopia confocal de varredura a laser;
3. análise qualitativa da morfologia da interface adesiva e da área desmineralizada
ao redor do material obturador por meio de microscopia confocal de varredura a
laser.
Materiais e Métodos
Materiais e Métodos | 13
Este estudo foi aprovado no Comitê de Ética da Faculdade de Odontologia de
Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil – FORP/USP
(CAAE nº 37032114.1.0000.5419 - ANEXO A) e foi conduzido de acordo com as
regulamentações sobre pesquisas com seres humanos do Conselho Nacional de
Saúde do Ministério da Saúde (Resolução n°466 de 12/12/2012).
Aspectos éticos e participantes
Os participantes receberam as informações correspondentes à metodologia da
pesquisa, seus riscos e benefícios, sendo também informados sobre seus direitos de
desistirem da pesquisa em qualquer fase da execução da mesma. Recebidas as
informações, os participantes assinaram um “Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido” (TCLE - ANEXO B), concordando em participar e colaborar com a
realização do experimento.
Os participantes em potencial foram submetidos à anamnese e exame clínico
para que fossem checados os critérios de inclusão e exclusão (Quadro 1). Foram
selecionados 12 participantes, sendo que antes de realizar a fase intra-bucal 1
participante desistiu da pesquisa. Então, todo o estudo foi realizado com 11
participantes.
Critérios de inclusão
Critérios de exclusão
Idade entre 18 e 35 anos; Histórico de problemas neurológicos centrais e/ou periféricos;
Apresentar saúde bucal adequada; Distúrbios de ordem digestiva;
Não apresentarem histórico de quaisquer sinais e sintomas de reações alérgicas aos produtos utilizados;
Tratamento ortodôntico com aparelho fixo;
Disponibilidade de tempo para comparecer ao local da pesquisa;
Presença de próteses fixas e removíveis;
Disposição para cumprir as determinações.
Uso de medicação controlada;
Fluxo salivar Grávidas e lactantes; Fumantes.
Quadro 1. Critérios de inclusão e exclusão aplicados para a seleção dos participantes da
pesquisa.
14 | Materiais e Métodos
Análise do fluxo e pH da saliva dos participantes
Para medir o fluxo salivar, os participantes permaneceram sentados e relaxados
por alguns minutos na cadeira odontológica. Em seguida, foram instruídos a mascar um
pedaço de parafina (51 x 48 mm) sem sabor por 30 segundos e desprezar a primeira
quantidade de saliva, expelindo-a (MORITSUKA et al., 2006).
A partir deste momento, a saliva estimulada foi coletada em tubo de ensaio
graduado em 5 mL, com auxílio de funil de vidro, durante 5 minutos. Após o repouso da
saliva por 1 minuto, o volume foi medido e a taxa do fluxo salivar foi calculada em
ml/min. O pH inicial da saliva foi medido utilizando-se um pHmetro digital calibrado
(Jenway 3510 pH-meter; Barloworld Scientific, Essex, Reino Unido). A leitura do
aparelho foi realizada com o eletrodo submerso na amostra, sendo convertida para
escala de pH.
Para participarem do estudo, os participantes deveriam ter fluxo salivar
normal entre 1,0 a 3,0 mL por minuto e pH da saliva entre 5,0 a 6,9.
Delineamento experimental
Foi realizado um estudo in situ com 55 raízes de incisivos inferiores humanos e
11 participantes. A placa intraoral em acrílico que os participantes usaram continha
cinco raízes fixadas, sendo uma delas, a raiz do grupo controle negativo e 4 com os
cimentos experimentais. Foi realizado o rodízio das raízes no dispositivo para garantir
que todas as bases de cimento ficassem expostas em diferentes posições no
dispositivo.
Dessa forma, o fator em estudo foi o cimento endodôntico utilizado para obturar
as raízes, em quatro níveis: cimento à base de resina epóxica (AH Plus; Dentsply
DeTrey, Konstanz, Alemanha); cimento à base de óxido de zinco e eugenol (Endofill;
Dentsply, Petrópolis, RJ, Brasil); cimento à base de agregado de trióxido de mineral
(MTA Fillapex; Angelus, Londrina, PR, Brasil) e cimento à base de hidróxido de cálcio
sem eugenol (Sealapex; Kerr, Orange, LA, EUA).
Materiais e Métodos | 15
Após um período de lead-in de 7 dias, os 11 participantes iniciaram o uso dos
dispositivos bucais contendo as raízes durante 14 dias. Foram orientados a utilizar o
dispositivo todos os dias, retirando-os apenas para os procedimentos de higienização
bucal. Foram também orientados a gotejar sacarose a 20% nas raízes 6 vezes ao dia,
para favorecer o acúmulo de biofilme.
Para a viabilização do estudo, os participantes utilizaram o dispositivo intra-bucal
em períodos distintos. Assim, a pesquisa foi composta de 3 blocos em que foram
realizadas todas as etapas do projeto.
As variáveis respostas quantitativas foram: perfil de desgaste do material
obturador e superfície dentinária antes e após a exposição ao ambiente ácido bucal por
microscopia confocal de varredura a laser; a resistência adesiva (MPa) do material
obturador à dentina por meio do teste de push-out. As variáveis qualitativas foram:
morfologia da interface adesiva e desmineralização ao redor do material obturador por
meio de microscopia confocal de varredura a laser.
Confecção dos dispositivos intra-bucais
Cada participante selecionado teve suas arcadas (superior e inferior) moldadas
com hidrocolóide irreversível de presa rápida (Tropicalgin; Zhermack, Badia Polesine,
Rovigo, Itália). Os moldes foram vazados em gesso pedra (Velmix; Sybron Kerr, São
Paulo, SP, Brasil), obtendo-se os respectivos modelos de trabalho. Foram
confeccionados dispositivos palatinos em resina acrílica autopolimerizável transparente
(Ortoclass; Belo Horizonte, MG, Brasil) com 5 nichos (2 no lado esquerdo, 2 no lado
direito e 1 na região central) da superfície externa medindo 12 x 6 x 5 mm, para a
fixação das raízes.
Preparo dos dentes
Cinquenta e cinco incisivos centrais inferiores humanos hígidos, recém-
extraídos, provenientes do Banco de Dentes da Faculdade de Odontologia de Ribeirão
16 | Materiais e Métodos
Preto foram armazenados em solução de timol 0,1% a 9°C. Os dentes foram lavados
em água corrente por 24 h para remoção dos traços da solução e, em seguida,
submetidos à raspagem e limpeza com pedra pomes e água.
Os dentes foram analisados por meio de lupa estereoscópica (Nikon Inc.
Instrument Group, Melville, NY, EUA) a fim de comprovar a ausência de defeitos
estruturais e formação completa da raiz. Foram também radiografados para verificar a
presença de único canal radicular e ausência de reabsorções internas ou calcificações.
Secção dos dentes
Os dentes foram seccionados na junção amelo-cementária com discos
acoplados à máquina de corte (Isomet 1000; Buehler Ltda, Lake Bluff, Illinois, EUA), sob
refrigeração, de modo a separar as porções coronárias e radiculares. Foi realizado um
bisel na junção amelo-cementária com disco diamantado dupla face (KG Sorensen,
Barueri, SP, Brasil) em baixa rotação (Kavo, Joinvile, SC, Brasil), com a finalidade de
expor a área de contato da raiz ao biofilme bacteriano. O comprimento radicular ficou
padronizando em 10 mm, checado com paquímetro de precisão (Digit CAL SM; Tesa
Technology, Bugnon, Suíça).
Tratamento dos canais radiculares
A exploração dos canais radiculares foi feita com lima manual tipo K número 10
(Dentsply Maillerfer, Ballaigues, Suíça), sendo introduzida no interior do canal até que
sua ponta coincida com o terço apical. O comprimento de trabalho (CT) foi determinado
recuando-se 1,0 mm do comprimento da raiz.
O preparo biomecânico foi realizado pela técnica de instrumentação por
movimento rotatório, realizando o preparo cervical com os instrumentos #25.12, #25.10
e # 25.08 e instrumentação rotatória com o sistema K3 (Sybron-Kerr, Orange, CA, EUA)
até o instrumento #40.02 no motor VDW Silver X Smart (Mailefer, Dentsply, Ballaigues,
Suíça) e irrigação com hipoclorito de sódio a 1% (Cloro Rio, Rio de Janeiro, Brasil). Os
Materiais e Métodos | 17
canais foram irrigados com 2 mL de hipoclorito de sódio a 1% a cada troca de
instrumento.
Esterilização das raízes dentais
Como este estudo foi pioneiro na utilização de raízes dentais fixadas em
dispositivos para uso intraoral, foi necessário validar o método de esterilização para
garantir que todo o comprimento de 10 mm estivesse livre de microrganismos.
Para tal, seis incisivos inferiores (não utilizados neste estudo) obtidos no
Biobanco de Dentes Humanos da FORP-USP foram seccionados, removendo-se a
coroa e padronizando o comprimento radicular em 10 mm. Três raízes foram
esterilizadas em forno de micro-ondas a 650 W durante 3 minutos (MIMA et al., 2008).
Três raízes foram esterilizadas em autoclave a 121°C durante 15 minutos
(CASELLATTO et al., 2006; JACOB et al., 2010), imersos em água destilada.
As 6 raízes estéreis foram individualmente transferidas para tubos de ensaio
identificados contendo 10 mL de meio de cultura BHI estéril. Cada tubo foi agitado em
agitador por 1 minuto. Os tubos de ensaio que continham apenas caldo BHI (controle)
foram incubados em condições de anaerobiose, enquanto os demais foram incubados
em condições de aerobiose. Os tubos de ensaio foram igualmente submetidos à
incubação em estufa bacteriológica a 37ºC por 14 dias. Decorridos este período, foi
observada a presença ou ausência de turvação, sendo que a presença de turvação
indicava a presença de crescimento de microrganismos.
Verificou-se que apenas o método de esterilização em autoclave a 121°C
durante 15 minutos foi efetivo para eliminação bacteriana das raízes, e este foi então
utilizado no estudo.
As raízes dentais submetidas ao preparo biomecânico foram colocadas em
béqueres contendo água destilada estéril e foram então individualmente levadas a
autoclave a 121°C durante 15 minutos. Após a esterilização, os espécimes foram
analisados em Microscópio Confocal a Laser (LEXT, 3D Measuring Laser Microscope
18 | Materiais e Métodos
OLS 4000, Japão) e nova seleção foi realizada e aquelas que apresentaram trincas ou
fissuras foram excluídas e repostas. Ao final, 55 raízes foram selecionadas.
Divisão dos grupos experimentais e obturação das raízes
As raízes 55 foram divididas em 5 grupos (n=11). Quarenta e quatro raízes
foram obturadas com um dos 4 cimentos testados e 11 raízes não foram obturadas e
serviram de controle negativo para a análise qualitativa em microscopia confocal a laser.
Para a obturação, introduziu-se manualmente o instrumento #40 estéril até o
comprimento de trabalho. Em seguida, realizou-se a aplicação de 2 mL de ácido
etilenodiaminotetracético (EDTA) a 17% por 3 minutos, irrigação final com 2 mL
hipoclorito de sódio a 1% e na sequência, 2 mL de água deionizada por 1 minuto. A
secagem do canal radicular foi realizada com cones de papel absorvente 40 (Dentsply
Maillerfer, Ballaigues, Suíça).
A técnica de obturação selecionada foi a condensação lateral, utilizando um dos
4 cimentos de diferentes bases: resina epóxica (AH Plus; Dentsply DeTrey, Konstanz,
Alemanha); óxido de zinco e eugenol (Endofill; Dentsply, Petrópolis, RJ, Brasil);
agregado de trióxido de mineral (MTA Fillapex; Angelus Soluções Odontológicas,
Londrina, PR, Brasil) e hidróxido de cálcio (Sealapex; Kerr, Orange, LA, EUA) (Figura
1).
Os cimentos foram proporcionados e manipulados de acordo com as instruções
dos fabricantes.
Materiais e Métodos | 19
Figura 1 - Cimentos utilizados no estudo: (A) à base de resina epóxica (AH Plus;
Dentsply DeTrey, Konstanz, Alemanha); (B) à base de agregado de
trióxido mineral (MTA Fillapex; Angelus, Londrina, PR, Brasil); (C) à base
de hidróxido de (Sealapex; Kerr, Orange, LA, EUA) e (D) à base de óxido
de zinco e eugenol (Endofill; Dentsply, Petrópolis, RJ, Brasil).
O AH Plus (Dentsply DeTrey, Konstanz, Alemanha) é um cimento composto por
duas pastas à base de resina epóxica. As pastas foram misturadas em partes iguais de
volume (1:1) até se obter consistência homogênea. O tempo mínimo de trabalho é de 4
horas e o tempo de endurecimento é de 8 horas (MARIN-BAUZA et al., 2012; CHANG
et al., 2015).
O Endofill (Dentsply, Petrópolis, RJ, Brasil) se apresenta na forma de pó (óxido
de zinco) e líquido (eugenol). A mistura do pó ao líquido foi feita de forma gradativa, até
que se conseguisse consistência de “fio de bala” tal que, ao colocar a espátula sobre a
mistura e levantá-la se obtenha um fio de cimento de 2 cm de comprimento sem se
romper (ZHOU et al., 2013; RACHED-JUNIOR et al., 2014).
O MTA Fillapex (Angelus, Londrina, PR, Brasil) apresenta-se em duas bisnagas
com ponta misturadora fixada na ponta dispensadora da seringa. Pode ser levado ao
canal com brocas lêntulo ou por meio de ponta. Foi realizada a manipulação manual
após a auto mistura. Apresenta tempo de trabalho de 30 minutos e tempo mínimo de
20 | Materiais e Métodos
presa é de 120 minutos (PARIROKH et al., 2010; TORABINEJAD et al., 2010; CHANG
et al., 2014).
O Sealapex (Kerr, Orange, LA, EUA) é um cimento pasta/pasta composto por
duas bisnagas uma contendo a base e a outra o catalisador, utilizadas em partes iguais
às quais devem ser manipuladas durante 1 ou 2 minutos até que se obtenha mistura
homogênea. Apresenta tempo de trabalho de 10 a 15 minutos sendo acelerada pela
presença de umidade (CHANG et al., 2014; CHANG et al., 2015).
Após a mistura, os cimentos foram utilizados em conjunto com cones de guta-
percha. O excesso de material restaurador foi removido da entrada do canal com
condensador Fine Medium (Sybron Endo, Glendora, CA, EUA) previamente acoplado ao
dispositivo de geração de calor (Denjoy Dental Co. Ltda., Changsha, Hunan, China).
A seguir, com a guta-percha ainda plastificada, foi realizada a condensação
vertical com o condensador manual nº 2 (Sybron Endo, Glendora, CA, EUA) a frio, com
pressão leve e firme em direção apical por 5 segundos. Após o procedimento de
obturação foi realizada a limpeza da cavidade com pequenos fragmentos de esponja
embebidos em álcool 70°.
Polimento da superfície da raiz e análise inicial em microscopia confocal
Para analise previa em microscopia confocal antes da exposição ao meio bucal,
as raízes foram fixadas em matrizes de Teflon utilizando cera fundida com a porção
cervical voltada para o meio externo. Em seguida, a superfície foi polida manualmente
com lixas d’água de granulação 600 e 1200 (Hermes Abrasives Ltda., VA, EUA) por 30
segundos cada, sob refrigeração a água e pasta de alumina 0.3-µm e 0.05-µm (Arotec
S/A., São Paulo, Brasil) por 3 minutos cada em feltro polidor (ATM, Altenkirchen,
Alemanha). Após o polimento, as superfícies cervicais foram submetidas à limpeza
com EDTA por 1 minuto e lavagem pelo mesmo tempo com água deionizada para a
remoção dos debris.
As raízes foram posicionadas paralelamente à mesa do microscópio confocal a
Materiais e Métodos | 21
laser (LEXT OLS4000®; 3D Laser Microscope OLS 4000, Japão) com auxílio de
paralelômetro (ElQuip, São Carlos, São Paulo, Brasil) em lâminas para microscópio e
foi realizada a aquisição da imagem com objetiva de magnificação 10x para posterior
análises do perfil de desgaste e degradação da interface.
Fase intraoral
O estudo foi conduzido com 11 (onze) participantes de ambos os sexos. Foi
realizado o período de calibração (lead in) de 7 dias, no qual os participantes foram
instruídos a utilizar a escova dental (Oral-B Indicator 35; Gillette do Brasil Ltda.,
Manaus, AM, Brasil) e o dentifrício (Gel Dental Colgate; Colgate-Palmolive, Osasco, SP,
Brasil) fornecidos pelo pesquisador. Após este período, foi verificada a adaptação intra-
bucal dos dispositivos, foram realizados os ajustes, quando necessários, e as placas
palatinas foram instaladas nos participantes.
Cinco raízes foram fixadas com cera em cada dispositivo palatino, uma raiz do
grupo controle negativo (não obturada) e as demais obturadas com um dos cimentos
analisados no estudo. A fixação destas raízes foi realizada 2 mm aquém da superfície
do dispositivo. Sobre cada uma das raízes fragmentos, foi fixada uma tela plástica para
facilitar o acúmulo de biofilme (CHIMELLO et al., 2008; SOUZA-GABRIEL, et al., 2015).
O aparelho instalado foi utilizado por 14 dias e a aplicação de solução foi iniciada
no segundo dia de cada fase. Os participantes foram instruídos a remover o dispositivo
e gotejar solução de sacarose 20% seis vezes ao dia, em cada uma das raízes (às 8:00;
11:00; 15:00; 17:00; 19:00 e 21:00 horas (CHIMELLO et al., 2008; SOUZA-GABRIEL et
al., 2015). Cinco minutos depois, o dispositivo devia ser reinserido no ambiente bucal.
Durante o período experimental, os participantes puderam higienizar apenas a
porção do dispositivo que permaneceu em contato com o palato. Ao término dos 14
dias, as 5 raízes foram removidas dos nichos. Na Figura 2, tem-se a representação
esquemática do estudo.
22 | Materiais e Métodos
Figura 2 – Fluxograma da metodologia empregada. (A) Incisivos inferiores humanos; (B)
Instrumentação do canal; (C) Dentes levados à cortadeira de precisão para a
secção das raízes; (D) Raízes padronizadas com 10 mm de comprimento; (E)
Esterilização dos fragmentos; (F) Obturação dos fragmentos com os cimentos
estudados; (G) Obtenção dos modelos de gesso; (H) Dispositivo acrílico com
nichos confeccionados; (I) Distribuição padronizada das raízes nos nichos; (J)
Raízes no dispositivo bucal com o gotejamento de solução de sacarose e pronto
para ser levado no ambiente bucal dos participantes; (K) Remoção dos fragmentos
no dispositivo; (L) Após análise no microscópio confocal os fragmentos foram
divididos em grupos para serem seccionados; M) Secção longitudinal das raízes;
(N) Microscópio confocal; (O) Secção transversal das raízes; (P) Slices de 1,0 mm;
(Q) Teste de push-out; (R) Análise do padrão de falha em lupa com aumento de 40
X.
Materiais e Métodos | 23
Análise qualitativa da morfologia em microscopia confocal a laser
As amostras provenientes de três participantes, ou seja, 15 raízes no total (três
de cada grupo experimental e três raízes de controle negativo) foram identificadas e
fixadas em placas acrílicas com cola quente, com o eixo longitudinal paralelo à
superfície das placas, para o corte. Na sequência, foi realizada a secção longitudinal
dos espécimes para análise da morfologia da interface adesiva e da área
desmineralizada ao redor da obturação e realizou-se o polimento com lixas manuais
#600 e #1200 e alumina 0.3-µm, 0.05-µm, conforme protocolo descrito anteriormente, e
foi realizada a aquisição das imagens do eixo longitudinal dos terços cervical, médio e
apical. Após a aquisição das imagens, estas foram analisadas quanto à morfologia da
interface adesiva e a área desmineralizada ao redor da obturação.
Secção das raízes
As amostras provenientes dos oito participantes restantes foram fixadas em
placas acrílicas com cera para escultura (Asfer Ind. Química, São Caetano do Sul, SP,
Brasil), com o eixo longitudinal paralelo à superfície das placas, para o corte das
amostras. Para cada terço, foram obtidos 7 slices de aproximadamente 1,0 mm (± 0,3
mm) de espessura. No primeiro slice do terço cervical de cada raiz, foram analisados o
perfil de desgaste da superfície e interface adesiva antes e após a exposição ao
ambiente ácido bucal por meio de microscopia confocal de varredura a laser. A partir do
segundo slice, avaliou-se a resistência adesiva (MPa) do material obturador à dentina
por teste de push-out e o padrão de falhas em microscopia óptica.
Análise quantitativa do perfil de desgaste em microscopia confocal a laser
Foi realizada a aquisição das imagens das superfícies cervicais da raiz. Os
espécimes foram novamente posicionados paralelamente microscópio confocal a laser
LEXT OLS4000®. Após selecionar a área mais representativa do espécime, foi realizada
a aquisição da imagem com objetiva de magnificação 10x. Tomou-se o cuidado de
24 | Materiais e Métodos
sempre realizar as imagens posteriores na mesma região antes e após a exposição ao
desafio ácido no ambiente bucal.
Após a aquisição das imagens, estas foram analisadas quanto ao perfil de
desgaste do material obturador e superfície dentinária antes e após a exposição ao
ambiente ácido bucal. As mesmas imagens foram utilizadas para avaliação morfológica
superficial. As mensurações foram realizadas por meio do programa de aquisição de
imagens (LEXT, 3D Measuring Laser Microscope OLS 4000, Tóquio, Japão).
O ponto inicial de marcação foi a partir da dentina adjacente a parede do canal
radicular até o centro da superfície do material obturador, realizando-se 10
mensurações no eixo X e mais 10 mensurações no eixo Y, totalizando 20 medidas
antes a exposição ao desafio ácido, conforme ilustrado na Figura 3. A mesma análise foi
realizada nos espécimes após a exposição ao desafio ácido do ambiente bucal,
totalizando 40 medidas por espécimes. Os valores eram exportados para planilha do
programa Excel, para posterior tabulação e análise dos dados.
Figura 3 – Análise em microscópio confocal de varredura a laser: Mensurações
realizadas para análise do perfil de desgaste do material obturador e da
superfície dentinária antes e após a exposição ao ambiente ácido in situ.
Materiais e Métodos | 25
Avaliação da resistência de união por meio do teste de push-out
O segundo, terceiro e quarto slices da raiz (respectivamente, terços cervical,
médio e apical) foram destinados ao teste de push-out na Máquina Universal de Ensaios
(Instron 4444; Instron Corporation, Canton, MA, EUA) dotada de célula de carga
acoplada ao sistema oscilante e de garra. Um dispositivo fixo de aço inoxidável foi
utilizado para a fixação dos slices de modo que a face com menor diâmetro do canal
radicular ficasse voltada para cima (apical-coronal) e alinhada à haste empregada para
pressionar a guta-percha, fazendo com que o deslocamento do material obturador
ocorresse em direção ao maior diâmetro do canal. A ponta da haste possui um diâmetro
de 1,4 mm e 6 mm de comprimento. Foram utilizadas duas pontas com diâmentro de
0,4 e 0,3 mm, repectivamente, para os terços cervical, médio e apical.
Desta forma, para cada espécime submetido ao teste, foi selecionada a ponta
que melhor se adaptava às dimensões da obturação no caso do terço cervical a ponta
com 0,4 mm e para os terços médio e apical a ponta de 0,3mm, de forma que o contato
da haste metálica ocorresse somente com o material obturador. Utilizou-se velocidade
de 0,5 mm/minuto até o deslocamento do material obturador (Figura 4). A carga de
ruptura da adesão ou completo deslocamento do material obturador foi observado
quando ocorreu o declínio acentuado da curva.
Para calcular a resistência de união (RU), a força adquirida foi transformada em
Newtons e convertida em Megapascal (MPa), e dividida pela área lateral do material
obturador multiplicada pela aceleração da gravidade (g = 9,81 m/s²) (RACHED-JUNIOR
et al., 2014; TEDESCO et al., 2014; OLIVEIRA et al., 2015). O cálculo da área lateral foi
realizado com a fórmula da área lateral do tronco do cone (SL):
Nesta fórmula, “R” corresponde à medida do raio do material obturador (porção
coronal), “r” corresponde à medida do raio do material obturador (porção apical) e “h” à
altura/espessura do material obturador.
SL = π (R + r) √h2 +(R+r)2
26 | Materiais e Métodos
Após o teste de push-out, as amostras foram observadas em lupa
estereoscópica (ZEISS, Stemi 2000-C, Bernried Alemanha) com aumento de 40 X para
análise do tipo de falha que ocorreu após o teste (TEDESCO et al., 2015). As imagens
foram capturadas e submetidas à avaliação de examinador devidamente calibrado.
Cada amostra foi avaliada e classificada em um tipo de falha (Figura 5): a falha
foi considerada adesiva a dentina: se o material obturador deslocou-se da dentina; falha
adesiva ao material obturador: se a guta percha deslocou-se do cimento; falha mista:
quando ocorreu combinação de ambas as falhas adesivas; coesiva de dentina, quando
houve fratura da dentina e coesiva no cimento obturador: quando ocorreu fratura no
cimento endodôntico (RACHED-JUNIOR et al., 2014; DELONG et al., 2015).
Figura 4 - Execução do teste de push-out (A) máquina de ensaios universal Instron modelo 4444;
(B) hastes metálicas com ponta ativa com diâmetros de 0,4, 0,4 e 0,3 mm (esquerda
para a direita) untilizadas no teste de push-out nos slices referentes aos terços cervical,
médio e apical, respectivamente; (C) haste metálica com ponta ativa de 0,25mm sobre o
material obturador de um slice no terço cervical.
Materiais e Métodos | 27
Análise dos dados
Os dados obtidos com a análise do perfil de desgaste do material obturador e
dentina (mensurados em microscopia confocal a laser), bem como os obtidos após o
teste de push-out, foram submetidos à análise estatística por meio dos softwares
Statistical Package for Social Science para Windows (SPSS 19, SPSS Inc, Chicago, IL,
EUA) e SigmaStat 3.5 (Systat Software Inc., San Jose, CA, EUA).
Os dados da variável de resposta perfil de desgaste apresentam distribuição
não-normal (teste de Shapiro-Wilk, p<0,05) e, dessa forma, empregou-se não
paramétrico de Kruskall-Walis para comparar os grupos experimentais entre si. O teste t
foi aplicado em cada grupo de cimento para avaliar a diferença no perfil de desgaste da
superfície dos espécimes antes e após a exposição ao meio bucal.
Os dados referentes à resistência de união do material obturador à dentina
apresentaram distribuição normal (teste de Shapiro-Wilk, p>0,05) e foram analisados
por Análise de Variância a dois critérios (cimentos e terços radiculares) e teste
complementar de Tukey. Para todas as análises, o nível de significância adotado foi de
5%.
Figura 5 – Análise do padrão de falhas após execução do teste de push-out em lupa
estereoscópica - (A) falha adesiva em dentina; (B) falha adesiva ao material
obturador; (C) falha mista (D) falha coesiva em dentina (seta); (E) falha coesiva
no cimento (seta).
28 | Materiais e Métodos
A análise do tipo de falha após o teste de push-out foi do tipo descritiva
(distribuição percentual). Realizou-se também análise qualitativa das imagens obtidas
em microscopia confocal a laser da interface material obturador/dentina, em secções
paralelas e perpendiculares ao longo eixo do canal radicular.
Resultados
Resultados | 31
1. Análise do perfil de desgaste do material obturador e dentina em
microscopia confocal a laser
O teste não paramétrico de Kruskal-Wallis aplicado aos valores de perfil de desgaste
(diferença entre os espécimes expostos e não expostos ao ambiente bucal) mostrou não
haver diferença estatisticamente significante entre os cimentos estudados (p=0,6190).
O teste t, aplicado a cada grupo de cimento, demonstrou haver diferença no perfil de
desgaste da superfície dos espécimes (terço cervical) antes e após a exposição ao meio
bucal, o que evidencia a degradação superficial do material obturador e tecido dentinário
(AH Plus, p=0,0240; MTA Fillapex, p=0,0085; Sealapex, p=0,0014; Endofill, p=0,022).
A Tabela I contém os valores de desgaste da superfície dos espécimes antes e após
o desafio ácido in situ, nos diferentes grupos experimentais.
Tabela I – Valores originais do perfil de desgaste da superfície encontrados antes e após a exposição ao
meio bucal, e medianas obtidas na análise dos diferentes grupos experimentais.
AH Plus MTA Fillapex Sealapex Endofill
Partic. Antes Depois DF* Antes Depois DF* Antes Depois DF* Antes Depois DF*
1 149,97 465,65 315,68 89,21 113,62 24,42 99,72 122,04 22,32 105,42 194,60 89,18
2 68,32 86,61 18,29 103,55 156,27 52,72 56,80 79,55 22,75 70,22 166,00 95,77
3 98,45 197,44 98,99 81,94 164,16 82,22 121,34 185,22 63,88 81,70 193,31 111,61
4 136,45 196,31 59,86 152,72 379,04 226,31 83,07 106,76 23,68 127,76 161,73 33,97
5 158,62 205,88 47,26 181,02 194,03 13,01 65,72 149,98 84,26 99,21 215,30 116,09
6 137,55 210,51 72,96 188,00 203,91 15,91 159,71 296,67 136,96 73,97 149,50 75,53
7 169,80 178,56 8,76 68,27 164,13 95,86 54,10 146,20 92,11 57,78 61,04 3,26
8 72,43 115,44 43,01 184,01 350,35 166,34 37,91 115,93 78,02 60,89 67,95 7,06
Mediana 53,56 67,48 70,95 82,36
DF* = diferença entre antes e após a exposição do fragmento de raiz ao ambiente bucal
A Figura 6 representa todos os grupos estudados em microscopia confocal a laser da
superfície do espécime ilustrando o perfil de degradação do material obturador nos
diferentes grupos experimentais, antes e após a exposição ao ambiente bucal e desafio
ácido in situ.
32 | Resultados
Figura 6 – Microscopia confocal a laser da superfície do espécime: (A) obturado com
AH Plus antes da exposição; (B) obturado com AH Plus após a
exposição; (C) obturado com MTA Fillapex antes da exposição; (D)
obturado com MTA Fillapex após a exposição; (E) obturado com
Sealapex antes da exposição; (F) obturado com Sealapex após a
exposição; (G) obturado com Endofill antes da exposição; (H)
obturado com Endofill após a exposição.
Resultados | 33
Com relação ao perfil de desgaste, foi observado que os espécimes obturados com
AH Plus apresentaram a menor degradação após a exposição em ambiente bucal com
desafio ácido. Resultados intermediários foram observados nos espécimes obturados com
MTA Fillapex em decorrência da incorporação de fluidos ou expansão do material.
Foi verificada a maior degradação da superfície do material nas raízes obturadas
com Endofill e Sealapex. Os espécimes obturados com Sealapex apresentaram porosidade
na superfície do material obturador enquanto que no Endofill ocorreu intensa degradação do
material obturador com perda de material obturador, formação e fendas e espaços vazios na
interface.
2. Resistência de união do material obturador à dentina
Os dados utilizados para esta análise correspondem à força necessária (MPa) para o
deslocamento do material obturador do corpo de prova. A Análise de Variância a dois
critérios (cimentos e terços radiculares) mostrou haver diferença estatisticamente
significante para o fator cimento endodôntico (p = 0,0082).
O teste complementar de Tukey mostrou que os espécimes obturados com o cimento
AH Plus apresentaram maior resistência ao deslocamento (p<0,05), estatisticamente
semelhantes (p>0,05) ao MTA Fillapex e o Endofill. O Sealapex apresentou menor
resistência adesiva (p<0,05) e não diferiu estatisticamente (p>0,05) do MTA Fillapex e
Endofill. O MTA Fillapex e o Endofill foram similares entre si (p>0,05) e apresentaram
resultados intermediários (Tabela II).
Tabela II – Valores de média e desvio padrão, em Mega-Pascal (MPa), da força máxima de resistência ao deslocamento do material obturador do corpo de prova, considerando-se
os diferentes cimentos testados.
Grupos experimentais Média ± desvio padrão
AH Plus 11,40 ± 7,74 a MTA Fillapex 7,22 ± 5,88 ab
Sealapex 5,18 ± 4,34 b
Endofill 7,37 ± 6,75 ab
Letras diferentes indicam diferença estatisticamente significante (Teste de Tukey, p<0,05).
34 | Resultados
A Análise de Variância demonstrou não haver diferença entre os terços radiculares
(cervical, médio e apical), bem como na interação dos fatores estudados (cimentos x terços)
(p>0,05).
A análise das falhas após o teste de push-out mostrou que nos grupos dos cimentos
AH Plus, MTA Fillapex e Endofill houve predomínio de falhas adesiva em dentina,
respectivamente, 66%, 75% e 54,2%. Enquanto que no grupo do cimento Sealapex houve
predomínio de falhas mistas (54,2%) (Tabela III). Não foram encontradas falhas do tipo
coesiva do substrato (dentina). O padrão de falha predominante em cada grupo está
representado na Figura 7.
Tabela III – Distribuição percentual (%) dos tipos de padrões de falhas observados após a resistência de
união por extrusão, por meio de análise fractográfica (n=8).
AH Plus MTA Fillapex Sealapex Endofill
Tipo de falha Adesiva (dentina) 66 75 37,5 54,2 Adesiva (cimento) 25 20,8 8,3 20,8 Mista 4,2 4,2 54,2 25 Coesiva do cimento 4,2 - - -
.
Figura 7 – Distribuição percentual (%) dos tipos de padrão de falhas observadas
após o teste de push-out, por meio da análise fractográfica.
Resultados | 35
3. Análise qualitativa das imagens obtidas em microscopia confocal a laser da
interface material obturador/dentina
Ao serem analisadas secções ao longo eixo do canal radicular em MCVL em
aumento de 5X, pode-se observar a degradação da interface material obturador/dentina
(asteriscos) e também a desmineralização ao redor da massa obturadora (setas) (Figura 8).
FFigura 8 – Microscopia confocal a laser da superfície ilustrando a interface do
material obturador/dentina e desmineralização ao redor da obturação após 14 dias a no ambiente bucal: (A) Controle negativo – raízes não obturadas. (B) Espécimes obturados com AH Plus; (C) Espécimes
obturados com MTA Fillapex; (D) Espécimes obturados com Sealapex; (E) Espécimes obturados com Endofill.
36 | Resultados
As raízes obturadas com AH Plus apresentaram degradação da interface
cimento/dentina no terço cervical e a manutenção parcial da integridade da interface nos
terços médio e apical, após 14 dias de exposição ao ambiente bucal. As raízes obturadas
com MTA Fillapex sofreram degradação total da interface adesiva nos terços cervical e
médio, enquanto que no terço apical houve manutenção parcial da interface.
Os espécimes obturados com Sealapex e o Endofill que apresentaram degradação
total da interface cimento/dentina nos terços cervical, médio e apical após 14 dias de
exposição ao biofilme bacteriano. Nas raízes não obturadas, houve acúmulo intenso de
biofilme bacteriano e desmineralização da dentina intrarradicular.
Foi observada também a presença de desmineralização ao redor da massa
obturadora (áreas com coloração marrom). Constatou-se que o AH Plus e MTA Fillapex
apresentou desmineralização nos terços cervical e médio. No Sealapex houve
desmineralização acentuada em todos os terços da raiz, além da degradação do cone de
guta-percha em alguns espécimes. No Endofill, observou-se desmineralização acentuada
nos terços médio e apical ao redor da massa obturadora.
Discussão
Discussão | 39
Os estudos in situ podem simular as alterações ocorridas no substrato dental no local
em que deveriam ser encontrados, apresentando possibilidade de interação com os fluidos
presentes no ambiente bucal e, com isto, resultados mais fidedignos podem ser encontrados
(BARTHEL et al., 2002; VIRTEJ et al., 2007; BARATIERI et al., 2012; TOMÁS et al., 2013;
VALENTINI et al., 2013; PADOVANI et al., 2014; SOUZA-GABRIEL et al., 2015). Os estudos
in situ em Endodontia podem elucidar o comportamento dos cimentos endodônticos em
casos de contaminação coronária na obturação do sistema de canais radiculares.
Neste estudo, optou-se por utilizar cimentos de ampla utilização na prática clinica
como: o cimento à base de óxido de zinco e eugenol (Endofill); cimento à base de resina
epóxica (AH Plus) considerado o “padrão-ouro” da Endodontia; cimento com boas
propriedades biológicas, como o cimento que contém hidróxido de cálcio (Sealapex) e mais
recentemente, cimento com que induz a formação de tecido mineralizado, o que contém
agregado de trióxido mineral em sua composição (MTA Fillapex) (ROSA et al., 2013;
RACHED-JÚNIOR et al., 2014; CHANG et al., 2015; OLIVEIRA et al., 2015; UZUNOGLU et
al., 2015). Estes cimentos já foram investigados em estudos laboratoriais de solubilidade
(MARIN-BAUZA et al., 2012; ZHOU et al., 2013; FARIA-JÚNIOR et al., 2013; SONNTAG et
al., 2014), morfologia da interface adesiva (SAGSEN et al., 2011) e resistência adesiva
(SAGSEN et al., 2011; DIAS et al., 2014; TEDESCO et al., 2015; DELONG et al., 2015;
OLIVEIRA et al., 2015; UZUNOGLU et al., 2015).
Para o presente estudo, foram utilizados incisivos inferiores humanos, por
apresentarem menor variabilidade anatômica, dimensão e espessura reduzida, o que
possibilita a inclusão nos dispositivos intra-bucais, e por serem de fácil obtenção, quando
comparado aos demais grupos de dentes (ROTH et al., 2012; DE-DEUS et al., 2012).
No delineamento experimental, foi empregado o gotejamento de solução de sacarose
a 20% para simular dieta cariogênica e estimular a formação de ácidos orgânicos
provenientes da fermentação bacteriana (ácido lático, acético, propiônico, succínico e
fórmico) que também são metabolizados para formar polissacarídeos extracelulares e
intracelulares, a partir do biofilme bacteriano (LIN et al., 2014; SOUZA-GABRIEL et al.,
40 | Discussão
2015). O uso de telas sobre as raízes permitiu o acúmulo de biofilme originado pelo
metabolismo bacteriano e evitou o deslocamento do biofilme formado sobre as raízes
(CHIMELLO et al., 2008; SOUZA-GABRIEL et al., 2015).
A resistência de união ao cisalhamento da interface dentina/cimento/guta-percha foi
avaliada pelo teste de push-out por ser amplamente utilizado em Odontologia e permitir a
análise nos diferentes terços dos canais radiculares (SAGSEN et al., 2011; CARNEIRO et
al., 2012; RACHED-JÚNIOR et al., 2014; TEDESCO et al., 2014; UZUNOGLU et al., 2015;
OLIVEIRA et al., 2015). A mesma raiz pode ser utilizada para a confecção de vários corpos
de provas, o que reduz o número de dentes humanos necessários para o estudo (DIAS et
al., 2014).
A técnica de microscopia confocal de varredura a laser (MCVL), utiliza a combinação
de recursos de microscopia óptica, associados aos princípios de computação gráfica para a
aquisição de imagem com alta definição (KOK et al., 2012; AMOROSO-SILVA et al., 2014;
DU et al., 2015). A vantagem desta tecnologia é que permite a sobreposição de imagens em
2D e pode produzir imagens tridimensionais (MARCIANO et al., 2010). Além disso, as
amostras não precisam de protocolos de desidratação e jateamento com ouro para análise
(MARCIANO et al., 2010; KOK et al., 2012; AMOROSO-SILVA et al., 2014; RACHED-
JUNIOR et al., 2014; DU et al., 2015). Neste estudo, a MCVL foi empregada para analisar o
perfil de desgaste do material obturador e da superfície dentinária antes e após a exposição
ao desafio ácido do ambiente bucal.
Os resultados do perfil de desgaste evidenciaram ausência de diferença significativa
entre os cimentos testados. No entanto, verificou-se desgaste tanto do material obturador
quanto do tecido dentinário para todos os espécimes, o que demonstra a ação dos ácidos
bucais e degradação da superfície.
Diferentemente dos materiais para restauração coronária, o cimento endodôntico não
foi idealizado para ficar em contato com o ambiente bucal. Idealmente, a interface adesiva
no interior do sistema de canais radiculares não entra em contato direto com a água e com
os fluídos bacterianos provenientes do ambiente bucal, por estar protegida por restauração
Discussão | 41
provisória (XIE et al., 2012; PAKDEETHAAI et al., 2013). Diante disto, a degradação da
interface adesiva na dentina intrarradicular não poderia ser relacionada ao fenômeno da
hidrólise, assim como ocorre na dentina coronária. No entanto, quando ocorre a queda ou
fratura extensa da restauração provisória em decorrência de selamento inadequado, os
cimentos endodônticos tendem a se solubilizarem na presença de líquidos e fluidos orais
(XIE et al., 2012; PAKDEETHAAI et al., 2013).
Neste estudo, não houve diferença entre os cimentos com relação ao perfil de
desgaste, porém todas as raízes obturadas apresentaram desgaste da superfície após a
exposição de 14 dias ao ambiente bucal. Isso pode ser explicado pela ação direta de
agentes químicos e biológicos existentes no ambiente bucal, em particular as bactérias
cariogênicas presentes no biofilme (ROTH et al., 2012; LIN et al., 2014). O biofilme
cariogênico foi acumulado nos dispositivos intra-bucais devido ao gotejamento de solução
de sacarose sobre as raízes cobertas por tela e ausência de higienização destes fragmentos
durante o período experimental.
O biofilme bacteriano é composto de microbiota complexa, com centenas de
diferentes espécies de microrganismos (SBORDONE et al., 2003; KRETH et al., 2008). A
fermentação dos carboidratos provenientes da dieta alimentar é metabolizada por estes
microrganismos, que geram ácidos que degradam o tecido mineral e matriz colágena da
dentina, além de solubilizarem a interface adesiva; (LIN et al., 2014). Além disto, a saliva
contém uma variedade de enzimas que podem ter contribuído para a degradação dos
cimentos (ROTH et al., 2012).
Com relação à adesividade, verificou-se que as raízes obturadas com AH Plus
apresentaram maior resistência adesiva à dentina, semelhantes às obturadas com o MTA
Fillapex e Endofill. As raízes obturadas Sealapex apresentaram os menores valores de
resistência adesiva.
A diferença de adesividade observada entre os cimentos endodônticos pode estar
relacionada à composição dos materiais (VIAPIANA et al., 2013; AMOROSO-SILVA, et al.,
42 | Discussão
2014; TEDESCO et al., 2015) que podem sofrem mais ou menos alterações nas
propriedades quando são expostos ao ambiente bucal.
O AH Plus é um cimento resinoso à base de resina epóxica e aminas. A resina
epóxica presente no AH Plus pode reagir com grupo amina das fibras colágenas da dentina
e criar ligações covalentes entre o cimento e o substrato (MARIN-BAUZA et al., 2012;
RACHED-JUNIOR et al., 2014). Esse fato, aliado à penetração dos cimentos nos túbulos
dentinários, seguido da polimerização, podem explicar os maiores valores de resistência de
união obtidos para este cimento. A literatura é vasta em estudos in vitro (MANICARDI et al.,
2011; MARIN-BAUZA et al., 2012; RACHED-JUNIOR et al., 2014; CHANG et al., 2015;
TEDESCO et al., 2015) que verificaram maior resistência adesiva do cimento AH Plus à
dentina quando comparado a outros cimento de diferentes bases.
Resultados intermediários foram obtidos pelos cimentos MTA Fillapex e Endofill. O
MTA Fillapex apresenta as propriedades favoráveis de biocompatibilidade do MTA, porém
além do agregado de trióxido mineral, foi adicionado ao cimento resina de salicilato, resinas
diluentes, óxido de bismuto e sílica (BORGES et al., 2012). Os componentes resinosos do
MTA Filapex proporcionam melhora nas propriedades físicas deste cimento e permitem a
penetração nos túbulos dentinários (ZHOU et al., 2013; TEDESCO et al., 2015). Apesar
de não possuir resina em sua composição, o Endofill apresenta boa viscosidade, assim
também consegue penetrar nas ramificações e túbulos dentinários, promovendo imbricação
mecânica (TAGGER et al.,2002).
O Sealapex apresentou a menor resistência de união dos cimentos à dentina. Os
baixos valores de adesão podem ser justificados pela reação química que ocorre entre o
hidróxido de cálcio e o glicosalicilato, resultando na molécula de salicilato, que por sua vez
não se adere à dentina (CHANG et al., 2014; TEDESCO et al., 2015). Além disso, possui
tempo de presa rápido, o que dificulta o escoamento e penetração no interior dos túbulos
dentinários (CHANG et al., 2015) e baixa resistência coesiva à tração (TEDESCO et al.,
2015).
Discussão | 43
Em estudo recente in vitro (TEDESCO et al., 2015) encontram resultados
semelhantes ao presente estudo, pois a resistência de união foi maior no dentes obturados
com AH Plus, resultados intermediários foram verificados com o MTA Fillapex e Endofill e
resistência adesiva inferior nos dentes obturados com Sealapex.
Os resultados da resistência adesiva deste estudo foram similares nos três terços
radiculares analisados (cervical, médio e apical). O terço cervical e médio possuem maior
quantidade de túbulos e estes se apresentam com maior diâmetro que os túbulos do terço
apical (TEDESCO et al., 2015). No terço apical também se espera mais dificuldade de
remoção da camada de smear (TEDESCO et al., 2015). Esses fatores somados geralmente
levam a maiores valores de resistência adesiva nos terços cervical e médio da raiz, como
verificado em estudos prévios in vitro (CARNEIRO et al., 2012; OLIVEIRA et al., 2015;
TEDESCO et al.,2015). No entanto, no presente estudo, houve degradação da interface
adesiva exposta ao meio bucal, principalmente nos terços cervical e médio das raízes, o que
pode ter contribuído para a similaridade de resultados entre os terços.
Com relação ao padrão de falhas, o tipo mais comum foi à falha adesiva, exceto nas
raízes obturadas com Sealapex, em que prevaleceram as falhas do tipo mistas. As falhas
adesivas dos espécimes obturados com AH Plus, MTA Fillapex e Endofill podem ter ocorrido
devido à fragilidade da interface adesiva após a exposição ao ambiente bucal ácido. A falha
mista, predominantemente encontrada nas raízes obturadas com Sealapex, deveria refletir
em maiores valores de resistência adesiva, porém, devido à presa inicial rápida e baixo
escoamento, especula-se que este cimento não deva ter penetrado nos túbulos dentinários,
apesar de ficar aderido às paredes do canal radicular (CHANG et al., 2015).
Na análise em microscopia confocal, foi possível verificar que, após 14 dias de
exposição ao ambiente bucal, todos os cimentos apresentaram degradação do material
obturador e superfície dentinária, porém com diferentes intensidades. As raízes obturadas
com AH Plus apresentaram degradação da interface no terço cervical, as obturadas com
44 | Discussão
MTA Fillapex nos terços cervical e médio e as obturadas com Sealapex e Endofill exibiram
degradação intensa da interface adesiva em todos os terços.
A diferença de intensidade na degradação dos cimentos está diretamente
relacionada com a solubilidade dos materiais. Sabe-se que quanto maior a solubilidade,
mais intensa será a dissolução da interface adesiva (MARIN-BAUZA et al., 2012; ZHOU et
al., 2013; FARIA-JÚNIOR et al., 2013; SONNTAG et al., 2014), com consequente
penetração dos fluidos bacterianos e comprometimento do selamento das paredes do canal
(VIAPIANA et al., 2013; AL-NAZHAN et al., 2014).
Dessa forma, o AH Plus apresentou melhores resultados pela baixa solubilidade e
boa estabilidade dimensional (MARIN-BAUZA et al., 2012; ZHOW et al., 2013; FARIA-
JÚNIOR et al., 2013). O MTA Fillapex também apresenta solubilidade adequada (BORGES
et al., 2012; SÖNMEZ et al., 2012) e, por ser à base de agregado de trioxido mineral, possui
partículas hidrofílicas que absorvem água quando em presença de umidade. Essa
hidratação transforma o cimento em um gel coloidal que teoricamente funciona como
barreira impermeabilizante (ROBERTS et al., 2008).
Os resultados inferiores encontrados no Endofill e no Sealapex podem ser explicados
pela solubilização dos componentes do cimento quando em presença de umidade (MARIN-
BAUZA et al., 2012; CHANG et al., 2014). O Endofill apresenta alta solubilidade e baixa
coesão de suas moléculas (ZHOU et al., 2013; TEDESCO et al., 2015). O Sealapex, apesar
de possuir hidróxido de cálcio em sua composição, tendem a dissolver-se facilmente devido
a libertação de íons cálcio em pH ácido, além de apresentarem pouca fluidez, o que dificulta
a penetração na dentina (CHANG et al., 2015). Neste estudo, a dissolução do Sealapex foi
intensa, inclusive alguns espécimes apresentaram degradação do cone de guta-percha que
estava circundado pelo cimento.
Além da degradação da interface adesiva, foi observada a presença de
desmineralização da dentina ao redor da massa obturadora. Constatou-se que o AH Plus e
MTA Fillapex apresentou indícios de desmineralização nos terços cervical e médio da raiz.
Nas raízes obturadas com Endofill e Sealapex houve desmineralização acentuada em todos
Discussão | 45
os terços. Essa desmineralização na dentina com coloração marrom é sugestiva de lesão de
cárie intraradicular e possivelmente apresenta consistência amolecida (WIERICHS; MEYER-
LUECKEL, 2015).
A cárie dental é uma doença de natureza multifatorial que envolve a superfície
dental. O processo de formação e o desenvolvimento das lesões de cárie radicular são
semelhantes àquelas que ocorrem na coroa, no entanto, para que as lesões de cárie
radiculares ocorram, há a necessidade da exposição da raiz dental ao ambiente bucal, da
deficiência no controle do biofilme bacteriano e da adoção de dieta cariogênica (WIERICHS;
MEYER-LUECKEL, 2015). A desmineralização da dentina inicia-se em pH abaixo de 5,5 e a
presença do biofilme bacteriano acelera o processo (LIN et al., 2014; WIERICHS; MEYER-
LUECKEL, 2015).
Mesmo exposta ao biofilme cariogênico, as raízes obturadas com MTA Fillapex
apresentaram baixa presença de lesão de cárie radicular, provavelmente devido ao
processo de bioremineralização que o MTA possui (ROBERTS et al., 2008). A estimulação
da mineralização ocorre devido à presença de CaO em sua formulação. Esta substância
reage com fluidos teciduais formando Ca(OH)2. A difusão dos íons hidroxila provenientes do
canal radicular, aumenta o pH na superfície radicular (alcalinização do meio), interferindo na
atividade osteoclástica, o que favorece o reparo tecidual (GOMES-FILHO et al., 2008).
Do ponto de vista clínico, a ocorrência de cárie em dentina intraradicular é
extremamente importante, pois seria necessário o retratamento dos canais radiculares com
consequente alargamento das paredes do canal e enfraquecimento da raiz já fragilizada
(ROBERTS et al., 2008).
De modo geral, nenhum dos cimentos testados foi capaz de impedir a degradação da
superfície da raiz e do material obturador, após a exposição direta ao ambiente ácido do
meio bucal. Cumpre ressaltar que comparações mais apropriadas não puderam ser
realizadas em virtude da falta de trabalhos in situ na Endodontia.
O modelo experimental desenvolvido neste estudo permite que sejam realizadas
novas investigações que correlacionem às características dos materiais obturadores com a
46 | Discussão
degradação da interface adesiva quando expostos aos fluidos bucais. Há ainda a
necessidade de avaliar a penetração microbiana na interface adesiva, bem como analisar os
materiais seladores provisórios e outros cimentos obturadores, a fim de preservar a da
obturação e manter a integridade do tratamento endodôntico.
Conclusões
Conclusões | 49
Diante da metodologia empregada e com base nos resultados obtidos neste estudo foi
possível concluir que:
1. Todas as raízes tiveram as superfícies cervicais desgastadas após a exposição de 14
dias ao ambiente bucal.
2. As raízes obturadas com o cimento AH Plus apresentaram maior resistência adesiva
à dentina, semelhantes às obturadas com o MTA Fillapex e Endofill. As raízes
obturadas Sealapex apresentaram os menores valores de resistência adesiva.
3. Todos os cimentos apresentaram degradação do material obturador e superfície
dentinária, além da desmineralização ao redor da obturação, sendo estas mais intensas
quando da utilização dos cimentos Sealapex e Endofill.
4. De modo geral, nestas situações de alto desafio ácido, os cimentos AH Plus e MTA
Fillapex demonstraram desempenho superior aos demais cimentos testados, embora
nenhum dos cimentos tenha sido capaz de impedir a degradação superfície e interface
exposta ao meio bucal.
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Anexos
Anexos | 63
ANEXO A – PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP
64 | Anexos
ANEXO B- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(Resolução nº466/2012 – Conselho Nacional de Saúde)
Nós, Reinaldo e Aline, pesquisadores responsáveis pelo projeto de pesquisa intitulado “ Eficácia de
cimentos obturadores do sistema de canais radiculares frente a desafio ácido in situ” convidamos o (a) Sr
(a) __________________________________________ a participar desta pesquisa que será realizada na
Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto, sob a orientação da Profª Drª Aline Evangelista de Souza Gabriel.
Este trabalho tem como objetivo avaliar o comportamento de alguns materiais utilizados durante o tratamento de
canal.
Você será moldado (a) com um material mole que endurece aos poucos para copiar as arcadas superior
e inferior da sua boca para que a placa de acrílico fique pronta. A placa de acrílico é feita com um material
transparente (resina acrílica) que contém cinco aberturas com cinco raízes esterilizadas (sem bactérias) com
material que preenche o canal e deverá ser utilizada por 14 (quatorze) dias seguidos. A placa deverá retirada para
comer e beber líquidos. Será entregue a você, no início da pesquisa, orientações escritas e faladas sobre como
utilizar a placa de acrílico que contém raízes esterilizadas (sem bactérias) com o material que preenche o canal.
Você receberá uma solução contendo água com açúcar para ser pingada em cada uma das raízes, seis
vezes ao dia, nos seguintes horários às 8:00; 11:00; 15:00; 17:00; 19:00 e 21:00 horas. A limpeza da placa deverá
ser feita com o creme dental e a escova de dentes fornecidas pelo pesquisador, escovando apenas parte que fica
em contato com o “céu da boca”.
Você está sendo esclarecido que este tratamento proporciona riscos mínimos, já que não machuca, não
causa dor, sendo assim, não causa riscos para a sua saúde, nem danos aos seus dentes. Haverá desconforto da
moldagem, na qual o material mole será inserido mole em sua boca e irá endurecer em poucos minutos, copiando
seus dentes para a confecção da placa de acrílico. Como benefício, você receberá gratuitamente um kit contendo
escova dental e creme dental e os resultados encontrados neste estudo poderão também ajudar a outras pessoas.
Não será oferecido nenhum tipo de pagamento pela sua participação na pesquisa, porém todas as despesas
decorrentes de sua participação nesta pesquisa serão custeadas pelos pesquisadores responsáveis e todo seu
atendimento será gratuito. Você tem a garantia de que em qualquer momento terá o direito de pedir indenização
por eventuais danos. Sua identidade e seus dados serão mantidos em segredo, mas participando desta pesquisa,
você autoriza que os resultados obtidos sejam divulgados e publicados em revistas científicas e terá, por parte
dos pesquisadores, a garantia do sigilo (segredo) que garantem a sua privacidade (sua identidade permanecerá
anônima).
Você terá total liberdade para pedir maiores esclarecimentos antes, durante e após o desenvolvimento da
pesquisa. Se tiver qualquer dúvida, você poderá ligar para o pesquisador responsável para pedir qualquer
informação sobre a pesquisa (PG. Reinaldo Dias da Silva Neto – Avenida do Café, S/N - Departamento de
Odontologia Restauradora, Dentística - Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto – Tel.: (16) 3315-4075/ (16)
98245-0997). Os dados obtidos a partir desta pesquisa não poderão ser usados para outros fins além dos
previstos por este termo de consentimento livre e esclarecido. Suas reclamações e/ou insatisfações relacionadas à
sua participação na pesquisa poderão ser comunicadas por escrito à Secret aria do CEP/FORP/USP, devendo
conter seu nome que será mantido em sigilo (segredo).
Anexos | 65
A sua participação não é obrigatória, e você poderá desistir a qualquer momento, retirando o seu
consentimento (autorização). A não autorização deste trabalho não trará nen hum prejuízo, penalidade ou
represália de qualquer natureza, em sua relação com os pesquisadores ou com a Faculdade de Odontologia de
Ribeirão Preto – USP.
Este Termo será confeccionado em duas vias de igual teor, serão assinadas na última página e
rubricadas nas demais páginas pelos pesquisadores responsáveis e por você, participante da pesquisa, ficando
uma via com os pesquisadores e outra via com você.
Eu______________________________________________________________, portador (a) do
RG_______________________, CPF________________________ residente à
____________________________________________, nº_________, na cidade de
__________________________________, Fone:________________, Estado de _______________________.
Declaro que li compreendi e concordo com o presente Termo e, por isso, assino este documento de livre e
espontânea vontade.
Ribeirão Preto, ______ de ________________ de 201___.
_________________________________________
Assinatura do participante
Reinaldo D. da Silva Neto
(16) 98245-0997
(16) 99700-4153
CPF 060.461.454-30
Pesquisador responsável
Profª Drª Aline E. Souza Gabriel
(16)99102-0020
(16) 3315-4075
CPF: 282.928.788-66
Pesquisadora participante
Reinaldo Dias Da Silva Neto (pesquisador responsável)
E-mail: [email protected]
Secretária do Comitê de Ética em Pesquisa da FORP
Marcela Scatolin Calache - telefone (16) 3602-0493.
Avenida do Café, s/n – Monte Alegre, Ribeirão Preto – SP – Brasil - CEP: 14040-904.
Telefone: (16) 3315-0493