relatório de estágio curricular obrigatório realizado na ... · determinações constantes do...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS CAMPUS JATAÍ CURSO DE ZOOTECNIA POLYANA FURTADO DE OLIVEIRA Relatório de Estágio Curricular Obrigatório Realizado na Paraíso Nutrição Animal Ltda.: Boas Práticas De Fabricação Na Fábrica De Ração JATAÍ-GO 2011

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIS

    CAMPUS JATA

    CURSO DE ZOOTECNIA

    POLYANA FURTADO DE OLIVEIRA

    Relatrio de Estgio Curricular Obrigatrio Realizado

    na Paraso Nutrio Animal Ltda.: Boas Prticas De

    Fabricao Na Fbrica De Rao

    JATA-GO 2011

  • i

    POLYANA FURTADO DE OLIVEIRA

    Relatrio de Estgio Curricular Obrigatrio Realizado

    na Paraso Nutrio Animal Ltda.: Boas Prticas De

    Fabricao Na Fbrica De Rao

    Orientadora

    DRA. ANA LUISA AGUIAR DE CASTRO

    JATA GO

    2011

    Relatrio de Estgio

    apresentado Coordenao do

    Curso de Zootecnia, como

    parte das exigncias para a

    obteno do ttulo de Bacharel

    em Zootecnia.

  • ii

    POLYANA FURTADO DE OLIVEIRA

    Relatrio de Estgio Curricular Obrigatrio Realizado

    na Paraso Nutrio Animal Ltda.: Boas Prticas De

    Fabricao Na Fbrica De Rao

    Dra. Mrcia Dias

    _________________________________

    MSc. Vernica Auxiliadora Alves

    _________________________________

    ____________________________________

    Dra. Ana Luisa Aguiar de Castro

    Orientadora

    JATA-GO

    2011

    Relatrio de Estgio

    apresentado Coordenao do

    Curso de Zootecnia, como

    parte das exigncias para a

    obteno do ttulo de Bacharel

    em Zootecnia.

  • iii

    SUMRIO

    1. IDENTIFICAO ............................................................................................ 01

    2. LOCAL DE ESTGIO ..................................................................................... 01

    3 RELATRIO DE ESTGIO ............................................................................ 02

    3.1 Atividades do estgio ...................................................................... 02

    3.2 Descrio da fbrica ........................................................................ 03

    3.3 Ingredientes utilizados ..................................................................... 05

    3.4 Recebimento de matria prima ....................................................... 06

    3.5 Descrio do processo de fabricao ............................................. 06

    3.6 Processo de limpeza e higienizao da fbrica .............................. 07

    3.7 Anlise de matria-prima e produtos acabados .............................. 08

    4. ANLISE CRTICA E DISCUSSO ................................................................ 09

    4.1 Controle de qualidade ..................................................................... 09

    4.2 Localizao ..................................................................................... 11

    4.3 Construo ...................................................................................... 12

    4.4 Equipamentos e utenslios .............................................................. 13

    4.5 Recebimento da matria prima ....................................................... 14

    4.6 Armazenamento .............................................................................. 15

    4.7 Processo de limpeza e higienizao da fbrica .............................. 16

    4.8 Controle de microorganismos e pragas .......................................... 18

    4.9 Expedio de produtos acabados ................................................... 21

    4.10. Consideraes Finais .......................................................... 22

    5. CONCLUSES ............................................................................................... 23

    6. REFERNCIAS ............................................................................................... 24

  • 1. INDENTIFICAO

    Eu, Polyana Furtado de Oliveira (matrcula 064964), em atendimento s

    determinaes constantes do Plano Pedaggico do Curso de Zootecnia, na

    Universidade Federal de Gois Campus Jata, submeto o relatrio das

    atividades observadas e desenvolvidas no Estgio Supervisionado para

    concluso do Curso de Graduao em Zootecnia, realizado no perodo entre 01

    de maro e 27 de maio de 2011, na Empresa Paraso Nutrio Animal sob

    superviso do Zootecnista Rafael Carvalho Miranda Martins e orientao da

    Profa. Ana Luisa Aguiar de Castro.

    2. LOCAL DE ESTGIO

    O Estgio Curricular foi realizado na empresa Paraso Nutrio Animal

    Ltda, situada na rodovia BR 060, km 504, Jata GO e a opo por conhecer o

    funcionamento de uma fbrica de rao ocorreu devido importncia das

    inovaes tecnolgicas e do gerenciamento de excelncia nesses

    estabelecimentos ser imprescindvel para que a produo animal alcance altos

    ndices zootcnicos e econmicos.

    A evoluo constante das diversas reas da Zootecnia est norteando a

    indstria de raes a rever seus procedimentos, adequar e renovar sua

    tecnologia de produo e qualidade. No decorrer do estgio foi possvel

    acompanhar a rotina do estabelecimento, verificar a correlao entre matrias

    primas e a qualidade final da rao e entre a teoria e a prtica utilizada no

    mercado de fabricao de raes.

    A empresa Paraso Nutrio Animal atua no sudoeste goiano e na regio

    sul do Mato Grosso, com potencial de crescimento e atuao em outras partes

    do Brasil, fabricando e comercializando rao e sal mineral, para atender a

    crescente demanda por suplementos de qualidade no segmento de nutrio

    animal. Atendendo as normas do Ministrio da Agricultura, para garantir a

    qualidade de seus produtos, a Paraso Nutrio Animal implantou o programa

    de boas prticas de fabricao (BPF) e para cumprir essa padronizao, seus

  • 2

    funcionrios e vendedores so periodicamente treinados para melhor auxiliar o

    produtor no planejamento alimentar e formulao de dietas dos seus animais.

    A empresa tem como meta e objetivos, respectivamente, produzir raes

    e suplementos minerais com qualidade e tecnologia de ponta, com assistncia

    tcnica personalizada, gerando melhor resultado/beneficio tanto para o

    rebanho quanto para o produtor rural e aumentar sua participao no mercado

    em nutrio animal, contribuindo para o crescimento da pecuria nacional.

    3. RELATRIO DE ESTGIO

    3.1. Atividades do estgio

    Durante o estgio foram realizadas as seguintes atividades:

    Acompanhamento da produo de raes na fbrica;

    Conhecimento dos ingredientes utilizados na fabricao de rao;

    Acompanhamento do recebimento e estocagem de matria prima;

    Acompanhamento da pesagem de micro ingredientes no laboratrio de

    pesagem;

    Acompanhamento dos zootecnistas da empresa em visitas a pecuaristas

    da regio para acompanhamento e correes da forma de utilizao das

    raes e suplementos minerais.

    3.2. Descrio da fbrica

    A fbrica Paraso Nutrio Animal foi construda em galpo nico, nas

    proximidades do armazm de gros do Grupo Paraso. No mesmo galpo

    esto: ala de recebimento de matria prima, ala de produo, ala de

    estocagem de produtos e de expedio da rao (Figura 1).

  • 3

    (a) (b)

    (c) (d)

    Figura 1. Estrutura da fbrica: (a) recepo de matria prima; (b)

    produo; (c) rea de estocagem; (d) expedio de produto.

    A fbrica produz exclusivamente alimento para animais ruminantes,

    completamente automatizada e utiliza o programa Cornell para elaborao

    das frmulas das raes produzidas. A fbrica composta pelos seguintes

    equipamentos:

    1) Moega para recebimento de gros e farelos;

    2) Seis caixas de madeira para estocagem da matria prima, cada uma com e

    capacidade de 20 toneladas (Figura 2);

  • 4

    (a) (b) (c)

    Figura 2. Caixas de madeira para estocagem de matria prima: (a)

    vista frontal (b) vista superior (c) vista lateral.

    3) Dois moinhos, tipo martelo, situados antes da pesagem;

    4) Quatro silos de recebimento da matria prima moda, com capacidade de

    quatro toneladas/silo;

    5) Uma balana, com capacidade de pesagem de 1.000 kg;

    6) Um misturador horizontal, capacidade de 1.000 kg;

    7) Um silo de recebimento do produto pronto com ensacamento, costura e

    estocagem;

    8) Quatro silos de recebimento do produto final para carregamento a granel,

    com capacidade de 20 toneladas/silo;

    9) Moinho exclusivo para a moagem do sal;

    10) Quatro box de alvenaria para estocagem de micro ingredientes como sal,

    calcrio e fosfato biclcico, com dimenses de 30 metros de comprimento,

    2 metros de altura, 3,20 metros de largura (Figura 3).

    Figura 3. Box de estocagem de minerais. (a) Vista geral (b) vista de um box.

  • 5

    11) Sala para pesagem de macro e microminerais, sendo a capacidade de

    pesagem da balana de 120 kg.

    A fbrica Paraso Nutrio Animal possui 14 funcionrios, tem produo

    media diria de 60 toneladas e capacidade mxima de produo de 90

    toneladas/dia, atingida no perodo da seca (maio a outubro).

    3.3. Ingredientes utilizados

    Os alimentos mais utilizados nas frmulas de rao pela empresa

    Paraso Nutrio Animal so: milho (gro), sorgo (gro), farelo de soja

    (peletizado), casca de soja (peletizada), farelo de arroz e quirela de milho.

    Os micro ingredientes mais utilizados so:

    uria pecuria fonte de nitrognio no protico (NNP);

    sal branco (NaCl);

    calcrio calctico;

    fosfato biclcico microgranulado;

    enxofre (70% de enxofre);

    melao;

    xido de magnsio;

    bicarbonato de sdio;

    Beef-Sacc - produto composto por selnio e cromo oriundos de

    levedura enriquecida com estes minerais e probitico, os microminerais

    passam pelo rmen sem sofrer alteraes, apresentando melhor absoro

    intestinal;

    Biovit ADE - premix de vitaminas A, D e E;

    Bovensin - ionforo que atua modificando a produo de cidos graxos

    volteis, a ingesto de matria seca, a produo de gs, a utilizao de

    protena, enchimento ruminal e a taxa de passagem;

    Phigrow - formulao a base de virginiamicina, que atua na modulao

    da flora ruminal de ruminantes;

  • 6

    Bio-Mos - prebiticos, ingredientes alimentar no-digestvel que

    estimula seletivamente o crescimento de bactrias endgenas como os

    Lactobacillus, Bifidobacterium, que beneficiam o hospedeiro;

    Posistac - ionforo base de salinomicina, promove o aumento de

    ganho de peso e melhoria na eficincia alimentar;

    Optigen - fonte NNP, de disponibilizao lenta (uria protegida);

    Nutricorp - fonte NNP, de disponibilizao lenta (uria protegida);

    Leitemix - aditivo que promove maior aceitabilidade e tambm

    aromatizante utilizados nas raes.

    Na indstria h preocupao constante na escolha e utilizao de

    matrias prima de qualidade e, no caso dos minerais, com alta

    biodisponibilidade.

    3.4. Recebimento de matria prima

    Todos os alimentos so descarregados na moega e armazenados em

    caixas de madeira.

    Os micro ingredientes, recebidos geralmente na forma ensacada, so

    armazenados no depsito de insumos ensacados, em pilhas em cima de

    estrados a uma distncia de 50 cm das paredes. A ordem de utilizao segue a

    premissa: o que entra primeiro, sai primeiro.

    3.5. Descrio do processo de fabricao

    Aps a matria prima ser armazenada, o processo de fabricao tem

    incio com a moagem dos ingredientes como o milho, farelo de soja

    (peletizada), casca de soja (peletizada). Aps a moagem, os ingredientes so

    direcionados, atravs de elevadores, para os silos (antes da balana),

    utilizados para estocagem desses. Na seqncia, os ingredientes so pesados,

    automaticamente, de acordo com a frmula lanada no sistema.

    Os ingredientes so balanceados para a produo de 1.000 Kg de rao

    (1 batida = 1.000Kg).

  • 7

    Na balana automtica, aps a pesagem dos alimentos, feita a adio

    dos micro-ingredientes. Estes so pesados no laboratrio de pesagem

    separado, em balana de preciso, misturados em misturador prprio e

    adicionados na balana (atingindo 1.000 kg). Aps a adio dos micro-

    ingredientes, todo o contedo do silo conduzido, por elevadores, para o

    misturador horizontal, onde ocorre a mistura (tempo de mistura = 3 minutos),

    havendo a homogeneizao dos ingredientes. Aps a mistura, a rao

    despejada no silo de armazenamento, ensacada, pesada e, na seqncia, os

    sacos so costurados e expedidos.

    3.6. Processo de limpeza e higienizao da fbrica

    O piso interno e externo da fbrica varrido diariamente. O exterior e o

    interior dos silos so varridos de acordo com determinao do gerente de

    produo da fbrica. A justificativa para no se fazer a limpeza diria dos silos

    e das caixas de madeira, se deve ao fato dos equipamentos serem utilizados

    para fluxo de passagem, ou seja, a matria prima no permanece armazenada

    por longos perodos nos silos e nas caixas e ambos foram projetados para que

    no ocorram sobras em seu interior devido a no existncia de cantos que

    acumule resduos.

    A limpeza dos equipamentos tambm realizada de acordo com

    determinao do gerente operacional da fbrica, sendo realizada com

    passagem de sal nas roscas para retirada de eventuais sobras de produtos.

    No necessrio realizar a limpeza da balana, pois esta contm um sistema

    de vibrao no possibilitando que sobras de produto permaneam em sua

    superfcie.

    Os caminhes de entrega so vistoriados em relao s condies da

    carroceria como a existncia de buracos, pregos, sujeira, entre outras. A

    vistoria realizada para no permitir danos, perdas e contaminaes nas

    embalagens e produtos, assegurando que estes sejam entregues com

    segurana e qualidade ao cliente. Quando problemas so encontrados e, se for

    possvel, estes so contornados, caso contrrio o caminho excludo da

    tarefa de entrega de produtos.

  • 8

    Cada funcionrio recebe quatro uniformes completos e a limpeza e

    manuteno dos mesmos de responsabilidade dos funcionrios.

    3.7. Anlises de matria prima e produtos acabados

    A indstria trabalha com um grupo de fornecedores de matrias prima

    fechado e de idoneidade comprovada, por isso no realizada anlise

    bromatolgica de todas as matrias primas no momento da entrega. No

    entanto prtica da empresa amostrar, aleatoriamente, as cargas recebidas

    para comprovao da qualidade da matria prima e manuteno do fornecedor

    no quadro. O pagamento da matria prima feito com base no peso descrito

    na nota fiscal e, no descarregamento, os prprios funcionrios realizam a

    observao quanto presena de pragas e insetos nos gros e farelos.

    A anlise dos produtos acabados feita mensalmente nos laboratrios

    Exata (Jata - GO) e Nutron (Itapira - SP), sendo escolhidos os produtos de

    maior sada. A amostragem realizada, em aproximadamente dez sacos de

    cada produto, coletando 200 g em cada, totalizando 2.000 g, faz-se ento a

    homogeneizao e em seguida retira-se amostra final de 800 g de

    amostra/produto, que enviada ao laboratrio.

    Tambm feita amostragem de cada batida de rao produzida, ou

    seja, a cada 1.000 kg de produto fabricado, retirada uma amostra na hora do

    ensaque. Essa operao recebe o nome de contra prova e essa amostra

    armazenada na fbrica por perodo de 60 dias. Caso haja reclamao dos

    produtos, a contra prova utilizada para assegurar a qualidade do produto que

    deixou a fbrica.

    O controle de roedores feito por empresa terceirizada, de acordo com

    o quadro de infestao, ou seja, quanto maior a incidncia de ratos o combate

    feito em menor tempo (exemplo 15 em 15 dias), quanto menor a incidncia, o

    combate realizado em um prazo maior de dias (exemplo 30 em 30 dias).

    Durante o perodo de realizao do estgio, percebeu-se aumento da

    infestao de roedores e medidas de controle foram adotadas imediatamente,

    normalizando a situao em poucos dias.

  • 9

    4. ANLISE CRTICA E DISCUSSO

    A finalidade de uma fbrica de rao a produo de alimentos para os

    animais e deve possuir instalaes simples e eficientes (Ortega, 1988).

    Segundo Pereira (2002), uma fbrica agrega funcionrios para a realizao da

    produo e tem como funes a recepo e estoque de matrias primas;

    limpeza da massa de gros recebidos, a fim de propiciar maior pureza e

    qualidade do produto a ser manipulado posteriormente; moagem (Moraes,

    1997); mistura dos ingredientes da rao; embalagem; armazenamento da

    rao e expedio.

    Como comentrio geral, a empresa tem bom funcionamento (produtos

    de boa qualidade), atende com agilidade e eficincia seus clientes e fornece

    assistncia tcnica para melhor utilizao dos seus produtos, entretanto

    algumas consideraes podem ser discutidas visando melhorar, ainda mais,

    seu desempenho.

    4.1. Controle de qualidade

    As raes fazem parte do sistema produtivo animal e quando usadas

    intensivamente representam cerca de 60 a 80% do custo de produo animal,

    sendo que a qualidade das mesmas deve ser garantida (Bellaver, 2004).

    A necessidade das empresas em atenderem as exigncias do mercado

    exige que as mesmas adotem estratgia que determinem seu posicionamento

    nesse mercado e que a busca da eficcia operacional seja baseadas em

    estruturas organizacionais adequadas, focadas na qualidade e na

    produtividade (Nicoloso, 2010). Segundo Instruo Normativa N 04 (MAPA,

    2007), Boas Prticas de Fabricao (BPF) definido como procedimentos

    higinicos, sanitrios e operacionais aplicados em todo o fluxo de produo,

    desde a obteno dos ingredientes e matrias primas at a distribuio do

    produto final, com o objetivo de garantir a qualidade, conformidade e segurana

    dos produtos destinados a alimentao animal.

    A implantao de BPF, alm de ser uma forma de se atingir altos

    padres de qualidade que estabeleceriam vantagens comerciais para a

    empresa e melhor relacionamento com os clientes, tambm forma de

  • 10

    melhorar o controle de parmetros do processo e do produto final, melhorar a

    gesto da qualidade em termos organizacionais, melhorar a qualidade do

    produto final e reduzir custos. As normas que estabelecem as BPF envolvem

    requisitos que vo desde o projeto e instalaes prediais, passando por

    rigorosas regras de higiene pessoal, de limpeza e sanitizao de equipamentos

    e ambientes, controle integrado de pragas at a completa descrio dos

    procedimentos envolvidos no processamento do produto final (Nicoloso, 2010).

    Um roteiro simplificado de operaes que devem ser consideradas no

    estabelecimento de BPF na indstria de raes seria: 1) qualificao de

    fornecedores de matrias-primas e embalagens; 2) limpeza/higienizao de

    instalaes, equipamentos e utenslios; 3) manuteno e calibrao de

    equipamentos e instrumentos; 4) preveno da contaminao cruzada; 5)

    higiene e sade dos funcionrios; 6) controle integrado de pragas; 7)

    portabilidade da gua e higienizao de reservatrio; 8) controle de resduos e

    efluentes; 9) programa de rastreabilidade (recall) e 10) tratamento de no

    conformidade.

    Apesar do estabelecimento das BPF serem relativamente simples, as

    principais dificuldades organizacionais para implantao das mesmas na

    indstria podem ser citadas como: falta de conhecimento dos funcionrios

    sobre as BPF; dificuldade no controle da documentao; dificuldade de

    entendimento da norma; dificuldade na elaborao da documentao exigida

    dificuldade na elaborao de rotinas; envolvimento de apenas parte da alta

    administrao da empresa; instruo e treinamento da fora de trabalho

    insuficientes; nmero reduzido de funcionrios, frente ao elevado volume de

    servios

    Visando a melhoria da qualidade pode ser usado tambm o programa de

    Anlise de Perigos e Pontos Crticos de Controle APPCC (Hazard Analysis

    and Critical Control Points - HACCP), desenvolvido na Pillsbury, Co. nos EUA e

    continuamente aperfeioado dentro do programa espacial americano e mais

    recentemente pelo USDA e outras agencias governamentais (Bellaver, 2001).

    O APPCC est embasado na aplicao de princpios tcnicos e

    cientficos na produo e manejo dos alimentos desde o campo at a mesa do

    consumidor (Almeida, 2009).

  • 11

    Para se ter um excelente controle de qualidade interessante a

    implantao de um programa de BPF e de APPCC, visando prevenir e

    identificar possveis riscos durante o processamento do alimento.

    4.2. Localizao

    A fbrica foi construda em rea prxima a armazm de gros,

    possibilitando maior risco de contaminao dos produtos por pragas e

    microrganismos. Segundo Instruo Normativa N 04 (MAPA, 2007), os

    estabelecimentos devem estar situados em zonas isentas de odores

    indesejveis e contaminantes. Fora de rea de riscos de inundaes e

    alojamento de pragas. Longe de outras atividades industriais que possam

    prejudicar a qualidade dos alimentos para animais, a no ser que haja medidas

    de controle e segurana que evitem os riscos de contaminao.

    Por no ser vivel a remoo da fbrica para outra localidade, adotado

    programa de higienizao das reas circunvizinhas ao armazm e fbrica de

    rao (rea varrida, manuteno de estradas, jardins e reas de

    estacionamento, coleta seletiva de resduos, no h acmulo de entulho ou lixo

    nas proximidades das construes, controle integrado de pragas e roedores).

    Seguindo recomendao de Dias (1999), sugere-se para melhorar, ainda mais,

    a higienizao da rea, examinar, mensalmente, com o uso de lmpadas

    ultravioletas, as dobras e o interior de pilhas e sacarias e locais crticos onde

    possa haver insetos e roedores. Todas as medidas citadas so importantes

    para o controle da infestao de pragas, insetos e microrganismo, pois a

    presena desses em instalao de fabricao de alimento animal

    considerada violao sria da sanidade (Brasil, 2008).

    Salienta-se que os procedimentos higinico-sanitrios adotados na

    empresa para controle/combate de pragas e roedores devem ser

    documentado, podendo ser realizado por um departamento prprio da empresa

    ou por uma empresa terceirizada, desde que respeitem as determinaes do

    MAPA (Sindiraes, 2008). Esse manejo j adotado na fbrica atravs do uso

    de agentes qumicos e armadilhas fsicas para controle de roedores, de acordo

    com o quadro de infestao observado. Para impedir a entrada de pssaros,

  • 12

    cachorros, gatos ou outros animais, a fbrica possui portes de telas que

    evitam a entrada/trnsito desses animais e conseqentemente contaminaes.

    Segundo Klein (1999) a fbrica de raes uma fbrica de alimentos.

    Portanto, deve estar submetida os planos de limpeza, organizao e

    desinfeco, visando controlar a microbiologia. Na fbrica adotado

    treinamento dos funcionrios e, d-se nfase na conscincia microbiolgica na

    fbrica.

    4.3. Construo

    Segundo Instruo Normativa N 04 (MAPA 2007), a empresa deve

    dispor de espao adequado para produo, armazenamento de ingredientes,

    sacaria vazia e produtos acabados obedecendo ao fluxograma de forma a

    possibilitar a separao entre rea de produo e rea de armazenamento de

    produto acabado e evitar as operaes suscetveis de causar contaminao

    cruzada. Devem ser projetados de forma a permitir a separao, por reas,

    setores ou outros meios eficazes, de forma a evitar as operaes suscetveis

    de causar contaminao cruzada.

    A fbrica foi construda em galpo nico, com alas distintas para

    recebimento de matria prima, produo, estocagem e expedio do produto,

    as quais no so separadas por paredes mas sim por espao entre as

    mesmas. Possivelmente a construo de paredes, alm do custo financeiro,

    tornaria o ambiente muito pulverulento e insalubre aos funcionrios, sendo

    necessrio o aumento da rea construda e a instalao de sistema de

    exausto. Talvez fosse importante quantificar o custo dessa modificao e

    verificar a possibilidade de sua implementao. importante salientar que a

    fbrica possui logstica de produo mantendo distncia entre as alas com a

    preocupao de evitar/minimizar a contaminao cruzada.

    Outro ponto a ser levantado que a separao das alas de produo

    por barreiras fsicas controlaria, de forma mais eficiente, o transito dos

    funcionrios, que deveriam ser lotados exclusivamente em um dos setores,

    sendo recomendvel o menor contato possvel entre funcionrios de alas

    diferentes. No entanto isso controlado na fbrica via conscientizao dos

    funcionrios.

  • 13

    De acordo com Galhardi et al. (1995) e Brasil (2007), a possibilidade de

    que ocorra contaminao, por meio de contato direto ou indireto ligados ao

    processamento dos alimentos, deve ser levada em considerao. Nesse

    sentido, alm de manter a higiene geral, o fluxo de pessoas de setores

    diferentes deveria ser evitado.

    4.4. Equipamentos e utenslios

    De acordo com Instruo Normativa N 04 (MAPA 2007) todo

    equipamento e utenslio utilizado nos locais de processamento, que entre em

    contato direto ou indireto com o alimento, devem ser confeccionados em

    material atxico, que no lhe transmita odores e sabores, resistente corroso

    e capaz de suportar repetidas operaes de limpeza e desinfeco. As

    superfcies devem ser lisas, sem frestas e outras imperfeies que possam

    servir de fonte de contaminao e comprometer a higiene. O uso de madeira s

    ser permitido para paletes (estrados) ou para o armazenamento de sal

    comum, desde que no constitua fonte de contaminao e a madeira esteja em

    bom estado de limpeza e de conservao.

    A fbrica possui caixas de madeira utilizadas para o

    recebimento/armazenamento de matrias primas como o milho, farelos de soja,

    casca de soja. Estas, de acordo com a legislao vigente, no seriam a opo

    mais recomendadas pelo fato de existir dificuldade em sua limpeza e

    desinfeco, pois a madeira material absorvente, havendo possibilidade de

    ser riscada, marcada e rachada facilmente, dando condies proliferao de

    microrganismos e consequentemente a contaminao dos produtos estocados.

    Porm, em vistorias realizadas pelo prprio MAPA, foi verificado que as

    mesmas no apresentam contra-indicaes de utilizao (no h riscos,

    marcas ou rachaduras) e devido ao elevado custo para trocar as caixas por

    silos de alvenaria ou metal, as mesmas sero utilizadas enquanto o estado de

    conservao das caixas esteja adequado.

    Em relao s balanas, moinho e misturadores (quanto qualidade da

    mistura), sugere-se manter aferio dos mesmos como atividades

    programadas semestrais de manuteno preventiva e, como toda atividade

  • 14

    preconizada pelas BPF, deve ser realizado o registro das mesmas em

    documentos prprios.

    4.5. Recebimento de matria prima

    O controle de qualidade inicia-se no momento da compra das matrias

    primas, isto , o comprador precisa adquirir produtos que iro permitir a

    elaborao de rao de alta qualidade fsica, sanitria e nutricional (Lzzari,

    1992; Pastore, 1999), pois, segundo Morais (1997), a utilizao de ingredientes

    de m qualidade pode ser um dos fatores responsveis por prejuzos aos

    criadores.

    muito importante para a fbrica de rao o conhecimento das anlises

    dos produtos comercializados pelos diversos fornecedores de ingredientes do

    mercado. De posse desses argumentos, o controle de qualidade pode

    selecionar com qual nutriente ir trabalhar, minimizando assim os perigos de

    trabalhar com matrias primas de m qualidade (Santos, 1993).

    Os produtos podem ser recebidos a granel ou em embalagens, e devem

    ser realizadas inspees, observando data de validade da carga,

    caractersticas sensoriais (aroma, sabor, aspecto, alteraes e estrutura

    microscpica), verificao da presena de pragas, parasitas, microrganismos

    ou substncias txicas, decompostas ou estranhas, que no possa ser

    reduzida em nveis aceitveis atravs de processos normais de classificao

    e/ou preparao ou fabricao (Brasil, 1997). Para Muniz et al. (2008), a partir

    dessa anlise pode se conhecer a composio qumica dos alimentos

    utilizados, assim como identificar aspectos relacionados com a identidade,

    pureza dentre outras propriedades gerais.

    Na fbrica, as matrias prima so recebidas e fazem-se inspees

    observando a data de validade e presena de pragas nas mesmas. A poltica

    da empresa trabalhar com fornecedores credenciados e idneos e, por isso,

    no rotina a realizao de anlises bromatolgica em toda carga recebida.

    Mesmo assim, para manter a qualidade de seus produtos e o credenciamento

    de seus fornecedores, so realizadas anlises bromatolgicas, aleatoriamente,

    na matria prima recebida.

  • 15

    Anlises da presena de sujidades e substncias estranhas no so

    realizadas na descarga. Na fbrica tem ainda o procedimento de contra prova

    nos produtos acabados, de suma importncia, pois garantia da qualidade dos

    produtos e pode ser utilizado caso haja reclamao dos mesmos.

    4.6. Armazenamento

    Segundo Sindiraes (2008) os ingredientes armazenados devero ser

    mantidos em condies que evitem sua deteriorao, proteja-os contra a

    contaminao e reduza ao mximo as perdas. Dever assegurar a adequada

    rotatividade dos estoques dos ingredientes e produtos acabados.

    As matrias primas ensacadas e produtos acabados devem ser

    armazenados em pilhas, sobre estrados de material que permita fcil

    higienizao, de preferncia plstico, no mnimo, a 45 cm distante das paredes

    e de outras pilhas, facilitando o acesso s instalaes, limpeza, melhor

    arejamento e espao para controle de pragas. As matrias primas, insumos e

    produto final devem ser devidamente identificados com informaes sobre lote

    e validade (Pinheiro, 1994).

    As matrias prima a granel so armazenadas em silos, cuja

    armazenagem deve ser controlada evitando-se misturas de produtos diferentes

    carregamentos ou o mesmo ingrediente de qualidade diferenciada (Butolo,

    2002).

    Em matrias prima ensacadas deve-se atentar quanto identificao

    dos rtulos e lotes, em especial produtos medicamentosos, aditivos e micro

    minerais, que devem ser cuidadosamente catalogados para evitar o uso

    indevido, principalmente quanto as suas concentraes (Butolo, 2010).

    Na fbrica o recebimento da matria prima feita de acordo com o

    recomendado, com relao ao armazenamento dos produtos ensacados, tanto

    dos insumos quanto dos produtos acabados, seria interessante aumentar os

    espaos entre as pilhas para, no mnimo, 45 cm, o que facilitaria o acesso s

    mesmas e possibilitaria melhor higienizao/aerao do ambiente. Na fbrica

    as matrias primas, insumos e produto final so devidamente identificados com

  • 16

    lote e validade, para melhor controle de estoque e, ainda, a rotatividade e

    ordem de utilizao so respeitadas de acordo com as normas do MAPA.

    4.7. Processo de limpeza e higienizao da fbrica

    Requisitos de limpeza e sanitizao podem ser definidos como,

    programas e utenslios usados para manter a fbrica e os equipamentos em

    condies ideais de limpeza e de uso. Programas e utenslios que visam

    preservar a pureza, a aceitabilidade, a qualidade dos alimentos e auxiliar na

    obteno de um produto que tenha uma boa condio higinico-sanitria, sem

    causar danos sade animal (Dias, 1999).

    De acordo com a Instruo Normativa N 04 (MAPA 2007) com a

    finalidade de impedir a contaminao dos produtos destinados alimentao

    animal, toda rea de processamento, equipamentos e utenslios devem ser

    limpos com a frequncia necessria e desinfetados sempre que as

    circunstncias assim o exigirem. O estabelecimento deve assegurar sua

    limpeza e desinfeco por meio de programa especfico. Os funcionrios

    devem ser capacitados para execuo dos procedimentos de limpeza e terem

    pleno conhecimento dos perigos e riscos da contaminao.

    A fbrica j possui programa de limpeza envolvendo a parte interna e

    externa da mesma, visando diminuir a contaminao por microrganismos dos

    produtos acabados e conseqentemente melhorar a qualidade e eficincia

    desses produtos. Porm poderia ser ainda melhor, fazendo um cronograma fixo

    de limpeza de equipamentos e utenslios (atividades dirias, semanais,

    mensais e semestrais) e ainda adotar medidas de desinfeco quando houver

    necessidade ou em perodos regulares de seis meses. importante salientar

    que, seguindo as normas de BPF, esses procedimentos deveriam ser descritos

    em documentos e serem anotadas as datas de realizao dos mesmos e o

    funcionrio responsvel.

    Segundo Nicolau (1997), a higienizao constitui-se de duas etapas com

    objetivos especficos, pr-lavagem, que seria a remoo de resduos utilizando

    raspagem e varrio, e depois a lavagem com detergentes, enxge e

    sanificao. Detergentes e desinfetantes devem ser adequados para o fim

    pretendido, no devem ser fabricados com ingredientes txicos ou que

  • 17

    transmitam sabor ou odor aos produtos, devendo ser aprovados pelo

    organismo oficial competente, tais produtos devem ser identificados e

    armazenados em local adequado, fora da rea de produo (Sindiraes,

    2008).

    A higiene pessoal dos funcionrios tem como objetivo garantir que os

    colaboradores e pessoas que entre em contato direto ou indireto com o

    alimento no o contaminem, mantendo grau adequado de higiene pessoal e se

    comportando e operacionalizando de maneira apropriada (Gelli, 2005).

    Na fbrica os funcionrios so responsveis pela limpeza de seus

    uniformes e equipamentos. Apesar de haver treinamento dos mesmos no incio

    das suas atividades na empresa, seria interessante esse treinamento ser

    reforado periodicamente, pois uma das principais dificuldades para

    implementao do programa BPF a falta de envolvimento e

    treinamento/instruo dos funcionrios do estabelecimento.

    De acordo com Arajo et al (2005), os funcionrios devem seguir hbitos

    de higiene pessoal, mantendo rotina de limpeza como, banho dirio, cabelos

    limpos, barba feita, dentes escovados, unhas limpas, incluindo ainda roupas

    (uniformes) apropriadas e limpas. Sendo os uniformes utilizados

    exclusivamente nas reas de trabalho.

    O emprego de equipamentos de proteo individual (EPI) na

    manipulao de alimentos que so obrigatrios, como: luvas, mscaras,

    protetor auricular, culos, aventais e outros, devem obedecer s perfeitas

    condies de higiene e limpeza destes, por responsabilidade dos funcionrios

    (Galhardi et al, 1995). Na fbrica, obrigatrio a utilizao de EPI, porm h

    resistncia dos funcionrios na utilizao desses equipamentos de acordo com

    o recomendado. importante salientar que todo funcionrio que entra na

    empresa recebe instruo da obrigatoriedade do uso de tais equipamentos

    bem como a importncia de sua correta utilizao, talvez fosse necessria

    maior cobrana no uso dos EPIs, como por exemplo, a adoo de um sistema

    de bonificao.

  • 18

    4.8. Anlises de matria prima e produtos acabados

    De acordo com Silva (1998), um rigoroso controle de qualidade da

    matria-prima recebida pelas fbricas de raes, associado a uma

    industrializao igualmente de qualidade, asseguram a excelncia do produto

    acabado.

    O mais eficiente sistema para controlar os ingredientes que entram na

    fbrica, consiste em impedir a entrada de matria prima de baixa qualidade,

    portanto, no recebimento da mercadoria, antes da descarga, deve-se fazer uma

    amostragem do lote recebido e proceder anlise fsica macroscpica,

    observando-se cor, odor e outras caractersticas fsicas. O produto no deve

    ser descarregado se for verificada qualquer anormalidade. Estando o produto

    dentro das caractersticas fsicas padro, aps a descarga devem ser

    efetuadas as anlises bromatolgicas, que indicaro se o ingrediente est

    dentro das garantias solicitadas e quando isto no ocorrer, o produto dever

    ser colocado a disposio do fornecedor (Butolo, 2010).

    Como j informado, no rotina a realizao de anlise bromatolgica

    de todas as matrias-primas recebidas, devido os ingredientes serem

    adquiridos com certificado de garantia dos valores nutricionais, fornecidos

    pelos fornecedores de matria prima. Mas mesmo no dirias, so realizadas

    anlises surpresa para comprovar a qualidade bromatolgica dos

    ingredientes.

    Butolo (2011) sugere que a anlise de umidade em gros de cereais

    como o milho deve ser determinadas frequentemente, para a anlise de farelos

    recomenda-se determinaes freqentes de umidade e protena bruta, sendo

    anlises de gordura, fibra bruta, cinzas de determinaes espordicas. Para os

    minerais so realizadas anlises com frequncia de cinzas e esporadicamente

    de solubilidade.

    De acordo com Moraes (1997), o monitoramento laboratorial da

    qualidade das raes produzidas faz parte de um complexo sistema de

    garantia de qualidade. Para que fique evidente a preocupao com a qualidade

    do produto final, devem ser estabelecidas de verificao de qualidade dos

    ingredientes que chegam fbrica e dos produtos acabados.

  • 19

    Chaves (1994) salienta que a inspeo por amostragem tem sido uma

    operao de controle de qualidade bastante satisfatria em muitas indstrias,

    desde que sejam estabelecidos critrios bem definidos em relao

    representatividade das amostras coletadas e analisadas. A amostragem, por

    definio, a coleta representativa de um material a ser analisado. a parte

    mais importante de uma anlise, pois se no for efetuada corretamente, os

    resultados no correspondero composio do material (Butolo, 2010).

    Butolo (2010) sugere que a amostragem de produtos ensacados seja

    obtida por intermdio de caladores selecionando aleatoriamente, no mnimo,

    10% dos sacos de um lote, e para produtos a granel a amostragem deve ser

    feita por sonda, isso se faz necessrio, pois durante o transporte existe uma

    tendncia de partculas mais leves permanecerem na parte superior da

    carroceria do caminho e as mais pesadas na parte inferior.

    O conhecimento do teor de umidade fundamental para

    comercializao, processamento e armazenamento da matria-prima. A

    umidade elevada oferece condies favorveis tanto para as atividades

    fisiolgicas dos gros (respirao e germinao), que vo comprometer a

    qualidade do produto, quanto para as contaminaes fngicas e de insetos na

    matria-prima, reduzindo o potencial nutricional dos ingredientes (Lazzri,

    1992).

    O teor de umidade dos ingredientes no armazenamento tambm merece

    ateno devido possvel ocorrncia da reao de Mailard, descrita

    resumidamente atravs do esquema proposto por Nunes & Baptista (2001): R-

    NH2 + acar redutor = bases de Schiff (aldosilamina) desoxicetoses

    melanoidinas. Tal reao tem implicaes na qumica dos alimentos

    (qualidades organolpticas), na sua inocuidade (formao de fatores

    mutagnicos) e no valor nutritivo dos alimentos (biodisponibilidade de

    aminocidos e acares). A reao influenciada por fatores como a

    composio do ingrediente (teor e composio protica e glicdica) bem como

    fatores como temperatura ambiente, umidade, incidncia de luz, presena de

    metais pesados e sulfitos. Tratamento trmico dos ingredientes ou apenas a

    armazenagem prolongada podem ter efeitos deletrios sobre a qualidade

    nutricional das protenas essencialmente como resultado dessa reao (Hurrell

    & Carpenter, 1981).

  • 20

    As modificaes do valor nutritivo induzidas pela reao de Mailard

    incluem: destruio de aminocidos e/ou decrscimo na digestibilidade

    protica, reduo da biodisponibilidade da lisina e outros aminocidos

    essenciais e formao de substncias inibidoras de crescimento, como lisino-

    alanina. Nesse sentido, na fbrica, d-se ateno ordem de utilizao dos

    produtos (quem chega primeiro, sai primeiro), data de validade dos mesmos

    e s condies de armazenagem que permitem aerao dos produtos.

    As anlises dos produtos acabados so feitas mensalmente, sendo a

    frequncia adequada, j em relao amostragem sugere-se observar a

    relao da quantidade amostrada em relao quantidade de produto

    armazenado, dando maior representatividade s anlises. A amostragem de

    produtos ensacados deve corresponder no mnimo de 10 a 20% do material a

    ser analisado, e para materiais a granel deve-se coletar quantidades de

    diversos pontos que representem com exatido a mdia do lote. Uma sugesto

    para melhor confiabilidade das amostras seria fazer amostragem de acordo

    com a quantidade armazenada e no utilizar uma quantidade fixa.

    Aps a amostragem do material devem-se realizar as averiguaes

    visuais, homogeneizao e quarteamento da amostra at a obteno da

    quantidade desejada para enviar ao laboratrio, que aproximadamente 500

    gramas (Butolo, 2010).

    A ltima fase para garantir a qualidade seria a avaliao do produto

    terminado. Se o programa for executado corretamente, as anlises a serem

    efetuadas confirmam a excelncia dos controles. Caso contrrio, as anlises

    tambm confirmam a ineficincia do programa, que deve ser revisto em todas

    as suas fases. Amostras devem ser coletadas uma vez por ms no mnimo de

    todos os produtos terminados, por espcie animal e por fases de produo,

    juntamente com os ingredientes utilizados naqueles produtos que sero

    analisados, para que possa identificar a correlao entre os nveis percentuais

    esperados e os observados (Butolo, 2010).

    Para anlise do produto acabado, Silva (1998) recomenda que sejam

    seguidas as mesmas recomendaes de amostragem indicadas para o

    controle de qualidade dos ingredientes. Os resultados analticos devero ser

    comparados aos esperados, em funo das formulaes adotadas.

  • 21

    Para anlises de produtos acabados Butolo (2010) recomenda a

    determinao freqente de umidade, protena bruta, cinzas, clcio e fsforo.

    Anlises espordicas de gordura, fibra bruta e ainda de sdio, potssio,

    magnsio e de salmonela.

    De acordo com Klein (1999) necessrio que se tenha um laboratrio

    mnimo para checar os pontos crticos de contaminao do processo de

    fabricao bem como garantir maior controle de qualidade. Para realizar esse

    controle da qualidade (matrias-primas e produtos acabados) seria

    aconselhvel estudar a implantao de um laboratrio de bromatologia nas

    dependncias da fbrica. Sugere-se um estudo financeiro considerando o custo

    das anlises bromatolgicas em laboratrios particulares, o custo da

    implantao de um laboratrio prprio na empresa e a garantia de rpido

    controle da qualidade dos produtos.

    4.9. Expedio de produtos acabados

    Butolo (2010) salienta a importncia da rao ser transportada em

    caminhes que no comprometam a qualidade do produto no transporte e na

    descarga. Com j relatado, na fbrica so realizadas vistorias das condies

    dos caminhes de entrega de produtos acabados quanto s condies da

    carroceria como a existncia de buracos, pregos, sujeira, de forma a no

    permitir danos, perdas e contaminaes nas embalagens e produtos,

    assegurando que este seja entregue com segurana e qualidade ao cliente,

    quando problemas so encontrados e for possvel este contornado, ao

    contrario o caminho excludo da tarefa de entrega de produto.

    De acordo com a Instruo Normativa N 04 (MAPA 2007) os veculos

    utilizados no transporte devem estar limpos e ser projetados de forma a manter

    a integridade das embalagens e dos produtos destinados alimentao animal.

    Os veculos de transporte devem realizar as operaes de carga e descarga

    em locais apropriados, cobertos e fora da rea de produo e armazenamento.

    Outro ponto que merece destaque na fbrica a constante preocupao

    com acompanhamento tcnico dos produtores sobre a correta forma de

    utilizao de suas raes e suplementos, garantindo bons resultados

    econmicos e de produtividade nos rebanhos atendidos.

  • 22

    4.10. Consideraes Finais

    O protocolo de Boas Prticas de fabricao de suma importncia para

    a produo de rao animal, pois proporciona alimentos de maior qualidade,

    devido aos procedimentos higinicos sanitrios aplicados em todo o processo

    de produo. O estgio possibilitou conhecimento prtico da importncia de

    aplicar a BPF no processo de fabricao de raes e suplementos e sua

    relao com o mercado, sabendo que atualmente esta se buscando qualidade

    dos produtos.

  • 23

    5. CONCLUSES

    A funo da fbrica de rao a produo de alimento eficiente, de

    custo mnimo e, acima de tudo, de qualidade, obtida atravs do controle de

    todo o processo de fabricao. Desta forma, o estgio em fbrica de rao

    exige competncia e ateno para assegurar a qualidade do produto, do ponto

    de vista nutricional e sanitrio fornecidos aos animais.

    Profissionalmente, esse campo de atuao do Zootecnista oferece

    amplo campo de trabalho sendo necessrio tornar-se um profissional

    qualificado devido importncia da rea de nutrio animal.

  • 24

    6. REFERNCIAS

    ALMEIDA, C.R. O sistema HACCP como instrumento para garantir a inocuidade dos alimentos. Centro de Vigilncia Epidemiolgica, So Paulo, 2009. Disponvel em: http://www.cve.saude.sp.gov.br/htm/hidrica/IFHACCP.htm. Acesso em: 12 de junho de 2011. ANFAL PET, http://www.petbr.com.br/raao1.asp Acesso em 10 de abril de 2011. ARAJO, A.A.; FERREIRA, K.O.; FREITAS, R.A; BEZERRA, R.F. Projeto de lacticnios[online]. Disponvel em: http://www.facape.br/mariosilvio/projetos1/projetos.../anexo.doc. Acesso em: 09 de maro de 2011. BELLAVER, C. A importncia da gesto da qualidade de insumos para raes visando a segurana do alimento. In: REUNIAO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 41, 2004, Campo Grande. Anais eletrnicos...[online] Campo Grande, 2004. p. 19. Disponvel em: http://www.cnpsa.embrapa.br/sgc/sgcarquivos/palestrasz5i79j8b.pdf. Acesso em: 09 de maro de 2011. BELLAVER, C. SEGURANA DOS ALIMENTOS E CONTROLE DE QUALIDADE NO USO DE INGREDIENTES PARA A ALIMENTAO ANIMAL. 2 Conferencia Virtual de Sunos e Aves. Embrapa. Concrdia, SC. 2001. BRASIL. Agencia Nacional de Vigilncia sanitria ANVISA. Regulamento tcnico sobre as condies higinico-sanitarias e de Boas Praticas de fabricao para estabelecimentos produtores/industrializadores de Alimentos. Portaria n. 326, 1997. BRASIL. Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento MAPA. Regulamento tcnico sobre as condies higinico-sanitarias e de Boas Praticas de fabricao para estabelecimentos produtores/industrializadores de Alimentos. Anexo 1. Instruo Normativa n 4, 2007. BRASIL. Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento MAPA. Modelo manual de boas prticas de fabricao fbrica de alimentos para animais. 2008. BRASIL. Ministrio da Sade. Portaria n. 368, de 30 de julho de 1997. Aprova o Regulamento tcnico sobre as condies higinico-sanitarias e de Boas Praticas de fabricao para estabelecimentos produtores/industrializadores de alimentos. Dirio Oficial da Unio, Braslia, DF, p. 16560-3, 1 agosto de 1997. Seo I. Brasileiro de Alimentao Animal. Campinas. 430p. 2002.

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