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1 UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO MESTRADO EM ORTODONTIA RELAÇÃO ENTRE A PREVALÊNCIA DA MORDIDA CRUZADA POSTERIOR E O PADRÃO RESPIRATÓRIO, EM CRIANÇAS BRASILEIRAS NA DENTADURA MISTA. RAPHAELA LIMA BIASUTTI Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Ortodontia da Universidade Cidade de São Paulo UNICID. Orientador: Prof. Dr. Helio Scavone Júnior São Paulo 2012

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UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO

MESTRADO EM ORTODONTIA

RELAÇÃO ENTRE A PREVALÊNCIA DA

MORDIDA CRUZADA POSTERIOR E O

PADRÃO RESPIRATÓRIO, EM CRIANÇAS

BRASILEIRAS NA DENTADURA MISTA.

RAPHAELA LIMA BIASUTTI

Dissertação apresentada ao Programa de

Mestrado em Ortodontia da Universidade

Cidade de São Paulo – UNICID.

Orientador: Prof. Dr. Helio Scavone Júnior

São Paulo

2012

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UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO

MESTRADO EM ORTODONTIA

RELAÇÃO ENTRE A PREVALÊNCIA DA

MORDIDA CRUZADA POSTERIOR E O

PADRÃO RESPIRATÓRIO, EM CRIANÇAS

BRASILEIRAS NA DENTADURA MISTA.

RAPHAELA LIMA BIASUTTI

Dissertação apresentada ao Programa de

Mestrado em Ortodontia da Universidade

Cidade de São Paulo – UNICID.

Orientador: Prof. Dr. Helio Scavone Júnior

São Paulo

2012

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1 INTRODUÇÃO

A influência da função respiratória no desenvolvimento das estruturas

orofaciais tem sido amplamente discutida na literatura (ANGLE, 1907; BERJIS

et al., 2005; BRESOLIN et al., 1983; CHENG et al., 1988; LINDER-ARONSON;

WOODSIDE; LUNDSTRÖM, 1986; LÖFSTRAND-TIDESTRÖM et al., 1999;

LOPATIENE; BABARSKAS, 2002; McNAMARA Jr, 1981; O’RYAN et al., 1982;

PAUL; NANDA, 1973; SUBTENLY, 1954). De acordo com a teoria das

“Matrizes funcionais”, o crescimento facial está intimamente associado às suas

múltiplas atividades funcionais relacionadas a diferentes componentes das

áreas da cabeça e pescoço (MOSS, 1969; PRATES et al., 1997). Nesse

contexto, a respiração nasal favorece o desenvolvimento de funções normais

de mastigação, deglutição e fonação, estimulando uma funcionalidade correta

dos músculos faciais e mastigatórios. Consequentemente, o padrão respiratório

nasal estimula processos favoráveis de crescimento e desenvolvimento

dentoesquelético do complexo craniofacial (CHENG et al., 1988; KRAKAUER;

GUILHERME, 2000; LOPATIENĖ; BABARKSKAS, 2002; McNAMARA Jr, 1981;

PAUL; NANDA, 1973; VASCONCELOS; GOSLING, 2003;), os quais, apesar de

fortemente determinados pela hereditariedade, também são sensivelmente

influenciados pelo meio ambiente e por diversas patologias e disfunções,

destacando-se aquelas de origem respiratória (LAMPASSO; LAMPASSO,

2004; MONTOGANA; BERTE; ANSELMO-LIMA, 2000).

A respiração bucal ou de suplência, assim como o padrão misto

buconasal, representam adaptações funcionais que ocorrem devido a fatores

orgânicos ou não-orgânicos (hábitos viciosos). Na respiração bucal de origem

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orgânica há obstrução das cavidades nasais, em decorrência de múltiplos

fatores, incluindo: inflamação crônica da mucosa nasal, desvio de septo,

hipertrofia das tonsilas palatinas e/ou faríngea, pólipos, tumores, entre outros

(ANGLE, 1907; OULIS et al., 1994; BERJIS et al., 2005; DI FRANCESCO,

1999; FRASSON et al., 2006; MONTOGANA; BERTE, ANSELMO-LIMA, 2000).

Em contrapartida, a respiração bucal viciosa é aquela em que não há

obstrução das vias aéreas superiores, e que pode ser desencadeada por

problemas alérgicos transitórios, fatores orgânicos já reparados, hábitos bucais

prolongados ou por flacidez e má posição dos músculos faciais e mastigatórios

(FRASSON et al., 2006).

Considerando ainda a teoria das matrizes funcionais, a presença da

respiração bucal crônica, causada ou não pela obstrução nasal, é um fato

relativamente comum na infância e que pode predispor ao desenvolvimento de

maloclusões e alterações no crescimento do esqueleto facial (ARAGÃO, 1985;

BEHLFELT et al., 1989; BERJIS et al., 2005; BRESOLIN et al., 1983; CHENG

et al., 1988; KRAKAUER; GUILHERME, 2000; LAMPASSO; LAMPASSO,

2004; LINDER-ARONSON, 1970; McNAMARA JR, 1981; NUNES JR; DI

FRANCESCO, 2010; SUBTELNY, 1975). Isso ocorre porque a fisiologia óssea

se encontra em estreita relação com uma adequada função. Assim, quaisquer

desvios nos mecanismos funcionais fisiológicos gerarão repercussões no

equilíbrio dinâmico relativo aos processos de crescimento dentoesquelético do

complexo craniofacial, podendo predispor ao desenvolvimento de desvios e

deformações em suas estruturas (MARCHESAN, 1993; SPINELLI;

CASANOVA, 2002).

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Caso a respiração predominantemente bucal se instale e persista

durante a fase de crescimento da criança e do adolescente, as seguintes

alterações poderão ser observadas com maior frequência: aumentos na

dimensão facial vertical e no ângulo goníaco (McNAMARA JR, 1981), boca

entreaberta (BEHLFELT et al., 1989; MONTOGANA; BERTE; ANSELMO-LIMA,

2000; O’RYAN et al., 1982) lábio superior curto e inferior evertido, hipotonia

dos músculos linguais e dos elevadores da mandíbula, deglutição atípica,

alterações posturais, entre outras (CATTONI et al., 2007; RICKETTS, 1968).

No sistema estomatognático, o equilíbrio neuromuscular transversal é

preponderantemente efetuado pelas forças antagônicas da língua e do

mecanismo do bucinador. Tendo em vista que este equilíbrio encontra-se

bastante perturbado nos respiradores bucais, principalmente em decorrência

da posição baixa da língua (BEHLFELT et al., 1989; LAMPASSO; LAMPASSO,

2004; MELINK et al., 2010; O’RYAN et al., 1982; OULIS et al., 1994; VELLINI-

FERREIRA, 1996), os pacientes com esta disfunção geralmente apresentarão

maior prevalência de alterações no diâmetro transverso e na profundidade do

palato. Assim, o arcabouço ósseo desta região tenderá a uma configuração

alta e atrésica, gerando um arco maxilar estreito e com formato de “V” e,

consequentemente, predispondo ao desenvolvimento de mordidas cruzadas

posteriores, uni ou bilaterais (ANGLE, 1907; BEHLFELT et al., 1989; BERJIS et

al., 2005; BRESOLIN et al., 1983; CHENG et al., 1988; CORRUCCINI;

FLANDER; KAUL, 1985; LÖFSTRAND-TIDESTRÖM, et al., 1999; MELINK et

al., 2010; NUNES JR; DI FRANCESCO, 2010; O’RYAN et al., 1982; OULIS et

al., 1994; PIRILÄ-PARKKINEN et al., 2009), apinhamentos dentais anteriores,

assim como aumento da sobremordida e sobressaliência (BERJIS et al., 2005;

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LOPATIENĖ, BABARKSKAS, 2002) e relação oclusal de Classe II

(McNAMARA Jr, 1981; MELSEN et al., 1987).

Face ao exposto, e considerando que a morfologia dentoalveolar pode

ser sensivelmente influenciada por diversas alterações funcionais, incluindo o

padrão respiratório, a presente pesquisa será desenvolvida com o propósito

fundamental de analisar quantitativamente como esta disfunção pode interferir

na prevalência de mordidas cruzadas posteriores, em crianças brasileiras na

fase da dentadura mista.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

Angle, já em 1907, sugeria que a respiração bucal seria a causa mais

potente e constante de maloclusões, com atuação mais efetiva entre três e 14

anos de idade. Segundo este autor, a respiração bucal influencia indiretamente

o posicionamento dos dentes, desencadeando um desenvolvimento

assimétrico dos músculos, ossos do nariz e maxilares, além de um

desequilíbrio funcional dos lábios, língua e bochechas. Citou como fatores

etiológicos da respiração bucal a inflamação das mucosas que recobrem as

cavidades nasais, a hipertrofia das tonsilas palatinas e da tonsila faríngea, a

má-formação do septo nasal e as anormalidades dos cornetos nasais.

Asseverou ainda que os efeitos da respiração bucal repercutem na

conformação facial, com grande frequência. O nariz é pequeno, curto e com as

asas retas; as bochechas ficam pálidas e baixas; a boca fica constantemente

aberta; o lábio superior é curto; a mandíbula posiciona-se para trás e tem

deficiência de crescimento, sendo geralmente menor que o normal em seu

comprimento, provavelmente devido a pressões não equilibradas dos

músculos.

De acordo com Subtenly, em 1954, indivíduos com dificuldades

nasorrespiratórias, assim como hipertrofia da tonsila faríngea, apresentam as

relações fisiológicas de certas estruturas musculares desviadas do normal.

Enquanto que na posição de repouso fisiológico da língua, sua porção dorsal

posterior aproxima-se da superfície bucal do palato mole, nos indivíduos com

hipertrofia da tonsila faríngea, essa porção da língua move-se para uma

posição mais para frente e para baixo, afastando-se do palato mole, como

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forma de contribuir para a passagem do ar pela cavidade oral para a

orofaringe. Dessa forma, o reposicionamento da língua anula sua influência

sobre a superfície lingual dos dentes posteriores superiores, sobre os quais

normalmente repousa, aspecto este também acompanhado pela depressão na

posição da mandíbula. Somando-se a isto, a musculatura labial deixa de

exercer sua pressão nos dentes em direção lingual, permitindo aos dentes

anteriores superiores tornarem-se progressivamente mais protruídos,

conjuntamente, tornando possível a migração do arco dentário superior como

um todo, resultando numa maloclusão de Classe II, 1a divisão. Com a redução

da força muscular da língua sobre a superfície lingual dos dentes posteriores

superiores, esta não mais será capaz de contrabalancear a pressão lingual da

musculatura bucal, favorecendo o desenvolvimento de atresia do arco maxilar e

aprofundamento do palato duro.

RICKETTS, em 1968, relatou que o respirador bucal (RB) faz uma

rotação de cabeça no eixo cervical, em um esforço de aumentar a passagem

de ar pelo espaço oronasofaringeano. As crianças respiradoras bucais mudam

a postura da cabeça com relação aos eixos, mais evidentemente no eixo

sagital. A região cervical perde a sinuosidade natural resultando na elevação

da escápula e na depressão do tórax, acarretando uma deficiência de

oxigenação, decorrente do relaxamento do músculo reto abdominal, diminuindo

a ação do diafragma. Durante o desenvolvimento da criança, estes distúrbios

gerarão como consequência, uma maior frequência na ventilação, que por sua

vez necessitará de maiores atividades dos sistemas nervoso, endócrino,

sanguíneo, sensorial, ósseo e muscular, pois o RB tem dificuldades em manter

o equilíbrio, em mastigar fibras ou alimentos sólidos e em respirar pelo nariz.

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A respiração nasal é fisiológica e fundamental para o crescimento e

desenvolvimento adequados do complexo craniofacial, sendo que o

comprometimento desta função pode predispor a desarmonias nos maxilares e

em seus processos alveolares, culminando com o surgimento de maloclusões.

Paul e Nanda, em 1973, compararam a oclusão dentária em respiradores

bucais e nasais e avaliaram suas diferenças morfológicas. A amostra foi

composta por 100 jovens do gênero masculino, com 15 a 20 anos de idade,

divididos igualmente nos grupos experimental e controle. No grupo

experimental, composto pelos respiradores bucais, nenhum outro hábito bucal

ou fator local aparente que pudesse causar uma maloclusão estava presente.

Por sua vez, o grupo controle englobou os respiradores nasais que

apresentavam oclusão clinicamente excelente. Os jovens foram analisados por

exames clínicos e modelos dos arcos dentários, nos quais foram realizadas

diversas marcações referenciais para a realização de medições das larguras

interdentais. Os resultados evidenciaram que as distâncias intermolares,

interpremolares e intercaninos superiores e inferiores eram menores no grupo

experimental do que no grupo controle. Os valores obtidos para a

sobremordida e a sobressaliência foram significantemente maiores no grupo

experimental, verificando-se que 74% apresentavam maloclusão de Classe II.

Os autores concluíram que os efeitos da respiração bucal repercutiram nas

dimensões dos arcos maxilares, os quais se mostraram contraídos. O aumento

da sobressaliência no grupo experimental foi observado com a protrusão

dentária anterosuperior, comumente verificada em respiradores bucais, assim

como a sobremordida.

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Mc Namara Jr., em 1981, advogou que a obstrução nasal exerce

influência direta na direção de crescimento e configuração das estruturas

craniofaciais individuais, evidenciando uma relação entre forma e função.

Todavia, ressaltou que os respiradores bucais não apresentam um tipo

específico de morfologia craniofacial, mas sim uma variedade de configurações

esqueléticas e dentárias que seriam, presumivelmente, o resultado secundário

das adaptações neuromusculares requeridas para a manutenção de uma

função respiratória adequada. Deste modo, “faces adenoideanas” e rotação do

plano mandibular são características frequentemente observadas em

indivíduos com obstrução respiratória, mas não são as únicas.

Com o objetivo de verificar a associação entre a respiração bucal e o

desenvolvimento dentofacial, Bresolin et al., em 1983, avaliaram 45 norte-

americanos leucodermas de ambos os gêneros, com idade entre seis a 12

anos. Desses, 30 eram respiradores bucais crônicos alérgicos e 15

respiradores nasais não alérgicos. Cada jovem foi submetido a um exame

intrabucal e a uma análise radiográfica cefalométrica. Por meio da avaliação

dos resultados, os autores observaram que a altura do palato e a

sobressaliência eram significantemente maiores nos respiradores bucais. As

médias para as larguras intermolares superiores revelaram-se bem mais

estreitas no grupo dos respiradores bucais (47,8mm), em relação aos

respiradores nasais (50,6mm), muito embora as larguras intermolares inferiores

não tenham sido afetadas no mesmo grau (43,5mm nos respiradores bucais e

44,8mm nos respiradores nasais). A largura intermolares mais estreita no arco

superior dos respiradores bucais estava associada a sete casos com mordidas

cruzadas posteriores, sendo quatro unilaterais e três bilaterais. Nenhum dos

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respiradores nasais apresentou mordida cruzada posterior. Essa diferença na

prevalência das mordidas cruzadas foi estatisticamente significante. Além

dessas características, outras apresentadas pelos respiradores bucais foram:

face alongada, língua com posicionamento abaixado, vestibuloversão dos

incisivos superiores, boca aberta e retrusão mandibular associada com relação

Classe II de Angle.

Corruccini, Flander e Kaul, em 1985, avaliaram escolares de uma área

rural (Punjab) e urbana (Chandigarh) da Índia, buscando identificar a

prevalência de respiradores bucais crônicos, suas chaves de oclusão e

comparar esses aspectos à população geral de cada região. O diagnóstico de

problemas respiratórios indicativos de respiração bucal crônica foi baseado em

queixas ou histórico de dificuldade de respiração nasal, em entrevistas e

exames clínicos. Por meio do exame intrabucal avaliaram a sobremordida,

sobressaliência, classificação de Angle, discrepância de modelos

(apinhamento) e mordida cruzada posterior. Estes cinco fatores e a extensão

dos desvios em relação aos limites de normalidade foram usados para

computar o índice de maloclusão (TPI). Foram examinados 315 jovens, sendo

188 da área rural e 127 da área urbana. A respiração bucal foi diagnosticada

em 18 jovens da área rural (9,6%) e em 27 (21,3%) da urbana, demonstrando

uma diferença significativa entre elas (p<0,002). As diferenças oclusais entre

estas duas populações também foi grande, sendo mais deficientes no grupo

urbano. Em comparação às demais características, a mordida cruzada

posterior exibiu a maior discrepância entre esses dois grupos, em relação aos

demais fatores e mostrou-se a única condição oclusal correlacionada com a

respiração bucal crônica.

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Em 1986, Linder-Aronson, Woodside e Lundström afirmaram que o

modo respiratório é um fator importante no estabelecimento da postura

mandibular, e esta, por sua vez, também influencia na direção do seu

crescimento. Os pesquisadores propuseram-se a testar esta hipótese em 38

crianças suecas, com sete a 12 anos de idade, com história prévia de

obstrução nasofaringeana e submetidas ao procedimento de adenoidectomia

há pelo menos cinco anos. Essas crianças foram comparadas com outras 37

de um grupo controle com mesma idade e respiração normal. Após comparar a

direção do crescimento mandibular em radiografias cefalométricas seriadas nos

dois grupos, o estudo demonstrou que posteriormente à modificação do modo

respiratório, as meninas que sofreram adenoidectomia exibiram um

crescimento mandibular significantemente mais horizontal do que as do grupo

controle, durante o período total de crescimento. Contudo, nos meninos essa

alteração não foi significativa.

Melsen et al., em 1987, objetivando demonstrar a relação entre o modo

respiratório e os diversos tipos de maloclusão, incluindo as discrepâncias

transversais, realizaram um estudo comparativo com 824 jovens, sendo 424 do

gênero masculino e 400 do feminino, com 13 a 14 anos de idade, em uma

escola na cidade de Trento, Itália. Após avaliações clínicas e por meio de

questionários, os jovens foram classificados de acordo com o tipo de

respiração, em nasais (86,6%), predominantemente bucais (5,5%) e

indeterminados (7,7%). Em comparação aos respiradores nasais, os bucais

revelaram uma maior frequência de disto-oclusão, mordida aberta, mordida

cruzada e apinhamento dentário. Especificamente com relação às mordidas

cruzadas posteriores, a prevalência alcançou 33% nos respiradores bucais,

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enquanto que nos nasais atingiu apenas 14%. Os autores concluíram que as

síndromes respiratórias obstrutivas, conduzindo ao padrão respiratório bucal,

podem influenciar significativamente na relação transversal entre os arcos

dentários, resultando no desenvolvimento de mordidas cruzadas posteriores.

Cheng et al., em 1988, realizaram uma pesquisa com o intuito de

elucidar a relação entre forma e função associadas com o comprometimento

respiratório e as atividades neuromusculares. Com este propósito,

selecionaram uma amostra composta por 41 pacientes do gênero masculino e

30 do feminino, na faixa etária entre 3,8 a 25,8 anos, com uma média de 11,1

anos de idade, pertencentes aos arquivos da Clínica de Ortodontia da

Universidade Case Western Reserve, em Cleveland (Ohio), juntamente com os

registros provenientes de quatro clínicas particulares. Foram analisados os

dados obtidos por um otorrinolaringologista, em associação ao estudo das

radiografias cefalométricas laterais e dos modelos de gesso. Uma amostra

controle, sem histórico de quaisquer alterações respiratórias, também foi

selecionada da mesma universidade, apresentando número e idade

compatíveis ao grupo experimental. Nos pacientes com comprometimento

respiratório, os autores constataram uma redução significativa do espaço aéreo

nasofaringeano, aprofundamento e atresia do palato duro, juntamente com

dimensões craniofaciais verticalmente maiores (AFAI aumentada) e

transversalmente menores (redução na distância intermolares superiores e

mordidas cruzadas posteriores severas), em conjunto com apinhamento

anterossuperior e anteroinferior mais acentuados do que no grupo controle.

Além disso, no grupo com comprometimento respiratório, o arco mandibular

mostrou-se mais largo quando comparado ao maxilar. A discrepância

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significativa entre os dois grupos da amostra evidenciou os efeitos do

comprometimento respiratório ou respiração bucal, no desenvolvimento

craniofacial.

Behlfelt at al., em 1989, realizaram um estudo com o propósito de

verificar a existência ou não de alterações nas dentições de crianças com ou

sem tonsilas palatinas aumentadas. A amostra composta por 73 crianças (33

meninos e 40 meninas) com tonsilas hipertróficas e média de idade de 10,1

anos foi comparada a um grupo controle formado pelo mesmo número de

meninos e meninas e mesma faixa etária. Todas as crianças foram submetidas

a exames clínicos, radiográficos (radiografia cefalométrica e PA) e moldagens

para confecção de modelos de estudo ortodônticos. As demais informações

foram coletadas durante a anamnese, constando de questões respondidas

pelos pais ou responsáveis pelas crianças. As médias e os desvios-padrão de

50 variáveis foram analisados e calculados. As relações entre as variáveis

foram estudadas por meio de uma análise de correlação simples e análise de

regressão múltipla. Ao avaliar os resultados, os autores observaram que,

quando comparada ao grupo controle, a amostra com hipertrofia de tonsilas

apresentava: 1) incisivos superiores mais protruídos e inferiores mais

inclinados para lingual, 2) maior sobressaliência, 3) menor sobremordida, 4)

menor comprimento do arco superior e largura entre os primeiros molares

permanentes, 5) menor comprimento do arco inferior, porém sem diferença

significativa com relação à largura entre os primeiros molares inferiores. Uma

grande diferença foi observada quanto à prevalência da mordida cruzada

posterior entre o grupo de estudo (45,8%) e o grupo controle (6,9%),

demonstrando que crianças com tonsilas hipertróficas apresentam uma grande

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tendência para o desenvolvimento de mordidas cruzadas posteriores, quando

comparadas ao grupo controle.

Marchesan (1993) argumentou que a respiração bucal é apontada como

responsável por alterações funcionais, do crescimento ósseo e da oclusão e,

portanto, se não houver equilíbrio adequado da cabeça sobre o tronco, poderá

haver estimulação incorreta das bases ósseas. Além disso, a posição da língua

poderá variar para frente ou para trás, dependendo da posição do pescoço, e

assim predispor ao crescimento incorreto.

Segundo Oulis et al. (1994), o aumento de volume da tonsila faríngea

dificulta a respiração nasal devido à obstrução parcial do espaço nasofaríngeo.

Como resultado da obstrução nasal, outras patologias podem se desenvolver,

tais como a rinite, sinusite e otite. Com a elevação da resistência do fluxo aéreo

nasal, as crianças são obrigadas a buscar uma respiração bucal.

Demonstrando interesse pelo tema, e com o objetivo de investigar a

prevalência da mordida cruzada posterior e hábitos bucais em pacientes com

hipertrofia das tonsilas palatinas e faríngea, os autores avaliaram 120 crianças

leucodermas (78 meninos e 42 meninas), com três a oito anos de idade e que

foram atendidas no Hospital Infantil Santa Sophia, em Atenas, Grécia. Durante

a avaliação do trato respiratório superior e da oclusão, os pais foram

questionados com relação ao histórico de hábitos e presença de respiração

bucal. As crianças foram divididas em dois grupos de acordo com a idade,

sendo o grupo 1 referente à faixa etária dos 3 aos 5 anos, enquanto que o

grupo 2 englobou a faixa dos 5 aos 8 anos. Todas as crianças foram

submetidas à radiografia cefalométrica lateral para determinar o grau de

obstrução da nasofaringe pela tonsila faríngea e fotografias para determinar o

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grau de obstrução pelas tonsilas palatinas. Crianças com grau 1 apresentavam

¼ da nasofaringe obstruída, grau 2 entre 1/4 e 2/4, grau 3 entre 2/4 e 3/4 , e

grau 4, mais do que 3/4 do espaço obstruído pela tonsila faríngea ou pelas

tonsilas palatinas. No total de crianças, 46,7% apresentou mordida cruzada

posterior e 89% exibiram cruzamento dos primeiros molares permanentes. O

número de crianças com mordida cruzada posterior na dentição decídua foi

similar ao das crianças na dentadura mista. Verificou-se que quanto maior o

grau de obstrução da nasofaringe, maior o número de crianças com mordida

cruzada posterior. Crianças com obstrução de grau 4 apresentaram a maior

prevalência de mordida cruzada posterior (70% e 74%, respectivamente, para a

tonsila faríngea e para as tonsilas palatinas). Análises estatísticas mostraram

que crianças com graus 3 e 4 de obstrução apresentaram um número

significativamente maior de mordidas cruzadas quando comparadas às

crianças com graus 1 e 2. A incidência dos hábitos bucais mostrou-se baixa

nos pacientes com mordida cruzada posterior e não demonstrou associação

com a severidade da obstrução aérea.

Di Francesco (1999) observou que a respiração bucal não deveria ser

considerada uma alteração fisiológica e sim uma condição patológica, pois a

cavidade nasal oferece a primeira barreira imunológica de proteção contra

agentes infecciosos. Salientou também que diversos fatores etiológicos podem

predispor sua obstrução, incluindo: rinite alérgica, atresia da maxila, hipertrofia

da tonsila faríngea (adenóide), infecções repetitivas das vias aéreas

superiores, palato ogival, desvio de septo, hipertrofia das estruturas dos

cornetos nasais, traumatismos faciais, pólipos nasais, abscessos e tumores

nasais, retroposicionamento da língua, iatrogenias pós-cirúrgicas e/ou

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medicamentosas, assim como rinites vasomotoras ou atróficas. Portanto, a

variedade de fatores etiológicos que podem conduzir à respiração bucal deve

ser considerada durante o diagnóstico diferencial, ou seja, durante a análise

das diversas condições que predispõem ao desenvolvimento da respiração

bucal.

Buscando comparar a morfologia craniofacial e as características dos

arcos dentários de crianças portadoras de obstrução respiratória com aquelas

exibidas por crianças sem quaisquer sintomas de obstrução, Lofstrand-

Tidestrom et al. (1999) selecionaram uma amostra inicial de 644 crianças com

quatro anos de idade, na cidade de Enkoping, Suécia. Aos responsáveis pelas

crianças foi enviado um questionário por e-mail buscando obter informações

acerca de hábitos e irregularidades respiratórias. Com base nas respostas

obtidas nesta primeira etapa, um “grupo com ronco” foi selecionado, incluindo

48 crianças que roncavam todas as noites e/ou exibiam episódios de paradas

respiratórias e ronco. Adicionalmente, estas crianças foram examinadas por um

ortodontista e submetidas a exames mais apurados do nariz, ouvido e

garganta, juntamente com um exame para o monitoramento do sono. Os 28

casos que foram diagnosticados com alguma obstrução respiratória foram

alocados no “grupo com obstrução”, posteriormente avaliados

cefalometricamente mediante o traçado de Björk e também pela análise dos

modelos de estudo. Os resultados das análises estatísticas não revelaram

nenhuma diferença significativa na porcentagem de crianças com hábitos de

sucção prolongados entre os grupos “com ronco” e “com obstrução”. Com

relação às características cefalométricas, o “grupo com obstrução” apresentou

menores ângulos da base do crânio (NSAr e NSBa) e maiores ângulos faciais

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(STGo/NGn), uma vez que a altura facial posterior total (STGo) apresentava-se

menor do que a altura facial anterior total (NGn). Nas análises dos modelos de

gesso, por sua vez, foram observadas diversas diferenças entre os dois

grupos, observando-se menor largura maxilar na distância entre os caninos

decíduos e os primeiros e segundos molares decíduos, menor comprimento do

arco dentário inferior e maior profundidade do palato, assim como maior

prevalência de mordida cruzada posterior no “grupo com obstrução”.

A herança genética e a presença da respiração bucal crônica são

fatores importantes que influenciam sobremaneira o crescimento craniofacial. O

crescimento facial é determinado por vários fatores. Um deles,

indiscutivelmente, é a herança genética, e um outro também bastante

importante é a presença da respiração bucal crônica. Montonaga, Berti e

Anselmo-Lima, em 2000, por meio de seus estudos, buscaram avaliar

clinicamente as causas da respiração bucal crônica e as possíveis alterações

no complexo craniodentofacial em 104 crianças, com três a dez anos de idade,

as quais demonstravam histórico de queixas clínicas de respiração bucal

crônica e previamente encaminhadas à Clínica de Fonoaudiologia da UNESP -

Campus de Marília. Os resultados obtidos por exames clínicos e radiográficos

demonstraram que as causas mais frequentes da respiração bucal foram:

associação de patologias (37,5%), rinite alérgica (32,69%), hipertrofia da

tonsila faríngea (11,54%), hábitos (7,69%), hipertrofia conjunta das tonsilas

palatinas e faríngea (6,73%) e hipertrofia das tonsilas palatinas (3,85%). Na

amostra estudada, as principais alterações craniofaciais observadas foram:

boca entreaberta em repouso, palato ogival, face estreita com predomínio de

crescimento vertical, mandíbula com rotação inferior e maloclusão dentária

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(mordida cruzada posterior e/ou mordida aberta). Além disso, a grande maioria

manifestou mastigação e deglutição alteradas. Deste modo, concluiu-se que

crianças com obstrução nasal e respiração bucal crônica apresentam diversas

alterações no complexo craniofacial.

A alteração do padrão respiratório conduzindo à aquisição da respiração

bucal de suplência é uma adaptação funcional que acarreta modificações não

somente nos órgãos e aparelhos diretamente envolvidos, mas também na

dinâmica corporal como um todo. Com a finalidade de analisar a postura

corporal de crianças respiradoras bucais, Krakauer e Guilherme (2000)

avaliaram 150 fotos de crianças respiradoras bucais e 90 fotos de respiradoras

nasais, todas com idade entre cinco e dez anos, nas posições frontal, sagital e

dorsal. Para constituição dos grupos, foram reunidas 50 crianças para o Grupo

Respirador Bucal (GRB) e 30 crianças para o Grupo Controle (GC), sendo

estas da mesma faixa etária e mesmo padrão socioeconômico. Para garantir

que as crianças do estudo não apresentassem alterações posturais

decorrentes de outras etiologias que não a respiração bucal foram excluídos

dos grupos amostrais (GRB e GC) todas as crianças com alterações auditivas,

visuais, neurológicas e/ou ortopédicas, pelo fato de que estas alterações, por si

só, poderiam gerar alterações posturais. Os autores observaram, por meio dos

resultados e da análise das fotos, que as crianças com respiração bucal

mudam a postura da cabeça, provavelmente para adaptar a angulação da

faringe visando facilitar a entrada de ar pela boca, na tentativa de obter um

melhor fluxo aéreo superior. A mudança do eixo da cabeça altera também a

posição de repouso mandibular, os contatos oclusais, assim como a inclinação

dos planos ótico e bipupilar. A estas mudanças podem se seguir movimentos

20

20

adaptativos do corpo em busca de uma postura mais confortável e de

equilíbrio. Entende-se, desse modo, que a respiração bucal compromete toda a

fisiologia respiratória, assim como o equilíbrio postural do corpo e da cabeça.

Sendo assim, os autores afirmaram que em uma criança com respiração nasal

ocorre naturalmente um alinhamento do eixo corporal ereto, nos três planos

(frontal, sagital e dorsal), e que este fenômeno fisiológico estaria comprometido

quando há necessidade de uma respiração bucal de suplência, demonstrando

que as crianças com respiração nasal apresentam uma maior harmonia

corporal do que as respiradoras bucais.

Com o objetivo de determinar a interdependência entre a severidade da

maloclusão e a quantidade de obstrução das vias aéreas superiores, Lopatiene

e Babarkas (2002) selecionaram 49 pacientes provenientes da clínica de

ortodontia da Universidade de Medicina de Kaunas, com 7 a 15 anos de idade,

de ambos os gêneros, com obstrução nasal, nunca submetidos a tratamentos

ortodônticos e/ou cirúrgicos e que nunca sofreram traumas faciais e/ou

dentários. Os métodos aplicados neste estudo foram entrevistas, exames

clínicos extra e intraorais, análise dos modelos de estudo e avaliação das

radiografias ortopantomográficas. Todos os pacientes foram examinados por

um otorrinolaringologista e a obstrução nasal foi confirmada por testes de

rinomanometria. Várias anomalias nas posições dentárias foram detectadas,

incluindo: 1) maior prevalência de apinhamento acima de 2mm nos dentes

superiores (38,8%) em relação aos inferiores (20,4%); 2) prevalência de 55,1%

para as maloclusões de Classe II; 3) prevalência geral de 24,5% para as

mordidas cruzadas posteriores, sendo 14,3% para os jovens apresentando

hipertrofia da tonsila faríngea com menor grau de obstrução, de 45,5% para

21

21

os casos com grau médio de obstrução e de 50% para os jovens com maior

grau de obstrução; 4) prevalência de 37,5% para as mordidas cruzadas

posteriores em jovens com desvio de septo nasal e em 16,7% dos pacientes

com rinite crônica; 5) inexistência de casos de mordidas cruzadas posteriores

em pacientes saudáveis; 6) sobressaliência maior do que 6mm em 12,5% das

crianças sem problemas respiratórios, em 36,1% dos pacientes com graus

pequeno e médio de obstrução decorrente de hipertrofia da tonsila faríngea e

em 43,7% dos jovens com maior grau de obstrução. Os resultados obtidos

neste estudo apontaram que, com o aumento da resistência nasal, aumenta a

prevalência dos seguintes problemas ortodônticos: irregularidades na posição

dos dentes superiores, apinhamento maior do que 2mm, maloclusão de Classe

II, mordida cruzada nas regiões de pré-molares e molares, assim como

aumento da sobressaliência.

Vasconcelos e Gosling (2003) realizaram avaliações respiratórias e

ortodônticas em 60 pacientes com 5 a 13 anos de idade, em uma clínica

particular, registrando os resultados em fichas de avaliação funcional.

Constataram que 86,67% eram respiradores bucais na maior parte do tempo,

10% apresentavam respiração exclusivamente bucal, enquanto apenas 3,3%

responderam que não apresentavam respiração bucal, nem mesmo por hábito.

Observaram também 50 relatos de alterações do tipo rinite alérgica (83,33%),

16 relatos de bronquite (26,66%), 24 casos de sinusite (40%) e dois relatos de

ausência de problemas respiratórios (3,33%). As maloclusões constatadas nos

exames dos pacientes foram as seguintes: apinhamento dentário (40%);

mordida cruzada posterior (30%); Classe II (13,3%); mordida cruzada anterior

(6,6%); mordida aberta anterior (6,6%) e Classe III (3,5%). Em relação aos

22

22

hábitos associados, observaram a presença de bruxismo e de onicofagia em

43,3% das crianças e sucção digital em apenas 3,3%. Portanto, de acordo com

os resultados obtidos, concluíram que as alterações no padrão respiratório

influenciam muito o desenvolvimento dos arcos dentários. Consequentemente,

os pacientes respiradores bucais podem sofrer alterações no crescimento e

desenvolvimento ósseo, predispondo ao surgimento de diversos tipos de

maloclusões dentárias, sendo que o conjunto das alterações respiratórias e

ortodônticas repercutem no desenvolvimento geral do paciente, que deveria ser

tratado em tempo hábil por uma equipe multidisciplinar.

Falcão, Grinfeld, Grinfeld e Melo, em 2003, objetivando verificar a

relação entre respiração bucal e as possíveis alterações que dela podem advir,

estudaram uma amostra de 43 crianças com 8 a 14 anos de idade, sendo 22

do gênero masculino e 21 do feminino, sendo que 27 eram respiradoras

nasobucais e 16 buconasais. As crianças foram avaliadas quanto à respiração,

presença de hábitos, características faciais, exame intrabucal, avaliação

postural estática e avaliação da musculatura. Com base neste estudo, os

autores observaram que a respiração mista, de alguma forma, afeta o padrão

de equilíbrio corporal. Para a maioria dos escolares, constataram registros de

face alongada, cabeça inclinada e anteriorizada, ombros assimétricos,

encurtamento dos escalenos e peitorais menores (42,1%) e alterações dos

arcos dentários (39,5%). As principais maloclusões verificadas foram, em

ordem decrescente: mordida aberta anterior (18,6%), mordida cruzada

posterior (14,0%), prognatismo maxilar (9,3%), mordida cruzada anterior (4,7%)

e prognatismo mandibular (2,3%). Assim sendo, pode-se sugerir que a

respiração tem um papel fundamental na postura, uma vez que os músculos

23

23

respiratórios estão ligados à coluna e às costelas. Contudo, o indivíduo não

necessita ser portador de todos os sinais e sintomas que padronizam a

síndrome do respirador bucal para que possa ocorrer o desequilíbrio

osteomuscular e dentário.

Emmerich et al., em 2004, ao realizarem uma pesquisa na cidade de

Vitória (ES), estimaram a prevalência das maloclusões e variáveis a elas

associadas, tais como hábitos deletérios (HD), alterações oronasofaringeanas

(AO), respiração bucal, deglutição e fonação atípicas, em crianças com três

anos de idade. A amostra abrangeu 291 crianças de ambos os gêneros,

matriculadas nos Centros de Educação Infantil do município. A pesquisa foi

dividida em duas etapas: na primeira, foi estabelecida a prevalência das

maloclusões, das variáveis oclusais, sobressaliência, sobremordida e mordida

cruzada, e das AO; na segunda etapa, realizaram-se entrevistas familiares,

procurando evidenciar os hábitos e costumes individuais relacionados com o

desenvolvimento de possíveis problemas oclusais. Nas crianças com

respiração bucal, a análise de regressão logística indicou maior razão de

chances (or) para o desenvolvimento de sobressaliência aumentada (or = 1,89;

IC: 1,56-2,03), mordida aberta anterior (or = 2,46; IC: 2-3,02) e mordida

cruzada posterior (or = 1,45; IC: 1,23-1,72). Além disso, estas mesmas

alterações oclusais também mostraram associações significantes com os

hábitos bucais deletérios e com a deglutição e fonação atípicas. Os

pesquisadores concluíram que a prevalência das maloclusões, na cidade de

Vitória, apresentou, para a idade de três anos, valor epidemiológico alto

(59,1%), evidenciando que ela tende a ser mais elevada em crianças com

alterações funcionais do sistema estomatognático.

24

24

Com o intuito de avaliar os efeitos da hipertrofia da tonsila faríngea

sobre a oclusão e a face, Berjis et al., em 2005, avaliaram 48 crianças, de

ambos os gêneros, com seis a doze anos de idade e exibindo hipertrofia da

tonsila faríngea, comparando-as a um grupo controle composto pelo mesmo

número de crianças, de ambos os gêneros e mesma faixa etária. Ambas as

amostras foram examinadas nas clínicas do departamento de

otorrinolaringologia da Universidade de Isfahan, Irã. Comparando-se os grupos

caso e controle, os resultados revelaram, respectivamente, as seguintes

prevalências: 1) respiração bucal - 91,7% e 35,4%; 2) gengivite - 35,4% e

4,2%; 3) sobressaliência - 45,45% e 18,18%; 4) sobremordida - 43,18% e

27,27%; 5) mordida cruzada posterior - 16,7% e 2,1%; 6) mordida aberta

anterior – 39,6% e 8,3% e) ausência de selamento labial - 79,2% e 29,2%. Em

todas as situações as diferenças foram estatisticamente significantes.

Em 2006, Menezes et al. propuseram-se a quantificar a prevalência de

crianças com respiração bucal e analisar as principais alterações faciais

associadas. Realizaram um estudo transversal observacional com 150 crianças

de oito a dez anos de idade, na Escola Superior de Educação Física da

Universidade de Pernambuco (ESEF-UPE). Os dados foram coletados

mediante exames clínicos e questionários. Para o diagnóstico da respiração

foram feitos dois testes, sendo que no primeiro observavam a condensação de

vapor d’água respiratório em um espelho de dupla face, enquanto que no

segundo teste avaliaram a capacidade de permanência de água na boca,

mantendo os lábios em contato pelo tempo de três minutos. A prevalência de

respiradores bucais foi de 53,3%, ao passo que as alterações faciais

observadas neste grupo, em relação aos respiradores nasais, foram: selamento

25

25

labial inadequado (58,8% vs. 5,7%), olhos caídos (40% vs. 1,4%), lábios

hipotônicos (23,8% vs. zero) e olheiras (97,5% vs. 77,1%). Concluiu-se que a

prevalência de respiradores bucais foi bastante elevada nesse extrato

populacional, porém sem diferenças estatísticas quanto ao gênero e à faixa

etária. Todavia, foram evidenciadas diferenças significantes entre as

características físicas e o padrão de respiração.

Cattoni et al., em 2007, propuseram-se a analisar algumas

características posturais e morfológicas do sistema estomatognático de

crianças respiradoras bucais, no que tange aos seguintes aspectos:

relacionamentos oclusais, posição habitual dos lábios e da língua, existência

de selamento labial e hiperfunção do músculo mentoniano para sua obtenção,

dentre outros. Para tanto, avaliaram 100 crianças respiradoras bucais, na faixa

etária entre sete e onze anos, com uma média de oito anos de idade. Destas,

51 crianças pertenciam ao gênero masculino (51%) e 49 ao gênero feminino

(49%). Os critérios para inclusão na amostra foram: leucodermas, diagnóstico

otorrinolaringológico de respiração bucal, alteração funcional da respiração, na

fase da dentição mista e com a erupção completa dos quatro primeiros molares

permanentes. Por sua vez, os critérios de exclusão foram: histórico de

tratamento fonoaudiólogo prévio e/ou atual; histórico de cirurgia facial e/ou

faríngea; histórico de síndrome e/ou doença neurológica e/ou úvula bífida;

malformações craniofaciais; histórico de disfunções das articulações

temporomandibulares, histórico de tratamentos ortodônticos, ortopédico faciais

e/ou craniomandibulares, prévios ou atuais. Após as primeiras etapas, com

base nas avaliações otorrinolaringológicas e fonoaudiológicas, as crianças

foram classificadas de acordo com as características observadas, tais como:

26

26

lábios entreabertos, presentes em 67% das crianças avaliadas; hiperfunção do

músculo mentoniano, como uma compensação da hipofunção do lábio inferior

que apresentou-se evertido e flácido; hipofunção do músculo orbicular da boca;

alteração na conformação do palato duro (64%) e alterações na oclusão (88%),

sendo que estas últimas representaram o único aspecto analisado em que

houve diferença estatisticamente significante em função da idade, verificando-

se aumento da prevalência a partir dos oito anos. Por outro lado, as demais

características não se modificaram com a idade. Desse modo, concluíram que

a maioria das características posturais e morfológicas do sistema

estomatognático estudadas nas crianças respiradoras bucais não

apresentaram alterações significantes nas suas prevalências com o avançar da

idade.

De acordo com Albuquerque Junior et al., é correta a afirmativa da

existência de relação entre certos hábitos bucais, tipo de respiração e

maloclusão dentária. Os efeitos dos hábitos de sucção não nutritivos

prolongados, assim como os da respiração bucal ou mista, sobre as relações

transversas dos arcos dentários, evidenciam uma alta prevalência de mordidas

cruzadas posteriores. Estes pesquisadores, em 2007, realizaram um estudo

transversal correlacionando os hábitos bucais, incluindo a respiração bucal,

com variadas maloclusões. A amostra abrangeu 130 jovens, sendo 56 (43%)

do gênero masculino e 74 (57%) do feminino, com quatro a 13 anos de idade,

os quais estavam em atendimento no curso de Odontologia da UNIFOR, em

Fortaleza (CE). O exame de cada jovem foi realizado mediante inspeção visual

e entrevista com o paciente e seu responsável, observando-se que nos

portadores de maloclusão e hábitos bucais deletérios, os mais referidos foram

27

27

onicofagia (24%), seguindo-se a sucção de chupeta (21%) e respiração bucal

(20%). No mesmo grupo, as maloclusões mais prevalentes foram mordida

cruzada posterior (37%) e mordida aberta anterior (35%).

Góis et al. (2008) investigaram a associação entre hábitos de sucção de

dedo e chupeta, respiração bucal e tamanho da tonsila faríngea, com o

desenvolvimento de maloclusões na dentição decídua. O estudo envolveu um

grupo caso, contendo 150 crianças com três a seis anos de idade, com pelo

menos um dos seguintes fatores: mordida aberta anterior, mordida cruzada

posterior ou sobressaliência maior que 3mm. Por sua vez, o grupo controle

incluiu 150 crianças na mesma faixa etária, porém sem maloclusões. A

pesquisa foi realizada em escolas públicas e privadas em Juiz de Fora (MG),

alicerçada em questionários, exames clínicos e radiografias cefalométricas

laterais. Os resultados demonstraram que crianças com hábitos de sucção não

nutritivos, incluindo o de chupeta, apresentam uma razão de chances

aproximadamente seis vezes maior de exibir maloclusões, quando comparadas

às crianças sem hábitos. Por sua vez, as crianças respiradoras bucais

demonstraram uma razão de chances 10,9 vezes maior de apresentar

maloclusões, em comparação às respiradoras nasais (p<0,001). A mordida

cruzada posterior esteve presente em 54 crianças do grupo caso e a mordida

aberta em 87. Sendo assim, a presença de hábitos de sucção não nutritivos,

principalmente o de chupeta, e o padrão de respiração bucal mostraram-se

diretamente associados com a presença de maloclusões.

Segundo Oliveira et al. (2008), a falta de compressão da língua no

palato influencia o desenvolvimento ósseo e muscular do sistema

estomatognático, tornando o palato duro ogival enquanto o arco dentário

28

28

superior tende a deslocar-se para frente e para a medial, provocando disto-

oclusão e mordida cruzada posterior. Objetivando testar a hipótese da relação

causal entre o comprometimento respiratório e as alterações oclusais e

funcionais, os pesquisadores compararam dois grupos de crianças atendidas

nas Clínicas Pediátrica e Odontopediátrica do Hospital Universitário Cassiano

Antônio Moraes, em Vitória (ES). No grupo caso, foram avaliadas 33 crianças

entre três a seis anos de idade, com história clínica de atopia e/ou asma,

confirmada pelo médico alergista, porém nunca tratadas ortodonticamente e

sem histórico de hábitos deletérios após os três anos de idade. O grupo caso,

anteriormente descrito, foi comparado a um grupo controle, composto por 49

crianças na mesma faixa etária, sem asma, sem histórico de tratamento

ortodôntico e também sem respiração bucal. Uma grande diferença pôde ser

notada entre os grupos caso e controle para a variável mordida cruzada

posterior, estando presente em oito crianças (24,24%) pertencentes ao grupo

caso e em quatro (8,16%) do grupo controle. Os resultados obtidos indicaram

que as doenças alérgicas respiratórias influenciam na tendência ao

desenvolvimento de alterações nos padrões craniofaciais e oclusais.

Abreu et al., em 2008, realizaram um estudo para determinar a

prevalência de crianças respiradoras bucais com idade entre três e nove anos,

residentes na região urbana da cidade de Abaeté (MG). A amostra foi

composta por 370 crianças selecionadas de forma aleatória, sendo 193 do

gênero masculino e 177 do feminino, com média de idade de 5,9 anos

(dp=1,9). Deste grupo, foram excluídas crianças portadoras de cardiopatias,

pneumonias ou outras comorbidades graves que pudessem interferir nos

resultados da pesquisa. Após a aplicação de questionários e a realização de

29

29

exames clínicos, diagnosticaram 204 casos de respiração bucal,

correspondendo a 55% da amostra. A prevalência de RB foi elevada neste

estudo, porém sem associação estatística entre os gêneros, condição

socioeconômica ou faixa etária.

De acordo com Feres et al. (2009), a literatura não é uniforme ao definir

o verdadeiro papel desempenhado pela respiração bucal sobre algumas

características oclusais, tais como o tipo específico de maloclusão apresentado

por estes pacientes, ou o grau de estreitamento maxilar que pode ser atribuído

ao padrão respiratório deletério. Diante destes aspectos, desenvolveram um

estudo com o objetivo de comparar as dimensões do palato e as características

oclusais de crianças respiradoras bucais e nasais na faixa etária de seis a dez

anos, selecionadas mediante exames otorrinolaringológicos. Estes últimos

incluíram exames clínicos, exames físicos por meio de oroscopia, rinoscopia

anterior, otoscopia e avaliação adenoideana. A amostra selecionada foi então

dividida em dois grupos, de acordo com o tipo de respiração diagnosticada pelo

exame otorrinolaringológico (respiração bucal ou nasal). Posteriormente, foi

realizada uma avaliação ortodôntica que constou de anamnese, exame clínico,

moldagem dos arcos para confecção dos modelos de estudo, registro em cera

da mordida em relação cêntrica (RC) e recorte dos modelos nesta posição. As

crianças submetidas a tratamento ortodôntico prévio ou intervenções cirúrgicas

no complexo nasorrespiratório foram rejeitadas para composição da amostra.

Foram então obtidos 60 modelos de estudo de crianças de ambos os gêneros,

sendo 30 respiradores bucais e 30 respiradores nasais. Os seguintes pontos

de referência e medidas foram utilizados: distância intermolares (DIM),

distância intercaninos (DIC), profundidade do palato (PP), e classificação

30

30

segundo Angle (Classes I, II e III). Observaram ainda, com os modelos em RC,

a presença ou ausência de mordida cruzada, seja uni ou bilateral. A DIM

apresentou-se significativamente menor no grupo formado por respiradores

bucais, enquanto que para a PP este mesmo grupo obteve valor

significativamente maior em relação aos respiradores nasais. Não houve

diferenças significantes entre os grupos em relação à classificação proposta

por Angle e em relação à DIC. A presença de mordida cruzada posterior foi

observada na maioria dos jovens dos dois grupos estudados, sendo mais

frequente nos respiradores bucais (70%) do que nos respiradores nasais

(53,3%). Muito embora esta diferença não tenha sido estatisticamente

significante pelo teste do qui-quadrado (p=0,184), os autores afirmam que os

resultados desta pesquisa quanto à presença ou ausência de mordida cruzada

podem ter sofrido influência da idade relativamente precoce da amostra, já que

a prevalência deste tipo de maloclusão, sob a influência dos fatores etiológicos

associados a ela, tende a aumentar com o passar da idade. O fato dos

respiradores bucais apresentarem estreitamento maxilar maior que os

respiradores nasais (menor DIM) pode ser indicativo de uma tendência à

formação de mordida cruzada posterior, ou mesmo um processo em

andamento que poderia, eventualmente, se desenvolver em uma maloclusão

deste tipo com o passar da idade.

Pirila-Parkkinen et al. (2009), realizaram um estudo com o objetivo de

examinar as influências das desordens respiratórias noturnas, como a apnéia

obstrutiva do sono (AOS) e o ronco, no desenvolvimento dos arcos dentários.

Com este propósito, foram avaliadas as dentições de 138 crianças com

sintomas de ronco e AOS, no Departamento de Otorrinolaringologia do Hospital

31

31

Universitário de Oulu, Finlândia. Foram excluídas da amostra as crianças com

anomalias das vias aéreas superiores, infecções respiratórias crônicas, asma

ou alergias, crianças previamente submetidas a tratamento ortodôntico ou que

apresentassem perdas dentárias. Com base em exames por polissonografia,

41 pacientes de ambos os gêneros e idade média de 7,2 anos foram

diagnosticados com AOS, enquanto que outros 41 pacientes com gênero e

idade semelhantes foram diagnosticados com ronco, porém sem AOS. Os

demais casos foram excluídos da amostra. Para compor o grupo controle,

foram selecionadas 41 crianças com média de idade de 7,2 anos, sem histórico

de ronco e alterações respiratórias, sem episódios de apnéia e nunca

submetidas a tratamento ortodôntico. Os grupos de crianças com AOS e ronco

foram examinados clinicamente para a determinação do tamanho das tonsilas

e classificadas numa escala de 1 a 4. Adicionalmente, por meio dos exames

intrabucais e dos modelos dos arcos dentários, foram mensurados o

comprimento e a largura dos arcos maxilar e mandibular, a classificação da

oclusão segundo Angle, assim como a sobremordida, sobressaliência,

apinhamentos, mordida cruzada posterior e mordida aberta anterior. A mordida

cruzada posterior era considerada quando incluía molares e caninos ,decíduos

ou permanentes, e pré-molares. Alicerçados pelas análises estatísticas, os

autores observaram hipertrofia da tonsila faríngea (graus 3 ou 4) em 92% dos

pacientes com AOS e em 76% daqueles com ronco. A sobressaliência foi maior

no grupo com AOS e no grupo ronco, em relação ao grupo controle. A

sobremordida, por sua vez, foi significantemente reduzida no grupo AOS

quando comparado ao grupo controle. A largura do arco maxilar foi

significantemente menor nos grupos AOS e ronco, quando comparados ao

32

32

grupo controle. A largura intercaninos superiores foi menor no grupo AOS e

ronco e a largura intermolares decíduos ou permanentes foi menor no grupo

AOS, quando comparado ao grupo controle. O número de crianças com

mordida aberta anterior e maloclusão de Classe II de Angle foi

significantemente maior no grupo AOS (17,1% e 29,3%) e no grupo ronco

(12,2% e 36,6%), quando comparados ao grupo controle (0% e 4,9%). Uma

tendência ao apinhamento nos arcos superior e inferior foi observada no grupo

AOS quando comparado ao controle. A mordida cruzada posterior foi mais

prevalente no grupo AOS (12,2%) e no grupo ronco (12,2%), quando em

relação ao grupo controle (2,4%). De acordo com os resultados desta

pesquisa, os autores concluíram que as crianças diagnosticadas com AOS

apresentam o arco dentário superior mais estreito, sobressaliência aumentada

e sobremordida diminuída, em relação às crianças do grupo controle. As

dimensões do arco superior no grupo do ronco tendem a estar entre os valores

encontrados para o grupo AOS e para o grupo controle, não havendo porém

uma discrepância significativa entre os grupos AOS e ronco.

Devido à escassez de pesquisas relatando a prevalência de

respiradores bucais, Felcar et al. (2010) objetivaram quantificar este aspecto

em crianças de uma escola de ensino fundamental da cidade de Londrina (PR).

Aos pais ou responsáveis dos escolares com seis a onze anos de idade,

matriculadas nas primeiras às quartas séries, foram aplicados 496

questionários contendo questões acerca de hábitos, sono, comportamento,

alimentação, cuidados pessoais e respiração. A taxa de devolução dos

questionários foi de 84,5%. Para comparar as variáveis entre respiradores

bucais e nasais, foi utilizado o teste de Mann-Whitney e qui-quadrado. A

33

33

prevalência de respiração bucal nessa população foi de 56,8%. A mediana da

idade entre os respiradores bucais (RB) foi de sete anos de idade (6-9) e entre

os respiradores nasais (RN) foi de oito anos (6-9) (p<0,001). Dos RB, 114

(49,1%) eram do gênero masculino e 118 (50,9%), do feminino. Por sua vez,

entre os RN, 77 (43,8%) eram do gênero masculino e 99 (56,3%), do feminino

(p=0,280).

De acordo com Berwig et al. (2010), as alterações do sistema

estomatognático podem se manifestar das mais variadas formas. Assim, com o

intuito de aprofundar o estudo deste tema, propuseram-se a investigar a

ocorrência de alterações no modo respiratório, maloclusões e distúrbios

articulatórios, bem como a relação entre estes aspectos, em crianças

matriculadas no ensino fundamental de duas escolas públicas da cidade de

Santa Maria, Rio Grande do Sul (RS). As crianças foram submetidas a

avaliações fonoaudiológicas e odontológicas, realizadas por uma

fonoaudióloga e uma cirurgiã-dentista, respectivamente. A partir das avaliações

realizadas em 308 crianças, de ambos os gêneros, foram selecionadas 235,

por meio dos critérios de inclusão e exclusão. Foram incluídas na pesquisa

aquelas que estavam na faixa etária entre seis e onze anos de idade e

excluídas aquelas que apresentavam algum sinal evidente de

comprometimento neurológico, que haviam realizado tratamentos

fonoaudiológicos e/ou ortodônticos anteriormente, bem como aquelas que

estavam no período da dentição decídua. As avaliações fonoaudiológicas

restringiram-se à investigação do sistema estomatognático, enfatizando a

análise da posição habitual dos lábios e da língua, modo respiratório e

articulação da fala. Além disso, para corroborar a avaliação do modo

34

34

respiratório, foi utilizado o “teste da água”, que oferece bons indícios para a

ausência de problemas respiratórios nos sujeitos que conseguem permanecer

por alguns instantes com água na boca e com os lábios fechados. O modo

respiratório era classificado como: a) nasal, quando havia uso predominante

das cavidades nasais; b) buconasal, quando era realizada ora pela cavidade

nasal e ora pela boca, sendo estas informações complementadas pela

capacidade da criança em manter o gole de água na boca durante três

minutos; c) bucal, quando havia uso predominantemente da boca,

complementando-se com a incapacidade da criança em manter o gole de água

na cavidade bucal durante três minutos. Por meio das avaliações odontológicas

foram analisadas as condições oclusais, incluindo as anomalias

anteroposteriores, verticais e transversais. Os estudos apontaram 113

respiradores buconasais (48,09%) e 29 respiradores bucais (12,34%), com

frequente ocorrência de maloclusões das Classes I e II de Angle nas crianças

com alterações do modo respiratório. Naquelas com respiração buconasal a

mordida cruzada ocorreu em dez casos (8,85%), enquanto que nas

respiradoras bucais em seis casos (20,69%). A mordida cruzada foi mais

frequente nas crianças que apresentavam maloclusões de Classe I (45,84%).

Os resultados deste trabalho demonstraram que muitas alterações no sistema

estomatognático encontram-se associadas.

Ressaltando a importância dos conhecimentos sobre as influências que

a obstrução do espaço aéreo superior pode exercer no crescimento craniofacial

e no desenvolvimento da dentição, Nunes Jr. e Di Francesco, em 2010,

realizaram uma pesquisa com pacientes do Departamento de

Otorrinolaringologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da

35

35

Universidade de São Paulo. Para a avaliação dos sintomas da obstrução

respiratória foram avaliadas 114 crianças respiradoras bucais, de ambos os

gêneros, com três a 12 anos de idade, sem histórico de doenças neurológicas,

síndromes craniofaciais e que nunca foram submetidas a tratamento

ortodôntico ou cirurgia faríngea. O exame otorrinolaringológico incluiu avaliação

física e por nasofibroscopia, complementados com uma radiografia

cefalométrica lateral. O volume da tonsila faríngea foi quantificado pelos

aspectos radiográficos observados, de acordo com a porcentagem de

obstrução do espaço aéreo da nasofaringe, nas seguintes gradações: Grau 1 -

0 a 25% de obstrução; Grau 2 - 25 a 50%; Grau 3 - 50 a 75% e Grau 4 - 75 a

100% de obstrução. Os aumentos obstrutivos classificados como graus 3 ou 4,

de ambas as tonsilas, palatinas e faríngea, foram detectados em 64,9% da

amostra. O aumento isolado da tonsila faríngea foi constatado em 21,9%,

somente das tonsilas palatinas em 7,0% e das tonsilas não obstrutivas em

6,1%. Em todos os grupos os autores observaram uma alta prevalência de

mordidas cruzadas posteriores (36,8%, em média). No grupo com aumento

combinado das tonsilas palatinas e faríngea a maloclusão de Classe II foi mais

prevalente (43,2%), enquanto que no grupo com aumento isolado das tonsilas

palatinas, as maloclusões das Classes II e III foram prevalentes (37,5%).

Em crianças respiradoras bucais a língua toma uma posição mais

inferior e anterior no assoalho bucal, conduzindo a um distúrbio no equilíbrio

dinâmico entre as estruturas que agem sobre os dentes (língua, bochechas e

lábios). Deste modo, pouca pressão é exercida nas superfícies linguais dos

dentes superiores e cristas alveolares da maxila, enquanto que suas faces

36

36

vestibulares continuam a receber estímulos maiores provenientes dos lábios e

bochechas, predispondo ao surgimento de mordidas cruzadas posteriores.

Demonstrando interesse por este tema, Melink et al., em 2010,

correlacionaram mordidas cruzadas posteriores unilaterais com hábitos de

sucção não nutritivos, funções orofaciais e parâmetros otorrinolaringológicos,

na fase da dentadura decídua. Do Departamento de Periodontia da policlínica

dental de Kranj, Eslovênia, 30 crianças com mordida cruzada unilateral

posterior (13 meninos, 17 meninas, com média de idade de 5,5 anos) e 30

crianças sem mordida cruzada (17 meninos, 13 meninas, com média de idade

de 5,9 anos) foram selecionadas para participar desse estudo. Os dados foram

obtidos por meio de questionários, entrevistas, modelos de estudo e exames

clínicos. Entre as crianças com mordida cruzada posterior, 12 (43%)

apresentavam tonsilas palatinas e/ou faríngeas aumentadas, quatro (14%)

exibiam infecção nasal, seis (22%) deglutição atípica e 15 (56%) posição

inferiorizada da língua no assoalho bucal. A consequência da ruptura

permanente do equilíbrio funcional normal entre língua, lábios e bochechas,

especialmente em crianças em crescimento, frequentemente manifesta-se por

uma maxila curta e estreita que leva ao aparecimento de mordidas cruzadas

posteriores.

37

37

3 PROPOSIÇÃO

Este estudo epidemiológico transversal randomizado caso-controle foi

desenvolvido com o objetivo de avaliar a inter-relação entre o padrão

respiratório, os hábitos de sucção não nutritivos e a prevalência das mordidas

cruzadas posteriores, em crianças brasileiras na dentadura mista.

38

38

4 MATERIAL E MÉTODOS

Este estudo transversal foi desenvolvido obedecendo aos critérios

internacionalmente recomendados para pesquisas em seres humanos, obtendo

aprovação prévia do Comitê Brasileiro de Ética em Pesquisa.

4.1 SELEÇÃO DA AMOSTRA

A amostra selecionada englobou 602 crianças brasileiras (300 do gênero

masculino e 302 do gênero feminino) na faixa etária dos 6 aos 13 aos de idade

(média=8,9, dp=1,36), matriculadas em escolas públicas de educação infantil

da cidade de Brasília, no Distrito Federal. Após a obtenção do consentimento

preliminar da Secretaria da Educação do Distrito Federal, foi estabelecido um

contato inicial com a direção das escolas solicitando a participação das

mesmas na presente pesquisa. Em seguida, cartas de apresentação e termos

de consentimento livres e esclarecidos foram encaminhados aos responsáveis

pelas crianças, informando-os a respeito da pesquisa, sua importância e seus

objetivos.

4.1.1. Critérios de inclusão

As crianças avaliadas neste estudo atenderam aos seguintes critérios:

- na fase da dentadura mista apresentando os incisivos e primeiros

molares permanentes já irrompidos;

- concordância por escrito dos pais e/ou responsáveis para a

participação da criança no estudo, mediante a assinatura do Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido;

39

39

- ausência de síndromes ou malformações craniofaciais, bem como

alterações psíquicas, neurológicas ou motoras que possam comprometer as

funções bucais e/ou respiratórias;

- sem histórico de traumatismos e/ou cirurgias envolvendo o complexo

craniofacial;

- ausência de gripes ou resfriados ocorridos há menos de duas

semanas, previamente à realização dos exames executados nesta pesquisa;

- que não estivessem utilizando anti-histamínicos, corticosteróides e/ou

broncodilatadores;

- com questionários adequadamente respondidos pelas mães, versando

sobre aspectos familiares, assim como sobre as condições gerais de saúde das

crianças e suas características respiratórias;

- nunca submetidas a tratamentos ortodônticos.

4.1.2. Exame clínico ortodôntico

O exame clínico da relação entre os arcos dentários foi realizado por

inspeção visual, no próprio ambiente escolar, com a criança comodamente

sentada e direcionada para uma fonte abundante de luz e com os dentes

ocluindo em máxima intercuspidação habitual (MIH). Para o exame das

crianças, eu, Raphaela Biasutti, responsável pela pesquisa estive paramentada

com avental, luvas, gorro e máscara, seguindo as normas usuais de

biossegurança.

Tendo em vista os propósitos desta pesquisa, ênfase especial foi

concedida à avaliação da relação transversal entre os dentes posteriores

superiores e inferiores. O diagnóstico da mordida cruzada posterior foi

40

40

estabelecido quando constatada uma relação de oclusão invertida no sentido

vestibulolingual entre um ou mais dentes posterosuperiores, em relação aos

seus respectivos antagonistas. Os dentes posterosuperiores considerados

poderiam incluir caninos decíduos, primeiros molares decíduos, segundos

molares decíduos, primeiros pré-molares, segundos pré-molares e primeiros

molares permanentes. Além disso, as mordidas cruzadas foram classificadas

em simples ou compostas. Foram definidas como simples nos casos em que foi

constatado o cruzamento de apenas um dente posterosuperiores em relação

ao seu antagonista inferior, e compostas quando envolveram dois ou mais

dentes, em relação aos seus antagonistas correspondentes. As mordidas

cruzadas posteriores foram ainda classificadas em unilaterais verdadeiras,

unilaterais funcionais e bilaterais. Nas unilaterais verdadeiras observou-se o

cruzamento em apenas um lado do arco dentário, mas com ausência de

desvios na relação entre as linhas médias dos arcos superior e inferior. Nas

unilaterais funcionais, por sua vez, a mordida cruzada apresentava-se apenas

em um hemiarco durante a posição de MIH, porém manifesta um nítido

deslocamento da mandíbula quando esta é manipulada para uma posição de

relação central. Nesta última posição, foi observado um contato prematuro

entre determinados elementos dentais, geralmente os caninos decíduos,

favorecendo o deslocamento da mandíbula para o lado de maior conforto

oclusal. Finalmente, nas mordidas cruzadas posteriores bilaterais verificou-se o

cruzamento simultâneo nos lados direito e esquerdo dos segmentos dentais

posteriores.

41

41

4.1.3. Testes complementares para a determinação do padrão

respiratório

Neste estudo foram realizados três testes clínicos, os quais, juntamente

com os questionários respondidos pelas mães, possibilitaram a identificação de

três tipos básicos de padrão respiratório, ou seja, predominantemente nasal,

misto e predominantemente bucal.

Teste 1 (selamento labial): as crianças foram analisadas com relação ao

selamento labial em repouso, classificando-o em três categorias: 1.1 ausente,

1.2 presente e sem esforço muscular e 1.3 presente e com nítidas contrações

da musculatura peribucal;

Teste 2 (oroscopia): avaliação por oroscopia das tonsilas palatinas e

classificação quanto ao grau de obstrução do espaço entre elas, de acordo

com a metodologia proposta por Brodsky (1989): Grau 1–no máximo 25%;

Grau 2 –26% a 50%, Grau 3 –51% a 75% e Grau 4–de 76% a 100% (Figura 1);

Teste 3 (permeabilidade nasal): determinação da permeabilidade nasal por

meio de um teste referente à mensuração do tempo, em minutos, que a criança

conseguia manter água na boca, sem degluti-la. Foram considerados muito

bons os tempos superiores a três minutos, regulares entre dois e três minutos e

insatisfatórios quando inferiores a um minuto (Menezes et al., 2006).

Figura 1 – Grau de obstrução do espaço da orofaringe pelas tonsilas palatinas,

segundo a classificação proposta por Brodsky (1989).

Grau 1 Grau 2 Grau 3 Grau 4

42

42

4.1.4. Avaliação clínica facial

Foram atentamente avaliadas as principais características faciais da criança,

incluindo diversos aspectos, tais como: padrão de crescimento facial,

convexidade facial, aspecto dos olhos, projeção maxilar e mandibular, altura

facial anteroinferior, selamento labial, tonicidade dos lábios, fissuras ou

ressecamento nos lábios, entre outros.

4.1.5. Questionários

Adicionalmente aos exames clínicos anteriores, a determinação do

padrão respiratório também foi fundamentada em questionários de anamnese

respondidos pelas mães das crianças, abordando diversos aspectos sobre as

condições passadas e presentes referentes a múltiplos aspectos de interesse

para a classificação das funções respiratórias. Os principais itens questionados

referiram-se:

1) aos relatos de patologias, presentes ou passadas, afetando as vias aéreas

superiores e/ou inferiores (obstruções nasais, rinite, sinusite, bronquite, asma,

inflamações das tonsilas palatinas, hipertrofia da tonsila faríngea);

2) aos relatos de sinais e/ou sintomas de problemas respiratórios, tais como

coriza, espirros, gripes e resfriados frequentes;

3) à descrição do período do sono das crianças, envolvendo relatos quanto à

presença de boca aberta e agitação ao dormir, ronco, baba no travesseiro e

sonolência diurna.

43

43

4.1.6. Classificação do padrão respiratório

Com base no conjunto das informações colhidas durante o exame

clínico e pelo questionário de anamnese, o padrão respiratório predominante

de cada criança foi classificado em três tipos básicos: nasal, misto e bucal. Os

diagnósticos foram emitidos independentemente por dois especialistas em

Ortodontia. Nos casos com divergência quanto a essa classificação, um

terceiro pesquisador também emitia seu diagnóstico e, em seguida, os três

profissionais se reuniam para discutir o caso e estabelecer a classificação final.

4.2 ANÁLISES ESTATÍSTICAS

Foi realizada a tabulação dos dados e as análises estatísticas, utilizando

o programa Statistica (v.5.1, StatSoft Inc., Tulsa, USA). O teste do qui-

quadrado de Pearson (p<0,05) foi utilizado para testar se há associação entre a

prevalência da mordida cruzada posterior, o padrão respiratório predominante

bucal e os hábitos de sucção não nutritivos, assim como para analisar se

existem diferenças entre os gêneros masculino e feminino quanto à prevalência

dos dois tópicos anteriores. Adicionalmente, foi determinada a razão de

chances (or) com o propósito de quantificar a força desta associação e os

riscos relativos para o desenvolvimento da mordida aberta anterior, em função

do padrão respiratório.

44

44

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50

50

RELAÇÃO ENTRE MORDIDA CRUZADA POSTERIOR, HÁBITOS DE

SUCÇÃO NÃO NUTRITIVOS E O PADRÃO RESPIRATÓRIO, EM CRIANÇAS

BRASILEIRAS NA DENTADURA MISTA

Relationship between posterior crossbite, non-nutritive sucking habits

and breathing pattern, in Brazilian children during mixed dentition1

Raphaela Lima Biasutti, a Helio Scavone Jr,b

a DDS, MSc in Orthodontics, Research Fellow, Department of Pediatric

Dentistry and Orthodontics, University of São Paulo City, São Paulo, SP, Brazil.

b DDS, MSc in Orthodontics, PhD, Associate Professor, Department of

Pediatric Dentistry and Orthodontics, University of São Paulo City, São Paulo,

SP, Brazil.

_____________________________

1 Artigo formatado segundo as normas da Revista American Journal of Orthodontics and Dentofacial Orthopedics

51

51

Corresponding author: Helio Scavone Jr

Universidade Cidade de São Paulo (UNICID)

Pós-Graduação (Mestrado em Ortodontia)

Rua Cesário Galeno, 448 – Bloco A

03071-000- Tatuapé, São Paulo, Brasil

Phone/ Fax: + 55 11 2178-1310

E-mail: [email protected]

Declaration of Interest:

The authors report no commercial, proprietary, financial or associative interest

in the products or companies described in this article. There is no conflict of

interest in connection with manuscript.

52

52

Introduction: This case-control randomized cross-sectional epidemiological

study was developed with the objective of evaluating the interrelation between

the breathing pattern, non-nutritive sucking habits and the prevalence of

posterior cross bites in Brazilian children, in the phase of mixed dentition.

Material and Methods: a total of 602 children (300 boys and 302 girls),

between 6 and 13 years old, from public schools of Brasília (DF) were

examined. The anamnesis questionnaires answered by the mothers, in

association with the clinical exams and the complementary tests, composed the

methods used to classify the breathing patterns into three categories: nasal,

mixed and oral. The statistical analysis included the chi-square (p<0,05) and the

odds ratio (OR). Results: the posterior cross bites were observed in 11,1% of

the total sample. The nasal pattern, in turn, was observed in 41,5% of the

children, whereas the mixed and oral patterns were verified in 45,7% and

12,8% of the studied cases, respectively. The group with a negative history of

non-nutritive sucking habits (NNSH) (pacifier and/or thumb/finger)

encompassed 56,5 % of the children against 43,5%, representing the group

with a positive history. For the first group, the most prevalent sucking habit was

associated to the pacifier (34,1%) when compared to digital sucking (11,1%). In

this same group, the female gender did not evidence significant differences in

relation to the prevalence of the PCBs, concerning the distinct respiratory

patterns. In contrast, within the male group, this prevalence was significantely

greater for those presenting an oral breathing pattern (20%) in comparison with

the group with a nasal pattern (2,8%). The odds ratio, in turn, was 8,63 times

higher for the occurrence of the PCBs in the individuals with an oral pattern; for

children with a mixed pattern, the odds was 4,85 times higher compared to

those with a nasal one. Conclusion: in the total sample, when categories as

gender or non-nutritive sucking habits are not considered, the mixed and nasal

breathing pattern indicated an association with higher prevalence of posterior

cross bites. Moreover, within the group with no NNSH history, the individuals

presenting an oral pattern exhibited an odds 3,43 times greater for the

occurrence of the PCBs in relation to the ones with a nasal pattern.

Key words: Respiration; Posterior crossbite; Malocclusion; Mixed dentition.

53

53

INTRODUÇÃO

A influência da função respiratória no desenvolvimento das estruturas

orofaciais tem sido amplamente discutida na literatura1-11. De acordo com a

teoria das “Matrizes funcionais”, o crescimento facial está intimamente

associado às suas múltiplas atividades funcionais relacionadas a diferentes

componentes das áreas da cabeça e pescoço12. Nesse contexto, a respiração

nasal beneficia o estabelecimento de padrões normais de mastigação,

deglutição e fonação, estimulando uma funcionalidade correta dos sistemas

musculares associados. Estes processos fisiológicos harmoniosos, por sua

vez, estimulam favoravelmente os processos de crescimento e

desenvolvimento do complexo craniofacial4,7,8,10,13 os quais, apesar de

fortemente governados pela hereditariedade, também são sensivelmente

influenciados pelo meio ambiente e por diversas patologias e disfunções,

destacando-se aquelas de origem respiratória14.

Considerando ainda a teoria das matrizes funcionais, a presença da

respiração bucal crônica, causada ou não pela obstrução nasal, é um fato

relativamente comum na infância e que pode predispor ao desenvolvimento de

maloclusões e alterações no crescimento do esqueleto facial2-4,8,13-18. Isso

ocorre porque a fisiologia óssea se encontra intimamente relacionada com uma

adequada função. Assim, quaisquer desvios nos mecanismos funcionais

fisiológicos gerarão repercussões no equilíbrio dinâmico relativo aos processos

de crescimento dentoesquelético do complexo craniofacial, podendo predispor

ao desenvolvimento de desvios e deformações em suas estruturas19.

No sistema estomatognático, o equilíbrio neuromuscular transversal é

preponderantemente efetuado pelas forças antagônicas da língua e do

mecanismo do bucinador. Tendo em vista que este equilíbrio se encontra

bastante perturbado nos respiradores bucais, principalmente em decorrência

da posição baixa da língua9,14,15,20,21, os pacientes com esta disfunção

geralmente apresentarão maior prevalência de alterações no diâmetro

transverso e na profundidade do palato. Assim, o arcabouço ósseo desta

região tenderá a uma configuração alta e atrésica, gerando um arco maxilar

estreito e com formato de “V”. Estas alterações, por sua vez, predisporão ao

desenvolvimento de mordidas cruzadas posteriores, uni ou bilaterais1-

54

54

4,6,9,15,17,20-23, apinhamentos dentais anteriores, assim como aumento da

sobremordida e sobressaliência2,7 e relação oclusal de Classe II8,24.

Face ao exposto, e considerando que a morfologia dentoalveolar pode

ser sensivelmente influenciada por diversos hábitos e disfunções, destacando-

se a sucção de chupeta, a sucção digital e a respiração bucal, a presente

pesquisa será desenvolvida com o propósito fundamental de analisar

quantitativamente como estes fatores etiológicos podem interferir na

prevalência de mordidas cruzadas posteriores, em crianças brasileiras na fase

da dentadura mista, analisando também se há diferenças entre os gêneros

quanto aos fatores analisados.

MATERIAL E MÉTODOS

Este estudo transversal foi realizado obedecendo a todas as normas e

preceitos estabelecidos pela Comissão de Ética em Pesquisa da Universidade

Cidade de São Paulo.

Casuística

Foram avaliadas aleatoriamente 602 crianças brasileiras (300 do gênero

masculino e 302 do feminino) na faixa etária dos 6 aos 13 anos (média=8,9;

dp=1,36), matriculadas em escolas públicas de educação infantil de Brasília, no

Distrito Federal.

Critérios de inclusão

As crianças avaliadas neste estudo atenderam aos seguintes critérios:

- na fase da dentadura mista, apresentando os incisivos e primeiros

molares permanentes já irrompidos;

- concordância por escrito dos pais e/ou responsáveis para a

participação da criança no estudo, mediante a assinatura do Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido;

- ausência de síndromes ou malformações craniofaciais, bem como

alterações psíquicas, neurológicas ou motoras que possam comprometer as

funções bucais e/ou respiratórias;

- sem histórico de traumatismos e/ou cirurgias envolvendo o complexo

craniofacial;

55

55

- ausência de gripes ou resfriados ocorridos há menos de duas

semanas, previamente à realização dos exames executados nesta pesquisa;

- que não estivessem utilizando anti-histamínicos, corticosteróides e/ou

broncodilatadores;

- com questionários adequadamente respondidos pelas mães, versando

sobre aspectos familiares, assim como sobre as condições gerais de saúde das

crianças e suas características respiratórias;

- nunca submetidas a tratamentos ortodônticos.

Exame clínico ortodôntico

Uma ortodontista previamente calibrada realizou todos os exames

clínicos intrabucais referentes aos relacionamentos oclusais, no próprio

ambiente escolar, com a criança comodamente sentada e direcionada para

uma fonte abundante de luz e com os dentes ocluindo em máxima

intercuspidação habitual (MIH).

Tendo em vista os propósitos desta pesquisa, ênfase especial foi

concedida à avaliação da relação transversal entre os dentes posteriores

superiores e inferiores. O diagnóstico da mordida cruzada posterior foi

estabelecido quando constatada uma relação de oclusão invertida no sentido

vestibulolingual entre um ou mais dentes posterosuperiores, em relação aos

seus respectivos antagonistas. Os dentes posterosuperiores considerados

poderiam incluir caninos decíduos, primeiros molares decíduos, segundos

molares decíduos, primeiros pré-molares, segundos pré-molares e primeiros

molares permanentes. Além disso, as mordidas cruzadas foram classificadas

em unilaterais e bilaterais.

Testes complementares para a determinação do padrão respiratório

Neste estudo foram realizados três testes clínicos, os quais, juntamente

com os questionários respondidos pelas mães, possibilitaram a identificação de

três tipos básicos de padrão respiratório, quais sejam, predominantemente

nasal, misto e predominantemente bucal.

Teste 1 (selamento labial): as crianças foram analisadas com relação ao

selamento labial em repouso, classificando-o em três categorias: ausente,

56

56

presente e sem esforço muscular e presente mas com nítidas contrações da

musculatura peribucal;

Teste 2 (oroscopia): avaliação por oroscopia das tonsilas palatinas e

classificação quanto ao grau de obstrução do espaço entre elas, de acordo

com a metodologia proposta por Brodsky25: Grau 1 – no máximo 25%; Grau 2 –

26% a 50%, Grau 3 – 51% a 75% e Grau 4 – de 76% a 100% (Figura 1);

Teste 3 (permeabilidade nasal): determinação da permeabilidade nasal por

meio de um teste referente à mensuração do tempo, em minutos, no qual a

criança conseguia manter água na boca, sem deglutí-la. Foram considerados

muito bons os tempos superiores a três minutos38, regulares entre dois e três

minutos e insatisfatórios quando inferiores a um minuto.

Figura 1 – Classificação proposta por Brodsky25 para a hipertrofia das tonsilas palatinas.

Avaliação clínica Facial

Foram atentamente avaliadas as principais características faciais da

criança, incluindo diversos aspectos, tais como: padrão de crescimento facial,

convexidade facial, aspecto dos olhos, projeção maxilar e mandibular, altura

facial anteroinferior, selamento labial, tonicidade dos lábios, fissuras ou

ressecamento nos lábios, entre outras.

Questionários

Adicionalmente aos exames clínicos anteriores, a determinação do

padrão respiratório também foi fundamentada em questionários de anamnese

respondidos pelas mães das crianças, os quais abordaram diversos aspectos

sobre as condições passadas e presentes referentes a múltiplos aspectos de

interesse para a classificação das funções respiratórias. Os principais itens

questionados referiram-se:

Grau 1 Grau 2 Grau 3 Grau 4

57

57

1) aos relatos de patologias, presentes ou passadas, afetando as vias aéreas

superiores e/ou inferiores (obstruções nasais, rinite, sinusite, bronquite,

asma, inflamações das tonsilas palatinas, hipertrofia da tonsila faríngea);

2) aos relatos de sinais e/ou sintomas de problemas respiratórios, tais como

coriza, espirros, gripes e resfriados frequentes;

3) à descrição do período do sono das crianças, envolvendo relatos quanto à

presença de boca aberta e agitação ao dormir, ronco, baba no travesseiro e

sonolência diurna.

Um total de 1.040 questionários foram entregues em seis escolas, destes,

640 foram devolvidos e 602 utilizados na pesquisa.

Classificação do padrão respiratório

Com base no conjunto das informações colhidas durante o exame

clínico e pelo questionário de anamnese, o padrão respiratório predominante

de cada criança foi classificado em três tipos básicos: nasal, misto e bucal. Os

diagnósticos foram emitidos independentemente por dois especialistas em

Ortodontia. Nos casos com divergência quanto a essa classificação, um

terceiro pesquisador também emitia seu diagnóstico e, em seguida, os três

profissionais se reuniam para discutir o caso e estabelecer a classificação final.

Análises estatísticas

A tabulação dos dados e as análises estatísticas foram realizadas

utilizando o programa Statistica (v.5.1, StatSoft Inc., Tulsa, USA). O teste do

qui-quadrado de Pearson (p<0,05) foi utilizado para testar se há associação

entre a prevalência da mordida cruzada posterior com o padrão respiratório

predominante bucal e com os hábitos de sucção não nutritivos, assim como

para analisar se existem diferenças entre os gêneros masculino e feminino

quanto à prevalência dos aspectos anteriores. Adicionalmente, foi determinada

a razão de chances (or) com o propósito de quantificar a força desta

associação e os riscos relativos para o desenvolvimento da mordida cruzada

posterior em função do padrão respiratório.

58

58

RESULTADOS

A mordida cruzada posterior foi observada em apenas 11,1% das

crianças avaliadas (Tabela I), sem diferenças significantes entre os gêneros,

sendo a mordida cruzada posterior unilateral mais prevalente (8,3%) quando

comparada à mordida cruzada posterior bilateral (2,8%).

Com relação aos hábitos de sucção não nutritivos, verificou-se que o de

chupeta foi bastante comum, tanto nos meninos (32,3%) como nas meninas

(35,8%). Entretanto apenas 11% dos meninos e 11,3% das meninas

apresentaram histórico positivo para a sucção digital. Além disso,

considerando-se o histórico positivo ou negativo para estes dois hábitos,

isoladamente ou associados, foi possível dividir a amostra em dois grupos. O

grupo com histórico positivo abrangeu 43,5% das crianças e o grupo com

histórico negativo englobou 56,5%. Essa divisão da amostra em dois grupos

distintos será utilizada para diversas análises posteriores.

Quanto aos padrões respiratórios, o misto e o nasal foram os mais

prevalentes, manifestando-se em 45,7% e 41,5% das crianças. Por sua vez, o

padrão bucal revelou uma frequência bem menor (12,8%). Além disso, não

foram constatadas diferenças significantes entre os gêneros para nenhum

deles.

Em seguida, subdividindo a amostra em dois grupos, com base no

histórico positivo ou negativo de HSNN, foram constatadas diferenças

significantes entre eles, pois a prevalência do padrão misto sobressaiu no

grupo com hábitos (53,1%) em relação ao sem hábitos (40%). Em

contrapartida, o padrão nasal foi mais prevalente no grupo sem hábitos (45,0%)

em relação ao com hábitos (37,0%). Do mesmo modo, o padrão respiratório

bucal foi mais elevado no grupo sem hábitos (15,0%), em comparação ao

grupo com hábitos (9,9%), porém esta última diferença não foi estatisticamente

significante.

Encerrando a análise da Tabela I, é importante salientar que não foram

observadas diferenças estatisticamente significantes entre os gêneros

masculino e feminino para nenhum dos parâmetros avaliados.

59

59

Quanto às Tabelas II e III, primeiramente é importante destacar que o

histórico dos hábitos de sucção não nutritivos (chupeta e/ou dedo) não

conduziu a diferenças estatisticamente significantes com relação à prevalência

das mordidas cruzadas posteriores, em ambos os gêneros.

Em seguida, pela avaliação conjunta das Tabelas II e IV, observa-se

que no grupo de crianças com histórico de HSNN a ocorrência de mordida

cruzada posterior não exibiu diferenças significantes entre os três padrões

respiratórios, tanto no gênero masculino como no feminino, bem como no

grupo total sem distinção quanto ao gênero. Todavia, demonstrando

comportamento distinto, o grupo de crianças sem histórico de HSNN revelou

que, no gênero masculino, a prevalência das mordidas cruzadas posteriores

(MCPs) foi significantemente maior para os respiradores bucais (20,0%) em

relação aos nasais (2,8%), com uma razão de chances 8,63 vezes maior para a

ocorrência das MCPs nos respiradores bucais. Além disso, foram constatadas

diferenças significantes também entre os padrões misto e nasal, com uma

razão de chances 4,85 vezes maior para os primeiros.

60

60

Tabela I. Distribuição da amostra e análise das diferenças entre os gêneros

masculino e feminino quanto à prevalência dos principais parâmetros avaliados

na pesquisa (mordida cruzada posterior, histórico de hábitos de sucção não

nutritivos e padrão respiratório).

Parâmetros avaliados Masculino Feminino Total

n % n % n %

Mordida cruzada posterior

Ausente 273 91,0 262 86,8 535 88,9

Presente 27 9,0 40 13,2 67 11,1

Bilateral 8 2,7 9 3,0 17 2,8

Unilateral 19 6,3 31 10,3 50 8,3

Histórico do hábito de sucção de chupeta

Positivo 97 32,3 108 35,8 205 34,1

Negativo 203 67,7 194 64,2 397 65,9

Histórico do hábito de

sucção digital

Positivo 33 11,0 34 11,3 67 11,1

Negativo 267 89,0 268 88,7 535 88,9

Histórico de HSNN

Positivo 126 42,0 136 45,0 262 43,5

Negativo 174 58,0 166 55,0 340 56,5

Padrão respiratório

(amostra total)

Nasal 119 39,7 131 43,4 250 41,5

Misto 139 46,3 136 45,0 275 45,7

Bucal 42 14,0 35 11,6 77 12,8

Padrão respiratório (grupo sem histórico de

HSNN)

Nasal 71 40,8 82 49,4a 153 45,0c

Misto 73 42,0 63 37,9b 136 40,0d

Bucal 30 17,2 21 12,7 51 15,0

Padrão respiratório (grupo com histórico de

HSNN)

Nasal 48 38,1 49 36,0a 97 37,0c

Misto 66 52,4 73 53,7b 139 53,1d

Bucal 12 9,5 14 10,3 26 9,9

Diferenças estatisticamente significantes para p<0,05:

(a) p=0,020; (b) p=0,06; (c) p=0,049; (d) p=0,001

61

61

Muito embora no grupo de meninos sem HSNN os distintos padrões

respiratórios tenham exibido diferenças significantes quanto à prevalência das

MCPs, o mesmo não foi constatado para o gênero feminino. Todavia, na

avaliação conjunta das crianças sem efetuar distinção quanto ao gênero,

novamente percebem-se diferenças significantes, mas agora somente entre os

padrões bucal e nasal, com uma razão de chances 3,43 vezes maior de

ocorrência das MCPs nos respiradores bucais, porém apenas para o grupo que

não apresentou histórico negativo para os HSNN.

Considerando-se a amostra total (Tabela II), sem efetuar quaisquer

distinções quanto ao gênero e ao histórico de HSNN, observa-se que a

mordida cruzada posterior exibiu baixa prevalência nas crianças com padrão

respiratório nasal (7,2%), aumentando progressivamente para os respiradores

mistos (13,5%) e bucais (15,6%). Do ponto de vista estatístico, as diferenças

foram significantes entre os padrões bucal e nasal (p=0,026; or = 2,38), assim

como na comparação entre os padrões nasal e misto (p=0,019), que

apresentou uma razão de chances (or) duas vezes maior para o

desenvolvimento das mordidas cruzadas posteriores nas crianças com padrão

respiratório predominantemente misto.

62

62

Tabela II. Avaliação das diferenças estatísticas quanto à prevalência das

mordidas cruzadas posteriores entre os grupos de crianças com e sem hábitos

de sucção não nutritivos (HSNN), nos gêneros masculino e feminino e na

amostra total.

Gênero Padrão

Respiratório

Mordida cruzada posterior presente

Grupo com HSNN

Grupo sem HSNN

Grupo geral

n % n % n %

Masculino

Nasal 3 6,3 2 2,8 5 4,2

Misto 6 9,1 9 12,3 15 10,8

Bucal 1 8,3 6 20,0 7 16,7

Todos 10 7,9 17 9,8 27 9,0

Feminino

Nasal 6 12,2 7 8,5 13 9,9

Misto 15 20,6 7 11,1 22 16,8

Bucal 2 14,3 3 14,3 5 14,3

Todos 23 16,9 17 10,2 40 13,2

Total

Nasal 9 9,3 9 5,9 18 7,2

Misto 21 15,1 16 11,8 37 13,5

Bucal 3 11,5 9 17,6 12 15,6

Todos 33 12,6 34 10,0 67 11,1

* - estatisticamente significante (p<0,05)

Tabela III. Relação entre a ocorrência dos hábitos de sucção não nutritivos

(HSNN) e a prevalência de mordidas cruzadas posteriores, no grupo geral, em

ambos os gêneros e sem distinção quanto ao padrão respiratório.

HSNN p OR IC95%

Com / Sem 1,01 0,315 ns 1,30 0,78 2,16

ns - estatisticamente não significante

63

63

Tabela IV. Análises estatísticas comparativas pareadas entre os três padrões

respiratórios considerados, em relação à prevalência das mordidas cruzadas

posteriores, nos gêneros masculino e feminino, assim como na amostra total,

nos grupos de crianças com e sem hábitos de sucção não nutritivos (HSNN) e

também no grupo geral.

Gênero

Comparações

pareadas entre

os padrões

respiratórios

Mordida cruzada posterior presente

Grupo com

HSNN

Grupo sem

HSNN Grupo geral

P or p or p or

Masculino

Bucal / Nasal 0,796 1,36 0,003* 8,63 0,008* 4,56

Bucal / Misto 0,933 0,91 0,316 1,78 0,307 1,65

Misto / Nasal 0,579 1,50 0,032* 4,85 0,048* 2,76

Feminino

Bucal / Nasal 0,840 1,19 0,427 1,79 0,461 1,51

Bucal / Misto 0,588 0,64 0,697 1,33 0,784 0,86

Misto / Nasal 0,234 1,85 0,603 1,34 0,130 1,75

Total

Bucal / Nasal 0,730 1,28 0,010* 3,43 0,026* 2,38

Bucal / Misto 0,636 0,73 0,292 1,61 0,633 1,19

Misto / Nasal 0,186 1,74 0,076 2,13 0,019* 2,00

* diferenças estatisticamente significantes para p<0,05

DISCUSSÃO

Diversos métodos tem sido relatados para a avaliação e classificação do

padrão respiratório, incluindo telerradiografias do complexo

craniofacial3,4,6,15,21,26-30, ortopantomografias7, tomografias computadorizadas

da face31, nasofibroscopia17,29,32,33 rinomanometria acústica e

computadorizada7,34,35 rinoscopia e oroscopia4,7,36,37 testes clínicos e histórico

64

64

de problemas otorrinolaringológicos24,30,36-38, dentre outras. Todavia, a

metodologia da presente pesquisa alicerçou-se exclusivamente em exames e

testes clínicos, juntamente com minuciosos questionários de anamnese, tendo

em vista a necessidade de utilizar métodos de avaliação simples, não invasivos

e totalmente isentos de riscos para as crianças. Essa preocupação prendia-se

ao fato de que neste estudo epidemiológico muitas crianças em idade pré-

escolar deveriam ser avaliadas aleatoriamente, mesmo nos casos sem indícios

de problemas respiratórios merecedores de tratamento.

É importante enfatizar que o modo de classificação do padrão

respiratório certamente exerce grande repercussão nos resultados de qualquer

pesquisa. Revisando a literatura científica, constatamos que a maioria dos

autores3,4,15,24,29,30,38 utilizou apenas duas classificações, quais sejam, os

padrões predominantemente nasal e predominantemente bucal. Todavia,

Ellingsen et al.39 e Vig40 salientaram que um padrão respiratório

exclusivamente bucal dificilmente é observado, tendo em vista a existência de

uma parcial ou moderada obstrução nasal. Por essa razão, Valera et al.,37 ao

avaliarem crianças na dentição decídua, preferiram adicionar uma terceira

classificação para o padrão respiratório, que passou a ser denominado de

misto. No presente estudo, com o intuito de efetuarmos uma classificação mais

detalhada e fidedigna do padrão respiratório das crianças, também optamos

pela inclusão do padrão misto, além dos padrões nasal e bucal já

frequentemente utilizados pelos pesquisadores. Para a amostra total

investigada, foram observadas as seguintes prevalências: 41% para o padrão

nasal, 45,7% para o misto e 12,8% para o bucal. De modo distinto, Faria et al.41

relataram uma prevalência muito maior para a respiração bucal, alcançando

57,1%, enquanto que para Menezes et al.38, atingiu 53,3%. Todavia, esses

autores classificaram os padrões respiratórios em apenas duas categorias, o

que certamente influenciou sobremaneira na elevação dessas frequências. De

modo diametralmente oposto, Melsen et al.24, com base no estudo de 824

crianças com 13 a 14 anos de idade, informaram uma prevalência de apenas

5,5% para a respiração bucal.

Com relação ao HSNN, nesta pesquisa foi constatado que 43,5%

apresentaram histórico positivo para os mesmos, sendo que a sucção de

65

65

chupeta foi o mais comum (34,1%), enquanto que a sucção digital ocorreu em

apenas 11,1% das crianças. Apesar das grandes diferenças relatadas

anteriormente, deve-se considerar que a prevalência dos HSNN é bastante

variável de acordo com a localidade estudada, bem como por múltiplos fatores

econômicos, sociais e culturais. Neste contexto, também é importante enfatizar

que um maior tempo de amamentação está bastante associado com uma

menor prevalência de hábitos de sucção não nutritivos, particularmente nas

crianças amamentadas por mais de nove meses42-44, Tendo em vista a grande

extensão territorial do Brasil, e consequentemente, sua incontestável

diversidade, é natural esperar variações quanto aos múltiplos fatores citados

anteriormente.

Adicionalmente à inclusão do padrão respiratório misto, este estudo

também se distinguiu por dividir a amostra em dois grupos, sendo o primeiro

específico para as crianças que nunca apresentaram hábitos de sucção não

nutritivos (chupeta e/ou dedos), enquanto que o segundo grupo englobou

exclusivamente as crianças que possuíam histórico positivo para qualquer um

destes dois hábitos, isolados ou associados. Efetuamos esta divisão em dois

grupos com o intuito de isolar as influências que os HSNN poderiam exercer

sobre a prevalência das mordidas cruzadas posteriores, tendo em vista a

existência de inúmeros estudos relatando esta inter-relação21,43,45,46,30.

Contudo, de modo paradoxal, na presente pesquisa as prevalências das

mordidas cruzadas posteriores não apresentaram diferenças estatisticamente

significantes entre estes dois grupos, para a amostra total, independentemente

do padrão respiratório avaliado, ou até mesmo quando ele não era considerado

(Tabela II). Talvez este aspecto esteja relacionado ao tamanho da amostra

total, composta de 602 crianças, na qual somente 67 crianças (27 do gênero

masculino e 40 do feminino) apresentaram MCPs, fato este que eventualmente

pode ter interferido nas análises estatísticas. Portanto, há necessidade da

ampliação desta amostragem em estudos futuros, visando a melhor elucidação

desta questão. De qualquer modo, a prevalência média de 11,1% verificada

para as MCPs, na presente pesquisa, demonstra compatibilidade com os

valores de 8% a 22% relatados em um artigo de revisão de literatura

desenvolvido por Petrén et al47.

66

66

No que concerne à inter-relação entre os três padrões respiratórios

considerados nesta pesquisa e as respectivas prevalências para as mordidas

cruzadas posteriores, observou-se, para a amostra total sem distinção quanto

aos gêneros, que 15,6% dos respiradores bucais apresentaram esta

maloclusão, a qual acometeu 13,5% dos respiradores mistos e apenas 7,2%

dos nasais. As análises estatísticas apresentadas na Tabela IV demonstraram

diferenças significantes entre as comparações bucal/nasal e misto/nasal.

Melsen et al.,24 num estudo com 824 jovens com 13 a 14 anos de idade,

relataram uma prevalência de 33% para a ocorrência das MCPs nos

respiradores bucais e de apenas 14% nos nasais. Todavia, seu estudo não

incluiu a categoria dos respiradores mistos. Lopatiene e Babarkas7,

alicerçados na avaliação de 49 jovens com 7 a 15 anos de idade e que

apresentavam obstrução nasal, constataram uma prevalência geral de 24,5%

para as mordidas cruzadas posteriores. Além disso, forneceram resultados

mais detalhados conforme a gravidade dos problemas respiratórios, referindo

prevalência de 14,3% para as MCPs nos jovens com hipertrofia da tonsila

faríngea associada a um menor grau de obstrução, 45,5% para os pacientes

com grau médio e 50% para os jovens com maior grau de obstrução.

Finalmente, relatou a inexistência de MCPs no grupo controle de pacientes

saudáveis. Behlfelt et al.,15 realizaram uma pesquisa com 73 crianças com

tonsilas hipertróficas e média de idade de 10,1 anos comparando-as a um

grupo controle compatível ao anterior. Observaram uma grande diferença

quanto à prevalência da mordida cruzada posterior entre o grupo de estudo

(45,8%) e o grupo controle (6,9%), demonstrando que crianças com tonsilas

hipertróficas apresentam uma grande tendência para o desenvolvimento de

mordidas cruzadas posteriores, quando compradas ao grupo controle. Além

das pesquisas citadas anteriormente, diversas outras também apontaram maior

prevalência das mordidas cruzadas posteriores associada ao padrão

respiratório bucal3,21,23,30,33.

Considerando agora o grupo sem HSNN, verificou-se que a prevalência

das MCPs também foi significantemente maior nos respiradores bucais (20%) e

nos mistos (12,3%) em relação aos nasais (2,8%), porém apenas para o

gênero masculino. Por outro lado, muito embora as prevalências observadas

67

67

para o gênero feminino tenham exibido valores gradativamente crescentes no

padrão nasal (8,5%), misto (11,1%) e bucal (14,3%), estas diferenças

percentuais não revelaram significância estatística. Finalizando a análise das

crianças do grupo sem HSNN, a amostra total, sem distinção quanto ao

gênero, evidenciou que a prevalência das MCPs foi significantemente maior

nos respiradores bucais (17,6%) em relação aos nasais (5,9%). A prevalência

observada para os respiradores mistos (11,8%) situou-se no intervalo entre as

duas anteriores, porém não alcançou significância estatística nas comparações

realizadas (p=0,076). É importante ressaltar que neste grupo de crianças sem

HSNN, foi eliminada totalmente a influência que estes últimos poderiam ter

exercido na prevalência das MCPs. Portanto, as maloclusões relatadas

poderiam ser devidas somente a outros fatores, merecendo particular atenção

o padrão de crescimento craniofacial individual, assim como o padrão

respiratório apresentado pelas crianças.

Por outro lado, no grupo em que todas as crianças apresentaram

histórico positivo para os HSNN, os resultados para a associação entre a

prevalência das MCPs e o padrão respiratório não revelaram diferenças

estatisticamente significantes (Tabela IV). Analisando a Tabela II verifica-se

que a prevalência destas maloclusões variou de 6,3% a 9,1%, no gênero

masculino, e de 12,2% a 20,6%, no feminino. Sem dúvida alguma, este grupo

apresenta maiores obstáculos para sua análise, pois é impossível determinar

as participações separadas para os HSNN e para o padrão respiratório, razão

pela qual voltamos a ressaltar que a análise do grupo de crianças que nunca

apresentaram HSNN é muito mais útil e apropriada. Infelizmente, na literatura

científica consultada, não encontramos nenhuma pesquisa que tenha isolado

estes dois fatores, tal como realizado na presente investigação.

Encerrando a discussão, queremos salientar algumas limitações do

presente estudo que devem ser consideradas, visando aperfeiçoamentos

futuros. Primeiramente, devemos lembrar que o desenvolvimento das

maloclusões está intimamente relacionado a dois aspectos fundamentais, quais

sejam, o próprio padrão genético individual, assim como as inúmeras

influências ambientais exercidas sobre a oclusão dental e o complexo

68

68

craniofacial como um todo durante seus longos períodos de crescimento e

desenvolvimento, desde os primeiros meses de vida até a fase adulta. Quanto

aos fatores ambientais, é essencial ter em mente que suas influências são

altamente dependentes de três fatores básicos, quais sejam, a intensidade, a

duração e a frequência com que os mesmos incidem (Tríade de Graber48).

Portanto, o modo como o padrão respiratório irá interagir com a oclusão e o

desenvolvimento craniofacial certamente apresentará alta variabilidade

individual. Na presente investigação, tendo em vista seu caráter transversal,

não foi possível estabelecer um histórico pormenorizado sobre época, a

duração e a frequência com que os problemas respiratórios atuaram em cada

criança, pois esse levantamento dependia da memória das mães sobre

eventos passados. Portanto, estudos longitudinais são altamente desejáveis,

tal como aquele desenvolvido por Vásquez-Nava36. Além disso, neste estudo

também não foi possível efetuar uma classificação quantitativa sobre a

intensidade ou gravidade dos problemas respiratórios apresentados, tendo em

vista o caráter eminentemente clínico das avaliações respiratórias realizadas.

Entretanto, acreditamos que a inclusão do padrão misto ofereceu uma

contribuição bastante útil nesse sentido, pois eliminou a polarização tão

corriqueiramente observada em somente dois padrões, isto é, nasal e bucal.

Todavia, apesar das limitações já comentadas, consideramos que esta

pesquisa apresenta contribuições úteis para a melhor compreensão dos

padrões respiratórios e suas influências na etiologia das mordidas cruzadas

posteriores, assim como sua distribuição epidemiológica em distintos grupos de

crianças brasileiras, na fase da dentadura mista.

CONCLUSÕES

No grupo que nunca apresentou HSNN, os respiradores bucais exibiram

uma razão de chances 3,43 vezes maior para a ocorrência das MCPs, em

relação aos respiradores nasais. Além disso, na amostra total sem distinção

quanto ao gênero e ao histórico de HSNN, as razões de chances para a

ocorrência das MCPS foram 2,38 vezes maior para aos respiradores bucais e

duas vezes maior para os respiradores mistos, ambos quando comparados aos

respiradores nasais.

69

69

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74

74

ANEXOS E APÊNDICES

APÊNDICE A

Número de Identificação da criança:_________

QUESTIONÁRIO PARA A PESQUISA DO

HISTÓRICO DE SAÚDE GERAL E BUCAL DAS CRIANÇAS

IDENTIFICAÇÃO E INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE A FAMÍLIA

1. Nome completo do(a) filho(a): _________________________________

2. Sexo ( ) M ( ) F

3. Quem está respondendo a este questionário?

( ) A mãe ( ) O pai ( ) Outro responsável (grau de parentesco)______

4. Seu filho(a) é adotivo(a)? ( ) Sim ( ) Não

5. Idade: ________

6. Data de nascimento: ___/___/______

7. Cor da pele segundo a declaração da mãe:

( ) branca ( ) parda ( ) morena ( ) negra ( )amarela: orientais

( ) outra. Qual?___________________

8. Escola: ______________________________________________________

( ) particular ( ) municipal ( ) estadual

9. Professora: __________________________________________________

10. Sala: _________________________ Telefone da escola: ____________

11. Período: ( ) Matutino ( ) Intermediário ( ) Vespertino

12. Nome do pai: ________________________________________________

Grau de escolaridade do pai____________________________________

13. Nome da mãe: _______________________________________________

75

75

Grau de escolaridade da mãe___________________________________

14. Endereço residencial: ________________________________________

Cidade:____________Estado:______Bairro:______________CEP:_________

Telefone: (___)_____________ Telefone para recados: ( ) ______________

15. Número de filhos: _______

16. Ordem de nascimento da criança:

( )primogênito ( )segundo ( )terceiro ( )quarto ( )quinto ( )outro___

17. Origem familiar da criança:

Preencha no quadro abaixo o país, a cidade e o estado em que cada um

dos principais familiares da criança nasceu, incluindo pais e avós.

País de nascimento Cidade e Estado

Pai ________________________ _____________________

Mãe ________________________ _____________________

Avó paterna ________________________ ____________________

Avô paterno ________________________ _____________________

Avó materna ________________________ _____________________

Avô materno ________________________ _____________________

18. Somando os salários de todas as pessoas que trabalham e ajudam

nas despesas de casa, a renda familiar total é:

( ) Menor que R$ 550,00 por mês

( ) De R$ 550,00 a R$ 1.100,00 por mês

( ) De R$ 1.200,00 a R$ 2.400,00 por mês

76

76

( ) De R$ 2.5000,00 a R$ 3.600,00 por mês

( ) Maior que R$ 3.600,00 por mês

INFORMAÇÕES SOBRE A

SAÚDE DA CRIANÇA E PRESENÇA DE HÁBITOS

1. Seu filho está com algum problema de saúde no momento?

( ) Sim.

Qual(is)?______________________________________________________

( ) Não, mas já teve anteriormente.

Qual(is)?____________________________________

( ) Não, nunca teve nenhum problema.

2. Seu(sua) filho(a) está em tratamento médico, atualmente?

( ) Sim. Qual o motivo? _________________________________( ) Não.

3. Caso seu filho não esteja em tratamento médico agora, ele já realizou

algum tratamento médico anteriormente?

( ) Sim. Qual(is) o(s) motivo(s)? __________________________________

( ) Não.

4. Seu filho já passou por alguma internação hospitalar?

( ) Sim. Motivo(s): _____________________________________________

Quando?______________________________________________________

( ) Não, nunca.

5. Seu filho está tomando algum medicamento no momento?

( ) Sim. Qual(is)?______________________________________________________

Motivo:_______________________________________________________

( ) Não no momento, mas já tomou.

Qual(is)____________________________________

77

77

Motivo:_______________________________ Quando?________________

( ) Não, nunca tomou medicamentos.

6. Seu filho tem alergias?

( ) Sim. Quais os fatores que desencadeiam a alergia?

( )poeira ( )alimentos ( )medicamentos ( )pêlos de animais

( )outros. Quais ______________________________________________

( ) Não ( ) Não sei responder.

7. Seu(sua) filho(a) está em tratamento fonoaudiológico?

( ) Sim. Por que? _____________________________________________

( ) Não, nunca esteve.

( ) Não neste momento , mas já esteve em tratamento. Quando?________

8. Seu(sua) filho(a) está em tratamento ortodôntico?

( ) Sim. Por que? _____________________________________________

( ) Não, nunca esteve.

( ) Não neste momento, mas já esteve. Quando?_____________________

Porquê?______________________________________________________

9. Assinale com um X o(s) problema(s) que seu(sua) filho(a) apresenta:

( ) Deficiência visual

( ) Deficiência auditiva

( ) Deficiência mental

( ) Fissura labial ou lábio-palatina

( ) Uma síndrome. Qual? _______________________________________

( ) Não apresenta estes problemas.

10. Ao desenhar ou escrever, seu(sua) filho(a) utiliza mais qual das

mãos?

78

78

( ) direita ( ) esquerda ( ) não sei responder

11. Seu(sua) filho(a) já sofreu algum acidente ou traumatismo na

região da boca ou da face?

( ) Sim. Quando? _____________________________________________

Houve alguma consequência? ____________________________________

( ) Não

12. Qual foi o tipo de parto no nascimento de seu filho?

( ) Normal

( ) Cesariana programada

( ) Cesariana após trabalho de parto inicial

( ) Vaginal a fórceps

( ) Outro tipo. Qual?___________________________________________

13. Caso tenha sido parto do tipo cesariana, foi o primeiro parto desse

tipo?

( ) Sim.

( ) Não. Foi a segunda cesariana.

( ) Não. Foi a terceira cesariana.

( ) Não. Já fiz mais de três cesarianas.

14. Caso tenha sido parto do tipo cesariana, porque motivo foi

realizado desse tipo?__________________________________________

_____________________________________________________________

15. Você foi orientada sobre qual tipo de parto realizar?_____________

16. Quem lhe forneceu estas orientações?________________________

79

79

17. Que tipo de parto seu médico recomendou na época?____________

18. O parto foi feito por meio de:

( ) SUS

( ) Convênio médico pessoal

( ) Convênio médico empresarial

( ) Particular

19. Qual o período de gestação?

( ) 6 meses

( ) 7 meses

( ) 8 meses

( ) 9 meses

( ) outro__________________________________

20. Caso se lembre, com quantas semanas seu filho(a) nasceu?

( ) Não me lembro

( ) Menos que 34 semanas

( ) 35 semanas

( ) 36 semanas

( ) 37 semanas

( ) 38 semanas

( ) 39 semanas

( ) 40 semanas

( ) 41 semanas ou mais

21. Você se recorda do peso do seu(sua) filho(a) ao nascimento?

( ) Sim. Qual?__________________________

80

80

( ) Não

22. Você se recorda qual foi o tamanho do seu(sua) filho(a) ao

nascimento?

( ) Sim. Qual?__________________________

( ) Não.

23. Durante a gestação, a mãe, por acaso, fez uso de:

( ) Bebidas alcoólicas

( ) Fumo

( ) Drogas. Quais?_____________________________________________

( ) Medicamentos. Quais?_______________________________________

24. Logo após o parto, em que momento você, mãe, retornou às suas

atividades profissionais fora de casa?

( ) Nunca trabalhei fora de casa.

( ) Desde o nascimento de meu filho.

( ) Com menos de 6 meses após o parto.

( ) Entre 6 e 12 meses após o parto.

( ) Entre 12 e 24 meses após o parto.

( ) Com mais de 2 anos após o parto.

25. A mãe da criança ou alguém fuma em sua casa?

( ) Não. Nunca ninguém fumou.

( ) Não, mas já houve fumantes em casa. Quem?____________________

( ) Sim.Quem?________________________________________________

Quantos cigarros por dia?_____________________________________

81

81

26. A mãe da criança fumou durante os primeiros 12 meses de vida de

seu filho?

( ) Sim. ( ) Não.

27. A mãe da criança está com algum problema de saúde crônico?

( ) Não.

( ) Sim. Qual(is)?

( )diabetes ( )pressão alta ( )problemas do coração

( )outros:________________________________________

Quando você descobriu o problema?___________________

28. A mãe da criança apresentou algum problema de saúde durante a

gravidez?

( ) Sim. Qual(is)?_____________________________________________

( ) Não.

29. A mãe da criança teve uma gravidez normal ou uma gravidez de

risco?

( ) Normal. Sem nenhum problema.

( ) De risco. Qual(is) problema(s)?________________________________

30. Seu(sua) filho(a) foi amamentado(a) no peito?

( ) Sim ( ) Não

31. Se seu(sua) filho(a) mamou no peito, com quantos meses de idade

ele(a) desmamou?

( ) Com menos de 3 meses

( ) Ele(a) tinha entre 3 e 6 meses

( ) Ele(a) tinha entre 6 e 9 meses

( ) Ele(a) tinha entre 9 e 12 meses (entre 9 meses e 1 ano)

82

82

( ) Com mais de 12 meses (com mais de 1 ano)

( ) Não me lembro.

( ) Ele(a) ainda mama no peito

32. Qual foi o motivo pelo qual seu filho parou de mamar no peito?

______________________________________________________

33. Se a criança mamou no peito, a alimentação foi complementada

com alguma outra coisa?

( ) Mamadeiras. A partir de quantos

meses?_________________________

Com o que?( ) água ( ) chá ( ) sucos ( ) leite

( )fórmulas industrializadas. Qual(is)?________________

____________________________________________

( ) Sopas ou comidas caseiras. A partir de quantos meses? ____________

( ) Papas prontas. A partir de quantos meses? ______________________

( ) Não necessitou de alimentação complementar.

34. Seu(sua) filho(a) foi ou ainda é amamentado(a) somente com

mamadeira?

( ) Sim

( ) Não, nunca usou mamadeira.

35. Se a criança usa ou usou mamadeira, responda:

Com quantos meses começou a usar? ______Quando parou de usar? ____

Quantas mamadeiras por dia até 1 ano de idade? ______

Quantas mamadeiras por dia até os 2 anos de idade? ______

Quantas mamadeiras por dia até os 3 anos de idade? ______

Quantas mamadeiras por dia até os 4 anos de idade? ______

Quantas mamadeiras por dia até os 5 anos de idade? ______

83

83

Quantas mamadeiras por dia até os 6 anos de idade? ______

36. Seu(sua) filho(a) chupa chupeta?

( ) Sim, ainda chupa chupeta.Com quantos meses começou a chupar

chupeta?____________________

( ) Não, nunca chupou chupeta.

( ) Não. Já chupou chupeta, mas parou. Com que idade parou? ________.

Que idade ele(a) tinha quando começou a chupar chupeta?_____________

37. Quanto tempo seu(sua) filho(a) chupa ou chupava a chupeta?

( ) O dia todo

( ) Às vezes. Quando? _________________________

( ) Só para dormir

38. Ele(a) dorme ou dormia a noite inteira chupando a chupeta?

( ) Sim ( ) Não

39. Se seu(sua) filho(a) chupa ou chupou chupeta, qual o tipo?

( ) Chupeta comum

( ) Chupeta ortodôntica

( ) Chupetas comum e ortodôntica

40. Seu(sua) filho(a) chupa dedo?

( ) Sim, ele ainda chupa dedo.

Com quantos meses começou a chupar dedo?________

( ) Não, nunca chupou dedo.

( ) Não. Já chupou dedo, mas parou.

Com que idade parou? ________. Que idade ele(a) tinha quando

começou a chupar dedo? __________________________________

84

84

41. Quanto tempo seu(sua) filho(a) chupa ou chupava o(s) dedo(s)?

( ) O dia todo

( ) Às vezes. Quando? ____________________________________

( ) Só para dormir

Ele(a) dorme ou dormia a noite inteira chupando o(s) dedo(s)?

( ) Sim ( ) Não

42. Seu(sua) filho(a) tem o hábito de apoiar uma das mãos sobre o rosto

ao ver televisão ou durante a leitura e o estudo?

( ) Não, nunca teve.

( ) Não tem agora, mas já teve anteriormente.

Neste caso, o hábito iniciou-se com que idade? __________

E com que idade foi interrompido? __________

Qual mão era utilizada para apoiar? ( ) direita ( ) esquerda

( ) Sim, apresenta o hábito atualmente.

Neste caso, com que idade iniciou o hábito? __________

Qual mão é utilizada para apoiar? ( ) direita ( ) esquerda

43. Seu(sua) filho(a) dorme com uma das mãos debaixo do rosto?

( ) Não

( ) Não, mas dormia assim anteriormente.

Neste caso, o hábito iniciou-se com que idade? __________

E com que idade foi interrompido? __________

Qual mão era utilizada para apoiar? ( ) direita ( ) esquerda

( ) Sim

Neste caso, com que idade iniciou o hábito? __________

85

85

Qual mão é utilizada para apoiar? ( ) direita ( ) esquerda

44. Seu(sua) filho(a) respira pela boca?

( ) Sim, quase que o dia todo.

( ) Sim, mas somente à noite.

( ) Sim, mas somente quando está gripado / resfriado ou muito cansado.

( ) Não, respira somente pelo nariz.

( ) Não sei responder.

45. A criança já teve problema de respiração pela boca com muita

frequência?

( ) Sim. Até que idade? _______. Qual o motivo? ____________________

( ) Não, nunca teve esse problema.

( ) Não sei.

46. A criança dorme de boca aberta?

( ) Não

( ) Sim. Sabe dizer o motivo?_______________________________

( ) Sim, mas somente quando está resfriado ou gripado

( ) Às vezes. Quando?_________________________________________

( ) Não sei

47. Seu filho baba no travesseiro à noite, enquanto dorme?

( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei

48. A criança ronca?

( ) Sim, com um barulho bem evidente

( ) Sim, mas apenas com um suave ressonar

( ) Não

86

86

( ) Não sei responder

49. A criança tem sono agitado com frequência?

( ) Não

( ) Sim. Sabe dizer qual o motivo?_______________________________

( ) Não sei

50. Seu(sua) filho(a) tem gripes ou resfriados frequentes?

( ) Não. Uma a duas vezes por ano, no máximo.

( ) Sim. Três a quatro vezes por ano

( ) Sim. Mais de quatro vezes por ano.

51. Seu filho apresenta o nariz escorrendo com frequência?

( ) Sim, durante mais da metade do ano.

Qual o motivo?____________________________________________

( ) Sim, durante menos da metade do ano.

Qual o motivo?____________________________________________

( ) Não, somente durante a ocorrência de gripes ou resfriados.

( ) Não sei responder.

52. Seu filho espirra com frequência?

( ) Sim, várias vezes ao dia. Qual o motivo?_________________________

( ) Sim, mas não todos os dias. Qual o motivo?______________________

( ) Não, raramente.

( ) Não sei responder.

53. Seu(sua) filho(a) tem rinite alérgica?

( ) Sim

( ) Não

87

87

( ) Não sei o que é isso.

54. Seu filho tem sinusite?

( ) Sim, tem no momento.

( ) Não, nunca teve.

( ) Não tem agora, mas já teve. Quando?___________________________

( ) Não sei responder.

55. Seu(sua) filho(a) teve ou tem amigdalite (garganta inflamada) com

frequência?

( ) Sim. Já teve, mas agora está curado.

( ) Sim. Está com este problema há mais de um ano.

( ) Não

( ) Não sei responder

56. Seu(sua) filho(a) já retirou as amígdalas?

( ) Sim. Com que idade?___________________

( ) Não

( ) Não sei responder.

57. Seu(sua) filho(a) tem ou teve problema de adenóides?

( ) Sim, e ainda não foi operado

( ) Já teve, mas foi operado(a). Com que idade?___________________

( ) Não, nunca teve

( ) Não sei responder

58. Seu filho tem problemas de infecção ou inflamação nos ouvidos

(otite)?

( ) Já teve uma ou duas vezes no passado, mas o problema foi curado.

( ) Sim, tem o problema mais de duas vezes por ano

( ) Não, nunca teve estes problemas

88

88

( ) Não sei responder

59. Seu(sua) filho(a) tem bronquite ou asma?

( ) Sim

( ) Não

( ) Não sei.

60. Você já levou a criança a um médico otorrinolaringologista?

( ) Sim. Por que motivo? ____________________________________

Quando?__________________________________________

( ) Não.

61. Seu(sua) filho(a) tem dores de cabeça frequentes?

( ) Não

( ) Apenas ocasionalmente

( ) Ao levantar

( ) À noite

( ) Durante as refeições

( ) Durante o dia

62. Seu(sua) filho(a) range os dentes?

( ) Somente durante a noite

( ) Somente durante o dia

( ) Não

( ) Não sei responder

63. Os pais têm ou tiveram problemas respiratórios?

( ) Não.

89

89

( ) Sim. Qual(is)?

Pai:_______________________________________________________

Mãe:______________________________________________________

64. A partir de que idade seu filho começou a frequentar creches ou

escolas infantis?

( ) Com menos de 6 meses.

( ) Entre 6 e 12 meses.

( ) Entre 12 e 24 meses.

( ) Entre 24 e 36 meses.

( ) Com mais de 3 anos.

TODA A EQUIPE DA DISCIPLINA DE ORTODONTIA

DA UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO

AGRADECE SUA VALIOSA COLABORAÇÃO!

90

90

APÊNDICE B

Número de identificação da criança:___________

EXAMES CLÍNICOS ODONTOLÓGICOS E ORTODÔNTICOS

Nome do examinador: Raphaela Lima Biasutti

Curso: ( X ) Mestrado

Data de realização do exame: ___/___/___

Nome da criança:_______________________________________________

Escola: _______________________________________________________

Cidade:____________________________ Estado:___________________

Sexo: ( )M ( )F Data de nascimento ___/___/___ Idade:_______

Cor da pele segundo a percepção do avaliador:

( ) branca ( ) parda (morena) ( ) negra ( ) amarela (oriental)

Caso não tenha sido possível realizar os exames odontológicos,

especifique o motivo:

( ) Não comparecimento da criança

( ) Resistência da criança

( ) Problemas de saúde. Quais?____________________________________

( ) Outros motivos. Quais?_________________________________________

91

91

1. ODONTOGRAMA

► Instruções:

Se houver lesões de cárie que comprometam a oclusão e/ou a largura

coronária mesiodistal, desenhe um retângulo no(s) dente(s) correspondente(s);

X Assinale com um “X” o(s) dente(s) decíduos ausente(s);

Anote se algum dos incisivos permanentes ou primeiros molares

permanentes ainda não irromperam:______________________________

Anote se algum canino permanente ou pré-molares iniciaram a erupção:

_____________________

2. SOBRESSALIÊNCIA (Overjet)

( ) Mordida cruzada anterior. Quais dentes?_________________________

( ) Normal

( ) Moderadamente aumentada. Quantos milímetros? _________________

( ) Acentuadamente aumentada. Quantos milímetros? _________________

3. SOBREMORDIDA (Overbite)

( ) Normal (os incisivos superiores cobrem de 1/3 a 1/2 dos inferiores)

( ) Mordida aberta anterior = _______mm

( ) Topo a topo

( ) Aumentada (os incisivos superiores cobrem mais da 1/2 dos inferiores)

92

92

4. RELAÇÃO DOS PRIMEIROS MOLARES PERMANENTES

► Instruções:

Durante a avaliação, considere o lado do arco e a posição de, pelo menos, 1/2

da largura da cúspide mesiovestibular superior.

4a – Classe I: ( ) direito ( ) esquerdo

4b – Classe II: ( ) direito ( ) esquerdo

( ) primeira divisão ( ) segunda divisão

4c – Classe III: ( ) direito ( ) esquerdo

5. RELAÇÃO DOS CANINOS DECÍDUOS

5a. Classe 1

( ) direito ( ) esquerdo

5b. Classe 2

( ) direito ( ) esquerdo

5c. Classe 3

( ) direito ( ) esquerdo

5d. Topo a topo: ( ) direito ( ) esquerdo

6. LINHA MÉDIA (arco superior/arco inferior)

( ) Centralizada ( ) Desviada

7. MORDIDA CRUZADA POSTERIOR

( ) Ausente

( ) Bilateral

( ) Unilateral verdadeira:

( ) lado direito ( ) lado esquerdo

93

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( ) Unilateral com desvio funcional da mandíbula:

( ) para a direita ( ) para a esquerda

Quais os dentes superiores envolvidos na mordida cruzada?

_____________________________________________________________

8. APINHAMENTO NA REGIÃO ANTERIOR

( ) Apenas no arco superior

( ) Apenas no arco inferior

( ) Nos dois arcos

( ) Inexistente

9. SELAMENTO LABIAL EM REPOUSO

( ) Normal

( ) Existente, porém com contração da musculatura peribucal e mentoniana

( ) Deficiente

10. ASPECTO GENGIVAL

( ) hiperplasia gengival e/ou gengivite concentrada principalmente na região

dos incisivos superiores

( ) gengivite generalizada

( ) tecidos gengivas saudáveis

11. CONFORMAÇÃO DO PALATO

( ) Palato ogival (estreito e profundo) ( ) Palato normal

12. POSTURA LINGUAL AO FALAR

(utilize algumas palavras como teste, tais como: seis, sessenta, sapo, sopa,

sapato, faca, farofa, fofo, etc...)

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( ) com interposição lingual anterior

( ) sem interposição lingual anterior

13. ANÁLISE DA MUSCULATURA PERIBUCAL E MENTONIANA DURANTE

A DEGLUTIÇÃO

( ) presença de selamento labial sem esforço

( ) selamento labial presente, porém com nítidas contrações musculares

14. ASPECTO DAS TONSILAS PALATINAS (AMÍGDALAS)

( ) normais

( ) inflamadas (hiperemiadas)

( ) com aumento de volume (hipertrofiadas)

( ) inflamadas e hipertrofiadas

15. GRAU DE OBSTRUÇÃO DO ESPAÇO ENTRE AS TONSILAS

PALATINAS (Amígdalas)

( ) Tonsilas palatinas Grau 1 – Obstrução até 25%

( ) Tonsilas palatinas Grau 2 – Obstrução de 26% a 50 %

( ) Tonsilas palatinas Grau 3 – Obstrução de 51% a 75%

( ) Tonsilas palatinas Grau 4 – Obstrução de 76% a 100%

16. DURAÇÃO DO TEMPO COM ÁGUA NA BOCA, SEM DEGLUTIR

(tempo ideal>3minutos)

( ) Menor que 3 minutos. Quanto?...................................

( ) Maior ou igual a 3 minutos. Quanto?...........................

17. AVALIAÇÃO DA RESPIRAÇÃO COM ESPELHO DE DUPLA FACE

(Posicione um espelho de dupla face logo abaixo das narinas do paciente e

peça que ele respire naturalmente, sem esforço e, se possível, apenas pelo

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nariz. Após um minuto, avalie em que face(s) do espelho ocorreu condensação

de vapor)

( ) condensação de vapor de modo similar nas duas faces

( ) condensação de vapor predominantemente na face inferior

( ) condensação de vapor predominantemente na face superior

( ) de modo similar entre as duas narinas

( ) mais intensamente pela narina direita

( ) mais intensamente pela narina esquerda

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APÊNDICE C

Número de identificação da criança:_______

AVALIAÇÃO CLÍNICA FACIAL

Nome da criança:_______________________________________________

Data de realização do exame: ___/___/____

*Caso não tenha sido possível realizar as avaliações clínicas, especifique os motivos:

( ) Criança não compareceu.

( ) Criança resfriada ou gripada

( ) Criança não permitiu a realização do exame

( ) Outros motivos. Quais?_____________________________________

1. Padrão facial

( ) braquifacial ( ) mesofacial ( ) dolicofacial

2. Largura facial

( ) face larga ( ) face estreita ( ) aspecto equilibrado

3. Simetria facial

( ) Normal ( ) Alterada. Em que região?_______________________

4. Convexidade do perfil facial tegumentar

( ) côncavo ( ) reto

( ) moderadamente convexo ( ) acentuadamente convexo

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97

5. Ângulo nasolabial

( ) reduzido ( ) aumentado ( ) normal

6. Projeção malar

( ) aumentada ( ) deficiente ( ) normal

7. Aspecto do relacionamento maxilomandibular

( ) Protrusão maxilar ( ) Retrusão maxilar

( ) Prognatismo mandibular ( ) Retrognatismo mandibular

8. Comprimento da linha mento-pescoço

( ) encurtada ( ) alongada ( ) normal

9. Direção de crescimento mandibular

( ) com rotação em sentido horário

( ) com rotação em sentido anti-horário

( ) equilibrada

10. Análise das alturas faciais

( ) Face alongada

( ) Face curta

( ) Aumento da AFAI

( ) Redução da AFAI

( ) Alturas faciais normais

11. Análise das proporções faciais verticais

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( ) Aspecto equilibrado

( ) Desequilíbrio nas proporções entre os terços faciais verticais.

Em que local (is) observam-se as desarmonias?_________________

12. Análise da região dos olhos

( ) aparência de olhar caído

( ) presença de olheiras

( ) aspecto normal

13. Análise das narinas

( ) aberturas nasais estreitas (aspecto atrésico)

( ) aberturas nasais amplas

( ) desvio no dorso nasal e/ou septo nasal

( ) aspecto normal

14. Análise da posição anteroposterior dos lábios

Lábio superior ( ) protruído ( ) retruído ( ) normal

Lábio inferior ( ) protruído ( ) retruído ( ) normal

15. Análise estrutural dos lábios

( ) Lábios ressecados

( ) Lábios com fissuras

( ) Lábio superior estreito (fino)

( ) Lábio inferior evertido

( ) Lábios com aspecto normal

16. Análise do selamento labial

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( ) ausente

( ) presente, mas com contrações da musculatura peribucal e mentoniana

( ) presente e sem esforços

17. Análise da tonicidade dos lábios

Lábio superior ( ) hipertônico ( ) hipotônico ( ) normal

Lábio inferior ( ) hipertônico ( ) hipotônico ( ) normal

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ANEXO A

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezados Senhores pais,

A respiração bucal pode provocar alterações nos arcos dentários, na

posição dos dentes, na face e na fala das crianças. Por isso, eu, cirurgiã-

dentista Raphaela Lima Biasutti, telefone (61) 9633-0033, gostaria de examinar

seu(s) filho(s). Somente após o exame clínico, poderei orientá-los a prevenir e

tratar precocemente essas alterações.

Com o objetivo de fazer um diagnóstico dos problemas causados pela

respiração bucal, a equipe da Disciplina de Ortodontia da Universidade Cidade

de São Paulo está realizando um trabalho nas escolas municipais e/ou

estaduais da cidade de Petrópolis. Nosso trabalho envolverá as seguintes

etapas:

1) a solicitação da autorização dos pais ou responsáveis para a

avaliação odontológica e respiratória de seus filhos;

2) a realização dos exames clínicos odontológicos, ortodônticos e das

principais características respiratórias de seus filhos;

3) o fornecimento de uma carta-resposta revelando os principais

problemas odontológicos, ortodônticos e respiratórios diagnosticados em seus

filhos;

Levando em consideração a importância deste trabalho para a

saúde bucal e geral das crianças, gentilmente solicitamos a sua

autorização por escrito para que possamos realizar os exames

apropriados em seu(s) filho(s), no interior da própria escola e durante o

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período regular de atividades, em horários previamente definidos pela

direção das escolas.

Ressaltamos que todos os exames a serem realizados são

totalmente isentos de riscos ou desconforto para as crianças, e somente

serão realizados nas crianças que assim permitirem.

Esclarecemos também que a autorização para participação de seu

filho nesta pesquisa é de caráter totalmente voluntário. Além disso, caso

os pais e/ou responsáveis desejem retirar o consentimento para a

realização dos exames mencionados anteriormente, poderão fazê-lo a

qualquer tempo.

Salientamos que as informações obtidas nos questionários e nos

exames clínicos realizados nas crianças serão de caráter totalmente

confidencial e utilizadas apenas com finalidade de pesquisa científica,

sem implicar, em nenhuma hipótese, na identificação de seus

participantes.

Em caso de dúvidas quanto aos procedimentos que serão

realizados nesta pesquisa, ou mesmo para a obtenção de maiores

esclarecimentos, não hesite e, por favor, entre em contato com a cirurgiã-

dentista Raphaela Lima Biasutti por meio do telefone (61) 9633-0033.

Eu,..........................................................................................................................

RG......................................, autorizo a realização de exames clínicos

odontológicos, ortodônticos e respiratórios em meu (minha) filho (a)

..............................................................................................................................,

pela equipe da Disciplina de Ortodontia da Universidade Cidade de São Paulo.

Autorizo também a utilização de todas as informações obtidas, exclusivamente

para o desenvolvimento de trabalhos científicos, porém sem mencionar a

identificação de meu nome ou de meu (minha) filho (a).

Brasília, ______ de _____________ de 2012.

Assinatura:____________________________

102

102

Eu, RAPHAELA LIMA BIASUTTI, cirurgiã-dentista e pesquisadora

executante responsável pela realização dos exames clínicos a serem

executados nas crianças, comprometo-me a cumprir integralmente todas as

normas éticas estabelecidas para a realização desta pesquisa.

Data: ____/____/2012

_______________________________

Assinatura da pesquisadora

Documento elaborado com base na resolução 196/1996 do

Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde, publicada no Diário

Oficial número 201 de 16 de outubro de 1996.

103

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ANEXO C

CERTIFICADO DE APROVAÇÃO PELO

COMITÊ DE ÉTICA E PESQUISA DA UNICID