relaÇÃo dos estudantes de saÚde com o tabaco: … · 2019. 11. 13. · catalogação na fonte:...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA
MESTRADO EM ODONTOLOGIA
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM CLÍNICA INTEGRADA
AUGUSTO CÉSAR LEAL DA SILVA LEONEL
RELAÇÃO DOS ESTUDANTES DE SAÚDE COM O
TABACO: RESULTADOS DE UM ESTUDO TRANSVERSAL
EM UMA UNIVERSIDADE DO NORDESTE BRASILEIRO
Recife
2018
AUGUSTO CÉSAR LEAL DA SILVA LEONEL
RELAÇÃO DOS ESTUDANTES DE SAÚDE COM O
TABACO: RESULTADOS DE UM ESTUDO TRANSVERSAL
EM UMA UNIVERSIDADE DO NORDESTE BRASILEIRO
Dissertação apresentada ao Colegiado do Programa de
Pós-Graduação em Odontologia do Centro de Ciências da
Saúde da Universidade Federal de Pernambuco, como
requisito parcial para obtenção do grau de mestre em
Odontologia.
Área de concentração: Clínica Integrada
Orientador: Profº. Dr. Danyel Elias da Cruz Perez
Recife
2018
Catalogação na fonte:
Bibliotecário: Aécio Oberdam, CRB4-1895
UFPE (CCS 2018 - 186) 617.6 CDD (23.ed.)
Leonel, Augusto César Leal da Silva. Relação dos estudantes de saúde com o tabaco: resultados de um
estudo transversal em uma universidade do nordeste brasileiro / Augusto César Leal da Silva Leonel. – Recife: o autor, 2018.
120 f. ; 30 cm.
Orientador: Danyel Elias da Cruz Perez. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco, Centro
de Ciências da Saúde. Programa de Pós-graduação em Odontologia. Inclui referências, apêndices e anexos. 1. Tabagismo. 2. Tabagismo passivo. 3. Estudantes de ciências da
saúde. 4. Atitudes. 5. Treinamentos. I. Perez, Danyel Elias da Cruz (orientador). II. Título.
L583r
AUGUSTO CÉSAR LEAL DA SILVA LEONEL
“RELAÇÃO DOS ESTUDANTES DE SAÚDE COM O TABACO: RESULTADOS DE
UM ESTUDO TRANSVERSAL EM UMA UNIVERSIDADE DO NORDESTE
BRASILEIRO”
Dissertação apresentada ao Colegiado do Programa de
Pós Graduação em Odontologia do Centro de Ciências da
Saúde da Universidade Federal de Pernambuco, como
requisito parcial para obtenção do grau de mestre em
Odontologia.
Aprovado em: 28/02/2018
BANCA EXAMINADORA:
_______________________________________
Profª. Drª. Jurema Freire Lisboa de Castro (Examinador Interno)
Universidade Federal de Pernambuco
_______________________________________
Profª. Drª. Renata Cimões Jovino Silveira (Examinador Interno)
Universidade Federal de Pernambuco
_______________________________________
Profª. Drª. Mariane de Vasconcelos Carvalho (Examinador Externo)
Universidade de Pernambuco
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
REITOR
Prof. Dr. Anísio Brasileiro de Freitas Dourado
VICE-REITORA
Profa. Dra. Professora Florisbela de Arruda Camara e Siqueira Campos
PRÓ-REITOR DA PÓS-GRADUAÇÃO
Prof. Dr. Ernani Rodrigues de Carvalho Neto
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DIRETOR
Prof. Dr. Nicodemos Teles de Pontes Filho
COORDENADOR DA PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA
Profa. Dra. Alessandra A. T. Carvalho
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA
COLEGIADO
MEMBROS PERMANENTES
Profa. Dra. Alessandra Albuquerque T.
Carvalho
Prof. Dr. Anderson Stevens Leônidas
Gomes
Profa. Dra. Andrea Cruz Câmara
Profa. Dra. Andrea dos Anjos Pontual
Prof. Dr. Arnaldo de França Caldas
Junior
Profa. Dra. Bruna de Carvalho Farias
Vajgel
Prof. Dr. Carlos Menezes Aguiar
Prof. Dr. Danyel Elias da Cruz Perez
Profa. Dra. Flavia Maria de Moraes
Ramos Perez
Prof. Dr. Gustavo Pina Godoy
Prof. Dr. Jair Carneiro Leão
Profa. Dra. Jurema Freire Lisboa de
Castro
Prof. Dr. Luiz Alcino Monteiro Gueiros
Prof. Dra. Maria Luiza dos Anjos
Pontual
Profa. Dra. Renata Cimões Jovino
Silveira
SECRETÁRIA
Oziclere Sena de Araújo
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, pois, sem Ele, nada disso seria possível. Aos meus pais
(Elma e Francisco), irmão (Luis Henrique) e namorada (Keldiane), que me deram toda
estrutura necessária, apoio e amor.
Ao professor, orientador e amigo Danyel Elias da Cruz Perez, pelo acolhimento,
pelos ensinamentos, dedicação, confiança e por acreditar em mim. O senhor é um
exemplo de profissional e de ser humano, espelho para os seus alunos. Obrigado por
tudo.
Às professoras da disciplina de Patologia Oral, Jurema Freire Lisboa de Castro
e Elaine Judite de Amorim Carvalho, por todo apoio e ensinamentos compartilhados,
vocês foram essenciais no meu crecimento.
Às professoras da disciplina de Radiologia, Andrea dos Anjos Pontual Pontual,
Flávia Maria de Moraes Ramos Perez e Maria Luiza dos Anjos Pontual, pelo
acolhimento e apoio dados durante a graduação e na pós-graduação;
À Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, na pessoa do reitor Prof. Dr.
AnísioBrasileiro de Freitas Dourado e ao programa de pós-graduação em
Odontologia, na pessoa da coordenadora Profa. Dra. Alessandra A. T. carvalho, pela
oportunidade e honra de fazer parte de seu corpo discente.
A todos os colegas e amigos do Programa de Pós Graduação em Odontologia
da Universidade Federal de Pernambuco. À Oziclere, Tamires e Dona Tânia por todo
suporte prestado.
A CAPES (Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior) pela
concessão da bolsa de mestrado.
Aos meus amigos da vida, por darem toda força e suporte em vários momentos.
Obrigado por tudo. Aos colegas e amigos do Laboratório de Patologia Oral da UFPE
e do Projeto de Extensão em Radiologia. Aos meus professores de graduação da
UFPE.
RESUMO
O uso do tabaco é atualmente uma das principais causas de mortes evitáveis no mundo. Uma das maneiras mais práticas, eficazes e econômicas de mudar o panorama causado por este produto é sensibilizar estudantes e profissionais da saúde sobre o seu papel como conselheiros na prevenção e cessação do tabagismo. Diante do exposto, o objetivo do presente estudo foi avaliar a relação dos estudantes de saúde com o tabaco em uma universidade do nordeste brasileiro. Trata-se de um estudo transversal realizado com os universitários dos oito cursos de saúde da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Recife. A pesquisa foi executada no primeiro semestre de 2017. O instrumento aplicado para a coleta dos dados foi o questionário da Pesquisa Mundial dobre Tabagismo em Estudantes de Profissões de Saúde (GHPSS). Os dados foram analisados no programa de estatística IBM SPSS Statistics 20.0. A estatística descritiva foi realizada para todas as variáveis e o teste do qui-quadrado associou as variáveis curso, gênero, experiência com o cigarro e uso atual com as demais variáveis estudadas e a regressão logística binária verificou a relação entre o uso atual do tabaco e variáveis independentes. O estudo foi dividido em três artigos, com a finalidade de relatar e discutir melhor os resultados. O primeiro artigo descreve o uso e a exposição ao tabaco entre os estudantes dos oito cursos de saúde da UFPE, e o conhecimento desses sobre leis que proíbam essa prática em ambiente universitário. Foi observado que 37,6% dos alunos já experimentaram o cigarro pelo menos uma vez na vida, com 7,3% de fumantes atuais. Exposição ao fumo passivo em casa na última semana foi relatada por 28% dos estudantes, enquanto que 65% foram expostos em outros ambientes. Quanto a existência de leis que proíbam o uso do tabaco em ambiente universitário, 65% dos estudantes afirmaram não saber. O segundo artigo relata as atitudes dos alunos frente ao tabagismo, além do currículo/treinamento recebido por eles durante a sua formação profissional. Do total de alunos, 86,6% responderam que os profissionais da saúde servem como modelos para os seus pacientes e comunidade e 99% disseram que é papel destes aconselhar e informar sobre maneiras de evitar e cessar o tabagismo. Quanto ao currículo, 78,4% relataram ter adquirido conhecimentos sobre os malefícios do tabaco durante a sua formação. Contudo, apenas uma pequena porção dos estudantes (10,2%) recebeu algum treinamento formal sobre cessação do hábito. Já o terceiro artigo descreve a relação dos estudantes de odontologia com o tabaco. Foi visto que mais de 40% dos participantes já experimentaram o cigarro pelo menos uma vez na vida, com 8,9% sendo fumantes atuais. Cerca de 28% relataram ter sido expostos ao fumo passivo no ambiente onde moram e 57,1%, em outros locais. Apesar dos estudantes dos cursos de saúde da UFPE possuírem conhecimentos sobre os malefícios do tabaco, ainda há uma falha significativa no treinamento desses futuros profissionais no combate ao tabagismo.
Palavras-chave: Tabagismo. Tabagismo passivo. Estudantes de Ciências da Saúde. Atitudes. Treinamento
ABSTRACT
Tobacco use is currently one of the leading causes of preventable deaths worldwide. One of the most practical, effective, and cost-effective ways to change the landscape of this product is to sensitize students and health professionals to their role as counselors in smoking prevention and cessation. In view of the above, the objective of the present study was to evaluate the relationship of health students with tobacco in a university in the northeast of Brazil. This is a cross-sectional study carried out with the university students of the eight health courses of the Federal University of Pernambuco (UFPE), Recife. The research was carried out in the first semester of 2017. The instrument used to collect the data was the Global Health Professions Student Survey (GHPSS). The data were analyzed in the IBM SPSS Statistics 20.0 statistics program. The descriptive statistics were performed for all variables and the chi-square test associated the variables course, gender, cigarette experience and current use with the other variables studied and binary logistic regression verified the relationship between current tobacco use and independent variables.The study was divided into three articles, with the purpose of reporting and discussing the results better. The first article describes the use and exposure to tobacco among students of UFPE's eight health courses, and their knowledge about laws that prohibit this practice in a university environment. It was observed that 37.6% of the students already tried the cigarette at least once in their life, with 7.3% of current smokers. Exposure to secondhand smoke at home last week was reported by 28% of students, while 65% were exposed in other settings. Regarding the existence of laws that prohibit the use of tobacco in a university environment, 65% of students said they did not know of any law in the university. The second article reports the students' attitudes towards smoking, as well as the curriculum / training received by them during their professional training. 86.6% of the students responded that health professionals serve as role models for their patients and community and 99% said that it is their role to advise and inform on ways to avoid and stop smoking. Regarding the curriculum, 78.4% reported having acquired knowledge about the harmful effects of tobacco during their training. However, only a small portion of the students (10.2%) received some formal cessation training. The third article describes the relationship between students of dentistry and tobacco. It was seen that more than 40% of the participants already tried the cigarette at least once in their life, with 8.9% being current smokers. About 28% of them reported having been exposed to secondhand smoke in the environment where they live and 57.1% in other places. Although students of UFPE health courses have knowledge about tobacco maladies, there is still a significant gap in the training of these future professionals in the fight against smoking.
Keywords: Tobacco use disorder. Tobacco smoke pollution. Students, Healt occupations. Attitudes. Training
LISTA DE SIGLAS
CCS CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CDC CENTROS DE CONTROLE E PREVENÇÃO DE DOENÇAS
CQCT CONVENÇÃO QUADRO PARA O CONTROLE DO TABABO
CPHA ASSOCIAÇÃO CANADENSE DE SAÚDE PÚBLICA
GHPSS PESQUISA MUNDIAL SOBRE TABAGISMO EM ESTUDANTES DE
PROFISSÕES DA SAÚDE
GTSS SISTEMA MUNDUAL DE VIGILÂCIA DO TABAGISMO
IBGE INSTITUDO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA
INCA INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER
OMS ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE
PETAB PESQUISA ESPECIAL SOBRE TABAGISMO
PETUNI PERFIL DO TABAGISMO ENTRE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS
NO BRASIL
PMS PESQUISA MUNDIAL DE SAÚDE
PNSN PESQUISA NACIONAL SOBRE SAÚDE E NUTRIÇÃO
SUS SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
UFPE UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
Sumário
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 11
2. REVISÃO DA LITERATURA ....................................................................................................... 12
2.1 Epidemiologia do tabaco ......................................................................................................... 12
2.1.1 Epidemiologia do tabaco no mundo ...................................................................................... 13
2.1.2 Epidemiologia do tabaco no Brasil ........................................................................................ 14
2.2 Medidas para reduzir o consumo e exposição ao tabaco .............................................. 15
2.2.1 No mundo .................................................................................................................................. 15
2.2.2 No Brasil ..................................................................................................................................... 16
2.3 Papel do Profissional da saúde no combate ao tabagismo ........................................... 17
2.4 Pesquisa Mundial sobre Tabagismo entre Estudantes de Profissões de Saúde
(GHPSS) .............................................................................................................................................. 18
3. OBJETIVOS ................................................................................................................................... 20
3.1 Objetivo Geral ............................................................................................................................. 20
3.2 Objetivos Específicos ............................................................................................................... 20
4. METODOLOGIA ............................................................................................................................ 22
4.1 Considerações éticas ............................................................................................................... 22
4.2 Desenho do estudo e público ................................................................................................ 22
4.3 Instrumento da pesquisa ......................................................................................................... 22
4.4 Operacionalização ..................................................................................................................... 22
4.5 Análise dos resultados ............................................................................................................ 23
5. RESULTADOS ............................................................................................................................... 24
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................................... 36
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 37
APÊNDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE) ............. 41
APÊNDICE B - ARTIGO 1 ................................................................................................................ 44
APÊNDICE C - ARTIGO 2 ................................................................................................................ 66
APÊNDICE D - ARTIGO 3 ................................................................................................................ 83
ANEXO A – QUESTIONÁRIO ....................................................................................................... 103
ANEXO B – PARECER CONSUBSTANCIADO DO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA 107
ANEXO C- NORMAS DAS REVISTAS ........................................................................................ 111
11
1. INTRODUÇÃO
O uso do tabaco é atualmente uma das principais causas de mortes evitáveis
no mundo. Os riscos à saúde resultam não só do seu consumo direto, mas também
pela exposição ao fumo passivo.1 Mundialmente, é estimado em cerca de 1,3 bilhões
de usuários, tendo uma taxa anual de mais de 7 milhões de mortes, sendo um milhão
delas nas Américas.2 Se a tendência atual continuar, em 2030 o tabaco matará cerca
de 8 milhões por ano, com 80% dessas mortes ocorrendo nos países da baixa e média
renda. 3,4
Para mudar o panorama de morbidades causadas por este produto, faz-se
necessário a implementação de medidas, a fim de reduzir de maneira contínua e
substancial a prevalência do consumo e a exposição à fumaça do tabaco. Diante
dessa necessidade, a Organização Mundial de Saúde (OMS) criou a Convenção-
Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT-OMS), um tratado baseado em evidências
que reafirma o direito das pessoas ao mais alto padrão de saúde e fornece dimensões
legais para a cooperação internacional em saúde. Dentre as suas medidas, encontra-
se a proteção da população contra o uso e exposição ao tabaco, além da oferta de
ajuda àqueles que desejam cessar o hábito.5
Uma das maneiras mais práticas, eficazes e econômicas de colocar essas
práticas em ação é sensibilizando os estudantes e profissionais da saúde sobre o seu
papel como conselheiros na prevenção e cessação do tabagismo, assim como o seu
exemplo de modelo a ser seguido pela comunidade.6,7 Entretanto, o fato desses
também serem tabagistas ativos e/ou passivos pode prejudicar no controle adequado.
Vários estudos foram realizados para recolher informações de estudantes de
cursos de saúde, avaliando o uso do tabaco e seus produtos e na sua formação como
conselheiros na cessação deste hábito. 8,9,10,11 No entanto, antes de 2005, nenhum
tinha coletado esses dados utilizando uma consistente metodologia de pesquisa.
Tentando superar essa limitação, a OMS, os Centros de Controle e Prevenção de
Doenças (CDC) dos Estados Unidos e a Associação Canadense de Saúde Pública
desenvolveram e implementaram a Pesquisa Mundial sobre Tabagismo em
Estudantes de Profissões de Saúde (GHPSS), visando avaliar a relação entre
estudantes do terceiro ano de cursos de saúde e o tabaco. 12
12
Baseando-se nas informações anteriores, a presente pesquisa parte do
pressuposto de que, devido à pouca literatura sobre o assunto, há uma dificuldade em
se propor intervenções que contribuam na formação dos futuros profissionais da
saúde. Dessa forma, este estudo poderá auxiliar as Instituições de Ensino Superior a
verificar a relação dos seus alunos dos cursos de saúde com o tabaco. Ademais,
essas e as organizações de saúde conseguirão, em conjunto, projetar e implementar
medidas para capacitar e desenvolver habilidades necessárias nesses estudantes,
fornecendo-lhes suporte eficaz para trabalhar a cessação do tabagismo e o
aconselhamento entre os seus futuros pacientes.
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Epidemiologia do tabaco
O tabaco é o único produto de consumo legal que pode prejudicar diretamente
todos os expostos a ele - e mata até metade das pessoas que o usam. Ainda assim,
o seu uso é comum em todo o mundo devido, principalmente, a dependência física e
psicológica. A maioria dos seus danos à saúde se tornam evidentes anos ou mesmo
décadas após o início da sua utilização.13
O uso do tabaco é atualmente uma das principais causas de mortes evitáveis
no mundo. Os riscos à saúde resultam não só do consumo direto de tabaco, mas
também de exposição ao fumo passivo.1 Mundialmente, estima-se cerca de 1,3
bilhões de usuários, tendo uma taxa anual de mais de 7 milhões de mortes, sendo um
milhão delas nas Américas2. Se a tendência atual continuar, em 2030 o tabaco matará
cerca de 8 milhões de pessoas por ano, sendo que 80% dessas mortes ocorrerão nos
países da baixa e média renda.3,4
O tabagismo integra o grupo dos transtornos mentais e comportamentais
relacionados ao uso de substância psicoativa na Revisão da Classificação Estatística
Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10, 1997), sendo
responsável por 63% dos óbitos relacionados às doenças crônicas não
transmissíveis.14 Dessas, o mesmo é responsável por 85% das mortes por doença
pulmonar crônica, 30% por diversos tipos de câncer, 25% por doença coronariana e
25% por doenças cerebrovasculares.14 Além de estar associado às doenças crônicas
13
não transmissíveis, este hábito também é um fator importante de risco para o
desenvolvimento de outras doenças como o infarto agudo do miocárdio, enfisema
pulmonar e doenças cerebrovasculares.15
Existem evidências conclusivas sobre a associação entre o tabagismo passivo
e vários agravos à saúde, e isso fez com que a Agência Internacional de Investigação
sobre o Câncer, em 2004, classificasse-o como agente cancerígeno humano.15,16 Esta
modalidade é definida como a inalação da fumaça de derivados do tabaco, tais como
cigarro, charuto, cigarrilhas, cachimbo, narguile e outros produtos, por indivíduos não
fumantes, que convivem com fumantes em ambientes fechados respirando as
mesmas substâncias tóxicas que ele inala, além da fumaça exalada.17 A fumaça que
é aspirada através do cigarro na boca de um fumante ativo é conhecida como o fumo
principal, enquanto que a secundária é a emitida pela ponta do cigarro aceso. O fumo
ambiental é a combinação do fumo secundário (85%) e uma pequena fração do fumo
principal (15%). A composição química desses fumos é qualitativamente semelhante
e os cancerígenos mais tóxicos estão presentes em ambos, mas em diferentes
concentrações por causa do envelhecimento e da diluição com o ar ambiente. Os
fumantes que inalam ativamente doses muito grandes de fumaça têm uma maior
ingestão de substâncias cancerígenas do tabaco ambiental, quando comparados com
os indivíduos apenas expostos.18
De acordo com a recente avaliação global dos riscos apresentados pelo tabaco,
o fumo de tabaco ambiental ainda é uma das ameaças mais importantes para a saúde
pública.14 É por isso que uma das seis políticas eficazes propostas pela Organização
Mundial de Saúde (OMS) para reduzir a carga global de doenças relacionadas a este
produto é proteger as pessoas dessa fumaça.3,19
Para mudar o panorama de morbidades causadas por este produto se faz
necessário a implementação de medidas públicas, a fim de reduzir de maneira
contínua e substancial a prevalência do consumo e a exposição à fumaça do tabaco.
2.1.1 Epidemiologia do tabaco no mundo
A epidemia de tabaco é uma das maiores ameaças à saúde pública que o
mundo já enfrentou, matando mais de 7 milhões de pessoas por ano. Mais de 6
14
milhões dessas mortes são resultado do uso direto do tabaco, enquanto que cerca de
890.000 são o resultado de não fumantes expostos ao fumo passivo. Quase 80% dos
mais de 1 bilhão de fumantes em todo o mundo vivem em países de baixa e média
renda.2
Conforme recente análise feita pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a
região que apresenta maior percentual de tabaco fumado é a Europa, com 29% e o
menor é a Região da África, com 12,4%. A Região das Américas, da qual o Brasil faz
parte, em 2010 apresentou 18,7%. Dentre os países desta região, a prevalência de
fumantes variou de 7% em Barbados a 40,1% no Chile. As maiores prevalências foram
observadas entre os homens, variando de 13% em Barbados e 54,7% em Cuba. Já o
percentual de tabagismo entre as mulheres foi de 1,1% também em Barbados e 37,5%
no Chile.4,20
2.1.2 Epidemiologia do tabaco no Brasil
De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde, realizada pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no ano de 2013, a prevalência de usuários
atuais de produtos derivados de tabaco, fumado ou não fumado, de uso diário ou
ocasional no Brasil foi de 15,0% (21,9 milhões de pessoas). Segundo a situação do
domicílio, a parcela de usuários foi maior na área rural (17,4%) que na urbana (14,6%).
Entre as Grandes Regiões, a prevalência variou de 13,4%, na Região Norte, a 16,1%,
na Região Sul.21
Os homens apresentaram percentual mais elevado de usuários (19,2%) do que
as mulheres (11,2%). O indicador mostrou diferenças por nível de instrução:
percentuais mais elevados eram apresentados pelas pessoas sem instrução ou com
fundamental incompleto (20,2%). Por faixa etária, aqueles com idade entre 40 e 59
anos apresentaram o maior percentual (19,4%). As pessoas declaradas da cor ou raça
preta (17,8%) registraram proporção acima da obtida para os brancos (13,1%).21
Considerando apenas o tabaco fumado, o percentual de fumantes atuais foi de
14,7%, sendo 12,7% de fumantes diários. Entre os homens a prevalência foi de 18,9%
e entre as mulheres, 11,0%. O cigarro industrializado foi o produto do tabaco mais
utilizado.21
15
No ambiente domiciliar, a proporção de pessoas não fumantes expostas à
fumaça de produtos de tabaco foi de 10,7%. As mulheres não fumantes estavam mais
expostas (11,7%) que os homens (9,5%). As pessoas de 18 a 24 anos de idade
também estavam mais expostas, neste ambiente, que as demais faixas etárias. No
trabalho, entre as pessoas não fumantes ocupadas e que trabalhavam em ambientes
fechados, 13,5% estavam expostos ao fumo passivo. Neste caso, os homens estavam
mais expostos (16,9%) que as mulheres (10,4%). As Regiões Sul e Sudeste
apresentaram percentuais menores de pessoas não fumantes expostas ao fumo
passivo no local de trabalho fechado: 11,1% e 12,3%, respectivamente utilizado.21
2.2 Medidas para reduzir o consumo e exposição ao tabaco
2.2.1 No mundo
A fim de combater a epidemia global de tabaco, a OMS criou a Convenção-
Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT-OMS). A CQCT-OMS entrou em vigor em
fevereiro de 2005 e hoje abrange mais 90% da população mundial.3
A CQCT-OMS é um tratado baseado em evidências que reafirma o direito das
pessoas ao mais alto padrão de saúde e fornece dimensões legais para a cooperação
internacional em saúde. Isso representa uma mudança de paradigma no
desenvolvimento de uma estratégia regulatória para abordar substâncias aditivas. Em
contraste com os tratados anteriores de controle de drogas, a CQCT da OMS afirma
a importância das estratégias de redução da demanda, bem como questões de
fornecimento.3
O tratado foi desenvolvido em resposta à globalização da epidemia de tabaco.
A propagação dessa epidemia é facilitada através de uma variedade de fatores
complexos com efeitos transfronteirais, incluindo a liberalização do comércio e o
investimento estrangeiro direto. Outros fatores como o marketing global, propaganda
transnacional de tabaco, promoção e patrocínio e o movimento internacional de
contrabando e contrafacção de cigarros também contribuíram para o aumento
explosivo do consumo de tabaco.3
16
Em 2008, a OMS introduziu uma maneira prática e econômica de ampliar a
implementação das principais disposições de redução da demanda encontradas na
CQCT da OMS: o MPOWER. Cada medida MPOWER corresponde a pelo menos um
objetivo da CQCT-OMS.19 As 6 medidas são:
1- Monitorar o consumo do tabaco e as políticas de prevenção;
2- Garantir às pessoas que não fumam um ambiente livre de tabaco;
3- Oferecer ajuda a quem deseja parar de fumar;
4- Advertir sobre os perigos do tabaco;
5- Aplicar as proibições de publicidade, promoção e patrocínio do tabaco e;
6- Elevar os impostos sobre o tabaco.19
2.2.2 No Brasil
Desde 1997 o Instituto Nacional do Câncer (INCA) é “Centro Colaborador da
OMS para o Controle do Tabaco". Sua principal função é realizar estudos
populacionais cujos resultados irão contribuir no monitoramento das tendências do
consumo de produtos de tabaco no Brasil, assim como as atitudes da população frente
às diferentes medidas da Política Nacional de Controle do Tabaco.20
A partir de 2003, o Ministério da Saúde, através de sua Secretaria de Vigilância
em Saúde (SVS), passou a estruturar um Sistema Nacional de Vigilância específico
para as doenças não transmissíveis e seus fatores de risco, dentre eles o tabagismo.
No mesmo ano, o INCA em parceria com a SVS desenvolveu o Inquérito Domiciliar
Sobre Comportamentos de Risco e Morbidade Referida de Doenças e Agravos Não
Transmissíveis em 15 capitais brasileiras e Distrito Federal e, em 2008, participou
ativamente da Pesquisa Especial sobre Tabagismo (PETAB), coordenada pelo
Ministério da Saúde e IBGE.20
Em função dessas inúmeras ações desenvolvidas pela Política Nacional de
Controle do Tabaco, o percentual de adultos fumantes no Brasil vem apresentando
17
uma expressiva queda nas últimas décadas. Em 1989, 34,8% da população acima de
18 anos eram fumantes, de acordo com a Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição
(PNSN). Uma considerável redução nesses números foi observada no ano de 2003,
quando na Pesquisa Mundial de Saúde (PMS), o percentual observado foi de 22,4 %
(MONTEIRO et al., 2013). No ano de 2008, segundo a PETAB, este percentual era de
18,5 %. Os dados mais recentes do ano de 2013, a partir da Pesquisa Nacional de
Saúde (PNS), apontam o percentual total de adultos fumantes em 15%.3
Considerando o período de 1989 a 2010, a queda do percentual de fumantes no
Brasil foi de 46%, como consequência das Políticas de Controle do Tabagismo
implementadas, estimando-se que um total de cerca de 420.000 mortes foram
evitadas neste período.22
2.3 Papel do Profissional da saúde no combate ao tabagismo
Apesar da incessante luta pela mudança de comportamento de não mais se
aceitar socialmente o consumo do tabaco nos países, percebe-se que ainda há nichos
onde essa prática é aceita.18,25
Os profissionais de saúde, incluindo médicos, dentistas, farmacêuticos,
enfermeiros, entre outros, são altamente respeitados e são fontes confiáveis de
informação e aconselhamento em assuntos relacionados à saúde. Muitos são
influentes líderes comunitários e são considerados modelos para outros. Em suas
vidas profissionais, eles estão em contato com uma alta porcentagem da população e
podem ser fundamentais para ajudar as pessoas a mudar seu comportamento,
particularmente ao abandonar o uso do tabaco.15 A conscientização da população e,
principalmente, dos atuais e futuros profissionais da saúde é fundamental para criar
um modelo permanente de promoção da saúde na sociedade.22
Em muitos países, no entanto, a capacidade de controle do tabaco é fraca. Os
sistemas de saúde não estão configurados para integrar a prevenção e o tratamento
do tabagismo no atendimento rotineiro do paciente. O treinamento dos profissionais
de saúde inclui, na melhor das hipóteses, apenas um mínimo de tempo dedicado ao
tratamento da dependência do tabaco, e muitos não veem o controle do tabaco como
parte de seu trabalho. Em alguns países, um grande número de profissionais de saúde
18
são usuários do tabaco, com uma incidência de 2% a 45% em todo o mundo, apesar
dessa taxa ter diminuído nos últimos 30 anos.23
Em 2004, durante uma reunião convocada pela OMS, as associações
profissionais de saúde adotaram um código de prática sobre o controle do tabagismo
que enumera 14 maneiras tangíveis em que essas associações podem se engajar no
controle do tabagismo. Por exemplo, as associações e seus membros devem atuar
como um modelo para seus pacientes, garantir que os locais de trabalho e as
instalações públicas sejam livres de fumo do tabaco e apoiem o processo político de
controle do tabagismo, incluindo o apoio à CQCT-OMS.25
2.4 Pesquisa Mundial sobre Tabagismo entre Estudantes de Profissões de
Saúde (GHPSS)
O uso do tabaco entre os profissionais de saúde é de particular interesse na
área de vigilância relacionada ao tabagismo, uma vez que esses indivíduos não são
apenas responsáveis pelos cuidados de saúde primários e educação para questões
relacionadas ao tabaco, como cessação e exposição ao fumo passivo, mas também
são modelos na comunidade.
Estudos têm recolhido informações de estudantes da área de saúde em vários
países, a fim de saber sobre o uso do tabaco e da sua formação como conselheiros
na cessação do hábito. No entanto, antes de 2005, nenhum estudo tinha coletado
essas informações mundialmente usando uma consistente metodologia de pesquisa.
Em 2005, a OMS, os CDC e a Associação Canadense de Saúde Pública (CPHA)
desenvolveram a GHPSS, afim de coletar dados sobre o uso do tabaco e o
aconselhamento da sua cessação entre alunos das áreas de saúde em todos os
Estados membros da OMS. A GHPSS tem crescido rapidamente desde a sua criação,
sendo realizadas em todas as seis regiões da OMS (África, Américas, Sudeste
Asiático, Europa, Mediterrâneo Oriental e Pacífico Ocidental) incluindo 49 países
membros.12,26
Esse questionário fornece às instituições e entidades uma maneira de
mensurar o consumo de tabaco entre os estudantes de cursos da área da saúde, o
desejo de cessação entre os que fumam, a maneira como vem sendo treinados em
técnicas de aconselhamento para cessação e o desejo de utilizarem esse treinamento
19
para prevenir e reduzir o uso de tabaco entre seus pacientes. Dessa forma, a
metodologia proporciona o subsídio necessário à elaboração e implementação de
medidas que melhor preparem esses futuros profissionais a desempenharem seu
papel crucial na luta pela redução do tabagismo.27
No Brasil, o GHPSS foi nomeado de “Perfil do tabagismo entre estudantes
universitários no Brasil, PETUNI”. Esta pesquisa, realizada pela primeira vez no ano
de 2006, envolveu estudantes do 3º ano da graduação de ensino público e particular
de quatro áreas: Medicina, Odontologia, Enfermagem e Farmácia. A pesquisa
abrangeu as cidades de Campo Grande, João Pessoa, Rio de Janeiro, Florianópolis
e Juiz de Fora.3
Os estudantes dos cursos pesquisados participaram de censo, tendo adesão à
pesquisa superior a 70% em todas as cidades avaliadas. O questionário verificou o
consumo dos produtos de tabaco, o conhecimento dos estudantes sobre a legislação
referente ao tabagismo ambiental, a exposição à fumaça de tabaco, as crenças dos
universitários sobre o papel do profissional de saúde na cessação do consumo dos
produtos de tabaco e o conhecimento adquirido sobre o tabaco durante o curso.3
20
3. OBJETIVOS
3.1 Objetivo Geral
O objetivo do presente estudo foi determinar a prevalência do tabagismo ativo
e passivo, e possíveis fatores associados, entre alunos a partir do terceiro ano de
graduação do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da Universidade Federal de
Pernambuco (UFPE) - Campus Recife, além de avaliar as atitudes e o
currículo/treinamento adquiridos durante a graduação.
3.2 Objetivos Específicos
Determinar a prevalência de alunos que já experimentaram o cigarro e/ou que
já experimentaram outros derivados do tabaco, além da prevalência de
fumantes atuais;
Determinar qual foi a idade do experimento e qual a idade do início do consumo
continuado do cigarro entre os alunos;
Verificar se os alunos já fumaram cigarros ou derivados do tabaco nas
instalações/propriedades da universidade;
Estudar a prevalência de alunos expostos à fumaça do tabaco nas residências
e em ambientes diferentes de onde moram;
Verificar o conhecimento dos alunos quanto a existência de políticas oficiais
que proíbam o uso do cigarro em prédios e clínicas escolares;
Avaliar as atitudes dos alunos frente a: proibição da publicidade dos produtos
do tabaco, treinamento para os profissionais da saúde, visão dos profissionais
como “modelos” para os seus pacientes e para o público, aconselhamento de
cessação dos profissionais de saúde para com os pacientes;
Verificar o currículo/treinamento adquiridos pelos alunos durante a formação
profissional;
Correlacionar os cursos do CCS com a prevalência do uso do cigarro e de
outros derivados do tabaco;
Correlacionar os cursos do CCS com as políticas de proibição do uso do tabaco
em prédios e clínicas escolares;
21
Correlacionar as variáveis gênero, experimento com o cigarro e uso atual do
cigarro com as variáveis das seções atitudes e currículo/treinamento.
22
4. METODOLOGIA
4.1 Considerações éticas
O projeto de pesquisa foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa do CCS, da UFPE (CAE: 63685317.4.0000.5208).
4.2 Desenho do estudo e público
Trata-se de um estudo transversal, cuja amostra foi composta por estudantes
dos cursos de graduação em Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia,
Medicina, Nutrição, Odontologia e Terapia Ocupacional da UFPE, situada na cidade
do Recife, Pernambuco, Brasil.
4.3 Instrumento da pesquisa
A GHPSS, que integra o Sistema Mundial de Vigilância de Tabagismo (GTSS),
foi desenvolvida em conjunto pela OMS, os CDC dos Estados Unidos e a CDHA no
ano de 2005.12 O seu questionário padrão é composto por 42 questões divididas em
seis áreas: Prevalência de uso de tabaco, Exposição ambiental à fumaça de tabaco,
Atitudes frente ao tabagismo, Comportamento e cessação, Currículo e treinamento e,
Dados demográficos. Para o presente estudo, quatro questões foram excluídas do
questionário padrão, por avaliarem a opinião dos estudantes sobre a proibição ou não
do tabagismo em ambientes comuns, tendo em vista que no Brasil já existem leis que
proíbem esse hábito.
4.4 Operacionalização
A coleta dos dados foi realizada entre os meses de março e junho de 2017,
utilizando a metodologia proposta pela GHPSS. Esta metodologia avalia estudantes
do terceiro ano dos cursos de saúde, visto que na maioria dos países esses
acadêmicos estão em níveis avançados do seu treinamento.27
Os estudantes do 5º e 6º foram recrutados para participar da pesquisa e
responderam o questionário GHPSS (traduzido para o português, adaptado e
validado)28. Os critérios de inclusão foram: o participante ser aluno de algum curso da
área de saúde da UFPE e estar presente em sala de aula no momento da pesquisa.
23
A pesquisa foi executada nas salas de aula durante as atividades acadêmicas
regulares em datas e horários previamente combinados e autorizados pelos
coordenadores e professores de cada curso.
Os objetivos e metodologia foram explicados aos estudantes, e então lhes foi
dado tempo para responderem o questionário anônimo, individual e auto-
administrado. Os participantes marcaram suas respostas no próprio questionário,
assinalando a alternativa de escolha.
4.5 Análise dos resultados
Na análise dos dados foram considerados fumantes atuais aqueles alunos que
fumaram pelo menos um dia nos últimos 30 dias anteriores à pesquisa. Dentro do
grupo de fumantes atuais foram subclassificados em fumantes ocasionais aqueles
alunos que fumaram numa frequência inferior a 20 dias nos 30 dias anteriores à
pesquisa.3
As respostas das variáveis foram tabuladas e analisadas no programa de
computador IBM SPSS Statistics 20.0 (IBM Corporation, New York, United States). A
estatística descritiva foi obtida para todas as variáveis, sendo apresentadas em
porcentagem e número. As associações entre as variáveis foram realizadas com o
teste do qui-quadrado, com um valor de p≤0,05 tomado como o limiar para a
significância estatística e a regressão logística binária serviu para avaliar a relação
entre o uso atual do tabaco e variáveis independentes. Todos os resultados
apresentaram uma margem de erro de ± 5% (Intervalo de confiança de 95%).
Os cursos do CCS foram associados com as variáveis “experiência com o
cigarro” e “uso atual do cigarro” através do teste do qui-quadrado, com nível de
significância estabelecido em p<0,05 e intervalo de confiança de 95%.
Os cursos do CCS foram associados com a seção “currículo/treinamento”
através do teste do qui-quadrado, com nível de significância estabelecido em
p<0,05 e intervalo de confiança de 95%.
As variáveis “gênero”, “experiência com o cigarro” e “uso atual do cigarro” foram
associadas com as seções “prevalência do uso do cigarro”, “exposição ao fumo
passivo do Tabaco” e “atitudes” através do teste do qui-quadrado, com nível de
significância estabelecido em p<0,05 e intervalo de confiança de 95%.
24
5. RESULTADOS
A UFPE - campus Recife, apresentou, no primeiro semestre letivo de 2017, 725
alunos matriculados no terceiro ano dos cursos do CCS participantes do estudo.
Desses, 565 estavam em sala de aula no momento da pesquisa.
O conjunto de dados finais foi construído utilizando informações de 449
estudantes, depois de excluir 116 (20,5%) participantes que não responderam o
instrumento da pesquisa. A taxa global de resposta foi de 79,5% (Tabela 1).
Dados demográficos
A amostra do estudo consistiu principalmente de mulheres (308-68,6%), tendo
uma variação de 97,6% no curso de terapia ocupacional a 41,5% no curso de
educação física (p<0,05). A faixa etária de maior prevalência, independentemente do
curso, foi a de 19 a 24 anos, correspondendo a 83,7% de toda a amostra (p<0,05). A
Tabela 1 sumariza os dados demográficos por curso.
Uso do tabaco
Experiência com o cigarro
No momento da pesquisa, 284 entrevistados (63,3%) nunca tinham
experimentado o cigarro, mesmo um ou dois tragos, ao passo que 165 (36,7%)
relataram ter fumado pelo menos uma vez na vida. Destes últimos, 93 (56,3%) tiveram
a primeira experiência até os 17 anos de idade e 72 (43,7%) acima dos 18 anos. A
taxa de prevalência entre os 16-17 anos foi a mais alta (p<0,05).
25
Tabela 1. Dados demográficos correlacionados por curso
*Não se aplica
a Teste do qui-quadrado baseado em valor de p≤0,05
Variável Educação Física
Enfermagem Farmácia Fisioterapia Medicina Nutrição Odontologia Terapia Ocupacional
Valor de Pa N % N % N % N % N % N % N % N %
Taxa de resposta
Número de alunos matriculados 120 16,5 70 9,6 80 11 70 9,6 140 19,3 60 8,3 140 19,3 45 6,2 *
Número de alunos que participaram 77 17,1 35 7,8 65 14,5 41 9,1 73 16,3 31 6,9 85 18,9 42 9,4
Idade
De 19 a 24 anos 58 75,3 35 100 55 84,6 41 100 62 85 23 74,2 65 76,5 37 88,1
De 25 a 29 14 18,2 0 0 9 13,9 0 0 10 13,7 3 9,7 15 17,6 5 11,9 30 anos ou mais 5 6,5 0 0 1 1,5 0 0 1 1,3 5 16,1 5 5,9 0 0 Gênero
Masculino 45 58,4 7 20 18 27,7 5 12,2 42 57,5 3 90,3 20 23,5 1 2,4 <0,05
Feminino 32 41,6 28 80 47 72,3 36 87,8 31 42,5 28 9,7 65 76,5 41 97,6
26
Em relação ao gênero, os homens foram mais propensos a experimentar o
cigarro (p<0,05). Dos 141 homens que participaram da pesquisa, 72 (51%) já haviam
experimentado cigarro, sendo que 43 (59,7%) experimentaram antes dos 17 anos. Já
entre as mulheres, de 308 participantes, 93 (30,2%) já fumaram ao menos uma vez,
com 50 (53,7%) dessas tendo experimentado antes dos 17 anos.
Quando perguntados se sofreram alguma influência para fumar,
independentemente do gênero, os participantes foram predispostos à influência dos
amigos/colegas (p<0,05). A Tabela 2 resume os dados da relação entre o gênero e a
experiência com o cigarro e o uso atual do cigarro.
Uso atual do cigarro
Do total de alunos participantes da pesquisa, 33 (7,3%) fumaram cigarros no
último mês, classificando-os como fumantes atuais. O curso de medicina apresentou
o maior número de tabagistas, correspondendo a 42,4% de toda a amostra (p<0,05).
A maioria dos universitários, em todos os cursos, eram usuários ocasionais (28-
84,8%).
Quando separados por gênero, os homens (19 - 15,6%) foram mais propensos
do que as mulheres (14 - 4,8%) a serem fumantes atuais (p<0,05), sendo influenciados
principalmente pelos amigos/colegas (<0,05). A Tabela 2 sumariza os dados,
associando-os com o uso atual do cigarro.
Experiência com outras formas de consumo do tabaco (tabaco de mascar, rapé,
narguilé, charutos, cachimbos)
No momento da pesquisa, 42 (9,4%) participantes afirmaram ter utilizado uma
ou mais formas de consumo do tabaco. Ao correlacionar com o gênero, não houve
diferença estatisticamente significativa (p=0,344). Entretanto, ao compararmos com o
uso atual, 17 (51,5%) dos tabagistas atuais já experimentaram outras formas de
consumo do tabaco (p<0,05). A Tabela 2 associa essa variável com o gênero,
experiência com o tabaco e uso atual.
27
Tabela 2. Gênero, experiência com o cigarro e uso atual do cigarro x Idade do experimento, influência e uso do tabaco e derivados
Variável Gênero Experiência com o cigarro Uso atual do cigarro
Masculino Feminino Valor de
P
Já experimentou Nunca experimentou Valor de
P
Usuário atual do cigarro
Não usuário do cigarro
Valor de Pa N(%) IC
95% N(%) IC
95% N(%) IC
95% N(%) IC
95% N(%) IC
95% N(%) IC
95% Quantos anos você tinha quando experimentou um cigarro pela primeira vez? Nunca fumei cigarros 69(49)
2,36
- 2,97
215(69,8)
1,81 -
2,18
<0,05
0(0)
4,09 -
4,46
284(100)
<0,05
0(0)
3,79 -
4,57
284(68,3)
1,89 -
2,21
<0.05
10 anos ou menos 4( 2,9) 8(2,6) 12(7,3) 0 0(0) 12(2,9) Entre 11-15 anos 14(9,9) 19(6,2) 33(20) 0 11(33,3) 22(5,3) Entre 16-17 25(17,7) 23(7,5) 48(29) 0 10(30,3) 38(9,1) Entre 18-19 18(12,7) 25(8,1) 43(26) 0 8(24,2) 35(8,4) Entre 20-24 10(7,1) 17(5,5) 27(16,4) 0 3(9,1) 24(5,8) Entre 25-29 anos 1(0,7) 1(0,3) 2(1,2) 0 1(3) 1(0,2) Você sofreu alguma influência ao iniciar o hábito de fumar? Nunca fumei cigarros 69(49)
1,87 -
2,29
215(69,8) 1,52
- 1,76
<0,05
0(0) 2,97
- 3,26
284(100)
<0,05
0(0) 2,86
- 3,56
284(63,3) 1,56
- 1,77
<0.05
Não tive nenhuma influência 29(20,6) 34(11) 63(38,2) 0 12(36,4) 51(12,2) Influência de familiares 6(4,2) 15(4,9) 21(12,7) 0 3(9,1) 18(4,3) Influência de amigos/colegas 37(26,2) 43(14) 80(48,5) 0 17(51,5) 63(14,1) Influência da mídia 0(0) 1(0,3) 1(0,6) 0 1(3) 0(0) Durante os últimos 30 dias (um mês), em quantos dias você fumou cigarros? 0 dias 122(86,5)
1,19
- 1,57
294(95,4)
1,03 -
1,11
<0,05
132(80)
1,28 -
1,62
284(100)
<0,05
0(0)
2,70 -
3,78
416(100) <0.05
1 ou 2 dias 6(4,2) 8(2,6) 14(8,5) 0 14(42,4) 0 3 a 5 dias 5(3,5) 5(1,6) 10(6) 0 10(30,3) 0 6 a 9 dias 1(0,7) 1(0,3) 2(1,2) 0 2(6,1) 0 10 a 19 dias 2(1,4) 0(0) 2(1,2) 0 2(6,1) 0 20 a 29 dias 4(2,9) 0(0) 4(2,4) 0 4(12,1) 0 Todos os 30 dias 1(0,7) 0(0) 1(1,2) 0 1(3) 0 Você já fumou cigarros nas instalações/propriedades da universidade? Nunca fumei 75(53,2) 1,64
- 1,95
215(69,8) 1,44 -
1,63
<0.05
6(3,6) 2,59 -
2,76
284(100) <0,05
0(0) 2,19 -
2,54
290(69,7) 1,47 -
1,64
<0.05 Sim 20(14,9) 22(7,1) 42(25,4) 0 21(63,6) 21(5)
Não nas instalações 46(32,6) 71(23,1) 117(71) 0 12(36,7) 105(25,2) Você já usou tabaco para mascar, rapé, narguile, charutos ou cachimbos? Sim 21(14,9) 1,79
- 1,91
36(11,7) 1,85 -
1,92
0,344
48(29) 1,64 -
1,78
9(3,2) 1,95 -
1,99
<0,05
17(51,5) 1,30 -
1,66
40(9,6) 1,88 -
1,93
<0.05
Não 120(85,1) 272(88,3) 117(71) 275(96,8) 16(48,5) 376(90,4)
Durante os últimos 30 dias (um mês), em quantos dias você usou tabaco para mascar, rapé, narguile, charutos ou cachimbos? 0 dias 137(97,2) 1,00
- 1,07
302(98) 1,00 -
1,05
0,425
158(95,7) 1,01 -
1,11
281(98,9) 1,01 -
1,11
0,120
28(84,9) 1,02 -
1,35
411(98,8) 1,00 -
1,03
<0.05 1 ou 2 dias 3(2,1) 5(1,6) 5(3) 3(1,1) 4(12,1) 4(1)
3 a 5 dias 1(0,7) 0(0) 1(1,2) 0 1(3) 0(0) 6 a 9 dias 0(0) 1(0,3) 1(1,2) 0 0(0) 1(0,2) Você já usou tabaco de mascar, rapé, narguile, charutos ou cachimbos nas instalações/propriedades da universidade? Nunca fumei 121(85,9) 1,14
- 1,34
276(89,6) 1,14 -
1,28
<0,05
119(72,1) 1,39 -
1,65
278(97,9) 1,39 -
1,65
<0,05
17(51,5) 1,52 -
2,18
380(91,3) 1,12 -
1,22
<0,05 Sim 6(4,2) 0(0) 6(3,6) 0 4(12,1) 2(0,5)
Não nas instalações 14(9,9) 32(10,4) 40(24,2) 6(2,1) 12(36,4) 34(8,2)
28
Uso do cigarro e derivados do tabaco nas instalações/propriedades da universidade
Dos estudantes que já experimentaram o cigarro, 42 (25,4%) já fizeram uso no
ambiente universitário. Ao levar em consideração apenas os fumantes atuais, 21
(63,6%) fumaram nesses locais (p<0,05). O gênero masculino foi mais propenso a
esta prática (p<0,05).
Em relação ao uso de outros derivados do tabaco, 6 (1,3%) alunos
responderam ter utilizado esses produtos em ambiente universitário (Tabela 2).
Exposição ao fumo passivo do tabaco
Cento e vinte e seis (28%) alunos relataram exposição ao cigarro no ambiente
onde moram nos últimos sete dias, sendo 91 do gênero feminino (72,2%) e 35 do
gênero masculino (27,3%). Quanto ao número de dias, 67 (14,9%) ficaram expostos
de 1 a 2 dias. A sua correlação com o gênero, a experiência com o tabaco e o uso
atual não foi significativa (Tabela 3).
No que se refere à exposição ao fumo passivo do tabaco em outros ambientes,
277 (61%) alunos afirmaram exposição nos últimos sete dias. Dos 277 expostos, 197
eram do gênero feminino (71,1%) e 80 do gênero masculino (28,9%).
Quanto ao número de dias, 191 (42,5%) foram expostos de 1 a 2 dias. A
correlação entre essa variável com o gênero, a experiência com o tabaco e o uso atual
não foi significativa (Tabela 3). Ao associar a exposição domiciliar com a exposição
em outros ambientes, 109 (66%) sofreram as duas exposições nos últimos sete dias,
com 44 (40,3%) ficando expostos de 1 a 2 dias (p<0,05).
29
Tabela 3. Gênero, experiência com o cigarro e uso atual do cigarro x Exposição passiva
Variável Gênero Experiência com o cigarro Uso atual do cigarro
Masculino Feminino Valor de P
Já experimentou Nunca experimentou
Valor de P
Usuário atual do cigarro
Não usuário do cigarro
Valor de Pa N(%) IC95
% N(%) IC95
% N(%) IC95
% N(%) IC95
% N(%) IC95
% N(%) IC95
% Durante os últimos 7 dias, em quantos dias as pessoas fumaram onde você mora, na sua presença? 0 dias 106(75,2)
1,33 -
1,68
217(70,4) 1,43
- 1,67
0,818
108(64,4) 1,51
- 1,87
215(75,7) 1,33
- 1,56
0,133
20(60,6) 1,41
- 2,41
303(72,8) 1,41
- 1,61
0,329 1 a 2 dias 17(12) 50(16,2) 28(17) 39(13,7) 5(15,1) 62(15) 3 a 4 dias 8(5,7) 20(6,5) 13(7,9) 15(5,3) 3(9) 25(6) 5 a 6 dias 2(1,4) 4(1,3) 4(2,4) 2(0,5) 1(3) 5(1,2) Todos os 7 dias 8(5,7) 17(5,5) 12(7,3) 13(4,6) 4(12,1) 21(5) Durante os últimos 7 dias, em quantos dias as pessoas fumaram em sua presença em lugares diferentes de onde você mora? 0 dias 61(43,3)
1,69 -
2,02
111(36) 1,86
- 2,09
0,162
58(35,2) 1,86
- 2,19
114(40,1) 1,77
- 2,00
0,703
9(27,3) 2,00 -
2,97
163(39,2) 1,80
- 1,99
0,17 1 a 2 dias 53(37,6) 138(44,8) 70(42,4) 121(42,6) 11(33,3) 180(43,3) 3 a 4 dias 20(12,2) 32(10,4) 22(13,3) 30(10,6) 6(18,2) 46(11,1) 5 a 6 dias 1(0,7) 10(3,2) 5(3) 6(2,1) 2(6,1) 9(2,2) Todos os 7 dias 6(4,2) 17(5,5) 10(6,1) 13(4,6) 5(15,1) 18(4,2)
a Teste do qui-quadrado baseado em valor de p≤0,05
30
Política de proibição do tabaco
Política oficial de proibição do cigarro e derivados do tabaco em prédios e clínicas
universitárias
Ao serem perguntados da existência de uma lei oficial que proíba o uso do
cigarro e derivados do tabaco em prédios e clínicas universitárias, 292 (65%) alunos
afirmaram não saber, 50 (11,2%) responderam que não existe nenhuma política e 107
(23,8%) que alguma proibição está prevista para esses ambientes. Entretanto, ao
levar em consideração os últimos alunos, apenas 42 (39,2%) acreditam que a lei é
aplicada (Tabela 4).
Proibição total da publicidade dos produtos do tabaco
Trezentos e cinquenta (78%) alunos acreditam que deveria haver uma
proibição total da publicidade dos produtos do tabaco. O nível de concordância a favor
da proibição total foi significativamente maior entre os não fumantes (79,80%) do que
entre os usuários atuais (54,5%) (p<0,05).
Em relação ao gênero, o nível de concordância foi significativamente maior
entre as mulheres (81,4%) em relação aos homens (70,2%) (p<0,05). Do total de 308
mulheres, 251 (81,5%) foram a favor da proibição total contra 99 (70,2%), de 141
homens. A Tabela 4 associa essa variável com o gênero, a experiência com o cigarro
e o seu uso atual.
31
Tabela 4. Cursos x Experiência com o cigarro, uso atual do cigarro e políticas de proibição na universidade
Variável Educação Física
Enfermagem Farmácia Fisioterapia Medicina Nutrição Odontologia Terapia Ocupacional
Valor de Pa N
(%) IC
95% N
(%) IC
95% N
(%) IC
95% N
(%) IC
95% N
(%) IC
95% N
(%) IC
95% N
(%) IC
95% N
(%) IC
95% Alguma vez você já tentou ou experimentou o cigarro, mesmo um ou dois tragos? Sim 31
(40,2) 1,49
- 1,71
10 (28,6)
1,56 -
1,87
21 (32,3)
1,56 -
1,79
7 (17)
1,71 -
1,95
40 (54,8)
1,34 -
1,57
11 (35,5)
1,47 -
1,832
30 (35,3)
1,54 -
1,75
15 (35,7)
1,49 -
1,79
<0,05
Não 46 (59,8)
25 (71,4)
44 (67,7)
34 (83)
33 (45,2)
20 (64,5)
55 (64,7)
27 (64,3)
Tabagismo atual Tabagista atual 4
(5,2) 1,00
- 1,10
0 (0)
5 (7,7)
1,01 -
1,14
3 (7,3)
0,99 -
1,16
14 (19,2)
1,10 -
1,28
1 (3,2)
0,97 -
1,10
2 (2,3)
1,14 -
1,33
4 (10,5)
1,00 -
1,19
<0,05
Não Tabagista 73 (94,8)
35 (100)
60 (92,3)
38 (92,7)
59 (80,8)
30 (96,8)
83 (97,7)
38 (89,5)
Sua universidade tem uma política oficial proibindo fumar em prédios escolares e clínicas? Sim, somente para prédios escolares 3
(3,9)
4,20 -
4,68
1 (2,9)
3,77 -
4,52
3 (4,6)
3,88 -
4,46
0 (0)
3,61 -
4,29
1 (1,4)
4,16 -
4,63
0 (0)
4,61 -
5,01
1 (1,2)
4,13
- 4,55
1 (2,4)
4,11 -
4,75
<0,05 Sim, apenas para clínicas 2
(2,6) 0
(0) 3
(4,6) 5
(12,2) 2
(2,7) 0
(0) 2
(2,3) 2
(4,8) Sim, para edifícios escolares e clínicas 9
(11,7) 12
(34,3) 11
(16,9) 9
(22) 16
(21,9) 2
(6,5) 18
(21,2) 4
(9,5) Nenhuma política oficia 7
(9) 2
(5,7) 11
(16,9) 10
(24,4) 2
(1,4) 2
(6,5) 10
(11,8) 6
(14,3) Não sei 56
(72,7) 20
(57,1) 37
(57) 17
(41,4) 52
(71,2) 27
(87) 54
(63,5) 29
(69) A proibição oficial de fumar na sua universidade é aplicada? Sim, a política é aplicada 5
(6,5)
3,10 -
3,57
8 (22,8)
2,71 -
3,58
6 (9,2)
2,81 -
3,35
3 (7,3)
2,70 -
3,35
8 (11)
1,04 -
1,18
1 (3,2)
3,10 -
3,57
13 (15,3)
3,07 -
3,56
5 (12)
2,99 -
3,68
<0,05 Não, a política não é aplicada 17 (22)
1 (2,8)
18 (27,7)
12 (29,3)
14 (19,2)
3 (9,7)
7 (8,2)
5 (12)
A Universidade não tem uma política oficial
2 (2,6)
4 (11,4)
6 (9,2)
7 (17)
1 (1,3)
1 (3,2)
5 (5,9)
3 (7)
Não sei 53 (68,8)
22 (62,8)
35 (53,8)
19 (46,3)
50 (68,5)
26 (83,9)
60 (70,6)
29 (69)
a Teste do qui-quadrado baseado em valor de p≤0,05
32
Atitudes dos profissionais de saúde
Quando perguntados se os profissionais de saúde servem como modelos para
seus pacientes e para o público, 389 (86,6%) alunos afirmaram que sim,
independentemente de já terem utilizado o tabaco ou não (p=0,87). Cerca de 427
(95%) alunos admitiram que os profissionais de saúde deveriam receber treinamento
específico sobre técnicas de cessação do tabaco.
Em relação ao aconselhamento dos pacientes, 443 (99%) entrevistados
acreditam que é papel dos profissionais de saúde aconselhar e informar os seus
pacientes sobre maneiras de cessar o tabagismo, 424 (95%) acharam importante que
os conselhos sejam rotineiros. Trezentos e noventa e seis (88%) alunos julgam
eficazes os conselhos, com aumento das chances de um paciente cessar o hábito
aumentam após as recomendações.
Ao serem questionados se os profissionais de saúde tabagistas são menos
propensos a aconselhar os pacientes a pararem de fumar, 280 (62,4%) pressupõem
que sim. Entretanto, ao correlacionar com o gênero, 67 (47,5%) homens acreditam
não haver relação direta (p<0,05), ao passo que apenas 102 (33,1%) mulheres
acreditam na relação direta, mostrando que o gênero está associado.
Ao relacionar as variáveis “experiência de provar o cigarro” com “menor
propensão do profissional tabagista aconselhar os seus pacientes” os usuários atuais
do tabaco acreditaram não haver relação direta (p<0,05). A Tabela 5 demonstra essa
relação com o gênero, a experiência com o tabaco e o uso atual.
Currículo/Treinamento
No que diz respeito à grade curricular, 352 (78,4%) participantes da pesquisa
relataram ter adquirido conhecimento sobre os malefícios do tabaco durante a sua
formação na universidade. Entretanto, apenas 42,5% discutiram as razões pelas quais
as pessoas fumam.
No tocante ao atendimento dos pacientes, a maioria dos alunos (75,7% - 340)
reconheceu que é importante registrar o consumo do tabaco como parte do histórico
do paciente e 225 (50,1%) afirmaram que foram ensinados sobre a importância em
fornecer materiais educacionais que auxiliem no processo de cessação desse hábito.
Contudo, uma proporção pequena de estudantes (10,2%-46) alegou ter recebido
33
alguma forma de treinamento formal sobre cessação do tabagismo para utilizar com
os pacientes.
Em termos de métodos de auxílio à cessação do tabagismo, 289 universitários
(64,4%) já ouviram falar de terapias de reposição de nicotina em programas de
cessação do tabaco e 47,4% do uso de antidepressivos nessas modalidades de
tratamento (Tabela 6).
Regressão Logística Binária
Os modelos de regressão logística binária mostraram que o uso atual do cigarro
foi significativamente associada ao curso de medicina (P=0.006, OR=4.227,
IC95%=1.504-11.884), à influência de terceiros ao iniciar o hábito de fumar (P=0.015,
OR=2.982, IC95%=1.238-7.181), a utilização de outros produtos do tabaco (P=0.000,
OR=0.120, IC95%=0.048-0.296) e à importância de registrar o histórico do uso do
tabaco como parte do histórico médico geral do paciente (P=0.006, OR=4.227,
IC95%=1.504-11.884) (Tabela 7).
Tabela 7. Uso atual do tabaco X Variáveis que tiveram valor de p <0,05 no teste do Qui-quadrado
Variáveis Uso atual do tabaco
P OR IC 95%
Sexo (0: Feminino; 1: Masculino) 0.330 1.566 0.635 -3.857
Curso (0: Medicina; 1: Outros) 0.006 4.227 1.504 -11.884
Influência ao iniciar o hábito de fumar (0: Não sofreu influência; 1: Sofreu influência de outros)
0.015 2.982 1.238 -7.181
Utilização de outros produtos do tabaco (0: Sim; 1: Não) 0.000 0.120 0.048 -0.296
Aplicação da lei antitabaco no ambiente universitário (0: A lei é aplicada; 1: A lei não é aplicada
0.086 0.350 0.106 -1.159
Deveria haver proibição total da publicidade dos produtos do tabaco? (0: Sim; 1: Não)
0.204 1.786 0.730 -4.369
Os profissionais de saúde devem aconselhar seus pacientes que fumam a parar de fumar? (0: Sim; 1: Não)
0.551 1.550 0.367 -6.539
Os profissionais que fumam cigarro são menos propensos em aconselhar os pacientes? (0: Sim; 1: Não)
0.160 2.665 0.680 -10.452
Os profissionais que utilizam outros produtos do tabaco são menos propensos em aconselhar os pacientes? (0: Sim; 1: Não)
0.926 1.065 0.283 -4.007
Durante sua formação na universidade você aprendeu que é importante registrar o histórico do uso do tabaco no prontuário do paciente? (0: Sim; 1: Não)
0.006 4.227 1.504 -11.884
Você já ouviu falar do uso de terapias de reposição de nicotina em programas de cessação do tabaco? (0: Sim; 1: Não)
0.615 0.776 0.288 -2.088
34
Tabela 5. Gênero, experiência com o cigarro e uso atual do cigarro x atitudes
a Teste do qui-quadrado baseado em valor de p≤0,05
Variável Gênero Experiência com o cigarro Uso atual do cigarro
Masculino Feminino Valor de
P
Já experimentou Nunca experimentou Valor de
P
Usuário atual do cigarro
Não usuário do cigarro
Valor de Pa N(%) IC95% N(%) IC95% N(%) IC95% N(%) IC95% N(%) IC95% N(%) IC95%
Deveria haver uma proibição total da publicidade dos produtos do tabaco? Sim 99(70,2) 1,22
- 1,37
251(81,5) 1,14 -
1,23
<0,05
116(70,3) 1,23 -
1,37
234(60,9) 1,13 -
1,22
<0,05
18(54,5) 1,28 -
1,63
332(79,8) 1,16 -
1,24
<0,05
Não 42(29,8) 57(18,5) 49(29,7) 50(39,1) 15(45,5) 84(20,2)
Os profissionais de saúde devem receber treinamento específico sobre técnicas de cessação do tabaco? Sim 130(92,2) 1,03
- 1,12
297(96,4) 1,01 -
1,06
0,054
153(92,7) 1,03 -
1,11
274(96,5) 1,01 -
1,06
0,76
30(90,9) 0,99 -
1,19
397(95,4) 1,03 -
1,07
0,247
Não 11(7,8) 11(3,6) 12(7,3) 10(3,5) 3(9,1) 19(4,6)
Os profissionais de saúde servem como "modelos" para seus pacientes e para o público? Sim 116(82,3) 1,11
- 1,24
273(88,6) 1,08 -
1,15
0,066
137(83) 1,11 -
1,23
252(88,7) 1,08 -
1,15
0,87
27(81,8) 1,04 -
1,32
362(87) 1,10 -
1,16
0,398
Não 25(17,7) 35(11,4) 28(17) 32(11,3) 6(18,2) 54(13)
Os profissionais de saúde devem rotineiramente aconselhar seus pacientes que fumam a parar de fumar? Sim 130(92,2) 1,03
- 1,12
294(95,4) 1,02 -
1,07
0,163
152(92,1) 1,04 -
1,12
272(95,8) 1,02 -
1,07
0,104
29(87,9) 1,00 -
1,24
395(95) 1,03 -
1,07
0,088
Não 11(7,8) 14(4,6) 13(7,9) 12(4,2) 4(12,1) 21(5)
Os profissionais de saúde devem aconselhar rotineiramente seus pacientes que usam outros produtos do tabaco a parar de usar esses produtos? Sim 128(90,8) 1,04
- 1,14
280(90,9) 1,06 -
1,12
0,965
147(89) 1,06 -
1,16
147(51,8) 1,05 -
1,11
0,318
29(87,9) 1,00 -
1,24
379(91,1) 1,06 -
1,12
0,536
Não 13(9,2) 28(9,1) 18(11) 23(48,2) 4(12,1) 37(8,9)
Os profissionais de saúde têm um papel em dar conselhos ou informações sobre a cessação do tabagismo aos pacientes? Sim 139(98,6) 0,99
- 1,03
304(98,7) 1,00 -
1,03
0,918
164(99,4) 0,99 -
1,02
279(98,2) 1,00 1,03
0,304
32(97) 0,97 -
1,09
411(98,8) 1,00 -
1,02
0,379
Não 2(1,4) 4(1,3) 1(0,6) 5(1,8) 1(3) 5(1,2)
As chances de um paciente parar de fumar aumentam se um profissional de saúde aconselha-lo a parar de fumar? Sim 126(89,4) 1,05
- 1,16
270(87,7) 1,09 -
1,16
0,604
142(86,1) 1,09 -
1,19
254(89,4) 1,07 -
1,14
0,285
28(84,9) 1,02 -
1,28
368(88,5) 1,08 -
1,15
0,536 Não 15(10,6) 38(12,3) 23(13,9) 30(10,6) 5(15,1) 48(11,5)
Os profissionais de saúde que fumam são menos propensos a aconselhar os pacientes a pararem de fumar? Sim 74(52,5) 1,39
- 1,56
206(66,9) 1,28 -
1,38
<0,05
86(52,1) 1,40 -
1,56
194(68,3) 1,26 -
1,37
<0,05
12(36,4) 1,46 -
1,81
268(64,4) 1,32 -
1,40
<0,05
Não 67(47,5) 102(33,1) 79(47,9) 90(31,7) 21(63,6) 148(35,6)
Os profissionais de saúde que usam outros produtos do tabaco têm menor probabilidade de aconsel0har os pacientes a pararem de fumar? Sim 84(59,6) 1,32
- 1,49
201(65,3) 1,29 -
1,40
0,246
93(56,4) 1,36 -
1,51
192(67,6) 1,27 -
1,38
<0,05
14(42,4) 1,40 -
1,75
271(65,1) 1,18 -
1,26
<0,05
Não 57(40,4) 107(34,7) 72(43,7) 92(32,4) 19(57,6) 145(34,9)
35
Tabela 6. Curso x Currículo / Treinamento
Variável Educação Física
Enfermagem Farmácia Fisioterapia Medicina Nutrição Odontologia Terapia Ocupacional
N (%)
IC 95%
N (%)
IC 95%
N (%)
IC 95%
N (%)
IC 95%
N (%)
IC 95%
N (%)
IC 95%
N (%)
IC 95%
N (%)
IC 95%
Valor de Pa
Durante sua formação na universidade você foi ensinado, em alguma de suas aulas, sobre os perigos do tabagismo? Sim 37
(48) 1,41
- 1,63
34 (97)
0,97 -
1,09
47 (72,3)
1,17 -
1,39
41 (100)
1,17 -
1,47
65 (89)
1,04 -
1,18
25 (80,6)
1,41 -
1,63
80 (94,1)
1,01 -
1,11
23 (54,8)
1,30 -
1,61
<0,05
Não 40 (52)
1 (3)
18 (27,7)
0 (0)
8 (11)
6 (19,4)
5 (5,9)
19 (45,2)
Durante sua formação na universidade você discutiu, em alguma de suas aulas, as razões pelas quais as pessoas fumam? Sim 21
(27,3) 1,63
- 1,83
16 (45,7)
1,37 -
1,72
21 (32,3)
1,56 -
1,79
28 (68,3)
1,03 -
1,26
33 (45,2)
1,43 -
1,66
11 (35,5)
1,63 -
1,83
38 (44,7)
1,45 -
1,66
23 (54,8)
1,30 -
1,61
<0,05
Não 56 (72,7)
19 (54,3)
44 (67,7)
13 (31,7)
40 (54,8)
20 (64,5)
47 (55,3)
19 (45,2)
Durante sua formação na universidade você aprendeu que é importante registrar o histórico do uso do tabaco como parte do histórico médico geral do paciente? Sim 28
(36,3) 1,53
- 1,75
32 (91,4)
0,99 -
1,18
42 (64,6)
1,23 -
1,47
35 (85,4)
1,56 -
1,85
70 (95,9)
0,99 -
1,09
27 (87,1)
1,53 -
1,75
83 (97,7)
0,99 -
1,06
23 (54,8)
1,30 -
1,61
<0,05
Não 49 (63,7)
3 (8,6)
23 (35,4)
6 (14,6)
3 (4,1)
4 (12,9)
2 (2,3)
19 (45,2)
Durante sua formação na universidade você já recebeu algum treinamento formal em abordagens de cessação do tabagismo para usá-las com pacientes? Sim 3
(3,9) 1,92
- 2,01
5 (14,3)
1,74 -
1,98
2 (3,1)
1,93 -
2,01
12 (29,3)
1,05 -
1,29
5 (6,8)
1,87 -
1,99
0 (0)
1,92 -
2,01
13 (15,3)
1,77 -
1,93
6 (14,3)
1,75 -
1,97
<0,05
Não 74 (96,1)
30 (85,7)
63 (96,9)
29 (70,7)
68 (93,2)
31 (100)
72 (84,7)
36 (85,7)
Durante a sua formação na universidade você aprendeu que é importante fornecer materiais educacionais para apoiar a cessação do tabagismo a pacientes que querem parar de fumar? Sim 14
(18,2) 1,73
- 1,91
20 (57,1)
1,26 -
1,60
28 (43,1)
1,45 -
1,69
34 (83)
0,98 -
1,07
46 (63)
1,26 -
1,48
14 (45,2)
1,26 -
1,60
51 (60)
1,29 -
1,51
18 (43)
1,42 -
1,73
<0,05
Não 63 (81,8)
15 (42,9)
37 (56,9)
7 (17)
27 (37)
17 (54,8)
34 (40)
24 (57)
Você já ouviu falar de uso de terapias de reposição de nicotina em programas de cessação de tabaco (como remendo de nicotina ou goma)? Sim 34
(44,1) 1,33
- 1,70
18 (51,4)
1,31 -
1,66
56 (86,1)
1,05 -
1,22
40 (97,5)
1,17 -
1,47
59 (80,8)
1,10 -
1,28
15 (48,4)
1,31 -
1,66
45 (53)
1,36 -
1,58
22 (52,4)
1,32 -
1,63
<0,05
Não 43 (55,9)
17 (48,6)
9 (13,9)
1 (2,5)
14 (19,2)
16 (51,6)
40 (47)
20 (47,6)
Você já ouviu falar no uso de antidepressivos em programas de cessação de tabaco? Sim 35
(45,4) 1,43
- 1,79
6 (14,1)
1,70 -
1,96
43 (66,1)
1,22 -
1,46
28 (68,3)
1,71 -
1,95
39 (53,4)
1,35 -
1,50
12 (38,7)
1,70 -
1,96
27 (31,8)
1,58 -
1,78
23 (54,8)
1,30 -
1,61
<0,05
Não 42 (54,6)
29 (82,9)
22 (33,9)
13 (31,7)
34 (46,6)
19 (61,3)
58 (68,2)
19 (45,2)
a Teste do qui-quadrado baseado em valor de p≤0,05
36
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O GHPSS foi útil na avaliação do uso e exposição, das atitudes e do
currículo/treinamento dos estudantes dos cursos de saúde pesquisados em relação
ao tabaco. Ficou constatado que esses alunos são expostos frequentemente à fumaça
do tabaco e que não são preparados para atuar na prevenção e tratamento de
pacientes tabagistas. As instituições de ensino, associadas à órgãos de saúde pública,
devem desencorajar o consumo e exposição a esses produtos, introduzindo novas
políticas preventivas no ambiente universitário. Além disso, precisam projetar e
implementar treinamento para esses futuros profissionais, capacitando-os a
desenvolver as habilidades necessárias para fornecer suporte eficaz para cessação
do tabagismo e em técnicas de aconselhamento para seus futuros profissionais.
Assim, teremos profissionais conscientes e que atuam efetivamente na orientação
antitabaco dos seus pacientes, seja na prática privada ou em serviços públicos de
saúde.
37
REFERÊNCIAS
1- WORLD HEALTH ORGANIZATION. Global Report on noncomunicable diseases 2014. 2014. Disponível em: http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/148114/1/9781564854_eng.pdf. Acesso em: 16 mai. 2016.
2- WORLD HEALTH ORGANIZATION. Tobacco, 2017. Disponível em: http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs339/en/. Acesso em: 05 out. 2017.
3 - MINISTÉRIO DA SAÚDE. Pesquisa Especial de Tabagismo PETab- Relatório Brasil 2008. 2011. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/pesquisa_especial_tabagismo_petab.pd. Acesso em: 16 mai. 2016.
4- WORLD HEALTH ORGANIZATION. Who Report on the Tobacco Epidemic, 2015. Spanish. Disponível em: http://www.who.int/tobacco/global_report/2011/exec_summary/en/ Acesso em: 30 set. 2016.
5- W WORLD HEALTH ORGANIZATION. Who Framework Convention on Tobacco Control, Genebra, p. 36, 2003.
6- HUMENIUK, R. et al. A randomized controlled trial of a brief intervention for illicit drugs linked to the Alcohol, Smoking and Substance Involvement Screening Test (ASSIST) in clients recruited from primary health-care settings in four countries. Addiction, Abingdon, v.107, n. 5, p. 957-66, 2012.
7- BOERNGEN-LACERDA, R. Early risky drug use detection in primary healthcare: how does it work in the real world? Subst Use Misuse., v. 48, n. 1, p. 147-156, 2013. 8- ENGS, R. C. The drug-use patterns of helping-profession students in Brisbane, Australia. Drug Alcohol Depend. v. 6, n. 4, p. 231-246, 1980.
9- GIACOPASSI, D.; VANDIVER, M. University students' perceptions of tobacco, cocaine, and homicide fatalities. Am J Drug Alcohol Abuse. v. 25, n. 1, p. 163-172, 1999.
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13- WORLD HEALTH ORGANIZATION. Report on the Global Tobacco Epidemic, 2008 - The MPOWER package. 2008. Disponível em: http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/43818/1/9789241596282_eng.pdf. Acesso em: 16 mai. 2016.
14- WORLD HEALTH ORGANIZATION. Informe Oms sobre la Epidemia Mundial de Tabaquismo - Advertencia sobre los peligros del Tabaco. 2011. Disponível em: http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/70681/1/WHO_NMH_TFI_11.3_spa.pdf. Acesso em: 16 mai. 2016.
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18- JEMAL, A. et al. Annual report to the nation on the status of cancer, 1975-2005, featuring trends in lung cancer, tobacco use, and tobacco control. J Natl Cancer Inst. v. 100, n. 23, p. 1672-1694, 2008.
39
19- WORLD HEALTH ORGANIZATION. Report on the Global Tobacco Epidemic, 2008 - The MPOWER package. 2008. Disponível em: http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/43818/1/9789241596282_eng.pdf Acesso em: 16 mai. 2016.
20- INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER. Observatório da Política Nacional de Controle do Tabaco- Dados numéricos prevalência do tabagismo. Disponível em: http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/observatorio_controle_tabaco/site/home/dados_numeros/prevalencia-de-tabagismo. Acesso em: 15 out. 2017.
21- BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional: 2013: percepção do estado de saúde, estilos de vida e doenças crônicas: Brasil, grandes regiões, unidades federativas, municípios das capitais e Distrito Federal. Rio de Janeiro: IBGE, 2014. 180 p.
22- LEVY, D.; DE ALMEIDA, L. M.; SZKLO, A. The Brazil SimSmoke policy simulation model: the effect of strong tobacco control policies on smoking prevalence and smoking-attributable deaths in a middle income nation. PLoS Med. v. 9, n. 11, 2012. 23- MUSSKOPF, M. L. et al. Tobacco use and smoking cessation among third-year dental students in southern Brazil. Int Dent J. v. 64, n. 6, p. 312-317, 2014. 24- CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. National Center for Chronic Disease Prevention and Health Promotion, Office of Smoking and Health, Global Tobacco Surveillance System Data (GTSSData) Disponível em: https://www.cdc.gov/tobacco/global/gtss/gtssdata/index.html. Acesso em: 18 jul. 2017.
25- MINISTÉRIO DA SAÚDE. Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco. 2011. Disponível em: http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/observatorio_controle_tabaco/site/home/c onvencao_quadro/o_que_e. Acesso em: 16 mai. 2016.
26- WARREN, C. W. et al. Tobacco use and cessation counselling: cross-country. Data from the Global Health Professions Student Survey (GHPSS), 2005-7. Tob Control. v. 17, n. 4, p. 238-247, 2008.
27- WARREN, C. W. et al. Tobacco use, exposure to secondhand smoke, and cessation counseling training of dental students around the world. J Dent Educ. v. 75, v. 3, p. 385-405, 2011.
40
28- PACELI, R. et al.Prospective analysis among medical school of University of São Paulo: GHPSS (2008/2011). European Respiratory Journal. v.40, p. 4062, 2012.
41
APÊNDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
(PARA MAIORES DE 18 ANOS OU EMANCIPADOS - Resolução 466/12)
O sr. (a) está sendo convidado a participar da pesquisa intitulada “ESTUDO DE
PREVALÊNCIA SOBRE O USO E EXPOSIÇÃO AO TABACO POR ESTUDANTES DA ÁREA
DE SAÚDE DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO”, a qual está sendo
desenvolvida por Augusto César Leal da Silva Leonel, telefone (87) 9955-5788, e-mail:
[email protected], aluno regularmente matriculado no Curso de mestrado em
Odontologia, com área de concentração em Clínica Integrada da Universidade Federal de
Pernambuco, sob a orientação do Professor Doutor Danyel Elias da Cruz Perez, professor
adjunto I da disciplina de Patologia Oral da UFPE e professor do Programa de Pós-Graduação
em Odontologia, telefone (81) 9735-0655, e-mail: [email protected].
Este Termo de Consentimento pode conter alguns tópicos que o/a senhor/a não
entenda. Caso haja alguma dúvida, pergunte à pessoa a quem está lhe entrevistando, para
que o/a senhor/a esteja bem esclarecido (a) sobre tudo que está respondendo. Após ser
esclarecido (a) sobre as informações a seguir, caso aceite em fazer parte do estudo, rubrique
as folhas e assine ao final deste documento, que está em duas vias. Uma delas é sua e a
outra é do pesquisador responsável. Em caso de recusa o (a) Sr. (a) não será penalizado (a)
de forma alguma. Também garantimos que o (a) Senhor (a) tem o direito de retirar o
consentimento da sua participação em qualquer fase da pesquisa, sem qualquer penalidade.
INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA:
O objetivo do presente estudo é determinar a prevalência do tabagismo ativo e passivo
entre alunos a partir do terceiro ano de cursos de graduação da área de saúde da
Universidade Federal de Pernambuco- Campus Recife, além de avaliar o grau de consciência
desses futuros profissionais na formação do comportamento saudável dos pacientes frente
ao tabagismo. A entrevista será realizada com os alunos a partir do terceiro ano de cursos de
graduação da área de saúde da Universidade Federal de Pernambuco- Campus Recife. Farão
parte da amostra os alunos que concordarem em participar da presente pesquisa, mediante
a assinatura deste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Solicitamos a sua colaboração para esta entrevista, que será realizada em sala de
aula, como também sua autorização para apresentar os resultados deste estudo em eventos
da área de saúde e publicá-los em revista científica. Por ocasião da análise dos dados e da
publicação dos resultados, o nome do aluno e o seu curso de graduação serão mantidos em
sigilo. Após a coleta dos dados, os mesmos serão mantidos por 5 anos no Departamento de
Clínica e Odontologia Preventiva, da Universidade Federal de Pernambuco, 4ª Travessa
Professor Artur de Sá, s/n. Cidade Universitária, Recife-PE, CEP: 50740-521. Telefone: (81)
2126-8342, sob responsabilidade do Prof. Dr. Danyel Elias da Cruz Perez.
42
Esclarecemos que sua participação no estudo é voluntária e, portanto, o (a) senhor (a)
não é obrigado (a) a fornecer as informações e/ou colaborar com as atividades solicitadas
pelo Pesquisador(a). Caso decida não participar do estudo, ou resolver a qualquer momento
desistir do mesmo, o participante deverá entrar em contato com os pesquisadores para
comunicar o seu afastamento, e isto não acarretará em qualquer dano ao mesmo.
Este estudo pode trazer um risco mínimo para os seus participantes, que seria o
constrangimento por responder às perguntas do questionário. Entretanto, este risco pode ser
minimizado porque o questionário será aplicado em sala de aula ou ainda a pesquisa poderá
ser interrompida a qualquer momento. Como benefício direto, salienta-se que os participantes
despertarão sobre os malefícios do uso do tabaco e seus derivados, os riscos à exposição
passiva desses produtos e a importância do profissional da saúde na cessação do hábito de
fumar. Além disso, a partir da coleta de dados, este trabalho levantará a prevalência do
tabagismo ativo e passivo entre alunos a partir do terceiro ano de cursos de graduação da
área de saúde da Universidade Federal de Pernambuco- Campus Recife, além de avaliar o
grau de consciência desses futuros profissionais na formação do comportamento saudável
dos pacientes frente ao tabagismo. Assim, além da própria classe ser beneficiada, os
pacientes também poderão usufruir dos resultados obtidos neste estudo.
Os dados dos participantes serão mantidos em sigilo, e não serão utilizados em
momento algum da pesquisa. Garantimos ainda o direito do participante que não deseja
participar do estudo ou também daqueles que resolvam desistir do mesmo a qualquer
momento, devendo apenas comunicar ao pesquisador responsável sobre sua decisão, o que
não acarretará em qualquer dano aos mesmos. Os pesquisadores estarão a sua disposição
no endereço e telefones acima, para quaisquer esclarecimentos que considere necessário em
qualquer etapa da pesquisa.
O (a) senhor (a) não pagará nada para participar desta pesquisa. Se houver necessidade, as despesas para a sua participação serão assumidas pelos pesquisadores (ressarcimento de transporte e alimentação). Fica também garantida indenização em casos de danos, comprovadamente decorrentes da participação na pesquisa, conforme decisão judicial ou extrajudicial.
Em caso de dúvida relacionada aos aspectos éticos, favor entrar em contato com o
Comitê de Ética em Pesquisa, do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de
Pernambuco: Comitê de Ética em Pesquisa: Av. da Engenharia, s/n, 1º andar, Cidade
Universitária, Recife-PE. CEP: 50740-600, Telefone: (81)2126-85-88. E-mail: [email protected]
___________________________________
Assinatura do Pesquisador Responsável
43
CONSENTIMENTO DA PARTICIPAÇÃO DA PESSOA COMO VOLUNTÁRIO (A) Eu, _____________________________________, CPF _________________, abaixo
assinado, após a leitura (ou a escuta da leitura) deste documento e de ter tido a oportunidade
de conversar e ter esclarecido as minhas dúvidas com o pesquisador responsável, concordo
em participar do estudo.
O sr. (a) está sendo convidado a participar da pesquisa intitulada “ESTUDO DE
PREVALÊNCIA SOBRE O USO E EXPOSIÇÃO AO TABACO POR ESTUDANTES DA ÁREA
DE SAÚDE DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO”, como voluntário (a). Fui
devidamente informado (a) e esclarecido (a) pelo(a) pesquisador (a) sobre a pesquisa, os
procedimentos nela envolvidos, assim como os possíveis riscos e benefícios decorrentes de
minha participação. Foi-me garantido que posso retirar o meu consentimento a qualquer
momento, sem que isto leve a qualquer penalidade (ou interrupção de meu acompanhamento/
assistência/tratamento).
Local e data _______________________________________________________ Assinatura do participante: ____________________________________________ (02 testemunhas não ligadas à equipe de pesquisadores):
Nome: Nome:
Assinatura: Assinatura:
Presenciamos a solicitação de consentimento, esclarecimentos sobre a pesquisa e o aceite do voluntário em participar
Impressão digital
(opcional)
44
APÊNDICE B - ARTIGO 1
Nas normas da revista Nicotine & Tobacco Research
PREVALÊNCIA DO USO E EXPOSIÇÃO AO TABACO ENTRE ESTUDANTES DE
UMA UNIVERSIDADE DO NORDESTE BRASILEIRO
Augusto César Leal da Silva Leonel Ms¹, Danyel Elias da Cruz Perez Phd¹
1Faculdade de Odontologia, Departamento de Clínica e Odontologia Preventiva,
Universidade Federal de Pernambuco, Recife-PE, Brasil.
Autor correspondente: Danyel Elias da Cruz Perez, Curso de Odontologia,
Departamento de Clínica e Odontologia Preventiva, Universidade Federal de
Pernambuco, 4ª Travessa Professor Artur de Sá, s/n. Cidade Universitária, Recife-
Pernambuco, Brasil. Telefone: (81) 9 9735-0655; E-mail: [email protected]
45
Resumo
Introdução: Uma das estratégias mais práticas para combater a epidemia global do
tabaco é envolver os profissionais de saúde nos programas de controle do tabagismo.
Porém, o fato desses profissionais também serem tabagistas pode prejudicar nesse
monitoramento adequado. O objetivo do presente estudo transversal foi determinar a
prevalência do tabagismo ativo e passivo entre os estudantes de saúde de uma
universidade do nordeste brasileiro, além de verificar o conhecimento destes sobre a
existência de alguma lei que proíba o uso do tabaco em ambiente universitário.
Metodologia: O questionário da Pesquisa Mundial sobre o Tabagismo em Estudantes
de Saúde (GHPSS) foi utilizado em oito cursos da Universidade Federal de
Pernambuco (UFPE), sendo recrutados para o estudo alunos do terceiro ano. As
variáveis foram correlacionadas através do teste do qui-quadrado e a regressão
logística verificou a associação entre o uso atual do tabaco com demais variáveis
independentes. Resultados: Dos 449 participantes da pesquisa, 37,6% já
experimentaram o cigarro pelo menos uma vez na vida, com 7,3% de fumantes atuais.
Exposição ao fumo passivo em casa na última semana foi relatada por 28% dos
estudantes, enquanto que 65% foram expostos em outros ambientes. Quanto à
existência de lei que proíba o uso do tabaco em ambiente universitário, 65% dos
estudantes afirmaram não saber da existência de alguma na UFPE. Conclusão: O
estudo revelou que uma alta porcentagem de alunos já experimentou o cigarro e que
é frequente a exposição à fumaça do tabaco. Isso indica que as instituições de ensino
associadas a órgãos de saúde precisam desencorajar o consumo e exposição entre
esses futuros profissionais. Implicações: Políticas públicas que visam a diminuição
do consumo e exposição ao cigarro podem ser implementadas no ambiente
universitário. O uso e exposição pelos futuros profissionais de saúde pode prejudicar
o combate efetivo do tabagismo na população.
Palavras-chave: uso do tabaco, fumante passivo, estudantes de profissões da saúde
Abstract
Introduction: One of the most practical strategies to combat a global tobacco
epidemic is involving health professionals in tobacco control programs. However, the
fact that people are also smokers may undermine control. The purpose of this cross -
sectional study was to determine the prevalence of active and passive smoking among
health students of a university in the Brazilian Northeast, as well as to verify their
knowledge about the existence of a law prohibiting the use of tobacco in a university
environment. The variables were correlated through the chi-square test and the logistic
regression verified the association between current tobacco use and other
independent variables. Results: Of the 449 participants in the study, 37.6% had tried
smoking at least once in their lives, with 7.3% of current smokers. Exposure to
secondhand smoke at home last week was reported by 28% of students, while 65%
were exposed in other settings. Regarding the existence of a law prohibiting the use
46
of tobacco in a university environment, 65% of the students stated that they did not
know of any in the UFPE. Conclusion: The study revealed that a high percentage of
students have already experienced cigarette smoking and that many are often exposed
to tobacco smoke. This indicates that educational institutions associated with public
health agencies need to discourage such consumption and exposure among these
future professionals. Implications: Public policies aimed at reducing consumption and
exposure to cigarettes can be implemented in the university environment. Such use
and exposure by students may be detrimental to the effective combat of smoking.
Keywords: tobacco use, passive smoking, health professionals students.
Introdução
O tabaco é o único produto de consumo legal que pode prejudicar todos os
expostos a ele - e mata até metade das pessoas que o usam.1,2 Ainda assim, o seu
consumo é comum em todo o mundo devido, principalmente, à dependência física e
psicológica. A maioria dos seus danos à saúde se tornam evidentes anos ou mesmo
décadas após o início da sua utilização.2
Mundialmente, existe aproximadamente 1,3 bilhões de tabagistas, tendo uma
taxa anual de mais de 7 milhões de mortes, sendo um milhão delas nas Américas.3,4
Mais de 6 milhões dessas mortes resultam do uso direto do tabaco, enquanto que
cerca de 890.000 equivale aos não fumantes expostos ao fumo passivo.4 Se a
tendência atual continuar, em 2030 o tabaco matará cerca de 8 milhões de pessoas
por ano, sendo que 80% das mortes ocorrerão nos países da baixa e média renda.3,5
A fim de combater a epidemia global do tabaco, a Organização Mundial de
Saúde (OMS) criou a Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT-OMS),
um tratado baseado em evidências que reafirma o direito das pessoas ao mais alto
padrão de saúde e fornece dimensões legais para a cooperação internacional em
saúde. Dentre as suas medidas, encontra-se a proteção da população contra o uso e
exposição ao tabaco, além da oferta de ajuda àqueles que desejam cessar o hábito.6
Uma das maneiras mais práticas, eficazes e econômicas de colocar essas
medidas em ação é sensibilizando estudantes e profissionais da saúde sobre o seu
papel como conselheiros na prevenção e cessação do tabagismo, assim como o seu
exemplo de modelo a ser seguido pela comunidade.7,8 Entretanto, o fato desses
profissionais também serem tabagistas pode prejudicar no controle adequado do
47
hábito. Sua exposição ao fumo passivo também pode afetar seu desempenho neste
campo.8
No Brasil, os dados referentes ao tema são escassos. Apenas quatro cidades
brasileiras foram estudadas utilizando a metodologia proposta pela OMS. Diante do
exposto, o objetivo do presente estudo foi determinar a prevalência do tabagismo ativo
e passivo entre os estudantes dos cursos de saúde da Universidade Federal de
Pernambuco (UFPE), além de verificar se as leis antitabagismo para recintos
coletivos, privados ou públicos são respeitadas no ambiente universitário.
Metodologia
O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do
Centro de Ciências da Saúde (CCS), da UFPE (CAE: 63685317.4.0000.5208). Trata-
se de um estudo transversal, cuja amostra foi composta por estudantes dos cursos de
graduação em Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Medicina,
Nutrição, Odontologia e Terapia Ocupacional da UFPE, situada na cidade do Recife,
Pernambuco, Brasil.
A coleta dos dados foi realizada entre os meses de março e junho de 2017,
utilizando a metodologia proposta pela Pesquisa Mundial sobre o Tabagismo em
Estudantes de Saúde (GHPSS).9 Esta metodologia avalia estudantes do terceiro ano
dos cursos de saúde, considerando que, na maioria dos países, esses acadêmicos
estão em níveis avançados do seu treinamento.10
A GHPSS é um questionário padrão composto por 42 questões divididas em
seis áreas: Prevalência de uso de tabaco, Exposição ambiental à fumaça de tabaco,
Atitudes frente ao tabagismo, Comportamento e cessação, Currículo e treinamento e
Dados demográficos.11,12 Para o presente estudo, foram selecionadas do questionário
padrão as seções Demografia, Prevalência do uso do cigarro e derivados do tabaco e
Exposição ao fumo passivo do tabaco, sendo compostas, no total, por 15 questões.
Os estudantes participantes da pesquisa responderam o questionário GHPSS
(traduzido para o português, adaptado e validado)13 tendo como critérios de inclusão:
ser aluno do terceiro ano de algum curso da área de saúde da UFPE e estar presente
em sala de aula no momento da pesquisa.
48
A pesquisa foi realizada nas salas de aula durante as atividades acadêmicas
regulares em datas e horários previamente combinados e autorizados pelos
coordenadores e professores de cada curso. Os objetivos e metodologia foram
explicados aos estudantes e então lhes foi dado tempo para responderem o
questionário anônimo, individual e auto-administrado. As respostas foram marcadas
no próprio questionário, devendo ser assinalada a alternativa de escolha.
As respostas das variáveis foram tabuladas e analisadas através no programa
de computador IBM SPSS Statistics 20.0 (IBM Corporation, New York, United States).
Na análise dos dados, foram considerados fumantes atuais aqueles alunos que
fumaram pelo menos um dia nos últimos 30 dias anteriores à pesquisa. Dentro do
grupo de fumantes atuais foram subclassificados em fumantes ocasionais aqueles
alunos que fumaram numa frequência inferior a 20 dias nos 30 dias anteriores à
pesquisa.3 A estatística descritiva foi realizada para todas as variáveis, sendo
apresentadas em porcentagem e número. As associações entre as variáveis foram
realizadas com o teste do qui-quadrado, com um valor de p≤0,05 tomado como o limiar
para a significância estatística e a regressão logística binária serviu para avaliar a
relação entre o uso atual do tabaco e variáveis independentes. Todos os resultados
apresentam uma margem de erro de ± 5% (Intervalo de confiança de 95%).
Resultados
A UFPE - campus Recife, apresentou, no primeiro semestre letivo de 2017, 725
alunos matriculados no terceiro ano dos cursos do CCS participantes do estudo.
Desses, 565 estavam em sala de aula no momento da pesquisa.
O conjunto de dados finais foi construído utilizando informações de 449
estudantes, depois de excluir 116 (20,5%) participantes que não responderam o
instrumento da pesquisa. A taxa global de resposta foi de 79,5% (Tabela 1).
49
Dados demográficos
A amostra do estudo consistiu principalmente de mulheres (308-68,6%), tendo
uma variação de 97,6% no curso de terapia ocupacional a 41,5% no curso de
educação física (p<0,05). A faixa etária de maior prevalência, independentemente do
curso, foi a de 19 a 24 anos, correspondendo a 83,7% de toda a amostra (p<0,05). A
Tabela 1 sumariza os dados demográficos por curso.
Uso do tabaco
Experiência com o cigarro
No momento da pesquisa, 284 entrevistados (63,3%) nunca tinham
experimentado o cigarro, mesmo um ou dois tragos, ao passo que 165 (36,7%)
relataram ter fumado pelo menos uma vez na vida. Destes últimos, 93 (56,3%) tiveram
a primeira experiência até os 17 anos de idade e 72 (43,7%) acima dos 18 anos. A
taxa de prevalência entre os 16-17 anos foi a mais alta (p<0,05).
50
Tabela 1. Dados demográficos correlacionados por curso
*Não se aplica
a Teste do qui-quadrado baseado em valor de p≤0,05
Variável Educação Física
Enfermagem Farmácia Fisioterapia Medicina Nutrição Odontologia Terapia Ocupacional
Valor de Pa N % N % N % N % N % N % N % N %
Taxa de resposta
Número de alunos matriculados 120 16,5 70 9,6 80 11 70 9,6 140 19,3 60 8,3 140 19,3 45 6,2 *
Número de alunos que participaram 77 17,1 35 7,8 65 14,5 41 9,1 73 16,3 31 6,9 85 18,9 42 9,4
Idade
De 19 a 24 anos 58 75,3 35 100 55 84,6 41 100 62 85 23 74,2 65 76,5 37 88,1
De 25 a 29 14 18,2 0 0 9 13,9 0 0 10 13,7 3 9,7 15 17,6 5 11,9 30 anos ou mais 5 6,5 0 0 1 1,5 0 0 1 1,3 5 16,1 5 5,9 0 0 Gênero
Masculino 45 58,4 7 20 18 27,7 5 12,2 42 57,5 3 90,3 20 23,5 1 2,4 <0,05
Feminino 32 41,6 28 80 47 72,3 36 87,8 31 42,5 28 9,7 65 76,5 41 97,6
51
Em relação ao gênero, os homens foram mais propensos a experimentar o
cigarro (p<0,05). Dos 141 homens que participaram da pesquisa, 72 (51%) já haviam
experimentado cigarro, sendo que 43 (59,7%) experimentaram antes dos 17 anos. Já
entre as mulheres, de 308 participantes, 93 (30,2%) já fumaram ao menos uma vez,
com 50 (53,7%) dessas tendo experimentado antes dos 17 anos.
Quando perguntados se sofreram alguma influência para fumar,
independentemente do gênero, os participantes foram predispostos à influência dos
amigos/colegas (p<0,05). A Tabela 2 resume os dados da relação entre o gênero e a
experiência com o cigarro e o uso atual do cigarro.
Uso atual do cigarro
Do total de alunos participantes da pesquisa, 33 (7,3%) fumaram cigarros no
último mês, classificando-os como fumantes atuais. O curso de medicina apresentou
o maior número de tabagistas, correspondendo a 42,4% de toda a amostra (p<0,05).
A maioria dos universitários, em todos os cursos, eram usuários ocasionais (28-
84,8%).
Quando separados por gênero, os homens (19 - 15,6%) foram mais propensos
do que as mulheres (14 - 4,8%) a serem fumantes atuais (p<0,05), sendo influenciados
principalmente pelos amigos/colegas (<0,05). A Tabela 2 sumariza os dados,
associando-os com o uso atual do cigarro.
Experiência com outras formas de consumo do tabaco (tabaco de mascar, rapé,
narguilé, charutos, cachimbos)
No momento da pesquisa, 42 (9,4%) participantes afirmaram ter utilizado uma
ou mais formas de consumo do tabaco. Ao correlacionar com o gênero, não houve
diferença estatisticamente significativa (p=0,344). Entretanto, ao compararmos com o
uso atual, 17 (51,5%) dos tabagistas atuais já experimentaram outras formas de
consumo do tabaco (p<0,05). A Tabela 2 associa essa variável com o gênero,
experiência com o tabaco e uso atual.
52
Tabela 2. Gênero, experiência com o cigarro e uso atual do cigarro x Idade do experimento, influência e uso do tabaco e derivados
Variável Gênero Experiência com o cigarro Uso atual do cigarro
Masculino Feminino Valor de
P
Já experimentou Nunca experimentou Valor de
P
Usuário atual do cigarro
Não usuário do cigarro
Valor de Pa N(%) IC
95% N(%) IC
95% N(%) IC
95% N(%) IC
95% N(%) IC
95% N(%) IC
95% Quantos anos você tinha quando experimentou um cigarro pela primeira vez? Nunca fumei cigarros 69(49)
2,36
- 2,97
215(69,8)
1,81 -
2,18
<0,05
0(0)
4,09 -
4,46
284(100)
<0,05
0(0)
3,79 -
4,57
284(68,3)
1,89 -
2,21
<0.05
10 anos ou menos 4( 2,9) 8(2,6) 12(7,3) 0 0(0) 12(2,9) Entre 11-15 anos 14(9,9) 19(6,2) 33(20) 0 11(33,3) 22(5,3) Entre 16-17 25(17,7) 23(7,5) 48(29) 0 10(30,3) 38(9,1) Entre 18-19 18(12,7) 25(8,1) 43(26) 0 8(24,2) 35(8,4) Entre 20-24 10(7,1) 17(5,5) 27(16,4) 0 3(9,1) 24(5,8) Entre 25-29 anos 1(0,7) 1(0,3) 2(1,2) 0 1(3) 1(0,2) Você sofreu alguma influência ao iniciar o hábito de fumar? Nunca fumei cigarros 69(49)
1,87 -
2,29
215(69,8) 1,52
- 1,76
<0,05
0(0) 2,97
- 3,26
284(100)
<0,05
0(0) 2,86
- 3,56
284(63,3) 1,56
- 1,77
<0.05
Não tive nenhuma influência 29(20,6) 34(11) 63(38,2) 0 12(36,4) 51(12,2) Influência de familiares 6(4,2) 15(4,9) 21(12,7) 0 3(9,1) 18(4,3) Influência de amigos/colegas 37(26,2) 43(14) 80(48,5) 0 17(51,5) 63(14,1) Influência da mídia 0(0) 1(0,3) 1(0,6) 0 1(3) 0(0) Durante os últimos 30 dias (um mês), em quantos dias você fumou cigarros? 0 dias 122(86,5)
1,19
- 1,57
294(95,4)
1,03 -
1,11
<0,05
132(80)
1,28 -
1,62
284(100)
<0,05
0(0)
2,70 -
3,78
416(100) <0.05
1 ou 2 dias 6(4,2) 8(2,6) 14(8,5) 0 14(42,4) 0 3 a 5 dias 5(3,5) 5(1,6) 10(6) 0 10(30,3) 0 6 a 9 dias 1(0,7) 1(0,3) 2(1,2) 0 2(6,1) 0 10 a 19 dias 2(1,4) 0(0) 2(1,2) 0 2(6,1) 0 20 a 29 dias 4(2,9) 0(0) 4(2,4) 0 4(12,1) 0 Todos os 30 dias 1(0,7) 0(0) 1(1,2) 0 1(3) 0 Você já fumou cigarros nas instalações/propriedades da universidade? Nunca fumei 75(53,2) 1,64
- 1,95
215(69,8) 1,44 -
1,63
<0.05
6(3,6) 2,59 -
2,76
284(100) <0,05
0(0) 2,19 -
2,54
290(69,7) 1,47 -
1,64
<0.05 Sim 20(14,9) 22(7,1) 42(25,4) 0 21(63,6) 21(5)
Não nas instalações 46(32,6) 71(23,1) 117(71) 0 12(36,7) 105(25,2) Você já usou tabaco para mascar, rapé, narguile, charutos ou cachimbos? Sim 21(14,9) 1,79
- 1,91
36(11,7) 1,85 -
1,92
0,344
48(29) 1,64 -
1,78
9(3,2) 1,95 -
1,99
<0,05
17(51,5) 1,30 -
1,66
40(9,6) 1,88 -
1,93
<0.05
Não 120(85,1) 272(88,3) 117(71) 275(96,8) 16(48,5) 376(90,4)
Durante os últimos 30 dias (um mês), em quantos dias você usou tabaco para mascar, rapé, narguile, charutos ou cachimbos? 0 dias 137(97,2) 1,00
- 1,07
302(98) 1,00 -
1,05
0,425
158(95,7) 1,01 -
1,11
281(98,9) 1,01 -
1,11
0,120
28(84,9) 1,02 -
1,35
411(98,8) 1,00 -
1,03
<0.05 1 ou 2 dias 3(2,1) 5(1,6) 5(3) 3(1,1) 4(12,1) 4(1)
3 a 5 dias 1(0,7) 0(0) 1(1,2) 0 1(3) 0(0) 6 a 9 dias 0(0) 1(0,3) 1(1,2) 0 0(0) 1(0,2) Você já usou tabaco de mascar, rapé, narguile, charutos ou cachimbos nas instalações/propriedades da universidade? Nunca fumei 121(85,9) 1,14
- 1,34
276(89,6) 1,14 -
1,28
<0,05
119(72,1) 1,39 -
1,65
278(97,9) 1,39 -
1,65
<0,05
17(51,5) 1,52 -
2,18
380(91,3) 1,12 -
1,22
<0,05 Sim 6(4,2) 0(0) 6(3,6) 0 4(12,1) 2(0,5)
Não nas instalações 14(9,9) 32(10,4) 40(24,2) 6(2,1) 12(36,4) 34(8,2)
53
Uso do cigarro e derivados do tabaco nas instalações/propriedades da universidade
Dos estudantes que já experimentaram o cigarro, 42 (25,4%) já fizeram uso no
ambiente universitário. Ao levar em consideração apenas os fumantes atuais, 21
(63,6%) fumaram nesses locais (p<0,05). O gênero masculino foi mais propenso a
esta prática (p<0,05).
Em relação ao uso de outros derivados do tabaco, 6 (1,3%) alunos
responderam ter utilizado esses produtos em ambiente universitário (Tabela 2).
Exposição ao fumo passivo do tabaco
Cento e vinte e seis (28%) alunos relataram exposição ao cigarro no ambiente
onde moram nos últimos sete dias, sendo 91 do gênero feminino (72,2%) e 35 do
gênero masculino (27,3%). Quanto ao número de dias, 67 (14,9%) ficaram expostos
de 1 a 2 dias. A sua correlação com o gênero, a experiência com o tabaco e o uso
atual não foi significativa (Tabela 3).
No que se refere à exposição ao fumo passivo do tabaco em outros ambientes,
277 (61%) alunos afirmaram exposição nos últimos sete dias. Dos 277 expostos, 197
eram do gênero feminino (71,1%) e 80 do gênero masculino (28,9%).
Quanto ao número de dias, 191 (42,5%) foram expostos de 1 a 2 dias. A
correlação entre essa variável com o gênero, a experiência com o tabaco e o uso atual
não foi significativa (Tabela 3). Ao associar a exposição domiciliar com a exposição
em outros ambientes, 109 (66%) sofreram as duas exposições nos últimos sete dias,
com 44 (40,3%) ficando expostos de 1 a 2 dias (p<0,05).
54
Tabela 3. Gênero, experiência com o cigarro e uso atual do cigarro x Exposição passiva
Variável Gênero Experiência com o cigarro Uso atual do cigarro
Masculino Feminino Valor de P
Já experimentou Nunca experimentou
Valor de P
Usuário atual do cigarro
Não usuário do cigarro
Valor de Pa N(%) IC95
% N(%) IC95
% N(%) IC95
% N(%) IC95
% N(%) IC95
% N(%) IC95
% Durante os últimos 7 dias, em quantos dias as pessoas fumaram onde você mora, na sua presença? 0 dias 106(75,2)
1,33 -
1,68
217(70,4) 1,43
- 1,67
0,818
108(64,4) 1,51
- 1,87
215(75,7) 1,33
- 1,56
0,133
20(60,6) 1,41
- 2,41
303(72,8) 1,41
- 1,61
0,329 1 a 2 dias 17(12) 50(16,2) 28(17) 39(13,7) 5(15,1) 62(15) 3 a 4 dias 8(5,7) 20(6,5) 13(7,9) 15(5,3) 3(9) 25(6) 5 a 6 dias 2(1,4) 4(1,3) 4(2,4) 2(0,5) 1(3) 5(1,2) Todos os 7 dias 8(5,7) 17(5,5) 12(7,3) 13(4,6) 4(12,1) 21(5) Durante os últimos 7 dias, em quantos dias as pessoas fumaram em sua presença em lugares diferentes de onde você mora? 0 dias 61(43,3)
1,69 -
2,02
111(36) 1,86
- 2,09
0,162
58(35,2) 1,86
- 2,19
114(40,1) 1,77
- 2,00
0,703
9(27,3) 2,00 -
2,97
163(39,2) 1,80
- 1,99
0,17 1 a 2 dias 53(37,6) 138(44,8) 70(42,4) 121(42,6) 11(33,3) 180(43,3) 3 a 4 dias 20(12,2) 32(10,4) 22(13,3) 30(10,6) 6(18,2) 46(11,1) 5 a 6 dias 1(0,7) 10(3,2) 5(3) 6(2,1) 2(6,1) 9(2,2) Todos os 7 dias 6(4,2) 17(5,5) 10(6,1) 13(4,6) 5(15,1) 18(4,2)
a Teste do qui-quadrado baseado em valor de p≤0,05
55
Política de proibição do tabaco
Política oficial de proibição do cigarro e derivados do tabaco em prédios e clínicas
universitárias
Ao serem perguntados da existência de uma lei oficial que proíba o uso do
cigarro e derivados do tabaco em prédios e clínicas universitárias, 292 (65%) alunos
afirmaram não saber, 50 (11,2%) responderam que não existe nenhuma política e 107
(23,8%) que alguma proibição está prevista para esses ambientes. Entretanto, ao
levar em consideração os últimos alunos, apenas 42 (39,2%) acreditam que a lei é
aplicada (Tabela 4).
Proibição total da publicidade dos produtos do tabaco
Trezentos e cinquenta (78%) alunos acreditam que deveria haver uma
proibição total da publicidade dos produtos do tabaco. O nível de concordância a favor
da proibição total foi significativamente maior entre os não fumantes (79,80%) do que
entre os usuários atuais (54,5%) (p<0,05).
Em relação ao gênero, o nível de concordância foi significativamente maior
entre as mulheres (81,4%) em relação aos homens (70,2%) (p<0,05). Do total de 308
mulheres, 251 (81,5%) foram a favor da proibição total contra 99 (70,2%), de 141
homens. A Tabela 4 associa essa variável com o gênero, a experiência com o cigarro
e o seu uso atual.
56
Tabela 4. Cursos x Experiência com o cigarro, uso atual do cigarro e políticas de proibição na universidade
Variável Educação Física
Enfermagem Farmácia Fisioterapia Medicina Nutrição Odontologia Terapia Ocupacional
Valor de Pa N
(%) IC
95% N
(%) IC
95% N
(%) IC
95% N
(%) IC
95% N
(%) IC
95% N
(%) IC
95% N
(%) IC
95% N
(%) IC
95% Alguma vez você já tentou ou experimentou o cigarro, mesmo um ou dois tragos? Sim 31
(40,2) 1,49
- 1,71
10 (28,6)
1,56 -
1,87
21 (32,3)
1,56 -
1,79
7 (17)
1,71 -
1,95
40 (54,8)
1,34 -
1,57
11 (35,5)
1,47 -
1,832
30 (35,3)
1,54 -
1,75
15 (35,7)
1,49 -
1,79
<0,05
Não 46 (59,8)
25 (71,4)
44 (67,7)
34 (83)
33 (45,2)
20 (64,5)
55 (64,7)
27 (64,3)
Tabagismo atual Tabagista atual 4
(5,2) 1,00
- 1,10
0 (0)
5 (7,7)
1,01 -
1,14
3 (7,3)
0,99 -
1,16
14 (19,2)
1,10 -
1,28
1 (3,2)
0,97 -
1,10
2 (2,3)
1,14 -
1,33
4 (10,5)
1,00 -
1,19
<0,05
Não Tabagista 73 (94,8)
35 (100)
60 (92,3)
38 (92,7)
59 (80,8)
30 (96,8)
83 (97,7)
38 (89,5)
Sua universidade tem uma política oficial proibindo fumar em prédios escolares e clínicas? Sim, somente para prédios escolares 3
(3,9)
4,20 -
4,68
1 (2,9)
3,77 -
4,52
3 (4,6)
3,88 -
4,46
0 (0)
3,61 -
4,29
1 (1,4)
4,16 -
4,63
0 (0)
4,61 -
5,01
1 (1,2)
4,13
- 4,55
1 (2,4)
4,11 -
4,75
<0,05 Sim, apenas para clínicas 2
(2,6) 0
(0) 3
(4,6) 5
(12,2) 2
(2,7) 0
(0) 2
(2,3) 2
(4,8) Sim, para edifícios escolares e clínicas 9
(11,7) 12
(34,3) 11
(16,9) 9
(22) 16
(21,9) 2
(6,5) 18
(21,2) 4
(9,5) Nenhuma política oficia 7
(9) 2
(5,7) 11
(16,9) 10
(24,4) 2
(1,4) 2
(6,5) 10
(11,8) 6
(14,3) Não sei 56
(72,7) 20
(57,1) 37
(57) 17
(41,4) 52
(71,2) 27
(87) 54
(63,5) 29
(69) A proibição oficial de fumar na sua universidade é aplicada? Sim, a política é aplicada 5
(6,5)
3,10 -
3,57
8 (22,8)
2,71 -
3,58
6 (9,2)
2,81 -
3,35
3 (7,3)
2,70 -
3,35
8 (11)
1,04 -
1,18
1 (3,2)
3,10 -
3,57
13 (15,3)
3,07 -
3,56
5 (12)
2,99 -
3,68
<0,05 Não, a política não é aplicada 17 (22)
1 (2,8)
18 (27,7)
12 (29,3)
14 (19,2)
3 (9,7)
7 (8,2)
5 (12)
A Universidade não tem uma política oficial
2 (2,6)
4 (11,4)
6 (9,2)
7 (17)
1 (1,3)
1 (3,2)
5 (5,9)
3 (7)
Não sei 53 (68,8)
22 (62,8)
35 (53,8)
19 (46,3)
50 (68,5)
26 (83,9)
60 (70,6)
29 (69)
a Teste do qui-quadrado baseado em valor de p≤0,05
57
Regressão Logística Binária
Os modelos de regressão logística binária mostraram que o uso atual do cigarro
foi significativamente associada ao curso de medicina (P=0.006, OR=4.227,
IC95%=1.504-11.884), à influência de terceiros ao iniciar o hábito de fumar (P=0.015,
OR=2.982, IC95%=1.238-7.181) e a utilização de outros produtos do tabaco (P=0.000,
OR=0.120, IC95%=0.048-0.296) (Tabela 5).
Tabela 5. Uso atual do tabaco X Sexo, Curso, Influência ao iniciar o hábito de fumar, Utilização de
outros produtos do tabaco, Aplicação da lei antitabaco no ambiente universitário e Proibição total da
publicidade dos produtos do tabaco
Variáveis Uso atual do tabaco
P OR IC 95%
Sexo (0: Feminino; 1: Masculino) 0.330 1.566 0.635 -3.857
Curso (0: Medicina; 1: Outros) 0.006 4.227 1.504 -11.884
Influência ao iniciar o hábito de fumar (0: Não sofreu influência; 1: Sofreu influência de outros)
0.015 2.982 1.238 -7.181
Utilização de outros produtos do tabaco (0: Sim; 1: Não) 0.000 0.120 0.048 -0.296
Aplicação da lei antitabaco no ambiente universitário (0: A lei é aplicada; 1: A lei não é aplicada
0.086 0.350 0.106 -1.159
Deveria haver proibição total da publicidade dos produtos do tabaco? (0: Sim; 1: Não)
0.204 1.786 0.730 -4.369
Discussão
O uso do tabaco entre os profissionais de saúde é de particular interesse na
área de vigilância ao tabagismo, uma vez que eles não são apenas responsáveis pelos
cuidados de saúde e educação para questões relacionadas ao tabaco, como
cessação e exposição ao fumo passivo, mas também são modelos na
comunidade.10,14 No Brasil, a forma mais comum de consumo do tabaco é o cigarro.4
O presente estudo revelou que 36,7% dos estudantes dos cursos de saúde já
experimentaram o cigarro ao menos uma vez na vida e, destes, 7,3% são tabagistas
atuais. Ao compararmos o último dado com outros encontrados em cidades brasileiras
que utilizaram a mesma metodologia de estudo, podemos observar uma menor
prevalência , visto que a taxa nacional foi de 13,7%, variando de 10,7% em João
Pessoa a 18% em Campo Grande.15,16 A nível mundial, um estudo realizado na China
revelou um número de 6,9%, enquanto que na Grécia e na Itália houve uma
58
prevalência de 32,2% e 38,2%, respectivamente.17,18,19 O contraste nas prevalências
pode ser justificado pelas diferentes culturas e costumes de cada país, mesmo tendo
leis nacionais antitabagismo implementadas.
Ao compararmos a prevalência de uso do tabaco entre os cursos de saúde da
UFPE, podemos observar que a medicina apresentou a maior prevalência de alunos
que já experimentaram o cigarro (40 – 24,2%), assim como a de usuários atuais (14 –
42,4%). Um estudo realizado por Surani et al., 2012 revelou dados semelhantes, onde
40% dos estudantes usuários atuais eram desse mesmo curso.20 Fatores
desencadeadores, como a pressão que o estudante de medicina está submetido, a
carga-horária excessiva, a privação do convívio familiar e do lazer, o cansaço e a
tentativa de aliviar o estresse, possivelmente contribuem para a gênese dessa alta
prevalência.21,22
A maioria dos universitários fumantes de cigarros eram usuários ocasionais
(84,8%), dados semelhantes aos de Florianópolis (84,1%).15,16 Este resultado reforça
a importância de se investir em cessação do tabagismo ao longo da graduação, uma
vez que o tratamento é mais difícil para usuários com níveis altos de dependência e
pelo fato de que estes universitários são futuros formadores de opinião.3
Estudos revelam que os hábitos, a cultura e o meio em que se vive
desempenham papel fundamental na determinação comportamental dos indivíduos
frente ao tabagismo. Adolescentes e adultos jovens são os grupos mais vulneráveis
ao início desse hábito, sendo influenciados principalmente por amigos e por membros
da família.23,24,25 Neste estudo, constatamos que os dados epidemiológicos também
são válidos para os estudantes universitários, dentre o quais 99,6% dos participantes
afirmaram ter experimentado o cigarro até os 24 anos de idade, sendo a faixa etária
entre os 16 e 17 anos de idade a mais prevalente, independentemente do gênero.
Quanto a influência, quase metade dos estudantes (48,5%) foram influenciados por
amigos/colegas e 12,7% por familiares. Esse achado é semelhante aos relatados pela
OMS e por outros estudos realizados com o mesmo público.24,25,26,27
O adolescente, por estar em uma fase de transição, passa por diversas
situações de estresse e de insegurança, a começar pelo desconforto perante as
modificações em seu corpo. O cigarro é frequentemente utilizado em situações de
nervosismo, frustração, tensão e aborrecimento, a fim de controlar ou minimizar esses
59
problemas. Além disso, o período da adolescência caracteriza-se por um marcado
interesse na socialização, identificação e aceitação do indivíduo perante seus pares,
levando o adolescente a seguir modelos nos grupos, o que, sem dúvida, será
importante para a formação de sua identidade adulta. Por fim, padrões familiares
podem ser mantidos pelo hábito tabágico, reforçando a ideia de que o modelo constitui
um fator de importância na determinação do hábito de fumar.28
Referente à exposição passiva ao tabaco, já existem evidências conclusivas
sobre a associação entre esta modalidade de tabagismo e vários agravos à saúde,
fazendo com que a Agência Internacional de Investigação sobre o Câncer, em 2004,
classificasse-o como agente cancerígeno humano.29,30 Por isso, uma das seis políticas
eficazes propostas pela OMS para reduzir a carga global de doenças relacionadas a
este produto é proteger as pessoas dessa fumaça, sendo necessário o envolvimento
dos profissionais da saúde no combate.31 Esta investigação revelou que 28,1% dos
universitários que participaram da pesquisa foram expostos ao fumo passivo no
ambiente em que vivem, enquanto que 61,7% em outros lugares diferentes de onde
moram. Em outros estudos no Brasil, a taxa de exposição em casa variou de 18,5%
em Campo Grande a 28,3% no Rio de Janeiro; já a nível mundial, de 16,8% na Coréia
do Sul a 70% na Albânia. Quanto à exposição em outros ambientes, a taxa foi de
38,4% na Argélia a 95,8% na Albânia.12,15,16
Quando perguntados especificamente sobre o uso de cigarros na universidade,
9,4% dos universitários afirmaram já ter fumado neste ambiente. Esse dado foi
semelhante ao encontrado em outras cidades brasileiras, onde a média de resposta
afirmativa foi de 11%, sendo maior em Campo Grande e Rio de Janeiro (16,4%) e
menor em Florianópolis (3,9%).15,16 Considerando que as instituições de ensino em
saúde têm a responsabilidade social de promover estilos de vidas saudáveis, faz-se
necessário que esses locais reforcem a implementação da Portaria interministerial
1498, de 2002. Esta portaria recomenda que centros de ensino efetivem programas
de ambientes livres da poluição tabagística ambiental, além da elaboração de novas
estratégias de promoção da saúde.32
Após a OMS introduzir a CQCT, diversos países implementaram juridicamente
medidas contra o tabagismo.2,6 Com relação a legislação brasileira, 76,1% dos
universitários entrevistados relataram não ter ou não saber da existência de leis que
proíbam o uso do cigarro em prédios escolares e clínicas. Esses dados refletem o
60
desconhecimento dos universitários sobre a Lei 12546/2011, a qual proíbe o uso de
cigarros, cigarrilhas, charutos, cachimbos ou de qualquer outro produto fumígero,
derivado ou não do tabaco, em recinto fechado, privado ou público, o que inclui
repartições públicas, os hospitais e postos de saúde, as salas de aula, as bibliotecas,
e os recintos de trabalho coletivo.33 Em contraste com esse resultado, mais de 40%
dos estudantes avaliados pelo estudo brasileiro “Vigilância de Tabagismo em
Universitários da Área de Saúde” referiram que suas universidades possuíam uma
norma oficial que proíbe fumar nos prédios e clínicas e que as mesmas são
cumpridas.15,16
O tabagismo entre os profissionais de saúde traz várias consequências para a
sociedade. Primeiramente, este hábito aumenta a morbimortalidade desses
profisisonais, acarretando em um impacto na saúde ao diminuir os seus anos de
produtividade. Em segundo, os profissionais de saúde que fumam são menos
propensos a se envolverem em esforços de prevenção e cessação do tabagismo, o
que pode impedir a prevenção de várias doenças relacionadas a esse agravo.34,35
Diante disso, há necessidade de institutos de saúde e centros educacionais
assumirem com maior responsabilidade o combate ao tabagismo nos seus ambientes
através da promoção de hábitos saudáveis e práticas para não fumadores.36
Conclusão
Os resultados do presente estudo revelaram que uma alta porcentagem de
alunos dos cursos de saúde da UFPE são expostos frequentemente à fumaça do
tabaco, o que indica a falta de incentivo para a implementação e aplicação efetiva de
políticas antitabagismo no ambiente universitário. As instituições de ensino
associadas aos órgãos de saúde devem desencorajar o consumo e a exposição a
esses produtos, aumentando a conscientização e educando esses futuros
profissionais sobre os perigos, além de implementarem novas políticas preventivas no
ambiente universitário. Assim, teremos profissionais conscientes e que atuem
efetivamente na orientação antitabaco dos seus pacientes, seja na prática privada ou
em serviços públicos de saúde.
61
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66
APÊNDICE C - ARTIGO 2
Nas normas da revista Nicotine & Tobacco Research
PERCEPÇÃO DOS ESTUDANTES DOS CURSOS DE SAÚDE EM RELAÇÃO AO
SEU PAPEL NO CONTROLE DO TABAGISMO: ESTUDO TRANSVERSAL EM UMA
UNIVERSIDADE DO NORDESTE BRASILEIRO
Augusto César Leal da Silva Leonel, Ms¹, Danyel Elias da Cruz Perez, Phd¹
1Faculdade de Odontologia, Departamento de Clínica e Odontologia Preventiva,
Universidade Federal de Pernambuco, Recife-PE, Brasil.
Autor correspondente: Danyel Elias da Cruz Perez, Curso de Odontologia,
Departamento de Clínica e Odontologia Preventiva, Universidade Federal de
Pernambuco, 4ª Travessa Professor Artur de Sá, s/n. Cidade Universitária, Recife-
Pernambuco, Brasil. Telefone: (81) 9 9735-0655; E-mail: [email protected]
67
RESUMO
Introdução: Para mudar o atual panorama relacionado ao tabagismo, faz-se
necessário a implementação de medidas que visem reduzir de maneira contínua e
substancial a sua prevalência. Neste sentido, os profissionais de saúde podem
desempenhar um papel relevante. O objetivo do presente estudo transversal foi avaliar
a percepção dos estudantes dos cursos de saúde de uma universidade do nordeste
brasileiro em relação ao seu papel no controle do tabagismo. Metodologia: O
questionário da Pesquisa Mundial sobre o Tabagismo em Estudantes de Saúde
(GHPSS) foi utilizado em oito cursos de saúde da Universidade Federal de
Pernambuco (UFPE), sendo selecionados estudantes do terceiro ano. As variáveis
foram correlacionadas através do teste do qui-quadrado e a regressão logística
verificou a associação entre o uso atual do tabaco com demais variáveis
independentes. Resultados: Dos 449 participantes da pesquisa, 86,6% responderam
que os profissionais da saúde servem como modelos para os seus pacientes e
comunidade e 99% consideraram que é papel destes aconselhar e informar sobre
maneiras de cessar o tabagismo. Quanto ao currículo, 78,4% relataram ter adquirido
conhecimentos sobre os malefícios do tabaco durante a sua formação; contudo,
apenas uma pequena porção dos estudantes (10,2%) recebeu algum tipo de de
treinamento formal sobre cessação do hábito. Conclusão: A GHPSS constatou que
os estudantes dos cursos de saúde da UFPE não são preparados para atuar na
prevenção e tratamento do tabagismo. Implicação: Capacitações para os futuros
profissionais de saúde sobre prevenção e cessação do tabagismo podem ser
realizadas durante a formação profissional. A falta de treinamento desses estudantes
pode estar associada a uma menor taxa de cessação do tabagismo entre os
pacientes.
Palavras-chave: uso do tabaco, estudantes de profissões da saúde, atitudes,
treinamento de aconselhamento
ABSTRACT
Introduction: To change the current scenario related to smoking, it is necessary to
implement measures that aim to continuously and substantially reduce their
prevalence. In this sense, health professionals can play a relevant role.The objective
of the present cross - sectional study was to evaluate the students' perception of the
health courses of a Brazilian Northeast university in relation to their role in smoking
control. Methodology: The Global Health Professions Student Survey (GHPSS) was
used in the eight courses of the Federal University of Pernambuco (UFPE), where
students of the third year of these courses were selected. The variables were
correlated through the chi-square test and the logistic regression verified the
association between current tobacco use and other independent variables. Results:
Of the 449 participants in the survey, 389 (86.6%) responded that health professionals
serve as role models for their patients and community and 99% (443), which is their
role in advising and informing on ways to stop smoking. As to the curriculum, 78.4%
(352) reported having acquired knowledge about tobacco maladies during their
68
training; however, only a small portion of the students (10.2% - 46) received some form
of formal cessation training. Conclusion: The GHPSS found that students of UFPE
health courses are not being prepared to act in the prevention and treatment of
smokers. Implication: Training for future health professionals on smoking prevention
and cessation can be carried out during professional training. Lack of student training
may be associated with a lower rate of smoking cessation among patients.
Keywords: tobacco use, health professionals students, attitudes, couseling training.
Introdução
O uso do tabaco é atualmente uma das principais causas de mortes evitáveis
no mundo. Os riscos à saúde resultam não só do seu consumo direto, como também
da exposição passiva aos seus produtos.1,2 Mundialmente, o número de tabagistas é
estimado em 1,3 bilhões, apresentando uma taxa anual de mais de 7 milhões de
mortes causadas pelo uso da substância. Espera-se que o número de óbitos exceda
8 milhões em 2030, com aproximadamente 80% dos casos ocorrendo nos países em
desenvolvimento.3,4
O panorama de morbidades causadas pelo tabaco é particularmente
preocupante.5 Entretanto, para mudá-lo, faz-se necessária a implementação de
medidas que visem reduzir de maneira contínua e substancial a prevalência do seu
consumo e exposição a sua fumaça. Neste sentido, os profissionais de saúde podem
desempenhar um papel relevante no controle, fornecendo intervenções efetivas contra
o seu uso e aconselhando os pacientes que já o utilizam. Estudantes da área de
saúde, providos de conhecimentos e habilidades, também podem exercer um papel
crucial na prevenção e redução do consumo e, em consequência, nas mortes
relacionadas ao tabaco.5,6,7
Evidências demonstram que intervenções feitas em um grupo de pacientes
fumantes, ainda que curtas, podem fazer diferença. Mesmo aqueles que no momento
da consulta não estejam dispostos a cessar o hábito, são de alguma forma
influenciados8. Porém, o fato do profissional de saúde também ser tabagista pode
prejudicar o controle adequado. Por eles servirem como modelos para os leigos e, em
particular, para os seus pacientes, deveriam combater com maior efetividade e
responsabilidade essa doença.6,7,9
69
Ao redor do mundo, vários estudos foram realizados para recolher informações
de estudantes de cursos de saúde, avaliando o uso do tabaco e seus produtos, além
da sua formação como conselheiros na cessação deste hábito.10,11,12,13 No entanto,
antes de 2005, nenhum estudo tinha coletado esses dados utilizando uma
metodologia consistente. Tentando superar essa limitação, a Organização Mundial de
Saúde (OMS), os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados
Unidos e a Associação Canadense de Saúde Pública (CPHA) desenvolveram e
implementaram a Pesquisa Mundial sobre Tabagismo em Estudantes de Profissões
de Saúde (GHPSS), visando avaliar a relação entre estudantes do terceiro ano de
cursos de saúde e o tabaco.14,15,16
Diante do exposto, o objetivo desta pesquisa foi utilizar o GHPSS na
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), campus Recife, para avaliar as
atitudes dos alunos frente ao tabagismo, além do currículo/treinamento recebido por
eles durante a sua formação profissional.
Metodologia
O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do
Centro de Ciências da Saúde (CCS), da UFPE (CAE: 63685317.4.0000.5208). Trata-
se de um estudo transversal, cuja amostra foi composta por estudantes dos cursos de
graduação em Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Medicina,
Nutrição, Odontologia e Terapia Ocupacional da UFPE, situada na cidade do Recife,
Pernambuco, Brasil.
A coleta dos dados foi realizada entre os meses de março e junho de 2017,
utilizando a metodologia proposta GHPSS.14,15 Esta metodologia avalia estudantes do
terceiro ano dos cursos de saúde considerando que, na maioria dos países, os
acadêmicos estão em níveis avançados do seu treinamento.17
A GHPSS é um questionário padrão é composto por 42 questões divididas em
seis áreas: Prevalência de uso do tabaco, Exposição ambiental à fumaça de tabaco,
Atitudes frente ao tabagismo, Comportamento e cessação, Currículo e treinamento e
Dados demográficos.14,15,18 Para o presente estudo foram selecionadas do
questionário-padrão as seções Demografia, Atitudes e Currículo/treinamento, sendo
compostas, no total, por 17 questões.
70
Os estudantes responderam o questionário da GHPSS (traduzido para o
português, adaptado e validado)19, tendo com critérios de inclusão: o participante ser
aluno de algum curso da área de saúde da UFPE e estar presente em sala de aula no
momento da pesquisa.
A pesquisa foi realizada nas salas de aula durante as atividades acadêmicas
regulares, em datas e horários previamente combinados e autorizados pelos
coordenadores e professores de cada curso. Os objetivos e metodologia da pesquisa
foram explicados aos estudantes, e então lhes foi dado tempo para responderem o
questionário anônimo, individual e auto-administrado. As respostas foram marcadas
no próprio questionário, sendo assinalada a alternativa de escolha.
As respostas das variáveis foram tabuladas e analisadas utilizando o programa
de computador IBM SPSS Statistics 20.0 (IBM Corporation, New York, United States).
Na análise dos dados, foram considerados fumantes atuais aqueles alunos que
fumaram pelo menos um dia nos últimos 30 dias anteriores à pesquisa. Dentro do
grupo de fumantes atuais foram subclassificados em fumantes ocasionais aqueles
alunos que fumaram numa frequência inferior a 20 dias nos 30 dias anteriores à
pesquisa.20 A estatística descritiva foi realizada para todas as variáveis, sendo
apresentadas em porcentagem e número. As associações entre as variáveis foram
realizadas com o teste do qui-quadrado, com um valor de p≤0,05 tomado como o limiar
para a significância estatística e a regressão logística binária serviu para avaliar a
relação entre o uso atual do tabaco e variáveis independente.Todos os resultados
apresentam uma margem de erro de ± 5% (Intervalo de confiança de 95%).
Resultados
A UFPE - campus Recife, apresentou, no primeiro semestre letivo de 2017, 725
alunos matriculados no terceiro ano dos cursos do CCS participantes do estudo.
Desses, 565 estavam em sala de aula no momento da pesquisa.
O conjunto de dados final foi construído utilizando informações de 449
estudantes, depois de excluir 116 (20,5%) participantes que não responderam o
instrumento da pesquisa. A taxa global de resposta foi de 79,5% (Tabela 1).
71
Dados demográficos
A amostra do estudo consistiu principalmente de mulheres (308-68,6%), tendo
uma variação de 97,6% no curso de terapia ocupacional a 41,5% no curso de
educação física (p<0,05). A faixa etária de maior prevalência, independentemente do
curso, foi a de 19 a 24 anos, correspondendo a 83,7% de toda a amostra (p<0,05). A
Tabela 1 revela os dados demográficos por curso.
72
Tabela 1. Dados demográficos correlacionados por curso
*Não se aplica
a Teste do qui-quadrado baseado em valor de p≤0,05
Variável Educação Física
Enfermagem Farmácia Fisioterapia Medicina Nutrição Odontologia Terapia Ocupacional
Valor de Pa N % N % N % N % N % N % N % N %
Taxa de resposta
Número de alunos matriculados 120 16,5 70 9,6 80 11 70 9,6 140 19,3 60 8,3 140 19,3 45 6,2 *
Número de alunos que participaram
77 17,1 35 7,8 65 14,5 41 9,1 73 16,3 31 6,9 85 18,9 42 9,4
Idade
De 19 a 24 anos 58 75,3 35 100 55 84,6 41 100 62 85 23 74,2 65 76,5 37 88,1
De 25 a 29 14 18,2 0 0 9 13,9 0 0 10 13,7 3 9,7 15 17,6 5 11,9 30 anos ou mais 5 6,5 0 0 1 1,5 0 0 1 1,3 5 16,1 5 5,9 0 0 Gênero
Masculino 35 44,5 7 20 18 27,7 5 12,2 42 57,5 3 90,3 20 23,5 41 97,6 <0,05
Feminino 32 54,5 28 80 47 72,3 36 87,8 31 42,5 28 9,7 65 76,5 1 2,4
73
Uso do tabaco
Experiência com o cigarro e uso atual do tabaco
No momento da pesquisa, 284 entrevistados (63,3%) nunca tinham
experimentado o cigarro, mesmo um ou dois tragos. Entretanto, 165 (36,7%) relataram
ter fumado pelo menos uma vez na vida.
Entre os estudantes que relataram ter fumado pelo menos uma vez, 33 (7,3%)
fumaram no último mês, classificando-os como fumantes atuais. A maioria dos
universitários, em todos os cursos, eram usuários ocasionais (28 - 84,8%).
Atitudes dos profissionais de saúde
Quando perguntados se os profissionais de saúde servem como modelos para
seus pacientes e para o público, 389 (86,6%) alunos afirmaram que sim,
independentemente de já terem utilizado o tabaco ou não (p=0,87). Cerca de 427
(95%) alunos admitiram que os profissionais de saúde deveriam receber treinamento
específico sobre técnicas de cessação do tabaco.
Em relação ao aconselhamento dos pacientes, 443 (99%) entrevistados
acreditam que é papel dos profissionais de saúde aconselhar e informar os seus
pacientes sobre maneiras de cessar o tabagismo, 424 (95%) acharam importante que
os conselhos sejam rotineiros. Trezentos e noventa e seis (88%) alunos julgam
eficazes os conselhos, com aumento das chances de um paciente cessar o hábito
aumentam após as recomendações.
Ao serem questionados se os profissionais de saúde tabagistas são menos
propensos a aconselhar os pacientes a pararem de fumar, 280 (62,4%) pressupõem
que sim. Entretanto, ao correlacionar com o gênero, 67 (47,5%) homens acreditam
não haver relação direta (p<0,05), ao passo que apenas 102 (33,1%) mulheres
acreditam na relação direta, mostrando que o gênero está associado.
Ao relacionar as variáveis “experiência de provar o cigarro” com “menor
propensão do profissional tabagista aconselhar os seus pacientes” os usuários atuais
do tabaco acreditaram não haver relação direta (p<0,05). A Tabela 2 demonstra essa
relação com o gênero, a experiência com o tabaco e o uso atual.
Currículo/Treinamento
74
No que diz respeito à grade curricular, 352 (78,4%) participantes da pesquisa
relataram ter adquirido conhecimento sobre os malefícios do tabaco durante a sua
formação na universidade. Entretanto, apenas 42,5% discutiram as razões pelas quais
as pessoas fumam.
No tocante ao atendimento dos pacientes, a maioria dos alunos (75,7% - 340)
reconheceu que é importante registrar o consumo do tabaco como parte do histórico
do paciente e 225 (50,1%) afirmaram que foram ensinados sobre a importância em
fornecer materiais educacionais que auxiliem no processo de cessação desse hábito.
Contudo, uma proporção pequena de estudantes (10,2%-46) alegou ter recebido
alguma forma de treinamento formal sobre cessação do tabagismo para utilizar com
os pacientes.
Em termos de métodos de auxílio à cessação do tabagismo, 289 universitários
(64,4%) já ouviram falar de terapias de reposição de nicotina em programas de
cessação do tabaco e 47,4% do uso de antidepressivos nessas modalidades de
tratamento (Tabela 3).
Regressão Logística Binária
Os modelos de regressão logística binária mostraram que o uso atual do cigarro foi
significativamente associado apenas à importância de registrar o histórico do uso do
tabaco como parte do histórico médico geral do paciente (P=0.006, OR=4.227,
IC95%=1.504-11.884) (Tabela 4).
Tabela 4. Uso atual do tabaco X Aconselhamento dos pacientes, Propensão dos profissionais que
fumam cigarro e outros produtos do tabaco em aconselhar os pacientes, Importância de registrar o uso
do tabaco como parte do protuário do paciente e Uso de terapias de reposição de nicotina em
programas de cessação
v Variáveis Uso atual do tabaco
P OR IC 95%
Os profissionais de saúde devem aconselhar seus pacientes que fumam a parar de fumar? (0: Sim; 1: Não)
0.551 1.550 0.367 -6.539
Os profissionais que fumam cigarro são menos propensos em aconselhar os pacientes? (0: Sim; 1: Não)
0.160 2.665 0.680 -10.452
Os profissionais que utilizam outros produtos do tabaco são menos propensos em aconselhar os pacientes? (0: Sim; 1: Não)
0.926 1.065 0.283 -4.007
Durante sua formação na universidade você aprendeu que é importante registrar o histórico do uso do tabaco no prontuário do paciente? (0: Sim; 1: Não)
0.006 4.227 1.504 -11.884
Você já ouviu falar do uso de terapias de reposição de nicotina em programas de cessação do tabaco? (0: Sim; 1: Não)
0.615 0.776 0.288 -2.088
75
Tabela 2. Gênero, experiência com o cigarro e uso atual do cigarro x atitudes
a Teste do qui-quadrado baseado em valor de p≤0,05
Variável Gênero Experiência com o cigarro Uso atual do cigarro
Masculino Feminino Valor de
P
Já experimentou Nunca experimentou Valor de
P
Usuário atual do cigarro
Não usuário do cigarro
Valor de Pa N(%) IC95% N(%) IC95% N(%) IC95% N(%) IC95% N(%) IC95% N(%) IC95%
Deveria haver uma proibição total da publicidade dos produtos do tabaco? Sim 99(70,2) 1,22
- 1,37
251(81,5) 1,14 -
1,23
<0,05
116(70,3) 1,23 -
1,37
234(60,9) 1,13 -
1,22
<0,05
18(54,5) 1,28 -
1,63
332(79,8) 1,16 -
1,24
<0,05
Não 42(29,8) 57(18,5) 49(29,7) 50(39,1) 15(45,5) 84(20,2)
Os profissionais de saúde devem receber treinamento específico sobre técnicas de cessação do tabaco? Sim 130(92,2) 1,03
- 1,12
297(96,4) 1,01 -
1,06
0,054
153(92,7) 1,03 -
1,11
274(96,5) 1,01 -
1,06
0,76
30(90,9) 0,99 -
1,19
397(95,4) 1,03 -
1,07
0,247
Não 11(7,8) 11(3,6) 12(7,3) 10(3,5) 3(9,1) 19(4,6)
Os profissionais de saúde servem como "modelos" para seus pacientes e para o público? Sim 116(82,3) 1,11
- 1,24
273(88,6) 1,08 -
1,15
0,066
137(83) 1,11 -
1,23
252(88,7) 1,08 -
1,15
0,87
27(81,8) 1,04 -
1,32
362(87) 1,10 -
1,16
0,398
Não 25(17,7) 35(11,4) 28(17) 32(11,3) 6(18,2) 54(13)
Os profissionais de saúde devem rotineiramente aconselhar seus pacientes que fumam a parar de fumar? Sim 130(92,2) 1,03
- 1,12
294(95,4) 1,02 -
1,07
0,163
152(92,1) 1,04 -
1,12
272(95,8) 1,02 -
1,07
0,104
29(87,9) 1,00 -
1,24
395(95) 1,03 -
1,07
0,088
Não 11(7,8) 14(4,6) 13(7,9) 12(4,2) 4(12,1) 21(5)
Os profissionais de saúde devem aconselhar rotineiramente seus pacientes que usam outros produtos do tabaco a parar de usar esses produtos? Sim 128(90,8) 1,04
- 1,14
280(90,9) 1,06 -
1,12
0,965
147(89) 1,06 -
1,16
147(51,8) 1,05 -
1,11
0,318
29(87,9) 1,00 -
1,24
379(91,1) 1,06 -
1,12
0,536
Não 13(9,2) 28(9,1) 18(11) 23(48,2) 4(12,1) 37(8,9)
Os profissionais de saúde têm um papel em dar conselhos ou informações sobre a cessação do tabagismo aos pacientes? Sim 139(98,6) 0,99
- 1,03
304(98,7) 1,00 -
1,03
0,918
164(99,4) 0,99 -
1,02
279(98,2) 1,00 1,03
0,304
32(97) 0,97 -
1,09
411(98,8) 1,00 -
1,02
0,379
Não 2(1,4) 4(1,3) 1(0,6) 5(1,8) 1(3) 5(1,2)
As chances de um paciente parar de fumar aumentam se um profissional de saúde aconselha-lo a parar de fumar? Sim 126(89,4) 1,05
- 1,16
270(87,7) 1,09 -
1,16
0,604
142(86,1) 1,09 -
1,19
254(89,4) 1,07 -
1,14
0,285
28(84,9) 1,02 -
1,28
368(88,5) 1,08 -
1,15
0,536 Não 15(10,6) 38(12,3) 23(13,9) 30(10,6) 5(15,1) 48(11,5)
Os profissionais de saúde que fumam são menos propensos a aconselhar os pacientes a pararem de fumar? Sim 74(52,5) 1,39
- 1,56
206(66,9) 1,28 -
1,38
<0,05
86(52,1) 1,40 -
1,56
194(68,3) 1,26 -
1,37
<0,05
12(36,4) 1,46 -
1,81
268(64,4) 1,32 -
1,40
<0,05
Não 67(47,5) 102(33,1) 79(47,9) 90(31,7) 21(63,6) 148(35,6)
Os profissionais de saúde que usam outros produtos do tabaco têm menor probabilidade de aconsel0har os pacientes a pararem de fumar? Sim 84(59,6) 1,32
- 1,49
201(65,3) 1,29 -
1,40
0,246
93(56,4) 1,36 -
1,51
192(67,6) 1,27 -
1,38
<0,05
14(42,4) 1,40 -
1,75
271(65,1) 1,18 -
1,26
<0,05
Não 57(40,4) 107(34,7) 72(43,7) 92(32,4) 19(57,6) 145(34,9)
76
Tabela 3. Curso x Currículo / Treinamento
Variável Educação Física
Enfermagem Farmácia Fisioterapia Medicina Nutrição Odontologia Terapia Ocupacional
N (%)
IC 95%
N (%)
IC 95%
N (%)
IC 95%
N (%)
IC 95%
N (%)
IC 95%
N (%)
IC 95%
N (%)
IC 95%
N (%)
IC 95%
Valor de Pa
Durante sua formação na universidade você foi ensinado, em alguma de suas aulas, sobre os perigos do tabagismo? Sim 37
(48) 1,41
- 1,63
34 (97)
0,97 -
1,09
47 (72,3)
1,17 -
1,39
41 (100)
1,17 -
1,47
65 (89)
1,04 -
1,18
25 (80,6)
1,41 -
1,63
80 (94,1)
1,01 -
1,11
23 (54,8)
1,30 -
1,61
<0,05
Não 40 (52)
1 (3)
18 (27,7)
0 (0)
8 (11)
6 (19,4)
5 (5,9)
19 (45,2)
Durante sua formação na universidade você discutiu, em alguma de suas aulas, as razões pelas quais as pessoas fumam? Sim 21
(27,3) 1,63
- 1,83
16 (45,7)
1,37 -
1,72
21 (32,3)
1,56 -
1,79
28 (68,3)
1,03 -
1,26
33 (45,2)
1,43 -
1,66
11 (35,5)
1,63 -
1,83
38 (44,7)
1,45 -
1,66
23 (54,8)
1,30 -
1,61
<0,05
Não 56 (72,7)
19 (54,3)
44 (67,7)
13 (31,7)
40 (54,8)
20 (64,5)
47 (55,3)
19 (45,2)
Durante sua formação na universidade você aprendeu que é importante registrar o histórico do uso do tabaco como parte do histórico médico geral do paciente? Sim 28
(36,3) 1,53
- 1,75
32 (91,4)
0,99 -
1,18
42 (64,6)
1,23 -
1,47
35 (85,4)
1,56 -
1,85
70 (95,9)
0,99 -
1,09
27 (87,1)
1,53 -
1,75
83 (97,7)
0,99 -
1,06
23 (54,8)
1,30 -
1,61
<0,05
Não 49 (63,7)
3 (8,6)
23 (35,4)
6 (14,6)
3 (4,1)
4 (12,9)
2 (2,3)
19 (45,2)
Durante sua formação na universidade você já recebeu algum treinamento formal em abordagens de cessação do tabagismo para usá-las com pacientes? Sim 3
(3,9) 1,92
- 2,01
5 (14,3)
1,74 -
1,98
2 (3,1)
1,93 -
2,01
12 (29,3)
1,05 -
1,29
5 (6,8)
1,87 -
1,99
0 (0)
1,92 -
2,01
13 (15,3)
1,77 -
1,93
6 (14,3)
1,75 -
1,97
<0,05
Não 74 (96,1)
30 (85,7)
63 (96,9)
29 (70,7)
68 (93,2)
31 (100)
72 (84,7)
36 (85,7)
Durante a sua formação na universidade você aprendeu que é importante fornecer materiais educacionais para apoiar a cessação do tabagismo a pacientes que querem parar de fumar? Sim 14
(18,2) 1,73
- 1,91
20 (57,1)
1,26 -
1,60
28 (43,1)
1,45 -
1,69
34 (83)
0,98 -
1,07
46 (63)
1,26 -
1,48
14 (45,2)
1,26 -
1,60
51 (60)
1,29 -
1,51
18 (43)
1,42 -
1,73
<0,05
Não 63 (81,8)
15 (42,9)
37 (56,9)
7 (17)
27 (37)
17 (54,8)
34 (40)
24 (57)
Você já ouviu falar de uso de terapias de reposição de nicotina em programas de cessação de tabaco (como remendo de nicotina ou goma)? Sim 34
(44,1) 1,33
- 1,70
18 (51,4)
1,31 -
1,66
56 (86,1)
1,05 -
1,22
40 (97,5)
1,17 -
1,47
59 (80,8)
1,10 -
1,28
15 (48,4)
1,31 -
1,66
45 (53)
1,36 -
1,58
22 (52,4)
1,32 -
1,63
<0,05
Não 43 (55,9)
17 (48,6)
9 (13,9)
1 (2,5)
14 (19,2)
16 (51,6)
40 (47)
20 (47,6)
Você já ouviu falar no uso de antidepressivos em programas de cessação de tabaco? Sim 35
(45,4) 1,43
- 1,79
6 (14,1)
1,70 -
1,96
43 (66,1)
1,22 -
1,46
28 (68,3)
1,71 -
1,95
39 (53,4)
1,35 -
1,50
12 (38,7)
1,70 -
1,96
27 (31,8)
1,58 -
1,78
23 (54,8)
1,30 -
1,61
<0,05
Não 42 (54,6)
29 (82,9)
22 (33,9)
13 (31,7)
34 (46,6)
19 (61,3)
58 (68,2)
19 (45,2)
a Teste do qui-quadrado baseado em valor de p≤0,05
77
Discussão
O presente estudo revelou que os universitários dos cursos de saúde da UFPE,
apesar de conhecerem os malefícios do tabaco, não estão sendo preparados para
orientar o tabagismo entre os seus pacientes. Entretanto, esta falta de preparo não
ocorreu apenas na universidade avaliada. Outras capitais brasileiras, onde a mesma
metodologia foi aplicada, mostrou dados semelhantes.16
A Portaria interministerial 1.498 do governo brasileiro (2002) e a OMS
declararam que é dever dos profissionais de saúde estarem conscientes dos
malefícios causados pelo tabagismo no organismo humano, e que esses
conhecimentos devem ser transmitidos à população, visando promover uma melhor
qualidade de vida.21 Ao serem indagados sobre o tema, 78,4% dos estudantes
responderam que durante a sua formação acadêmica foram ensinados sobre os
perigos do tabagismo. Apenas 6,9% acreditam que os profissionais de saúde não são
os responsáveis em dar conselhos e 11,8%, que as chances de um paciente parar de
fumar não aumentam se os mesmos os aconselhar. Esses achados foram condizentes
com a literatura brasileira e mundial.5,22,23,24
Os profissionais e futuros profissionais de saúde detêm um papel essencial no
sistema que integram, sendo essencial fornecer-lhes a educação, o conhecimento, as
habilidades e as capacidades necessárias para familiarizar e conscientizar seus
pacientes sobre os perigos do uso e exposição ao tabaco.22 Para que isso seja
facilitado, é necessário que as instituições de ensino reconheçam esse papel e
assumam maior responsabilidade na promoção de instalações e práticas sem fumo
entre seus funcionários e alunos.25 Cerca de 95% dos entrevistados nesse estudo
concordaram que esses profissionais necessitam receber treinamentos específicos
sobre técnicas de cessação do tabaco. No entanto, apenas 10,2% adquiriram esse
conhecimento até o momento. Dados semelhantes foram encontrados por Barbouni
et al. (2012) onde, dos 95% dos estudantes que confirmaram a necessidade de
treinamento, somente 21,3% efetivamente o recebeu.22
Afim de ampliar a redução do tabagismo, a OMS introduziu, em 2008, 6
maneiras práticas e econômicas de combater esse hábito.26 Duas dessas medidas
78
são: alertar sobre os perigos do tabaco e oferecer ajuda para quem deseja deixar o
hábito. Diante disso, é necessário capacitar os profissionais da saúde para que
pratiquem a abordagem ao fumante nas suas rotinas de atendimento e isso pode ser
iniciado na graduação, sendo, portanto, papel dos centros educacionais prepará-los.
No treinamento deve ser dado enfoque à abordagem motivacional, que consiste na
discussão de crenças e pensamentos gerados pela dependência química, na
abordagem de seus efeitos psicológicos e condicionamento associados ao fumar,
além de treinamentos de habilidades individuais.20 A relutância do fumante em
procurar ajuda e a falta de serviços dotados de profissionais treinados são barreiras
que podem retardar a busca por tratamento.
Quanto à visão desses futuros profissionais como modelos a serem seguidos,
86,6% dos estudantes responderam que os profissionais de saúde servem como
referência para sociedade, principalmente para os seus pacientes e para o meio em
que vivem. Ao comparar esses dados aos encontrados em outros estudos de
metodologias semelhantes, podemos observar que a taxa de concordância no Brasil
variou entre 60,5% em Florianópolis a 66,5% em João Pessoa. Entretanto,
mundialmente, variou de 88% no Paquistão a 65% em Malta.5,16,23,24,27 Ainda que a
porcentagem obtida nesta universidade estudada seja superior à encontrada em
outras instituições, fica evidente que um número de estudantes ainda não está
consciente do seu real papel como modelos de comportamento.
Outro dado analisado foi sobre a maior ou menor propensão dos profissionais
tabagistas em aconselhar os seus pacientes a cessarem o hábito. Mais da metade
dos estudantes acredita não haver relação e essa percepção sofreu influência direta
do fato de o respondente apresentar ou não o hábito. Isto demonstra o impacto que o
tabagismo tem sobre a atitude dos estudantes de profissões de saúde, o que é
alarmante, considerando-se o papel fundamental que esses futuros profissionais terão
na luta contra o consumo de tabaco. Além disso, os exemplos dados pelos
profissionais são fundamentais para o êxito do paciente parar de fumar.6,28,29
Os profissionais de saúde devem, sempre que possível, promover ações de
informação, incentivo e apoio ao abandono do tabagismo. Pesquisas confirmam que
abordagens rápidas, repetidas em cada consulta, reforçando os malefícios do tabaco
e a importância da cessação do seu uso, aumentam significativamente as taxas de
abstinência. Apesar de as taxas de sucesso aumentarem individualmente com o
79
aumento da intensidade da abordagem do tabagista, o impacto em termos de saúde
pública parece ser superior com abordagens em grupo. Esses mesmos estudos, ao
compararem os resultados dos aconselhamentos dados por médicos com os dados
por outros profissionais (dentistas, enfermeiros, psicólogos), evidenciaram que as
intervenções dos profissionais de saúde, em geral, apresentam efetividade similar no
aconselhamento para cessação do tabagismo.30,31,32,33
Conclusão
A GHPSS foi útil na avaliação das atitudes e do currículo/treinamento dos
estudantes dos cursos de saúde pesquisados em relação ao tabaco. Embora os
estudantes sejam esclarecidos sobre os riscos do tabagismo para a saúde, foi
constatado que os mesmos não são preparados para atuar na prevenção controle do
hábito de fumar. As instituições de ensino e organizações de saúde devem trabalhar
em conjunto para projetar e implementar treinamento para esses futuros profissionais,
capacitando-os a desenvolver as habilidades necessárias para fornecer suporte eficaz
para cessação do tabagismo e em técnicas de aconselhamento para os seus futuros
pacientes. Além disso, os profissionais de saúde devem manter em mente que seu
exemplo pessoal é essencial na abordagem do paciente tabagista.
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31- Gorin SS, Heck JE. Meta-analysis of the efficacy of tobacco counseling by health
care providers. Cancer Epidemiol Biomarkers Prev. 2004;13:2012-22.
32- Walsh SE, Singleton JA, Worth CT, et al. Tobacco cessation counseling training
with standardized patients. J Dent Educ. 2007;71:1171-8.
33- Fiore MC. A clinical practice guideline for treating tobacco use and dependence:
2008 update. A U.S. Public Health Service report. Am J Prev Med. 2008;35:158-76.
83
APÊNDICE D - ARTIGO 3
Nas normas do Journal of Dental Education
RELAÇÃO DOS ESTUDANTES DE ODONTOLOGIA COM O TABACO: ESTUDO
TRANSVERSAL EM UMA UNIVERSIDADE DO NORDESTE BRASILEIRO
Augusto César Leal da Silva Leonel Ms¹, Danyel Elias da Cruz Perez Phd¹
1Faculdade de Odontologia, Departamento de Clínica e Odontologia Preventiva,
Universidade Federal de Pernambuco, Recife-PE, Brasil.
Autor correspondente: Danyel Elias da Cruz Perez, Curso de Odontologia,
Departamento de Clínica e Odontologia Preventiva, Universidade Federal de
Pernambuco, 4ª Travessa Professor Artur de Sá, s/n. Cidade Universitária, Recife-
Pernambuco, Brasil. Telefone: (81) 9 9735-0655; E-mail: [email protected]
84
Resumo
Objetivos: O objetivo do presente estudo transversal foi avaliar a prevalência do uso
do tabaco, a exposição a sua fumaça e o aconselhamento para cessação entre
estudantes de odontologia de uma universidade do nordeste brasilerio. Métodos: O
questionário da Pesquisa Mundial sobre o Tabagismo em Estudantes de Saúde
(GHPSS) foi utilizado como instrumento de estudo na Universidade Federal de
Pernambuco (UFPE). Foram recrutados alunos do 5º ao 10º semestre, que
responderam o questionário anônimo e autoadministrado em sala de aula no segundo
semestre de 2017. Os dados foram tabulados e analisados e as variáveis foram
apresentadas através de estatística descritiva e pela associação de variáveis através
do teste do qui-quadrado e regressão logística binária. Resultados: 224 alunos
responderam o questionário. Mais de 40% dos estudantes já haviam experimentado
o cigarro pelo menos uma vez na vida, com 8,9% sendo fumantes atuais. Cerca de
28% dos participantes relataram ter sido expostos ao fumo passivo no ambiente onde
moram e 57,1%, em outros locais. A maioria dos alunos reconheceu que eles são
modelos para a sociedade e acreditam que deveriam receber treinamento sobre
aconselhar pacientes a abandonar o uso, mas poucos relataram ter recebido algum
treinamento formal. Conclusão: Apesar dos estudantes de Odontologia da UFPE
possuírem conhecimentos sobre os malefícios do tabaco, ainda há uma falha
significativa no treinamento desses futuros profissionais no combate ao tabagismo.
Palavras-chave: uso de tabaco, estudantes de profissões da saúde, estudantes de
odontologia, treinamento de aconselhamento
Abstract
Objectives: The purpose of this cross-sectional study was to evaluate tobacco use,
exposure to its smoke and advice for cessation among dentistry students from a
university in the Brazilian Northeast. Methods: The Global Health Professions Student
Survey (GHPSS) was used as a study instrument at the Federal University of
Pernambuco (UFPE). Students were recruited from the 5th to the 10th semester, who
answered the anonymous self-administered questionnaire in the first semester of
2017. The data were tabulated and analyzed and the variables were presented through
descriptive statistics and the correlation of variables through the chi-square test and
binary logistic regression. Results: 224 students answered the questionnaire. More
than 40% of students had tried cigarettes at least once in their lifetime, with 8.9% being
current smokers. About 28% of the participants reported having been exposed to
secondhand smoke in their living environment and 57.1% in other settings. Most
students recognized that they are role models for society and believe they should
receive training in counseling patients to discontinue use, but few have reported
receiving any formal training. Conclusion: Although UFPE dentistry students have
knowledge about tobacco maladies, there is still a significant lack of training in these
future professionals in the fight against smoking.
85
Keywords: tobacco use, health professionals students, dental students, counseling
training
Introdução
Apesar do incessante esforço dos programas antitabagismo, o hábito de fumar
ainda é considerado um grave problema de saúde pública, respondendo por mais de
7 milhões de mortes ao ano.1,2 Atualmente, o número de usuários em todo o mundo é
de aproximadamente 1,3 bilhões e destes, 84% residem em países em linhas de
desenvolvimento.3,4
O tabagismo é reconhecido como um fator de risco importante para várias
doenças e agravos, sendo ele o principal fator modificável para muitas condições
orais, incluindo a doença periodontal, desordens potencialmente malignas e o câncer
de boca2,5. Neste sentido, as estratégias de saúde que visam a cessação do
tabagismo, quando aplicadas por cirurgiões-dentistas, podem ser eficazes.6,7
A prevalência do tabagismo no Brasil ainda exige a implementação de
programas abrangentes de combate, devendo ser projetados e efetivados por
profissionais da saúde.8 Dente eles, os cirurgiões-dentistas estão em uma posição
única e favorável para promoção em saúde, pois eles têm acesso a uma ampla faixa
etária, atingindo desde crianças a idosos, o que pode proporcionar oportunidades para
influenciar os indivíduos a abandonar ou nunca começar o hábito.4 Entretanto, os
estudos indicam que apenas uma pequena parcela de estudantes desse curso
receberam, durante a graduação, treinamento sobre a abordagem desses
pacientes.5,9,10
Poucos estudos avaliam a relação entre os futuros profissionais da Odontologia
e o tabaco e desses, apenas um no Brasil.2,5,6,9,11 Para preencher essa lacuna, em
2005, a Organização Mundial de Saúde (OMS), os Centros de Controle e Prevenção
de Doenças (CDC) e a Associação Canadense de Saúde Pública (CPHA)
desenvolveram a Pesquisa Mundial sobre o Tabagismo em Estudantes de Saúde
(GHPSS), para coletar dados sobre o uso do tabaco e o treinamento sobre
aconselhamento para cessação entre alunos das áreas de saúde.12,13
86
Diante da escassa literatura brasileira acerca do tema, o objetivo desta
pesquisa foi avaliar uso do tabaco, a exposição ao fumo passivo e aconselhamento
para cessação entre estudantes de Odontologia de uma universidade do nordeste
brasileiro.
Metodologia
O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do
Centro de Ciências da Saúde (CCS), da UFPE (CAE: 63685317.4.0000.5208). Trata-
se de um estudo transversal, cuja amostra foi composta por estudantes do curso de
graduação em Odontologia da UFPE, situada na cidade do Recife, Pernambuco,
Brasil. A coleta dos dados foi realizada nos meses de setembro e outubro de 2017,
utilizando a metodologia proposta pela GHPSS.12,13
A GHPSS é um questionário padrão composto por 42 questões divididas em
seis áreas: prevalência de uso de tabaco, exposição ambiental à fumaça de tabaco,
atitudes frente ao tabagismo, comportamento e cessação, currículo e treinamento e
dados demográficos.12,14 Para o presente estudo quatro questões foram excluídas,
por avaliarem a opinião dos estudantes sobre a proibição ou não do tabagismo em
ambientes comuns, visto que essas leis já são regentes no Brasil.
Os estudantes de Odontologia do quinto ao décimo período foram recrutados
para responderam o questionário GHPSS (traduzido para o português, adaptado e
validado)15. Os critérios de inclusão foram: o participante ser aluno a partir do 5º
período do curso de odontologia da UFPE e estar presente em sala de aula no
momento da pesquisa.
A pesquisa foi realizada nas salas de aula durante as atividades acadêmicas
regulares em datas e horários previamente combinados e autorizados pelo
coordenador e professores de cada disciplina. Os objetivos e metodologia da pesquisa
foram explicados aos estudantes e então lhes foi dado tempo para responderem o
questionário anônimo, individual e auto-administrado. Os participantes marcaram
suas respostas no próprio questionário, assinalando a alternativa de escolha.
As respostas das variáveis foram tabuladas e analisadas utilizando o programa
de computador IBM SPSS Statistics 20.0 (IBM Corporation, New York, United States).
Na análise dos dados, foram considerados fumantes atuais aqueles alunos que
87
fumaram pelo menos um dia nos últimos 30 dias anteriores à pesquisa. Dentro do
grupo de fumantes atuais foram subclassificados em fumantes ocasionais aqueles
alunos que fumaram numa frequência inferior a 20 dias nos 30 dias anteriores à
pesquisa.20 A estatística descritiva foi realizada para todas as variáveis, sendo
apresentadas em porcentagem e número. As associações entre as variáveis foram
realizadas com o teste do qui-quadrado, com um valor de p≤0,05 tomado como o limiar
para a significância estatística e a regressão logística binária serviu para avaliar a
relação entre o uso atual do tabaco e variáveis independente.Todos os resultados
apresentam uma margem de erro de ± 5% (Intervalo de confiança de 95%).
Resultados
A UFPE - campus Recife, apresentou, no segundo semestre letivo de 2017,
330 alunos matriculados do 5º ao 10º período no curso de odontologia. Desses, 290
estavam em sala de aula no momento da pesquisa.
O conjunto de dados final foi construído utilizando informações de 224
estudantes, depois de excluir 66 (22,7%) participantes que não responderam o
instrumento da pesquisa. A taxa global de resposta foi de 77,3%. (Tabela 1)
Dados demográficos
A amostra do estudo consistiu principalmente de mulheres (165-73,7%), sendo
a faixa etária entre os 19 a 24 anos a de maior prevalência, correspondendo a 77,2%
do total da amostra (p<0,05). A Tabela 1 revela os dados demográficos do estudo.
Tabela 1. Dados demográficos.
VARIÁVEL N % Pa
Idade
19 a 24 anos 173 77,2 <0,05
25 a 29 anos 39 17,4
30 anos ou mais 12 5,4
Gênero
Feminino 165 73,7 <0,05
Masculino 59 26,3
a Teste do qui-quadrado baseado em valor de p≤0,05
Uso do tabaco
Experiência com o cigarro
88
Noventa e quatro (42%) entrevistados relataram ter fumado pelo menos uma
vez na vida, destes, 44 (46,8%) com idade inferior a 18 anos e 50 (53,2%) acima dos
18 anos. A taxa de prevalência entre os 20-24 anos foi a mais alta (p<0,05).
Os homens experimentaram o cigarro com mais frequência (p<0,05). Dos 59
homens participantes da pesquisa, 34 (59,3%) já experimentaram o cigarro, sendo
que 16 (47%) experimentaram antes dos 17 anos. Já entre as mulheres, de 156
participantes, 60 (36,4%) já fumaram ao menos uma vez, com 28 (46,7%) tendo
experimentado antes dos 17 anos.
A principal influência para fumar foi dos amigos/colegas (p<0,05). Entretanto,
ao compararmos com o gênero, não foi encontrada diferença significativa (0,070). A
Tabela 2 resume os dados, associando o gênero, a experiência com o cigarro e o uso
atual do cigarro.
Uso atual do cigarro
Vinte (8,9%) estudantes fumaram cigarros no último mês, considerando-os
fumantes atuais. Entretanto, todos eram usuários ocasionais. A Tabela 3 revela a
correlação do curso com o uso atual do cigarro.
Quando separados por gênero, os alunos do gênero masculino (10 - 17%)
foram mais propensos do que as estudantes do gênero feminino (10 - 6%) a serem
fumantes atuais (p<0,05), sendo influenciados principalmente pelos amigos/colegas
(<0,05) (Tabela 2).
Experiência com outras formas de consumo do tabaco (tabaco de mascar, rapé,
narguilé, charutos, cachimbos):
No momento da pesquisa, 35 (15,6%) participantes afirmaram ter utilizado uma
ou mais formas de consumo diferentes do cigarro. Ao associar com o gênero, não
houve diferença estatisticamente significantiva (p=0,143). Entretanto, ao
compararmos com os usuários atuais, 12 (60%) alunos tabagistas já experimentaram
outras formas de consumo do tabaco (p<0,05). A Tabela 2 mostra a associação dessa
variável com o gênero, experiência com o cigarro e uso atual.
89
Tabela 2. Gênero, experiência com o cigarro e uso atual do cigarro x Idade do experimento, influência e uso do tabaco e derivados
Variável
Gênero Experiência com o cigarro Uso atual do cigarro
Masculino Feminino Valor de
P
Já experimentou Nunca experimentou
Valor de
P
Usuário atual do cigarro
Não usuário do cigarro
Valor de Pa N(%) IC95% N(%) IC95% N(%) IC95% N(%) IC95% N(%) IC95% N(%) IC95%
Quantos anos você tinha quando experimentou um cigarro pela primeira vez? Nunca fumei cigarros 25(42,4)
2,58
- 3,62
105(63,6)
2,01 -
2,61
0,054
0(0)
4,30 -
4,84
130(100)
1,00 -
1,09
<0,05
0(0)
4,20 -
5,20
130(63,7)
2,05 -
2,58
<0,05
10 anos ou menos 2(3,4) 4(2,4) 6(6,4) 0(0) 0(0) 6(2,9) Entre 11-15 anos 6(10,2) 8(4,8) 15(15,9) 0(0) 3(15) 11(5,4) Entre 16-17 8(13,5) 16(27,1) 23(24,5) 0(0) 7(35) 17(8,3) Entre 18-19 7(11,9) 12(7,3) 19(20,2) 0(0) 4(20) 15(7,3) Entre 20-24 11(18,6) 17(10,3) 28(29,8) 0(0) 5(25) 23(11,3) Entre 25-29 anos 0(0) 3(1,8) 3(3,2) 0(0) 1(5) 2(1,0) Você sofreu alguma influência ao iniciar o hábito de fumar? Nunca fumei cigarros 25(42,4)
2,00 -
2,71
105(63,6) 1,64
- 2,03
0,070
0(0) 3,07
- 3,48
130(100) 1,00
- 1,10
<0,05
0(0) 2,80
- 3,65
130(63,7) 1,69
- 2,02
<0,05
Não tive nenhuma influência 10(17) 18(10,9) 27(28,7) 0(0) 6(30) 22(10,8) Influência de familiares 3(5) 8(4,8) 11(11,7) 0(0) 5(25) 6(2,9) Influência de amigos/colegas 20(34) 32(19,4) 53(56,4) 0(0) 8(40) 44(21,6) Influência da mídia 1(1,7) 2(1,2) 3(3,2) 0(0) 1(5) 1(0,9) Durante os últimos 30 dias (um mês), em quantos dias você fumou cigarros? 0 dias 49(83)
1,10
- 1,55
155(94)
1,03 -
1,20
<0,05
75(79,8)
1,21 -
1,61
130 1,00
- 1,03
<0,05
0(0)
2,35 -
3,50
204(100)
1,00 -
1,00
<0,05
1 ou 2 dias 4(6,8) 6(3,6) 9(9,6) 0(0) 10(50) 0(0) 3 a 5 dias 5(8,5) 2(1,2) 7(7,4) 0(0) 7(35) 0(0) 6 a 9 dias 0(0) 0(0) 0(0) 0(0) 1(5) 0(0) 10 a 19 dias 0(0) 1(0,6) 1(1,1) 0(0) 2(10) 0(0) 20 a 29 dias 1(1,7) 1(0,6) 2(2,1) 0(0) 0(0) 0(0) Todos os 30 dias 0(0) 0(0) 0(0) 0(0) 0(0) 0(0) Você já fumou cigarros nas instalações/propriedades da universidade? Nunca fumei 29(49,1) 1,58
- 2,04
109(66,1) 1,47 -
1,73
<0,05
0(0) 2,44 -
2,70
130(100) 1,00 -
1,00
<0,05
0 1,90 -
2,40
136(66,7) 1,49 -
1,73
<0,05 Sim 12(20,3) 13(7,9) 25(26,6) 0(0) 15(75) 12(5,9)
Não nas instalações 18(30,5) 43(26) 69(73,4) 0(0) 5(25) 56(27,4)
Você já usou tabaco para mascar, rapé, narguile, charutos ou cachimbos? Sim 13(22) 1,67
- 1,89
22(13,3) 1,81 -
1,92
0,143
30(32) 1,59 -
1,79
5(3,2) 1,92 -
1,99
<0,05
12(60) 1,20 -
1,65
23(11,3) 1,84 -
1,93
<0,05 Não 46(78) 143(86,7) 64(68) 125(96,1) 8(40) 181(88,7)
Durante os últimos 30 dias (um mês), em quantos dias você usou tabaco para mascar, rapé, narguile, charutos ou cachimbos? 0 dias 55(93,3) 1,00
- 1,17
162(98,2) 1,00 -
1,05
0,165
88(93,6) 1,02 -
1,14
129(99,2) 1,00 -
1,06
<0,05
16(80) 1,05 -
1,50
201(98,5) 1,00 -
1,04
<0,05 1 ou 2 dias 3(5) 2(1,2) 5(5,3) 0(0) 3(15) 2(1,0)
3 a 5 dias 1(1,7) 1(0,6) 1(1,1) 1(0,8) 1(5) 1(0,5) 6 a 9 dias 0(0) 0(0) 0(0) 0 0 0(0) Você já usou tabaco de mascar, rapé, narguile, charutos ou cachimbos nas instalações/propriedades da universidade? Nunca fumei 47(79,6) 1,17
- 1,57
146(88,5) 1,12 -
1,31
0,208
66(70,2) 1,37 -
1,73
127(97,7) 1,00 -
1,09
<0,05
8(40) 1,70 -
2,55
185(90,7) 1,09 -
1,25
<0,05 Sim 2(3,4) 2(1,2) 4(4,2) 0(0) 1(5) 3(1,5)
Não nas instalações 10(17) 17(10,3) 24(25,5) 3(2,3) 11(55) 16(7,8)
90
Tabela 3. Experiência com o cigarro, uso atual e política de proibição
VARIÁVEL N % IC 95% Pa
Alguma vez você já tentou ou experimentou o cigarro, mesmo um ou dois tragos? Sim 94 42 35,7 – 48,6 <0,05 Não 130 58 51,4 – 64,3 Tabagismo atual Tabagista atual 20 8,9 5,4 – 12,9 <0,05 Não tabagista 204 91,1 87,1 – 94,6 Sua universidade tem uma política oficial proibindo fumar em prédios escolares e clínicas? Sim, somente para prédios escolares 2 0,9 0,0 – 2,2
<0,05
Sim, apenas para clínicas 10 4,5 2,2 – 7,1 Sim, para edifícios escolares e clínicas 43 19,2 14,3 – 24,6 Nenhuma política oficial 24 10,7 7,1 – 14,7 Não sei 145 64,7 58,5 – 71,0 A proibição oficial de fumar na sua universidade é aplicada? Sim, a política é aplicada 29 12,9 8,9 – 17,4
<0,05 Não, a política não é aplicada 25 11,2 7,1 – 15,6 A Universidade não tem uma política oficial 13 5,8 2,7 – 8,9 Não sei 157 70,1 64,3 – 75,4
a Teste do qui-quadrado baseado em valor de p≤0,05
Uso do cigarro e derivados do tabaco nas instalações/propriedades da universidade
Quando perguntados se já fumaram cigarros nas instalações/propriedades da
universidade, dos estudantes que já experimentaram o cigarro, 25 (26,6%) disseram
que sim, enquanto que 69 (73,4%) responderam que não usaram tabaco dentro das
instalações. Ao levar em consideração apenas os fumantes atuais, 15 (75%) alunos
fizeram o uso nesses locais (p<0,05). O gênero masculino fumou mais nesses
ambientes (p<0,05). Em relação ao uso de derivados do tabaco nas
instalações/propriedades da universidade, apenas 6 (1,3%) alunos responderam ter
utilizado esses produtos em ambiente universitário (Tabela 2).
Política de proibição do tabaco
Política oficial de proibição do cigarro e derivados do tabaco em prédios e clínicas
universitárias
Ao serem perguntados da existência de uma lei oficial que proíba o uso do
cigarro e derivados do tabaco em prédios e clínicas universitárias, 145 (64,7%) alunos
afirmaram não saber, 24 (10,7%) responderam que não existe política e 55 (24,6%)
que alguma proibição está prevista para esses ambientes. Entretanto, apenas 29
(12,9%) acreditam que a lei é aplicada (Tabela 3).
91
Proibição total da publicidade dos produtos do tabaco
Dos estudantes do curso de Odontologia pesquisados, 190 (84,8%) concordam
que deveria haver uma proibição total da publicidade dos produtos do tabaco. O nível
de concordância a favor da proibição total foi significativamente maior entre os que
nunca experimentaram o tabaco (91,5%) do que entre os que já experimentaram
(75,5%) (p<0,05). A associação dessa variável e o gênero não revelou diferença
significativa (p=0,387) (Tabela 4).
Exposição ao fumo passivo do tabaco
Exposição em casa nos últimos 7 dias
No que se refere à exposição ao fumo passivo do tabaco na residência do
aluno, 47 (28%) relataram ter sido expostos nos últimos sete dias. Dos 126 expostos,
33 eram do gênero feminino (70,2%) e 14 do gênero masculino (29,8%). Quanto ao
número de dias, 20 (9,8%) ficaram expostos de 1 a 2 dias. A associação entre essa
variável e o gênero, a experiência com o tabaco e o uso atual não foi significativa
(Tabela 4).
Exposição em outros ambientes nos últimos 7 dias
Sobre a exposição ao fumo passivo do tabaco em outros ambientes, 128
(57,1%) alunos participantes da pesquisa afirmaram exposição nos últimos sete dias.
Dos 128 expostos, 116 eram do gênero feminino (75,8%) e 31 do gênero masculino
(24,2%). Quanto ao número de dias, 88 (59,8%) foram expostos de 1 a 2 dias. A
associação entre essa variável e o gênero, a experiência com o cigarro e o uso atual
não foi significativa. (Tabela 4).
92
Tabela 4. Gênero, experiência com o cigarro e uso atual do cigarro x Exposição ao fumo passivo e proibição da publicidade dos produtos do tabaco
Variável Gênero Experiência com o cigarro Uso atual do cigarro
Masculino Feminino Valor de P
Já experimentou Nunca experimentou
Valor de P
Usuário atual do cigarro
Não usuário do cigarro
Valor de Pa N(%) IC95
% N(%) IC95
% N(%) IC95
% N(%) IC95
% N(%) IC95
% N(%) IC95
%
Durante os últimos 7 dias, em quantos dias as pessoas fumaram onde você mora, na sua presença? 0 dias 45(76,3)
1,18 -
1,63
132(80) 1,29
- 1,63
0,353
73(77,6) 1,28
- 1,71
104(80) 1,26
- 1,60
0,570
13(65) 1,45
- 2,75
164(80,4) 1,26
- 1,52
<0,05
1 a 2 dias 7(11,8) 13(7,9) 8(8,5) 12(9,2) 1(5) 19(9,3) 3 a 4 dias 5(8,5) 8(4,8) 6(6,4) 7(5,4) 2(10) 11(5,4) 5 a 6 dias 1(1,7) 1(0,6) 2(2,1) 0(0) 0(0) 2(1,0) Todos os 7 dias 1(1,7) 11(6,6) 5(5,3) 7(5,4) 4(20) 8(3,9) Durante os últimos 7 dias, em quantos dias as pessoas fumaram em sua presença em lugares diferentes de onde você mora? 0 dias 28(47,4)
1,53 -
2,03
68(41,2) 1,75
- 2,08
0,817
37(39,4) 1,76
- 2,18
59(45,4) 1,64
- 2,02
0,823
5(25) 1,90
- 2,95
91(44,6) 1,70
- 1,97
0,063
1 a 2 dias 21(35,6) 67(40,6) 38(40,4) 50(38,5) 8(40) 80(39,2) 3 a 4 dias 7(11,8) 16(9,7) 10(10,6) 13(10) 3(15) 20(9,8) 5 a 6 dias 1(1,7) 4(2,4) 3(3,2) 2(1,5) 2(10) 3(1,5) Todos os 7 dias 2(3,4) 10(6,1) 6(6,4) 6(4,6) 2(10) 10(4,9) Deveria haver uma proibição total da publicidade dos produtos do tabaco? Sim 48(81,3) 1,08
- 1,29
142(86,1) 1,09 -
1,19
0,387
71(75,5) 1,16 -
1,34
119(91,5) 1,04 -
1,13
<0,05
14(70) 1,10 -
1,50
176(86,3) 1,09 -
1,19
0,061 Não 11(18,7) 23(13,9) 23(24,5) 11(8,5) 6(30) 28(13,7)
a Teste do qui-quadrado baseado em valor de p≤0,05
93
Atitudes dos profissionais de saúde
Quando perguntados se os profissionais de saúde servem como modelos para
seus pacientes e para o público, 204 (91,1%) alunos afirmaram que sim,
independentemente de já terem utilizado o cigarro ou não (p=0,483). Duzentos e
catorze (95%) estudantes admitiram que os profissionais de saúde deveriam receber
treinamento específicos sobre técnicas de cessação do tabaco.
Em relação ao aconselhamento dos pacientes, 220 (98,2%) entrevistados
acreditam que é papel dos profissionais de saúde aconselhar e informar os seus
pacientes sobre maneiras de cessar o tabagismo, onde 213 (95,1%) consideram
importante que os conselhos sejam rotineiros. A maioria deles (205 - 91,5%) julga os
conselhos eficazes, onde as chances de um paciente cessar o hábito aumentam após
as recomendações.
Ao serem questionados se os profissionais de saúde que fumam são menos
propensos a aconselhar os pacientes a pararem de fumar, 139 (62,1%) pressupõem
que sim. Ao correlacionar essa variável com a experiência com o cigarro e o uso atual
do mesmo, 48 (51,1%) e 13 (65%), respectivamente, acreditam não haver correlação.
A Tabela 5 apresenta a associação dessas variáveis com o gênero, a experiência com
o cigarro e o uso atual.
94
Tabela 5. Gênero, experiência com o cigarro e uso atual do cigarro x Atitudes
Variável Gênero Experiência com o cigarro Uso atual do cigarro
Masculino Feminino Valor de P
Já experimentou Nunca experimentou
Valor de P
Usuário atual do cigarro
Não usuário do cigarro
Valor de Pa N(%) IC95
% N(%) IC95
% N(%) IC95
% N(%) IC95
% N(%) IC95
% N(%) IC95
%
Os profissionais de saúde devem receber treinamento específico sobre técnicas de cessação do tabaco? Sim 56(95) 0,99
- 1,11
158(95,8) 1,01 -
1,07
0,788
91(96,8) 1,00 -
1,07
123(94,6) 1,02 -
1,09
0,433
19(95) 1,00 -
1,15
195(95,6) 1,01 -
1,08
1,00 Não 3(5) 7(4,2) 3(3,2) 7(5,4) 1(5) 9(4,4)
Os profissionais de saúde servem como "modelos" para seus pacientes e para o público? Sim 54(91,5) 1,01
- 1,16
150(91) 1,05 -
1,14
0,877
84(89,4) 1,04 -
1,17
120(92,3) 1,03 -
1,12
0,483
17(85) 1,00 -
1,35
187(91,7) 1,05 -
1,12
0,399 Não 5(8,5) 15(9) 10(10,6) 10(7,7) 3(15) 13(8,3)
Os profissionais de saúde devem rotineiramente aconselhar seus pacientes que fumam a parar de fumar? Sim 57(96,6) 0,99
- 1,08
163(98,8) 1,00 -
1,03
0,278
92(97,9) 1,00 -
1,05
128(98,5) 1,00 -
1,04
0,743
20(100) 1,00 -
1,00
200(98) 1,00 -
1,04
1,00 Não 2(3,4) 2(1,2) 2(2,1) 2(1,5) 0(0) 4(2)
Os profissionais de saúde devem aconselhar rotineiramente seus pacientes que usam outros produtos do tabaco a parar de usar esses produtos? Sim 55(93,2) 1,00
- 1,13
158(95,8) 1,01 -
1,07
0,439
88(93,6) 1,02 -
1,12
125(96,2) 1,01 -
1,08
0,386
18(90) 1,00 -
1,25
195(95,6) 1,02 -
1,07
0,256 Não 4(6,8) 7(4,2) 6(6,4) 5(3,8) 2(10) 9(4,4)
Os profissionais de saúde têm um papel em dar conselhos ou informações sobre a cessação do tabagismo aos pacientes? Sim 58(98,3) 1,00
- 1,00
156(100) 1,00 -
1,00
0,094
94(100) 1,00 -
1,00
129(99,2) 1,00 -
1,03
0,394
19(95) 1,00 -
1,15
204(100) 1,00 - 1,00
0,089 Não 1(1,7) 0(0) 0(0) 1(0,8) 1(5) 0(0)
As chances de um paciente parar de fumar aumentam se um profissional de saúde aconselha-lo a parar de fumar? Sim 56(95) 0,99
- 1,11
149(90,3) 1,05 -
1,14
0,275
87(92,5) 1,02 -
1,14
118(90,8) 1,05 -
1,14
0,636
19(95) 1,00 -
1,15
186(91,2) 1,05 -
1,13
1,00 Não 3(5) 16(9,7) 7(7,5) 12(9,2) 1(5) 18(8,8)
Os profissionais de saúde que fumam são menos propensos a aconselhar os pacientes a pararem de fumar? Sim 34(57,6) 1,29
- 1,55
105(63,6) 1,29 -
1,44
0,414
46(48,9) 1,41 -
1,62
93(71,5) 1,22 -
1,36
<0,05
7(35) 1,45 -
1,85
132(64,7) 1,29 - 1,42
<0,05 Não 25(42,6) 60(36,4) 48(51,1) 37(28,5) 13(65) 72(35,3)
Os profissionais de saúde que usam outros produtos do tabaco têm menor probabilidade de aconselhar os pacientes a pararem de fumar? Sim 36(61) 1,26
- 1,52
108(65,5) 1,27 -
1,42
0,542
55(58,5) 1,32 -
1,52
89(68,5) 1,24 -
1,39
0,125 9(45) 1,35 -
1,75
135(66,2) 1,27 -
1,40
0,059 Não 23(39) 57(34,5) 39(41,5) 41(31,5) 11(55) 69(33,8)
a Teste do qui-quadrado baseado em valor de p≤0,05
95
Currículo/Treinamento
No que diz respeito ao currículo, 214 (95,5%) participantes da pesquisa
mencionaram ter adquirido conhecimento sobre os malefícios do tabaco durante a sua
formação na universidade. Entretanto, apenas 129 (57,6%) discutiram as razões pelas
quais as pessoas fumam.
No tocante ao atendimento dos pacientes, a maioria dos alunos (92,9% - 208)
reconheceu que é importante registrar o consumo do tabaco como parte do histórico
do paciente e 116 (51,8%) afirmaram que foram ensinados sobre a importância em
fornecer materiais educacionais que auxiliem no processo de cessação desse hábito.
Contudo, uma proporção pequena de estudantes (12,5% - 28) alegou ter recebido
alguma forma de treinamento formal sobre cessação do tabagismo para os pacientes.
Em termos de métodos de auxílio à cessação do tabagismo, 120 (53,6%)
universitários já ouviram falar de terapias de reposição de nicotina em programas de
cessação do tabaco e 70 (31,3%) do uso de antidepressivos nessas modalidades de
tratamento (Tabela 6).
Tabela 6. Currículo/treinamento
VARIÁVEL N % IC 95% Pa
Durante sua formação na universidade você foi ensinado, em alguma de suas aulas, sobre os perigos do tabagismo? Sim 214 95,5 92,9 – 97,8 <0,05 Não 10 4,5 2,2 – 7,1 Durante sua formação na universidade você discutiu, em alguma de suas aulas, as razões pelas quais as pessoas fumam? Sim 129 57,6 51,4 – 64,3 <0,05 Não 95 42,4 35,7 – 48,6 Durante sua formação na universidade você aprendeu que é importante registrar o histórico do uso do tabaco como parte do histórico médico geral do paciente? Sim 208 92,9 89,3 – 96,0 <0,05 Não 16 7,1 4,0 – 10,7 Durante sua formação na universidade você já recebeu algum treinamento formal em abordagens de cessação do tabagismo para usá-las com pacientes? Sim 28 12,5 8,5 – 17,00 <0,05 Não 196 87,5 83,0 – 91,5 Durante a sua formação na universidade você aprendeu que é importante fornecer materiais educacionais para apoiar a cessação do tabagismo a pacientes que querem parar de fumar? Sim 116 51,8 45,5 – 58,5 0,640 Não 108 48,2 41,5 – 54,5 Você já ouviu falar de uso de terapias de reposição de nicotina em programas de cessação de tabaco (como remendo de nicotina ou goma)? Sim 120 53,6 46,9 – 59,8 0,316 Não 104 46,4 40,2 – 53,1 Você já ouviu falar no uso de antidepressivos em programas de cessação de tabaco? Sim 70 31,3 25,0 – 37,9 <0,05 Não 154 68,8 62,1 – 75,0
a Teste do qui-qudrado baseado em valor de p≤0,05
96
Regressão Logística Binária
Os modelos de regressão logística binária mostraram que o uso atual do cigarro
foi significativamente associado apenas à influência de terceiros ao iniciar o hábito de
fumar (P=0.001, OR=7.708, IC95%=2.347-25.316) (Tabela 7).
Tabela 7. Associação entre o uso atual do tabaco com Sexo, Influência ao iniciar o hábito de fumar,
Aplicação da lei antitabaco no ambiente universitário e Propensão dos profissionais que fumam cigarro
e outros produtos do tabaco em aconselhar os pacientes
Va Variável Uso atual do tabaco
P OR IC 95%
Sexo (0: Feminino; 1: Masculino) 0.100 2.646 0.829 -8.450
Influência ao iniciar o hábito de fumar (0: Não sofreu influência; 1: Sofreu influência de outros)
0.001 7.708 2.347 -25.316
Aplicação da lei antitabaco no ambiente universitário (0: A lei é aplicada; 1: A lei não é aplicada
0.867 1.205 0.137 -10.593
Os profissionais que fumam cigarro são menos propensos em aconselhar os pacientes? (0: Sim; 1: Não)
0.281 2.810 0.430 -18.379
Os profissionais que utilizam outros produtos do tabaco são menos propensos em aconselhar os pacientes? (0: Sim; 1: Não)
0.733 1.383 0.215 -8.876
Discussão
Este estudo transversal foi conduzido para avaliar a relação dos estudantes de
odontologia de uma universidade do nordente brasileiro com o tabaco e seus
produtos. Foi constatado que 42% dos universitários já experimentaram o cigarro pelo
menos uma vez e que 8,9% são usuários atuais, todos tabagistas ocasionais. As taxas
de experiência e de uso atual diferiram no Brasil e no mundo. No Rio de Janeiro, 60%
dos universitários já tinham experimentado o cigarro e 20% eram usuários atuais,
dados semelhantes aos encontrados em Campo Grande.16,17 Ao redor do mundo,
verificou-se no Irã que 54,2% dos futuros cirurgiões-dentistas já experimentaram
tabaco e no Texas, Estados Unidos, 33% eram usuários atuais.10,11
Quando perguntados sobre a idade em que experimentaram o cigarro pela
primeira vez e a influência que receberam, a maioria dos alunos usuários atuais
fizeram o primeiro uso na adolescência, tendo como influência os amigos e familiares.
A literatura relata que o hábito do tabagismo se inicia mais comumente durante a
adolescência ou na idade adulta jovem, período onde há um intenso interesse pela
socialização e aceitação, o que, sem dúvida, irá intervir na formação da identidade
97
adulta. Além disso, as principais influências são os amigos e os familiares, tendo os
filhos de fumantes uma maior propensão, reforçando a ideia de que o modelo constitui
um fator de importância na determinação do hábito de fumar.18,19,20 No Brasil, os dados
dos inquéritos do Sistema Internacional de Vigilância do Tabagismo da Organização
Mundial da Saúde, realizados entre os anos de 2002 e 2009, revelaram que a faixa
etária entre 17 e 19 anos foi a predominante para a iniciação do consumo regular dos
produtos de tabaco fumado.3
As evidências científicas demonstram que intervenções feitas com o grupo de
pacientes tabagistas, ainda que curtas, são eficientes.21,22 Uma revisão sistemática da
Cochrane, de 2012, concluiu que mudanças comportamentais para a cessação do
tabaco, realizadas por cirurgiões-dentistas, podem aumentar as taxas de abstinência
entre usuários do cigarro e usuários de outros derivados do tabaco.23 Diante disso, os
profissionais de saúde devem trabalhar em conjunto como equipe e os profissionais
de saúde bucal como membros importantes desta equipe, devem ter conhecimento
suficiente, incluindo informações sobre os efeitos adversos do tabagismo ativo e
passivo à saúde, os motivos pelos quais as pessoas fumam, bem como sobre métodos
efetivos de prevenção e aconselhamento para cessação. Para poder cumprir esta
importante responsabilidade, eles também precisam de atitudes positivas e
habilidades necessárias.5,6,7
Em relação às atitudes frente às políticas de controle do tabagismo, nossos
resultados estão em concordância com outros estudos realizados no Brasil e no
mundo.2,9,16.17,24 Mais de 95% dos estudantes concordaram que os profissionais da
saúde devem receber treinamentos específicos sobre técnicas de cessação, quase
100% julgaram que os pacientes devem ser aconselhados rotineiramente sobre parar
o uso do tabaco e cerca de 90% creem que as chances da cessação aumentam se o
aconselhamento partir de um profissional da saúde. A legislação brasileira, através da
portaria Nº 571, de 5 de abril de 2013, estabelece que os profissionais de saúde da
rede pública devem receber formação profissional e educação permanente a fim de
prevenir, identificar e tratar os tabagistas.25
Os profissionais de saúde, incluindo os cirurgiões-dentistas, são altamente
respeitados e são fontes confiáveis de informação e aconselhamento em assuntos
relacionados à saúde.1,2,26 Muitos são influentes líderes comunitários e são
considerados modelos para a sociedade.27 Mais de 90% dos participantes dessa
98
pesquisa se veem e veem os outros estudantes de odontologia como modelos para
os seus pacientes; entretanto, apenas 62,1% responderam que os profissionais
tabagistas são menos propensos a aconselhar os pacientes a cessarem o hábito. No
Brasil, a visão dos estudantes como modelos para os seus pacientes variou de 65%
em Florianópolis a 75% em João Pessoa e Rio de Janeiro.16,17
Em relação ao treinamento recebido durante a graduação, 95,5% dos alunos
afirmaram ter recebido ensinamentos sobre os malefícios do tabagismo, 57,6%
discutiram em aula as razões pelas quais as pessoas fumam e 92,9% sabem que é
importante registrar essa doença como parte do histórico do paciente. Porém, apenas
12,5% receberam algum tipo de treinamento formal em abordagens de cessação do
tabagismo, o que pode refletir na falta de informação desses sobre o uso de terapias
de reposição de nicotina e da utilização de antidepressivos em programas de
cessação. Resultados semelhantes foram encontrados em outras cidades brasileiras
que utilizaram a mesma metodologia de estudo. A taxa de alunos que receberam
treinamento formal foi de 5% em João Pessoa, 13% em Florianópolis e 19% no Rio
de Janeiro.16,17
A intervenção no controle do tabaco deve assumir duas formas: evitar que os
indivíduos comecem a fumar ou usar outros produtos do tabaco e ajudar os usuários
atuais a parar.28 Os futuros cirurgiões-dentistas acreditam ter um papel em ambas as
prevenções - o que envolve educação do paciente - e cessação - que envolve
aconselhamento.2,9,16,17,24 Cumprir esses papéis significa, principalmente, certificar-se
de que os centros educacionais estão qualificando os seus alunos, incluindo nos seus
currículos disciplinas que abordem esses aspectos. Os acadêmicos precisam se
formar conscientes e treinados para exercer esse papel de educar e aconselhar não
só na academia, mas com a confiança de seguir pondo em prática durante a vida
profissional.29
Conclusão
Em conclusão, nosso estudo revelou que, apesar dos alunos de odontologia
possuírem conhecimentos sobre os malefícios do tabaco, ainda há uma falha
significativa no treinamento desses futuros profisisonais em relação à prevenção e
99
combate ao tabagismo. Faz-se necessária a interação entre as instituições de ensino
e as organizações de saúde para que juntas possam implementar programas que
visem treinar esses estudantes sobre o aconselhamento e técnicas de cessação do
tabagismo.
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103
ANEXO A – QUESTIONÁRIO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA
“ESTUDO DE PREVALÊNCIA SOBRE O USO E EXPOSIÇÃO AO TABACO POR ESTUDANTES DA ÁREA DE SAÚDE DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO”
Pesquisador responsável: Augusto César Leal da Silva Leonel
QUESTIONÁRIO
Caro estudante,
Ao responder a este questionário você vai nos ajudar a entender como os estudantes universitários vivem particularmente em relação ao uso e exposição ao tabaco.
Por favor, não escreva seu nome neste questionário. Portanto, ninguém será capaz de identificar quem o completou.
Por favor, responda honestamente todas as perguntas e na ordem em que aparecem. Isto não é um teste; portanto, não há respostas "erradas" ou "certas".
Muito obrigado pela colaboração.
Conteúdo do questionário
I. Prevalência do uso do tabaco entre os profissionais de saúde
II. Exposição ao fumo passivo do tabaco
III. Atitudes
IV. Comportamento / Cessação
V. Currículo / Treinamento
VI. Demografia
I. Prevalência do uso de tabaco entre os profissionais da saúde
1. Alguma vez você já tentou ou experimentou o cigarro, mesmo um ou dois tragos?
A.Sim B.Não
2. Quantos anos você tinha quando experimentou um cigarro pela primeira vez?
A.Nunca fumei cigarros B. 10 anos ou menos C. Entre 11-15 anos
D. Entre 16-17 anos E. Entre 18-19 anos F. Entre 20-24 anos
G. Entre 25-29 anos H. 30 anos ou mais
3. Você sofreu alguma influência ao iniciar o hábito de fumar?
A. Nunca fumei cigarros B. Não tive nenhuma influência
C. Influência de familiares D. Influência de amigos/colegas E. Influência da mídia
4. Durante os últimos 30 dias (um mês), em quantos dias você fumou cigarros?
A. 0 dias B. 1 ou 2 dias C. 3 a 5 dias D. 6 a 9 dias
104
E. 10 a 19 dias F. 20 a 29 dias G. Todos os 30 dias
5. Você já fumou cigarros nas instalações/propriedades da universidade?
A. Nunca fumei cigarros B. Sim
C. Não dentro das instalações/propriedades da universidade
6. Você já usou tabaco para mascar, rapé, narguile, charutos ou cachimbos?
A. Sim B. Não
7. Durante os últimos 30 dias (um mês), em quantos dias você usou tabaco para mascar, rapé, narguile, charutos ou cachimbos?
A. 0 dias B. 1 ou 2 dias C. 3 a 5 dias D. 6 a 9 dias
E. 10 a 19 dias F. 20 a 29 dias G. Todos os 30 dias
8. Você já usou tabaco de mascar, rapé, narguile, charutos ou cachimbos nas instalações / propriedades da universidade?
A.Eu nunca usei tabaco de mascar, rapé, narguile, charutos ou cachimbos
B. Sim C. Não dentro das instalações/propriedades da universidade
II. Exposição ao fumo passivo do tabaco
9. Durante os últimos 7 dias, em quantos dias as pessoas fumaram onde você mora, na sua presença?
A. 0 dias B. 1 a 2 dias C. 3 a 4 dias D. 5 a 6 dias
E. Todos os 7 dias
10. Durante os últimos 7 dias, em quantos dias as pessoas fumaram em sua presença em lugares diferentes de onde você mora?
A. 0 dias B. 1 a 2 dias C. 3 a 4 dias D. 5 a 6 dias
E. Todos os 7 dias
11. Sua universidade tem uma política oficial proibindo fumar em prédios escolares e clínicas?
A. Sim, somente para prédios escolares B. Sim, apenas para clínicas
C. Sim, para edifícios escolares e clínicas D. Nenhuma política oficial
E. Não sei
12. A proibição oficial de fumar na sua universidade é aplicada?
A. Sim, a política é aplicada B. Não, a política não é aplicada
C. A Universidade não tem uma política oficial D. Não sei
III. Atitudes
13. Deveria haver uma proibição total da publicidade dos produtos do tabaco?
A. Sim B. Não
14. Os profissionais de saúde devem receber treinamento específico sobre técnicas de cessação do tabaco?
A. Sim B. Não
15. Os profissionais de saúde servem como "modelos" para seus pacientes e para o público?
A. Sim B. Não
105
16. Os profissionais de saúde devem rotineiramente aconselhar seus pacientes que fumam a parar de fumar?
A. Sim B. Não
17. Os profissionais de saúde devem aconselhar rotineiramente seus pacientes que usam outros produtos do tabaco a parar de usar esses produtos?
A. Sim B. Não
18. Os profissionais de saúde têm um papel em dar conselhos ou informações sobre a cessação do tabagismo aos pacientes?
A. Sim B. Não
19. As chances de um paciente parar de fumar aumentam se um profissional de saúde aconselha-lo a parar de fumar?
A. Sim B. Não
IV. Comportamento / Cessação
20. Quanto tempo, depois de acordar, você fuma seu primeiro cigarro?
A. Nunca fumei cigarros B. Atualmente não fumo cigarros
C. Menos de 10 minutos D.10-30 minutos
E. 31-60 minutos F. Após 60 minutos G. Apenas experimentei no passado
21. Você quer parar de fumar cigarros agora?
A. Nunca fumei cigarros B. Eu não fumo agora
C. Sim D. Não E. Apenas experimentei no passado
22. Durante o último ano, você já tentou parar de fumar cigarros?
A. Nunca fumei cigarros B. Eu não fumei durante o ano passado
C. Sim D. Não E. Apenas experimentei no passado
23. Há quanto tempo você parou de fumar cigarros?
A. Nunca fumei cigarros B. Eu não parei de fumar cigarros
C. Menos de 1 mês D. 1-5 meses
E. 6 - 11 meses F. Um ano
G. 2 anos H. 3 anos ou mais I. Apenas experimentei no passado
24. Alguma vez você já recebeu ajuda ou conselhos para orientá-lo a parar de fumar cigarros?
A. Nunca fumei cigarros B. Sim C. Não
25. Você quer parar de usar tabaco de mascar, rapé, narguile, charutos ou cachimbos agora?
A. Eu nunca usei tabaco de mascar, rapé, narguile, charutos ou cachimbos
B. Eu não uso tabaco de mascar, rapé, narguile, charutos ou cachimbos agora
C.Sim D.Não
26. Os profissionais de saúde que fumam são menos propensos a aconselhar os pacientes a pararem de fumar?
A. sim B. Não
106
27. Os profissionais de saúde que usam outros produtos do tabaco (tabaco para mascar, rapé, narguile, charutos ou cachimbos) têm menor probabilidade de aconselhar os pacientes a pararem de fumar?
A. Sim B. Não
V. Currículo / Treinamento
28. Durante sua formação na universidade você foi ensinado, em alguma de suas aulas, sobre os perigos do tabagismo?
A. Sim B. Não
29. Durante sua formação na universidade você discutiu, em alguma de suas aulas, as razões pelas quais as pessoas fumam?
A. Sim B. Não
30. Durante sua formação na universidade você aprendeu que é importante registrar o histórico do uso do tabaco como parte do histórico médico geral do paciente?
A. Sim B. Não
31. Durante sua formação na universidade você já recebeu algum treinamento formal em abordagens de cessação do tabagismo para usá-las com pacientes?
A. Sim B. Não
32. Durante a sua formação na universidade você aprendeu que é importante fornecer materiais educacionais para apoiar a cessação do tabagismo a pacientes que querem parar de fumar?
A. Sim B. Não
33. Você já ouviu falar de uso de terapias de reposição de nicotina em programas de cessação de tabaco (como remendo de nicotina ou goma)?
A. Sim B. Não
34. Você já ouviu falar no uso de antidepressivos em programas de cessação de tabaco?
A. Sim B. Não
VI. Demografia
35. Quantos anos você tem?
A. Menos de 18 anos
B. 19 a 24 anos
C. 25 a 29 anos
D. 30 anos ou mais
36. Qual o seu sexo?
A. Feminino
B. Masculino
37. Qual é o seu período no curso?
A. Quinto período
B. Sexto período
C. Sétimo período
D. Oitavo período
E. Nono período
F. Décimo período
107
ANEXO B – PARECER CONSUBSTANCIADO DO COMITÊ DE ÉTICA EM
PESQUISA
108
109
110
111
ANEXO C- NORMAS DAS REVISTAS
Nicotine e Tobacco Research
Instructions to Authors
Nicotine & Tobacco Research is the official journal of the Society for Research on Nicotine and
Tobacco. The articles published in the journal focus primarily on the neurobiology, psychology,
epidemiology of nicotine and tobacco use, clinical aspects of the subject particularly with
regard to interventions in tobacco cessation, and issues concerned with tobacco policy and
public health related to nicotine and tobacco use and dependence.
All material to be considered for publication in Nicotine & Tobacco Research should be
submitted in electronic form via ScholarOne Manuscripts, the journal's online submission site.
If you experience any problems during the online submission process please consult
the Author's User Guide, which provides detailed submission instructions on how to submit
your paper. Alternatively, please contact the journal's Managing Editor, who will be pleased to
assist you.
Types of Submissions
The journal publishes five categories of manuscripts:
1. Original Investigation
An empirical report of data collected and analyzed. This type of paper wil normally report a
substantial piece of original work.
Sections for main manuscript document: Introduction, Methods, Results, Discussion,
Acknowledgments, References.
This submission will normally not exceed 4,000 words of text with a 250-word abstract and no
more than 4 figures and tables combined (multi-part figures count as separate figures). The
number of references should not exceed 50. The abstract should be structured as follows:
Introduction, Methods, Results, and Conclusions. If authors wish to submit articles that exceed
these limits significantly, they should contact the Editor-in-Chief before submission. If the
112
request has been approved please indicate this in the cover letter. The 4,000-word limit does
not include the title page, abstract, or references.
2. Review
Scholarly review of literature, identifying trends or gaps in literature, providing new synthesis,
and outlining future directions.
This submission will normally not exceed 6,000 words of text with a 250-word abstract and no
more than 4 figures and tables combined; tables longer than 1 page will be published as online-
only supplementary material. The number of references should not exceed 100. If authors wish
to submit articles that exceed these limits significantly, they should contact the Editor-in-Chief
before submission. If the request has been approved please indicate this in the cover letter.
Authors considering submitting this type of article to the journal might find it useful to contact
the Editor-in-Chief before embarking on the preparation the review for advice on whether or
not the proposed review discusses an issue or issues which the Editorial Board are likely to
consider to be of general interest to the readership of the journal.
3. Brief Report
An empirical report preliminary or pilot data.
Sections for main manuscript document: Introduction, Methods, Results, Discussion,
Acknowledgments, References.
This submission must not exceed 2,000 words of text with a 250-word abstract and no more
than 2 figures and tables combined; tables longer than one page will be published as online-
only supplementary material. The abstract should be structured as follows: Introduction,
Methods, Results, and Conclusions. The number of references should not exceed 20.
4. Commentary
Extended discussion of a published paper or editorial comment about relevant topic; most are
invited; inquire about topic before submitting. The number of references should not exceed 20.
5. Letter to the Editor
Brief discussion, review, or reanalysis of published paper; should be data-based. Authors of
critiqued papers will be invited to provide a response, which will be published concurrently.
113
Letters should be no more than 1,000 words, figures/tables should not be included, and the
number of references should not exceed 10.
How to Format Your Manuscript
Manuscripts must include the sections listed below in the order they are presented. All word
limits include citations within the text. The entire text should be double-spaced. Submitting an
incomplete manuscript will cause a delay in review. The journal conforms to the AMA Manual
of Style, 10th Edition. For publication, manuscripts must conform to the journal’s style. Do not
incorporate any footer or headers in your submission. Turn off Track Changes. Do not include
line numbers. Do not include footnotes.
Manuscript Structure
1. Title page. This should list the title of the article and the full names and institutional
addresses for all authors. Each author's highest academic degree should follow his/her name.
The e-mail address of the corresponding author should also be included.
2. Abstract. For original investigations and brief reports, the abstract is limited to 250 words
and should be structured as follows: Introduction, Methods, Results, and Conclusions. Please
ensure that the conclusion of your abstract captures the main message of your article in an
accurate, clear, concise, stand-alone statement. Abstracts for reviews are also limited to 250
words but the sub-headings may differ. Commentaries and letters do not require abstracts.
3. Implications. Provide a brief description about what the study adds (50-100 words). 4. Main Text. Use the guidelines in the Types of Articles table to structure the sections. Original Investigations and Brief Report sections are: Introduction, Methods, Results, and Discussion. Use a maximum of three level headings. For example: HEADING 1: Uppercase, large font, bold
Heading 2: Lower case, standard size font, bold
Heading 3: Lower case, standard size font, italicized 5. Funding. List all sources of funding for the research. See Funding for further details. 6. Declaration of Interests. All authors must declare any conflicts of interest. When submitting your manuscript via ScholarOne Manuscripts, you will be asked whether you have any conflicts of interest. As submitting author, it is your responsibility to ascertain any conflicts of interest from your co-authors and to declare these accordingly. See Declaration of Interests for further details.
114
7. Acknowledgments. This section is for acknowledging individuals and institutions whose assistance and support the authors wish to mention. 8. References. The journal uses American Medical Association (AMA) style as laid out in the AMA Manual of Style (10th edition). References should be cited with numbers and then listed in numerical order at the end of the paper.
The journal titles should be abbreviated.
For references with more than six authors, provide the names of the first three authors and
then add et al.
Include the doi numbers for content published online ahead of print, when full issue pagination
is not yet available. 9. Tables. Tables longer or wider than one published page will be included as online-only Supplementary Material accessed through the journal archive, but not published in the journal’s print or online PDF versions. Include tables at the end of the main manuscript, created in Word, using the table function. Follow these rules:
Do not create a table using only tabs or spaces to create columns.
Do not create a table in Excel and embed it in a Word document. If you export a table from
Excel, import it into the Tables function and format it for Word.
Do not use features such as Word Art in tables.
Mention the tables in the main text, but do not note in the manuscript where tables and figures
should be inserted.
Tables should not duplicate material contained in the main text.
Number the tables consecutively, as they should appear in the text.
Note: Do not note in the manuscript where tables and figures should be inserted, but refer to
them as they relate to the text (for example: “Table 1 lists the subject characteristics…” or
“Group differences are depicted in Figure 2…”).
Note: For all experiments/analyses where appropriate (e.g., human laboratory studies, clinical
trials, etc.), add a statement to the manuscript in the methods section confirming whether or
not you have reported all measures, conditions, and data exclusions, as well as how sample
sizes were determined. Provide detailed explanations, as needed. For more information, refer
to the N&TR editorial on statistical reporting.
115
Journal of Dental Education
The Journal of Dental Education (JDE) is a peer-reviewed monthly journal that publishes a
wide variety of educational and scientific research in dental, allied dental and advanced dental
education. Published continuously by the American Dental Education Association since 1936
and internationally recognized as the premier journal for academic dentistry, the JDEpublishes
articles on such topics as curriculum reform, education research methods, innovative
educational and assessment methodologies, faculty development, community-based dental
education, student recruitment and admissions, professional and educational ethics, dental
education around the world and systematic reviews of educational interest. The JDE is one of
the top scholarly journals publishing the most important work in oral health education today; it
celebrated its 80th anniversary in 2016.
For submission information, please review all instructions below, including manuscript
types, requirements and policies, document preparation and submission procedures. We also
encourage you to view this video to learn more about ways to publish your work in the JDE.
I. Types of Manuscripts Considered and Requirements for Each
The Editor will consider the following types of manuscripts for publication:
Submissions for Peer Review:
Original Articles (see below for categories within this type)
Review Articles
Solicited or Pre-approved by the Editor:
Letters to the Editor (solicited or pre-approved by the Editor)
Guest Editorials (solicited by the Editor)
Perspectives (pre-approved by the Editor)
Brief Communications (pre-approved by the Editor)
Point/Counterpoint (solicited by the Editor)
Special Reports:
Miscellaneous (submitted by ADEA staff)
Submissions for Peer Review
1. Original Articles
This type of article addresses subject matter in the following categories:
a. Predoctoral Dental Education
b. Advanced Dental Education
c. Allied Dental Education
d. Interprofessional Education
e. Community-Based Dental Education
f. Global Dental Education—Manuscripts pertaining to global health education or issues
pertinent to the global dental education community. (Not intended solely for submissions from
international authors. International authors should submit manuscripts under pertinent topic
areas provided in this section.)
116
g. Use of Technology in Dental Education
h. Assessment
i. Faculty Issues/Development
j. Continuing Education
Original Articles should report the results of hypothesis-based research studies and may be
either qualitative, quantitative or of a mixed methods nature. Manuscripts must address how
the findings advance our understanding of the questions asked in the study and make a novel
contribution to the literature. The limitations of the study should also be addressed. Small
studies of local relevance/interest, limited to one class/course, or small course/student-based
surveys may not meet the criteria to be published as an Original Article.
Original Articles should be no more than 3,500 words, excluding the abstract, illustrations and
references. A maximum of six figures and tables can be submitted (the figures can be multi-
panel), and the number of references should not exceed 50 (unless the article is a systematic
review).
Original Articles should have the following general organization (see “Document Preparation,
Organization and Formatting” below for more detailed instructions):
Title: An informative and concise title limited to 15 words with no more than 150 characters.
Abstract: For research studies, a structured abstract of no more than 250 words should be
submitted with the following subheads:
Purpose/Objectives: Briefly summarize the issue/problem being addressed.
Methods: Describe how the study was conducted.
Results: Describe the results.
Conclusion(s): Report what can be concluded based on the results, and note
implications for dental education.
Abstracts for other types of manuscripts should be in paragraph form, with no subheads.
Introduction: Provide a succinct description of the study’s background and significance with
references to the appropriate published literature. Detailed literature review/discussion should
be reserved for the discussion section. Include a short paragraph outlining the aims of the
study.
Materials and Methods: A statement that the study has been approved or exempted from
oversight by a committee that reviews, approves and monitors studies involving human
subjects MUST be provided at the beginning of this section, along with the IRB protocol
number.
In this section, provide descriptions of the study design, curriculum design, subjects,
procedures and materials used, as well as a description of and rationale for the statistical
analysis. If the design of the study is novel, enough detail should be given for other
investigators to reproduce the study. References should be given to proprietary information.
117
Results: The results should be presented in a logical and systematic manner with appropriate
reference to tables and figures. Tables and figures should be chosen to illustrate major
themes/points without duplicating information available in the text.
Discussion: This section should focus on the main findings in the context of the aims of the
study and the published literature. The authors should avoid an extensive review of the
literature and focus instead on how the study’s findings agree or disagree with the hypotheses
addressed and what is known about the subject from other studies. A reflection on new
information gained, new hypotheses and limitations of the study should be included, as well as
guidance for future research.
Conclusion: The article should end with a short paragraph describing the conclusions derived
from the findings and implications of the study for dental education.
Acknowledgments: The acknowledgments should report all funding sources, as well as any
other resources used or significant assistance.
Disclosure: Authors must disclose any financial, economic or professional interests that may
have influenced the design, execution or presentation of the scholarly work. If there is a
disclosure, it will be published with the article.
Clinical Trials: Any educational research studies that are designed as “clinical trials” must
register the trial before submitting to the Journal of Dental Education. The registration number
must be provided in the manuscript.
The studies can be registered at U.S. National Institutes of Health Clinical Trials Registry, EU
Clinical Trials Register, or WHO International Clinical Trials Registry Platform.
Document Preparation, Organization and Formatting
Manuscripts submitted for consideration should be prepared in the following parts, each
beginning on a new page:
Title page
Abstract and keywords
Text
Acknowledgments
References
Tables
Figures
Figure titles if figures are provided as images
Blinding. Both blinded and non-blinded manuscripts should be prepared once the original
manuscript has been completed. All institutional references should be removed from the body
of the manuscript and the abstract to produce the blinded version; please indicate in the file
name which version is blinded.
Document Format. Create the documents on pages with margins of at least 1 inch (25 mm)
and left justified with paragraphs indented with the tab key, not the space bar. Use double-
spacing throughout and number the pages consecutively. Do not embed tables and figures in
the body of the text but place them after the references; include callouts for each table or figure
118
in the text (e.g., see Table 1). Unless tables vary significantly in size, include all in one
document. If any figures are large files, submit them as separate documents.
Title Page. The title page should carry 1) the title, which should be concise but descriptive,
limited to 15 words and no more than 150 characters; 2) first name, middle initial and last name
of each author, with his or her professional and/or graduate degrees (if no professional or
graduate degrees, provide undergraduate degree); 3) an affiliations paragraph with the name
of each author or coauthor and his or her job title, department and institution, written in
sentence style; 4) disclaimers if any; 5) name, address, phone and email of author responsible
for correspondence about the article and requests for reprints; and 6) support or sources in the
form of grants, equipment, drugs, etc. See published articles for examples.
Individuals listed as authors must follow the guidelines established by the ICMJE: 1) substantial
contributions to conception and design, or acquisition of data or analysis and interpretation of
data; 2) drafting the article or revising it critically for important intellectual content; and 3) final
approval of the version to be published. It is the submitting author’s responsibility to make sure
that authors have agreed to the order of authorship prior to submission.
Abstract and Key Words/MeSH terms. The second page should carry the title and an
abstract of no more than 250 words. For research studies, the abstract should be in the
structured form described above. Abstracts should be written in the third person, and
references should not be used in the abstract. The abstract should include the year of the study
and, for survey-based research, the response rate. Below the abstract, provide three to five
key words or phrases that will assist indexers in cross-indexing the article and will be published
with the abs tract. At least three terms should come from the Medical Subject Headings listed
at the National Library of Medicine. Guidelines for words found in the Medical Subject Headings
can be found here. Authors should confirm these terms still exist in the Index Medicus or should
search for more accurate terms if not found in our list. NOTE: Authors will also be prompted
to identify Key Words when submitting their manuscripts in ScholarOne. These Key Words
may differ from the items presented here. The Key Words identified in ScholarOne are
generated from a list that will best match the submitted manuscript to a Peer Reviewer with
expertise in the area(s) identified.
Text. Follow American (rather than British) English spelling and punctuation style. Spell out
numbers from one to ninety-nine, with the exception of percentages, fractions, equations,
numbered lists and Likert scale numbers. The body of the manuscript should be divided into
sections preceded by appropriate subheads. Major subheads should be typed in capital letters
at the left-hand margin. Secondary subheads should appear at the left-hand margin, be typed
in upper and lower case and be boldfaced. Tertiary subheads should be typed in upper and
lower case and be underlined. For authors whose first language is not English, please use
a medical writer or a native English-speaking colleague to edit the manuscript prior to final
submission. Manuscripts will be rejected prior to peer review if there are numerous usage or
grammatical errors.
Please Note: In preparing the main document for submission, save the original file with the
word “unblinded” at the end of the file name. Please also remove all author names and affiliated
institutions from the original manuscript, and save this version with the word “blinded” at the
end of the file name.
References. Number references consecutively in the order in which they are first mentioned
in the text. Each source should have one number, so be careful not to repeat sources in the
119
reference list. Identify references by Arabic numerals, and place them in the text as superscript
numerals within or at the end of the sentence. Do not enclose the numerals in parentheses,
and be sure to follow American rather than British or European style conventions (e.g., the
reference number follows rather than precedes commas and periods). Two important
reminders: 1) references should not be linked to their numbers as footnotes or endnotes and
2) references to tables and figures should appear as a source note with the table/figure, not
numbered consecutively with the references for the article.
Follow the style of these general examples. Titles of journals should be abbreviated according
to the Index Medicus style. Do not use italics or boldface anywhere in the references. If the
publication has one to four authors, list all of them; if there are more than four authors, list the
first three followed by et al.
Book
1. Avery JK. Essentials of oral histology and embryology: a clinical approach.
2nd ed. St. Louis: Mosby, 2000.
Chapter in an Edited Volume
2. Inglehart MR, Filstrup SL, Wandera A. Oral health and quality of life in
children. In: Inglehart MR, Bragramian RA, eds. Oral health-related quality of
life. Chicago: Quintessence Publishing Co., 2002:79-88.
Article in a Journal
3. Seale NS, Casamassimo PS. U.S. predoctoral education in pediatric dentistry:
its impact on access to dental care. J Dent Educ 2003;67(1):23-9.
Report
4. Commission on Dental Accreditation. Accreditation standards for dental
education programs. Chicago: American Dental Association, 2010.
Web Source
5. American Dental Hygienists’ Association. Position paper: access to care.
2001. At:
www.adha.org/profissues/access_to_care.htm. Accessed: November 27,
2012.