relatório final de atividades do programa prodocência/unb
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Relatório Final de Atividades do Programa Prodocência/UnB
Prodocência – 2008/2010 – Projeto Parceria Escola Licenciatura
Título: Integração dos Cursos de Licenciatura da Universidade de Brasília.
Edital 002/2008
I – Dados da Instituição e do Projeto
a) Instituição proponente: Universidade de Brasília
b) Docente(s) responsável (eis) pelo projeto na IES: Profa. Dra. Maria Lidia Bueno
Fernandes
c) Curso(s) de licenciatura participante(s) do projeto: Artes Visuais e Artes Cênicas,
Música, Geografia, Pedagogia e Ciências Naturais
d) Título do Projeto: Integração dos Cursos de Licenciatura da Universidade de Brasília.
e) Identificação da equipe executora responsável pelo projeto (professores/técnicos da IES e
respectiva titulação)
Profa. Dra. Maria Isabel Montandon (Coordenação da Integração das Licenciaturas);
Profa. Dra. Maria Lidia Bueno Fernandes (Coordenadora Institucional do Prodocência.
Profa. Msc. Rosana de Castro – Coordenadora do Programa no Departamento de Artes
Visuais no Instituto de Artes da UnB
Prof. Dr. Belidson Dias – Colaborador no Departamento de Artes Visuais no Instituto de
Artes
Profa. Dra. Felicia Johansson Carneiro - Coordenadora do Programa no Departamento de
Artes Cênicas no Instituto de Artes da UnB;
Profa. Msc. Flávia Narita - Professora Coordenadora do Programa no Departamento de
Música no Instituto de Artes da UnB.
Profa. Drª. Alice Melo Ribeiro – Coordenadora do Programa na Faculdade UnB
Planaltina – Ciências Naturais;
Profa. Drª Olgamir Amância Ferreira – Colaboradora na Faculdade UnB Planaltina –
Ciências Naturais;
Profa. Dra. Waleska Valença Manyari – Coordenadora do Programa no Departamento de
Geografia;
Prof. Dr. Fernando Araújo Sobrinho – Coordenador do Programa no Departamento de
Geografia;
Profa. Drª. Erika Zimmermann – Coordenadora do Programa na Faculdade de Educação –
Pedagogia;
Prof. Dr. Cristiano Alberto Muniz - Coordenador do Programa na Faculdade de Educação
– Pedagogia.
f) Data do início do projeto. Novembro/2008
g) Data de conclusão do projeto. Dezembro/2010
h) Valor financiado: R$ 145.000,00
II – Apresentação
O projeto do Prodocência/Parceria Escolas-Licenciaturas intitulado “Integração dos
Cursos de Licenciatura da Universidade de Brasília” desenvolveu-se entre outubro de 2008 e
dezembro de 2010. Em seus objetivos gerais propunha a integração dos diversos cursos de
licenciatura da universidade, bem como, estabelecer uma parceria escola universidade visando
a melhoria da formação inicial e continuada dos professores. Para esse fim, este projeto
desenvolveu ações a partir de seis Unidades Acadêmicas: Artes Cênicas, Visuais, Música,
Ciências Naturais - FUP, Geografia e Pedagogia com atuação em escolas de Educação
Básica da rede Pública. O objetivo principal era consolidar os laboratórios de licenciatura em
cada unidade acadêmica, promover aproximação dos estudantes com as escolas, desenvolver
práticas docentes de forma participativa, dialógica e criativa. Contribuir para integração
escola-universidade, desenvolver pesquisa na área educacional.
O PRODOCÊNCIA apresenta-se como incentivo e modelo de prática no qual o
licenciando tem contato com a escola e com a docência nas fases iniciais de seu curso em um
trabalho constante e direto com seu professor. Assim, consoante com os objetivos do projeto,
ocorre a inserção de alunos de Licenciatura no sistema de ensino logo nos primeiros semestres
dos seus cursos. Esse processo desenvolve-se de forma colaborativa entre professores
orientadores, alunos bolsistas, corpo docente e alunos de escolas públicas. Consideramos esse
caráter dialógico, participativo e de construção compartilhada como um dos aspectos
importantes do projeto.
Na UnB, o projeto integra atualmente seis cursos, dez professores e trinta e quatro
estudantes de licenciaturas, presentes em seis escolas da rede pública do Distrito Federal. Por
iniciativa do Decanato de Graduação, todos os alunos recebem bolsas. Cada subprojeto tem
seus próprios objetivos, metodologia, e intenções: desenvolver temáticas transversais nas
escolas como identidade, gênero e sexualidade por meio da cultura visual (Música, Artes
Cênicas e Artes Visuais), integrar conhecimento de diferentes áreas das ciências (Pedagogia e
Ciências Naturais), e conhecer o contexto espacial em que habita por meio da construção e
leitura de mapas (Geografia).
No entanto, todos têm como objetivo comum a inserção dos bolsistas nos espaços
escolares, a implementação de metodologias inovadoras de ensino, a construção de um
projeto participativo de parceria entre escola-universidade. Outro aspecto relevante do
Prodocência na UnB refere-se ao acompanhamento sistemático das atividades docentes
desenvolvidas pelos licenciandos. Cada unidade acadêmica realizou o acompanhamento
desses estudantes de uma forma específica, mas em todos os casos houve reuniões semanais
para analisar as propostas, metodologia e abordagens teóricas dos nossos licenciandos. Em
alguns casos, montaram-se grupos de estudo (Artes Visuais, Cênicas e Música), em outros os
estudantes tiveram uma formação específica relacionada ao conteúdo conceitual que
ensinariam (Geografia) em outros adentraram as escolas da pública de ensino e estabeleceram
relações intensas com os professores e alunos dessas (Pedagogia e Ciências Naturais).
Gostaríamos de salientar que a experiência do Prodocência neste primeiro edital,
embora considerada de extrema relevância pelos estudantes de Licenciatura envolvidos no
processo e para as unidades que aderiram ao programa, deu-se ainda em caráter experimental.
Entendemos que as experiências devam ser utilizadas como fonte de reflexão para o próximo
edital e, principalmente, na perspectiva de aprendizado e avanços institucionais.
Nesse sentido, entendemos que há lacunas a serem preenchidas tendo em vista que
houve uma dificuldade em transformar essas experiências em aprendizado coletivo no âmbito
do Prodocência. Ou seja, não desenvolvemos, a contento, procedimentos para apropriação dos
resultados obtidos nas experiências pontuais do Prodocência na UnB, na perspectiva de
elevação da qualidade dos cursos de formação de professores das demais licenciaturas da
instituição.
Ainda que tenhamos realizado seminários internos e externos, entendemos que o
ganho da experiência do Prodocência não atingiu as Unidades Acadêmicas como um todo e
não resultou em empoderamento das Licenciaturas da UnB de um modo geral. Essas questões
serão enfrentadas a partir do novo edital do Prodocência a partir de criação de Grupos de
Trabalho, de ampliação do número de seminários internos e abertos às demais licenciaturas da
UnB, de uma maior integração com o PIBID, enfim, a partir de uma atuação mais orgânica,
na qual, o compromisso com o fortalecimento das Licenciaturas permeie todos os programas e
tenha uma orientação comum e integradora.
Cabe, entretanto, ressaltar que para as unidades acadêmicas envolvidas no processo os
ganhos foram inúmeros seja pela instalação de laboratórios específicos para a área de ensino,
ou, pelo recebimento de equipamentos com recursos destinados aos cursos de licenciatura, o
que contribuiu para o reconhecimento desses cursos e dos professores envolvidos neles. Por
outro lado, a perspectiva de uma publicação específica para retratar as experiências do
Prodocência, a participação em eventos nacionais e internacionais, a participação em
seminários internos, contribuíram para atribuição de prestígio às atividades ligadas à
formação de professores. Outro fator relevante refere-se ao fato da UnB ter concedido bolsa
aos estudantes envolvidos no Prodocência, que, assegurou a presença desses estudantes nas
escolas e propiciou um maior envolvimento desses com a prática docente, resultando em
experiências de caráter teórico-metodológico, mas com fortes componentes emocionais e
afetivos, tão caros à prática docente. (Observar relatos nos anexos)
III – Objetivos, atividades e resultados alcançados
Entre os objetivos do Programa Prodocência na UnB estabelecemos a integração das
licenciaturas, nesse sentido, propusemos algumas atividades com forte caráter dialógico, na
perspectiva de que, a partir de possibilidades concretas de interação, pudéssemos aproximar
os cursos, os estudantes, trocar experiências e aprofundar reflexões sobre a prática docente.
Nesse sentido, realizamos algumas atividades visando atingir esses objetivos:
a) Diálogo e reflexão sobre a Prática Pedagógica: a experiência no Prodocência em foco
Data: 20/08/2010
Horário: 14:00 – 18:00 hs.
Local: Auditório nº 1 do Instituto de Ciências Biológicas
Participantes: Profa. Ms. Carmem Moreira de Castro Neves, Coordenadora Geral de
Desenvolvimento de Conteúdo Curricular e de Modelos Experimentais da CAPES; Profa.
Nina Laranjeira, Diretora da Diretoria de Acompanhamento e Integração Acadêmica (DAIA),
Maria Isabel Montandon, Coordenadora da Coordenação de Integração das Licenciaturas
(CIL) e Maria Lidia Bueno Fernandes, Coordenadora do Prodocência e Andreisa de Oliveira
Cardoso, Analista em C&T da CAPES. Professores das Unidades da UnB no âmbito do
Prodocência: Rosana Andreia de Castro, Felícia Johansson Carneiro, Fernando Luiz
Sobrinho, Waleska Valença Manyari, Flávia Motoyama Narita, Cristiano Alberto Muniz,
Alice Melo Ribeiro, Olgamir Amância Ferreira de Paiva.
Esse seminário foi concebido de forma a possibilitar a reflexão sobre o Prodocência
em nível institucional. Na abertura, uma importante contribuição acerca da complexidade do
mundo contemporâneo e o papel da educação nesse contexto. A profa. Carmem Moreira de
Castro Neves apresenta os desafios da formação de professores e a o tema educação como
prioritário no contexto de um mundo globalizado. Traz informações sobre a situação da
Escola Básica no Brasil a partir de dados do IDEB. Apresenta alguns teóricos da atualidade
que abordam a discussão da educação e a complexidade do processo de ensino/aprendizagem.
Termina sua apresentação abordando as medidas de fomento aos cursos de licenciatura frente
a e a necessidade de qualificação da formação de professores.
Parte importante desse encontrou coube aos estudantes que, na ocasião foram
convidados a apresentar as reflexões acerca da sua prática nas escolas, a partir das seguintes
questões norteadoras: (os depoimentos estão anexados no final deste relatório)
1. O que aprenderam com a experiência do Prodocência?
2. O que acham que ensinaram aos alunos com os quais trabalharam?
3. Em que e como essa experiência os ajudou (ajudará) a se tornarem
melhores professores?
4. Há uma imagem que possa traduzir como se deu o processo de
ensino/aprendizagem no qual o estudante estava envolvido?
b) II Seminário PRODOCÊNCIA/PIBID
Data: 09/11/2010
Horário: 14:30 às 18:30 hs.
Local: Anfiteatro 12
Seguindo a perspectiva de aproximação das licenciaturas e de estabelecimento de
diálogo entre os cursos realizamos na Semana Universitária da UnB, atividade desenvolvida
pelo Decanato de Extensão da universidade e que envolve toda a instituição, o II Seminário
PRODOCÊNCIA/PIBID. Contamos com a presença de dois convidados externos: Profa. Msc.
Olinda Thomé Chamma - Coordenadora Institucional do Prodocência da Universidade
Estadual de Ponta Grossa/PR e Prof. Dr. Hélder Eterno da Silveira - Coordenador do PIBID
da Universidade Federal de Uberlândia.
Na ocasião contamos ainda com a presença da Profa. Dra. Márcia Abrahão Moura – Decana
de Ensino de Graduação da UnB e da Profa. Carmem Moreira de Castro Neves Coordenadora
Geral de Desenvolvimento de Conteúdo Curricular e de Modelos Experimentais da
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES.
Entre as contribuições deste seminário às reflexões acerca da Formação Docente
gostaríamos de salientar o alcance das apresentações dos professores oriundos da
Universidade Estadual de Ponta Grossa e da Universidade Federal de Uberlândia. Há uma
abordagem no que diz respeito à integração dos programas, à consolidação de disciplinas
comuns aos cursos de licenciatura, a cursos concebidos envolvendo professores de diferentes
unidades acadêmicas. A presença de mais de cinqüenta participantes neste seminário e os
desdobramentos em termos de articulação e diálogo entre as licenciaturas presentes respaldam
nossa concepção de que esse tipo de atividade é de extrema relevância. Cabe ressaltar que os
estudantes ligados ao Prodocência e ao PIBID montaram para a segunda parte do Seminário
circuito com o material produzido no âmbito das atividades docentes, banners, vídeos e
material explicativo. Essa atividade demandou dos estudantes muito empenho na organização
e preparação do material para a apresentação. Novamente entendemos que essas atividades
organizam o aprendizado e reverberam em novas possibilidades de reflexão da prática
docente. (parte deste material encontra-se nos anexos)
Laboratórios
Investimos pesadamente na aquisição dos equipamentos para os laboratórios, nesse
sentido, foi inaugurado no dia 21/10/2010 às 10 horas na FUP Laboratório de Apoio e
Pesquisa em Ensino de Ciências (LAPEC). Consolidado a partir do convênio
UnB/CAPES/DEB – Prodocência – Projeto Parceira Escola-Licenciaturas. A parceria
possibilitou a aquisição de reagentes químicos, vidrarias e dos manequins biológicos que
serão utilizados em projetos com os alunos das escolas públicas de Planaltina na perspectiva
de aperfeiçoamento dos cursos de licenciatura da FUP e de melhoria da qualidade de ensino
na região. Na ocasião contamos com a presença da Profa. Márcia Moura, Decana de Ensino
de Graduação, da profa. Nina Laranjeira, diretora da DAIA e da Coordenadora da CIL,
professora Maria Isabel Montandon e do Vice-diretor da Faculdade UnB Planaltina. Muito
nos honrou a participação de parceiros da CAPES e das escolas da região. A presença dos
estudantes de licenciatura foi maciça. O LIGO - Laboratório de Visualidades e Educação
Departamento de Artes Visuais - IdA, consolidou-se com os recursos do PRODOCÊNCIA e
é onde os licenciados e seus professores iniciaram pesquisas sobre materiais didáticos,
recursos de aprendizagem e metodologias para o ensino da arte/educação, oriundos do projeto
e de outras atividades de ensino, pesquisa e extensão desenvolvidas no LIGO. Os
equipamentos adquiridos para o Projeto da Geografia integram o Laboratório de Análises
Espaciais – Lisie. No que diz respeito à Licenciatura da Pedagogia os equipamentos
encontram-se na escola em que foram desenvolvidos os projetos e deverão integrar o
Laboratório de Ensino da Pedagogia no início do ano letivo.
Produção de livros:
Como resultado das experiências do Prodocência, dois livros estão em processo de
elaboração: Trajetórias das Licenciaturas da UnB: a experiência do Prodocência em foco,
em fase de finalização, organizado pela coordenação institucional do Prodocência na UnB e
Aprendendo a Lecionar Ciências no Ensino Fundamental: um trabalho colaborativo
escola-universidade, organizado pelos coordenadores do Projeto da Pedagogia.
IV – Considerações finais
O intenso diálogo estabelecido entre os atores envolvidos no Programa nos permite
afirmar que a experiência de inserção no universo escolar vivenciada pelos estudantes de
licenciatura, no âmbito do Prodocência, foi coberta de êxito. Não são raros depoimentos
emocionados sobre o alcance da experiência e os vínculos estabelecidos entre os estudantes,
professores e alunos.
Construímos uma proposta em que os professores coordenadores estavam sempre
muito próximos dos estudantes e das escolas. Pensamos as relações institucionais em uma
base de dialógica e participativa. Cabe ressaltar que, em um primeiro momento houve
dificuldades específicas tanto ligadas à organização interna das escolas, quanto à da própria
universidade. Outro fator foi o enfrentamento de uma situação de greve dos professores desta
instituição, que consumiu dois meses e que dificultou a continuidade dos trabalhos.
Os indicadores utilizados estão relacionados aos relatórios produzidos pelos
estudantes, o acompanhamento sistemático nas escolas, a participação nos seminários e os
depoimentos colhidos em ocasiões específicas. Parte desses depoimentos encontra-se anexo a
este relatório.
A relevância do Prodocência para a instituição é indiscutível. Avançou-se na
perspectiva de valorização das Licenciaturas por meio dos laboratórios, das publicações, dos
seminários internos, da participação em eventos externos. Outro aspecto relevante refere-se ao
envolvimento efetivo dos estudantes, pudemos acompanhar alguns deles oferecendo
atividades extracurriculares ao final do ano letivo, propondo oficinas, produzindo material e
trabalhando com muito engajamento ao longo do processo.
Gostaríamos de concluir esse relatório com um excerto do livro “Trajetórias das
Licenciaturas da UnB: a experiência do Prodocência em foco”, em fase de finalização, no
qual os professores da área de Artes Visuais, Cênicas e Música descrevem os resultados
alcançados:
Acreditamos que os nossos alunos, em suas práticas foram
capazes de:
responder as necessidades de um estudante contemporâneo
numa sociedade dominada por imagens;
por meio de sua poética e de seu envolvimento pedagógico,
permitir um enriquecimento de saberes e possibilidades
cognitivas, que inclui o lado emocional e racional do projeto;
promover uma visão extremamente crítica das imagens e
artefatos que operam em espaços culturais e das esferas públicas
do cotidiano, passando ainda a mediar e negociar mensagens
entre as pessoas;
promover um entendimento de valor, diversidade e
complexidade das expressões sociais culturais da visualidade
contemporânea;
ilustrar o poder da cultura visual na construção de
identidades e ambientes individuais e culturais;
educar cidadãos a participarem num processo ideológico e
democrático ao provocar a reflexão responsável com a
expectação e interação com a cultura visual.
Da nossa parte, como professores, ao adotarmos as
premissas pedagógicas da educação em Cultura Visual pudemos
perceber:
mudanças ao focar em conteúdos curriculares, conceituais,
interdisciplinares, transdisciplinares e socialmente relevantes
para a criação de imagens e artefatos como respostas visuais
dentro de um aspecto aparentemente sociocultural;
a importância de encorajar alunos a assumir individualmente
responsabilidades por sua educação ao se expor ao campo
ampliado da cultura visual;
possibilidades de expandir a conscientização e o uso de novos
meios de produção para criar uma variedade de formas de cultura
visual e novos campos para o ensino da arte/educação;
perspectivas de engajar-se com alunos de formações variadas
para criar uma variedade de formas de visualidades que ampliam
o universo imaginativo e desperta o espírito critico e pedagógico
desses alunos;
desenvolver o envolvimento dos alunos com a reflexão da
cultura visual na construção de identidades e da sustentabilidade
do ser humano e suas relações com a visualidade e tecnologia;
necessidade de desenvolver um período mais longo de avaliação
do aluno usando métodos reflexivos e critérios desenvolvidos e
refinado por um contínuo debate entre os professores envolvidos
ao longo do se curso, assim como as respostas e expectação
geradas por suas exposições aos outros alunos, professores e
comunidade em geral, para que possamos determinar a natureza
dos saberes adquiridos e aplicados nessa prática poética.
Anexos
I: Descrição das Ações nas Unidades
1. Ciências Naturais – Faculdade UnB Planaltina
Projeto de Formação de Professores para o Ensino de Ciências Naturais
Objetivo: Aprimorar a educação em Ciências Naturais por meio de incentivo ao uso de
laboratórios, experiências e projetos diferenciados.
Escolas Centro de Ensino Fundamental 1, 3 e 4 em Planaltina.
Atividades desenvolvidas:
CineCiências;
Projeto Educação para saúde e educação para o meio ambiente – oficina
de alimentação
Escola ComCiência – Horta
Professoras Coordenadoras do Prodocência na Unidade:
Drª. Alice Melo Ribeiro
Drª Olgamir Amância Ferreira
Estudantes
Aline Bocki
André Ricardo Pinheiro Da Silva Júnior
Andrezza Romênia
Camila Ribeiro Frazão
Chaianne Carla Farias Barbosa
Felipe Campos
Joseane Freitas
Karine Ribeiro
Jessika Andrade
Loraine Borges
Luana Maria Oliveira
Lucas Almeida Alencar
Maynnã Amaral
Priscila Galdino Fontes
Raphael Silva
Roseane Freitas
Samara Dos Anjos Da Costa
Sarah Mendonça
Washington Augusto
Victor De Oliveira
Viviane Farias
Figura 1: Inauguração Laboratório de Apoio e Pesquisa em Ensino de Ciências (LAPEC). Data
21/10/2010. Foto: Equipe Institucional do Prodocência.
Figura 2: Laboratório de Apoio e Pesquisa em Ensino de Ciências (LAPEC), em evidência, modelo
adquirido com recursos do Prodocência. Data 21/10/2010. Foto: Equipe do Prodocência.
Figura 3 e Figura 4: Laboratório de Apoio e Pesquisa em Ensino de Ciências (LAPEC), em evidência,
materiais adquiridos com recursos do Prodocência. Data 21/10/2010. Foto: Equipe do Prodocência
2. Artes Visuais, Cênicas e Música – Instituto de Artes – Campus Darcy Ribeiro -
UnB
Projeto Arte/Fatos
Objetivo: debater questões referentes à construção da identidade por intermédio da Educação
da Cultura Visual.
Escola: Centro de Ensino Fundamental 2, em Brasília.
Atividades desenvolvidas: Em 2009 - auto retratos produzidos no software livre GIMP. O
resultado foi publicado no blog “ZóiPictures–ProjetoArte/Fatos”; em 2010, o artefato
produzido foi uma fotonovela também divulgada por intermédio de um blog além da sua
versão impressa.(anexa)
Professores Coordenadoras do Prodocência na Unidade:
Prof. Dr. Belidson Dias - VIS/IdA/UnB
Profa. Dra. Felicia Johansson Carneiro - CEN/IdA/UnB
Profa. Msc. Flávia Narita - MUS/IdA/UnB
Profa. Msc. Rosana de Castro - VIS/IdA/UnB
Estudantes:
Jordana Timotheo Machado
Karen Ferreira Monteiro
Maria Eugenia Lima Soares Trondoli Matricardi
Clara Braga De Oliveira E Silva
Tauana Macedo De Britto Pereira E Parreiras
Andressa Urtiga Moreira
Figura 5: Fotonovela desenvolvida pelos alunos do Centro de Ensino Fundamental 2 sob orientação dos
Licenciandos de Artes Visuais e Cênicas no Projeto Arte/Fatos desenvolvido no âmbito do Prodocência.
Figura 6: Auto-retrato produzido pelos alunos do Centro de Ensino Fundamental 2 sob orientação dos
Licenciandos de Artes Visuais, Cênicas e Musica no Projeto Arte/Fatos desenvolvido no âmbito do
Prodocência. Disponível em: http://movimentoartefatos.blogspot.com/; http://artefatos2010.blogspot.com
3. Geografia – Instituto de Ciências Humanas - Campus Darcy Ribeiro - UnB
Projeto: Ensino da Cartografia através do Google Earth
Objetivo: Introduzir a ferramenta Google Earth para melhor compreender o lugar no qual a
escola está inserida.
Escola: Centro educacional Setor Leste.
Atividades desenvolvidas: Elaboração de roteiro para o uso da ferramenta para localização,
orientação e fotointerpretação em estudos ambientais (de 1ª. E 3ª. Séries do Ensino Médio)
Professores Coordenadores do Prodocência na Unidade:
Profa.Dra. Waleska Valença Manyari (coordenadora)
Prof. Dr. Fernando Araújo Sobrinho (coordenador)
Alunos bolsistas:
Raffael Almeida Dias Duarte
Igor Soares dos Santos
Figura 7 Figura 8: Laboratório de informática do Centro de Ensino Médio Setor Leste. . Data: 18/11/2010.
Foto: Equipe Prodocência.
Figura 9 Figura 10 Figura 11: Oficina de Novas Teconologias no Ensino de Geografia, realizada no Centro
de Ensino Médio Setor Leste, com utilização do Google maps como experiência pedagógica. Data:
18/11/2010. Foto: Equipe Prodocência.
Figura 12: Imagem de satélite da cidade de Brasília utilizada na oficina de novas Tecnologias no Ensino
de Geografia, realizada no Centro de Ensino Médio Setor Leste, com utilização do Google maps como
experiência pedagógica. Data: 18/11/2010. Foto: Equipe Prodocência
Figura 13: Externo do Centro De Ensino Médio Setor Leste. Data: 18/11/2010. Foto: Equipe Prodocência.
4. Pedagogia – Faculdade de Educação - Campus Darcy Ribeiro - UnB
Projeto: Ensino de Ciências em Contextos Formais e Não-Formais - Ciência como Cultura
Escola: Escola Classe 304 Norte
Atividades desenvolvidas: Elaboração de ações que levem professores das escolas do DF e
estudantes do curso de Pedagogia, da UNB, por meio de pesquisa, a desenvolver
metodologias e materiais didáticos para o ensino de ciências dos anos iniciais do ensino
fundamental (2º ano ao 5º ano).
Professores Coordenadoras do Prodocência na Unidade:
Drª. Erika Zimmermann
Dr. Cristiano Alberto Muniz
Alunos Bolsistas
Elisabeth Vieira da Silva Lopes
Juliana Barbosa Dantas da Silva
Mariana Xavier Pereira
Nayara Nogueira
Tayane Dias Gomes Pessoa
Figura 14: Espaço Externo da Escola Classe 304 norte. Foto: Fabiano José Arcadio Sobreira, 2006.
Figura 15: Crianças da 4ª série da Escola Classe 304 Norte, durante aula do projeto Ciência em Foco.
Foto: Tayane Pessoa, 2009.
DEPOIMENTOS DOS ESTUDANTES INTEGRANTES DO PRODOCÊNCIA
II: Depoimento dos estudantes de Licenciatura da UnB inseridos no Programa
Prodocência
A relevância do projeto na formação de professores1
A prática docente qualificada deve acontecer ainda na universidade. Quanto mais cedo xs
professorxs em formação entrarem em contato com o contexto escolar, mais efetiva se tornará a
experiência que aprimora o processo de desenvolvimento profissional.
Durante a nossa participação como bolsistas do Arte/Fatos, nos foi permitido agir e repensar
as nossas ações, num exercício claro de ação-reflexão-ação (Alarcão, 1998). Atuamos com mais
liberdade e autonomia, mantendo o foco nos temas transversais, os quais não fazem costumam fazer
parte do currículo de formação de professorxs. Com isso, ganhamos alguma experiência e novos
conhecimentos relacionados aos mesmos, além de maior atenção às relações de poder presentes em
sala de aula. Pudemos, também, pensar em possibilidades metodológicas e materiais didáticos que
abrangessem visualidades cotidianas e não-cotidianas relacionadas a tais temas.
O distanciamento entre universidade e escola, com as ações do projeto, foi encolhido. Isso
estimulou os bolsistas a refletirem sobre suas qualidades profissionais e como elas podem ser
aproveitadas futuramente no exercício de suas futuras profissões. Os universitários, quando entram em
contato direto com a escola, se libertam das cargas de mistificações que surgem pelo excesso de
suposições teóricas e a escassez de inserção em experiências. Outro fator relevante para o nosso
desempenho foi a proximidade da faixa etária entre os estudantes da escola e nós bolsistas. Isso nos
proporcionou maior acesso a eles, domínio e reconhecimento dos elementos culturais e visuais que os
cercam.
Em larga medida, analisando os resultados do Arte/Fatos para a nossa formação, podemos
dizer que ele cumpriu bem sua missão tanto no que diz respeito à qualificação de professorxs, quanto
ao processo educativo vivenciado em parceria com a escola pública e a universidade. Observamos que
em apenas dois anos de atividades, o projeto já conseguiu gerar frutos em forma “bagagem” adquirida
pelas trocas de experiências entre bolsistas, estudantes, professorxs e demais agentes da escola
parceira. Para xs licenciandxs, ele trouxe, também, mais segurança e reflexões sobre como atuar em
suas futuras realidades profissionais. Já para os alunos da escola, o Arte/Fatos pode acrescentar
descobertas que não se reduziram à simples manipulação eficaz de máquinas como computadores e
celulares, mas proporcionaram variadas discussões e a conscientização da utilização destes meios em
suas vidas; como relataram alguns deles nos últimos dias de aula da primeira edição do projeto em
2009.
O projeto abriu novos rumos para os cursos do IdA/UnB na medida em que alargou
fronteiras visando um ensino mais diversificado e que conscientizasse os sujeitos acerca de seus papéis
no mundo e suas variadas possibilidades de escolha. Assim, buscou uma educação para a vida e para a
satisfação pessoal e coletiva dxs envolvidxs – dentro de si mesmo, de sua casa, sua escola e da rua; de
tudo aquilo que é si e se estende para além de si. Freire (1987) afirmou inúmeras vezes que a educação
transforma e gera conscientização, e assim gera sentido para as pessoas. Buscar estes sentidos é o
grande e antigo desafio de toda e qualquer forma de educação.
1 Capítulo do livro: Trajetórias das Licenciaturas da UnB: a experiência do Prodocência em foco, referente
ao relato das estudantes: Ana Carolina Lima; Andressa Urtiga Moreira; Clara Braga de Oliveira e Silva; Jordana
Timotheo Machado; Maria Eugênia Matricardi; Tauana Macedo de Britto Pereira e Parreiras, integrantes do
Programa Prodocência e do Projeto Arte/Fatos: narrativas da cultura visual na escola.
“Clara, conta para Jordana como foi!? Espera que a Andressa também quer ouvir!”
O Arte/Fatos foi uma experiência enriquecedora tanto na questão de crescimento
profissional, quanto na questão de adquirir novos conhecimentos dentro da minha própria área de
estudo. No que diz respeito à formação profissional eu faço uma comparação com a matéria de
estágio supervisionado que comecei a cursar logo após a experiência no Arte/Fatos. Durante o
estágio, vi que o fato de já ter tido o primeiro contato prático no contexto escolar via projeto me
ajudou muito mais a me entender como professora do que as experiências proporcionadas pelo
estágio propriamente dito.
Já na questão de conhecimento a serem adquiridos, nós do projeto Arte/Fatos nos deparamos
com o desafio de trabalhar cultura visual e os temas transversais, que por serem assuntos muito
recentes exigiram uma pesquisa considerável da nossa parte. O mesmo aconteceu quanto à linguagem
da fotonovela, que apesar de bem antiga, atualmente é raro encontrar esse tipo de produção , motivo
que também exigiu da gente bastante pesquisa para que entendêssemos bem o que foram as
fotonovelas e conseguíssemos passar isso para alunos de sétima série da forma mais clara possível. A
partir do momento que entendemos a fotonovela, pensamos em formas de usar as tecnologias de
informação e comunicação para que os alunos pudessem produzir suas próprias fotonovelas.
Todos esses trabalhos foram facilitados por um fator que foi o trabalho em grupo. Como
tínhamos duas reuniões semanais na UnB para discutir os temas e formas de trabalhá-los em sala de
aula e uma reunião na escola junto com os alunos, onde colocávamos em prática o que tínhamos
decidido, estávamos constantemente discutindo esses conceitos, aprimorando as formas de trabalho e
aprendendo a nos organizar em sala sem que a nossa presença lá acabasse atrapalhando a discussão
e o pensamento dos alunos. E no final eu senti que esse trabalho em grupo me deu mais segurança,
com certeza se eu tivesse que desenvolver esse mesmo trabalho sozinha, ele não teria tido a mesma
qualidade que teve.
Outro grande aprendizado que eu tive e que com certeza fará toda diferença quando eu
assumir o papel de professora, foi sempre ter a presença de uma professora orientadora
supervisionando o que nós estávamos fazendo e ao final de cada aula ela sentava com a gente para
apontar os erros e acertos, os pontos positivos e negativos do que havíamos feito, sem contar o
próprio feedback das outras alunas que estavam dando a aula conosco e já conseguiam observar
alguns pontos importantes para todas nós.
Além desses feedbacks que nos fizeram ir melhorando a cada aula dada, tivemos que
enfrentar algumas dificuldades que acabaram por nos mostrar que nem sempre as aulas saem da
forma como estava no planejamento de aula, ou melhor, quase nunca. Os planos de aula tiveram que
ser refeitos várias vezes por diversos motivos. O primeiro motivo foi o fato de termos que trabalhar no
contra turno, para participar do projeto os alunos ficavam direto na escolai sem direito a almoço, e
como não tinham dinheiro para almoçar lá toda segunda começaram a desistir do projeto ou a não
ter uma boa freqüência, o que também acontecia pelo fato do projeto não ser obrigatório e não dar
nota.
Essa dificuldade com a freqüência nos causou uma outra dificuldade que foi a de dar
continuidade aos exercícios que haviam sido feitos na aula anterior, então aprendemos a nos
organizar melhor no tempo que tínhamos para que todos os exercícios fossem começados e concluídos
na mesma aula. E o outro fator que atrapalhou uma continuidade foram as várias aulas que perdemos
por conta de greve de ônibus, paralização de professores e principalmente jogos da Copa do Mundo.
Todos esses fatores que não são raros de acontecer e que com certeza não foi a última vez que
tivemos que lidar com isso.
Durante todo o percurso do projeto, esses empecilhos nos assustaram bastante e chegamos a
pensar que não conseguiríamos chegar a conclusão que tínhamos planejado, mas depois de refazer
várias vezes os planos e repensar as atividades, finalmente vimos o trabalho caminhar e chegar ao fim
que foi a produção do artefato final, uma fotonovela sobre bullying, produzida pelas duas alunas que
ficaram no projeto até o fim, com fotos produzidas na própria escola e trabalhadas no GIMP
E você Tauana? Conta para gente como foi?
Nos quase dois anos que participei do projeto arte/fatos tive experiências diversas, repletas de
alegrias e frustações, todas componetes do meu aprendizado. Já tinha percebido que a motivação
para a prática docente é composta, principalmente, daquilo que ainda pode ser feito e de pequenas
preciosidades carinhosamente armazenadas. No decorrer do projeto comprovei novamente que os
sucessos devem ser guardados para dar força nos momentos de frustração e que, por mais que um
objetivo tenha sido alcançado apenas parcialmente, o que foi feito deve ser valorizado. Não só para
nós, na verdade menos para nós, e mais para xsii estudantes que precisam ver o próprio percurso para
valorizar seus esforços, para se perceberem capazes de dar sentido ao que é
produzido/discutido/questionado/alcançado.
O blog se mostrou uma ferramenta bastante interessante nesse sentido, podendo ser usado
como portfólio coletivo da turma e espaço de interação extra-escolar entre estudantes. Foi visível a
satisfação da turma ao ver o blog no ano de 2009, coisa que em 2010 não funcionou da mesma forma.
Isso porque os freqüentes problemas que tivemos em 2010 e quantidade de estudantes que
permaneceu no projeto fez com que não conseguíssemos trabalhar tudo o que queríamos e o blog
acabou sendo construído por nós, bolsistas. Isso demonstra como é importante que elxs se envolvam
nesse processo, participando ativamente, afinal costumamos valorizar mais aquilo que é feito com
nossas próprias mão, não é?
Durante o projeto também tive a oportunidade de me aproximar mais da proposição
pedagógica que mais tem me cativado nos últimos tempos: a Educação em Cultura Visual. O estudo
desta e possibilidade de utilização em sala abriu um universo de possibilidades pedagógicas para
mim além de ter me permitido exercitar algumas habilidades necessárias para a prática docente,
como, por exemplo, a forma de mediar uma discussão, de dividir a turma em grupos, de passar
instruções de uma atividade ou de priorizar as falas e contribuições do grupo ao invés de passar um
monte de informações que talvez não lhes diga muita coisa. O estudo teórico-prático da Educação em
Cultura Visual que o projeto proporcionou me levou ainda a prestar maior atenção em questões
identitárias, especialmente às ligadas à raça, gênero, sexualidade e classe, sob uma perspectiva
transdisciplinar e não-hegemônica. Em outras palavras, estou mais atenta às relações de poder na
sociedade e nas representações e tenho mais elementos para instigar análises críticas dxs estudantes
sobre artefatos culturais que nos cercam.
A fotografia de celular também foi um recurso interessante que, junto com a reflexão teórica,
trouxe a atenção para elementos cotidianos. Isso não quer dizer que trabalhos artísticos de outros
períodos sejam desprezados, apenas são vistos levando em conta o contexto da época em que foi feito
em relação ao mundo de hoje. Quem aprecia uma obra o faz no presente e não faz sentido tentar fugir
desse fato.
Outro aspecto interessante foi a interação entre pessoas de diferentes departamentos do
Instituto de Artes, o que possibilitou uma troca de conhecimentos que não haveria de outra forma,
apesar da maioria ser de um mesmo departamento. Essa interação contribuiu para uma percepção
mais abrangente da cultura visual e para possibilidades de trabalho sobre e em espaços não tão
determinados, em espaços entre.
Sei que estou ainda no início do meu eterno percurso docente, mesmo que esteja perto de me
formar, mas sem dúvida com o projeto pude avançar alguns passos que poderiam me custar muito
tempo para dar sozinha. As coordenadoras foram essenciais nesse processo e em grande parte
responsáveis pelo crescimento que nós bolsistas tivemos, apontando erros e acertos, indicando
melhores opções, intervindo vez ou outra durante as aulas para que pudéssemos nos encontrar e
também deixando que agíssemos por conta própria no planejamento e execução das atividades.
Com a palavra a Maria Eugênia
A abordagem de temas de temas transversais em primeiro contato com a turma de estudantes
que participaram do Projeto Arte/Fatos: Narrativas Culturais na Escola edição 2010 foi por via de
imagens. Entendemos que elas exercem um poder de comunicação autônomo, possibilitando um
diálogo crítico-afetivo que aguça a subjetividade e desdobra maiores possibilidades de
interpretações. Portanto, a primeira atividade realizada foi de escolhas e análise de imagens.
Buscamos tocar em temas polêmicos que não costumam ser aprofundados dentro do ambiente escolar,
e não por acaso, levamos fotos de rituais religiosos de origens africanas do Pierre Verger; imagens
de gays, lesbianas e travestis para lidar com a diversidade das sexualidades; Sebastião Salgado com
a estética difícil que aborda a miséria; corpos que não costumam ser veiculados em meios
publicitários como possibilidades de beleza, negrxs e deficientes físicxs... Colocamos todas as
imagens no chão, a horizontalidade conceitual que a cultura visual pode propor, e assim, xs
estudantes foram provocadxs a escolherem uma imagem que gostava e outra que não, depois
argumentariam os motivos. Esta primeira aula nos permitiu conhecer um pouco do que poderia ser
de interesse discursivo, quais eram as dúvidas e possibilidades de intervenções.
Percebo a facilidade de acesso que estudantes universitárixs podem ter ao dialogar acerca de
temas tão difíceis com adolescentes. Saímos a poucos anos do ensino médio, ainda temos este aspecto
jovial, fala cotidiana e informal, estética muito próxima das roupas e dos cabelos esvoaçantes. Temos
uma aproximação de corpos que se identificam conosco. Há respeito, mas a autoridade parece pesar
menos.
Pesquisamos, planejamos aulas e propomos atividades que foram posteriormente
materializadas em meios digitais de divulgação como o blog. Nos acostumamos com a materialidade
do tempo que aprendemos a organizar cada vez de maneira mais eficaz, lidando de forma construtiva
a cada adversidade de calendário tumultuado por greves e copa do mundo. Sempre recebendo
sugestões perspicazes dos olhos treinados e da experiência das coordenadoras do projeto, que, com a
experiência de anos de docência puderam nos auxiliar em nossas falhas.
O teatro foi uma das ferramentas utilizadas para tecermos narrativas e construções de
personagens. Uma das oficinas utilizava a conhecida história dos Três Porquinhos para que xs
estudantes desenvolvessem expressão corporal e síntese da história transcrita em forma de imagens. A
primeira consciência do processo que possibilita a concretização de uma fotonovela. Mostramos
também edições antigas e impressas de fotonovelas explicando seu conceito, o que se aproxima um
pouco da linguagem das histórias em quadrinhos.Outra oficina teatral realizada foi para o
aprofundamento da criação de personagens. Objetos diversos foram espalhados pelo chão. Os
estudantes caminhavam e soltavam o corpo andando em círculo. Quando o jogo terminava, cada um
agarrava um objeto. Dentro desta perspectiva eles pensariam qual seria a história deste objeto, a que
tipo de pessoa ele pertence, e, assim, diriam qual a personalidade desta pessoa, como ela caminha,
fala, a qual lugar pertence. Tivemos extraordinárias surpresas com a criatividade que esta oficina
suscitou: Um mexicano, um velho bêbado de voz agastada que não sabia de onde vinha e um ex-
camelô dançarino de frevo que não tinha uma perna! Diálogos cotidianos, que revelam a
possibilidade de criação e a capacidade destes adolescentes assumirem máscaras sociais sem
preconceitos. Nos deparamos em momentos férteis como estes com a genialidade criativa e o
potencial humano que podem surgir com direcionamento artístico.
Depois destas oficinas teatrais partimos para a feitura da primeira fotonovela manufaturada
pelxs estudantes que recebeu o título de Aki Mudinho. A fotonovela foi baseada numa versão
ressignificada e contemporânea da fábula Chapeuzinho Vermelho (fig.3). Os estudantxs colocaram
em prática as oficinas de fotografia, reconstruíram as personagens, formataram o layout da revista,
distribuíram tarefas, como editoras, arte finalistas, roteiristas, atrizes, atores, e até mesmo o setor
publicitário da revista. Imprimiram imagens para compor, designaram cada fala readaptando-as com
gírias e situações cotidianas. Podemos perceber já neste trabalho a abordagem de temas como
racismo e pedofilia. E dentro de todo este processo de maturação crítica escolheram o tema da
fotonovela final, discriminação.
Para a confecção da última revista denominada por elxs como Bullyng, xs estudantes
passaram por oficinas de produção de imagens com ferramentas digitais. Utilizamos primeiramente
um software livre disponível na internet, chamado Toondoo. Esta ferramenta possibilita a criação de
tiras de quadrinhos, escolha de cenário, personagens, anexo de fotos para serem editadas com balões
de falas que exprimem sentimentos diversos, criações narrativas. Outro software livre utilizado para
edição de imagens foi o Gimp.
Bullyng reuniu todas as atividades realizadas anteriormente. Interessante perceber como se
transformou em um material pedagógico, que trata de uma violência que ocorre dentro da instituição
escolar diariamente e está presente na vida cotidiana dest@s adolescentes. As piadas agressivas e a
violência física e simbólica foram colocadas de forma crítica, dando-nos a possibilidade de avaliar
como todos os trabalhos efetivados foram importantes no processo de construção de seres humanos
capazes de intervirem na própria realidade por via de debates políticos proporcionados pelo diálogo.
Preconceitos são passíveis de modificações, assim como todos os processos de significações sociais.
Tendo em vista o curto espaço de tempo em que estivemos realizando as atividades, não poderia fazer
uma avaliação pessimista de todo este percurso, independente dos obstáculos que tivemos de superar
durante todo o tempo transcorrido. Esta revista é um material sociológico importante, mostra os
anseios e demandas que aquele grupo social necessita para tecer políticas de combate a violências
sofridas e causadas. Chamamos de conscientes as pessoas que não apenas reconhecem as opressões
que existem, mas que produzem meios para que elas sejam modificadas. Entendo a função docente
como um papel transformador. Não como utopismo cego, mas como possibilidade micropolítica de
intervir na realidade e afetar as pessoas com as quais nós temos a oportunidade de conviver. E,
claramente, também permitir afetar-se, porque não há como transformarmos nada sem o mínimo de
autocrítica.
Andressa tem só mais uma “coisinha” a dizer, antes da gente encerrar!
A experiência no pró-docência foi fundamental para o aprimoramento da minha formação
como arte-educadora. Os aprendizados foram múltiplos, porém, ressalto estes:
Aprender a trabalhar melhor em equipe;
Ter contato com a realidade de uma escola pública do DF e atuar em sala de aula como
“bolsista-professora”;
Trabalhar com outras áreas do conhecimento com focos distintos dos das artes visuais - como
música e artes cênicas;
Aprender a trabalhar com – e não para - os estudantes;
Trabalhar os temas transversais (PCN’s) no contexto da arte/educação;
Utilizar diversos recursos físicos e materiais – muitas vezes negligenciados – a favor do
ensino, como celulares, internet, GIMP (software livre de manipulação de imagens), revistas, etc.;
Pesquisar temas de interesse particular (raça/etnia/cultura popular), podendo contar com o
apoio do grupo (e visse-versa) – elaborando textos (artigos/relatórios/discussões via Moodle e
emails) que propiciaram o amadurecimento das pesquisas individuais e coletivas.
O que ficou2, segundo o aluno licenciando WASHINGTON AUGUSTO
3:
O enriquecimento que pude obter participando deste projeto é muito significativo para mim.
Assumi diante das adversidades um olhar mais critico e perspicaz, e pude me tornar mais ativo enquanto
pessoa e enquanto futuro educador.
Essa proposta é um meio para que nós, futuros professores, possamos, a partir da observação da
práxis escolar, conhecer a difícil relação entre teorias didáticas e a realidade dentro de sala de aula.
Isso se torna importante na medida em que conseguimos compreender as dificuldades do educador ao
qual acompanhamos, dos próprios alunos e de nós como interventores e agentes de ensino.
Foi uma oportunidade de crescimento muito valiosa que nos ofertou a chance de adquirirmos
conhecimentos pela própria prática, uma coisa eu diria decisiva no alcance de competências necessárias
para que ocorram mudanças realmente significativas na educação. Não se aprende a ser professor
somente com aulas teóricas e palestras.
Um ponto que eu gostaria de chamar atenção é o fato de que se trabalha de uma forma
continuada e dinâmica. Isso realmente dá um diferencial importantíssimo nos objetivos que se almeja
cumprir com o PRODOCÊNCIA.
Na experiência de implantação pudemos ver como o planejamento deve mudar conforme as
necessidades e como foi necessário tomar essa atitude dentro da escola Centrinho.
Nosso maior desafio foi tentar inovar e não repetir o que nós já constatamos como atitudes
inapropriadas para se efetuar um ensino de qualidade. Gostaríamos mesmo que tudo fosse realizado
da melhor forma, porém houve muitos desfalques até que se chegasse ao panorama de hoje.
Depoimento4 da aluna Loraine Borges Guimarães
5
Sou Loraine e atuo junto com Washington Augusto no Centro de Ensino 1 de Planaltina com o
projeto relacionado a SEXUALIDADE.
Participar do PRODOCÊNCIA complementa nossa formação de maneira significativa pelo fato
de estarmos indo à escola vendo realidade do cotidiano escolar, nos faz ter uma visão de como
realmente é ser professor, e a partir da realidade que estamos vivenciando podemos fazer uma
comparação com o que aprendemos nas aulas de didática no curso de licenciatura.
Durante as aulas no curso lemos muitos textos sobre metodologias de ensino e sobre a vida
escolar, mas estes textos nos apresentam uma visão superficial das escolas e que muitas vezes a
realidade é muito diferente, também temos as praticas de ensino, quando temos um breve contato com as
escolas e um período de regência obrigatório. Mas nada comparado a experiência que o
PRODOCÊNCIA nos proporciona, como se inserir no cotidiano escolar, conhecendo todas as
dificuldades, os planejamentos, a indisciplina dos alunos e o desgaste dos professores, mas também as
amizades e os professores que realmente se interessam pelo ensino.
Com o projeto conhecemos de verdade a realidade da profissão que estamos nos formando,
como professores conheceremos todas as dificuldades existentes e talvez seremos, melhores
profissionais, porque não estaremos iludidos com uma realidade que não existe apresentada nos textos.
Convivemos na escola como professores e ao mesmo tempo como alunos, somos alunos
aprendendo a ser bons professores s professores quando os alunos nos questionam, algo e quando
2 Excerto de capítulo do livro: Trajetórias das Licenciaturas da UnB: a experiência do Prodocência em foco.
Capítulo redigido pela Profa. Alice Ribeiro com a colaboração das bolsistas do Prodocência sobre a experiência
dos estudantes de Planaltina no Programa. 3 Estudante de Licenciatura em Ciências Naturais – FUP, integrante do programa Prodocência.
4 Excerto de capítulo do livro: Trajetórias das Licenciaturas da UnB: a experiência do Prodocência em foco.
Capítulo redigido pela Profa. Alice Ribeiro com a colaboração das bolsistas do Prodocência sobre a experiência
dos estudantes de Planaltina no Programa. 5 Estudante de Licenciatura em Ciências Naturais – FUP, integrante do programa Prodocência.
assumimos a sala de aula para colocar o projeto em prática. E isso nos mostra que como professores
precisamos ser criativos e estar sempre se atualizando e principalmente dar atenção ao aluno, parar
para escutar o que ele quer dizer, mesmo que às vezes seja bobagem.
Quem participa do PRODOCÊNCIA possui uma bagagem de experiência diferente de quem só
tem as praticas da licenciatura, nos fazemos nosso tempo com o professor, temos uma interação com
escola que não seria possível num estagio obrigatório, passamos a conhecer os alunos e fazemos parte
do cotidiano deles. Muitas vezes somos os tios, ou os estagiários, mas também o professor, o que é muito
gratificante.
Mas não é só o convívio na escola, somos um grupo dividido em varias escolas, mas que se junta
para ser só um, o grupo PRODOCÊNCIA de Planaltina. Assim caminhamos com a vontade de fazer algo
de bom nas escolas, agimos com liberdade, respeito e amizade. E sempre estamos dispostos para a
escutar as experiências do colega, porque o PRODOCÊNCIA não acontece com o individual, mas com a
contribuição de todos, por isso faz a diferença na formação de quem participa.
Experiência6 da Nayara dos Santos Nogueira
7
Para Nayara a experiência na escola foi riquíssima, excelente oportunidade para se conhecer o
dia-a-dia de uma escola pública real (não a idealizada ensinada nas aulas teóricas dos cursos de
Pedagogia). A estagiária lembra que “claro que a escola é uma referência no Distrito Federal por ter
uma estrutura superior e isso facilitou o trabalho por lá. no entanto, foi bom pois se pode aprender um
trabalho como o feito pela escola é viável em qualquer escola, basta que a direção tenha vontade
pessoal e política”. Segundo Nayara “o bom dessa escola é que todas as professoras e os funcionários
estão acostumados a receber estudantes da universidade e o fazem de braços abertos. Ainda sobre essa
acolhida de estagiários pela escola, Nayara afirma que
Isso é um fator positivo, pois, assim, não há resistências em manter uma estudante dentro da sala de aula durante tanto tempo. Geralmente os professores de lá são informados sobre a presença de universitários e não colocam, na maioria dos casos, nenhum obstáculo em relação à nossa presença. Outro ponto positivo, obviamente é a recepção calorosa das crianças. TODAS gostam do estudante e nos tratam com carinho, tem vinculo mais estreito de amizade e confiança em nós do que nas próprias professores. No meu caso, as acompanhei mais individualmente, pude ouvir conversas mais “secretas”, brincadeiras e formas de estratégia que utilizavam com a professora e comigo.
A partir dessa experiência na escola, Nayara também é capaz de discernir que mesmo sendo
referencia, a escola tem suas limitações.
Percebi que muitas vezes as famílias das crianças, e as vezes até mesmo a direção da escola, não agem de forma a contribuir com o trabalho da professora. O que mais me deixou chateada foi perceber o quanto a família empurra a responsabilidade de educar para a escola e se abstém de fazer sua parte, de se comprometer com uma educação de qualidade para seus próprios filhos. Outro aspecto negativo foi perceber o quanto a universidade não dialoga com a prática escolar, parecendo, por vezes, que o que aprendemos na teoria, é demasiadamente utópico e nem sempre nos dá base adequada para atuarmos no espaço escolar.
Nayara, com essa experiência, conseguiu revisitar algumas das disciplinas que cursa (cursou)
na Pedagogia, principalmente as de “Ensino de”. Ela lembra que sabia que na universidade a disciplina
de Metodologia do Ensino de Ciências, assim como outras de “ensino de”, orientavam os alunos a
executar o trabalho em sala de aula. Ela menciona que essas disciplinas são, do seu ponto de vista, as
mais úteis para a formação do pedagogo que deseja atuar em sala de aula. Afirma que gostou de cursar
6 Excerto de capítulo do livro: Trajetórias das Licenciaturas da UnB: a experiência do Prodocência em foco.
Capítulo redigido pelos Professores Erika Zimermann e Cristiano Muniz com a colaboração das bolsistas do
Prodocência sobre a experiência dos estudantes de Pedagogia no Programa. 7 Estudante de Pedagogia, integrante do programa Prodocência.
a disciplina de Metodologia de Ensino de Ciências, pois foi uma das poucas em que teve a
oportunidade de elaborar um trabalho que a auxiliou a exercer a atividade docente, pois a obrigou a
pesquisar um tema de ciências, elaborar plano de aula, montar slides, fazer historinha, etc.
Na minha visão Ciências era uma disciplina muito repleta de conceitos formais, prontos, elaborados por pesquisadores experts no assunto. Sempre me vinham à cabeça grandes nomes de cientistas que mudaram a humanidade como Einstein, Newton, Pasteur, mas também pesquisadores como geneticistas, pessoas que viviam em laboratórios fazendo experimentos, descobrindo novos medicamentos, novas substâncias. Claro que atualmente esta é uma imagem que ainda faz parte da minha concepção de Ciências, mas acho que quando se trabalha com crianças, pelo menos na faixa etária com a qual passei a maior parte do tempo, é necessário fazer algo mais simples, mais voltado para as situações o cotidiano, falar do que está mais próximo para depois lidar com conceitos mais elaborados e complexos. No entanto, devo dizer que achei que a disciplina de Metodologia do Ensino de Ciências não seria útil, tinha receio de que, como tantas outras da Universidade, ficariamos teorizando sobre o papel do professor, fazendo críticas á escola, aos professores, à educação e não fornecesse base nenhuma para atuação em sala de aula. Mas felizmente não foi o que aconteceu. Creio que foi uma das poucas disciplinas na qual tivemos que elaborar plano de aula, algo que deveria ser mais frisado em um curso de pedagogia já que será um instrumento útil para minha organização enquanto professora.
Após a experiência do Pró-docência, Nayara se mostra mais madura, mais judiciosa. A gente sai das aulas na universidade cheia de sonhos, pensando que vai
mudar a educação. Claro que ter ideal é importante, mas na realidade não funciona assim. Eu achava que teria um desempenho superior ao que tive. Pensava em me soltar mais, em adquirir domínio de turma, a ter mais autonomia. Eu tinha espaço e credibilidade para isso, mas acho que não aproveitei quanto deveria, justamente por não ser a responsável pela turma. Gostaria de ter sido mais ativa, mais desenvolta e ter proposto coisas inovadoras, dinâmicas, divertidas que favorecessem a aprendizagem dos alunos e ao mesmo tempo ajudasse e agradasse a professora.
Finalmente vale ponderar que Nayara aprendeu bastante. Ela é capaz de reconhecer que nunca
parará de aprender quando diz que “a cada novo ano, nova turma você inevitavelmente aprende mais”.
Entende agora que o que funciona em um ano letivo, com uma turma, em uma determinada escola não
é o que necessariamente funcionará em outros anos e contextos. Para ela ser professor é um desafio,
pois, como afirma, não é fácil lidar com seres humanos, respeitando as diferenças de cada um, o meio
e a situação em que vivem e compreender que cada um aprende de um jeito e a seu tempo. Nayara
assevera que como professora é necessário fazer algo para todos, mas que leve em consideração a
individualidade. Ela entende que esse é maior desafio da profissão e que isso não se aprende dentro
das paredes da universidade, mas na escola real. Para ela, na universidade “fala-se muito sobre, mas
não temos esclarecimento do COMO se faz”.
Depoimento8 do estudante Rafael Duarte
9
Com relação ao desenvolvimento do projeto, as primeiras aproximações às salas de aula
foram, pela minha vivência e interpretação, amedrontadoras. Lidar com tamanha responsabilidade
que é a de ensinar, mesmo quando bem amparado e alheio a muitas outras pressões, me parecia
muito trabalhoso. Entrar em uma sala com mais de vinte adolescentes que ainda estão formando suas
filosofias de vida e fazê-los ir além da própria realidade deles e esperar que participem, critiquem e
indaguem mostrando interesse, o que muitas não ocorre, pode representar uma frustração. O
8 Excerto de artigo produzido para o livro: Trajetórias das Licenciaturas da UnB: a experiência do Prodocência
em foco, em fase de finalização. 9 Estudante de Licenciatura em Geografia, integrante do Programa Prodocência.
aprendizado tem valor quando gera confronto e novas descobertas, sendo um grande privilégio para
um docente alcançar a condição de motivador, indo além do que era necessário.
O fato de participar de um projeto que incentiva a docência e ser assistido em sala de aula
tanto pela presença de um já formado professor, quanto pela ajuda “extra-classe” que esse provia
fez-me mais atento as questões que implicam a docência. O envolvimento com os alunos, o medo do
julgamento, a atuação não só como mero veiculador de informações, mas de formador fizeram ver as
interfaces do ensinar de modo mais ameno. Digo que a possibilidade de experimentar, de treinar sem
ainda comprometido inteiramente, como é o caso dos professores em sala de aula, é não só
interessante, mas profundamente necessária.