relatório economico de exportação

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Sociedade Mundial de Proteção Animal World Society for the Protection of Animals

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Relatório Economico de Exportação

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Page 1: Relatório Economico de Exportação

Sociedade Mundial de Proteção AnimalWorld Society for the Protection of Animals

Page 2: Relatório Economico de Exportação

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Page 3: Relatório Economico de Exportação

Prefácio – Presidente da ABRAFRIGO

1. Introdução

2. Exportação de produtos primários: problemas gerais

3. A exportação brasileira de carne bovina e de gado para o abate

3.1. Dados gerais

4. Problemas econômicos da exportação brasileira de gado para o abate

4.1. O sofrimento dos animais no transporte por longas distâncias

5. As vantagens para o Brasil da substituição da exportação de gado em pé por produtos manufaturados

5.1. Estimativa do valor da substituição da exportação de gado em pé pela exportação de carne congelada, couro acabado e subprodutos: Hipóteses e Resultados

5.2. Estimativa do impacto sobre a criação de empregos da substituição da exportação de gado pela exportação de carne congelada e couro acabado: Hipóteses e Resultados

6. Soluções

6.1. Estudo de caso: a positiva experiência da taxação do couro wet-blue

6.2. Restrições quantitativas: quotas e proibição

7. Bibliografia

p. 4

p. 6

p. 12

p. 14

p. 2

p. 22

p. 25

p. 26

p. 28

p. 30

p. 32

p. 35

p. 36

p. 40

Page 4: Relatório Economico de Exportação

Prefácio – Péricles Pessoa Salazar Presidente da Associação Brasileira de Frigoríficos – ABRAFRIGO

“Indústrias de couros, calçados, alimentos industrializados e ração animal, dentre diversas outras, sentirão os efeitos das exportações de bovinos vivos pelo nosso país”.

Inicialmente, quero agradecer

o convite que nos foi formulado

pela WSPA, no sentido de

escrevermos o prefácio deste

brilhante trabalho. É uma honra

para nós podermos colaborar na

conclusão deste relatório, fruto

de profunda investigação e de um

amplo diagnóstico a respeito das

exportações de bovinos vivos pelo

nosso país.

A ABRAFRIGO tem manifestado

reiteradas vezes o seu ponto de vista

sobre as exportações de animais

vivos. Como entidade que defende os

interesses dos frigoríficos brasileiros,

não poderia ser outra a nossa

posição, amplamente divulgada na

mídia brasileira. Não nos preocupa

tão somente os interesses comerciais

das empresas que representamos,

mas sim as conseqüências de médio

e longo prazos que serão acarretadas

inevitavelmente às indústrias

brasileiras dependentes das matérias-

primas oriundas do abate de bovinos.

Se os frigoríficos passarão

a sofrer com a indisponibilidade

de animais vivos para o abate,

diversos outros segmentos

industriais conviverão com o

mesmo problema. Indústrias

de couros, calçados, alimentos

industrializados e ração animal,

dentre diversas outras, sentirão os

efeitos das exportações de bovinos

vivos pelo nosso país.

Desde a década de 50, quando

com mais intensidade a economia

brasileira começou a crescer,

as políticas públicas apontaram

sempre na direção da maior

geração de valor agregado na

indústria brasileira, como fonte de

crescimento baseado na ampliação

das oportunidades de emprego,

de geração de renda interna e

conseqüentemente de maior

consumo, propiciado exatamente

pela ampla diversificação da

nossa indústria e dos empregos

que foram abertos e que eram

necessários para a expansão

ordenada da indústria nacional. O

coeficiente multiplicador da política

econômica calcada no conceito de

valor agregado foi, sem nenhuma

dúvida, vital para o estágio de

desenvolvimento industrial que hoje

observamos no Brasil.

Sob este ponto de vista, não

deixa de ser uma contradição e

um dano para o país a exportação

de bovinos vivos. Se este nicho de

mercado é rentável para alguns,

certamente não o é para o conjunto

da sociedade brasileira. Estamos

sim gerando empregos fora dos

nossos limites geográficos, além

de estarmos dando uma grande

contribuição genética gratuita para

os países importadores. Ganham

poucos, perdem centenas e

centenas de milhares.

Estímulos fiscais recentes

obtidos pelos frigoríficos brasileiros

poderão induzir uma maior demanda

de bovinos junto aos produtores, o

que fará crescer os preços pagos

aos pecuaristas, razão alegada pelos

produtores para as exportações

de animais vivos. Os adquirentes

dos nossos animais estabelecidos

em outros países certamente não

têm a mesma carga tributária que

as nossas indústrias, o que permite

uma concorrência desigual. O

estímulo fiscal referido ajuda a reduzir

estas diferenças de carga tributária,

embora o ideal fosse a igualdade

competitiva absoluta.

Espera-se que as autoridades

brasileiras compreendam a

complexidade deste problema e

colaborem para que seja resolvido

o quanto antes possível, sob pena

de um custo social ainda maior

para os brasileiros.2

Page 5: Relatório Economico de Exportação

* O autor deste relatório, Reinaldo Gonçalves, é Professor Titular de Economia Internacional do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro desde 1993, Doutor em Economia pela University of Reading (Inglaterra, 1986) e Mestre em Economia pela FGV (1976). Especialista em Economia Internacional, participou e participa como membro/colaborador de diversas organizações relacionadas ao assunto, como BNDES, Nações Unidas (UNCTAD), Conselho Regional de Economia, entre outras. Autor de mais de três centenas de trabalhos publicados em 21 países, escreveu 9 livros, é co-autor de 5, e tem capítulos em mais de 30 livros.

DESvAntAGEnS EcOnômIcASda Exportação Brasileirade Gado em PéProf. Dr. Reinaldo Gonçalves*

Page 6: Relatório Economico de Exportação

O objetivo geral deste estudo é analisar a exportação brasileira de gado para o abate e mostrar que essa é

uma atividade injustificável economicamente e que deve ser substituída pela exportação de carne refrigerada

ou congelada. O objetivo específico é apresentar propostas para a solução deste problema.

A melhora do padrão de comércio exterior brasileiro tem efeitos positivos em termos das contas externas

do país, além de ser um dos eixos estruturantes do desenvolvimento da pecuária brasileira e da cadeia

produtiva da carne. Esta diretriz é convergente com a política governamental que tem como orientações

estratégicas a geração de produtos de maior valor agregado e a maior integração entre os elos da cadeia

produtiva da carne.

A exportação de produtos primários (alimentos, bebidas, matérias-primas agrícolas, metais e

hidrocarbonetos) tem características próprias que a distinguem da atividade de exportação de produtos

manufaturados e de serviços. Dentre estas características, cabe destacar:

• baixa elasticidade-renda da demanda por produtos primários;

• elasticidade-preço da demanda desfavorável;

• o setor primário-exportador tem pouca capacidade de reter os benefícios do progresso técnico, o que

reduz o potencial de investimento e crescimento econômico;

1. Introdução

4

Page 7: Relatório Economico de Exportação

• as economias primário-exportadoras têm estruturas de produção retrógradas marcadas pela enorme

concentração do capital e dos recursos naturais nas mãos de um número restrito de pessoas;

• a concentração da riqueza e da renda derivada do regime de grande propriedade impede o crescimento

relativo da massa salarial e reduz o potencial de criação de mercados internos de consumo de massa;

• os preços dos produtos primários têm grande volatilidade, que provoca

instabilidade da receita de exportação;

• a elevada volatilidade do quantum de exportações de produtos primários

causa problemas recorrentes de capacidade para importar (restrição externa);

• existência de maiores barreiras de acesso ao mercado internacional para

produtos primários comparativamente aos produtos manufaturados;

• problema da escalada tarifária que desestimula o desenvolvimento de produtos com maior valor

agregado.

Alguns produtos primários também têm certa especificidade quanto a problemas e riscos. Este é

precisamente o caso da exportação de gado em pé. Dentre os problemas específicos desse tipo de

exportação, destacam-se:

• o sofrimento dos animais durante as longas jornadas, que na rota Pará-Líbano pode levar até três

semanas;

• o transporte por longas distâncias de bovinos afeta negativamente o valor da carne exportada em

decorrência de lesões, da redução da qualidade da carne e da alta taxa de mortalidade;

• a exportação de gado para o abate afeta negativamente a oferta doméstica desse produto no mercado

interno e reduz o potencial de geração de valor agregado (renda interna) e empregos no país;

• os efeitos negativos da exportação de bovinos transcendem os elos mais próximos da própria cadeia

produtiva da carne (pecuária, frigoríficos, indústria de alimentos, comércio atacadista e varejista) e atingem

outras cadeias produtivas, como a do couro;

• o comércio de um produto com baixo valor agregado.

A melhora do padrão de comércio exterior brasileiro tem efeitos positivos em termos das contas externas do país, além de ser um dos eixos estruturantes do desenvolvimento da pecuária brasileira e da cadeia produtiva da carne.”“

5

Page 8: Relatório Economico de Exportação

A exportação de produtos primários (alimentos, bebidas, matérias-primas agrícolas, metais e

hidrocarbonetos) tem características próprias que a distinguem da atividade de exportação de produtos

manufaturados e de serviços. Há uma longa tradição de crítica no âmbito da Economia do Desenvolvimento,

principalmente a partir de trabalhos desenvolvidos pelas Nações Unidas no final dos anos 1940. O eixo

estruturante das críticas está na concepção do sistema centro-periferia que configura a divisão internacional

do trabalho.

Na ótica da periferia (países em desenvolvimento), o principal problema está relacionado ao padrão de

comércio internacional de países que se especializam na produção e exportação de produtos primários. Na

conhecida visão da Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL), difundida por Raul Prebisch, as

economias primário-exportadoras têm sérias dificuldades de avançar em estratégias de desenvolvimento

econômico. Dentre as dificuldades, Prebisch destacou a deterioração dos termos de troca: a tendência

de longo prazo da queda dos preços dos produtos primários em relação aos preços dos produtos

manufaturados. Portanto, a superação do subdesenvolvimento requer a ruptura com o modelo de economia

primário-exportadora.1

2. Exportação de produtos primários: problemas gerais

1- A referência clássica é o trabalho de Prebisch (1949). Prebisch (1959) e Rodríguez (1960) sintetizam a concepção do sistema centro-periferia (cap.1) e o pensamento da CEPAL.6

Page 9: Relatório Economico de Exportação

Os produtos primários têm algumas características gerais que devem ser destacadas na análise da

inserção dos países em desenvolvimento no sistema mundial de comércio:

• Baixa elasticidade-renda da demanda por produtos primários2. Significa que o crescimento da

exportação de produtos primários tende a ser proporcionalmente menor do que o crescimento da renda

mundial. No caso dos alimentos, ocorre a chamada lei de Engel: a participação

relativa do gasto com alimentos no gasto total diminui com o aumento da renda

dos consumidores. E, no caso das matérias-primas agrícolas (borracha, couro,

etc.) e dos metais, o progresso técnico implica crescente substituição de produtos

com elevado conteúdo de recursos naturais por produtos sintéticos como,

por exemplo, a substituição do material de estofamento de couro por plástico.

Segundo Carvalho e Silva (2005), no período 1961-2002, a taxa de crescimento

do valor do comércio mundial de produtos agrícolas foi de 7,3% e de produtos

não-agrícolas foi de 11,3%.

De fato, quando se confrontam os dados de valor do comércio mundial de produtos agrícolas e

produtos manufaturados, verifica-se a tendência de longo prazo de queda da participação relativa dos

produtos agrícolas. Em 1980, os produtos agrícolas responderam por 21,5% do valor do comércio mundial

(excluindo combustíveis e minerais). Em 2007, essa participação tinha se reduzido para 10,3%. Ou seja, a

proporção entre valor exportado de produtos manufaturados e produtos agrícolas aumentou de 5:1 para

10:1 no período em questão.

Particularmente no que se refere à carne bovina, há duas tendências divergentes que afetam

a elasticidade-renda da demanda mundial. Por um lado, a redução da pobreza tende a elevar a

demanda por este tipo de bem básico em países em desenvolvimento. Por outro lado, em países

desenvolvidos verifica-se a tendência de queda do consumo de carne vermelha, que está sendo

substituída por outras fontes de proteínas3.

A superação do subdesenvolvimento requer a ruptura com o modelo de economia primário-exportadora.”“

2- A elasticidade-renda da demanda mostra a relação entre a variação percentual da quantidade demandada e a variação percentual da renda. A elasticidade-renda unitária significa, por exemplo, que o aumento de renda de 5% implica aumento da quantidade demandada de 5%.

3- No Brasil o consumo per capita de carne manteve-se relativamente estável no período 2003-08.

4- A elasticidade-preço da demanda mostra a relação entre a variação percentual da quantidade demandada e a variação percentual do preço. Por exemplo, a elasticidade-preço de 0,7 significa que a redução de preço de 10% implica o aumento da quantidade demandada de 7%. 7

Page 10: Relatório Economico de Exportação

• Elasticidade-preço da demanda desfavorável4. Considerando as condições de demanda inelástica,

pequenos aumentos de quantidade exportada exigem grandes reduções de preços. Esse fato é mais

evidente em países em que a grande maioria da população já teve suas necessidades básicas (como a

alimentação) satisfeitas.5 Um estudo realizado nos Estados Unidos mostrou as seguintes elasticidades-

preço das importações: matéria-prima = 0,18; alimentos não processados = 0,21; semi-manufaturados =

1,83 e manufaturados = 4,05 (Ethier, 1988, p. 82).

• O setor primário-exportador tem pouca capacidade de reter os benefícios do progresso técnico, que

reduz o potencial de investimento e crescimento econômico. Tendo em vista o excedente estrutural

de mão-de-obra em países em desenvolvimento, a expansão da produção e o progresso técnico

não implicam aumentos reais de salário. O aumento da produtividade no setor primário-exportador é

transferido para o exterior na forma de redução dos preços internacionais dos produtos primários, em

decorrência do aumento de produção gerado pelo progresso técnico. Esta incapacidade de reter os

benefícios do progresso técnico reduz o potencial de investimento e crescimento econômico.

• Economias primário-exportadoras têm estruturas de produção retrógradas marcadas pela enorme

concentração do capital e dos recursos naturais nas mãos de um número restrito de produtores.

O exemplo histórico de maior relevância é o sistema de plantations, em que os grandes proprietários

agrícolas (açúcar, banana, erva-mate, borracha, algodão, cacau, café, etc.) controlam a maior parte do

excedente econômico. As conseqüências, em termos de reprodução de círculos viciosos que impedem o

desenvolvimento, são inúmeras e transcendem a própria esfera das atividades econômicas (Beckford, 1972).

• A concentração da riqueza e da renda derivada do regime de grande propriedade impede o

crescimento relativo da massa salarial e reduz o potencial de criação de mercados internos de

consumo de massa. Essa concentração tem dois efeitos importantes: o primeiro é o permanente

vazamento de renda para o exterior por meio da importação de bens de consumo, principalmente

supérfluos, pelas camadas mais ricas da população; o segundo efeito é

que a concentração impede o crescimento relativo da massa salarial e,

portanto, reduz o potencial de criação de mercados internos de consumo

de massa. A insuficiência de demanda agregada, via absorção interna pela

classe trabalhadora, torna-se uma restrição fundamental ao desenvolvimento

econômico de longo prazo.

• Os preços dos produtos primários têm grande volatilidade, que provoca

instabilidade da receita de exportação. Em decorrência da homogeneidade

dos produtos e da elevada concorrência internacional, os preços dos produtos

primários têm grande volatilidade. A volatilidade de preços dos produtos

primários provoca instabilidade da receita de exportação.6 Portanto, a trajetória de acumulação de capital

e de desenvolvimento econômico torna-se muito instável em conseqüência do impacto da volatilidade das

exportações sobre a renda, o emprego, as finanças públicas e a disponibilidade de divisas para importar.

Esse último aspecto é particularmente relevante quando se considera que os países em desenvolvimento

têm déficits estruturais de balanço de pagamentos causados pelas fragilidades do sistema econômico,

5- Segundo Carvalho e Silva (2008), o crescimento das exportações brasileiras de produtos agrícolas deveu-se, em grande medida, à expansão dos produtos com baixo dinamismo no mercado internacional.

6- Segundo Carvalho e Silva (2005, p. 12), no caso das exportações brasileiras, “entre 1974 e 2003 a variabilidade do crescimento das exportações agrícolas foi o dobro da dos manufaturados. Ao comportamento dos preços agrícolas cabe a maior responsabilidade pelas diferenças, embora as quantidades também tenham contribuição expressiva. Acrescente-se que grande parte dessa variabilidade se deve ao elevado grau de concentração do comércio agrícola brasileiro, dado que apenas 10 produtos respondem por quase 80% do valor exportado.”8

Page 11: Relatório Economico de Exportação

principalmente a incipiência do setor produtor de bens de capital. A restrição externa torna-se ainda mais

aguda quando os países acumulam elevados passivos externos (dívida e investimento), que introduzem

rigidez na conta de serviços de fatores e na conta financeira do balanço de pagamentos. Crises cambiais

recorrentes tornam-se, então, restrições sérias ao processo de desenvolvimento econômico.

• Elevada volatilidade do quantum de exportações de produtos primários causa problemas recorrentes de

capacidade para importar (restrição externa). Essa característica dos produtos primários está relacionada

aos mecanismos de transmissão internacional dos ciclos econômicos nos países desenvolvidos. Trata-se

aqui da volatilidade do quantum de exportações de produtos primários. Considerando que a atual conjuntura

internacional caracteriza-se pela reversão da fase ascendente do ciclo internacional iniciada em 2003, vale

destacar as observações de Prebisch (1949): “a propagação das flutuações cíclicas dos grandes centros

para a periferia latino-americana implica perdas consideráveis de receita [de exportação]. Se fosse possível

evitar essas perdas, o problema da formação de capital se tornaria menos difícil” (Ibid, p. 55). E ademais,

“os preços dos produtos primários sobem com mais rapidez do que os finais [manufaturados] na fase

ascendente, mas também descem mais do que estes na fase descendente, de tal forma que os preços finais

vão se distanciando progressivamente dos primários através dos ciclos” (p. 62).

• Existência de maiores barreiras de acesso ao mercado7 internacional para produtos primários

comparativamente aos produtos manufaturados. Em 2007, a tarifa média efetiva aplicada na

Comunidade Européia era de 5,2% (média simples) para todos os produtos, enquanto as tarifas

correspondentes para produtos agrícolas e produtos não-agrícolas eram de 15,0% e 3,8%,

respectivamente (Tabela 1). A situação não se altera quando se utiliza a tarifa média ponderada (pelo valor

das importações). Este fenômeno também se verifica nos Estados Unidos.

Tabela 1

Tarifas aplicadas na Comunidade Econômica Européia e nos Estados Unidos em 2007

7- Barreiras de acesso ao mercado externo são as tarifas e as medidas não-tarifárias (por exemplo, medidas sanitárias e fitossanitárias) que incidem sobre os produtos exportados. O protecionismo é mais elevado (barreiras mais altas) para os produtos primários do que para os manufaturados. Desde 1948, quando se iniciaram as negociações comerciais multilaterais do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT), a redução das barreiras concentrou-se, fundamentalmente, nos produtos manufaturados de interesse dos países desenvolvidos. A redução do protecionismo no setor agrícola é uma das principais peças de resistência nas negociações no âmbito da Organização Mundial de Comércio (OMC). Gonçalves (2005), capítulo 9.

Comunidade Européia Estados Unidos

Média simples Média ponderada Média simples Média ponderada

Total 5,2 3,0 3,5 2,1

Agrícolas 15,0 11,8 5,5 5,3

Não-agrícolas 3,8 2,4 3,2 2,0

Produtos animais 25,9 215* 2,7 26*

* Tarifa máxima

Fonte: Organização Mundial do Comércio (OMC)

Os produtos agrícolas também sofrem a incidência de medidas para-tarifárias e não-tarifárias (por

exemplo, as medidas fitossanitárias). Para ilustrar, no caso da importação de produtos animais (inclusive

carne bovina), a Comunidade Européia aplica impostos de importação específicos (não ad valorem). No

caso do bovino vivo este imposto é de 10,2 € mais 93,1 €/100 kg/net (Tabela 2).

9

Page 12: Relatório Economico de Exportação

SH HS 6-dígito Número Número Número de linhas Impostos descrição de linhas de linhas com impostos de importação tarifárias com tarifas de importação não ad valorem ad valorem não ad valorem

10290 Gado bovino 12 1 11 [10,2 + 93,1 €/100 kg/net] vivo, exceto animais de raça para reprodução

20110 Carcaça fresca 1 0 1 [12,8 + 176,8 €/100 kg/net] ou refrigerada

20120 Carne fresca 4 0 4 [12,8 + 141,4 €/100 kg/net] ou refrigerada, [12,8 + 176,8 €/100 kg/net] com osso [12,8 + 212,2 €/100 kg/net] [12,8 + 265,2 €/100 kg/net]

20130 Carne fresca 1 0 1 [12,8 + 303,4 €/100 kg/net] ou refrigerada, sem osso

20210 Carcaça bovina [12,8 + 176,8 €/100 kg/net] congelada

20220 Carne congelada, 4 0 4 [12,8 + 141,4 €/100 kg/net] com osso [12,8 + 176,8 €/100 kg/net] [12,8 + 221,1 €/100 kg/net] [12,8 + 265,3 €/100 kg/net]

20230 Carne congelada, 3 0 3 [12,8 + 221,1 €/100 kg/net] com osso [12,8 + 304,1 €/100 kg/net]

Fonte: OMC

• O problema da escalada tarifária, que desestimula o desenvolvimento de produtos com maior valor

agregado. A escalada tarifária afeta principalmente os setores nos quais os países desenvolvidos têm

vantagem comparativa na produção de produtos (semi-manufaturados ou manufaturados) que estão

upstream na cadeia produtiva e não têm vantagem comparativa na produção de produtos (primários) que

estão na base da cadeia produtiva.8 Os países desenvolvidos tendem a impor restrições menos elevadas

às importações de produtos que estão na base da cadeia produtiva (produtos primários) e restrições

maiores aos produtos que têm mais elevado grau de processamento (maior valor agregado). Desta forma,

os países em desenvolvimento têm maiores dificuldades de superar as barreiras de acesso aos mercados

de produtos manufaturados e, portanto, há desestímulo a investimentos para maior valor agregado.

• Produtos com menor valor agregado. O resultado é a redução do potencial de geração de renda e

emprego no caso da exportação de produtos básicos relativamente aos produtos manufaturados. Para

ilustrar, vale mencionar o caso da exportação do couro. O preço médio de exportação da peça de couro

aumenta em função do grau de processamento. O processo produtivo do couro pode ser classificado em

quatro estágios: o primeiro estágio (couro salgado) ocorre após o abate do animal e envolve descarne,

Tabela 2

Comunidade Européia – Medidas de restrição às importações de gado bovino e carne bovina: 2007

8- O caso mais evidente é o da Itália, que tem grande vantagem comparativa na produção de calçados e menor vantagem comparativa na produção de couro cru.10

Page 13: Relatório Economico de Exportação

extração de resíduos, limpeza e salgamento da peça de couro; o segundo estágio (couro wet-blue) envolve

o curtimento do couro salgado e sua transformação em peças de couro cru a partir da extração de

retalhos de couro e de pelagem; o terceiro estágio (crust ou semi-acabado) implica maior processamento

e tratamento do couro; e o quarto estágio (couro acabado) é o acabamento final do couro, que fica pronto

para uso industrial nos segmentos de vestuário, mobiliário, automotivo, calçados, etc. O preço médio do

couro wet-blue é três vezes maior do que o preço médio do couro salgado, enquanto o preço médio do

couro acabado é oito vezes maior do que o preço médio do couro salgado (Gráfico 1).

Gráfico 1

Preço médio da peça de couro exportado pelo Brasil: 2006 (US$)

Fonte: Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB)

Preço médio (US$) (eixo esquerdo) Preço relativo (referência = couro salgado)

90,00 9,00

80,00 8,00

70,00 7,00

60,00 6,00

50,00 5,00

40,00 4,00

30,00 3,00

20,00 2,00

10,00 1,00

0,00 0,00

salgado wet-blue crust acabado

11

Page 14: Relatório Economico de Exportação

O rebanho bovino brasileiro supera 200 milhões de cabeças e a participação do país no rebanho mundial

tem aumentado gradualmente nos últimos anos, alcançando 21,0% em 2007 (Tabela 3). Desde o início dos

anos 1990, os produtores e exportadores brasileiros têm ocupado o espaço aberto pela conversão dos

Estados Unidos em importadores de carne bovina. A partir de então, o rebanho bovino no Brasil cresceu mais

de 40% e a produção de carne bovina cresceu mais de 90%.

Tabela 3

Maiores rebanhos mundiais: 2003-07 (milhões de cabeças)

Fonte: CICB

3. A exportação brasileira de carne bovina e de gado para o abate

2003 2004 2005 2006 2007

Índia 283,1 282,5 282,3 282,0 282,0

Brasil 189,1 197,8 202,7 204,7 207,2

China 134,8 137,8 141,6 145,3 149,5

Estados Unidos 94,9 95,4 96,7 97,0 97,6

Mundo 993,7 992,4 993,1 989,6 987,0

Participação do Brasil % 19,0 19,9 20,4 20,7 21,0

12

Page 15: Relatório Economico de Exportação

A expansão e o próprio desenvolvimento da pecuária bovina e da cadeia produtiva da carne dependem da melhoria do padrão de comércio exterior do país.”“

A taxa de abate tem aumentado gradualmente nos últimos anos (Tabela 4). A taxa em 2008 foi de 22%,

o que representa o abate de 42,8 milhões de animais. No período 2003-07 houve aumento médio anual da

produção de carne (4,8%), do quantum de exportação (15,3 %) e do valor das exportações (15,9%). Neste

mesmo período, o consumo per capita brasileiro manteve-se relativamente estável. As importações, por outro

lado, tiveram queda expressiva em termos de quantidade e aumento em termos de valor em decorrência da

elevação do preço internacional da carne.

Tabela 4

Pecuária no Brasil – Indicadores: 2003-09

*Preliminar; **Estimativa; 1 – Em mil toneladas em equivalente carcaça; 2 – Em quilos em equivalente carcaça.

Elaboração: Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária

do Brasil (CNA)

A expansão da pecuária bovina no país resultou tanto da produção intensiva (com a tecnificação e

modernização do processo produtivo) como da produção extensiva (ampliação da área de pastagem). O

abate clandestino responde por aproximadamente 40% do abate total de bovinos no país e se restringe

2003 2004 2005 2006 2007* 2008* 2009**

Rebanho Bovino (milhões) 189,1 197,8 200,3 199,1 193,2 191,2 193,1

Taxa de Abate 19,91% 20,94% 21,50% 22,28% 23,30% 22,36% 22,58%

Abate (milhões de cabeças) 37,6 41,4 43,1 44,4 45,0 42,8 43,6

Produção/Carne (mil ton./carc.)1 7.792,0 8.487,8 8.775,9 9.052,7 9.296,7 9.000,0 9.180,0

Consumo per capita (kg/carc.)2 36,9 37,1 36,3 37,2 37,2 36,9 37,4

Consumo interno (mil ton./carc.)1 6.554,9 6.686,6 6.627,5 6.881,2 6.974,7 7.025,8 7.205,0

Exportação (mil ton./carc.)1 1.300,8 1.854,4 2.197,6 2.200,0 2.350,0 2.000,0 2.000,0

Importação (mil ton./carc.)1 63,7 53,3 49,2 28,5 28,0 25,8 25,0

Exportação (US$ milhões) 1.509,7 2.457,3 3.032,8 3.800,0 4.500,0 5.500,0 4.950,0

Importação (US$ milhões) 60,2 72,2 80,2 63,0 94,7 120,4 104,9

13

Page 16: Relatório Economico de Exportação

a mercados consumidores menos exigentes (açougues, feiras e pequeno comércio informal) (Mathias,

2008). A modernização da pecuária bovina no Brasil tem sido determinada, em grande medida, pelas

exigências do mercado internacional associadas à exportação de carne bovina refrigerada ou congelada.

Portanto, A ExPANSãO E O PRóPRIO DESENVOlVIMENTO DA PECUáRIA BOVINA E DA CADEIA

PRODUTIVA DA CARNE (FRIGORÍFICOS, INDúSTRIA DE AlIMENTOS) DEPENDEM DA MElHORIA

(UPGRADE) DO PADRãO DE COMéRCIO ExTERIOR DO PAÍS.

NA CONTRAMãO DO PROGRESSO DESTE PADRãO DE COMéRCIO ESTá A ExPORTAçãO

DE GADO PARA O ABATE, ATIVIDADE RETRóGRADA qUE TRAz INúMEROS PREJUÍzOS PARA A

ECONOMIA BRASIlEIRA. ASSIM COMO A ExPORTAçãO DE qUAlqUER MATéRIA-PRIMA, FAz COM

qUE O PAÍS DEIxE DE GERAR EMPREGOS E RENDA, E ARRECADAR TRIBUTOS. POR OUTRO lADO,

O DESENVOlVIMENTO DA CADEIA PRODUTIVA DA CARNE E DO COURO, COM A ExPORTAçãO DE

PRODUTOS INDUSTRIAlIzADOS, GERARIA MAIOR ENTRADA DE DIVISAS NO BRASIl.

3.1. Dados gerais

A receita da exportação de gado em pé foi de US$ 261 milhões e a receita da exportação de carne foi

de US$ 3,5 bilhões em 2007. O valor das exportações brasileiras de carne (fresca, refrigerada e congelada)

cresceu à taxa média anual de 31,8% no período 2003-08. Neste mesmo período, o valor das exportações de

bovinos cresceu à taxa média anual de 316,4%. A relação entre a receita de exportação de bovino e a receita

de exportação de carne aumentou de 0,08% em 2003 para 7,48% em 2007 (Tabela 5).

Tabela 5

Exportações brasileiras – Bovinos e carne fresca, refrigerada e congelada: 2003-07

Bovino vivo* Carne fresca, A/B (%) refrigerada e congelada*

2003 0,868 1155 0,08

2004 3,890 1963 0,20

2005 30,449 2419 1,26

2006 72,065 3135 2,30

2007 260,856 3486 7,48

* Em US$ milhões

Fonte: Nações Unidas (COMTRADE)

De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, em 2008 foram

exportados 398.841 bovinos, no valor de US$ 367 milhões. Já em 2009, até setembro, foram exportados

369.588 animais, no valor de US$ 290 milhões, e quase US$ 2 bilhões em carne bovina congelada

O rebanho brasileiro de gado bovino é o segundo mais importante do mundo. Em conseqüência, o país é o

segundo maior exportador de carne fresca, refrigerada e congelada, com 13,2% de participação no mercado mundial

(Tabela 6). A participação brasileira tem aumentado continuamente nos últimos anos. No período 2003-07, as taxas de

crescimento médio anual do valor das exportações mundiais e brasileiras foram de 12,3% e 31,8%, respectivamente.

14

Page 17: Relatório Economico de Exportação

Exportações Exportações Participação Ordem mundiais* brasileiras* brasileira (%)

2003 16.637 1.155 6,9 4

2004 18.682 1.963 10,5 2

2005 21.510 2.419 11,2 2

2006 24.223 3.135 12,9 2

2007 26.500 3.486 13,2 2

* Em US$ milhões

Ordem = posição entre os maiores exportadores.

Fonte: Nações Unidas (COMTRADE)

A participação do país no mercado mundial de gado para o abate é relativamente recente. Em 2003,

a participação do Brasil no mercado mundial de carne era de 6,9% enquanto a participação no mercado

mundial de gado em pé era praticamente nula (0,02%). Em 2007, as participações correspondentes eram de

13,2% e 4,6%, respectivamente (Gráfico 2).

Gráfico 2

Participação do Brasil no mercado internacional de bovino vivo e carne fresca, refrigerada e congelada:

2003-07 (% na receita de exportações)

Bovino vivo Carne fresca, refrigerada e congelada

14,0

12,0

10,0

8,0

6,0

4,0

2,0

0,0

2003 2004 2005 2006 2007

6,9

10,511,2

12,9

4,6

1,30,70,10,0

13,2

Fonte: Nações Unidas (COMTRADE)

Entretanto, há risco de se cometer grave erro de projeção das exportações brasileiras de bovinos quando

se considera as elevadas participações do país no rebanho mundial e no mercado internacional de carne

bovina, bem como a evolução recente das exportações de gado para o abate.

Tabela 6

Participação do Brasil no mercado internacional de carne fresca, refrigerada e congelada: 2003-07

15

Page 18: Relatório Economico de Exportação

O desempenho no passado recente não implica necessariamente trajetória futura com tendência

sustentável. A principal razão para esse argumento é que o mercado de gado bovino é, em grande

medida, influenciado pela geografia. O fato é que a quase totalidade das exportações dos principais países

exportadores é destinada a países vizinhos. Em 2007, 92% das exportações da França eram para a Itália e

Espanha. No caso do Canadá e do México, 99,9% das exportações eram destinadas aos Estados Unidos.

A Austrália é, no conjunto dos maiores exportadores, aquele com maior diversificação geográfica das

exportações de bovino e, mesmo neste caso, os países próximos (Indonésia, Filipinas e Malásia) responderam

por 62,5% do valor das exportações deste país em 2007.9

Portanto, considerando a especificidade técnica do comércio mundial de gado para o abate,

principalmente a questão do custo e dos riscos do transporte por longas distâncias, as exportações

dependem, em grande medida, dos mercados vizinhos.

A situação brasileira não escapa, em certa medida, à restrição geográfica. A Venezuela respondeu por

72,4% do valor das exportações brasileiras em 2008. Já a participação da Bolívia foi negligível (0,17%). Por

outro lado, o Líbano respondeu por 27,4% do valor das exportações.

Na realidade, a distribuição geográfica das exportações brasileiras de gado em pé é bastante peculiar,

visto que somente em 2007 um país vizinho (Venezuela) tornou-se importador de grande relevância (Tabela 7).

No período 2003-07 o país exportou para Venezuela, Líbano, Angola, Bolívia, Senegal, Paraguai e Uruguai10.

As exportações para os países do Cone Sul ocorreram somente para o Paraguai em 2003-05 e Uruguai em

2003. Houve exportações também para os países da África (Angola e Senegal) no período mais recente.

Tabela 7

Valor das exportações de bovinos do Brasil segundo o país de destino: 2003-07 (US$)

2007 2006 2005 2004 2003

Total 260.856.983 72.065.781 30.449.265 3.890.729 868.377

Venezuela 189.018.432 0 0 0 0

líbano 70.770.618 71.953.881 29.831.887 3.854.591 729.152

Angola 854.796 0 574.575 0 0

Bolívia 166.637 0 0 0 1.500

Senegal 46.500 111.900 0 0 0

Paraguai 0 0 42.803 36.138 126.625

Uruguai 0 0 0 0 11.100

Fonte: Nações Unidas (COMTRADE)

A distribuição geográfica das exportações segundo o número de bovinos exportados (Tabela 8) também

mostra a concentração na Venezuela e no Líbano.

9- A Austrália exporta também gado para países distantes. Por exemplo, o valor das exportações australianas para o Egito foi de US$ 52 milhões em 2007, 16,3% do valor total exportado.

10- Há discrepância entre os dados das Nações Unidas (base COMTRADE) e os dados do MDIC (base ALICE) no que se refere aos parceiros de menor importância para o Brasil (Angola e Senegal). Na base ALICE não há registro de exportações para o Senegal, enquanto na base COMTRADE há o registro de exportações de bovinos pelo Brasil no valor de US$ 854.796 em 2007.16

Page 19: Relatório Economico de Exportação

2007 2006 2005 2004 2003

Total 432.742 245.038 111.235 10.374 3.411

Venezuela 247.299 0 0 0 0

líbano 183.746 244.963 110.410 10.290 1.971

Angola 862 0 705 0 0

Bolívia 792 0 0 0 5

Senegal 43 75 0 0 0

Paraguai 0 0 120 84 1.250

Uruguai 0 0 0 0 185

Fonte: Nações Unidas (COMTRADE)

Considerando todo o período 2003-07, Venezuela e Líbano responderam por 99,47% do valor exportado

de gado em pé e por 99,48% do número de bovinos exportados (Tabela 9).

Tabela 9

Distribuição geográfica das exportações brasileiras de bovino vivo em valor e quantidade acumulados:

2003-07

Valor quantidade

US$ Participação (%) Unidades Participação (%)

Total 368.131.135 100 Total 802.800 100,00

Venezuela 189.018.432 51,35 líbano 551.380 68,68

líbano 177.140.129 48,12 Venezuela 247.299 30,80

Angola 1.429.371 0,39 Angola 1.567 0,20

Bolívia 168.137 0,05 Paraguai 1.454 0,18

Senegal 158.400 0,04 Bolívia 797 0,10

Paraguai 205.566 0,06 Uruguai 185 0,02

Uruguai 11.100 0,00 Senegal 118 0,01

Fonte: Nações Unidas (COMTRADE)

Os dados de 2008 e do primeiro semestre de 2009 confirmam a característica acima quanto à predominância

da Venezuela e do Líbano como países de destino das exportações brasileiras de gado em pé (Tabela 10).

Comparando os dados de 2008 com os valores acumulados no período 2003-07, verifica-se que os valores

de exportação estão muito próximos (US$ 368 milhões acumulados em 2003-07 e US$ 367 milhões em 2008).

O número de bovinos exportados no período 2003-07 foi de 802,8 mil, e em 2008 foi de 398.841. Esta diferença

entre valor e quantidade resulta do preço mais elevado em 2008 comparativamente ao período anterior.

Tabela 8

quantidade de bovinos em pé exportados pelo Brasil segundo o país de destino: 2003-07

17

Page 20: Relatório Economico de Exportação

No que se refere à evolução dos preços, vale notar que os dados da Secretaria de Comércio Exterior do

Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior mostram grandes diferenças de preços médios

em 2008 (Tabela 10). Os preços médios mais elevados são os das exportações para a Venezuela e os preços

mais baixos são os das exportações para a Bolívia, neste caso, também relacionados ao peso dos animais.

Tabela 10

Distribuição geográfica das exportações brasileiras de bovino vivo: 2008

País US$ FOB Peso líquido qtde Preço médio Peso líquido / (kg) por unidade quantidade (US$)

líbano 74.127.444 48.924.740 109.357 677 447

Venezuela 292.631.754 143.517.541 288.766 1.013 497

Bolívia 156.199 184.720 697 224 265

Total 366.915.397 192.627.001 398.820 919 483

FOB = Free on board (exclui custos de seguro e frete)

Fonte: MDIC

No período 2003-06 a trajetória de evolução do preço do bovino exportado pelo Brasil não difere

significativamente da evolução do preço da carne bovina no mercado internacional (preço da carne

exportada pelo Brasil e pela Austrália para os Estados Unidos, referência internacional). Entretanto, em

2007-08 há nítido descolamento das trajetórias: os preços do bovino vivo exportado pelo Brasil crescem

mais do que o preço da carne bovina no mercado internacional (Gráfico 3). Este descolamento de preços

resulta das exportações de gado em pé para a Venezuela a partir de 2007. O preço médio do bovino

exportado para este país foi de US$ 1.013 em 2008, enquanto o preço médio para o Líbano (o segundo

maior mercado) foi de US$ 677. Muito provavelmente este preço mais elevado para a Venezuela resulta da

demanda extraordinária deste país, que ocorreu em função

dos sérios problemas de abastecimento do mercado interno

a partir de 2007.

O desempenho no passado recente não implica necessariamente trajetória futura com tendência sustentável.” “

18

Page 21: Relatório Economico de Exportação

350,0

300,0

250,0

200,0

150,0

100,0

50,0

0,0

2003 2004 2005 2006 2007 2008

Bovino vivo, cabeça – preço médio de exportação Brasil

Bovino vivo, Kg – preço médio de exportação Brasil

Carne bovina – preço médio internacional

Carne bovina, Kg – preço médio de exportação Brasil

Obs.: Dados de 2008 referem-se aos dez primeiros meses do ano.

Fontes e notas: MDIC, Conselho Nacional da Pecuária de Corte (CNPC), Fundo Monetário Internacional (FMI)

Tendo em vista o elevado grau de concentração geográfica das exportações brasileiras, muito

provavelmente o descolamento de preços reflete especificidades dos mercados libanês e venezuelano.

No Brasil, os principais estados exportadores de gado em pé são Pará, Rio Grande do Sul e Mato Grosso

do Sul (Tabela 11). As exportações do Mato Grosso do Sul são feitas via Corumbá, por transporte rodoviário,

para a Bolívia. O Rio Grande do Sul teve pequena participação no valor exportado (2,17%). Na realidade, no

período 2006-08, o estado do Pará respondeu por mais de 97% do valor exportado.

Tabela 11

Principais estados exportadores de bovino vivo – Distribuição segundo o valor FOB: 2006-08 (US$)

2006 2007 2008

Pará 45.158.432 255.853.142 358.787.870

Rio Grande do Sul 14.717.601 2.942.934 7.971.328

Mato Grosso do Sul 0 166.637 156.199

Subtotal 59.876.033 258.571.039 366.915.397

Total 72.065.781 260.856.983 366.999.681

Participação (%) 83,1 99,1 99,9

Gráfico 3

Evolução dos preços internacionais da carne e do bovino vivo: 2003-08 (índice 2005 = 100)

Fonte: MDIC

19

Page 22: Relatório Economico de Exportação

líbano Venezuela Egito

70.000,0

60.000,0

50.000,0

40.000,0

30.000,0

20.000,0

10.000,0

0,0

Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho

27% 23% 26%36%36%

45%

39.337 37.446

46.387

30.073

61.244

21.41973% 77% 57%

18%

64%

64%

55%

Em 2008, o principal porto de exportação foi o Porto de Vila do Conde, perto da capital do Pará.11

Este porto respondeu por aproximadamente 81% do valor das exportações, e 76% do número de bovinos

exportados pelo país em 2008 (Tabela 12).

Tabela 12

Principais estados exportadores de gado em pé – Distribuição segundo o número de bovinos: 2006-08

2006 2007 2008

Pará, Porto de Belém 77.593 201.623 75.735

Pará, Munguba 55.597 215.562 305.356

Pará, Santarém 1.100

Rio Grande do Sul, 69.357 9.377 15.932Porto de Rio Grande

Mato Grosso do Sul, 792 697Corumbá Rodovia

Subtotal 202.547 427.354 398.820

Total 245.038 432.742 398.841

Participação (%) 82,7 98,8 99,9

Fonte: MDIC

Dados do primeiro semestre de 2009 (Gráfico 4) indicam um padrão de exportação similar ao de 2008,

porém com a emergência de um novo país importador, o Egito, e um novo estado exportador, Tocantins.

Os animais provenientes de Tocantins viajam mais de mil quilômetros por estradas até o porto de Vila do

Conde, no Pará, para serem embarcados nos navios.

Gráfico 4

Número de bovinos exportados para o abate no primeiro semestre de 2009

Fonte: MDIC20

Page 23: Relatório Economico de Exportação

Em 2009, os bovinos destinados ao Egito saíram do Tocantins e do Pará (5.748 e 2.460 animais,

respectivamente), enquanto que os exportados para a Venezuela foram todos provenientes do Pará. Já os

animais destinados para o Líbano saíram do Pará e do Rio Grande do Sul (Tabela 13).

Tabela 13

Número de bovinos exportados para o líbano em 2009

Mês Pará Rio Grande do Sul

Janeiro 10.579 0

Fevereiro 3.391 6.278

Março 21.748 0

Abril 1.277 7.452

Maio 10.900 0

Junho 11.869 0

Julho 14.321 0

Agosto 18.261 0

Setembro 4.300 0

Total 96.646 13.730

Fonte: MDIC

11- Os dados do MDIC fazem referência ao porto de Munguba, porém as exportações saem, de fato, do porto de Vila do Conde. Estes dois portos estão localizados próximo um ao outro. O Porto de Vila do Conde é administrado pela Companhia Docas do Pará e a programação de embarques pode ser vista em http://www.cdp.com.br/programacao_navios.aspx#. 21

Page 24: Relatório Economico de Exportação

Alguns produtos primários têm certa especificidade quanto a problemas e riscos. Esse é precisamente

o caso da exportação de gado para o abate. Dentre os problemas específicos desse tipo de exportação,

destacam-se:

• O sofrimento dos animais no transporte por longas distâncias. É importante ressaltar as condições de

maus-tratos a que os animais são submetidos durante longas jornadas, que na rota Pará-Líbano pode

levar até três semanas. Já foi cientificamente comprovado que o transporte por longas distâncias causa

extremo sofrimento aos animais, com restrições de espaço, água e alimentação, sendo que muitas vezes

a adaptação à nova dieta não é adequada. Confinados em ambientes impróprios e em condições de

superlotação, eles também têm que suportar mudanças extremas de temperatura e ventilação. Além

disso, experimentam estresse e exaustão pelo manejo inadequado. A taxa de mortalidade pode chegar a

10% durante a jornada de até 21 dias.

• A exportação de gado para o abate afeta negativamente a oferta doméstica desse produto no

mercado interno e reduz o potencial de geração de valor agregado (renda interna) e emprego no país.

A exportação de bovinos tem, também, efeito negativo indireto sobre a economia. Trata-se da questão

da geração de renda e emprego ao longo da cadeia produtiva. O bovino é o insumo básico não somente

de toda a cadeia produtiva da carne bovina (frigoríficos, indústria de processamento de alimentos,

supermercados e açougues) como também da cadeia produtiva do couro (Quadro 1). Os efeitos de

4. Problemas econômicos da exportação brasileira de gado para o abate

22

Page 25: Relatório Economico de Exportação

O deslocamento da produção de gado para o exterior (exportação) afeta negativamente a oferta doméstica desse produto no mercado interno e reduz o potencial de geração de valor agregado, ou seja, de renda interna e emprego no país.”“

encadeamento da pecuária são expressivos visto que atingem as indústrias de alimentos, artefatos de

couro, vestuário, mobiliário, calçados e material de transporte (setor automotivo). Nesse sentido, a lógica

econômica mais evidente é que o deslocamento da produção de gado para o exterior (exportação) afeta

negativamente a oferta doméstica desse produto no mercado interno e reduz o potencial de geração de

valor agregado, ou seja, de renda interna e emprego no país. Esses efeitos transcendem, naturalmente,

os elos mais próximos da própria cadeia produtiva da carne (pecuária, frigoríficos, indústria de alimentos,

comércio atacadista e varejista) e também atingem outras cadeias produtivas, como a do couro.

quadro 1

Cadeia produtiva da indústria do couro

Produtosquímicos

Pecuária deCorte

Indústria deComponentes

Calçados deOutros

Materiais

Artefatos deOutros

Materiais

Calçados deCouro

Artigos deCouro

Indústria Moveleira em

Couro

IndústriaTêxtil

Importações deCouroCoureiro

Máquinas eEquipamentos

Indústria de Confecções em

Couro

Componentes em Couro para Estofamentos

Frigorífico Curtumes

Fonte: CICB23

Page 26: Relatório Economico de Exportação

• O transporte por longas distâncias de bovinos afeta negativamente o valor da carne exportada em

decorrência da mortalidade, das lesões e da redução da qualidade da carne. O estresse próprio do

transporte por longas distâncias provoca esgotamento do glicogênio dos músculos e aumenta a rigidez da

carne. Esses problemas afetam a qualidade da carne e, portanto, o seu valor.

As lesões, por sua vez, implicam perda de quantidade de carne e estão diretamente relacionadas à

distância, tempo e condições de transporte. No Brasil, há evidência empírica conclusiva a este respeito.

Por exemplo, um estudo recente mostra que 84,3% das carcaças de bovinos de corte no Pantanal tiveram

uma ou mais lesões que causaram perda de quantidade de carne (Quadro 2). Vale destacar que a situação

no Brasil é particularmente séria tendo em vista as péssimas condições das rodovias (frequentemente

não-pavimentadas) e das precárias condições da grande maioria dos portos, bem como a fragilidade do

sistema de regulação e fiscalização.

quadro 2

lesões em carcaças de bovinos de corte no Pantanal em função do transporte

“O trabalho teve como objetivo avaliar a influência do transporte na ocorrência de lesões, em

carcaças de bovinos abatidos no Pantanal Sul Matogrossense, por meio da quantificação do

número e do tamanho das lesões, assim como a localização da freqüência de ocorrência das

lesões nos principais cortes comerciais padronizados para o mercado interno. Do total de 121

carcaças avaliadas, foi observado que 102 (84,3%) tiveram uma ou mais lesões, totalizando 270

lesões que resultaram na remoção de 56,1kg de carne, com média geral de 0,5kg por animal,

ou 0,6kg por animal, considerando-se apenas os animais que tiveram lesões. A freqüência de

lesões em carcaças de bovinos evidenciou diferença significativa de acordo com as condições

de transporte. As maiores proporções de lesões foram encontradas em animais submetidos ao

transporte rodoviário por mais de uma hora e distâncias maiores que 70km, sendo grande parte

em estradas não-pavimentadas. Conclui-se que os animais submetidos à série sucessiva de

manejo e transportados em estradas não-pavimentadas por longas distâncias apresentaram maior

proporção de lesões.”

Andrade et al (2008), p. 1991.

Os animais submetidos à série sucessiva de manejo e transportados em estradas não-pavimentadas por longas distâncias apresentaram maior proporção de lesões.”“

24

Page 27: Relatório Economico de Exportação

4.1. O sofrimento dos animais no transporte por longas distâncias

Já foi cientificamente comprovado que o transporte por longas distâncias causa extremo sofrimento aos

animais. Desde o Pará, no Brasil, até Beirute, no Líbano, os animais enfrentam uma jornada de navio que pode

durar até três semanas.

Antes mesmo de embarcarem, os bovinos viajam dias até o porto. Para serem transportados, os animais

são comprimidos em caminhões, onde ficam incapacitados de se mover ou deitar e não recebem alimento

nem água. Os que caem são pisoteados. Quando chegam ao porto, têm de esperar muitas horas ou até dias

para embarcarem no navio, sem mesmo descerem do caminhão.

Para o embarque no navio, a utilização de bastões elétricos para conduzi-los aumenta ainda mais o

estresse dos animais já enfraquecidos. Esmagados contra animais estranhos, que não pertencem ao seu

círculo social, podem sofrer ferimentos na agitação. Desidratação, traumas e doenças respiratórias causam

uma alta taxa de mortalidade, que pode chegar a 10%.

Quando chegam ao Líbano, os animais seguem em mais uma jornada de caminhão até os frigoríficos

ou fazendas, podendo ainda ser redistribuídos para outras regiões. Nos frigoríficos, são muitas vezes

abatidos de forma desumana e violadora das normas religiosas. Após semanas de desnecessário

sofrimento animal, o consumidor no Oriente Médio muitas vezes é levado a crer que a carne é ‘Halal’,

alimento permitido pela religião islâmica. O Brasil já possui diversos frigoríficos habilitados para o abate

‘Halal’, ou seja, essa situação poderia ser facilmente evitada ao se substituir a exportação de gado em pé

pela exportação de carne.

Há mais de 125 anos já é possível transportar carne congelada ou resfriada pelo mundo. O abate

humanitário, realizado em um frigorífico próximo à fazenda onde os animais foram criados, não só

terminaria com a crueldade do transporte por longas distâncias como criaria empregos e geraria

arrecadação de tributos no Brasil. Com essa medida, além dos animais serem poupados do sofrimento

da viagem, o país exportador estaria contribuindo para o desenvolvimento da sua cadeia produtiva e da

comunidade local.

25

Page 28: Relatório Economico de Exportação

Exercícios preliminares de estimativas do efeito da substituição da exportação de gado para o abate por

atividades de produção na indústria de transformação (orientadas ou não para a exportação) exigem alguns

dados básicos.

Os dados sobre exportação brasileira de gado e carne congelada em 2008 são apresentados na Tabela

14. O país exportou 398,8 mil bovinos no valor total de US$ 367 milhões, ao preço médio de US$ 920 por

cabeça e de US$ 1,90 por quilograma.

Em 2008, o item de exportação de carne mais significativo foi o da carne desossada congelada. O

valor da exportação foi de US$ 3.699 milhões ao preço médio de US$ 3,82/kg. Ou seja, no mercado

internacional, o preço médio da carne congelada é duas vezes maior do que o preço médio do quilograma

do bovino vivo.

5. As vantagens para o Brasil da substituição da exportação de gado em pé por produtos manufaturados

No mercado internacional, o preço médio da carne congelada é duas vezes maior do que o preço médio do quilograma do bovino vivo.”“

26

Page 29: Relatório Economico de Exportação

Código NCM Descrição Valor (US$) Peso (kg) Unidades Preço médio Preço médio por kg (US$) por unidade (US$)

1029090 Bovinos 366.999.681 192.642.410 398.841 1,905 920,2

2023000 Carnes 3.698.682.628 967.107.761 – 3,824 – desossadas de bovino, congeladas

Tabela 14

Exportação brasileira de gado para o abate e de carne congelada: 2008

Fonte: MDIC

No que se refere à exportação do couro, vale notar que o preço médio de exportação do couro acabado

foi de US$ 95,23/peça em 2008, segundo o Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil.

A Tabela 15 mostra o rendimento médio (em kg) de carcaças e subprodutos de bovinos. O estudo de

referência (Ledic et al, 2000) baseia-se em amostra de 99 mil bovinos com peso médio de 419 kg. A carcaça

teve rendimento médio de 208,2 kg (49,7% do peso vivo) enquanto os subprodutos tiveram rendimento de

136,9 kg (32,7% do peso vivo). A tabela mostra os rendimentos para partes da carcaça, com destaque para a

carne, e para os subprodutos. No caso dos subprodutos, há registro dos rendimentos segundo a indústria de

destino (couro, farmacêutica, alimentos e outras).

Tabela 15

Gado bovino: rendimento médio (kg)

Descrição kg %

Carcaça 208,2 49,7

• Carnes 151,1 36,1

• Ossos 40,9 9,8

• quebras 8,9 2,1

• Perdas 7,3 1,7

Subprodutos 136,9 32,7

• Ind. couro e pele 44,3 9,9

• Ind. de alimentos (intestino, fígado, etc.) 54,4 13,0

• Ind. farmacêutica (pâncreas, bile, etc.) 4,7 1,1

• Outras indústrias (sebo, etc.) 33,5 8,7

Rendimento (carcaça + subprodutos) 345,0 82,4

Peso vivo 418,9 100,0

Fonte: lEDIC, I. l. et al

27

Page 30: Relatório Economico de Exportação

Obs.: Diferenças na soma decorrem de arredondamentos.

Fonte: Elaboração do autor

Descrição US$

Exportação de carne congelada 265.935.912

Subprodutos 201.226.498

• Exportação de couro acabado 37.981.628

• Subprodutos para ind. transformação 163.244.870

• Indústria de alimentos 95.692.728

• Indústria farmacêutica 8.176.977

• Outras indústrias 59.375.165

Total 467.162.410

Exportação de gado em pé 366.999.681

Diferença 100.162.729

Diferença (%) 27,3

28

Tabela 16

Estimativa do valor do efeito-substituição: Hipótese A

5.1. Estimativa do valor da substituição da exportação de gado em pé pela exportação de carne congelada,couro acabado e subprodutos: Hipóteses e Resultados

Hipótese AEm 2008, foram exportados 192.642.410 quilogramas de gado em pé. Supondo que houve um rendimento

de 36,1% de carne (69.543.910 kg), exportada ao preço médio de US$ 3,824/kg, a receita de exportação total

seria de US$ 265.935.912.

Cada bovino exportado pode gerar uma peça de couro acabado que pode ser exportada ao preço

médio de US$ 95,23/peça. Os 398.841 bovinos exportados poderiam ser abatidos no país o que permitiria a

produção e exportação de 398.841 peças de couro acabado, com receita de US$ 37.981.628.

Os outros subprodutos bovinos são vendidos para as indústrias de alimentos, indústria farmacêutica e

outras indústrias, com os rendimentos (em relação ao peso vivo) de 13,0%, 1,1% e 8,7%, respectivamente.

A exportação de 192.642.410 quilogramas de bovino vivo tem rendimento total (192.642.410 x 22,8%) de

43.922.469 kg de outros subprodutos. Naturalmente, os preços dos subprodutos variam significativamente,

visto que neste grupo encontram-se produtos como fígado, rins, sebo, ossos industriais, chifres, pêlos,

pâncreas e bile concentrada. Na ausência de dados específicos e para facilitar o exercício, supõe-se que

estes subprodutos sejam vendidos ao mesmo preço médio de exportação da carne desossada de bovino

congelada (US$ 3,824/kg). O valor da produção dos outros subprodutos seria, então, de US$ 163.244.870.

Portanto, a substituição

da exportação de gado pela

produção e exportação de

carne congelada e couro

acabado e a produção de

outros subprodutos para a

indústria de transformação,

geraria valor bruto da produção

de US$ 467,2 milhões, como

mostra a Tabela 16. Este valor é

27,3% maior do que o valor da

exportação de gado em pé em

2008 e expressa incremento de

renda de US$ 100 milhões.

Page 31: Relatório Economico de Exportação

Obs.: Diferenças na soma decorrem de arredondamentos.

Fonte: Elaboração do autor

Descrição US$

Exportação de carne congelada 265.935.912

Subprodutos 152.261.575

• Exportação de couro acabado 37.981.628

• Subprodutos para ind. transformação 114.279.947

• Indústria de alimentos 66.989.915

• Indústria farmacêutica 5.724.311

• Outras indústrias 41.565.721

Total 418.197.487

Exportação de gado em pé 366.999.681

Diferença 51.197.806

Diferença (%) 14,0

A substituição da exportação de gado em pé por atividades da indústria de transformação (carne, couro e subprodutos) pode ter impacto favorável sobre a geração de renda e emprego.”

29

Tabela 17

Estimativa do valor do efeito-substituição: Hipótese B

Hipótese BA hipótese de um preço médio para a carne apresenta significativa dispersão tendo em vista o fato de

existir corte de primeira (filé mignon, lagarto, picanha), de segunda (filé de costela, fraldinha, cupim) e de

terceira (pescoço, ponta de agulha). Há outras carnes que não têm classificação de corte (como, por exemplo,

o rabo).

Entretanto, nesta parte são usadas as mesmas hipóteses do exercício anterior (inclusive, o preço

médio da carne de US$ 3,824/kg), com exceção do preço dos subprodutos bovinos, que são vendidos ao

preço médio de US$ 2,677/kg. Esse preço é 70% do preço médio de exportação da carne desossada de

bovino congelada. Esta hipótese parece ser mais realista do que a usada no exercício anterior visto que a

carne é o principal produto bovino e muito provavelmente tem preços médios (por kg) superiores aos dos

outros subprodutos.

Com essas hipóteses, a substituição da exportação de bovinos pela produção e exportação de carne

congelada e couro acabado e a produção de outros subprodutos para a indústria de transformação geraria

valor bruto da produção de US$ 418,2 milhões. Este valor é 14,0% maior do que o valor da exportação de

bovinos em 2008 e expressa incremento de renda de US$ 51 milhões (Tabela 17).

Page 32: Relatório Economico de Exportação

O impacto total nas indústrias de processamento de carne, couro, alimentos, farmacêutica e outras indústrias seria de aproximadamente 4.800 postos de trabalho.”“

30

5.2. Estimativa do impacto sobre a criação de empregos da substituição da exportação de gado pela exportação decarne congelada e couro acabado: Hipóteses e Resultados

As hipóteses são as seguintes: na indústria de processamento de carne, um frigorífico de grande porte

processa 1.000 bovinos por dia e emprega em média 1.500 funcionários nas atividades de processamento da

carne (abate, desossa, cortes, miúdos, expedição, triparia, etc.) e na administração. O processamento anual

corresponde a 254.000 animais. Considerando que a exportação total de bovinos para o abate foi de 398.841

animais em 2008, o processamento destes animais ocuparia a capacidade total de 1,6 frigoríficos e, portanto,

criaria emprego para aproximadamente 2.400 trabalhadores.

Na indústria de couro, um curtume de médio porte processa 1.750 peças por dia e emprega em média

300 pessoas, no processamento do couro wet-blue e na administração. Em 254 dias úteis o processamento

é de 444.500 peças, ou seja, aproximadamente 10% a mais do número total de bovinos exportados em 2008.

Ou seja, se o gado exportado fosse abatido e processado no país, seria possível empregar 300 pessoas na

fase inicial da cadeia produtiva do couro.

Portanto, se o gado exportado fosse processado no país, seria o suficiente para abastecer quase 2

frigoríficos de grande porte durante todo o ano e um curtume de médio porte. Estas unidades fabris gerariam

emprego direto para 2.700 trabalhadores.

Ocorre que do total do rendimento de um bovino após o abate, o processamento de carne e a fabricação

do couro respondem por 36,1% e 9,9% do peso, respectivamente. Os subprodutos listados anteriormente

respondem por mais 36,4% do rendimento de um animal. Na ausência de coeficientes de emprego relativos

aos subprodutos, e supondo que 46% de um bovino (carne e couro) gera 2.700 postos de trabalho, o restante

36,4% geraria algo como 2.100 empregos. Ou seja, o impacto total nas indústrias de processamento de carne,

couro, alimentos, farmacêutica e outras indústrias seria de aproximadamente 4.800 postos de trabalho.

Page 33: Relatório Economico de Exportação

31

Os exercícios apresentados acima são, naturalmente, simplificadores. No entanto, eles apontam

claramente que a substituição da exportação de gado em pé por atividades da indústria de transformação

(carne, couro e subprodutos) pode ter impacto favorável sobre a geração de renda e emprego. No exercício

mais realista, por exemplo, essa substituição implica aumento de renda anual de 14,0%. E o impacto sobre

o emprego direto seria da ordem de 4.800 postos de trabalho na indústria de transformação (frigoríficos,

curtumes, indústria de alimentos, farmacêutica e outras).

Esses exercícios são ainda mais simplificadores quando se considera que eles só levam em conta o efeito

direto sobre a renda e o emprego. Devido ao multiplicador de renda e de emprego, é certo que o efeito total

é ainda mais significativo. Vale destacar que a cadeia produtiva do couro é particularmente complexa. Há,

ainda, o impacto sobre as finanças públicas decorrente do aumento da receita tributária. No caso do aumento

correspondente dos gastos públicos, temos aqui mais outro efeito indireto positivo sobre a renda e o emprego.

No que se refere ao comércio exterior, a substituição de produtos primários por produtos com processamento

industrial tem inúmeros efeitos positivos de médio e longo prazo, inclusive a redução da vulnerabilidade

externa estrutural do país.

Page 34: Relatório Economico de Exportação

A principal conclusão deste estudo é que o gado deve ser abatido o mais próximo possível da fazenda de

origem e a exportação de bovinos deve ser substituída pela exportação de carne refrigerada ou congelada,

couro e subprodutos. Essa deve se tornar uma diretriz estratégica, pois ela não somente soluciona o problema

do sofrimento animal e dos riscos inerentes ao transporte por longas distâncias, como também atende à lógica

de valorização do capital investido nos segmentos da cadeia produtiva da carne e das outras cadeias produtivas

que têm na pecuária a sua atividade de base.

As diretrizes estratégicas em relação ao comércio internacional de gado podem ser sumariadas da seguinte forma:

• legislação que limite o tempo e as condições de transporte dos animais;

• rotulagem segundo o país de origem;

• proibição do transporte de animais por longas distâncias;

• abate dos animais o mais próximo possível da fazenda de origem;

• substituição da exportação de animais pela exportação de carne, couro e subprodutos.

Essas diretrizes resultam do debate internacional atual que está assentado em conhecimento científico e

experiências relevantes principalmente na Europa Ocidental, Estados Unidos, Nova Zelândia e Austrália. Muitos

6. Soluções

32

Page 35: Relatório Economico de Exportação

governos têm reagido favoravelmente no sentido de criar e implementar o marco regulatório e as políticas

necessários (Adams et al, 2008).

Conforme visto, nos últimos anos a exportação brasileira de gado em pé tem estado direcionada

principalmente para Venezuela, Líbano e Bolívia. Esses destinos envolvem transporte por longas distâncias

por via marítima. A única exceção é a Bolívia, cuja exportação se faz via

Corumbá. Nesse caso, a exportação é por rodovia. Entretanto, é muito provável

que as condições de transporte sejam precárias (caminhões e estradas), que

as distâncias sejam longas e os tempos de duração das viagens também. As

conclusões a respeito da evidência recente sobre o comércio de carcaças

no Pantanal matogrossense podem, certamente, ser estendidas ao caso da

exportação do Mato Grosso do Sul para a Bolívia.

Portanto, cabe impor restrições às exportações brasileiras de gado para o

abate. Há sólida base de conhecimento científico a respeito das razões e dos

efeitos das restrições sobre as exportações na Ciência Econômica. Essas podem ser: proibição, quotas,

tributação e regulação.

A PROIBIçãO das exportações tem abarcado produtos primários (pescado, animais, couro, peles,

etc.) e produtos manufaturados (freqüentemente associados a embargos de natureza política e questões

vinculadas à segurança nacional e ao desenvolvimento tecnológico). AS qUOTAS expressam a regulação do

comércio internacional por meio de quantidades máximas e licenças de exportação. Ou seja, o governo aloca

quotas para um número limitado de exportadores com base em diferentes critérios. Essas quotas podem ser

escalonadas até atingirem a total proibição. Com efeitos similares aos das quotas, A TRIBUTAçãO sobre as

exportações tem a vantagem de gerar receita fiscal para o governo. A REGUlAçãO das exportações implica

mecanismos de supervisão e monitoramento das exportações a partir de critérios como quantidade, preços,

qualidade dos produtos e distribuição geográfica.

Em termos de eficácia, o argumento frequentemente encontrado na literatura econômica é que a

tributação é o mecanismo mais eficaz de controle das exportações (Piermartini, 2004, p. 3). Vale destacar

que os impostos de exportação não são proibidos pela Organização Mundial do Comércio (OMC) (Ibid, p.

2). Um levantamento recente mostrou que 39 países-membros da OMC aplicaram impostos de exportação

no período 1995-2002. Este levantamento envolveu os 100 países-membros da OMC que apresentaram

informações por meio do Trade Policy Review Mechanism (OECD, 2003, p. 13).

O gado deve ser abatido o mais próximo possível da fazenda de origem e a exportação de bovinos deve ser substituída pela exportação de carne refrigerada ou congelada, couro e subprodutos.”“

33

Page 36: Relatório Economico de Exportação

A aplicação de restrições às exportações, inclusive impostos de exportações, pode ser justificada por

diversas razões (Piermartini, 2004, p. 2; OECD, 2003, p. 14):

• melhora dos termos de troca (a relação entre preços de exportações e de importações);

• redução da volatilidade de preços dos produtos primários;

• contenção de pressões inflacionárias;

• reforço das finanças públicas;

• diversificação econômica;

• contenção da especialização produtiva provocada pela escalada tarifária;

• elevação do valor agregado via promoção de segmentos de processamento;

• aumento da competitividade dos produtos downstream na cadeia produtiva;

• neutralização da aplicação de medidas compensatórias pelos parceiros comerciais;

• redução da competitividade internacional de terceiros países que dependem do produto primário sobre o

qual incide a restrição de exportação;

• maior controle sobre os registros aduaneiros quando o imposto vier acompanhado do estabelecimento de

preços mínimos de exportação;

• melhoria das condições de abastecimento do mercado interno;

• melhoria do nível de bem-estar da população mais pobre;

• combate aos maus-tratos contra os animais devido ao transporte por longas distâncias.

Naturalmente, não há benefícios sem custos. A imposição de restrições e impostos de exportação

têm custos como, por exemplo, a transferência de renda do produtor para o consumidor e para o governo

(Lewis Jr., 1984, cap. 9). A evidência empírica a respeito do impacto dos impostos de exportação segue

a regra básica: cada caso é um caso. Fundamentalmente, como argumento

geral, sabe-se que as restrições e impostos de exportação devem ser seletivos

(produto-específico) e temporalmente limitados. Entretanto, para esse argumento

há exceções, ou seja, casos em que as restrições devem ser permanentes.

A aplicação de restrições às exportações de produtos primários, inclusive impostos de exportações, pode ser justificada por diversas razões.”“

34

Page 37: Relatório Economico de Exportação

6.1. Estudo de caso: a positiva experiência da taxação do couro wet-blue

No Brasil, há a experiência recente do imposto de exportação sobre o couro wet-blue (alíquota de 9%),

introduzido em 2000. As principais razões usadas para a imposição desse imposto foram: agregação de valor

ao produto exportado (couros com maior processamento); garantir a competitividade do produto brasileiro

(couros acabados, calçados, etc.); e contenção da escalada tarifária. Cabe mencionar que países que são

grandes players na cadeia produtiva do couro em escala mundial (Rússia, Índia, China e Argentina) também

impõem restrições à exportação de couro (CICB, 2007.a, p. 192).

Tendo em vista a elevada vantagem comparativa do Brasil na produção de couro, o imposto de

exportação sobre o wet-blue não impediu a expansão das exportações desse produto. Sendo assim, a

avaliação da política governamental é de que ela foi bem-sucedida. Houve crescimento expressivo da

participação dos couros acabados nas exportações totais de couro, tanto em valor como em quantidade

(Gráfico 5).

Gráfico 5

Participação dos couros wet-blue e acabado nas exportações totais de couros: Brasil 1998-2006 (%)

Wet-blue, quantidade

Acabado, quantidade

Wet-blue, valor

Acabado, valor

70

80

60

50

40

30

20

10

0

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Fontes: Elaboração do autor com base em Gandini e Costa e CICB

Houve queda significativa das participações relativas do couro wet-blue na quantidade total de peças

exportadas e no valor das exportações. De fato, a participação do couro wet-blue na quantidade exportada

caiu de aproximadamente 70% no final do século XX para menos de 60% em 2006, e no valor de exportação

total de couros reduziu-se de mais de 50% para 35%, respectivamente. Por outro lado, a participação do

couro acabado na quantidade exportada aumentou de 10% no final do século XX para cerca de 30% em

2006, e no valor total exportado cresceu de 20% para 50%, respectivamente.

35

Page 38: Relatório Economico de Exportação

O imposto de exportação sobre o couro wet-blue também impactou favoravelmente a cadeia produtiva do

couro, principalmente, por expansão da produção de couros acabados (Gandini e Costa, 2006). Também há

efeitos positivos em termos de geração de emprego e de receita tributária.12

Essa evidência indica, então, que um imposto sobre a exportação de gado em pé pode ter impacto

positivo sobre a cadeia produtiva da carne e sobre o conjunto da economia brasileira. A similaridade com o

setor de couro wet-blue persiste quando se considera que o Brasil tem elevada vantagem comparativa em

relação aos seus competidores no mercado internacional em decorrência das características do processo de

expansão da pecuária no país.

6.2. Restrições quantitivas: quotas e proibição

Diferentemente do couro, a exportação de gado implica sofrimento aos animais em função do transporte

por longas distâncias, durante muito tempo e em condições precárias. Conforme visto, os efeitos econômicos

dos maus-tratos aos animais são evidentes, como, por exemplo, a diminuição do valor da carne em

decorrência de lesões, da redução da qualidade da carne e de mortalidade.

Ademais, enquanto o couro wet-blue está no início da cadeia produtiva do couro, o bovino está na

própria origem das cadeias produtivas da carne e do couro. Portanto, os efeitos de encadeamento são mais

significativos do que os do couro wet-blue. Isto significa que alguns dos argumentos tradicionalmente usados

para a imposição de restrições às exportações se aplicam ainda mais no caso do gado em pé. Dentre esses

argumentos vale destacar: contenção da especialização produtiva provocada pela escalada tarifária, elevação

do valor agregado via promoção de segmentos de processamento, e aumento da competitividade dos

produtos downstream na cadeia produtiva.

No que se refere à escalada tributária, a evidência é conclusiva: em todos os principais mercados

verifica-se que a tarifa de importação do animal vivo é menor do que as tarifas de

importação das carnes frescas, congeladas e preparadas (Gráfico 6).

12- A receita tributária estimada para 2005 foi de US$ 30 milhões (Gandini e Costa, 2006, nota de rodapé nº 12).

Enquanto o couro wet-blue está no início da cadeia produtiva do couro, o bovino está na própria origem das cadeias produtivas da carne e do couro. Portanto, os efeitos de encadeamento são mais significativos.”

“36

Page 39: Relatório Economico de Exportação

Gráfico 6

Escalada tributária: animal vivo e carne

Fonte: MDIC

Nota: Dados sobre tarifa nominal para 2002.

Fonte: Departamento de Agricultura dos Estados Unidos

A exportação de gado para o abate tem outra peculiaridade: a elevada dispersão de preços (FOB)

segundo o porto de origem e o país de destino (Tabela 18). Com exceção das exportações para a Bolívia, que

ocorrem por rodovia, toda a atividade de exportação (99,9%) é feita via os portos de Vila do Conde (Barcarena)

e Santarém, no Pará, e o porto do Rio Grande, no Rio Grande do Sul.

Tabela 18

Exportação brasileira de bovino segundo o porto de origem e o país de destino: 2008

US$ FOB Peso quantidade Preço Médio Preço Médio líquido (kg) US$ por número US$ por 450 kg (unidade)

Munguba – líbano 55.958.951 35.348.580 74.039 756 712

Belém – líbano 10.197.165 9.163.120 19.386 526 501

Rio Grande – líbano 7.971.328 4.413.040 15.932 500 813

Munguba – Venezuela 241.579.523 115.303.121 231.317 1.044 943

Belém – Venezuela 50.001.731 27.672.100 56.349 887 813

Santarém – Venezuela 1.050.500 542.320 1.100 955 872

Total 366.759.198 192.442.281 398.123 921 858

Part. % total 99,9 99,9 99,8

Animal vivo Carne fresca e congelada Carne preparada

70

80

90

100

60

50

40

30

20

10

0

América do Norte

América do Sul

UniãoEuropéia

EuropaOriental

OrienteMédio

Mundo

21

3430

65

43

69

37

Page 40: Relatório Economico de Exportação

No caso das exportações para o Líbano, os preços médios de exportação por unidade de bovino variam

de US$ 500 a partir do Rio Grande, até US$ 720 por unidade no caso do porto de Vila do Conde, ou seja,

uma diferença de 44%, também influenciada pelo peso dos animais. Mesmo se considerarmos o mesmo porto

de origem (por exemplo, Vila do Conde), há diferenças significativas em termos de preços médios. A partir

desse porto, o preço médio de exportação por unidade varia de US$ 756 (Líbano) a US$ 1044 (Venezuela).

As diferenças de preços de exportação são significativas em termos do preço médio do bovino (unidade) e do

preço médio por quilograma.

Se considerarmos os preços médios das exportações totais, as diferenças são marcantes segundo o

preço médio por unidade e por quilograma para diferentes destinos e distintos portos de origem. Ou seja, há

diferenças significativas de preços relativos. Por exemplo, no caso da exportação do Rio Grande para o Líbano

o preço médio por unidade é 55,2% do preço médio (por unidade) das exportações totais, enquanto o preço

médio por quilograma é 96,0% do preço médio (por quilograma) das exportações totais.

Essas diferenças marcantes sugerem que há falhas no sistema de registro aduaneiro das exportações

(quantidade e/ou preço) de gado em pé. Naturalmente, as diferenças de preços poderiam ser compensadas,

em parte, com a definição de um preço mínimo de referência no caso da tributação das exportações. Contudo,

tendo em vista as enormes diferenças de preços, é muito provável que o imposto de exportação sobre o gado

em pé não tenha impacto significativo em termos dos efeitos desejados. Considerando as diferenças da ordem

de 100% nos preços unitários e a enorme vantagem comparativa do país na pecuária, o imposto de exportação

da ordem de magnitude do imposto sobre o couro wet-blue (9%) não teria, certamente, impacto significativo.

Os fatos discutidos acima indicam que a melhor alternativa no caso da exportação de gado em pé não é

a tributação, e sim as restrições quantitativas. A DIRETRIz ESTRATéGICA, NESTE CASO, é CERTAMENTE

A PROIBIçãO DAS ExPORTAçõES DE GADO PARA O ABATE EM DECORRêNCIA DOS PROBlEMAS,

CUSTOS E INCERTEzAS CRÍTICAS. Essa proibição poderia ocorrer de imediato, ou então a partir de um

cronograma de restrições quantitativas. Este cronograma poderia, por exemplo, durar um período de dois

anos. Inicialmente, toma-se a média anual da quantidade (número de unidades) exportada por empresa

em um período de referência (por exemplo, 2006-08). Estabelece-se, então, o cronograma como, por

exemplo, redução de 25% da quantidade exportada no primeiro ano e 60% no segundo ano. No terceiro

ano há proibição total das exportações. Se ele fosse implementado em 2009, as exportações máximas

previstas de bovino vivo seriam: 2009 = 270 mil cabeças; 2010 = 144 mil cabeças; e, proibição em 2011.13

ESSE CRONOGRAMA PERMITIRIA A REESTRUTURAçãO PRODUTIVA NO SENTIDO DE SUBSTITUIR A

ExPORTAçãO DE GADO EM Pé PElA ExPORTAçãO DE CARNE REFRIGERADA OU CONGElADA.

A desvantagem do controle quantitativo em relação ao imposto de exportação é que não há o efeito

positivo sobre as finanças públicas via arrecadação do imposto. Isso representa, de fato, a apropriação de

renda por parte dos produtores e exportadores. Por outro lado, a vantagem da restrição quantitativa via quotas

é que ela neutraliza os problemas oriundos dos registros aduaneiros de preços de exportação.

A proposta de proibição da exportação de gado para o abate converge, na realidade, com as diretrizes

do Fórum de Competitividade da Indústria de Carnes do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio

Exterior, que reúne representantes do governo e do setor privado. Dentre as diretrizes estratégicas para a

cadeia produtiva da carne vale destacar a geração de produtos de maior valor agregado e a maior integração

entre os elos da cadeia produtiva (Quadro 3).

13- A exportação média anual de bovino vivo foi de aproximadamente 360 mil cabeças para o período 2006-08.38

Page 41: Relatório Economico de Exportação

qUADRO 3

Fórum de Competitividade da Indústria de Carnes – MDIC

metas:• novos produtos de valor agregado;

• inserção externa e novos mercados;

• modernização industrial e tecnológica;

• desenvolvimento da produção;

• qualidade da carne.

tarefas:• melhorar a integração dos elos da cadeia;

• trabalhar na geração de produtos de maior valor agregado;

• analisar junto ao setor a possibilidade de criação de “agência” ou instituição similar para a

sanidade animal;

• analisar abertura de novos mercados e acompanhar as negociações internacionais;

• fortalecer as ações de desenvolvimento sustentável e contribuir para o aproveitamento racional

de resíduos;

• fortalecer em parceria com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) o

controle sanitário (febre aftosa, gripe aviária, etc.);

• melhorar a utilização de subprodutos da indústria de carnes;

• incentivar a produção e desenvolvimento (no Brasil) de embalagens economicamente viáveis e

com bom desempenho;

• fortalecer a substituição parcial/total do uso de aditivos químicos e ingredientes não cárneos

por substâncias naturais;

• processamento de carnes com maior vida útil;

• fortalecer o marketing interno e externo das carnes brasileiras;

• contribuir para o desenvolvimento do setor (desoneração tributária do setor), acesso ao crédito

(financiamento), câmbio e legislação específica para o setor;

• articular ações em arranjos produtivos locais – APl.

Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

Disponível: http://www.mdic.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=2&menu=883&refr=855.

Acesso: 28 novembro 2008

TENDO EM VISTA O ExPOSTO, O PRESENTE RElATóRIO CONClUI qUE O GADO DEVE

SER ABATIDO O MAIS PRóxIMO POSSÍVEl DA FAzENDA DE ORIGEM E A ExPORTAçãO DE

BOVINOS DEVE SER SUBSTITUÍDA PElA ExPORTAçãO DE CARNE, COURO E SUBPRODUTOS.

OS INúMEROS PROBlEMAS ASSOCIADOS à ExPORTAçãO DE GADO EM Pé SãO EVIDêNCIAS

CATEGóRICAS DA INEFICIêNCIA DESSE TIPO DE COMéRCIO, ESPECIAlMENTE PARA UM PAÍS EM

FORTE DESENVOlVIMENTO COMO O BRASIl.

39

Page 42: Relatório Economico de Exportação

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Acesso: 25 novembro 2008

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4. Pecuária no Brasil – Indicadores: 2003-09

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC)

Elaboração: Fórum Nacional Permanente da Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA)

Rebanho: 1994 – Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM/IBGE); 1996 – Censo Agropecuário/IBGE; 1995 e 1997 a 2008 – Estimativas

Obs.: Dados sujeitos a alterações

Disponível: http://www.cnpc.org.br/arquivos/Balanco.xls

Acesso: 2 de julho de 2008

5. Exportações brasileiras – Bovino vivo e carne fresca, refrigerada e congelada: 2003-07

Fonte: Nações Unidas – Commodity Trade Statistics Database (COMTRADE)

Disponível: http://comtrade.un.org/db/dqBasicQueryResults.aspx?rg=2&px=H2&cc=010290

http://comtrade.un.org/db/dqBasicQueryResults.aspx?rg=2&px=S3&cc=011

Acesso: 19 novembro 2008

6. Participação do Brasil no mercado internacional de carne fresca, refrigerada e congelada: 2003-07

Fonte: Nações Unidas (COMTRADE)

Disponível: http://comtrade.un.org/db/dqBasicQueryResults.aspx?rg=2&px=S3&cc=011

Acesso: 19 novembro 2008

Notas: Carne de gado bovino fresca, refrigerada e congelada estão classificadas como 011 (SITC Ver. 4) e 0201.10.20 e 0202.10.20 (HS07)

42

Page 45: Relatório Economico de Exportação

7. Valor das exportações de bovino vivo do Brasil segundo o país de destino: 2003-07

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Disponível: http://comtrade.un.org/db/dqBasicQueryResults.aspx?rg=2&px=H2&cc=010290

Acesso: 18 novembro 2008

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Fonte: Nações Unidas (COMTRADE)

Disponível: http://comtrade.un.org/db/dqBasicQueryResults.aspx?rg=2&px=H2&cc=010290.

Acesso: 18 novembro 2008.

9. Distribuição geográfica das exportações brasileiras de bovino vivo em valor e quantidade acumulados: 2003-07

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Acesso: 02 julho 2009

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Fonte: MDIC (Base Aliceweb)

Disponível: http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br/

Acesso: 02 julho 2009

12. Principais estados exportadores de bovino vivo – Distribuição segundo o número de bovinos: 2006-08

Fonte: MDIC (Base Aliceweb)

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Acesso: 02 julho 2009

13. Número de bovinos exportados para o Líbano em 2009

Fonte: MDIC (Base Aliceweb)

Disponível: http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br/

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Acesso: 10 de fevereiro de 2009

15. Gado bovino: rendimento médio (kg)

Fonte: LEDIC, I. L. et al. Rendimento integral de bovinos após abate. Lavras: Ciência e Agrotecnologia, vol. 24, nº 1, p. 272-277, jan-mar 2000

Disponível: http://www.editora.ufla.br/revista/24_1/art33.pdf.

Acesso: 10 de fevereiro de 2009

16. Estimativa do valor do efeito-substituição: Hipótese A

Fonte: Elaboração do autor

17. Estimativa do valor do efeito-substituição: Hipótese B

Fonte: Elaboração do autor

18. Exportação brasileira de bovino vivo segundo o porto de origem e o país de destino: 2008

Fonte: MDIC (Base Aliceweb)

Disponível: http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br/

Acesso: 02 julho 2009

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2. Participação do Brasil no mercado internacional de bovino vivo e carne fresca, refrigerada e congelada: 2003-07

Fonte: Nações Unidas (COMTRADE)

Disponível: http://comtrade.un.org/db/dqBasicQueryResults.aspx?rg=2&px=H2&cc=010290

http://comtrade.un.org/db/dqBasicQueryResults.aspx?rg=2&px=S3&cc=011

Acesso: 19 novembro 2008

3. Evolução dos preços internacionais da carne e do bovino vivo: 2003-08

Fonte: MDIC (Base Aliceweb)

Disponível: http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br/

Fonte: CNPC

Disponível: http://www.cnpc.org.br/arquivos/Balanco.xls

Fonte: FMI

Disponível: http://www.imf.org/external/pubs/ft/weo/2008/02/weodata/weorept.aspx?sy=2002&ey=2009&scsm=1&ssd=1&sort=country&ds=.&br=1&c=001&s=PBEEFW&grp=1&a=1&pr1.x=64&pr1.y=9

Acesso: 19 de novembro de 2008. 43

Page 46: Relatório Economico de Exportação

Preço internacional da carne bovina = Beef, Price Index Australian and New Zealand 85% lean fores, FOB U.S. import price

Carne, kg – preço médio de exportação Brasil: preço médio CNPC

4. Número de bovinos exportados para o abate no primeiro semestre de 2009

Fonte: MDIC (Base Aliceweb)

Disponível: http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br/

Acesso: 02 agosto 2009

5. Participação dos couros wet-blue e acabado nas exportações totais de couros: Brasil 1998-2006 (%)

Fontes: Elaboração do autor com base em Gandini e Costa (2004, tabela 8) e CICB (2007, tabela 3.11)

6. Escalada tributária: animal vivo e carne

Fonte: Departamento de Agricultura dos Estados Unidos

Disponível: http://www.ers.usda.gov/db/Wto/WtoTariff_database/StandardReports/tariffT6.xls

Acesso: 30 novembro 2008

44

Page 47: Relatório Economico de Exportação

Desvantagens Econômicas da Exportação Brasileira de Gado em Pé

Autor: Reinaldo Gonçalves Agradecimentos: ABRAFRIGO e CICB

Publicação da WSPA Brasil.

Gerente de Programas: Ingrid Eder Assistente de Programas: Isabel Alexandre Couto

Diretor da WSPA Brasil: Antonio Augusto Silva

© WSPA Brasil

Reprodução permitida desde que citada a fonte.

Page 48: Relatório Economico de Exportação

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A WSPA – Sociedade Mundial de Proteção Animal

(World Society for the Protection of Animals) é a maior

federação de organizações de bem-estar animal do

mundo. Reconhecida como órgão consultivo pela

Organização das Nações Unidas – ONU e pelo Conselho

Europeu, atua há quase 30 anos em parceria com as

suas mais de 1.000 afiliadas, em 156 países. Por meio

de projetos educativos, trabalho legislativo, campanhas,

atividades em campo, apoio a afiliadas e programas de

treinamento, a WSPA busca elevar os níveis de bem-estar

dos animais em todo o mundo. No Brasil, a WSPA está

presente há mais de dez anos e apóia cerca de 100 ONGs

afiliadas em quase todos os estados brasileiros.