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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
CENTRO TECNOLÓGICO - DEPTO DE ENGENHARIA AMBIENTAL
DISCIPLINA: LABORATÓRIO DE MICROBIOLOGIA E ECOTOXICOLOGIA
ISOLAMENTO DE FUNGOS A PARTIR DE AMOSTRAS AMBIENTAIS
LAÍS MONTEIRO
LOUISE CADE JORGE
VITÓRIA/ES
2015
1. INTRODUÇÃO
Os fungos são microrganismos popularmente conhecidos por bolores, mofos,
fermentos, cogumelos, etc. Eles são encontrados no ar atmosférico, solo, na água,
nos vegetais, em animais, no homem e em detritos em geral. O isolamento de
fungos é obtido em cultura pura a partir de tecidos doentes do hospedeiro, quando
obtido um organismo em cultura pura não significa que ele seja o agente causal da
doença. Vários meios são utilizados, porém o mais usado é o Batata-Dextrose-
Ágar (BDA) e Extrato de Malte-Ágar (EMA).
Os métodos utilizados na pratica foram de isolamento direto e indireto. O
isolamento direto é a transferência com auxílio de um estilete, de estruturas do
patógenos (hifas, esporos, rizomorfos, escleródios) direto do órgão infectado. Já o
isolamento indireto é a transferência para meio de cultura, de porções infectadas
de tecido do hospedeiro em que o patógeno está no interior do tecidos da planta
porem sem produzir frutificações na superfície do órgão lesionado.
2. OBJETIVOS
Isolar fungos a partir de uma amostra de terriço utilizando o método de diluição em
placas, e a partir de tecidos vegetais necrosados utilizando os métodos de
isolamento direto e indireto. Além disso, analisar o desenvolvimento das colônias
fúngicas obtidas pelos métodos acima.
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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O experimento foi dividido em três partes. Inicialmente foi utilizado o método de
diluição em placas para isolar fungos a partir de uma amostra de terriço. Na
segunda parte houve o isolamento de fungos presentes em tecidos vegetais
necrosados pelo método do isolamento direto. E por fim, foi feito o isolamento
indireto de fungos a partir do tecido vegetal lesionado de três espécies de plantas.
3.1ISOLAMENTO A PARTIR DE AMOSTRA DE TERRIÇO
.
Realizando um estudo macroscópico do isolamento da amostra de terriço, o
resultado foi a formação de uma colônia fúngica de superfície lisa e textura velutina
e uma colônia bacteriana de forma circular e aspecto brilhoso. Ou seja, sem a
presença de antibiótico bacteriano, pode ser visto que não houve o isolamento
somente dos fungos que estavam presentes, mas também de bactérias contidas na
amostra de solo.
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Figura 1. Amostra de terriço após 7 dias de incubação.
O número de colônias fungicas foi abaixo de esperado, uma vez que segundo
Kuravov, dentre os microrganismos de solo, a biomassa fúngica é predominante e
nela se encontram várias espécies com potencial antagônico e de promoção de
crescimento. A presença de microrganismos em um determinado solo é função das
condições ambientais relacionadas. As características biológicas de fungos são
influenciadas quando as amostragens são feitas em camadas superficiais do solo;
onde as condições climáticas e de umidade sofrem variações. São nestas camadas
que ocorrem maior atividade microbiana devido ao constante depósito de material
orgânico sobre o solo (MOREIRA, 2006). A pequena quantidade de colônias
fungicas e microbianas obtidas no experimento pode ter sido motivada por erro na
metodologia ao semear incorretamente a amostra de terriço na placa de Petri.
3.2. ISOLAMENTO DE FUNGOS A PARTIR DE TECIDOS VEGETAIS
NECROSADOS
3.2.1ISOLAMENTO DIRETO
Após
a inoculação, a placa foi devidamente vedada com papel filme e incubada a 28ºC
durante 7 dias. O resultado após a incubação se encontra na figura 3.
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Figura 2. Alimentos selecionados para a prática de isolamento direto de
fungos: ¹beringela, ²maracujá, ³laranja, 4caule de banana, 5abobrinha.
Pela observação macroscópica, ficou evidenciado que o crescimento se deu de
dentro para fora dos círculos desenhados na placa. O que obteve maior
crescimento foi o fungo isolado a partir de esporos no maracujá, que está no
círculo nº2, de coloração amarelada. O mesmo pode ser identificado como um
fungo filamentoso, que tem como característica o crescimento radial formando
anéis concêntricos.
O fungo presente no circulo de nº3, retirado da laranja, também apresenta fios
característicos de fungos filamentosos. Já nos círculos de nº4 e nº5 os fungos
isolados estão entre fungos filamentosos e leveduras. Pode ser visto que, como o
meio não é seletivo, permite o crescimento de vários microrganismos presentes em
uma mesma lesão.
Não foi claro um crescimento no círculo nº1, isolado a partir da berinjela. Isso pode
ter ocorrido devido ao maior crescimento do nº2 que impediu a visualização, ou por
erro de metodologia, por ter sido transferido um esporo fungico incorretamente.
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Figura 3. Isolamento direto de fungos: ¹beringela,
²maracujá, ³laranja, 4caule de banana, 5abobrinha.
Após 7 dias de incubação.
3.2.2 ISOLAMENTO INDIRETO
Os resultados após 7 dias de incubação a 28ºC se encontram na Figura 5.
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Figura 5. Isolamento indireto de fungos: ¹ fragmento de folha de mangueira, ² fragmento de folha de mangueira, ³ fragmento de folha de cajueiro, 4 fragmento de folha de cajueiro, 5 fragmento de folha de oiti.
Figura 4. Amostras de tecidos vegetais para a pratica de
isolamento indireto de fungos: ¹folha de mangueira, ²folha de
cajueiro, ³folha de oiti.
Realizando a análise macroscópica, percebeu-se que houve um crescimento dos
fungos dentro das delimitações feitas ao redor das amostras. Foi possível observar
o crescimento de fungos filamentosos no meio de cultura nas amostras de número
2, 3 e 4. Evidenciados pela textura de algodão e crescimento radial. Não ficou
evidenciado crescimento no círculo nº1, de fragmento de folha de mangueira,
provavelmente por erro na metodologia.
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4. QUESTÕES
1)Qual a finalidade e como se classificam os meios de cultura utilizados para o
cultivo de fungos em laboratório?
Os meios de cultura têm por finalidade proporcionar o isolamento e
desenvolvimento dos microrganismos para facilitar o estudo e identificação por
meio da observação das características das colônias formadas.
Os meios de cultura para crescimento de fungos em laboratório podem ser
classificados em: Meio definido, no qual toda a composição é quimicamente
conhecida; Meio complexo, onde toda ou parte da composição não é quimicamente
conhecida; Meio seletivo, que favorece o crescimento de fungos impedindo o
crescimento de outros microrganismos, ou de um determinado fungo de interesse,
impedindo o crescimento de outros fungos; Meio diferencial, facilita a diferenciação
das colônias de um determinado fungo desejado em relação a outras colônias
crescendo na mesma placa; Meio de enriquecimento, favorece o desenvolvimento
de uma população fúngica, que estaria em desvantagem entre as populações.
2) O que é uma cultura pura de um fungo e qual a sua importância?
Cultura pura é um meio de cultivo que apresenta apenas o organismo de interesse
presente, ou seja, uma cultura isenta de todos os demais tipos de organismos,
onde todas as células na população sejam idênticas (originárias de uma mesma
célula parental). A obtenção de culturas puras de fungos é essencial para o
crescimento dos microrganismos de interesse e assim, ser possível a
caracterização, identificação e utilização desses microrganismos em inúmeras
atividades científicas e tecnológicas.
3) O que são condições assépticas de trabalho na manipulação de fungos em
laboratório? Cite exemplos de como proceder neste sentido e a importância destes
procedimentos.
São condições de trabalho essenciais para evitar contaminações provenientes dos
meios de cultura e materiais utilizados na manipulação dessas culturas e do meio
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ambiente. Ou seja, não permitir que microrganismos existentes no laboratório
contaminem as amostras e não permitir que as culturas em estudo contaminem o
laboratório.
Essas técnicas são indispensáveis para o isolamento, cultivo e identificação de
microrganismos, pois evitam contaminações do meio de cultura e material utilizado.
Alguns procedimentos são: esterilizar o material a ser utilizado, desinfectar a área
de trabalho, trabalhar na área de segurança da lamparina ou bico de Bunsen.
4)Qual o papel dos fungos no saneamento ambiental, com ênfase em processos de
biorremediação ao nível do solo? Cite exemplos.
A biorremediação é um processo espontâneo ou manipulado no qual os
contaminantes, por meio de procedimentos microbiológicos, são transformados
e/ou degradados até a obtenção de estruturas químicas menos tóxicas e/ou
inofensivas, podendo chegar até a mineralização; diminuindo, dessa forma, o
impacto ambiental (CETEM/MCT, 2008)
Os fungos apresentam um papel muito importante no saneamento ambiental, pois
estes microrganismos são bons biodegradadores. O processo de biorremediação
do solo utilizando os fungos pode ser utilizado em recuperação de solos
contaminados por agrotóxicos, petróleo e seus derivados, e em solos
contaminados por organoclorados.
Dentre os fungos que degradam hidrocarbonetos de petróleo é importante
distinguir os filamentosos, degradadores de lignina, tais como Phanaerochaete
chrysosporium, e os não degradadores de lignina como Cunninghamella elegans
(CAMERON et al., 2000).
5)Qual o papel dos fungos na produção e no armazenamento de produtos
agrícolas e quais as conseqüências ambientais decorrentes? Cite exemplos.
Os fungos são tão prejudiciais como benéficos à agricultura. Por um lado,
prejudicam a colheita ocasionando perdas por causa das enfermidades que
produzem nas plantações. Também podem ocasionar vários problemas aos
produtos armazenados. Além disso, os fungos podem produzir toxinas em produtos
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como: amendoim, arroz e muitos outros. Eles também ajudam a abrir caminho para
outros agentes de deterioração como as leveduras e as bactérias, bem como aos
insetos.
Em contraste aumentam a fertilidade do solo. Um exemplo é a interação entre
fungos e raízes, denominada associação micorrízica, constitui importante fator de
sobrevivência e crescimento das plantas. Também são utilizados no controle
biológico de pragas, como: o Metarrhizium para eliminação de gorgulhos, o
Coniothyrium minitans para controle de fungos que destroem culturas de soja e
feijão e o Paecilomyces fumosoroseus para controle de cupins.
5. CONCLUSÃO
Através da pratica realizada, foi possível observar que o meio de cultura utilizado
possibilitou realmente o crescimento dos microrganismos que foram isolados, e
induziu a formação de
estruturas reprodutivas da maioria dos fungos
testados.
Também ficou evidente a importância do conhecimento adquirido. Pudemos
aprender a realizar esse isolamento e tornar viável a repicagem e o estudo da
cultura pura do fungo a ser estudado. Além disso, foi possível perceber a
diversidade de fungos presentes no meio ambiente e algumas de suas diferencias
macroscópicas.
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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAMERON M. D.; TIMOFEEVSKI S.; AUST S. D. Enzymology of Phanerochaete
chrysosporium with respect to the degradation of recalcitrant compounds
and xenobiotics. Applied Microbiology and Biotechnology. December 2000.
CASSINI, Servio Tulio.; KELLER, Regina; RODRIGUES, Celson; WAGNNER,
Paulo. Apostila de Aulas Práticas. UFES, Departamento de Engenharia
Ambiental, Laboratório de Análises Físico-Químicas.
KURAKOV, A. V.; NECHITAILO, T. Yu.; GOLYSHIN, P. N.; ZVYAGINTSEV, D.G.
Pinotti, Santos, Klauberg Filho, Michelleti & Castro. Diversity of facultatively
anaerobic microscopic Mycelial Fungi in Soils. Microbiology. Rev. Bras. de
Agroecologia vol. 77, Nº1, pp 90-98. 2008
LINHARES, Sérgio; GEWANDSZNAJDER, Fernando. Biologia. Editora Ática,
volume único, 1ª edição, 2007.
LEMOS, J. L. S.; BARROS, C. A.; OLIVEIRA, S. D.; REICHE, A. P.. Fungos
filamentosos: agentes de degradação de petróleo e de hidrocarbonetos
aromáticos policíclicos (HAPs). Série Tecnologia Ambiental, CETEM/MCT, 2008.
Disponível em < http://mineralis.cetem.gov.br/handle/cetem/323>. Acessado em 6
de setembro de 2015
MOREIRA, F. M. S.; SIQUEIRA, J.O.. Microbiologia e Bioquímica do solo. 2ªed,
Lavras MG: Ed UFLA, 2006, v.7, p.98.il.
PINOTTI, Maria Margareth Zamboni; SANTOS, Júlio César Pires; KLAUBERG
FILHO, Osmar; MICHELLUTI, David José; CASTRO, David Ricardo Lima.
Isolamento de Fungos de Solo Associados a culturas de Amora, Framboesa e
Mirtilo no sul do Brasil. Rev. Bras. de Agroecologia. 6(1): 67- 80.2011. Disponível
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em <http://orgprints.org/24151/1/Pinotti_Isolamento.pdf>.Acessado em 26 de
setembro de 2015.
TORTORA, Gerard J.; CASE, Christine L.; FUNKE, Berdell R. Microbiologia. 10.
ed. Porto Alegre: Artmed, 2012. xviii, 934 p.
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